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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC-SP HERMINIA PRADO GODOY A CONSCIÊNCIA ESPIRITUAL NA EDUCAÇÃO INTERDISCIPLINAR DOUTORADO EM EDUCAÇÃO: CURRÍCULO SÃO PAULO 2011

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

PUC-SP

HERMINIA PRADO GODOY

A CONSCIÊNCIA ESPIRITUAL NA EDUCAÇÃO INTERDISCIPLINAR

DOUTORADO EM EDUCAÇÃO: CURRÍCULO

SÃO PAULO

2011

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

PUC-SP

HERMINIA PRADO GODOY

A CONSCIÊNCIA ESPIRITUAL NA EDUCAÇÃO INTERDISCIPLINAR

DOUTORADO EM EDUCAÇÃO: CURRÍCULO

Tese apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para obtenção do título de Doutor em Educação: Currículo sob a orientação daProfª Drª Ivani Catarina Arantes Fazenda.

SÃO PAULO

2011

BANCA EXAMINADORA:

___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________

À Profa. Dra. Ivani Catarina Arantes Fazenda

minha eterna gratidão pela oportunidade de me receber como sua orientanda com muito amor, carinho e cuidado fazendo com que eu me sentisse confiante, respeitada e valorizada como pessoa e profissional.

Ao Prof. Dr. Ruy Cezar do Espírito Santo pela sua

sabedoria, generosidade e amor que serenaram e aquietaram as minhas ansiedades.

Ao Prof. Dr. Cláudio Picollo pelo seu bom humor,

espontaneidade e firmeza que me trouxeram coragem e alegria.

Deles levarei o aprendizado da: ALEGRIA DE

CAMINHAR COM A FORÇA DO AMOR!

AGRADECIMENTOS

Ao Criador pela grande oportunidade de vida que me ofertou.

Aos meus pais que me amaram incondicionalmente e me ensinaram o valor do

trabalho responsável e a importância do investimento na educação.

Ao meu marido pelo apoio, proteção e amor que me dedica.

A minha filha, benção Divina em minha vida. Ao meu genro que completou

nossa família e nos presenteou com sua generosidade e carinho.

Aos meus familiares pelo carinho com que me acolhem.

Aos professores que me orientaram e me ensinaram com amor e paciência.

Aos colegas e amigos pelo companheirismo, incentivo e amizade.

Aos clientes e alunos que confiaram e acreditaram em mim e me ensinaram a

perceber, reconhecer e respeitar as realidades espirituais.

RESUMO

Este trabalho trata da ampliação da consciência espiritual como possibilidade de realizar uma Educação Interdisciplinar. A linha metodológica que segui foi a investigação interdisciplinar utilizando-me da narrativa reativando a memória escrita, falada e socializada. Registrei dados de minhas vivências em consultório que permitiram transformações e revoluções de minha consciência. Procedi ao registro das observações reflexivas a partir das aulas de Interdisciplinaridade professadas por Fazenda no período de 2008 a 2010. Realizei cuidadoso levantamento dos escritos, dissertações e teses que Fazenda orientou no período de 1986 a 2010. Tabulei as respostas a 21 questionários que apliquei aos meus colegas de classe do programa de Educação/Currículo, no primeiro semestre de 2008. Três questionamentos fundamentais acompanharam esta investigação: o primeiro foi à conceituação sobre o que é a espiritualidade; o segundo tratou da espiritualidade no contexto educacional brasileiro e, o terceiro buscou respostas sobre o que é a Interdisciplinaridade vivida, praticada e teorizada por Fazenda e sua possível relação com a espiritualidade. Verifiquei que a atuação interdisciplinar de Fazenda aproxima-se do trabalho de um terapeuta de consciências, assim sendo, a espiritualidade está intrínseca na Educação interdisciplinar exercida por ela. Se considerarmos a espiritualidade como princípio da Interdisciplinaridade, poderíamos revelar que a busca da espiritualidade contemplaria os princípios: da espera, do desapego, da humildade, do respeito e da coerência. A Interdisciplinaridade assim seria um vetor de abertura à espiritualidade, e o educador interdisciplinar um terapeuta de consciências.

Palavras-chave: Interdisciplinaridade, Educação, Espiritualidade e Consciência.

ABSTRACT

This work discusses the widening of spiritual consciousness as a means of creating an interdisciplinary education. The method used was the interdisciplinary investigation through narrative, reactivating the written, spoken and socialized memory. The Data from my own clinic experiences, which resulted in transformations and radical changes in my consciousness, were processed. Well-pondered observations, made during interdisciplinary classes, taught by Fazenda between 2008 and 2010, were catalogued. A careful research of written works, dissertations and thesis, oriented by Fazenda between 1986 and 2010, was accomplished. Twenty-one questionaries’ that were taken by my Education/Curriculum Program classmates during 2008's first semester were also charted. Three fundamental questions have permeated this investigation: The first was the conceptualization of the meaning of spirituality; the second dealt with spirituality within the Brazilian Educational Context and the third, sought answers for what does the interdisciplinarity, lived, practiced and theorized by Fazenda actually means, and how it is related to spirituality. I verified that Fazenda's interdisciplinary activity resembles the work of a "consciousness therapist", this way; spirituality is intrinsic to the interdisciplinary education which performs. Considering spirituality as one of the principles of interdisciplinarity, could reveal that the search for spirituality contemplates the following principles: waiting, detachment, humility, respect and consistency. Interdisciplinarity thus would be an openness vector to spirituality and the interdisciplinary educator, a "consciousness therapist".

Keywords: Interdisciplinarity, Education, Spirituality, Consciousness.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 9

2 AS REVOLUÇÕES DO MEU SER.................................................................... 23

2.1 PRIMEIRA REVOLUÇÃO: 2º. SEMESTRE DE 2007..................................... 23

2.2 SEGUNDA REVOLUÇÃO: 2º. SEMESTRE DE 2008 .................................... 25

2.3 TERCEIRA REVOLUÇÃO: 2º. SEMESTRE DE 2009 .................................... 27

2.4 QUARTA REVOLUÇÃO: 2º. SEMESTRE DE 2010 ....................................... 38

2.5 METODOLOGIA............................................................................................. 41

3 A ESPIRITUALIDADE ....................................................................................... 43

3.1 ESTUDO EXPLORATÓRIO............................................................................. 43

3.2 CONCEITOS SOBRE: ESPIRITUALIDADE, ESPIRITUAL, ESPÍRITO E

CONSCIÊNCIA ............................................................................................... 45

3.3 A MATURIDADE DA HUMANIDADE ............................................................. 59

4 A CONSCIÊNCIA ESPIRITUAL NA EDUCAÇÃO ............................................. 62

5 EDUCAÇÃO INTERDISCIPLINAR E TERAPIA DA CONSCIÊNCIA ................ 65

6 A ESPIRITUALIDADE NA INTERDISCIPLINARIDADE DE FAZENDA ............ 68

6.1 A INTERDISCIPLINARIDADE VIVIDA: SENTIDO ONTOLÓGICO....................69

6.2 A INTERDISCIPLINARIDADE ENSINADA: SENTIDO EPISTEMOLÓGICO... 74

6.3 A INTERDISCIPLINARIDADE PRATICADA: SENTIDO PRAXIOLÓGICO....... 77

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 83

REFERÊNCIAS.................................................................................................... 91

APÊNDICE........................................................................................................... .97

ANEXOS................................................................................................................100

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Phoenix ............................................................................................... 21

Figura 2 - Página inicial do GEPINTER................................................................ 31

Figura 3 - Pagina inicial da home do GEPI .......................................................... 33

Figura 4 - Página inicial da revista do GEPI ......................................................... 33

Figura 5 - Duas estrelas de 5 pontas sobrepostas ............................................... 71

Figura 6 - Espírito Santo e Fazenda – 2009......................................................... 87

Figura 7 - Picollo e Fazenda – 2009..................................................................... 88

9

1 INTRODUÇÃO

A espiritualidade faz parte de minha vida pessoal desde que fui gestada. Minha

mãe provém de uma família Kardecista e meu pai de uma família Católica. Vivíamos

em harmonia quanto a esta duplicidade de orientação religiosa, pois meu pai permitiu

que minha mãe educasse os sete filhos na religião sistematizada por Kardec1. Era

uma realidade para mim a existência de espíritos, de mundos paralelos, de seres

extrafísicos e extraterrestres. Não sofri em minha infância qualquer exclusão,

segregação e/ou marginalização social pelo fato de participar das aulas de catecismo

no Centro Espírita. Dos 13 aos 15 anos participei de palestras e encontro de jovens

nos Centros Espíritas da região2. Com 16 anos me mudei para estudar o colegial em

São Paulo e não mais freqüentei o espiritismo. De 1986 a 1989 fiz um curso de

estudos e práticas sobre a mediunidade, curso este coordenado pela Federação

Espírita de São Paulo com duração de três anos. Depois desta experiência nunca

mais participei como integrante de qualquer Centro Kardecista.

Tenho respeito e aprendi a ter consideração pela doutrina espírita, pelos

espíritas e pelas obras de Kardec3, Kardecistas4 e seus dissidentes5. No Anexo 1

apresento uma breve biografia de alguns destes autores e suas obras. Grande parte

da fundamentação teórica do meu trabalho com a espiritualidade são das obras

desses estudiosos e pesquisadores que ainda trilham e trilharam, pela doutrina

espírita.

1 Allan Kardec pseudônimo de Hippolyte-Léon-Denizard Rivail, professor, tradutor de livros e escritor. Nasceu em 1804. Em 1854 se interessou pelos fenômenos das mesas girantes (mesas que giravam sob a ação de uma força extrafísica, ou espírito), passou a estudar os fenômenos espirituais, desenvolveu pesquisas por 30 anos e as sistematizou, dando origem à codificação do espiritismo. (Audi, 2004). Ao me referir a religião espírita/kardecista usarei a terminologia Kardecismo ou Espiritismo. 2 Residia na ocasião em Caçapava, cidade Paulista situada no Vale do Paraíba. 3 Obras de Kardec: Genesis (1992a); Livro dos Médiuns (1992b); Livro dos espíritos (1993a); Evangelho segundo o espiritismo (1993b); e O céu e o inferno ( 1993c). 4 Kardecistas reconhecidos mundialmente por seus trabalhos literários e de pesquisa: Francisco Candido Xavier; José Herculano Pires; Jorge Andrea dos Santos; Hermínio Correia Miranda; Inácio Ferreira de Oliveira; Hernani Guimarães Andrade; Alberto Lyra; Ary Lex; Divaldo Pereira Franco; dentre outros. 5 Dissidentes do Espiritismo: Waldo Vieira, Wagner Borges, Samuel de Souza, dentre outros.

10

Além desses autores me interessei por outros que atuavam, estudavam e

pesquisavam a espiritualidade (Umbanda, Rosa Cruz, Messiânica, etc.), porém não

me identifiquei com qualquer uma das vertentes religiosas, místicas e esotéricas a

ponto de tornar-me uma seguidora de qualquer uma delas.

Desde criança me pergunto sobre a origem do ser humano: quem somos? De

onde viemos? Para onde vamos? Não me conformava com a finitude da vida,

questionava a desigualdade entre as pessoas e observava a coerência do

comportamento dos adultos que pregavam as virtudes espirituais, tais como: amor,

tolerância, paciência, cooperação, fraternismo, solidariedade, compaixão, respeito,

dentre outras tantas. Morava no interior, o que facilitava conviver, fora dos templos

religiosos, com as pessoas que os freqüentavam e me chamava à atenção o quanto

tinham de incoerência em suas ações. No Templo pregavam as virtudes e fora deles,

muitos não as exercitavam. Este aspecto de observar a coerência entre a fala e a

ação das pessoas conservo até hoje em minha vida. Procuro vivenciar o que me

percebo falando. Considero como importante no meu comportamento a existência da

coerência entre o que falo, ensino e faço.

Considero-me Cristã. Acredito em Deus, no Sagrado, nas leis Divinas que

foram ensinadas e vividas por Cristo e considero como importante a vivência das

virtudes espirituais.

Dediquei, e dedico, a minha vida em tornar-me um ser humano melhor a cada

dia, e profissionalmente propus-me colaborar para que as pessoas se tornassem

melhores para si, para o outro e para o mundo.

Cursando a faculdade de Psicologia entrei em contato com o trabalho

desenvolvido na saúde junto aos portadores de distúrbios do desenvolvimento e

patologias psiquiátricas. Trabalhei durante o curso de Psicologia com grupos de

trabalho em clínicas psiquiátricas e freqüentei reuniões clínicas em hospitais de

doentes mentais.

Integrei-me em 1983 a um grupo composto por psicólogos e psiquiatras que

estudava a espiritualidade e especificamente a Terapia de Vida Passada (TVP) 6.

Participando deste grupo percebi a possibilidade de ligar a minha prática profissional

6 Terapia de Vida Passada, desde 1990 denominada mundialmente como Terapia da Regressão (TR) foi desenvolvida na década de 70 por Netherton (1997) e Fiore (S/D). Esses autores desenvolveram as duas técnicas básicas da Terapia da Regressão conforme os meus estudos (GODOY, 2002). A TR é um trabalho terapêutico que usa a regressão hipnótica passiva e ativa da memória visando encontrar os traumas originais que provocaram os problemas vividos no presente pelas pessoas.

11

aos conceitos e práticas espirituais aprendidas em minha trajetória de vida. Com este

grupo fundamos em 1986 a Associação Brasileira de Terapia de Vida Passada

(ABTVP).7

Montamos e levamos um dossiê em 1989 ao Conselho Regional de Medicina

(CRM) e ao Conselho Regional de Psicologia (CRP) explicando que a TVP se tratava

de uma terapia eficiente e eficaz8 para o desbloqueio9 de traumas e que os conteúdos

que provinham das experiências poderiam ser interpretados pelo terapeuta de acordo

com as hipóteses levantadas de: fraude10; fantasia11; criptomnésia12; percepção extra-

sensorial13; vivência de uma vida passada, etc. Caberia aos clientes a explicação das

memórias trazidas pelo trabalho regressivo e ao terapeuta a observação e análise de

acordo com a sua vertente teórica habitual. O Conselho de Medicina não se

manifestou, porém o Conselho de Psicologia, em 1991, se manifestou contrário à

prática da técnica alegando se tratar de vidas passadas que remetia ao conceito de

reencarnação e esse conceito pertencia ao âmbito das religiões e não da psicologia.

Passamos por muitas dificuldades. Sentimos de perto o preconceito, a

discriminação e até a exclusão de nosso trabalho pelos colegas de outras vertentes

psicológicas, pelo meio acadêmico e até pelo próprio Conselho de Classe.

Nosso Conselho de Classe nos pedia a fundamentação teórica para a nova

modalidade de terapia e a comprovação, por pesquisas, dos resultados efetivos que

poderíamos receber deste tratamento. Porém, não nos davam autorização para

realizarmos as pesquisas, as academias não nos aceitavam e não podíamos associar

o nome da psicologia à aplicação da terapia da regressão. Caímos em um círculo

7 A ABTVP tinha o objetivo de estudar, pesquisar e sistematizar a teoria e as técnicas da Terapia de Vida Passada (TVP) e elaborar um programa de formação para profissionais psicólogos e médicos nesta forma de terapia. 8 Afirmação expressa por Netherton (1997) e Fiore (s/d) em seus livros e cursos que realizaram no Brasil. 9 Bloqueio: travas ou dificuldades que podem ser mentais, emocionais, físicas, energéticas e/ou espirituais e impedem que a pessoa no presente viva de uma forma plena, livre, e o mais feliz que possa. 10 Num sentido amplo, uma fraude é um esquema ilícito ou de má fé criado para obter ganhos pessoais (extraído da internet em 02/02/11 do site: http://pt.wikipedia.org/wiki/Fraude). 11 Fantasia é uma situação imaginada por um indivíduo ou grupo que não tem qualquer base na realidade, mas expressa certos desejos ou objectivos por parte do seu criador (extraído da internet em 020211 do site: http://pt.wikipedia.org/wiki/Fantasia). 12 Defino criptomnésia: falsa memória (GODOY, 2005) 13 Defino percepção extra-sensorial como a percepção que é percebida além dos cinco sentidos (olfato, tato, paladar, audição e visão). (GODOY, 2005)

12

vicioso! Não aprovam porque não tem comprovação científica, não podemos fazer

pesquisa porque não temos a permissão de nosso Conselho de Classe.

Em 1992 soubemos que o Conselho Federal de Psicologia (CRF) estava

requisitando pessoas para integrar equipes que formariam comissões para o estudo e

análise das técnicas alternativas – a Terapia da Regressão (TR) se enquadrava neste

contexto. Solicitamos a permissão de enviarmos um representante de nossa vertente

de estudo a alguma das comissões que iriam ser formadas. O CRF nos respondeu

por um ofício (ANEXO 2) que não havia mais esta possibilidade, pois os grupos já

haviam sido definidos e nos pediu que respondêssemos algumas perguntas que eles

encaminhariam para a análise em alguma dessas comissões. Pelo teor das perguntas

verificamos que seria inviável produzirmos um material de qualidade até o término

dos trabalhos das comissões.

Resolvemos nos voltar para responder sem atropelos ou correrias, as

perguntas e no tempo que tivéssemos as respostas as encaminharíamos ao

Conselho Federal para que avaliassem a pertinência, ou não, da validação da TR, o

que, infelizmente, não conseguimos fazer enquanto grupo da ABTVP.

Obedecendo a determinação do Conselho de Ética do CRF desvinculamos a

TR de nossa prática como Psicólogos, porém continuamos, como pessoas, a

trabalhar com a TR e pesquisá-la, visando um dia reunir material suficiente para que

fosse considerada como uma técnica reconhecida no campo da Psicologia.

Passamos a difundir nossos trabalhos de várias maneiras, porém sempre

salientando às pessoas e aos alunos que se tratava de um instrumento não

reconhecido como técnica psicológica pelos CRPs e CRF.

Alguns colegas realizavam palestras, outros realizavam cursos de formação de

terapeutas, outros se dedicaram às pesquisas e outros escreviam. Nossa intenção

era buscar o reconhecimento de uma terapia que se mostrava eficiente e eficaz no

desbloqueio de traumas.

Por meu lado criei, em 1990, o Grupo de Estudos e Pesquisas da Consciência

(GEPC), hoje denominado apenas como Grupo de Estudos da Consciência (GEC) e

com este grupo (existente e ativo até hoje) estudamos e desenvolvemos pesquisas

no campo da espiritualidade e da terapia regressiva. Dei cursos de formação de

terapeutas da regressão na ABEPTVP, proferi palestras, participei de eventos no

campo da espiritualidade e psicologia.

13

Promovi com o GEC e em parceria com a ABTVP a vinda dos terapeuta

expoentes na TR, para que dessem cursos de atualização para nosso grupo de

estudo e alunos. Em 1995 e 1999 trouxemos o psicólogo Morris Netherton14 criador

de uma das técnicas mestres da Terapia da Regressão. Em 1996 trouxemos o

psicólogo Junguiano Roger Woolger15 que transcreveu a teoria proposta por

Netherton e Edith Fiore para uma linguagem da Psicologia Junguiana e de 1987 até

1997 trouxemos, por diversas vezes, o terapeuta Hans TenDam16 (Administrador com

pós graduação em Pedagogia) que criou técnicas que trabalham os bloqueios

emocionais provenientes de desequilíbrios no campo energético e espiritual dos

clientes.

Fiz o Curso do Netherton com TenDam em 1986 e acompanhei e colaborei

com ele no desenvolvimento dos conceitos teóricos e técnicos no âmbito

energético/espiritual. Muitas das suas técnicas aperfeiçoei e hoje fazem parte das

técnicas conscienciais com as quais trabalho. Também é dessa parceria com

TenDam que trago grande parte da teoria que fundamenta a Terapia da Consciência

Multidimensional (TCM) que desenvolvo desde 1990.

A TCM tem a espiritualidade como sua fundamentação e suas técnicas atuam

no bloqueio e desbloqueio de problemas advindo da esfera energética e espiritual.

Concomitantemente a esses trabalhos, que desenvolvi com o GEC, e como

participante da ABTVP fiz contato com as Associações Internacionais que cuidavam

do desenvolvimento e reconhecimento da TR no âmbito mundial. Fui credenciada e

qualificada como terapeuta regressiva por três Associações Internacionais: a

IARRT17, o IBRT18 e a AAPLE19. Na IARRT fui qualificada como Professional Member

– Level I da IARRT em 1990; no IBRT em 2000 me tornei Past Life Therapist and

Researcher – Level Two e tive no mesmo ano o meu curso de formação de

14 Morris Netherton, Psicólogo Americano responsável pelo desenvolvimento da técnica regressiva que se utiliza da hipnose direta, ou seja, usa como indução para a origem do trauma os próprios sintomas exibidos pelo cliente. Na Terapia da Regressão temos duas técnicas básicas das quais todas as outras se originam. Uma foi desenvolvida por Netherton e a outra pela psicóloga Edith Fiore, que se utiliza da hipnose indireta, ou seja, o acesso as origens dos traumas se dá pela indução indireta (GODOY, 2002). 15 Roger Woolger psicólogo Junguiano (1994). 16 Hans Wolfgang TenDam (1993, 94 e 97). 17 IARRT (The International Association and Research of Regression Therapies), USA. 18 IBRT- The International Board for Regression Therapy, USA. 19 AAPLE: The Association for the Alignment of Past-Life Experiences, Los Angeles- Califórnia, USA.

14

terapeutas nas técnicas regressivas reconhecido e credenciado por eles como um

Curso de Especialização em Terapia da Regressão e, na AAPLE em julho de 2000

me qualifiquei como Master Therapist and Doctor of Philosophy and Techinique in

Teaching, using the Netherton Method of Past Life Therapy e também tive meu curso

de formação de terapeutas nas técnicas do Dr. Netherton reconhecido como um

curso de especialização. Hoje mantenho os meus credenciamentos na IARRT e na

AAPLE. Deixei o IBRT por dificuldades que se apresentaram no sentido de

realizarmos, aqui do Brasil, os pagamentos das anuidades para esse quadro de

terapeutas da Terapia da Regressão.

Em 1998 me desliguei da Associação (que na época se chamava Associação

Brasileira de Estudos e Pesquisas em Terapia de Vivências Passadas - ABEPTVP).

Resolvi sair da Associação por vários motivos, dentre eles os mais importantes foram,

em primeiro lugar, a perda de meus dois últimos amigos que pertenciam ao grupo

inicial que fundou a Associação e por quem tinha muito apreço e consideração, os

psiquiatras: Lívio Túlio Pincherlle e Michel Chebli Maluf. Sem eles fiquei sem respaldo

para tocar adiante a empreitada de estudos e pesquisas no campo da regressão, o

que me levou ao segundo motivo.

Desde 1990 com o GEC me voltei mais para o campo da espiritualidade do

que para o campo da regressão. Com os estudos sobre a espiritualidade eu e o grupo

percebemos que a TR era na verdade um conjunto de técnicas20 e o arcabouço

teórico que a fundamentava, na verdade, era a fundamentação da Terapia da

Consciência, pois falava das bases espirituais. Com esta constatação resolvi me

dedicar integralmente à construção da Terapia da Consciência Multidimensional. Para

tanto essa possibilidade optei por me desligar definitivamente de qualquer cargo de

administração da ABEPTVP21.

Saí da Associação, fundei o Centro de Difusão de Estudos da Consciência

(CDEC) 22, dei cursos de TR, Consciência e em Cursos de Formação em Psicologia

Transpessoal sobre a terapia da regressão no contexto consciencial.

20 Eu e o GEC sistematizamos a teoria e as técnicas da Terapia da Regressão que se transformou em 2002 no livro: Terapia da Regressão: teoria e técnicas, editado pela Cultrix. 21 Fui uma das fundadoras da ABTVP em 1987, ocupei vários cargos durante os 11 anos que lá estive, tais como: tesoureira; diretora científica, vice presidente e presidente. 22 CDEC- empresa criada em 1998 com a finalidade de se transformar em uma escola e um centro de tratamento psicológico, educacional e social e que foi fechado enquanto empresa em 2008, uma vez que nossos objetivos se voltaram para a nossa atuação na área acadêmica e não mais administrarmos nossos próprios cursos de formação de terapeutas.

15

Como disse, a TCM tem suas bases teóricas na espiritualidade. Resolvi me

dedicar ao estudo da TCM. A TR, que concluirmos ser apenas potentes técnicas, não

era aceita pela área da Psicologia, o que dizer da TCM que trabalha com técnicas

que se propõe a desbloqueios energéticos e espirituais?

Muitos já desenvolveram estudos e pesquisas no campo da espiritualidade e

não tiveram o tão esperado reconhecimento científico, pois a ortodoxia acadêmica no

campo da saúde insiste em exigir a comprovação teórica por meios do método

científico cartesiano. Muitos pesquisadores criteriosos e competentes não tiveram a

valorização científica dos seus trabalhos no campo da espiritualidade, principalmente

se envolvessem pesquisa sobre espírito, paranormalidade, vidas passadas,

transcomunicação, seres extraterrestres, etc., e até hoje, com todo avanço científico

que temos, ainda, encontramos muita resistências, por parte do meio acadêmico,

para a aceitação e validação para essa modalidade de pesquisa.

Podemos citar alguns autores que são expoentes no campo das pesquisas

sobre temas relacionados a espiritualidade: Alberto Lyra, Amit Goswani, Annie Wood

Besant, Ary Lex, Danah Zohar, D. Scott Rogo, Edith Fiore, Eliezer Mendes, George I.

Gurdjieff, Hans Wolfgang TenDam, Hazel Denning, Helen Wambach, Herculano

Pires, Hermínio Corrêa Miranda, Hernani Guimarães Andrade, Ian Stevenson, Ian

Marshall, Inácio Ferreira de Oliveira, Jan Tober, Jeremiah Abrams, John Van Auken,

José de Freitas Filho, Jorge Andrea, José Luiz Condotta, Joseph Banks Rhine, Juan

Ribaut, Ken Wilber, Lee Carrol, Lívio Túlio Pincherle, Marisa Luedi Mutuberria Vieira,

Michel Chebli Maluf, Morris Netherton, Patrick Drouot, Pierre Weil, Ranjan Banerjjee,

Raymond Moody Jr., Roger Woolger, Stanislav Grof, Thorwald Dethlefsen, Valdo

Vieira, Vera Helena Tanze, Wagner d'Eloy Borges, Winafred Lucas.

Miranda brilhantemente teceu comentários sobre a dupla discriminação que

sofreu por parte da ciência e pelo meio kardecista em uma carta que me enviou em

2003. Segue abaixo a transcrição de parte de seu depoimento e o anexo 3 contém o

e-mail com a autorização para divulgá-la:

(...) Na realidade, somos o passado, o presente é apenas uma frincha teórica no qual o futuro se despeja incessantemente no passado. É lá, portanto, no passado que temos de buscar a gênese dos desajustes. A regressão é, a meu ver, uma decorrência natural do processo da busca – o que importa no procedimento terapêutico é o diálogo direto com a individualidade, o ser superior, o Id, o inconsciente ou como se queira denominar o interlocutor com o qual o terapeuta está conversando.

16

Bem, como você sabe, o assunto muito me fascina e minha abordagem é sempre a do leigo curioso, não do profissional da saúde mental. Agrada-me observar o quanto caminhou, cresceu e amadureceu a psicologia desde há cerca de quarenta anos, quando comecei a escrever minhas reflexões sobre ela. Sentia-me eu desconfortável, naquela época, como alguém que está falando sozinho. O meio espírita desconfiava de mim, porque ao ver de muitos leitores e leitoras eu não estava falando de espiritismo como era de se esperar e o meio acadêmico e profissional mantinham uma olímpica – e compreensível -- atitude de desinteresse ante minhas ignaras observações. Situava-me, pois, numa terra de ninguém, exposto às balas perdidas do tiroteio mudo, pois o silêncio era sempre a resposta, de um lado ou de outro, exceto quanto a algumas (raras) manifestações de concordância ou discordância, usualmente, estas.

Meu propósito era o de chamar a atenção para o problema, botá-lo em discussão, não mais do que isso. No Congresso Internacional em Brasília (1989), lamentei publicamente que os profissionais brasileiros de formação espírita só se lembrassem da realidade espiritual depois que fechavam a porta de seus consultórios. Não que eu desejasse ou propusesse que levassem o espiritismo para suas práticas profissionais, mas que estivessem atentos a essa realidade que, antes de ser espírita, é universal.

Conceitos como reencarnação, sobrevivência, imortalidade, mediunidade, possessão e coisas desse tipo não constituem objeto de crença – são leis naturais, que simplesmente existem e funcionam, como as estações do ano, o sol, a chuva, o ciclo, enfim, da criação.

