volume 8 número 2 jun de 2015 - são paulo

173

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Editorial

_______________________________________________________________________________________________________

Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 8-173, jun. 2015

Na manhã de 12 de abril de 1961, às 9 horas e sete minutos (local), o cosmonauta

soviético Yuri Gagarin, na época com 27 anos (falecido em 1968), era lançado

como protagonista do primeiro voo espacial tripulado por um ser humano. A nave

espacial Vostok partiu da região de Tyuratam, no Cazaquistão, hoje conhecida

como o Cosmódromo de Baikonur. "Poyekhali", vale dizer "lá vamos nós",

exclamou Gagarin no lançamento. Credita-se a este jovem Gagarin a frase que se

imortalizou: A Terra é azul. Há alguma controvérsia a respeito, porém não vem

aqui ao caso. O fato é que nosso planetinha é mesmo azul, seja visto do longínquo

espaço, pela escotilha de uma nave, seja agora imaginado e representado por

nosso vínculo afetivo a ele.

Pois nosso lindo planetinha azul continua a sofrer toda série de agressões e

ofensas por parte de quem deveria ser seu mais nobre ocupante e seu mais

defensor parceiro, ou seja, nós, seres humanos, os únicos com capacidade racional

para entender: 1) que ele, o planetinha, é bem mais frágil do que supúnhamos em

sua capa ecossistêmica, 2) que nós, os humanos, somos bem mais potentes e letais

do que supúnhamos em nossa capacidade destrutiva. Esse é um retrato do

presente, em que nos quatro cantos da Terra, nos quatro hemisférios (ocidente,

oriente, norte, sul) repetem-se diariamente os casos e relatos de danos ambientais

seja por ocupação e uso indevidos de áreas, com a devastação consequente, seja

por contaminação química, seja por gigantescas obras insuficientemente pré-

avaliadas nos seus impactos ambientais, sujeitas que sempre estão ao majoritário

interesse econômico, este um discurso sempre tão monótono, imediatista e, por

isso, parvo e entorpecido.

Todavia, tal retrato, apesar de sua prevalência, não necessariamente sinaliza

para um desfecho apocalíptico, capaz de fazer acabar a história antes por falta de

tempo do que pela lógica hegeliana de atingimento da consumação totalitária do

absoluto... É que a resistência permanece, e mais do que encistada, evidencia-se

claramente em esforços de rua e de academia e de setores empresariais. Há, de

fato, um nítido esforço, e que bem já utiliza as redes sociais, de disseminação dos

Editorial

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Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 8-173, jun. 2015

fatos graves e conclamação a uma atitude ética e moral de respeito à natureza,

tanto quanto à diversidade, às minorias e às nacionalidades.

No quadro dessa disposição, algo da ordem sinalizadora de que, finalmente, um

novo século, o XXI, está surgindo, a Intertox e a Ecoadvisor, conscientes de sua

missão social e cidadã, antes até da empresarial, apoiam, honradas, o surgimento

de mais um número da Revinter - Revista Intertox de Toxicologia, Risco

Ambiental e Sociedade.

A revista, com sua plena liberdade editorial, caracterizando-se por buscar atender

ao vasto recorte do risco químico, toxicológico e ambiental no todo da vida das

sociedades, posiciona-se como um porta voz de autores e de todos aqueles, da

academia e das empresas que exercem sua liberdade de pensar e pensam em

consonância com uma ética humana e ambiental, conhecendo, perfeitamente, que

o mundo de amanhã será exatamente aquele que ao amanhã legarmos.

O número 2 do volume 8 da Revinter, relativo a junho de 2015, é bastante icônico

nesse aspecto, trazendo sete artigos que vão da segurança alimentar aos fatores

interferentes no aleitamento materno; das técnicas analíticas para controle da

segurança terapêutica à biossegurança em laboratórios; da permanente e

premente questão das drogas e do sexo ao conhecimento da dinâmica ecológica

em áreas protegidas e à segurança ocupacional em atividades específicas. Por

esse roteiro assistimos igualmente desfilarem várias das diversas áreas da

Toxicologia, como a Farmacotoxicologia, a de Alimentos, a Ecotoxicologia, a

Toxicologia Social, a Analítica. Isso nos atesta, mais e mais uma vez, o vínculo

profundo entre as Ciências Toxicológicas e a busca de um padrão de vida

suficientemente qualificado para a natureza e sua humanidade...

Desejamos a todos uma boa leitura e convidamos a publicar e debater conosco

encaminhando contribuições para [email protected]

Fausto Antonio de Azevedo

Conselho Editorial Científico

ISSN 1984-3577

São Paulo, v. 8, n. 2, jun. 2015

_______________________________________________________________________________________________________

Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 08-173, jun. 2015

2015 Intertox

Periódico científico de acesso aberto, quadrimestral e arbitrado

meses: (2) fevereiro, (6) junho e (10) outubro.

Qualquer parte desta publicação pode ser reproduzida desde que citada a fonte.

As opiniões e informações veiculadas nos artigos são de inteira e exclusiva responsabilidade dos

respectivos autores, não representando posturas oficiais da empresa Intertox Ltda.

Seções

Artigo Original; Artigo de Atualização; Comunicação Breve; Ensaio; Nota de Atualização e

Revisão; Notas

Idiomas de Publicação

Português e Inglês

Contribuições devem ser enviadas para <[email protected]>.

Disponível em: <http://revinter.intertox.com.br>.

Normalização e Produção Web site

Henry Douglas

Capa

Henry Douglas

Projeto Gráfico

Henry Douglas

Rua Turiassú, 390 - cj. 95 - Perdizes - 05005-000 - São Paulo - SP – Brasil Tel.: 55 11 3872-8970

http://www.intertox.com.br / [email protected]

RevInter – Revista de Toxicologia, Risco Ambiental e Sociedade /

Intertox – v. 8, n. 2, (jun. 2015).- São Paulo: Intertox 2015.

Quadrimestral

ISSN: 1984-3577

1. Ciências Toxicológicas. 2. Risco Químico. 3. Sustentabilidade

Socioambiental. I. InterTox uma empresa do conhecimento.

Biblioteca InterTox II. Título.

1. Ciências Toxicológicas. 2. Risco Químico. 3. Sustentabilidade

Socioambiental. I. InterTox uma empresa do conhecimento.

Biblioteca InterTox II. Título.

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Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 08-173, jun. 2015

Expediente

Editor(a) Conselho Editorial Científico (2011-2013)

Maurea Nicoletti Flynn Alice A. da Matta Chasin

Bibliotecária Doutora em Oceanografia (USP) Doutora em Toxicologia (USP)

Com Especialização Ecologia

Comitê Científico (2011-2013)

Irene Videira Lima

Doutora em Toxicologia (USP), Perita Criminal

Toxicologista do IML-SP por 22 anos.

Marcus E. M. da Matta

Doutor em Ciência pela Faculdade de Medicina

USP. Especialista em Gestão Ambiental (USP).

Engenheiro Ambiental e Turismólogo.

Moysés Chasin

Farmacêutico-bioquímico pela UNESP-SP

especializado em Laboratório de Análises

Clínicas e Toxicológicas e de Saúde Pública.

Ex-Perito Criminal Toxicologista de classe

especial e Diretor no Serviço Técnico de

Toxicologia Forense do Instituto Médico Legal

da SSP/São Paulo. Diretor executivo da

InterTox desde 1999.

Ricardo Baroud

Farmacêutico-Bioquímico Toxicólogo, Editor

Científico da PLURAIS Revista

Multidisciplinar da UNEB e da TECBAHIA

Revista Baiana de Tecnologia.

Eduardo Athayde

Coordenador no Brasil do WWI - World Watch

Institute

Eustáquio Linhares Borges

Mestre em Toxicologia (USP), ex-Presidente da

Sociedade Brasileira de Toxicologia, ex-

Professor Adjunto de Toxicologia da UFBA.

Fausto Antonio de Azevedo

Mestre em Toxicologia USP, ex-Diretor Geral

do Centro de Recursos Ambientais do CRA-BA,

ex-Presidente do CEPED-BA, ex-Subsecretário

do Planejamento, Ciência e Tecnologia do

Estado da Bahia.

Isarita Martins

Doutora e Mestre em Toxicologia e Análises

Toxicológicas (USP), Pós-doutorado em

Química Analítica (UNICAMP), Farmacêutica-

Bioquímica Universidade Federal de Alfenas

MG.

João S. Furtado

Doutor em Ciências (USP), Pós-doutorado

(Universidade da Carolina do Norte, Chapel

Hill, NC, EUA).

José Armando-Jr

Doutor em Ciências (Biologia Vegetal) (USP),

Mestre (UNICAMP), Biólogo (USF).

Sylvio de Queiroz Mattoso

Doutor em Engenharia (USP), ex-Presidente do

CEPED-BA.

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Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 08-173, jun.

2015

Sumário

TOXICOLOGIA

Determinação sérica de paracetamol por espectrofotometria e cromatografia

líquida de alta eficiência 8

Avaliação da sanitização de hortaliças em uma unidade de alimentação e

nutrição em Fortaleza – Ceará 26

ECOTOXICOLOGIA

Relações Ecológicas entre fauna e flora das áreas de preservação permanente

(APP) do Médio e Alto Tiete 38

SOCIEDADE

Investigação dos fatores sociais que interferem na duração do aleitamento

materno exclusivo 94

Conversas de adolescentes sobre drogas e sexualidade 117

RISCO OCUPACIONAL

Investigação da exposição ocupacional de manicure: um estudo transversal 131

Biossegurança em laboratórios: uma revisão de literatura 145

Artigo original

GUIMARÃES, Lívia Apolônio de Freitas; SOARES, Janete Eliza de Sá; CARVALHO,

Teresa Maria de Jesus Ponte. Determinação sérica de paracetamol por espectrofotometria e

cromatografia líquida de alta eficiência. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco

Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 08-25, jun. 2015.

8

Determinação sérica de paracetamol por

espectrofotometria e cromatografia líquida de

alta eficiência

Lívia Apolônio de Freitas Guimarães

Farmacêutica graduada pelo Curso de Farmácia da Universidade

Federal do Ceará;

E-mail: [email protected]

Janete Eliza de Sá Soares

Professora doutora da Disciplina de Toxicologia de Alimentos,

Departamento de Farmácia da Faculdade de Farmácia, Odontologia e

Enfermagem da Universidade Federal do Ceará;

E-mail: [email protected]

Teresa Maria de Jesus Ponte Carvalho

Professora doutora da Disciplina de Análises Toxicológicas,

Departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas da Faculdade de

Farmácia, Odontologia e Enfermagem da Universidade Federal do Ceará.

E-mail: [email protected]

Correspondência: Teresa Maria de Jesus Ponte Carvalho

([email protected]), Departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas

do Curso de Farmácia da Universidade Federal do Ceará, Rua Capitão

Francisco Pedro, 1210 – Porangabussu, CEP 60.430-372, Fortaleza-

Ceará, Fones: 085- 3366-8227/ 085- 9940-7083; Fax: 085- 3366-8292.

Artigo original

GUIMARÃES, Lívia Apolônio de Freitas; SOARES, Janete Eliza de Sá; CARVALHO,

Teresa Maria de Jesus Ponte. Determinação sérica de paracetamol por espectrofotometria e

cromatografia líquida de alta eficiência. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco

Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 08-25, jun. 2015.

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RESUMO

Os analgésicos representam agentes importantes como provocadores de

intoxicações. Dentre estes está o paracetamol (acetaminofem), que é de uso

frequente e de venda livre. A intoxicação aguda provocada por este agente

leva à formação de um metabólito tóxico que pode provocar insuficência

hepática, além de danos ao sistema de coagulação e nefrotoxicidade. Logo, a

determinação quantitativa de paracetamol, agregada aos sintomas clínicos

essenciais irão contribuir para a condução do caso, confirmando o

diagnóstico de intoxicação, mas também avaliando o risco de

hepatotoxicidade. O presente trabalho teve como objetivo a padronização e

validação de métodos analíticos para a quantificação sérica de paracetamol

por Espectrofotometria e Cromatografia Líquida de Alta Eficiência - CLAE

estabelecendo-se os parâmetros de linearidade, limite de quantificação,

curva de calibração, precisão e exatidão. O estudo realizado é do tipo

analítico, quantitativo. Foi realizado no Laboratório de Toxicologia da

Universidade Federal do Ceará. O princípio do método espectrofotométrico

consiste, inicialmente, na desproteinização do plasma com o ácido

tricloroacético e em seguida, o desproteinizado, é tratado com nitrito de

sódio com formação do 2,4-nitro-4-acetaminofenol, que assume coloração

amarela em meio alcalino, o qual é lido em 430 nm. O método por CLAE se

baseia na separação por fase reversa, em modo isocrático utilizando-se uma

mistura de Tampão fosfato/Metanol/Acetonitrila e detector UV, em 240 nm.

O método espectrofotométrico se mostrou linear nas concentrações

plasmáticas de 20 a 300 µg/mL, com limite de quantificação de 20 µg/mL,

enquanto o método por CLAE foi linear de 5 a 200 µg/mL com limite de

quantificação de 5 µg/mL, mostrando-se preciso e exato e apresentando boa

recuperação para os dois métodos. Conclui-se que os métodos desenvolvidos

demonstraram possuir todos os parâmetros necessários para ser utilizado na

quantificação de paracetamol em amostras de plasma ou soro humano para

análise de emergência.

Artigo original

GUIMARÃES, Lívia Apolônio de Freitas; SOARES, Janete Eliza de Sá; CARVALHO,

Teresa Maria de Jesus Ponte. Determinação sérica de paracetamol por espectrofotometria e

cromatografia líquida de alta eficiência. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco

Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 08-25, jun. 2015.

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Palavras-chave: Paracetamol, toxicologia analítica, validação,

hepatotoxicidade.

ABSTRACT

Analgesics represent important agents as intoxication provocateurs. Among

them, there is paracetamol (acetominophen), which is normally used and it

is an over-the-counter (OTC) medication. The acute intoxication provoked by

this agent, caused by the formation of a toxic metabolite, can lead to liver

insufficiency, besides the damages on the coagulation system and kidney

toxicity. Therefore, the quantitative determination of paracetamol, added to

the essential clinic symptoms, will contribute to the conduction of the case,

confirming the diagnosis of intoxication, but also evaluating the risk of liver

toxicity. Given the above, the present work had the object of standardization

and validation of analytic methods for the serum quantification of

paracetamol by Spectrophotometry and High Performance Liquid

Chromatography (HPLC), stablishing the parameters of linearity, limit of

quantification, calibration curve, accuracy, and precision. The present study

is analytical, quantitative and it was made in the Toxicology Laboratory at

the Federal University of Ceará. The principle of the method

spectrophotometric consists, initially, in the deproteinization of the plasma

with trichloroacetic acid. After, the deproteinized is treated with sodium

nitrite, forming 2,4-nitro-4-acetaminophenol, which presents a yellow colour

in a alkaline medium, that is read in 430 nm. The HPLC method is based on

separation using reverse phase in isocratic mode using a mixture of

phosphate buffer/methanol/acetonitrile and UV detector a 240 nm. The

spectrophotometric method is linear of 20 to 300 µg/mL with a limit of

quantification of 20 µg/mL, and the HPLC method of 5 to 200 µg/mL with a

limit of quantification of 5 µg/mL proving itself to be precise and exact and

presenting good recovery. It is concluded that the methods developed has all

Artigo original

GUIMARÃES, Lívia Apolônio de Freitas; SOARES, Janete Eliza de Sá; CARVALHO,

Teresa Maria de Jesus Ponte. Determinação sérica de paracetamol por espectrofotometria e

cromatografia líquida de alta eficiência. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco

Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 08-25, jun. 2015.

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the parameters required for it to be used in the quantification of

paracetamol in plasma or human serum samples to emergency analysis.

Key-words: paracetamol, analytical toxicology, validation, hepatotoxicity.

INTRODUÇÃO

O paracetamol (acetaminofem) apresenta ação antipirética alta,

analgésica média e anti-inflamatória baixa (TAGLIATI, 2008; SEBBEN et

al., 2010). É um dos analgésicos mais populares e seguro quando

administrado em condições terapêuticas recomendadas. No entanto, tem

sido a principal causa de intoxicação por fármacos entre crianças e adultos,

uma vez que pode ser vendido livremente em farmácias, sem a necessidade

de apresentação de um receituário médico e também, porque pode ser

encontrado em combinação com outros fármacos, geralmente para alívio da

congestão nasal, tosse, expectoração e resfriado comum (MUNNE, et al.,

2003; LIBERAL, 2008).

Nos Estados Unidos, de todos os casos de insuficiência hepática aguda,

42 % foram atribuídas à overdose de paracetamol, uma vez que mais de 4 g /

dia são prescritos a cerca de 6 % dos adultos. Logo, 30.000 pacientes são

hospitalizados devido a toxicidade do paracetamol, existindo, portanto, uma

recomendação do Food and Drug Administration (FDA) de que os médicos

evitem prescrever este fármaco com doses maiores que 325 mg por

medicamento (BLIEDEN et al., 2014).

No Brasil, entre os anos de 2005 a 2009, foram registrados pelo

Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (SINITOX),

149.384 casos de intoxicações por medicamentos contribuindo com 28% do

total de casos de intoxicações. Um estudo epidemiológico das intoxicações

por paracetamol em Santa Catarina, entre os anos de 2003 e 2010, verificou-

se que houve um aumento de 228 % nos casos de intoxicações

Artigo original

GUIMARÃES, Lívia Apolônio de Freitas; SOARES, Janete Eliza de Sá; CARVALHO,

Teresa Maria de Jesus Ponte. Determinação sérica de paracetamol por espectrofotometria e

cromatografia líquida de alta eficiência. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco

Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 08-25, jun. 2015.

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medicamentosas e uma elevação de 47 % no número de casos relacionados à

intoxicação por paracetamol (NESSI, 2012).

No Centro de Intoxicação do Rio Grande do Sul (CIT/RS) foram

notificados 2.572 casos de exposição ao paracetamol, contabilizando 63 % de

todos os casos registrados de intoxicação por analgésico/antipirético. Nesse

período, foram registrados no CIT/RS, cinco óbitos por intoxicação

medicamentosa e, destes, dois relacionados à intoxicação por paracetamol

(CORUJA, 2012).

Em um estudo sobre o perfil das exposições a medicamentos de 777

mulheres em idade reprodutiva atendidas por um Centro de Informações

Toxicológicas, foi observado que 33,7 % destas utilizaram de dois a três

medicamentos. Dentre estes estão, os medicamentos com atuação no

Sistema Nervoso Central (antiepilépticos, antidepressivos, ansiolíticos e

antipsicóticos); os analgésicos e antipiréticos e os anti-inflamatórios não-

esteroidais. Dentre os princípios ativos mais envolvidos nas

exposições/intoxicações estão: clonazepan, amitriptilina, fluoxetina,

carbamazepina, diazepam, paracetamol, fenobarbital, dipirona e haloperidol

(TAKAHAMA et al., 2014).

O paracetamol atinge picos plasmáticos em 40-60 minutos após a

administração, sendo bem absorvido através do trato digestivo. Mais de 90

% da quantidade absorvida sofre biotransformação hepática, por três

mecanismos distintos: a conjugação com o ácido glicurônico por meio da ação

da glicuroniltransferase (40-60 %); sulfatação, reação mediada pela ação da

sulfotransferase (20-46 %) e a via oxidativa, que ocorre em menor grau,

normalmente de 5-15%, por ação das enzimas do citocromo P450 (CYP2E1). A

conjugação e a sulfatação normalmente produzem metabólitos não-tóxicos

que são eliminados pela urina. Já a oxidação é capaz de gerar um metabólito

tóxico (N-acetil-benzo-quinonaimina - NAPQI), que em condições

terapêuticas, se conjugam com a glutationa e formam conjugados não

Artigo original

GUIMARÃES, Lívia Apolônio de Freitas; SOARES, Janete Eliza de Sá; CARVALHO,

Teresa Maria de Jesus Ponte. Determinação sérica de paracetamol por espectrofotometria e

cromatografia líquida de alta eficiência. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco

Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 08-25, jun. 2015.

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tóxicos. Entretanto, em situações de depleção da glutationa tais como, na

sobredosagem de paracetamol, ingestão crônica de álcool e malnutrição,

ocorrerá um acúmulo de NAPQI, que irá se ligar covalentemente a

moléculas do hepatócito e gerar lesão (MUNNE, et al., 2003; LANCASTER

et al., 2015).

Numa ingestão aguda por paracetamol (primeiras 24 horas), o paciente

se encontrará assintomático ou com sintomas leves, como náuseas, vômitos,

mal-estar e epigastria e os exames laboratoriais de função hepática estarão

dentro dos níveis de normalidade. No segundo estágio (24 e 72 horas),

observa-se que o tempo de protrombina e as provas de função hepática

apresentam alterações com aumento das enzimas hepáticas, aspartato

aminotransferase (AST), alanina aminotransferase (ALT) (MUNNE, et al.,

2003). No terceiro estágio o paciente pode apresentar hepatomegalia,

icterícia, confusão mental, encefalopatia hepática, acidose metabólica,

síndrome hepato-renal, sendo possível detectar nos exames laboratoriais a

bilirrubinemia, hipoglicemia, valores de AST e ALT, 400 vezes acima do

valor normal, elevação da fosfatase alcalina e prolongamento no tempo de

protrombina (MUNNE, et al., 2003; ROLDÁN; LÓPEZ, 2012).

As concentrações plasmáticas terapêuticas de paracetamol são de 10 a

20 µg/mL em 4 horas. É considerado dano hepático mínimo ou ausente

quando se encontra 120 µg/mL em 4 horas ou 30 µg/mL em 12 horas. 300

µg/mL em 4 horas ou 45 µg/mL em 15 horas são concentrações tóxicas/letais

(TURINI, et al., 2005). Logo, a análise sérica de paracetamol irá confirmar o

diagnóstico de intoxicação e avaliar o risco de hepatotoxicidade por meio da

utilização do Nomograma de Rumack-Mathew, que relaciona as

concentrações plasmáticas de paracetamol, o tempo transcorrido desde a

ingestão desse fármaco e a probabilidade de dano hepático. Quando se

conhece o tempo transcorrido após a ingestão, os níveis plasmáticos de

paracetamol devem ser determinados quatro horas após o ocorrido. Quando

Artigo original

GUIMARÃES, Lívia Apolônio de Freitas; SOARES, Janete Eliza de Sá; CARVALHO,

Teresa Maria de Jesus Ponte. Determinação sérica de paracetamol por espectrofotometria e

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Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 08-25, jun. 2015.

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não se conhece a hora da ingestão do fármaco, deve-se realizar uma

determinação plasmática no momento de chegada à unidade de saúde e

outra, quatro horas depois (AGENCIA VALENCIANA DE SALUT, 2009). A

análise toxicológica realizada antes de 4 horas após a ingestão, só apresenta

valor diagnóstico, visto que não houve ainda a absorção completa e após 24

horas de ingestão, o fármaco já começa a ser metabolizado, podendo não ser

mais detectado por meios analíticos, comprometendo o resultado do método

(MUNNE, et al., 2003).

A N-acetilcisteína (NAC) é o antídoto específico nas intoxicações por

paracetamol e é recomendada quando os níveis de paracetamol estão acima

da linha de toxicidade no nomograma de Rumack-Matthew ou quando as

concentrações séricas desse fármaco não forem disponíveis. A NAC é

composta por uma molécula de aminoácido L-cisteína, que é necessária para

a produção de glutationa. Logo, ela é precursora da glutationa (GSH),

aumentando a síntese de GSH hepática. Outros dois mecanismos pelos quais

a NAC exerce sua função é como doadora de grupos sulfidrila (que substitui

a glutationa hepática), neutralizando o metabólito tóxico NAPQI e

aumentando a via metabólica de conjugação com sulfato, para produzir

metabólitos não tóxicos (MUNNE, et al., 2003; ARIPIN; CHOONARA,

2012).

Para a determinação quantitativa de paracetamol em plasma, são

utilizados métodos espectrofotométricos, os quais utilizam diversos

reagentes, como o fenol, o nitroprussiato de sódio e ferricianeto de potássio,

periodato de sódio e xilenol, o ácido bicinconínico e o sulfato cúprico, para a

formação de cromóforos (NOVOTNY; ELSER,1984; AFSHARI; LIU, 2001;

CHIOU et al., 2008; ZHAN et al., 2011). E, os métodos cromatográficos, por

Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE) acoplada a um detector

UV-visível (GOTELLI et al., 1977; CAMPANERO et al., 1999; ALTUN,

2002; JENSEN et al., 2004; DEVI et al., 2013; HELMY; EL-BEDAIWY,

Artigo original

GUIMARÃES, Lívia Apolônio de Freitas; SOARES, Janete Eliza de Sá; CARVALHO,

Teresa Maria de Jesus Ponte. Determinação sérica de paracetamol por espectrofotometria e

cromatografia líquida de alta eficiência. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco

Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 08-25, jun. 2015.

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2014) e por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência acoplada a

espectrômetro de massas (CELMA et al., 2000; ZHANG et al., 2008; LI et

al., 2010).

O trabalho teve por objetivo padronizar e validar métodos analíticos

para a quantificação sérica de paracetamol por espectrofotometria e

cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE).

MATERIAIS E MÉTODOS

A realização da análise quantitativa de paracetamol em plasma foi

realizada por espectrofotometria (SEBBEN et al.,2010) e por CLAE. As

análises foram realizadas no Laboratório de Toxicologia do Departamento de

Análises Clínicas e Toxicológicas da Universidade Federal do Ceará. O

método espectrofotométrico se baseia na reação do paracetamol da amostra

com nitrito de sódio, formando o 2,4-nitro-4-acetaminofenol, assumindo

coloração amarela em meio alcalino (após adição de NaOH), que pode ser

quantificada em espectrofotômetro no comprimento de onda de 430 nm. O

método cromatográfico por CLAE se baseia na separação utilizando-se fase

reversa, em modo isocrático utilizando-se uma mistura de Tampão

fosfato/Metanol/Acetonitrila e detector UV, em comprimento de onda de 240

nm.

Reagentes e soluções

Para o método espectrofotométrico: hidróxido de sódio e ácido

tricloroacético P.A. (VETEC), nitrito de sódio P.A. (DINÂMICA). Soluções:

NaOH 8M, Nitrito de Sódio 0,07M e ácido tricloroacético 3%. Para o método

cromatográfico: éter metil tert-butílico (VETEC®); Carbonato de Potássio e

Fosfato de Potássio Monobásico (KH2PO4) (VETEC®); Metanol e Acetonitrila

grau HPLC (TEDIA®). A fase móvel utilizada para CLAE foi: KH2PO4 (pH

4,9)/Metanol/Acetonitrila (88/09/03).

Artigo original

GUIMARÃES, Lívia Apolônio de Freitas; SOARES, Janete Eliza de Sá; CARVALHO,

Teresa Maria de Jesus Ponte. Determinação sérica de paracetamol por espectrofotometria e

cromatografia líquida de alta eficiência. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco

Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 08-25, jun. 2015.

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Equipamentos

Foram utilizados: balança analítica de precisão RK®-200, banho

ultrassom QUIMIS® modelo Q335D, Sistema MilliQ - ELGA®(resistividade

18,2 MΩ.cm), bomba a vácuo GAST®, banho-maria Edulab®,

espectrofotômetro Thermo scientific® modelo Genesys 10S UV-Vis e

Cromatografia Liquida de Alta Eficiência (CLAE) com sistema de

bombeamento, detector com arranjo de diodos (PDA) (Accela Thermo

Scientific®) e sistema de aquisição de dados ChromQuest 5.0, coluna

analítica ODS HYPERSIL C18 (150 x 2,1 mm – 5 µm) da Thermo Scientific®.

Curva de Calibração

Para a construção das curvas de calibração, foi preparada uma solução-

estoque de paracetamol 10 mg/mL e a partir desta as soluções de trabalho.

Para o método espectrofotométrico foram feitas as soluções de trabalho nas

concentrações de 0,2; 0,5; 1; 1,5; 2 e 3 mg/mL em metanol e em seguida, foi

retirado 50 µL destas soluções de trabalho e adicionadas a 500 µL de

plasma, obtendo-se concentrações de 20; 50; 100; 150; 200; 300 µg/mL de

plasma. Para o método cromatográfico foram feitas as soluções de trabalho

nas concentrações de 0,05; 0,2; 0,5; 1; 1,5 e 2 mg/mL em metanol e em

seguida, foi retirado 20 µL destas soluções de trabalho e adicionadas a 200

µL de plasma, obtendo-se concentrações de 5; 20; 50; 100; 150; 200 µg/mL de

plasma. As curvas foram feitas em triplicata para os dois métodos.

