vol. i antologia mil poemas a gonÇalves dias

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Antologia

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Dilercy Aragão AdlerLeopoldo Gil Dulcio Vaz

(ORGANIZADORES)

São Luís

2013

Antologia

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Copyright © 2013 by EDUFMA

A presente obra está sendo publicada sob a forma de coletânea de textos fornecidos voluntariamente por seus autores, com as devidas revisões de forma e conteúdo. Estas

colaborações são de exclusiva responsabilidade dos autores sem compensação financeira, mas mantendo seus direitos autorais, segundo a legislação em vigor.

Prof. Dr. Natalino Salgado FilhoReitor

Prof. Dr. Antonio José Silva OliveiraVice-Reitor

DIRETOR DA EDUFMA E PRESIDENTE DO CONSELHO EDITORIALProf. Dr. Sanatiel de Jesus Pereira

CONSELHO EDITORIALProf. Dr. André Luiz Gomes da Silva, Prof. Dr. Antônio Marcus de Andrade Paes,

Prof. Dr. Aristófanes Corrêa Silva, Prof. Dr. César Augusto Castro, Bibliotecária Luhilda Ribeiro Silveira, Prof. Dr. Marcelo Domingos Sampaio Carneiro,

Profa. Dra. Márcia Manir Miguel Feitosa, Prof. Dr. Marcos Fábio Belo Matos

Capa e Editoração EletrônicaRoberto Sousa Carvalho

Arte da CapaEver Arrascue

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)Biblioteca Central da Universidade Federal do Maranhão

Antologia mil poemas para Gonçalves Dias / Dilercy Aragão Adler, Leopoldo Gil Dulcio Vaz (Organizadores). – São Luís: EDUFMA, 2013.

753 p.: il.

ISBN 978-85-7862-305-0

1. Literatura brasileira – Antologia poética. I. Adler, Dilercy Aragão. II. Vaz, Leopoldo Gil Dulcio.

CDD 869.808 8CDU 821.134.3(081.1)(81)

Impresso no BrasilTodos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida, armazenada em um

sistema de recuperação ou transmitida de qualquer forma ou por qualquer meio, eletrônico, mecânico, fotocópia, microfilmagem, gravação ou outro, sem permissão do autor.

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INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO MARANHÃOFEDERAÇÃO DAS ACADEMIAS DE LETRAS DO MARANHÃO

SOCIEDADE DE CULTURA LATINA DO ESTADO DO MARANHÃO

“e o nosso nome voará de boca em boca – de pais a filhos – até às mais remotas gerações e o esquecimento não prevalecerá contra ele”

Gonçalves Dias

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Agradecimentos

Ninguém sobrevive sozinho, ninguém faz nada sozinho. Assim, temos muito a agradecer a inúmeras pessoas pela realização desta grande homenagem a Gonçalves Dias: aos autores de cada poesia e de cada texto, bem como a cada Instituição que deu o seu aval a este Projeto.

À Profa. Maria Cícera Nogueira, por sua efetiva participação no momento da definição do nome do poeta nacional a ser homenageado neste Projeto.

Ao Prof. Dr. Natalino Salgado Filho, Magnífico Reitor da Universidade Federal do Maranhão - UFMA, que abraçou o Projeto Gonçalves Dias, mostrando simpatia desde o início, o que possibilitou a continuidade da batalha para conseguirmos as de-mais condições, necessárias ao desenvolvimento desta empreitada, com o brilhantismo merecido pelo poeta Gonçalves Dias, que esperamos venha realçar a galhardia desta Atenas Brasileira.

Os Organizadores

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À Guisa de Apresentação

Ao prefacear “As poesias completas de Gonçalves Dias da Coleção grandes po-etas do Brasil”, publicada pela Editora Científica, no Rio de Janeiro, em 1965, Josué Montello afirma: “O culto a um poeta implica numa atitude mais complexa do que um sim-ples ato de fé; exige o nosso exame, o estudo atento da mensagem que nos deixou.”

Precisamos, sim, cultuar a nossa memória coletiva... a nossa história... e os ho-mens que mais marcaram as suas presenças, que mais dedicaram as suas inteligências, as suas forças, as suas ousadias e potencialidades para engrandecer a imagem do nosso Brasil.

Uma Pátria se faz com homens e feitos. Claro, que todos os brasileiros fizeram e fazem essa história, de forma diferenciada e específica. Desde aqueles que construíram com os seus braços e muito suor os monumentos, os casarões, as avenidas, os viadutos e calçadões, milhões de anônimos que fizeram de São Luís Patrimônio Histórico e Cultu-ral da Humanidade, entre outras cidades brasileiras. Mas alguns se firmam com traços mais visíveis e terminam por representar os demais, até porque sem o aval dos demais ninguém se firmaria.

Diz ainda Josué Montello no mesmo prefácio: E é isto que se pretende seja feito, com esta nova publicação das Poesias de Antônio Gonçalves Dias. Elas constituem, inegà-velmente, o primeiro documento considerável da sensibilidade brasileira traduzida em versos duradouros.

Quarenta e oito anos depois (1965-2013), pedimos emprestadas essas palavras para Josué Montello, objetivando continuar o culto necessário ao nosso grande poeta Antônio Gonçalves Dias, que, neste momento, é traduzido através desta grande home-nagem configurada em 1000 poesias de poetas renomados imortais, poetas renomados contemporâneos, poetas neófitos, poetas e pessoas de várias pátrias, de várias idades e diferentes escolaridades, para reavivarmos a memória, reacendermos a chama e ratifi-carmos a importância de empreitadas desse gênero.

Desse modo, é isto que se pretende seja feito com esta nova publicação de poesias em homenagem a Antônio Gonçalves Dias: vivificar a Fé, a memória e novos estudos

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das mensagens deixadas por esse grande nome das letras brasileiras, Antônio Gonçal-ves Dias.

São Luís, 1º de janeiro de 2013

Dilercy Aragão AdlerPresidente da SCL do Brasil e do Estado do Maranhão

IHGM Cad.nº 01

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Apresentação 1

Quando a Dilercy retornou do Chile (2011), onde participou do lançamento da antologia dedicada a Pablo Neruda nos trouxe, ao Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão – IHGM o desafio de ‘cometer’ algo parecido. Fui contra. Disse na ocasião que caberia à academia de letras reunir poesias sobre o poeta gonçalvino; que a ideia fosse levada àquela instituição, ou à Academia de Letras de Caxias. Ao IHGM caberia um es-tudo sobre a vida e a obra, especialemnte do historiador-pesquisador, e não uma reunião de poetas e suas poesias em homenagem a Gonçalves Dias. Voto vencido, pela defesa da ideia, feita pelo Confrade Álvaro Melo, a Assembléia decidiu levar adiante a proposta...

Foi necessário um projeto, encaminhado à AGO, que o aprovou; mais, seria in-corporado às comemorações dos 400 anos de São Luís e estabelecido o “Ano de Gon-çalves Dias”, agosto de 2012 - agosto de 2013, por ocasião das comemorações dos 190 anos do nascimento do ilustre caxiense. Além da Antologia, seria estimulado a produ-ção de estudos sobre a vida e obra do ilustre poeta... O que foi feito!

Após alguns meses de intensa troca de correspondência, tanto institucionais quanto pessoais, viu-se que em 2012 as obras não estariam completas... tínhamos a alternativa de ‘levar’ para 2013.

Mais um ano de provocações, de buscas, de reuniões, de muito trabalho. Os três entes comprometidos com a realização da obra - Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão sob a presidência da profa. Dra. Telma Bonifácio dos Santos Reinaldo; a Federação das Academias de Letras do Maranhão, presidida, então, pelo confrade Álvaro Urubatan Melo; e a Sociedade de Cultura Latina do Estado do Maranhão, à frente a Poetisa Dilercy Aragão Adler, não mediram esforços, nem economizaram nas tintas e nas correspondências eletrônicas, buscando adesões, cumplicidades...

De primeira hora, nosso Confrade Reitor da Universidade Federal do Maranhão Natalino Salgado Filho; nosso confrade Arthur Almada Lima Filho, Presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Caxias; a ilustre Professora Erlinda Maria Bitten-court, da Universidade Estadual do Maranhão – UEMA/Caxias, do poeta Wybson Carvalho, presidente da Academia Caxiense de Letras e por último, nosso compa-

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nheiro de jornada Weberson Fernandes Grizoste, do Centro de Estudos Clássicos e Humanísticos, da Universidade de Coimbra - Portugal.

Nesse ultimo ano, dedicamo-nos ao Projeto Gonçalves Dias. Como dito, bus-cando parcerias, apoios, adesões... Buscamos a Secretaria de Educação de Caxias, a Academia de Letras de Caxias, a Prefeitura Municipal de Guimarães e sua Camara Municipal, onde encontramos guarida no entusiasmado Vereador Osvaldo Luiz Go-mes; e o Instuituto de Desenvolvimento de Promoção Humana - IDEPA...

Durante a divulgação do Projeto em escolas de São Luís, a Escola Paroquial Frei Alberto atendeu-nos prontamente, realizando um evento dedicado a Gonçalves Dias, do qual saíram poesisa belissimas; mesmo se deu em relação ao C. E. Nossa Se-nhora da Assunção, de Guimarães; em nossas buscas pela Internet, encontramos o Projeto ‘Mas Quem Foi Gonçalves Dias?”, da EMEF “Gonçalves Dias”, da cidade de Canoas – RS; do Colégio Conhecer, de Porto Alegre/RS; Dos alunos da Profa. Silvana Morelli, da cidade de Bebedouro – SP...

A Antologia Mil poemas para Gonçalves Dias é a quarta organizada nesse sentido, em todo o mundo. A nossa, em homenagem ao ilustre maranhense, reuniu poetas do: Brasil, Argentina, Chile, Bolívia, Equador, Peru, Venezuela, Uruguai, Portugal, Mo-çambique, México, Canadá; Panamá/USA, Espanha, França, Bélgica, Áustria, Japão.

Do Brasil, diversos estados: Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia, Paraíba, Goiás, Ceará, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Distrito Federal, Paraná, Piauí, Sergipe, Alagoas, Santa Catarina, Mato Grosso, Rondônia, Pará, Espírito Santo, Rio Grande do Norte.

Do Maranhão, a cidade de São Luís foi representada por 89 poetas, seguida de Caxias; Esperantinópolis, Guimarães, São Bento, Sambaiba, Carolina, Balsas. Palmei-randia, Pinheiro, Pedreiras, São Vicente de Ferrer, Vitoria do Mearim, Codó, Parai-bano, Turiaçú, Lago da Pedra, Coroatá, Pio XII, Dom Pedro, Cururupu, Presidente Dutra, São Francisco do Maranhão, Itapecuru-Mirim, Viana, Barra do Corda, Vargem Grande, São João batista, São Bernardo, Barão do Grajau.

Ainda há outros participantes sem identificação de país e/ou estado brasileiro. Não que não procuremos identifica-los e localiza-los, mas foi impossível, ou não man-daram seus dados, mesmo com nossas reiteradas correspondências.

Depois de quase dois anos de trabalho, de muitas discussões e ponderações, re-conheço que Dilercy tinha razão... caberia, sim, ao IHGM levar adiante esse trabalho...

São Luís, maio de 2013

Leopoldo Gil Dulcio VazInstituto Histórico e Geográfico do Maranhão - Cad. nº 40

Universidade Estadual do Maranhão -UEMA/Departamento de Educação Física e Esportes

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Apresentação 2

A FEDErAção DAS ACADEMIAS DE LEtrAS Do MArAnHão- FALMA, instituição que congrega as academias de letras e afins de municípios do Estado, no pleno exercício de suas atribuições programáticas, entre as tais, ser pujante no resgate e na preservação das memórias dos maranhenses que pelos seus méritos se distinguiram nos mais diversos ramos que atuaram, e se tornaram insignes brasileiros.

É exatamente, nesse tirocínio que abraçamos os patrióticos anseios do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão - IHGM, do Instituto Histórico e Geográfico de Caxias, no esplendente movimento literário denominado Antologia – “Mil Poemas para Gonçalves Dias”, inspiração da obcecada guerreira poetisa Dilercy Adler, líder inconteste que conquistou a resoluta adesão de bravos representantes das letras mara-nhenses, os quais, certamente, ela os nomeará em seus agradecimentos.

Desses, com seu beneplácito, antecipo os confrades Leopoldo Gil Dulcio Vaz, e a presidente Telma Bonifácio dos Santos Reinaldo, Natalino Salgado Filho.

Com o forte entusiasmo com que os chilenos foram vitoriosos com os “Mil Po-emas de Pablo Neruda”, - 2011; os peruanos, os espanhóis fizeram com seus maiores literatos, os brasileiros faremos com o nosso indianista Gonçalves Dias, figura extraor-dinária que, como o reflexo de sua inteligência dignificou o Maranhão pelo Brasil, e elevou nosso país, consagrando-o em todas as missões exercidas no estrangeiro.

Este justo e reconhecido preito que seus coestaduanos lhes tributam, não se res-tringe apenas pela sua consagrada reputação de expoente do Romantismo; seu valor não se resume por seus tantos poemas; pelo conhecido amor a Ana Amélia, expresso no tão declamado Ainda uma vez adeus. Celebrizou-se como emérito advogado, bri-lhante professor, pesquisador histórico e festejado dramaturgo.

O Brasil cumpre sua obrigação de louvar seu grande filho.A Federação sente-se honrada por esta parceria.

São Luís, maio de 2013.

Álvaro Urubatan MeloEx-Presidente

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Sumário POESIAS ...................................................................................................................................................................35

AS ARTES SÃO IRMÃS ..........................................................................................................................................36

A. J. C. ........................................................................................................................................................................40

AARON PAUL ARSENE PESTANA TORMA ......................................................................................................40

ABILIO KAC .............................................................................................................................................................41

ADA BARCELO .......................................................................................................................................................42

ADALBERTO CALDAS MARQUES ......................................................................................................................43

ADÉLIA EINSFELDT ...............................................................................................................................................44

ADELIA JOSEPHINA DE CASTRO FONSêCA ...................................................................................................45

ADILSON ROBERTO GONÇALVES .....................................................................................................................47

AGLAURE CORRêA MARTINS ............................................................................................................................48

AGOSTINHO LÁZARO PIMENTA FILHO .........................................................................................................51

AGOSTINHO PEREIRA REIS ................................................................................................................................51

AGRARIO DE MENEZES ........................................................................................................................................52

AIDIL ARAúJO LIMA.............................................................................................................................................53

ALANNA VERDE RODIGUêS ...............................................................................................................................53

ALBANEIDE BEZERRA DA SILVA ........................................................................................................................54

ALBERTINA CARNEIRO ARRUDA .....................................................................................................................55

ALDA INÁCIO .........................................................................................................................................................56

ALEXANDER MAN FU DO PATROCíNIO ..........................................................................................................57

ALEXANDRA GALVÃO DA ROCHA .................................................................................................................58

ALEXANDRE CEZAR DA SILVA ...........................................................................................................................58

ALEXANDRO HENRIQUE CORRêA FEITOSA - ALEX FEITOSA ...................................................................59

ALFRED ASíS ...........................................................................................................................................................61

ALINE FERNANDA MORAES DA SILVA CANTANHEDE ...............................................................................63

ALIQUANTO ...........................................................................................................................................................64

ALLAN SANTANA SANTOS (DUSANTO) ........................................................................................................65

ALMERINDA ABRANTES GOMES RICARD ......................................................................................................66

ALOISIO ANDRADE ..............................................................................................................................................67

ALUIZIO REZENDE .................................................................................................................................................68

ÁLVARO URUBATAN MELO ................................................................................................................................68

AMâNCIO FERREIRA SILVA JúNIOR.................................................................................................................69

AMANDA SUELy BRITO DE SOUSA ..................................................................................................................69

AMÉLIA MARCIONILA RAPOSO DA LUZ - AMÉLIA LUZ..............................................................................70

ANA CLAUDIA .......................................................................................................................................................71

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ANA CRISTINA MENDES GOMES - CRIS DAKINIS .........................................................................................71

ANA ISSA OLIVEIRA .............................................................................................................................................72

ANA LUIZA ALMEIDA FERRO .............................................................................................................................73

ANA LUIZA FERNÁNDEZ ALVES ........................................................................................................................77

ANA LUIZA NAZARENO FERREIRA ...................................................................................................................77

ANA MARIA COSTA FELIX GARJAN .................................................................................................................81

ANA MARIA DA SILVA .........................................................................................................................................85

ANA MARIA MARQUES .......................................................................................................................................86

ANA NÉRES PESSOA LIMA GÓIS ........................................................................................................................87

ANDERSON BRAGA HORTA ...............................................................................................................................90

ANDERSON CAUM ................................................................................................................................................93

ANDERSON HENRIQUE KLEIN ...........................................................................................................................96

ANDRÉ ANLUB® ....................................................................................................................................................97

ANDRÉ DA COSTA NOGUEIRA - (MEDEIROS DA COSTA) ..........................................................................99

ANDRÉ FOLTRAN ................................................................................................................................................100

ANDRÉ GÓMEZ GIULIANO ................................................................................................................................100

ANDRÉ L. SOARES ...............................................................................................................................................101

ANDRÉ LUIZ GREBOGE ......................................................................................................................................101

ANDRÉ MASCARENHAS ....................................................................................................................................102

ANDRÉ ROCZNIAK AZEVEDO ..........................................................................................................................103

ANDRÉ SCHWAMBACH ALMEIDA .................................................................................................................103

ANDRÉ TELUCAZU KONDO ..............................................................................................................................104

ANDREW VELOSO ...............................................................................................................................................106

ANE BRAGA ..........................................................................................................................................................107

ANGELA GUERRA ...............................................................................................................................................109

ANGELA MARIA CHAGAS ARAúJO ................................................................................................................111

ANGELA MARIA GOMES PEREIRA .................................................................................................................112

ANNA CRISTINA R. OLIVEIRA RAMOS ..........................................................................................................113

ANôNIMO ............................................................................................................................................................114

ANTONIA EPIFANIA MARTINS BEZERRA......................................................................................................114

ANTONIA MIRAMAR ALVES SILVA - MIRAMAR SILVA ..............................................................................116

ANTONIETA ARAúJO ........................................................................................................................................117

ANTONIO AGEU DE LIMA NETO ....................................................................................................................119

ANTôNIO BARACAT HABIB NETO .................................................................................................................120

ANTONIO C. DE BERREDO ................................................................................................................................121

ANTONIO CABRAL FILHO ................................................................................................................................124

ANTôNIO CARLOS FERREIRA DE BRITO - CACASO ..................................................................................124

ANTONIO CARLOS PINHEIRO .........................................................................................................................125

ANTONIO DE MELLO MONIZ MAIA ...............................................................................................................126

ANTONIO FERNANDO SODRÉ JúNIOR .........................................................................................................127

ANTôNIO JOAQUIM PEREIRA FILHO .............................................................................................................128

ANTôNIO LUIZ M. ANDRADE - ALMANDRADE ..........................................................................................138

ANTONIO MARIA SANTIAGO CABRAL ........................................................................................................138

APARECIDA GIANELLO DOS SANTOS ...........................................................................................................139

APARECIDO BI DE OLIVEIRA ...........................................................................................................................140

ARÃO FILHO .........................................................................................................................................................142

ARLETE TRENTINI DOS SANTOS ....................................................................................................................144

Page 18: Vol. I Antologia MIL POEMAS A GONÇALVES DIAS

ARLINDO NÓBREGA ...........................................................................................................................................144

ARMANDO AZCUñA NIñO DE GUZMÁN .....................................................................................................146

ARQUIMEDES VIEGAS VALE .............................................................................................................................146

ARTHUR RABUT ..................................................................................................................................................148

ARyANE RIBEIRO PEREIRA ................................................................................................................................149

AUGUSTO DE MIRANDA ...................................................................................................................................149

AURINEIDE ALENCAR DE FREITAS OLIVEIRA .............................................................................................151

AyMORÉ DE CASTRO ALVIM ............................................................................................................................154

BARTyRA SOARES ...............................................................................................................................................154

BEATRICE PALMA ................................................................................................................................................155

BEATRIZ BRANCO DA CRUZ .............................................................................................................................156

BELMIRO FERREIRA ............................................................................................................................................156

BENVINDA DA CONCEICAO MAIA DE MELO LOPO .................................................................................157

MAIA DE MELO LOPO ........................................................................................................................................157

BERNARDO JOAQUIM DA SILVA GUIMARÃES ............................................................................................159

BETO ACIOLI ........................................................................................................................................................165

BIANCA BRAGA DE CARVALHO - LADy VIANA ........................................................................................166

BIANCA MELO ......................................................................................................................................................168

BRUNO FOSSARI DE SOUZA .............................................................................................................................168

CAIO HENRIQUE SOLLA ....................................................................................................................................170

CAIRO JOSÉ GAMA BEZERRA ...........................................................................................................................170

CAMILA NASCIMENTO ......................................................................................................................................171

CARLA ISABEL BALDEZ......................................................................................................................................171

CARLA LUDIMILA OLIVEIRA ARAUJO ...........................................................................................................172

CARLA RIBEIRO ...................................................................................................................................................172

CARLOS ARTURO LLANOS SOLIS ...................................................................................................................174

CARLOS BANCAyÁN LLONTOP ......................................................................................................................175

CARLOS CINTRA .................................................................................................................................................178

CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE – 1945 .................................................................................................178

CARLOS EDUARDO PINTO LEITÃO ................................................................................................................180

CARLOS EUGêNIO COSTA DA SILVA .............................................................................................................180

CARLOS GOMES ...................................................................................................................................................181

CARLOS LúCIO GONTIJO ..................................................................................................................................182

CARMEN LEZCANO ARANDA ..........................................................................................................................182

CAROLLINI ASSIS ................................................................................................................................................183

CASIMIRO JOSÉ MARQUES DE ABREU - CASIMIRO DE ABREU ...............................................................184

CECy BARBOSA CAMPOS ..................................................................................................................................185

CEFERINO DANIEL LAZCANO .........................................................................................................................186

CÉLIO JOTA BETINI JUNIOR..............................................................................................................................187

CELSO CORREA DE FREITAS ............................................................................................................................187

CESAR AUGUSTO MARQUES ...........................................................................................................................188

CÉSAR WILLIAM ..................................................................................................................................................189

CHRISTIAN KENITI ASAMURA HUKAI - CHRISTIAN K. A. HUKAI .........................................................190

CHRISTIANO FERREIRA NUNES ......................................................................................................................191

CINTIA CIRINO DA SILVA SANTA ...................................................................................................................192

CLARINDO SANTIAGO - SÃO LUíS, 1941 .......................................................................................................193

CLAUBER PEREIRA LIMA ...................................................................................................................................194

Page 19: Vol. I Antologia MIL POEMAS A GONÇALVES DIAS

CLÁUDIA DUARTE DA SILVA ...........................................................................................................................197

CLÁUDIO DA CRUZ FRANCISCO .....................................................................................................................199

CLÁUDIO GONÇALVES DA SILVA ...................................................................................................................199

CLEBERSON FILADELFO MARIA ......................................................................................................................200

CLEITON REIS FELIX ...........................................................................................................................................201

CLÉLIA APARECIDA SOUTO E COUTO ..........................................................................................................202

CLEVANE PESSOA DE ARAúJO LOPES ...........................................................................................................203

CLEyTON DOMINGOS DOS SANTOS CAMPOS ...........................................................................................205

CONCEIÇÃO SANTOS ........................................................................................................................................206

CORUJINHA ..........................................................................................................................................................211

CRISTIANE BRANCO DA CRUZ ........................................................................................................................212

CRISTIANO MENDES PRUNES DA CRUZ ........................................................................................................212

CRISTy ELEN ROCHA PEREIRA ........................................................................................................................212

CyNTHIA THEODORO PORTO ........................................................................................................................213

D. DA SILVA ...........................................................................................................................................................214

D. FREITAS .............................................................................................................................................................215

DAISy MARIA DOS SANTOS MELO ................................................................................................................217

DALCIENE SANTOS DUTRA .............................................................................................................................219

DANIEL ELy OSCAR NOÉ ...................................................................................................................................220

DANIEL VICTOR ADLER NORMANDO ROMANHOLO. ..............................................................................220

DANIELA WAINBERG .........................................................................................................................................221

DANIELLE ADLER NORMANDO ......................................................................................................................221

DANIELLE GRANJEIRA DE MOURA .................................................................................................................222

DARLAN ALBERTO T. A. PADILHA - DIMyTHRyUS.....................................................................................222

DÉBORA LUCIENE PORTO .................................................................................................................................223

DEIDIMAR ALVES BRISSI....................................................................................................................................224

DELy THADEU DAMACENO .............................................................................................................................228

DENA GUIMARÃES .............................................................................................................................................229

DENISE ALVES DE PAULA ..................................................................................................................................230

DÉRCIA SARA FELECIANA TINGUISSE - DEUSA D’AFRICA ......................................................................231

DEUZIMAR COSTA SERRA ................................................................................................................................234

DHIOGO JOSÉ CAETANO .................................................................................................................................234

DIANA MENASCHÉ .............................................................................................................................................237

DIANA PAIM DE OLIVEIRA ...............................................................................................................................240

DIEGO C. SOARES RIBEIRO ...............................................................................................................................240

DIEGO DE SOUZA SANTANA - DIEGO SANT’ANNA ..................................................................................241

DILERCy ADLER ...................................................................................................................................................243

DINACy MENDONÇA CORRêA ........................................................................................................................246

DIONNATAN PEREIRA SOUSA .........................................................................................................................248

DOMINGOS TORTATO .......................................................................................................................................249

DORA OLIVEIRA ..................................................................................................................................................249

DOUGLAS MATEUS .............................................................................................................................................250

DyONATAN FONSECA SILVA ..........................................................................................................................252

EDINALDO REIS ...................................................................................................................................................252

EDNA LIMA DE MENDONÇA ............................................................................................................................256

EDUARDO BECHI .................................................................................................................................................258

EDUARDO DE ALMEIDA CUNHA ....................................................................................................................259

Page 20: Vol. I Antologia MIL POEMAS A GONÇALVES DIAS

EDUARDO SILVA BORDIGNON ........................................................................................................................260

EDVALDO FERNANDO COSTA - FERNANDO NICARÁGUA .....................................................................260

EDWEINE LOUREIRO ..........................................................................................................................................262

ELAINE CRISTINA P. DE ARAUJO .....................................................................................................................263

ELENICE DE SOUZA LODRON ZUIN ................................................................................................................263

ELIANE SILVESTRE ..............................................................................................................................................264

ELIAS DAHER JUNIOR ........................................................................................................................................265

ELIETE COSTA ......................................................................................................................................................266

ELISABETH ROSA SOARES ................................................................................................................................269

ELíSIO MIAMBO ...................................................................................................................................................270

ELIZEU ARRUDA DE SOUSA .............................................................................................................................271

ELLEN DOS SANTOS OLIVEIRA .......................................................................................................................271

ELVA GONZÁLEZ GARCíA .................................................................................................................................272

ELVANDRO BURITy .............................................................................................................................................273

EMERSON THIAGO SOUSA DE ARAúJO - EMERSON ARAúJO ................................................................274

EMMANUEL SOARES DE ALMEIDA ................................................................................................................274

ERIC TIRADO VIEGAS (PONTy) .......................................................................................................................275

ÉRICA GUEDES MARTINS .................................................................................................................................279

ERICK GONÇALVES CAVALCANTE .................................................................................................................280

ERLINDA MARIA BITTENCOURT ....................................................................................................................281

ERNESTINA RAMíREZ ESCOBAR .....................................................................................................................283

EUCLIDES JOSÉ MACIEL MARQUES ................................................................................................................284

EUGêNIO PALMA AVELAR ................................................................................................................................284

EULÁLIA CRISTINA COSTA E COSTA ............................................................................................................286

EULÀLIA JORDÀ-POBLET ..................................................................................................................................287

EVA MARIA DE COUGO SOUTO ......................................................................................................................289

EVELIN KATIANE IZAURO .................................................................................................................................289

EVILENE SOARES DE ARAúJO ..........................................................................................................................290

FABIANA DA COSTA FERRAZ PATUELI .........................................................................................................291

FABIULA FERNANDA DE ABREU .....................................................................................................................292

FELICIANO CALIOPE MONTEIRO DE MELLO ..............................................................................................292

FELICIANO MEJíA ................................................................................................................................................295

FELIPE CARDOSO WILASCO .............................................................................................................................298

FELIPE HACK DE MOURA ..................................................................................................................................298

FELIPE yONAMINE COSTA ................................................................................................................................299

FERNANDA AZEVEDO MORAIS .......................................................................................................................300

FERNANDA RESENDE .........................................................................................................................................301

FERNANDO BRAGA ............................................................................................................................................302

FERNANDO CATELAN........................................................................................................................................304

FERNANDO PAGANATTO .................................................................................................................................305

FLÁVIA COSTA DO CARMO .............................................................................................................................305

FRANCIANE CRISTyNE ......................................................................................................................................306

FRANCISCA REGINA RODRIGUES NETO .......................................................................................................307

FRANCISCO ANTôNIO VALE ...........................................................................................................................308

FRANCISCO CARLOS SOARES MAGALHÃES ...............................................................................................309

FRANCISCO DE ASSIS CARVALHO DA SILVA JUNIOR - CARVALHO JUNIOR ......................................310

FRANCISCO GAUDêNCIO SABBAS DA COSTA ............................................................................................311

Page 21: Vol. I Antologia MIL POEMAS A GONÇALVES DIAS

FRANCISCO GOMES DE AMORIM. ..................................................................................................................312

FRANCISCO GRÁCIO GONÇALVES - FRANCISCO KABLIANIS ................................................................320

FRANCISCO JOSÉ DA SILVA ..............................................................................................................................324

FRANCISCO JUNIOR XAVIER ............................................................................................................................326

FRANCISCO NELSON FILHO - CHICO DA MATA .........................................................................................326

FREDERICO FERREIRA DE SOUZA ..................................................................................................................330

FREDERICO GUIMARÃES - ...............................................................................................................................331

FRUTUOSO FERREIRA ........................................................................................................................................332

FUAD BAKRI..........................................................................................................................................................334

G. DOS REIS ...........................................................................................................................................................334

G.R.E.S. ESTAÇÃO PRIMEIRA DE MANGUEIRA (RJ) ....................................................................................335

GABRIEL AZEVEDO SCHOLZE ..........................................................................................................................336

GABRIEL ROCHA DA SILVA ..............................................................................................................................336

GABRIEL RUBIM DA SILVA ................................................................................................................................337

GABRIEL WENDERMULLER P. AMARAL .........................................................................................................338

GABRIELA FERNANDES DE FREITAS ..............................................................................................................338

GABRIELA MENDES PRUNES DA CRUZ ..........................................................................................................339

GABRIELE LOUREIRO BRUSCHI .......................................................................................................................339

GABRIELLE SOUZA MARCHISIO ......................................................................................................................340

GENTIL HOMEM DE ALMEIDA BRAGA – FLAVIO REIMAR ......................................................................341

GEOVANE ALVES DOS REIS...............................................................................................................................343

GERALDO TROMBIN ...........................................................................................................................................343

GERARDO MOLINA .............................................................................................................................................345

GERMAIN DROOGENBROODT .........................................................................................................................346

GERSON AUGUSTO GASTALDI - EMADAy LUZ ...........................................................................................346

GILMAR CAMPOS ................................................................................................................................................347

GIOVANNI BRUNET ALENCAR E SILVA .........................................................................................................349

GIRLENE MONTEIRO PORTO ..........................................................................................................................349

GRAÇA GRAúNA .................................................................................................................................................351

GRAZIELA COSTA FONSECA ............................................................................................................................351

GUILHERME DE ALMEIDA .................................................................................................................................352

HAROLDO AUGUSTO MOREIRA .....................................................................................................................354

HELENA AMARAL ...............................................................................................................................................355

HELENA FERNANDES MACHADO...................................................................................................................356

HELENA SCHONS LOTTI ...................................................................................................................................357

HELENICE MARIA REIS ROCHA .......................................................................................................................357

HELENICE PRIEDOLS ..........................................................................................................................................360

HELENO CARDOSO .............................................................................................................................................361

HÉLIO RICARDO FONSECA CERREIA .............................................................................................................362

HÉLIO SENA ..........................................................................................................................................................363

HÉLIO SOARES PEREIRA ....................................................................................................................................363

HÉLIO SOARES PEREIRA JUNIOR .....................................................................................................................366

HEMETERIO JOSÉ DOS SANTOS ......................................................................................................................366

HEROTILDES DE SOUZA MILHOMEM ............................................................................................................367

HILDA MARIA VIEIRA LACERDA ....................................................................................................................369

HILTON FORTUNA ..............................................................................................................................................370

HINO DO SABIÁ FUTEBOL CLUBE ..................................................................................................................371

Page 22: Vol. I Antologia MIL POEMAS A GONÇALVES DIAS

HORACIO ANIZTON ...........................................................................................................................................372

HORACIO DANIEL SEQUEIRA ..........................................................................................................................372

HUGO OMAR TORRES ........................................................................................................................................373

IANE GISELDA DE COUGO SOUTO .................................................................................................................374

IARA ALMANSA CARVALHO ...........................................................................................................................374

IGOR CHIAPPETTA FOGLIATTO......................................................................................................................375

ILDA MARIA COSTA BRASIL ............................................................................................................................376

IMA FEITOSA ........................................................................................................................................................377

IRANDI MARQUES LEITE ...................................................................................................................................378

IRISMARQUEKS ALVES PEREIRA .....................................................................................................................380

IRSEMES WIEZEL BENEDICK ............................................................................................................................381

ISABELA BRANDT ...............................................................................................................................................382

ISABELA MORAES DE FARIA ............................................................................................................................385

ISABELLA GONÇALVES ......................................................................................................................................386

ISABELLE PALMA .................................................................................................................................................387

ISMARI MARCANO..............................................................................................................................................387

IVA DA SILVA ........................................................................................................................................................388

IVAN CARRASCO AKIyAMA .............................................................................................................................388

IZABEL ERI CAMARGO .......................................................................................................................................390

IZABELLA MURARO DE FREITAS .....................................................................................................................391

J. AUTO PEREIRA .................................................................................................................................................391

J. B. XAVIER ............................................................................................................................................................393

J. DE C. ESTRELLA ................................................................................................................................................402

J. R. D’OLIVEIRA SANTOS ..................................................................................................................................403

J. RAMOS COELHO ..............................................................................................................................................404

JACKSON DOUGLAS SILVA ..............................................................................................................................407

JACKSON FRANCO ..............................................................................................................................................408

JACQUELINE COLLODO GOMES ......................................................................................................................409

JACQUELINE SALGADO .....................................................................................................................................410

JACy GONÇALVES RIBEIRO ..............................................................................................................................410

JAINARA MARTINy .............................................................................................................................................411

JAILTON SILVA MATOS ......................................................................................................................................411

JAMIL DAMOUS ..................................................................................................................................................412

JANDy MAGNO WINTER ...................................................................................................................................413

JANE ROSSI ...........................................................................................................................................................417

JANETE HENRIQUE SERRALVO ........................................................................................................................418

JANIA SOUZA DA SILVA ....................................................................................................................................418

JANIO FELIX FILHO .............................................................................................................................................419

JAQUELINE MARIA RIBEIRO .............................................................................................................................421

JEAN-PAUL MESTAS ............................................................................................................................................421

JEANNE CRISTINA BARBOSA PAGANUCCI ..................................................................................................423

JEFFERSON REIS DE SANTANA - INFETO ......................................................................................................425

JOÃO CARLOS MARCON ...................................................................................................................................425

JOÃO ELIAS ANTUNES DE OLIVEIRA - ELIAS ANTUNES ..........................................................................426

JOÃO FERNANDO GASPAROTTO STEIGLEDER ...........................................................................................426

JOÃO GOMES DA PENHA FILHO ....................................................................................................................427

JOÃO MARCELO ADLER NORMANDO COSTA. ..........................................................................................427

Page 23: Vol. I Antologia MIL POEMAS A GONÇALVES DIAS

JOÃO NEPOMUCENO SILVA .............................................................................................................................428

JOÃO NERy PESTANA ........................................................................................................................................429

JOÃO PEDRO ESTRELA GONÇALVEZ .............................................................................................................432

JOÃO PEDRO MANDARINO LOPES ................................................................................................................432

JOÃO RODRIGUES DE OLIVEIRA SANTOS ...................................................................................................433

JOÃO VITOR DE SOUZA BASTOS ....................................................................................................................434

JOAQUIM JOSÉ TEIXEIRA ..................................................................................................................................435

JOAQUIM MARIA MACHADO DE ASSIS ........................................................................................................435

JOAQUIM RIBEIRO GONÇALVES......................................................................................................................439

JOAQUIM VESPASIANO RAMOS - VESPASIANO RAMOS ..........................................................................442

JOAQUIM VILA NETO - QUINCAS VILANETO .............................................................................................442

JONAS BATISTA NETO .......................................................................................................................................443

JONATAN ALGORTA SOARES ..........................................................................................................................444

JORGE ANTONIO SOARES LEÃO – JORGE LEÃO ........................................................................................444

JOSÉ BRITTO BARROS ........................................................................................................................................446

JOSÉ CARLOS MENDES BRANDÃO .................................................................................................................447

JOSÉ CARLOS SERUFO ........................................................................................................................................451

JOSÉ DE CASTRO ................................................................................................................................................454

JOSÉ E. TEIXEIRA DE SOUSA .............................................................................................................................455

JOSÉ FRANCISCO DAS CHAGAS- JOSÉ CHAGAS ........................................................................................458

JOSÉ ITAMAR LIMA DA SILVA - ITAMAR LIMA ...........................................................................................459

JOSÉ LISSIDINI SÁNCHEZ ..................................................................................................................................459

JOSÉ LUíS ALVES PESTANA ...............................................................................................................................461

JOSÉ MENEZES DE MORAIS - MENEZES y MORAIS ......................................................................................461

JOSÉ OSWALD DE SOUSA ANDRADE – OSWALD DE ANDRADE ...........................................................462

JOSE PAULO PAES - 1973 .....................................................................................................................................462

JOSÉ RENATO HAUCK JUNIOR ........................................................................................................................463

JOSÉ RIBAMAR FERREIRA - FERREIRA GULLAR ..........................................................................................463

JOSÉ RIBEIRO DE SÁ VALE, ..............................................................................................................................464

JOURNEy PEREIRA DOS SANTOS ...................................................................................................................465

JUAN CARLOS FLORES APARICIO ...................................................................................................................465

JUÇARA VALVERDE ............................................................................................................................................466

JúLIA BÁU SCHMITT ..........................................................................................................................................466

JULIANO CINCINATO CADORE FERNANDES ..............................................................................................467

JULIO MESQUITA .................................................................................................................................................467

JULLIANO CÉSAR RODRIGUES VICENTE ......................................................................................................468

JURACI DA SILVA MARTINS ..............................................................................................................................469

JUSSÁRA CUSTÓDIA GODINHO ......................................................................................................................469

JUSTINA CABRAL ...............................................................................................................................................470

KÁLISON COSTA NASCIMENTO .....................................................................................................................470

KARINE SALTON XAVIER...................................................................................................................................471

KARLINE DA COSTA BATISTA .........................................................................................................................471

KAyLLA KAITH LOPES GONÇALVES ...............................................................................................................472

KAyRON TORMA OLIVEIRA .............................................................................................................................472

KEDMA KESSIA PINHEIRO BERNARDO .........................................................................................................473

KEILA MARIA VERAS SOARES SILVA ............................................................................................................474

KEULES DIENE ROCHA DA SILVA....................................................................................................................475

Page 24: Vol. I Antologia MIL POEMAS A GONÇALVES DIAS

LAURA DRUCK BECKER .....................................................................................................................................476

LEIDIANE DOS SANTOS VITORIANO ...........................................................................................................477

LEILA MARISA DE SOUZA LIMA SILVA ..........................................................................................................478

LENA FERREIRA ...................................................................................................................................................479

LÉNIA AGUIAR .....................................................................................................................................................479

LEOMÁRIA MENDES SOBRINHO .....................................................................................................................480

LENON SILVA ALVES - JOHN LENNON SMITH ............................................................................................481

LEONARDO CORONEL MACHADO ANDREOLLA .......................................................................................481

LEONARDO HUGO BERGER ..............................................................................................................................482

LEôNIDAS DE SOUZA - TIKO LEE ....................................................................................................................482

LETICIA HERRERA...............................................................................................................................................484

LEVI MOTA MUNIZ .............................................................................................................................................485

LIDIA FUNES BUSTELO ......................................................................................................................................486

LINDALVA SILVA QUINTINO DOS SANTOS .................................................................................................487

LíVIA PORTO ZOCCO .........................................................................................................................................488

LOHANA KÁRITA TEIXEIRA ............................................................................................................................488

LORENA MORENO CASTRO ............................................................................................................................489

LORENZO GOMES BACIN ..................................................................................................................................489

LUCAS .....................................................................................................................................................................490

LUCAS DIAS MIRANDA ......................................................................................................................................490

LúCIA AMORIM CASTRO .................................................................................................................................491

LúCIA BARCELOS ................................................................................................................................................491

LúCIA HELENA PEREIRA ...................................................................................................................................492

LUCIANO GARCEZ ..............................................................................................................................................494

LUCIANO ORTIZ ..................................................................................................................................................495

LUCIVANI VITORIANO .....................................................................................................................................496

LUíS ARTUR SEVERO DA SILVA .......................................................................................................................497

LUIS HENRIQUE INSAURRAULD PEREIRA ....................................................................................................498

LUIS LIMA/LUZENICE MACEDO .......................................................................................................................499

LUíS MÁRIO OLIVEIRA .......................................................................................................................................500

LUIZ CORDEIRO DE MELO - LUIZ CORDELO ................................................................................................502

LUIZ GUILHERME LIBÓRIO ALVES DA SILVA ................................................................................................506

LUIZ PENHA PINÓS BISSIGO ...........................................................................................................................507

M. A. LIMA BARATA - 10 DE AGOSTO DE 1872. ...........................................................................................508

MADALENA MüLLER ..........................................................................................................................................510

MAIARA GONÇALVES DE OLIVEIRA ..............................................................................................................512

MANOEL ALEXANDRE DE SANTANA SOBRINHO – MANOEL SOBRINHO ...........................................513

MANOEL BEZERRA ..............................................................................................................................................515

MANOEL DE PÁSCOA MEDEIROS TEIXEIRA – PROFESSOR PASSARINHO ...........................................515

MANOEL LúCIO DE MEDEIROS - MALUME...................................................................................................516

MANUEL CARNEIRO DE SOUSA BANDEIRA FILHO - MANUEL BANDEIRA ........................................518

MANUELA FERREIRA ..........................................................................................................................................518

MARCELO DE OLIVEIRA SOUZA .....................................................................................................................519

MARCELO MOREIRA ..........................................................................................................................................520

MÁRCIA DA SILVA SOUSA ................................................................................................................................520

MARCIA DE OLIVEIRA GOMES ........................................................................................................................521

MÁRCIA ETELLI COELHO ..................................................................................................................................521

Page 25: Vol. I Antologia MIL POEMAS A GONÇALVES DIAS

MÁRCIO DISON ...................................................................................................................................................523

MÁRCIO MORAES ...............................................................................................................................................524

MARCO AURÉLIO BAGGIO ...............................................................................................................................524

MARCO AURÉLIO MAURER DALLA VECCHIA.............................................................................................526

MARCO AURÉLIO SOUSA MENDES ...............................................................................................................526

MARCOS PAULO DE OLIVEIRA SANTOS ......................................................................................................527

MARCOS RODRíGUEZ LEIJA .............................................................................................................................528

MARCOS SAMUEL COSTA DA CONCEIÇÃO ...............................................................................................530

MARCOS VINICIUS LOPES SEREJO ................................................................................................................530

MARCOS VINICIUS MOTA KLIEMANN ..........................................................................................................531

MARDILê FRIEDRICH FABRE ............................................................................................................................532

MARIA ANGÉLICA DOS SANTOS - BILÁ BERNARDES ...............................................................................534

MARIA APARECIDA ARAUJO MOREIRA- MORA ALVES ............................................................................535

MARIA APPARECIDA S. COQUEMALA ...........................................................................................................535

MARIA CECíLIA LIMA DE OLIVEIRA CASTRO .............................................................................................536

MARIA DA ASSENÇÃO LOPES PESSOA - ASSENÇÃO PESSOA ................................................................536

MARIA DA GLÓRIA JESUS DE OLIVEIRA .......................................................................................................539

MARIA DAS NEVES OLIVEIRA E SILVA AZEVEDO – NEVES AZEVEDO .................................................540

MARIA DE FÁTIMA BATISTA QUADROS ......................................................................................................541

MARIA DE FÁTIMA OLIVEIRA - FÁTIMA OLIVEIRA. .................................................................................542

MARIA DE JESUS SILVA AMORIM ...................................................................................................................543

MARIA DE LOURDES OTERO BRABO CRUZ - MALU OTERO ..................................................................545

MARIA DE LOURDES SCHENINI ROSSI MACHADO ....................................................................................546

MARIA DO SOCORRO MENEZES.....................................................................................................................547

MARIA EDUARDA CABRAL DA SILVA............................................................................................................547

MARIA EDUARDA PIRES SOUSA .....................................................................................................................548

MARíA ESTELA ARNORIAGA ...........................................................................................................................548

MARIA FERNANDA REIS ESTEVES ..................................................................................................................549

MARIA HELIA CRUZ DE LIMA - HÉLIA LIMA ...............................................................................................550

MARIA HORTENSE MARTINS NUNES ............................................................................................................553

MARIA ISABELLE PALMA GOMES CORRêA ..................................................................................................553

MARIA LúCIA NUNES DA ROCHA LEAO ......................................................................................................554

MARIA LUCILENE MEDEIROS DO NASCIMENTO NOGUEIRA – MALU MEDEIROS ............................556

MARIA REGINALDA DA SILVA .........................................................................................................................556

MARIA SILVA CABRAL .......................................................................................................................................557

MARIA STELA DE OLIVEIRA GOMES ..............................................................................................................557

MARIANA DAMÁSIO DA SILVA .......................................................................................................................558

MARIANO AUGUSTO SERRÃO CHAGAS - MARIANO CHAGAS............................................................559

MARIETTA CUESTA RODRíGUEZ ....................................................................................................................559

MARILZA ALBUQUERQUE DE CASTRO - CARVALHO BRANCO .............................................................560

MARINA MORENO LEITE GENTILE - MARINA GENTILE ...........................................................................561

MARINA NICODEMO DA ROSA .......................................................................................................................562

MARINALDO LIMA..............................................................................................................................................562

MARIO FILIPE CAVALCANTI DE SOUZA SANTOS ......................................................................................566

MARIO GONÇALVES DIAS JUNIOR ................................................................................................................567

MÁRIO HELDER SILVA FERREIRA ...................................................................................................................571

MÁRIO MARTINS MEIRELES .............................................................................................................................572

Page 26: Vol. I Antologia MIL POEMAS A GONÇALVES DIAS

MARIO QUINTANA .............................................................................................................................................575

MARISA SCHMIDT ..............................................................................................................................................575

MARK PIZZATO MACHRy .................................................................................................................................576

MARTHA ELSA DURAZZO .................................................................................................................................576

MARTINS D’ALVAREZ .........................................................................................................................................579

MATEUS COMODO ............................................................................................................................................581

MATHEUS FABRíCIO PEREIRA MADEIRA......................................................................................................582

MAyARA DA SILVA JORGE ................................................................................................................................582

MAyARA SOUSA GONÇALVES .........................................................................................................................583

MHÁRIO LINCOLN FÉLIX SANTOS ................................................................................................................583

MICHAEL JACKSON COELHO DA SILVA ........................................................................................................584

MICHELLE ADLER NORMANDO DE CARVALHO.........................................................................................585

MICHELLE FONSECA COELHO .........................................................................................................................585

MIGUEL MARQUES - SÃO LUíS, 7 DE SETEMBRO DE 1873 .........................................................................586

MIKAELLE CRISTINA DOS SANTOS CANTANHEDE ..................................................................................588

MIKAELy FERNANDA RODRIGUES .................................................................................................................589

MILENA ADLER NORMANDO DE SÁ ..............................................................................................................589

MIRIAM PORRAS ADAME… ............................................................................................................................590

MOACIR LOPES POCONÉ NETO ......................................................................................................................591

MOACIR LUíS ARALDI ........................................................................................................................................591

MONIQUE ROCHA PASSOS ...............................................................................................................................594

MOySÉS BARBOSA .............................................................................................................................................594

MURILO MONTEIRO MENDES – MURILO MENDES ....................................................................................595

MyLENE DOS SANTOS SIQUEIRA....................................................................................................................596

NADIR SILVEIRA DIAS ........................................................................................................................................596

NARAENE MIRANDA DA SILVA .......................................................................................................................597

NATÁLIA BUENO DIAS .....................................................................................................................................598

NATHALIA RIBEIRO LOPES ..............................................................................................................................598

NATHÁLIA RODRIGUES BARBOSA.................................................................................................................599

NÉDIA SALES DE JESUS ......................................................................................................................................599

NELMARA SILVA ..................................................................................................................................................600

NEREU BITTENCOURT .......................................................................................................................................601

NIEDJA SOARES PEREIRA ..................................................................................................................................603

NIEVES MERINO GUERRA. ................................................................................................................................603

NIJAIR ARAúJO PINTO .......................................................................................................................................606

NILZA CAUM .........................................................................................................................................................607

NIVâNIA CARVALHO .........................................................................................................................................608

NORMA RINCÓN MENDOZA ............................................................................................................................608

NúBIA CAVALCANTI DOS SANTOS ...............................................................................................................609

ODONE ANTôNIO SILVEIRA NEVES ..............................................................................................................610

OLAVO BRÁS MARTINS DOS GUIMARÃES BILAC - OLAVO BILAC .......................................................611

OLIMPIO COELHO DE ARAUJO ........................................................................................................................611

ONÃ SILVA ............................................................................................................................................................613

ORLINDA FERREIRA DE SOUZA .......................................................................................................................617

ORPHEU LUZ LEAL ..............................................................................................................................................618

OSWALDO NÉVOLA FILHO ...............................................................................................................................618

PABLO RIOS ...........................................................................................................................................................620

Page 27: Vol. I Antologia MIL POEMAS A GONÇALVES DIAS

PATRíCIA CARLOS DE SOUSA .........................................................................................................................623

PAULO ACÁCIO RAMOS ....................................................................................................................................623

PAULO PEREIRA FONTES MARTINS ..............................................................................................................624

PAULO REIS ...........................................................................................................................................................626

PAULO ROBERTO WALBACH PRESTES ..........................................................................................................626

PEDRO ELy OSCAR NOÉ .....................................................................................................................................627

PEDRO PERUZZO MIBIELLI ................................................................................................................................628

PIETRO DA COSTA RODRIGUES ......................................................................................................................628

QUERUBINO LAGOA ..........................................................................................................................................629

RACHEL ALVES - KEKA ......................................................................................................................................630

RAFAEL BüGER RUIZ ..........................................................................................................................................631

RAFAEL GüNTZEL ORIZENCO ..........................................................................................................................631

RAFAEL SâNZIO DE AZEVEDO ........................................................................................................................632

RAFAEL SEVERO MEIRA ....................................................................................................................................632

RAFAEL ZEN ..........................................................................................................................................................633

RAFAELA MACHADO LONGO – RAFAELA MALON ..................................................................................634

RAILDE MASSON CARDOZO ............................................................................................................................635

RAIMUNDO CARNEIRO CORRêA ....................................................................................................................635

RAIMUNDO NONATO BARROSO DE OLIVEIRA ........................................................................................641

RAIMUNDO NONATO CAMPOS FILHO .........................................................................................................641

RAMON DE FIGUEIREDO LEANDRO ...............................................................................................................642

RAQUEL CAMPOS PEREIRA ..............................................................................................................................643

RAQUEL FERRAZ SOKOLNIK ............................................................................................................................644

RAQUEL OLIVEIRA SÁ .......................................................................................................................................644

RAyRON LENNON COSTA SOUSA. .................................................................................................................649

REGINA DA CONCEIÇÃO MADEIRA GôDA - (ESTRELA RADIANTE) ....................................................649

REGINA XAVIER ...................................................................................................................................................651

RENATA SOARES PORCIúNCULA ...................................................................................................................652

RENATE GIGEL .....................................................................................................................................................652

RENATO CESAR DE ALVARENGA FILHO ......................................................................................................654

RENATO LIMA DE SOUZA .................................................................................................................................654

RENE AGUILERA FIERRO ...................................................................................................................................656

REyNALDO MACHADO DE ALMEIDA GOMES .............................................................................................657

RICARDO OyARZÁBAL RODRIGUEZ ..............................................................................................................658

RITA B. S. VELOSA ...............................................................................................................................................658

RITA DAyRÃ MURADA DE SOUSA ..................................................................................................................659

ROBERT ALLEN GOODRICH VALDERRAMA ...............................................................................................659

ROBERTA BECKMANN HOFFMANN ...............................................................................................................661

ROBERTH FABRIS ................................................................................................................................................661

ROBERTO DE FREITAS RIBEIRO FILHO ..........................................................................................................662

ROBERTO FERRARI .............................................................................................................................................663

ROBINSON SILVA ALVES....................................................................................................................................663

ROBSON LEANDRO SODA - LÓTUS SIDARTTA ...........................................................................................667

RODRIGO GUIMARÃES PENA ..........................................................................................................................668

RODRIGO NUNES CAMARGO ..........................................................................................................................670

RODRIGO OCTAVIO PEREIRA DE ANDRADE ..............................................................................................670

RODRIGO ZUARDI VIñAS .................................................................................................................................671

Page 28: Vol. I Antologia MIL POEMAS A GONÇALVES DIAS

ROGÉRIO ARAúJO (ROFA) ................................................................................................................................671

RONyERE SILVA LIMA .......................................................................................................................................672

ROSANA LAZZAR ................................................................................................................................................673

ROSANE SALLES SILVA SOUZA ........................................................................................................................674

ROSEMEIRE JOANADARC DIAS - ROSE DIAS ..............................................................................................674

ROSINEIDE DE SOUSA MACHADO .................................................................................................................675

ROZELENE FURTADO DE LIMA .......................................................................................................................676

RUI MIGUEL DIAS CARVALHO .........................................................................................................................677

SAMUEL CANTOARIA FERREIRA ....................................................................................................................678

SAMUEL CAVERO GALIMIDI ............................................................................................................................679

SAMUEL DE SÁ BARRETO .................................................................................................................................682

SAULO BARRETO LIMA FERNANDES ............................................................................................................685

SAULO DANIEL DOS ANJOS LEITE ..................................................................................................................685

SEBASTIÃO LUIZ ALVES .....................................................................................................................................687

SELMO VASCONCELLOS ....................................................................................................................................689

SÉRGIO AUGUSTO DE MUNHOZ PITAKI .......................................................................................................689

SÉRGIO GERôNIMO ALVES DELGADO ..........................................................................................................690

SERGIO RyAN ABREU SILVA- ............................................................................................................................691

SERGIO SANTOS ..................................................................................................................................................691

SIDCLEI NAGASAWA COSTA ...........................................................................................................................693

SIDINEy BREGUêDO............................................................................................................................................693

SILVANA MARIA MORELI ..................................................................................................................................694

SIMONE PINHEIRO ..............................................................................................................................................695

SINÉSIO LUSTOSA CABRAL SOBRINHO – SINÉSIO CABRAL ...................................................................698

HOMENAGEM PÓSTUMA DE DILERCy ADLER ............................................................................................699

SOLANGE DE ARAGÃO ......................................................................................................................................700

SONIA NOGUEIRA ...............................................................................................................................................700

SOPHIA BRAGA ....................................................................................................................................................702

STELLA MARIS TABORO....................................................................................................................................703

SUELEN CRISTINA LIBERATO ..........................................................................................................................704

SUSy MORALES COZ ...........................................................................................................................................706

TALLES CARDOSO MACHADO ........................................................................................................................706

TATIANA ALVES ..................................................................................................................................................707

TATIANE PAULO DE OLIVEIRA ........................................................................................................................708

TAySA LEITE LIMA ..............................................................................................................................................708

TERESA CRISTINA CERQUEIRA DE SOUSA ..................................................................................................709

TERESINKA PEREIRA ..........................................................................................................................................710

TEREZINHA ERNA BRANDENBURGER ...........................................................................................................710

TEREZINHA OLIVEIRA .......................................................................................................................................711

THAíS MATOS PINHEIRO ..................................................................................................................................712

THAISE SANTOS ..................................................................................................................................................712

THIAGO JEFFERSON DOS SANTOS GALDINO .............................................................................................714

TIAGO DUARTE CORDEIRO .............................................................................................................................716

TIAGO KLEIN MACIEL ........................................................................................................................................718

UM MARANHENSE ..............................................................................................................................................719

VALDECK ALMEIDA DE JESUS ..........................................................................................................................720

VALENTINA KROEFF SPERB ..............................................................................................................................721

Page 29: Vol. I Antologia MIL POEMAS A GONÇALVES DIAS

VALMIR SALES BORGES .....................................................................................................................................721

VALQUíRIA ARAúJO FERNANDES DE OLIVEIRA ........................................................................................722

VALQUIRIA IMPERIANO ....................................................................................................................................723

VANDA LúCIA DA COSTA SALLES .................................................................................................................725

VANDER LIMA SILVA DE GÓIS .........................................................................................................................728

VARENKA DE FÁTIMA ARAúJO ......................................................................................................................728

VERA ROCHA .......................................................................................................................................................730

VICTOR PARUSSINI TODT ................................................................................................................................731

VITOR ALIBIO.......................................................................................................................................................732

VITOR DA ROSA MARTINS ...............................................................................................................................732

VITOR TEIXEIRA DE QUEIROZ .........................................................................................................................733

VITÓRIA MARIA GALVÃO COQUEIRO .........................................................................................................735

VIVIANE MARIA DOS SANTOS ........................................................................................................................735

WANDA RECKER ..................................................................................................................................................736

WEBERSON FERNANDES GRIZOSTE ...............................................................................................................736

WESLLEy SOUSA SILVA COSTA .......................................................................................................................739

WILSON DE OLIVEIRA JASA .............................................................................................................................740

WILSON PIRES FERRO ........................................................................................................................................741

WILSON ROSA DA FONSECA ...........................................................................................................................744

WyBSON CARVALHO .........................................................................................................................................746

yANNI MARA TUGORES TAJADA ...................................................................................................................747

yASMIM VICTORIA DOS SANTOS CANTANHEDE ......................................................................................747

ZARA MARIA PAIM DE ASSIS ..........................................................................................................................748

ZAZy GRAZyELLy .................................................................................................................................................749

ZELIA MARIA FERNANDES DA SILVA .............................................................................................................750

ZENAIDE RADANESA DOS REIS .......................................................................................................................751

ZIDELMAR ALVES SANTOS ...............................................................................................................................751

ZULMA TRINDADE DE BEM ..............................................................................................................................752

ZULMAR PESSOA DE LIMA TAMBURU ...........................................................................................................752

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Prefácio

“Nós vos convidamos a marchar conosco e a conosco transformar não somente uma das leis da Terra, mas a lei fundamental. Quando tiverdes melhorado o mundo, melhorai este mundo melhorado! Abandonai este mundo melhorado! Quando melhorando o mundo tiverdes completado a verdade, completai essa verdade completada. Abandonai-a! Quando completando a verdade tiverdes transformado a humanidade, transfor-mai essa humanidade transformada. Abandonai-a! E, transformando o mundo e a humanidade, transformai-vos. Sabeis abandonar-vos a vós mesmos”.

(Bertold Brecht)

O desafio de elaborar uma coletânea em homenagem à Antônio Gonçalves Dias foi assumido com muita dedicação pelos membros do Instituto Histórico e Geográfi-co do Maranhão – IHGM -, Sociedade de Cultura Latina do Maranhão – SCLMA , Federação das Academias de Letras do Maranhão – FALMA -, com o apoio da EDUFMA da Universidade Federal do Maranhão, da Academia Caxiense de Letras � ACL, sob a coordenação da psicóloga, poeta e antologista Dilercy Aragão Adler, que muito tem trabalhado para o avivamento e divulgação da memória literária do grande poeta maranhense, como obra importante ao conhecimento de várias gerações, estabelecendo relação entre o passado, o presente e o futuro. De igual modo, deve-se o resultado desta publicação ao Acadêmico Leopoldo Gil Dulcio Vaz, que se dedicou à análise e organização dos textos literários sobre a obra de Gonçalves Dias. Assim, o trabalho conjunto da Acadêmica Dilercy e do Acadêmico Leopoldo na produção final desta obra merece destaque especial, entre tantos outros colaboradores empenhados na realização deste inédito projeto literário.

Para os mais jovens leitores dessa coletânea, tanto como para os leitores mais versados no universo literário, o conteúdo da obra Mil Poemas para Gonçalves Dias permite percorrer-se um longo túnel que liga o tempo histórico e literário passado ao tempo presente, dando-nos a oportunidade de procurar conhecer, com mais profundi-dade, as obras desse poeta imortal, sem a intenção de reproduzi-lo.

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Através das leituras e releituras feitas pelos autores dos poemas e textos contidos nesta Antologia Literária, pode-se entrever os temas, os gêneros literários e os campos do conhecimento que foram percorridos por Dias, durante sua produção realizada, pre-dominantemente, em condições muito limitadas, porém por ele ultrapassadas, na prá-tica da arte de escrever poemas, textos literários, peças de teatro e relatórios de caráter científico, que fortalecia o seu espírito combativo.

De fato, Gonçalves Dias pode ser considerado um intelectual que, de modo pre-cursor, foi tecendo no conjunto de seu trabalho literário um forte liame entre a História e a Literatura. Em período recente de renovação da escrita da História, no exterior e no Brasil, essa relação entre esses dois campos tem se tornado mais consolidada, como nos aponta Kodama (2007) 1 em tese de doutorado defendida na PUC do Rio de Janei-ro. A pesquisadora em História Social da Cultura nos desvela as relações do trabalho etnográfico de Gonçalves Dias, para atender à solicitação de programa criado pelo Imperador Pedro II, no Instituto Histórico e Geográfico do Rio de Janeiro, entre 1850 e 1853, por meio do qual deixa entrever o modo como entendia a questão da língua, da cultura indígena e da nacionalidade.

Foi ao escrever Brasil e Oceania (1867), apesar de certo desagrado ao cumprir a tarefa que lhe foi destinada por Dom Pedro II, conforme carta enviada a Alexandre Teófilo (04.04.1850), que deixou fluir a sua visão de “historiador poeta” e “historiador político”, expressões por ele mesmo cunhadas no artigo História Pátria, publicado na Revista Guanabara, vol.1, t. 1, de fevereiro de 1853.

Kodama nos ajuda a entender esse trabalho etnográfico do poeta, ao mostrar o modo como ele relacionou sua visão indianista literária com os estudos sobre os índios. Segundo a autora, o interesse de Dias era: “1) o despontar de uma preocupação com o lugar do índio na História do Brasil, e que a geração romântica defenderia a partir de uma criação de um passado mítico brasileiro através do índio, ponto este que nos indi-ca uma convergência entre literatura e história, presente naquela geração, como já foi ressaltado por autores como Antonio Candido; e 2) o de relevar sua preocupação com a língua portuguesa no Brasil, sua diferenciação com a língua portuguesa de Portugal, a partir da influência do Tupi” ( Kodama, 2007, p. 3- 4).

Temos aí o adensamento do trabalho do poeta que desejava, principalmente, escrever uma história do Brasil com realce para a questão indígena, motivo poético e político, para suas poesias, como ele mesmo afirmava:

Convinha [...] que nos descrevesse os seus costumes, que nos instruísse nos seus usos e na sua religião, que nos reconstruísse todo esse mundo perdido que nos ini-ciasse nos mistérios do passado como caminho do futuro, para que saibam donde

1 KODAMA, Kaori. Fênix – Revista de História e Estudos Culturais, Julho/ Agosto/ Setembro de 2007 Vol. 4 Ano IV no 3, ISSN: 1807-6971. Disponível em: www.revistafenix.pro.br

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e para onde vamos: convinha enfim que o poeta se lembrasse de tudo isto, porque tudo isso é poesia; e a poesia é a vida do povo, como a política é o seu organismo. (Dias, 1850).

Ainda citando o seu artigo, destaca-se a relação entre história e literatura:

[...] quem quer que for bom historiador deve ter uma destas duas coisas: ser po-lítico ou poeta”. O primeiro [...] resume todos os indivíduos em um só indivíduo coletivo, generaliza as idéias e os interesses de todos, conhece os erros do passado e as esperanças do futuro, e tem por fim – a nação. O historiador poeta, [...] re-sume as nações em uma só nação, simpatiza com todas as suas grandezas, execra todas as suas torpitudes, e generalizando todos os sentimentos, todas as aspirações do coração humano, tem por fim a humanidade. ( Dias, 1850)

Temos assim uma visão sintética dos interesses de Antonio Gonçalves Dias en-trelaçados entre a História, a Literatura e a Política, de tal forma que as nuances de certa ingenuidade romântica encontrada em seus poemas de amor, vão sendo ladeadas por outras características afinadas com a visão de história de Humboldt, também afeita a uma leitura romântica da história, na busca de verdades autênticas. Na dimensão política, o que parecia estar em pauta, na visão de Dias, era o destaque dado aos povos não-europeus que começaram a ser estudados durante o século XIX, sendo objeto de pesquisas etnográficas já realizadas por estudiosos da Europa, a partir dos quais ele tam-bém incursionou para escrever seu trabalho Brasil e Oceania, publicado na Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Rio de Janeiro.

Por que falar dessas faces do poeta maior, apesar dos cuidados necessários, para entendê-lo no seu tempo (século XIX), que não é o nosso tempo (século XXI)? Prin-cipalmente para destacar seu interesse por tantas questões que podem aparecer, na atualidade, como sendo isoladas, quando de fato, desde a sua origem estão fortemente entrelaçadas, de modo que o literato, o historiador e o político estão diante do mun-do com olhos que miram o seu entorno e dele retiram a sua inspiração para escrever, refletir e, também, atuar no seu tempo-espaço, seja no Instituto Histórico Geográfico, seja nas Academias de Letras, seja nas Universidades onde se reúnem estudiosos da Filosofia, História, Geografia, Etnografia, Antropologia e da Literatura.

Há que se pensar, inspirando-nos em Dias, mesmo que se reconheça a sua visão romântica, que o realismo que nos exige a história presente, pode ser interpretado com pensamentos e sentimentos capazes de nos fazer mais sensíveis às questões do século em que vivemos e que atingem milhões de seres humanos, considerados “invisíveis” para a grande maioria dos dirigentes das nações, destacando-se entre esses os povos indígenas.

Com Gonçalves Dias, destacou-se a condição original dos índios, primeiros ha-bitantes do Brasil, hoje, praticamente dizimados e desterrados de seus territórios. A

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Língua Tupi, considerada por ele como sendo a principal matriz linguística do Por-tuguês do Brasil, tornou-se diluída no processo de evolução da língua nacional, esta tendo sido ampliada pela importação de palavras de línguas estrangeiras nem sempre compreendidas pelas pessoas mais simples e menos letradas do nosso país. A Amazônia, considerada pelo poeta como a “Judéia” dos indígenas, tem sido explorada e devastada, de modo a comprometer o território em que se encontra a mais rica biodiversidade do Brasil, já identificada por cientistas brasileiros e de vários países.

Se era conservadora e, de certo modo ingênua, a visão mítica acerca do indígena estudado por Dias, nos seus trabalhos etnográficos, foi a partir deles que se fortaleceu e sobressaiu o índio por ele cantado nos seus poemas indianistas. Não desprezemos a visão do historiador - poeta, porém não a adotemos para não reproduzirmos uma visão ingênua do mundo atual.

O tempo presente nos pede isso sim, para deixarmos Gonçalves Dias e todos os poetas românticos ocuparem o lugar de destaque que merecem ter na história da lite-ratura nacional, indicando-nos, entretanto, que é preciso ir além, fazendo da memória literária e histórica o ponto inicial de reconhecimento das origens da literatura brasi-leira, cuja evolução poderá ser mais aprimorada por cada um de nós e por todos juntos: historiadores, educadores, literatos e políticos dedicados à democratização das letras, da cultura e da ciência.

Que essa Antologia Poética, através de todos os seus autores, possa nos permitir vislumbrar a diversidade de estilos e temas que nos instigam, principalmente, a fazer uma leitura contrastante entre o passado e o presente, para avançarmos em direção ao futuro, como o próprio Gonçalves Dias dizia: “generalizando as aspirações do coração humano, que tem por fim a humanidade”.

Essa finalidade, certamente será fortalecida com a realização do atual projeto, que ora materializa nossa homenagem a Antônio Gonçalves Dias, que foi inspirado em projeto similar realizado no Chile, cujo homenageado foi Pablo Neruda, e que também se reproduziu no Peru, tendo como destaque o poeta peruano Cesar Vallejo. Atualmen-te, está em desenvolvimento o projeto da Antologia “1000 y UN POEMAS PARA ANDRÉS ELOy BLANCO”.

A idéia primeira de �Mil Poemas para Pablo Neruda�, idealizada a princípio pelo poeta Alfred Asís, em 2011, sensibilizou grupos de países da América do Sul, Central e da Europa. Estão envolvidos nesse movimento: Chile, Peru, Espanha, Brasil, Vene-zuela, Cuba, Bolívia e Honduras. A Antologia Mil Poemas para Gonçalves Dias é a 4ª a ser organizada, com os seguintes países participantes através dos seus poetas: Brasil, Argentina, Chile, Bolívia, Equador, Peru, Venezuela, Uruguai, Portugal, Moçambique, México, Canadá; Panamá/USA, Espanha, França, Bélgica, Áustria, Japão.

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O Brasil se faz representar através de seus poetas de diversos estados. Inicial-mente, Maranhão, sendo que a cidade de São Luís foi representada por 89 poetas, Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia, Paraíba, Goiás, Ceará, Minas Gerais, Rio Gran-de do Sul, Pernambuco, Distrito Federal, Paraná, Piauí, Sergipe, Alagoas, San-ta Catarina, Mato Grosso, Rondônia, Pará, Espírito Santo, Rio Grande do Norte. Ainda há outros participantes sem identificação de seu país e estados brasileiros.

Desde a primeira coletânea tem se constituído uma prática de reconhecimento dos grandes autores que engrandeceram a literatura de seus países e também projeta-ram suas obras além das suas fronteiras. Na realidade, esse tipo de projeto de registro da memória literária do passado e do presente, permitiu que se instalasse um circuito literário internacional, de elevada relevância para a valorização de escritores e leitores dedicados ao cultivo das letras e da arte da estética literária.

Há que se destacar na Antologia ‘Mil Poemas para Gonçalves Dias’ que a par-ticipação de representantes de diversos países e estados do Brasil, proporciona uma tessitura singular para esse texto escrito por um grande conjunto de mentes e corações, reunidos numa ciranda de estudantes que adentram pela primeira vez esse universo literário, jovens poetas que vêm se destacando pelas suas produções e poetas que alcan-çaram a maturidade de suas obras, algumas delas já consagradas internacionalmente.

Buscando estabelecer diálogos com as temáticas da obra gonçalvina, os poetas desta antologia buscaram elementos de sua vertente indianista e romântica, fazendo-nos recordar parte de sua existência, seus amores, seus temores, sua inebriante dedica-ção à literatura e à história. Identifica-se uma produção em que ocorre a intertextuali-dade como a forma mais primorosa de comunicação entre os seres humanos que, muito embora não se conheçam, estabelecem forte movimento de sinergia de interesses em torno de um personagem da história da literatura brasileira.

Por todas essas manifestações de convergência e de expansão do universo da literatura de Antônio Gonçalves Dias, são justas e merecidas as homenagens a todas as pessoas responsáveis pela produção da Antologia Mil Poemas a Gonçalves Dias, publi-cada nesta segunda década do século XXI.

Que esse trabalho, sem dúvida, árduo, e ao mesmo tempo prazeroso, possa atrair ainda mais as novas gerações de poetas para a positiva atuação, como intérpretes das aspirações compartilhadas com outros seres humanos, em todos os continentes, pela construção da paz, para que possamos realizar a travessia dos oceanos, disseminando idéias poéticas como deve fazer o artista “que tem que ir aonde o povo está.” (Milton Nascimento).

Fortaleza - CE, Brasil, 06 de maio de 2013

Ana Maria Costa Felix GarjanDiretora dos Grupos ARTFORUM Brasil XXI

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Poesias

o IMortAL MArABÁ2

Mário Martins Meireles

[...] Entre os brancos será nossa gloria,Pois que gloria dos brancos será;

Dos timbiras a fama guerreiraNos seus cantos o Mundo ouvirá!

E o poeta será como nuncaEntre os brancos se viu ou verá,Pois seus cantos serão inspiradosQuais se fossem do próprio Rudá!

o seu nome será venerado,Pois o quer, por vingança, Tupá:

O maior dos poetas brancosSerá nosso – há de ser marabá![...]

2 Poema de Mário Meireles, decalcado da Canção do Piaga, de Gonçalves Dias, e inspirado no quadro da morte do Poeta, da autoria do pintor maranhense Eduardo de Sá, existente no salão nobre do Palácio do Governo do Maranhão.

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AS ArtES São IrMãS3

HoMEnAGEM A GonçALVES DIAS

Variantes entre tantos pensamentos, Sentidos mais dispersos, suas somas Permite este mosaico aonde tomas As tuas decisões; dores e alentos.

Te entregando sem medo aos temporais Verás neles lições para o que resta

Da vida mesmo quando mais funesta Navegação ensina onde há um cais.

Assim nas discrepâncias se concebe O ser que em ti agora se percebe.

3 “Idéias do prazer — do mal no olvido”

Enquanto a dor se torna mais presente, Assim quando do gozo a vida ausente

Permite imaginar-se tão sofrido.

Mas quando uma alegria nos invade, Decerto se esquecendo pouco após,

O rio se perdendo noutra foz, Lembramos do que fora tempestade.

Não deixe que isto faça com que tudo Pareça bem diverso, noutro fato,

Se em dores tão somente eu me retrato, Deveras, sobre a vida eu já me iludo.

Caminho sobre brasas; sei das dores, Mas também sei colher, da vida, flores...

4 “Em sons cadentes, que derramam n’alma”

Encontro uma real satisfação, Vivendo claramente uma estação,

Realidade dói? Também acalma.

As cores de um outono, invernal frio, Primaveril beleza, imenso sol,

O quanto se transforma este arrebol, É como perceber um desafio.

3 DoBlogCantosdoSepulcro-AsDesventurasdeumDomQuixotenoTerceiroMilênio,disponívelemhttp://valmarloumann.blogspot.com.br/2010/03/as-artes-sao-irmas-homenagem-goncalves.html, Poesia compila-daporLeopoldoGilDulcioVaz–Curitiba–PR–Brasil–1952;InstitutoHistóricoeGeográficodoMaranhão;Universidade Estadual do Maranhão

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Envelhecer com arte e galhardia, Saber da mocidade com fulgor,

Matizes tão diversos de um amor, Que a cada novo tempo, sempre guia.

E ter uma certeza nesta vida Cada etapa terá que ser cumprida.

5

“Ou lânguida na lira se transforma”, Ou trágica se faz a cada passo,

O quanto muitas vezes me desfaço, Impede que se tenha a mesma forma.

Dicotomias trago em cada passo, E nelas a melhor das decisões Por vezes bem diversa do que expões, Nem sempre o melhor rumo, ainda traço.

E vivo sem temer as tempestades,

Nefastas? Muitas vezes redentoras, As horas mais doídas, sofredoras

Aquelas que nos dizem mais verdades.

Servindo de repasto para a dor, Um novo amanhecer saber propor... 6 “Dá linguagem sublime à estátua muda,” Cada momento aonde se entregando Não sei se em temporal ou ar mais brando, O tempo tão instável se transmuda. E quando aprendo dele sem terrores Amadureço em mim a própria morte, E nela algum descanso que conforte

No renovar da vida, risos, dores.

Existo e sei que basta esta existência, Se dela eu perceber quem mesmo sou,

Já sei qual o destino pr’onde vou, O fim é do começo, a conseqüência.

Renova-se destarte eternidade

Gerando com fulgor, diversidade... 7 “Do rosto nas feições o brilho interno,” Diverso do que às vezes se aparenta,

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Aonde se diz paz é violenta E aonde se diz glória, pleno inferno.

Somar as nossas tantas variantes,

Seguir por vezes mitos ledos, falsos, Comuns na caminhada tais percalços, Mudamos nosso rumo por instantes.

E quando se aproxima o fim da história,

O quanto nós já fomos, padecemos, Permite ao marinheiro tantos remos, Ou traçando uma linha merencória.

Às vezes num sorriso, lacrimejo,

E em lágrimas sacio o meu desejo...

8 “Guia a mão do pintor quando debuxa”

A soma de fatores mais diversos, Assim quando eu componho tantos versos,

É como se imergisse em vária ducha.

Ourives da palavra, um escritor, Usando seus disfarces nos permite,

Se acreditar além de algum limite, Nas tramas deste insano sonhador.

O corte se bem dado do buril,

Traçando com beleza uma escultura, Mas quando a mão se mostra fria e dura,

Por vezes o cenário se faz vil.

Não creia no que digo, mas me creia, A mão traça diversa ou una teia.

9

“A mesma inspiração, que acende o estro,” Por tantas vezes traça o desespero,

E quando noutra sanha me tempero, Por vezes verdadeiro ou mais canhestro.

Se o peso do que vivo influencia Talvez o que não viva pese mais,

Criando do vazo, os temporais, Palavra dita a norma e cadencia.

Apego-me ao não ser enquanto sigo,

E sigo sem saber quem mesmo sou, Errático caminho se mostrou

Deveras muitas vezes meu abrigo.

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Ilusionista, sim, porém nem tanto, Retratando minha alma quando canto?

10

“Perante o mesmo altar, coroam-se, ardendo” Demônios, querubins, várias figuras, Palavras que clareiam sendo escuras,

Momento doloroso ou estupendo.

Nefastas maravilhas, luzes tantas Bebendo desta imensa liberdade,

O quanto do vazio que me invade, Permitem ser profanas, créus e santas.

Ecléticos caminhos num só rumo, As cores se misturam neste prisma, E quando vez ou outra uma alma cisma, Nem sempre um andarilho, eu tudo aprumo.

A queda prenuncia a redenção,

Assim como um amor dita o perdão...

11 “Do fogo criador nas mesmas chamas,”

Encontram-se diversas fantasias E quando delas novas tu recrias, Revives do passado, luzes, dramas. Tramas se entrelaçando, atemporais, Existem desde quando existe o sonho, O todo muitas vezes eu componho Dos dias mais dispersos, tantos cais. Apátrida emoção, vívida luz Nas trevas a beleza incomparável, Assim como um reflexo do tocável

Efeito tão complexo reproduz.

Nas crenças, ódios, medos e rancores, Nos sonhos, nos anseios, nos amores...

12

“As artes são irmãs, e os seus cultores” Transformam qualquer forma num tesouro,

Das tantas emoções quando me douro,

Permito cultivar diversas flores. E mesmo nas daninhas, meu alento, Transito entre o fantástico e o real,

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Portanto se feroz, tolo ou venal, Nas tantas variáveis me sustento.

E bebo em goles fartos, outros dias,

Trafego em dissonantes maravilhas Porquanto novos mundos sempre trilhas

Sabendo desde o eterno as melodias.

Infinitas verdades num só passo, Num limitado espaço o mundo eu traço.

A. J. C.

Ao InSIGnE PoEtA AntonIo GonçALVES DIAS4

SonEtoDias filho de Apollo, às Musas dado;

Hés do Pindo Ornamento, varonil:Tu honras o Império do Brasil,

Como tem estro sublime; e delicado.

Teu nome no Parnaso está gravado,Ali, serio teu Merito, de buril;

Atama o sculpio, com mãos subtil;E ficou por memória, Eternizado.

Tem teu estilo, o cunho da grandeza.Teu canto tem, á suave mellodia;

Reanimas com graça, a natureza,

Força de imaginação, com harmonia,Ingenho, suavidade e delizadeza;

Expreção que arrebata, que extazia.

Aaron Paul Arsene Pestana Torma5

CAnção Do ExíLIoPorto Alegre e Genebra,

mundos diferentes. Continentes;

4 Publicador Maranhense – Maio 1849, Edição 813, Poesias compiladas por Leopoldo Gil Dulcio Vaz.5 Aaron Paul Arsene Pestana Torma – Genebra - Suíça - 03 de maio de 1995. Estudante do Ensino Médio do

ColégioConhecer,PortoAlegre/RS.SecretárioSocialeMembroEfetivodaAcademiadeLetrasMachadodeAssis,PortoAlegre/RS,Cadeira22,Patrono:AlbertodeOliveira;AssociaçãoInternacionaldosPoetasdelMun-do;AcademiaVirtualSaladePoetaseEscritores;BalneárioCamboriú/SC,LigadosAmigosdoPortalCEN,PraiaGrande/Portugal.CoautordoRomanceInterativo“Umahistóriadeamor!”.E-mail:[email protected]

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aromas; olhares...

Belezas distintas, distantes.Pessoas... longe;

cabeças mudadas; cabeças conservadoras; cabeças liberais.

América... Europa...Aqui e Lá,

riqueza e batalha; virtudes e atitudes;

não muito, todos somos gente.

Abilio Kac6

AntES E DEPoISMinha terra tem palmeiras

onde canta o sabiá...Poetava Gonçalves Dias.

Nos dias de hoje, se vivesse,mudaria sua poesia:

Minha terra tinha palmeirasonde cantava o sabiá...

Devido a queimadas, desmatamento,palmeiras se vão a cada momentoe o sabiá, triste ao relento,á não consegue mais cantar!

EtErnAS HoMEnAGEnSNo Maranhão, sua terra-natal,bem como em outros estados,Gonçalves Dias foi homenageado.Seu nome encontra-seem ruas, avenidas, praçase até mesmo em navio.

Gonçalves Dias , imortal,está no coração do povo

e na alma da Literatura Nacional!

6 Abilio Kac-RiodeJaneiro–RiodeJaneiro–Brasil-01/09/1937.Poeta,trovador,sonetista,cronista,contistaeescritor.Possui20livrospublicadosetrabalhosliteráriosemnumerosasantologias.pertenceaváriasentida-des literárias no Rio de Janeiro, sendo o atual Presidente da União Brasileira de Escritores (UBE). Oportunidade decontribuireagradecerpormefazerlembrarostemposdecriança,ondedecalçascurtasnaescolapúblicadeclamava as poesias de Gonçalves Dias, o maior Poeta Brasileiro.

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Ada Barcelo7

A AntonIo GonCALVES DIASDesde hace siglos perdura

intemporal, sin fronteras, aquella voz que murmura

sobre el viento en las palmeras.

Romántico ipé amarelo que en su exilio ha convertido

en canto, lo que sufridoen sus noches de desvelo.

y en una dulce elegía,

la revive al susurrar a su Amelia en el cantar

de la más honda poesía.

A Brasil y a su mestiza estirpe que siempre honró,

en sus obras se divisa lo que el tiempo no borró.

Bajo ocaso carmesí, se menean lisonjeras

en Maranhao las palmeras, cuando canta antonio allí.

“HOy HA MUERTO UN POETA”A Antonio Concalves Dias, Poeta de Brasil

Ha muerto un poeta,y sus versos en solitario

son pájaros desesperadosbuscando en el silencio

seguir sus pasos mutilados.

El incendio de sus pensamientosha caído por siempre

en la indiferencia del tiempovencidos y cansados.

Los obreros del campo,los niños, los humildesse quedaron sin la voz

7 Ada Barcelo - San Javier – Misiones - Argentina-15defebrerode1947.RadicadaenMendoza.Obraspoéticaspublicadas:Cantoalaternural,llylll,PaisajesInteriores,AntologíaPoéticayTiempodeLuz.Obrasnarrativas:Agridulce,Huellas.Haobtenidopremiosprovincialesyhasidojuradodeconcursosprovinciales.Haparticipa-doenferiasbibliográficasprovinciales,nacionaleseinternacionales.Enel2011obtuvoelpremioMujerdelAñoenLetras,HoustonTexas,EEUU.Páginaoficial:Adabarcelo.comFacebook,AdaBarceloEscritora.

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del hombre enamoradodel canto a su Amelia

del romance truncado.

Hoy ha muerto el poetaDon Antonio Concalvez Diazmisterio el de su destino

partir solo con su muertey sus versos prendidos

de su pecho quieto.

Fatal naufragio, y sus palabras rotas

se acallan en los rinconesde un cuarto en penumbras.Huérfanos de presentes se han dormidos sus versos mientras vuelven a su tierra

sus pasos lentos.

Tal vez en su entrega,prendidos de una estrella

entre palmeras dormidas,los duendes aquietados de la noche

alimente en sus versos silvestresla sal de su existenciavuelva el verbo a creceren la piel de otros poetasreflejo de su destino.

Adalberto Caldas Marques8

CAnção DE MArtírIoMinha terra tinha palmeirasOnde cantava o sabiá

Hoje elas viraram mesaEm uma sala de jantar.

As aves que aqui gorjeavamAgora gorjeiam por lá

Pois a mata foi devastadaE não tem mais onde morar.

8 Adalberto Caldas Marques - Rio de Janeiro – RJ – Brasil - 07 de março de 1979. Tem textos publicados em algunssitesliterárioseparticipaçãoemdiversasantologias,sendoumdosganhadoresdoIIPrêmioLiterárioCanondePoesia2009.Lançouseuprimeirolivrosolo“BrincandodePoesia”duranteaBienalInternacionaldoRio de Janeiro de 2009. e-mail: [email protected] .

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Nos riachos de águas clarasAonde guri ia me banhar

Hoje parece que por milagreSobre suas águas posso andar.

Com meu filho me preocupoQue futuro ele terá?

Se continuarmos desse modoOnde nós vamos parar?

Adélia Einsfeldt9

GonçALVES DIASNa lira do teu

cantoencanto

da bem amadade olhos

verdesalém-mar

diz por ondeandas

busca entreas ondasno canto

das sereias

o teu amorcomo flor

na dormachucada

apertada entre dedosesquecidos

de viver.

9 Adélia Einsfeldt,PortoAlegre–RS–Brasil-13/04/1934.MembrovitalíciodaIWA–InternationalWritersandArtistsAssociation(USA).Lançamentodoseulivroinfantil“AnimaisseDivertem”naFeiradoLivrodePortoAlegre–RSem2011.SóciaefetivadaSociedadePartenonLiterário.Participaçãoemváriasantologiaseven-cedora de concursos literários. Integrante de grupos de poesia e performance.

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Adelia Josephina de Castro Fonsêca10

Ao Snr. Dr. AntônIo GonçALVES DIAS11

Lendo teus versos mimosos, Primos cantos maviosos,

Ao Senhor graças rendi; Sim, fiquei-lhe agradecida

Por dar-te o berço da vida No país onde eu nasci.

No teu canto há tal brandura, Há tão melíflua doçura,

Que do céu vindo parece; Parece dele emanado

Esse gênio sublimado, Que á tua mente esclarece.

Eu, Poeta, te bendigo Por seres fiel amigo

Da terra do meu amor; Por louvares as palmeiras

E as aves brasileiras, Eu te bendigo, Cantor.

Bendigo a voz soberana Dessa lira americana, Que o prazer me infiltra n’alma, Quando diz que, na lindeza, Essa terra portuguesa Á de Cabral cede a palma.

Da nossa pátria querida, Pintas nos bosques mais vida, Nas várzeas pintas mais flores; Pintas no céu mais estrelas,

E nossas vidas mais belas, Mais abundantes de amores.

No teu canto há tal brandura, Há tão melíflua doçura,

Que do céu vindo parece;Parece dele emanado,

10 Adelia Josephina de Castro Fonsêca – Salvador – BA – Brasil - 24 de Novembro de 1827 e faleceu no Rio de Janeiroem9deDezembrode1920.Publicavapoemasemperiódicoselivrosefoicolaboradorado“AlmanachdeLembrançasLuso-Brasileiro”,lançouem1866olivro“Echosdaminh’alma”.FoiparaAdeliaqueGonçalvesDiasdedicouopoema“Aumapoetisa”,publicadoentreos“Cantos”de1857.Quefoirepublicadopelapoetisanosseus“Echosdaminh’alma”.

11 FONSÊCA, Adelia Josephina de Castro, Echos da minh’alma, Salvador, Typ. Camillo de Lellis Masson, 1866, 43-47.Poesias compiladas por Weberson Fernandes Grizoste - Jauru – MT – Brasil - 27 de Junho de 1984.

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Esse gênio sublimado, Que á tua mente esclarece.

Esse autor da –Harpa do Crente, Que nos diz tão docemente Do desterrado as tristezas;

Esse Poeta estrangeiro, Louvor teceu verdadeiro De tua musa às lindezas.

Ele, ó Vate, conheceu

Que tinhas no livro teu Toda a tu’ alma entornado;

Ora ardente, impetuosa, Ora sentida e queixosa,

Carpindo azares do fado.

Eu creio que Deus te ensina Essa linguagem divina,

Em que aos anjos soe falar; Só Ele o gosto te inspira,

Com que vibras essa lira, Que tanto sabe encantar.

Torrentes de poesia, De suave melodia,

Das cordas dela derramas, Descrevendo os atrativos

De olhos negros, expressivos, D’esses olhos que tu amas;

D’esses olhos, que de amores Dizem tão lindos primores, Faliam com tanta paixão;

Ás vezes quedos brilhando; Outras vezes abrasando,

Qual incendido vulcão!

Esse teu canto gentil Tenho lido vezes mil,

Vezes mil tem-me encantado; E bem feliz me sentira,

Si, como tu, possuirá Engenho tão elevado.

Si ouvisse Deus minha prece, Si conceder-me quisesse

Um engenho igual ao teu,Voz como a tua tão pura,

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Que deixa ouvir na doçura As harmonias do céu;

Quando o teu gênio, Poeta,

Visse, veloz como a seta, Do céu as portas transpor; Quando unisses lá teus hinos

A esses cantos divinos, Que se entoam ao Senhor;

Teria, como desejo,

Seguido o rápido adejo De teu estro na amplidão;

Transbordando de alegria, Com ele penetraria De Deus na sacra mansão!

Lá co’os anjos entoara, Em voz, como a d’eles, clara,

Mil louvores ao Senhor; Depois, ao teu gênio unida,

Cantara a pátria querida, A terra do meu amor.

Adilson Roberto Gonçalves12

PALMEIrAS QUE SE ESPrAIAMGoethe inspirou-te a cantar a terra das palmeirascitando a Itália de brilho, de sol, de cítricos.Mas ele queria para lá fugir das germânicas asneiras,mesmo que valorizassem seu trabalho, os críticos.

Teus versos inspiraram em além-mar o hino;brasileiros os cantam sem perceber talvezque na inspiração os bosques não estavam a sol a pino

e ao sul, nos desejos do alemão, tiveram vez.

Os fatos tirariam hoje o torpor da trigueira noção?No exílio recente, na plúmbea ditadura do pesar,

imagine quantos cantaram esta tua canção,cantando as saudades do falar e do livre pensar.

12 Dilson Roberto Gonçalves - Pedreira - SP – Brasil - 5/6/1967. Residente em Lorena-SP, Brasil. Professor univer-sitário, membro da Academia de Letras de Lorena e do Clube dos Escritores Piracicaba. Possui poemas, contos e textos curtos publicados em antologias. Escreve uma coluna semanal no Jornal Guaypacaré de Lorena sobre ciência, tecnologia, educação e questões ambientais.

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Aglaure Corrêa Martins13

EnCAntoOs olhos da noite deitados no mar

tão negros os teus olhos me pus a mirarencanto terreno, de céus , os teus olhos

são negros segredos que quis desvendar.

Um porto, um cais, os teus olhos negrosnegrume que embala eu nau ao luar

desperta desejos os teus negros olhose afagam os sonhos que vivo a sonhar.

Olhos tão negros os teus belos olhostão doces, serenos, que vivo a fitar

estrelas que bailam na pele do mundoreluzem teus olhos um mágico olhar.

Olhos que cantam a ode mais perfeitaem harpas e flautas e sopros celestes

olhos de amante de musa faceiran’alma a poesia que o olhar enternece.

PÁtrIA AMADAÉ Terra de amores de campos floridos

do canto de pássaros, do sabiá canoro do verde mais verde e do anil infinito

gorjeio tão puro que é homilia que oro.

É Terra de encantos e de noites milde palmeiras que adornam as várzeas da vida

de estrelas garridas q’enfeitam os céusminha Terra Brasil é beleza infinita.

trAJEtÓrIAFoi no mês de agosto lá no Sítio Boa Vista

Que nasceu Gonçalves Dias o poeta indianistaMaranhense literato, advogado e professor

Renomado escritor, competente jornalistaEstudou em Portugal foi um grande romancista

Ainda participou de grupos medievistas.

À pátria retornou, morou na capitalLá conheceu um amor sem igual

Ana Amélia foi à musa que tanto o inspirou

13 Aglaure Corrêa Martins - João Pessoa – Pb – Brasil - 16 de agosto de 1966. Fisioterapeuta graduada pela Uni-versidade Federal Da Paraíba – UFPB, especialista em Fisioterapia Neurológica e especialista em Educação Infantil,atuanaáreadeneuropediatria.Poetadealmaecoração,publicouem2008REVELAÇÕESseuprimeirolivro de poesias.

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Mas foi por preconceito q’esse amor fracassouA família da eleita, pedido refutou

O poeta entristeceu e por ele não lutou.

No Rio de Janeiro no mesmo ano casouOlímpia da Costa sua esposa se tornouNos quatro anos seguintes p’ra Europa viajou

Voltando ao Brasil para o Norte ele rumouO poeta adoeceu, voltou ao estrangeiro

Foi à saúde tratar esse grande escudeiro.

No navio Ville de Boulogne viajava o poetaVinha frágil e acamado, era longa a espera

O navio naufragou na costa brasileiraPerto do Maranhão, chorou nossa bandeiraExceto o poeta, a tripulação se salvou Preso ao leito esquecido a morte agonizou.

O poeta não morreu porque poeta é eternoGonçalves Dias sempre será bem lembrado

Nordestino letrado é nosso vivo legadoOrgulho de nosso povo, é irmão confraterno

Poeta indianista, da poesia memória vivaÉ o nosso mais nobre laço, ser coeterno.

LAMEntoAh meu doce encantoquanto te quis e não pudevenho velando meu prantonesse martírio tão rude.

Só Deus sabe o que sofriquantas lágrimas derrameinoites e dias me perdinunca mais me encontrei.

Amor perdoa se pequeinão foi por covardia

foi tão grande a agoniameu coração quebrantei.

Quis te proteger, senhorade toda maledicência

como sofri nessa horaquanto bradei por clemência.

Não me ignore, imploroeu nunca te esqueciainda por ti eu choropois quase enlouqueci.

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Amar-te foi meu pecado?O meu sonho, meu algoz?

O que fiz de tão errado?P’ra silenciar minha voz?

Ah como te sonho aindanós embalados ao vento

n’uma alegria infindasem a dor cruel do lamento.

AMAnAJé14

A vida nos laça meu bravo guerreiro

o tempo nos caçacomo bicho feroz.

Com arco e flechacoragem e raça

a alma é tochaé garra e luz.

Nas matas, o nortetacape na mãodesbrava a morte

guerreiro irmão.

Tamoios, AimorésE Nação Tupí,dança o Toréexalta Jací.

Pesca Guaracícom seus puçásnutri curumim

com viva angá.

Oh bravo auásobrevoa o mundo

com lança em punholiberta eçá.

14 Auá: homem, mulher, gente, índio. Angá: afeição, ternura. Amanajé: mensageiro. Camuá:palmeiradecauleflexível,cheiadeespinhosos. Curumim: criança Eçá: Olho. Os olhos. Ver. Espiar. Guaraci: O sol. Jaci: A lua Puçá: de rede de pesca para siri ou camarão. Tupi (1): povo indígena que habita(va) o Norte e o Centro do Brasil, até o rio. Toré : Dança indígena-

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Agostinho Lázaro Pimenta Filho 15

FILÓSoFo GonçALVES DIASOnde estavas Gonçalves Dias;

Quando desejastes ser querido dum rosto formoso?Planejando uma conquista, ou mentalmente no fundo do poço?Onde estavas tu quando dissestes: Eu amo a noite solitária e muda?

Atormentado pelo sol de uma paixão, ou em depressão profunda?

Tens saudade da tua terra com palmeiras onde canta o sabiá?As aves daí não cantam,

Não gorjeiam como as de cá?

De uma coisa tenho certeza, e isso até posso afirmar,Quando pediste ao anjo do sono que preside tranqüilo,Que ao anjo da terra não cedesse o lugar;Certamente estavas em um sonho, na guarida do peito de

sua queridaSem querer acordar!

Oh ilustre Gonçalves Dias, se a vida é combate que aos fracos abate,Certamente aos guerreiros, militares ou enfermeiros, Aos poetas ou carpinteiros, na verdade brasileiros que são bravos e fortes,

Só pode exaltar!

Agostinho Pereira Reis16

GonçALVES DIAS 17

Certo que não morreu. Na realidade,Embora o corpo seu descess ao Nada,Vice sua alma palpitante em cadaEstrofe qie legou à humanidade.

Ainda ouço a vibrar, na imensidade,A lira do Brasil mais afinada;

- Ora cantos risonhos de alvorada,Ora sentidos cantos, cantos de saudade.

15 Agostinho Lázaro Pimenta Filho - SãoLuís–MA-Brasil.Fisioterapeuta,pós-graduadoemSaúdedaFamília,BombeiroMilitar,etc.Amoescreverpensamentos,poemasemúsica,tenhoalgumaspoesiaspublicadasnoRecantodasletrasinclusivenoslivrosAntologiadosPoetasBrasileirosnº71enº73,escrevialgumasmúsicas,e arranjos para instrumentos de sopro...

16 Agostinho Pereira Reis - Alcantara – MA - Brasil. Jornalista e Poeta brilhante. Foi Tipografo e Funcionario Pu-blico.TrabalhouemOFederalista,Campanha,sendoporultimoredatoregerentedaPacotilha.FundoucomJosé de Castro e Edgar Matos a Revista Paroplia. Polemista de largos recursos, vigoror e sereno. Foi membro daoficinadosNovos.

17 MORAIS,Clóvis.TERRATIMBIRA.Brasília:SenadoFederal,1980,p.67;PoesiacompiladaporLeopoldoGilDulcioVaz–Curitiba–PR–Brasil–1952;InstitutoHistóricoeGeográficodoMaranhão;UniversidadeEstadualdo Maranhão.

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Como se fora terno passarinhoQue canta, que solouça espaço em fora,

E recolhe silente ao pobre ninho,

Ele dorme, nos mares afinal descansa!Dorme, poeta, a casta luz da aurora,

Que o teu nome nos viva na lembrança.

Agrario de Menezes

PELA notICIA DA MortE Do PoEtA18

Poetas! Daí ouvi lós ao lamentoQu em montanhas de espuma as nossas plagas

Vem trazer, entre accentos dolorosos,As gemedoras vagas!

Traduzi a linguam desses threnos,Desse carpir infausto e sobrehumano:

Endentedei a expressão desses gemidosArraqncados ao seio do oceano!

Adevinha o profundo sentimentoQue a natureza em anciãs denuncia,

Como se das entranhas lho voassemOs prantos de agonia!

Fallai às turbas, á nação, ao mundo,Que já se presentil-o se inquieta;

Dizei que – remontou-se á EternidadeO brazileiro inclyto Poeta!

Lá jaz no pego! Sepultura immensa, Para esse immenso vate se offerece,

Como si outro sarcophago mais dignoAlhures não houvesse!

Assim o rei dos astros, caminhando,Em despedida ao CEO, á terra, aos ares,

Procura e alcança os marcos do occidenteNa funda eterna vastidão dos mares

Ahi deve existir algum encanto...Quem sabe? Ahi mais puro e mais (?)

É talvez o caminho que se abreAos pés do Omnipotente.

18 O Publicador Maranhense, agosto 1862. PoesiacompiladaporLeopoldoGilDulcioVaz–Curitiba–PR–Brasil–1952;InstitutoHistóricoeGeográficodoMaranhão;UniversidadeEstadualdoMaranhão

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Ah! Recebe-o Senhor!... Ou cedo ou tarde,O genio é teu, aspira á tua glória!

Poetas, celebrai seu nome ilustre,Erguiei-lhe um moimento, uma memória!

Aidil Araújo Lima19

EFêMEro GozoEu vi o teu desejo por mim

E soube que mentiaNa minha agonia não atinei pra nada

Desejos intensos não se demoramVão se desfolhando pela noite

Desfazendo o silêncio da terraQue se esconde sem testemunharEste meu sonho de enganoAs flores acalentam

Com cheiros delicadosA manhã que se anuncia solitária

O amor que pensei que tu sentiasFoi como o orvalho

Que se desfaz ao solDespejando sêmens que perecem

E o amor onde encontroTalvez seja o que Gonçalves Dias tenha ditoOiço aí pronunciar Essa palavra de modoQue não sei o que é amar.

Alanna Verde Rodiguês20

FUtUro DE MAGIA

O amanhã ia além de dormir e acordar!Era um futuro de magias.

Que ele expressava em cada poesia.

Retratava seus ideais seus Encantos, seu amor por sua

Terra os olhos verdes da amadaEm versos e melodia.

19 Aidil Araújo Lima - Cachoeira – Bahia – Brasil - 17 de dezembro de 1958. Professora aposentada. Recebeu o títulodeMençãoHonrosadoConcursoLiterário“CLEBERONIASGUIMARAES”.3ºlugardoconcursoliterárioArti-manhas.Concursointernacionalprimavera–3contosselecionadosem3ºlugar.ConcursoLiterárioGue-manisse – 3 contos premiados. E-mail – [email protected]

20 Alanna Verde Rodiguês – São Luís – MA – Brasil - 26/09/2001. Pelo prazer de viajar no mundo mágico das poesiaseomundoconhecer!Cursando:5ºAno–Turma:C-EPFAProfªShirleMaklene.

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Em terra de grande batalhaCaxias saía vitoriosa, mas

A maior de suas conquistas nasceraAinda ia!

Um simples homem se tornariaMas o acaso da vida!

Em águas reluzentes sua vida sumiria.

Albaneide Bezerra da Silva21

oLHoS VErDE-AMArSão verdes esses olhos

São verdes olhos de amorSeus olhos tão verdesMe dizem que estou

Mais que apaixonadaPela cor esmeralda

Desse teu verde amor

São verdes teus olhos e eu aqui a pensar

Na imensidão desseTeu verde olhar

No espelho desses olhosContemplo-te com calma

O límpido espelho de tua alma Que ora reflete o céu

Em suas límpidas manhãsOra reluz como fogos

Rasgando da noite a escuridão

Sãos verdes,sim teus olhos tão ternos de amor

São cor de esperançaEm dias de bonança

Cheiram a verde-marPor isso, a ti confesso

Estou imersa em teus olhosInebriada com teu verde- amar

21 Albaneide Bezerra da Silva. Santa Luzia – PB - Brasil – 31 anos. Quanto a literatura possui as seguintes publica-ções :Águas que saciam e No coração de Deus literatura evangélica, Brasil , 2 0 0 9 e 2010 s o b o pseudônimo deAlbaneideSMoraes.Participaçãoemantologiaspublicadas:AntologiadaAdoraçãoePalavrasSemFronteiras Email : [email protected] / [email protected]

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Ah,afoguei-me na cor desse verde marE ainda que o Gonçalves em seus Dias

A mim viesse falar que haveria Outros olhos Mais verdes que o teu mar

Por certo, não me importaria Ainda que fossem outros verdes olhos,Não importaria, nem esperança teria

A não ser com esses teus ternos E doces olhos, da cor verde

Do verde-amar

ALGUnS DIAS Do GonçALVESO Romântico Gonçalves em seus Dias Também se pôs a poetizar

Longe de sua terra e de sua amada e em peito se pôs a mirarOs encantos de sua terra Repletas de palmeiras a balançarEntão seu coração Se enche de novo Ao ouvir de novoO canto do pequeno amigo sabiáEm sua alma ele voltava ao regaço de sua terra

Enquanto seu peito anelava Ainda mais por sua AméliaAh, os versos arrancados, a alma ferida

A dor de tanto e tanto ter amado Sufocada pelo peso do AdeusAinda assim ele estava a poetizar

Mesmo Distante de sua amada e do povo seuSeus sentimentos o traziam de volta Sim, ele estava sempre a voltar

Porém as ondas do cruel e bravio mar Ao poeta abraçaramNão o deixando A sua terra retornarPorém de longe ainda se ouve um cantoDe todos aqueles que estão a voltarAo regaço de sua terra e sentem sua alma cantar“Minha terra tem palmeiras onda canta o sabiáOh,meu Deus tu não permitas que eu morra sem a essaTerra voltar”

Albertina Carneiro Arruda22

ÚLtIMA VIAGEM “Não permita Deus que eu morra,

Sem que eu volte para lá.”

Voltaste.Aqui estás de frente pro mar

no Largo dos Amores.Ah! Os teus amores

em versos soubeste cantar!

22 Albertina Carneiro Arruda–Esperantinópolis–MA–Brasil-21.05.1952.GraduadaemCiênciasContábeis,LetraseFilosofia.Poetisa,jápublicou“Poesia-CantodaAlma”eViagemaCaminhodeBelémproCíriodeNazaré(emritmodecordel.ÉmembrofundadoradaAcademiaEsperantinopensedeLetras,Presidenteparao bienio 2012-2013.

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Amor à pátria, à amada,à natureza, à raça!

Cantaste o Maranhãoem toda beleza que existeas palmeiras, as aves,

o céu estrelado,os bosques, as flores

e tantos amores!Voltaste para ouvi o canto do sabiá

lá do alto das palmeirascom o vento a balançar!

Querias encontrar I Juca Pirama“guerreiro bravo e forte,

filho das selvas, do Norteda tribo Tupi”.

Voltastecontinuas presente

a nos inspiraro poeta não morre,

vira estrela, seu brilho jamais acabará!

Alda Inácio23

CAnção DA PÁtrIAMinha terra tem pomares,

Tem cascata e sabiá;O povo que aqui vive,

É feliz aqui, ou lá.

Nosso céu tem mil estrelas,Nos jardins têm muitas flores;

Nos bosques têm rica fauna,Nos corações os amores.

Fico pensando nas noites,No prazer que tenho aqui;

Minha terra, que alegria!Onde canta a juriti.

23 Alda Inácio - SenadorCanedo–GO–Brasil-05/12/1952.Tenho60anos,sougaúcharesidenteemGoiás,acabodepublicarmeuprimeirolivrosolocomotítulo“AvidanaBélgica”consequenteaos12anosquevivinaquelepaís.Tenhopublicaçõesdecrônicasepoesiasemalgumasantologias.Aúltimafoiapoesia“OpusMagnumdaSerra”emhomenagemaos450anosdacidadedeMogidasCruzesemSãoPaulo.Atualmenteestoucomtrabalhosparticipandoemconcursosliterários,livrosinfantiseromances.Email–[email protected]

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Minha terra tem de tudo, Pau-brasil e maricá;

Tem raça de gente boa,Que prazer isto me dá;

Minha terra tem florestas, Tem madeira jatobá

Deus deu tudo a este povo,Sob o céu azul anil;

Pra desfrutar a beleza,Desta terra varonil,

Que nos deu Gonçalves Dias,O poeta do Brasil.

Alexander Man Fu do Patrocínio24

tErrA DE GonçALVES DIASOh! Maranhão...

Solo fértilPaisagem bela

Horizonte amploLençóis de águas...

Deserto mágicoNatureza que se completa. Caxias, a princesinha do SertãoTerra de Gonçalves DiasNos seus versosO amor, a esperança e os gestosDeságuam nos abismos das experiências... Ah! Grande poeta...Caxias terra da cultura.Ah! Grande poeta...Naquelas terras

Sob os acordes do sabiá...Poetaste.

24 Alexander Man Fu do Patrocínio Rio de Janeiro – Brasil - 19 de maio de 1972. Pós-Graduado em Psicopeda-gogia–GraduadoemPedagogiapelaUNISUAL–MembrodoInstitutoBrasileirodeCulturasInternacionais(InBrasCI)–Memberd’HonneurdaDivinéAcademieFrançaisedêsArtsLettresETCulture.

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Alexandra Galvão da Rocha 25

CAnção Do ExíLIoPara o meu Brasil

Quero um dia voltarAqui nesse país, preso,

Oh! meu Deus, não quero ficar.

Admirar o céu azulA minha família poder encontrar

Estou com saudades de tudo, de todos,Muita farra para farriar!

Essa saudade no meu peitoUm dia vai acabar

Ela me pegou de jeitoE não há como escapar.

Adeus país triste,Para o meu Brasil quero voltar,

Ouvir o canto dos passarinhosE deixar a vida me levar!

Alexandre Cezar da Silva26

DIAS Do PoVoQuerido leitor

Quero lhes apresentar Um grande poeta brasileiro

Me dar orgulho de falar Ele foi um dos primeiros

A encantar o Brasil inteiroCom uma poesia sem par.

Por aqueles dias de agosto Nasce o grande poeta nacional

De nome Gonçalves DiasOutro o Brasil não teve igual

Nasceu na cidade de CaxiasSurgiu como um messias

Dono de uma poesia original.

25 Alexandra Galvão da Rocha - Bebedouro – SP – Brasil. Aluna da 7ª. Serie da Profa. Silvana Morelli - http://sil-moreli.blogspot.com.br/2009/09/cancao-do-exilio.html; Poesia compilada por Leopoldo Gil Dulcio Vaz – Curi-tiba–PR–Brasil–1952;InstitutoHistóricoeGeográficodoMaranhão;UniversidadeEstadualdoMaranhão

26 Alexandre Cezar da Silva - Ocara – CE - Brasil – 18 de fevereiro de 1985. Desde a infância encontrou na poesia uma fuga do marasmo da labuta diária. E-mail: [email protected].

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Foi estudar em PortugalAinda na mocidade

Nunca esqueceu o lar natal.Isso é uma grande verdade

Canção do exílio é magistral A pura literatura nacionalO que nos enche de vaidades.

De Ana Amélia se enamorouIsso pode-se confiar

Nunca puderam assumirQue iriam sempre si amar.

Dias Viveu nesse eterno afligir Pois nunca soube omitir

O desejo de com Amélia casar.

Soube como nenhum outroCantar o Brasil em poesia

Se nossa terra tem palmeiras e sabiáTambém Gonçalves dias

Faz parte da cultura popularFez nossa terra brilhar

Enchendo-nos de Alegrias

Alexandro Henrique Corrêa Feitosa - Alex Feitosa27

MInHA CAnção Do ExíLIo – lembrando e dedicando a Gonçalves DiasNa penumbra desta noite-ausênciacontemplo-te uma vez mais distanteOh! minha amada São Luís...Minha terra de Gonçalves Dias!

Faço de mim pensamento e viajo na brisa/carícia

que me chega do teu mar

tuas ladeirastelhados e azulejos

escadarias e becosteus (en)cantos...

tudo ares benfazejos.

27 Alex Feitosa - Alexandro Henrique Corrêa Feitosa - São Luís – MA – Brasil - 14. 11. 1970. Graduado em Psi-cologia (UFMA-1997), pós-graduado (em nível de Especialização) em Gestão de Pessoas (Uniasselvi-2010). EstudantedeDireito(CEST).Classificado/premiadoemconcursosdepoesia(RotaryClub,AliançaFrancesa),redação(FundaçãoBradesco,FundaçãoJoaquimNabuco),epesquisaestudantil(FAE-FundaçãodeAssistênciaao Estudante). Atualmente, labora na área de RH.

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São Luís...Tu estás em mim

como eu estou em ti.

Aqui deste mirante interiordo cimo desta ladeira/sobrado/eu mesmo

as estrelas me refletem em São Marcos...A lua me cintila em saudades...

E abro os braços para te acolherabraçada ao meu peito, Ilha querida...

MInHA tErrA DE GonçALVES DIAS!Calhau, Ponta d’Areia, Olho d’água...

Teus bairros, ruas e praças...Rostos amigos – o Sousa, no Reviver...

lembranças que não esqueçoe em mim sempre hão de viver.

Parece ontem – ainda lembropequeno, criança de calção empoeirado.

O Parque XV de Novembro – a extinta vila...Olhei em teus olhos, Beira-Mar

dos meus Amores... me vi em ti espelhado e te dei... Mais uma vez Adeus!

Lembras...de quando nos conhecemos?

Estavas LINDA, bronzeada ao sol da tarde.Corrias conosco até à Pracinha

e marulhavas no Cais... frente ao Palácio.

Eu? Eu era todo alegria...

MInHA tErrA DE GonçALVES DIAS!Naquele tempo...

Até teus abandonos me eram tudo Poesia!Na calmaria de um banzeiro

que quebrava lá pista de asfaltopor baixo daquela ponte...

Eu entregue às brincadeiras de menino...

Meu peito ainda acelera:é a tua voz

que me chama que me encanta

que me inflama... Tu me amas

E eu te amo

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Quero ser teu.Eternamente teu.

Que os meus olhos te sintamsempre LINDA!

Minha pele saboreie o orvalho de tuas noitese o meu ser se extasie na sinfoniade tuas manhãs...

Sou teu filho, sou teu fã.Protegido em teus mistérios

me abandono em teu regaço.E ao tocar tuas mãos/nuas/ruas...

seguro firme em teu (a)braço.

E assim sentindoO calor de tua presença/ausência/saudade...Aspiro que sejamos a um só tempoo mesmo peito, a mesma paz e alegria...

oh! minha terra de Gonçalves Dias.

Alfred Asís28

nAUFrAGoNaufragaste un día inciertomas, tus letras quedaron por siempreFuiste a navegar entre letras y el mary germinaron en la montañaen las selvas y en el alma de la creación... Los escenarios se abrieronpara dar paso a tu obraCuantos que te amamosal conocer tus letrashechas palabras que resuenan

en las praderas imaginariasde nuestros sueños...

Una a una tus escenas

fueron naciendo después de tu muertequedando para las generaciones postreras

28 Alfred Asís–Santiago-Chile -1951.Despuésde40añosviajandoporChile,investigandoyversandoenlasescuelas del país, se transforma en sedentario, instalándose a vivir en Isla Negra, junto al espíritu de Neruda. DesdeahísecomunicaconloscincocontinentesenlaredmundialdePoetasconloscualesllevaadelanteproyectos mundiales, solidariamente para generar oportunidades a los emergentes en las letras, junto a los niños y consagrados. Al terminar tres obras mundiales en conjunto ya trabaja en la cuarta convocatoria para generar un libro de más de mil páginas que llevará el homenaje a MIGUEL HERNÁNDEZ, Poeta del pueblo de España. Tiene 16 libros editados. Clama por eliminar los egos de quienes creen que el mundo es solo para ellos,generandoinstanciasdeparticiónincondicionalmenteporunahumanidadmejor.

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que hoy en día alaban tus escritosy siguen resonando en los ámbitos estelares

para el placer de una miradaque atiende a tu perseverancia

más allá de las distanciasmás allá de las fronteras.

Llegaste a las costas del sur

después de tu travesía por EuropaBesaste las arenas del mar

en tu último suspiroEl océano dejó tus palabras

en sus olas agitadaspara albergarlas por siempre

desde el ocaso a la alborada.

GonçALVES DIASPoeta

de verde banderacomo verde las esperanzasy el verde de tu amazonas…

Transitaste caminos difíciles

No cejaste en tu cometido

Tus letras nacierony alumbraron tu sendero

mientras, elevaste plegariasal cielo.

PoEtA GonçALVESDe obra romántica

no perecibleDe batallas

concebiblesMaestro

Irradiado por acústicas del tiempoDevoción

y estudio determinadoEvidente

ante el amor, ante la muerteSollozado

por amantes dispersosDe semblante duro

seducido y ofrendadoPoeta, singular

universal en la palabrade nuestras manos…

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ÚLtIMo VIAJEEn Brasil

En PortugalEstudios y un vendaval

Poeta consteladocuanto mar, cuantas lunascuantos tiempos lejanos

se escondieron en la brumaCuantas brisas marinas

y tu lecho de muerteCuantas esperanzas

peregrino del amorsucumbieron tempranas…

Cuantas ilusionesen tu equipaje del almay cuantas letrasque hoy te acompañan…

VErSASíS IPoeta

del mara tu gesta

para siempre aquí estarSiembras generosas, tus letras

cosechas del tiempocomo retretasviento.

Aline Fernanda Moraes da Silva Cantanhede29

GonçALVES DIASGonçalves Dias ele era poetaÉ assim que se liberta.Gonçalves Dias é o nosso interesseÉ a nossa saudade é uma paisagem.

Gonçalves somos nósE você lutando para o Maranhão crescer.

Gonçalves era um escritorTrabalhava com paz e amor.

Gonçalves é orgulhoÉ a nossa paixão,

Ta no coraçãoE no Maranhão

29 Aline Fernanda Moraes da Silva Cantanhede - São Luís – MA – Brasil -13/11/2000.Motivodaparticipação:EugostariadeparticipardaantologiaparaprestarumahomenagemaGonçalvesDiasqueépoetadoMaranhãoque tem riquezas e belezas impressionantes

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Aliquanto30

Ao PoVo MArAnHEnSE no DIA DA InAUGUrAção DA EStÁtUA Do SEU MAIor PoEtA LírICo AntonIo GonçALVES DIAS EM

7 DE SEtEMBro DE 1873 «Comme l’age future jugez les monuments» (Lemercier)

INão, ele não morreu: seu gênio e glória,

remidos do letal esquecimento,irão em duradouro monumento

dos evos á mais longínqua história.

Enquanto de seus versos a memóriao povo conservar no pensamento,

seu nome soara como um portentonas tubas de alta fama meritória.

Não, - ele não morreu:- na pedra duraem que o ides ver, qual sempre foi,

não se pode cavar a sepultura.

N’esse mármor que o tempo não destrói,exemplo às gerações, – lição futura,

o vale viverá sagrado herói.

IIEia pois – a vida! – sus!

Corra-se o tétrico véu,e venha a nós o poeta

na luz que nos vem do céu.……………………………

IIIEi-lo erguido na peanha

que o amor nosso lh’ergueucontemplando o céu e sol

das terras em que nasceu!

Ei-lo revendo as palmeirasonde canta o sabiá,

desfrutando esses primoresque só encontrava cá.

30 Leal, Henriques, Pantheon Maranhense, São Luís, 1874, p. 564-566. Poesias compiladas por Weberson Fer-nandes Grizoste - Jauru – MT – Brasil

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Ei-lo ali no duro mármor,que o tempo voraz não rói;

vede-o, e dizei aos evos– não morreu; - sagrou-se herói.

IVE vós, palmeiras da pátria,

estrelas, várzeas e flores,bosques em que ele achava

maior vida e mais amores;

e noites em que cismandomais prazer sentia cá,

– sede propícios ao mármordo cantor do sabia.

VE tu, estátua, que mostras

D’este povo a gratidão,vive e perdura enquanto

perdurar o Maranhão.

Allan Santana Santos (DuSanto)31

MEMÓrIAS DE JUCA PIrAMASabia láQue pela estribeiraHaveria de encontrar O saudoso sabiáA cantar da sua palmeira?

Foi MarabáLá no meio da pavunaQue com sorte e fortunaEncontrou a meditar

O grande chefe Itajuba

Em pé-de-guerraDebruçado num regato

Itajuba ali paradoPede trégua ao Gamela

Que deseja o pai vingado

31 Allan Santana Santos (DuSanto) – São Félix – BA – Brasil. Foi militar, professor, gestor e empreendedor, mas foi nas artes, sobretudo a literatura, a linguagem que escolheu para se expressar. Livre pensador, passou a assinar DuSanto,comoformadedespersonalizarsuaobraeatribuir-lheumaopçãoestéticaquetendeàreflexãoeaointimismo.

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Ainda láComo que num vaticínioO sabiá canta o exílio

Em dueto com CroaConsolando o chefe índio

Já GurupemaDesejando guerrear

Vê na morte despertarO fantasma de Coema

Que não cansa de esperar

Mas ItajubaQue não perde a temperança

Tem na morte a esperançaDe rever a tribo junta

Na sonhada pindorama

Almerinda Abrantes Gomes Ricard32

A GonçALVES DIASVolta, Poeta!

A saudade falou mais forteDo que tudo o maisEm terras estranhas!

É fundo o teu exilio!No pensamento e na saudade

Escutavas o cantor de teus sabiasInovando melodias,

Acompanhando teus versos de amorA dançarem no farfalhar saudoso

De milhões de palmas verdejantesDesta terra que ouviu os teus primeiros vagidos

E pensavas...E repensavas...

Teu tudo está aqui!E vieste! Doentinho...

Quisestes deixar teus últimos suspirosNo teu Brasil querido!

Por acaso... o mar...Este imenso mar de belezas e de amarguras

Acolheu-te no seu seio,

32 Almerinda Abrantes Gomes Ricard - Guimarães – MA - 24 de julho de 1930, é professora aposentada e mora emVictoriaville,naProvínciadoQuebec,Canadáhá40anos. Jáescreveutrês livros,“Fala-medeAlice”,“RecordandoMonsenhorEstrela”“Lembranças“alémdeautosdeNatal,poesias,poemasecrônicas.

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Embalando teus derradeiros aisNas águas do teu Maranhão,

Num cantinho de minha cidade –Guimarães

Lá na Ponta dos AtinsEntre o trinar mavioso desses pássaros

Que enchem o espaço de novos rebentosSaindo em revoada

Alegrando a natureza!Dali teu espirito voou para

Os braços de Deus!

Para Ele tu cantas Sua grandezaO seu amorNum agradecimento profundoPelo precioso acervo em versosQue legaste ao mundo

Versos que nos falam de tiEnobrecendo teu solo pátrio

Do qual te orgulhas.

É a tua memoriaSolidificando gerações!

Aloisio Andrade33

ALVíSSArAS PArA GonçALVES DIASSelva versos românticosIndianista primeiro cordelistaBrasileiro Brasil pátrio cantaQuando estandarte eleva-se Nossos bosques têm

Mais vida Nossas vidas mais

AmoresGuerreiro Gonçalves sabiá

Todos os dias você

33 Aloisio Andrade-Ubaitaba-BA–Brasil-10/04/1957.Autor,atoreDiretor.ParticipoudaantologiasCacimbaIeIISãoPaulo.”AntologiaOsnovospoetasdaBahia,”Publicou:“CantigadeRosaeDiáriodoInterior”.Atu-almente escreve, dirige e atua em curtas.

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Aluizio Rezende34

JUCA DIASDe Gonçalves

não quero os dias,quero a vida toda

que I-Juca-Pirama levou,até que o invasor a tirou

(pra matar)

DIAS tErrAo poeta não pode

ser apenas sangue,suor e lágrimas,

tem que ser terra,

de “palmeiras onde canta o sabiá”

Álvaro Urubatan Melo35

GonçALVES DIAS Tu cantaste um povo puro

Habitante das florestasGeneroso, sem perjuro

Na labuta, como em festas.

Se tupis, tupinambásPouco importa fosse a raça

Exaltaste com a graçaDos que são de Jabotás.

Defensor intransigenteCom impávido labor

Promoveste nobre gente.

Tu notável bravo vate Ensinaste com ardor

Que se vence com combate

34 Aluizio Rezende - Rio de Janeiro – Brasil - 14/09/1947. Cursou Letras e depois Engenharia Civil. Livros publi-cados: Esperar Ainda Uma Vez (2005), Desejos Descalços (2006), Descaminhos (2007), Fui no Tororó... Beber Água, o Sonho Achei (2008), EntreCantos (2009), 14 Versos (2010) e Espasmos e Espumas (2012). Publicado em antologias de prosa e de poesia e várias vezes premiado em concursos literários. Fundou o Movimento Cultural POVEB (Poesia, Você Está na Barra) que existe há 6 anos no Rio de Janeiro, Brasil.

35 Álvaro Urubatan Melo – São Bento – MA – Brasil - 14 de abril de abril de 1940. Autodidata, cursou o primário noGrupoEscolar“MotaJúnior”,SãoBento–MA;eoginásioincompleto-ColégioSãoLuís–MA.Comoativi-dadeprofissional,foifuncionárioconcursadodoBancodoEstadodoMaranhãoS.A,exercendosubgerênciade São Bento, gerências de Zé Doca (instalador), Pedreiras, Timon (instalador), João Paulo e São Francisco, aposentadonaúltimaletra.

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Amâncio Ferreira Silva Júnior36

CAIS DA SAUDADESuspiros à beira do cais

De saudades GonçalvianasPoeta eterno na morada do amorNo Largo do amor e da dor

Por que partir se tua alma é tudo o que existe aqui?

Ilha bela como o solHorizonte marcado de amor

Corações vestidos de sol

Amor que se põe no peitoSol que pulsa na vidaSente a vida, brilhandoContempla o sol, amando

Ilha bela como vidaCorações marcados de amor

Horizonte vestido de sol

Amanda Suely Brito de Sousa37

o PoEtA E SUA HUMILDADEUm simples poeta nasceu com o coração cheio de sentimento, era humilde, mas tinha força e muita garra, estudou para um dia varias poesias criar e em nosso coração pudesse ficar.

Poeta de verdade para sempre ser lembrado, como homem, cidadão caxien-se e amante da vida e da sua terra!Sua vontade de criar, poesias para de-monstrar belezas, amores, futuro e o modo certo de amar! Morreu! Mas muitas saudades ficaram um grande poeta foi e poesia dei-

xou. Poesia verdadeira para serem lidas com carinho em nossa mente ficou!

36 Amâncio Ferreira Silva Júnior - São Luís – MA – Brasil - 15/05/1984. O autor é Bacharel em Ciências Sociais e Licenciado em Sociologia pela Universidade Federal do Maranhão / UFMA.

