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VuJonga - Cadernos Literários | Quarta-feira 10/06/20, Edição nº 27 Pág. 1/29 https://www.wook.pt/autor/orlando-da-costa/19370 गय, Goem pág.12

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VuJonga - Cadernos Literários | Quarta-feira – 10/06/20, Edição nº 27 – Pág. 1/29

https://www.wook.pt/autor/orlando-da-costa/19370

गोंय, Goem pág.12

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VuJonga - Cadernos Literários | Quarta-feira – 10/06/20, Edição nº 27 – Pág. 2/29

20.ª ediçã o

: 03 de Mãio 2020, D

omingo

.

(rep.)

A propósito do 10 de Junho 2020 | págs. 8 /12

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Ficha técnica |

CULINÁRIA | Dona Cacilda da Conceição Dias: Moçambique |

receitas | gastronomia | memórias associativas mestiças.

FILOSOFIA | Myriam Jubilot d’Carvalho: Península Ibérica |

[pseudónimo de Mª de Fátima Oliveira Domingues]

prosa e poesia | crónicas interculturais | ensaio.

REVISÃO | Mª de Fátima Oliveira Domingues: Portugal |

textualidade e contexto | pedagogia | revisão de texto.

PSICOLOGIA CLÍNICA | Fanisse Craveirinha: Europa |

psicoterapias | reflexões sobre saúde mental quotidiana.

HISTÓRIA | idéias | Adelto Gonçalves: Brasil – Portugal |

resenhas literárias | Lusofonia.

INSTANTÂNEOS | Silvya Galllanni: Portugal – Brasil |

instantâneos | crônicas | poesia | fotografia | revisão gráfica.

ARTE | Mphumo Kraveirinya: ‘Anima Mundi’ |

infografismo | layout | art work | poesia | crítica de arte | esoterika.

COMUNICAÇÃO e CULTURA | João Craveirinha: CPLP |

[fundador e coordenador]

comunicação e cultura | resenhas | revisão-geral.

E-mail | [email protected]

Facebook | https://www.facebook.com/VuJonga

Instagram | em organização

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VuJonga | magazine digital ilustrado e actualizado,

made in CPLP fundado por: João Craveirinha (CLEPUL);

Silvya Gallanni (RL);

Mª de Fátima Oliveira Domingues (CLEPUL).

Ligações online de VuJonga cadernos literários | 2019/2020.

Silvya Gallanni

https://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=212768

Myriam Jubilot d’ Carvalho |

http://www.myriamdecarvalho.com/

Mphumo Kraveirinya

https://macua.blogs.com/moambique_para_todos/joo_craveirinha_diversos/

BRASIL | E-book: Recanto das Letras (Américas): https://www.recantodasletras.com.br/autor_textos.php?id=212768&categoria=M

MOÇAMBIQUE | PDF: Jornal O Autarca (África): https://macua.blogs.com/moambique_para_todos/jornal_o_autarca_cidade_da_beira/

PORTUGAL | PDF: Macua Blogs (Europa): https://macua.blogs.com/moambique_para_todos/letras_e_artes_cultura/

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https://leitor.expresso.pt/semanario/semanario2484/html/revista-e/capa--e/jair-bolsonaro-o-profeta-do-caos

Data Venia | Semanário Expresso (06.06.2020). Edição 2484. Lisboa – Portugal.

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Mphumo

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Myriam Jubilot d’Carvalho© | artigo

Teatro Dramaturgia

https://www.teatrosaoluiz.pt/espetaculo/festival-musica-viva/

Texto publicado na Edição nº 10 de

VuJonga – Cadernos Literários |

Domingo - 02 / 02 / 2020. Págs.14/18.

(Contém notas à margem do artigo)

VuJonga 10 – cadernos literários Link dessa edição: Ctrl + clique

https://rl.art.br/arquivos/6856528.pdf?1581277933

Teatro São Luiz: visto a 12 de Janeiro 2020, em Lisboa.

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VuJonga - Cadernos Literários | Quarta-feira – 10/06/20, Edição nº 27 – Pág. 8/29

Na História da evolução e / ou desintegração de idiomas do planeta

estimados pela Unesco em cerca de 7 biliões de línguas, é de surpreender a

capacidade de sobrevivência de um idioma como o português que, originado do

galego antigo… e reformulado pelo empenho do rei luso, Afonso III ‘O Bolonhês’

(1248-1279), continua a resistir passados séculos.

