watchman nee o ministerio de oracao da igreja

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1 CAPÍTULO 1 O Ministério de Oração da Igreja Se teu irmão pecar [contra ti], vai argüi-lo entre ti e ele só. Se ele te ouvir, ganhaste a teu irmão. Se, porém, não te ouvir, toma ainda contigo uma ou duas pessoas, para que, pelo depoimento de duas ou três testemunhas, toda palavra se estabeleça. E, se ele não os atender, dize-o à igreja; e, se recusar ouvir também a igreja, considera-o como gentio e publicano. Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na terra, terá sido ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra, terá sido desligado no céu. Em verdade também vos digo que, se dois dentre vós, sobre a terra, concordarem a respeito de qualquer cousa que porventura pedirem, ser- lhes-á concedida por meu Pai que está nos céus. Porque onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles (Mateus 18:15-20). Esta passagem da Escritura pode ser dividida em duas partes: os versículos 15 a.17 formam a primeira parte e os versículos 18 a 20, a segunda. Estudando-as cuidadosamente, podemos ver a relação entre si. Os versículos 15 a 17 tratam de um caso específico, enquanto os versículos iS a 20 tratam de um princípio geral. O caso especifico, citado nos versículos 15 a 17, deve ser tratado de um modo especial, e o princípio geral, encontrada nos versículos 18 a 20, precisa ser diligentemente aprendido. Embora o caso específico seja mencionado primeiro, seguindo-se então o princípio geral, as palavras da segunda parte são mais importantes do que as da primeira. Em outras palavras, a primeira secção relaciona-se com uma situação particular ao passo que a segunda pertence a um princípio geral altamente significativo. O modo de lidar com o caso referido na primeira parte depende do princípio estabelecido na segunda. A segunda secção é o fundamento,

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CAPÍTULO 1O Ministério de Oração da Igreja

Se teu irmão pecar [contra ti], vai argüi-lo entre ti eele só. Se ele te ouvir, ganhaste a teu irmão. Se, porém, nãote ouvir, toma ainda contigo uma ou duas pessoas, para que,pelo depoimento de duas ou três testemunhas, toda palavrase estabeleça. E, se ele não os atender, dize-o à igreja; e, serecusar ouvir também a igreja, considera-o como gentio epublicano. Em verdade vos digo que tudo o que ligardes naterra, terá sido ligado no céu, e tudo o que desligardes naterra, terá sido desligado no céu. Em verdade também vosdigo que, se dois dentre vós, sobre a terra, concordarem arespeito de qualquer cousa que porventura pedirem, ser-lhes-á concedida por meu Pai que está nos céus. Porqueonde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aliestou no meio deles (Mateus 18:15-20).

Esta passagem da Escritura pode ser divididaem duas partes: os versículos 15 a.17 formam a primeiraparte e os versículos 18 a 20, a segunda. Estudando-ascuidadosamente, podemos ver a relação entre si. Osversículos 15 a 17 tratam de um caso específico, enquantoos versículos iS a 20 tratam de um princípio geral. O casoespecifico, citado nos versículos 15 a 17, deve ser tratadode um modo especial, e o princípio geral, encontrada nosversículos 18 a 20, precisa ser diligentemente aprendido.Embora o caso específico seja mencionado primeiro,seguindo-se então o princípio geral, as palavras da segundaparte são mais importantes do que as da primeira. Emoutras palavras, a primeira secção relaciona-se com umasituação particular ao passo que a segunda pertence a umprincípio geral altamente significativo. O modo de lidar como caso referido na primeira parte depende do princípioestabelecido na segunda. A segunda secção é o fundamento,

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a primeira nada mais é que a aplicação da segunda.Nos versículos 15 a 17, o Senhor Jesus diz-nos como

tratar o irmão que peca contra outrem: Primeiro, procurepersuadi-lo de seu erro. Se não lhe der ouvidos, leve uma ouduas testemunhas com você e fale com ele novamente. Seainda recusar-se a ouvir, então diga à igreja. Se não ouvir aigreja, considere-o como um gentio e publicano. Ora, depoisde o Senhor Jesus mencionar o caso, prossegue, dizendo:“Em verdade vos digo...“ O que ele quer dizer com isto é quehá um motivo pelo qual devemos agir assim, a saber: estecaso contém uma tremenda relação ou princípio. Daí odizermos que os versículos iS a 20 formam a base pata osversículos 15 a 17.

Aqui, não nos deteremos no caso particular descritonos versículos 15 a 17; fazemos uso deste caso apenas parachegarmos a um grande princípio. Veremos que devemosagir assim não somente para com o irmão que peca contranós, mas também com relação às dezenas de milhares deoutras situações. Passemos, pois, à segunda parte destapassagem a verifiquemos o que Deus deseja mostrar-nos.

A Terra Governa o Céu

“Em verdade vos digo que tudo o que ligardes naterra será ligado no céu, e tudo o que céu desligardes naterra, será desligado no céu. Qual é a característica desteversículo? O ponto em questão aqui é que a ação na terraprecede a ação do céu. Não que o céu liga primeiro, massim a terra; não que o céu desliga primeiro, mas que a terradesliga primeiro. Uma vez que a terra tenha ligado, o céutambém ligará; uma vez que a terra tenha desligado, o céutambém desligará. A ação do céu é governada pela ação daterra. Tudo o que contradiz a Deus precisa ser atado, e tudoo que concorda com Deus precisa ser desatado. Seja o que

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for que deva ser atado ou desatado, o atar Ou desatarcomeça na terra. A ação na terra precede a ação do céu poisa terra governa o céu.

Usemos alguns exemplos do Antigo Testamento parailustrar como a terra governa o céu. Quando Moisés, notopo do outeiro, erguia a mão, Israel prevalecia, quando;porém, a abaixava, Amaleque prevalecia (ver Êxodo 17:9-11). Quem decidia a vitória ou derrota ao pé da colina? EraDeus ou era Moisés? Aqui vemos o princípio da obra deDeus: o que quer que ele queira fazer, se o homem não oquiser, ele não o fará. Não podemos forçar Deus a fazer oque ele não deseja, mas podemos impedi-lo de fazer o» queele quer fazer. No céu a questão é decidida por Deus, masdiante dos homens é decidida por Moisés; no céu, Deusquer que os filhos de Israel vençam; sobre a terra, porém,se Moisés não levanta a mão, Israel será derrotado; mas se,de fato, ele a mantém erguida, Israel vence. A terra governao céu.

“Assim diz o Senhor Deus: Ainda nisto permitireique seja eu solicitado pela casa de Israel, que lhemultiplique eu os homens como rebanho” (Ezequiel 36:37).Deus tem uru propósito: aumentar o número da casa deIsrael como um rebanho. Aqueles que não conhecem a Deusdirão que, se ele quer aumentar a casa de Israel como umrebanho, por que ele simplesmente não a aumenta, pois,quem pode resistir-lhe? Mas eis a palavra de Deus: se elefor solicitado a respeito desse assunto pela casa de Israel,ele o fará por ela. O principio é inconfundível: Deus tem umpropósito já determinado, mas não o cumprirá até que sejasolicitado pela cata de Israel. Ele quer que a terra governe océu.

“Assim diz Jeová, O Santo de Israel, aquele que oformou: Perguntai-me as cousas futuras; demandai-meacerca de meus filhos, e acerca da obra das minhas mãos”

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(Isaías 45:11). Esta é uma afirmação surpreendente.Ficamos perplexos? A respeito de seus filhos e de sua obra,Deus: “Demandai-me”, As pessoas não ousam proferir estaexpressão: “Demandai-me”; pois como pode o homemmandar em Deus? Os que o conhecem sabem que nenhumapalavra presunçosa deveria jamais ser dita em suapresença. Contudo, ele próprio oferece-nos esta palavra:“Demandai-me acerca de meus filhos, e acerca da obra dasminhas mãos”. Isto pão é outra coisa senão a terragovernando o céu.

Ora, isto obviamente não implica, de nenhum modo,que podemos forçar Deus a fazer o que ele não quer; demodo algum. Antes, isso simplesmente significa quepodemos ordenar-lhe que faça o que ele deseja fazer. E esteé o fundamento sobre o qual permanecemos. É porconhecermos a vontade de Deus que podemos dizer-Ihes“Deus, queremos que faças isto, estamos decididos que tu ofaças; não tens outra alternativa senão fazê-lo”. E assimteremos forte e poderosa oração. Como precisamos pedirque Deus nos abra os olhos para que possamos ver comosua obra é realizada nesta dispensação! Pois, no presente,todos as obras de Deus são feitas neste mesmofundamento: o céu quer fazer, mas o céu não atuaráimediatamente; espera que a terra o faça primeiro; então océu o fará. Embora a terra esteja em segundo lugar, contudoé também primeira. O céu mover-se-as somente depois quea terra tiver movido, pois Deus quer que a terra governe océu.

Vontade Harmoniosa

Deus de desejar que a terra governe o céu? A fim deentendermos esse, desejo divino, devemos relembrar-nosde que nosso Deus é restringido no tempo. Por tempo

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queremos dizer o período entre as duas eternidades. Entrea eternidade passada e a futura há o0ue chamamos tempo.Deus não é livre para fazer o que quer. Esta é a restriçãoque ele sofre por ter criado o homem. De acordo com oregistro em Gênesis 2, Deus, ao criar o homem, deu-lhe olivre-arbítrio. Deus tem sua vontade, mas o homem tambémtem a sua. Quando a vontade do homem não está em acordocom a vontade de Deus, Deus está sendo imediatamenterestringido. Suponha, por exemplo, que você esteja sozinhonuma sala contendo mesa, cadeiras, assoalho e forro. Vocênão será restringido por estes objetos. Eles simplesmentenão o podem limitar. Ora, Deus é Deus de poder; pode fazerqualquer coisa. Fosse a terra somente cheia com coisasdesprovidas de espírito, Deus não seria restringido emnada. Um dia, entretanto, ele cria o homem. Esta criatura édiferente de um pedaço de pedra ou de uma lasca demadeira; o homem não é como uma mesa ou uma cadeira,incapazes de resistir à capacidade de Deus de deixá-lasparadas ou movê-las à sua vontade, O homem a quem Deuscriou possui o livre-arbítrio. Ele pode decidir se ouvirá ounão a Deus, pois Deus não criou um homem que tenhaobrigatoriamente da ouvi-lo.

Depois de ter criado o homem com esse Une arbítrio,o poder de Deus é. por isso mesmo, restringido por estehomem. Deus não pode fazer automaticamente o que quer,mas, em vez disso, precisa perguntar ao homem se ele pró-prio está também disposto. Deus não pode tratar o homemcomo se este fosse madeira, pedra, mesa ou cadeira —simplesmente porque o homem tem vontade livre. Desde odia em que Deus criou o homem e até o presente, o livre-arbítrio humano poderá permitir ou impedir a realizaçãoda autoridade de Deus. Por esta razão, portanto, podemosdizer que durante este período chamado tempo, entre asduas eternidades, a autoridade de Deus é restringida pelo

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homem.For que deve ser Deus restringido no tempo? Porque

sabe que na segunda eternidade — a eternidade por vir —ele terá uma vontade harmoniosa, isto é, o livre-arbítrio dohomem e a vontade de Deus entrarão em acordo. Esta é aglória de Deus. Uma ilustração pode ajudar. Se você colocarum livro sobre a mesa, ele ficará lá. Se você o colocar naestante, ficará lá também. Olivro é muito obediente a você.Contudo, você não ficará satisfeito com tal obediência, umavez que o livro é totalmente passivo, faltando-lhe oelemento do livre-arbítrio. Da mesma maneira, Deus nãotem nenhum prazer ao ver o homem que ele criou,manobrado passivamente, como se fosse uni livro. Sim, eledeseja que o homem obedeça-lhe completamente; dá,porém, ao homem o livre-arbítrio. Seu desejo é que ohomem exercite o livre-arbítrio para escolher obedecer. Eesta é a glória de Deus!

Na eternidade futura, o livre-arbítrio do homem setornará um com a vontade eterna de Deus. Então, quando oeterno propósito de Deus for realizado, o livre-arbítrio dohomem estará em perfeita harmonia com a vontade eternade Deus. Na, vida de cada homem, um livre-arbítrio, e cadalivre-arbítrio desejando ando a vontade de Deus. Naeternidade futura o homem ainda terá o livre-arbítrio.Contudo, tal vontade estará do lado de Deus, o homempoderá opor-se a Deus, todavia não desejará fazê-lo.Aleluia! o homem, na verdade, possuirá a liberdade deopor-se a Deus, porém não desejará fazê-lo, o que o homemfizer será o que os céus deseja fazer. Ora, tal vontadeharmoniosa é verdadeiramente a glória de Deus!

Na eternidade por vir, a vontade do homem ainda élivre; sua vontade, porém, está em acordo com a vontade deDeus. Não haverá vontade, então, que não esteja sujeita aautoridade de Deus. No tempo, porém, a vontade de Deus é

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restringida pelo homem. O que Deus quer fazer; o homemnão faz; se Deus quer fazer muito, o homem quer somentefazer um pouco; se Deus quer realizar grandes coisas, ohomem deseja realizar coisas insignificantes; ou pode ser ocontrário. Então Deus não é livrei No tempo a ação de Deusé governada pelo homem. Por “homem” aqui, naturalmente,queremos dizer a Igreja. Durante o período chamadotempo, todas as ações de Deus são governadas pela Igreja,porque a Igreja aqui representa o homem da eternidadefutura. Hoje, a Igreja está na terra para realizar a vontadede Deus. Se ela puder cumprir a vontade de Deus, ele nãoserá restringido. Mas se ela for incapaz de ir ao encontrodessa vontade, Deus será restringido, pois tudo que Deusquer fazer, deseja efetuá-lo através da Igreja. A Igreja toma,desde já a posição que o homem da eternidade terá. Naeternidade por vir, embora a vontade do homem ainda seja.livre, ele permanecerá do lado da eterna vontade de Deus. Aigreja hoje firma-se nessa posição do futuro. Assim comoDeus poderá, na eternidade, manifestar-se mediante a NovaJerusalém —a esposa do Cordeiro — assim ele é capazagora de manifestar-se por meio do corpo de Cristo.Embora a Igreja possua livre-arbítrio, ela o coloca emcompleta sujeição à autoridade de Deus, como se à parte davontade dele não existisse outro livre-arbítrio. Tudo o queDeus quiser fazer, será feito. Colocando a Igreja bole suavontade completamente sob a vontade de Deus, Deus podeagir como se já estivesse na eternidade futura, uma vez quenão há uma segunda vontade no universo para opor-se aele. Esta é a glória de Deus.

Assim, podemos ver a posição na qual a Igrejapermanece diante de Deus. Não releguemos a Igreja a umaposição em que seja considerada apenas uma reunião. Não.A Igreja é um grupo de pessoas redimidas pelo preciososangue, regeneradas pelo Espírito Santo, que se colocaram

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nas mãos de DEUS, alegremente aceitando a sua vontade,alegremente fazendo a sua vontade e alegrementepermanecendo na terra do lado dele, para manter seutestemunho.

Precisamos reconhecer que a operação de Deus hojese processa ao longo de unta linha bem definida; está emacordo com uma lei especifica, precisamente esta: que poramor do livre-arbítrio sobre a terra, Deus se recusa a usarsua vontade para sobrepujar o homem. Não fiquemossurpresos com este fato. Deus está no céu, contudo todos osseus movimentos na terra precisam ser primeiramentedecididos e aprovados pela vontade da terra. Deus não querignorar a vontade da terra, nem a retirará ou agiráindependentemente dela. Em todos as assuntosrelacionados com ele, Deus não operará até que obtenha acooperação da vontade da terra. Porque a terra o quer,Deus então o fará; porque a terra assim decide, Deus entãoatuará. Ele precisa que a vontade do homem esteja emharmonia com a sua vontade. E tal harmonia de vontadesconstitui, deveras, a maior glória de Deus.

Três Princípios Essenciais

Já mencionamos como Deus tem sua vontade arespeito de todas as coisas, mas ele nada quer fazerindependentemente. Agirá somente depois que a livrevontade da terra responda à sua vontade. Houvessesomente a vontade do céu, Deus não faria nenhummovimento; o movimento celestial será realizado na terrasomente quando Deus estiver certo de que existe a mesmavontade sobre a terra. Isto é o que hoje chamamos deministério da Igreja. Os crentes precisam conscientizar-sede que o ministério da Igreja não consiste meramente napregação do Evangelho — certamente que isso é incluído,

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nãO haja engano nisto — mas também o ministério daIgreja inclui o trazer à terra a vontade que está nos céus.Mas como é que a Igreja faz isso? É orando aqui na terra. Aoração não é uma coisa pequena, insignificante, não-essencial, como alguns têm a tendência de pensar. A oraçãoé trabalho. A Igreja diz: “Deus, queremos tua vontade”, Istoé o que chamamos de oração. Depois que a Igreja conhece avontade de Deus, ela abre a boca para pedi-la. Isto é oração.Se a Igreja não tem este ministério, ela não serve paramuita coisa na terra.

Muitas orações devocionais, orações de comunhão eorações intercessoras não podem substituir a oração comoministério ou trabalho. Se todas as nossas orações sãosimplesmente devocionais ou consistem meramente emcomunhão e pedidos, nosso orar é demasiadamente peque-no. A oração como trabalho ou ministério significa quepermanecemos do lado de Deus, desejando o que ele deseja.Orar de acordo com a vontade de Deus é uma coisa muitopoderosa. Para a Igreja, orar significa que ela descobriu avontade de Deus e que agora a está proferindo. Orar não ésó pedir a Deus, é também fazer uma declaração. Enquantoa Igreja ora, permanece do lado de Deus e declara queaquilo que o homem quer é o que Deus deseja. Se a Igrejaassim o fizer, a declaração terá efeito imediato.

Vamos agora examinar os três princípios essenciaisda oração encontrados em Mateus 18:18-20.

1. Declarando, a vontade de Deus“Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na

terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes na terraserá desligado no céu” (v. 18). A quem se refere o texto? AIgreja, porque no versículo precedente o Senhor amenciona. Estas palavras são a continuação do versículo 17.Portanto, o significado do versículo 18, agora diante de nós,

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é: tudo o que a Igreja ligar na terra será ligado no céu, etudo o que a Igreja desligar na terra será desligado no céu.

Encontramos aqui um princípio de suma im-portância: hoje Deus opera mediante a Igreja; ele não podefazer nada do que deseja, a menos que o realize por meio daIgreja. Este é. um princípio por demais sério, Hoje Deus nãopode fazer as coisas apenas por si mesmo, porque existeoutro livre-arbítrio, sem cuja cooperação Deus não podefazer nada. A medida do poder da Igreja hoje determina amedida da manifestação do poder de Deus, pois seu poder éagora revelado através da Igreja. Deus colocou-se na Igreja.Se ela puder chegar a uma alta e grande posição, amanifestação do poder de Deus também chegará a uma altae grande posição. Se a Igreja for incapaz de alcançar talposição, então Deus também não poderá manifestar seupoder em altura e grandeza.

Este assunto todo pode ser comparado ao fluxo daágua em nossa casa. Embora a caixa d’água da companhiafornecedora esteja cheia, seu fluxo é limitado pelo diâmetroda torneira de nossa casa. Se uma pessoa deseja ter umfluxo maior de água, precisará alargar a bitola de suatorneira. Hoje, o grau da manifestação do poder de Deus égovernado pela capacidade da Igreja. Assim como emtempos anteriores, quando Deus se manifestou em Cristo,sua manifestação foi tão grande quanto a capacidade deCristo, assim, agora, a manifestação de Deus na Igreja éigualmente circunscrita — desta vez, à capacidade daIgreja. Quanto maior a capacidade da Igreja, tanto maior amanifestação de Deus e tão mais completo o seuconhecimento.

Precisamos ver que em todas as operações de Deusna terra hoje, primeiro precisa que a Igreja esteja do seulado e, então, ele faz sua obra por meio dela. Deus nada faráindependentemente; o que quer que ele faça hoje, o faz com

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a cooperação da Igreja. Ela é o instrumento por meio doqual Deus se manifesta.

Permita-me repetir que a Igreja é como umatorneira. Se a torneira é pequena, não poderá derramarmuita água, ainda que a fonte seja tão abundante conto orio Amazonas. Deus no céu tem o propósito de fazer algo,mas não o fará até que haja movimento na terra. São tantasas coisas que Deus quer ligar e desligar no céu! Muitas sãoas pessoas e coisas que o contradizem; Deus espera quetodas estas sejam atadas. Muitas também são as pessoas ecoisas espirituais, valiosas, proveitosas, santificadas, e deDeus; estas, ele deseja que sejam desatadas. Masjustamente aqui se levanta um problema: Haverá homemna terra que queira primeiro atar o que Deus deseja atar, edesatar o que ele tenciona desatar? Deus quer que a terragoverne o céu; deseja que sua Igreja na terra dirija o céu.

Isto não quer dizer que Deus não seja Todo-poderoso, porque, de fato, ele é o Deus Todo-poderoso.Todavia, o poder de Deus só pode ser manifestado na terraatravés de um canal. Não podemos aumentá-lo, maspodemos impedí-lo. O homem não pode fazer crescer opoder de Deus; pode, contudo, obstruí-lo. Não podemospedir que Deus faça aquilo que ele não quer fazer;podemos, porém, restringi-lo de fazer o que ele, deveras,quer fazer. Vemos realmente isto? A Igreja tem um poderpelo qual gerenciar o poder de Deus. Ela pode permitir queDeus faça o que ele deseja, ou proibir que ele o faça.

Nossos olhos precisam vislumbrar o futuro. Um diaDeus estenderá a Igreja para que seja a Nova Jerusalém e,naquele dia, sua glória será completa e desimpedidamentemanifestada através da Igreja. Hoje Deus quer que a Igrejadesate na terra antes que ele desate no céu; quer que elaate na terra antes que ele ate no céu. O céu não começará afazer as coisas. O céu apenas seguirá a terra em sua obra.

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Deus não começará primeiro; ele, em sua operação,somente segue a Igreja. Se este é o caso, que tremendaresponsabilidade tem a Igreja!

Como indicamos anteriormente, o que Mateus18:15-17 refere é apenas um caso particular; o que se lhesegue, entretanto, constitui um grande princípio. A situaçãoparticular é: um irmão pecou contra outro; não reconheces,porém, que pecou, nem confessa sua falta. Ao recusar ouvira Igreja será considerado como um gentio e publicano. Ora,o irmão que pecou provável mente retrucará: “Quem sãovocês? Se vocês (a igreja) me considerarem como gentio epublicano, não mais irei às reuniões. Se não puder ir às suasreuniões, haverá outras reuniões a que poderei frequentar”

Mas note aqui o que o Senhor Jesus diz: “Em verdadevos digo que tudo o que ligardes na terra será ligado no céu,e tudo o que desligardes na terra será desligado no céu”Portanto, quando a Igreja julga uma pessoa como gentio,Deus no céu também o julga como, gentio. Quando a Igrejaconsidera um irmão ofensor como publicano, Deus no céu,da mesma forma, considera o publicano. Em outraspalavras, o que a Igreja faz na terra Deus fará no céu.