37 Amanda Suely Brito de Sousa - Sãon Luís – MA – Brasil - 6/09/2001 - É o amor por criar poesias e expressar o quesinto.Cursando:5ºAnoTurma:C–ProfªShirleMaklene

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Amélia Marcionila Raposo da Luz - Amélia Luz38

UM PoEMA PArA GonçALVES DIASDa tua boca tirarei o verbo e me embriagarei

das tuas emoções e metáforas...Da tua garganta tirarei a vida

e beberei o sonho, o desejo, a canção, o sumo,a tua multiplicidade em profundezas...

Tirarei a cena, o palco, as luzeso sentimento, o riso e a lágrima: o teatro!

Seremos então, nós mesmos,eu e a tua fala, o teu gemido,

o teu discurso que tua alma exala...Ouvirei palavras dispersas

vejo-te, no reflexo delas,águas cristalinas que fluem

lapidando pedras disformes...Afundarei num mar de emoções desconhecidas,

balbucios, sussurros, confissões e sermões.Amanhã, o outro lado verei,

a lenda, o conto, a página, o drama, a poesia!Viajarei na imprensa contraditória de cada dia

buscando-te sempre a companhia!Silêncio... Há um vento estranho

Trazendo nas asas mistérios do norte:“Guerreiros, descendo da tribo Tupi

Meu canto de morte, Guerreiros, ouvi.”...É preciso reviver a palavra que brotou na madrugada

nos lábios inocentes do poeta que partiu,girassóis de alegria, depois do despontar do dia

que arranca a treva das mãos da noitecelebrando e soletrando versos e rimas...Eis a herança enraizada do fundamento

Que ora me deixas na expressão lírica,Indianista, saudosista, religiosa,

Medieval ou épica das nossas puras tradições.Poeta, “Ai, não me deixes, não!”

Que eu seja a tua flor e tu a força da correnteza,Leva-me nas tuas águas, ah! (afundo), “Não me deixaste, não”!

38 Amélia Marcionila Raposo da Luz–Pirapetinga-MG–Brasil. Escreve contos, crônicas e poesias com premia-çõesemconcursosliteráriosemváriosestadosdoBrasil,emPortugal,naEspanha,ItáliaeFrança.Participadeantologiasliteráriasepertenceamuitasentidadesliterárias.Trabalhanasuaoficinaabusandodaspalavras,criando e recriando a vida. Formada em Pedagogia é professora.

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Ana Claudia39

oH! QUE DIAS!Eis que de tanto sofrer, de amor, de viver, ordenei,

Vou sobreviver à custa da incauta poesia,Palinódia, efêmera e precária, a qual patenteei,Vida, essa inútil chama, que a alma invade e angústia.

Tesouros em verso, que no papel, escondo e revelo,Quando em meu peito, as dores silenciam seu grito,

Então são os dedos que exprimem todo o apelo,Para que o coração não estanque mediante tamanho acinte.

Ó, que naqueles dias, poderia ter da vida, dos homens, descrido, Do amor, que foi dito ser o enlevo d’alma, ter dele me perdido,

Mas entre todas as mais vis tragédias, não haveria pior do que essa,

Pois desistiria de quem eu sou, se por medo, desistisse de lutar tal guerra.

Não, não poderia ser por mim mesmo vencido, não há morte pior que essa.

Como tantos, tive nas mãos a mordedura do ingrato,No seio a sangrar, a desilusão dos que fingem o amor verdadeiro,Como poucos, saber vencer a infâmia de quem tem rendido por assalto,Os motivos mais sinceros, e que ainda assim, tem, de fato,A coragem dos que ousam ser eles mesmo, por inteiro.

Ana Cristina Mendes Gomes - Cris Dakinis40

PArECE-ME QUE SABIAS...Parece-me que sabias...

Quando singravas em cantosO doce enlevo do mar...

No versejar amorosoÀ musa e à pátria, saudoso,Poeta Gonçalves Dias,

Parece-me que sabias...Que partirias no mar!

39 Ana Claudia – Nanuque – MG – Brasil - 28 de junho. Jornalista, professora, pós-graduada pela ECA/USP Mu-lher,negra,escritora,apesardenuncaterpublicadoumaúnicaobra,escrevoporqueessaéminhamaiorfortuna.

40 Ana Cristina Mendes Gomes (CrisDakinis)-SãoPedrodaAldeia–Brasil - 13 de dezembro. CrisDakiniséonomeartísticodeAnaCristinaMendesGomes,autoradoslivros�PorArtedeMagia�,�AosDistraídos!�e�TáFelizporquê?�.PremiadaportextoselivrosnoBrasilenoexterior,acadêmicacorrespondentedaAcademiadeLetrasdeArraialdoCabo/RJ,escreveparasuapágina:www.crisdakinis.com

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Viveste grande paixãoPor tua terra, tua amada,

Mas o mar corre mundos...É água salgada, não doce,Como se lágrima fosse

Recheio de poesia!Parece-me, que sabias...Poeta Gonçalves Dias,

Que constelar desilusãoMultiplica honrarias

Para além da terra-mãeE se a Terra faz-se nação,

O mar recolhe a canção...Em teu exílio constante,

D’alma, de poeta, de amante...Parece-me que sabias,

Poeta Gonçalves Dias,Que partirias no mar!

Ana Issa Oliveira41

FInALMEntE ADEUSA última carta de Ana Amélia a Gonçalves Dias

Escrevo-te hoje minha despedida e meu coração parece em frangalhos, tamanha a tristeza que antevê a saudade.

Tu, por tantas vezes, me observavas e, depois de julgado, sentenciavas... Crês que eu não faria o mesmo contigo?

Pois agora sentencio eu, a tua amada, a exilada de teu amor, para que não repitas os mesmos erros de antes, para que não te

julgues maior que a dor. Que seja então:Preserva-te, protege-te, cuida para que não te machuques porque — ao

contrário do que insistem os néscios — tu tens uma alma. E nobre. E a nobreza é frágil no meio desta selva em que nos enredamos.

Não te deixes iludir — como todos nós forasteiros bem o fazemos mais hora, menos hora — pelo suave delírio de liberdade que esse

lugar proclama: não é de verdade.Se te iludires, em pouco tempo estarás bebendo todos os dias e, daí, é um passo para

a corrupção dos valores pelos quais optaste reiteradas vezes em tua vida.Cuida para evitar as pedras travestidas de humildade e sedução: ainda assim são pedras e te

impedirão de caminhar sem agravos... Mesmo tão vivido tu não estás imune ao ressentimento.

41 Ana Issa Oliveira-SãoPaulo–SP-Brasil-12dejunhode1963.Cientistapolíticanaprimeiragraduação;Gra-duadaemLetras;Pós-graduadaemTeoriadaComunicação;ProfissionalderedaçãoecríticadeteatroinfantilnoCadernoLetrasdaFolhadeSãoPaulo,1990;Microempresáriadosetordedivulgaçãodetítulosjuntoàmídia impressa,1991;Professoradecriaçãoe redação literáriaaté2011;PreparadoraeditorialdaEditoraNovo Conceito.

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Cuida para escapar de propostas extravagantes e de ideias afetadas: são só delírios de mentes esvaziadas pelos excessos e preenchidas pelo interesse.

E sempre que estiveres no meio do turbilhão (tu hás de entender o que quero dizer com turbilhão), pois bem, sempre que tu estiveres lá, volta ao teu silêncio, aos

teus livros, às tuas lembranças e sossega.Faz isto por ti para que não te culpes depois por traíres a ti mesmo. Faz isto por mim que sou brasa do teu mesmo fogo: se te machucares, machucas a

mim. Lembra-te de que nosso tempo não existe e de que nosso sentido está

na memória, então eu sou contigo, sem lugar e sem hora.Mas, caso este falatório não te sirvas de nada, caso tua experiência

te falte, caso te deixes levar — como eu mesma fiz por ti — e caso a dor torne-se insuportável, por favor, não te transformes num

tolo. Não fiques resmungando e criticando as gentes. Aquieta, porque a terra a que retornaste não é a mesma que tua fantasia criou.Não te irrites comigo porque escrevo palavras duras e não me pareço mais com tua doce Ana. Tu, teu amor e toda

a vida me tornaram nisso... Enfim, limito meu rancor, agora, e acalanto teus ouvidos com um pedido se, afinal, é possível fazer de um

sonho um pedido; peço-te que, apesar de todo o adeus, não te esqueças de mim.

Guarda-me neste canto que tomei em teu coração e me retoma, às vezes, para espargir, com teu olhar, o brilho para meus olhos. (E quem há de

dizer que não vivemos um grande amor!).

Ana Luiza Almeida Ferro42

Ó MArAnHãoNaquela taba perdida no tempoNuma terra de muitas palmeirasAinda vive um velho timbiraEm meio às sombras rasteiras.

Naquela taba sagrada de sangueO timbira conservou a memória

Da coragem do guerreiro tupi,Que do pranto se cobriu de glória.

Naquela taba encantada de morteEncontro a vida que não vejo cá,

E o timbira reconta a narrativaDos feitos olvidados por lá.

42 Ana Luiza Almeida Ferro - São Luís – MA - Brasil - 23.05.1966. É Doutora e Mestre em Ciências Penais (UFMG), licenciadaemLetras(UFMA),PromotoradeJustiça,ProfessoradoUNICEUMA,PresidentedaAcademiaMara-nhensedeLetrasJurídicas,MembrodaAcademiaCaxiensedeLetras,SóciadoInstitutoHistóricoeGeográficodo Maranhão e Membro de Honra da Sociedade Brasileira de Psicologia Jurídica. É autora de vários livros, entre os quais Quando: poesias (2008) e Crime organizado e organizações criminosas mundiais (2009).

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Naquela taba envolta em poesiaNão sei se ainda luta o moço,

Não sei se ainda canta o sabiá,Mas lá não se abriu o fosso.

Ó Maranhão,Tu não viste no horizonte o dejeto

Nas tuas praias inclemente aportar?Tu não ouviste nas ruas o desvalido

Por um pouco de pão reclamar?

Ó Maranhão,Por que dormes, terra tupi,

Por francos e lusos adotada,Quando o sonho cabia em ti?

Não sabes o que leva o vento,O que procura o mar encobrir,

O que se transforma em tormento?

Ó Maranhão,Ó gigante de pedra e areia,Que jazes no bosque a dormir

Como a presa inerte na teia,Desperta de teu sonho distante,

Desce do mirante para a ceia.

Ó Maranhão,Escuta o velho timbira na taba

Teu passado aos meninos lembrar;Revive os dias de Gonçalves,

Teu poeta maior, sem par;Sê brioso

Como o moço guerreiro;Sê laborioso

Como o luso sobranceiro;Sê garboso

Como o gaulês altaneiro,Que um dia te quis

Possuir por inteiro.

Ó Maranhão,Ó gigante de pedra e areia,Desperta para o combate!

Conquista teu maior galardão!Ouve o velho timbira

A inspirar o moço vateNaquela taba de viva paixão.

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o GIGAntE Do LArGo DoS AMorESO que contemplas, ó vate divino?

o que procuras em cada sol poente?nosso céu mais uma estrela ganhou

nossa vida, mais beleza,nossa prosa, mais poesiao coreto mais cobiçado ficou

a baía já se rende a teus pésmas a tarde não traz refrigério

a noite sua mudez revelouos sinos ainda dobram por ti

a marabá mais sozinha estáe o mar penitente se agitou

ao naufrágio de certo navionos baixios dos Atins.

O que divisas, ó mestre divino?o que persegues em meio às alturas?

não viste as nuvens pesadaso rosto do astro ocultar?

acaso não ouves o canto do guerreiroos sons da trompa, as vozes em toadas

o canto do índio, a canção do tamoio?acaso olvidaste o canto do Piaga

o rugir das tempestades carregadas?não guardaste a lembrançado moço tupi na taba timbira?não sofreste cruas ânsias fundadas?não ensinaste que a vida é combateque os fortes apenas pode elevar?

O que cismas, ó artífice divino?o que inspira a tua mão?as visões do valente Tabira?os maracás e os manitôs?és agora o gigante de pedra

arrebatado de contida iraquem há que te iguale?

quem há que te exceda?quem há que te fira?

descansas em eterna vigílianão podes dizer derradeiro adeus

mil arcos se retesam em miramil setas se cruzam em tributo

mil poemas se doam em memória.

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O que especulas, ó arauto divino?o que buscas no incerto horizonte?

és mais alto que as altivas palmeirasonde cantava o magistral sabiá

mais alto que a bela mangueiraonde se aconchegam as frutas useiras

mais alto que o Morro do Alecrimonde muito bravo pereceu

estás bem diante das beirasno centro da praça encantada

a cortejar Maria Aragãotão longe das capoeirastão dentro do Olimpo

tão perto de Tupã.

O que eleges, ó favorito da Musa?o que esperas da brisa inconstante?

afasta a tentação da mãe d’águaliberta-te do cruel Anhangá

desce do alto da palmeiradeixa para trás tua frágua

e vem cá desfrutar os primoresque não encontraste por lá

volta à era do corpete, da anáguaquando se morria de amor

vem desposar Ana Améliahá cura para toda mágoano Largo dos Remédiosno Largo dos Amores.

Ó Gigante do Largo dos Amoresde pés imponentes sobre o marouve meu canto, meu lamento

retoma a pena, fecunda o papelpõe a máscara, dedilha a lira

volve teus olhos sem tentoe desce para tornar a encher

com teus últimos cantosmeio paz, meio tormento

no leito de folhas verdesnossa vida de mais beleza

ao sabor de cada momentonossa prosa de mais poesia

nossos dias de mais Gonçalves.

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Ana Luiza Fernández Alves43

CAnção Do ExíLIoMinha terra tem palmeiras

e, também, muitas estrelasque, em outras cidades não há.

Minha linda Porto Alegre não nos permite compará-la

com outra cidade qualquer.Ela, além de ser charmosa, é maravilhosa,

pois exibe-nos um pôr do sol inigualável.

Na capital gaúcha, muitos sabiás cantam e encantam.Como aqui, não há nenhum lugar!

Ana Luiza Nazareno Ferreira44

onDE CAntA o SABIÁ?Ah, meu poeta,minha terra não tem mais palmeiras,

nem sabiá para cantar.Só ficou a saudade de tudoque um dia podíamos lá encontrar.O progresso chegou,destruiu nossos bosques,nossas várzeas ficaram sem flores,e morreram nossos amores.O que fazer, meu poeta,na terra que tanto amavas?Nas noites iluminadasnão mais pelas estrelas,nem lampiões a gás,

só a luz elétrica fria,escondendo a luz da lua.

Viramos exiladosem nossa própria terra.Nossos filhos não conhecem

43 Ana Luiza Fernández Alves-SantadoLivramento–RS–Brasil-12defevereirode1993;resideemPortoAle-gre/RS.FilhadeRossanaFernándezRosaeEdsonFerreiraAlves.Estudante.MembroEfetivodaAcademiadeLetrasMachadodeAssis,PortoAlegre/RS,Cadeira47,Patronesse:DinahSilveiradeQueiroz;AcademiaVirtualSaladePoetaseEscritores,BalneárioCamboriú/SC;AssociaçãoInternacionaldosPoetasdelMundo;e,LigadosAmigosdoPortalCEN.E-mail:[email protected]

44 Ana Luiza Nazareno Ferreira – Sambaiba – MA – Brasil - 1º/02/1949. Professora Licenciada em Letras pela UniversidadeFederaldoMaranhão;EspecializaçãoemSemiologiaAplicadaaoensinodaLínguaeLiteratura;Professora de Português, Inglês e Francês em diversas escolas e cursinhos. Professora do PROCAD (Projeto de Capacitação Docente) e PQD/UEMA –Curso de Letras. Professora do Curso de Especialização em Literatura Infanto-Juvenil – UEMA

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as belezas do teu tempo.Aquela terra querida

que te enchia de orgulho,cheia de palmeiras

onde cantava o sabiá,ficou num passado bem longe.

Só nos restou o amorpor tudo que existiu,

e a esperança de um diaencontrar novas palmeiras

onde cante o sabiá.

MEUS AMIGoS, EU VI...Meus amigos eu vi

as lágrimas do poetamolharem o chão

ressecado da tristeza,da falta de ação,

do horror da miséria,da violência ferina,

em um terra que outrora,tão bela e tão fina,

gerava os amoresem uma simples canção.

Meus amigos, eu vios sonhos do poeta

virarem poeira,zanzando perdidos

em nossas ladeiras,soterrados no asfalto,quebrando azulejos,

cavando nos manguespra achar caranguejos,que o mar escondeu

em uma triste canção.

Meus amigos eu viseu nome virar praça,

cidade e rua;praça sem trato,palmeiras e lua;

cidade sem brilho,pequena e sofrida;

só o nome do poetalhe dá um pouco de vida,

a enche de graçaem doce canção.

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Meus amigos eu vi,os sonhos do poeta

que veio de Caxias,na certidão marcada

como Gonçalves Dias,virarem cantigas,histórias de guerra,

poesias, romances,saudades de sua terra,

cantando os amoresem grandes canções.

Meus amigos eu vi,e não me esqueci.

EntrELAçoSSaudade,exílio,

amores,favores;

índios guerreiros,Tupã

Piagatimbiras

tamoios.Ainda uma vezadeus e paixão,amor solitárionão se morrede amor.y Juca Piramaguerreiros ouvio canto de morte,meninos, eu vi.Lágrimas,vida,

luta,combate,

abateo fraco,

exaltao forte,

o bravo.Poeta,

índio,romance,teatro,hinos,cantos de amor.

Page 81: Vol. I Antologia MIL POEMAS A GONÇALVES DIAS

80

O belo,o grande,

filho do pensamento,meditação.

Ana Amélia,amor perdido,

ainda uma vezadeus

Gonçalvessalve

Dias,poeta primeiro

verdadeiramentemaranhense.

Não me deixaste, não!

GonçALVES DIAS E UM PoUCo DE SUA oBrAA saudade da terra,

“Canção do Exílio”;O amor que não teve,

“Se eu morrer de amor”;A paixão que se foi.

“Olhos Verdes”,A despedida do amor,

“Ainda uma vez Adeus”.A luta do guerreiro

“y Juca Pirama”,“O Canto do Piaga”

é “Meditação”para “Os Timbiras”

na “Canção do Tamoio”.“Um Anjo”,

“Beatriz Cenci”,cantou “Marabá”,

no “Leito de Folhas Verdes”.“Meu Anjo, Escuta”,

meu “Canto de Morte”,“O Canto do índio”

que “Seus Olhos” não viram.“Se te amo, não sei”,

só sei que sem tijá não sei mais viver.

Os Primeiros, Segundose últimos Cantos

ainda se ouvemno vento que passa

pelas palmeiras de minha terra,onde cantam sabiás, bem-te-vis e curiós.

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Ana Maria Costa Felix Garjan45

Porto DE LÁGrIMASNaquela noite escura, naquele ‘Porto de Lágrimas’

O poeta Gonçalves Dias já muito doente ainda sonhava:No horizonte desejava avistar sua amada terra natalE sentia sua alma esvaindo-se em lágrimas de saudade.

Era imensa sua solidão, era grande seu amor, sua paixão.

Em dois de novembro de 1864 avistou seu sonho:As terras do Maranhão já estavam perto do seu olhar,

E lágrimas suas eram tantas, que desejou logo chegar,Mas fortes ventos eram como facas cortantes em seu peito.

O príncipe dos poetas não suportava mais tantas dores...E desejou escrever últimos poemas de amor à sua terra.Em sua alma brasileira havia lembranças e amores perdidos

Lembrou-se de sua vida de sonhos e realizações já findas...E desejou ancorar ao seu porto natal, antes do amanhecer.

Em seu leito de frio e visões o poeta foi levado a outro destino:Na madrugada de três de novembro o navio bateu nos Atins,E em águas próximas à vila de Guimarães o navio naufragou

Levando para além do horizonte seus sonhos de homem poeta.

Gonçalves Dias tornou-se imortal por seus singelos e fortes poemasDeixou seu legado erudito nas letras, nas artes, em sua vida;Representou o Brasil em delegações oficiais no estrangeiro,E escreveu um dos mais belos poemas, entre tantos de sua poesia:“Ainda Uma Vez, Adeus”.

GonçALVES DIAS, UM BrASILEIro, UM PoEtAHerdeiro do legado do velho mundo nos oitocentos O poeta maior do romantismo nacional dialogouCom vozes ecoadas no céu da nova América,

Superando o infantilismo da simplória métricaReproduzida sob auspícios da corte no salão imperial

Atraindo aplausos da crítica e olhares invejososFez emergir os visíveis e invisíveis contrastes da colonização.

Com olhar nativo, sereno e altivo de etnia subjugadaEmbora tenha sido peregrino em terras de além-mar

Fez-se ouvir em longínquas plagas com o canto do seu exílioEntoado como hino de amor à sua pátria amada

Traduzindo do imaginário gentil e ingênuoCores, aromas, mar, natureza e palmeiras das terras do Brasil.

45 Ana Maria Felix Garjan - Caxias – MA – Brasil - Membro da Academia Caxiense de Letras – ACL, ocupante da cadeiradenúmero15,tendocomopatronoAntônioGonçalvesDias.

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Sua visão do paraíso foi construída em verso e prosaDestacava as belezas naturais elevadas pelos patriotasEm símbolo da identidade nacional, e do índio escravizadoAmpliando como grandes ondas, em mar aberto e em portosAs notícias do patrimônio da bela terra dos gentios e degredadosComo forma de sedução e curiosidade para os europeus.

Dos viajantes estrangeiros derivou sua inspiração primeira Dos escritores consagrados recebeu belos ensinamentos

E os Primeiros Cantos encantaram gregos e troianosMesmo sendo filho de família humilde, pobre, sem berço.

De poeta viajante por tantas terras a dramaturgo iniciante

Alcançou o apogeu com seu talento, humildade e teimosiaEm declarar-se o primeiro poeta das letras brasileiras

Compostas como canto à nação e aos amores intangíveis.

Dedicou-se aos estudos e pesquisas na terra de CamõesApreciou a arte dos franceses e também dos alemães

E se deixou seduzir pelos cantos dos sabiás e rouxinóis.

Em sua obra havia indícios de brasilidade bem amalgamadosCom elementos europeus da época dos oitocentos aos novecentos.O poeta seguiu a rota dos navios negreiros sem alcançar porto seguro

Mergulhou em sono profundo levando consigo uma grande dialética Entre o localismo e o cosmopolitismo de tantas outras terras

Onde deixou suas marcas em corações e almas sensíveis e patriotas.

trIBUto À ‘CAnção Do ExíLIo’, DE GonçALVES DIAS

Onde havia teus pássaros, belas aves e palmeiras can-tadas por ti, Gonçalves Dias,

Há queimadas, tuas palmeiras já morreram, os teus sabiás estão quase mudos;

Nosso céu está cinzento, a poluição é grande no Maranhão e no nosso planeta

Mas ainda vemos estrelas que miram os seres da terra; imaginamos o teu céu;

Nossos bosques estão desmatados, nada pode ser feito, não há lei, não há paz;As leis não impedem queimadas das florestas, e os homens maltratam os animais;

Eu também fico a cismar, até onde o homem destruirá nossa natureza, teus Sabiás...Ainda há várzeas, rios, palmeiras onde cantavam as aves que gorjeavam aqui, e lá;

Nossas vidas, nossos amores estão na corrida contra o tempo das contradições, Dias!Os prazeres dos homens são perigosos para os inocentes, há muita violência no mundo;

Os governos, as religiões, pessoas, grupos e instituições sofrem perturbações O mundo está confiante na renovação, não queremos guerras, pedimos paz às nações;

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Em nossa terra ainda buscamos ‘primores’, desejamos ouvir o canto dos teus Sabiás,Queremos que mil poemas corram o mundo, que haja tempo de renovar tua memória!

O teu ‘Canto do Exílio’ é uma declaração de amor e respeito à natureza daqui e de lá.

Tua vida, nossas vidas estão escritas neste livro, onde poetas cantam versos para ti!Que Deus permita que possamos viver nossos amores e artes,

ao som de ventos e brisasE que possamos renascer e contribuir com a natureza,

para salvarmos nosso planeta!

Caxias segue seu destino, há teus seguidores que cantam e morrem de amores!

São Luís completou 400 anos, e teu nome e histórias fazem parte da cultura brasileira.Há muitos escritores, poetas e artistas que cantam novas ‘canções do exílio’, como eu.

E Deus escutou tua prece... “Não permita Deus que eu morra, Sem que eu volte para lá’.

E ainda avistastes as terras e palmeiras do teu Maranhão. Que Deus não permita que haja mais violência nas florestas,

vilas, ruas e cidades!Que possamos sempre voltar para nossa casa;

Que no mundo haja justiça e paz para a humanidade!

CArtA A AntonIo GonçALVES DIAS, MEU PAtrono nA A.C.L.Eterno poeta Gonçalves Dias,

Quis o tempo da vida que fôssemos leoninos do primeiro decanato;Quis a arte da minha infância que eu estudasse no Grupo Escolar Gonçalves Dias;Quis meu sonho realizar o ‘Projeto Galeria Gonçalves Dias’, em tua homenagemOnde por um tempo reuniu artistas, poetas, escritores, cantores e

estudantesNo Palácio Cristo Rei da Universidade Federal do Maranhão, em São Luís

Bem em frente ao teu obelisco, na praça com teu nome, que é o Largo dos Amores.

São Luís em seus 400 anos de história, cultura e arte te homenageou, em 2012-2013E de forma delicada e silenciosa foram surgindo ‘mil poemas para ti’, meu poeta maior!Escrevi poesia, agora escrevo essa carta de louvor à tua infinitude de poeta

Desenho alguns dos teus versos em telas, com cores vivas da tua natureza e dos sabiás.

Na trajetória da vida sou poeta, escrevo sonhos, amo a natureza, trabalho pela pazDesenho sonhos nas nuvens, obedeço a arte da vida e suas leis fundamentais:Defendo os seres vivos da Terra, defendo os direitos humanos e os dos animais.

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Assim, meu patrono, na Academia Caxiense de Letras, tento honrar teu nomeE nunca será em vão essa grande oportunidade cultural onde minha vida floresceDesde o nascer do dia às noites onde aparecesse inspiração para sonhar e criar.

O grande senhor do tempo, Deus do Universo. foi teste-munha do teu viver e sofrer

Mas ele não desejou teu final nas águas do Maranhão; foi um destino da tua época

Foi uma armadilha infeliz de tuas desventuras amoro-sas, de tua dor e solidão.

Para finalizar esta carta, grande poeta brasileiro, rendo-me à tua sensibilidade

Presto à tua memória minha eterna homena-gem, continuarei saudando teus senti-

mentos,Estarei em silêncio, e soltando a voz

na poesia que herdei da vidaE compartilhando poemas e versos hu-

manistas de paz e amor.

‘E na nossa terra ainda há palmeiras, e vez em guando canta um Sabiá’...

EnContro DE AMor, UM DEStIno ALéM Do HorIzontE

Que sonhos Gonçalves Dias, filho mestiço, sonhava em Coimbra?Qual amor desejava o estudante de direito que estava longe do Brasil?

Filho de pai português ele escreveu versos, esteve com poetas medievistasFormou-se em 1844, regressou ao Maranhão, e conheceu um grande amor.

Deixou-se levar pelo encanto de uma mulher: Maria Amélia Ferreira do Vale

Que lhe inspirou os poemas: “Seus Olhos”, “Mimosa e Bela”, “Leviana”,E por último, após tanto penar de amor escreveu:

“Ainda uma Vez, Adeus”.

Oh! Meu poeta Gonçalves Dias, que destino o esperava através de tua vida?

Professor de latim, jornalista e escritor no Rio de Janeiro, teve outros sonhos...Como poeta sensível, tua obra lírico-amorosa e indianista foram consagrados.

Tornou-se teatrólogo, escreveu temas etnográficos e historiográficos, eternizou-se:Primeiros Contos, Segundos ou Novos Cantos, Sextilhas de Frei Antão,

Leonor de Mendonça, últimos Cantos, Os Timbiras, Dicionário da Língua Tupi, Obras Póstumas... Cartas, e tantos escritos formam tua imortalidade brasileira.

Como não nos lembrarmos de y Juca Pirama? De tuas viagens à nossa Amazônia?Da expressão social de tua poesia, de teus laços de afeto à família e aos amigos?

Olympia tua esposa, e Joana tua única filha foram herdeiras de dedicação amorosaForam muitas as cartas escritas de diversos países à Olympia, que o compreendia.

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Dias, teu destino nem estava escrito nas estrelas... Ou sempre esteve? Mas por quê?Será que o naufrágio do navio “Ville de Boulogne” ceifou mesmo teu último sonho?

Após tua morte, nas águas da tua amada terra, sobraram pági-nas de tristeza e solidão

Restaram pequenos objetos que representaram teu último desejo e sonho na vida:Chegar à tua terra maranhense e morrer nos braços de

um amor possível...

‘Minha Terra tem Palmeiras... Onde canta o Sabiá’, Gonçalves Dias!Tantas cartas e papéis velhos foram enviados ao Jornal do

Comércio, no Rio.Gonçalves Dias escreveu sua primeira carta a Olympia, de Paris,

em 15/10/1856A segunda carta foi de Colônia, a terceira escreveu de Dresde, e muitas outras;E nessas datas não podia imaginar seu último suspiro, nas águas do seu mar...

O centenário de sua morte foi em 1864; A data de seu nascimento, 10 de agosto.

Sua herança corre nas veias dos poetas e escritores que não o deixam sozinho.

Sua herança e legado estão bem guardados e vivos na alma e coração do Brasil!

Esteja em paz eterna, meu poeta das Palmeiras, Aves, e dos teus belos Sabiás!

Ana Maria da Silva46

GonçALVES DIAS Minha terra tem escolasPara o cidadão estudar Mas o autor Gonçalves Dias

Não quis a elas adentrar Resolveu ir para a Europa

Em Coimbra estudar.Nosso estado tem estrelas

Na literatura secular Uma delas é Gonçalves Dias

Que fez a academia brilhar.Em cismar, sozinho à noite

Mais prazer encontro eu cá Minha terra ainda tem palmeiras Aos 400 anos completar.

46 Ana Maria da Silva - Carolina – MA – Brasil – 08/07/1960

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Parabéns São Luís, porGonçalves Dias homenagear

Minha terra tem escritores Que nos fazem orgulhar

A Caxias seus louvores Por um poeta nos dar.

Ana Maria Marques47

LEMBrAnçASGuardo a lembrança

Da terra – minhaMajestosa – rainha .

Em pensamentos reaisSobressai tua imagem

Numa moldura de cores ...

Então – suspiro dessa saudade Da terra que nasci – Meu amado Brasil .

AnA AMéLIAAqui sem você

Vejo um céu diferenteVontade de andar em busca de ti .

Nesses dias , longos dias ...Sem teu amor - acabrunhado

Dos teus olhos afastado .

Aqui em Portugal - suspiro , sussurro Peço a Deus - um dia por acaso te encontrar .

o PoEtA InDIAnIStAAntônio Gonçalves Dias

Cantou sua pátria em Canção de Exílio Majestoso país em terra de Tupã

Poeta Indianista da geração romântica – advogou seu amor Num brado de liberdade em mãos da natureza

Brasil – foi seu conto em linda flor .

Da saudade da terra natalCompôs sua Nostalgia em Portugal .

47 Ana Maria Marques - Recife – PE – Brasil - 21 de Novembro de 1958 . É licenciada em Pedagogia e Pós –Gra-duada em Educação Especial Inclusiva . A poesia esteve presente em sua vida desde criança , mas só em 2009 começouadivulgarpartedeseusescritosnumacomunidadedoOrkut“BrincandocomasLetras“,hoje“NOP“.PoradmirarasobrasdeAntônioGonçalvesDias–gostariadefazerpartedaAntologia1000poemasemsuahomenagem . [email protected]

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SAUDADESOh ! que saudades

Do meu céu azuladoMesclado de luzes reluzentes .

Lembranças Das palmeiras , mangueiras , pitangueiras , açucenas

Mares , rios , fontes , cachoeiras ...

Nessas horas de saudade- Queria ouvir o canto do sabiá na laranjeira .

MELAnCoLIANa rua a caminhar

Paira uma melancolia em mim Uma saudade sem fim .

Na imaginação Um cenário do meu Brasil

Terra bela – verde amarelo azul anil .

Quero hoje revestir-me de brasilidadePara resistir a ausência – que dói de verdade

Ana Néres Pessoa Lima Góis48

SInA Se o amor sufoca costumes Pra depois se deixar sufocado Se o orgulho pesa a entregaE o sofrer tem por fiel o seu fardo Se o protesto é criar asas Buscar além do oceano um fado Enraizar sem os coqueiros das matas Mas sem que o papel permaneça calado

E se esquecer é lembrar de longe

Tentar seguir para além do tormento Se se encontrar é sofrer novamente

Se relembrar é reviver o lamento Escrito sob o signo de sangue

Com a sorte espalhada ao ventoEm versos eternos que se prolongue

E a sina nunca seja o esquecimento

48 Ana Néres Pessoa Lima Góis-Esperantinópolis–MA–Brasil - 30 de junho de 1974. Licenciada em Letras, especialista em docência, educadora, poeta e cronista. Ocupa a cadeira nº 9 como membro fundador na Aca-demiaEsperantinopensedeLetras.

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Se o amor não se concretizou Se venceu a sina de não o ser

Que se concretize a poesia do amor nas ruas dos séculos do querer

Na praça a despedida que ficou Tatuada nos azulejos a viver

E hoje nem se sente que foi dorO amor que a poesia fez permanecer

ProFECIAAmas a Ana que te laçou além do olharAma, e sonha com o dia em que a terás

E que não seja anátema a tua maneira de amar

Amas com amor que unigênito te seráFita-a por instantes alongados, prolongadosQue há agouro, conspiração além do mar

Amas fora de alcance, como que não se canseE que a poesia esteja a te guardar, pois amas...

Ama, somente ama, pois em tempo não te entregarás

Ama, antes que o orgulho venha a ti tomarVive a presença e depois a sentença

Da dama a quem amas e não terás por alcançar

não, não SE MorrE DE AMorNão... Não se morre de amorDe amor nos condenamos

Nos martirizamos...Como sementes que se doam

Deixamos nossas vidasPara renascermos em outras

Não... Não se morre de amorO amor não mata a matéria

Não sangra a carneSomente a vontade de viverNão consegue exterminar a rotina

Somente os sonhos e adornos

Não... Não se morre de amorMas se faz poesia para acalentar

A vida que velou o amor...Não! De amor não se morre

Pois o destino quis queO amor morresse primeiro...

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Se se morre de amor?Por Deus! De amor não se morre

E se naufragamos enfimMesmo entre mortos e feridos

Todos sobrevivem! E depois compõem versos...

HoMEnAGEMO vento sopra em tom de cantoria

Com notas de cantos magistraisPor entre as folhas harpas sabedoria

De nossas florestas nichos tropicaisO som do vento canta uma saudade

Que vaga expressa entre os coqueiraisDe um tempo em que canta a vaidadeDe versos ontem e nem nunca banaisDa pena que o mar não calouE hoje repousa entre corais

Faz poemas de um outrora amorTesouros sem par de nossos anais

De legítimo sangue brasileiroLevou sua verve a outros cais

Poeta maior de oficio primeiroCantou nosso ninho como outro jamais

BErçoNão há no mundo Paisagem mais vistosaQue da palmeira o vulto Rumo ao infinito Nem lugar no mundo Mais emocionantePra deitar meus olhos E espalhar meu gritoMinha terra berçoMeu principio e fim

Melhor só o céuPara viver sem fim

Minha raiz finqueiDe agora e para sempre

Pois já flori de amorE já me fiz semente.

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Anderson Braga Horta49

no CAMPo DA GLÓrIAPreito juvenil a Gonçalves Dias

Sobre a taba de bravos guerreirosAnhangá fez-se um dia sentir:

inimigo cruel, de outros mares,cai-lhe em cima, raivoso tapir.

Moços, velhos, são todos escravos,presos todos às forças do mal.

Hoje zomba do piaga e seus numessanguinário, faminto animal.

Por seus dentes de fogo abrasada,leva a taba malditos grilhões.

Os tacapes, potentes outrora,jazem quedos nos ínvios sertões.

Arco e flecha tombados, partidos,a vergonha estampada no olhar,

chora a tribo outras eras mais gratas,quando a terra era um hino a cantar.

Lembra as guerras, as longas caçadas,quando os cantos não eram de dor,

quando a inúbia troava nos ares,quando a noite era um hino de amor.Ontem – livres, robustos e ousados,hoje – escravos, malditos, pariás,derrotados, submissos vivendo,já sem plumas e sem maracás!

Ontem – belos, cobertos de penas,hoje – negros, cobertos de pó!

o invasor lhes atira a salivado desprezo, sem raiva e sem dó.

Mas horror ao destino infamantealça o peito dos brônzeos varões,

e eis que, inermes, as clavas de fogodesafiam das brancas legiões.

49 Anderson Braga Horta – Carangola – MG – Brasil - 17/11/1934. Sua poesia publicada entre 1971 e 2000 está reunida em Fragmentos da Paixão;tambémde2000sãoPulso e Quarteto Arcaico;Antologia Pessoal, Brasília, 50 Poemas Escolhidos pelo Autor, Rio de Janeiro, e Soneto Antigo,Brasília,saementre2003e2009;Elegia de Varna(bilíngue),trad.RumenStoyanov,emSófia,2009;Signo: Antologia Metapoética e De Viva Voz, com o selo da Thesaurus, em Brasília, 2010 e 2012.

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Exclamavam: “Morrer é mais beloque viver vida torpe e servil!”

E tombaram no campo da glória.E Tupã no infinito sorriu.

A GonçALVES DIASCanta, sabiá, a tua canção triste,

com a melancolia e o ardor da raça.O painel sonoríssimo que abriste,

não o apaga do tempo o vício e a traça.E, com a força das ânsias que sentiste,

dos sonhos que tiveste (embora a massado olvido hoje te roube a claridade),

teu canto emergirá numa outra idade. A noite desce. O céu é limpo e claro,com a cadência lânguida de um versoque tu gemesses. Só, de raro em raro,

toldam algumas nuvens o olhar tersode uma estrela que fita o oceano amaro,

– debruçada em seu canto de universo –,como se fosse o rosto desse velho

a face impessoal de um grande espelho.

O mar, entanto, em ânsias estremece,com saudade de tua voz maviosa,e ergue espumas ao céu em rude precepela volta da flauta melodiosacom que pascias suas vagas. Cresceda natureza a fala dolorosa.E tudo clama, do oceano aos sóis,pela ressurreição de teus heróis.

Chora-te a ausência a tua pátria, aquelaterra de sol e plácidas palmeiras,onde era luz a tua voz singela,

e onde habitam aves estrangeiras.(Não rouxinóis de voz serena e bela,

porém águias e gralhas gritadeiras.)Falta de teu carpir o doce acento,

e de teus índios falta o ouvido atento.

De certas aves abismais o impurocanto corrompe o nosso sangue novo.

Os sãos ideais são postos contra o muro.Nasceram novos vendilhões do povo.

E a pátria imerge neste lodo escuro,nesta miséria de que me comovo!É hora de lutar! Seja-lhe morte,ao inimigo, o nosso canto forte!

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Falam estranha língua em nossa terraas estrangeiras aves cobiçosas,

e ao nativo cantar empreendem guerra,de nossas fontes virgens sequiosas.

Mas a paz voltará que a luz encerra,e de novo será tempo de rosas.

E, se hoje dura e opaca é a realidade,teu canto emergirá numa outra idade!

Rio de Janeiro, agosto de 1956

CAnto ínDIoSou índio.

Sou bravo, sou forte,sou filho das matas

que vão sendo destruídascom seus bichos, seus frutos,

suas fontes, seus aromas,seu mistério.

Sou índio.Sou íntimo da Lua e do Sol

e das águas.Sou amigo de todos os seres da Terra.

Sou um com a natureza.

Sou índio.Tenho a pele vermelha.

Canto e danço,sinto e penso,

amo e poemo.Venero os meus mortos,reverencio os espíritos,adoro o Grande Deus.

Que mais querem saberpara concluir que sou homem?

Já estava aquiquando os outros vieram.

Mas não é isso o que importa.A natureza tem todas as cores.

E a terra é de todos os homens.

Sou índio.Sou um com a natureza.Conclamo o Saci, a Iara,

o Boitatá, o Curupira,todos os espíritos, Tupã

e os homens de qualquer corpara velar por estas matas

e por estes rios.

A Terra é de todos.

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Anderson Caum50

PArA onDE Vão oS PEnSAMEntoS?Algo sempre me intrigou

Pois nunca ficam presos Teriam asas como a da cegonha? Talvez muito leves para partir com o vento

Não sei dizer ao certo

Sei dizer apenas que ficam presos Não se pode encontrar nos túmulos

Tão pouco encontra-se no opressor Mas vão ao longe os pensamentos do oprimido

E sempre encontram um consolador

Não se pode segurar Tão pouco ser acorrentado

Pois séculos se passaram Mas os pensamentos! Esses nunca ficam presos

Este está vivo nos poetas Pois estes nunca morreram

Gonçalves Dias se foi Mas nunca morreu o pensamento

Um homem sonhador Que sonhou a liberdade E ainda hoje se perpetua Muito provavelmente para toda eternidade Sonhou que toda raça Um dia seria liberta Das correntes e das amarras Ainda não podia as libertar Mas já sabia Que o pensamento ninguém podia segurar

Escreveu seus pensamentos Que ainda hoje se faz analisar

Mesmo sem estar presente Muita coisa ajudou a mudar

Tudo isso me faz pensar Para onde vão os pensamentos?

Talvez nunca alguém possa explicar Mas uma coisa Gonçalves deixou clara

Este, ninguém pode segurar

50 Anderson Caum - Vinhedo – SP – Brasil - 36 anos. Residente em Jundiaí/SP. Trabalho - Jornal Correio Polular de Campinas/SP

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EU SEI QUEM SoUQuem leu os seus poemas?

Quem pode entender seus pensamentos?Quantos homens se passaram?

E quantos vivem este momento?

Homenagem justa a quem se declarouSer mestiço e brasileiro

Em uma época em que se julgouNão ser de estirpe o mestiço e brasileiro

Gonçalves Dias não se acanhouSe mostrando um homem muito além de seu tempo

E a pergunta que ficouOnde estão os homens que julgou?

Não ser de estirpe o mestiço e brasileiro

Hoje muitos conhecem seus poemasE sua história é lembrada

Gratidão por sua obraQue há muito é contada

Lembranças de um poetaQue nos leva a indagar

Se precisamos de um futuroEntão é preciso imaginarQue para hoje ser história

Todos temos que sonhar

Sonhar um mundo diferenteBem melhor pra todos nós

E fazer da história do poetaHomens que saibam sonhar

Saber que não a diferençasE os homens são iguais

Que talvez as diferençasSeja somente a maneira de pensar

Antes de algo mudarÉ preciso se perguntar

Sabes dizer quem você é?Se sabe então já podes sonharSonhar em fazer parte de algo

Que um dia vai mudar

Mudar para melhorCom muitos poetas e poesias

Falando de um mundo que com certezaIra sempre melhorar

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AInDA A HoMEnS QUE CHorAMO dia está quente

Sinto minha pele queimarO sol entre grandes prédios

Que não fazem sombra pra gente descansar

Pelas ruas pessoas apressadasRostos fechados e amedrontados

Um vai e vem de genteQue parece nunca ter chegada

Uma paisagem feia de letreirosBarulho de tratores abrindo estradas

Pessoas desvairadas e desanimadasMas principalmente apressadas

Ninguém se da contaQue ali já vivera um rei

Comandava homens com honraE por isso era rei

O índio brasileiro fora quase dizimadoMas são guerreiros

E por isso sobreviveramAinda assim suas almas são caçadas

Um homem escreveu sobre sua opressãoAinda hoje se fala do seu feitoMas quem deu crédito a ele?Talvez poucosMuitos preferiram o dinheiro

Gonçalves Dias falou muito sobre os índiosDefendeu o legítimo brasileiroSeus poemas ainda são ouvidosSua voz ecoa nos teatros brasileiros

Muitos ainda insistem nas usinasHoje constroem mais um túmulo brasileiroDestruindo mais um grande rio

Por mais algum punhado de dinheiro

O cacique vendo isso chorouSeu choro não se ouviu

O homem branco abafouAnunciando o progresso do Brasil

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O homem branco não aprendeuQue os rostos amedrontados

São almas cativasPela alma guerreira dos índios brasileiros

Mas ainda a esperançaDe um homem que não se deixa enganar

Assim como Gonçalves DiasSuas vozes irão ecoar

Vozes que dizem sem temorQue um dia essas pessoas irão pagar

Pelas vozes dos que choramOs tambores ainda voltarão a tocar

Anderson Henrique Klein51

CAnção Do ExíLIoMinha terra tem mais cantos,

mais lugares a visitar. As músicas que aqui se cantam,

não se cantam lá.Nosso horizonte tem mais luzes;

nossos parques têm mais flores; nossa vida, mais amores.

Em jogar - sozinho, à noite, mais prazer encontro eu la;

Minha terra tem Net, onde pega 3G Max.

Minha terra tem primores, que não encontro cá,

Em jogar - sozinho, à noite, mais prazer encontro eu lá;

Minha terra tem Net, onde pega 3G Max.

Não permita que eu morra, sem que eu volte para lá;

Sem que desfrute os primores, Que não encontro cá;

Sem qu’inda viste as barrinhas de a wireless soar.

51 Anderson Henrique Klein-PortoAlegre–RS–Brasil-17dedezembrode1993;FilhodeGlicériaCelitaKleine Sinécio Jacobus Klein. Estudante do Ensino Médio do Colégio Conhecer, Porto Alegre/RS. Integrante dos ProjetosLiterários“Tabuleirodexadrezlírico”,2011;e“Portacopospoéticos”,2012.Tocatecladoeguitarra;curte computador e gameplayer. E-mail: [email protected]

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André Anlub®52

CAnDUrAS - (DEDICADo A PoESIA DE GonçALVES DIAS)Há algo doce no ar

algo simplesmente belonão possui preconceitos nem tampouco orgulhos

voa por si sóe pousa por receber amparo.

Cheio de valores e com aroma tranquilosegue impetuoso impregnando prosperidade.

Jamais rejeitado, sua presença beira um salutar víciojamais desmentido, pelo simples fato de ser a verdade.

Há algo majestoso no seu olharposso ver no espelho

rondando pelas entranhascontagiando o sangue

fazendo os pés saírem do chãoas mãos tocarem o céuinvalidando qualquer pensamento malfazejo.

tEMPo DE SEr PoEtICAMEntE CorEtoLá estavam eles, no centro da praçaaproveitando a reforma do coretopintado com belo azul turquesaimponente belezade madeira de peroba.

O poeta recitavatão doce e bela obraum soneto de Gonçalves Diasdas estirpes de outrora.

De tanto encanto e sonoridadealcançou sensíveis ouvidos

buliu mil verves afora.Surgiram os novos poetas

com composições própriasdando mais vida ao feitiço

vivenciando o agora.

52 André Anlub® – Rio de Janeiro – RJ – Brasil - (Jan/1971) – Site: poeteideser.blogspot.com – Paixões: escrever, artesplásticas,fotografia,músicaeboxe–ArtistaPlásticoeProtéticoDentárioformadopelaSPDERJ–Temuma obra (tela) no Acervo Permanente do Museu de Arte Contemporânea (MAC) da Bahia.

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Eram novos Toninhos e JoãosZés, Fernandos e Pessoas

envernizando o coretoabrilhantando a alma.

GrAnDE tonInHoGrande poeta Toninho

permita-me chama-lo assim?Trovador das palmeiras

dos pássaros, as aves, as letrasdos sentimentos e afins.

Poeta do Maranhãobumba meu boi e babaçu

amor evidenciado na carneno cerne e linhas dos versos

que habitam entre o céu e o mar.

Grande bardo Toninhotem toda nossa veneração

almejamos espalhar esse preitopro povo cantar seu versar.

SALVE, SALVE, GonçALVES.Nos primeiros cantos

expõe com nitidezenaltecendo a inspiraçãocomo tambores rufando

com o encanto das palavras.

Nos segundos cantosconhecimento e afinação

há tentativa de uniãoe consolação nas lágrimas.

Todo poeta é altezaque exibe sua emoção

também nos conta a memóriapáginas realmente vividas

como nos fala em “Os Timbiras”.

E a memória não morreescorre e percorre as folhas

em bolhas de um puro folcloreque é a mais verdadeira verdade.

Salve, salve, Gonçalves.

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nAU QUE JAMAIS AFUnDAPoesia do amor é colossal

Vive mil afetos e paixõesIndizíveis nas puras emoções

Faz da amada a imortal.

Navega em lugar desconhecidoNa nau do porvir inesperado

Sentimento na quimera ancoradoCobiça o anseio correspondido.

Face e sorriso na essênciaDelírio da memória registrada

Afeto que se perde na estrada.

Mas se há ínfima clemênciaRefaz-se o mar antes navegadoRenascendo o amor desamparado.

André da Costa Nogueira - (Medeiros da Costa)53

orFEU tUPI - A Gonçalves Dias.O Olimpo criou para o homem da deusa Europa seu bardo;

Também de Ásia, do primeiro homem, deus enviou o cantor;E das várias vidas da índia, nas páginas do Righ-Veda, o poeta inesquecível deixou suas estâncias.

Entretanto Zeus inquieto não conseguia compreenderOs ecos do além-mar.Em sua circunferência,Como lhe ensinara o nobre Tales,Resumia-se o restante do MundoA uma imensa toalha d’água estendida até os confins do Universo.

Porém um conto já foi ouvido por desbravadores,Que novos cavalos de Tróia lançaram ao espelho d’água desconhecido.

Compreenderam ser música,Pois sabiam dos livros do passado,

Os acordes poderosos de Orfeu.Era uma música que falava de um novo homem,

O tupi; de uma nova terra, Brasilis,Entoado por um cantor,

Que banhando o rosto nas oceânicas e sagradas águas ibéricas,

53 André da Costa Nogueira-Aracati–CE–Brasil – 14 de fevereiro de 1981. Escreve desde os onze anos quando, pelaprimeiravezleuumlivro,VinteMilLéguasSubmarinas,porJúlioVerne.Leitoronívoro,deláparacá,temseaprofundadonasmaisdiversasesferasdoConhecimento,nomeadamente,Literatura,História,Filosofia,Teologia,FísicaeMatemática.Casado,atualmenteéfuncionáriopúblicomunicipalnacidadedeFortim.

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Resistiu aos encantos da deusa Europa,Para compor os hinos de seu Édem,E de seus primitivos habitantes.

O guerreiro de Ásia, de Europa, de África e da índia,Agora acrescentam a seus exércitos o cântico de guerra,

Do guerreiro tupi,E do panteão, Virgílio e Homero estendem a mão para enaltecer a lira de

Gonçalves Dias.

André Foltran54

PoEMInHoReparei

que todo sabiáque é de gaiola

pela manhãantes de tudo

canta a Cançãodo exílio.

André Gómez Giuliano55

CAnção Do ExíLIoAqui, no Rio de Janeiro tem praias

e muitos locais bonitos;no meu Rio Grande do Sul também.

As mulheres de lá são bem mais bonitas que as daqui.

As curvas que vemos nas montanhas do Rio, vemos nas mulheres do Sul.

Comida tropical...Tudo aqui é mineral,

mas nada é melhor que um bom churrasco, churrasco de gaudério

com espetos no chão.Praias, qualquer lugar tem;

verdes campos e chimarrão numa velha cuia, só no Rio Grande do Sul.

54 André Foltran-SãoJosédoRioPreto–SP–Brasil-8dejaneirode1996.Escrevecontos,masnãoécontista;escrevecrônicas,masnãoécronista;escrevepoemas,masnãoépoeta-ainda.Nãotemlivrospublicados,sócoisas espalhadas pela internet, e em talvez uma ou duas antologias. Atualmente mantém um caderno virtual onde, as vezes, publica algum poema. É estudante e sonha, um dia, poder se dizer escritor e viver de literatura.

55 André Gómez Giuliano - Porto Alegre/RS – Brasil - 16 de março de 1998. Estudante do Ensino Médio do Colé-gioConhecer,PortoAlegre/RS.IntegrantedoProjeto“ImagenseTextosconstruindoHistóriaseVersos”.Curtejogos eletrônicos. E-mail: [email protected]

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No Rio, o calor é de matar e o frio não existe;

no Rio Grande do Sul, o calor é ameno e o frio é intenso;

por isso gosto muito do meu estado.Frio no Rio Grande do Sul... café pela manhã; chimarrão à tarde;

vinho tinto à noite; e, a companhia de uma magnífica gaúcha, às 24 horas do dia.

André L. Soares56

SonEto PArA GonçALVESEntão tua voz, soou bem mais alta e forte,calando a todos, como faz o mar,...pela saudade, a tua Amélia a esperar,por esse amor perdido além do norte.

De tua palavra então, se fez o cortee tu cantaste as aves desse lar,

em desafio a quem queira sufocaresse Brasil, que é teu berço e teu aporte.

E tanta falta sentem os sabiás,da voz que chora o exílio das palmeiras,por não mais ver as luzes do arrebol,...

que em teu regresso vem, enfim, a paz,louvar o poeta, em terras brasileiras, que agora dorme, tendo o mar como lençol.

André Luiz Greboge57

SEMPEr BrASILISO que ele pensaria,

Sobre hoje?Seu país, de certo,Não é mais este lugar

56 André L. Soares - Brasília - DF – Brasil - (1964). Mora em Guarapari (ES). 2004: monta a peça Livre Negociação. 2006: os textos O Bárbaro e Dinheiro são inseridos na peça Ritual dos Sete. 2007: o texto O Menino de Beirute vence concurso Navegante nas Estrelas. 2008: o texto Mulher Carioca vence concurso da grife Branca Maria. 2008:éeleitoCônsuldeGuarapari,pelosPoetasDelMundo.2011:livroGritosVerticais.2012:Torna-semem-bro da Academia de Artes, Cultura e Letras de Marataízes (ES). É grande estudioso da obra de Gonçalves Dias

57 André LUIZ Greboge - Curitiba–Pr–Brasil-26dejulhode1993.licenciandoemmúsicapelaUFPR.Éleitorpor paixão e vocação.

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Salve Antonio,Do direito e do teatroSentimos tua falta

Mas somos-lhe gratos

Degustamos,Por tuas palavras,

A fadiga da guerraE o amor sem amar

Também por teus modos, Sentimos saudades,

De tempos que nuncaVivemos

E que não voltarão

Quem dera ser poeta,Assim como ti,

Tão delicado,Quanto uma agulha,Que ao mesmo tempo,

Aponta, fere e une

Gênio de olhos verdes,15 de Bilac,Nossa honra,É ter tido a ti

Com 41 anos,Partiu ao exílio final,

De onde mais nenhuma canção,Nos pode chegar

André Mascarenhas58

AUto-ELEGIACom salves dias, guias e maresias

Mergulhou-se nos oceanos da poesiaNadou na margem, da sociedade

Como qualquer artistaFundou paisagens, da nacionalidade

Sob o foco de sua vista,E ondulado em seu próprios dias

Versado no mar do poetar

58 André Mascarenhas – Sorocaba – SP – Brasil - 05/02/1986. Autor de poesias, contos, poemas, peças de teatro, escritos técnicos na área de artes em geral, estudante e/ou tradutor de Espanhol, Francês, Inglês e Italiano. Comdoislivrospublicados:“Stop!”,sobreaHistóriadeLiteraturaInfantile“G”,comcontosdetemáticaspo-lêmicas.Experiênciaemartesplásticas,música,teatro,emartesemgeral.

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Tornou-se personagem de própria elegiaElegendo um naufrágio para seu epílogo

A vida real tornou-se fantasiaEm sua densa e ritmada biografia

André Roczniak Azevedo59

CAnção Do ExíLIoMinha terra tem teatro,

onde cantam quero-queros.De minha terra, vejo

um dos principais símbolode Porto Alegre, o Laçador,

Monumento localizado próximo ao Aeroporto Salgado Filho.Em minha terra, voamaviões da Base Aérea

tal qual voam na capital gaúcha.Dentre as suas muitas belezas,

temos a Igreja Matriz São Luiz Gonzaga,Padroeiro da Cidade,

onde, quando bebê, fui batizado.Minha terra tem teatro,

onde cantam quero-queros.

André Schwambach Almeida 60

CAnção Do ExíLIo Na minha terra tem muitas árvores, onde ficam os passarinhos. Às vezes, o tempo não está bom; noutras, temos um doce ventinho. Na minha terra, o sol nasce num céu azul.

Nela há muita beleza e, também, graciosa natureza,

a qual pode ser vista, sentado à mesa, lendo uma boa revista.

59 André Roczniak Azevedo - Porto Alegre – RS – Brasil - 26 de novembro de 1991. Reside em Canoas/RS. Estu-dantedoEnsinoMédiodoColégioConhecer,PortoAlegre/RS.MembroEfetivodaAcademiadeLetrasMacha-dodeAssis,PortoAlegre/RS,Cadeira41,Patrono:ViannaMoog;AcademiaVirtualSaladePoetaseEscritores,BalneárioCamboriú/SC;AssociaçãoInternacionaldosPoetasdelMundo;e,LigadosAmigosdoPortalCEN,Portugal.CoautordoRomanceInterativo“Umahistóriadeamor!”.E-mail:[email protected]

60 André Schwambach Almeida - Porto Alegre – RS – Brasil - 17 de junho de 1992. Secretário Cultural e Membro Fundador da Academia de Letras Machado de Assis, de Porto Alegre/RS, Cadeira 25, Patrono Eduardo Guima-rães;MembroEfetivodaAcademiaVirtualSaladePoetaseEscritores,BalneárioCamboriú/SC;daLigadosAmigosdoPortalCEN,dePortugal;edaAssociaçãoInternacionaldosPoetasdelMundo.CoautordosRoman-cesInterativos:“Fantásticahistóriadeummundoalémdaimaginação”e“UmEnigma”.Émúsicoegostadetocar cavaquinho. E-mail: [email protected]

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No entanto, onde, hoje, encontro-me, não tenho certeza do que vejo,

pois o céu é escuro e cinzento. E assim, diante deste cenário triste,

encho-me de desejo de a minha querida terra voltar.

Não consigo ver aqui, os encantos de lá. Nesta terra há muita poluição

e ruas descuidadas e sujas, pois seu povo tem por hábito

jogar lixo no chão. Qual é a tua irmão?

Assim, os turistas de tua terra não mais aqui pisaram

e para lá irão. Minha terra tem belezas que aqui não há.

André Telucazu Kondo61

CArtão DE BIBLIotECAPercorro estantes de horizontes verticais,Cruzo fronteiras por prateleiras demarcadas,

Vejo paisagens de livros em relevo.E em enciclopédicos países:

Viajo!O cartão da biblioteca é o passaporte,

Para um mundo de possibilidades infinitas...Com ele,

Viajo ao centro da terra e a mil léguas submarinasNa sexta-feira, velejo e visito Crusoé

Vou pescar, com o velho e o mar.Fumo cachimbo em Baker Street

Caminho com o tempo e o ventoPasseio pela terra de palmeiras onde canta o sabiá

Aventuro-me nas veredas de um grande sertãoCom Quixote, luto até contra moinhos.

E viajo a tal ponto, que já não sei se sou ou não sou.Na dúvida a esta questão

Encomendo ao Bruxo do Cosme Velho uma poção Para me fazer ser, muito mais do que turista!

Pois daqui não quero ir.Mas se tiver que partir,

Como espuma flutuante,

61 André Teluscazu Kondo-SantoAndré-SP–Brasil-07deMaiode1975.filhodeimigrantesjaponeses,nasceunoBrasilAutordoslivrosAlémdoHorizonte,AmorsemFronteiras(PrêmioUBE-RJ),“ContosdoSolNascente”(PrêmioBunkyo)e“Cempequenaspoesiasdodia-a-dia (PrêmioUNIFOR).MorounoJapãoenaAustrália,sendopós-graduadopelaUniversityofSydney.Viajoupor60paí[email protected]

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Vou-me embora pra Pasárgada Farei dela minha morada,

Porque lá – sou amigo do bibliotecário –

E para sempre posso, viajar...

tErrA Do PoEtAO poeta enterra o dia

e faz brotar luasem um chão de estrelas

Terra do poeta,que a realidade lavra – no colo da noite –

e infinitos sonhos colhe

O poeta fecha os olhos para os contornos do dia – do dia-a-dia –pois só ele sabe:

O sol é apenas uma estrela – que apaga milhões...

FALSoS PoEMASNão quero que meu grito caia

Em ouvidos moucosPrefiro o silêncioDos loucos

Restam vozes poucasDe palavras roucas

Prefiro o sussurro engajado Do grão de areiaÀ indiferença gritanteDo deserto

Prefiro a pétala branca – sinceraQue cai ao vento

À primavera dissimuladaQue engana em cores

Prefiro o beijo surdoAos beijos das musas

Cantadas em verso

Prefiro a verdade que morre lá foraÀ eterna mentira desteE de todos os outrosFalsos poemas

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SE EU MorrErSe eu morrer

Não tenha dó de mim...

Posso não ter deixado muitas pegadas,Mas meus passos foram firmes.

Posso não ter tido muitos amores,Mas amei a todos como um.

Se eu morrerNão permita que o relógio pare em mim

Mas que os ponteiros sempre apontemPara a felicidade que vivi

Quando eu partirNão diga adeus pra mim

Deseje-me simUma boa viagem como fim

Sequer pranteio pelos erros Que cometi pelo caminho

Pois foram eles que fizeramNossas vidas paralelas

Se encontrarem por aí

E se hoje morriFoi apenas mais um erro

Do qual não tenho medo

Pois eu digo e repitoQue vivi

Muito mais do que morri.

Andrew Veloso62

oS DIAS Do DIASO Dias que nasceu em Caxias

Os dias em que o Diasescrevia suas poesias

O dia em que o Diasdeixou de escrever as suas poesias

Foi o dia em que o Diasdeixou de viver

62 Andrew Veloso - Balsas – MA – Brasil. URE – Balsas - Centro de Ensino Médio Dom Daniel Comboni. Professo-ra: Marcia Meurer Sandri

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Ane Braga63

A BrEVE VIDA DE GonçALVES DIASI

No sítio de Boa VistaEm terras de JatobáNasceu Gonçalves Dias

Para o mundo declamar

IIAdvogado de formação

Foi poeta de coraçãoE com muita devoção

Entregou-se à paixão

IIISua musa era tão bela

Não havia mais etéreaAbalava-lhe os sonhos

O seu nome era Ana Amélia

IVTão sublime e tão singela

Suspirava só por elaCom o espírito ardenteO amor era-lhe correspondente

VCom aval e proteçãoFoi pedir-lhe a mãoEncantado de emoçãoSuspirando de paixão

VIMas a vida nem sempre é justa

Preconceito humilha, insultaSó por causa de sua raça

Foi tachado de inferior casta VII

Com orgulho e honradezFoi embora de uma vez

Renunciou ao amorConservou a altivez

63 Ane Braga - São Paulo – Brasil - 02.08.1973. Descendente de árabes e portugueses herdou da família o gosto porlivroseliteratura.FormadaemAdministraçãodeempresasePósGraduandaemGestãoPública,parti-cipouemdiversasantologiasejápublicoulivrosinfantisejuvenis.Em2011recebeumençãohonrosapeloconto Folha Seca, Folha Afogada do Concurso Novo Milênio de Literatura.

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VIIIDona Ana por capricho

Casou-se com outro, igual ao quistoDilacerado em sua dor

Dias escreveu versos de amor

IxMas dor de amor não sara

Versos tristes são inclementesUma vez tocado pela paixão

Nunca mais retoma o coração

xFatigado de emoção

A doença foi sua amigaQuem diz que mal de amor não dói

Jamais amou nessa vida

xIAcamado e deprimente

Num naufrágio foi descansarSua alma foi para Ana Amélia

Seu corpo, para o mar

VILLE DE BoULoGnEQue dor era aquela lhe oprimia o peito

Arrancava-lhe a almaDe um jeito contrafeito?

Que poderia ele em sua dor amargaEsperar da amada

Que um dia tanto lhe quis?Teria sido a dor a inimiga

Ou derradeira amigaQue lhe ficara ao partir?

Teria sido diferenteSe ele de repente

Vestisse-se de coragemEm sua simplicidade

Em seu grande esplendor?Teria encontrado a felicidade

A eterna liberdade Nos braços de seu amor?

Ou seu destino já estaria seladoA morte teria mesmo lhe abraçado

Num veleiro movido a vapor?Talvez jamais saibamos a resposta

Mais dói a dor da derrotaDe estar nos braços de outro amor.

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o CorAção DE DIASMorte, aflição, espaço, tempo

Qual o peso de um pensamento?Raio de luz percorre o luar

Perturba o ventoEspera o humildeNem sempre alcança

Nem tudo que se querSe pode ter

Por amor partiu Dias, sem coraçãoE fez Ana Amélia sofrer

Da dor de amor também Dias padeceuPartiu sem coração e deixou outro partido

Soubesse ele o quanto iria padecerTeria o oponente combatidoNem tudo são honras e glóriasQuanto pesa um coração sofrido?O pesar é mais o cair da agulha

A espera de um gritoSe for eterna a dor é terna a lembrança

Nenhum clamor supera o lamento Mais vale morrer de amor e sofrer

Do que viver uma ilusão sem ter vivido

Angela Guerra 64

PESADELo ECoLÓGICo - (jamais imaginado por Gonçalves Dias...)Minha terra tem palmeirase outras tantas espécies,onde canta o sabiá,até que o nosso irmãoacabe de devastare nada mais: árvore, ninhopermaneça, então, por cá...

As aves que aqui gorjeiam partirãopara, em outras plagas,

quem sabe, talvez, gorjear...

Nossos bosques, já sem vida,não nos permitirão respirar

e morreremos à míngua,sem esperança de nos salvar...

64 Angela Guerra - Rio de Janeiro – RJ - Brasil – 12/05/44. Prof.-Mestra (inglês): Michigan, FCE, CPE, Higher Ox-ford. Kleines Sprachdiplom (alemão). Poeta, trovadora, desenhista. Academias: ACLERJ, ANLA, Académie de MériteetDévouementFrançais;UBT,APPERJ,Literarte;ArtilheirodaCultura;CentroExpressõesCulturaisMu-seuMilitarCondeLinhares.Livros:VinhoeRosaseMeuJardimdeTrovas(ilustraçõesdaautora).Participação:Revistas, Periódicos, Antologias (tb, bilíngues)e Anuário literários. Premiações. [email protected]

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Acorda o teu irmão!Acorda, tu, também!

Há tempo de salvaressa terra, que é o bem

que Deus nos entregou,em confiança!...

Amém.

GonçALVES DIAS – UM roMântICo...Gonçalves Dias – um romântico nostálgico,

apaixonado por seu torrão natal:“não permita Deus que eu morra,

sem que eu volte para lá...”

Gonçalves Dias – um romântico feliz, apaixonado por sua Ana Amélia,

“dos olhos tão negros, tão belos, tão puros; olhos que falam de amores com tanta paixão”...

Gonçalves Dias – um romântico escorraçado,

vítima do preconceito de raça e casta, não por ela, mas por seus familiares...

Não luta, desiste, e revolta a bela, que, por despeito e/ou vingança,

à revelia da família, com outro se casa –

de raça e casta como a dele...

MInHA tErrA tEM PALMEIrASMinha terra tem palmeiras

e outras tantas espécies,onde canta o sabiá,

até que o nosso irmãoacabe de devastar

e nada mais: árvore, ninhopermaneça, então, por cá...

As aves que aqui gorjeiam partirãopara, em outras plagas,

quem sabe, talvez, gorjear...

Nossos bosques, já sem vida,não nos permitirão respirar

e morreremos à míngua,sem esperança de nos salvar...

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Acorda o teu irmão!Acorda, tu, também!

Há tempo de salvaressa terra, que é o bem

que Deus nos entregou,em confiança!...

Angela Maria Chagas Araújo65

MEU PoEtA BrASILEIroMeu Poeta Brasileiro

Como eu gosto de vocêTinha mãos abençoadas

E escrevia como ninguémE dedos repletos de encantos mil...

Meu Poeta BrasileiroVenho te homenagear

Nesta terra encantadaDo meu Brasil, meu além-mar.

Meu Poeta BrasileiroQue vivia neste lugar

Numa terra naturalCom os verdes das matas, E paisagens sem igual...

Ah! Meu Poeta, amado.O importante é respeitarTudo que é aqui cultivadoTudo que é do lugar... Fica por cá!

Ah! Meu Brasil queridoDe brancos, negros, mulatos,Amarelos, vermelhos até, índios.

É essa pluralidade que faz o solo mais rico!

Meu Brasil BrasileirinhoTradições, costumes, valores,

Crenças, educação, enfim, indicam um novo caminho.Apoiado pela criação divina...

65 Angela Maria Chagas Araújo - RiodeJaneiro–RJ-Brasil.FuncionáriaPública,avontadedeescreverveioàtona,comoincentivodoProfessordeLínguaPortuguesaeLiteraturasnumcursodeContabilidade.Hojeapo-sentada, decidiu realizar o seu desejo, ou seja, estudar Letras e Literaturas. Por intermédio de comunidades da internet, começou a observar outros poetas, foi aos pouquinhos aumentando o seu circulo de amizades, inclusiveparticipandode“Saraus”.

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Meu Brasil BrasileirinhoTerra abençoada, patrimônio de todos.Muitas saudades dos seus fulgores!

Terra sem igual, que plantando tudo dá.Tem o amarelo do ouro

Flores, frutos, louros, futebol, e carnaval. E nesta terra abençoada, tem ainda o azul do Céu,

O branco da sabedoria da busca pela Paz!

Oh! Meu Poeta BrasileiroQue nasceu e morreu em uma terra abençoada,

Livre e desejada.Terra que têm palmeiras, Iracema,

Samba no pé e o lindo canto do sabiá!

Angela Maria Gomes Pereira 66

O QUEBRADOR DE SONHOSNa terra das palmeiras,

Onde não cantam as quebradeiras,As crianças não plantam bananeiras,

Nem pensam em brincadeiras,Esta que vi, tem apenas cinco anos,

E já não pode mais brincar,Só muita casca tem a quebrar,

Que bom que pode cedo começar,Para quando adulto muito sonho realizar,

Mas que sonhos seriam esses, se a cocos rachar,Não pode nem piscar, que dirá sonhar,

Nunca sonhos terá,Pois faz hoje, aos cinco,

O que muitos, aos cinquenta, não querem fazer;Sentar, e em vez de brincar de viver,

A casca quebrar,E expor as sementes que devemos em solo fértil plantar,

Não quero com isso mensagem de revolta passar,A verdadeira mensagem eu tento esconder;

É um tesouro precioso,Que meu egoísmo, estupendo, monstruoso,

Com ninguém repartirá,Pois dessa casca grossa, não consegui ainda me livrar,

Ou não estaria vendo uma criança como adulto viver e falar,Eu, que mil livros já li, filmes assiti,

Peças teatrais, danças e musicais,De repente percebo que nada aprendi,

66 Angela Maria Gomes Pereira - Caxias – MA – Brasil - 7/07/1963.Inicieiminhasaventuraspoéticasem2004,aocursar pela sengunda vez o ensino médio, o primeiro havia sido técnico, e nada pude estudar sobre literatura, pelomenosnãonocolégio.Hojesoualunadeletras,mastardetalvezsereiinterpréteoucríticaliterária.

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Que de nada adiantouPois essa criança de brincar já deixou,

Para quebrar os cocos que das palmeiras arrancou,Das palmeiras que o poeta tanto falou e exaltou,

È pena, mas o canto do sabiá,Ela nunca escutou,Apenas o canto do machado,

Que os cocos quebrou.

Anna Cristina R. Oliveira Ramos67

no CAnto Do SABIÁGrande poeta Gonçalves Dias

que sabe “onde canta o sabiá”. Nasceu na bela cidade de Caxias, em agosto, nas terras de Jatobá.

Ana Amélia foi o seu grande amor. tinha o poeta em grande estima.

Por ela só lhe restou compor estrofes pela sua dor e sina.

Quando pequeno foi um caixeiro

Ajudando seu pai com a lida. Chegou a Portugal, o brasileiro, tomando novo rumo na sua vida. Suas obras começaram a se formar. “Primeiros Cantos” foi o início do Poeta que para sempre ficará, marcado na história pelo ofício. “Canção do Exílio” é a saudade da sua terra natal tão distante. Terra essa que com muita vontade,

pedia a Deus voltar o quanto antes.

Lembrava-se das estrelas no céu e no prazer que encontrava cá.

Na terra de lá se sentia ao léu pensando na terra “onde canta o sabiá”.

67 Anna Cristina r. Oliveira Ramos - Rio de Janeiro – RJ - Brasil – 7 de dezembro de 1962. Livro recentemente publicadopelaBiblioteca24horasintituladoSentimentos(ISBN978-85-4160-109-2)ondecoloqueiempoe-siasmeussentimentosdurante30anos,participaçãoemduasAntologiaspoéticaspelaCâmaraBrasileiradeJovens escritores.

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Anônimo68

GonçALVES DIASoferecido à digna comissão encarregada da inauguração da estátua

«Ao capitólio d’arte ascende entre a alegria,Entre os vivas da lusa e da brasília gente;

Se um sepulcro não tens, do berço teu florente,Qual fênix imortal, ressurge n’este dia.»

De Setembro ao sol fecundo (realce à primazia!),Jubiloso um povo te proclama – ingente.

E na imagem augusta, levantada em frente,Saúda aqui nos trópicos, – o rei da poesia.

Da pátria as bênçãos, das letras os gemidos;O hino, a estrofe, as pompas – o tom das harmonias

Um céu risonho, o mar esplêndido, os bosques floridos;

Cortejo d’homenagens – qual só tu merecias!...Depois – o som dos vivas aos versos repetidos:Salve! Salve! A glória do cantor Gonçalves Dias!

Antonia Epifania Martins Bezerra69

CorDEL A GonçALVES DIASAntonio Gonçalves Dias

Advogado foi a sua formaçãoConhecido como poeta etnógrafo

Foi de grande relevância ao Maranhão

Filho de Brasileiro com PortuguesaResultado dessa bela união

Estudou com o professor José Joaquim de AbreuTrabalhou como caixeiro em escrituração

Autor de várias obrasCanção de exílio foi inspiração

Primeiros cantos, Beatriz de Ceci e outrasEmbasaram sua ascensão

68 Leal, Henriques, Pantheon Maranhense, São Luís, 1874, p Leal, Henriques, Pantheon Maranhense, São Luís, 1874, p 575. Poesias compiladas por Weberson Fernandes Grizoste - Jauru – MT – Brasil

69 Antonia Epifania Martins Bezerra - Palmeirândia - MA - Brasil. Resíduo em Pinheiro desde 07 de setembro de1979.LicenciadaemGeografiapelaUEMAeEnsinoReligiosopelaFASSEM.ProfessoraconcursadadaredeMunicipal e Estadual. Pós graduação em Educação Ambiental pela AVANTIS

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Casado com Olímpia da CostaSofreu preconceito e humilhação

Por ter origem brasileiraResultante da miscigenação

Impedido de viver seu grande amor Sofreu grande humilhação

Pois seus pais não permitiram o relacionamentoApesar de terem a ele grande consideração

Inspirado nesse amorEscreveu Uma vez adeus e Retratação

Explicitando seu lamentoE sua grande paixão

Preconceito malditoEncravado na alma de nossa naçãoDestruiu vida amorosa de poetaAinda arraigado em nossa população

LAMEnto DAS tErrAS DAS PALMEIrAS onDE CAntAVA o SABIÁ

Sua terra teve palmeiraTeve também sabiá

Hoje só tem sujeiraE nós ainda por cá

Sua terra tem muita drogaQuase não tem sabiáA população enlouqueceuEstá destruindo tudo por cá

Os brilhos das estrelas diminuíramCortaram plantas e floresPerguntamo-nos cadê os amoresForam junto com o sabiá

Dormir em paz a noiteÉ difícil, nem pensar

Os ladrões não dão sossegoJá roubaram o sabiá

Corrupção, desvio, destruiçãoFácil encontrar por cáO que está em extinção

É o belo sabiá

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Antonia Miramar Alves Silva - Miramar Silva70

PELoS CAMInHoS Do PoEtAPoeta pequeno, mestiço, nome santo, de essência imensurável,

Filosofia vasta, inspiração profunda, inesgotável.Que nos aconselha a não chorar, pois viver é lutar

E A Vida- é combate, que os fracos abate.Poeta que numa das noites de criação literária,

Ensaiava o verso - meninos eu vi!

Declarou nas poesias forte amor à musa real Ana Amélia,E no seu íntimo sussurrava os versos – Enfim te vejo!

Enfim posso, curvado a teus pés, dizer-te que Não cessei de querer-te, pesar de quanto sofri!

No silêncio, com profunda e ofegante respira-ção, desejava confessar

Seu amor à bela musa com o singelo verso - como eu te amo!

Em meio a delírios, suplicava pela coragem de sua amada - Ó meu anjo,

Vem correndo lançar-te nos braços meus.

Tão sensível aos sentimentos que foi capaz de perceber que a sua musa Amava a solidão, o silêncio, o sussurro das águas.

Poeta que sentiu seu amor não ser concretizado e chorou os dias Tão sentidos, tão longos, tão amargos.

De tanto, tanto sofrer pensava em Deus, na morte, e como seria a sua vida Se fosse querido de um rosto formoso.

E mesmo com tantas desilusões, não acreditava que alguém pudesse Morrer de amor, quando este é fascinação que surpreende,

De ruidoso sarau entre os festejos; Quando luzes, calor, orquestra e flores assomos de prazer.

Só se morre quando o almejado amor permite - conhecer o prazer E a desventura, no mesmo tempo, e ser no mesmo ponto

O ditoso, o misérrimo dos entes, amor é vida, É ter constantemente alma sentidos, coração – abertos.

Poeta de sentimentos e vida intensa, de coragem ao confessar Aos pés de Deus que mentia porque o adorava

Revelara-se inconstante ao se comparar com a fugaz borboleta Vagando em mar de amores,

70 Miramar Silva - Antonia Miramar Alves Silva - Caxias – MA – Brasil - 09 de agosto de 1970. Graduada em Le-tras pelo CESC/UEMA, especializou-se em Língua Portuguesa pela Universidade Estadual do Piauí – UESPI. Pu-blicouartigosemjornaiselivros,dentreeles:LínguaeLiteratura:InterfacesdaLinguagem(2008)eOJogodoTexto:PerspectivasLinguísticaseLiterárias(2010),publicadospeloDepartamentodeLetrasdoCESC/UEMA,tendoorganizadooúltimo.

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Poeta do amor, do povo indígena, dos caxienses, dos brasileiros,Que suplicava aos Guerreiros da Taba Sagrada, da Tribo Tupi,

Que ouvissem seus cantos e as suas divindadesReclamava de grande pudor e medo, percebidos no comportamento

De sua amada, revelados nos versos - É belo o pudor, mas choro, E deploro que assim sejas tão medrosa.

Cantou os fantasmas, o alegórico, as desventuras de I- Juca Pirama,Exaltou em sua mais nobre Canção do Exílio as palmeiras, os bosques,

Os sabiás, as belezas naturais de sua terra querida.E no mais forte sopro de criação, declarou amor à sua graciosa Caxias

És bela, no deserto, entre montanhas, derramada em vale de flores perenais,

És a flor que despontaste livre por entre os troncos de robustos cedros.Admirou a beleza feminina, da amada, da natureza, da vida sagrada,Poeta fiel aos seus sentimentos, à Pátria, aos ancestrais,

Incentivador dos amigos, de escritores e pesquisadores do Maranhão,

De estilo moderno, talento para o teatro, para as descobertas de palavras, De culturas, de maestria ao lidar com a língua, com a arte da escrita.

Criador dos primeiros, segundos, novos cantos, de poesias americanas, Diversas, de hinos, dicionários da língua Tupi, das Sextilhas de Frei AntãoDe incontáveis obras que não caberiam neste nosso trilhar.

Poeta de especiais talentos perceptíveis apenas num adorável gênioAssim se fizera Gonçalves Dias: tão amante da natureza, da vida.Contemporâneo, criador de um universo literário maravilhoso!Um grande homem, inesquecível conterrâneo, notável escritor brasileiro,Clássico dos clássicos, que conquistou a crítica e ultrapassou fronteiras. Oh, sempre admirado, imortal - Antônio Gonçalves Dias!

Antonieta Araújo71

LoUVor Ao IMortAL PoEtA GonçALVES DIASEle herdou do lado paternoO desejo de estudar

E o ideal sempiternoDe as letras cultuar.

71 Antonieta Araújo - MinasGerais-Brasil.“LicenciadaemLetrasnoCentropedagógicodeTrêsLagos,hoje,UFMS/Campus de Três Lagoas e Pós-graduada em Administração Escolar nas Faculdades Integradas Rui Bar-bosa,Andradina/SP.publicoucincolivrosÉautoradoHinoOficialdaCidadedeTrêsLagoasepublicouoconto“LaAurora”noanuáriodeescritores2000daLitterisEditoraeCasadoNovoAutor”.

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O pai era lusitanoQue viera ao Brasil

Em busca do sonho ufanoDe ouro sob o céu de anil.

De sua pátria, distante,O luso encontrou idílio

Com mestiça fascinanteQue lhe deu bonito filho.

Chamou-se Gonçalves DiasO filhinho natural,

Pois de fato não haviaUm casamento legal.

No Maranhão, veio à luz.Em Portugal, estudou.

Até hoje nos seduzCom os versos que deixou.

Emociona saberPor seu ”I Juca Pirama”

Que o herói deve morrerPela pessoa a quem ama...

Desprezo no amor sofreuPor ter sangue da cafuza

Misturado ao europeuDe seu pai de raça lusa.

Mas ele era orgulhosoDe ter mistura de raça

E tornou-se tão famosoQue sua glória não passa.

Com seu sentimento nobreClaro na Literatura,Mostrou que embora pobre

Possuía alma pura.

Seu nome é conhecidoAqui e além do Atlântico,

Como poeta queridoDo Período Romântico.

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Antonio Ageu de Lima Neto72

I-JUCA-PIrAMA (o QUE HÁ DE SEr Morto)Salve bravura dos guerreiros descendentes tupis

De bravuras mil das quais não ouso medir De coragem arrebatadora e nossa amiga de glórias Salve bravos guerreiros de sangue tupi

Mas teu sangue não nega, tens medo E do medo não se alimenta nossa tribo.

Não descende o fraco do forte E já não queremos isso para os valentes aimorés

Salve guerreiro impotente, mostra honra, mas descende de impo-tência

Tupã não honra aquele que desiste da luta E assim o fraco não dignifica o forte Então considerado maldito o és.

no ExíLIoMinha terra tem muita alegria, e há um sorriso indescritível no

povo Saudades de minha terra, meu Brasil rebento

Do calor da mulata, da ginga do malandro e do suingue das crianças. Terra de malícia e de samba.

Minha terra tem carimbó, xaxado e forró E as dançarinas daqui não são tão belas como as de lá Deus sabe que morro de saudades E não permita que eu morra Sem que eu volte para lá.

CAnção Do MEU ExíLIoSaudades de minha terra das palmeiras, Minha terra tem palmeiras, onde cantava o curió e o pardal E sinto saudades de goiabas e cajus do pé. E sinto falta da cocada da velha preta E das conversas de João Malandro

Deus sabe que morro de saudades Da infância no Recife e das aventuras Brasil afora,

E não permita que eu morra Sem que eu volte para lá. Agora entro nesse trem,

E minha vida muda de estação. E já me volto para lá.

72 Antonio Ageu de Lima Neto - Recife – PE – Brasil - 26 de Dezembro de 1988. Autor de Escrito Com O Próprio Sangue e O Código.

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LIrISMo ConFESSoNa turva, no obscuro, no rompante silencioso da madrugada

Eis que surge um lirismo confessoDe quem usa do ritmo e da rima.

E no silêncio turbante da alvorada O autor brinca e se diz espesso

E recria um galante típico climaDe mistério e sovina

Onde apenas os corajosos têm voz e versoE aqueles que não despojam de coragem

São aqueles que jamais desistemPorque hão de encontrá-la bem dentro de si.

E coragem não falta,Porque o autor é um guerreiro confesso.

Legítimo guerreiro tupi.

Antônio Baracat Habib Neto73

GonçALVES DIASDizem que Gonçalves

Dias morreu.Mas,

Isso não é verdade,Não é verdade, meu Deus !...

Sua alma inocente que deus modelou,

Sua alma inocente foi ver as cigarras,Cigarras que cantam no reino de luz,

Mirando nas noites seus olhos profundos,Seu olhos profundos e cheios de amor !...

Gonçalves Dias

Com as cigarras voou !...

Asas de ouro,Voz de mel,

Gonçalves voou !...

As vestes bordadas com rosas da lua,Na concha do céu pintado de anil,

Gonçalves flutuaE nas noites acendaO Cruzeiro do Sul,

73 Antônio Baracat Habib Neto - Itabuna – BA – Brasil - 13/02/1987. Tenho 25 anos, e a mais de 10 anos comecei aescrever...,semnenhumapretensão,nocomeçonãomostravaaninguém,tinhavergonha,atéqueumdiaresolvi enviar um dos meus poemas para um concurso em minha cidade e ganhei em primeiro lugar, daí em diante,comeceiaparticipardeconcursosliterários,játivepoemapremiadoemPortugal,eagoraesperoquegostem deste Poema que envio.

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Para ver lá do altoSoberba e viril,

A terra morena do imenso Brasil !..

Asas de ouro,Voz de mel,Gonçalves voou !...

E foiDe alpercata,

Chapéu de couro e gibão,Na sarabanda dos astros,

Pra vaquejar lá no céu.Gonçalves Dias

Com as cigarras voou !...

Antonio C. de Berredo74

A MEMÓrIA Do InSIGnE PoEtA AntonIo GonçALVES DIAS

Entre uma ideia nobre, um pensamentoQuando fecundo, e ao mesmo tempo santo,

Entre as ondas de um povo entusiasta,Para exaltar-te o nome hoje reúneDo Maranhão a flor nas ordens todas,Longe embora da cena grandiosa,Ser não pode meu peito indiferente;E apesar da distancia ativa parteTomo oh! Dias! em ledo e puro júbiloDa memória imortal na honrosa festa.Minha alma exulta imaginando a pompa,Com que o presente às gerações futurasEnvia-te a lembrança afetuosa,A inicial do mármore, e do bronze,Que a eternizar-te o vulto se destina,

Como os teus lindos versos eternizam-teA voz, a inspiração, e o sentimento.

E a própria lira que em silêncio triste,Por estranhos cuidados, muitas vezes,

Pende esquecida da mangueira a um ramo,Do Éolo pátrio agora bafejada,

Estremecendo as cordas, me convidaUma oferenda a depor no templo augusto.

Digno porém de ti que canto acasoPosso entoar que grato te pareçaNas regiões ao gênio destinadas?

74 Leal, Henriques, Pantheon Maranhense, São Luís, 1874, p 553-556. Poesias compiladas por Weberson Fer-nandes Grizoste - Jauru – MT – Brasil

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Cisne do vale ameno, ah! quem me desseAs tuas asas nítidas, pujantes

Para soltar galhardo um voo altivo,Que chamasse a atenção por longas eras!

Oh! quem me dera um estro onipotente!Si escutado n’est’hora o meu desejo,

O poder ao querer igual me fosse,À profusão total meu preito unindo

Em carmes de um encanto inexaurível,Suaves, como as auras matutinas,

Tristes, como a saudade enternecida;Que partindo do mundo nos deixaste

E no entanto brilhantes, qual no estioDo nosso sol a luz resplandecente,

Das tuas mesmas flores apanhadasAqui, ai no teu jardim mimoso,

Uma formosa c’roa entretecera,Que o teu martírio e glória recordasse!

Da corte que te cerca pressurosaN’essa oração ardente a proclamar-te,

Espontânea e sincera, um benemérito,O animado sussurro ouvindo atônitos,

De eterno, frio gelo repassadosPerguntarão, quem sabe?! os que não sentem

Da mágica poesia o doce enlevo: –Em tão curta viagem esvoaçando,

Que fez o rouxinol americanoPara atrair, que fez, tamanho afeto?!

O que fez?! eu direi – Cantor: seu fadoEra cantar até perder o alento!

E cantou como o anjo nas alturas;De harpa divina, acompanhando as vozes:

Bom disse da virtude; a palinódiaProferiu contra o vício desprezível;

As dores adoçou com sons sublimes,E alegrias criou também com eles.

Si a ventura real do bem procede,Quem mais que o vate amor e simpatia,

E gratidão merece sobre a terra?!O eleito do Céu por um mistério

Não é seu, não, pertence à mão que o rege,Que a inspiração nos lábios lhe derrama,

Que na vontade a devoção lhe acende!Da humanidade a marcha é uma epopeia

Pelo punho de Deus em leis escritaCom caracteres vivos, indeléveis,

Do coração nas fibras melindrosas,

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E na essência subtil, que não perece;Tão vasta como o mundo em que passa,

Tao bela como a origem d’onde emana,Começou com a existência do universo,

E há de acabar… Quem pode achar um termo?E o limite assinar do indefinido!Com as baixas turbas que não tem um nome

Varões ai notáveis aparecemE da obra imensa o pessoal completa.

O rei segue orgulhoso o seu destinoA si quanto conhece referindo:

O guerreiro o poder da força exerce,Com os triunfos se apraz apregoados,

Que em sangue a seus irmãos nadar obrigam,E de espólio, e conquistas se enriquece:D’ouro o seu cofre o explorador repleta,E nos prazeres ao depois se embebe,Como em líquido a esponja a saciar-se

Os poros todos repassando ansiosa:Até o folião que nada ocupa,

Que corre inútil procurando gozosLucra da vida que ao sabor lhe volve!...

Mas ao triste poeta, em seu proveito,No geral movimento, o que pertence?!

Ao fanatismo apenas escapando,Porque audaz a verdade proclamava,Orfeu instrui a Grécia, e acaba míseroEm mãos que só amor reger devera;Vem ao depois Homero memora-laQue cego esmola o pão de cada dia,Como um proscrito, peregrino, erranteDante exilado inda condena o arbítrioDe Florença a favor que ingrata o enjeita;Camões se sacrifica pela Pátria,E indigente sucumbe n’um hospícioSo do seu Jau fiel acompanhado;

E tu, Dias, também do lar ausente,Das mil belezas suas na colheita,

Morres servindo o teu país querido,E lhe legas ainda as harmonias

Que o mar roubar não quis venerabundo!...Assim a fonte límpida não brota

Para si o licor que a sede aplaca!Assim o evablo dá seu doce néctar!

Assim a flor entorna o seu perfume!...

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Antonio Cabral Filho75

troVAS Por GonçALVES DIAS“Minha terra tem palmeiras!”

Bradou-me o poeta a cantá-las;mas pra cantar às palmeiras,

precisamos replantá-las.&

Camões e Gonçalves Diasjamais brigaram à língua,

mas Caetano vive em viasde contrair uma íngua...

&Palmeiras da minha terra

brindaram Gonçalves Dias,porém, com o poeta se encerra

todo o esplendor dos seus dias.

Antônio Carlos Ferreira de Brito - Cacaso76

JoGoS FLorAIS I 77 Minha terra tem palmeiras

onde canta o tico-tico Enquanto isso o sabiá

vive comendo o meu fubá

Ficou moderno o Brasil ficou moderno o milagre

a água já não vira vinha vira direto vinagre

JoGoS FLorAIS II 78

Minha terra tem palmares memória cala-te já

Peço licença poética Belém capital Pará

75 Antonio Cabral Filho, Frei Inocêncio – Brasil - 13 de Agosto de 1953. Moro no Rio desde a passeata dos cem mil, Email [email protected] - Blog http://letrastaquarenses.blogspot.com.

76 Antônio Carlos Ferreira de Brito - Cacaso – Uberaba–MG–Brasil-13demarçode1944.Seuprimeirolivro,“Apalavracerzida”,foilançadoem1967.Seguiram-se“Grupoescolar”(1974),“Beijonaboca”(1975),“Segundaclasse”(1975),“Nacordabamba”(1978)e“Mardemineiro(1982).Em1985veioaantologiapublicadapelaEditoraBrasiliense,“Beijonabocaeoutrospoemas”.Em1987,nodia27dedezembro,oCacaso é que foi embora.Umjornalescreveu:“Poesiarápidacomoavida”.

77 http://www.moinhoamarelo.com/2011/07/serie-cancoes-do-exilio-cacaso.html por Gilberto Araujo|Twitter:@gilbert_araujo,PoesiacompiladaporLeopoldoGilDulcioVaz–Curitiba–PR–Brasil–1952;InstitutoHistó-ricoeGeográficodoMaranhão;UniversidadeEstadualdoMaranhão

78 http://www.moinhoamarelo.com/2011/07/serie-cancoes-do-exilio-cacaso.html por Gilberto Araujo|Twitter:@gilbert_araujo;PoesiacompiladaporLeopoldoGilDulcioVaz–Curitiba–PR–Brasil–1952;InstitutoHistó-ricoeGeográficodoMaranhão;UniversidadeEstadualdoMaranhão

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Bem, meus prezados senhores dado o avanço da hora

errata e efeitos do vinho o poeta sai de fininho.

(será mesmo com esses dois esses que se escreve paçarinho?)

Antonio Carlos Pinheiro79

SEM tItULoForam tantos os tropeços que viveste,

Sobraram desventuras no caminho,E, talvez, sirvam de estímulo como esteO relembrar-te a vida, o torvelinho Que foi o teu passar, vivendo neste

Mundo atroz de amor em desalinho:Ana Amélia te negaram, e tu viveste

Com a Olímpia, um amor diminutinho.

Foste grande demais, subiste o Olimpo, De coroa de louros foi tua rama,

Pode haver maior assim algum idílio? Se mais procuro, cato, se garimpo:Herculano exalçou a tua fama,Tu te confundes com CANÇÃO DO EXíLIO.

SEM tItULo “Não me deixes!”, “Delírio”. “Lira”, “O mar”São um pouco do muito do seu estro,Da sua rima, do seu versejar,Que igual regia qual fosse um maestro.

Com a Poesia era um linguajarFosse o tema qual fosse, sempre destro,A tradução no verso, no cantar,

Tinha a leveza do que foi adestro.

Só me explique, Poeta, sem mais rogo,Que sei, pra tanto não requer de auxílio,

E por ser complacente – seja altivo:

79 Antonio Carlos Pinheiro-10dejaneirode1946.Brasil.Bancário,advogado,poeta,ensaístaearticulista.

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Como é que em tantos versos, grande jogoDe palavras, sua “Canção do Exílio”

Não possui – um sequer – adjetivo?

Antonio de Mello Moniz Maia80

o AnJo DA GLÓrIA, o PoEtA E A PÁtrIA - VISão - À MEMÓrIA DE A. GonçALVES DIAS

O ANJO DA GLÓRIAQuem és, que buscas da memória o templo,

Só destinado aos eleitos meus?Quem és, que vens ao Panteão sublimeOnde colheste os divinais troféos?

Tenho na dextra chamejante gladioPara obstar aos desvarios teus,

Si no recinto penetrar quiseres,Onde só vivem imortaes… e Deus!

O POETAQuem quer que és, aparição ou encanto,

Venhas do céu, ou a um rancor profundoPrincípio sejas condenado e ao pranto

Consente que do mundoRompa minh’alma esta prisão sombria,

E como o fogo presto s’irradia.Nos seios do tufão, do lodo imundo

Livre, se remonte a imensidade,Que dos gênios habita a potestade!

Quais são os meus troféus? de nobre povoSão da saudade os soluçados prantos.

E de harmonia inexaurível fonte,É um livro imortal, são os meus cantos.

Quem quer que seja… o que importa? queroSeguindo o impetuoso furacão,Dos orbes todos percorrer a esfera,

De luz encher o espaço, a vastidão.

Inda que role pelo abismo fundoE sobre mim o raio o céu desprenda,Deixa que fite o criador do mundo,

E que o meu em seu espírito acenda.

80 Leal, Henriques, Pantheon Maranhense, São Luís, 1874, p 562-564. Poesias compiladas por Weberson Fer-nandes Grizoste - Jauru – MT – Brasil

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Si ele no cabos modelou a ordem,Si ante a sua feitura se extasia,

Do belo eterno a substância, a forçaO meu gênio exprimiu na poesia.

O ANJO DA GLÓRIACriatura rebelde, tu revelas

N’este arrojo de orgulho irreverenteD’alma o desvario, o desatino

Do pensamento teu soberbo, ingente!

Mas é isto o poeta! Ora terrívelRubro clarão a mente lhe ilumina,

Quer reunir possível e impossível,Ultraja o próprio Deus, tudo fulmina!

Ora a ternura, a pálida tristezaLhe enche o peito, lhe motiva os prantos,

E o doce-amargo da saudade inspiraLânguidos versos de suaves cantos.

Vem; tu recordes pelo orgulho insanoSer descendente de Caim maldito,Mas é teu coração mundo de afetos,

E n’alma tens o cunho do infinito!

Marcou-se teu destino lá no empíreo,Para o teu nome tem lugar a história;Ergo a cortina ao Panteão dos gênios...Entra, poeta, conquistaste a glória!

A PÁTRIAPara ti, ó anjo, o poeta,Para ele a eternidade.A mim somente o que fica?...

O ANJO DA GLÓRIAOs seus cantos e a saudade.

Antonio Fernando Sodré Júnior81

CAnção PArA GonçALVESDos poetas brasileiros,

Maior ritmo, altivez, eloquência não háOrgulho nosso, teu nome é Gonçalves

A voz da terra onde canta o sabiá.

81 Antonio Fernando Sodré Júnior-SãoLuís–MA–Brasil-1982,ondeviveatualmentecomafamília.Incentiva-doporprofessoreseamigos,começouaescrevernaadolescência,masapenasem2011,decidiucompartilharseus textos. Tem contos, crônicas e poemas publicados em antologias.

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O poeta cantou o sonho,A natureza, o amor ingrato

Fez rimas para dos índios, a bravuraE da terra natal, a saudade...

E com paixão, o homem e o poeta se entregaramO primeiro, aos olhos negros de Ana Amélia

O segundo, ao engenho criativoOs dois, ao amor, à Arte...

Quisera eu ter tanto talentoEscrever versos tais

Cheios de encanto e da maestriaDo filho de Jatobá, do sítio Boavista

As águas profundas te levaramMas ecoa vivo o teu cantoA cada letra do teu nome

Nosso querido poeta, Gonçalves Dias.

Antônio Joaquim Pereira Filho82

CorDEL-trIBUto A GonçALVES DIAS!... (SEQUEnCIAL I) 1ª FASE (InFAnto-JUVEnIL)

Oh! Senhoras. Oh! Senhores,Casta de ilustres leitores,

Pretendo homenagear:-A um vate LUDoVICEnSE,

Que o PAntEon MArAnHEnSE,Tempo algum há de olvidar!...

Porque sua nobre figura,Entre o povo, inda fulgura,De forma tão altaneira?

-É que ele, também fez parte,Do clã que montou, com ArtE,

Nossa “AtEnAS BrASILEIrA!”…

Sabem onde ele nasceu?E em toda a infância, cresceu?

-Num sítio, próximo à CAxIAS;Neste tempo (que se esvai),

Na venda, ajudou seu pai,O Português, MAnUEL DIAS!...

82 Antônio Joaquim Pereira Filho – Aracoiaba – CE – Brasil - 14 Setembro/1944. Fortaleza/CE: Dirigente (Mem-bro-Conselheiro) Sócio/Cultural das seguintes Agremiações: Em S.J de Ribamar: ACREQ e INCULCAAR (Clube doCordel).EmSãoLuís:AFCEAG(SEBRAE/MA),AAA(AssociaçãoAtléticaAlumar),AMCAssociaçãodosMora-dores do COHATRAC), PROCONTÁBIL (CRC/MA) e AMCC (Academia Maranhense de Ciência Contábeis).

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Teve a infância atribulada,Tristonha, por ser marcada,

No verdor de sua inocência;Já que tal golpe ocorreu,

Quando, precoce, perdeu,Sua mãe, Dona VICênCIA!...

Eis que obteve, aos seis anos,Um acalanto aos desenganos,

Vendo a mãe bem sucedida;Porque o pai, logo casou,

E Dona ADELAIDE, herdou,O lugar da mãe querida!...

Teve bom início escolar,Predispondo-se a estudar,Tudo, em FILoSoFIA;Como em FrAnCêS e LAtIM,

Tendo por precípuo fim:-Obter SABEDorIA!...

Quem foi o ilustre, ESCrItor?-Não digo o nome do AUtor,

Só suas obras geniais;Que o levou, com GALHArDIA,À seleta GALErIA,Dentre os SÁBIoS mundiais!...

Não pensem que eu sou cruel,-Sou somente um MEnEStrEL,Com um segredo a omitir;E se isto, assim, o faço,É pro LEItor, passo-a-passo,Tudo, aos poucos, descobrir!...

(SEQUEnCIAL II) (ADoLESCênCIA)/Quando o básico terminou,

Com o pai dele viajou,De seu sítio à Capital;Pois, iriam navegar,

Só não foram ao além-mar,Por um destino fatal!...

Morreu seu pai, tão doente,Em sua fase adolescente,

Porém, no ano a seguir:-Partiu, rumo à PortUGAL,Em busca ao grande ideal,(Razão de seu existir)!...

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Nas ArtES, iniciu-se,Quando, pra LÓIoS, mudou-se,

E, em CoIMBrA, fez bem mais;Em meio à experiências,

Bacharelou-se em CIênCIAS,JUríDICAS E SoCIAIS!...

E um ano, logo, depois,“CAnção Do ExíLIo”, compôs,

No mundo inteiro, famosa;E, faço outra arremetida:

-Talvez não fosse tão lida,Se estivesse escrita em prosa!...

Pelo estilo literário,Pelo sentimento vário,

Pela PÁtrIA-MãE GEntIL;Pelo texto, bem urdido,

Pelo que foi inserido,Até no HIno BrASIL!...

Pela silábica escanção,Pelo expresso em tal canção,

Pelo rítimo e sua rima;Pelo conjunto da obra,

Eu lhes afirmo, com sobra:-Esta é sua oBrA-PrIMA!...

E, doze meses depois,“SEUS oLHoS”, ele compôs,Para a jovem AnA AMéLIA;

Em sua volta à São Luís,Quando o destino só quiz,

Brincar de Cravo e Bromélia!...

E, em CAxIAS-MArAnHão,Escreveu “MEDItAção”,

Neste ano, iluminado;Mas, sua peça livre-sonsa,

Fo i“LEonor DE MEnDonçA”,Que escreveu no rIo, amado!...

(SEQUEnCIAL III) (PLEnItUDE VItAL)Quando aos vinte e nove anos,

Confirmou seus desenganos,Relacionados à amada;

Para rECIFE, mudou-se,Com Dona oLíMPIA,casou-se,

Tendo sua vida, arrumada!...

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131

Na Escola PEDro SEGUnDo,Teve um prazer, neste mundo,

Porque queria ensinar;Já no InStItUto de HIStÓrIA,

Tornou-se honra e glória,Em seu ConSELHo exemplar!...

Com sua vida, em rebuliço,Também, esteve a serviço,

Do GoVErno EMPErIAL;Quando fez reedições,

E inéditas edições,No BrASIL e em PortUGAL!...

Também fez divulgações,De suas publicações,Na FrAnçA, bem como ESPAnHA;Também o fez na InGLAtErrA,

E noutras Nações da Terra,Como BéLGICA e ALEMAnHA!...

Dos “PrIMEIroS” aos ÚLtIMoS CAntoS”,E incontáveis outros, tantos,

Qual “SExtILHAS À SAnto Antão”;“oS tIMBIrAS”, “DICIonÁrIo”,“LínGUA tUPí” e “GLoSSÁrIo”,“MArABÁ”, “DEPrECAção!...

Com usos de SInAFIA:_-“BrASIL E oCEAnIA”,“QUInQUAGéSSIMA VISão”;Assim como em seus “PrÓLoGoS”,“oBrAS PÓStUMAS” e “MonÓLoGoS”,E em “ADEUS, Ao MArAnHão!”…

Só quem tem, na mente, o dom,Para escrever “PoSSEIDon”,

“PAtKULL”, “BEAtrIz CEnCI”;Na categoria drama,

Já o mito “I-JUCA PIrAMA”,É um éPICo, emTupí!...

Sua “CAnção Do tAMÓIo”,Ele editou, sem apoio,

Apesar de ser uma SAGA;E, em “MEMÓrIAS DE AGAPIto”,Seu estilo, segue o rito,De “o CAnto Do PIAGA!...

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SEQUEnCIAL IV) 4ª FASE (o PoEtA E SEU LEGADo)/ Em “UM AnJo”, ele antenou-se,E, em “SonEtoS”, tornou-se,

Mui lembrado, em todo o mundo;Quanto à “SÁtIrAS”? -Jocosa!E “BoABDIL”? -Mui famosa!

Feitas pelo AUtor, Fecundo!...

No PErU, como Emissário,Pesquisou, pro Régio-Erário,

Crença em Deuses e Madonas;E, escreveu, em tal paisagem:- “HIStÓrIA PÁtrIA” e

“VIAGEM,PELo rIo AMAzonAS!”...

Logo após sua existência,Lhe editaram “ADVErtênCIA”,

Mui seleta e genial;E, noutra peça divina,

Como “A noIVA DE MESSInA”,Ganhou fama mundial!...

Por iniciativa sua,Editou “o MAr” e a “LUA”,

Como “A tArDE” e “MInHA tErrA!”;

Além de “o Sono” e “MEMÓrIAS”,“LEVIAnA” e mil HIStÓrIAS,Que em sua obra, se encerra!...

Em “LEIto DE FoLHAS VErDES”,Glosa em “Por QUE não ME VEDES?”,

(De uma Obra de Camões);E, pra manter DECASSILABoS,

Usa, em seus HEnDECASSíLABoS,Figuras de SUPrESSÕES!...

E, em “oLHoS VErDES”? –Vertigem!,Como em “A ConCHA é A

VIrGEM”,(Simplesmente surreais)!

Nas quais, as muitas DIérESES,Se contrastam, com AFérESES,

Tornando as rIMAS, sem iguais!...

Fez-se “APÓCoPE”, no drama,Da peça “I-JUCA PIrAMA”,

E, em “DESEJo”, e “A tEMPEStADE”;

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133

Sendo esta, fenomenal,Com narrativa, sem igual,

Imitando à realidade!...

Se inicia com um DISSíLABo,Logo após, vem um trISSíLABo,Que aumentam, na sequência;

Atingindo ao DECASSíLABo,Findando no HEnDECASSíLABo,

E, junto, tal imponência!...

(SEQUEnCIAL V) 5ª FASE (o PoEtA E SEU EStILoTem aves que imitam a nós

Com o timbre de nossa voz,Como a filha, à mãe querida;E a nAtUrEzA, irritada,Foi, no POEMA, imitada:

-Como a ArtE, imita à VIDA!...

O nosso HErÓI, inquieto,Dinâmico, e jamais quieto,

E, com extrema maestria;Fez uso, em suas tEMÁtICAS?

-Das figuras de GrAMÁtICA,Com as regras da PoESIA!...

“BrAVo não tEME DA MortE!”Que belo estilo – por sorte,“CAnção Do tAMoIo” tem;Por que tal preposição?Se não existe precisão?É só pra rEALCE! -Amém!...

Isso veio a acontecer,Por manobras, no tecer,

Devido à questões de MétrICA;Eis que tal FIGUrA surge,

E, sempre que ela ressurge,A chamamos de HIPErMétrICA!...

E tal CAnção nos anima,Pois, aconselha e ensina:-Lutar pra sobreviver;

Porque: “A VIDA é CoMBAtE,QUE SÓ oS FrACoS ABAtE,E FAz QUEM é FortE, VIVEr!”...

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134

E, na mesma PoESIA,Notou-se que covardia,

Também tem seu lado astuto;Na frase: - “o FortE, o CoVArDE,tE SEntE InVEJA” –Que alarde!Deu-se ai, um AnACoLUto!...

Mas, em “I-JUCA PIrAMA”,Num EStILo que o proclama,Rei, em FIGUrA adequada:

-Como ELIPSE contraída,Ligação SUBEntEnDIDA,

Numa epígrafe AFAMADA!...

Só assim, ouviu feliz,De MACHADo DE ASSIS,

Um elogio, o qual traduz:-Que sua oBrA escoaria,

Na língua, que dia-a-dia,Ao nosso rumo, conduz!”...

(SEQUEnCIAL VI) 6ª FASE (o GênIo E SUA CULtUrASínCoPE E EUFEMISMo,

Usou-se no roMAntISMo,E MEtoníMIA, também;Pois, a MArCA já diz tudo,

Que o PoEtA, em tal EStUDo,Soube aplicar muito bem!...

“A tEMPEStADE”, nos traz,HErCULAno, e outros mais,

Como CAStILHo e GArrEt;Cujo LEMA epigrafou,

E, nele, pontificou,o roMântICo, que ele é!...

Em“A LUA” e “AtArDE”O PoEtA ,se malarde,

Citou-lhes, em cada lote:_Lord BYron, na primeira,

E, de forma lisonjeira,Na segunda: _CESArottI!...

MEtAStÁSIo apareceu,Porque ele mereceu,

Estar na obra “DESEJo”;E, em “SEUS oLHoS” e “o MAr”,

Quiz o PoEtA saudar,o tUrQUEtY, neste ensejo!...

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135

Entretanto, em “A tArDE”,Elogio: -Quanto alarde!

oDorICo, em igual tEMA;Semelhante ao texto seu,

E, porisso, agradeceu,Ao PoEtA e seu PoEMA!...

Se ao PoEtA, ligações,E estreitas relações,

Nos unissem, no existir:-Pediria ao oDorICo,

Seu PoEMA, bem mais rico,Permitindo-me imprimir!...

Mas, seu orgulho profundo,Talvez, o maior do mundo,Se deu quando ele escolheu;Citar GoEtHE, na oBrA-PrIMA,

Cujo tEMA, MotE e rIMA,Foi o que, melhor, escreveu!...

Em seu texto “não ME DEIxES”,Não há por onde se queixes,

Em busca à Glória e Ventura;E, em “AInDA U’A VEz -ADEUS”,Ele, até, roga ao bom DEUS,Abolir sua desventura!...

(SEQUEnCIAL VII) 7ª FASE (A MortE DE UM IMortALUm lamento é natural,Mesmo em alguém genial,Também sujeito ao conflito:-Seria egoismo? Tal ser,Ter anseios por viver?Sempre em paz, e nunca aflito?

Todos diriam que não,Mas, na profetização,Cismava em vaticinar;

E, em seus ESCrItoS, temia,Que, seu barco, um belo dia,

Fosse, com ele, naufragar!...

Pediu à Deus, perecer,Na Patria, que o viu nascer,E se sepultar por cá;Rogou que tal não lhe ocorra:

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-“não PErMItA, DEUS, QUE EU MorrA,SEM QUE EU VoLtE PArA LÁ!”…

Na vida, constantemente,Ele, EStILIStICAMEntE,

Fez versos PArnASIAnoS;Escandindo rítIMo e rIMA,

Que criou no tEMA, um CLIMA,Emotivo, a nós, humanos!...

Como estimara o AUtor,Consumou-se o seu temor,

Já em águas MArAnHEnSES;Onde o “BoULoGnE” afundou,

Neste mar, que seputou,O Rei dos AtEnIEnSES!...

E, pensar que publiquei,Versos, nos quais me inspirei,

Em volumoso ALMAnAQUE;Nas últimas seis edições,

Situei-me em posições,Entre AUtorES de destaque!...

Fiquei, deveras, contente,Constando, seguidamente,

De edições PArnAIBAnAS;Tendo SoUzânDrADE, ao lado,

Como trIBUzzI, Laureado,oDYLo (e as “PArnASIAnAS”)!...

Salve! JoSUE MontELo,Pelo culto ao EStILo belo,

Tal qual FErrEIrA GULLAr;ANTôNIO HENRIQUES LEAL,

Frei ConDUrU – GEnIAL,oDorICo e JoMAr!...

(SEQUênCIAL xVIII) 8ª FASE (HoMEnAGEM A UM SEr GEnIALAntônIo LoBo e CAtULo,

Deram origem ao casulo,De tão nobre GALErIA;

E tal dueto pioneiro,Com o ALBErICo CArnEIro,

Ao meu lado -Quem diria?

O FéLIx AYrES, também,E o José Chagas -Convém,

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137

Falar de brio, em meus ais;Ladeando ao “MEU torrão”,

Constante dessa edição,nASCIMEnto DE MorAES!...

GrAçA ArAnHA e João LISBoA,Que exaltam a tErrA boa,

De nAUro e CoELHo nEto;Com ALUíSIo AzEVEDo,

Conviví desde bem cedo,Em tal grupo tão seleto!...

Meu poema “PIrILAMPoS”,Colado a HUMBErto DE CAMPoS,

Em meio aos seus ESCrItoS;Tal qual, ArLEtE noGUEIrA,Com sua oBrA alvissarreira,Ao meulado? –Bradei gritos!...

E em setenta, eu escrevi:“MEU SErtão” e conseguí,

Editar ao lado dele;Porisso, eu quero saudar,

Este PoEtA exemplar,Com um CorDEL sobre ele!

Salve, oh! Imortal AUtor,Teu legado me inspirou,Entre rIMAS, me expressar;Salve, oh! Herói Nordestino,Quiz a força do destino,Sepultá-lo em nosso mar!...

Mas, quem é ele, afinal?Tido como genial,Por formosas PoESIAS?

Já descobriu o LEItor?Que este insigne AUtor:

-é… AntônIo GonçALVES DIAS?

Salve, oh! Ilustre PoEtA,Por tua oBrA completa,

Envolta por alegrias;Salve, oh! Grande Maranhense,

Salve, oh! Príncipe Ateniense,Deus, salve! Gonçalves Dias!...

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Antônio Luiz M. Andrade - Almandrade83

GonçALVES DIASTerra pavimentadae sem palmeira

ainda distantecalaram o sabiá

lembrançaexílio

sem sair do Paísuma saudadee um poemana memória

o romantismo deGonçalves Dias

a poesiasobrevive.

Antonio Maria Santiago Cabral84

LoUVAção A GonçALVES DIAS (Contribuição poética para a Antologia em homenagem ao genial poeta

maranhense)

“Enfim, te vejo! Enfim, posso, curvado aos teus pés dizer-te,

... que não cessei de querer-te, pesar de quanto sofri!”

.........................................

Muito antes que alguém, em face de ler uns tantos rabiscos meus,

e, generoso, de poeta me chamasse, o poema “Ainda Uma Vez - Adeus!”

já me habitava, na lembrança jamais apagada da pungente cena de amor,

descrita nos seus quatro versos iniciais....

Foi esse poema - o canto da paixão que nunca morre - a história de Gonçalves Dias e Ana Amélia - que deu cor

lírica à minha veia poética, de onde escorre o caudal de todos os meus versos de amor...

83 Almandrade - (AntônioLuizM.Andrade)–SãoFelipe–BA–Brasil-1953.Artistaplástico,arquiteto,mestreemdesenhourbano,poetaeprofessordeteoriadaartedasoficinasdeartedoMuseudeArteModernadaBahia e Palacete das Artes.

84 Antonio Maria Santiago Cabral – São Luís – MA - Brasil – 26/04/2013. Professor e bancário aposentado, poeta, escritor e ensaísta. Já publicou 8 livros impressos e mais de 1.300 textos em sites literários. E-mail: [email protected]

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Que as musas digam a Gonçalves Dias - eis o meu apelo - que, se foi por sua inspiração que me tornei poeta,

é certo que jamais deixarei de sê-lo!

Aparecida Gianello dos Santos85

DIAS DE GLÓrIAPelos Primeiros Cantos,

pelos Segundos Cantos,e pelos últimos Cantos...

Mil salvas para Gonçalves!

SALVE GonçALVES!Tem coisas que não entendo,ou, não me entendem estas.Das coisas que entendo,

só entendem os Poetas.

DIAS E noItESDias de exílio,

noites a fio...Alma cativa

se segurandoa um fio de vida,que se multiplicaem versos– diversos! –sobre a velhaescrivaninha.

Dias de exílio...E, de repente,o que era triste,ganha vida

com o verdedas palmeiras

e o brilho das estrelas.Sob o pincelar mágico

da inspiraçãotudo é mais belo.

Dias de exílio,noites a fio...

85 Aparecida Gianello dos Santos - Guaíra – PR – Brasil - 24 de janeiro de 1973. Sua formação escolar é o Ensino Fundamental (incompleto). Autodidata, descobriu-se nesse mundo maravilhoso das palavras depois de vencer umconcursodefrases,oqueresultouemseuprimeirolivro,“PensandoBem...Milpensamentosparainspirarseudiaadia”;eapartirdeste,reforçadapelaseleçãodeduasdesuasCrônicasparaoVCLIPP,dáinícioaumaárdua dedicação em outros gêneros.

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Dias e noitesa tecer um poeta

que jamaisserá esquecido;

inda que voe o tempoe por mais efêmeros

que sejamos dias.

DA IMortALIDADE GonçALVIAnAEm meio

ao gorjeio das aves,às flores das várzeas

e ao verde das palmeiras,– nos primores de cá! –

Deus lançou sementes...E nasceu Gonçalves!

E morreu...? Não.Apenas disse adeus

– para sempre! –ao seu exílio.

Está agora livre!Eis que agora vive

no brilho das estrelas...– outra vez! –

...pois, dos Poetas,só se vão os dias,nunca a poesia.

QUEM FoI GonçALVES DIASGonçalves fez do exílio poesia

e do preconceito falou com arte. Por fim, meteu-se lá com as estrelas

e, Poema Eterno, avivou nossos Dias.

Aparecido Bi de Oliveira 86

PoEMA EM HoMEnAGEM Ao PoEtA AntonIo GonçALVES DIASBaseado e inspirado em seu poema “Canção do Exílio”

Minha terra tem palmeiras,onde canta o sabiá;

teve também um poeta,melhor que ele não há.

86 Aparecido Bi de Oliveira – Indaiatuba – SP – Brasil -08demarçode1952.Participoudasantologiasasaber:Mogi das Cruzes 450 anos, Eu amo Vinhedo, Descubra um poeta dentro de Você/Associação dos Aposentados deJundiaí,AntologiadosClubedosEscritoresdeVinhedoedoLivroo“GalodeRocinha”

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As aves que aqui gorjeiam,não gorjeiam como lá;

Gonçalves Dias como jornalista,foi um dos melhores por cá

Nosso céu tem mais estrelas,nossas várzeas tem mais flores;

como teatrólogo escreveu peças,para a interpretação dos atores.

Nossos bosques tem mais vida,nossa vida mais amores;

na vida sentimental e pessoal,sentiu muito dissabores.

Em cismar, sozinho, à noite,mais prazer encontro eu lá;estudou no Velho Continente,

trouxe conhecimento para cá,

Minha terra tem palmeiras,onde canta o sabiá,

Juca-Pirama, os Timbiras, Era uma vez-Adeus...Versos lindos como este! Será que há?

Não permita Deus que eu morra,sem que desfrute os primores,de homenagear este poeta e seus valores,que não quis morrer sem vir para cá,e avistar mais uma vez as palmeiras,onde alegremente canta o sabiá.

PoEMA ACrÓStICo EM HoMEnAGEM Ao PoEtA AntonIo GonçALVES DIASGlorioso literário do romantismo, também advogado e jornalista, orgulho de nosso povo gentil e hospitaleiro,

notório etnógrafo e teatrólogo brasileiro. Concluiu seus estudos secundários em Portugal,

Adentrou e bacharelou-se na Universidade de Coimbra tão renomada, Longe se inspira para escrever a “Canção do Exílio” da pátria tão amada.

Voltando para o Brasil, conheceu e apaixonou-se pela jovem Ana Amélia, Eterna musa inspiradora de “Ainda uma vez”-Adeus!, Palinódia e Retratação,

Sendo um amor platônico, perpetuou sonhos em seu coração.

Deve muito a literatura ao ilustre versificador, Indianista e nacionalista, um poeta por excelência com imensurável valor. As suas outras obras como: Juca-Pirama, os Timbiras, Os primeiros cantos... São preciosidades que nos fazem mergulhar na magia de seus encantos.

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IMAGInAnDo VoLtAr no tEMPo DE GonçALVES DIASImaginei-me vivendo nos dias de Antonio Gonçalves,

usufruindo sua amizade e convivência. Interagindo com seus ideais e perspectivas,

colaborando no contexto deste poeta por excelência. Eu via a tranquilidade das ruas da cidade,

um pouco escura mesmo com lampiões e lamparinas. As mulheres desfilando com seus vestidos elegantes,

o vento calmo e sereno soprando nossas narinas. O ponto de encontro eram as sofisticadas confeitarias,

e ali eu estava na companhia do poeta e demais escritores. No meio da conversa nos dizia do seu amor por Ana Amélia,

cuja rejeição dos pais dela ao namoro causava dissabores. Era o tempo que reinava em absoluto o romantismo,

a poesia e os contos afloravam-nos com magnitude. Éramos impulsionados ao romantismo insensato,

muitas vezes exagerado no auge de sua plenitude.

Arão Filho87

CAntoS DE GonçALVES DIASNasceu em uma terra abençoada;

No sítio Boa Vista, lá em Caxias; Trazendo em su’alma a poesia,

Deixando-a para o mundo, ofertada...

Cantou os nossos índios, os belos dias; Os frutos, nossas árvores, a mata;

As aves emplumadas, as cascatas; Cantou este Brasil e sua alegria!!!

Naqueles tempos idos, já distantes,

Cantou em belos versos deleitantes, A terra das palmeiras e das aves...

Com versos d’esplendor, Gonçalves Dias,

Criou com ledas letras, poesias, Pousando-as pelas pautas bem suaves...

87 Arão Filho - Teresina – PI – Brasil - 11.01.1965. Veio para são Luís aos dez anos de idade. Casado com Sílvia Maria e pai de Vinícius Aarão e Abel Aarão.Atualmente é professor adjunto IV do Departamento de Tecnologia Química e Coordenador do Curso de Química Industrial da UFMA. Em 2012 publicou dois livros de sonetos na 64ªSBPC,“Efúgios”e“NosQuintaisdeSãoLuís”alémdeoutrolivrodepoesiasemparceriacomoautorJoãoGomes,intitulado“Enlace”,todospelaeditoraClubedeAutores.Publicounosanosanterioresemalgumascoletâneas nacionais de Editoras de São Paulo e do Rio de Janeiro.

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Ao PoEtA Do BrASIL, GonçALVES DIAS. Poeta! Ó poeta encantado,

De versos tão líricos, lindos, Sonhando um Brasil tão amado,

Com índios, crianças sorrindo!... Nasceu o poeta adorado,

No seu Maranhão, tão infindo, De mares, de aves nos prados,

Pau d’arcos tão lindos, florindo...

Criou seus poemas de amor, Cantou a saudade e a dor,

Da pena abraçada nos dedos...

Nos cânticos finos, singelos, Deixou sua vida nos elos, Dos versos suaves e ledos...

AnA AMéLIA, o AMor Do PoEtA... Velado este amor tão grandioso,

Volvendo a alma e o peito do poeta, Amélia, sua musa tão dileta,

A dona desse amor esplendoroso... Mas, eis que o destino enganoso, Cavou uma armadilha, lançou seta, Trancou a sua alegria em cafuleta, Deixando-o tão triste, tão choroso... Por ser um homem pobre, um mulato, Não quis lhe permitir o casamento, O pai da sua donzela tão amada... Chorou. Ó que destino tão ingrato! Morreu o fino vate em sofrimento,

No corpo e em sua alma naufragada!...

nAUFrÁGIo Do VILLE DE BoLoGnE* Naquela tarde triste, tarde quente,

O Ville de Boulogne naufragava, Nas costas maranhenses, tristemente,

Então, Gonçalves Dias lá chorava... >

Não conseguiu sair, pois, já doente, Enfermo, moribundo, agonizava, Morreu, então, o ilustre maranhense... Nas águas de Tutóia... Lá findava!... >

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Deixou rico legado, os belos versos; Tão cândidos, profundos, tão imersos,

Na alma que partiu consigo eterna... >

Poemas inspirados, tão diversos, Ficaram registrados, sim, egressos,

Ao mundo, sua verve, linda e terna!...

Arlete Trentini dos Santos88

GonçALVES DIA MInHA InSPIrAçãoEu me lembro era pequena

E teus versos declamavaAchava tudo tão lindo

Não entendia que choravas.

Nem sabia o que era exílio Não conhecia a saudade

Penso que foi só maldadeO que fizeram a ti.

Meu grande poeta exiladoTua poesia nos deixa encantados

És do século passadoÉs venerado , e por mil poemas lembrado

Quem a Deus fez um pedidoRever o solo querido

O chão de onde foi banido .Mas nos versos foi acolhido

Arlindo Nóbrega

trIBUto A GonçALVES DIASEu ainda era menino,

tempos do grupo escolar,veja como as coisas são.

Minha vida era estudar,pois meus pais assim queriam,

só que eles não sabiam,que eu precisava brincar.

Era de casa para a escolae da escola para casa,

88 Arlete Trentini dos Santos – Dona Emma – SC – Brasil - 16/05/1952. Um poeta que marcou a minha vida. Tudo começou na infancia e olhe que já se passaram muitos anos. E em nossa terra, os sabias cantam alegremente, assimcomoantigamente.Assimcomolembravaopoetaquandoestavanoexilio.

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145

de segunda a sexta-feira,e isso quase me arras.,

Mas no meu pouco entender,era tudo para eu crescer,

hoje meu peito extravasa.

De tudo aprendi um poucoe por algo me apaixonei.

Da primeira namorada,juro, quase nada sei,

mas da bendita poesia,que na minh’alma já ardia,

eu jamais esquecerei.

Quando A Canção do Exílio,um colega declamou,meu coração exultante,simplesmente disparou,

abarrotado de emoção.Pedi calma ao coração,

que de pressa me escutou.

Ela foi que me abriu a portada poesia para mim

e comecei a fazer versos,lá num banco de jardim.Espero, meu Deus do céu,ainda que viva ao léu,isto jamais tenha fim.