Tudo teria começado após o regresso do futuro Afonso III, príncipe

regressado de França em 1248 e coroado rei após declaração papal de

‘impeachment’ ao irmão, o rei Sancho II, editado pelo Papa Inocêncio IV em

1245.

Estariam assim lançados os alicerces de uma norma culta da escrita

portuguesa identitária em comunicação e cultura, afastando-se da formatação

ortográfica castelhana.

A posteriori, essa língua portuguesa, ‘última flor latina do lácio’ seria

‘reinventada’ pelo vate ‘Lois Vaz de Camoens’ (1524 (?) - 10.06.1580) que,

segundo as crónicas de antanho teria avoengas galegas a partir do trovador galego

Vasco Pires de Camoens (c. 1330) de Castromiñan ou Finisterra, na Corunha,

Galiza, hoje já consolidada parte de Espanha.

REFLEXÃO FACTUAL por ©Mphumo João Craveirinha (PhD)

A propósito do 10 de Junho 2020

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Por outro lado, ao contrário do que disse da LÍNGUA PORTUGUESA o

poeta ‘parnasiano’ brasileiro (e luso-descendente) Olavo Bilac (1865-1918), de

esta nossa língua ser a “Última flor do Lácio, inculta e bela”– verificamos que esta

‘última flor’ pode ser uma das mais cultas línguas do mundo da actualidade de um

século XXI caminhando para uma ‘incultura’ global do acto de escrever. Situação

verificável devido ao facilitismo automático do computorizado teclar rápido,

criando dificuldades a quem, por falta de hábito, tiver de pegar na caneta ou lápis

por falta desse teclado informatizado para escrever. Até para escrever à mão uma

simples nota para a mercearia tornar-se-á numa agonia para muitos. Novas

tecnologias que deviam ser mais-valia podem se transformar em menos-valia na

acção de escrever, para certas pessoas. É o reverso das facilidades da leitura-rápida

versus rápida-digitalização com corrector ortográfico –ou sem ele, pior ainda.

Nesse contexto, a latina Língua Portuguesa é… Um idioma mui antigo e

grosso modo ‘mais culto’ por mais rico em ritmo frásico poético do que a língua

inglesa que também se afirmou pelos sete mares na expansão comercial de

imperativa globalização inicial. A modernização desse desiderato criou o

globalismo anglo-americano cujo binómio: poder económico versus poder de

fogo militar segue, no entanto, o modelo militar, quinhentista, português, de

Afonso de Albuquerque (1453-1515) de… Conquista e Domínio na expansão do

império. A diferença é que essa intenção anglo-saxónica ultrapassou séculos e se

manteve, ao contrário das ambições hegemónicas portuguesas e espanholas, e

mesmo francesas ou holandesas e austríacas, se diluíram, seguindo a corrente

do mainstream hegemónico do século XX do pós-guerras mundiais.

Na era quinhentista, pré-colonialista, a língua portuguesa foi a primeira

língua franca europeia na Ásia… Os mares asiáticos, dos piratas e corsários,

seriam chamados de ‘mar português,’ a norte do Oceano Índico e até ao Pacífico.

O actual poderio cultural anglo-americano da língua inglesa é substituto desse

império linguístico português perdido nas brumas dos nevoeiros conturbados da

História sempre presente nos compêndios escolares e nas efemérides para que as

memórias das referidas conquistas não sejam esquecidas.

Olavo Bilac e a LÍNGUA PORTUGUESA ...

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Portugal, o país da “Última flor do Lácio, inculta e bela” de Olavo Bilac. A

língua portuguesa passou a ser culta, bela, saudosista, mas esquecida… e, com o

excessivo avanço vizinho adentro do comércio espanhol, do eixo financeiro,

europeu, franco-germânico, e da anglofonia cultural… o cenário é o de

sobrevivência como nunca anteriormente acontecera.

O próprio Brasil de 2020 é disso exemplo, como maior país lusófono do

planeta. Soçobra, mas à voz colectiva de ‘Surge et Ambula’… ergue-se e caminha

como o paralítico bíblico ou ainda como o mitológico pássaro Fénix renascendo

das próprias cinzas depois da queda vertiginosa.

Porém, quem sabe se no século XXI, atravessando intempéries da História,

sobretudo da Ásia e Oceânia – Goa, Malaca, Timor e Macau, Coreia-Seoul, no

nipónico Quioto, e mesmo nas Áfricas sub-saharianas até ao extremo sul do Cabo

da Boa-Esperança, se situe o relançamento da importância do reflorescer dessa

‘última flor do Lácio’ de muitas mestiçagens iniciadas na Itália Central da

Antiguidade? Quem saberá?

