volume 8 número 2 jun de 2015 - são paulo
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Editorial
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Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 8-173, jun. 2015
Na manhã de 12 de abril de 1961, às 9 horas e sete minutos (local), o cosmonauta
soviético Yuri Gagarin, na época com 27 anos (falecido em 1968), era lançado
como protagonista do primeiro voo espacial tripulado por um ser humano. A nave
espacial Vostok partiu da região de Tyuratam, no Cazaquistão, hoje conhecida
como o Cosmódromo de Baikonur. "Poyekhali", vale dizer "lá vamos nós",
exclamou Gagarin no lançamento. Credita-se a este jovem Gagarin a frase que se
imortalizou: A Terra é azul. Há alguma controvérsia a respeito, porém não vem
aqui ao caso. O fato é que nosso planetinha é mesmo azul, seja visto do longínquo
espaço, pela escotilha de uma nave, seja agora imaginado e representado por
nosso vínculo afetivo a ele.
Pois nosso lindo planetinha azul continua a sofrer toda série de agressões e
ofensas por parte de quem deveria ser seu mais nobre ocupante e seu mais
defensor parceiro, ou seja, nós, seres humanos, os únicos com capacidade racional
para entender: 1) que ele, o planetinha, é bem mais frágil do que supúnhamos em
sua capa ecossistêmica, 2) que nós, os humanos, somos bem mais potentes e letais
do que supúnhamos em nossa capacidade destrutiva. Esse é um retrato do
presente, em que nos quatro cantos da Terra, nos quatro hemisférios (ocidente,
oriente, norte, sul) repetem-se diariamente os casos e relatos de danos ambientais
seja por ocupação e uso indevidos de áreas, com a devastação consequente, seja
por contaminação química, seja por gigantescas obras insuficientemente pré-
avaliadas nos seus impactos ambientais, sujeitas que sempre estão ao majoritário
interesse econômico, este um discurso sempre tão monótono, imediatista e, por
isso, parvo e entorpecido.
Todavia, tal retrato, apesar de sua prevalência, não necessariamente sinaliza
para um desfecho apocalíptico, capaz de fazer acabar a história antes por falta de
tempo do que pela lógica hegeliana de atingimento da consumação totalitária do
absoluto... É que a resistência permanece, e mais do que encistada, evidencia-se
claramente em esforços de rua e de academia e de setores empresariais. Há, de
fato, um nítido esforço, e que bem já utiliza as redes sociais, de disseminação dos
Editorial
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Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 8-173, jun. 2015
fatos graves e conclamação a uma atitude ética e moral de respeito à natureza,
tanto quanto à diversidade, às minorias e às nacionalidades.
No quadro dessa disposição, algo da ordem sinalizadora de que, finalmente, um
novo século, o XXI, está surgindo, a Intertox e a Ecoadvisor, conscientes de sua
missão social e cidadã, antes até da empresarial, apoiam, honradas, o surgimento
de mais um número da Revinter - Revista Intertox de Toxicologia, Risco
Ambiental e Sociedade.
A revista, com sua plena liberdade editorial, caracterizando-se por buscar atender
ao vasto recorte do risco químico, toxicológico e ambiental no todo da vida das
sociedades, posiciona-se como um porta voz de autores e de todos aqueles, da
academia e das empresas que exercem sua liberdade de pensar e pensam em
consonância com uma ética humana e ambiental, conhecendo, perfeitamente, que
o mundo de amanhã será exatamente aquele que ao amanhã legarmos.
O número 2 do volume 8 da Revinter, relativo a junho de 2015, é bastante icônico
nesse aspecto, trazendo sete artigos que vão da segurança alimentar aos fatores
interferentes no aleitamento materno; das técnicas analíticas para controle da
segurança terapêutica à biossegurança em laboratórios; da permanente e
premente questão das drogas e do sexo ao conhecimento da dinâmica ecológica
em áreas protegidas e à segurança ocupacional em atividades específicas. Por
esse roteiro assistimos igualmente desfilarem várias das diversas áreas da
Toxicologia, como a Farmacotoxicologia, a de Alimentos, a Ecotoxicologia, a
Toxicologia Social, a Analítica. Isso nos atesta, mais e mais uma vez, o vínculo
profundo entre as Ciências Toxicológicas e a busca de um padrão de vida
suficientemente qualificado para a natureza e sua humanidade...
Desejamos a todos uma boa leitura e convidamos a publicar e debater conosco
encaminhando contribuições para [email protected]
Fausto Antonio de Azevedo
Conselho Editorial Científico
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Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 08-173, jun. 2015
2015 Intertox
Periódico científico de acesso aberto, quadrimestral e arbitrado
meses: (2) fevereiro, (6) junho e (10) outubro.
Qualquer parte desta publicação pode ser reproduzida desde que citada a fonte.
As opiniões e informações veiculadas nos artigos são de inteira e exclusiva responsabilidade dos
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RevInter – Revista de Toxicologia, Risco Ambiental e Sociedade /
Intertox – v. 8, n. 2, (jun. 2015).- São Paulo: Intertox 2015.
Quadrimestral
ISSN: 1984-3577
1. Ciências Toxicológicas. 2. Risco Químico. 3. Sustentabilidade
Socioambiental. I. InterTox uma empresa do conhecimento.
Biblioteca InterTox II. Título.
1. Ciências Toxicológicas. 2. Risco Químico. 3. Sustentabilidade
Socioambiental. I. InterTox uma empresa do conhecimento.
Biblioteca InterTox II. Título.
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Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 08-173, jun. 2015
Expediente
Editor(a) Conselho Editorial Científico (2011-2013)
Maurea Nicoletti Flynn Alice A. da Matta Chasin
Bibliotecária Doutora em Oceanografia (USP) Doutora em Toxicologia (USP)
Com Especialização Ecologia
Comitê Científico (2011-2013)
Irene Videira Lima
Doutora em Toxicologia (USP), Perita Criminal
Toxicologista do IML-SP por 22 anos.
Marcus E. M. da Matta
Doutor em Ciência pela Faculdade de Medicina
USP. Especialista em Gestão Ambiental (USP).
Engenheiro Ambiental e Turismólogo.
Moysés Chasin
Farmacêutico-bioquímico pela UNESP-SP
especializado em Laboratório de Análises
Clínicas e Toxicológicas e de Saúde Pública.
Ex-Perito Criminal Toxicologista de classe
especial e Diretor no Serviço Técnico de
Toxicologia Forense do Instituto Médico Legal
da SSP/São Paulo. Diretor executivo da
InterTox desde 1999.
Ricardo Baroud
Farmacêutico-Bioquímico Toxicólogo, Editor
Científico da PLURAIS Revista
Multidisciplinar da UNEB e da TECBAHIA
Revista Baiana de Tecnologia.
Eduardo Athayde
Coordenador no Brasil do WWI - World Watch
Institute
Eustáquio Linhares Borges
Mestre em Toxicologia (USP), ex-Presidente da
Sociedade Brasileira de Toxicologia, ex-
Professor Adjunto de Toxicologia da UFBA.
Fausto Antonio de Azevedo
Mestre em Toxicologia USP, ex-Diretor Geral
do Centro de Recursos Ambientais do CRA-BA,
ex-Presidente do CEPED-BA, ex-Subsecretário
do Planejamento, Ciência e Tecnologia do
Estado da Bahia.
Isarita Martins
Doutora e Mestre em Toxicologia e Análises
Toxicológicas (USP), Pós-doutorado em
Química Analítica (UNICAMP), Farmacêutica-
Bioquímica Universidade Federal de Alfenas
MG.
João S. Furtado
Doutor em Ciências (USP), Pós-doutorado
(Universidade da Carolina do Norte, Chapel
Hill, NC, EUA).
José Armando-Jr
Doutor em Ciências (Biologia Vegetal) (USP),
Mestre (UNICAMP), Biólogo (USF).
Sylvio de Queiroz Mattoso
Doutor em Engenharia (USP), ex-Presidente do
CEPED-BA.
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Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 08-173, jun.
2015
Sumário
TOXICOLOGIA
Determinação sérica de paracetamol por espectrofotometria e cromatografia
líquida de alta eficiência 8
Avaliação da sanitização de hortaliças em uma unidade de alimentação e
nutrição em Fortaleza – Ceará 26
ECOTOXICOLOGIA
Relações Ecológicas entre fauna e flora das áreas de preservação permanente
(APP) do Médio e Alto Tiete 38
SOCIEDADE
Investigação dos fatores sociais que interferem na duração do aleitamento
materno exclusivo 94
Conversas de adolescentes sobre drogas e sexualidade 117
RISCO OCUPACIONAL
Investigação da exposição ocupacional de manicure: um estudo transversal 131
Biossegurança em laboratórios: uma revisão de literatura 145
Artigo original
GUIMARÃES, Lívia Apolônio de Freitas; SOARES, Janete Eliza de Sá; CARVALHO,
Teresa Maria de Jesus Ponte. Determinação sérica de paracetamol por espectrofotometria e
cromatografia líquida de alta eficiência. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco
Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 08-25, jun. 2015.
8
Determinação sérica de paracetamol por
espectrofotometria e cromatografia líquida de
alta eficiência
Lívia Apolônio de Freitas Guimarães
Farmacêutica graduada pelo Curso de Farmácia da Universidade
Federal do Ceará;
E-mail: [email protected]
Janete Eliza de Sá Soares
Professora doutora da Disciplina de Toxicologia de Alimentos,
Departamento de Farmácia da Faculdade de Farmácia, Odontologia e
Enfermagem da Universidade Federal do Ceará;
E-mail: [email protected]
Teresa Maria de Jesus Ponte Carvalho
Professora doutora da Disciplina de Análises Toxicológicas,
Departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas da Faculdade de
Farmácia, Odontologia e Enfermagem da Universidade Federal do Ceará.
E-mail: [email protected]
Correspondência: Teresa Maria de Jesus Ponte Carvalho
([email protected]), Departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas
do Curso de Farmácia da Universidade Federal do Ceará, Rua Capitão
Francisco Pedro, 1210 – Porangabussu, CEP 60.430-372, Fortaleza-
Ceará, Fones: 085- 3366-8227/ 085- 9940-7083; Fax: 085- 3366-8292.
Artigo original
GUIMARÃES, Lívia Apolônio de Freitas; SOARES, Janete Eliza de Sá; CARVALHO,
Teresa Maria de Jesus Ponte. Determinação sérica de paracetamol por espectrofotometria e
cromatografia líquida de alta eficiência. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco
Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 08-25, jun. 2015.
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RESUMO
Os analgésicos representam agentes importantes como provocadores de
intoxicações. Dentre estes está o paracetamol (acetaminofem), que é de uso
frequente e de venda livre. A intoxicação aguda provocada por este agente
leva à formação de um metabólito tóxico que pode provocar insuficência
hepática, além de danos ao sistema de coagulação e nefrotoxicidade. Logo, a
determinação quantitativa de paracetamol, agregada aos sintomas clínicos
essenciais irão contribuir para a condução do caso, confirmando o
diagnóstico de intoxicação, mas também avaliando o risco de
hepatotoxicidade. O presente trabalho teve como objetivo a padronização e
validação de métodos analíticos para a quantificação sérica de paracetamol
por Espectrofotometria e Cromatografia Líquida de Alta Eficiência - CLAE
estabelecendo-se os parâmetros de linearidade, limite de quantificação,
curva de calibração, precisão e exatidão. O estudo realizado é do tipo
analítico, quantitativo. Foi realizado no Laboratório de Toxicologia da
Universidade Federal do Ceará. O princípio do método espectrofotométrico
consiste, inicialmente, na desproteinização do plasma com o ácido
tricloroacético e em seguida, o desproteinizado, é tratado com nitrito de
sódio com formação do 2,4-nitro-4-acetaminofenol, que assume coloração
amarela em meio alcalino, o qual é lido em 430 nm. O método por CLAE se
baseia na separação por fase reversa, em modo isocrático utilizando-se uma
mistura de Tampão fosfato/Metanol/Acetonitrila e detector UV, em 240 nm.
O método espectrofotométrico se mostrou linear nas concentrações
plasmáticas de 20 a 300 µg/mL, com limite de quantificação de 20 µg/mL,
enquanto o método por CLAE foi linear de 5 a 200 µg/mL com limite de
quantificação de 5 µg/mL, mostrando-se preciso e exato e apresentando boa
recuperação para os dois métodos. Conclui-se que os métodos desenvolvidos
demonstraram possuir todos os parâmetros necessários para ser utilizado na
quantificação de paracetamol em amostras de plasma ou soro humano para
análise de emergência.
Artigo original
GUIMARÃES, Lívia Apolônio de Freitas; SOARES, Janete Eliza de Sá; CARVALHO,
Teresa Maria de Jesus Ponte. Determinação sérica de paracetamol por espectrofotometria e
cromatografia líquida de alta eficiência. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco
Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 08-25, jun. 2015.
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Palavras-chave: Paracetamol, toxicologia analítica, validação,
hepatotoxicidade.
ABSTRACT
Analgesics represent important agents as intoxication provocateurs. Among
them, there is paracetamol (acetominophen), which is normally used and it
is an over-the-counter (OTC) medication. The acute intoxication provoked by
this agent, caused by the formation of a toxic metabolite, can lead to liver
insufficiency, besides the damages on the coagulation system and kidney
toxicity. Therefore, the quantitative determination of paracetamol, added to
the essential clinic symptoms, will contribute to the conduction of the case,
confirming the diagnosis of intoxication, but also evaluating the risk of liver
toxicity. Given the above, the present work had the object of standardization
and validation of analytic methods for the serum quantification of
paracetamol by Spectrophotometry and High Performance Liquid
Chromatography (HPLC), stablishing the parameters of linearity, limit of
quantification, calibration curve, accuracy, and precision. The present study
is analytical, quantitative and it was made in the Toxicology Laboratory at
the Federal University of Ceará. The principle of the method
spectrophotometric consists, initially, in the deproteinization of the plasma
with trichloroacetic acid. After, the deproteinized is treated with sodium
nitrite, forming 2,4-nitro-4-acetaminophenol, which presents a yellow colour
in a alkaline medium, that is read in 430 nm. The HPLC method is based on
separation using reverse phase in isocratic mode using a mixture of
phosphate buffer/methanol/acetonitrile and UV detector a 240 nm. The
spectrophotometric method is linear of 20 to 300 µg/mL with a limit of
quantification of 20 µg/mL, and the HPLC method of 5 to 200 µg/mL with a
limit of quantification of 5 µg/mL proving itself to be precise and exact and
presenting good recovery. It is concluded that the methods developed has all
Artigo original
GUIMARÃES, Lívia Apolônio de Freitas; SOARES, Janete Eliza de Sá; CARVALHO,
Teresa Maria de Jesus Ponte. Determinação sérica de paracetamol por espectrofotometria e
cromatografia líquida de alta eficiência. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco
Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 08-25, jun. 2015.
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the parameters required for it to be used in the quantification of
paracetamol in plasma or human serum samples to emergency analysis.
Key-words: paracetamol, analytical toxicology, validation, hepatotoxicity.
INTRODUÇÃO
O paracetamol (acetaminofem) apresenta ação antipirética alta,
analgésica média e anti-inflamatória baixa (TAGLIATI, 2008; SEBBEN et
al., 2010). É um dos analgésicos mais populares e seguro quando
administrado em condições terapêuticas recomendadas. No entanto, tem
sido a principal causa de intoxicação por fármacos entre crianças e adultos,
uma vez que pode ser vendido livremente em farmácias, sem a necessidade
de apresentação de um receituário médico e também, porque pode ser
encontrado em combinação com outros fármacos, geralmente para alívio da
congestão nasal, tosse, expectoração e resfriado comum (MUNNE, et al.,
2003; LIBERAL, 2008).
Nos Estados Unidos, de todos os casos de insuficiência hepática aguda,
42 % foram atribuídas à overdose de paracetamol, uma vez que mais de 4 g /
dia são prescritos a cerca de 6 % dos adultos. Logo, 30.000 pacientes são
hospitalizados devido a toxicidade do paracetamol, existindo, portanto, uma
recomendação do Food and Drug Administration (FDA) de que os médicos
evitem prescrever este fármaco com doses maiores que 325 mg por
medicamento (BLIEDEN et al., 2014).
No Brasil, entre os anos de 2005 a 2009, foram registrados pelo
Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (SINITOX),
149.384 casos de intoxicações por medicamentos contribuindo com 28% do
total de casos de intoxicações. Um estudo epidemiológico das intoxicações
por paracetamol em Santa Catarina, entre os anos de 2003 e 2010, verificou-
se que houve um aumento de 228 % nos casos de intoxicações
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GUIMARÃES, Lívia Apolônio de Freitas; SOARES, Janete Eliza de Sá; CARVALHO,
Teresa Maria de Jesus Ponte. Determinação sérica de paracetamol por espectrofotometria e
cromatografia líquida de alta eficiência. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco
Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 08-25, jun. 2015.
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medicamentosas e uma elevação de 47 % no número de casos relacionados à
intoxicação por paracetamol (NESSI, 2012).
No Centro de Intoxicação do Rio Grande do Sul (CIT/RS) foram
notificados 2.572 casos de exposição ao paracetamol, contabilizando 63 % de
todos os casos registrados de intoxicação por analgésico/antipirético. Nesse
período, foram registrados no CIT/RS, cinco óbitos por intoxicação
medicamentosa e, destes, dois relacionados à intoxicação por paracetamol
(CORUJA, 2012).
Em um estudo sobre o perfil das exposições a medicamentos de 777
mulheres em idade reprodutiva atendidas por um Centro de Informações
Toxicológicas, foi observado que 33,7 % destas utilizaram de dois a três
medicamentos. Dentre estes estão, os medicamentos com atuação no
Sistema Nervoso Central (antiepilépticos, antidepressivos, ansiolíticos e
antipsicóticos); os analgésicos e antipiréticos e os anti-inflamatórios não-
esteroidais. Dentre os princípios ativos mais envolvidos nas
exposições/intoxicações estão: clonazepan, amitriptilina, fluoxetina,
carbamazepina, diazepam, paracetamol, fenobarbital, dipirona e haloperidol
(TAKAHAMA et al., 2014).
O paracetamol atinge picos plasmáticos em 40-60 minutos após a
administração, sendo bem absorvido através do trato digestivo. Mais de 90
% da quantidade absorvida sofre biotransformação hepática, por três
mecanismos distintos: a conjugação com o ácido glicurônico por meio da ação
da glicuroniltransferase (40-60 %); sulfatação, reação mediada pela ação da
sulfotransferase (20-46 %) e a via oxidativa, que ocorre em menor grau,
normalmente de 5-15%, por ação das enzimas do citocromo P450 (CYP2E1). A
conjugação e a sulfatação normalmente produzem metabólitos não-tóxicos
que são eliminados pela urina. Já a oxidação é capaz de gerar um metabólito
tóxico (N-acetil-benzo-quinonaimina - NAPQI), que em condições
terapêuticas, se conjugam com a glutationa e formam conjugados não
Artigo original
GUIMARÃES, Lívia Apolônio de Freitas; SOARES, Janete Eliza de Sá; CARVALHO,
Teresa Maria de Jesus Ponte. Determinação sérica de paracetamol por espectrofotometria e
cromatografia líquida de alta eficiência. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco
Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 08-25, jun. 2015.
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tóxicos. Entretanto, em situações de depleção da glutationa tais como, na
sobredosagem de paracetamol, ingestão crônica de álcool e malnutrição,
ocorrerá um acúmulo de NAPQI, que irá se ligar covalentemente a
moléculas do hepatócito e gerar lesão (MUNNE, et al., 2003; LANCASTER
et al., 2015).
Numa ingestão aguda por paracetamol (primeiras 24 horas), o paciente
se encontrará assintomático ou com sintomas leves, como náuseas, vômitos,
mal-estar e epigastria e os exames laboratoriais de função hepática estarão
dentro dos níveis de normalidade. No segundo estágio (24 e 72 horas),
observa-se que o tempo de protrombina e as provas de função hepática
apresentam alterações com aumento das enzimas hepáticas, aspartato
aminotransferase (AST), alanina aminotransferase (ALT) (MUNNE, et al.,
2003). No terceiro estágio o paciente pode apresentar hepatomegalia,
icterícia, confusão mental, encefalopatia hepática, acidose metabólica,
síndrome hepato-renal, sendo possível detectar nos exames laboratoriais a
bilirrubinemia, hipoglicemia, valores de AST e ALT, 400 vezes acima do
valor normal, elevação da fosfatase alcalina e prolongamento no tempo de
protrombina (MUNNE, et al., 2003; ROLDÁN; LÓPEZ, 2012).
As concentrações plasmáticas terapêuticas de paracetamol são de 10 a
20 µg/mL em 4 horas. É considerado dano hepático mínimo ou ausente
quando se encontra 120 µg/mL em 4 horas ou 30 µg/mL em 12 horas. 300
µg/mL em 4 horas ou 45 µg/mL em 15 horas são concentrações tóxicas/letais
(TURINI, et al., 2005). Logo, a análise sérica de paracetamol irá confirmar o
diagnóstico de intoxicação e avaliar o risco de hepatotoxicidade por meio da
utilização do Nomograma de Rumack-Mathew, que relaciona as
concentrações plasmáticas de paracetamol, o tempo transcorrido desde a
ingestão desse fármaco e a probabilidade de dano hepático. Quando se
conhece o tempo transcorrido após a ingestão, os níveis plasmáticos de
paracetamol devem ser determinados quatro horas após o ocorrido. Quando
Artigo original
GUIMARÃES, Lívia Apolônio de Freitas; SOARES, Janete Eliza de Sá; CARVALHO,
Teresa Maria de Jesus Ponte. Determinação sérica de paracetamol por espectrofotometria e
cromatografia líquida de alta eficiência. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco
Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 08-25, jun. 2015.
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não se conhece a hora da ingestão do fármaco, deve-se realizar uma
determinação plasmática no momento de chegada à unidade de saúde e
outra, quatro horas depois (AGENCIA VALENCIANA DE SALUT, 2009). A
análise toxicológica realizada antes de 4 horas após a ingestão, só apresenta
valor diagnóstico, visto que não houve ainda a absorção completa e após 24
horas de ingestão, o fármaco já começa a ser metabolizado, podendo não ser
mais detectado por meios analíticos, comprometendo o resultado do método
(MUNNE, et al., 2003).
A N-acetilcisteína (NAC) é o antídoto específico nas intoxicações por
paracetamol e é recomendada quando os níveis de paracetamol estão acima
da linha de toxicidade no nomograma de Rumack-Matthew ou quando as
concentrações séricas desse fármaco não forem disponíveis. A NAC é
composta por uma molécula de aminoácido L-cisteína, que é necessária para
a produção de glutationa. Logo, ela é precursora da glutationa (GSH),
aumentando a síntese de GSH hepática. Outros dois mecanismos pelos quais
a NAC exerce sua função é como doadora de grupos sulfidrila (que substitui
a glutationa hepática), neutralizando o metabólito tóxico NAPQI e
aumentando a via metabólica de conjugação com sulfato, para produzir
metabólitos não tóxicos (MUNNE, et al., 2003; ARIPIN; CHOONARA,
2012).
Para a determinação quantitativa de paracetamol em plasma, são
utilizados métodos espectrofotométricos, os quais utilizam diversos
reagentes, como o fenol, o nitroprussiato de sódio e ferricianeto de potássio,
periodato de sódio e xilenol, o ácido bicinconínico e o sulfato cúprico, para a
formação de cromóforos (NOVOTNY; ELSER,1984; AFSHARI; LIU, 2001;
CHIOU et al., 2008; ZHAN et al., 2011). E, os métodos cromatográficos, por
Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE) acoplada a um detector
UV-visível (GOTELLI et al., 1977; CAMPANERO et al., 1999; ALTUN,
2002; JENSEN et al., 2004; DEVI et al., 2013; HELMY; EL-BEDAIWY,
Artigo original
GUIMARÃES, Lívia Apolônio de Freitas; SOARES, Janete Eliza de Sá; CARVALHO,
Teresa Maria de Jesus Ponte. Determinação sérica de paracetamol por espectrofotometria e
cromatografia líquida de alta eficiência. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco
Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 08-25, jun. 2015.
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2014) e por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência acoplada a
espectrômetro de massas (CELMA et al., 2000; ZHANG et al., 2008; LI et
al., 2010).
O trabalho teve por objetivo padronizar e validar métodos analíticos
para a quantificação sérica de paracetamol por espectrofotometria e
cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE).
MATERIAIS E MÉTODOS
A realização da análise quantitativa de paracetamol em plasma foi
realizada por espectrofotometria (SEBBEN et al.,2010) e por CLAE. As
análises foram realizadas no Laboratório de Toxicologia do Departamento de
Análises Clínicas e Toxicológicas da Universidade Federal do Ceará. O
método espectrofotométrico se baseia na reação do paracetamol da amostra
com nitrito de sódio, formando o 2,4-nitro-4-acetaminofenol, assumindo
coloração amarela em meio alcalino (após adição de NaOH), que pode ser
quantificada em espectrofotômetro no comprimento de onda de 430 nm. O
método cromatográfico por CLAE se baseia na separação utilizando-se fase
reversa, em modo isocrático utilizando-se uma mistura de Tampão
fosfato/Metanol/Acetonitrila e detector UV, em comprimento de onda de 240
nm.
Reagentes e soluções
Para o método espectrofotométrico: hidróxido de sódio e ácido
tricloroacético P.A. (VETEC), nitrito de sódio P.A. (DINÂMICA). Soluções:
NaOH 8M, Nitrito de Sódio 0,07M e ácido tricloroacético 3%. Para o método
cromatográfico: éter metil tert-butílico (VETEC®); Carbonato de Potássio e
Fosfato de Potássio Monobásico (KH2PO4) (VETEC®); Metanol e Acetonitrila
grau HPLC (TEDIA®). A fase móvel utilizada para CLAE foi: KH2PO4 (pH
4,9)/Metanol/Acetonitrila (88/09/03).
Artigo original
GUIMARÃES, Lívia Apolônio de Freitas; SOARES, Janete Eliza de Sá; CARVALHO,
Teresa Maria de Jesus Ponte. Determinação sérica de paracetamol por espectrofotometria e
cromatografia líquida de alta eficiência. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco
Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 08-25, jun. 2015.
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Equipamentos
Foram utilizados: balança analítica de precisão RK®-200, banho
ultrassom QUIMIS® modelo Q335D, Sistema MilliQ - ELGA®(resistividade
18,2 MΩ.cm), bomba a vácuo GAST®, banho-maria Edulab®,
espectrofotômetro Thermo scientific® modelo Genesys 10S UV-Vis e
Cromatografia Liquida de Alta Eficiência (CLAE) com sistema de
bombeamento, detector com arranjo de diodos (PDA) (Accela Thermo
Scientific®) e sistema de aquisição de dados ChromQuest 5.0, coluna
analítica ODS HYPERSIL C18 (150 x 2,1 mm – 5 µm) da Thermo Scientific®.
Curva de Calibração
Para a construção das curvas de calibração, foi preparada uma solução-
estoque de paracetamol 10 mg/mL e a partir desta as soluções de trabalho.
Para o método espectrofotométrico foram feitas as soluções de trabalho nas
concentrações de 0,2; 0,5; 1; 1,5; 2 e 3 mg/mL em metanol e em seguida, foi
retirado 50 µL destas soluções de trabalho e adicionadas a 500 µL de
plasma, obtendo-se concentrações de 20; 50; 100; 150; 200; 300 µg/mL de
plasma. Para o método cromatográfico foram feitas as soluções de trabalho
nas concentrações de 0,05; 0,2; 0,5; 1; 1,5 e 2 mg/mL em metanol e em
seguida, foi retirado 20 µL destas soluções de trabalho e adicionadas a 200
µL de plasma, obtendo-se concentrações de 5; 20; 50; 100; 150; 200 µg/mL de
plasma. As curvas foram feitas em triplicata para os dois métodos.
Procedimento de Análise
Para o método espectrofotométrico a 500 µL de plasma foi adicionado 5
mL de TCA 3 %, que após centrifugação (10 minutos), foram retirados 2 mL
do sobrenadante, adicionando-se, 5 mL de nitrito de sódio 0,07 M. Deixou-se
em banho-maria por 10 minutos a 37° C e adicionou-se 100 µL de hidróxido
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GUIMARÃES, Lívia Apolônio de Freitas; SOARES, Janete Eliza de Sá; CARVALHO,
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Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 08-25, jun. 2015.
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de Sódio 8 M. Após a temperatura ambiente ser atingida, as amostras foram
lidas em espectrofotômetro no comprimento de onda de 430 nm.
Para o método cromatográfico a 200 µL de plasma foi adicionado 100
µL de K2CO3 (0,1 %) e 3 mL de éter metil tert butílico, agitado por 10
minutos e centrifugado por 10 minutos. Foram retirados 2 mL do
sobrenadante e evaporado em concentrador rotacional a 50º C por 40
minutos. O resíduo foi ressuspenso em 100 µL de metanol e 10 µL injetado
no CLAE, fase móvel utilizada foi: KH2PO4 (pH 4,9)/Metanol/Acetonitrila
(88/09/03), coluna analítica ODS HYPERSIL C18, em fluxo de 1 mL/min e
comprimento de onda de 240 nm.
Quantificação do paracetamol
A média das absorbâncias para o método espectrofotométrico e as áreas
para o método por CLAE foi utilizada para o cálculo da concentração de
paracetamol nas amostras, com base na equação da reta gerada após a
construção das curvas de calibração para cada método utilizando o software
Microsoft Office Excel 2010®.
Validação
Para garantir que os métodos utilizados sejam apropriados para a
finalidade pretendida fornecendo dados confiáveis, eles passaram por
processos de validação conduzida com base na RDC n° 27 de 17 de maio de
2012, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (BRASIL, 2012). Para
isso, os seguintes parâmetros foram avaliados: linearidade, precisão,
exatidão, limite quantificação e curva de calibração. Para a determinação da
linearidade para o método espectrofotométrico foram preparadas soluções
padrão em seis concentrações distintas: 20, 50, 100, 150, 200 e 300 µg/mL de
plasma e para o método por CLAE foram preparadas soluções de 5; 20; 50;
100; 150; 200 µg/mL de plasma.
O Limite de quantificação avaliou a menor concentração do analito que
pôde ser quantificada com precisão e exatidão aceitáveis. Para a
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determinação da Precisão e Exatidão, foram realizados testes em um mesmo
ensaio analítico (intra-ensaio) e em três em ensaios distintos (inter-ensaio).