Sempre entendi que o profissional informado sobre tais aspectos tinha muito mais condição de desenvolver seu trabalho, do que os que sequer admitem a existência da alma. Impacientava-me ver que essa “virada” na psicologia clínica estava como que sendo “importada”, basicamente dos Estados Unidos, a partir da “explosão” da temática na segunda década dos anos 70 do século passado: Wambach, Fiore, Netherton, Cerminara, Kelsey, mas também Stevenson, Moody, Kübler-Ross e outros, em áreas paralelas ou complementares.

Agradeço seu interesse por minha opinião de leigo curioso e pelas generosas dedicatórias. Afetuosamente, Hermínio C. Miranda

Rio, 22/26 novembro 2003

É uma pena! Perde a Psicologia, as Ciências no geral e as pessoas. Mas nós

não perdemos a esperança de pesquisarmos e observamos os resultados das

intervenções e trabalhos que fazemos levando-se em consideração a espiritualidade.

Se não fomos aceitos na academia para pesquisar e estudar a terapia da

regressão, como seria com o estudo e pesquisa da espiritualidade?

Posso afirmar que foi muito trabalhoso! Muita resistência e preconceito é o que

encontramos neste caminho, porém, sabíamos, e sabemos, que o caminho seria

árduo e penoso.

Deparamo-nos, de novo, com o mesmo dilema, agora mais ampliado: Espírito,

espiritualidade é coisa da religião e não das Ciências.

17

De novo o dilema: Não pode pesquisar porque não tem fundamento e não tem

fundamento porque não se pode pesquisar. E aí? Se não pudermos pesquisar como

saberemos quando e como saberemos o que da espiritualidade pertence às religiões

ou são crenças e o quanto estamos experenciando realidades? Como sair deste

círculo vicioso? No passado já tivemos autores renomados que se aventuraram nesta

área e não foram aceitos e reconhecidos. Quando é que teremos nosso

reconhecimento? Busco ancorar-me na Interdisciplinaridade, pois, tenho a esperança

de que os estudos interdisciplinares poderão futuramente respaldar esses

questionamentos.

Tenho a eternidade para plantar semente por semente por este mundo afora e

quem sabe um dia verei uma bela plantação não como miragem, mas bem perto de

mim e bem concreta e palpável e que me encherá de alegria e prazer por ter vingado

o alimento que o meu espírito precisa para bem viver aqui na Terra.

Novo desafio, novas dificuldades, velhos paradigmas a serem quebrados,

porém agora com mais vivência e maturidade de minha parte, sem lutas! Quebrar

paradigmas exige: paciência, espera, empenho, estudo, determinação e seriedade.

Uma bela chance para treinar, na prática, as qualidades espirituais que são o carro

chefe da TCM.

Com a TCM se educam pessoas dentro de uma filosofia de vida que é

intercambiada entre os participantes. Uns ensinam aos outros a arte de bem viver e

viver com respeito a um Deus, aos homens e ao mundo. Realmente ela não poderia

se fechar dentro de uma técnica psicológica ou dentro de uma corrente psicológica

específica. Precisaria ganhar o mundo porque é do mundo. Por que não almejar

estudá-la e pesquisá-la no campo da Educação. Sim seria a saída. A Terapia da

Consciência é uma forma de educação. Com ela se educam consciências. É esse o

trabalho que desenvolvo no CDEC desde 2000. Dou cursos sobre a Consciência

Espiritual. Educo as pessoas nesses cursos para as realidades espirituais que

existem. Discutimos sobre as patologias espirituais e descobrimos formas de

tratamento. Eu e o grupo da consciência fazemos o trabalho de educar consciências

há 11 anos! Hoje entendo porque sempre tive perto de mim tantos pedagogos. Queria

dar cursos para psicólogos e médicos e apareciam pedagogos. O que faziam ali?

Hoje só entendo que me mostravam que o caminho da consciência era, também, o

educacional e não a saúde.

18

A estratégia seria entrar no campo da Filosofia e/ou Educação e por estes

caminhos esperávamos estudar e pesquisar a espiritualidade.

Optei pelo campo educacional.

Comecei a vislumbrar essa possibilidade quando ingressei no Mestrado. Hoje

escrevo com clareza sobre essa minha opção, mas na época não tinha essa

consciência, apenas entrei no Mestrado para desenvolver meu projeto em um tema

na área da saúde (desejava pesquisar as influencias energético/espirituais em

pacientes com quadro de autismo) e acabei desenvolvendo o meu trabalho no campo

educacional.

No Mestrado trabalhei com a inclusão da pessoa portadora de deficiência no

Ensino Regular Paulista23. Trabalhando com os preconceitos da inclusão das

pessoas portadoras de deficiência pude me perceber segregada, excluída e

marginalizada por fazer parte de uma minoria que se interessa, estuda e pesquisa a

espiritualidade. Compreendi a causa de minha diversificada trajetória profissional: era

a busca de um grupo de algum lugar onde pudesse me expandir e estudar, com

aceitação de um grupo, a espiritualidade. Nesta época mais uma dica24 e eu não

captei o significado. Estava no Mestrado em Distúrbios de desenvolvimento e tendo

uma vasta gama de opções para desenvolver meu tema no campo das patologias

psíquicas dos portadores de deficiência escolhi pesquisar no campo educacional:

como eram incluídos os alunos portadores de deficiência no Ensino Regular Paulista.

Fatos concomitantes nos mostravam brechas para estudarmos a espiritualidade

sobre a ótica educacional.

Procurava o meu grupo e no Mestrado o encontrei. Mostrei-me enquanto

espiritualista. Fui acolhida e aceita. Comecei a perceber o sentido da minha vida.

Compreendi porquê fiz tantas coisas na minha vida e o porquê passei por tantas

dificuldades. O Mestrado serviu para “me juntar”, e pude me aceitar enquanto

diferente, agora com felicidade e alegria. Minha luta era pela inclusão das pessoas

ditas diferentes, e as pessoas que acreditavam e lutavam pela aceitação dos estudos

sobre a espiritualidade eram mesmo diferentes.

23 Desta dissertação de Mestrado produzi um livro sobre a inclusão do aluno portador de deficiência no Ensino Regular Paulista (GODOY, 2002b) 24 Neste contexto a palavra dica significa o sincronismo. Termo que foi utilizado por Jung e que significa situações, fatos que acontecem ao mesmo tempo. Para nós na Terapia da Consciência significa que existe o plano espiritual, nossos orientadores nos fazem materializar situações, nos dão “dicas” pela materialização de algum fato, incidente do caminho que devemos seguir (GODOY, 2005).

19

Percebo-me como uma guerreira e pioneira. Sempre desbravando e lutando

para a implantação do novo, sem me esquecer de fazer a ponte com o velho,

atualizando-o e remodelando-o.

Para contar o que entendi de mim e de meu sentido na vida é necessário

descortinar outra faceta.

Tive uma trajetória de vida muito diversificada. Estudei e atuei em diversos

campos. Fiz muitas coisas concomitantemente. Terei que retornar no tempo e falar

um pouco da pessoa Herminia.

Foi difícil vir jovem à São Paulo, ficar longe da família, trabalhar muito para

pagar meus estudos, casar, ter filho relativamente jovem, com isto perder o pouco

que havia conquistado profissionalmente e ter que me adaptar a uma profissão que

comportasse zelar e cuidar de minha, agora, família. Ao me formar já estava

trabalhando em uma empresa, no meu consultório particular e estava encaminhada

para fazer o mestrado. Tive que interromper tudo devido à opção que fiz por ter a

minha família: marido e filha.

Parei o que fazia profissionalmente e comecei em outro campo de ação,

porém, sempre mantive o consultório particular.

Em 1978 fui apresentada, por uma amiga de minha mãe, a um Juiz de Direito

que tinha um projeto de desenvolver no Tribunal de Justiça, nas então chamadas

Varas de Menores a audiência Interprofissional, que consistia no atendimento do

menor e seus responsáveis em uma audiência que contava com a presença de uma

equipe multiprofissional: Juiz, Promotor, Assistente Social, Psicólogo, o menor, seus

responsáveis e às vezes seu advogado. Discutíamos o caso e chegávamos a um

acordo quanto à melhor medida sob os diversos pontos de vista profissionais para o

futuro do menor que estava sendo atendido. Na hora o caso era atendido e as

medidas eram tomadas. Não trabalhávamos com agendamento (como é feito hoje em

dia). Talvez neste momento estivesse praticando o que hoje entendo por

Interdisciplinaridade.

Comecei eu e mais três colegas, este trabalho em 1979. Conseguimos a

aprovação, pelo Tribunal, do projeto de nosso trabalho e fomos contratados como

Psicólogos em 1981. De três pessoas a equipe passou a contar com mais de 20

profissionais. Criou-se o quadro de Psicólogos nas Varas de Menores e foi realizado

o concurso para a ocupação dos cargos criados. Passei no concurso, ocupei o cargo

de Psicóloga-Chefe e permaneci no Tribunal até o ano de 1992, ocasião em que pedi

20

a exoneração para dar continuidade ao meu trabalho clínico e de formação de

profissionais - psicólogos e médicos no campo da terapia da Regressão e aprofundar

os estudos no campo da consciência.

Quando falo que passei por momentos difíceis me refiro a estes momentos que

tive de encerrar uma caminhada pré-determinada e seguir para outra direção. Foi o

caso de deixar o trabalho em recursos humanos, reduzir o trabalho clínico, sair de

instituições de portadores de deficiência mental, deixar a estabilidade de um emprego

onde era funcionária pública. Passar a ser autônoma como psicóloga clínica e cuidar

da administração doméstica. São decisões difíceis. Somente mais tarde

compreendemos a magia e beleza da mudança. É, inicialmente, uma sensação de

perda, porém, posteriormente uma sensação de ganho. Ganho de um novo. É um

recomeçar entre aspas, pois é um começar em cima de um alicerce já construído.

Uma espiral. Não se morre. Fica a essência com mais aprendizagem e mais

maturidade e no endender consciencial: mais consciência de si, do outro e do mundo.

Por isso, identifiquei-me com a Phoenix e assim pude, na ocasião do mestrado

entender o processo de recomeço de minha vida várias vezes, porém sempre num

patamar acima e levando comigo a bagagem adquirida na etapa anterior. Qualifiquei-

me de guerreira, desbravadora e pioneira: a cada etapa sofre-se menos, pois se tem

a experiência adquirida para se sofrer menos e conseguir passar de uma etapa a

outra com mais graça e encanto e com alegria e mais amor. Compreendi que a

Educação era o meu campo de atuação no âmbito da consciência e estava vivendo

na vida a minha própria educação para a expansão de minha própria consciência. A

Phoenix (Figura 1), Fênix ou Phoenix (grego) segundo Katiuscia de Sá25 é:

a lendária ave que ateia fogo em si mesma quando descobre que está para morrer. Ela povoou o imaginário mitológico das antigas civilizações egípcia e grega. A lenda diz que a primeira Phoenix surgiu de uma centelha que o deus Ra soprou sobre a face da Terra, representando o Fogo Sagrado da Criação.Segundo a lenda, seu habitat é entre os desertos da Arábia, entre as ervas e temperos aromáticos. Ela vive por volta de 500 anos e após esse período procura uma árvore solitária e, no alto de sua copa, faz seu ninho com canela, olíbano (uma espécie de goma-resina, encontrado na África e na Índia; especiaria muito utilizada na Antiguidade para se fazer incenso) e mirra (espécie de arbusto encontrado em regiões desérticas, especialmente na África e no Oriente Médio). Ela, então, ateia-se fogo e de suas cinzas surge um pequeno ovo vermelho de onde nasce uma outra Phoenix, mais forte e mais bonita. Ela representa a imortalidade do ser, o poder de mudança, de consciência de si mesmo. Pode ser vista, também, como um

25 Hellen Katiuscia de Sá. 13 de março de 2005 (extraído do site: http://somostodosum.ig.com.br 21 de julho de 2010)

21

modelo de perfeição ou de beleza absoluta. Na mitologia egípcia a Phoenix é reverenciada como a personificação do deus Ra (deus do sol). Existe somente uma da espécie e é por isso que o deus Ra jurou que enquanto a Phoenix renascer das cinzas, a esperança, no mundo, nunca morrerá. Portanto, a Phoenix representa a depuração da alma. Segundo a lenda, o tamanho da ave assemelha-se ao da águia. Tem olhos brilhantes como as cores das estrelas. Sua plumagem é dourada no pescoço e no papo; púrpura no restante do corpo; possui uma crista formada por penas finíssimas e delicadas, sendo sua calda constituída por penas longas e suaves, nas cores branca e vermelha. Na mitologia oriental também existe uma Phoenix que simboliza a felicidade, a virtude e a inteligência. E sua plumagem é feita das sete cores sagradas para os orientais: as cores do arco-íris. Que tal nos vestirmos de Phoenix e renascermos a cada passagem de nossas vidas, sempre visando o aperfeiçoamento moral? Certamente é um belo convite.

Figura 1: Phoenix26

Fui batalhadora e guerreira e renasci literalmente por três vezes, cada uma

delas numa condição melhor. Nasci prematura, de 7 meses, e segundo informações

de minha irmã mais velha e de minha mãe cheguei a “morrer” por três vezes e fui

ressuscitada por passes e orações de uma mãe de santo que tinha seu centro na

esquina de minha casa. Nesta ocasião morávamos em Lorena, cidade Paulista

situada no Vale do Paraíba. Associo este fato a ligação forte que trago com as

vertentes espiritualistas provindas dos cultos africanos: Candomblé e Umbanda.

Podem os céticos darem outras explicações, porém, na construção do meu ser ficou

marcada a informação de que esses singelos trabalhadores das tendas de Umbanda

salvam muita gente, e me salvaram. Para mim a espiritualidade é vida, é crescimento,

é maturidade no viver a vida. Trabalho a espiritualidade como uma realidade: vivo e

26 Extraído do site: http://somostodosum.ig.com.br 21 de julho de 2010.

22

coabito com seres multidimensionais. Sou eterna, vim de algum lugar deste espaço,

estou aqui provisoriamente e para o espaço infinito voltarei!

Muitos outros episódios teria para contar sobre as dificuldades que passei em

meus quase 55 anos de vida. Não vou me reportar às dificuldades que atravessei em

meu passado mais remoto. Ater-me-ei neste trabalho às dificuldades que chamarei de

revoluções em meu passado mais recente, desde que decidi fazer o Doutorado;

discorrerei sobre as diversas concepções existentes sobre espiritualidade e a as

possibilidades de uma Educação que leve em consideração a consciência espiritual.

Traçarei um paralelo entre a Educação Interdisciplinar e a Terapia da Consciência e

trarei os resultados de minhas observações em aula sobre a Interdisciplinaridade

vivida, ensinada e praticada por Fazenda.

23

2 AS REVOLUÇÕES DO MEU SER

Passei por 4 grandes revoluções. Todas, coincidentemente, tiveram seu climax

em agosto de cada ano: 2007; 2008; 2009 e 2010. Posso dizer que as três primeiras

foram revoluções nas quais me desconstruí e as vivenciei com uma intensidade

negativa muito grande, somente senti a ação positiva no desfecho. No que chamei

acima de clímax é que se dá o insight de que o processo negativo foi necessário para

deixar vir a tona o aspecto positivo que estava escondido, embutido. É a analogia

com o parto. É dolorido, mas dele surge uma bela criança e uma grande oportunidade

de exercermos a maternidade e constituirmos família. A quarta foi a primeira

revolução que pude perceber como positiva. É a Phoenix queimando e deixando o

seu núcleo cada vez mais fortalecido e belo.

2.1 PRIMEIRA REVOLUÇÃO: 2º. SEMESTRE DE 2007

Minha primeira revolução ocorreu no meio do primeiro semestre de 2007

quando comecei a fazer o pré-projeto para apresentar ao processo de seleção de

alunos para o doutorado no Programa de Educação/Currículo da PUC/SP.

Conheci a Profa. Dra. Ivani Catarina Arantes Fazenda27 no início do primeiro

semestre de 2007, por intermédio de minha colega e amiga Profa. Simone Andrade.

Fazenda conheceu o meu trabalho com a Terapia da Consciência e sugeriu que eu o

levasse para a academia. Ela me despertou a vontade de galgar mais uma etapa

evolutiva, quando vi a possibilidade de entrar para a academia e discutir no meio

27 No desenvolver do trabalho me referirei a Profa. Dra. Ivani Catarina Arantes Fazenda como Fazenda.

24

acadêmico, no Programa de Educação/Currículo, os meus achados sobre a

consciência no campo da espiritualidade. Mais um desafio em minha vida!

Primeiro foi muito difícil sair do meu ponto de conforto e estabilidade para

começar outra etapa de vida: a vida de doutoranda.

Tinha acabado de me aposentar28, possuía uma carreira de psicóloga clínica

sedimentada, uma rotina de trabalho estabelecida, cursos e viagens com a família

programados com antecedência, minha filha encaminhada. Entrar no doutorado

significava abrir mão de tudo isto e partir para algo novo. De novo deixar uma vida de

certezas por uma desconhecida. Meu lado ousado, desbravador e desafiador falou

mais alto do que meus medos e inseguranças e, vendo uma grande oportunidade de

crescimento tanto pessoal como da própria Terapia da Consciência, decidi aceitar o

desafio. Para elaborar o projeto e pensando em ter Fazenda como orientadora

comecei a ler seus livros para me inteirar sobre a Interdisciplinaridade.

Encontrei muita dificuldade para entender o que era exatamente a

Interdisciplinaridade. Venho de uma formação Comportamental-Cognitiva29, e, tenho

dificuldades no entendimento das linguagens mais abstratas, subjetivas, advindas da

fenomenologia, do existencialismo, dos modelos psicológicos mais interpretativos

como a psicanálise, transpessoal ou da terapia analítica. Causava-me apreensão os

escritos sobre Interdisciplinaridade.

Entrei em uma revolução que abalou todas as minhas certezas e convicções.

Estava me candidatando a academia para trabalhar e pesquisar sobre a

espiritualidade e estava conhecendo uma disciplina que falava coisas que eu tinha

muita dificuldade para entender.

Resolvi ser eu mesma e falar sobre o que eu sabia e pretendia fazer lá na

academia: estudar e pesquisar sobre a espiritualidade. Nada poderia me acontecer

28 Hoje 2011, tenho 33 anos de atuação no campo da psicologia clínica, mesmo tendo me aposentado em 2007 continuo o meu trabalho como psicóloga clínica e organizadora e docente de cursos sobre a Consciência como Autônoma. 29 Comportamental-Cognitiva: correntes psicológicas que evoluíram a partir da teoria estímulo-resposta (GODOY, 2001). Tem suas bases no empirismo, no pensamento lógico, concreto e objetivo. Seus representantes mais expoentes: 1ª fase: Pavlov (Experimental); Watson (Behaviorismo); Thornidike (Aprendizagem); 2ª fase: Skinner, Hull; Levin; 3ª fase: Wolpe, Lazarus; Shapiro, Beck (no APÊNDICE 1 apresento o esquema que elaborei da evolução da teoria estímulo-resposta, que permite uma melhor compreensão do que são estas correntes psicológicas e de onde se originaram). Segundo estudos que fiz em 2001 a evolução da teoria estímulo resposta é a base que fundamenta na Hipnose clássica, Terapia Ericksoniana, Terapia Regressiva e a Terapia da Consciência.

25

de mal. O que poderia acontecer era não passar e se isto ocorresse voltaria de onde

havia saído: para minha casa, meu trabalho e meus cursos.

Passei na seleção e comecei a cursar o doutorado no primeiro semestre de

2008.

2.2 A SEGUNDA REVOLUÇÃO: 2º. SEMESTRE DE 2008

Quanto mais lia sobre Interdisciplinaridade, quanto mais assistia às aulas,

escrevia, participava de eventos, debates, mais questionamentos me surgiam sobre o

que era a Interdisciplinaridade. Gostava das pessoas, gostava de estar ali, mas era

difícil compreender o que falavam, devido à maneira simbólica e abstrata de como

falavam. Não entendia o que era a Interdisciplinaridade não entendia os escritos dos

autores da Interdisciplinaridade, porém, algo me intrigava. Observava a ação da

professora e do grupo. Percebi neles o exercício das qualidades espirituais que me

propus a descrever no meu trabalho de tese, principalmente a coerência, a entrega, o

desprendimento, o carinho, o fraternismo, o acolhimento: o exercício do amor.

Com a vivência das aulas da Interdisciplinaridade, percebi que o conteúdo, as

qualidades espirituais, que eu achava que era algo inédito, merecedor de ser

transformado em uma tese era vivido e exercitado pela professora e pelo grupo de

colegas da Interdisciplinaridade das mais diversas formas possíveis.

Fazenda (2010) fala que na Interdisciplinaridade a atitude do professor se

pauta nos princípios da espera, desapego, humildade, respeito, coerência; fala da

importância do autoconhecimento e a cada dia que passava mais constatava a

vivência dessas qualidades na professora e no grupo de alunos. Existia muita

coerência no que Fazenda ensinava e agia com o grupo de alunos.

O que eu achava como novo e inédito – escrever sobre a importância da

vivência das qualidades espirituais, não tinha nada de inédito. A professora e o grupo

VIVIAM as qualidades espirituais em seu dia a dia. As atitudes dela e do grupo em

sala de aula eram uma grande demonstração de paciência, tolerância, respeito,

escuta, entrega, cuidado, carinho e amor. Diziam que estavam vivenciando os

princípios da Interdisciplinaridade: a espera, o desapego, a humildade, o respeito e a

coerência.

26

Resultado! Desconstruí meu objetivo de tese e desconstruí a mim mesma.

Desde que comecei a estudar e pesquisar a terapia da Consciência

compreendi que nada era inédito. Já havia pensado que a terapia da consciência

continha conceitos inéditos, e que o meu trabalho era o de reeditar o novo, dando-

lhe a vestimenta da atualidade.

Percebi que estava de novo na vida fazendo um exercício de resgate de velhos

conhecimentos, já esquecidos, por vezes deturpados e outras vezes apropriados por

outros autores. Percebi que vivia um dos principais preceitos da investigação

interdisciplinar: tornar novo o velho. Desde cedo me atribuíram três características e

com elas consegui fazer grande diferença no que faço e por onde passo:

competência, seriedade e organização. Percebi com esta experiência de não

encontrar o inédito, que o meu trabalho seria, de novo, o de escriba, como costumo

me qualificar: escrever sobre conhecimentos que outros não tem tanta destreza para

fazê-lo (competência); trazer para a atualidade um velho conhecimento dando-lhe

uma nova vestimenta (seriedade) e sistematizar conhecimentos (organização).

Exercer este talento, agora conscientemente percebido, levou-me a me exercitar

talentos adormecidos, recuperando o sentido maior de minha vida.

Ao pensar que escrever o velho atualizando-o sempre foi o meu papel e era o

meu mérito e que de novo na vida faria algo que sei bem fazer, consegui me reerguer

e recuperar a minha autoestima. Tinha outro desafio: aprender a linguagem abstrata

com a qual este grupo se comunicava e por meio de uma observação e participação

ativa sistematizar o conhecimento e mostrar que o que eles faziam nada mais era do

que viverem as qualidades específicas de cada um, seus talentos espirituais. Era o

ensinar as qualidades por meio da vivência e do exemplo na interação fraterna e

amorosa com o outro.

Percebi que este grupo “vivia e respirava” a terapia da consciência, são

educadores de consciências e, portanto: terapeutas conscienciais, formados ali pela

Interdisciplinaridade de Fazenda.

Falavam, com outras palavras, as mesmas coisas que eu falava e exercitavam

a mesma coisa que eu exercitava, ou busco exercitar, que são as qualidades

espirituais, essência da Terapia da Consciência.

Fiquei radiante, pois, havia encontrado o grupo que há tempos procurava.

Resolvi enfrentar e continuar a construção de minha tese.

27

Minha tendência na vida, desde que nasci, nunca foi de recuar frente a um

desafio. Passei por muitas “mortes”, perdas, quedas, tropeços, empurrões,

rasteiras, mas sobrevivi, por vezes lutei e sempre me levantei. Entendo pela ótica

da Terapia da Consciência que problemas e dificuldades são desafios que contém

grande chance de aprendizagem e precisam ser vencidos (GODOY, 2005).

Vieram-me idéias e sentei-me para escrever. No momento que escrevia cada

palavra aconteceu um movimento de desbloqueio como um clarão. Percebi o

esqueleto de meu trabalho, e continuando a escrever tive insights30 dos caminhos

que poderia percorrer. A cada dia as idéias afloravam em grande profusão,

explosões de iluminações. A cada momento que me sentava para escrever o que

havia pensado, ao começar a escrever já surgiam mais idéias e o contexto da escrita

se modificava. Vivenciei o processo da espiral da dialógica31.

As diversas experiências e conhecimentos que temos se interconectam e

formam outro elemento, mais forte, mais amplo e mais potente. Cada idéia nova que

se apresentava era mais perfeita e se encaixava melhor no contexto do que a idéia

inicial. Vivenciei a teoria que estudei por um ano e que não conseguia entender

direito. É a Phoenix ganhando mais força em seu centro.

Resolvi escrever sobre o meu trabalho da terapia da consciência. E foi o que

fiz. Apresentei em junho de 2009 o meu primeiro ensaio de tese para a professora

ela me retornou o parecer em agosto de 2009.

2.3 TERCEIRA REVOLUÇÃO: 2º. SEMESTRE DE 2009

Nova decepção. Meu trabalho não foi bem visto pela professora, pois falei

muito do aspecto da espiritualidade no âmbito das patologias, de forma empírica e

impessoal, nada a ver com a linguagem subjetiva, pessoal e vivencial da

Interdisciplinaridade.

30 Insight: capacidade de observação profunda, ato de enxergar intuitivamente. (Extraído do site: http://pt.wikipedia.org em 15/08/10) 31 Espiral dialógica, metáfora utilizada por Morin (in Fazenda, 2008) para simbolizar que o conhecimento nunca se fecha.

28

Novamente me desconstruí, fiquei perdida. De novo não sabia para onde ir.

Abateu-me o desânimo. Cheguei a me paralisar, me deixei paralisar.

Por momentos pensei em seguir outro o caminho, o de mostrar quantos e

tantos já falaram da espiritualidade no meio acadêmico, e formaram escolas, como

Steiner (2008), por exemplo. Pensei em escrever sobre as dissertações e teses

defendidas e que versam sobre a espiritualidade nos últimos anos. Só de um

pequeno levantamento (ANEXO 4) encontrei as dissertações de Bigheto (2006);

Candello (2008); Datti (1977); Rozenkviat (2006); Vasconcelos (2005) e as teses de:

Almeida (a) (2004); Almeida (b) (2004); Berger (2001); Garcia (2007); Incontri (2001);

Saldanha (2006). Refleti e não me identifiquei com este caminho, e, como bem diz

Fazenda a todo o momento em aula: precisamos nos apaixonar por nossa

dissertação ou tese! E minha paixão é a Terapia da Consciência e sua aplicação no

âmbito educacional. Teria que ser capaz de escrever sobre este tema.

Resolvi realmente parar para observar e aprender na prática vivencial a

Interdisciplinaridade, lugar onde vi tantas pessoas vivendo e praticando a

espiritualidade que promulgo e procuro utilizar em todos os sentidos de minha vida os

cinco princípios da Interdisciplinaridade arrolados por Fazenda (2003): coerência,

respeito, entrega, desapego e humildade.

Parei as leituras, as tentativas de escrita e fui observar e viver a vida como ela

se apresentava. Deliberadamente paralisei e resolvi acompanhar o fluxo das aulas,

observar e registrar o aprendizado da Interdisciplinaridade de uma forma vivencial na

prática. Li e não entendi, agora vou aprender na vivência e na prática a teoria da

Interdisciplinaridade e assim o fiz por um ano.

Consegui compreender a Interdisciplinaridade a partir da vivência da

Interdisciplinaridade de outras pessoas. Senti-me interdisciplinar. Vivi de dentro para

fora do meu ser a Interdisciplinaridade, porém, precisava me apaixonar pelo exercício

da Interdisciplinaridade: incorporar a minha essência à Interdisciplinaridade. Na minha

essência já estava a terapeuta. Sei tratar as pessoas para que desenvolvam as

qualidades espirituais, porém precisava aprender a ENSINAR as pessoas a

exercitarem com alegria e prazer as suas qualidades espirituais despertas. Sabia

despertar, mas não ensinar o gosto pelo exercício dessas qualidades na vida.

Compreendi que ser terapeuta de consciências é diferente de ser educadora de

consciências.