Temos aqui, portanto, tanto um caso particular comoum princípio que o governa. Nosso Senhor está meramentecitando o caso para provar o princípio geral que é: Tudo oque a Igreja faz na terra, Deus o faz igualmente nós. Se aIgreja trata um irmão como gentio e publicano, Deus no céutrata-o como tal. Este princípio é aplicável não somente aeste caso; é aplicável a muitos outros. O incidente aquiapresentado serve apenas de exemplo.

A Igreja é o vaso escolhido de Deus no qual écolocada a sua vontade, de modo que a Igreja possadeclarar a vontade divina na terra. Se a terra quer, o céutambém quer. Se a Igreja deseja, Deus também deseja. Poresta razão, se Deus encontrar dificuldade na Igreja, o que

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pretende realizar no céu não será realizado na terra.Muitos irmãos e irmãs carregam pesados fardos

desde o amanhecer até o anoitecer. Estão sobrecarregadosporque não oram. Quando uma torneira é aberta, a águacorre; mas quando é fechada, a água é retida. Agora pensepor uni momento. Qual pressão é maior, a gerada em soltara água ou a gerada em reter a água? Todos sabemos que,quando a água é liberada a pressão é diminuída, ao passoque ao ser bloqueada, a pressão aumenta. Da mesma forma,quando a Igreja ora, é como abrir a torneira; quanto maistempo está aberta, menor se torna a pressão. Pela mesmarazão, se a Igreja não ora, é como obstruir a torneira; apressão aumentará gradativamente. Sempre que Deusdeseja fazer alguma coisa, coloca uni fardo sobre um irmão,uma irmã, ou sobre toda a Igreja. Quanto mais a Igreja orarcumprindo seu ministério, tanto mais leve se tornará seufardo. Cada oração aliviará um pouco o seu fardo. Depois deorar dez ou vinte vezes, seu fardo interior serágrandemente diminuído. Mas se a Igreja falhar em orar,sentirá a pesada carga e ficará tão sufocada que imaginaráestar a morrer.

Em vista disso, irmãos e irmãs, sempre que sesentirem pesados e sufocados por dentro, fique bem claroque o motivo não é outro senão que vocês não têmcumprido seu ministério diante de Deus. Se o fardo deleestá sobre vocês, orem por meia hora ou uma hora eencontrar-se-ão respirando mais normalmente de novo,porque a pressão foi grandemente aliviada.

Qual é então, o ministério de oração da Igreja? EDeus dizendo à Igreja o que ele deseja fazer, de modo que aIgreja na terra possa orar, expressando a vontade dele. Taloração não é pedir que Deus faça o que nós queremos, maspedir-lhe que faça o que ele deseja fazer. Que possamos verque a Igreja deve declarar na terra à vontade de Deus no

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céu. A Igreja precisa declarar na terra que ela deseja avontade de Deus. Se ela falhar nisso, será de muito poucovalor para Deus. Ainda que ela aja bem em outros assuntos,será de pouca utilidade para Deus, se for deficiente nestesetor. O mais alto propósito da Igreja é permitir que avontade de Deus seja feita na terra.

2. Harmonia no Espírito Santo

Vimos como a Igreja deve atar o que Deus desejaatar e desatar o que Deus deseja desatar. Como, porém,deve a Igreja realmente atar e desatar? “Em verdadetambém vos digo que, se dois dentre vós, sobre a terra,concordarem a respeito de qualquer cousa que porventurapedirem, ser-lhes-á concedida por meu Pai que está noscéus” (v. 19 ERA). O versículo precedente; dá ênfase à terrae ao céu; este versículo também, O versículo 18 fala do céuligando ou desligando tudo que a terra liga ou desliga, e oversículo 19 também diz o mesmo, afirmando que o Paiceleste concederá tudo o que a terra pedir. Por favor,observem que o que o Senhor Jesus enfatiza aqui não ésimplesmente um acordo no pedir qualquer coisa; é, antes,unanimidade na terra a respeito de tudo o que os crentesirão pedir. Ele não quer dizer que primeiro duas pessoasconcordem na terra a respeito de certa coisa e então apeçam; não, o Senhor Jesus está dizendo que se vocêsconcordarem em tudo (harmonia no Espírito Santo), entãoqualquer ponto particular que lhe pedirem será concedidopelo Pai que está nos céus. Esta é a unidade do corpo, oumelhor, a unidade no Espírito Santo.

Se Deus não lidar com a carne do indivíduo, ele seconsiderará um super-homem, uma vez que, a seuspróprios olhos, o céu deve dar-lhe ouvidos. Não, se vocênão está na unidade do Espírito Santo, nem está orando na

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harmonia do Espírito Santo, veja só se o céu o ouvirá emalgo! Você pode orar, mas o céu não ligará o que você atar,nem atará o que você desligar, pois isso não é algo que vocêpossa fazer por si mesmo. Se você pensa que pode fazê-losozinho, está alimentando uma tolice, porque o que oSenhor declara é isto: “. se dois dentre vós, sobre a terra,concordarem a respeito de qualquer coisa que porventurapedirem, ser-lhes-á concedida por meu Pai que está noscéus.” Isto significa que, estando dois em harmonia arespeito de todo e qualquer assunto — sendo tãoharmoniosos como a música — então, qualquer coisa quepedirem ser-lhes-á concedida pelo Pai celestial. Para fazertal oração é preciso que as pessoas que oram, estejam sob ainfluência do Espírito Santo. Isto quer dizer que sou levadopor Deus a um ponto em que nego todos os meus desejos equero somente o que o Senhor quer, e um outro irmão, damesma forma, é levado pelo Espírito Santo ao ponto denegar todos os seus desejos e querer somente a vontade doSenhor. Eu e ele, ele e eu, ambos somos levados a um pontoem que há harmonia tal como a que existe na música. Entãotudo o que pedirmos Deus o fará no céu por nós.

Irmãos, não alimentem a fantasia de quesimplesmente concordando a respeito de determinadopedido de oração (sem uma anterior harmonia no EspíritoSanto), essa oração será atendida, Não é assim. Pessoas comidéias semelhantes muitas vezes entram em muitosconflitos. Meramente ter o mesmo objetivo não garanteausência de discórdia. Duas pessoas podem desejar pregaro Evangelho e ainda assim brigarem entre si. Duas pessoaspodem desejar, de todo o coração, ajudar aos outros; nãoobstante, podem voltar-se um contra o outro. Identidade depropósito não significa necessariamente harmonia.Devemos estar cônscios de que não há possibilidade deharmonia na carne. Somente quando nossa vida natural é

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trabalhada pelo Senhor e começamos a viver no EspíritoSanto eu vivendo em Cristo e você também vivendo emCristo teremos harmonia; então sempre estaremoscapacitados a orar de pleno acordo a respeito dedeterminado assunto.

Aqui, pois, estão duas facetas de uma só coisa: aprimeira é estar em harmonia a respeito de Jesus enfatizaaqui não é simplesmente um acordo no pedir qualquercoisa; é, antes, unanimidade na terra a respeito de tudo oque os crentes irão pedir. Ele não quer dizer que primeiroduas pessoas concordem na terra a respeito de certa coisa eentão a peçam; não, o Senhor Jesus está dizendo que sevocês concordarem em tudo (harmonia no Espírito Santo),então qualquer ponto particular que lhe pedirem seráconcedido pelo Pai que está nos céus. Esta é a unidade docorpo, ou melhor, a unidade no Espírito Santo.

Tenha em mente que a oração não é a primeira coisaa ser feita. A oração apenas segue os passos da harmonia. Sea Igreja deseja ter tal ministério de oração sobre a terra,todo irmão e irmã precisam aprender a negar a vida dacarne diante do Senhor; doutra forma a Igreja não seráeficaz. A palavra que o Senhor Jesus nos dá aqui émaravilhosíssima. Ele não diz que se a pessoa, pedir algumacoisa em seu nome, o Pai a ouvirá, nem diz o Senhor queorará para que o Pai responda. Ao invés disso, declara ele:“se dois dentre vós, sobre a terra, concordarem a respeitode qualquer coisa que, porventura pedirem, ser-lhes-áconcedida por meu Pai que está nos céus.” Oh, se realmenteconcordarmos, as portas do céu se abrirão!

Aqui está um irmão que peca contra outro. Antesque a Igreja comece a lidar com ele, o irmão que foiofendido vai com um ou dois irmãos a fim de levá-lo aoarrependimento. Estes dois irmãos vão ter com o irmãoofensor antes mesmo de a Igreja começar a tratar do seu

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assunto. Contudo, não é que estes dois irmãos discordem daIgreja; eles apenas vêem o assunto antes da Igreja, poissubseqüentemente a Igreja examina a situação exatamentedo mesmo modo. Em outras palavras, esses dois irmãostêm o mesmo fundamento da Igreja. O que o Senhor querdizer é que os dois representam a Igreja na terra. O que aIgreja vê está em perfeita concordância com o que aquelesdois irmãos vêem. Este é o ministério da oração. Precisamconcordar em tudo, seja o que for, e precisam orar decomum acordo a respeito desse assunto particular.

O ministério de oração da Igreja consiste em orar naterra de modo a causar ação no céu. Precisamos lembrar-nos de que a oração, tal como apresentada em Mateus 18,definitivamente não faz parte da oração devocional ou daoração pessoal privada. Muitas vezes temos necessidadespessoais as quais levamos a Deus e ele nos responde. Há, naverdade, lugar para a oração pessoal. Da mesma forma,seguidamente sentimos a proximidade de Deus. Graças aDeus, ele ouve as orações devocionais. Estas também nãopodem ser desprezadas. Vamos até ao ponto de reconhecerque, se a oração de um irmão ou irmã ficar sem resposta, ouse alguém não sentir a proximidade de Deus, algo estáerrado. Temos de dar atenção à oração pessoal, bem como àoração devocional. Os crentes novos, em particular, nãopoderão correr a carreira que lhes está proposta, se foremdeficientes nas orações pessoais e devocionais.

Mesmo assim, precisamos compreender que aoração não é apenas para nosso uso pessoal, nem somentepara propósitos devocionais. A oração é um ministério, aoração é uma obra. Esta oração sobre a terra é o ministérioda Igreja, bem como seu trabalho. E a responsabilidade daIgreja diante de Deus, pois a oração é o escoadouro do céu.Qual é a oração da Igreja? Deus deseja fazer certa coisa e aIgreja sobre a terra ora a esse respeito, em antecipação,

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para que isso se realize a para que se cumpra o propósitode Deus.

O ministério da Igreja é o ministério do corpo deCristo, e esse ministério é a oração. Tal oração não é feitanem com objetivos devocionais, nem por necessidadespessoais; é mais para o “céu”. Agora, o que essa oração — otipo de oração que temos à nossa frente — significa é: Eisum homem que perdeu a comunhão devido à sua recusa emouvir a persuasão de um irmão, ou a advertência de dois outrês outros irmãos, e, finalmente, o julgamento da Igreja.Deus, portanto, desatará um julgamento sobre ele para queseja considerado como um gentio e publicano; contudo,Deus não agirá imediatamente, mas esperará até que aIgreja ore para esse fim e, então, fá-lo-á no céu. Se a Igrejatomar a responsabilidade de fazer tal oração sobre a terrachegará a ocasião em que a vida espiritual do ofensor secar-se-á, como se já não tivesse parte com Deus, Deus quertomar tal atitude, mas espera que a Igreja ore.

Muitos assuntos estão amontoados no céu, muitastransações permanecem sem efeito, simplesmente porqueDeus não consegue encontrar seu escoadouro na terra.Quem sabe quantos assuntos não terminados existem nocéu, os quais Deus não pode executar porque a Igreja nãotem exercitado seu livre-arbítrio de pôr-se ao lado delepara a realização do seu propósito! Entendamos que atarefa mais nobre da Igreja, a maior tarefa que ela poderiaexecutar, é a de ser o escoadouro de Deus na terra, Para aIgreja ser o escoadouro da vontade de Deus, deve orar. Taloração não é fragmentária; é um ministério de oração —oração como obra. À medida que Deus dá visão e abre osolhos das pessoas para verem sua vontade, elas se levantampara orar.

O Senhor mostra-nos aqui que a oração individual éinadequada; são precisos pelo menos dois para orar. Se não

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percebermos isto, não saberemos a respeito de que oSenhor está falando. As orações apresentadas no Evangelhode João são todas pessoais. Dai encontrarmos palavra comoesta:”. . . Tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo conceda” (João 15:16 ERA). Não há condição estabelecidaquanto ao número de pessoas. Em Mateus 18, porém, édada uma condição numérica: pelo menos dois. “Porqueonde estiverem dois reunidos em meu nome“, diz o Senhor.Aqui se necessita pelo menos de dois porque o assuntotratado refere-se à comunhão, Não é algo feito por umapessoa, nem é uma só pessoa que serve como escoadourode Deus, mas sim, duas.

O princípio de duas pessoas.é o princípio daIgreja, que também é o princípio do corpo de Cristo.Embora tal oração seja feita por duas pessoas, a“concordância” é indispensável. Concordar é estar emharmonia. Esses dois indivíduos precisam estar emharmonia, precisam permanecer no fundamento do corpo eprecisam saber o que é a vida do corpo. Estes dois aqui nãotêm senão um alvo, que é dizer a Deus: Queremos que tuavontade seja feita na terra, como no céu, Quando a Igrejapermanece em tal base e ora de acordo com ela, vemos quetudo o que pedirmos será concedido pelo Pai, que está nocéu.

Quando verdadeiramente permanecemos sobre ofundamento da Igreja e aceitamos a responsabilidade doministério da oração diante de Deus, a vontade de Deusserá feita na Igreja em que estamos. Se assim não for, é vãnossa igreja. Tal oração, feita por poucos ou por muitos,terá poder, pois o grau da operação de Deus hoje égovernado pêlo grau da oração da Igreja. A manifestação dopoder de Deus não excederá à oração da Igreja. Hoje, agrandeza do poder. Deus está circunscrita pelo tamanho daoração da Igreja. Isto não significa, naturalmente, que o

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poder de Deus no céu tem somente o tamanho da nossaoração, pois, no céu, obviamente, seu poder é ilimitado.Somente na terra hoje é que a manifestação do seu poderdepende de quanto a Igreja ora. Somente pela oração daIgreja pode-se medir a manifestação do poder de Deus.

Em vista disso, a Igreja deve fazer grandes orações epedidos. Como pode a Igreja fazer pequenas orações.quando comparece diante do Deus de tal abundância? Elanão pode fazer pequeninos pedidos diante de um Deus tãogrande. Vir à presença do grande Deus é esperar quegrandes coisas aconteçam (Isaías 33:3). Se a capacidade daIgreja for limitada, ela não pode senão restringir amanifestação do poder de Deus. Reconheçamos que oassunto dos vencedores ainda não foi completamenteresolvido e Satanás ainda não foi lançado no fundo doabismo. Por amor do seu testemunho, portanto, Deusprecisa de um vaso através do qual possa realizar todas assuas obras. E necessário que a Igreja faça tremendasorações a fim de manifestar Deus. E este é o ministério daIgreja.

Irmãos e irmãs, ficam a pensar se Deus, visitandonossas reuniões de oração, pode confirmar que elasrealmente cumprem o ministério de oração da Igreja.Precisamos ver que não é questão de freqüência; é, antes,questão de peso. Se realmente vemos a responsabilidade deoração da Igreja, não podemos deixar de confessar quãoinadequada é a nossa oração e como temos restringido eimpedido Deus de realizar a que ele deseja. A Igreja temfalhado em seu ministério! Quão lamentável é esta situação!

O ter Deus uma Igreja fiel ao seu ministério ou nãodepende da atuação do grupo de pessoas na presença dele,desqualificando-se ou tomando-se verdadeiros vasos narealização do seu propósito. Queremos assinalar que o queDeus procura é a fidelidade da Igreja ao seu ministério, o

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ministério da Igreja é oração — não da espécie comum,consistindo de pequenas orações, mas do tipo que preparao caminho de Deus. E Deus quem primeiro deseja fazercerta coisa, mas a Igreja prepara o caminho com a oraçãode modo que ele possa ter uma estrada. A Igreja deveria tergrandes orações. Orações tremendas e fortes, Oração não éassunto sem importância diante de Deus. Se a oração forsempre centralizada no eu, em problemas pessoais e empequenos ganhos ou perdas, onde estará o meio pelo qualmanifestar-se o eterno propósito de Deus? Precisamos serempurrados às profundezas neste assunto da oração.

“Dois concordarem” não é uma palavra superficialou uma expressão leviana. Se não sabemos o que é o corpode Cristo, nem permanecemos neste fundamento, emboraconsigamos reunir duzentas pessoas para orar seremos,contudo, ineficazes. Mas se de fato, vemos o corpo de Cristoe permanecemos no correto lugar no corpo — negandonossa carne e não pedindo para nós mesmos, mas que avontade de Deus seja feita na terra — veremos quãoharmoniosa é tal oração. Desse modo, aquilo por queoramos na terra será concedido pelo Pai que está nocéu.

Por favor, observe que o versículo 18 inclui umapalavra muito preciosa: “tudo”; e o versículo 19 tambémapresenta a expressão igualmente preciosa: “qualquercoisa”. “Tudo o que ligardes na terra será ligado no céu, etudo o que desligardes na terra será desligado no céu.” OSenhor quer dizer na medida em que a terra ligar, o céutambém ligará; e na medida em que a terra desligar, océu também desligará. A medida da terra decide a medidado céu. Não deve haver medo de ter uma medidademasiadamente grande na terra, porque a medida no céu ésempre intrinsicamente maior do que a da terra e, portanto,não existe nenhuma chance de a medida da terra

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ultrapassar a do céu. O que o céu quer ligar invariavelmenteé muito mais do que a terra deseja ligar, e o que o céudeseja desligar sempre excede ao que a terra desata. Tal

ação de ligar e desligar está além da capacidade dequalquer pessoa.Só pode ser feito “se dois, concordarem naterra acerca de qualquer coisa que pedirem” e, então, “seráfeito por meu Pai, que está nos céus”.

Irmãos, o poder de Deus é para sempre, maior que onosso poder. A água do reservatório da companhiaindiscutivelmente tem mais volume do que a de nossastorneiras. A água no poço é sempre mais abundante do quea água em nosso balde. O poder celeste jamais poderá sermedido pela visão terrestre.

3. Estiverem Reunidos

“Porque onde estiverem dois ou três reunidos emmeu nome, aí, estou eu no meio deles” (v. 20). Temos aqui oterceiro princípio, e o mais profundo deles também. Noversículo 18, temos um princípio, no versículo 19 outro, eno versículo 20 ainda outro. O princípio dado no versículo20 é mais amplo do que o do versículo 19. Por que diz oversículo 19 que “se dois de vós concordarem na terraacerca de qualquer coisa que pedirem, isso lhes será feitopor meu Pai, que está nos céus”? A resposta é apresentadano versículo 20. “Porque onde estiverem dois ou trêsreunidos em meu nome, aí, estou eu no meio deles” Por quehá tanto poder na terra? Por que o orar em harmonia temefeito tão tremendo? O que dá ao orar em harmonia de duasou três pessoas, tanto poder? É porque sempre que somoschamados a reunir-nos no nome do Senhor, a presença doSenhor mesmo está aí. E este o motivo da unanimidade. Oversículo 18 fala da relação entre a terra e o céu; oversículo 19 da harmonia na terra; o versículo 20, domotivo de tal harmonia.

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Conscientizemo-nos de que somos chamados parareunir-nos. Não nos juntamos por nós mesmos. Reunir-nospor nós mesmos e sermos chamados para reunir-nos sãoduas coisas completamente diferentes. Sermos chamadospara reunir-nos é sermos chamados pelo Senhor parareunir-nos em conjunto. Não vimos por nós mesmos;antes, o Senhor nos chamou. Muitos vêm a uma reuniãocom a atitude de observadores ou espectadores e, portanto,nada obtêm. Se alguém vem porque o Senhor lhe falou, essetal terá um sentimento de perda, se não vier. As pessoasque são assim chamadas pelo Senhor para se reuniremsão tímidas no nome do Senhor. Vêm por amor do nome doSenhor. Tais irmãos e irmãs podem dizer, onde quer quevenham a se juntar: “Estamos aqui não por nós mesmos,mas pelo nome do Senhor, pelo amor de glorificar teuFilho”.

Graças a Deus, pois quando todos os irmãos e irmãsestão reunidos no nome do Senhor aí há concordância, aí háharmonia. No caso de virmos a uma reunião por amor denós mesmos, ali não haverá, obviamente, nenhumaharmonia. Mas, se estivermos dispostos a querer aquilo queo Senhor quer e não o que nós queremos, e, se rejeitarmos oque o Senhor rejeita, então haverá concordância. Por isso osfilhos de Deus estão sendo chamados pelo Senhor paraestarem reunidos. São reunidos no seu nome, Diz o Senhor:“Ai, estou eu no meio deles” É o Senhor que dirige tudo.Uma vez que ele está aí, dirigindo, iluminando, falando erevelando, então tudo o que for ligado na terra serátambém ligado no céu, e tudo o que for desligado na terraserá desligado no céu. Isso acontece porque o Senhor operajuntamente com sua Igreja.

Conseqüentemente precisamos aprender a negar-nos a nós mesmos diante do Senhor. Cada vez que ele noschama para nos reunirmos, deveríamos voltar-nos para o

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seu nome, pois o seu nome é maior do que todos os nomes.Todos os ídolos precisam ser esmagados. Assim, ele nosconduzirá.

Irmãos e irmãs, isto não é sentimento nem teoria,mas fato. Se a Igreja é normal, então, depois de cadareunião, ela sabe se o Senhor esteve presente. Quando oSenhor está presente, a Igreja é rica e forte. Durante taltempo, ela pode ligar ou desligar. Mas, se o Senhor não estáno meio dela, ele nada pode fazer. Somente a Igreja possuital poder; o indivíduo simplesmente não o possui em simesmo.

Que o Senhor nos conceda entendimento maisprofundo e maior experiência na oração. A oração não éapenas pessoal ou devocional; precisa ser um trabalhoe um ministério. Que o Senhor nos sustente com poderpara que sempre que nos reunamos, trabalhemos emoração e cumpramos o ministério de oração da Igreja, a fimde que o Senhor possa fazer tudo o que ele deseja.