Cada ensaio foi feito em cinco replicatas, contendo as concentrações baixa,
média e alta. Para o método espectrofotométrico, foram utilizadas as
concentrações de 50, 150 e 250 µg/mL e para o método por CLAE as
concentrações de 10, 80 e 150 µg/mL como as concentrações baixa, média e
alta, respectivamente. Calculando-se o Coeficiente de Variação (CV %) para
o cálculo da precisão e o erro padrão relativo (EPR) para o cálculo da
exatidão, não sendo admitidos valores de coeficiente de variação inferiores a
15% (BRASIL, 2012).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O presente estudo padronizou e validou duas metodologias, uma
espectrofotométrica tomando como base um trabalho desenvolvido por
Sebben et al. (2010), com um tempo total de análise de 30 minutos e um
método cromatográfico por CLAE com um tempo total de análise foi em
torno de 60 minutos, cujo tempo de retenção para o paracetamol foi 0,9
minutos (Figura 1), sem nenhuma interferência de picos de substâncias
endógenas do plasma, sugerindo seletividade excelente.
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Figura 1. Cromatograma do Paracetamol por CLAE. Fase Móvel: KH2PO4 (pH
4,9)/Metanol/Acetonitrila (88/09/03), coluna C18, fluxo1 mL/min e 240 nm
Curva de Calibração
Pelo método espectrofotométrico, a média das curvas de calibração,
utilizando as concentrações de 20, 50, 100, 150, 200 e 300 µg/mL de plasma,
apresentou coeficiente de correlação (R2) igual a 0,9965, coeficiente linear
igual a 0,0103 e coeficiente angular igual a 0,0007.
Para o método por CLAE, a média das curvas de calibração, utilizando
as concentrações de 5, 10, 20, 50, 100, 150 e 200 µg/mL de plasma,
apresentou coeficiente de correlação (R2) igual a 0,9918, coeficiente linear
igual a 471960 e coeficiente angular igual a 112716, cuja recuperação foi em
média de 95 %, realizada comparando-se a área do extraído com a área do
adicionado.
Os resultados obtidos demonstraram que há linearidade nos dois casos.
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Validação
Limite de quantificação
Para o método espectrofotométrico, ficou estabelecido 20 µg/mL como o
valor de Limite de Quantificação para o paracetamol, com valores de
precisão e exatidão de 2,96 e 19,8 %, respectivamente.
Por CLAE, o Limite de Quantificação foi de 5 µg/mL com valores de
precisão e exatidão de 2,95 e 10,98 %, respectivamente. Os métodos
mostraram que o paracetamol pode ser quantificado adequadamente, de
forma exata e precisa, uma vez que a ANVISA preconiza os valores de
precisão e exatidão para o limite deve ser de até 20 %.
Exatidão e Precisão
Os resultados de precisão e exatidão nos dois métodos estão
apresentados na Tabela 1 e foram realizados de acordo com a metodologia
pré-determinadas e com base na RDC n° 27 de 17 de maio de 2012 da
ANVISA.
Os métodos analisados para a determinação quantitativa de
paracetamol apresentaram precisão e exatidão comprovadas e os resultados
obtidos se encontraram dentro do intervalo de referência (± 15 %) e os
coeficientes de correlação obtidos nos dois métodos foram bem próximos da
unidade, logo, as absorbâncias e áreas geradas foram diretamente
proporcionais à concentração de paracetamol na matriz.
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Tabela 1- Análise de precisão e exatidão intra-ensaio e inter-ensaio do método quantitativo
de paracetamol por espectrofotometria e por CLAE.
Concentração
ug/mL
Intra-ensaio (n=5) Inter-ensaio (n=15)
Precisão
(CV%)
Exatidão
(EPR%)
Precisão
(CV%)
Exatidão
(EPR%)
Método Espectrofotométrico
50 9,72 14,60 10,90 14,85
150 1,64 -4,10 6,24 -2,24
250 1,55 -3,56 4,80 1,96
Método Cromatográfico (CLAE)
10 6,10 -10,88 7,96 -9,46
80 7,84 8,20 7,36 10,66
150 2,89 0,13 4,72 -2,43
Deve-se ressaltar também que os níveis terapêuticos desse fármaco se
encontram na faixa de 10 – 30 µg/mL, e os níveis tóxicos acima de 200
µg/mL e os valores de concentrações plasmáticas de paracetamol vão de 5 a
200 µg/mL para a avaliação de hepatotoxicidade, utilizando-se o
Nomograma de Rumack-Mathew, o qual leva em conta o tempo transcorrido
em vinte quatros horas desde a ingestão do fármaco, logo o método por
CLAE apresentou uma sensibilidade mais adequada para a avaliação do
dano hepático, através do Nomograma de Rumack-Matthew, extremamente
importante no direcionamento do tratamento do paciente, apesar de levar a
um maior tempo de análise, principalmente no que diz respeito ao
tratamento da amostra.
CONCLUSÃO
O exame fundamental para confirmar o diagnóstico e avaliar o risco de
hepatotoxicidade é a análise sérica de paracetamol. Logo, a padronização e a
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validação das metodologias analíticas demonstraram-se apropriadas para as
finalidades pretendidas.
A espectrofotometria é uma metodologia simples, que envolve poucas
etapas de preparação de amostras e reagentes, minimizando os problemas
com interferentes e possíveis perdas do analito em estudo, pouco
dispendiosa e de rápida execução, no entanto, possui sensibilidade limitada
quando comparado ao método por CLAE, o qual é mais adequado,
principalmente quando se quer avaliar o dano hepático, através do
Nomograma, visto que é de extrema importância no direcionamento do
tratamento do paciente.
Agradecimentos a FUNCAP – Fundação Cearense de Apoio ao
Desenvolvimento Científico e Tecnológico.
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Artigo original
UCHOA, Francisco Nataniel Macedo; SANTOS, Ariane Teixeira dos; MOREIRA, Marta da
Rocha; DANIELE, Thiago Medeiros da Costa; FOSCHETTI, Danielle Abreu; ROCHA,
Maria Tatiana de Lima; SANTOS, Gilberto Cerqueira dos. Avaliação da sanitização de
hortaliças em uma unidade de alimentação e nutrição em Fortaleza - Ceará. Revista
Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 26-
37, jun. 2015.
26
Avaliação da sanitização de hortaliças
em uma unidade de alimentação e
nutrição em Fortaleza - Ceará
Francisco Nataniel Macedo Uchoa
Docente da Faculdade Integrada da Grande Fortaleza. Mestrando em
Ciências do desporto pela Universidade Trás dos Montes e Alto Douro –
UTAD, Portugal.
Email: [email protected]
Endereço para correspondência: Rua Luís Vieira, Casa 596. Vila Peri,
Fortaleza/CE. CEP: 60730-230
Ariane Teixeira dos Santos
Acadêmica do Curso de Nutrição. Campus Via Corpus, Centro
Universitário Estácio FIC.
E- mail: [email protected]
Marta da Rocha Moreira
Docente do Centro Universitário Estácio FIC. Graduada em Nutrição e
mestre em Ciências Fisiológicas
E-mail: [email protected]
Thiago Medeiros da Costa Daniele
Graduado em Educação Física, mestre em Ciências Médicas e
doutorando em Ciências Médicas da Universidade Federal do Ceará.
E-mail: [email protected]
Danielle Abreu Foschetti
Doutora em Farmacologia. Departamento de Biomedicina. Campus
Porangabuçu, Universidade Federal do Ceará.
E-mail: [email protected]
Artigo original
UCHOA, Francisco Nataniel Macedo; SANTOS, Ariane Teixeira dos; MOREIRA, Marta da
Rocha; DANIELE, Thiago Medeiros da Costa; FOSCHETTI, Danielle Abreu; ROCHA,
Maria Tatiana de Lima; CERQUEIRA, Gilberto Santos. Avaliação da sanitização de
hortaliças em uma unidade de alimentação e nutrição em Fortaleza - Ceará. Revista
Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 26-
37, jun. 2015.
27
Maria Tatiana de Lima Rocha
Docente da Faculdade Integrada da Grande Fortaleza. Mestranda em
Ciências do Esporte pela Universidade Trás dos Montes e Alto Douro –
UTAD, Portugal.
E-mail: [email protected]
Gilberto Santos Cerqueira
Docente Adjunto. Departamento de Nutrição. Campus Senador Helvídio
Nunes de Barros, Universidade Federal do Piauí.
E-mail: [email protected]
RESUMO
O manuseio e preparo correto de frutas e verduras são crucias para a
redução da carga microbiana, saúde do consumidor e diminuir a incidência
de doenças transmitidas por alimentos. Para isso, deve-se realizar
corretamente a higienização e sanitização dos frutos e hortaliças e dos
equipamentos e utensílios, seguindo o modo de uso indicado pelo fabricante
do produto sanitizante. Dessa forma, este trabalho deve como objetivo
verificar o tempo de exposição das hortaliças em uma solução sanitizante
assim como a concentração da determinada concentração. Para isso foi
analisado durante 10 dias o tempo de imesão das hortaliças (alface e
repolho) no qual foi cronometrado o seu tempo de imersão e por meio de fita
com graduação de 10 ppm a 200 ppm foi verificado a concentração ultilizada
na unidade de alimentação. Os resultados com relação ao tempo de imersão
não foram obdecidos conforme o produto informa e junto a ABERC
(Associação Brasileira das empresas de refeições coletivas), já com relação à
concentração de sanitizante os resultados não foram satisfatorios, onde os
valores encontradados foram de 100 ppm e superiores a 200 ppm. Portanto,
é possível concluir que os resultados encontrados no presente estudo
referentes ao tempo de sanitização não estão de acordo com a recomendação
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UCHOA, Francisco Nataniel Macedo; SANTOS, Ariane Teixeira dos; MOREIRA, Marta da
Rocha; DANIELE, Thiago Medeiros da Costa; FOSCHETTI, Danielle Abreu; ROCHA,
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hortaliças em uma unidade de alimentação e nutrição em Fortaleza - Ceará. Revista
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do fabricante e da ABERC e a solução de hipoclorito de sódio utilizada para
a sanitização estava com valores acima do permitido, podendo ocorrer
alteração sensorial no produto. Tomando como base os indicadores do
fabricante, o tempo de exposição das hortaliças ao produto foi superior ao
permitido, com isso podendo haver alguma alteração sensorial, mais não foi
aplicado nenhum questionário para verificação da qualidade sensorial do
alimento. A solução de hipoclorito de sódio utilizada para a sanitização
estava com valores acima do permitido pelo fabricante, podendo ocorrer
algum alteração sensorial no produto.
Palavras-chave: Unidade de alimentação, Sanitizantes, Hortaliças.
RESÚMEN
La correcta manipulación y preparación de frutas y verduras es
fundamental para reducir la carga microbiana, la salud de los consumidores
y reducir la incidencia de enfermedades transmitidas por alimentos. Para
eso, debe realizar correctamente la limpieza y desinfección de frutas y
verduras y los equipos y utensilios, siguiendo las instrucciones de uso
especificada por el fabricante del producto desinfectante. Por lo tanto, este
trabajo tiene como objetivo comprobar el tiempo de exposición de verduras
en una solución desinfectante y la concentración de cierta concentración.
Para esto, fue analizado durante 10 días el tempo de inmersión de verduras
(lechuga y repollo), en la cual su tiempo fue cronometrado y a través de la
cinta con graduación de 10 ppm a 200 ppm se encontró la concentración
utilizada en la unidad de alimentación. Los resultados del tiempo de
inmersión no fueron de acordó con la recomendación del producto y por la
Aberc (Asociación Brasileña de las empresas de catering), ya en la
concentración de desinfectante los resultados no fueron satisfactorios, donde
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UCHOA, Francisco Nataniel Macedo; SANTOS, Ariane Teixeira dos; MOREIRA, Marta da
Rocha; DANIELE, Thiago Medeiros da Costa; FOSCHETTI, Danielle Abreu; ROCHA,
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los valores encontrados fueron de 100 y mayor que 200 ppm. Sobre la base
de los indicadores del fabricante, el tiempo de exposición de verduras al
producto era mayor de lo permitido, por lo tanto, puede haber algún cambio
sensorial. La solución de hipoclorito de sodio utilizado para el saneamiento
era con valores por encima de los permitidos por el fabricante y puede haber
algún cambio sensorial en el producto.
Palabras clave: Unidad de alimentación, desinfectantes, verduras.
INTRODUÇÃO
Unidades de Alimentação e Nutrição (UAN) são locais voltados para
preparação e fornecimento de refeições equilibradas em nutrientes, seguindo
o perfil da clientela1. As UAN são unidades do setor de alimentação
coletiva2, que desempenha atividades relacionadas à alimentação e à
nutrição equilibrada com bom padrão higiênico-sanitário3, recuperando e
mantendo a saúde dos comensais e auxiliando no desenvolvimento de
hábitos alimentares saudáveis1, 4. Estão situadas em empresas, escolas,
universidades, hospitais, asilos, orfanatos, dentre outras instituições1.
Nas UAN, pode acontecer transferência de microrganismos aos
comensais, via alimentação, vindo de várias fontes, além do próprio
alimento, especialmente por aqueles que não passaram por tratamento
térmico ou não o receberam corretamente. Os trabalhadores destas
Unidades podem transferir microrganismos ao comensal, pelo fato de
estarem infectados e contaminar o alimento pelo uso de técnicas de
processamento inadequadas, causando assim, uma toxinfecção alimentar5.
As frutas e hortaliças podem estar associadas à toxinfecções
alimentares e a doenças transmitidas por alimentos (DTA), pois são
potenciais veiculadores de microrganismos. Várias são as causas para
Artigo original
UCHOA, Francisco Nataniel Macedo; SANTOS, Ariane Teixeira dos; MOREIRA, Marta da
Rocha; DANIELE, Thiago Medeiros da Costa; FOSCHETTI, Danielle Abreu; ROCHA,
Maria Tatiana de Lima; CERQUEIRA, Gilberto Santos. Avaliação da sanitização de
hortaliças em uma unidade de alimentação e nutrição em Fortaleza - Ceará. Revista
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presença de elevada carga microbiana nesse tipo de produto, dentre elas
estão às técnicas de cultivo como o uso de adubo orgânico e a utilização de
águas contaminadas para irrigação, armazenamento, transporte feito em
engradados aberto, as condições de higiene no manuseio, preparo das
refeições, principalmente quando tais alimentos são consumidos crus e a
distribuição para consumo6.
A manipulação e o preparo correto de frutas e hortaliças são cruciais
para o consumo humano, para diminuir a carga microbiana nestes tipos de
produtos além de reduzir a incidência de doenças transmitidas pelos
alimentos. Para isso, deve-se utilizar água de boa qualidade, realizar
corretamente a higienização e sanitização dos frutos e hortaliças e dos
equipamentos e utensílios, com intuito de prevenir contaminação cruzada e
aumentar a segurança microbiológica dos alimentos 7,8.
O processo de sanitização de um alimento visa reduzir a carga
microbiana a valores bem reduzidos e compatíveis com a aquisição de
produtos em condições higiênico-sanitárias adequadas, sem alterar a
qualidade ou segurança do produto para o consumidor9. Os sanitizantes são
agentes, geralmente químicos, que retiram formas vegetais, mas não
obrigatoriamente as formas esporuladas de microrganismos patogênicos10.
Vários são os sanitizantes usados na indústria de alimentos, como:
compostos à base de cloro, iodo, peróxido de hidrogênio, ácido peracético e
quaternário de amônio, e devem ser aprovados através de testes
laboratoriais, nas condições recomendadas pelos fabricantes11.
A tecnologia de lavagem convencional tem o objetivo de retirar os
produtos como grãos de terra, pedras e insetos procedentes do solo
encontrado em hortaliças depois da colheita e não de eliminar
microrganismos12. Os métodos de sanitização comumente envolvem a
aplicação de água, para retirar os produtos químicos, tratamento mecânico
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UCHOA, Francisco Nataniel Macedo; SANTOS, Ariane Teixeira dos; MOREIRA, Marta da
Rocha; DANIELE, Thiago Medeiros da Costa; FOSCHETTI, Danielle Abreu; ROCHA,
Maria Tatiana de Lima; CERQUEIRA, Gilberto Santos. Avaliação da sanitização de
hortaliças em uma unidade de alimentação e nutrição em Fortaleza - Ceará. Revista
Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 26-
37, jun. 2015.
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com utilização de escovas ou pulverizadores, seguido de enxague, sendo que
nesta etapa pode ser incluído um tratamento sanitizante9. É importante que
a água usada seja limpa para não ser veículo de contaminação do alimento9,
13, além do mais, a eficiência do método utilizado é normalmente do tipo de
tratamento, tipo e fisiologia do microrganismo, característica da superfície
do alimento como rachaduras, fendas e textura, tempo de exposição e
concentração do sanitizante, também como pH e temperatura. Cuidado com
a concentração de sanitizante, pois pode ter impacto sensorial inaceitável no
alimento9.
A utilização de desinfetantes nos alimentos pode não retirar de forma
completa microrganismos patogênicos14, assim nessa fase é importante à
escolha do sanitizante, porque além de eficaz não pode ser tóxico. Na
atualidade, um sanitizante aceito pela legislação é o cloro e em outros países
usam em maior frequência agentes como vinagre, ácido peracético, que
conquistaram aceitação no mercado mundial, por razão de serem eficazes
quanto o cloro15. Os agentes clorados ainda são mais utilizados, por ser de
baixo custo e fácil uso. Germicidas de grande ação, os compostos clorados
reagem com as proteínas das células microbianas favorecendo perda de
componentes celulares8.
É de grande importância a escolha do sanitizante e o controle do pH da
solução é essencial na operação. As recomendações de sanitização de frutas e
hortaliças quanto à concentração, pH e tempo de exposição ao cloro são entre
50-200mg/L, pH 5 a 7, 3 a 20 minutos respectivamente, de exposição do
produto ao sanitizante16. Concentrações maiores podem ser a causa de
descoloração em alguns produtos, além disso, pode ocorrer a corrosão de
equipamentos8. Valores de pH entre 6 e 7,5 são usados para evitar a
corrosão de equipamentos e devido à aceitabilidade sensorial do alimento9.
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UCHOA, Francisco Nataniel Macedo; SANTOS, Ariane Teixeira dos; MOREIRA, Marta da
Rocha; DANIELE, Thiago Medeiros da Costa; FOSCHETTI, Danielle Abreu; ROCHA,
Maria Tatiana de Lima; CERQUEIRA, Gilberto Santos. Avaliação da sanitização de
hortaliças em uma unidade de alimentação e nutrição em Fortaleza - Ceará. Revista
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Visando um melhor controle da sanitização. O presente estudo tem
como objetivo avaliar e analisar o processo de sanitização em hortaliças
(alface e repolho) e verificar o tempo de sanitização e a quantidade de
sanitizante administrado em uma Unidade de Alimentação e Nutrição em
Fortaleza-CE.
MATERIAIS E MÉTODOS
Foi realizado durante, 10 dias do mês de outubro, uma avaliação sobre
a quantidade e tempo da solução utilizada para a sanitização de alface
(Lactuca Sativa) e repolho (Brassica Oleracea), tendo como padrão a solução
de hipoclorito de sódio (NaOCl). As amostras foram adquiridas diretamente
da “CEASA” (Centro Estadual de Abastecimento S/A), o qual foi escolhido
em condições aparentemente adequadas.
As amostras avaliadas foram as mesmas utilizadas para a alimentação.
Na sequência, as folhas foram imersas em solução de hipoclorito de sódio, na
qual o fabricante indicava uma quantidade de 100 ppm por 10 a 15 minutos.
Por meio de um cronometro foi cronometrado o tempo de utilização da
solução logo após a imersão do alimenta na solução e como termino logo após
o alimento ser retirado da solução. A marca da solução utilizada
apresentava registro na ANVISA e estava no prazo de validade. Para o teste
da solução, foi utilizado uma fita com graduação de 10 ppm a 200 ppm, o
qual 100 ppm seria concentração adequada. A análise foi feita pré– imersão
e pós- imersão.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados obtidos com relação ao tempo de exposição estão nas
Figuras 1 e 2 e o resultado da concentração de sanitizante utilizado nas
hortaliças está na Tabela 1.
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Rocha; DANIELE, Thiago Medeiros da Costa; FOSCHETTI, Danielle Abreu; ROCHA,
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hortaliças em uma unidade de alimentação e nutrição em Fortaleza - Ceará. Revista
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Figura 1. Tempo de imersão em minutos de cinco amostras de hortaliças na solução
sanificante em uma unidade de alimentação coletiva.
Figura 2. Tempo de imersão em minutos de cinco amostras de hortaliças na solução
sanificante em uma unidade de alimentação coletiva.
As Figuras 1 e 2 apresentam o tempo de imersão da hortaliça na
solução hipoclorada, onde é possível ver que as todas as amostram não
obedeceram a recomendação que, segundo a ABERC (Associação Brasileira
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das empresas de Refeições Coletivas), o tempo de contato da solução com
alimentos deve ser de no mínimo 15 minutos17.
Em outro estudo citado por Oliveira apud Nascimento et al., (2002) a
solução de hipoclorito teve o melhor resultado como sanitizante, em um
tempo de 10 minutos na redução de coliformes totais 19.
Tabela 1. Concentração de hipoclorito em ppm das 10 (dez) amostras de analisadas.
Data Concentração Pre-sanitização (ppm) Concentração Pós-sanitização (ppm)
Amostra 1 100 100
Amostra 2 200 + 200 +
Amostra 3 200 + 200 +
Amostra 4 200 + 200 +
Amostra 5 200 + 200 +
Amostra 6 200 + 200 +
Amostra 7 200 + 200 +
Amostra 8 200 + 200 +
Amostra 9 200 + 200 +
Amostra 10 200 + 200 +
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A Tabela 1 mostra os valores de concentração encontrados nas
hortaliças, onde os valores mínimos encontrados foram de 100 ppm e acima
de 200 ppm. Em um estudo feito por Santo (2012) o uso de da solução
clorada a 200 ppm foi capaz de reduzir ate dois ciclos logarítmicos nas
amostras imersas, e que o tempo de 45 minutos foi ineficaz quando
comparado a 15 minutos18.
Os dados informam que a utilização de altas concentrações não
acarreta em uma maior redução de microrganismo assim como grandes
períodos de exposição ao produto.
CONCLUSÃO
De acordo com os resultados encontrados no presente estudo podemos
concluir que os que o tempo de sanitização das hortaliças não está de acordo
com o tempo mínimo ideal recomendado pelo fabricante e pela ABERC.
Tomando como base os indicadores do fabricante, o tempo de exposição das
hortaliças ao produto foi superior ao permitido, com isso podendo haver
alguma alteração sensorial, mais não foi aplicado nenhum questionário para
verificação da qualidade sensorial do alimento. A solução de hipoclorito de
sódio utilizada para a sanitização estava com valores acima do permitido
pelo fabricante, podendo ocorrer alguma alteração sensorial no produto.
É importante atentar aos cuidados, desde a seleção do fornecedor,
produção até a mesa do consumidor e que sejam realizados com qualidade e
segurança. Os Procedimentos operacionais padronizados com uma
higienização adequada junto à sanitização certificam uma boa qualidade do
produto e redução do custo de produção da UAN, assim oferecendo o melhor
para o consumidor.
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UCHOA, Francisco Nataniel Macedo; SANTOS, Ariane Teixeira dos; MOREIRA, Marta da
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Maria Tatiana de Lima; CERQUEIRA, Gilberto Santos. Avaliação da sanitização de
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Artigo original
UCHOA, Francisco Nataniel Macedo; SANTOS, Ariane Teixeira dos; MOREIRA, Marta da
Rocha; DANIELE, Thiago Medeiros da Costa; FOSCHETTI, Danielle Abreu; ROCHA,
Maria Tatiana de Lima; CERQUEIRA, Gilberto Santos. Avaliação da sanitização de
hortaliças em uma unidade de alimentação e nutrição em Fortaleza - Ceará. Revista
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Artigo original
FLYNN, Maurea Nicoletti; LOURO, Monica Ponz; MENDES, Mariana Saran Pimentel;
GONZALEZ, Rodrigo Castellari. Relações Ecológicas entre fauna e flora das áreas de
preservação permanente (APP) do Médio e Alto Tiete. Revista Intertox-EcoAdvisor de
Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 38-93, jun. 2015.
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Relações Ecológicas entre fauna e flora das
áreas de preservação permanente (APP) do
Médio e Alto Tiete
Maurea Nicoletti Flynn
Faculdade de Tecnologia da Universidade Estadual de Campinas – FT
UNICAMP.
Monica Ponz Louro
Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Mariana Saran Pimentel Mendes
Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Rodrigo Castellari Gonzalez
Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Artigo original
FLYNN, Maurea Nicoletti; LOURO, Monica Ponz; MENDES, Mariana Saran Pimentel;
GONZALEZ, Rodrigo Castellari. Relações Ecológicas entre fauna e flora das áreas de
preservação permanente (APP) do Médio e Alto Tiete. Revista Intertox-EcoAdvisor de
Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 38-93, jun. 2015.
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RESUMO
O presente trabalho busca fazer um diagnóstico da flora, e da fauna,
incluído peixes, das áreas de preservação permanente (APP) do Médio e Alto
Tiete, desde Barra Bonita até São Paulo, através do levantamento de dados
secundários para o estabelecimento das relações ecológicas entre os
componentes da biota. O levantamento de dados foi realizado por consulta
bibliográfica que privilegiou o levantamento de informações em coleções
zoológicas institucionais do Museu de Zoologia da Universidade de São
Paulo e Instituto Butantan, literatura acadêmica em instituições científicas,
bem como literatura técnica especializada depositada na CETESB. As
pesquisas bibliográficas cobrem especificamente a Área de Preservação
Permanente (APP) do rio Tietê nos municípios que compõem as Unidades de
Gerenciamento de Recursos Hídricos (UGRHIs) 06 e 10, respectivamente
Alto Tietê e Médio Tietê. As UGRHIs consideradas, todas classificadas como
industriais, mostraram um preocupante estado de degradação dos
ecossistemas aquáticos e terrestres circundantes. A ação do homem nas
regiões consideradas, induziu a alterações nas formações vegetais levando à
fragmentação de trechos que se encontram em diversos estágios de
desenvolvimento. No grupo de vertebrados terrestres, os anfíbios podem ser
utilizados para o biomonitoramento por serem abundantes, de fácil coleta,
por apresentarem grande número de espécies e apresentarem respostas
diversas a substâncias e alterações ambientais. Alguns grupos encontrados
como as famílias Hilydae e Bufonidae são compostos por espécies resistentes
que sobrevivem em ambientes modificados e espécies extremamente
sensíveis, em que o oposto ocorre. A diversidade ambiental de aves nas
UGRHIs consideradas é alta. Com relação ao grau de sensibilidade das
espécies às mudanças ambientais, poucas espécies apresentam alta
suscetibilidade enquanto a maior parte apresenta baixa sensibilidade às
modificações. A diversidade de mamíferos é baixa e com elevada ocorrência
de espécies em risco, que representam 40% do total de registros.
Artigo original
FLYNN, Maurea Nicoletti; LOURO, Monica Ponz; MENDES, Mariana Saran Pimentel;
GONZALEZ, Rodrigo Castellari. Relações Ecológicas entre fauna e flora das áreas de
preservação permanente (APP) do Médio e Alto Tiete. Revista Intertox-EcoAdvisor de
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Considerando os invertebrados terrestres, o grupo Araneae, encontrado nas
três UGRHIs avaliadas, compreendendo basicamente as aranhas, é muito
utilizado em programas de conservação. Com relação às ictiofauna oito
espécies/gêneros de peixes tipicamente endêmicos / nativos da ictiofauna
neotropical de água doce, foram registrados ao longo de todas as áreas
estudadas.
Palavras chave: Fragmentos florestais, Fauna, APA Rio Tiete.
ABSTRACT
This paper seeks to make a diagnosis of flora and fauna, including fish, in
areas of permanent preservation (APP) of the middle and upper Tiete River,
from Barra Bonita to São Paulo, through secondary data collection for the
establishment of ecological relationship among the components of the
biota. Data collection was conducted by bibliographic query that privileged
information found in zoological collections of the Museum of Zoology of São
Paulo University and Instituto Butantan, acadamic literature in scientific
institutions, as well as specialized literature deposited on CETESB. The
bibliographical research covering specifically the Permanent Preservation
Area (APP) of the Tietê River in the municipalities that make up the water
resources management Units (UGRHIs) 06 and 10, respectively Alto Tietê
and Medio Tietê. The UGRHIs considered, all classified as industrial,
showed a worrying state of degradation of aquatic ecosystems and
surrounding land. The action of man in the region considered induced
changes in plant formations leading to fragmentation in various stages of
development. Among the terrestrial vertebrates, amphibians can be utilized
for the biomonitoring for being abundant, easy to collect, for presenting a
large number of species and submit responses several substances and
environmental changes. Some groups found as Hilydae and Bufonidae
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FLYNN, Maurea Nicoletti; LOURO, Monica Ponz; MENDES, Mariana Saran Pimentel;
GONZALEZ, Rodrigo Castellari. Relações Ecológicas entre fauna e flora das áreas de
preservação permanente (APP) do Médio e Alto Tiete. Revista Intertox-EcoAdvisor de
Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 38-93, jun. 2015.
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families are composed in one hand by resistent species that survive in
modified environments and, in other, by extremely sensitive species, in
which the opposite occurs. The environmental diversity of birds in UGRHIs
considered is high. With respect to the degree of sensitivity of the species to
environmental changes, few species have high susceptibility while most
presents low sensitivity to changes. The diversity of mammals is low, with
high occurrence of species at risk, representing 40% of the total number of
records. Whereas the terrestrial invertebrates Araneae, found in three
UGRHIs evaluated, including the spiders, is widely used in conservation
programs. With respect to fishes, eight species/genera of Ichthyofauna
typically native Neotropical freshwater were recorded throughout the
studied areas.
Keywords: Forest fragments, Fauna, APA Rio Tiete.
INTRODUÇÃO
As interferências nas florestas nativas, geradoras dos fragmentos
antrópicos, são causados por impactos tais como: caça, exploração,
agropecuária, queimadas, extração vegetal, lazer, urbanização, implantação
de infraestruturas de transporte, energia e saneamento. Os diferentes
estágios de fragmentação são decorrentes dos diversos padrões de
desenvolvimento social e econômico (FISZON et al. 2005), e acontecem de
forma abrupta, sendo o efeito de borda, uma das consequências desta
fragmentação.