O autor desta obra-prima,nasceu lá em Caxias, interior do Maranhão.Bambambam nas poesias,aventureiro amoroso,um vate muito famoso,

o grande Gonçalves Dias.Aplausos para SCLB,

que com imenso vigor,lembra o dez de agosto,

do poeta/trovador.Celebremos o aniversário,

seu primeiro centenário,com muito brilho e louvor.

Ele é um dos mais festejados,poetas do meu Brasil.Impetuoso nas arrancadas,porém, bastante gentil.

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Ao também grande imortal,neste meu ponto final,

minhas homenagens mil.

Armando Azcuña Niño de Guzmán 89

A GonCALVES DIAS, Antonio Desde tu tierna infancia empezaste a escribir,

Con la fortaleza de tu amplio espírituDe tu gran capacidad, de tu inteligencia,

Con mil latidos en conciertoAfianzaste tu dedicación a las letras,

Orgulloso por tu sangreAmalgamada en una sola,

La blanca, la india y la negra;Eres una luminaria

De la poesía brasileña.La dulzura de tus palabras

Enternecen los corazones,Has volcado tus vivencias

En Europa y otros lares,Por ello eres el más grande.

Naciste cerca de la villa de Caxias,Ni los grandes problemas financieros

Pudieron impedir tu merecido ascenso,Lograste al fin tu formación

En la universidad de CoímbraDe la república de Portugal

Para luego desempeñarImportantes cargos públicos

En favor de la educación.

Arquimedes Viegas Vale90

EnContrAnDo GonçALVES DIASO primeiro poeta que conheci

foi Gonçalves Dias.

89 Armando Azcuña Niño de Guzmán - Puno – Perú - 27deabrilde1948.EsProfesor.músicoybailarín,fundadordelaAsociaciónCulturalBrisasdelTiticacaen1962,enLimalaCapitaldeLaRepúblicadelPerú,hoyrecono-cidosocioHonorario;esmiembrodelcolectivoculturalCapuliVallejoysuTierra,delaSociedadUniversaldeArtistasyLiteratos(S.U.A.L.).Estádedicadoalestudio,investigaciónydifusióndelapoesíaenelIdiomadelosIncas,elRUNASIMImaldenominadoquechua.HaparticipadoeninnumerablesEncuentrosLiterariosNacio-naleseInternacionales,enlosquehasidodistinguidoconsendascertificaciones

90 Arquimedes Viegas Vale - São Bento – MA – Brasil - 22 de julho de 1949. É Médico e Professor Universitário. Membro da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores – MA e ex-presidente e atual vice-presidente da Aca-demiaSão-bentuensedeLetras.Poetaecontistaéautordolivrodepoesias“ResíduosCartesianos”.

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Meu pai,diante de adversidades,

suas ou de outrem,dizia:

“a vida é combate”

Nas sessões literárias,às quintas feiras,

no Grupo Escolar Motta Júniora “Canção do Exílio”

era sempre declamadae as palmas haviam

como vento nas palmeiras.

Guerreiros Tupis, Tamoios e Timbirasde cobre e cores investidose seus belos cocares

de guerra,foram os meus primeiros heróis

- não choraram em presençada morte –

brasileiros fortesque habitavam os livros velhos

da minha infância. Sentimental deploreio amor, por Gonçalves Diascurvado aos pés do impossíveldizendo mais uma vez adeus.Adeus pela raça, pela pele, pela prata que não tevedo útero de onde veio.

Poeta que passapoesia que grassasaudade doendosaúde perdendo

para crescer o sofrimentoque lhe escapou pelas mãos

na forma de letrasdas quais me vali

para completar a frasedo meu pai

- “que aos fracos abatee aos bravos e forte

só pode exaltar”

UM DIA HoUVE UM GonçALVES DIASUm rosto nos planetas,nas enciclopédias,nas praças.

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Um poemano coração da gentede I-Juca Pirama

de Ana Amélia.

Sofrimento no peito.Distância nos olhos.

Mares de Atinsespuma branca

sufocantesepultante.

Canção dias de saudadeexaltação aos bravos

vitória para fortesnos combates da vida.

Que fecunda raça!Que raça de poeta!Entre amores e desamores

o desafio do eterno.O plantio de sua gente

que virou palmeirae ainda aguarda

o sabiána Praça onde

se alevantou.

Arthur rabut91

GonçALVES DIASTeu gênio feculdo a irradiar fulgores

Na belezxa invulgar do teu estro divino,Deui-nos “Canção do Exílio”, a gema de ouro fino,

A sítese real dos teus grandes primores!

Teu próprio indianismo é belo e adamantinoRomântico e audaz, repleto de esplendores,

Ness “y Juca Pirama” – a ode de alto lavoresQuem mais que uma canção é portentoso hino!

Tu viveste a espalhar os teus “Cantos! Sublimes,Chegado como vate às dobras do infinito

Tanto, tanto é o fulgor que teus versos imprimes.

91 MORAIS, Clóvis. TERRA TIMBIRA. Brasília: Senado Federal, 1980, p. 65, Poesia compilada por Leopoldo Gil DulcioVaz–Curitiba–PR–Brasil–1952;InstitutoHistóricoeGeográficodoMaranhão;UniversidadeEstadualdo Maranhão

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E desse pedestal onde soberbo estás,Esperas com fervor, com majestoso rito,

Este teu sabiá que não vem nunca mais!.

Aryane Ribeiro Pereira92

CAnção Do ExíLIoMinha Terra tem riqueza,

Onde encantou o sabiáLá eu conheço todo lugar.

Nós não temos mais bosques, Pela poluição

Mas eu tenho fé em São José e São João.

Em cismar sozinho à noite,Pois à noite eu vou à praia

Apreciar a Beira-Mar,Pois minha Terra tem riqueza,

Onde encantou o sabiá.

Augusto de Miranda93

Português, autor dos Primeiros Cantos.

À MortE Do PoEtA BrASILEIro G. DIASAi do que a sorte assinalou no berçoInspirado cantor, rei da harmonia. S. P.

Nas horas em que a flor balança o cálix,Também o balançaste, e n’um suspiro,Tua lira, semelhante à de Belmiro,Batida num tufão ao fim deixaste…Oh! não sabes a dor, que por ti sinto!..Não conheces como a ira me devora,

Vendo as ondas do mar cobrir agora O gênio, que criaste!..

Qual meteoro no espaço tu surgiste;Como o sol tu brilhaste – sem ocaso;

De mágoas tendo sempre o peito raso,O teu saudoso canto era divino.Ó! Brasílico cisne, os teus gorjeios,

92 Aryane Ribeiro Pereira-SãoLuís–MA-Brasil-10/07/2001.Motivodaparticipação:Eugostariadeparticipardaantologiaparaserreconhecidapelapoesiaquefiz.

93 MIRANDA, Augusto, Primeiros Cantos, Coimbra, Imprensa de Coimbra, 1866, 17-20. Compilador: Weberson Fernandes Grizoste. Poesias compiladas por Weberson Fernandes Grizoste - Jauru – MT – Brasil

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No Amazonas soltaste… e o Tejo aindaCorre ouvi-los à campa – a dor infinda

Do teu triste destino…

Não foras tu poeta sobre a terra!..Não subisses ao céu em doce canto!..

Teus brandos hinos não soltasses tantoVerias como os anos se alongavam!..

Mas o gênio em ti transbordava;Rescendia na terra qual magnólia,

Tinhas um estro grande uma harpa eólia, Que os anjos te invejavam…

Do mundo junto a Deus já tu subiras,Nas asas da harmonia encantadora,

De teu gênio com a chama abrasadoraMil coroas lhe teceste de louvores…E um foco de amargura foi-te a vida,

‘Té cheio de luz subiste aos céus,Puseste a lira sob os pés a Deus

Deixando prantos… dores!..

Gênio do Brasil, que lhe escutastes,Tristes endeixas de seu puro amor,

Já que a fronte de loiros lhe adornastes,Cinge-lh’a agora de mortal palor.

Vinde dos bosques, ressurgi das selvas,Soltai um hino ao céu p’ra lá onde voou

E suspirando divagai, nas trevas,Que o cantor doce, já morreu – findou.

E quando o sol se alevantar no oriente,Quando os raios vos mandar valor,

Chorai-vos todos pelo gênio ardente,Chorai a morte do infeliz cantor;

E em vez de coros, de doirados sonhos,Que lhe inspirastes e que tanto amou,

Dai-lhe só prantos, divagai tristonhosQue o cantor doce, já morreu – findou.

Sabiá canoro, que lhe ouviste as mágoas,Vem tomar parte nesta imensa dor;

E tu Alcion, pela amplidão das águas,Lamenta a sorte do infeliz cantor.

Filhos de lusos, a saudade agoraMe abrasa o peito que também o amou;

Sentirei sempre, e vós chorai nest’ora,O cantor doce, que morreu – findou.

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Aurineide Alencar de Freitas Oliveira94

VErSoS nA MEMÓrIATanta emoção!

Transborda meu coraçãoQuando estou a escutar. “minha terra tem palmeiras

“Onde canta o sabia”!

Aprendi desde meninaOs versos que me fascina!

Ainda tão jovemSubiu para o céu!

Deixou a sementePlantada na mente Cumpriu seu papel!

Ficando sua obraTalento de sobra

Ninguém esqueceu!

Os versos que eleAssim escreveu!

Os poemas!Alguns de amorQue para compôrCom tanta magia!Apenas eleO poeta seria!Gonçalves dias!

PAIxÕESO mestiço!

Como feitiçoSegue o destino!

Ainda meninoPelas letras

Se apaixonou!O pai!

Depressa notou,Na escola em seguida

O matriculou!

94 Aurineide Alencar de Freitas Oliveira - Catolé do Rocha – PB – Brasil – 27/08/1965. Professora do Ensino Fundamental, séries iniciais, concursada no estado de Mato Grosso do Sul, cordelista, formada em Letras na UNOESTE e Especialização em Metodologia do Ensino Superior na FIFASUL.

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Menino crescido Bem pouco vividoSe apaixonou!

Conhece Ana Amélia!Tão linda! Tão bela!

Bem pouco durou Momento amoroso

Que inspirou!

É Olímpia da costa Que dele assim gosta.

Casa-se e pronto!

Dando-lhe alento!Apoio!

Sustento!Até um rebento!

Para alegriaDe Gonçalves Dias!

ÚLtIMo SUSPIroComo um pássaro

A voar o mundo!No último segundo

Suspirou!

As palavras! JuntouEmocionado!

Para sempre ficou O vento espalhou

Por todos os lados!

A morte!Que veio tão cedo Desfez o enredo!

Momento de angustiaAo padecer!

Sentia a dor No adoecer!

Provou o destino Que não vai mudar

E quis do meninoA vida podar!

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O mundo escureceComo noite sem estrelas!

Gonçalves Dias?Sozinho falece

No fundo do mar!

Saindo a matéria Fica a memória

Ou ler ou declama!Resta-lhe a fama

Que ficou para sempreGuardada na historia!

orIGEnSMãe cafuza,Pai português,Unindo-se três raçasUm garoto fez!

Orgulho?Talvez!

Levando consigoO sangue contido

Que forma o Brasil!

Coincidência ou nãoFoi nesta naçãoQue ele surgiu!

Sua origem!Nunca negou!O indígenaIdealizouTornando poesia!

Formado em direitoProfessor perfeito

Também foi um dia!

Redator!Escritor!

Entre tantosSer poeta escolhia!

No seu sentimentoÀs vezes lamento!Naquele momentoSentia alegria!

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Refletindo sua almaMostrando a calma!

Até o fim de seus “Dias”!

Aymoré de Castro Alvim95

UMA CAnção A GonçALVES DIASCanta, oh! Bardo caxiense,

Canta tuas lembranças e saudades. Canta teus amores quando daqui partiste.

Canta teu povo, teus índios, Canta as palmeiras e os sabiás.

Canta, oh! Grande trovador, Canta a tua amada que imortalizaste nos teus versos.

Canta as imagens que vislumbraste, na tua angústia,

ao te aproximares da terra natal. Canta a esperança e as alegrias do teu coração combalido

por retornares ao teu rincão. Canta a paisagem derradeira que, na tua dor,

contemplaste do Bologne antes de Netuno te conduzir ao teu destino final.

Descansa, agora, oh! bardo caxiense,

Nas águas que te abraçam, eternamente, Dos mares da tua terra, o Maranhão.

Bartyra Soares96

nEnHUMA VEz - ADEUSPoeta! Ainda uma vez e tantas outras mais,

nunca será tempo de te dizer adeus.

Não importa se o naufrágio do navioVille Bologna, perto dos Lençóis maranhenses

levou o teu corpo para o coração das águasda terra onde nasceste.

95 Aymoré de Castro Alvim - Pinheiro – MA – Brasil - 13 de maio de 1940. Aos 12 anos de idade, em São Luís – Ma.,estudounoSemináriodeSantoAntônioondeparticipou,ativamente,daAcademiaLiteráriaD.Franciscode Paula e Silva. Aí começou a escrever seus primeiros versos e suas primeiras crônicas que eram publicadas noSemanáriodasuaterranatal:“OCidadedePinheiro”.

96 Bartyra Soares - Catende – PE – Brasil - 7 de junho de 1949. Atualmente reside no Recife. Publicou 10 livros entrepoesiaecontos.Édetentorade14prêmiosliterários.Participoudedezenasdeantologias,inclusivenoexterior.PertenceàAcademiadeLetraseArtesdoNordeste-ALANE.

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Águas que palpitam, gemem, choramao recitar teus versos de amor,

de saudade, de súplica, até hoje implorando:“Não permita Deus que eu morra,

Sem que eu volte para lá...”Para o Brasil, vindo do distante Portugal.

Oh! Antônio Gonçalves Dias!Homem vindo á luz no sítio Boa Vista,

no solo nordestino, maranhense.Jamais será tempo de te dizer adeus.

Tua “Canção do Exílio”,nunca te degredará da poesia

romântica brasileira, do indianismoque fez parte de tuas inspirações,jamais te desterrará de tua pátria,de teu berço: teu Maranhão!

Tua amada, Ana Amélia, copioucom o próprio sangue as estrofes

que a ela, com ardor, dedicaste:“Ainda Uma Vez - Adeus”.

Mas, tua gente, Gonçalves Dias,que na alma mestiça como foste tu,sabe que mesmo séculos após séculosjamais se apagará o teu nomeda história literária do Brasile nunca te dirá: grande poeta, adeus!

Beatrice Palma97

SoLIDãoUm homem... um dia a uma mulher se apaixonou.

mas não podiam ficar juntos.Esse mesmo homem, um dia então... ficou doente.

Uma doença de tristeza na qual a cura estava bem longe.Foi pra lá e encontrou a mulher que um dia tinha se apaixonado.

Este homem voltou de navio, mas sofreu um naufrágio... e teve que partir...

o único esquecido, doente, sozinho...

97 Beatrice Palma – Curitiba–PR–Brasil-25dejulhode2002.Tem10anos,éestudantedo6ºanodoEnsinoFundamental e foi vice-campeã do Projeto de Soletramento do Governo Municipal de Guarapuava/Pr. Adora literaturaeescrevetextospoéticos.

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Beatriz Branco da Cruz98

DIAS DE SAUDADESFoste tão cedo!

Partiste pelas águas do MaranhãoE agora o Brasil sente saudades

Daquele em cujas veias corria paixão!

Paixão por ser brasileiro,Paixão por ser de três raças,

Paixão por ser poético,Paixão por ser parte de nossa vida!

Gonçalves Dias, homem da terra das palmeiras,Onde canta o sabiá,

Homem de sabedoria,Homem que tinha muita história pra contar!

Ah, Gonçalves Dias!Por que partiste?

Hoje o sabiá canta tristeE a mulher que tu amaste

Continua a te esperar!!!

Belmiro Ferreira99

MInHA tErrAParodiando tema de “Canção do Exílio”de Gonçalves Dias

Minha terra tem Palmeiras, Corinthias, Vasco da Gama... Tem Flamengo, Madureira...

Um Maracanã de fama!

Minha terra tem primores,Como não vejo eu cá:

Tem fraudes de senadores, Salários de marajá,

Tem sequestros e horrores, Que até fugi de lá!

98 Beatriz Branco da Cruz - Teresópolis – RJ - Brasil - 25/10/1997. Poetaluna do 9.º Ano da E. M. Alcino Francisco da Silva, em Teresópolis/RJ, e, há tempos, destaca-se nas produções textuais feitas dentro e fora da escola. Professor orientador: Carlos Brunno S. Barbosa.

99 Belmiro Ferreira da Silva - Japuíba-CachoeirasdeMacacu–RJ.DiplomadopelaFaculdadedeCiênciasPolíti-caseEconômicasdoRiodeJaneiro;UniversidadedeMichigan;produtor-apresentadordeprogramasculturaisnaRádioImprensa;membrodaAssoc.dosDiplomadosdaABLDezlivrospublicados,dentreosquais:JuizouPapagaio?- Minhas Essências - Ao Sabor da Malucuras - Cidadania, uma Conquista Solidária - Fragmentos do AmorMaior-NoPaísdoValeTudo-Tempodemor.ProdutordoCDCaminhadaseautordestamúsica.

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Nosso céu se poluiu, Nossas várzeas se queimaram.

O governo bom sumiu; Só vigaristas ficaram.

Minha terra, sem valores, Já não tem mais sabiá;

Dos pardais fez seus cantores, Promovidos por jabá*.

Virou foi tudo uma zorra!Tomara que não ocorra

Que eu volte para lá.

Benvinda da Conceicao Maia de Melo Lopo Maia de Melo Lopo100

LonGA SoMBrA

António Gonçalves DiasPor ti António, Coimbra de capas negras chorou o amor na

saudade da tua dor,o fado estilhaçou no rosto, guitarras em luto chamaram o

desgosto, brisa tépida,vozes, cantares á luz das velas, guincharam cordofones, tre-mem pandeiretas,alegre estudantina universitária, vinho tinto, cerveja, tremo-ços, maçãs reinetas.Tunas musicais paródia e copos, no fundo mágoas, penumbra, paixões, destroços,bela noite, fonte dos amores, quinta das lágrimas, saudoso ilus-tre, longa sombra, perdida no banjo triste a viola, andorinhas negras dançaram, voaram asas em corte,afundou o ar agonizante, choupal de amante sem amada e tu amando até á morte.

Sangue índio, negro, branco, respiraste briza de Portugal, sonhaste história, mundo, ao longe beijaste a longa sombra, sei, tão amiga te deu muito não

duvidou querer-te,em carícias se envolveu contigo, seguiu o Inferno da glória e logo te retirou o tapete,

fascinado olhar profundo, catástrofe do romance, disparou o coração, aroma no peito.

100 Maia de Melo Lopo - Benvinda da Conceicao Maia de Melo Lopo - Lisboa – Portugal - 25 de Janeiro de 1954. ArtistaPlásticaeestárepresentadaemMuseusNacionaiseInternacionais,Comopoetisapublicoupoemasem Coletâneas no Brasil e ainda em Chile em Mil poemas a Pablo Neruda de Alfred Asís. Condecorada pela FALASP-S.PauloeAcademiadeCienciasdeLisboa.AutoraemPortalCEN.PoetisadoMovimentoInternacio-nal Poetas del Mundo. Embaixadora Universal da Paz-Cercle Universel des Ambassadeurs de la Paix-France & Genève Suisse. E-mail: [email protected]

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Penso em ti a perguntares ao céu, porque parou teu leve sono na imensidão da noite, afinal na insónia todas ilusões perdidas, aventuras de prazeres, só na solidão do leito,devoram-nos os fingidores do amor, envergonhado fingiste ser amado e aí sofreste,sem esqueceres onde nasceste, a paixão alucinada e mortal, sem dó te deu um

açoite.

Adormeceste no pulmão Brasil, Caxias, amores-perfeitos roubaram-te o sonho,

deserto é cor, encanto das trevas, viste o dragão cair na sombra dos teus passos,

a sombra perdida no dilúvio do teu olhar, tremeu a alma da aurora em cansaços,

tudo foi tormenta e medonho, ouviste guizos do mar, febre do amor quiseste amar.

Ai, a tempestade ferida balançou de pranto, raivosa uivou tão feroz como um cão,

raio de luar, lâmpada frouxa de luz, sombrio óleo divino, suaves pétalas das estrelas,

doçura celeste, a montanha em desvelos vestiu a ladra sombra e ao sentir-se só,

tratou os espinhos, fez mimos, cercou em ternos carinhos o teu infeliz coração.

Derradeira sombra, oh, despedaçou o ferro do teu peito, grade na prisão da alma,

soluçaste um choro desfeito, lágrimas pálidas e amargas descansaram na face,

a liberdade marchou flamejante, doente viajou o chacal, sangue no aço da agonia,

ceifou os matagais de cristal com lanças soltas ao vento, vida, manto da noite fria.

Tumba de vidro, silêncio esbranquiçado em convulsões, lei nua, poema enlace,

o génio do medo sonhou, ouviu monstro numa risada gelada, calma voz cortasse,

fitou olhos exaustos em brasa, Senhor, voou a sombra escura em plumas de chuva,

eco ao longe, murmurou o reino do corpo, fezes em aspirais, frémito vómito soluça.

Sombra no cemitério do mar criminoso, vê partir oração do fim, última lembrança,trémula voz sorriu aos pais, doce harpa flutua no céu, grito de bronze, feliz triunfo,

anjos répteis, na jaula te abraçaram, beijaram o hino dos lábios na concha da loucura,beijos bebem fogo penetrante, o lodo casou bocas de peixes, sofrem rosas do Universo.

Maranhão terra distante, disperso, ânimo, suspiros, solidão, línguas de água, abandono, Amor sombra foi catedral, caixão secreto da morte, naufragou no trono teu último sono,

Gonçalves Dias, o navio abrigou tragédia mortal, no íntimo cintilou o adeus do horror,grinaldas de espuma lutaram em ondas de prata,

num tesouro o sacrário guardou o amor.

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Bernardo Joaquim da Silva Guimarães101

MortE DE GonçALVES DIAS102

Canto elegíacoI

Que fado o teu, Gonçalves!... que desdita!... Ai! quantas agonias

Vieram conturbar-te a mente aflita Nos derradeiros dias,

Quando no meio das tormentas bravas O teu formoso espírito exalavas!...

Qual alcion dormindo sobre o ninho Das vagas balouçado,

Às vagas entregaste - tão sozinho O teu corpo alquebrado, E vinhas ver, atravessando os mares,

Pela última vez teus pátrios lares.

Cruel doença as fontes te secava Da débil existência,

E já quase do vaso se entornava Essa imortal essência,

O sopro, que dos lábios de Deus sai, E que, quando lhe apraz, a si retrai.

Ah! que saudade, que palpite ansioso No peito lhe ofegava, Quando pelo horizonte nebuloso As praias lobrigava Da doce pátria, e os coqueirais viçosos, Que de longe acenavam-lhe saudosos.

Já da vida, que esvai-se, o extremo alento No peito lhe lateja;

Mas à luz da esperança ainda um momento Sua alma se espaneja,

Que já lhe trazem virações fagueiras Os aromas da terra das palmeiras.

Ei-la! - do ocaso lá na linha extrema, A pátria; ei-la acolá!...

E os palmares, por onde vaga a ema

101 Bernardo Guimarães – Bernardo Joaquim da Silva Guimarães - Ouro Preto – MG – Brasil - 15 de Agosto de 1825 e faleceu em 10 de Março de 1884. Foi romancista e poeta brasileiro. Sua obra prima é A escrava Isaura (1875).

102Guimarães,19--.NestepoemaGuimarãescriticaaAssembleiaConstituintequeserecusouaprestigiarumahomenagem ao poeta Gonçalves Dias. O poema foi escrito em 1869. Poesias compiladas por Weberson Fer-nandes Grizoste - Jauru – MT – Brasil

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E canta o sabiá! Ei-la, a formosa terra dos amores,

Ninho viçoso de verdura e flores.

Ah! não permita o céu que ele sucumba Sem ver a pátria amada!

Possa ele vê-la, embora encontre a tumba Por seus pés cavada;

Ver a pátria, e morrer beijando a terra, Que os ossos de seus pais no seio encerra,

Ai! uma hora, ó Deus! uma só hora Deixa-o ainda viver;

Deixa-o na doce pátria, por quem chora, Entre os seus ir morrer,

Não pereça tão junto aos lares seus, Sem poder lhes dizer o extremo adeus!

IIMas da borrasca as núncias temerosas, Densas nuvens, se estendem pelos céus,

E o mar levanta em vagas alterosas Medonhos escarcéus.

Das ondas e dos ventos embatido, Qual bravio corcel,

Que as rédeas arrebenta de insofrido, O trépido batel,

Ora do firmamento segue o rumo, Ora aos abismos quase desce a prumo.

Por entre os estertores da borrasca O navio aos boléus estala e range;

O medonho tufão, que os mastros lasca, Os mais valentes coraçoes confrange. Bem perto em fúria o mar ali rebenta Entre as pontas de horríficos abrolhos,

E da morte a figura macilenta Do nauta surge aos olhos.

Mas Gonçalves não ouve a orquestra irada, Em que convulsa a natureza arqueja;

Já sobre sua fronte laureada Da morte o sopro adeja.

A doença, e o oceano turbulento A nobre, infeliz vítima disputam,

E, para lhe arrancar o extremo alento, Como à porfia lutam.

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E enquanto fora o furacão restruge E quebra ao lenho o mastro escalavrado,

Enquanto em torno o mar referve e ruge, Mostrando ao nauta o abismo escancarado,

No estreito camarim Dentro e fora de si o bardo sente, Que o destino inclemente

Dos dias seus está marcando o fim; E entre as cenas horríveis, que o compungem,

Sozinho, abandonado, o ilustre vate De duas mortes, que de perto o pungem,

Sofre o tremendo embate.

Contra o furor insano da tormenta Labuta em vão o soçobrado esquife, Já nos parcéis esbarra, e enfim rebenta Nas pontas do recife; E navio e poeta o abismo torvo

Num só momento os engoliu d’um sorvo.

Entre os roncos medonhos da procela, Liberta já da mórbida prisão,

Voou ao céu aquela alma tão bela Nas asas do tufão.

Da tempestade o brado pavoroso Foi seu hino de morte; O oceano o sepulcro glorioso, Que deparou-lhe a sorte.

Sobre ele estende o pego tormentoso Mortalha d’alva espuma; E assim do vate o fado lastimoso Na terra se consuma.

E a vaga, que o tragou no bojo horrendo, Estourando nas broncas penedias,

Veio na praia murmurar gemendo: - Morreu Gonçalves Dias! –

IIIE tão perto, - na extrema do horizonte -

A pátria lhe sorria; E para lhe adornar a ínclita fronte

Novos lauréis tecia.

Ela ansiosa e sôfrega, esperava, E às vagas do oceano perguntava Por seu filho querido;

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E no meio do horríssono bramido Das ondas irritadas,

Aos uivos das rajadas Estas sentidas vozes exalava:

“- Onde te foste, filho muito amado?... Ah! por que deixas o teu pátrio ninho,

E a longes terras vais afadigado, Tão fraco, tão sozinho,

Longe dos lares teus buscar descanso Que só podes achar no seu remanso?

Saudoso sabiá destas florestas, Que nas sombras tranqüilas te aninhavas,

E nas ardentes sestas Com teus lindos gorjeios me embalavas,

Saudoso sabiá, por que fugiste? Por que voaste além?

Por que deixaste tão sozinha e triste, Quem tanto te quer bem?

Por que deixaste, filho aventureiro, De tua mãe o tépido regaço,

Para entregar ao pego traiçoeiro O teu porvir escasso,

Trocando a paz serena de teus lares Pelo baloiço perenal dos mares?

Temerário alcion, que destas plagas Mudaste o ninho em hora de bonança,

Por que confias às traidoras vagas Tua última esperança?

Vem, que te aguardo aqui saudosa, inquieta, Corre, corre a meu seio;

Vem, não mais te demores, meu poeta, Que mata-me o receio,

Cruel receio de não ver-te mais, Nem mais ouvir teus cantos imortais.

Vem pendurar à sombra da palmeira Inda uma vez a tua errante maca; E enquanto d’alva praia pela beira

Ferve e ronca a ressaca, Enquanto a brisa tépida farfalha

No tope dos coqueiros, E pelos ares mansamente espalha

Aromas lisonjeiros, Canta ainda uma vez essas cantigas,

Que fazem recordar eras antigas.

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Suave alívio ao teu padecimento Só podes encontrar no seio meu;

Ao teu peito alquebrado dar alento Quem pode senão eu?

Ainda aqui meneiam as palmeiras Seus trêmulos cocares;

E as viçosas, floridas laranjeiras Suave aroma espalham pelos ares;

A luz destes formosos horizontes, O eco destas fontes

Ainda te farão cismar de amores, E da lira extrair aqueles hinos

Doces, enlevadores, Quais só sabem cantar coros divinos. Destes vergéis entre as virentes comas, Onde perene a primavera brilha Alentarei teu peito com aromas

De jambo e de baunilha, E para acalentar teus sofrimentos

Saudoso sabiá, A tardinha com lânguidos acentos

Teu sono embalará.

Mas ah! se não me é dado ver-te mais, Nem mais ouvir teu canto; Se mais não podes escutar meus ais, Nem enxugar meu pranto, Ah! se já sobre a terra está marcado O termo de teu giro, Vem ao menos soltar, ó filho amado, No seio meu teu último suspiro”.

IVEle entreouvia estas doridas vozes No meio das borrascas,

Nalma e corpo a sofrer dores atrozes Da agonia nas vascas.

E ao rebentar de vagalhão medonho, Aos solavancos doidos da procela,

Entre escarcéus de espuma, Como em miragem de afrontoso sonho

Da pátria lhe sorria a imagem bela Envolta em negra bruma.

Ele a escutava, nesse transe extremo, A mãe, que em ais rompendo o seio terno Mal pode soluçar o adeus supremo Ao filho que se vai a exílio eterno.

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E o bardo ilustre... ó Deus! que fatal sorte! Que sina desastrada!

Dentro de si e fora via a morte Erguer-se para ele duplicada;

Uma o mirrado coração gelava, A outra a fronte augusta lhe esmagava.

Estrela errante no seu triste giro No oceano apagou-se entre as borrascas;

Ninguém lhe ouviu o último suspiro Da agonia nas vascas.

Nenhum jazigo os restos seus consome Na terra dos seus pais;

Do grande vate só nos resta o nome, E os cantos imortais.

Doou-lhe o céu inspiração divina, Engenho alto e pulquérrimo;

Mas ah! fadara-o sua triste sina Dos entes o - misérrimo –

VNem uma cruz à beira do caminho, Nem uma cova em pobre cemitério,

Lhe permitiu o fado seu mesquinho Por esse vasto império,

Cujas glórias cantou na lira d’ouro, E a quem legou de glórias um tesouro.

A pátria pede um monumento ao vate Que tanto a distinguiu,

E seus brados no peito dão rebate Do povo que os ouviu;

Uma pedra sequer, que diga à história, Que diga aos estrangeiros:

“- Este padrão erguemos à memória Do primeiro dos vates brasileiros.

Mas aqui seu cadáver não repousa Está vazia esta singela lousa.

O céu e o oceano, Imagens do infinito, reclamaram

E para si guardaram Os despojos do vate americano.

Do firmamento aos páramos formosos Um nos roubou sua alma para Deus,

Outro lá nos abismos temerosos Esconde os restos seus.

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Mas se a terra seus ossos não consome Teve em partilha a glória de seu nome.”

Mas ó vergonha! ó crime! Glória, gênio, infortúnio, nada vale

Ao poeta sublime!

Pede o pejo, e o decoro que se cale Tão feia ingratidão.

Mas ah! não posso, não; que a meu despeito Nos lábios ferve a voz do coração,

E rompe-me do peito, Como um eco de horror descompassado,

Da indignação o brado.

Esses, que às pátrias glórias refratários De um nobre povo crêm-se mandatários, Negam uma homenagem A quem já vive na posteridade,

A quem tem por pregão a eternidade, E o mundo por mensagem.

Ah! registre o Brasil em seus anais Mais este exemplo novo!

Falsos depositários desleais Da vontade do povo

Nestes nefastos, miserandos dias, Um simples preito ao gênio recusaram, Ao monumento de Gonçalves Dias Uma pedra negaram.

Beto Acioli103

oUtroS DIASSalve Gonçalves Dias!

Meus dias não são os mesmosque tu viveste outrora

Muitas palmeiras secaramE os sabiás foram embora

As aves que gorjeavamMuitas nem existem mais

Nosso céu está mais cinzentoNem sombras dos sabiás

103 Beto Acioli-Olinda–PE–Brasil-18/09/1965.Poeta,blogueiroeartistaplásticoautodidata,residenteemRecife/PE,participadealgumasAntologiaspeloGrupoEditorialBecodosPoetas(ÀDeriva,Doiscoraçõeseumssóbatida,Nosmeustemposdecriançaeraassim...,PordetrásdacortinaeFolhasemBranco)eEditoraLiteracidade (Versos Enamorados e Cidades - vol 9). http://betoacioli.blogspot.com.br/

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Finaram-se as verdes várzeasBosques desapareceram

Por falta de amor, o homemdestruiu as verdes matas

Tangeu os sabiás pra longe

Permita o Senhor que eu morraAntes de tudo acabar

E ainda ouça o canto raroDos saudosos sabiás

Bianca Braga de Carvalho - Lady Viana 104

CAnção Do ExíMIo [PAíS]I

Minha terra tem palmeiras, mas onde Canta o Sabiá?

As aves, que lá gorjeiam, Não as escuto gorjear!

IINosso céu sem mais estrelas, Nossas várzeas sem mais flores,

Nossos bosques temem a vida, Nessa vida sem amores.

IIIEm lamentar, sozinho, à noite, Mais prazer encontro eu lá;

Minha terra tem palmeiras, mas onde canta o Sabiá?

IVMinha terra tem primores,

Que tais não encontro eu cá; Em lamentar - sozinho, à noite

Mais prazer encontro eu lá; Minha terra tem palmeiras,

mas onde canta o Sabiá?

104 Bianca Braga de Carvalho - Lady Viana - São Paulo – SP – Brasil - 30 de março de 1996, a escritora de 16 anos éloucaporlivrossobrenaturais,paranormais,fantásticosepoesias.Grandeconhecedoradaáreadedesign,ela mesma cria as capas de seus livros e ilustrações. Além de escrever, o que faz desde os 12 anos, tem como hobby fotografar.

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VNão permita Deus q’eu morra,

Sem q’eu volte para lá;Para visitar Alcântara,

Passagem Franca,Jatobá.

VI Sem que desfrute os primores

As frutas doces,O guaraná.

Coisas essas de louvorQue não encontro por cá;

Sem qu’inda aviste uma vez,Dona Amélia, o Sabiá.

CArtA À QUErIDA oLíVIAI

Olívia, queridaQueria dizer que ao desposar-te

O meu coração doente,No momento não presente,

Outrora havia sido feito em partes.

IIPerdoa-me pela carta em teus dedos,Pelas flores,Pelo metro de belarte,Presentes para esconder tuas dores,Por nunca ter sido amada de verdade.

IIIMinha querida Olívia,Perdoa-me por não estar em teus braços,Mas tropecei em teus passos

E não pude me levantar.

IVFinalmente, Olívia, entenderei perfeitamente se

Rasgares esse maldito papel em maçoQuero mais que siga com tua vida

Sem enfados, sem percalçosE que um dia tires da memória

Tudo que houve de ruimQuero que esqueças, OlíviaQue um dia esqueças de mim.

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Bianca Melo105

GonçALVES DIASHomem dos nossos diasCom pureza e amor

Que encanta a naturezaOnde beija o beija-flor

No cantar dos pássarosNo raiar da esperança

Vem contar em seus contosQue o sabiá cantou

Gonçalves Dias poetaValente, carente e contente

Que incendeia seus versosCom contos estrelados

Que busca no rosto cansadoA alegria dos enamorados

Gonçalves Dias nasceu em CaxiasNa sua terra querida

Se formou na universidadePara mostrar sua qualidade

Com amor no coraçãoOnde busca a paixão

Na terra onde tem palmeirasVem dizendo bela natureza

Com alegria e purezaEscreveu poesia

Falando da beleza do MaranhãoCom orgulho no coração.

Bruno Fossari de Souza106

CAnção Do ExíLIoQuando fui a Portugal,

muitas belezas lá encontrei,

mas as que temos no Brasil,

lá não encontrei. No entanto,

sempre me lembrarei do que lá vi,

105 Bianca Melo - São Luís – MA - Brasil –04/06/2002.MotivodaParticipação:Emmostrarminhapoesiaatodos,além de homenagear o nosso Poeta.

106 Bruno Fossari de Souza - Porto Alegre – RS – Brasil - 29 de novembro de 1997. Estudante do Ensino Funda-mentaldoColégioConhecer,PortoAlegre/RS.IntegrantedoProjeto“ImagenseTextosconstruindoHistóriaseVersos”:“BannersPoéticos”,2012.Curtemúsicaejogoseletrônicos.E-mail:[email protected]

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169

pois guardo comigo,também, as lembranças

de meus pais.Lá ou cá,

doces recordações!

C. AMELIA

Á MEMorIA DE AntonIo GonçALVES DIAS107

Morreo! Não existeO bardo, o tocante

Poeta giganteDo nosso Brasil, -

Aquelle que a pátriaDo CEO aos altaresNos longos cantaresLevou tãso febril.

Vagando distante,No lar estrangeiro,

Soltava fagueiroSeu doce trinar,

Sonhava, feridoDos males da vida,

A terra queridaQue o vio embalar.

Transido de dores,De taes soffrimentos, Nos dias cruentos,Do exílio cantava;E tal como a rola, Carpindo o esposo, O pátrio repousoTristonho chorava.

Agora pungente,Lamenta oh! Brasil

O astro gentilQue viste sofrer...

Por entre agoniasNo mar... esquecido,

Cahindo exhauridoSó pode morrer!

Ceará – 16 de Novembro de 1864

C. Amela. (Pedro II)

107 Jornal O Paiz,1864,PoesiacompiladaporLeopoldoGilDulcioVaz–Curitiba–PR–Brasil–1952;InstitutoHistóricoeGeográficodoMaranhão;UniversidadeEstadualdoMaranhão

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Caio Henrique Solla108

SEU CAnto FICArÁÉs o poeta primeiro

A cantar divinamenteVerso puro e brasileiro

Aclamando nossa gente.

Teu suspiro derradeiroNão impede de ir em frente

Teu sublime cancioneiroNosso imortal presente.

Já cantou o sabiáE que saudade nos dá

Do nosso Gonçalves Dias!

Todos vamos para láMas o canto ficará

Para além do fim dos dias.

Cairo José Gama Bezerra109

EtErnoS DIASContava das belezas

do índio, da natureza regionaldetalhando para o mundo

a beleza nacional.

Saudade e amor à sua terraestava em seus poemas

Saudades do povo brasileiroAmor tudo daqui, era seu maior tema.

Gonçalves Dias,Maranhense sim senhor!

Muito mais que um poetaum servo da natureza e do amor.

108 Caio Henrique Solla - Sorocaba – SP – Brasil - 7 de maio de 1993. Está no 4° semestre do curso de Letras: Por-tuguês e Inglês da Universidade de Sorocaba (UNISO). Ganhou seu primeiro concurso de contos em novembro de2011.Participouem2012daantologiaArabescosdomovimentoVirArteeganhoutambémoprimeirolugar e mais uma menção honrosa no I Concurso de Contos Machado de Assis, realizado pelo grupo Coesão Poética,deSorocaba.

109 Cairo José Gama Bezerra – Balsas – MA – Brasil. URE – Balsas - Centro de Ensino Médio Dom Daniel Comboni. Professora: Marcia Meurer Sandri

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Camila Nascimento110

o PoEtA DE SonHoSConheci um cara, li um cara

Que não era a minha cara, Mas da sua terra, a das palmeiras! Suas dores, seus amores de mulheres

Ceci, Lucíola e Senhora, não sei do quê.Conheci sua vida, sua praça, seus índios,

A Iracema dos lábios de mel.Da América, ameríndia, sol e lua

Das terras de onde eu vimDo português, da tribo e do pajé

Da lenda nasceu, viveu e morreuE Moacir, o filho seu, também é meuÉ teu, é nosso, porque fruto da terraTerra que o poeta sabia

O Maranhão, o Ceará, o Brasil... Seria terra de todos ou terra de ninguém?

Carla Isabel Baldez111

orGULHo DE SEr MArAnHEnSEVivo um presente cenário de ilustres momentos Dos sons das maquinas às psicodélicas cores mas é do passado que vem os ecos que tangem minh’Alma e me levam ao mais profundo êxtase Trago em meu ser, na minha memória, contos e obras deixadas Busco lá na história de nossos antepassados uma grande prova do saber deste povo Neste nascer do sol conheci mais um pouco sobre o que sou, como amar esta terra acompanhada na sintonia dos pássaros baseada na história de um formoso conterrâneo,“Gonçalves Dias”

sua origem e sua simples história, construída de derrotas e conquistas destacadas pelo seu talento alienígena.

Um grande incentivo para nossa nação brotando de uma fonte inesgotável de todo conhecimento. E neste vento frio que me abraça, aqui estou

rodeada de livros, dobrando as páginas da vida, e conhecendo de cada linha a essência das palavras

110 Camila Maria Silva Nascimento. Milagres-CE. É doutoranda em Ciência da Literatura. É Professora do Curso de Letras da universidade Estadual do Maranhão-UEMA. Publicou Dilercy Adler: a tecelã de Eros nos trópicos maranhenses em 2011.

111 Carla Isabel Baldez- São Bento –MA – Brasil- 17 de junho de 1997. Estudante do Centro de Ensino Médio e Profissionalizante“NewtonBelloFilho” CEMP.Membro fundadoradaAcademiadaCulturalda JuventudeSambentuense“ACJS”.Participantedoprojeto“AHORADASLETRAS”,tendotextoselecionadoparalaçamentode um livro promovido pelo Viva-Cidadão Unidade São Bento-MA.

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Hoje é o Maranhão que guarda a tua história, eterno Literário, que se foi e nos deixou um exemplo eterno

Nos passos de nossos habitantes, no riso de uma criança, no olhar de orgulho, na nossa Cultura e em nossa Literatura, deixamos gotas de agradecimentos,

tornastes o nosso Maranhão um espaço rico, onde plantamos esperanças e colhemos histórias fabulosas

assim como esta.

Carla Ludimila Oliveira Araujo112

o MEU rIo PoLUíDoO meu rio poluído agora, ta muitoMais se parássemos de poluir,Não poluía nunca mais.As árvores tão caindo,

Se esbarrando pelo chão, se cuidarmos delaTeremos boa alimentação.

Minha vida é poluída,O chão é muito mais,

Como vou fazer pra cuidar dos animais.

Carla Ribeiro113

VILLE DE BoULoGnEQuando todos se salvaram, menos tu

Por não ter forças já o corpo agonizanteE porque as almas em volta do abismo

Não pensavam senão na própria salvação…Quando as ondas rasgaram a veste do navio

Em que a doença já te consumiaE o próprio tempo esquecia,

Poeta, a agoniaDa tua presença no meio dos homens.

Do tempo em que o presente te esqueceuFica o fantasma

Da tragédia pairando sobre as águasMas fica, para o futuro das memórias,A obra e o nome e as musas do teu mundo

Para narrar aos deuses a tua vida.

112 Carla Ludimila Oliveira Araujo–SãoLuís–MA–Brasil-30/08/2011;EugostomuitodaspoesiasdeGonçalvesDias. E adoro poesias e gostaria de lançar a minha.

113 Carla Ribeiro - S.MartinhodeMouros–Portugal-20deJulhode1986.LicenciadaemMedicinaVeterináriaColaboradora ocasional em algumas antologias e outras publicações literárias, e com alguns livros publicados emgénerostãodiferentescomoapoesiaeoromancefantástico,sendoosmaisrecentesPela Sombra Morre-rão (Antagonista Editora) e Senhores da Noite (Fronteira do Caos). Email: [email protected]

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AMéLIAE renunciarás à musa

Mesmo que o coração te sangre em amor e versosE a memória da mulher nunca desfaleça

Nos confins do coração.

Guardarás o seu nome na memóriaE escolherás a honra sobre a ousadia

De negar as horas do mundo,Pois a sina é, também ela, mulher

E os olhos dos homens olham, em desgraça,As sombras da divergência

Em cada raça.

Amarás sempre, mas em eterno silêncio, Ciente, talvez, de que outros desafiaramA lei que não contestaste,Mas guardarás o adeus da dama amada

E seguirás no teu próprio romanceDe sonhos e de sombras

E de mar, enfim,No fim…

rEEnContro CoM A MUSAVoltar a ver-te e à dor nunca esquecidaQue gravarás também com sangue teu…Eis, alma de poeta consumidaComo a mulher que o coração perdeu.

Lamento do que não aconteceu,Disposta a musa, dura a despedida,Paira sobre ambos dor que não morreu,Que, olhando, se desperta em nova ferida.

Eis-te, mulher, a sangue transcrevendoVersos de um coração que vai morrendo

Na dor de um perene arrependimento.

E eis-te, poeta, ante o olhar perdidoDe um passado que não foi consentido.

Adeus, oh, outra vez, mais um momento!

rEtrAto DE GonçALVESFalas de raças, de terras, de amor,

Da pátria de um romance universalE amas, a cada verso, a cada malDe amar num coração cheio de dor.

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Louvas as glórias de um país maiorE a graça do coração magistral

Que assombra as ânsias da escolha finalE que te veste de honra sem temor.

Falas de Amélia, apaixonante musa,Na sombra da tua própria recusaDe lealdade imensa, abençoada.

De ti, cabe falar à eternidadePara recordar a suave majestade

Da obra eternamente recordada…

LEALEles te recusavam. Bem sabias

Que era romper com vida e liberdadeSeguir, por todo o resto de teus dias,A paixão que te apelava à vontade.

Escolherias de amor a imensidade,Mas a vozes maiores afrontarias.

Deste-te, pois, ao ventre da amizadePara lamentar, no adeus, que te perdias.

Da musa admiravas graça e beleza,Suaves traços de etérea juventudeNo núcleo do coração preservados.

Mas falava mais alto que a tristezaA honra, sempre máxima virtude,

E os sonhos de amor seriam negados…

Carlos Arturo Llanos Solis114

HOMENAJE A GONÇALVES DIASTe toco vivir fuera de tu patria,

y sufrir la nostalgiade estar lejos de ella.Pero en tu pecho amante

el calor de la madre tierra,latía anhelante en la espera.

114 Carlos Arturo Llanos Solis - Río Hablador, en Lima - Perú - 21 de Marzo de 1949. Mi niñez y juventud transcur-rióaorillasdelOcéanoPacifico,enelhermosobalneariodeBarranco,unhermosoDistritoalSurdeLima.Alafechatengopublicadoslossiguientelibros:“Un Poema de Amor” (1995) - “Anhelo, Amor y Pasión”(1998)y“Un Poema Para el Mundo” (2011).Yyameencuentrotrabajandoenminuevolibrotitulado:“Mi Vida En Un Poema”.

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Con el tiempo, volviste a la patriay al Brasil le diste tu credo:

poesía, literatura y amor por la crianza.

Romántico poeta fuistey a Amelia le diste tu amor,pero por ser plebeyo, pecado,

matrimonio no pudiste dar.

Con el corazón destrozado quedaste,y a Amelia tuviste que olvidar.

Pero el tiempo que todo lo cura,a Olimpia, trajo a tu vivir.

y con ella formaste tu hogarculminando tu sueño de varón,y así junto a ella compartiste tu hogar, y el lecho matrimonial.

Con el tiempo el destino certero,de tu tierra te hubo de alejar.

Por males que minaban tu ente, tu Brasil, tuviste que dejar.

Tu mal, ya no tenia cura,y tu corazón sufría aun mas,por estar lejos de la tierray en el “Velle de Boulogne” te hiciste a la mar.

Cuando puerto se avistaba a tu sino,nuevamente el destino fatal:te llevo de esta vida en tu lecho,y en tu mar del Brasil,rendiste tu final.

Carlos Bancayán Llontop115

nACIStE VEStIDo DE VErDE“No permita Dios que muera

Sin que vuelva para allá,Sin que disfrute los primores

Que no encuentro por acá,Sin que aviste las palmeras

Donde canta el Sabiá”.

115 Carlos Bancayán Llontop – Chiclayo - PERú.Tieneseislibrospubliados,entrepoesía,ensayoynarrativa.Prac-ticatambiénelperiodismoculturaleintegradiferentesinstitucionesliterarias,peruanaseinternacionales.

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Antonio, naciste vestido de verde,del verde follaje de tus selvas,

donde levantan tus indios timbirassus limpias miradas cuando pasas

regando con la savia de tu sangretu cálido follaje, tu fronda caudalosa…

Naciste señalado para ser un poetaamador de tu raza, de tu ancestromaterno, puro por ser de arcilla,

de jaguares y pájaros.

Cuando joven amastecon el amor de niño

que por siempre quedaste.Ana Amelia fue musa

de tus primeros versos,de tus primeros viajes

en el velero de Eros, de flores y plumajes;

pero el monstruo paternode prejuicios oscuros

desoyó la ternurade tus años tan mozos;

retornando a tu Ríode Janeiro, por tanto,colmaste con Olimpia

anhelos amorosos.

San Luis de Marangao,al pedir de gobierno

te vio indagar problemade educación, la base

de humano desarrollo,y también a Europa

enviáronte, sapiente,con el mismo propósito.

Pero quiso tu sino, y el detu pueblo hermosoque a tu regreso fueras

invitado a explorarel norte de Brasil,cálido y fragoroso.

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Allí te reencontrastecon tu savia materna,

allí te saturastede palmeras y fronda,

de coloridos pájaros,de paisajes nocturnospreñados de rumores

antiguos, venerables,morados, insondables…

¿Fue tu selva luctuosadonde te laceraste?

¿Fue la entraña nativa,la que te dio la vida,

la que te inocularatambién hacia la muerte?

AntonIo, MUErtE Y VIDAAntonio, muerte y vida

(tú, poeta, lo sabes)son líneas paralelas

hacia el mar infinitode garúas y pléyades,

de luceros y vientos…

Si por amar tu sangreee árbol, de magnolia,de palmera amapola,de reptil emplumadofue que también moriste,sacrificio sagradosería el de tu muerte.Cristalino tu féretro,naufragó tu envolturaterrenal, pero quedantus Cantos, Meditaciones,

de Sextillas sus Ojosy un diccionario vivo

de tus indios tupíes,de tus manes timbiras;

así, tu ser alado, como los colibríes,permanece en tu pueblo,

en jaguar y en rocío,pues naciste de verde

y moriste de río.

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Carlos Cintra116

AoS DIAS DE GonçALVESTeus dias brancos, a cor suave,

Da leve pena com que escrevias...Poemas, e poesias;

Nos teus dias Gonçalves... E são tão feitos de alma,

Que a leve pena na palmaEspalmada em tua mão

Deu ao mundo sua versãoNos versos escrevestes...

Nos dias brancos...Nos brancos dias...

Dias de GonçalvesGonçalves eternos Dias...

Carlos Drummond de Andrade – 1945 117

noVA CAnção Do ExíLIo118

Um sabiá napalmeira, longe.

Estas aves cantamum outro canto.

O céu cintilasobre flores úmidas.

Vozes na mata,e o maior amor.

Só, na noite,seria feliz:um sabiá,

na palmeira, longe.

116 Carlos Cintra -RecifePE–Brasil-02/10/1967.AtualmentemoraemPetrolinaPE;Participardestaantologiaémarcar com a poesia uma grande homenagem a Gonçalves Dias.

117 Carlos Drummond de Andrade - Itabira do Mato Dentro – Minas Gerais – Brasil - 31 de outubro de 1902. De uma família de fazendeiros em decadência, estudou na cidade de Belo Horizonte e com os jesuítas no Colégio

AnchietadeNovaFriburgoRJ,deondefoiexpulsopor“insubordinaçãomental”.DenovoemBeloHorizonte,começouacarreiradeescritorcomocolaboradordoDiáriodeMinas,queaglutinavaosadeptos locaisdoincipiente movimento modernista mineiro. http://www.releituras.com/drummond_bio.asp

118 http://www.moinhoamarelo.com/2011/07/serie-cancoes-do-exilio-carlos-drummond.html; Poesia compila-daporLeopoldoGilDulcioVaz–Curitiba–PR–Brasil–1952;InstitutoHistóricoeGeográficodoMaranhão;Universidade Estadual do Maranhão

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Onde tudo é beloe fantástico,

só, na noite,seria feliz.

(Um sabiá,na palmeira, longe.)

Ainda um grito de vida evoltar

para onde tudo é beloe fantástico:

a palmeira, o sabiá,o longe.

EUroPA, FrAnçA E BAHIAMeus olhos brasileiros sonhando exotismos. Paris. A torre Eiffel alastrada de antenas como um

caranguejo. Os cais bolorentos de livros judeus

e a água suja do Sena escorrendo sabedoria.

O pulo da Mancha num segundo. Meus olhos espiam olhos ingleses vigilantes nas docas.

Tarifas bancos fábricas trustes craques. Milhões de dorsos agachados em colônias longínquas formam um tapete para sua Graciosa Magestade Britânica pisar. E a lua de Londres como um remorso. Submarinos inúteis retalham mares vencidos. O navio alemão cauteloso exporta dolicocéfalos arruinados. Hamburgo, umbigo do mundo. Homens de cabeça rachada cismam em rachar a cabeça dos outros dentro de alguns anos.

A Itália explora conscienciosamente vulcões apagados, vulcões que nunca estiveram acesos

a não ser na cabeça de Mussolini. E a Suiça cândida se oferece

numa coleção de postais de altitudes altíssimas.

Meus olhos brasileiros se enjoam da Europa.

Não há mais Turquia O impossível dos serralhos esfacela erotismos prestes a deslanchar. Mas a Rússia tem as cores da vida. A Rússia é vermelha e branca. Sujeitos com um brilho esquisito nos olhos criam o filme bolchevista

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e no túmulo de Lenin em Moscou parece que um coração enorme está batendo, batendo

mas não bate igual ao da gente...

Chega! Meus olhos brasileiros se fecham saudosos.

Minha boca procura a “Canção do Exílio”. Como era mesmo a “Canção do Exílio”?

Eu tão esquecido de minha terra... Ai terra que tem palmeiras

onde canta o sabiá!

Carlos Eduardo Pinto Leitão119

UM GrAnDE PoEtAGonçalves Dias um grande escritor.

Homem de muitas riquezas nos deixou.Poeta que desperta saudades dos versos de amor.

No mundo sempre escrevia suas emoções.Suas emoções ele expressava.

Homem de muitas viagens.Em cada verso o amanhã sorria!

Carlos Eugênio Costa da Silva120

UM CAnto A GonçALVES DIASNa cidade de Caxias,

situada no Maranhãonasceu quem seria então

um ícone do Indianismo.Semeava o civismo

através de suas poesiase a nossa literatura

cresceu com a arte e culturade Antônio Gonçalves Dias.

119 Carlos Eduardo Pinto Leitão – São Luís – MA – Brasil - 21/02/2002-MotivodaParticipação:Homenagearumhomemquehojeestasendoreconhecidoatravésdesuaspoesiaségratificante.Cursando:5ºAnoTurma:C–ProfªShirleMaklene.

120 Carlos Eugênio Costa da Silva - Vacaria – RS – Brasil - 11 de dezembro de 1968. Graduado em Letras pela Uni-versidadeCatólicadePelotas.LecionaLiteraturaemCursosPré-VestibularemPelotaseCanguçu.Noanode2010recebeuoTítulode“CidadãoPelotense”outorgadopelaCâmaradeVereadoresporsuadivulgaçãodoMunicípioatravésdaartepoética.CampeãoGaúchoemPoesiaInédita2003possuiquatrolivrospublicadosemais de duzentas premiações em concursos literários.

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Consolidou o Romantismocom sua lírica inspirada,

e em Portugal fez estadaa fim de cursar Direito,

saudade apertando o peitonão ofuscou o seu brilhoe a nostalgia e tristeza

foram temas pra belezade sua “Canção do Exílio”.

De sua lavra fazem partea obra “Primeiros Cantos”,

e outros escritos tantosda Primeira Geração,

“Sextilhas de Frei Antão”de medievalismo fortetambém “I-Juca Pirama”aonde o índio clama:

...ouvi meu canto de morte. Valorizou em seus versos

o patriotismo pujanteque era tema constante

de sua pena, sem igual.Criou o herói nacional

cheio de honra e valentia.Cantou tristeza e saudade,frustrações, felicidade,amor e melancolia.

Haverá de ser eternasua obra, sua memóriaque orgulha a nossa históriaatravés das gerações.Felizes são as naçõesque às letras dão valore assim, por sua essência

constroem com inteligênciaum futuro promissor.

Carlos Gomes

São LUíS Do MArAnHãoMinha cidade querida

Oh meu amado torrãoDos sobradões de azulejosA fonte do Ribeirão...Teus mares são tão férteisA beleza predomina

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No interior do sertãoO babaçu que domina

Oh sabiá de gorjeios harmoniaisTeu canto é mais bonito

Nas folhas dos palmeirais...O poeta Gonçalves Dias

Em poesias narrouEssas terras bonançosas

Que tanto admirouAqui encerro esses versosQue guardo no coração

Também nasci nesta terraSão Luís do Maranhão

Carlos Lúcio Gontijo121

Gonçalves DiasO sabiá esvoaçante onde canta?

Aonde chega o alto-falante de seu canto?Manto flamejante em forma de som

Que aos ouvidos somente encantaNuma promessa de constante tempo bom

Sem a dor lacrimejante da solidão que espantaTornam-se afeitas as esperanças mais arredias

E vivo se nos apresenta o poeta Gonçalves Dias!

Carmen Lezcano Aranda122

CíCLICo GonCALVES DIAS A los ojos de la noche, cantas Romancero

Tíldate las pieles, en claves de navío meciendose estan, acaso en amor callado,

en mar abierto de silencio dormido.

Ocaso de la briza, ausentaba tus versos en blanco vestido, coronando tú voz

a destierro de sueños, por destino de arcos y flechas, reino de TUPí.

121 Carlos Lúcio Gontijo - Santo Antônio do Monte – MG – Brasil - 27 de abrill de 1952. Secretário de Cultura (2013/2017). Jornalista, foi revisor e editor de Opinião do jornal Diário da Tarde, em Belo Horizonte, além de ter trabalhado nos jornais Tribuna de Mariana, Diário de Minas, Jornal de Minas e Hoje em Dia. Autor de 15 livros, Desde o ano de 2005, mantém no ar um site de livre acesso (www.carlosluciogontijo.jor.br), no qual disponibiliza toda a sua obra literária.

122 Carmen Lezcano Aranda-Lambayeque-Perú. 6 de febrero de 1952. De profesión especialista dental, adhe-rente a la poesía y autodidacta de pintura y escultura.

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linial palabra, vuelo de gaviotas, lecho de espuma bajo el cielo azul,

y tus pies desnudos frente a los traidores en la prosapia busqueda, fuiste salvador.

Con el germen conciente de ser Nacionalista, con valentía y sin demora esparces al redíl

Abanican las palmeras y el retorno del exilio en un tronar mestizo que el “sabiá” en su cantar

acrecienta el trueno al “alba de rejas”

ruje el Pacifico, en “osa mayor” y aquel destierro de cíclico sino

ni en tierra, ni en mar , callará tú voz.

Carollini Assis123

CAnção LIVrE PArA AnA AMéLIAAinda uma vez – adeus

Durmo nos braços d´água De onde tira-me a yara,

Para dançar guarânias.

A beleza de tuas escamas E do canto guaraniFaz-me voltar ao tempo de tiE do amor ofertado.

Que sereia! Que seria! Dormir em teus seios, poderiaO mestiço escritor?

Eis que atravessa o oceanoBusca a cura alémMas a morte quando visita

Não manda flores nem fitaA alma agoniza

Na canção de bem querer.

Para quem nada restouSó as letras e o amor

Compor, escrever louvor Foi a rota escolhida.

123 Carollini Assis - Velença – BA – Brasil. Jornalista formada pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), pós-graduada em Roteiros para Tv e Vídeo pela Unijorge. Sua formação audiovisual também deriva da EscueladeCineYTvdeSanAntôniodeLosBaños,emCuba,ondecursouRealizaçãoCinematográfica.Atual-menteéDiretoraInstitucionaldaAssociaçãoBaianadeCinemaeVídeo(ABCV).

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Definida está a vida Nunca seria ao seu lado

Embora carregue o fardo Do amor jamais consumado.

Ana Amélia, doce virgemDas terras do Maranhão

- que chores, não de saudade. A morte não nos tem piedade.

Casimiro José Marques de Abreu - Casimiro de Abreu124

CAnção Do ExíLIo125

Eu nasci além dos mares: Os meus lares,

Meus amores ficam lá! – Onde canta nos retiros

Seus suspiros, Suspiros o sabiá!

Oh! Que céu, que terra aquela,

Rica e bela Como o céu de claro anil!

Que seiva, que luz, que galas, Não exalas,

Não exalas, meu Brasil!

Oh! Que saudades tamanhas Das montanhas,

Daqueles campos natais! Que se mira,

Que se mira nos cristais!

Não amo a terra do exílio Sou bom filho,

Quero a pátria, o meu país, Quero a terra das mangueiras

E as palmeiras E as palmeiras tão gentis!

Como a ave dos palmares Pelos ares

Fugindo do caçador;

124 Casimiro José Marques de Abreu – Brasil. Silva Jardim, 4 de janeiro de 1839 - Nova Friburgo, 18 de outubro de 1860);foiumpoeta brasileiro da segunda geração romântica.

125PoesiacompiladaporLeopoldoGilDulcioVaz–Curitiba–PR–Brasil–1952;InstitutoHistóricoeGeográficodoMaranhão;UniversidadeEstadualdoMaranhão

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Eu vivo longe do ninho; Sem carinho

Sem carinho e sem amor!

Debalde eu olho e procuro... Tudo escuro Só vejo em roda de mim!

Falta a luz do lar paterno Doce e terno,

Doce e terno para mim.

Distante do solo amado – Desterrado –

a vida não é feliz. Nessa eterna primavera Quem me dera, Quem me dera o meu país!

Cecy Barbosa Campos126

CAnção Do MEU ExíLIoA casa da minha avó

tinha um extenso quintal,tinha flores, tinha frutase perfume sem igual.Os passarinhos cantavamnuma árvore frondosaenfeitada do amarelode carambolas madurasque dançavam, suavemente,ao sabor de doce brisaque amenizava o calor.Jaboticabas redondas,abraçadas, bem juntinhas,

cobriam troncos e galhosaguardando o seu destino.

Bocas gulosas se abriame na suculenta explosão

o doce caldo escorria.As crianças com alegria

lambiam com sofreguidãoas pontas dos dedos melados

126 Cecy Barbosa Campos - Juiz de Fora – MG – Brasil - 26/06/1938. Bacharel em Direito e licenciada em Letras- Ingles Mestre em Letras pela UFJF onde lecionou Lingua Inglesa e Literaturas de Lingua Inglesa. Tem trabalhos publicados em revistas especializadas, anais de congressos, antologias literárias e os livros The iceman co-meth:acarnavalizaçãonatragedia;Oreversodomitoeoutrosensaios;Recortesdevida(contosecriticas)eCenas(poemas).

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e riam, com satisfação.Ao relembrar com saudade

a casa da minha avó,sinto cheiros, tenho sonhos,

com aquilo que eu tinha lá.Queria voltar no tempo,

a tudo poder retornar,chupar as jaboticabase os pássaros escutar.

Foi-se tudo, só lembrançastrazem de volta os primores

que não mais encontro eu cá.

Ceferino Daniel Lazcano 127

CAPItÁn DE nAUFrAGIoS Tal vez sea ése el destino de los poetas:

morir solo y hundido, abandonado a su suerte.

En tus retinas, en tu memoria te habrás llevado

el cielo con sus estrellas las mujeres hermosas e inocentes

de ojos negros, el amor abismo

encendido en tu corazón, el parpadeo verde del ecuador

los sublimes perfumes de la dicha y del dolor

las palabras trabajadas con esmero los versos cincelados con fervor

la amargura, el misterio, el perdón. Para mí que no has muerto, Antonio Goncalvez:

Tal vez seas el único sobreviviente de aquel navío…

tus poemas y tus libros te han traído a esta orilla

de tierra firme y luz. Vivir no es sólo respirar.

127 Ceferino Daniel Lazcano - Bolívar, provincia de Buenos Aires, Argentina - 05 de Marzo de 1967. Licenciado en Comunicación Social por la UNICEN (Universidad Nacional del Centro de la provincia de Buenos Aires). Escritor, corrector literario y coordinador de talleres literarios.

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Célio Jota Betini Junior128

toDoS DIAS São GonSALVESMil poemas para Gonçalves dias.

E se fosse Gonçalves noites?Ou talvés Gonçalves tardes;Sendo dias, noites ou tardes,

Gonçalves, um baloarte na noite e em tardes;Dos dias, que tem as chaves, várias chaves;

Que me encontram para dizer;O presente é uma dadiva, nunca pode esquecer.

Muito bem representado, um mucado de passado.Jamás tarde. Salve! Todos Dias são Gonçalves.

Celso Correa de Freitas129

GonçALVES DIASPrimeiras poesias

Cantou Sabia seu canto Absorvendo cultura

Enriquece sua alma brasileira Em Coimbra

Sua solidão desperta sentimentos Doloroso exílio Retorna para suas palmeiras Sofrendo preconceitos Eterniza seu adeus, perece! No mar.

128 Célio Jota Betini Junior - Teixeira de Freitas – BA – Brasil - 15/09/1988. Casado, estudante de Direito e escritor. Residiu na Europa durante quatro anos, hoje mora em sua cidade natal.

129 Celso Correa de Freitas – Itaperuna – RJ – Brasil - 26 de Agosto de 1954. Atual Presidente da Casa do Poeta BrasileirodePraiaGrande-SP,gestão2007/2013.Membrodediversasentidadesculturaisbrasileira.Colabo-radorativonosjornaisedemaismeiosdecomunicação(BlogseSites).Participante,prefacianteeOrganizadorde Antologias. Criador do OVERTRIP ([email protected];

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Cesar Augusto Marques130

DISCUrSo EM noME DoS CAxIEnSES131, 132

Caxias, bela flor, lírio dos vales,Gentil senhora de mimosos campos,

… então mais forte do que ele, tua alma,Desconhecendo o temor, o espaço e o tempo,

Quebrou n’um relance o circulo estreito Do finito, e dos Céus!

Então, entre miríades de estrelas,Cantando hinos de amor nas harpas d’anjos,

Vem correndo Lançar-te nos braços nossos.

Mais veloz que o ligeiro pensamento,Vem depressa, urge o tempo, vem dar calor

………………..aos membros gelados,Talhados a golpe de hábil buril,

Vem dar movimento Aos braços no peito cruzados,

Pede cantos aos ledos passarinhosPede clarão ao sol, perfume às flores,

Às brisas suspirar, murmúrio aos ventos,E o sol, a ave, a flor, a brisa, os ventos

E as fontes que murmuram docemente,Na festa de tua alma hão seguir-te;

As grinaldas gentis, de que a toucaramDonzéis loução, enamoradas virgens,Uns versos de prazer entre soluços!

Nesta doce mudez, neste silencio… que tanto amou, – e que amou-o tanto,

Cuja presença lhe escaldava a mente

130 César Augusto Marques - Caxias – MA – Brasil –12 de dezembro de 1826 — falceu em Rio de Janeiro, 5 de de-zembro de 1900);foiummédico, professor, escritor, tradutor e historiador.Estudou,emCoimbra,MatemáticaeFilosofia(1844-8).IngressounoCorpodeSaúdedoExército.ArquivistadaCâmaraMunicipal,secretáriodaInspetoriaGeraldeInstruçãoPúblicaeSecundáriadacapitalfederal.SóciodaAcademiaReal das Ciências de Lisboa,InstitutoHistóricoeGeográficoBrasileiro(1888),AcademiaImperialdeMedicina(1874),Conservató-rioDramáticodaBahia(1866),InstitutoArqueológicoeGeográficoPernambucano(1864).

131 Leal, Henriques, Pantheon Maranhense, São Luís, 1874, p 524-527.132Servedetítulo.Osversosforamdeclamadosentremeadosentrecadaestrofecomumdiscursoemnomedos

caxienses.Aautorianãoéespecificada,senãoonomedoorador.Nãofoiapuradosesetratamdeversosfeitospara entremear a exposição, ou se foram recolhidos doutros autores, ou se se trata de uma miscelânea de poesias do orador ou de outrem. Poesias compiladas por Weberson Fernandes Grizoste - Jauru – MT – Brasil

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Cuja voz o encantava,Cujo silêncio lhe falava n’alma,

Essa mulher – tão terna – e amante e pura;

Já que não quiseram Um dia as vagas… os teus restos rejeitar na praia

D’onde tão novo te partieste, e ondeDevia a cinza fria achar jazigo –

………………… o afetoQue se gera e se nutre em almas grandes,

Que não acaba e nem muda, antes cresce

Firme na base, intacta, e sempre bela

Seja padrão de glória entre nós outros.

Em gélido sudárioDe neve alvi-nitente

Rainha venerandaTrajando sedas e veludos,

Vive com Deus na glóriaE no nosso coração tua memória.

César William133

AInDA UMA VEz, AInDA UMA VEzTributo a Gonçalves Dias

Não foste vate de uma época apenastua obra ecoará semprecomo canto guerreiro tupi

nos corações de uma naçãode leitores que continuam

se inebriando com teus versos.

133 César William-SãoLuís–MA–Brasil-22/05/1967.Autordolivrodepoemas,“OErrante”(1988)e“OficinadasPalavras–DicasImprescindíveisdaLínguaPortuguesa”(3ªedição,2013).Temparticipaçãoemantologiaslocais e nacionais e colaboração em vários jornais. É graduado em Letras pela Uema e pós-graduando em Lín-guaPortuguesaeLiteraturapeloIesf.AtuanaredepúblicadeensinodePaçodoLumiareempré-vestibularesde São Luís.

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Amélia viveem milhões de corações

sob teu canto“eterno alvo à população”

de gerações e gerações que entoam tuas canções.

Tuas palmas de altas virtudesainda despertam os que choram de paixões

no mundo inteiro“Enfim te vejo! – enfim posso,Curvado a teus pés dizer-te”

foste o último românticoa ser tão inteiro

Christian Keniti Asamura Hukai - Christian K. A. Hukai134

o oUtro LADoSabia que viria o dia,

A minha querida partiae restava-nos que entãocitar o exílio e sua canção.

Auxílio aos filhos deixados,trancados nesta terra

enquanto minha mulher exiladaera forçada a abandonar-nos.

Arrancar-nos corações,lamentações, roucos implorando

seu pouco permanecer enos lembrarão sem brilho no outro lado

dessa “Canção do Exílio”.

AS PALMEIrASGonçalves sonhava nestes Dias

sadios saciava essesvazios que agora

arrasados nessa zorra atual.

As palmeiras que as viajá não há mais;

Permanecer aqui o cidadão queria,E agora?

Viver em Portugal,abandonar a pobreza e

134 Christian Keniti Asamura Hukai-ChristianK.A.Hukai–SãoPaulo–SP–Brasil-02deAbrilde1996Email:[email protected]

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este governo imoral?Deixando a corrupção

dentre as muitas, seja a qual?

Sim, sim: Portugal não é perfeita.Não fede nem cheira,

Ainda assim, qualidade de vida boa,E meu afim, fugindo pra outra rota,

logo sem maldadesoa antipatriota.

,Amor e saudadessempre terei onde for.

“Brasil na veia”doesn’t matter onde esteja.

Mas nunca esquecereidos meninos sem meias,aqueles sonhos inspiradores

que ninguém almeja,ou também dos ladrões:

desde de rua à barões de cerveja.

Ó Brasil...Com barril do petróleo caro,

olho as riquezas e pobrezas ao ladodesigualdade, este nosso fardo.Acabando com o verde,agora já que o ouro,no bolso dos poucos já fora roubado.

Christiano Ferreira Nunes135

SonEto PArA GonçALVES DIASQuero falar de um talentoso poeta Que nasceu no Estado do Maranhão Seus escritos tocam o coração

Com toda a certeza atingiu sua meta. Viveu na época do romantismo

Poetizou como se fosse exilado E ali escreveu versos inspirados

Com uma tal maestria e especial lirismo. Sua Terra de palmeiras não é lá

Em lindo versejar, bela poesia Homenagem donde canta o sabiá.

Quem é esse que nos deu tanta alegria? As aves gorjeiam no lado de cá É o grande Antônio Gonçalves Dias.

135 Christiano Ferreira Nunes. Sou formado em Ciências Contábeis pela Universidade Federal do Paraná. O pri-meiro poema que li foi Canção do Exílio e me empolguei. Escrevo romances, contos,crônicas, poesias e outros.

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PoEtA GonçALVES DIASQuero falar desse poeta

Que nos deu tantas poesias Antonio Gonçalves dias

As suas obras seletas. Seu poema me maravilho Coisa mais linda não há

Cá onde canta o sabiá Sua bela canção do exílio.

Nossas várzeas inda há flores E ele vivo continua Inspirando pela rua

Nas poesias tem mais amores. Esse herói por aqui passou

Exemplo de inspiração Nascido no Maranhão

Mas um naufrágio o ceifou.

Cintia Cirino da Silva Santa136

GonçALVES DIASVocê que fez o mundo aplaudir seus encantos

Fascinando os lugares por onde passava Sela o tempo com suas historias

Observando tudo com seu olhar puro e brilhante Rabiscava em um papel sem saber que depois tornaria imortal

Transformando o simples em poesia Com sua mente indianista exaltava a natureza

Valorizado a essência do homem Independente da sua raça ou crença Sabia o significado da palavra amor

Que não se resumia apenas em quatro letrasCrescia em seu coração de poeta para voar, nos campos infinitos da

imaginaçãoPodia ver além dos olhos dos ignorantes

Enxergava no brilho dos olhos alheios o espelho que refletia a alma e suas emoções

Formando assim um compromisso com o universo literárioQue não significava obrigação era apenas afeto um ato de amor completo

Existia verdade em seus sentimentos Desligou-se da terra que todos chamavam de mãe

Foi para o céu deixando saudadeUm pensador silencioso doava a todos que desejasse seus conhecimentos

Sua essência exala a sabedoria

136 Cintia Cirino da Silva Santa - Aracaju - SE – Brasil - 21/05/1981. Sou apaixonada por livros de boa qualidade, nas minhas horas vagas eu escrevo no meu blog é uma coisa que faço sem obrigação só por amor. Fala so-bre Gonçalves Dias para mim é um grande privilegio seus poemas mim encantam. MSN: escritoresdealma@ hotmail.com–Site:http://www.escritoresdealma.com/

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Hoje se procuro não mais encontro Procuro parte de te... Não sei se perdi ao nascer ou depois que vivi

O que procuro não tem forma É apenas lembranças tão grandes quanto o universo

Não daria para carrega nas mãos É uma aurora reluzente causa-me cegueira Essa poesia que só existia em você

Induz-me a voar, escreve com a alma ate hoje mim faz chora Quando imagino o exílio minha terra quase não mais tem palmeiras

muitos menos sabiáÁs aves que aqui deixou a civilização moderna matou

Pois são poucas as pessoas que amam essa terra como você amou.

Clarindo Santiago137 - São Luís, 1941

SInFonIA InACABADA138

Quem hoje no Maranhão venha romeiro,W repre o seu ar tristonho e pensativo,

Terá de lhe auscultar o coração cativoDa grandeza passada, o seu tesouro inteiro.

A capital circunda a estatua do si divo,A baia recorda o perdido veleiro.É raro um sabiá cortar o céu, ligeiro,E a pasiagem perdeu o encanto primitivo.

O ruído do arvoredo é um soluçar de palmas,A Sinfonia só de Schubert comparado,Infinita orquestração de prnto em nossas almas...

Triste vate que o mar tragou, nas suas iras,É o Maranhão que chora o canto inacabado,A eterna inconclusão do poema dos Timbiras!...

137 Clarindo Santiago - SãoLuís–MA–Brasil-12deagostode1893.FoimembroefetivodoIHGM,ondefundouacadeira4,tendocomoPatronoSimãoEstáciodaSilveira;naAMLocupouacadeira13,patroneadapelojorna-listaJoséCandidodeMoraeseSilva,proprietárioeredatorprincipaldo“FarolMaranhense”,oprimeirojornalliberaldenossoEstado.Graduou-seemMedicina,exercendoaprofissãocomsucesso,optandotambémpeloMagistério, literatura, jornalismoepoesia.Tinha forte inclinaçãodeensaísta,sentindoprazeremelevaronomedaquelesdesuaterraquesedestacavamculturalmente.EscreveuOSolitáriodaVitória.Ensaiocritico.InRevistadaABL,Riodejaneiro,1932;eComemoraçõesdo1ºCentenariodonascimentodopoetaSousaAndrade.GraficaRenascença,Paraíba,1937;Opoetanacional.Aescolamineiraesuasfases;Rumoaosertão;JoãoLisboa;NetoGuterres–omedicodospobres.NoMagisterio,alémdeprofessor,foidiretordotradicionalLiceu Marenhense e da Instrução Publica. Faleceu ainda novo, de morte trágica, em novembro de 1941, nas águastoTocantins.

138 MORAIS, Clóvis. TERRA TIMBIRA. Brasília: Senado Federal, 1980, p. 66, Poesia compilada por Leopoldo Gil DulcioVaz–Curitiba–PR–Brasil–1952;InstitutoHistóricoeGeográficodoMaranhão;UniversidadeEstadualdo Maranhão

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Clauber Pereira Lima139

AnA AMéLIA SEntE SAUDADES!Ana Amélia sente saudades!

Quando Gonçalves Dias viajou,Ana Amélia não resistiu e chorou.

Sentiu saudades!Andou e divagou pelos mares.

A saudade foi tão grande,Que ela se recolheu por um momento,

E recolheu suas mãos num abraço em si própria relaxando toda a tensão.

Depois, partiu a correr e a gritar:- Eu preciso encontrar a paz,

Necessito imaginar o seu retorno.

Pensando assim os dias seguem, dando voltas sem fimE, no dia em que ele chegar

Eu vou sorrir e chorar.

Os dias passam e a noite vem,A noite vem e os dias passam.

Ana Amélia sempre triste,Fica a sós e não resiste;

Seus olhos estão encharcados,Seu coração e sua vida em prantos.

Não há mais do que sorrir;A vida parece não existir.

Mas, eis que um dia chega uma carta;Ele não se esqueceu afinal.

A alegria volta radiante,Seu coração agora está pulsante.

A espera de qualquer notícia Doeu como o espinho do limoeiro na cabeça da jovem cabocla.

Mas a dor passou,O amor voltou.

Ana Amélia está feliz;Passa os dias sem nada dizer.

139 Clauber Pereira Lima - Pedreiras – MA – Brasil - 26 de dezembro de 1962. Sacerdote E Pesquisador. Licenciado emTeologiapeloCENTROTEOLÓGICODOMARANHÃOeLicenciadoemFilosofiapelaturmade1998.2naUni-versidade Federal do Maranhão – UFMA. Mestrado em Antropologia Social e Cultural pela Université Catho-liquedeLouvainBélgica;MestradoemTeologiapelaUniversitéCatholiquedeLouvain–Bélgica.MembrodaDiscernment of Spirit Commission junto ao bispo de Calgary, Alberta, Canadá. Colaborador junto ao Tribunal Diocesano de Calgary, Alberta, Canadá. LIVROS PUBLICADOS = Sartre e a questão da Transcendência, Recife, EditoraLivrorapido,107p.2003.Skype:clauberlE.mail:[email protected]

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Fica apenas a sentir,A dar valor à vida, a sorrir de tudo.

Aquele que ela tanto amaEscreveu e pensa em regressar;

Não deu prazos e nem hora.Resta apenas contar os dias,Um a um com alegria e acreditar que o reencontro mesmo inusitado é

possível de acontecer.

rEtALHoS DE UMA VIDA: GonçALVES DIAS E oLíMPIATenho no meu íntimo uma grande emoção,

Descobri sem querer que você é importante. No meu dia a dia você está resolutamente presente;

Sei que não foi sua culpa;

Me amar não te quero obrigarSiga o teu caminho e me deixe por cativar.Não foi também minha culpa tentar querer o teu coração.

Por isso sejamos bons amigos, sem desculpas.

O que poderia ter acontecido conosco?Amarmo-nos um ao outro até cair na rotina.

Não quero expô-la a isso.Quero para ti somente uma vida a dois, em enlevos de amor eterno.

Sei que fui ousado em te querer.Mas, segui meus impulsosE o que fiz foi te perder.O amor é mesmo injusto.

GonçALVES DIAS EM SEUS ÚLtIMoS MoMEntoS EM BUSCA DE AMor E DE PAzNaquele vapor a encher-se d’água Gonçalves Dias poderia ter vivido esta emoção entre Céu e Mar:

Luz, muita luz me envolveEsplendor e muita cor.

Sinto a tua querida presença Ana Amélia e, com isto me alegroVejo-te se aproximar e me entrego.

Em pensamentos vistosos me enlevo Vagando na imensidão, e me deixo levar

Ao lugar da paz sonhadaOnde a encontro perfeita e pura.

Desperto para a realidade Tento mudar esta fatalidadeDa vida em volta:Guerras, peste, fome e caos social.Tu me poderás ajudar

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Dando-me forças.Sendo assim, contribuirei para uma mudança extrema

Distribuindo amor, sossego e pão.

Pra nós será fácil.Pelo menos tentaremos!

Enquanto isto a água leva o corpo do querido poeta românticoMas fica a sua lembrança

E nós os seus amigos continuaremos com passos firmes a construir o Brasil que confere a todos as mesmas chances de educação e humani-

dade.

MArAnHão, EStoU CHEGAnDo!Cai a tarde lá no Maranhão

As folhas murcham e a noite vem.O pôr-do-sol lá é bonito,

O sol se esconde por entre as palmeiras de babaçú.

Com o seu vermelho ele se mostra,Até sumir.

A natureza se ressente;Com a sua ausência ela descansa.

Pela tardinhaOs passarinhos se agasalham,

Procurando seus ninhos em cada árvore,Indo dormir pelo poente.

De manhãzinha a passaradaAcorda feliz e a cantar;

Correm sobreiros por sobre as nuvens,Como se fossem caminhos no ar.

O nascer e o pôr-do-sol, Lá no Maranhão, terra querida,

É mais belo que no Canadá;É emocionante!

É o começar e o terminar de atividades.

No Maranhão, o tempo importaO viver cedo inicia.

Vai-se ao curral tirar o leite;Vai-se ao pasto levar o gado.

O trabalho é cansativo;Não há prá onde escapar;

Ou se trabalha com toda forçaOu vai-se embora a terras outras.

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Ao fim de cada dia a família se reúne;Fala-se sobre o roçado até à hora do jantar.

Depois do mesmo, a conversa se prolongaE ouve-se de lendas e costumes; de lobisomens e boi tatá.

Dorme-se tarde e bem cedo se acorda.No Maranhão tem aquela paz...Como se o mundo fosse só ali.

Não há discórdias e quando as há Firma-se a voz e se discute.

Foi nessa terra que nasciNessa vivência de caboclos.

Eu vim de lá e sou cabocloIrei pra lá quando morrer.

Nas muitas terras do MaranhãoHá muitos Rios, Riachos e Igarapés.É gratificante banhar em suas águas;

Sentir que há vida na terra fértil.

Em minhas veias e em minha vidaO Maranhão se compenetra,

Firma-se em mim e eu não o negoSou filho desta terra Tupinambá.

Sinto-me bem ao tocar em seu chão;Solto gritos e risos ao rumar pro Maranhão.Vejo que a terra sente que a amoE grito mais forte:- Maranhão, estou chegando!

Cláudia Duarte da Silva

A tErrA DE GonçALVES DIAS é A MInHA tErrAMinha terra tem Poetas,em cantos de sabiá,

tem aves que aqui gorjeiamo que não gorjeiam por lá.

Tem céu azul estrelado,águas na imensidão;

florestas purificando o ar;terra gestando o grão.

Minha terra tem riquezasque só existem aqui,tem poemas apaixonados,tem voo de bem-te-vi.

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Caminho todo enfeitadopela lida do cidadão

que trabalha noite e dia,ritmando a construção.

Minha terra tem um povo que crê e é feliz,

que é mestre...é aprendiz,que reza...agradece...bendiz.

Tem folguedos...cantorias,enfeitando nossas ruas.

São crianças brasileiras,soltando pipa na lua.

Bordam o verde das matas,com o amarelo ouro brilhante;

o azul desce em cascatas; lenço branco flamejante.

Gritos ecoam das tribos,saúdam pajés redentores.

índios dançam pedindo:- Respeitem a vida, Senhores!

Nosso sangue é obreiro,vertente de muita emoção.

Em cada verso, uma histórianascida no coração.

Deus permita que os Poetasconsigam eternizar

os Poemas que Gonçalvescriou para ensinar:

amar a terra é virtudeque nem todos possuem,

mas os que amam sabem:amar requer atitude.

Bendita a terra que tem o canto do sabiá,

tem aves que gorjeiame flores para enfeitar.

Tem matas...tem céu estrelado,águas na imensidão,

terra gestando o grãoe versos na multidão.

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Assim, é a minha terra,feita de encantos mil.

Uma terra iluminadaque Deus abençoou_ Brasil.

Cláudio da Cruz Francisco140

PROEZAS DE UM POETAGonçalves Dias com teus dons mágicos

Abriu carinhosamente as nuvensColheu imagens moldadas pela luz

E delas fez versos iluminadosEncantando com amor quem passeia

De mãos dadas com a poesia.

MENINOS DA LITERATURAMeninos tímidos descansam suas faces

Pelas veias, circulam um conjunto de letrasSentimentos inéditos no coração iluminado

Um corpo saudável, sensível e inteligente

Meninos cheios de histórias para compartilharQuem se habilita delicia tamanho privilégioCurtem uma viagem fruto da amizadeEntre o escritor, linguagem e inspiração.

Cláudio Gonçalves da Silva141

GonçALVES DIAS: PoESIA, CorPo E ALMAEternas são suas poesias, obras primas de natureza ímparDoces são suas palavras que encantam a alma dos poetasApaixonados de várias gerações

Simples e modesta, a forma com que nos apresentouObras de arte transformadas em palavras, frases, versos, sentimentos

Suaves palavras, de uma época que cativaE que enobrece a alma de um simples poeta contemporâneo

140 Cláudio da Cruz Francisco - Belo Horizonte – MG – Brasil - 08/06/1980. É graduado em Ciência da Informação (PucMinas).Escreveartigosecrônicasparajornais.TrabalhanoJornalEstadodeMinasnosetordeDocu-mentaçãoe Informação.Trabalhacomfotografiadeeventosetratamentode imagens.Estáfinalizandoosprimeiros livros de romance e poesia.

141 Cláudio Gonçalves da Silva - Itumbiara - GO – Brasil - 12 de Julho de 1973. Publicou em março de 2010 o livrodepoesiasintitulado:PoesiasdeMinhaAlmapelaCâmaraBrasileiradosJovensescritores.TempoesiaspublicadasnoLivrodeOurodaPoesiaBrasileiraContemporânea(2009);PoemasDedicados(2009);Poesiadecorpo&Alma(2009)eAntologiadePoetasBrasileirosContemporâneos,55e57(2009);87;88;89;90;91;92;93;94e95(2012).

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Entre tantos caminhos, o dom de escreverUm anjo, mago na transformação de palavras

Cujas poesias me encantam e pacificam meu coraçãoEm um tempo dito moderno, mas sem amor, sem paixão

O romantismo puro, ingênuo deu origem a outros sentimentosHoje, ódio, desconfiança, o sangue derramando do corpo

Um corpo sem alma, sem vida, sem lugar para repousar

Sem suas palavras é assim que me sinto, um eterno VAZIOO nada toma conta de meu peito e domina meu ser

Um ser que não se sabe seu próprio caminhoApenas tropeçando e caindo sobre pontiagudos espinhos

Espinhos que encontro pelas palavras não escritasPelas frases não ditas

Pelos sentimentos que não podem ser expressos

Poesia, que admiro e confesso por quem estou apaixonadoOnde entrego meu corpo

Cujas palavras doces e compostas enobrece minha alma

Em cada linha escrita, expresso um sentimento verdadeiroFrases perfeitas que acalentam meu coração

Um ser como eu, simples, mas que busca em suas palavras.A verdadeira inspiração

Para que meus dias possam ser mais ensolaradosPara que possa observar o azul do céu

E o brilho de seus olhosPor quem confesso: estou apaixonado.

Cleberson Filadelfo Maria142

A UM HoMEM QUE AMoUFoi poeta, advogado, jornalista,

Homem multi-funçãoFoi inspirado por sua terra,

Amante da pátria, herói da nação.

Foi etnólogo e teatrólogo,Homem de intelecto sem comparação,

Foi senhor do seu destino, Viajando ao velho mundo atrás de conhecimento e inspiração.

142 Cleberson Filadelfo Maria - Paranaguá – PR – Brasil - 26 de fevereiro de 1977. Coordenador de Projetos e escritor amador, atualmente trabalha e reside em Joinville, SC. Como autor iniciante, iniciou recentemente participaçõesemconcursosliterárioscomoseulivrodecontos“TrufasdeChocolate”,alémdeenviá-loasmais diversas editoras para análise. Atualmente está escrevendo um novo livro, de poesias, tendo como foco o amor. E-MAIL: [email protected]

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Foi mestiço, de origem simples,Homem de sentimento e paixão,

Foi sujeito aos preconceitos da sua época,Amando sua musa, mas sem poder concretizar a união.

Foi em frente, e sua vida de estudos continuou,Homem de coragem e inquietação,Foi sujeito às mazelas da saúde do seu tempo,

Morreu esquecido, doente, afogado em seu colchão.

Gonçalves Dias, poeta tão estudadoMemorável é tua contribuição, a este país tão injustiçado.

Serás sempre referência e fonte de inspiraçãoPois escreveste coisas notáveis, vindas do coração.

Aqui deixo a minha homenagemPor tudo que fostes e representouPois para escrever estes versos, estudei a sua vida e obra,

E isso sobremaneira me deslumbrou

Cleiton Reis Felix143

o CAntAr GonçALVInoTerra de valorosos frutos nordestinos

De cultura curiosa e divertidaDonde o poeta se inspira a escrever E o riso do seu povo me faz entenderQue Gonçalves está aqui.

É poder contemplar o verde dos campos Ouvir dos pássaros o cantar de alegria Ver a beleza dessa terra querida, Cantada por Gonçalves Dias.

Poeta dessa ilustre terra Que se faz lembrar pela obra criada

De ricos versos e rimas perfeitasDedicadas à Pátria amada.

Sob a lua de agosto em Caxias Nasceu Antonio Gonçalves Dias

Poeta que marcou a literatura clássica Cantou e encantou- nos com seus amores e paixões

Seus versos e estilo carrego no peito Sua honra, cultura e respeito.

143 Cleiton Reis Felix – Caxias – MA – Brasil - 09/05/1988. Estudou o ensino fundamental na UI. Pres. Costa e Silva e o ensino médio no CE. Aluísio Azevedo, ambas na cidade de Caxias-MA. Atualmente é aluno do curso de LicenciaturaPlenaemGeografia,noCentrodeEstudosSuperioresdeCaxias–CESCdaUniversidadeEstadualdo Maranhão – UEMA. Reside em Caxias-MA no Bairro Campo de Belém, é também cantor e compositor.

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tErrA ‘GonçALVIAnA’Aqui eu canto aqui eu danço

Eu vejo o grilo pular, o sapo canta no açude Não vejo mais o sabiá.

Mas vejo ainda as palmeirasMacaúba, Tucum e Babaçu

Também tem o açaí, pouco vejo por aqui

Nessa terra de primores Riachos e rio para refrescar

Minhas flores são de caju, manga, goiaba e cajá.

Ainda sou feliz aqui, os pássaros com os seus acordesBigode, fogopagô e bem-te-vi.

Lá do alto do meu morroLágrimas de felicidades eu chorei.

Avistei um lindo cerradoDe grandes árvores a torcer

Acampando por lá a noite, um céu estrelado eu pude verDegustei um bom vinho

Desta noite não me esquecerei.

Minha terra é rica em culturaAinda esculto o velhinho tocar

Sua viola canta a sua tristeza E na sua alegria vejo-o dançar.

Clélia Aparecida Souto e Couto144

GonçALVES DIAS não MorrEULençóis de areia maranhense...

Dunas ao léu esvoaçantesdesfazem-se em segundos

ao sopro dos ventos uivantes.

Acolá, coqueiros balançam as folhas levantando poeira do chão

como índios sapateando em dançade festa guerreira na mata.

144 Clélia Aparecida Souto e Couto - Santo Antônio do Monte – MG – Brasil - Junho de 1936. Atuou como pro-fessora até 1969. Graduou-se em Letras pelo INESP de Divinópolis em 1979. Até 1983 foi vice-diretora da E.E. “Dr.ÁlvaroBrandão”.AutoradeACasaGrande&ClareirasdeClélia-relatosepoemas.PertenceàACADSAL(Academia Santantoniense de Letras) e se orgulha muito desta honra.

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A natureza encobrindo a imensidão deixa pássaros revoltos rasgarem o céu

em bailados leves e soltosno espaço vazio do solo brasileiro.

Cortando a terra como se arado fossem rios, cachoeiras deixam cair suas águas

como cascatas de brilhantes raros.Misturando algo divino ao humano

numa cadência louca e repetidaa natureza aplaude estarrecida.

Terra, quinhão dado a quem nela habita,abre-se em perfume e beleza

com ritmo suave e forte das poesias cantadas pelo poeta Gonçalves Dias.

Clevane Pessoa de Araújo Lopes145

A GonçALVESPoeta -saudoso, agônico, voltas à terra natal

Frágil, trêmulo, febricitante, Mas com relembranças fortes

A plenificar-te a alma de energia Embora estejam enfraquecidas as esperanças... Queres chegar a São Luiz do Maranhão, Chegar e andar pelas ruas estreitas, Pelas calçadas de pedras, Da ilha de praias singulares Cujo areal extenso É lambido pelo mar cor de rio, Cuja extensão vai dar nas terras de Portugal... Queres rever pessoas, ouvir os sons Dos sinos das igrejas, da siringe dos sabiás festivos Que não esqueceste em teu exílio.

A mulher amada acode-te em teu delírio, a rememória faz-se musa e te inspira versos

que não mais escreverás... Um piedoso anjo de cristal,que parece orvalho,

Cheirando a rosas e à maresia, Faz com que olvides as razões de teu martírio

Pela separação cruel e indevida Da mulher amada...

145 Clevane Pessoa de Araújo Lopes - Brasil. Psicóloga,riograndensedonorte, radicada em MG.Escreve e desenha desdeainfância.CadeiraO5,CecíliaMeireles,naAFEMIL(BH-MG)eCad.11LaísCorrêadeAraújo,naALACIB,entre outras.Membro da IWA(EstUnidos) e da Academia PreAndina de Artes, Cultuta y Heráldica..Nasceu em 16dejulhode1947.YHeráldica.MorouemS.Luiz,MA,nosAnos80.10livrossoloemaisdecemparticipaçõesem antologias.

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Que culpa tens por teu sangue a correr nas veias Brasileiras, é mestiço,a gerar tantos preconceito .

Súbito, a vida se esvai, a breve vida

As águas em movimento, frias ao teu corpo ardente Sereias de prata conduzem-te ao Absoluto,

O desconhecido –assustador, por ignoto, Até que se chegue aos portais dessa outra dimensão.

Teu anjo estelas, que tantas vezes desceu à Terra para consolar-te e enxugar-te as lágrimas,

ampara-te, e tomando-te pela mão, leva-te ao gênese de tua essência,,

pelo túnel pleno de magnífica luminescência... As asas angelicais, energia em movimento,

Criam mil arco-iris deslumbrantes, o que te encanta na passagem...

Percebes que enfim, estás livre De qualquer sofrimento e provação

Não tens cor-de pele que te torne um rechaçado, Carne alguma, cuja carnação de mulato

Marque tua destinação! Nada que te faça um auto-exilado...

Súbito, ouves risos e canções. Outros poetas estão à tua espera, Gonçalves Dias. Ajudam-te, dizem-te teus próprios versos e os deles,

Convincentes de que todos os bardos são iguais de alma Abraçam-te, cordifraternalmente. Nem em todas as tuas fantasias,

Te imaginaste assim, igual entre iguais, diferente entre diferentes,

quais o são todas as criaturas de um mesmo Criador... Percebes que nesse mundo , não há preconceitos

E que aqui, experenciarás um espaço de estar para ser... Leve, em pianíssimo, , sentindo uma felicidade inusitada

À tua vida antes tribulada, tributada de preços que não podias pagar, deixas-te conduzir ,em agonia agora.

Seria o fim, mas é um recomeço Afinal, poetas não devem morrer

-não se sua Poesia permanecer Após sua délivrance ao contrário.

Para sempre, teus versos serão lembrados, Enquanto houver sabiás, enquanto a serpente dormitar

Enroscada no contorno da Ilha . Teus poemas são o retrato de teu talento,

De teu perfil, de tua história... O mar foi o derradeiro abrigo de teu corpo.

A alma...continua em expansão!

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Cleyton Domingos dos Santos Campos146

PorQUE ESCrEVEr “A ExEMPLo DE GonçALVES” “Tinta gasta. Papel rasgado. A inutilidade da feitura contrasta com a utilidade

das palavras”

Que deve ser dito? Tudo me é licitoAs palavras não bastam. Não me cabem.

São meras sombras que em si guardamA forma daquilo que as projetam.

A essência, a cor, a textura não são idéiasDe fato existem. Permanecem. Não são lembranças

Que facilmente são esquecidas ou postas no papelPorque fazer muitos livros?Não serei lembrado

Não viverei para ver nem a eternidade.Se amanha de mim falarem - estarei surdo.Hoje é o dia, amanha é tarde - que digam hoje.

Se de muitos ainda falam, é enfado da carneJá dormem e daqui apouco estarei em igual estado.

Não importa o que faziam; se bem ou malPorem estou aqui e me importo, talvez por vaidade.

Desperdiço algo que não pode ser poupadoE usado amanha.Porque me importo.

Se surdo, mudo ou intangível, minhas palavras restarãoPerdidas,talvez,na face imutável do tempo.Por que te importastes?Nada mais havia para esquecer que se “vive” (e se morre)?Mulheres, bebidas, caçadas, amigos, salas de bate-papo...Era “moda”, centelha divina, falta do que fazer com a vida?Ou como eu: um desafio, a procura por um titulo?Faz 189 anos. Ossos brancos. Mas ainda vive:Em muitas ruas, praças, escolas, lojas, academias (aqui)Eterno onde importa: na memória e na ponta da línguaNão apenas em livros. Não por palavras indignasMas por entre as linhas. Nos olhos de quem contempla o sabiá

E as aves que aqui gorjeiam. No coração de quem ama seu torrãoE sente no peito e na alma a coisa misteriosa e eterna

E se importa,mesmo que seja uma fração insuficiente o que dizE sente aquilo que nos faz esquecer de Londres,Berlim,Paris...E nos faz querer estar no nosso cantinho amado.

Para isso, talvez o tempo não exista.Que direi que não fora dito?Que não disseram?

Em cada verso engastarei a rima?Usarei redondilhas?

146 Cleyton Domingos dos Santos Campos - São Vicente Ferrer – MA- Brasil estudante, morando atualmente na cidadedeSãoBento,alunodoC.EDomFrancisco;incentivadoaparticipardesteilustreprojetopelaprofesso-ra Maria Auxiliadora e tendo consciência da importância deste homem para a literatura maranhense,brasileira emundial,dedicaestaspoucaseinsuficientespalavrasaestegrandevultodaHistória.

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Procuro uma estrofe que me torne eternoPrimo, alteio,limo,enfim;colho espinhos...

Procuro a poesia,não quero ser achado(estou errado)Gasto as horas criando falácias (mais inúteis ainda)

Faz 189 anos. Não fostes esquecido.Um daqueles que nos fazem pensar e acreditar

Que a imortalidade existe ou possa existirE nos faz dizer: deixa disso moço;é Deus em cada gota de orvalho

E nos olhos de quem verTalvez as coisas não sejam tão inúteis

E o tempo tão tirano e implacável assimSe depois de um século ainda falamos de ti

É por que vale a pena.Tudo vale a pena quando se tem uma alma.

(desconfio que disse algo)

PArA GonçALVES

GOTHE ByRoN HOnORÉ EçA LAMARTINE FLAUBERT VICTOR HUGO POE SHAKESPEARE

DANTE ORACIO CAMÕES ASSIS

Conceição Santos147

o SonHo...Quando eu enxerguei o mundo

foi através de você, das belaspalavras “simples”, carregadas

de ternura, de sentimentos profundosOriundos do seu ser.

147 Conceição Santos - Sergipana – Brasil. Graduada e pós-graduada em Letras: Português/Italiano pela UFRJ. AtualmenteéprofessoradeLínguaPortuguesanaFAETECemQuintinoBocaiúva.ÉAcadêmicaEfetivadaALAP–Academia de Letras e Artes de Paranapuã e Acadêmica Correspondente da ALAB, ALAV e ALAF. Como escri-torajálançoudoislivrossoloecomocoautoraparticipoudeváriasantologiasContatos:[email protected] www.conceicaosantos.recantodasletras.com.br

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Cresci ouvindo e também recitandoa linda canção do exílio que tanto

fez-me sofrer, pensando em alguémdistante e dele só restou o semblante

envolto em tramas de névoas Tecidas ao amanhecer.

E, assim, buscando o alguémenvolvi-me nessa trama

avancei floresta a dentrosem ao menos perceber que

os meus passos me levavama uma certa mangueira cuja

altiva copa encobria umLeito de “bem viver”.

Esse leito era de folhascomo fazem os passarinhos

que por serem “miudinhos”na floresta, são difíceis de se ver

por isso demonstram todo fervor,usando as folhas verdes, tecendo

com muito carinho seu belo Ninho de amor.

Continuei avançando a buscaro que eu queria, na verdade, não sabia o que poderia encontrar.Então, avistei uma tribo de fortese bravos guerreiros, lutando em Desespero para o seu povo defender.

Nesse meio havia um moçode nobres gestos e bravuraque destemido lutava, masa luta veio a perder. Foi aí

que ele chorou, mostrando omedo de morrer. Pulei da cama,

Gritando: Juca Pirama: é você?

Ao PoEtAUm dia na mata

ouvi um cantarno galho da palmeira

avistei a sabiáque cantava felizpara seu par encantar.

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Naquele momentovoltei ao passado

lembrei-me do poetaque muito inspirado

cantou a sua Pátria e seu povo amado.

Seus versos eram mágicossua beleza sem igual

Gonçalves era Dias depalavras gentis, mas

seu tom era forteem defesa do “Norte”e de todo o País.

Exaltou as florestase riquezas naturais

seu índio era o bravohomem varonil

Gonçalves foi poetado Romantismo brasileiro

para defender suas ideias usou de muito esmero.

SAUDADES...Um dia o grande poeta,

estando só a pensar aquilômetros de distância

do seu imenso Brasila saudade apertando,

em seu peito gritandoe ele “chorando” cantou

exaltando a pátria querida,a mãe amável e gentil.

Lembrar a terra consolao coração em pedaços, da

saudade que tinha sentia-seexilado, não por imposição,

mas pela situação de ter de se ausentar da pátria amada,

por Deus abençoada parapoder estudar. Isso se fez

necessário para se aprimorar.

Lá conheceu escritorescom idéias arrojadas que

cultuavam a Idade médiacom a qual ele simpatizava

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daí veio o interesse pelo índiobrasileiro, representante vivo

do nosso “medieval” passadoque o poeta desenvolveu com

o brilhantismo que recebeu dosupremo Deus para ele enviado

BonS tEMPoS...(poema inspirado na Canção do exílio, de Gonçalves Dias)

A terra que tinha palmeirasTambém tinha o sabiá

As aves que cantavam aquiCantavam diferente de lá.

O céu que era cheio de estrelasAgora, já não existem tantas assimA derrubada das matas para se

fazer “queimadas” leva as árvores ao fim.

Mas ainda tem primoresUm pouco de ouro, prata e amores

Certamente, tem beija-floresPara o néctar das rosas sugar.

Lembrando ainda a canção,Saudades eu sinto de cáDa terra que tinha índios, comPalmeiras verdejantes para a sabiá cantar.

UM GrAnDE AMorAntônio Gonçalves Diasnascido no Maranhão,após os primeiros estudosDireito foi estudar, naUniversidade de Coimbra

do outro lado do marpara cumprir seu destino

e seu país exaltar.

Alguns anos depois,já de volta ao Brasil,

sua produção literáriaintensifica e os amores

também, mas nenhumo fez esquecer a jovemAna Amélia que a eletanto queria bem.

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Seu amor por essa jovemmuito o fez sofrer, pois comela quis se casar, porém,

a família da moça sua mãoveio a negar, tendo por

base às origens mestiças.Estas, impediram o poeta

da sua amada desposar

Gonçalves sentiu-se triste,contudo, era homem de

brio e lealdade, resolveu seafastar, abrindo mão da sua

paixão para preservar a amizade e com isso, ela não concordou,

embora existisse o amor,começou, aí, a “rivalidade”.

Ao ter seu pedido refutado, o poeta seguiu seu caminho.

Casou-se com Olímpia da Costapara esquecer daquele amor que

um dia ele não soube “querer”.Ana Amélia não se conformou e a

família desafiou, casando-se comum “plebeu” que também era de cor.

Da decisão que tomou, mais tarde,se arrependeu. Após encontrar-se

com ela, na cidade de Lisboa em uma de suas avenidas, e esse encontro

reabriu-lhe antigas feridas. Ana Amélianunca conseguiu entender a atitude

“sensata” que o amado pode ter e ofuturo dos dois ele não “quis” defender.

Abatido pela dor e pela desilusão queo destino lhe impôs, pondo no meio

dos dois a razão, aniquilando a emoçãopara depois separá-los. O poeta, sentindo-se

amargurado, despediu-se da amada, dizendo:- “Ainda uma vez – adeus” que foi copiado

por ela com o sangue que lhe corria nas veias e com o amor que Deus lhe deu.

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Corujinha148

Um amador das Musas mandou-nos pelo correio esta parodia a uma das partes da fa-mosa poesia de Gonçalves Dias. Por ser inoffensiva, publicamo-la para desopilar

os nossos leitores (DIÁRIO DE São Luís, 23 DE MARÇO DE 1921)

o CAnto Do “PIAGA”Offerecido aos activos representantes do Povo, no Congresso Legislativo.

Porque dormes, ó Piaga bovino?Começou-me a razão a fallar:

Porque dormes, Escuta a misériaImplacavel, a voz levantar!

Tu não vista “a moção” do enfrossaDa verdade a luz offuscar!

Não ouviste o seu Tasso, de dia,Este povo querer debochar? !

Tu não viste o commercio parado,Sem arame, verrgar e gemer

E ainda o Fisc0o medonho por cimaQual abutre sua garra abater ? !

Tu não vês a Lavoura a Industria,A chicote tratados, sem dó?

E a cobreira que dellas arrancamVoar toda em sonhares, e só?

Tu não viste a cobreira guardadaCrear azas, voar e voar...E tornar-se em ... autos faustososQue a Insania nos vem ostentar?

Tu não viste “Tupan” já sem “cobre”Trinta escolas fechar de uma vez!E tratar as crianças tão pobresTal e qualo trataria... uma rez!

Tu não vês o teu boi lazarentoEste povo indefeso matar?

E tu gaurdas os cobres, sedento,Para La no teu poocker... augmentar!

Mas... tu dormes, ó Piaga bovino!E Anhanga te prohibe enxergar

A verdade cruel e terrívelQue te os cegos já podem palpar!

Março de 1921.Corujinha.

148 Diário de São Luís,23demarçode1921,PoesiacompiladaporLeopoldoGilDulcioVaz–Curitiba–PR–Brasil–1952;InstitutoHistóricoeGeográficodoMaranhão;UniversidadeEstadualdoMaranhão

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Cristiane Branco da Cruz149

PoIS é, GonçALVES DIASGonçalves Dias, homem independente e de bom caráter,

Homem brasileiro, mestiço das três raças,Homem de fé, poeta de garra,Lutou até o fim da sua vida.

Homem fiel, poeta amigo, companheiro,Suas palmeiras sadias e os sabiás ali nele viviam,

Amor não correspondido e tristeza lhe invadiam,Seu passado sofrido, em nossa vida ele está vivo.

Pois é, Gonçalves Dias,Você se foi, mas nos deixou um pedaço de história

De um brasileiro de verdade.Pois é, Gonçalves Dias,

Você se foi, mas nos deixou um bocado de saudade!

Cristiano Mendes Prunes da Cruz150

CAnção Do ExíLIoPorto Alegre é uma cidade alegre,

onde há muito que fazer.Lá, há dois times famosos

e, em dia de GRENAL,o Rio Grande do Sul

é todo vermelho e azul.Aqui, tudo foi projetado;

e há pouco calor humano.

Cristy Elen Rocha Pereira151

PoEtA DA VIDAAlegria, beleza e corGonçalves Dias escritor

conta a história do Brasilcom todas as coisas que descobriu.

149 Cristiane Branco da Cruz – Teresópolis – RJ – Brasil - 26/01/1996. poetaluna do 9.º Ano da E. M. Alcino Fran-cisco da Silva, em Teresópolis/RJ, e apaixonada por poesia. Professor orientador: Carlos Brunno S. Barbosa

150 Cristiano Mendes Prunes da Cruz - Porto Alegre/RS – Brasil - 20 de abril de 1997 -. Estudante do Ensino Médio doColégioConhecer,PortoAlegre/RS.IntegrantedoProjeto“ImagenseTextosconstruindoHistóriaseVer-sos”.Curtefutebol,pescarejogoseletrônicos.E-mail:[email protected]

151 CRISTY ELEN ROCHA PEREIRA – Balsas – MA – Brasil. URE – Balsas - Centro de Ensino Médio Dom Daniel Com-boni;Professora:MarciaMeurerSandri

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Gonçalves Dias é poetada nossa querida terra

que com amor contouas culturas que lhe inspirou.

Mas, Gonçalves Dias nos deixouE o Brasil que lhe encantou

Hoje chora com muita dora perda de um grande autor.

Cynthia Theodoro Porto152

AInDA UMA VEz... o AMor EtErno SEM ADEUS...(Soneto para o poeta Gonçalves Dias)

Querido amigo poeta... é uma pena, aquele adeus à musa inspiradora...

nem mesmo o sabiá com cantilena,foi como alegria consoladora...

Da palmeira, a verve cantadora, quiseste um doce amor, em paz serena,

tiveste, assim, paixão acolhedora, mesmo indo embora, o coração perena...

Morria-se de amor naquele antanho,porque nasceste em tempo vil e errado,e, como todo vate, foste estranho...

Não se podia amar, nem ser amado, a humanidade – sofredor rebanho, mas, hoje... o amor é lei e consagrado...

152 Cynthia Theodoro Porto - São Paulo SP – Brasil. Cursou Letras na USP (Português/Inglês e Hebraico) e Direito nasFaculdadesMetropolitanasUnidas,semcontaroscursosdelínguaseosprofisisonalizantes.Escreveuepublicouem2005oseuprimeirolivrochamado“A LIRA DE AQUÁRIO”,umaantologiadesonetoseoutrosversos. Para contatos, o seu endereço eletrônico é: [email protected]

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D. da Silva153 - 7 de Setembro de 1873

GonçALVES DIASPor ocasião de inaugurar-se a sua estátua

(Ao dr. Antonio Henriques Leal)

Ei-lo talhado na pedra– tando o dorso do mar,o leito d’alvas espumasonde se foi repousar;

sobre a lira reclinadoo filho das harmonias

ouve as doces melodiasque a vaga vem entoar.

O bardo tem a seus pés– o povo que mais amou,sobre a cabeça – este cáu

que seu verbo eternizou.As turbas tecem-lhe c’roas,

o céu alegre o festeja,a brisa que rumorejapelos palmares passou.

Doces beijos traz das rosasabertas ao alvorecer,

um suspiro da açucenaque começa a enlanguescer;

do sabia os gorjeios,da juriti terno arrulho,

do lago brando marulhoa brisa vem-lhe trazer.

Saudemos todos no bardoo gênio da inspiração,

n’aquela estátua de pedravoltada para a amplidão!

N’ela a pátria reconheceo senhor das melodias,

– o grande Gonçalves Dias –a glória do Maranhão! –

153 Leal, Henriques, Pantheon Maranhense, São Luís, 1874, p 566-567. Poesias compiladas por Weberson Fer-nandes Grizoste - Jauru – MT – Brasil

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D. Freitas154 - São Luís, 6 de Setembro de 1873

AntE A EStÁtUA - À MEMÓrIA DE GonçALVES DIASLe Génie est un dieu tout de glorie et de flamme;L’harmonie est sa voix, la nature est son âme.Son vol n’est limité ni des rieux ni des mers;Les ailes, ses regards, embrassent l’univers.

Lebrun, Le Génie.

Aquela fronte espaçosa,Que vedes resplandecer,

Onde as musas vão beberÁurea luz da inspiração:

É do Deus das melodias,O astro das harmonias,Que surgiu como um vulcão

Deus disse «gênio caminha«Segue do Pindo a estrada

«Que tua fronte inundada«De luz sempre há-de brilhar,

«Aclara dos céus a terra«E tudo que n’ ela encerra,

«E ligeiro volta a teu lar.»…………………………..Não vedes ali um monarcaA um povo tiranizar,Nem vedes subjugarDo culto povo a vontade:Que essas púrpuras… esses terroresQuais romanos imperadores .Tendo aos pés a «liberdade»!

Vedes do gênio a estátuaDe flama c’roada a fronte

Que inunda o prado e o monteDe pura luz divinal!

O gênio nunca arrefece,E o mundo jamais se esqueceDo seu cantor imortal!

Passado bem curto espaçoSe cumpriu a profecia,

Iluminou mais que o diaDa terra té junto aos céus;

O gênio não demorou-se,

154 Leal, Henriques, Pantheon Maranhense, São Luís, 1874, p 576-578. Poesias compiladas por Weberson Fer-nandes Grizoste - Jauru – MT – Brasil

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Da vida a luz apagou-seVoltando ao seio de Deus.

Dos céus a terra iluminaEsse astro tão brilhante,

Poisou na terra um instanteDeixou luz p’ra toda idade;

Essa luz não se limita,Ela por Deus foi predita,

A rival da divindade!

A sorte mais que propíciaMarcou-lhe mais bela fada,Entre os prismas d’alvorada

Lhes apontou a amplidão.Em tudo resplandecia,

Seu estro brilhou mais que o dia,Que a cratera d’um vulcão.

O grato povo ergue o tronoPara um culto venerando,Vejo a Europa memorandoQue junto ao culto s’ acurva;

Todos os sóis escurecem,Todos planetas arrefecem,

Aquele nunca se turva!

Um ser como és, bem vê-se,Não pode ter outra sorte

Pois um Deus depois da morteSempre tem tais condições,

Tal foi o mártir da cruz,Derramando intensa luz

Libertou as gerações.

O buril deixa em granitoDe toda a idade a memóriaEm áureas páginas a história

Aponta suas melodias,A briza seu canto entoa

Tais são as per’las da c’roaQue cinge Gonçalves Dias!

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Daisy Maria dos Santos Melo 155

GonçALVES noSSA EStrELAO mar não tem saber

Se tivesse jamais desejariaTer consigo aquela culpaDe levar Gonçalves Dias

Poeta mui destemido

Muitas dificuldades passouO pai perdera cedo

Amigos o sustentou

Amou a mulher errada?Ou errado foi fraquejarDiante d’uma sociedadeQue não o queria aceitar?

Fugira pra não sofrerSua dor só aumentou

Caminhos despedaçadosIsso também é amor

Doente e debilitadoA vida se esvaindoMas não era pra ser o marSeu algoz, se assassino

Agora que já se foiDeve cantar a belezaEm alguma constelaçãoPorque poetas, ah os poetas!Estelas sempre serão!

DIAS noS MEUS DIASQuem és tu poeta

Que grandes lutas abraçouCantou a nossa nação

O índio sempre exaltou

Orgulho da raça mestiçaOrgulho brasileiro

Ao lado de AlencarNo Brasil foi pioneiro

155 Daisy Maria dos Santos Melo – Maceió – AL – Brasil - 02/06/1983. Formada em gastronomia, atualmente estudacríticaliterárianaUFPE.Ilustradora,venceuoprêmio“MágicaEspecial”em2010.Possuiumartigopublicadocomotítulo:“Ocordelcomoinstrumentodeinteressenasescolas”.Alémdepoesia,adoraescreverprosaficcional,contos,crônicas...

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Por muitos rejeitadoFalta de compreensão

Tido como abusadoOnde sobrava presunção.

Sofreu dor de amorPreconceito e depressão

Mas em tudo quanto vividoNão manteve o olhar no chão

Sempre em grande composturaExaltando seu paísQuisera tantos mil

“Dias” em meu Brasil!

MEUS VIntE E PoUCoS AnoSVinteanos! Perdi-os nas tuas mãos

Algozes, ferozes. Suprimiramtodo meu ser.

Tantossonhos perdidos Num peito que só te amou Vinte anos! Ah, se voltassem

Cruzariaa calçada.

oLHArESUm encontro

Um reencontro Saudade

Desespero mudo Todo meu ser

Naquele teu olhar Um que eu jamais voltarei a ver

CAnção Ao MArAnHãoMeu Maranhão tem palmeirasTem também terras vermelhas

As aves são das mais belasVocê há de concordar

Nosso céu é mais brilhanteOlhe só por um instante

Os bosques mais radiantesSigo a vida exultante

Sozinho eu penso à noiteComo é lindo esse lugarTanta saudade eu tenho

Só quero pra lá voltar

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Minha terra é só saboresSomente encontro por lá

Sozinho eu penso à noiteComo é lindo este lugar

Tanta saudade eu tenhoSó quero pra lá voltar

Deus não queira que eu morraSem que eu volte a pisar

Na terra dos babaçusQue não encontro por cá

Sem que veja uma palmeiraSó quero pra lá voltar.

Dalciene Santos Dutra156

GonçALVES DIASFilho de Português com cafuzo

Nasceu de uma união não oficializadaPor isso sua mãe foi abandonada por seu pai que foi morar

Com outra amada.

Gonçalves DiasTinha alegria tinha amor o dom que Deus criouEscreveu poesiasCom muitas sabedoriasPara nossa alegria.

Poeta do Maranhão Despertava muita emoção Para o povo desta nação com sua dedicação.

Tenha orgulho de nascer Na terra de GonçalvesPoeta do povo maranhense

Levou os encontros da gente

Para o mundo conhecer.

Viva Gonçalves Dias!Eterno poeta do amor

Na Academia de letrasEternizado com descido valor.

156 Dalciene Santos Dutra - São Luís – MA - Brasil –12/03/2002.MotivodaParticipação:Reconheceraimportân-ciadapoesianavidadossereshumanoscomoferramentadedivulgaçãodossentimentosecomportamentoda sociedade onde está inserido

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Daniel Ely Oscar Noé157

CAnção Do ExíLIoEstados Unidos

e Brasil contrastam quanto ao físico

de seus habitantes. Lá, muitos gordos;

aqui, muitos magrelas.As comidas de lá

são bem mais gordurosas que as daqui.

Lá, durante o dia, ouvi-se o ruído

dos carros; aqui, ouvimos o canto

dos pássaros.

Daniel Victor Adler Normando Romanholo.158

A AntônIo GonçALVES DIASChorou de tristeza

Ao perder a filha queridaAo ausentar-se da terra natal

Ao perder o amor da sua vida!!!Com tanta criatividade,

deixou muitas saudades...nunca iríamos esperar sua ida.

Pois é:Choramos hoje a sua partida

Mas nos alegramos por tê-lo tido entre nós!!!

Obrigado GonçalvesPor ter deixado milhares de emoções

Com seus poemas e Canções...

157 Daniel Ely Oscar Noé - Capão da Canoa – RS – Brasil - 13 de maio de 2000. Estudante do Ensino Fundamental doColégioConhecer,PortoAlegre/RS.IntegrantedoProjeto“ImagenseTextosconstruindoHistóriaseVer-sos”:“BannersPoéticos”,2012.Integraaequipedevelejadores,CategoriaInfantil,doClubedosJangadeiros,de Porto Alegre/RS. E-mail: [email protected]

158 Daniel Victor Adler Normando Romanholo. São Luís-MA – Brasil - 23/10/1998. Mora em São Carlos-São Paulo ecursao9ºanonoColégioInterativo.Temparticipaçãoem“ASASDEUMSONHOporummundomelhor”,obracoletivadosalunosdaEMEBAngelinaD.deMeloeEMEBErmantinaC.Tarpani,SãoCarlos-SP,2008.Éco-autor(juntamentecomJoãoMarceloAdlerNormandoCostaeDilercyAragãoAdler),dolivroInfantil,“Umahistória de Céu e Estrelas, São Luís-MA, 2011.

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Daniela Wainberg159

CAnção Do ExíLIoMinha terra tem mais vida,

nossa vida mais amores. Nela há pássaros, montanhas, vales de flores e caminhos nos jardins.

Em minha terra, vejo bosques, onde a natureza tem beleza,

borboletas e gaivotas. Não permita Deus que eu morra

sem a certeza de que voltarei; nem que seja por momentos;

pois, se não lá voltar, sequer, um instante, não estarei voltando ao meu mundo, mundo este onde canta lindos pássaros.

Danielle Adler Normando 160

Por UM GrAnDE AMorSuspiraste não por um nome apenas A chama de um grande amor em ti -se fez viva eternamente-...

Não pudeste encontrá-lo na vida terrena -é certo-Mas na tua alma e no tempo perduraram e perduram para sempre...

Como esperaste esse amor por toda a tua vida!...Como esperaste com toda calma e desespero que nele cabiamComo esperaste em todas as entrelinhas das tuas dores e alegrias...

Ah como o esperaste!...

Esperaste até no teu suspiro último de amorNas águas doces do abraço de Ana Amélia

Na última valsa amorosa do impiedoso mar que te tragouMas amorosamente-quanta ironia-

para a imortalidade te levou!

159 Daniela Wainberg - Porto Alegre – RS – Brasil - 30 de janeiro de 1991. 1ª Bibliotecária e Membro Fundador da AcademiadeLetrasMachadodeAssis,PortoAlegre/RS,Cadeira9,PatronesseLilaRipoll;MembroEfetivodoClubeInfanto-Juvenil“EricoVerissimo”,daAcademiadeArtes,CiênciaseLetrasCastroAlves,PortoAlegre/RS;AcademiaVirtualSaladePoetaseEscritores,BalneárioCamboriú/SC;LigadosAmigosdoPortalCEN,dePortugal;eAssociaçãoInternacionaldosPoetasdelMundo.Coautoradoslivros“Olhares-CrônicasEscola-res”e“Palavras,ALinguagemdaVida”.CursaPedagogia,noCentroUniversitárioMetodistaIPA-RS.E-mail: [email protected]

160 Daniielle Adler Normando - São Luís – MA – Brasil - 10 de março de 1974. Reside em São Carlos/São Paulo desde2001.ÉgraduadaemPedagogia(1996).AutoradeváriaspoesiasinéditasetemparticipaçãonasAnto-logias:OficinaCadernosdePoesia(21),RiodeJaneiro-RJ,1993eIColetâneaPoéticadaSociedadedeCulturaLatinadoMaranhão-LATINIDADE,SãoLuís-MA,1998

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Danielle Granjeira de Moura161

GonçALVES DIASEm 10 de agosto de 1823No esplendoroso dia

Nascia Gonçalves DiasNa pequena cidade de Caxias.

Um grande escritorCom saudades escrevia

Do Brasil que sempre descreviaA natureza e a pátria.

A mistura das raçasSempre destacou

Em um grande naufrágioA nossa terra ele deixou

Assim, a vida acabouDe um grande escritor.

Darlan Alberto T. A. Padilha - Dimythryus162

CAnção DE ExíLIo Minha Terra tem palmeiras derrubadas,

onde escondem-se os últimos sábias;as aves, que aqui gorjeavam,

cá não vejo mais cantar.

Nosso céu encobre estrelas,nossas várzeas poluição,

nossos bosques, hoje becosnossas vidas celeradas.

Em cismar sozinho à noite,temeroso, encontro eu lá

minha Terra tem chacinas,execuções, choro e lágrimas.

161 Danielle Granjeira de Moura – Balsas MA – Brasil. URE – Balsas - Centro de Ensino Médio Dom Daniel Combo-ni. Professora: Marcia Meurer Sandri

162 Dimythryus –Darlan Alberto T. A. Padilha, Licenciado em Letras pela Faculdade UNIESP-SP, Embaixador da Paz, título que lhe fora atribuído pelo “CERCLE UNIVERSEL DES AMBASSADEURS DE LA PAIX – SUISSE – FRANCE (Genebra – Suíça). Entre suas premiações destacam-se o “Prix Francophonie” a Menção Honrosa (Diplôme d’honneur) no 10é Concours International de Litterature Regards 2009 (Nevers – France) e 6º Con-curso Poético O Cancioneiro Infanto-Juvenil para Língua Portuguesa na Prática Educativa (Almada – Portu-gal). Além de colaborar com os Sites: Blocos OnLine, Garganta da Serpente e Meio Tom, pratica a divulgação cultural através de e-mail’s de pouco mais de 1000 contatos.

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Minha Terra de políticos,marolinha e mensalão

não bastasse Rosimaryas barbas do deus cego,

vem o legado de uma estrela,enrubescida e humilhada.

