3. encaminhamento metodológico e sugestões de atividades ... · para trabalhar o conceito de...

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14 3. Encaminhamento metodológico e sugestões de atividades complementares UNIDADE 1 – BICHO E GENTE, CADA UM TEM UM JEITO DIFERENTE! A proposta deste tema é estimular a criança a perceber as diferenças existentes entre os seres humanos e os outros animais. Partimos do pressu- posto de que, quando conhe- ce e compreende as caracte- rísticas dos seres vivos que fa- zem parte do ambiente em que vive, a criança começa a perceber a diversidade de vida existente ao seu redor, assim como as relações de interdependência exis- tentes entre todos os seres vivos e entre eles e o ambiente. Esses aspectos são explorados por meio de ações didáticas diversas (atividades de cons- trução, de composição, de leitura de textos de diferentes tipologias e de imagens), que criam condições para que a criança observe, analise e reflita sobre as características (semelhanças e diferenças) desses seres e as rela- ções de interdependência. Nesta unidade exploramos ainda as diversas capacidades humanas, os papéis sociais, os espaços sociais e os lugares. p. 4 (página de abertura) Para trabalhar o conceito de diferença e diversidade na Educação In- fantil são necessárias algumas referências. Inicie uma conversa com as crianças sobre os bichos que elas conhecem, incentivando-as a falar de suas características, como tamanho, cor, o que comem, etc. Você pode contar ou ler histórias infantis que falem do comportamento dos bichos, como por exemplo o livro Os bichos que tive, de Sylvia Orthof (São Paulo, Moderna, 2005). Uma outra alternativa é programar passeios com as crian- ças pelos arredores da escola, a fim de que observem e reconheçam os seres que vivem próximos a elas. Na volta do passeio, solicite que regis- trem o que viram por meio de desenhos, fotografias, recorte e colagem. Faça a leitura das situações apresentadas na página, incentivando as crianças a perceber as diferenças existentes entre as pessoas e entre os outros animais, o que eles têm em comum e o modo de viver dos outros animais e das pessoas. Perguntas como estas podem ajudar no processo de leitura das imagens: Será que as pessoas também comem o que a galinha está comendo? Nós também comemos o que o coelho está comendo? Será que os bichos e as pessoas brincam juntos? Você já brincou com um bicho? Você acha que as pessoas vivem sozinhas? E os bichos? Por quê? Quantos bichos aparecem nesta cena? Eles são diferentes em quê? Quantas pessoas aparecem nesta cena? Elas são iguais? Em quê? São parecidas? Em quê? Nessa fase, em que a criança ainda se comporta de forma bastante egocên- trica, é importante trabalhar as relações de afeto, de respeito e de amizade que devem ser construídas entre as pessoas e entre as pessoas e os bichos, e isso pode ser feito por meio da releitura de algumas cantigas de roda. Exemplos: Atirei o pau no gato Não atire o pau no gato Porque isso Não se faz. O gatinho é nosso amigo. Não devemos maltratar os animais!

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3. Encaminhamento metodológico e sugestões de atividades complementaresUNIDADE 1 – BICHO E GENTE, CADA UM TEM UM JEITO DIFERENTE!

A proposta deste tema é estimular a criança a perceber as diferenças existentes entre os seres humanos e os outros animais. Partimos do pressu-posto de que, quando conhe-ce e compreende as caracte-rísticas dos seres vivos que fa-zem parte do ambiente em que vive, a criança começa a perceber a diversidade de vida

existente ao seu redor, assim como as relações de interdependência exis-tentes entre todos os seres vivos e entre eles e o ambiente. Esses aspectos são explorados por meio de ações didáticas diversas (atividades de cons-trução, de composição, de leitura de textos de diferentes tipologias e de imagens), que criam condições para que a criança observe, analise e refl ita sobre as características (semelhanças e diferenças) desses seres e as rela-ções de interdependência.

Nesta unidade exploramos ainda as diversas capacidades humanas, os papéis sociais, os espaços sociais e os lugares.

p. 4 (página de abertura)Para trabalhar o conceito de diferença e diversidade na Educação In-

fantil são necessárias algumas referências. Inicie uma conversa com as crianças sobre os bichos que elas conhecem, incentivando-as a falar de suas características, como tamanho, cor, o que comem, etc. Você pode contar ou ler histórias infantis que falem do comportamento dos bichos, como por exemplo o livro Os bichos que tive, de Sylvia Orthof (São Paulo, Moderna, 2005). Uma outra alternativa é programar passeios com as crian-ças pelos arredores da escola, a fi m de que observem e reconheçam os

seres que vivem próximos a elas. Na volta do passeio, solicite que regis-trem o que viram por meio de desenhos, fotografi as, recorte e colagem.

