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Macadar, B. M. de. A evolução dos investimentos diretos se empresas gaúchas no exterior.
A evolução dos investimentos diretos de empresas gaúchas no
exterior
Beky Moron de Macadar*
INTRODUÇÃO
Grande parte dos investimentos diretos no exterior (IDEs) é
realizada pelos países desenvolvidos; no entanto, há evidências de que
empresas originárias dos países em desenvolvimento (PEDs) e das
economias em transição1 estão tendo uma presença internacional cada
vez maior em função do seu crescimento acelerado durante as duas
últimas décadas. Apenas entre 2003 e 2008, a saída de IDEs desse grupo
de países passou de US$ 56,2 bilhões para US$ 351 bilhões, destacando-
se no conjunto a expansão Sul-Sul das transnacionais dos PEDs. O
estoque de IDEs desses países atingiu US$ 1,9 trilhão em 2007, o que
representava 11,9% do total mundial (WIR, 2009).
As fusões e aquisições (F&A) transfronteiras configuram outro
indicador do crescimento dos IDEs. As F&A converteram-se em um
importante meio para ingressar em outro país, e essa modalidade também
está sendo utilizada pelas transnacionais dos PEDs e das economias em
transição.
Entretanto a crise internacional atual — cujo ápice foi em setembro
de 2008, com a quebra do Lehman Brothers nos Estados Unidos — teve
um impacto negativo sobre os fluxos globais de IDEs. Segundo
estimativas da UNCTAD (2010), o fluxo mundial de IDEs caiu 30% em
2009, passando de US$ 1,7 trilhão em 2008 para pouco mais de US$ 1,0
* Técnica da FEE, Economista e Doutora em Administração pelo PPGA da UFRGS. A autora agradece as colegas Sônia U. Teruchkin e Teresinha Bello pelas críticas e
sugestões. Erros e omissões remanescentes são de responsabilidade da autora.1 A UNCTAD considera os países da Europa Sul-Oriental e da Comunidade de Estados Independentes (CEI) como economias em transição (WIR, 2006).
O movimento da produção. (Três décadas de economia gaúcha, v. 2). 2010 160
Macadar, B. M. de. A evolução dos investimentos diretos se empresas gaúchas no exterior.
trilhão naquele ano. Conforme o World Investment Report de 2009
(WIR, 2009), a perspectiva é a de uma lenta recuperação em 2010 e uma
volta aos níveis de 2008 apenas em 2011.
Os crescentes desinvestimentos das empresas transnacionais no
mundo todo contribuíram para a retração dos fluxos globais de IDE. A
partir de meados de 2008, tais desinvestimentos, seja na forma de
repatriação de investimentos, seja na de reversão de empréstimos entre
empresas do mesmo grupo, ou na de reembolso de dívidas com a matriz,
superaram os fluxos brutos de IDE em vários países. No Brasil, esse
fenômeno começou a manifestar-se em 2009, quando, de janeiro a julho,
os retornos superaram as saídas em US$ 5,4 bilhões.
O objetivo deste artigo é analisar a relevância dos IDEs realizados
pelas empresas gaúchas de capital nacional ao longo das três últimas
décadas, os principais tipos de IDEs, os países de destino e a
funcionalidade desses investimentos para o crescimento da empresa. Para
tanto, além desta Introdução, o artigo conta com três seções e as
Considerações finais. Na primeira seção, analisam-se os motivos para a
expansão internacional dos IDEs. A segunda trata dos IDEs brasileiros e
gaúchos no exterior, com foco na repercussão dos possíveis custos e
benefícios sobre a renda e o emprego nacionais. A terceira descreve
brevemente a inserção externa das empresas gaúchas mais
internacionalizadas. Por último, discutem-se as tendências futuras dos
IDEs de empresas gaúchas e suas possíveis repercussões econômicas.
O artigo tem caráter exploratório de cunho qualitativo, com base em
informações contidas em monografias, estudos de caso, livros e artigos
acadêmicos, anais de congressos, jornais e páginas da web das empresas.
1 MOTIVOS PARA A EXPANSÃO INTERNACIONAL DOS IDES
Quais são os motivos que levam as empresas a realizarem
investimentos diretos no exterior? Os motivos geralmente são diversos e,
muitas vezes, complementares. O tema da internacionalização da firma é O movimento da produção. (Três décadas de economia gaúcha, v. 2). 2010 161
Macadar, B. M. de. A evolução dos investimentos diretos se empresas gaúchas no exterior.
tratado tanto na literatura da área da administração e de negócios como
na análise econômica. Na primeira, predomina o modelo
comportamentalista, que considera o processo de internacionalização
como sendo gradual ou evolutivo, e seus maiores expoentes são Johanson
e Vahlne (1977; 2001), da Escola de Uppsala. Na segunda, o paradigma
principal é o da teoria eclética da internacionalização, que utiliza o
conceito de custos de transação para explicar as decisões de
internacionalização da firma, e está associada a Dunning (1979; 2001).
1.1 O modelo comportamentalista da Escola de Uppsala
Para os autores da Escola de Uppsala, a internacionalização da firma
é um processo no qual o envolvimento internacional é gradual. A interação
entre a aquisição de conhecimentos sobre os mercados externos, por um
lado, e o crescente comprometimento de recursos nesses mercados, por
outro, dita a evolução do processo (Macadar, 2009).
Segundo Johanson e Wideersheim-Paul (1975), as firmas seguem
dois padrões nos seus processos de internacionalização. Pelo primeiro
deles, o comprometimento da firma em um determinado país evolui
conforme um processo sequencial, ou seja, inicialmente inexistem
atividades de exportação para aquele mercado; depois, a exportação faz-
se através de representantes independentes; a seguir, através de uma
subsidiária de vendas; e, eventualmente, poderá chegar-se à produção
local. Essa evolução gradativa denota um comprometimento cada vez
maior de recursos relacionado com a aprendizagem e a redução da
incerteza decorrente de um melhor conhecimento do mercado. As formas
organizacionais desse maior envolvimento podem assumir o formato de
joint ventures, licenciamento ou subsidiárias, tanto para o atendimento
comercial como para a produção industrial.
O segundo padrão identificado é que as firmas entram inicialmente
em mercados que apresentam uma menor distância psíquica. A distância
manifesta-se, por exemplo, nas diferenças de idioma, de educação, de O movimento da produção. (Três décadas de economia gaúcha, v. 2). 2010 162
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cultura, de sistemas políticos, de práticas de negócios e de
desenvolvimento industrial. Por isso, as empresas que se
internacionalizam iniciam o processo preferencialmente naqueles
mercados que mais se assemelham ao país de origem.
