164626949 alfons balbach a flora nacional na medicina domestica volume 01

Upload: unexter-intercambio

Post on 07-Aug-2018

380 views

Category:

Documents


32 download

TRANSCRIPT

  • 8/21/2019 164626949 Alfons Balbach a Flora Nacional Na Medicina Domestica Volume 01

    1/288

    A Flora Nacionalna Medizina Doméstica

    A FLORA NACIONAL

    DIREITOS RESERVADOS

    Composto e impresso nas Oficinas Gráficas da Editora M. V. P.Caixa Postal 48311 - CEP 01000 - São Paulo, SP.

    NA MEDICINA

      .DOMESTICA - VOL.I.

    PROF. ALFONS BALBACH

    15a EDIÇAO

    . . .. .. .. . ... . . . . ... ... ..... .. . ... . . ...õ.. .. .:.. .... . .. ..

    EDIÇÊES "AõEDIFICAÇÃO DO LAR"R. A maro B. Cavalcanti, 624 - Tel. 295-3353 - C. P. 48311 - 01000 S. Paulo, SP

    PREFACIO

      O mundo, com as suas múltiplas enfermidades tão fáceis de con-

  • 8/21/2019 164626949 Alfons Balbach a Flora Nacional Na Medicina Domestica Volume 01

    2/288

    trair, é um vasto hospital, e a Natureza, com a sua infinidade deplantas, é uma farmácia em que todo homem pode encontrar um bál-samo para qualquer espécie de dor.  As plantas não só nos proporcionam alimentos sãos e saborosos,mas também toda classe de remédios para a recuperação ou conserva-ção da nossa saúde.  Por muito tempo a terapêutica vegetal esteve sob domínio do po-vo comum, e especialmente dos homens do campo, em cujas mãosindoutas o conhecimento empírico do valor medicinal das plantas Ihestem prestado um serviço inestimável.  Outrora, muitos médicos - talvez a maioria - desprezavam abotãnica farmacõutica como curandeirismo ou charlatarismo; hoje, po-rém, graõas ao progresso das investigações científicas, a medicina ve-getal se acha elevada à dignidade de Fitoterapia.  Muitas centenas de plantas são atualmente estudadas e aproveita-das nos laboratórios em todo o mundo, para o bem da humanidadecastigada por tantas doenõas. Mas tudo isso não é suficiente. Nósmesmos devemos, individualmente, procurar desenvolver nossos co-nhecimentos sobre os fatores da saúde, as enfermidades e os meiosnaturais de cura, entre os quais se destacam as ervas do campo. Ainjustificável falta desses conhecimentos vitais pode facilmente custar--nos toda a ,nossa fortuna acumulada, a nossa saúde e ' a nossa vida,ou a de algum dos nossos entes queridos. O médico, a quem nuncadevemos pensar em dispensar inteiramente, não nos salvará desse trí-

    plice prejuízo, se não soubermos usar inteligentemente seus bons ser-viços.

      Dizia Henrique IV, da França, que um homem honrado deve sa-ber um pouco de teologia para a sua salvação, um pouco de direitopara os seus negócios, e um pouco de medicina para a sua saúde.  Por isso nos sentimos constrangidos a afirmar que este livro nãodeve faltar em nenhum lar, e que a primeira parte do mesmo - Co-nhecimentos Gerais de Saúde -, por ser a mais importante, deve re-ceber a mais carinhosa atenção dos leitores, que assim se apoderarãodos recursos fundamentais, e já não terão dúvida em considerar comode valor secundário todos os demais recursos (remédios vegetais ou

    outros medicamentos).  Foi, pois, para ajudar as sofredoras massas populares, mormente ohomem do interior, que elaboramos esta obra, convictos de que serãorealmente beneficiados os que lerem e praticarem os conhecimentostransmitidos por este livro, através de cujas páginas dezenas de médi-cos falam aos estimados leitores.

    O AUTOR

    Os editores

    1. a PA RT E

    Conhec2mentos Geõaõs de Saúde

    1

      A

  • 8/21/2019 164626949 Alfons Balbach a Flora Nacional Na Medicina Domestica Volume 01

    3/288

    SAÃDE

      Para cada nação tem havido, em cada época, um ideal dominan-te. Para os gregos foi o desenvolvirnento intelectual e artístico; paraos romanos as conquistas militares; para os indus a calma filosófica;para os egípcios a erudição religiosa. Essas coisas ficaram no pas-sado. No presente, o ideal que cativa os povos livres é a acumulaçãode riquezas.  Para o homem e a mulher de hoje, sucesso é sinônimo de aquisi-ção de bens materiais. E, no entanto, de todos os ideais, é este oque tem menor valor real para o homem. Quando )esus Cristo disseque é mais fácil a um camelo passar pelo fundo de uma agulha doque a um ricaço entrar no Céu, fez ver que o homem, candidato aoreino de Deus, quando se esforça para ajuntar riquezas, se distrai dopropósito de se aperfeiçoar moral, mental e fisicamerite, e perde devista o grande alvo, a exemplo do aluno pouco estudioso, que não secapacita para a aprovação final  Podemos e devemos lutar vitoriosamente em prol da nossa pró-pria salvação. Somos fracos, estúpidos, incapazes? Temos menos vir-tudes que nossos semelhantes? Consideramo-nos inferiores aos outros?Fracassamos sempre nos momentos críticos? A consciência das nossas

    falhas afasta de nós a esperança do êxito? Se assim é, a culpa cabeprincipalmente a nós mesmos.  Cada dia, cada hora, cada minuto podemos construir ou destruir.Efetivamente, estamos sempre edificando ou demolindo. O que? Anossa natureza moral, espiritual e física, a nossa pessoa como um to-do. Esse processo de restauração ou recuperação do indivíduo não  (9)

    10 A FLORA NACIONAL NA MEDICINA DOMÉSTICA

    depende inteiramente dos pais, nem do ambiente, nem do acaso, nemdas circunstâncias; depende principalmente de nós mesmos, da nossa

    boa vontade e honestidade para com nós mesmos, agora que já somosadultos. Não existem desvantagens; há, isso sim, oportunidade parapensar, decidir e agir.  A vida é por si mesma complexa. Suas leis, porém, são simples.A saúde é difícil de definir, mas suas leis são fáceis de enunciar e deseguir. E tornar conhecidas essas leis - ensinar os homens e as mu-Iheres a serem sadios em todos os sentidos e auxiliá-los a realizar omais nobre de todos os ideais, que é a restauração de si mesmos-essa é a missão que nos propomos cumprir.

      À luz das leis da saúde, as doenças não são hereditárias. Pode-mos, sem dúvida, herdar fraquezas, tendências, predisposições, que,não sendo combatidas, desempenham sua parte na gênese de doenças

    crônicas. Geralmente, porém, a enfermidade é o resultado das pró-prias extravagâncias.  Como a velhice em si mesma também não acarreta doença, nãohá razão para a pessoa da casa dos cinqi.íenta ou sessenta sofrer do fí-gado, do estômago, do intestino, da bexiga, dos rins, do coração, oupara queixar-se de arteriosclerose ou hipertensão arterial. As causasdesses sofrimentos são,patológicas e não fisiológicas. Resultam dosabusos contra a natureza e não da idade. É verdade que as forças di-minuem, porém os tecidos não se arruínam com o avanço da velhice.No terreno da saúde e doença, tudo é uma lei de causa e efeito.

  • 8/21/2019 164626949 Alfons Balbach a Flora Nacional Na Medicina Domestica Volume 01

    4/288

    Não acalentemos, pois, o pensamento de que Deus tenha feito unsfracos e doentes e outros sãos e fortes. Essa idéia é errônea eblasfe-ma. Nós é que infringimos as leis da natureza, que são leis de Deus,e, por isso, ficamos enfermos por culpa exclusivamente nossa. É,pois, um dever religioso viver em obediência às regras da higiene,para conservar a saúde. Ficar doente é pecado.  A doença nunca vem por acaso. É o próprio homem que provo-ca a causa de suas enfermidades. Nós mesmos é que nos fazemosdoentes e culpamos alguém ou alguma coisa - Deus, os médicos, osmicróbios, o clima - e não nos lembramos de culpar-nos a nós pró-prios. O que procuramos é fugir da nossa responsabilidade: uma revi-são cabal do nosso modo de viver, uma completa reforma dos nossoshábitos.

    A SAÃDE 11

      A saúde é um tesouro cujo valor só é reconhecido tarde demais,muitas vezes quando já irrecuperavelmente perdido.  Desempenha a saúde importantíssimo papel na formação do talen-to. Você pode ser um gigante intelectual, mas se vive adoentado, suasações serão semelhantes às de um anão. Se Você tiver boa circula-ção, sangue limpo, digestão eficaz, trânsito intestinal livre, fígado,pulmão, etc., hígidos, a sua capacidade de realização quase não co-nhecerá limites. Mesmo que Você não possua muito preparo escolar, mais

    cedo ou mais tarde terá sucesso, desde que Você goze boa saúde.  Com freqõência coexistem no mesmo indivíduo um bom intelectoe um mau fígado. Em muitos casos, porém, é preferível uma mentemenos brilhante aliada a uma constituição mais vigorosa. Uma arrobade energia com um quilo de talento vale mais do que um quilo deenergia com uma arroba de talento. A boa saúde vale pelo menosmetade dos dotes intelectuais. A imaginação e o critério, a firmeza ea eloqGência, o conhecimento científico e a inteligêrtcia, são tantomais úteis quanto mais ajudadas pela saúde física integral.

    Um apelo urgente

      Henry A. Wallace, vice-presidente dos EE UU, fez, em 1941, o se-

    guinte apelo ao povo americano:  "A todos os habitantes deste país venho pedir que se alistem co-mo soldados de primeira linha numa campanha nacional para a eon-quista e a manutenção da saúde integral e perfeita, sem a qual nãoterão forças bastantes para a defesa da pátria. Para realizar esse alis-tamento, ninguém precisa sair de casa, nem registrar sua assinaturaem qualquer papel. Basta que assuma para consigo mesmo o Com-promisso de Saúde, nos seguintes termos:  " 'Comprometo-me, pela minha honra de americano, a fazer to-do o possível para que eu, minha família e os que me cercam nos tor-nemos cada vez mais robustos e saudáveis, como Deus sempre quisque fôssemos.' "  O mesmo apelo fazemos a todos os homens e mulheres bem in-

    tencionados, que pretendam ser,úteis a Deus, à nação, à família e asi mesmos.

    Método, chave da saúde

    Se Você quiser gozar boa saúde, seja metódico em todos os seus atos.

    A FLORA NACIONAL NAMEDICINA DOMÉSTICA

  • 8/21/2019 164626949 Alfons Balbach a Flora Nacional Na Medicina Domestica Volume 01

    5/288

      Tenha horas certas para comer, observe um intervalo de 5 ou 6horas entre as comidas, não coma nada fora de hora. Seja vegetaria-no e faça duas ou, no máximo, três refeições diárias, e lembre-se deque a primeira deve ser a mais forte e a última a mais leve.

      Beba seis a oito copos de água por dia. Beba também sucos defrutas. Evite, porém, as bebidas prejudiciais.

      Levante-se e deite-se a horas certas. Durma oito horas por noite.Distribua seu trabalh'o de maneira a atendê-lo durante certos númerosde horas e tenha outras horas para recreação, o estudo, a meditação eoutras coisas.  Faça exercícios físicos com regularidade.