Procedimento de Análise

Para o método espectrofotométrico a 500 µL de plasma foi adicionado 5

mL de TCA 3 %, que após centrifugação (10 minutos), foram retirados 2 mL

do sobrenadante, adicionando-se, 5 mL de nitrito de sódio 0,07 M. Deixou-se

em banho-maria por 10 minutos a 37° C e adicionou-se 100 µL de hidróxido

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Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 08-25, jun. 2015.

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de Sódio 8 M. Após a temperatura ambiente ser atingida, as amostras foram

lidas em espectrofotômetro no comprimento de onda de 430 nm.

Para o método cromatográfico a 200 µL de plasma foi adicionado 100

µL de K2CO3 (0,1 %) e 3 mL de éter metil tert butílico, agitado por 10

minutos e centrifugado por 10 minutos. Foram retirados 2 mL do

sobrenadante e evaporado em concentrador rotacional a 50º C por 40

minutos. O resíduo foi ressuspenso em 100 µL de metanol e 10 µL injetado

no CLAE, fase móvel utilizada foi: KH2PO4 (pH 4,9)/Metanol/Acetonitrila

(88/09/03), coluna analítica ODS HYPERSIL C18, em fluxo de 1 mL/min e

comprimento de onda de 240 nm.

Quantificação do paracetamol

A média das absorbâncias para o método espectrofotométrico e as áreas

para o método por CLAE foi utilizada para o cálculo da concentração de

paracetamol nas amostras, com base na equação da reta gerada após a

construção das curvas de calibração para cada método utilizando o software

Microsoft Office Excel 2010®.

Validação

Para garantir que os métodos utilizados sejam apropriados para a

finalidade pretendida fornecendo dados confiáveis, eles passaram por

processos de validação conduzida com base na RDC n° 27 de 17 de maio de

2012, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (BRASIL, 2012). Para

isso, os seguintes parâmetros foram avaliados: linearidade, precisão,

exatidão, limite quantificação e curva de calibração. Para a determinação da

linearidade para o método espectrofotométrico foram preparadas soluções

padrão em seis concentrações distintas: 20, 50, 100, 150, 200 e 300 µg/mL de

plasma e para o método por CLAE foram preparadas soluções de 5; 20; 50;

100; 150; 200 µg/mL de plasma.

O Limite de quantificação avaliou a menor concentração do analito que

pôde ser quantificada com precisão e exatidão aceitáveis. Para a

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determinação da Precisão e Exatidão, foram realizados testes em um mesmo

ensaio analítico (intra-ensaio) e em três em ensaios distintos (inter-ensaio).

Cada ensaio foi feito em cinco replicatas, contendo as concentrações baixa,

média e alta. Para o método espectrofotométrico, foram utilizadas as

concentrações de 50, 150 e 250 µg/mL e para o método por CLAE as

concentrações de 10, 80 e 150 µg/mL como as concentrações baixa, média e

alta, respectivamente. Calculando-se o Coeficiente de Variação (CV %) para

o cálculo da precisão e o erro padrão relativo (EPR) para o cálculo da

exatidão, não sendo admitidos valores de coeficiente de variação inferiores a

15% (BRASIL, 2012).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O presente estudo padronizou e validou duas metodologias, uma

espectrofotométrica tomando como base um trabalho desenvolvido por

Sebben et al. (2010), com um tempo total de análise de 30 minutos e um

método cromatográfico por CLAE com um tempo total de análise foi em

torno de 60 minutos, cujo tempo de retenção para o paracetamol foi 0,9

minutos (Figura 1), sem nenhuma interferência de picos de substâncias

endógenas do plasma, sugerindo seletividade excelente.

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Figura 1. Cromatograma do Paracetamol por CLAE. Fase Móvel: KH2PO4 (pH

4,9)/Metanol/Acetonitrila (88/09/03), coluna C18, fluxo1 mL/min e 240 nm

Curva de Calibração

Pelo método espectrofotométrico, a média das curvas de calibração,

utilizando as concentrações de 20, 50, 100, 150, 200 e 300 µg/mL de plasma,

apresentou coeficiente de correlação (R2) igual a 0,9965, coeficiente linear

igual a 0,0103 e coeficiente angular igual a 0,0007.

Para o método por CLAE, a média das curvas de calibração, utilizando

as concentrações de 5, 10, 20, 50, 100, 150 e 200 µg/mL de plasma,

apresentou coeficiente de correlação (R2) igual a 0,9918, coeficiente linear

igual a 471960 e coeficiente angular igual a 112716, cuja recuperação foi em

média de 95 %, realizada comparando-se a área do extraído com a área do

adicionado.

Os resultados obtidos demonstraram que há linearidade nos dois casos.

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Validação

Limite de quantificação

Para o método espectrofotométrico, ficou estabelecido 20 µg/mL como o

valor de Limite de Quantificação para o paracetamol, com valores de

precisão e exatidão de 2,96 e 19,8 %, respectivamente.

Por CLAE, o Limite de Quantificação foi de 5 µg/mL com valores de

precisão e exatidão de 2,95 e 10,98 %, respectivamente. Os métodos

mostraram que o paracetamol pode ser quantificado adequadamente, de

forma exata e precisa, uma vez que a ANVISA preconiza os valores de

precisão e exatidão para o limite deve ser de até 20 %.

Exatidão e Precisão

Os resultados de precisão e exatidão nos dois métodos estão

apresentados na Tabela 1 e foram realizados de acordo com a metodologia

pré-determinadas e com base na RDC n° 27 de 17 de maio de 2012 da

ANVISA.

Os métodos analisados para a determinação quantitativa de

paracetamol apresentaram precisão e exatidão comprovadas e os resultados

obtidos se encontraram dentro do intervalo de referência (± 15 %) e os

coeficientes de correlação obtidos nos dois métodos foram bem próximos da

unidade, logo, as absorbâncias e áreas geradas foram diretamente

proporcionais à concentração de paracetamol na matriz.

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Tabela 1- Análise de precisão e exatidão intra-ensaio e inter-ensaio do método quantitativo

de paracetamol por espectrofotometria e por CLAE.

Concentração

ug/mL

Intra-ensaio (n=5) Inter-ensaio (n=15)

Precisão

(CV%)

Exatidão

(EPR%)

Precisão

(CV%)

Exatidão

(EPR%)

Método Espectrofotométrico

50 9,72 14,60 10,90 14,85

150 1,64 -4,10 6,24 -2,24

250 1,55 -3,56 4,80 1,96

Método Cromatográfico (CLAE)

10 6,10 -10,88 7,96 -9,46

80 7,84 8,20 7,36 10,66

150 2,89 0,13 4,72 -2,43

Deve-se ressaltar também que os níveis terapêuticos desse fármaco se

encontram na faixa de 10 – 30 µg/mL, e os níveis tóxicos acima de 200

µg/mL e os valores de concentrações plasmáticas de paracetamol vão de 5 a

200 µg/mL para a avaliação de hepatotoxicidade, utilizando-se o

Nomograma de Rumack-Mathew, o qual leva em conta o tempo transcorrido

em vinte quatros horas desde a ingestão do fármaco, logo o método por

CLAE apresentou uma sensibilidade mais adequada para a avaliação do

dano hepático, através do Nomograma de Rumack-Matthew, extremamente

importante no direcionamento do tratamento do paciente, apesar de levar a

um maior tempo de análise, principalmente no que diz respeito ao

tratamento da amostra.

CONCLUSÃO

O exame fundamental para confirmar o diagnóstico e avaliar o risco de

hepatotoxicidade é a análise sérica de paracetamol. Logo, a padronização e a

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validação das metodologias analíticas demonstraram-se apropriadas para as

finalidades pretendidas.

A espectrofotometria é uma metodologia simples, que envolve poucas

etapas de preparação de amostras e reagentes, minimizando os problemas

com interferentes e possíveis perdas do analito em estudo, pouco

dispendiosa e de rápida execução, no entanto, possui sensibilidade limitada

quando comparado ao método por CLAE, o qual é mais adequado,

principalmente quando se quer avaliar o dano hepático, através do

Nomograma, visto que é de extrema importância no direcionamento do

tratamento do paciente.

Agradecimentos a FUNCAP – Fundação Cearense de Apoio ao

Desenvolvimento Científico e Tecnológico.

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UCHOA, Francisco Nataniel Macedo; SANTOS, Ariane Teixeira dos; MOREIRA, Marta da

Rocha; DANIELE, Thiago Medeiros da Costa; FOSCHETTI, Danielle Abreu; ROCHA,

Maria Tatiana de Lima; SANTOS, Gilberto Cerqueira dos. Avaliação da sanitização de

hortaliças em uma unidade de alimentação e nutrição em Fortaleza - Ceará. Revista

Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 26-

37, jun. 2015.

26

Avaliação da sanitização de hortaliças

em uma unidade de alimentação e

nutrição em Fortaleza - Ceará

Francisco Nataniel Macedo Uchoa

Docente da Faculdade Integrada da Grande Fortaleza. Mestrando em

Ciências do desporto pela Universidade Trás dos Montes e Alto Douro –

UTAD, Portugal.

Email: [email protected]

Endereço para correspondência: Rua Luís Vieira, Casa 596. Vila Peri,

Fortaleza/CE. CEP: 60730-230

Ariane Teixeira dos Santos

Acadêmica do Curso de Nutrição. Campus Via Corpus, Centro

Universitário Estácio FIC.

E- mail: [email protected]

Marta da Rocha Moreira

Docente do Centro Universitário Estácio FIC. Graduada em Nutrição e

mestre em Ciências Fisiológicas

E-mail: [email protected]

Thiago Medeiros da Costa Daniele

Graduado em Educação Física, mestre em Ciências Médicas e

doutorando em Ciências Médicas da Universidade Federal do Ceará.

E-mail: [email protected]

Danielle Abreu Foschetti

Doutora em Farmacologia. Departamento de Biomedicina. Campus

Porangabuçu, Universidade Federal do Ceará.

E-mail: [email protected]

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Rocha; DANIELE, Thiago Medeiros da Costa; FOSCHETTI, Danielle Abreu; ROCHA,

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hortaliças em uma unidade de alimentação e nutrição em Fortaleza - Ceará. Revista

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37, jun. 2015.

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Maria Tatiana de Lima Rocha

Docente da Faculdade Integrada da Grande Fortaleza. Mestranda em

Ciências do Esporte pela Universidade Trás dos Montes e Alto Douro –

UTAD, Portugal.

E-mail: [email protected]

Gilberto Santos Cerqueira

Docente Adjunto. Departamento de Nutrição. Campus Senador Helvídio

Nunes de Barros, Universidade Federal do Piauí.

E-mail: [email protected]

RESUMO

O manuseio e preparo correto de frutas e verduras são crucias para a

redução da carga microbiana, saúde do consumidor e diminuir a incidência

de doenças transmitidas por alimentos. Para isso, deve-se realizar

corretamente a higienização e sanitização dos frutos e hortaliças e dos

equipamentos e utensílios, seguindo o modo de uso indicado pelo fabricante

do produto sanitizante. Dessa forma, este trabalho deve como objetivo

verificar o tempo de exposição das hortaliças em uma solução sanitizante

assim como a concentração da determinada concentração. Para isso foi

analisado durante 10 dias o tempo de imesão das hortaliças (alface e

repolho) no qual foi cronometrado o seu tempo de imersão e por meio de fita

com graduação de 10 ppm a 200 ppm foi verificado a concentração ultilizada

na unidade de alimentação. Os resultados com relação ao tempo de imersão

não foram obdecidos conforme o produto informa e junto a ABERC

(Associação Brasileira das empresas de refeições coletivas), já com relação à

concentração de sanitizante os resultados não foram satisfatorios, onde os

valores encontradados foram de 100 ppm e superiores a 200 ppm. Portanto,

é possível concluir que os resultados encontrados no presente estudo

referentes ao tempo de sanitização não estão de acordo com a recomendação

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Rocha; DANIELE, Thiago Medeiros da Costa; FOSCHETTI, Danielle Abreu; ROCHA,

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hortaliças em uma unidade de alimentação e nutrição em Fortaleza - Ceará. Revista

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37, jun. 2015.

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do fabricante e da ABERC e a solução de hipoclorito de sódio utilizada para

a sanitização estava com valores acima do permitido, podendo ocorrer

alteração sensorial no produto. Tomando como base os indicadores do

fabricante, o tempo de exposição das hortaliças ao produto foi superior ao

permitido, com isso podendo haver alguma alteração sensorial, mais não foi

aplicado nenhum questionário para verificação da qualidade sensorial do

alimento. A solução de hipoclorito de sódio utilizada para a sanitização

estava com valores acima do permitido pelo fabricante, podendo ocorrer

algum alteração sensorial no produto.

Palavras-chave: Unidade de alimentação, Sanitizantes, Hortaliças.

RESÚMEN

La correcta manipulación y preparación de frutas y verduras es

fundamental para reducir la carga microbiana, la salud de los consumidores

y reducir la incidencia de enfermedades transmitidas por alimentos. Para

eso, debe realizar correctamente la limpieza y desinfección de frutas y

verduras y los equipos y utensilios, siguiendo las instrucciones de uso

especificada por el fabricante del producto desinfectante. Por lo tanto, este

trabajo tiene como objetivo comprobar el tiempo de exposición de verduras

en una solución desinfectante y la concentración de cierta concentración.

Para esto, fue analizado durante 10 días el tempo de inmersión de verduras

(lechuga y repollo), en la cual su tiempo fue cronometrado y a través de la

cinta con graduación de 10 ppm a 200 ppm se encontró la concentración

utilizada en la unidad de alimentación. Los resultados del tiempo de

inmersión no fueron de acordó con la recomendación del producto y por la

Aberc (Asociación Brasileña de las empresas de catering), ya en la

concentración de desinfectante los resultados no fueron satisfactorios, donde

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Rocha; DANIELE, Thiago Medeiros da Costa; FOSCHETTI, Danielle Abreu; ROCHA,

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37, jun. 2015.

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los valores encontrados fueron de 100 y mayor que 200 ppm. Sobre la base

de los indicadores del fabricante, el tiempo de exposición de verduras al

producto era mayor de lo permitido, por lo tanto, puede haber algún cambio

sensorial. La solución de hipoclorito de sodio utilizado para el saneamiento

era con valores por encima de los permitidos por el fabricante y puede haber

algún cambio sensorial en el producto.

Palabras clave: Unidad de alimentación, desinfectantes, verduras.

INTRODUÇÃO

Unidades de Alimentação e Nutrição (UAN) são locais voltados para

preparação e fornecimento de refeições equilibradas em nutrientes, seguindo

o perfil da clientela1. As UAN são unidades do setor de alimentação

coletiva2, que desempenha atividades relacionadas à alimentação e à

nutrição equilibrada com bom padrão higiênico-sanitário3, recuperando e

mantendo a saúde dos comensais e auxiliando no desenvolvimento de

hábitos alimentares saudáveis1, 4. Estão situadas em empresas, escolas,

universidades, hospitais, asilos, orfanatos, dentre outras instituições1.

Nas UAN, pode acontecer transferência de microrganismos aos

comensais, via alimentação, vindo de várias fontes, além do próprio

alimento, especialmente por aqueles que não passaram por tratamento

térmico ou não o receberam corretamente. Os trabalhadores destas

Unidades podem transferir microrganismos ao comensal, pelo fato de

estarem infectados e contaminar o alimento pelo uso de técnicas de

processamento inadequadas, causando assim, uma toxinfecção alimentar5.

As frutas e hortaliças podem estar associadas à toxinfecções

alimentares e a doenças transmitidas por alimentos (DTA), pois são

potenciais veiculadores de microrganismos. Várias são as causas para

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UCHOA, Francisco Nataniel Macedo; SANTOS, Ariane Teixeira dos; MOREIRA, Marta da

Rocha; DANIELE, Thiago Medeiros da Costa; FOSCHETTI, Danielle Abreu; ROCHA,

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hortaliças em uma unidade de alimentação e nutrição em Fortaleza - Ceará. Revista

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37, jun. 2015.

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presença de elevada carga microbiana nesse tipo de produto, dentre elas

estão às técnicas de cultivo como o uso de adubo orgânico e a utilização de

águas contaminadas para irrigação, armazenamento, transporte feito em

engradados aberto, as condições de higiene no manuseio, preparo das

refeições, principalmente quando tais alimentos são consumidos crus e a

distribuição para consumo6.

A manipulação e o preparo correto de frutas e hortaliças são cruciais

para o consumo humano, para diminuir a carga microbiana nestes tipos de

produtos além de reduzir a incidência de doenças transmitidas pelos

alimentos. Para isso, deve-se utilizar água de boa qualidade, realizar

corretamente a higienização e sanitização dos frutos e hortaliças e dos

equipamentos e utensílios, com intuito de prevenir contaminação cruzada e

aumentar a segurança microbiológica dos alimentos 7,8.

O processo de sanitização de um alimento visa reduzir a carga

microbiana a valores bem reduzidos e compatíveis com a aquisição de

produtos em condições higiênico-sanitárias adequadas, sem alterar a

qualidade ou segurança do produto para o consumidor9. Os sanitizantes são

agentes, geralmente químicos, que retiram formas vegetais, mas não

obrigatoriamente as formas esporuladas de microrganismos patogênicos10.

Vários são os sanitizantes usados na indústria de alimentos, como:

compostos à base de cloro, iodo, peróxido de hidrogênio, ácido peracético e

quaternário de amônio, e devem ser aprovados através de testes

laboratoriais, nas condições recomendadas pelos fabricantes11.

A tecnologia de lavagem convencional tem o objetivo de retirar os

produtos como grãos de terra, pedras e insetos procedentes do solo

encontrado em hortaliças depois da colheita e não de eliminar

microrganismos12. Os métodos de sanitização comumente envolvem a

aplicação de água, para retirar os produtos químicos, tratamento mecânico

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37, jun. 2015.

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com utilização de escovas ou pulverizadores, seguido de enxague, sendo que

nesta etapa pode ser incluído um tratamento sanitizante9. É importante que

a água usada seja limpa para não ser veículo de contaminação do alimento9,

13, além do mais, a eficiência do método utilizado é normalmente do tipo de

tratamento, tipo e fisiologia do microrganismo, característica da superfície

do alimento como rachaduras, fendas e textura, tempo de exposição e

concentração do sanitizante, também como pH e temperatura. Cuidado com

a concentração de sanitizante, pois pode ter impacto sensorial inaceitável no

alimento9.

A utilização de desinfetantes nos alimentos pode não retirar de forma

completa microrganismos patogênicos14, assim nessa fase é importante à

escolha do sanitizante, porque além de eficaz não pode ser tóxico. Na

atualidade, um sanitizante aceito pela legislação é o cloro e em outros países

usam em maior frequência agentes como vinagre, ácido peracético, que

conquistaram aceitação no mercado mundial, por razão de serem eficazes

quanto o cloro15. Os agentes clorados ainda são mais utilizados, por ser de

baixo custo e fácil uso. Germicidas de grande ação, os compostos clorados

reagem com as proteínas das células microbianas favorecendo perda de

componentes celulares8.

É de grande importância a escolha do sanitizante e o controle do pH da

solução é essencial na operação. As recomendações de sanitização de frutas e

hortaliças quanto à concentração, pH e tempo de exposição ao cloro são entre

50-200mg/L, pH 5 a 7, 3 a 20 minutos respectivamente, de exposição do

produto ao sanitizante16. Concentrações maiores podem ser a causa de

descoloração em alguns produtos, além disso, pode ocorrer a corrosão de

equipamentos8. Valores de pH entre 6 e 7,5 são usados para evitar a

corrosão de equipamentos e devido à aceitabilidade sensorial do alimento9.

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Visando um melhor controle da sanitização. O presente estudo tem

como objetivo avaliar e analisar o processo de sanitização em hortaliças

(alface e repolho) e verificar o tempo de sanitização e a quantidade de

sanitizante administrado em uma Unidade de Alimentação e Nutrição em

Fortaleza-CE.

MATERIAIS E MÉTODOS

Foi realizado durante, 10 dias do mês de outubro, uma avaliação sobre

a quantidade e tempo da solução utilizada para a sanitização de alface

(Lactuca Sativa) e repolho (Brassica Oleracea), tendo como padrão a solução

de hipoclorito de sódio (NaOCl). As amostras foram adquiridas diretamente

da “CEASA” (Centro Estadual de Abastecimento S/A), o qual foi escolhido

em condições aparentemente adequadas.

As amostras avaliadas foram as mesmas utilizadas para a alimentação.

Na sequência, as folhas foram imersas em solução de hipoclorito de sódio, na

qual o fabricante indicava uma quantidade de 100 ppm por 10 a 15 minutos.

Por meio de um cronometro foi cronometrado o tempo de utilização da

solução logo após a imersão do alimenta na solução e como termino logo após

o alimento ser retirado da solução. A marca da solução utilizada

apresentava registro na ANVISA e estava no prazo de validade. Para o teste

da solução, foi utilizado uma fita com graduação de 10 ppm a 200 ppm, o

qual 100 ppm seria concentração adequada. A análise foi feita pré– imersão

e pós- imersão.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados obtidos com relação ao tempo de exposição estão nas

Figuras 1 e 2 e o resultado da concentração de sanitizante utilizado nas

hortaliças está na Tabela 1.

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Figura 1. Tempo de imersão em minutos de cinco amostras de hortaliças na solução

sanificante em uma unidade de alimentação coletiva.

Figura 2. Tempo de imersão em minutos de cinco amostras de hortaliças na solução

sanificante em uma unidade de alimentação coletiva.

As Figuras 1 e 2 apresentam o tempo de imersão da hortaliça na

solução hipoclorada, onde é possível ver que as todas as amostram não

obedeceram a recomendação que, segundo a ABERC (Associação Brasileira

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37, jun. 2015.

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das empresas de Refeições Coletivas), o tempo de contato da solução com

alimentos deve ser de no mínimo 15 minutos17.

Em outro estudo citado por Oliveira apud Nascimento et al., (2002) a

solução de hipoclorito teve o melhor resultado como sanitizante, em um

tempo de 10 minutos na redução de coliformes totais 19.

Tabela 1. Concentração de hipoclorito em ppm das 10 (dez) amostras de analisadas.

Data Concentração Pre-sanitização (ppm) Concentração Pós-sanitização (ppm)

Amostra 1 100 100

Amostra 2 200 + 200 +

Amostra 3 200 + 200 +

Amostra 4 200 + 200 +

Amostra 5 200 + 200 +

Amostra 6 200 + 200 +

Amostra 7 200 + 200 +

Amostra 8 200 + 200 +

Amostra 9 200 + 200 +

Amostra 10 200 + 200 +

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37, jun. 2015.

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A Tabela 1 mostra os valores de concentração encontrados nas

hortaliças, onde os valores mínimos encontrados foram de 100 ppm e acima

de 200 ppm. Em um estudo feito por Santo (2012) o uso de da solução

clorada a 200 ppm foi capaz de reduzir ate dois ciclos logarítmicos nas

amostras imersas, e que o tempo de 45 minutos foi ineficaz quando

comparado a 15 minutos18.

Os dados informam que a utilização de altas concentrações não

acarreta em uma maior redução de microrganismo assim como grandes

períodos de exposição ao produto.

CONCLUSÃO

De acordo com os resultados encontrados no presente estudo podemos

concluir que os que o tempo de sanitização das hortaliças não está de acordo

com o tempo mínimo ideal recomendado pelo fabricante e pela ABERC.

Tomando como base os indicadores do fabricante, o tempo de exposição das

hortaliças ao produto foi superior ao permitido, com isso podendo haver

alguma alteração sensorial, mais não foi aplicado nenhum questionário para

verificação da qualidade sensorial do alimento. A solução de hipoclorito de

sódio utilizada para a sanitização estava com valores acima do permitido

pelo fabricante, podendo ocorrer alguma alteração sensorial no produto.

É importante atentar aos cuidados, desde a seleção do fornecedor,

produção até a mesa do consumidor e que sejam realizados com qualidade e

segurança. Os Procedimentos operacionais padronizados com uma

higienização adequada junto à sanitização certificam uma boa qualidade do

produto e redução do custo de produção da UAN, assim oferecendo o melhor

para o consumidor.

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FLYNN, Maurea Nicoletti; LOURO, Monica Ponz; MENDES, Mariana Saran Pimentel;

GONZALEZ, Rodrigo Castellari. Relações Ecológicas entre fauna e flora das áreas de

preservação permanente (APP) do Médio e Alto Tiete. Revista Intertox-EcoAdvisor de

Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 38-93, jun. 2015.

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Relações Ecológicas entre fauna e flora das

áreas de preservação permanente (APP) do

Médio e Alto Tiete

Maurea Nicoletti Flynn

Faculdade de Tecnologia da Universidade Estadual de Campinas – FT

UNICAMP.

Monica Ponz Louro

Universidade Presbiteriana Mackenzie.

Mariana Saran Pimentel Mendes

Universidade Presbiteriana Mackenzie.

Rodrigo Castellari Gonzalez

Universidade Presbiteriana Mackenzie.

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Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 38-93, jun. 2015.

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RESUMO

O presente trabalho busca fazer um diagnóstico da flora, e da fauna,

incluído peixes, das áreas de preservação permanente (APP) do Médio e Alto

Tiete, desde Barra Bonita até São Paulo, através do levantamento de dados

secundários para o estabelecimento das relações ecológicas entre os

componentes da biota. O levantamento de dados foi realizado por consulta

bibliográfica que privilegiou o levantamento de informações em coleções

zoológicas institucionais do Museu de Zoologia da Universidade de São

Paulo e Instituto Butantan, literatura acadêmica em instituições científicas,

bem como literatura técnica especializada depositada na CETESB. As

pesquisas bibliográficas cobrem especificamente a Área de Preservação

Permanente (APP) do rio Tietê nos municípios que compõem as Unidades de

Gerenciamento de Recursos Hídricos (UGRHIs) 06 e 10, respectivamente

Alto Tietê e Médio Tietê. As UGRHIs consideradas, todas classificadas como

industriais, mostraram um preocupante estado de degradação dos

ecossistemas aquáticos e terrestres circundantes. A ação do homem nas

regiões consideradas, induziu a alterações nas formações vegetais levando à

fragmentação de trechos que se encontram em diversos estágios de

desenvolvimento. No grupo de vertebrados terrestres, os anfíbios podem ser

utilizados para o biomonitoramento por serem abundantes, de fácil coleta,

por apresentarem grande número de espécies e apresentarem respostas

diversas a substâncias e alterações ambientais. Alguns grupos encontrados

como as famílias Hilydae e Bufonidae são compostos por espécies resistentes

que sobrevivem em ambientes modificados e espécies extremamente

sensíveis, em que o oposto ocorre. A diversidade ambiental de aves nas

UGRHIs consideradas é alta. Com relação ao grau de sensibilidade das

espécies às mudanças ambientais, poucas espécies apresentam alta

suscetibilidade enquanto a maior parte apresenta baixa sensibilidade às

modificações. A diversidade de mamíferos é baixa e com elevada ocorrência

de espécies em risco, que representam 40% do total de registros.

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Considerando os invertebrados terrestres, o grupo Araneae, encontrado nas

três UGRHIs avaliadas, compreendendo basicamente as aranhas, é muito

utilizado em programas de conservação. Com relação às ictiofauna oito

espécies/gêneros de peixes tipicamente endêmicos / nativos da ictiofauna

neotropical de água doce, foram registrados ao longo de todas as áreas

estudadas.

Palavras chave: Fragmentos florestais, Fauna, APA Rio Tiete.

ABSTRACT

This paper seeks to make a diagnosis of flora and fauna, including fish, in

areas of permanent preservation (APP) of the middle and upper Tiete River,

from Barra Bonita to São Paulo, through secondary data collection for the

establishment of ecological relationship among the components of the

biota. Data collection was conducted by bibliographic query that privileged

information found in zoological collections of the Museum of Zoology of São

Paulo University and Instituto Butantan, acadamic literature in scientific

institutions, as well as specialized literature deposited on CETESB. The

bibliographical research covering specifically the Permanent Preservation

Area (APP) of the Tietê River in the municipalities that make up the water

resources management Units (UGRHIs) 06 and 10, respectively Alto Tietê

and Medio Tietê. The UGRHIs considered, all classified as industrial,

showed a worrying state of degradation of aquatic ecosystems and

surrounding land. The action of man in the region considered induced

changes in plant formations leading to fragmentation in various stages of

development. Among the terrestrial vertebrates, amphibians can be utilized

for the biomonitoring for being abundant, easy to collect, for presenting a

large number of species and submit responses several substances and

environmental changes. Some groups found as Hilydae and Bufonidae

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families are composed in one hand by resistent species that survive in

modified environments and, in other, by extremely sensitive species, in

which the opposite occurs. The environmental diversity of birds in UGRHIs

considered is high. With respect to the degree of sensitivity of the species to

environmental changes, few species have high susceptibility while most

presents low sensitivity to changes. The diversity of mammals is low, with

high occurrence of species at risk, representing 40% of the total number of

records. Whereas the terrestrial invertebrates Araneae, found in three

UGRHIs evaluated, including the spiders, is widely used in conservation

programs. With respect to fishes, eight species/genera of Ichthyofauna

typically native Neotropical freshwater were recorded throughout the

studied areas.