REFERÊNCIAS |

Luís de Camões : Poeta português | https://www.ebiografia.com/luis_camoes/

Camões (Vasco Pires de). n. [ c. 1330 ]. f. | http://www.arqnet.pt/dicionario/camoesvascop.html

Carta de Lois de Camões a hú an1igo cm que lhe da nouas de Lixboa.

http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/Periodicos/Lusitania/V02/Fasc05_06/Fasc05_06_master/Fasciculos_5e6_1925.pdf

Castromiñán: de castro celta a torre augusta y castillo de Camões | «Siguiendo esta línea es que traemos

a colación la historia donde Manuel de Faria y Sousa afirma en los Comentarios de Os Lusíadas que la casa

solariega de los Camões está en Galicia, cerca del cabo Finisterre y que es el Castillo o Torre de Cadmon;

que lógicamente de forma fantástica hace llegar la ascendencia del Príncipe de los Poetas Luis Vaz de

Camões hasta el mismísimo héroe griego: “Diomedes en memoria de su padre, llamó Tyde a Tuy y de su

compañero Amphilochio se llamó Amphilochia, Orense: asi otros lugares.»

https://www.adiantegalicia.es/reportaxes/2017/11/17/castrominan-de-castro-celta-a-torre-augusta-y-castillo-de-camoes.html

LÁCIO: “Na Antiguidade dava-se este nome a uma porção da Itália Central que se situava entre a Etrúria e a

Campânia. Etimologicamente significa terra dos latinos e compreendia uma vasta área. Conhecemos a sua

história pela ligação que tinha com Roma. Os latinos são considerados uma mistura de Sículos e dos

conquistadores originários dos Apeninos Centrais.” In ‘infopédia’ https://www.infopedia.pt/$lacio

Olavo Bilac: Poeta brasileiro | Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac nasceu no Rio de Janeiro, no dia 16

de dezembro de 1865. Filho do cirurgião do exército, Brás Martins dos Guimarães e de Delfina Belmira Gomes

de Paula, só conheceu o pai em 1870, quando este voltou da Guerra do Paraguai. Em 1880, Bilac entrou para

a Faculdade de Medicina e depois Direito, sem concluir nenhum dos cursos. (…) 28/12/1918 (aos 53 anos)” |

https://www.ebiografia.com/olavo_bilac/

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"ÚLTIMA FLOR DO LÁCIO, INCULTA E BELA"1

«A expressão "Última flor do Lácio, inculta e bela" é o primeiro verso de um famoso

poema de Olavo Bilac, poeta brasileiro que viveu no período de 1865 a 1918. Esse verso é

usado para designar o nosso idioma: a última flor é a língua portuguesa, considerada a última

das filhas do latim.»

«LÍNGUA PORTUGUESA»

«Última flor do Lácio, inculta e bela,

És, a um tempo, esplendor e sepultura:

Ouro nativo, que na ganga impura

A bruta mina entre os cascalhos vela...

Amo-te assim, desconhecida e obscura,

Tuba de alto clangor, lira singela,

Que tens o trom e o silvo da procela

E o arrolo da saudade e da ternura!

Amo o teu viço agreste e o teu aroma

De virgens selvas e de oceano largo!

Amo-te, ó rude e doloroso idioma,

Em que da voz materna ouvi: "meu filho!"

E em que Camões chorou, no exílio amargo,

O gênio sem ventura e o amor sem brilho!»

“Última flor do Lácio, inculta e bela,1” LÍNGUA PORTUGUESA por Olavo Bilac

http://www.linguisticaelinguagem.cepad.net.br/EDICOES/02/arquivos/20%20Poesia.pdf

Olavo Bilac (1865-1918)

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Ilustração: ‘Camões, pintado em Goa [1581]’ in Dicionário Enciclopédico Koogan Larousse Seleções. 1977 (Paris); 1978 Rio de Janeiro). Vol.2 – pág. 1081.

…comum o 10 de Junho: Dia de Camões (c.1524–1580) e de Portugal, porque… É também

Dia da matriarca, euro-africana, Cacilda

da Conceição Dias Craveirinha nascida

em 10 de Junho de 1923 na então cidade

colonial de Lourenço Marques, ou

kaMphumo de nome gentílico Jonga.