Um dos pressupostos subjacentes ao modelo da Escola é que a
internacionalização da firma é uma consequência de seu crescimento.
Quando o mercado interno fica saturado para o produto da firma, as
oportunidades lucrativas para ampliar a produção local diminuem, e a
firma vê-se compelida a buscar novos segmentos de produção ou novos
locais para se expandir. Descartada a expansão vertical, a firma deverá
procurar sua expansão geográfica (Hilal; Hemais, 2001).
Uma das principais críticas à Escola de Uppsala é a de ser muito
determinista, não reconhecendo que uma empresa possa querer manter-
se em um estágio sem avançar para o seguinte, ou que uma empresa faça
uma escolha diferente quanto aos modos de entrada e expansão no
mercado internacional.
1.2 A teoria eclética da internacionalização da firma
A teoria eclética da internacionalização da firma foi desenvolvida
principalmente por Dunning (1979; 1988; 2001) através do seu
paradigma eclético e tenta explicar por que uma empresa toma a decisão
de produzir no exterior. Essa proposta considera que determinadas falhas
de mercado, tais como custos de informação e de transação, oportunismo
dos agentes e especificidades de ativos conduziriam uma empresa a optar
pelo investimento direto no exterior, ao invés de atender a determinado
mercado através de exportações ou licenciamento. No entanto, para a
empresa comprometer-se com um IDE, ela deve contar com vantagens
que a diferenciem de outras firmas. Para Dunning (1979), há três tipos de
vantagens que impulsionam os IDE: as de propriedade, as de
internalização e as de localização.
O movimento da produção. (Três décadas de economia gaúcha, v. 2). 2010 163
Macadar, B. M. de. A evolução dos investimentos diretos se empresas gaúchas no exterior.
Em primeiro lugar, a empresa deve possuir vantagens de
propriedade, as quais geralmente estão relacionadas com ativos
intangíveis, tais como patentes, marcas, capacidades tecnológicas e de
gestão, habilidade para a diferenciação de produtos. Essas vantagens lhe
permitirão enfrentar outros concorrentes no mercado-alvo.
Segundo, deve ser mais favorável para a empresa explorar seus
ativos diretamente do que os vender ou os ceder na forma de
licenciamento para empresas estrangeiras, ou seja, internalizar as
vantagens como parte de suas atividades.
Terceiro, deve ser mais lucrativo para a empresa fazer uso dessas
vantagens em associação com algum fator externo ao país doméstico (por
exemplo, recursos naturais, mão de obra de baixo custo, mercado
protegido), para que seja mais vantajoso produzir no exterior do que
exportar (vantagens de localização).
Para Dunning (2001), os motivos que levam as empresas a instalar
unidades produtivas no exterior podem ser classificados como segue:
a) busca de recursos (resource seeking) - o investimento tem como
objetivo explorar vantagens locacionais de menores custos, tais
como mão de obra mais barata, recursos naturais abundantes, ou
capacidades comerciais e tecnológicas;
b) busca de mercados (market seeking) - o IDE volta-se para o
atendimento do mercado interno do país hospedeiro e,
marginalmente, para a exportação a outros países da região. Esse
tipo de investimento é muito influenciado pelo crescimento dos
mercados locais, pelas barreiras ao comércio, pelos custos do
transporte e pelas semelhanças ou diferenças entre o país de origem
e o país de destino;
c) busca da eficiência (efficiency seeking) - com essa estratégia
procura-se racionalizar os investimentos já realizados,
concentrando a produção para a exportação em alguns mercados,
aproveitando as economias de escala e de escopo e diversificando
riscos. A intenção é explorar racionalmente as diferenças entre os O movimento da produção. (Três décadas de economia gaúcha, v. 2). 2010 164
Macadar, B. M. de. A evolução dos investimentos diretos se empresas gaúchas no exterior.
diferentes países hospedeiros quanto a políticas econômicas,
ambiente institucional, benefícios fiscais, fornecedores, etc. Em
um grau mais avançado de internacionalização, a empresa busca
distribuir as várias etapas de sua cadeia produtiva entre países
diferentes que possuam vantagens para a produção de uma fase
específica do processo produtivo;
d) busca de capacidades (asset/capability seeking) - os IDEs são
realizados com base em considerações estratégicas de longo
prazo. Os ativos adquiridos viabilizam, por exemplo, a entrada em
um novo mercado, a ampliação das sinergias comerciais e
tecnológicas ou a redução de custos. As fusões e aquisições
(F&A), por sua vez, podem ampliar o poder de mercado para
enfrentar os concorrentes e aumentar a participação de mercado.
2 OS INVESTIMENTOS DIRETOS BRASILEIROS E GAÚCHOS NO EXTERIOR
2.1 Custos e benefícios da internacionalização de empresas brasileiras
Considerando que uma boa parte do comércio internacional consiste
em comércio intrafirma, o desempenho exportador de um país tenderá a
aumentar, quando suas empresas instalam subsidiárias no exterior. A
influência das subsidiárias nas exportações da matriz é exercida de
diversas maneiras, tais como vincular-se com canais de comercialização,
adaptar os produtos às demandas de mercados específicos, ampliar
mercados, facilitar o acesso a fontes de recursos financeiros mais baratos,
ou absorver tecnologias não disponíveis no mercado interno (De Negri;
Salerno; Castro, 2005).
Apesar dos benefícios possíveis da internacionalização através dos
IDEs, existe o receio de que o estabelecimento de subsidiárias no exterior
gere empregos em outros países, em detrimento da geração de empregos
no próprio país. Por esse motivo, no caso do Brasil, é importante analisar
O movimento da produção. (Três décadas de economia gaúcha, v. 2). 2010 165
Macadar, B. M. de. A evolução dos investimentos diretos se empresas gaúchas no exterior.
os resultados de pesquisas que investigaram alguns aspectos do impacto,
na economia brasileira, dos investimentos diretos do País no exterior.