Keywords: Forest fragments, Fauna, APA Rio Tiete.

INTRODUÇÃO

As interferências nas florestas nativas, geradoras dos fragmentos

antrópicos, são causados por impactos tais como: caça, exploração,

agropecuária, queimadas, extração vegetal, lazer, urbanização, implantação

de infraestruturas de transporte, energia e saneamento. Os diferentes

estágios de fragmentação são decorrentes dos diversos padrões de

desenvolvimento social e econômico (FISZON et al. 2005), e acontecem de

forma abrupta, sendo o efeito de borda, uma das consequências desta

fragmentação.

O efeito de borda trata da influência que os fragmentos vegetacionais

sofrem por parte de habitats alterados que foram criados ao seu redor, e

sinalizam alterações abióticas, com mudanças microclimáticas, assim como

bióticas direta com mudanças na distribuição e abundância das espécies ou

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bióticas indireta, com alterações nas interações entre os organismos

(CERQUEIRA et al 2005). Quanto maior for o contraste entre a estrutura

dos fragmentos e a da matriz circundante, maior será a intensidade dos

efeitos de borda e da matriz, tanto sobre a flora como sobre a fauna (COLLI

et al. 2005).

A fragmentação de habitat tem conseqüências na estrutura e nos

processos das comunidades. Além da perda de área original do habitat,

também há extinções locais e alterações na composição e abundância de

espécies, levando à alteração ou até perda de processos naturais. Dentre

esses, podemos citar modificações na polinização, na dispersão de sementes

por animais, nas relações de herbivoria e predação, que podem colocar em

risco a manutenção de espécies vegetais nos fragmentos (SCARIOT et al.

2005).

O presente trabalho busca fazer um diagnóstico da flora, e da fauna

terrestre, das áreas de preservação permanente (APP) do Médio e Alto Tiete,

desde Barra Bonita até São Paulo, através do levantamento de dados

secundários, tendo como objetivos: a descrição da cobertura vegetal, com

identificação das fitofisionomias nos diferentes extratos vegetais; a descrição

da fauna de vertebrados terrestres incluindo considerações acerca do estado

de conservação da comunidade; as relações entre flora e fauna; e a indicação

de espécies em risco.

METODOLOGIA

O levantamento de dados foi realizado por consulta bibliográfica que

privilegiou o levantamento de informações em coleções zoológicas

institucionais do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo e

Instituto Butantan, literatura acadêmica em instituições científicas, bem

como literatura técnica especializada depositada na CETESB. As pesquisas

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bibliográficas cobrem especificamente a Área de Preservação Permanente

(APP) do rio Tietê nos municípios que compõem as Unidades de

Gerenciamento de Recursos Hídricos (UGRHIs) 06 e 10, respectivamente

Alto Tietê e Médio Tietê.

O levantamento bibliográfico cobriu publicações realizadas no período

entre 1997 e 2009, relativas aos temas: cobertura vegetal e vertebrados

terrestres.

Para a determinação do grau de vulnerabilidadae das espécies

levantadas, utilizaram-se listas em âmbito federal, que foram para a fauna

a Portaria IBAMA nº 1.522, 1989 e Anexos I e II da Instrução Normativa nº

5, de 21 de maio de 2004 do Ministério do Meio Ambiente. E para a flora foi

a Instrução Normativa nº 6, de 23 de setembro de 2008.

Com base nas publicações consultadas, foram elaboradas planilhas

completas de dados. As informações obtidas foram interpretadas em termos

de composição faunística, biodiversidade, inter-relações entre os

compartimentos bióticos, permitindo a caracterização de elos frágeis e

espécies em risco.

Os dados relacionados à Biota terrestre estão agrupados por UGRHIs

contemplando respectivamente os municípios da Região Metropolitana de

São Paulo (UGRHI 06) e Anhembi, Barra Bonita, Bofete, Botucatu, Conchas,

Dois Córregos, Igaraçu do Tietê, Laranjal Paulista, Mineiros do Tietê,

Pereiras, Piracicaba, Porangaba, Saltinho, São Manuel, Tietê, Torre de

Pedra, Boituva, Cerquilho, Jumirim, Porto Feliz, Rio das Pedras, Sorocaba,

Tietê, Araçariguama, Cabreúva, Cajamar, Elias Fausto, Indaiatuba, Itapevi,

Itu, Jundiaí, Mairinque, Pirapora do Bom Jesus, Salto, Santana de

Parnaíba e São Roque (UGRHI 10).

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RESULTADOS

1. Cobertura vegetal

A região apresenta áreas urbanizadas densamente ocupadas,

cobertura vegetal fortemente alterada por ações antrópicas, encontrando-se

reduzidas e descaracterizadas em suas composições florísticas originais. As

áreas ocupadas por cobertura vegetal antrópica predominam de forma

significativa sobre as naturais. As coberturas vegetais levantadas são

descritas a seguir:

1.1 Floresta Ombrófila Densa

Este tipo de vegetação, fisionomia constituinte do Domínio

Vegetacional da Mata Atlântica, como é mais conhecida, está presente tanto

na região litorânea quanto nos planaltos e serras do interior, ao longo de

toda a costa brasileira, sendo que sua largura varia entre pequenas faixas e

grandes extensões. Esta fitofisionomia é caracterizada por apresentar

camadas de vegetação claramente definidas e formações diferenciadas em

relação à altitude em: Floresta Ombrófila Densa Alto-Montana, Floresta

Ombrófila Densa Montana, Floresta Ombrófila Densa Submontana e

Floresta Ombrófila Densa das Terras Baixas. O tronco das árvores,

normalmente liso, só se ramifica bem no alto para formar a copa. As copas

das árvores mais altas tocam-se umas nas outras, formando uma massa de

folhas e galhos que restringe a passagem do sol, denominada dossel, e

chegam a atingir de 30 m, 35 m e até 60 metros de altura. No extrato mais

inferior, nascem e crescem arbustos e pequenas árvores, que são os bambus,

as samambaias gigantes, líquens que toleram menos luz, formando os

chamados sub-bosques. Tanto nas árvores mais altas como nas mais baixas

encontram-se várias outras espécies escandentes ou epífitas, como diversos

tipo de cipós, bromélias e orquídeas. O solo é coberto e protegido pelas

forrações provenientes das folhas e outros vegetais que caem das árvores ao

longo do ano, servindo de alimento para muitos insetos, entre outros

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FLYNN, Maurea Nicoletti; LOURO, Monica Ponz; MENDES, Mariana Saran Pimentel;

GONZALEZ, Rodrigo Castellari. Relações Ecológicas entre fauna e flora das áreas de

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animais e principalmente aos fungos, que são os principais responsáveis

pelo processo de decomposição e reciclagem, sobretudo da matéria orgânica,

da floresta. A característica ombrotérmica desta floresta está presa a fatores

climáticos tropicais de elevadas temperaturas (médias de 25 °C) e de alta

precipitação, bem distribuídas durante o ano (de 0 a 60 dias secos), o que

determina uma situação de ausência de período seco pronunciado. A

Floresta Ombrófila Densa é predominante na sub-bacia do Médio Tietê

Superior e Alto Tietê (Figura 1), estendendo-se da Serra do Japi, Serra de

São Roque, Serra de São Francisco até a Serra de Paranapiacaba (SOS

MATA ATLÂNTICA 2004).

Figura 1. Mapa da cobertura vegetal de Floresta Ombrófila Densa Primária do Estado de

São Paulo.

Fonte: SINBIOTA/FAPESP, 2009.

Biota - Floresta Ombrófila Densa Alto-Montana

Biota - Floresta Ombrófila Densa Montana

Biota - Floresta Ombrófila Densa Submontana

Biota - Floresta Ombrófila Densa das Terras Baixas

As áreas com vegetação secundária caracterizam-se por diversidade

de espécies baixa e homogeneidade fisionômica em cada estágio sucessional

(Figura 2). É comum encontrarem-se espécies dominantes em cada sere, que

lhe confere o aspecto homogêneo.

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Figura 2. Mapa da cobertura vegetal de Floresta Ombrófila Densa Secundária do

Estado de São Paulo.

Fonte: SINBIOTA/FAPESP, 2009.

Biota - Vegetação Secundária da Floresta Ombrófila Densa Alto-Montana

Biota - Vegetação Secundária da Floresta Ombrófila Densa Montana

Biota - Vegetação Secundária da Floresta Ombrófila Densa Submontana

Biota - Vegetação Secundária da Floresta Ombrófila Densa das Terras

Baixas

As Florestas Ombrófila Densas ocorrem nas duas UGRHIs

consideradas, apresentando conformações estruturais como descritas a

seguir.

Na UGRHI 06 (Franco et al. 2007; Souza et al. 2009) a composição

florística é um forte indicador do grau de degradação dos fragmentos.

Predominam florestas secundárias, as quais podem ser facilmente

confundidas com florestas maduras, sobretudo em decorrência de sua

fisionomia, caracterizada pelo dossel fechado e pela presença de árvores de

grande porte. Porém, a análise da composição florística do estrato superior,

nesses trechos, revela a ocupação do dossel por espécies pioneiras, tais como

Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan, Piptadenia gonoacantha (Mart.)

J.F. Macbr., Croton floribundus Spreng., Tibouchina pulchra (Cham.) Cogn.,

Miconia cabussu Hoehne e Alchornea sidifolia Müll. Arg. Também

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predominaram no dossel espécies anemocóricas (sementes dispersas pelo

vento) ou autocóricas (sementes sem adaptação clara quanto à forma de

dispersão), mas no subosque foram observadas espécies zoocóricas (sementes

dispersas por animais) e, timidamente, a regeneração natural de indivíduos

jovens de espécies finais de sucessão.

Trechos remanescentes de floresta primária são escassos e

usualmente presentes no formato de “ilhas” em uma matriz de floresta

secundária. Há grande heterogeneidade espacial dos fragmentos existentes,

restando poucos em situação primitiva, sem cortes rasos. Os trechos menos

perturbados dos fragmentos apresentaram maior número de espécies finais

de sucessão, além daquelas espécies iniciais comuns em clareiras e áreas de

borda. Algumas espécies são freqüentes e podem ser consideradas como

indicadoras de trechos preservados: Cariniana estrellensis (Raddi) Kuntze,

Hymenaea courbaril L., Aspidosperma camporum Müll. Arg., Aspidosperma

olivaceum Müll. Arg., Sloanea guianensis (Aubl.) Benth., Cryptocaria

aschersoniana Mez., Ocotea odorifera (Vell.) Rohwer, Cedrella fissilis Vell.,

Platymiscium floribundum Vogel e as espécies do gênero Campomanesia.

Na UGRHI 10, a fitofisionomia é composta por mais de 80 famílias e

300 espécies, sendo as famílias Myrtaceae, Lauraceae, Fabaceae, Rutaceae,

Melastomaceae e Euphorbiaceae com maior diversidade florística. Quinze

gêneros apresentam numero elevado de espécies: Ocotea, Eugenia, Myrcia,

Miconia, Ilex, Campomanesia, Cyathea, Gomidesia, Maytenus, Meliosma,

Nectandra, Psychotria, Rapanea, Solanum e Symplocos, com quatro espécies

cada. Estes quinze representam mais de 38 % das espécies levantadas. As

espécies mais abundantes são Rudgea jasminoides, Myrcia multiflora,

Guapira opposita, Ocotea dispersa, Eugenia pluriflora, Matayba elagnoides,

Euterpe edulis, Symplocos variabilis, Alsophila setosa e Ilex paraguariensis.

CATHARINO e colaboradores catalogou apenas 16 espécies como típicas

pioneiras, 100 como secundárias iniciais, 93 como secundárias tardias, 39

como umbrófilas, e o restante, “sem classificação”. Apenas uma espécie

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exótica foi reportada: Eryobotrya japonica (Rosaceae), a nespereira, típica

zoocórica.

A alteração antrópica, em áreas maduras, parece aumentar a riqueza

de espécies, proporcionando a entrada de espécies secundárias iniciais,

notadamente anemocóricas. Já em áreas com menores intervenções

antrópicas, há menor ocorrência das espécies iniciais, resultando em uma

diversidade pouco menor (CATHARINO et al. 2006).

A baixa diversidade encontrada em florestas da região metropolitana

de São Paulo parece estar correlacionada ao fato das florestas serem

predominantemente secundárias, devido à perturbação antrópica, e não

apresentarem um amplo gradiente sucessional (CATHARINO et al. 2006). A

Tabela 1 mostra o quadro de espécis ameaçadas para o Estado de São Paulo.

Tabela 1. Quadro de espécies ameaçadas no Estado de São Paulo. Fonte: Moura et al, 2007.

1.2 Floresta Estacional Semidecidual

No Estado de São Paulo, a Floresta Atlântica que ocupa as escarpas

de maciços cristalinos e se estende até o planalto, dá lugar, a partir deste, a

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uma formação florestal mais seca, denominada Floresta Estacional

Semidecidual. O conceito ecológico desse tipo de vegetação está condicionado

pela dupla estacionalidade climática, sendo uma tropical, com época de

intensas chuvas de verão seguida por estiagens acentuadas, e outra

subtropical sem período seco, mas com seca fisiológica provocada pelo

intenso frio do inverno, com temperaturas inferiores a 15°C. Essa

estacionalidade age como fator limitante, diminuindo a presença de lianas,

epífitas e fetos arborescentes, característicos da Floresta Atlântica. Essa

formação é composta por fanerófitas (plantas lenhosas), com gemas foliares

protegidas da seca por escamas, tendo folhas adultas esclerófitas ou

membranáceas deciduais. Nesse tipo de vegetação, a porcentagem das

árvores caducifólias, que perdem as folhas durante o período seco, situa-se

entre 20 e 50%. Essa fisionomia apresenta grande diversidade e

disponibilidade de habitats, oferecendo ambiente para a fauna silvestre e

para a conservação de espécies vegetais nativas (SÃO PAULO 2002).

O grau de restrição para o uso dessas áreas naturais é máximo, sendo

consideradas de preservação, devido à oferta de recursos ecológicos aos

grupos de fauna e à sua biodiversidade.

A região da UGRHI 10 (Figura 3) possui diversos fragmentos,

relativamente pequenos, de floresta Estacional Semidecidual distribuídos de

maneira dispersa e predominantes no Médio Tietê Inferior, sendo que a

maioria dos remanescentes se encontra nos municípios de Botucatu e Bofete,

e estão inseridos na APA Corumbataí – perímetro Botucatu (KRONKA et al.

1998 e 2004).

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Figura 3. Mapa da cobertura vegetal de Floresta Semidecidual Primária do Estado de São

Paulo. Fonte: SINBIOTA/FAPESP, 2009.

As áreas com vegetação secundária caracterizam-se por diversidade

de espécies baixa e homogeneidade fisionômica em cada estágio sucessional

(Figura 4). É comum encontrar-se espécies dominantes em cada sere, que

lhe confere o aspecto homogêneo. A fitofisionomia é exclusiva da UGRHI 10

e composta por cerca de 40 famílias e 100 espécies, sendo as famílias

Leguminosae, Myrtaceae e Rutaceae, com maior diversidade florística.

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Figura 4. Mapa da cobertura vegetal de Floresta Semidecidual Secundária do Estado de

São Paulo. Fonte: SINBIOTA/FAPESP, 2009.

1.3 Formações Savânicas (Cerrado e Cerradão)

A vegetação das formações savânicas está adaptada a regiões

normalmente planas, com solos pobres e ácidos e de clima estacional (um a

quatro meses sem chuva), ocupando 25% do território nacional, concentrada

notadamente na região central do Brasil. No caso de São Paulo, as

formações savânicas não são contínuas, ocorrendo como encraves,

principalmente na região centro-norte, em meio à floresta mesófila (Mata

Atlântica), que é a fitofisionomia predominante no Estado. Devido à extensa

área ocupada e ao contato com outros biomas, essa formação apresenta alta

biodiversidade de espécies, estimada em 30% da fauna e flora brasileira e

5% da biota mundial.

Trata-se de uma formação vegetal de fisionomia peculiar,

caracterizada por apresentar indivíduos de porte atrofiado, de troncos

retorcidos (tortuosos), cobertos por casca espessa e fendilhada, de

esgalhamento baixo e copas assimétricas, folhas na maioria grandes e

grossas, algumas coriáceas, de caules e ramos encortiçados, com ausência de

acúleos e espinhos, bem como de epífitas e lianas (KRONKA et al. 1998). O

termo cerrado significa mata densa ou fechada e o termo savana foi

atribuído devido à semelhança da fisionomia – árvores e arbustos em meio a

gramíneas – do Cerrado brasileiro com as Savanas existentes na África. As

áreas cobertas por esse tipo de vegetação apresentam um alto grau de

alteração nas composições florísticas originais, ocasionadas por atividades

antrópicas e vestígios de intensas queimadas. A vegetação savânica

apresenta um grande potencial econômico, especialmente nas áreas de:

alimentação, já que se conhecem cerca de 80 espécies vegetais que fornecem

frutos, sementes ou palmitos que servem de alimentos para o homem;

produção de fibras; produção de cortiça, sendo que existem cerca de 20

espécies que já são utilizadas para esse fim; produção de tanino; produção de

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gomas, resinas, bálsamos e látex; produção de óleos e gorduras; uso

medicinal, com mais de 100 espécies vegetais usadas para a cura e

prevenção de doenças; plantas ornamentais; artesanato; e plantas apícolas.

Conforme o diagnóstico da conservação e do uso sustentável das áreas

de cerrado do Estado de São Paulo, realizado pelo PROBIO/SP (SMA 1997),

a redução desta formação vegetal vem ocorrendo desde o início do século,

principalmente devido ao seu grande potencial como fornecedora de lenha,

carvão vegetal, mourões de cerca, uso como pasto natural na pecuária, bem

como à ocupação por áreas de reflorestamento. Mais recentemente, as áreas

de cerrado estão sendo ocupadas por atividades agropecuárias,

principalmente cana-de-açúcar, citricultura e gado bovino.

Segundo o Inventário Florestal do Estado de São Paulo, realizado pelo

Instituto Florestal, na Bacia do Médio Tietê estão presentes fragmentos

remanescentes das formações de Savana Florestada e Savana Típica,

detalhadas a seguir (Figura 5).

Savana Florestada (Cerradão) - esta formação vegetal é constituída

por três estratos (andares) distintos: o primeiro apresenta espécies

umbrófilas (plantas adaptadas ao crescimento em ambiente sombreado)

rasteiras ou de pequeno porte; o segundo é composto por arbustos e

arvoretas, constituindo o sub-bosque, que não ultrapassa a altura de 5 a 6

metros; e o terceiro, com árvores de troncos menos tortuosos, não

ramificados desde a base e que podem atingir até 15 metros de altura

(KRONKA et al. 1998). A área ocupada pelo cerradão está representada por

pequenos fragmentos, geralmente dispersos, e com predomínio de áreas

menores que 100 hectares, inseridos na Sub-bacia do Médio Tietê Inferior e

Alto Tietê. Tendo em vista a raridade atual de áreas de Cerradão no Estado

de São Paulo e sua importância ecológica, consideram-se esses fragmentos

como sendo áreas prioritárias para a conservação, segundo os seguintes

critérios selecionados pelo PROBIO/SP durante o “Workshop: Bases para

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conservação e uso sustentável das áreas de Cerrado do Estado de São

Paulo”, realizado em 1997: são arquipélagos de remanescentes, isto é, áreas

com potencial de conectividade entre fragmentos; presença de uma grande

extensão, maior que 100 hectares; os fragmentos estão localizados em áreas

de recarga do aqüífero de Botucatu, de mananciais para captação de água,

de alta suscetibilidade à erosão e com fragilidade geológica; e, presença de

espécies endêmicas de peixes e anfíbios, além de espécies raras e ameaçadas

de extinção, como o mono-carvoeiro (Brachyteles arachnoides).

Savana Típica (Cerrado) - de um modo geral o Cerrado apresenta-se

com três estratos: estrato superior, constituído por árvores esparsas de

pequeno porte (até 7 metros de altura); estrato intermediário, formado por

arbustos de 1 a 3 metros de altura; e, estrato inferior, constituído por

gramíneas e subarbustos, em geral de até 50 cm de altura, pouco denso,

deixando espaços onde o solo pode se apresentar pouco ou desprovido de

revestimento (KRONKA et al. 1998). Os fragmentos remanescentes de

Cerrado estão distribuídos em pequenas manchas de vegetação dispersas,

predominantemente, no Médio Tietê Inferior e Alto Tietê. Juntamente com

os fragmentos de cerradão presentes na Bacia do Sorocaba - Médio Tietê e

em Guarulhos - Alto Tietê, essas áreas de remanescentes de cerrado são

prioridade para a conservação desse bioma, seguindo os mesmos critérios

que foram selecionados para as manchas remanescentes de cerradão.

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Figura 5. Mapa da cobertura vegetal de Savana do Estado de São Paulo. Fonte:

SINBIOTA/FAPESP, 2009, 2009.

Na UGRHI 06, a fitofisionomia é composta por 85 famílias e 391

espécies, sendo as famílias Myrtaceae, Laureaceae, Fabaceae, Rutaceae,

Melastomaceae e Euphorbiaceae com maior diversidade florística. E na

UGRHI 10, a fitofisionomia é composta por 85 famílias e 391 espécies, sendo

as famílias Myrtaceae, Laureaceae, Fabaceae, Rutaceae, Melastomaceae e

Euphorbiaceae com maior diversidade florística.

1.4 Várzeas

São áreas sujeitas as inundações pelo transbordamento lateral dos

rios e lagos (calha principal do rio e remansos de reservatórios), o que

promove grande interação entre os ecossistemas aquáticos e terrestres,

conferindo a essa formação vegetal uma riqueza de biodiversidade, de

diversidade de uso de recursos naturais e de produtividade. Os solos das

várzeas são férteis em virtude da renovação periódica dos nutrientes,

decorrente dos pulsos de inundações, por meio dos quais as partículas

orgânicas e os minerais transportados pelos rios são depositados nos solos

dessa região. Esse tipo de vegetação apresenta um caráter hidrófilo

(adaptada a viver em ambiente de elevado grau de umidade), constituindo

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comunidades aluviais (vegetação com influência flúvio-pluvial). As condições

hidrológicas e as relações entre os rios e suas áreas alagadas determinam as

bases ecológicas para o funcionamento dos sistemas alagados, enquanto as

ocorrências de pulsos, provenientes dos ciclos hidrológicos (precipitação e

nível da água) são consideradas básicas para a manutenção de seus

mecanismos de funcionamento. Com relação à vegetação que ocupa essas

áreas, o termo Mata Ripária é utilizado para caracterizar a estreita faixa de

vegetação arbórea que acompanha os cursos d’água, perenes ou não. Quando

este tipo de vegetação está inserido em ambiente florestal, usa-se o termo

Mata Ciliar, e quando está inserida em ambiente não florestal, usa-se os

termos campo e cerrado, denomina-se Mata de Galeria. O equilíbrio dos

ecossistemas aquáticos depende diretamente da proteção da vegetação

ocorrente ao longo dos cursos, já que ela age como reguladora das

características químicas e físicas da água dos rios. Contribui para a

sobrevivência e manutenção do fluxo gênico entre populações de espécies

animais e vegetais, que habitam as faixas ciliares ou mesmo fragmentos

florestais maiores, por elas conectados. Devido à reconhecida importância

ecológica, as matas ripárias foram incluídas na categoria de Áreas de

Preservação Permanente desde 1965, conforme o Código Florestal (Lei n°

4.777/65). Assim, toda vegetação natural (arbórea ou não) presente ao longo

das margens dos rios e ao redor de nascentes e de reservatórios deve ser

preservada. Próximas a alguns cursos existentes na Bacia do Sorocaba –

Médio Tietê encontram-se ainda manchas remanescentes de formações

florestais (Figura 6). No entanto, estas vêm sendo fortemente pressionadas

pelo avanço de pastagens e áreas agrícolas, apesar das exigências legais

quanto à largura das faixas de Área de Preservação Permanente. O padrão

de distribuição da Mata Ripária na área considerada é representado por

fragmentos reduzidíssimos dessa formação, em contraponto com o grande

predomínio de culturas, pastagens ou área urbana (SÃO PAULO, 2002).

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Figura 6. Mapa da cobertura vegetal de Várzea do Estado de São Paulo. Fonte:

SINBIOTA/FAPESP, 2009.

2. Herpetofauna

A fauna Brasileira de anfíbios conta com 849 espécies descritas, sendo

que destas 821 são Anura, 27 Gymnophiona e 1 Caudata (BÉRNILS, 2009).

No Estado de São Paulo, são conhecidas 250 espécies de Anuros (ROSSA-

FERES et al. 2008), o que corresponde a aproximadamente 30% das espécies

de anfíbios brasileiras.

Não se pode, hoje em dia, falar em anfíbios, sem mencionar a crise em

que se encontram. Sabe-se que eles estão em declínio populacional em

diversas partes do mundo (BOYER e GRUE 1994; SILVANO e SEGALLA

2005; IUCN 2009). Algumas espécies correm risco de extinção caso os

impactos sobre elas não cessem (IUCN 2009). A iminência da extinção dos

anfíbios está intimamente atrelada ao grau de exigência da grande maioria

das espécies quanto à estabilidade do ambiente em que vivem (HANOWSKI

et al. 2006). Na maioria das espécies, a vida é extremamente dependente da

água e, para todas elas, a umidade é fundamental. A ausência de umidade

não só causa dessecação no delicado tegumento, causando a morte dos

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indivíduos por desidratação, como também prejudica os processos

respiratórios. Além disso, a reprodução e os estágios larvais dos anfíbios são

dependentes de água (BOYER e GRUE 1994). Portanto, alterações na

quantidade e/ou qualidade da água podem influenciar diretamente tanto na

fisiologia, quanto na reprodução dos anfíbios.

A IUCN listou as maiores causas de extinção de anfíbios no mundo,

concluindo que a perda do habitat e a poluição ambiental ocupam as

primeiras posições (IUCN 2009). Silvano e Segalla (2005) apontam ainda a

infecção causada por fungos, poluição das águas, a contaminação por

pesticidas, as mudanças climáticas, as espécies invasoras, a radiação

ultravioleta e o comércio ilegal de animais silvestres.

Convém ressaltar que os anfíbios são predadores vorazes quando

adultos (principalmente de artrópodes), mas têm diversas formas de

alimentação quando em estágio larval (herbívoros, carnívoros e raspadores)

(BOYER e GRUE 1994). No caso dos artrópodes, os anfíbios são importantes

mantenedores das populações, inclusive daqueles que são considerados

pragas ao homem.

No grupo de vertebrados terrestres, os anfíbios podem ser utilizados

para o biomonitoramento. São abundantes, de fácil coleta, apresentam

grande número de espécies e tem respostas diversas a substâncias e

alterações ambientais (BOYER e GRUE 1994; HANOWSKI et al. 2006).

Alguns grupos como as famílias Hilydae e Bufonidae podem ser

consideradas como bioindicadores (BOYER e GRUE 1994; HANOWSKI et

al. 2006), pois incluem espécies resistentes que sobrevivem em ambientes

modificados e espécies extremamente sensíveis, em que o oposto ocorre

(BOYER e GRUE 1994; HANOWSKI et al. 2006; IUCN 2009).

Adicionalmente, podem ser indicadores de acúmulo de substâncias por

ingerir presas contaminadas (BOYER e GRUE 1994).

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No caso dos répteis, segundo o levantamento feito por Rossa-Feres

(2008), o Estado de São Paulo conta com 200 espécies: dois crocodilianos,

sete quelônios, 11 anfisbenídeos, 46 lagartos e 141 serpentes. Isso equivale,

aproximadamente, a 30% da riqueza de espécies de répteis do país, que

somam 708 espécies (BÉRNILS 2009).

As populações de répteis, de uma maneira geral, são afetadas pela

perda e degradação do habitat (GIBBONS et al. 2000; IUCN 2009), redução

do número de presas, poluição ambiental, doenças, espécies invasoras,

mudanças climáticas e comércio ilegal de animais silvestres (GIBBONS et

al. 2000; O’ SHEA e HALLIDAY 2002).

Um exemplo disso são as serpentes, pois a grande maioria delas não é

generalista quanto ao hábito alimentar (O’ SHEA e HALLIDAY 2002), uma

vez que se alimentam de apenas um ou dois grupos de animais. Portanto, a

redução da quantidade de presas (por razões diversas), por exemplo, pode

determinar um impacto sobre a população de serpentes.

Poucas espécies de répteis são herbívoras, algumas são onívoras e a

maioria é carnívora (O’ SHEA e HALLIDAY 2002). Serpentes e

crocodilianos são exclusivamente carnívoros, enquanto que em lagartos e

quelônios a dieta pode ser mais variada. Os carnívoros, portanto,

contribuem mais para a manutenção das populações de presas,

principalmente de roedores (MARQUES et al. 2001).