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CAPÍTULO 2

Orareis Assim

E, quando orardes, não sereis como os hipócritas;porque gostam de orar em pé nas sinagogas e nos cantosdas praças, para serem vistos dos homens. Em verdade vosdigo que eles já receberam a recompensa. Tu, porém,quando orares, entra no teu quarto, e, fechada a porta,orarás a teu Pai que está em secreto; e teu Pai que vê emsecreto, te recompensará. E orando, não useis de vásrepetições, como os gentios; porque presumem que peloseu muito falar serão ouvidos. Não vos assemelheis, pois, aeles; porque Deus, o vosso Pai, sabe o de que tendesnecessidade, antes que lhe peçais. Portanto, vós orareisassim: Pai nosso que estás nos céus, santificado seja o teunome; venha o teu reino, faça-se a tua vontade, assim naterra cama no céu; o pão nosso de cada dia dá-nas hoje; eperdoa-nos as nossas dividas, assim coma nós temosperdoado aos nossos devedores; e não nas deixes cair emtentação; mas livra-nos do mal [pois teu é o reino, o poder ea glória para sempre. Amém]. Porque se perdoardes aoshomens as suas ofensas, também vosso Pai celeste vosperdoará; se, porém, não perdoardes aos homens [as suasofensas], tão pouco vosso Pai vos perdoará as vossasofensas (Mateus 6:515).

Comumente pomos muita ênfase no fato de asorações serem respondidas. Mas aqui o Senhor Jesusenfatiza a recompensa às orações. Como o sabemos?Porque a palavra “recompensa” no versículo 5 é a mesmausada no versículo 2, a respeito das esmolas, e no versículo16, com referência ao jejum. Se “recompensa” é oraçãorespondida, que sentido tem a palavra em relação aesmolas e jejuns? Julgando pelo contexto, a recompensa

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aqui se refere à que será recebida no tempo do reino. Aquise nos mostra que a oração respondida é de importânciasecundária, ao passo que a oração recompensada é deimportância primária. Se nossa oração estiver de acordocom a mente de Deus, não somente será respondida, mastambém será lembrada no futuro, no tribunal de Cristo,para recompensas. Donde se depreende que a oraçãomencionada aqui nos dará retidão bem como uma respostahoje. Em outras palavras, nossa oração hoje é nossa retidão.

Entretanto, a retidão da oração não é obtida por orardescuidadamente, friamente, habitualmente eimpropriamente. Ao contrário, o Senhor ensina-nos aquique não devemos imitar as orações de dois tipos depessoas; e dá-nos também um modelo de oração.

Não Como as Hipócritas

“E, quando orardes”, diz o Senhor, “não, sereis comoos hipócritas; porque gostam de orar em pé nas sinagogas enos cantos das praças, para serem vistos dos homens” Aoração é primariamente comunhão com Deus, para amanifestação da glória dele. Mas os hipócritas usam aoração que deveria glorificar a Deus para glorificar a sipróprios; conseqüentemente, gostam de orar nas sinagogase nos cantos das praças. Agem dessa maneira a fim deserem vistos pelos homens, uma vez que as sinagogas e asesquinas são lugares públicos onde as pessoas se reúnem.Não oram para serem ouvidos por Deus; oram para seremvistos pelos homens. Seu propósito é exaltarem a sipróprios. Tal oração é extremamente superficial. Não podeser considerada como oração a Deus nem como comunhãocom ele. Uma vez que o motivo desse tipo de oração éreceber louvor dos homens, não tem nenhum valor paraDeus e, portanto, nada obtém dele. Receberam sua

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recompensa no louvor dos homens, logo não serãolembradas no reino futuro.

Como, então, devemos orar? O Senhor continua: “Tu,porém, quando orares, entra no teu quarto e, fechada aporta, orarás a teu Pai que está em secreto; e teu Pai que vêem secreto te recompensará.” A expressão “teu quarto” ésimbólica aqui. Assim como “sinagogas” e “esquinas”representam lugares públicos, assim “teu quarto”representa um lugar escondido, oculto. Irmãos e irmãs,vocês podem deveras encontrar um lugar secreto mesmonos cantos das praças e nas sinagogas; nas rodovias etambém em um carro. Por quê? Porque o quarto secreto éaquele lugar em que vocês têm comunhão com Deus emsecreto, onde quer que vocês não exibam sua oração depropósito. “Entra no teu quarto e, fechada a porta”, significaexcluir o mundo e fechar-se em vocês mesmos. Em outraspalavras, temos de anular todas as vozes exteriores, equieta e simplesmente orar ao nosso Deus.

“Orarás a teu Pai que está em secreto; e teu Pai quevê em secreto te recompensará” Quão confortadoras sãoestas palavras! Orar ao seu Pai que está em secreto requerfé. Embora você não sinta nada abertamente, crê que estáorando ao seu Pai que está em secreto, Ele está em secreto,além do alcance da vista humana, todavia ele está tambémrealmente aí. Ele não despreza sua oração, ele está aíobservando. Tudo isso é indicativo do quanto ele estáatento às suas orações. Ele não está apenas observando, eletambém vai recompensá-lo. Você acredita nesta palavra?

Quando o Senhor diz que “recompensará”, elerecompensará mesmo. Ele garante que sua oração emsecreto não será em vão. Se você realmente ora, eleseguramente recompensá-lo-á. Mesmo que não pareçahaver nenhuma recompensa hoje, chegará o dia em quevocê será recompensado. Irmãos e irmãs, sua oração em

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secreto pode resistir ao exame do seu Pai que está emsecreto? Vocês crêem que o Pai que está em secreto lhesrecompensará?

Não Como os Gentios

O Senhor não apenas nos ensina a não nos exibirmos,mas também nos instrui: “E, orando, não useis de vãsrepetições, como os gentios; porque presumem que peloseu muito falar serão ouvidos” “Vás repetições”, no grego,significa proferir repetidos sons monótonos, ao modo dosgagos. Ao orar, os gentios repetem a mesma palavramonotonamente. Tal oração é mero som, sem nenhumsignificado. Se você ficar perto deles para ouvir sua oração,perceberá um som monótono, repetitivo, como se vocêestivesse ao pé de uma fonte, ouvindo o rumor contínuo daágua contra as rochas, ou como se estivesse ao lado de umaestrada movimentada, ouvindo o rolar sem-fim das rodassobre a pavimentação. Os gentios entoam as mesmaspalavras muitas vezes. Pensam que serão ouvidos por seumuito falar. Contudo, tal oração é vã e ineficaz. Nãodevemos orar assim.

Por isso, não permitamos que as palavras de nossasorações apresentadas nas reuniões sejam vazias designificado. Quando alguém ora e você não diz “amém”, elepoderá acusá-lo de não estar de acordo. Contudo, se vocêdiz “amém” a sua oração, ele a usará repetidamente. Suaoração não será governada pela intensidade do coração,mas pelo grau de apoio entusiástico. Sua oração não tem oobjetivo de desfazer-se de um fardo intimo, mas terminarum discurso. Muitas são as orações feitas pelos homens,muitas são as manifestações que, em muito, excedem aocoração. Repito que tal oração é como o som da águaesbatendo-se contra as rochas ou como o rumor sem fim

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das rodas sobre a estrada. Tal oração tem som, mas não temsentido. Não devemos orar assim.

“Não vos assemelheis, pois, a eles; porque Deus, ovosso Pai, sabe o de que tendes nascessedade, antes que lhopeçais. ”Este versículo mostra-nos que o ouvir Deus a nossaoração ou não, dependerá de nossa atitude diante dele, bemcomo de nossa real necessidade. Não depende do muito oupouco de nossas palavras. Se o que pedimos não é o de quenecessitamos, nossa oração ficará sem resposta, nãoimportando quanto seja dito. Pedir sem necessitar, revelacobiça; é pedir mal. Deus alegremente suprirá todas asnossas necessidades, mas não deseja gratificar nossosdesejos egoístas. Como é tolo alguns dizerem que nãoprecisam orar, uma vez que Deus conhece todas as suasnecessidades. Pois o propósito da oração não é fornecerconhecimento a Deus, mas expressar nossa confiança, nossafé, nossa expectativa e o desejo de nosso coração. Eis porque devemos orar. Contudo, em nossa oração o desejo denosso coração deve exceder as palavras de nossos lábios, ea fé deve ser mais forte do que a palavra.

“Portanto, Vós Orareis Assim”

Vejamos agora como o Senhor nós ensina a orar.Esta oração é comumente conhecida como a oração doSenhor. Tal noção é errada pois esta não é a oração dopróprio Senhor; é a oração que ele nos ensina a orar. Estefato está muito claramente colocado em Lucas 11:14.Devemos aprender bem esta oração.

“Portanto, vós orareis assim”. Orar assim nãosignifica repetir estas palavras todas as vezes que oramos.Não; não era isto que o Senhor queria dizer, de maneiraalguma. Ele nos está ensinando como orar, não pedindo querepitamos estas palavras.

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Desde que o mundo começou, orações têm sidoconstantemente oferecidas a Deus. Geração após geração,vez após vez, poros sem conta têm vindo a Deus e orado. Éraro orarem corretamente. Muitos pensam naquilo quedesejam ter; poucos dão atenção ao que Deus quer. Por estemotivo, o Senhor Jesus ensina-nos a orar. Esse tipo deoração possui peso, grandeza e profundidade tremenda.Ora, a menos que não tenhamos nenhuma intenção deaprender, devemos aprender “a orar assim”, se é quedesejamos realmente aprender a orar. Deus veio à terrapara ser Homem, e, pela primeira vez, este Homem nos dizque apenas este tipo de oração é eficaz.

O Senhor deseja que oremos ao “nosso Pai que estáno céu”. “Pai”, é um novo modo de os homens se dirigirem aDeus. Antes chamavam-no de “Deus Iodo-poderoso”“Altíssimo Deus”, “o Deus eternal”, ou “Deus Jeová”;ninguém ousava chamar Deus de “Pai”. Aqui, pela primeiravez, Deus é chamado de “Pai Isto indica daramente que estaoração é oferecida por aqueles que são salvos é que têm avida eterna. Porque são salvos, podem chamar Deus de“Pai”. Somente os que são gerados de Deus são seus filhos.Apenas eles podem dirigir-se a Deus como “Pai”. Esta é umaoração dirigida a “nosso Pai que está no céu”, e, por isso, éoferecida na base de sermos filhos. Quão doce e quãoconfortador é vir a Deus e exclamar: “Pai nosso que estásnos céus

Originalmente, somente o Senhor Jesus poderiachamar Deus de “Pai”, mas agora o Senhor quer quetambém o chamemos “nosso Pai”. Grande, na verdade, éesta revelação. Não fosse o fato de que Deus de tal modonos amou e deu seu Filho unigênito por nós, comopoderíamos chegar a chamá-lo “nosso Pai”? Graças a Deusque, pela morte e ressurreição de seu Filho, agora nostornamos filhos de Deus. Obtivemos uma nova posição. Por

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causa disso, nossa oração é feita a nosso Pai que está noscéus. Quão Intimo, quão livre e quão elevado! Possa oEspírito do Senhor dar-nos maior entendimento de Deuscomo Pai e também a confiança de que nosso Pai é tantoamoroso como paciente. Ele não somente ouve nossaoração, mas proporciona-nos a alegria da oração também.

Esta oração pode ser dividida em três partes: aprimeira se relaciona com as coisas de Deus, sendo que éa expressão dos três desejos do nosso coração para comDeus (vs. 9e 10) é de natureza fundamental; a segunda serelaciona com nossos interesses; são pedidos de proteçãoque levamos à presença de Deus (vs. 11-13a); a terceira énossa declaração, constituindo-se em nossos louvores aDeus (v. 13b). Examinemos, agora, cada uma dessas partesseparadamente.

Três Desejos do Coração Para Com Deus

A parte inicial da oração refere-se aos trêsprofundos desejos de nosso coração para com Deus:

O primeiro desejo é “Santificado seja o teu nome”.Deus tem uma expectativa hoje, isto é, que oremos para queseu Nome seja honrado. Seu nome é grandemente exaltadoentre os anjos; contudo, seu nome é impensadamenteabusado pelos homens. Quando seu nome é tomado em vãopelos homens, Deus não expressa sua ira com trovões docéu. Ao contrário, ele se oculta como se não existisse. Elenunca faz coisa alguma contra os homens por usarem seunome em vão da maneira que o fazem. Mas ele deseja queseus próprios filhos orem: “Santificado seja o teu nome”. Seamamos e conhecemos a Deus desejaremos que seu nomeseja honrado. Ficaremos magoados se as pessoas invocareiseu nome em vão. Nosso desejo fiçará mais forte eoraremos mais diligentemente: “Santificado seja o teu

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nome”. Até que um dia todos louvem este nome, e ninguémouse tomar o seu nome em vão.

“Santificado seja o teu nome”. O nome de Deus nãoé apenas um título que usamos para dirigir-nos a ele: é umagrande revelação que recebemos do Senhor. O nome deDeus na Bíblia é usado para significar sua própria revelaçãoaos homens a fim de que possam conhecê-lo. Seu nomerevela sua natureza e manifesta sua perfeição. Isto não éalgo que a alma humana possa entender; é preciso que oSenhor mesmo o manifeste a nós (ver João 17:6). Ele diz:“Eu lhes fiz conhecer o teu nome e ainda o farei conhecer, afim de que o amor com que me amaste esteja neles e euneles esteja” (João 17:26). Conhecer o nome de Deus requerrepetidas revelações do Senhor.

“Santificado seja o teu nome”, Isto não constituisomente o desejo do nosso coração, mas representatambém nossa adoração ao Pai. Devemos dar glória a Deus.Devemos começar nossa oração com louvor. Antes deantecipar sua misericórdia e graça, glorifiquemos a Deus.Que ele receba o louvor devido à sua perfeição e, então,receberemos sua graça. O ponto proeminente e último denossa oração é que Deus receba glória.

“Santificado seja o teu nome”. O nome de Deusestá ligado à sua glória. “Mas tive compaixão do meu santonome, que a casa de Israel profanou entre as nações paraonde foi” (Ezequiel 36:21). O povo de Israel não santificarao nome de Deus; ao contrário, profanaram-no, onde querque fossem levados. Contudo, Deus tinha consideração peloseu santo nome. Nosso Senhor requer de nós este santodesejo. Ele quer glorificar o nome de Deus por nossointermédio. O nome de Deus precisa primeiro sersantificado em cada coração individual, e então este nossodesejo será aprofundado. A cruz precisa realizar uma obramais profunda em nós, antes que possamos glorificar o

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nome de Deus. De outra forma, não podemos vê-lo comoum santo desejo, mas apenas como uma excêntrica fantasia.Sendo assim, que tratamento e purificação precisamosreceber em nossas vidas!

O segundo desejo é “Venha o teu reino”. Queespécie de reino é este? Julgando pelo contexto, essaexpressão refere-se ao reino dos céus. Ao ensinar-nos aorar “venha o teu reino”, o Senhor diz que há o reino deDeus no céu, mas que aqui na terra não há, e que, portanto,devemos orar para que Deus estenda as fronteiras do reinodos céus para que alcance a terra. A Bíblia refere-se aoreino de Deus tanto em termos geográficos como emtermos históricos. A história trata do tempo, ao passo que ageografia trata do espaço.

De acordo com as Escrituras, o fator geográfico doreino de Deus excede seu fator histórico. “Se, porém, euexpulso os demônios, pelo Espírito de Deus”, disse o SenhorJesus, “certamente é chegado o reino de Deus sobre vós”(Mateus 12:28). E esta uma questão histórica? Não, é umproblema geográfico. Onde quer que o Filho de Deusexpulse demônios pelo Espírito de Deus, aí se encontra oreino de Deus. Assim, durante este período de tempo, oreino de Deus é mais geográfico do que histórico.

Se nosso conceito do reino for sempre histórico,veremos apenas uma face dele, não o todo. O AntigoTestamento profetiza apenas o reino dos céus. Com a vindado Senhor Jesus, João Batista primeiro proclama que oreino dos céus é chegado; a mesma proclamação é feita pelopróprio Senhor Jesus mais tarde. Por quê? Porque aquiquando chegamos a Mateus 13, o próprio reino dos céuscomeça a ter uma aparência exterior na terra. Hoje, ondequer que os filhos de Deus expulsem demônios peloEspírito de Deus, e destroem suas obras, aí se podeencontrar o reino de Deus. O Senhor ensina-nos a orar

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“Venha o teu reino” porque ele antecipa o reino de Deusenchendo a terra.

“Venha o teu reino”! Isto não é apenas umdesejo da Igreja, é também uma responsabilidade dela. A

Igreja deve trazer o reino de Deus à terra. A fim de realizaresta tarefa, a Igreja precisa estar disposta a pagar o preço,submetendo-se às restrições e controle do céu, de modoque possa ser o escoadouro do céu, permitindo que aautoridade do céu invada a terra. Se a Igreja há de trazer oreino de Deus, ela não pode ignorar os ardis de Satanás (ver2 Coríntios 2:11) e precisa estar revestida de toda aarmadura de Deus, de modo a permanecer firme contra asciladas do diabo (Efésios 6:11). Pois onde quer que chegueo reino de Deus, daí os demônios serão banidos. Quando oreino de Deus dominar a terra por completo, Satanás serálançado no fundo do abismo (ver Apocalipse 20:1-3).

Uma vez que a Igreja tem responsabilidade tãogrande, não é de estranhar que Satanás a ataque com todo oseu poder. Possa a Igreja orar como os santos do passado,dizendo: “Abaixa, Senhor, os teus céus, e desce” (Salino144:5) e “Oh! se fendesses os céus é descesses!” (Isaías64:1.

Possa a Igreja dizer a Satanás: “Aparta-te de para ofogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos” (Mateus25:41).

O terceiro desejo é “Faça-se a tua vontade, assimna terra como no céu”. Isto revela que à vontade de Deus éfeita no céu, mas que na terra, não é totalmente feita. Ele éDeus; quem pode impedir que sua vontade seja feita? Quemo impede, o homem ou Satanás? De fato, ninguém o podeimpedir. Por que, então, tal oração? A fim de responder aesta pergunta, precisamos esclarecer o principio da oração.

Através de toda a Bíblia encontra-se certo númerode princípios básicos de verdade, entre os quais está o

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princípio da oração. Notemos imediatamente que o própriofato de a oração ser encontrada na Bíblia é muitoespantoso. Aprendemos nas Escrituras (não é assim?) queDeus sabe antecipadamente tudo que precisamos. Por que,então, devemos orar? Pois, já que Deus é oniciente, então,de acordo com a lógica humana, não há nenhumanecessidade de os homens orarem! Contudo, ai está umacoisa surpreendente na Bíblia: como Deus quer que oshomens orem! Oração é isto: Deus deseja fazer certa coisa e,todavia, não a fará sozinho; ele espera até que os homensorem na terra, e somente então ele o fará. Ele tem suaprópria vontade e mente; contudo, espera que os homensorem. Não que Deus não saiba das nossas necessidades,mas as suprirá somente depois de termos orado. Não semoverá até que alguém ore.

A razão para nós orarmos, portanto, é que Deusespera que os homens orem antes que ele faça algumacoisa. O Senhor Jesus deve nascer, mas é necessário queSimeão e Ana orem (ver Lucas 2:25, 36-38). O EspíritoSanto estava para vir, mas os cento e vinte deveriam orarpor dez dias (ver Atos 1:15, 2:1-2). E esse o princípio daoração. Podemos, pela oração, forçar Deus a fazer o que elenão quer? De modo nenhum. Contudo, ele espera até queoremos por aquilo que ele deseja, antes que ele o realize.

Quando Acabe era rei, a palavra do Senhor veioexplicitamente a Elias, dizendo: “darei chuva sobre a terra”.Porém não mandou a chuva, até que Elias houvesse orado(ver 1 Reis 18:1, 41-45). Deus se recusa a executar suavontade sózinho; ele quer que oremos antes de realizar asua vontade. Assim, que é oração? É como segue: primeiroDeus tem uma vontade; segundo, tocamos sua vontade; daíoramos, e, terceiro, enquanto oramos, Deus ouve nossaoração.

Quão grande engano é pensar que, orando a Deus, o

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homem dá início às coisas que o homem quer que Deusfaça. A Bíblia mostra que primeiro é Deus quem tem avontade; é ele quem deseja realizar determinada coisa. Eledá-me a conhecer sua vontade para que eu a declare. Isto sechama oração Aqui o Senhor Jesus ensina-nos a orar, pois éo próprio Deus quem deseja que o seu nome sejasantificado, seu reino venha e sua vontade seja feita naterra, Mas Deus não fará que isso ocorra automaticamente;espera que a Igreja ore. Você ora, eu oro; todos os filhos deDeus oram. E, quando esta oração alcançar o ponto desaturação, o nome de Deus será santificado entre oshomens, seu reino virá e sua vontade será feita na terra,como no céu.

Os filhos de Deus precisam aprender este tipo deoração — que precisam ser sempre sensíveis ao que Deusdeseja realizar. Embora à vontade de Deus já estejaformada, contudo ele não a executará, até que a mente deseus filhos seja tocada e eles expressem sua vontademediante a oração. Então começará ele a ouvir essa oração.Ainda que seu nome só seja santificado no milênio, seureino virá e sua vontade será feita na terra; esse tempopode ser apressado ou. retardada, dependendo de comooram os filhos de Deus. E a razão básica para isto é: Deusrecusa realizar sua vontade a sós. Ao invés disso, deseja queseus filhos na terra orem, antes que ele a execute.

Muitas coisas podem ser consideradas comovontades fragmentárias de Deus, mas Deus tem umavontade suprema que inclui todas essas vontadesfragmentárias. Se estivermos atentos à suprema vontade deDeus, todas estas vontades fragmentárias serão cumpridasoportunamente. Deus no céu tem sua vontade; seu Espíritocomunica-nos essa vontade, fazendo-nos clamar em comumacordo: “O Deus, queremos que faças isto”. Somente entãoDeus a realizará. Isto é o que a Bíblia nos diz a respeito do

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princípio da oração.A obra de Deus hoje é afetada pela nossa

oração na terra. Possamos nós pedir-lhe que nos abra osolhos para que vejamos como a ação do céu é influenciadapor nossa oração na terra. Nosso Senhor explicou estemistério de Deus, oculto ao longo dos séculos. Se desejamosoferecer a nós mesmos, gastar tempo em oração, logoperceberemos que tal oração não somente será ouvida porDeus, mas será recompensada no futuro também.