Arbix, Salerno e De Negri (2004) demonstram que os investimentos
diretos de empresas brasileiras com unidades no exterior, cuja principal
fonte de informação para a inovação origina-se nessas unidades, têm um
efeito positivo no desempenho exportador. A pesquisa conclui que as
empresas internacionalizadas com foco na inovação pagam melhores
salários, empregam pessoas com maior escolaridade e,
consequentemente, geram empregos de melhor qualidade. Além disso,
utilizam uma proporção mais elevada de recursos em treinamento da mão
de obra em relação ao faturamento, contribuindo, assim, para a maior
qualificação da mão de obra doméstica.
Há evidências de que a inovação tecnológica está positivamente
relacionada com o crescimento da firma (Arbache, 2005). Assim sendo, as
firmas que utilizam IDEs para ampliar seus mercados no exterior teriam
maiores possibilidades de expansão e crescimento, já que a
internacionalização facilita a captação de inovações tecnológicas no
exterior, as quais são repassadas e absorvidas pela matriz e, inclusive,
difundidas às filiais domésticas. Desse modo, o crescimento da firma no
exterior aumenta seu potencial de geração de empregos no mercado
interno, e a geração de empregos no exterior pode ocorrer de forma
simultânea com a ampliação de empregos no Brasil.
De Negri, Salerno e Castro (2005) mostram que o faturamento
médio das firmas brasileiras com IDE supera não só o das demais firmas
brasileiras, mas, também, o das subsidiárias das empresas transnacionais
industriais instaladas no Brasil. Isso é atribuído à escala de produção
obtida pelas firmas nas indústrias onde o Brasil tem vantagens
comparativas, tais como celulose, metalurgia, siderurgia e petroquímica. A
escala constitui um ativo específico de algumas firmas industriais
brasileiras que incursionam no exterior e facilita a captação de recursos,
pois o peso de seus ativos serve de garantia para o financiamento dos
novos investimentos. O movimento da produção. (Três décadas de economia gaúcha, v. 2). 2010 166
Macadar, B. M. de. A evolução dos investimentos diretos se empresas gaúchas no exterior.
Pesquisa conduzida por Arbix, Salerno e De Negri (2005) confirma a
hipótese de que há uma relação entre a inovação tecnológica, a
internacionalização das firmas industriais brasileiras e a obtenção de
preço-prêmio nas exportações. O preço-prêmio consiste no valor adicional
que a firma consegue cobrar pelo seu produto exportado, quando
comparado ao preço obtido pelos demais exportadores domésticos do
setor. Ou seja, há evidências de que a inovação tecnológica de produto
novo para o mercado produz ativos específicos, que possibilitam a
internacionalização da empresa e a obtenção de preço-prêmio por suas
exportações. Entretanto há diferenças entre os mercados de destino. Para
o total das exportações brasileiras e para os mercados da América Latina,
a relação entre internacionalização via IDE e preço-prêmio nas
exportações não foi significativa. Já, para as firmas brasileiras com IDE
nos mercados dos Estados Unidos e da Europa, as chances de exportar
com preço-prêmio são maiores.
A explicação dessa diferença estaria em que as firmas brasileiras
acumulam ativos específicos em setores mais relacionados com a maior
disponibilidade de recursos naturais e mão de obra. Nesses segmentos
industriais, a capacidade de diferenciação de produto e inovação da firma
tende a ser menor, e o que determina sua internacionalização são a escala
de produção e a capacidade de produzir produtos padronizados de menor
custo e preço. Nos mercados dos países desenvolvidos, a exposição das
firmas a demandas de consumidores mais exigentes e o enfrentamento
com outras firmas concorrentes provocam a adequação dos produtos às
novas condições, acarretando uma maior diferenciação e melhorias na
qualidade.
Algumas consequências indiretas da internacionalização de
empresas brasileiras dizem respeito ao efeito-demonstração, à projeção
externa da cadeia de valor e à criação e consolidação da marca Brasil
(Frischtak, 2008). O efeito-demonstração para outras empresas do
mesmo setor é um tipo de externalidade não desprezível que se difunde O movimento da produção. (Três décadas de economia gaúcha, v. 2). 2010 167
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entre os concorrentes locais, principalmente em um contexto de limitada
experiência internacional. Já a projeção externa da cadeia de valor ocorre
quando os fornecedores de insumos acompanham a empresa
internacionalizada, instalando subsidiárias nas mesmas localidades que o
cliente. Da mesma forma, as transnacionais brasileiras têm um papel
muito importante, ao contribuir para tornar a marca Brasil conhecida e
consolidada no exterior.
Outro benefício das empresas brasileiras com IDE — principalmente
daquelas com ações cotadas em bolsas internacionais — é o acesso a
recursos financeiros de mais longo prazo e a taxas de juros mais baixas
do que no mercado interno. Esses recursos, muitas vezes, são os que
permitem o crescimento da firma e as economias de escala indispensáveis
para enfrentar os concorrentes no mercado internacional.
Entretanto os IDE podem apresentar efeitos indesejados, quando
ocorre uma “transnacionalização espúria” (Frischtak, 2008, p. 24), ou
seja, em vista dos elevados custos sistêmicos para produzir no Brasil,
relacionados à infraestrutura física, à incerteza regulatória, à
complexidade do regime tributário, à elevada carga tributária, ao custo do
trabalho qualificado, dentre outros, as empresas desativam suas plantas
industriais no Brasil e deslocam suas operações para outros países.
2.2 Os investimentos diretos brasileiros no exterior
O surgimento das multinacionais de países emergentes é uma
sequência natural da expansão das exportações daqueles países, uma vez
que, num mundo globalizado, a experiência adquirida na fase exportadora
e as novas formas de organizar a produção estimulam o acesso a novos
mercados e ativos. O Brasil conta com um conjunto crescente de
empresas cujo processo de expansão internacional tem como principal
motivação a necessidade de sustentar e acelerar o seu crescimento. Ao
que tudo indica, esse movimento tem fortalecido as empresas e
O movimento da produção. (Três décadas de economia gaúcha, v. 2). 2010 168
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proporcionado ganhos de produtividade, avanço tecnológico, bem como
vantagens no custo e na estrutura do capital (Frischtak, 2008).
De acordo com dados registrados no Censo de Capitais
Brasileiros no Exterior, elaborado pelo Banco Central do Brasil, o
estoque de investimentos diretos brasileiros no exterior atingiu, no ano de
2007, o valor de US$ 103,9 bilhões, dos quais US$ 28,5 bilhões na forma
de empréstimos intercompanhias. Considerando que, no Balanço de
Pagamentos brasileiro de 2008, constam IDEs líquidos do Brasil de US$
20,5 bilhões naquele ano (Bacen, 2009), o estoque total, no final de 2008,
estaria no patamar de US$ 124,4 bilhões.
