zine no movimento estudantil
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O que é Zine? O que é o Movimento Estudantil? E o ME usa o zine aqui no Rio Grande do Norte? Um zine para falar sobre zine.TRANSCRIPT
NO MOVIMENTOestudantil
O QUE É?
Zine é o nome popular do fanzine, quE vem da contração da expressão em inglês fanatic magazine, que significa em português revista de fãs.
E o que isso significa?Significa que os fanzines são publicações feitas por pessoas e para as pessoas que gostam de um determinado tema em comum, sejam elas amadoras ou profissionais.
A qualidade de um fanzine varia muito. Existem fanzines confeccionados artesanalmente, fanzines reproduzidos à base de fotocópia, fanzines impressos em gráficas, fanzines preto e brancos, fanzines coloridos, fanzines digitais… são tantos tipos de fanzine que é impossível listar todos eles aqui.
CRÉDITOS DA IMAGEM: MIDIA NINJA
TEXTO POR FABRIZIO YAMAI
9 9Os fanzines têm uma história muito interessante. Se-
gundo a zinewiki – wiki-enciclopedia dedicada ao uni-
verso zine – a origem do fanzine é estadunidense e está
associada às produções de ficção científica, híbrido de
ciência e arte, e remonta ao final do século XIX, com a
Amateur Press Association.
Nas décadas de 1920 e 1930, surgem muitos zines e
zineiros também na Europa, os temas se ampliam, ten-
do ainda na ficção científica o ponto fundamental de
intervenção.
Nos anos 1960, o movimento literário New Wave se or-
ganiza em torno de um fanzine britânico denominado
New Worlds, que se torna uma referência de crítica nos
anos culturalmente efervescentes daquela década. De
forma geral, a projeção do zine nos países anglófonos
acompanha essa movimentação e ressonância.
Na Itália, os zineiros se encontram com os anarquistas,
sobretudo os punks, cujo vigor estava a plenos pul-
mões, originando uma imprensa política underground.
Na França, é o movimento hippie e a herança estudan-
til de 68 que imprimem a identidade do fanzine, num
matiz mais plástico. O caráter passional que marca a
tradição zineira, não impediu o rigor literário, a ino-
vação estética e a sofisticação filosófica de muitos ed-
itoriais, hoje disponíveis em diversos arquivos virtuais
e organizados arquivisticamente na Fanzinothèque da
1930 1968
A HISTÓRIA DO
O zine surgiuna década
de 30...
foi disseminado nas revoltas de 68
na frança
9CRÉDITOS DA IMAGEM: MÍDIA NINJA
TEXTO POR ANDREIA PAGANI MARANHÃO
Universidade de Toulouse e na Fanzinoteca da Univer-
sidade de Bolonha – Unibo.
No Brasil, ainda não existem arquivos universitários
próprios para os fanzines, embora já existam linhas de
estudo nas principais universidades federais e estadu-
ais e fanzinotecas públicas em algumas cidades como
São Paulo, Rio de Janeiro e São Vicente. É no calor dos
anos de chumbo que a cultura zine se consolida no
país, sobretudo na década de 1970, com a fragmen-
tação da imprensa alternativa.
O estigma de literatura marginal acompanha as publi-
cações brasileiras num sentido menos político que em
seus correlatos europeus: associados às histórias em
quadrinhos – HQ, os fanzines tiveram uma vida editori-
al sôfrega, mas puderam – a seu modo – contribuir para
a democratização do país pelo seu caráter intertextual
e seu alcance diversificado de público (Cf. Magalhães,
2011, p. 7-8).
Devido à larga importação de revistas e HQs, os fan-
zines conformam no Brasil, o mais autêntico espaço
de produção autoral independente. Não expressari-
am, contudo, um marco fixo da produção social, mas
seu hibridismo, desterritorializado em relação às for-
mas oficiais de escritura. O fanzine brasileiro seria, na
conclusão desses autores, um espaço ainda em aber-
to, um work in progress, em construção. Nesta inter-
face residem algumas de suas possibilidades, explo-
radas na oficina. – Faça você mesmo. – Seja a mídia.
Slogans que, no contrapelo da globalização, forjaram
uma crítica à redução dos sujeitos a condição de meros
expectadores, meros consumidores, através de valores
oriundos das atividades criativas do setor produtivo:
principalmente o artesanato em geral e a independên-
cia desta classe. Autoprodução, autoregulação e trocas
ou escambos; lógicas livres, fábricas-laboratórios, au-
to-organização e democracia direta. Os fanzines são,
em potência, produtores de uma nova cultura, ainda
em fermentação.
Nesse caldeirão de questões que se tornou o país de-
pois das manifestações de 2013, a consolidação de
uma imprensa livre e alternativa ao grande mercado
midiático é uma possibilidade que permite o avanço da
nossa tão desterritorializada democracia.