A vontade de Deus é como a água de um rio, e nossaoração é como um canal. Se nossa oração for grandebastante, a resposta será, da mesma forma, grande. Senossa oração for limitada, a resposta também será restrita.O avivamento galês de 1903-1904 pode ser consideradocomo o maior na história da Igreja. Deus usou um mineiro,Evan Roberts, como vaso para esta grande obra dereavivamento. Este não possuia conhecimentos intelectuais,mas sua oração era tremendamente profunda. Mais tarde,ele se afastou do trabalho público por sete ou oito anos.Certo dia, encontrando-o um irmão, perguntou-lhe o queandara fazendo durante aqueles anos. Sua resposta teveuma só sentença: “Estive a fazer a oração do reino”

Irmãos, será que estamos cônscios de que semoração o reino não virá? Se o canal estiver bloqueado, podea água fluir? Através da oração que o Senhor aqui ensina, opensamento e a ordem de Deus são revelados. Ao tempo emque a vontade dos filhos de Deus estiver totalmente emconformidade com a vontade divina, o reino de Deusverdadeiramente virá e sua vontade verdadeiramente seráfeita na terra como o é no céu.

Três Pedidos Para Nós Próprios

Na segunda secção do ensino de Jesus sobre a

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oração, temos três pedidos para nós mesmos.Primeiramente lemos: “O pão nosso de cada dia dá-

nos hoje”. Algumas pessoas têm dificuldade emcompreender como o Senhor pode ensinar-nos a orar peloseu nome, seu reino e sua vontade e, então, rapidamentevoltar-se para o assunto do pão diário. O mergulho naoração de tais sublimes alturas a um nível tão mundanoparece uma rápida queda de dez mil metros. Mas devemosreconhecer que há uma razão muito boa para isso.

O Senhor leva em consideração a pessoa queverdadeiramente pertence a Deus e que constantementeora pelo nome, reino e vontade divinos. Uma vez que taloração é tão essencial, aquele que assim orainvariavelmente atrairá sobre si o ataque de Satanás. Há,portanto, um assunto que deve ser levado em oração: o pãodiário. O alimento é a necessidade imediata do homem; éuma grande tentação. Quando o pão diário de uma pessoase toma um problema, constitui tremenda tentação. De umlado, você deseja que o nome de Deus seja santificado, queseu reino venha e que sua vontade seja feita na terra; poroutro, você, como pessoa, ainda vive na terra e temnecessidade de pão diário. Satanás conhece suanecessidade. Daí você precisar exercitar-se na oração deproteção. Esta é a oração de um cristão por si mesmo,pedindo proteção ao Senhor. Se não for assim, enquanto fazuma oração transcendental, será atacado pelo inimigo.Satanás pode assaltar-nos nesta área. Se estamos emnecessidade de pão diário e somos assaltados nessadireção, nossa oração será afetada. Que possamos ver anecessidade desta oração. Enquanto estivermos na terracomo seres humanos, nossos corpos terão necessidade dealimento diário. Conseqúentemente, precisanos pedir ateusque nos o pão de cada dia. Esta oração também mostra-nosque necessitamos olhar para Deus diariamente e orar a ele

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diariamente, pois é isso que o Senhor nos ensina aqui: “Opão nosso de cada dia dá-nos hoje”. Não é uma oraçãosemanal, mas diária. Não temos nada em que nos apoiar naterra, nem temos economias algumas. Temos de pedir o painosso para hoje — não para o suprimento da semana ou domês. Como precisamos descansar em Deus! Aqui vemos queo Senhor não se esquece de nosso pão diário, nem nosensina que não peçamos, mas deseja que peçamosdiariamente.

Ora, é verdade que nosso Pai já sabe as coisas de quenecessitamos. Contudo, o Senhor aqui deseja que oremos aDeus cada dia pelo nosso pão cotidiano pois ele anseia queaprendamos a ir ao Pai diariamente, exercitando assim anossa fé de dia em dia. Quão seguidamente tornamo-nosansiosos com tanta antecipação e oramos por necessidadestão remotas! Não devemos fazer isto. Lembremo-nos que,se tivermos forte desejo pelo nome, reino e vontade deDeus, possas dificuldades,automaticamente aumentarão.Mas, uma vez que Deus nos dá hoje nosso pão cotidiano,poderemos orar pelo pão de amanhã, quando o manhãchegar. “Portanto, não vos inquieteis com o dia de amanhã,pois o amanhã trará os seus cuidados; basta ao dia o eupróprio mal” (Mateus 6:34).

O segundo pedido é: “perdoa-nos as nossas dívidas,assim como nós temos perdoado aos nossos devedores”.Fizemos o pedido por necessidade fisica, e, agora, temos opedido por uma consciência sem culpa. Dia a dia, nãoconseguiremos evitar ofender a Deus em muitas áreas.Embora essas coisas não sejam todas pecados, podem,contudo, ser dívidas, O que deveria ter sido feito e não o foié dívida; o que deveria ter sido dito, e não o foi, também édívida. Daí que não é muito fácil manter uma consciêncialivre de ofensa diante de Deus. Cada noite, antes de dormir,descobrimos que muitas coisas aconteceram durante o dia

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que são ofensas a Deus. Podem não ser necessariamentepecados; entretanto, são dividas. Quando pedimos a Deusque perdoe nossas dívidas e não mais se lembre delas,tornamo-nos. habilitados a ter uma consciência sem ofensa.Isto é extremamente importante. Tendo nossas dividas epecados perdoados, temos agora consciência limpa paravivermos com ousadia na presença de Deus.

Muitos irmãos e irmãs têm tido a seguinteexperiência: toda vez que há ofensa na consciência, a fé éincapaz de elevar-se, pois a fé não tolera nenhumvazamento. Como disse o apóstolo Paulo: “mantendo fé eboa consciência, porquanto alguns, tendo rejeitado a boaconsciência vieram a naufragar na fé” (1 Timóteo 1:19). Aconsciência pode ser comparada a um barco que não podeter nenhum vazamento. Se houver vazamento naconsciência, perde-se a fé. A consciência não toleranenhuma dívida ou ofensa. Toda vez que houver um agravo,cria-se um buraco, e a primeira coisa a vazar será a nossafé. Se existe um buraco na consciência, não importa oquanto tentemos crer, não o podemos fazer. Tão logo umavoz condenadora se levante na consciência, a féimediatamente vaza. Por isso precisamos manter umaconsciência livre de ofensa. Devemos pedir que Deusperdoe nossas dívidas. Este é assunto muito sério. E,embora isso não se relacione com a questão de termos ounão vida eterna, está definitivamente relacionado com oproblema de nossa comunhão e com a disciplina de Deus.

Pedimos que Deus perdoe as nossas dívidas comotambém temos perdoado aos nossos devedores. Se umapessoa é altamente prejudicada por seus irmãos e irmãs, enão pode perdoar suas ofensas, não está qualificada parapedir a Deus que perdoe suas dívidas. Aquele cujo coração étão estreito que sempre nota como as pessoas o têm feridoe ofendido, é incapaz de fazer essa oração diante de Deus.

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Precisamos ter um coração perdoador antes de virmos àpresença do Pai com ousadia, pedindo-lhe que perdoenossas dívidas, assim como nós temos perdoa-do aosnossos devedores”. Não podemos pedir a Deus que perdoenossas dívidas, se não temos perdoado as dívidas dosoutros. Como podemos abrir a boca para pedir o perdão deDeus, a menos que, primeiro, tenhamos perdoado aosnossos devedores?

Irmãos, se vocês estão insatisfeitos com algumaspessoas por não terem suprido suas demandas, e se estãosempre calculando em seus corações quanto este ou aqueleos têm ofendido, como poderão fazer esta oração ao Pai?Uma vez que vocês precisam pedir ao Pai que perdoe o quequer que vocês lhe devem, não precisarão vocês da mesmaforma perdoar aos que devem a vocês? Vocês precisamprimeiro perdoar aos seus devedores e, então, poderão orarao Pai com ousadia: “Perdoa as minhas dívidas assim comotenho perdoado aos meus devedores.”

Aqui podemos notar uma coisa: que, além de nosensinar a respeito de nossa relação com o Pai, a Bíbliamostra-nos também como deve ser o nosso relacionamentopara com os irmãos e irmas, Um irmão ou irmã engana a simesmo, se considera em .relação com Deus por lembrar-sedesse relacionamento, embora negligencie a relação comoutros irmãos e irmãs. Se, hoje, entrarmos em discórdiacom um irmão ou irmã, instantaneamente perdemos abênção de Deus. Da mesma forma, incorremos em dívidaembora não em pecado — se hoje falharmos em fazer oudizer o que devemos a nossos irmãos e irmãs. Nãoalimentemos a fantasia de que, se não há pecado, tudo estábem; também não devemos ter dívida alguma. Se não pode-mos perdoar nem esquecer algum agravo que tenhamoscontra nossos irmãos ou irmãs, isto nos impedirá dereceber o perdão de Deus. Assim como tratamos os irmãos

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e irmãs, assim Deus também tratará a nósE sériaautodecepção imaginarmos que Deus tem perdoado asnossas dívidas ao passo que continuamos a lembrar-nos denossos devedores, calculando e reclamando todo o tempo,pois o Senhor explicitamente nos ensina a orar: “perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aosnossos devedores”.

Observe, por favor, as palavras “como perdoado”.Sem “perdoado”, como pode haver “como”? Se vocês nãotêm perdoado aos seus devedores, suas dívidas ainda sãolembradas por Deus. No caso de vocês terem perdoado aosseus devedores com o coração e terem permitido que essasdívidas fossem completamente retiradas como se nadahouvesse, então vocês podem vir a Deus com ousadia,dizendo: “Perdoa as minhas dívidas, assim como tenhoperdoado aos meus devedores”. E o resultado é que Deusnão pôde deixar de perdoar suas dívidas. Cumpramosalegremente nosso dever de perdoar aos nossos devedores,para que não tenhamos falta de perdão diante de Deus.

E o terceiro pedido? “não nos deixes cair emtentação; mas livra-nos do mal”. O primeiro pedidoreferia-se à nossa necessidade física; o segundo, ao nossorelacionamento com os irmãos e irmãs; o pedido finalfala de nossa relação com Satanás. “Não vos deixes cairem tentação” é o lado negativo, e “livra-nos do mal”, opositivo. Enquanto vivemos na terra para Deus, com umforte desejo no coração por seu nome, reino vontade, nós,por um lado, teremos necessidades físicas pelas quaisprecisamos ir a Deus para que ele supra o pão cotidiano; e,por outro lado, experimentaremos a necessidade daconsciência sempre limpa e sem culpa diante de Deus, peloque precisamos pedir-lhe que perdoe as nossas dívidas.Contudo, descobrimos outra necessidade: a de termos paz,

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por amor da qual pedimos a Deus que nos livre das mãos deSatanás.

Irmãos e irmãs, quanto mais andarmos no caminhodo reino dos céus, mais fortes serão nossas tentações. Comopodemos enfrentá-las? Precisamos orar a Deus, pedindo:“Não nos deixes cair em tentação”. Nunca seja tão auto-confiante que ouse enfrentar qualquer tentação. Uma vezque o Senhor nos tem ensinado a orar assim, devemospedir que Deus não nos deixe cair em tentação. Nãosabemos quando a tentação virá, mas podemos orarantecipadamente que Deus não nos deite cair nela. Taloração é por proteção. Ao invés de esperar diariamente quea tentação venha, devemos orar diariamente para que oSenhor não nos deixe cair nela. Somente o que o Senhorpermite pode vir a nós; mas o que ele não permite, pedimosque não nos deixe acontecer. De outro modo, estaríamostão ocupados em lutar contra a tentação do alvorecer até oescurecer, de modo a nada mais podermos fazer.Precisamos pedir ao Senhor que não nos induza à tentação,para que não venhamos a encontrar aqueles que nãodevemos, nem nos depararmos com as coisas que nãodeveriam acontecer a nósEste é um tipo de oraçãoprotetora. E devemos ir a Deus com essa proteção, pedindo-lhe que nos dê o pão cotidiano, resolva nossos problemasde uma consciência limpa, e que não nos deixe cair emtentação.

Devemos não somente pedir ao Senhor: “Não nosdeixes cair em tentação”, mas também “Livra-nos do mal”.Este último é um pedido positivo. Não importa onde estejaa mão de Satanás — quer se relacione com o pão de cadadia quer ao seu acusar nossa consciência ou a qualqueroutra tentação que lance contra nós —pedimos ao Senhorque nos livre do maligno. Em outras palavras, nãoesperamos cair na mão do maligno em coisa alguma. Lendo

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Mateus 8 e 9, podemos perceber que Satanás tem domíniosobre mais coisas do que imaginamos. Com respeito aocorpo humano, sua mão pode consistir em uma febre alta;com respeito ao mar, uma repentina tempestade. Sua mãopode mostrar-se por meio da possessão demoníaca, no casodo homem; ou de afogamento no caso de uma manada deporcos. Pode também refletir-se, nos corações humanos, emrejeição ou oposição ao Senhor, sem causa aparente. Emqualquer acontecimento, Satanás está pronto para ferir aspessoas e causar-lhes sofrimento. Devemos, portanto, orar,pedindo ao Senhor que nos livre do maligno.

Nossos três desejos do coração por Deus, formam aoração básica; nossos três pedidos para nós mesmostomam-se oração protetora.

Nossa oração pelo pão diário não é somente porcomida, nem o nosso pedido de consciência sem ofensasomente para termos um bom sentimento, nem é nossopedido para sermos libertados do maligno simplesmentepara que não sejamos feridos. O que motiva nossa oração épodermos viver na terra realizando mais da obra de oração— esperando assim que o nome do Pai seja santificado, quevenha o seu reino e que sua vontade seja feita na terra,como no céu.

Três Louvores

Finalmente, o Senhor nos ensina a louvar a Deus portrês coisas: “Pois teu é o reino, o poder e a glória parasempre. Amém” Estes louvores declaram que o reino é doPai, o poder é do Pai, e a glória é do Pai. Estes três assuntospara louvor estão relacionados com o livramento domaligno; sim, ainda mais, estão relacionados com a oraçãotoda que nosso Senhor ensinou, o motivo para pedirlivramento do maligno é que o reino pertence ao Pai, não a

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Satanás; o poder é do Pai, não de Satanás; a glória é do Pai,não de Satanás. A ênfase está exatamente aqui: visto que oreino é do Pai, não devemos cair nas mãos de Satanás; umavez que o poder é do Pai, não devemos cair nas mãos deSatanás; já que a glória é do Pai, não cairemos nas mãos deSatanás. Isto constitui um motivo muito forte. Se cairmosnas mãos de Satanás, como pode o Pai ser glorificado? Mas,se é o Pai quem governa, então Satanás não tem podersobre nósO reino do céu pertence ao Pai; portanto, nãopodemos e não devemos cair nas mãos de Satanás.

A respeito do poder, podemos relembrar as palavrasque nosso Senhor nos tem dito: “Eis ai vos dei autoridadepara pisardes serpentes e escorpiões, e sobre todo o poderdo inimigo, e nada absolutamente vos causará dano” (Lucas10:19). A autoridade que o Senhor diz ter dado sobrepujatodo o poder do inimigo, pois há poder nessa autoridade, OSenhor quer que saibamos que, no reino, há umaautoridade, e atrás dessa autoridade está o poder que tudocontrola. O reino é de Deus, não de Satanás; naturalmente aautoridade também é de Deus, não de Satanás; e o podertambém é de Deus, pão de Satanás. E, quanto à glória,também ela pertence a Deus e não a Satanás, Sendo o reino,o poder e a glória de Deus, aqueles que pertencem a elepodem esperar ser libertos da tentação e da mão deSatanás.

No Novo Testamento, o nome do Senhor usualmenterepresenta a autoridade, ao passo que o Espírito Santorepresenta o poder. Toda autoridade está no nome doSenhor; todo poder está no Espírito Santo. O reino fa1a dogoverno do céu; daí a autoridade ser de Deus. O EspíritoSanto é o poder pelo qual Deus age. Uma vez que o reino éde Deus, Satanás não tem governo em lugar nenhum; vistoque o poder é do Espírita Santo, o adversário não temmeios pelos quais competir. Sabemos de Mateus 12:28 que,

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assim que os demônios se encontram com o Espírito Santo,são imediatamente expulsos. E, finalmente, a glória tambémé de Deus. Daí podermos declarar e louvar em voz alta: “teué o reino, o poder e a glória para sempre. Amém.”

O Senhor ensina-nos a orar desta maneira. Não pararecitarmos essa oração como uma formalidade, mas, pelocontrário, a fim de orarmos de acordo com o princípiorevelado por ela. Esta deveria ser a base para todas asorações. Por amor de Deus, desejamos sinceramente queseu nome seja santificado, seu reino venha e suavontade seja feita na terra, como no céu. Da mesma forma,pelo fato de o reino, o poder e a glória pertencerem a Deus,damos-lhe todos os louvores. Uma vez que o reino, o podere a glória são todos dele, o nome de Deus deve sersantificado, seu reino deve vir e sua vontade deve ser feitana terra, como no céu. Uma vez que o reino, o poder e aglória são dele, devemos ir a ele por nosso pão cotidiano,pelo perdão de nossas dívidas e por livramento da tentaçãoe do maligno. Todas as nossas orações devem sermodeladas nesta.

Algumas pessoas têm insinuado que esta oração nãofoi dada aos cristãos por não concluir com a expressão “emnome do Senhor”. Tal conclusão é tola, pois o que o Senhoraqui nos ensina não é uma fórmula de oração. Mais ainda,ficamos a pensar que oração no Novo Testamento terminacom as palavras “em nome do Senhor”? Quando, porexemplo, os discípulos clamam ao Senhor no barco,dizendo: “Salva-nos, Senhor! perecemos!” (Mateus 8:25),foram as palavras “em nome do Senhor” incluídas? É claroque o Senhor não está nos ensinando a repetir comexatidão essas palavras; antes, deseja ele que oremos deacordo com o princípio que aqui apresenta. Ele enumera osvários elementos pelos quais devemos orar, sem dizer-nosque repitamos as mesmas palavras.

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A Importância do Perdão

Agora, concluído seu ensino sobre a oração, o Senhorcontinua imediatamente: “Porque se perdoardes aoshomens as suas ofensas, também vosso Pai celeste vosperdoará; se, porém, não perdoardes aos homens as suasofensas, tão pouco vosso Pai vos perdoará as vossasofensas” (Mateus 6:14, 15). Aqui o Senhor explica osignificado da expressão: “perdoa-nos as nossas dívidas,assim como nós temos perdoado aos nossos devedores” (v.12).

Quão fácil é falhar o cristão no que diz respeito aoperdão. Se houver o espírito de falta de perdão entre osfilhos de Deus, então tudo o que aprenderam — juntamentecom toda a sua fé e todo o seu poder — esvair-se-á. Porisso, o Senhor fala aqui distinta e enfaticamente. Sãopalavras muito simples; contudo, os filhos de Deusnecessitam dessas simples palavras: “Porque se perdoardesaos homens as suas ofensas, também vosso Pai celeste vosperdoará’. É tão simples obter o perdão do Pai celeste. Mas“se não perdoardes aos homens as suas ofensas, tão poucovosso Pai vos perdoará as vossas ofensas. Não há tal coisacomo “perdão casual”. Estas palavras são simples, suasignificação, contudo, não é tão simples. Se dizemos comnossos lábios que perdoamos mas, em nossos corações nãoperdoamos, aos olhos de Deus é como se não tivéssemosperdoado as ofensas dos outros. Perdoar de lábios, mas nãode coração, é palavra vazia, é mentira e, portanto, nãocreditada diante de Deus. Precisamos perdoar de coração.Assim como os primeiros discípulos precisavam destaspalavras, nós também delas necessitamos hoje.

Se os cristãos percebem as ofensas dos outros, masnão perdoam de coração, a Igreja logo cai em dificuldades.

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Ora, naturalmente, se não vivemos na terra como igreja,podemos não precisar de perdão mútuo, uma vez que,quando houver discórdia, podemos ir cada um por seupróprio caminho, Mas o Senhor sabe quão importante é orelacionamento de uns com os outros. Assim, ele reitera,com ênfase, este ponto no final. Ele sabe que quanto maioré a comunhão e comunicação de uns com os outros, maisnecessitamos perdoar. A fim de impressionar-nos com aimportância desse fato, ele não pode deixar de levar nossaatenção para esse ponto. Se não podemos perdoar uns aosoutros, facilmente daremos lugar ao diabo. Se nãoperdoamos um ao outro, não estamos vivendo no reinonem estamos realizando a obra do reino. Ninguém quefalha em perdoar aos homens as suas ofensas podeexecutar a obra do reino; ninguém que carece desse perdãopode viver no reino. Precisamos lembrar que sempre queestivermos em desacordo com irmãos e irmãs, tambémestaremos em controvérsia com o Senhor. Não podemosorar e ao mesmo tempo estar sem o espírito de perdão.Irmãos, este não é um assunto insignificante. Precisamosobservar o que o Senhor acentua aqui: precisamos perdoaraos homens as suas ofensas.

Por último, conscientizemo-nos da atenção que oSenhor dá à oração. Quando ele fala de esmolas, antes defalar da oração, usa somente quatro versículos; aomencionar o jejum, depois da oração, usa somente trêsversículos. Mas sobre a oração, ele fala extensa eenfaticamente, pois a oração está diretamente relacionadacom Deus, e é o fator mais importante do trabalho cristão.Mostra-nos que há recompensa para esse tipo de oração,porque a oração aqui mencionada tem tremendasconseqüências a ela relacionada. Todos os que são fiéis àobra de oração serão recompensados no futuro. Qualquerque continua nesta espécie de labor secreto, não ficará sem

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recompensa. Que Deus levante gente para orar por suaobra.

E ainda um último ponto. Nesta oração que o Senhorensina, o pronome “nós” é usado o tempo todo. Este é o tomda Igreja, esta é a oração com a consciência do corpo. É umaoração extremamente grande. Quem pode contar os santosque na terra têm feito esta oração? Que possamos mais umavez renovar nossa consagração e juntar-nos às fileirasdaqueles que fazem esta grande oração. Tenha o Senhormisericórdia de nós de modo que possamos participardesta grande obra de oração.

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CAPÍTULO 3

Em Nome do Senhor Jesus a Confiança de DeusPelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe

deu o nome que está acima de todo nome, para que aonome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra edebaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo éSenhor, para glória de Deus Pai (Filipenses 2:9-11).

E tudo quanto pedirdes em meu nome, isso farei, afim de que o Pai seja glorificado no Filho. Se me pedirdesalguma cousa em meu nome, eu o farei. Não fostes vós queme escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vósoutros, e vos designei para que vades e deis frutos, e ovosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto pedirdesao Pai em meu nome, ele vo-lo conceda. Naquele dia nadame perguntareis. Em verdade, em verdade vos digo, sepedirdes alguma cousa ao Pai, ele vo-la concederá em meunome. Até agora nada tendes pedido em meu nome; pedi, erecebereis, para que a vossa alegria seja completa. Naqueledia pedireis em meu nome (João 14:13, 14; 15:16, 16:23,24, 26a).