29

Iniciava-se uma nova etapa em minha vida, sem mais lutas, um novo

aprendizado: o aprender a ser uma educadora de consciências, assim como Fazenda

ensinava o grupo a ser. Educar com espera, humildade, respeito, coerência e

desapego. Compreendi que precisaria viver o exercício dessas qualidade para

aprender a ser uma educadora interdisciplinar, ou de consciências, como também

chamarei. Entendo que estes princípios constroem o educador interdisciplinar e as

qualidades espirituais constroem o ser com humanidade.

Refleti na fala de Fazenda (2002, p. 63) que bem explica o movimento

psicoconsciencial32 pelo qual passei:

O profissional que não consegue investigar questões específicas de sua área de conhecimento, ou não teve a oportunidade de pesquisar-se a si mesmo, necessariamente não poderá projetar seu próprio trabalho, avaliar seu desempenho e contribuir para a construção do conhecimento de seus alunos.

Fazenda se refere à contribuição do educador para a construção do

conhecimento do aluno, porém, acredito que esta característica – vivenciar o

processo que se ensina – é importante para todo ser humano em qualquer profissão,

não só para o educador. Eu precisava vivenciar o ser educador de consciências.

Resolvi enfrentar!

Agora precisava entender o que todo este movimento estava me ensinando.

Precisava aprofundar meus conhecimentos sobre a Interdisciplinaridade. Percebia

que se atentasse para mais profundamente vivenciar os princípios conscienciais

estaria mais me aproximando de compreender pela vivência a Educação

interdisciplinar. Minha vida precisava de coerência. Era o primeiro princípio que iria

colocar em prática. Fazenda, em uma de suas aulas, pediu que escolhêssemos uma

palavra que representasse a essência de nosso trabalho. Na ocasião escolhi

consciência. Agora percebi que consciência era a palavra para aquele momento de

vida, porém a palavra de minha vida sempre foi coerência. Sempre observei nas

pessoas a coerência entre o que falavam, sentiam e faziam. Também sempre me

cobrei à coerência e percebi que estava deixando de lado aspectos de minha vida

que faltava coerência.

32 Denomino o trabalho terapêutico realizado pela terapia da consciência como trabalho psicoconsciencial, que significa a junção de psicológico com consciência que engloba o trabalho energético e espiritual (GODOY, 2005).

30

O primeiro passo que dei foi o de exercitar nas aulas a escuta silenciosa, a

observação, a reflexão e dirigi a ação para minha vida pessoal, social, familiar e

profissional. Tomei uma série de decisões e antecipei alterações que estavam

previstas para após a conclusão do meu doutorado. Inverti a ordem. Precisava ser

coerente para mim mesma e a hora era aquela.

O segundo passo foi aproximar-me de meus amigos e familiares. Passei a

cuidar mais de mim, alimentar-me melhor, fazer exercícios, passeios, leituras e

passatempos descompromissados com a aquisição de conhecimento formais. Fechei

a minha empresa, o CDEC, diminui o ritmo de trabalho clínico, suspendi minhas

orientações a alunos do curso de formação de terapeutas da regressão no contexto

consciencial, adiei por um período indeterminado os cursos da consciência e comecei

a fazer parte de vários grupos de estudo. Com essas medidas, algumas difíceis,

outras fáceis, passei a me sentir inteira, a admirar e gostar mais de mim. Senti-me

mais leve e de bem e em paz com a vida. A alegria começou a aparecer em meu dia

a dia.

Deixei me envolver pelas e com as pessoas. Posso dizer que abri outros

horizontes, reprogramei muitos departamentos de minha vida, usufrui e resgatei

relacionamentos adormecidos e esquecidos, enfim, fiz tudo que planejava fazer

depois que terminasse a minha tese de doutorado. Não me angustiava mais com a

falta de evolução em meus escritos. Tinha a certeza que ela sairia, no tempo e na

hora certa.

Como terceiro passo passei dois semestres como ouvinte e observadora nas

aulas sobre Interdisciplinaridade, sem me distanciar. Estava presente, participante,

observadora de todos e de mim mesma: sujeito e objeto ao mesmo tempo. Estava

aprendendo a ser educadora, principalmente educando e reeducando a mim mesma.

Neste tempo, concomitantemente, comecei a organizar o cadastro do GEPI33.

Consegui realizar o cadastro de 167 pessoas, o que demandou a criação de um

grupo de discussão, pois era impossível contatar tantas pessoas ao mesmo tempo

com cada um fazendo uso de um provedor diferente e sendo perdidas tantas

informações preciosas e sem opção de diálogo com todos do grupo. Inicialmente

criamos no Google o grupo de discussão, após trocamos para o grupo do Yahoo pois

33 Grupo de Estudos e Pesquisa em Interdisciplinaridade, criado e coordenado pela Profa. Dra. Ivani Fazenda. As atividades e reuniões do GEPI são presenciais por meio de reuniões ou virtuais, por meio de um grupo de discussão no Yahoo e de uma Home Page.

31

nos oferecia maiores opções para sistematizarmos nossos arquivos de informações.

Poderíamos arquivar nossos documentos, poderíamos falar com todos ao mesmo

tempo e ter uma única fonte para conectarmo-nos. Esse grupo no Yahoo foi chamado

de GEPINTER (Figura 2)34.

Figura 2: Página inicial do GEPINTER

Com este trabalho pude colocar em prática de forma ativa a experiência que

estava aprendendo de forma silenciosa. Pude ativamente me relacionar, interagir com

as pessoas do grupo e lhes ensinar com paciência, humildade, respeito, entrega e

desprendimento como realizarem o cadastro no grupo; como visualizarem a página

na internet, como anexarem arquivos, como abrirem e capturarem as informações

arquivadas na página e como realizarem as discussões com o grupo. Com este

procedimento na prática o grupo ganhou autonomia e consciência de que podiam

34 O GEPINTER grupo virtual no Yahoo do GEPI. Tem o objetivo de abrir diálogo entre os membros do GEPI para que ocorra a troca de conhecimento, idéias e experiências. Pretende manter todos integrantes informados sobre o que ocorre nas aulas presenciais de Fazenda. É formado por professores, mestrandos, doutorandos e alunos egressos do Programa de Pós - Graduação em Currículo da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Este grupo, estabelecido em 1986, sob a orientação da Professora Doutora Ivani Fazenda, tem promovido pesquisas a respeito da Interdisciplinaridade em várias áreas do conhecimento, além da educação, tais como arquitetura, administração, direito, jornalismo, artes plásticas e saúde. Endereço eletrônico: [email protected].

32

acessar um instrumento que até então era tão incompreensível a eles e, por vezes,

até aversivo, que é o computador.

Temos cadastrados no GEPI, como citei acima, 167 pessoas e no gepinter 70

pessoas. Ainda falta muito mas tenho insistido e, devagar, conseguiremos a adesão

de um maior número de colegas e conseguiremos com o tempo mostrar que a

ferramenta do grupo pode ser uma forma de contato mais rápido e eficiente entre nós.

Qualquer quebra de padrões assusta e leva um tempo para ser assimilada. Creio que

já conseguimos muita coisa em menos de 2 anos de trabalho.

Paralelamente a este trabalho, Menggalli35 trouxe a possibilidade de reativação

da Home Page do GEPI, e orientou-nos que a home poderia ser gerenciada e

repaginada pelo próprio setor de informática da PUC/SP. Para tanto teríamos que

entregar ao setor de informática as informações que alimentariam a página. Fiz o

esquema do que conteria a página obedecendo à ordem da Home já reelaborada por

Hage36 em 1990. Fui buscar a atualização das produções literárias sobre

Interdisciplinaridade: a atualização dos livros, dissertações e teses. Consegui com as

pesquisas de Hage, Aranha37 e contatos com os colegas, relacionar as dissertações e

teses concluídas e em andamento que foram orientadas por Fazenda no período de

1986 a 2010.

Com a criação do gepinter já consegui a inter-relação entre os colegas. Com a

Home (figura 3) 38 vislumbrei a possibilidade de reativar a interrelação do nosso grupo

com pessoas e grupos num âmbito nacional e mundial. Poderíamos receber e enviar

comunicações a pessoas dos vários pontos do planeta. Estava reativada a rede de

comunicação mundial do GEPI.

35 Profa. Neli Menggali, doutoranda do Programa de Educação/Currículo. 36 Prof. Dr. Ricardo Hage de Matos, doutor em Educação/Currículo, da PUC/SP, em 2003, sob a orientação de Fazenda. 37 Profa. Mariana Aranha Moreira José, doutoranda do Programa de Educação/Currículo e orientanda de Fazenda. 38 Instrumento virtual de comunicação do GEPI. Pode ser acessada pelo endereço: http://www4.pucsp.br/gepi/

33

Figura 3: Página inicial da home do GEPI

Concomitantemente começamos a preparar a edição da revista do GEPI

chamada Interdisciplinaridade (Figura 4) que foi registrada pelo CBISSN - Centro

Brasileiro do ISSN39 e entrou no ar em outubro de 2010 e assim concretizou-se mais

um instrumento de comunicação e troca de conhecimentos entre o Gepi e os

interessados na Interdisciplinaridade do mundo afora: a revista sobre

Interdisciplinaridade.

Figura 4: Página inicial da revista do GEPI

39 CBISSN - Centro Brasileiro do ISSN - Número Internacional Normalizado para Publicações Seriadas (International Standard Serial Number): ISSN: 2179-0094 – site: http://pucsp.br/gepi/revista/

34

Pelas palavras que escreveu no editorial percebemos a felicidade da professora

com a concretização da revista e, como nos disse, era um de seus sonhos:

EDITORIAL40

No diálogo com pesquisadores brasileiros e internacionais, temos visto que as questões referentes à Interdisciplinaridade, da Interdisciplinaridade e para a Interdisciplinaridade, têm apontado inúmeras solicitações nos mais diversos campos do conhecimento.

Nesse sentido, surge a necessidade de ampliarmos o debate desta temática a toda a comunidade acadêmica, a fim de que aqueles que se dedicam ao seu estudo possam encontrar, nos artigos por nós publicados, parcerias em suas reflexões e práticas.

Esta primeira edição marca o início de um novo percurso. Após termos publicado mais de trinta livros nesta área, chegou o momento de utilizarmos outras ferramentas para DIALOGO, no caso a virtual. Iniciamos a conversa a partir do texto A formação do professor pesquisador – 30 anos de pesquisa. Nele, revisamos a história das pesquisas em Interdisciplinaridade nos últimos trinta anos a partir de seus procedimentos metodológicos. Palavra, vida, metáfora., sintetizam cada capitulo aqui enunciado. Pesquisadores da PUCSP, parceiros nacionais e internacionais , reúnem-se neste momento abrindo os braços para uma nova forma de socializar, onde a indagação, a provisoriedade, o ineditismo , a ousadia fazem-se presentes.

Perguntar, não responder, eis o objetivo principal desta Revista.

ABRAÇOS Fraternos Ivani Fazenda

Editora Outubro de 2010

Percebi que esse período trouxe-me a vivência prática de um dos grandes

princípios da Interdisciplinaridade: a ação. Pela ação aprenderia a ser uma

educadora interdisciplinar

Outros questionamentos vieram-me à mente, tais como: Vivi e senti a

Interdisciplinaridade ou a força interdisciplinar de Fazenda? Quem sou eu agora?

Onde fica a Terapia da Consciêncial? Qual a relação da Interdisciplinaridade com a

consciência e espiritualidade? O que aprendi de Interdisciplinaridade neste período?

O que a Interdisciplinaridade me ensinou? O que é a Interdisciplinaridade? A

40 Revista: Interderdisciplinaridade., São Paulo, v. 1, n. 0, p.01-83, out. 2010.

35

Interdisciplinaridade pode ser ensinada? Aprendida? Como Fazenda ensina a

Interdisciplinaridade? Como os alunos aprendem a Interdisciplinaridade? Qual a

espiritualidade da Interdisciplinaridade? Qual o sentido espiritual de uma prática

interdisciplinar?Já posso me considerar uma educadora interdisciplinar?

Percebi que estava expandindo meu olhar para meu intrapsíquico, as pessoas

e para o mundo. Muitas perguntas. Muitos caminhos e muitos questionamentos,

ainda, sem respostas.

Na Terapia da Regressão e na Terapia da Consciência o terapeuta trabalha

com o cliente para que ele mergulhe em seu intrapsíquico se ligue à sua

hiperconsciência41 e busque as respostas para os seus problemas dentro de si

mesmo.

Partimos da hipótese (GODOY, 2005) de que dentro de cada um existe uma

consciência maior que sabe de nossa história e tem a sabedoria e possui as

respostas para os nossos questionamentos existenciais sobre: quem sou eu? O que

faço nesta vida? O que quero desta vida? De onde vim? Para onde vou? Qual o

sentido de minha vida? Que lições tenho que aprender com esta vida? Que tarefas

tenho que desenvolver nesta vida? Quem são as pessoas ao meu redor? Qual a

representação e significado de cada uma em minha vida? O que aprendemos com

elas? Como me relaciono com amigos, inimigos, familiares, clientes, amigos,

sociedade, mundo, etc.? O que colaboro para a melhora do mundo?

As respostas a estes questionamentos se encontram dentro de cada um no

centro de sabedoria, ou essência, ou eu superior, como são conhecidos centros

sábios. Quando nos ligamos ao centro de sabedoria interno descobrimos as

respostas aos nossos questionamentos (tarefa nada fácil no início de um processo de

treinamento) e construímos, como costumo me referir aos meus clientes e alunos, a

nossa própria “cartilha de vida”. Cada um escreve a sua cartilha tendo por base sua

consciência e vivência ou seguindo as leis universais que governam e regem todo e

qualquer ser humano segundo a visão de Kardec (1992b). Podemos nos esconder

para as pessoas, mas nunca para a nossa consciência interior. Essa sabedoria

interna é nossa espiritualidade e para alcançá-la precisamos viver exercitando as

qualidades espirituais, principalmente o amor, humildade e entrega. Este é, em

resumo, o trabalho terapêutico que fazemos na Terapia da Consciência.

41 Denomino hiperconsciência como termo similar a essência, partícula Divina, Espírito, eu superior (GODOY, 2005).

36

Trabalhamos na Terapia da Consciência com o conceito de que não existe

uma verdade absoluta (GODOY, 2005). De forma científica nos respaldamos para

validar nosso trabalho na afirmação de que os modelos criados não podem ser

provados que são realidades, mas também não podem ser provados que não são

realidades. São realidades para as pessoas e tem a sua validade porque fazem

sentido a elas e as conduzem a um viver melhor. Netherton (1997), Fiore (s/d),

Woolger (1994), TenDam (1997) e Godoy (2002a) demonstram a eficácia e a

eficiência de se trabalhar na busca das verdades para os clientes. Esses autores

concluíram, depois de anos de trabalho terapêutico e de observações, que: não

sabemos exatamente o que acontece, mas, verificamos que as pessoas passam a

viver melhor quando encontram em si as respostas para seus problemas e

dificuldades, respostas estas que lhes fazem sentido e dão um significado às suas

vidas e, como consequência muitas apresentam remissão dos sintomas que as

trouxeram para o processo psicoterápico.

Podemos exemplificar com a aplicação das técnicas regressiva no contexto

consciencial em clientes com um quadro de medo de aglomerações. Ao trabalharmos

terapeuticamente podemos ter, por exemplo, 3 tipos de respostas. O trabalho

terapêutico com um cliente revelou que a origem do medo de aglomerações começou

quando o cliente se perdeu dos pais quando tinha 6 anos de idade e estavam em um

supermercado; o outro encontrou a origem de seu trauma no medo que seu avô

sentia quando estava cercado de muitas pessoas, em qualquer lugar que fosse e

para um terceiro o medo começou quando se viu no século passado sendo pisoteado

por uma multidão que corria de um bando de guerreiros saqueadores. Não importa

para o terapeuta a história do cliente. O que importa é a aplicação da técnica para a

localização e o desbloqueio do trauma.

Para o cliente o que importa é se, para ele, faz sentido a história que trouxe a

sua consciência e se depois do trabalho realizado os sintomas sofreram remissão. A

verdade é subjetiva e pertence tanto ao cliente como ao terapeuta. Neste caso o

terapeuta entende a história de seu paciente de acordo com a vertente psicológica

que tem maior afinidade. Para um terapeuta pode ser fraude do cliente, para outro

pode ser fantasia, para outro recordação de vidas passadas, etc. Para o cliente o que

importa é, como já disse anteriormente, que faça sentido em sua história de vida e

que passe a se sentir bem frequentando aglomerações.

37

Busco uma coerência nas minhas atitudes intra e extrasíquicas. Invisto em mim

e viso trabalhar para que as pessoas se tornem também, mais humanas e mais

felizes, com o que são e com o que têm. Uso as palavras de Coretta Scott King (viúva

de Martin Luther King) 42 que explicam bem o que é ser uma pessoa humana:

Sou sobrevivente de um campo de concentração. Meus olhos viram o que nenhuma pessoa devia presenciar. Câmaras de gás construídas por engenheiros ilustrados. Crianças envenenadas por médicos instruídos. Bebês assassinados por enfermeiras treinadas. Mulheres e bebês mortos a tiros por ginasianos e universitários. Assim, desconfio da educação. Meu pedido é o seguinte: Ajudem os seus discípulos a serem humanos. Os seus esforços nunca deverão produzir monstros cultos, psicopatas hábeis ou Heichmans instruídos. Ler, escrever, saber história e aritmética só são importantes se servem para tornar nossos estudantes mais humanos.

Marcaram-me as seguintes falas de King: “(...) desconfio da educação (...)” e

“(...) ajudem os seus discípulos a serem humanos (...)”.

Meu objetivo e sentido de vida é me tornar mais humana viver os princípios

conscienciais que refletem as leis universais - que podem ser resumida em duas

frases nos legada por Jesus Cristo: Amai a Deus sobre todas as coisas e ao próximo

como a ti mesmo e não faça ao outro o que não gostaria que fizessem para com

você.

Recordei-me que Espírito Santo em uma de nossas reuniões43, quando lhe

falei das minhas revoluções, me disse que eu estava vivendo um processo de

renovação, de busca de mim mesma, o caminho da autoconsciência44, da

individuação45. Lembrei-me, também, que Fazenda me disse em uma de nossas

aulas que a minha participação no grupo com os trabalhos de gerenciamento do

cadastro e das comunicações entre os colegas via internet era um trabalho espiritual

de entrega e doação. Fiz de coração e com muita vontade de vivenciar na prática

alguns dos princípios da Interdisciplinaridade e também da consciência: desapego –

42 Texto recebido por e-mail, sem referências e data de elaboração. 43 Desde o início de 2010 passei a fazer parte do Grupo INTERESPE, que significa Interdisiplinaridade e Espiritualidade na Educação que é coordenado pelo Prof. Dr. Ruy Cezar do Espírito Santo e se reúne uma vez por mês no Programa de Educação da PUC/SP. 44 Autoconhecimento é o conhecimento de si mesmo (extraído do site: http://pt.wikipedia.org em 15/08/2010). 45 Jung (1962, p. 355) esclarece que usa a palavra individuação para designar “um processo através do qual um ser se torna um individuum psicológico, isto é, uma unidade autônoma e indivisível, uma totalidade”.

38

fazer por e para o mundo; paciência – esperar o tempo de cada um para aceitar

novos paradigmas; amor – gostar e se identificar de coração com o que faz, fazer por

prazer e com paixão e sentir amor por si, pelo outro e pelo mundo.

Espírito Santo (com a fala acima descrita) estava me mostrando o caminho que

percorria para me tornar uma educadora interdisciplinar e Fazenda (descrito acima) já

apontava que começava a ver em mim a materialização de uma educadora de

consciências.

Estava eu nesta reflexão, me preparando para retomar a escrita de minha tese

quando recebo um e-mail de Yared46 congratulando-me pelo trabalho de resgate das

dissertações e teses orientadas por Fazenda que eu estava fazendo. Nesse e-mail

dizia que só esse resgate já seria um trabalho de tese, pois, estava resgatando a

própria história do GEPI e que poderia investigar os caminhos e descaminhos da

espiritualidade nessas teses e dissertações.

Pude visualizar que minha tese, também, poderia versar sobre as respostas

que havia conseguido com estes trabalhos de atualização de dados, sobre as

observações que realizei em sala de aula interdisciplinar e sobre as leituras intensas

que já havia realizado.

Percebi que já possuía um material rico de pesquisa prática e teórica para

fundamentar a minha tese. Poderia revisitar minha trajetória desde que conheci

Fazenda em 2007 até os dias de hoje, de como foi a minha construção enquanto

terapeuta e como educadora interdisciplinar. Percebi que poderia ter como objetivo de

tese responder os seguintes questionamentos: Como percebo hoje a

Interdisciplinaridade? Como posso ressignificar a consciência espiritual com base no

que vivi e aprendi sobre Interdisciplinaridade? Como as teses e dissertações

orientadas por Fazenda trabalham com a espiritualidade?

Esta constatação me encheu de ânimo, alegria e força para retomar o meu

trabalho de tese, agora sim com a coerência de fazer um sentido para minha vida e

quem sabe para outras pessoas. Sentia-me agora a terapeuta e educadora

interdisciplinar consciencial.

46 Prof. Dra. Ivone Yared, doutora em Educação/Currículo, da PUC/SP, em 2009, sob a orientação de Fazenda.

39

2.4 QUARTA REVOLUÇÃO: 2º. SEMESTRE DE 2010 Mais uma vez trago a consciência de que Fazenda sempre nos diz que nosso

trabalho de dissertação e tese deve estar centrado no prazer e na alegria.

Posso dizer que somente experimentei esta alegria de fato a partir de minha

qualificação em agosto de 2010.

Meu trabalho foi aceito e compreendido. Fui muito bem recebida e acolhida

pela banca toda. Percebi nas orientações que os professores da banca me

forneceram o cuidado pela minha pessoa, o carinho e o incentivo. Senti-me realizada

de ter conseguido desenvolver um trabalho que retratava o meu papel de

psicóloga/educadora e eterna aprendiz que sou. Passei a viver o prazer e alegria, de

participar das aulas e do grupo do GEPI.

Procurava um sentido para minha estada no Programa de Educação/Currículo

e na Linha de Pesquisa da Interdisciplinaridade e encontrei. Já sentia prazer por estar

com um grupo vivenciando, exercitando e estudando a Interdisciplinaridade porque

me identifico com o grupo, sou acolhida por ele e gosto de estar com meus colegas.

Descobri o sentido de ser uma psicóloga-educadora interdisciplinar. Para chegar

nesta etapa tive que vivenciar as qualidades de fato para sermos interdisciplinares

que no meu caso foram: a perseverança, a dedicação, a organização. A seriedade, a

vontade, a ousadia, o amor, a entrega e a humildade de cair diversas vezes e

levantar com mais garra porque sabia no fundo do meu ser que ainda não havia

chegado ao centro de mim mesma que é luz e belo.

Percebi que o importante foi o processo pelo qual passei e o processo que

passaria a partir de daquele momento: como alinhavar tantas experiências, conceitos,

vivencias e observações? As revoluções pelas quais passei fizeram com que

arrumasse minha casa interna, para ficar bem no AGORA, no HOJE e tomo

consciência de que se vivo o melhor que posso hoje, sei que terei melhores

condições de viver o meu amanhã, e assim sucessivamente: viver um dia bem vivido

por vez. Acordar todos os dias e pensar que o dia que começa será o melhor dia da

minha vida, que vou vivê-lo da melhor maneira que puder, é a mais rica experiência

que conquistei. Este pensar me torna alegre, feliz, em paz e sinto-me inteira,

completa e plena. E se não fizer direito, se errar, sou filha de um PAI misericordioso e

40

bom e que me dará eternas possibilidade de refazer meus passos até que dê o

melhor de mim para a etapa evolutiva que estou vivendo.47

Meu objetivo é continuar a aprender a Interdisciplinaridade pela vivência da

observação, reflexão e ressignificação do que aprendi academicamente como

psicóloga, educadora e como pessoa na vida. Posso, com muita alegria, dizer que

hoje encontrei não o meu grupo que tanto busquei e sim encontrei os grupos que

sempre busquei para trabalhos conscienciais em parceria com alegria e satisfação.

Na prática participo de grupos que se interconectam e a minha pessoa transita por

eles com muita alegria e leveza. Participo do GEPI48; do INTERESPE49; do grupo

Phoenix50; do GHE51, do grupo que coordeno o GEC52 e me relaciono dando

vivências no grupo CRESCER53.

Sinto-me muito feliz e achei o sentido para minha vida, como diria Frankl

(1987) que foi o de aprender a estar e trabalhar em grupo e usufruir a troca, carinho e

parceria que somente experenciamos nas relações grupais. Participo de grupos de

educadores com o objetivo de despertar e religar as pessoas com o seu próprio

centro de força e luz, sua essência ou espírito. É um trabalho para o qual a pessoa

tira de dentro de si o melhor que tem e segue com sentido, consciência e autonomia

sua trajetória de vida. Pestalozzi, Dom Bosco, Montessori, Kardec, Barsanulfo, Freire,

Fazenda, dentre outros, como educadores já nos mostraram como o empenho que

uma só pessoa pode contaminar tantos outros e podem assim despertar tantas

47 Etapas evolutivas: mais um conceito que desenvolvi e que fundamenta a terapia da consciência. Significa que sempre crescemos e passamos por etapas na vida que podem ser comparadas aos anos escolares. Temos algumas disciplinas que são básicas, tais como matemática, português, e temos outras novas. A cada ano escolar vamos aprofundando nossos conhecimentos gradativamente em cada uma das disciplinas. Consideramos viver a vida tal e qual estivéssemos em uma escola. A grande escola da vida, só que as disciplinas que aprendemos são as qualidades espirituais. A cada ano, a cada ciclo repassamos pelas mesmas disciplinas, cada vez com maior profundidade e ampliação. E passamos para uma nova etapa quando damos a nossa melhor resposta para o patamar evolutivo que estivermos. Por isto que em terapia orientamos a pessoa a olhar para si mesma e para a sua consciência e caminhar na vida obedecendo à sua consciência maior, pois, não adianta compararmos com os outros, uma vez que cada um está em uma etapa evolutiva. (GODOY, 2005) 48 GEPI - Grupo de Estudos e Pesquisa em Interdisiciplinaridade desde 2008. 49 INTERESPE - Grupo de Estudos e Pesquisa sobre Interdisciplinaridade e Espiritualidade na Educação, desde o segundo semestre de 2010. 50 GRUPO PHOENIX – Grupo de estudos e práticas espirituais desde o primeiro semestre de 2010 51 GEH – Grupo de Estudos sobre Hipnose desde o primeiro semestre de 2010 52 GEC - Grupo de Estudos da Consciência, que Coordeno desde 1990. 53 GRUPO CRESCER - Grupo de Estudos e Pesquisas sobre a espiritualidade. Atuo como docente desde 2009.

41

pessoas. O que dirá da ação de um grupo em harmonia, sintonia e construído sobre

os alicerces da fé, amor e cooperação?

O que faltava em mim era sentir-me e posicionar-me como

educadora/terapeuta com prazer, alegria e amor nas diversas relações que mantenho

na vida: pessoais, profissionais e sociais.

Tenho muito a conquistar e aprender como educadora de consciências, mas

percebo que já dei os primeiros passos na reeducação e educação de minha própria

consciência.

Só tenho de expressar minha gratidão à educadora/terapeuta Fazenda que,

felizmente, me tirou das quatro paredes de onde estava acomodada para me

introduzir no mundo da Educação acadêmica. Que Deus a ilumine e ampare!

2.5 METODOLOGIA

Consegui organizar minhas idéias e visualizar o caminho a seguir para a

elaboração de meu trabalho de tese.

Optei pela obtenção de respostas para os meus questionamentos. Como eram

muitos reuni em três categorias:

• Conceituar a espiritualidade sob a ótica da terapia da consciência;

• Conhecer a espiritualidade no contexto educacional; e

• Buscar respostas sobre o que é a Interdisciplinaridade vivida, praticada e

teorizada por Fazenda e sua relação com a espiritualidade.

Propus fazer um levantamento de como se manifesta a espiritualidade nas

dissertações e teses que Fazenda orientou, porém, fui dissuadida pela banca de

qualificação, por ser um trabalho a ser realizado em um outro momento acadêmico,

pois demandaria uma atenção específica para que fosse analisado em profundidade.

A linha metodológica que segui foi à investigação interdisciplinar, com o uso de

vários caminhos metodológicos.

a) Arrolei os livros escritos pela e sob a organização de Fazenda (ANEXO 5),

as teses e dissertações orientadas pela no período de 1986 a 2010

(ANEXO 7) e tabulei as respostas dos questionários que apliquei em sala

de aula aos colegas do programa Educação/Currículo no primeiro semestre

de 2008 (APÊNDICE 2).