A partir da década de 90, as saídas de IDEs brasileiros cresceram
significativamente no País. Assim sendo, o Brasil consolidou-se, na
primeira década deste século, como a principal fonte latino-americana de
investimentos diretos, porém apresentando bruscas oscilações nos anos
recentes.
Os paraísos fiscais prevalecem como primeiro destino do IDE
brasileiro, principalmente as ilhas Cayman, Virgens Britânicas e Bahamas,
o que é explicado pelos benefícios financeiros obtidos nesses locais.
Contudo a circulação de IDEs que utilizam a intermediação de paraísos
fiscais dificulta a elaboração de estatísticas do volume real de
investimentos realizados em cada país e por cada empresa. Como mais da
metade do estoque de IDEs brasileiros foi direcionado para esses destinos,
presume-se que boa parte desses investimentos foi redirecionada para
outros países. Levando-se em conta outras fontes de informação, além do
Censo de Capitais, conclui-se que algumas economias latino-
americanas, assim como os Estados Unidos, destacam-se como os
principais receptores de IDEs brasileiros.2
2 No que diz respeito ao ramo de atividade da empresa receptora dos investimentos diretos brasileiros declarado por sua primeira destinação, o Censo de Capitais de 2007 registra uma concentração de 89,4% no Setor Terciário, onde as atividades de serviços financeiros (US$ 40,5 bilhões), serviços de escritório, de apoio administrativo e outros serviços prestados às empresas (US$ 7,9 bilhões) e outras atividades profissionais, científicas e técnicas (US$ 6,6 bilhões) respondem por 73,0% do total do investimento direto (Bacen, 2009).
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Macadar, B. M. de. A evolução dos investimentos diretos se empresas gaúchas no exterior.
O investimento direto no exterior envolve a aquisição e a construção
de ativos no exterior, sejam estes para apoiar a estrutura de produção e
venda desde o país de origem (centros de distribuição, centros de serviços
pós-venda, centros de distribuição, escritórios comerciais, centros de
P&D), seja para instalar linhas de produção adicionais (plantas próprias,
joint-ventures com empresas estrangeiras, aquisição de empresas
estrangeiras).
De todas as empresas brasileiras com IDE, apenas três delas
figuram na lista das 100 maiores empresas transnacionais de países em
desenvolvimento compilada pela UNCTAD: Petrobrás, Companhia Vale do
Rio Doce (CVRD) e Gerdau. Da América Latina, além das brasileiras,
somente constam na lista outras cinco mexicanas e uma venezuelana,
enquanto a grande maioria é asiática (WIR, 2009). Ou seja, a presença
internacional das transnacionais latino-americanas e das brasileiras, em
particular, ainda é muito limitada.
O Brasil tem, atualmente, uma baixa relação entre o estoque de
investimento no exterior e o produto interno bruto, e, embora essa
relação seja crescente, sua evolução ainda é mais lenta do que no caso da
média dos países em desenvolvimento, principalmente os asiáticos.
Pesquisa realizada por Iglesias e Veiga (2002) confirma a
importância do setor serviços nos investimentos realizados pelas
empresas exportadoras brasileiras de capital nacional com investimento
direto no exterior. Para o conjunto da amostra estudada, cerca de 85%
das filiais eram utilizadas em atividades de comércio e distribuição de
produtos, enquanto os investimentos em unidades produtivas
representavam 12% do total e estavam concentrados nos setores têxtil,
químico, de metalurgia básica e de autopeças. Assim, pode-se inferir,
como o fazem Coutinho, Hiratuka e Sabbatini (2003), que uma parte
significativa dos investimentos registrados, no Banco Central, no setor
serviços é voltada para dar apoio às exportações de empresas industriais
brasileiras.
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Macadar, B. M. de. A evolução dos investimentos diretos se empresas gaúchas no exterior.
A maioria das empresas brasileiras que realizaram investimento
direto no exterior o fez a partir de 1990. Anteriormente, porém, nas
décadas de 60 e 70, algumas poucas empresas pioneiras, como as
estatais Petrobrás e Companhia Vale do Rio Doce, alguns conglomerados
financeiros e algumas grandes empresas exportadoras já tinham instalado
subsidiárias no exterior, mas era basicamente com a finalidade de dar
suporte comercial e logístico às operações de comércio exterior.
Na década de 80, aumentou a participação das empresas
manufatureiras e das empresas de engenharia e construção, que tinham
acumulado conhecimento e experiência com as grandes obras públicas e
também passaram a atuar no exterior, uma vez que o número de
contratos no Brasil começou a escassear. Naquela época, a penúria
cambial e as restrições à exportação de capitais desestimulavam as
intenções de realizar investimentos diretos no exterior. A economia
brasileira era muito fechada, e as firmas estavam mais voltadas para o
mercado interno. A participação das exportações no faturamento das
firmas brasileiras industriais exportadoras ainda era, em média, muito
baixa, não gerando estímulos para alcançar outros patamares de
internacionalização.
Mas foi na década de 90 que, com a introdução da abertura
econômica, das privatizações e da desregulamentação, o ambiente
econômico mudou radicalmente, levando à reestruturação da indústria e à
busca da competitividade. A maxidesvalorização cambial de 1999 permitiu
aumentar a competitividade dos produtos brasileiros no exterior e motivou
os IDEs de apoio às exportações, tais como instalações comerciais, de
distribuição e de armazenagem (Iglésias; Veiga, 2002; Macadar, 2008;
2009).
No entanto, o maior surto de investimentos diretos brasileiros no
exterior foi registrado na década iniciada no ano 2000, quando o processo
de internacionalização envolveu não só grandes, mas, também, médias e
pequenas empresas. Nessa década, o câmbio valorizado dificultou as
exportações, especialmente de industrializados, mas, em compensação, O movimento da produção. (Três décadas de economia gaúcha, v. 2). 2010 171
Macadar, B. M. de. A evolução dos investimentos diretos se empresas gaúchas no exterior.
favoreceu os investimentos no exterior, fazendo que aumentassem as
transnacionais do País.