Não Permita Deus que eu morra;sem que mudanças hajam lá;

sem que a justiça abra os olhos,sem que a democracia, democratize-se,

seja todos e não alguns;Minha Terra tem Palmeiras, na segunda Divisão

Débora Luciene Porto163

I-JUCA-CAFUCHE No meio das ruas de grandes senhores,

Rodeados por grades — e por roedores, Veem-se os sem-teto, deitados no chão;

Alguns andarilhos, culpando suas sortes, Outros cansados, aguardando suas mortes

Vivem do lixo, cobertos por papelão. São tristes, saudosos, homens com história, E que apenas imploram qualquer coisa simplória, Já rudes não entendem o que não é dor: São todos desvirtuados, homens doentes! Seus nomes esquecidos por todas as gentes, Escondidos pelos vícios, sujeira e fedor! Nas casas vizinhas, sem fome e sem frio, Estão os julgando, se importando com o brio, A polícia defende os seus marajás: Medrosos donos de terras que não lhes pertencem,

Que pagam tributos aos que tudo vendem, Dizendo que isto é em nome da paz.

No cordão da calçada, próximo ao bueiro,

Onde cães urinaram, onde existe mau cheiro, Passa a senhora e passam os vis:

E eles, sentados, não lembram da hora, Não passam, nem ficam, não podem ir embora,

Vivendo aquilo o que ninguém quis.

163 Débora Luciene Porto – Gravataí – RS – Brasil - 21 de outubro de 1987. professora de Língua Portuguesa, gra-duada em Letras pela UFRGS.

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Quem são? — ninguém sabe: mas querem seus votos, Dizendo que a culpa é de um governo remoto:

Indecentes e espertos — num povo servil; Só assim esses homens fazem parte do plano,

Tornando distinto o feitor do engano, Fazendo sua fortuna multiplicar-se por mil.

Deidimar Alves Brissi164

o MAIor SoFrIMEnto Do PoEtAEntre tantos amores sufocados pelo preconceito,

Separados com crueldade, deixando vidas vazias.Tantos amores sofreram, separados sem direito

E por Ana Amélia sofreu tanto Gonçalves Dias!

O arrogante que quer separar um grande amor,Nunca conheceu o amor romântico ou fraterno.

O amor está acima da crença, raça, poder e cor.É indestrutível, nos aproxima de Deus, é eterno!

Casamentos arranjados, com o amor esquecido,É uma das tristes faces da prostituição humana.

Prostituição social, igual, a fazer sexo vendido.Engana os hipócritas, mas, o amor não engana!

No céu, onde não existe falsidade e hipocrisia,Vivem felizes todos os amores aqui separados.

Ali a maldade humana diante do Pai se esvaziaE Gonçalves e Ana se encontram enamorados!

A VISão Do ExPLorADoPara Gonçalves Dias

Ó mar salgadoQuantos índios não viram

De tristes praiasEm apocalípticos dias

Seus irmãos serem levados pelos caris?

164 Deidimar Alves Brissi - Cosmorama–SP-Brasil-20/08/1972.Casado,3filhos,professor;LicenciadoemFísicapelaUNESP/CampusRioClaro;MestreemFísicaeAstronomiapelaUNIVAP/CampusdeSãoJosédosCampos.ProfessordeEnsinoMédionaRedeEstadualdoEstadodeSãoPaulo;ProfessordeEnsinoMédiodeescolasparticularesdeSãoJosédosCampos;ProfessorTitulardoInstitutoFederaldeEducaçãodeSãoPaulo/CampusBirigui

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Para quê?Para serem exibidos como bichos,

Trabalharem como bestas,E as belas e puras moças,

Serem abusadas por bestiais marujos E “respeitados” ricos!

Quantas cecis choraram seus membiras,Quantos curumins em vão clamaram por Tupã!

Quantas abaíbas ficaram por casarPara quê?

Para que fosses vosso, ó mar?

Valeu a pena?Nada valeu a penaPois quem explora seu irmãoQuem destrói um povoTem a alma pequena!

Ó mar salgado A maior parte de teu sal

São das lágrimas Dos Goytacazes e Tupinambás,

Dos Tamoios e Aimorés,Dos Charruas e Potiguáras,Dos Carijós e Tremembés Dos Tupiniquins e Tabajáras, Dos Temiminós e CaetésNão são, não são...Não são lágrimas de Portugal!

ÚLtIMA CAnção Do tAMoIoMorreu o último tamoio!Com ele morreu a bravura.Silêncio ficou no arroio.Triste ficou a saracura.

Agora ficou esquecido:O que lhes dizia o téu-téu,Das plantas o aprendido,

O que enxergavam no céu.

Foi embora a dignidade,Que hoje anda esquecida.

Sua história deixou saudade,Nossa história ficou ferida.

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A destruição deste povoÉ uma história medonha,

Que cantando aqui de novoSó exalta nossa vergonha!

Mas a eles nós devemos,Nas praias, vales e serras,Honrar o que recebemos,

Amar e proteger suas terras!

o SABIÁPara Gonçalves Dias

O sabiá voou para cima da casaE começou a cantar:

“MIiha querida! Minha querida!Eu canto para ti nesta antena

Porque sou um sabiá da cidadePorque o amor vale a pena

Sofre um sabiá com saudadeProcurando a noite inteira

Mesmo com tanta vontadeNão se acha uma laranjeira

Minha querida! Minha querida!”

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A PALMEIrA DE GonçALVES DIAS

Brasil saudade Sabiá Timbiras povo Caxias Amor saudade sofrimento naufrágio Coimbra morte América Navio doença índio Juca-Pirama Teatro fé Escravo justiça amor terra sabiá natureza Flores poesia poemas timbiras terra Brasil palmeiras gorjeiam pássaros amor Pátria preconceito amor terra canção exilo piaga canto honra bravura vida guerreiro musa índio tupi guarani teatro poesia DEUS hino despedia morte fé Maranhão terra Tupã taba Marabá saudade tempestade adeus morte amor Bosques natureza Ana Amélia hipocrisia exílio honra taba mata Vida soneto justiça Injustiça negro índio povo gente Fé Tupã Ana taba mata floresta estrelas Tejo noite Cacique tribo Ana Amélia casamento Tristeza terra viajem guerreiro Grito triste boré Anhangá deuses Coruja cipó filho Sertão treva dor Sofrimento beijo cor Prazer amar Brasil mar 1823 chão

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Dely Thadeu Damaceno165

SEU IDíLIoHomenagem a Gonçalves Dias

No seu exílio muito cantastes,Com lindas e carregadas epifanias

Grande poeta Gonçalves Dias,As belezas saudosas de sua terra,

Que o enchia de alegrias.Lembravas então das frutas do campo

Mas também de suas amadas serrasDas lindas palmeiras que aqui há

Onde as verdes colinas encerra.Abrigando constantemente em galhos

O lindo e tão cantante sabiá...Que orgulha o homem do campo

Enchendo os olhos de orvalho.Seu doce idílio, de muita paixão

Saudades dessa terra morena,Onde sua cabocla enfeitada

Com lindas róseas flores de verbena,Faz bater forte o seu saudoso coração...

HoMEnAGEM A GonçALVES DIAS166

No seu exílio muito cantastes,Com lindas e carregadas epifanias

Grande poeta Gonçalves Dias,As belezas saudosas de sua terra,

Que o enchia de alegrias.Lembravas então das frutas do campo

Mas também de suas amadas serrasDas lindas palmeiras que aqui háOnde as verdes colinas encerra.

Abrigando constantemente em galhosO lindo e tão cantante sabiá...

Que orgulha o homem do campoEnchendo os olhos de orvalho.

Seu doce idílio, de muita paixãoSaudades dessa terra morena,

Onde sua cabocla enfeitadaCom lindas róseas flores de verbena,

Faz bater forte o seu saudoso coração...

165 Dely Thadeu Damaceno - Patrocínio MG – Brasil - 12 de Outubro de 1953. Professor de Sociologia na Rede Estadual de Ensino do Estado de São Paulo. Sou amante da Literatura e das letras em geral. Faço parte de portaiscomo:PoetasDelMundodoChile,doPortalCEN“CáEstamosNós”dePortugal.

http://www.encontrodepoetaseamigos.ning.com166 Publicado no Blog Recanto das Letras, Shimon Goldwyn Piracicaba/SP – Brasil. Enviado por Shimon

Goldwyn em 12/02/2013 Código do texto: T4136107 disponivel em http://www.recantodasletras.com.br/ homenagens/4136107,PoesiacompiladaporLeopoldoGilDulcioVaz–Curitiba–PR–Brasil–1952;InstitutoHistóricoeGeográficodoMaranhão;UniversidadeEstadualdoMaranhão

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Dena Guimarães167

GonçALVES DIAS In MEMorIAMPasseaste pelo mundo

Sobrepondo as verdadesCasos rudes e encantosEm teus versos tu citaste

Flores, espinhos encontrouLindos sonhos e desamor

Florescendo em seu peitoRelatando o que o inspirou

Amarguras estreitaramTeus sentimentos machucadosPor esta vida que a ti causou Tanta dor por tanto amor

Pois caminhaste por lindos sonhosTerras indígenas em esplendor

Cenário azul em tons vibrantesNeste chão você pisou

Entretanto não viveuLindas Histórias de RomeuDedicou ao nacionalismoEste universo era seu

Retratou também o beloBenevolência e mar de amorO teu alvo foi sinceroEscreveste o que enxergou

Não vivendo somente encantosFoi remando e navegando

Das tuas idéias nasceram poemas O papel foi seu recanto

Rompeu o tempo a tua morteEntristecendo o Sul e o Norte

Deixando uma herança o seu legadoSer poeta foi seu forte

167 Dena Guimarães-Dionísio–MG–Brasil-02/03/69.atualmenteéartista,cantora,poeta,compositoraepro-fessora.Começouacomporsuasmúsicaseescreverpoesiasaos15anos,ondeseutalentoresplandeceusuavidaartística.Em2011foiclassificadaentreos20colocadosnoFestivalCristoRedentor-RJ,em2012entrouparaacoletânea:MúsicaMinasefoichanceladanoconcursoliteráriodaEditoraLitteris,livro-antologia“Lâm-padadocoração”aserpublicadonofinalde2013.

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Aqui no âmago do meu ser Fisguei a luz do meu querer

“Gonçalves Dias” sinto agoraTua essência a me envolver

Amo teus livros e tuas histórias Tu és pra sempre vida e glória

Enriqueceste nossa culturaColorindo-nos in memoriam

Denise Alves de Paula168

HoMEnAGEM Ao PoEtA À Antonio Gonçalves Dias

Poeta, romancista e escritor Que sua obra literária

Escreveu com muito amor.

Presto aqui minha homenagem A esse homem de talento

Que tão cedo nos deixou Mas não caiu no esquecimento.

De sentimento nacionalista

Esse mestiço fantástico Tinha orgulho de sua raça

Seu universo era bem vasto.

Incorporou à nossa escrita Temas antes nunca vistos Verdadeiras obras primas

Tudo o que deixou escrito.

De grande riqueza temática Sua arte consigo não naufragou

Com versos citados em nosso Hino todos os dias é lembrado

Pois o Brasil o imortalizou.

168 Denise Alves de Paula - Barra de São Francisco – ES – Brasil - 23 de Fevereiro de 1957. Atualmente mora em Vitória,CapitaldoEspíritoSanto.Gostade ler,escreverepintar.2012-Participouda“AntologiaCafécomVerso”e“AntologiaMulheresFascinantes”;2013-Participandoda“AntologiaCafécomVersoII”e“AntologiaVoarnaPoesia”

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Dércia Sara Feleciana Tinguisse - Deusa d’Africa169

GonçALVES DIAS tAMBéM QUErIA SEr GEntEO nome do romântico maranhense

Consta na história brasileiraAlegando que queria ser gente.

Ora vejamos:Dias, tinha o sangue americanamente primitivo,

Tendo descoberto o fogo,Nos olhos da Don’Ana

Enquanto os friccionava com os seus.Seu nome, consta na lista dos vivos,

Porque dizem que é também gente.

Dias, tinha sangue lúgubre Consternando vilipendiosamente

Sua paupérrima castaMas também, era gente como a Don’Ana.

Dias, tinha sangue nubladoPromissor duma terra Ébria de fartura

Antídoto do agoiro não auspiciosoDaqueles dias em que Dias, só queria ser gente. Dias, tinha um mar patriótico, Efervescente em seus olhos,que desvanecia nas rochas em terra,que pertenciam a Don’Ana.

Dias, era um intelectual,Que sonhava em ser genteExpirando o mar maranhenseQue formara brisas matinais.Mas, o povo queria mais de si,

Não queria apenas as brisas,Mas sim que o Dias, fosse o mar maranhense

Alegando que o canonizaria como gente.

Contudo, Dias se tornara o mar maranhenseE nunca fora gente como se lhe prometera

Mas também, um poeta nunca é gente,Um poeta é apenas um singelo poeta!

169Deusad’Africa-DérciaSaraFelecianaTinguisse-Xai-Xai-Gaza–Moçambique-05deJulhode1988.Licencia-daemContabilidadeeAuditoria,eexerceuaprofissãodecontabilistanaUDEBA-LAB(UnidadedeDesenvol-vimentodoEnsinoBásicoeLaboratório),DocentedeContabilidadenoInstitutoMédiodeComerciogestãoefinanças.

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A AntônIo GonçALVES DIASEnquanto a vida me vituperava

Minhas palavras erguiam maresEu me tornava um homem honrado

Ou apenas uma ponte entre as tribos.

De amor, a vida se me fora saqueadaComutando-me num mamífero

Cujas entranhas pigarreavam por um anjoQue nunca o mereci pela minha loquacidade mesquinha.

Sou um cão raivosoInjectando meu veneno

Em qualquer outro mamíferoUma vez que, a vida me furtara,

Um osso, a que me havia sido destinado.Ana Amélia Ferreira Vale, é um osso

Que soletrado, arrasta-me à úlcera Que me faz babar o meu veneno.

MIL DIAS PArA MIL PALAVrASQue dizer dos dias sem o Dias,

Apenas o taciturno, o vácuo e a penumbraQue interferem a luz luzente

Cobrindo os dias de névoa, de incertezas e perdição,Num inferno, onde as palavras olvidadas,

São abusadas sexualmente,No seu lar, sem camisinha, nem legislação que as tutele.

VIVênCIA

Oh! Vivência, que vivas e aos teus sempre salves,Sem que te apartes

Da graça genuína do Gonçalves Cure a sua alma, que as artes

Se desalentam com toda a anfetaminaQue seu organismo injuriara perante a sua alma.

Não come, mas bebe a sua sinaAnémica, melancólica e vivalma,

Com seus os olhos de sangue,Que colorem o mar vermelho.

Nem que o homem me zangue,Tenho que te falar do teu fedelho,

Pois, nenhuma palavra, nem prece o poupaDessa acerba enfermidade

Que afecta ate a sua roupaDestruindo a sua própria personalidade

Onde a medicina alegaQue a sua cura

Seja apenas um beijo que negaà Don’Ana de casta pura.

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MAr MArAnHãoMar Maranhão

Vampiro das letrasChoupana dos carnívoros e canibais

Destruidores das empreitadas dos seus amores.

Gonçalves, amava o mar e a AnaMas a Ana podia ser a Ana sem ele

Contudo, o mar não podia ser o mar sem ele.

Ele amava a Ana e o marEle não seria ele sem ela

Todavia, ela era uma sereiaCujos raios dos seus cabelos, anunciavam

O dia, enquanto os olhos proclamavam,A noite fulgenteDas rochas na sua faceÀs lúnulas dos seus pés

Delgados e salgadosPelas águas que apaziguaram

A ele eternamente.

CAnção PArA GonçALVES DIASCanto e me encanto, citando teus versos, Gonçalves Dias

Sentindo tua presença, revolucionando-me por dentro Sempre que passeio pelas ruas e praças de Caxias.

Bravo poeta que com seus versos encantou muitas nações,Exaltando a Terra das Palmeiras, onde canta (va) o sabiá Eternizando a Canção maior no coração de mil gerações E ensinando que o melhor da vida é mesmo amar. Poeta da felicidade, que viveu o amor em plenitudeDe memórias narradas por um mar de inspiraçãoSoprando em almas anseios e dores em pura atitudeEntoando cantos com a sinfonia do coração.

A Princesa do Sertão por tua causa adotou todos nósSomos gonçalvinos e o mundo inteiro disso é sabedorPorque ainda está aqui e ficará eternamente sua voz

Atiçando com saudade o que escrevia sobre amor.

Nativo de Jatobá, filho de Caxias das Aldeias Altas, a Princesa do SertãoCaxias uma cidade referencial por excelência

Ecoando sua voz ao mundo, elevando sempre o MaranhãoExpondo de gerações a gerações cada poema com a essência deste chão.

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Deuzimar Costa Serra170

CAnção PArA GonçALVES DIASCanto e me encanto, citando teus versos, Gonçalves Dias

Sentindo tua presença, revolucionando-me por dentro Sempre que passeio pelas ruas e praças de Caxias.

Bravo poeta que com seus versos encantou muitas nações,Exaltando a Terra das Palmeiras, onde canta (va) o sabiá

Eternizando a Canção maior no coração de mil gerações E ensinando que o melhor da vida é mesmo amar.

Poeta da felicidade, que viveu o amor em plenitudeDe memórias narradas por um mar de inspiração

Soprando em almas anseios e dores em pura atitudeEntoando cantos com a sinfonia do coração.

A Princesa do Sertão por tua causa adotou todos nósSomos gonçalvinos e o mundo inteiro disso é sabedor

Porque ainda está aqui e ficará eternamente sua vozAtiçando com saudade o que escrevia sobre amor.

Nativo de Jatobá, filho de Caxias das Aldeias Altas, a Princesa do SertãoCaxias uma cidade referencial por excelência

Ecoando sua voz ao mundo, elevando sempre o MaranhãoExpondo de gerações a gerações cada poema com a essência deste chão.

Dhiogo José Caetano 171

EtErnAMEntE DIAS Muito obrigado, Gonçalves dias!

As suas obras são recheadas de ideias e informações,Literatura, arte e expressão,

Uma arte expressivamente arte. Um trabalho transformador e ricamente literário.

Poemas, versos e livros...

170 Deuzimar Costa Serra - SãoJoãoBatista–MA–Brasil-GraduadaemPedagogiapeloCESC/UEMA,Especialistaem Orientação Educacional (PUC/MG), Avaliação Educacional (UnB), Educação de Jovens e Adultos (UnB) e DocênciadoEnsino Superior (UFRJ);MestradoemEducaçãopelo InstitutoPedagógico LatinoamericanoYCaribeno, IPLAC/CUBA,reconhecidopelaUFC(UniversidadeFederaldoCeará);DoutoraemEducaçãopelaUniversidade Federal do Ceará. Professora assistente II, lotada no Centro de Estudos Superiores de Codó (CES-CD)daUniversidadeEstadualdoMaranhão;AutoraeCoordenadoradoProjetoIntergeracional;Atualmente,Secretária de Educação de Caxias-Maranhão.

171 Dhiogo José Caetano–Uruana–GO–Brasil-24/11/1988.Artistarevelação2011prêmioorganizadopelaIn-terarte juntamente com Academia de Letras de Goiás, ganhador do prêmio cultural Interarte 2012, correspon-dentedaACLAC,membrodaAVSPEAcademiaVirtualSaladosPoetas,Escritores,membrodoInstitutoHistórico,GeográficoeGenealógicodoGrandeABCeSenadordaFEBLACA.E-mail:[email protected]

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Hoje meditando um pouco...Resolvi escrever estes versos para agradecer a sua contribuição,

As suas publicações, seus versos, prosas, trova, poema de arrepiar.Que o tempo não esqueceu!

A rede está cheia de informações, mas falta a dinâmica literária.A força das palavras que bravamente foram narradas por Dias.

Um poeta que de forma precisa mudou a cara da nossa literatura brasileira.

MoMEnto DIASUm homem ou um gênio?

Um ser que transparece a permanência na fantasia de um mundo quase perfeito.

Conhecer você é romper com os conceitos e padrões...É vivenciar a plenitude do nada, concretizando a plenitude da existência. Tornando vivo a espiritualidade da escrita e dos versos

eternosUm ser iluminado pelo saber.

Uma criatura de “outro” mundo. Eternamente Dias...

oS VErSoS DE GonçALVES DIAS Quando tu apareceste na minha vida vazia.Eu era completamente infeliz.Vivia sem o brilho de um sorrir.Só havia dor, solidão, saudades. Na alma a desilusão do viver e a vontade de morrer. Mas tudo se fez novo quando li os seus versos, poemas...Chegaste à luz para clarear a minha vida vazia.Minhas noites perdidas.Minha vida que não mais existia. Meu lótus, eu te agradeço...

Por tudo que fizeste por mim.Vossa luz me transformou em um clarividente.

A sua mensagem libertou a minha alma. Obrigado meu Deus!

SALVE, SALVE DIAS...Salve, salve Gonçalves Dias!Ser que possui uma vasta bagagem intelectual.

Sabedoria e talento se misturam em um único ser.Poeta por natureza.Escritor pelo destino.Intelectual memorável, perspicaz e aguçado em seu trabalho.O senhor das palavras.

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Um homem conhecedor do mundo e dos sentimentos a sua volta.Um ser maioral e com propriedade para falar de seus ideais.

Um talento brasileiro, que traz emoção e muita sabedoria em cada obra eternizada. Todos ou a maioria admira seus escritos. Eu me classifico como parte desta

maioria.Ter o dom da palavra é um privilegio de poucos e Dias faz parte desta

minoria que utiliza o dom de falar para mudar o mundo e as pessoas á sua volta.

Dias, salve, salve Dias...

QUAnDo CrESCEr QUEro SEr UM GonçALVES DIAS Um homem que de forma literária descreveu os momentos em versos,

sentimentos, poemas...Sua arte o eternizou ou vice-versa.

Um poeta do Brasil, no entanto reconhecido no mundo todo.

Nos seus belos textos ele deixou registrado a sua sincera cortesia e nobreza de espírito...

Ao longo da sua existência cultivou o amor e assim colheu o respeito, reconhecimento e sucesso.

A sua obra lírica é plenamente recheada de emoção e marcada por um acentuado romantismo.

De forma plena manifestou a solidariedade com a humanidade e lutou pelos direitos dos mesmos.

Transformando a sua vida em versos, prosas, rimas, poemas, duetos, acrósticos e liberdade de expressar os sentimentos.

Sentimentos vividos de forma coletiva e profundamente partilhados no dia a dia.

Uma trajetória ricamente literária.Quando eu crescer, quero ser um Gonçalves Dias.

Um homem que divinamente poematizou os momentos, sonhos, medos, ideias, lembranças e mundos.

Um escritor que marcou a sua geração, os seus valiosos escritos são verdadeiros testemunhos do tempo e

das emoções de uma grande poesia.Dias, de forma ricamente falando revolucionou a arte de poematizar.Construiu uma história poética e narrou o existir através dos poemas.

Indubitavelmente quero ser um Gonçalves Dias.

GonçALVES DIAS o PoEtA DoS SéCULoSA sua poesia é rica de sentimentos; sentimentos que se concretizam em um mosaico de

emoção e aliteração.Meu mestre você representa a incursão da arte de expressar através das letras.

Você ajuda promover este mosaico literário.Um ser que se entrega por completo ao mundo das letras, dos sentimentos, dos saberes

e das inúmeras formas de se apreender. Um contexto construído através da dilaceração das experiências.

Diálogo transcrito, descrito na individualidade da escrivaninha.Sentimento que parte do individual e se alastra até a coletividade do ser.

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Palavras que são lançadas ao léu, que pairam no tempo e tornam-se elementos, signos, estilhaços, cordéis, simulacros das vozes dos vários peomistas.

Um encontro de alma, sentimentos, emoção e literatura.Palavras que são profundamente eternizadas na memória e na sua majes-

tosa escritura. Versos, poemas, poemia, poesia, boêmia e o retrato da expressão ver-

balizada em suas palavras.O profundo desejo de escrever e alimentar o eu poético.

A fórmula de construir um mundo ativo que interage, emociona, ensina e influência no outrem.

Gonçalves Dias este poema simplesmente representa você e o seu papel como artista literário ao longo dos séculos.

Diana Menasché172

DE QUE ADIAntA?173

Como o pássaro perdidoque não espera mais rever o bando,

abandonado eu mesmo de mim,tendo cruzado por fastio o oceano

De repentecom uma dor esmagadora

No ventre da auroraVejo-te.

cruzando o trilho do tremesquecida do tempocertamente esquecida de mim(e quiçás pensando em alguém)

Mas de que adianta ainda ver-tese não eres minha,e além de não poderes vir a ser,te fizeste rainha de quem com paixão preferiria

eu jamais houvesse nascido?…De que adianta ainda ver-te

se cada passo teu é uma tormenta à minha mente,

por saber que passos estesnão levarão tua pessoa até mim?

172 Diana Menasché - Rio de Janeiro – RJ – Brasil - 16/04/1983. Nascida na cidade do Rio de Janeiro, é formada em ComunicaçãoSocial(JornalismoeCinema)pelaPontifíciaUniversidadeCatólicadoRiodeJaneiro,eémestreemLetrasHispânicaspelaUniversityofMassachusettsatAmherst.” (www.dianamenasche.blogspot.com)”(www.poetrybydiana.weebly.com).

173 O poema “De que adianta?” dialoga com “Ainda Uma Vez Adeus”, de Gonçalves Dias. Apesar de eu (Diana) não ser um homem, tentei imaginar-me naquela situação que Gonçalves Dias tão francamente retratou: a de um homem revendo uma mulher amada no passado, mas então já casada com outro:

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Por que vejo-te e revejo-te na memóriase tua imagem não pode inspirar-me ao futuro

e apenas me leva a lamentaruma história

que não se repetirá?

Ai, de que me adianta ainda lembrar-me de ti,donzela que nunca minha será…

Se um navio não terá orderns de aportarMelhor que não veja o porto

e mais facilmente contente-se com a solidão do alto-mar.

AntES EU não A VISSE! 174

Como o pássaro perdidoque não espera mais rever o bando,

abandonado eu mesmo de mim,tendo cruzado por fastio o oceano

De repentecom uma dor esmagadora

No ventre da auroraVejo-te.

cruzando o trilho do tremesquecida do tempo

e certamente esquecida de mim(quiçás pensando em alguém)

Mas de que adianta ainda ver-tese não és minha,

e além de não poderes vir a ser,te fizeste rainha

de quem com paixão prefeririaeu jamais houvesse nascido?…

De que adianta ainda ver-tese cada passo teu

é uma tormenta à minha mente,por saber que passos estes

não levarão tua pessoa até mim?

Por que vejo-te e revejo-te em memóriase tua imagem não inspira futuro

e me leva apenas a lamentara triste história enterrada num velho porão escuro?

174Opoema“Anteseunãoavisse!”dialogacom“AindaUmaVezAdeus”,deGonçalvesDias.Apesardeeu(Diana)não ser um homem, tentei imaginar-me naquela situação que Gonçalves Dias tão francamente retratou: rever a mulher amada no passado, mas então já casada com outro:

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239

Ai, de que me adianta ainda lembrar-me de ti,donzela de ontem que nunca minha será…

Se está num navio sem orderns de aportar,é melhor que o marinheiro nem veja o porto.

Sem vê-lo, mais em paz poderá aceitardo alto-mar a eterna solidão e desconforto…

oLHAS PArA oUtro LADo… 175

É bom demais amar-teinfinitamente

neste segundo perfeito.

Olhar-te e saber: nada mais existe nada há que possa mais encantar-meque tua face dourada, perfeita.

Nada nos céus, nos rios ou nas florestas compete contigo. Nem a estrela d’alva altaneira

nem o Rio Amazonas iluminado pela lua, que só para te ver até aqui veio…

As flores da Amazônia e os sabiás desaparecem de nosso meioPois quando tu estás junto a mim

nada clama por minha atenção. Nada mais me chamaalém de tua face, a única e derradeira.

Aqui estou para ti:para ver-te, e ouvir-te.Estou para ti sem receiosFeito espectador em concerto vidrado no palco, perdido na cançãoInteiro a admirar-te, como quem aplaude na ilusão.

Mas não… Eis que descubro…Teus olhos se voltam para outro alguém!

Teu coração não está aqui, mas noutro mundoe por isso teus labios se afastam dos lábios meus…

O espetáculo se esvazia…Resta-me o silêncio de uma sala friao descobrir-me desiludido, estando como se estivesse contigo,

mas sabendo-me tão completamente sem ti…

175Opoema“Olhasparaoutrolado…”éinspiradonopoema“Odesengano”,deGonçalvesDias.

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Diana Paim de Oliveira176

DESCoLorIDAMinha vida tinha cores,

mesmo que eu não pudesse ter você.Eu até possuía mais amores,

mas, sem você, ando até descolorida.Em você me inspirei,

mas, quando você se foi, eu apenas errei.Em você eu acreditei,

pois sabia como eu me sinto.E agora meus poemas vivem sem sentido...

Ah, Gonçalves Dias!Não sei mais em que me inspirar...

Diego C. Soares Ribeiro177

CAnção Do ExPAtrIADoIntertexto com o poema de Gonçalves Dias, “Canção do Exílio”.

Minha terra tem porta estreitaOnde todos são chamados,

Mas poucos os escolhidos, que desfeita!Para desperdiçar tanta graça só para os tapados

No céu cintila a luz dos santos,As santas exalam o cheiro das flores,

As várzeas guarnecem os amoresDevotados ao Santo dos santos.

Em cismar, no meu desterro, sozinho, viaO meu pensar, seja à noite, seja ao dia;

Mais prazer, certamente, encontrarei lá,Já que aqui só canta o sabiá.

No meu céu não cabe mais primores,Tais quais nunca os vi por cá,

Torno a pensar que nem o canto do sabiá,Far-me-á desistir do Senhor dos senhores.

176 DIANA PAIM DE OLIVEIRA – Teresópolis – RJ – Brasil - 12/12/1997. poetaluna do 9.º Ano da E. M. Alcino Francisco da Silva, em Teresópolis/RJ, e vem se dedicando aos diversos gêneros da arte escrita (da crônica apoesia).Temdiversostextospublicadosnosblogs“Palavrasdocoração”e“DiáriosdeSolidõesColetivas”.Professor orientador: Carlos Brunno S. Barbosa

177 Diego C. Soares Ribeiro - Bom Jesus do Itabapoana – RJ – Brasil - 17 de junho de 1992. vive na Terra dos Es-critores, São José do Calçado, desde tenra idade. Concluiu o Ensino Médio no Centro Educacional Santa Rita de Cássia, lá se enamorou da Literatura na 7ª série. Converteu-se ao catolicismo em 2009 e procura viver os preceitoscristãosapartirdeentão.Recebeu“Menção Honrosa na Maratona Escolar Joaquim Nabuco – 2009, para alunos do Ensino Médico das redes pública e particular com abrangência no território nacional”. Em2010,suaredaçãoficouentreasdezmelhoresdoEstadodoRiopelaFundaçãoCECIERJ(PVS).

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Não permita Deus que eu morra,Sem que eu volte para lá;

Sem que desfrute os primoresQue não encontro por cá;

Sem qu’inda aviste as almas santas,Que louvam melhor que o sabiá.

Diego de Souza Santana - Diego Sant’anna178

HIno GonçALVES DIASGritas em silêncio ao vento que é livre teu coração.

Sem fronteiras, sem nação, Sem credos nem religião.

E opinas que a honestidade São os sapatos com que se deve andar. E por bússola teus sonhos caminham com lealdade.

Com passos firmes, sabendo onde chegar.

Tu buscas na educação uma arma para ser melhor. E que não te adestrem ou te domem com um “não”.

A água que te banha é de te próprio suorPara que nunca de acusem de malfeitor ou ladrão.

E nos livros buscas um pretexto, Para escrever um verso ou pintar um coração. Que em tuas atitudes nunca fuja do contextoDe teus conceitos e visão.

GonçALVES DIAS: o ESCULtor DE ALMASPodes arrancar meu coração do peito E converter em murmúrio tênue minha voz.Achar meu modo de vida suspeito,Por ser diferente de vós.

Podes dar opinião sarcástica a meu respeito, Criticar meu trabalho e dizer que não é produtivo.

Mal dizer minha índole e botar defeito.Me difamar com seu bafo opressivo.

Pode a chuva cair sobre o céu estrelado. Um cego ver o dia amanhecer.

Que na noite cante o galo da manhã estressado.Que o mar, confundido, vá a um rio morrer.

178 Diego Sant’anna - São José dos Campos – SP – Brasil - 07 de Janeiro de 1988. Diego de Souza Santana (Diego Sant’anna)jéteveseutrabalholiterárioreconhecidoemváriosconcursoscomo:MostraJoseensedeCulturae Mapa Cultural Paulista. Aos 25 anos, poliglota, estudante de Letras, faz parte de Movimento dos Poetas do Vale.Noanode2012,participoudoFestivalLiteráriodaMantiqueira,ganhouosconcursosdepoesiadasuniversidades: UNIVAP (Universidade do Vale do Paraíba) e UNITAU (Universidade de Taubaté).

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Vivo com a paixão à flor da pele em tudo o que faço, Entre estrofes encontrarás meu lar.

Desafio o tempo e o espaço,Numa incrível ânsia por desbravar.

Busquei no caminho todas as respostas

E me dei conta de que elas estão em mim,Escalei montanhas e cruzei rios de margens opostas.

Num auto resgate sem fim.

Condutor de sensações à sua pele, um comunicador de sonhos quero ser.

Fabrico as memórias,Que você liga com nostalgia às minhas histórias.

Sou escultor de almas por lazer.

no tEMPo DE GonçALVES DIASNaquele tempo

Os dias estavam mais claros. Jardins estavam florescendo.

As noites tinham mais esperança. No silêncio

O amor estava nascendo.

Naquele tempo Desejos estavam sussurrando.

O tempo estava lá, Mas sem significado.

Uma voz me chamando. Um sentimento inesperado.

Naquele tempo Os sonhos se realizavam. O vento soprava forte.

Os caminhos se cruzavam.

Os dias se foram. Jardins ficaram desertos.

As estrelas não brilham mais. Desejos tão ocos.

Seguindo em caminhos incertos. Meu amor agora

Descansa em paz.

oS oLHoS DE GonçALVES DIASMeus olhos viajantes,

Imigram por todo parte.Expressivos, insinuantes.Observando os declives,

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Os sembrantes.Buscando os perdizes,

Os instantes.Contemplando os sorrisos,

Os amantes.

Meus olhos de diamante,Examinam toda arte.

Contemplativos, exuberantes.Procurando novos caminhos,

Novos horizontes.Navegando entre os rios,

Subindo entre os montes.Cruzando trilhas,

Atravessando pontes.

GonçALVES DIAS AnACrônICoAinda açoitado aguardo ansioso

Ando atento, ávido, anacrônico.Assim asbesto audacioso.

Amorfo, atônito, agônico.

Aceito amor antagônico,Antiviril, acrítico, amniótico.

Aderindo, aceitando, afônico.Ático, atópico, afórico.

Acabo afogando adentro.Ascendendo a áspide alma.Álibi, amar-te ardendo.Ao agir abúlico acalma.

Dilercy Adler179

VILLE DE BoULoGnE E GonçALVES DIASVille de Boulogne

carrega em seu abraçoum corpo ilustre embora alquebrado...

no seu físico estão - em ferro e fogo-

todas as marcas

179 Dilercy (Aragão) Adler - São Vicente Férrer – MA – Brasil - 07/07/50. É Psicóloga-CEUB/DF, Doutora em Ci-ências Pedagógicas-ICCP/CUBA, Mestre em Educação, Especialista em Pesquisa em Psicologia e Especialista emSociologia.PublicounovelivrosdePoesia.Trêslivrosacadêmicos,umbiográficoeumdehistóriainfantil.TitulardaCadeiraNº1do InstitutoHistóricoeGeográficodoMaranhão- IHGM.PresidentefundadoradaSociedadedeCulturaLatinadoEstadodoMaranhão_SCL-MAeSenadoradaCulturadoCongressodaSCLdoBrasil. -mail: [email protected]

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do tempoda doença

dos dissabores de uma vida amarga...

Nem só amargura se vislumbra nessa vida

vida tão pródigacheia de carinhos plenos

que são entreguesàs águas inquietas

de um oceano que o abraça em sua última agonia....

Ville de Boulogneentrega-o precocemente

ao balanço das ondas do mar pátrio revolto e acinzentado

que assim talvez o embale com carinho no sono eterno de poeta apaixonado...

- quem sabe - assim sua acre-doce poesia

se irradie para o cosmo etéreo em finita e humana eternidade!

GonçALVES DIASGonçalves Dias

te imagino milhas e milhas distante

da terra querida da mulher amada

de toda uma vida! um Gonçalves Dias

sem fé sem guarida

–que vida!-

Gonçalves Dias te imagino também

ensimesmado dias e dias

curtindo insólita solidão em dias de pleno verão

sol e calor mar e luar...

a ruminar saudades sem nenhuma ilusão1

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oh! –afrodisíaca ilha-só tu tens poder

de enfeitiçar a dor embelezar o adeus

materializaro mais doce e dorido poema da mais pura e lírica

despedida de amor!

GonçALVES DIAS - o nACIonALIStACantas os povos

em seu esplendor unes os homens

em laços de amor...

a glória do índio a força do negro a tradição do europeu

são por ti decantadas em versos e versos

de Brasil brasileirocomo crente ou ateu!

com gritos de guerra ou súplicas de amor -quanta heresia!-fazem-se os homens mortais

e imortais poesias!

AMor E AGonIAPaz

amor agonia

na vida de Gonçalves Dias

paz no amor correspondido

agonia no amor proibido

devoção à terra querida amargor na distância

por alheias razões impingidas...

alegria no reencontro em Lisboa

agonia do último adeus nessa hora!

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paz amor

e agonia na vida profícua

do nosso tão amado e inesquecível poeta maior entre os mortais

imortal Gonçalves Dias!

ACrÓStICo – GonçALVES DIASG ozaste o júbilo dos justos

o uviste memoráveis gorjeiosn adaste imóvel no abraço das ondas

Solu ç aste ao sabor de amarga saudadeA maste como deus -não como mortal-

L evaste a desesperança tanto tempo no peitoVoaste entre as nuvens -de olhos fechados-

E nquanto no OlimpoS onhavas atento às coisas da terra!

D ias e diasI maginando e desejando intensamente

A amar sem medo ou fronteiraS emeaste -com certeza- muito amor nesta terra!

Dinacy Mendonça Corrêa180

(En)CAnto GonçALVInoMeu poeta das palmeiras

Mavioso sabiá Quisera em teus gorjeios

Meu estro cadenciar...

Na unção do teu carismaNa tua verve e magia

Em quatrocentos acordesA minha lira vibrar...

Pra São Luís exaltar!

Oh! minha musa cidadeNem consigo imaginar

Consumindo-me em saudadesCoração dilacerado

Quando distante de ti...

180 Dinacy Mendonça Corrêa - arariense-vitoriense – Brasil. Licenciada em Letras (UFMA) e Mestre em Teoria Li-terária (UFRJ). Professora estadual (SEEDUC/UEMA) em plena militância. Ensaísta, pesquisadora da literatura e cultura maranhense, com alguns trabalhos premiados e publicados na área. Atualmente, cursa doutorado em Ciência da Literatura (UFRJ). Membro da Academia Arariense-Vitoriense de Letras (AVL).

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Como o nosso Gonçalves DiasNa sua Canção do Exílio

Quero voltar para ti!

Como esquecer doce IlhaTeu contorno litorâneoTeu perfil beiramarinho

Os teus ipês coloridosToucando a clara manhã...

E a humilde chananaAlegre, viva, rasteira

A florir, mesmo entre pedras,Sorrindo em verde-amarelo

Num constante renascer...

A nutritiva Jussara...Como anoitecer, doce Ilha,

Sem teu bordado de estrelasTeu luar emoldurado

Na sacada, na janela...Refletido em azulejos

Nos soberbos casarões

Teus coloniais telhadosCom seus beirais em jardim...

Quero poder sempre estarPisando em tuas calçadasLadeiras e escadariasTuas pedras de cantariaRuas estreitas e becos

E sempre a te contemplarEm tuas tardes maciasNoites de idílio e magia

Céu junino consteladoEm “hora de guarnicê”...

E sempre a me alegrarPor teu folclore bonito

Tua Capoeira de Angola Tambor de São BeneditoTuas caixas do Divino...

No balé de tuas dançasPortuguesas e francesas Indígenas e Africanas...

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Caroço, Coco, MangabaBambaê, Cacuriá

Tambor de São BeneditoLe-le-lê e São Gonçalo

Bumba-boi, Samba-lelêE outras e outras mais...

Te amo, cidade-vidaPor meu pão, por minha estrada

Meus afetos, nossa históriaNossas glórias do passado

Esperanças do porvir...

Nossa razão de existir!

O concerto dos teus pássarosNa alvorada do teu dia

Que se ergue de mansinhoDesenhando em teu céu límpido

Cores mil... Teu mar azul...

Dionnatan Pereira Sousa181

PoESIA DE (GonçALVES DIAS)Gonçalves Dias foi um professor,

Um poeta um escritor.Fazendo poesia com

Paixão e muito amor.

O pai dele foi comerciante,Educado e um bom ajudante,

Que se chamaJoão Manuel Gonçalves Dias ele era português.

Num país de paixão do coraçãoGonçalves Dias nasceu no Maranhão

No estado de amor e paixãoVai sentir saudade e paixão,Do que ele viveu no Maranhão.

181 Dionnatan Pereira Sousa-SãoLuís–MA–Brasil-01/07/2002.MotivodaParticipação:Eugostariadepartici-par da antologia porque eu quero ser conhecido pela escola e outros lugares.

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Domingos Tortato182

SAUDoSo AntônIoFoi enlaçado em primores

só forçado em timidez e excessiva honradezentre outros pormenores.

És poeta honorárioe de estória aventureira,

monumento literárioda história brasileira.

Superou sem reveliadas tragédias do amor,fez da bela Ana Améliasua mais singela dor.

Bem-quisto em águas dormentesàspalmeiras retornado

fundo em lençóis maranhenses,num percurso naufragado,jaz sozinho entrementes

em seu leito afogado.

Dora Oliveira183

o ExíLIo DA PoESIANestes dias acinzentados,De almas opacas.Nossas florestas quase raras.Já não ouvimos os pássarosQue gorjeim por cáE nem sabemos

Se ainda canta o sabiá.

Falta-nos poesia no olhar,No apreciar.A poesia de Gonçalves dias.

182 Domingos Tortato - Londrina - PR - Brasil – 03/02/1986. Estudou os cursos de História e Jornalismo na Univer-sidade Estadual de Londrina e, atualmente, é aluno do Curso de Direito na mesma universidade.

183DoraOliveira - Ipatinga –MG–Brasil. É autora do romance “No canto escurodo coração”. Possui traba-lhospublicadosemváriasantologias,sendoasmaisrecentes:contosdecaminhoneiros;contosLuísJardim,2007/2008;poesiasdaUniversidadeFederaldeSJoãoDel-Rei,2007;contosdaAcademiadeLetrasdeNiterói;“Poesias”,vol3e5,organizadaporValdeckA.deJesus;ContosVol1e2GráficaBelacop;poesiasdeColatina/ES. Bog: www.doraoliveira.blogspot.com .

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Nestes diasDe câmeras voltadas

Para o norte da AméricaE a Europa distante,

Precisamos nos redescobrir,Pisar o nosso chão

E falar a mesma língua.

Como Gonçalves DiasQue mesmo além-mar,

Levava no coração e na poesia,Os nossos primores,As nossas palmeiras

E o canto do sabiá.

Nestes dias efêmerosDe vidas sem amoresE amores sem poesia,

O cismar e a saudadesão descartáveis.

Falta poesia em nosso sentir,Em nosso viver.

A poesia de Gonçalves Dias.

Douglas Mateus184

noVELo tE EU???...Bordais o calcitramento do poético-osso

Despossuintes agulhares, rendas ou cosentes,Senão passadelas e talentices-crentes,

Senão imerções do vosso genialíssimo todo...!

Possuíais do dadival seu autárquico infindoPecaminoso ao distribuinte e mentor do apregoado,

Sabido o valoroso quando outrora o palato:-Gonçalves terás conosco o que nunca teu parido!!!

Dantes poder-vos-ia versejo o encalcado

Amiúde vossos caracteres fenecidos no arbitrário,O que dera aos imortais seus esquecidos (...)

184 Douglas Mateus – Fraiburgo – SC – Brasil - 22/12/1987. Brasileiro nato é autor de doze livros, além dos cinco organizados Comendador pela Ordem Nobiliárquica de Kastoria, Embaixador da Paz e Doutor Honoris Causa emLiteratura;medalhasCarlosScliar,OrdemZumbidosPalmareseComendaPalmaDourada;ImortalàAca-demia de Letras do Brasil, da Academia de Artes de Cabo Frio, da Academia de Letras e Artes de Fortaleza, da Academia de Artes e Letras de Iguaba Grande e da Academia de Letras do Brasil, Seccional Suíça, além da União brasileira de Escritores, da Academia Virtual Salão de Poetas e Escritores e da Associação Internacional (LITERARTE).

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Vagastes ao torpe dos vossos vinhosE n’oje encantos distribuíeis nos degustáveis

Quando adegas as vossas obras vêm meus citáveis...!

AntônIo...Calado sou a tumba fria das tuas víscerasQue aspergem o sanguinolento devasso...

Nelas, vermes sendo, as sacio sem pecado,Intransponível também as tuas crias...!

Calado sou teu ataúde, que friamente estando

Recebe-te condizente e que mórbido sacode,Inimplorável tuas concessões, avais ou sorte,

Senão gélida a tua família : Nela quando??? Calado sou o teu sorriso inexistido, inacontecido,Incalculado (...) jazes co’a promiscuidade espirada, A mesma que na Gonçalvina tua o subalterno...

Calado não me forjes, se que ‘inda vivalidade o supremo,

Se que ‘inda zelador da tua afrodisíaca fragranciada,Se que ‘inda amares-te por me só sadiamente deixado...!

PoDEr-tE é UMA SonHADELA...E não me sei se é o instante atrocidadorO máximo,no tim d’um translucidar;Duvido-o desde o teu ao meu amar,Desde vi-me o porquê eu versos,feitor...! Cotim o nosso, hemo-nos modelação,Postumamente poder-me-ás poeta,Antiga autoria, que vez expertaE gravatada,matrimônio da nossa comunhão...! E patriarca convicciono influência de meu felicitar...Nossos prenomes indivisíveis a se aclararem,

Façamo-las que as más bocarras nos clamem

Conseguinte ao terreal n’um deles, este missionar...!Duvidades tens, que nascemos acúleo à rosa???

Duvidades tens nosso Amor passar nunca???

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Dyonatan Fonseca Silva 185

O naufrágiO dO amOr gOnçalvinOGonçalves Dias

Poeta de CaxiasQue trouxe alegria e harmoniaCom seus poemas e fantasias.

Ele fez muito sucessoContentou leitores e autores

Mas não imaginaraQue prestes estava a viver horrores.

Conheceu Ana AméliaE logo se apaixonou

E em um amor proibido Ele não se aventurou.

Viajou para PortugalE nos estudos ingressou

Mas o amor de Ana AméliaEm seu coração continuou.

Foi um aluno excelente, um profissional renomadoMas no amor se martirizou

E na viajem de Portugal ao país amadoCom o amor por Ana Amélia naufragou.

Edinaldo Reis

gOnçalvES diaSEm mil oitocentos e vinte três

Provavelmente no dia dez de agostoDeus presenteava a nossa cultura

Com um dos maiores astros talentososNascia nas terras de Jatobá

O nosso grande poeta Gonçalves DiasIsto no estado do Maranhão

No esplendido município de CaxiasNão imaginaria ele que o destino

Preparava surpresas na sua históriaE suas imensas inspirações literárias

Tornariam-se uma estrela notóriaDescendente de um pai português

185 Dyonatan Fonseca Silva - Caxias –MA – Brasil - 1º de Julho de 1997. Tenho 14 anos. Sou filho de Maria Vera Lúcia Fonseca Silva e de Francisco Alves Silva. Fiz curso de computação na Compumaster em Caxias. Estudei na U.E. João Lisboa desde o 3º período do primário até o 9º ano. Atualmente estudo no C. E. Thales Ribeiro Gonçalves e faço o 1º ano do Ensino Médio.

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E de uma brasileira cafuzaGenuinamente ele era mestiço

Decorrente desta linda misturaOrgulhava-se o poeta brasileiro

Em ter o sangue das três raçasQue formava a nossa sociedadeE os traços de toda essa massa

Trabalhava na loja de seu paiApenas como um simples caixeiro

E depois passou a estudarOutros idiomas estrangeiros

Em mil oitocentos e trinta oitoO jovem embarcou para Portugal

Levando consigo a saudadeDa sua amada terra natalEstudou na universidade de CoimbraE se formou em BacharelSempre se dedicou em arte literária

Conquista que lhe rendeu laurelExilado da pátria querida

Fez o poema Canção do exilioQue em todo território brasileiro

Notabilizou-se em grande prestigioMil oitocentos e quarenta e cinco

Retornou ao colosso BrasilSeu coração palpitava de desejoPela amada terra gentilE logo conheceu Ana AméliaA musa de sua grande paixãoPara algumas de suas obras românticasEla foi motivo de muita inspiraçãoMas não casou-se com elaDevido a preconceito familiarPor ser um mestiço brasileiroEle precisou o seu amor renunciarApaixonado foi-se ao Rio de janeiro

Onde conheceu Olímpia da costaE movidos pela força do destino

Entrelaçaram união amorosaEra e é admirado por todos

Em todas áreas fora bem sucedidoLendo os seus poemas parece

Que a sua voz ainda estamos ouvindoConhecedor da cultura europeia

Obteve ali reconhecimentoOs nobres da sociedade portuguesaAplaudiram seu brilhante talentoFez um excelente trabalhoNum pouco espaço de tempo

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Aproveitando os ensejos da vidaNa mola do desenvolvimento

Destacou-se em negócios políticosOcupando alguns cargos influentes

Na comissão cientifica de exploraçãoDestacou sua habilidade competente

Escreveu muitas peças românticasPoemas, poesias e cantos.

Relíquias deixadas pelo poetaQue nos enche de ternura e encanto

Fez sua ultima viagem a EuropaQuando estava seriamente doente

Em busca de restaurar sua saúdeE não obteve êxito lamentavelmente

Após dois anos retornou ao BrasilEm estado ainda mais deplorávelSua jornada estava perto do fim

A sorte malvada era imperdoávelEmbarcou no navio Ville Boulogne

E pelas ondas vinha ele rompendoMil oitocentos e sessenta e quatro

No dia três de novembroNa costa brasileira maranhense

O navio acabou naufragandoPerto da vila Guimaraes no Maranhão

Quando a rota já estava findandoTodos tripulantes conseguiram se salvar

Exceto o poeta que ficou esquecidoNo seu pobre leito ali agonizando

Pelas águas do mar fora então acolhidoMas sua inspiração e talento

Virou literatura nacionalSuas obras foram eternizadas

Pra sempre gravadas no nosso muralSua obra canção do exilio

Foi sua deslumbrante poesiaLida e relida por todos brasileirosQue amam e lembram dele todos os dias

O poeta Gonçalves DiasÉ diamante da nossa cultura

Realçando os valores da nossa historiaMonumento importante desta literatura

Salve, Salve, Gonçalves DiasAstro, Astro, que sempre irradia

Brilhas, Brilhas, no nosso céuTuas poesias, é o nosso troféu.

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TErra daS palmEiraSSou da terra

Das palmeirasDos vales e ladeiras,

Das matas dos cocaisDe riquezas naturais,Dessa terra enluarada

Dos riachos e cascatasDessas dunas de areia

Dessa amada culturaQue o ambiente e pessoas

Fazem a desenvoltura

Sou da terraDas palmeiras,Da cultura brasileiraSou; Eu sou;Aqui do Maranhão

Amante dessa terra De vales e serras,

Esses lençóis maranhensesAtração para toda a gente

Sertanejo na stradaVai tocando a boiada,

O vento soprandoNas tuas palmeirasSou dessa terraDa mulata reggaeira.

nOSSO maranHÃO!Região de palmáceasOnde está nossa históriaHouve tempo de lutasDe conquistas e glóriasQuando pingou no chãoSuor dos nossos heróis

Desbravando o caminhoDando vida pra nós

Ter título maranhenseÉ a nossa pujança

Ter uma estrela no céuDa cor da esperança

Maranhão é tradiçãoCultura e denotação

Vivenda feliz!De quem sabe viverMaranhão é alegriaÉ o nosso aprazer

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Oásis brasileiroDifusão de coqueiro

Maranhão; maranhão.O negro, o branco, e o índio

Destes traços de raçaFormou nossa massa

Bumba meu boiPra tua gente dançarNo toque do tambor

O povo vai balançar.

Quem vem de foraPode ver tua beleza

O mar maranhenseE suas correntezas

Teus lençóis de areiaQue a vida permeia

Tuas vastas palmeirasSão típicas da região

Só tem mesmo aquiEm nosso maranhão!

Edna Lima de Mendonça186

a COrrEnTEZa E a flOr(relembrando gonçalves dias)

Pediu, a flor, às águas do riacho, muito tristonha, em sua solidão:

“Fica comigo ou leva-me contigopara outros rios, para grandes mares,

eu quero conhecer outros lugares,não me deixes não!”

Mas a corrente ia levando as águas, lambendo as pedras, com sofreguidão.

“Vivo tão só, posso ser tua amiga”,dizia a flor, como buscando abrigo,

e suplicava: “Leva-me contigo,não me deixes não!”

A correnteza, alheia ao sofrimento daquela humilde flor, negou-lhe a mão.

Sequer olhava para a pobrezinha,em sua trajetória, prosseguia,

enquanto a flor, morrendo, inda pedia:“Não me deixes não!”

186 Edna Lima de Mendonça - Espírito Santo – Brasil. Poeta e Escritora, formada em Pedagogia, com licenciatura em Administração Escolar e Magistério. Possui curso de Jornalismo, e estudou Desenho Artístico, possuindo outros cursos como: Português e Redação Oficial, Marketing em Biblioteca e Contador de Histórias.

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minHa TErra TEm palmEiraS(Ode a Gonçalves Dias)

Fez sua estreia na carreira literária com o poema dedicado à coroação

do Imperador Pedro II, no Brasil.Fora de sua pátria, sempre recordou

suas belezas: palmeiras, sabiás,bosques, mares, o verde das matas,

o gorjeio das aves, e o céu de anil.

Foi pesquisador do IHGB, viajando pelo Brasil e pela Europa,

sem esquecer a terra de quem era filho. Romântico, indianista e patriota, escreveu algo que até hoje encantaaos poetas e, também, aos não poetas:o belo poema “CANÇÃO DO EXÍLIO”.

Um dos grandes trovadores da primeira geração do Romantismo Brasileiro,

era, além de romântico, bairrista.Ajudou a formar, com José de Alencar,

uma literatura de feição nacional com seus poemas de temática patriótica e, também, indianista.

Era assim que escreviao Grande Gonçalves Dias.

minHa páTria(Homenagem a Gonçalves Dias)

Andei por algumas terras, as quais pude apreciar,mas nelas não vi o encanto

como aqui posso encontrar.

Não vi as belas palmeiras, nem ouvi o sabiá

cantando, feliz, seu cantoque tanto escuto por cá.

O tom dos céus de outras terras não lembra nosso infinito.

Aqui são muitos caprichos e o azul é mais bonito.

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O verde das nossas matas é mais verde, com certeza.

Em tudo aqui há mais graça, mais cuidados, mais beleza.

Lá nem havia os primores que tanto vejo por cá,

nesta terra onde há palmeirasonde canta o sabiá.

Eduardo Bechi187

O mar pOESiaS prECiSaraO oceano foi seu exílio,

Foi seu ultimo e triste canto.Deixara órfãos e em prantosSua bela obra – seus filhos!

Foi-se por Deus permitido,Antes de voltar a terra

Onde o sabiá encerra,O canto de seu exílio?

Palmeiras já não teria visto...Desespero, grito e pavor:

Acabaram seus primores...

Se poesias o mar precisara,Em Gonçalves Dias se fartara

Com seus cantos e amores!

funESTa viSÃODa tribo Tupi que ali havia;

No seio da antiga floresta:O guerreiro Piaga vivia

Empunhando seu arco e flecha.

Pois certa noite, mal sabia;Uma visão mal e funesta...

Por Manitôs o que seriaQue estragaria a tribo em festa?

Um medonho monstro horrível;Que desgraçaria a sua tribo;

Foi a visão que veio anunciar...

187 Eduardo Bechi - Videira, SC – Brasil - 10 de março de 1984. É autor de cinco livros de poesias e sonetos, tais: “A toda velocidade na contramão” de 2004/2009, “As folhas que não caíram no inverno” de 2007, “Imortal” de 2009, “Reticências e Et Cetera” de 2009, “Sonetos de Eduardo Bechi” de 2010

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Roubando suas mulheres,Seus guerreiros e seus filhos,

À tribo Tupi arruinar.

Eduardo de Almeida Cunha188

CançÃO dE TranSiçÃOMinha terra tem histórias

E pessoas que vou citar:Preto Cosme, João do Vale,

Gonçalves Dias e Ferreira Gullar.

Minha terra tem palmeiras:Tucum, babaçu, buriti, Tem também macaúba, marajá e açaí.

Aqui choram Farinha e Flores:Munim e Itapecuru,

Balsas e PreguiçasE o indígena rio Grajaú.

Nossa fauna gorjeia a encantar:Garrincha, cibiti, xoró

E o gavião carcará.

Nossa flora é de transição:Tem carrasco e cocais, Campos e restingas,Tem também o cerradão.

Minha terra é pura Geografia:Climas, solos e relevosPopulação e hidrografia.

Minha terra tem mais Rosas, Marias e Josés,Josés de que não vou falar.

Minha terra tem palmeirasE Josés de Ribamar.

188 Eduardo de Almeida Cunha – Caxias – MA – Brasil - 30/05/1975 . Professor com Geografias vivenciadas, especialista em Metodologias do Ensino de Geografia. Atuou em todos os níveis de ensino desde a Educação Infantil (execução do projeto: Quintal Ambiental) à universidade (nos anos de 2011 e 2012 no CESC/UEMA). Atua na rede Municipal de Caxias-MA desde 2000. [email protected]

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Eduardo Silva Bordignon189

CançÃO dO EXÍliONo Brasil,

temos maravilhosaspaisagens

como na Espanha. Aqui, falta-me o carinho

da família e dos amigos;

pois esses lá se encontram.

Todo dia... toda noite... penso na hora

de para lá voltar e nos braços

de minha mãe cair. Aqui, há música

e mulheres bonitas mas não como as dela.

Edvaldo Fernando Costa - Fernando Nicarágua190

um COrdEl para gOnçalvES diaSFoi na “terra das palmeiras”Mil oitocentos e vinte e três

Nosso poeta maranhenseDeus lhe concebeu a vezE Dele recebeu graças

Em teu sangue as três raçasDa mestiça e o português

Orgulhoso brasileiroLogo moço é bem estudado

Vai aprender filosofiaEm francês e latim é letrado

Por Coimbra é bacharelHomem de caráter fiel

Em Direito é graduado

189 Eduardo Silva Bordignon - Porto Alegre – RS – Brasil - 25 de outubro de 1994. Estudante do Ensino Médio do Colégio Conhecer, Porto Alegre/RS. Integrante do Projeto “Imagens e Textos construindo Histórias e Versos”: 2011 - “Canecas e Camisetas Poéticas”; 2012 - “Caixas Poéticas”. Curte natação e basquete. Curte futebol e festas. E-mail: [email protected]

190 Edvaldo Fernando Costa - Fernando Nicarágua – São Paulo – SP – Brasil - 19/05/1970. Trabalha como bancário e escreve cordéis como hobbie, após ter ajudado o filho nas atividades escolares. Passou então a inscrever-se nos concursos literários, divulgando seus trabalhos.

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Gonçalves Dias eu trovoNeste cordel inocente

Homem culto e educadoCriativo em sua mente

Da inspiração, o amorDeste jovem trovadorSurge o verso expoente

Sua pátria ufanouGrande poeta romancista

E criou linguagem própriaDe temática indianista

Cantou para o guerreiroTamoio, índio brasileiro

Verso etnografista

Cantou a tribo TimbiraQue fez tremer o inimigo

Destinou jovem TupiLacrimoso com o castigo

Ele é “O que será morto”Fez da valentia seu porto

Que livrou-lhe do perigo

Magnífico poetaQue do índio bem cuidouTambém forte era inspiradoPela mulher que amouÀ Ana Amélia o sentimentoFez da ode monumentoNas palavras que cantouPois é dela os seus olhos“Tão negros, belos, tão puros”Que ao poeta fez sonharComo arrebentar os murosDa paixão que abriu ferida

Por tradição proibidaDe preconceitos tão duros

Por Don´Ana seu amorFoi fadado ao desalento

“Dos teus olhos afastado”Em poemas seu argumento“(S)eus versos d’alma arrancados,

D’amargo pranto banhados,”Por tamanho sofrimento

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Seu amor transcrito em versosTrouxe grande aprendizado

À futura geraçãoQue seu fruto tem apanhado

A quem nem trágica mortePôde tirar-lhe a sorte

Dos poemas, seu legado

Edweine Loureiro191

O indianiSTaÉ festa na tribo

dos Tupinambás: celebra a Nação

à conquista da paz.

No centro da aldeia,guerreiros e curumins

fazem uma dançae cantam assim:

“Eu sou um índio guerreiro,que vou para mata caçar.

Quando chego àquela serra,Vejo as araras voar.”

Dança o Cacique,dança o Pajé:

Agradecem a Tupãnesse Rito de Fé.

E a tudo issoobserva o escritor,

enquanto faz versos da Aldeia em Louvor.

Salve o LiteratoAntônio Gonçalves Dias:

O Filho das Três Raçasfez do Índio sua Poesia.

191 Edweine Loureiro - Saitama – Japão - 20/09/1975. nasceu em Manaus. É advogado, professor de Literatura e Idiomas, e reside no Japão desde 2001. Em 2005, obteve o Mestrado na Universidade de Osaka (Japão). Premiado em diversos concursos literários, é autor dos livros: Sonhador Sim Senhor! (Ed. Litteris, 2000), Clan-destinos [e outras crônicas] (Clube de Autores, 2011) e Em Curto Espaço (Ed. Multifoco, Selo 3x4, 2012). É membro-correspondente da Academia Cabista de Letras, Artes e Ciências (RJ).

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Elaine Cristina P. de Araujo192

minHa TErraMinha terra precisa de preservação

O homem tem destruídoSem nenhuma compaixão.

As aves que ainda restam aquiVoam sem descansar

Com pavor do caçadorA sua vida tirar.

Nossa vida falta pazNossos céus quantas estrelas!

Nossos jarros faltam flores!Para os homens faltam amores.

Gonçalves DiasPoeta inteligente

Pena que morreuAntes de ver sua gente

Mais deixou suas poesiasPara nos ver feliz e contentes.

Elenice de Souza Lodron Zuin193

CançÃO a gOnçalvES diaSMinha terra viu nascer Antonio Gonçalves Dias,Nos braços do Maranhão, poetizando a vida.Esse mestiço amou intensamente o BrasilE Ana Amélia, sua musa querida.

Ao espírito destemido, já nos Primeiros Cantos,Tupã outorgou grande poder

Para que suas eternas palavras Terras e mares pudessem percorrer.

Adentrando pelas selvas, com tacape,Piaga, I-Juca-Pirama, em versos, eu vi.

O Poeta dos índios, de Marabá, do TamoioExaltou os Timbiras e o grande povo Tupi.

192 Elaine Cristina P. de Araujo - São Luís – MA – Brasil - 04/07/2001. Escola Paroquial Frei Alberto. Motivo da par-ticipação: Eu quis participar dessa homenagem porque Gonçalves Dias é Maranhense como eu. Ele falou todos os seus sentimentos nas suas poesias e morreu deixando tudo isso para nós por isso quero homenageá-lo

193 Elenice de Souza Lodron Zuin - Belo Horizonte – MG – Brasil. Professora da PUC Minas, doutora em Educação Matemática, integrante do Coral Agbára - Vozes D’Africa e do Grupo Vocabilis. Atua também como musicista; é autora de diversas músicas e poesias.

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Minha terra teve Antonio Gonçalves DiasLembrado sempre aqui e além-mar.

Das estrelas, com seu maracá, sorri e se alegra Aquele que, em estrofes, cantou como o sabiá.

O QuE TranSCEndE E O QuE falTa Em TiGonçalves Dias,

Do deus Apolo se cumpriu a profeciaDe que de tuas mãos brotaria

Incessantemente a mais pura poesia

No silêncio das horas tristesCom saudades, buscas a sombra da serra

Tentando ouvir o canto do teu SabiáNa memória, só os perfumes e o luar da tua terra

Tua aldeia corre em tuas veias Embora estejas em outra aldeia

Nenhuma beleza merece o teu olharSó te interessa a que mora do outro lado do mar

Aquilo que te falta, dentro da alma procurasAté onde alcançam a luz dos olhos teus

Amenizas a dor, criando figurasEm múltiplos versos que brilham no breu

Sem conhecer quaisquer fronteirasTuas palavras, com o vento, se espalharamE verdejantes, por todo canto, brotaram

Teatro, poema, prosa, cançãoAmor, riso, meditação,

Ruína, algemas, indignação,Liberdade, consciência, redenção,

Mágoa, grito, protesto, oração.

Eliane Silvestre194

gOnçalvES Em diaS dE paZOs sabiás daqui continuam a cantar,

Há mais de cem anos Sem Dias para apreciar.

As palmeiras, com mãos espalmadas,São oração e poesia entrelaçadas.

A Deus, por Gonçalves, pedemQue haja poemas seus, nas nuvens que seguem.

194 Eliane Silvestre –Rio de Janeiro/RJ Brasil - 23/03/1969. Atriz, Publicitária, Poetisa, Membro da Academia de Letras de Taguatinga/DF, [email protected] http://elianesilvestreatriz.blogspot.com/

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Sua poesia nunca foi exilada,Desde sua morte, circula alardeada.

“- Poeta, pode seguir em pazQue sua poesia não jaz!

Jamais! Jamais!”

Elias Daher Junior195

O CHamadO da praiaGonçalves escreveu em Paris

e até na Coimbra, de Portugalo céu, as aves e plantas

a saudade de sua terra natal

As palmeiras frondosase as aves, mais de cema terra de Gonçalves

é minha também

anTôniO OS COnHECE: SÃO dElENo sítio Boa Vista,

nas terras de Jatobáa 14 léguas de Caxias

o berço do jornalista

Também veio de lácom uma timidez discretaum diploma de Advogadoe uma alma de poeta

do naufrágio,o único que não se salvou

OS OlHOS nÃO viram, maS O COraçÃO SEnTiuHerdou do pai, o espírito aventureiro

Da mãe mestiça, o amor por seu paístinha o sangue das três raças

do povo brasileiro

Na Europa, a saudade como martírioonde produziu sua canção do exílio

Não se casou com Ana Amélia,de quem ele realmente gosta

preferiu viver infelizao lado de Olímpia da Costa

195 Elias Daher Junior - Brasília – DF – Brasil - 16 de setembro de 1964 Professor Universitário, de Marketing e Eco-nomia. É o atual Presidente do Sindicato dos Escritores do Distrito Federal, em segundo mandato e membro da Academia de Letras do Brasil,

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Eliete Costa196

gOnçalvES diaSNascido de Dona Vicência,

Criado por Dona AdelaideTornou-se das letras alcaide,

E poeta por excelência.

Trazendo mestiço no sangue,No nome, na inspiração,

Fez do indianismo paixãoPela qual viveu, langue.

Para Amália teceu versos

Dotados de pura emoção,Mas os desejos do coraçãoPlatonicamente imersos.

Pelos humores de então

Teve seu amor rechaçado.Sentindo-se o rejeitado,

Desposa Olímpia – consolação.

De flerte com a depressão,Com Olímpia não foi feliz;À Amália eternamente quis,

E fez sua amante a solidão.

dEprECaçÃO dO guErrEirOMeu anjo, escuta! A canção do mar,

A canção da noite, A canção da tarde,

A canção do amor. Espera!

Meu anjo, escuta! A minha Rosa,

Minha Terra, Minha vida e meus amores.

Se sofri já, não mo perguntes; Se se morre de amor, não mo perguntes;

Como eu te amo e se te amo, Não sei!

Como! És tu? Sempre ela: A concha e a virgem,

A rosa no mar,

196 Eliete Costa – Rio de Janeriro – RJ – Brasil – 21/04/19... autora do livro de contos “A Intimidade Deles” e do livro de poesias “Poesia do Amor Bandido”.

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A escrava Zulmira dos olhos verdes - Seus olhos desejo

Sobre o túmulo de um menino no leito De folhas verdes no jardim.

Então, Meu anjo, escuta! A deprecação do soldado espanhol,

A retratação do gigante de pedra - Palinódia de amor! Delírio – engano,

No canto do guerreiro em delalento. Canto a canção do exílio,

Soneto da lira quebrada, Ainda uma vez –

Adeus! É o que mais dói na vida, Porque sei amar. Mas se te amo, não sei! Meu anjo, escuta!

Espera! Não me deixes!

O naufrágiOPrepara-te, filho!

Que o mar, soberano,Te veio buscar.Desata o grilhoDo branco, profano,Tu és marabá. Que creiam ateus!E tu, daí, travoso,Escutam o roncar.O ronco de Deus,Tupã, poderoso,Te veio buscar.

Não sou a vingança,Clamou Deus Tupã,

Não sou punição.O guerreiro não cansa.

É útil e não vãTua determinação.

És nativo no jeito

De índio, negrilho,De corpo inteiro.Tu trazes no peitoOrgulho, meu filho,De ser brasileiro.

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Ergue a cabeçaDe índio, de preto,

Nagô, tupinambá.Tua veia é espessa;

Teu objetivo, correto;E te ri do Anhangá.

Não fora Anhangá que tomou da mãe seu filho?

Não fora Anhangá que tomou da amante o amado?Não fora Anhangá que tomou do corpo são a saúde?

Apenas o mal tornaria versos empecilhoA atormentar a mente do poeta acamado.Anhangá tornou a cama do poeta ataúde.

Cantaste do sol o brilho,

O rubro resplandecente – Ora, se faz rubro maracá.

Logo, prepara-te, filho!A cor do sangue teu

Te veio buscar.

Deus não permitiuQue tu morresses,

Sem que voltasses pra cá.A palmeira já te viu,

Tal qual pássaros esses:Sanhaço, saíra, sabiá.

Te veem, ansioso,No tombadilho,

Ouvem teu cantar.Tupã, misericordioso,

Diz: “Prepara-te, filho!Te venho buscar,Tu és marabá”.

rEuniÃO dE TÍTulOS dE algunS pOEmaS dE gOnçalvES diaS:

Meu anjo, escuta!Canção

O marA noiteA tardeO amorEspera!

Minha RosaMinha Terra

Minha vida e meus amoresSe sofri já, não mo perguntes

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Se se morre de amorComo eu te amo

Se te amo, não sei!Como! És tu?

Sempre elaA concha e a virgemA rosa no mar

A escravaZulmira

Olhos verdesSeus olhos

DesejoSobre o túmulo de um menino

No leito de folhas verdesNo jardimDeprecaçãoO soldado espanholRetratação

O gigante de pedraPalinódia

Amor! Delírio – enganoCanto do guerreiro

DesalentoCanção do exílio

SonetoLira quebradaAinda uma vez – adeus!O que mais dói na vidaSei amarNão me deixes!

Elisabeth Rosa Soares197

iTinEráriO Deus, natureza, índio, amor,

temas recorrentes do vate imortalizadoexalta um Deus “que vai do abismo aos céus”

em versos de louvor à criação:tarde, brisa, tempestade, céu

aurora cor-de-rosa, raios, estrelas.Cadê Timbiras? Tamoios? I-Juca-Pirama?

falam os deuses nos cantos do Piaga, troam guerreiros da tribo Tupi

E morrendo de amor em cada esquinaergue versos de amor a sua amada,

197 Elisabeth Rosa Soares. São Luís – MA – Brasil - 10.06.1950. Licenciada em Letras pela UFMA. Professora de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira. E-mail: [email protected]

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à mimosa e bela Ana Amélia,de belos olhos negros, “meigos infantes”,

amor definhado em mar de preconceitos.Saudosismo no cruel exílio, duras penas,

lembrança das “palmeiras onde canta o Sabiá”.Tentativa frustrada de voltar à pátria:

morre o homem; renasce o poeta.Arte densa que os séculos atravessae hoje alcança os quatrocentos anos

da capital da Terra das Palmeirasque ele tanto exaltara nos seus versos.

Elísio Miambo198

viagEm aO maranHÃO pEla CançÃO dE EXÍliO

Hoje estou com a alma febril. Padeço de querenças gonçalvinas.

Em meu rosto rodopiam tiras de água,Por vezes são lágrimas, por vezes é suor…

Choro e esforço-me incansavelmenteEm meio a um sol de assar as entranhas.

Endoideci: quero estar no Maranhão,A terra que tem palmeiras onde canta o Sabiá!

Os Xiricos199 que aqui gorjeiam,Gorjeiam lindamente como as aves de lá…

Mas eu vou! Ah, sim! Eu vou…Quero inalar ares que recitem purezas

No leito do meu nariz.Quero afagar-me com o cheiro de mato,

Claro! Aqueles bosques que têm vida!Porque sei que por lá,

Um Rouxinol cantará coisas lindas Que farão jus àquela Canção de exílio

Como se recebesse ordens De um Tupã, de Orixá ou de Febo…

Ah! Já estou com a canoa pronta…Mas não sei a quem rogar a protecção

E incumbir o dever de me guiar

198 Elísio Miambo - Xai-Xai - Província de Gaza – Moçambique - 17 de Julho de 1992. Filho de pai ma-chope e de mãe ma-changana, ele considera-se fruto da mistura destas duas etnias, embora tenha nascido numa sociedade patrilinear, e que nessa perspectiva, tenha que ser considerado ma-chope., é estudante (do curso de Licenciatura em Ensino de Português na Universidade Pedagógica __ Delegação de Gaza) e, colabora como colunista literário, em blogues relativos à literatura (tais como: Rectasletras.blogspot.com onde é autor e ad-ministrador; xitende.blogspot.com do Grupo cultural Xitende, do qual faz parte.

199 Nome pelo qual é conhecida em Moçambique a espécie de ave canora Sirinus mozambicus.

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Aos braços da Floresta dos Guarás.Tupã, Orixá e Febo sugerem-me

Gonçalves Dias e a sua canção de exílio:É com Ele que eu vou navegar até ao Maranhão.

Nesta viagem que faço pelo ÍndicoNuma canoa de 1000 de gigabytes!

Elizeu Arruda de Sousa200

gOnçalvEandO diaS O tempo vestiu-se de genuína poesia,

O sol um afinado coro de sabiás acordou, O povo encheu-se de inebriante alegria,

A vida mais romântica e faceira ficou.Exaltar o poeta das palmeiras virou mania. Essas novidades o afoito vento espalhou.

Transformações para um caxiense homenagear.Amante e amigo fidelíssimo da literatura,

Seu fazer poético conseguiu se imortalizar,Seu papel social em legado se configura.Os Dias nunca deixarão de Gonçalves se lembrar E na união do pensamento com o sentimento seu nome perdura.

Ellen dos Santos Oliveira201

CançÃO para gOnçalvES diaSMinha terra já não tem tantas palmeiras, Nem Gonçalves Dias, também; Mas a Canção de Exílio que cantam hoje, Essa eu sei que tem.

Foi o poeta que mais viu:Estrelas em nosso céu.

Foi o que mais se deslumbrou,Com nossas flores e bosques,

E foi o que mais amou,Nossos campos e nossos bosques.

200 Elizeu Arruda de Sousa – Teresina – PI – Brasil – 22 dee novembro de 1970 - é Professor Assistente III do Departamento de Letras do CESC/UEMA, Técnico-Pedagógico da Unidade Regional de Educação de Caxias, Especialista em Língua Portuguesa- FIA/SP, Mestre em Estudos Literários-UFPI. Na vertente das produções literárias, é coautor da obra Sociedade das Letras: prosa, poesia & Cia (2002), autor dos livros infanto-juvenis Contrarecer (2008) e Riso adotado, viver transformado (2011; escreveu peças teatrais, como A casa maluca, Porliticaria, A princesinha cega, A morte quer que eu viva.

201 Ellen dos Santos Oliveira - Ferraz de Vasconcelos – SP – Brasil - 07 de Abril de 1984. Aos quatro anos idade vem morar em Aracaju/SE. É funcionária pública do estado de Sergipe desde outubro de 2008. É graduanda em Letras Português e suas respectivas Literaturas da Faculdade São Luiz de França, onde foi militante e fun-dadora do Centro Acadêmico de Letras Vinícius de Moraes. Foi executiva sergipana dos Estudantes de Letras/ExNEL (Gestão 2011-2012).

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Ele cantou como sabiá,Exilado e sozinho,

Triste como um passarinhoQue só queria voltar pro ninho...

Só queria voltar pra cá.

Graças a Deus que ele voltou, Tão culto e tão índio,

Cultivando em seus poemas,A cultura brasileira.

E cantou, como ninguém, a natureza brasileiraTão virgem, tão pura... que pena que dá

Pois, minha terra já não tem tantas palmeiras,Onde canta o Sabiá

viva!Se o índio era selvagem, isso eu não sei

Só sei que ele era heróiquando próximo ao Português.

Viva ao nosso índio...Palmeiras, estrelas, céu, bosques e flores

Viva a Gonçalves Dias E como ele diria...

Viva àquilo que é nosso,Índio, Terra, ouro e mar!

Elva González García202

aCrOSTiCOg randeza que te envuelve mas allá de los tiemposO rgullo de tu Patria, que en un poema pintaste

n íveo y dolido sentir, … a la posteridad dejaste. C atarsis de un grande desnudando sentimientos.

a urora en la noche tu palabra alumbra l uz en tus desires, de tu breve viaje

v ivencias nos traen de amor y corajeE ternas cadencias ,que cada día te encumbran S eñor, poeta enamorado, que corta fue tu vida,… que pronto, tu partida

202 Elva González García - Córdoba- Argentina - 29 de Octubre de 1942. Escritora y Poeta. Presentadora de Libros y Conferencias. Miembro de la SOCIEDAD VENEZOLANA DE ARTE INTERNACIONAL –SVAI. Actual Secretaria Nacional de la SOCIEDAD ARGENTINA DE LETRAS ARTES Y CIENCIAS NACIONAL – SALAC NACIONAL

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d uro y acelerado anduviste tu camino i Juca-Pirama, un Himno más que poema

a brazaste las letras como la más preciada gemaS enda que has marcado eternamente,…

a pesar de tu sino.

Elvandro burity203

pOT pOurriComo és tu?

Não me deixesZulmira

Como eu te amo

Amor! Delírio enganoMeu anjo, escutaDo exílio

A canção do exílio

O canto do guerreiroO canto do Piaga

Se muito sofri...Espera!

AmanhãRecordaçãoOh! Que acordarCanção Rosa

A minha RosaRosa do marMinha Terra!Minha vida meus amores

Se se morre de amor!O mar

Leito de folhas verdesAinda uma vez – Adeus

203 Elvandro Burity - Rio de Janeiro – Brasil – 26 de setembro de 1940. Membro Efetivo da Academia de Letras do Estado do Rio de Janeiro (ACLERJ) - Cadeira no 3 patronímica de Carlos de Laet. Medalha de Ouro e Prata em Concursos Literários. Teve o primeiro livro lançado em 1987. Detentor várias condecorações Civis, Militares, Acadêmicas no Brasil e no Exterior. Atual 2ovice-presidente do Instituto Brasileiro de Culturas Internacionais (InBrasCI). Mantém um blog em http://elvandroburity.blogspot.com.br

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Emerson Thiago Sousa de Araújo - Emerson Araújo204

almar(Á Gonçalves Dias)

Sob céu pesado dorsoAs águas luzidias cantam

Para embalar

Em tapetes de sal e espumaSustem-se mudas sereias

Cosendo lágrimas salgadasAo ocre perfume do mar

Ah, quantas vezes sonhara,Ouvindo as encanterias

Deitar sobre as cantariasTeu leito de novo cantar

O Boqueirão, no entanto, sabia:Maldosas ou sábias ondas

Já não traria teu peito, de mármore carrara,Ao trino dos sabiás

Teus olhos, em sonho, avistaraO findar de tantas odisseias

Rever camélias, broméliasAmélias a te perfumar

Mas amar sobre toda a vontadeNão finda a tempestade

Entrega ao mar o teu tempoDescansa tua alma “almar”!

Emmanuel Soares de Almeida 205

gOnçalvES diaS nOS nOSSOS diaSNa canção a liberdade

De ser Mineiro de ter a oportunidadeSigo o teu exemplo

Por isso o orgulho de ser Mineiro...

204 Emerson Thiago Sousa de Araújo - São Luís – MA – Brasil - 15 de fevereiro de 1985. Formado em Comunicação Social pela Universidade Federal do Maranhão. Comunicólogo, ator e poeta. Atualmente compõe o quadro de pesquisadores da Fundação José Sarney, trabalhando na catalogação e organização do acervo do Museu da Memória Republicana do Brasil.

205 Emmanuel Soares de Almeida - Juiz de Fora – MG – Brasil - 05/dezembro/1958. Na minha inspiração sempre aquela canção que me comove. Desde criança essas mensagens me vêm com carinho e sinto a necessidade de colocar tudo isso no papel e poder assim falar ao mundo do que sinto, do que sei.

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Cantar bem altoInspirado no teu exílio

O exemplo da tua criação, da tua obraTeatro, Jornalismo, Poeta e o orgulho de ser Brasileiro

LisonjeiroA estimada saudadeDo país da criatividade

E a Poesia cantada e assobiadaNa tua anistia

O grande Poeta BrasileiroGonçalves Dias

Eric Tirado Viegas (Ponty)206

réQuiEm Em fuga Em SOl maiOr para gOnçalvES diaS Introduzione: Adagio molto

Suas naus que cediças cobertas de glória, Os pródigos nadam navios com finória,

Os meigos se fundem à voz do marmor: São todos tão tíbios, certeiros contentes!

Sua marca lá toa na boca dos crentes, junção de prodígios, de fúria e louvor!

No feito das lápides marmo verdores, herdado das ondas — cobertos de ardores, volteiam-se nos tetos d’altiva ilusão; São muitos seus navios, nos ânimos fortes, Temíveis a pedra, que em densos dos nortes Espantam-nos navios à imensa ilusão.

Nos quartos vizinhos, silentes, sem brio, que crentes quebrando, lançando sombrio, Incenso aspiraram em liras que traz louvores das terras que os fortes descendem, vultosos tributos herdados dependem,

das naus certeiras suspeitas que jaz.

No centro da tábua se estende certeiro, adorna se aduna o conspícuo carneiro,

Do limbo penhora, dos lodos mais vis: Os corpos deitados praticam na aurora,

E os jovens inquietos, restando penhora, Derramam-se em choro dum dia infeliz.

206 Eric Tirado Viegas (Ponty) – São João del-Rei – MG - Brasil – 1968. Escritor. A Voz do Poeta. 50 Poemas Esco-lhidos pelo Autor Galo Branco n45 (RJ). Antologia Mineira do Século XX Poesia Sempre; Órion – Revista de P. do Mundo de Língua Portuguesa (Brasil/Portugal),Poesia Para Todos (RJ).As Vozes na Paisagem 2 (RJ)Trad. Cemitério marinho de Paul Valéry e Música de Câmara, Poemas Maças de James Joyce. - Baleia Azul (Cortez Ed.2011) Projeto prosa da língua portuguesa 4 ano da editora Saraiva. [email protected]

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Por certo — ninguém diz: pavor lhe é ignoto, Seu chefe não diz: — que de um mar que revolto

Precinte por certo — da tábua tão frágil; Assim lá na terra do extrato mundano

formavam distinto do vil mais humano que formas perfeitas do nobre de ardil.

Acaso da terra padeceu parceiro, Nos vãos dos carneiros: — na extensa palmeira

Assola-se é certo, tiveram missão; Convidam a gente dos nautas credores,

Silentes se incumbem do acaso das flores, são vários apreços da honrosa punção.

Conservam cabelos no brio das palmeiras, Entesa-se a corpo beleza faceira,

Adorna-se o ventre com cenas gentis: A lousa, entre as vaga, uma freira na beira,

nutrir-se memória, dobrando matiz,murmuro do murmuro mar contradiz.

A Paz espaçosa a que cedo traz medo, pascido do olhar densas sombras tão cedo,

alçada da agora da voz que silente, pascia na terrestre da oculta vertente.

Palmeira tão calma, que pasce na glória,

no vento de humilde da voz Circe cria, nas vagas do monte longínquo do pássaro,

nos tinham nas mágoas que d´águas tão raros.

Ó tempo de ensejos caídos dos rostos, de negas gemidas noites dos gostos,

nublava na nuvem a fria à boca de hálito, que crânios falantes em verves dos ritos.

Labuta da sina dos tempos minguados,

ninguém lhe tecia do rezado ousa lados, erguiam-se das aves, do quê; diziam pedras;

trazer-lhes do santo do parvo de exedras.

E singram além das camoecas distâncias, das gradas fortunas mar cobriam-lhe ânsias, após, de tão frágil, que sombra à tez templo,

vertente que esmaga da folha do exemplo.

Lembranças dos vivos, dos grãos enchem gosto, em tíbio do gesto que escrito cai postos,

se sabem sós selvas, que dores sem serpes, estepes do oceano que correndo escarpes.

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D´água que dos amplos do rio avisava, sossego da calma na luz nego cava,

tremente que atrás homens flama trespassam, eiras fadadas das frontes dão em passa.

Parques dos vividos dos céus luzes rés, bradados do Carmo dos ingênuos das três,

de quem se sentou só nas vaga acéns postas, bradada na curva da voz chora às costas.

Murmúrio chegam sós palavras da lei,

sombrio que retorna na margem do rei, chamar El Rei da raiz prima treva,

de quem o viver curvou verde à selva. Estio que fez rio coragens dos pajens, secada ribeira que abrange das margens, o lume movido culmina dos serros,

memórias d´águas frementes dos erros.

A chispa relâmpago ao sol murmurar,sussurro em sussurro em sussurro do mar,

murmúrio murmuro rumor do marulho candente da chispa do raio engulho.

Menuetto: Moderato e grazioso

Entre palmeiras, sabiá,ser de tão simples gorjeia,na tíbia terra envolve o diaque pálidas aves passeiam,donde decantam floreiamlúgubres bosques já sem vida,de ardores arderam lida,das dores tíbios céus das floressustem-se na sua descaída,

em sombras das aves sofridas,que em silente silêncio na eira,

muros de adobe da ramagem,que olvidam na plumagem vista

ao lugar mais alto já crista.

Entre palmeiras, expõe céu,às plumagens das nuvens véus,

supõe o gesto nítido léus,é barulho das juntas ossos,da vida carcomida fossos,em crânios cravejados sós,donde gorjeiam os vermes réus,

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barulho porta cemitério,bravio som pesado mistério,

das aves das sombras dos seus,suprimida vida critérios

postados manhãs tíbias Deus,expõe o diamante no luar,

sombra das nuvens soltas ar,noturnos hábitos olvidam,

donde gorjeiam corujas dãovozes aos sapos e dos grilos,

que passeiam dura terra filos,donde longe garrido toaem passos vorazes à toa,

que almas dos mais simples ressoa,gestos firmes longe pessoas,

não gorjeiam mais como lá.

Em cismar, sozinho, à noite,procuramos naufrágio açoite,

vozes gorjeiam surdos mar,de suas lembranças pia luar,enclausurados nós pascemos,

carregados em luto, temos,olhar benigno duma freira,apercebe-lhe nau sem eira,afundar pétreo marmor mar.

Presto con fuoco

Venho presenciar esquiva,veludo humílimo griva,

há crescer do marmor mar,ânfora nau junto lar,

há de ser langor visão,almas, entregue ilusão,parto perfeito deságua,

na fonte do rumor d´agua,densas sombras que se afogam,

naufragam imensos vão.

Ó jovem poeta que parte,Musas silentes alardes,

há de nos conter à lágrima,infinitas tumbas cima,conduz à luz travessia

da dádiva anestesia,quando certo dia ramagem

d´águas postaram plumagem,já esquiva na luz amarga,

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visão minha pasce alarga,terá enfim sombra macia,

de cuja nau pétrea esguiano marmor da lousa fria,

morre assistir findo dia.

Atravessa, ó Poeta, à vidados abismos sermos lida,

escuta estranho colher,funda mais razão pascer,

cálido assopro desvão,suave visita e sermão,

alegre corpo terrívelque mais viva ave sabiá,

vagas palmeiras entreabremterrível pasce à voz ave,que não gorjeia à vista suave,em sopro cálido anúncio,

tíbias garridas dobram fios;deixem; deixem brônzeos sinos

imenso oficio brônzeos hinos.

Atravessa, ó Poeta, à lida,sacrifício do naufrágio,

existência sem presságios,pétreos marmos luz do Carmo,fará enfim poema da vida.

Adagio

Não posso falar marmor, Não posso dizer da lida.

Érica Guedes Martins 207

QuandO TudO fOr lEmBrança208

Que saudade da minha TerraQue saudade do meu Brasil

Que saudade da naturezaE do céu azul-anil.

Brasil: Quando tudo for lembrançasobre Deus, onde estarei

Mesmo com toda distânciaEu jamais o esquecerei.

207 Érica Guedes Martins - Bebedouro – SP – Brasil.208 Aluna da 7ª. Serie C da Profa. Silvana Morelli - http://silmoreli.blogspot.com.br/2009/09/cancao-do-exilio.

html, Poesia compilada por Leopoldo Gil Dulcio Vaz – Curitiba – PR – Brasil – 1952; Instituto Histórico e Geo-gráfico do Maranhão; Universidade Estadual do Maranhão

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Saudade é o que tenho no coração,Solidão! Ah! Solidão

Ir embora para o meu Brasil,Essa é a solução.

Brasil: A distância permite a saudadeMas nunca o esquecimento

Por mais longe que eu esteja,Sempre estará em meu pensamento.

As estrela nascem no céu,As flores no jardim,

Eu queria ter um papel e poder escreverpara todos que sentem saudades de mim.

Erick Gonçalves Cavalcante209

SOBrE a CançÃO dO EXÍliOMinha terra tem poetas, poetas,

Onde cantam seus amores, amores, altares No exílio lembram-se de sua terra, terra, lugares

Veem o mundo com seus olhos, olhos, olhares

Nosso céu tem mais estrelas, estrelas, poeta Ilumina nossos bosques, bosques, ares

Com mais vida, mais amores, amores, lares Na canção de uma saudade, saudade, pesares

Minha terra tem primores, poeta, primores Que gorjeiam seu exílio, exílio, amores

Com saudade de sua terra, palmeiras, sabores Onde canta um sabiá, poeta, Gonçalves ...

a gOnçalvES diaSNão permita Deus que eu morra

Sem que discorra do poeta Que exilado em seus dias

Tão só como uma ilha Inventou uma maneira De descrever uma palmeira

De encurtar cada milha Com palavras de poesia

Encantar com maravilha Nossas vidas de tristeza

Com a sua alegria

209 Erick Gonçalves Cavalcante - Tubarão – SC – Brasil – residente em Capivari de Baixo. Graduado em Redes de Computadores, Pós-Graduando em Segurança da Informação pela Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL). Escritor, roteirista, músico, amante de histórias em quadrinhos e livros. E-mail: [email protected] / [email protected]

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Erlinda Maria Bittencourt210

pOESia Em prOSa a gOnçalvES diaSQuem é esse homem, que tendo nascido há 190 anos, após sua morte física,

Vivo está em sua alma e nela permanece fortemente presente entre nós?

Quem é esse caxiense, que superou os limites das matas maranhenses, para os países de 1º mundo?

Quem é esse homem de saúde tão frágil, que encantava, conquistava e seduzia inúmeras mulheres?

Quem é esse homem tão lírico, encantadoramente épico e admirável dramaturgo, que tão bem soube cantar sua terra,

seu povo e que infeliz no sentimento pela mulher amada, fez de sua dor a mais linda poesia de amor?

Quem é esse homem sensível, romântico e culto a quem poetas e poetas choraram sua partida?

Quem é esse homem a quem o mar, ao sabê-lo em suas águas, o tragou para não mais deixá-lo escapar?

Eu diria que:É um poeta que cantou a mais profunda saudade de seu povo, de seus amigos, dos céus e da terra caxiense, do seu lar;

Que muito amou e foi correspondido, mas com o seu verdadeiro amor não pôde ficar.Sobre a ousadia do oceano, falaria que: o poeta do exílio no fundo do mar é poesia eternizada;

Um cidadão caxiense que representava o país e por competência, assumia altos cargos na Europa,

Frequentava a côrte era amigo do imperador, mas sempre voltava para cá;Um verdadeiro poeta que não só produzia textos, mas sentia-os ao

escrevê-los.Para alguns, poeta do exílio, para outros, cantor dos Palmares, para muitos, cantor dos Timbiras e cantor de marabá.

Eu o defino apenas como: poeta terra, poeta povo, poeta raça, poeta saudade,Gonçalves dias: o poeta do amor.

210 Erlinda Maria Bittencourt - Caxias – MA - Brasil – 07/05/1958. Professora do Departamento de Letras – CESC/UEMA. Especialista em Língua Portuguesa pela PUC/MG e em LIBRAS pela Athenas - MA; Mestre em Ciências da Educação UEMA/IPLAC-UFC. Membro Fundador do Instituto Histórico e Geográfico de Caxias – IHGC, Di-retora de Cultura da Academia Sertaneja de Letras, Educação e Artes do Maranhão – ASLEAMA, Diretora de Relações Públicas do Rotary Club de Caxias.E-mail: [email protected]

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páTria gOnçalvinaDe origem Brasileira,

Do Estado do Maranhão,Gonçalves Dias é filho de Caxias,

Da denominada “Princesa do Sertão.

Que estudou a linhagem literária,De clássicos portugueses,À românticos franceses,

Um advogado,Um teatrólogo,

Um historiador,Ousado nacionalista,

Um crítico inovador.

Mestre da língua e da fonética indígena,GD buscou uma nova dicção poética,

Doce, rítmica, idílica, apaixonante,Poeta de fase efervescente, criativa

E de sangue tricolor.

Se fez refém da fidelidade,Porém algoz e vítima do próprio amor,

Pois recusou viver sua romântica aventuraE platonicamente, nela se encarcerou.

Foi elegante, foi guerreiro,

Foi de raça,Com o branco, o índio e o negroNas veias, bebeu apaixonado

e solitário sua taça,

tal qual ourives, lapidou a escrita, feito escultor, delineou poemas,

feito poeta, sentimentos váriossuspirou,

Regados a goles etílicos e lágrimasem lugar chamado” Roncador,”

Sua história fez de muitos contadores,

De seus romances, vários prosadores,De sua paixão, vasta literatura,

De seus conhecimentos, nosso orgulho

Com Ana Amélia e a Nação no coraçãoA terra das palmeiras e o amor ele os exaltou.

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Ernestina Ramírez Escobar211

SuEñOS QuE duElEn.Desejar coisas vãs, viver de sonhos,

Correr após um bem logo esquecido,Sentir amor e só topar frieza,Cismar venturas e encontrar só dores.

ANTONIO GONÇALVES DIAS

Naces y escribes sueñoscreces y gozas ensueños

no importa que el pan te faltecon soñar es suficiente.

La naturaleza amablesostiene lo indispensablepero llega la inmundiciacon tosquedad te acaricia,

ya no te alcanza pan y agua,se abre todo un parteaguas

en tu idílica existencia,se divide la conciencia

pues el mundo materialopacando tu ideal

te sumerge en lo profundodel sentir más infecundodonde todo el costumbrismose hace parte de ti mismosiendo vanas ilusionesy permean las traiciones; tu alma llena en amargura,pierde toda esencia puradotada desde el origendonde el pensamiento virgense reintegra de proscritoaún cuando estaba escrito

que serías un guerrerode la pluma y lapicero

escribes con la pasiónde Ana Amélia en corazónporque el amor que retumba

es el que lleva a la tumbamas dejas en poesía

tu dolor y melancolía.

211 Ernestina Ramírez Escobar – Hermosillo – Sonora - MéxiCO - 07 de Noviembre de 1963. Poeta y Escritora, Mediadora de Sala de Lectura, Coordinadora de Tertulias Culturales semanales (Tertulias Criollas

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Euclides José Maciel Marques212

Ó marÓ mar caudaloso de forte furor

Dá-me de volta o GIGANTE DE PEDRA,Pois o tempo não se encarrega

De extirpar, parar a dor.Que será do lençol de água cristalina

NO SEU LEITO DE FOLHAS VERDES,Sem o acalanto do filho ilustre

Tragado com triste sina.

Ó mar revoltado, sem coraçãoSaiba que SE SE MORRE DE AMOR,

Imagina de saudades,Não há comparação.

Que será do sertão, doce caatingaOnde se ouve o CANTO DO GUERREIRO,

Sem o menino caixeiro,Como baralho sem coringa.

Ó mar grandioso de onda pujanteNÃO ME DEIXES por ti nutrir rancor

A audácia de nos tomar Gonçalvesfoi atitude arrogante.

Que será de vós, sem os cantosSem OS CANTOS que será de vós

Oceano terrível, pélago revoltoMenos nobres nomes quantos?

Eugênio Palma Avelar213

i-JuCa pirama da vila dE SÃO JOSé Tinha por mãe, Maria, o Juca do arraial,

consagrado a José – o santo protetor. Esgueirou-se em silêncio - sem dom maternal;

desceu até São Paulo, ao seu interior.

IIConstatou – em horror – não existir colheita.

Foi feito prisioneiro de algum traficante.

212 Euclides José Maciel Marques – Juazeiro – BA – Brasil – 31 de Março de 1972. Poeta Amador. Dedica-se prin-cipalmente à “matemáticas das letras” compondo poesias na sua maioria formada por anagramas, palíndro-mos, acrósticos entre outros.

213 Eugênio Palma Avelar – Montes Claros – MG – Brasil - 04 de janeiro de 1958 . Uma rústica cidade brasileira encravada no semiárido mineiro. Como escritor acadêmico, possuo uns poucos trabalhos registrados em meu Currículo Lattes, onde destaco o artigo “Diversidade Cultural e Escola”. Mas há anos, brinco de escrever poesia e prosa em comunidades virtuais ou não.

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Jugo, fardo e ameaça aquele pobre aceita. Ao chorar sua sorte, o destino infamante:

IIIser jogado no asfalto em trajes de mulher -

que de um bravo guerreiro, o choro não se quer -;desprezível cordeiro para o sacrifício.

IVVilipêndio sem gala, retorna ao seu lar.

Ganha da mãe, consolo: viver é lutar. Que ela seja renhida; teu bem, teu suplício.

SaBiá dESTErradOMinha casa tem telhado,que observo do sofá.Às vezes sou visitado - buliçoso sabiá,

IIque não encontra palmeira

onde possa gorjear: reino d’árida sequeira -não há por onde escapar.

IIIE por isso, o passarinho -não encontrando lugar -,fez do telhado seu ninho;não se cansa de cantar.

IVNão permita Deus que eu morra,nas garras do latifúndio.Sem qu’eu debele a camorra:quero morrer no gerúndio.

IVEm cismar – sozinho, à noite –

só enxergo madeireira.Meu tacape, meu açoite;

acabo com a bandalheira.

VPlanto na terra, palmeira -

onde canta o sabiá-;até que o bichinho queiraseu silvestre cafuá.Não permita Deus que eu morra,quietinho em meu sofá.

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aS BOdaS dE ErnST lanZEr E lEOnOr dE mEndOnçaI

Nas bodas sem amor; o militar e a dama.Há consciência de si no eu antagonista.

A linhagem do homem, herdeiro reclama;A família da outra; social reconquista.

IIMarido inapetente - à procura da guerra,

suplicando a terceiro, lúbrico favor:- retira, o amigo Antônio, da noiva o pudor!

- Toma teu rijo falo e colha aquela flor!

IIILogo adiante, mais tarde, fingindo estupor;

Exagera o flagrante; exagera o negror:assassina sem dó o ser angelical.

IVFoge em raio o comparsa: aguarda o desenlace.

Súbito, chega o amigo após sinistro impasse.Dão-se: infreme prazer; oblação bestial.

SEnrYu n. 01 - lEOnOr dE mEndOnça do seu toucador

abandonada duquesa penteia su’alma

SEnrYu n. 02 – CÂnTiCO da viTÓriaTimbiras, eu vi

a fome, a guerra, a incerteza fui, vi e venci

Eulália Cristina Costa e Costa214

um griTO dE um pOETaUm canto ecoa ao longe, é para despertar

É o combate da vidaQue aos fracos abate,

Que aos fortes, os bravos conseguem exaltar!

Onde a terra querida, São Luís do Maranhão, Jamais esquecida,

Mesmo exilado consegue demonstrar O quanto à ama e ama lhe amar

214 Eulália Cristina Costa e Costa - São Bento – ma – Brasil - 04/09/1981. Graduada em Enfermagem e Obstetrícia pela UEMA, pós-graduada em Saúde da Família, Funcionária Pública Federal e Escritora.. Possui alguns artigos científicos publicados.

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Na canção do exílioUm poeta saudosista,

Com muitas histórias, lutas e amoresTornou um simples grito em defesa de uma ideologia

Em primeiros cantos ao longe ecoar

Tornaram-se eternizados pela literatura Hoje são lembrados,

Seja na leitura dos poemas do grande poeta Gonçalves DiasOu na viagem que seus versos podem proporcionar

Resistindo ao tempo,Permeando aos amantes da escrita,

O convite ao chamado para o combate da vida

Ainda que não se queira dizer: Ainda uma vez - Adeus!

pOETa SOnHadOrSe se morre de amor,

Ou se ficamos mais inteligentes com a dorPensativo Gonçalves Dias ficava,

Pois sendo poeta sonhadorDefendia a bandeira do amor e do seu lugar

Seja aqui ou acoláSempre estava a poetizar!Desvendando a essência da imensidão de um serE os mistérios da arte de amar,Cada vez que elevava o seu olharPara as maravilhas que este sentimento o fez capaz de criarNós, laços, correntesTudo que queria por vontade própria.Aprofundar-se em teu mar, ilha do amor,Pois só assim sabia que poderia alcançar:Um intenso e verdadeiro amorDigno de um poeta sonhador!

Eulàlia Jordà-Poblet215

a mim mE vEm (TriBuTO a gOnçalvES diaS – 2)Gonçalves, Gonçalves,

são saudades tuas letras que leio, e através do tempo,

eu, bucólico,

215 Eulàlia Jordà-Poblet - Belo Horizonte – MG – Brasil - maio de 1958. Sou médica otorrinolaringologista. Perten-ço ao círculo dos médicos escritores da Sobrames. Escrevo ensaios para jornais como “O Tempo”. Participo de encontros e saraus para leituras de poemas próprios e de outros escritores em vários locais da cidade de Belo Horizonte.

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me entendo. Nas noites,

nos dias, tua leitura

me enobrece: és Gonçalves

quanto Dias, e nunca a tarde

entardece. Nos dias outros

que se sucedem, os olhos de quem dizes,

amam o amor mais romântico...

oh Poeta, depois de ti,

nada será como antes! E o teu século

a mim me vem,

amo também, Poeta eterno

CançÃO SEm EXÍliO ( TriBuTO a gOnçalvES diaS)Gonçalves, sente a brisa, do teu gênio,

que se eterniza... Os vales escuros

da morte, roubam-te da

nossa mão, mas da nossa

memória, teus poemas, ao menos,

não. E se teus sabiás

escutamos, nas palmeiras

em idílio, é que estás conosco

Poeta, em nós

nunca terás exílio!

TEmpOS OuTrOS - (TriBuTO a gOnçalvES diaS)Homem que escreve,

eu respeito: Gonçalves Dias,

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no peito E é tão sereno

sonhar, nos olhos

que ele diz amar E em tempos outros

voltar, para ser sinhô,

ser sinhá.

Eva Maria de Cougo Souto216

gOnçalvES diaSEm terras de Jatobá, dia 10 de agosto de 1832, nasci!Talvez nasci do amor de um branco com uma mestiça.

Vinha em meu sangue a força e a vontade de lutar.Via que nos estudos estava o meu futuro.

Fui crescendo e alimentando-me do saber.Latim,

Francês,Filosofia.

No amor minha pele gritou mais alto, o preconceito me apunhalou.Sai, deixei o meu Brasil,Um dia volto!Em terras estranhas não fraquejei, segui minha luta pelo saber.”Minha terra tem palmeirasOnde canta o sábia... ’’Eu disse que voltaria, voltei, para onde fui não sei!

Evelin Katiane Izauro217

TrECHO da “CançÃO dO EXÍliO”Homenagem á Gonçalves Dias

Ao andar sobre o luarA luz paira sobre as telhasNão pude deixar de notar

NOSSO CÉU TEM MAIS ESTRELAS

Repousando em meio a terraVejo a beleza das cores

Mesmo que razão não queiraNOSSAS VÁRZEAS TÊM MAIS FLORES

216 Eva Maria de Cougo Souto – Florianópolis – SC – Brasil - Do lar E-mail: [email protected] 217 Evelin Katiane Izauro – Joinville – SC – Brasil - 25/04/1989. Escritora (Poeta) e Professora de Artes. Único livro

publicado “Viva Poesia!... com todas as suas rimas” em 13/01/2012.

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Quantas árvores ao meu redorCom raízes profundas e ricasCom galhos avantajados

NOSSOS BOSQUES TÊM MAIS VIDA

Não vou calar a emoçãoVou cantar como os cantores

Resume-se ao coraçãoNOSSA VIDA MAIS AMORES

Evilene Soares de Araújo218

O iluSTrE CaXiEnSE gOnçalvES diaSNo sítio de Boa Vista Em terras de Jatobá

Nascia um magnifico poeta Que fez sucesso além-mar

Gonçalves Dias grande poeta Um caxiense consagrado,

Era poeta e etnógrafo Além de bom advogado

Filho de mestiça e comerciante Filosofia, francês e latim estudou

Em meio a muitos gigantes Na faculdade ingressou

O grande romantista Descrevia em suas poesias

Paisagens do Brasil Especialmente de Caxias Com talento inigualável

Teve por inspiração O amor de Ana Mélia E da boa imaginação

Ana Mélia seu grande amor Roubou seu coração

Com sua beleza e juventude Correspondeu a sua paixão

A família da linda moça Rendida pelo preconceito

Recusou qualquer aproximação Que lhe dizia respeito

Então o jovem Gonçalves Dias Para Portugal partiu Ana Mélia se casou

E no amor não persistiu

218 Evilene Soares de Araújo - Teresina-PI – Brasil - 28 de abril de 1997, é brasileira, filha de João de Deus da Silva Araújo e Eva Soares Borges de Araújo, tem dois irmãos João Victor Soares de Araújo e Matheus Vinícius Soares de Araújo é estudante do 1º ano C do Centro de Ensino Thales Ribeiro Gonçalves

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Durante uma viagem O inesperado aconteceu

Após um grande naufrágio O nosso poeta morreu

Porém deixou conosco Um pouco do seu sentimento Sensações e desilusões

Que invadiram seu pensamento Com a canção do exílio

Caxias homenageou E como é bom ser caxiense

Em nossas lembranças deixou Não se abateu pelas decepções

Que a vida pode lhe dar Em vez disso as transformou Em poesias de emocionar. Com talento inigualável Teve por inspiração

O amor de Ana Mélia E da boa imaginação.

Fabiana da Costa Ferraz Patueli219

TErra minHaFabulosa Maranhão, Terra de Nosso Senhor!Revigorante águas de seus lençóis.

Ventos que ressoam em pedras e areais.Ocultados nos ouvidos de tolos,Pois os sábios as revelam em melodias.Como doces cações de mãe a embalar-nos a noitinha.

Natureza de sublimes flora e fauna,Cujos pássaros que vem do imenso azul

Que sustentam em suas asas a bravura humana.

Como partir de seu barro acobreado, sem voltar-se ao céu estrelado.Parte de seu mangue, não se separam as riquezas de seu povo.

Torno-me sua lamparina ao pôr-do-sol.E à aurora ofereço-me como guia.

Da tristeza e amargura de ter lhe deixado,Viro histórias de ter sido seu um dia.

Terra minha!

219 Fabiana da Costa Ferraz Patueli - Rio de Janeiro –RJ – Brasil - 07/02/1983. Mestre em Letras (Universidade Federal Fluminense-UFF). Colaboradora do Laboratório de Ecdótica da UFF.

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Fabiula Fernanda de Abreu220

pEnSandO BEmPensando bem em tudo

Que vemos,Vivemos,

OuvimosE pensamos,

Não existe a pessoa certa...

Existe talvez,Se você parar para pensar,

A pessoa errada...

Quem sabe por que a pessoa certaSeja muito certinha,

Chegando na hora certa,Falando as coisas certas...

Talvez também não se espere o certo,Mas apenas o errado

Ou incerto...

E provavelmente porque as coisas certasNão pareçam realmente certas...

Feliciano Caliope Monteiro de Mello221

pEranTE a ESTáTuaMaranhenses, esta estátuaÉ tributo muito honroso,

Porém ele mereciaTributo mais grandioso.

Devia ser monumentoDe mais amplo pedestal

A surgir d’entre palmeirasNa sua terra natal.

Todo o Brasil lh’o devia,Todo o Brasil, não só vós;

Ele ao Brasil pertencia,Pertencia a todos nós.

220 Fabiula Fernanda de Abreu - Jd. Ubirajara – São Paulo – SP – Brasil - 27/09/1999. ESCOLA: EMEF Antenor Nas-centes; DIRETORA: Denise Ribeiro de Carvalho; PROFESSORA RESPONSÁVEL: Adenilza Almeida Lira. E-MAIL DA ESCOLA: [email protected]

221 Leal, Henriques, Pantheon Maranhense, São Luís, 1874, p 534-537. Poesias compiladas por Weberson Fer-nandes Grizoste - Jauru – MT – Brasil

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293

Não consultado as províncias,Sabei-o: fizeste mal;

Que esta glória brasileiraNão é glória maranhense,

É glória nacional…

Devíeis voltar-lhe a facePara a terra, p’ra o mar, não,

Porque este grande invejosoJá teve o melhor quinhão,

E sento forte e tão rico,Portou-se como vilão:

Vendo que pouco restava-lheNo correr da vida o trilhoRoubou a terra o consoloDe ter no seio seu filho…

Entre um grupo de TimbirasDevia-se o ver ali,

Escutando a lenda nobreDo nobre velho tupi;

N’uma campina virenteDevíeis vê-lo acoláPraticando docementeCo’a formosa marabá.

Chorando a linda CoemaDevia-se ver depoisEm desespero Itajuba,Co’o arco partido em dois…

Devia ter muitas facesA vasta, altiva peanhaImpotente miniatura

De brasileira montanha;

Mil faces; em cada faceUm quadro de melhor fama,

E um dos mais primorososVos dera – I Juca-Pirama.

O quadro insano honrosoDo Gamela e do Timbira…

Originais e vivazesMil quadros da sua lira;

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D’aquela lira mimosaQue Deus a muitos não dá;

Que canta com tanto acertoAs bondades de Tupá,

Como a fúria inquebrantávelDo tenebroso Anhangá!

Sobre os quadros, entre flores,Cascatas, bosques e rios,

Animais de toda a espécie,Domesticados, bravios.

D’entre tudo então se ergueraRijo tronco de palmeira,

E a ele encostado, o gênioD’esta glória brasileira;

E sobretudo, no ápice,Já quase as nuvens tocando,

A figura do poetaA doce lira empunhando.

Assim a imagem queridaSe veria em muitas partes,

Aliada ao nobre esforçoDa mais prestável das artes…

Não consultando as províncias.Sabei-o, fizeste mal;

Que esta glória brasileiraNão é glória maranhense,

É glória nacional!

IISim, maranhenses, muita glória mente;

Há muita glória de falaz origem,Glórias criadas por um vão presente,

Vultos que engendra a popular vertigem.

São meteoros que dá vida à morteUm só instante, ou pouco mais, terão;

D’essas não quero, não lh’invejo a sorte,Nem me deslumbra o seu fugaz clarão.

Mas quando a glória no fatal declivePrende-se às folhas de algum livro-flor…

Curvai-vos, grandes! Essa glória vive,Pois’stá dotada de eternal vigor!

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Nobres! Venceu-vos o plebeu modesto!Ricos! O pobre mais que vós já tem!

Curvai-vos todos! Que ao fatal aresto,Que lavra o gênio, não se escusa alguém…

IIIPerdão, senhores, se na alheia festa

Estranho ousei me apresentar intruso;Se impertinente já vos vai molesta

Minha palavra que tanto abuso.

Bem quis conter-me; mas conter-me como?Se entusiasta d’este gênio eu sou!

Se ao ver-lhe a imagem com febril assomoO fogo santo dentro em mim lavrou?...

Perdão, senhores! Do perdão careçoD’essas palavras de valor baldias.

Perdão, senhores! Eu perdão mereço-Perdão, senhores!... por Gonçalves Dias!

Feliciano Mejía222

CarTa al HErmanO BraSilErO dESdE lOS piES dEl HuaSCaránGonçalves, pasan los minutos y los años y la patria queda rota con el rostro ensombrecido. Aún. Rayas de odio y avidez trozaron y aún dilaceran nuestro Continente, haciendo extraño y aún un Otro desvaído al hermano; y al amor entre todos, un fruto rancio. Gonçalves, dime:

¡qué hora es del día!, dime: ¡¿llegó el instante del grito?!, dime:

¿Cuándo le diremos al Hombre que la noche entre nosotros

es una tahalí enmohecido y que ya no se soportan

las correosas fronteras que cuadriculan nuestros rostros?

222 Feliciano Mejía Hidalgo – Abancay – Apurímac – Perú - 1948. Escritor de nacionalidad peruano-francesa E-mail:[email protected] – www. iespana.es/felicianomejia E-mail: [email protected]

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Gonçalves de Maranhao ¡dime si aún debemos aprender de nuevo

a pronunciar nuestros nombres! Gonçalves Días de Maranhao,

¡dime: debo dejar de afilar el machete!

Gran Hermano Gonçalves Días de Maranhao del siglo XXI, ¿llegó ya el momento

de sacar nuestros corazones de la Sombra y lanzarlo en un alarido lenitivo,

como un pañuelo, para todo el Orbe?

Gonçalves, Gonçalves Días,

Gonçalves Días de Maranhao, Gonçalves Días de Maranhao del Brasil,

ahora sólo sé que ha llegado la hora de encender la pira y de abrasarte para siempre, hermano…

CarTa a gOnCalvES diaS a riTmO dE QaYllY aBanQuinO dEl pErÚ

Aragois, dile a Dilercy,que le diga a Goncalves Días que ya llego

con dos mochilas de poemas,más pesadas que dos mochilas repletas

de dinamita.

Acá, en donde vivo y padezcola mordedura diaria de la carroña,

y se espeluznanmis días y miradas

con la sevicia de la Hiena,desde acá, Aragois, te digo,

yo no tengo,yo no tengo derecho,

yo no tengo derecho a la risa,yo no tengo derecho a la vida y a la sonrisa,

pues acá en este país llamado Perú,de 31 millones de hombres, mujeres y niños y ancianos,

acá, de 1 millón 225 mil km2 de tierra patriamueren cada año 62 mil niños que no llegan a un año de edad

de hambre o de simple gripe(muerto es de mal viento dicen las madres del campo);

y no me quejo,es el avatar de la historia, desde el odio de Pizarro

y la gorda biblia y la bandera española de 1532.Y no me quejo: grito

con una caliente ira repleta de rabia

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para que me oigan todos los oídosde Goncalves y todos los poros

de los hombres y mujeres nobles del Brasil.

Aragois, dile a Dilercy que aquí tiemblode fiebre ante este genocidio.Debe saberlo Goncalves. Debe,

aunque a veces se me agria un poemay se me hace postema la poesía que recojo

a paladas en estas latitudes.Goncalves, óyeme, acá

el odio raigal del dinero se encostra en el 9%de la población peruana

y el 91% restante arrastra la cadenade la odiosa servidumbre.Luego leguito de arrojados por la guerrade los pobres del Perú, los españoles,vinieron con sus picas los cerdos de Francia y de Inglaterra

(y también a punta de humildad bélica fueron arrojados de aquí);y al instante, cínicos y perentorios, aparecieron –

llaga, lepra e insanía-los barcos y cañones de los Norteamericanos sin nombre ni apellidos,

que hoy felizmente agonizan en el mundo y en todo ProductoBruto Interno del orbe.

Aragois, mira lo que estoy mirando:Un río de sangre diariafuera de los pulmones del Perú; y no me quejo.Te repito: Avatares de estos tiempossobre un pueblo milenario desde antes de los Incas,avatares que ya se alejan paso a paso y diente a dientedesde que, ay, felizmente, se alzóen armas el Partido Comunista del Perú,una mañana de sol de 1980 hasta ayer y hoy día en un lugarhermoso y triste, (en ese entonces) llamado Chuqchi,para acabar por fin y para siempre con estos 500

años de la historia histérica de la patriaaún encadenada.

Sí, una mañana con sabor a limón, piña y taperibá, a las 11 amen un pueblito llamado Chuqchi y luego en todo el Perú,

11 am., 11am., que llega hasta este instante que me lees y me escuchasdesde mi patria aún aherrojada,

en esta milésima de segundo en que te escribopara tocar la puerta del corazón de Consalves Días

quien respira feliz junto a mí.

Aragois, dile a Dilercyque ya llego,ya estoy llegando

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a las lindes del Brasilpara romper la frontera portuguesa

y amarnos como sólo amamoslos poetas

que saben lo que pesa un fusil.

Felipe Cardoso Wilasco223

CançÃO dO EXÍliOMinha terra é cheia de glória

como jamais vi aqui. Onde estou, os cavalos

andam preguiçosamente;enquanto lá, eles galopam

com muita energia.

Nossos parreirais são mais vivos; nossos campos, mais verdes;

nosso vinho, mais saboroso, sabor conquistado com muita dor.

Lá, o som das botas, ao cair da noite,

é mais suave que o vento; aqui é algo muito barulhento.

Minha alma é celestecomo o azul do céu de lá;

azul bem mais azuldo que o visto cá.

Felipe Hack de Moura224

a gOnçalvES diaS As selvas mudaram, as matas caíram

Os urros de guerra não são mais ouvidos O sangue guerreiro desfez diluído

Às marcas da História o thymus morreu Brasil brasileiro de pele vermelha

223 Felipe Cardoso Wilasco - Porto Alegre – RS – Brasil - 23 de setembro de 1995. Estudante do Ensino Médio do Colégio Conhecer, Porto Alegre/RS. Integrante do Projeto Literário “Caixas Poéticas”, 2012. Curte esportes e, há alguns anos, estuda teoria musical e guitarra na ASES – Escola de Música. E-mail: [email protected]

224 Felipe Hack de Moura - Porto Alegre – RS – Brasil - 01/06/1993. Participei da oficina literária com o professor e escritor Charles Kiefer. Nessa mesma oficina, em um concurso interno de contos, fiquei em primeiro lugar. Estudo Letras na UFRGS.

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Morreu pela cruz do brasil europeuBanal é louvar os guerreiros do Norte

De estirpe tão nobre, de braço tão forte Não feitos de carne, mas feitos de tinta

A raça pensada, tão bem acabada Perfeita, inumana, jamais existiuNa sombra da honra notável e magna

Cresceu tal nação descendente do fraco Que falha ao manter tal orgulho intacto

Não fossem teus versos de forma sublime Ao povo restasse sonhar em ser bravo

Felipe Yonamine Costa225

CançÃO dO EXÍliOAqui, em Florianópolis,

vejo muita beleza; mas prefiro as de Porto Alegre.

Lá, no ar, há um divino perfume de flores; o céu é muito azul e o pôr do sol muito especial.

Tanto lá como aqui, tem-se boa qualidade de vida e altos índices de desenvolvimentossocial e cultual.No entanto, é láque o meu coração bate mais forte e com um estilo bem colorido.

Aqui, tenho o mar como teto; lá, um céu brilhante e estrelado.Florianópolis e Porto Alegre,

paixões diferentes.

225 Felipe Yonamine Costa - Porto Alegre –RS – Brasil - 28 de maio de 1995. Estudante do Ensino Médio do Colégio Conhecer, Porto Alegre/RS. Integrante do Projeto “Imagens e Textos construindo Histórias e Versos”: 2011 - “Canecas e Camisetas Poéticas”; 2012 - “Caixas Poéticas”. Curte jogos eletrônicos e cursa inglês no Uptime. E-mail: [email protected]

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Fernanda Azevedo Morais226

pOESiaSNão sou poeta com O CANTO DO GUERREIRO,

Faço A CANÇÃO DO EXILIO,Canto O AMOR maior do mundo inteiro.

MINHA VIDA MEUS AMORES,Que O MAR leve as minhas dores,

Para um fim eterno que deixe apenas a RECORDAÇÃO,Faça as belas palavras escritas numa CANÇÃO.

SE TE AMO, NÃO SEI! Sei que esse sentimento é forte,Apenas espero que a vida me traga sorte.

Não sei escrever SONETO, Mas meus sentimentos são sinceros,

Que esse amor é o meu amuleto.Antes não tinha certeza,

Hoje sei COMO EU TE AMO,Porque nas noites fria pelo o seu corpo que eu chamo.

Mas seus OLHOS VERDES não corresponderam aos meus olhos de paixão,

O QUE MAIS DOI NA VIDA é a desilusão,Morrerei com a imensa decepção.

E no leito de minha morte SE MUITO SOFRI JÁ, NÃO ME PERGUNTES.

SOBRE O TUMULO DE UM MENINO apaixonado,Diante as suas lagrimas de dor,

Terá certeza que SE MORRE DE AMOR!SEUS OLHOS foram que levou ao sofrimento,

Ao um sofrimento insuportável até para o tempo.AINDA UMA VEZ- ADEUS,

E quando for me visitar não esqueça A MINHA ROSA,Para demostrar o teu carinho enquanto chora.

O meu nome estará cravado,Junto com O GIGANTE DE PEDRA,

Um gigante do romantismo,Que as poesias de GONÇALVES DIAS expirem e simbolizem um

homem apaixonado.

O pOETa E a Sua muSaO amor do poeta nasceu no primeiro olhar

Nascendo junto as mais lindas inspirações,De um poeta que encontra a sua musa para adorar.

Ana Amélia, moça com virtudes encantadoras,Com uma beleza admiradora.

Que fez Gonçalves Dias, o poeta escrever as mais majestosas palavras. Um encanto que se fez paixão ardente,

226 Fernanda Azevedo de Morais – Itaituba – PA – Brasil - 31 de janeiro de 1989. Trabalha na Biblioteca Publica Municipal de Porteirão Santa Genoveva. Mora em Porteirão. Formou-se em Letras pela Universidade de Rio Verde ( Fesurv).

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Nascendo um sentimento dolente.Não bastou amor verdadeiro,

Porque não tinha casta,Do seu imenso amor se afasta.

Deixou a sua musa triste por respeitoUm intenso amor que não tinha como acontecer Aos olhos do injusto preconceito

Por respeito foi sacrificado A felicidade do casal apaixonado,

Porém a vida o trouxe um arrependimento amargo,Por sua amada não ter lutado.

Ah, poeta covarde,Que o peito de sua musa arde,

A saudade de um amor não concretizado, Que ficou preso no passado,Por não ter sido enfatizado.O reencontro estava marcado,Pelo destino dos eternos enamorados.

A rejeição de sua musa inspiradora,Despedaçou a alma do poeta apaixonado.

Através de versos eternizou, Esse forte amor que a sociedade da época castigou,

Que o ultimo verso e ainda uma vez,Sua musa tenha compaixão

Da covardia do poeta que um dia despedaçou seu coração,O amor nos versos tem aclamação e adoração,Mas na realidade busca de sua musa compaixão e compreensão.A renuncia do poeta apaixonado não foi porque o amor revogou,Sofreu também por perder a mulher que tanto amou.Os teus corpos nunca ficaram unidos,Mas em alma esse amor prevaleceuO que em vida foi oprimido.Um amor feroz e idealizado Que na história foi eternizado.

Fernanda Resende227

SOu gOnçalvES diaSEm suas mãos

A escrita ganhou corOs versos mais sabor

As estrofes se deliciaram em poesia

227 Fernanda Resende – Coromandel – MG – Brasil - 20 de abril de 1987. Escritora, jornalista e pós-graduada em Docência. Atualmente mora em Uberlândia/MG. A escritora tem poesias publicadas nos livros “Emoção Re-pentina” e “Sensações da Alma”. Ela já ganhou vários prêmios de nível nacional com suas escritas. Fernanda Resende possui uma menção honrosa no 5º Concurso Crônica e Literatura.

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O amor foi além do sentimentoGanhando forma

Modificando o intocávelSuperando as rimas presentes

O lirismo deixou de ser singeloEnvolvendo-se em uma herança clássica

Capaz de transformar choro em risoE renovar o romantismo adormecido

O sentimentalismo foi além dos rabiscosO pessimismo pediu licença

O individualismo embarcou na estrutura A insatisfação também quis se fazer presente nos versos

Os sentimentos se uniramFizeram um pacto poético

Herdando um pouco ‘dele’E repassando muito para ‘nós’

Ele foi do lírico ao épicoDo antigo ao modernoDizendo sim a inspiração

Separando-se da razão

Deixou legadoDe mocinho da poesia

Bandido da rotinaHerói das escritas

Ele é o poeta!É Gonçalves Dias...

Brasileiro de alma e coraçãoPoeta que encanta com emoção

Fernando Braga228

DO EXÍLIO, A GONÇALVES DIAS!...Ah meu amado poeta,

tu ficaste nos baixios dos Atins,

junto ao “Ville de Boulogne”, nas costas de São Luís...

Ao longe, as palmeiras

228 Fernando Braga (dos Santos) São Luís – MA – Brasil - 29 de maio de 1944, é um poeta e ensaísta brasileiro, tendo também a nacionalidade portuguesa pelo princípio do juris sanguinis. Publicou estes livros de poesias: Escreveu, ensaios na área jurídica e político - cientifica: Fernando Braga é advogado com banca montada e servidor aposentado do Senado Federal.