Hoje é o seu 97º aniversário natalício.

Na representação em cima à esquerda, a

Matriarca da família Craveirinha ‘daquém e

dalém mar’ aos 50 anos de idade, em 1973,

numa foto original sem retoque.

Em baixo à esquerda apagando as velas em

10 de Junho de 2020 região a sul do rio Tejo.

Dona Cacilda da Conceição Dias Craveirinha, aos 96 anos de idade – em 25 de Dezembro de 2019 – Natal na Grande Lisboa. Fotografia original tirada por sua neta, a Dra. Fanisse Craveirinha. Ambas, pioneiras no projecto deste magazine ilustrado ‘VuJonga cadernos literários.’

Luís de Camões o que tem de comum com a matriarca…

A HISTÓRIA DESCONHECIDA

DE LUÍS VAZ DE CAMÕES

http://www.revistaestante.fnac.pt/histo

ria-desconhecida-luis-vaz-camoes/

97º aniversário

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As Ilhas do Oceano Índico e o “Ouro Branco”

Na minha pesquisa sobre Orlando da Costa e seus ascendentes mauricianos, [os

Frechaut de Moçambique] recordei pesquisas que fiz naqueles três anos em que

vivi em Johannesburg, pois houve o projecto de visitar a Ilha Maurícia e as

Seychelles, destinos de férias muitíssimo apreciados pela população abastada da

República da África do Sul, projecto esse que não chegou a concretizar-se.

Uma Enciclopédia Geográfica não muito antiga (de 1989), começa assim o seu

artigo sobre a Ilha Maurícia - “Um intenso odor a melaço rodeia a ilha Maurícia.

Foi em tempos sinónimo de sucesso, quando a indústria da cana-de-açúcar e dos

seus subprodutos, melaço e rum, proporcionava à ilha uma relativa prosperidade.”1

Actualmente, já não é bem assim. A economia desta ilha do oceano Índico baseia-

se no Turismo, e o sector de Serviços representa cerca de 74,1% do PIB.2

A Ilha Maurícia, do ponto de vista geográfico, é a ilha principal no Arquipélago

de Mascarenhas. As Seychelles são um outro arquipélago:3

A chegada dos navegadores portugueses às paragens do Oriente, no final do séc.

XV, como é sabido, abriu caminho à exploração, pelos europeus, daquelas

longínquas terras e mares cujo comércio e tráfico negreiro se encontravam até

então nas mãos dos mercadores e comerciantes árabes.

No início do séc. XVI, já os portugueses se encontravam no arquipélago de

Mascarenhas, cujas ilhas baptizaram de Ilha de Santa Apolónia (a actual Réunion),

Ilha de Cirné (a actual Maurícia) e Ilha de Rodrigues, nome do seu descobridor.

Myriam Jubilot d’Carvalho© 2020

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Os portugueses só se interessaram por estas ilhas como ponto de escala.

Mas este arquipélago em breve despertaria o interesse dos holandeses, que

baptizaram a ilha principal com o nome de Maurícia, em homenagem a Maurício

de Nassau.

O arquipélago passaria depois à posse dos franceses, e finalmente dos ingleses, e

assim, como se vê, as ilhas foram passando, sucessivamente, de mão em mão.

Foram os franceses, entre o início do século XVIII e o início do século XIX, que

aqui promoveram a exploração do açúcar, o recurso económico tão valorizado

nessa época.

Para o efeito, implementaram o tráfico de escravos, que até então se encontrava

nas mãos dos traficantes árabes. O famoso “Code Noir” 4, que no reinado de Luís

XIV (de 1643 até 1715) tinha sido decretado para as Antilhas, foi adaptado às

realidades desta nova colónia.

Fonte do Mapa |

http://www.batcarre.com/ocean-indien/reportage/2013/06/14/ocean-indien,coi-dans-les-marches-de-l-histoire,94.html

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Nos vídeos que consultei para elaborar estas breves notas, mostra-se como a

paisagem natural foi destruída para dar lugar à exploração açucareira. O

comentário que melhor fixei, foi o que afirmava:

“Transformaram o paraíso num inferno.”

Lembrei-me da descrição do Padre António Vieira, que nos pode dar uma leve

ideia do que era um engenho de açúcar.5

De facto, perceberemos que só um regime de tremenda repressão poderia dominar

a desproporção que se verificava entre os dois extractos da população - colonos

europeus e escravos - pois o número destes últimos rondava os 75%.6

A prosperidade económica conseguida pelos franceses despertou a cobiça do

império inglês. Além disso, durante as guerras napoleónicas, os corsários franceses

usaram o arquipélago como ponto de apoio, e isso representava um tremendo

incómodo ao florescente comércio inglês no Índico.