Os resultados da pesquisa sobre a bibliografia pertinente aos grupos

de Anura (UGRHI 06 e 10) e Lacertilia foram escassos e considerados

insuficientes, devido ao baixo número de espécies listadas, comparado com a

diversidade registrada para o Estado, cujo número é muito superior: 250

espécies de Anuros e 46 de lagartos (ROSSA-FERES et al. 2008). Para os

grupos de Amphisbaena, Chelonia e Gymnophiona não foram encontrados

registros.

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Os répteis podem ser utilizados como bioindicadores de contaminação

ambiental, principalmente as serpentes, pois algumas espécies têm vida

longa, exibem diferentes níveis tróficos e, em muitos casos, estão no topo de

cadeias alimentares (BURGER et al., 2007).

Na UGRHI 06 os anfíbios registrados pertencem às seguintes

famílias: Bufonidae (2 espécies); Hylidae (9 espécies); Eleutherodactylidae (3

espécies); Leptodactylidae (2 espécies) e Leiuperidae (2 espécie). Para o

grupo dos répteis, listaram-se as seguintes famílias: serpentes: Boidae (1

espécie); Colubridae (9 espécies); Dipsadidae (27 espécies); Viperidae (4

espécies) e Elapidae (1 espécie) e, por fim, para os Lacertilia: Anguidae (2

espécies); Gekkonidae (1 espécie); Polychrotidae (4 espécies); Teiidae (1

espécie) e Tropiduridae (1 espécie).

Na UGRHI 10, para o grupo dos anfíbios, registraram-se as famílias:

Bufonidae (2 espécies); Leiuperidae (3 espécies); Eleutherodactylidae (4

espécies); Hylidae (4 espécies) e Leptodactylidae (7 espécies). Para os

répteis: serpentes: Anomalepididae (1 espécie); Boidae (2 espécies); Elapidae

(3 espécies); Viperidae (3 espécies); Colubridae (9 espécies) e Dipsadidae (34

espécies) e, para os lagartos: Polychrotidae (1 espécie); Anguiidae (1

espécie); Polychrotidae (2 espécie) e Gekkonidae (1 espécie).

Para a grande maioria das espécies de anuros registradas, não há

informações quanto à espécies em risco de extinção. Para outras, registram-

se populações estáveis (IUCN, 2009). Há informações seguras para apenas

uma espécie: Cycloramphus semipalmatus, que se encontra na categoria NT

(Near Threatened = quase ameaçada) (IUCN, 2009). Contudo, os répteis

encontrados na região não constam da lista de animais ameaçados (IUCN,

2009).

As informações a respeito de espécies invasoras de répteis e anfíbios

encontradas nas UGRHI 06 e 10 são escassas.

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Para o biomonitoramento dos anfíbios, sugerem-se os grupos Hylidae

e Bufonidae e dos répteis, principalmente daqueles que possuem hábitos

aquáticos (quelônios e jacarés), semi-aquáticos (serpentes da família

Dipsadidae), comedores de peixes e os terrestres comedores de anfíbios

(serpentes Dipsadidae). As indicações para o monitoramento são as

serpentes semi-aquáticas: Liophis milliaris, Sordellina punctata, e as

serpentes do gênero Helicops (predam peixes e anfíbios, tanto adultos,

quanto larvas). Além das comedoras de anfíbios: Imantodes c. cenchoa,

Leptodeira annulata, Mastigodryas bifossatus, Simophis rhinostoma e os

grupos: Xenodon, Thamnodynastes, Echinanthera, Liophis, Bothrops,

Chironius e Philodryas.

3. Avifauna

Segundo Silva (1998), as aves são tradicionalmente um dos grupos

mais estudados de vertebrados, em função principalmente de seus hábitos

diurnos e conspícuos, comunicação sonora e ocupação de hábitos variados. A

diversidade ambiental do Estado de São Paulo, com relevo e tipologias de

vegetação distintas, é a responsável por cerca de 750 espécies de aves

registradas, que representam aproximadamente 45% das espécies da

avifauna brasileira.

A região da UGRHI 06, foi analisada quanto às aves registradas,

também considerando o tipo de vegetação ou habitat, subdividindo-se em

subáreas as aves encontradas em mata, em savana, habitats aquáticos,

áreas urbanas e regiões de contato (bordas de transição de diferentes tipos

de habitat). Para essas áreas, outras informações sobre a biologia e

conservação de cada espécie de aves foram resgatadas, baseando-se em

Almeida e Vasconcellos (2007). Essas informações tratam de: hábitos

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migratórios, sensibilidade às modificações ambientais e hábitos alimentares

preferenciais de cada espécie.

Assim, na UGRHI 06, as regiões de mata apresentam cerca de 100

espécies diferentes de aves, segundo os registros da Prefeitura (DIÁRIO

OFICIAL, 2006) e do levantamento da Biodiversidade na APA de Capivari-

Monos (OKADA e MAFRA, 2006). As 100 espécies pertencem a 30 diferentes

famílias. As mais abundantes, em número de espécies, são a Família

Tyrannidae (20% das espécies), seguida de Thraupidae (16%) e Furnariidae

com 10% das espécies. Os Tyrannidae fazem parte da maior e mais

diversificada família de pássaros da América do Sul, enquanto que os

Thraupidae são representados por sanhaços, tiés e afins e os Furnariidae

por aves como o João-de-barro e o João-teneném, exclusivos da região

neotropical (SICK, 1997). Com relação à sensibilidade às modificações

ambientais, 34% das aves mostram baixa sensibilidade, 58% média e 8%

alta.

As regiões de savana da UGRHI 06 são áreas com grande

biodiversidade de aves apresentando 151 espécies, pertencentes a 40

famílias (DIÁRIO OFICIAL, 2006; SCHUNCK, 2003). Assim como na região

de mata, acima avaliada, no habitat de savana, os Tyrannidae e os

Thraupidae foram os mais importantes em termos de número de espécies

com respectivamente 30 espécies (19,9%) e 11 (7,3%). Porém, a terceira

Família mais abundante registrada foi Trochilidae com 10 espécies (6,6%),

sendo representada por beija-flores exclusivamente americanos. Do total de

151 espécies, quase 75% apresentam baixa sensibilidade às modificações do

ambiente enquanto que 25% apresentam média sensibilidade.

Ainda na UGRHI 06, aves relacionadas diretamente com habitats

aquáticos representam um número menor de espécies, somando 26 registros

de espécies e 13 famílias (DIÁRIO OFICIAL, 2006). Devido a isso, as

diferenças de importância relativa das famílias, são menores: Ardeidae

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(garças e socós) e Alcedinidae (Martins-pescadores) com 5 espécies cada

uma, Anatidae (marrecos e patos) com 4 Rallidae (saracuras, carquejas,

frangos-d’água) com 3. Com relação ao grau de sensibilidade das espécies

em relação às mudanças ambientais, apenas uma única (Rynchops niger)

apresenta alta suscetibilidade enquanto a maior parte apresentar baixa

sensibilidade às modificações (19 registros).

Nas subáreas urbanas da UGRHI 06, muitas aves, pertencentes a um

grande número de famílias, são também registradas. São aproximadamente

95 espécies e 34 famílias muito diversificadas. Tyrannidae somam 16

espécies e, diferentemente das demais subáreas analisadas (mata, savana e

habitats aquáticos), duas novas famílias são também abundantes –

Falconidae (falcões, gaviões, carcarás) e Emberizidae (canários, tico-ticos),

ambas com 6 espécies cada. Entre as 95 espécies encontradas nessas áreas

urbanas, apenas 11 delas apresentam média sensibilidade às mudanças

ambientais, sendo que o restante (88%) é de baixa sensibilidade.

Em áreas da UGRHI 06 denominadas de contato (áreas transitórias),

foram registradas também muitas espécies, do mesmo modo que em áreas

de savana e urbanas. Constatou-se 87 registros de espécies de aves inseridas

em 21 famílias. Tyrannidae, Thraupidae e Trochilidae, já mencionadas

anteriormente como relevantes para ambientes de mata e savana, foram as

mais importantes em abundância de espécies, representando 25,3%, 11,5% e

11,5% respectivamente.

Relativo aos dados sobre alimentação preferencial das aves presentes

na UGRHI 06, nas áreas de mata foram registradas, com freqüência, aves

insetívoras, onívoras ou frugívoras, mostrando que nesse ambiente, as

espécies são capazes de encontrar grande variedade de recursos

alimentares, que podem ser compartilhados entre si. Nos ambientes de

savana, que apresentou o maior número de espécies, a maioria são

insetívoras seguidas por onívoras, o que sugere que nesses locais

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relativamente abertos, as aves conseguem encontrar insetos/invertebrados,

entre outros recursos, suficientes para manter alta biodiversidade de

animais insetívoros e/ou onívoros. Nas subáreas urbanas, assim como a

diversidade de famílias foi grande, a variedade de hábitos alimentares entre

as aves registradas foi também extensa. Encontram-se desde as insetívoras

e onívoras, como nos ambientes de mata e savana, como grande quantidade

de granívoras, carnívoras, nectarívoras e frugívoras, o que mostra uma

diversidade ampla de recursos disponíveis nas áreas relacionadas às ações

humanas e disponíveis para os animais mais oportunistas. Apenas nas áreas

com maior número de aves aquáticas, os hábitos alimentares são

relacionados à água. Nesses locais são encontradas aves filtradoras,

piscívoras, comedoras de moluscos, relacionadas diretamente ao ambiente

aquático e, portanto, são as mais suscetíveis às mudanças na qualidade da

água.

Com relação aos hábitos migratórios, em todas as subáreas,

considerando-se algumas variações, são encontradas espécies tanto

migradoras como não-migradoras, evidenciando que todos os ambientes

estariam sendo utilizados em todas as épocas do ano por grande número de

aves. Mesmo assim, como mencionado acima, poucas seriam aquelas que

mostram alta suscetibilidade ou sensibilidade às modificações dos

ambientes.

Na região da UGRHI 10, nas áreas de vegetação de Floresta

Ombrófila densa, os únicos registros de aves levantados até o momento são

os do SINBIOTA/FAPESP (2009), que assinalou apenas 6 espécies de aves,

pertencentes às Famílias Accipitridae (1 espécie), Ciconiidae (1),

Columbidae (1) e Cotingidae (3 espécies). Essa baixa quantidade de espécies

indica a necessidade de desenvolver mais estudos na região. Ainda no

domínio da UGRHI 10, os registros de aves nas áreas de floresta estacional

semidecidual são mais numerosos em relação à Floresta densa tanto em

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relação ao número de espécies quanto ao número de famílias. Nessas áreas

foram encontrados registros de 25 espécies, pertencentes a 15 famílias,

sendo as mais ricas em espécies: Accipitridae, Ciconiidae e Cotingidae, cada

uma com 3 espécies SINBIOTA/FAPESP (2009). O fato que chama atenção

nestas áreas é o registro de três espécies ameaçadas de extinção, que

atualmente se encontram em redutos pontuais: o psitacídeo sabiá-cica

Triclaria malachitacea, o macuco Tinamus solitarius, e o tropeiro-da-serra

Lipaugus lanioides.

4. Mastofauna

A fauna de mamíferos do Estado de São Paulo contém frações de

diversas outras mastofaunas distinta do Brasil. Na região considerada,

ocorre o predomínio de componentes faunísticos próprios do Brasil central

(VIVO, 1998).

As análises a seguir mostram a fauna de mamíferos em relação às

UGRHIs consideradas como de influência e os diferentes tipos de vegetação.

A nomenclatura utilizada para famílias e espécies seguiu a definição

encontrada nos levantamentos dos diferentes autores. Aspectos sobre a

biologia das espécies foram retirados de bibliografias específicas e quando

não especificadas no texto, foram resgatadas de Achaval et al. (2007), de

Almeida e Vasconcellos (2007), e de Oliveira e Cassaro (2006), no que se

refere aos felinos.

Para a região da UGRHI 06, apesar de registros sobre ocorrência de

espécies, as informações sobre a distribuição não consideram o tipo de

vegetação correlacionada. Como nessa região há grande variedade de

ambientes, todas as espécies de mamíferos foram agrupadas em uma única

tabela. As informações complementares sobre a biologia de cada espécie

foram baseadas em Almeida e Vasconcellos (2007).

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Os registros da mastofauna encontrada na região da UGRHI 06

somam um total de 28 espécies, pertencentes a 18 Famílias. Foram

registrados gambás e cuícas (Didelphis aurita, Marmosops paulensis,

Monodelphis americana e Monodelphis sorex), pequenos animais

marsupiais, solitários, de hábitos noturnos e arborícolas, comumente

encontrados em regiões de mata (ACHAVAL et al. 2007).

Ocorrem diversos tipos de roedores, de pelo menos 5 famílias

diferentes (Echimyidae, Muridae, Sciuridae, Caviidae e Hydrochaeridae).

Alguns são relacionados à mata (roedores arborícolas do tipo de esquilos

Sciurus aestuans e Sciurus ingrami) e outros às regiões alagadas, como é o

caso da capivara Hydrochoeris hydrochaeris.

Entre os edentados são encontrados tatus de solo e onívoros (Dasypus

novemcinctus) e preguiças arborícolas, animais de mata e herbívoros

(Bradypus variegatus).

Duas famílias de Chiroptera estão representadas na região da UGRHI

06, sendo elas Molossidae e Vespertilionidae cujas espécies são: Molossus

molossus (morcego insetívoro), Molossops temminckii e Myotis nigricans

(espécies de ampla distribuição em savanas e insetívoras)

Insetívoros de mata com tendências a onivoria da Família

Procyonidae como o coati (Nasua nasua) e o mão-pelada (Procyon

cancrivorus) são encontrados nessa região. Dois pequenos primatas da

Família Callitrichidae e outro Cebidae, arborícolas de regiões de mata e com

a mesma tendência a onivoria também foram registrados Callithrix jacchus,

Callithrix penicilatta, Alouatta guariba clamitans.

Herbívoros terrestres de médio porte encontrados em mata foram

representados pelo Cervidae Mazama gouazoupira e pela anta Tapirus

terrestris (Família Tapiridae). Entre os predadores, três famílias foram

representadas com 05 espécies/subespécies: Canidae (o cachorro-do-mato

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Cerdocyon thous), Mustelidae (Galictis cuja e a lontra de regiões aquáticas

Lontra longicaudis) e Felidae (a suçuarana Puma concolor e a subespécie

Puma concolor capricornensis, que se encontra em risco de extinção).

Com relação aos mamíferos encontrados nas áreas de floresta

ombrófila densa da UGRHI 10, segundo levantamento SINBIOTA/FAPESP,

foram registrados: artiodáctilos, felinos, primatas, edentados e morcegos.

O porco-do-mato-de-colar, Pecari tajacu, é uma espécie onívora que se

alimenta de vegetais, frutos caídos, raízes e animais de pequeno porte.

Apresenta-se em grupos pequenos liderados por machos (ACHAVAL et al.

2007).

Entre os predadores são encontrados animais pequenos como a

jaguatirica (ou, gato-maracajá, maracajá-verdadeiro) Leopardus pardalis

que se alimenta de pequenos roedores a cutias, tatus e macacos. Foi

registrada a onça-parda (ou suçuarana, puma), Puma concolor, de médio

porte, caracterizada por ser solitária, com hábitos tanto noturnos quanto

diurnos e predadores de uma gama grande de vertebrados da floresta, desde

roedores a animais de pecuária – bezerros de gado doméstico. Entre os

felinos há também o Leopardus tigrinus (gato-do-mato), menores, de hábitos

noturnos, quando caçam pequenos roedores, lagartos e aves (OLIVEIRA e

CASSARO 2006).

Três diferentes espécies de macacos foram também registradas:

Alouatta fusca, Alouatta caraya e Callicebus personatus, caracterizados

como animais de pequeno porte, arborícolas, de hábitos diurnos e comedores

de folhas, frutos, insetos de modo geral. Além destes, uma espécie de

morcego brasileiro foi registrada (Chiroderma doriae – morcego-de-olho-

grande) e o tamanduá Tamandua tetradactyla, animais solitários, que se

refugiam em árvores contra os predadores, mas são terrícolas, de atividade

tanto diurna quanto crepusculares e noturnas, se alimentando de insetos

coloniais e suas larvas (ACHAVAL et al., 2007). No caso destes registros,

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além de mostrar baixa biodiversidade, há a presença de três espécies (33,3%

do total) relacionadas como em risco de extinção (Alouatta fusca, Leopardus

tigrinus, e Callicebus personatus).

Ainda na UGRHI 10, mas nas florestas semidecíduas estacionais,

foram registrados mais grupos de mamíferos: lobos, felinos, macacos,

lontras, porcos e tamanduás, conforme relacionados.

O canídeo conhecido como lobo-guará Chrysocyon brachyurus, é um

animal muito ágil, de médio e grande porte, de hábito solitário e ativo nos

períodos noturno e crepuscular. É uma espécie onívora, predando insetos,

anuros, lagartos, ofídeos e seus ovos, roedores e se aproveitando de raízes de

frutos dessas áreas (ACHAVAL et al., 2007). Com relação aos felinos, além

da onça-parda e da jaguatirica já descritas para as florestas ombrófilas, nas

semideciduais há ainda o Herpailurus yaguarondi, ou gato-mourisco e gato-

vermelho, de pequeno e médio porte, de hábito solitário e terrestre,

predominantemente diurno (OLIVEIRA e CASSARO, 2006). Além do lobo e

dos felinos, a Ordem Carnivora conta com mais dois representantes nessas

áreas: a lontra Lontra longicaudis e o procionídeo mão-pelada Procyon

cancrivorus. A lontra, semi-aquática, é encontrada em margens de rios, de

banhados e de lagoas onde faz tocas em barrancos, apresentando atividade

diurna e noturna, quando se alimenta de peixes, anfíbios, moluscos, aves

aquáticas e roedores. A espécie mão-pelada, arborícola de hábito onívoro,

forma seus abrigos em ramos de árvores, tem hábitos noturnos e

crepusculares para se alimentar de pequenos roedores, aves, ofídeos,

anfíbios, peixes, insetos, moluscos, frutas e grãos (ACHAVAL et al., 2007).

Entre os demais onívoros são encontrados novamente o porco-do-mato

Pecari tajacu, dois grupos de tamanduás (Myrmecophaga tridactyla e

Tamandua tetradactyla) e um maior número de primatas: Callithrix aurita,

Callithrix penicillata, Alouatta fusca, Alouatta caraya, Brachyteles

arachnoides e Callicebus personatus.

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Nestas florestas estacionais semideciduais, apesar de ocorrer um

maior número de espécies (15, segundo levantamento do programa Biota

SP), e um maior número de Famílias e Ordens em relação à floresta

ombrófila densa, maior também é a ocorrência de espécies em risco, que

representam 40% do total de registros.

Em região de vegetação de várzea da UGRHI 10, ao contrário das

demais vegetações já analisadas, apenas uma espécie foi registrada: a

capivara Hydrochoeris hydrochaeris da Família Hydrochaeridae. Estes

animais vivem em grupos, em regiões alagadas, onde nadam muito bem e

são herbívoros, consumindo plantas aquáticas e gramíneas (ACHAVAL et

al. 2007).

Complementando a região da UGRHI 10, um levantamento específico

de mamíferos voadores (morcegos Chiroptera) foi realizado por Uieda e

Chaves (2005), nas proximidades dos locais estudados no presente relatório.

Esse levantamento cobriu tanto regiões rurais quanto urbanas. Foram

registradas de 36 espécies, pertencentes a 4 famílias: Phyllostomidae (a

mais abundante, com 18 espécies), Noctilionidae, Vespertilionidae e

Molossidae. Esses morcegos apresentam uma grande variedade de hábitos

alimentares sendo insetívoros, frugívoros e uma espécie de hematófago,

considerada rara na região.

DISCUSSÃO: A RELAÇÕES ECOLÓGICAS ENTRE FAUNA E FLORA

A cobertura vegetal é responsável pela produção de matéria orgânica

no solo, também conhecida como serrapilheira. Fornece, de forma constante,

os nutrientes utilizados no processo de fotossíntese e promove a agregação

das partículas constituintes do solo (LORANDI e CANÇADO, 2002). Na área

estudada, a superfície do solo apresenta baixo estoque de serrapilheira, em

função da rápida velocidade de decomposição. Há rápido aproveitamento de

nutrientes por parte da vegetação, favorecendo a ciclagem e o equilíbrio do

ecossistema (VITAL et al, 2003).

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O uso e a ocupação do solo da área foco de estudo, geraram um

processo de fragmentação, no qual habitats vegetais contínuos são divididos

em manchas (fragmentos) mais ou menos isolados. Essa situação provocou

diferentes tipos de impactos negativos à flora e à fauna associada, que

apresenta estreita relação com as condições derivadas, como distância entre

os fragmentos, grau de isolamento, tamanho da mancha, formato, tipo de

matriz circundante e efeito de borda (CERQUEIRA et al, 2005). Como

principais conseqüências, detecta-se redução no tamanho efetivo de

populações, perda de habitat, alterações nas interações ecológicas e nos

processos reprodutivos. Tudo isso resulta em mudanças nos padrões de

diversidade e na dinâmica das comunidades florestais (LERF, 2006).

A fragmentação pode acontecer por processos naturais ou pela ação

humana. Os fragmentos naturais podem ser resultado de condições isoladas

ou combinadas (que é mais comum) de flutuações climáticas: devido à

retração ou expansão da vegetação, heterogeneidade de solos (vegetações

restritas a tipos específicos de solo), processos de sedimentação e

hidrodinâmica em rios, processos hidrogeológicos (com áreas

temporariamente alagadas) e topografia (formação de ilhas com vegetação

específica). Esse processo acontece de forma dinâmica, mas ocorre em

intervalos de tempo bem superiores ao da fragmentação antrópica. No caso

da fragmentação de origem natural, a escala de tempo é geológica e acontece

com isolamento populacional, gerando diferenciação genética e especiação,

promovendo a diversidade biológica. Esses fragmentos constituem áreas

prioritárias para a conservação por conterem espécies endêmicas e

populações diferenciadas e não devem ser conectados porque a sua

interligação poderia destruir a estrutura populacional e causar extinções

locais (CONSTANTINO et al, 2005).

A fauna ocupa papel de destaque nos processos de funcionamento da

floresta. A maior parte das espécies arbóreas da região tropical é polinizada

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por insetos, pássaros e morcegos e muitas das sementes da mata são

dispersas por animais terrestres, peixes e pela própria água dos rios e

riachos. Estima-se que ocorrem cerca de cem vezes mais espécies animais do

que de plantas nas florestas tropicais, o que, de certa maneira, garante o

melhor desempenho da floresta heterogênea (BARBOSA, 2000), que oferece

grande diversidade de habitat e de fontes alimentares.

Além da perda de biodiversidade, a fragmentação favorece a criação

de condições para que invasões biológicas ocorram, seja por espécies nativas

ou por exóticas, contribuindo para a reduçãõ da integridade biológica.

Conforme a fragmentação avança, as manchas restantes sofrem um processo

degenerativo, com situações hiper-perturbadas. Essa situação propicia à

instalação de espécies invasoras, contribuindo assim para o declínio de

espécies típicas de áreas intactas ou menos impactadas, similares aos

habitats contínuos (SCARIOT et al, 2005).

Para mamíferos, o isolamento de pequenas populações afeta de

maneira negativa sua persistência (VIEIRA et al, 2005). Outro problema é o

aumento da probabilidade de invasão de espécies exóticas, que podem

agravar ainda mais os efeitos da fragmentação devido à competição,

predação e introdução de doenças nas espécies nativas. Para os mamíferos

de médio e grande porte, a caça é o fator de maior relevância podendo ser

preponderante sobre os efeitos diretos da fragmentação (VIEIRA et al,

2005).

Mesmo as aves, em ambientes fragmentados, apresentam menor

biodiversidade comparativamente ao encontrado na área antes do processo

de fragmentação. O tipo de uso da matriz, no entorno dos fragmentos, tem

influência sobre a capacidade de manutenção dos organismos que existiam

no ambiente original. Quanto maior for a diferença da matriz em relação ao

ambiente original, e quanto maior for o grau de isolamento, menores serão

as chances dos organismos se manterem nos fragmentos (LAPS et al, 2005).

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As espécies de aves que não conseguem transpor a matriz para ir de um

fragmento a outro, são as mais propensas à extinção local. Várias espécies

que vivem em florestas não conseguem transpor ambientes alterados mesmo

voando, por não possuírem autonomia de vôo. As alterações microclimáticas,

especialmente o aumento da luminosidade e a diminuição da umidade, após

o processo de desmatamento e fragmentação, expulsam espécies mais

sensíveis de sub-bosque. Outras espécies que naturalmente necessitam de

grandes áreas de vegetação original para sobreviver, também deixam de

obter recursos básicos (como alimentos em quantidade suficiente e local para

construírem ninhos), e tendem a desaparecer (LAPS et al, 2005).

Os anfíbios e os répteis respondem rapidamente à destruição de

paisagens naturais, com redução das populações e isolamento nos

fragmentos remanescentes, devido à baixa mobilidade, requerimentos

fisiológicos e especificidade de habitat. Os anfíbios apresentam

características fisiológicas e ecológicas que os tornam muito dependentes da

água, principalmente na fase larval. Devido a essa dependência, também

são muito sensíveis às modificações físico-químicas da água e da estrutura

da vegetação ciliar. A alteração, especialmente em termos de umidade,

acarreta alteração no habitat de muitas espécies animais ocasionando o

desaparecimento de espécies especialistas em favor de generalistas

(SILVANO et al, 2005).

Para minimizar os problemas advindos do isolamento dos fragmentos

vegetais, uma solução é aumentar a conectividade através de corredores

ecológicos. A conectividade entre unidades de conservação e até mesmo

entre fragmentos conservados pode, em parte, permitir a manutenção destes

em longo prazo e mesmo promover a recuperação funcional de determinadas

unidades ecológicas atualmente ilhadas (ZAÚ, 1998). Assim, aumentando ou

mantendo a conectividade da paisagem, pode-se reduzir a extinção de

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FLYNN, Maurea Nicoletti; LOURO, Monica Ponz; MENDES, Mariana Saran Pimentel;

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espécies e prevenir uma eventual depressão da reprodução em fragmentos

isolados (SILVANO et al, 2005).

A mata ciliar impede o assoreamento causado por erosão laminar e

pelas águas de escoamento. Funciona como um regulador do fluxo de água e

de sedimento das áreas mais altas até o sistema aquático da microbacia.

Outra característica da vegetação ripária é a capacidade de realizar a

filtragem superficial de sedimentos e também a absorção pelas raízes,

facilitando a retenção e absorção de parte dos nutrientes (ou

contaminantes), carreados até o corpo hídrico (LIMA e ZAKIA, 2000). Além

disso, promove a produção de matéria orgânica quando sofre degradação

(LORANDI e CANÇADO, 2002), e favorece também a fauna aquática por

gerar grande diversidade de habitats e fontes alimentares.

CONCLUSÃO

As UGRHIs consideradas, todas classificadas como industriais,

mostraram um preocupante estado de degradação dos ecossistemas

aquáticos e terrestres circundantes.

A ação do homem nas regiões consideradas, induziu a alterações nas

formações vegetais levando à fragmentação de trechos que se encontram em

diversos estágios de desenvolvimento. As florestas podem ser divididas de

acordo com a atividade antrópica sofrida. As florestas primárias são aquelas

que não sofreram com a ação do homem, conservando as suas características

de alta diversidade e capacidade de auto-regeneração. As florestas

perturbadas são aquelas que sofreram a intervenção humana, mas ainda

têm condições de retornar a um estado próximo àquele anterior ao processo

de perturbação. Florestas degradadas são as que foram tão intensamente

modificadas que perderam a sua capacidade de auto-regeneração, e

necessitam, portanto, de um trabalho de replantio e/ou enriquecimento para

auxiliar na sua recuperação.

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FLYNN, Maurea Nicoletti; LOURO, Monica Ponz; MENDES, Mariana Saran Pimentel;

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Em cenários de fragmentação de habitats, populações (independente

do grupo taxonômico), anteriormente contínuas, são subdivididas em

conjuntos de populações locais menores que podem estar isoladas, em maior

ou menor grau, dependendo da distribuição espacial dos fragmentos e do

poder de dispersão inerente às espécies. As alterações no tamanho, forma e

distribuição de um habitat natural provocadas pela fragmentação, afetam a

taxa de extinção e o tamanho das populações locais, assim como o padrão de

dispersão de indivíduos entre essas populações (SCHNEIDER et al, 2005).