O efeito de borda trata da influência que os fragmentos vegetacionais
sofrem por parte de habitats alterados que foram criados ao seu redor, e
sinalizam alterações abióticas, com mudanças microclimáticas, assim como
bióticas direta com mudanças na distribuição e abundância das espécies ou
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FLYNN, Maurea Nicoletti; LOURO, Monica Ponz; MENDES, Mariana Saran Pimentel;
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bióticas indireta, com alterações nas interações entre os organismos
(CERQUEIRA et al 2005). Quanto maior for o contraste entre a estrutura
dos fragmentos e a da matriz circundante, maior será a intensidade dos
efeitos de borda e da matriz, tanto sobre a flora como sobre a fauna (COLLI
et al. 2005).
A fragmentação de habitat tem conseqüências na estrutura e nos
processos das comunidades. Além da perda de área original do habitat,
também há extinções locais e alterações na composição e abundância de
espécies, levando à alteração ou até perda de processos naturais. Dentre
esses, podemos citar modificações na polinização, na dispersão de sementes
por animais, nas relações de herbivoria e predação, que podem colocar em
risco a manutenção de espécies vegetais nos fragmentos (SCARIOT et al.
2005).
O presente trabalho busca fazer um diagnóstico da flora, e da fauna
terrestre, das áreas de preservação permanente (APP) do Médio e Alto Tiete,
desde Barra Bonita até São Paulo, através do levantamento de dados
secundários, tendo como objetivos: a descrição da cobertura vegetal, com
identificação das fitofisionomias nos diferentes extratos vegetais; a descrição
da fauna de vertebrados terrestres incluindo considerações acerca do estado
de conservação da comunidade; as relações entre flora e fauna; e a indicação
de espécies em risco.
METODOLOGIA
O levantamento de dados foi realizado por consulta bibliográfica que
privilegiou o levantamento de informações em coleções zoológicas
institucionais do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo e
Instituto Butantan, literatura acadêmica em instituições científicas, bem
como literatura técnica especializada depositada na CETESB. As pesquisas
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FLYNN, Maurea Nicoletti; LOURO, Monica Ponz; MENDES, Mariana Saran Pimentel;
GONZALEZ, Rodrigo Castellari. Relações Ecológicas entre fauna e flora das áreas de
preservação permanente (APP) do Médio e Alto Tiete. Revista Intertox-EcoAdvisor de
Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 38-93, jun. 2015.
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bibliográficas cobrem especificamente a Área de Preservação Permanente
(APP) do rio Tietê nos municípios que compõem as Unidades de
Gerenciamento de Recursos Hídricos (UGRHIs) 06 e 10, respectivamente
Alto Tietê e Médio Tietê.
O levantamento bibliográfico cobriu publicações realizadas no período
entre 1997 e 2009, relativas aos temas: cobertura vegetal e vertebrados
terrestres.
Para a determinação do grau de vulnerabilidadae das espécies
levantadas, utilizaram-se listas em âmbito federal, que foram para a fauna
a Portaria IBAMA nº 1.522, 1989 e Anexos I e II da Instrução Normativa nº
5, de 21 de maio de 2004 do Ministério do Meio Ambiente. E para a flora foi
a Instrução Normativa nº 6, de 23 de setembro de 2008.
Com base nas publicações consultadas, foram elaboradas planilhas
completas de dados. As informações obtidas foram interpretadas em termos
de composição faunística, biodiversidade, inter-relações entre os
compartimentos bióticos, permitindo a caracterização de elos frágeis e
espécies em risco.
Os dados relacionados à Biota terrestre estão agrupados por UGRHIs
contemplando respectivamente os municípios da Região Metropolitana de
São Paulo (UGRHI 06) e Anhembi, Barra Bonita, Bofete, Botucatu, Conchas,
Dois Córregos, Igaraçu do Tietê, Laranjal Paulista, Mineiros do Tietê,
Pereiras, Piracicaba, Porangaba, Saltinho, São Manuel, Tietê, Torre de
Pedra, Boituva, Cerquilho, Jumirim, Porto Feliz, Rio das Pedras, Sorocaba,
Tietê, Araçariguama, Cabreúva, Cajamar, Elias Fausto, Indaiatuba, Itapevi,
Itu, Jundiaí, Mairinque, Pirapora do Bom Jesus, Salto, Santana de
Parnaíba e São Roque (UGRHI 10).
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FLYNN, Maurea Nicoletti; LOURO, Monica Ponz; MENDES, Mariana Saran Pimentel;
GONZALEZ, Rodrigo Castellari. Relações Ecológicas entre fauna e flora das áreas de
preservação permanente (APP) do Médio e Alto Tiete. Revista Intertox-EcoAdvisor de
Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 38-93, jun. 2015.
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RESULTADOS
1. Cobertura vegetal
A região apresenta áreas urbanizadas densamente ocupadas,
cobertura vegetal fortemente alterada por ações antrópicas, encontrando-se
reduzidas e descaracterizadas em suas composições florísticas originais. As
áreas ocupadas por cobertura vegetal antrópica predominam de forma
significativa sobre as naturais. As coberturas vegetais levantadas são
descritas a seguir:
1.1 Floresta Ombrófila Densa
Este tipo de vegetação, fisionomia constituinte do Domínio
Vegetacional da Mata Atlântica, como é mais conhecida, está presente tanto
na região litorânea quanto nos planaltos e serras do interior, ao longo de
toda a costa brasileira, sendo que sua largura varia entre pequenas faixas e
grandes extensões. Esta fitofisionomia é caracterizada por apresentar
camadas de vegetação claramente definidas e formações diferenciadas em
relação à altitude em: Floresta Ombrófila Densa Alto-Montana, Floresta
Ombrófila Densa Montana, Floresta Ombrófila Densa Submontana e
Floresta Ombrófila Densa das Terras Baixas. O tronco das árvores,
normalmente liso, só se ramifica bem no alto para formar a copa. As copas
das árvores mais altas tocam-se umas nas outras, formando uma massa de
folhas e galhos que restringe a passagem do sol, denominada dossel, e
chegam a atingir de 30 m, 35 m e até 60 metros de altura. No extrato mais
inferior, nascem e crescem arbustos e pequenas árvores, que são os bambus,
as samambaias gigantes, líquens que toleram menos luz, formando os
chamados sub-bosques. Tanto nas árvores mais altas como nas mais baixas
encontram-se várias outras espécies escandentes ou epífitas, como diversos
tipo de cipós, bromélias e orquídeas. O solo é coberto e protegido pelas
forrações provenientes das folhas e outros vegetais que caem das árvores ao
longo do ano, servindo de alimento para muitos insetos, entre outros
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FLYNN, Maurea Nicoletti; LOURO, Monica Ponz; MENDES, Mariana Saran Pimentel;
GONZALEZ, Rodrigo Castellari. Relações Ecológicas entre fauna e flora das áreas de
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animais e principalmente aos fungos, que são os principais responsáveis
pelo processo de decomposição e reciclagem, sobretudo da matéria orgânica,
da floresta. A característica ombrotérmica desta floresta está presa a fatores
climáticos tropicais de elevadas temperaturas (médias de 25 °C) e de alta
precipitação, bem distribuídas durante o ano (de 0 a 60 dias secos), o que
determina uma situação de ausência de período seco pronunciado. A
Floresta Ombrófila Densa é predominante na sub-bacia do Médio Tietê
Superior e Alto Tietê (Figura 1), estendendo-se da Serra do Japi, Serra de
São Roque, Serra de São Francisco até a Serra de Paranapiacaba (SOS
MATA ATLÂNTICA 2004).
Figura 1. Mapa da cobertura vegetal de Floresta Ombrófila Densa Primária do Estado de
São Paulo.
Fonte: SINBIOTA/FAPESP, 2009.
Biota - Floresta Ombrófila Densa Alto-Montana
Biota - Floresta Ombrófila Densa Montana
Biota - Floresta Ombrófila Densa Submontana
Biota - Floresta Ombrófila Densa das Terras Baixas
As áreas com vegetação secundária caracterizam-se por diversidade
de espécies baixa e homogeneidade fisionômica em cada estágio sucessional
(Figura 2). É comum encontrarem-se espécies dominantes em cada sere, que
lhe confere o aspecto homogêneo.
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FLYNN, Maurea Nicoletti; LOURO, Monica Ponz; MENDES, Mariana Saran Pimentel;
GONZALEZ, Rodrigo Castellari. Relações Ecológicas entre fauna e flora das áreas de
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Figura 2. Mapa da cobertura vegetal de Floresta Ombrófila Densa Secundária do
Estado de São Paulo.
Fonte: SINBIOTA/FAPESP, 2009.
Biota - Vegetação Secundária da Floresta Ombrófila Densa Alto-Montana
Biota - Vegetação Secundária da Floresta Ombrófila Densa Montana
Biota - Vegetação Secundária da Floresta Ombrófila Densa Submontana
Biota - Vegetação Secundária da Floresta Ombrófila Densa das Terras
Baixas
As Florestas Ombrófila Densas ocorrem nas duas UGRHIs
consideradas, apresentando conformações estruturais como descritas a
seguir.
Na UGRHI 06 (Franco et al. 2007; Souza et al. 2009) a composição
florística é um forte indicador do grau de degradação dos fragmentos.
Predominam florestas secundárias, as quais podem ser facilmente
confundidas com florestas maduras, sobretudo em decorrência de sua
fisionomia, caracterizada pelo dossel fechado e pela presença de árvores de
grande porte. Porém, a análise da composição florística do estrato superior,
nesses trechos, revela a ocupação do dossel por espécies pioneiras, tais como
Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan, Piptadenia gonoacantha (Mart.)
J.F. Macbr., Croton floribundus Spreng., Tibouchina pulchra (Cham.) Cogn.,
Miconia cabussu Hoehne e Alchornea sidifolia Müll. Arg. Também
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GONZALEZ, Rodrigo Castellari. Relações Ecológicas entre fauna e flora das áreas de
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predominaram no dossel espécies anemocóricas (sementes dispersas pelo
vento) ou autocóricas (sementes sem adaptação clara quanto à forma de
dispersão), mas no subosque foram observadas espécies zoocóricas (sementes
dispersas por animais) e, timidamente, a regeneração natural de indivíduos
jovens de espécies finais de sucessão.
Trechos remanescentes de floresta primária são escassos e
usualmente presentes no formato de “ilhas” em uma matriz de floresta
secundária. Há grande heterogeneidade espacial dos fragmentos existentes,
restando poucos em situação primitiva, sem cortes rasos. Os trechos menos
perturbados dos fragmentos apresentaram maior número de espécies finais
de sucessão, além daquelas espécies iniciais comuns em clareiras e áreas de
borda. Algumas espécies são freqüentes e podem ser consideradas como
indicadoras de trechos preservados: Cariniana estrellensis (Raddi) Kuntze,
Hymenaea courbaril L., Aspidosperma camporum Müll. Arg., Aspidosperma
olivaceum Müll. Arg., Sloanea guianensis (Aubl.) Benth., Cryptocaria
aschersoniana Mez., Ocotea odorifera (Vell.) Rohwer, Cedrella fissilis Vell.,
Platymiscium floribundum Vogel e as espécies do gênero Campomanesia.
Na UGRHI 10, a fitofisionomia é composta por mais de 80 famílias e
300 espécies, sendo as famílias Myrtaceae, Lauraceae, Fabaceae, Rutaceae,
Melastomaceae e Euphorbiaceae com maior diversidade florística. Quinze
gêneros apresentam numero elevado de espécies: Ocotea, Eugenia, Myrcia,
Miconia, Ilex, Campomanesia, Cyathea, Gomidesia, Maytenus, Meliosma,
Nectandra, Psychotria, Rapanea, Solanum e Symplocos, com quatro espécies
cada. Estes quinze representam mais de 38 % das espécies levantadas. As
espécies mais abundantes são Rudgea jasminoides, Myrcia multiflora,
Guapira opposita, Ocotea dispersa, Eugenia pluriflora, Matayba elagnoides,
Euterpe edulis, Symplocos variabilis, Alsophila setosa e Ilex paraguariensis.
CATHARINO e colaboradores catalogou apenas 16 espécies como típicas
pioneiras, 100 como secundárias iniciais, 93 como secundárias tardias, 39
como umbrófilas, e o restante, “sem classificação”. Apenas uma espécie
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exótica foi reportada: Eryobotrya japonica (Rosaceae), a nespereira, típica
zoocórica.
A alteração antrópica, em áreas maduras, parece aumentar a riqueza
de espécies, proporcionando a entrada de espécies secundárias iniciais,
notadamente anemocóricas. Já em áreas com menores intervenções
antrópicas, há menor ocorrência das espécies iniciais, resultando em uma
diversidade pouco menor (CATHARINO et al. 2006).
A baixa diversidade encontrada em florestas da região metropolitana
de São Paulo parece estar correlacionada ao fato das florestas serem
predominantemente secundárias, devido à perturbação antrópica, e não
apresentarem um amplo gradiente sucessional (CATHARINO et al. 2006). A
Tabela 1 mostra o quadro de espécis ameaçadas para o Estado de São Paulo.
Tabela 1. Quadro de espécies ameaçadas no Estado de São Paulo. Fonte: Moura et al, 2007.
1.2 Floresta Estacional Semidecidual
No Estado de São Paulo, a Floresta Atlântica que ocupa as escarpas
de maciços cristalinos e se estende até o planalto, dá lugar, a partir deste, a
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uma formação florestal mais seca, denominada Floresta Estacional
Semidecidual. O conceito ecológico desse tipo de vegetação está condicionado
pela dupla estacionalidade climática, sendo uma tropical, com época de
intensas chuvas de verão seguida por estiagens acentuadas, e outra
subtropical sem período seco, mas com seca fisiológica provocada pelo
intenso frio do inverno, com temperaturas inferiores a 15°C. Essa
estacionalidade age como fator limitante, diminuindo a presença de lianas,
epífitas e fetos arborescentes, característicos da Floresta Atlântica. Essa
formação é composta por fanerófitas (plantas lenhosas), com gemas foliares
protegidas da seca por escamas, tendo folhas adultas esclerófitas ou
membranáceas deciduais. Nesse tipo de vegetação, a porcentagem das
árvores caducifólias, que perdem as folhas durante o período seco, situa-se
entre 20 e 50%. Essa fisionomia apresenta grande diversidade e
disponibilidade de habitats, oferecendo ambiente para a fauna silvestre e
para a conservação de espécies vegetais nativas (SÃO PAULO 2002).
O grau de restrição para o uso dessas áreas naturais é máximo, sendo
consideradas de preservação, devido à oferta de recursos ecológicos aos
grupos de fauna e à sua biodiversidade.
A região da UGRHI 10 (Figura 3) possui diversos fragmentos,
relativamente pequenos, de floresta Estacional Semidecidual distribuídos de
maneira dispersa e predominantes no Médio Tietê Inferior, sendo que a
maioria dos remanescentes se encontra nos municípios de Botucatu e Bofete,
e estão inseridos na APA Corumbataí – perímetro Botucatu (KRONKA et al.
1998 e 2004).
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Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 38-93, jun. 2015.
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Figura 3. Mapa da cobertura vegetal de Floresta Semidecidual Primária do Estado de São
Paulo. Fonte: SINBIOTA/FAPESP, 2009.
As áreas com vegetação secundária caracterizam-se por diversidade
de espécies baixa e homogeneidade fisionômica em cada estágio sucessional
(Figura 4). É comum encontrar-se espécies dominantes em cada sere, que
lhe confere o aspecto homogêneo. A fitofisionomia é exclusiva da UGRHI 10
e composta por cerca de 40 famílias e 100 espécies, sendo as famílias
Leguminosae, Myrtaceae e Rutaceae, com maior diversidade florística.
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preservação permanente (APP) do Médio e Alto Tiete. Revista Intertox-EcoAdvisor de
Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 38-93, jun. 2015.
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Figura 4. Mapa da cobertura vegetal de Floresta Semidecidual Secundária do Estado de
São Paulo. Fonte: SINBIOTA/FAPESP, 2009.
1.3 Formações Savânicas (Cerrado e Cerradão)
A vegetação das formações savânicas está adaptada a regiões
normalmente planas, com solos pobres e ácidos e de clima estacional (um a
quatro meses sem chuva), ocupando 25% do território nacional, concentrada
notadamente na região central do Brasil. No caso de São Paulo, as
formações savânicas não são contínuas, ocorrendo como encraves,
principalmente na região centro-norte, em meio à floresta mesófila (Mata
Atlântica), que é a fitofisionomia predominante no Estado. Devido à extensa
área ocupada e ao contato com outros biomas, essa formação apresenta alta
biodiversidade de espécies, estimada em 30% da fauna e flora brasileira e
5% da biota mundial.
Trata-se de uma formação vegetal de fisionomia peculiar,
caracterizada por apresentar indivíduos de porte atrofiado, de troncos
retorcidos (tortuosos), cobertos por casca espessa e fendilhada, de
esgalhamento baixo e copas assimétricas, folhas na maioria grandes e
grossas, algumas coriáceas, de caules e ramos encortiçados, com ausência de
acúleos e espinhos, bem como de epífitas e lianas (KRONKA et al. 1998). O
termo cerrado significa mata densa ou fechada e o termo savana foi
atribuído devido à semelhança da fisionomia – árvores e arbustos em meio a
gramíneas – do Cerrado brasileiro com as Savanas existentes na África. As
áreas cobertas por esse tipo de vegetação apresentam um alto grau de
alteração nas composições florísticas originais, ocasionadas por atividades
antrópicas e vestígios de intensas queimadas. A vegetação savânica
apresenta um grande potencial econômico, especialmente nas áreas de:
alimentação, já que se conhecem cerca de 80 espécies vegetais que fornecem
frutos, sementes ou palmitos que servem de alimentos para o homem;
produção de fibras; produção de cortiça, sendo que existem cerca de 20
espécies que já são utilizadas para esse fim; produção de tanino; produção de
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gomas, resinas, bálsamos e látex; produção de óleos e gorduras; uso
medicinal, com mais de 100 espécies vegetais usadas para a cura e
prevenção de doenças; plantas ornamentais; artesanato; e plantas apícolas.
Conforme o diagnóstico da conservação e do uso sustentável das áreas
de cerrado do Estado de São Paulo, realizado pelo PROBIO/SP (SMA 1997),
a redução desta formação vegetal vem ocorrendo desde o início do século,
principalmente devido ao seu grande potencial como fornecedora de lenha,
carvão vegetal, mourões de cerca, uso como pasto natural na pecuária, bem
como à ocupação por áreas de reflorestamento. Mais recentemente, as áreas
de cerrado estão sendo ocupadas por atividades agropecuárias,
principalmente cana-de-açúcar, citricultura e gado bovino.
Segundo o Inventário Florestal do Estado de São Paulo, realizado pelo
Instituto Florestal, na Bacia do Médio Tietê estão presentes fragmentos
remanescentes das formações de Savana Florestada e Savana Típica,
detalhadas a seguir (Figura 5).
Savana Florestada (Cerradão) - esta formação vegetal é constituída
por três estratos (andares) distintos: o primeiro apresenta espécies
umbrófilas (plantas adaptadas ao crescimento em ambiente sombreado)
rasteiras ou de pequeno porte; o segundo é composto por arbustos e
arvoretas, constituindo o sub-bosque, que não ultrapassa a altura de 5 a 6
metros; e o terceiro, com árvores de troncos menos tortuosos, não
ramificados desde a base e que podem atingir até 15 metros de altura
(KRONKA et al. 1998). A área ocupada pelo cerradão está representada por
pequenos fragmentos, geralmente dispersos, e com predomínio de áreas
menores que 100 hectares, inseridos na Sub-bacia do Médio Tietê Inferior e
Alto Tietê. Tendo em vista a raridade atual de áreas de Cerradão no Estado
de São Paulo e sua importância ecológica, consideram-se esses fragmentos
como sendo áreas prioritárias para a conservação, segundo os seguintes
critérios selecionados pelo PROBIO/SP durante o “Workshop: Bases para
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conservação e uso sustentável das áreas de Cerrado do Estado de São
Paulo”, realizado em 1997: são arquipélagos de remanescentes, isto é, áreas
com potencial de conectividade entre fragmentos; presença de uma grande
extensão, maior que 100 hectares; os fragmentos estão localizados em áreas
de recarga do aqüífero de Botucatu, de mananciais para captação de água,
de alta suscetibilidade à erosão e com fragilidade geológica; e, presença de
espécies endêmicas de peixes e anfíbios, além de espécies raras e ameaçadas
de extinção, como o mono-carvoeiro (Brachyteles arachnoides).
Savana Típica (Cerrado) - de um modo geral o Cerrado apresenta-se
com três estratos: estrato superior, constituído por árvores esparsas de
pequeno porte (até 7 metros de altura); estrato intermediário, formado por
arbustos de 1 a 3 metros de altura; e, estrato inferior, constituído por
gramíneas e subarbustos, em geral de até 50 cm de altura, pouco denso,
deixando espaços onde o solo pode se apresentar pouco ou desprovido de
revestimento (KRONKA et al. 1998). Os fragmentos remanescentes de
Cerrado estão distribuídos em pequenas manchas de vegetação dispersas,
predominantemente, no Médio Tietê Inferior e Alto Tietê. Juntamente com
os fragmentos de cerradão presentes na Bacia do Sorocaba - Médio Tietê e
em Guarulhos - Alto Tietê, essas áreas de remanescentes de cerrado são
prioridade para a conservação desse bioma, seguindo os mesmos critérios
que foram selecionados para as manchas remanescentes de cerradão.
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Figura 5. Mapa da cobertura vegetal de Savana do Estado de São Paulo. Fonte:
SINBIOTA/FAPESP, 2009, 2009.
Na UGRHI 06, a fitofisionomia é composta por 85 famílias e 391
espécies, sendo as famílias Myrtaceae, Laureaceae, Fabaceae, Rutaceae,
Melastomaceae e Euphorbiaceae com maior diversidade florística. E na
UGRHI 10, a fitofisionomia é composta por 85 famílias e 391 espécies, sendo
as famílias Myrtaceae, Laureaceae, Fabaceae, Rutaceae, Melastomaceae e
Euphorbiaceae com maior diversidade florística.
1.4 Várzeas
São áreas sujeitas as inundações pelo transbordamento lateral dos
rios e lagos (calha principal do rio e remansos de reservatórios), o que
promove grande interação entre os ecossistemas aquáticos e terrestres,
conferindo a essa formação vegetal uma riqueza de biodiversidade, de
diversidade de uso de recursos naturais e de produtividade. Os solos das
várzeas são férteis em virtude da renovação periódica dos nutrientes,
decorrente dos pulsos de inundações, por meio dos quais as partículas
orgânicas e os minerais transportados pelos rios são depositados nos solos
dessa região. Esse tipo de vegetação apresenta um caráter hidrófilo
(adaptada a viver em ambiente de elevado grau de umidade), constituindo
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comunidades aluviais (vegetação com influência flúvio-pluvial). As condições
hidrológicas e as relações entre os rios e suas áreas alagadas determinam as
bases ecológicas para o funcionamento dos sistemas alagados, enquanto as
ocorrências de pulsos, provenientes dos ciclos hidrológicos (precipitação e
nível da água) são consideradas básicas para a manutenção de seus
mecanismos de funcionamento. Com relação à vegetação que ocupa essas
áreas, o termo Mata Ripária é utilizado para caracterizar a estreita faixa de
vegetação arbórea que acompanha os cursos d’água, perenes ou não. Quando
este tipo de vegetação está inserido em ambiente florestal, usa-se o termo
Mata Ciliar, e quando está inserida em ambiente não florestal, usa-se os
termos campo e cerrado, denomina-se Mata de Galeria. O equilíbrio dos
ecossistemas aquáticos depende diretamente da proteção da vegetação
ocorrente ao longo dos cursos, já que ela age como reguladora das
características químicas e físicas da água dos rios. Contribui para a
sobrevivência e manutenção do fluxo gênico entre populações de espécies
animais e vegetais, que habitam as faixas ciliares ou mesmo fragmentos
florestais maiores, por elas conectados. Devido à reconhecida importância
ecológica, as matas ripárias foram incluídas na categoria de Áreas de
Preservação Permanente desde 1965, conforme o Código Florestal (Lei n°
4.777/65). Assim, toda vegetação natural (arbórea ou não) presente ao longo
das margens dos rios e ao redor de nascentes e de reservatórios deve ser
preservada. Próximas a alguns cursos existentes na Bacia do Sorocaba –
Médio Tietê encontram-se ainda manchas remanescentes de formações
florestais (Figura 6). No entanto, estas vêm sendo fortemente pressionadas
pelo avanço de pastagens e áreas agrícolas, apesar das exigências legais
quanto à largura das faixas de Área de Preservação Permanente. O padrão
de distribuição da Mata Ripária na área considerada é representado por
fragmentos reduzidíssimos dessa formação, em contraponto com o grande
predomínio de culturas, pastagens ou área urbana (SÃO PAULO, 2002).
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Figura 6. Mapa da cobertura vegetal de Várzea do Estado de São Paulo. Fonte:
SINBIOTA/FAPESP, 2009.
2. Herpetofauna
A fauna Brasileira de anfíbios conta com 849 espécies descritas, sendo
que destas 821 são Anura, 27 Gymnophiona e 1 Caudata (BÉRNILS, 2009).
No Estado de São Paulo, são conhecidas 250 espécies de Anuros (ROSSA-
FERES et al. 2008), o que corresponde a aproximadamente 30% das espécies
de anfíbios brasileiras.
Não se pode, hoje em dia, falar em anfíbios, sem mencionar a crise em
que se encontram. Sabe-se que eles estão em declínio populacional em
diversas partes do mundo (BOYER e GRUE 1994; SILVANO e SEGALLA
2005; IUCN 2009). Algumas espécies correm risco de extinção caso os
impactos sobre elas não cessem (IUCN 2009). A iminência da extinção dos
anfíbios está intimamente atrelada ao grau de exigência da grande maioria
das espécies quanto à estabilidade do ambiente em que vivem (HANOWSKI
et al. 2006). Na maioria das espécies, a vida é extremamente dependente da
água e, para todas elas, a umidade é fundamental. A ausência de umidade
não só causa dessecação no delicado tegumento, causando a morte dos
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indivíduos por desidratação, como também prejudica os processos
respiratórios. Além disso, a reprodução e os estágios larvais dos anfíbios são
dependentes de água (BOYER e GRUE 1994). Portanto, alterações na
quantidade e/ou qualidade da água podem influenciar diretamente tanto na
fisiologia, quanto na reprodução dos anfíbios.
A IUCN listou as maiores causas de extinção de anfíbios no mundo,
concluindo que a perda do habitat e a poluição ambiental ocupam as
primeiras posições (IUCN 2009). Silvano e Segalla (2005) apontam ainda a
infecção causada por fungos, poluição das águas, a contaminação por
pesticidas, as mudanças climáticas, as espécies invasoras, a radiação
ultravioleta e o comércio ilegal de animais silvestres.
Convém ressaltar que os anfíbios são predadores vorazes quando
adultos (principalmente de artrópodes), mas têm diversas formas de
alimentação quando em estágio larval (herbívoros, carnívoros e raspadores)
(BOYER e GRUE 1994). No caso dos artrópodes, os anfíbios são importantes
mantenedores das populações, inclusive daqueles que são considerados
pragas ao homem.
No grupo de vertebrados terrestres, os anfíbios podem ser utilizados
para o biomonitoramento. São abundantes, de fácil coleta, apresentam
grande número de espécies e tem respostas diversas a substâncias e
alterações ambientais (BOYER e GRUE 1994; HANOWSKI et al. 2006).
Alguns grupos como as famílias Hilydae e Bufonidae podem ser
consideradas como bioindicadores (BOYER e GRUE 1994; HANOWSKI et
al. 2006), pois incluem espécies resistentes que sobrevivem em ambientes
modificados e espécies extremamente sensíveis, em que o oposto ocorre
(BOYER e GRUE 1994; HANOWSKI et al. 2006; IUCN 2009).
Adicionalmente, podem ser indicadores de acúmulo de substâncias por
ingerir presas contaminadas (BOYER e GRUE 1994).
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No caso dos répteis, segundo o levantamento feito por Rossa-Feres
(2008), o Estado de São Paulo conta com 200 espécies: dois crocodilianos,
sete quelônios, 11 anfisbenídeos, 46 lagartos e 141 serpentes. Isso equivale,
aproximadamente, a 30% da riqueza de espécies de répteis do país, que
somam 708 espécies (BÉRNILS 2009).
As populações de répteis, de uma maneira geral, são afetadas pela
perda e degradação do habitat (GIBBONS et al. 2000; IUCN 2009), redução
do número de presas, poluição ambiental, doenças, espécies invasoras,
mudanças climáticas e comércio ilegal de animais silvestres (GIBBONS et
al. 2000; O’ SHEA e HALLIDAY 2002).
Um exemplo disso são as serpentes, pois a grande maioria delas não é
generalista quanto ao hábito alimentar (O’ SHEA e HALLIDAY 2002), uma
vez que se alimentam de apenas um ou dois grupos de animais. Portanto, a
redução da quantidade de presas (por razões diversas), por exemplo, pode
determinar um impacto sobre a população de serpentes.
Poucas espécies de répteis são herbívoras, algumas são onívoras e a
maioria é carnívora (O’ SHEA e HALLIDAY 2002). Serpentes e
crocodilianos são exclusivamente carnívoros, enquanto que em lagartos e
quelônios a dieta pode ser mais variada. Os carnívoros, portanto,
contribuem mais para a manutenção das populações de presas,
principalmente de roedores (MARQUES et al. 2001).
Os resultados da pesquisa sobre a bibliografia pertinente aos grupos
de Anura (UGRHI 06 e 10) e Lacertilia foram escassos e considerados
insuficientes, devido ao baixo número de espécies listadas, comparado com a
diversidade registrada para o Estado, cujo número é muito superior: 250
espécies de Anuros e 46 de lagartos (ROSSA-FERES et al. 2008). Para os
grupos de Amphisbaena, Chelonia e Gymnophiona não foram encontrados
registros.
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Os répteis podem ser utilizados como bioindicadores de contaminação
ambiental, principalmente as serpentes, pois algumas espécies têm vida
longa, exibem diferentes níveis tróficos e, em muitos casos, estão no topo de
cadeias alimentares (BURGER et al., 2007).
Na UGRHI 06 os anfíbios registrados pertencem às seguintes
famílias: Bufonidae (2 espécies); Hylidae (9 espécies); Eleutherodactylidae (3
espécies); Leptodactylidae (2 espécies) e Leiuperidae (2 espécie). Para o
grupo dos répteis, listaram-se as seguintes famílias: serpentes: Boidae (1
espécie); Colubridae (9 espécies); Dipsadidae (27 espécies); Viperidae (4
espécies) e Elapidae (1 espécie) e, por fim, para os Lacertilia: Anguidae (2
espécies); Gekkonidae (1 espécie); Polychrotidae (4 espécies); Teiidae (1
espécie) e Tropiduridae (1 espécie).