Aos ingleses, cujo domínio se estendeu de 1810 até 1968, as ilhas não despertaram

interesse para lá viverem. Assim, mantiveram a população colonial francesa, e a

sua língua.

A população de origem francesa continuava a prosperar com a produção de açúcar.

Pelo que lutou com todas as forças contra os projectos de abolição do regime

esclavagista (a proporção de escravos em relação ao número de colonos ascendia,

então, a 80% de escravos). Mas a abolição deu-se, finalmente, em 1835.

Como é sabido, o progresso económico implica retrocesso na sobrevivência do

mundo natural. Um relatório de 1838 denunciava a degradação dos cursos de água

da ilha, e a sua deflorestação.

Com a abolição da escravatura, a partir de 1839, os ingleses começaram a trazer

trabalhadores agrícolas provenientes da Índia, para as plantações de açúcar.

A par dos problemas sociais no mundo agrícola, grandes progressos vieram

facilitar o comércio nessa época: o aparecimento dos navios a vapor, e a

inauguração do canal de Suez, em 1869.

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VuJonga - Cadernos Literários | Quarta-feira – 10/06/20, Edição nº 27 – Pág. 17/29

Por outro lado, o ano de 1865 viu a inauguração das duas primeiras linhas férreas.

E em 1869, o telégrafo viria a ligar a Ilha Maurícia à Europa, e depois à Índia.

O século XX trouxe as duas guerras mundiais, com todos os problemas daí

decorrentes. Mas o sufrágio universal foi introduzido na ilha em 1958. O país foi

dotado de um sistema parlamentar do tipo britânico.

Actualmente, a Maurícia é uma república, a partir de 1992, com democracia

multipartidária (Ver novamente a nota 2).

É de notar, também, que este país faz parte, igualmente, da Commonwealth e da

Francophonie. A sua Língua é o Creoulo.■ Myriam Jubilot d’Carvalho

[Nota do coordenador: As ilhas Maurícias (antiga sede na colonial ilha de França) sempre

tiveram uma ligação permanente com Moçambique durante o colonialismo português. No

período da escravatura do século XVIII ao XIX, a força laboral escrava, africana, provinha

também de Moçambique – dos portos de Quelimane e Inhambane contornando pelo sul do

canal consoante as correntes das cíclicas monções (vide mapa pág.15]

Aspectos gerais da Ilha Maurícia | https://fr.wikipedia.org/wiki/Histoire_de_Maurice

https://www.expat.com/fr/guide/afrique/ile-maurice/2416-situation-geographique-ile-

maurice.html

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VuJonga - Cadernos Literários | Quarta-feira – 10/06/20, Edição nº 27 – Pág. 18/29

REFERÊNCIAS

(1) - “Enciclopédia Geográfica” - Selecções do Reader’s Digest, 1989.

(2) - Ilhe Maurice : Le contexte économique

http://www.expert-comptable-international.info/fr/pays/mauritius/economie-3

(3) - Origem deste mapa, em: COI : dans les marches de l'Histoire

http://www.batcarre.com/ocean-indien/reportage/2013/06/14/ocean-indien,coi-dans-les-marches-de-

lhistoire,94.html

(4) Sobre o “Code Noir”: “ código semelhante".

http://colleges.ac-rouen.fr/dunant-evreux/html/site-esclavage/code-noir.html

http://chnm.gmu.edu/revolution/exhibits/show/liberty--equality--fraternity/item/3176

(5) Ver, do Padre António Vieira: Sermão XIV (1633), do Padre Antônio Vieira. Neste sermão, encontram-se

referências ao trabalho dos escravos presos ao engenho do açúcar: a partir da parte V, 3º §, que começa assim:

“E se me perguntarem os curiosos quando alcançaram os pretos esta dignidade de filhos da Mãe de Deus,

respondo que no monte Calvário e ao pé da cruz,”....

https://www.literaturabrasileira.ufsc.br/documentos/?action=download&id=49751

Também Voltaire nos apresenta um quadro revelador. Em “Candide ou de l’optimisme”, obra de 1759, no

capítulo 19, Candide pergunta ao “negro de Surinam” por que se encontra sem um braço e sem uma perna.