O tamanho reduzido das populações favorece acasalamentos entre

indivíduos aparentados, ou endocruzamento, que é um processo que

contribui para o aumento da similaridade genética entre os indivíduos de

uma mesma população e, como conseqüência, a proporção de loci em

homozigose. Esta homozigose elevada favorece a expressão de alelos

recessivos deletérios e diminui o valor adaptativo de loci codominantes, o

que pode causar a diminuição da capacidade de adaptação dos indivíduos às

flutuações ambientais provocadas por fatores bióticos e abióticos

(SCHNEIDER et al, 2005).

A conservação das fitofisionomias é necessária para garantir a

conservação dos recursos genéticos da flora e fauna. O biomonitoramento

pode ser feito avaliando a evolução dos diversos fragmentos e a fauna

associada.

No grupo de vertebrados terrestres, os anfíbios podem ser utilizados

para o biomonitoramento por serem abundantes, de fácil coleta, por

apresentarem grande número de espécies e apresentarem respostas diversas

a substâncias e alterações ambientais (BOYER e GRUE, 1994; HANOWSKI

et al. 2006). Alguns grupos como as famílias Hilydae e Bufonidae podem ser

consideradas como bioindicadores (BOYER e GRUE, 1994; HANOWSKI et

al., 2006), pois há espécies resistentes que sobrevivem em ambientes

modificados e espécies extremamente sensíveis, em que o oposto ocorre

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(BOYER e GRUE, 1994; HANOWSKI et al., 2006; IUCN, 2009).

Adicionalmente, podem ser indicadores de acúmulo de substâncias por

ingerir presas contaminadas (BOYER e GRUE, 1994).

Os répteis podem ser utilizados como bioindicadores de contaminação

ambiental, principalmente as serpentes, pois algumas espécies têm vida

longa, exibem diferentes níveis tróficos e, em muitos casos, estão no topo de

cadeias alimentares (BURGER et al., 2007).

As aves são tradicionalmente um dos grupos mais estudados de

vertebrados, em função principalmente de seus hábitos diurnos e

conspícuos, comunicação sonora e ocupação de hábitos variados. A

diversidade ambiental nas UGRHIs consideradas é alta. Com relação ao

grau de sensibilidade das espécies às mudanças ambientais, poucas espécies

apresentam alta suscetibilidade enquanto a maior parte apresenta baixa

sensibilidade às modificações.

Nos fragmentos florestais considerados, a diversidade de mamíferos é

baixa e com elevada ocorrência de espécies em risco, que representam 40%

do total de registros. Portanto, é fundamental realizar o monitoramento

deste componente da biota.

Considerando os invertebrados terrestres, o grupo Araneae,

encontrado nas três UGRHIs avaliadas, compreendendo basicamente as

aranhas, é muito utilizado em programas de conservação, por ser comum na

maioria dos ecossistemas, poder ser separado em diferentes guildas, o que

permite avaliar várias características ambientais. A ordem Lepidóptera,

também é importante no monitoramento por ser o grupo com maior número

de espécies ameaçadas de extinção no Estado de São Paulo, em função da

destruição de habitats e do desmatamento.

Com relação às ictiofauna, as espécies denominadas exóticas são

espécies resistentes às condições críticas. Além das espécies exóticas

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resistentes mencionadas acima, mais oito espécies/gêneros de peixes

tipicamente endêmicos / nativos da ictiofauna neotropical de água doce,

foram registrados ao longo de todas as áreas estudadas: o lambari-de-rabo-

vermelho Astyanax fasciatus, o saguirú Cyphocharax modestus, o acará

Geophagus brasiliensis, o ituí ou tuvira Gymnotus carapo, a traíra Hoplias

malabaricus, os cascudos Hypostomus sp., o bagre-sapo Rhamdia quelen, e o

dourado ou tubarana Salminus hilarii. Por serem encontradas em todas as

regiões, caracterizadas por condições ambientais tão diferentes entre si, são

espécies nativas que mostram grande resistência às variações do meio. De

modo geral, na sua maioria, são peixes de pequeno a médio porte, adaptados

às condições tropicais e subtropicais, com modos de vida bento-pelágicos e

que se alimentam de detritos do sedimento, insetos, pequenos invertebrados

bentônicos e fragmentos vegetais.

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BEZERRA, Maria Edilene Barros; MACHADO, Ana Larissa Gomes. Investigação dos

fatores sociais que interferem na duração do aleitamento materno exclusivo. Revista

Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 94-116, jun.

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Investigação dos fatores sociais que interferem

na duração do aleitamento materno exclusivo

Edênia Raquel Barros Bezerra de Moura

Nutricionista graduada pela Universidade Federal do Piauí – Campus

de Picos.

E-mail: [email protected].

Edinara Conrado Lopes Florentino

Nutricionista graduada pela Universidade Federal do Piauí - Campus

de Picos.

E-mail: [email protected].

Maria Edilene Barros Bezerra

Assistente Social graduada pelo Instituto de Educação Superior

Raimundo Sá.

E-mail: [email protected].

Ana Larissa Gomes Machado (orientadora)

Revisão

MOURA, Edênia Raquel Barros Bezerra de; FLORENTINO, Edinara Conrado Lopes;

BEZERRA, Maria Edilene Barros; MACHADO, Ana Larissa Gomes. Investigação dos

fatores sociais que interferem na duração do aleitamento materno exclusivo. Revista

Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 94-116, jun.

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RESUMO

A amamentação constitui uma prática muito importante para estabelecer

uma boa condição de saúde para a criança. A Organização Mundial de Saúde

preconiza que todas as crianças devem receber somente leite materno até o

sexto mês de vida, porém a realidade foge à regra. Nesse sentido, o presente

trabalho procurou investigar os fatores sociais que interferem na duração do

aleitamento materno exclusivo. A revisão bibliográfica foi a estratégia

utilizada para este estudo. A amostra foi composta de livros e artigos

publicados em revistas científicas nas bases de dados eletrônicos da

Biblioteca Virtual em Saúde, no período de 2000 a 2012, bem como dados

governamentais e algumas publicações clássicas acerca da temática. A

revisão apontou que a interrupção precoce do aleitamento materno exclusivo

é um dos mais importantes problemas de saúde pública, apontando a

necessidade de um constante processo de monitoramento dos indicadores,

intervenções e novas pesquisas. Dentre os diversos fatores que interferem

nessa prática, os mais apontados são: nível de escolaridade da mãe, trabalho

materno, renda familiar, presença do pai, condições de nascimento e período

pós-parto, como também, idade da mãe, influências culturais dos familiares

e condições habituais de vida. Portanto, o aleitamento materno deve ser

visto sob a ótica da mulher, compreendendo suas necessidades, concepções e

dificuldades, adaptando a assistência através de uma equipe

interdisciplinar, fornecendo apoio adequado e esclarecendo crenças e tabus.

Palavras chave: Aleitamento materno. Fatores sociais. Desmame precoce.

Amamentação exclusiva. Leite materno.

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MOURA, Edênia Raquel Barros Bezerra de; FLORENTINO, Edinara Conrado Lopes;

BEZERRA, Maria Edilene Barros; MACHADO, Ana Larissa Gomes. Investigação dos

fatores sociais que interferem na duração do aleitamento materno exclusivo. Revista

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ABSTRACT

Breastfeeding is a very important practice to establish a good health

condition to the child. The World Health Organization recommends that all

children should receive only breast milk until the sixth month of life, but the

reality flees to the rule. In this sense, the present study sought to

investigate the social factors that interfere in the duration of exclusive

breastfeeding. The literature review was the strategy used for this study.

The sample was composed of books and articles published in scientific

journals in electronic databases of Virtual Health Library, in the period

from 2000 to 2012, as well as government data and some classic publications

on the subject. The review pointed out that the early interruption of

exclusive breastfeeding is one of the most important public health problems,

pointing out the need for a constant monitoring of the process indicators,

interventions and further research. Among the various factors that interfere

in this practice, the most targeted are level of education of the mother,

maternal employment, family income, father's presence, birth and

postpartum period, as well as the mother's age, cultural influences of family

and normal conditions of life. Therefore, breastfeeding should be seen from

the perspective of women, understanding their needs, ideas and difficulties,

adapting the assistance through an interdisciplinary team, providing

adequate support and clarifying beliefs and taboos.

Key words: Breastfeeding. Social factors. Early weaning. Exclusive

breastfeeding. Breast milk.

INTRODUÇÃO

A amamentação constitui uma prática essencialmente importante

para estabelecer uma boa condição de saúde para a criança. A Organização

Mundial de Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde (MS) preconizam que

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BEZERRA, Maria Edilene Barros; MACHADO, Ana Larissa Gomes. Investigação dos

fatores sociais que interferem na duração do aleitamento materno exclusivo. Revista

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todas as crianças recebam somente leite materno até o sexto mês de vida e,

até os dois anos de idade, associado a verduras, cereais, carnes, legumes,

frutas e grãos. Essa introdução de alimentos deve ser gradativa, pois é com

seis meses que o bebê adquire maturidade fisiológica e neurológica para

receber outros alimentos (BRASIL 2009).

É consenso que durante os seis primeiros meses de vida a criança

necessita apenas do leite materno, visto que este constitui alimento

adequado para suprir suas necessidades e manter um bom ritmo de

crescimento e desenvolvimento. Além de proteger a saúde do lactente, a

amamentação favorece o vínculo entre a mãe e o filho, além de não

representar ônus para orçamento familiar (RAMOS, ALMEIDA 2003).

No Brasil, a partir da década de 80 foram indicadas várias ações que

objetivavam o aumento da prevalência de aleitamento materno, pois, com o

reconhecimento da importância dessa prática de alimentação, chegou-se à

conclusão que a amamentação exclusiva é incontestavelmente a forma de

nutrição mais recomendada para as crianças menores de seis meses de vida

(REA 2003) por possuir alto valor biológico e proporcionar inúmeras

vantagens de ordem nutricional, imunológica, econômica, psicológica,

ecológica e afetiva para o recém nascido e nutriz.

A amamentação materna promove um ganho de peso adequado,

além de ser um alimento livre de contaminação, adequado a fisiologia do

lactente, proporciona proteção e prevenção contra agentes infecciosos e

outras características peculiares que não são encontrados em outras

formulações infantis, e que torna este alimento essencial para um

apropriado desenvolvimento da criança (REGO 2006; NEJAR et al. 2004).

O leite materno agrega, além de benefício calórico e proteico, a

proteção imunitária necessária, em especial, no primeiro ano de vida da

criança. A literatura documenta diminuição do risco de morte por diarreia e

doenças respiratórias em recém-nascidos alimentados exclusivamente ao

seio, bem como benefícios nas áreas cognitivas, motora e, ainda, aumento

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BEZERRA, Maria Edilene Barros; MACHADO, Ana Larissa Gomes. Investigação dos

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dos indicadores gerais de saúde do lactente (DEWEY et al. 2001). Portanto,

práticas que prejudiquem a amamentação exclusiva até o sexto mês devem

ser evitadas (ALMEIDA, NOVAK 2004).

Desde 1990, o Ministério da Saúde intensifica o incentivo à

amamentação e o aumento de investimentos nessa área, tais como projetos,

legislações, campanhas e órgãos que promovam o aleitamento materno. Um

exemplo bem conhecido é o Banco de Leite, o qual é responsável pela

promoção do aleitamento e execução das atividades de coleta (BRASIL

2007).

Outro exemplo é a criação do Hospital Amigo da Criança a fim de

promover, proteger e apoiar o aleitamento materno, mediante a adoção dos

“Dez Passos para o Incentivo do Aleitamento Materno” (BRASIL 2003). O

quarto passo orienta que a mãe deve ser ajudada a amamentar na primeira

meia hora após o parto (REA 2003), pois o tempo que se passa entre o

nascimento da criança e a primeira mamada tem contribuído para o inicio

da amamentação (SALIBA et al. 2008). Constatando que a prática da

amamentação é maior entre crianças amamentadas nas primeiras 24 horas

após o nascimento (RAMOS et al. 2008).

Apesar de todo o incentivo e vantagens oferecidas pelo aleitamento

materno, um grande número de mulheres não conseguem atingir essa meta,

levando ao abandono e, assim, favorecendo o desmame precoce (RIBEIRO et

al. 2011). Partindo desse enfoque, acrescenta-se que o aleitamento materno

depende de fatores que podem influir positiva ou negativamente no seu

sucesso. Alguns desses fatores estão diretamente relacionados à mãe, ao

passo que outros se referem à criança e ao ambiente, como por exemplo, o

nível de escolaridade da mãe, trabalho materno, renda familiar, presença do

pai, as suas condições de nascimento e o período pós-parto, idade da mãe,

influências culturais dos familiares e as condições habituais de vida

(FALLEIROS et al. 2006).

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Conforme dados do fundo das Nações Unidas para a Infância

(UNICEF), somente cerca da metade dos bebês recebe aleitamento exclusivo

nos primeiros 4 meses de vida. Existem evidências de que a introdução

precoce de outros líquidos ou alimentos para bebês com menos de 6 meses

não é somente desnecessária, mas, também, potencialmente perigosa,

aumentando os riscos de infecção (BRASIL 2003). Neste sentido, o presente

trabalho propõe realizar uma revisão da literatura a fim de investigar os

fatores sociais que interferem na duração do aleitamento materno exclusivo.

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo bibliográfico realizado a partir de material já

elaborado, constituído de artigos de periódicos nas línguas inglesa e

portuguesa e atualmente com material disponibilizado na Internet.

Foram utilizados como fonte as bases de dados eletrônicas da

Biblioteca Virtual em Saúde, tais como: SciElo, LILACS, IBECS,

MEDLINE, Biblioteca Cochrane, PUBMED, bem como dados

governamentais e outras literaturas não eletrônicas, por serem as principais

bases de dados utilizadas para publicação científica na área da saúde e

ainda serem de livre acesso pelos usuários, sendo incluídos os estudos

publicados no período compreendido entre 2000 a 2012. As pesquisas

selecionadas trazem informações sobre a importância do aleitamento

materno exclusivo e os principais fatores sociais que influenciam na decisão

das mães em desmamarem precocemente. Os descritores utilizados no

decorrer da pesquisa foram: aleitamento materno, fatores sociais, desmame

precoce, amamentação exclusiva, leite materno.

Foram incluídos para análise textos que continham dados históricos e

sociais relacionados ao aleitamento materno, independente da origem ou da

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profissão dos autores, cujo interesse foi relatar como as mães lidam com a

questão da amamentação.

Quanto a interpretação dos dados, esta foi realizada à luz da

literatura pertinente, devendo-se reafirmar que os resultados encontrados

atenderam aos objetivos propostos neste estudo.

DISCUSSÃO

Importância do Aleitamento Materno

O leite materno é um alimento completo com mais 150 substâncias em

sua composição que são de extrema importância para o crescimento e

desenvolvimento saudável da criança, isso significa que, até o sexto mês de

vida, o bebê não precisa de nenhum outro alimento (SIMON 2009).

O leite humano possui em sua composição diversos nutrientes

benéficos à saúde da criança, dentre eles: a água; proteínas em quantidade

adequada ao crescimento do lactente, carboidratos, lipídeos,

imunoglobulinas, hormônios, vitaminas e oligoelementos, que junto com os

demais elementos atuam na prevenção de doenças infecciosas e que não são

encontrados em outras formulações infantis (REGO 2006)

O sistema imunológico do recém-nascido é imaturo e não pode

defender-se da ação de agentes nocivos a saúde da criança, felizmente, toda

criança amamentada exclusivamente recebe quantidades adequadas de

substâncias imunológicas e fatores de crescimento, que atuam no organismo

com efeito protetor. Todos os tipos de imunoglobulinas (IgA, IgM, IgG) estão

presentes no leite humano (NOVAES et al. 2009).

Segundo Inácio et al. (2007) dentre os componentes do leite materno

encontra-se o hormônio leptina que possui a propriedade de inibir o apetite e

as vias anabólicas e estimular as vias catabólicas.

A composição do leite humano poderia está associado ao processo

“imprinting metabólico”, alterando o número e/ou tamanho dos adipócitos ou

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induzido o fenômeno de diferenciação metabólica. Podendo influenciar no

crescimento e desenvolvimento dos tecidos (NOVAES et al. 2009).

Além de todos os benefícios proporcionados pela alimentação

materna, de acordo com Aciolly (2003), podem ser apontadas, ainda, outras

vantagens que o leite materno proporciona a vida da dupla mãe/bebê, dentre

estas se podem citar: redução da mortalidade infantil, uma melhor

qualidade de vida das famílias e possibilitar o desenvolvimento de crianças

mais saudáveis.

O leite materno é dotado de todos os nutrientes fundamentais ao

crescimento e desenvolvimento ideal da criança e possui melhor digestão em

relação a outros tipos de leite, portanto, representa a única fonte alimentar

que a criança necessita no primeiro semestre de vida. A amamentação

também constitui uma importante forma de comunicação entre o bebê e a

mãe, fortalecendo os laços afetivos entre eles (BRASIL 2009).

Outro benefício do leite materno é por ser um alimento prático, pois,

está disponível a qualquer momento, na temperatura certa para o bebê e é

limpo evitando, portanto, diarreias e alergias (BRASIL 2007).

Vários estudos têm demonstrado a ação protetora do leite materno no

combate a mortalidade e morbidade infantil. Conforme Antunes et al.

(2008), a amamentação corresponde a uma vacina para o lactente. Além de

fornecer todos os nutrientes ideais para o crescimento e desenvolvimento da

estrutura óssea, psicológica e neurológica do bebê.

Alguns estudos ressaltam a importância do aleitamento materno

infantil não só em curto prazo, mas têm-se observado efeitos benéficos

também em longo prazo na saúde da criança, tais como redução na

incidência de obesidade, hipertensão arterial, dislipidemias, diabetes e

câncer (NOVAES et al. 2009).

Estudos têm demonstrado que a amamentação traz diversos

benefícios também para a mulher, pois ao amamentar o útero volta mais

depressa ao seu tamanho normal, além de reduzir o risco de câncer de mama

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e ovários (BRASIL 2007). Além disso, estudos realizados no Brasil

estabelecendo a associação entre duração da amamentação e a diminuição

do peso pós-parto indica que a cada mês a mais que a mulher amamenta

houve uma média de redução de 0,44 kg no seu peso (KAC et al. 2004).

Problemas Decorrentes da Interrupção Precoce do Aleitamento Materno

A ausência de amamentação ou sua interrupção precoce e a

introdução de outros alimentos à criança antes do 6º mês são frequentes,

com consequências importantes para a saúde do bebê, como exposição a

agentes infecciosos, contato com proteínas estranhas, prejuízo da digestão e

assimilação de elementos nutritivos, entre outras (BECHE et al., 2009).

Segundo Balaban et al. (2004) o aleitamento materno representa um

efeito protetor contra a obesidade na idade pré-escolar. Uma amamentação

inconveniente associada a uma condição socioeconômica insuficiente pode

favorecer o surgimento de um ambiente apropriado ao aparecimento da

obesidade infantil, portanto a amamentação representa uma importante

ação para prevenção da obesidade infantil (ARAÚJO et al. 2006).

Alguns estudos têm demonstrado que a interrupção precoce do

aleitamento materno exclusivo favorece o desenvolvimento de doença

atópicas, incluindo asma, e que o efeito protetor do aleitamento exclusivo

persiste, principalmente, até o final da primeira década de vida (VAN

ODJIK et al. 2003).

Embora a proteção do leite materno contra doenças crônicas ainda

não esteja bem estabelecida, existem relatos na literatura que apontam que

o desmame precoce aumenta o risco de doença celíaca, doença de Crohn,

colite ulcerativa, linfoma, doença de Hodkin e leucemia (DAVIS 2001).

O efeito protetor do leite materno pode diminuir quando a criança

recebe qualquer outro alimento devido à redução da oferta de fatores de

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proteção, maior risco de contaminação e interferência na absorção de

nutrientes do leite materno (GIULIANI, VICTORA 2000).

Fatores Sociais que Interferem na Prática da Amamentação Exclusiva

Como já é bem conhecido o efeito protetor que a amamentação

exclusiva exerce na saúde da criança e mãe, hoje os pesquisadores tentam

descobrir e relacionar quais os motivos que ocasionam o aumento do

desmame precoce e buscam desenvolver estratégias que possam diminuir os

fatores que levam às nutrizes a não amamentarem (ESCOBAR et al. 2002).

Apesar das evidências científicas e da tendência ascendente,

observada no Brasil, a interrupção precoce do aleitamento materno

exclusivo segue sendo, nesse país, um dos mais importantes problemas de

saúde pública, apontando a necessidade de um constante processo de

monitoramento dos indicadores, busca de determinantes modificáveis,

delineamento de intervenções e novas pesquisas (PARIZOTO et al. 2009).

Segundo o Ministério da Saúde (2009) o desmame não é um fenômeno

aleatório, mas sim um processo que faz parte da evolução da mulher como

mãe e do desenvolvimento da criança. Portanto, seguindo esse raciocínio, o

desmame deveria acontecer de forma natural, conforme a criança adquira

capacidade para tal.

Relação entre a escolaridade e amamentação

Estudo realizado em Campinas mostrou que o grau de escolaridade

materna tem relação com o desmame precoce, pois quanto maior for o tempo

de escolaridade da mãe, maior será a duração do aleitamento natural

(MOURA, VOLPINI 2005). Segundo Escobar et al. (2002), mulheres com

menor grau de escolaridade tendem a desmamar precocemente seus filhos

quando comparadas àquelas com maior nível de escolaridade. Em

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concordância a estes achados, um estudo de desenho transversal realizado

em um município do Rio de Janeiro demonstrou que mães com pouca

escolaridade introduzem mais precocemente alimentos na dieta dos seus

filhos (PEREIRA et al. 2010).

O grau de instrução materno mais elevado parece ser um bom

preditivo de sucesso da prática da amamentação exclusiva. Pesquisas

relatam ocorrência mais precoce de desmame em grupo de mães com apenas

primeiro e segundo graus. Mães com apenas ensino fundamental ou médio

apresentam maior chance de interrupção dessa prática antes dos quatro

primeiros meses de vida da criança (FRANÇA et al. 2007).

Em muitos países desenvolvidos, mães com maior grau de instrução

tendem a amamentar por mais tempo, talvez pela possibilidade de um maior

acesso a informações sobre as vantagens do aleitamento materno. Já em

países em desenvolvimento, as mães de classes menos favorecidas, também

menos instruídas, frequentemente não casadas, começam o pré-natal mais

tarde e, consequentemente, se preocupam em decidir sobre a forma do

aleitamento também mais tarde (ESCOBAR et al. 2002).

Tal situação, segundo França et al. (2007), parece evidenciar que as

mães com formação acadêmica apresentam maior possibilidade de receber

informações acerca dos benefícios da amamentação, sofrendo menor

influência externa e rejeitando práticas que, de modo cientificamente

comprovado, prejudicam a ocorrência da amamentação.

Influência do trabalho materno sobre a amamentação

A pressão social, resultante das transformações econômicas e da

crescente inserção da mulher o mercado de trabalho, compõe um cenário

favorável ao desmame precoce (VIEIRA et al. 2004). O tempo decorrido

entre o parto e o retorno ao trabalho é o mais importante preditor da

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duração dessa prática, pois quanto mais cedo à volta ao emprego, mais

precoce é a introdução de outros alimentos (CALNEN 2007).

Estudos têm indicado que esta variável exerce influência negativa na

prática da amamentação, pois, mães que relataram trabalhar fora

apresentaram 23% mais chances de desmamarem precocemente (BECHE et

al. 2009; AUDI et al. 2003). A partir da saída da mulher do espaço privado-

domicílio para o espaço público, isto é, ocupando lugares no mercado de

trabalho, a prática do aleitamento materno reduziu significativamente,

substituindo o leite humano por outras formulações infantis, que na maioria

das vezes não se compara aos nutrientes encontrados e aos benefícios

ofertados pelo leite da mãe (CAMINHA et al. 2010).

A grande dificuldade de conciliar as múltiplas atribuições impedia a

prática da amamentação exclusiva, transformando esse momento em

sentimentos de angústia e preocupação, impedindo negativamente a

fisiologia da lactação (ALMEIDA, NOVAK 2004).

Porém, Faleiros et al (2006) demonstraram que o trabalho materno

não é empecilho ao aleitamento, se houver situações favoráveis a tal prática,

como, por exemplo, respeito à licença gestante, creche ou condições para o

aleitamento no local e horário de trabalho.

Influência da renda familiar no aleitamento materno

Com o transcorrer dos anos, a amamentação passou por fases que se

modificavam conforme os padrões de desenvolvimento da sociedade. O nível

socioeconômico está diretamente relacionado com a amamentação, pois as

mães em melhor situação econômica tendem a amamentar por períodos

mais prolongados do que as mais carentes (RIBEIRO et al. 2011).

Estudo realizado com crianças de nove a dezoito meses de idade

matriculadas em creches de São Paulo mostrou que o começo do processo de

desmame está associado com famílias que têm renda inferior ou igual a três

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salários mínimos (BARBOSA et al. 2009). De acordo com Vitor et al. (2010),

em seu estudo realizado na região sul do Brasil mostrou que um número

considerável de mães que recebiam uma renda mensal inferior a 3 salários

mínimos (70,4%) amamentou de forma exclusiva por um período menor que

seis meses em relação àquelas de classes de maior renda.

Sendo assim, é válido orientar as mulheres desde o pré-natal que o

aleitamento materno exclusivo é a forma mais econômica e saudável de

nutrição das crianças nos primeiros meses de vida, devendo ser esta uma

prática natural em todas as famílias (JOCA et al. 2005).

O papel do pai perante o ato de amamentar

O dia a dia do cuidado à saúde da mulher vem mostrando que a

relação com o parceiro influencia no bem-estar da mulher na gestação e após

o nascimento dos filhos. Quando sua participação é efetiva, os laços tornam-

se mais igualitários (FREITAS et al. 2007).

Segundo Lamounier e Silveira (2006) o risco de suspensão do

aleitamento materno exclusivo em crianças que não residem com o pai é de

1,47 vez em relação aquelas que residem com o pai. Segundo este mesmo

estudo, crianças cujo pai possui escolaridade superior ao primeiro grau

completo apresentam 1,62 vez mais chances de permanecerem em

amamentação exclusiva quando comparadas aquelas em que o pai possui

escolaridade inferior ao primeiro grau completo.

A literatura mostra que a mãe residir com o companheiro aumenta a

prevalência de amamentação exclusiva em 72% (Pereira et al. 2010); além

disso, o fato do pai não colaborar de forma ativa na alimentação do filho,

podem ocasionar conflitos deixando a mulher desencorajada quanto ao

seguimento da lactação (BRASILEIRO et al. 2010). Uchimura et al. (2001)

estudaram os fatores de risco para o desmame precoce e concluíram que as

mulheres mais propensas a desmamar precocemente são as que se

apresentam em situação conjugal não definida. Ser mãe solteira é uma

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condição que pode dificultar que a mulher amamente seu filho de forma

exclusiva, visto o acúmulo de tarefas domésticas e de cuidados à criança e

também, a falta de apoio psicológico e social para o desempenho do papel de

nutriz (JOCA et al. 2005).

Durante todo o tempo da amamentação, o pai poderá ajudar nos

afazeres da casa e nos cuidados com os filhos. É preciso estimular o pai a

participar desde o pré-natal e não permitir que ele perca esse momento, com

isso descobrirá intensas alegrias e acompanhar passo a passo o

desenvolvimento da criança (LANA 2001).

O papel influenciador do acompanhamento no pré-natal e puerpério no

aleitamento materno

Após o parto, quando a mulher retorna ao seu contexto social, ela

sofre interferências na sua forma de pensar e agir com relação ao

aleitamento materno, levando, assim, a introdução precoce de outros

alimentos, que se inicia geralmente no período que se segue à alta hospitalar

(MACHADO et al. 2004).

A dupla mãe/ bebê não deve sair do hospital sem que os profissionais

de saúde tenham observado a primeira mamada, além de fornecer

orientações sobre sua importância, a pega correta e esclarecer a forma de

aleitamento como livre demanda (REGO 2006).

Segundo Rosa et al. (2009) a Organização Mundial de Saúde prega

que promover e apoiar o aleitamento materno é uma das prioridades da

saúde pública. Portanto, a análise crítica sobre o quadro do aleitamento

materno exclusivo é crucial na avaliação da atuação dos profissionais de

saúde durante o pré-natal e o puerpério e, por conseguinte, ajuda a

identificar falhas na promoção da amamentação, proporcionando o

estabelecimento de novas políticas locais.

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A não realização de puericultura, ou falhas durante estas consultas,

como: não falar sobre amamentação, ou não orientar a mãe sobre a maneira

correta de amamentar, no primeiro dia em que ela veio à unidade básica,

como também, má qualidade do acompanhamento do recém-nascido,

implicam em menor período de aleitamento materno exclusivo (PEREIRA et

al. 2010). Estudo realizado em Salvador-BA, verificou-se que as mães não

orientadas no puerpério sobre a importância da amamentação apresentaram

maiores chances de desmamarem precocemente (DINIZ et al. 2007); além

disso, o período mais suscetível para o desmame são as primeiras quatro

semanas de puerpério (UCHIMURA et al. 2001).