      Respire sempre ar puro e viva tanto quanto possível fora dasgrandes cidades.  Tome banhos de sol.  Tome diariamente um ou dois banhos de higiene, com bastantesabão e água.  Evite a sensualidade, conservando as paixões animais sob o domí-nio da razão.  Descarte os aborrecimentos em toda sorte de emoções, cultivandoa higiene mental.  Vista-se corretamente, se undo as regras da modéstia e da saúde.

      g " "  Cuide da limpeza intestinal, para que haja sempre trânsito livre.  Rejeite o fumo, o álcool, as drogas, a carne, os temperos pican-  tes, o café, e tudo que possa ser prejudicial à saúde.

    2

      O PORQUÉDAS DOENÇAS

      Quando o mundo era novo, os indivíduos atirigiam a mais avan-çada velhice, no gozo da mais invejável saúde, e a vida se Ihes extin-guia suavemente, como uma lãmpada que se apaga por falta de com-bustível.  Os exemplos de saúde perfeita, completa, absoluta, são, porém,tão raros. hoje em dia, que quase não existem. Por que?  Porque nossa alimentação é muito superior às necessidades donosso organismo, que, como qualquer máquina, tem uma capacidadefuncional, uma resistência determinada, que não pode ser ultrapassadaimpunemente.  Felicitado pelo seu excelente estado de saúde ao completar seten-ta e cinco anos de idade, o Almirante George Dewey sorriu e disse:  - Atribuo minha boa condição à abundância de certos exercícios

    físicos e à abstinência dos banquetes. Geralmente se come demais.Um terço do que se come é quanto basta para viver.  - Nesse caso - perguntou o repórter da Washington Star - queé feito dos outros dois terços?  - Desses vivem os médicos - respondeu o Almirante.  Quando um caminhão leva carga excessiva, o que sucede? Gas-ta-se rapidamente. E é isso que se dá com o nosso organismo, quan-do ingerimos alimentos em dose exagerada.  A princípio, os órgãos lutam deses,peradamente e resistem ao ex-cesso de trabalho; o cansaço, porém, não tarda a aparecer, traduzin-

  • 8/21/2019 164626949 Alfons Balbach a Flora Nacional Na Medicina Domestica Volume 01

    6/288

    do-se por doenças as mais diversas. Manifestam-se as afecções do es-tômago e dos rins, a neurastenia, a obesidade, a diabete, o cãncer, aarteriosclerose, o reumatismo, o artritismo.lõ3)

    14 A FLORA NACIONAL NA MEDICINA DOMÉSTICA

      Por falarmos em artritismo, lembramos que este assunto foi mui-to bem estudado pelo Prof. Maurel. O chefe da família artrítica, dizele, é geralmente um indivíduo forte, robusto, sadio, que no trabalhoemprega mais os músculos do que o cérebro. Possuidor de estômagoexcelente, capaz de digerir até pedra, e dono de formidável apetite,come e bebe exageradamente, sem prever as conseqüências futuras.Ao alcançar certa idade, entrega-se ao merecido repouso. Sua ali-mentação, porém continua a mesma, embora as necessidades do seuorganismo sejam agora muito mais reduzidas. Come como no tempoem que despendia grande esforço físico, quando seu motor exigiagrande cópia de combustível.  A velhice se aproxima mais e mais. O peso vai aumentando. Oventre vai adquirindo respeitável volume. A saúde pode continuar in-vejável. Morre velho, deixando numerosa prole.

      Seus filhos cultivam hábitos sedentários. Preferem as profissõeses li-

    berais. Substituem a atividade muscular pelo esforço intelectual. En-tregam-se à indolência. Adotam a vida mundana. Fortes e ativos,  vão dissipando com prodigalidade as forças vitais. Entregam-se volun-  tariamente às seduções da mesa abundante.  Herdaram do pai, não só a fortuna que Ihes garante o conforto e  o bem-estar, mas também os maus hábitos alimentares. Comem e be-  bem desregradamente.  A mesa é farta em iguarias; os pratos preferidos são a carne, opeixe, as aves e os doces.  As bebidas alcoólicas nunca faltam; o café é indispensável.  O aparelho digestivo, o mais comprometido por um trabalho su-perior às suas forças, é de ordinário o primeiro a apresentar sinais defadiga.

      Quando criança, tem, de vez em quando,õdiarréia, prisão de ven-  tre ou outras perturbações do aparelho digestivo. Está constantemen-  te em movimento, mas há ocasiões em que se mostra mole, indispos-  to, fatigado.  Na idade adulta, as perturbações digestivas se acentuam e se tor-  nam permanentes. As dispepsias, freqüentemente flatulentas, com  sensação de plenitude do estômago, a digestão laboriosa, a sonolência  após as refeições, são seguidos de obesidade.

      O acúmulo de gordura indica que as células não são mais capa-  zes de oxidar a totalidade dos derivados alimentares, e o que elas não

    O PORQUõ DAS DOENÇAS 15

    podem queimarõ é posto em reserva, sob a forma de gordura. A obesi-dade não tarda a convidar a gota ou a diabete.  Aos 50 anos, ou mesmo antes, o obeso, cujo físico era admiradopor todos, acorda uma bela manhã com uma dor horrível no grandeartelho. Declara-se a febre. É a gota. Quando não é isso que apare-ce, então surge a cólica de fígado ou de rim, após lauto jantar ou fa-tigante exercício.  Embora seu apetite continue excelente, as forças podem, às ve-zes, declinar, mas não se preocupa com isso. Só quando nota furún-

  • 8/21/2019 164626949 Alfons Balbach a Flora Nacional Na Medicina Domestica Volume 01

    7/288

    culos, cansaço, astenia, emagrecimento, embora coma mais do queantes, é que ele vai procurar o médico. Diagnóstico: diabete.  Outras vezes, com sintomas diferentes, é câncer.  Ócâncer faz numerosas vítimas entré os representantes da segun-da geração de uma família artrítica.  Os descendentes, na terceira geração, herdam um sistema de nu-trição cada vez mais defeituosa e mais difícil de corrigir.  Na juventude, os estados mórbidos não são raros; as perturbaçõesdigestivas são freqüentes; as faringites e as amigdalites são comuns; osresfriados se repetem com desesperadora freqiiência, etc. De quandoem quando há acessos de febre, sem motivo aparente, e que na reali-dade nada mais são do que um recurso empregado pela natureza paraqueimar todos os detritos de que o organismo não se pode desembara-çar. Também não faltam as dores de cabeça, as enxaquecas e aserupções cutâneas, devidas a toxinas, que se formam no intestino eque são eliminadas pela pele.  Na idade adulta, os representantes da terceira geração tornam-seobesos, gotosos, diabéticos ou cancerosos, dez a quinze anos mais ce-do do que os pais; morrem sem atingir a velhice dos avós.  A quarta e quinta gerações de artríticos já ao nascerem trazem osestigmas indeléveis dessa diátese destruidora, que em cem anos é ca-paz de extinguir uma família.  Eis como evolui o artritismo, caracterizado pela tendência exage-rada para fabricar ácidos, sobretudo o ácido úrico. São os resíduos,

    os detritos orgânicos que se depõem no interior dos tecidos, nas arti-culações, no fígado, nos rins ou na bexiga, e que roubam ao sangue asua alcalinidade.  De onde provém esse ácido úrico?

    16 A FLORA NACIONAL NA MEDICINA DOMÉSTICA

      Na sua quase totalidade, de certos alimentos: carnes, caldos decarne, peixe, cogumelos, leguminosas (ervilha, feijão, lentilhas, fa-vas), ovo, queijo, etc.

      O artritismo é devido ao abuso desses alimentos, associado à vida

    sedentária e ao esgotamento físiço e intelectual.  A freqi.íência do artritismo é assustadora; pode-se dizer sem medode errar que, nas grandes cidades, talvez não haja uma só família quenão tenha pelo menos um membro artrítico. Isso porque, na nossaalimentação, predominam os alimentos ricos em ácido úrico, que, em-bora excitantes e tóxicos, são ingeridos em excesso.

      Com exceção das doenças infecciosas, todas as outras são diretaou indiretamente devidas à alimentação anti-higiênica.  A carne, o peixe, as massas (farinha branca), o arroz polido, oaçúcar refinado, os enlatados, o café, etc., constituem hoje a base daalimentação popular, que, excitante e tóxica, destrói a saúde e o vigorda raça humana.

      A experiência tem demonstrado que essa alimentação, erradamen-te considerada fortificante, constitui verdadeiro perigo. Longe de con-servar a força física, o vigor e a saúde, é essencialmente causadora doartritismo, prejudicando não somente o indivíduo, mas também a so-ciedade.  Os fatos, que estão patentes diante de todos, provam o que esta-mos dizendo.  Diz o Dr. Gustavo Armbrust:  "Basta lançarmos um olhar ao quadro da família artrítica, tãobem traçado por Muchard, Maurel, Pascault e Gautrelet. Com a ali-

  • 8/21/2019 164626949 Alfons Balbach a Flora Nacional Na Medicina Domestica Volume 01

    8/288

    mentação usada em nossos tempos, uma família é geralmente artríticadepois da segunda geração; a terceira, é com freqüência vítima demanifestações graves, como sejam a obesidade, a diabete, a neuraste-nia, a dispepsia, etc. A decadência vai-se acentuando a tal pontoque, na quinta ou sexta geração, a famíliase extingue. Em Paris, dizo Dr. Monteuuis, a decadência da raça é tal que raras famílias têmmais de quatro gerações.  "A alimentação não é a única causa responsável pela nossa ruínafísica; o esgotamento, a vida anti-higiênica e os excessos, são natural-mente fatores importantes; mas os abusos cometidos em matéria dealimentação são incontestavelmente os mais comuns e os mais noci-vos.

    O PORQUÉ DAS DOENÇAS 17

      "O grande mal da nossa época é o artritismo, conseqüente aoabuso da carne e dos excitantes. . .  "Quando comemos carne, esta nos dá, exatamente como o vinho,o café ou o chá, a impressão de força, de aumento dé atividade, oque para nós significa vigor. Tal energia, porém, não é real, não pas-sa de uma excitação fictícia, semelhante à que produz o álcool.  "A prova é que basta suprimirmos a carne um dia para experimen-tarmos logo a sensação de verdadeira fraqueza, embora a substitua-mos por outros alimentos encerrando a mesma dose de proteínas. A

    carne é um alimento muito mais excitante do que nutritivo; não é aoseu valor nutritivo, e, sim, à excitação por ela produzida sobre o estô-mago e os centros nervosos que ela deve a falsa fama de alimentosubstancial. . . .  "Considerando ainda que os alimentos de origem vegetal contêmigualmente proteínas e algumas em proporção superior à da carne,chegamos facilmente à conclusão de que a carne,é perfeitamente dis-pensável. Aliás, em todas as partes do mundo não são os homensmais robustos que fazem uso da carne: o chinês e o japonês, com umpunhado de arroz, o árabe com as suas tâmaras, o negro africanocom alguns cocos resistem aos mais pesados trabalhos.  "A farinha de aveia faz dos escoceses os mais belos homens domundo; a batata dá ao irlandês sólida musculatura; o piemontês, que

    se contenta com a polenta, encontra nessa alimentação vigor suficien-te para substituir, em todos os países, o trabalho que os indígenas,comedores de carne, se recusam a executar.  "É sabido que os carnívoros resistem muito menos à fadiga doque os que se alimentam de vegetais...  "Em suma, deve-se considerar como urii grande erro científico,talvez o maior e mais nefasto do último sécúlo, a afirmação de que oregime cárneo constitui uma alimentação fortificante por excelência."  Quem quiser manter a saúde e viver longos anos, deverá adotaros princípios da Higiene, principalmente na alimentação correta, cujaprática vale mais do que uma farmácia inteira.  O Dr. Paul Dudley White, famoso cardiologista norte-americano,recomenda a seguinte fórmula para prolongar a vida: caminhar mais,

    comer menos, ingerindo a menor quantidade possível de gorduras, emanter o peso que se tinha aos 25 anos de idade. Acrescentou o Dr.Dúdley White que um passeio a pé de 8 quilômetros faz mais bemaos homens de negócio do que qualquer medicamento.