Ao que “o negro” responde: « Oui, monsieur, c’est l’usage. (…) Quand nous travaillons aux sucreries et que

la meule nous attrape le doigt, on nous coupe la main ; quand nous voulons nous enfuir, on nous coupe la

jambe : je me suis trouvé dans les deux cas. C’est à ce prix que vous mangez du sucre en Europe. » "Sim,

senhor, esse é o costume. (…) Quando trabalhamos na refinaria e a pedra do moinho nos agarra o dedo, cortam-

nos a mão; quando queremos fugir, cortam-nos a perna: eu encontrei-me nos dois casos. É por este preço que

vocês comem o açúcar na Europa."

(6) Em “Escravos em Portugal das Origens ao Século XIX” (Editora A Esfera dos Livros, 1ª edição, 2017),

Arlindo Manuel Caldeira dá-nos a conhecer a crueldade brutal dos “castigos” a que eram sujeitos os escravos

por qualquer gesto considerado de insubordinação. O autor demonstra como o medo de tais torturas explica

que os Escravos se sujeitassem aos seus donos, e que a Escravatura tenha durado tantos séculos... Por outro

lado, James Walvin, em “História da Escravatura”, (Editora Tinta da China, 1ª edição, 2008) descreve as

viagens transatlânticas dos navios negreiros...

Sobre a História da Ilha Maurícia, baseei-me em: Histoire de Maurice (Maurice, en l’honneur de Maurice de

Nassau) | https://fr.wikipedia.org/wiki/Histoire_de_Maurice

VÍDEOS : MADAGASCAR : Origine - peuplement - grands royaumes .... Premier volet sur l' Histoire de

Madagascar. L'origine de ses habitants assez mal connus, son peuplement pour former des royaumes

https://www.youtube.com/watch?v=RuTxW-G2pQo ….

Histoagascar, L'île Aux Esprits | https://www.youtube.com/watch?v=lVPvIMYtHUY

Île Maurice : Son Histoire | https://www.youtube.com/watch?v=yz_apKJBh6w

Seychelles (Documentaire, Découverte, Histoire) | https://www.youtube.com/watch?v=0vsD

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LETRAS

Orlando da Costa, o escritor perseguido.

Adelto Gonçalves

I

Quem quiser saber a fundo o que foi o reino de trevas do regime salazarista

(1933-1974) não pode deixar de conhecer a obra do romancista, teatrólogo e poeta

Orlando da Costa (1929-2006), que, nascido na antiga Lourenço Marques, hoje

Maputo, em Moçambique, numa família goesa de brâmanes católicos, e criado em

Margão, na Índia, viveu em Lisboa desde os 18 anos de idade, tendo exercido a

profissão de redator publicitário. E que ainda hoje tem o seu nome ligado à história

de Portugal, pois é seu filho António Costa, primeiro-ministro do governo

português desde 2015 e secretário-geral do Partido Socialista desde 2014.

Militante comunista desde os anos da juventude, sua produção como literato

sempre esteve ligada umbilicalmente àquela ideologia, embora em seus versos,

romances e peças de teatro arte e ideologia “resolvam-se num corpo único,

harmônico”, parafraseando-se aqui uma observação da ensaísta brasileira Maria

Lúcia Lepecki (1940-2011), professora universitária radicada por muitos anos em

Portugal, sobre o seu fazer poético.

Para homenagear o que seria o 90º aniversário desse notável escritor, a

Revista Vértice, de Lisboa, publicou, em seu número 192, de julho-agosto-

setembro de 2019, um dossier sobre a vida e a obra de Orlando da Costa, reunindo

seis ensaios e sete prefácios e posfácios às obras do escritor, além de uma entrevista

(pouco conhecida) dada por escrito ao padre goês Eufemiano de Jesus Miranda em

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1988 e que veio a ser publicada em Oriente e Ocidente na Literatura Goesa:

Realidade, Ficção, História e Imaginação (Goa, 2012).

Como introdução há o texto “Podem chamar-lhe Orlando”, do investigador

brasileiro Everton V. Machado, doutor em Literatura Comparada pela

Universidade de Paris-Sorbonne/Paris IV (2008) e professor auxiliar da Faculdade

de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa, profundo conhecedor

da literatura indo-portuguesa, que faz uma apresentação dos demais textos.

II

Em 1961, Orlando da Costa publicou o seu primeiro romance, O Signo da

Ira, que recebeu o Prêmio Ricardo Malheiros da Academia das Ciências de Lisboa.