A assistência pré-natal é de suma importância para a saúde da

mulher e seu filho. Não se trata da simples consulta tradicional, na qual são

avaliados apenas as condições da vitalidade do feto e o estado físico da mãe.

É fundamental que o incentivo ao aleitamento materno seja um tema

abordado em todas as consultas a partir do sexto mês gestacional, sendo

englobado o preparo das mamas, as possíveis intercorrências mamárias, as

formas de solucionar os pequenos problemas e o que deve ser evitado pelas

nutrizes e seus bebês (JOCA et al. 2005).

Contudo, para realizar tal assistência, fazem-se necessários

profissionais capacitados para introdução de ações educativas e práticas

adequadas no sentido de estimular o ato de amamentar (RIBEIRO et al.

2011).

A idade materna e suas consequências para a amamentação

Diversos estudos apontam a idade materna como fator importante no

desmame precoce. Bueno et al (2003) sugeriram que mães com idade inferior

a 25 anos tendem a introduzir alimentos mais cedo na vida do bebê.

Contradizendo este achado, Barbosa et al (2009) demonstraram que mães

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com idade acima de 25 anos tendem a abandonar o ato de amamentar mais

precocemente.

França et al. (2007) relataram frequência de desmame maior entre

mães adolescentes, quando comparadas a mães adultas. Mães adolescentes

estavam menos dispostas a amamentar que as adultas, porém, são mais

receptivas ao aleitamento materno, mas, no entanto, necessitam de um

acompanhamento mais cuidadoso e de aconselhamento

Entretanto, Bezerra et al. (2012) indicaram que a idade da mãe não é

fator de risco para o desmame precoce, não havendo diferença significativa

entre mães com menos de 20 anos e as demais, logo, a variável em questão

depende de outras como: quantidade de gestações anteriores, alojamento

conjunto ou orientações sobre amamentação (FROTA, MARCOPITO 2004).

Relação entre desmame precoce e zona de moradia

Em relação à zona de moradia os estudos apresentam controvérsias,

pois alguns relatam que crianças residentes em zona rural apresentam

maiores chances de receberem o aleitamento materno exclusivo (BECHE,

HALPERN, STEIN 2009). Enquanto outros afirmam que as crianças que

habitam em zona urbana são amamentadas exclusivamente por um período

maior, sendo assim, são necessários mais estudos a fim de esclarecer melhor

a influência que esta variável exerce sobre o desmame precoce (AUDI,

CORRÊA, LATORRE 2003).

Crenças e valores que interferem no aleitamento materno exclusivo

Segundo Ribeiro et al. (2011), após o parto, quando a mulher retorna

ao seu contexto social, a mesma sofre interferências na sua forma de pensar

e agir com relação ao aleitamento materno. As experiências familiares e de

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pessoas de seu convívio, pode transmitir tabus e crenças, atuando, assim,

como elementos estimuladores ou não para o aleitamento materno.

Destacamos que é na família que são aprendidos os hábitos, os tabus,

o estilo de vida, sendo este um grupo social que tem grande influência nos

seus membros. Assim, a nutriz sofre maiores influências para amamentar

ou não a sua criança, sendo esta uma prática culturalmente construída

(JOCA et al. 2005).

Essa cultura, já citada, interfere de forma crucial a prática do

aleitamento determinando diferentes significados para a mulher, levando a

amamentar ou não o seu bebê. Nutrizes que fizeram uso de lactogogos

mantinha a crença fundamentada nas informações transmitidas

culturalmente através do relacionamento avó/mãe/filha (ICHISATO,

SHIMO 2001).

O leite fraco é uma das alegações mais usadas como explicação para o

desmame precoce. Essas indagações ocorrem devido à desinformação e à

interpretação da aparência fina do leite materno, quando comparado às

fórmulas lácteas engrossadas (OSÓRIO, QUEIROZ 2007).

De acordo com Vieira et al (2004), os fatores culturais que favorecem a

introdução de chás, água e outros alimentos a alimentação de crianças em

aleitamento materno provavelmente têm maior impacto no primeiro parto.

Mulheres pertencentes a esse grupo apresentam maior susceptibilidade ao

desmame precoce, necessitando de ações específicas de apoio e proteção ao

aleitamento materno a fim de capacitá-las para que resistam às pressões

sociais para o desmame.

Não é preciso que haja ruptura entre os saberes feitos de experiências

e aqueles construídos por procedimentos metódicos, mas uma superação,

afinal a “curiosidade ingênua” está associada ao saber de senso comum, que

quando relacionado ao conhecimento científico muda de qualidade, mas

nunca de essência (RIBEIRO et al. 2011).

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Impacto da internação hospitalar sobre o aleitamento materno exclusivo

Em relação à morbidade da criança, tem se observado que aquelas

que apresentaram uma ou mais internações hospitalares tiveram maiores

chances de serem desmamadas precocemente quando comparadas às que

nunca foram internadas (BECHE et al. 2009).

Sales e Seixas (2008) ao estudarem as causas do desmame precoce no

Brasil, chegaram a conclusão que a hospitalização pode ocasionar a

interrupção da amamentação de até 60% dos lactentes que estavam sendo

amamentados no inicio da internação.

Esses achados apontam para a necessidade de se adotar medidas a

fim de melhorar a assistência pré-natal, sensibilizando as mães e os outros

familiares sobre a importância da amamentação. A maternidade deve dar

continuidade a esse trabalho, que deve ser estendido a todas as unidades

que prestam assistência a lactentes. É essencial que existam unidades de

apoio dirigidas para as mães que se encontram em fase de lactação. Há real

urgência de ser criada a iniciativa amiga da criança em hospitais e

ambulatórios gerais que assistem lactentes, com a criação de normas claras

e bem fundamentadas sobre o apoio ao aleitamento materno, assegurando-

se, também, a avaliação regular dessas atividades (SOUZA et al. 2008).

CONCLUSÃO

Acredita-se que o aleitamento materno deve ser visto sob a óptica da

mulher no sentido de compreender suas reais necessidades, concepções e

dificuldades, enquanto profissionais de saúde, realizar uma escuta ativa,

adaptar a assistência através de uma equipe interdisciplinar, fornecendo

apoio adequado e esclarecendo crenças e tabus.

Entretanto, o sistema de saúde não possui todas as soluções para o

desmame precoce, faz-se necessário o suporte da sociedade, apoio para a

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mulher que amamenta e trabalha fora de casa, creches nos locais de

trabalho, garantia de emprego, licença suficiente, entre outros. Neste

sentido, o ato de amamentar deve ser alimentado culturalmente, pelo seio

familiar, comunidade, mídia e participação efetiva dos profissionais da

saúde treinados e capacitados para fornecer atenção de forma efetiva.

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Artigo original

MOURA, Jayne Ramos Araujo; FIGUEIREDO, Iolanda Gonçalves de Alencar; SANTOS,

Tuanhy Nardine Carvalho; SOUSA, Elaine Costa de; VIEIRA, Thais Fragoso; LIMA, Sanya

Elaine Araújo. Conversas de adolescentes sobre drogas e sexualidade: um relato de

experiência. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8,

n. 2, p. 117-130, jun. 2015.

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Conversas de adolescentes sobre drogas e

sexualidade: um relato de experiência

Jayne Ramos Araujo Moura

Acadêmica do 9º período de enfermagem UFPI/CSHNB. Membro do

Grupo de Pesquisa em Saúde Coletiva (GPeSC). Picos, Piauí, Brasil.

Iolanda Gonçalves de Alencar Figueiredo

Enfermeira. Professora Assistente do Curso de Enfermagem da

UFPI/CSHNB, Membro do GPeSC/Área Saúde do Adolescente. Rua

Benedito Portela, 46 Bairro canto da Várzea. Picos-PI CEP 64600-182.

E-mail: [email protected]

Tuanhy Nardine Carvalho Santos

Enfermeira. Membro do grupo de pesquisa em saúde coletiva-

GPeSC/Área Saúde do Adolescente.

Elaine Costa de Sousa

Acadêmica do 8° período de licenciatura plena em pedagogia da UFPI -

CSHNB, membro do grupo de pesquisa em saúde coletiva-GPeSC/Área

Saúde do Adolescente.

Thais Fragoso Vieira

Acadêmica do 9º período de Enfermagem da UFPI - CSHNB. Membro do

grupo de pesquisa em saúde coletiva-GPeSC/Área Saúde do Adolescente.

Sanya Elaine Araújo Lima

Enfermeira da Estratégia Saúde da família. Coordenadora Municipal das

Ações de Saúde da Criança e do Adolescente Membro do GPeSC/Área

Saúde do Adolescente.

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Tuanhy Nardine Carvalho; SOUSA, Elaine Costa de; VIEIRA, Thais Fragoso; LIMA, Sanya

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RESUMO

O objetivo do estudo foi descrever e analisar uma experiência vivenciada por

acadêmicas dos cursos de Enfermagem e Pedagogia durante uma

intervenção de promoção em saúde com adolescentes em uma escola

municipal do interior do Piauí. Trata-se de um estudo descritivo, do tipo

relato de experiência, resultante das atividades desenvolvidas a partir do

Projeto de extensão “Promoção da Saúde de Adolescentes Através de

Grupos”, com a finalidade elaborar um levantamento das

informações/conhecimentos dos alunos que cursavam do sétimo ao nono ano

do Ensino Fundamental da escola, a respeito de duas temáticas principais:

sexualidade e uso de drogas, por meio da confecção dos desenhos pelos

alunos. A partir da observação e análise da atividade desenvolvida por meio

dos desenhos, foi possível perceber que os adolescentes possuíam maiores

conhecimentos no que se refere à temática “drogas”, com predominância da

maconha e do álcool, ainda foi perceptível a presença marcante da violência,

embora a mesma não tenha sido mencionada durante as orientações. Porém,

identificada através dos desenhos por eles realizados. A atividade

representou o primeiro passo para a construção de uma visão mais crítica a

respeito do processo de adolescer, permitindo, por meio da análise da

experiência, a construção de concepções concretas e ideológicas em relação

ao indivíduo em transição para a fase adulta.

Palavras chave: Promoção da saúde. Educação em saúde. Saúde do

Adolescente.

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Tuanhy Nardine Carvalho; SOUSA, Elaine Costa de; VIEIRA, Thais Fragoso; LIMA, Sanya

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ABSTRACT

The objective of the study was to describe and analyze an experience lived

by students from the Nursing and teaching courses for a health promotion

intervention with adolescents in a municipal school in the interior of Piauí.

This is a descriptive study of an experience resulting from the activities

developed from the Extension Project "Health Promotion Teens Groups

Through". In order to draw up an inventory of information / knowledge of

students attending at the seventh to the ninth year of school elementary

school, about two main themes: sexuality and drug use, through the

preparation of drawings by students. From the observation and analysis of

the activity developed by the drawings, it was revealed that adolescents had

higher knowledge in relation to the theme "drug", with predominance of

marijuana and alcohol, increased presence was still noticeable the violence,

although it was not mentioned during the guidelines. However, identified

through drawings performed by them. The activity was the first step to

building a more critical view about the adolescent process, allowing, for

analyzing the experience, building concrete and ideological conceptions of

the individual in transition to adulthood.

Keywords: Health Promotion. Health education. Adolescent Health.

INTRODUÇÃO

A adolescência é um período próprio do desenvolvimento físico e

psicológico humano, no qual advêm mudanças significativas no corpo,

seguidas pelo surgimento da afetividade, do interesse sexual e de grandes

conflitos comportamentais, como a ansiedade, a timidez, a angústia, a

insegurança, a instabilidade, possibilitando, por exemplo, o desenvolvimento

da personalidade.

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As transformações inerentes à passagem da vida infantil para a

vida adulta, comportam-se em si uma complexidade que merece ser

exploradas. Neste sentido, a construção de uma nova identidade é uma das

tarefas psíquicas da adolescência em que a sociedade oferece, de acordo com

a sua cultura, rituais tradicionais de passagem à idade adulta, que

funcionam como mediações simbólicas entre o adolescente e o meio, que lhe

conferirá o ‘status’ de adulto (AYUB et al. 2008).

Porém, essas mudanças podem ser vivenciadas como invasoras

envolvendo processos nos quais, muitas vezes, exige do adolescente uma

reformulação de seus mundos: interno e externo, em que as restrições

familiares e sociais, com o objetivo de “controlar” seus impulsos, chegam a

tornar seu desenvolvimento ameaçado.

E, é nesse período, tempo de clarificação de valores e de tomada de

decisões, que ocorrem processos fundamentais na aquisição e consolidação

de estilos de vida, saudáveis ou não saudáveis, que irão depender das

escolhas efetuadas pelos adolescentes (FERREIRA et al. 2011).

Desta forma, o adolescente encontra-se mais vulnerável à

gravidez não planejada, às doenças sexualmente transmissíveis (DST’s), à

experimentação de drogas, exposição aos acidentes em decorrência do

comportamento desafiador, além de diferentes formas de violência (BSERRA

et al. 2008). Em consequência disso, os índices de violência, uso e abuso de

drogas e vivência da sexualidade precoce, protagonizados pelos adolescentes

vêm crescendo a níveis globais e têm tomado proporções preocupantes.

Para a OMS (2000) o que fica evidenciado pela mudança, nas

últimas décadas, no perfil epidemiológico de morbimortalidade dos

adolescentes, em que poucos sucumbem de causas naturais, e a grande

maioria por causas preveníveis, resultantes do estilo de vida é que muitos se

envolvem numa variedade de comportamentos que os colocam em risco para

a obtenção de doenças agudas ou crônicas, ou mesmo a morte. Mas, os

comportamentos de risco na adolescência podem comprometer não só o

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desenvolvimento e a saúde atual e futura do indivíduo, como também

hipotecar todo o curso da sua vida, como, por exemplo, a maternidade ou

paternidade, que possuem consequências irreversíveis.

Nesse sentido, o adolescente necessita de orientações e apoio, não

só em seu ambiente familiar, mas também nas esferas da educação e saúde.

Atualmente, buscam-se alternativas para tentar modificar tal realidade, e,

em meio a esse processo, práticas de promoção da saúde ganham ênfase,

principalmente, quando estão aliadas à abordagem grupal. Atrelado a isso,

professores e profissionais da saúde desenvolvem projetos, conjuntamente,

com a finalidade de proporcionar aos adolescentes, uma transição saudável

da infância à idade adulta, em que, a escola, por ser um ambiente de

socialização e aprendizagem, se configura em um espaço ideal para o

desenvolvimento de atividades que estimulem os alunos a optarem por viver

de forma saudável.

O grupo para o adolescente é um espaço possível e privilegiado de

rede de apoio, pois permite descobrir potencialidades e trabalhar a

vulnerabilidade facilitando a prevenção de agravos à saúde. O trabalho em

grupos possibilita a ampliação do vínculo entre educadores e os

adolescentes. Assim, tendo em vista a importância da abordagem grupal

para as práticas de educação em saúde direcionadas ao adolescente,

entende-se como crucial a implantação de grupos em espaços escolares.

Para tanto, é necessário buscar técnicas de abordagem adequadas,

que estimulem o interesse dos adolescentes. A prática pedagógica de oficinas

– forma eficiente de educação, construção do conhecimento e pensamento

crítico para mudanças de comportamento – proporciona exposição de ideias,

conceitos e experiências, para ambos, sem medo de qualquer julgamento.

Esse fato possibilita transformar e aprimorar conceitos preconcebidos,

através da reflexão sobre o tema, socialização de experiências e troca de

saberes (FEITAS, DIAS 2010).

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Assim, objetiva-se nesse estudo descrever e analisar uma experiência

vivenciada por acadêmicas dos cursos de Enfermagem e Pedagogia durante

uma intervenção de promoção em saúde com adolescentes em uma escola

municipal do interior do Piauí.

METODOLOGIA

Estudo descritivo, do tipo relato de experiência. O presente artigo

relata a vivência de um grupo de acadêmicas dos cursos de Bacharelado em

Enfermagem e Licenciatura em Pedagogia da Universidade Federal do Piauí

(UFPI), Campus Senador Helvídio Nunes de Barros (CSHNB), no dia dois de

setembro de dois mil e treze em uma escola municipal do interior de Picos-

PI.

A atividade fez parte de uma das intervenções do Projeto de

Extensão “Promoção da Saúde de Adolescentes Através de Grupos”, que teve

como finalidade elaborar um levantamento das informações/conhecimentos

dos alunos que cursavam do sétimo ao nono ano do Ensino Fundamental da

escola, a respeito de duas temáticas principais: sexualidade e uso de drogas

por adolescentes. Outro ponto importante do encontro foi a possibilidade de

visualização das reações e/ou expressões demonstradas pelos adolescentes

durante a abordagem das temáticas.

O critério de seleção das turmas foi feito a partir da classificação

por idade. Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei 8.069,

de 1990, no Brasil, define a adolescência como a faixa etária de doze a

dezoito anos de idade (artigo 2º). As turmas nas quais estivessem com

alunos em consonância com essa faixa etária foram inclusas na execução das

atividades, o que totalizou cinquenta e nove alunos, vinte e sete do sexo

feminino e trinta e dois do sexo masculino (BRASIL 2002).

O método grupal foi escolhido para o trabalho com adolescentes

partindo da premissa de que grupo é um conjunto de pessoas, com

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características distintas, porém com necessidades semelhantes e objetivo

comum, que interagem, onde cada integrante disponibiliza de espaço para

expressar suas opiniões ou seu silêncio, de forma que as particularidades de

cada um devam focadas e respeitadas.

Para abordagem das temáticas, a metodologia escolhida foi a

Oficina que, nesse encontro, desenvolvida por meio de dinâmicas lúdico-

pedagógicas, que proporcionaram ao grupo a possibilidade de autoanálise e

auto interpretação, permitindo um processo contínuo de motivação ao

indivíduo e ao grupo (LOPES et al. 2001).

O pátio da escola foi utilizado para a realização do encontro. O

local foi organizado para os adolescentes e para promover a fácil

visualização e entendimento das atividades. Carteiras foram distribuídas

por todo o ambiente, de forma que as facilitadoras (acadêmicas) pudessem

estar sempre próximas dos alunos. As turmas foram unidas e distribuídas

no pátio.

Empregou-se a dinâmica “dos desenhos”. Inicialmente, os alunos

foram divididos em oito grupos de sete a dez participantes, de forma

aleatória e, posteriormente, foram lançadas duas perguntas, a primeira,

“Qual a primeira coisa que vem à sua cabeça quando se fala em drogas? ”, a

segunda, “O que você entende sobre sexualidade? ”. Para responder a esses

questionamentos, os adolescentes teriam que representar seus pensamentos

em forma de desenhos, a todos os grupos foi distribuído material para a

confecção dos desenhos – cartolina, papel A4, canetas, lápis de cor, pilotos,

tintas, pincéis. Durante a confecção do material, uma música instrumental

tocava, com a finalidade de deixar o ambiente mais acolhedor, calmo e

relaxante. Para concluir a dinâmica, cada grupo deveria explicar seus

desenhos e relatar o porquê de tê-los ilustrados.

O principal material analisado nesse estudo foram os desenhos

confeccionados durante a intervenção e as experiências das acadêmicas

durante a execução das atividades descritas. O projeto foi aprovado pela Pró

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Reitoria de Ensino e Extensão – PREX/UFPI e submetido ao Comitê de

Ética em Pesquisa da UFPI e autorizado a execução das atividades nas

escolas da rede estadual e municipal através do termo de parceria entre 9º

Gerência Regional de Educação (9ª GRE) de Picos-PI e Secretaria Municipal

de Educação (SEME) de Picos-PI.

RESULTADOS

Durante o desenrolar das atividades, os adolescentes

demostravam-se dispersos, inquietos e, inicialmente, evidenciaram

desinteresse pelo tema abordado. Aparentemente, não tinham intensão de

participarem do encontro, pois não queriam dar continuidade às atividades

propostas. No entanto, as acadêmicas, com o auxílio da professora

coordenadora do projeto de extensão, direcionaram a oficina, de forma que

cada adolescente pudesse expressar-se de forma individual. Para isso, uma

linguagem de fácil compreensão, expressões de carinho, afeto e acolhimento

foram empregadas, o que também, estimulou a vontade de participação das

atividades pela maioria dos alunos. Essas atitudes podem ser explicadas

pela própria fase do desenvolvimento humano, no qual, estão inseridos esses

alunos – a adolescência, onde muitos possuem certo grau de dificuldade em

expressar seus sentimentos e opiniões verbalmente, se fazendo necessária a

observação de suas atitudes e expressões corporais, de forma a

disponibilizar um ambiente propício para a organização de um discurso

verbal coerente com seus pensamentos.

A partir da observação e análise da atividade desenvolvida por

meio dos desenhos, foi possível perceber que os adolescentes possuíam,

predominantemente, maiores conhecimentos no que se refere à temática

“drogas”, sendo que, dentre as citadas, houve maior ponderância da

maconha e do álcool.

A Secretaria Nacional de Política sobre Drogas conceitua drogas

como substâncias que produzem mudanças nas sensações, no grau de

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consciência e no estado emocional das pessoas, sendo que estas alterações

variam de acordo com a droga e a quantidade utilizada (BRASIL 2010). Esse

conceito se aplica tanto às drogas lícitas quanto às ilícitas, incluindo a

maconha e o álcool, ambas mais citadas pelos adolescentes, sujeitos da

intervenção, durante a atividade desenvolvida.

As bebidas alcoólicas são consideradas drogas legais e de fácil

comercialização nacional. De venda proibida para menores de dezoito anos,

embora a realidade seja expressa de uma forma bem diferente. É importante

destacar que o consumo de bebida alcoólica está intimamente ligado a

interações sociais. Em muitos momentos, o uso indiscriminado cresce devido

à grande facilidade de acesso, em outros, este processo ocorre devido ao

ambiente favorecer maiores condições de consumo, onde o adolescente

depara-se facilmente com a bebida. Esta possui importante significado na

inserção dos grupos ali presentes (SILVA, PADILHA 2011).

Cabe ressaltar ainda que, consumo de álcool pelos adolescentes

pode se dar na companhia dos pais, o que torna muito mais difícil qualquer

intervenção ou informação posterior, trabalhada na escola.

A escola, juntamente com a família, é um dos veículos formativos

mais importantes para a vida e o desenvolvimento de crianças e

adolescentes. Ambos os meios devem promover um ambiente propício para o

estabelecimento de valores morais e padrões de conduta. Estes aspectos,

quando bem internalizados são considerados fatores de proteção contra o uso

de drogas.

Por meio da análise dos desenhos, foi possível identificar a

presença marcante da violência, tanto no que se refere às drogas quanto à

sexualidade, o que tornou o estudo ainda mais interessante, partindo do

pressuposto que não se mencionou, durante as orientações para a confecção

dos desenhos, a questão da violência. É preciso pensar com cuidado a relação

entre drogas e violência, pois é um tema carregado de representações

sociais. Usuário de drogas, não, necessariamente, será violento ou a pessoa

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violenta, nem sempre, é usuária de drogas. Quando há um evento violento e

há o uso concomitante de drogas, o mais prudente é analisar a situação, ou

seja, esclarecer os motivos e intenções, conhecer as sequencias e interações

que redundaram em violência.

Porém, o que mais chama atenção nos desenhos representativos

de violência é o fato de que, a maioria, não está ligada diretamente ao uso de

drogas, de forma que as representações mais presentes nos desenhos são as

de homens armados, morte e também a violência física entre familiares.

Muitos desenhos expressam usuários de droga portando armas que

desempenham algum tipo de agressão física. Já em outros, foi possível

perceber a violência ligada à desestruturação familiar, que individual ou

conjuntamente são causa e consequência do uso de drogas, o que pode ser

justificado por fatores econômicos e sociais que permeiam os sujeitos da

pesquisa.

Desta forma, os profissionais da saúde e educação devem conhecer

a realidade na qual estão inseridos estes adolescentes, reconhecendo na

violência os fatores que a desencadearam, tais como a desagregação

familiar, uso de substâncias psicoativas, a ociosidade, a banalização dos

valores morais, influência de amizades e marginalização social.

Após a análise dos desenhos referentes à temática “sexualidade",

percebeu-se a associação direta do tema ao ato sexual e à gravidez precoce.

Silva e Padilha (2011) auxiliam no processo de entendimento dessa

associação ao afirmarem que, os adolescentes, ao definirem a sexualidade,

salientam a função reprodutora e de perpetuação da espécie. Para eles a

sexualidade aparece como sinônimo de fazer sexo e sua definição é pautada

na biologia dos corpos.

A banalização do sexo e a falta de conhecimento sobre métodos

contraceptivos são um dos principais fatores que contribuem para o

acarretamento de uma gravidez indesejada precocemente, tal questão foi

detectada através de várias imagens, principalmente, de autoria feminina,

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em que levantavam também, outra questão bem polêmica – o aborto. Tal

prática é observada, atualmente, ocasionada pelas mudanças no

comportamento sexual dos adolescentes, como a redução da idade em que

iniciam as relações sexuais.

Nas últimas décadas, mundialmente, a incidência da

parentalidade na adolescência tem aumentado em níveis alarmantes,

porém, esta é mais evidenciada nos países emergentes, pois a falta de

informação, baixa escolaridade e a instabilidade econômica, especialmente

nos adolescentes de nível socioeconômico mais baixo, são mais presentes na

vida dessas pessoas (CARVALHO et al. 2010).

Em vista da complexidade da problemática do consumo de drogas,

sexualidade e violência e da forma como as informações chegam aos

adolescentes e como estes as processam, na ilusória realidade de serem

detentores do conhecimento, é preciso criar estratégias educacionais que

visem permitir a reflexão e conscientização dos mesmos, com o objetivo de

reduzir a incidência do uso dessas substâncias, da violência, em suas mais

variadas facetas, da gravidez precoce e de doenças sexualmente

transmissíveis e possibilitar à adesão de práticas de vida saudável.

Considerando o modelo de prevenção através de conscientização,

neste caso de escolares adolescentes, essas estratégias devem estar apoiadas

numa perspectiva de respeito à identidade, fazendo do adolescente

protagonista de sua própria história, de forma que venha transformar ele

mesmo em sua realidade, através do entendimento e apreensão das

informações recebidas e produzidas por eles mesmos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Buscou-se, nessa experiência, conhecer as percepções dos

adolescentes sobre o possível uso de drogas e do desenvolvimento da sua

sexualidade, além de observar seus comportamentos frente a uma discussão

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a respeito dessas temáticas. Diante dessa abordagem, fica clara a

contribuição para o crescimento do saber individual – no que tange à

experiência das integrantes do projeto de extensão, como também dos

saberes coletivos – os adolescentes, resultantes da educação em saúde

voltada para esses sujeitos.

Essa atividade possibilitou o desenvolvimento de um ambiente em

que os adolescentes pudessem expressar suas opiniões, anseios, dúvidas e

suas experiências a cerca dos assuntos abordados, o que possibilitou às

acadêmicas o conhecimento da realidade na qual eles estão inseridos, como

também o grau de entendimento de cada um. Aos adolescentes, propiciou

uma exteriorização de seus pensamentos e uma expansão de seus saberes.

A utilização de oficinas como abordagem pedagógica conferiu um

ponto positivo no processo de educação em saúde, pois despertou a

curiosidade, estimulou a reflexão relativa aos itens abordados em uma

grande parte dos participantes da oficina, além da possibilidade de se

tornarem agentes no processo de promoção de saúde a eles trazido nesse

momento.

No que se refere ao entendimento das acadêmicas, a atividade

representou o primeiro passo para a construção de uma visão mais crítica a

respeito do processo de adolescer, permitindo, por meio da análise da

experiência, a construção de concepções concretas e ideológicas em relação

ao indivíduo em transição para a fase adulta.

Acredita-se que este estudo possibilitou às acadêmicas uma

reflexão a partir da realidade vivenciada por esses adolescentes que foi

expressa por meio dos desenhos, o que proporcionou uma visão mais ampla

sobre as temáticas abordadas e, a partir de então, observou-se um

engrandecimento do conhecimento adquirido, pela possibilidade de

experimentação, por alguns momentos, a realidade, de alguns adolescentes,

frente à sexualidade e aos questionamentos sobre drogas, que por meio da

troca de conhecimentos e também das diferentes perspectivas ressaltadas no

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momento das dinâmicas, contribuiu para melhorar a prática da educação em

saúde acerca das questões que permeiam os adolescentes.

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Artigo original

OLIVEIRA, Maria Núbia Mendes de; SANTOS, Maria Solange Nogueira Dos;

FIGUEIREDO, Iolanda Gonçalves De Alencar; LUCENA, Jalles Dantas de; SOUSA, Alceu

Machado de; UCHOA, Francisco Nataniel Macedo; OLIVEIRA, Thompon Lopes de;

FREITAS, Ana Paula Fragoso de. Investigação da exposição ocupacional de manicure: um

estudo transversal. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e

Sociedade, v. 8, n. 2, p. 131-144, jun. 2015.