42

b) Utilizei o procedimento de história de vida, e para compô-la me vali da

narrativa54, da memória escrita e da memória falada e socializada55.

c) Utilizei o registro de dados, registros de observações reflexivas e

questionários como instrumentos de pesquisa. Os registros foram obtidos

nas aulas de Interdisciplinaridade que assisti como aluna e orientanda por

Fazenda, no período de agosto de 2008 a junho de 2010; nos depoimentos

de colegas e amigos, e nas descrições e depoimentos que faço de minhas

vivências, transformações e revoluções de minha própria consciência desde

que conheci Fazenda e com ela a Interdisciplinaridade.

Solicitei aos colegas e amigos autorizações para usar seus nomes,

depoimentos e escritos em minhas pesquisas (seguem nos anexos 3 e 6 suas

anuências).

54 A narrativa para Chizzotti (2008) pode ter duas orientações: uma derivada do formalismo estruturalista e a outra, a qual me utilizo, que é a narrativa de experiências vividas, principalmente as que foram produzidas pelas interações sociais que realizei. 55 Para Fazenda (2002) o resgate da memória escrita e falada podem ajudar a compor as histórias de vida.

43

3 A ESPIRITUALIDADE

Percebia nas aulas das disciplinas que cursava no primeiro semestre de 2008

– Epistemologias e Educação56 e Seminário de Pesquisa57 - que cada vez que falava

sobre o meu projeto de pesquisa: “A espiritualidade na construção de um currículo

interdisciplinar em Educação”, os professores e colegas não entendiam muito bem o

que seria essa espiritualidade que eu falava e nem entendiam qual a possibilidade de

inserção da espiritualidade na Educação e muito menos em Currículo. Explicava que

espiritualidade estava ligada às qualidades espirituais, humanidades, virtudes, tais

como: bondade, generosidade, cooperação, dentre outras. Percebia que cada

professor e cada colega tinha o seu próprio quadro de referência sobre

espiritualidade.

Resolvi fazer um estudo exploratório para saber quais eram as definições de

meus colegas sobre espiritualidade e o que eles achavam sobre a inserção da

espiritualidade num currículo em Educação. Com este estudo poderia saber de qual

espiritualidade estávamos falando e poderia ter uma visão de quais seriam as

reações, como professores, sobre a inclusão da espiritualidade na Educação.

3.1 ESTUDO EXPLORATÓRIO

Pedi aos meus 24 colegas de classe no primeiro semestre de 2008 que

respondessem a um questionário que lhes entreguei contendo 4 itens (APÊNDICE 2).

56 Disciplina ministrada pelo Prof. Dr. Antonio Chizzotti no primeiro semestre de 2008 no Programa de Educação/Currículo, PUC/SP. 57 Disciplina ministrada pela Profa. Dra. Maria Malta Campos no primeiro semestre de 2008 no Programa de Educação/Currículo, PUC/SP.

44

Para a análise neste trabalho de tese selecionei as respostas que recebi para os

seguintes itens:

a) O que entende por consciência, espírito e espiritualidade?

b) O que pensa sobre a inserção da espiritualidade em um currículo?

c) Como pensaria na inserção da espiritualidade em um currículo?

São algumas de suas falas sobre a inserção da espiritualidade em um

currículo: • “Atitudes éticas, interculturalismo, equidade, igualdade, ações includentes,

sociedade mais humana”;

• “Um currículo no qual prevalecesse alguns princípios como: coerência com o que se fala e faz, desapego. Um currículo voltado para a inter e transdisciplinaridade regidos pela parceria, diálogo entre pessoas e disciplinas”;

• “Reflexão sobre valores e éticas. Programa que propiciasse o exercício da

solidariedade e compaixão”;

• “Respeito ao outro enquanto semelhante”;

• “Disciplinas, projetos voltados para o autoconhecimento. Reflexão de valores, condutas, posturas”;

• “Só possível se pessoas estivessem com sua espiritualidade bem

resolvida, sem ser religião”;

• “Encontros, atividades que visam à elevação da consciência e a busca pela paz interior”;

• “Estudo da espiritualidade do humano sob diversos pontos de vista:

filosófico, psicológico, histórico, etc.”;

• “De maneira transversal as disciplinas”; “Discutir aspectos da espiritualidade em sala de aula dependendo da faixa etária”;

• “Não ligada à religião. Deve considerar o desenvolvimento da pessoa no

sentido de parar e refletir e se conhecer. Desenvolvimento da sensibilidade e solidariedade. Justiça e equilíbrio mental de si mesmo”.

Dos 24 questionários que entreguei aos colegas, recebi 21 respondidos. Dos

21 questionários respondidos apenas um colega se manifestou contrário à inserção

da espiritualidade no currículo. Os demais colocaram-na como uma necessidade da

mudança de atitude dos educadores, pais e alunos, considerando a possibilidade da

criação de uma disciplina que discutisse ética, valores, justiça, respeito, coerência,

mas não como o ensino de uma religião. Um colega falou que a espiritualidade

poderia entrar no currículo de maneira transversal. Todos salientaram a necessidade

45

do educador se autoconhecer e levar o seu aluno a também se conhecer e

desenvolver suas potencialidades.

Quanto o que entendiam por: consciência, espírito e espiritualidade, 13

colegas definiram consciência como “algo racional”; “atributo do ser humano de

perceber, sentir e entender fatos, atos” e “ter ciência de algo”. 8 colegas relacionaram

a definição de consciência como “algo relacionado com a moral, juízo de valor, o que

é certo e errado”.

A segunda palavra espírito foi definida por 13 pessoas como “sopro de vida;

essência; algo transcendente; ser imaterial” e por 4 pessoas como “consciência

ilimitada dos seres; o que faz movimentar a alma; o que está entre o corpo físico e a

alma” e por 2 pessoas como “vida inteligente que dá vida ao corpo físico e sobrevive

quando este morre”.

Espiritualidade foi definida das maneiras mais diversas pelos meus colegas. 4

definiram como uma “dimensão que extrapola o físico e vai da consciência ao

transcendental”. Os demais colegas se referiram à espiritualidade como “crer em algo

superior; em Deus”; “desapego à matéria; valorizar vida, amor”; “linha de

pensamento, conduta, valores que guiam a minha ação no mundo”; “valores do

espírito”; “atividade que alimenta nosso lado espiritual. Pode ser rezar, uma boa ação,

música”; “termo vinculado a contextos religiosos”; “concepção filosófica da natureza e

da dinâmica das coisas que conhecemos ou não. Não se explica, se sente”. Podemos

observar a diversidade de denominações para espiritualidade.

Percebi que as definições dos colegas se encaixam nas definições literais e

nas definições de autores que pesquisei para a realização deste trabalho e que

passarei a expor no próximo item.

3.2 CONCEITOS SOBRE: ESPIRITUALIDADE, ESPIRITUAL, CONSCIÊNCIA E

ESPÍRITO

Recorrendo ao dicionário vamos encontrar em Holanda (2002) Espiritualidade

como sendo: 1. Qualidade ou caráter de espiritual.

2. Doutrina acerca do progresso metódico na vida espiritual.

46

Podemos observar pelas definições que espiritualidade é tratada como uma

“doutrina” do progresso na vida espiritual. Doutrina (HOLANDA, 2002) é definida

como: um “conjunto de princípios que servem de base a um sistema religioso,

político, filosófico, científico, etc.”

Juntando as definições temos que a espiritualidade pode ser definida como:

um conjunto de princípios sobre a vida do espírito.

Espírito é definido por Holanda (2002) como a parte imaterial do ser humano;

transcende à matéria e é sinônimo de alma.

Encontramos no dicionário de Holanda (2002) as seguintes definições para

espiritual:

1. Relativo ou pertencente ao espírito (por oposição a matéria).

2. Incorpóreo, imaterial.

3. Da, ou relativo à religião, ou próprio dela; devoto.

4. Místico, sobrenatural.

Podemos definir Espiritual como: relativo, ou, pertencente ao espírito por

oposição a matéria; imaterial, relativo à religião, místico ou sobrenatural.

Consciência [Do lat. conscientia.] é definida por Holanda (2002) como: 1.

(Filos) Atributo altamente desenvolvido na espécie humana e que se define por uma

oposição básica: é o atributo pelo qual o homem em relação ao mundo e,

posteriormente, aos chamados estados interiores, subjetivos, aquela distância em

que se cria a possibilidade de níveis mais altos de integração. (...) 3. Faculdade de

estabelecer julgamentos morais dos atos realizados (...) 4. Conhecimento imediato da

sua própria atividade psíquica (...) 5. Conhecimento, noção, idéia. (...) 6. Cuidado com

que se executa um trabalho se cumpre um dever, senso de responsabilidade (...) 7.

Honradez, retidão, probidade (...)

Consciência moral (HOLANDA, 2002), como sendo a faculdade de distinguir

o bem do mal, de que resulta o sentimento do dever ou da interdição de se praticarem

determinados atos, e a aprovação ou o remorso por havê-los praticado.

Consciência de si que é a autoconsciência.

Faço a construção sobre o que é consciência da seguinte maneira: atributo

altamente desenvolvido na espécie humana; conhecimento imediato das

faculdades psíquicas; faculdade de estabelecer julgamentos; conhecimento;

senso de responsabilidade e honradez.

47

Sintetizo, a seguir, o que diversos autores do meio científico entendem sobre

espiritualidade, espiritual, espírito e consciência. Num sentido mais profundo de acordo com Vazques (2008) espiritualidade diz

respeito diretamente à moral e até a ética. A moral porque envolve a idéia de

julgamento morais dos atos praticados, ao cuidado que se executa um trabalho e ao

senso de responsabilidade. À ética porque envolve uma reflexão geral sobre o bem e

o mal.

Ter ciência de alguma coisa envolve o pensar, que numa visão da

neurociência se refere diretamente ao cérebro. O cérebro é quem pensa? Onde está

a mente? O que são os julgamentos morais?

O ser humano em suas relações sociais, familiares, profissionais aprende o

que é valido para o seu meio. Aqui está o aspecto da moral. O ser humano por

imitação, repetições, reforços e/ou punições aprende o que é aceito ou não em seu

meio. Assim pensa, com seu cérebro em seu modo de agir. Esta é uma simplificação

da visão materialista da mente/cérebro adotada pelas Neurociências.

Quando pensamos em ética, já entramos em um campo da filosofia que

envolve questionamentos generalizados sobre a origem da vida, sobre justiça, sobre

o certo e errado, sobre o bem e o mal e no caso aqui de questionamentos sobre de

onde se localiza a mente, o que é a consciência moral e ética.

Como explicar a consciência moral e ética? Como crianças filhas de pais

imorais ou aéticos, tem dentro de si desde pequenos a noção de que os pais não

estão agindo corretamente?

Por que às vezes, mesmo tendo todas as evidências da realidade, não

conseguimos agir de maneira a não ferir, e a não maltratar o outro? De onde vem

esta consciência? Parece que temos várias consciências.

É com essa idéia que trabalhamos: possuímos vários níveis de consciência ou

como chamamos na Terapia da Consciência (GODOY, 2005) de consciência

multidimensional.

A Interdisciplinaridade é multidimensional, no sentido de que pelo pensamento

antropossocial abarca a dimensão individual, social e biológica do ser humano e

incentiva o diálogo entre essas partes.

Partimos de vários princípios para a construção teórica e prática da terapia da

consciência, o ponto central é o conceito de consciência. Consideramos a eternidade

do ser e sua pré e pós existência.

48

Nesta ótica somos seres espirituais hoje aqui encarnados em um corpo físico.

Como tal estamos coabitando múltiplas dimensões e podemos ou não, uns menos,

outros mais, ter consciência de nossas atuações multidimensionais e em todas as

dimensões físicas e extrafísicas e, também, consideramos as dimensões no âmbito

individual, social e biológico.

Chego a síntese de que somos seres físicos influenciados pelo mundo que nos

rodeia e somos espíritos influenciados por nossas hierarquias e por nossas histórias

pretéritas de vida e ratifico com a fala de Chardin (apud BUZAN, 2005, p.11): “Não

somos seres humanos que estão passando por uma experiência espiritual; somos seres

espirituais que estão passando por uma experiência humana”.

A Neurociência na sua vertente materialista entende o cérebro como um

processador de nossas experiências e memórias.

A vertente dos estudiosos espiritualistas traz outras explicações para mente,

cérebro, etc.

Miranda (1994) trabalha com o conceito de que os dois hemisférios cerebrais

têm funções distintas. Para Smith (apud MIRANDA, 1994) o hemisfério direito é

responsável por tudo que é “não verbal” e o esquerdo “é o processador, por

excelência, da palavra”.

Explica Miranda (1994) que ao nascer a criança traz ativo a ação de seu

hemisfério direito, enquanto o hemisfério esquerdo está vazio. Neste sentido tem

razão a terapia comportamental que afirma que “somos tabula rasa”. O ser é guiado

pela consciência do seu hemisfério direito ou como chama o autor: a individualidade.

Nos anos iniciais a consciência pertence ao hemisfério direito (individualidade), com o

crescer passa a ser administrada pelo hemisfério esquerdo (personalidade).

Diz ainda Miranda (1994) que a individualidade é a exibição parcial do espírito

do ser.

Pelo exposto somos um só psiquismo com atuações graduadas de consciência

em múltiplas dimensões.

Defino a consciência (GODOY,1997) como: ter ciência, reconhecer e utilizar o

conhecimento que advém de nosso aprendizado proveniente de nossa personalidade

e de nosso espírito.

Miranda (2005) que a define como a faculdade de pensar.

Goswami (2001, p.20) define consciência como o “substrato de tudo que

existe”.

49

Verificamos que termos como Mônada58, Hiperconsciência, Eu Real, Eu

Superior, Essência ou Consciência, são denominações utilizadas pelas diversas

vertentes teóricas da Ciência e Filosofia, que pela nossa análise podem ser

considerados como sinônimos de espírito.

Buzan (2005) diz que o conceito de espírito deriva do latim spiritus, que

significa respiração e que na atualidade se refere à energia vital e à parte não-física

que compõe o ser humano, incluindo as emoções, caráter, entusiasmo, coragem e

determinação. O autor fala em inteligência espiritual e diz que esta se refere ao modo

como a pessoa cultiva e desenvolve as qualidades que acima expõe e que se

relaciona com a proteção e o desenvolvimento da alma, que é definida pelo Dicionário

Oxford como: a identidade moral e emocional.

Zohar e Marshall (2002)59 falam sobre o conceito de inteligência espiritual,

qualificando-a como sendo o terceiro tipo. A primeira é a intelectual e a segunda a

emocional.

Os autores Zohar e Marshall (2002, p. 114) contam que em pesquisas

divulgadas recentemente, por cientistas de várias partes do mundo, noticiam a

descoberta do chamado “Ponto de Deus”, no cérebro humano, uma área que seria

responsável pelas experiências espirituais das pessoas. É a terceira inteligência, que

coloca nossos atos e experiências num contexto mais amplo de sentido e valor,

tornando-os mais efetivos.

Ressaltam que ter alto QS (quociente espiritual) implica ser capaz de usar o

espiritual para ter uma vida mais rica e mais cheia de sentido, adequado senso de

finalidade e direção pessoal. O QS aumenta nossos horizontes e nos torna mais

criativos. É uma inteligência que nos impulsiona. O QS está ligado à necessidade

humana de ter propósito na vida. É ele que usamos para desenvolver valores éticos e

crenças que vão nortear nossas ações.

A inteligência emocional fala da alma e permite que a pessoa julgue em que

situação se encontra e possa se comportar apropriadamente dentro dos limites da

situação. A inteligência espiritual leva o indivíduo a se perguntar se quer estar

naquela situação em particular. Implica trabalhar com os limites da situação.

58 Mônada em muitas tradições gnósticas, significa "Ser Supremo" e, nesta crença, equivale ao Deus verdadeiro (Extraído da internet em 02/02/11 do site: http://pt.wikipedia.org). 59 Dana Zohar (física e filósofa) e Ian Marshall (psiquiatra)

50

A espiritualidade traz de volta a busca de sentido que é a principal motivação

do homem e traz de volta preocupações mais amplas com o meio ambiente, o planeta

e a sustentabilidade.

Segundo Zohar e Marshall (2001) 60 um líder espiritualmente inteligente é

aquele inspirado pelo desejo de servir, uma pessoa responsável por trazer visão e

valores mais altos aos demais e por lhes mostrar como usá-los. É uma pessoa que

inspira as outras. Pessoas como Dalai Lama, Nelson Mandela, Mahatma Gandhi,

estão preocupados com o meio ambiente e a comunidade. Arrolaram dez qualidades

comuns às pessoas espiritualmente inteligentes, que são pessoas que:

1. Praticam e estimulam o autoconhecimento profundo

2. São levadas por valores. São idealistas

3. Têm capacidade de encarar e utilizar a adversidade

4. São holísticas

5. Celebram a diversidade

6. Têm independência

7. Perguntam sempre "por quê?"

8. Têm capacidade de colocar as coisas num contexto mais amplo

9. Têm espontaneidade

10. Têm compaixão

Os autores Zohar e Marshall (2002) sugerem que nós tomemos consciência

das dez qualidades e trabalhemos para desenvolvê-las. Procurando mais os porquês

e as conexões entre as coisas, trazendo para a superfície as suposições que fazemos

sobre o sentido delas, tornando-nos mais reflexivos, assumindo responsabilidades,

sendo honestos e mais corajosos.

Precisamos ter consciência dos mecanismos intrapsíquicos, sociais, culturais,

espirituais e políticos que nos impedem de colocar as qualidades espirituais em

prática.

Espiritualidade é assunto delicado, pois aborda o espiritual e, como é de se

esperar, muitos são os obstáculos criados pela comunidade científica e pela

sociedade ortodoxa para o estudo das experiências espirituais. Segundo Grof (2000)

os principais obstáculos são que a psicologia e psiquiatria ainda são dominadas pela

filosofia materialista e não têm a compreensão da diferenciação entre religiosidade e

60 Revista exame 2001- site: http://www.razaohumana.com.br/artigosview.php

51

espiritualidade. Os profissionais destas áreas não diferem entre experiências místicas

e psicóticas, e não diferenciam a religião das crenças populares primitivas,

interpretações literais e fundamentalistas das escrituras religiosas com as tradições

místicas sofisticadas bem como com as filosofias espiritualistas do Oriente.

Para Grof (2000) espiritualidade diz respeito às experiências diretas que as

pessoas têm com aspectos e dimensão não comuns da realidade que as fazem entrar

em contato com o divino, em que precisam somente da natureza e de seus corpos

para atingir o sagrado. Esta é a diferença básica para o autor entre espiritualidade e

as religiões, as quais exigem um local específico e uma pessoa credenciada que

funciona como mediadora, para que elas possam entrar em contato com o divino.

Grof (2000) distingue duas formas de experiências espirituais: o divino

imanente e o divino transcendente. No divino imanente existe uma percepção súbita

da realidade, cita como exemplo: estarmos assistindo a uma transmissão televisiva

em preto e branco e de repente, ela passa a ser exibida em cores. Já o divino

transcendente diz respeito a manifestações que estão além dos fenômenos, os quais,

não são perceptíveis à consciência habitual, como exemplo cita os outros canais que

existem na televisão, mas que não se tornam perceptíveis quando estamos assistindo

a uma determinada emissora.

Percebe-se que o autor se refere à espiritualidade como uma qualidade

pertencente ao espírito que coloca a pessoa em contato diretamente com o sagrado

e/ou divino. Ele ratifica a tese inicial quanto aos abusos das religiões que

aproveitando da ignorância de seus fiéis fazem com que eles acreditem que precisem

de intermediários para chegar até Deus.

Isto posto pode-se perceber que existem outros aspectos para a resistência ao

estudo da espiritualidade no âmbito científico e religioso, tais como: resistência a

quebra do paradigma vigente, perda de poder por parte das pessoas, preconceitos,

padrões habituais de conduta, condicionamento, ignorância e inconsciência das

realidades espirituais.

Peres (2002, p.11) comenta que:

A vida moderna com todo o seu avanço científico e tecnológico, com as influências da mídia e da globalização de interesses, com as conseqüências desumanas do sistema sócio-econômico vigente, tem levado à massificação e robotização do ser humano, que rendido frente a tanta pressão do mundo externo, torna-se alienado de sua natureza e verdade interior. Uma vez alienado de si mesmo, perde-se num mar de ilusões, confusões e falsos

52

valores, distanciando-se da descoberta e cumprimento das metas essenciais de sua existência. O desenvolvimento científico-tecnológico reprimiu o aspecto espiritual do homem. O aspecto espiritual, que sempre esteve com o homem, volta agora a ser resgatado diante da necessidade de novas soluções, por isso a importância das Ciências incluírem a espiritualidade como seus objetos de estudo.

Diante da falência da visão mecanicista, da tentativa de controle e domínio do

exterior e do outro, com desrespeito e manipulação da vida, o homem sai do

antropocentrismo e passa a buscar uma aproximação de sua essência, voltando-se

para o seu interior, para suas inter-relações, resgatando em si o aspecto espiritual em

uma concepção holística da vida.

Dalai Lama (2000, p. 32-33) afirma que a “espiritualidade está relacionada com

as qualidades do espírito humano, tais como: amor, compaixão, tolerância, paciência,

capacidade de perdoar, contentamento, noção de responsabilidade, noção de

harmonia”. Essas qualidades, segundo o autor, trazem felicidade tanto para a própria

pessoa como para os outros. Qualifica-as de qualidades interiores que podem ser

desenvolvidas em alto grau e que não precisam estar relacionadas com fé religiosa,

qualquer sistema religioso ou metafísico.

Wilber (2007) chama a nossa atenção para tomarmos cuidado quando falamos

de espiritualidade, pois implica falarmos de espiritual e que é necessário definirmos

bem do que e sobre o que estamos falando.

Aponta Wilber (2007) que quando nos referimos a espiritual estamos

trabalhando com o que chama de cinco significados comuns, que são:

1º. Aos níveis mais elevados em qualquer uma das linhas de desenvolvimento61: cognitivo, afetivo/emocional, necessidades

e valores;

2º. Uma linha em que a espiritualidade é a soma total dos níveis mais elevados das linhas de desenvolvimento (difere

da primeira porque esta seria o somatório);

3º. Uma linha independente de desenvolvimento, por exemplo:

a inteligência espiritual (ZOHAR e MARSHAL, 2002);

61 Wilber (2007) chama de linhas ou correntes de desenvolvimento aos vários níveis básicos do Grande Ninho que é o campo morfogenético que proporciona um espaço de desenvolvimento no qual os potenciais humanos podem se desdobrar. Essas diferentes linhas de desenvolvimento incluem a moral, os afetos, a auto-identidade, a cognição, etc.

53

4º. A um estado ou experiência “de pico” extraordinário, que se

refere a uma experiência: religiosa, espiritual, meditativa ou

culminante e,

5º. A uma determinada atitude especial que pode estar presente

em qualquer estágio ou estado que envolve: amor, compaixão

ou sabedoria.

Autores como Frankl (1987, 2007); Santos Neto (2006); Espírito Santo (2008),

entendem a espiritualidade como essência, sagrado ou parte inerente do ser.

Vieira (1994) entende espiritualidade como tendo a ver com princípios éticos

ou qualidades espirituais e Freire (2001) como o processo de conscientização.

A espiritualidade como algo inerente ao ser humano é algo que está além e

acima da vida material e interesses pessoais, como nos diz Frankl (1987), ou seja, a

autotranscendência em que ocorre a entrega, desprendimento da pessoa em prol do

seu semelhante e ao mundo em que vive. A pessoa acha um sentido para a sua vida

servindo a uma causa ou amando alguém com responsabilidade e respeito. Dussel

(2007, p.114) conta que Marx, afirmou aos seus 18 anos de idade que: “(...) o homem

mais feliz é o que soube fazer felizes a outros, e a própria religião ensina que o ideal

a que todos aspiram é o de sacrificar-se pela humanidade”. É o princípio da alteridade

para Dussel (2007).

Segundo Frankl (1987) a alteridade é a entrega, o despojamento de si próprio

em prol do outro, em prol de um projeto maior que atenda o bem comum; é o ideal

democrático há tanto almejado por aqueles que lutam desde tempos remotos por uma

transformação de nossa sociedade e do mundo; é o resgate da tradição,

religiosidade, e o exercício principalmente da responsabilidade e liberdade.

Pela análise dos autores pode-se dizer que primeiro o homem precisa

despertar a força que tem dentro de si e depois passar para a ação. O homem age no

mundo por atitudes, o que está em consonância com o expresso por Fazenda quanto

à Interdisciplinaridade: primeiro dar voz e levar a se conhecer o próprio professor para

que possa ensinar com ânimo, graça e prazer o seu aluno.

A Terapia da Consciência diz que viver a espiritualidade significa ter uma

atitude calcada em princípios de respeito a si mesmo, ao outro e ao mundo. Colocar

em prática no dia a dia os valores espirituais, tais como: a solidariedade, o respeito, o fraternismo, o amor, a humildade, a espera e a tolerância.

54

Vejo harmonia de conceitos e condutas quanto ao que seja a espiritualidade

entre a Educação Interdisciplinar e a Terapia da Consciência.

A autoconsciência é o primeiro passo no processo de identificação para Jung e

autorealização para Maslow (1989) que a reconhece como um estado espiritual em

que o indivíduo é criativo, espirituoso, alegre, tolerante, tem senso do objetivo e da

missão de ajudar as pessoas a alcançarem o estado de sabedoria e felicidade. Diz o

autor que tudo isto deve ser realizado num ambiente de compaixão e amor cada vez

maiores. A autorealização de Maslow corresponde ao que Buzan (2005) chama de

Inteligência Espiritual.

Para Buzan (2005) a inteligência espiritual se desenvolve a partir da

inteligência pessoal, depois da inteligência social e chega à compreensão de todas as

formas de vida e do próprio universo. Entende como inteligência pessoal o

conhecimento, apreciação e compreensão de si mesmo; como inteligência social o

conhecimento, apreciação e compreensão em relação ao outro. Sintetiza dizendo que

a os principais aspectos da inteligência espiritual são o contato, a compreensão e a

apreciação da natureza.

Vasquez (2008), também trata de princípios universalistas norteadores da

conduta entre os homens. Fala em ética. Entende a ética como a ciência da moral

que inclui normas, princípios e valores que têm um caráter histórico e social, devem

ser acatadas com liberdade e reflexão consciente pelas pessoas.

Segundo Luedi (2002) a moral surge a partir do momento em que o homem

adquire uma natureza social, vivendo em relação, em coletividade. O viver em

sociedade trouxe consigo uma série de problemas práticos e a necessidade de

soluções para eles. O homem encontrou as soluções em forma de normas e regras

que regulam o convívio humano. Estas regras vieram acompanhadas de formulações

de juízos com o fim de justificá-las. Moral define-se como sendo um conjunto de

normas, regras e valores, os quais são aceitos livre e conscientemente pelos

indivíduos, servindo para regular o comportamento individual e social. Estas regras

são aceitas e introjetadas pelos membros de determinada sociedade.

Vieira (1994) propõe o conceito de cosmoética, que é uma reflexão ética

calcada em princípios que pretendem ser universais, válidos a todas as pessoas, em

qualquer lugar da Terra. De forma prática e resumida Vieira (1994) nos oferece o que

denomina de 10 princípios da Conscienciologia, que são inteligentes, práticos e

fundamentais para serem aplicados em nosso cotidiano:

55

1º. Na dúvida, abstenha-se. 2º. Isso também passa. 3º. Insista, não desista do bom empreendimento. 4º. Que aconteça o melhor para todos. 5º. Até a Natureza tem agressividade: observe um terremoto. Contudo, não queime a vela da vida pelas duas pontas. Sem a auto-organização, a consciência torna-se dispersa. Faz muito e não rende nada. 6º. Saiba evoluir pelo contra fluxo. 7º. Leve o melhor até as últimas consequências. 8º. O que não é bom, não serve mesmo. 9º. Toda generalização é limitada. 10º. A maxifraternidade está acima de tudo. (...) o amor puro é o único cura-tudo que, de fato, funciona.

Dussel (2007) fala de liberdade, igualdade, fraternidade, responsabilidade,

alteridade e amor. Vemos aqui que um autor materialista também se refere ao

comportamento, que podemos chamar de moral e que tem a ver com as qualidades

ou atitudes morais promulgadas por autores espiritualistas como Frankl (1987, 2007),

Maturama (2000), Goswani (2001), Zohar e Marshall (2002), Buzan (2005), Santos

Neto (2006), Wilber (2006, 2007), Espírito Santo (2008), dentre tantos outros.