1970 1990foi disseminado
nas revoltas de 68na frança
E se popularizoucom o uso pelo
movimento punk... na década de 90 se populariza no Brasil com um caráter de comunicação popular, acessível e alternativa
No RN, foi mais expressiva a produção de revistas em quadrinhos alternativas do que de fanzines. Dentre elas, podemos citar as produzidas por um grupo de pesqui-sadores, chamado GRUPEHQ, que pretendiam resgatar a história do Estado com publicações como Igapó.
A revista Maturi, criada em 1975 na cidade de Natal, foi um importante símbolo de resistência cultural nordestina. Suas edições com custo de produção bastante econômico traziam HQs tipicamente potiguares.
Inspirada na Maturi, circulou nos anos 80 em Mossoró a revista Acunha.
Apesar de não se tratar ainda de fanzines, este movimento foi muito importante para a valorização da cultura local, o que em certos aspectos já pode ser consid-erado um objetivo político dessas publicações alternativas.
Nos movimentos sociais e estudantis, o fanzine aparece com grande frequência como mídia alternativa de comunicação com a base de militância. O Levante Pop-ular da Juventude (LPJ) se utiliza muitas vezes da linguagem desta mídia para divulgar eventos e debates políticos. A Executiva Nacional dos Estudantes de Comunicação Social (Enecos) também faz uso do fanzine, sobretudo para tratar de assuntos relacionados à democratização da comunicação.
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no Rio Grande do noRte
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MOVIMENTO
CRÉDITOS DA IMAGEM: BERALDO LEAL
O QUE É
ESTUDANTIL?1
É um movimento social que
LUTANDO
PENSA A EDUCAÇÃOno seu sentido amplo:
da universidade e da sociedade.
no qual o protagonismo é dos estudantes.
TRANSFORMAÇÃOpela
ACESSO, PERMANÊNCIA E ATUAÇÃO
Existe um “calendário de
lutas” seguido por todos os
movimentos sociais
que pautam dias
de visibilidades (LGBTs e
negritude por
exemplo) e também
dias de atos
nacionais (Grito
dos excluídos por exemplo).
CALENDÁRIO
DE LUTAS
Lutas da conjuntura nacional.
Em 2015 por
exemplo: contra
a terceirização,
contra a redução
da maioridade
penal, contra a
PEC da corrupção
e especificamente
pro ME contra os
cortes do governa
na educação.
CONJUNTURA
NACIONAL
transporte
público, contra
as catracas na
universidade e por
mais permanência
estudantil, contra
a perseguição dos
estudantes pela
reitoria, contra
cortes das bolsas
universitárias.
LUTAS
LOCAIS
22
Fazer com que a juventude se atente para as lutas na universidade não é uma tarefa
fácil. Primeiro, o ME não tem acesso as mídias convencionais universitárias e mui-
to menos da nossa cidade. Segundo, existe um distanciamento político entre os es-
tudantes e as entidades representativas, envolvido nas amarras da nossa sociedade
que afastam os sujeitos da luta. Para que a essa interação aconteça é necessário
se utilizar de estratégias e ferramentas que possam não só levar a mensagem, mas
construir um diálogo com um mínimo de inquietude, despertando novos olhares para o
que já foi visto.
Que conteúdos
VEICULAM?2 22 2
CRÉDITOS DA IMAGEM: BERALDO LEAL
LIBERDADEÉ O DIREITO CONSTITUCIONAL QUE QUALQUER CIDADÃO
BRASILEIRO TEM DE MANIFESTAR SUAS IDEIAS, CONCEITOS, OPINIÕES E PENSAMENTOS DE FORMA LIVRE.
de expressãoPORTANTO, PRODUZIR ZINE - UMA
MÍDIA TÃO BARATA, POPULAR,
DEMOCRÁTICA E ACESSÍVEL - É
UMA FORMA DE GARANTIR A... E
De acordo com a Declaração de Direitos Humanos, de 1948:
“Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter
opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e idéias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras.”
(Artigo XIX)
Por não possuir fins lucrativos, ter baixo custo de produção e ser uma mídia de discussão de temáticas relevantes à sociedade, o fanzine pode ser considerado uma ferramenta de liberdade
de expressão.