131

Investigação da exposição ocupacional de

manicure: um estudo transversal

Maria Núbia Mendes de Oliveira

Enfermeira, Pós-Graduada em Enfermagem do Trabalho, Faculdade

Vale do Jaguaribe, Fortaleza, Ce, Brasil.

E-mail: [email protected].

Maria Solange Nogueira Dos Santos

Enfermeira, Pós-Graduada em Enfermagem do Trabalho, Faculdade

Vale do Jaguaribe, Fortaleza, Ce, Brasil.

E-mail: [email protected].

Iolanda Gonçalves De Alencar Figueiredo

Enfermeira, Mestre em UTI, Professora do Curso de Bacharelado Em

Enfermagem da Universidade Federal do Piauí, CSHNB, Picos-Pi, Brasil.

Jalles Dantas de Lucena

Enfermeiro, Programa de Pós-graduação em Ciências Morfofuncionais da

Univerisidade Federal do Ceará.

Alceu Machado de Sousa

Programa de Pós-graduação em Ciências Morfofuncionais da

Universidade Federal do Ceará.

Francisco Nataniel Macedo Uchoa

Professor da Faculdade da Grande Fortaleza, FGF.

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estudo transversal. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e

Sociedade, v. 8, n. 2, p. 131-144, jun. 2015.

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Thompon Lopes de Oliviera

Professor Adjunto do Departamento de Ciências Farmacêuticas da

Universidade Federal da Paraíba.

Ana Paula Fragoso de Freitas

Enfermeira, Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Ciências

Médicas da Universidade Federal do Ceará

Email: [email protected].

RESUMO

O objetivo deste estudo foi investigar a exposição ocupacional das manicures

e pedicures que estão expostas a agentes biológicos como vírus, bactérias,

fungos em salões de embelezamento e residência na cidade de Fortaleza-CE.

Foi utilizada uma abordagem quantitativa, descritiva e exploratória. A

pesquisa de campo foi realizada entre outubro e novembro de 2013.

Quarenta profissionais foram entrevistados em suas residências e salões de

embelezamento. Foi aplicado um questionário semiestruturado. Constatou-

se que na pesquisa realizada a idade dos entrevistados varia de 20 anos a 52

anos. Apenas 32,5% concluíram o ensino médio, assim não sendo possível a

realização de cursos profissionalizantes (70%). Dos entrevistados, 37,5% tem

o ensino fundamental. O ganho mensal é de um salário mínimo para 72,5%

dos entrevistados. A maioria não higieniza as mãos (57,5%) e não tem a

percepção do risco da exposição ocupacional. O conhecimento da imunização

é desconhecido por 52,5%. Observou-se que 40% das manicures tem

conhecimento dos riscos da sua profissão e 57,5% já teve contato com sangue

sem o uso de luvas. Porém, 2,5% tem conhecimento do risco da profissão,

mas não utiliza EPIs. Verificou-se que os profissionais não têm

conhecimento sobre os procedimentos de biossegurança, e que as

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OLIVEIRA, Maria Núbia Mendes de; SANTOS, Maria Solange Nogueira Dos;

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estudo transversal. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e

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regulamentações desses serviços são falhas. O que se concluiu é que é muito

deficiente a supervisão e regulamentação dos estabelecimentos de

embelezamento, o cumprimento das normas de biossegurança, a capacitação

dos profissionais e falta conhecimento das condições de esterilização dos

instrumentos utilizados.

Palavras-chave: Hepatite B. Manicure. Salão de beleza. Biossegurança.

ABSTRACT

The aim of this study was to investigate the occupational exposure of

manicures and pedicures exposed to biological agents such as viruses,

bacteria, fungi at beauty salons and residence halls in the city of Fortaleza.

A quantitative, descriptive and exploratory approach was used. The

fieldwork was carried out between October and November 2013. Forty

professionals were interviewed in their homes and salons. A semi-structured

questionnaire was administered. It was found that the survey age ranges

from 20 years to 52 years. Only 32.5% of the interviewer completed high

school, so it was not possible to conduct training courses (70%) and 37.5%

have primary education with a monthly income of a minimum wage (72.5%).

The majority do not wash hands (57,5%) and have no knowledge of the

occupational exposure risk. The knowledge of immunization is unknown for

(52.5%). 40% of manicures were aware of the profession risks, and 57.5%

had had contact with blood without wearing gloves. Although 2.5% is aware

of profession risks, they do not use PPE. It was found that professionals

have no knowledge on biosafety procedures, and regulations of these type of

services is weak. The supervision and regulation of beauty establishments,

compliance with biosafety regulations, training of these professionals and

conditions for sterilization of instruments used are very poor.

keywords: Hepatitis B; Manicure, Beauty salons, Biosafety

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OLIVEIRA, Maria Núbia Mendes de; SANTOS, Maria Solange Nogueira Dos;

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INTRODUÇÃO

No Brasil a exposição ocupacional de manicure é um problema de

saúde pública, pois há uma diversidade de profissionais expostos a sangue e

outros fluidos corporais durante a ocupação laboral. A informalidade desses

trabalhadores ainda é predominante, sendo assim de difícil fiscalização

sanitária dos estabelecimentos, seja salão de beleza ou serviços prestados na

própria residências. Assim os mesmos desempenham atribuições

diretamente com a população onde o contato direto com a pele aumenta em

potencial o risco ocupacional de acidente ou incidente com agentes biológicos

se as recomendações da norma regulamentadora não são seguidas (MELO;

ISOLANI, 2011).

Dentre as principais doenças as quais esses trabalhadores estão

expostos estão o HIV e a hepatite B, C e D. A transmissão pode acontecer,

por meio dos instrumentais, de profissional para cliente, entre clientes e de

cliente para profissional (DINIZ; MATTE, 2013). Na visão dos autores

Benedito et al (2013), a hepatite B é a doença infectocontagiosa que mais

causa morbidade e mortalidade no mundo, atingindo as classes de

trabalhadores tanto na área de saúde como em estética e cosméticos.

Sendo assim ocorre uma grande incidência de contaminação por meio desses

profissionais se as orientações das condutas pertinentes à legislação não são

seguidas. Se as condutas não forem adequadas, danos à saúde da população

são acarretados, causando a transmissibilidade do vírus da hepatite B e C,

AIDS, onicomicoses e outros (GHISI e SANTI, 2012).

Corteli (2012) relata que o uso de equipamento de proteção individual é

necessário para a proteção do trabalhador e do cliente, evitando a

transmissão de microrganismo entre ambos, bactérias, vírus, fungos e

outros.

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Garbaccio e Oliveira (2013) citam que esses profissionais em sua maioria

têm deficiência no conhecimento acerca da utilização dos equipamentos de

biossegurança, a desinfecção e esterilização do instrumental. A quantidade

necessária para utilização, acondicionamento, limpeza, embalagens, muitas

vezes são precárias ou não existem. Oliveira et al (2013) descreve que a

hepatite é um inimigo dos salões de beleza, sendo necessário a higienização

as mãos e utilização de luvas descartáveis.

Pela facilidade, cada vez mais os jovens, crianças, idosos, sejam do sexo

masculino ou feminino, tendem a fazer suas unhas em casa, por ser um meio

mais prático, cômodo e barato. Os produtos que são utilizados como acetona,

esmalte, lixa, removedor de cutícula, produtos de madeira, plástico ou metal,

alicates devem ter o armazenamento adequado.

Dessa forma em vista da precariedade do serviço ofertado, da falta de

capacitação associada ao despreparo profissional para a desinfecção e

esterilização do instrumental perfuro-cortantes, objetivou-se com esse

trabalho investigar a exposição ocupacional das manicures e pedicures da

cidade de Fortaleza-CE.

METODOLOGIA

Foi realizado um estudo exploratório, transversal, observacional

com abordagem quantitativa em salões de beleza do município de Fortaleza,

Ceará. Segundo Marconi e Lakatos (2009), os estudos exploratórios

permitem ao investigador aumentar sua experiência em torno de um

determinado problema e descrever o determinado fenômeno.

A população do estudo constituiu-se em manicures e pedicures na

cidade supracitada. A amostra desse estudo foi composta por 40

profissionais selecionados de forma randomizada. Para a coleta de dados

entre os colaboradores selecionados para a pesquisa, aplicou-se um

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questionário semiestruturado baseado no modelo de Freitas et al. (2007)

com pequenas modificações.

A análise dos dados foi do tipo descritivo, a fim de investigar o

risco ocupacional da amostra estudada, comportamento e consequências do

acidente ocupacional com material biológico. O teste estatístico do Qui-

quadrado foi aplicado para verificar a associação entre as variáveis

estudadas, ao nível de significância de 5%. Foi utilizado para organização do

banco de dados o programa de computador “Excel” versão 2013 e como

instrumento de análise estatística o aplicativo Graphpad Prisma versão 5.0.

Esse estudo segue as normas preconizadas pela resolução n°

Resolução CNS Nº466, de 12 de dezembro de 2012, do conselho nacional de

saúde, relativo às pesquisas que envolvem seres humanos. Observando os

princípios éticos da pesquisa, a entrevista foi realizada após a assinatura do

termo de consentimento livre e esclarecido, sendo estas informadas sobre o

objetivo da pesquisa e da sua livre decisão de participar ou não.

RESULTADOS

Verificou-se que as trabalhadoras tinham idade média de 31,9

±6,9 (Tabela 1), eram casadas (45%), com ensino fundamental completo

(37,5%), com renda média de um salário mínimo (72,5%). A participação

feminina no mercado de trabalho brasileiro tem crescido significativamente

ao longo das últimas décadas em um contexto de expansão da economia e

um acelerado processo de industrialização, urbanização e novas mudanças

na estrutura familiar, sendo muitas vezes essas mulheres responsáveis

financeiramente pela família.

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Observou-se durante a coleta que as manicures e pedicures

entrevistadas eram predominantemente do sexo feminino. Trata-se de

mulheres muitas vezes em idade fértil, que por muitas vezes são chefes de

famílias (OLIVEIRA et al.2013).

Garbaccio e Oliveira (2013) relatam que manicures e pedicures no

Brasil desempenham atividades diretamente relacionadas ao contato com a

pele, aumentando o risco de exposição à agentes biológicos potencialmente

causadores de doenças de impacto socioeconômico como hepatites B, C e o

vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), que podem estar relacionadas à

contaminação de instrumentais utilizados, principalmente se não forem

adequadamente limpos e esterilizados.

Essa condição reflete em maior proporção as profissionais que

vivem na informalidade, desprotegidas de qualquer regulamentação que

lhes garanta importantes direitos sociais, como carteira de trabalho

assinada, o direito a férias, ao décimo terceiro, licença maternidade.

Dos dados coletados apenas 32,5% das entrevistadas concluiu o

ensino médio, assim não sendo possível para o trabalhador cursar cursos

profissionalizantes, devido ao baixo nível de escolaridade. A maioria dos

profissionais de embelezamento entrevistados são adultos jovens, possuem o

ensino fundamental, seguido do ensino médio completo, contudo estas

características não garantem o cumprimento das boas práticas (OLIVEIRA,

2013).

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Observou que 40% das manicures tem conhecimento dos riscos da

sua profissão, e 57,5% não tem a percepção do risco de acidente biológico.

Porém 2,5% tem conhecimento do risco da profissão, mas não utiliza EPI

conforme a norma regulamentadora N-06. Dessa forma não foi observada

diferença significativa entre o conhecimento sobre o uso de equipamento de

proteção individual e em relação ao conhecimento do risco da profissão.

Acreditamos que a baixa escolaridade associada ao desconhecimento sobre a

importância o uso de EPI são os grande fatores responsáveis para a

transmissão de doença entre cliente e profissionais manicures e pedicures,

já que as práticas de esterilização e biossegurança não são executadas de

maneira adequada (Tabela 2).

Segundo Martins e Oliveira (2012), a adesão às normas de

biossegurança é um fator protetor contra a Hepatite B, C, AIDS e outros

microrganismos. Todos os profissionais devem utilizar seus EPI

adequadamente, principalmente quando há contato com a pele, pois assim o

profissional e o cliente são protegidos. Oliveira (2009) cita que a adesão das

manicures e pedicures à utilização de proteção é baixa, e quando estas

aderem, as condutas são inadequadas aumentando o risco de disseminação

do vírus da Hepatite B, C e outros microrganismos.

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A única maneira de se evitar a transmissão da Hepatite B e C por

materiais de manicures/pedicures é por meio da prevenção, capacitação,

atualização, sensibilização dos funcionários dos salões de beleza e em dos

que atendem em residências aos riscos que estão expostos (MELO e

ISOLANI, 2013).

Verificou-se que das manicures e pedicures abordados 57,5% não

higienizam as mãos, pois não têm a percepção do risco. Já para o

conhecimento da vacinação, 52,5% nunca nem ouviram falar da vacina da

hepatite B, aumentando mais ainda a fonte de contaminação nesse público.

Como consequência do desconhecimento da existência da vacina, 52,5%

nunca se vacinou, sendo que desses colaboradores, 57,5% já teve contato com

sangue, seja por palito de aço, madeira, algodão, toalha e alicates. Para a

higiene dos instrumentos de trabalho o que predominou foi a utilização da

panela de pressão por 52,5% (Tabela 3).

As mãos constituem a principal via de transmissão de

microrganismos durante a assistência prestada aos pacientes, pois a pele é

um possível reservatório de diversos microrganismos, que podem se

transferir de uma superfície para outra, por meio de contato direto (pele com

pele), ou indireto, através do contato com objetos e superfícies contaminados

(ANVISA, 2007). Garcia, Bento e Costa (2012) ressaltam a importância da

higienização das mãos e o uso de luvas como EPI para prevenção contra a

Hepatite B, porém, de acordo com literatura publicada, a adesão ainda é

baixa.

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A falta de conhecimento dos profissionais em relação a atividade

executada representa um risco para a saúde pública, e como consequência

causa agravos a saúde dos clientes e dos próprios profissionais. Oliveira e

Focáccia (2010) em pesquisa com manicures e pedicures na cidade de São

Paulo, também indicam a necessidade de uma melhor regulamentação

desses serviços pelas autoridades sanitárias competentes.

A infecção pelo vírus da hepatite B (VHB) é um dos problemas

mais sérios de saúde pública, em virtude do número elevado de pessoas

infectadas por este agente etiológico. A Organização Mundial da Saúde

(OMS) aponta a existência de aproximadamente 350 milhões de pessoas,

cronicamente portadoras deste vírus em diversas regiões do mundo, sendo

que destas, aproximadamente dois milhões, se concentram no Brasil.

Após a pesquisa realizada foi constatado que salões de

embelezamento e residências onde se exerce atividade afim não são

inspecionados pela Vigilância Sanitária, apresentavam maior deficiência no

processo de esterilização dos instrumentais se comparados a

estabelecimentos inspecionados.

No trabalho verificou-se que 52,5% das manicures/pedicures

faziam esterilização em panela de pressão, 5% utilizam a autoclave. As

outras 25% utilizavam estufa, mas a maioria não sabia o tempo e a

temperatura correta para a esterilização dos materiais. Ainda assim

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observou-se que 17,5% utilizavam métodos que não é adequado para

esterilização ou não souberam informar (Tabela 4).

Em estudo realizada na cidade de Jacareí, São Paulo, os

pesquisadores verificaram que as temperaturas usadas para a realização da

esterilização variavam entre 90ºC e 300ºC e o tempo gasto oscilava de 20

minutos até 12h, ou ainda "o dia inteiro", "de um dia para o outro". Ademais,

27% dos entrevistados não sabiam qual temperatura seu equipamento

atingia e apenas 10% dos equipamentos possuíam termômetro e termostato.

De modo geral, os profissionais mostram o desconhecimento das boas

práticas de esterilização (DINIZ; MATTE, 2013). Considerando que os

serviços de manicure envolvem a manipulação de secreção e alteram a

integridade da pele, estes devem ser entendidos como serviços de saúde,

devendo, pois, adotar a biossegurança como centro de suas ações. Assim,

configura-se o dever da vigilância sanitária em promover a difusão deste

conhecimento como meio de regulação (BRASIL, 2009).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Constatamos que as condições sanitárias e de biossegurança em

salões de beleza pesquisados são precárias, expondo assim a saúde do

trabalhador e do cliente.

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Os trabalhadores não estão capacitados adequadamente, pois por

apresentarem um nível de escolaridade baixo, muitas vezes não conseguem

cursar cursos profissionalizante e posteriormente, cursos de atualizações. A

maioria dos profissionais abordados não tem a percepção do risco ao qual se

expõem ao não cumprir as normas adequadas.

Concluiu-se que é muito deficiente a supervisão e regulamentação dos

estabelecimentos de embelezamento, o cumprimento das normas de

biossegurança, a capacitação desses profissionais e o conhecimento das

condições de esterilização dos instrumentos utilizados. Assim campanhas de

educação em saúde associadas às políticas públicas de saúde direcionadas

para esse setor poderiam melhorar a qualidade da assistência e diminuir o

risco de transmissão de doenças infecciosa para trabalhadores e clientes.

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Revisão

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ABREU, Maria Carolina de; OLIVEIRA, Paulo Victor de; PACHECO, Ana Carolina

Landim. Biossegurança em laboratórios: uma revisão de literatura. Revista Intertox-

EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 145-173, jun. 2015.

145

Biossegurança em laboratórios: uma revisão

de literatura

Maria Daiane de Sousa Silva

Licenciada em Ciências Biológicas, Universidade Federal do Piauí -

Campus Senador Helvídio Nunes de Barros.

E-mail: [email protected].

Paulo Henrique da Silva

Licenciado em Ciências Biológicas, Universidade Federal do Piauí -

Campus Senador Helvídio Nunes de Barros.

Ykaro Richard Oliveira

Licenciado em Ciências Biológicas, Universidade Federal do Piauí -

Campus Senador Helvídio Nunes de Barros.

Maria Carolina de Abreu

Doutora em Botânica, Professora Adjunto II, Curso de Ciências

Biológicas, Universidade Federal do Piauí- Campus Senador Helvídio

Nunes de Barros.

Paulo Victor de Oliveira

Doutor em Geociências, Professor Assistente-A, Nível 1, Curso de

Ciências Biológicas, Universidade Federal do Piauí- Campus Senador

Helvídio Nunes de Barros.

Ana Carolina Landim Pacheco

Doutora em Biotecnologia, Professora Adjunto II, Curso de Ciências

Biológicas, Universidade Federal do Piauí, Campus Senador Helvídio

Nunes de Barros.

Revisão

SILVA, Maria Daiane de Sousa; SILVA, Paulo Henrique da; OLIVEIRA, Ykaro Richard;

ABREU, Maria Carolina de; OLIVEIRA, Paulo Victor de; PACHECO, Ana Carolina

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RESUMO

Este estudo trata-se de uma revisão de literatura que pretende discutir o

tema biossegurança, assim como sobre o uso e as medidas de proteção dos

laboratórios de pesquisa. O estudo tem sua relevância fundamentada na

importância de se conhecer os procedimentos de uso de laboratórios de

biossegurança, que pode ser visto como um campo de conhecimento e

também como um conjunto de práticas e ações técnicas, com preocupações

sociais e ambientais que são destinados a conhecer e controlar os riscos que

o trabalho pode oferecer ao ambiente e à vida. Ao longo do desenvolvimento

deste, descreveu-se desde os principais conceitos de biossegurança, da

ocorrência de possíveis acidentes biológicos, até informações rápidas e úteis

sobre a biossegurança quanto às boas práticas laboratoriais. Utilizou-se

dados de bancos como o LILACS, SciELO, MEDLINE, assim como livros e

documentos de referência para a área. O método utilizado foi um

levantamento bibliográfico por meio de uma abordagem crítica, objetiva e

abrangente, considerando a relevância do tema. Ao final do trabalho

percebeu-se como se dá a manipulação de agentes biológicos e os riscos que

estão associados a esses agentes, além de saber quais são as medidas de

contenção e os equipamentos de proteção para realizar boas práticas

laboratoriais. A partir desse levantamento espera-se ter contribuído para o

conhecimento geral da população, principalmente para quem faz uso de

laboratórios quer em suas atividades diárias quer esporadicamente,

possibilitando desta maneira conhecer e/ou rever as medidas e precauções

que são sugeridas na literatura quanto à biossegurança laboratorial, pois

além do conhecimento, o uso e aplicação da prudência e do bom senso de

cada indivíduo se fazem necessários para a segurança nestes ambientes.

Palavras chaves: Riscos biológicos. Boas práticas laboratoriais. Proteção.

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ABSTRACT

This study deals with a literature review that aimed to raise information

about the biosafety theme, as well on the use and protection measures of

research laboratories. The study is relevant based on the importance of

know the procedures used in biosafety laboratories, which can be seen as a

field of knowledge or how a set of practices and technical actions with social

and environmental concerns that are designed to meet and control the risks

that the work can provide for the environment and life. Throughout the

development of this work, was described from the main concepts of

biosecurity, the occurrence of possible biological accidents, until quick and

useful information on biosafety and good laboratory practices. The

Databases used were the LILACS, SciELO, MEDLINE, as well books and

reference documents for the area. The method used was a literature review

through a critical, objective and comprehensive approach, considering the

importance of the theme. At the end of the work, it was perceived how is the

handling of biological agents, the risks associated with these agents, the

containment measures and the personal protective equipment to the

realization of good laboratory practices. This article can contribute to the

general knowledge of the population, especially for those who make use of

laboratories or in their daily activities or sporadically, enabling this way

know and/or review the measures and precautions that are suggested in the

literature for the laboratory biosecurity, because beyond the knowledge, the

use and application of prudence and common sense of each individual are

necessary for security in these environments.

Keywords: Biological risks. Good laboratory practice. Protection.

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INTRODUÇÃO

A biossegurança é uma área de conhecimento relativamente nova, que

impõe desafios não somente à equipe de saúde, mas também a empresas que

investem em pesquisa; também se designa a um campo de conhecimentos e

a um conjunto de práticas e ações técnicas, com preocupações sociais e

ambientais, que são destinados a conhecer e controlar os riscos que o

trabalho pode oferecer ao ambiente e à vida (ALMEIDA; ALBUQUERQUE,

2000).

Atualmente vêm sendo considerada como ciência que é adotada em

inúmeros países, sendo criada e aplicada através de legislações e diretrizes

próprias governamentais. O Brasil só começou a desenvolver suas normas

de biossegurança por volta do ano de 1995, devido ao aumento na incidência

de casos de danos ocupacionais que resultavam em doenças envolvendo

profissionais que prestavam serviço na área da saúde e que utilizavam

estruturas e microrganismos vivos (BRASIL, 2004).

A biossegurança regulamenta as características de construção e

planejamento dos laboratórios de pesquisa, devendo atender as necessidades

de proteção aos seus usuários conforme as atividades desenvolvidas nestes

ambientes, por meio de métodos e equipamentos destinados a estes

usuários, permitindo a realização de suas atividades com toda a segurança

(HIRATA; MANCINI FILHO, 2002).

Quando se refere à biossegurança, é fundamental também a

conscientização e a educação permanente dos profissionais, proporcionando-

lhes condições para um trabalho seguro, bem como a oportunidade para

reflexões, discussões críticas, atualização e adoção de medidas preventivas

corretas (GIR et al., 2004; FARIAS, ZEITOUNE, 2005).

Assim, sempre é importante colocar a biossegurança em um cenário

que permita aos demais profissionais, que atuam com prevenção e controle

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de riscos ocupacionais, entenderem seus propósitos, suas contradições, e,

principalmente, sua importância como instrumento de proteção da vida, em

qualquer que seja o ambiente de trabalho (ANDRADE; SANNA, 2007).

Para tanto, este estudo trata-se de uma revisão de literatura que

pretende de maneira crítica, objetiva e abrangente analisar referências de

pesquisas em relação ao tema biossegurança, assim como sobre o uso e as

medidas de proteção dos laboratórios de pesquisa.

E este tem sua relevância fundamentada na importância de se

conhecer os procedimentos de uso de laboratórios quanto à biossegurança.

Além do que, o conhecimento acerca deste tema pode ser direcionado a uma

discussão numa abordagem dinâmica e interdisciplinar, útil para colaborar

na formação de futuros usuários desses espaços, especialmente no caso de

profissionais de áreas biomédicas (Biologia, Nutrição, Enfermagem,

Biomedicina, Farmácia, Odontologia, Medicina, Fisioterapia, e demais

cursos da área da saúde), promovendo desta forma uma maior

conscientização dos usuários e tendo assim um conhecimento mais profundo

no que diz respeito ao temário em foco.

METODOLOGIA

O estudo foi realizado através de um levantamento bibliográfico por

meio de uma revisão de literatura, considerando a relevância do tema. Este

levantamento foi realizado no período de abril a julho de 2014, com os

seguintes bancos de dados: LILACS, SciELO, MEDLINE, além de livros e de

documentos de referência na área, selecionando-se trabalhos tanto em

português quanto em inglês para o desenvolvimento do tema abordado. Para

a pesquisa virtual, fez-se uso e combinação dos seguintes descritores:

biossegurança, biossegurança em laboratórios, CTNBio, CIBio, agentes

biológicos, riscos biológicos, níveis de biossegurança, atividades em

laboratório, equipamentos de proteção, boas práticas laboratoriais (BPLs).

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REVISÃO DE LITERATURA

Biossegurança

O conceito de biossegurança começou a ser mais fortemente construído

no início da década de 1970, após o surgimento da engenharia genética que

se iniciou com a transferência e expressão do gene da insulina para a

bactéria Escherichia coli. Na década de 1980 a Organização Mundial de

Saúde conceituou a biossegurança como práticas de prevenção para o

trabalho em laboratório com agentes patogênicos, e, além disto, classificou

os riscos como biológicos, químicos, físicos, radioativos e ergonômicos. Na

década seguinte, observou-se a inclusão de temas como ética em pesquisa,

meio ambiente, animais e processos envolvendo tecnologia de DNA

recombinante em programas de biossegurança (COSTA; COSTA, 2002).

Teixeira e Valle (1998) definem como biossegurança o conjunto de ações

voltadas para a prevenção, minimização ou eliminação dos riscos inerentes

às atividades de pesquisa, produção, ensino, desenvolvimento tecnológico e

prestação de serviços, onde estes riscos podem comprometer a saúde do

homem e de animais, o meio ambiente ou a qualidade dos trabalhos

desenvolvidos. Para Costa (1996) está relacionada à prevenção de acidentes

em ambientes ocupacionais, incluindo o conjunto de medidas técnicas,

administrativas, educacionais, médicas e psicológicas. O tema segundo

Albuquerque (2001) abrange ainda a segurança no uso de técnicas de

engenharia genética e as possibilidades de controle capazes de definir

segurança e risco para o ambiente e para a saúde humana, associados à

liberação no ambiente dos organismos geneticamente modificados (OGMs).

No Brasil, desde a instituição das escolas médicas e da ciência

experimental, no século XIX, vêm sendo elaboradas noções sobre os

benefícios e riscos inerentes à realização do trabalho científico, em especial

nos ambientes laboratoriais (ALMEIDA; ALBUQUERQUE, 2000). A

biossegurança no país só se estruturou, como área específica, nas décadas de

1970 e 1980, em decorrência do grande número de relatos de graves

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infecções ocorridas em laboratórios, e também de uma maior preocupação

em relação às consequências que a manipulação experimental de animais,

plantas e microrganismos poderia trazer ao homem e ao meio ambiente

(SHATZMAYR, 2001).

Várias normas em biossegurança preconizam a diminuição da

exposição de trabalhadores a riscos e a prevenção de contaminação

ambiental (HAMBLETON et al., 1992). As novas tecnologias de

biossegurança e guias associados têm melhorado significativamente a

segurança em ambientes laboratoriais, principalmente no que diz respeito

ao manuseio de materiais microbiológicos (PENNA et al., 2010).

Comissão Técnica Nacional de Biossegurança - CTNBio

A primeira legislação classificada como de biossegurança, no Brasil,

data de 1988, e a Resolução nº 1 do Conselho Nacional de Saúde (CNS) de 13

de junho de 1988, publicada no Diário Oficial da União (DOU) de

14/06/1988, visava normatizar as pesquisas em saúde. Apesar de sua

importância e pioneirismo, apresentou algumas falhas por ser muito

abrangente e extensa. A principal falha foi a falta de divulgação para as

áreas que fariam uso da mesma. Depois desta, outras leis foram

normatizadas, mas somente com a lei 11.105, da Presidência da República,

de 24 de março de 2005, a biossegurança efetivamente surgiu com a forca

necessária. A partir desta lei criou-se a Comissão Técnica Nacional de

Biossegurança – CTNBio, com o objetivo de propor e estabelecer toda a

política Nacional de Biossegurança, publicando Normas e Instruções

Normativas que devem ser cumpridas em todos os níveis (BRASIL, 1988;

SOUSA 1998).