Na UGRHI 10, para o grupo dos anfíbios, registraram-se as famílias:
Bufonidae (2 espécies); Leiuperidae (3 espécies); Eleutherodactylidae (4
espécies); Hylidae (4 espécies) e Leptodactylidae (7 espécies). Para os
répteis: serpentes: Anomalepididae (1 espécie); Boidae (2 espécies); Elapidae
(3 espécies); Viperidae (3 espécies); Colubridae (9 espécies) e Dipsadidae (34
espécies) e, para os lagartos: Polychrotidae (1 espécie); Anguiidae (1
espécie); Polychrotidae (2 espécie) e Gekkonidae (1 espécie).
Para a grande maioria das espécies de anuros registradas, não há
informações quanto à espécies em risco de extinção. Para outras, registram-
se populações estáveis (IUCN, 2009). Há informações seguras para apenas
uma espécie: Cycloramphus semipalmatus, que se encontra na categoria NT
(Near Threatened = quase ameaçada) (IUCN, 2009). Contudo, os répteis
encontrados na região não constam da lista de animais ameaçados (IUCN,
2009).
As informações a respeito de espécies invasoras de répteis e anfíbios
encontradas nas UGRHI 06 e 10 são escassas.
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FLYNN, Maurea Nicoletti; LOURO, Monica Ponz; MENDES, Mariana Saran Pimentel;
GONZALEZ, Rodrigo Castellari. Relações Ecológicas entre fauna e flora das áreas de
preservação permanente (APP) do Médio e Alto Tiete. Revista Intertox-EcoAdvisor de
Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 38-93, jun. 2015.
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Para o biomonitoramento dos anfíbios, sugerem-se os grupos Hylidae
e Bufonidae e dos répteis, principalmente daqueles que possuem hábitos
aquáticos (quelônios e jacarés), semi-aquáticos (serpentes da família
Dipsadidae), comedores de peixes e os terrestres comedores de anfíbios
(serpentes Dipsadidae). As indicações para o monitoramento são as
serpentes semi-aquáticas: Liophis milliaris, Sordellina punctata, e as
serpentes do gênero Helicops (predam peixes e anfíbios, tanto adultos,
quanto larvas). Além das comedoras de anfíbios: Imantodes c. cenchoa,
Leptodeira annulata, Mastigodryas bifossatus, Simophis rhinostoma e os
grupos: Xenodon, Thamnodynastes, Echinanthera, Liophis, Bothrops,
Chironius e Philodryas.
3. Avifauna
Segundo Silva (1998), as aves são tradicionalmente um dos grupos
mais estudados de vertebrados, em função principalmente de seus hábitos
diurnos e conspícuos, comunicação sonora e ocupação de hábitos variados. A
diversidade ambiental do Estado de São Paulo, com relevo e tipologias de
vegetação distintas, é a responsável por cerca de 750 espécies de aves
registradas, que representam aproximadamente 45% das espécies da
avifauna brasileira.
A região da UGRHI 06, foi analisada quanto às aves registradas,
também considerando o tipo de vegetação ou habitat, subdividindo-se em
subáreas as aves encontradas em mata, em savana, habitats aquáticos,
áreas urbanas e regiões de contato (bordas de transição de diferentes tipos
de habitat). Para essas áreas, outras informações sobre a biologia e
conservação de cada espécie de aves foram resgatadas, baseando-se em
Almeida e Vasconcellos (2007). Essas informações tratam de: hábitos
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GONZALEZ, Rodrigo Castellari. Relações Ecológicas entre fauna e flora das áreas de
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migratórios, sensibilidade às modificações ambientais e hábitos alimentares
preferenciais de cada espécie.
Assim, na UGRHI 06, as regiões de mata apresentam cerca de 100
espécies diferentes de aves, segundo os registros da Prefeitura (DIÁRIO
OFICIAL, 2006) e do levantamento da Biodiversidade na APA de Capivari-
Monos (OKADA e MAFRA, 2006). As 100 espécies pertencem a 30 diferentes
famílias. As mais abundantes, em número de espécies, são a Família
Tyrannidae (20% das espécies), seguida de Thraupidae (16%) e Furnariidae
com 10% das espécies. Os Tyrannidae fazem parte da maior e mais
diversificada família de pássaros da América do Sul, enquanto que os
Thraupidae são representados por sanhaços, tiés e afins e os Furnariidae
por aves como o João-de-barro e o João-teneném, exclusivos da região
neotropical (SICK, 1997). Com relação à sensibilidade às modificações
ambientais, 34% das aves mostram baixa sensibilidade, 58% média e 8%
alta.
As regiões de savana da UGRHI 06 são áreas com grande
biodiversidade de aves apresentando 151 espécies, pertencentes a 40
famílias (DIÁRIO OFICIAL, 2006; SCHUNCK, 2003). Assim como na região
de mata, acima avaliada, no habitat de savana, os Tyrannidae e os
Thraupidae foram os mais importantes em termos de número de espécies
com respectivamente 30 espécies (19,9%) e 11 (7,3%). Porém, a terceira
Família mais abundante registrada foi Trochilidae com 10 espécies (6,6%),
sendo representada por beija-flores exclusivamente americanos. Do total de
151 espécies, quase 75% apresentam baixa sensibilidade às modificações do
ambiente enquanto que 25% apresentam média sensibilidade.
Ainda na UGRHI 06, aves relacionadas diretamente com habitats
aquáticos representam um número menor de espécies, somando 26 registros
de espécies e 13 famílias (DIÁRIO OFICIAL, 2006). Devido a isso, as
diferenças de importância relativa das famílias, são menores: Ardeidae
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(garças e socós) e Alcedinidae (Martins-pescadores) com 5 espécies cada
uma, Anatidae (marrecos e patos) com 4 Rallidae (saracuras, carquejas,
frangos-d’água) com 3. Com relação ao grau de sensibilidade das espécies
em relação às mudanças ambientais, apenas uma única (Rynchops niger)
apresenta alta suscetibilidade enquanto a maior parte apresentar baixa
sensibilidade às modificações (19 registros).
Nas subáreas urbanas da UGRHI 06, muitas aves, pertencentes a um
grande número de famílias, são também registradas. São aproximadamente
95 espécies e 34 famílias muito diversificadas. Tyrannidae somam 16
espécies e, diferentemente das demais subáreas analisadas (mata, savana e
habitats aquáticos), duas novas famílias são também abundantes –
Falconidae (falcões, gaviões, carcarás) e Emberizidae (canários, tico-ticos),
ambas com 6 espécies cada. Entre as 95 espécies encontradas nessas áreas
urbanas, apenas 11 delas apresentam média sensibilidade às mudanças
ambientais, sendo que o restante (88%) é de baixa sensibilidade.
Em áreas da UGRHI 06 denominadas de contato (áreas transitórias),
foram registradas também muitas espécies, do mesmo modo que em áreas
de savana e urbanas. Constatou-se 87 registros de espécies de aves inseridas
em 21 famílias. Tyrannidae, Thraupidae e Trochilidae, já mencionadas
anteriormente como relevantes para ambientes de mata e savana, foram as
mais importantes em abundância de espécies, representando 25,3%, 11,5% e
11,5% respectivamente.
Relativo aos dados sobre alimentação preferencial das aves presentes
na UGRHI 06, nas áreas de mata foram registradas, com freqüência, aves
insetívoras, onívoras ou frugívoras, mostrando que nesse ambiente, as
espécies são capazes de encontrar grande variedade de recursos
alimentares, que podem ser compartilhados entre si. Nos ambientes de
savana, que apresentou o maior número de espécies, a maioria são
insetívoras seguidas por onívoras, o que sugere que nesses locais
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relativamente abertos, as aves conseguem encontrar insetos/invertebrados,
entre outros recursos, suficientes para manter alta biodiversidade de
animais insetívoros e/ou onívoros. Nas subáreas urbanas, assim como a
diversidade de famílias foi grande, a variedade de hábitos alimentares entre
as aves registradas foi também extensa. Encontram-se desde as insetívoras
e onívoras, como nos ambientes de mata e savana, como grande quantidade
de granívoras, carnívoras, nectarívoras e frugívoras, o que mostra uma
diversidade ampla de recursos disponíveis nas áreas relacionadas às ações
humanas e disponíveis para os animais mais oportunistas. Apenas nas áreas
com maior número de aves aquáticas, os hábitos alimentares são
relacionados à água. Nesses locais são encontradas aves filtradoras,
piscívoras, comedoras de moluscos, relacionadas diretamente ao ambiente
aquático e, portanto, são as mais suscetíveis às mudanças na qualidade da
água.
Com relação aos hábitos migratórios, em todas as subáreas,
considerando-se algumas variações, são encontradas espécies tanto
migradoras como não-migradoras, evidenciando que todos os ambientes
estariam sendo utilizados em todas as épocas do ano por grande número de
aves. Mesmo assim, como mencionado acima, poucas seriam aquelas que
mostram alta suscetibilidade ou sensibilidade às modificações dos
ambientes.
Na região da UGRHI 10, nas áreas de vegetação de Floresta
Ombrófila densa, os únicos registros de aves levantados até o momento são
os do SINBIOTA/FAPESP (2009), que assinalou apenas 6 espécies de aves,
pertencentes às Famílias Accipitridae (1 espécie), Ciconiidae (1),
Columbidae (1) e Cotingidae (3 espécies). Essa baixa quantidade de espécies
indica a necessidade de desenvolver mais estudos na região. Ainda no
domínio da UGRHI 10, os registros de aves nas áreas de floresta estacional
semidecidual são mais numerosos em relação à Floresta densa tanto em
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relação ao número de espécies quanto ao número de famílias. Nessas áreas
foram encontrados registros de 25 espécies, pertencentes a 15 famílias,
sendo as mais ricas em espécies: Accipitridae, Ciconiidae e Cotingidae, cada
uma com 3 espécies SINBIOTA/FAPESP (2009). O fato que chama atenção
nestas áreas é o registro de três espécies ameaçadas de extinção, que
atualmente se encontram em redutos pontuais: o psitacídeo sabiá-cica
Triclaria malachitacea, o macuco Tinamus solitarius, e o tropeiro-da-serra
Lipaugus lanioides.
4. Mastofauna
A fauna de mamíferos do Estado de São Paulo contém frações de
diversas outras mastofaunas distinta do Brasil. Na região considerada,
ocorre o predomínio de componentes faunísticos próprios do Brasil central
(VIVO, 1998).
As análises a seguir mostram a fauna de mamíferos em relação às
UGRHIs consideradas como de influência e os diferentes tipos de vegetação.
A nomenclatura utilizada para famílias e espécies seguiu a definição
encontrada nos levantamentos dos diferentes autores. Aspectos sobre a
biologia das espécies foram retirados de bibliografias específicas e quando
não especificadas no texto, foram resgatadas de Achaval et al. (2007), de
Almeida e Vasconcellos (2007), e de Oliveira e Cassaro (2006), no que se
refere aos felinos.
Para a região da UGRHI 06, apesar de registros sobre ocorrência de
espécies, as informações sobre a distribuição não consideram o tipo de
vegetação correlacionada. Como nessa região há grande variedade de
ambientes, todas as espécies de mamíferos foram agrupadas em uma única
tabela. As informações complementares sobre a biologia de cada espécie
foram baseadas em Almeida e Vasconcellos (2007).
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Os registros da mastofauna encontrada na região da UGRHI 06
somam um total de 28 espécies, pertencentes a 18 Famílias. Foram
registrados gambás e cuícas (Didelphis aurita, Marmosops paulensis,
Monodelphis americana e Monodelphis sorex), pequenos animais
marsupiais, solitários, de hábitos noturnos e arborícolas, comumente
encontrados em regiões de mata (ACHAVAL et al. 2007).
Ocorrem diversos tipos de roedores, de pelo menos 5 famílias
diferentes (Echimyidae, Muridae, Sciuridae, Caviidae e Hydrochaeridae).
Alguns são relacionados à mata (roedores arborícolas do tipo de esquilos
Sciurus aestuans e Sciurus ingrami) e outros às regiões alagadas, como é o
caso da capivara Hydrochoeris hydrochaeris.
Entre os edentados são encontrados tatus de solo e onívoros (Dasypus
novemcinctus) e preguiças arborícolas, animais de mata e herbívoros
(Bradypus variegatus).
Duas famílias de Chiroptera estão representadas na região da UGRHI
06, sendo elas Molossidae e Vespertilionidae cujas espécies são: Molossus
molossus (morcego insetívoro), Molossops temminckii e Myotis nigricans
(espécies de ampla distribuição em savanas e insetívoras)
Insetívoros de mata com tendências a onivoria da Família
Procyonidae como o coati (Nasua nasua) e o mão-pelada (Procyon
cancrivorus) são encontrados nessa região. Dois pequenos primatas da
Família Callitrichidae e outro Cebidae, arborícolas de regiões de mata e com
a mesma tendência a onivoria também foram registrados Callithrix jacchus,
Callithrix penicilatta, Alouatta guariba clamitans.
Herbívoros terrestres de médio porte encontrados em mata foram
representados pelo Cervidae Mazama gouazoupira e pela anta Tapirus
terrestris (Família Tapiridae). Entre os predadores, três famílias foram
representadas com 05 espécies/subespécies: Canidae (o cachorro-do-mato
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Cerdocyon thous), Mustelidae (Galictis cuja e a lontra de regiões aquáticas
Lontra longicaudis) e Felidae (a suçuarana Puma concolor e a subespécie
Puma concolor capricornensis, que se encontra em risco de extinção).
Com relação aos mamíferos encontrados nas áreas de floresta
ombrófila densa da UGRHI 10, segundo levantamento SINBIOTA/FAPESP,
foram registrados: artiodáctilos, felinos, primatas, edentados e morcegos.
O porco-do-mato-de-colar, Pecari tajacu, é uma espécie onívora que se
alimenta de vegetais, frutos caídos, raízes e animais de pequeno porte.
Apresenta-se em grupos pequenos liderados por machos (ACHAVAL et al.
2007).
Entre os predadores são encontrados animais pequenos como a
jaguatirica (ou, gato-maracajá, maracajá-verdadeiro) Leopardus pardalis
que se alimenta de pequenos roedores a cutias, tatus e macacos. Foi
registrada a onça-parda (ou suçuarana, puma), Puma concolor, de médio
porte, caracterizada por ser solitária, com hábitos tanto noturnos quanto
diurnos e predadores de uma gama grande de vertebrados da floresta, desde
roedores a animais de pecuária – bezerros de gado doméstico. Entre os
felinos há também o Leopardus tigrinus (gato-do-mato), menores, de hábitos
noturnos, quando caçam pequenos roedores, lagartos e aves (OLIVEIRA e
CASSARO 2006).
Três diferentes espécies de macacos foram também registradas:
Alouatta fusca, Alouatta caraya e Callicebus personatus, caracterizados
como animais de pequeno porte, arborícolas, de hábitos diurnos e comedores
de folhas, frutos, insetos de modo geral. Além destes, uma espécie de
morcego brasileiro foi registrada (Chiroderma doriae – morcego-de-olho-
grande) e o tamanduá Tamandua tetradactyla, animais solitários, que se
refugiam em árvores contra os predadores, mas são terrícolas, de atividade
tanto diurna quanto crepusculares e noturnas, se alimentando de insetos
coloniais e suas larvas (ACHAVAL et al., 2007). No caso destes registros,
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além de mostrar baixa biodiversidade, há a presença de três espécies (33,3%
do total) relacionadas como em risco de extinção (Alouatta fusca, Leopardus
tigrinus, e Callicebus personatus).
Ainda na UGRHI 10, mas nas florestas semidecíduas estacionais,
foram registrados mais grupos de mamíferos: lobos, felinos, macacos,
lontras, porcos e tamanduás, conforme relacionados.
O canídeo conhecido como lobo-guará Chrysocyon brachyurus, é um
animal muito ágil, de médio e grande porte, de hábito solitário e ativo nos
períodos noturno e crepuscular. É uma espécie onívora, predando insetos,
anuros, lagartos, ofídeos e seus ovos, roedores e se aproveitando de raízes de
frutos dessas áreas (ACHAVAL et al., 2007). Com relação aos felinos, além
da onça-parda e da jaguatirica já descritas para as florestas ombrófilas, nas
semideciduais há ainda o Herpailurus yaguarondi, ou gato-mourisco e gato-
vermelho, de pequeno e médio porte, de hábito solitário e terrestre,
predominantemente diurno (OLIVEIRA e CASSARO, 2006). Além do lobo e
dos felinos, a Ordem Carnivora conta com mais dois representantes nessas
áreas: a lontra Lontra longicaudis e o procionídeo mão-pelada Procyon
cancrivorus. A lontra, semi-aquática, é encontrada em margens de rios, de
banhados e de lagoas onde faz tocas em barrancos, apresentando atividade
diurna e noturna, quando se alimenta de peixes, anfíbios, moluscos, aves
aquáticas e roedores. A espécie mão-pelada, arborícola de hábito onívoro,
forma seus abrigos em ramos de árvores, tem hábitos noturnos e
crepusculares para se alimentar de pequenos roedores, aves, ofídeos,
anfíbios, peixes, insetos, moluscos, frutas e grãos (ACHAVAL et al., 2007).
Entre os demais onívoros são encontrados novamente o porco-do-mato
Pecari tajacu, dois grupos de tamanduás (Myrmecophaga tridactyla e
Tamandua tetradactyla) e um maior número de primatas: Callithrix aurita,
Callithrix penicillata, Alouatta fusca, Alouatta caraya, Brachyteles
arachnoides e Callicebus personatus.
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Nestas florestas estacionais semideciduais, apesar de ocorrer um
maior número de espécies (15, segundo levantamento do programa Biota
SP), e um maior número de Famílias e Ordens em relação à floresta
ombrófila densa, maior também é a ocorrência de espécies em risco, que
representam 40% do total de registros.
Em região de vegetação de várzea da UGRHI 10, ao contrário das
demais vegetações já analisadas, apenas uma espécie foi registrada: a
capivara Hydrochoeris hydrochaeris da Família Hydrochaeridae. Estes
animais vivem em grupos, em regiões alagadas, onde nadam muito bem e
são herbívoros, consumindo plantas aquáticas e gramíneas (ACHAVAL et
al. 2007).
Complementando a região da UGRHI 10, um levantamento específico
de mamíferos voadores (morcegos Chiroptera) foi realizado por Uieda e
Chaves (2005), nas proximidades dos locais estudados no presente relatório.
Esse levantamento cobriu tanto regiões rurais quanto urbanas. Foram
registradas de 36 espécies, pertencentes a 4 famílias: Phyllostomidae (a
mais abundante, com 18 espécies), Noctilionidae, Vespertilionidae e
Molossidae. Esses morcegos apresentam uma grande variedade de hábitos
alimentares sendo insetívoros, frugívoros e uma espécie de hematófago,
considerada rara na região.
DISCUSSÃO: A RELAÇÕES ECOLÓGICAS ENTRE FAUNA E FLORA
A cobertura vegetal é responsável pela produção de matéria orgânica
no solo, também conhecida como serrapilheira. Fornece, de forma constante,
os nutrientes utilizados no processo de fotossíntese e promove a agregação
das partículas constituintes do solo (LORANDI e CANÇADO, 2002). Na área
estudada, a superfície do solo apresenta baixo estoque de serrapilheira, em
função da rápida velocidade de decomposição. Há rápido aproveitamento de
nutrientes por parte da vegetação, favorecendo a ciclagem e o equilíbrio do
ecossistema (VITAL et al, 2003).
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O uso e a ocupação do solo da área foco de estudo, geraram um
processo de fragmentação, no qual habitats vegetais contínuos são divididos
em manchas (fragmentos) mais ou menos isolados. Essa situação provocou
diferentes tipos de impactos negativos à flora e à fauna associada, que
apresenta estreita relação com as condições derivadas, como distância entre
os fragmentos, grau de isolamento, tamanho da mancha, formato, tipo de
matriz circundante e efeito de borda (CERQUEIRA et al, 2005). Como
principais conseqüências, detecta-se redução no tamanho efetivo de
populações, perda de habitat, alterações nas interações ecológicas e nos
processos reprodutivos. Tudo isso resulta em mudanças nos padrões de
diversidade e na dinâmica das comunidades florestais (LERF, 2006).
A fragmentação pode acontecer por processos naturais ou pela ação
humana. Os fragmentos naturais podem ser resultado de condições isoladas
ou combinadas (que é mais comum) de flutuações climáticas: devido à
retração ou expansão da vegetação, heterogeneidade de solos (vegetações
restritas a tipos específicos de solo), processos de sedimentação e
hidrodinâmica em rios, processos hidrogeológicos (com áreas
temporariamente alagadas) e topografia (formação de ilhas com vegetação
específica). Esse processo acontece de forma dinâmica, mas ocorre em
intervalos de tempo bem superiores ao da fragmentação antrópica. No caso
da fragmentação de origem natural, a escala de tempo é geológica e acontece
com isolamento populacional, gerando diferenciação genética e especiação,
promovendo a diversidade biológica. Esses fragmentos constituem áreas
prioritárias para a conservação por conterem espécies endêmicas e
populações diferenciadas e não devem ser conectados porque a sua
interligação poderia destruir a estrutura populacional e causar extinções
locais (CONSTANTINO et al, 2005).
A fauna ocupa papel de destaque nos processos de funcionamento da
floresta. A maior parte das espécies arbóreas da região tropical é polinizada
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por insetos, pássaros e morcegos e muitas das sementes da mata são
dispersas por animais terrestres, peixes e pela própria água dos rios e
riachos. Estima-se que ocorrem cerca de cem vezes mais espécies animais do
que de plantas nas florestas tropicais, o que, de certa maneira, garante o
melhor desempenho da floresta heterogênea (BARBOSA, 2000), que oferece
grande diversidade de habitat e de fontes alimentares.
Além da perda de biodiversidade, a fragmentação favorece a criação
de condições para que invasões biológicas ocorram, seja por espécies nativas
ou por exóticas, contribuindo para a reduçãõ da integridade biológica.
Conforme a fragmentação avança, as manchas restantes sofrem um processo
degenerativo, com situações hiper-perturbadas. Essa situação propicia à
instalação de espécies invasoras, contribuindo assim para o declínio de
espécies típicas de áreas intactas ou menos impactadas, similares aos
habitats contínuos (SCARIOT et al, 2005).
Para mamíferos, o isolamento de pequenas populações afeta de
maneira negativa sua persistência (VIEIRA et al, 2005). Outro problema é o
aumento da probabilidade de invasão de espécies exóticas, que podem
agravar ainda mais os efeitos da fragmentação devido à competição,
predação e introdução de doenças nas espécies nativas. Para os mamíferos
de médio e grande porte, a caça é o fator de maior relevância podendo ser
preponderante sobre os efeitos diretos da fragmentação (VIEIRA et al,
2005).
Mesmo as aves, em ambientes fragmentados, apresentam menor
biodiversidade comparativamente ao encontrado na área antes do processo
de fragmentação. O tipo de uso da matriz, no entorno dos fragmentos, tem
influência sobre a capacidade de manutenção dos organismos que existiam
no ambiente original. Quanto maior for a diferença da matriz em relação ao
ambiente original, e quanto maior for o grau de isolamento, menores serão
as chances dos organismos se manterem nos fragmentos (LAPS et al, 2005).
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As espécies de aves que não conseguem transpor a matriz para ir de um
fragmento a outro, são as mais propensas à extinção local. Várias espécies
que vivem em florestas não conseguem transpor ambientes alterados mesmo
voando, por não possuírem autonomia de vôo. As alterações microclimáticas,
especialmente o aumento da luminosidade e a diminuição da umidade, após
o processo de desmatamento e fragmentação, expulsam espécies mais
sensíveis de sub-bosque. Outras espécies que naturalmente necessitam de
grandes áreas de vegetação original para sobreviver, também deixam de
obter recursos básicos (como alimentos em quantidade suficiente e local para
construírem ninhos), e tendem a desaparecer (LAPS et al, 2005).
Os anfíbios e os répteis respondem rapidamente à destruição de
paisagens naturais, com redução das populações e isolamento nos
fragmentos remanescentes, devido à baixa mobilidade, requerimentos
fisiológicos e especificidade de habitat. Os anfíbios apresentam
características fisiológicas e ecológicas que os tornam muito dependentes da
água, principalmente na fase larval. Devido a essa dependência, também
são muito sensíveis às modificações físico-químicas da água e da estrutura
da vegetação ciliar. A alteração, especialmente em termos de umidade,
acarreta alteração no habitat de muitas espécies animais ocasionando o
desaparecimento de espécies especialistas em favor de generalistas
(SILVANO et al, 2005).
Para minimizar os problemas advindos do isolamento dos fragmentos
vegetais, uma solução é aumentar a conectividade através de corredores
ecológicos. A conectividade entre unidades de conservação e até mesmo
entre fragmentos conservados pode, em parte, permitir a manutenção destes
em longo prazo e mesmo promover a recuperação funcional de determinadas
unidades ecológicas atualmente ilhadas (ZAÚ, 1998). Assim, aumentando ou
mantendo a conectividade da paisagem, pode-se reduzir a extinção de
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FLYNN, Maurea Nicoletti; LOURO, Monica Ponz; MENDES, Mariana Saran Pimentel;
GONZALEZ, Rodrigo Castellari. Relações Ecológicas entre fauna e flora das áreas de
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espécies e prevenir uma eventual depressão da reprodução em fragmentos
isolados (SILVANO et al, 2005).
A mata ciliar impede o assoreamento causado por erosão laminar e
pelas águas de escoamento. Funciona como um regulador do fluxo de água e
de sedimento das áreas mais altas até o sistema aquático da microbacia.
Outra característica da vegetação ripária é a capacidade de realizar a
filtragem superficial de sedimentos e também a absorção pelas raízes,
facilitando a retenção e absorção de parte dos nutrientes (ou
contaminantes), carreados até o corpo hídrico (LIMA e ZAKIA, 2000). Além
disso, promove a produção de matéria orgânica quando sofre degradação
(LORANDI e CANÇADO, 2002), e favorece também a fauna aquática por
gerar grande diversidade de habitats e fontes alimentares.
CONCLUSÃO
As UGRHIs consideradas, todas classificadas como industriais,
mostraram um preocupante estado de degradação dos ecossistemas
aquáticos e terrestres circundantes.
A ação do homem nas regiões consideradas, induziu a alterações nas
formações vegetais levando à fragmentação de trechos que se encontram em
diversos estágios de desenvolvimento. As florestas podem ser divididas de
acordo com a atividade antrópica sofrida. As florestas primárias são aquelas
que não sofreram com a ação do homem, conservando as suas características
de alta diversidade e capacidade de auto-regeneração. As florestas
perturbadas são aquelas que sofreram a intervenção humana, mas ainda
têm condições de retornar a um estado próximo àquele anterior ao processo
de perturbação. Florestas degradadas são as que foram tão intensamente
modificadas que perderam a sua capacidade de auto-regeneração, e
necessitam, portanto, de um trabalho de replantio e/ou enriquecimento para
auxiliar na sua recuperação.
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GONZALEZ, Rodrigo Castellari. Relações Ecológicas entre fauna e flora das áreas de
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Em cenários de fragmentação de habitats, populações (independente
do grupo taxonômico), anteriormente contínuas, são subdivididas em
conjuntos de populações locais menores que podem estar isoladas, em maior
ou menor grau, dependendo da distribuição espacial dos fragmentos e do
poder de dispersão inerente às espécies. As alterações no tamanho, forma e
distribuição de um habitat natural provocadas pela fragmentação, afetam a
taxa de extinção e o tamanho das populações locais, assim como o padrão de
dispersão de indivíduos entre essas populações (SCHNEIDER et al, 2005).
O tamanho reduzido das populações favorece acasalamentos entre
indivíduos aparentados, ou endocruzamento, que é um processo que
contribui para o aumento da similaridade genética entre os indivíduos de
uma mesma população e, como conseqüência, a proporção de loci em
homozigose. Esta homozigose elevada favorece a expressão de alelos
recessivos deletérios e diminui o valor adaptativo de loci codominantes, o
que pode causar a diminuição da capacidade de adaptação dos indivíduos às
flutuações ambientais provocadas por fatores bióticos e abióticos
(SCHNEIDER et al, 2005).
A conservação das fitofisionomias é necessária para garantir a
conservação dos recursos genéticos da flora e fauna. O biomonitoramento
pode ser feito avaliando a evolução dos diversos fragmentos e a fauna
associada.
No grupo de vertebrados terrestres, os anfíbios podem ser utilizados
para o biomonitoramento por serem abundantes, de fácil coleta, por
apresentarem grande número de espécies e apresentarem respostas diversas
a substâncias e alterações ambientais (BOYER e GRUE, 1994; HANOWSKI
et al. 2006). Alguns grupos como as famílias Hilydae e Bufonidae podem ser
consideradas como bioindicadores (BOYER e GRUE, 1994; HANOWSKI et
al., 2006), pois há espécies resistentes que sobrevivem em ambientes
modificados e espécies extremamente sensíveis, em que o oposto ocorre
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(BOYER e GRUE, 1994; HANOWSKI et al., 2006; IUCN, 2009).
Adicionalmente, podem ser indicadores de acúmulo de substâncias por
ingerir presas contaminadas (BOYER e GRUE, 1994).
Os répteis podem ser utilizados como bioindicadores de contaminação
ambiental, principalmente as serpentes, pois algumas espécies têm vida
longa, exibem diferentes níveis tróficos e, em muitos casos, estão no topo de
cadeias alimentares (BURGER et al., 2007).
As aves são tradicionalmente um dos grupos mais estudados de
vertebrados, em função principalmente de seus hábitos diurnos e
conspícuos, comunicação sonora e ocupação de hábitos variados. A
diversidade ambiental nas UGRHIs consideradas é alta. Com relação ao
grau de sensibilidade das espécies às mudanças ambientais, poucas espécies
apresentam alta suscetibilidade enquanto a maior parte apresenta baixa
sensibilidade às modificações.
Nos fragmentos florestais considerados, a diversidade de mamíferos é
baixa e com elevada ocorrência de espécies em risco, que representam 40%
do total de registros. Portanto, é fundamental realizar o monitoramento
deste componente da biota.