Autor da corrente materialista, Dussel (2007) acredita na vontade do ser

humano, no poder do povo, da comunidade e objetiva o consenso. Para conseguir

isso tem que ter antes de tudo, espiritualidade. A espiritualidade vem antes da

vontade, do poder e da ação. Ela se fortalece com a vontade, com o poder e com a

ação. Para os autores citados nesse trabalho e os conceitos que defendem, têm que

ter antes de tudo, espiritualidade. Não quero dizer que a espiritualidade seria uma

espécie de fórmula mágica para resolver todos os problemas, não é por aí. Mas sim

que para acreditar naquilo que se faz e fazer bem, a espiritualidade tem que estar

presente. Não é garantia antecipada de vitória, mas apenas uma contribuição

considerável para acreditar no ser humano. E isso, não é pouco.

O que nos falta para promovermos uma transformação geral nas instituições e

sistemas de nossa sociedade? Será que a Educação Interdisciplinar não seria uma

resposta?

Como pudemos observar espiritual diz respeito a algo, alguma coisa que se

opõe a matéria. Eis aqui a famosa divisão: matéria e espírito, corpo e alma. Somos ao

mesmo tempo matéria e espírito. Vivemos em um mundo físico e concomitantemente

em um mundo espiritual. Esses mundos se interpenetram, interagem e se inter-

56

relacionam. Temos a possibilidade de lermos, interpretar, reconhecer e viver a

realidade do lado espiritual.

Para Kardec existe a pré e pós existência da alma. Espírito é definido por

Kardec (1993b, p.51) como “princípio inteligente do Universo”.

Algumas vertentes da Psicologia vêm estudando a consciência maior que está

presente em cada indivíduo. Uma delas é a Psicossíntese, corrente psicológica

desenvolvida por Assagioli, que acredita na existência de um Eu Espiritual e de um

Eu Super consciente. Acredita que todas as manifestações superiores da psique

humana, como a imaginação criadora, a intuição, a aspiração, o gênio, são fatos tão

reais e tão importantes quanto os reflexos condicionados e, portanto, podem ser

investigados e tratados de forma científica. Estas são energias que podem ser

liberadas e utilizadas no trabalho construtivo e terapêutico.

Assagioli (1992) salienta sua neutralidade em relação a "espírito". O autor está

interessado nos fatos da experiência e consciência espiritual. Dá o seguinte exemplo:

não precisamos conhecer a natureza fundamental da eletricidade para aplica-la e

usá-la nos aparelhos modernos, assim como não é preciso resolver os problemas

teóricos da natureza essencial do homem e de muitos processos e funções

fisiológicas e psicológicas para lidar com eles com objetivos terapêuticos ou

educacionais. Assagioli está preocupado em focalizar a experiência psicológica viva e

os fatos psicológicos descobertos através da exploração do inconsciente. Dentro da

experiência psicológica há indivíduos que têm níveis de realização mais amplos e

mais profundos do que o homem comum, o que o autor chama de experiências

"superconscientes".

Para Assagioli (1992) a vontade, como em Dussel, tem função essencial. Ele

acredita existir uma “vontade inconsciente” do Eu Superior que tende sempre a

harmonizar a personalidade com o propósito global do Eu Espiritual. Uma das

finalidades ou metas da Psicossíntese espiritual é fazer dessa “vontade inconsciente”

do Eu Espiritual, uma experiência consciente.

Assagioli (1992, p.131 e 132) fez uso do conceito de “Eu Superior”, referindo-

se à presença dentro da constituição do ser humano de um “centro permanente”, um

“Eu Verdadeiro”, um Eu que transcende o pequeno eu da instância psíquica

consciente ou “ego”. Expressou a importância de se trabalhar a desidentificação dos

conteúdos físicos, emocionais e mentais de personalidade, saindo do domínio das

57

forças egóicas para desenvolver a identificação com o Eu Superior. Propôs o seguinte

exercício terapêutico:

Eu tenho um corpo, mas, não sou o meu corpo... Eu tenho emoções, mas não sou as minhas emoções... Eu tenho desejos, mas não sou os meus desejos... Eu tenho um intelecto, mas não sou meu intelecto... O que sou eu então?... Sou ‘a essência de mim mesmo.’ Reconheço e afirmo que sou um centro de autoconsciência e auto-realização puras.

Pierrakos (1997, p. 133), co-criador da Bioenergética, acrescentou,

posteriormente, ao seu próprio trabalho, a dimensão espiritual do ser humano e criou

a Terapia da Energética da Essência (Core Energetics). Neste seu novo método de

trabalho, desenvolveu o conceito de “Essência”, como sendo o “eu real” do ser

humano, “o princípio vital universal individualizado em cada um”, e propôs como

objetivo terapêutico “guiar o ego medroso e isolado até sua fonte vital, a Essência”.

O self ou ego representariam a nossa personalidade. Silveira (1981) aponta

que Jung trabalhava com o conceito de self, como um núcleo energético profundo da

psique, representativo da totalidade do ser, e que precisaria ser conquistado pelo

processo da individuação. Para Peres (2003) este processo que diz respeito à

tendência instintiva que o ser humano possui para desenvolver plenamente suas

potencialidades inatas numa direção de busca de crescimento e completude, dá-se

em torno e em função do self.

Processamos as informações que recebemos por meio de quatro esferas ou

instâncias psíquicas: Consciente, Subconsciente, Inconsciente e Hiperconsciente são

definidas da seguinte maneira:

O Consciente para Andréa (1978) é o conhecimento imediato que a pessoa

tem de sua própria atividade psíquica. O acesso a esta instância se dá através da

atividade cerebral e dos cinco sentidos. É a memória presente. Para Ribaut (2000) é

a vida racional, do pensamento e do intelecto e seu instrumento é a razão.

O Subconsciente (ANDRÉA, 1978) é o conjunto de processos e fatos psíquicos

que estão latentes no psiquismo da personalidade física, influencia a conduta dessa

personalidade e, podem facilmente aflorar à consciência. Pertencem ao domínio do

subconsciente as tendências, os hábitos, as lembranças, os condicionamentos, os

conhecimentos adquiridos culturalmente e pelas experiências desta e outras vidas.

58

No meu ponto de vista (GODOY, 1997) são as memórias desta ou de outras

vidas, as quais já estão prontas para serem acessadas, trabalhadas e incorporadas

pela consciência física. Para Ribaut (2000) é a vida instintiva e emocional,

responsável direta pelo organismo físico e pela própria vida.

Considero (GODOY, 1997) que o Inconsciente contém memórias desta e de

outras vidas, as quais, ainda, não podem ser transferidas para a instância

subconsciente e consciente do ser, pois são conflitos, pendências, capacidades e

potências que passam ao subconsciente quando a pessoa já se encontra em

condições de maturidade espiritual suficiente para processá-las ou utilizá-las. Pode

ser acessado por técnicas hipnóticas diretas e/ou indiretas, ou em situações de crise

existencial.

Entendo (GODOY, 1997) que o Hiperconsciente é a esfera psíquica do

espírito. São memórias integrais do espírito. É o centro energético do ser, o centro da

vida. O ser humano que funciona com esta instância psíquica ativa apresenta uma

maturidade consciencial, que significa o controle da mente superior sobre a mente

cerebral, emoções e corpo físico. Para Ribaut (2000) é a vida que se expressa

através do amor e da liberdade, e seu instrumento é a intuição.

Em nosso conceito, ampliação de consciência significa ter cada vez mais

consciência de nossas atuações além da esfera física. Aqui Gurdjieff (1993) fala que

na Terra 90% dos seres estão desmaiados, desacordados ou em coma sobre sua

realidade espiritual.

Gurdjieff (1993) fala da inconsciência62 das pessoas para as realidades

espirituais. Aponta que devido ao hipnotismo da existência humana, o homem está

esquecido de si mesmo e vive adormecido. Permanece num sono psicológico e

espiritual, sem, entretanto ter conhecimento deste fato, ficando, assim, preso à

natureza mecânica de suas atividades cotidianas. Diz que para se libertar desse

estado de sono e aprisionamento é importante cada ser humano empreender

esforços no sentido de mudar a direção automatizada de sua existência,

desenvolvendo um trabalho sobre si mesmo de aprender o caminho da auto-

observação, da autolembrança e autotransformação com o objetivo de despertar sua

consciência para a realidade espiritual. Porém, avisa que é muito complicado

estarmos conscientes o tempo todo de nossas vidas.

62 Inconsciência: falta de consciência. Não ter ciência de algo. http://pt.wikipedia.org

59

Espírito Santo além de advogado e professor é um grande terapeuta

consciencial, por isto o coloco aqui na finalização do item sobre a espiritualidade na

psicologia e antes do tópico que abordará a espiritualidade na Educação. Estudioso

de Jung afirma que o e self é amor. Quando a pessoa passa pelo processo de

individuação que é o encontro do ego com o self vive a experiência de

transcendência, desapego e se percebe como uma fonte de energia e amor. Afirma

que o “amor é o âmago de nossa essência” (ESPÍRITO SANTO, 2007, p. 51).

3.3 A MATURIDADE DA HUMANIDADE

Para Espírito Santo (2007) a humanidade está vivendo o seu terceiro

momento, o momento do despertar para a consciência espiritual. É hora de a

humanidade viver a sua maturidade. Aponta que antes do ponto “ZERO” de nossa

época contemporânea a humanidade viveu o que denomina de infância. Neste ponto

Zero com a vinda de Jesus Cristo marca o início da adolescência e ensina as

pessoas a amar os seus inimigos e não fazer valer a lei de talião63 “olho por olho,

dente por dente”. Em 1945, ano marcado pelo fim da segunda guerra mundial temos

o início da maturidade da humanidade. O homem percebeu que pode destruir o

mundo com a bomba atômica. Fala o autor que, ao mesmo tempo nesta época,

Durkeim criava a religião do positivismo e Kardec apresentava a codificação do

espiritismo. Percebemos que desde Sócrates a corrente materialista caminhou junto

com a corrente espiritualista. E, como Phoenix, o espiritualismo sempre ressuscita

das tentativas de esmagamento que sofre pelo materialismo vigente. Medidas em prol

da preservação do planeta começam a despontar, surgem as ONGs para a

preservação do Planeta e para a defesa dos direitos humanos, ações da ONU

contemplam a ação de justiça na Terra, união de forças entre as Nações, por

exemplo a formação da Comunidade Européia e a primeira Encíclica do papa Bento

XVI é “Deus é Amor”!

Gradativamente vemos o despertar da consciência da humanidade. Freire

(2001) fala em conscientização – é preciso conscientizar antes de educar; Chardin

63 Os primeiros indícios da lei de talião foram encontrados no Código de Hamurabi, em 1780 a.C., no reino da Babilônia. Essa lei permite evitar que as pessoas façam justiça elas mesmas, introduzindo, assim, um início de ordem na sociedade com relação ao tratamento de crimes e delitos, "olho por olho, dente por dente". (extraído em 16/08/10 do site: http://pt.wikipedia.org)

60

em consciencialização64 (ESPIRITO SANTO, 2007) e Gurdjieff (1993) do despertar da

humanidade para a consciência espiritual. De acordo com Espírito Santo (2007) a

partir do século XXI a humanidade entra na fase da maturidade. É a fase da

realidade, da verdade e como bem salienta Miranda (2003), em sua carta, a

espiritualidade é uma realidade e com o tempo vai ser desvendada e poderá ser

explicada pela ciência, assim como foram explicados fenômenos misteriosos como: a

chuva, a eletricidade, o sol como centro do universo, e assim sucessivamente.

Espírito Santo (2007) fala que D. João Bosco teve um sonho profético que

indicava que o berço de uma nova civilização estaria no coração da América Central,

e quando aqui esteve identificou este local como sendo Brasília e que Francisco

Cândido Xavier, pelo espírito de Humberto de Campos escreveu um livro chamado:

Brasil, coração do mundo, pátria do evangelho, que também aborda o processo de

conscientização da humanidade para o exercício, das qualidades espirituais entre os

homens.

Nosso foco é a Educação e a Consciência espiritual da Interdisciplinaridade,

portanto voltemos a ele.

Pela psicologia e pela medicina, tratamos as pessoas. A psicologia e medicina,

incorporando os ensinamentos da Educação, podem atuar no mundo de uma forma

profilática, pois pela Educação podemos realizar uma grande transformação social.

É por este motivo que acoplei ao meu trabalho de psicoterapeuta o trabalho de

educadora, de educar consciências, e o primeiro movimento é educar e resgatar a

minha própria consciência. O que percebo que estou fazendo mais uma vez neste

ciclo de vida que é o mergulho na minha vivencia e prática como doutoranda. Como

salientou Espírito Santo (na banca em minha qualificação de doutorado) parece que

estou buscando minha identidade, minha essência, ou fazendo aflorar o meu

potencial de amar. Creio que este é o passo educacional mais importante para

qualquer pessoa seja de qual profissão for: despertar o seu potencial de amar para

poder colaborar para o despertar do potencial do amor no outro, assim podemos

caminhar com autonomia e liberdade, e desempenhando o trabalho com amor. Este

movimento entendo como viver a espiritualidade na Terra, conosco, com o outro e

com o mundo.

64 Expressão análoga a conscientização.

61

O poema abaixo retrata bem a minha busca, meus questionamentos e meus

objetivos:

Você sabe amar?65

Eu estou aprendendo. Estou aprendendo a aceitar as pessoas, mesmo quando elas desapontam-me. Quando fogem do ideal que tenho para elas, quando me ferem com palavras ásperas ou ações impensadas. É difícil aceitar as pessoas assim como elas são, não como eu desejo que elas sejam. É difícil, muito difícil, mas estou aprendendo. Estou aprendendo a amar. Estou aprendendo a escutar, escutar com os olhos e ouvidos, escutar com a alma e com todos os sentidos... Escutar o que diz o coração, o que dizem os ombros caídos, os olhos, as mãos irrequietas. Escutar a mensagem que se esconde por entre as palavras corriqueiras, superficiais; Descobrir a angústia disfarçada, a insegurança mascarada, a solidão encoberta. Penetrar o sorriso fingido, a alegria simulada, a vanglória exagerada. Descobrir a dor de cada coração. Aos poucos, estou aprendendo a amar. Estou aprendendo a perdoar. Pois o amor perdoa, lança fora as mágoas, e apaga as cicatrizes que a incompreensão e a insensibilidade gravaram no coração ferido. O amor não alimenta mágoas com pensamentos dolorosos. Não cultiva ofensas com lástimas e autocomiseração. O amor perdoa, esquece, extingue todos os traços de dor no coração. Passo a passo, estou aprendendo a perdoar, a amar . Estou aprendendo a descobrir o valor que se encontra dentro de cada vida, de todas as vidas. Valor soterrado pela rejeição, pela falta de compreensão, carinho e aceitação, pelas experiências duras vividas ao longo dos anos. Estou aprendendo a ver nas pessoas a sua alma e as possibilidades que Deus lhes deu. Estou aprendendo... Mas como é lenta a aprendizagem!!! Como, é difícil amar, amar como Cristo amou! Todavia, tropeçando, errando, estou aprendendo... Aprendendo a pôr de lado as minhas próprias dores, meus interesses, minha ambição, meu orgulho, quando estes impedem o bem-estar e a felicidade de alguém!

65 Autor desconhecido. http://casadeleitura.blogspot.com/2007/05/voc-sabe-amar.html - veiculado em 20 de maio de 2007, captado da internet em julho de 2010.

62

4 A CONSCIÊNCIA ESPIRITUAL NA EDUCAÇÃO

Condotta66 em um de nossos encontros, nos cursos do CDEC me questionou

quanto ao ensino no Brasil que segundo a sua ótica é muito complicado. As pessoas

complicam com regras, reuniões, especializações, etc. e que para ensinar esquecem-

se de um ingrediente muito simples que é o AMOR. Amor do professor por si, pelo

seu trabalho, pela vida, por seus alunos. Diz ainda que as escolas não se preocupam

com o futuro de seus alunos, quem serão enquanto pessoas no mundo.

Respondi-lhe que convivo com um grupo de professores e percebo que eles

colocam amor no que fazem e que cada um dá a colaboração que pode para que seja

construída uma Educação mais humana, mais amorosa, mais responsável e mais

espiritualizada. Cada um a sua maneira está fazendo o que pode e percebemos que

já são muitos que almejam uma Educação que forme seres humanos conscientes de

suas responsabilidades para consigo mesmo, para com os outros e para com o

mundo em que vivem. Temos que conquistar uma Educação sem manipulações e manobras que nos

lesem, segreguem e reprimam. Para isto temos que ter a consciência de lutar por

uma Educação democrática. Nos dizeres de Dussel (2007) onde se ensine e trabalhe,

desde a tenra idade a alteridade, solidariedade e libertação.

Lutarmos por uma Educação que tire de nós o melhor que temos, que acenda

as nossas luzes interiores, que nos despertem a consciência para entendermos e

lidarmos com nossas fraquezas e deficiências; que nos ensine desde cedo o valor da

cooperação, da fraternidade, da solidariedade, da igualdade, da aceitação do

diferente, enfim, uma Educação calcada em atitudes espiritualistas.

Ponce (2008) propõe uma Educação fundamentada na liberdade de

pensamento, na responsabilidade e no respeito ao outro. Acredita no papel

transformador da educação e propõe que a escola desenvolva uma educação em

66 José Luiz Condotta, psiquiatra, professor convidado do Centro de Difusão nos cursos da Consciência e de Saúde Mental.

63

valores, que está além da transmissão de valores morais. Para a autora, a escola

deve instaurar e desenvolver reflexões com vivências voltadas para a construção do

sujeito moral e ser um espaço de convívio democrático e solidário.

Severino (2001, p.13) entende a educação “como investimento intergeracional

para inserção do sujeito educando nas forças construtivas do trabalho, sociabilidade e

cultura” e que forme indivíduos para uma cidadania67. Entende que o processo

educacional:

(...) reforça a dominação na sociedade cujos mecanismos reproduzem, sem reelaboração, as referências ideológicas e as relações sociais. No entanto,contraditoriamente a educação pode criticar e superar esses conteúdosideológicos e assim atuar na resistência à dominação da sociedade,contribuindo para relações político-sociais menos opressoras. Nessa medida torna-se uma prática transformadora. (SEVERINO, 2001, p.75).

Por isso Severino (2001) defende a idéia da inclusão nos cursos de pedagogia

da disciplina Filosofia da Educação. O educador em sua formação precisa ter um

espaço para refletir e se conscientizar sobre seu projeto de vida e sobre o projeto da

comunidade que está inserido.

Cury (2002, p.2) diz que a Educação escolar é uma “dimensão fundante da

cidadania”. Afirma que é obrigação do estado proporcionar Educação básica ao seu

povo, tanto crianças como adultos e que o “acesso a educação é também um meio de

abertura que dá ao indivíduo uma chave de autoconstrução e de se reconhecer como

capaz de opções” (CURY, 2002, p. 8). Ter Educação básica garantida pelo governo é

uma conquista de nosso século.

Espírito Santo (2008) fala de uma Educação interdisciplinar e no exercício da

pedagogia como uma arte: arte da vida. Acredita que o professor com atividades

simples em sala de aula pode colaborar para o autoconhecimento dos alunos. É

importante que saibam quem são, o que sentem, quais suas necessidades, desejos e

conectem com o sagrado que existe dentro de si. O professor pode ajudar seus

alunos a vencerem seus medos, suas culpas, ou seja, colaborar para que

reconstruam os seus conhecimentos emocionais. Respeitando a si, enxergam e

respeitam o outro e conseqüentemente podem cuidar da sociedade e do mundo que

67 Cidadania: “é garantir a todos os indivíduos, sem discriminação, condições de serem produtores e fruidores dos bens naturais, sociais e simbólicos de sua sociedade”. Severino (2001, p.90)

64

os acolhe.

Santos Neto (2006) propõe uma Educação Transpessoal que considera o ser

humano integral, ou seja, seus aspectos físicos, psicológicos, sociais e espirituais.

Leva em conta a objetividade e a subjetividade do ser humano. Afirma que o homem

precisa em primeiro lugar, se re-ligar internamente e à medida que faz isso sai de

uma ética de auto-afirmação e passa para uma ética de integração que lhe permite

vivenciar valores como: alegria, preservação da vida (princípio da materialidade para

Dussel), cooperação, amor e diálogo.

Os princípios da Interdisciplinaridade (respeito, desapego, humildade, espera e

coerência) podem ser englobados como princípios espirituais, que no dia a dia são

expressos por meio de atitudes. Fazenda (1994) e Japiassu (2006) salientam que a

atitude interdisciplinar depende da história vivida, das concepções apropriadas e das

possibilidades de olhar por diferentes perspectivas em uma mesma questão.

Yared (2009) em sua tese de doutorado descreve sua prática educacional por

mais de 20 anos num colégio com orientação cristã e salesiana. Salienta a

importância do educador criar um ambiente no qual fé, cultura e vida se integram nas

relações educativas.

Espírito Santo (2008) fala do renascimento do sagrado na Educação. Retornar

ao sagrado, explica o autor, não significa o ensino estar atrelado a uma religião

específica e sim à busca da harmonia que só é possível se for proveniente de uma

visão integral do ser humano. Diz que cabe ao professor despertar a espiritualidade

latente no seu aluno e considera essencial a inserção da espiritualidade no contexto

educacional.

65

5 EDUCAÇÃO INTERDISCIPLINAR E TERAPIA DA CONSCIÊNCIA

O que pensar sobre espiritualidade além dos cinco sentidos68 expressos por

Wilber (2007) sobre o espiritual?

Existem vertentes na filosofia que oferecem uma nova ótica para a

espiritualidade, diferente dos sentidos apresentados por Wilber (2007). É o sentido da

espiritualidade como sendo uma realidade, a exposta por Kardec, que somos

espíritos eternos, hoje ocupando um corpo físico com um determinado fim e

propósito: a evolução. Considero (GODOY, 2005) que respondemos, também, a um

desenvolvimento espiritual, que trazemos potencialidades e patologias inatas e que

sofremos as influências – dessas potencialidades e patologias - em nossa forma de

pensar, sentir e agir.

Um passo muito significativo para a quebra do preconceito sobre a

espiritualidade como uma realidade foi dado quando o DSM-IV69 criou a categoria:

“Problemas Espirituais e religiosos”, que trouxe, segundo Almeida (a) (2004), o

“reconhecimento de que problemas religiosos e espirituais podem ser foco de uma

conduta e tratamento psiquiátrico e que muitos desses problemas não são atribuíveis

a um transtorno mental”.

As teorias do desenvolvimento psicológico, que a maioria dos professores se

valem, abordam o desenvolvimento neurofisiológico e psicológico do ser humano,

porém, não levam em consideração a evolução espiritual desse ser.

Será que não precisamos, nós pesquisadores da Ciência, reconsiderar em

nossa prática as patologias provenientes do espírito e da esfera espiritual, que afetam

68 1) níveis mais elevados em qualquer uma das linas de desenvolvimento; 2) soma total dos níveis mais elevados das linhas do desenvolvimento; 3) linha independente de desenvolvimento; 4) experiência de pico; 5) atitude especial em qualquer estágio ou estado (Wilber, 2007) 69 DSM-IV: abreviatura de Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders - Fourth Edition (Manual Diagnóstico e Estatístico de Doenças Mentais- Quarta Edição), publicado pela Associação Psiquiátrica Americana (APA) em Washington em (1994), corresponde à quarta versão do DSM e é a principal referência de diagnóstico para os profissionais de saúde mental dos Estados Unidos da América e de Portugal na prática clínica. É comumente também utilizado no Brasil por estes profissionais.(Extraído em 15/06/09 da internet site: http://pt.wikipedia.org).

66

o desenvolvimento do ser humano? Qual a repercussão desses estudos na

Educação?

O processo psicoterápico que desenvolvo, chamado Terapia da Consciência

visa ajudar o ser humano a adquirir autonomia, maturidade consciencial, realizar

suas tarefas existenciais, aprender as lições que a vida lhe ensina, expandir sua

consciência física e desenvolver as qualidades espirituais com base nos princípios

universalistas, tais como fraternismo, solidariedade, amor, entrega, compaixão,

tolerância, paciência, cooperação, bem-comum, honestidade, humildade, respeito e

justiça. O objetivo é promover a autonomia e a maturidade consciencial.

Dizemos que a pessoa atingiu a autonomia e maturidade consciencial quando

é capaz de suprir suas necessidades de sobrevivência, vive feliz consigo própria, tem

autodeterminação, autodisciplina, autoconfiança, consegue conviver de forma

harmoniosa com seu grupo social, profissional e familiar, obtêm realização

profissional, emocional e financeira e é consciente das interferências sociais,

culturais, políticas e espirituais na sua forma de pensar, sentir e agir.

Não comporta aqui explicar a Teoria da Consciência Multidimensional em toda

sua amplitude teorica e prática que envolve as patologias e o tratamento a essas

patologias que desenvolvemos (GODOY, 2005). Observamos na clínica muitos males

que são advindo de esferas energético-espirituais e que trazem muito transtorno para

a pessoa nos meios que ela habita: familiar, educacional e social.

Precisamos começar a mudar as nossas próprias atitudes e abrir nossa

consciência para novos paradigmas que, como diria Frankl (1987), estão acima e

além de nossa compreensão. Muito temos que investigar sobre a espiritualidade!

Defendo que à medida em que a Educação visa transformar pessoas no

sentido de evoluírem qualitativamente, a espiritualidade trilha o mesmo caminho.

Portanto, através da espiritualidade educam-se pessoas. Pessoas que encontram

sentido na sua existência. Dentro de um contexto de extrema miséria, corrupção e

violência, a Educação não pode limitar-se a ser entendida somente enquanto

escolaridade, e sim envolver uma visão de mundo, mais ampliada, na qual as

pessoas poderão encontrar caminho(s) que lhes darão forças para acreditar que

podem combater a miséria, a corrupção e a violência, com uma gama de valores

resgatados da religação e de saberes aparentemente desconexos (MORIN, 2005).

A Terapia da Consciência é um modelo terapêutico que pode ser utilizado por

qualquer pessoa e considera o ser humano integral: corpo, mente, emoção, energia e

67

espírito. Vai além do campo de estudo da psicologia, pois, apresenta fundamentação

teoria e técnicas de tratamento para os transtornos energéticos e espirituais que

causam disfunções na forma de agir, pensar e sentir do ser humano.

Percebi que este modelo de terapia implicava um grande processo de

educação de consciências e centrei o meu projeto no objetivo de identificar as

colaborações que a espiritualidade traria para a construção de um currículo

interdisciplinar em Educação. No consultório eu estava educando pessoas para as

realidades espirituais e seus havia a remissão de seus sintomas.

Por que não amplificar esse trabalho levando-o de fato para o campo

educacional? Por que não almejar que a Interdisciplinaridade abarque a

espiritualidade enquanto uma realidade a ser considerada na construção da

identidade do professor, do aluno, dos integrantes do corpo educacional? Porque não

usar o nome espiritualidade para se referir aos princípios de uma Educação

interdisciplinar? O quanto na Interdisciplinaridade está intrínseca a espiritualidade?

Em minha pesquisa obtive parte dessas respostas a estas questões nas

observações das aulas de Fazenda e das inter-relações com o grupo de colegas e

mesmo de forma virtual realizando todo o trabalho de montagem do grupo, da home e

da revista, porém, merecem ser em maior profundidade investigadas.

68

6 A ESPIRITUALIDADE NA INTERDISCIPLINARIDADE DE FAZENDA

Fazenda em sala de aula em 30/07/2008 afirma que: “(...) Interdisciplinaridade

se vive (...)”.

Lenoir (in FAZENDA, 2008) aponta para três classes de ordenação da

Interdisciplinaridade: a científica que retrata a forma de pensar de uma cultura

francesa - saber/saber; a social que se aproxima de uma cultura de língua inglesa -

saber/fazer e a brasileira de formar professores o saber/ser, que inclui a experiência

do docente em seu sentido, intencionalidade e funcionalidade.

Pelas leituras sobre Interdisciplinaridade, pela convivência com Fazenda e

com os integrantes do GEPI questiono se não deveríamos substituir a fala de Lenoir

por: Interdisciplinaridade DA BRASILEIRA Ivani Fazenda?