Algumas empresas brasileiras, como a Petrobrás e a CVRD,
investem no exterior com o propósito de obter um maior acesso a
recursos naturais. Outras, como a Gerdau e a Cutrale, procuram evitar as
barreiras ao comércio levantadas, principalmente, pelos países
desenvolvidos. Têm aquelas que se deslocam seguindo os passos de seus
clientes, ou visam ficar próximas dos grandes clientes no exterior, para
atender a suas demandas in loco (Marcopolo, Embraer). E, ainda, algumas
empresas de serviços investem no exterior para atender aos mercados
locais, já que seus produtos não são facilmente comercializáveis.
2.3 Os investimentos diretos do Rio Grande do Sul no exterior
Conforme o ranking de 2009 das transnacionais brasileiras mais
internacionalizadas elaborado, anualmente, pela Fundação Dom Cabral
(2009), sete empresas gaúchas figuram entre as 39 selecionadas. A
Tabela 1 mostra a posição das sete empresas gaúchas nesse ranking.
O índice transnacionalidade (IT) calculado pela Fundação Dom
Cabral — variando entre 0 e 1 — é composto por três indicadores: (a)
receitas brutas de subsidiárias no exterior em relação às receitas totais;
(b) valor dos ativos no exterior em relação ao valor dos ativos totais da
empresa; e (c) número de funcionários no exterior em relação ao número
de funcionários totais. O IT de cada empresa é calculado com base na
média desses três indicadores.
Vale salientar que a distância entre o índice de transnacionalidade
da primeira e o da última colocada é abismal. A Gerdau apresenta um IT
de 0,570, enquanto o IT da Arezzo é 0,002. Considerando que o ranking
calculado pela Fundação Dom Cabral relaciona as 39 empresas mais
internacionalizadas do Brasil, os dados revelam que, das sete empresas
gaúchas listadas, apenas quatro possuem IT acima de 0,100, ou seja, são
O movimento da produção. (Três décadas de economia gaúcha, v. 2). 2010 172
Macadar, B. M. de. A evolução dos investimentos diretos se empresas gaúchas no exterior.
poucas as empresas gaúchas que possuem um elevado nível de
internacionalização.
A Gerdau é a empresa brasileira e gaúcha com o mais elevado índice
de transnacionalidade no ranking de 2009. Seus ativos no exterior já
superam os ativos no País e representam 63% dos ativos totais. O
número de empregados no exterior é equivalente ao do mercado interno
(50%), e as vendas externas (57,7%) superam as internas.
Em 2008, 46% das subsidiárias das transnacionais brasileiras
listadas no ranking da Fundação Dom Cabral (2009) estavam localizadas
na América Latina, mas, para algumas transnacionais gaúchas, como a
Gerdau, a Artecola e a Lupatech, a concentração nessa região é mais
elevada: 69%, 100% e 67% respectivamente. Tavares (2006) observa
que, quando as empresas se especializam em bens primários, bens
intermediários ou serviços intermediários, há uma dispersão de
investimentos para todas as regiões, mas, quando se trata de
investimentos em bens e serviços de consumo de massa, eles, via de
regra, são feitos em nível regional. Essa preferência pelo investimento
regional pode ser decorrente da menor distância psíquica, como sugerido
pela Escola de Uppsala, ou da maior familiaridade com ambientes
turbulentos, institucionalmente precários e com infraestrutura deficiente,
mas, também, devido a menores custos de logística e a benefícios de
acordos comerciais. Além disso, grande parte das exportações gaúchas de
produtos industrializados tem como destino a América Latina, o que
favorece os IDEs regionais.
A partir das informações contidas no Quadro 1, constata-se que,
desde o momento do início das atividades da empresa até o primeiro IDE,
o tempo transcorrido é bastante prolongado. Algumas vezes, antes de
iniciarem os IDEs, as empresas passam por um processo de absorção de
tecnologia do exterior através de licenciamento e transferência de
tecnologia de empresas reconhecidas internacionalmente, ou por joint
ventures para explorar o mercado interno, no que se convencionou
chamar de internacionalização para dentro. Três empresas que utilizaram O movimento da produção. (Três décadas de economia gaúcha, v. 2). 2010 173
Macadar, B. M. de. A evolução dos investimentos diretos se empresas gaúchas no exterior.
intensivamente esse procedimento são a Agrale, a Artecola e a Randon.
Em uma etapa posterior, com o conhecimento adquirido, o aprimoramento
dos produtos e a experiência exportadora, ingressam na etapa dos
investimentos diretos no exterior.
Os primeiros IDEs das empresas gaúchas internacionalizadas
geralmente atendem à necessidade de dar apoio às exportações, e, por
isso, inicialmente, concentram-se na abertura de escritórios comerciais,
centros de distribuição, atendimento pós-venda e joint ventures para
montagens, conforme o padrão descrito pela Escola de Uppsala
(Johanson; Wideersheim-Paul, 1975). São poucas as empresas que, como
a Gerdau, a Marcopolo e a Randon, estabeleceram unidades produtivas no
exterior, nas décadas de 80 e 90. Excluindo essas empresas pioneiras, a
maioria instalou suas plantas industriais no exterior na primeira década
deste século, na tentativa de manter ou ampliar seus mercados externos e
adaptar-se à globalização produtiva.
Uma característica distintiva das empresas listadas no Quadro 1 é a
elevada concentração das cidades de origem no eixo Porto Alegre—Caxias
do Sul. Outra característica dos IDEs em análise é o setor que os origina.
Apesar de alguma diversificação de setores, um elevado número de
empresas com sede em Caxias do Sul concentra-se no setor de veículos e
autopeças, implementos rodoviários e materiais de fricção, o que leva a
crer que há externalidades decorrentes do efeito demonstração (Frischtak,
2008).
Já no setor de calçados, as estratégias para manter-se no mercado
diferem de uma empresa para outra. A Azaléia, a Dilly e a Paquetá, diante
das barreiras comerciais enfrentadas nas exportações para a Argentina,
optaram por abrir plantas industriais naquele país, para produzir para o
mercado interno argentino. A Arezzo e a Via Uno trilharam um caminho
diferente: concentraram seus esforços no desenvolvimento do produto,
gestão de marca e distribuição; terceirizaram a produção e
estabeleceram, no exterior, lojas com sua própria marca no regime de
franquias. Até o momento, os produtos da Arezzo e da Via Uno ainda O movimento da produção. (Três décadas de economia gaúcha, v. 2). 2010 174
Macadar, B. M. de. A evolução dos investimentos diretos se empresas gaúchas no exterior.
estão sendo manufaturados somente no Brasil, mas há manifestações de
que, futuramente, poderão ser produzidos no exterior. Desse modo, o tipo
de internacionalização que as empresas calçadistas estão adotando possui
feições de uma transnacionalização espúria (Frischtak, 2008), conforme
explicado anteriormente.