Considerando os invertebrados terrestres, o grupo Araneae,
encontrado nas três UGRHIs avaliadas, compreendendo basicamente as
aranhas, é muito utilizado em programas de conservação, por ser comum na
maioria dos ecossistemas, poder ser separado em diferentes guildas, o que
permite avaliar várias características ambientais. A ordem Lepidóptera,
também é importante no monitoramento por ser o grupo com maior número
de espécies ameaçadas de extinção no Estado de São Paulo, em função da
destruição de habitats e do desmatamento.
Com relação às ictiofauna, as espécies denominadas exóticas são
espécies resistentes às condições críticas. Além das espécies exóticas
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resistentes mencionadas acima, mais oito espécies/gêneros de peixes
tipicamente endêmicos / nativos da ictiofauna neotropical de água doce,
foram registrados ao longo de todas as áreas estudadas: o lambari-de-rabo-
vermelho Astyanax fasciatus, o saguirú Cyphocharax modestus, o acará
Geophagus brasiliensis, o ituí ou tuvira Gymnotus carapo, a traíra Hoplias
malabaricus, os cascudos Hypostomus sp., o bagre-sapo Rhamdia quelen, e o
dourado ou tubarana Salminus hilarii. Por serem encontradas em todas as
regiões, caracterizadas por condições ambientais tão diferentes entre si, são
espécies nativas que mostram grande resistência às variações do meio. De
modo geral, na sua maioria, são peixes de pequeno a médio porte, adaptados
às condições tropicais e subtropicais, com modos de vida bento-pelágicos e
que se alimentam de detritos do sedimento, insetos, pequenos invertebrados
bentônicos e fragmentos vegetais.
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Revisão
MOURA, Edênia Raquel Barros Bezerra de; FLORENTINO, Edinara Conrado Lopes;
BEZERRA, Maria Edilene Barros; MACHADO, Ana Larissa Gomes. Investigação dos
fatores sociais que interferem na duração do aleitamento materno exclusivo. Revista
Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 94-116, jun.
2015.
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Investigação dos fatores sociais que interferem
na duração do aleitamento materno exclusivo
Edênia Raquel Barros Bezerra de Moura
Nutricionista graduada pela Universidade Federal do Piauí – Campus
de Picos.
E-mail: [email protected].
Edinara Conrado Lopes Florentino
Nutricionista graduada pela Universidade Federal do Piauí - Campus
de Picos.
E-mail: [email protected].
Maria Edilene Barros Bezerra
Assistente Social graduada pelo Instituto de Educação Superior
Raimundo Sá.
E-mail: [email protected].
Ana Larissa Gomes Machado (orientadora)
Revisão
MOURA, Edênia Raquel Barros Bezerra de; FLORENTINO, Edinara Conrado Lopes;
BEZERRA, Maria Edilene Barros; MACHADO, Ana Larissa Gomes. Investigação dos
fatores sociais que interferem na duração do aleitamento materno exclusivo. Revista
Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 94-116, jun.
2015.
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RESUMO
A amamentação constitui uma prática muito importante para estabelecer
uma boa condição de saúde para a criança. A Organização Mundial de Saúde
preconiza que todas as crianças devem receber somente leite materno até o
sexto mês de vida, porém a realidade foge à regra. Nesse sentido, o presente
trabalho procurou investigar os fatores sociais que interferem na duração do
aleitamento materno exclusivo. A revisão bibliográfica foi a estratégia
utilizada para este estudo. A amostra foi composta de livros e artigos
publicados em revistas científicas nas bases de dados eletrônicos da
Biblioteca Virtual em Saúde, no período de 2000 a 2012, bem como dados
governamentais e algumas publicações clássicas acerca da temática. A
revisão apontou que a interrupção precoce do aleitamento materno exclusivo
é um dos mais importantes problemas de saúde pública, apontando a
necessidade de um constante processo de monitoramento dos indicadores,
intervenções e novas pesquisas. Dentre os diversos fatores que interferem
nessa prática, os mais apontados são: nível de escolaridade da mãe, trabalho
materno, renda familiar, presença do pai, condições de nascimento e período
pós-parto, como também, idade da mãe, influências culturais dos familiares
e condições habituais de vida. Portanto, o aleitamento materno deve ser
visto sob a ótica da mulher, compreendendo suas necessidades, concepções e
dificuldades, adaptando a assistência através de uma equipe
interdisciplinar, fornecendo apoio adequado e esclarecendo crenças e tabus.
Palavras chave: Aleitamento materno. Fatores sociais. Desmame precoce.
Amamentação exclusiva. Leite materno.
Revisão
MOURA, Edênia Raquel Barros Bezerra de; FLORENTINO, Edinara Conrado Lopes;
BEZERRA, Maria Edilene Barros; MACHADO, Ana Larissa Gomes. Investigação dos
fatores sociais que interferem na duração do aleitamento materno exclusivo. Revista
Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 94-116, jun.
2015.
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ABSTRACT
Breastfeeding is a very important practice to establish a good health
condition to the child. The World Health Organization recommends that all
children should receive only breast milk until the sixth month of life, but the
reality flees to the rule. In this sense, the present study sought to
investigate the social factors that interfere in the duration of exclusive
breastfeeding. The literature review was the strategy used for this study.
The sample was composed of books and articles published in scientific
journals in electronic databases of Virtual Health Library, in the period
from 2000 to 2012, as well as government data and some classic publications
on the subject. The review pointed out that the early interruption of
exclusive breastfeeding is one of the most important public health problems,
pointing out the need for a constant monitoring of the process indicators,
interventions and further research. Among the various factors that interfere
in this practice, the most targeted are level of education of the mother,
maternal employment, family income, father's presence, birth and
postpartum period, as well as the mother's age, cultural influences of family
and normal conditions of life. Therefore, breastfeeding should be seen from
the perspective of women, understanding their needs, ideas and difficulties,
adapting the assistance through an interdisciplinary team, providing
adequate support and clarifying beliefs and taboos.
Key words: Breastfeeding. Social factors. Early weaning. Exclusive
breastfeeding. Breast milk.
INTRODUÇÃO
A amamentação constitui uma prática essencialmente importante
para estabelecer uma boa condição de saúde para a criança. A Organização
Mundial de Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde (MS) preconizam que
Revisão
MOURA, Edênia Raquel Barros Bezerra de; FLORENTINO, Edinara Conrado Lopes;
BEZERRA, Maria Edilene Barros; MACHADO, Ana Larissa Gomes. Investigação dos
fatores sociais que interferem na duração do aleitamento materno exclusivo. Revista
Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 94-116, jun.
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todas as crianças recebam somente leite materno até o sexto mês de vida e,
até os dois anos de idade, associado a verduras, cereais, carnes, legumes,
frutas e grãos. Essa introdução de alimentos deve ser gradativa, pois é com
seis meses que o bebê adquire maturidade fisiológica e neurológica para
receber outros alimentos (BRASIL 2009).
É consenso que durante os seis primeiros meses de vida a criança
necessita apenas do leite materno, visto que este constitui alimento
adequado para suprir suas necessidades e manter um bom ritmo de
crescimento e desenvolvimento. Além de proteger a saúde do lactente, a
amamentação favorece o vínculo entre a mãe e o filho, além de não
representar ônus para orçamento familiar (RAMOS, ALMEIDA 2003).
No Brasil, a partir da década de 80 foram indicadas várias ações que
objetivavam o aumento da prevalência de aleitamento materno, pois, com o
reconhecimento da importância dessa prática de alimentação, chegou-se à
conclusão que a amamentação exclusiva é incontestavelmente a forma de
nutrição mais recomendada para as crianças menores de seis meses de vida
(REA 2003) por possuir alto valor biológico e proporcionar inúmeras
vantagens de ordem nutricional, imunológica, econômica, psicológica,
ecológica e afetiva para o recém nascido e nutriz.
A amamentação materna promove um ganho de peso adequado,
além de ser um alimento livre de contaminação, adequado a fisiologia do
lactente, proporciona proteção e prevenção contra agentes infecciosos e
outras características peculiares que não são encontrados em outras
formulações infantis, e que torna este alimento essencial para um
apropriado desenvolvimento da criança (REGO 2006; NEJAR et al. 2004).
O leite materno agrega, além de benefício calórico e proteico, a
proteção imunitária necessária, em especial, no primeiro ano de vida da
criança. A literatura documenta diminuição do risco de morte por diarreia e
doenças respiratórias em recém-nascidos alimentados exclusivamente ao
seio, bem como benefícios nas áreas cognitivas, motora e, ainda, aumento
Revisão
MOURA, Edênia Raquel Barros Bezerra de; FLORENTINO, Edinara Conrado Lopes;
BEZERRA, Maria Edilene Barros; MACHADO, Ana Larissa Gomes. Investigação dos
fatores sociais que interferem na duração do aleitamento materno exclusivo. Revista
Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 94-116, jun.
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dos indicadores gerais de saúde do lactente (DEWEY et al. 2001). Portanto,
práticas que prejudiquem a amamentação exclusiva até o sexto mês devem
ser evitadas (ALMEIDA, NOVAK 2004).
Desde 1990, o Ministério da Saúde intensifica o incentivo à
amamentação e o aumento de investimentos nessa área, tais como projetos,
legislações, campanhas e órgãos que promovam o aleitamento materno. Um
exemplo bem conhecido é o Banco de Leite, o qual é responsável pela
promoção do aleitamento e execução das atividades de coleta (BRASIL
2007).
Outro exemplo é a criação do Hospital Amigo da Criança a fim de
promover, proteger e apoiar o aleitamento materno, mediante a adoção dos
“Dez Passos para o Incentivo do Aleitamento Materno” (BRASIL 2003). O
quarto passo orienta que a mãe deve ser ajudada a amamentar na primeira
meia hora após o parto (REA 2003), pois o tempo que se passa entre o
nascimento da criança e a primeira mamada tem contribuído para o inicio
da amamentação (SALIBA et al. 2008). Constatando que a prática da
amamentação é maior entre crianças amamentadas nas primeiras 24 horas
após o nascimento (RAMOS et al. 2008).
Apesar de todo o incentivo e vantagens oferecidas pelo aleitamento
materno, um grande número de mulheres não conseguem atingir essa meta,
levando ao abandono e, assim, favorecendo o desmame precoce (RIBEIRO et
al. 2011). Partindo desse enfoque, acrescenta-se que o aleitamento materno
depende de fatores que podem influir positiva ou negativamente no seu
sucesso. Alguns desses fatores estão diretamente relacionados à mãe, ao
passo que outros se referem à criança e ao ambiente, como por exemplo, o
nível de escolaridade da mãe, trabalho materno, renda familiar, presença do
pai, as suas condições de nascimento e o período pós-parto, idade da mãe,
influências culturais dos familiares e as condições habituais de vida
(FALLEIROS et al. 2006).
Revisão
MOURA, Edênia Raquel Barros Bezerra de; FLORENTINO, Edinara Conrado Lopes;
BEZERRA, Maria Edilene Barros; MACHADO, Ana Larissa Gomes. Investigação dos
fatores sociais que interferem na duração do aleitamento materno exclusivo. Revista
Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 94-116, jun.
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Conforme dados do fundo das Nações Unidas para a Infância
(UNICEF), somente cerca da metade dos bebês recebe aleitamento exclusivo
nos primeiros 4 meses de vida. Existem evidências de que a introdução
precoce de outros líquidos ou alimentos para bebês com menos de 6 meses
não é somente desnecessária, mas, também, potencialmente perigosa,
aumentando os riscos de infecção (BRASIL 2003). Neste sentido, o presente
trabalho propõe realizar uma revisão da literatura a fim de investigar os
fatores sociais que interferem na duração do aleitamento materno exclusivo.
METODOLOGIA
Trata-se de um estudo bibliográfico realizado a partir de material já
elaborado, constituído de artigos de periódicos nas línguas inglesa e
portuguesa e atualmente com material disponibilizado na Internet.
Foram utilizados como fonte as bases de dados eletrônicas da
Biblioteca Virtual em Saúde, tais como: SciElo, LILACS, IBECS,
MEDLINE, Biblioteca Cochrane, PUBMED, bem como dados
governamentais e outras literaturas não eletrônicas, por serem as principais
bases de dados utilizadas para publicação científica na área da saúde e
ainda serem de livre acesso pelos usuários, sendo incluídos os estudos
publicados no período compreendido entre 2000 a 2012. As pesquisas
selecionadas trazem informações sobre a importância do aleitamento
materno exclusivo e os principais fatores sociais que influenciam na decisão
das mães em desmamarem precocemente. Os descritores utilizados no
decorrer da pesquisa foram: aleitamento materno, fatores sociais, desmame
precoce, amamentação exclusiva, leite materno.
Foram incluídos para análise textos que continham dados históricos e
sociais relacionados ao aleitamento materno, independente da origem ou da
Revisão
MOURA, Edênia Raquel Barros Bezerra de; FLORENTINO, Edinara Conrado Lopes;
BEZERRA, Maria Edilene Barros; MACHADO, Ana Larissa Gomes. Investigação dos
fatores sociais que interferem na duração do aleitamento materno exclusivo. Revista
Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 94-116, jun.
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profissão dos autores, cujo interesse foi relatar como as mães lidam com a
questão da amamentação.
Quanto a interpretação dos dados, esta foi realizada à luz da
literatura pertinente, devendo-se reafirmar que os resultados encontrados
atenderam aos objetivos propostos neste estudo.
DISCUSSÃO
Importância do Aleitamento Materno
O leite materno é um alimento completo com mais 150 substâncias em
sua composição que são de extrema importância para o crescimento e
desenvolvimento saudável da criança, isso significa que, até o sexto mês de
vida, o bebê não precisa de nenhum outro alimento (SIMON 2009).
O leite humano possui em sua composição diversos nutrientes
benéficos à saúde da criança, dentre eles: a água; proteínas em quantidade
adequada ao crescimento do lactente, carboidratos, lipídeos,
imunoglobulinas, hormônios, vitaminas e oligoelementos, que junto com os
demais elementos atuam na prevenção de doenças infecciosas e que não são
encontrados em outras formulações infantis (REGO 2006)
O sistema imunológico do recém-nascido é imaturo e não pode
defender-se da ação de agentes nocivos a saúde da criança, felizmente, toda
criança amamentada exclusivamente recebe quantidades adequadas de
substâncias imunológicas e fatores de crescimento, que atuam no organismo
com efeito protetor. Todos os tipos de imunoglobulinas (IgA, IgM, IgG) estão
presentes no leite humano (NOVAES et al. 2009).
Segundo Inácio et al. (2007) dentre os componentes do leite materno
encontra-se o hormônio leptina que possui a propriedade de inibir o apetite e
as vias anabólicas e estimular as vias catabólicas.
A composição do leite humano poderia está associado ao processo
“imprinting metabólico”, alterando o número e/ou tamanho dos adipócitos ou
Revisão
MOURA, Edênia Raquel Barros Bezerra de; FLORENTINO, Edinara Conrado Lopes;
BEZERRA, Maria Edilene Barros; MACHADO, Ana Larissa Gomes. Investigação dos
fatores sociais que interferem na duração do aleitamento materno exclusivo. Revista
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induzido o fenômeno de diferenciação metabólica. Podendo influenciar no
crescimento e desenvolvimento dos tecidos (NOVAES et al. 2009).
Além de todos os benefícios proporcionados pela alimentação
materna, de acordo com Aciolly (2003), podem ser apontadas, ainda, outras
vantagens que o leite materno proporciona a vida da dupla mãe/bebê, dentre
estas se podem citar: redução da mortalidade infantil, uma melhor
qualidade de vida das famílias e possibilitar o desenvolvimento de crianças
mais saudáveis.
O leite materno é dotado de todos os nutrientes fundamentais ao
crescimento e desenvolvimento ideal da criança e possui melhor digestão em
relação a outros tipos de leite, portanto, representa a única fonte alimentar
que a criança necessita no primeiro semestre de vida. A amamentação
também constitui uma importante forma de comunicação entre o bebê e a
mãe, fortalecendo os laços afetivos entre eles (BRASIL 2009).
Outro benefício do leite materno é por ser um alimento prático, pois,
está disponível a qualquer momento, na temperatura certa para o bebê e é
limpo evitando, portanto, diarreias e alergias (BRASIL 2007).
Vários estudos têm demonstrado a ação protetora do leite materno no
combate a mortalidade e morbidade infantil. Conforme Antunes et al.
(2008), a amamentação corresponde a uma vacina para o lactente. Além de
fornecer todos os nutrientes ideais para o crescimento e desenvolvimento da
estrutura óssea, psicológica e neurológica do bebê.
Alguns estudos ressaltam a importância do aleitamento materno
infantil não só em curto prazo, mas têm-se observado efeitos benéficos
também em longo prazo na saúde da criança, tais como redução na
incidência de obesidade, hipertensão arterial, dislipidemias, diabetes e
câncer (NOVAES et al. 2009).
Estudos têm demonstrado que a amamentação traz diversos
benefícios também para a mulher, pois ao amamentar o útero volta mais
depressa ao seu tamanho normal, além de reduzir o risco de câncer de mama
Revisão
MOURA, Edênia Raquel Barros Bezerra de; FLORENTINO, Edinara Conrado Lopes;
BEZERRA, Maria Edilene Barros; MACHADO, Ana Larissa Gomes. Investigação dos
fatores sociais que interferem na duração do aleitamento materno exclusivo. Revista
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e ovários (BRASIL 2007). Além disso, estudos realizados no Brasil
estabelecendo a associação entre duração da amamentação e a diminuição
do peso pós-parto indica que a cada mês a mais que a mulher amamenta
houve uma média de redução de 0,44 kg no seu peso (KAC et al. 2004).
Problemas Decorrentes da Interrupção Precoce do Aleitamento Materno
A ausência de amamentação ou sua interrupção precoce e a
introdução de outros alimentos à criança antes do 6º mês são frequentes,
com consequências importantes para a saúde do bebê, como exposição a
agentes infecciosos, contato com proteínas estranhas, prejuízo da digestão e
assimilação de elementos nutritivos, entre outras (BECHE et al., 2009).
Segundo Balaban et al. (2004) o aleitamento materno representa um
efeito protetor contra a obesidade na idade pré-escolar. Uma amamentação
inconveniente associada a uma condição socioeconômica insuficiente pode
favorecer o surgimento de um ambiente apropriado ao aparecimento da
obesidade infantil, portanto a amamentação representa uma importante
ação para prevenção da obesidade infantil (ARAÚJO et al. 2006).
Alguns estudos têm demonstrado que a interrupção precoce do
aleitamento materno exclusivo favorece o desenvolvimento de doença
atópicas, incluindo asma, e que o efeito protetor do aleitamento exclusivo
persiste, principalmente, até o final da primeira década de vida (VAN
ODJIK et al. 2003).
Embora a proteção do leite materno contra doenças crônicas ainda
não esteja bem estabelecida, existem relatos na literatura que apontam que
o desmame precoce aumenta o risco de doença celíaca, doença de Crohn,
colite ulcerativa, linfoma, doença de Hodkin e leucemia (DAVIS 2001).
O efeito protetor do leite materno pode diminuir quando a criança
recebe qualquer outro alimento devido à redução da oferta de fatores de
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MOURA, Edênia Raquel Barros Bezerra de; FLORENTINO, Edinara Conrado Lopes;
BEZERRA, Maria Edilene Barros; MACHADO, Ana Larissa Gomes. Investigação dos
fatores sociais que interferem na duração do aleitamento materno exclusivo. Revista
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proteção, maior risco de contaminação e interferência na absorção de
nutrientes do leite materno (GIULIANI, VICTORA 2000).
Fatores Sociais que Interferem na Prática da Amamentação Exclusiva
Como já é bem conhecido o efeito protetor que a amamentação
exclusiva exerce na saúde da criança e mãe, hoje os pesquisadores tentam
descobrir e relacionar quais os motivos que ocasionam o aumento do
desmame precoce e buscam desenvolver estratégias que possam diminuir os
fatores que levam às nutrizes a não amamentarem (ESCOBAR et al. 2002).
Apesar das evidências científicas e da tendência ascendente,
observada no Brasil, a interrupção precoce do aleitamento materno
exclusivo segue sendo, nesse país, um dos mais importantes problemas de
saúde pública, apontando a necessidade de um constante processo de
monitoramento dos indicadores, busca de determinantes modificáveis,
delineamento de intervenções e novas pesquisas (PARIZOTO et al. 2009).
Segundo o Ministério da Saúde (2009) o desmame não é um fenômeno
aleatório, mas sim um processo que faz parte da evolução da mulher como
mãe e do desenvolvimento da criança. Portanto, seguindo esse raciocínio, o
desmame deveria acontecer de forma natural, conforme a criança adquira
capacidade para tal.
Relação entre a escolaridade e amamentação
Estudo realizado em Campinas mostrou que o grau de escolaridade
materna tem relação com o desmame precoce, pois quanto maior for o tempo
de escolaridade da mãe, maior será a duração do aleitamento natural
(MOURA, VOLPINI 2005). Segundo Escobar et al. (2002), mulheres com
menor grau de escolaridade tendem a desmamar precocemente seus filhos
quando comparadas àquelas com maior nível de escolaridade. Em
Revisão
MOURA, Edênia Raquel Barros Bezerra de; FLORENTINO, Edinara Conrado Lopes;
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fatores sociais que interferem na duração do aleitamento materno exclusivo. Revista
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concordância a estes achados, um estudo de desenho transversal realizado
em um município do Rio de Janeiro demonstrou que mães com pouca
escolaridade introduzem mais precocemente alimentos na dieta dos seus
filhos (PEREIRA et al. 2010).
O grau de instrução materno mais elevado parece ser um bom
preditivo de sucesso da prática da amamentação exclusiva. Pesquisas
relatam ocorrência mais precoce de desmame em grupo de mães com apenas
primeiro e segundo graus. Mães com apenas ensino fundamental ou médio
apresentam maior chance de interrupção dessa prática antes dos quatro
primeiros meses de vida da criança (FRANÇA et al. 2007).
Em muitos países desenvolvidos, mães com maior grau de instrução
tendem a amamentar por mais tempo, talvez pela possibilidade de um maior
acesso a informações sobre as vantagens do aleitamento materno. Já em
países em desenvolvimento, as mães de classes menos favorecidas, também
menos instruídas, frequentemente não casadas, começam o pré-natal mais
tarde e, consequentemente, se preocupam em decidir sobre a forma do
aleitamento também mais tarde (ESCOBAR et al. 2002).
Tal situação, segundo França et al. (2007), parece evidenciar que as
mães com formação acadêmica apresentam maior possibilidade de receber
informações acerca dos benefícios da amamentação, sofrendo menor
influência externa e rejeitando práticas que, de modo cientificamente
comprovado, prejudicam a ocorrência da amamentação.
Influência do trabalho materno sobre a amamentação
A pressão social, resultante das transformações econômicas e da
crescente inserção da mulher o mercado de trabalho, compõe um cenário
favorável ao desmame precoce (VIEIRA et al. 2004). O tempo decorrido
entre o parto e o retorno ao trabalho é o mais importante preditor da
Revisão
MOURA, Edênia Raquel Barros Bezerra de; FLORENTINO, Edinara Conrado Lopes;
BEZERRA, Maria Edilene Barros; MACHADO, Ana Larissa Gomes. Investigação dos
fatores sociais que interferem na duração do aleitamento materno exclusivo. Revista
Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 94-116, jun.
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duração dessa prática, pois quanto mais cedo à volta ao emprego, mais
precoce é a introdução de outros alimentos (CALNEN 2007).
Estudos têm indicado que esta variável exerce influência negativa na
prática da amamentação, pois, mães que relataram trabalhar fora
apresentaram 23% mais chances de desmamarem precocemente (BECHE et
al. 2009; AUDI et al. 2003). A partir da saída da mulher do espaço privado-
domicílio para o espaço público, isto é, ocupando lugares no mercado de
trabalho, a prática do aleitamento materno reduziu significativamente,
substituindo o leite humano por outras formulações infantis, que na maioria
das vezes não se compara aos nutrientes encontrados e aos benefícios
ofertados pelo leite da mãe (CAMINHA et al. 2010).
A grande dificuldade de conciliar as múltiplas atribuições impedia a
prática da amamentação exclusiva, transformando esse momento em
sentimentos de angústia e preocupação, impedindo negativamente a
fisiologia da lactação (ALMEIDA, NOVAK 2004).
Porém, Faleiros et al (2006) demonstraram que o trabalho materno
não é empecilho ao aleitamento, se houver situações favoráveis a tal prática,
como, por exemplo, respeito à licença gestante, creche ou condições para o
aleitamento no local e horário de trabalho.
Influência da renda familiar no aleitamento materno
Com o transcorrer dos anos, a amamentação passou por fases que se
modificavam conforme os padrões de desenvolvimento da sociedade. O nível
socioeconômico está diretamente relacionado com a amamentação, pois as
mães em melhor situação econômica tendem a amamentar por períodos
mais prolongados do que as mais carentes (RIBEIRO et al. 2011).
Estudo realizado com crianças de nove a dezoito meses de idade
matriculadas em creches de São Paulo mostrou que o começo do processo de
desmame está associado com famílias que têm renda inferior ou igual a três
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MOURA, Edênia Raquel Barros Bezerra de; FLORENTINO, Edinara Conrado Lopes;
BEZERRA, Maria Edilene Barros; MACHADO, Ana Larissa Gomes. Investigação dos
fatores sociais que interferem na duração do aleitamento materno exclusivo. Revista
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salários mínimos (BARBOSA et al. 2009). De acordo com Vitor et al. (2010),
em seu estudo realizado na região sul do Brasil mostrou que um número
considerável de mães que recebiam uma renda mensal inferior a 3 salários
mínimos (70,4%) amamentou de forma exclusiva por um período menor que
seis meses em relação àquelas de classes de maior renda.
Sendo assim, é válido orientar as mulheres desde o pré-natal que o
aleitamento materno exclusivo é a forma mais econômica e saudável de
nutrição das crianças nos primeiros meses de vida, devendo ser esta uma
prática natural em todas as famílias (JOCA et al. 2005).
O papel do pai perante o ato de amamentar
O dia a dia do cuidado à saúde da mulher vem mostrando que a
relação com o parceiro influencia no bem-estar da mulher na gestação e após
o nascimento dos filhos. Quando sua participação é efetiva, os laços tornam-
se mais igualitários (FREITAS et al. 2007).
Segundo Lamounier e Silveira (2006) o risco de suspensão do
aleitamento materno exclusivo em crianças que não residem com o pai é de
1,47 vez em relação aquelas que residem com o pai. Segundo este mesmo
estudo, crianças cujo pai possui escolaridade superior ao primeiro grau
completo apresentam 1,62 vez mais chances de permanecerem em
amamentação exclusiva quando comparadas aquelas em que o pai possui
escolaridade inferior ao primeiro grau completo.
A literatura mostra que a mãe residir com o companheiro aumenta a
prevalência de amamentação exclusiva em 72% (Pereira et al. 2010); além
disso, o fato do pai não colaborar de forma ativa na alimentação do filho,
podem ocasionar conflitos deixando a mulher desencorajada quanto ao
seguimento da lactação (BRASILEIRO et al. 2010). Uchimura et al. (2001)
estudaram os fatores de risco para o desmame precoce e concluíram que as
mulheres mais propensas a desmamar precocemente são as que se
apresentam em situação conjugal não definida. Ser mãe solteira é uma
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BEZERRA, Maria Edilene Barros; MACHADO, Ana Larissa Gomes. Investigação dos
fatores sociais que interferem na duração do aleitamento materno exclusivo. Revista
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condição que pode dificultar que a mulher amamente seu filho de forma
exclusiva, visto o acúmulo de tarefas domésticas e de cuidados à criança e
também, a falta de apoio psicológico e social para o desempenho do papel de
nutriz (JOCA et al. 2005).
Durante todo o tempo da amamentação, o pai poderá ajudar nos
afazeres da casa e nos cuidados com os filhos. É preciso estimular o pai a
participar desde o pré-natal e não permitir que ele perca esse momento, com
isso descobrirá intensas alegrias e acompanhar passo a passo o
desenvolvimento da criança (LANA 2001).
O papel influenciador do acompanhamento no pré-natal e puerpério no
aleitamento materno
Após o parto, quando a mulher retorna ao seu contexto social, ela
sofre interferências na sua forma de pensar e agir com relação ao
aleitamento materno, levando, assim, a introdução precoce de outros
alimentos, que se inicia geralmente no período que se segue à alta hospitalar
(MACHADO et al. 2004).
A dupla mãe/ bebê não deve sair do hospital sem que os profissionais
de saúde tenham observado a primeira mamada, além de fornecer
orientações sobre sua importância, a pega correta e esclarecer a forma de
aleitamento como livre demanda (REGO 2006).
Segundo Rosa et al. (2009) a Organização Mundial de Saúde prega
que promover e apoiar o aleitamento materno é uma das prioridades da
saúde pública. Portanto, a análise crítica sobre o quadro do aleitamento
materno exclusivo é crucial na avaliação da atuação dos profissionais de
saúde durante o pré-natal e o puerpério e, por conseguinte, ajuda a
identificar falhas na promoção da amamentação, proporcionando o
estabelecimento de novas políticas locais.
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A não realização de puericultura, ou falhas durante estas consultas,
como: não falar sobre amamentação, ou não orientar a mãe sobre a maneira
correta de amamentar, no primeiro dia em que ela veio à unidade básica,
como também, má qualidade do acompanhamento do recém-nascido,
implicam em menor período de aleitamento materno exclusivo (PEREIRA et
al. 2010). Estudo realizado em Salvador-BA, verificou-se que as mães não
orientadas no puerpério sobre a importância da amamentação apresentaram
maiores chances de desmamarem precocemente (DINIZ et al. 2007); além
disso, o período mais suscetível para o desmame são as primeiras quatro
semanas de puerpério (UCHIMURA et al. 2001).
A assistência pré-natal é de suma importância para a saúde da
mulher e seu filho. Não se trata da simples consulta tradicional, na qual são
avaliados apenas as condições da vitalidade do feto e o estado físico da mãe.
É fundamental que o incentivo ao aleitamento materno seja um tema
abordado em todas as consultas a partir do sexto mês gestacional, sendo
englobado o preparo das mamas, as possíveis intercorrências mamárias, as
formas de solucionar os pequenos problemas e o que deve ser evitado pelas
nutrizes e seus bebês (JOCA et al. 2005).
Contudo, para realizar tal assistência, fazem-se necessários
profissionais capacitados para introdução de ações educativas e práticas
adequadas no sentido de estimular o ato de amamentar (RIBEIRO et al.
2011).
A idade materna e suas consequências para a amamentação
Diversos estudos apontam a idade materna como fator importante no
desmame precoce. Bueno et al (2003) sugeriram que mães com idade inferior
a 25 anos tendem a introduzir alimentos mais cedo na vida do bebê.