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serenas a te esperar, eriçadas aos ritmos e métricas

do teu derradeiro canto...

Ah meu poeta timbira, a capa talar desce-te dos ombros,

e a lira do poema, e a máscara da tragédia,

quedam-te aos pés...

Quatro séculos de São Luís te contemplam,

como os medalhões que te rodeiam, em tributo à poesia, ao pensamento, à ciência e à gramática. Ah meu amado poeta,

Ah meu Poeta da Raça!...

SEXTILHAS Dos baixios das praias

Em rimances antigas, Os teus versos do exílio Revividos em Portugal, Sextilharam o Antão Em cismadas cantigas.

“é mEnTira! nÃO mOrri!”Do Morro das TabocasNa nossa velha Caxias,O derradeiro baluarteDas armas portuguesas,Assistiram-te chegaresNa Fazenda Jatobá...

E partiste enfermopara Portugal...

... e tua morte fora anunciadaQue escreveste em tom de blague

Ao teu amigoAntônio Henriques Leal:

“É mentira! Não Morri!Nem morro nunca mais!”

Mas um dia, poeta,Morreste de verdade,Ao avistar de longe as palmeiras!...

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Fernando Catelan229

nO villE dE BOulOgnEEu, Gonçalves Dias, balouço com esta nau,

à deriva, rastro prova de jungidos mundosQuem dera não mais que um presságio mau,mas dor rói vísceras não só de vis imundos!

Sim, eu da Europa chego trazido de regresso,qual se além, alhures, lograsse termo à chaga,

e, antes ao corpo, desenganada a alma, peço,se ora alucino, já desdenhem obra esta vaga!

Vão ao mar se o Ville de Boulogne só desce,e fortuna alguma espero eu, reles agonizante,

ciente cá na cabine, cripta, feneço em prece,ou a pena vergo a quem quis perene amante!

Ah, priscos encantos naquele meu Maranhãose, amor a passar ao largo, me foi tudo ridente

Saía-me mesmo sem sequer um leve arranhãodesfeiteando o tal amar lá contento da gente!

Queria eu sim, nas noites de luzes coruscantes,perder o olhar no espaço e reluzisse um poema,

para um dia chegar o meu verso aos infantes,verso que meu Brasil espelha e bem emblema!

A vida, essa a nos trazer não um só caminho,quis em Portugal justo eu fosse cursar Direito,

e não é, pois, que lá aos românticos me alinho,que da verve me brota tudo conciso e perfeito!

Havia por um bom tempo estagiado na Europa,quatro anos na vida minha ressentida ausênciaCanção do Exílio, que Brasil peito preme, dopa,

faz tal sucesso que já me é outra a consciência!Tido, enfim, naquele Brasil por escritor notório,

fastígios, porém, pouco ou nada dizendo à almaLevem meu esquife seis assíduos a meu velórioe donde entronado eterno reitero jazer na calma!

229 Fernando Catelan - Catelan das Letras. Há 15 anos é articulista do jornal O Diário. é membro, entre outras agremiações de respeito, da Academia de Letras do Estado do Rio de Janeiro, da Academia Brasileira de Es-tudos e Pesquisas Literárias (Rio de Janeiro-RJ), da Academia de Letras de Teófilo Otoni (Teófilo Otoni-MG), da Real Academia de Letras (Porto Alegre-RS) e do Clube dos Escritores Piracicaba (Piracicaba-SP)., integra a International Writers and Artists Association (IWA) com sede em Toledo, Ohio. Também musicista, é membro de várias fraternidades e maçom. Engenhario Mecânic, com MBA em Marketing Empresarial e de Serviços e-mail: [email protected]

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Mas Ana Amélia, se quase me prendeu no laço,a vi vez mais em São Luís, realçada a formosura

Esse singular frêmito só deterei eu se lhe abraço,mas ensejo os votos e dos pais vem repulsa dura!

O Ville de Boulogne ‘inda detém um náufrago,eu, na peleia rosnando à água não dê cabo disto

Enquanto o meu derradeiro cigarro célere trago,sei, fugi a instar, se Amélia o amor mais quisto!

Fernando Paganatto230

rESSuSCiTarO filho eminente do Maranhão,Que o orgulho em seu povo fez brotar,Esquecido, épico, na imensidão,

Tornou-se irônica Rosa no mar.

Quando perguntarem de onde venhoNão responderei com elegias.

Direi: Minha terra, apesar do menosprezoÉ onde, um dia, cantou Gonçalves Dias.

E permita deus, que ele volte –Permita deus! – em meu desfrute,De cada verso, cada estrofeDeclamada, sobre os primores de sua arte. E assim será ressuscitadaA memória do poeta, Mil vezes mais,Numa Palinódia mais que apropriadaDos meus versos, das estrofes iniciais.

Flávia Costa do Carmo231

gOnçalvES diaSA emoção e o encanto do olhar,

pois quando eu te vi pela primeira vez logo percebi queVocê era meu grande amor,

Que com clamor se declarou e me irradiou.

230 Fernando Paganatto - São Paulo – Brasil - 13 de fevereiro de 1985. escritor e redator freelancer. Poeta com pu-blicação em vários sites e antologias. Primeiro colocado no Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus, edição 2008. Editor do blog Poesia e Escrita

231 Flávia Costa do Carmo - Fortaleza-CE – Brasil - 26/03/1977. Sou formada em Análise e desenvolvimento de sistemas. Atualmente sou professora de informática do Centec..

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Assim como Gonçalves Dias que era um poeta romântico eIdêntico que nos inspira e nos apaixona com os seus poemas,

dessa forma somos inspirados peloromantismo meu amou, pois você me encantou no primeiro instante que te vi.

Você talvez meio sem jeito, mas que bom sem defeito,Com beleza e pureza me deixando boba e

naquela canção que era pura emoção,Estava me fazendo se sentir a mais bela, e você sem perceber meu amou

nem notou,Que tocou e encantou mais uma vez com toda emoção o meu coração.E com aquela paisagem bonita do nosso Ceará, toda a beleza do lugar,

com o mar mais lindo abrilhar, e a poesia de Gonçalves Dias a nos encantar, e eu ali estava

sem ir, nem querendo partir,mas por dentro era um tormento,

E dizendo que tola porque não conversar e encarar,Mas algo dizia que não seria o momento,

E naquele instante como não sendo o bastante, eu ia justificando e me afastando,

E por mim jamais sairia de perto de ti.Olhe que sim, ficaria ao seu lado, pois era irado,

E o seu olhar a me devorar, e eu a apreciar,Ficávamos um olhando pro outro, e sem perceber íamos pode crer nos

devorando,Era mesmo irado, eu a sentar do seu lado, sem muito falar só nos olhávamos.

Era mesmo uma tentação mas com muita emoção,Nos aproximávamos e ficávamos a nos embalar

Sem mesmo foçar nos amávamos.

Franciane Cristyne232

gOnçalvES diaSVamos lá minha gente

Vamos todos escutarAs poesias deste homem que

Eu vou apresentar

Gonçalves Dias é um poeta Era também muito legalQuando ele pegava a caneta

Escrevia a poesia genial.

Estudou em PortugalPassou por necessidade

Mas nunca desistiu Por seu grande ideal.

232 Franciane Cristyne - São Luís – MA - Brasil – 09/ 11/2001. Motivo da Participação: Divulgar a importância das obras de Gonçalves Dias como meio de divulgação e valorização da cultura brasileira

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Voltou para o Brasil Trabalhou em um jornal

Escreveu cantos e teatrosDe forma nunca igual.

Denunciava as injustiçasNa poesia falava

Do navio negreiroQuando a gente chorava.

Falava do amorDa sua terra natal

Onde canta o sabiáE as pessoas sabem amar.

Grande Gonçalves DiasPoeta do meu lugarMaranhense berço de ouro

Onde canta o sabiá.

Francisca Regina Rodrigues Neto233

rEEnCarnaçÃOJá que aqui me encontro agoraNa herança de meu tempo,Não deixo de perceberO trabalho e seu alentoDesse povo livre e soltoSenhor das próprias terrasQue produz ainda revoltoSobre o pouco que os encerra

A eles os prometeramLiberdade e independênciaMas só trocaram o senhor

Fora falta de prudência?Entretanto ainda convivem

Com mazelas do passadoQualquer um que se disponha

Já as tinha solucionado

Irmãos que avançam juntosSob esplendor de nova era

Não esqueçam a compaixão

233 Floriano – PI – Brasil - 08/03/1960 - Graduação Universidade Federal do Piauí e Pos- Graduação Universidade Federal de Viçosa - Minas Gerais. Professora da Universidade Estadual do Maranhão; Membro do Conselho Municipal de Meio Ambiente de Caxias - MA ; Membro Efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Caxias - MA ; Membro da Academia de Letras Educação e Artes do Estado do Maranhão.

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Pois com ela se fizeraGrandes reinos e paláciosPor vocês também fará

Meu coração convosco bateE some toda a minha esfera

Pois minha terra tem palmeirasOnde canta o sabiá.

Francisco Antônio Vale234

a gOnçalvES diaS “Não permita Deus que eu morra

Sem que eu volte para lá;...

...Sem q’uinda aviste as palmeiras

Onde canta o Sabia”

IVou ao Cais da SagraçãoPegar um barco encantado

Para encontrar em alto marNossos poetas do passado.

Quero com eles aprenderA viver um sonho versejado

Que se canta e se declamaQual um poeta e namorado.

Eles cantavam seus amores Pelas ruas, ás janelas dos sobrados

E nós ainda estamos cantandoSeus belos versos inspirados.

Entre eles viveu aqueleMais que todos aclamado,

Cantor das terras gonçalvinas,Bardo por Deus abençoado.

IIFoi distante daqui e cantou

Como o sabiá das palmeiras;Versejou a luta dos nativos

Destas plagas brasileiras.

234 Francisco Antônio Vale - Caxias – MA – Brasil - 22/02/1944. Formado em economia, aposentou-se pela Fun-dação IBGE. Em 1912 publicou o livro NA LINHA DO HORIZONTE, no qual reuniu suas primeiras poesias.

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Quando ansioso ele voltavaPara sua terra querida

Foi envolto pelas águasQue lhe encerraram a vida.

Descansa, poeta, e sonhaCom Amélia, em teu sono profundo

A lira revive teus versosDesde aqui e por todo o mundo.

Quisera cantasse o povoComo cantastes nos teus dias,

Mais feliz seria nossa gente,Haveria mais vida, mais alegria.

Francisco Carlos Soares Magalhães235

“SElva dE pEdra”Tenho saudades da minha cidade,

repleta de palmeiras;O canto das aves de outrora,

não soa mais tão belo na aurora,pois, as palmeiras foram alimentar as caldeiras,

para o homem saciar a sua ambição cheia de ferocidade.

As estrelas não estão mais felizes no nosso céu,as flores murcharam nas nossas várzeas,a vida não encontra mais os nossos bosques,os amores de nossa vida precisam de retoques,a nossa sociedade se escondeu em um escuro véu.

Sozinho, de dia ou de noite, em andança,sinto os olhares transpassar-me como uma lança,não tenho mais prazer da minha cidade desenhar,pois, não tem mais palmeiras para o sabiá livre cantar.

A minha cidade não tem mais rios límpidos,as suas ruas são de uma só cor pintada,pouca árvore plantada,

os sonhos de nossas crianças não são mais coloridos.

Os olhos da minha cidade não seguem uma regra,a de conservar a natureza,

isso vai levá-la com certeza,a se transformar numa Selva de Pedra.

235 Francisco Carlos Soares Magalhães - São Luís - MA – Brasil - 11/10/1968. Obra: Livro Renovemo-nos

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Francisco de Assis Carvalho da Silva Junior - Carvalho Junior236

nOSSOS OlHOS TÊm maiS vida - TriBuTO a gOnçalvES diaS

li, no olho de uma palmeira,um verso tão belo como a serenata do sabiá...

a vida só existe se se morre de amar!

do olho d’água, mais um verso tirei...ó olhos de vivo luzir, sem o vosso brilho

sobre o túmulo de um menino morrerei!

minha vida e meus amores enciúmam os olhos teusepopeias e tragédias banhadas em mares de ilusão...

uma vez que se encontraram os nossos meigos infantessons de sonhos, cantos guerreiros se ouviu do coração!

sou a concha e a virgem em viagem pelo mar o índio que nasceu para em teus braços morrernesse leito de folhas verdes, não me abandones...

hoje, dos teus olhos, ainda um adeus quase ouvi!olha e escuta, anjo, meu grito verde-mar de afeto sem fim

salve o “vate das américas”, os olhos da lua sorriem pra mim.

CançÃO dE um filHO - HOmEnagEm a CaXiaS dO maranHÃO E aO ETErnO gOnçalvES diaS

minha terra não tem Bandeiramestre Drummond também não é de cá

mas os poetas que aqui nasceramdo mesmo modo sabem encantar

nossas estrelas também conversamnossos pássaros sabem mesmo voar

nossas matas têm gonçalvinas e verdes palmeirasnossas musas sabem “verde-doira-mente” inspirar

o solar da tardinha, a lua da noite...que quadro de impressionar!

minha terra tem morenas, pardinhas...e quando vejo minha branquinha: bem-te-vi!

vou logo querendo beijar!minha terra tem sabores

sabores que não te posso revelarsó eu, juntinho, à noite

desse prazer posso desfrutarminha terra tem certas coisas

236 Francisco de Assis Carvalho da Silva Junior - Carvalho Junior - Caxias – MA– Brasil. Educador e literato. É autor das obras Linguichistes: poemas em portuglês (2008) e Mulheres de Carvalho (2011). É membro efetivo da Academia Sertaneja de Letras, Educação e Artes do Maranhão (ASLEAMA), onde conquistou o título de “O Sol da Sabedoria”.

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que nesse poema não posso contarnão permita Deus que eu morra

que eu morra noutro lugarse tenho que tornar ao pó

que seja nesse pedaço de chãoquero morrer à sombra dessas palmeirascantando e fazendo versos com a majestade:

o sábio e sibilante sabiá.

Francisco Gaudêncio Sabbas da Costa237

SaBBaS da COSTa - Maranhão, 7 de Setembro de 1873

SOnETO a anTOniO gOnçalvES diaS238

Em memória do Poeta laureadoO Brasil quis erguer um monumento!E tão grande e sublime pensamento

Foi em fino granito consumado.

Um tributo que ao gênio só e dado,Vem render a nação n’este momento!

Ao futuro legando um documento,Que o presente lhe oferece do passado.

As musas n’esta festa nacionalRendem cultos, em hinos de harmoniasÀquele que deixou nome imortal!

Ó cantor de inspiradas melodias,Que na lira seu estro divinalPelo orbe espalhou: Gonçalves Dias.

237 Francisco Gaudêncio Sabbas da Costa - São Luís – MA – Brasil - 25 de novembro de 1829, e aqui falecido, em outubro de 1874, o escritor não teve vida longa, tendo perecido ainda jovem, aos 45 anos. Obras, tidas como as principais de sua lavra: (1)Francisco II ou a Liberdade na Itália, drama em 5 atos, 1861(1881); (2)Pedro V ou o Moço Velho, drama em 5 atos, 1862; (3)A Buena-Dicha, comédia em 2 atos, prólogo e epílogo, 1862; (4)O Escritor Público, comédia em 1 ato, 1862; (5)Garibaldi ou o seu Primeiro Amor(6)O Barão de Oyapock, drama em 3 atos e prólogo, 1863; (7)Beckman, drama histórico em 7 atos, 1866; (8)Anjo do Mal, drama, 1867; (9)Os Bacharéis, comédia em 3 atos, 1870; (10)O Amor Fatal, (11)Rosina, romance; (12)Revolta, romance histórico; (13)Os Amigos, romance, em 25 capítulos; (14)Jovita, novela, em 3 capítulos; (15)Jacy A Lenda Maranhense, esboço de romance, em 14 capítulos. Outras obras publicadas em jornais da época também podem ser des-tacadas: (a)O Encontro; (b)Teatro de São Luís; (c)Como Nasce o Amor; (d)Simão Oceano; (e)A Madrugada; (f)Maria do Coração de Jesus; (g)O Baile; (h)O Dote; (i)O Adeus; (j)Não Brinques; (k)Sinfrônio; (l)O Homem do Mal; e (m)Encontro de Ronda com a Justiça; entre as que foram possível mapear.

238 Leal, Henriques, Pantheon Maranhense, São Luís, 1874, p Leal, Henriques, Pantheon Maranhense, São Luís, 1874, p 576. Poesias compiladas por Weberson Fernandes Grizoste - Jauru – MT – Brasil

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Francisco Gomes de Amorim239.240

mEmEnTO (A Rodrigo José de Lima Felner)Em memória de alguns amigos241

Philosophe modeste, ami sincère et tendre,Qui méritez la gloire et n’osez y prétendre,

Artiste, recevez ce fruit de mes loisirs. Millevoye.

IAmigo : na viagem que fazemos

Por este encapelado mar da vida,Bom é que de conserva naveguemos

Até ao ponto extremo: à despedida.

A largos anos, por fortuna minha,Encontrei-o fugindo da procela;E, como igual derrota me convinha,

Mareei pela sua a minha vela.

Unidos sempre desde então vagamos,E eu creio firme no feliz presságio

De que iremos, no bordo que tomamosFiéis até as praias do naufrágio.

Mas que triste viagem, meu amigo,Por tão diversos, tão sinistros portos!O meu livro de bordo e um jazigo,

Um registro de vinte amigos mortos!

IITudo mudou em dez anos!

E que profunda mudança!Fé, mocidade, esperança,

Prazeres, tudo acabou!Menos a triste doença,

A velhice prematura,A saudade e a amargura,

Porque a morte as rejeitou.

E, por maior infortúnio,Á sorte do peregrino

Liga o bárbaro destino

239 Amorim, 1866, 343-360. 240 Francisco Gomes de Amorim - Aver-o-Mar - Póvoa de Varzim 13 de Agosto de 1827 e faleceu em Lisboa a 4

de Novembro de 1891. Foi um poeta e dramaturgo português, sócio da Academia Real das Ciências de Lisboa. Viveu dez anos no Brasil.

241 Informação do compilador. Poesias compiladas por Weberson Fernandes Grizoste - Jauru – MT – Brasil

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Uma família infeliz!Não basta a dor do passado;

Ao presente mal seguro,Vem cuidados do futuro,

Com que a existência maldiz!

Oh! que Deus perdoe às almasQue a dor transvia um momento!

Neste mundo de tormentoCada qual tem sua cruz.

Feliz quem sobe o calvárioSem ter soltado um só grito!

Mas ao pecador contritoNão será negada a luz!

IIILembra-lhe aquele quarto, onde, a quinze anos,Em volta à minha banca de estudante

Se reuniam ás noites tantos homens,Tão ilustres nas artes ou nas letras ?

Oh! que saudades d’esse belo tempo!D’esses serões alegres e instrutivos,

De que o Garrett, o mestre de nós todos,Foi sempre o laço, a inspiração, a alma!

Que joviais conversas! que bons ditos!Que verdadeira graça portuguesaNaquelas reuniões! Eu, tão humilde,Ver ali agrupados no meu quartoEsses grandes da imprensa e da tribuna,Das letras e das artes! nesse tempo,Todos afetuosos, tão amáveis,Descendo complacentes das alturasEm que os pusera a merecida famaAté aos mais modestos, que tratavam,Como simples mortais, por tu e amigo!...

IVOh! bons tempos!... e, até na maior parte,

Bons amigos também!... Mas em dez anosForam-se todos!... Todos? não, amigo;

Que nós, e mais uns três, vivemos indaDos vinte que então eramos. Os outros

Morreram todos, ou, pior do que isso,Fizeram-se ministros e viscondes,

Pares, embaixadores, e até bispos!

VForam onde os levava seu destino,Sua ambição, seu gênio, sua audácia…

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Ou seu descaramento! Não se lembraD’um, que foi lá republicano austero,

Declamador feroz contra a nobreza;E que hoje pelas ruas de Lisboa

Passeia a sua estulta nulidadeEm ricas equipagens, onde brilham

Os brasões do vilão enobrecido?Pois esse é um, dos tais, dos que se foram,

D’esses que a minha vã credulidadeJulgou outr’ora amigos! Quando o vejo

Passar, levado em rápidos cavalos,Salpicando de lama as mãos que d’antes

Foram algumas vezes valedoras,Ele, menos cortês que os seus lacaios,

Nem me tira o chapéu! não me conhece!...

VIE esse outro democrata façanhudo

Que, depois de correr por vários maresEm busca da fortuna, alfim pescou-a;

E hoje quando me encontra (ó asco! ó nojo!)Trata-me por senhor, dá-me excelência!

Oh! como a posição transforma os homens!Como o dinheiro e os títulos descobrem

Essas almas vilãs que vão subindoNa escada social! Que importa, amigo?

Como dizia o nosso grande mestre:«Deus e a virtude restam; consolai-vos.››

VIIAi do que nasce neste mundo infame A

Despido d’ambições, modesto, humilde,Bico de coração, amando a todos,

A amizade fiel, honrado, e crente!Ai! sobre esse infeliz com mão de ferro

Há-de pesar um bárbaro destino!Que importa que seu ânimo esforçado

Afronte, sem queixar-se, a desventuraDa mais cruel doença? Há-de vence-lo

A ingratidão que desconsola e mata.Para tais corações, para essas almas,

Não há dor que mais trave, não h’a perdaQue se compare a perda d’um amigo.

VIIIAmigo?!.... os que perdi, os que se foram

Levados pelos ventos da vaidade,Da ambição, do poder, que me esqueceram

Apenas a fortuna os bafejara,

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Eram acaso amigos? Não; fingiamA amizade sincera, como agora

Fingem ser grandes homens. Felizmente,Quando esses tais as máscaras tiraram,

Os que me eram fiéis, os que não tinhamUsurpado esses títulos, vieramRodear-me nas horas de infortúnio;

E mandou-me a divina ProvidênciaOutros, inesperados, numerosos,

Verdadeiros amigos na desgraça,Que ainda os há por bem da humanidade!

IXMas eu não choro dois ou três ingratos

Que os acasos da vida engrandeceram,E que lá das alturas não enxergamQuem também ajudou a levanta-los.Eu choro, meu amigo, os que morreram

Nos últimos dez anos. Ai! por estesÉ justíssimo o pranto da saudade!

XMil oitocentos e cinquenta e quatro,

No seu mês derradeiro,Arrebatou-nos o imortal Garrett,

O amigo verdadeiro,O mestre glorioso de nós todos,

O meu primeiro guia!O seu talento iluminou minh’almaComo os meus olhos ilumina o dia.Grande espirito foi! Por mais que o tempo

Devore a eternidade,Jamais outro verá maior no gênio,

Mais fiel na amizade.Não era d’esses astros de luz tíbia

Que passam nas alturas: O sulco luminoso de seus passos

Há-de guiar as gerações futuras.

XIFoi o primeiro golpe aquela morte

Dado em meu coração.Hás depois, como as chuvas copiosas

Sucede a inundação,Após aquelas lágrimas primeiras

Outras muitas recordo.Siga-me neste rumo, que eu vou lendo

O meu livro de bordo:

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XIIExtinta jaz a luminosa chama

Que a cena enchia de vivaz fulgor!Um leve sopro dissipou a flama;

A voz da morte emudeceu o ator!

Quebrou-se o encanto que prendia as almas,E fazia chorar as multidões;

Caíram secas as colhidas palmas;A saudade brotou dos corações.

Quem há-de agora na lutuosa arenaEncaminhar a contristada grei?

Quem há-de, ousado, sobre a pátria cenaErguer o cetro d’esse artista-rei?

De Epifânio não resta outra memoria,D’essa alma nobre e pura,

Senão dias de fama transitóriaCoados d’amargura!

E um afeto de pai resume a históriaQue tão cedo o levou à sepultura:

Amava ternamenteUm filho que a doença lhe roubou;E o triste, amigo e pai, ao frio corpo

Abraçou-se, e expirou!História grande e simples! Ninguém há-de

Ouvi-la sem chorar!Descansa em paz, amigo, que o mereces,

Porque soubeste amar!

XIII Seguiu-se a este o jovial Gonçalves,

Espírito engraçado, culto, e fino,Que nas mais negras horas que passávamos

Nos ensinava a rir do mau destino.

Infeliz! quando ao fim de largos anosComeçava a vencer a desventura,

A doença, inimiga da fortuna,Atirou-o sem dó á sepultura!

E Deus sabe se acasoLhe não foi boa a morte prematura!...

XIVApós este, o Metrass, outra alma nobre;

Pela paixão da arte devorada,Que numa rola triste e solitária

Deixou sua existência debuxada!

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XVOutro, que a «sorte assinalou no berço,

Inspirado cantor, rei da harmonia»Enquanto o mundo o proclamava eterno,

Ele esgotava o cálix da agonia!

Foi Soares de Passos! O seu gênioPrometia-lhe vida gloriosa;

Mas consumiu-o a «chama abrasadora»No princípio da via dolorosa!

XVIDepois, Passos Manoel, alma romana,

Que na tribuna demonstrou cem vezesComo a eloquência e a virtude antigas,São adornos também dos portugueses!

VIIE quasi sempre a minha dor e luto

Eram a dor e o luto da nação;Ela perdia do porvir o fruto;

Eu, a consolação.

Três príncipes, modelos de virtudes,(E já um dera pela aflita greiAs provas mais sublimes e mais rudesQue jamais pode dar a um povo um rei!)

Uns após outros caem Da púrpura no pó!Entre os comboios fúnebres que saemDo palácio real envolto em dó,

Distam apenas hora! Se um príncipe adoece,Já não dá que esperar por vãs melhoras;

Fatalmente perece!

Porque? O povo assusta-se e murmura,Maldiz as duras, misteriosas leis,

Que lançaram na mesma sepulturas Três filhos dos seus reis!

Caiu no trono a maldição celeste?Serão isso castigos temerosos

Para aqueles que a púrpura reveste,Porque vivem soberbos e orgulhosos?

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Oh! Míseras crianças!Modestos, como os filhos do seu povo,De quem eram florentes esperanças

Do mais velho ao mais novo!

Não davam em seu peitoCabimento à soberba ou à vaidade

Nenhum dos três; e a demonstrá-lo afeitoJá estava o que tinha a majestade.

Nobre mancebo e nobre rei! Se os anosTão curtos que viveu fossem sobrados,

Se tivesse aos primeiros desenganosOs d’uma longa vida acrescentados,

Daria à sua pátria lustre e glóriaPara fazer inveja às mais nações

Ainda guardam todos na memóriaUma das suas últimas lições:

Foi quando a epidemia Devastava Lisboa.

Ele, por entre a turba que fugiaBuscando os sítios que o terror povoa,

Vai para os hospitais! Sublime exemplo, Modesto para a história!

Se a gratidão lhe não ergueu um templo,Não há tempo que o risque da memória!

XVIIIDepois, como a torrente

Que desce da montanha,E tudo quanto apanha

No curso espedaçou,Como a revolta vaga

Pelo areal extensoLeva, no rolo imenso,

O que ao subir topou,

Assim eu vi a morte,Rugindo furiosa,Na onda lutuosa

Levando os que eu amei!Arrasta, confundidos,

Poetas, jornalistas,Os sábios, os artistas.

Dois príncipes, e um rei!

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Antonio de Cabedo,Passos José, Lousada,

E D. José D’Almada,Todos na onda vão!

Depois, Gonçalves Braga,Bordallo, e Paganino,Envolve-os o destino

No mesmo turbilhão!

E Marcellino Mattos,Com Evaristo Bastos,

Nestes funéreos fastosInscrevem-se também!

Até José Estevão,Esse orador sublime,Caiu, quebrado vimeQue já raiz não tem!

E Lopes de Mendonça,De quantos hei citado

O mais desventurado,De mais pesada cruz!

Ó Deus! que sorte a d’ele!Pobre alma adormecida

No torvo mar da vida,Como farol sem luz!

Enfim, Gonçalves Dias,Poeta brasileiro,E amigo verdadeiro.Fecha o comboio feral.Da sua terra amadaJunto às amenas plagasFoi receber nas vagasSepulcro e funeral!

E só eu fico vivoAnte o furor da morte!

Escapo à dura sorteDe vinte amigos meus!

Em menos de dez anos!...Eu, que padeço tanto,

A todos, com espanto,Escuto o extremo adeus!...

Porque, Senhor? AcasoMe poupas por castigo,Até que um só amigoNão possa já contar?

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Oh! não! Expio a culpaD’um erro cometido;

E, d’entre os que hei perdidoFiquei para os chorar!

Mas quando eu caia exânimeNo meu dormir profundo,

Não deixarei no mundoAmigos corações?

Ai! Que também me choremAlmas afetuosas!

Que lágrimas saudosasValem por orações!

XIXÉ tempo de parar co’a fúnebre escritura;

Tenho chorado assaz, não posso agora mais.Enxergo atrás de mim tão vasta sepultura,Que um mosaico direis de pedras sepulcrais!

Filósofo modesto, amigo verdadeiro,Que, ocultando o saber, o coração revela,A sombra do seu gênio honrado e justiceiro

Acolha esta canção da lira mais singela.

Bem sei quanto o magoei, trazendo-lhe à memória,Co’a imagem dos que amou, e que perdeu como eu,

As páginas fatais da sua própria história,Recordações d’um luto em tudo igual ao meu;

Porém é sempre doce aos corações saudososBuscar consolações no seio da amizade!

Se a morte nos deixou da mesma dor queixosos,Partamos entre nós os prantos da saudade!

Francisco Grácio Gonçalves - Francisco Kablianis 242

aO iluSTrE SáBiO gOnçalvES diaSSente-se o cheiro aqui,Da tal brisa que foi realeza.

Os odores fortes e secos, Ainda perduram nessa alma,

242 Francisco Grácio Gonçalves - Francisco Kablianis - Lisboa – Portugal - 21 de Outubro de 1971; iniciou a sua ati-vidade profissional em 1994, tendo ainda sido e ao longo do seu percurso, responsável por vários projetos no âmbito dos serviços educativos e de extensão cultural de Museus, bem como pela coordenação e organização de diversas atividades de dinamização cultural. Desempenhou funções docentes no ensino básico, secundário e no ensino superior e funções técnicas nas áreas da educação e da cultura. É autor e colaborador em obras e artigos de carácter científico, pedagógico e literário.

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Desenleado na tal cartaDo ilustre sábio.

As pombas brancas,Que correm ágeis

Na ria fresca Que também é anil,

Voltam ao soproDe mais um dia.

Os quadros despidosDe cor e lhaneza,

Já não se asseveram,No rubor da cividade,

Coberta de laivos De pobreza e luxúria.

Este ar que se transpiraFoi já análogo outrora,

Quando tudo era, Quando tudo foi

Tão mais indiscutível,Límpido, verídico e insaciável.

Ouve-se ali, além e aquém,A música, o canto conhecido,A sonância famosa e familiarDo regresso deveras almejado Dos excêntricos pescadores,Do mantimento ambicionado.

O perfume característico Destas fragrâncias isentas Que não se transmutaram,Arreiam à terra orvalhada,Cotejando-nos a sensação

Da erudição conhecida.

O SOnHO aCOrdadOAinda que os ventos fortes

Experimentem que durmas Neste sonho inerente,

Perdurarão na tua essência As tais rememorações

Daqueles enleios, De comunhão violenta e exclusiva, Dos corações elementares e puros,De simplicidade extrema,Que te ensinaram…

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A conhecer o hálito E a transformar…

Todos os instantes Em notáveis sentimentos

Minha amada Ana Amélia.

TEmpOS dE EnTÃOQuando, por fim,

A janela se fechou, Ana Amélia

Deixando para trásToda esta água,

Este mar cerúleo, Assomou-se a chaga

Da melifluidade eterna, Que perdurou

E estremeceu, Incessantemente.

A despedida,O adeus,

A ferida,A dor,A mágoa, Será sempre

Recordada Neste novo amanhecer,

Nesta lutaDe manter aberta

A tal janela, Que teimou

Em se encerrar.

a vOZ Salgada dE ana améliaOuve-se ao longeA voz salgada,

Em grande silêncio. O sussurrar da chuva,

A aragem elegante e gélida Que corta a música

Genuína e clara,Encaminhando a melancolia,

A alguém que se distancia,Que já não se encontra,

Aqui, em terra.

O silêncio permanece Na água plena. E a voz salgada

Voltará somente

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Ao seu cântico, À sua pigmentação,

Ao seu rubor,Ao seu mestre,

Quando, Depois de muita faina,Tudo tiver acontecido.

Este mar que me levaA água que me cobre.

A despedida que não terei,O amor que deixei.

A minha amada que perdi,O sonho que levo.

O seu rosto que não esquecereiEste amor…Que nunca morreráApesar de eu próprio

Já ter sucedido.

a mÚSiCa QuE Ela mE CanTaAo alvorecer,

No acordar,Ouve-se a voz sabida,

Que canta a melodiaEmblemática e forte,Que é esporeio e afoiteza.Ao som melodiosoDas suas promessas,Vestem os barquinhos,Cuidadosamente,Com desembaraço,Extraordinário e certeiro.

Os vestidos rede E toda a vestimenta,

Inerente e enxuta, Para a labuta quotidiana,

De que se ensoberbecem, Desde a puerícia,

É traçada ao detalhe, Sem uma única omissão.

Os sorrisos encarnados,Trajados de encanto,

Daquela gentil-mulherQue harmoniza toscamente,Convoca a sua realeza,Com o seu timbre ligeiro.

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E da volta, Faz sempre parte

O tal devaneioDo êxito desejado,

O acertar do passo,Na cadência da dança,

Da água espinhada, No sucesso da chegada.

Deste amor,Que é meu

Mas também seu.

Francisco José da Silva243

O pOETa maiOrUm homem de fino trato:

Graduou-se em PortugalApesar do estrelato

Regressou à Terra Natal

Antônio Gonçalves DiasPrecursor do Romantismo

Deu vida às fantasiasNovo rumo ao lirismo

O espírito solidárioTocou-lhe o coração

E fez deste emissárioGuerreiro da abolição

O seu feito é imortalFicará sempre na história.

A igualdade racialDefiniu sua trajetória.

páTria amadaJamais em tempo algum

Houve igual brasilidadeGonçalves Dias é mais um

Brasileiro de verdade.

O amor à Terra NatalFez dele um exilado

Mesmo estando em Portugal

243 Francisco José da Silva - Bom Jesus do Galho – MG – Brasil - 19/01/55. Publicações: Ecos do Coração (pen-samentos e poesias); S.O.S Sacramento: a agonia de um rio documentátio histórico-científico). Ocupante da Cadeira nº 6 da ABLA (Academia Bonjesuense de Letras e Artes); Membro Correspondente da ALTO (Academia de Letras de Teófilo Otoni)

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Sentiu-se enclausurado.De volta à Pátria amada

Assim quizera o destinoOfertar como morada

O manso mar nordestino.

Talvez obra do acasoQuem sabe, falta de sorte

Porém, a costa, mar rasoSeria seu leito de morte.

Partira do Velho MundoDe Volta ao seu Maranhão

Fraco, já moribundoSe foi, mas deixou a lição.

amOr plaTôniCOAinda convalescente da saudade

Que o fizera refém em PortugalGonçalves Dias conhece esta beldade:

Jeito de mulher; rosto angelical.

Ana Amélia, o nome desta fada Seu primeiro e único amor

Paixão intensa, louca e desvairada Que não floresceu; foi só espinho e dor.

Por ser mestiço, fora renegadoE a musa se foi, tal e qual o ventoDeixando o pobre moço desolado...Pasmo, perdido em seus pensamentos

Só lhe restou aquele amor platônicoFruto das diferenças raciaisOu herança de um destino irônicoSalpicado de dor e tantos ais.

Mas nada ofuscaria seu grande brilhoSeu nome já estava na históriaEm que o autor de CANÇÃO DO EXÍLIO

Já alcançara o ápice da glória.

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Francisco Junior Xavier244

EXÍliO da CançÃOSem a terra

Sem as palmeirasSem o canto dos sabiás

Sem fauna nem flora brasileiraNo exílio a se lembrar

Céu de poucas estrelasCampos com poucas flores

Vida com pouca vidaVida sem muitos amores

Viajando no pensamentoVoltando para encontrar

A terra das grandes palmeirasOnde canta o sabiá

A terra de muito encantoÉ melhor que o exilar!Viajando no pensamento

Voltando para encontrarA terra das grandes palmeiras

Onde canta o sabiá

A morte encontra nas águasSem nunca mais se encontrar

Sem a terra das grandes palmeirasSem o canto do sabiá

Sem o encanto da terra primeiraQue no exílio não há.

Francisco Nelson Filho - Chico da Mata245

COnTEmplaçÃO dE SÃO luÍSContemplando os planetas selestiaes

De um coreto admirei muito felizEm densas trevas cintilada pelas luzes

A majestosa cidade de São Luís.

244 Francisco Junior xavier - Ibaiti – PR – Brasil - 22 de maio de 1991. Graduando dos cursos de Filosofia, pelo Se-minário de Filosofia Rainha da Paz e Letras Literatura pela Universidade Estadual do Norte do Paraná, ambos em Jacarezinho. PR. E-mail: [email protected]

245 Francisco Nelson Filho - Chico da Mata - Alto Longá PI – Brasil - 17.03.1917; faleceu em São Luís-2000. Filho de lavradores, alfabetizado em casa pelo padrinho, ele mesmo diz: “minha escolaridade vai só mesmo até o paleógrafo que li dois livros”. Sanfoneiro, por 20 anos, no Piauí, muda-se com a família para o Maranhão (1968), fixando residência em São Luís (Cruzeiro do Anil – Rua Boca da Onça, casa 25), onde passa a atuar como vendedor de bilhetes de loteria pelo centro comercial da Cidade, sempre a recitar, nas horas vagas, seus “verços” (escritos, em geral, a noite), por entre os companheiros de trabalho, merecendo destes toda a admiração e respeito. Amante da leitura, também recitava, de cor, poemas de Gonçalves Dias, Camões, Olavo Bilac, Raimundo Corrêa...

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Era tarde, as istrelas fassinantisRebrilhavam os seus raios no Oriente

Minha musa ordenou-me a discreverImagens e emoções desse momento.

Tarde da noite e nos braços de MorfeuMuitos humanos se achavam adormecidos

E na doçura da aragem matutinaLanço a vagar pelo mundo meu sentido.

Sobre as asas de um dom que me foi dadoPus-me a compor este singelo poema

À terra amada, capital nunca isquicidaTorrão simbólico do grande Gonçalves Dias.

Dei meu amor a esta terra abençuadaQue jamais poderá ser preteridaNa memória e coração da nossa gente

Terra fértil, generosa e tão garrida.

Que puetas, patriotas, grandes nomesTêm nascido nesta terra prazenteira

Este rincão benfazejo agraciado Filho dileto desta pátria brasileira.

Antepassados já se foram desta vidaPara este mundo morreram, se acabaramFoi-se a matéria ao túmulo consumir-seMais os nomes, estes se imortalizaram.

Outros mais que existem no presenteSubstituem os que passaram pela morteContinuando a defender este torrãoO pavilhão de um Brasil honroso e forte.

Velhos prédios recordando os velhos temposEstreitas ruas, as ladeiras que pisaram

Nossos puetas a cantarem combatentesA liberdade que o país tanto ansiava.São Luís do Maranhão – pai da pobreza!

Acolhedor dos pobres necessitadosDos retirantes que tangidos pela seca

Chegam aqui e logo são amparados.

Estado rico, bom, onesto, generosoHospitaleiro e com grande coraçãoHaverás de a cada dia progredirBela terra, chão airoso, Maranhão!

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Brasileiro que te ame e considereDe coração, não haverá mais do que euMinha alma, minha vida a ti entrego

No teu regaço meu amor é todo teu.

Teu litoral de belas praias esplanadasA leve brisa me traz uma sensação

Enquanto muitos se divertem, se distraemEm mim se opera tão grata recordação.

Regozijo-me em olhar as fortes ondasConsiderando o puder da natureza

Magnífica é a sua competênciaAbstrativo santuário de beleza.

Que sentimentos de mim se apuderamNão ser formado, não ter feito um curço bom

Fortifico-me em saber que não é a letraMais o berço é quem dá ao homem o dom.

Se um dia desta terra eu for emboraEm saudades me verei noites e diasAté que volte novamente sem demora

Para abraçá-la decantada em Poesia.

O meu peito em saudade se arderáMeu coração taciturno e melancólico

Ficará se algum dia eu a deixarCom seus prédios de beleza tão simbólica.

São Luís, minha fé, minha esperançaTerra amada, tão querida e benfazeja

Viverás para sempre na lembrançaDeste pueta que só o bem te deseja.

Contemplando os planetas celestiaisDe um coreto admirei muito feliz

Em densas trevas cintilada pelas luzesA majestosa cidade de São Luís.

Era tarde, as estrelas fascinantesRebrilhavam os seus raios no OrienteMinha musa ordenou-me a descrever

Imagens e emoções desse momento.

Tarde da noite e nos braços de MorfeuMuitos humanos se achavam adormecidos

E na doçura da aragem matutinaLanço a vagar pelo mundo meu sentido.

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Sobre as asas de um dom que me foi dadoPus-me a compor este singelo poema

À terra amada, capital nunca esquecidaTorrão simbólico do grande Gonçalves Dias.

Dei meu amor a esta terra abençoadaQue jamais poderá ser preterida

Na memória e coração da nossa genteTerra fértil, generosa e tão garrida.

Que poetas, patriotas, grandes nomesTêm nascido nesta terra prazenteira

Este rincão benfazejo agraciado Filho dileto desta pátria brasileira.

Antepassados já se foram desta vidaPara este mundo morreram, se acabaramFoi-se a matéria ao túmulo consumir-se

Mais os nomes, estes se imortalizaram.

Outros mais que existem no presenteSubstituem os que passaram pela morte

Continuando a defender este torrãoO pavilhão de um Brasil honroso e forte.

Velhos prédios recordando os velhos temposEstreitas ruas, as ladeiras que pisaramNossos poetas a cantarem combatentesA liberdade que o país tanto ansiava.

São Luís do Maranhão – pai da pobreza!Acolhedor dos pobres necessitadosDos retirantes que tangidos pela secaChegam aqui e logo são amparados.

Estado rico, bom, honesto, generosoHospitaleiro e com grande coração

Haverás de a cada dia progredirBela terra, chão airoso, Maranhão!

Brasileiro que te ame e considereDe coração, não haverá mais do que eu

Minha alma, minha vida a ti entregoNo teu regaço meu amor é todo teu.

Teu litoral de belas praias esplanadasA leve brisa me traz uma sensaçãoEnquanto muitos se divertem, se distraemEm mim se opera tão grata recordação.

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Regozijo-me em olhar as fortes ondasConsiderando o puder da naturezaMagnífica é a sua competência

Abstrativo santuário de beleza.

Que sentimentos de mim se apoderamNão ser formado, não ter feito um curso bom

Fortifico-me em saber que não é a letraMais o berço é quem dá ao homem o dom.

Se um dia desta terra eu for emboraEm saudades me verei noites e dias

Até que volte novamente sem demoraPara abraçá-la decantada em Poesia.

O meu peito em saudade se arderáMeu coração taciturno e melancólico

Ficará se algum dia eu a deixarCom seus prédios de beleza tão simbólica.

São Luís, minha fé, minha esperançaTerra amada, tão querida e benfazeja

Viverás para sempre na lembrançaDeste poeta que só o bem te deseja.

Frederico Ferreira de Souza 246

CançÃO dO EXÍliO Minha terra tem amor

como não existe noutro lugar. Sua comida tem sabor, levando-nos a sonhar.

Um dia teve lagos e cachoeiras; Hoje, prédios e asfaltos.

As crianças brincam com máquinas; não há sequer um pequeno mato.

Em minha terra, temos prazer em desafios. Não tememos qualquer problema,

Embora digam que estamos por um fio e ser tudo muito difícil.

Eu, graças aos desafios, trago no peito um emblema

que comprova, não ter caído, no desvio e ter aprendido que, com persistência, tudo fica mais fácil.

246 Frederico Ferreira de Souza - Porto Alegre-RS - Brasil - 1º de junho de 1994. Membro Fundador da Academia de Letras Machado de Assis, de Porto Alegre/RS, Cadeira 32, Patrono Álvaro Moreira; Membro Efetivo da Academia Virtual Sala de Poetas e Escritores, Balneário Camboriú/SC; da Liga dos Amigos do Portal CEN, de Portugal; e, da Associação Internacional dos Poetas del Mundo. Coautor do Romance Interativo: “Fantástica história de um mundo além da imaginação”. Atualmente, está estuda na Inglaterra.

E-mail: [email protected]

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Frederico Guimarães247 -

gOnçalvES diaS - À digna comissão de inauguração do monumento ao poeta, no grande dia 7 de Setembro

Non omnis moriarHorácio

Nobre vulto! egrégio vate,Ergue a altiva fronte agora;

Que tua fama se dilate,De Setembro a linda aurora.

Não é acaso ao reclamoDo teu nome grandioso.

Que se congrega gostoso,N’este lugar tanto povo!?

É sim, este o povo altivoDo galhardo – São Luís,

Que vem dar-te sinal vivoDe quanto amou e te quis;

Que vem pressuroso alegre,Render seus preitos augustos;

Ante a efígie e ante os bustosDe brasileiros ilustres.

Apollo, Minerva, Marte?!E vós Musas, também, sim;Desenrolai o estandarteAuriverde de cetim;Vinde insuflar nova vidaAo cisne tão popular,Que tanto soubera amarO berço que o Céu lhe deu.

Dai vida também a esseQue se chamou Odorico,

No qual, Virgílio quem lesse,Saudaria um estro rico;Dai vida a João Lisboa,

Historiador – eminente,Que mesmo seria ingente

Se a parca o não retraísse.

247 Leal, Henriques, Pantheon Maranhense, São Luís, 1874, p 573-575. Poesias compiladas por Weberson Fer-nandes Grizoste - Jauru – MT – Brasil

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Dai vida ao grande Sotero,Vulto de fundo saber;

Nobre, caráter austero,Onde há muito que aprender;

Dai vida a Gomes na Sousa,Sol, que raiou no BrasilInda em anos, juvenil:

Dai vida a tantos luzeiros!

E depois prestai ouvidosAo Cantor dos Timbiras;

Que d’essa tuba os soídosAcordem suaves liras.

Vindes ouvi-lo? Pasmai!Pasmai, que Gonçalves Dias,

Criou novas ousadiasCo’ estro que Deus lhe deu.

Jazia como dormidoSeu estro ardente e fugaz;

Mas este dia – queridoNovo impulso hoje lhe traz,

Ouvi-o, pois, em concertoCom esses vultos da história,

E saudai, hoje a memóriaDo cantor – rei da harmonia.

Frutuoso Ferreira248

aO imOrTal CanTOr dOS TimBiraSSirenas do Além-Mar, castelos e princesas...

Sou Atlântida, em flor, querendo o encantamentoDo império de Cristal... Por sobtre o irradiamento

Do Gênio escukltural que afaga estas turquesas.

Eu venho m’embalar nos fastos dos Timbiras,´No canitar que ensombra as frontes dos Guerreiros,

Na voz dos Maracás, nas mãos dos Feiticeiros...Cantai, bosques em flor, Piagas... Currupiras...

248 RAMOS, Clovis. ROTEIRO LITERÁRIO DO MARANHÃO – Neoclássicos e Romanticos. Niteroi: Clovis Ramos, 2001, p.309-311, Poesia compilada por Leopoldo Gil Dulcio Vaz – Curitiba – PR – Brasil – 1952; Instituto Histó-rico e Geográfico do Maranhão; Universidade Estadual do Maranhão

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Espirito do Mar... Oh Êxtase infinito,Tu que acordas o Azul e que meu entro expandre

Na tumba do Cantor por etas noites grandes,

Tu que ascendes à noite a flama do aerólito,Vai abrir os salões dos encantados deuses,Guardados por Dragões d´espadas e de arneses.

II

Oh Noite... Eternidade!... Oh Êxtase infinito...Eu – Atlântida, em flor, nas vagas dos Cruzeiros,

Venho acordar o Sol das plagas dos Guerreiros,No vortilhão do Azul que traz seu nome escrito.

Pompas monumentais do túpico arrebol,Erguei-vos dos cristais dos mares constelados...Virgens que estás sonhando os faustos dos noivados...

Liras que estais dormindo... aí vem o vosso Sol:

É o Sol do coração que acende o Sentimento,Rubro como o coral dos lábios de Iracema,

Veste a luz auroral que doira o firmamento;

Por entre os madrigais das mágicas safiras,Vinde saudar o Sol que o vosso Deuz emblema,Oh glórias marciais dos válidos Timbiras!

III

No êxtase a palpitar nessa Visão dos Andes,Nas noites tropicais das terras brasileiras,Aqui acordam Trovões o Gênio das palmeiras,Embuçado no azul destes abismos grandes...

No azul?... que direi eu? – as gemas ondulantesDo seio ardente, em flor, de Aniaras Colossais;

E entre arminhos d’espuma e aurélias doudejantes,Jorram astros, a fluz, ``a tona dos cristais.

Brame, Y-Juca Pirama... acorda os teus cantares,Quero ver os Astrais nas Óperas dos Mares,

Nas danças festivais ao som de seus borés...

Brame, Y-Juca Pirama... acorda os teus cantares,Derrama a tua epopeia à luz desses luares,Sejam as noites – Visões... as vagas... os Pajés.

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Fuad Bakri249

CançÃO dO EXÍliOBrasileiro e Palestino,

duas nacionalidades bem diferentes. De um lado, um país muito liberal;

do outro, um bastante conservador.Aqui, temos mais amor;

Lá, as pessoas são super discretas. Aqui, a vida tem mais sentindo;

Lá, temos que viver a rotina de nossos ancestrais.

Aqui, a vida é vivida; não nos deixamos reger

pela cultura, raça ou cor; corremos atrás de um objetivo maior, a felicidade.

G. dos Reis

gOnçalvES diaS 250

Desde a hora fatal que a malsinada meiga Eloah seguindo o seductor,

archanjo mau rebelde e trahidor, foi que elle no abysmo arremessada,

aí! Nunca mais na célica moradana divina mansão do Creador.

Em profunda trstisa margulhadaRepercutiram cânticos de amor!

Um dia Jehovah dessa tristesa,Entendeu libertar-se e com grandesa,

Quis o Empyreo cheio de harmonias.

Mas aonde encontral-as com prestesa?Subito chama aos cerus Gonçalves Dias

O bardo genial das melodias!

249 Fuad Bakri - Porto Alegre-RS – Brasil - 24 de dezembro de 1994. Estudante do Ensino Médio do Colégio Co-nhecer, Porto Alegre/RS. Secretário de Edição e Publicação e Membro Efetivo da Academia de Letras Machado de Assis, Porto Alegre/RS, Cadeira 31, Patrono: Castro Alves; Academia Virtual Sala de Poetas e Escritores, Balneário Camboriú/SC; Associação Internacional dos Poetas del Mundo; e, Liga dos Amigos do Portal CEN, Portugal. E-mail: [email protected]

250 Diário de São Luiz, 10 de agosto de 1923, Poesia compilada por Leopoldo Gil Dulcio Vaz – Curitiba – PR – Brasil – 1952; Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; Universidade Estadual do Maranhão

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G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira (RJ)251

autor(es): COmpridO, lEléO E Zagaia

SamBa EnrEdO 1958 - CançÃO dO EXÍliOClássico da nossa poesia

É a canção do exílio De Gonçalves Dias

Poemas de sublime inspiração De amor e ternura

Em sua confecção Lamento

De um coração soturno De um poeta taciturno

Que em versos escreveu Todo drama Do arfante peito meuEste poema nasceu

Da saudade Do seu Brasil distante

Das suas campinas verdejantes Com suas flores multicores

Suas estrelas Ornamentando um vasto céu

Como sofria O saudoso menestrel É s uma estrofe De saudade e de amor Na qual suplicava ao senhorNão permita Deus que eu morra Sem que eu volte para lá Sem que reveja As palmeiras Onde canta o sabiá

251 Grêmio Recreativo Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira - Rio de Janeiro – RJ – Brasil – Fundada em 28 e abril de 1928 é uma das mais tradicionais escolas de samba do Rio de Janeiro e uma das mais popu-lares do mundo. Foi fundada em 28 de abril de 1928, no Morro da Mangueira, próximo a região do Maracanã por Carlos Cachaça, Cartola, Zé Espinguela, entre outros. Atualmente sua quadra está sediada na Rua Visconde de Niterói, no bairro do mesmo nome. A Mangueira foi a escola que criou a ala de compositores e a primeira a manter, desde a sua fundação, uma única marcação do surdo de primeira na sua bateria. No símbolo da esco-la, o surdo representa o samba; os louros, as vitórias; a coroa, o bairro imperial de São Cristóvão; e as estrelas, os títulos http://pt.wikipedia.org/wiki/GRES_Esta%C3%A7%C3%A3o_Primeira_de_Mangueirav

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Gabriel Azevedo Scholze252

CançÃO dO EXÍliOMinha vida é Porto Alegre,

onde temos um pôr do solque não para de brilhar.

Aqui, somos diretos, lá, não param de enrolar.

Lá, o sabiá canta; aqui, o quero-quero não para de gritar.

Aqui, o suculento churrasco; lá, a peixada que não mais

conseguimos aguentar.Aqui, orgulhamo-nos do Laçador;

lá, eles, do elevador.Aqui, fandango a noite inteira;

lá, a capoeira não para de rolar.Aqui, o Guaíba; lá, o marzão.

Aqui, temos orgulho da Terra; lá, dá Festa de Nosso Senhor do Bom Fim,

ocasião em que ocorrea lavagem das escadarias,

com participação do povo. Aqui, apreciamos o chimarrão;

Lá, a água de coco é bebida de galão.Aqui, Erico Verissimo é o Grande Escritor;

Lá, Jorge Amado é o Redentor.Aqui, Porto Alegre/Rio Grande do Sul;

lá, Salvador/Bahia!

Gabriel Rocha da Silva253

CançÃO dO EXÍliOA minha terra

é bem mais linda que a terra onde estou.

Lá, o céu é de um azul envolvente

tal qual o azul mar. As diferenças, talvez,

tenham a ver

252 Gabriel Azevedo Scholze - Porto Alegre-RS – Brasil - 29 de janeiro de 1999. Estudante do Ensino Fundamental do Colégio Conhecer, Porto Alegre/RS. Integrante do Projeto “Imagens e Textos construindo Histórias e Ver-sos”: “Banners Poéticos”, 2012. Curte natação e jogos eletrônicos. E-mail: [email protected]

253 Gabriel Rocha da Silva - Porto Alegre/RS – Brasil - 25 de abril de 1997. Estudante do Ensino Médio do Colégio Conhecer, Porto Alegre/RS. Integrante do Projeto “Imagens e Textos construindo Histórias e Versos”: “Caixas Poéticas”, 2012. Cursa inglês no Wizard e curte esportes. E-mail: [email protected]

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com a saudade que invadiu meu coração.

A dor que nele habita,não me permite enxergar

as belezas que aqui existem, apenas as de lá.

Gabriel Rubim da Silva254

minHa TErra TEm SuJEiraMinha Terra tem sujeira onde cantava o sabiá,

Os pássaros que encantavam a auroraNão encantam mais agora.

A paz que existia antes,Agora é zoada de ambulantes,A harmonia que existia na pista

Agora é acidentes, com pedestres e motoristas.

A vida do povo sem confusãoAgora existe briga e poluição

Ao pensar sozinho à noite,Cadê a paz no Maranhão.

Paz e Bem aos maranhensesQue guardo no coração,Terra de povo sofrido, mas alegre eu te digo,Maranhão minha Terra de Paixão.

O pOETa da minHa TErraO poeta da minha Terra de proezasFaz poesias sobre suas belezasLutou para o bem dos ÍndiosRespeitou sua mãe e a tratou com carinho.

Um poeta que admiroCom muita saudade do Maranhão

Fez a “Canção Do Exílio”

Na vinda de Portugal perdeu sua vida,Em uma viagem marítima

Poeta de garra e paixão que amava,Sua Terra, o Maranhão.

254 GABRiEL RUBiM DA SiLVA - São Luís – MA : Brasil – 15/07/2001. Motivo da participação: Eu gostaria de parti-cipar da antologia porque gosto muito e acho interessantes as poesias de Gonçalves Dias e me interesso muito por poesia e tenho certeza que minhapoesia é muito bonita e que a população brasileira vai achar bonita.

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Nunca largou a poesia,Lutou pelos Índios até o fim de sua vida

O Poeta da minha Terra me trás muita alegria,Ele é Gonçalves Dias Que me fez fã da poesia.

Gabriel Wendermuller P. Amaral255

gOnçalvES diaSGonçalves Dias foi um professor de Latim,

Ele escrevia suas poesias com muito amor,Ele foi um exemplo de cidadão

Que iluminou o Maranhão.

Ele foi filho de um comerciante,Com sete anos virou estudante,

Com doze anos saiu de casa foi para faculdadeFormou-se em autoridade,

Ganhou a décima quinta cadeira em atividade.

O pai dele era João que comia arroz com feijãoPara seu filho nascer fortão,

Sua mãe era doméstica,Quando era aniversário dos seus filhos

Fazia muita fantasia.

Gabriela Fernandes de Freitas256

CançÃO dO EXÍliONo Brasil, embora a paisagem natural,

em alguns pontos, já tenha sidomodificada pelo homem,

o cenário continua belíssimo,havendo pontos louváveis

de admiração e encantamento.Nos Estados Unidos,

boa parte da paisagemfoi substituída por imensas construções

e os seus costumes são bem diferentes dos nossos.

No Brasil, orgulhamo-nos de nosso pais;

255 Gabriel Wendermuller P. Amaral - São Luís – MA : Brasil – 08/01/2002. Motivo da participação: Eu gostaria de participar da antologia porque eu quero ser reconhecido pelo meu trabalho que fala sobre minha capital.

256 Gabriela Fernandes de Freitas - Porto Alegre/RS – Brasil - 20 de março de 1995. Estudante do Ensino Médio do Colégio Conhecer, Porto Alegre/RS. Membro Efetivo do Projeto “Vida, Amor e Paz”, do “Cercle Universel des Ambassadeurs de la Paix, Suisse/France”. Integrante dos Projetos Literários “Tabuleiro de xadrez lírico”, 2011; e “Porta copos poéticos”, 2012. Curte música e festas. E-mail: [email protected]

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aqui, o povo parece desprovido de emoções.

O Brasil, com suas cachoeiras, montanhas, lagos, praias

e campos repletos de árvores e flores, é lindo, maravilhoso!

Gabriela Mendes Prunes da Cruz257

CançÃO dO EXÍliOEm Porto Alegre tem pouca poluição;

Aqui, há em grande quantidade.Nesta metrópole há muitos carros;

Lá, nem tantos.Aqui, tem muitos pontos turísticose comerciais;Lá, poucos.

No litoral sul-riograndense, há belas praias

tais quais no paulistano. Lá, encontro amigos;

Aqui, desconhecidos.Nas ruas de Porto Alegre

não circulam muitos turistas;Aqui, deparo-me com milhões deles. No entanto, no troco, de jeito algum, minha cidade por outra qualquer.Lá, há pontos negativos e positivosque fazem de nós um povo diferente.

Gabriele Loureiro Bruschi258

CançÃO dO EXÍliONo Brasil não há conflitos

religiosos, sociais e políticos; em Israel tem em abundância.

Aqui, homens e mulheres

257 Gabriela Mendes Prunes da Cruz - Porto Alegre/RS – Brasil - 14 de fevereiro de 1995. Estudante do Ensino Médio do Colégio Conhecer, Porto Alegre/RS. Vice-Presidente do Centro Estudantil do Colégio Conhecer, de Porto Alegre/RS. Membro Efetivo do Projeto “Vida, Amor e Paz”, do “Cercle Universel des Ambassadeurs de la Paix, Suisse/France”. Integrante dos Projetos Literários “Tabuleiro de xadrez lírico”, 2011; e “Porta copos poéticos”, 2012. Coautora do E-book “Haikais”, postado no site Teia dos Amigos, de Sonia Orsiolli, Sorocaba/SP. Cursa inglês no Uptime. E-mail: [email protected]

258 Gabriele Loureiro Bruschi - Porto Alegre/RS – Brasil - 18 de maio de 1998. Estudante do Ensino Fundamen-tal do Colégio Conhecer, Porto Alegre/RS. Integrante do Projeto “Imagens e Textos construindo Histórias e Versos”: “Banners Poéticos”, 2012. Membro Efetivo do Projeto “Vida, Amor e Paz”, do “Cercle Universel des Ambassadeurs de la Paix, Suisse/France”. Poetisa Idealizadora e Coordenadora do Projeto Poesia Inclusiva. E-mail: [email protected]

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têm direito a palavra; lá, a mulher é bastante submissa.

Em alguns lugares, elas não podem estudar

e são forçadas a fazer trabalhos escravos.

No Brasil, as mulheres, a cada dia, conquistam

mais e mais espaços importantes na sociedade

Gabrielle Souza Marchisio259

CançÃO dO EXÍliOSou muito mais da minha terra.

De onde vim, quero ficar.Quando sai de Lá, percebi

que foi Lá que aprendi a amar.

Esta terra onde me encontro;não é tão bela,

calorosa, nem tão minhaquanto aquela de Lá.

Na minha terra,

a grama é mais verde;o sol traz mais calor;o céu é mais azul;

e há muito mais amor.

É bom partir,viajar,

mas nada se igualaa sensação de para casa voltar.

259 Gabrielle Souza Marchisio - Porto Alegre/RS – Brasil - 19 de julho de 1996. Estudante do Ensino Médio do Co-légio Conhecer, de Porto Alegre/RS. Presidente do Centro Estudantil do Colégio Conhecer, de Porto Alegre/RS. Coautora do E-book “Haikais”, postado no site Teia dos Amigos, de Sonia Orsiolli, de Sorocaba/SP. Integrante dos Projetos Literários “Tabuleiro de xadrez lírico”, 2011; e “Porta copos poéticos”, 2012. E-mail: [email protected]

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Gentil Homem de Almeida Braga – Flavio Reimar 260

gOnçalvES diaS261

«O hálito de Deus tocou-lhe a fronte,E lhe formou em torno uma coroa:

Arco de luz no cimo de alto monte,Beijo do gênio dado em uma alma boa.

Feitura humilde, ao Criador defronteLogo se pôs, e um cântico ressoa...

Era o poeta feito em um momento,Grande no verbo e grande em pensamento.

Apóstolo novo aos povos enviado,Falou sublime à gente americana,

Em frase culta, em ritmo elevadoComo o cantor da raça lusitana.A voz no timbre puro e afinado

É quase angelical, mais do que humana;Evangelho de amor e de poesia

Era o que a terra em sua voz ouvia.

Do seu talento o voo altivo e nobreLiga ao presente as pósteras idades,

E no passado um mundo ele descobreBelo, rico de seiva e heroicidades.Nada ao olhar do poeta o tempo encobre;Dá vida a um povo morto, ergue cidades;D’alma o sentir, do coração as doresTraduz em sons de pérolas e flores.

Soberbo evocador de um século extinto,Ei-lo do nada a vida levantando,Luz na imaginação e o pincel tintoNa cor que o sol no céu nos mostra quandoRoxo de um lado e d’outro azul retinto,

Mil caprichosas formas desenhando,Une os togues de alvura resplendente

Da opala ao brilho lácteo e transparente.Foi-lhe dura a missão! Foi sacrifício,Que ele soube cumprir com força e crença!

De confissão constante fez oficio,Cantou do coração a dor imensa.

260 Gentil Homem de Almeida Braga - Flávio Reimar - (São Luís – MA – Brasil - 1834 — faleceu em São Luís em 1876). Promotor Público (entre 1855 e 1858) de Codó, Caxias e Alto Mearim (São Luís Gonzaga. foi um jurista, poeta e escritor. Trabalhou com folhetins o que o tornou bastante popular. Entre eles destaca-se o poema conhecido como Clara Verbana. É um dos patronos da Academia Maranhense de Letras

261 Extraído de Clara Verbena, pg. 9. In ROMERO, Silvio, História da Literatura Brasileira, Rio de Janeiro, B. L. Garnier, 1888, 1126-1128. Compilador: Weberson Fernandes Grizoste. Poesias compiladas por Weberson Fernandes Grizoste - Jauru – MT – Brasil

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Trouxe consolação por benefícioAos que sofrem no amor e na descrença.

Rasgando o peito, e, novo pelicano,Dando vida em seu sangue ao lábio humano!

Fez em si mesmo a crude autópsiaDa ideia e do sentir ainda em vida;

Em cada canto o coração gemia,Em cada verso a alma era despida.

Nada ocultou; a musa não mentiaNa voz da queixa extreme e dolorida,No riso triste, no prazer de instantes,

Rápido gozo d’almas sempre amantes.

Privilégio do gênio! em seus cantaresFez mais nossa que sua a excelsa glória

No culto expressa, em múltiplos altares,Que erguidos são no templo da memória.

Se foi-lhe a vida um quadro de pesares,Fica do vate a peregrina historia,Pondo em relevo a desejada coroa

De um talento brilhante e uma alma boa.

E viveu, e cantou! no sofrimentoA própria inspiração deu-lhe amargura;

E a luz, que o aclarava em pensamento,Fez-lhe a sorte infeliz, áspera e dura.

A distinção do gênio é um tormento;A flor da glória é uma sombra escura;

Raio de amor na fronte ao escolhido,E’ um cântico d’anjos n’um gemido.

E até na morte a pálida desditaDe perto o acompanhou na anciã extrema;

Cantou-lhe uma canção triste, infinitaNas aflições de um gélido poema.

O mar ouviu-lhe uma oração bendita...Quem há que não se enlute e que não gema,

Ouvindo o estertor de uma agoniaSufocada no mar pela onda fria?!

Vede-o no estreito esquife abandonado,Sem um prece de amor na última hora!

Vede o corpo na areia sepultado,E o branco alcíon da praia, que inda chorai

E o mar, cruel, ressona sossegadoA’ luz da tarde ou aos clarões da aurora,

Rindo ao fresco terral, ao frio vento,Ao som de um triste e fúnebre lamento!

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Dorme em paz La frieza do sudário,Descansa agora da penosa lida!

Por ti do século nosso o enorme horárioFez ouvir a pancada estremecida.

Do mar a profundez é o teu sacrário,Guarda de uma existência mui querida,E o monumento erguido á tua gloria

Guardará de teus cantos a memória.»

Geovane Alves dos Reis262

nÃO é TOdO dia QuE é dia dE diaSNão é todo dia que nasce um herói,

Mas, no dia 10 de agosto de 1883, esse fato aconteceu.Não é sempre que 3 tipos de raças se unem a uma sóformando um poeta que ama o lugar onde ele nasceu.

Um advogado que protege o seu país,foi ele quem disse que a nossa pátria é a mais feliz.

Ele também notou que o sabiá,que canta melodias aqui, não cantava lá.

Se hoje estivesse vivo, Gonçalves Dias,com certeza, ele diria

que o sabiá, que aqui vive a cantar,em outro país nem sabe assoviar.

Mas um naufrágio acabou levando o nosso herói,que tinha o poder de proteger e de amar;ele dormiu encoberto próximo aos seus Lençóis...No dia 3 de novembro de 1864, essa história veio a findarMas, orgulhoso, ele morreu na terra onde canta o sabiá!

Geraldo Trombin263

aH! inda BEm QuE TEm diaSNossa terra tem fogueiras

Matando bicho e piá.As aves não mais gorjeiam,

Pois viver aqui não dá.

262 Geovane Alves dos Reis - Teresópolis/RJ Brasil - 25/02/1998. Poetaluno do 9.º Ano da E. M. Alcino Francisco da Silva, em Teresópolis/RJ, e já traz um vasto currículo literário, incluindo a Medalha de Bronze no XXII Con-curso de Poesias da ALAP, no Rio de Janeiro/RJ. Criou, em 2012, o blog “Palavras do coração”, onde posta poe-mas de sua autoria e de outros amigos poetas que ele admira. Professor orientador: Carlos Brunno S. Barbosa

263 Geraldo Trombin – Americana – SP - Brasil – 01.04.1959. É publicitário, membro do “Espaço Literário Nelly Rocha Galassi” (Americana, SP - 2004/2012) e colunista da revista eletrônica ContemporArtes (desde 2010). Lançou em 1981 “Transparecer a Escuridão”, produção independente de poesias e crônicas, e em 2010 “Só Concursados - diVersos poemas, crônicas e contos premiados”. Tem mais de 350 classificações conquistadas em inúmeros concursos realizados em várias partes do país e trabalhos editados em mais de 105 publicações.

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Nossa terra tem Brasília,Capital do mau exemplo.

É da falcatrua a ilha,Da política o seu templo.

Nossa terra tem cadeia,Mas em cana só vão pobres!

E quando o rico falseia,Não é lugar para nobres!

Furtaram nossas estrelas,Pisotearam nossas flores,

Roubaram a nossa vidaCom essa onda de horrores!

Nossa terra era tão bela,Agora só dissabores!

O que fizeram com ela?Devolvam nossos sabores!

Ainda bem que há poesias:Minha terra tem Antônio,

Tem Gonçalves e tem DiasPra afastar tanto demônio!

CançÃO dO marTÍriOMinha terra tem coleiras

Acorrentando animais.

Tevê divulgando asneirasEm muitos dos seus canais.

No banco, gente em fileiras,E até mesmo em hospitais.

Aqui também tem lameirasNas páginas dos jornais.

Tem criança nas “carreiras”E nos trabalhos braçais.

Vida fazendo besteiras,Perdida em dolos banais.

Falta d’água nas torneirasE crimes ambientais.

Tem políticas rampeirasDesde os nossos ancestrais.

Quantas manchas e sujeiras,Que nem OMO limpa mais!

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Gerardo Molina264

prÍnCipE dEl vErSOA Antonio Gonçalves Dias

I Soñaba tu romántica aposturaAmérica, lueñe luz de los siglos, tres razas se unieron en tu sangre

señalando la unión desde el principio.

Porque fuera tu voz la redentorade su orfandad, del clamor de sus pueblos,

la América dolida, la irredenta,te consagró su príncipe del verso.

II Nao permita Deus que eu morra, sem que eu volta para lá,

enfermo, solo, tan lejos,se oía su voz clamar.

III Olha-e bem que sou eu!... Nao te esqueci, eu to juro:

sacrifiquei meu futuro vida e gloria por te amar.

Tus verdes ojos, mi cielo, fueron mi luz de romántico toda tú, sol de mi cántico, y tu sonrisa, mi altar.

IVVivir e lutar, a vida é combate.Todo lo diste como buen hidalgoy a tu Ana Amélia, trémulo, ofreciste

tu corazón, tu verso enamorado.

VComprender o infinito, a inmensidade,e a naturaleza e Deus; gostar dos campos,

ser capaz de aventuras imposiblesy ante su ara morir crucificado.

264 Geraldo de Molina - Los Cerrillos, Canelones - Uruguay - 19 de octubre de1938. Profesor de Idioma Español. Ex Director del Liceo de Las Piedras No.2 y del Liceo de Santa Lucía. Poeta y ensayista, ha sido laureado en cer-támenes nacionales e internacionales. Ha dictado conferencias y ofrecido recitales de su poesía en Uruguay, Argentina, Chile, Perú, Brasil, Francia, España e Italia. [email protected]

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Dar la vida y el alma a un sentimiento,encenderse en ternuras y fervores, ser gentil, apasionado, bueno:

isso é amor, e desse amor se more!

Nota. Los versos en negrita y cursiva pertenecen a Antonio Goncalves Dias.

Germain Droogenbroodt265

a uma rOSa266

Recordando el poema “A minha rosa” de Antonio Gonçalves Dias

apElONão venhas como luz

que potente demaisofusca o olhar

Não venhas tampoucocomo a impalpável escuridão

Vem, simcomo o espinho

que anuncia

a rosaestá ao alcance.

Gerson Augusto Gastaldi - Emaday Luz267

aCrOSTigEandO gOnçalvES diaSaingente lira nasce no Maranhão, em Caxias. Filha de português e mãe cafusa.na juventudesubmerge-seàs letras e parte para Portugal, Coimbrao PhanteãoTrasmontano. Natristeza e solidão,saudades da verdePátria, adquiriu a gestalt.Orgulhoda forma e inspiração: compôs a canção do Exílio, obra genial,profusa.na minha terra tem palmeiras e primores:vervelatinado jovem poeta de insightimaginação.Além de professor, teatrólogo ejornalista, viu nasrimasa profissãoOrgulhosade fé. Publicou Olhos Verdes, Não me Deixes,Que me Pedes, musa.

265 Germain Droogenbroodt - Belga, residente en España. Ha publicado 10 libros de poesía propia, la última obra poesía filosófica. Su poemario “el Camino” (leer TAO) ha sido publicado ya en 22 países.

E-mail:[email protected] Tradução de Ivo Korytowski e Flora Ferreira. 267 Emaday Luz - Gerson Augusto Gastaldi – São Paulo – SP – Brasil - 09/02/1949. Fez os 2 primeiros ciclos de

estudos em S. José dos Campos, SP., de 1965 a 1974. Cursou Filosofia, Ciências e Letras na Faculdade de Comunicação e Letras de Araras, SP. (78 a 82). De 83 a 2010, atuou em S. Paulo nas áreas didática, editorial, gráfica, jornais e revistas; militando em diversas empresas da Capital. Já publicou 2 livros de Contos e aprecia a Literatura Nacional de estilo ficcionista. E-mail: [email protected]

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grado caxiense das matas do jatobá; sangue timbiras e gamelas, espírito valente.Ousado filho das Aldeias Altas, este indianista de nobre estipe e afamada fibra,

nunca abdicou doseu talento, os Primeiros Cantosdesta alegre lira, potente,içaramolaurel no Pavilhão das Letras. Em Caxias das Aldeias Altas, vibra

acentelha do sonhador naCanção do Tamoio enoCanto do Guerreiro.laços de amor por Ana Amélia: Seus Olhos, Mimosa e Bela, Leviana,viram sua paixão cair por terra. Mas adignamissão de cancioneiro,

Embeleceuem versos oíndio: o Canto do Piaga e I-Juca-Pirama,Se se Morre de Amor o poeta,seja O Homem Forte,o brasileiro.

do seuengenholiterário,compôs dramas e romances: na Meditação,igual Beatriz Cenci,Patkul, Leonor de Mendonça, Memórias de Agapito,

além de Um Anjo. Mas os exímios mestres não perecem.Apenas se vãoSem ver o fim. No Leito de Folhas Verdes, Ainda uma vez -Adeus,eu

grito!

Gilmar Campos268

COnfidÊnCiaS dE um TimBiraPor alguns Dias conheci Os Timbiras

Especialmente nasci um timbiraPor isso trago as mãos frias

De todos os dias dos meus verdes anos.

Dias de manhãs gélidas Com medo dos caras-pálidas,Que pela floresta adentravam,E das armas que o fogo cuspia......................................................Agonizava a floresta e os timbiras.

A frialdade dos mortos que na floresta jazia,Contrastava com a tez curtida ao sol,Sem pêlos, sem apelos e sem planos,

Somente o de viver o afã de cada dia.

Por isso trago as mãos vaziasDe todos os dias, de todos os anos

E compreendo a dor dos sem teto,Dos sem terra e a desventura dos ciganos.

268 Gilmar Campos – João Pessoa – PB – Brasil - 13/09/63, Gama-DF – Brasil. Ainda criança “regressei” com meus pais à sua terra natal, no Sertão de Piancó-Pb, onde conheci as primeiras letras, sonhos e poemas. Já na ca-pital, peregrinei pelo deserto universitário, mas foi na Mística que encontrei “sombra e água fresca” para mi-nh’alma sedenta. Contudo, a veia poética pulsa em mim e já participei de 3 coletâneas de autores paraibanos, sendo premiado com a crônica: O sorriso da serpente.

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Por isso sou guerreiroOrgulhoso do verde, da verdade

10% de verde nas florestas 90% de verde nas almas timbiras 1% de almas sinceras 99% de mentiras.........................

...............................................................E a dor de ver o verde que havia,

A vida errante que levaram os timbirasSó me leva a cantar com Gonçalves Dias:

“Ó guerreiros, meus cantos ouvi...”Antes nos perseguiam o ‘ilustre peito lusitano’Hoje a FUNAI negocia com aos americanos,

Tocai os tambores, guerreiros resisti, Estudai o Dicionário da Língua Tupi

Falai a língua dos anjos que viviam aqui...

Ou será que eu I-Juca piramos?

CançÃO dO naTivO(O REGRESSO)

Minha terra tem Zéu PalmeiraPra julgar ou conciliar

Os patrões que aqui gorjetam Não pagam como os de lá.

Minha terra tem “Cachoeira”,E “roupa suja” pra lavar

Os políticos que aqui propinamNão vão presos como lá.

Nessa terra sem culturaOnde nóis num sabe votar

Honestidade é loucuraE o asilo é seu lugar.

Nossos sertões têm mais vilasNossas cidades mais clamores

Os hospitais têm mais filasNossas filhas têm mais dores.

Ao penar com os açoitesMais tristeza encontro eu cáUm Zumbi no mêi da noite

Esperando o sol raiá.

Minha terra tem peneiraPara a massa preparar

O cuscuz, a macaxeiraE o leite pra nóis tomar.

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Lá na Serra de TeixeiraOnde canta os “carcará”

As gaiolas em mêi de fêraFaz calar os sabiá.

Não permita Deus que eu corraDepressa desse lugarSem o verde da bandeira

Na terra seca se espaiáSem que eu veja outra palmeira

Onde cante um sabiá.

Giovanni Brunet Alencar e Silva269

CançÃO dO EXÍliOLá, as ruas brilhamcom o verde das árvores;

o rio brinca com o azuldo céu porto-alegrense.

Em nossos parques,crianças jogam felizes,assim como nas calçadas,

as quais nos deram boas cicatrizes.

Lá, aprecio floridos jardins;gloriosos palmares; todos, lugares lindíssimos,que mais parecem nossos lares.

Aqui, a beleza naturalfoi ofuscada pela poluição.

Girlene Monteiro Porto 270

OndaS inCESSanTESNão há moinhos de vento

Que me afastem de tiE nem poderia a mesquinha sensatez

Ser mais esperta que a loucura

269 Giovanni Brunet Alencar e Silva - Porto Alegre/RS – Brasil - 11 de maio de 1994. Estudante do Ensino Médio do Colégio Conhecer, Porto Alegre/RS. Faz trabalho voluntário, duas vezes na semana, com crianças, dando aulas de xadrez. Integrante dos Projetos Literários “Tabuleiro de xadrez lírico”, 2011; e “Porta copos poéticos”, 2012. Coautor do E-book “Haikais”, postado no site Teia dos Amigos, de Sonia Orsiolli, Sorocaba/SP. E-mail: [email protected]

270 Girlene Monteiro Porto - Vitória – ES – Brasil - 06/08/1980. Formada no curso técnico em Administração pelo colégio secundário Estadual do Espírito Santo, formada também no curso Técnico em Segurança do trabalho pelo colégio São Gonçalo de Vitória, profissão na qual atua, e acadêmica do curso de direito, escritora e poetisa. Participou do projeto de incentivo a leitura o Um poema em cada árvore, além de ter seus poemas publicados também na revista eletrônica Varal do Brasil.

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Do amor que sinto e que me dá forçasPara lutar contra tempestades em alto mar.

Mar que me leva a viajarPara distantes terras, mas mesmo cansado do caminho,

Sempre volto louco para o seu amor, meu amor.E quando de ti me aproximo

Eis que tenho minha nau engolida pelas ondas incessantes.Cerram-se meus olhos para sempre meu amor,

Mas, meus poemas, estes viverão eternamente.

Me inspirei no naufrágio onde morreu Gonçalves Dias, voltando da Europa para sua amada pátria Brasil

JamaiS Eu Ei dE TE ESQuECErO meu sonhar de poeta é seu

Oh! Formosa rosa do meu jardimEste dom que desde sempre é meu

Porém, se as rimas sem fim,

Que outrora este poeta escreveExpondo tanto amor e tantas dores

Fores para ti pouco, tudo, pesa-me.A vida, o amor, a paixão, tudo já é seu.

Oh! Iluminada estrela do meu céuVenero-te, adoro-te e, caio-te aos pés.

Choro, se choras, enxugo o pranto que te molha a tez.

E ponho no lugar um sorriso de felicidadeAmando-te eternamente para te fazer ver

Que eu jamais ei de te esquecer.

Para escrever este poema, tentei me inspirar no poema A Leviana.

fiCa SEmprE um TriSTE adEuS.O que mais marca das lembranças que ficam é o momento do adeus.

Nessa hora eu não sei o que fazer, eu não sei o que dizer.Sei que com o tempo essas marcas vão cicatrizando,

Mas, nunca desaparecem de vez.A saudade que abraça o tempo não deixa, eu sei que nunca vou esquecer.

Às vezes eu ainda gosto de conversar com as floresFlores de plástico não morrem, mas o perfume é artificial,

E com o tempo some, por na verdade nunca terem tido vida.As flores quando morrem ainda exalam perfume e mesmo quando secam deixam seu aroma

gravado na lembrança.Eu tenho a esperança,

As flores que conversam comigo,Vão formar jardim no céu.Um dia vou rever as flores

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E matar a saudade que abraçada ao tempo caminha comigo.No fundo eu adoro conversar com as flores

No fim fica sempre um triste adeus.

Graça Graúna271

fEiTura dE TupÃao poeta Gonçalves Dias

Quando Marabá deixou a tribonão foi por querer

sendo filha de quem éenfrentou as duras penas

de ser o que éFilha da misturaMarabá, apenas.

Se acaso feitura não é de Tupã,quem define a história

dessa índia-meio-brancadessa branca-meio-índia?

Quem há de querer de Marabá as penas?

Graziela Costa Fonseca272

ESQuina TrOpiCal(Dedicado ao poeta maranhense – Gonçalves Dias)Esquina tropicalVerdadeira aquarela,Em tons abundantes, variaçõesSerpenteados,Ao farfalhar dos coqueiros,

Transformando-se em alegriaCantando como as sereias

Um som que já não se ouvia...Mãos suaves, acariciantes

Cheiros do mar,Maresias, manguezais

Parecendo as Marias

271 Graça Graúna - Recife – PE – Brasil. Indígena do povo potiguara (RN); radicada em Recife, onde atua como professora Adjunta de literatura, na Universidade de Pernambuco (UPE). Membro do grupo de escritores indí-genas.. Pós-doutorado em Literatura, educação e Direitos Indígenas, pela UMESP. Vários livros publicados em poesia e prosa. O mais recente é a narrativa indígena “Criaturas de Ñanderu”, Ed. Amarilys/SP. http://ggrauna.blogspot.com/

272 Graziela Costa Fonseca - 20 - 02- 1935.

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Rezando em romarias.Enfeitiçadas, talvez,

Pelo litoral que inebriaPor tudo que é sagrado

Todas essas iguarias,Tudo veio como um sonho

Liberdade e sabedoria,Desejo de expressar

O que via e sentiaEm telas, prosa e poesia.

De uma esquina tropical.

Guilherme de Almeida273

“CançÃO dO EXpEdiCiOnáriO”274

Você sabe de onde eu venho ? Venho do morro, do Engenho,

Das selvas, dos cafezais, Da boa terra do coco,

Da choupana onde um é pouco, Dois é bom, três é demais,

Venho das praias sedosas, Das montanhas alterosas,

Dos pampas, do seringal, Das margens crespas dos rios,

Dos verdes mares bravios Da minha terra natal.

por mais terras que eu percorra, não permita deus que eu morra

Sem que volte para lá; Sem que leve por divisa Esse “V” que simboliza

A vitória que virá: Nossa vitória final,

273 Guilherme de Almeida (G. de Andrade e A.) – Campinas – SP – Brasil - 24 de julho de 1890, e faleceu em São Paulo, SP, em 11 de julho de 1969. Terceiro ocupante da Cadeira 15 da ABL, eleito em 6 de março de 1930, na sucessão de Amadeu Amaral e recebido pelo Acadêmico Olegário Mariano em 21 de junho de 1930. Recebeu o Acadêmico Cassiano Ricardo. Filho do jurista e professor de Direito Estevam de Almeida, estudou nos giná-sios Culto à Ciência, de Campinas, e São Bento e N. Sra. do Carmo, de São Paulo. Cursou a Faculdade de Direito de São Paulo, onde colou grau de bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais, em 1912. Dedicou-se à advocacia e à imprensa em São Paulo e no Rio de Janeiro. Foi redator de O Estado de São Paulo, diretor da Folha da Manhã e da Folha da Noite, fundador do Jornal de São Paulo e redator do Diário de São Paulo

274 O Hino Nacional Brasileiro consta entre as poesias a Gonçalves Dias. Queria saber se o mesmo consta em virtu-de das frases da “Canção do Exílio”, porque se for assim, então temos de agregar a “Canção do Expedicionário” do Exército Brasileiro, porque alguns dos versos foram tirados da mesma canção, vejam quais:

“Por mais terras que eu percorra, Não permita Deus que eu morra Sem que volte para lá;” A autoria é de Guilherme de Almeida, abaixo envio o hino completo. Um abraço, Poesias compiladas por Weberson Fernandes Grizoste - Jauru – MT – Brasil

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Que é a mira do meu fuzil, A ração do meu bornal,

A água do meu cantil, As asas do meu ideal,

A glória do meu Brasil.Eu venho da minha terra, Da casa branca da serra

E do luar do meu sertão; Venho da minha Maria

Cujo nome principia Na palma da minha mão,

Braços mornos de Moema, Lábios de mel de Iracema

Estendidos para mim. Ó minha terra querida Da Senhora Aparecida E do Senhor do Bonfim!por mais terras que eu percorra,

não permita deus que eu morra Sem que volte para lá;

Sem que leve por divisa Esse “V” que simboliza

A vitória que virá: Nossa vitória final,

Que é a mira do meu fuzil, A ração do meu bornal, A água do meu cantil, As asas do meu ideal, A glória do meu Brasil. Você sabe de onde eu venho ? E de uma Pátria que eu tenho No bôjo do meu violão; Que de viver em meu peito Foi até tomando jeito De um enorme coração. Deixei lá atrás meu terreno,

Meu limão, meu limoeiro, Meu pé de jacaranda,

Minha casa pequenina Lá no alto da colina,

Onde canta o sabiá.por mais terras que eu percorra,

não permita deus que eu morra Sem que volte para lá;

Sem que leve por divisa Esse “V” que simboliza A vitória que virá: Nossa vitória final, Que é a mira do meu fuzil,

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A ração do meu bornal, A água do meu cantil,

As asas do meu ideal, A glória do meu Brasil.

Venho do além desse monte Que ainda azula o horizonte, Onde o nosso amor nasceu;

Do rancho que tinha ao lado Um coqueiro que, coitado,

De saudade já morreu. Venho do verde mais belo, Do mais dourado amarelo, Do azul mais cheio de luz,

Cheio de estrelas prateadas Que se ajoelham deslumbradas,

Fazendo o sinal da Cruz !por mais terras que eu percorra, não permita deus que eu morra

Sem que volte para lá; Sem que leve por divisa

Esse “V” que simboliza A vitória que virá:

Nossa vitória final, Que é a mira do meu fuzil,

A ração do meu bornal, A água do meu cantil, As asas do meu ideal,

A glória do meu Brasil.

Haroldo Augusto Moreira275

mOnÓlOgO aO pOETaEm uma data qualquer em pleno mês de novembro,

caminhando pensativo pela praia, ainda me lembro,olhando para o mar sereno e de espumas brancas,senti que as portas da procela liberaram as trancas.

Quantos mistérios envolvidos no leito deste gigantea inquietar-me os sentidos da imaginação itinerante.

Com passos lentos e compassados à beira do oceano,pés molhados na água quente e a brisa do mar ufanosentia a sensação de ouvir nas entrelinhas, sussurros,lamentos enigmáticos e oriundos de acalantos puros.

No idioma dos poetas, ouvia no meu linguajar aprendiz,textos poéticos, primores de rimas que jamais fiz.

Versos românticos e apaixonados para um grande amor

275 Haroldo Augusto Moreira - Minduri – MG – Brasil - 07/12/144. Natural de. Diretor Geral do Universidade Es-tadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE) – Campus de Francisco Beltrão – PR Embora com dezenas de poemas escritos, sendo alguns publicados na mídia local, me considero ainda neófito.

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mal compreendido e com ressentimentos da futura dor,mensagens indígenas sofridas pelas críticas e obsessões

de homens incrédulos na paz e decididos nas separações.Onde está Dias nas alucinantes magias destas noites?

O assédio das marés nos meus pés fere-me como açoites!Incendeia-me a mente sensível pelos seus anseios,há muito, lidos em versos e considerados como alheios.

Lá na linha do horizonte onde a água encontra-se com o mar,contemplo a sua filosofia que necessita de tanto amar,

como se fosse à canção do exílio a afundada no naufrágioe tantas obras-primas reais, longe de qualquer presságio

que possa nos equivocar na relevância da sua contribuiçãocultural, intelectual e social para a grandeza da nossa nação.

Estou retornando imediatamente aos textos de sua autoria.Quero revê-los e reaprender o que não aprendi com euforia.Deliciar estas pérolas que a sua arte as tornou em lavrasnas mãos de quem sensibiliza e acredita no poder das palavras.Quando alguém agonizante sucumbe no mar revolto,

no abandono do sobrevivente apressado que se julga solto,diante da tragédia impiedosa e de sobressalto,

é porque o temor da mortalidade própria falou mais alto.Tudo isto é natural diante da necessidade da sobrevivência,

Mas a nossa memória é imortal e depende da evidênciaQue a mente preserva e cultiva pelo valor do que se acredita.

É por isto que a história de muitos célebres se precipita.Os tempos mudam e para tudo, novas tendências chegammas o bom gosto, o bom senso e as tradições continuam.

Helena Amaral276

gOnçalvES diaSGonçalves Dias! No Maranhão, nasceu.Destinado a ser gigante entre seus pares,E, amado e lembradoComo o mais brasileiro dos poetas!

Sob céus portugueses gritou e chorou sua saudadeDo azul sem fim e do verde das palmeiras,E do medo de morrer sem rever sua casa,

Tudo que, volta e meia, o obcecava.

I- Juca- Pirama é a briga humanaEntre deixar a vida com honra

Ou viver repudiado...Como herói, o índio é retratado.

276 Helena Amaral - Rio de Janeiro – Brasil – 22 de Março de 1962. Poeta, tradutora de francês, com curso de especialização de tradução de francês de Daniel Brilhante de Brito e, traduziu “As Flores do mal”, de Charles Baudelaire.

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Mas, bem cedo, a água levou o poetaNos baixios de Atins,

Como a donzela que corria atrás da rosa e por fim,Perdeu-a e perdeu-se no mar.

vaTE imOrTalGonçalves Dias, que fez do povo seu herdeiro,

Ao contar suas históriasEm versos guardados de memória

Por gerações de brasileiros.

Se hoje, já passados mais de cem anos,Sua poesia ainda emociona,

É que foi traçada com tinta que encobreTodo o sentimento que ia em sua alma nobre.

Se descobriu-se que o sabiá não canta nas palmeiras...Que importância tem a ciência verdadeira

Diante da imagem que a mente fabrica?

Poesia é sonho, disto ele entendia,E também o público que o lia,

Que sabendo-o morto dizia: “ É mentira. Ninguém acredita.”

Helena Fernandes Machado277

CançÃO dO EXÍliOApesar de Santa Catarina

ser um estado muito bonito,cheio de praias gostosas

e bonitas; lá, no Rio Grande do Sul,

as praias são mais alegrese charmosas.

O clima daqui é tão quentequanto ao de lá.

Aqui, as mulheres gostamde tomar banho de sol

tais quais as de lá, mas para lá quero voltar.

277 Helena Fernandes Machado - Porto Alegre/RS – Brasil - 06 de setembro de 1997, Estudante do Ensino Funda-mental do Colégio Conhecer, Porto Alegre/RS. Integrante do Projeto “Imagens e Textos construindo Histórias e Versos”: “Banners Poéticos”, 2012. Gosta de festas e de passear em shoppings.

E-mail: [email protected]

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Helena Schons Lotti278

CançÃO dO EXÍliO No Rio Grande do Sul

há muitos elementosque fazem a sua essência.Aqui, não há tal essência,

pois os elementos não são tão belos e naturais.

Cada estado tem suas características

que iluminam a sua cultura.Aqui, as características não são tão luminosas

como as do meu estado. Aqui, as pessoas transpassam sofrimento e tristeza; Lá, felicidade e alegria.

Cada estado tem seu nodo de vida

e vários pontos turísticos.Aqui, a poluição ofusca a natureza;

Lá, a natureza saúda seu turista.

Helenice Maria Reis Rocha279

O EXÍliO SamBadOEsta flor que vos falajá sambou todos os rítmosbatizou todos os ritosdesfolhou todas as pétalasOnde anda Mariazinha!!!!Que já nasceu exilada!!!por falta de bom marido!!!!por falta de vida casada!!!!!!O sabiá que sobroucome na mesa do Rei

um alpiste duvidosopor muito que foi traído

por muito ter sido enganado!!!!Brincadeirinhas a parte

278 Helena Schons Lotti - Porto Alegre – RS – Brasil - 1º de maio de 1993. Filha de Regina Cézar Schons e Humberto Giacomo Lotti. Estudante do Ensino Médio do Colégio Conhecer, Porto Alegre/RS. Membro Efetivo da Acade-mia de Letras Machado de Assis, Porto Alegre/RS, Cadeira 40, Patrono: José Joaquim de Campos Leão (Qorpo Santo); e da Academia Virtual Sala de Poetas e Escritores, Balneário Camboriú/SC; e, Liga dos Amigos do Portal CEN, Portugal. E-mail: [email protected]

279 Helenice Maria Reis Rocha - Belo Horizonte – MG – Brasil- 1955. Estudei música de sete anos até vinte e sete,-vinte oito anos Comecei estudando acordeon,dos sete aos onze anos.Prossegui estudando violão clássico com os professores Nelson Piló e Walter Alves O professor Nelson Piló foi compositor e assistente de Villa Lobos e Radamés.Trabalhei também a vida toda com meu pai, o concertista de Harmônica de Boca (Gaita) Aluísio Rocha Graduei-me em Letras (licenciatura plena) pela Universidade Federal de Minas Gerais Fiz Mestrado na mesma universidade

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longe da mesa do ReiHei de comemorar entre irmãos

a volta aos meus quintaisà epifania de irmãos

à linda memória dos paisAo aguardado retorno da filha

minHa TErraMinha terra tem batuques

cantigas de roda e calundus Tem Gonçalves,tem Dias também

Um certo Oswald de Andrade Um jeito de querer bem

Minha terra tem feitiços que nenhuma outra terra tem

tem ,tem,tem um jeito de querer bem

que vem lá da Bahia e vem de Minas também

Vem da Avenida Brasil do sol a pino na praça da raça que o povo tem

tem,tem,tem Um certo Gonçalves Dias

E uma certa Maria Que muito lhe quer bem

bem,bem,bem, num dia de sol a pino

e assovio de trem

O SEnTidO dO EXÍliOO navio negreiro

exilou o samba alegrou os tristes

fez chorar a África Eu,mama lelê

de udigrudi e subúrbio Canto meu próprio exílio Com todo o respeito que tenho

a todos os exilados De Gonçalves a Zumbi

Passando por Nossa Senhora Senhora nossa do Rosário

Divina mãe do terço cantado Cantando nas avenidas as ladainhas das praças

a antena de todas as raças Do Guarani ao Maculelê

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pOEma a gOnçalvES diaSTão exilada de mim

mais não podiaassim em terra firme

com todos os sabiásbem te vise até as palmeiras da Avenida Brasil

e que Brasil,me perdoe amigo Gonçalvezo exílio é aqui,onde o preço de um poema

é o nó górdico entre a vida,a morte e este entrelugarsolo pátrio de estangeiros de nós mesmos

que somosvítimas inocentes de crimes alheios

reféns de custos que não geramosÀ luz silenciosa de nossas estrelasO exílio é aqui,queridoDoce fim de mundo que nos expulsaa cada dia

A Canção de Exíliosoa em nossos quintais

SamBalElÊ E gOnçalvEZSamba lelê ta doente

tem a cabeça quebradapor falta de sabiáscomprou ben te vis na estradabem te vi,bichinho espertofugiu,que fugiu da gaiolaSambalelê pôs se a chorarmas não parou de sambarmesmo sem barra de saiaCantou o canto do Exíliochorado,sozinhano meio da salae o dia amanheceuclaro e alto

Em pleno exílio choradoSem Marias,sem Josés

apenas passarinhos,passarada

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Helenice Priedols280

O QuE Tu diriaS, gOnçalvES diaS?Tupã desenhou um emaranhado

de rios no grande verde brasileiroespalhou pássaros pelo ar

bichos grandes e pequenosgente colorida pela paisagem

gente que planta, caça e pescagente que dança e bate os pés na terra

gente que tem poesia no nome

Xavante Guarani Kayapó Canela Kaiabi

Waiwai Kuikuro Yanomami Timbira Guajajara Karajá

Avá-Canoeiro Tupi Makuxi

o rio canta os mantras dos ancestraisa floresta é a mãe que abraça

valentes guerreiros sábios xamãsfilhos das matas“meninos, eu vi!”

meninos, eu vio homem da cidade

matar e excluirdesmatar e destruir

os rios e os homens das florestaseu vi o homem da cidade

com o brilho da cobiça no olhar “Tupã, ó Deus grande! descobre o teu rosto”

eu te peço e imploro“por este sol que me aclara”

pela pátria que mora em meu peitopelos irmãos pelas matas pelos rios

abre os olhos dos homens vazios

homem napëpëescuta as vozes das árvores

que choram o assovio da morteprotege a riqueza do chão da água do ar

respeita a floresta e os animais

280 Helenice Priedols – São Paulo-SP, Brasil - 24-07-1957. Tradutora de formação, poeta por imposição da alma. Vive atualmente no interior paulista, onde trabalha como funcionária pública do Judiciário. Em 2010 publicou seu primeiro livro de poemas: Poeticalmamente. Em 2012 participou da Antologia do Clube dos Escritores de Vinhedo. Selecionada no 12° Prêmio Escriba de Poesia, participando da Antologia organizada pela Biblioteca Pública de Piracicaba/SP.

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homem brancodeixa o rio fluir

deixa o índio em paz

Heleno Cardoso281

HOmEnagEm pÓSTumO: anTOniO gOnçalvES diaS(Baseado trecho da história de sua vida)

Quem diria nesse dia

Pudesse unir a idolatriaCom minhas rimas e alegrias

Falar de Gonçalves Dias

Golpeado ao longo da vida,Entristecido, foi deslumbranteO amor à mulher

Desse fascínio surgiu a inspiração,Falava da maneira graciosa e juvenil

Daquela sua amadaMas, colocava a felicidade sob suspeita,Risco da separação

Sem leviandade e muita coragemO poeta vencedor,Percorreu em mar de lágrimasNa exploração dos sentimentos do coração

Com seus versos suntuososCuja imaginação permeou pela naturezaSem sofisma, celebra com cantar de paz :

“Nesse céu tem mais estrelas,As várzeas tem mais flores,Os bosques tem mais vida

E na vida, mais amores...”

Assim, Antonio Gonçalves DiasSolidifica no meu coração

O bem-estar literário,Caracterizado pela sua importância

Na História Cultural Brasileira

No leito, defronte com enfermidade,Sua alma mergulha no vácuo profundo,

Atrás vem a morte

281 Heleno Cardoso - Santos/SP – Brasil- 19 de junho de 1949. membro de: “ Poetas Del Mundo” - Indicação San-dra Galante.

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Deixa a vida terrenaPara poetizar em céu de estrelas

Na terra natal ficaram saudades

E permanente silêncio...

Maranhense que não deixou vazio,Apesar das tristezas...

Deixou sim,

Um Brasil de primoresCom seus versos de amores

E o cantar do sabiá

Hélio Ricardo Fonseca Cerreia282

a ESCrava páTriaHoje te escrevo meu brilhante poeta

e ouso perturbar a tua paz infinita. Naquela velha e tua canção, bendita,

viajo no pesadelo que me inquieta.

A tua outrora pátria de amor repleta, Sonho passado que na alma habita,

Sangra o meu coração... Chora... Palpita! Sou a sombra duma escuridão completa!

E mesmo não tendo teu eterno brilho,

o verso com a mágoa que carrego, faz em lágrima o soneto que trilho:

Abandonado e renegado o filho,

no seio do próprio lar a que me entrego, eu também canto a tua canção do exílio!

282 Hélio Ricardo Fonseca Cerreia - Rio de Janeiro – Brasil – 02 de outubro de 1958. Poeta amador por convicção, amante de Castro Alves, Olavo Bilac, Gonçalves Dias, Mário Quintana, Cecília Meireles, Henriqueta Lisboa e Vinícius de Morais entre outros. “Fiz o meu poema em homenagem a Gonçalves a partir da “Canção do Exílio” que tenho como um dos mais belos poemas produzidos até hoje”. E-mail: [email protected]

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363

Hélio Sena283

HumÍlima CançÃO dO EXÍliOagora tô por cá

mas meu coração ficô por lá lá, lá, lá

lá é só cantá

em parceria com o sabiá já cá é só chorá

cá, cá, cá

oh! preciso voltá pra lá pois a vida, cá tá difícil suportá tá, tá, ta

Hélio Soares Pereira284

nO CaiS dO pOrTONo cais do porto

recebo a brisa no rostoAbraço as ondas revoltassem medo de me afogar

No cais do portome lembro aindacomo o poeta dizia-Minha terra tem palmeirasonde canta o sabiá

No cais do portomora o desgosto

que causou esse mar- o grande poeta

não pôde desembarcar

283 Hélio Sena - Massapê-Ceará – Brasil - 12/09/1975. Figura em dezenas de coletâneas de contos e poemas. Cola-bora no site Concursos Literários. Expõe seus trabalhos nos blogs Entre Palavras e Minicontos. Recebeu, entre outras distinções, o Troféu Macunaíma no XIV Festival Literário de Imperatriz (MA) e o 1º. lugar em concurso de crônicas promovido pelo programa Papo Literário, da TV Ceará (Fortaleza). E-mail: [email protected] / Twitter: @helyosena

284 Hélio Soares Pereira - Teresina – PI – Brasil - professor pelo UNICEUB, DF. Duas pós-graduações: Fundador da Academia de Letras de Taguatinga, Sindicato dos Escritores do DF e UBE(SP/DF). Prêmios em antologias e verbete em dicionários de escritores (PI/DF). Bibliografia (poesias): Onde o Horizonte vem Esconder-se (1982); Poesia com Chantilly (1993); Carícias que as mãos e os lábios tecem (1993); No Laço da Opressão (1998); Eclip-se das Mentes (1998); Para que não reste o silêncio (2007).

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364

Todos correramNinguém se lembrou

tirar Gonçalves Diasdaquele leito de dor

dE vOlTa aO TEmpOVi

Gonçalves Dias ainda criança

nas ruas de Caxias

De manhã escola

lancheira sua tia

Menino franzino olhos castanhos

timidez sem tamanho

Depois do dever brincadeira de peteca

com o filho da vizinha

Na adolescência o parque

festejos da igreja canoinhas

carrossel algodão doce

caldo de cana pastel

Um dia a viagem...

Aceno... Embarque

rumo ao navio

Nas pedras do cais família

adeus - e meu despertar

do sonho

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na praça dO pOETaNa praça

do poeta que nos oferta

seu olhar existem palmeiras mas não existe sabiá

Na praça o romântico indigenista

me auxilia nesta dor

Fonte de inspiração para meus poemas

de amor

Na praça Gonçalves Dias

os dias não passam simplesmente

Os dias nos abraçam

alguém...Alguém no cais de São Luís faz poemas de amor

Alguém recebe no rosto o vento

- lamento de dor

Inspira-se no poeta

que nas águas do mar se afogou

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na praça gOnçalvES diaSAmei

Jurei amor eterno Veio o inverno

e afogou meu coração

na dor desta paixão

Hélio Soares Pereira Junior285

QuandO dE Tua parTidaEm tua casa

Gonçalves Diashá uma cama vazia

No canto de teu quartouma vela

ilumina o poemaque fizeste pra ela

A dor da separaçãodilacerou

teu coração

Nos olhos negros de Anaficou

a espera da primaveraque nunca chegou

Hemeterio José dos Santos286

CanTO aO pÍndarO BraSilEirO287

Dorme, é lutador, teu sono eterno;Mas sobre a lousa do sepulcro humilde,

Como na vida foi, surja o teu bustoAustero e glorioso.

Gonçalves Dias.

A Grécia vetusta – no sul da TurquiaDormindo embalada — por sã poesia,

285 Hélio Soares Pereira Junior, BrasiliA – DF- - Brasil. cursando História no UNICEUB (DF). É poeta, letrista, com-positor e autor de histórias infantis. Tem alguns livros inéditos. E-mail: [email protected]

286 Hemeterio José dos Santos – Codó – MA – Brasil. Professor e Filologo.Bibliografia: Gramatica da Lingua Portu-guesa para o Curso Superior

287 Leal, Henriques, Pantheon Maranhense, São Luís, 1874, p 541-542. Poesias compiladas por Weberson Fer-nandes Grizoste - Jauru – MT – Brasil

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Ergueu a Homero — um vulto imortal;O Império Romano por altas conquistas,

Trazendo a ciência dos homens nas vistasAo monte Piério — fiel colossal.

Simulacros equestres em praças romanas,Erguidos a bravos de grandes campanhas,

Não vimos — não vimos à Marte sagrar;Estátua marmórea a Dias Apolo,

Que ao orbe pasmou e da Lísia o solo,É sim o que vimos aqui tributar.

A pátria natal — soberba nas artes—De sábios augustos — grandíloquos martes —

Espalha a memória — d’um filho imortal;A um filho eloquente — egrégio na terra —Orgulhoso no mar, o peito que o encerra,Nós todos só damos insígnia real.

Foi príncipe, foi sábio nas letras do mundo,A Lira pasmou — e a Pedro o segundo

Transpondo das artes soberbos umbrais;Foi rei — e não rei — qual foi Bonaparte —

Gaulês orgulhoso — discípulo de Marte —Que d’ossos cingiu — seus tempos reais.

Louvores e honras —, que cedo se esquece,No meio d’este povo — que breve fenece,Não levam — não dizem ao povo vindouroO nome, o gênio do grande cantor,Por isso, ó estátua, d’outro séc’lo o alborAlcança — proclama — que és um tesouro.

Herotildes de Souza Milhomem288

anTEna dO TEmpOO menino maroto da época

Fez-se advogado e professor Gonçalves Dias, poeta latente

Vislumbrou a elevação de sua gente Tentando humanizar o amor.

Numa tríade vertente, viviaSe de um lado a injustiça atiçava

Do outro era humanizado o Amor Embora em alguns brotasse o ódio

288 Herotildes de Souza Milhomem - Paraibano - MA – Brasil – 06/10/48. Professora Aposentada. Infância e ado-lescência em Barra do Corda -Maranhão. Passou a residir em Brasília desde 1968. onde formou-se professora e administradora de Escola - Possui um grande acervo de trabalhos literários. . E-mail: [email protected]

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Em “Antena do tempo” se tornou. Em mil oitocentos e cinquenta e um

Para uma” Missão “ em São Luís O governador da época o escolheu

E a “instrução Pública”, ora um problema Após seus estudos, ele resolveu.

raSTrOS dE um pOETaDe uma união não oficial

Com uma mestiça, cafuza brasileiraMistura das três lindas raçasNasce uma criança brejeira.

Em plenas terras de CaxiasMunicípio do Maranhão

Nasceu Antônio Gonçalves DiasPara orgulho desta nação.

Ele ainda muito jovemEm Portugal foi estudar

Com bacharelado em direito

Em sua pátria veio atuarProfessor de história e latim

No D. Pedro II, foi lecionar.

TrÊS grandES pilarESNascido em Caxias- Maranhão

Em mil oitocentos e vinte e trêsDe uma união mestiça, cafuza

Com um fidalgo português.

Tinha como descendênciaAs três raças mais popularesCom orgulho as ostentava

Como seus grandes pilares.

Por achar-se muito tempoFora de sua pátria altaneira

Escreveu “canção do exílio”

Como sua paixão primeiraEnaltecendo o gorjeio do sabiá

Cantando numa palmeira.

a muSaGonçalves Dias dedicou

Seus folhetins e peças teatraisÀ sua” Musa” inspiradora

Publicados até em Jornais.

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Ana Amélia era seu nomeA sua grande inspiração

Descrevia seus Cantos e devaneiosTendo por ela uma paixão.

Nenhuma relação de amorEstá livre de causar desgosto

Quando não correspondido

Aí, e que sofremos por gostoE Gonçalves Dias defendeu na época

O movimento do romantismo proposto.

a BuSCaA tua vasta e gentil sabedoriaContrastam com o desafio constanteNacionalista e defensor dos povosDa vida foi verdadeiro amante.

Gonçalves Dias, de voz altaneiraVia romantismo nas praças e colibris

No vai e vem das folhas da palmeiraNos pingos de cristais e de rubis.

Do Rio de Janeiro para a Europa Em “busca “ de saúde ,ele partiuDeixando Olímpia , sua amada esposa

Em vigília a lhe esperar no BrasilDe volta após quatro anos ,ainda doenteNum naufrágio , morre dentro do Navio.

Hilda Maria Vieira Lacerda289

TErra QuEridaEm terras longínquas,

Um sabiá sem palmeira,Gorjeia a procurar,Léguas...

Léguas...Muitas léguas...

Um poeta sensível,Em missão quase impossível

Estava a imaginar,Bosques,Flores,

289 Hilda Maria Vieira Lacerda – Alagoas – Brasil. Pedagoga, Fotográfa, Poetisa.

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Vidas...Noites frias,

Céu estrelado.Ao seu lado papel e pena,

Lágrimas serenas,O coração a palpitar,

Sua terra querida!Com sabiás e palmeiras,

De braços abertosEstava a lhe esperar.

amada minHa...Sua doce lembrança

Açoita meu mundoAncorando-se num adeus profundo,

Saudade sufocadaCoração dilacerado

Onde estão teus beijos?Quase enlouqueci de tanto desejo.

Não me queres?Sou eu, seu poeta apaixonado,Que faz versos para te encantar,Meu peito em chamas clama por ti,

SaudadeSaudade

No transe das minhas emoçõesMinha alegria esvaiu-se sorrateiramente...

Partirei sem ti,Na bagagem só saudade.

Hilton Fortuna290

gOnçalvES diaSMelhor que a pedra e o bronze eterno,

Do que tudo melhor:Há de os sec´los vencer grande e superno,

O teu canto de amor!Não pode o tempo a glória aniquilar-te

Nem teu nome olviar!A terra em que nasceste há de te adorar-te,

Ouvindo o teu cantar!Da raça de guerreiros descendeste,

Tão forte e tão viril,Tu vives, grande mestre, inteiramente,

No sabngue do Brasil!

290 MORAIS, Clóvis. TERRA TIMBIRA. Brasília: Senado Federal, 1980, p. 66, Poesia compilada por Leopoldo Gil Dulcio Vaz – Curitiba – PR – Brasil – 1952; Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; Universidade Estadual do Maranhão

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Hino do Sabiá Futebol Clube291

Sou Sabiá O time mais popular.

Sou campeão da princesa do sertão.

Fundado em 2007 Por um grupo de amigos

Para ser campeão!

Eis o tricolor mais forte; Verde, branco e amarelo

Como é tão belo! Saiu da poesia Das palmeiras;

Do poeta Gonçalves dias Pra vencer nos gramados

Com brilho e muita raça Eu sou é Sabiá

Sou Sabiá

O time mais popular. Sou campeão da princesa do sertão Sabiá vai voar alto E conquistar grandes vitoria No maranhão. Vamos lá Sabiá Conquistar o céu de anil Do meu Brasil.

Tua bandeira E um manto sagrado

Que tremula, Quando pisa no gramado Cada gol, cada jogada

Faz a galera gritar; Eu sou é Sabiá.

291 Poesias compiladas por Weberson Fernandes Grizoste - Jauru – MT – Brasil

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Horacio Anizton292

un aCrÓSTiCO para El pOETa dE BraSilantes que las palmeras de tu Maranhäo

natal, estiraran sus verdes alargados,Tu espacio de poeta y periodista

O tus secretos de plumajes y de selvas,nacían cada día hablando de tu magia de luz

inédita, para trazar tus paisajesO tus silencios y volver a los caminos como el viento.

grandes fueron tus escritos como tu país de alegríasO los soles que besaron tu frente y encendieron tu mirada.

no tenías otro lenguaje que la propia vida.ç (Saltabas-Contabas) amaneres y te refugiabas en los oca-

sos,amabas el mar cuando la luna tocaba las olas.

latía tu pecho con tus visiones inspiradas.valía tu río interior sembrando poemas,Entre líneas de palabras estrenabas la belleza,

Sabías acercar tu mirada a los sueños.

donde vivías en tu niñez hay un himnoigual a un canto de acuarelas que crece,

antes que la noche se duerma en la memoriaSentirán que en todos los rincones se repite tu nombre.

Horacio Daniel Sequeira293

um pOEma para gOnçalvES diaSO saudoso Poeta do exílio europeu,

Sobre o amor verdadeiro soube escrever,Sua própria raiz não pode esquecer,

De sangue indígena mestiço nasceu.

Foi por mestiço que o amor perdeu,O mar muitas vezes testemunhou sua dor,

Escreveu sobre as idas e vindas do amor,Do preconceito rude golpe recebeu.

292 Horacio Anizton - Mendoza – Argentina - 23 de febrero del año 1978, Novelista, guionista y actor.. Creador del estilo “novel-movie” (fusión entre literatura y cine

293 Horacio Daniel Sequeira - Buenos Aires, Argentina - 20/ 09/ 1959. Atualmente residindo em Ilhéus, Bahia. Formado como Tecnólogo em Processos Gerencias. Professor de Idioma Espanhol do ensino Fundamental, Curso Médio e cursos de idiomas. Escritor de contos e eventualmente poesias. Obra publicada: Conto “Os Vizinhos da Rua Lago”, Antologia Concurso Literário Bahia de todas as letras, 4ª edição. Editoras: Editus e Via Litterarum. 2009. ISBN: 978-85-98493-59-6

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Por amizade ao amor renunciou,Sua escolha até o fim foi seu estigma,

Cicatriz que o tempo não apagou.

Esquecido no navio naufragou,‘Ainda uma vez — adeus!’Sem saber amar, amou.

Hugo Omar Torres294

“HOY Ha muErTO un pOETa”A Antonio Concalves Dias, Poeta de Brasil

Ha muerto un poeta,y sus versos en solitarioson pájaros desesperadosbuscando en el silencioseguir sus pasos mutilados.

El incendio de sus pensamientosha caído por siempre

en la indiferencia del tiempovencidos y cansados.

Los obreros del campo,los niños, los humildesse quedaron sin la vozdel hombre enamoradodel canto a su Ameliadel romance truncado.

Hoy ha muerto el poetaDon Antonio Concalvez Diazmisterio el de su destinopartir solo con su muertey sus versos prendidosde su pecho quieto.

Fatal naufragio, y sus palabras rotasse acallan en los rincones

de un cuarto en penumbras.Huérfanos de presentes

se han dormidos sus versos mientras vuelven a su tierra

sus pasos lentos.

294 Hugo Omar Torres - Maipú Mendoza – Argentina - Presidente de S.A.D.E (2008 – 2011). Fundador del Grupo Maipú Letras; Publicaciones en distintas revistas literarias, en distintas Provincias. Participación en Antología Provinciales, Nacionales e Internacionales [email protected]

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Tal vez en su entrega,prendidos de una estrella

entre palmeras dormidas,los duendes aquietados de la nochealimente en sus versos silvestres

la sal de su existenciavuelva el verbo a crecer

en la piel de otros poetasreflejo de su destino.

Iane Giselda de Cougo Souto295

gOnçalvES diaSBrilhante poeta,

Dos índios nos contou;Das terras do Brasil as histórias,

Informou.

Nasceu no Maranhão.E o guardou no coração,Viajou por muitos lugares,O Brasil ficou na recordação.

Relatou sobre o mar,Falou também do amor,

Não se esqueceu do cantar.

Morreu no mar,Mas deixou a saudades.

E o eterno contar.

Iara Almansa Carvalho296

HOmEnagEm a gOnçalvES diaSGonçalves Dias - mago do romantismo

- o grande lírico protetor dos índios.Em Portugal aprimorou as letras

que iluminaram sua mentedescortinando uma potencialidade poética

295 iane Giselda de Cougo Souto - Florianópolis SC – Brasil - 18-10-1962. Professora. Poemas no site http://ca-marabrasileira.com. Obras com participação: Antologia de Poemas volume noventa e nove: Caminhos contos; Brasilidades volume sete. O motivo que me fez participar é o desejo de perpetuar a memória de tão ilustre poeta no Brasil e no mundo.

296 iara Almansa Carvalho - Cachoeira do Sul/RS – Brasil - 01/11/1944, professora universitária, Bacharel em Di-reito, membro da Academia Criciumense de Letras- ACLe, de Criciúma/SC. e da Academia de Artes, Ciências e Letras Castro Alves, de Porto Alegre/RS.. Tem quatro livros publicados, participações em antologias e prêmios literários. Rua XV de Novembro n° 260, apart. 601, Criciúma/SC. CEP: 88 801 140 - e-mail: [email protected]

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dominada pelos sentimentos à flor da pele que explodem na sua criação literária.

Como jornalista fez ouvir seus lamentosfrente aos grilhões das minorias humilhadas

pela servidão e pelo descaso.Na advocacia entoou sua voznum clamor por justiça

que atravessou os oceanos.Frustrado no amor

cantou seu afeto proibidoonde o preconceito de raça falou mais alto.

Pela segunda vez abre mão do amorextravasando as lágrimas

no poema “Ainda Uma Vez – Adeus”ressuscitando na pele “A Canção do Exílio”,a Europa o deprimiu demais!Com o coração ferido, o filho volta ao berço natal,em viajem pelos mares turbulentos

deixa-se levar para semprerespirando a última seiva de ar

da costa do seu Maranhão,a morte sossega o seu espírito contrariado,

finalmente, reencontra a paz ouvindo o canto dos sabiás e

sentindo a brisa das folhas das palmeirasembaladas pelo vento do seu Estadojunto a tudo que amara na sua terra e que por direito de nascimento levou consigo.O Brasil venera seu filho de braços abertosacolhendo-o na galeria de seus imortais.

Igor Chiappetta Fogliatto297

CançÃO dO EXÍliOSou natural do melhor estado do Brasil

e do mundo. Lá, temos excelentes praias

e várias paisagens naturais. No seu interior, há muitos fazendeiros;

no litoral, alguns portos, donde são exportados vários produtos;

no oeste, a fronteira com o Uruguai; mais para o sul,

a minha cidade natal, Porto Alegre, a qual tem muitos shoppings,

297 Igor Chiappetta Fogliatto - Porto Alegre/RS – Brasil - 27 de março de 1996. Estudante do Ensino Médio do Colégio Conhecer, Porto Alegre/RS. Integrante do Projeto “Imagens e Textos construindo Histórias e Versos”. Curte skate, música e jogos eletrônicos. E-mail: [email protected]

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monumentos, museus e acesso à Lagoa dos Patos pelo Guaíba.

Aqui, há belezas e lazeres, mas nada se compara com as dela.

Ilda Maria Costa Brasil298

gOnçalvES diaSPoeta indianista que deu um tom nacional à nossa literatura.

Sua história, da infância a vida adulta, foi difícil e dura.

Seu pai era de origem portuguesa; sua mãe, mestiça.Quando garoto, estudou francês, língua, para ele, postiça.

Tinha, no aprendizado da Filosofia, uma verdadeira premissa.Latim, para alguns, caminhos obscuros; para ele, doce

aventura.Fixado em Coimbra, produziu poesia nacionalista pura.

É considerado um dos nomes mais expressivo da lírica brasileira.

Em Portugal, poemas escreveu ao observar uma jovem fagueira,que trazia no rosto um intenso brilho e sempre estava faceira.

Por ser mestiço, foi impedido de desposar Ana Amélia; triste desventura.Anos depois, apaixonado, casou-se com Olímpia, jovem graciosa e segura.

“Seu nome, sua voz — ouvia-os Sempre no gemer da parda rola,

No trepido correr da veia argêntea... Que da noite o silêncio realçavam,

Os ares e a amplidão divinizando...”*

minHa CançÃO dO EXÍliOMinha terra tem dunas,

onde circulam restinguenses e turistas.As aves, que aqui gorjeiam,

não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem pouquíssima poluição,nossas várzeas estão secando,

nossos verdes campos desaparecendopara dar espaço a muitas construções.

Nossa vida repleta de projetos e de esperanças.

298 ilda Maria Costa Brasil - Restinga Sêca - RS - Brasil - 04 de março de 1949. Presidente da Academia Virtual Sala de Poetas e Escritores, Balneário Camboriú/SC, e Academia Regional de Artes e Letras Condorcet Aranha, Restinga Sêca/RS; Embaixadora do Cercle Universel de la Paix, Genève-Suisse/France; Membre Bienfaiteur da Societe Academique d’Education et d’Encouragement, Paris/França; Vice-governadora pela Governadoria do Estado do Rio Grande do Sul para a Associação Internacional dos Poetas Del Mundo”. E-mail: [email protected]

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Em cismar, sozinha, à noite,mais desencantos encontro na capital gaúcha.

Em minha terra, tenho amigosque tais não encontro eu cá.

Em cismar, sozinha, à noite,mais alegria encontro eu lá.

Minha terra tem inúmeras pessoasque ajudaram a fazer a sua história.

Dentre elas, a Sra. Marieta Mostardeiro,por quem tenho grande apreço.

Minha terra tem indústriasonde operários dedicam horas de suas vidas,

buscando ganhar o alimentoque sustentará a si e a seus familiares.As aves, que aqui gorjeiam,não gorjeiam como lá.

Não permita Deus que eu morra,sem que eu volte para lá,

sem que eu veja minha terra ter seu núcleo cultural,transformada numa fontede desenvolvimento artístico e literário.

Ima Feitosa299

HOmEnagEandO gOnçalvES diaSExímio poeta brasileiro

De alcunha Gonçalves Dias Nascido no Estado do Maranhão Nas aproximidades de Caxias. Advogado, jornalista Etnógrafo e teatrólogo De passos firmes sempre caminhou Escrevendo tão ricas obras

Para nós, ele deixou.

Ao lado do meu conterrâneo O grande escritor José de Alencar

Passou a escrever sobre o indianismo Riqueza literária a nos encantar.

Após ter lido algumas de suas obras Encantei-me com tal tesouro Daqui do Canadá, eu rendo

Todas as minhas homenagens A este poeta de ouro.

299 ima Feitosa - Sherbrooke/Québec – Canadá. Não tenho nenhum livro publicado, apenas sou membro da co-munidade de escritores e poetas amadores e profissionais ‘’Recanto das Letras’’. Alguns registros que possuo estão impressos em pequenos livros e, ao regressar ao Brasil (próximo ano), tenho planos de publicá-los.

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Irandi Marques Leite300

dialéTiCa indianiSTaI

Tua vida principiaGonçalves Dias

De noite e de diaDias e noites

Rumo à poesia

IIFlutuou no espaço sideral

Na busca da poesia universalCantou nosso Índio

Na terra, no mar, no arNo espaço tridimensional

IIIVagou por longas terras

Navegou além maresVoou nos espaços infinitos

Encontrou o ponto de interseção Do material com o espiritual

Da razão com a emoção

IVTeus versos têm primores

Que não encontro em outros, nem cá, nem lá

Tua mensagem teus amoresQue não vejo em outros,

Nem aqui, nem ali, nem acolá

VTua paixão por Ana Amélia

Atravessou os temposE espaços infinitos

Pureza de amorQue melancolicamente brota

Da alegria e da dor

VIRimas ricas

Rimas melodiosasPalavras puras

Mensagens saudosas

300 irandi Marques Leite - São Luís - MA – Brasil - 30/11/1955. AUTOR DE: Retas da Vida (1977); O que é Interact? (1974); Dialéitica Cultural (2012); Sapo Folia (2013); Musa Caemeira e o Sapo Folião (2013); Odisséia do Coti-diano (1977). : [email protected]

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VIIEmoção e percepção

Comunicação Elementos intangíveis

Relação ser humano e natureza

VIIIDialética

Forma objetivaRetoques subjetivos

Concretiza conexõesRocha suporte

Índio, história Poeta indianista

IXBusco a tua poesia integralA tua mensagem derivada

- Simbolismo, modernismo, sinfoniaO último sopro da agonia

Pensando na mulher amada!

dE CaXiaS para O maranHÃO No espaço finito e infinito

Surge um sopro de vidaA terra floresceuEm caxias, no maranhãoO poeta nasceu

IITerra, água, arMistura heterogêneaCom tendência a homogêneaÍndio, português, africanoMiscigenação, riqueza cultural

IIIEmpatia aos olhos

Do menino caxienseRelação cultural prodígia

Com marcas profundasNa sua trajetória poética

IVO poeta fugidio

Do maranhão para portugalNavegou na literatura mundialBuscou livros e históriasVoltou para os braçosDa sua terra natal

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VNavegou no sentido da vida

Até o infinito do marBscou a musa querida

Com canto indígenaCantou a terra guerrida

Para teu canto universalA nossa homenagem fraternalNossos nomes são indígenas

Sou irandi

Minha filha maiara

E meu filho raoni

Irismarqueks Alves Pereira301

CançÃO a gOnçalvES diaSAo que ficou preso

Tatuado a ferro e ferreiroPela saudade injusta e imensa

Não oprimiu de fatoO canto do guerreiro.

Fez da pátria queridaA musa, o delírio e o sofrimento.

Fez da vida um cantoFez dos versos de meninoLugar de encantamento.