LIBERDADE“
“
É O DIREITO CONSTITUCIONAL QUE QUALQUER CIDADÃO BRASILEIRO TEM DE MANIFESTAR SUAS IDEIAS, CONCEITOS,
OPINIÕES E PENSAMENTOS DE FORMA LIVRE.
de expressão E
Já a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, em sua Declaração de
Princípios sobre liberdade de expressão, diz que:
“É, ademais, um requisito indispensável para a própria existência de
uma sociedade democrática”
(PRINCIPIO I)
E Na Constituição brasileira de 1988:Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer na-
tureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segu-
rança e à propriedade, nos termos seguintes:
IX - É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;
CRÉDITOS DA IMAGEM: MÍDIA NINJA
RESISTÊNCIA“
“
NÃO HÁ APÓSTROFE EM ZINE. ZINE NÃO É ABREVIAÇÃO PARA MAGAZINE. UMA REVISTA É UM PRODUTO, UMA MERCADORIA COMERCIAL.
UM ZINE É UM TRABALHO DE AMOR, PRODUZIDO SEM LUCRO. (…) INFORMAÇÃO É A RAZÃO PELA QUAL UM ZINE EXISTE; QUALQUER COISA ALÉM
DISSO ESTÁ DE FORA.
PRODUZIR ZINE, EM UM PAÍS ONDE A MÍDIA HEGEMÔNICA INVISIBILIZA AS LUTAS POPULARES E A JUVENTUDE é marcada pela criminalização violenta do Estado e pelo desejo reprimido de consumo pode se revelar como uma ferramenta qualificada para
dar novas vozes aos sujeitos, pois o zine é antes de tudo
Larry-Bob, editor do zine Holytitclamps
RESISTÊNCIAPRODUZIR ZINE, EM UM PAÍS ONDE A MÍDIA HEGEMÔNICA INVISIBILIZA AS LUTAS POPULARES E A JUVENTUDE é marcada pela criminalização violenta do Estado e pelo desejo reprimido de consumo pode se revelar como uma ferramenta qualificada para
dar novas vozes aos sujeitos, pois o zine é antes de tudo um instrumento de...
democratiza
CRÉDITOS DA IMAGEM: FLICKR COMMONS
ALTERNATIVA““
MÍDIA ALTERNATIVA É TODA A COMUNI-CAÇÃO QUE É UTILIZADA PARA ATINGIR O
PÚBLICO ALVO DE FORMA INESPERADA, SEM FAZER USO DE MEIOS DE COMUNICAÇÃO
TRADICIONAL IMPRESSA OU ELETRÔNICA, A FIM DE CONDUZIR À MELHORES RESULTADOS
Elisabeth. M. Vasconcellos
FANINZE écomunicação...
O fanzine é uma mídia porque é um meio de levar uma mensagem
a um público.
22
ALTERNATIVA“
“
O FANZINE TAMBÉM PODE SER CONSIDERADO COMO UM TIPO DE IMPRENSA ALTERNATIVA,
QUE SERIAM PRATICAS JORNALÍSTICAS FEITAS FORA DO PADRÃO DAS GRANDES MÍDIAS MAS-SA. EMBORA NÃO NECESSARIAMENTE, MUITAS VEZES O JORNALISMO ALTERNATIVO EXISTE
PARA DIVULGAR FATOS E INFORMAÇÕES IGNO-RADAS PELAS MÍDIAS TRADICIONAIS.
(ASSUMPÇÃO; PINA; JUNIOR, 2011, p.6)
22Os novos formatos digitais
de zine possibilitam o uso de conteúdo transmídia. Veja no
vídeo do link ao lado:
https://youtu.be/7FoJb8IT2G8
CRÉDITOS DA IMAGEM: MÍDIA NINJA
https://youtu.be/p6hHf5hx2qQ
Ou você pode procurar pela internet que encontrará facilmente páginas, blogs, vídeos e muito mais conteúdo
ensinando passo-a-passo como fazer o seu zine.
cOmo fAzeR
?Quer aprender a fazer zine?
O Canal no Youtube, “Você Não Sabia”, mostra de for-ma bem didática e visual como é o processo de criação de
um zine. Basta assistir o vídeo no link abaixo:
O movimento estudantil da UFRN tem um grande desafio que é dialogar com milhares de estudantes, de forma crítica e popular
ao mesmo tempo.
Nesse sentido, o zine é uma excelente opção, pois além de ter um formato livre de produção e criação que facilita o processo nar-rativo e de construção de ideia, traz consigo a liberdade de ex-pressão por fugir das normativas impostas pelas grandes mídias
em sua estética e conteúdo.
Torna-se mais atrativo e aproxima a estudantada dessa leitura alternativa, além de caracterizar uma comunicação feita de es-tudante para estudante. Mas não basta só saber criar tem que ter conteúdo. Dá pra falar de auxilio creche, transporte público, permanência estudantil e segurança no campus, por exemplo, pre-cisa estar aliado a uma comunicação que reflita no cotidiano da estudantada, o aproximando da luta e apontando os problemas,
numa perspectiva dialógica e não apenas informativa.
E AÍ? VAMOS FAZER ZINE!?
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