No que diz respeito ao setor de móveis, vale registrar que, assim
como está acontecendo com algumas empresas calçadistas, várias
empresas moveleiras gaúchas (Bontempo, Dell Anno, Florense, Marelli,
SCA) adotaram a estratégia de inserção internacional via instalação de
franquias exclusivas no exterior. A franquia recebe os pedidos dos
clientes, adaptados a suas necessidades, e encomenda os móveis
planejados à planta industrial no RS, a qual fabrica os móveis e os remete
para a franquia, prontos para serem instalados pela equipe de montagem
local.
3 ESTUDOS DE CASO DAS PRINCIPAIS TRANSNACIONAIS GAÚCHAS
Conforme o ranking da Fundação Dom Cabral (2009) referido
anteriormente, a Gerdau, a Artecola, a Lupatech, a Marcopolo, a DHB, a
Randon e a Arezzo foram as empresas gaúchas mais internacionalizadas
em 2008 (Tabela 1). No entanto, a análise aqui empreendida não se limita
apenas àquele grupo de empresas, pois contempla outras firmas
industriais exportadoras gaúchas, de capital nacional, que realizaram
algum tipo de investimento direto no exterior, visando alavancar as
exportações ou a produção em um outro país. Desse modo, o estudo
contempla investimentos em franquias, centros de serviços, centros de
distribuição, escritórios comerciais, joint ventures para montagem, plantas
industriais greenfield (inteiramente novas) ou aquisição de plantas
existentes em parceria com empresas locais ou não. O Quadro 2
apresenta uma síntese dos tipos de IDEs realizados pelas empresas
gaúchas e a indicação dos países que receberam esses investimentos.
O movimento da produção. (Três décadas de economia gaúcha, v. 2). 2010 175
Macadar, B. M. de. A evolução dos investimentos diretos se empresas gaúchas no exterior.
Algumas dessas empresas possuem apenas um ou dois investimentos no
exterior e, em alguns casos, como a Arezzo, a DHB, a Via Uno e a
Tramontina, não possuem plantas industriais no exterior. O caso das
empresas calçadistas já foi discutido anteriormente. No que diz respeito
aos investimentos da DHB e da Tramontina em instalações comerciais e
de distribuição e armazenagem, eles respondem, essencialmente, à
necessidade de dar apoio às exportações. Isto é, confirma-se a hipótese
de Coutinho, Hiratuka e Sabbatini (2003) sobre a importância dos
investimentos brasileiros no setor de serviços para apoiar exportações.
Apenas em 2006, a filial da Tramontina nos Estados Unidos iniciou a
montagem de uma linha de panelas, pois, até esse momento, o foco era
somente comercial.
3.1 Artecola e Lupatech
A Artecola e a Lupatech são empresas cuja produção é intensiva em
tecnologia. Ambas podem ser consideradas transnacionais de nova
geração e de internacionalização tardia, e ambas escolheram países
culturalmente próximos para sua expansão externa.
A internacionalização para dentro da Artecola iniciou em 1980,
quando a empresa decidiu absorver tecnologia do exterior mediante
parcerias internacionais. No ano 2000, a empresa escolheu a América
Latina para crescer e implantou centros de distribuição no Chile e no
México. A partir de 2001, começaram as aquisições de empresas na
América Latina e, simultaneamente, aceleraram-se as parcerias de
transferência de tecnologia com empresas européias de ponta no
desenvolvimento tecnológico, reconhecidas internacionalmente. Visando
ampliar seus mercados (Dunning, 2001), as operações industriais da
Artecola no exterior estão localizadas na Argentina, no Chile, no Peru, na
Colômbia e no México. Com as aquisições feitas no México a partir do ano
O movimento da produção. (Três décadas de economia gaúcha, v. 2). 2010 176
Macadar, B. M. de. A evolução dos investimentos diretos se empresas gaúchas no exterior.
2000, a empresa reforçou sua presença naquele mercado e passou a ser
uma das quatro maiores fabricantes de adesivos do País.
A Lupatech possui três segmentos de negócios: é líder, no Mercosul,
na produção e na comercialização de válvulas industriais; oferece
produtos de alto valor agregado e serviços para a indústria de petróleo e
gás; e especializa-se no desenvolvimento e na produção de peças, partes
complexas e subconjuntos direcionados principalmente para a indústria
automotiva mundial (Bovespa, 2009). Possui seu próprio centro de
pesquisa e desenvolvimento no Brasil, inaugurado em 2005, e também
desenvolve produtos em parceria com seus clientes. As operações
industriais da empresa no exterior começaram tardiamente, mas, uma vez
iniciadas as aquisições, em poucos anos, os ativos externos passaram a
ter um peso significativo nos ativos totais da empresa. No período 2006-
08, foram compradas cinco empresas na Argentina e formada uma joint
venture para adquirir a sexta. A empresa é fornecedora da Petrobrás no
Brasil, e os investimentos na Argentina estão relacionados com a
necessidade de acompanhar um de seus melhores clientes nas atividades
desenvolvidas no vizinho país, bem como ampliar seu market share, ou
seja, verifica-se o que Frischtak (2008) classifica como uma projeção
externa da cadeia de valor, onde o fornecedor de insumos precisa ficar
próximo do seu cliente também no exterior.
3.2 Randon
No que diz respeito à Randon, a empresa iniciou seu processo de
internacionalização para dentro na década de 70, com a compra de
tecnologia da empresa sueca Kockum para a produção de veículos
automotores e uma joint venture com a francesa Nicolas para a fabricação
de plataformas com eixos modulados para o transporte de cargas. Na
década de 80, a Randon continuou com a estratégia de joint ventures com
empresas estrangeiras, como forma de adquirir tecnologia de ponta. A
primeira fábrica no exterior foi instalada na década de 90, na Argentina. O movimento da produção. (Três décadas de economia gaúcha, v. 2). 2010 177
Macadar, B. M. de. A evolução dos investimentos diretos se empresas gaúchas no exterior.