Faça a leitura das situações apresentadas na página, incentivando as crianças a perceber as diferenças existentes entre as pessoas e entre os outros animais, o que eles têm em comum e o modo de viver dos outros animais e das pessoas. Perguntas como estas podem ajudar no processo de leitura das imagens:

• Será que as pessoas também comem o que a galinha está comendo? • Nós também comemos o que o coelho está comendo?• Será que os bichos e as pessoas brincam juntos?• Você já brincou com um bicho?• Você acha que as pessoas vivem sozinhas?• E os bichos? Por quê? • Quantos bichos aparecem nesta cena?• Eles são diferentes em quê?• Quantas pessoas aparecem nesta cena? • Elas são iguais? Em quê?• São parecidas? Em quê?Nessa fase, em que a criança ainda se comporta de forma bastante egocên-

trica, é importante trabalhar as relações de afeto, de respeito e de amizade que devem ser construídas entre as pessoas e entre as pessoas e os bichos, e isso pode ser feito por meio da releitura de algumas cantigas de roda. Exemplos:

Atirei o pau no gato

Não atire o pau no gatoPorque issoNão se faz.O gatinho é nosso amigo.Não devemos maltratar os animais!

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O cravo e a rosa

O cravo fi cou doente.A rosa foi visitar.O cravo teve um desmaio.A rosa pôs-se a chorar.

A rosa deu um remédioE o cravo logo sarou.O cravo foi levantado.A rosa o abraçou.

p. 5 Para ampliar a refl exão sobre o jeito de cada ser vivo (gente e bicho),

iniciamos o desenvolvimento do tema com uma atividade de identifi cação de animais e de exploração de suas características.

Antes de propor a realização da atividade da página, organize na sala de aula “cantinhos” com materiais de sucata; livros de histórias de bichos (como as fábulas de La Fontaine, por exemplo); materiais de desenho, pintura e colagem; livros, revistas, jornais infantis e enciclopédias; etc. Você também pode possibilitar às crianças que naveguem na internet, consultando os sites especializados em animais, ou organizar uma “sessão de cinema” na escola, para que elas conheçam e reconheçam alguns ani-mais que compõem a fauna brasileira, entre aves, mamíferos, répteis, anfí-bios, peixes e invertebrados, observando onde vivem (hábitat), como vi-vem, o que comem, características físicas, etc.

Realizadas essas atividades de identifi cação de diferentes animais, proponha às crianças que, usando materiais diversos, apresentem o ani-mal de sua preferência. Exponha a produção da turma na sala de aula e solicite que organizem os animais, formando dois grupos: aqueles que podem viver perto de nós e aqueles que não podem, isto é, aqueles que têm de viver em seu hábitat. A partir daqui as crianças poderão realizar a atividade proposta no livro. Organize com elas um fi chário dos animais

domésticos, explorando a idéia de que nem todo animal doméstico é de estimação. Essas atividades darão base para que as crianças participem ativamente da seção Conversando.

p. 6 e 7A intenção aqui é trabalhar as características de cada animal por meio

de atividades de leitura refl exiva. As adivinhas são excelentes recursos para a construção de um pensar refl exivo, além de ser uma forma bem divertida de brincar, pois a criança brinca de ler.

Quando se trata de crianças de 3 a 4 anos, o desenvolvimento da ca-pacidade de ouvir e de prestar atenção naquilo que ouve é nossa respon-sabilidade. Ao apresentar cada adivinha, faça-o com bastante expressivi-dade, explorando os gestos, movimentos faciais e corporais. Explore esses movimentos com a criança durante a leitura, imitando, por exemplo, a forma de locomoção de cada animal.

Transcreva o texto de cada adivinha para um cartaz, a fi m de que as crianças possam ir percebendo a relação entre a fala e a escrita, o direciona-mento da escrita e o espaçamento entre as palavras. Instigue-as a falar so-bre outras características do gato, do macaco e do cachorro, entre outros.

Crie outras adivinhas com as crianças e motive-as a representar outros animais que conhecem por meio de desenho, colagem ou construção com sucata. Aqui, além de brincar de ler, a criança está brincando de escrever.

Lembrando!Quando a criança brinca sozinha ou com outra(s), ela está construindo a sua identidade e a sua autonomia.

p. 8 a 10O objetivo principal das atividades destas páginas é possibilitar às

crianças identifi car as diferenças existentes entre as pessoas no que se refere às características físicas de cada uma – como a idade, o gênero, a etnia –, às suas preferências e às suas necessidades.