    "MENS SANA IN CORPORE SANO" 193

  • 8/21/2019 164626949 Alfons Balbach a Flora Nacional Na Medicina Domestica Volume 01

    9/288

    "M EN S SANA I NCORPORE SANO"

      As desordens morais têm relação com a saúde física. Se exami-narmos o estado patético e horrível dos desajustados mentais, consta-taremos que os mesmos, com muita freqiõência, não gozam boa saúdefísica.  Consideremos os relatos diários de crimes e contravenções nestepaís. Crimes hediondos, os mais vis e mesquinhos, levam muitos hojeem dia ao precipício da ruína e do cárcere. Perguntamos: Qual é acausa disto?  É deveras complexo e melindroso esse assunto, mas nem por issosem solução. O mal se corta pela raiz; remedeia-se nos casos avança-dos; mas "prevenir é melhor do que remediar', diz o sábio refrão po-pular. Aqui jaz a solução para o mal: Prevenir. Mas, como?  Grande parte dos males da nossa atual sociedade deve-se ao fatode que, em sua maior parte, o povo é enfermo, e, conseqiõentemente,grande proporção dos "desajustados mentais" perambulam por esteespaço a fora, cdristituindo grave ameaça à sociedade e subtraindoaos cofres públicos volumosás somas.  Com verdade o velho adágio - "mente sã em corpo'sãó' - afir-ma a carência de saúde como causa das enfermidades mentais, pois,

    sem saúde, não se pode ter uma mente lúcida para enfrentar os pro-  blemas da vida.  Oprincipal fator de saúde é que o indivíduo possua sangue lim-  po. Pelos vasos sángi.ííneos flui a corrente da vida, levando a todos  os setores do corpo as substâncias vitalizantes. Todos os órgãos se  alimentam, operam as suas trocas e exercem sua5 funções, graças à

      C18)

    corrente sangüínea. Se o sangue é impuro, em virtude de uma ali-mentação imprópria, todo o corpo se contamina, e também o cére-bro, que; devendo ser um reservatório de pensamentos lúcidos, fica,em vez disso, embotado, obscurecido e entravado no desempenho de

    suas funções elevadas.  Em grande parte, os "desajustados" possuem, em maior ou menorgrau, o treponema da sífilis no seu sangue.  Pessoas que parecem estar em perfeito juízo muitas vezes come-tem desatinos que não seriam capazes de cometer se arrazóassem,pensassem por um instante, e usassem de paciência, mas não o fazemporque estão doentes, ainda que nem sempre o saibam. Aliás, a hu-manidade em geral está enferma, física e,espirituãlmente.  Os maus tratos infligidos ao corpo se fazem sentir no mais robus-to indivíduo, ainda que tardiamente. O não sentir nada momentanea-mente não é prova de saúde. É mera ilusão!

      A mésma enfermidade não se manifesta de uma só maneira.

    Nem todos têm a mesma constituição. Daí a mesma doença variar decaráter, de indivíduo para indivíduo.

      Ainda não existe um "elixir de longa vida" ou panacéia que curetodos os males. O único caminho seguro é prevenir, seguindo as nor-mas da saúde, que abrangem uma variedade de preceitos que exigemesforços e perseverança.

      A higiene mental está relacionada com a saúde física. Higieneem seu sentido lato significa saúde. Saúde mental ou espiritual não é

  • 8/21/2019 164626949 Alfons Balbach a Flora Nacional Na Medicina Domestica Volume 01

    10/288

    produto do acaso nem cai do Céu.

      O que de melhor exi'ste no mundo é a felicidade. Mas a mesmanão se obtém ao léu. É produto da saúde física e mental. Dissertasobre o assunto eminente autoridade: "A felicidade não reside apenasna posse de bens materiais, no exercício de uma profissão, na remu-neração, no convívio de uma sociedade afável, nas vantagens de umambiente de família satisfatoriamente ajustada. Ela depende de umequilíbrio emocional razoável, de uma segurança interna bem dosa-da."

      Só é feliz quem possui saúde - saúde em todo sentido - é essaa condição que está diante de nós como nosso grande alvo.

    SAÃDE E LONGEVIDADE 21

    4

    SAÃDE ELONGEVI DADE

      É natural, no homem, o desejo de viver longos anos e chegar aoextremo da velhice com os órgãos funcionando regularmente. É o quese poderia chamar de "perpétua juventude".  Bernard Shaw, escritor irlandês, que viveu até aos 94 anos, traba-Ihando lucidamente, sem apresentar sintomas de senilidade, devedespertar nossa atenção. Se são poucos os que hoje alcançamessa idade, é porque, como afirmou Sêneca, "o homem não morre,mata-sé '.  Bernard Shaw era abstêmio. Certa vez declarou a um repórter:

    "O segredo da minha saúde, em tão avançada idade, consiste apenas

    nisto: não bebo, não fumo, não como carne e... não consulto médi-co."  Há também pessoas que fumam, bebem, comem carne, passamnoitadas em claro, e, não obstante, atingem, não raro, os cem anos.Desse fato não podemos tirar argumentos em favor do uso e abusodas coisas prejudiciais à saúde. Há também os que suportam traba-Ihar, com saúde, nas minas de carvão, até aos oitenta ou oitenta ecinco anos de idade, mas quem tirará daí a conclusão de que esse am-biente e esse trabalho são higiênicos e em nada prejudicam a saúde?

      Os organismos variam muito. Há os mais resistentes e há os me-nos resistentes. Ora, tanto estes como aqueles podem prolongar seusdias, e conservar a saúde até o fim, contanto que vivam em harmonia

    com as leis da natureza, evitando toda espécie de abuso.  Os paladinos da longevidade, baseados na observação e nos mé-todos já incorporados à ciência, afirmam que o homem tem a capaci-  (20)

    dade para viver muito além da média hoje alcançada. O homem nãofoi feito para viver apenas çinqüenta, sessenta, setenta ou oitentaanos, mas para viver no mínimo o dobro.  Afirma o Dr. Henrique Roxo:  "O alcoolismo e o abuso da carne são os motivos pelos quais o

  • 8/21/2019 164626949 Alfons Balbach a Flora Nacional Na Medicina Domestica Volume 01

    11/288

    homem não chega a viver até 140 ou 150 anos, como deveria sucederpelo cotejo com a vida dos animais que, em geral, duram sete ou oitovezes o tempo de sua completa ossificação."  Inúmeras experiências levadas a cabo - entre as quais as do DrAlexis Carrel, do Prof. Elias Metchnikoff, do Prof. )acques Loeb, deHorace Fletcher, de Sanford Benett e do Dr. ). H. Peebles - mostramque a vida pode ser prolongada indefinidamente, contanto que as cé-lulas sejam conservadas puras e bem nutridas, conforme os desígniosda Providência. '  Vamos citar aqui alguns dados curiosos .sobre a longevidade:  No livro do Dr. A. Bogomolets, "Como Prolongar'a Vida", encon-tramos interessante relação de exemplos de longevidade humana:  Kentingern (S. Mungo), fundador do Episcopado de Glasgow, vi-veu 185 anos.  P. Ktzarten, da Áustria, morreu em 1724, com 185 anos de idade.  Tomás Parr, rude fazendeiro, viveu 152 anos, na Inglaterra.  G. )enkins, de Yorkshire, faleceu aos 169 anos.  J. Gurrington, de Norway, terminou seus dias com 160 anos,quando seu filho mais velho tinha 103 anos e o mais novo 9.  J. Roven, húngaro, morreu com 172 anos e sua mulher, Sara aos164.  Drakenberg, dinamarquês, viveu 156 anos. Aos 90 ainda trabalha-va como marinheiro. Casou-se quando tinha 111 anos. Ao morrérsua esposa, quis casar-se outra véz, mas seu pedido foi recusado.

      O Dr. P. Defournel, autor do livro "A Natureza Desmascarada",morreu com 190 anos.  Gueriot, membro da Academia Francesa de Medicina, que nosdeixou o livro "Para Viver Cem Anos", e que viveu, ele mesmo, até àidade dos 103, relata um caso deveras curioso: A 31/7/1554, o car-deal d'Armognac, andando por uma rua, deparou com um octogenárioque estava chorando à porta de sua própria casa. Interrogadó, o an-cião explicou que seu pai o havia castigado. O cardeal ficou muito surpresoe quis ver o pai daquele ancião. Entrou e conversou com um velho

    22 A FLORA NACIONAL NA MEDICINA DOMÉSTICA

    robusto, de mais de 100 anos. Explicou o velho que batera no filhoporque este havia faltado ao respeito devido ao avô, por quem tinhapassado sem o saudar. Mais curioso ainda, o cardeal desejou conhe-cer o avô: Era um velho de 143 anos  Nem precisamos retroceder tantos anos para buscar exemplos delongevidade: Encontramo-los também em nossos dias. Hajam vistaos que a seguir transcrevemos:

    "Vegetarianos macróbios

      "Uma mulher, com a idade de 163 anos, vive atualmente emMoscou. É Valentinovna Poujak, nascida em 1803, na Ucrânia, antigasuperiora de um convento moscovita e que se recorda dos exércitos

    napoleônicos que ela viu, com a idade de 9 anos, em Liow, assim co-mo da abolição da servidão e da primeira ferrovia construída na Rús-sia. A anciã não sofre de nenhuma doença, conserva toda a sua luci-dez, os cabelos nem mesmo embranqueceram e consegue enfiar umaagulha fina sem usar óculos. Declarou ela aos jornalistas que a entre-vistaram que a longevidade não constitui exceção em sua família:seus três irmãos têm 129, 121, e 120 anos de idade.  "Perguntou um dos repórteres: A senhora pode dizer-nos qual éseu principal alimento? A anciã respondeu: Eu e meus irmãos somostodos vegetarianos." - Gazeta do Povo (de Curitiba), 30 de janeiro

  • 8/21/2019 164626949 Alfons Balbach a Flora Nacional Na Medicina Domestica Volume 01

    12/288

    de 1966.

    "Morreu o homem mais velho do mundo

      "Faleceu em Rabat o homem mais velho do mundo - pelo me-nos de que se têm notícias. Trata-se do marroquino Hady MohamedBen Bark, que assegurava ter 165 anos. O macróbio deixa 250 des-cendentes, entre filhos e netos. O filho mais velho dos seus cincocasamentos afirma ter 110 anos. O extinto sempre atribuiu sua longe-vidade a uma saudável dieta vegetariana e produtos lácteos." - Ga-zeta do Povo (de Curitiba), 18 de janeiro de 1966.