Retratarei nesta etapa de meu trabalho dissertativo de tese o meu

aprendizado prático da Interdisciplinaridade fruto da observação e participação das

aulas presenciais ministradas por Fazenda no período do segundo semestre de 2008

ao segundo semestre de 2010. Muitas dos conhecimentos aqui descritos foram fruto

de minhas observações e de transcrições de aulas que gravei. Esses conhecimentos

nos ensinam de forma teórico-prática e vivencial o que significa e o que é a

Interdisciplinaridade. Este levantamento me fez pensar na hipótese de que existe uma

Interdisciplinaridade vivida pela brasileira Ivani Fazenda. Colocarei entre parênteses a

data da aula e o ano, por exemplo (30/07/2008) em que os conhecimentos foram

transmitidos por Fazenda.

69

6.1 A INTERDISCIPLINARIDADE VIVIDA: SENTIDO ONTOLÓGICO

Segundo Fazenda (06/09/2009) a Interdisciplinaridade é uma categoria de

ação. Pontua que: A metáfora que subsidia, determina e auxilia sua efetivação é a do olhar, metáfora que se alimenta de natureza mítica e diversa. Cinco princípios subsidiam uma prática docente interdisciplinar: humildade, coerência, espera, respeito e desapego. (FAZENDA, 2001, p.11)

Em aula (24/09/2009) Fazenda nos esclarece o que significa cada um desses

princípios. Coerência entre o que pensamos e o que fazemos; respeito por si próprio

e pelo outro, por ele ser diferente; humildade em reconhecer que construímos UM

mundo e não O mundo com o outro; espera que significa observar todos os

fenômenos que pudermos capturar no tempo e no espaço e desapego, tanto de bens

intelectuais quanto de bens materiais, significa estar aberto a novas idéias. Salienta

Fazenda que o exercício desses princípios devem ser desenvolvidos pelo olhar e

pela escuta sensível.

Espírito Santo (1996, p. 14) nos fala do olhar, como é importante os olhos do

educando, ele “faz uma leitura dos olhos do educador e aí, transparecerá a emoção,

que significará a paixão do educador na sua tarefa de educar”. Nossa mestra sempre

quando nos dirige a palavra em sala de aula procura nossos olhos e fixa seu olhar em

nossos olhos, no fundo, buscando nos ver além das aparências, ler e trazer a tona a

nossa alma.

O terapeuta da consciência tem o papel de ir além das aparências e resgatar

no fundo do ser a parte melhor que ele tem, suas potencialidades. Trazer à tona,

mostrar a ele, e como um pai zeloso, pegar-lhe pela mão e ensinar-lhe a usar seus

potenciais na vida. Pensei: não é isso que a professora faz conosco? Não seria ela

uma terapeuta da consciência, despertando, estimulando e conduzindo consciências

até que alcem vôo sozinhas? Creio que sim. Vamos continuar nas observações e

podemos averiguar melhor depois de outras vivências que vão ser relatadas.

Segundo Fazenda (24/09/2009) o processo de pesquisar a

Interdisciplinaridade exigiu a sua formação para o exercício da escuta sensível, que

significa por vezes a escuta de achados ainda não revelados. Uma escuta paciente e

70

com muita sensibilidade para perceber todos os movimentos presentes objetivamente

e subjetivamente na sala de aula, no mundo e em nós mesmos. Para Macedo (apud

Varella, 2008, p. 150) significa ouvir com muita sensibilidade o outro, enxergando-o

como “um ser que tem uma qualidade e um imaginário criadores” e Varella (2008)

aponta que para Fazenda seria a escuta aos achados ainda não revelados, escuta

paciente e sensível.

Podemos observar em nossas aulas que Fazenda além de buscar um contato

visual conosco, quando nos encontra parece que nos envolve em sua energia e

FORÇA! Parece que estamos a sós com ela, que ela só tem ouvidos para nós, sua

atenção se volta com toda força e intensidade para nós e ela se entrega de corpo e

alma a nos escutar. Muitas vezes, “escutar” o que nem estamos percebendo em nós

mesmos e nos busca do fundo do abismo e nos apresenta a nós mesmos. Trabalha

individualmente as pessoas no grupo e outras vezes trabalha o grupo como uma

entidade única. Faz intervenções terapêuticas70 em suas aulas e/ou palestras com

apenas um toque que pode ser um gesto, um olhar, uma palavra, um abraço.

Funciona de forma natural e espontânea como um agente transformador de pessoas.

Essas intervenções contém seu conhecimento formal, sua experiência de vida, sua

sensibilidade, sua espontaneidade e sua naturalidade que emanam infinitas ondas

potentes de amor, que nos toca, envolve e transforma.

Assim como me percebo interdisciplinar, percebi a professora como uma

terapeuta consciencial funcionando como catalisadora de energias, com as quais nos

envolve, quebra nossas amarras, desfaz nossos bloqueios e faz vir à tona, como

numa explosão, nossas virtudes e potencialidades. Percebi que esse movimento é o

movimento ontológico que tanto não entendia. Senti, por várias vezes enquanto

escrevia, a presença energética da professora a me envolver, a dialogar comigo e a

me passar ânimo e confiança. Era a terapeuta auxiliando a me reconectar com o meu

centro, minha essência, meu espírito. Este é o trabalho psicoconsciencial que

promove a re-ligação da personalidade com a sua essência divina, em que a pessoa

passa a perceber a vida de forma mais amplificada e profunda, com os olhos e

sentidos de sua alma. Entendo esse processo como o processo de individuação de

Jung (1962), quando o self assume a direção da vida da personalidade. É ver a

70 Intervenção terapêutica é a capacidade de uma pessoa com apenas uma palavra, uma ação e/ou um gesto levar o outro a retomar o seu equilíbrio emocional, retomar a sua linha de raciocínio lógico e objetivo, e/ou ter insights para tomadas de decisões (CABRAL E NICK, 1997).

71

essência brotar, florescer, brilhar, explodir. Falei em brilho e me recordo que o

símbolo que sempre me acompanha é a estrela de cinco pontas (figura 5) e que

adotei como logotipo do Centro de Difusão de Estudos da Consciência.

Figura 5: Duas estrelas de cinco pontas sobrepostas

Quando estou perdida, ela me guia, quando estou na escuridão ela me ilumina,

quando estou só, ela me faz companhia. Representa a força dos corpos: físico,

mental, emocional, energético e espiritual.

Fazenda é Livre Docente, participou da construção da Interdisciplinaridade

mundialmente, no entanto tem a humildade de ouvir e enaltecer cada colocação e

colaboração de seus alunos, como a colaboração mais importante que já ouviu.

Também sabe ser firme e cortante em suas colocações, porém sempre com

amorosidade. Expressa em sua fala o amor que lhe flui da alma. É uma grande mãe

que zela e repreende com firmeza seus “filhos” com amorosidade e muita de

sabedoria.

Por vezes nos diz verdades que precisamos ouvir, nem sempre agradáveis,

porém, de uma maneira firme, objetiva e amorosa. É uma pessoa que tem a

capacidade de acreditar mais em nós do que nós mesmos e usa de todo vigor para

fazer com que cresçamos e acreditemos e reconheçamos em nós nossa capacidade.

Posso falar de algumas de minhas experiências. Inicialmente me senti um

peixe fora d´água nas aulas sobre a Interdisciplinaridade. Com o meu raciocínio

empirista queria uma definição concreta e consistente da Interdisciplinaridade. Fiz

inúmeras colocações em sala de aula sobre minha falta de entendimento do que era

a Interdisciplinaridade. Não conseguia alcançar o significado do que falavam. O grupo

fazia o uso de uma linguagem muito subjetiva, metafórica e simbólica. Frente a estas

minhas colocações a Fazenda nunca perdeu a paciência e sempre se mostrou

72

compreensiva, mas com firmeza me apontava que precisava ler mais e procurar

escutar mais com o meu coração.

Outra situação foi quando não conseguia evoluir em meus trabalhos e ela

disse que não dominava o meu tema e que eu tinha condições de achar o meu

caminho pelas minhas próprias pernas. Fiquei eu sem pernas diante desta fala ou

percebi depois que tinha pernas e não sabia? Não sei. Só sei que achei o meu

caminho e estou percorrendo com as minhas pernas e amparada por muitas pessoas

que torcem, me sopram idéias, me tocam, me acolhem na hora certa, e sinto que a

professora é o centro energético deste processo.

E assim a vi proceder com todos seus orientandos, salientando que o trabalho

é deles, que é uma obra e que ninguém entende melhor deste trabalho do que eles

mesmos.

Fazenda nos ensina a Interdisciplinaridade em suas aulas, em suas

orientações, em seus escritos, ou simplesmente, por existir e estar presente. Ela

respira e vive a Interdisciplinaridade. Vemos em sua conduta a exibição constante

dos cinco princípios da Interdisciplinaridade: espera, humildade, coerência, respeito e

desapego.

Qualquer aluno novo que adentra às suas aulas é acolhido de imediato pela

professora; qualquer ex-aluno que venha visitar o grupo é recebido por ela com uma

grande alegria e festa; faz questão de cumprimentar com um abraço, um sorriso e

uma palavra amorosa cada um dos seus alunos no início e no fim de cada aula.

Vemos nestas ações a atitude interdisciplinar de respeito, humildade e amor.

Em um e-mail que Esteves enviou ao grupo GEPI em 22/06/2010 (ANEXO, 6)

podemos perceber essa intervenção de acolhimento de nossa professora:

Apresentei-me à Profa. Ivani em busca de orientações para o mestrado e fui recebida como se recebe a uma filha. Ganhei uma orientadora e uma amiga. Engatinhei na inter, ousei os primeiros passos de mãos dadas e acredito estar, agora, dando o primeiro passo de mãos soltas, mas sob o olhar atento e orientado da Profa. Ivani.

Um exemplo de atuação com o grupo de forma natural foi uma história que a

professora contou em 2006 em sala de aula sobre sua viagem ao Poço de

Regaleira71, em Portugal. Esse contar a história proporcionou uma vivência de

71 O Poço Iniciático, Quinta da Regaleira, Sintra: é uma galeria subterrânea com uma escadaria em espiral, sustentada por colunas esculpidas, por onde se desce até ao fundo do poço. A escadaria é

73

“diferentes sensações” em cada um dos alunos presentes, conforme nos aponta

Varella (2008, p.133). Para Hessel (2009) esta vivência foi tão marcante que a

mesma usou esta experiência do poço como metáfora que norteou a sua tese toda de

doutorado.

Quem participa das aulas de Fazenda sente-se imantado pela beleza do

encontro carinhoso e amoroso que ela proporciona.

Espírito Santo fez um poema de aniversário de Fazenda, em 2008 com o título:

Ivani! Ivani! Na estrofe que transcrevo abaixo Espírito Santo mostra o amor de

Fazenda emana pelo seu semelhante.

Poucos são os que vivem a transcendência Gerada pela Interdisciplinaridade Pela postura aberta diante da Vida Com os braços abertos em direção ao Outro! Ruy

A síntese dos princípios (espera, desapego, humildade, respeito e coerência)

da Interdisciplinaridade em meu entender é o amor. A vivência do amor por si mesmo,

pelo outro e pelo mundo. Isto para mim se resume no que é a Interdisciplinaridade e

me fez perceber que eu já era uma pessoa que vivia a Interdisciplinaridade através

dos princípios na Terapia da Consciência. Eu trato e sou uma educadora de

consciências. Procuro levar as pessoas a se encontrarem, perceberem seus talentos,

verem que são belas e únicas no mundo, que podem e merecem ser aceitas,

respeitadas e queridas. Que tem direitos e, principalmente, deveres. Deveres de

respeito, tolerância, compaixão e amor pelo outro e pelo mundo. Essa é a essência

da Terapia da Consciência, que intuitivamente tive a idéia de desenvolvê-la na

Educação, por ser uma terapia que educa almas para se conhecerem, viverem e

construírem um mundo melhor para todos com igualdade, fraternismo e justiça.

constituída por nove patamares separados por lanços de 15 degraus cada um. Invocam referências à Divina Comédia de Dante e podem representar os 9 círculos do inferno, do paraíso, ou do purgatório. (...) O poço diz-se iniciático porque se acredita que era usado em rituais de iniciação à maçonaria e a explicação do simbolismo dos mesmos nove patamares diz-se que poderá ser encontrado na obra Conceito Rosa Cruz do Cosmos. A simbologia do local está relacionada com a crença que a terra é o útero materno de onde provém a vida, mas também a sepultura para onde voltará. Muitos ritos de iniciação aludem a aspectos do nascimento e morte ligados a terra, ou renascimento. O poço está ligado por várias galerias ou túneis a outros pontos da quinta, a entrada dos guardiões, o lago da cascata e o poço imperfeito. Estes túneis, outrora habitados por morcegos afastados pelos muitos turistas que visitam o local, estão cobertos com pedra importada da orla marítima da região de Peniche, pedra que dá a sugestão de um mundo submerso. (texto extraído em 16/08/10 do site: http://www.flickr.com).

74

6.2 A INTERDISCIPLINARIDADE ENSINADA: SENTIDO EPISTEMOLÓGICO

A Interdisciplinaridade foi uma necessidade de um novo modelo paradigmático

educacionais nos anos 60. Os educadores inconformados com os caminhos do

ensino, com a massificação, fragmentação dos saberes lançaram seu protesto contra

a massificação e especialização do ensino. Como disse Freire (2001): uma Educação

bancária em que se deposita conhecimentos.

Algo precisava ser feito, alunos e professores das Universidades se lançaram

em protesto para uma mudança paradigmática, que considerasse a prática, a

realidade de cada aluno, que respeitasse as diferenças, que os professores fossem

ouvidos.

É como se fosse uma explosão de repúdio à prisão de suas individualidades,

de seus sentimentos, de suas práticas. É um não contra as injustiças, preconceitos,

humilhações e pressões.

No final da década de sessenta nascem os movimentos de protestos contra a

ditadura. Surgem os movimentos chamados de libertadores dos pobres, fracos e

oprimidos (BOFF e BOFF, 1985; Dussel, 2007; Freire, 2001). É a luta da classe de

educadores, artistas, estudantes e tantos outros para que a liberdade pessoal e de

expressão fosse resgatada.

Está correto como um grito. Está correto como início de uma luta contra a

opressão. Começamos de traz para frente e, aí me incluo, porque a construção da

terapia da consciência também foi de traz para frente, também foi um grito a opressão

e rotulação ao ser humano. Algo precisava ser feito, e foi feito. Começou-se a

questionar o imposto, o controle, a rotulação, a massificação do ser humano. Os

governos sentiram a força da oposição ao modelo vigente e não se calaram, mas,

calaram as vozes dos professores lutadores. Veio da ditadura.

O que ocorreu? Professores deportados. Acabam os programas de Paulo

Freire. Tudo acabado? Muitos partiram do Brasil, foram exilados, porém, muitos

ficaram e tal como nossa professora, foram calados.

Calam-se os professores.

75

Fazenda (1985) atravessou momentos difíceis na década de 60 fez o pacto do

silêncio, mas continuou ativa, na parceria solitária com autores e lutando por e pela

Interdisciplinaridade.

Fazenda teve uma atitude de ousadia e busca de um novo conhecimento que

foi a Interdisciplinaridade e nos anos 80 renasceu como a Phoenix e com muita força,

garra e luta, sem desistir de seu projeto, que qualifico como fazendo parte de uma

programação existencial72.

No final dos anos noventa professores e alunos cada vez mais ousados foram

aparecendo, mostrando suas caras. Fazenda foi muito astuta e inteligente. Pôs-se a

escrever, escrever. A contatar os colegas fora do Brasil, a fazer alianças. A mostrar

para as pessoas que não tinha medo. O caminho mais fácil é o reto, mas nem

sempre. Quando se tem a força da opressão fechando o caminho reto e direto a

estratégia é pegarmos os caminhos mais longos, e foi o que ela fez. Escreveu,

formou seu grupo, o GEPI, levou seu grupo a escrever, colocou seu grupo na

projeção internacional. Até hoje não parou de escrever e de incentivar professores a

escreverem sobre sua prática. Mostra-se como gente, humana, presente. Apresenta-

se com a cara lavada, com a confiança da entrega, exibindo seus sentimentos,

mostrando que é gente acolhendo gente. Mostrando na prática a todos o que é a

grande missão, que abraçou de corpo e alma que é a de educar pessoas a serem

gente e gente humana, com sentimento, pensamento e capacidade de ação própria,

e, o mais importante que aprendam a serem responsáveis e zelem por si!

Fazenda (2008) classifica o movimento interdisciplinar em três períodos: 1970

existe a preocupação com a construção epistemológica da Interdisciplinaridade; 1980

observa-se a busca da explicitação das contradições epistemológicas decorrentes

dessa construção, tentativa de encontrar um método para a Interdisciplinaridade e

1990 caracteriza-se pela tentativa de construir epistemologia própria para a

Interdisciplinaridade.

Bela história de quase quarenta anos de luta e conquistas!

Estamos e vivemos em outro tempo. As sementes foram plantadas e muitos

frutos já vingaram. Já vemos movimentos de sistematização da Interdisciplinaridade.

72 Programação existencial é um dos pilares teóricos da Terapia da Consciência Multidimensional e significa que cada ser humano obedece a uma programação de ensino e aprendizagem a cada existência que ele vive na Terra. Tem por base o modelo das muitas existências da consciência, que admite a possibilidade de termos vivido ontem, vivemos hoje e viveremos amanhã aqui na Terra ou em outros mundos (GODOY, 2005).

76

Já podemos delinear toda trajetória e movimento da Interdisciplinaridade. Ela é um

novo paradigma científico e abarca todas as ciências num macro movimento:

antropológico, cultural, social, psicológico e filosófico de acordo com Cascino (2002) e

Gaspariam (2008). O movimento da interdisciplinar está em todas as ciências e na

vida. É aí que identifico a Interdisciplinaridade já atuante na minha vida e na terapia

da consciência.

Fazenda (01/10/2008) nos alerta que é necessário haver negociação que é a

capacidade de barganha (é mais que troca) que o professor precisa desenvolver.

Num sistema rígido em que vivemos, principalmente nas escolas que são

reféns de currículos muito bem formatados e de livro didáticos impostos, é necessário

que o professor encontre brechas para que negocie sua atuação. Essas brechas

podem ser mais facilmente verificadas pela experiência, pela sensibilidade e intuição

do professor. Fazenda define (22/04/2009) brecha como: “uma centelha de luz que

aparece sempre no sujeito que pode então iluminar o objeto de uma forma diferente”.

Em nossos cursos de Terapia da Consciência dizemos que os paradigmas

são, geralmente, quebrados quando ocorrem um desses três fatores: o primeiro é a

morte dos que determinam o pensamento dominante, assim novas pessoas com

cabeças mais abertas podem assumir o poder; o segundo é o confronto, o que

significa lutar contra gigantes e muito desgaste para os que são oprimidos pelo poder

vigente e o terceiro e mais inteligente é a divulgação do trabalho novo que se realiza

por meio da escrita de livros, artigos em jornais, revistas, palestras, internet e por um

bom desempenho profissional. É do terceiro fator que se utiliza Fazenda, sempre

registrando idéias, intuições, informações, nos mandando escrever, inscrevendo

trabalhos em congressos, simpósios, aceitando e comparecendo a todos os convites

de palestras, aulas, encontros, e nos impulsionando a escrever e estimulando a

criação de livros e revistas com o material produzido pelo grupo.

Fazenda conseguiu editar 25 livros (ANEXO 5) 20 dos quais que foram

produzidos em parcerias com seus colegas e alunos.

Orientou no período de 1986 ao segundo semestre de 2010 (ANEXO 7) 59

dissertações e 39 teses. Inicia 2011 com 8 dissertações e 15 teses em andamento.

Cabe um trabalho de levantamento de todos os eventos que participou e todos os

artigos que escreveu para revistas, jornais, periódicos, aulas e eventos. Por enquanto

uma visita ao seu currículo Lattes já nos dá uma mostra de sua intensa produção e

atividade profissional.

77

Por toda a produção, Fazenda, é uma das personalidades mais importantes e

uma pioneira no âmbito mundial da Interdisciplinaridade. Luta por uma Educação

baseada nas diretrizes de um Ensino Interdisciplinar e optou fazer um bom trabalho

profissional, registrar, escrever e levar seus alunos a escreverem e divulgarem os

seus trabalhos. Dar o exemplo de empenho, disciplina, persistência, coerência,

respeito e trabalho são maneiras de se ensinar a Interdisciplinaridade, e isto nossa

professora, pela sua produção avolumada, nos mostra como se consegue o sucesso

de ver a propagação de um trabalho bem feito.

Para que o aluno integre o modelo que vem do educador ele precisa sentir que

o educador está em sintonia com o seu pensar, sentir e agir. O que o professor fala

deve sair em forma de energia carregada de sentimentos que atestam e traduzam a

sua fala, e suas ações devem estar em sintonia com o que o professor fala e sente.

Só assim consegue fazer com que o aluno reflita e introjete o que ele quer lhe

transmitir de ensinamento.

Em Análise Transacional, Berne (1985)73 faz referência a três características

que são imprescindíveis ao terapeuta e as chama de três Ps: potência, proteção e

permissão. Potência: o terapeuta tem coerência no que pensa, sente e age. Proteção:

o terapeuta acolhe o seu cliente, é o amor. Permissão: o terapeuta aceita o cliente do

jeito que ele é, com suas virtudes e seus defeitos, e trabalha para que o cliente

consiga se conhecer, se integrar, se respeitar e agir no mundo de forma mais

gratificante. Percebo em Fazenda o exercício dos três Os da Análise Transacional.

6.3 A INTERDISCIPLINARIDADE PRATICADA: SENTIDO PRAXIOLÓGICO

Fazenda (1988) afirma que tinha dúvida se a prática de ensino deveria tratar

da questão epistemológica ou deveria também tratar de aspectos psicossociológicos

ligados ao trabalho dos educadores. Propôs colaborar na recuperação do ser

professor. É isto que observei em seu comportamento por mais de um ano pude

73 Análise transacional: uma terapia psicológica desenvolvida por Eric Berne (1985 e 1988) que trabalha com a reprogramação dos roteiros de vida que são desenvolvidos pelas crianças, a partir dos 7 anos de idade. Os scripts definem a forma que as pessoas irão viver e o rumo que darão as suas vidas nas diversas etapas de suas vidas.

78

verificar que ela valoriza e dá muita importância ao ser professor e o ser humano e às

pessoas com as quais se relaciona.

O comportamento Interdisciplinaridade de Fazenda é embasado no profundo

amor tal e qual uma mãe firme e amorosa, que cuida, zela e defende seus filhos. Sua

palavra traz a força do amor incondicional e a potência da coerência. Personaliza os

três Ps da análise transacional. É coerente e expressa essa coerência: vive e fala o

que sente e pensa! É clara e transparente! Por vezes uma criança com sua inocência,

por vezes uma anciã, com sua sabedoria e por vezes a mulher adulta e madura, de

novo aqui os ensinamentos de Berne (1985), que considera que a pessoa funciona no

mundo em três instâncias, que denomina de P (pai), A (adulto) e C (criança), ao que

denomina Estados do Ego. Pai é tudo que aprendemos com o meio externo e que

interfere em nossa forma de agir, pensar e sentir; o Adulto é a parte racional de nossa

personalidade que pensa, sente e age com base em nossa realidade do aqui e agora,

do presente, e a Criança é a nossa instância que pensa, sente e age com base nas

experiências que vivenciamos na vida. Identifico a mudança de atuação de cada

estado de ego de nossa professora dependendo das circunstâncias de vida em que é

solicitada.

Falei em coerência e esta palavra tomo a consciência que é a palavra que

norteou até hoje minha vida: coerência! A coerência do que se diz, sente e age é

importante para que possamos ter o reconhecimento de nós mesmos e, como

conseqüência, sermos reconhecidos pelos outros. É a essência da Terapia da

Consciência que se embasa nos conceitos Bernianos.

Afirma Fazenda (13/08/2008) que é necessário ao professor interdisciplinar

que saiba lidar com as emergências que se apresentam no seu dia a dia profissional

com maleabilidade. A atitude interdisciplinar é um grande exercício de defrontação,

como dizia Mazzotta74, pois, é a oportunidade que cada um tem de expor o seu ponto

de vista, dialogar e não um impingir a sua vontade confrontando. Saber que tenho o

direito enquanto cidadã de expor e pedir respeito pelo meu ponto de vista mudou e

muito a minha vida, e a minha autoconfiança no trabalho que desenvolvo. Lidar com

espiritualidade esbarra em paradigmas sociais, religiosos e políticos muito rígidos e

74 Marcos José da Silveira Mazzotta é advogado e pedagogo, foi meu orientador no Mestrado no período de 1998 a 1999 e é Professor do Programa de Pós Graduação em Distúrbios do Desenvolvimento da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

79

precisamos ter cautela, paciência e grande poder de negociação para sobrevivermos

sem sermos esmagados pelos paradigmas vigentes.

Parece que muito foi o investimento de nossa professora Fazenda para o

desenvolvimento de uma atitude interdisciplinar. Aponta-nos (04/03/2009) que não é

de uma hora para outra que nos tornamos interdisciplinares, que ser interdisciplinar

leva tempo, entrega e muito amor. Precisamos ter desprendimento, desapego e

humildade; que precisamos nos despojar de nossa prepotência. Na terapia da

consciência Condotta (2007) nos diz que o exercício das virtudes são tratamentos

naturais contra o orgulho, prepotência, vaidade e arrogância que são os causadores

de tantas doenças mentais, tais como depressão, fobias, obsessões, compulsões,

abuso de drogas, dentre outros transtornos psíquicos.

Fazenda (18/08/2009) diz que a criança que educamos deseja olhar o mundo

de uma maneira própria. Afirma que temos que separar o joio do trigo e ficando com o

trigo verificar e mostrar que o trigo é valioso. Mais uma vez reafirma que este trabalho

requer muita ousadia que é a marca fundamental da Interdisciplinaridade (e que

penso que é marca fundamental de Fazenda); que ousadia requer tenacidade, muito

trabalho e autonomia. Tenacidade para perceber que errou e ter a coragem de

consertar o erro. Relembro-me que sempre me refiro a uma passagem de Cristo: “vá

e não erres mais”. Costumo dizer em meus cursos sobre a consciência que a grande

virtude não é sermos perfeitos e sim que não cometamos os mesmos erros, e como

diz meu colega da Terapia da Regressão TenDam (1993): erre rápido, ou seja,

percebeu que errou, saia o mais rápido do erro e retome ao melhor que souber fazer,

o mais correto que aprendeu a fazer o mais rápido possível.

Fazenda (18/08/2009) nos conta sobre uma experiência que teve quando

trabalhou na USP enquanto pesquisadora do CRPE/SP (Centro Regional de

Pesquisas Educacionais SP) e na Escola de aplicação da USP. Relata que

acompanhou durante anos, observando, escutando silenciosamente e registrando

(afirma ter uma compulsão pelo registro – compulsão essa que resultou na

quantidade de livros e sem contar artigos que escreveu e que explica o porquê nos

incentiva a escrever) tudo que acontecia e nos diz o que percebeu em vários

professores da Escola de Aplicação, principalmente no professor de artes

(carinhosamente denominado Quim, por todos na década de 60). São as falas de

Fazenda na aula do dia 18/08/2009 referindo-se ao professor Quim que transcrevo

abaixo:

80

Comecei a perceber (fazer uma leitura silenciosa) intuitivamente que uma das qualidades do Quim era o envolvimento incondicional com o que fazia; outra coisa era a coerência enorme com o que dizia e fazia, depois, um sentido de ordem e disciplina da seguinte forma: disciplina na qual propunha aos alunos e colegas algo que ele havia organizado, concordavam ou discordavam e depois faziam uma 3ª ordem. Outra coisa era um domínio da área e concluí que: não dá para você ser interdisciplinar se você não tiver um domínio da sua disciplina.

A partir desta experiência Fazenda concluiu que não dá para se pensar em

currículo se não pensarmos em quem está atrás do planejamento, do estudo e como

os professores vão ministrar a disciplina. Diz que a pessoa que vai ministrar a aula

tem que ter a clareza para onde ela vai e que benefícios terão seus alunos, pais,

comunidade e seus colegas professores. Afirma que percebeu que com esta

experiência estava em contato com o germe do que depois seria a

Interdisciplinaridade.

Fazenda (26/08/2009) alega que a escola é um instrumento para que ocorra a

aprendizagem. Para haver a aprendizagem precisa haver a transcendência, mas,

uma transcendência que ultrapasse as paredes da sala de aula, que coloque os

alunos conectados com seus familiares, com a sociedade que o rodeia, com o mundo

que habita. Afirma que a Interdisciplinaridade lhe dá chão, mais uma vez reafirma que

sem DISCIPLINA não existe a Interdisciplinaridade. Diz que a disciplina permite em

alguns momentos a pessoa transcender. Diz não ser transdisciplinar e sim

Interdisciplinar pois tem um programa muito bem traçado e delineado e que pode ser

ajustável ao grupo a que se destina, aí está à ousadia, humildade e desapego.