Contradizendo este achado, Barbosa et al (2009) demonstraram que mães
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com idade acima de 25 anos tendem a abandonar o ato de amamentar mais
precocemente.
França et al. (2007) relataram frequência de desmame maior entre
mães adolescentes, quando comparadas a mães adultas. Mães adolescentes
estavam menos dispostas a amamentar que as adultas, porém, são mais
receptivas ao aleitamento materno, mas, no entanto, necessitam de um
acompanhamento mais cuidadoso e de aconselhamento
Entretanto, Bezerra et al. (2012) indicaram que a idade da mãe não é
fator de risco para o desmame precoce, não havendo diferença significativa
entre mães com menos de 20 anos e as demais, logo, a variável em questão
depende de outras como: quantidade de gestações anteriores, alojamento
conjunto ou orientações sobre amamentação (FROTA, MARCOPITO 2004).
Relação entre desmame precoce e zona de moradia
Em relação à zona de moradia os estudos apresentam controvérsias,
pois alguns relatam que crianças residentes em zona rural apresentam
maiores chances de receberem o aleitamento materno exclusivo (BECHE,
HALPERN, STEIN 2009). Enquanto outros afirmam que as crianças que
habitam em zona urbana são amamentadas exclusivamente por um período
maior, sendo assim, são necessários mais estudos a fim de esclarecer melhor
a influência que esta variável exerce sobre o desmame precoce (AUDI,
CORRÊA, LATORRE 2003).
Crenças e valores que interferem no aleitamento materno exclusivo
Segundo Ribeiro et al. (2011), após o parto, quando a mulher retorna
ao seu contexto social, a mesma sofre interferências na sua forma de pensar
e agir com relação ao aleitamento materno. As experiências familiares e de
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pessoas de seu convívio, pode transmitir tabus e crenças, atuando, assim,
como elementos estimuladores ou não para o aleitamento materno.
Destacamos que é na família que são aprendidos os hábitos, os tabus,
o estilo de vida, sendo este um grupo social que tem grande influência nos
seus membros. Assim, a nutriz sofre maiores influências para amamentar
ou não a sua criança, sendo esta uma prática culturalmente construída
(JOCA et al. 2005).
Essa cultura, já citada, interfere de forma crucial a prática do
aleitamento determinando diferentes significados para a mulher, levando a
amamentar ou não o seu bebê. Nutrizes que fizeram uso de lactogogos
mantinha a crença fundamentada nas informações transmitidas
culturalmente através do relacionamento avó/mãe/filha (ICHISATO,
SHIMO 2001).
O leite fraco é uma das alegações mais usadas como explicação para o
desmame precoce. Essas indagações ocorrem devido à desinformação e à
interpretação da aparência fina do leite materno, quando comparado às
fórmulas lácteas engrossadas (OSÓRIO, QUEIROZ 2007).
De acordo com Vieira et al (2004), os fatores culturais que favorecem a
introdução de chás, água e outros alimentos a alimentação de crianças em
aleitamento materno provavelmente têm maior impacto no primeiro parto.
Mulheres pertencentes a esse grupo apresentam maior susceptibilidade ao
desmame precoce, necessitando de ações específicas de apoio e proteção ao
aleitamento materno a fim de capacitá-las para que resistam às pressões
sociais para o desmame.
Não é preciso que haja ruptura entre os saberes feitos de experiências
e aqueles construídos por procedimentos metódicos, mas uma superação,
afinal a “curiosidade ingênua” está associada ao saber de senso comum, que
quando relacionado ao conhecimento científico muda de qualidade, mas
nunca de essência (RIBEIRO et al. 2011).
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Impacto da internação hospitalar sobre o aleitamento materno exclusivo
Em relação à morbidade da criança, tem se observado que aquelas
que apresentaram uma ou mais internações hospitalares tiveram maiores
chances de serem desmamadas precocemente quando comparadas às que
nunca foram internadas (BECHE et al. 2009).
Sales e Seixas (2008) ao estudarem as causas do desmame precoce no
Brasil, chegaram a conclusão que a hospitalização pode ocasionar a
interrupção da amamentação de até 60% dos lactentes que estavam sendo
amamentados no inicio da internação.
Esses achados apontam para a necessidade de se adotar medidas a
fim de melhorar a assistência pré-natal, sensibilizando as mães e os outros
familiares sobre a importância da amamentação. A maternidade deve dar
continuidade a esse trabalho, que deve ser estendido a todas as unidades
que prestam assistência a lactentes. É essencial que existam unidades de
apoio dirigidas para as mães que se encontram em fase de lactação. Há real
urgência de ser criada a iniciativa amiga da criança em hospitais e
ambulatórios gerais que assistem lactentes, com a criação de normas claras
e bem fundamentadas sobre o apoio ao aleitamento materno, assegurando-
se, também, a avaliação regular dessas atividades (SOUZA et al. 2008).
CONCLUSÃO
Acredita-se que o aleitamento materno deve ser visto sob a óptica da
mulher no sentido de compreender suas reais necessidades, concepções e
dificuldades, enquanto profissionais de saúde, realizar uma escuta ativa,
adaptar a assistência através de uma equipe interdisciplinar, fornecendo
apoio adequado e esclarecendo crenças e tabus.
Entretanto, o sistema de saúde não possui todas as soluções para o
desmame precoce, faz-se necessário o suporte da sociedade, apoio para a
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mulher que amamenta e trabalha fora de casa, creches nos locais de
trabalho, garantia de emprego, licença suficiente, entre outros. Neste
sentido, o ato de amamentar deve ser alimentado culturalmente, pelo seio
familiar, comunidade, mídia e participação efetiva dos profissionais da
saúde treinados e capacitados para fornecer atenção de forma efetiva.
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Artigo original
MOURA, Jayne Ramos Araujo; FIGUEIREDO, Iolanda Gonçalves de Alencar; SANTOS,
Tuanhy Nardine Carvalho; SOUSA, Elaine Costa de; VIEIRA, Thais Fragoso; LIMA, Sanya
Elaine Araújo. Conversas de adolescentes sobre drogas e sexualidade: um relato de
experiência. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8,
n. 2, p. 117-130, jun. 2015.
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Conversas de adolescentes sobre drogas e
sexualidade: um relato de experiência
Jayne Ramos Araujo Moura
Acadêmica do 9º período de enfermagem UFPI/CSHNB. Membro do
Grupo de Pesquisa em Saúde Coletiva (GPeSC). Picos, Piauí, Brasil.
Iolanda Gonçalves de Alencar Figueiredo
Enfermeira. Professora Assistente do Curso de Enfermagem da
UFPI/CSHNB, Membro do GPeSC/Área Saúde do Adolescente. Rua
Benedito Portela, 46 Bairro canto da Várzea. Picos-PI CEP 64600-182.
E-mail: [email protected]
Tuanhy Nardine Carvalho Santos
Enfermeira. Membro do grupo de pesquisa em saúde coletiva-
GPeSC/Área Saúde do Adolescente.
Elaine Costa de Sousa
Acadêmica do 8° período de licenciatura plena em pedagogia da UFPI -
CSHNB, membro do grupo de pesquisa em saúde coletiva-GPeSC/Área
Saúde do Adolescente.
Thais Fragoso Vieira
Acadêmica do 9º período de Enfermagem da UFPI - CSHNB. Membro do
grupo de pesquisa em saúde coletiva-GPeSC/Área Saúde do Adolescente.
Sanya Elaine Araújo Lima
Enfermeira da Estratégia Saúde da família. Coordenadora Municipal das
Ações de Saúde da Criança e do Adolescente Membro do GPeSC/Área
Saúde do Adolescente.
Artigo original
MOURA, Jayne Ramos Araujo; FIGUEIREDO, Iolanda Gonçalves de Alencar; SANTOS,
Tuanhy Nardine Carvalho; SOUSA, Elaine Costa de; VIEIRA, Thais Fragoso; LIMA, Sanya
Elaine Araújo. Conversas de adolescentes sobre drogas e sexualidade: um relato de
experiência. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8,
n. 2, p. 117-130, jun. 2015.
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RESUMO
O objetivo do estudo foi descrever e analisar uma experiência vivenciada por
acadêmicas dos cursos de Enfermagem e Pedagogia durante uma
intervenção de promoção em saúde com adolescentes em uma escola
municipal do interior do Piauí. Trata-se de um estudo descritivo, do tipo
relato de experiência, resultante das atividades desenvolvidas a partir do
Projeto de extensão “Promoção da Saúde de Adolescentes Através de
Grupos”, com a finalidade elaborar um levantamento das
informações/conhecimentos dos alunos que cursavam do sétimo ao nono ano
do Ensino Fundamental da escola, a respeito de duas temáticas principais:
sexualidade e uso de drogas, por meio da confecção dos desenhos pelos
alunos. A partir da observação e análise da atividade desenvolvida por meio
dos desenhos, foi possível perceber que os adolescentes possuíam maiores
conhecimentos no que se refere à temática “drogas”, com predominância da
maconha e do álcool, ainda foi perceptível a presença marcante da violência,
embora a mesma não tenha sido mencionada durante as orientações. Porém,
identificada através dos desenhos por eles realizados. A atividade
representou o primeiro passo para a construção de uma visão mais crítica a
respeito do processo de adolescer, permitindo, por meio da análise da
experiência, a construção de concepções concretas e ideológicas em relação
ao indivíduo em transição para a fase adulta.
Palavras chave: Promoção da saúde. Educação em saúde. Saúde do
Adolescente.
Artigo original
MOURA, Jayne Ramos Araujo; FIGUEIREDO, Iolanda Gonçalves de Alencar; SANTOS,
Tuanhy Nardine Carvalho; SOUSA, Elaine Costa de; VIEIRA, Thais Fragoso; LIMA, Sanya
Elaine Araújo. Conversas de adolescentes sobre drogas e sexualidade: um relato de
experiência. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8,
n. 2, p. 117-130, jun. 2015.
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ABSTRACT
The objective of the study was to describe and analyze an experience lived
by students from the Nursing and teaching courses for a health promotion
intervention with adolescents in a municipal school in the interior of Piauí.
This is a descriptive study of an experience resulting from the activities
developed from the Extension Project "Health Promotion Teens Groups
Through". In order to draw up an inventory of information / knowledge of
students attending at the seventh to the ninth year of school elementary
school, about two main themes: sexuality and drug use, through the
preparation of drawings by students. From the observation and analysis of
the activity developed by the drawings, it was revealed that adolescents had
higher knowledge in relation to the theme "drug", with predominance of
marijuana and alcohol, increased presence was still noticeable the violence,
although it was not mentioned during the guidelines. However, identified
through drawings performed by them. The activity was the first step to
building a more critical view about the adolescent process, allowing, for
analyzing the experience, building concrete and ideological conceptions of
the individual in transition to adulthood.
Keywords: Health Promotion. Health education. Adolescent Health.
INTRODUÇÃO
A adolescência é um período próprio do desenvolvimento físico e
psicológico humano, no qual advêm mudanças significativas no corpo,
seguidas pelo surgimento da afetividade, do interesse sexual e de grandes
conflitos comportamentais, como a ansiedade, a timidez, a angústia, a
insegurança, a instabilidade, possibilitando, por exemplo, o desenvolvimento
da personalidade.
Artigo original
MOURA, Jayne Ramos Araujo; FIGUEIREDO, Iolanda Gonçalves de Alencar; SANTOS,
Tuanhy Nardine Carvalho; SOUSA, Elaine Costa de; VIEIRA, Thais Fragoso; LIMA, Sanya
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n. 2, p. 117-130, jun. 2015.
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As transformações inerentes à passagem da vida infantil para a
vida adulta, comportam-se em si uma complexidade que merece ser
exploradas. Neste sentido, a construção de uma nova identidade é uma das
tarefas psíquicas da adolescência em que a sociedade oferece, de acordo com
a sua cultura, rituais tradicionais de passagem à idade adulta, que
funcionam como mediações simbólicas entre o adolescente e o meio, que lhe
conferirá o ‘status’ de adulto (AYUB et al. 2008).
Porém, essas mudanças podem ser vivenciadas como invasoras
envolvendo processos nos quais, muitas vezes, exige do adolescente uma
reformulação de seus mundos: interno e externo, em que as restrições
familiares e sociais, com o objetivo de “controlar” seus impulsos, chegam a
tornar seu desenvolvimento ameaçado.
E, é nesse período, tempo de clarificação de valores e de tomada de
decisões, que ocorrem processos fundamentais na aquisição e consolidação
de estilos de vida, saudáveis ou não saudáveis, que irão depender das
escolhas efetuadas pelos adolescentes (FERREIRA et al. 2011).
Desta forma, o adolescente encontra-se mais vulnerável à
gravidez não planejada, às doenças sexualmente transmissíveis (DST’s), à
experimentação de drogas, exposição aos acidentes em decorrência do
comportamento desafiador, além de diferentes formas de violência (BSERRA
et al. 2008). Em consequência disso, os índices de violência, uso e abuso de
drogas e vivência da sexualidade precoce, protagonizados pelos adolescentes
vêm crescendo a níveis globais e têm tomado proporções preocupantes.
Para a OMS (2000) o que fica evidenciado pela mudança, nas
últimas décadas, no perfil epidemiológico de morbimortalidade dos
adolescentes, em que poucos sucumbem de causas naturais, e a grande
maioria por causas preveníveis, resultantes do estilo de vida é que muitos se
envolvem numa variedade de comportamentos que os colocam em risco para
a obtenção de doenças agudas ou crônicas, ou mesmo a morte. Mas, os
comportamentos de risco na adolescência podem comprometer não só o
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desenvolvimento e a saúde atual e futura do indivíduo, como também
hipotecar todo o curso da sua vida, como, por exemplo, a maternidade ou
paternidade, que possuem consequências irreversíveis.
Nesse sentido, o adolescente necessita de orientações e apoio, não
só em seu ambiente familiar, mas também nas esferas da educação e saúde.
Atualmente, buscam-se alternativas para tentar modificar tal realidade, e,
em meio a esse processo, práticas de promoção da saúde ganham ênfase,
principalmente, quando estão aliadas à abordagem grupal. Atrelado a isso,
professores e profissionais da saúde desenvolvem projetos, conjuntamente,
com a finalidade de proporcionar aos adolescentes, uma transição saudável
da infância à idade adulta, em que, a escola, por ser um ambiente de
socialização e aprendizagem, se configura em um espaço ideal para o
desenvolvimento de atividades que estimulem os alunos a optarem por viver
de forma saudável.
O grupo para o adolescente é um espaço possível e privilegiado de
rede de apoio, pois permite descobrir potencialidades e trabalhar a
vulnerabilidade facilitando a prevenção de agravos à saúde. O trabalho em
grupos possibilita a ampliação do vínculo entre educadores e os
adolescentes. Assim, tendo em vista a importância da abordagem grupal
para as práticas de educação em saúde direcionadas ao adolescente,
entende-se como crucial a implantação de grupos em espaços escolares.
Para tanto, é necessário buscar técnicas de abordagem adequadas,
que estimulem o interesse dos adolescentes. A prática pedagógica de oficinas
– forma eficiente de educação, construção do conhecimento e pensamento
crítico para mudanças de comportamento – proporciona exposição de ideias,
conceitos e experiências, para ambos, sem medo de qualquer julgamento.
Esse fato possibilita transformar e aprimorar conceitos preconcebidos,
através da reflexão sobre o tema, socialização de experiências e troca de
saberes (FEITAS, DIAS 2010).
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Assim, objetiva-se nesse estudo descrever e analisar uma experiência
vivenciada por acadêmicas dos cursos de Enfermagem e Pedagogia durante
uma intervenção de promoção em saúde com adolescentes em uma escola
municipal do interior do Piauí.
METODOLOGIA
Estudo descritivo, do tipo relato de experiência. O presente artigo
relata a vivência de um grupo de acadêmicas dos cursos de Bacharelado em
Enfermagem e Licenciatura em Pedagogia da Universidade Federal do Piauí
(UFPI), Campus Senador Helvídio Nunes de Barros (CSHNB), no dia dois de
setembro de dois mil e treze em uma escola municipal do interior de Picos-
PI.
A atividade fez parte de uma das intervenções do Projeto de
Extensão “Promoção da Saúde de Adolescentes Através de Grupos”, que teve
como finalidade elaborar um levantamento das informações/conhecimentos
dos alunos que cursavam do sétimo ao nono ano do Ensino Fundamental da
escola, a respeito de duas temáticas principais: sexualidade e uso de drogas
por adolescentes. Outro ponto importante do encontro foi a possibilidade de
visualização das reações e/ou expressões demonstradas pelos adolescentes
durante a abordagem das temáticas.
O critério de seleção das turmas foi feito a partir da classificação
por idade. Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei 8.069,
de 1990, no Brasil, define a adolescência como a faixa etária de doze a
dezoito anos de idade (artigo 2º). As turmas nas quais estivessem com
alunos em consonância com essa faixa etária foram inclusas na execução das
atividades, o que totalizou cinquenta e nove alunos, vinte e sete do sexo
feminino e trinta e dois do sexo masculino (BRASIL 2002).
O método grupal foi escolhido para o trabalho com adolescentes
partindo da premissa de que grupo é um conjunto de pessoas, com
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características distintas, porém com necessidades semelhantes e objetivo
comum, que interagem, onde cada integrante disponibiliza de espaço para
expressar suas opiniões ou seu silêncio, de forma que as particularidades de
cada um devam focadas e respeitadas.
Para abordagem das temáticas, a metodologia escolhida foi a
Oficina que, nesse encontro, desenvolvida por meio de dinâmicas lúdico-
pedagógicas, que proporcionaram ao grupo a possibilidade de autoanálise e
auto interpretação, permitindo um processo contínuo de motivação ao
indivíduo e ao grupo (LOPES et al. 2001).
O pátio da escola foi utilizado para a realização do encontro. O
local foi organizado para os adolescentes e para promover a fácil
visualização e entendimento das atividades. Carteiras foram distribuídas
por todo o ambiente, de forma que as facilitadoras (acadêmicas) pudessem
estar sempre próximas dos alunos. As turmas foram unidas e distribuídas
no pátio.
Empregou-se a dinâmica “dos desenhos”. Inicialmente, os alunos
foram divididos em oito grupos de sete a dez participantes, de forma
aleatória e, posteriormente, foram lançadas duas perguntas, a primeira,
“Qual a primeira coisa que vem à sua cabeça quando se fala em drogas? ”, a
segunda, “O que você entende sobre sexualidade? ”. Para responder a esses
questionamentos, os adolescentes teriam que representar seus pensamentos
em forma de desenhos, a todos os grupos foi distribuído material para a
confecção dos desenhos – cartolina, papel A4, canetas, lápis de cor, pilotos,
tintas, pincéis. Durante a confecção do material, uma música instrumental
tocava, com a finalidade de deixar o ambiente mais acolhedor, calmo e
relaxante. Para concluir a dinâmica, cada grupo deveria explicar seus
desenhos e relatar o porquê de tê-los ilustrados.
O principal material analisado nesse estudo foram os desenhos
confeccionados durante a intervenção e as experiências das acadêmicas
durante a execução das atividades descritas. O projeto foi aprovado pela Pró
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Reitoria de Ensino e Extensão – PREX/UFPI e submetido ao Comitê de
Ética em Pesquisa da UFPI e autorizado a execução das atividades nas
escolas da rede estadual e municipal através do termo de parceria entre 9º
Gerência Regional de Educação (9ª GRE) de Picos-PI e Secretaria Municipal
de Educação (SEME) de Picos-PI.
RESULTADOS
Durante o desenrolar das atividades, os adolescentes
demostravam-se dispersos, inquietos e, inicialmente, evidenciaram
desinteresse pelo tema abordado. Aparentemente, não tinham intensão de
participarem do encontro, pois não queriam dar continuidade às atividades
propostas. No entanto, as acadêmicas, com o auxílio da professora
coordenadora do projeto de extensão, direcionaram a oficina, de forma que
cada adolescente pudesse expressar-se de forma individual. Para isso, uma
linguagem de fácil compreensão, expressões de carinho, afeto e acolhimento
foram empregadas, o que também, estimulou a vontade de participação das
atividades pela maioria dos alunos. Essas atitudes podem ser explicadas
pela própria fase do desenvolvimento humano, no qual, estão inseridos esses
alunos – a adolescência, onde muitos possuem certo grau de dificuldade em
expressar seus sentimentos e opiniões verbalmente, se fazendo necessária a
observação de suas atitudes e expressões corporais, de forma a
disponibilizar um ambiente propício para a organização de um discurso
verbal coerente com seus pensamentos.
A partir da observação e análise da atividade desenvolvida por
meio dos desenhos, foi possível perceber que os adolescentes possuíam,
predominantemente, maiores conhecimentos no que se refere à temática
“drogas”, sendo que, dentre as citadas, houve maior ponderância da
maconha e do álcool.
A Secretaria Nacional de Política sobre Drogas conceitua drogas
como substâncias que produzem mudanças nas sensações, no grau de
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consciência e no estado emocional das pessoas, sendo que estas alterações
variam de acordo com a droga e a quantidade utilizada (BRASIL 2010). Esse
conceito se aplica tanto às drogas lícitas quanto às ilícitas, incluindo a
maconha e o álcool, ambas mais citadas pelos adolescentes, sujeitos da
intervenção, durante a atividade desenvolvida.
As bebidas alcoólicas são consideradas drogas legais e de fácil
comercialização nacional. De venda proibida para menores de dezoito anos,
embora a realidade seja expressa de uma forma bem diferente. É importante
destacar que o consumo de bebida alcoólica está intimamente ligado a
interações sociais. Em muitos momentos, o uso indiscriminado cresce devido
à grande facilidade de acesso, em outros, este processo ocorre devido ao
ambiente favorecer maiores condições de consumo, onde o adolescente
depara-se facilmente com a bebida. Esta possui importante significado na
inserção dos grupos ali presentes (SILVA, PADILHA 2011).
Cabe ressaltar ainda que, consumo de álcool pelos adolescentes
pode se dar na companhia dos pais, o que torna muito mais difícil qualquer
intervenção ou informação posterior, trabalhada na escola.
A escola, juntamente com a família, é um dos veículos formativos
mais importantes para a vida e o desenvolvimento de crianças e
adolescentes. Ambos os meios devem promover um ambiente propício para o
estabelecimento de valores morais e padrões de conduta. Estes aspectos,
quando bem internalizados são considerados fatores de proteção contra o uso
de drogas.
Por meio da análise dos desenhos, foi possível identificar a
presença marcante da violência, tanto no que se refere às drogas quanto à
sexualidade, o que tornou o estudo ainda mais interessante, partindo do
pressuposto que não se mencionou, durante as orientações para a confecção
dos desenhos, a questão da violência. É preciso pensar com cuidado a relação
entre drogas e violência, pois é um tema carregado de representações
sociais. Usuário de drogas, não, necessariamente, será violento ou a pessoa
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violenta, nem sempre, é usuária de drogas. Quando há um evento violento e
há o uso concomitante de drogas, o mais prudente é analisar a situação, ou
seja, esclarecer os motivos e intenções, conhecer as sequencias e interações
que redundaram em violência.
Porém, o que mais chama atenção nos desenhos representativos
de violência é o fato de que, a maioria, não está ligada diretamente ao uso de
drogas, de forma que as representações mais presentes nos desenhos são as
de homens armados, morte e também a violência física entre familiares.
Muitos desenhos expressam usuários de droga portando armas que
desempenham algum tipo de agressão física. Já em outros, foi possível
perceber a violência ligada à desestruturação familiar, que individual ou
conjuntamente são causa e consequência do uso de drogas, o que pode ser
justificado por fatores econômicos e sociais que permeiam os sujeitos da
pesquisa.
Desta forma, os profissionais da saúde e educação devem conhecer
a realidade na qual estão inseridos estes adolescentes, reconhecendo na
violência os fatores que a desencadearam, tais como a desagregação
familiar, uso de substâncias psicoativas, a ociosidade, a banalização dos
valores morais, influência de amizades e marginalização social.
Após a análise dos desenhos referentes à temática “sexualidade",
percebeu-se a associação direta do tema ao ato sexual e à gravidez precoce.
Silva e Padilha (2011) auxiliam no processo de entendimento dessa
associação ao afirmarem que, os adolescentes, ao definirem a sexualidade,
salientam a função reprodutora e de perpetuação da espécie. Para eles a
sexualidade aparece como sinônimo de fazer sexo e sua definição é pautada
na biologia dos corpos.
A banalização do sexo e a falta de conhecimento sobre métodos
contraceptivos são um dos principais fatores que contribuem para o
acarretamento de uma gravidez indesejada precocemente, tal questão foi
detectada através de várias imagens, principalmente, de autoria feminina,
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em que levantavam também, outra questão bem polêmica – o aborto. Tal
prática é observada, atualmente, ocasionada pelas mudanças no
comportamento sexual dos adolescentes, como a redução da idade em que
iniciam as relações sexuais.
Nas últimas décadas, mundialmente, a incidência da
parentalidade na adolescência tem aumentado em níveis alarmantes,
porém, esta é mais evidenciada nos países emergentes, pois a falta de
informação, baixa escolaridade e a instabilidade econômica, especialmente
nos adolescentes de nível socioeconômico mais baixo, são mais presentes na
vida dessas pessoas (CARVALHO et al. 2010).
Em vista da complexidade da problemática do consumo de drogas,
sexualidade e violência e da forma como as informações chegam aos
adolescentes e como estes as processam, na ilusória realidade de serem
detentores do conhecimento, é preciso criar estratégias educacionais que
visem permitir a reflexão e conscientização dos mesmos, com o objetivo de
reduzir a incidência do uso dessas substâncias, da violência, em suas mais
variadas facetas, da gravidez precoce e de doenças sexualmente
transmissíveis e possibilitar à adesão de práticas de vida saudável.
Considerando o modelo de prevenção através de conscientização,
neste caso de escolares adolescentes, essas estratégias devem estar apoiadas
numa perspectiva de respeito à identidade, fazendo do adolescente
protagonista de sua própria história, de forma que venha transformar ele
mesmo em sua realidade, através do entendimento e apreensão das
informações recebidas e produzidas por eles mesmos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Buscou-se, nessa experiência, conhecer as percepções dos
adolescentes sobre o possível uso de drogas e do desenvolvimento da sua
sexualidade, além de observar seus comportamentos frente a uma discussão
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a respeito dessas temáticas. Diante dessa abordagem, fica clara a
contribuição para o crescimento do saber individual – no que tange à
experiência das integrantes do projeto de extensão, como também dos
saberes coletivos – os adolescentes, resultantes da educação em saúde
voltada para esses sujeitos.
Essa atividade possibilitou o desenvolvimento de um ambiente em
que os adolescentes pudessem expressar suas opiniões, anseios, dúvidas e
suas experiências a cerca dos assuntos abordados, o que possibilitou às
acadêmicas o conhecimento da realidade na qual eles estão inseridos, como
também o grau de entendimento de cada um. Aos adolescentes, propiciou
uma exteriorização de seus pensamentos e uma expansão de seus saberes.
A utilização de oficinas como abordagem pedagógica conferiu um
ponto positivo no processo de educação em saúde, pois despertou a
curiosidade, estimulou a reflexão relativa aos itens abordados em uma
grande parte dos participantes da oficina, além da possibilidade de se
tornarem agentes no processo de promoção de saúde a eles trazido nesse
momento.
No que se refere ao entendimento das acadêmicas, a atividade
representou o primeiro passo para a construção de uma visão mais crítica a
respeito do processo de adolescer, permitindo, por meio da análise da
experiência, a construção de concepções concretas e ideológicas em relação
ao indivíduo em transição para a fase adulta.
Acredita-se que este estudo possibilitou às acadêmicas uma
reflexão a partir da realidade vivenciada por esses adolescentes que foi
expressa por meio dos desenhos, o que proporcionou uma visão mais ampla
sobre as temáticas abordadas e, a partir de então, observou-se um
engrandecimento do conhecimento adquirido, pela possibilidade de
experimentação, por alguns momentos, a realidade, de alguns adolescentes,
frente à sexualidade e aos questionamentos sobre drogas, que por meio da
troca de conhecimentos e também das diferentes perspectivas ressaltadas no
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momento das dinâmicas, contribuiu para melhorar a prática da educação em
saúde acerca das questões que permeiam os adolescentes.
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Artigo original
OLIVEIRA, Maria Núbia Mendes de; SANTOS, Maria Solange Nogueira Dos;
FIGUEIREDO, Iolanda Gonçalves De Alencar; LUCENA, Jalles Dantas de; SOUSA, Alceu
Machado de; UCHOA, Francisco Nataniel Macedo; OLIVEIRA, Thompon Lopes de;
FREITAS, Ana Paula Fragoso de. Investigação da exposição ocupacional de manicure: um
estudo transversal. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e
Sociedade, v. 8, n. 2, p. 131-144, jun. 2015.
131
Investigação da exposição ocupacional de
manicure: um estudo transversal
Maria Núbia Mendes de Oliveira
Enfermeira, Pós-Graduada em Enfermagem do Trabalho, Faculdade
Vale do Jaguaribe, Fortaleza, Ce, Brasil.
E-mail: [email protected].
Maria Solange Nogueira Dos Santos
Enfermeira, Pós-Graduada em Enfermagem do Trabalho, Faculdade
Vale do Jaguaribe, Fortaleza, Ce, Brasil.
E-mail: [email protected].
Iolanda Gonçalves De Alencar Figueiredo
Enfermeira, Mestre em UTI, Professora do Curso de Bacharelado Em
Enfermagem da Universidade Federal do Piauí, CSHNB, Picos-Pi, Brasil.
Jalles Dantas de Lucena
Enfermeiro, Programa de Pós-graduação em Ciências Morfofuncionais da
Univerisidade Federal do Ceará.
Alceu Machado de Sousa
Programa de Pós-graduação em Ciências Morfofuncionais da
Universidade Federal do Ceará.
Francisco Nataniel Macedo Uchoa
Professor da Faculdade da Grande Fortaleza, FGF.
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OLIVEIRA, Maria Núbia Mendes de; SANTOS, Maria Solange Nogueira Dos;
FIGUEIREDO, Iolanda Gonçalves De Alencar; LUCENA, Jalles Dantas de; SOUSA, Alceu
Machado de; UCHOA, Francisco Nataniel Macedo; OLIVEIRA, Thompon Lopes de;
FREITAS, Ana Paula Fragoso de. Investigação da exposição ocupacional de manicure: um
estudo transversal. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e
Sociedade, v. 8, n. 2, p. 131-144, jun. 2015.
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Thompon Lopes de Oliviera
Professor Adjunto do Departamento de Ciências Farmacêuticas da
Universidade Federal da Paraíba.