Então regressaram os setenta, possuídos de alegria,dizendo: Senhor, os próprios demônios se nos submetempelo teu nome! Mas ele lhes disse: Eu via a Satanás caindodo céu como um relâmpago. Eis aí vos dei autoridade parapisardes serpentes e escorpiões, e sobre todo o poder doinimigo, e nada absolutamente vos causará dano. Nãoobstante, alegrai-vos, não porque os espíritos se vossubmetem, e, sim, porque os vossos nomes estão arroladosnos céus. . . E que em sei nome se pregasse arrependimentopara remissão de pecados, a todas as nações, começando deJerusalém (Lucas 10:17-20; 24:47). Pedro, porém, lhe disse:Não possuo nem prata nem ouro, mas o que tenho, isso tedou: em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, anda! E pondo-

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os perante eles, os argüiram: Com que poder, ou em nomede quem fizestes isto?... tomai conhecimento vós todos etodo o povo de Israel de que, em nome de Jesus Cristo, oNazareno, a quem vós crucificastes, e a quem Deusressuscitou dentre os mortos, sim, em seu nome é que esteestá curado perante vós, e não há salvação em nenhumoutro; porque abaixo do céu não existe nenhum outronome, dado entre os homens, pelo qual importa quesejamos salvos. Dele todos os profetas dão testemunho deque, por meio de seu nome, todo o que nele crê receberemissão de pecados... Isto se repetia por muitos dias. EntãoPaulo, já indignado, voltando-se, disse ao espírito: Em nomede Jesus Cristo eu te mando: Retira-te dela. E ele na mesmahora saiu... Eles, tendo ouvido isto, foram batizados em onome do Senhor Jesus (Atos 3:6; 4:7, 10, 12; 16:18; 19:5).

Tais fostes alguns de vós; mas vós vos lavastes, masfostes santificados, mas fostes justificados, em o nome doSenhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus (1Coríntios 6:11).

Um assunto que, especialmente, temos de entenderdiante de Deus, diz respeito ao nome do Senhor Jesus.Ninguém na terra pode ser salvo, a não ser pelo nome doSenhor Jesus; e ninguém pode ser um vaso útil na mão deDeus a menos que conheça o nome do Senhor Jesus.Precisamos, portanto, entender o significado do nome doSenhor Jesus. Como devemos pesarosamente lamentar ofato de que o nome do Senhor Jesus tenha-se tornadodemasiadamente comum na linguagem humana! Quãofreqüentemente frases como no nome de Jesus Cristo” ou“em nome do Senhor Jesus” se tomam quase sem sentido!As pessoas estão tão acostumadas a ler e a ouvir essaspalavras, que falham em compreender sua significação.Peçamos a Deus que nos guie, novamente, ao realsignificado do nome tão familiar de nosso Senhor Jesus.

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UmO nome do Senhor Jesus é muito especial. E algo

que Cristo não possuía enquanto estava na terra. Quandona terra, seu nome era Jesus. Isto é o que nos diz o capítulo1 de Mateus. Mas, Filipenses 2 indica que o Senhor tendo-sehumilhado até a morte, e morte de cruz, Deus também oexaltou sobremaneira e lhe deu um nome que está acima detodo nome. Que nome é este? Leiamos Filipenses 2:10-11:“para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus,na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que JesusCristo é Senhor, para glória de Deus Pai. Este nome é “onome de Jesus”. Não era ele chamado “Jesus” enquantoestava na terra? Contudo, este é um nome que lhe foi dadodepois de ser assunto ao céu. Por sua obediência a Deus atéa morte, e morte de cruz, o Senhor é exaltado e lhe é dadoum nome que está acima de todo nome. E o nome acima detodo nome é o nome de Jesus.

Não é somente Paulo que, tendo recebido revelação,diz que o nome do Senhor Jesus passou por esta grandemudança; o próprio Senhor Jesus mostra-nos que seu nomepassou por uma mudança drástica: “Até agora nada tendespedido em meu nome; pedi e recebereis, para que a vossaalegria seja completa... Naquele dia pedireis em meu nome”(João 16:24, 26a). “Naquele dia”, diz Jesus, não hoje;esperem até aquele dia e, então vocês pedirão em meunome. No dia em que falou estas palavras, ainda não tinhaeste nome que está acima de todo o nome. Mas receberá onome que está acima de todo nome “naquele dia” e“naquele dia” poderemos ir ao Pai e pedir em seu nome.

Que Deus abra nossos olhos para vermos que, depoisde sua ascensão, o nome do Senhor Jesus passou por umagrande mudança — uma mudança que está além da nossacompreensão. Esse nome é dado por Deus e está acima de

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todos os nomes.

Dois

Que representa esse nome? Representa autoridade,bem como poder. Por que representa autoridade e poder?“Para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus,na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que JesusCristo é Senhor, para glória de Deus Pai” isto é autoridade.Todo joelho dobrar-se-á ao nome de Jesus; toda línguaconfessará que Jesus é Senhor. Por este motivo o nome deJesus significa que Deus lhe deu autoridade e poder queexcedem a tudo.

Em dada ocasião, os discípulos de Jesus lhedisseram: “Senhor, os próprios demônios se nos submetempelo teu nome!” (Lucas 10:17). Foi uma grande coisa paraos discípulos o expulsarem demônios em nome do Senhor.Os demônios não temem a muitos e grandes nomes destemundo, mas submetem-se aos discípulos em o nome doSenhor Jesus. Mais tarde o Senhor Jesus explicou aos seusdiscípulos por que os demônios estão sujeitos a eles no seunome: “Eis aí vos dei autoridade... sobre todo o poder doinimigo” (v. 19). Daí se conclui que o, nome é igual àautoridade *

Até os governadores dos judeus estavam cônsciosdeste fato, pois depois que Pedro fez o paralítico andar, osgovernantes questionavam os apóstolos no dia seguinte,perguntando-lhes: “Com que poder, ou em nome de quemfizestes’ isto?” (Atos 4:7). Em outras palavras, queautoridade dade tendes para fazer este homem andar?Sabiam que agir em nome de alguém era ter recebidoautoridade. Conseqúentemente o nome me de Jesus semantém como a autoridade que Deus lhe confiou. Não que onome seja autoridade de, mas’o efeito do nome o é.

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*A autoridade e poder do nome de Jesus é aquidemonstrada em antecipação à ascensão do Senhor.

Três

O Novo Testamento não somente nos mostra o nomede Jesus, mas também inclui uma frase muitíssimo especial,a saber, “em nome do Senhor Jesus”. Estamosverdadeiramente cônscios desse fato? Aí temos não apenaso nome de Jesus Cristo, mas também a expressão em onome de Jesus Cristo. Se estudarmos a Palavra de Deus comcuidado e, ao mesmo tempo procurar realmente andar ‘noEspírito, não podemos deixar de reconhecer quantas vezestemos dito “em o nome do Senhor Jesus” ou “em o nome deJesus Cristo” sem, de fato, saber como fazer uso dessenome. Como podemos ser cristãos normais, se nemsabemos usar o nome do Senhor Jesus? Vejamos, portanto,o que, em realidade, significa a expressão “em o nome doSenhor Jesus”.

Nas várias conversas do Senhor Jesus, a primeira vezque encontramos as palavras “em o nome do Senhor Jesus”é no Evangelho de João. Encontra-se na conversa de nossoSenhor com seus discípulos, depois de lhes ter ele lavado ospés. Nos capítulos 14, 15 e 16 de João, ele diz especialmenteaos seus discípulos o que podem realizar, se o fizerem emseu nome: “E tudo quanto pedirdes em meu nome, issofarei. Se me pedirdes alguma cousa em meu nome, eu ofarei” (14:13, 14). Do capitulo 14 ao 16, ele dizconstantemente aos discípulos “Em meu nome”. Isso nãoapenas indica que ele um dia receberia. de Deus um nomeque está Acima de todos os nomes, mas também que seunome é algo que os discípulos podem usar, um nome que

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você e eu podemos usar. Este nome foi dado por Deus aoseu Filho Jesus, e Jesus Cristo, o Filho de Deus, por sua vez,entrega este nome a você e a mim para que dele façamosuso. De modo que a Bíblia não somente menciona o fato deo Senhor Jesus ter um nome que está acima de todos osoutros nomes, conta-nos também a experiência de usar onome do Senhor Jesus. Encontramos não apenas aexpressão seu nome”, mas também “em seu nome”. O nomede Jesus Cristo é o que ele recebeu de Deus; “em o nome deJesus Cristo” é expressão que denota o que os filhos de Deuspartilham com ele. Será que percebemos que esta é a maiorverdade que Deus nos confiou?

Por que é o nome de Jesus a confiança de Deus? Queé uma “confiança”? Deus nos confia a pregação doEvangelho; ele nos ordena realizar um trabalho; ele nosencarrega de ir a algum lugar ou proferir algumas palavras.Tudo isto são confianças de Deus. Contudo, o significado de“em o nome do Senhor Jesus” é um tipo diferente deconfiança. Significa que Deus confia que você faça algo; sim,mas muito mais, ele confia o Filho a você, Não é Deusenviando você; é o ato de você levar consigo o filho de Deus.Isto é o que significa “em o nome do Senhor Jesus

“Em o nome do Senhor Jesus” realmente significaque Deus tem confiado seu Filho a nósUsemos umailustração. Suponha que você deposita uma soma dedinheiro no banco. Suponha, mais ainda, que a retirada dequalquer quantia requeira certo carimbo seu. Um dia, vocêpede a um amigo que retire algum dinheiro do banco e dá-lhe o carimbo. É fácil para ele retirar o dinheiro, já que estáde posse do seu carimbo. Se ele preencher um cheque dedez dólares e o marcar com o carimbo, obterá o dinheiro.Da mesma maneira, “em o nome do Senhor Jesus” ésemelhante ao ter-lhe dado o Senhor Jesus o seu carimbo.Suponhamos, novamente, que tenho uma grande soma de

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dinheiro depositada em um banco e que estou pronto aconfiar numa pessoa dando-lhe meu talão de cheques e ocarimbo. Pois, se eu não confiasse nessa pessoa, comopoderia eu saber que ela não retiraria todo o meu dinheiro?Como ter certeza de que essa pessoa não iria assinar algumcontrato com meu carimbo? Se eu não confiasse nela, nuncalhe daria o meu carimbo. Mas, se lhe entrego meu caminhoé porque hei de sustentar tudo o que ela fizer. E éprecisamente isso que a expressão “em o nome do SenhorJesus” significa — isto é, o Senhor Jesus ousa confiar-nosseu nome e deixar-nos usá-lo. Confia em nós até o ponto deousar entregar-se a nós, e, ao mesmo tempo, está pronto aaceitar a responsabilidade por quaisquer conseqüências ourelações em que o possamos envolver por meio do uso doseu nome.

Às vezes dizemos a uma pessoa: “Você vai e diz acerto irmão que ele deve agir assim e assim. Se lheperguntar quem mandou, diga que fui eu.” Isto é o quesignifica “em meu nome”. Significa simplesmente usar onome. Você dá seu nome a certa pessoa; ela o usa, mas vocêé o responsável pelas conseqüências dele.

Durante sua última noite na terra com os discípulos,o Senhor Jesus lhes disse: “E tudo quanto pedirdes em meunome, isso farei, a fim de que o Pai seja glorificado no Filho”(João 14:13). Ele lhes confia algo de tremendo valor; deuseu nome ‘a eles. Seu nome é autoridade;. nada há maior doque aquilo que ele nos deu. Imagine o que acontecerá, seusarmos mal o nome que o Senhor Jesus nos entregou.Aqui, por exemplo, está um homem que detém grandepoder. Cada vez que ele dá uma’ordem, e a põe sobre elaseu carimbo ela se toma efetiva. Suponhamos que ele dêseu carimbo a outra pessoa. Ele terá de se responsabilizarpor qualquer ordem que essa pessoa emita e que leve seucarimbo. Pensa você que entregaria ele impensadamente o

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carimbo a qualquer pessoa? Claro que não. Contudo, oSenhor Jesus entregou-nos seu nome. O nome do SenhorJesus está acima de todos os nomes. Mas, mesmo assim, elequer confiar seu nome a nós. Reconhecemos nós,realmente, a grande responsabilidade que impôs a simesmo ao dar-nos o seu nome? Deus será responsável portudo que fizermos em seu nome. Que coisa grandiosa! Deusserá responsável por tudo que for feito em o nome doSenhor Jesus.

Quatro

‘Uma feição especial dos dias atuais é que o SenhorJesus não age diretamente. Ele não fala diretamente aomundo; ao invés disso, fala através da Igreja na terra.Também ele não opera milagres diretamente; realiza-ospor meio da Igreja. Não salva as pessoas diretamente; fá-lo,antes, mediante a Igreja. Uma vez que hoje, o Senhor Jesusnada faz diretamente e por si mesmo, mas tudo realiza pormeio da Igreja, por isso entrega-lhe seu nome.

Que tremenda responsabilidade assumiu ele! Émuito mais fácil responsabilizarmo-nos pelas coisas que agente mesmo faz, do que ser responsável pelas coisas feitaspor outros. Se você conserva seu sinete em seu poder, seráresponsável apenas pelas coisas que você mesmo fizer; masse o der a outros, terá de dar contas de tudo o que fizeremcom seu sinete. Se o Senhor Jesus tivesse permanecidoneste mundo até hoje, sua obra teria continuado a ser feitapor ele próprio da mesma forma que a realizou quandoaqui esteve, e não teria de assumir responsabilidade pornósEntretanto, ele não realiza seu trabalho atualdiretamente; confiou sua obra à Igreja.

Hoje, toda a obra do Senhor Jesus é responsabilidadeda Igreja. Aquilo que a Igreja realiza hoje é o que o Senhor

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Jesus faz, e, portanto, ele se torna responsável por tudo quea Igreja executar em seu nome. Se confiamos a alguém arealização de certa coisa, retiraremos imediatamente nossaconfiança, se essa pessoa se mostrar indigna dela. O SenhorJesus, no entanto, tem de confiar na Igreja até ao fim,porque hoje o Filho de Deus já não se encontra na carne,mas no Espírito e na Igreja. Ele não pode deixar de confiarna Igreja, de outra forma, não teria outro meio pelo qualrealizar qualquer coisa hoje. O Senhor Jesusverdadeiramente subiu aos céus e agora está sentado à mãodireita do Pai, esperando que seus inimigos se tornemestrado dos seus pés. Como o grande sumo sacerdote, eleintercede por nós. Este agora é seu trabalho celestial. Mas,quanto ao seu trabalho na terra, ele o entregou à Igreja. Poreste motivo a Igreja hoje tem autoridade para usar o seunome, e o Senhor Jesus acatará toda a responsabilidade portudo o que a Igreja realizar em seu nome.

A Igreja não conseguirá obter na terra maiorautoridade do que a representada pelo nome de Jesus. Aodar seu nome à Igreja, o Senhor Jesus outorgou-lhe a maisalta garantia. Pois este Nome representa o seu próprio eu.Dizer qualquer coisa no nome do Senhor Jesus se tornanaquilo que o próprio Senhor Jesus diz; fazer qualquercoisa no nome do Senhor Jesus se torna naquilo que opróprio Senhor faz. O que quer que seja decidido em seunome é reconhecido como decidido por ele. A Igreja tem aautoridade para falar no nome do Senhor Jesus. Queconfiança Deus deu à Igreja!

Examinemos uma passagem bíblica em que seinvoca o nome do Senhor. Ao contender o arcanjo Miguelcom o diabo acerca do corpo de Moisés, ele não disse: “Eu terepreendo”; nem tampouco: “Possa o Senhor terepreende?’, pois se a palavra “possa” aí estivesse, aexpressão seria uma oração ou um desejo. Não, Miguel

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declarou: “O Senhor te repreenda” (Judas 9). Isto mostraclaramente que, quando eu o repreendo, é o próprio Senhorque faz a repreensão. O arcanjo Miguel usou aqui o nome doSenhor. De sorte que para invocar o nome do Senhor Jesusnão é necessário proferir as palavras exatas.

“Em nome do Senhor Jesus” expressa o uso do nomedo Senhor Jesus da mesma maneira como usamos o nosso.Ao afirmar hoje que podemos usar o nome do Senhor Jesusassim como usamos o nosso, estaremos tocando numaexperiência espiritual muitíssimo significativa. Muitosconfessam que ainda não experimentaram por completo opoder do sangue do Senhor. Alegramo-nos em confessar ofato de que não temos ainda experimentado plenamente opoder do nome do Senhor. Aos crentes de Corinto, Paulodiz: “Não tenho mandamento do Senhor; porém dou minhaopinião. e penso que também’ eu tenho o Espírito de Deus”(1 Coríntios 7:25, 40). Precisamos ser levados por Deus aoponto em que percebamos poder fazer uso deste nome.

Vemos que aqui está um nome que é tantoautoridade como poder, dado para o uso da Igreja? A Igrejadeve usar o nome do Senhor sobriamente. As vezesdizemos que a Igreja governa de fato, mas como pode elagovernar sem ter o nome? Ela tem as chaves do reino e éresponsável por sua vinda; contudo, sem este nome ela éúnica paz de destrancar o reino. O propósito de Deus é,verdadeiramente, tragar a morte pela vida na Igreja e atarSatanás por meio dela; mas, a menos que tenhamos estenome e saibamos usá-lo, não poderemos cumprir nossamissão. Precisamos, conseqúentemente, ver que este nomeé dado pelo Senhor Jesus à Igreja.

Cinco

É por este motivo que, tão logo alguém crê no

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Senhor Jesus e é salvo, recebe ordem de Deus para serbatizado. Que faz o batismo por nós? Somos batizados nonome do Senhor Jesus: “Eles, tendo ouvido isto, forambatizados em o nome do Senhor Jesus” (Atos 19:5). Aoreceber o batismo participo desse nome. Daí que esse nomeme é confiado. Posso, daí por diante, usar o nome do SenhorJesus assim como uso o meu próprio nome. Em vista disso,o batismo constitui uma coisa tremenda. Na realidadeespiritual, sou agora um homem ressuscitado. Por firma-necer no fundamento da morte e da ressurreição, possousar o nome do Senhor Jesus. Desse dia em diante, estouligado ao seu nome; ele é Cristo e eu sou cristão. Que são oscristãos? Que é uma Igreja? Nada mais do que um grupo depessoas na terra que podem usar o nome do Senhor Jesus ede cuja responsabilidade Deus se encarrega. À medida queesse nome é usado, Deus assume a responsabilidade portudo o que ele representa. Não é isso estupendo? Nossarelação com o nome do Senhor Jesus começa no batismo,pois somos batizados nesse nome.

Aqui vemos quão imperativas são a cruz e aressurreição. Somente permanecendo no fundamento dobatismo, podemos usar o nome do Senhor Jesus; de outraforma, estaremos desqualificados para usar esse nome. Se acruz não consegue penetrar as nossas vidas, o Senhor Jesusnão será efetivo em nós. Não poderemos usar esse nome; eainda que o usemos, Deus não nos apoiará e não assumirá aresponsabilidade. Você e eu precisamos permanecer sobreo fundamento do batismo, o que significa crermos narealidade da cruz, reconhecendo que nossa velha naturezafoi crucificada com Cristo, e permitindo também que oprincípio da cruz lide com nossa vida natural. O batismo éuma afirmação: tudo que somos precisa passardiariamente pela morte; somente o pouco que restar teráutilidade espiritual. o que é destruído ao passarmos pela

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morte não pode permanecer diante de Deus, pois ele quersomente aquilo que permanece depois de passar pela cruz— aquilo que a morte não pode destruir.

Os filhos de Deus precisam ver a realidade da cruz.Precisamos ver pela revelação de Deus o que temos obtidoem Cristo É preciso que chegue o dia em que a colunavertebral da vida natural seja quebrada pelo Senhor; entãoseremos úteis. Isto não é uma doutrina; é vida, O dia precisachegar em que Deus veja em sua vida e na minha as marcasda cruz. Muitas pessoas não parecem ter recebido a obra dacruz em suas vidas. Suas palavras, suas ações, seussentimentos e especialmente suas atitudes diante .de Deusnão apresentam evidência alguma da cruz. É necessário queum dia Deus quebre tais pessoas pela cruz. Tudo o queresultar depois da passagem pela cruz é chamadoressurreição. Pois ressurreição é tudo o que não se podeenterrar nem aniquilar depois da travessia da morte.Ressurreição é o que nos sobra depois de sermos sacudidospelo Senhor. Só aqueles que permanecem nesse tipo defundamento podem usar a autoridade do Senhor Jesus, oumesmo o nome do Senhor Jesus. E; à medida que usam seunome, Deus os apóia e assume completa responsabilidadepor suas ações.

Ora, esta é verdadeiramente a mais alta confiança nomundo inteiro. Deus pode confiar o nome do seu Filho avocê e a mim e permitir--nos usá-lo como o faríamos com onosso próprio nome. Esta confiança é, na verdade,excessivamente grande. A responsabilidade que Deusassume, neste sentido, está acima da compreensão.

Seis

Quando usamos o nome do Senhor Jesus, qual será oseu efeito? Pelas Escrituras, podemos ver efeitos pelo

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menos em três áreas: em relação ao homem, em relação aodiabo, em relação .a Deus.

Efeito em Relação ao Homem

“E que em seu nome se pregasse arrependinentopara remissão de pecados, a todas as nações, começando deJerusalém” (Lucas 24:47).

“Dele todos os profetas dão testemunho de que, pormeio do seu nome, todo o que nele crê recebe remissão depecados” (Atos 10:43). “Tais fostes alguns de vós; mas vósvos lavastes, mas fostes santificados, mas fostesjustificados, em o nome do Senhor Jesus Cristo e no Espíritodo nosso Deus” (1 Coríntios 6:11). Este efeito é vistoespecialmente nas palavras de Atos 3: “Era levado umhomem, coxo de nascença, o qual punham diariamente àporta do templo, chamada Formosa, para pedir esmola aosque entravam. Vendo ele a Pedro e João que iam entrar notemplo, implorava que lhe dessem uma esmola. Pedro,fitando-o, juntamente com João, disse: Olha para nósEle osolhava atentamente, esperando receber alguma cousa.Pedro, porém, lhe disse: Não possuo nem prata nem ouro,mas o que tenho, isso te dou: em nome de Jesus Cristo, oNazareno, anda!” (vs. 2-6).

Irmãos e irmãs, sabem vocês o que é falar às pessoasem nome de Jesus, o Nazareno? Como vocês atravessarãotal situação se não permanecerem no fundamento da mortee da ressurreição, se não estiverem sobre o fundamento dobatismo? Se não estiverem sobre esse fundamento,provavelxnente se ajoelharão e orarão mais ou menosassim: “Senhor, não sei se este paralítico deve ser curado.Se ele deve ser curado, toma-o tão claro de modo a termosousadia para pedi-lo; se ele não deve ser curado, deixá-lo--emos em paz.” Não foi essa a experiência dos apóstolos. Não

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achavam que o nome do Senhor Jesus devesse ficar com oSenhor Jesus; pelo contrário, tomavam o nome de Jesus deNazaré para si, desfrutando de sua posse e uso.