Atualmente, a Randon possui centros de distribuição na Argentina e
nos Estados Unidos, parcerias para montagem de produtos completely
knocked down (CKD)3 no Quênia, em Marrocos e na África do Sul, bem
como escritórios comerciais em várias regiões do mundo. Depreende-se
do exposto que a Randon, inicialmente preocupada com sua participação
no mercado interno, procurou acrescentar tecnologia a seu produto. Para
tanto, fez parcerias para absorver conhecimento de empresas
tecnologicamente mais avançadas oriundas dos países desenvolvidos.
Com a abertura econômica dos anos 90 e os acordos do Mercosul,
sobreveio a necessidade de ampliar seus mercados de atuação. Assim, em
1998, foi criada a primeira fábrica da Randon no exterior, na Argentina,
país com o qual a distância psíquica era menor. Entre as empresas
controladas pela Randon S/A Implementos e Participações, a Fras-le é a
mais internacionalizada. A Fras-le tem como atividade a produção de
materiais de fricção, exporta para mais de 80 países, e seu processo de
internacionalização está em expansão. No exterior, possui fábricas na
China e nos Estados Unidos, centros de distribuição na Argentina e na
Europa e escritórios comerciais nos Estados Unidos, no Chile, na Europa,
no México, nos Emirados Árabes Unidos, na África e na China. A unidade
industrial da China foi constituída em 2008, e sua finalidade é atender
exclusivamente ao mercado asiático.
3.3 Marcopolo
A Marcopolo é uma das empresas gaúchas em estágio mais
avançado de operações internacionais. A principal motivação para sua
internacionalização está relacionada com os anseios de aumentar o
desempenho através da ampliação do mercado e da diluição de riscos.
Inicialmente, na década de 70, passou a utilizar contratos de licença de
tecnologia e assistência técnica para montagem de carrocerias e de micro-
3 O sistema CKD é um sistema em que as peças são embarcadas totalmente desmontadas e estão prontas para serem montadas no destino.O movimento da produção. (Três décadas de economia gaúcha, v. 2). 2010 178
Macadar, B. M. de. A evolução dos investimentos diretos se empresas gaúchas no exterior.
ônibus no exterior pelo sistema CKD. A empresa local comprava o CKD da
Marcopolo e fazia a montagem final em suas dependências. O problema
com esse tipo de contrato é que ele tem um determinado prazo, por
exemplo, 10 anos, finalizado o qual, a Marcopolo ficava sujeita a perder o
poder sobre sua tecnologia naquele mercado, uma vez que o parceiro já
teria absorvido todos os detalhes da produção e poderia transformar-se
num concorrente (Rosa, 2006).
Para evitar esses problemas, a Marcopolo mudou de estratégia e
passou a estabelecer joint ventures em diversos países. Assim, no lugar
de ter um contrato com validade determinada, a Marcopolo passou a ter
um contrato societário, de tal forma que aumentou o compromisso do
parceiro estrangeiro. A primeira joint venture é de 1991, quando a
empresa fez uma parceria, em Portugal, com o grupo Evicar e instalou sua
primeira fábrica no exterior, onde o idioma foi um fator determinante. A
escolha de mercados onde realiza investimentos diretos parece ter sido
influenciada pela proximidade psíquica e pela experiência anterior.
Inicialmente, apenas as operações de montagem eram transferidas
para o exterior. A Marcopolo tinha como prática a produção no Brasil dos
componentes para a montagem das carrocerias, os quais, posteriormente,
eram exportados para as subsidiárias. Desse modo, aproveitavam-se os
custos de produção menores no País e preservava- -se a tecnologia de
fabricação. Nos anos mais recentes, entretanto, as oscilações do câmbio
provocaram uma modificação no comportamento da empresa, a qual
acelerou seu processo de global sourcing, montando uma cadeia mundial
de fornecedores, ou seja, segundo a classificação de Dunning (2001),
estaria na busca de redução de custos e de maior eficiência. Essa política
favorece a empresa, mas reduz o envio de ônibus completos e
componentes a partir do Brasil, afetando as exportações.
Atualmente, a Marcopolo possui operações em oito países — África
do Sul, Argentina, China, Colômbia, Egito, Índia, México e Rússia. Em
2007, começou a operar na Rússia e na Índia e, em 2008, abriu um
centro de manufatura de componentes na China. Contudo, em função do O movimento da produção. (Três décadas de economia gaúcha, v. 2). 2010 179
Macadar, B. M. de. A evolução dos investimentos diretos se empresas gaúchas no exterior.
impacto da crise financeira na atividade econômica européia, a unidade de
Portugal foi desativada em 2009.
3.4 Gerdau
A Gerdau — consagrada como uma das grandes transnacionais
brasileiras — é a maior produtora de aços longos nas Américas e um dos
maiores fornecedores de aços longos especiais do mundo. Em 2008, sua
produção de aço atingiu o patamar de 19,5 milhões de toneladas anuais.
Na estratégia de internacionalização adotada, a empresa não
percorreu as etapas descritas pela Escola de Uppsala (Johanson; Vahlne,
1977), mas passou diretamente de uma condição de exportadora para a
aquisição de uma planta industrial no Uruguai, em 1980. Essa compra
respondia à necessidade de contornar as barreiras ao comércio, para
continuar atendendo aos clientes que anteriormente eram servidos pelas
exportações.
No entanto, o fator responsável pelas aquisições subsequentes foi o
esgotamento das oportunidades de crescimento no mercado interno. Esse
movimento foi bastante tímido no início, transcorrendo nove anos antes
da próxima aquisição, dessa vez, na América do Norte. Em 1989, foi
comprada a siderúrgica Courtice Steel, no Canadá, que hoje leva o nome
de Gerdau Ameristeel. Contudo o objetivo de mais longo prazo, do ponto
de vista estratégico, era a expansão em direção ao mercado norte-
americano, para aumentar as possibilidades de crescimento e obter
economias de escala.
A partir de 1989, o processo de internacionalização da Gerdau
respondeu aos desafios postos pela transformação do setor siderúrgico em
uma indústria global e altamente concentrada e à vontade de transformar-
se em um dos principais players mundiais. Desse modo, o acesso a
recursos e ativos estratégicos externos é fundamental para explicar a
expansão internacional da empresa. Exemplo desse enfoque é a aquisição,
em 2008, de uma participação acionária em empresa colombiana O movimento da produção. (Três décadas de economia gaúcha, v. 2). 2010 180
Macadar, B. M. de. A evolução dos investimentos diretos se empresas gaúchas no exterior.
controladora de unidades de produção de coque metalúrgico e detentora
de reservas de carvão coqueificável, matéria-prima indispensável para a
produção de aço.