Ana Paula Fragoso de Freitas
Enfermeira, Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Ciências
Médicas da Universidade Federal do Ceará
Email: [email protected].
RESUMO
O objetivo deste estudo foi investigar a exposição ocupacional das manicures
e pedicures que estão expostas a agentes biológicos como vírus, bactérias,
fungos em salões de embelezamento e residência na cidade de Fortaleza-CE.
Foi utilizada uma abordagem quantitativa, descritiva e exploratória. A
pesquisa de campo foi realizada entre outubro e novembro de 2013.
Quarenta profissionais foram entrevistados em suas residências e salões de
embelezamento. Foi aplicado um questionário semiestruturado. Constatou-
se que na pesquisa realizada a idade dos entrevistados varia de 20 anos a 52
anos. Apenas 32,5% concluíram o ensino médio, assim não sendo possível a
realização de cursos profissionalizantes (70%). Dos entrevistados, 37,5% tem
o ensino fundamental. O ganho mensal é de um salário mínimo para 72,5%
dos entrevistados. A maioria não higieniza as mãos (57,5%) e não tem a
percepção do risco da exposição ocupacional. O conhecimento da imunização
é desconhecido por 52,5%. Observou-se que 40% das manicures tem
conhecimento dos riscos da sua profissão e 57,5% já teve contato com sangue
sem o uso de luvas. Porém, 2,5% tem conhecimento do risco da profissão,
mas não utiliza EPIs. Verificou-se que os profissionais não têm
conhecimento sobre os procedimentos de biossegurança, e que as
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OLIVEIRA, Maria Núbia Mendes de; SANTOS, Maria Solange Nogueira Dos;
FIGUEIREDO, Iolanda Gonçalves De Alencar; LUCENA, Jalles Dantas de; SOUSA, Alceu
Machado de; UCHOA, Francisco Nataniel Macedo; OLIVEIRA, Thompon Lopes de;
FREITAS, Ana Paula Fragoso de. Investigação da exposição ocupacional de manicure: um
estudo transversal. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e
Sociedade, v. 8, n. 2, p. 131-144, jun. 2015.
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regulamentações desses serviços são falhas. O que se concluiu é que é muito
deficiente a supervisão e regulamentação dos estabelecimentos de
embelezamento, o cumprimento das normas de biossegurança, a capacitação
dos profissionais e falta conhecimento das condições de esterilização dos
instrumentos utilizados.
Palavras-chave: Hepatite B. Manicure. Salão de beleza. Biossegurança.
ABSTRACT
The aim of this study was to investigate the occupational exposure of
manicures and pedicures exposed to biological agents such as viruses,
bacteria, fungi at beauty salons and residence halls in the city of Fortaleza.
A quantitative, descriptive and exploratory approach was used. The
fieldwork was carried out between October and November 2013. Forty
professionals were interviewed in their homes and salons. A semi-structured
questionnaire was administered. It was found that the survey age ranges
from 20 years to 52 years. Only 32.5% of the interviewer completed high
school, so it was not possible to conduct training courses (70%) and 37.5%
have primary education with a monthly income of a minimum wage (72.5%).
The majority do not wash hands (57,5%) and have no knowledge of the
occupational exposure risk. The knowledge of immunization is unknown for
(52.5%). 40% of manicures were aware of the profession risks, and 57.5%
had had contact with blood without wearing gloves. Although 2.5% is aware
of profession risks, they do not use PPE. It was found that professionals
have no knowledge on biosafety procedures, and regulations of these type of
services is weak. The supervision and regulation of beauty establishments,
compliance with biosafety regulations, training of these professionals and
conditions for sterilization of instruments used are very poor.
keywords: Hepatitis B; Manicure, Beauty salons, Biosafety
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OLIVEIRA, Maria Núbia Mendes de; SANTOS, Maria Solange Nogueira Dos;
FIGUEIREDO, Iolanda Gonçalves De Alencar; LUCENA, Jalles Dantas de; SOUSA, Alceu
Machado de; UCHOA, Francisco Nataniel Macedo; OLIVEIRA, Thompon Lopes de;
FREITAS, Ana Paula Fragoso de. Investigação da exposição ocupacional de manicure: um
estudo transversal. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e
Sociedade, v. 8, n. 2, p. 131-144, jun. 2015.
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INTRODUÇÃO
No Brasil a exposição ocupacional de manicure é um problema de
saúde pública, pois há uma diversidade de profissionais expostos a sangue e
outros fluidos corporais durante a ocupação laboral. A informalidade desses
trabalhadores ainda é predominante, sendo assim de difícil fiscalização
sanitária dos estabelecimentos, seja salão de beleza ou serviços prestados na
própria residências. Assim os mesmos desempenham atribuições
diretamente com a população onde o contato direto com a pele aumenta em
potencial o risco ocupacional de acidente ou incidente com agentes biológicos
se as recomendações da norma regulamentadora não são seguidas (MELO;
ISOLANI, 2011).
Dentre as principais doenças as quais esses trabalhadores estão
expostos estão o HIV e a hepatite B, C e D. A transmissão pode acontecer,
por meio dos instrumentais, de profissional para cliente, entre clientes e de
cliente para profissional (DINIZ; MATTE, 2013). Na visão dos autores
Benedito et al (2013), a hepatite B é a doença infectocontagiosa que mais
causa morbidade e mortalidade no mundo, atingindo as classes de
trabalhadores tanto na área de saúde como em estética e cosméticos.
Sendo assim ocorre uma grande incidência de contaminação por meio desses
profissionais se as orientações das condutas pertinentes à legislação não são
seguidas. Se as condutas não forem adequadas, danos à saúde da população
são acarretados, causando a transmissibilidade do vírus da hepatite B e C,
AIDS, onicomicoses e outros (GHISI e SANTI, 2012).
Corteli (2012) relata que o uso de equipamento de proteção individual é
necessário para a proteção do trabalhador e do cliente, evitando a
transmissão de microrganismo entre ambos, bactérias, vírus, fungos e
outros.
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Machado de; UCHOA, Francisco Nataniel Macedo; OLIVEIRA, Thompon Lopes de;
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estudo transversal. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e
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Garbaccio e Oliveira (2013) citam que esses profissionais em sua maioria
têm deficiência no conhecimento acerca da utilização dos equipamentos de
biossegurança, a desinfecção e esterilização do instrumental. A quantidade
necessária para utilização, acondicionamento, limpeza, embalagens, muitas
vezes são precárias ou não existem. Oliveira et al (2013) descreve que a
hepatite é um inimigo dos salões de beleza, sendo necessário a higienização
as mãos e utilização de luvas descartáveis.
Pela facilidade, cada vez mais os jovens, crianças, idosos, sejam do sexo
masculino ou feminino, tendem a fazer suas unhas em casa, por ser um meio
mais prático, cômodo e barato. Os produtos que são utilizados como acetona,
esmalte, lixa, removedor de cutícula, produtos de madeira, plástico ou metal,
alicates devem ter o armazenamento adequado.
Dessa forma em vista da precariedade do serviço ofertado, da falta de
capacitação associada ao despreparo profissional para a desinfecção e
esterilização do instrumental perfuro-cortantes, objetivou-se com esse
trabalho investigar a exposição ocupacional das manicures e pedicures da
cidade de Fortaleza-CE.
METODOLOGIA
Foi realizado um estudo exploratório, transversal, observacional
com abordagem quantitativa em salões de beleza do município de Fortaleza,
Ceará. Segundo Marconi e Lakatos (2009), os estudos exploratórios
permitem ao investigador aumentar sua experiência em torno de um
determinado problema e descrever o determinado fenômeno.
A população do estudo constituiu-se em manicures e pedicures na
cidade supracitada. A amostra desse estudo foi composta por 40
profissionais selecionados de forma randomizada. Para a coleta de dados
entre os colaboradores selecionados para a pesquisa, aplicou-se um
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questionário semiestruturado baseado no modelo de Freitas et al. (2007)
com pequenas modificações.
A análise dos dados foi do tipo descritivo, a fim de investigar o
risco ocupacional da amostra estudada, comportamento e consequências do
acidente ocupacional com material biológico. O teste estatístico do Qui-
quadrado foi aplicado para verificar a associação entre as variáveis
estudadas, ao nível de significância de 5%. Foi utilizado para organização do
banco de dados o programa de computador “Excel” versão 2013 e como
instrumento de análise estatística o aplicativo Graphpad Prisma versão 5.0.
Esse estudo segue as normas preconizadas pela resolução n°
Resolução CNS Nº466, de 12 de dezembro de 2012, do conselho nacional de
saúde, relativo às pesquisas que envolvem seres humanos. Observando os
princípios éticos da pesquisa, a entrevista foi realizada após a assinatura do
termo de consentimento livre e esclarecido, sendo estas informadas sobre o
objetivo da pesquisa e da sua livre decisão de participar ou não.
RESULTADOS
Verificou-se que as trabalhadoras tinham idade média de 31,9
±6,9 (Tabela 1), eram casadas (45%), com ensino fundamental completo
(37,5%), com renda média de um salário mínimo (72,5%). A participação
feminina no mercado de trabalho brasileiro tem crescido significativamente
ao longo das últimas décadas em um contexto de expansão da economia e
um acelerado processo de industrialização, urbanização e novas mudanças
na estrutura familiar, sendo muitas vezes essas mulheres responsáveis
financeiramente pela família.
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estudo transversal. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e
Sociedade, v. 8, n. 2, p. 131-144, jun. 2015.
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Observou-se durante a coleta que as manicures e pedicures
entrevistadas eram predominantemente do sexo feminino. Trata-se de
mulheres muitas vezes em idade fértil, que por muitas vezes são chefes de
famílias (OLIVEIRA et al.2013).
Garbaccio e Oliveira (2013) relatam que manicures e pedicures no
Brasil desempenham atividades diretamente relacionadas ao contato com a
pele, aumentando o risco de exposição à agentes biológicos potencialmente
causadores de doenças de impacto socioeconômico como hepatites B, C e o
vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), que podem estar relacionadas à
contaminação de instrumentais utilizados, principalmente se não forem
adequadamente limpos e esterilizados.
Essa condição reflete em maior proporção as profissionais que
vivem na informalidade, desprotegidas de qualquer regulamentação que
lhes garanta importantes direitos sociais, como carteira de trabalho
assinada, o direito a férias, ao décimo terceiro, licença maternidade.
Dos dados coletados apenas 32,5% das entrevistadas concluiu o
ensino médio, assim não sendo possível para o trabalhador cursar cursos
profissionalizantes, devido ao baixo nível de escolaridade. A maioria dos
profissionais de embelezamento entrevistados são adultos jovens, possuem o
ensino fundamental, seguido do ensino médio completo, contudo estas
características não garantem o cumprimento das boas práticas (OLIVEIRA,
2013).
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Machado de; UCHOA, Francisco Nataniel Macedo; OLIVEIRA, Thompon Lopes de;
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estudo transversal. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e
Sociedade, v. 8, n. 2, p. 131-144, jun. 2015.
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Observou que 40% das manicures tem conhecimento dos riscos da
sua profissão, e 57,5% não tem a percepção do risco de acidente biológico.
Porém 2,5% tem conhecimento do risco da profissão, mas não utiliza EPI
conforme a norma regulamentadora N-06. Dessa forma não foi observada
diferença significativa entre o conhecimento sobre o uso de equipamento de
proteção individual e em relação ao conhecimento do risco da profissão.
Acreditamos que a baixa escolaridade associada ao desconhecimento sobre a
importância o uso de EPI são os grande fatores responsáveis para a
transmissão de doença entre cliente e profissionais manicures e pedicures,
já que as práticas de esterilização e biossegurança não são executadas de
maneira adequada (Tabela 2).
Segundo Martins e Oliveira (2012), a adesão às normas de
biossegurança é um fator protetor contra a Hepatite B, C, AIDS e outros
microrganismos. Todos os profissionais devem utilizar seus EPI
adequadamente, principalmente quando há contato com a pele, pois assim o
profissional e o cliente são protegidos. Oliveira (2009) cita que a adesão das
manicures e pedicures à utilização de proteção é baixa, e quando estas
aderem, as condutas são inadequadas aumentando o risco de disseminação
do vírus da Hepatite B, C e outros microrganismos.
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A única maneira de se evitar a transmissão da Hepatite B e C por
materiais de manicures/pedicures é por meio da prevenção, capacitação,
atualização, sensibilização dos funcionários dos salões de beleza e em dos
que atendem em residências aos riscos que estão expostos (MELO e
ISOLANI, 2013).
Verificou-se que das manicures e pedicures abordados 57,5% não
higienizam as mãos, pois não têm a percepção do risco. Já para o
conhecimento da vacinação, 52,5% nunca nem ouviram falar da vacina da
hepatite B, aumentando mais ainda a fonte de contaminação nesse público.
Como consequência do desconhecimento da existência da vacina, 52,5%
nunca se vacinou, sendo que desses colaboradores, 57,5% já teve contato com
sangue, seja por palito de aço, madeira, algodão, toalha e alicates. Para a
higiene dos instrumentos de trabalho o que predominou foi a utilização da
panela de pressão por 52,5% (Tabela 3).
As mãos constituem a principal via de transmissão de
microrganismos durante a assistência prestada aos pacientes, pois a pele é
um possível reservatório de diversos microrganismos, que podem se
transferir de uma superfície para outra, por meio de contato direto (pele com
pele), ou indireto, através do contato com objetos e superfícies contaminados
(ANVISA, 2007). Garcia, Bento e Costa (2012) ressaltam a importância da
higienização das mãos e o uso de luvas como EPI para prevenção contra a
Hepatite B, porém, de acordo com literatura publicada, a adesão ainda é
baixa.
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A falta de conhecimento dos profissionais em relação a atividade
executada representa um risco para a saúde pública, e como consequência
causa agravos a saúde dos clientes e dos próprios profissionais. Oliveira e
Focáccia (2010) em pesquisa com manicures e pedicures na cidade de São
Paulo, também indicam a necessidade de uma melhor regulamentação
desses serviços pelas autoridades sanitárias competentes.
A infecção pelo vírus da hepatite B (VHB) é um dos problemas
mais sérios de saúde pública, em virtude do número elevado de pessoas
infectadas por este agente etiológico. A Organização Mundial da Saúde
(OMS) aponta a existência de aproximadamente 350 milhões de pessoas,
cronicamente portadoras deste vírus em diversas regiões do mundo, sendo
que destas, aproximadamente dois milhões, se concentram no Brasil.
Após a pesquisa realizada foi constatado que salões de
embelezamento e residências onde se exerce atividade afim não são
inspecionados pela Vigilância Sanitária, apresentavam maior deficiência no
processo de esterilização dos instrumentais se comparados a
estabelecimentos inspecionados.
No trabalho verificou-se que 52,5% das manicures/pedicures
faziam esterilização em panela de pressão, 5% utilizam a autoclave. As
outras 25% utilizavam estufa, mas a maioria não sabia o tempo e a
temperatura correta para a esterilização dos materiais. Ainda assim
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observou-se que 17,5% utilizavam métodos que não é adequado para
esterilização ou não souberam informar (Tabela 4).
Em estudo realizada na cidade de Jacareí, São Paulo, os
pesquisadores verificaram que as temperaturas usadas para a realização da
esterilização variavam entre 90ºC e 300ºC e o tempo gasto oscilava de 20
minutos até 12h, ou ainda "o dia inteiro", "de um dia para o outro". Ademais,
27% dos entrevistados não sabiam qual temperatura seu equipamento
atingia e apenas 10% dos equipamentos possuíam termômetro e termostato.
De modo geral, os profissionais mostram o desconhecimento das boas
práticas de esterilização (DINIZ; MATTE, 2013). Considerando que os
serviços de manicure envolvem a manipulação de secreção e alteram a
integridade da pele, estes devem ser entendidos como serviços de saúde,
devendo, pois, adotar a biossegurança como centro de suas ações. Assim,
configura-se o dever da vigilância sanitária em promover a difusão deste
conhecimento como meio de regulação (BRASIL, 2009).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Constatamos que as condições sanitárias e de biossegurança em
salões de beleza pesquisados são precárias, expondo assim a saúde do
trabalhador e do cliente.
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Os trabalhadores não estão capacitados adequadamente, pois por
apresentarem um nível de escolaridade baixo, muitas vezes não conseguem
cursar cursos profissionalizante e posteriormente, cursos de atualizações. A
maioria dos profissionais abordados não tem a percepção do risco ao qual se
expõem ao não cumprir as normas adequadas.
Concluiu-se que é muito deficiente a supervisão e regulamentação dos
estabelecimentos de embelezamento, o cumprimento das normas de
biossegurança, a capacitação desses profissionais e o conhecimento das
condições de esterilização dos instrumentos utilizados. Assim campanhas de
educação em saúde associadas às políticas públicas de saúde direcionadas
para esse setor poderiam melhorar a qualidade da assistência e diminuir o
risco de transmissão de doenças infecciosa para trabalhadores e clientes.
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OLIVEIRA, Maria Núbia Mendes de; SANTOS, Maria Solange Nogueira Dos;
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Noviembre de 2013.
Revisão
SILVA, Maria Daiane de Sousa; SILVA, Paulo Henrique da; OLIVEIRA, Ykaro Richard;
ABREU, Maria Carolina de; OLIVEIRA, Paulo Victor de; PACHECO, Ana Carolina
Landim. Biossegurança em laboratórios: uma revisão de literatura. Revista Intertox-
EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 145-173, jun. 2015.
145
Biossegurança em laboratórios: uma revisão
de literatura
Maria Daiane de Sousa Silva
Licenciada em Ciências Biológicas, Universidade Federal do Piauí -
Campus Senador Helvídio Nunes de Barros.
E-mail: [email protected].
Paulo Henrique da Silva
Licenciado em Ciências Biológicas, Universidade Federal do Piauí -
Campus Senador Helvídio Nunes de Barros.
Ykaro Richard Oliveira
Licenciado em Ciências Biológicas, Universidade Federal do Piauí -
Campus Senador Helvídio Nunes de Barros.
Maria Carolina de Abreu
Doutora em Botânica, Professora Adjunto II, Curso de Ciências
Biológicas, Universidade Federal do Piauí- Campus Senador Helvídio
Nunes de Barros.
Paulo Victor de Oliveira
Doutor em Geociências, Professor Assistente-A, Nível 1, Curso de
Ciências Biológicas, Universidade Federal do Piauí- Campus Senador
Helvídio Nunes de Barros.
Ana Carolina Landim Pacheco
Doutora em Biotecnologia, Professora Adjunto II, Curso de Ciências
Biológicas, Universidade Federal do Piauí, Campus Senador Helvídio
Nunes de Barros.
Revisão
SILVA, Maria Daiane de Sousa; SILVA, Paulo Henrique da; OLIVEIRA, Ykaro Richard;
ABREU, Maria Carolina de; OLIVEIRA, Paulo Victor de; PACHECO, Ana Carolina
Landim. Biossegurança em laboratórios: uma revisão de literatura. Revista Intertox-
EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 145-173, jun. 2015.
146
RESUMO
Este estudo trata-se de uma revisão de literatura que pretende discutir o
tema biossegurança, assim como sobre o uso e as medidas de proteção dos
laboratórios de pesquisa. O estudo tem sua relevância fundamentada na
importância de se conhecer os procedimentos de uso de laboratórios de
biossegurança, que pode ser visto como um campo de conhecimento e
também como um conjunto de práticas e ações técnicas, com preocupações
sociais e ambientais que são destinados a conhecer e controlar os riscos que
o trabalho pode oferecer ao ambiente e à vida. Ao longo do desenvolvimento
deste, descreveu-se desde os principais conceitos de biossegurança, da
ocorrência de possíveis acidentes biológicos, até informações rápidas e úteis
sobre a biossegurança quanto às boas práticas laboratoriais. Utilizou-se
dados de bancos como o LILACS, SciELO, MEDLINE, assim como livros e
documentos de referência para a área. O método utilizado foi um
levantamento bibliográfico por meio de uma abordagem crítica, objetiva e
abrangente, considerando a relevância do tema. Ao final do trabalho
percebeu-se como se dá a manipulação de agentes biológicos e os riscos que
estão associados a esses agentes, além de saber quais são as medidas de
contenção e os equipamentos de proteção para realizar boas práticas
laboratoriais. A partir desse levantamento espera-se ter contribuído para o
conhecimento geral da população, principalmente para quem faz uso de
laboratórios quer em suas atividades diárias quer esporadicamente,
possibilitando desta maneira conhecer e/ou rever as medidas e precauções
que são sugeridas na literatura quanto à biossegurança laboratorial, pois
além do conhecimento, o uso e aplicação da prudência e do bom senso de
cada indivíduo se fazem necessários para a segurança nestes ambientes.
Palavras chaves: Riscos biológicos. Boas práticas laboratoriais. Proteção.
Revisão
SILVA, Maria Daiane de Sousa; SILVA, Paulo Henrique da; OLIVEIRA, Ykaro Richard;
ABREU, Maria Carolina de; OLIVEIRA, Paulo Victor de; PACHECO, Ana Carolina
Landim. Biossegurança em laboratórios: uma revisão de literatura. Revista Intertox-
EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 145-173, jun. 2015.
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ABSTRACT
This study deals with a literature review that aimed to raise information
about the biosafety theme, as well on the use and protection measures of
research laboratories. The study is relevant based on the importance of
know the procedures used in biosafety laboratories, which can be seen as a
field of knowledge or how a set of practices and technical actions with social
and environmental concerns that are designed to meet and control the risks
that the work can provide for the environment and life. Throughout the
development of this work, was described from the main concepts of
biosecurity, the occurrence of possible biological accidents, until quick and
useful information on biosafety and good laboratory practices. The
Databases used were the LILACS, SciELO, MEDLINE, as well books and
reference documents for the area. The method used was a literature review
through a critical, objective and comprehensive approach, considering the
importance of the theme. At the end of the work, it was perceived how is the
handling of biological agents, the risks associated with these agents, the
containment measures and the personal protective equipment to the
realization of good laboratory practices. This article can contribute to the
general knowledge of the population, especially for those who make use of
laboratories or in their daily activities or sporadically, enabling this way
know and/or review the measures and precautions that are suggested in the
literature for the laboratory biosecurity, because beyond the knowledge, the
use and application of prudence and common sense of each individual are
necessary for security in these environments.
Keywords: Biological risks. Good laboratory practice. Protection.
Revisão
SILVA, Maria Daiane de Sousa; SILVA, Paulo Henrique da; OLIVEIRA, Ykaro Richard;
ABREU, Maria Carolina de; OLIVEIRA, Paulo Victor de; PACHECO, Ana Carolina
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INTRODUÇÃO
A biossegurança é uma área de conhecimento relativamente nova, que
impõe desafios não somente à equipe de saúde, mas também a empresas que
investem em pesquisa; também se designa a um campo de conhecimentos e
a um conjunto de práticas e ações técnicas, com preocupações sociais e
ambientais, que são destinados a conhecer e controlar os riscos que o
trabalho pode oferecer ao ambiente e à vida (ALMEIDA; ALBUQUERQUE,
2000).
Atualmente vêm sendo considerada como ciência que é adotada em
inúmeros países, sendo criada e aplicada através de legislações e diretrizes
próprias governamentais. O Brasil só começou a desenvolver suas normas
de biossegurança por volta do ano de 1995, devido ao aumento na incidência
de casos de danos ocupacionais que resultavam em doenças envolvendo
profissionais que prestavam serviço na área da saúde e que utilizavam
estruturas e microrganismos vivos (BRASIL, 2004).
A biossegurança regulamenta as características de construção e
planejamento dos laboratórios de pesquisa, devendo atender as necessidades
de proteção aos seus usuários conforme as atividades desenvolvidas nestes
ambientes, por meio de métodos e equipamentos destinados a estes
usuários, permitindo a realização de suas atividades com toda a segurança
(HIRATA; MANCINI FILHO, 2002).
Quando se refere à biossegurança, é fundamental também a
conscientização e a educação permanente dos profissionais, proporcionando-
lhes condições para um trabalho seguro, bem como a oportunidade para
reflexões, discussões críticas, atualização e adoção de medidas preventivas
corretas (GIR et al., 2004; FARIAS, ZEITOUNE, 2005).
Assim, sempre é importante colocar a biossegurança em um cenário
que permita aos demais profissionais, que atuam com prevenção e controle
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SILVA, Maria Daiane de Sousa; SILVA, Paulo Henrique da; OLIVEIRA, Ykaro Richard;
ABREU, Maria Carolina de; OLIVEIRA, Paulo Victor de; PACHECO, Ana Carolina
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de riscos ocupacionais, entenderem seus propósitos, suas contradições, e,
principalmente, sua importância como instrumento de proteção da vida, em
qualquer que seja o ambiente de trabalho (ANDRADE; SANNA, 2007).
Para tanto, este estudo trata-se de uma revisão de literatura que
pretende de maneira crítica, objetiva e abrangente analisar referências de
pesquisas em relação ao tema biossegurança, assim como sobre o uso e as
medidas de proteção dos laboratórios de pesquisa.
E este tem sua relevância fundamentada na importância de se
conhecer os procedimentos de uso de laboratórios quanto à biossegurança.
Além do que, o conhecimento acerca deste tema pode ser direcionado a uma
discussão numa abordagem dinâmica e interdisciplinar, útil para colaborar
na formação de futuros usuários desses espaços, especialmente no caso de
profissionais de áreas biomédicas (Biologia, Nutrição, Enfermagem,
Biomedicina, Farmácia, Odontologia, Medicina, Fisioterapia, e demais
cursos da área da saúde), promovendo desta forma uma maior
conscientização dos usuários e tendo assim um conhecimento mais profundo
no que diz respeito ao temário em foco.
METODOLOGIA
O estudo foi realizado através de um levantamento bibliográfico por
meio de uma revisão de literatura, considerando a relevância do tema. Este
levantamento foi realizado no período de abril a julho de 2014, com os
seguintes bancos de dados: LILACS, SciELO, MEDLINE, além de livros e de
documentos de referência na área, selecionando-se trabalhos tanto em
português quanto em inglês para o desenvolvimento do tema abordado. Para
a pesquisa virtual, fez-se uso e combinação dos seguintes descritores:
biossegurança, biossegurança em laboratórios, CTNBio, CIBio, agentes
biológicos, riscos biológicos, níveis de biossegurança, atividades em
laboratório, equipamentos de proteção, boas práticas laboratoriais (BPLs).
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REVISÃO DE LITERATURA
Biossegurança
O conceito de biossegurança começou a ser mais fortemente construído
no início da década de 1970, após o surgimento da engenharia genética que
se iniciou com a transferência e expressão do gene da insulina para a
bactéria Escherichia coli. Na década de 1980 a Organização Mundial de
Saúde conceituou a biossegurança como práticas de prevenção para o
trabalho em laboratório com agentes patogênicos, e, além disto, classificou
os riscos como biológicos, químicos, físicos, radioativos e ergonômicos. Na
década seguinte, observou-se a inclusão de temas como ética em pesquisa,
meio ambiente, animais e processos envolvendo tecnologia de DNA
recombinante em programas de biossegurança (COSTA; COSTA, 2002).
Teixeira e Valle (1998) definem como biossegurança o conjunto de ações
voltadas para a prevenção, minimização ou eliminação dos riscos inerentes
às atividades de pesquisa, produção, ensino, desenvolvimento tecnológico e
prestação de serviços, onde estes riscos podem comprometer a saúde do
homem e de animais, o meio ambiente ou a qualidade dos trabalhos
desenvolvidos. Para Costa (1996) está relacionada à prevenção de acidentes
em ambientes ocupacionais, incluindo o conjunto de medidas técnicas,
administrativas, educacionais, médicas e psicológicas. O tema segundo
Albuquerque (2001) abrange ainda a segurança no uso de técnicas de
engenharia genética e as possibilidades de controle capazes de definir
segurança e risco para o ambiente e para a saúde humana, associados à
liberação no ambiente dos organismos geneticamente modificados (OGMs).
No Brasil, desde a instituição das escolas médicas e da ciência
experimental, no século XIX, vêm sendo elaboradas noções sobre os
benefícios e riscos inerentes à realização do trabalho científico, em especial
nos ambientes laboratoriais (ALMEIDA; ALBUQUERQUE, 2000). A
biossegurança no país só se estruturou, como área específica, nas décadas de
1970 e 1980, em decorrência do grande número de relatos de graves
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infecções ocorridas em laboratórios, e também de uma maior preocupação
em relação às consequências que a manipulação experimental de animais,
plantas e microrganismos poderia trazer ao homem e ao meio ambiente
(SHATZMAYR, 2001).
Várias normas em biossegurança preconizam a diminuição da
exposição de trabalhadores a riscos e a prevenção de contaminação
ambiental (HAMBLETON et al., 1992). As novas tecnologias de
biossegurança e guias associados têm melhorado significativamente a
segurança em ambientes laboratoriais, principalmente no que diz respeito
ao manuseio de materiais microbiológicos (PENNA et al., 2010).
Comissão Técnica Nacional de Biossegurança - CTNBio
A primeira legislação classificada como de biossegurança, no Brasil,
data de 1988, e a Resolução nº 1 do Conselho Nacional de Saúde (CNS) de 13
de junho de 1988, publicada no Diário Oficial da União (DOU) de
14/06/1988, visava normatizar as pesquisas em saúde. Apesar de sua
importância e pioneirismo, apresentou algumas falhas por ser muito
abrangente e extensa. A principal falha foi a falta de divulgação para as
áreas que fariam uso da mesma. Depois desta, outras leis foram
normatizadas, mas somente com a lei 11.105, da Presidência da República,
de 24 de março de 2005, a biossegurança efetivamente surgiu com a forca
necessária. A partir desta lei criou-se a Comissão Técnica Nacional de
Biossegurança – CTNBio, com o objetivo de propor e estabelecer toda a
política Nacional de Biossegurança, publicando Normas e Instruções
Normativas que devem ser cumpridas em todos os níveis (BRASIL, 1988;
SOUSA 1998).
A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) foi criada
para estabelecer normas às atividades que envolvam construção, cultivo,
manipulação, uso, transporte, armazenamento, comercialização, consumo,
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liberação e descarte relacionados a OGMs em todo o território brasileiro
(SCHOLZE, 1999). Tais normas, além de tratarem da minimização dos
riscos em relação aos OGMs (BRASIL, 1995), envolvem os OGMs e suas
relações com a promoção de saúde no ambiente de trabalho, no meio
ambiente e na comunidade (GARCIA; ZANETTI-RAMOS, 2004).