Que é a Igreja? A Igreja é constituída de pessoas queguardam o nome do Senhor Jesus na terra. Aqueles a quemDeus chamou dentre as nações para se reunirem em seunome formam a Igreja. A Igreja existe para manter na terrao nome do Senhor Jesus; e, conseguinte-’mente, pode usá-loa favor das pessoas. Às vezes podemos dizer às pessoas:“Levanta-te, recebe o batismo e lava os teus pecados, invo-cando o nome dele” (Atos 22:16). Quando o Senhor Jesusestava na terra, certa vez disse a uma mulher: “Filha, a tuafé te salvou; vai-te em paz” (Lucas 8:48). Em outra ocasião,disse a um paralítico: “Homem, estão perdoados os teuspecados” (Lucas 5:20). Se permanecemos no fundamentodo batismo e, durante essa permanência, recebermos visãoe revelação, sabemos que somos gerentes do nome doSenhor Jesus. Quando vocês e eu pregarmos o Evangelho àspessoas e percebermos que elas o aceitaram, podemosdizer-lhes: “Irmãos, ide em paz, pois o Senhor Jesus vosperdoou.”

Por ter sido curado o paralítico, as autoridades, osanciãos e os escribas puseram os apóstolos perante eles eperguntaram: “Com que poder, ou em nome de quemfizestes isto?”, ao que Pedro, cheio do Espírito Santo,replicou: “Tomai conhecimento vós todos e todo o povo deIsrael de que, em nome de Jesus Cristo, o. Nazareno, a quemvós crucificastes, e a quem Deus ressuscitou dentre osmortos, sim, em seu nome é que este está curado perantevós. . . E não há salvação em nenhum outro; porque abaixodo céu não existe nenhum outro nome, dado entre oshomens, pelo qual importa que sejamos salvos” (Atos 4:10,12). Há este nome. somente, e nenhum outro, pelo qualsomos salvos. Por isso podemos usar este nome em relação

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aos homens.

Efeito em Relação ao Diabo

Podemos não somente usar este nome em relaçãoaos homens, mas também em relação ao diabo: “em meunome expelirão demônios (Marcos 16:17). Como usamos onome do Senhor Jesus para expulsar demônios? Estáregistrado em Atos 16 que Paulo certa vez encontrou umajovem possessa de um espírito adivinhador a qual oincomodou por muitos dias. Que fez Paulo ao indignar-se?Ele não foi orar; pelo contrário, voltando-se, disse aoespírito: “Em nome de Jesus Cristo eu te mando: Retira-tedela” (v. 18). Com esta ordem em nome de Jesus Cristo, oespírito saiu dela naquele exato momento. Aqui vemoscomo o nome do Senhor Podemos não somente usar estenome em relação aos homens, mas também em relação aodiabo: “em meu nome expelirão demônios” (Marcos 16:17).Como usamos o nome do Senhor Jesus para expulsardemônios? Está registrado em Atos 16 que Paulo certa vezencontrou uma jovem possessa de um espírito adivinhadora qual o incomodou por muitos dias. Que fez Paulo aoindignar-se? Ele não foi orar; pelo contrário, voltando-se,disse ao espírito: “Em nome de Jesus Cristo eu te mando:Retira-te dela” (v. 18). Com esta ordem em nome de JesusCristo, o espírito saiu dela naquele exato momento. Aquivemos como o nome do Senhor Jesus foi confiado a Paulopara que o usasse. Observemos, mais ainda, que o nome doSenhor Jesus não nos é entregue para simplesmente ficarcomo um depósito no céu. Se tivermos um estado espiritualnormal, seu nome nos é confiado. Assim que, ao indignar-sePaulo, não orou ao Senhor; simplesmente ordenou aoespírito que saísse, em nome do Senhor

Pensaríamos que um homem que age de tal modo

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tivesse falta de espiritualidade, fosse independente, e cujabusca da vontade de Deus fosse deficiente. Mas notamos,entretanto, que ao expelir o espírito em nome do Senhor, oespírito saiu. Portanto, a questão real refere-se ao nossoviver na presença de Deus — se permanecemos ou não nofundamento da morte e ressurreição. Se permanecemossobre essa base o nome do Senhor está em nosso poder.“Em nome do Senhor Jesus” não é mera frase. É umaexpressão que você e eu podemos usar no trabalho e naexpulsão de demônios.

Em Lucas 10, o Senhor aparece enviando seusdiscípulos. Embora naquele tempo ele não houvesse aindasubido aos céus, age, entretanto, com base na ascensão. Demodo que ele proclamou: “Eu via a Satanás caindo do céucomo um relâmpago” (v. 18). Quando os discípulos forampara o trabalho, o Senhor não foi com eles, mas eleslevaram o seu nome. Retomaram alegres, dizendo: “Senhor,os próprios demônios se nos submetem.” Por que era istoverdade? Por que “os próprios demônios se nos submetempelo teu nome” (v. 17). Tendo o nome do Senhor, possuiamautoridade. Daí o Senhor Jesus declarar logo a seguir: “Eis aívos dei autoridade para pisardes serpentes e escorpiões, esobre todo o poder do inimigo” (v. 19). Vemos, portanto,que podemos usar o nome do Senhor Jesus a fim de lidarcom todo o poder do inimigo? Como precisamos ter nossosolhos abertos para ver que o nome do Senhor Jesus queDeus nos deu é Õcrédito de Deus!

Efeito em Relação a Deus

Mais uma área deve ser vista aqui. Além do fato deque o nome do Senhor Jesus nos ajuda a fazer com que aspessoas sejam salvas e curadas, bem como para termosautoridade sobre o diabo e expelirmos demônios, há

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precioso efeito do nome especialmente no fato de elepossibilitar-nos a vir ao Pai e termos nossas palavrasouvidas por ele. Nos capítulos 14 a 16 de João, a Bíbliamenciona coisas a respeito do nome do Senhor Jesus trêsvezes. Digamos isto mui reverentemente: o Senhor Jesus émuitíssimo ousado! Que diz ele aqui? “E tudo quantopedirdes em meu nome, isso farei, a fim de que o Pai sejaglorificado no Filho. Se me pedirdes alguma cousa em meunome, eu o farei” (14:13, 14). Ah, este nome está acima detodos os nomes! A este nome toda boca no céu, na terra edebaixo da terra confessará que é o Senhor, e a ele todojoelho se dobrará! Quão poderoso é este nome diante deDeus! Deus respeita este nome; e por isso nos ouviráquando pedirmos neste nome. Ouçam só isto: “Não fostesvós que me escolhestes a mim”, diz o Senhor Jesus, “pelocontrário, eu vos escolhi a vós outros, e vos designei paraque vades e deis frutos, e o vosso fruto permaneça; a fim deque tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-loconceda” (15:16). E novamente: “Naquele dia nada meperguntareis. Em verdade, em verdade vos digo, sepedirdes alguma cousa ao Pai, ele vo-la concederá em meunome. Até agora nada tendes pedido em meu nome; pedi erecebereis, para que a vossa alegria seja completa” (16:23-24). Irmãos, haverá promessa maior do que esta?

Entendamos claramente que o orar em o nome doSenhor Jesus é dizermos a Deus: “Ó Deus, eu sou indigno einútil, mas venho em nome do Senhor Jesus.” Suponha que,por meio de um mensageiro, você manda uma carta a umamigo, na qual você lhe pede que entregue ao portador odinheiro que você lhe confiou, Depois que seu amigoexaminar a assinatura e vir que é realmente sua, nãoentregará ele o dinheiro ao mensageiro? Claro que sim. Queabsurdo seria se ele chamasse o mensageiro e lhe fizesseperguntas tais como “voce já frequentou a escola? Qual a

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situação de sua famila? Como vão seus familiares? Qual é oseu temperamento?” Não, não. Ele não irá incomodar-se emsaber quem é o mensageiro; tudo que ele quer saber é se aassinatura é ou não do seu amigo. O mensageiro vem emnome do amigo, e seu amigo confia neste homem. Aleluia!Quando vou à presença de Deus em nome do Senhor Jesus,significa que não estou aí em meu próprio nome, mas nonome do Senhor; não é por causa do que eu tenho nem doque serei, mas simplesmente por causa do nome do Senhor.Muita gente só espera receber respostas às sua orações nofuturo. Esperam que, depois de se tomarem cada vezmelhores suas orações serão respondidas. Vejamos, porém,que o motivo de podermos orar é atribuído ao nome deJesus, não ao nosso. Permanecemos diante de Deus emnome de Cristo; por causa dele, não por causa de nósmesmos; pelo seu sangue, não por nossa justiça; de acordocom sua vontade, não de acordo com a nossa.

Conhecer o nome do Senhor é uma revelação, nãouma doutrina. Chegará o dia em que Deus há de abrirnossos olhos para vermos o poder e a majestade destenome. Que maravilha Deus ter-nos entregado este nome.Depois de Deus nos ter dado o nome do seu Filho, podemosdizer, em troca: “Deus, em nome de teu Filho Jesus.” Istosignifica: “Deus, tu crês em mim, tu confias em mim; portudo que desejas que eu faça, tu te tomas responsável.” Comum nome assim em nosso poder para lidarmos com oshomens, com o diabo e com Deus, que tipo de vidaprecisamos levar a fim de ter poder para usá-lo! Em vistadisso, precisamos diariamente aprender a conhecer a cruz.Lembre-se de que a cruz e este nome são inseparáveis.Possa a cruz operar tão profundamente em nossas vidaspara que saibamos usar este nome em relação aos homens,ao diabo e a Deus. Deus dê à Igreja abundanteconhecimento deste nome, de modo que, mesmo agora,

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possa o seu lugar ser restaurado e sua autoridade e poderrecuperados. Que a Igreja possa gozar das riquezasespirituais no nome do Senhor.

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CAPÍTULO 4

Oração de Autoridade

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Em verdade vos digo que tudo o que ligardes naterra, terá sido ligado no céu, e tudo o que desligardes naterra, terá sido desligado no céu. Em verdade também vosdigo que, se. dois dentre vós, sobre a terra, concordarem arespeito e qualquer coisa que porventura pedirem, ser-lhes-á concedida por meu Pai que está nos céus (Mateus18:18, 19).

Porque em verdade vos afirmo que se alguém dissera este monte: Ergue-te e lança-te no mar, e não duvidar noseu coração, mas crer que se fará o que diz, assim será comele. Por isso vos digo que tudo quanto em oração pedirdes,crede que rebestes, e será assim convosco (Marcos 11:23,24).

O qual exerceu ele em Cristo, ressuscitando-o dentreos mortos, e fazendo-o sentar à sua direita nos lugarescelestiais, acima de todo principado, e potestade, e poder, edomínio, e de todo nome que se possa referir não só nopresente século, mas também no vindouro. E pôs todas ascousas debaixo dos seus pés e, para ser o cabeça sobretodas as cousas, o deu à igreja.. e juntamente com ele nosressuscitou e nos fez assentar nos lugares celestiais emCristo Jesus, porque a nossa luta não é contra o sangue e acarne, e, sim, contra os principados e potestades, contra osdominadores deste mundo tenebroso, contra as forçasespirituais do mal, nas regiões celestes. Portanto, tomaitoda a armadura de Deus, para que possais resistir no diamau, e, depois de terdes vencido tudo, permanecerinabaláveis, com toda oração e súplica, orando em todotempo no Espírito, e para isto vigiando com todaperseverança e súplica por todos os santos, e também pormim (Efésios 1:20-22; 2:6; 6:12, 13, 18, 19a).

Um

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Pode-se encontrar na Bíblia um tipo de oração amais elevada e a mais espiritual; contudo pouca genteobserva ou faz essa oração. Qual é? E a “oração deautoridade”. Conhecemos a oração de louvor, de ação degraças, de petição, de intercessão, mas sabemos muitopouco da oração de autoridade, A oração de autoridadeocupa um lugar muitíssimo importante na Palavra. Significaautoridade, o exercer a autoridade.

Ora, se desejamos ser homens e mulheres de oração,precisamos aprender este tipo de oração. É o tipo de oraçãoa que o Senhor se refere em Mateus 18:18: tudo o queligardes na terra terá sido ligado no céu e tudo o quedesligardes na terra terá sido desligado no céu”. Aqui está aoração para desligar e para ligar. O movimento do céusegue o movimento da terra. O céu ouve as palavras daterra e age sob o seu comando. Tudo que é ligado na terraserá ligado no céu; e tudo que é desligado na terra serádesligado no céu. Não é o pedir da terra, mas o ligar naterra; não é uma petição, mas um desligar na terra. Isto éoração de autoridade.

Essa expressão pode ser encontrada em Isaias45:11: “Demandai-me” (Versão da Imprensa BíblicaBrasileira). Como ousamos comandar a Deus? Não é istoridículo? Não será presunção? Mas isto é o que diz opróprio Deus. Sem dúvida, não podemos permitir, nem aomínimo, a carne penetrar nisso. Contudo, por este textovemos que há uma oração de comando. De acordo com oponto de vista de Deus, podemos comandá-lo. Esse tipo deexpressão precisa ser aprendida especificamente por todosos que estudam a oração.

Vamos rever a história de Êxodo 14. Depois deMoisés tirar os filhos de Israel do Egito, chegaram ao MarVermelho. Surgiu um sério problema. Diante deles estava oMar Vermelho e atrás deles vinham os perseguidores

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egípcios. Naquele momento os israelitas encontravam-seem um verdadeiro dilema. Viram os egípcios perseguindo-os e ficaram cheios de temor. Clamaram ao Senhor emurmuraram contra Moisés. Como reagiu Moisés? PelaPalavra de Deus aprendemos que Moisés clamou ao Senhor.Mas, então, o Senhor lhe disse: “Por que clamas a mim? Dizeaos filhos de Israel que marchem. E tu, levanta a tua vara,estende a mão sobre o mar e divide-o, para que os filhos deIsrael passem pelo meio do mar em seco” (vs. 15, 16). Avara que Deus deu a Moisés representa a autoridade. Demodo quê o que Deus queria dizer com estas palavras era:

Não precisas clamar a mim; usa a oração deautoridade; faze a oração de comando, e eu agirei. Desdeentão Moisés aprendeu e experimentou a oração deautoridade ou oração de comando.

Dois

Para o cristão, onde se encontra a origem da oraçãode comando? Na ascensão de Cristo. A ascensão está muitorelacionada com a vida cristã. Que relação é esta? Aascensão dá-nos vitória. Assim como a morte de Cristoresolve o problema de nossa velha criação em Adão e aressurreição leva-nos à nova criação, assim também aascensão dá-nos nova posição frente a Satanás. Não se tratade uma nova posição diante de Deus, pois tal posição éobtida pela ressurreição do Senhor. Contudo, nossa novaposição diante de Satanás é assegurada mediante aascensão de Cristo.

Observe estas palavras de Efésios: fazendo-o sentarà sua direita nos lugares celestiais, acima de todoprincipado, e potestade, e poder, e domínio, e de todo nomeque se possa referir não só no presente século, mastambém no vindouro. E pôs todas as cousas debaixo dos

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seus pés” (1:20-22a), Quando Cristo ascendeu ao céu, abriuum caminho para lá, de modo que, desde então, sua Igrejatambém pode ascender da terra ao céu. Sabemos que nossomimigo espiritual mora no ar; mas hoje Cristo já estáassunto ao céu. Um novo caminho está aberto, portanto, daterra ao céu. Este caminho estava antes bloqueado porSatanás, mas agora Cristo o abriu. Cristo está agora muitoacima de toda potestade autoridade, poder, domínio, e detodo o nome que se possa.referir não somente nestemundo, mas também no vindouro. Esta éa posição atual deCristo. Em outras palavras, Deus sujeitou Satanás e todos osseus subordinados a Cristo; sim, ele colocou todas as coisasem sujeição debaixo dos seus pés.

O significado da ascensão é completamentediferente do da morte e da ressurreição. Ao passo que estaspromovem a redenção, aquela é uma operação de guerra —isto é, executa o que a morte e a ressurreição realizaram. Aascensão manifesta uma nova posição. Graças a Deus, poisdiz-nos ele que “nos ressuscitou [com Cristo e nos fezassentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus” (Efésios2:6).

Vemos agora o que Deus fez por nós? O primeirocapítulo de Efésios diz-nos que Cristo subiu ao céu, acimade toda potestade autoridade, poder, domínio e de todonome que se possa referir neste ou no século vindouro. Nosegundo capítulo, a Escritura afirma que agora estamossentados com ele nos lugares celestiais. Isto é a mesmacoisa que dizer que a Igreja também está cima de todoprincipado, autoridade, poder, domínio e de todo nome quese possa referir neste ou no século vindouro. Graças a Deus,isto é um fato. Como Cristo está agora no céu, muito acimade tudo, assim a Igreja hoje também está muito acima detudo. Como o Senhor está muito acima de todos os inimigosespirituais assim a Igreja está muito acima de todos os

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inimigos espirituais. Assim como todos os inimigos sãovencidos pelo Senhor na sua ascensão, assim também estesinimigos espirituais são vencidos pela Igreja que ascendeucom o Senhor. Desse modo, todos os inimigos espirituaissão colocados em sujeição sob os pés da Igreja.

Observemos a conexão entre Efésios 1:2 e 6. Ocapítulo 1 mostra nossa posição em Cristo; o capítulo 2, aposição da Igreja em Cristo e o capítulo 6, o que a Igrejadeve fazer, agora que ela entrou em uma nova posição emCristo. O capítulo 1 fala de Cristo no céu; o capítulo 2, daIgreja sentada com Cristo nos lugares celestiais e o capítulo6, da batalha espiritual. Deus pôs a Igreja com Cristo noslugares celestiais de modo que não somente se sente aí,mas também aí permaneça. De modo que o capítulo 2menciona “sentar”, e o capitulo 6 diz “permanecer firme”, oque significa permanecer na posição celestial: “contra osprincipados, contra as potestades, contra os dominadoresdeste mundo tenebroso; contra as forças espirituais do malnas regiões celestes.., e, depois de terdes vencido tudo,permanecer inabaláveis” (6:12, 13). Por ser nossa batalhacontra as hostes espirituais da maldade, é uma guerraespiritual.

“Com toda oração e súplica, orando em todo o tempono Espírito, e para isto vigiando com toda perseverança esúplica por todos os santos e também por mim.“ (Efésios6:18, 19a). Esta é a oração da guerra espiritual. Este tipo deoração é diferente da espécie comum. A espécie comum deoração é a que vai da terra ao céu, mas o tipo de oração aque nos referimos é a oração da permanência na posiçãocelestial e desce do céu à terra. A oração de autoridadecomeça no céu e termina na terra. Em resumo, oração deautoridade é a que desce do céu à terra.

Todos os que sabem orar, sabem o que significa orarem direção ao alto e o que significa orar para baixo. Se uma

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pessoa nunca aprendeu a orar para baixo, tem ainda dedescobrir a oração de autoridade. Na luta espiritual, aoração para baixo é extremamente importante. Que é orarpara baixo? É permanecer na posição celestial que Cristonos deu e usar autoridade a fim de resistir a todas as obrasde Satanás, ordenando que tudo o que Deus determinouseja feito. Suponha, por exemplo, que estamos orando porum assunto específico. Depois de termos percebido qual é avontade de Deus e termos realmente verificado o que Deusordenou, não deveríamos orar assim: “O Deus, peço-te quefaças isto”; pelo contrário, deveríamos orar: “Deus, precisasfazer isto, é preciso que isto se realize deste modo. Deus,esta coisa precisa ser realizada.” Esta é oração de comando— a oração de autoridade.

O significado do “amém” não é “possa serassim”, mas “assim será”. Quando digo amém à sua oração,estou afirmando que assim será o assunto, que aquilo peloque você ora será realizado. A oração de comando surge dafé. A razão pela qual podemos orar assim é que temos umaposição celestial. Fomos levados a esta posição celestialquando Cristo subiu ao céu.

Como Cristo está no céu, assim também nós estamosno céu; da mesma forma que quando Cristo morreu e foiressuscitado, nós também morremos e fomosressuscitados. Devemos perceber a posição celestial daIgreja. Satanás começa seu trabalho forçando-nos, sepossível, a perder nossa posição celestial, pois a posiçãocelestial é a posição de vitória. Enquanto permanecemosnessa posição, somos vitoriosos. Mas, se Satanás nosarrasta do céu para baixo, somos derrotados.

Todas as vitórias são ganhas por nossa permanênciana posição triunfante e celestial. Satanás tentá-lo-á,dizendo: “Você está na terra”; você, de fato, está derrotadose responder: “Estou na terra”. Ele usará essa derrota para

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perturbá-lo, forçando-o a pensar que verdadeiramenteesteja na terra. Mas se você ficar firme e replicar:

“Como Cristo está no céu, eu também estou no céu”,você permanecerá seguro na sua posição celestial e serávitorioso, Daí que o permanecer na posição é de grandeimportância.

A oração de autoridade é baseada na posiçãocelestial. Por estar a Igreja com Cristo nos lugares celestiais,ela pode fazer a oração de autoridade

TrêsQue é a oração de autoridade? Simplesmente

explicada, é o tipo de oração mencionada em Marcos 11. Afim de ver a verdade claramente, leiamos com cuidado, osversículos 23 e 24. O versículo 24 começa com a expressãoconectiva “Por isso”. De modo que as. palavras do versículo24 estão ligadas às do versículo 23. Uma vez que o versículo24 fala da oração, o versículo 23 também necessariamentese refere à oração. O estranho aqui é que o versículo 23 nãoparece uma oração comum. Não diz a Deus: “Ó Deus, porfavor, tira esta montanha e lança-a no mar.” Mas o que dizele, realmente? Diz: “Se alguém disser a este monte: Ergue-te e lança-te ao mar”.

Que tipo de oração muitas vezes nos vem à mente?Pensamos que a oração a Deus deve ser sempre assim: “ODeus, quer fazer o favor de erguer este monte e jogá-lo nomar?” Mas o Senhor fala aqui de algo bem diferente. Ele nãonos insta a falar com Deus; instrui-nos a dar ordens aomonte. Não um falar com Deus, mas um ordenar ao monte:“Ergue-te e lança-te no mar”. Para que não deixemos deconsiderar isto como oração, o Senhor imediatamenteexplica no versículo 24 que, na verdade, trata-se de umaoração. Aqui está uma palavra que não é dirigida a Deus e,contudo, também é oração. Falar ao monte ordenando-lhe

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que se lance no mar é, inquestionavelmente, uma oração. Éoração de autoridade, em sua natureza, pois oração deautoridade não é pedir algo a Deus, mas usar a autoridadede Deus a fim de lidar diretamente com os problemas elivrarmo-nos de tudo o que precisamos lançar fora. Taloração precisa ser aprendida por cada vencedor. Todos osvence dores precisam aprender a falar ao monte.