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Essa proposta em especial apresenta duas situações de leitura – a do texto verbal e a do texto não-verbal –, assim como a possibilidade de a criança interferir na imagem retratada. Durante a leitura do texto, chame a atenção das crianças para as pessoas retratadas, de forma que observem as características de cada uma. Pessoas com idades diferentes, entre elas homens e mulheres, meninos e meninas, ocupam os mesmos espaços. Algumas estão em grupos, enquanto outras estão sozinhas, o que de-monstra diferenças quanto ao modo de agir e às preferências.

Explore essas diferenças nas situações cotidianas vividas pela criança. Algumas sugestões:

1. Organize um passeio pelos arredores da escola para que as crian-ças possam observar as pessoas e perceber as diferenças existentes entre elas.

2. Solicite aos alunos que tragam fotos das pessoas de sua família e fotos recortadas de revistas ou jornais. A partir da observação das imagens, elas poderão perceber que cada um é um. As pessoas podem ser ma-gras ou gordas, altas ou baixas, afrodescendentes ou brancas, apre-sentar alguma limitação física ou não. Diferem também quanto à na-cionalidade, ao trabalho que realizam, à sua condição social, etc.

p. 11 e 12Antes de propor a realização das atividades, faça a dinâmica proposta

a seguir, para que cada criança se reconheça e se veja como é.Você vai precisar de uma caixa de sapatos, que deverá ser encapada

com um papel de presente bem colorido. Coloque no fundo da caixa um espelho voltado para cima. Crie um clima de suspense, dizendo para as crianças: “Vocês vão ver nesta caixa algo maravilhoso, algo muito especial, porque é único, mas não podem contar o que é!”.

Organize as crianças em círculo e sente-se no centro. Cada criança será convidada a ver o que há dentro da caixa. Peça que olhem bem, para perceber cada detalhe. Incentive esse “olhar” por meio de perguntas.

Depois que todas as crianças tiverem ido ao centro da roda, olhe você também dentro da caixa. Peça então que falem sobre a maravilha que vi-ram dentro da caixa: elas próprias!

Você também pode iniciar uma conversa falando das características de seu próprio rosto e contando às crianças como percebeu isso – olhan-do-se em um espelho ou ouvindo o que alguém falou sobre seu rosto para você. Diga-lhes que estamos mais acostumados a observar os outros do que a nós mesmos. Siga as orientações apresentadas na página 11. Colo-que um espelho na sala e chame as crianças, uma a uma, para observar-se. Faça uma pergunta diferente a cada criança. Exemplos:

• Olhe-se bem no espelho. Mostre o seu rosto.• Olhe bem o seu rosto. O que você vê nele?• Olhe bem a sua cabeça. Ela é coberta de quê?Chame a atenção das crianças para a vinheta Tem presente pra você!

Leia-a com expressão de surpresa e alegria e desafi e as crianças a tentar adivinhar que presente será esse. Organize a brincadeira na sala de aula.

Para o trabalho com o auto-retrato, incentive as crianças a representar o próprio rosto usando, num primeiro momento, giz de cera e lápis de diferentes cores. Depois, proponha que façam o auto-retrato em papel canson, usando materiais de diferentes texturas, como lápis, tintas, etc., e que retratem diferentes expressões faciais.

Finalizado o trabalho, apresente às crianças alguns auto-retratos feitos por artistas famosos, algumas caricaturas, etc. Exponha no mural da classe as reproduções conseguidas e faça com as crianças a leitura de cada obra, destacando os aspectos que estão evidenciados.

Durante a realização do auto-retrato, explore a quantidade de cada parte que compõe o rosto: 2 olhos, 2 orelhas, um nariz, uma boca, uma cabeça. Proponha a representação dessas quantidades por meio de mate-riais diversos, como pedrinhas, palitos, etc.

p. 13 e 14Em seu livro Música na Educação Infantil (São Paulo, Peirópolis, 2003),

Teca Alencar de Brito afi rma que os primeiros anos de aprendizagem são propícios para que a criança comece a entender o que é a linguagem mu-sical, aprenda a ouvir sons e perceba a diferença entre eles. Segundo a autora, todo trabalho realizado na Educação Infantil deve buscar a brinca-

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deira musical, aproveitando o fato de que existe uma identifi cação natural da criança com a música.

Na página 13, propomos a leitura de um texto ritmado como ponto de partida para que as crianças reconheçam as partes do corpo e como mo-tivação para movimentarem o próprio corpo, obedecendo a um ritmo.

Apresente a cantiga (o texto ritmado) para as crianças cantando e fazendo a escrita do texto no quadro-de-giz (é importante que essa rela-ção entre a oralidade e a escrita seja feita na presença das crianças). Em seguida, faça a leitura apontada do texto em diferentes ritmos e com expressão.