As mãos levianas da poesiaFizeram do dia e das noites

As letras escravasEnquadras na minha vida

Feito fio delicado de açoites.

Ao poeta devo apenasA harmonia feita pelas ondas do mar

Como rosa perdidaDentro do peito amante

Que fez da vida um belo canto para amar.

301 Irismarqueks Alves Pereira - Parazinho/RN – Brasil - 01/02/1983. É professor, poeta, pedagogo e conselheiro tutelar da criança e do adolescente. Mestrando pela SAPIENS - Faculdade de Ciências Humanas - Campina Grande/PB. Primeiro livro lançado em 2013 com o título: A poesia como incentivo a escrita e a formação do leitor poeta. Mas tem poemas publicados em várias antologias no Brasil. Membro Vitalício da International Writers and Artists Association – IWA.

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Irsemes Wiezel Benedick

COm ElE aprEndi Que nossa terra é a mais bela

igual no mundo não há tem encantos, lindas flores, e o famoso sabiá.

Quando rompe a madrugada lá na serra

tudo é belo , tudo é cor brotam flores, cantam aves,

enchendo a vida de amor.

Quando chega o meio dia lá na serra tudo é calmo, é uma beleza parece que tudo dorme descansando a natureza.

Quando a tarde vai caindo lá na

ao soar da ave- maria toda natureza vira festa

tudo é paz ,silêncio, e harmonia.

Quando a noite vai chegando lá na serra eu vejo o por do sol tudo é belo em minha volta desde a aurora ao arreból Como é bom viver na paz daquela serra porque é lá que o amor de deus impera, na profusão das mais variadas cores. Onde as flores oferecem o mel mais doce, onde as fontes cantam murmurantes, um hino de amor gratificante.

Nossa terra tem amores frutas de muitos sabores

grande mar e céu de anil presente que deus nos deu ela é minha , tua , deles, ela é nosso brasil !!!

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Isabela Brandt302

auTO-rETraTOLembro-me de uma criança

com a altura dos seus sete anos eque queria crescer sempre mais.

Lembro-me de estar assustada, com medo,lembro dos passos desordenados e

do rumo que eles tomaram,quando receberam dois abraços apertados.

Tempos difíceis...

Lembro-me das brincadeiras de roda,de amigos nunca mais vistos e

de uma doce e amável professoraque marcou meu coração.

Tempos felizes...

Lembro-me de um rosto infantil ede uma ingenuidade aguçada,

de quem pensava que a vida não passava.

Mas a folhear as páginas, leio:“Não chores, meu filho;Não chores, que a vida

É luta renhida:Viver é lutar.”

E em resposta, escrevo:Choro sim, amigo Gonçalves

Porque viver é penar.E o tempo é breve e a memória é curta.

dEiXE-mE ir “A flor dizia em vão

À corrente, onde bela se mirava:Ai, não me deixes, não!”

Ao contrário do que diz o poeta.

Eu imploro:Deixe-me ir...

302 isabela Brandt - Afonso Cláudio – ES – Brasil - 28/02/1985. Filha de agricultores mora com os pais no pequeno sítio da família no interior. Concluiu a faculdade de Pedagogia no ano de 2008 e trabalha na Educação infantil. Email:[email protected]

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Deixe-me ir...Porque o presente deixa suas marcas,

Indo e vindo, sem parar.O trem da vida está partindo...

... Bosques frutíferos......Desertos áridos......Campos floridos...

Cascatas de bálsamo deslizando até o mar.Mar – insondável mistério.

Gotas de orvalho sobre os lírios;Vivendo do amanhecer.

Cores pálidas, ofuscantes; risos no ar.Ar – energia da vida.

Deixe-me ir...As pedras ficaram estáticas,E foram vencidas pelo tempo;

Consumidas pela espera......Contornos perfeitos...

...Detalhes imperceptíveis......Seres inanimados...

Deixe-me ir...Tantas direções...Tantos corações...

Tão pouco tempo para viver,E eu, esperando para morrer.Deixe-me ir.

aO parTirESAo partires, não peça para sermos amigos.Ao partires, não leve nada, nem lembranças.Ao partires, não leve os sonhos, nem esperanças.Ao partires, não leve os beijos, nem abraços.

Ao partires, não leve os sorrisos, nem as lágrimas.Ao partires, deixe-me apenas a sensação de nunca ter te conhecido.

Ao partires, deixe-me só.É a única coisa que podes fazer por mim.

SE TE amONessa teia de emoções que é a vida,Roubo as palavras do poeta Gonçalves Dias:

“Para dizer que te amei:Amo; porém se te amoComo oiço dizer, — não sei.”

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Não sei se é pressa ou vazio,Escuridão ou meio-dia.

Não sei se é brisa leve ou ventania,Não sei se é orgulho ou brio.

Não sei se é verdade absoluta,Ou desejo repentino.

Não sei se é amor puro, Ou puro desatino.

Não sei se o sono é breve ou a tristeza profunda, Se o abraço acalenta e o beijo inebria.

Não sei se é falta de coragem ou simples covardia,Talvez eu descubra o que é amar algum dia.

Hoje.Se te amo?

Não sei.

CançÂO dO EXÍliO dE CáMinha serra tem laranjeiras

Mataram o Sabiá.Os pássaros que aqui trinam,

Não trinam acolá.

Nosso céu está escuro,Nossa várzea está seca,

Nossas flores estão murchas,Nossa vida está sofrida.

Em andar, sozinho, à noiteMais perigo encontro lá;

Minha serra tem laranjeiras,Aqui não canta mais o Sabiá.

Minha serra tem dissabores,Quase não encontro eu cá;

Em andar, sozinho, à noite;“Me roubaram o celulá”,

Minha serra tem laranjeiras;Tem bandido andando lá.

Não permita Deus que eu morraVou esperar que a justiça volte para cá.

Na vizinhança há rumoresDe que vivemos um tempo de sofrimento e desamores.

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Esta vida está difícil sem meu amigo Chico Sabiá,O coitado era violeiro gostava de cantar,

Morreu jovem ainda, por causa de uma “droga” de colar,O roubo foi à luz do sol,

Na rua do farol.

Foi um mais um brasileiro sem sorte,Pai de família, homem trabalhador foi condenado a pena de morte.

Se ainda vivesse Gonçalves, Morreria sem voltar para cá,

Preferiria viver no exílio de lá.

Isabela Moraes de Faria303

nOSSO amadO indianiSTa.Gonçalves Dias,Pai de “Marabá”,

Nos arredores de CaxiasVem a brotar.

Dos primeiros aos “Últimos contos”,Já formado em Direito,

E com ilustres elogiosDas viagens à Europa

Regressa ao MaranhãoNem pensava em morrer de amorE encontrou sua paixãoAna Amélia, sua flor.

Mas por ele ser mestiçoA família dela o proíbeMas nem morava em cortiçoNosso amado indianista

Com sua enamorada casadaEle de novo encontrara

E “Ainda uma vez – Adeus”Ele teve-a dedicada

Mas Dias vai emboraTratar de sua saúde,Não volta a sua senhora

Pois para um ataúde.

303 isabela Moraes de Faria - Rio de Janeiro/ Brasil - 27/08/1995, Ensino Médio Completo com Técnico em Agro-ecologia, e-mail: [email protected]

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E foi no MaranhãoPerto do farol de Itacolomi

O poeta faleceraE vem, para sempre, a dormir.

Isabella Gonçalves304

a gOnçalvES diaSNão mais vejo a nossa terra

Sei lá onde foi pararA ave já gorjeou

Cá Deus sabe, onde está!

Invejaram nossos maresNossas árvores e reservas

Desmataram as grandes matasJá não sei o que mais resta

Sinto faltaSei que sinto

Dessa terra de poesiaDas lendas do velho índio

Já não vejo a esperançaDa dança de nossa música

Só enxergo é a ausênciaA carência dessa musa

Um dia, quem sabe?O sabiá gorjearáE trará de volta

O verde que veio encontrar

Para tanto, cabe a nósPiar pelo animal

E implorar à mãe terra; o perdãoUm novo aval

304 isabella Gonçalves - Juiz de Fora/MG – Brasil - 1995. Desenvolveu sua paixão pela escrita desde pequena, mas foi a partir dos catorze anos que passou a exercê-la com maior intensidade. Atualmente, cursa o Ensino Médio no Rio de Janeiro e pretende graduar-se em Comunicação Social e Letras em sua cidade natal.

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Isabelle Palma305

pÓSTumOSNo desterro do naufrágio vil, morre o poeta.

Naqueles dias em que se foram tantos amores,esperava talvez rever de mais perto a terra dos sabiás.

Sua pele cinzenta de antigas histórias, lhe proibiu Amélia.Mas a ela, dedicou-lhe todo o seu Adeus...

Guerreiro de si, das selvas atlânticas num Maranhão esquecido...Perdeu-se nas florestas das suas rimas,

alçou voos de longas esperanças.Sem ter podido ousar, resignou-se no abatimento cruel de um

amor esquecido.E abandonado no leito inquieto da nau claudicante,

reverberou seu soneto pelo grande mar-oceano...

Ismari Marcano306

al iluSTrE pOETaDel cristal ensueño

nacieron tus versosLanzados al tiempoentre Brasil y Europa

en las alas de gloriasdel sublime romanceEl esplendor de tus jardinesde penas y alegrías…rechazos y conquistas¡Enamoraron la vida!Caxias fue privilegiadacon tu excelso sentimientoDesde el Ville de BoulogneVoló tu Almapara posarse en la eternidadde tus versos

ofrecidos a la luzDesde entonces…

has encontrado consueloredención y… pazEn el siempre Amor

de Ana Amélia¡La Musa inaccesible!

305 Isabelle Palma – Paraná – Brasil - 13 de setembro de 1977. Historiadora, professora de rede estadual de ensino no Paraná/Brasil, desde 2003. Mestre em história comparada das religiões antigas, pela Universidade Federal do Paraná (2003).

306 ismari Marcano - Tucupita, Delta Amacuro, Venezuela 07 de Diciembre de 1963 Docente Universitaria, Poeta y Escritora. Su afición por la Poesía, es desde siempre y para… siempre. Cree en el Don divino que poseen los Versos y la Prosa como medio de expresión y comunicación… del sentimiento humano. Ha participado en mu-chos encuentros poéticos, talleres de formación literaria y recibido reconocimientos por su trayectoria. Posee varias Obras publicadas y otras aún inéditas.

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Iva da Silva307

para O pOETa indianiSTaPara Antônio Gonçalves Dias, Mestre, jornalista e escritor

Que durante o século dezenove, Dedicou a sua terra, muito amor.

“Minha terra tem palmeiras...” Minha terra tem araucárias,

Árvores exuberantes, porém em extinção. Muitas aves que aqui gorjeavam,

Já não gorjeiam mais, não. Muitas matas nativas se foram,

Há plantas exóticas buscando adaptação, A pureza do ar se extinguindo

E índio aculturado, não é índio, não. Os chás, as curas, os rituais,

Por alguns indígenas conservados, Ganharam outra conotação,

Estão nulos, não apresentam resultados. Hoje os ares são outros,

Chegou a vez da tecnologia, O tempo parece andar mais depressa,

A vida tornou-se uma correria.

Ivan Carrasco Akiyama308

dE OrigEn lETradOAntônio Gonçalves Dias

de Maranhão, tu cuna y tierra.Un ser humano lleno de sueños,

luz que hizo de la literatura vida.

De padre portugués sembrador de letras,y de tres razas sus raíces son eternas.

De madre mestiza aprendió a soñar,el indianismo fue la ruta de su libertad.

Los problemas nunca fueron un obstáculo,Pues fuiste hecho de letra y bravura.Y fue Ana Amelia Ferreira do Vale,

Cultura de tu amor y conciencia.

307 iva da Silva - São Francisco de Paula – RS – Brasil - 14 de dezembro de 1952. Professora, poeta e pesquisadora. Diretora da Escola Estadual do distrito de Tainhas por dezessete anos, hoje aposentada. é Cônsul Honorífica da Real Academia de Letras Ordem da Confraria dos Poetas Porto Alegre/RS.

308 Ivan Carrasco Akiyama - La Paz- Bolivia - Embaixador da Cultura Universal G.H.

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Un sentir nacionalista en tus letras vibraba,entre asuntos del pueblo y paisajes brasileños.

Gonçalves Días dejaste una idea de Brasil, como legado nacional de sus raíces .

COmO ESCriBiaSLos Primeiros Cantos,

de la uniformidad fueron privadas. Las estrofas tenían la fuerza

que dimanan del desprecio por las reglas

Artífice de los ritmos de la versificación,arquitecto de la esencia del poema.

Escribías en momentos no estrenadosY bajo el cielo jugabas con la luna.

Del impresionismo los jugos vitales,a orillas de la excelsitud de Mondego.

Como un artista el arte literario dibujabas,en cumbres de olas del atlántico.

Las selvas vírgenes fueron las bellas musasque engendraron escritos en tu pluma.

Escribías para tu alma núbil,Muy poco para el resto de mortales.

Tu inSpiraCiOn SErEnaEl placer de haber compuesto,era la frase favorita de tus letras.Tu espíritu caliente remeció la historia,Y hoy estas en el mañana de la gloria.

De la soledad robaste su inocencia,Y engendraste en ella tu poesía.Tomaste de la política la ventana óptica,para plasmar letrados escenarios.

Gran reductor del pensamiento armónico,por saber que en ella el pensamiento es fugaz.El arte proviene del alma pura decías,

y no de la estructura locuaz.

Antônio Gonçalves DiasTomabas del paisaje sus elementos.

Del océano la paz y bravura,Y de la naturaleza su vigor perfecto. .

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dE la vida a TuS lETraSSi el corazón vibra en el entendimiento

Te expresabas así del amor sin espinas.Combinabas la idea con pasión extrema,

Esa tu elegía de los sueños de primavera.

Combinabas el placer de sentir,con el arte de vivir amando la naturaleza.

La purificabas con la religión del sabio,haciendo de la divinidad una poema.

Quien como tú, comprende un sueño,cuando llega Ana Amélia Ferreira Vale.

Y nacen nuevas esperanzas de romance, que hacen del amor una caricia pura.

Siempre esforzado escribías poesía,Una tras otra en la cruda ironía.

Fuiste olvidado en tu lecho de rosas,Y moribundo aún emanabas vida.

Izabel Eri Camargo309

mESTiçO BraSilEirOAntônio Gonçalves Dias poeta da minha infância

iluminado como o dia colou no coração de criança

mares atravessou com a mala da poesia pintou em versos indianistas a paisagem brasileira

viajou no romantismo das águas com a alma sonhadora a embarcação naufragou

certidão de nascimento da poesia ele deixou era único encantador filho do Maranhão

grande alvissareiro guardo no coração Canção do Exílio fez ponte nas rotas onde passou

imortal Gonçalves Dias escute minha oração vai no trinado do sabiá e no perfume da imaginação

309 izabel Eri Camargo – Soledad – RS – Brasil - 06 de maio de 1934. Professora/ pedagoga (aposentada), escritora e poeta, Autora de vários livros de poesia, haicais, contos e ensaio. Integra o Cercle Universel des Ambassa-deurs de La Paix Genève-Suisse/France, o Movimento Mundial dos “Poetas del Mundo”, a Academia Brasileira de Estudos e Pesquisas Literárias do Rio de Janeiro/RJ, a Academia de Artes, Ciências e Letras Castro Alves, de Porto Alegre/RS, o Portal CEN de Portugal...

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Izabella Muraro de Freitas310

CançÃO dO EXÍliONa região, onde estou

realizando trabalho voluntário, atividade que muito gosto, mais parece terra de ninguém.

Terra nossa por direito,

constantemente ameaçadasem pudor e respeito;

terra que de seu povo, por várias vezes, quase foi tomada.

Defendida a balas e a facadas;morreram um, dez, mais de cem.Mesmo com estruturas abaladas,

há donos da terra de ninguém.

Na região sul, donde vim,preservamos paz, solidariedade,

amor e fraternidade.

J. Auto Pereira311

TriBuTO (a gOnçalvES diaS)Bem sei que não sou bardo, que fico aquém do gênio,que nem falar devera da poesia aqui;porque inda não fez-se a luz do meu espírito,porque das negras trevas ainda corri.

Bem sei qu’é nobre o drama, que dá soberba ilíada,que só pertence a pena do grande mestre Homero;bem sei que sou mesquinho, que vou manchar-lhe a glória,

porém neste momento também cantar eu quero.

Eu d’um Gilbert não falto nos braços da loucura,nem mesmo d’um Chatterton que d’orgulho morreu;aqui nos pobres versos não trato d’um Bocage

que dentro das tavernas, coitado, faleceu.

310 izabella Muraro de Freitas - Porto Alegre/RS – Brasil - 03 de julho de 1996, Estudante do Ensino Médio do Colégio Conhecer, Porto Alegre/RS; Desenhista profissional; Membro Efetivo do Projeto “Vida, Amor e Paz”, do “Cercle Universel des Ambassadeurs de la Paix, Suisse/France”. Integrante do Projeto Literário “Porta copos poéticos”, 2012; e do Grupo de Escoteiros “Charruas/003-RS. E-mail: [email protected]

311 Leal, Henriques, Pantheon Maranhense, São Luís, 1874, p 538-540. Poesias compiladas por Weberson Fer-nandes Grizoste - Jauru – MT – Brasil

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Esqueço Malfilátre no seio da miséria,assim como de Byron também o ceticismo;

um Tasso não recordo gemendo da amizade,assim como escureço d’Werner o cinismo.

Deixai-me, pois, que venha depor o meu tributoa quem tem por peanhas os pinc’ros d’Himalaia,

Eu sou do Deus dos gênios o mais humilde acólito;– Deixai que queime incenso ao pé da sua alfaia.

Qu’importa me faleça de Lamartine os cantos;que nem sobre os vestígios os possa acompanhar?

Embora saiba mesmo que vou queimar-me em brasas,eu rasgo o meu silêncio e venho pois cantar.

Dorme, gigante de ouro,na tina colcha de louro,que tiveste por tesouro

a lira para trovar!Dorme ao som das harmonias,

Qu’inda és – Gonçalves Diasque da pátria as melodias

soubera tanto exaltar!

Dorme! A pátria te deplora,e a velha Europa te chora,

e todo o mundo te adora,cantor sublime do céu.

Dorme o sono da purezamatizado de beleza,

que da glória a gentilezanão cessa no sonho teu!

Dorme na plaga que e tua,onde é linda meiga lua

quando no azul flutuadepois a nuvem a beijar.

Sonha a glória dos teus cantos,esses penhores tão santosque pasmaram com quebrantos

essas plagas d’além-mar!

Dorme! As espumas ridentesque vão quebrar-se dormentes

nas brancas areias quentesdos infindos desapraiados,

e as pororocas seguidasá reboar destemidas

tem de cor frases polidasde teus hinos delicados.

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O murmurar das palmeiras,crescidas nas ribanceiras

onde vegetam fagueirasc’os cantos do sabiá,

não tem um outro gemido .que não seja tão sentidocomo aquele desprendido

da formosa marabá.

Ó tu, cantor dos Timhiras,monarca primo das liras,

estro ilustre que nas pirasda glória Apolo atirou,

sonha lá na eternidade,embora tenha saudadea nossa Atenas cidadeque o destino malfadou.

Dorme, gigante de ouro,na fina colcha de louro,

que tiveste por tesouroa lira para trovar.

Dorme ao som das harmoniasQu’és o rei das melodias,

e aceita, Gonçalves Dias,este meu rude cantar.

J. B. Xavier312

mEninOS, Eu vi!Do destemido e lusitano barcoDesceu Cabral e pondo a Cruz aqui,Depôs sua arma, o índio apôs seu arco,E fez-se amigo ao povo guarani.

Gonçalves Dias, que de tal herança, Herdou o amor ao povo hospitaleiro

Cantou os feitos e toda a esperançaNos versos nobres do canto guerreiro.

Em fundos vasos de alvacenta argila*

Bebem guerreiros o amargo cauimE Já pintados pela cochonila

Ao prisioneiro já anuncia o fim.

312 J. B. Xavier - São Franciso do Sul – SC - Brasil, 59 anos, é poeta, contista, ensaísta, trovador pintor, desenhista e romancista. Livros publicados: Caminhos, edtit. Alta Books, Rio de Janeiro, 2003; Não haverá Amanhã - Edit. Takion, São Paulo, 2012. Site: www.jbxavier.com.br

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Cena de orgulho de um povo valente, Canto guerreiro a ecoar na noite

Um velho pai já cego e decadenteTambém chorando vê do filho o aloite.

Cantou em versos o que ao povo inflama

Filho guerreiro, na aldeia Aimoré, Nos versos todos de I-Juca Pirama,

Lutou chorando, mas morreu de pé!

Depois, por certo, se algué duvidava,Do que um dia aconteceu ali, O aimoré já velho recontava:

“Foi nesta aldeia, meninos, eu vi!”

O CanTO guErrEirOSelva sombria! grandes carvalhos

Se afastam de lado a ceder aos atalhos A vez de percorrer a floresta densa...

Caminhos escuros que os índios aprontam Se cruzam, se afastam, de novo se encontram,

Formando clareiras na selva imensa...

A onça se esgueira, ligeira, felina, A lua que nasce por trás da colina,

E o sabiá, que no galho dormita, Dão cores à mata, e o ruído que fazem

Embalam o sono de outros que jazem No chão e nos ninhos. A vida palpita!

A brisa então surge, numa calma dança.

Estrelas se juntam àquela bonança, Brilhando medrosas à luz do luar.

A prata dos céus vai matando o dia Que cede lugar em lenta agonia

À noite que agora já vai começar.

Vermelho, o céu anuncia a luta Do Dia com a Noite. Que linda disputa!

E as serras distantes já vão se afastando... As aves, em bandos, em grande algazarra,

Voam felizes, qual louca fanfarra, Nos ninhos queridos vão se acomodando.

No chão o regato suave desliza.

Desagua num lago, que a braços com a brisa Vibrando sua face em vitral se transtorna.

Enfada-o a luta dos grandes titãs. Conforta-o o lindo coaxar de suas rãs, Divino coral que seus charcos adorna.

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Aqui e distante, na água espelhada Um peixe assoma com cauda dourada,

Brincando com as folhas que caem bailando. Pousando tranqüilas vão logo dançar

Divino bailado à luz do luar Que o lago, aos poucos, vai iluminando.

E as nuvens branquinhas, já avermelhadas, Trazem o sangue em que foram manchadas

Na imensa batalha, e vão se afastando. E a noite então surge em mil esplendores,

trazendo paixões, inspirando amores, E com as plantas, as águas e o céu contrastando.

A brisa aos poucos vai enfraquecendo E as sombras da noite então vão descendo Trazendo o silêncio à grande extensão. Os vales cobrindo, clareiras, montanhas,

Descendo ao mais fundo de suas entranhas. Na selva palpita audaz coração!

E pia a coruja na noite singela

Voando na mata: gentil sentinela Que a noite vigia acesa e atenta...

O rio que desce dos montes distantes Desfia seu canto, e nas águas dançantes Depõe suas mágoas, e chora, e lamenta. Na face do lago a imagem tão clara: Jassy refletida no reino de Yara! Profundo silêncio! as matas caladas! Estóicos, à noite os deuses levantam E vagam na selva, e riem, e cantam Os cantos do Olimpo, de eras passadas. É então que nas tabas as tribos guerreiras

Contam seus casos á luz das fogueiras. São cantos de heróis, de lutas, de morte,

Que aos jovens valentes só fazem sonhar Os sonhos de guerra, o acompanhar

Os homens da tribo, rijos e fortes...

Nenhum se acovarda, no entanto, e ainda Esperam a idade - de todos benvinda -

Em que o braço forte o tacape erguerá. São quase crianças, leais e valentes, Que a vida entregam, alegres, contentes, À luta esperada, que um dia virá .

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Num círculo ao longe as moças escutam Os cantos de guerra que eles disputam. Cantos de guerra que fazem sonhar.

As cândidas, doces, suaves morenas Trançando as sedosas e lindas melenas

Esperam com um deles poderem casar.

Que sonhos não vão em seus olhos escuros? Que ardentes desejos nos corpos tão puros Não causa o canto dos heróis-guerreiros? Donzelas que sonham os sonhos amenos

Que fazem vibrar seus corpos morenos Que em curvas se alongam, lascivos, fagueiros.

No centro da taba, brilhando no lume

Derramam-se os homens. Da noite o negrume Qual manto profundo, a tudo encobre.

Em volta do chefe derramam-se eles. Os jovens, os velhos, e todos aqueles Guerreiros valentes, da estirpe mais nobre.

É Ygarussú, o tupi imbatível,

Da flecha certeira, do golpe terrível ! E o som de sua voz, que em guerras ecoa

Atinge o inimigo, já enfraquecido, Imbele, cansado, doente ou ferido. Por isso distante seu nome já soa...

Quem visse sua flecha acertar o mutú

Ou em plena carreira prostar o inambu... Na aldeia não havia sequer um guerreiro

Com força bastante para retesar Em toda a extensão o seu ybirapar,

Por certo o mais duro dos duros madeiros.

Quem visse o tacape ferir a akã De seus inimigos, quem visse Tupã

Clareando suas trilhas nas noites sombrias, Por certo haveria de reconhecer:

Tão cedo de novo não ia nascer Guerreiro assim destro pelas cercanias

E amores desperta; e loucas paixões Caminham com ele! e mil corações

Por ele deliram em idolatria! É rude, valente, amigo da Sorte.

O grande oyakã, cantando a morte As lindas morenas assim seduzia.

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E o fragor desses cantos na noite subiu, Até que o cacique o silêncio pediu.

Somente o lume ardia faceiro E o pesado silêncio às vezes quebrava.

O grande cacique de pé se postava Cantando à aldeia seu canto guerreiro:

“Irmãos meus de sangue! Às vezes, exangue,

Amargas torturas Da guerra bebi.

Nas provas mais duras Nas quais fui testado

E em grandes agruras Não esmoreci.” “Meu tino me serve De guia no escuro,

E que assim se conserve Em dias por vir.

Que eu vença o futuro temores, cansaços,

Que eu esteja seguro De nunca fugir.”

“A quantos matei? Jamais vou saber! Jamais me lembrei De contar inimigos... Só resta entender: Não há diferença Em matar ou morrer. Em mim só me abrigo.” “Já fui pelas serras Vencendo a má sorte.

Andei longas terras Que nunca esqueci.

A braços com a Morte Andei tão distante.

Com povos mui fortes Lutei e venci.”

“Olhai o meu peito E o claro matiz

De um talho perfeito Que fez-me o embate.

Mas morro feliz Se a lança atirada Fizer cicatriz Que enfeite o combate.”

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E isto dizendo, olhou os guerreiros Que sérios, nervosos, se agitam ligeiros Prevendo o que então viria a seguir.

E apenas num gesto, rápido, tenso, Tirou de seus ombros o manto imenso

Que suave ao seu lado, no chão foi cair.

Seu corpo saltou para a noite escura Marcado nas lutas de tanta bravura.

O espanto deixou os guerreiros prostrados. Que lanças suas mãos não haviam partido?

Que vezes, na dor, sem um só gemido Não tinha o tacape do ímpio quebrado?

Seu rosto severo, seus braços possantes

E o altivo que havia em todo o semblante Tornava-o muito acima dos seus.

E a pira queimava incensos amenos, E o fumo a subir era como acenos

Ao bravo que agora queria ser deus.

“Eu sou o seu deus!” - bradou Ygarussú. “Mais rápido ainda que o veloz suassú ! Mais forte que o raio, o vento ou a lança!”

Pasma a aldeia!

Jamais a floresta

Ouviu coisa assim! Que os deuses em festa,

Se o tenham ouvido, não queiram vingança...

Rolou no horizonte um trovão taciturno: Tétrico aviso ao audaz importuno. Quem desafia o poder de Tupã ?

Quem é que, em deus, por si se entronara? Quem é que a si próprio assim se elevara?

Quem ousaria prever o amanhã ?

Os homens em roda ouviam enlevados. Futuros guerreiros olhavam, sentados,

O grande cacique que os céus lhes mandara. As moças sonhavam os sonhos das virgens,

Enquanto o valente cantava as origens Do clã que o - um dia, há tempos - gerara:

“Em guerras distantes

As tribos errantes vagavam constantes

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Por ermos hostis. E a tribo que agora

O penhor revigora E a mesma de outrora:

Os bravos tupis. O vento na mata, O som da cascata,

A lua de prata Deixava antever

Que em tempos vindouros, Tal qual um agouro,

Das lutas os louros Iriam colher.

O céu incendido Que cobre o bramido Do índio ferido Em remoto iporã , É o mesmo por certo

Que ao índio desperto Vai deixar aberto

O poder de Tupã . Poder que encerra

O verde da serra O grito de guerra,

O som do maracá. É o mesmo que assim, Nas eras sem fim Forjou num festim O cacique Condá. Condá, que às vezes Aos vis portugueses Impôs os revezes De lutas sem par. Um corpo pintado, Um rosto irado, E no crânio, alado,

Branco canitar. Penacho frondoso,

Porte garboso, Arco lustroso

Condá exibia. Nas guerras insanas

Santas, profanas, Em voz soberana

Seu brado se ouvia. Guerreiros! eu canto O riso, o pranto De quem sofreu tanto P’rá nos ter aqui:

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Condá e os demais. Por certo lembrais Do chefe Virí.

Virí, o seu braço

Deixou forte traço No chão, no regaço

Dos tempos de outrora. As mãos calejadas

De vidas tomadas. Sua lança ousada Tivesse eu agora! A força da Terra

Que em si toda encerra As mortes na guerra

Clama por ti! A ti só eu chamo,

Tupã! eu conclamo: Desfaça o engano,

Renasça Virí. São esses os bravos!

Beberam dos favos Das lutas. Escravos

Do lutar e vencer. A mim delegaram,

A mim confiaram, Em mim transplantaram

Sua força e poder! Ouçam-me agora

Que chega a hora De ir-me embora.

Seu deus, pois, eu sou! Meu canto já finda.

Na guerra benvinda Meu braço ainda

Ninguém derrotou.”

E fez-se silêncio. Calou o gigante. E tudo ao redor silenciou nesse instante Sagrado, a render-lhe uma muda homenagem.

E enquanto alguém lhe entregava o manto, Os sons tão heróicos de seu nobre canto

Ainda ecoava na densa folhagem.

Assim o tupi, com seu porte altaneiro, Reinava na aldeia, e seu canto guerreiro

Deixou toda a taba feliz, enlevada. Seus olhos, no entanto - discreta procura - Buscavam a beleza, a meiguice, a candura

Do rosto sereno da doce amada.

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As moças ao longe, em nervosos sorrisos, Deixavam antever, em indícios precisos,

O amor dedicado ao grande oyakã. Mas fogo no peito ilustre havia

Queimando por dentro, em lenta agonia Por seu grande amor, sua Cunhaporã.

E quem duvidava que tão nobre canto Visava o amor esperado há tanto

E que em breve, sabiam, iria esposar? Seus olhos furaram a noite escura

* * Buscando a beleza, a meiguice, a ternura Que o canto guerreiro queria agradar.

Nas faces das moças, lindas, tingidas, Em vão procurou as feições tão queridas Sem no entanto encontrar o doce olhar vago. Olhou ansioso além da amurada.

Sabia onde ela seria encontrada. Afastou-se correndo a caminho do lago.

Subiam no espaço as fagulhas do lume

Levando aos céus o espesso negrume. Silêncio na mata! findara-se a festa!

Tornou-se mais fraco o estalar da fogueira. Mil olhos seguiam a marcha ligeira Do chefe e herói, a sumir na floresta. glOSSáriO da parte 01 Mutú - Cana-de-açúcar,Pequeno galináceo. Inambú - Ave canora de canto melodioso Suassú - Veado, gamo Ybirapar - Arco Maracá - Chocalho com cabo, usado em cerimoniais. Akã - Cabeça

Oyakã - Cacique Iporã - Agua bonita; água tranquila, remanso do rio.

Tacape - Porrete pesado,borduna Tupã - A maior divindade do panteão tupi.

Jassy - Deusa representada pela lua. Yara - Deusa das águas.

Ygaraussú - Canoa grande; grande embarcação; navio

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J. de C. Estrella313 - São Luís, 7 de Setembro de 1873

À ESTáTua dO EXÍmiO pOETa maranHEnSE anTOniO gOnçalvES diaS

Ereta no largo da Igreja de Nossa Senhora dos Remédios da capital do Maranhão

Erguendo-se nas ondas radianteDo leito de corais, em que jazia,

No pátrio solo eis se ostenta ovanteO gênio americano da poesia!

Salve, colosso ilustre, estátua nobre,Que um tal gênio eternizas gloriosa,

Gênio que a virgem com seu manto cobre,Afagando-lhe a lira harmoniosa!

Em torno ao pedestal ilustres sábios,Que a pátria se tomaram mui augustos,

O silêncio pairando-lhes nos lábios,O poeta cortejam com seus vultos!

Vicejem sempre amenas as palmeiras,Circundando-lhe o trono majestoso,

E as aves suas, caras, mui fagueiras,Gorjeiem-lhe ao redor do busto honroso!

«Posteridade, és minha, diga ufano!«Respeite os cantos meus a pátria ovante!

«Do Brasil entre os vates sou sob’rano,«Meu nome luzirá sempre brilhante!».

Do alto de sua gloria o mar fitando,Diga-lhe: «Sepultado em abandono«A pátria os seus direitos reclamando,«Eis o meu posto d’honra, eis meu trono!...»

313 Leal, Henriques, Pantheon Maranhense, São Luís, 1874, p Leal, Henriques, Pantheon Maranhense, São Luís, 1874, p 537-538. Poesias compiladas por Weberson Fernandes Grizoste - Jauru – MT – Brasil

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J. R. D’Oliveira Santos

À mOrTE dE gOnçalvES diaS314

PARTE LITTERARIA

A´ morte de Gonçalves Dias

(Improviso)

Vendo a noite da vida aproximar-se,Ancioso tentou vir azylar-se

No chão do pátrio lar;Mas antes de chegar lhe anoitecêra,

E na terra, que tanto engrandecêra, Não pôde repousar

A sorte lhe predisse, há mais de um anno,Que marcado lhe fora o vasto oceano

Por jazigo final.Em vão fugir tentar ao seu destino,

Que além, gemendo, o mar lhe entoa o hymno Do triste funeral.

Do verde funerak á grata sombraMais quizera o cantor ter por alfombra A terra em que nasceu:- A´ tarde ouvir das aves o gorgeio,E á noite recolher no frio seio Os orvalhos do CEO.

Mas não quis o destino caprichoso,Que o cantor das palmeiras mavioso Dormisse a sobra delias:Quis dar-lhe mais extensa sepultura,

Onde, em vez de mil cantos de ternura, Ouça a voz das procellas.

Melhor foi!... que não deve o frágil barro,Que em si conteve um gênio tão bizarro

Ser dos vermes roído;Envolucro d’ espírito divino.

Só lhe deve alterrnar da gloria o hymno, Oceanico gemido.

314 Jornal O Paiz, 10 de novembro de 1864, Poesia compilada por Leopoldo Gil Dulcio Vaz – Curitiba – PR – Brasil – 1952; Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; Universidade Estadual do Maranhão

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Envólucro d’ um’ alma grande e nobre,Alguns palmos de terra era mui pobre

Jazigo a genil tal.Do atlântico a vasta sepultura

É mais própria, de certo, e mais n’ altura, Do cantor immortal.

Dorme, pois, do Brasil cantor mui terno,Entre as vagas azues, que o somno eterno

Perturbar-te não vou.Do teu fim, pesaroso e condoído,Pude apenas soltar este gemido,

Com que a Lyra estalou.

J. Ramos Coelho315

prOfECiaÀ mOrTE dE gOnçalvES diaS

Bardo, foste profeta. Nos teus versosCom a pena cruel e inevitável

Do próprio fado, esclarecido o ânimo,Teu destino fatal assinalaste.

Quando, feliz ainda, abandonandoA pátria cara, aos teus fieis amigosNa flor da primavera adeus disseste,

Estas, em mal, fatídicas palavrasTe saíram dos lábios, segredadas

Talvez por Deus; recônditos mistérios!“Porém quando algum dia o colorido

Das vivas ilusões, que inda conservoSem força esmorecer e as tão viçosas

Esperanças, que eu educo se afundaremEm mar de desenganos, a desgraça

Do naufrágio da vida há de arrojar-meÀ praia tão querida que ora deixo.

Tal parte o desterrado. Um dia as vagasHão de os seus restos rejeitar na praia,

Donde tão cedo se partira e ondeProcura a cinza fria achar abrigo”.

Cumpriu-se a predição. Uma por uma,As tuas expressões saíram certas.

Cumpriu-se a predição. Quem o puderaNesse tempo antever? Só Deus, somente

Quem, por Deus inspirado, ao longe alcançaNum relance as recônditas entranhas

Do longínquo porvir.

315 Fonte: MOREIRA, Maria Eunice, Gonçalves Dias e a crítica portuguesa no século XIX, Lisboa, Centro de Litera-turas e Culturas Lusófonas e Europeias, 2010, 208-212. Compilador: Weberson Fernandes Grizoste

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E quão ditosoEras então, embora no alaúde,

Alma que à terra presa ao céu subia,Te queixasses da vida! De esperanças

Risonho o teu futuro se enramava.Ciência, amor, felicidade, glóriaEram os sonhos teus. Sob os teus passos

Da juventude as ilusões nasciam,Como nascem as rosas sob os passos

Da primavera, quando após o inverno,Vem a terra animar. Como tão esplêndido,

Tão extenso horizonte, que aos teus olhosDas mais formosas cores se adornava

Da nascente manhã, dos pátrios lares,Te despediste, e, atravessando 0 oceano,Nas margens do poético MondegoColher vieste do saber a palma.Ai, sob a ramagem dos salgueiros,

Do rio ao murmurar, tu’alma jovemA harmonia aprendeu; aí, ao brilho

Da nossa lua e cintilantes astros;Ai, do nosso belo firmamento

Ao fogo criador, soltaste o vooPela primeira vez, e, com saudade

Do longe berço, de sentido prantoAs meigas cordas orvalhaste à lira.

Volveste enfim de Santa Cruz às praias;Volveste, mas feliz, mas coroadoDos loiros da vitória. A honra, o aplauso,Te foram receber, e por ditosaSe teve a pátria de gerar tal filho.

Só te faltava um ente idolatrado,A que pudesses dedicar a vida.Achaste-o;, e louco, lh’of’receste incensos

De estreme devoção. Eram completosTodos os sonhos teus: sorrindo o mundo

Dava-te amor, felicidade, glória.

Quantos falsas então não suporiamAs tuas previsões! Talvez tu mesmo,

Talvez tu mesmo duvidasses delas.

Ai, mísero de ti! Bateu a horaEscrita pelo fado. O que julgasteDo soberbo edifício que findarasComo o remate ser, foi o começoDa tua perdição, lançou-o em terra.

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Desceste breve do zênite brilhanteÀ pavorosa noite! Dos teus dias

O sol radiante se obumbrou de nuvens,Núncias da tempestade, e o ígneo raioDo céu baixando, te feriu terrível.Desde então a tu’alma lacerada

Silenciosa gemeu, em si guardando,Para mais a roer, o interno abutre.

Só desejavas o repouso, a morte.

Desde então os proféticos agoirosSe começaram de cumprir, ó bardo.

Tu bem o conheceste, e do teu cursoViste perto fechar a breve estrada

A lápida funérea!

Em vão das letrasNa ímproba fadiga sem descansoProcuraste esquecer do mal a ideia,Se é que, antes, não buscavas no trabalho

Abreviar a desditosa sorte.Em vão a lira ressoar fizeste;

Em vão; as tuas notas de outro tempoSe tornaram gemidos. Pela América,

Pelos países da ilustrada EuropaVagabundo correste; mas contigo,

Mas diante de ti, a toda a parteIa, sem te largar, tua amargura.

Breve principiou também o corpoA definhar, a padecer. Sentindo

Já perto a morte, pela vez extremaVoltar quiseste à pátria, por que inteiras

As palavras fatais realizasses.As tuas ilusões tinham passado;

No mar do desengano as esperançasAfundado se haviam; a desgraça

Do naufrágio da vida te arrojavaÀ praia antiga que feliz deixaras.

Partiste. Da existência esperançosaQue à luz do céu natal desabrochara

Ao terreno natal o que conduzes?Quase um cadáver só. Distante ficaA Europa; já o espaço que a divideDo Novo Mundo diminui; com ele

Também já diminui teu fraco alento.Próximo estás do solo do teu berço;

Próximo estás do túmulo! Não ouvesTerra em festivo som gritar da gávea

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O gajeiro? Não vês ao longe, ao longe,Como nuvem romper do azul dos mares

A desejada costa? Ai! o teu corpoMal se pode mover! Ai! os teus olhos

Quase que os fecha o sempiterno sono!Queres-te levantar para avistá-laAo menos uma vez. Esforço inútil.

Nunca mais a verás.

Mas neste pontoO vento cresce, e pelas ondas salta,

Presa dos mares, o alagado lenho.Ficam-lhe à proa perigosos baixos,

Que é impossível evitar. O geloDo medo, do pavor, invade os membrosAos navegantes. Ele só não treme.Alma para tremer já não tem quase:Jaz insensível deste mundo aos males

Sobre o leito da dor despejo inerte!Que choque horrendo, que terrível brado

O espaço atroa? Num cachopo ocultoO alteroso baixe! se parte e esmaga.

De máquina tamanha apenas restamAlgumas tábuas a boiar nas águas!

De tantos homens, que lhe davam alma,Alguns corpos à toa, flutuantes,Triste cena de horror! bebendo a morte!E o dele, o do infeliz? Nalguma praiaDa pátria amada as despiedosas vagasO arrojaram de certo, por que fossem(Complemento do oráculo funesto)Nela os seus restos procurar abrigo.

Assim uma após outra se cumpriramAs tuas predições, pobre poeta!Foi vontade de Deus! Que desenganos,

Que altos mistérios este mundo encerra!

Jackson Douglas Silva316

naTurEZa EXalTadaPoeta, Dias ilustres foramTodos os que tu estiveste nesta terra.

A natureza nunca sentiu-se Tão lisonjeada nos teus cantos.Cantos de amor, cantos de saudade.

316 Jackson Douglas Silva – São Luís – M – Brasil - 13 de Outubro de 1985. Universidade Federal do Maranhão/Curso: Letras

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Gonçalves, Dias tristesForam muitos para nós,

Pois a tua partida trouxe-nos saudade.Saudade que nos leva a ler e ouvir

O teu cantar e exaltar.

Dias, o teu canto não silenciou-se.Mesmo com o mar imenso querendo sufocar,

É certeza que o teu canto ainda continua a ecoarNas regiões de terra, céu e mar.

Quem nos dera ter-te outra vezPara olharmos com os teus olhos

Através da poesia o esplendor da criação.Como seria majestoso vê-lo

Ainda uma vez, cantando e exaltando a Nação!

Jackson Franco317

dE vOlTa aO marNas tuas idas Gonçalves Dias

Deixaste o mar de tua terra o Maranhão.Porém nas tuas vindas pra cá,Voltaste ao teu amado rincão.

Ana Amélia foi teu grande amor.Não casaste com ela por conta de tua cor!

Do preconceito que tu sofreste,Teu grande amor não viveste.

Tua obra engrandece este Brasil,Tua canção do exílio merece nota mil!

“Nossa terra tem palmeiras onde canta o sabiáAs aves, que aqui gorjeiam, não gorjeiam como lá”.

Os críticos dizem que tua obra é muito indianista,Romântica demais e muito nacionalista.

Porém Machado de Assis escreveu:“Era Gonçalves Dias o mais prezado filho da poesia nacional

Aquele que de mais louçania a cobriu”.

317 Jackson Franco - Campo Grande –Recife –PE – Brasil. Economista pela UFPE. Livros publicados: “História de um livro”, infanto-juvenil, pela editora Scortecci; “@puft! Contos de um estranho,novo,mesmo mundo”, e-book pela editora Jaguatirica; “Verdinha, a pequena cana-de-açúcar” , infantil, premiado em 2011 pela FUNESC-PB, a ser publicado em 2012. Endereço:Rua Jonas Guerra,67-apto.204-Campo Grande –Recife -PE-CEP 52.040-253. Fones:81-3426-5835 / 9673-7956. e-mail: [email protected]

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Quando escreveste:“Não permita Deus que eu morra

Sem que eu volte para lá”.Morreste no Maranhão e no teu querido mar.

Jacqueline Collodo Gomes318

ana améliaEste amor, adormecido com As Tormentas

repousado nas ondas de lágrimasque outrora arrastaram os destinos

do que poeta e sua flor podiam ter vivido

Enternecido, tamanha paixão declaradavencendo o amor ao calor ou à luz queridaa exaltação ao silêncio, cores, perfume e à vidaMais do que pôde estar em si mesmo

Momentos gravados na proa daquele naviopelo céu que lhe acentuava os traços sofridos

Expirações que levavam seus sonhos ao infinitoÚltimos momentos de tal testemunhar

Revisões de cenas não alcançadasA musa estática na sacadaA força daqueles olhos de tudo abandonare seguir com ele para onde quer que fosse

O mesmo estático olhar que o sofrimentodo passado impulso, ignorado momentomostrava, agora, numa mesma praçadiante de uma mesma fonte, mas já tão distantes...

Um instante no tempo, onde as nuvens piscarame o vento elevou o lenço branco, um aviso

um momento de corações duplamente abatidos...Em sete chaves e um pousar de mãos constante.

318 Jacqueline Collodo Gomes - Campinas/SP – Brasil - 26 de Outubro de 1987 é uma jovem escritora indepen-dente. Já teve publicações de poesias e textos em antologias com outros autores, boletins, revistas locais e jornais de literatura. Mantém um blog onde divulga seus escritos: Ah, Poesia! http://ahpoesia.blogspot.com

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Jacqueline Salgado319

SaBE láAi, que mistérios rondam,O lugar onde eu nasci?

Quem terá me nascido?Cegonha eu sei que não foi,

Não tem dessa ave por lá.Mas minha terra tem palmeiras...

Terá sido um sabiá?Sabe lá.

Jacy Gonçalves Ribeiro320

CanTa SaBiáTem palmeiras minha terra

Pra cantar o sabiáNo exílio não há plantas

Tão bonitas como cá

Lá no mar ficou sua vozEmbargada sem falar

Por isto que o sabiáVem cantar neste lugar

Por mais terras que eu percorraNão verei ele cantar

Só aqui neste rincãoVem cantar o sabiá

319 Jacqueline Salgado - Viçosa/MG –Brasil - 19/03/75. Graduada em Belas Artes pela Universidade Federal de Minas Gerais, UFMG (2000), pós-graduada em História (2003). Como escritora, possui trabalhos publicados em nove coletâneas e é autora de um livro infantil “A Menina a Pedra e o Ribeirão”, Editora UFV/2010, além de inúmeros prêmios e menções honrosas. Foi contemplada em maio de 2008 com o primeiro lugar no Concurso “Leia Comigo” de incentivo à leitura, promovido pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ).Vive em Belo Horizonte onde trabalha com pesquisa e gestão de projetos culturais.

320 Jacy Gonçalves Ribeiro - Pelotas, RS, Brasil - 19 de março de 1940. Teve sua iniciação literária em 1985, publi-cando poemas nos jornais e revistas de várias cidades. Já participou de dezenas de antologias e publicou três livros: Em 2007, “O canto do rouxinol” (poesia); Em 2008, “Uma noite de sonetos” (poesia); Em 2008, “50 Anos de História do CSS” (história). É associado do Centro Literário de São Leopoldo há 17 anos e sua assinatura literária é “J.G.Ribeiro”.

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Jainara Martiny321

nÃO mE dEiXES, pOETa!A palavra crua vira e revira o mundo.

Salta de boca em boca sem merecer nexo.Então, nasce o poeta:E, alquimista das letras, a transforma em verso.

O homem comum nasce, cresce e morre.O poeta nasce, cresce, canta, encanta e vive!

Depois dele os homens podem assumirem-se,Compreenderem-se.

Falarem da dor,Dedicarem o amor.

Sem vergonha de cair em ridículo.Sem vergonha de cantar a vida.O poeta é Gonçalves Dias:

O “Homem poesia”Que vive dentro de todos nós!

Jailton Silva Matos322

Tragédia grEga

Talvez os lendários deuses do Olimpoassim como o são, lendários e mesquinhospoderosos enquanto repletos de humanas falhasou por inveja, ou ciúme, ou apenas temoresde terem sua glória suplantada por tie pelos heróis indígenas de nossa mesma pátriae de pátria criada e libertada à partir de teu coraçãodecidiram impedir-te completar tua saga.

Tornaste-te assim o teu próprio herói egrégioo Y-Juca-Pyrama afogado, se não no Egeu

em águas traiçoeiras de tua própria terra-mãe.

E como não pode deus mitológico realizar qualquer feitotua morte – tragédia do acaso – em nada lhes aprouve:

se interrompeu a honrosa trajetória timbiraincapaz foi de deter-te subjulgares todo o panteão

pois eternas são as glórias de teus Dias, Gonçalves!

321 Jainara Martiny - Canoas/RS – Brasil - 14 de junho de 1982. Estudante de Filosofia e Jornalismo na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.

322 Jailton Silva Matos - Jai Matos della Rosa - Salvador – BA – Brasil - 30/05/1976 - escritor, poeta, prosador, blogueiro e administrador de páginas de poesia no Facebook. Escrevo também poesia para o jornal Opinião de Monte Mór.

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Jamil Damous 323

O TuriSTa EXiladOQuando cheguei sozinho a Paris

e, cansado da viagem, me deiteinaquele quarto de hotel barato

e tentei fechar os olhos já saturadosde tantas imagens,

o primeiro som que ouvifoi o estrangeiro pio de um passarinho.

Um único dia fora do meu paíse tudo já era exílio.

O danado do poeta tinha razão(e comecei a chorar):

as aves que aqui gorjeiamnão gorjeiam como lá.

SOnETO da praça gOnçalvES diaSComo o poeta de pedra nesta praça,

um poeta de carne mira o poente.Os seus olhos atentos saem à caça

dos telhados e torres à sua frente.

Ali ainda estão. Mas, à direitado sol que se afunda na baía,

uma cidade feia e estrangeirase ergue onde antes nada havia.

As torres, os mirantes, os telhados,intactos ao tempo, tão ferino,

olham o poeta, longe, indiferentes.

Será que reconhecem o meninonesse velho que mira o seu passado

com os olhos fatigados do presente?

na praça gOnçalvES diaSTrês e trinta da manhã.

Na praça Gonçalves Dias, contempla a casa da tia

que dorme profundamentesem saber que um turista

323 Jamil Damous – Turiaçu – MA – Brasil - 7 de setembro de 1953. Foi para São Luís aos dez anos de idade e para Belém do Pará aos quinze, onde sua carreira de poeta, letrista de MPB, jornalista e publicitário. Chega ao Rio de Janeiro aos 23 e logo lança seu primeiro livro de poesia, “Tempo Turiense e Outros Tempos”.

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de si mesmo ali espiaas janelas fechadas.

A criança que foié quem olha a casa estática,

enquanto o tempo fluina madrugada silenciosa.

Sobre a palmeira de pedrao poeta o observa

e o vento antigo da ilhabate e refresca seu rosto.

Tudo foi exílio em sua vida.

Mas naquele instante,três e trinta da manhãna praça Gonçalves Dias,

está de volta à casaonde um dia o mesmo vento

bateu naquele rosto sem rugase sem desesperança.

Contempla por um tempoa mesma antiga fachada, que reflete as lâmpadas elétricas da praçana noite sem estrelas.

E logo desce a escadaria de volta ao bar ainda aberto,ao tempo presentee aos barulhos do mundo.

Jandy Magno Winter324

SE mOrrE dE amOr?Não, de amor não se morre.

Vi o poeta dizer.Se é uma triste alucinação

Te cobre por completo o coraçãocausa dor, turbulência

Sim, isso é triste dizer.quod non amoris est

É ilusão e falência.

324 Jandy Magno Winter - São Félix – Bahia - Brasil - 18 de agosto de 1976. Escrevo poesia desde minha adoles-cência, não obstante não tenho nada publicado. Atualmente estudo Filologia hispânica e latino-americana e pedagogia na universidade de Frankfurt em Alemanha. Trabalho como educadora infantil. Escrevi o livro Pó de amor atroz e Antologias poéticas ainda não publicados. Possuo um blog, no qual divulgo as minhas poesias: Gelassenheit (http://geelassenheit.blogspot.de/), onde faco também a moderação.

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Não se há de desfalecer o espiritoPorque ele restaura e revigora a alma

Chama para a vida, dar saberE curar as mais chorosas feridasAbranda a mais severa lida

Amor vincit omnia

De amor se vive quando,Educa, acalma, sorrir faz, não trai

E não corroí a alma.O dilúculo da vida amor é.

O amOr dESCOnHECE frOnTEira.Idade, gênero e cor.

É um bom navegadorUltrapassar a linha do horizonte

transpassar a mais sorridente dorO amor identifica o amor.

É a luz que ilumina a estrada escura.É bussola para navegantes

É o olho latente que não cansa, espera.Diante dele não há cortinas de palavras

que possa transcrevê-loque esconda o segredo

porque o amor é verdadePartilha

É o farol em alto mar.É o próprio Deus.

e força nos momentos mais difíceis.Solidez!

O amor é mais o amor.O amor abre a porta

Para que possa sentir o fluirda fragrância suave das rosas e do oceano

que constitui o teu nomeO teu sonhar

O teu corpo.O amor une vidas.

Plasma o infinito.Trata-se do

que Gonçalves consagrouPara em poucas palavras

não dizer, senão sentirAmo-te.

Amá-la, sem ousar dizer que amamos,Isso é amor, e desse amor se morre! Antônio Gonçalves dias

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amO-TE SEm SinTOmaS aparEnTESComo o livro sem palavras vivo cada

dia tua ausência, as quais o vento não pode levar.As latentes palavras são Sempre vivas.

Regressam a diários melancólicos eAlcoolizados, não simbólicos, imaginários.São cilíndricas por sua rotação.

Ninguém sabe onde andam os fonemas,Os morfemas nem os contos, não há rascunhos.

Até os olhos deixam de ser o portal da alma.O amor passa a ser platônico.

Onde andará? Sinto seus lábios, sua pele, suas batidas,

Sua respiração seu corpo, suas mãos acariciar.Tudo Invenção do amor embriagadoSem poder descrever o vero.Isso é o amor?

O sorriso perdido a casa regressaQuando a confusão é polar.

A ausência sublinha sua presença dentro de mimAo olhar a minha volta vazia

com um interior pleno de ti.Duas taças, garrafa de esperança e uma foto

do rio, do mar e do jardim.Ouço Gonçalves noites e dias.Tudo me recorda a ti. É você ao meu lado.Desejo de ser constantemente fotografadoPor uma retina de vidroConsequência da inebriação do ser.O brilhar por sua ausênciaEm um verão infinitodenotando a alegriaa espera e a si.Amei!

Se é que amar é viver. Vivi.

Vivo os minutos que ficam.Sem querer estar só e estando

sem poder ao lado seu permanecer.Já que no meu cofre humano

vive e não é engano.Tenho seus beijos, sinto seu corpo

Sua semipresencia. Guardo suas palavras em mimE pego com a mão esquerda A brisa de tiAmo-te sem sintomas aparentes,Em silencio e vivo.

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avEAve puríssima de toda a vida e o tempo

A gente tem. Voa no campo observando a sorridente natureza.

Sua aparente beleza.Sem poder consagrar-se na partida

Nem na esperançosa vidade não ter que amá-la

em silencio.

Não é necessário a dura cega lida.Nem na sombra das arvores sem folhas

que Adão e Eva criaram.Tendo que amar o brilho de uma virgem lua

como se espera a chegada de um reiTrazendo consigo ouro, aromas e canelas

Ave grandíssima traduziu o meu mundoDespertando—me de um sonho profundo

Nem o beijo principesco logrou.Sapo!

Digo: te amo

Vejo o amanhecer com a sua voz a dizervem comigo e vivemosNa realidade os sonhos.A ave grandíssima sou eu

Desperta-te para viver.

O amOr SufiCiEnTE éO Amor desconhece fronteira

Idade, gênero e cor.O amor identifica o amor.

É a luz que ilumina a estrada escura.É bussola para navegantes

É o olho latente que não cansa, espera.Diante dele não há cortinas de palavras

que possa transcrevê-loque esconda o segredo

porque o amor é verdadePartilha

É o farol em alto mar.É o próprio Deus.

Força nos momentos mais difíceis.Solidez!

O amor é mais o amor.O amor abre a porta

Para que possa sentir o fluirA fragrância suave do oceano de rosas

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que constitui o teu nomeO teu sonhar

O teu corpo.O amor une vidas.

Plasma o infinito.Trata-se doque Gonçalves consagrou

Para em poucas palavrasnão dizer, senão sentir

te amo.

Jane Rossi 325

CançÃO dE muiTOS diaS Eu poderia falar sobre dores e amores Poderia versejar sobre um jardim de flores Eu poderia dizer que querias o fim da guerra

Mas eu falarei do amor que tinhas por tua terra *

Pelo orgulho que tinhas, de ser, um ser brasileiro Seu amor por esta terra rendeu versos pioneiros

E a canção do exilio pra sempre será lembrada Muitos dias cantaremos esta poesia rimada

* O amor pelas palmeiras, pelo canto do sabiá O nosso céu estrelado tem brilho de encantar Tudo aqui é mais bonito, tudo tem mais valor Tem Palmeiras, sabiá, tem povo cheio de amor * Quem saiu não resistiu, retornou pela saudade Esta terra tem magia, tem poesia e tem bondade Tem beleza verdejante, o mais belo céu azul anil E temos Gonçalves Dias que é filho deste Brasil *

325 Jane Rossi - Guarulhos – SP – Brasil – professora com pós graduação na Educação Especial, escritora, poetisa, antologista e ativista cultural.É mentora e idealizadora do Projeto Antologia Alimento da Alma pela All Print. Mentora e idealizadora do Projeto Poetas da Escola, pois seu objetivo é induzir o aluno a ler por prazer e não por obrigação. é membro correspondente de nove Academias de Letras e Artes e duas Federações, é Sena-dora Cultural por Guarulhos na FEBACLA, Embaixadora da Paz/ Cercle Universel des Ambassadeurs de la Paix Suisse/ France.

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Janete Henrique Serralvo326

gOnçalvES diaS...Palavras magníficas soltas no tempo,

Poesias maravilhosas inspiradasPor um amor a desalento.

O corpo jovem padeceu e...faleceu.A alma não se despediu, não morreu.

Sua energia está sacramentada.Sua marca poderosa enraizada,

Na lembrança de muitos amores,lDe cada um de nós sonhadores.

Muitos anos se passaram,Muitas gerações mudaram,

No universo, na boca, no papel,Dia após dia, Gonçalves Dias

Aqui está em nossa companhia.

Jania Souza da Silva327

SaudadE E paiXÃO - (TriBuTO aO pOETa gOnçalvES diaS) Guardo terna lembrança de meus livros na infância

Quando aprendia a ler minhas lições na voz de mamãeAlagada em rio de emoção ao declamar com ardor

A dor maranhense fluida da boca do filho do coração.

Seus belos e sentidos versos pintaram-me palmeiras e avesSem igual em qualquer lugar fora da terra da sua sensibilidadeMergulhei em sua poética e fiz-me parte do seu amado chão.

Quando me afasto do seu aconchego, sinto a tristeza do banzoDoer e moer minhas mais secretas entranhas em saudade e paixão.

E quedo-me em saudades e choros

E o ardente desejo de voltar ao meu torrãoSentir o beijo do sol e o solfejo do vento.

.O gorjeio das aves sob coqueiros, céu e o marAcenar a flâmula de fogo na praia de meu coração

Então poeto a Gonçalves minha eterna admiração.

326 Janete Henrique Serralvo - Mairiporã-SP – Brasil - 03 de abril de 1977. Aos 10 anos de idade participou com uma poesia num livro da cidade. Apaixonada por música e pela arte. Retornou suas escritas em março de 2012, com determinação e inspiração. E mail: [email protected]

327 Jania Souza da Silva - Natal/RN - Brasil - 03/05/1956. Publicou Rua Descalça pelas Edições Bagaço/PE em 2007; Fórum Íntimo e o livro infantil Magnólia, a besourinha perfumada pela Editora Alcance/RS em 2009; Entre Quatro Paredes, em 2011, pela Corpos Editora do Porto/Portugal. Participação em coletâneas nacionais e internacionais. Sócia da SPVA/RN; UBE/RN; AJEB/RN; APPERJ; Clube dos Escritores de Piracicaba/SP.

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Janio Felix Filho328

O BErçOAh! Caxias!

Tuas palmeiras foramInspiração nas mãosDe Gonçalves dias

Eternas recordaçõesPara quem longe

Também viviaQuerendo esta perto,

Noites e diasDa pátria querida!

Ah! São Luiz do maranhão!Tu foste berço

De um gênio da criação,Das palavras amorosas,

Lírios do coração!

Ó! Maranhão!Tuas praias!

Tuas praças,Teu teatroTua cultura,Foram palcosTuas ruas caminhosDe um menino andarilho ContempladoNas bibliotecas do mundoInteiro...Em suas composiçõesExilado,Em muitas solidões.

Ó! Cidade!Saudosa em sua proclamação,

Morada e refugioEm suas composições

De um menino modestoSenhor de uma paixão.

328 Janio Felix Filho – Jaru - RO – Brasil - 25 de fevereiro de 1980. Escritor, poeta, contista, romancista, cronista

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auTO rETraTOOutro dia

Ouvir falarDe Gonçalves Dias

Na ocasião eu nãoCompreendia

As moças falavam:É o poeta do amor!

Em sua indagação:To certa meu senhor!

Dizia a moçaPedindo minha

Confirmação.

Sem poderConfirmar sua aprovação

Resolvi sair daquela confusão,Em que a moça insistia:Ele era filho de comerciante!

Sim, o fundador da revista Guanabara!Natural do Maranhão.

Outro diaDepois desta ocasião

Numa viagem de aviãoAo lado de uma jovem singelaNotei em suas delicadas mãos

Um livro com uma:Canção do Exílio.

Hoje conheçoA vida e a morte

De um home de muita sorteCom quem Olímpia Costa se casou

Porque o destino não deixouQue ele vivesse seu amor

Ana Amélia do ValeA quem mais uma vez,

Ainda uma vez - Adeus!Lhe deu

Partindo deste mundoEm uma viagem no navio francês

Ville de BoulogneQue naufragou

Acabando com sua viagemDe uma vez.

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Jaqueline Maria Ribeiro329

dE pOETa para pOETaNão era nobre, não teve riqueza,

Só teve humildade e sinceridade,Advogado, poeta, Gonçalves Dias foi um brasileiroInspirado no amor pela pátria

Que invadiu o seu peito.

Nascido e criado no Maranhão,Estudou na Europa,

Cheio de inspiração,Escreveu seus poemas

Com mil e uma intenções.

Foi da tribo, foi do Norte,Um guerreiro poeta tão forte ele foi,

Se foi um mestiço com valor, cheio de sorte,Conquistou mil maravilhas,

Mas não se livrou da Morte...

Jean-Paul Mestas330

CinQ pOÈmES À gOnçalvES diaS ET ana amElia En SOuvEnirLa pluie impunitive un dernier vol dans la nuit noire où le silence est inquiet d’être seul à crier au secours alors que tant de voix naviguent dans l’espace et que les démons prennent soin de clouer le bec aux étoiles

en attendant l’inévitable aux portes des soupirs…

amiS ?...Mes Amis du Brésil

semblent tellement loin que je m’accroche à des images

329 Jaqueline Maria Ribeiro - Teresópolis/RJ - Brasil - 11/01/1997. poetaluna do 9.º Ano da E. M. Alcino Francisco da Silva, em Teresópolis/RJ, e já traz um vasto currículo literário, incluindo a Menção Especial no XXII Concurso de Poesias da ALAP, no Rio de Janeiro/RJ. Professor orientador: Carlos Brunno S. Barbosa

330 Jean-Paul Mestas - Paris – França - 1925. Engenheiro e escritor, conferencista, crítico, ensaísta, poeta, profes-sor de literatura romena na Sorbone e tradutor. A sua obra conta com mais de 60 livros. Ele é fundador dos Cadernos de Poesia Jalons, com Christiane, sua esposa, que é pintora. Suas obras são traduzidas em muitas línguas, entre as quais, o Português. Tem inúmeros artigos e apresentações em antologias, jornais e revistas de 36 países. E mail: [email protected]

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insolites pour les trouver en bordure de mon chemin ;

il en est parfois quelques uns qui délèguent leur ombre afin de me donner à lire

un poème secret où je les imagine

enfin à mes côtés…

BréSil vu par gOnçalvES diaSL’impression m’est venue

de survoler ce grand berceau comme les pigeons voyageurs

l’eau danse et les mies du bonheur

font valser les poèmes

autour de l’horizon les revenants s’amusent

à récupérer des sourires autrefois suspendus au florilège de l’amour.

vivEZ…Vivez je vous en prie

comme les peupliers sensibles aux revers de chaque saison parfois rebelle au devenir

de la lumière ou des nuages alors même que le bonheur

semble tourner en rond comme une question maladroite…

rETOur En arriÈrE Terre et sang oui

Un passé me tourmente et les mots s’y accrochent en guettant des ombres perdues

qui semblent refaire surface alors que l’horizon s’accote à de nouvelles apparences

invitées à survivre au prix d’un retour en arrière.

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Jeanne Cristina Barbosa Paganucci331

aO pOETa, gOnçalvES diaSIncrédula, abro o livro proibido

Das confissões de um poetaDas explosões românticasDo interior de sua alma

A canção do exílio inquieta-meA ponto de desejar beber

Da fonte de seu saber e finjoConhecer o seu pesar, a sua ausência

Fugidios pensamentos, estesDe querer compreender a alma do poetaSem conhecer ao menos a recordação

Implacáveis horas de suplício, estasQue asseguram ao homem o saber-se

Ignorante diante de seus poetas

dE Sua pOESiaO amor, a dor, o amanhãPercorrem as veias do poeta

De mil formas desfolha e encerraEm palavras o que d’alma entendia

Se ama, não sabeSe suporta a dor do amor, esperaComo a compreender da almaSomente as minúsculas horas

Não mais pergunte a vida, Os amoresNão mais importa se apenasDói

De sua poesia resta a sim mesmoDe todas as implacáveis divagações

Do ser poeta

O amOr E O CanTO dO pOETaO poeta questiona a respeito do amor

E responde a ele mesmo que esteNão acabou e que de amor

Não se morre, prazer alcança

331 Jeanne Cristina Barbosa Paganucci - Salvador – BA – Brasil - 17/05/1977. Poeta, ensaísta, escritora, graduanda em Letras Vernáculas pela UESB/Campus de Jequié; monitora de Literatura Portuguesa, com pesquisa sobre o mito da saudade em Inês de Castro; bolsista voluntária de Iniciação Científica do Projeto Emília vai à Escola do Estale/UESB/CNPQ; bolsista do Pibid Letras/Capes. Mora em Maracás, na Bahia.

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Graciosidade, postura, êxtaseEm que de pura chama se condensam

De duras penas se esvaiE não atinge emoções do ser real

A beleza do amor em seus poemasÉ o querer desiludir e o não querer

Perder-se de si mesmoNa vasta chama do impuro

As divagações reais do amor em siClamam por sua natureza que

De romântica tornam a vida O simples toque do amanhã

SOnETO aO pOETaO poeta é aquele pecador

O indiferente e o desassossegadoA imagem perfeita do querer

Que se imagina perdido e encontrado

Que desatina em sua ruína e não descansaDe sua mórbida paixão pela palavra

O seu fel, seu véu, sua iraSeu estado de lucidez e de loucura

Ao poeta todas as cançõesTodas as noites e manhãs

A rosa do mar e os olhos verdes

E nada mais ao poetaOferto-lhe o mar

Somente

piEdadE para a pOESiaAo fim da tarde

Quando os olhos lacrimejantes Observarem o compasso do tempo

E a servidão da noite chegando

Que os olhos vejam as aflições Que rebentam a alma do poeta

E que a breve luz da lua Seja capaz de suavizar o seu clamor

Aos céus, por seu SenhorE ali, a sós com seu Senhor descubraDos males da vida humana a piedadeDiante de sua alma, ao resgatar pura

Em chama, sua vida e sua luz

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Que o mundo enganaAssim, a poesia tomará forma constante

De tranquilidade e virtudeDa piedade das palavras não pronunciadas

Das palavras escritas

Jefferson Reis de Santana - Infeto332

lEmBrançaS dE mEninO grandE dE um paraÍSO QuE SE aCaBOu.

De cá, do sofrimento escravo, que me habitaouço ainda a canção do exílio

embarcada no espesso lamento dos guerreirosinocentes cosmopolitasmassacrados por criaturas terrestres trazidas por mares babélicoscalou o canto dos pajés e converteu

soberanas e inalteráveis – até então - musas naturais em leviandades materiais.

Cubro o mar de rosas negraspara Tupã ter ideia do destino

iníquo que a descoberta nos levouamaldiçoou as cores dessa bandeiraantes desconhecida, porém bem exploradaspelas ricas vidas, que a pobre riqueza abateumais ainda sinto, um trêmulo e esquálido torporquando a essência inviolável do que restouajoelha diante do túmulo do menino que por aqui brincou.

João Carlos Marcon333

améliaNão tive coragem aquele dia...

Sob a negativa dos meus algozes,vejo sua imagem reclusa no espelho,

os olhos refletidos e um calado pedido de socorro.

Não tive coragem aquele dia...Sou homem honrado, correto... manso.

Pelos meus dedos negros se esvaem os meus dias,Dias que queria ter com você.

332 Infeto - Blogs - InFeTo.333 João Carlos Marcon - Mariópolis – PR – Brasil - 23 de outubro de 1968. Professor da Rede Estadual de Ensino,

formado pela Universidade Estadual de Ponta Grossa, autor do livro “Perdi o medo da vida” pela Editora Ce-leiro do Livro. E-mail: [email protected]

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Não tive coragem aquele dia...Os anos me definharam pela dor da ausência

Meu caminhar é lento, não tenho mais pressa,levo a dor como inspiração. Escrevo aos sabiás.

Não tive coragem aquele dia...sobre as costas arqueadas, carrego a culpa.

Na praça, em outros temposvejo uma senhora grisalha, velha, carcomida, mas linda.

Porém casada, apaixonada e aquele não era eu.

João Elias Antunes de Oliveira - Elias Antunes334

CANÇÃO SEM EXÍLIODe que adianta o sonho

de cavalo-marinho se há os limites do vidro

no aquário?

Toda fuga verdadeira se inscreve nos gritos

da manhã.

Há anos esperando a canção proletária subir dos músculos das

lavadeiras, das mãos dos cortadores de cana,

das enxadas carpindo o dia.

João Fernando Gasparotto Steigleder335

CançÃO dO EXÍliORio Grande do Sul, minha Terra ... meu Sul.

No inverno é muito frio; no verão, derrete até bombril.

As praias do Rio Grande do Sul

são bonitas e cheias de “farofeiros”.

334 Elias Antunes - João Elias Antunes de Oliveira - Goiania – GO – Brasil - 1964. Cursou Direito, na Universidade Católica de Goiás. Em 1993, por concurso, entrou no TJDFT. Concomitantemente, foi professor de História da Filosofia, de Redação, de Direito e Legislação e de Estética Literária. Duas vezes aprovado no curso de Mestra-do em Teoria Literária da UnB. FONE: (61) 3541-4997. E-mail: [email protected]

335 João Fernando Gasparotto Steigleder - Porto Alegre/RS – Brasil - 02 de janeiro de 1997. Estudante do Ensino Médio do Colégio Conhecer, Porto Alegre/RS. Integrante do Projeto “Imagens e Textos construindo Histórias e Versos”. E-mail: [email protected]

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De vez em quando, subo para Santa Catarina.

A ilha da magia parece até uma orgia.

Nas praias, só se vê surfistas.E eu acabo surfando e gostando da brincadeira.

É muita emoção para o meu coração,

que continua naquela “bateção”,até eu cair de cara no chão.

Amo o Rio Grande do Sul

e Santa Catarina também.

João Gomes da Penha Filho 336

diaS E diaSEntre dois rios,

Na mesopotâmia maranhense,Nasceu um homem muito competente

Um Gonçalves diferenteAdvogado e Poeta Caxiense

Tragado pelo naufrágio do Ville Bologna - carrasco navio. Gonçalves de todos os DiasPra mim é sinônimo de alegriaLer seus poemas, conhecer sua vidaVivenciar sua ousadiaJornalista, teatrólogo e etnógrafo... És guaridaDos que não tem medo e aguardam os próximos Dias

João Marcelo Adler Normando Costa. 337

HOmEnagEm a gOnçalvES diaSGonçalves Dias

Não pode amar a sua garota querida chamada Ana Amélia.

336 João Gomes da Penha Filho - Lago da Pedra – MA – Brasil - 01/04/1990. É Acadêmico de Engenharia Química/UFMA; Astrônomo Amador; Presidente e membro-fundador, titular da cadeira 001, da Academia Lagopedren-se de Letras e Artes. Autor e organizador do livro “Enlace” (Poemas). e-mail: [email protected]

337 João Marcelo Adler Normando Costa. São Luís-MA – Brasil - 11/04/2002. Cursa o 6º ano no Colégio Cres-cimento. Tem participação na obra Coletiva “COLÉGIO DOM BOSCO APRESENTA SANSÃO E DALILA”, Projeto Ópera para todos, 2008. É co-autor (juntamente com Daniel Victor Adler Normando Romanholo e Dilercy Aragão Adler), do livro Infantil, “Uma história de Céu e Estrelas, São Luís-MA, 2011.

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Gonçalves voltou para seu lar brasileiroMaranhão, Estado dos apaixonados

e valentes guerreiros.

O Sabiá nunca saia de Lá aguardava solitário

na palmeirao seu líder, Gonçalves Dias, chegar.

Gonçalves Dias não morre nuncaCom seus poemas bonitos

Encanta a todos os brasileirosencanta o mundo inteiro!

João Nepomuceno Silva

anTOniO gOnçalvES diaS338

Homengem pela noticia falsa da morte do Poeta

Sobre auri-verde palmeiraO sabiá sonoroso

Desferia meigas notasNo seu trinado saudoso.

E á estas queixas de amôres,Que os próprios bosquem sentiam,

Maviosos respondiamPlumeos alegres cantores.

Po baixo da verde rama/que resiste ao vendaval,

Sussurrava brando um rioNo seu curso natural.

Do outro lado da viaUm curió, que cantava;

D’ outro, canário que davaVivas notas d’ alegria.

Quando no oceano – iaDe todo sumir-se o sol,

Eis que apressado aos cantoresChega e falla um rouxinol:

“Meus irmãos por natureza,“Da natureza cantores,

“Trocai as notas de amores“Pelas notas da tristeza!

338 Publicador Maranhense 1862, agosto, Poesia compilada por Leopoldo Gil Dulcio Vaz – Curitiba – PR – Brasil – 1952; Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; Universidade Estadual do Maranhão

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“Vindo ouvir a triste nova,“Vós também, rio, parai!

“S’ elle também vos cantou“Meu triste brado escutai!

“No além-mar, solo meu,“Deu ab brisa a nova triste“Quem vos cantou não existe,

“Gonçalves Dias morreu.

Ouviu-se um gemer profundoFindo o lugrube discurso;

O sabiá não cantou,O rio parou o seu curso.

A palmeuira emurcheceu,E os plumeos entristecidosSó repetiam unidos“Gonçalves Duias morreu!...

Os bosques frondosos,As lindas florestas,

Os lares saudososAs noutes, as sestas,

Teu canto, poeta,Jamais ouvirão!

A voz predilecta,Que quando cantava.A’ tudo enlevava,Não dirá mais flores;Os plumeos cantoresJamais gosarão.

João Nery Pestana339

aO vaTENessun maggior dolore...

Dante

macilento, em seu leito sem honrarias, sem medalhas no peito

vai-se o vate. o mar em festa dá-lhe alento um grande túmulo para um incomensurável talento

os sabiás gorjeiam um canto triste as palmeiras curvam-se num gesto-gratidão

vai poeta. vai cantar aos deuses do infinito o teu canto é a essência d’amplidão.

339 João Nery Pestana - Cururupu – MA – Brasil - 1964. Onde viveu até a adolescência, quando já manifestava ten-dências literárias. É titular da cadeira n. 18 da Academia de Letras de Ribeirão Preto/SP, tendo como patrono Gonçalves Dias.Blog: www.jneryliteral.blogspot.com. E-mail: [email protected]

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aH, mar!Frappé de ta grandeur farouche

Je tremble... est-ce bien toi, vieux lion que je touche,Océan, terrible ocean! Turquety

o mar do maranhão tem cor de íris pereneolor transitivo de sol

o mar do maranhão são vozes mudas

que bebem homens

o mar do maranhão lava a alma dos rios

onda anda ronda

exausto naufraga-se e feito saudade

se guarda em mim.

QuimEraa ana amélia

ipérfida é a minha crença

num amor durável e sedutorermas as minhas horasinfinda a minha dor

ímpia caminha a minha lidadelineada por alfanjes afiadas

pouco a pouco morrem-me a vidae as paixões outrora abrasadasdebalde ausento-me de mim

para fugir aos laçosdos meus cruéis anseios

se são meus grilhõesos teus infandos braços

sejam teus meus devaneios.

iiOh! rouvre tes grands yeux dont la paupière tremble,

Tes yeux pleins de langueur;Leur regard est si beau quand nous sommes ensemble!

Rouvre-les; ce regard manque à ma vie, il sembleQue tu fermes ton coeur.

Turquety

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feito pintura rupestrevou tingir a tua alma

atingir a tua calmamaquiar os teus mistérios

vou me tatuar na tua essênciadesvendar a inocênciaque moldura os olhos teus

vou vestir-me de segrelvou a pé a Portugal

pra chamar tua atençãovou morar num calabouço

mutilar minha quietudevou viver de solidão

vou fazer greve de sonhovou mudar o meu destinocomo quem troca de roupacumpro qualquer penitênciase ganhar de recompensa

um cantinho desse céuque se esconde na tua boca.

iiiMon Dieu, fais que je puisse aimer!

S. Beuve

senta-te aqui ao meu lado. não precisas dizer nadanada precisamos fingir, senão deixar que a chuvaencharque e purifique as nossas almas despidasvês aquela árvore florida?!que vai e vem à melodia da brisa?!um dia fora apenas uma sementeamanhã em seu lugar erguer-se-á um monumentoe ninguém mais há de lembrar a sua existênciaentrelacemos as mãos enquanto as temosa vida, como o vento, a chuva, a árvore...é única e eterna na brevidade de seu tempo

sintamos o cheiro suave da terra molhadabrindemos com a inconstância

os nossos gozos inacabadose com o silêncio a mentira deste instante

pois tudo o que somos, sentimos ou tocamosé apenas ilusão. a vívida ilusão dos nossos sonhos

corporificada no delírio existencial de cada sera chuva vai passar, logo se fará noite

as estrelas encherão de luz as nossas retinase nos farão acreditar na possibilidade do existirporém tudo o que foi não mais serásenão remotas lembranças da nossa saudadena sua marcha em vão ao encontro do nada.

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João Pedro Estrela Gonçalvez340

CançÃO dO EXÍliOAqui, em Tramandaí,

a cidade é pacata e harmoniosa; em Porto Alegre há muita poluição

e ruídos.Aqui, as atrações são o mar

e os dias ensolarados; lá, o pôr do sol é o destaque;

casais reúnem-se à beira do Guaíba para vê-lo.

Em Porto Alegre, ver as estrelas é difícil;

aqui, a constelação é brilhante. Em Tramandaí, há uma variedade

de grupos;lá, o grupo dominante, são os idosos.

João Pedro Mandarino Lopes 341

CançÃO dO EXÍliO Minha terra tem florestas

onde falam os papagaios. Os papagaios que aqui falam

não falam como os de lá. Nosso céu tem lindos raios solares;

nossas várzeas bons jogadores; nossos bosques têm mais linhas;

nossos políticos nada fazem, só enrolam. Em espirrar sozinho, à noite, mais prazer encontro eu lá. Minha terra tem florestas

onde falam os papagaios. Minha terra tem pastores

que andam de lá para cá. Em espirrar sozinho, à noite,

mais lazer encontro eu lá. Minha terra tem cachoeiras

que encantam homens e aves.

340 João Pedro Estrela Gonçalvez - Porto Alegre/RS – Brasil - 01 de novembro de 1997. Estudante do Ensino Mé-dio do Colégio Conhecer, Porto Alegre/RS. Integrante do Projeto “Imagens e Textos construindo Histórias e Versos”. Curte música e jogos eletrônicos. E-mail: [email protected]

341 João Pedro Mandarino Lopes - Porto Alegre/RS – Brasil - 22 de novembro de 1994. Estudante. Vice-Diretor Social e Membro Fundador da Academia de Letras Machado de Assis, Porto Alegre/RS, Cadeira 21, Patrono Alceu Wamosy; Membro Efetivo da Academia Virtual Sala de Poetas e Escritores, Balneário Camboriú/SC; da Liga dos Amigos do Portal CEN, de Portugal; e, da Associação Internacional dos Poetas del Mundo. Coautor dos Romances Interativos: “Fantástica história de um mundo além da imaginação” e “Um Enigma”. E-mail: [email protected]

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Não permita Deus que eu morra sem que eu veja nossas florestas

onde falam os papagaios.

João Rodrigues de Oliveira Santos 342

À mOrTE dE gOnçalvES diaS343

Vendo a noite da vida aproximar-se,Na pátria procurou vir asilar-se

Entre os seus expirar;Mas antes de chegar lhe anoitecera,

E na terra, que tanto engrandeceraNão pôde repousar.

Entre as vagas — á vida quasi exausta —Já marcado lhe havia a sorte infausta

O jazigo final:Em vão fugir tentou ao seu destino,

Que além — gemendo — o mar lhe entoa o hinnoDo triste funeral.

Do verde palmeiral á grata sombraMais quisera o cantor ter por alfombra

A terra em que nasceu:Â tarde ouvir das aves o gorjeio,E d noite recolher no frio seio

Os orvalhos do céu;

Mas não quis o destino caprichosoQue o cantor das palmeiras mavioso

Dormisse á sombra d’elas!Quis dar-lhe mais extensa sepultura,Onde, cm vez de mil cantos de ternura.Ouça a voz das procelas!

Melhor foi!... que não deve o frágil barro.Que cm si conteve um gênio tão bizarro,

Ser dos vermes roído!Invólucro de espírito divino,

Só lhe deve alternar da glória o hinoO oceânico gemido!

342 João Rodrigues de Oliveira Santos - Foi fundador e sócio benemérito do Gabinete Português de Leitura do Maranhão e membro efetivo do Instituto Literário Maranhense.

343 Santos, 1868, 12-14. Poesias compiladas por Weberson Fernandes Grizoste - Jauru – MT – Brasil

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Invólucro d’um alma grande c nobre.Alguns palmos de terra era mui pobre

Jazigo a gênio tal!Do atlântico a vasta sepultura

É mais própria, de certo, e mais n’alturaDo cantor imortal!

Dorme, pois, do Brasil cantor mui terno,Entre as vagas azuis, que o sono eterno

Perturbar-te não vou:Quis um hino elevar-te bem sentido;

Mas só pude soltar este gemido,Com que a lira estalou.

João Vitor de Souza Bastos344

CançÃO dO EXÍliOMinha terra tem o mar

e o mais puro ar. O sol que aqui brilha,

não brilha como lá.

À noite, quando chega,brilha bela como o luar .

Os golfinhos aqui saem com frequência para nadar

como nunca fazem os de lá.

Quando chega o verão, o pensamento é um só:

sentir o cheiro puro do ar,vendo o brilho do mar.

344 João Vitor de Souza Bastos - Criciúma/SC – Brasil - 10 de abril de 1994. Atualmente, reside Porto Alegre/RS. Filho de Fátima de Souza Bastos e Artur Cezar Bastos Neto. Estudante do Ensino Médio do Colégio Conhecer, Porto Alegre/RS. Integrante do Projeto “Imagens e Textos construindo Histórias e Versos”: “Caixas Poéticas”, 2012. Curte o mar, festas e viajar. E-mail: [email protected]

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Joaquim José Teixeira345

a a. gOnçalvES diaS

Gonçalves Dias – Lê-se no Correio Mercantil

O SR. Dr. Joaquim José Teixeira fez-nos o obsequio de offerecer esta promorosa poesia:

A’ A. Gonçalves Dias

Fizeste bem, poeta!O luso cysne ás ondas escapou,

E sobre a palha os dias seus findou.

Mas elle então salvavaDo pátrio ninho a fama, e a própria sua,E nada já faltava á gloria tua.

Teu nome repetiãoAs brasilias palmeiras sempre bellas,

Do CEO que as cobre as multiples estrellas.A campo que escolhestesReflecte o nobre olhar do firmamento;É vasta como foin teu poensamento.

Prégão novo alcançaste;Irá dizendo o mar e’ o a voz gigante:Aqui jaz o poeta mais brilhante

Joaquim Maria Machado de Assis346

a gOnçalvES diaS347

Ninguém virá, com titubeantes passos,E os olhos lacrimosos, procurandoO meu jazigo...

Gonçalves Dias, Últimos Cantos.

Tu vive e goza luz serena e pura.Basílio da Gama, O Uraguai.

345 O Paiz, novembro de 1864, Poesia compilada por Leopoldo Gil Dulcio Vaz – Curitiba – PR – Brasil – 1952; Insti-tuto Histórico e Geográfico do Maranhão; Universidade Estadual do Maranhão

346 Machado de Assis - Rio de Janeiro – RJ – Brasil - 21 de junho de 1839, e faleceu também no Rio de Janeiro, em 29 de setembro de 1908. jornalista, contista, cronista, romancista, poeta e teatrólogo,. É o fundador da Cadei-ra nº. 23 da Academia Brasileira de Letras. Velho amigo e admirador de José de Alencar, que morrera cerca de vinte anos antes da fundação da ABL, era natural que Machado escolhesse o nome do autor de O Guarani para seu patrono. Ocupou por mais de dez anos a presidência da Academia, que passou a ser chamada também de Casa de Machado de Assis.Assis, 1976, 407-411.

347 Poesias compiladas por Weberson Fernandes Grizoste - Jauru – MT – Brasil

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Assim vagou por alongados climas,E do naufrágio os húmidos vestidosAo calor enxugou de estranhos laresO lusitano vate. Acerbas penasCurtiu naquelas regiões; e o Ganges, 5Se o viu chorar, não viu pousar calada,Como a harpa dos êxules profetas,A heróica tuba. Ele a embocou, vencendoCoa lembrança do ninho seu paterno,Longas saudades e míseras tantas. 10Que monta o padecer? Um só momentoAs mágoas lhe pagou da vida; a pátriaReviu, após a suspirar por ela;

E a velha terra suaO despojo mortal cobriu piedosa 15E de sobejo o compensou de ingratos.Mas tu, cantor da América, roubadoTão cedo ao nosso orgulho, não te coubeNa terra em que primeiro houveste o lumeDo nosso sol, achar o último leito! 20Não te coube dormir no chão amado,Onde a luz frouxa da serena lua,Por noite silenciosa, entre a folhagemCoasse os raios húmidos e frios,Com que ela chora os mortos... derradeiras 25Lágrimas certas que terá na campaO infeliz que não deixa sobre a terraUm coração ao menos que o pranteie.Vinha contudo o pálido poetaOs desmaiados olhos estendendo 30Pela azul extensão das grandes águas,A pesquisar ao longe o esquivo fumoDos pátrios tetos. Na abatida fronteAve da morte as asas lhe roçara;A vida não cobrou nos ares novos, 35A vida, que em vigílias e trabalhos,Em prol dos seus, gastou por longos anos,Co’essa largueza de ânimo fadadoA entornar generoso a vital seiva.Mas, que importava a morte, se era doce 40Morrê-la à sombra deliciosa e amigaDos coqueiros da terra, ouvindo acasoNo murmurar dos rios,Ou nos suspiros do noturno vento,Um eco melancólico dos cantos 45Que ele outrora entoara? Traz do exílioUm livro, monumento derradeiroQue à pátria levantou; ali reviveToda a memória do valente povo

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Dos seus Timbiras... 50Súbito, nas ondas

Bate os pés, espumante e desabrido,O corcel da tormenta; o horror da morte

Enfia o rosto aos nautas... Quem por ele,Um momento hesitou quando na frágil 55Tábua confiou a única esperança

Da existência? Mistério obscuro é esseQue o mar não revelou. Ali sozinho,

Travou naquela solidão das águasO duelo tremendo, em que a alma e corpo 60

As suas forças últimas despendemPela vida da terra e pela vida

Da eternidade. Quanta imagem torva,Pelo turbado espírito batendoAs fuscas asas, lhe tornou mais triste 65Aquele instante fúnebre! SuaveÉ o arranco final, quando o já frouxo

Olhar contempla as lágrimas do afeto,E a cabeça repousa em seio amigo.

Nem afetos nem prantos; mas somente 70A noite, o medo, a solidão e a morte.

A alma que ali morava, ingênua e meiga,Naquele corpo exíguo, abandonou-o,

Sem ouvir os soluços da tristeza,Nem o grave salmear que fecha aos mortos 75O frio chão. Ela o deixou, bem comoHóspede mal aceito e mal dormido,Que prossegue a jornada, sem que leveO ósculo da partida, sem que deixeNo rosto dos que ficam, — rara embora, —Uma sombra de pálida saudade. 80

Oh! sobre a terra em que pousaste um dia,Alma filha de Deus, ficou teu rastoComo de estrela que perpétua fulge!

Não viste as nossas lágrimas; contudoO coração da pátria as há vertido. 85

Tua glória as secou, bem como orvalhoQue a noite amiga derramou nas flores

E o raio enxuga da nascente aurora.Na mansão a que foste, em que ora vives,

Hás-de escutar um eco do concerto 90Das vozes nossas. Ouvirás, entre elas,

Talvez, em lábios de indiana virgem!Esta saudosa e suspirada nênia:

“Morto! é morto o cantor dos meus guerreiros!Virgens da mata, suspirai comigo! 95

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A grande água o levou como invejosa.Nenhum pé trilhará seu derradeiroFúnebre leito; ele repousa eternoEm sítio onde nem olhos de valentes,Nem mãos de virgens poderão tocar-lhe 100Os frios restos. Sabiá-da-praiaDe longe o chamará saudoso e meigo,Sem que ele venha repetir-lhe o canto.Morto! é morto o cantor de meus guerreiros!Virgens da mata, suspirai comigo! 105Ele houvera do Ibaque o dom supremoDe modular nas vozes a ternura,A cólera, o valor, tristeza e mágoa,E repetir aos namorados ecosQuanto vive e reluz no pensamento. 110Sobre a margem das águas escondidas,Virgem nenhuma suspirou mais terna,Nem mais válida a voz ergueu na taba,Suas nobres ações cantando aos ventos,O guerreiro tamoio. Doce e forte, 115Brotava-lhe do peito a alma divina.Morto! é morto o cantor dos meus guerreiros!Virgens da mata, suspirai comigo!

“Coema, a doce amada de Itajuba,Coema não morreu; a folha agreste 120Pode em ramas ornar-lhe a sepultura,E triste o vento suspirar-lhe em torno;Ela perdura a virgem dos Timbiras,Ela vive entre nós. Airosa e linda,Sua nobre figura adorna as festas 125E enflora os sonhos dos valentes. Ele,O famoso cantor, quebrou da morteO eterno jugo; e a filha da florestaHá de a história guardar das velhas tabasInda depois das últimas ruínas. 130Morto! é morto o cantor dos meus guerreiros!Virgens da mata, suspirai comigo!

“O piaga, que foge a estranhos olhos,E vive e morre na floresta escura,Repita o nome do cantor; nas águas 135Que o rio leva ao mar, mande-lhe ao menosUma sentida lágrima, arrancadaDo coração que ele tocara outrora,Quando o ouviu palpitar sereno e puro,E na voz celebrou de eternos carmes. 140Morto! é morto o cantor dos meus guerreiros!Virgens da mata, suspirai comigo!”

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Joaquim Ribeiro Gonçalves348

aOS maranHEnSES349

IEis o Profeta sagrado.

Mensageiro do Senhor;Na poesia embalado:

Eis o grande trovador:Eis o bardo enobrecido

Das Musas filho querido;Excelso Profeta de Deus,

Que em todo mundo s’encerra,Grandioso cá na terra,

Inda maior lá nos céus!

Eis o vate celestino,Cuja lira incomparável

Fê-lo no empíreo – divino,Na terra fê-lo louvável:

Eis o gênio portentoso,Sublime, santo e donoso;

O bendito do Senhor:Eis a lira incomparável

Do poeta inimitável;Eis o nobre trovador.

Qual a rosa purpurina,Rosa meiga e tão louçã;Que se abre linda e divinaAo rocio da manha.E que, do vento ferida,Se desmaia emurchecidaO anjo de melodias…Mas o seu vulto ficou;Eis ali – Gonçalves Dias!

Eis o cantor das palmeiras,O cantor do sabiá;

O filho d’estas ribeiras:Eis o poeta. Ali está

O gênio mais sublimado,Por mão divina fadado;

Do Brasil grande memóriaDas Musas filho querido.

Eis o vate enobrecido,Do Brasil ditosa glória.

348 Nasceu no Piauí349 Leal, Henriques, Pantheon Maranhense, São Luís, 1874, p 570-573. Poesias compiladas por Weberson Fer-

nandes Grizoste - Jauru – MT – Brasil

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Como o dom de profeciaVaticinou qual a sorte,

Que ele, Rei da poesia,Havia de ter de morte.

Cumpriram-se d’este poeta,D’este invejável Profeta

As celestes profecias:No níveo leito das águas.

Se findaram suas mágoas,S’envolveu – Gonçalves Dias!

Qual a Rosa desfolhadaPelo rijo vendaval,

Aquela fronte inspiradaDo Brasil o pedestal

Se murchou, e lá das águasVê o caminho sem fráguas

Qual a garcinha d’amor;Abre, saindo dos mares,

As azinhas, corta os ares,Voa ao trono do Senhor!

Lá, quem sabe?! o heroísmoQue no seu peito se encerra,

Com valor, patriotismo,Talvez cante a sua terra,Que reluz entre primores

No lindo leito de floresDe inspirações divinais;

Talvez lá cante as palmeiras,D’estas formosas ribeiras;

Talvez cante os sabiás!

IIPoeta nobre e sagradoDo Brasil o pedestal,

Gênio soberbo, inspiradoPela musa divinal,Grande vate enobrecido,

Das Musas, filho querido,Imortal d’estas ribeiras,

Recebe o meu canto pobre,Que se humilha ao bardo nobre,

Ao grã cantor das palmeiras;

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No branco leito dos mares,N’esse leito de cristal,

Riscaram-se os teus pesares,Morreste: És imortal

No nome, porque a palmaE os louros que tem tu’almaSão triunfos imortais,

São glórias d’estas ribeiras,Esmeraldas as palmeiras,

Diamantes os sabiás!

E lá do leito de flores,Onde repousas, poeta,

Onde cantas teus amores,Onde asseguras, ó Profeta,Olha e vê o que s’encerraGrande a ti por sobre a terra,N’este trono de beleza,

Onde singelas cançõesSão dos céus inspirações,

Onde brilha a natureza.

Possa minha voz se elevarDa tua chegar aos céus,

No teu peito descansar,Sagrado filho de Deus;Possa dizer-te ao ouvido:Ó poeta enriquecidoDe celestes melodias,Morreste; mas sobre a terraO teu nobre vulto se encerra,Ind’está - Gonçalves Dias!

E vós, povo maranhense,Perdoai se a honra, o brilhoUm jovem piauiense

Mareou do vosso filho.Mas, enfim, sou brasileiro,

Sou d’este império altaneiro,D’esta terra de harmonias,

Devo honrar ao bardo ingenteDo Brasil o mais potente,

Devo honrar ao grande Dias.

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Joaquim Vespasiano Ramos - Vespasiano Ramos350

gOnçalvES diaS351 Forte, belo, altaneiro, assim como os condores,

o sonho de subir fulgia-lhe na mente, como um sol refletindo os raios de mil cores, nas águas de cristal de uma pura corrente!

Altivo sonhador entre os mais sonhadores, do espírito arrancou a aeronave fulgente,

que havia de escondê-lo entre estrelas e flores levando-o pelo eterno azul resplandescente!

E assim, ao sol da rima, o sonhador, deixando

para sempre este pó de negros desenganos, enobrecendo a Pátria, enriquecendo a História.

Partiu, águia do verso, entre Versos, cantando,

na aeronave de luz, que vive, há quarenta anos errando na amplidão dos páramos da Glória!

Joaquim Vila Neto - Quincas Vilaneto352

CançÃO dOS ESQuECidOS No meio da praça

em cárcere cruel.

O poeta declama poemas ao léu.

O vento ouvindo-o

tão só, repete:

cantando

350 Joaquim Vespasiano Ramos - Vespasiano Ramos - Caxias – MA – Brasil - 13 de agosto de 1884 – faleceu em Porto Velho, 26 de dezembro de 1916; foi um poeta brasileiro. Nasceu nas condições mais humildes, desde cedo começou a trabalhar no comécio local, no entanto buscando sempre o saber tornou-se um viajante com-pulsivo, que levaria o conhecimento a outros povos, durante a sua vida viajou por quase toda a região norte e também o sul do Brasil. Publicou sua obra poética em diversos jornais e revistas de seu tempo. É considerado o precusor da literatura em Rondônia. Em sua homenagem foi construído um grande centro recreativo, em Rondônia,e no Maranhão, uma das mais belas praças da capital recebe o seu nome. É patrono da cadeira n° 32 da Academia Maranhese e da cadeira n°40 da Academia Paraense de Letras. http://pt.wikipedia.org/wiki/Vespasiano_Ramos

351 MORAIS, Clóvis. TERRA TIMBIRA. Brasília: Senado Federal, 1980, p. 64, Poesia compilada por Leopoldo Gil Dulcio Vaz – Curitiba – PR – Brasil – 1952; Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; Universidade Estadual do Maranhão

352 Quincas Vilaneto

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os poemasde cor.

A um outro errante e solitário

cantor, que não tem outra saída

senão: imitar

o poeta e o sabiá.

uma TimBira CançÃO Balaia. Agora que a lua

monta guarda no Alecrim e que as lamparinas perderam a serventia. Há uma flor expiando no jardim,

há um sabiá que ainda se lembra de ti.

Agora que o mar te tem por inteiro

e as ondas deságuam dando conta do exílio.

Há uma timbira canção balaia tendo como certa o sacrifício, há um bêbado vazio que se anuncia: navegando sem domícilio, até que se possa anunciar onde mora a poesia.

Jonas Batista Neto353

COmO SEria amigO dE gOnçalvES diaSAinda posso o ver

Gonçalves Dias meu amigo,Longe de casa a estudar.

Em Portugalcomeçando a tecer romancesPosso sentir a saudade de casa

Que lhe leva a escrever cada palavra e a lindaCanção do exilio.

353 Jonas Batista Neto - Belo Horizonte/MG – Brasil - 25 de fevereiro de 1989, Autor do livro “Tempos de Poesia”, obra publicada pelo selo Terceira Margem da editora carioca Multifoco em outubro de 2011, participou do Sarau promovido pelo poeta Rogério Salgado em Dezembro do mesmo ano, recitando duas poesias. Mantene-dor do blog Letra e Palavra (http://letraepalavra.wordpress.com) dedicado a poesia e a arte em geral. E-mail para contato: [email protected].

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Queria ver a voltaJá formado, mas com o coração cheio de versos e romances,

Poderíamos conversar sobre quando conheceu Ana AméliaE a ela seu coração decidiu entregar.

Consigo sentir o adeus a teu amorE a conquista do Rio de Janeiro

A dar aulas e escrever para jornaisComo poeta e romanceiro.

Estaria presente em teu casamentoFelicitaria Olímpia

E veria nova partida.

Estudos para nosso BrasilMe diria.

Choraria ao saber do naufrágio que o afogouMas me conformaria, pois “O canto do guerreiro”

“Os olhos verdes” e “A tempestade”, bem como, tantas outras,Em minha memória e coração ficaria.

Jonatan Algorta Soares354

CançÃO dO EXÍliOEm Paris há muitos pontos turísticos.

Nesta temporada, espero conhecera Torre Eiffel e o Estádio

do Paris Saint-Germain Football Club.No Brasil, o Cristo Redentor

e alguns dos Estádios reformados para a Copa do Mundo de 2014.

Paris e Brasil, cada um com os seus atrativos e encantos.

Jorge Antonio Soares Leão – Jorge Leão 355

pOEma a gOnçalvES diaSVibrante, és fecundo nos dias.

Cantando ao nativo as memórias... Das noites o que mais tu serias,

senão o clamor nas histórias...

354 Jonatan Algorta Soares - Porto Alegre/RS – Brasil - 26 de janeiro de 1998. Estudante do Ensino Médio do Colé-gio Conhecer, Porto Alegre/RS. Integrante do Projeto “Imagens e Textos construindo Histórias e Versos”. Curte futebol e música. E-mail: [email protected]

355 Jorge Antônio Soares Leão - São Luís, MA – Brasil - 27 de março de 1975. Formação acadêmica: Licenciatura em Filosofia (UFMA). Produção literária: Sagrada Profanação (livro de sonetos, Premio Sousandrade, 2001)

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No poema, sobre o lamento e a dor... Traduziste a canção do Piaga.

Deste solo pisado em furor Por quem nestas matas indaga...

Teus passos nas ruas sentindo... Acordo, neste solo, gemendo.

Ouvindo o teu canto sumindo, Diante do ódio crescendo...

Revejo, porém, tua face

aos desejos inglórios da vida... Recanto à criança que nasce,

Teu poema nesta terra ferida... Por que, ao dizer do senhor... O cenário é de morte e de cruz. Por tal irascível clamor,

Volta o sangue, o martírio, em Jesus...

O pão sepultado em sementes, agora escondido do vil Anhangá,

que chega provendo as torrentes num desterro da tribo a clamar...

Inimigo das matas em trevas, chega o tempo da anulação... Deste povo, feito réu de suas ervas, que outrora fecundavam este chão... Foste, contudo, a voz, o percurso... Entre viagens e dores sem par. Teu povo nativo em concurso, sem ver a própria ruína a chegar...

Tua pena, teu amor tão incerto. Desbotando a recusa sem preço,

a manter a lembrança por perto, como quem reza as contas de um terço.

Na praça, tuas cartas amadas no silêncio vencido por dote.

Histórias inteiras contadas como segredo no fundo de um pote.

Dias e noites, a lua cantada. Tribos letárgicas ao passo de alerta: é o espectro dissecando a cilada do invasor nesta terra in-coberta...

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Ao teu canto, o Piaga concede a lembrança de um tempo em desterro...

Aviltando a terra que mede a distância dilatando este erro.

Dias e noites, revejo o exílio

da sina de um povo insultado. Hoje, a buscar ainda o seu brilho

no poeta, por seu canto lembrado...

Cantando a saudade além mar. Em Coimbra, robustos segredos...

Trazidos à pena, ao deitar em teus cantos, o assombro dos medos...

Em terras distantes, pesadas lembranças.

Dos primores, as palmeiras, o vento... Agora, vejo-te imóvel, diante das danças, que refazem em tuas mãos aquele momento.

Poeta nativo das várzeas floridas. Emerge à lembrança um triste sinal:

emaranhado de lembranças perdidas, por este retorno à terra natal...

José Britto Barros356

u m p O E T a i m O r T a lMinha singela homenagem ao grande vate

maranhense de quem aos sete anos come- cei a decorar A Cañção do Tamoio que tem

me acompanhado a vida inteira a repetir seu desafio encantador:

“Não chores, meu filho, Não chores que a vida

É luta renhida, Viver é lutar!

A vida é combate Que os fracos abate,

Os fortes e os bravos Só pode exaltar.”

Gonçalves Dias, era eu menino

E a minha mãe me entregou teus cantos:“A vida é combate” e eu pequeninoMe pus a decorar os teus encantos.

356 José Britto Barros - São Bento, MA – Brasil - 15 de julho de 1930, Bacharel teológico, Pastor, missionário da Junta de Missões Nacional, orador sacro, professor, poeta de grande produção.

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Depois cantaste em teus enlevos tantos Da nossa terra o mais formoso hino:

Palmeiras... sabiás em contra cantosLindo poema de um rimar tão fino.

Tua musa, ó gran poeta, foi famosa,Tua poesia toda foi grandiosa

De conteúdo rico e magistral !

E tudo que escreveste está perfeito, Ninguém ousou achar qualquer defeito,

Foste e inda és um poeta imortal!

José Carlos Mendes Brandão357

gOnçalvES diaS, O pOEmaA canção do exílio e o canto do guerreiro

i - juca-pirama e a canção do tamoioa concha e a virgem, ainda uma vez adeus

se se morre de amor e o canto do piaga

Marabá e o gigante de pedraleito de folhas verdes e deprecação

seus olhos, minha vida e meus amoresamor e delírio – engano e recordação

A escrava e o mar, epicédio e a rosa no mara noite, o amor, sempre ela, palinódia? espera!olhos verdes, não me deixes, rola, zulmiraa mendiga sobre o túmulo de um menino

A minha terra e o canto do índioO que mais dói na vida, meu anjo, escuta Oh! que acordar! se muito sofri já, não me perguntesSe te amo, não sei! Como! És tu?

mavuTSinimEu, Mavutsinim, o primeiro homema pisar este chão abençoado,

fui só como o horizonte do infinito.

357 José Carlos Mendes Brandão – Dois Córregos - SP – Brasil – 28 de janeiro de 1947, Publicou sete livros de poesia: O Emparedado a O Sangue da Terra. É detentor de vários prêmios literários, como o da V Bienal Nestlé de Literatura, 1991, por Presença da Morte; o “José Ermírio de Moraes”, do Pen Centre de São Paulo, para melhor livro do ano, 1984, por Exílio; o Cidade de Belo Horizonte, por um romance inédito, 2000; o Brasília de Literatura, 1991, e o “Jorge de Lima”, da U.B.E., 2011, por livros inéditos.

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Senhor do universo, criei de uma conchaa mulher que o meu corpo reclamava.

A beleza tem forma, na verde luxúriadas ervas resinosas que nos acolheram.

O espírito do sol e o espírito da luapousaram sobre nós a sua luz.

O ventre da mulher cresceu como o húmusfertilizado pelas águas vermelhas.

Ergui nos braços o meu filho varãoem oferenda à estrela da montanha.

E seguimos as sendas, que eram nossas.

A mãe voltou à sua aldeia, a lagoa,e encantou-se, na concha de que viera.

Os índios são os filhos do meu filho.

Eu, Mavutsinim, cumpri o meu destino.

O dESTinO dOS mOrTOSOnde Uatsim, o meu amigo tão amado?

Por que não volta para comigo se encontrar?Quando ouvirei o riso dos espíritos,

no dia em que o sol, negro, não brilhar?Quando irei com a sombra do meu amigo

à festa da luta contra os pássaros?Os espíritos tornam-se cobras, à noite,

e eu, Aravutará, não tenho medo.

Os sapos matarei, com minha borduna,e os caranguejos ferozes, com os pés.

Construo forte ponte sobre o córregoe apago o fogo que amedronta os mamaés.

Mas onde o meu amigo, que não vem?Quero a seu lado lutar contra os pássaros,

a arara, o jaburu, o tucano, o recongo.Quero encher de penas o meu tuavi.

A minha flauta tocarei para me defender.Verei o gavião grande comer os mamaés,

que perecem para sempre no dia negroquando celebram a sua festa da morte.

O meu amigo não se vá com o gavião,quero ver o meu amigo evolar-se no ar azul.Por que não vem para comigo se encontrar,

Uatsim, o meu pobre amigo tão amado?Onde os vastos e velhos campos da morte

unem-se aos nossos verdes campos da vida?

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a fESTa dOS mOrTOSOs mortos são sombra, Mavutsinim,

e sonhas a seiva do ar, o fogo do espírito.

Os tronos de kuarup pintados, adornadosde penas de arara e fios de algodãoforam fincados na praça da aldeia

e os maracá-êp cantavam sem cessarchamando-os à vida, à luz rubra do sangue.

Não choremos os mortos, é dia de festa. Os mortos reviverão, com a força do sol.

Cantemos, irmãos, alegres cantemos.A madeira verde se faz carne e dança

com os nossos cânticos jubilosos.

Mas os mortos são sombra, Mavutsinim,e é sombra o nosso apelo fementido.

São os convivas da morte, os mortos.O kuarup é a sua festa, são as flores

de cânticos e danças às sombrasdos mortos que não mais retornarão.

OdE À Índia vanuÍrEEsta casa onde moroexatamente este lugar onde estou esta salafoi uma oca caingangue.

Estas ruas por onde andoforam trilhas caingangues.

Por onde quer que eu passesinto a sombra da índia Vanuíre.

Sinto uma flecha me atravessando a garganta.

Sinto uma flecha me atravessando a língua.

Morro e renasço ontem hoje

no inferno.

Vejo o rekakê Vahuinme chamando para a luta.

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Tenho vergonha da minha covardia.

Onde estou sentadoera uma pedra

junto ao fogo

é uma perdaa alma da cinza.

Onde me deitoreinam

os ossos dos ancestrais.

A velha Vanuíretrouxe a paz?

O esquecimentoapatia

morte lenta de quem fôramos.

Éramos índios guerreiros

condenados à morteencolhidos como uma criança

no útero.

Iríamos para a terra friaos guerreiros chorariam

por nós.

Os anciãos chorariam por nós.

Hoje ninguém chora por nós

sobreviventescomo um tição apagado

na fogueira.

Ah Vanuírepara que existimos?

Estou ouvindo a terra do homem a terra do homem a terra do homem.

Estou ouvindovozes do outro mundo

Vanuíre e Vahuin

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outros rekakêsCongue Huí

CharinCangruí Rugrê.

Se lamentam morrem mais uma vez.

José Carlos Serufo358

anTôniO, O auTOdESTErradOO poeta é um louco compensado na poesia,

sem a qual terminaria em degredo social,no isolamento, na morte..., no anonimato.

O poeta dói a cada novo instante.Gonçalves Dias excretava dores a cada suspiro, a cada

escrita,para dar espaço às novas dores que se acumulavam e o sufocavam,

brotando continuamente de sua fornalha interior.

Teve momentos, talvez felizes, que logo se tornaram recordações dolorosas,

como em “Seus olhos” e “A leviana”.Aqui não se trata de leviana, mas de sua musa-menina, “A leve Ana”,de um amor bloqueado pelos valores morais e o respeito à tenra idade.

Preso a esses valores e respeitos da época,não lutou para ter a amada, agora mulher,em novo encontro no vau de paixões desvairadas.Valores..., Virtudes..., esvaídas no vau do tempo.Nunca mais deitou a cabeça no travesseiro do perdão.Assim registrou no poema “O amor”“Dobrei-me às duras leis que me imposeste, Curvei ao jugo teu meu colo humilde,

Feri-me aos teus ardentes passadores, Prendi-me aos teus grilhões, rojei por terra...

E o lucro?... foram lágrimas perdidas, Foi roxa cicatriz qu’inda conservo,

Desbotada a ilusão e a vida exausta!”

358 José Carlos Serufo - São Paulo - SP – Brasil - 02-09-1952. Médico especialista em Clínica Médica, Medicina In-tensiva e Saúde Pública. Professor adjunto da FM-UFMG e professor titular da Pós-Graduação em Ciências da Saúde, Infectologia e Medicina Tropical. Membro titular da Academia Mineira de Medicina (Cad. 67). Membro titular da ABRAMES (Cad.10) e da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores. Membro titular da Arcádia de Minas Gerais. Membro Efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais (Cad. 44). Autor dos livros “Valorados Grafemas”, “Poemas”, “Erótika”, “Emergências Médicas”, “Odes”, “Poematizando”, “Jornada Gui-marães Rosa” e “50 Poemas” E-mail: [email protected]

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E então, tudo virou dor e auto-flagelo lavrados no poema “O que mais dói na vida”“É morrermos em vida,

morrer no peito da mulher que idolatramos,no coração do amigo...’

Ou, ainda, o dessentido do viver, expresso em “A minha musa”.“Nesse pobre cemitério

Quem já me dera um lugar! Esta vida mal vivida

Quem já ma dera acabar!” “Invejo o sono dos mortos

Sob a laje carcomida.”

Atenua nos sonhos, muitos, mas pouco.“Porque a vejo nos meus sonhos,

vem comigo, ó doce amada”exprimido no poema “Solidão”, mas atenua pouco

“Acordado ou dormindo, é triste a vidaDês que o amor se perdeu”, do poema “Delírio”.

Castigou-se com o exílio...Viveu como em “Recordação” e “Sempre Ela”

“Depois que meus olhos a perderam.Deixando-me sem norte em mar d´angústias”

“Então dos olhos meus corre espontâneaQue não mais te verei”

No poema “Minha vida, meus amores” buscou conforto na conversa com Deus.“Ou suplica a Deus comigo

Que me dê uma paixão; Que me dê crença à minha alma,

E vida ao meu coração.”

Tentou convencer-se, de que na vida tudo é assim, em seu “Miserrimus”“Amizade! - ilusão que os anos somem;

Amor! - um nome só, bem como o nada, A dor no coração, delícias n’alma, Nos lábios o prazer, nos olhos pranto

- Tudo é vão, tudo é vão, exceto a morte.”

Mesmo em seu poema à pátria, talvez o mais conhecido, com versos gravados no hino nacional, o singular “Canção do exílio”, há influências desta paixão palmatória:

“Nossa vida mais amores.” “Em cismar - sozinho, à noite -

Mais prazer encontro eu lá;”

Até que um dia, a vida o pôs em confronto.Em êxtase, mas imóvel imolou-se de novo em “Ainda uma vez – adeus”

“Perdoa, que me enganei!”“Quando do engano, quem erra.

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Não pode voltar atrás!” “Dói-te de mim, que t’imploro

Perdão, a teus pés curvado; Perdão!... de não ter ousado

Viver contente e feliz! Perdão da minha miséria, Da dor que me rala o peito,

E se do mal que te hei feito, Também do mal que me fiz!”

Ela copiou o texto com o próprio sangue,mas igualmente extasiada, estagnada, nada fez.

Ele, mais uma vez aceitou, passivo, diante do confrontosangrou sua alma mais uma vez – na poesia.

Fosse ele um bruto.Fosse mais leviana, a Leve Ana.Tudo seria diferente

e, talvez, não conheceríamos Gonçalves Dias...

amBÍviO diaSianOEncruzadas... Muitas!

A vida arma caminhos cruzos.Muitas vezes inarmônicos, abstrusos

Redirecionar é nossa arte,Mas uma perdida pode enfunar, acabrunhar para sempre o cabra.Esbagoar no espaço, deixando-osem asas, sem vento, sem arranque.

Assim, Gonçalves Dias,diante da caixa preta do destino,dos valores morais de sua épocae da paixão insopitável,tomou o rumo que julgou decoroso.Nunca mais perpassou, plenamente, os umbrais de Afrodite!

Plenamente, cunhou na escrita o traço agridoce de sua amargura...

Vale ser bom! Vale quanto? Vale vintém!Uma saga malfeliz!

Suntuosa literatura, farta atribulação, eu destintoNo vão, entre a amizade e a paixão

Entre os valores morais e o instintoEntre a amante meliante e o círculo social distinto.

Cair no desterro do desabusado ou no insulamento do humano?...Enfim, quando vale seguir a Ponta do nariz ou o arco-íris, diga-me meu poeta Beliz?

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José de Castro 359

À SOmBra daS palmEiraS (para anTOniO gOnçalvES diaS, em memória)

Vêm de longe os teus versos,do passado a ecoar,

ouro, prata, esmeralda,um valor que não tem par.

Tuas palavras são lembrançasque cavalgam leve ao vento,

se parecem com a brisaquando sopra em lamento.

Teus poemas são estrelaspelo céu a cintilar,

abro portas e janelaspra melhor os contemplar.

Inda ouço tuas mágoasemergindo lá do mar,

canto triste sobre as águasonde fostes te afogar.

O poeta até se acaba,mas seus versos, esses não,

feito rio correm sempre,perenes no coração.

Nessa terra tem saudades,tem estrelas, o que mais há?

Tem a sombra das palmeirase um triste sabiá.

Mesmo um século ou milênios,passe o tempo que passar, os teus versos como estrelas

para sempre irão brilhar...

359 JoSÉ DE CASTRo - Resplendor/MG – Brasil - 23/03/1948.Jornalista, poeta e escritor. Mora em Natal/RN. Membro da União Brasileira de Escritores/RN. Livros publicados:

A marreca de Rebeca (Paulus/SP); O mundo em minhas mãos (Bagaço/Recife); A cozinha da Maria Farinha (Paulinas/SP); Poemares (Dimensão/BH); Poetrix (Dimensão/BH); Dicionário Engraçado (Paulinas/SP). Publica seus escritos no site: http://www.recantodasletras.com.br/autores/josedecastro

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José E. Teixeira de Sousa360 - Rio de Janeiro, 1873

gOnçalvES diaS – OdE - aO dr. anTOniO rEgO

O céu e o oceano— Imagens do infinito – reclamaram

E para si guardaramOs despojos do vate americano………………………………..Mas se a terra em seus ossos não consomeTeve em partilha a glória do seu nome.

Bernardo Guimarães

Glória ao poeta — gênio! _A turba se descobre e exclama: Glória!O mundo acompanhando o com edêniomimoseia o porvir, corteja a história.

E a estátua de granitoanima-se no meio do concerto,

erguendo-se à raiz do plaino abertocomo o sol no infinito.

Ei-lo! Silêncio!... A aragemem nossas noites — meiga e perfumosa,

do rio a voz, da lua a branca imagem,a palmeira a florir verde e frondosa,

da tarde as harmonias,as rútilas esferas lá no espaço,o mar que a escondeu em seu regaço,tudo, tudo nos diz: Gonçalves Dias!

Sim, sim ele foi grande… ele era enorme!...E quem d’aqui não descortina ocultoo Gigante de pedra homereo, informe?Quem de Coema o doce e ameno vulto?Inda I-Juca-pirama a voz expande

Em seu canto de morte altivo e nobre!E tudo isso hoje diz, tudo descobre

o quanto ele era grande!

Ele era d’esses talhadospara crescer e subir.

Trazia a seiva divinanos musc’los a refluir;

no cérebro a lava ardente,na voz o verbo fulgente,

– como fanais do porvir!

360 Leal, Henriques, Pantheon Maranhense, São Luís, 1874, p 556-560. Poesias compiladas por Weberson Fer-nandes Grizoste - Jauru – MT – Brasil

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Em hora de amor profundoDeus o fez vir até nós,

e disse: «Poeta, dirige«as orquestras com tua voz!«o mundo por ti espera,

«perfuma-o de primavera,«dá-lhe eternos arrebóis.

«Em face de tuas dores«rir-se-ão os pigmeus;

«mas, em troca, nos teus prantos«dá conforto aos prantos seus;«lhes aponta em teus poemas

«a solução dos problemas,«que despenhou os Anteus.»……………………………

Ele veio peregrinoassentar-se ao nosso lar,

como o velho bardo grego,de tenda em tenda a cantar

cantigas que as caravanasrepetem hoje as savanas,

à luz alva do luar:

Minha terra tem palmeirasOnde canta o sabiá,

as aves que aqui gorjeiamnão gorjeiam como lá…

E assim a cantar andavasoluçando paz e amor;

no prazer, velando o pranto;no riso velando a dor;

mas seu olhar sempre fito,na planura do infinito

como no sol o condor!

Um dia porém… calou-se!enviuvaram as canções!...

adormecera e se foracomo vão-se as estações…

guardaram-lhe o extremo alentoas vagas em movimento,

as bocas dos furacões.

Como Haidéa em doces beijosreanima a D. Juan,

as ondinas em cortejomostram-lhe nova manhã.

«Sê bem vindo!» – dizem umas

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enxugando-lhe as espumas,que o envolviam, do mar;

outras – vem-lhe pressurosastrazer um leito de rosas

e folhas de nenúfar.

Sê bem bem-vindo! ah! e tão tarde!«Não vinhas mais já… talvez?!

«Meu coração por ti arde.«pálido bardo. . . não vês?...»

Outra – meiga o acariciadá-lhe a beber ambrósia

dos seus paços de cristal.E o poeta como em sonhos

aos beijos dorme risonhosd’esse bando festival.

Assim enquanto o oceanonas ribas que o viu nascer

seu corpo procura ufanocomo um tesouro esconder,

outro oceano – o da história –sua alma cheia de glóriaguardando em rútilo véu,

eco de um triste lamentoaos frios beijos do vento,vai abriga-la no céu.

E tu, estátua d’argila,Troféu erguido n’um montão de glória

tua base não vacila…não carece dos evos a memória!...Para ires ao porvir te basta o nomedo vulto a quem te exalças em renome.

Minh’alma já desvendaas névoas d’essa idade que se avança…

Tu luzes lá na senda,como um iris fagueiro de esperança!

em cada busto que teus pés rodeia,eu vejo um prélio em que venceu a ideia.

Vem, turba entusiasta,exalta o gênio lhe inflorando a c’roa!

mentiras cortesãs de ti afasta,e solene coral alegre entoa!

Terra das melodias,Terras do Maranhão, verdes palmares!inda mais uma vez estruja os aresseus cantos imortais – Gonçalves Dias.

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José Francisco das Chagas- José Chagas 361

CHÃO da praia grandE362

IChão da Praia Grande,

desertado chão, que será que expande

tua solidão?

Onde te inicias e onde tu findas,

gastando os teus dias em idas e vindas?

Onde o teu limite na lembrança nossa, que só nos permite

quanto não se possa?

Quem que abre a porta desse teu vazio,

natureza morta num silêncio frio?

Quem te lembra a vida de saudosas lutas,

na razão medida dessas pedras brutas?

2Chão da Praia Grande

que de noite assusta quem agora ande sua paz vetusta.

Como são vazias pela noite afora

tuas tristes vias Onde o tempo chora.

E quando despertas nas manhãs tão nuas,

como são descritas Essas pobres ruas.

[...]

361 José Francisco das Chagas- José Chagas. Nasceu em Piancó/PB, em 29 de setembro de 1924. Radicado no Maranhão desde 1948. Jornalista. É considerado o cronista da capital maranhense e um dos grandes poetas da atualidade.

362 In: LATINIDADE –III Coletânea Poética da Sociedade de Cultura latina do Estado do Maranhão, pp.41-42, 2002.

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9 Chão da Praia Grande

deixa que, em poeira, teu tempo desande

até onde queira

e que teu passado não fique senão

como pó dourado sobre a solidão.

José Itamar Lima da Silva - Itamar Lima363

parTO Pariu-me uma mestiça em Jatobá próximo a Caxias Emprenhada pelo amor e sangue de um português Fazendo-me orgulhoso pelas raças, a poesia e a tez,

Polindo-me em versos o tempo por Gonçalves Dias.

Ganhei mundo tendo como pano de fundo o saber Cantando no além-mar fiz a saudade vida no exílio

No peito e na lembrança em Ana buscava o auxílio, A rejeição não foi páreo pro meu romance morrer.

E nas noites de febre ou na gestão poética insone Findadas no final instante da cabine do Boulogne Entreguei-me às sereias no cheiro dos seus lençóis. Fiz meu reinado e que o tempo não me destrone Desabitei das palavras e alcei voo como um cone Pois agora desperto no amanhecer de outros sois.

José Lissidini Sánchez364

El pOETa “En honor del gran poeta brasileño

Gonçalves Dias”

363 itamar Lima José Itamar Lima da Silva - Missão Velha-CE - Brasil - junho de 1966, mudou-se com a família para a cidade de Pedreiras aos 06(seis) anos de idade onde viveu parte de sua infância e adolescência, tempo em que fora estudar em São Luís-MA. Retornou para Pedreiras em 1985 onde residiu até os 34 (trinta e quatro) anos, o que o faz Pedreirense e Maranhense por opção. É bancário no Banco do Brasil S/A, Estudante de Direi-to na Faculdade São Luís e na esfera artística é compositor, cantor e poeta.

364 José Lissidini Sánchez - Montevideo. Uruguay - 17 de abril de 1961. Escritor. Periodista. Profesional Universita-rio en el área del Derecho. Premiado desde 1985 a nivel Nacional e Internacional en Poesía y Narrativa (Italia. Argentina. Australia). Premiado por la Fundación Mario Benedetti. 1990, publica su primer libro con el título “ Destetiempo”, compendio de poemas. Coparticipe de Antologías Internacionales. Colaborador en Publicacio-nes a nivel Mundial. Compositor.

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Cantemos a la Gloria.Cantemos al Honor.

Cantemos a un hijo de Américade letras y poesía mayor.

Su preclara memoria,nos recuerda su blasón.Su talento y sus luces.

Su honesto y leal corazón.

Es la fructífera plumaque reproduce el valor,

de un pueblo que libre ofrecevida, alegría y amor.

“Tus ojos”. “Irresponsable”,la pasión ardiente que emana,por aquella niña que se volvió

tu Musa eterna, Doña Ana.

¡Oh suelo venturoso,que tal poeta dio !

Hoy nos habla desde su lira,Gonçalves nunca se ausentó.

La Cultura es el futuro.La Ilustración es el destino.

El poeta así lo concibiópor ser mandato divino.

Con Araújo Porto-Alegrey Gonçalves de Magalhães estas

Con tu mar de talento inmenso,gran poeta de “ Cantos y Timbiras”.

lETraS vivaS“ En honor del gran poeta brasileño

Gonçalves Dias”

Yo saludo tu sagrada lira.Yo saludo tu verbo divino.

Iluminó el astro bello, tu destino.Te ungió de fortuna la deidad pía.

¡ Loores a ti poeta! Pues día tras día,consagrado en triunfo y gloria, se te mira.

Te mereces laureles, palmas y las olivas.La pluma siempre será tu áureo signo.

Entre grandes Americanos, tú eres digno.