Temos muitos pontos fracos, como temperamento,pensamentos impuros, dores físicas e assim por diante. Sefalamos a Deus a respeito deles não veremos rápidascorreções; mas se exercemos a autoridade de Deus efalamos a esses montes, logo os temos removidos, Qual é osignificado de um “monte”? Monte representa a dificuldadeque se põe em nosso caminho; é tudo o que bloqueia anossa vereda de modo que não podemos prosseguir.Quando você e eu encontramos um monte, que fazemoscom ele? Muitos, quando o encontram em suas vidas outrabalhos, começam a orar, pedindo que Deus o remova.Contudo, Deus mesmo nos ensina que nós devemos falar aomonte. E suficiente odrenademos ao monte: “Ergue-te elança-te no mar”.

Pedir a Deus que remova o monte e ordenar aopróprio monte que se mova são duas coisas inteiramenteopostas. Vir a Deus e pedir-lhe que aja, é uma coisa;comandar diretamente o munte, para que se retire, écompletamente outra. Negligenciamos, com frequência,essa palavra de ordem. E muito raro usarmos a autoridadede Deus e falarmos diretamente à dificuldade, dizendo: “Emnome do Senhor Jesus, eu lhe digo que me deixe” ou “Nãopermitirei que continue na minha vida”. Você pode usar aoração de autoridade contra tudo o que o atrapalhe: “Sai demim”. Você deverá falar ao seu gênio assim:

“Sai de mim”; deverá falar à sua doença: “Sai demim, pois pela vida ressurreta do Senhor eu me levantarei”,

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Não é falar a Deus, mas ao monte que atrapalha,declarando: “Ergue-te e lança-te no mar”, Isto é oração deautoridade.

O que capacita a Igreja a ter oração de autoridade? oter a Igreja completa é e não duvidar de que o que faz estáem perfeito acordo com a vontade de Deus. Sempre que nãosabemos a vontade de Deus, somos incapazes de ter fé.Conseqúentemente, antes que façamos qualquer

coisa, precisamos primeiro saber se é da vontade e Deus.Se não é da vontade de Deus, como obtemos ter fé? Seestamos em dúvida quanto aos desejos do coração divino,também teremos dúvida quanto ao sucesso doempreendimento.

Muitas vezes falamos aos montes negligentemente; talfalar não será eficaz, uma vez que não conhecemos avontade de Deus. Mas, se sabemos com clareza, qual odesejo de Deus e não duvidarmos, podemos dirigir-nosao monte com ousadia, e dizer: “Ergue-te e lança-te nomar”, e isto deveras será feito. Mui o Senhor nos comissionapara sermos aqueles que dão as ordens. Ordenamos aquiloque Deus já estabelecéu isto é oração de autoridade.

Daí que a oração de autoridade não é pedirdiretamente a Deus; é o aplicar a autoridade de Deusdiretamente à dificuldade. Todos nós temos nossos montes.Podem não ser do mesmo tamanho ou da mesma espécie.Como regra, porém, tudo o que bloquear sua vidaespiritual é algo que você pode ordenar que saia de você.

Isto é oração de autoridade. A oração de autoridaderelaciona-se intimamente com o ser vencedor. Os cristãos,pois, que não conhecem tal oração, não serão vencedores.

Lembremo-nos sempre que aquele que se senta no tronoé Deus; ele é o nosso Senhor Jesus Cristo; o inimigo estásujeito a esse trono. Só a oração pode “ligar” o poder deDeus. Nada mais pode “ligar” o poder divino a fim de

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realizar algo. Daí a máxima importância da oração. Se nãohouver oração, como poderemos ser vencedores?

Somente os que conhecem a oração de autoridadesabem o que a oração realmente é. O principal trabalho dosvencedores é trazer à terra a autoridade do trono celestial.Hoje há um só trono: o trono de Deus. Somente ele dominae reina muito acima de todos. Para participar dessaautoridade, é preciso haver oração. Quão necessária é aoração! O que pode mover o trono pode mover toda equalquer coisa. Precisamos ver que Cristo subiu ao céumuito acima de tudo e que todas as coisas estão colocadasem sujeição sob seus pés. Então poderemos usar aautoridade do trono para governar todas as coisas. Todosnós precisamos aprender esta oração de autoridade.

Quatro

Como se coloca em prática a oração de atuoridade?Mencionemos alguns assuntos pequenos. Por exemplo:suponhamos que um irmão fez algo errado, e você senteque deve adverti-lo. Contudo, há uma dificuldade, isto é,você teme que ele não o ouça. Você não está certo se ele iráaceitar ou não sua admoestação. Entretanto, se vocêconhece a oração de autoridade, pode controlar esteassunto mais facilmente. Você pode orar: “Senhor, nãoposso ir a ele, mas ordena tu que ele venha a mim”. Você vaiao trono a fim de mobilizar aquele irmão. Certo é que,depois de pouco tempo, ele vem a você e lhe diz: “Irmão, háalgo que gostaria que você esclarecesse.” Então você estáem condições de admoestá-lo do modo mais conveniente,Isto é oração de autoridade. Nada fazendo de sua própriaforça, mas fazendo-o por meio do trono.

Oração de autoridade não é suplicar a Deus contrasua vontade; é notificá-lo do que você sabe deve ser feito e

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ele o fará.A oração de autoridade pode controlar tanto. o

tempo como as pessoas. George Muller teve umaexperiência dessas. Certa vez viajava para Quebec e o naviopassava por denso nevoeiro. Ele se dirigiu ao capitão donavio, dizendo:

“Capitão, vim dizer-lhe que preciso estar em Quebecsábado à tarde”. “E impossível”1 replicou o capitão. “Então,se o seu navio não pode levar-me lá a tempo, Deus temalgum outro meio, disse Muller. Depois ajoelhou-se e fezuma oração muito simples. Então disse ao capitão: “Capitão,abra a porta de sua cabina, e verá que o nevoeiro sedissipou.” E, olhando o capitão, verificou que, de fato, onevoeiro desaparecera. O irmão MulIer chegou a Quebec nosábado à tarde e pôde cumprir seu compromisso, Isto éoração de autoridade.

Se Deus deve ter uma companhia de vencedores, énecessário que haja oração de guerra. Precisamos lutarcontra Satanás não somente quando nos deparamos comalgo, mas também quando acontecern coisas ao nossoderredôr. Precisamos controlá-las por meio do trono. Nin-guém pode ser vencedor sem ser guerreiro na oração. Paraque alguém verdadeiramente seja vencedor diante de Deus,é preciso aprender a fazer a oração de autoridade.

A Igreja, usando a oração de autoridade, podecontrolar o inferno. Uma vez que Cristo está muito acima detudo, e é a cabeça da Igreja, á Igreja pode muito bemcontrolar os espíritos maus e tudo o que pertence aSatanás. Como poderia ela existir na terra, se não lhe fossedada autoridade para controlar os espíritos maus — se oSenhor não lhe houvesse dado tal autoridade? Ela viveporque tem autoridade sobre todas as forças satânicas. Osque são espirituais sabem que podemos usar a oração deautoridade contra os espíritos maus; podemos expelir

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demônios no nome do Senhor; podemos conter asatividades secretas dos espíritos maus por meio da oração.

As astúcias de Satanás são muito variadas; seusespíritos maus não somente possuem as pessoasabertamte; operam também secretamente, de muitosmodos. A vezes operam na mente do homem, aí injetandomuitos maus pensamentos, tais como suspeita, terror, des-crença, desapontamento, imaginações más, ou distorções,de modo a enganar e a preocupar. Em outras ocasiõesroubam palavras ao homem e criam certo pensamento queinjetam na mente de outrem, causando divisões eperturbações. Precisamos usar a oração para vencer asvariadas atividades dos espíritos maus. Em reuniões, emorações, ou em conversas, precisamos primeiro declarar:“Senhor, retira todos os maus espíritos e proibe-lhes de terqualquer atividade neste é fato que todos os demôniosestão em sujeiçãosob os pés da Igreja. Se a Igreja usaautoridade ao orar, até os maus espíritos lhe serão sujeitos.A oração de autoridade não é como os pedidos comuns; é oexercitar a autoridade de comandar. Proferir autoridade éfazer a oração de comando, dizendo: “Senhor, eu quero”,“Senhor, eu não quero”, “Senhor, estou decidido a ouviristo”, “Senhor, não deixarei isto passar”, ou “Senhor, a tuavontade será feita, nada mais quero.” Quando usamos estaautoridade, nossa oração alcança seu alvo. Se houvessemais gente na Igreja aprendendo a orar desta maneira,muito mais problemas da Igreja seriam facilmenteresolvidos. Devemos orientar e dirigir os assuntos da Igrejapor meio da oração.

Precisamos ver que Cristo já subiu ao céu; docontrário, não temos nenhum poder. Cristo é agora ocabeça de todas as coisas, e todas as coisas lhe estãosujeitas. Para a igreja, ele o cabeça de todas as coisas. Ele setorna o cabeça de todas as coisas por amor da Igreja. E,

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como Cristo é o cabeça de todas as coisas para a Igreja,todas as coisas precisam necessariamente estar sob aIgreja. E disto que precisamos tomar nota, espiritualmente.

Quinto

A oração de autoridade possui dois aspectos: um é oligar, o outro é o desligar. Tudo que for ligado na terra serátambém ‘ligado no céu; e tudo que for desligado na terraserá desligado no céu. O que é feito na terra também seráfeito no céu. (Mateus 18:18.) O versículo 19 continua comoração. De modo que tanto o desligar como o. ligar sãorealizados mediante a oração. Tanto a oração para ligarcomo a oração para desligar é de autoridade, A oraçãocomum é pedir que Deus ligue e desligue. A oração deautoridade, porém, é usarmos a autoridade a fim de ligar edesligar. Assim, Deus liga porque a Igreja já ligou Deusdesliga porque a Igreja já desligou. Deus deu autoridade àIgreja; ele fará tudo o que a Igreja expressar por meio dessaautoridade.

Examinemos primeiro a oração para ligar. Muitaspessoas e coisas precisam ser ligadas. Um irmão pode sermuito tagarela. Precisa ser atado. Você pode ir a Deus eorar: “Ó Deus, não permitas que este irmão fale tanto. Ata-opara que não aja assim”. Desta forma você o ata, mas Deustambém o liga no céu, de modo que ele passará a falarmenos. Ou pode ser que sua esposa ou seu marido, os filhosou amigos estejam interrompendo sua oração ou seuperíodo de estudo bíblico. Você pode usar a autoridade afim de fazer a oração de ligar a respeito dessas pessoas quefreqüentemente o interrompem. Você pode dizer a Deus: “ÓDeus, ata-os de modo que nada possam fazer parainterromper”

Em uma reunião, algum irmão pode dizer coisas que

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não devem ser ditas; pode citar as Escriturasinadvertidamente ou escolher hinos inadequados. Essapessoa precisa ser atada.

Você pode dizer: “Senhor, fulano seguidamente erra; nãopermitas que ele faça essas coisas nunca mais” Ao ligarassim, você verá que Deus também o ligou. As vezes alguémperturbará a paz da reunião — talvez por conversas, choroou caminhar de um lado para outro. Essas atividadesocorrem com frequência nas reuniões. E os perturbadoresgeralmente são sempre os mesmos. Esses indivíduos e suasações precisam naturalmente ser ligados. Então, você diz:“Õ Deus, observamos que estas pessoas sempre perturbama reunião. Ata-os e não permitas que perturbem.” Você veráque, se houver dois ou três atando na terra, Deus tambématará no céu.

Não apenas estas perturbações precisam ser ligadas,mas muitas obras dos demônios precisam ser tambématadas. Cada vez que o Evangelho é pregado ou umtestemunho é dado, o diabo trabalhará nas menteshumanas, cochichando muitas palavras e injetando-lhes,pensa mentos feios. A Igreja precisa ligar estes espírifosmaus, proibindo-lhes o sussurro e ação. Você deve declarar:“Senhor, ata todas as obras dos espíritos malignos.”Se vocêos liga na terra, eles serão, da mesma forma, ligados no céu.

Examinemos a oração para desligar, Que épreciso ser desatado? Exemplifiquemos. Muitos irmãostimidos não ousam abrir a boca numa reunião. Têm medode testemunhar ou de se comunicar com os outros.Devemos pedir que Deus solte esses irmãos da escravidão aque estão sujeitos. Às vezes podemos exortá-los com umaspoucas palavras, mas, outras vezes, não precisamos dizer-lhes nada; ao invés disso, achegamo-nos ao trono pedindoque exerça controle na situação. Há pessoas que realmentese disporiam para servir ao Senhor, e que, todavia, estão

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atadas por ocupação, questões de família, parentesincrédulos ou circunstâncias externas. Podem estar ligadospor muitos tipos de escravidão. Mas podemos pedir aoSenhor que as liberte de modo a saírem a testemunhar doSenhor. Irmãos estamos conscientes da riecessidade daoração de autoridade? Vemos realmente a sua urgência?

Quanto à questão de dinheiro, deve ser tambémdesatada por meio de nossa oração. Satanás muitas vezesencurta o bolso do homem. Às vezes precisamos pedir aDeus que solte o dinheiro para que sua obra não sofra, porfalta de recursos financeiros.

A verdade também precisa ser desatada. Deveríamosfreqüentemente orar: “Ó Senhor, desata a tua verdade”Muitas verdades estão tão ligadas ao ponto de não seremproclamadas; muitas verdades são proclamadas~, maspoucos as ouvem e compreendem. Por esta razão, devemospedir a Deus que desligue sua verdade para que possapenetrar nos seus filhos. Em muitos lugares, a verdadeparece bloqueada de forma a não entrar; aí parece nãohaver possibilidade de que as pessoas a recebam. Comoprecisamos pedir a Deus que liberte verdade para quemuitas igrejas sob escravidão possam ser libertadas emuitos lugares fechados possam ser abertos! Somente oSenhor sabe como enviar a verdade a lugares fechados. Amedida que orarmos com autoridade, o Senhor enviará averdade. Estejamos, portanto, alertas às muitas coisas queprecisam ser desligadas por meio da oração de autoridade.

Precisamos dar especial atenção à oraçãopara ligar e à oração para desligar. Muitas coisas precisamser atadas; muitas precisam ser desatadas. Aqui nãomendigamos; antes, usamos a autoridade para atar edesatar. Seja Deus gracioso para conosco, de modo quetodos possamos aprender a orar; precisamos tambémconhecer a vitória de Cristo, Na vitória de Cristo,

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libertamos; na vitória de Cristo, atamos. Ataremostodas as coisas contrárias à vontade de Deus. A oração

de autoridade é o domínio do céu na terra ou o uso daautoridade do céu na terra.

Não passamos de peregririos na terra; na realidade,todos nós somos pessoas celestiais, tendo, assim,autoridade celeste. Daí que todo o que é chamado pelonome do Senhor é, na terra, um representante dele. Somosembaixadores de Deus. Temos a sua vida e fomos libertadosdo poder das trevas e transportados para o reino do Filhodo amor de Deus; conseqúentemente, temos a autoridadecelestial. Em todos os tem pos e em todos os lugares,mantemos a autoridade do céu. Podemos controlar asquestões terrestres por meio do céu. Dê-nos o Senhor graçapara que sejamos verdadeiramente guerreiros da oraçãopor amor do Senhor, exercitando sua autoridade comovencedores, de modo que a vitória de Cristo possa sermanifestada.

Seis

Finalmente, cumpre apresentar aqui uma sériaadvertência: precisamos nós mesmos estar sujeitos àautoridade de Deus. A menos que estejamos em sujeição àautoridade de Deus, não poderemos exercitar a oração deautoridade. Devemos estar sujeitos à autoridade de Deusnão só posicionalmente, mas também em nossa vida eprática diárias; de outro modo não teremos a oração deautoridade.

Certa vez um jovem foi enviado a fim de expelirdemônios de uma moça. O demônio sugeriu à jovem quetirasse o vestido,. Imediatamente o jovem irmão exercitouautoridade, ordenando ao demônio: “Em nome do SenhorJesus eu te ordeno: proibo-te de tirar o vestido.” “Muitobem”, replicou o demônio imediatamente, “se você não me

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permite tirar o vestido, não o tirarei.”’ Ora, se a vidaparticular daquele irmão fosse um fracasso, ele teria sidoderrotado diante do demônio, pois o demônio não somentenão teria obedecido à ordem do irmão, mas também teriaexposto seu pecado.

Sabemos que a criação foi origmalmente colocadasob o controle do homem. Por que, então, a. criação nãoouve o comando do homem, hoje? Porque o próprio homemfalhou em ouvir a palavra de Deus. Por que o leão matou ohomem de Deus? Porque desobedeceu à ordem de Deus(ver 1 Reis 13:20-25). Mas, por outro lado, por que os leõesnão feriram a Daniel quando foi lançado na cova dos leões?Porque era inocente diante de Deus, não tendo causadonenhum prejuízo ao rei. Assim, Deus enviou seu anjo parafechar a boca dos leões (Daniel 6:22). Assim também umavíbora não pôde causar dano à mão de Paulo, o servo deDeus (Atos 28:3-6), mas os vermes devoraram o orgulhosoHerodes (Atos 12:23). Se estivermos sujeitos à autoridadede Deus, seremos temidos pelos demônios que por sua vez,estarão sujeitos à nossa autoridade.

A Biblia revela, outrossim, relação íntima entre oração,jejum e autoridade. A oração retrata nosso desejo por Deus,ao passo que o jejum exemplifica nossa autonegação. Oprimeiro privilégio que Deus garantiu ao homem foi acomida. Deus deu comida a Adão antes de dar-lhe tudo omais. De modo que o jejum significa a negação do primeirodireito legal do homem.Muitos cristãos jejuam sem realmente negar o eu; e,assim, seu jejum não é aceito como tal. Os fariseusjejuavam1 por um lado, mas extorquiam, por outro. Se elesrealmente jejuassem, devolveriam o que tinhamextorquido. Uma vez que a oração é um anseio por, Deus e ojejum é uma negação do eu, a fé instantaneamenteserá acendida quando estes dois fatores se unirem. E, então,

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com fé, há autoridade para expelir demônios. Agora, seansiamos por Deus, mas recusamo-nos a negar o eu, nãoteremos fé e, logo também não teremos autoridade. Mas, setemos tanto um anseio por Deus como a negação do eu,teremos, imediatamente, a fé e a autoridade. Podemosrapidamente gerar a oração da fé, a saber, a oração deautoridade. Conserve em mente que a oração de autoridadeé a mais espiritual e também a mais importante dasorações.

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CAPÍTULO 5Vigiai e Orai

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Com toda oração e súplica, orando em todo tempono Espírito, e para isto vigiando com toda perseverança esúplica por todos os santos (Efésios 6:18).

A porção deste versículo sobre a qual nossa atençãoserá focalizada é “para isto vigiando com todaperseverança”. Que indica a locução “para isto”? Lendo aexpressão precedente, percebemos que se refere à oração eà súplica. O que o apóstolo quer dizer é que “com todaoração e súplica, orando em todo o tempo no Espírito”ainda não é suficiente, e que “vigiando com todaperseverança” deve ser acrescentado à oração e à súplica.Em outras palavras, é necessário que haja oração, de umlado, e vigilância, de outro. Que significa “vigiar”? Significanão dormir, supervisionar ou conservar os olhos abertos;significa prevenir de qualquer perigo ou emergência. Vigiarem oração e súplica significa ter visão espiritual a fim dediscernir as astúcias de Satanás e descobrir-lhe a finalidadee os meios. Entremos agora em alguns dos aspectos dovigiar em súplica e oração.

Um

A oração é uma espécie de serviço. Deve sercolocada em uma posição elevada. Satanás sempre procuracolocar outras coisas concernentes ao Senhor à frente daoração, deixando-a em último lugar. Por mais que aspessoas tenham consciência da importância da oração, nãosão muitos os que realmente a apreciam. As pessoasnormalmente gostam das reuniões de ministração, estudobíblico, e assim por diante. Sempre terão tempo para essasreuniões. Mas no que se refere às reuniões de oração, afrequência é surpreendentemente pequena. Não importaquantas mensagens sejam dadas lembrando-nos de quenosso principal serviço é a oração e que se falharmos em

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nossa vida,de oração, falharemos em tudo o mais, aindaassim, a oração continua sendo pouco apreciada econsiderada assunto de pequena conseqüência. Confronta-dos por uma pilha de problemas, podemos dizer comnossos lábios que somente a oração pode resolvê-los, eainda assim falarmos mais do que orarmos,’preocupar-nosmais do que orarmos e, planejarmos mais do que orarmos.Em suma, tudo é colocado antes da oração; outras coisassão colocadas em posição de destaque, ao passo que aoração é relegada ao último lugar; a única coisa que não étão importante.

Alguém que conhece o Senhor profundamente disse,certa vez: “Todos nós temos cometido o pecado deneglicenciar na oração; devemos dizer a nós mesmos: “Vocêé essa pessoa”. Deveríamos dizer, de fato, a nós mesmos:“Você é essa pessoa!” Não deveríamos lamentar que os ou-tros não” orem; nós mesmos precisamos nos arrepender.Como precisamos que o Senhor nos ilumine os olhos paraque compreendamos de novo a importância da oração econheçamos de novo o seu valor. Mais ainda, precisamosreconhecer que se Satanás não nos tivesse enredado, nãotenamos negligenciado tanto a oração. Devemos, portanto,vigiar e descobrir nisto as várias astúcias de Satanás. Nãomais permitiremos que ele nos engane, levando-nos arelaxar na oração.

Dois

Depois de despertados para a importância da oraçãoe tendo-nos oferecido para servir um pouco em oração erealizar um pouco desta obra, seremos incessantementeatacados por Satanás, de modo que simplesmente nãopossamos encontrar tempo para orar. Quando estivermosprontos para orar, alguém baterá à nossa porta, ou entrará

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pelos fundos. Ou os adultos discutirão ou as criançasperturbarão. Se não for uma ‘súbita doença, será algumacontecimento inesperado. Antes de decidirmos entregar-nos à oração, parece que tudo ‘está calmo; mas, nomomento em que desejamos orar, todas as coisasembaralham. Muitos acontecimentos inesperados eimprevistos rapidamente aparecem como emboscadas.Numerosas dificuldades surgem para dificultar nossaoração, tentando sufocá-la. São essas coisas coincidência?Certamente que não. Não são coincidências, de modonenhum; são estratégia de Satanás a fim de impedir-nos deorar.