Peça às crianças que se organizem, formando uma roda. Solicite que identifi quem cada parte do corpo que é citada no texto. Combine que, ao fi nal de cada verso, elas deverão bater os pés com força no chão. Amplie esse trabalho com as sugestões apresentadas no Livro do Aluno.

Uma outra possibilidade de ampliação dessa atividade é a retomada da leitura do texto escrito no cartaz. Cada uma em seu livro, as crianças deverão acompanhar a leitura com o dedo indicador, o que possibilitará que elas percebam não só a relação entre a oralidade e a escrita, como também o direcionamento da escrita e o espaçamento entre as palavras.

Explore com os alunos a imagem que ilustra o texto. Chame a atenção deles para as diferenças de condições físicas existentes entre as crianças, destacando que isso não é um impedimento para que brinquem juntas. Dessa forma você estará trabalhando a questão da inclusão, aspecto edu-cacional que exige cuidados, mas que precisa ser enfrentado no espaço escolar com sensibilidade e determinação.

Explore a expressão e os movimentos do corpo por meio de cantigas, quadrinhas e brincadeiras de roda. Veja algumas sugestões:

Fecho para dormir.Abro para acordar.Vejo tudo com meus olhos...Só preciso olhar!

Na roda

Para dentro da rodaEu vou pularPara fora da rodaEu vou saltar.

Ao centro da rodaVamos chegar (todos caminham para dentro do círculo)Depois, de mãos dadas,Vamos rodar (rodar em sentido horário, no círculo)

Você também pode trabalhar com o corpo as noções de atrás e na frente, em cima e embaixo, à direita e à esquerda.

Palminhas, palminhas (as crianças batem palmas) nós vamos bater Depois as mãozinhas (as crianças erguem os braços e agitam as mãos)Pra trás esconder (as crianças colocam as mãos atrás das costas)

Direita e esquerda (as crianças batem palmas à direita e à esquer-da, 2 vezes) nós vamos bater Depois as mãozinhas (as crianças erguem os braços e agitam as mãos)Pra trás esconder (as crianças colocam as mãos atrás das costas)

Pra cima e pra baixo (as crianças batem uma palma em cima e ou-tra embaixo) nós vamos bater Depois as mãozinhas (as crianças erguem os braços e agitam as mãos)Pra trás esconder (as crianças colocam as mãos atrás das costas)

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Bem leve, bem leve (as crianças batem palmas bem fraquinho) nós vamos bater Depois as mãozinhas (as crianças erguem os braços e agitam as mãos) Pra trás esconder (as crianças colocam as mãos atrás das costas)

Bem forte, bem forte (as crianças batem palmas bem forte) nós vamos bater Depois as mãozinhas (as crianças erguem os braços e agitam as mãos)Pra trás esconder (as crianças colocam as mãos atrás das costas) [...]

p. 15 a 19Na página 15, a intenção é trabalhar conteúdos de Matemática por

meio da contagem uma a uma de algumas partes do corpo. Além disso, a atividade proposta embasa a construção das idéias de único e de par.

Antes de iniciar a atividade de registro não-convencional das quanti-dades, desafi e as crianças a contar uma a uma as partes do corpo: pés, mãos, olhos, pernas, cabeça, etc. Proponha que registrem as quantidades com pedrinhas, palitos, grãos, risquinhos, etc. Nessa fase, é importante que a criança faça a relação um a um, pressuposto para ir desenvolvendo noções matemáticas cada vez mais complexas.

A contagem é fundamental para a compreensão do conceito de nú-mero. Oriente as atividades de registro.

As quadrinhas a seguir podem contribuir para a compreensão das fun-ções das partes do corpo. Veja:

Foram feitos meus pezinhospara andar.Meus braçosPara a mamãe abraçar.

Com minhas pernas Eu posso andar.Os meus pezinhosSabem pisar.

Para ampliar a idéia de contagem, trabalhe com a música Dedinhos, do cancioneiro popular. Enquanto brinca com a música, a criança conta os dedos das mãos.

Dedinhos

Polegares, polegares,Onde estão? Aqui estão.Eles te saúdam, eles te saúdamE se vão, e se vão.

Indicadores, indicadores,Onde estão? Aqui estão.Eles te saúdam, eles te saúdamE se vão, e se vão.

Dedos médios, dedos médios,Onde estão? Aqui estão.Eles te saúdam, eles te saúdamE se vão, e se vão.

Anulares, anulares,Onde estão? Aqui estão.Eles te saúdam, eles te saúdamE se vão, e se vão.