a crítica hegeliana Às teorias do contrato social de hobbes e de kant
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O objetivo do presente trabalho é levar a efeito a análise das críticas hegelianas às teorias contratualistas de Hobbes e de Kant. Em primeiro lugar, será abordada a concepção de filosofia de Hegel, destacando suas divergências no tocante à razão teórica kantiana, por esta representar o melhor modelo do conceito hegeliano de Esclarecimento negativo. Posteriormente, nos capítulos subsequentes, será apresentado o contratualismo em duas versões distintas: em primeiro lugar, o de Hobbes, seu modelo empirista e seu método dedutivo, em especial a abstração ficcional do estado de natureza que não alcança o domínio do real; em segundo lugar, o contratualismo na visão de Kant, fundamentado por sua ética formal. Para levar a efeito tal análise, será preciso, em determinado momento do trabalho, abordar a concepção Estado em Hegel como o detentor máximo da liberdade e da eticidade, ou seja, como a síntese das determinidades dos particulares (família e sociedade civil) que se concretizam nessa figura universal, afim de que, assim, possam ser elucidadas das divergências entre a liberdade hegeliana e hobbesiana e, concomitantemente, as divergências entre a ética hegeliana e a ética kantiana.TRANSCRIPT
UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE
WILLIAM PANICCIA LOUREIRO JUNIOR
A CRTICA HEGELIANA S TEORIAS DO CONTRATO SOCIAL DE HOBBES E DE
KANT
So Paulo
2015
WILLIAM PANICCIA LOUREIRO JUNIOR
A CRTICA HEGELIANA S TEORIAS DO CONTRATO SOCIAL DE HOBBES E DE KANT
Trabalho de Concluso de Curso apresentado
Universidade Presbiteriana Mackenzie como requisito
parcial obteno do grau de Licenciado em Filosofia.
ORIENTADOR: Prof. Dr. Roger Fernandes Campato
So Paulo
2015
WILLIAM PANICCIA LOUREIRO JUNIOR
A CRTICA HEGELIANA S TEORIAS DO CONTRATO SOCIAL DE HOBBES E DE KANT
Trabalho de Concluso de Curso apresentado
Universidade Presbiteriana Mackenzie como requisito
parcial obteno do grau de Licenciado em Filosofia.
APROVADA EM
BANCA EXAMINADORA
_______________________________________________
Prof. Dr. Roger Fernandes Campato
Universidade Presbiteriana Mackenzie
_______________________________________________
Prof. Dr. Marcelo Martins Bueno
Universidade Presbiteriana Mackenzie
_______________________________________________
Prof. Dr. Orlando Bruno Linhares
Universidade Presbiteriana Mackenzie
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Dr. Roger Fernandes Campato, por suas excelentes aulas, sua inesgotvel
solicitude e pacincia.
Quando a filosofia chega com a sua luz crepuscular
a um mundo j a anoitecer, quando uma
manifestao de vida est prestes a findar. No
vem a filosofia para rejuvenescer, mas apenas
reconhec-la. Quando as sombras da noite
comearam a cair que levanta voo o pssaro de
Minerva (G. W. F. Hegel)
RESUMO
O objetivo do presente trabalho levar a efeito a anlise das crticas hegelianas s teorias
contratualistas de Hobbes e de Kant. Em primeiro lugar, ser abordada a concepo de
filosofia de Hegel, destacando suas divergncias no tocante razo terica kantiana, por
esta representar o melhor modelo do conceito hegeliano de Esclarecimento negativo.
Posteriormente, nos captulos subsequentes, ser apresentado o contratualismo em duas
verses distintas: em primeiro lugar, o de Hobbes, seu modelo empirista e seu mtodo
dedutivo, em especial a abstrao ficcional do estado de natureza que no alcana o
domnio do real; em segundo lugar, o contratualismo na viso de Kant, fundamentado por
sua tica formal. Para levar a efeito tal anlise, ser preciso, em determinado momento do
trabalho, abordar a concepo Estado em Hegel como o detentor mximo da liberdade e da
eticidade, ou seja, como a sntese das determinidades dos particulares (famlia e sociedade
civil) que se concretizam nessa figura universal, afim de que, assim, possam ser elucidadas
das divergncias entre a liberdade hegeliana e hobbesiana e, concomitantemente, as
divergncias entre a tica hegeliana e a tica kantiana.
Palavras-chave: Hobbes. Kant. Hegel. Contratualismo.
ABSTRACT
The purpose of this work is to present the review carried out by Hegel to the contratualism
theory of Hobbes and Kant. In the first place, will be addressed the philosophical view of
Hegel, highlighting his disagreement to the kantian theoretical reason in order to present his
concept of negative Enlightenment. Then, in the subsequent chapters, will be presented two
distinct versions of the contratualism: in the first place, Hobbes and his empiricist model and
deductive method, specially the fictional abstraction of the state of nature that does not reach
the domain of the reality; in the second place, the contratualism version of Kant, guided by
his formal ethics. In order to conclude this analysis will be addressed the hegelian conception
of state as the provider of freedom and ethics, in other words, as the performer of the
synthesis of his predecessor moments (family and civil society) that materialize in his
universal figure, in order to better elucidate the disagreement between the hegelian and
hobbesian conception freedom and the disagreement between the hegelian and kantian
conception of ethics.