Satanás está disposto a encorajar-nos a fazer muitascoisas, se tão-somente tiver êxito em acabar com nossoperíodo de oração. Ele sabe muito bem que a obraespiritual que não for estabelecida sobre o fundamento daoração não tem muito vaídre eventualmente fracassará. Daísua estratégia é manter-nos ocupados com outras coisas demodo a negligenciarmos a oração. Ocupamo-nos ematividades frenéticas desde a alvorada ao pôr do sol;trabalhamos, visitamos, oferecemos hospitalidade, fazemospregação, de modo que a oração é empurrada para umcanto com o pouco tempo que sobrar.

Citemos as palavras de um irmão que conhecéu oSenhor profundamente:

Quando os filhos de Israel começaram a planejar seuêxodo do Egito, a reação de Faraó foi dobrar o seu trabalho.O objetivo de Faraó era tomá-los tão ocupados com otrabalho que não tivessem tempo para pensar em sair doEgito. Quando a pessoa começa a planejar ou decide pôr emprática uma vida de oração mais abundante, Satanás dáinício a um novo estratagema para tomá-la mais ocupada,empilhando seus trabalhos, ocupando seu tempo comnecessidades tais que a pessoa não tenha oportunidade

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para orar. Julgo, queridos irmãos, que devemos tratar desteproblema com cuidado. Naturalmente, ao lutar por umtempo de oração, haverá argumentos a respeito de nossamissão dever e responsabilidades. Algumas pessoasconsiderarão tal devoção à oração como negligência paracom a missão, abandono do dever e prejuízo para nossaresponsabilidade. Se somos confrontados com tal situação,deveremos trazer nossos problemas referentes à missão,dever e responsabilidade ao Senhor e orar a esse respeito.(Este tipo de oração pode não ser aplicável a todos oscrentes, pois pode ser mal entendida. Algumas pessoasprefeririam abandonar seu dever; não levam a sério suasresponsabilidades; estão muito ansiosas a passar osdeveres para com suas familias a outros, dizendo que assimterão tempo para orar. O Senhor guarde, pois, estaspalavras de serem mal compreendidas.) Reconheçamoseste ponto: o. inimigo usará coisas como o dever, a missão ea responsabilidade para criar seu melhor argumento a fimde interromper nossa oração. Percebendo nós que nossavida de oração foi completamente destruída ou que caímosnuma posiçãO restrita, na qual não temos meios para levaruma vida espiritual ascendente e vitoriosa, devemos dizerao Senhor: “Ó Senhor, enquanto oro, entrego-te meusdeveres, e suplico-te que impeças que sofram qualquerdano. Peço-te que protejas este período de oração e proíbasSatanás de intrometer-se, pois estou usando este tempopara buscar a tua glória.” Aqui, na esfera da oração, oprincípio do dízimo pode ser também praticado. Depois devocê oferecer a Deus sua porção de direito, você descobriráque, por ter oferecido um décimo para Deus, poderá usarmais eficientemente os nove décimos que lhe restarem doque se tivesse conservado os dez décimos que ‘tinha antesde dar o dízimo. Este princípio do dízimo é muito eficaz.

Aqui precisamos perceber este tipo de oração de

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guerra. Precisamos ser fortes e poderosos, permanecendofirmes sobre a base do estar em Cristo e orando pela vitóriada Cruz. Precisamos utilizar a completa vitória de Cristo naCruz na luta pela oração. expulsando o inimigo de nossaposição de oração, de modo que a .possamos preservar, Istoé semelhante ao que aconteceu com Samá, um dos valentesde Davi, que permaneceu no meio de um terreno cheio delentilhas, e o defendeu e feriu os filisteus. O Senhor operouuma grande vitória por meio dele (ver 2 Samuel 23:11, 12).Este pedaço de terra cheio de lentilhas representa nossaposição de oração que precisa ser guardada, na vitória doCalvário, da intrusão do inimigo. Este é o ‘tipo de operaçãode guerra para obter a oração, por amor da oração.Preocupo-me bastante porque nós, freqüentemente,aceitamos arranjos circunstanciais como motivo parapensar que a oração é correntemente impossível. Uma vezque as coisas surgiram e se desenvolveram a tal ponto,reconhecemos que é fútil agora falar de oração. Assim,cedemos terreno ao inimigo e somos impedidos de orar poressas coisas. Observe que este é um estratagema deSatanás. Em nome do Senhor e por sua vitória na Cruz,precisamos varrer todos estes obstáculos à oração, A Cruz émuitíssimo eficiente para obter para nós o tempo deoração, como é sempre é ficiente em outras áreas. Somenteisto: possamos saber como exercitar seu vitorioso poder.

As palavras acima trazem-nos muita advertência eexortação. Irmãos, precisamos lutar pelo tempo de oração..Se esperarmos até que tenhamos alguns momentos livrespara orar, nunca teremos a oportunidade de orar. Devemoscolocar à parte algum tempo para oração. “Aqueles que nãotiram tempo para a oração”, adverte Andrew Murray, “nãooram”. Por esta razão, precisamos certificar-nos de que te-nhamos tempo para orar. Precisamos também orar paraque o período de oração não seja arrebatado pelas astúcias

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de Satanás.

Três

Precisamos não somente ter cuidado em preservar otempo de oração, mas também ser vigilantes durante otempo de oração, de modo a podermos realmente orar.Satanás usará seus truques a fim de impedir nossa oraçãomesmo depois de já estarmos ajoelhados, assim comoanteriormente fez uso de situações externas e de toda sortede coisas para oprimir-nos e impedir-nos de ter tempo paraorar.

Nossa mente é clara, e boa a nossa concentração;mas no instante em que nos ajoelhamos para orar, nossospensamentos começam a ser espalhados; o que não deviaser lembrado é lembrado; o que não devia ser premeditadoé premeditado, e muitas noções desnecessárias de repentese arremessam à nossa mente. Todos estes pensamentosestavam ausentes antes da oração, mas agora semultiplicam e nos perturbam exatamente na hora daoração.

O ambiente externo permanece agradávelmentecalmo, nada realmente surge para incomodar; mas, tão logoajoelhamos para orar, nossos ouyidos parecem ouvir vozes— na realidade ó balido de ovelhas e o mugir de gado nãovêm de fora, ainda que muitas vozes se ergam parainterferir em nossa oração. Ou podemos estar fisicamentebem, mas tão logo começamos a orar, tornamo-nosfisicamente exaustos como se incapazes para continuar.Isto não é devido à falta de sono, pois antes de orar nadasentíamos.

Algumas vezes estranhos sintomas, ausentes antes,repentinamente surgem. A oração é, originalmente,designada para descarregarmos nossos fardos; contudo,

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quando nos ajoelhamos para orar, nem uma palavra podeser pronunciada e nós nos sentimos como se estivéssemossendo sufocados. Muitos são os objetos da oração, mas, nomomento da oração, ficamos paralisados, frios e perdidos.Ainda que nos esforçamos para orar, é como se falássemosao ar, esvaindo-nos por completo em duas ou três palavras.

Todas as circunstâncias acima mencionadasacontecem abruptamente durante o período de, oração. Seignoramos as astúcias que Satanás usa para destruir nossasorações, podemos decidir levantar-nos, desistindo de orar.Por amor à oração — por amor do orar completo — poramor do descartar de fardos, precisamos vigiar em oração:vigiar contra todo o tipo de condições que nos impedem deorar.

Este é um campo de batalha. Antes de orar’devíamos primeiro usar a oração a fim de pedir a Deus quenos capacite a orar; e, durante o período de oração,devemos pedir que Deus nos ajude a orar com um sópropósito em mente, de modo que nossa oração não sejaobstruída por nenhum ardil do inimigo. Diremos aos pensa-

mentos, vozes, fraquezas e doenças perturbadores:oponho-me a todos estes fenômenos sem causa, pois sãomentiras, são enganos de Satanás. Levantemos a nossa vozpara afugentá-los; não cederemos terreno para o inimigo.Precisamos vigiar e resistir aos ataques de Satanás comoração a fim de que não somente possamos orar, mastambém possamos orar de modo completo.

Orar de modo completo e orar com poder, não é umaexpectativa vã. Facilidade e conforto não nos conduzirão aesta, vida de oração, nem entraremos nela sem esforço.Precisamos aprender um pouco, quebra-nos um pouco elutar um pouco para obter esse tipo de oração.

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Quatro

Durante o período de oração precisamos mais ainda,guardar-nos contra tudo o que realmente não seja oração.Devemos saber que Satanás não apenas deseja impedir-nosde ter tempo ~ poder para orar, mas também fará com quedesperdicemos o tempo de oração, proferindo muitaspalavras esparsas, sem relação, não importantes, vazias,bem como numerosos pedidos vãos. Nosso período deoração pode ser tão completamente ocupado com essascoisas que nossa oração é igual a zero. Orações carnais,batidas, longas, rotineiras, frias e ignorantes são simples-mente perda de tempo. Podem ter aparência de nossasorações habituais; contudo, a sugestão, a instigação e oengano de Satanás não estão totalmente ausentes. Se nãovigiarmos, nossa oração tornar-se-á vazia de qualquersignificado e conseqüência.

Um irmão conta a seguinte história: “Li um relato deEvan Roberts. Certa vez, várias pessoas estavam na casadele orando. No meio da oração, Roberts colocou a mãosobre a boca do irmão e disse: ‘Irmão, você não precisa orarmais, pois você realmente não está orando.’ Ao ler esteincidente, pensei: Como pôde Evan Roberts praticar talação? Contudo, ele o fez. Agora sei que o que ele fez estavacerto.” Muitas palavras em nossa oração são proferidas nacarne pela instigação de Satanás; tomam a oração bemlonga, mas muito ‘dela é irreal e inútil.

Não é isto verdade? Muitas vezes, ao orar, pareceque damos a volta ao mundo. O tempo é gasto e as forças sevão e, ainda assim, nem uma palavra da oração atinge seualvo. Como podemos esperar que tal oração seja ouvida porDeus? Não tem nenhum valor espiritual. Conseguintemente,precisamos vigiar em oração. Não encompride o tempo, nãoapresente demasiadas razões; simplesmente derrame seu

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sincero desejo diante de Deus e nunca use muitas palavrasvãs.

Sejamos vigilantes, para que não falemosdescuidamente. Alguém que sabia orar escreveu um,po~macontendo uma sentença sobre a oração: “Se você vai àpresença de Deus para orar, primeiro prepare o que yocêdeseja pedir.” Irmãos e irmãs, se vocês não sabem o quedesejam, quando se ajoelham para orar, como podemesperar que Deus ouça sua oração? Se sua oração é semobjetivo e fria, equivale a não orar. Você cai na armadilhade Satanás, que o faz pensar que orou, embora realmentevocê não o tenha feito. Precisamos ser vigilantes, de modoque, cada vez que nos aproximarmos de Deus, saberemosde antemão qual é o desejo do nosso coração.

Não ore sem nenhum desejo no seu coração. Todasas orações devem ser governadas por anseios do coração.Veja como nosso Senhor dá atenção a isto. Bartimeu,mendigo cego, clamou ao Senhor: “Jesus, Filho de Davi, temcompaixão de mim!” O Senhor Jesus lhe respondeu: “Quequeres que eu te faça?” (Marcos 10:47, 51). Ora, o

Senhor fará a você precisamente a mesma pergunta:“Que queres que eu te faça?” Pode você responder a essapergunta? Alguns irmãos e irmãs, após terem oradodurante dez ou vinte minutos, poderão ser incapazes dedizer o que pediram a Deus, naquele tempo. Embora profi-ram muitas palavras em suas orações. eles mesmosdesconhecem o que pediram. Tal expressão é insensível esem objetivo e não pode ser considerada como oração.Precisamos guardar-nos vigilantemente contra todo tipo deoração como esta.

Durante a oração, palavras que podem expressardesejo são tão importantes como o próprio desejofreqüentemente há um desejo definido “em nosso coração;contudo, depois de dizer muitas palavras, parece que

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estamos mais longe do nosso assunto. Isto também exigevigilância, pois a astúcia de Satanás é empurrá-lo para forada oração ou fazê-lo ir longe demais nela, de modo que vocêse perca por completo. Como precisamos proteger-nos —não permitindo que as palavras de oração se desviem doassunto, e trazendo-as de volta ao seu centro, se elascomeçarem a vaguear. Estejamos sempre alerta a fim decaminhar para o alvo, a fim de não permitir que palavrasindesejáveis venham-sé intrometer, e a fim de guardar-nosde fazer orações que não são orações.

Cinco

Vigiemos e oremos. Jamais permitamos que Satanásinterrompa nossa oração com seus artifícios. Satanásfrequentemente nos acusa, ao sofrermos uma pequenaderrota. Ele fará com que nos analisemos enquanto oramos,de modo que dificilmente nos sentimos capazes de abrir aboca diante de Deus. Ele assim nos desencorajará, fazendocom que as promessas de Deus’ pareçam distantes e vagas,de modo que perde-mos o ânimo para esperar em Deus.Contudo, se nossa oração está de acordo com ,a vontade deDeus, devemos perseverar em oração. Mesmo tendofracassado em algo, alnda podemos chegar a Deus,mediante o sangue do Cordeiro; não há razão para deixarSatanás interferir. Devemos agir como aquela viúva que foiao juiz iníquo tantas vezes que ele resolveu julgar sua causa(ver Lucas 18:5). Devemos ser como a sunamita querecusou deixar Eliseu até que ele ~e dispusesse a segui-la(ver 2 Reis 4:30). Cremos que toda demora na resposta àoração capacita-nos a aprender algo que não sabíamosantes e a descobrir o que antes nos era desconhecido. Emqualquer caso, não permitiremos que Satanás corte oudestrua nossa oração.

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Quando alguns de nós estamos orando juntos,Satanás não está satisfeito. Colocará em nosso caminhotodo tipo de ciladas e fará toda a sorte de movimentos a fimde interromper a oração. Coisas tais como rumoresinfundados, histórias inverídicas, suspeitas sem causa, cres-cente desentendimento, estranho medo e terror infundado,são secretamente infundidos por Satanás para criar divisão,para agitar a reunião de oração e para destruir a unidade naoração. Em vista de tais tentativas satânicas, precisamos“julgar todas as coisas” (1 Tessalonicenses 5:21). Não creiarapidamente, não seja facilmente movido nem espalherapidamente nenhum comentário. Se estivermos vigilantes,descobriremos que muitas palavras e ações desnecessáriase incorretas não passam de artifícios de Satanás, cujoobjetivo é enfraquecer o coração e a mão do povo de Deus ese possível dividi-lo. Por isso, devemos orar, por um lado, evigiar por outro. Sigamos o exemplo de Neemias quecolocou vigias (Neemias 4:9). Nossa resposta às ameaças deSatanás é: “De tudo o que dizes, cousa nenhuma sucedeu;tu, do teu coração, é que o inventas... Homem como eufugiria? e quem há, como eu, que entre no templo para queviva? De maneira nenhuma entrarei” (Neemias 6:8, 11).Não ficaremos temerosos, nem cessaremos de orar. Certavez disse um irmão: “Quanto necessitamos colocar vigias afim de guardar-nos contra as ciladas de Satanás, cujosmeios para destruir a vida corpórea do povo de Deus emmuito excedem nossa habilidade de contá-los ou enumerá-los.” À vista disso tudo, precisamos vigiar com todaperseverança e cuidadosamente inspecionar todas ascoisas, para que não demos a Satanás a oportunidade dedividir-nos, destruir nossa unidade em oração, neminterromper nossas orações.

Seis

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Precisamos vigiar em nossa oração para que não setome vaga. E evidente que muitos assuntos precisam serresolvidos, muitas pessoas precisam de intercessão, amensagem central de Deus precisa ser revelada e nãopoucos problemas precisam de solução; contudo, na horada Qração, parece não haver assunto definido pelo qualorar, e há uma total falta de palavras para expressar nossaoração. Lutamos para dizer duas ou três sentenças antes denos calarmos totalmente. Claramente, assalto satânico estáenvolvido nisso.

Sem dúvida, em algumas ocasiões nossa oraçãoparece rotineira, porque somos preguiçosos, indiferentes,faltos de amor, nem vendo nem sendo cuidadosos; mas, emoutras ocasiões, realmente nos juntamos para orar epercebemos que nossas orações são frágeis e poucas. Istoprova que algo está interferindo, e o que está interferindonão é outro senão o próprio Satanás, com seu plano paraobstruir nossa oração. Fôssemos nós vigilantes,descobriríamos que muito de nosso esquecimento, fracassoem recordar e tendência a delongas cansativas não deve seratribuído a nós; essas coisas são efeitos de engano, furto esaque satânicos. Precisamos opor-nos a essas armadilhasde Satanás. Quer oremos por pessoas, por coisas, quer porverdade ou problemas, devemos orar de modo com pleto.Tenha em mente que uma oração apressada, uma oraçãomuito econômica no tempo é, comumente, uma oraçãonegligente, que fornece uma fácil brecha para o inimigo.Não sejamos indolentes; ao invés disso, por um lado, peça-mos ao Senhor que nos capacite a recordar todos os fardosde oração e que nos dê palavras para expressar essesfardos; e, por outro lado, tratemos de nossa indolência eprocrastinação.

Nosso Senhor levantou-se “alta madrugada” e

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“orava”. Quando Simão e seus companheiros lhe disseram:“Todos te buscam”, sua réplica foi: “Vamos a outroslugares... a fim de que eu pregue também ali, pois para issoé que eu vim” (Marcos 1:35-38). Quão objetivo e conscienteele é! Nosso Senhor “retirou-se para o monte a fim de orar,e passou a noite orando a Deus. E, quando amanheceu,chamou a si os seus discípulos e escolheu doze dentre eles,aos quais deu também o nome de apóstolos” (Lucas 6:12-13). Novamente, quão objetivo e consciente! O após-toloPaulo recorda aos santos de Efeso que orem em todo otempo no Espírito vigiando com toda perseverança “esúplica por todos os santos, e também por mim; para queme seja dada, no abrir da minha boca, a palavra, para comintrepidez fazer conhecido o mistério do Evangelho paraque em Cristo eu seja ousado para falar como me cumprefaze-lo. (Efésios 6:18-20). Tal súplica é muitíssimoconcreta, distinta e necessária. Se estamos cônscio do corpoe temos interesse pelas almas, pelos santos e pelas obrasdos servos de Deus, teremos muita gente e coisas para orar.

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É preciso orar por toda verdade. Escrevendo aossantos em Éfeso, Paulo disse: “Por esta causa me ponho dejoelhos diante do Pai, para que vos conceda...” (3:14119).Deste texto concluímos que a revelação da verdade gloriosaque Paulo recebeu veio da oração, e a oração é revelação. Oreal valor da luz da verdade vem pela oração. Devemos orara verdade para dentro de nossa vida e, então, orar averdade para fora. Devemos orar muito a respeito dasverdades que temos ouvido e falado, de modo que essasverdades não sejam somente relembradas em nossa mentee escritas em nossos cadernos, mas sejam tambémmanifestadas em nossas vidas.

Tudo isto exige oração objetiva e consciente! Pordetrás de várias dificuldades estão demônios que asdirigem. Se não estamos vigilantes, podemos pensar quesão apenas dificuldades humanas ou físicas. Mas, setivermos visão espiritual, veremos através destesobstáculos e expulsaremos os demônios que se escondemdetrás deles. Algumas vezes, como o Senhor indicou, “estacasta não se expele senão por meio de oração e jejum”(Mateus 17:21). Isto requer nosso vigiar, por um lado, enosso orar, por outro. Se não for assim, essas dificuldadesse levantarão como uma montanha que o forçará a viajarpara rodeá-la ao invés de lançá-la ao mar. Ah, quepossamos estar acordados, para que oremosconscientemente, expondo todos os ardis de Satanás,destruindo todas as suas fortalezas e expulsando todos osdemônios escondidos atrás de toda dificuldade.

Sete

Precisamos vigiar não somente antes e durante aoração, mas também depois. Precisamos vigiarcuidadosamente todas as mudanças que ocorrem depois de

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nossa oração. Todas as orações sinceras são oferecidas“com toda a súplica” e “em todo tempo” — não somenteuma vez, mas muitas, não somente numa direção, mas emtodas as direções. De modo que, após cada oração, devemosverificar se houve uma nova descoberta, alguma novamudança, algum novo movimento.

E como a oração de Elias no topo do monte Carmelo.Dobrou-se sobre a terra e colocou a face entre os joelhos.Sete vezes mandou seu servo ir e olhar na direção do maraté que seu servo veio anunciar que vira uma nuvem levan-tando-se naquela direção, do tamanho da mão de umhomem. Então, Elias enviou seu servo a Acabe, para dizer-lhe que aparelhasse seu carro e descesse para que a chuvanão o detivesse (ver 1 Reis 18:42-44). Também não édiferente de Eliseu orando pelo filho da Sunamita: “seestendeu sobre ele; e a carne do menino aqueceu. Então selevantou e andou no quarto uma vez de lá para cá, e tornoua subir, e se estendeu sobre o menino; este espirrou setevezes, e abriu os olhos” (2 Reis 4:34-36). Então eledevolveu o menino à mãe. Nem Elias nem Eliseu se ajoelha-ram para orar. Ambos oraram e depois verificaram osefeitos de suas súplicas na mudança das circunstâncias.

Suponhamos que você ore por alguém que se opõeao Senhor, pedindo a Deus que o faça crer. Você ora por elecom todas as orações, e você também recebe a promessa deDeus. Contudo, a situação externa parece tornar-se pior; elese opõe ao Senhor mais fortemente que nunca. Você nãopode desprezar esta mudança e continora com sua velhaoração. Você deve observá-la e levá-la ao Senhor. Se você évigilante receberá luz de Deus e saberá que sua oração jáinfluenciou o amigo incrédulo. Você pode começar a louvara Deus. Você deve, então, mudar sua oração e ajeitar suarede. Pode ser que depois de algum tempo a atitude dele setome mais branda e gentil. Uma vez mais você poderá

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mudar sua oração e usar outra rede. Mudar a oração aoobservar a situação, requer constante vigilância.

Efésios 6 é um capítulo que fala das lutas espirituais,a mais importante de todas sendo a oração mencionada emúltimo lugar. Lembremo-nos que o alvo mais fácil na vidade um filho de Deus é a oração. Portanto, precisamos vigiarmuito quanto ao período de oração, proteger a oração queestá sendo feita; prevenir-nos de tudo o que não sejaverdadeira oração e não deixar que Satanás interrompanossa oração com seus enganos vis. Saiba em todo tempoque a oração é um ministério, um serviço mais excelente.Devemos vigiar e orar, aprender diligentemente a orar ejamais permitir que Satanás tenha a menor oportunidadepara destruir nossa oração.