    "É verdáde: esse homem tem 160 anos  "Uma equipe de médicos soviéticos controla o estado de saúdede Chirali Musslimov, por ocasião de seu 160.o aniversário. Mussli-mov é um fenômeno vivo. Há alguns anos puseram em dúvida sua

    SAÃDE E LONGEVIDADE 23

    idade, mas pesquisas feitas no lugar onde nasceu e uma série de exa-mes médicos muito meticulosos confirmaram-Ihe a idade. Diz ele quedeve a sua avançada idade ao trabalho, aos muitos filhos e ao seubom caráter. Goza de ótima saúd, é analfabeto, não fuma, não be-

    be álcool, come muita fruta e muitos legumes. É verdade que vivenum clima de montanha, Barzava, limite da URSS com o Irã, onde oar é puríssimo. Sua mulher, a terceira, está com 90 anos e o númerode seus descendentes é tão grande que ele não sabe quantos são."-Folha de São Paulo, 30/9/66.  Que o homem foi feito para viver mais de um século, isso vemosaté nos casos de terceira dentição, depois dos oitenta. Mary Horn-exemplo aduzido por Graves - teve dentes, pela terceira vez, aos 110anos; Peter Bryan, aos 117 anos. Há também casos de macróbios cu-jos cabelos, na extrema velhice, de brartcos voltam a ser negros. Enão é raro o fenômeno da completa recuperação da vista em idadebem avançada.  O coeficiente de letalidade de uma nação pode bem dar significa-

    tiva mostra do nível de saúde de sua populaõão. õ  As mulheres sempre tiveram índice de vida maior que o do ho-mem. A razão dessa disparidade está, não há dúvida, no modo de vi-da do homem, que usa álcool e fumo, e comete outras extravagân-cias, abreviando a vida mediante um suicídio ora mais ora menos len-to. Entre os representantes do sexo feminino, o tabagismo e o alco-olismo estão aumentando, e, proporcionalmente, está diminuindo ca-da vez mais a diferença de letalidade entre os dois sexos.  Ao passo que, por um lado, o coeficiente de mortalidade estádiminuindo para a totalidade da população, está, por outro lado,aumentando para as pessoas de meia idade.  Esse fato se explica através da diminuição das doenças e da mor-talidade entre as crianças, especialmente entre as de menos de cinco

    anos, e através do aumento da morbidez entre os adultos que ultra-passaram a casa dos quarenta ou cinqiíenta.  Nos Estados Unidos, em 1938, o índice médio de vida foi de 63anos, devido unicamente à diminuição de doenças entre crianças e jo-vens.  Entre 1890 e 1937, no Estado de Connecticut, por exemplo, amortalidade entre as crianças de menos de um ano decresceu de 2540para 907, embora a população se tenha duplicado nesse mesmo perío-

  • 8/21/2019 164626949 Alfons Balbach a Flora Nacional Na Medicina Domestica Volume 01

    13/288

    24 A FLORA NACIONAL NA MEDICINA DOMÉSTICA

    do. Entre crianças de um a cinco anos o coeficiente caiu de 1162 pa-ra 213. Todavia, entre as pessoas de 60 a 70 anos, o coeficiente deletalidade subiu mais do que o aumento da densidade demográfica.

      Muito já fez a Medicina para reduzir a devastação causada pelafebre tifóide, varíola, tuberculose, sífilis, diabete e outras doenças.Os Raios X têm contribuído grandemente para diagnósticos certos eoportunos. A cirurgia está, hoje, muito mais apta do que antigamen-te, para socorrer os pacientes.  Diante dessa série de fatores, era de esperar, pelo menos, que seprolongasse a vida das pessoas acima dos quarenta ou cinqüenta anos.Mas isso não acontece, mercê da proliferação de outras doenças co-  mo sejam a hipertensão arterial, o câncer, as moléstias renais, as car-  diopatias, etc.  Embora a Medicina tome medidas contra as infecções, não con-  trola os maus hábitos de vida que acarretam, como conseqüência, es-  sas outras doenças. O que mais assusta é o rápido aumento dos ca-  sos de câncer e de moléstias do coração.  Estes fatos deitam, pois, uma pesada responsabilidade sobre osombros dos que levam ao povo os ensinamentos básicos para a boa  saúde.

    5

      GERMES EIMUNIDADE

      Diz um velho adágio que "de médico e de louco todo mundotem um pouco".  Desde que o homem tomou conhecirrõento da existência da enfer-midade, vem procurando recursos destinados a recuperar a saúde.

    Possíveis meios de cura têm sido experimentados aos milhares, e sur-giram os esculápios, indivíduos que se iniciaram na prática terapêuticae ousaram até realizar atos operatórios.  Entre os gregos e os romanos, nos tempos antigos, o consultóriomédico era em grande parte a cozinha, e a prática médica consistiaem larga escala na orientação quanto ao preparo de manjares apetito-sos. Conta-se que certo cozinheiro chegou a se "doutorar" em Medi-cina com o propósito único de poder dirigir a cozinha na corte dosCésares.  A História, todavia, também recorda, na antigüidade, nomes demédicos ilustres que legaram às gerações posteriores traços indeléveisda ciência médica. Um deles foi Hipócrates (466-366 a. C.), com jus-tiça chamado "o pai da medicina moderna", cuja orientação objetiva

    permitiu o posterior desenvolvimento da ciência médica. Rejeitou assuperstições da época e fundou a prática clínica, procurando, pelaobservação e experiência, as causas reais das enfermidades. Os ideaisque ele deu à sua profissão permanecem até hoje.  Na Renascença - renovação científica, literária e artística reali-zada nos séculos XV e XVI, e baseada principalmente na imitação daantigüidade grega - surgiram, da retorta dos alquimistas, inúmeroselementos químicos, mais tarde empregados empiricamente no comba-te às moléstias.  [25)

  • 8/21/2019 164626949 Alfons Balbach a Flora Nacional Na Medicina Domestica Volume 01

    14/288

    26 A FLORA NACIONAL NA MEDICINA DOMÉSTICA

      Durante muitos séculos eram desconhecidas as verdadeiras causasdas doenças, que freqüentemente se atribuíam aos maus espíritos,  A escrofulose, por exemplo, doença, tempos atrás, muito comumna infância, era chamada "o demônio do rei" nos séculos XVII eXVI I I, na I nglaterra, onde se cria que o enfermo sarava se tocado pelorei ou pela rainha.  Desse conceito errôneo surgiram as mais estrambóticas formas detratamento, que não tinham nenhum veio de verdade científica.  Entre outras, generalizou-se a crença de que as moléstias eramprovocadas por gases venenosos, oriundos de águas estagnadas ou dematéria em decomposição. Cria-se também, em alguns círculos, queo contágio - a transmissão de doença de um indivíduo a outro - severificava por meio de ondas semelhantes às da água.

    Teoria microbiana

      A relação entre os micróbios e as enfermidades já constituía umavaga hipótese admitida por alguns, quando, em 1762, Marco Antôniode Plenciz a formulou pela primeira vez, categoricamente, sem no en-

    tanto conseguir prová-la.  A teoria microbiana das doenças, em bases verdadeiramente cien-tíficas, não foi formulada senão em 1865, quando Louis Pasteur desco-briu a causa e a cura de uma epidemia nos bichos-da-seda (bombyxmori), que então estava a arruinar a indústria francesa.

      Reconhece-se como demonstrada a origem microbiana de umamoléstia quando satisfeitos os seguintes "postulados de Koch":  1. É constatada a presença do germe no organismo (homem ouanimal) que Ihe serve de hospedeiro;  2. O germe é isolado do organismo afetado e submetido à cultu-ra artificial;  3. Cultivado em laboratório, o germe causa a mesma enfermida-

    de quando inoculado em animal sadio;  4. O mesmo germe se encontra no animal usado na experiência.  Um germe é chamado "invasor' quando capaz de disseminar-sepelo organismo, e "virulento" quando segrega toxinas capazes de pro-vocar doenças.

      À penetração e multiplicação de um micróbio no organismo cha-ma-se "infecção", em contraposição à "infestação", que é a invasão

    GERMES E IMUNIDADE 27

    do organismo por parasitos de certo porte, como os vermes intesti-

    nais, o sarcopto da sarna, etc.  A susceptibilidade às infecções, no homem, está sob influênciade numerosos fatores: impurezas no sangue, deficiência de globulinasno sangue (agamoglobulinemia), baixa de certos tipos de glóbulosbrancos no sangue (agranulocitose), desnutrição (a qualitativa mais doque a quantitativa), alcoolismo, diabetes e outras enfermidades, etc.  A bacteriemia - presença de bactérias no sangue - pode sertransitória, intermitente ou contínua.  A súbita penetração de bactérias na corrente sangõínea, na maio-ria dos casos, não produz outros sintomas além de calafrio e de febre

  • 8/21/2019 164626949 Alfons Balbach a Flora Nacional Na Medicina Domestica Volume 01

    15/288

    passageira. As formas transitórias de bacteriemia têm lugar nas fasesiniciais de inúmeras infecções. Algumas bacteriemias transitórias sãoresultantes da manipulação de tecidos in'fectados, como nos absces-sos, nos furúnculos, nas amígdalas doentes, nos quistos dos dentes,etc.  A bacteriemia contínua verifica-se nos primeiros dias da manifes-tação da brucelose, da febre tifóide, das endocardites, etc.  Os glóbulos brancos, também chamados leucócitos, desempe-nham, no nosso organismo, um papel defensivo de primeira ordem. Éa fagocitose. Graças a essa função, envolvem e digerem micróbios epartículas orgânicas e inorgânicas. Os glóbulos de pus são geralmenteconstituídos por cadáveres de leucócitos - esses bravos defensores donosso organismo - que foram mortos em combate contra os germes.  Convém, todavia, não esquecermos que nem todos os leucócitospraticam a fagocitose. Os monócitos, também chamados grandes mo-nonucleares, e os granulócitos, igualmente conhecidos por polinuclea-res neutrófilos, são os únicos dotados desse poder.  As plaquetas sangüíneas, ou globulinas, graças ao seu poder de  ãglutinação, representam as primeiras linhas de defesa contra a infec-ção. Têm, entre outras, a função de rodear e envolver numa só mas-sa os micróbios que penetram no nosso corpo. Vêm, então, os glóbu-  los brancos e os fagocitam. Sob determinadas circunstâncias, os mi-  cróbios são, todavia, capazes de vencer as linhas de defesa abnegada-  mente opostas pelas globulinas, impotentes para aglutinar os invasores,

      caso em que a infecção se estende.  De modo geral, as infecções seguem um curso constante. Os  germes patogênico5 penetram no no5so organismo através da cútis, da

    2g A FLORA NACIONAL NA MEDICINA DOMÉSTICAnasofarin e dos pulmões, da uretra, do intestino, ou outras portas,  g ' primária, local. Em seguidamultiplicam-se e provocam uma infecção

    ode verificar-se a invasão de tecidos ou órgãos vizinhos, como tam-p pode ocorrer a disseminação dos microrganismos para tecidos e.bém

    ór ãos mais distantes, através das correntes sangüínea e linfática, ca-  g lesõeses secundárias. Em certas infecções, co-so em que se produzem

    mo na difteria, no tétano, etc., ocorrem lesõeses em pontos distantes,  mediante as toxinas secretadas no local da lesão primária, sem que os  bacilos necessitem disseminar-se.

      Em caso de infecção, duas coisas podem acontecer: Os germespodem vencer o hospedeiro, matándo-o, ou o hospedeiro pode venceros germes, recuperando-se completamente.

    Imunidade

      Até meados do século passado, incursõeses epidêmicas assolavam,periodicamente, com resultados catastróficos, certas regiões do mundocivilizado. Umas, como acólera; sobrõssaíam por seu elevado índicede letalidade, ao passo que outras, õcomo a varíola, ressaltavam pelascicatrizes com que estigmatizavam a fisionomia de suas vítimas. Umhorror à vaidade feminina! Verificou-se que essas moléstias costuma-vam poupar aos que elas já tinham, antes, acometido violentamente,e que muitos organismos resistiam diretamente aos primeiros ataques

  • 8/21/2019 164626949 Alfons Balbach a Flora Nacional Na Medicina Domestica Volume 01

    16/288

    da doença, mas nínguém imaginou que esse fenômeno se tornaria a  chave da teoria da imunidade.