Operacionalmente vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia, a
CTNBio é composta por membros titulares e suplentes, das áreas humana,
animal, vegetal e ambiental (SCHOLZE, 1999).
Segundo a lei 11.105/05, poderá a CTNBio elaborar normas, desde que
estas se moldem à Constituição Federal, bem como à legislação relativa a
saúde, a agricultura, ao meio ambiente, e as normas legais referentes a
Ciência e a Tecnologia. A forma de elaboração de tais normas constitui-se
mediante Resoluções, conforme indica o inciso XVI, do artigo 14.
Obviamente, esses regramentos deverão ser relativos às matérias de sua
competência. À CTNBio também coube elaborar seu regimento Interno
(PALMA, 2014).
Em 19 de fevereiro de 2002 foi criada a Comissão de Biossegurança
em Saúde (CBS) no âmbito do Ministério da Saúde. A CBS trabalha com o
objetivo de definir estratégias de atuação, avaliação e acompanhamento das
ações de biossegurança, procurando sempre o melhor entendimento entre o
Ministério da Saúde e as instituições que lidam com o tema (BRASIL,
2006b).
De acordo com a Instrução Normativa nº1 da CTNBio, toda entidade
que utilizar técnicas e métodos de engenharia genética deverá criar uma
Comissão Interna de Biossegurança (CIBio), com as atribuições de promoção
de programas de educação, criação de programas de prevenção e inspeções,
registro e notificação de projetos, investigação de acidentes e tudo o que se
diz respeito ao cumprimento da regulamentação de biossegurança.
As Comissões Internas de Biossegurança (CIBios) devem ser
instauradas por toda instituição que se dedique ao ensino, à pesquisa
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científica, ao desenvolvimento tecnológico e à produção industrial que utilize
técnicas e métodos de engenharia genética com OGMs e seus derivados ou
que pretenda importar tais organismos para uso em atividades de pesquisa.
Elas foram regulamentadas pela Lei 11.105/05, pelo Decreto 5.591/05 e pela
Resolução Normativa (RN) 01/06, expedida pela CTNBio (PALMA, 2014).
Enfatize-se que toda Comissão deverá ter um técnico principal,
responsável para cada projeto específico que, dentre outras funções, deverá:
a) assegurar o cumprimento das normas de biossegurança em conformidade
com as recomendações da CTNBio e da CIBio; b) garantir que a equipe
receba treinamento em biossegurança e que estejam cientes dos riscos da
atividade; c) fornecer à CIBio informações adicionais, quando solicitadas,
bem como atender a possíveis auditorias da CIBio; d) garantir que o
laboratório esteja munido de equipamentos de biossegurança e a
manutenção desta infraestrutura; e) solicitar autorização da CIBio para
transferência de OGMs e derivados dentro do território nacional e quando
forem importados, deverá a CIBio submeter à solicitação aprovada,
primeiramente por esta, à CTNBio; f) submeter à CIBio proposta de
atividades, assegurando que estas somente serão iniciadas após decisão
técnica favorável da CTNBio e, quando for o caso, autorizada pelo órgão de
registro e fiscalização competente; g) informar à CIBio quanto a acidentes
decorrentes das atividades com OGMs e derivados, e toda vez que houver
mudanças na equipe técnica (FERNANDES, 2007).
Manipulações de agentes biológicos
Os laboratórios de ensino e pesquisa se diferenciam de outros, devido
principalmente a grande rotatividade de professores, pesquisadores,
estagiários, alunos de graduação e pós-graduação, além da variabilidade de
atividades no local de aula ou de pesquisa. A manipulação de produtos
químicos (solventes orgânicos, tóxicos, abrasivos, irritantes, inflamáveis,
voláteis, cáusticos, entre outros), microrganismos e parasitas com risco de
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SILVA, Maria Daiane de Sousa; SILVA, Paulo Henrique da; OLIVEIRA, Ykaro Richard;
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infectividade e morbidade é bastante variada, sobretudo nos laboratórios de
ensino na área da saúde. Portanto, os cuidados a serem tomados pelos
usuários e o gerenciamento pelos administradores devem ser muito maiores
(HIRATA; MANCINI FILHO, 2002).
Ainda de acordo com Hirata e Mancini Filho (2002), a biossegurança
deve ter uma abordagem mais ampla da segurança geral tanto para os
alunos como para os professores e funcionários técnicos ou administrativos,
por estarem todos envolvidos no trabalho universitário de ensino e pesquisa,
além da prestação de serviços.
As infecções mais comumente adquiridas pelos profissionais em
laboratório são provenientes de agentes bacterianos, no entanto, agentes
patogênicos pertencentes a todas as categorias de microrganismos também
podem causar infecções (COICO; LUNN, 2005). Para minimizar os riscos
inerentes à manipulação dos agentes microbiológicos é importante conhecer
as suas características peculiares, dentre as quais se destacam o grau de
patogenicidade, o poder de invasão, a resistência a processos de
esterilização, a virulência e a capacidade mutagênica (TEIXEIRA; VALLE,
1998).
Para os fins didáticos, Hirata e Mancini Filho (2002) abordam os riscos
nos laboratórios de ensino, pesquisa e de biotecnologia, sob vários aspectos,
em: físicos, biológicos, químicos, ergonômicos e de acidentes.
Riscos Físicos
Refere-se aos riscos provocados por algum tipo de energia. Os riscos
físicos podem ser enumerados dependendo dos equipamentos de manuseio
do operador ou do ambiente em que se encontra no laboratório. Podemos
citar alguns casos como calor, frio, vibrações, radiações não ionizantes e
ionizantes e pressões anormais (HIRATA; MANCINI FILHO, 2002).
Revisão
SILVA, Maria Daiane de Sousa; SILVA, Paulo Henrique da; OLIVEIRA, Ykaro Richard;
ABREU, Maria Carolina de; OLIVEIRA, Paulo Victor de; PACHECO, Ana Carolina
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Riscos Biológicos
Os materiais biológicos abrangem amostras provenientes de seres
vivos como plantas, animais, bactérias, leveduras, fungos, parasitas
(protozoários e metazoários), amostras biológicas provenientes de animais e
de seres humanos (sangue, urina, secreções, derrames cavitários, peças
cirúrgicas, biópsias, entre outras). Incluem-se também os OGMs em que os
cuidados são mais relevantes por estarem albergando genes com
características diferenciadas (HIRATA; MANCINI FILHO, 2002).
Os agentes biológicos que afetam o homem, os animais e as plantas
foram classificados pelo Ministério da Saúde por meio da Comissão de
Biossegurança em Saúde (CBS). Os critérios de classificação tiveram como
base diversos aspectos, tais como: virulência, modo de transmissão,
estabilidade do agente, concentração e volume, origem do material
potencialmente infeccioso, disponibilidade de medidas profiláticas eficazes,
disponibilidade de tratamento eficaz, dose infectante, tipo de ensaio e
fatores referentes ao trabalhador. Os agentes biológicos foram assim
classificados em classes de 1 a 4, incluindo também a classe de risco especial
(BRASIL, 2006a).
Classe de Risco 1: inclui os agentes Biológicos que apresentam baixo
risco para o indivíduo e para a coletividade, com baixa probabilidade de
causar doença ao ser humano; Classe de Risco 2: nessa classe estão inseridos
os agentes biológicos que apresentam risco individual moderado para o
indivíduo e com baixa probabilidade de disseminação para a coletividade.
Podem causar doenças ao ser humano, entretanto, existem meios eficazes de
profilaxia e/ou tratamento; Classe de Risco 3: são os agentes biológicos que
apresentam risco elevado para o indivíduo e com probabilidade moderada de
disseminação para a coletividade. Podem causar doenças e infecções graves
ao ser humano, entretanto nem sempre existem meios eficazes de profilaxia
Revisão
SILVA, Maria Daiane de Sousa; SILVA, Paulo Henrique da; OLIVEIRA, Ykaro Richard;
ABREU, Maria Carolina de; OLIVEIRA, Paulo Victor de; PACHECO, Ana Carolina
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e/ou tratamento; Classe de Risco 4: nesta estão incluídos os agentes
biológicos que apresentam risco elevado para o indivíduo e com
probabilidade elevada de disseminação para a coletividade. Apresenta
grande poder de transmissibilidade de um indivíduo a outro. Podem causar
doenças graves ao ser humano e ainda não existem meios eficazes para a
sua profilaxia ou seu tratamento (BRASIL, 2006a).
Há também as classes de riscos biológicos especiais que são agentes
biológicos que oferecem alto risco de causar doença animal grave e de
disseminação no meio ambiente de doença animal não existente no país e
que, embora não sejam obrigatoriamente patógenos de importância para o
homem, podem gerar graves perdas econômicas e/ou na produção de
alimentos. Alguns exemplos: Vírus da cólera suína, Vírus da doença de
Borna, Vírus da doença de New Castle (amostras asiáticas), Vírus da doença
de Teschen, Vírus da doença de Wesselbron, Vírus da influenza A aviária
(amostras de epizootias), Vírus da peste aviária, Vírus da peste bovina
(BRASIL, 2006a).
Riscos químicos
A classificação das substâncias químicas, gases, líquidos ou sólidos,
também deve ser conhecida pelos seus manipuladores. Nesse aspecto, têm-
se solventes combustíveis, explosivos, irritantes, voláteis, cáusticos,
corrosivos e tóxicos (CARVALHO, 1999). Eles devem ser manipulados de
forma adequada em locais que permitam ao operador a segurança pessoal e
do meio ambiente. Nesse caso, cuidados também devem ser tomados no
descarte dessas substâncias. Esse grupo é muito importante, pois os
acidentes de laboratórios com substâncias químicas são os mais comuns e
bastante perigosos (HIRATA; MANCINI FILHO, 2002).
Revisão
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Riscos ergonômicos
O termo criado para esse tipo de risco foi LER, ou seja, lesões causadas
por esforço repetitivo, que atualmente se denomina DORT (doença
osteomusculares relacionadas com o trabalho) (CARDELHA, 1999). Em
geral, devem-se preocupar com distâncias em relação à altura dos balcões,
cadeiras, prateleiras, gaveteiros, capelas, circulação e obstrução de áreas de
trabalho (HIRATA; MANCINI FILHO, 2002).
Riscos de acidentes
Considerado como sendo as situações de perigo que possam afetar a
integridade, o bem estar físico e moral dos indivíduos presentes nos
laboratórios. Nos laboratórios de ensino, compreendem: infraestrutura física
com problemas (pisos lisos, escorregadios e instalações elétricas com fios
expostos e/ou com sobrecarga elétrica); armazenamento ou descartes
impróprios de substâncias químicas; entre outras, como: quando se trabalha
com equipamentos de vidro sempre observar a resistência mecânica
(espessura do vidro), a resistência química e ao calor; para os equipamentos
e instrumentos pérfuro-cortantes proteger as mãos com luvas adequadas
sempre tomando cuidado na manipulação, nunca voltado o instrumento
contra o próprio corpo (HIRATA; MANCINI FILHO, 2002).
Medidas de contenção em laboratórios
Silva (1998) destaca que é necessário que todo laboratório forneça bar-
reiras de contenção e um programa de segurança cujo objetivo seja a
proteção dos profissionais de laboratório e outros que atuem na área, bem
como a proteção do meio ambiente, eficiência das operações laboratoriais e
garantia do controle de qualidade do trabalho executado.
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A prevenção ou redução do risco de desenvolver doenças profissionais
por exposição a diversos agentes, presentes no ambiente de laboratórios,
podem ser alcançados pelo o uso de práticas seguras nas atividades
laboratoriais e de outras medidas que visam preservar a saúde e o meio
ambiente. Alguns aspectos importantes acerca da biossegurança nas
atividades laboratoriais podem ser ressaltados, como, a saber: organização
das atividades laboratoriais, práticas seguras e medidas de controle,
organização estrutural e operacional, avaliação dos riscos ambientais,
dentre outros (HIRATA, 2000).
Organização das atividades no laboratório
É um aspecto fundamental para a segurança do pesquisador ou
analista e para garantia de resultados precisos de qualidade; a falta de
organização no ambiente de trabalho pode gerar situações de risco para o
analista e para outros indivíduos presentes no local e ainda promover danos
às instalações prediais (CARVALHO, 1999). As situações de riscos
predispõem à ocorrência de acidentes que podem ser irreversíveis, levando
ao afastamento temporário ou definitivo do analista ou pesquisador,
portanto, é fundamental que qualquer atividade laboratorial seja
previamente planejada e executada em ambiente seguro (HIRATA, 2000).
No ambiente de laboratório é preciso considerar as condições de
trabalho e todos os fatores que oferecem risco ao analista, como as
instalações, os locais de armazenamento, a manipulação de produtos
químicos, as condições operacionais dos equipamentos, as bancadas,
equipamentos de proteção, entre outros (CIbio/FCFUSP, 2000). Um
experimento ou qualquer outra atividade laboratorial exige um
planejamento prévio e um roteiro para a execução adequada e segura do
trabalho e orientação para descarte dos resíduos gerados (CARVALHO,
1999). O planejamento das atividades e a organização do ambiente de
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trabalho são essenciais para detectar qualquer dificuldade que possa
prejudicar a realização dessas atividades, ou ainda, expor o analista a riscos
ocupacionais (HIRATA, 2000).
Práticas seguras no laboratório
Refere-se a um conjunto de procedimentos que visam reduzir a
exposição dos analistas a riscos no ambiente de trabalho, essas práticas
compreendem a ordem e a limpeza dos materiais, a separação e a limpeza
das áreas de trabalho, o manuseio adequado de equipamentos elétricos,
substâncias químicas, materiais biológicos e radioativos, o uso adequado de
equipamentos de proteção e segurança, entre outras (MENÉNDEZ-BOTET,
1993).
No laboratório, a delimitação de áreas e a identificação de
equipamentos de segurança e de condutos de líquidos e gases devem ser
feitas pelo emprego de diferentes cores, as quais permitem a sinalização de
segurança no ambiente de trabalho (HIRATA, 2000). As cores adotadas
para a delimitação das áreas no laboratório, segundo a Norma
Regulamentadora n° 26 (NR26) do Ministério do Trabalho e Emprego são:
cor vermelha que indica os equipamentos e aparelhos de proteção e combate
a incêndio além das rotas de fuga e da saída de emergência; amarela indica
“atenção” ou “cuidado”; branca que delimita áreas, isoladamente ou
combinada com a cor preta; preto indica coletores de esgoto ou lixo;
alaranjada identifica partes móveis de máquinas e equipamentos; verde
identifica dispositivos de segurança, como chuveiros de emergência, lava
olhos, caixas de primeiros socorros e caixas com materiais para situações de
emergência (máscaras contra gases); púrpura indica os perigos provenientes
das radiações eletromagnéticas penetrantes e de partículas nucleares e a cor
azul indica equipamentos fora de uso.
Revisão
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O ambiente de laboratório em que se manipula materiais biológicos
precisa ser adequadamente construído e organizado, além de ter mecanismo
de contenção específicos de acordo com a classe de risco biológico. Nos
laboratórios em que são manuseados agentes infecciosos, devem ser
previstos requisitos de segurança específicos e, outra forma de classificação
são os denominados níveis de contenção física que são classificados de
acordo com o grau de risco biológico, conforme Grist (1995) e Simas (1998):
Nível 1 - se aplica aos laboratórios de ensino básico com a manipulação
de microrganismos do tipo 1, onde são exigidos bom planejamento espacial e
funcional e adoção de práticas seguras de laboratório; Nível 2 - ao trabalho
com agentes do grupo de risco 2, sendo necessária maior proteção da equipe
de laboratório, devido à exposição ocasional e inesperada de microrganismo
pertencentes a grupos de risco mais elevados; Nível 3 - aplica-se agentes do
grupo 3, e o laboratório requer desenho e construção especializada, com o
controle restrito nas fases de construção, inspeção, operação e manutenção.
A equipe do laboratório deve receber treinamento especifico quanto aos
procedimentos de segurança na manipulação desses agentes e o acesso a
essa área tem de ser restrita ao pessoal autorizado; Nível 4 - é o mais alto
nível de contenção, cujo laboratório de nível 4 precisa ser instalado em área
isolada e ter funcionalidade independente de outras áreas, necessitando de
barreiras de contenção e equipamentos de segurança biológica especiais,
área de suporte laboratorial e um sistema de ventilação especifico
(GRIST,1995; SIMAS, 1998).
Organização estrutural e operacional do laboratório
O ambiente de trabalho deve ser adequadamente projetado e
dimensionado de modo a oferecer condições confortáveis e seguras de
trabalho. As áreas de trabalho de maior risco (manuseio de produtos
químicos e biológicos) têm que ser separadas das de menor risco (área
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SILVA, Maria Daiane de Sousa; SILVA, Paulo Henrique da; OLIVEIRA, Ykaro Richard;
ABREU, Maria Carolina de; OLIVEIRA, Paulo Victor de; PACHECO, Ana Carolina
Landim. Biossegurança em laboratórios: uma revisão de literatura. Revista Intertox-
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administrativa) e o ambiente de laboratório também deve oferecer boas
condições de iluminação, ventilação, temperatura, umidade, circulação e
outras que permitam a realização do trabalho de forma confortável e
produtiva (HIRATA, 2000).
A organização estrutural e funcional do laboratório deve ser ainda
prever o mobiliário, as comunicações, o tratamento acústico, as linhas de
serviços (gás, água, vácuo, ar comprimido, vapor, eletricidade, esgotamento
sanitário), as barreiras de controle e de contenção, os equipamentos de
combate a incêndio, entre outras instalações (MENÉNDEZ-BOTET, 1993;
SIMAS, 1998).
Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e de Proteção Coletiva (EPC)
Anormalidades podem comprometer seriamente o ambiente de
trabalho, principalmente de quem manipula produtos químicos voláteis,
tóxicos, entre outros, levando sérios riscos a estes trabalhadores se não
utilizarem os equipamentos de proteção de forma adequada, daí a
importância de usar os equipamentos de proteção coletiva e de proteção
individual (ALMEIDA-MURADIAN, 2000).
Os EPIs devem proporcionar o mínimo de desconforto sem tirar a
liberdade de movimento do analista (ISOLAB, 1998). A classificação dos
EPIs pode ser feita segundo a parte do corpo que se protege: proteção para
cabeça, proteção para corpo, dos membros superiores e dos membros
inferiores (CIPA, 2001). Entre os EPIs usados para proteger a cabeça,
podemos destacar: capacetes de segurança, protetores ou máscaras faciais,
óculos de segurança, proteção respiratória e proteção auricular; para
membros inferiores: calçado de proteção impermeável, solado liso e
antiderrapante; para o tronco: vestimentas de proteção contra danos
Revisão
SILVA, Maria Daiane de Sousa; SILVA, Paulo Henrique da; OLIVEIRA, Ykaro Richard;
ABREU, Maria Carolina de; OLIVEIRA, Paulo Victor de; PACHECO, Ana Carolina
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provocados especialmente por riscos de origem biológica, química, física, tais
como: jalecos, aventais e macacões (ALMEIDA-MURADIAN, 2000).
Os equipamentos de proteção coletiva (EPCs) são utilizados com a
finalidade de minimizar a exposição dos trabalhadores aos riscos e, em casos
de acidentes, reduzir suas consequências (TEIXEIRA; VALLE, 1998). Estes
equipamentos quando bem especificados, para finalidades a que se
destinam, permitem executar operações em ótimas condições de salubridade
para o operador e demais no laboratório. As capelas são os melhores
exemplos desses equipamentos, podendo ser de uso geral, capelas tipo “Walk
in”, capelas com sistemas de lavagem de gases e capelas de fluxo laminar,
elas têm por finalidade retirar do ambiente do laboratório gases tóxicos e/ou
corrosivos (ALMEIDA-MURADIAN, 2000).
Os Equipamentos de Proteção Coletiva, também devem seguir as
especificações indicadas conforme a legislação vigente e as instruções que
constam nos manuais disponíveis sobre a sinalização de segurança nos
laboratórios e servem para indicar onde há presença dos riscos (BRASIL,
1978). Como aponta Brasil (2006b), são essenciais para a proteção coletiva
em laboratórios:
1. Símbolo de risco biológico: afixado na porta de entrada nos locais de
manipulação e armazenamento de agentes biológicos (a partir do NB-2);
2. Símbolos de líquidos: inflamáveis, explosivos, produto tóxico, veneno,
etc., para indicar presença de risco químico;
3. Os símbolos de elementos radioativos, apontando para risco físico:
mapa de risco, sinais para as saídas de emergência, escadas, extintores de
incêndio, faixas de demarcação, etc;
4. Extintor de incêndio: o número, o tipo e a distribuição desses
extintores devem estar adequados; sua manutenção e/ ou reposição devem
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SILVA, Maria Daiane de Sousa; SILVA, Paulo Henrique da; OLIVEIRA, Ykaro Richard;
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ser periódicas, bem como o pessoal do laboratório deve ser treinado para o
seu uso;
5. Capela química: cabine construída de forma aerodinâmica, de
maneira que o fluxo de ar ambiental não ocasione turbulências e correntes,
reduzindo o perigo de inalação e a contaminação do operador e do ambiente;
6. Borrifador de teto: sistema de segurança acionado pela elevação de
temperatura, lançando fortes jatos de água no ambiente;
7. Luz ultravioleta (UV): lâmpadas germicidas, com comprimento de
onda ativo de 240nm. Devem estar presentes nas cabines de segurança
biológica, tem ação efetiva por 15 minutos e o tempo médio de uso é
aproximadamente de 3.000 horas;
8. Pipetadores e pipetas mecânicos e automáticos: dispositivos de
sucção para pipetas e ponteiras, como: pera de borracha, pipetador
automático, pipetas mono e multicanais, etc;
9. Contenção para equipamentos, como: homogeneizador, agitador,
ultrassom, etc. Equipamentos produtores de aerossóis devem ser cobertos
com anteparo autoclavável e, preferencialmente, abertos dentro das cabines
de segurança biológica;
10. Containers para desprezar os materiais contaminados e perfuro-
cortantes: precisam estar disponibilizados recipientes resistentes e
autoclaváveis para desprezar os materiais que irão para o descarte;
11. Conjunto (kit) de primeiros socorros: compostos por material
comumente preconizado para socorro imediato e antídotos especiais para
produtos tóxicos usados nos laboratórios;
12. Chuveiro e lava-olhos: devem estar presentes em todos os
laboratórios em perfeito estado de funcionamento e higienizado. A água para
os lava-olhos deve ser preferencialmente filtrada.
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SILVA, Maria Daiane de Sousa; SILVA, Paulo Henrique da; OLIVEIRA, Ykaro Richard;
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Boas Práticas Laboratoriais (BPLs)
O maior problema relacionado aos riscos em laboratório não está nas
tecnologias disponíveis para eliminar ou minimizar tais riscos e sim no
comportamento dos profissionais. É indispensável relacionar o risco de
acidentes às boas práticas cotidianas dentro de um laboratório. Não basta
haver sistemas modernos de esterilização do ar ou câmaras de desinfecção
das roupas de segurança, por exemplo, se o profissional não lavar suas mãos
com a frequência adequada ou o lixo for descartado de maneira errada
(AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2005).
De acordo com Mastroeni (2005) e Araújo et al. (2009), as BPLs padrões
constituem um conjunto de normas, procedimentos e atitudes de segurança,
as quais visam minimizar os acidentes que envolvem as atividades
desempenhadas pelos laboratoristas, bem como incrementam a
produtividade, asseguram a melhoria da qualidade dos serviços
desenvolvidos nos laboratórios de ensino e, ainda, auxiliam a manter seguro
o ambiente.
Consoante Sangroni et al. (2013), a utilização das BPLs requer a
aplicação do bom senso e prudência dos profissionais e acadêmicos ao
desenvolver cada atividade. Cabe aos coordenadores e professores dos
laboratórios de ensino o incentivo e a fiscalização da aplicação das normas e
dos procedimentos padrões e específicos, permitindo, com isso, a
manutenção de um ambiente seguro e confiável a toda equipe do laboratório,
as BPLs padrões nos laboratórios de ensino devem ser conhecidas, aplicadas
por todos os usuários e são compreendidas, conforme os autores, como, a
saber:
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SILVA, Maria Daiane de Sousa; SILVA, Paulo Henrique da; OLIVEIRA, Ykaro Richard;
ABREU, Maria Carolina de; OLIVEIRA, Paulo Victor de; PACHECO, Ana Carolina
Landim. Biossegurança em laboratórios: uma revisão de literatura. Revista Intertox-
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1. Restringir o acesso de indivíduos ao laboratório: somente as pessoas
autorizadas pelos coordenadores e professores podem adentrar nos
ambientes laboratoriais;
2. Manter as mãos limpas e unhas aparadas; sempre lavar as mãos
antes e após variados procedimentos (manuseio de materiais biológicos
viáveis; uso das luvas; antes de sair do laboratório; antes e após a ingestão
dos alimentos e bebidas, etc.). Caso não existam pias no local, deve-se
dispor de líquidos antissépticos para limpeza e higienização das mãos;
3. Proibir a ingestão e/ou o preparo de alimentos e bebidas, fumar,
mascar chicletes, manipular lentes de contato, o uso de cosméticos e
perfumes, o armazenamento de alimentos para consumo nos ambientes de
manipulação de agentes biológicos e químicos. Em todos os laboratórios deve
ter uma área designada como refeitório.
4. Pipetar com a boca é expressamente proibido e nunca se deve colocar
na boca objetos de uso no laboratório como canetas, lápis, borrachas,
pipetas, dentre outros
5.Utilizar calçados de proteção: fechados, confortáveis, com soldado liso
e antiderrapante;
6. Utilizar as luvas de procedimentos somente nas atividades
laboratoriais e evitar tocar em objetos de uso comum;
7. Trajar roupas de proteção durante as atividades laboratoriais, como:
jalecos, aventais, macacões, entre outros; essas vestimentas não devem ser
usadas em outros ambientes fora do laboratório, como escritório, biblioteca,
salas de estar e refeitórios;
8. Evitar o uso de qualquer tipo de acessórios/adornos durante as
atividades laboratoriais;
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SILVA, Maria Daiane de Sousa; SILVA, Paulo Henrique da; OLIVEIRA, Ykaro Richard;
ABREU, Maria Carolina de; OLIVEIRA, Paulo Victor de; PACHECO, Ana Carolina
Landim. Biossegurança em laboratórios: uma revisão de literatura. Revista Intertox-
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9. Manter os artigos de uso pessoal fora das áreas destinadas às
atividades laboratoriais;
10. Organizar os procedimentos operacionais padrões (POP) para o
manuseio dos equipamentos e técnicas empregados nos laboratórios;
11. Garantir que a limpeza dos laboratórios (bancadas, pisos,
equipamentos, instrumentos e demais superfícies) seja feita regularmente
antes e imediatamente após o término das atividades laboratoriais;
12. Em caso de derramamentos, dependendo do tipo e quantidade de
material biológico disseminado, pode-se empregar, para a descontaminação
do local, álcool a 70% ou solução de hipoclorito de sódio, preferencialmente, a
10%, deixando agir por 30 minutos e após este período retirar com papel
absorvente;
13. Assegurar que os resíduos biológicos sejam descontaminados antes
de ser descartados;
14. Manusear, transportar e armazenar materiais (biológicos, químicos
e vidrarias) de forma segura para evitar qualquer tipo de acidente. O
manejo de produtos químicos voláteis, metais, ácidos e bases fortes, entre
outros, necessita ser feito em capela de segurança química. As substâncias
inflamáveis precisam ser manipuladas com extremo cuidado, evitando-se
proximidade de equipamentos e fontes geradoras de calor;
15. Usar os EPIs adequados durante o manuseio de produtos químicos;
16. Identificar adequadamente todos os produtos químicos e frascos
com soluções e reagentes, os quais devem conter a indicação do produto,
condições de armazenamento, prazo de validade, toxidade do produto e
outros;
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Landim. Biossegurança em laboratórios: uma revisão de literatura. Revista Intertox-
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17. Acondicionar os resíduos biológicos e químicos em recipientes
adequados, em condições seguras e encaminhá-los ao serviço de descartes de
resíduos dos laboratórios para receberem o seu destino final;
18. Afixar a sinalização adequada nos laboratórios, entre elas, incluir o
símbolo internacional de “Risco Biológico” na entrada dos laboratórios a
partir do NB-2;
19. Instituir um programa de controle de roedores e vetores nos
laboratórios;
20. Evitar trabalhar sozinho no laboratório e jornadas de trabalho
prolongadas;
21. Providenciar treinamento e supervisão aos iniciantes nos
laboratórios;
22. Disponibilizar kits de primeiros socorros e promover a capacitação
dos usuários em segurança e emergência nos laboratórios;
E, como mostra os estudos de Hirata e Mancini (2002), quando se
trabalha de maneira planejada e organizada, a exposição aos agentes
considerados de risco a saúde é minimizada e, sem dúvidas, evita-se assim
acidentes.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Atualmente, o estudo da biossegurança se faz presente não só na área
acadêmica, mas, em todos os setores da atividade humana que demandam
riscos e necessitam de conhecer os meios de utilização de laboratórios e
formas de proteção de acidentes em ambientes de trabalho.
Portanto, essa revisão de literatura buscou contemplar os conceitos de
biossegurança, assim como, conhecer os meios legais que regem as
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SILVA, Maria Daiane de Sousa; SILVA, Paulo Henrique da; OLIVEIRA, Ykaro Richard;
ABREU, Maria Carolina de; OLIVEIRA, Paulo Victor de; PACHECO, Ana Carolina
Landim. Biossegurança em laboratórios: uma revisão de literatura. Revista Intertox-
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atividades em laboratório, leis estabelecidas pela OMS, Ministérios da
Saúde e os fundamentos específicos da CNTBio. Outra preocupação
importante para o estudo do assunto foi conhecer como se dá a manipulação
de agentes biológicos e os riscos que estão associados a esses agentes, além
de buscar saber quais são as medidas de contenção e os equipamentos de
proteção para realizar boas práticas laboratoriais.
Deste modo, a partir deste levantamento espera-se ter contribuído para
o conhecimento geral da população, principalmente para quem faz uso de
laboratórios quer em suas atividades diárias ou quer esporadicamente,
possibilitando desta maneira conhecer e/ou rever as medidas e precauções
que são sugeridas na literatura quanto à biossegurança laboratorial,
oportunizando reflexões da praxe bem como atualização acerca do tema, pois
além do conhecimento, o uso e aplicação da prudência e do bom senso de
cada indivíduo se fazem necessários para as boas práticas laboratoriais e
assim para a segurança nestes ambientes, evitando-se deste modo efeitos
contraproducentes, seja para a saúde, seja para a qualidade de vida.
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