Traço um paralelo comigo e minha história consciencial. As pessoas pensam

que sou esotérica, espírita, mística, pois falo da consciência espiritual, mas sempre

repito que “quero aprender, enquanto espírito que sou, como bem viver aqui na Terra.

De onde vim? Para onde vou? Não sei. Cada um que fique com a explicação

científica, religiosa ou filosófica que melhor lhe provier. O que digo é que quero viver

a cada dia da melhor maneira que posso. A isto chamo: uma espiritualista com os pés

no chão, ou seja, sou um espírito vivendo na Terra e preciso aprender a viver como e

com os mortais. Aí as pessoas entendem e eu também, porque escolhi seguir a

formação comportamental-cognitiva: é para ter os pés bem firmes no chão, no hoje,

no aqui e agora.

Fazenda salienta que (02/09/2010) se a pessoa não tiver reconhecimento (o

primeiro nível de reconhecimento apontado por Ricoeur (2006) é o reconhecimento

81

de si) e gratidão, não vai conseguir ser interdisciplinar. Entra aqui o fato de que se a

pessoa não se conhecer ela não pode enxergar o outro e sem o outro ela não pode

fazer parcerias. A parceria, olhar o outro, despertar o outro, trabalhar com o outro faz

parte de uma ação interdisciplinar. Fazenda (2002) dedicou sua dissertação de Livre

Docente para a análise da parceria. Constatou que fez parceria a sua vida toda de

forma ativa (relacionando-se diretamente com as pessoas) e de forma passiva

(conversando com os autores através de seus textos, artigos e livros).

Salienta Fazenda (24/09/2008) que para se ter continuidade na história é

necessário recuperar o velho para fazer o novo.

Fico aqui comparando com a trajetória de formação tradicional: primeiro

aprendemos (até graduação); depois percebemos que muitos já pensaram como nós

e tiveram suas dúvidas e obtiveram suas respostas (mestrado) e depois construímos

nossas próprias respostas (doutorado). Quando achamos nossas respostas

poderemos dizer que elas são nossas? Quantos se fizeram parceiros construindo os

nossos conhecimentos? Quantos fazem parte de nossos pensamentos? Quando

pensamos, com quantos dialogamos internamente? Quantos colaboraram para os

avanços de nossas pesquisas? Sim tem razão Fazenda. A Interdisciplinaridade não é

somente o resultado da integração dos saberes. É mais que isto é a inter-relação ou a

relação de nós conosco mesmos, de nós com os autores da história, de nós com o

outro que está conosco hoje e a nossa inter-relação com o mundo e Cosmos em que

vivemos.

A Interdisciplinaridade respeita o tripé: epistemológico (que é a teoria

consolidada – saber/saber); praxiológico (etapas para se construir um projeto –

saber/fazer) e ontológico (à medida que entro em contato com o meu objeto de

estudo vou-me autotransformando e toda a comunidade ao redor de mim se

autotransforma, amadurece, cresce – saber/ser). Sim ao término de um trabalho sou

uma nova pessoa ou uma reescrita de mim mesma num patamar acima (ou abaixo!) e

posso proporcionar a quem quiser, puder e tiver ouvidos para ouvir; olhos para ver e

sentidos para sentir, uma oportunidade de metamorfose emocional, mental, física e

espiritual.

Fazenda (01/10/2009) fala das competências da Interdisciplinaridade: a

intelectiva (domina o conhecimento); a prática (coloca em prática); a emocional (tem o

autocontrole de suas emoções, conhece a si mesmo) e a intuitiva (busca novas

82

alternativas para desenvolver o seu trabalho com base na intuição). Vilches (2009)75

sugere em sua tese de doutorado a inclusão de mais uma competência: a lúdica.

Sabedoria esta de Vilches. Num processo terapêutico costumamos procurar, como

nos ensina TenDam (1993) buscar as emoções que estão sob emoções76 e a Análise

Transacional busca as emoções primárias77. Simplifico (GODOY, 2005) os

ensinamentos dos autores da seguinte forma: trabalhamos com camadas de

emoções. As primeiras que aparecem são as emoções que mais nos incomodam e

que nos fazem buscar um auxílio profissional terapêutico, que são as emoções de

medo, raiva, tristeza, etc. Porém ao tirarmos as camadas das emoções que nos

afligem encontraremos as emoções que nos causam bem estar tais como: afeto e

alegria. Vilches atua como um professor terapeuta na medida em que se coloca como

um professor alegre e bem humorado com seus alunos, tornando o ato de ensinar

uma atividade agradável, prazerosa e gostosa. Assim os alunos conseguem aprender

conteúdos que são cansativos e maçantes de uma forma leve, gostosa e suave.

75 Prof. Dr. Manolo Vilches, doutor em Educação/Currículo, PUC/SP, em 2009, sob a orientação da Profa. Dra. Ivani Fazenda. 76 TenDam ensinava em suas aulas que o terapeuta deveria buscar a “emoção embaixo da emoção”, o que significa que se estamos em terapia tratando de um cliente que chega a sessão apresentando a emoção de ansiedade, temos que buscar uma outra depois que trabalhamos com a ansiedade, por exemplo, vamos encontrar, medo. Trabalhamos com o medo e vamos em busca de outra e outra, e assim sucessivamente. Para o autor existe uma sobreposição de emoções. 77 A Análise Transacional diz que temos cinco emoções básicas ou primárias (Godoy 2005), que são: medo, tristeza, raiva, afeto e alegria, e, que as demais emoções são misturas de emoções, por exemplo, a angústia pode conter o medo, a raiva, a tristeza. Ao realizarmos o trabalho psicoterápico com as emoções precisaremos num primeiro momento desmembrar as emoções e quando identificadas as emoções básicas ou primárias, aí sim podemos trabalhar terapeuticamente com cada uma das emoções de forma isolada.

83

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Vimos pelas falas de Fazenda em sala de aula, pelos artigos e livros que

escreve, que ela respira e exala a Interdisciplinaridade e nos desperta o encanto por

aprender a vivenciar esta maneira brasileira de ser professora.

Refletindo sobre os resgates de memórias e registros que fiz chego à

conclusão de que falamos de uma Educação Interdisciplinar, pois apresenta uma

nova atitude do educador frente ao conhecimento e tem por base os princípios da

coerência, do respeito, da humildade, da espera e do desapego como forma de

ensino.

O educador interdisciplinar investe no autoconhecimento e autocrescimento e

no aprimoramento da autoestima e autoconfiança, pois somente amando a si mesmo

e se respeitando, pode amar e respeitar o outro, o mundo que o rodeia e conseguir

ser um bom professor. O educador interdisplinar é uma pessoa comprometida com a

ética, com a estética, com a arte e com a beleza. Tem a suavidade, a leveza, a

flexibilidade, a sensibilidade em suas ações. Gosta do trabalho que exerce, cuida de

sua família e de sua comunidade. Tem respeito pelo sagrado, reconhece e exercita

sua capacidade intuitiva, busca parcerias e compartilha com seus semelhantes suas

conquistas e entende que a vida é uma grande chance de troca de experiência: que

está aqui, nesta vida, constantemente ensinando e aprendendo alguma coisa com

quem esteja ao seu lado.

A nova atitude frente ao conhecimento proposta pela Interdisciplinaridade tem

por base o amor.

O amor expresso pelo poema de Espírito Santo78:

78 Poema escrito pelo Prof. Dr. Ruy Cezar do Espírito Santo, s/d.

84

Deus é Amor Tal afirmação permanece através dos tempos na mente e no coração dos homens de todas as raças e religiões. No cristianismo tal assertiva se personifica em Jesus Cristo. Aquele que encarnou o Amor. O Filho de Deus. Aquele que nos ensinou a dizer “Pai Nosso”... Se o Deus Pai de Jesus Cristo é nosso Pai, nós também somos Filho de Deus. Ora, se Deus é Amor, nós pela filiação divina também o somos. A Bíblia afirma que o Homem é a Imagem e Semelhança de Deus. Assim, temos a convergência de duas afirmações. Se nossa identidade profunda é o Amor, por sermos Filhos de Deus, daí resulta a nossa liberdade. A liberdade dos Filhos de Deus... A liberdade é sempre fruto do Amor. Desaparecem leis ou limites porque em seu lugar surge a infinita comunhão daqueles que amam... “Sejam Um como Eu e o Pai Somos Um”, nos diz o Evangelho. Dentro da Comunhão a liberdade é plena e é sua decorrência... A busca do nosso Sentido (ou a busca do Amor) é a busca da liberdade ou libertação... Libertação de todos os medos: Dos ídolos... Das divisões... Da rotina... Da máquina... Da técnica desumanizante... Dos extremismos... A liberdade começa a ser vivida com a descoberta do Amor. Amor gratuito Incondicional. Que ouve... Que espera... Que se debruça... Que dá o lugar... Que se alegra com o bem. Nascer de novo é uma expressão muito rica do Evangelho. Nascer de novo significa amadurecer para o Amor... Significa saborear a liberdade. Significa o Encontro com o Outro. Significa o nascer para o Espírito...

Amor é base da Interdisciplinaridade. Amor é base para a atuação do professor

interdisciplinar.

E o amor é o fundamento base da espiritualidade.

Encontrei os conceitos e a prática da Terapia da Consciência vivenciados na

Interdisciplinaridade ou no exercício vivido da Interdisciplinaridade por Fazenda e

meus colegas do GEPI?

85

Sim, constatei pela vivência e reflexões que tive nestes três anos que a

Interdisciplinaridade vivida por Fazenda e o seu grupo de alunos é uma Terapia da

Consciência aplicada ao âmbito Educacional e considero que convivi com verdadeiros

terapeutas de consciências, ou seja educadores que favorecem o autoconhecimento

e crescimento de seus alunos num movimento de respeito e amor a si próprios, aos

outros e ao mundo.

Seria possível dizer que já temos um possível Modelo Consciencial

Interdisciplinar para a Educação pelo material construído sobre Interdisciplinaridade

por Fazenda?

Creio que sim e está sendo sistematizado por Fazenda e o grupo do GEPI.

Como posso dizer isto?

Pela minha vivência nesses três anos como aluna nas aulas sobre

Interdisciplinaridade e como orientanda de Fazenda.

Eu fui para o doutorado com o firme propósito de passar para a Educação os

conceitos e técnicas que construí sobre a Terapia da Consciência e fui surpreendida

com a consciência espiritual que encontrei na vivência e prática de Fazenda e

colegas do grupo de estudos, GEPI, que me levaram a perceber a

Interdisciplinaridade como uma Terapia da Consciência no campo educacional. Para mostrar como cheguei à conclusão de que a Interdisciplinaridade

exercida por Fazenda é uma Terapia da Consciência uso aqui metáfora da Phoenix.

que uso como metáfora para descrever minha trajetória de vida.

Classifiquei em três as categorias de modificações internas e externas que o

contato e a vivência com a Interdisciplinaridade trouxeram para minha vida: a

desconstrução, o retorno à essência e o renascimento.

A desconstrução é morte: a ave que se ata fogo e é reduzida à cinzas.

Representa a perda de todas as certezas, perda do chão, ao sentir-se nada.

O retorno à essência é o monte de cinzas inertes, paradas, mortas, mas existe

ali uma centelha divina, uma energia, um princípio inteligente, um ovo que está em

estado de latência, de gestação, que pode observar, contemplar e assimilar tudo ao

seu redor e, em silêncio, pode avaliar, reavaliar, ressignificar a vida que teve e que

acabou. Percebe-se vivo, essência, energia pensante. Não morreu, pulsa vida. Tem o

tempo certo para se reconstruir, observar a si mesmo, sua vida que não acabou, suas

86

ações, suas relações, pode tomar consciência de suas inadequações, verificar que

teve em mãos outras opções. É uma energia que pulsa, vive e percebe que está

sendo gestada, e enquanto ocorre esta gestação é o tempo para redecidir suas

ações, replanejar uma nova vida. Num primeiro momento é o desespero. A

consciência das perdas de oportunidades é muito dolorida, mas a solidão faz com

que mergulhe dentro de si, desvista-se, e eis que maravilha! Pode recomeçar. Pode

refazer. Encontra uma luz, que lhe envolve e lhe acalenta, percebe que ela lhe

acolhe, lhe envolve num manto de amor e percebe que não está sozinho, descobre o

Deus dentro de si. Vem-lhe a paz, a certeza que é assistida por uma Providência

Maior e que no tempo certo renascerá, com novos objetivos, novos planos e

programações. Um passo evolutivo é dado. Nascerá para novos desafios levando a

vivência acumulada de muitas vidas. Ao tomar consciência está pronta para renascer:

é só esperar a hora certa, determinada pelos que a assistem.

Chega o dia. Nasce uma nova ave. É acolhida, tratada, ganha força, e voa, voa

o alto, sente a liberdade de agora com mais experiência e mais maturidade para

recomeçar. Recomeçar, com humildade, a partir do ponto zero, a partir do ponto em

que se perdeu. Porém, traz em sua essência o acúmulo das experiências vividas.

Recomeça para mais uma vida, agora mais madura, com mais sabedoria e atenta

para não incorrer nos erros passados e nas mesmas perdas de oportunidades. Tem

como meta seguir adiante e que a cada dificuldade possa usar todas as virtudes:

paciência, garra, generosidade, bondade, força, confiança, persistência, trabalho,

tolerância, espera, desapego, fraternismo.

A todo momento estamos morrendo, avaliando a vida que tivemos,

reprogramando e nascendo para uma nova vida. Esta é a essência da Terapia da

Regressão no contexto consciencial. Reprogramar para uma nova vida com base no

vivenciado e com muita garra e força para modificar e transformar o que causa dano,

pesar e sofrimento.

Vivi o movimento de renascer inúmeras vezes na vida, nos vários processos

psicoterápicos aos quais me submeti e, surpreendentemente, o vivi em sala de aula

interdisciplinar pelas mãos da terapeuta/educadora Fazenda, ajudada pelos colegas e

amigos: Espírito Santo79 e Picollo80.

79 Prof. Dr. Ruy Cezar do Espírito Santo: possui graduação em Direito pela Universidade de São Paulo (1957), mestrado em Educação (Currículo) pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1991) e doutorado em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (1998).

87

Ambos respiram e transpiram a Interdisciplinaridade. Estar perto deles já é um

grande exercício de tomada de consciência e transformação. São

professores/terapeutas da consciência interdisciplinar.

Espírito Santo tem o dom de nos envolver com sua energia amorosa e se

relacionar com a parte mais pura e bonita que temos e nem a sabemos possuímos.

Nos meus momentos mais sofridos teve a palavra certa para que eu conseguisse

retomar minhas esperanças, meu ânimo, energia e vida. Presenciei o exercício da

humildade, generosidade, sabedoria, carinho, desapego, respeito e amorosidade.

Figura 6: Espírito Santo e Fazenda - 2009

Picollo tem o dom das artes. Aprecia o belo, carrega a alegria e demonstra

sempre o bom humor. Sabe ser firme e cortante quando percebe pessoas

oportunistas e destrutivas. Tem o dom da leitura energética. A energia é a identidade

Atualmente é professor titular da Fundação Armando Álvares Penteado; professor de graduação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e professor na UNIMESP, no programa latu-sensu denominado "Docência do Ensino Superior". Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Auto Conhecimento na Formação do Educador, atuando principalmente nos seguintes temas: educação, autoconhecimento, formação do educador, fragmentação e transformações. É autor dos livros: Pedagogia da Transgressão ( SP: Papirus, 1996); O renascimento do Sagrado na Educação (SP: Vozes, 2008) e Autoconhecimento na formação do educador (SP:Ágora. 2007) dentre outros. [email protected] 80 Prof. Dr. Cláudio Picollo: possui graduação em Letras Germânicas - Bacharelado pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1971), graduação em Letras: Português Inglês e Latim - Licenciatura pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1971), mestrado em Lingüística Aplicada e Estudos da Linguagem pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1981) e doutorado em Educação (Currículo) pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2005). Atualmente é professor assistente-doutor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Departamento de Inglês da FAFICLA – Faculdade de Filosofia, Ciências, Letras e Arte e é membro do GEPI – Grupo de Estudo e Pesquisa em Interdisciplinaridade onde coordena o Projeto Pensar e Fazer Arte. Tem experiência na área de Lingüística, com ênfase em Lingüística Aplicada, Educação: Currículo -linha Interdisciplinaridade. [email protected]

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espiritual das pessoas e ambientes, por isso o percebo como guardião e protetor de

todos nós. Sem saber de minhas revoluções foi à pessoa que manteve acesa a

chama de vida, firmeza, esperança, a alegria, a espontaneidade, a força e o bom

humor em mim.

Figura 7: Picollo e Fazenda – 2009

Quem sou eu e o que posso ensinar de terapia consciencial para a Educação

se ela já tem a Interdisciplinaridade de Fazenda e os dois professores (no mínimo)

para ensinar aos professores a serem educadores/terapeutas conscienciais?

Mais uma vez só posso fazer o que eu sei fazer de melhor que é sistematizar

conhecimentos. Conceituo sistematizar de três maneiras:

1) A primeira como sinônimo de organização;

2) A segunda como um processo de fazer conhecer ao outro o que ele faz e,

3) O terceiro como o resgate do que já foi feito e atualizá-lo para ser usado no

presente.

Creio que fiz estes três itens neste período que cursei o doutorado e foi o que

apresentei como trabalho de tese uma vez que organizei o cadastro dos colegas do

GEPI, as dissertações e teses orientadas por Fazenda e criei o grupo gepinter no

Yahoo.

Com a organização do histórico de cada aluno, o resgate dos trabalhos e dos

conteúdos constantes do grupo, criei a possibilidade de intercomunicação entre os

integrantes do GEPI. Cada um pôde se ver e ver ao outro.

Contribuí para o regate e atualização da Home Page do Gepi e do grupo GEPI

na CAPES. Com isto ocorreu à possibilidade de cada um ser conhecido por um maior

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número de pessoas e podermos conhecer pessoas de várias partes do mundo e com

elas manter uma intercomunicação e uma troca de conhecimentos.

O mais importante trabalho que fiz foi me permitir aprender a ser uma

educadora de consciências além da terapeuta que sempre fui.

A Interdisciplinaridade já está sistematizada em suas bases, os seus

integrantes já tomam consciência de quem são e do que fazem. Todo o trabalho aqui

desenvolvido nada mais é do que um grande resgate de vários modelos educacionais

implantados desde muito tempo.

É preciso para trabalhar como uma equipe interdisciplinar que sejam definidos

alguns conceitos que são de uso comum do grupo.

O comum, em minha tese, é a espiritualidade, é o encontro do amor em si

próprio, expandido para o outro e para o mundo. Considero que a espiritualidade está

intrínseca na Interdisciplinaridade e se for considerada como um novo princípio da

Interdisciplinaridade, sintetiza e contêm os demais: a espera, o desapego, a

humildade, o respeito, a coerência. E acrescento alguns princípios da espiritualidade

que circundam a Interdisciplinaridade: o amor, a cooperação, o fraternismo, a alegria,

o prazer, a generosidade, a bondade, a compaixão e a tolerância.

Para uma próxima etapa de trabalho de pesquisa, quem sabe em um pós doc

pretendo realizar uma releitura das teses e dissertações de meus colegas com base

no que chamarei “Uma leitura interdisciplinar consciencial” com isto pretendo

identificar as revoluções e o crescimento espiritual de cada um realizar o seu trabalho

de mestrado e/ou doutorado e como isto se refletiu em seu trabalho profissional

posterior. É outra etapa que espero conseguir realizar!

Concluo meu trabalho com um poema que Espírito Santo me ofertou em minha

qualificação e que traduz a essência de minha alma e o objetivo de minha trajetória

de vida:

OLHOS DO ESPÍRITO (Saber e Acreditar...) Saber SE sentir o mais dentro É “acordar” a criança eterna que “adormeceu” com a adolescência Acreditar SE olhar nossa imagem, narcisicamente Com o olhar adolescente, competitivo... Saber é olhar com a alma Que “despertou”... Acreditar não é olhar... É ter olhos e não ver... Saber é perceber com o espírito

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É iniciar a jornada, na eternidade do Agora... Acreditar é perceber com os sentidos Buscando “segurança”... Saber é a mudança quântica, que promove o amor A infinda conexão com a Vida... Acreditar até permanecer com o poder Recluso no “ego”... Saber é caminhar para a transcendência... Descobrir o “kairós”... Acreditar é ver-se como número....Mais um.... O “perder-se” na multidão... O Saber torna consciente a espiritualidade... Que se “encontrava” no inconsciente... Acreditar mantém o egoísmo Deixando a Luz sob o “alqueire”... Saber é estar com o Criador... É viver a Imagem e Semelhança “anunciada”... Acreditar é estar com as próprias crenças “Engatinhando” na adolescência da Cida... O Saber liberta E percebemos, então, que só a Verdade nos confere a liberdade... Acreditar mantém preso o espírito a conceitos e preconceitos É aquilo que chamamos de “sofrimento”... Infelicidade... Saber é encontrar a felicidade E a alegria, seu fruto primeiro.... Acreditar é se manter no sofrimento Vendo-se como eterna vítima... Saber é perceber além do olhar É encontrar o sentido profundo da existência.... Acreditar é enxergar com os olhos Sem nada “Ver”... Deus sempre esteve comigo No “dentro do dentro!” Eu é que não sabia.... Até sempre... Ruy

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REFERÊNCIAS

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APÊNDICES

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APÊNDICE A: TEORIA DO S-R (ESTÍMULO E RESPOSTA) E SUA EVOLUÇÃO Godoy, 2001

I. QUADRO EVOLUTIVO DA TEORIA S-R 1. FASE EXPERIMENTAL: Experimental (1906) (Pavlov) Teorias Teoria E-R Princípios Behaviorismo (1916) (Watson) (1906) comportamentais Aprendizagem (1911) (Thornidike) Técnicas 2. FASE PRÉ-CLÍNICA Teorias: Modificação do Comportamento (Skinner/Ferster)

= clinica e pesquisa Teoria da Aprendizagem => Escola (Hull; Guthrie)

Processos Cognitivos (Tolman; Levin; Hilgard, Ulmann)

3. FASE CLÍNICA ORTODÓXA:TComportamental/Experimental

Modificação do comportamento + técnicas hipnose + relaxamento= avaliação objetiva

Comportamental (Skinner- 1953) (Wolpe/63) (Eysenky- 1953-58) NÃO ORTODOXA: TComportamental

Terapias Modificação de comportamento + técnicas hipnose + relaxamento +outras teorias e técnicas da Psicologia Convencional = avaliação objetiva + subjetiva (Lazarus- 1958)

= Terapia Personalista (Lazarus- 1975) e Multimodal (Lazarus –1977 )

TERAPIA COGNITIVA = acopla todas as vertentes com ênfase nos processos subjetivos

mente/cérebro e início pesquisa com emoções (Shapiro- 1950 )

Cognitiva Objetivistas/racionalistas (pesquisa neurociências/clinica) ( Beck- 1960) Construtivistas: consceitos que incrementam a Nova Teoria

da Aprendizagem= Escola (após 1990 - Maturana)

BASE PARA Terapia Ericksoniana / Terapia Regressiva e Terapia da Consciência

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APÊNDICE B – QUESTIONÁRIO APRESENTADO AOS MEUS COLEGAS DE CLASSE DO DOUTORADO, NO PRIMEIRO SEMESTRE DE 2008 DATA:_____/___/______ 1. O QUE ENTENDE POR: CONSCIÊNCIA: ESPIRITO: ALMA: CORPO ENERGÉTICO: CORPO VITAL: ESPIRITUALIDADE: ÉTICA: 2. O QUE PENSA SOBRE A INSERÇÃO DA ESPIRITUALIDADE EM UM CURRICULO? JUSTIFIQUE: 3. COMO PENSARIA A INSERÇÃO DA ESPIRITUALIDADE EM UM CURRICULO? 4. OUTROS COMENTÁRIOS QUE DESEJA EXPRESSAR:

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ANEXOS

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ANEXO A: KARDECISTAS RECONHECIDOS POR SUAS EXPRESSÕES LITERÁRIAS E PESQUISAS NO CAMPO DA ESPIRITUALIDADE 1) HERNANI GUIMARÃES ANDRADE (1913 - 2003) foi um pesquisador espírita brasileiro. Fundador do Instituto Brasileiro de Pesquisas Psicobiofísicas (IBPP), procurou demonstrar cientificamente a existência dos fenômenos paranormais, da reencarnação, da obsessão espiritual e da transcomunicação instrumental, além de ter realizado pesquisas laboratoriais para detectar o que denominou como Campo Biomagnético (CBM) ou Modelo Organizador Biológico (MOB). Escreveu cerca de 20 livros, dentre eles: • ANDRADE, Hernani Guimarães. Parapsicologia experimental. SP: Pensamento, s/d. • ANDRADE, Hernani Guimarães. Espírito, Perispírito e Alma: ensaio sobre o Modelo organizador Biológico. São Paulo: Pensamento, 1984. • ANDRADE, Hernani Guimarães. Reencarnação no Brasil: oito casos que sugerem renascimento. SP: O Clarim, 1989. 2) HERMÍNIO CORRÊA DE MIRANDA: (1920- ) é um dos principais pesquisadores e escritores espíritas brasileiro da atualidade. Habitualmente assina Herminio C. Miranda. Formou-se em Ciências Contábeis, tendo trabalhado na Companhia Siderúrgica Nacional até se aposentar. Autor de cerca de 40 livros, dentre eles, diversos clássicos obrigatórios da biblioteca espírita, como Diálogo com as sombras, Diversidade dos carismas e Nossos filhos são espíritos. Seu primeiro livro, Diálogo com as Sombras, foi publicado em 1976. Seus direitos autorais foram sempre cedidos a instituições filantrópicas. São algumas de suas obras: • MIRANDA, Hermínio C. A reencarnação na Bíblia. São Paulo: Pensamento, s/d. • MIRANDA, Hermínio Corrêa. Alquimia da mente. Niterói, RJ: Lachâtre, 1994. • MIRANDA, Hermínio C. As mil faces da realidade espiritual. Sobradinho, DF: Edicel, 1994 • MIRANDA, Hermínio Correia. A memória e o tempo. Niterói, RJ: Lachâtre, 1992. • MIRANDA, Hermínio C. Reencarnação e Imortalidade. Brasília, DF: FEB, 1989. 3) INÁCIO FERREIRA DE OLIVEIRA: (1904 – 1988) foi um médico psiquiatra espírita brasileiro. Ainda encarnado, Inácio publicou dois livros de Psiquiatria à luz do Espiritismo. A após seu desencarne escreveu inúmeras obras que ditou ao médium psicógrafo Carlos Antônio Baccelli, de Uberaba: • OLIVEIRA, Inácio Ferreira de Novos rumos à medicina I e II. SP: FEESP, 1990 • OLIVEIRA, Inácio Ferreira de, Psiquiatria em face da reencarnação. SP: FEESP, 1990/91. 4) JORGE ANDREA DOS SANTOS: (1916- ). É um psiquiatra brasileiro. Oficial da Força Aérea Brasileira, é escritor, conferencista, e Presidente de Honra do Instituto de Cultura Espírita do Brasil - ICEB, sendo considerado uma das mais importantes figuras do Movimento Espírita no país. São alguns de seus livros: • ANDREA, Jorge. Dinâmica psi. Petrópolis: Sociedade Editora Espiritualista F.V.Lorenz, 1990. • ANDREA. Energética do Psiquismo, fronteiras da alma. Rio de Janeiro: Caminho da Libertação, 1978. 5) JOSÉ HERCULANO PIRES: (1914-1979) foi um jornalista, filósofo, educador e escritor espírita brasileiro. Destacou-se como um dos mais ativos divulgadores do espiritismo no país. Traduziu os escritos de Allan Kardec e escreveu tanto estudos filosóficos quanto obras literárias inspirados na doutrina espírita. No livro Expoentes da Codificação Espírita vê-se que Herculano Pires é autor de oito dezenas de livros, distribuídos por filosofia, ensaios, histórias,psicologia, parapsicologia e espiritismo, vários em parceria com o médium Francisco Cândido Xavier, é considerado um dos autores mais críticos dentro do movimento espírita. Obra do autor: • PIRES, Herculano. Pedagogia espírita. São Paulo: Paidéia, 2004.