Em 2005, pela primeira vez, foi anunciada uma operação de compra
no continente europeu, com a aquisição de 40% do capital social da
empresa espanhola Sidenor, que, por sua vez, possui uma participação de
58,0% na Aços Villares (Brasil). A aquisição da GSB Acero, situada em
Guipúzcoa, na Espanha, por parte da Sidenor, no ano de 2006, atendeu à
estratégia da Gerdau de crescer em aços longos e especiais, produtos
siderúrgicos de alto valor agregado demandados, principalmente, pela
indústria automotiva para a produção de autopeças. Desse modo, a
participação na Sidenor trouxe benefícios em dose dupla, tanto no
mercado interno, com a participação majoritária na Aços Villares, como no
mercado externo, com o ingresso nos aços especiais para a indústria
automotiva.
Entre 2006 e 2008, foram incorporadas à Gerdau 32 empresas nas
Américas, na Europa e na Ásia. Nesse conjunto de novas empresas,
destacam-se as companhias norte-americanas Chaparral Steel, focada no
segmento de perfis estruturais, e a Macsteel, voltada para a produção de
aços longos especiais, as quais fabricam produtos de maior valor
agregado. Os investimentos realizados nos Estados Unidos a partir de
1999 permitiram contornar as barreiras protecionistas daquele país aos
produtos siderúrgicos brasileiros e tornar-se um importante ator naquele
mercado.
A estratégia de compra de unidades produtivas nos países da
América Latina tem como principal objetivo atender à demanda dos
respectivos mercados internos, mas a entrada nos países desenvolvidos
visa não apenas produzir para esses mercados, mas, também, adquirir
tecnologia que permita entrar em segmentos de maior valor agregado e
concorrer com os grandes players do setor. O conhecimento assim
adquirido está sendo repassado a outras plantas do Grupo, configurando
um claro exemplo de como o País pode ganhar com a internacionalização O movimento da produção. (Três décadas de economia gaúcha, v. 2). 2010 181
Macadar, B. M. de. A evolução dos investimentos diretos se empresas gaúchas no exterior.
de suas empresas, já que a expansão da Gerdau no exterior, além de
permitir a transferência de tecnologia para o mercado interno, não a
impediu de continuar crescendo no Brasil. No final de 2008, a Gerdau
operava, no estrangeiro, em 14 países, através de 33 unidades de
transformação, 98 unidades de corte e dobra, 101 unidades comerciais,
quatro empresas associadas e duas joint ventures. Entretanto,
considerando apenas a localização geográfica e não os valores investidos,
a América Latina ainda predomina na localização geográfica das
subsidiárias da empresa (69%), seguida pela América do Norte (15%),
pela Europa (8%) e pela Ásia (8%).
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Alguns dos motivos para a internacionalização produtiva
identificados neste trabalho estão relacionados com a necessidade de
ampliar o mercado, acompanhar o cliente, reduzir os custos de produção e
contornar barreiras ao comércio. A abertura econômica dos anos 90 e as
pressões competitivas exercidas pelos produtores de baixo custo da Ásia
nos anos mais recentes criaram um ambiente propício para a adoção de
estratégias reativas de internacionalização.
O avanço dos IDEs de países em desenvolvimento é inexorável e
reflete o surgimento de grandes empresas que ganharam fôlego com o
próprio mercado interno e competência para dominar a tecnologia de
determinados setores. Os IDEs de empresas brasileiras de capital
nacional, por exemplo, estão concentrados na extração e processamento
de recursos naturais, tais como a Petrobrás e a CVRD, ou na produção de
determinados bens manufaturados, principalmente produtos siderúrgicos,
material de transporte e bens intermediários. Já no Rio Grande do Sul, a
maior concentração ocorre apenas nos três últimos grupos.
Durante décadas, o baixo coeficiente de exportação da maioria das
firmas industriais exportadoras de capital nacional tornou a
internacionalização pouco atraente ou desnecessária. Além disso, muitos O movimento da produção. (Três décadas de economia gaúcha, v. 2). 2010 182
Macadar, B. M. de. A evolução dos investimentos diretos se empresas gaúchas no exterior.
dos produtos exportados por essas firmas são pouco diferenciados, não
requerendo instalações no exterior, o que reduz o número de empresas
potencialmente interessadas em realizar IDEs.
No entanto, na primeira década deste século, o crescimento da
economia mundial — que se estendeu de 2002 até a eclosão da crise em
2008 — favoreceu o maior comprometimento com as exportações, as
quais, nesse intervalo de tempo, cresceram 170%, passando de US$ 73,2
bilhões para US$ 197,9 bilhões. Desse modo, algumas empresas
aumentaram seus coeficientes de exportação, o que as levou a um maior
envolvimento com as vendas externas e a investirem na expansão
internacional. Houve também a influência da valorização do real, que
tornou atraente o preço dos ativos externos em dólares e estimulou a
diversificação dos locais de produção para diminuir os riscos.
Apesar de as empresas brasileiras e gaúchas que ingressaram com
operações produtivas no mercado externo ainda fazerem parte de um
grupo muito restrito, o número dessas empresas, bem como seus setores
de abrangência, tende a aumentar, até porque se trata de uma tendência
mundial. No entanto, isso vai depender muito de condições mais
favoráveis por parte do Estado, pois todos os países em desenvolvimento
que têm um número significativo de empresas transnacionais apoiaram
sua internacionalização. Atualmente, o BNDES tem uma linha de apoio à
expansão de empresas brasileiras para o exterior, mas está atrelada a um
comprometimento com exportações, e são poucas as empresas que a
utilizam.
Além das dificuldades para financiar projetos de investimento no
exterior, outro aspecto que inibe os IDEs de empresas brasileiras e
gaúchas é a bitributação, ou seja, a incidência de impostos sobre o lucro
líquido tanto no país onde é feito o investimento como no Brasil. Para
contornar essa situação, o País precisa negociar acordos de investimentos
com os principais parceiros comerciais, em especial com aqueles onde já
existam IDEs brasileiros.
O movimento da produção. (Três décadas de economia gaúcha, v. 2). 2010 183
Macadar, B. M. de. A evolução dos investimentos diretos se empresas gaúchas no exterior.
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