A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) foi criada

para estabelecer normas às atividades que envolvam construção, cultivo,

manipulação, uso, transporte, armazenamento, comercialização, consumo,

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liberação e descarte relacionados a OGMs em todo o território brasileiro

(SCHOLZE, 1999). Tais normas, além de tratarem da minimização dos

riscos em relação aos OGMs (BRASIL, 1995), envolvem os OGMs e suas

relações com a promoção de saúde no ambiente de trabalho, no meio

ambiente e na comunidade (GARCIA; ZANETTI-RAMOS, 2004).

Operacionalmente vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia, a

CTNBio é composta por membros titulares e suplentes, das áreas humana,

animal, vegetal e ambiental (SCHOLZE, 1999).

Segundo a lei 11.105/05, poderá a CTNBio elaborar normas, desde que

estas se moldem à Constituição Federal, bem como à legislação relativa a

saúde, a agricultura, ao meio ambiente, e as normas legais referentes a

Ciência e a Tecnologia. A forma de elaboração de tais normas constitui-se

mediante Resoluções, conforme indica o inciso XVI, do artigo 14.

Obviamente, esses regramentos deverão ser relativos às matérias de sua

competência. À CTNBio também coube elaborar seu regimento Interno

(PALMA, 2014).

Em 19 de fevereiro de 2002 foi criada a Comissão de Biossegurança

em Saúde (CBS) no âmbito do Ministério da Saúde. A CBS trabalha com o

objetivo de definir estratégias de atuação, avaliação e acompanhamento das

ações de biossegurança, procurando sempre o melhor entendimento entre o

Ministério da Saúde e as instituições que lidam com o tema (BRASIL,

2006b).

De acordo com a Instrução Normativa nº1 da CTNBio, toda entidade

que utilizar técnicas e métodos de engenharia genética deverá criar uma

Comissão Interna de Biossegurança (CIBio), com as atribuições de promoção

de programas de educação, criação de programas de prevenção e inspeções,

registro e notificação de projetos, investigação de acidentes e tudo o que se

diz respeito ao cumprimento da regulamentação de biossegurança.

As Comissões Internas de Biossegurança (CIBios) devem ser

instauradas por toda instituição que se dedique ao ensino, à pesquisa

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científica, ao desenvolvimento tecnológico e à produção industrial que utilize

técnicas e métodos de engenharia genética com OGMs e seus derivados ou

que pretenda importar tais organismos para uso em atividades de pesquisa.

Elas foram regulamentadas pela Lei 11.105/05, pelo Decreto 5.591/05 e pela

Resolução Normativa (RN) 01/06, expedida pela CTNBio (PALMA, 2014).

Enfatize-se que toda Comissão deverá ter um técnico principal,

responsável para cada projeto específico que, dentre outras funções, deverá:

a) assegurar o cumprimento das normas de biossegurança em conformidade

com as recomendações da CTNBio e da CIBio; b) garantir que a equipe

receba treinamento em biossegurança e que estejam cientes dos riscos da

atividade; c) fornecer à CIBio informações adicionais, quando solicitadas,

bem como atender a possíveis auditorias da CIBio; d) garantir que o

laboratório esteja munido de equipamentos de biossegurança e a

manutenção desta infraestrutura; e) solicitar autorização da CIBio para

transferência de OGMs e derivados dentro do território nacional e quando

forem importados, deverá a CIBio submeter à solicitação aprovada,

primeiramente por esta, à CTNBio; f) submeter à CIBio proposta de

atividades, assegurando que estas somente serão iniciadas após decisão

técnica favorável da CTNBio e, quando for o caso, autorizada pelo órgão de

registro e fiscalização competente; g) informar à CIBio quanto a acidentes

decorrentes das atividades com OGMs e derivados, e toda vez que houver

mudanças na equipe técnica (FERNANDES, 2007).

Manipulações de agentes biológicos

Os laboratórios de ensino e pesquisa se diferenciam de outros, devido

principalmente a grande rotatividade de professores, pesquisadores,

estagiários, alunos de graduação e pós-graduação, além da variabilidade de

atividades no local de aula ou de pesquisa. A manipulação de produtos

químicos (solventes orgânicos, tóxicos, abrasivos, irritantes, inflamáveis,

voláteis, cáusticos, entre outros), microrganismos e parasitas com risco de

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infectividade e morbidade é bastante variada, sobretudo nos laboratórios de

ensino na área da saúde. Portanto, os cuidados a serem tomados pelos

usuários e o gerenciamento pelos administradores devem ser muito maiores

(HIRATA; MANCINI FILHO, 2002).

Ainda de acordo com Hirata e Mancini Filho (2002), a biossegurança

deve ter uma abordagem mais ampla da segurança geral tanto para os

alunos como para os professores e funcionários técnicos ou administrativos,

por estarem todos envolvidos no trabalho universitário de ensino e pesquisa,

além da prestação de serviços.

As infecções mais comumente adquiridas pelos profissionais em

laboratório são provenientes de agentes bacterianos, no entanto, agentes

patogênicos pertencentes a todas as categorias de microrganismos também

podem causar infecções (COICO; LUNN, 2005). Para minimizar os riscos

inerentes à manipulação dos agentes microbiológicos é importante conhecer

as suas características peculiares, dentre as quais se destacam o grau de

patogenicidade, o poder de invasão, a resistência a processos de

esterilização, a virulência e a capacidade mutagênica (TEIXEIRA; VALLE,

1998).

Para os fins didáticos, Hirata e Mancini Filho (2002) abordam os riscos

nos laboratórios de ensino, pesquisa e de biotecnologia, sob vários aspectos,

em: físicos, biológicos, químicos, ergonômicos e de acidentes.

Riscos Físicos

Refere-se aos riscos provocados por algum tipo de energia. Os riscos

físicos podem ser enumerados dependendo dos equipamentos de manuseio

do operador ou do ambiente em que se encontra no laboratório. Podemos

citar alguns casos como calor, frio, vibrações, radiações não ionizantes e

ionizantes e pressões anormais (HIRATA; MANCINI FILHO, 2002).

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Riscos Biológicos

Os materiais biológicos abrangem amostras provenientes de seres

vivos como plantas, animais, bactérias, leveduras, fungos, parasitas

(protozoários e metazoários), amostras biológicas provenientes de animais e

de seres humanos (sangue, urina, secreções, derrames cavitários, peças

cirúrgicas, biópsias, entre outras). Incluem-se também os OGMs em que os

cuidados são mais relevantes por estarem albergando genes com

características diferenciadas (HIRATA; MANCINI FILHO, 2002).

Os agentes biológicos que afetam o homem, os animais e as plantas

foram classificados pelo Ministério da Saúde por meio da Comissão de

Biossegurança em Saúde (CBS). Os critérios de classificação tiveram como

base diversos aspectos, tais como: virulência, modo de transmissão,

estabilidade do agente, concentração e volume, origem do material

potencialmente infeccioso, disponibilidade de medidas profiláticas eficazes,

disponibilidade de tratamento eficaz, dose infectante, tipo de ensaio e

fatores referentes ao trabalhador. Os agentes biológicos foram assim

classificados em classes de 1 a 4, incluindo também a classe de risco especial

(BRASIL, 2006a).

Classe de Risco 1: inclui os agentes Biológicos que apresentam baixo

risco para o indivíduo e para a coletividade, com baixa probabilidade de

causar doença ao ser humano; Classe de Risco 2: nessa classe estão inseridos

os agentes biológicos que apresentam risco individual moderado para o

indivíduo e com baixa probabilidade de disseminação para a coletividade.

Podem causar doenças ao ser humano, entretanto, existem meios eficazes de

profilaxia e/ou tratamento; Classe de Risco 3: são os agentes biológicos que

apresentam risco elevado para o indivíduo e com probabilidade moderada de

disseminação para a coletividade. Podem causar doenças e infecções graves

ao ser humano, entretanto nem sempre existem meios eficazes de profilaxia

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e/ou tratamento; Classe de Risco 4: nesta estão incluídos os agentes

biológicos que apresentam risco elevado para o indivíduo e com

probabilidade elevada de disseminação para a coletividade. Apresenta

grande poder de transmissibilidade de um indivíduo a outro. Podem causar

doenças graves ao ser humano e ainda não existem meios eficazes para a

sua profilaxia ou seu tratamento (BRASIL, 2006a).

Há também as classes de riscos biológicos especiais que são agentes

biológicos que oferecem alto risco de causar doença animal grave e de

disseminação no meio ambiente de doença animal não existente no país e

que, embora não sejam obrigatoriamente patógenos de importância para o

homem, podem gerar graves perdas econômicas e/ou na produção de

alimentos. Alguns exemplos: Vírus da cólera suína, Vírus da doença de

Borna, Vírus da doença de New Castle (amostras asiáticas), Vírus da doença

de Teschen, Vírus da doença de Wesselbron, Vírus da influenza A aviária

(amostras de epizootias), Vírus da peste aviária, Vírus da peste bovina

(BRASIL, 2006a).

Riscos químicos

A classificação das substâncias químicas, gases, líquidos ou sólidos,

também deve ser conhecida pelos seus manipuladores. Nesse aspecto, têm-

se solventes combustíveis, explosivos, irritantes, voláteis, cáusticos,

corrosivos e tóxicos (CARVALHO, 1999). Eles devem ser manipulados de

forma adequada em locais que permitam ao operador a segurança pessoal e

do meio ambiente. Nesse caso, cuidados também devem ser tomados no

descarte dessas substâncias. Esse grupo é muito importante, pois os

acidentes de laboratórios com substâncias químicas são os mais comuns e

bastante perigosos (HIRATA; MANCINI FILHO, 2002).

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Riscos ergonômicos

O termo criado para esse tipo de risco foi LER, ou seja, lesões causadas

por esforço repetitivo, que atualmente se denomina DORT (doença

osteomusculares relacionadas com o trabalho) (CARDELHA, 1999). Em

geral, devem-se preocupar com distâncias em relação à altura dos balcões,

cadeiras, prateleiras, gaveteiros, capelas, circulação e obstrução de áreas de

trabalho (HIRATA; MANCINI FILHO, 2002).

Riscos de acidentes

Considerado como sendo as situações de perigo que possam afetar a

integridade, o bem estar físico e moral dos indivíduos presentes nos

laboratórios. Nos laboratórios de ensino, compreendem: infraestrutura física

com problemas (pisos lisos, escorregadios e instalações elétricas com fios

expostos e/ou com sobrecarga elétrica); armazenamento ou descartes

impróprios de substâncias químicas; entre outras, como: quando se trabalha

com equipamentos de vidro sempre observar a resistência mecânica

(espessura do vidro), a resistência química e ao calor; para os equipamentos

e instrumentos pérfuro-cortantes proteger as mãos com luvas adequadas

sempre tomando cuidado na manipulação, nunca voltado o instrumento

contra o próprio corpo (HIRATA; MANCINI FILHO, 2002).

Medidas de contenção em laboratórios

Silva (1998) destaca que é necessário que todo laboratório forneça bar-

reiras de contenção e um programa de segurança cujo objetivo seja a

proteção dos profissionais de laboratório e outros que atuem na área, bem

como a proteção do meio ambiente, eficiência das operações laboratoriais e

garantia do controle de qualidade do trabalho executado.

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A prevenção ou redução do risco de desenvolver doenças profissionais

por exposição a diversos agentes, presentes no ambiente de laboratórios,

podem ser alcançados pelo o uso de práticas seguras nas atividades

laboratoriais e de outras medidas que visam preservar a saúde e o meio

ambiente. Alguns aspectos importantes acerca da biossegurança nas

atividades laboratoriais podem ser ressaltados, como, a saber: organização

das atividades laboratoriais, práticas seguras e medidas de controle,

organização estrutural e operacional, avaliação dos riscos ambientais,

dentre outros (HIRATA, 2000).

Organização das atividades no laboratório

É um aspecto fundamental para a segurança do pesquisador ou

analista e para garantia de resultados precisos de qualidade; a falta de

organização no ambiente de trabalho pode gerar situações de risco para o

analista e para outros indivíduos presentes no local e ainda promover danos

às instalações prediais (CARVALHO, 1999). As situações de riscos

predispõem à ocorrência de acidentes que podem ser irreversíveis, levando

ao afastamento temporário ou definitivo do analista ou pesquisador,

portanto, é fundamental que qualquer atividade laboratorial seja

previamente planejada e executada em ambiente seguro (HIRATA, 2000).

No ambiente de laboratório é preciso considerar as condições de

trabalho e todos os fatores que oferecem risco ao analista, como as

instalações, os locais de armazenamento, a manipulação de produtos

químicos, as condições operacionais dos equipamentos, as bancadas,

equipamentos de proteção, entre outros (CIbio/FCFUSP, 2000). Um

experimento ou qualquer outra atividade laboratorial exige um

planejamento prévio e um roteiro para a execução adequada e segura do

trabalho e orientação para descarte dos resíduos gerados (CARVALHO,

1999). O planejamento das atividades e a organização do ambiente de

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trabalho são essenciais para detectar qualquer dificuldade que possa

prejudicar a realização dessas atividades, ou ainda, expor o analista a riscos

ocupacionais (HIRATA, 2000).

Práticas seguras no laboratório

Refere-se a um conjunto de procedimentos que visam reduzir a

exposição dos analistas a riscos no ambiente de trabalho, essas práticas

compreendem a ordem e a limpeza dos materiais, a separação e a limpeza

das áreas de trabalho, o manuseio adequado de equipamentos elétricos,

substâncias químicas, materiais biológicos e radioativos, o uso adequado de

equipamentos de proteção e segurança, entre outras (MENÉNDEZ-BOTET,

1993).

No laboratório, a delimitação de áreas e a identificação de

equipamentos de segurança e de condutos de líquidos e gases devem ser

feitas pelo emprego de diferentes cores, as quais permitem a sinalização de

segurança no ambiente de trabalho (HIRATA, 2000). As cores adotadas

para a delimitação das áreas no laboratório, segundo a Norma

Regulamentadora n° 26 (NR26) do Ministério do Trabalho e Emprego são:

cor vermelha que indica os equipamentos e aparelhos de proteção e combate

a incêndio além das rotas de fuga e da saída de emergência; amarela indica

“atenção” ou “cuidado”; branca que delimita áreas, isoladamente ou

combinada com a cor preta; preto indica coletores de esgoto ou lixo;

alaranjada identifica partes móveis de máquinas e equipamentos; verde

identifica dispositivos de segurança, como chuveiros de emergência, lava

olhos, caixas de primeiros socorros e caixas com materiais para situações de

emergência (máscaras contra gases); púrpura indica os perigos provenientes

das radiações eletromagnéticas penetrantes e de partículas nucleares e a cor

azul indica equipamentos fora de uso.

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ABREU, Maria Carolina de; OLIVEIRA, Paulo Victor de; PACHECO, Ana Carolina

Landim. Biossegurança em laboratórios: uma revisão de literatura. Revista Intertox-

EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 145-173, jun. 2015.

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O ambiente de laboratório em que se manipula materiais biológicos

precisa ser adequadamente construído e organizado, além de ter mecanismo

de contenção específicos de acordo com a classe de risco biológico. Nos

laboratórios em que são manuseados agentes infecciosos, devem ser

previstos requisitos de segurança específicos e, outra forma de classificação

são os denominados níveis de contenção física que são classificados de

acordo com o grau de risco biológico, conforme Grist (1995) e Simas (1998):

Nível 1 - se aplica aos laboratórios de ensino básico com a manipulação

de microrganismos do tipo 1, onde são exigidos bom planejamento espacial e

funcional e adoção de práticas seguras de laboratório; Nível 2 - ao trabalho

com agentes do grupo de risco 2, sendo necessária maior proteção da equipe

de laboratório, devido à exposição ocasional e inesperada de microrganismo

pertencentes a grupos de risco mais elevados; Nível 3 - aplica-se agentes do

grupo 3, e o laboratório requer desenho e construção especializada, com o

controle restrito nas fases de construção, inspeção, operação e manutenção.

A equipe do laboratório deve receber treinamento especifico quanto aos

procedimentos de segurança na manipulação desses agentes e o acesso a

essa área tem de ser restrita ao pessoal autorizado; Nível 4 - é o mais alto

nível de contenção, cujo laboratório de nível 4 precisa ser instalado em área

isolada e ter funcionalidade independente de outras áreas, necessitando de

barreiras de contenção e equipamentos de segurança biológica especiais,

área de suporte laboratorial e um sistema de ventilação especifico

(GRIST,1995; SIMAS, 1998).

Organização estrutural e operacional do laboratório

O ambiente de trabalho deve ser adequadamente projetado e

dimensionado de modo a oferecer condições confortáveis e seguras de

trabalho. As áreas de trabalho de maior risco (manuseio de produtos

químicos e biológicos) têm que ser separadas das de menor risco (área

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administrativa) e o ambiente de laboratório também deve oferecer boas

condições de iluminação, ventilação, temperatura, umidade, circulação e

outras que permitam a realização do trabalho de forma confortável e

produtiva (HIRATA, 2000).

A organização estrutural e funcional do laboratório deve ser ainda

prever o mobiliário, as comunicações, o tratamento acústico, as linhas de

serviços (gás, água, vácuo, ar comprimido, vapor, eletricidade, esgotamento

sanitário), as barreiras de controle e de contenção, os equipamentos de

combate a incêndio, entre outras instalações (MENÉNDEZ-BOTET, 1993;

SIMAS, 1998).

Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e de Proteção Coletiva (EPC)

Anormalidades podem comprometer seriamente o ambiente de

trabalho, principalmente de quem manipula produtos químicos voláteis,

tóxicos, entre outros, levando sérios riscos a estes trabalhadores se não

utilizarem os equipamentos de proteção de forma adequada, daí a

importância de usar os equipamentos de proteção coletiva e de proteção

individual (ALMEIDA-MURADIAN, 2000).

Os EPIs devem proporcionar o mínimo de desconforto sem tirar a

liberdade de movimento do analista (ISOLAB, 1998). A classificação dos

EPIs pode ser feita segundo a parte do corpo que se protege: proteção para

cabeça, proteção para corpo, dos membros superiores e dos membros

inferiores (CIPA, 2001). Entre os EPIs usados para proteger a cabeça,

podemos destacar: capacetes de segurança, protetores ou máscaras faciais,

óculos de segurança, proteção respiratória e proteção auricular; para

membros inferiores: calçado de proteção impermeável, solado liso e

antiderrapante; para o tronco: vestimentas de proteção contra danos

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provocados especialmente por riscos de origem biológica, química, física, tais

como: jalecos, aventais e macacões (ALMEIDA-MURADIAN, 2000).

Os equipamentos de proteção coletiva (EPCs) são utilizados com a

finalidade de minimizar a exposição dos trabalhadores aos riscos e, em casos

de acidentes, reduzir suas consequências (TEIXEIRA; VALLE, 1998). Estes

equipamentos quando bem especificados, para finalidades a que se

destinam, permitem executar operações em ótimas condições de salubridade

para o operador e demais no laboratório. As capelas são os melhores

exemplos desses equipamentos, podendo ser de uso geral, capelas tipo “Walk

in”, capelas com sistemas de lavagem de gases e capelas de fluxo laminar,

elas têm por finalidade retirar do ambiente do laboratório gases tóxicos e/ou

corrosivos (ALMEIDA-MURADIAN, 2000).

Os Equipamentos de Proteção Coletiva, também devem seguir as

especificações indicadas conforme a legislação vigente e as instruções que

constam nos manuais disponíveis sobre a sinalização de segurança nos

laboratórios e servem para indicar onde há presença dos riscos (BRASIL,

1978). Como aponta Brasil (2006b), são essenciais para a proteção coletiva

em laboratórios:

1. Símbolo de risco biológico: afixado na porta de entrada nos locais de

manipulação e armazenamento de agentes biológicos (a partir do NB-2);

2. Símbolos de líquidos: inflamáveis, explosivos, produto tóxico, veneno,

etc., para indicar presença de risco químico;

3. Os símbolos de elementos radioativos, apontando para risco físico:

mapa de risco, sinais para as saídas de emergência, escadas, extintores de

incêndio, faixas de demarcação, etc;

4. Extintor de incêndio: o número, o tipo e a distribuição desses

extintores devem estar adequados; sua manutenção e/ ou reposição devem

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ser periódicas, bem como o pessoal do laboratório deve ser treinado para o

seu uso;

5. Capela química: cabine construída de forma aerodinâmica, de

maneira que o fluxo de ar ambiental não ocasione turbulências e correntes,

reduzindo o perigo de inalação e a contaminação do operador e do ambiente;

6. Borrifador de teto: sistema de segurança acionado pela elevação de

temperatura, lançando fortes jatos de água no ambiente;

7. Luz ultravioleta (UV): lâmpadas germicidas, com comprimento de

onda ativo de 240nm. Devem estar presentes nas cabines de segurança

biológica, tem ação efetiva por 15 minutos e o tempo médio de uso é

aproximadamente de 3.000 horas;

8. Pipetadores e pipetas mecânicos e automáticos: dispositivos de

sucção para pipetas e ponteiras, como: pera de borracha, pipetador

automático, pipetas mono e multicanais, etc;

9. Contenção para equipamentos, como: homogeneizador, agitador,

ultrassom, etc. Equipamentos produtores de aerossóis devem ser cobertos

com anteparo autoclavável e, preferencialmente, abertos dentro das cabines

de segurança biológica;

10. Containers para desprezar os materiais contaminados e perfuro-

cortantes: precisam estar disponibilizados recipientes resistentes e

autoclaváveis para desprezar os materiais que irão para o descarte;

11. Conjunto (kit) de primeiros socorros: compostos por material

comumente preconizado para socorro imediato e antídotos especiais para

produtos tóxicos usados nos laboratórios;

12. Chuveiro e lava-olhos: devem estar presentes em todos os

laboratórios em perfeito estado de funcionamento e higienizado. A água para

os lava-olhos deve ser preferencialmente filtrada.

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Boas Práticas Laboratoriais (BPLs)

O maior problema relacionado aos riscos em laboratório não está nas

tecnologias disponíveis para eliminar ou minimizar tais riscos e sim no

comportamento dos profissionais. É indispensável relacionar o risco de

acidentes às boas práticas cotidianas dentro de um laboratório. Não basta

haver sistemas modernos de esterilização do ar ou câmaras de desinfecção

das roupas de segurança, por exemplo, se o profissional não lavar suas mãos

com a frequência adequada ou o lixo for descartado de maneira errada

(AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2005).

De acordo com Mastroeni (2005) e Araújo et al. (2009), as BPLs padrões

constituem um conjunto de normas, procedimentos e atitudes de segurança,

as quais visam minimizar os acidentes que envolvem as atividades

desempenhadas pelos laboratoristas, bem como incrementam a

produtividade, asseguram a melhoria da qualidade dos serviços

desenvolvidos nos laboratórios de ensino e, ainda, auxiliam a manter seguro

o ambiente.

Consoante Sangroni et al. (2013), a utilização das BPLs requer a

aplicação do bom senso e prudência dos profissionais e acadêmicos ao

desenvolver cada atividade. Cabe aos coordenadores e professores dos

laboratórios de ensino o incentivo e a fiscalização da aplicação das normas e

dos procedimentos padrões e específicos, permitindo, com isso, a

manutenção de um ambiente seguro e confiável a toda equipe do laboratório,

as BPLs padrões nos laboratórios de ensino devem ser conhecidas, aplicadas

por todos os usuários e são compreendidas, conforme os autores, como, a

saber:

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1. Restringir o acesso de indivíduos ao laboratório: somente as pessoas

autorizadas pelos coordenadores e professores podem adentrar nos

ambientes laboratoriais;

2. Manter as mãos limpas e unhas aparadas; sempre lavar as mãos

antes e após variados procedimentos (manuseio de materiais biológicos

viáveis; uso das luvas; antes de sair do laboratório; antes e após a ingestão

dos alimentos e bebidas, etc.). Caso não existam pias no local, deve-se

dispor de líquidos antissépticos para limpeza e higienização das mãos;

3. Proibir a ingestão e/ou o preparo de alimentos e bebidas, fumar,

mascar chicletes, manipular lentes de contato, o uso de cosméticos e

perfumes, o armazenamento de alimentos para consumo nos ambientes de

manipulação de agentes biológicos e químicos. Em todos os laboratórios deve

ter uma área designada como refeitório.

4. Pipetar com a boca é expressamente proibido e nunca se deve colocar

na boca objetos de uso no laboratório como canetas, lápis, borrachas,

pipetas, dentre outros

5.Utilizar calçados de proteção: fechados, confortáveis, com soldado liso

e antiderrapante;

6. Utilizar as luvas de procedimentos somente nas atividades

laboratoriais e evitar tocar em objetos de uso comum;

7. Trajar roupas de proteção durante as atividades laboratoriais, como:

jalecos, aventais, macacões, entre outros; essas vestimentas não devem ser

usadas em outros ambientes fora do laboratório, como escritório, biblioteca,

salas de estar e refeitórios;

8. Evitar o uso de qualquer tipo de acessórios/adornos durante as

atividades laboratoriais;

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9. Manter os artigos de uso pessoal fora das áreas destinadas às

atividades laboratoriais;

10. Organizar os procedimentos operacionais padrões (POP) para o

manuseio dos equipamentos e técnicas empregados nos laboratórios;

11. Garantir que a limpeza dos laboratórios (bancadas, pisos,

equipamentos, instrumentos e demais superfícies) seja feita regularmente

antes e imediatamente após o término das atividades laboratoriais;

12. Em caso de derramamentos, dependendo do tipo e quantidade de

material biológico disseminado, pode-se empregar, para a descontaminação

do local, álcool a 70% ou solução de hipoclorito de sódio, preferencialmente, a

10%, deixando agir por 30 minutos e após este período retirar com papel

absorvente;

13. Assegurar que os resíduos biológicos sejam descontaminados antes

de ser descartados;

14. Manusear, transportar e armazenar materiais (biológicos, químicos

e vidrarias) de forma segura para evitar qualquer tipo de acidente. O

manejo de produtos químicos voláteis, metais, ácidos e bases fortes, entre

outros, necessita ser feito em capela de segurança química. As substâncias

inflamáveis precisam ser manipuladas com extremo cuidado, evitando-se

proximidade de equipamentos e fontes geradoras de calor;

15. Usar os EPIs adequados durante o manuseio de produtos químicos;

16. Identificar adequadamente todos os produtos químicos e frascos

com soluções e reagentes, os quais devem conter a indicação do produto,

condições de armazenamento, prazo de validade, toxidade do produto e

outros;

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17. Acondicionar os resíduos biológicos e químicos em recipientes

adequados, em condições seguras e encaminhá-los ao serviço de descartes de

resíduos dos laboratórios para receberem o seu destino final;

18. Afixar a sinalização adequada nos laboratórios, entre elas, incluir o

símbolo internacional de “Risco Biológico” na entrada dos laboratórios a

partir do NB-2;

19. Instituir um programa de controle de roedores e vetores nos

laboratórios;

20. Evitar trabalhar sozinho no laboratório e jornadas de trabalho

prolongadas;

21. Providenciar treinamento e supervisão aos iniciantes nos

laboratórios;

22. Disponibilizar kits de primeiros socorros e promover a capacitação

dos usuários em segurança e emergência nos laboratórios;

E, como mostra os estudos de Hirata e Mancini (2002), quando se

trabalha de maneira planejada e organizada, a exposição aos agentes

considerados de risco a saúde é minimizada e, sem dúvidas, evita-se assim

acidentes.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Atualmente, o estudo da biossegurança se faz presente não só na área

acadêmica, mas, em todos os setores da atividade humana que demandam

riscos e necessitam de conhecer os meios de utilização de laboratórios e

formas de proteção de acidentes em ambientes de trabalho.

Portanto, essa revisão de literatura buscou contemplar os conceitos de

biossegurança, assim como, conhecer os meios legais que regem as

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atividades em laboratório, leis estabelecidas pela OMS, Ministérios da

Saúde e os fundamentos específicos da CNTBio. Outra preocupação

importante para o estudo do assunto foi conhecer como se dá a manipulação

de agentes biológicos e os riscos que estão associados a esses agentes, além

de buscar saber quais são as medidas de contenção e os equipamentos de

proteção para realizar boas práticas laboratoriais.

Deste modo, a partir deste levantamento espera-se ter contribuído para

o conhecimento geral da população, principalmente para quem faz uso de

laboratórios quer em suas atividades diárias ou quer esporadicamente,

possibilitando desta maneira conhecer e/ou rever as medidas e precauções

que são sugeridas na literatura quanto à biossegurança laboratorial,

oportunizando reflexões da praxe bem como atualização acerca do tema, pois

além do conhecimento, o uso e aplicação da prudência e do bom senso de

cada indivíduo se fazem necessários para as boas práticas laboratoriais e

assim para a segurança nestes ambientes, evitando-se deste modo efeitos

contraproducentes, seja para a saúde, seja para a qualidade de vida.

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