      Imunidade é a propriedade que tem um organismo vivo de ficar asalvo de determinada doença. Afirma-se que a imunidade pode seradquirida ou natural.

      A primeira, que muito interessa à Medicina oficial, é chamgda

      "ativa' uando aparece após a doença ou inoculação artificial de er  q "passivá' quando resulta da aplicação do  mes ou de suas toxinas; e

      soro de um organismo imunizado contra determinada infecção.  A segunda imunidade, que pode ser relativa ou absoluta, pouco

      interessa à Medicina oficial, mas muito interessa aos que desejam cul-  tivá-la para poderem contar com uma resistência eficaz contra as en-  fermidades. É com esta que se ocupa a presente obra.

    6

    A MICROBIOFOBIA

      Os micróbios - também designados pelo nome genérico de ger-mes - são seres microscópicos, animais óu vegetais, que nos interessammercê dos danos que nos causam.  Entre os seres vivos e o meio verifica-se uma luta contínua, na qualnem sempre saem vitoriosos os maiores e os fisicamente mais fortes;muitas vezes triunfam os menores, os impalpáveis, os invisíveis. Osanimais de grande porte, como o hipopótamo, o rinoceronte, o ele-

    fante, etc., estão em vias de desaparecimento, ao passo que os inse-tos, os micróbios e os vírus se estão multiplicando de maneira as-sombrosa.

    Micróbios

      No terreno dos micróbios, há inúmeras legiões de seres animais evegetais que, introduzidos no nosso organismo, provocam em nós, sobdeterminadas condições, os mais variados tipos de doenças.  No reino vegetal destacam-se:  1. Bactérias, entre as quais se distinguem:

      a. Cocos (microrganismos esféricos):  - Cocos isolados;  - Diplococos (reunidos dois a dois): gonococos (causadores dablenorragia), pneumococos (pneumonia), meningococos [meningite cé-rebro-espinhal);  - Cocos triados (reunidos três a trés);  - Cocos tetrados (reunidos quatro a quatro);  [29)

  • 8/21/2019 164626949 Alfons Balbach a Flora Nacional Na Medicina Domestica Volume 01

    17/288

    2 - A Flora

    3õ A FLORA NACIONAL NA MEDICINA DOMÉSTICA  - Sárcinas (amontoados em cubos compostos de oito cocos);

      -Estreptococos (agrupados em forma de corrente): Estrepto-coccus hemolyticus (erisipela);

      - Estafilococos (agrupados em amontoamentos que dão o aspec-to de cachos de uva): Estafilococcus aureus (osteomielite);

      - Micrococos Cincaracterísticos);

      b. Bacilos Cem forma de bastonetes curtos e retos: bacilos isola-dos, diplobacilos, estreptobacilos): Bacilo de Nicolaier (tétano), Baci-lo de Klebs-Loeffer (difteria), Bacilo de Koch Ctuberculose), Bacilo deEberth (tifo), Bacilo de Hansen (lepra);

      c. Espirilos (em forma de espiral): Treponema pallidum [sífilis),Treponema recurrentis (febre recurrente, transmitida por piolhos e car-rapatos); g ): Vibrio

      d. Vibriões (bastonetes encurvados, em forma de vír ulacholerae (cólera).

      2. Fungos: Uns podem provocar pneumonias; outros podem  produzir doenças da pele ou de outros órgãos. Todas as enfermidades  acarretadas por fungos recebem o nome de micoses.

      3.  Vírus: São invisíveis ao microscópio com iluminação comum;  só odem ser observados por meio do microscópio eletrônico; são fil-  p , passam através dos filtros de porcelana, que normal-  tráveis [isto é

      mente retêm as bactérias); só podem ser cultivados na presença de cé-  lulas vivas que sejam suscetíveis. Provocam doenças tais como a po-  liomielite, a varíola, a gripe, o sarampo, a febre amarela, a hidrofo-  bia, etc.  No reino animal, temos os protozoários, de que há quatro classes  bem definidas:

      1. Rizópodes ou sarcodinos lprotozoários desprovidos de mem-  branas, cujos pés são semelhantes a raízes, e que se movem por pseu-  dópodes): Entamoeba histolytica (disenteria amebiana).

      2. Flagelados ou mastigóforos (protozoários providos de flagelo,  longo apêndice em forma de chicote, com movimentos rápidos e vio-

      lentos): Leishmania brasiliensis (úlcera de Bauru), Trypanosoma cruzi  (doença de Chagas), Trypanosoma gambiense (causador da doença do  sono, por intermédio da mosca tsé-tsé), Enteromonas hominis (enteri-  tes mais ou menos crônicas), Trichomonas hominis (enterites e diarréias).

      3. Esporozoários (protozoários imóveis ou quase imóveis, que re-  produzem rapidamente por esporulação): Plasmodium malariae (impa-A MICROBIOFOBIA 31

    ludismo ou malária: febre quartã, acesso febril de 72 em 72 horas),

  • 8/21/2019 164626949 Alfons Balbach a Flora Nacional Na Medicina Domestica Volume 01

    18/288

    Plasmodium vivax (febre terçã benigna: acesso febril de 48 em 48 ho-ras), Plasmodium falciparum (febre terçã maligna: ciclo esquizogôni-co de 24 a 48 horas). Os acessos febris ocorrem no momento em queos espórios, merozoítas, formados pela divisão, se libertam e caem noplasma, em conseqüência da destruição das hemácias.  4. Ciliados, cilióforos ou infusórios (protozoários dotados de cí-lios): Balantidium coli (vive no intestino grosso, onde pode causarenterocolites, com lesõeses intestinais).  Subindo na escala zoológica, encontramos, logo acima dos proto-zoários (que são unicelulares), os metazoários (pluricelulares), que po-dem parasitar o homem diretamente, como os vermes intestinais, atriquina, o bicho-de-pé (tunga penetrans), o ácaro da sarna, etc., ouservir de veículos aos germes de graves enfermidades, como a pulga,que transmite ao homem o bacilo pestoso, causador da peste bubôni-ca, oriunda de ratos atacados da moléstia, ou como o anófele, trans-missor da malária.

    Terror séptico

      Como se vê, vivemos constantemente assediados por poderososadversários, visíveis e invisíveis a olho nu.  Mas - atenção! - nosso propósito, aqui, não é o de provocarentre os leitores deste livro, uma microbiofobia, que é uma das

    doenças de imaginação, e que vêm atormentando a muitos neste sé-culo de neuroses.  Se, como afirma um articulista, de cada seis pessoas uma morreráde câncer ("Realidade" de junho de 1966), possivelmente não esteja-mos longe do ponto se admitimos que, de cada dez, uma pereceráprematuramente, graças ao desgaste produzido no seu sistema nervosopelas diversas fobias, entre as quais o "terror séptico" será talvez umadas mais importantes fontes de padecimento. Lamentavelmente, õnãonos é dado conhecer nenhuma estatística nesse sentido, porém sabe-mos que muita gente sofre desse mal.  Um estudo realizado na Inglaterra, pelo Dr. Hugh Nicol, e dadoà publicidade sob o título de "Microbes by the Million", fornece-nos apropósito algumas informações úteis, baseadas em pesquisas de labo-

    ratório.

    32 A FLORA NACIONAL NA MEDICINA DOMÉSTICA

      Entre outras, encontramos nessa obra a consoladora afirmação deque "os micróbios ordinariamente existentes numa casa residencialnão oferecem séria ameaça", e que "haverá uma imensidade deles, sehouver doença em casa, o que, todavia, não constituicá; ainda, grandeameaça, se os ocupantes da mesma estiverem bem alimentados e sehouver o necessário asseio no ambiente.

      Muitas donas de casa se dão ao trabalho de polir os talheres, de-

    detizar os dormitórios, desinfetar as bacias sanitárias, porém se esque-cem de que uma cozinha menos limpa e cuidada, onde a comida es-teja exposta ao pó e às moscas, é muito mais perigosa do que todasas moedas e notas que porventura fossem manuseadas à hora da refei-ção. Longe de querermos dizer que não seja necessário lavar cuida-dosamente as mãos antes da comida, pretendemos apenas enfatizaruma necessidade ainda mais imperiosa, que é o asseio absoluto nacozinha. Não foi sem motivo que um pensador chinês afirmou queuma cozinheira suja provoca diarréia mais facilmente que o ruibarbo.

  • 8/21/2019 164626949 Alfons Balbach a Flora Nacional Na Medicina Domestica Volume 01

    19/288

      Que o mau cheiro exalado por águas estagnadas ou por corposdeteriorados constitua, por si só uma fonte de contaminação, isso es-  tá longe de ser verdade. "Se há mau cheiro", diz o pesquisador in-  glês, "haverá, na substância em decomposição, milhões de bactérias,  mas a culpa não é só dos mi.cõcíbios e, sim, principalmente, das pes-  soas que deixam tais putrefaçõés expostas, exalando miasmas."

      "O uso do sabãó', acrescenta o Dr. Nicol, "embora se trate de  sabão comum e sem drogas especiais, se regularmente adotado, sem  excessos e sem descuido, será bastante para manter a limpeza dum  lar, quaisquer que sejam as condições de pobreza ou de conforto ma-  terial. Geladeiras, aspiradores de pó e outros aparelhos modernos pa-  ra a limpeza do lar, são coisas muito lindas e confortáveis, mas nin-  guém perecerá por falta dos mesmos, pois sua utilização não trouxe  alta contribuição para a assepsia da vida doméstica. Os micróbios de  uma casa são, geralmente, os do ar e da água, e, para muitos deles, o  nosso organismo tem defesa natural; outros são inofensivos ou mesmo  benéficos."  Coexistência pacífica  Banhos de asseio regulares, mãos bem lavadas antes de comer,  roupa limpa, passada a ferro, cozinha asseada, água filtrada para be-  ber, continuam sendo os melhores meios deõ defesa contra os germes  patogênicos.

    A MICROBIOFOBIA 33  Os micróbios são os coletores de lixo do corpo e não encontramambiente num organismo limpo e sadio. Se nele penetram, abando-nam-no logo, expulsos, sem deixar vestígio de sua visita, porque só sealimentam de tecidos enfermos. Se possuímos imunidade natural, setemos o sangue limpo e todos os órgãos em funcionamento sinérgicoe regular, não temeremos os germes e poderemos passar incólumesatravés de muitas epidemias.  Todos nós estamos em contacto constante com o bacilo de Koch,mas nem por isso ficamos tuberculosos, a não ser que nossas defesasorgânicas estejam enfraquecidas.  Os germes são tão normais para o homem como o vento para a

    árvore. Como seria errado incriminar o vento pelo derrubamento deuma árvore que tivesse o tronco carcomido ou as raizes cortadas, étambém errado culpar os micróbios plas doenças infecciosas queacometem os organismos arruinados e corrompidos por uma vida anti-natural. Os germes só nos causam doenças quando há algum dese-quilíbrio orgânico em nós; em condições normais de equilíbrio os mi-cróbios não têm ação pois também estão sujeitos à lei da "coexistên-cia pacífica" com o gênero humano.  Não podemos encerrar este capítulo sem transcrevermos algumaspalavras do interessante livro "Como Se Deve Curar", do Dr. TullioChaves, que ensina:  "Segundo a opinião de Claude Bernard, o micróbio não é nada, oterreno é tudo. . .