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Y en el siglo veintiuno, desde la memoriatrazo a trazo, sigue escribiendo su historia,

enérgico tu verbo, en fermentales letras vivas.

Grabaste tu nombre con firme puño, a burilPoeta Gonçalves Dias, en tu imponente Brasil

José Luís Alves Pestana365

COnTErrÂnEOSou das terras das palmeiras onde canta o Sabiá

Sou do Maranhão

Ludovicense e Caxiense de coraçãoNa minha história de vida, idas e vindas por lá e por cá

Vejo hoje poucas palmeiras e tampouco o SabiáCaxias tenho saudade

Gonçalves Dias só tenho a exaltarO poema perfeito a seu respeito ainda dorme no meu peito.

José Menezes de Morais - Menezes y Morais 366*

gOnçalvES diaSo branco o negro o índio moldaram a tua faceno momento em que nascestea vila de caxias respirava nos pulmões da liberdadenão era a república em florque sousândrade desejaramas certamente o iniciode uma longa caminhada

não foste apenas “o cantor dos meus guerreiros”

como machado te chamarafoste igualmente

um guerreiro da palavrasofreste do amor

que alimenta a vidasem ter o amor que

365 José Luís Alves Pestana - Poeta José Pestana - São Luís –MA – Brasil – 26 de junho de 1968. Bombeiro Poeta. 2º Sargento do Corpo de Bombeiros Militar-Maranhão.

366 Menezes y Morais é poeta, romancista, contista, teatrólogo, ensaísta, professor, jornalista e historiador piauiense radicado em brasília. ex-presidente do sindicato dos escritores no df, 12 livros publicados, entre os quais o romance a íris do olho da noite (thesaurus). WWW.thesaurus.com.br

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o teu peito desejava tua poética é rastro de estrelas

na dicção celestedo brasil insinuado

quarenta e um anos e certeza: o oxigênio

da poesia é a liberdade

José Oswald de Sousa Andrade – Oswald de Andrade 367

CanTO dE rEgrESSO À páTriaMinha terra tem palmares

Onde gorjeia o mar Os passarinhos daqui

Não cantam como os de lá Minha terra tem mais rosas

E quase tem mais amores Minha terra tem mais ouro

Minha terra tem mais terra Ouro terra amor e rosas

Eu quero tudo de lá Não permita Deus que eu morra

Sem que volte pra São Paulo Sem que eu veja a rua 15 E o progresso de São Paulo

Jose Paulo Paes - 1973

CançÃO dO EXÍliO faCiliTada368

… sabiá …papá

…maná … sofá

… sinhá … cá?

bah!

367 Oswald de Andrade São Paulo – SP – Brasil - 11/01/1890 /22/10/1954 http://www.releituras.com/oandra-de_bio.asp / http://recantodaspalavras.com.br/2008/04/05/cancao-do-exilio-e-outras-versoes/ Compilada por Leopoldo Gil Dulcio Vaz

368 Series Canções do exílio Jose Paulo Paes. Disponível em: http://www.moinhoamarelo.com/2011/07/serie-cancoes-do-exilio-jose-paulo-paes.html. Data do acesso: 01 de fevereiro de 2013. Poesia compilada por Leo-poldo Gil Dulcio Vaz – Curitiba – PR – Brasil – 1952; Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; Universida-de Estadual do Maranhão

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José Renato Hauck Junior369

CançÃO dO EXÍliOQue saudade tenho do lugar

onde nascie, ao qual não mais poderei voltarporque de lá fui exilado.

Embora onde eu estou,haja muitas belezas,

meu exílio tem me feito alimentaro desejo de poder,

mais uma vez, a minha terra retornar.

Na memória, busquei razõespara meu exílio,mas, não as encontrando,

decidi não mais procurá-las.

Com o passar do tempo,certo dia, lembrei-me

de que regras havia quebradoe, por isso, meu exílio se fez necessário.

José Ribamar Ferreira - Ferreira Gullar370

nOva CançÃO dO EXÍliO371

Minha amada tem palmeiras Onde cantam passarinhos e as aves que ali gorjeiam em seus seios fazem ninhos Ao brincarmos sós à noite nem me dou conta de mim: seu corpo branco na noite

luze mais do que o jasmim Minha amada tem palmeiras

tem regatos tem cascata e as aves que ali gorjeiam são como flautas de prata

369 José Renato Hauck Junior – Campinas – sp – Brasil - 19 de maio de 1993 - Diretor Social e Membro Fundador da Academia de Letras Machado de Assis, Porto Alegre/RS, Cadeira 20, Patrono Nelson Rodrigues; Membro Efetivo da Academia Virtual Sala de Poetas e Escritores, Balneário Camboriú/SC; e, da Liga dos Amigos do Por-tal CEN, de Portugal, e da Associação Internacional dos Poetas del Mundo. Coautor da Antologia “Traçando caminhos singulares”. Cursa Educação Física, na PUC-RS. E-mail: [email protected]

370 José Ribamar Ferreira - Ferreira Gullar - São Luís – MA – Brasil - 10 de setembro de 1930; é um poeta, crítico de arte, biógrafo, tradutor, memorialista e ensaísta brasileiro e um dos fundadores do neoconcretismo

371 http://www.moinhoamarelo.com/2011/07/serie-cancoes-do-exilio-ferreira-gullar.html, Poesia compilada por Leopoldo Gil Dulcio Vaz – Curitiba – PR – Brasil – 1952; Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; Univer-sidade Estadual do Maranhão

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Não permita Deus que eu viva perdido noutros caminhos

sem gozar das alegrias que se escondem em seus carinhos

sem me perder nas palmeiras onde cantam os passarinhos.

José Ribeiro de Sá Vale372, 373

gOnçalvES diaSQuando teus versos primorosos leio,

Urgidos de beleza e de harmoniaSinto – e não nego – um verdadeiro enleio,

Entro no mundo azul da Poesia!

Teu estro de esplendor viveu cheio,Lembra o de Homero, rico de magia;

Cortejando, brilhando em fino meio,Mostraste o teu valor com galhariua!

Tu cantaste a mulher que te foi vida,- A pátria, nosso céu, tribos guerreiras,

Sagraste emj lira de ouro, tão luzida!

Vejo o teu vulto egrégio veronil,Circulando de virides palmeiras,Como o rei dos poetas do Brasil!.

gOnçalvES diaSRei sublime do verso fulgurante

De forma tensa e rica de emoção;Seu nome excelso é como o diamante

Enche de glória todo o Maranhão.

Não foi poeta somente e cintilante, Foi também sábio, sem afetação,

Tem por docel –– o espaço deslumbrante, Tem por jazigo –– o mar cheio de unção.

Burilador da lingua portuguesa, Em poemas de fulgido [?]

Celebra o indio, o amor a natureza.

372 MORAIS, Clóvis. TERRA TIMBIRA. Brasília: Senado Federal, 1980, p. 66-67, Poesia compilada por Leopoldo Gil Dulcio Vaz – Curitiba – PR – Brasil – 1952; Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; Universidade Estadual do Maranhão

373 Publicada em “O Estudante de Atenas”, em 1957, in Outros Tempos, www.outrostempos.uema.br, ISSN 1808-8031, volume 03, p.156-181 169 http://www.outrostempos.uema.br/volume03/vol03art10.pdf Poesia com-pilada por Leopoldo Gil Dulcio Vaz – Curitiba – PR – Brasil – 1952; Instituto Histórico e Geográfico do Mara-nhão; Universidade Estadual do Maranhão

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O máximo poeta do Brasil. Que o faz com direito e sem [?]

É seu formoso gênio varonil.

Journey Pereira dos Santos 374

O amanTEEra um amante. Um pleno amante! Que amava tanto, tanto, que mes-

mo prisioneiro no delírio febril da tísica, balbuciava o nome de sua amada... Clamava aos céus que o permitisse fitar pela última vez, a

esplêndida face de sua musa, que do outro lado do Atlântico esta-va a lhe esperar...

Mas o destino vil o impediu, quando no tão desejado regres-so, num naufrágio sucumbiu... Porém, Deus, das alturas da bondade, intercedeu: Transformando a consternação da morte em dádiva... E o saudoso amante abjurava à vida, para se converter em mar...

E desde então, vive a oscular a amada a cada onda que na costa tupiniquim vem se desmanchar...

Juan Carlos Flores Aparicio375

al gran pOETa gOnCalvEZ diaZ: Ganaste el corazòn de los amantes literarios,Ofuscados a veces en el universal negativismo,No dejaste que la pereza, nuble tus iris,Cada vez que leo tu canto, mi alma regocija.

Avanzas a cada instante sin desmayo, pues los corazones,Laten de alegria,limpias las dudas , en un instante , y Veo en tu alma ,sinceridad innata, que inspira Fè,Esperanza y amor , solo brotan de tu integrigad , y al momento,Zarpan,las alimañas sin destino.

374 Journey Pereira dos Santos - Alagoinhas-BA, Brasil - 25/07/1985. Não sou poeta! Definitivamente, não. Mas adoro ler poesia! Sou apenas um pacato negro baiano do interior, quase formado em fisioterapia, mas que largou os pacientes para se dedicar às ciências agrárias e aos movimentos sociais da Via Campesina, através do curso de Engenharia Florestal, na UFRB (Universidade Federal do Recôncavo da Bahia), no qual já estou na metade do caminho (5º semestre). Já participei de uma antologia para Carlos Drummond de Andrade e será uma honra imensa participar desta também.

375 Juan Carlos Flores Aparicio - Tarija- Bolivia - 1ro. de septiembre de 1955 - Pseudònimo de escritor. Virgo de Tarija. Profesiòn. Medico y Odontologo. Inicio mis actividades lierarias a muy temprana edad ( 8 años) como poeta costumbrista en el Colegio Antiniano de la ciudad de Tarija. Luego empiezo a escribir poesias , especial-mente Acrosticos, ya que considero, que la expontaneidad , es lo que desarrollè y aprendi en la vida, como instrumento motivador en el ser humano.

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Juçara Valverde376

aO CanTO guErrEirOAqui na floresta façanhas de bravos

não geram escravos Quem golpes daria, fatais como eu dou? Quem guia nos ares na altura arrojada?

Quem canta seus feitos com mais energia? Na caça ou na lide, meus passos conhecem

e a ave medrosa se esconde no céu. Mil gritos reboam, mil homens de pé

Lá vão pelas matas, o vento gemendo.As matas tremendo, a morte lá paira.

Os campos juncados de mortos mil homens viveram, mil homens são lá.

Qual fonte que salta fremente e queixosa que a raiva apagada de todonão é o canto do guerreiro.

Júlia Báu Schmitt377

minHa CançÃO dO EXÍliOMinha terra tem flores

que florescem perfumadas e coloridas;tem pássaros que lá¡ viveme cantam felizes sem parar.

Nossas casas têm mais vida,nossa vida tem mais sentido

e fazem com que as floresabram-se com mais brilho e cores.

Não permita Deus que eu morrasem antes eu cantar entre as florese os pássaros estejam a me escutar,

sentindo, no ar, todo o meu amor.

376 Juçara Regina Viégas Valverde: Cruz Alta/ RS – Brasil - médica, poeta, artista plástica. Profª. Assistente de Cirurgia Geral, Faculdade de Ciências Médicas UERJ; Conselheira SOBRAMES Nacional e Literarte. Membro Honorário Academias: Letras Mariana MG; Artes de Cabo Frio; Membro: PEN Clube do Brasil; Sociedade Eça de Queiroz; Academia de Medalhística Militar; Ac. Artes, Ciências da Ilha de Paquetá; www.abrames.com.br; [email protected]; Juçara Valverde<[email protected]>.

377 Júlia Báu Schmitt - Porto Alegre – RS – Brasil - 2 de julho de 1991. 1ª Secretária e Membro Fundador da Aca-demia de Letras Machado de Assis, Porto Alegre/RS, Cadeira 5, Patrono Monteiro Lobato; Membro Efetivo da Academia Virtual Sala de Poetas e Escritores, Balneário Camboriú/SC; Clube Infanto-Juvenil “Erico Verissimo”, da Academia de Artes, Ciências e Letras Castro Alves, Porto Alegre/RS; Liga dos Amigos do Portal CEN, Por-tugal; e Associação Internacional dos Poetas del Mundo. Coautora dos livros “Olhares - Crônicas Escolares” e “Palavras, A Linguagem da Vida”. Cursa Pedagogia, no Centro Universitário Metodista IPA-RS. E-mail: <[email protected]>

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Juliano Cincinato Cadore Fernandes378

CançÃO dO EXÍliONa minha terra tem amores;

no entanto, não existem flores. Nela tem poluição, mas, por ela, tenho paixão.

Nela tem marginal; porém, nem todos são do mal.

Na cidade em que estou;

tem amores e é bonita como os beija-flores.

Nela existe muita natureza e, na Fazenda Pirajá, canta o sabiá;mas é para a minha terra natalque desejo voltar.

Julio Mesquita379

CarTa À SaudadEOh! Senhora propagadora do sofrimento alheio, suas mandíbulas fizeram

o meu saudoso coração indefeso lacrimejar, tão logo que se apropriou de meu peito latente, como uma invasora de almas. És a responsável pela ida do semideus “Orfeu” ao inferno, por em si não suportar a ausência de quem tanto amava. Sufocaste noivas e esposas, namorados e namoradas, pais e filhos, em lágrimas e tristezas, nas lamúrias da solidão sem-fim.

Senhora detentora do sentimento mais puro! Por que maltratas, com sua aguda nostalgia, aqueles que tanto carecem de estar junto dos seus ? Será que não te satisfazes ao ver, nos olhos, a marca incessante do seu lembrar ? Talvez invejes a manifestação da alegria, ou simplesmente te regozijes com o martírio coletivo ou de cada indivíduo. Talvez também sejas solitária e carente, por isso provocas, vingativamente, o mesmo sentimento que

em ti reproduz. Saiba que sou sua mais nova vítima e despedaço-me em fragmentos dispersos, quase que me perdendo de mim. Não! Não! Não! Não

a condenarei por sua natureza discriminadora da dor da perda, nem tampouco a culparei pelo o que sinto, sabendo não ser tu a responsável por não estar comigo aquela que verdadeiramente amo. Ela, sim, é quem deveria ser culpada e

condenada a amar-me, por abandonar-me à própria sorte e solidão.

378 Juliano Cincinato Cadore Fernandes - Porto Alegre/RS – Brasil - 17 de maio de 1999. Integrante do Projeto “Imagens e Textos construindo Histórias e Versos”. E-mail: [email protected]

379 Júlio Mesquita - 30 de março de 1972, cursou comunicação e publicidade com a conclusão de apenas um dos cursos. Passou um período como técnico em encefalograma de uma clínica muito conceituada. Trabalhou de garçom, motorista e gerênciou uma termas tornando-se sócio dela por alguns anos. Após isso, intermediou alguns shows de artistas na época em off, como angela roro, tunai, flávio venturini e tantos outros. Publicitário e escritor. WWW.juliomesquitaescritor.com

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Por favor! Não, não tenhas pena de mim. Se choro é porque não há outra coisa a fazer senão lamentar-me em um rio de lágrimas e frustrações, já que não fui amado tanto quanto desejei. Assim como “Platão” dedicou-se a amar tudo e todos, também me dedicarei a este contexto de pluralidade infinita, visando não sentir mais saudades de alguém. Se precisar, invocarei os deuses do

“Olimpo”, na tentativa de intercederem ao meu favor, em detrimento de ti.

Quem sabe “Ares”, o Deus da guerra, erga-me em batalha contra a senhora Saudade. Porém, não é minha intenção

afrontá-la, mas somente desvencilhar-me do teu jugo, evitando desfalecer meu coração. Senhora saudade,

nem queira saber o que “Arthur Schopenhauer”, profundo conhecedor da dor, diria de ti por me

tratares assim.Mas, ainda que o amor seja uma tortura

inconsciente, prefiro morrer desse mal disse Gonçalves Dias.

Julliano César Rodrigues Vicente380

CançÃO dO EXÍliOEmbora Santa Catarina tenha

muitas belezas naturais, considero as dos Rio Grande do Sul

mais ricas e atraentes.Lá, além da paisagem

natural campestre, há a urbana que é encantadora.

Aqui, praias belíssimas que recebem muitos turistas;

lá, praias não tão belas, mas muito agradáveis,

porque nelas, encontro muitos amigos.

Tanto lá quanto cá, compõem a paisagem cultural

da região sul

380 Julliano César Rodrigues Vicente - Porto Alegre/RS – Brasil - 24 de março de 1995. Estudante do Ensino Mé-dio do Colégio Conhecer, Porto Alegre/RS; Integrante do Projeto “Imagens e Textos construindo Histórias e Versos”: 2011 - “Canecas e Camisetas Poéticas”; 2012 - “Caixas Poéticas”. Curte música e esportes. E-mail: [email protected]

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Juraci da Silva Martins381

HOmEnagEm a gOnçalvES diaSBendito o tempo em que passou aqui,

o poeta encanto, e que bem sabiacultuar raízes nas três etnias:negro, indígena, branco...

Circulando nas veias o sangue sacrossantode Poeta e Teatrólogo,

colocou no papelseus encantos, seus prantos

seus amores, alegrias e dissabores.Bebeu na mesma fonte dos talentos

onde se saciaram poetas e intérpretesda vida, do agir humano e seus sentimentos.É presença em cada coração de poetaEm cada alma sedenta de vida.

É imortal por tanta valia!

Jussára Custódia Godinho382

amOr a CaXiaS dO Sul Minha terra tem parreiras E o bom vinho vem de lá As uvas que lá semeiam Nem se comparam com as de cá!

Minha terra tem frio, chuva, neve e muito vento e gente que enfrenta desafio com bravura e sentimento!

Terra forte, do quente chimarrão, do pala, da bota, do quentão

e de muito amor no coração!

A esse chão d’onde brota a emoção manifesto toda minha paixão: te amo com loucura, meu rincão!

381 Juraci da Silva Martins - Rio Grande do Sul – Brasil - Presidente da Associação Literária Sepeense, São Sepé/RS; Vice-Presidente da Academia Regional de Artes e Letras Condorcet Aranha, Restinga Sêca/RS; Membro Efetivo Academia Virtual Sala de Poetas e Escritores, Camboriú/SC; Membro Correspondente da Academia de Artes, Ciências e Letras Castro Alves, Porto Alegre/RS; Delegada Cultural da Associação Artística, Literária e Multiprofissional “A Palavra do Século 21”, Cruz Alta/RS; Embaixadora do Cercle Universel de la Paix, Genève-Suisse/France. E-mail: [email protected]

382 Jussára Custódia Godinho - Caxias do Sul, RS – Brasil - 10.09.57. Licenciada em Letras Português e Espanhol, pós-graduada em leitura e Produção Textual. Cônsul do Movimento Poetas Del Mundo de Caxias do Sul, filiada à União Brasileira de trovadores de Caxias do Sul, associada à AGES- Associação Gaúcha de Escritores. Autora do livro “Alma TROVAdora”, volume 002 da Coleção Luiz Otávio é Cem, com mais de 300 Trovas Literárias.

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Justina Cabral 383

dOS muJErES - (SOBrE SuS dOS amOrES)Su pecho guardó dos flores:

A una bien la quería,y por otra se moría…

¡Le cantaba sus amores!

Luchó por esa primera,por la segunda soñó:

¡Mar y cielo le brindóy una palabra sincera!

Ni margaritas, ni rosas,ni suspiros, ni calor,

sellaron aquel amorcubierto con mariposas.

Kálison Costa Nascimento384

O grandE pOETa Gonçalves Dias nasceu com a poesia no sangue.

Era desde pequeno um batalhador. Nasceu com força e caráter.

Ele nasceu com a poesia na alma e muito amor.

Com raça, firmeza, com o dom de expressar. Através de poesias sua herança deixou.

Para o futuro ele trabalhou. Nos versos lemos sua forma de amar!

Seu gosto fino pela vida foi real! Muitos buscam sabedoria de um caxiense.

Que conquistas conseguiram. Com a admiração de mais de um maranhense

383 Justina Cabral - Mar del Plata, Argentina - 29/04/1987. Escritora por vocación, y diseñadora gráfica por oficio. Estudió en el taller literario Jorge Cocaliadis con la profesora Julia Zelis de Ercolani. Es socia de la Sociedad de escritores latinoamericanos y europeos, más conocida como SELAE, y forma parte del Movimiento Poetas del mundo. Coordina y organiza eventos a nivel internacional. Publica en diversas páginas web, revistas, diarios, y libros grupales, en diferentes países del mundo.También lanzó su libro individual durante el año 2012 deno-minado “Dulces y limón” editado por Editorial Portilla en Estados Unidos de América.

384 Kálison Costa Nascimento - São Luís – MA – BRASiL - 02/10/2001- Motivo da Participação: Poder expressar-me de forma poética e poder viajar no mundo irreal e homenagear o tão saudoso Gonçalves Dias da histórica cidade de Caxias! Cursando: 5º Ano Turma:C Profª Shirle Maklene

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Karine Salton Xavier385

CançÃO dO EXÍliOAqui, há muita poluição;

Lá, muito ar puro.Aqui, tem insegurança;Lá, tranquilidade.

Aqui, as pessoas não se preocupam umas com as outras;

Lá, a solidariedade é muito forte.Aqui, há um maravilhoso pôr do sol;

Lá, um entardecer fantástico entre as montanhas.Aqui, faz calor acima de quarenta graus;

Lá, frio abaixo de zero.Depois que eu concluir a faculdade, vou voltar para lá.

Karline da Costa Batista386

CançÃO dO filHOAgora vou cantar Gonçalves, Imperador da Viva Arte.Versando com sentimento. Um canto ao caxiense,

Que desde o exílio cantou a sua genteMajestoso e laureado Gonçalves!

Poetas em júbilo. Celebraram-te porque trazesNesta lírica passional toda a brasilidadeFino sabor, priorado da imponente Palmeira.Literário estandarte - Viva Gonçalves!

A Iara crioula vem saudar-te: Esta é para Gonçalves!Verso-mor do cancioneiro brasileiro. Grande baluarte!Tremendo Poeta a cantar seu terreiro. Canora ave.Hino d’amor. Várzea em Flor. Sabiá bela arte.

Bravo, bravíssimo, Salve Gonçalves!

385 Karine Salton xavier - Porto Alegre – RS – Brasil - 29 de julho de 1995. Filha de Dora Lúcia Salton e Balbino Silva Xavier. Estudante do Ensino Médio do Colégio Conhecer, Porto Alegre/RS. Membro Efetivo da Academia de Letras Machado de Assis, Porto Alegre/RS, Cadeira 39, Patrono: Oswald de Andrade; Academia Virtual Sala de Poetas e Escritores, Balneário Camboriú/SC; Associação Internacional dos Poetas del Mundo; e, Liga dos Amigos do Portal CEN, Portugal. E-mail: [email protected]

386 Karline da Costa Batista – Aracati – CE – Brasil - 11/03/1988. Graduada em Letras (UFC),2° lugar no I Prêmio AltFest! de Poesia (PE),3° lugar no III Prêmio Literário Legislativo- Caçapava do Sul (RS), 8° lugar no Prêmio Ce-cílio Barros Pessoa de Poesia (RJ). Textos publicados nas antologias “Versos Soprados pelos Ventos de Outono” e “III Prêmio Literário Legislativo- Caçapava do Sul”,na revista “Um conto” (MG), no projeto “Um Poema em Cada Árvore” (MG), no blog Fênix entre outros.

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uma amélia para gOnçalvESGemes pelo amor sufocado, saudoso discípulo.

Duma lembrança bem quistaDe um ideal mal fadado

Desígnio cruento. Defunto habitanteDesta terra de vivos e povo errante

Poeta amante. Levante!A gentil Amélia ainda espera

O retorno sincero, degredado que fostes.Pelo cínico destino, atroz desatino.

Confinar o amor pulsanteAo adeus permanente

E sei que ainda o sentes, Gonçalves, amigo.Nesta cova em repouso

O verme latente não haverá consumidoO sentimento pungente neste coração inda quente

Que a donzela em exílio acena e consente- Regressa, com pressa, amante querido.

Kaylla Kaith Lopes Gonçalves387

minHa TErra Minha terra não tem palmeiras,

Não cantam mais os sabiás. No céu tem poucas estrelas,

Mas prazer eu encontro lá.

Minha terra não tem muitos primores, Que quase não encontro por cá.

Não permita mãe de Deu, Que a tristeza vá me machucar.

Kayron Torma Oliveira388

minHa CançÃO dO EXÍliO ‘’Meu Rio Grande do Sul,

céu, sol, sul, terra e cor, onde tudo que se planta cresce

e o que mais floresce é o amor.’’

387 Kaylla Kaith Lopes Gonçalves - São Luís – MA – Brasil - 02\08\2000. Motivo da participação: Eu gostei muito do trabalho desenvolvido sobre as poesias de Gonçalves Dias, me deixou muito motivada para ler e escrever poesias. Por isso gostaria que a minha poesia sobre o nosso grande poeta Gonçalves Dias fosse publicada.

388 Kayron Torma Oliveira - Porto Alegre – RS – Brasil - 10 de maio de 1992. Presidente do Conselho Consultivo e Membro Fundador da Academia de Letras Machado de Assis, de Porto Alegre/RS, Cadeira 11, Patrono Mario Quintana; Membro Efetivo do Clube Infanto-Juvenil “Erico Verissimo”, da Academia de Artes, Ciências e Le-tras Castro Alves, de Porto Alegre/RS; da Academia Virtual Sala de Poetas e Escritores, Balneário Camboriú/SC; e, da Liga dos Amigos do Portal CEN, de Portugal. Cursa Direito, na UNIRITER, de Porto Alegre/RS. E-mail: [email protected]

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Terra de alegria, paz, sintonia, campos verdes.

onde reside o Coloradodas Glórias

e o amargo tricolor por muitas derrotas. Minha Pátria tem virtudes,

por ela dou a vida, pensa com respeito

ao tocares no nome da minha terra querida.

Sou gaúcho, sim senhor. Viva o Rio Grande do Sul!

Kedma Kessia Pinheiro Bernardo389

O rEi da pOESiaI

Antonio Gonçalves DiasO rei da poesia

Amava a naturezaDia e noite, noite e dia

IIAntonio Gonçalves DiasO rei da fantasiaSe chegasse aqui agoraNada disso encontraria

IIINem matas das PalmeirasNem o sabiá a cantarE os rios pra que falar?

IVO homem constrói e destrói

Só pensando em ganharDestruiu as palmeirasOnde catava o sabiá

VO sabiá e seus amigosMuitos estão sem abrigo

Por causa do bicho homemQue os deixou em perigo

389 Kedma Kessia Pinheiro Bernardo - São Luís – MA – Brasil - 27/07/2001. Motivo da participação: Ele foi um grande poeta que escreveu sobre seu povo sua cidade e amava seu país. Por isso quero fazer parte da sua homenagem

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Keila Maria Veras Soares Silva 390

lEgadODe um português

Uma mestiça concebeuE no Sítio de Boa Vista

Em Caxias do MaranhãoGonçalves Dias nasceu

Na Europa foi morarEm Portugal estudou

E em Direito se formouGazeta LiteráriaO Trovador

Dos grupos medievistasEm Coimbra participou

Seu orgulhoTer no sangue

A mistura do índio, do branco e do negroTornou-se seu grande tormento

Essa condiçãoTransformou seu sonho em ilusão

Sua inspiraçãoMusa sem abnegação

Ana Amélia Ferreira ValeCom sua amada nunca se casou

Sua família o pedido refutou

Colégio Pedro IITrabalhou

Secretaria dos Negócios EstrangeirosOficial se tornou

Educação NacionalPesquisas na Europa quatro anos realizou

Comissão Científica de ExploraçãoNo Brasil participou

Poeta se consagrouSeu legado deixou

Para a humanidadeSua criação

É inspiração

390 Keila Maria Veras Soares Silva – São Luís – MA – Brasil - 09.05.1976. Graduou-se em Pedagogia e especializou-se em Psicopedagogia e Educação Infantil. É membro da Organização Mundial para a Educação Pré-Escolar – OMEP/MA, Articuladora do Projeto Creche para todas as Crianças da Fundação Abrinq. Supervisora Escolar do Estado do Maranhão. Professora e coordenadora do Curso de Pedagogia da Faculdade do Maranhão – FACAM.

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Keules Diene Rocha da Silva391

lEmBra dO maranHÃO.Vai a todas as nações sua beleza anunciar,

Faz lembrar.Quando se fala de grandes poetas.

Quando na história do Brasil é gravado,O Maranhão pelo grande poeta narrado.

O grande poeta que a memória nunca falhará, Que ao citar, traduz o Maranhão.

Que ao visitá-lo no mapa não dá para separar,A poesia do seu poeta, o poeta do seu Maranhão.

Registrando um estado rico.Riqueza essa encontrada nos poemas e poesias,

Que ficaram gravados nos anos e nos dias,Gonçalves Dias.

minHa TErra TEm gOnçalvES diaSMinha Terra tem riquezas

Minha terra tem belezaMinha terra tem gente interessante

Ouro, prata, diamante.

Minha terra tem JoãoE também tem Maria,

Minha terra tem poetaMinha terra tem poesia.Minha terra tem Gonçalves Dias.

pOETa, pOESiaSalve Maranhão;Salve os grandes poetas.Gonçalves a poesia;Gonçalves Gonçalves Dias.

Minha terra tem mais poetas.Minha terra tem mais poesia.

Descrito no céu e no chão; Na monotonia do dia a dia.

Na lágrima e no sorriso,No suor, na labuta da vida,

Em verso e canção traduzida.

À luz dum olhar de um poeta,Como um olhar de uma águia.

A perfeita sincronia: Poeta, papel, tinta e poesia.

391 Keules Diene Rocha da Silva – São Luís – ma – Brasil - 02 de março de 1983. Trabalho como enfermeira técnica no HUMI. Vi esse endereço no mural dessa instituição e estou mandando esse material para vocẽs avaliarem. Espero receber noticias sobre esse trabalho.

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a maiS BEla pOESiaSe tem terra,

Tem palmeiras.Se tem palmeiras,

Tem sabiá.Se tem Sabiá se ouve o canto,

O que será que vem de lá?Que de lá vem poesia,

Que ninguém soube expressarTão bem como ele,O canto do sabiá.

Que terra melhor não se achou,Para várzeas as flores brotar.

Que ninguém saudosamente soube passar,A saudade do seu lar.

Que terra assim não existiu,Em nenhum lugar.

Como aquela em que um dia ouviram,Rasgou- se o grito, o pulmão se encheu de ar,

Os olhinhos se abriram.Inspirando um menino em Caxias,

Nascendo a poesia,A mais bela poesia,

Vindo a terra Gonçalves Dias.Que amou e encheu de versos,

Trazendo graça e beleza,Misturando arte a terra preta.

Que o mundo veio conferirQue terra como essa,Só existe por aqui.

Surge a dúvida então sobre Gonçalves Dias, Se a poesia nascera no coração do poeta,

Ou o poeta no coração da poesia?

Laura Druck Becker392

CançÃO dO EXÍliOMinha Porto Alegre tem o Guaíba,

onde dorme o mais belo pôr do sol. Aqui, o entardecer também é bonito,

mas o nosso tem a luz de um farol.

392 Laura Druck Becker - Porto Alegre/RS – Brasil - 20 de maio de 1998. Estudante do Ensino Fundamental do Colégio Conhecer, Porto Alegre/RS. Integrante do Projeto “Imagens e Textos construindo Histórias e Versos”: “Banners Poéticos”, 2012. Curte ler, ouvir música e viajar. E-mail: [email protected]

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Nossas praças têm pássarose animais que trazem a paz;

tem meninos e meninas jogando futebol.

Quando eu paro para lembrar,sinto falta dos amigos,

dos colegas e da família, que sempre estarão comigo.

Minha terra tem churrasco, arroz e feijão,

são as delícias que carrego no meu coração.

Minha cidade não tem guerra, tem amizade e simplicidade; sirva minha Porto Alegre

de modelo a toda terra.

Leidiane dos Santos Vitoriano393

TriBuTO a gOnçalvES diaSProfessor, redator, escritor.De tudo esse homem fez.Brasileiro do Maranhão,Filho de pai português

Dentre as duas pátrias mãesTinha o direito de escolher.Preferiu a mais pobre,Aquela que o viu nascer.Porque esta tinha o cantoE várzeas a florescer.

Antônio Gonçalves DiasPai da sensibilidade,

Filho dessas palmeirasQue ele amava de verdade.

Engoliram seu último suspiroAquelas aguas covardes

Mas sempre serão eternasAs lembranças do grande Gonçalves.

393 Leidiane dos Santos Vitoriano, Ouro Preto d’Oeste, RO – Brasil - 10/10/1990

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Leila Marisa de Souza Lima Silva394

anTôniO E anaEle

PoetaProfessor

AdvogadoJornalista

EtnógrafoTeatrólogo

ElaO amor

ElePoetandoO índio

PaisagensSolidão

ExílioO amor

ElaSó amor!

Ele ViajadoElogiadoSofrendo

PreconceitoNáufrago da vida

Náufrago do amorEla

A inspiração.

Ele – AntônioEla – Ana

Ele – Gonçalves DiasEla – Ana Amélia

Ele – mestiçoEla – sem preconceito

Ele – Dizendo “Adeus”Ela – “Ainda uma vez”.

394 Leila Marisa de Souza Lima Silva - Espírito Santo do Pinhal – SP – Brasil - 18 de dezembro de 1946. É Colunista Social de “O Jornal A Cidade Jardim” (S.A. do Jardim – SP). Em 2010 lançou o romance de ficção “Corpos em Chamas”

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Lena Ferreira395

naufrágiOSeus olhos

tão negros, tão purostão cheios de candurapor um torpe desengano

transformaram-se, distantes,em duas poças de mágoa.

Seus olhosjá frios, escuros

perderam toda a ternuratransbordaram o oceano

onde eu, pobre navegantebebi quase toda água.

Seus olhostão cheios de esperar

lançavam um olhar tão frágilpara além, além do mar

como a prever meu naufrágioonde afogar-me-iamas o que eu mais quereria

era naufragar no seu olhar.

- releitura de SEUS OLHOS - Gonçalves Dias

Lénia Aguiar396

luZ pOéTiCa dO maranHÃONo cantar do poetaHá sempre aroma divino,Ele merece um hinoPor ser amado profetaCativando sem egoísmo

Com o seu romantismo.

Seu poetar sem maldadeAmava a pátria e a mulher,

Havia nele amabilidade,Rectidão difícil de esquecer,

Cresceu em vários lugaresComo a fruta nos pomares.

395 Lena Ferreira – Rio de Janeiro – RJ – Brasil – O8/07/1968; professora, publicou ENTRE SONHOS pela Utopia Editora em 2011 e teve participação em algumas antologias. Poderá ler um pouco mais no seu blog: www.vaosdiversos.blogspot.com.br

396 Lénia Aguiar - Vila das Lajes do concelho da Praia da Vitória na Ilha Terceira – Açores – Portugal - 23 de Abril de 1986. Já ganhei 3 concursos em Portugal, um com um conto e dois de poesia, um deles resultou no livro AMOR OCULTO e 10 no Brasil com quatro poesias, três contos e três crónicas, participando em três antologias.

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gOnçalvES diaSGonçalves Dias

Fez da sua vidaUm livro de poesias

Sarando uma ferida.

Apesar das desilusõesA sua coragem venceuE a Coimbra se rendeu

Cheio de estudantis ilusões.

Seus livros são relíquiasPara os seus admiradores,

Muita riqueza de poesias,Mas poucos amores.

A sua morte foi trágicaE muito injusta,

Mas no Maranhão ficaA sua última angústia.

Leomária Mendes Sobrinho397

anTOniO gOnçalvES diaSAntonio Gonçalves Dias, poeta.

“Um Anjo”, “Ainda Uma Vez – Adeus”.Teve o seu coração com a porta aberta,

Para Ana Amélia, amores seus.

Antonio Gonçalves Dias, advogado.Estudou na Faculdade de Direito

da Universidade de Coimbra. Formado em bacharel, escreveu texto.

Antonio Gonçalves Dias, jornalistaDa Gazeta Literária e de O Trovador.

Participou de grupos medievistade idéias românticas, compartilhador.

Antonio Gonçalves Dias, etnógrafo,sendo também muito conhecido.

Estudou latim, francês, foi filósofo,Caixeiro, escriturário, hoje falecido.

397 Leomária Mendes Sobrinho, natural de salvador-bahia-brasil.nasceu em 13 de novembro de 1962.filha de leonidas josé de lima sobrinho e de maria mendes sobrinho, , três irmãos,casada ,um casal de filhos,monique isabelle s.lira e william kennedy nícolas s.lira.licenciada plena em educação artística com habilitação em dese-nho pela universidade católica de salvador.cursou dois módulos de pós graduação de metodologia e didática do ensino superior.

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Antonio Gonçalves Dias, professor.Ensinou latim e história.

Do Movimento Romântico da Época, foi precursor.Publicou folhetins teatrais e crítica literária.

Antonio Gonçalves Dias, pesquisador.Realização em prol da Educação Nacional.

De ascendência mestiça, o escritorParticipou da Comissão Científica de Exploração, sem final...

Lenon Silva Alves - John Lennon Smith 398

CançÃO dO EXÍmiOOs teus versos consagraram Nossa terra de belezas;Por onde quer que passaramMostraram nossas riquezas.

Ainda existem palmeiras,Com sabiás a cantar;

As aves ainda gorjeiam,Mas gorjeiam com pesar.

As estrelas permanecem;Os bosques, flores e amores,Tua falta os entristecemE a saudade causa dores.

Todos estamos no exílio;Exílio do seu talento;Um poeta tão exímioQue não sai do pensamento.

Leonardo Coronel Machado Andreolla399

CançÃO dO EXÍliOMinas Gerais,

assim como o Rio Grande do Sul

398 Lenon Silva Alves - SÃO PAULO – Brasil - Pseudônimo: John Lennon Smith) – 06 de março de 1990. Reside atual-mente na cidade de Salto/SP. Professor e acadêmico de Letras, participa de quatro outras antologias em 2012, Versos Vampíricos, Crônicas da Fantasia, Arabescos e Arnobius: Nova Geração de Poetas. Amante da literatura e da língua portuguesa, sonha em ser escritor desde os oito anos de idade, mas somente em 2012 começou a investir em seus trabalhos.

399 Leonardo Coronel Machado Andreolla - Porto Alegre/RS – Brasil - 25 de agosto de 1998. Estudante do Ensino Fundamental do Colégio Conhecer, Porto Alegre/RS. Integrante do Projeto “Imagens e Textos construindo Histórias e Versos”: “Banners Poéticos”, 2012. E-mail: [email protected]

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tem muitas riquezas e fazendas com gado.

Tradições gaúchas... Tradições Mineiras...

Ambas me dividem. Não sei a qual escolher.

Pobre de mim!Tanto lá como cá,

lindas paisagens tropicais e culturais.

Lá, ouro e pedras preciosas; aqui, churrascos e amores.

Ambas me dividem. Não sei a qual escolher.

Pobre de mim!Lá ou cá?

Leonardo Hugo Berger400

CançÃO dO EXÍliORio Grande do Sul

tem muitos campos, parques e praças;

Santa Catarina, muitas praias e morros.

Tanto num quanto noutro, crianças, jovens e adultos

passeiam pelas ruas. Em terra catarinense,

saudoso estou de minha terra natal;

e, para lá, quero voltar.

Leônidas de Souza - Tiko Lee401

mil SEmEnTES dE éBanO,...anTôniO gOnçalvES diaS,...O Poeta não morre,...Gonçalves Dias,...

Transforma-se em Sementes de Ébano,... E delas nascem mil flores…!!!!

Semeadas em jardins - mil cores!!! Destilado a vida…odores!!!

400 Leonardo Hugo Berger - Porto Alegre/RS – Brasil - 05 de setembro de 1994. Estudante do Ensino Médio do Colégio Conhecer, Porto Alegre/RS. Integrante do Projeto “Imagens e Textos construindo Histórias e Versos”. E-mail: [email protected]

401 Tiko Lee (Leônidas de Souza) Assis - São Paulo – Brasil 04 de Abril de 1954. poeta Cristão Contemporâneo Poema Premiado na “fria” Comunidade Europeia - Portugal 2000- lá eu estive,... é colunista da Revista Viver Osasco e articulista na Revista La Oca Loca - DAROCA. Zaragoza -España,... < @yahoo.com.br>

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Cremado as dores… Transforma-se em mil pétalas!!! Corolas de flores…

Onde pousam borboletas!!! Mil abelhas!!! Manjar de delgados beija-flores!!!

O Poeta não nasce…se não bastasse… Não morre também… Vive à eternidade…

Sempre à procura de alguém!!! O Poeta não morre

A sua alma apenas se afoga! Numa lágrima que escorre.

E o firmamento etéreo percorre… E aos pés de DEUS,…de Jesus!!! roga…

E transforma-se em Sementes… Porque todos nós,...Gonçalves Dias,...teremos o dia de todos nós!!!-

fOrnalHa,... aSSim ESCrEvE O maranHEnSE,...

Escrevo com a força do fogo de uma fornalha!!!

Cuja labareda destila o anonimato e a rigidez do aço,...

Chama branda do fogo da comunicação, da notícia, que queima,...eu acho o bastante para consumir uma palha!!! Escrevo com a força e o apetite de uma caneta esfomeada,... cuja pena e tinta devoram (entre) linhas, papéis e espaços em branco,... Deixando um rastro impregnado de palavras, letras, notícias,... por onde caminha a comunicação!!! Escrevo!!! Com a força de um “mouse” esfomeado teclado - cujo tipo e caracteres cintilam em um monitor de cristal líquida luz a iluminar

as entranhas da comunicação - notícias,... Escrevo!!! Com a força de Expressão

de Um Poeta Maranhense,...Gonçalves Dias!!! Que dilacera e estilhaça o anonimato,...

dá chances e incentiva valores!!! Comunicação sábia

no escrever do nosso dia a dia!!!

SEmillaS,...anTôniO gOnçalvES diaS!!! El poeta no muere

Se convierte en Semillas Y de ellas nacen mil flores ...!

Sembradas en los jardines - de mil poemas,... de mil colores!

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Ahogado la vida ... olores! Num mar de dolores ...

Se convierte en mil pétalos! Corolla de flores Donde posan las mariposas ! Miles de abejas!

manjar de delicados colibríes! El poeta no nace ... no bastaba ...

No te mueras también ... Vive para la eternidad ...

Siempre en busca de alguien! El poeta no muere tu alma se ahoga!

En las lágrimas que fluyen. Y el firmamento etéreo recorre ...

Y a los pies de Dios, ... ¡Jesús! ora.... Se convierte en una semilla ...

Porque todos nosotros,...Gonçalves Dias,... tenemos el día de todos nosotros!

Leticia Herrera402

BuEn viaJEHe sido recordada escuchando tu música, Brasil,

como si fuera mi rasgo distintivoQuizá me marcara tu erotismo y fuera cierto

Un maestro desconocido me escribía para pedirme le enviara una camiseta de fut-bol

para dar ánimo a los jóvenes y evitar un suicidio en la favela

Escogiera una del Cruz Azul por el vínculo con Chico “La construcción” allá; aquí el cemento de los albañiles

Gonçalves Dias aún le canta al amor igual que todos le cantamos con Brasil

Dulce cadencia del idioma português el buen maestro

Hoy que mi hijo descubre el mundo recíbelo amorosamente, Brasil

Protege su dulzura cuando te hable en tu idioma pues vivirá entre los tuyos

402 Leticia Herrera - Michoacán- México - 1954. Reside en la Ciudad de México desde su infancia. A la fecha ha publicado 20 títulos en los géneros de poesía, cuento, no-novela en duermevela, guión cinematográfico.. Cul-tiva además el canto, las artes plásticas, la fotografía y el video-arte.

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Levi Mota Muniz 403

OdE a gOnçalvES diaSObservando os índios das “Índias Ocidentais”,

já se pôde perceber a diferença,O vigor em suas palavras, o calor de suas crenças,Europeu nenhum resistiu, quis logo saber de onde vinha,

Aquela terra detalhada por Caminha, que logo se chamaria Brasil

Não pense que a “terra mais garrida” apareceu em passo de mágica,O solo foi muito bem preparado,

por nossos ancestrais vindos da África,Pois a pátria é mãe, mas não gentil.

Ela sabe que trabalho é o único aprendizado,Que faria um povo, ainda escravizado,virar um país de sonhos “mais de mil”,que logo se chamaria Brasil

Um sonho intenso, um raio vívido; não só sonhos, mas ações,A nação passou por eras difíceis, enfrentou gigantes tribulações.

De colônia foi Reino Unido,mas com seus dominantes ainda a frente.O povo ainda muito oprimido - de maneira sempre excludente -,

não se acomodou inibido,jogou os dados, mas não apostou na sorte,Bradou junto a Dom Pedro(um mito),o épico “Independência ou morte”Todos hastearam o verde, amarelo e azul anil,a bandeira do novo país: meu grande e amado Brasil

Independente era a terra, mas não os que viviam nela,que coisa mais linda, que coisa mais bela,era a mulata escravizada sem pena,que poderia muito bem ser a musa de Alencar, Iracema,e se as guerras de abolição não serviram,

a Lei Áurea de 22 serviu,Para acabar com a triste escravidão

De um agora mais livre Brasil

Se diziam bastante livres, aqueles controlados pela ditadura,porém nem corte nem censura os faria voltar ao trabalho servil,

em meio a músicas sem ternura, em meio a Tropicália e muitas dorespara não dizer que não falei das flores,

falarei do brasileiro de punho fechado, falarei do povo da paixão febril,

403 Levi Mota Muniz – Fortaleza – CE – Brasil - 23 de outubro de 1996. Ganhador do concurso expo7 em 2006, 2007, 2008, 2010, 2011 e 2012, participante da Coletânea FB 2011 e 2012, segundo lugar no estadual de cartas da UPU 2012, participação na coletânea da Academia Cearense dos Escritores de 2011, participação coletânea grupo chocalho 2011, Primeiro lugar entre 15 e 17 anos do Prêmio Escriba 2012. E-mail: [email protected]

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que não se contentou com caminhar e cantar,batalhou e morreu para garantir paz no futuro(e a glória no passado),

à pátria muito mais que amada, Brasil

Mas é na batalha diária,aquela que não se tenta escapar,

que se mostra a bravura dessa gente guerreira,onde as palmeiras são plantadas e o sabiá canta o hino,onde o cansaço não é barra e não há nenhuma barreira

onde há mistura de raças, desde o europeu até o índio,onde damos um bravo, à Brava gente Brasileira

Lidia Funes Bustelo404

SEm TiTulOen maranhao he dejado

lo más amado, es mi suelo,el amor, que más que un credo,

me hará implorar regresar.

siento como que jamás partíde esa tierra prometida,

aunque es cierto, que la vida,fué llevándome en su andar.

quién podría imaginarse,que en un jardín tan lejano,

encontraría, en secreto,a esa musa que yo amo…

en sus ojos y en los míosel ensueño no ha cesado.

y el más puro sentimiento,de este mundo, rescatado.

el tiempo me hizo entenderque el amor, no consumado,

igual que un fuego sagrado,siempre ardería en mi ser.

todo aquello que anheléaún, las cosas que ya logré,

hoy daría, como ofrenda,por verte patria, otra vez.

404 Lidia Funes Bustelo - Godoy Cruz, Mendoza, Argentina - 1957. Posee estudios de bachiller, docencia y corre-taje inmobiliario. adolescente, escribió algunos poemas. es en la madurez cuando se dedica de lleno a este género y se une a sade (sociedad argentina de escritores). participa en la antología de cultura de mendoza 2013 y en la convocatoria del fondo provincial para la edición de su libro “poemas de tierra y cielo”. es casa-da y tiene dos hijos.

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¡DIOS MÍO, ESCUCHA MI RUEGO!CON TUS MANOS GUÍA LA BARCA,

mi alma reposa en calmavoy camino hacia el edén.

Lindalva Silva Quintino dos Santos405

À mEmÓria dE um pOETaA memória de um poeta

Que cantou a nossa terraCom tanta inspiração e orgulho

Transformando nossas riquezas Em belos poemas e versos

Merece de seu povo Mais que uma homenagem singela.

O poeta já dizia:Nossa terra tem palmeiras

Onde canta o sabiá.São versos tão sublimes

Que faz todo o coração vibrar.

A este poeta devemos O orgulho de ser brasileiroE o nome da nossa terraSer repetido até no estrangeiro.

Hoje nos cabe a honraDe elevá-lo aos píncaros da glóriaeste ilustre filho da terraeste poeta maranhense.Que somou às nossas riquezasA sua insubstituível presença.

Nosso céu tem mais estrelasDe belezas estonteantes

Nossas matas têm mais vidasCom rios exuberantesNossas flores têm mais cores

Nosso povo tem na almaA pureza dos seus versos.

405 Lindalva Silva Quintino dos Santos - Bom Despacho – MG – Brasil - 60 anos. Professora de Português e Litera-tura Brasileira; Estudante de Psicologia; Poetisa (escrevo em revistas e sites de poesia).

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Lívia Porto Zocco406

nÃO lamEnTES amigOCaro amigo, não lamentes o amor perdido.

Perdeste-o sim, porém não por desleixo teu, Perdeste-o pelo preconceito desmedido, Perdeste-o pelo respeito que era só teu.

Caro amigo, não lamentes o amor perdido. Fizestes aquilo que o momento pediu,

Respeitastes o apreço àqueles por ti escolhidos, Mostraste mais força que o desejo varonil. Caro amigo, não lamentes o amor perdido.

Decidistes o que na época era o melhor a fazer, Apesar de o homem em ti, tornar o poeta comedido,

Apesar de a razão em ti impedir o amor de colher. Caro amigo, não lamentes o amor perdido.

O que fizestes está feito, mesmo que incompreendido. Escolhestes por teu senso de homem, não de poeta,

Agora arcarás por tua escolha, vivendo um amor asceta.

Lohana Kárita Teixeira 407

CanTO À avE dE OvOSMinha vó cria galinhas

Onde cantam SabiásAs galinhas do sertão

Não são como essas de cá

Suas vidas têm mais vidasSuas penas têm mais cores

Os seus ovos têm mais gemaOs seus pintos mais amores

Ao olhar essas galinhasO universo enxergo eu lá

Minha vó cria galinhasOnde cantam Sabiás

Quisera Deus que todos Pudessem admirar

A noite do meu sertãoE a galinha cacarejar

406 Lívia Porto Zocco - Ribeirão Preto – SP – Brasil - 12/11/1971. Bibliotecária e poeta nas horas vagas ( às vezes nas ocupadas também). Possui vários poemas e contos publicados nas antologias da Câmara Brasileira de Jovens Escritores (RJ).

407 Lohana Kárita Teixeira, - Goiania – GO – Brasil - 30/04/1992. É graduanda em Letras pela Universidade Federal de Goiás, escreve poemas desde que aprendeu a escrever, foi selecionada na Antologia Poética da Editora Kelps em 2007 e publica poesias e textos em seu blog.

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Lorena Moreno Castro 408

a gOnCalvEZ diaSAntonio Goncalves Dias

Bastardo de nacimientoPero un Rey de pensamiento.

Separado fuísteDe tu gente tan amada,

Primero tus padres,Luego, la mujer de tu vida,

También te fue negada.

El sufrimiento y el dolorEncauzaron tu pluma,

Te llevaron al mundo de la poesía,Donde no existía raza ni color,Ahí fuiste un gran Señor.

La tristeza vividaEn tu verso dejaste,

Con acentos sinceros y profundos,Nos hiciste sentir

Ese tu dolor tan grande e incurable.

Cuantas veces deseaste morir,Pero el recuerdo de tu amada,A la vida te volvía,Moriste, moriste tantas veces,Desangrando el almaEn cada verso que escribías.

Gran fisonomista de las penas,Tristeza y dolor siempre viviste,Naufragaste en un mundo de dolorHasta el mismo día que partiste.

Lorenzo Gomes Bacin409

CançÃO dO EXÍliOSão Paulo, cidade lotada

e de pessoas mal humoradas.Oh, que saudades de Porto Alegre,

terra de povo feliz e alegre.

408 Lorena Moreno Castro – Hermosillo - Sonora, Mexico- 20 de febrero de 1964, ha participado en varios even-tos culturales, programas de radio y Tertulias en escuelas públicas, así como varios Encuentros nacionales e internacionales.

409 Lorenzo Gomes Bacin - Porto Alegre/RS – Brasil -12 de dezembro de 1997.Estudante do Ensino Médio do Colégio Conhecer, Porto Alegre/RS. Integrante do Projeto “Imagens e Textos construindo Histórias e Versos”. E-mail: [email protected]

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Em Porto Alegre,há muita gente boa;

São Paulo, cidade do corre-corre..Amo Porto Alegre

e, para lá, quero voltar.

Lucas410

naTurEZaNosso céu tem mais estrelas

As aves que aqui gorjeiam não gorjeiam como lá Tão bonita a terra que nós temos União para amar a natureza

Respeito com a nossa natureza E precisa de mais carinho

Zelosa a nossa natureza Amar a nossa terra.

Lucas Dias Miranda411

CançÃO dO mElHOrMinha terra tem gaúchas

com beleza semi-igual,onde tudo é inexplicável,

não havendo aqui nada igual.

Nossas árvores são mais verdes e mais puras que aqui.

Minha terra é da bota, da carne seca

e de homem muito macho; tão diferente daqui.

Meu Deus , não existe aqui nada comparável à beleza de Lá!

Orgulho-me de ser gaúcho macho!

410 Aluno da Escola Municipal Ensino Fundamental Gonçalves Dias - Canoas – RS – Homenagem a Gonçalves Dias – Projeto Quem foi Gonçalves Dias, disponível em http://goncalvinho.wikispaces.com/Resultados+-+Mas+-Quem+foi+Gon%C3%A7alves+Dias%3F , Poesia compilada por Leopoldo Gil Dulcio Vaz – Curitiba – PR – Brasil – 1952; Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; Universidade Estadual do Maranhão

411 Lucas Dias Miranda - Porto Alegre/RS – Brasil - 22 de outubro de 1995. Estudante do Ensino Médio do Colégio Conhecer, Porto Alegre/RS. Vídeo maker e skatista. Membro Efetivo do Projeto “Vida, Amor e Paz”, do “Cercle Universel des Ambassadeurs de la Paix, Suisse/France”. Integrante do Projeto Literário “Porta copos poéticos”, 2012. E-mail: [email protected]

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Lúcia Amorim Castro 412

HOmEm dE HumildEGonçalves Dias foi um homem que nasceu em uma família humilde, mas que

enfrentou a vida. Gonçalves Dias foi um grande poeta que aonde fosse criava uma poesia e depois foi se tornando artista da própria vida!

Ele foi um homem de vida, de alegria e deixou o mundo com sabedoria no ar.

Cheios de cores! Cheios de poesias!

Cheias de amores!

Lúcia Barcelos413

SOB O OlHar dE gOnçalvES diaSHavia em teus olhos, havia

Pinturas, sonhos e paisagens. Havia estrelas e aragens

No céu e no chão da poesia! E ainda há, mas havia Pinturas, jardins, canções...

Flores em largos caminhos... Recantos de solidões. Sempre havia uma nova estrada, Sempre novas direções Para o rumo de teus versos... - Tão férteis, os universos De rimas e de luas acesas Dentro das almas poetisas! Havia barcos e brisas, E rios de amores cruzando

Naqueles tempos ditosos, De vates tão venturosos

Quanto você, ó poeta. Bendito o espaço que enchias Com tua luz e a poética,

Ó imortal gonçalves dias. Bendita a sina profética

Dos que teceram no outrora

412 Lúcia Amorim Castro - São Luís – MA – Brasil - 07/03/2002 - Cursando: 5º Ano Turma: C Profª Shirle Maklene - Aprecio os poemas assim como as poesias e homenagear um poeta do meu estado é gratificante. EPFA.

413 Lúcia Barcelos - Viamão, RS – Brasil - 20/01/1964. Escritora/poetisa. Membro-fundadora e atual vice-presi-dente da ALVI (Associação Literária de Viamão). Membro da Estância da Poesia Crioula, Acadêmica em Letras, com 5 livros publicados (poemas, crônicas, romance). Participou em várias antologias poéticas e colabora em alguns jornais. Desde 1979, funcionária da PUCRS, no Jornal Mundo Jovem.

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O que o olhar bebe agora. Bendita a retina que chora

Sob a emoção da poesia! Fulgor singular e magias,

Belíssima, a musa que vias E o espírito benevolente...

Houve, e eternamente,

Haverá gonçalves dias.

Lúcia Helena Pereira414

aO pOETa QuE SaBia falar dE amOrO Brasil terra tão lustrosamente literária.

Deu belos rios, cascatas, praias paradisíacas e grandes no-mes na música.

Deu ouro, prata, girassóis, cantores,Terra de boa gente e de poesias louváveis.

Deu Castro Alves, Machado de Assis, Rachel de Queiroz,Vinicius de Morais, Juvenal Antunes, Cartola, Chico Buarque,

Nomes que o tempo imortalizou e tão bem já os consagrou.

O Brasil verde amarelo, cheio de azul e branco,Deu o hino mais bonito, na letra e música incomparáveis,

Também consagrou-se no futebol e no samba,E o carnaval é bandeira- estandarte!

O Brasil - país dos cantores e grandes poetas- como negar?Deu Ângela Maria, Cauby Peixoto, Dalva de Oliveira,

Silvio Caldas, Herivelto Martins, Lupicinio Rodrigues, Geraldo Vandré, Jorge Amado, Cora Coralina...

Brasil de ilustres brasileiros,De João Cabral de Melo Neto, Graciliano Ramos,

De uma marrom famosa, Chamada cantora Alcione!

Deu presidente, deu folclore,E mostra ao mundo a beleza dos mais belos lençóis d´água,

A beleza do Pôr do SolDos seus bordados e cores.

414 LÚCIA HELENA PEREIRA - Ceará-Mirim/RN – Brasil - 09- 07- 1945Residente em Natal/RN desde os ses anos e meio; Licenciada em História/UFRN – 1974; Curso prático de francês

aos 18 anos; Escritora; Membro das entidades: Academia Feminina de Letras do RN; Academia Cearamirinen-se de Letras e Artes/RN; Academia de Letras de Teófilo Otoni/MG; Membro da UBE/RN.

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O Brasil tem um coração nordestino,Com muita coisa bonita,

Igrejas, Palácios e grandes nomes,Realçando a literatura,

Deu o imortal Gonçalves Dias - o poeta que soube cantar o amor!

HOmEnagEm aO pOETa maranHEnSE gOnçalvES diaS

Oh! invulgar verso d´oiro que as palavras escrevemÀ beira dos rios do Maranhão,

Onde o exílio não se faz e só há festa de beleza naturalDe poesia divinal, decantando amor!

Oh! Poeta das grandes inspiraçõesQue o mundo conheceu e aplaudiu,E que novas gerações pesquisam e viram temasDe monografias e teses, viram livros!

Oh! Divinal poeta de um infame exílio,Que em vez de chorar, gritar, arder em ódio,

Escreveu a imortal “Canção do exílio”Onde até hoje canta um sabiá

E aves gorjeiam a sinfonia do amor!

Oh! Poeta de alta nobreza,Eu te rendo homenagem na bela canção nordestina,Onde dois cabras inteligentes: Zé Dantas e Luiz GonzagaEscreveram uma letra pensando num sabiáE surge a musa Marina Elali para cantá-la e exultá-la.

O que mais posso dizer do grande sábio das letras?Que foi tema de um trabalho em minha linda adolescência,Com a “Canção do exílio” que à época eu nem compreendiaE hoje, quanto lamento, que esse poeta completo,Tenha se afastado dos seus, para pagar pela insensatez alheia!

Oh! Poeta maranhense, teu nome é glória!

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Luciano Garcez415

amEriCanaAmericana

Terra lusófona de sabiás pintaiados dos cauins

de sangue dos canaviais emplastados mênstruo de via-estrela que derrama cheia de manha seu leite nos céus

a fim de fecundar Tupã bravo forte Sol aos 15 anos certo Tupã-Trafica.

Nela me percoamarga americana miragem

raça de trote de mulas e imperadores de passagem.

Americanaterra negra de luares tão cantados

que viraram moeda corrente.

Americana terra sulvejo-te sonhando a ti continentalmentemãos agarradas ao corrimão da História mas mãos de antanho

paraliticasmãos de recém banho, terramericanas,

onde o exílio depõe contra sabiás e condores,e réus que se soltam por três mil réis.

BOgariJatir, não viste ou vieste, e foi por ti que me despi

disposta e elidiste o aroma do bogari num só sono

com outra coisa qualquer. O fuzil desferiu tão frio mil esmeraldas em meu peito

e inteira assim sangue de gema preciosa eu aqui: inerte, vermes comendo as joias verdes

ainda pergunto: - por que tardas, ó, Jatir?

415 Luciano Garcez - São Bernardo do Campo/São Paulo – Brasil - 1972. É literato, compositor, cancionista, ma-estro e performer. É mestre em Composição e Poesia pela UNESP e UNIRIO. Sua obra o mesmo define como “Mitopoética” e “Pluridimensional”, onde “Tempos, estilos, épocas e gêneros se misturam com a mesma ele-gância abstrata dos temas tão difusos que se organizam em uma banca de jornal ou nas páginas e links da Internet”.

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CançÃO dO auTO-EXÍliOQue triste, indiazinha, que triste que sou!

Minha raça mais triste que a tua Menos raça, alma encanecida -

Que triste... Dom Sebastião arde em mim Mil vozes triestinas tão longe

E tristes, tristemente vozes. Vieram d´além barcos, trouxeram-te açoites

Teu povo de África, teu povo d´atlântica mata: Quem o banzo não roera os atabaques

Morreu de sífilis achando que era amor... Ah, índia pequena, senhorinha-mucama

Minha é a tristeza dos Azevedos Álvares Dos barcos também trazendo gente muda Que nunca soube dizer português pra si mesmo... Melancolia que não se enxerga é a que não mata Nem de amores, nem à dores – não tome por tua

Não beba o cauim de noite mal dormida Abre a janela que tua alma cabocla,

Ensimesmada mas ridente, é. Canta, canta, indiazinha, como teu Pai

Tão bravo, tão forte, um filho do norte, Que o canto de morte,

(Pai não sou...) guerreiros, ouvi!

Luciano Ortiz416

ETErnOUma voz canta ao exílioDe um lugar de talvezPrimeira e segunda cançãoSextilhas do Frei Antão

As “gonçalvesias” de todos os diasEternizar-se-ia

No mesmo contexto Sua característica, sua poesia.

Um tubo de ensaioÉ o clima, A química entre ensaios

A magia, o alquimista.

416 Luciano ortiz - Guarapuava – PR – Brasil - professor. Músico, compositor e poeta. O primeiro livro no prelo será lançado em março de 2013. Livro de haicai que descreve uma nova proposta de haicai crítica e libertária. A arte e a crítica favorecem juízos imparciais com total realidade de temas e acontecimentos do cotidiano, vidas e vivências próximas e distantes. O libertário insere em um meio com olhos voltados a todas as direções.

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PoetaO artista

A “experimência”Gonçalves Dias...

Lucivani Vitoriano 417

dEiXE O SaBiá CanTarSe exilado na tua alma

Já não podes se alegrar;Procura uma vez mais tua calma,

Deixe o sabiá cantar.

Vá teus grandes desenganosNas palmeiras pendurar.

E nas várzeas põe teus prantos,Deixe o sabiá cantar.

Viva o senso de comunidadeDo poeta Gonçalves Dias:

“Nosso céu... Nossas várzeas...Nossos bosques... Nossa vida...”

Nosso país tropicalÉ um divino paraíso.

Não fique em seu próprio exílioSem motivos de se alegrar.

Vá pra junto das palmeiras,Deixe cantar o sabiá!

Estando longe dessa terraA grande saudade de cá

Fez da “Canção do Exílio” um gritoQue até hoje ecoa no ar

Louvando a essas únicas palmeiras,Nas quais canta o sabiá.

TOda pOESiaToda poesia

É feita por genteQue não gosta

De ser limitadaAo que já existe.

Toda poesiaÉ feita por gente

Que viajaNa emoção,

Do alegre ao triste.

417 Lucivani Vitoriano – Ariquemes – RO – Brasil - 10/10/1990

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Toda poesiaÉ feita por gente

ApaixonadaPela arte

De viver.

Toda poesiaÉ feita por gente

Feita de poesiaComo o Gonçalves Dias

Devia ser.

Toda poesiaÉ feita por gente

Que “cisma sozinho”E saber desenhar caminhosCom a magia de escrever.

Toda poesiaÉ feita por gente

Marcada como bois.Que um dia foi

Marcada sem saber.

Toda poesia É feita por genteContente por saberQue há mais poesiasSempre por fazer...

Luís Artur Severo da Silva418

CançÃO dO EXÍliONo Brasil, há uma grande misturade raças: negros, brancos, mulatos,

loiros, morenos e pardos; na Alemanha, a maioria

é muito branca.Lá, o clima é muito variável.

Nos invernos, faz muito frio, chegando a temperaturas negativas;

os Verões não são tão calorosos; as Primaveras, agradáveis

418 Luís Artur Severo da Silva - Porto Alegre/RS – Brasil - 16 de outubro de 1999. Estudante do Ensino Fundamen-tal do Colégio Conhecer, Porto Alegre/RS. Integrante do Projeto “Imagens e Textos construindo Histórias e Versos”: “Banners Poéticos”, 2012. Participou da Oficina “Poesia Inclusiva”, com Deficientes Visuais, realizada no Cais do Porto - Casa do Armazém, em 26 de outubro de 2012, na Feira do Livro de Porto Alegre/RS, coor-denados pela escritora e poetisa Roselaine Funari. E-mail: [email protected]

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e atrativas; e, nos Outonos, os parques e praças

ganham tons amarelados.No Brasil, as estações

estão bastante bagunçadas. Às vezes, enfrentamos as quatro,num só dia, mas, mesmo assim,

temos boa qualidade de vida.Lá, a língua oficial é o alemão;

aqui, a língua portuguesa.

Luis Henrique Insaurrauld Pereira419

DIAS COM GONÇALVESPorquê fostes parar no mar ?

Mestre Gonçalves passava seus dias forjando seus poemasDando alma aos seus diálogos para o teatro

Mergulhando fundo na vida do tablado

Porquê fostes arrebatado pelo mar ?Em tudo colocastes sua marca de valor e talento

E em “ Rosa do Mar “ escreveu ao relento:“ Nisto o mar que se encapela

A virgem bela Recolhe e leva consigo;Tão falaz em calmaria,

Como a fria Polidez de um falso amigo”.

Porquê fostes perpetuado pelo mar ?

Mirando no tempo e espaço escreveuLindo poema, “ O Mar “, que lhe enterneceu:“ Mas nesse instante que me está marcado,

Em que hei de esta prisão fugir para sempre,Irei tão alto, ó mar, que lá não chegue

Teu sonoro rugido.Desconhecendo o temor, o espaço, o tempo,

Quebrará num relance o círculo estreitoDo finito e dos céus !

Porquê escrevestes para o mar ?

Será que sereias deixaram suas contendas e suas lendasE, se aproximaram de seus poemas

419 Luis Henrique Insaurrauld Pereira- Rio de Janeiro – RJ – Brasil - 22/05/1.951. Minha carreira de pretenso escri-tor iniciou-se nos bancos do “ Colégio Militar do Rio de Janeiro “. Alguns trabalhos sairam das gavetas e foram parar no site da CBJE ( Câmara Brasileira de Jovens Escritores ). Agradeço o tempo de suas vidas despendido com este humilde-tímido-aprendiz de escritor, e que possam degustar este “Poema“, como se sorve um vinho, saboreando cada gota, cada palavra. Assim, bem pausadamente, sentir : o aroma, a fluidez e o fino sabor.

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E assim, caprichosamente,Espontaneamente e egoisticamente

Lhe arrebataram para as profundezas do mar Para lhe acarinhar, para lhe homenagear

Onde o oceano que tanto lhe transportou para EuropaFechar um último poema e na felicidade, se casarE, na plateia indivíduos a se alegrarem:

Cavalos-marinho, tartarugas, namorados, badejos, garoupas,...

Porque escrevestes pouco para nós ?Ficamos sedentos de seus manuscritos

E, ficamos nos cantos do Sabiá inscritos:Pois,

“ Minha terra tem palmeiras,Onde canta o Sabiá;As aves, que aqui gorjeiam,Não gorjeiam como lá “.

Luis Lima420/Luzenice Macedo421

DIAS DE jOãO seu gonçalves venho lhe pedir um favor

me diz como faz pra brotar outro pé no vale se pé não dá pé pedir vale à pena seu gonçalves venho lhe pedir um favor nesses dias difíceis não há um joão que resista então passe a revista por todo o batalhão que a lágrima reza a novena e a seca castiga o sertão é que eu já sabia que sabiá ia cantar o fio da navalha já se perdeu do barbeiro e a velha mortalha deu seu adeus fevereiro

é que eu já sabia que sabiá ia cantar sinhazinha deixou os seus cordéis no varal

o vento levou as rimas pras bandas de lá cuidado com o rastro na roça

que carcará vem pegar

420 Luis Lima - São Luís, MA – Brasil - 05/10/1964. Apenas um maranhense compositor com extensão do mun-do, sem distinção. Um fazedor de arte, graduado na universidade de enrolamentos dos legítimos charutos socialistas cubanos. Um nato comunista credor da palavra, desconfiado das maiorias. Segue imperfeito sem acabamento, com mestrado em ciência de coisa nenhuma... Autor dos cd’s Palavrando e Expresso de letras e do livro de poesia Arrumador de palavras, por enquanto...

421 Luzenice Macedo - Codó, MA – Brasil - 20/10/1973. Remanescente do bando das Marias Bonitas. Menina do mato, de Codó e da terra de Gonçalves... Ora fina flor dos madrigais de Raposa, MA. Formada em Biologia pela Universidade Federal do Maranhão, eterna aprendiz de feiticeira... do pó de pirlimpimpim. Sem encontro marcado com os “dadores” de idéia do mundo real, por isso, fazedora de cordéis.

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Luís Mário Oliveira422

GONÇALVES DIASPortuguês e mestiço, esse seu sangue

Caxiense, entre outros, imortalE pelas leis encampou, seu teatro, jornal

Gonçalves Dias e noites, romancistaQuanto da tua honra, poeta,

Ville de Boulogre, naufrago, teus versosBaixos de Atins te traga, te levou

Portugal, língua mãe que te acolheu, sem as palmeirasSem os sabiás. Sem as canções do exílio, reversos

Os teus primeiros cantos, Ana Amélia Ferreira Vale,

Valem teus versosOnde nasce e morre o poema

Sala de sofrimento, preconceito medonho, infameTeu amor, o amor, abatido por desilusões, pela dor

Enfim te vejo, enfim posso curvado aos teus pés dizer-teOh! Amélia. Largo dos Amores, São Luís, Ilha do Amor

Gonçalves dias, salve esse casamento que não ouveSalvem os teus dias.

Investido em ti, ó poeta, meu Deus, grande poetaOusaria com a mulher, Ana, Amélia, entre todas Rosas

Cravos, Orquídeas e Camélias. Casou-se pois então em línguas

Desse latim que principio, minha bocaNão te consigo ver morrendo, náufrago

Envenenado com água do mar que também cantasteEsse mesmo mar que poemo, que me banho

Aqui em nossas praias, onde tua letra ficaComo sal, esse mesmo que te imortaliza, conserva

O amor, do amor, para o amor calcificaFoste o único afogado em lágrimas

Nesse mesmo mar que te escolheuNas águas profundas, quanto desse sal

Lágrimas de Portugal?Pessoa, fingidor, completamente dorQue deixaste na emoção da tua existência

Da tua vontade não permitiu DeusQue morresse sem que por último admirasse

As terras que pela vida afora cantasteEntre as palmeiras e o gorjeio dos sabiás

Imortalizados como tu, nesse eterno poema.

422 Luís Mário Oliveira - Presidente Dutra – MA – Brasil - 25 de Fevereiro de 1969. Entusiasta da literatura, teve seu primeiro curso superior iniciado em 1992 em LETRAS - UNICEUMA. Sempre extraindo a poesia apanhada do dia-a-dia, tem grande oficina, pois graduado em Administração Rural, pela UEMA 2002, esteve colaboran-do no meio agroeconômico por Estados distintos tais: Rondônia, Roraima e a sua terra natal, Maranhão.

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ANOS, SOMENTEQue coisa, que poesia

Que dor, doída, doentia Esse mesmo amor, o que eu sinto

Ainda uma vez, adeus! Por esse amor casto, tua chaga Tantos lamentos derramaste

Dos olhos dela afastados os teus Tornou-se um tédio tua vida

...Dessa morte qual não escapaste

Pediste, imploraste a Amélia Que o perdão o fosse te dado

Pois ao amor, por ti, poeta, ignorado Dois mundos se fizeram distantes De um só amor que de tão galopante Matara em vida tantos sonhos Oh! meu Deus,

Dezoito estrofes, de pancadas Que dói em meu coração, que vejo

Longe de ti, do teu sofrer, te ser poeta Gonçalves, salvem esses teus dias

Todos em tua legenda A decantar essa vida martírio, miséria

Em vossos olhos a nadar em lágrimas Pavorosa dor que me sinto ao ler-te Sei que lutaste, para não expô-la pública Pediste perdão por cem vezes, pediste Quiseste pois piedade, compaixão E ainda uma vez adeus Nesse misericordioso processo Onde acamado morreste, náufrago Dentro da própria poesia Que ora decanto em tua homenagem Para que o amor seja exaltado, sempre Ao exemplo maior que já nos dera

De amar por de tão grande, padecer Perambular a vida toda, sem merecer

As águas traiçoeiras que tragaram Nesse litoral que hoje banha

Tua memória, sonhos, teus amores Tragica vida, quãos dissabores

Nesse instante em que choro, soluço Acabrunhadas letras componho

Gonçalves, salvem os teus dias Ainda uma vez, Adeus.

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Luiz Cordeiro de Melo - Luiz Cordelo423

ACRÓSTICO À GONÇALVES DIASO POETA ANTÔNIO GONÇALVES DIAS

O Poeta Antônio Gonçalves Dias,Patriota que pasma o País em canto.

O Brasil abraçou quem brindou poesias;Em Caxias (Maranhão) eclodiu o encanto:Teatrólogo; atendo-se bem mais a etnias;

Advogado; poeta à elegia, um tanto:

‘Ainda uma vez – Adeus’ foi uma a Ana Amélia. Não desposa Ana honrando a família dela:

Triunfado o racismo, em vez de amor, o pranto; Oh! Ninguém riu! E o poeta partiu pro Rio.

No mesmo ano que à Amélia desistiu, Infeliz e oportunamente esposou

Olímpia: u’elo, que em quatro anos quebrou. Gradativo Gonçalves Dias viveu:

O sobrar da saudade e o faltar à saúde. Num estranho local, em Coimbra, escreveu, Com tristeza, a “Canção do Exílio” em virtude

Às virtudes que havia mais no Solo, o seu! Luso estudo, ok! Tudo o mais era rude:

-Vivo ausente aos meus! ...Deus, longe não morra eu, Em lembrar o Brasil, seu Sabiá..., me mude;

Seu cantar tem melhor pio que o do europeu.

Deus o quis, e fê-lo mudar de “estágio”: “Impelido dum mundo a outro”, em suas viagens:

Adoece; e um naufrágio o flagra frágil; Salva o navi’outros; só não salvou Gonçalves!

CANÇãO DO EX-EXÍLIO Extraído do Salmo 137 (no ápice da poesia hebraica), pelo

contraste e mesmeidade sentimentais à poesia: “Canção do Exílio”, de GONÇALVES DIAS.

Juntos aos rios de Babilônia,onde o canto era chorar;

as harpas que em haste tínhamos não tiniam nada lá.

423 Luiz Cordeiro de Melo (Luiz Cordelo) - Campina Grande – PB – Brasil - 28 de agosto de 1958, admira poesias desde jovem, mas apenas há cinco anos tem se dedicado a escrita de cordéis, inspirado em grandes poetas, como Ronaldo Cunha Lima, poeta paraibano, e o próprio Gonçalves Dias, por isso o contentamento em parti-cipar desta antologia. Dentre suas obras já produzidas, estão: O Guri Davi Engoliu o Grande Golias; O Rei Davi. Contato: [email protected].

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Nosso povo tem estrelasmas não emitiam fulgores;

nossos cantos sem mais vida,na terra dos opressores.

Em cismar: foi humilhanteos caldeus nos pedir lá,

que cantássemos cançõesque pudessem se “alegrar”.*

Minha terra tem valoresque tais não se encontram lá.

Em Sião não tem açoite.- Há prazer em te habitar!Minha terra tem cantoresOnde canto, se sabe, há.

Não permita Deus que vivaquem queria escravizar

de Israel os seus amorese das flores que tem cá.

E que inda botem Babelonde pranto, o sabe, há**

DE OBRAS FARTO EM TEMPOS CURTOS De ter sido o poeta que mais versos deu, Eis verdade se em conta levar o período (Os 41 anos seus). Bem pouco vivido! Brasileiro que à Pátria bem enobreceu. Redatando revista, moveu Romantismo: Alavanca o Indianismo; e o Lirismo ergueu. Sua’obras poéticas nascem no Naturalismo.

Fluentemente escreveu: A MANGUEIRA; A MÃE D’ÁGUA; A VISÃO; O ROMPER D’ALVA; O CANTO DO PIAGA;

RECORDAÇÃO; DEPRECAÇÃO; CANÇÃO; AMOR; TE DEUM; - - DESEJO; A VIRGEM; O TROVADOR; O COMETA; O ORGULHOSO; O OIRO; O DESENGANO;

EPICÉDIO; - - - - - - - - - - - - AMOR! DELÍRIO-ENGANO; MINHA MUSA; SE TE AMO, NÃO SEI!; SONHO; LIRA;

TABIRA (ao Pernambuco) e (ao mundo) outro TABIRA; E - - - SEXTILHAS DE FREI ANTãO; OS TIMBIRAS;

MINHA VIDA E MEUS AMORES; A DUAS AMIGAS; PEDIDO; - - - ANIVERSÁRIO DE UM CASAMENTO; O SOLDADO ESPANHOU; A CRUZ; PASSAMENTO; SE SE MORRE DE AMAR; SOLIDÃO; SOFRIMENTO;

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CONSOLAÇÃO NAS LÁGRIMAS; LEVIANA; U’a série: VISÕES; SONHO; I-jUCA PIRAMA;

ROSA NO MAR; MARABÁ; MIMOSA E BELA; TRISTEZA; - - - - - A HISTÓRIA; SEMPRE ELA;

O CONTO DO ÍNDIO; - - - - - À MORTE PREMATURA; SEUS OLHOS TÃO NEGROS, TÃO BELOS, TÃO PUROS.

ANA AMÉLIA- SEU ENCANTO E AMOR DESESPERADO: O SEU MAL

AO DR. JOÃO DUARTE LISBOA SERRA; N“O TEMPLO”; OS SUSPIROS; À MORTE; MINHA TERRA;

A VILA MALDITA-CIDADE DE DEUS; AS ARTES SÃO IRMÃS; AS DUAS COROAS;

MISERRIMUS; DESTERRO DE UM POBRE VELHO; É! “QUE COISA É UM MINISTRO”; QUE ME

PEDES; LEITO DE FOLHAS VERDES; OLHOS VERDES;

IDÉIA DE DEUS*; AINDA UMA VEZ-ADEUS; A CONCHA E A VIRGEM; O GIGANTE DE PEDRAS;

SEUS OLHOS; PRODÍGIO; QUADRAS DA MINHA VIDA; E - - - - “COMO SE AMA O CALOR E A LUZ QUERIDA”.

Uns Hinos: - - - - A LUA; A NOITE; A TEMPESTADE; E “O PRESBÍTERO”; - - - - O QUE MAIS DÓI NA VIDA; Na “INOCÊNCIA”; A MENDIGA; outro Hino: A TARDE;

CANTO INAUGURAL; CAXIAS; CANÇãO DO EXÍLIO: À língua portuguesa, u’a surpresa!!! - - - - - - - - - “DELÍRIO”;

Não fez: “SEGURA O ÍNDIO LOUCO”, eis ciúmes! TRISTE DO TROVADOR; PALINÓDIA; QUEIXUMES;

O “CANTO DO TAMOIO; CANTO DO GUERREIRO; E “CANTOS”: ÚLTIMOS...; SEGUNDOS...; PRIMEIROS...

A QUEDA DE SATANÁS; - - - - - - - - foi O CIÚME; MEDITAÇÃO; DIES IRAE; - - - COMO TE AMO; O BAILE; FADÁRIO; O PIRATA; - A UNS ANOS;

RETRATAÇÃO; CANTOS (co’os NOVOS CANTOS); DESESPERANÇA; - AGAR NO DESERTO; HARPEJOS;

E “CANÇÃO DE BUG-JARGAL”; SONETO; OS BEIJOS; SE QUERES QUE SONHE; NENIA...; SEI AMAR;

E “MENINA E MOÇA”; e VELHICE E MOCIDADE; SONHO DE VIRGEM; FLOR DE BELEZA; O MAR;

PROTESTO; QUANDO NAS HORAS; SAUDADES;

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E “CAXIAS(1)”; HARMONIA; LIRA QUEBRADA; ROLA; O SONO; A INFÂNCIA; NUVEM DOIRADA;

ANELO; AS FLORES; - - A UM POETA EXILADO; DESALENTO; O MEU SEPULCRO; URGE O TEMPO;

O ANJO DA HARMONIA; NÃO ME DEIXES; ZULMIRA. O HOMEM FORTE; A SUA VOZ; - - - A UMA POETISA.

SE EU FOSSE QUERIDO; A FLOR DO AMOR; A PASTORA; ESPERA; A MORTE É VÁRIA; A BAUNILHA;

U’a DEDICATÓRIA A - - - - - - TEÓFILO LEAL, Mui leal a ele. Hino: À HARMONIA; AO NATAL;

A UM MENINO; SOLÁO DE GONÇALO HENRIQUEZ; LÓA DA PRINCESA SANTA; UM ANJO; AMANHÃ.

AO SEU RESPEITO E ATÉ À MORTE; E TRISTE LUTO: HOMENAGENS

ANGELINA; - - - SAUDADES (À Minha Irmã); Oh! Que versejar: “GULMARE E MUSTAPHÔ---!

SE NÃO QUERES LIGAR-TE COMIGO; ANÁLIA... E outro - - - - - -SONETO (Pensas Tu Bela Anarda...); Um “POR UM AI”; SOBRE O TÚMULO DE UM MENINO...

Resta - CUMPRIMENTO DE UM VOTO... - ; ASSASSINO; E um “ADEUS” - - - - (A Meus Amigos do Maranhão); Suas NOTAS; SOLÁO DO SENHOR REI DÃO JOÃO; PRÓLOGO de Obras Póstumas; - - - - - - - - e à canção: Em LIRA VÁRIA; GUANABARA; outras cito: Inda AMAZONAS; MEMÓRIAS D´AGAPITO... Tem “VINTE ANOS”; A LENDA DO AMAZONAS... O DESCOBRIMENTO DO BRASIL...; fez crônicas. E os DRAMAS...; REFLEXÕES SOBRE ...MARANHÃO. A “Canção Triste” - - - - - - - RESPOSTA `A RELIGIÃO. Tem a - - - - - - - - - VIAGEM PELO RIO AMAZONAS; É “HISTÓRIA PÁTRIA”; O BRASIL E A OCEÂNIA.

As DEDICATÓRIAS...cada qual mais linda. Minha Terra Tem Palmeiras; Amar-te Ainda;

O “Canto Popular”; - A Existência de Deus. Rogos: “Longe da Pátria”; “Basta uma Vez”;

Tem Hino: Ao Brasil; ...Modinha...; Ontem no Baile. E CARTAS...; e “Versos Póstumos” e “Obras Póstumas...”

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Escreve obras teatrais: PATKULL, BOABDIL; Teve ânsia e publicou: LEONOR DE MENDONÇA;

Restrito, não publicou: BEATRIZ CENCI. Inda “A Noiva de Messina” traduziu; e,

Seu - - - - “Dicionário da Língua Tupi”. Trabalho: “A Origem dos Índios de América”. Enquadra em “americana” su’obra poética...

Letrado, alcançou, graças à alma e mão destras, U’acento à Academia Brasileira de Letras;

Trouxe ao Brasil obras de exímios exemplos. Olhou pouco a elogio, dinheiro, ou os templos...

Homem assim por que não recebeu o título: “O Maior Brasileiro De Todos Os Tempos”?

Maior em versos, e diverso, em capítulo; Eloquente e imerso ao popular e erudito.

Não foi rico de bens; foi “pobre de espírito”; Ah! Não há de “ser dele o reino dos céus”?

Gonçalves, se sabe, pelos livros seus, Enaltece a natureza e O que a fez, Deus.

Não admite “Evolução”, sim “Criação”: Sua “Ideia de Deus”, a aprova e dá razão.

Luiz Guilherme Libório Alves da Silva424

SEGUE-SE ABAIXO O DITO POR GONÇALVãO ONTEM À NOITE, UM POEMA-NãO

- Metrifico, tenho de metrificar, se não morro sufocado. Os temas que candidatam-se a poema saem de mim sozinhos se não os escrevo. Eles

pulam dos meus olhos, entopem meus poros, enroscam-me a garganta. Os outros humanos perguntam: “Sente-se bem?”. Não tenho coordenação

nem para negar. Pulo, ofego, bato a mesa, enfio as pálpebras nos dedos; Tenho de metrificar para forçar poemas, tenho de forçar poemas para

alojar minhas ideias sufocantes. Tenho de metrificar.

O SURTO DE GONÇALVES DIAS-Poeta, ouve;

O brilho, a luz que seja, Vinda da lua mesmo apagada

Enquanto acesa Nada mais é que a aresta do real astro reaproveitada.-

424 Luiz Guilherme Libório Alves da Silva - Bebedouro – SP – Brasil - 23/11/1994, estudo Letras na Universidade Federal de Minas Gerais, tendo iniciado meu curso na Universidade Federal de Goiás. moro em Belo Horizonte.

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Espanto.

Estás nas pontas dos pés Sob o arco inesperado da caverna

O vento que encrespa teu rosto Inclinando-te qual pescaria...

De olhos fechados pela claridade Apenas sentindo o calor que emana do sol

Você se sente mal. Sente-se realmente mal

E abandonas o momento

E volta correndo para o escuro Para o bem, para o amor, Desesperado de saber. Verdade:

Verdade nenhuma Foi feita pra poeta.

Luiz Penha Pinós Bissigo 425

CANÇãO DO EXÍLIO Aqui, em Jaguarão não cultuam a tradição;em Porto Alegre, tem de montão.Aqui, em Jaguarão o amor é impuro e sem graça;em Porto Alegre,mesmo retratado num muro,perpetua-se.Aqui, em Jaguarão, que mulheres há para amar,já que, em Porto Alegre,

elas Lá vão estar.Minha saudade de Porto Alegre

está além da compreensão, pois as pessoas, que amo, Lá ficaram.

425 Luiz Penha Pinós Bissigo - Porto Alegre/RS – Brasil - 05 de maio de 1994. Estudante do Ensino Médio do Colé-gio Conhecer, Porto Alegre/RS. Membro Efetivo da Academia de Letras Machado de Assis, Porto Alegre/RS, Ca-deira 49, Patrono: Sousândrade (Joaquim de Sousa Andrade); e, Academia Virtual Sala de Poetas e Escritores, Balneário Camboriú/SC. Integrante dos Projetos Literários “Tabuleiro de xadrez lírico”, 2011; e “Porta copos poéticos”, 2012. Coautor do E-book “Haikais”, postado no site Teia dos Amigos, de Sonia Orsiolli, Sorocaba/SP. E-mail: [email protected]

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M. A. Lima Barata426 - 10 de Agosto de 1872.

POR OCASIãO DA INAUGURAÇãO DA ESTÁTUA EM SãO LUÍS427

Mais um sol se escondeu no fundo oceanoMais uma pérola para o mar voltou;Morreu mais um poeta soberano,Mais uma harpa estalou.

P. de Calaz N.S.

Qual geme Éolo iracundoNas areias do Saara;

Como o troar da pocemaTangida pelo Tupá;

E o eco das ventaniasNo bronco das penedias

- Tal nasceu Gonçalves DiasD’um sopro de Jeová!

Fagulha da inteligênciaTornou-se um facho de luz!

Gênio! Trindade soberbaD’Homero, Dante e Jesus,

Embora tanto sofresseE mão súplice estendesse,Ninguém diz que ele jazesse

Da corrupção nos paúes!

Ergueu-se! Elevou-se tantoQuanto se eleva o condor

Que solta o voo dos AntesE vai pousar no Tabor!E nesse voo arrojado,

Deixa após si consternado,Todo o espaço admirado,

Todo o Atlântico em furor

Moldado para o sublime,Pra grandeza da dicção,

O gênio transpôs do éterA desmedida amplidão!

E aos Alpes que o cortejaramE pasmos, quedos ficaram,

Por seu turno recuaramDas lavas da erudição!

426 Leal, Henriques, Pantheon Maranhense, São Luís, 1874, p 501-503. Poesias compiladas por Weberson Fer-nandes Grizoste - Jauru – MT – Brasil

427 Serve de título.

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Como judeu da legendaVive o bardo a caminhar

Mas este aonde chegasseTinha um pouso a descansar!

Aos gênios tal acontece;E se o vulto desparece,Nunca a memória fenece;

O mármore fá-la lembrar!

Quando seu ninho maternoBuscava o triste antor,

Leve fez da linda CoemaFlor de b’leza e luz do amor,

Abre-se um mar de safiras,E ao som das celestes liras,Mago Tupã dos TimbirasD’a su’alma ao criador.

Não pode descer à terraUm ente que vem dos céus!

Sete palmos de terrenoNão podem conter um Deus!

Quem por berço teve o mundo,Por nome um séc’lo fecundo,

Só pode dormir no fundoDo leito dos Prometeus!

Para viver respeitadoDo templo p’la grande mó,Deus! estuário do gênioNunca o soterra do pó!Tal fez ao rei dos talentos!Mais rijo que os elementos,Maior que mil monumentosDeu-lhe um nome, um nome só.

Mas deveis sempre orgulhar-vosÓ filhos do Maranhão

Dos atos que praticardesComo este – do coração;

Pois ao Deus das harmonias,Ao gênio das melodias…

Pagais a Gonçalves DiasUm penhor de gratidão!

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Madalena Müller428

AFASTADOS OS CORPOS, UM DIA AS ALMAS SE ENCONTRAMUm dia no Maranhão nascera um garotinho

chamado Gonçalves Diasde uma união não oficializada,

de um portugues docemente atrevidoe uma mestiça que fora amada...

... menino de face intrigantecom a miscigenação em seu corpo estampada,

dando-lhe um divino charmefrente a sua figura formada...

... uniões que não são sacramentadaspelo terrível preconceito,

seja pela cor, raça, idade ou situação financeirae onde levando o amor distante de seu leito...

... o fruto das noites nem tão dormidasfora estudar na origem do Pai, em sua terra Natal,

sendo que pequeno sua doutrina fora no Brasile jovenzinho fora-se para Portugal...

... tão logo seu curso de Artes no secundário concluirae distante em Direito fora formado,

mal sabia que seu coração românticode seu amor seria isolado.

Não adiantou a astucia de caixeironem a perspicácia na escrituração,na experiência da loja de seus Pais

levou em sua viagem ele em seu coração...

... foi-se para a terra de origem do Paie aí concluíra sua secundária educação,

e a III formação, sendo no período inicialaté a sua formatura escrevera a divina canção...

... no exílio de seus pensamentosonde fez a divina união entre consoante e vogal,

dando um toque supremoa minha e também dele terra Natal...

428 Madalena Müller -Rio Grande do Sul – Brasil - 13.01.1961. Sou empresária, fiz muitos cursos e que uso o co-nhecimento no decorrer dos dias, por muito exerci minha função como estilista de moda e do ateliê mantive um sorriso constante a cada obra, no decorrer das entrelinhas da vida tivera que optar pelo outro caminho que meu Y apresentou... serei uma eterna estudante, a indisciplina de situações que nos são colocadas fa-zem-me sempre retornar numa disciplina diferente, penso que serei uma eterna estudante... tal qual o povo do Maranhão, que mantém as graças na alegria e na esperança do sorriso... em sua bandeira estampa minhas cores preferidas junto ao infinito do céu!!!

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... desde quando conheço as escritase ouço o som do sabiá ha cantar,

já vejo-me dançando dentre as palmeiras e sorriosentindo meu corpo/mente ao meio movimentar...

... já vejo o céu estreladoe as flores por todos os caminhos,

sinto o verde da esperança florindoe a brisa envolvente fazendo-me carinhos...

... eis que os amigos foram-lhe presentesauxiliando-o até que tivesse sua graduação,

pudera pela força da suave canção entrar no veio literáriosendo considerado o principal poeta romântico da geração...

... tivera poemas considerados imoraise na época foram barrados pela hipocrisia,entre os primeiros cantos lançados

conheceu a mulher que para sempre amaria...

... teve aulas de francês, latim e filosofiacom o direito esquecido fora jornalista e professor,

fundou o jornal literário “Guanabara”e não soubera persistir para buscar seu amor...

... com a negativa dos Pais de Ana Améliacom a moça Olímpia fora casar,tão logo liberto da aliançapudera com sua Ana encontrar...

... ela casara por vingança com outroe deserdada por sua família que também não o aprovou,foram-se para terra distantee perseguidos seu estabelecimento comercial quebrou...

... seu primeiro marido falecerae ela tivera a segunda união formada,

pudera ter a graça de um filhoem sua vida agregada...

... Dias novamente tentou,ela não aceitara a declamação de seu poema

e o pedido ficara retido no desejo de sua inocência,desengano que deu-lhe muita tristeza

ao dado adeus de seu amor ficando-o na abstinência...... o orgulhoso menino que deixara de ladoperpetuou no templo sua altivez,ainda, mais uma vez – adeuse seu amor não teria mais uma vez...

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... desolado a doença da hepatite toma-lhee em terra distante tenta se curar,

em seu retorno tal quais seus olhos verdesnaufragara no fundo do mar...

... quando seu corpo imobilizadoa sua alma tivera o acalento reconhecido,

sua amada fez-se presentedizendo que nunca lhe tinha esquecido...

... Ana novamente surge, dentro do teatrosob aplausos e num choro profundo ao léu,

a esperança que tinha nosso Diasfez-se presente junto ha ele no caminho do céu.

Situação idêntica que em minha família acontecerae sou fruto do Chrystian que de seu verdadeiro pai fora

afastado,deste nunca tomara conhecimento

e no passar dos tempos sabe-se o porquê de um chapéu ao nosso lado...

... na vida nada para sempre fica ocultoe o Amor numa outra com certeza será perpetuado,

não existe força que tirem-lhe para semprea alma gêmea de seu lado!!!

Maiara Gonçalves de Oliveira429

SAUDADESGonçalves Dias

Tão bonito dizia,Com seus poemas românticos,Qualquer flor seca renascia.

Gonçalves Dias adorava onde vivia;Lá ele era feliz, lá ele gostava do canto do sabiá

E assim conquistou muitas coisas por lá.

Gostava da selva, do campo, das flores,Um homem apaixonado,

Com olhar alegre, cheio de amor,Gonçalves Dias, um brasileiro de coragem,

Gonçalves Dias, um homem que deixou saudades.

429 Maiara Gonçalves de Oliveira - Teresópolis – RJ - Brasil - 25/01/1998, poetaluna do 9.º Ano da E. M. Alcino Francisco da Silva, em Teresópolis/RJ, e já possui poemas publicados no blog “Palavras do Coração”, do poeta-migo Geovane Alves dos Reis. Professor orientador: Carlos Brunno S. Barbosa

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Manoel Alexandre de Santana Sobrinho – Manoel Sobrinho430

A MORTE DE GONÇALVES DIAS431

Que adiantava ficar na velha Euriopa, se eraInútil procurar prender no peito a vida,

Que, ansiosa de habitar mais arejada esfera,Breve diria ao poeta o adeus da despedida?

Ela, que anima num ser, às vezes repelente,Um século, ainda cedo ia a plimagem fina

Bater deixando inerte insigne doente,Assim como se deixa um palacete em ruína...

Já não podia o bom clima do velho mundoLenitivo trazer em seu tormento, ao poeta,Que expressava no olhar, nostálgico e profundo,A tragédia da sua dor secreta...

E a Pátria? Ah! Não morrer, nunca, diante dela,Quem tanto se esforçou pela grandeza sua!

E logo, afoitamente, uma enfunada velaPos sobre os vagalhões marítimos flutua...

O vento sopra, o mar espuma, o barco avança,Ao ritmo das canções rudes da marujada,Levando quem só nute, agora, uma esperança:Ver o risonho céu da Pátria suspirada.

Pensar em ver a terra onde, ao calor da vida,Escustara de amor, suave, a primeira jura,Leva o poeta a esquecer sua mortal ferida E a sentir-se feliz dentro do mal sem cura...

Pejados de incertza e de aborrecimento,Moroso e comuns, vão desfilando os dias,

Enquanto, ora contrária, ora a favor do vento,Vai devorando a nau léguas de ondas bravias...

IIAmplo e formoso céu, norte de Pindorama!

Horizontes de anil, praias de areia solta;Revoada de guarás, currais de pesca, o drama

Das igaras, além, contra a maré revolta.

430 Manoel Sobrinho - Manoel Alexandre de Santana Sobrinho - São Francisco do Maranhão – Brasil - 04 de ja-neiro de 1897. Poeta. Titular da Cadeira 19, patroneada por Teofilo Dias, na Academia maranhense de Letras. Bibliografia: Hora Iluminada (Rio, 1948); Pétalas e farpas

431 RAMOS, Clovis. ROTEIRO LITERÁRIO DO MARANHÃO – Neoclássicos e Romanticos. Niteroi: Clovis Ramos, 2001, p. 311-313, Poesia compilada por Leopoldo Gil Dulcio Vaz – Curitiba – PR – Brasil – 1952; Instituto His-tórico e Geográfico do Maranhão; Universidade Estadual do Maranhão

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Ilhas, verdes painéis, rochas e ribanceiras,Alvas garças ao longe, em silencioso idílio...

Leque espalmando ao vento, às margens, as palmeirasDenairosas da selva e da “Canção do Exílio”.

O barco, a doideja, busca no leme apoio,Esaiando um bordejo em direção da terra,

E do altivo cantor do Piaga e do TamoioO olhar perscrutador pelas paisagens erra...

Sente, ele, ao contemplar o seu torrão já perto,A alegria feliz que há nas aves canoras,

E cheio de emoção, chora sorrindo, certoDe pisá-lo outra vez, dentro de algumas horas...

IIIQue favores o poeta ainda esperar podia

Da vida a iluminar-lhe as horas derradeiras?A fronte repousar, ela que em febre ardia,

No seio maternal da terra das Palmeiras.

Mas... o destino e o mar resolveram, num convenio,Desastrado ou infeliz (ninguém ao certo sabe)Que é humilhante demais para tamanho gênio,Dar-lhe a morte comum que a toda gente cabe.

E nisto, se levanta uma onda crespa e afoita,Dos ventos estivais ao ríspido assobio,

E logo a embarcação desequilibra e açoita,Lançando-a, rudemente, à ponta de uma baixio.

Aumenta e recrudesce o revolver oceânico,Pende outra vez para a corrente funda,

Enquanto, a provocar o desespero e o pânico,A água o enorme porão do velho barco inunda.

Pelo convés, coxia e camarote, aos tombos,Anda gente a correr, doida, sem paradeiro

Vendo beber o mar, pelos tremendos rombos,Numa avidez estranha, o úmido veleiro.

Galopam vagalhões em repetidas rondas,Ameaçadoramente, em volta do navio;

Das criaturas que vão quase a imergir nas ondas,Mais que tudo comove o inútil vozerio...

Em meio às afliçõe daquela gente inquieta,Que se apavora ouvindo o uivo do mar profundo,

Ergue, serenament, a altiva fronte, o poeta,Para mandar o seu ultimo adeus ao mundo.

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Lança o régio cantor das tribos brasileirasÀ terra um doce olhar, sem laivo algums de mágoas;

Sorri, fitado ao longe o vulto das palmeiras,E... some-se depois no turbuilhão das águas!

Manoel Bezerra

MISTURA NATIVADo cruzamento das raças,

Nasceste mestiçoE te fizeste poeta híbrido

De sangue português-índio,- teus pais!

A natureza bela,- Caxias, matas dos jatobás!Foi o teu berço de origem,Terras de palmeiras e sabiás,

Que retratasteNa singeleza nativa

A canção do exílio,Saudosíssimo do teu lar!

Manoel de Páscoa Medeiros Teixeira – Professor Passarinho432

CANÇãO AO POETA: A CRÍTICA CULTURAL HOMENAGEM A GONÇALVES DIASSe, se tu voltasses, poetanão saberias rimarporque acabaram as belezas da terra do sabiá.

Existem poucas palmeiras,alguns sabiás a cantar...na mata da Boa Vista,

poucos pés de jatobá.

As nossas palmeiras bonitassão devastadas no chãopor invasores estranhos

na terra do Maranhão.

Eu sinto a dor e a tristezadaquele verde acabado,

as matas viraram desertose os índios abandonados.

432 Manoel De Páscoa Medeiros Teixeira - Olinda – PE - Brasil. Popularmente conhecido como Professor Passinho. É poeta, autor de lendas, filósofo e teólogo. O grande educador de Caxias-MA é membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Caxias (IHGC) e membro fundador da Academia Sertaneja de Letras, Educação.

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o poeta dizia, em sua canção centenária,

que os nossos bosques têm vida...hoje não existe mais nada.

Só resta apenas, poeta,o céu infinito do além...

porque a maldade dos homensnão alcançaram também.

Está tudo danificado,

desrespeitaram a cultura;não conservaram o passado

nem a riqueza da nossa história.

Agora suplico a força da divina proteção!descansa em paz, alma poética...

(nas águas lindas e pardas do mar)meu velho indianista da mata da Boa Vista,

poeta nacional, o líder imortal Antônio Gonçalves Dias.

Manoel Lúcio de Medeiros - Malume433

TRIBUTO A ANTONIO GONÇALVES DIAS.Um poeta brasileiro de cultura,

Estudou francês, latim, filosofia,Foi também formado em advocacia,

Conhecido por sua grande bravura!

Foi um grande professor e jornalista,Lecionando a cadeira de latim,

Homem de uma cultura sem ter fim,Dos poemas, foi um grande sonetista!

Ao Antônio deixo, pois, o meu tributo,

Um poeta de uma forte inspiração,Hoje o mundo inteiro sente o seu fruto!

Lembraremos para sempre tua imagem,

À cultura, deixaste grande bagagem,Para todos, um acervo absoluto!

433 Manoel Lúcio de Medeiros – Malume - Fortaleza – Ce – Brasil. Graduou-se em Pedagogia pela Universidade Estadual do Ceará, (UECE) e fez pós-graduação em Pedagogia pela Universidade Estadual Vale do Acaraú. É Bacharel e Mestre em teologia pela Faculdade de Teologia Filadélfia, em Recife-PE. Já escreveu mais de 2000 sonetos e poemas.

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LEMBRANÇAS DE ANTONIO GONÇALVES DIAS.Ele nasceu no sitio Boa Vista,

Nas terras lindas do meu Jatobá,Este poeta que veio de lá,

Trouxe a letra que a todos conquista! Atuou no teatro do Brasil,

Amante do francês e do latim,Um grande jornalista foi, enfim,

Exemplo de cultura juvenil!

Da pátria, mergulhado na saudade,Sofreu no coração a nostalgia,

Mostrando em versos o seu romantismo! Sentindo de sua terra ansiedade,Nos mares volta com toda alegria,Mas um naufrágio o leva ao abismo!

ADEUS POETA ANTONIO GONÇALVES DIAS.A saudade já batia no teu peito,

Por morares tão longe da tua nação,Nostalgias te cercavam o coração,

Só o retorno te deixava satisfeito! Com teu sonho a brotar à flor da pele,No navio tu regressas pelo mar,Mas as águas que te fazem naufragar,Traçam tua vida num destino imbele! O teu corpo entre ondas foi perdido,Mas em glória, foi teu verso transferido,A lembrança de brilhar cada nação! Hoje este meu poema te ofereço,Meu poeta, oh, quão alto foi o preço,

Que pagaste pra deixar tua lição!

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Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho - Manuel Bandeira434

O NOME EM SI435

Antônio, filho de JOÃO MANUEL GONÇALVES DIAS e VICÊNCIA MENDES FERREIRA

ANTÔNIO MENDES FERREIRA GONÇALVES DIASANTONIO FERREIRA GONÇALVES DIAS

GONÇALVES DUTRA GONÇALVES DANTAS GONÇALVES DIAS

GONÇALVES GONÇALVES GONÇALVES GONÇALVES DIAS DIAS DIAS DIAS DIAS DIAS GONÇALVES DIAS GONÇALVES

GONÇALVES DIAS & CIA GONÇALVES DIAS & CIA Dr. ANTÔNIO GONÇALVES DIAS EREMILDO

GONÇALVES DIAS AUGUSTO GONSALVES DIAS Ilmo. e Exmo. Sr. AUGUSTO GONÇALVES DIAS GONÇALVES DIAS DIAS GONÇALVES GONÇALVES DIAS

Manuela Ferreira436

O POETA VISTO DE CÁDaqui te levaram ainda quimera,

E tu não eras mais que o desejado.Atravessaste o mar, o outro lado;Brotaste longe, nós à tua espera.

Havias de voltar, estava escritoNas linhas do destino que trazias.

Tu, Grande Poeta, Gonçalves Dias,Cravaste longe as unhas do teu grito.

434 Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho (Recife, 19 de abril de 1886 — Rio de Janeiro, 13 de outubro de 1968) foi um poeta, crítico literário e de arte, professor de literatura e tradutor brasileiro. Considera-se que Bandeira faça parte da geração de 22 da literatura moderna brasileira, sendo seu poema Os Sapos o abre-alas da Semana de Arte Moderna de 1922. Juntamente com escritores como João Cabral de Melo Neto, Paulo Freire, Gilberto Freyre, Nélson Rodrigues, Carlos Pena Filho e Osman Lins, entre outros, representa a produção literária do estado de Pernambuco.

435 Fonte: Estrela da Vida inteira de Manuel Bandeira – Compilador: Weberson Fernandes Grizoste436 Manuela Ferreira - Ponte de Lima, Portugal - 26 de dezembro de 1968. Os textos que, muito recentemente,

escrevo podem ser lidos no meu blogue -mais1poema.blogspot.com- e em várias antologias portuguesas e brasileiras. Recebi uma menção honrosa no concurso literário promovido pele APPACDM de Setúbal.

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De cá ouvimos, vaidosos, a tua voz.Eram tantos a cantar-te, um mar de gente.

E tu voltaste cingido na torrente,Para espalhares o canto entre nós.

Depois partiste a voar, talvez fosse isso,Para a terra onde o amor te enfeitiçou.

Tu bem sopraste a chama que apagou,De nada te valeu, eras mestiço.

Ai, meu Poeta, quanta sorteTe faltou no amor e até na vida!

Chegaste e já estavas de partida.Que cruel aquele mar, aquela morte!

Marcelo de Oliveira Souza437

MINHA TERRA Minha terra não tem palmeiras,

Nem sabiá Quanto mais canto!

Diferente do meu amigoGonçalves,

Não tem aves que gorjeiam, Ninguém sabe o que tem lá. Nosso céu é todo escuro, Não tem várzeas e flores Não tem bosques, nem vida É tudo um só obscuro. De ficar sozinho à noite É sempre um contínuo cá, Mas é pior ficar lá, Onde não tem canto,

Quem dirá sabiá.

Não permita Deus que eu volte lá Quando eu morrer, é melhor morrer cá

Não desfruto de amores, Quem dirá lá!

437 Marcelo de Oliveira Souza – Rio de Janeiro – Brasil. Professor de Língua Portuguesa, formado na Universida-de Católica do Salvador. Pós-graduado pela Faculdade Visconde de Cairu com convênio com a APLB/UNEB; Membro titular do Clube dos Escritores de Piracicaba; da Academia Cabista de Letras, Artes e Ciências; da União Brasileira dos Escritores; da confraria de Artistas e Poetas pela Paz – CAPPAZ; da Associação Poetas Del Mundo; Organizador do Concurso Literário Anual POESIAS SEM FRONTEIRAS. Blog: http://marceloescritor2.blogspot.com Site: www.poesiassemfronteiras.no.comunidades.net

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Marcelo Moreira438

DIVERSOS CANTOSSão os primeiros cantos

Voz do povo brasileiroFoi poeta, foi caixeiro

As memórias de um professorDe um jornalista estrangeiro

Nascido na Boa VistaDe histórias e sextilhas

São também segundos contosAfogado em romantismoNo deleito e no pranto

São diversas poesiasPor aqui Gonçalves Dias

Declamou os últimos cantos

Márcia da Silva Sousa439

O MAR E O POETA (por ocasião de sua morte)Retorna o poeta saudoso

Ao chão de seus encantosPara outra vez contemplar

Nas palmeiras mais dolentesCantando, o seu sabiá

Que saudades sentiu do seu canto!Quantas vezes correu o seu pranto!

E mirando o horizonte pensava Em voltar à sua terra amada

“Não permita Deus que eu morra, sem que volte para lá!”Voltava enfim ao seu seio

Corpo abalado, espírito em risteTerra amada tão querida

Que aguardava seu filhoTão ilustre quanto triste

“Mas quis o fado inimigo”Para si o tal poeta

Revolto o mar, a nau sacodeImpedindo o aportar

E quando tudo se acalmaO mar, o vento, a tormenta

Procura-se o poeta

438 Marcelo Moreira – Salvador, Bahia – Brasil - 5 de Maio de 1982. Formado pela Universidade Católica do Salva-dor em Administração. É Produtor Cultural, Poeta Contemporâneo, Artista livre de padrão.

439 Márcia Sousa - Márcia da Silva Sousa. Belém-PA – Brasil - 22/06/1968. Reside em São Luís -MA desde 1979, considera-se maranhense de coração. Médica ginecologista e obstetra, mestre em Ciências da Saúde, mem-bro da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores . Poemas publicados na coletânea “Sobre o Amor” SOBRA-MES (MA).

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Buscando-o em vão Se foi, descansar no mar

E por amar assim demasiadoNão coube em todo mar seu coração

Tornou-se então encantadoSob seu céu estreladoNas costas do Maranhão!

Marcia de Oliveira Gomes440

DIAS DE INSPIRAÇãODias de Brasil primoroso,

Exaltado em versos verde-amarelos.Ah, as palmeiras, o céu, as várzeas, o sabiá...Que prazer se encontrará longe do lar?

Dias de guerreiros valentes,Moldados na vida, luta renhida.

Da honra e façanhas da tribo TupiQue ninguém duvide, meninos, eu vi.

Dias de amor desmedido,paradoxal, intenso, precioso, febril...

Na lírica, o coração rasgadoE, às almas sensíveis, ofertado.

Alicerce da poesia brasileira,Que o mundo reverencie o seu legado.Pois Dias de inspiração, Fez-se grande ao agigantar sua nação.

Márcia Etelli Coelho441

DERRADEIRO EXÍLIONesse meu último canto

com a Pátria tão distante,não encontro mais palmeiras.Sou um Dias soluçante.

440 Marcia de Oliveira Gomes - Rio de Janeiro, Brasil - 05 de outubro de 1979 doutora em Língua Portuguesa pela UERJ e professora da rede estadual. Em sua jornada literária, figuram a publicação de contos e minicontos em antologias e a conquista de prêmios literários, dentre os quais se destacam o 1° lugar no Prêmio Literário Teixeira e Sousa, em 2011, e no Concurso Nacional de Contos “Laertes Larocca”, em 2012.

441 Márcia Etelli Coelho - São Paulo – SP – Brasil – 3 de maio de 1955. É médica formada pela Escola Paulista de Medicina em 1979 e membro da diretoria da SOBRAMES (Sociedade Brasileira de Médicos Escritores). Ocupa a cadeira 34 da ABRAMES (Academia Brasileira de Médicos Escritores). Autora dos livros: “Andarilho - Em Bus-ca de se Encontrar”, “Rastros na Areia”, “Corpo Espelho D´Alma”, “Os Apóstolos do Zodíaco” e “Entre o Laço e os Nós”. E-mail: [email protected]

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Sabiá não canta mais,está triste sem seu ninho.

As estrelas se esconderame eu fiquei bem mais sozinho.

Essas várzeas não têm flores,esses bosques não têm vida.

Onde estão os meus amores?Se perderam na partida...

Hoje eu choro em presença da morte,em presença de estranhos chorei,

relembrando os primores de outrora,em minha alma, ainda uma vez, adeus...

PRIMEIRA POESIAA primeira poesia que eu li?

Gonçalves Dias:Canção do Exílio.

Na época, criança urbana,ainda não conhecia palmeiras

e nunca ouvira um sabiá.Mas já entendia de cores

e também de alguns amores,chamego de mãe e de pai.

Só não sabia das doresquando a saudade em açoite

insiste em nos castigar.

Passados muitos anosconheci outros países,

comprovei não haver encantomaior do que o nosso lar.

As perdas causaram danos.Distância venceu a ilusão.

Os versos, bem mais sentidos,fizeram minha alma chorar.

Um detalhe, porém, persiste,chega até a me inquietar.

Apesar de tantas vivênciascontinuo sendo urbana

e eu ainda não reconheçoo som de um sabiá.

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COMPANHEIROMinha terra tem um poeta

que retrata muito bemas alegrias e as dores

de quem sonha assim como eu.

No exílio, a eterna saudadedo encanto de um sabiá,

da sombra de uma palmeira,das ondas calmas do mar.

De noite eu vejo as estrelas.De Dias releio a “Canção”.

Os versos revelam o que eu sintoe abrandam minha solidão.

Enquanto espero o regressoGonçalves é meu companheiro.

Com ele resgato a dádivade sempre ser brasileiro.

Márcio Dison442

OBRA DE ARTEAssobio sabiátravessia perversaem deserto de palavras.

Frágil beija-florcapturo pólenem labirinto de frases.

De sua majestaderealizo a realeza

imitando realejo.E partilho a leveza

do colibri , o beijo.

Assobio sabiáfrágil beija-flor.

Desenho, saíra pintor,um tiê-sangueem natureza morta.

442 Márcio Dison - Porto União/SC – Brasil - 25 de fevereiro de 1962. Escreve desde os 6 anos, quando venceu concurso sobre o Dia da Ave. Participou de diversas coletâneas e antologias e obteve em 2011 o Prêmio Fer-nanda de Castro de Poesias, da Confraria Brasil/Portugal. Menção Honrosa do Prêmio Lila Ripoll/RS, lançou em 2012 Poesia(enterrada)Viva,edição do autor. Mora na Ilha de Santa Catarina e prepara o lançamento do livro Banquete de Palavras.

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Márcio Moraes443

CANÇãO AO TIMBIRAcanção de um exílio do índio timbira

um canto guerreiro da tribo sombriaé o canto piaga da sua nação

tupã poderoso retira esta embirada musa cativa que não é mais minha

estrela do mar leviana canção

delírio das trevas do índio valentemeu deus sofrimento do bravo pungente

a escrava do congo com sangue lhe cinge os olhos da vida de uma alma clemente

nas quadras do amor sua voz canto ardente na lajem dos mortos de fraco então finge

mas hinos terríveis da rosa do mardonzela suspira vestida de ar

ideia de deus como um raio lhe veiotoar novos cantos e nunca deixar

que rola esponsal ante deus a clamara morte de amor do timbira guerreiro

os últimos cantos de pedra gigantedo leito de folhas jatir além cante

i-juca-pirama se torna eu vie só marabá verdes olhos encante

nos túmulos deixa saudades levanteda taba o timbira que vence o tupi

Marco Aurélio Baggio444

DE MINAS AO MARANHãOOh! As minhas Minas

E os meus GeraisEstado duplo,

443 Márcio Moraes - Montes Claros – MG - Brasil – 9 de julho de 1983. Professor de Literatura e Português. Partici-pante ativo do Salão Nacional de Poesias Psiu Poético em Montes Claros, sendo um dos poetas homenageados em 2008. Autor dos livros de poemas Genuíno (2007), Via Crucis (2009) e assim alado (2011). Possui trabalhos publicados em Coletâneas e Antologias do Psiu Poético, Belô Poético, Poetas de Todos os Cantos, Faces Con-temporâneas da Poesia Brasileira, entre outras. Além de poeta, Márcio Moraes também é músico.

444 Marco Aurélio Baggio – Belo Horizonte, MG – Brasil - 8 de março de 1943. Médico, É psiquiatra, psicanalista e psicoterapeuta, publica regularmente em revistas e periódicos especializados, no Brasil e no exterior, ocupa a Cadeira nº 96 da Academia Mineira de Medicina, ainda a Cadeira nº 27 da Academia Brasileira de Médicos Escritores – Abrames – no Rio de Janeiro, É detentor da Cadeira nº 10 do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais Ex-presidente da Arcádia de Minas Gerais. É membro do Instituto Mineiro de História da Medi-cina e da União Brasileira de Escritores, do Rio de Janeiro. Presidente da Sobrames Nacional. Cônsul da Real Academia de Letras de Porto Alegre. Membro da Academia de Letras do Brasil. Honorário da Sociedade Eça de Queiroz, do Rio de Janeiro. Telefone: (31) 3337-64-79 E-mail: [email protected]

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Uno, múltiplo.Me lembra o canto de inserção

De Antônio Gonçalves Dias.

Integrado pelo GrandeE pelo São FranciscoCorrendo ao longo do Espinhaço

Que dá ouro, diamantes, gemas e cristaisDe onde escorre o minério

De ferro para abastecer o mundo.

Minha terra tem ipêsQue aqui florescem como

Em nenhum outro lugarTem palmeiras e buritisLequeleando em escoltaAs veredas,caixas d’água do Brasil.

Minha terra tem pássarosE passarinhos – sabiás,

Bem-te-vi, manuelzinho da croaTico-tico pirulitando no fubá

Seriema com seu canto tristeE mãe-da-lua piando pela madrugada.Minas Gerais tem belos horizontes que ao cair da tarde deslumbram anunciando o céu de estrelas onde pontifica o Cruzeiro do Sul. Minha terra tem águas virtuosas,Jesuânia, Araxá, Cambuquira, Caxambu,São Lourenço, Lambari, Águas Santas.

Minas tem suas gentes,mineirinho capiau, mineiro citadino,

mineirão de definição desempatada.Mineirices e mineiridades.

Minha terra tem primoresSete vilas do ouro

854 localidadesonde se caldeia um povo índio,negro, branco, amarelo,

mestiço, mulato, cafuzo,onde resplande a liberdadee o modo soturno e correto de ser.

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Minas terra meu tesouroSerras que vão destapando outras serras

Em sutis tonalidades de azulNela descortinando belos horizontes

De sol, de relevo, de anis.

Minas são muitas,coração aurífero da

América do Sul.

Marco Aurélio Maurer Dalla VecchiA445

CANÇãO DO EXÍLIOPorto Alegre, minha cidade,

tem o Laçador; Rio de Janeiro, tem o Cristo Redentor.

Tanto aqui como lá, há o Calçadão de Ipanema.

Aqui, o Guaíba; lá, o mar.Aqui, a bebida preferida é o chimarrão;

lá, o chopp gelado.Aqui, tem o melhor o churrasco;

lá, o linguado não pode faltar. Aqui, a seriedade do gaúcho

chama a atenção; lá, a descontração do carioca.

Aqui, o sucesso da Calçada da Fama; lá, o glamour do Leblon.

Aqui, o verde da natureza; lá, o azul do mar.

Entre o lá e o aqui, fico com o aqui,pois amo a minha Porto Alegre.

Marco Aurélio Sousa Mendes446

CANÇãO DO EXÍLIO DO SÉCULO XXIPalmares, como de minha terra,

não há em nenhum canto.Os sabiás, que aqui gorjeiam,

cantam o som de Ubirajara.

445 Marco Aurélio Maurer Dalla VecchiA - Bento Gonçalves/RS – Brasil - 14 de janeiro de 1998. Reside há 10 anos, em Porto Alegre/RS. Estudante do Ensino Fundamental do Colégio Conhecer, Porto Alegre/RS. Integrante do Projeto “Imagens e Textos construindo Histórias e Versos”: “Banners Poéticos”, 2012. Curte desenhar e pintar. E-mail: [email protected]

446 Marco Aurélio Sousa Mendes - São Paulo – Brasil - 06 de Dezembro de 1994. Humilde aprendiz filosófico de poeta, assim me defino. Atua no meio literário com o pseudônimo de Aurélio Mendes. Atualmente cursa direito na Universidade Federal de Uberlândia. Possui já 1 livro publicado, uma coletânea de contos chamada ‘Pensamentos Singulares’. Mantem também um blog literário no endereço http://devumi.tumblr.com/

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Mas tempo bom que Airumãdizia ainda no Abanheém:

Palmares, como de minha terra,não há em nenhum canto...

nem mesmo mais aqui.Os sabiás, que aqui gorjeavam em tupi,Agora cantarolam no ‘to be’.

Nessa bossa nova rogo a Deuspara que pelo menos,

o samba não vire rocke Drummond não fique pop.

Marcos Paulo de Oliveira Santos 447

ODE AO ÍNCLITO POETAFruto profícuo da mestiçagem.

Arauto do mais nobre indianismo. Poeta de expressiva bagagem.

Quis esposar-se, mas foi vítima do racismo!

Desiludido, desencantado...Caminhou registrando o país.

Atormentado, vituperadoMergulhou nas letras; nova diretriz!

Ana Amélia, falena sedutora e irresistível,outros rumos a vida lhe reservou.Ele, etnógrafo, poeta, teatrólogo irretorquível,sua alma o imenso mar levou!

O oceano não apagou o talento,nem os versos das pautas régias.Sua obra perdura no tempoe comove as almas egrégias.

447 Marcos Paulo de Oliveira Santos - Brasília, DF - Brasil - 18 de dezembro de 1984, É licenciado em Letras-Portu-guês e Respectiva Literatura pela UnB. É licenciado em Educação Física pela UCB. É especialista em Docência do Ensino Superior pela UGF. É mestre em Educação Física. Venceu o I Concurso Literário do Curso de Educa-ção Física da UCB; Foi 2° lugar do I Concurso Literário do Sistema CONFEF-CREF´s; Teve uma poesia selecionada e publicada no Concurso Poetas da Cidade (SESI-DF).

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Marcos Rodríguez Leija448

EVOCACIÓN AL CANTO DE GONÇALVES DIAS - CANTO A GONÇALVES DIAS

Recibe este canto Gonçalves Dias de tambores y zumbido de palmeras

para que el dolor que un día hizo surcos las entrañas no llueva más, jamás, ni inunde el alma del poeta;

pido que no florezca la semilla del exilio la peor en todos los infiernos para quien ama y canta

como tú cantabas y le cantas a tu tierra. Recibe este canto Gonçalves Dias

desde el suelo que habito y donde crece la raíz del árbol, el fruto de la palabra, el aire que nos une,

ese canto de tambores con zumbido de palmeras que hace que el dolor que un día hizo surcos las entrañas

no llueva más, jamás, ni inunde el alma del poeta.

CAMINANTE(S) DEL MISMO DESEOQué suerte tengo de encontrar en el camino

las huellas de alguien que recorrió el mismo deseo, no sé si llegaste o si llegaré algún día al horizonte

pero al igual que tú dejaré mis huellas para el que viene y busca a esa mujer que lo siga por la amplitud del aire.

Por eso hundo mis pasos en esta corta ruta antes que la muerte atraque mi deseo de hallar un amor igual al mío

como tú también un día lo deseaste. Y repito, Gonçalves Dias, tu invocación:

¡Permite, Dios, que en esta tierra encuentre una mujer, un ángel, la obra tuya

que sienta como yo! No sé si llegaré algún día al horizonte pero sigo el camino,

caminante, poeta, amigo del mismo deseo que buscaba como yo ahora busco

a una mujer que me siga por la amplitud del aire.

SOBRE ADIOSES COMO UNA BALA EN EL AIREQuien se atrevió a arrancarte el amor a dentelladas jamás te vio los ojos del alma.

Yo he sufrido de amor, Gonçalvez Dias pero no en la dimensión del desprecio

por mi sangre, por mi raza. Bendito sea tu origen, la raíz que hizo crecer

al poema en la ramificación de tus palabras donde el amor es una luz que anida, que canta.

448 Marcos Rodríguez Leija - Nuevo Laredo, Tamaulipas – MéxICO - 1973. Desarrolla su trabajo en periodismo, literatura, música y fotografía. Forma parte del Diccionario de Escritores Mexicanos del Siglo XX publicado por la UNAM. Correo-e: [email protected]

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ESE RUMOR qUE VIENE DEL MAREse rumor que proviene del mar

es tu voz cantándole a tu tierra, a Maranhão, al sabiá y a tu ritmo

se mueven las palmeras en los bajíos de Atins. El Ville de Boulogne se ve

en los espejismos de la tarde de la costa brasileña y tú a lo lejos cantándole

a Caixas, a los bosques, a la vida, a tus amores, a los amores que uno sueña.

Tu canto viaja en la eternidad del aire ¡y no nos dejas, no! te quedaste

en la inmensidad del mar guerrero de la palabra, voz del indio tupí que se expande en la amazonia tus palabras corren con la brisa como un paisaje. El Ville de Boulogne se ve en los espejismos de la tarde de la costa brasileña

y tú a lo lejos cantándole a Caixas, a los bosques, a la vida, a los amores que uno sueña.