À época, os exemplares foram apreendidos pela Polícia Internacional e de Defesa

do Estado (Pide), organismo estatal de inspiração fascista do regime salazarista,

tal como tinha acontecido com três livros de poesia anteriores: A Estrada e a Voz

(1951), Os Olhos sem Fronteira (1953) e Sete Odes do Canto Comum (1955),

reunidos depois em Canto Civil (1979).

De Signo da Ira, Maria Alzira Seixo, professora catedrática da Faculdade de

Letras da Universidade de Lisboa, diz, em seu ensaio “A ficção de Orlando da

Costa: inscrições narrativas da terra e do humano”, que este é talvez o grande

romance da ex-Índia portuguesa na História literária portuguesa.

“É um romance de amor à terra e de amores na terra, cantando a juventude e

a inocência, deplorando o agro perdido e o vigor da criação estiolada, devido ao

sofrimento e à maldade gananciosa”, diz.

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Como observa Hélder Garmes, professor livre-docente da Universidade de

São Paulo, no ensaio “Colonialismo e conflito cultural em O Signo da Ira de

Orlando da Costa”, o romance trata dos curumbins, que, em termos de castas,

equivaleria aos sudras, isto é, uma casta que se caracteriza por executar trabalhos

braçais pesados na lavoura, trabalhos de limpeza, entre outras atividades pouco

prestigiadas socialmente”.

III

O mesmo trágico destino viria a ter o romance Podem Chamar-me Eurídice,

concluído em 1963 e publicado em 1964, apreendido pela Pide dois meses depois

de lançado. O livro, que reflete a experiência de vida do autor na década de 1950,

seu tempo na universidade, constitui “o retrato de uma situação típica dos anos 60,

a repressão contra a chamada subversão universitária, levada até à violência

extrema do assassinato pelos agentes da Pide”, como observou o crítico e

historiador Alexandre Pinheiro Torres (1923-1999) no ensaio “Os imprescindíveis

nexos “mito-realidade” e “morte-transfiguração” num notável romance do

underground antifascista português”, publicado à guisa de prefácio na terceira

edição do livro (1985) e reproduzido no dossier de Vértice.

O terceiro romance de Orlando da Costa, Os Netos de Norton (1994),

igualmente reconstitui as lutas políticas em Lisboa, desta vez abordando a geração

que lutou contra os estertores salazaristas da campanha de Humberto Delgado

(1906-1965), o “general sem medo”, que foi derrotado nas urnas em 1958 num

processo eleitoral considerado fraudulento, passando pela “primavera marcelista”,

liderada por Marcello Caetano (1906-1980), último presidente do regime

salazarista, até o 25 de Abril, movimento que derrubou o Estado Novo, vigente

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desde 1933. Este livro lhe valeu o Prémio Eça de Queiroz, da Câmara Municipal

de Lisboa.

Para Maria Alzira Seixo, estes romances já seriam suficientes para consagrar

Orlando da Costa, mas o autor publicou ainda O Último Olhar de Manú Miranda

(2000), que “exibe elevado grau de complexidade narrativa-descritiva (em

simultâneo) que não tem sido assim tão frequente na ficção portuguesa”. É um

livro que narra a vida de Manú Miranda, que seria um alter ego do autor,

mostrando como viviam e se relacionavam goeses e visitantes, a partir de uma saga

familiar que passa pela colonização britânica, pela luta do líder indiano Mahatma

Gandhi (1869-1948) e a Segunda Guerra Mundial, seus costumes, crenças e

idiossincrasias e preconceitos, como observa Maria Alzira Seixo, para quem a obra

pode ser considerada uma espécie de Peregrinação, de Fernão Mendes Pinto

(1509-1583), o livro de viagens português mais conhecido no mundo.

IV

Orlando da Costa é filho do goês Luís Afonso Maria da Costa e de Amélia

Maria Fréchaut Fernandes, nascida em Moçambique. Ao contrário do que se lê no

Wikipedia, Amélia Maria não descende de mãe francesa. Aliás, os Fréchaut não

são franceses, mas, sim, mestiços moçambicanos, de origem mauriciana, e muitos

ainda vivem em Moçambique e outros em Portugal.

Orlando casou-se primeira vez com a jornalista Maria Antónia de Assis dos

Santos (hoje mais conhecida como Maria Antónia Palla), com quem teve uma

filha, Isabel dos Santos da Costa (1957-1960), que morreu num acidente de viação,

e um filho, o político António Costa. Divorciaram-se em 1962. Orlando casou-se

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segunda vez com Inácia Martins Ramalho de Paiva, da qual teve um filho, o

jornalista Ricardo Costa.