      "Grande valor se dava outrora à virulência dos germes: Atribuí-am-se os graus de intensidade de uma doença infectuosa à maior oumenor virulência do seu germe produtor.  "Hoje esse ponto de vista é considerado errôneo e as diversas for-mas de uma mesma infecção são imputadas à diversidade do terrenohumano. E os órgãos de localização da infecção depõndem tambémdos lugares de menor resistência apresentados pelo organismo. . .  "A doença, modernamente, não é mais devida aos estragos causa-dos por um germe ou por uma função desviada. Ela é, antes, a rea-ção que o organismo opõe à toxicidade do germe que a produziu; e,

  • 8/21/2019 164626949 Alfons Balbach a Flora Nacional Na Medicina Domestica Volume 01

    20/288

    nas doenças funcionais, é a resistência que o organismo opõe à disfun-ção, adaptando-se a ela ou reagindo, para que a função anormal volteà sua normalidade primitiva.

      rr  "= õ  Nrr õr rõ"

      :

    1- blenorrogia

    5 - osteomielite

      rõ õõ~

    lõr,lõt  rõõõ

      /

    9 - tétono

    /(o õ 1

    I a õ  õ I

    I3 - febre tifóide

      `. r'  r

    2 - pneumonia

      1  , "~,  :  ..

  • 8/21/2019 164626949 Alfons Balbach a Flora Nacional Na Medicina Domestica Volume 01

    21/288

    6 - mamitecontagioso  o0õ  ã o  ã8 t ó

    IO - difteria

      q5õ õr  \õ\ t k..õr õ,õ  I  \  `uõii( 1I4- lepra

      rr

      r

      r  r r õõ`  õ r"

    3-meningitecérebro-espinhal

      ,õ,lõ.TõS. ..

      - ,-. .  . õõ55  õ 7 õ õ .  õ õ ..

    7- mamitegangrenosa

      xr õ  Yõ

    I I - tuberculose

  • 8/21/2019 164626949 Alfons Balbach a Flora Nacional Na Medicina Domestica Volume 01

    22/288

      ..  o eoo é`'o õõ, io oo o8 oo 8. .

    oe õbõ`e oõ  o óo

    ! 5 - peste

      r

    4- erisipela

    8- mormo

      /

    I2-carbúnculo

    I6- sifilis

      -,.,  -

    ' íõ õ " -; õ ;  ,  .

      ..,, .,

    )7- cólera I8-disenteria I9-doenw do sano 20- molária  omebiona

  • 8/21/2019 164626949 Alfons Balbach a Flora Nacional Na Medicina Domestica Volume 01

    23/288

      MICRÓBIOS OU GERMES

    A MICROBIOFOBIA

    1 - Neisseria gonorrhoeae (blenorragia)

    2 - Diplococcus pneumoniae (pneumonia)3 - Neisseria meningitides (meningite cérebro-espinhal)4 - Streptococcus pyogenes (erisipela)

    5 - Staphylococcus aureus [osteomielite)6 - Streptococcus Nocardi (mamite contagiosa)7 - Micrococcus mastobius (mamite gangrenosa)8 - Bacillus mallei (mormo)

    9 - Clostridium tetani (tétano)

    10 - Corynebacterium diphteriae (difteria)11 - Mycobacterium tuberculosis [tuberculose)12 - Bacillus anthracis (carbúnculo)13 - Salmonella typhosa [febre tifóide)14 - Mycobacterium leprae (lepra)

    15 - Pasteurella pestis [peste)

    16 - Spirochaeta pallida (sífilis)

    17 - Vibrio cholerae [cólera)18 - Entamoeba histolytica (disenteria)19 - Trypanosoma gambiense (doença do sono)

      Plasmodium malariae (malária)

    35

    34

    36 A FLORA NACIONAL NA MEDICINA DOMÉSTICA

      "A febre é uma das características da reação do organismo contraos germes. Sendo um meio ótimo de cultura 37 graus em geral, a in-teligência inconsciente do organismo procura por todos os meios mo-dificar o seu ambiente, a fim de prejudicar a vegetação do micróbio.

    O organismo eleva essa temperatura e, com as suas antitoxinas, comns seus anticorpos e com os seus leucócitos, forma um terreno impró-prio à vegetação do germe... Quando aquela inteligênçia inconscien-te não tem a possibilidade de elevar a temperatura, ela a abaixa, comono caso de cólera. . .  "A tendência natural do organismo é defender-se. E, para se de-fender, ele lentamente prepara suas antitoxinas e anticorpos contra osantígenos agressores.  "Posto o organismo em condições higiênicas naturais - alimenta-ção sã, suficiente e atóxica, aeração e insolação normais - ao abrigo

  • 8/21/2019 164626949 Alfons Balbach a Flora Nacional Na Medicina Domestica Volume 01

    24/288

    das fadigas, dos excéssos e dos tóxicos, o organismo naturalmente usasuas armas contra a infecção: procede à diapedese dos seus leucóci-tos, fabrica as suas antitoxinas e eleva sua temperatura, queimandoum excesso de glicogênio. . .

      "Em resumo, não existem graus de virulência para um determina-do micróbio. A sua nocividade ou inocuidade depende do terreno  que o organismo humano opõe à vegetação do mesmo.

      "Nos organismos propícios à sua vegetação, os micróbios desen-  volvem a sua virulência máxima, em formas superagudas ou hipertóxi-  cas, levando o paciente a morte rápida.

      "Nos terrenos menos propícios, o organismo reage, com formas  agudas de doença e, conseguindo vencer e dominar a virulência mi-  crobiana, sara.

      "E, na maior parte dos casos, em que o terreno,. por fatores mui-  tas vezes inacessíveis à argúcia da ciência é inapto õt'proliferação mi-  crobiana, o germe torna-se avirulento ou saprófita, tendo o organismo  g P  reagido por formas beni nas, chamadas ambulatórias, ou or formas  subliminares, desapercebidas do paciente e seu entourage'."

    7

    "MAI S VALE PREVEN I R  DO QUE REMEDIAõ"

      No decorrer das seis ou sete décadas do século XX, rico em mara-vilhas que a Ciência nos revelou, a Medicina fez brilhantes conquistasem prol da saúde, que sempre foi e será a maior das riquezas mate-riais do gênero humano.  O médico moderno dispõe de diagnósticos e meios terapêuticos

    que deslumbrariam os esculápios do passado. A Medicina conta, ho-je, a mãos cheias, com uma variedade de recursos até há pouco tempocompletamente desconhecidos. Mas também se vê obrigada a enfren-tar um inimigo que muito a prejudica no desempenho de suas nobresfunções: É o tempo perdido pelos pacientes, que não prncuram socorroimediato para seus males.  Quantas vezes, por exemplo, um câncer iniciaÍ, ainda facilmentecurável, se transforma em uma grave infiltração maligna (metástase);uma ligeira cardiopatia se descompensa; um simples resfriado se trans-forma em uma grave pneumonia; uma leve dor de garganta, em umaperigosa difteria; uma apendicite, numa peritonite; etc. Recorremosao médico tardiamente, nos casos graves, muitas vezes irremediáveis,e exigimos, contra a razão, que o clínico faça prodígios, quando seus

    esforços, ainda que mínimos, seriam coroados de êxito se o tivés-semos consultado aos primeiros sintomas da moléstia. '  Se os inconfundíveis sinais de uma enfermidade grave recomendama busca de urrõ especialista sem demora, não devemos aguardar a "rea-ção espontânea do organismo", pois a providência imediata significa,neste caso, poupança de maiores aborrecimentos, de maior perda detempo e de maiores despesas, além de assegurar resultados mais lison-  C37)

  • 8/21/2019 164626949 Alfons Balbach a Flora Nacional Na Medicina Domestica Volume 01

    25/288

    38 A FLORA NACIONAL NA MEDICINA DOMÉSTICA

    jeiros para a conservação da vida e da saúde. Diagnosticada a enfer-midade em sua fase inicial, o paciente tem grandes vantagens. Mas onosso povo, lamentavelmente, ainda não compreende isso.  Os médicos são procurados mais pelos "doentes de cisma" do quepelos "doentes de verdade". A grande maioria dos que buscam o mé-dico não necessitam de remédio algum, mas apenas de conselhos.Acham, porém, que o médico Ihes deve receitar injeções, pílulas, cáp-sulas, comprimidos, elixires, e cem coisas mais, ("pois quanto maior areceita e mais caras as drogas, tanto mais competente o médico", as-sim pensa o vulgo), e ficam desapontados ou indignados quando o fa-cultativo Ihes assegura:  - "Pode estar sossegado! Você não sofre de nada. Nunca vium organismo tão sadio."  Os que têm afecções cardíacas, distúrbios hepáticos, perturbaçõesgástricas ou intestinais, desordens renais, etc., esses é que se esque-cem da existência da Medicina, e só procuram o médico quando jáestão arruinados, e então querem que o clínico faça mágicas, restau-rando-os completamente em poucos dias.  Os próprios indivíduos sadios - os que se consideram sãos sóporque nada sentem, como se não houvesse enfermidades que minamorganismos aparentemente robustos - necessitam, de quando emquando, recorrer ao médico para uma "revisão geral", a exemplo do

    que fazemos com os carros de boa marca.  Na América do Norte, a Medicina preventiva, estreitamente ligadaà Higiene, desempenha hoje um papel de suma importância.  É, pois, de vital interesse para a saúde e a vida, aqui também, apronta intervenção preventiva e curativa da Medicina, mormente noscasos mais ou menos graves. Em matéria de doença, não devemosdeixar para amanhã aquilo que podemos fazer hoje mesmo.

    8

    VEN ENO CONTRA VEN ENO?

      O naturismo tem em mira a cura das enfermidades pela remoçãodas suas causas. "Sublata causa tolitur effectus", dizia Hipócrates.Visa pôr o organismo em condições de defender-se e restaurar-se a simesmo.  A homeopatia visa tratar as doenças por meio de agentes terapêu-ticos que, tomados em pequeninas doses, têm óu se supõe terem apropriedade de produzir sintomas semelhantes aos dessas doenças.  A alopatia visa combater as doenças mediante medicamentos queproduzem efeitos contrários às mesmas.

      O sistema alopático emprega drogas, antibióticos, vacinas, soros,etc.  As drogas encerram um princípio tóxico. São venenosas. Os ve-nenos, quer tomados por injeção quer por via bucal, penetram nosangue e, pelas vias circulatórias, percorrem todo o organismo. Fa-zem dano aos germes das doenças. Podem matá-los ou neutralizar--Ihes os venenos. Podem intensificar ou diminuir o trabalho de certosórgãos. Podem provocar outras modificações nas funções vitais.Mas, por outro lado, também danificam o organismo humano. Afe-tam o aparelho digestívo e também o fígado, o qual, entre outras,

  • 8/21/2019 164626949 Alfons Balbach a Flora Nacional Na Medicina Domestica Volume 01

    26/288

    tem a função antitóxica, neutralizando os venenos ou diminuindo-Ihesa ação, quando em quantidade limitada. Mas não dá conta de por-ções excessivas de veneno. O que vai além de sua capacidade se dis-semina por todo ocorpo, fazendo sentir, em todos os órgãos, suaação maléfica. E o próprio fígado fica doente, em conseqi.íência dasobrecarga. O veneno circula pelo corpo todo. Passando pelo cére-bro, afeta-o. Afeta todo o sistema nervoso. Afeta o coração. Afeta osrin5.