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ANEXO B: Ofício do Conselho Federal de Psicologia Conselho Federal de Psicologia OF.CFP.no. 124/92

Brasília (DF), 30 de junho de 1992 Prezado(a) Senhor(a), Queremos informar que pela estrutura de trabalho já definida e em andamento não há condições de incluir mais pessoas nesta Comissão, no entanto, estamos abertos a contribuições e necessitamos, até com urgência, que esta Associação nos encaminhe textos, trabalhos e pesquisas para o Dossiê que estamos organizando. Seria interessante um parecer da Diretoria científica da ABTVP sobre esta técnica, respondendo as seguintes questões: 1. Se esta técnica tem apoio em alguma teoria e verificar seu paradigma científico. 2. Apresentar os pressupostos da teoria em sua plataforma filosófica e epistemológica. 3. Qual o embasamento teórico dentro da própria Psicologia? 4. Apresentação do histórico da técnica(teoria):

i. surgimento ii. evolução dos estudos iii. situação atual iv. perspectivas

5. Há apoio teórico em outras ciências? Quais? 6. Precursores. 7. Definição do modelo proposto enquanto sistema (leis e princípios), e de cada conceito. 8. Formulação e verificação das hipóteses de trabalho. 9. Existe Avaliação da comunidade científica, quais? 10. Qual o universo de aplicação? 11. Bibliografia básica e específica. Verificar os autores e o alcance de suas publicações. Atenciosamente, Guilherme Azevedo do Valle Coordenador da Comissão de Técnicas Psicológicas

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ANEXO C: AUTORIZAÇÃO HERMINIO CORREA MIRANDA

----- Original Message ----- From: herminio miranda To: herminia Sent: Monday, August 16, 2010 10:34 AM Subject: Re: AUTORIZAÇÃO Querida amiga e "sobrinha" (adotei o titulo!) Muito me alegram suas noticias, especialmente o fato de você ter aberto o espaço no meio acadêmico para a sua tese. É lá mesmo que precisávamos chegar. Estamos chegando e entrando pela porta da frente. Sei de pelo menos três pessoas (espíritas) que estão igualmente empenhadas nesse tipo de trabalho nobre, corajoso e esclarecedor. Já era tempo de acontecer isso. É uma honra para eu ter meu texto incorporado à sua dissertação. Em nível muito mais baixo, estou fazendo a minha parte. Meu livro Nossos filhos são espíritos já circula na Europa, em língua húngara e está em vias de ser lançado em inglês e francês, por uma editora canadense. Diálogo com as sombras já foi também traduzido para essas duas línguas. Vai em frente. Você tem muita coisa para dizer e tem autoridade para dizê-lo. aceite meu abraço afetuoso. Hermínio.

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ANEXO D: DISSERTAÇÕES E TESE SOBRE TEMAS RELACIONADOS COM A ESPIRITUALIDADE DISSERTAÇÕES: • BIGHETO, Alessandro Cesar. Eurípedes Barsanulfo, um educador espírita na Primeira

República. Dissertação de Mestrado. Programa de Educação, Orientação Prof. Dr. Sérgio Eduardo Montes Castanho. UNICAMP: 2006.

• CANDELLO, Maria Letícia. Humanização e transcendência: o encontro do humano com o divino, à luz da psicologia transpessoal, pela visão de Ken Wilber. Dissertação de mestrado, Programa de Estudos Pós Graduados em Ciências da Religião, da PUC/SP, sob a orientação do Prof. Dr. José J. Queiróz, São Paulo:PUC/SP: 2008.

• DATTI, Denizard J. A psicologia transpessoal: uma contribuição ao entendimento do movimento transpessoal e de suas implicações para a Educação. Dissertação de mestrado apresentada a Faculdade de Educação, sob a orientação de Carlos A. V. França, UNICAMP, 1977

• ROZENKVIAT, Raviv. Do fantástico ao plausível: Uma análise de discurso dos Terapeutas de Vida Passada. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-graduação em Psicologia da PUC-Rio. Orientador: Profª. Drª. Monique Rose Aimée Augras. PUC/RIO: 2006

• VASCONCELOS, Walkíria Santos. A espiritualidade e o processo analítico: um olhar. Mestrado em Psicologia Clínica sob a orientação do Prof. Dr. Gilberto Safra. São Paulo: PUC/SP, 2005.

TESES: • ALMEIDA (a), Alexander Moreira de. Fenomenologia das experiências mediúnicas, perfil

e psicopatologia de médiuns espíritas. Tese apresentada ao Departamento de Pesquisa da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, sob a orientação do Prof. Dr. Francisco Lotuifo Neto. USP. São Paulo: 2004.

• ALMEIDA (b), Angélica Aparecida Silva de. “UMA FÁBRICA DE LOUCOS": PSIQUIATRIA X ESPIRITISMO NO BRASIL (1900-1950). Tese de Doutorado apresentada ao Departamento de História do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas sob a orientação da Prof. Dra. Eliane Moura da Silva. UNICAMP: 2007.

• BERGER, Virgínia Bernardi. Educação transpessoal: Integrando o saber ao ser no processo educativo, Tese apresentada como exigência parcial para a obtenção do Título de Doutor em Eucação na Área de Concentração: Psicologia Educacional. Orientador: Prof. Dr. Carlos Alberto Vidal França. UNICAMP: 2001.

• GARCIA, Simone Ribeiro. “Segura na mão de Deus e vai”. Tratamentos clínicos espíritas e suas condições de felicidade. Tese de doutorado apresentada ao Programa de Psicologia Clínica e Cultura, da Universidade de Brasília, sob a do Prof. Dr. Franco isco Martins, Brasília: 2007.

• INCONTRI, Dora. Pedagogia Espírita: um projeto brasileiro e suas raízes histórico filosóficas. Tese de Doutorado. São Paulo, FEUSP, 2001.

• SALDANHA, Vera Peceguini. Didática Transpessoal: Perspectivas inovadoras para uma Educação integral. Tese apresentada em Educação na área de Concentração: Desenvolvimento Humano e Educação. Laboratório de Pesquisa Genética, Psicodrama e Psicologia Transpessoal, sob a orientação do Prof.. Dr. Carlos Alberto Vidal França. UNICAMP: 2006.

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ANEXO E – RELAÇÃO DOS LIVROS DE FAZENDA E COLABORADORES PUBLICAÇÕES: 1) FAZENDA, Ivani Catarina Arantes. Educação no Brasil anos 60. O pacto do silêncio.São Paulo. Loyola: 1988(1985). 126p. 2) FAZENDA, Ivani Catarina Arantes et. al. Um desafio para a didática: experiências, vivências, pesquisas. São Paulo: Loyola, 1988. 74 p 3) FAZENDA, Ivani Catarina Arantes. Interdisciplinaridade - Um Projeto Em Parceria. 5. ed. São Paulo, SP: Loyola, 2002. (1991). V. 13 Coleção Educar. 119 p. 4) FAZENDA, Ivani Catarina Arantes. Interdisciplinaridade: História, Teoria e Pesquisa. 11. ed. Campinas, SP: Papirus, 2003 (1994). 143 p. 5) FAZENDA, Ivani Catarina Arantes. Interdisciplinaridade: qual o sentido? São Paulo: Paulus, 2003. 85 p. PUBLICAÇÕES COMO ORGANIZADORA: 1) FAZENDA, Ivani Catarina Arantes. Integração e Interdisciplinaridade no Ensino Brasileiro: efetividade ou ideologia. 4. ed. São Paulo: Edições Loyola, 1996(1979). 107 p. 2) FAZENDA, Ivani Catarina Arantes. (Org.). Práticas Interdisciplinares na Escola. 8. ed. São Paulo: Cortez, 2001 (1981). 147 p. 3) FAZENDA, Ivani Catarina Arantes; PETEROSSI, Helena Gemignani. Anotações sobre metodologia e prática de ensino na escola de 1º grau. 4. ed. São Paulo: Loyola, 1996 (1985). v.10. Coleção Educação”. 135 p. 4) FAZENDA, Ivani Catarina Arantes. (Org.). Encontros e Desencontros da Didática e da Prática de Ensino. São Paulo: Cortez, 1988. Cadernos CEDES (Centro de Estudos Educação e Sociedade), v. 21. 76 p. 5) FAZENDA, Ivani Catarina Arantes (org.). Tá pronto, seu lobo? Didática/Prática na Pré-Escola. São Paulo: EDUC, 1988. 72 p. 6) FAZENDA, Ivani Catarina Arantes. (Org.). Metodologia da pesquisa educacional. 10.ed. São Paulo: Cortez, 2006. (1989). V. 01. 174 p. 7) FAZENDA, Ivani Catarina Arantes;ASCHENBACH, Maria Helena(Lena)Costa Valente; ELIAS, Marisa Del Cioppo. A Arte-Magia das Dobraduras – Histórias e atividades pedagógicas com origami. São Paulo, SP: Scipione, 1990. V. 19 Série Pensamento e Ação no Magistério. 208 p. 8) FAZENDA, Ivani Catarina Arantes. (Org.). Práticas Interdisciplinares na Escola. 8. ed. São Paulo: Cortez, 2001 (1981). 147 p. 9) FAZENDA, Ivani Catarina Arantes. (Org.). A Academia vai à Escola. Campinas, SP: Papirus, 1995. 238 p. 10) FAZENDA, Ivani Catarina Arantes. (Org.). A pesquisa em Educação e as transformações do conhecimento. 6. ed. Campinas, SP: Papirus, 2004 (1995). 159 p. 11) FAZENDA, Ivani, Catarina Arantes. (Org.). Didática e Interdisciplinaridade. 9ª. ed. Campinas, SP: Papirus, 2005. (1998). v. 1. 192 p. 12) FAZENDA, Ivani Catarina Arantes. (Org.). A virtude da força nas práticas interdisciplinares. Campinas, SP: Papirus, 1999. 174 p. 13) FAZENDA, Ivani; TRINDADE, Victor; LINHARES, Célia. (Orgs.). Os lugares dos sujeitos na pesquisa educacional. Campo Grande, MS: Ed. UFMS, 1999 14) FAZENDA, Ivani Catarina Arantes; SEVERINO, Antonio Joaquim. (Org.). Conhecimento, Pesquisa e Educação. Campinas, SP: Papirus, 2001. (Série Cidade Educativa). v. 01. 175 p.

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15) FAZENDA, Ivani Catarina Arantes. (Org.). Dicionário em construção: Interdisciplinaridade. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2002. (2001). V. 01. 272 p. 16) SEVERINO, Antônio Joaquim; FAZENDA, Ivani Catarina Arantes (Orgs.). Formação docente: rupturas e possibilidades. Campinas, SP: Papirus, 2002. 222 p. 17) SEVERINO, Antonio Joaquim; FAZENDA, Ivani Catarina Arantes (Orgs.). Políticas Educacionais: o ensino nacional em questão. Campinas. SP: Papirus, 2003. 192p. 18) FAZENDA, Ivani Catarina Arantes. (Org.). Novos enfoques da pesquisa educacional. 6.ed. São Paulo: Cortez, 2007. (2004) V. 01. 150 p. 19) FAZENDA, Ivani Catarina Arantes. (Org.). Interdisciplinaridade na formação de professores: da teoria à prática. Canoas: ULBRA, 2006. V. 01. 190 p. 20) FAZENDA, Ivani Catarina Arantes. (Org.). O que é Interdisciplinaridade. São Paulo: Cortez, 2008. V. 01. 199 p.

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ANEXO F- AUTORIZAÇÃO MARIA HELENA ESTEVES E E-MAIL COM O TEXTO COMPLETO ----- Original Message ----- From: Maria Helena To: herminia Sent: Sunday, August 01, 2010 8:53 PM Subject: Re: autorização uso na tese 310710 Hermínia, minha Amiga! Voltei de viagem hoje e só agora vi seus e-mails, É claro que vc pode usar minhas palavras, minha dissertação e tudo o que precisar para concluir sua tese. Será um prazer participar do sua pesquisa. Com carinho - M.Helena

Em 22/06/2010 14:13, Maria Helena escreveu: Queridos Amigos, Certa vez, frequentando um curso de Neurolinguística, tive que escrever sobre um possível sonho que gostaria de realizar e, naquele papel, escrevi: MESTRADO. Passei, a partir daquele dia, a fazer um movimento em busca da realização daquele sonho. Eu não sabia escrever um projeto, fui ao COGEAE e aprendi; precisava de um outro idioma e do inglês, só sabia o verbo to be (e olhe lá), matriculei-me no curso instrumental e obtive a proficiência. Apresentei-me à Profª Ivani em busca de orientações para o mestrado e fui recebida como se recebe a uma filha. Ganhei uma orientadora e uma amiga. Engatinhei na inter, ousei os primeiros passos de mãos dadas e acredito estar, agora, dando o primeiro passo de mãos soltas, mas sob o olhar atento e orientado da Profª Ivani. Um sonho a se realizar... amanhã, 23/06, às 1 4h, na sala 510. Defesa da minha dissertação: "Dos sentidos da química à química com sentidos". E ainda vou aprender a correr, se Deus quiser! Com carinho - M. Helena

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ANEXO G – DISSERTAÇÕES E TESES DEFENDIDAS E EM ANDAMENTO SOB A ORIENTAÇÃO DE FAZENDA

QUADRO DAS DISSERTAÇÕES APRESENTADAS ANO ALUNO NOME DISSERTAÇÃO 1 2010 Simone Moura Andriolli de

Castro Andrade Autoconhecimento e Pedagogia SimbólicaJunguiana: Uma Trilha InterdisciplinarTransformadora na Educação

2 2010 Sirlene Souza e Silva Uma experiência de sucesso: relato da construçãode um currículo interdisciplinar para a educação dejovens e adultos (EJA) na escola pública

3 2010 Maria Helena Esteves daConceição

Química e Interdisciplinaridade

4 2010 George Stein Ecosustentabilidade na Educação Interdisciplinar 5 2009 Vanessa Marques

D´Albuquerque O sentido da relação entre educador e educando naconstituição de grupos interdisciplinares.

6 2008 Maria Cecília Soares

A prática da música como matriz curricular numaconcepção interdisciplinar

7 2007 Adriana Alves

O sentido do ato de perguntar em matemática: umainvestigação interdisciplinar

8 2006 Mariana Aranha de Souza O SESI-SP em suas entrelinhas: uma investigaçãointerdisciplinar no Centro Educacional SESI 033

9 2004 Roseli Aparecida de AndradeMatos Moreira.

O Sentido de formar na Interdisciplinaridade.

10 2004 Haydée Diva Traldi Meneses. O Sentido de educar em artes visuais no ensinosuperior: uma investigação interdisciplinar

11 2004 Cláudio Antonio Tordino O sentido do método na Interdisciplinaridade 12 2003 Sueli Ferreira Tura. A Construção de um projeto interdisciplinar de

escola- de ciranda à esperança. 13 2003 Maria Cecília Castro

Gasparian

O sentido do segredo da escuta educacional: umainvestigação interdisciplinar

14 2003 Jurandyr Gutierrez Bispo. Desafios na formação docente interdisciplinar: atrajetória de um professor de química.

15 2003 José Vicente Branco.

A necessidade da informação na gestão do ensinosuperior sob a ótica interdisciplinar.

16 2003 Elza Soares Santos. Desafios cotidianos de uma educadora dos anos 60a 2000 à luz da teoria da Interdisciplinaridade

17 2003 Berenice Assumpção Kikuchi. A construção de um projeto educativo interdisciplinar:anemia falciforme

18 2002 Walter Fernando Fernandes. Corpo: a linguagem que precisa serinterdisciplinarmente aprendida.

19 2002 Vanderlei Paes Manso. A escola profissional na perspectiva daInterdisciplinaridade

20 2001 Wagner Tufano

Reflexões de um Professor sobre o Ensino-Aprendizagem da Informática numa PerspectivaInterdisciplinar.

21 2000 Cristina Maria Salvador O Coordenador Pedagógico na ambigüidadeinterdisciplinar

22 2000

Branca Julia Tressoldi A competência interdisciplinar do supervisor frente auma proposta renovadora

23 1999 Diva Spezia Ranghetti O conceito de afetividade numa Educaçãointerdisciplinar.

24 2000 Janete Bernardo da Silva Abrindo janelas a noção de competência para a

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construção de um currículo interdisciplinar: estudopreliminar

25 1998 Rosemary Jimenez Venturados Santos

Abrindo olhares para o ato de aprender: um estudointerdisciplinar.

26 1998 Fábio Alberti Cascino

Princípios Interdisciplinares para a Construção deuma Educação Ambiental.

27 1997 Paulo Roberto Haidamus deOliveira Bastos

Construindo uma concepção bioética(interdisciplinar) do conhecimento em farmacologiaaplicada.

28 1997

Maurina Passos GoulartOliveira da Silva.

Reflexões de uma educadora na empresa: o sentidodo humano

29 1997

Maria do Socorro Castro Hage Caminhos e descaminhos da Educação infantil:dilemas de uma educadora paraense

30 1996 Vitória Kachar Hernandes O computador com a escola: desafiosinterdisciplinares.

31 1996 Maria Aparecida RennoWerdine

Reflexões metafóricas de uma professora lecionandofilosofia em curso de Educação física

32 1995

Araldo Fernandes Gardenal

Movimentos de inter e transdisciplinaridade:panorama crítico das teorias e práticas.

33 1995 Rosa Cecília Andraus

Olhando para o serviço social numa perspectivainterdisciplinar

34 1994

Jane de Almeida D'Ângelo Brinquedo- vivendo a Interdisciplinaridade naEducação.

35 1994 Ivone Yared

Sonho- realidade: uma experiência interdisciplinar,numa escola católica.

36 1994

Ivani Teresinha TaboadaKolling

A conquista de espaços suscitando uma práticainterdisciplinar.

37 1993

Manolo Perez Vilches

A arquitetura dos saberes: a Interdisciplinaridade naaula particular.

38 1993 Gabriel de Andrade JunqueiraFilho

Interdisciplinaridade na pré-escola: anotações de umeducador "on the Road"

39 1993 Sueli Anacleto de Freitas

A história de minha vida na alfabetização: uma utopiabuscada nos caminhos da Interdisciplinaridade

40 1993

Geralda Terezinha Ramos. Amapá: o estudo de uma trajetória para a construçãode uma política de alfabetização.

41 1993 Ricardo Hage de Matos Um estranho numa terra estranha: a leitura da ficçãocientífica como forma de conhecimento

42 1992 Graziella Bernardi Zoboli Um projeto de integração a luz daInterdisciplinaridade

43 1992

Sandra Vidal Nogueira. O movimento de (re)apropriação vivencias dainfância na formação do educador.

44 1992

Lucrecia Mello. Caminhos e descaminhos da coordenação de cursona universidade: um labirinto.

45 1991 Ruy Cesar do Espírito Santo Pedagogia da transgressão 46 1991 Jucimara Rojas Maia A representação em símbolo da Interdisciplinaridade

num processo grupal. 47 1991 Dirce Encarnacion Tavares Da não Identidade da Didática à Identidade Pessoal. 48 1991 Izabel Cristina Petraglia. O cultivo do professor: uma experiência

interdisciplinar. 49 1991 Rosvita Kolb Bernardes A compreensão do grafite na escola.

50 1991 Lais Akemi Nishiyama O cotidiano de diretor de escola.

51 1991

Maria Otília Jose MontessantiMathias.

O cotidiano de uma professora de ciências da quintaa sexta series do primeiro grau.

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52 1990

Regina Bochniak

Desvelamento do projeto interdisciplinar: umexercício de questionamento e de produção doconhecimento.

53 1990

Neuza Abbud Prado Garcia Da dúvida... À contradição...

54 1990 Mercedes Accorsi Berardi. A lógica que preside o trabalho do professor nasséries iniciais do primeiro grau

55 1990

Marlene Car Rosa Borges A prática pedagógica em ação: descrição e análisede uma experiência no cotidiano da sala de aula docurso de pedagogia

56 1990

Maria de los Dolores JimenezPeña

Didática crítica: caminhos para uma prática,descrição e análise de uma experiência num cursonoturno de pedagogia.

57 1990 Helenice Staff Orientação educacional: uma experiência comalunos de escola pública.

58 1989

Célia Maia Haas Retire-se o muro da Escola: uma experiênciainterdisciplinar com menores carentes

59 1986

Suely Grimaldi Moreira A relação pedagógica frente a introvertidos eextrovertidos: uma investigação antropológica.

QUADRO DAS TESES DEFENDIDAS ANO ALUNO NOME TESE 1 2010 Adriana Alves

Contribuições de uma prática docente interdisciplinarà Matemática do Ensino Médio

2 2010 Maria José Eras Guimarães Avaliar formando: o sentido do olhar interdisciplinarna Educação.

3 2010 Cláudio Antonio Tordino. Formação em Administração: Interdisciplinaridade einstitucionalismo

4 2009 Fernando Cesar de Souza.

Jornadas interdisciplinares: do mito de Quiron aconstrução da metáfora da cura na escola

5 2009 Manolo Perez Vilches. O lúdico na atitude interdisciplinar

6 2009

Ivone Yared

Prática educativa interdisciplinar: limites epossibilidades na reverberação de um sonho

7 2009 Ana Maria di Grado Hessel

Formação online de gestores escolares: atitudeinterdisciplinar nas narrativas dos diários de bordo

8 2008 Ana Maria dos Reis Taino

Reconhecimento: movimentos e sentidos de umatrajetória de investigação e formação interdisciplinar

9 2008 Dirce Encarnacion Tavares

A presença do aluno idoso no currículo dauniversidade contemporânea: uma leiturainterdisciplinar

10 2008

Raquel Gianolla Miranda

Tecnologias, Educação e seus sentidos: Omovimento de um grupo de pesquisa sobreInterdisciplinaridade - GEPI

11 2008 Maurina Passos GoulartOliveira da Silva

Palavra, silêncio, escritura: a mística de um currículoa caminho da contemplação

12 13/05/2008

Maria Cecília CastroGaspariam

A Interdisciplinaridade como Metodologia para umaEducação para a Paz

13 2007

Edna Camille Blumenschein Como reverbera a palavra: contribuição a uma teoriainterdisciplinar de Educação.

14 2007 Diamantino FernandesTrindade

O olhar de Hórus: uma perspectiva interdisciplinar doensino na disciplina história da Ciência.

15 2006 Ana Maria Ramos Sanchez Interdisciplinaridade / comunicação/

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Varella educação: leituras, narrativas e metáforas 16 2005

Ana Maria de Hassel. Interdisciplinaridade, gestão e novas tecnologias.

17 2005 Yvone Mello DÁlessio Foroni Inter-intencionalidades compartilhadas no processoinclusivo da sala de aula no ensino superior: umainvestigação interdisciplina

18 2005 Cláudio Picollo

A arte de ensinar como arte da descoberta: umainvestigação interdisciplinar.

19 2005

Vânia Medeiros Gasparello

Expandindo a consciência pelo caminho simbólico:uma perspectiva interdisciplinar em Educação.

20 2005 Diva Spezia Ranghetti Uma lógica curricular interdisciplinar para a formaçãode professores – a estampa de um design.

21 2005 Maria de Fátima ViegasJosgrilbert

O sentido do projeto em Educação: umainvestigação interdisciplinar.

22 2004 Cecília de Carvalho

Pedagogia em Revista: uma revisita interdisciplinarao processo de formação de educadores.

23 2003 Ricardo Hage de Matos

O sentido da práxis no ensino e pesquisa em artesvisuais: uma investigação interdisciplinar

24 2003 Maria Ines Diniz Gonçalves O Sentido da música na Educação: uma investigaçãointerdisciplinar.

25 2004 Fábio Alberti Cascino

Princípios antropológicos e filosóficos de umaInterdisciplinaridade brasileira

26 2002 Élio Vieira

O sentido do trabalho na Educação: umainvestigação interdisciplinar.

27 2000 Geralda Terezinha Ramos

A Questão da Mudança na Trajetória de EducaçãoInterdisciplinar: do Estranho das Pesquisas aoFamiliar das ações.

28 2000 Joe Garcia

Interdisciplinaridade, Tempo e Currículo.

29 1999 Paulo Roberto Haidamus deOliveira Bastos

A hermenêutica da inter corporeidade e arte daterapêutica interdisciplinar.

30 1999

Lucrecia Stringhetta Mello. Pesquisa interdisciplinar: um processo emconstru(a)ção

31 1997 Jucimara Rojas

A Interdisciplinaridade na ação didática:arte/magiado ser professor.

32 1997

Ecleide Cunico Furlamento.

A formação interdisciplinar do professor sob a óticada psicologia simbólica.

33 1997 Derly Barbosa O sentido interdisciplinar da dialética no exercício dovivido.

34 1997 Marcos Villela Pereira A estática da professoralidade: um estudointerdisciplinar sobre a subjetividade do professor

35 1996 Célia Maria Haas.

A Interdisciplinaridade na construção de um projetode universidade: a paixão pela prática.

36 1996

Antonio Carlos do NascimentoOsório.

Ética e Educação – um caminho para aInterdisciplinaridade.

37 1996 Maria Elisa de M. PiresFerreira

Interdisciplinaridade como poesis

38 1994 Teresinha Maria Nelli Silva

A trajetória da inovação em uma escola: uma leituraatravés da Interdisciplinaridade

39 1993 Regina Bochiak Pereira

Reconsiderando a questão do método em Educaçãona perspectiva da Interdisciplinaridade.

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DISSERTAÇÕES EM ANDAMENTO

INÍCIO ALUNO NOME

1 1º. SEM. 2010 Célia Silva AndradePires

Processos e Movimentos na formação docente: AInterdisciplinaridade como fio condutor na leitura eescrita

2 1º. SEM. 2010 Adalzira Regina deAndrade Silva

A negociação como instrumento interdisciplinar deconstrução coletiva.

3 2º. SEM. 2010 Andyara de SantisOuteiro

Pensamento sistêmico na Educação: umaabordagem interdisciplinar

4 1º. SEM. 2011 Christine Syrgiannis Expressão Proficiente da Identidade - O Caminho daEssência à Realização - Um Percurso Interdisiplinartrazendo um Impulso à Autoria e Inovação.

5 1º. SEM. 2011 Roberta VanessaPereira Aranha deSouza

A educação de adolescentes em cumprimento demedida socioeducativa de internação: aInterdisciplinaridade como busca de sentido docurrículo da escola formal.

6 1º. SEM. 2011 Rodrigo MendesRodrigues

Filosofia e Interdisciplinaridade: o processo dadesconstrução do jardim exterior e interior dediscentes em escola da Rede Pública.

7 1º. SEM 2011 Thais Floriano Ribeiro A construção do conhecimento em comunidadestemáticas

8 1º. SEM. 2011 Jerley Pereira da Silva A Gestão no Ensino Superior: uma investigação interdisciplinar

TESES EM ANDAMENTO

INÍCIO ALUNO NOME

1 2007

Francisco Evangelista. A argumentação como principio interdisciplinar (meuestudo será autobiográfico), retomando minhatrajetória de vida

2 2007 Mariana AranhaMoreira José

Interdisciplinaridade

3 AGOSTO/2007 Valda Inês FontenelePessoa

O cuidado interdisciplinar na construção de umcurrículo de formação de educadores.

4 FEV/2008 Arlete Zanetti Soares A contribuição das orientações curriculares daprefeitura do município de São Paulo para a práticainterdisciplinar brasileira.

5 FEV/2008 Herminia PradoGodoy.

Espiritualidade na Educação.

6 FEV/2008 Nali Rosa SilvaFerreira.

Interdisciplinaridade, autonomia e formação deprofessores

7 FEV/2010 Ana Lúcia Gomes daSilva

A Interdisciplinaridade: Entre os Meandros daAlfabetização Estética e as RelaçõesProfessor/Aluno, Universidade/ComunidadesIndígenas, Cultura/Arte e Educação.

8 FEV/2010 Telma Teixeira deOliveira Almeida

Interdisciplinaridade: o autoconhecimento noprocesso de formação do currículo de pedagogia

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9 AGOSTO/2010 Celso Solha O teatro na Educação: uma investigaçãointerdisciplinar

10 AGOSTO/2010 João Beauclair Interdisciplinaridade & Psicopedagogia: aprender,ensinar e acreditar na autoria de pensamento.

11 1º. SEM 2011 Ana Maria RuizTomazoni

Vivências intergeracionais e interdisplinar por meiode oficinas de gastronomia entre idosos, crianças eadolescentes.

12 1º. SEM 2011 Marilda PradoYamamoto

13 1º. SEM 2011 Odila Passos Veiga 14 1º. SEM 2011 Rosana Fernandes

Medina Toledo Currículo gastronômico: um universo a ser explorado

15 1º. SEM 2011 Silmara RascalhaCasadei

Bibliografia Pessoal e encontros interdisciplinarescomo pressupostos para a abertura das fronteiraseducacionais e conquista da autonomia