Keyword: Hobbes. Kant. Hegel. Contratualism.
SUMRIO
INTRODUO ........................................................................................................... 8
1. RAZO TERICA E ESCLARECIMENTO NEGATIVO ........................................ 11
2. CONSIDERAES SOBRE O CONTRATUALISMO DE HOBBES
................................................................................................................................. 19
3. O CONTRATUALISMO DE KANT ......................................................................... 23
4. A CRTICA HEGELIANA S TEORIAS DO CONTRATO SOCIAL DE HOBBES E DE
KANT ......................................................................................................................... 36
4.1. O ESTADO CIVIL COMO PRESSUPOSTO DA ETICIDADE ............................... 36
4.2. AS CRTICAS AO CONTRATUALISMO PROPRIAMENTE DITAS ..................... 42
CONCLUSO ........................................................................................................... 54
5. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ....................................................................... 55
8
INTRODUO
O presente trabalho tem por objetivo principal analisar a crtica levada a feito por Hegel s
teorias do contrato social propostas por Hobbes e Kant. Para tanto, antes de nos determos
especificamente nos argumentos hegelianos, abordaremos, num primeiro momento, as
caractersticas constitutivas da concepo de filosofia em Hegel, como consta no Captulo 1.
De tal maneira, para uma melhor elucidao, optamos pela comparao entre a razo
terica kantiana e o conceito de Esclarecimento negativo hegeliano com base na tentativa,
j presente nos escritos de juventude de Hegel, de reconduzir para o seio da tradio
filosfica a razo especulativa.
No Captulo 2, explicitaremos, de modo sucinto, o contratualismo hobbesiano, enfatizando
suas concepes sobre o estado de natureza e o estado civil; posteriormente, no captulo 3,
discorremos sobre as mudanas e inovaes tericas formuladas por Kant, especialmente
no que diz respeito ao seu formalismo tico.
Em linhas gerais, no Captulo 4, em sua primeira seo (4.1), interpretamos de maneira
bastante especfica um texto de maturidade de Hegel: Princpios de filosofia do direito, de
1821, com a inteno de melhor explicar sua relao com o pressuposto do Estado
universal como aquele que assegura a vida tica e a liberdade. Assim, ser tematizada,
paralelamente crtica hegeliana ao contrato formal kantiano, a contraposio entre a tica
em Hegel e em Kant e, a seguir, a contraposio entre o conceito de liberdade em Hobbes e
em Hegel, no tocante ao contratualismo empirista.
Por fim, convm ressaltar que tanto Hobbes quanto Kant sero apresentados sob a
perspectiva crtica de Hegel, em especial aquela construda em dois textos: F e saber,
artigo publicado em 1802, no Jornal Crtico de Filosofia, com a inteno de explicitar sua
concepo filosfica e principiar uma anlise sobre a epistemologia kantiana trata-se de
um artigo de fundamental importncia para o objetivo do presente trabalho, sobretudo no
que tange ao desenvolvimento da dicotomia entre razo especulativa e entendimento ; e
Sobre as maneiras cientficas de tratar o direito natural, tambm de 1802, no qual vem
tona a primeira crtica hegeliana s teorias do contratualistas, apresentada na seo 4.2.
O contratualismo uma doutrina que prioriza, no cerne de sua teoria, a origem e o
fundamento do Estado (da sociedade civil) atravs de uma conveno ou pacto entre seus
membros. Tais membros estariam circunscritos a uma posio inicial pr-social, ahistrica,
concebida como um estado natural do homem: o estado de natureza. Na modernidade, o
contratualismo surge em consonncia com o jusnaturalismo, isto , a concepo que
defende que o homem, por si s, j nasce com direitos que lhe so intrinsecamente
fundamentais.
9
Como veremos, em Hobbes e em Kant o contrato assume formulaes variadas e
concepes distintas. O primeiro, por exemplo, defende a existncia de um estado de
natureza no qual o homem seria irrefrevel e livre. Neste caso, a figura do estado civil a
responsvel por remover esta liberdade, expressando-se em um Estado absoluto, cuja
finalidade consiste em promover a segurana e a paz entre os cidados. No entanto, em
Kant, o contrato assume roupagem distinta. O contrato elevado a um nvel mais alto de
abstrao, no qual a lei da razo, por si s, determina o significado do Estado como valor
absoluto, objetivo e universal. A inovao kantiana concernente ao contrato, se comparada
com a concepo dos empiristas, reside no fato de que ele no advm da natureza humana
empiricamente considerada, mas sim do a priori da razo pura. O contratualismo kantiano
desenvolve-se puramente no plano lgico, independentemente da realidade histrica ou da
fico do estado de natureza.
A ateno que Hegel dedica em seus escritos polticos s questes referentes ao
contratualismo, em especial ao de Hobbes e ao de Kant, criticando neles, respectivamente,
o suposto estado de natureza e o imperativo categrico como lei tica universal, constitui o
tema do presente trabalho.
De antemo, imprescindvel afirmar que e