    (39)

    40 A FLORA NACIONAL NA MEDICINA DOMÉSTICA

      Não é igual a ação de todos os venenos. Uns prejudicam espe-cialmente este órgão; outros, aquele. Assim, há medicamentos quepodem afetar especialmente a vista, há os que prejudicam a audição,há os que atacam os órgãos genitais, etc.

      Como exemplo ilustrativo citamos apenas um fato: Em julho de1954 os jornais publicaram a proibição de venda determinada peloServiço de Fiscalização do Exercício Profissional, da Secretaria da Saú-de, de certo medicamento, porque se descobrira que o mesmo provo-ca a cegueira.

      Muitas drogas, quando tomadas em doses repetidas, podem tor-nar-se cada vez mais intoleráveis ao organismo, até provocarem umaintoxicação. E, por outro lado, as drogas, segundo a qualidade, a fre-qiiência com que são tomadas, e a quantidade, podem também tor-nar-se inoperantes. À guisa do que sucede com as vacinas, o organis-mo pode criar antitoxinas para certas drogas, após aplicações reitera-das, tornando-se, assim, inútil o seu uso. .  É, por exemplo, muito difundido o hábito de usar preparados à  base de sulfas, penicilinas, e outras drogas, para tratar muitas doen-  ças, mesmo muitas sobre as quais esses medicamentos não têm ação.  E como os mesmos, muitas vezes, não acarretam perigos visíveis e  imediatos ao organismo, dão margem a que o povo os use a três por  dois. Esses medicamentos, porém, tomados repetidamente, em pe-

      quenas doses, podem, segundo as circunstâncias, promover a "tolerân-  cia medicamentosá'. Determinam, assim, no organismo, um estado  de tolerância que os torna inoperantes mesmo contra doenças de que  são específicos. Mas, ainda que inúteis para estas enfermidades, tra-  zem prejuízos que, mais tarde, poderão manifestar-se em várias for-  mas de doença.

      As sulfanilamidas produzem várias reações tóxicas, prejudiciais, e,  às vezes, fatais. São venenosas para os invasores estreptocócicos, não  há dúvida, mas são também venenosas para o organismo.

      Quando o paciente vê que a droga não Ihe faz o esperado efeito  curativo, toma doses maiores, sem suspeitar que o medicamento que

      deveria trazer-Ihe saúde, Ihe está arruinando o organismo. Repetidas  doses maiores podem acarretar graves intoxicações ou alguma doença  secundária.  Quando as drogas não são causa direta de certas enfermidades,  podem ser causa indireta. Determinados órgãos, sendo afetados pelos

    VENENENO CONTRA VENENO? 41

    venenos, não desempenham fielmente seu dever, e, em conseqiiência,

  • 8/21/2019 164626949 Alfons Balbach a Flora Nacional Na Medicina Domestica Volume 01

    27/288

    prejudicam o bom funcionamento de outros órgãos que dependem daação daqueles.  Aparecem muitos distúrbios cuja causa real é poucas vezes sus-peitada. Quem pode negar que as doenças cardíacas, as doençasmentais, e outros males que tlagelam a geração atual, e que nuncaassumiram tamanhas proporções como no presente século, sejam, emboa parte, devidas ao tão generalizado uso de drogas venenosas?  Os medicamentos de ação analgésica, ou seja, os que acalmamdores, são dos mais usados. Inúmeras pessoas os têm em casa, de re-serva. Levam-nos consigo ao saírem. São tão comuns que muitos osacham tão necessários como uma caixa de fósforos. São-nos ofereci-dos na farmácia, como troco, quando vamos comprar alguma coisa.Muitas pessoas, sentindo qualquer dor, branda ou forte, ingerem ime-diatamente a droga, sem saberem que estão alimentando um vícioaltamente prejudicial e perigoso para a saúde. Esquecem-se de que ador não' aparece por si mesma, mas que resulta de algõõma coisa quenão vai bem no organismo. Ignoram que a dor é apenas um sintomada doença, e que não se deve combater os efeitos, mas, sim, a causões.E a causa, por sua vez, não pode ser combatida por meio de sedati-vos.  O uso imediato de medicamentos analgésicos ou anti-febris emmuitos casos dificulta o diagnóstico do médico, pois a eliminaçãodesses elementos poderá mascarar os sintomas habituais da doença,cuja causa continua a agir na intimidade do organismo, pela falta de

    tratamento acertado desde seu início.  Além disso, os analgésicos podem facilmente ocasionar sérios dis-túrbios orgânicos, como intoxicação e lesõeses em órgãos importantes(fígado, rins), afecções diversas e acúmulo de trabalho para o cora-ção. As drogas nunca deixam de ser prejudiciais.

      O organismo humano, em geral, sabe defender-se contra a doen-ça, repelindo os inimigos causadores da mesma. Não devemos, porisso, subestimar sua força de resistência natural, procurando erronea-mente reforçá-la com drogas medicamentosas.  Afirma o Dr. Adr. Vander:  "Felizmente muitos médicos da escola alópata estão começando aficar mais e mais convencidos da eficácia da medicina natural, mas

    42 A FLORA NACIONAL NA MEDICINA DOMÉSTICA

    ainda estão demasiadamente influenciados pelas antigas concepçóespuramente alópatas.  "Também nas universidades há muitos catedráticos que têm com-preendido que a medicina alópata encerra um bom número de erros eque é indispensável uma reforma, pois já é conhecido de muitos queos medicamentos não podem curar por si mesmos uma enfermidade,pelo menos não da maneira como a medicina natural entende porcurar, a saber, eliminar por completo a causa da enfermidade, regene-rar os tecidos danificados e normalizar a função de todos os órgãos

    do corpo.  "Não há dúvida de que se podem alterar com drogas as funçõesdo corpo e conseguir, por exemplo, que estes ou aqueles órgãos tra-  balhem mais intensamente por certo tempo, mas em seguida vem a  reação inversa e o órgão pode então ficar ainda mais débil que antes.  Demais, os outros órgãos, sobre os quais não se queria atuar, são preju-  dicados pelas drogas, como sucede, por exemplo, com a aspirina, que  se toma para acalmar a dor, de vez que atua sobre o sistema nervoso,  mas que prejudica o estômago por ser o primeiro órgão que a recebe.  Pode-se, algumas vezes, com a morfina, aliviar os terríveis sofrimentos

  • 8/21/2019 164626949 Alfons Balbach a Flora Nacional Na Medicina Domestica Volume 01

    28/288

      de um enfermo, mas com ela não se consegue uma cura. Podem  apresentar-se casos em que se necessite um purgante para solver um  caso de urgência, mas o purgante não cura a enfermidade; ao contrá-  rio, prejudica o estômago e os intestinos. O clorofórmio pode ser ne-  cessário para uma operação sem dor numa pessoa após um acidente  grave, etc. Contudo, sempre que se considerem as drogas como cura-  tivas, comete-se um grande erro. As drogas são remédios prejudiciais  à saúde, com os quais se pode conseguir um resultado, mas não uma cura  natural.  "Tendo-se isto sempre em mente, não se pode cair tão facilmente  em erro, como tem acontecido, por desgraça, nos tratamentos abusi-  vos à base de medicamentos. As operações, também, jamais curam;  porque a cura é um processo de regeneração do organismo. Com  uma operação pode-se extirpar um órgão ou parte do mesmo, mas  não há órgãos no corpo que não sejam necessários ou úteis. Portan-  to, o que se deve fazer é procurar curá-los e evitar extirpá-los. As  numerosas operações que se fazem hoje em dia constituem uma prova  do fracasso dos tratamentos com medicamentos. Noventa por cento  das operações poderiam seguramente ser evitadas com o uso adequa-VENENO CONTRA VENENO? 43

    do e oportuno da medicina natural. Entenda-se bem: não é neces-sário ser fanático e não admitir em nenhum caso o uso de um remé-dio ou de uma operação, porque podem apresentar-se casos em que

    estes se justifiquem, como, por exemplo, num grande tumor que opri-ma as vias respiratórias com perigo de morte imediata, caso em que aoperação é o remédio adequado para evitá-la. . .  "O maior erro da medicina alópata tem sido o de considerar, du-rante séculos, as drogas como agentes curativos. Este erro era tãogrande, que os investigadores se entregaram com incansável atividade àbusca de drogas e remédios que deviam fazer o milagre de curar asenfermidades. . . Não encontraram uma droga verdadeiramente curati-va e que ao mesmo tempo não seja um veneno mais ou menos preju-dicial para o organismo, porque não existe tal coisa senão na imagina-ção das pessoas. Só a natureza cura.  "Esta caça aos remédios, baseada numa conGepção equívoca acer-ca das enfermidades, desviou demasiadamente á ãtenção dos clínicos

    e i nvest.igadores.  "Grandes descobrimentos foram feitos em todos os ramos da me-dicina, menos no mais necessário, a saber, na cura natural das enfer-midades mediante agentes naturais. Tais descobrimentos foram lança-dos no mundo com grande alarido, e tanto sugestionaram os clínicosque estes geralmente têm seguido o rumo indicado pelos autores. Osremédios anunciados têm sido experimentados nos enfermos. Cria-seque tomãdos nas doses prescritas não haviam de prejudicar. Isto, po-rém, é um grande erro. Um veneno sempre é prejudicial, ainda queseja tomado em pequena quantidade e ainda que nem sempre se mani-feste em seguida o prejuízo ocasionado."  Para o benefício dos estimados leitores, transcrevemos a seguir al-gumas advertências que acidentalmente encontramos nos jornais e em

    outras publicações. Se tivéssemos feito uma busca intencional, pode-ríamos agora apresentar um estudo mais amplo e detalhado sobre osperigos das drogas. Mas estes bastam para o momento.  Com o que fornecemos nas próximas páginas desta obra, não te-mos o propósito de criar uma espécie de fanatismo ou extremismo en-tre a população; esperamos apenas poder corrigir, reformar, moderar oexcessivo entusiasmo e a perigosa ilusão que muita gente abriga comrespeito aos produtos farmacêuticos, e realçar a importãncia da Higie-ne e da Profilaxia, que valem mais do que muitas drogarias reunidas.

  • 8/21/2019 164626949 Alfons Balbach a Flora Nacional Na Medicina Domestica Volume 01

    29/288

    44 ~ FLORA NACIONAL NA MEDICINA DOMÉSTICA

      "remédios milagrosos" apenas proporcionam uma iiusão de curaMuitos

      "Muitos médicos estão tão convencidos de que o medicamentodará resultados em doentes que são induzidos por auto-sugestão aacreditar nas 'curas'.  "Nos primeiros anos de minha carreira, fui assistente de um médi-co famoso. Estava ele convencido de que a pneumonia podia sercurada com grandes doses de quinino. Na realidade, 25 por centodos pacientes tratados continuavam a morrer, como ocorria com ospacientes ..,e pneumonia antes do aparecimento dos antibióticos. Meuchefe, todavia, só se lembrava dos que se tinham restabelecido e es-quecia os demais. E assim, um dia, publicou um artigo no qual afir-mava que era possível obter cem por cento de curas de pneumoniacom o quinino. Creio que ele estava realmente convencido do quedizia, mas, depois de algumas experiências, os médicos de todo o paísse convenceram de que aquele medicamento, na verdade, apenas fa-zia mal aos pacientes, e desistiram de usá-lo.

