a conquista da independência: cajuina garante renda para mulheres agricultoras da comunidade...
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Em Castelo do Piauí existe uma comunidade onde as mulheres fazem a diferença. Mulheres que até que podiam estar só cuidando da casa e da família, mas elas queriam mais. Queriam um trabalho digno e uma boa renda no final do mês. A comunidade Livramento, que fica a 18 quilômetros da sede do município, é assim: lugar de mulher batalhadora.
Tudo começou quando a família do marido de dona Francisca Alves Melo foi morar na comunidade e deu início a uma imensa família. Até então, todos se dedicavam à agricultura cultivando produtos como o arroz, feijão, legumes, verduras, milho e mandioca; e criando animais como bodes e algumas galinhas para o consumo próprio.
O início das mudanças na comunidade começou com a filha da dona Francisca, a Raimundinha. Desde pequena, ela sempre foi muito esforçada. Mesmo quando não havia luz elétrica ela estudava a luz da lamparina para um dia ser alguém na vida. Até que se formou professora e começou a ministrar aulas para os moradores da comunidade mesmo sem estrutura e sem material didático.
Essa força foi reconhecida por um parente da família que falou para Raimundinha sobre as vantagens de se criar uma associação comunitária para que a comunidade fosse beneficiada com muitos projetos. Foi quando os moradores se reuniram em assembléia para criar a Associação de Desenvolvimento Comunitário da Comunidade Livramento.
A partir da criação da associação, os moradores puderam ser beneficiados com o curso de fabricação da cajuína, para aproveitar o potencial da região, que é o plantio do caju. No curso foram fabricadas 25 garrafas de cajuína que foram comemoradas com uma grande festa pela comunidade. Festa que serviu também para a comercialização de tudo que foi produzido.
Entretanto, a comunidade não tinha um local próprio para a fabricação do produto. No primeiro
Piauí
Ano 1 | nº 07 | novembro | 2008Castelo do Piauí - PI
Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
A conquista da independênciaCajuína garante renda para mulheres agricultoras
da comunidade Livramento
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Algumas das mulheres batalhadoras do Livramento
Cajuína Castelina pronta para a venda
Projeto Piloto
ano elas utilizaram a casa de farinha da comunidade para fabricar as cajuínas e ainda em pequena escala, mas já era um sinal de que podiam caminhar com as próprias pernas. No ano seguinte elas continuaram na casa de farinha produzindo mais. A produção do ano chegou a duas mil garrafas. Mas tanto potencial estava sendo desperdiçado sem equipamentos que pudessem aumentar essa produção.
Foi quando a Raimundinha, que é a presidente da associação, soube que a Codevasf estava financiando vários projetos e ela decidiu ir a Teresina, capital do Piauí, levando um projeto feito por ela e mais uma cesta de produtos feitos pela comunidade. O projeto logo foi aprovado e o Livramento foi beneficiado com a quantia de 101 mil reais para a construção de um galpão com três compartimentos e mais dois banheiros. Esse galpão foi equipado com: triturador, filtro, três mesas de inox, 12 baldes grandes, três tachos para doce, uma caldeira para cozinhar a cajuína, dois decantadores, um poço tubular com caixa d’água e bomba.
Essa estrutura melhorou a vida das 12 associadas que trabalham na fábrica de beneficiamento, produzindo cajuína, castanha, doce, mel, rapadura, cocada. A atividade ainda gera empregos temporários na região, pois algumas vezes chega a 30 o número de mulheres trabalhando no lugar. A mão-de-obra contratada sai do assentamento Lago Verde que fica próximo à comunidade.
Esse ano a colheita do caju foi tão boa que rendeu à comunidade um retorno de 30 mil reais. Isso juntando a produção de todas elas, pois cada associada produz de acordo com a colheita de seu plantio de caju. Embora a produção seja separada, o trabalho é conjunto, pois todas ajudam umas às outras no fabrico da cajuína, que foi chamada de Castelina. O que sobra do beneficiamento do caju, o bagaço, é transformado em doces e rapaduras de caju.
Para engarrafar o produto elas reaproveitam garrafas de vidro que são devidamente higienizadas e esterilizadas. Depois de engarrafadas e rotuladas, elas mesmas se encarregam de vender o produto para restaurantes, hotéis e outros estabelecimentos de Castelo, da região e até de Teresina. E cada uma delas tem seus próprios fregueses.
Para elas o importante é que agora tem sua renda e esse trabalho faz com que os jovens permaneçam na comunidade, sem abandonar a terra e a família para buscar salários baixíssimos na cidade. Renda que pode aumentar ainda mais quando o galpão de beneficiamento de castanha, que elas também conseguiram, começar a funcionar.
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A produção é feita de agosto a novembro, época de caju
Garrafas são higienizadas para receber a cajuína
www.asabrasil.org.br
Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Projeto PilotoPiauí
O PROJETO PILOTO DO P1+2 ESTÁ SENDO DESENVOLVIDO COM OS SEGUINTES APOIOS:
Ministério doDesenvolvimento Social
e Combate à Fome
Secretaria de Segurança Alimentar
e Nutricional
CENTRO REGIONAL DE ASSESSORIA E CAPACITAÇÃO