Licenciado em Ciências Histórico-Filosóficas pela Faculdade de Letras da

Universidade de Lisboa, não conseguiu estabelecer-se como professor porque a

Pide emitiu parecer negativo. Como publicitário, integrou durante vários anos a

agência Marca, onde chegou a diretor-geral. Trabalhou, entre outras marcas, com

a Ford, Volkswagen, Nestlé e Páginas Amarelas.

Durante a ditadura, chegou a apoiar a candidatura do general Norton de

Matos (1867-1955) em 1949, mas desistiu antes das eleições em razão da falta de

liberdade e de possíveis fraudes eleitorais. Por sua militância, foi preso três vezes

pela Pide, tendo permanecido, na última vez, na cadeia de Caxias durante cinco

meses. Militou no Movimento de Unidade Democrática (MUD) Juvenil e no

Partido Comunista Português, organismo que serviu de 1954 até a data de sua

morte.

Poucos dias antes de falecer, a 5 de janeiro de 2006, recebeu das mãos do

presidente Jorge Sampaio o grau de Comendador da Ordem da Liberdade. É autor

ainda das peças de teatro A como estão os cravos hoje? (1984) e Sem Flores nem

Coroas (1971).

Esta última peça igualmente remete para as memórias da presença colonial

portuguesa no Estado da Índia, como observa Filomena Gomes Rodrigues, doutora

em Estudos Portugueses pela Universidade Aberta, em ensaio também publicado

neste número especial de Vértice.

O dossier inclui ainda textos de Mário de Carvalho, Daniela Spina, José

Manuel Mendes, Luiz Francisco Rebello, Gonçalo M. Tavares, Rosa Maria Peres

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e Ana Margarida de Carvalho, além de um posfácio do próprio Orlando da Costa

para o seu livro Podem Chamar-me Eurídice (1974).■ ©Adelto Gonçalves

________________________

Revista Vértice, Lisboa, série II, nº 192, julho-setembro de 2019, 144 páginas, 8,50 euros.

E-mail: [email protected]

Site: www.paginaapagina.pt

_________________________________

Orlando da Costa | Fonte iconográfica: Facebook.

VuJonga cadernos literários nº 22 de 13 de maio de 2020

https://rl.art.br/arquivos/6947408.pdf?1589496934

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PORTUGAL - LISBOA

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VuJONGA – significado.

VuJONGA significa ORIENTE, e também por analogia,

povo vaJonga do ‘Sol Nascente’– em língua Jonga.

ORIENTE – ponto cardeal

de uma das quatro direcções principais da rosa-dos-ventos

[Sul – Norte; Ocidente – Oriente]

ShiJonga ou ‘O Jonga’ é um idioma africano que tem a sua origem

milenar no idioma kiKongo, com sede em Bandundu no ‘Congo-

Kinshassa.’ Daí sairiam migrações cíclicas do povo (ba)Kongo, rumo à

África Austral, tomando rumos diferentes a partir do rio Zambeze, a sul

e a norte.

Posteriormente, em fusão genético-cultural, originou outras

variantes idiomáticas, tais como as dos povos Nhandja (Niassa), Guigóne

(Inhambane), Jonga (Móputso), e ainda outras variantes posteriores tais

como ShiSuate (Suazilândia), Zulo (Natal), Shengane (Gaza), ShiTsua

(Inhambane).

A língua Jonga é, pois, um idioma muito antigo da cultura baNto da

capital de Moçambique. Sofreu várias influências linguísticas no decurso

do tempo. Estas são o registo cultural de épocas em que navegadores

europeus e asiáticos circularam pela costa marítima moçambicana, aí

desenvolvendo relações comerciais – mais pacíficas – umas, e outras

mais conflituosas.

Este idioma, shiJonga, encontra-se actualmente em processo de

extinção, devido a imposições ideológicas do poder político

estabelecido desde 1975.■ coordenador JOÃO Craveirinha

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1º Esboço de Mapa Etno-Etimológico

da região vaJonga - séculos XVI-XIX

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VuJonga – edição literária de autora 2016 /2020 e-Livro

Silvya Gallanni: Haikai - Fragrâncias Poéticas

HAiKAi | Poetic Fragrances | e-Book

https://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=212768