      "Na minha juventude, eu tinha o hábito de experimentar todos os'tratamentos milagrosos anunciados na imprensa - alguns deles ba-

    seados em êxitos com um ou dois pacientes. Cedo, porém, compre-  endi que tudo aquilo era ilusório.  "Muitas vezes os médicõs se entusiasmam de tal modo com uma  nova droga que a receitam durante algum tempo a todos os pacientes  que vão ao consultório; mais tarde, porém, diante dos resultados ne-  gativos, passam a usar outro medicamento, o qual, por sua vez, é  também abandonado. Há uns 45 anos, todo médico receitava ben-  zoato de benzil a seus pacientes. Experimentei o preparado em cerca  de 20 pacientes, sem resultado, e o abandonei. Outros médicos, to-  davia, continuaram a receitá-lo. Agora, há muitos anos não ouço fa-  lar desse medicamento." - Prof. Dr. Walter C. Alvarez, da Clínica  Mayo. g ,  ")á muitas vezes medicamentos de 'ação rápida e mila rosa tive-

      ram de ser abandonados, porque davam somente a ilusão de cura, e o  germe patogênico ficava no organismo, onde reaparecia depois de vá-  rios anos." - Dr. Hugo Mondolfo.

      "As pessoas ansiosas, intranqüilas, têm a ilusão de que este ou  aquele tipo de remédio é uma solução. É falso... Tudo isso constitui  um aspecto do caráter mágico atribuído pelo povo aos remédios em

    VENENO CONTRA VENENO? 45

    geral - 'remédio resolve tudo' - e de acordo com essa idéia muitagente deixa de comprar comida para comprar remédio. Muitos médi-cos têm também a tendência de aliviar o doente, o que nem sempre é

    indicado. Atualmente a fiscalização é tão grande que muitos médicostêm até medo de levar uma injeção de ópio em suas maletas." - Dr.Henrique Roxo.  "Uma grande limpeza nas drogarias está sendo empreendida pelaAdministração Federal dos Alimentos e Drogas (nos EE UU). A pes-quisa de remédio por remédio vai determinar quais são inúteis ou da-ninhos, para forçar sua retirada do mercado. A AFAD calcula que emtrês ou quatro anos de esforço ingente, muitos remédios populares te-rão de despedir-se da praça, e numerosos outros terão de modificarseus rótulos." - Folha de São Paulo, 13/11/64.

  • 8/21/2019 164626949 Alfons Balbach a Flora Nacional Na Medicina Domestica Volume 01

    30/288

    Muitos medicamentos, em vez de curar, provocam doenõas

      "Hoje ouço falar de muitas pessoas vítimas de coceiras, rachadu-ras na pele, horrível gosto na boca, náuseas, dores no fígado, doresno estômago, ou alguma outra forma de doença, após tomarem qua-tro ou cinco remédios prescritos por um ou mais médicos.  "Quando tais pessoas me procuram tenho de dizer-Ihes: 'Nãoposso tentar um tratamento até que parem de tomar todos os remé-dios por uns dias a fim de verificarmos se o mal se deve a um deles.'Se, após alguns dias sem tomar medicamentos, todos os sintomas de-saparecerem, o que resta a fazer é tomar um remédio após outro, emforma de teste, até que os sintomas voltem. Deste modo, a pessoaserá capaz de descobrir qual deles está causando o incômodo.  "Uma dificuldade que tenho de enfrentar é que muitas pessoastomam alguma coisa que peiisam não ser remédio. Por exemplo: umdos casos de que estou lembrado é de um homem de negócios quegeralmente tinha de retornar à casa com febre ou dores no estômago.No outro dia, manchas roxas apareciam-Ihe nos braços.  "Suspeitei do efeito de algum medicamento, e perguntei-Ihe sehavia tomado algum remédio, e respondeu negativamente. Finalmen-te, quando o caso parecia sem esperanças, enviei-o a um dermatolo-gista, perguntando-Ihe se sabia o que ocasionara as manchas roxas. Aresposta foi: 'Sim, são devidas à fenolftaleina'. Esta droga é comum

    em muitos laxativos comerciais.

    46 A FLORA NACIONAL NA MEDICINA DOMÉSTICA

      "Quando insisti com o paciente que deveria estar tomando algumlaxativo, finalmente confessou que tomara um, mas não o consideravacomo remédio. Quando finalmente o paciente cessou de tomar essemedicamento, acabaram-se as complicações.  "Sei de casos em que uma simples aspirina causou irritação norosto de uma mulher. Outras vezes uma pessoa pode tomar um me-dicamento diariamente, por meses, sem nenhum contratempo, e derepente ser vítima de rachaduras na pele, perturbações visuais ou do-

    res de cabeça ou de estômago." - Prof. Dr. Walter C. Alvarez.

      "Em matéria de terapêutica, nos tempos antigos a nossa profissãofoi anatematizada pela penúria de seus recursos; hoje o é pela abun-dância e pelos excessos no uso de armas medicamentosas...  "São numerosas as doenças resultantes dos progressos médicos,como complicações das modernas técnicas diagnósticas e terapêuti-cas. . .  "A corrida para a conquista de novos medicamentos é um fatoreal. Há os que se divertem, fazendo o cálculo das toneladas de inu-tilidades que os crédulos consomem, principalmente os 'devoradoresde remédios'; outros analisam os maus efeitos dos bons remédios, sobo fascínio do palpitante capítulo da patologia iatrogênica..." - Dr.

    Carlos da Silva Lacaz

    Muitas das novas drogas podem fazer mal e até matar

      "Alguém me censurou por ter mencionado os bons resultadosobtidos com certo medicamento usado contra a gota. A mesma pes-soa conta que sabe de um caso de alguém que tomou o referido medi-camento e morreu da chamada anemia aplástica. Apresento meus pê-

  • 8/21/2019 164626949 Alfons Balbach a Flora Nacional Na Medicina Domestica Volume 01

    31/288

    sames aos entes queridos dessa vítima e gostaria de que me houvessesido possível advertí-los a tempo de que nós, os médicos - e tambémos leigos - precisamos nos lembrar constantemente de que a maioriadas novas drogas podem fazer mal e até mesmo matar certas pessoashipersensíveis.  "Tenho repetido muitas vezes que todas as novas drogas lançadasrecentemente no mercado podem apresentar efeitos secundários noci-vos e até fatais. Em geral, os grandes laboratórios testam as novasdrogas em várias instituições antes de lançá-las no mercado. Ainda

    VENENO CONTRA VENENO? 47

    assim, depois de um ou dois anos, temos notícias de efeitos secundá-rios provocados pelo novo medicamento.  "'Em alguns casos, os glóbulos brancos ficam destruídos a tal pon-to, que o paciente perde a capacidade de resistir às infecções, ou tal-vez fica com o fígado seriamente afetado. Soube, há pouco tempo,que um grande laboratório retirou do mercado determinada droga,que durante algum tempo se apresentava como uma grande esperan-ça, mas que se revelou por demais perigosa para o uso ordinário.  "Certos medicamentos são tão perigosos que só devem ser usadosquando o paciente está hospitalizado, onde poderá ser examinado acurtos intervalos. Outros só devem ser empregados quando se tornanecessário salvar o paciente da ameaça de uma morte iminente."-

    Prof. Dr. Walter C. Alvarez.  "Acabo de examinar uma paciente, que durante seis meses temfeito uso de um remédio tão perigoso e tóxico que foi responsável pe-la morte de várias pessoas no ano passado. O qúe sucedeu foi queseis meses antes ela sentira determinada dor e o seu, médico Ihe pres-crevera aquele remédio. Este não pareceu ser benéfico, mas, depois,como tantas vezes ocorre com dores artríticas, estas cessaram total-mente. Mesmo assim essa paciente continuou a tomar o remédio. Fe-lizmente para ela o seu organismo foi resistente; por menos do que is-to eu já tenho visto organismos arruinados. Não deixe que 'tomar re-médios' se transforme em um hábito, leitor. Os perigos de tal práticasão enormes." - Um médico.

    A sensibilidade às drogas varia muito de indivíduo para indivíduo

      "Alguns médicos, às vezes, adotam uma atitude pouco sensatacom respeito a suas receitas. É o caso, por exemplo, de uma senho-ra que recorreu a mim depois que seu médico Ihe receitara cem cáp-sulas. Ela tomou as duas primeiras, como mandava a receita, e co-meçou a passar mal, vomitando durante toda a noite.  "Disse então que não podia tomar sequer uma cápsula das 98restantes e que Ihe custaram bastante dinheiro...  "Um dia destes, vi também um jovem cujo médico Ihe receitaracem tabletes de tranqiiilizante. Depois de tomar a droga durante doisdias, o paciente estava muito deprimido, pensando até em suicídio, epronto para entrar num hospital de doentes mentais. Apresentava um

    48 A FLORA NACIONAL NA MEDICINA DOMÉSTICA

    mau gosto na boca, tinha fortes dores de cabeça e erupção na pele,sintoma de alergia ou envenenamento.

      "Entregou-me 94 das cem cápsulas que comprara, sugerindo queeu desse a quem delas precisasse, lamentando a despesa grande quefizera." - Prof. Dr. Walter C. Alvarez, da Clínica Mayo.

  • 8/21/2019 164626949 Alfons Balbach a Flora Nacional Na Medicina Domestica Volume 01

    32/288

    Os medicamentos antitérmicos são perigosos

      "João Paulo tem 3 meses. Pesa 5 kg; está agitado, 39o de febre.Nada mais simples e mais anódino do que dar-Ihe a metade de umcomprimido de aspirina agora e outra metade à noite, se a febre nãoceder. Porém, agindo assim, você estará. . . arriscando-se a provocaracidentes graves, principalmente se a criança transpirou muito. Osrins do lactente eliminam a aspirina muito mais lentamente do queos do adulto. Mesmo com doses fracas de aspirina, a concentraçãodo remédio no sangue vai atingir um nível tóxico.

      "Se a respiração da criança se acelera, atenção. Chame sem de-mora um médico. Vômitos, convulsõeses, delírio podem aparecer ecompletar o quadro de uma intoxicação salicílica.  "Então, que deveria ter feito? Como lutar contra a febre, se aprópria aspirina familiar está condenada? Envolva o tórax da criançacom um pano fresco. Mergulhe uma toalha felpuda na água fria; tor-ça-a. Enrole a criança nela e envolva-a com um cobertor de lã. Aevaporação da água absorverá o calor do pequeno febril e sua tempe-ratura cairá.  "Os demais medicamentos antitérmicos, a antipirina, o piramidon,também devem ser evitados nas criancinhas. Quanto à criogenina,que teve uma época de celebridade, deve ser proscrita formalmente:

    supositórios de criogenina provocaram, há alguns anos, numerosos ca-sos de anemia grave." - Dr. Serge Voisin-Picard.

    As sulfas e os antibióticos são perigosos  "Muitas moléstias que não requerem nem se beneficiam com oemprego de sulfas e antibióticos passaram a ser tratadas desta maneirapelo leigo e pelo droguista, a quem só interessa vender o remédio.Como conseqüência lógica, surgiram as intoxicações e as complica-ções secundárias, decorrentes do uso indevido dessas drogas químicas(sulfas) e dos derivados antibióticos (penicilina e outros).

    VENENO CONTRA VENENO? 49

      "O grande perigo das sulfas é a sensibilização do organismo comdoses prévias, causando posteriormente o choque anafilático, isto é, aincompatibilidade do organismo com a sulfa. Muito freqiientes são aslesõeses nos glóbulos vermelhos e brancos do sangue, no fígado e no sis=tema nervoso central." - Folha Feminina, 26/1/64.

    A hidrazida provoca complicações neurológicas

      "A hidrazida do ácido insonicotínico, ou simplesmente hidrazida,é um agente químico, específico do tratamento da tuberculose...Contudo,