DE LA TRISTEZA TAMBIÉN NACE UN CANTODe amor yo tampoco sé

y de mis tristezas también nace un canto estos cantos que te canto sintiéndome caminante de los mismos caminos y quebrantos. Tampoco me importa la gloria ni la moda ni la retórica cuando el dolor es la tinta de la que mejor florece el poema y eso lo aprendí al leerte poeta universal de la evocación, de la melancolía y la nostalgia, poeta que le cantas a la vida, a la soledad hiriente, al amor, que cantas con los ojos del alma. De amor yo tampoco sé y de mis tristezas también nace un canto con el que le he escrito a una Amélia,

a una Céline, a Leontina, a una Eugénie, a Joséphine y a una tal Natália porque el amor es así

Gonçalves Dias una bala en el aire que hiere y te deja incurables marcas.

De amor yo tampoco sé pero una vez también dije adiós a una Amélia con un profundo canto de tristezas.

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Marcos Samuel Costa da Conceição 449

CANÇãO REESCRITAHomenagem a Gonçalves Dias

Minha terra tem palmeiras,onde canta o sabiá;

os pássaros que solfejam aqui,não se iludem em outro lar.

E o céu com véue o chão de flores

e a floresta com vida e a vida completa de amoresE a paquera ao relento,

não são como em nossas pracinhas Minha terra tem...

Tem o que restou do desmatamento.Minha terra é o Brasil,

a brasilidade que não encontrar em outro lugar onde os políticos fazem a festa

onde a alegria é do sangue do povo onde eu encontro minha morena.

Deus permita que daqui me expulseme perca todo esse chão

que sei que não encontroem outro lugar.

E louvares o que restoue o canto do sabiá disfarçado.

Marcos Vinicius Lopes Serejo 450

RAÇA!Gonçalves Dias nasceu!

Com a poesia na alma.Filho de mestiça, mas com raça.

Raça que na vida venceu.

O sonho ele conseguiu.Lutou com suor e gratidão.

O estudo a vida facilitouE a fé sempre no coração.

449 Marcos Samuel Costa da Conceição - Ponta de Pedras- Marajó – PA – Brasil - 07/12/1994. Estudante do ensi-no médio, poeta, musico e escritor. Tem um livro de poesia publicado “Pés no chão e sonhos no ar” SANTmel arte editora. Participou da antologia cidade vol. VII, antologia literattus, coletâneas eldorado vol. XXI, XXII, XXIII, coletânea amor em verso vol. II, galeria Brasil de escritores contemporâneo. E mantém um blog: http://samuelpoetacosta.blogspot.com.br/

450 Marcos Vinicius Lopes Serejo – São Luís – MA – Brasil - 26/05/2002 Cursando: 5º Ano, Turma: C, Profª Shirle Maklene - EPFA.

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Ele não foi apenas poeta.Era o dono de suas poesias.

Na escrita a felicidade nascia.Sua responsabilidade era completa.

Ler Gonçalves Dias!Compreender o que se passava.

Em cada verso deste homem.Que encantou aquele que o admirava.

Marcos Vinicius Mota Kliemann451

CANÇãO DO EXÍLIOMeu Pampa Querido,estou distante de ti; numa terra de espinhos,sem a vida que tu transmites

ao meu ser.

Meu Pampa Querido,com teu ar refrescante

envolves teu povo.Aqui, onde me encontro,

o ar é arenoso e hostil com os próprios habitantes, que dirá, com os turistas.

Meu Pampa Querido,sofro em Mato Grosso;tudo é muito diferente. Nos fins de tardes,no peito, sinto um forte aperto.

Meu Pampa Querido,não me canso de ti.

Em breve, voltarei; o meu lugar é no Sul!

451 Marcos Vinicius Mota Kliemann - Porto Alegre/RS. – Brasil - 13 de junho de 1995. Estudante do Ensino Médio do Colégio Conhecer, Porto Alegre/RS. Integrante dos Projetos Literários “Tabuleiro de xadrez lírico”, 2011; e “Porta copos poéticos”, 2012. Coautor do E-book “Haikais”, postado no site Teia dos Amigos, de Sonia Orsiolli, Sorocaba/SP. E-mail: [email protected]

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Mardilê Friedrich Fabre452

GONÇALVES DIAS, POETA ROMÂNTICONa vida,

O amor impossível, platônicoEternizou solitário.

Nas veias,As três raças brasileiras

Correm teimosas.Vilipendiados donos da terra,

Exaltou vibrante.Na morte,

O mar o acolheu.

O POETA RENUNCIA AO AMORO amor foi-lhe negado pelo preconceito,

Faltou-lhe, contudo, coragemDe por ele lutar e formar par perfeito

Com quem fosse de outra linhagem.Fugiu pela dor quebrantado.

Nos seus poemas ficou bradoDe uma paixão ascética e desenleada.

Triste sina! Encontra na estradaA amada com outro a seu lado.

UM POETA PARA SEMPREVassalo do amor,

O poeta canta enlevadoA amada, a terra e o indígena.

Seu pranto escorreu em palavras sofridas,Gerando versos ardentesQue vararam os temposE ainda hoje se alojam

Em corações adolescentes.Filho do Brasil,

Crescido em meio à natureza, Para ela chora suas desilusões.

Em seu seio se aninhaPara dirimir a saudade.

Sangue de índio,O poeta coloca-o

No pedestal da vida.Faz dele herói da pátria,

Endeusa-o com seu talento,

452 Mardilê Friedrich Fabre - Cachoeira do Sul (RS) – Brasil - 31/12/1938. vive em São Leopoldo (RS). Professora de Língua Portuguesa, revisora de textos, dedica-se ao voluntariado e organiza antologias. Foi agraciada com vários méritos culturais. Pertence a instituições que reúnem escritores. Participa de inúmeras coletâneas e publicou Poesia em gotas, Rumos da Poética no Século XXI e À Moda Antiga: Poemas (Trilogia Verde). http://www.fremitosdaalma.blogspot.com/ http://www.mardilefriedrichfabre.prosaeverso.net/

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Empresta-lhe a vozPara que perpetue sua história,

Plasmada por homens livres,Pacíficos, valentes, lendários...

A DOR DO POETAComo fenece a bela flor

Também seca o amor do poetaEncabulado e sonhador,

Como fenece a bela flor...O coração parece repor

O desgosto que ele acarreta.Como fenece a bela flor

Também seca o amor do poeta.

Por que proíbem ao poetaSeu ingênuo e emotivo sonhoDe maneira assim incorreta?

Porque proíbem ao poetaErguer no coração que greta

Castelos em mundo risonho?Por que proíbem ao poeta

Seu ingênuo e emotivo sonho?

Foge o poeta ressentidoDa amada, de seu negro olhar.Tanto mal lhe fez o cupido!Foge o poeta ressentido,Distante, ainda confrangido,A vida arma p´ra ele a avistar...Foge o poeta ressentidoDa amada, de seu negro olhar.

HOMEM NATURALPermeou seus versos do verdadeiroHomem da natureza, por inteiro.

Transformou o indígena em herói,Pois ele debandou do cativeiro.

Idealizou mundo lendárioOnde vivia bravo brasileiro.

O drama, a emoção e a poesiaViviam em coração justiceiro.

Era lei ser corajoso e destemido,Não podia chorar prisioneiro.

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O poeta, presa de sentimentos,Versa o caso de homens sem paradeiro.

Perpassa séculos este poemaChega até nosso tempo fagueiro.

Para mentes de hoje, é difícil crerQue em nossa terra existiu tal guerreiro.

Versos pintados de cor nacional,Conforto que lhe acalmava o roteiro.

Gonçalves Dias bradou com paixãoA honra e a intrepidez do índio trigueiro.

Maria Angélica dos Santos - Bilá Bernardes453

RESGATEGonçalves, nossa terra

não tem mais tantas palmeirasmas entre a gente inconsciente

alguns semeiam ações que geram preservaçõesBem-te-vis cantam em Belo Horizonte

em todas as ruas e bairros

Também há canários vivendo nas poucas árvoresdando sinais de esperança

que flora e fauna persistirão em nossas matas e cidades

Da minha janela, vejo rolinhas ciscando na garagem e no pátio

Quero crer que pintassilgos, uirapurus, curiangos

ao lado de muitos semelhantescontinuem a orquestra de cantos

que encantaram sua saudade.

453 Maria Angélica dos Santos - Bilá Bernardes - Santo Antônio do Monte/ MG, Brasil - 22/01/1950. Em 1970 mudou-se para Belo Horizonte onde trabalhou como professora e psicopedagoga. Faz parte da Academia Santantoniense de Letras, entre outras instituições. Livro publicado: FotoGrafias de DesCasamento. Anome Livros. Belo Horizonte. 2008. Tem diversas publicações em antologias, jornais, revistas e internet. http://poe-tisabilabernardes.blogspot.com

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Maria Aparecida Araujo Moreira- Mora Alves454

PARA GONÇALVES DIASQuando o amor atravessar

O indivisível mundo da ilusãoSerá possível entender queO amor não conhece barreiras

Pois tolo é aquele que

Pensa saber amarSem jamais se arriscar

Andaste por mares distantes

Sem jamais deixar de sonharCom a tua eterna amadaPorém um náufrago tristePara sempre o poeta levou.

Maria Apparecida S. Coquemala455

ELEGIA PARA GONÇALVES DIASQuando o poeta partiu para sempre,

sinos dobraram nas catedrais, nas igrejas, nas capelas das cidades mais distantes... Flores murcharam nas praças e jardins...Do buquê das noivas caíram as pétalas das rosas.Nas fúnebres coroas tombaram margaridas.

O chão se amarelou das flores do ipê.Janelas se impregnaram do roxo das violetas.Murchos hibiscos cobriram alamedas.A primavera se fez inverno. Vozes se calaram nos lares, nas ruas e praças...

Por toda parte pássaros emudeceram.A natureza pranteou em garoa incessante...

E na longa noite silenciosa e tristeo sereno eram lágrimas das estrelas distantes.

454 Mora Alves - Guarulhos,São Paulo, Brasil - 20/08/1963. Funcionária pública na área da saúde. Participação do livro de Antologia de poesias contos e crônicas na Bienal internacional do livro de 2010. Participação do livro de antologia: Destaques na poesia em 2011 organizado pela coluna destaque Raimundo Ray Nonato; Participação no livro de Antologia: Melhores da Poesia Brasileira, Organizadoras: Jane Rossi e Monica Yvonne Rosenberg Participação de contos na coluna do Jornal : Cumbica News. Autora do livro: Um Novo Amanhecer pela editora Livre Expressão. “Na simplicidade das palavras, busco o verdadeiro sentido de todas as coisas.” www.moraalves.com

455 Maria Apparecida S. Coquemala - Itararé SP, Brasil. Formada em Letras, pós em Linguística. Colunista de O Guarani, jornal de Itararé, SP, onde reside. Autora de poesias, crônicas e contos, premiados no Brasil e exterior. Participa de antologias no Brasil, Uruguai, Portugal e Itália E-mail: [email protected]

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Quando o poeta partiu para sempreo Brasil chorou de tristeza entre oraçõesse despedindo de um gênio da poesia.

Maria Cecília Lima de Oliveira Castro456

MINHA TERRASabiás que gorjeiam

Na minha terra,Gorjeiam com alegria

E esperança.Esperança de um céu estrelado,

Esperança de mais flores no meu jardim,Esperança de mais amores em minha vida.

E assim, canta a minha terraCom seus Sabiás

E suas palmeiras ricasEm vidas e amores.

Maria da Assenção Lopes Pessoa - Assenção Pessoa457

LINHAS E ENTRELINHASBolinhas de gude, Petecas quebradasBonecas de pano, Bonecas sem braço,

Bolinhas de meia, de meia rasgada. O menino faz gol, e parte pro abraço.

Do pobre brinquedo, à riqueza ao brincarDa criança levada, ao homem saudoso,

Do poeta à palmeira e o sabiáNobre apaixonado, solitário-valoroso.

Da terra Natal, a visão distorcida E para Gonçalves, a cor da amada,

A sua “Don’ana” ali retratada.A recusa do amor, na lira entristecida

456 Maria Cecília Lima de Oliveira Castro - Brasília/DF- Brasil - 01 de maio de 1966; teve as seguintes participa-ções: - Antologia “Les grand show de écrivaines brésiliennes” – Editora Yvelinedition e Rebra, França, 2011. Poema : La fleur. - Revista Varal do Brasil nº 13 – Suiça, Janeiro 2012. Poemas: O pensar, Poesia. - Dicionário de Mulheres – 2ª. Edição – Hilda Agnes Hubner Flores – Florianópolis. Editora Mulheres, 2011 – Participação.

457 Assenção Pessoa - Itapecuru- Mirim - MA – Brasil - 25 de maio de 1960. Formada em Ciências – Habilitação – Biologia (1998), com Especialização na mesma área, pela Universidade Estadual do Maranhão – UEMA (2000). Especialista também em Supervisão, Gestão e Planejamento Educacional pelo Instituto de Ensino Superior Franciscano – IESF, São Luís - MA. (2007). Escritora. Área de Atuação atual: Educação Professor de Ciências e Biologia, atuando no Centro de Ensino Itapecuru-Mirim como Gestora da escola. Membro Fundador da Aca-demia Itapecuruense de Ciências, Letras e Artes - AICLA – Cadeira de Nº 13, Patrono: Manfredo Viana.

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Gonçalves de vida, Gonçalves de luzGonçalves, o poeta das gerações,

Da Natureza ao índio guerreiro, que o seduzQue Homem, que alma, de notáveis interpretações.

Bolinhas de gude, Bonecas de pano, Bolinhas de meia, de amor, que engano,

É esse Gonçalves, essência humanaÉ esse o poeta, que este poema proclama.

MIL POEMAS PARA GONÇALVES DIASQue proeza sem igual, registrar em harmonia

As obras deste imortal, poemas de Gonçalves Dias.Primeiros Cantos, qual bela estreia.

No coração, a “Canção do exílio”, Expressão poética de “cor local”. O belo no mundo de suas ideias.Mil poemas vêm agora em seu auxílio,

Enaltecendo com primor, seu ideal.

“Sextilhas de Frei Antão”, Segundos Cantos, o lirismo-lusitano,

A brasilidade no coraçãoIndianizar o índio, o indiano.

Como musa: amor a e Natureza, Ana Amélia sua paixão. No Romantismo a beleza, Diante da solidão.

“I-Juca-Pirama”? “Leito de folhas verdes”? “Marabá”? “Canção do Tamoio” dos Últimos Cantos?Ah! Gonçalves se pudesse reunir estes!Tuas Liras, teus Cantos e encantos,Todos os seus poemas numa só poesia.Para traduzir a obra, a primazia,De tão belos versos e suprema nostalgia.

A TERRA ONDE NASCI458

Com orgulho apresento esta terra tão belaE que revela a beleza do servir.

Quanto amor nasce com elaMaravilha e louvor, magia e felicidade

Lá viveu meu avô, Homem de grandeza e bondade.

458 (Pessoa. Assenção, Recordações, São Paulo, Nelpa, 2011. Poesia de sua adolescência, inspirada no poema de Gonçalves Dias, Canção do Exílio)

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Relação em verdes primores,Da infância aos cabelos brancos,

Do luzir do sol sobre a terra,

Palco de doces amores,Jardim de doces prantos,

No entanto, sem receio, sem guerra.

Na minha terra se encerraDe tudo que vivi uma verdade:

O sonho do Fico na serra,Da independência e da liberdade.

Minha terra tem palmeiras,Minha terra tem riquezas,

Minha terra Itapecuru,Tão grandiosa de tamanha beleza.

APLAUSOS PARA GONÇALVES DIASNasce um menino, vive um homem

Na dor e saudade por distante viagem,Ligado a Natureza, divindade e paixão

Sentimentos que colore a imaginação.Espelho d’alma que fere o inconsciente

Um contentamento que ora é descontente.

E para tão longe, tão distante, logo partiste.Formou o poeta, o teatrólogo, o jornalista

O Etnógrafo, o advogado e o romancista,A história da Pátria passou em revistaE mesmo com tantos títulos à vista,

Foi sempre o poeta, um homem triste.

Ao Maranhão, volta pra sua gente,No mar-túmulo, dorme profundamente.

Poeta nacional, orgulho da nação,Poeta imortal, sua melhor tradução.

Amante confesso, nos versos que ali,Só nos resta, imenso talento aplaudir.

POEMAS GONÇALVINOPalavra que fala,Tesouro perfeito.Palavra que cala,

Em versos que me deleito.

A palavra desposada,Como é doce relembrar.Paixão envolta a amada,Que não se pode definir.

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Que rara combinaçãoSem poder de tradução.

Os poemas mais perfeitosCausando provocação.

Poesia e paixãoValem pelo que são.

Com toda sua belezaProvocando contradição.

Poemas gonçalvino.Versos mais que perfeitos.

Como numa suave fragrância, Mesmo na atrevida distância.

Maria da Glória Jesus de Oliveira459

PARA GONÇALVES DIAS “Minha terra tem palmeiras,

Onde canta o sabiá”. Decorei os teus versos

Desde a meninice E os mantenho guardados

Mesmo agora, na velhice. Teus ditos na poesia Foram feitos marcantes Entre as jovens puras E os casais de amantes. A glória que aqui colheste Marcaram tua existência E levaste para a outra Quando mudaste de querência Sinto-me pequenina Nestas palavras singelas Ao dizer-te obrigada.

459 Maria da Glória Jesus de Oliveira - Porto Alegre/RS. 15.8.43– Brasil - aposentada, Publicou: “Despertar”, po-esia, “Ninho de Pedras”, romance, e “Contos Transeuntes”, contos; “Além do Jardim” – memórias. Pertence à AJEB-RS- Assoc. Brasileira de Jornalistas e Escritas; à AGEI- Assoc. Gaúcha dos Escritores Independentes; à CA-PORI - Casa do Poeta Rio-grandense; e à ACADEMIA DE ARTES, CIÊNCIAS E LETRAS CASTRO ALVES, de PORTO ALEGRE/RS. [email protected]

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Maria das Neves Oliveira E Silva Azevedo – Neves Azevedo 460

São Luís DE GONÇALVES DIASQue segredos escondes nos teus casarões...

Oh! Minha bela São Luís,Teu céu é tão azul.

Mais azul que em Paris.Terra amada, terra linda.

Terra onde nasci...Renascer, reviver, reescrever...

Tua história...Atenas Brasileira fostes um dia,

De poetas maravilhososComo Gonçalves Dias.

Onde estão os teus poetas? Nos túmulos frios da indiferença

Sem amor, sem companhia.Dos livros, desapareceram...

Só ficou a nostalgia.

O SILÊNCIO DO “SABIÁ”Falar de Gonçalves Dias

É falar da poesiaDe um cenário nacionalOnde ele esteve um dia.

Falando das alegriasDo seu torrão natal.

“Não é um monumento para o MaranhãoMas para o Brasil.”

Dizia Machado de AssisNaquele dia infeliz

Que chegou a mortePara o poeta que diz:

“Não permita Deus que eu morraSem que eu volte para lá”

Assim Deus permitiuQue no porão de um navio

Nas águas do MaranhãoMorreu nosso “Sabiá.”

460 Maria das Neves Oliveira E Silva Azevedo – Neves Azevedo. Pedreiras-MA, Brasil - 4/12/1954. Graduada em Letras com habilitação em Língua Portuguesa e Literaturas. Bacharel em Secretariado Executivo Bilíngue - pela Faculdade Atenas Maranhense - FAMA. Especialista em Didática do Ensino Superior pela FAMA. Especialista em Educação e Educação a Distância pelo SENAC - São Paulo. Professora no SENAC-MA. Recebeu o troféu “A Força do Carcará”, pelo poema João Pedreiras do Vale no Projeto Cultural FIEMA-2010.

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A tua simplicidadeNessa canção de amor à Pátria

Deu-nos a oportunidadeDe falar de amor e saudade

Até o hino nacionalFala dessa brasilidade.

Maria de Fátima Batista Quadros461

PALMEIRA A SOMBRA...Gonçalves,

Por que estes Dias sombrios?Não ouço cantar o sabiá na palmeira...

AntônioNo arfar da brisaO silencio aclaraO poeta que inspirou versos de amores

É nome de praçasE ruas...

Filho do portuguêsJoão Manuel Gonçalves Dias

O comerciante de Trás-os-MontesE de dona Vicência Ferreira

A maranhenseEle, o Poeta nacional por excelênciaDos “Cantos e dos Timbiras”Nascido nas terras de JatobáCaxias!No dia 10 de agosto de 1823Ora, pois...De onde parteDepois de estudar LatimFrancêsFilosofia...

E de São LuizChega a Portugal

Coimbra...Advogado

EtnógrafoTeatrólogo

Jornalista... Gonçalves,Por que estes Dias sombrios?

Não ouço cantar o sabiá na palmeira...

461 Maria de Fátima Batista Quadros - São José dos Salgados – MG – Brasil - 28 de junho de 1958; formada em Di-reito. Possui vinte e dois livros publicados (literatura-infantil, prosa-poética, pesquisa, genealogia e heráldica) e um livro de poesia no prelo, além de vários artigos em revista/jornais e prêmios em monografia e literatura. www.fatimaquadros.xpg.com.br [email protected]

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AntônioNo dia 3 de novembro de 1864

A terra onde cantava o sabiá... Debruçou em luto

Pois nas águas do marQue por vezes viajou o poeta

NaufragouPerto do farol de Itacolomy

Na costa do Maranhão...Chora a nação

E o céu em festaRecita

Poesias indianistasHeroicas

De exaltação ao solo brasileiro

Maria de Fátima Oliveira - Fátima Oliveira.462

AMOR, ETERNO AMOR“MAIS UMA VEZ - ADEUS...”

Disseste tu, Gonçalves Dias, À tua amada querida

Na tua mais pura paixão, Amor cultivado a dores

Muitos sonhos e dissabores, Mas do teu coração ferido

Por amor não correspondido, Infeliz, fostes no amor,

Quanto pranto, quanta dor Teu coração brota poemas,

Sinfonias de saudade e paixão Nem assim pudestes ter

Paz no teu coração, Que sentimento doído,

Sentistes desilusão Ao ver tua amada querida,

Outrora, tua preferida Agora comprometida,

Apenas balbuciou... Perdão! perdão, meu amor.

GONÇALVES DIAS - O POETA ROMÂNTICOEm seu exílio voluntário

Um dia a saudade explodiu

462 Fátima Oliveira - Picos – PI – Brasil - 04 de junho de 1954. Reside em Salvador -BA. Escrevo desde o colegial. Reside em Salvador -BA. Escrevo desde o colegial. Obs: Estou enviando este material por intetermédio de Varenka, pois morei em Caxias-MA, durante sete anos e quero fazer esta homenagem ao grande poeta Mara-nhense. Aguardo seu pronunciamento.

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Do seu coração românticoO poema eclodiu.

“Minha terra tem palmeiras,Onde canta o Sabiá;

As aves, que aqui gorjeiam,Não gorjeiam como lá”...Sentindo solidão no peito,

A canção triste entoouAo Maranhão tão querido,

O poeta dedicou.Em Coimbra, estudou

Em Direito, se formouE o poeta romântico,

Aos Lusos também encantou. De volta ao Maranhão,Ele se enamorou,Mas, continuar a paixãoFoi proibido, desencantou.

Outra amada conheceu,E com ela se casou

Mas nunca se esqueceu,De quem ele sempre amou.

Em Portugal reencontrouO seu amor proibido

E inspirado poetizou“Ainda uma vez - Adeus”, disse, oprimido.Doente, foi à Europa, Em busca de solução,Sem recuperação, retornaDe volta ao seu torrão.O navio Francês naufraga,Na Costa do Maranhão,Encerrando nessa plaga,A sua apaixonada missão.Mas, por estranha ironia,Essa infame tragédia,

Ceifou apenas a vida,Do nosso amado poeta.

Maria de Jesus Silva Amorim 463

TRIBUTO AO POETA.Salve meu Maranhão,

Meu lindo torrão

463 Maria de Jesus Silva Amorim - Viana- MA - Brasil. Licenciatura Plena em Ciências Naturais, habilitação em Matemática. Pós-Graduada em Supervisão Escolar - Candido Mendes. Pós-Graduada em Orientação Educacio-nal - Salgado de Oliveira. Professora de Matemática do Ensino Fundamental e Matemática e Física do Ensino Médio.

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Terra do poetaO Poeta maior

O poeta Gonçalves Dias.

Salve o poeta,Que nasceu no Maranhão,

Na terra das palmeiras.Palmeiras do babaçu.

Salve o poeta,No regresso a terra

A terra natalNum naufrágio fatal

Nas costa do MaranhãoFostes fazer poesia

Num plano superior.

Salve o poeta,Da terra das palmeiras

Onde canta o sabiáA poesia retrata o Maranhão

E consolida o Romantismo.

Salve o poeta,O poeta das palmeiras,

Palmeiras do babaçu,As aves de hojeJá não gorjeiam

Como as de lá.

Salve o poeta,Dos tempos áureos

Das palmeiras,Da riqueza do babaçu.

Salve o poeta,Ó Poeta maiorTeus versos encantam

Fascinam e cantamOs rincões do Maranhão

Ao mundo todo.

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Maria de Lourdes Otero Brabo Cruz - Malu Otero 464

POETA DA MINHA TERRA Minha terra tem um poeta,

Que versa com muita emoção,A imensa beleza que há nelaTransborda em sua criação.

Minha terra tem nossa gente,

Que cresceu ouvindo seus versos.Todo tempo sempre presente,

Nunca nos deixando dispersos.

A minha terra vibra inteiraE chega fundo ao coração,Em toda a alma brasileiraAo Poeta nossa devoção.

O CORAÇãO DO POETA

O poeta enxerga no puro amor Um motivo para a vida e procura

Fixar cada alegria ou dissabor, No mais profundo de sua escritura.

Coração usando de tom solene, Alucinado por tudo o que existe, Decreta indômito a morte em público, Ao ser covarde que de amar desiste. Na Europa busca a cura para o corpo, Porém a alma cada vez mais insiste, Acaba por transformar em um pórtico A dor aguda que tal qual persiste.

Nas profundezas do oceano encontra Morada eterna como um acalanto,

Triste fim para um poeta de tal monta: Ondas do mar envolvem-no em seu manto.

UM DESTINO TRAÇADOPoeta, do amor desistes,

Julgas a decisão sensata,A amizade ou até mesmo

O amor como uma cascata,

464 Malu Otero – Maria de Lourdes Otero Brabo Cruz - Bragança Paulista – SP – Brasil - 12 de fevereiro de 1958 - Doutora en Lingüística Aplicada (Ensino/Aprendizagem de Língua Estrangeira) pela UNICAMP, Universidade Es-tadual de CampinasCursou o Pos-Doutorado na Universidade de Málaga (Espanha). Faz parte de grupos como Poetas del Mundo (cónsul de Assis), acadêmica da Nova Academia Virtual Poética do Brasil, sócia fundadora da AVBAP - Academia Virtual Brasileira AlmaArte e Poesia, REC – Red de Escritores Coquimbo, entre outros.

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Flui livre em outro ser,Para isso o nó desata.

Poeta, isso não se dá,

Porque tua mulher amadaÉ forte e luta com garra:

Demonstra não temer nada,Enfrenta a todos e casa

À coragem abraçada.

Um mestiço como tuFoi por ela desposado,

Erraste na avaliaçãoE um futuro malogrado

Para ambos se traçou,Por um erro no passado.

Ainda uma vez adeus

Diz o poeta ferido,Mas é tarde pra mudança...

Vive a vida sem sentido,Hoje e amanhã naufraga

O viver em desatino.

Maria de Lourdes Schenini Rossi Machado465

CANÇãO DO EXÍLIONo Rio de Janeiro muita beleza

natural e admirável; no Rio grande do Sul,

os parreirais mais bonitos do Brasil, uvas saborosíssimas

e vinhos super deliciosos.Aqui, embora tenham o Cristo Redentor,

o Pão de Açúcar e o Corcovado; nada supera ao nosso Rio Grande do Sul.

Lá, temos gostosos churrascos feitos no chão, com toras de lenha da região;

as Pontes do Guaíba e a dos Açores, dois lindos pontos turísticos;

as galopadas nos desfiles de 07 e 20 de setembro,shows de patriotismo.

465 Maria de Lourdes Schenini Rossi Machado - Porto Alegre/RS – Brasil - 10 de agosto de 1995. Estudante do Ensino Médio do Colégio Conhecer, Porto Alegre/RS. Vice Presidente do Clube Infanto-Juvenil Erico Verissimo, da Academia de Artes, Ciências e Letras Castro Alves, Porto Alegre/RS. Membro Efetivo do Projeto “Vida, Amor e Paz”, do “Cercle Universel des Ambassadeurs de la Paix, Suisse/France”. Integrante dos Projetos Literários “Tabuleiro de xadrez lírico”, 2011; e “Porta copos poéticos”, 2012. Coautora do E-book “Haikais”, postado no site Teia dos Amigos, de Sonia Orsiolli, Sorocaba/SP. Cursa inglês no People. E-mail: [email protected]

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Aqui, muitas favelas e tráfico; Lá, campos cheios de plantações de trigo,

arroz, soja, milho e fumo, produtos responsáveis

pelo desenvolvimento econômico local. Rio de Janeiro, terra do turismo;Rio Grande do Sul, Querência Amada!

Maria do Socorro Menezes466

MEMÓRIANas profundezas do mar

Com as tuas poesiasTua paixão e tua saudade...Foi teu destino derradeiroDaquele exílioTeu solitário companheiro

Onde teus pensamentosSe voltavam tão somente

Para tua terra natalTerra das palmeiras

Onde cantava o sabiáVoltavas...

Em um contento sem igual Naquele exato momentoEm que recebiasUm golpe fatal

Maria Eduarda Cabral da Silva.467

A VIDA NA POESIAGonçalves Dias Era um homem raro Que pagou caro

Por amar Caxias. Filho de um português

Com uma mestiça Estudou francês

E amava sua raça. Escreveu várias obras

Como “Canção do exílio”

466 Maria Do Socorro Menezes - Lavras da Mangabeira – CE – Brasil - 03 de dezembro de 1943; Professora por vo-cação e formação. Hoje residente em Trizidela do Vale- MA, e, mesmo na terceira idade esbanja todo o lirismo e o espírito jovem que faltam a muitos com menos idade. É assim Maria do Socorro, que faz arte dos retalhos, tendo matéria prima a vida tecida nas linhas e nas palavras.

467 Maria Eduarda Cabral da Silva - Caxias – MA – Brasil - 10/02/1998. Escola: Centro de Ensino Thales Ribeiro Gonçalves.

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Onde a dor sobra. Continua a impressionar Por ter sido tão forte

E ter usado bem a arte De fazer poesia.

Maria Eduarda Pires Sousa468

POETA DE ONTEM, HOjE E SEMPRE Este poeta que nasceu com a poesia na alma, alegrou muitas

pessoas no passado, que hoje com suas poesias ainda deixa muitos corações emocionados.

Com o exemplo desse grande poeta devemos nos

deixar envolvidos por este sentimento tão puro de afeto e amizade, sendo sempre gentil com os que

estão ao nosso lado.

Gonçalves Dias nasceu com a poesia na cabeça, no espírito e no peito.

Sem nunca imaginar que um dia iria se tornar um poeta de grande valor.

Morreu, mas até hoje é lembrado em suas poesias que falam de amor!

María Estela Arnoriaga469

Naciste con ese pulso sublime de paisajes rumorosos.La tierra era un signo sonoro en tu cuerpo

comunión de música tu mirada.Cauce de soles dibujados en tu alfombra de horizontes,

no te dejaba silencios para volar con tu silueta de poeta.Mecedor de palabras hacia los puntos cardinales,

la distancia de tu geografía formaba un volumen oceánicovestía tu alma en el aire y en el agua para llevarla a otros latidos,

con el perfume de tu piel de hacedor.Mirabas la madera cuando se ventilaban las palmeras

de tu Maranhäo, elegías otro canto planetario de cielos abiertos.Hablabas de tus caminos, tus ojos tenían secretos de mestizo.La línea de tu voz curvaba el viento para que volaran los pájaros.

Se encendía una luz en los péndulos de tus relojesy le buscabas un nombre a las raíces, tu domicilio era de sueños,

donde quedaba atrapado el romanticismo de los verdes y de los azules.

468 Maria Eduarda Pires Sousa – São Luís – MA – Brasil - 03/07/2002. Pelo prazer em escrever e também; Por gostar de ler e ouvir poesias. Cursando: 5º Ano Turma: C Profª Shirle Maklene

469 María Estela Arnoriaga - Mendoza – Argentina - 20 de diciembre de 1944. Egresada de la Escuela Superior del Magisterio. Luego continuó sus estudios en la Facultad de Filosofía y Letras, y Facultad de Bellas Artes. Dedicada a la docencia en Lengua, Literatura y Francés.

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Hombre con historia de rumbos, vena descalza que caminaba,urgencia de amor y búsqueda de tiempos deslumbrantes.

Beso junto a su memoria, el lenguaje de la vida.

Maria Fernanda Reis Esteves470

“TODA A VEZ qUE EU SAIO À RUA” (Em elegia a Gonçalves Dias)

Toda a vez que eu saio à rua,

levo uma rosa na mão. Vou deixando o seu perfume

e as pétalas p’lo chão. O meu bairro é um jardim e quem lá nasce uma flor, onde os casais apaixonados

trocam juras de amor.

Como não sou diferente, também eu busco a paixão.

Toda a vez que eu saio à rua, levo uma rosa na mão.

Toda a vez que tu me olhas, bate mais meu coração. Como não sou diferente, – também eu busco a paixão. Toda a vez que eu saio à rua, levo uma rosa na mão. E se a vida não me der o prazer de ser amada, é porque no meu jardim não nascem flores d’emoção.

Saio à rua uma vez mais, levo uma rosa na mão.

470 Maria Fernanda Reis Esteves - Setubal – Portugal - 52 anos. Livros editados: 2009 - Poesia “Canteiros de Espe-rança” - Editora “Temas Originais; 2010 - Romance “4 Folhas de 1 mesmo Trevo” - Editora “Temas Originais”; 2011 - Contos/Poesia - “Contr(o)_versus - Editora “Lua de Marfim”; Participou em diversas Antologias portu-guesas e brasileiras; Confreira – CAPPAZ; Organizadora de concursos literários; Presidente da Assembleia Geral da Associação Cultural Draca

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Maria Helia Cruz de Lima - Hélia Lima471

GONÇALVES DIASdotado de raros dons inigualáveis,

natural do maranhão, nascido em caxias,no ano de mil novecentos e vinte e três,nasceu o gênio, antônio gonçalves dias.

poeta de inalterável estabilidadena condução de sua forma emocional,

além de sua grande genialidade!tornou-se o maior poeta nacional.

títulos de seus poemas sugestivosquais:” não me deixes” “se, se morre de amor”

falam do espírito e coração cativosde sua nobre individualidade superior,

poematizando as maranhenses palmeiras,diz: “protegidas as aves gorjearão!

nossasmatas ,permanentemente fagueiras,tal como a poesia...sempre existirão.”

gonçalves dias exaltou sua gente,terra e pátria! também terras estrangeiras.

a deus pai, piedoso, rogava constantemente:não me deixes morrer ver minhas palmeiras

o belo encanto da minha terra natal,virgem das florestas que nos espelhos das águas

se contempla!...foi atendida a prece divinal do eclético homem nativo sem fráguas

que nos deixou julgar o seu “eu” iluminadono que fala seu poema i. juca pirama:registro do esforço de bom resultado:gonçalves dias, o teu maranhão te ama.

GONÇALVES DIASAo poeta Antônio Gonçalves Dias,

saudemos! Mil novecentos e vinte e três,- Maranhão, Nasceu na cidade de Caxias,

dotado de raros dons inigualáveis.!!!

471 Hélia Lima - Canindé-CE – Brasil – 15/11/1926. Jornalista com pós-graduação em Propaganda, Publicidade, Radio e TV, escritora e poeta. filha de Raimundo Nonato Cruz e Francisca Rabelo Cruz. Casou-se com o mara-nhense Domingos José de Lima, migrou para o Maranhão no ano de 1947, onde exerceu as funções de fun-cionária pública como Professora primária- Buriti-MA. Tendo ingressado no DCT (Departamento do Correio e Telégrafos). Assim publicou obras nas categorias: Teatro, Romance, literatura infantil e poesia.

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Homem de inalterável estabilidadena condução de sua forma emocional ,

além de soberba genialidade!Tornou-se o maior poeta nacional.

Títulos de seus poemas sugestivosquais:” Não me deixes” “Se, se morre de amor”

falam do espírito e coração cativosde sua nobre individualidade superior.

Poematizando as maranhenses palmeiras,diz: “Protegidas ,as aves gorjearão!

Nossas matas ,permanentemente fagueiras,tal como a poesia...Sempre existirão.”

Gonçalves Dias exaltou: sua gente,Terra e Pátria! Também, terras estrangeiras.Piedoso, rogava a Deus Pai, constantemente:

Não me deixes morrer ver minhas palmeiras

e o belo encanto da minha terra natal,“Virgem das florestas que nos espelhos das águas

se contempla!.”..Foi atendida a prece divinal do eclético homem nativo sem fráguas

De seu inaudito amor, o bom resultadotemos no que fala em :- I. Juca Piramaque nos deixa julgar o seu “EU” iluminado...Gonçalves Dias, o teu Maranhão te ama!

SãO LUÍS – qUATROCENTOS ANOS!São Luís! Mãe gentil,doa-te a teus filhos com venturas mile privilégios que agradecemos a Deus!Vês as dádivas que, em ti, caem dos céus...

És belo suporte de poesia e de amorcéu azul, manso mar, mangue, e muita flor...

Também, crateras, pântanos, trilhas escurastudo incita popularizações futuras!

Do teu mar, mansa brisa traz consolação.Gorjeiam aves espalhando mansidão,

brilham estrelas perenizando a luzhistórica obtida na fé da cruz....

Salve teu povo, teu chão, teu mar, São Luís!Fundado por Lavardiere, tu, São Luís,tiveste libertação pelo brasileiroJerônimo Albuquerque, fiel guerreiro...

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De arautos estrangeiros, a constelaçãode desbravadores chegou ao Maranhão....de São Luís, se apossaram os franceses,

por dom divino, venceram os portugueses

São Luís, teu preito de amor ao heróique glorioso para tua existência foi,

tornando-te inquebrantável e feliz....Em tua soberania, ouve: Teu chão te diz:

QUATROCENTONA São Luís, inda és criança...Próspera e rija cidade em crescimento...

Há no status de tua gente, esperançae na tua criança, futuro promitente.

Tem harmonia teu mar, teus céus, São Luís... Teu povo alegre e irmanado, é feliz...

Teu luar, de paz, plenifica o coração.invade-nos a alma , a poesia do teu chão...

Berço de heróis, tumba de fidalga gente.Tua mocidade alegre e inteligente

para outras plagas, migra....Infelizmente,noutros chãos, buscando chance, humildemente!

Temos fé desde o início de nossa história,na Virgem Mãe, Nossa Senhora da Vitória!

No seu amor, São Luís, há de florescer...Mãe, São Luís, te ama!

VEM NOS PROTEGER!

GONÇALVES DIASNo pedestal, a estátua!

Contemplando São Luís,Gonçalves Dias continuaviver seus versos gentis

Dolorosas nostalgiasde causticante ardor,

o poeta Gonçalves Diassofreu, imerso no amor...

Estrelas no firmamento,brilhavam, tristes, fingindoque não viam seu tormentosua esperança se esvaindo!

Sem nos desprezar, jamais,lá no céu, Deus Pai de amor

atende, por ele, os mudos aisenviados da Ilha do amor!

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Maria Hortense Martins Nunes472

GONÇALVES DIASO seu berço tem o sabor

De uma mistura singela,Feita numa simples aguarela,Mas com a nostalgia da poesia

Soube viver com simpatiaUm sonho intenso,

Glorioso e muito extenso,Tendo alguma dor

Mas muita alegria.

TUCalado na solidão,Traz no coraçãoO punhal espetado

Com a palavra não,No qual ficou num estado

Que só a poesia descreveuA união perfeita,

Que muito cedo foi desfeita,Mas com a vida continuou

E nada, sim nada ficou,Como no estado inicial,Mostrando que o banalJamais será banalE que o diferente,Além de ser originalÉ puro e quente,Porque o desejo de vencerMoldou o seu ser.

Maria Isabelle Palma Gomes Corrêa473

SONETO A GONÇALVES DIASAs mãos espalmadas do homem sozinho

Nas rimas inertes da esperança do amorTivera ele encontrado somente o espinho

Nas paisagens tristes de uma velha dor.

472 Maria Hortense Martins Nunes - Vila do Bispo - Portugal – 02 de Junho de 1967; Assistente Técnica do Municí-pio de Vila do Bispo. Algumas participações: “ Prémio Utopia 2010 de Arte Fantástica “, pelo Núcleo Português de Arte Fantástica e Câmara Municipal da Amadora, com um trabalho de pintura com O titulo “ Uma morte sem explicação “, em 2010. - Participação no III Prémio Literário Valdeck Almeida de Jesus de Poesia, em finais de 2007, com publicação em 2008, com a poesia com o Titulo: “ Vem meu amor”.

473 Maria Isabelle Palma Gomes Corrêa – Paraná – Brasil - 13 de setembro de 1977. Historiadora, professora de rede estadual de ensino no Paraná/Brasil, desde 2003. Mestre em história comparada das religiões antigas, pela Universidade Federal do Paraná (2003).

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A lei infeliz do seu tempo de outroraImpediu que ficasse ele na espera

Recolheu-se na luta infame de agoraSorvendo a angústia da preciosa quimera.

Desistiu de amor tão aflito e distanteEncontrou nas viagens, promessas de vida

Mesmo em Olímpia seu vigor mais pulsante.

Distraído nessa história, abandonou Pra resolver esquecer imensa dor

No naufrágio, o poeta doente se findou...

PÓSTUMOSNo desterro do naufrágio vil, morre o poeta.

Naqueles dias em que se foram tantos amores,esperava talvez rever de mais perto a terra dos sabiás.

Sua pele cinzenta de antigas histórias, lhe proibiu Amélia.

Mas a ela, dedicou-lhe todo o seu Adeus...Guerreiro de si, das selvas atlânticas num Maranhão esquecido...

Perdeu-se nas florestas das suas rimas, alçou voos de longas esperanças.

Sem ter podido ousar, resignou-se no abatimento cruel de um amor esquecido.

E abandonado no leito inquieto da nau claudicante,reverberou seu soneto pelo grande mar-oceano...

Maria Lúcia Nunes da Rocha Leao474

ÚLTIMA VIAGEMEm breve existência um homemRegistra em letras a plenitude

Do amor pela sua pátria E pelo amor da juventudeDeixando um grande espaço

Para lamento dos admiradoresQue pouco puderam apreciar

Sua contribuição pela educaçãoE versos de primorosa construção

474 Maria Lúcia Nunes da Rocha Leao - São Romão-MG – Brasil - 15/12/1956, bancária aposentada, graduada em Ciência Contábeis pela UDF-DF e em Direito pelo UNILESTE (Coronel Fabriciano-MG), advogada em atividade, acaba de fixar-em retorno- residência em Montes Claros-MG. Livros publicados: A DUAS MÃOS, 1985, dividin-do as páginas do livro com Ildeu Braúna. E, ainda, livro de crônicas/novela FLOR CIGANA, edições em 1993, 1998 e 2011.

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Além das fronteiras buscaNobre formação

Na gloriosa CoimbraBerço da cultura de outrora

Elevando-se socialmenteMas não o suficientePara romper o preconceito

Que o afastava da dona e senhoraDo seu pobre e mestiço coração

A paixão pelas coisas da sua terraE a dor da desilusão

Viraram versos primorososCuja tristeza revela-se em mal

Em seu corpo antes são

A curta existência ceifouO necessário amadurecimento

Para que sua essência fosse apreciada Sem censura e reticências

Em obra autobiográfica De um certo Agapito Goiaba

A ameaça real do fim da existênciaO levou em vão para além marEm sua última viagemPara recursos medicinais buscarEm cujo retorno o infortúnioDe ser já moribundo esquecidoNa nau que se afundaraNa costa da terra amadaIndo fazer moradaNo lindo e imenso mar

Deus não o desprezaraPermitindo-lhe morrer no Brasil

Sua terra com palmeiras E canto dos sabiás...

Como poeticamente clamara Em sua “Canção do Exilio”

Acolhendo a pátria amadaPara o último sono

O seu ilustre filho.

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Maria Lucilene Medeiros do Nascimento Nogueira475 – Malu Medeiros

HINO A GONÇALVES DIAS.Orgulho dos brasileiros és tu,

Oh, Gonçalves!...

Que ao mundo encantaste Com as belezas que narraste...

Dessa terra tão sofrida,Mas também com tanta vidaQue conquista cada artista

A cantar a sua lida.

Da Canção do Exílio,Foste tu um grande autor,

Pois ninguém jamais ouviuA riqueza do louvor,

Que na letra exprimiuCom o seu imenso amor.

Desse país de tantos milQue jamais te excluiu

E que do poema: Ainda uma vez – Adeus,

Amélia, nunca esqueceu. És tu, Gonçalves Dias,

O autor que, um grande dia...Neste país nasceu.

Maria Reginalda da Silva476

POEMA A GONÇALVES DIASGrande nome em meio aos maiores gênios do Brasil

ouso dirigir-me aO senhor humildemente agora

para uma siNgela homenagear prestar-lhe e nada maissei que talvez não mereÇa seu apreço, mas por favor não despreze-me

sou apenas uma Admiradora de sua obra e vida excepcionaisregistro aqui também que tua Linda obra romântica

475 Maria Lucilene Medeiros do Nascimento Nogueira – (Malu Medeiros) - Aracati – CE – Brasil – 20 de janeiro de 1976. Amante das artes, fez teatro, trabalhou em rádio como locutora e sonoplasta e passou a escrever mais intensamente após o casamento, uma vez que seu esposo, amante de grandes leituras clássicas, iniciou-a na leitura de clássicos universais. É funcionária pública no município de Fortim – CE, juntamente com seu esposo e cursa a Faculdade do Vale do Jaguaribe (FVJ) em Aracati.

476 Maria Reginalda da Silva – Solonópole – CE - Brasil - 10/09/1977. Graduada em Letras (Português), especia-lista em Português, Língua e Literatura, ambos pela Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA). Leciona a disciplina de Português, concursada pelo município nos anos finais do Ensino Fundamental. Escreve por prazer e tem o sonho de se tornar escritora. Participa do concurso por gostar de desafios, por amar literatura e por admirar o grande Gonçalves Dias.

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é de grande importância e Valor literário para o Brasil de hojecomo foi para o Brasil de ontem E és sem dúvida um imortal para nós

a bela canção do exílio que ficou Sendo para sempre nosso primeiro hino brasileiroque Deus possa em seu poder supremo

estar contIgo em tua glória divinae que eu possa um dia também desfrutAr de tua grandiosa companhia em meus eternos diaS.

Maria Silva Cabral477

OS APAIXONADOSGonçalves Dias roubou meu coração

com tanto amor que águas do rio vibraram.

Tanto amor senti.Por esse motivo,

não me afastei de você.

Na vida de Gonçalves Diasele deixou um grande amor no coração.

E no meu também.

VIDA AMOROSAEu sou um papel sem caneta.Sou um amor sem planeta.Eu sou uma lembrança.

Eu sou um amor sem lar.Sou o amor perdidono coração de Gonçalves Dias.

Maria Stela de Oliveira Gomes478

GONÇALVES DIAS – O MITO POÉTICONatural de Caxias – Maranhão

De caixeiro a poetaSurgiu Gonçalves Dias

O mais insigne dos poetas brasileiros.

477 Maria Silva Cabral - Lago da Pedra- MA – Brasil - 27 de fevereiro de 2005. Brasileira, estudante do 2º ano do Ensino Fundamental na Unidade Integrada Profa. Ilzé Vieira de Melo Cordeiro, mora em Lago da Pedra/MA. Gosta de ler e escrever.

478 Maria Stela de Oliveira Gomes – Abre de Campos – MG – Brasil - 12-02-1953 Pedagoga, Escritora, Poeta, Ar-tista Plástica, membro da Academia Valadarense de Letras, associada à REBRA e Secretária da Associação dos Artistas Plásticos do Vale do Rio Doce. Tem obras e um livro publicado em 2008. Em 2012 teve a sua crônica “Peraltices da Infância” traduzida para o francês, através do intercâmbio cultural da Universidade Federal da Paraíba.

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Com riqueza verbal inigualávelDeu romantismo ao tema índio

Evocou sua afeição nacional à literaturaDemonstrando profundo amor pela natureza.

Discorria seus poemas com lirismoSendo considerado o principal poetaDa primeira geração do romantismo

Com seus temas saudosistas.

Escreveu belos dramas em prosaIdealizou em seus poemas

Os costumes e as tradiçõesDo Brasil do seu tempo.

A sua miscigenação genéticaNão embargou o seu crescimento

Pessoal e poéticoEm 1843 escreveu “Canção do Exílio”.

Com sensibilidade aguçada para escreverEm 1844 publicou “Poesias Completas”

Formou-se em Direito em Portugal“Primeiros Cantos” o consagrou como poeta.

Mariana Damásio da Silva479

APRENDI COM DIASEu amei e nem sabia o que era o amor,

Mas ele morreu, esquálido, derreteu feito cera escorrendo e queimandoFui marcada e sem saber descobri que nem mesmo fora amar

Então lembrei de tempos antes que juvenis que assim não era possível morrer

Fortaleci a mim mesmo a cada degradante morte, morri e renasci deveras vezes

Para só então encontrar a resposta ao brio que gerou a dorE foi em mais um festejo que o conheci e aquele poema fez-me compreender

Que a alegria ou a dor não serão jamais sinônimos de amarPorque algo tão maravilhoso não será jamais traduzido e talvez possa ser experimentado

Mas a alma traduz não em meras palavras a superioridade desse sentirE por assim ser, dessa pureza vive-se, podendo até morrer.

479 Mariana Damásio da Silva - São Paulo – SP – Brasil - 25 anos, brasileira, nascida e residente da Cidade de São Paulo; secretária por formação e poetiza de coração, desde os onze anos de idade aventura-se pelo mundo das palavras; conheceu Gonçalves Dias nos livros da escola e quase morreu de amor por ele desde então.

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Mariano Augusto Serrão Chagas - Mariano Chagas480

GONÇALVES DIAS481

Mestre! Dorme nas ondas alterosas,Nesse oceano de vagas rouquejantes,

Tendo por manto os astros rutilantes,Tendo por leito as pedras preciosas.

Fita do mar as ondas rumorosasAnte as dilatadas rochas crusciantes

Onde se esbatem fortes, facundantes,Num turbilhão, de ondas tenebrosas!

Dominaste com o verso o mundo inteiroTeu estro divinal foi o primeiroDentre todos os reis das harmonias.

Dorme, poeta, à luz do sol fulgurante,Que teru renome não nos sai da mente,

Oh! Grande mestre! Oh Rei das melodias!...

Marietta Cuesta Rodríguez482

AGOSTO DESOLADO Y UN NOVIEMBRENacido en un agosto desoladoentremezclada sangre portuguesa concebido en regazo brasileñopero lleva su alma iluminaday el arte de escribir en su mirada.

Canta a la tierra, canta a las palmerascanta al sol, a las aves, las estrellas,canta a las flores y a las cosas bellas,canta a los negros ojos de su amada y sus ojeras

aleros tibios de mirada intensa,ojos puros traviesos que aumentan su dolor

y su tormento.

Sus poemas de amor son flor heridadonde inscribe su llanto en sufrimiento,

480 Mariano Augusto Serrão Chagas - São Bento – MA – Brasil - Funcionário publico, jornalista e poeta. Colaborou assuduamente na imprensa da capital e do interior. Coronel da extinta Guarda nacional. Trucidado barbara-mente em Pinheiro na noite de 3 de maio de 1953.

481 MORAIS, Clóvis. TERRA TIMBIRA. Brasília: Senado Federal, 1980, p. 65, Poesia compilada por Leopoldo Gil Dulcio Vaz – Curitiba – PR – Brasil – 1952; Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; Universidade Estadual do Maranhão

482 Marietta Cuesta Rodríguez - Cuenca- Ecuador - 12 de diciembre. Escritora multifacética, con una amplia y reconocida trayectoria de poeta, pintora y periodista, veinte y más libros en su haber:; Colaboradora de múl-tiples Revistas VIRTUALES E.mail: [email protected]

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y es su corazón ilusionado pozo incierto ,tambor desesperado

porque de tarde en tarde,nuestro Antonio comprende que amó, sin ser amado

que fue por su ascendiente marginado.

y va filosofando, el porqué de las clases y las razas,

si el AMOR y la paz no tiene credos , ni fronteras,que Dios tiene la piel de todos, la tierra es para todos.

Canta al indio en su selva, su folklor, su cultura,

pensamientos profundos lo torturancolecciona la Historia, la investiga, difunde ,

conoce del latín, lo traduce al francés supera día adíabuscando un nomeolvides, no sé cuándo…

Y el mar, le amó tantoque en Noviembre

le abrazó entre sus olas, lo revolvió en su mantole mordió el corazón- agua salada

celoso de su genio y de su canto.

Marilza Albuquerque de Castro - Carvalho Branco483

HOSANAS A GONÇALVES DIASGonçalves Dias, poeta indianista!

A poesia de tema romântico,o teatro também está na lista

de sua obra – o mais lírico cântico... Maranhense, viveu em Portugal,

estudou em Coimbra, onde escreveu“Canção do Exílio”, poema sem igual!

Formado em Direito, ao Brasil volveu.Primeiros, Segundos e Últimos Cantos ...

Lá se vão seus belos versos ao éter!Foram eles, do professor, os mantos,

a toga; de seu coração, acéter.Foi Ana Amélia Ferreira do Vale

o grande amor do poeta mestiço;

483 Marilza Albuquerque de Castro (Carvalho Branco) - Rio de Janeiro, RJ, Brasil - 16-03-1938 - Presidente do InBrasCI–Instituto Brasileiro de Culturas Internacionais/Embaixadora da Paz pelo Cercle Universel des Ambas-sadeurs de La Paix(Suisse–France)/Vice-Presidente Executiva da LDN/Diretora Nacional de Cultura da AIPOM/Conselheira Vitalícia do Conselho Superior da ALB-NAC/Dr. Honoris Causa-PHI, em Filosofia Universal e Lite-ratura, pelo CONALB/ Patronesse da cadeira nº 25, categoria Letras da ALAB, de Brasiléia, AC/Comendador pela Imperial Irmandade do Mérito Regente D. João VI, OMPH/Embaixatriz Literária Efetiva pelo Portal Mhário Lincoln do Brasil / Delegada junto à CONFALB e outras Instituições culturais pela ALA de Quinari, AC/Membro da Sociedade Memorial Visconde de Mauá e Ordem do Mérito Marquês de Viana e de várias outras Entidades culturais nacionais/fundadora de algumas.(Professora, poetisa, prosadora, declamadora, palestrante, atriz

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dela, a família, a ele disse: - Cale!Ana Amélia, já casada, qual feitiço,

encontrou-o depois em Portugal,inspirando-lhe, ao poeta, um poema

- “Ainda Uma Vez-Adeus!”- Sem igual!Nele, amor e saudade são seu tema.Casou-se com Dona Olímpia da Costa

- tiveram breve relacionamento.Faleceu em naufrágio na encosta

do Maranhão, ao voltar de tratamento. Sua poesia lembra da infância,

dos amores idos, vividos, gostade exalar deles sublime fragrância!

Era sua mais freqüente proposta. Longe do Brasil, sentiu-se exilado,saudosista. “Canção do Exílio”, clássicoda literatura, fê-lo citadoqual “célebre” no mais alto triássico.

Foi marco na nossa literaturae hoje aqui exaltamos seu valor.

Seu nome é, pois, lembrado com ternura,inesquecível, à Pátria, seu amor!...

Marina Moreno Leite Gentile - Marina Gentile484

AMOR PROIBIDONos versos que a ela dediquei,Naveguei em sentimento,Pensamentos que pensei,O verbo amar conjuguei ao vento. Todo o presente e futuro era com ela,Os cânticos de amor, as poesias,O partilhar os sonhos dela,Nossos enredos, duas geografias.

Tempestade, diversidade de raça,

Velas de ventos não navegáveis,Pensávamos que éramos inseparáveis.

484 Marina Moreno Leite Gentile - São Paulo – SP – Brasil - 06.04.1958. Tem cidadania e influência espanhola por ascendência materna (Alfarnate-Málaga). Desde 1982 reside na cidade de Salvador, Bahia onde teve seus filhos. Para ela, a escrita é um meio de interagir com a vida e com as pessoas que também apreciam a literatura. Marina Gentile, nome que utiliza para publicar, tem participações em diversas coletâneas, es-pecialmente na Câmara Brasileira de Jovens Escritores (CBJE). E também participou em livros da Literarte (Rio de Janeiro), Editora Pimenta Malagueta com sede em Salvador. É um grande prazer homenagear Gonçalves Dias. [email protected]; www.marinamorenogentile.blogspot.com.br

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Das profundezas de meu eu,Sob o calor do sol, clarões da lua,

Placidamente fui seu.

Marina Nicodemo da Rosa485

CANÇãO DO EXÍLIOEm minha terra, o pôr do sol

brilha muito forte e é atraente. Aqui, o céu é cinza e sem vida.

Lá, a chuva cai lentamente, purificando as plantas;

Aqui, a chuva causa transtorno e confusão.

Em minha terra há vida e energia; Aqui, o povo é sofrido e trabalha demais.

Lá, os pássaros cantam alegremente;Aqui, mantêm-se silenciosos.

Em minha terra há muitos shows, teatros e literatura;

Aqui, poucos se envolvem com cultura; tudo gira em torno de trabalho.

Na capital gaúcha, a primaveraé colorida e perfumada;

Aqui, as enxurradas impedem o crescimento das plantas.

Lá, no fim de tarde, o sol dá um tom especial ao Guaíba;

Aqui, a poluição não nos permite apreciar tal esplendor.

Marinaldo Lima486

A ÚLTIMA VIAGEM No exílio ele escreveu

Seu poema mais famosoDemonstrando amor à pátria

E o quanto estava saudoso.

485 Marina Nicodemo da Rosa - Porto alegre – RS– Brasil - 12 de março de 1994. Estudante do Ensino Médio do Colégio Conhecer, Porto Alegre/RS. Membro Efetivo da Academia de Letras Machado de Assis, Porto Alegre/RS, Cadeira 44, Patrono: Cassiano Ricardo; Academia Virtual Sala de Poetas e Escritores, Balneário Camboriú/SC; Associação Internacional dos Poetas del Mundo; e, Liga dos Amigos do Portal CEN, Praia Grande/Portugal. Coautora do Romance Interativo “Uma história de amor!”. E-mail: [email protected]

486 Marinaldo Lima – Jaboatão-PE – Brasil - 29/09/1965, Seus primeiros prêmios literários foram na Biblioteca de Afogados em Recife. Foi premiado ou selecionado em concursos literários na Bahia, São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Rio de Janeiro. Além de poeta e contista é pastor da Igreja Batista em Sítio Novo e professor da Escola Estadual Nossa Sra. do Carmo em Olinda.

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Exaltou a nossa terra, Nossos bosques, nossas flores;

Elevou nossas estrelas, Nossas vidas, com amores.

Falou das nossas palmeiras, Onde canta o sabiá,

Que gorjeiam lindamente Como em nenhum outro lugar.

No exílio com saudades, Derramou-se de amores,

Pela querida terrinha,Desejando seus sabores.

Mas ao voltar novamente Da Europa tão distante, Estando muito doente

E mesmo agonizante,

Quis o destino implacável Que não chegasse aqui;

Um naufrágio do navioDeu-lhe morte tão infeliz.

Sepultado foi no mar: Túmulo pra sua grandeza. E deixou à posteridadeUma imensurável riqueza:

Sua obra literária, Não se perdeu na História; Viajou por entre o tempoPara manter sua memória.

GONÇALVES DIAS, UM GRANDE BRASILEIRO! Gonçalves Dias foi um poeta apaixonado pelo Brasil,

E também pesquisador, desbravador destes sertõesE encantado com o que viu expressou-se com orgulhoDescrevendo nossa fauna e nossa flora nos grotões.

No ano de mil oitocentos e cinqüenta e novePassou a integrar uma importante Comissão: a Comissão Científica de Exploração do Império

Nomeada por Dom Pedro com uma grande missão.

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Até então apenas viajantes estrangeirosPesquisavam nossas matas, nossos rios, nossas serras.

Foi quando o nosso sábio Imperador Nomeou a Comissão para desbravar nossas terras.

Partindo do Ceará a Comissão se embrenhou, Pesquisando plantas, animais e populações nativas.

Esteve na Paraíba e no Rio Grande no Norte, No Pará, no Amazonas e atravessou nossas divisas.

Gonçalves Dias atuou de forma extraordináriaComo chefe da Seção de Etnografia.

Documentou vocábulos dos idiomas indígenas; Resgatou estas palavras com pronúncias e grafias.

Distinguiu o português do Brasil e o de Portugal, Valorizando as nuances da língua falada aqui.

Utilizou os elementos lingüísticos na poesia. Resgatou a importância do idioma tupi.

As coleções de objetos etnográficosEle enviou ao Rio, para o Museu Imperial

E juntamente com os colegas da expediçãoContribuiu para o progresso da Ciência Nacional.

Na Europa também trabalhou intensamente,Pesquisando em prol da Educação Brasileira.

E lá, com seus poemas, divulgou nossa culturaValorizando-a muito bem, de forma altaneira.

O GRANDE AMOR DE GONÇALVES DIAS

Entre tantos amores impossíveis Na história dos impossíveis amores Este é um dos mais lamentáveis

Pelos dissabores e dores. E o que causa mais lástima

É que este impossível amor Poderia ter sido possível

Poderia ter sido vencedor.

À bela jovem Ana AméliaO poeta dedicou grande amor. Mas ao pedi-la em casamento

Negado foi, por sua cor. Mesmo também sendo amado,

Sentimento correspondido, Gonçalves Dias aceitou.

Poderia ter persistido.

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Pois a jovem Ana AméliaA tudo estava disposta:

Enfrentar sua família, Com uma firme proposta.

Proporia ao seu amado Fugirem, enfrentarem tudo, Casarem e serem felizes;

Mesmo que fosse absurdo.

Mas por causa do orgulho O poeta resignou-se,

Partiu pra o Rio de Janeiro Onde com outra casou-se.

Sentindo-se abandonada Ana Amélia também casou. Mas nem ela, nem o poetaEsqueceram o grande amor.

Tempos depois se encontraram E com palavras mui ternas

Ele escreveu um poema,Foi a despedida eterna.

“Ainda uma vez – Adeus” Foi o túmulo deste amor.

Um moribundo infeliz, Que a História imortalizou.

O POETA DE NOSSA TERRANossa terra teve um poetaQue exaltou o sabiá.Poetas bons como ele, Não vemos em outro lugar.

Seus poemas são brilhantes.Foi um poeta genial.Tem até dois versos seus

Em nosso Hino Nacional.

“Nossos bosques tem mais vida”,“Nossa vida mais amores”;

Foi ele quem escreveu. Versos lindos, que primores!

Gonçalves Dias é seu nome, Um orgulho do Maranhão.

E com esta coletâneaDemonstramos-lhes nossa gratidão.

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Mario Filipe Cavalcanti de Souza Santos487

PEqUENA ODE A GONÇALVES DIASGonçalves, brasileiro,

preto, branco, Papel preenchido,

Teus Dias de glóriaSerão eternos!

Ah, Gonçalves, que um diaDeitasses aos mares maranhenses,

Como exulta nossa’lmaEm ode pequena

Mais que os amores amálios,Mais que o próprio sabiá

Que gorjeia por cá,Pelas palmeiras,

Lembrando-se de ti!

Salve amado Gonçalves!Salve tuas cismas de noite

Salve teu canto nostálgicoCanção emanada, amores perdidos

No exílio,Saísses da vida à glória

Entrasses mesmo pra históriaDesse Brasil que te vela

Que te acalanta e declama, salve, salve!

Brasileiro Gonçalves,Branco, preto,

Preenchido papelGloriosos os teus Dias,

Eternos no céu!

CANTO A GONÇALVES DIASCanto a Gonçalves Dias

O canto dos poetas vivosCanto a Gonçalves Dias

A flor dos infinitosCanto mesmo o canto

Tão amável do sabiáCanto, oh, como canto,

E não parto sem o cantar!

487 Mario Filipe Cavalcanti de Souza Santos - Recife, PE –Brasil - 15/01/1992. Estudou piano clássico na Escola de Artes do Recife. Escreveu sua primeira poesia ainda com 09 anos. Aos 17, ingressou na Faculdade de Direito do Recife (UFPE), onde continua a graduação. Foi vencedor em 2012 do Concurso Literário Nacional de Contos da Associação Nacional de Escritores. Publicou junto a outros mil autores do mundo lusófono poesia na Antologia “Entre o sono e o sonho” da Chiado Editora, de Portugal em 2013, é colunista na revista literária eletrônica, Varal do Brasil, editada em Genebra.

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Ah, filho do BrasilAh, poeta augusto,

Mereces homenagens milMil cantos, mil cultos!

Mario Gonçalves Dias Junior 488

EXÍLIO EM CANÇãOQuando eu era moleque

Nunca matei sabiáGostava de ouvir seu canto

Num tom entre sol e lá.

Sempre no fim da tardeTinha bolo de fubáNo pomar do quintalManga, caju, jatobá.

Brincava de pique-escondeSumia igual um preá

Banhava em qualquer rioDormia em qualquer sofá

O limite era a noiteCastigo era o bê-a-bá.

Um dia veio a mudançaMamãe dispensou a babáChorando, juntei as coisasNa caixa de jacarandá.

Abandonei o estilingueSaci, mula e boitatáE fui morar na cidadeCercado igual marajá.Deixei de ser caburé

Quando fui pro ParanáAinda brincava de bola

Mas não era como láA quadra aqui era cancha

E a molecada, piá.

Cresci distante da roçaCom um violão, e não pá

Compondo essa esperançaDe um dia voltar, oxalá.

488 Mario Gonçalves Dias Junior - Londrina/PR – Brasil. Sou um Gonçalves Dias de linhagem mineira nascido no velho oeste paulista no ano da Anistia (05/04/1979), embora me apresente apenas como Mario JR e more em Londrina/PR - Brasil.

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Minha terra tem primoresQue eu canto, quando dá

Aqui ninguém me entendeNem nunca entenderá.

Esta terra tem o silêncioQue não se ouve por lá

Tem sabores e coresExclusivamente de cá

Ninguém brinca de escondeNem escuta o sabiá.

CÂNTICO GONÇALVINO(Cordel sobre o Poeta Romântico Gonçalves Dias)

João Manuel, vendedor português,No início de agosto de vinte e trêsDaquele remoto século dezenove,

Acompanhado da esposa Vivência,No primeiro ano da Independência,

Desgovernadamente se move.

Alcançam o sítio chamado Boa Vista,Fugindo do ímpeto nacionalista

Que já ocupara a Vila Caxias.E em meio àquele período non sense,

No interior do sertão maranhense,Nasce Antonio Gonçalves Dias.

Vivendo uma fase de muita miséria,Com uma decisão extrema e séria,

João Manuel vai pra Portugal.E de volta após mais de dois anos,

Em quatro altera todos os planos,Eclodindo uma reviravolta total.

Vivendo com o pai e sua madrasta,Uma relação que o senso contrasta,

Estabiliza-se ali uma família.E aos doze anos, Antonio, assim,

Lê Filosofia, Francês e Latim,Aprendizado que vale a vigília.

Passou, com o pai, dois anos felizMorando e estudando em São Luiz

Até que o Destino, impávido, o trai.Ainda imaturo e sem profissão,

Deixa a capital do MaranhãoConduzindo o cortejo de seu pai.

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E apenas um ano após a tragédiaDecide tomar, de vez, sua rédea

E tentar estudos em Portugal.Co’ajuda de sua madrasta, ele parte,

Buscando Coimbra, o Colégio das Artes,E a sua independência afinal.

Enquanto o Brasil ardia em revoltas,E sua madrasta em reviravoltas,

Antonio entrou na Universidade.E quando tornou-se iminente o regresso,

Salvaram-lhe os amigos e os primeiros versosQue falam de romantismo e saudade.

Seu rol de amizades naquele ano -Almeida Garret, Alexandre Herculano -Apresentaram-lhe o Pré-Romantismo.E mesmo com a Poesia no auxílio,

Soprou-lhe a saudade a “Canção do Exílio”,O hino primevo do Nacionalismo.

Após oito anos vivendo em Coimbra,Enfim, o desejo da volta lhe timbra

E o advogado Antonio o atende.Viajando por Portugal e Espanha,O banzo do nosso Nordeste lhe assanha,E, imediatamente, Antonio se rende.

Cedendo aos apelos da bruta saudadeRetorna Antonio à velha cidadeQue não mais comporta a sua tinta.Só resta a Antonio juntar seu dinheiroE, indo embora ao Rio de Janeiro,Juntar suas rimas à ‘Geração de 30’.

E lá o Romantismo ganhou a vida,Publicando os seus ‘Cantos’. Em seguida,

Uma nova poesia se declara:Com Joaquim Manuel de Macedo,E Araújo Porto-Alegre no enredo,

Antonio funda a Revista Guanabara.

Sob o signo do amor, que não recusaO poeta, enfim, conhece sua musa:

Ana Amélia Ferreira do Vale.O Destino, porém, não abençoa,Pois não pode desposar uma pessoaA quem sua origem não equivale.

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Transtornado pela súbita dispensaE desesperado pela dor intensa,

O Poeta, só, então se precipita.E afasta sua solidão imposta

Conjugando-se a Olímpia da CostaSacramentando a relação finita.

Sufocado pela vida carioca,Outra vez a Europa o invoca

Aos estudos, mas agora em Lisboa.Lá encontra Ana Amélia entre os seus

E compõe: ‘Ainda uma vez – Adeus’Que a musa com o próprio sangue c’roa.

A reminiscência do amor perdidoRessuscita o sentimento jazido

E a pecha do divórcio assanha.Então, sozinho, o Poeta se renova,

E um épico, anônimo na alcova,Eleva-se ‘Os Tymbiras’, na Alemanha.

Consagrado, o Poeta IndianistaVolta à pátria em missão de cientistaPelo Norte e Nordeste, em exploração.

E mesmo ficando enfraquecido ali,Cria o ‘Dicionário da Língua Tupi’

E sacramenta assim sua missão.

Prestes a completar seus quarenta anos,A Europa, outra vez, entra nos planos,

Mas agora para um mês de tratamento.Esse mês se estende por mais vinte e dois,

E não percebendo melhora depois,O Poeta embarca o seu desalento.

Retornando à sua terra de palmeiras,Sem ainda ver as costas brasileiras

E nem ouvir o gorjeio sabiá,O Poeta, estando ainda muito frágil,

Não evita que o iminente naufrágioSubmirja os poemas que ainda há.

Mesmo sem ter desfrutado os primores,Avistado as palmeiras, tido amores

Que existiam entre a Europa e Caxias;Será, para sempre, o maior Romântico,

Que não caberia em apenas um Cântico,Pois poema nenhum é maior

Que GONÇALVES DIAS.

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Mário Helder Silva Ferreira 489

ATINS, O EXÍLIO DE GONÇALVES DIASPoeta do amor proibido,

Hoje colibris e sabiás, cantam a tua falta Teus cantos foram a tua coragem De amor jamais esquecido.

Teu exílio foi nos baixios de Atins Naquela confusa tempestade de horrores

Abandonado no teu próprio leito Vive a tocar os clarins.

A mistura mestiça o orgulhava Custando-lhe caros murmúrios

De não ter ousado A verdadeira ousadia do amor perseguido O romantismo deságua nos sentimentos Drama dos povos, dos pássaros. Paisagens.

Ágape dos sentimentos nacionalistas Tua pérola lapidada com flores

Rosas, orquídeas e louvores Pequeno grande notável

No teatro um trovador incansável Foi nessa além-fronteira da vida

Onde até as pedras se encontram Que um dia se despojaram Feridas reabertas Cicatrizes em dificuldades No sobejo desvairado e cruel Acabou, encontraram-se no céu. E aqui nessas terras de ricas palmeiras Estamos ávidos a te esperar.

PALMEIRAISTuas palmeiras de encantoFeito flechas certeiras

Que traspassam o coraçãoDe olho no infinito

Esnoba eterna cançãoDe olho no infinitoDo alto do teu apogeu

Tortuosamente vaidosaSopra o vento da inquietude

No relento da tempestade

489 Mário Helder Silva Ferreira - Barra do Corda – MA – Brasil. 03 dezembro de 1950. Economista, Empresário, Es-pecialista em Qualidade x Produtividade, Pós- Graduado em Marketing e em Gestão Empresarial, Membro da Academia Barra-Cordense de Letras, Membro da Federação das Academias do Maranhão - FALMA. Fundador da Casa do Maranhão em Brasília, Fundador do MIM, Movimento de Integração Maranhense, Presidente do Guajajara Iate Clube, poeta, cronista, contista, letrista para marchinhas de carnaval, escreve para Revista da Literatura da Academia Barra-Cordense de Letras,

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Sofre trôpego no auge da juventudeTua sombra magra

Causa espanto ao ventoTortuosamente se curvam

Ao elegante avistarDo lado das águas turvas

Soprando o sopro da colinaAgiganta e canta sutilmente

No tagarelar das sereiasBrilhando com a velha lua

Do alto desses bancos de areiasVai segue o teu caminho

Dando adeus às magiasVaidosamente arrepia

Do alto das regalias,

Mário Martins Meireles490

“qUE ME PERDOE O POETA” 491, 492

Que me perdoe o poetaDe quem os versos roubei,Pois que estes versos, bem sei,

Outra paixão já cantaram...Mas, certo estou do perdão,

Pois que ele, vate imortal,Não negaria a um mortal

As glórias que lhe sobraram!

O IMORTAL MARABÁ493, 494

IÓ guerreiros da raça tapuia!

Ó guerreiros da raça tupi!Vossos deuses inspiraram meus cantos...

Ó timbiras, meus cantos ouvi!

490 Mário Martins Meireles - São Luís – MA – Brasil - 8/3/1925. Iniciou seus estudos primários em Santos-SP, em 1920, prosseguiu neles em Manaus-AM e no Rio de Janeiro-RJ e os concluiu em São Luís-MA, em 1926, na Escola Modelo Benedito Leite. Fez o curso secundário em São Luís, concluído-o em 1931, no Instituto Viveiros. A seguir, principiou o Curso de Direito na Faculdade do Maranhão, mas o interrompeu, em 1934, na da Bahia. Em 1966 fez o Ciclo de Estudos da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra, em São Luís. Possui diversos trabalhos inéditos e já publicou os seguintes: O imortal Marabá. São Luís, 1949. ( Co-autoria com Achilles Lisboa ) Gonçalves Dias e Ana Amélia. São Luís, 1959.

491 MEIRELES, Mário Martins. O IMORTAL MARABÁ. Discurso de posse na AML. São Luís: Tip. M. Silva, 1948492 Poesia escrita em 1935; “E quando pensaria eu em 1935, ao escrever essa poesia, que hoje – treze anos após!

– estaria me empossando nesta poltrona acadêmica sob o patrocínio daquele cujos versos eu roubara para melhor cantar os meus amores da mocidade?” p. 20. Poesia compilada por Leopoldo Gil Dulcio Vaz – Curitiba – PR – Brasil – 1952; Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; Universidade Estadual do Maranhão

493 MEIRELES, Mário Martins. O IMORTAL MARABÁ. Discurso de posse na AML. São Luís: Tip. M. Silva, 1948, p. 37-39, Poesia compilada por Leopoldo Gil Dulcio Vaz – Curitiba – PR – Brasil – 1952; Instituto Histórico e Geo-gráfico do Maranhão; Universidade Estadual do Maranhão

494 Poema de Mário Meireles, decalcado da Canção do Piaga, de Gonçalves Dias, e inspirado no quadro da morte do Poeta, da autoria do pintor maranhense Eduardo de Sá, existente no salao nobre do Palácio do Governo do Maranhão.

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Esta noite era a lua tão linda,Entre nuvens, serena, a vagar,

E eu olhava as estrelas brilhantes,No futuro, tristonho, a pensar.

Relembrava o mau sonho que tive,A visão da desgraça por vir;

Nossos filhos perdidos nas matas,Da deshonra e da morte a fugir...

Nossas tabas, sem gente, sem vida...Nossa gente, se glporia, a morrer...

Nossa raça, sem força e vencida,Seu passado de gloria a esquecer!

De vergonha, eu chorava sosinho,Implorando o favor de Tupá,E pedia que a morte chegasse.

Mesmo vindas das mãos de Anhangá

Eis no céu se me mostra outro quadroDiferente daqueles que vi!

Vossos deuses inspiram meus cantos!Ó timbiras! Meus canros ouci!

IIEntre os restos de igara gigante,Sobre as ondas bravias do mar,Vi um branco de pálido rostoSobre as águas, sem vida, a boiar.

Brancas folhas, que eu nunca antes vira,Apertava-as, bem vi, nesta mão;Descansava-lhe a outra no peito,Bem aqui..., sobre seu coração.

O fantasma de um índio timbira- que surgiu ou do céu ou do mar –

Recurvando-se sobre o cadáver,A cabeça lhe vi coroar!

E o oceano, bramindo, rocando,Vi-o grande, terrível, se erguer,

E o cadáver, no seio das águas,Para sempre, e de vez, se perder!

Em seguida, falou-me o fantasma- o fantasma de um índio bem vi – E eu repito o que disse o guerreiro...Ó timbira, meus cantos ouvi!

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III“Tu bem viste, ó piaga divino!,

Este branco que eu vim coroar,Cujo corpo sagrado tu viste

O oceano zeloso guardar.

E não sabes, piaga, quem seja?Não t´o disse o cruel Anhangá?!

Não é branco, ó piaga!, é dos nossos...Será nosso – será marabá...

Entre os brancos será nossa gloria,Pois que gloria dos brancos será;

Dos timbiras a fama guerreiraNos seus cantos o Mundo ouvirá!

E o poeta será como nuncaEntre os brancos se viu ou verá,

Pois seus cantos serão inspiradosQuais se fossem do próprio Rudá!

O seu nome será venerado,Pois o quer, por vingança, Tupá:

O maior dos poetas brancosSerá nosso – há de ser marabá!

Bem aí, onde estás tu sentado,Entre as palmas, olhando este mar,

Hão de os brancos, em pedra esculpida,Sua estatua do chão elevar.

E os seus filhos virão no seu dia- que ele um dia na História terá! –

Cultuar o Cantor dos Timbiras,O sublime e imortal marabá!

Ele é filho de deuses, te digo,E por isso, no fundo do mar,O seu corpo, entre flores e cantos,

Hão de iaras ciumentas guardar...

Os guerreiros convoca, ó piaga!,Faze ouvir teu fiel maracá...

Manitós já fugiram da taba...A vingança há de vir, ó Tupá1”

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Mario Quintana495

UMA CANÇãO496

Minha terra não tem palmeiras...E em vez de um mero sabiá,

Cantam aves invisíveisNas palmeiras que não há.

Minha terra tem relógios,Cada qual com sua hora

Nos mais diversos instantes...Mas onde o instante de agora?

Mas onde a palavra “onde”?Terra ingrata, ingrato filho,

Sob os céus da minha terraEu canto a Canção do Exílio!

Marisa Schmidt497

OS TÚMULOS DE TANTOS MENINOS(Releitura do poema “Sobre o túmulo de um

menino” de Gonçalves Dias)

Hoje são tantos os túmulos dos meninos que morreram cedo, mas tão cansados de uma vida sofrida e surda aos brados das vozes aflitas dos seres pequeninos Não se pergunta por que estão ali esquecidos (alguns nem têm um nome gravado na pedra) nem quem chore essa vida que já não medra num tempo de amores gerados ressequidos Esses meninos, poeta, passaram como nuvem triste que não tiveram um olhar ao futuro, que nunca existe

para aqueles que nascem e morrem sem importância

A vida passa e passa a indiferença sobre outros meninos que em breve estarão cumprindo o mesmo infeliz destino de sumirem entre as pedras e o pó de uma perdida infância...

495 Mário de Miranda Quintana – Alegrete – RS – Brasil - 30 de julho de 1906 - Falecimento: 5 de maio de 1994, Porto Alegre; foi um poeta, tradutor e jornalista brasileiro. Mário Quintana fez as primeiras letras em sua cida-de natal, mudando-se em 1919 para Porto Alegre, onde estudou no Colégio.

496 Poesia compilada por Leopoldo Gil Dulcio Vaz – Curitiba – PR – Brasil – 1952; Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; Universidade Estadual do Maranhão

497 Marisa Schmidt - São Paulo, SP - Brasil - 16 de outubro de 1947. Pedagoga aposentada, mãe e avó e tenho na escrita meu hoby preferido. Participa de várias comunidades literárias virtuais e colabora como membro efe-tivo do “Grupo Cá Estamos Nós -Brasil - Portugal.” Reside atualmente na cidade de Bertioga-São Paulo- Brasil.

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EX_jUCA PIRAMATroquei meu canto de morte

por música sertaneja não sei mais viver na selva curumins têm brotoeja floresta já virou relva

e aqui se toma cerveja

Da tribo, restou o nome e por pouco ela não some

encravada junto ao asfalto já não fazemos a guerra

nem sobrevivemos da terra que se vende a preço alto

e aquele índio da poesia virou enredo de fantasia....

Mark Pizzato Machry 498

CANÇãO DO EXÍLIO Na minha terra tem figueiras,

aroma campestre e silvestre; tem também muitas cachoeiras

e nela está meu grande amor. Onde estou, há muito branco

o que me faz ser franco; Não estar com meu amor,

causam-me muita dor. Na minha terra tem figueiras

onde fagueiro pulsa meu coração. Nela há esteiras, onde repousa,

suavemente, minha doce paixão.

Martha Elsa Durazzo499

PALMERASAl puerto acompáñamepara el amanecer contemplar

subidos en una barca

498 Mark Pizzato Machry - Porto Alegre/RS – Brasil - 18 de abril de 1994. Membro Fundador da Academia de Letras Machado de Assis, de Porto Alegre/RS, Cadeira 34, Patrono Dyonélio Machado; Membro Efeti-vo da Academia Virtual Sala de Poetas e Escritores, Balneário Camboriú/SC; da Liga dos Amigos do Portal CEN, de Portugal; e, da Associação Internacional dos Poetas del Mundo. Cursa Direito na PUC-RS. E-mail: [email protected]

499 Martha Elsa Durazzo - Acapulco, Gro., México - 1956. Escritora, periodista, promotora cultural y abogado. Pte. de Escritores Veracruzanos, A.C., desde 2006. Pte. de La Casa del Poeta Peruano en el Edo. de Veracruz, 2010. Miembro de la Academia de Extensión Universitaria y Difusión de la Cultura de la FES, Zaragoza, UNAM, 2007. Autora de tres libros y coautora de veinticuatro. Traducida al rumano. Publicada en México, Cuba, España y Perú; publicada en revistas: Rumania, Argentina, Perú y México.

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Ver desde la distancia mecer sus esmeraldas penachos a las palmeras

Arrullados por las ondas marinas

Soñar un poco

Dirigir la vista más alláen el celeste océano

Durante aquel palpitante onirismo

sentir que son las espigadas palmerasque Gonsalves Dias anheló

volver a vibrar en su Brasil.

ANNA Y ANTONIOPalmera y avedéjenme que les cantede la luciérnaga el vuelo

acompasado de verdes y aleteos

Anna teje esferascon hebras solares

de amor encendidopara un poeta

La vía camina el vatepara contemplarel delicado perfillas femeninas formas

Posee su alma musaTrigo de inspiraciónExtrae del molino el pan del verso

Desplomada la noche Humanidad de aquel siglo

contrapusieron al coloquio amorosoel prejuicio

Camina el bardo la víasin la musa

pan de su versotrigo de su molino.

Palmera y aveel aeda vivióde la luciérnaga el vueloacompasado de verdes y aleteos

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PENSANDO EN TI.Truncada su vida

en la madurez y el amorquedaron sus versos

suspendidos en el viento.

Dadme una atarrayacapturarlos quiero

aterrizados cantarlos

en el tiempo..

SEM TITULOEl ritmo de su tierra

acuna en la lejaníala nostalgia

Cobra vigor su espírituSelva mar

lianas y manglares

Árboles que tejen ramasMillares de canoras

parlotean con el zumbarde los insectos

La piramidal conjunción de vocesrevela una arquitectura perfecta

Traza el poetael dibujo

de su poema.

DEL POETA LA SINFONÍA.Te lanzo un poema Brasil

plena capital de las sinfonías coloridasAmazona de la Tierra

tierra de Gonsalves Dias.

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Martins D’Alvarez500

SãO LUÍS DO MARANHãO“Minha terra tem palmeira

onde canta o sabiá... Ïsso é lirismo do poeta, a gente pensa de cá!

Mas, ao penetrar-se, em barcos, na baía de São Marcos,

vemos que há mesmo palmeiras e muitas palmeiras lá.

E, emoldurando as palmeiras, há jardins verdes, floridos,

ruas que sobem ladeiras, azulejos e vitrais... Poesia dos tempos idos: — chafarizes esquecidos,

romances adormecidos em solares coloniais.

E na fronde das palmeiras, há mesmo alados cantores

— enlevo dos sonhadores, — ternura dos namorados...

Dos platônicos mancebos que se ficam nas calçadas a acenar para as donzelas nas janelas dos sobrados.“Minha terra tem primores que tais não encontro eu cá... “Velhos fortins dos franceses, igrejinhas seculares: Carmo, Remédios, a Sé — mãe das primeiras Missões!... Se cujo púlpito, Vieira, plantou a fé brasileira,

com a augusta sementeira de seus famosos sermões.

Tem recantos encantados, de um bucolismo sem-par: — Sacavém, Ponta da Areia,

São João de Ribamar... O velho Farol de Alcântara,

500 Martins D’Alvarez – Barbalha – CE – Brasil - 14 de setembro de 1904. Filho de Antonio Martins de Jesus a de Antonia Leite da Cruz Martins. Fez os estudos primários na sua cidade natal, os secundários, no Liceu do Ce-ará. Formou-se em Odontologia. Transferiu desde o ano de 1938 a sua residência para o Rio de Janeiro, onde exerceu, além de atividades na imprensa, atividades no magistério superior. Livros publicados: “A Ronda das horas verdes”, 1930 (versos).”Quarta-feira de cinzas”, 1932 (novela).Menção honrosa da Academia Brasileira de Letras. “Vitral”, 1934 (Poemas).”0 Norte Canta”, 1941 (poesia popular). “No Mundo da Lua”, 1942 (poesia para crianças). ( Antologia da Nova Poesia Brasileira J.G . de Araujo Jorge - 1a ed. 1948).

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o Bumba-meu-boi de Anil... E outras relíquias da História

pitoresca do Brasil.Tem aquela preta velha

da Rua dos Afogados que foi preada na Angola,

deu bom preço nos mercados... Foi tudo para os Senhores... Amargou de mão em mão...

E traz na pele, gravado, o drama da escravidão.

Tem o português dos “secos” e o português dos “molhados”... Tem o turco dos “retalhos”

ë o turco dos “atacados”... Tem a “pipira morena,

lá da Rua do Alecrim, que aos domingos, toda chique,

vai fazer seu piquenique e à noite, em Campos de Ourique,

quem paga tudo é o Joaquim!“Nosso céu tem mais estrelas”

“na noite calma e deserta... — Infinita porta aberta

para um mundo de poesias! “nossas várzeas têm mais flores”,

além das rosas-meninas que florescem nas esquinas da Praça Gonçalves Dias!

“Nossos bosques têm mais vida “na magia feiticeira

dessa Atenas Brasileira de artistas e pensadores.

Graças à luz expendida por esta estirpe luzida,

“nossos bosques têm mais vida, nossa vida mais amores”.

“Em cismar sozinho à noite mais prazer encontro eu lá”,

pela Praça João Lisboa, recitando o “Marabá”...

Ao longo da Praia Grande... No botequim da Sinhá,

tirando o gosto da pinga com refresco de cajá...

Ouvindo, ao luar de prata, acordes de serenata,

com trovador e com flauta com violão e ganzá.

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“Não permita Deus que eu morra sem que eu volte para lá...

“Sem que carregue, contrito, o andor de São Benedito,

na bênção que ao povo aflito, em procissão, ele dá... Sem que inda prove pequi,

cupuaçu, bacuri, cambica de murici

e um bom arroz de cuchá!...Quero morrer, na verdade,

na minha velha cidade, namorando a antiguidade,

numa rede de algodão... Dando um adeus ao passado, um viva a Pedro II na melhor terra do mundo: — São Luís do Maranhão!

Mateus Comodo 501

A VIDA E SEUS POEMASGonçalves? Quem era?

Ah!, vivia na Europa e no Brasil,como se estes fossem os primeiros cantos.Mas, como ia para lá e voltava para cá,era conhecido de segundos cantos.

Para se acalmar de tantas viagens,usava muitas vezes a meditação,mas era muito bom rodar o mundo.De 1823 a 1864, vieram entãoos cantos sobre Brasil e Europa.

Com o dicionário da língua tupi,vimos que, o grande amor, Ana Amélia,

foi seu último canto,antes de naufragar nas águas do nordeste,tornando-se o lendário Gonçalves Dias.

501 Mateus Comodo - 08 de março de 1996, é estudante da 3.ª série do Ensino Médio do Colégio Objetivo São Roque. Gosta muito de Direito, literatura jurídica e de praticar tênis. Como descendente de italiano, adora cozinhar e comer massas. Tem como hobby assistir a jogos de futebol e ouvir música.

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Matheus Fabrício Pereira Madeira502

GONÇALVES DIASAntonio Gonçalves Dias

Nasceu em Caxias cresceuFazendo poesia com

Harmonia e alegria.

Antonio Gonçalves DiasFez uma bela poesia

Falando da sua terraCom muita harmonia.

Estudou em PortugalLatim filosofia e Frances

Mas nunca esqueceu doPortuguês.

Antonio Gonçalves DiasMorreu em Lisboa

Mas voltou para cáOnde mora gente boa.

Nunca será esquecido Poeta romântico na Praça dos namoradosOs amores encantados

Mayara da Silva Jorge503

CANTOS E ENCANTOS DE UM MARANHENSEFui brasileiro orgulhoso

E apaixonado,Porque vivi num país maravilhoso,

Com um solo encantado.

Nessa terra adorável, Cheia de luz e beleza,Vivi sorrindo maravilhado

Com essas coisas lindas por natureza.

Quando vi aqueles olhos lindos,Logo me apaixonei,

Mas veio o preconceito destruindoTodo o amor que eu criei.

502 Matheus Fabrício Pereira Madeira - São Luís – MA - Brasil - 20/012002. Motivo da Participação: Demonstrar através da poesia a contribuição literária de Gonçalves Dias na formação-sócio cultural do educando interpre-tar e compreender textos poéticos.

503 Mayara da Silva Jorge - Teresópolis/RJ - Brasil - 17/04/1997 - poetaluna do 9.º Ano da E. M. Alcino Francisco da Silva, em Teresópolis/RJ, e já traz um vasto currículo literário, incluindo a Menção Honrosa no XXII Concurso de Poesias da ALAP, no Rio de Janeiro/RJ. Tem diversos textos publicados no blog “Diários de solidões coletivas” (um deles, inclusive, está entre as postagens mais populares do blog citado).

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Do Maranhão eu vim,Do Maranhão eu fui,

Alguns pensam que é o fimPorque o amor não evolui.

Porém espero que minha arteContinue encantando corações

E que faça parteDe várias gerações.

Mayara Sousa Gonçalves504

CANÇãO DO MARANHãOMinha Terra tem sujeira onde cantava o sabiá,As aves que aqui gorjeavamNão gorjeiam como lá.

Minha vida, mas amoresOnde cantavam por cá e só as aves

Que gorjeiam não gorjeia como cá.

Essa vida de brasileiro,Só pensa em cantar,

Por isso que as aves que gorjeiamNão gorjeiam como lá.

As crianças só pensam em chorar,E não de brincar.Por isso que as lágrimas caem,Por que não pensa em respeitar.

Mhário Lincoln Félix Santos 505

A GONÇALVES DIASGonçalves, que Dias

O amor intenso, mas proibidoNa volta ao porto, apenas meu corpoCarregado pelas brumas da baía de São Luís

Náufrago da paixão e dos oceanos da incompreensão humana

504 Mayara Sousa Gonçalves - São Luís – MA - Brasil - 11/08/2001. Motivo da participação: Eu sempre sonhei em ser poeta para escrever para minha família eu quero ser reconhecida igualmente a Gonçalves Dias.

505 Mhário Lincoln Félix Santos – São Luís – MA – Brasil - 27 de março de 1954 - Atualmente reside em Curiti-ba-Paraná. É advogado, escritor e poeta. Colunista e editor de variedades em vários jornais de São Luís e de Curitiba-PR. Atual atividade: Diretor-proprietário do Portal Aqui Brasil (www.portalaquibrasil.com.br) com sede em Curitiba-PR, com aproximadamente 2,5 milhões de acessos mês em diversos países, destacando-se Brasil, Argentina, Portugal, Espanha, Estados Unidos, Alemanha, Russia e China.

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EU E G. DIASAh! Gonçalves de todos os dias

De todas as horas, das minhas agonias.Gonçalves, das praças e dos veleiros

Dos mares de Lisboa, dos aventureiros.

Gonçalves Dias dos índios e dos anuviaisDos poemas, das palmeiras dos sabiás

Da saudade, do amor perdidoComo eu, quanto amor desiludido

Minha vida é como a sua, como teus aisAfogado, eu, nos navios da desilusão

Perdido e náufrago do meu coração

Grande irmão de poesiaIguais somos em dores e noites

Cujos corações morrem de doídos açoites.

São Luís, agosto de 1982

Michael Jackson Coelho da Silva506

SEM TÍTULOSão Luís cidade mimosa,Tão linda como uma rosa.

São Luís como pode brilhar,Diz o canto do sabiá.

São Luís linda cidade,Tão linda com tanta idade

São Luís cidade dos azulejos, São lindas como te vejo.

São Luís cidade das praias,Cidade amiga da água.

Cidade dos casarões,Com várias mansões.”

506 Michael Jackson Coelho da Silva - São Luís-MA Brasil – 08\11/2000. Motivo da participação: Eu gostaria de participa da Antologia poética por que eu queria que todos se lembrassem de mim na Escola, para ajudar a escola e deixar meu pai e minha mãe orgulhosos e homenagear o nosso grande poeta.

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Michelle Adler Normando de Carvalho507

O HOMEM GONÇALVES DIASIndianista

humanista tuas palavras traduzem lutas

traduzem amor traduzem vida

Gonçalves Dias!!!

No romantismo estás também... encontraste o amor que tanto querias

e te encurralaram num beco sem saídaentre o amor de Ana Amélia

e a amizade da sua família abdicaste a ela ficando com a tua alma marcada em fogoeternamente ferida...

No mar encontraste paz entraste para a eternidade

por fim a gloria... por fim guarida!!!

Michelle Fonseca Coelho508

VIVA O POETA!Minha terra tem palmeiras,Onde canta o amor.Minha terra tem flores,Onde exala o frescor.Minha terra tem crianças,Onde emana a alegria.Minha terra tem esperança,Onde não se dá tempo a agonia.Minha terra tem estrelas,Onde brilha a sedução.

Minha terra tem alma,Onde exala a paixão.

Minha terra tem sentido,Onde habita o belo, o certo, a emoção.

Minha terra tem palmeiras,Onde Gonçalves Dias declama com o coração.

507 Michelle Adler Normando de Carvalho - São Luís – MA – Brasil - 14 de novembro de 1979. É Psicóloga. Espe-cialização em Psicologia Hospitalar pela FAMA (2005), Especialização em Psicopedagogia pela UNDB (2008) e mestrado em Ciências da Saúde pela Universidade Federal do Maranhão (2010). É Professora universitária da Faculdade Pitágoras - São Luís e da Faculdade do Maranhão- - FACAM. Faz parte do Banco de dados de avalia-dores de cursos de graduação do INEP/MEC.

508 Michelle Fonseca Coelho nasceu em 24 de dezembro de 1979 em São Luís. Formada em Letras, pós-graduada em Docência do Ensino Superior, mestranda em Ciências da Educação pela Universid Americana, Assunção - Paraguai. Estudou na Languague Studies Canada, Vancouver B. C, Canadá; e na Landmark Christian School, Paramaribo, Suriname. Professora da Faculdade Pitágoras e Faculdade do Maranhão.

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Miguel Marques509 - São Luís, 7 de Setembro de 1873

GONÇALVES DIAS - Recitada por ocasião da inauguração da sua estátua

Eis em vulto entregue aos séculos,quem, não sendo divindade,

perscrutava a eternidadenos arroubos da poesia,

e, delirante abrasadonas chispas da luz homérica,dizia à Europa: D’Américaa glória sou eu quem guia!

Silêncio! que a história exaltacom voz sublime, estupenda

o seu nome, a sua lendaaos sons de celeste hino!...

Vinde, oh! turba! entusiásticaprostrai-vos junto ao proscênio

onde em mármore é o gêniomostrando o selo divino.

Nasceu na brasília Atenas,onde se ostenta a coroa

de Sotero, de Lisboa,de Mendes, Sousa e Galvão,

e também do audaz guerreiro ,que no fogo das batalhas

entre o furor das metralhassempre foi o herói Falcão.

De tanta seiva alentado,qual o disco luminoso

ele se ergueu majestoso,do berço das melodias;

e, na lira meigamente,vibrando «Os primeiros cantos»

a glória cheia de encantosabraçou – Gonçalves Dias –

Oh! doce cisne adormidono leito dos aquilões,

quebranta os duros grilhõesDo teu letargo profundo,

que a Pátria de amor perdidateu nome ufana entoando

manda aos ecos retumbandoespalhá-lo pelo mundo.

509 Leal, Henriques, Pantheon Maranhense, São Luís, 1874, p. 567-569. Poesias compiladas por Weberson Fer-nandes Grizoste - Jauru – MT – Brasil

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Vem, oh filho das Moeonidas!Santuário do ideal!

Do teu trono de cristalcontemplar a cena augusta.

Se humilde e a aparênciabrada altiva a voz da Fama:–A glória o gênio proclamafirmada em base robusta.

Que diga Dante, Virgílio,quem com mais inspiração

brilhava quando o vulcãodo teu crânio se inflamava,

e ouvindo o mágico idíliodo sabia mavioso,

teu estro temo e saudosomelífluas queixas soltava.

Mas além era impossívelum ser humano subir!

Era muito o seu fulgir,devia o astro tombar.

Deus chamou-o ao seu império,mas vendo a terra tão pobredisse: P’ra argila tão nobre

cave-se um tumulo no mar!

Caiu como o cedro enormepela tormenta batido,como o condor que feridomorre nos braços do vento.Mas a saudade do bardopara nós será estóica,qual essa amizade heróica,de quem fez-lhe o monumento!

Dorme, Poeta, que o gênio ,jamais o tempo consome!

A Fama dirá-teu nome,a Glória – os fulgores teus - !

E, vos turba entusiásticavinde, correi ofegante

saudar o vate Giganteo brasílio semideus.

POR OCASIãO DA INAUGURAÇãO DA ESTÁTUA EM SãO LUÍSAli vereis no mármor modelado

Aquele que na lira sempre altivo O gênio sustentou!Sublime emanação d’um ser divinoO seu nome é um poema, doce hino Dos hinos que cantou!

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Era um gênio gigante, um astro lúcido!...Qual de Homero, Virgílio, Tasso, Dante

Seu estro fulgurava!...No berço deu-lhe Apolo a poesia!Poeta, – fez-se rei da melodia

Que os cantos lhe adornava.As melífluas canções, as harmonias,Os acordes sublimes que derramam

Suas obras imortais,Que «Seus olhos» o digam, «Minha terra»

E o sabiá saudoso lá na serra Por entre os palmeirais!

Não pode rude lira tão mesquinhaVibrar em teu louvor cantor sublime,

Poeta divinal!Em subidas esferas tu pairaste,

E o mundo com teus cantos fascinastes Fazendo-te imortal.

Famosos Panteões se edificaramEm Atenas e Roma belicosas

Ao deus das harmonias:Pois bem! O Maranhão ao mundo culto

Mostrar vem o orgulhoso grande vulto Do seu Gonçalves Dias

Mikaelle Cristina dos Santos Cantanhede510

TEU ORGULHO NASCEU!

Caxias do Maranhão canta teu canto que teu orgulho nasceu!Orgulho que nasceu, cresceu em busca de conhecimento, de novos

saberes de questionamentos inexplicáveis.

Gonçalves Dias foi você que muitos querem entender, aprender com teus versos e contos como escrevestes com verdade!

O que não sabíamos é que um dia a água te encobriria, E a nós resta até hoje lembranças tuas e da linda cidade de Caxias!

510 Mikaelle Cristina Dos Santos Cantanhede - Sao Luis – MA – Brasil - 18/09/2000 – EPFA Cursando: 5º Ano – Turma: C – Profª Shirle Maklene

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Mikaely Fernanda Rodrigues 511

BRASILAh! Que saudade

Que dáDa minha cidade Lá sim eu tinha uma vida.

Amigos, parentes, famíliaAinda quero rever um dia

Arrependida por largar meu namoradoQue um dia tanto havia amado.

Choro até hoje de amor,Pois sinto falta do beijo

Beijo que só ele sabe darAh, que saudade do meu lar.

Sinto saudades das praias, da cangaDo ritmo, do carnaval, do samba

Saudades, saudades me dá,É isso que dá Brasil, tanto, tanto te amar!

Milena Adler Normando de Sá512

O AMOR DE GONÇALVES DIASEleAmou o seu olhar...A amou à primeira vistaGrande alegria!...Porque Ana Améliao correspondia!!!

Por ser mulato não a pode amar ...Seu grande amor se perdeu...

não o pode realizar!...

Amor eterno,Amor pleno,

Amor verdadeiro,ANA AMÉLIA,

Esse era o amor do eterno poeta altaneiro!!!

511 Mikaely Fernanda Rodrigues - Bebedeuro – SP – Brasil - Aluna da 7ª. Serie C da Profa. Silvana Morelli http://silmoreli.blogspot.com.br/2009/09/cancao-do-exilio.html, Poesia compilada por Leopoldo Gil Dulcio Vaz – Curitiba – PR – Brasil – 1952; Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; Universidade Estadual do Maranhão

512 Milena Adler Normando de Sá. São Luís – MA – Brasil - 01/1976. É formada em Contabilidade. É mãe de João Marcelo e Lara.

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Miriam Porras Adame…513

AMOR A TRAVES DEL TIEMPO. Me acaricio el alma cada uno de tus versos,

sentí el desconsuelo de estar vivo y a la vez muerto,de amar en lo profundo sin poder tomar su cuerpo,

la elección entre tu amada y lo correcto no fortaleció tu espíritu,solo te entregó desgracia y sufrimiento.

Por tu sangre corren mundos muy diversos,uno te indicaba claudicar sin el menor intento,de no probar las mieles del amor en cautiverio

era tuyo en comunión con el destino en tus adentros.

Otro suprimía la idea, el pensamiento,de aspirar el perfume de Doña Ana,

el perfume de su cuerpo, las caricias de sus manosde vivir el amor, el que no conoce de linajes,

de tristezas, de dinero, el amor que vive de besos, de caricias, del vaho de su aliento.

Otro mundo te oprimía el corazón,

terminaste en alejarte, abandonando tus ensueñosen el recuerdo de tu Amelia que vivió para adorarte,

en el silencio de otros brazos que no pudieron consolarle.

Caminaste en rumbos ignorados, trotandosubiendo y bajando con un mismo pensamiento,

el amor que no llego, que se fue y te dejóen el más temible de tus sueños,

la soledad carcomiendo cada noche, en lo incierto.

La razón te abandono, tu cuerpo sucumbióen espasmos de dolor,

nunca llego la señal que te pudiera consolar,no hubo besos, besos, besos,

en ajenos brazos diste rienda suelta a tu aflicción.

En el naufragio de tu cuerpo, el amor se aprovechó de alejarse de este mundo, para estar en otro sin calvario

donde no dañan las mieles en la pasión, ¿será que el orgullo de ser de las tres razas,

no dejaron libertad en el amor? regresa, que tu amada asimismo feneció sin tu calor.

513 Miriam Porras Adam - Navojoa, Sonora, México. Poeta y Escritora, ha participado en diversos eventos cultu-rales; [email protected]

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Moacir Lopes Poconé Neto514

jAZIGO NO MARUm navio

Leva com ele os sonhos para o fundo dos mares.Nele vão os dias de muitosE o Dias

O grande Gonçalves.Pouco mais de quarenta

E histórias de séculos.Timbiras, tamoios e exílio.

Amores, cantos e piramas.Ainda era tão cedo

E nos deixava naquele dia.No mesmo Maranhão onde nascera.De onde saíra para o mundo.Um mundo que não mais seria o mesmo

Sem o canto daquele que viuE cantou como ninguém

Sua pátria, sua gente e seus amores.Jaz, Gonçalves, nesse túmulo de água

Até ele pequeno para o seu tamanho.

Moacir Luís Araldi515

CARTAEscrevo-te, digno poeta,Pra dizer que aquiSua obra é perpétua.E que ainda fazemos versos pra ti.

Aproveito caro Gonçalves,Pra te mandar um abraço.Pra dizer que a saudade

No peito ocupa muito espaço.

A nação Maranhense e BrasileiraQue por ti morre de amoresImpunha tua bandeira

Nesta terra de primores.

514 Moacir Lopes Poconé Neto - Aracaju - SE – Brasil - 27/03/1975. Escreve crônicas, contos e poesias desde os quinze anos. Possui graduação em Letras Português pela Universidade Tiradentes (2008) e graduação em Di-reito pela Universidade Federal de Sergipe (1996). Mantém o blog Deu na Telha, no qual escreve sobre os mais diversos assuntos.

515 Moacir Luís Araldi - Passo Fundo- RS – Brasil - 18 de setembro de 1963. Gaúcho, brasileiro, residente em Passo Fundo- RS. Formado em letras pela Fundação Universidade de Passo Fundo (UPF), escreve, amadoristicamen-te desde 1986.

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Diga ilustre brasileiro,Como te aceitam por aí?

Vives com Ana um amor verdadeiroComo não viveste aqui?

Vejo na minha ilusãoUm banco a sombra da palmeira.

Você vivendo sua inspiraçãoE o sabiá cantando com ciumeira.

Tem teu nome a rua da tua moradia,Com aprovação dos Timbiras.

Viraste imortal GONÇALVES DIAS,Nesta terra que te ama e te admira.

FALAR DE VOCÊFalar de você Gonçalves,

Faz pensar no canto do sabiá.Em estrelas, palmeiras e flores.

Da frustração nos amores.Do viver lá como cá.

Homenagear você Gonçalves,Faz pensar no amor que não viveu.

Em todos teus sonhos iludidos E no crime que não cometeu,

Mesmo quando a amada perdeu.

Saudar você Gonçalves,Faz lembrar oceano.

Um romântico leito de morte.Mesmo com seus poucos anos

Selou a tua sorte.

Na presença da morte foste forte,Um guerreiro lutador

Nacionalista e sonhadorEnalteço com alegria

Magnânimo... GONÇALVES DIAS

MEU DEUSPalmeira solitária

Na várzea da nostalgia.Bosques sem harmonias

Sabiá sem gritaria.

Da terra que amaste tantoQue pela vida exaltou

Veio também o pranto,De um amor que não brotou.

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E o mar que só a você castigou,Um anjo para céu mandou.

Não propriamente um anjo.Um cupido do amor.

Meu Deus, eu te peço um favor.Seja meu condutor,

Ajude-me a levar minhas odes e elegiasAo brasileiro, inesquecível GONÇALVES DIAS.

GENIALGenialidade nas linhas que escrevias,

Que se perpetuam por gerações.Genialidade nos versos que compunha,

Para entalhar nos corações.

Genial para exaltar um povo,Uma nação, um país.

Genial para buscar o novo,E uma forma de ser feliz.

Gênio triste... Talvez!Que também viveu alegrias,Poeta de enorme altivez.

Genial GONÇALVES DIAS.

MIL POEMASNossa terra sempre vai te venerar.As palmeiras não podem te saudar.Os poetas aqui escrevemPra no céu, te homenagear.

No poetar eras uma estrela.No versejar entre linhas,Com rimas que para fazê-lasFalavas de amores que quiçá... Nem tinhas.

Em te ler Dias, à noite.Mais me encanto eu cá.

As tuas poesias tem,O cantar do sabiá.

Tua terra tem mil poemas,Todos nesta antologia.

Versos, letras e grafemas.Tributando GONÇALVES DIAS.

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Monique Rocha Passos516

SAUDADEA saudade é a maior inimiga da alma.

Além de deixá-lo triste,Ainda tenta te matar...

Quando fico com saudade de você,Meu coração não para de bater...

Fico pensando em quando vou te ver.Onde será que você está?

Fico pensando em te encontrar...Será que você vai voltar?

Se você não vir,Quero que saiba

Que a saudade só vai aumentar...

Quando vou finalmente te encontrar?

Moysés Barbosa 517

UM POETA NACIONALISTA Natural de Caxias... Maranhão

Ele respirava o ar da poesia Versejador apreciado, sem igual

Compôs a bela “Canção do Exílio” Pra Ana Amélia ele sempre escrevia

Chegou a residir em Portugal

Estudou Direito em Coimbra E na Língua Tupy, escorreito, redigiu

Uma obra de valor... Dicionário Traduzia também o alemão

Seus poemas... quem ‘inda não viu? Foi cientista... para alguns visionário.

Sua obra literária é muito vasta “Cantos”, “Timbiras”, “Meditação”...

Feição séria, porém sentimental Cultivou o ideal nacionalista

“Canção do Exílio” colocou então Inúmeros versos no Hino Nacional

516 Monique Rocha Passos - Jd. Ubirajara – São Paulo – SP – Brasil - 11/04/2000. ESCOLA: EMEF Antenor Nas-centes; DIRETORA: Denise Ribeiro de Carvalho; PROFESSORA RESPONSÁVEL: Adenilza Almeida Lira E-MAIL DA ESCOLA: [email protected]

517 Moysés Barbosa - Comendador Levy Gasparian - R J - Brasil - 15 de fevereiro de 1944, Membro Benemérito e Senador Acadêmico Honorário da FEBACLA,Bispo, Advogado, Professor, Jornalista, Embaixador da Paz, Poeta (já com Jubileu de Ouro de Poesia (2009) site:www.pastormoysesbarbosa.com

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No Colégio Dom Pedro II Foi professor muito festejado

Fundou a Revista Guanabara Ajudado por dois companheiros

No Romantismo, sim...foi aprovado! Toda sua obra o civismo ampara

Foi até destemido navegador Lá no rio Negro e rio Madeira

Uma extensa região ele explorou Cultivava com prazer a cidadania

Na Europa, Casa Brockhaus, era livreira Vários Cantos de “Timbiras” editou

Exaltemos, sim, esta personalidade Célebre poeta e literato brasileiro Do qual todos nós nos orgulhamos ANTONIO DE GONÇALVES DIAS

Nas letras é expoente, é altaneiro E com razão honras lhe tributamos!

Murilo Monteiro Mendes – Murilo Mendes 518

CANÇãO DO EXÍLIO519

Minha terra tem macieiras da Califórnia onde cantam gaturamos de Veneza. Os poetas da minha terra são pretos que vivem em torres de ametista, os sargentos do exército são monistas, cubistas, os filósofos são polacos vendendo a prestações. A gente não pode dormir com os oradores e os pernilongos. Os sururus em família têm por testemunha a Gioconda. Eu morro sufocado em terra estrangeira.

Nossas flores são mais bonitas nossas frutas mais gostosas

mas custam cem mil réis a dúzia.Ai quem me dera chupar uma carambola de verdade

e ouvir um sabiá con certidão de idade!

518 Murilo Monteiro Mendes - Murilo Mendes - Juiz de Fora – MG – Brasil - 13 de maio de 1901; foi um poeta e prosador brasileiro, expoente do surrealismo brasileiro. Wikipédia

519 Poesia compilada por Leopoldo Gil Dulcio Vaz – Curitiba – PR – Brasil – 1952; Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; Universidade Estadual do Maranhão

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Mylene dos Santos Siqueira520

MINHA TERRAMinha terra tem história,

Que acabaram de chega. No Centro Histórico

É um lugar de se encontrar Nosso céu não tem quase estrela,

Mas eu ainda gosto deste lugar. Minha terra tem praias,

Para gente se encontrar.

Hotel de frente pro o mar, Minha cidade tem curiosidades.

Que você vai gostar, Mas só vai saber se vir olhar.

Nadir Silveira Dias521

DON’ANAHá um nada em quase tudo

Quase sempre em todo o tempoEm qualquer época ou lugar

Mudando somente o matizA intensidade, não raro o fulgor

A macular o destino, a macular o amor.

A família soberana nem sempre acertaOu se arrisca, e somente petisca

E lambisca o que da sorte lhe sobraSe lhe sobra algo de bom

Pois o normal é sorver o felMal fecundo que antes semeou...

Foi assim com Don’AnaE Gonçalves Dias também

Nutridos e correspondidos

520 Mylene dos Santos Siqueira -São Luís-MA - Brasil – 03\01\2001. Motivo da Participaçao: Eu gostaria de par-ticipa da Antologia poética por que será uma grande ortunidade para mim, ter minha poesia sendo lembrada por todos e ser lembrada por este poeta maravilhoso.

521 Nadir Silveira Dias - Rio Grande, RS – Brasil - 04.04.1947. Reside em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Brasil. É Jurista, Escritor, Poeta, Compositor, e Letrista, integrante da Ordem dos Advogados do Brasil, da ARI - Asso-ciação Riograndense de Imprensa, da Ordem dos Músicos do Brasil, e de várias Academias Literárias do Brasil. É laureado da ASL - “ARTS SCIENCES LETTRES” Societe Academique d’Education et d’Encouragement, França. Autor de vinte e três livros de literatura e de doutrina jurídica, obtém pelo livro Rastros do Sentir, a Medaglia d’Argento 2004 - Premio Letterario Internazionale “Maestrale - San Marco” - Itália, e, pelas obras e ações, em Paris, a Médaille de Vermeil 2009. [email protected]

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Um pelo outro de intenso amorQue tiveram suas vidas destruídas

Pelo insano não consentimento...

Vidas destroçadas, sim, senhor!Pois amor é vida sempreEm qualquer tempo ou lugar

É o ânimo, é o ar que se respira!E se de um se tira o outro

Fenece um, fenece a outra.

Dia haverá, com certeza (!), queCrime assim não mais ocorrerá

Por conta de novos tempos queHão de vir pra limpar as mentesE saná-las do viciado preconceitoQue tanto e tanto mal já tem feito.

Naraene Miranda da Silva522

GONÇALVES DIASAntônio Gonçalves Dias,

um grande escritor maranhense,que nasceu em 10 de agostona pequena e bela Caxias.

Homem bom e inteligenteFoi para fora estudar,Mas, com saudade de sua terra escreviaa beleza que por aqui existia.

Gonçalves Dias era o escritor.Defendia a pátria,a religiosidade, e, principalmente, o amor.

Ele foi o grande cantadorFoi no Brasil que encontrouAna Amélia,

Seu grande amor.

Mas, que pena, num naufrágio morriaUm grande escritor, que o Brasil

com muita tristezaPerdia.

522 Naraene Miranda da Silva – Balsas - MA – Brasil. URE – Balsas - Centro de Ensino Médio Dom Daniel Comboni; Professora: Marcia Meurer Sandri

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Natália Bueno Dias 523

CANÇãO DO EXÍLIOVejo o céu cinzento

com uma brisa fria,Lembro-me do céu azul

e de seus campos deslumbrantes.Sinto-me sozinha vivendo

ao lado de um bosque.Lembro-me de nossas roças

com cheiro de mato.Bosques sem essências

Sinto falta de nossas florescheirosas e deslumbrantes

que relatam grandes amores.Nosso ritmo é o melhor

Festas e alegriaCidade muito parada

Sinto falta da capitalArroz com feijoada e

uma bela salada.Aqui só como massa

e vivo com presão alta.Meu Deus, só lhe faço um pedido:

Não me deixe morrer com esse ar sem cheiro,

quero morrer ao lado da praiacom a brisa leve e suave.

Quero voltar a viverjunto à felicidade.

Nathalia Ribeiro Lopes 524

NãO SABIA O qUE qUERIA.Trouxe, à noite, a luz de um dia,

Fez-se tarde a cantoriaDas aves e sabiás.Quem pudera pensaria

que, de tonto, abandonariaestrofe, verso, rima:

e o coração de quem quis amar.Ó Gonçalves, tão astuto,

pela razão deitou-se ao lutode quem teve que abandonar

523 Natália Bueno Dias - Bebedeuro – SP – Brasil - Aluna da 7ª. Serri B da Profa. Silvana Moreli - http://silmoreli.blogspot.com.br/2009/09/cancao-do-exilio.html , Poesia compilada por Leopoldo Gil Dulcio Vaz – Curitiba – PR – Brasil – 1952; Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; Universidade Estadual do Maranhão

524 Nathalia Ribeiro Lopes - 4 de outubro de 1995, é aluna da 3.ª série do Ensino Médio do Colégio Objetivo São Roque. Gosta de música popular brasileira, escrita criativa e cinema.

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Ana que, por saudade, lacrou em sangue e lápideo poema e a vontade de ver nessa terra o sol raiar,

E em morte cessariao adeus em poesia

de quem não pôde se tocar.

Nathália Rodrigues Barbosa525

CANÇãO DO EXÍLIOPorto Alegre, terra

de gaúchas bonitasque destacam as belezas

da cidade. Pássaros encantam com seus cantos; o sol, ao refletir, nas águas do Guaíba, ilumina-o;

o cheiro das flores perfumam os caminhos do Parque da Redenção.

Algodão doce, pipocas, doces e pessoas passando,

de um lado para o outro, dão-me a sensação

de que sou livre e feliz. Aqui, pouco vejo de encantador.Quero a minha terra voltar e o seu perfume respirar.

Nédia Sales de Jesus526

OUTROS DIAS Dos Dias, o mais luminoso,A mártir foi escolhidoA saciar a invídia do mar.

Vigorosos, eternos e imortais,Novos Dias emergem

A cada ressaca das águas.

Eis que sobrevive a poesiaE, sobre as palmeiras,

Ainda gorjeiam os sabiás.

525 Nathália Rodrigues Barbosa - Porto Alegre/RS – Brasil - 20 de janeiro de 1998. Estudante do Ensino Funda-mental do Colégio Conhecer, Porto Alegre/RS. Integrante do Projeto Literário “Banners Poéticos”, 2012. Inte-grante do Projeto “Imagens e Textos construindo Histórias e Versos”: “Banners Poéticos”, 2012. Curte música e dança. E-mail: [email protected]

526 Nédia Sales de Jesus - Santo Antonio de Jesus, BA, Brasil - 25/06/1971. O gosto pela escrita nasceu ainda na adolescência, quando passou a expressar a sua visão particular do mundo através de suas primeiras poesias, o que lhe rendeu, posteriormente, alguns prêmios e publicações no Brasil e, recentemente, em Portugal.

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Nelmara Silva527

AH COMO AMEI !Clareza, claridade,

contaminação de verdades... Poesia, misturada de brasilidade...

Mocidade, amores e tantos amores.Amores do mar, natureza

Nossa tão amada cidade. Amor Amélia, amor-maior.

Enriquecida palavra.Horizontes desbravados.

Em tantos mares navegados. POETA - espelho de rimas, quartetos guardados. Trovas, do cantante trovador. Pássaros , gorjeios, emoldurados. Perfeito trinado. Triunfa tua saga, tua alma. Amigo, irmão Gonçalves. Penhor de nossa História Brasil. D e s c o r t i n a n d o se

obras imortais, talento tecido passo a passo tons, semitons, belezas naturais. A palavra é a força da vitória.

527 Nelmara Silva – Rio de Janeiro – Brasil - 17/09/1950. Cultuadora das letras desde a infância, onde as palavras sempre preencheram meu espaço, ávida de livros, aprimorando sempre o bom gosto pela leitura. Desenhava na imaginação lugares, personagens e o fascinante mundo da poesia.Aprendi com cada um deles a magia da arte de escrever poemas.Debrucei-me sobre Castro Alves e lutei com os escravos, a brasilidades vi claramente em Gonçalves Dias;o negro através de lima Barreto...Assim naveguei pelos mares das palavras...

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BRASILIDADE, BRIO, BRASIL. Berço, abraçado, irmão gentil.

Arrojado, amado amante. Amélia, amada escalonado amor.

Trovador, testemunha da palavra. Palavra viva, trabalhada, rimada em trovas,em traços...

Especial, épico, eficaz elegante,eterno Gonçalves...

Criador, criatura, cancioneiro. Canto, cordial, cordel,

louvar tuas palavras tuas rimas,

teus mares navegados. Navegantes em metáforas. Nuances, cores ,iluminado poeta. poetando nossas terras, nossas matas... doravante cantarás, cantaremos

eternamente tua Criação.

Nereu Bittencourt528

A GONÇALVES DIASPoeta, na palmeira viridente, ao cicio da brisa langorosa, Entôa o sabiá terno e dolente uma trova de amor linda e saudosa E, pela selva, ao claro sol ardente, ou mesmo em noite de luar, formosa, vibra o canto guerreiro da potente tribo audaz de tupís, vitoriosa. É sempre azul o céu de nossa terra. É sempre verde o mar. O sol explende.

Nada mudou do que teu canto encerra.

528 Nereu Bittencourt - Caxias – MA - Brasil - 08 de março de 1880; faleceu na mesma cidade em 11 de setembro de 1963. Iniciou sua jornada de mestre aos 23 anos, e cumpriu por 60 anos a árdua tarefa de ensinar. Homem de profundo conhecimento de Português e Francês, de estilo límpido e preciso, assimilando, à farta, as três dialéticas: a Expositiva, a Explicativa e a Dialética, a ponto de desvendar os mistérios lingüísticos, os meandros de cada tópico frasal, as isotópicas, mórficas e sêmicas, os penetrais da perspicácia, além de dominar muito bem, o latim, o inglês e o espanhol. Logrou aprovação em todos os concursos a que se submeteu no Departa-mento Administrativo Do Serviço Público – DASP. Um idealista da Educação em Caxias foi um dos fundadores e autor da letra do Hino do antigo Ginásio, atual Colégio Caxiense. Patrono da cadeira de nº16 da Academia Caxiense de Letras - ACL. Por ocasião da proibição de mais uma cidade com o mesmo topônimo, no Estado Novo, com a vigência do decreto-lei nº 311, de 2-3-1938, em que foi tentada a mudança do nome da cidade: Caxias- ficaria nomeada a cidade gaúcha de grande importância comercial e Caxias - com as sugestões para: Caxias das Aldeias Altas - Marechal Caxias ou Caxias Norte. Sobre a matéria e tecendo considerações históri-cas, de cunho patriótico, Nereu foi um dos cidadãos interventores em prol da permanência do nome da cidade de Caxias-Maranhão.

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E o coração da terra das palmeiras vibra, feliz, no culto que te rende,

maior glória das glórias brasileiras! Caxias, julho de 1923.

A GONÇALVES DIASAlarma! Alarma! E o válido selvagem,Quebrando a ivirapema, na voragem,

Na sede da vingança,Mostra que o braço do tupi valente,

Se, impetrando o perdão, dobra tremente,Na luta não se cansa.

Se covarde o pensaram, quando a vida,

Sòmente, por seu pai, lhe era querida, E, por ele, a implorou,

Erguendo-se feroz e sobranceiro, Numa luta de mil contra um guerreiro,

A coragem provou.

A terra brasileira tem mais vida,Mais estrelas a abobada incendida,

Mais luz e mais fulgor.O meigo sabiá tem mais gorgeios,

São mais quentes da brasileira os seios,E é mais puro o amor

O céu é mais azul, o sol mais quente,E roçagando as águas da corrente,

A brisa fala amor.Há sussurros de carne e de desejos,

Há suspiros de preces e beijos,Na selva, no rumor.

Tudo isto cantaste, grande vate.

Dos mares de tua terra o doce embatePintaste, em mago encanto.

E o meigo sabiá, lá nos palmares,Em teus versos, entoa, pelos ares,

O sonoroso canto.

Hoje, dormes, no seio do oceano. O destino cruel, atroz, insano,

À vista de teus lares, Quando voltavas às brasílicas plagas, Fez entreabrir-se a túnica das vagas,

E te sepultou nos mares.

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Mas um dia virá (isso conforta),Em que entrando a ciência pela porta

Do válido tupã,Ele busque, no túmulo dos mares,

O sublime poeta dos palmares,

Niedja Soares Pereira

LEMBRANÇA DE GONÇALVES DIASBrilham no céu

as estrelas que iluminam na Terra

as palmeirasum eterno cantar

Enche o ardesse canto

que o vento levaem prantos

aonde quer que vá

Gonçalves nunca se esqueceuda terra onde nasceudo canto do sabiá

Nieves Merino Guerra529.

DOM ANTONIO GONÇALVES DIASLos ojos negros de su amor primerociñeron los pasos de su desventura.Mixtura en linaje de razas arcanas,Blancos y esclavos e indígena raza

orgullo que lleva la cruz de su alma.

Su fuerza flaquea. El corazón quebradoen adioses tristes que sangran heridas.

Y en tierras lejanas despidió a su amadasiendo desgraciados los dos en sus vidas.

“Sim se morre do amor”,

e de amor enferma

529 Nieves Merino Guerra - Las Palmas de Gran Canaria - España - 03 De Julio De 1959; Profesora pre-jubilada en diversas especialidades(Ciencias letras, Sociales, Humanidades. logopeda...). Participo desde hace años en blogs y redes literarias, varias antologías, revistas literarias virtuales y no virtuales. Algunos premios y recono-cimientos desde que era niña. Experta en nada, alumna siempre.

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recorriendo enjuto y digno caballerocasi media Europa, lejos de su tierra

la melancolía de su amor primero.

Esos ojos negros que brillaban solopara él con dulce y tierna melodía

como noche oscura. Mortaja de cielopreñado de estrellas sin luna su velo.

Y muere de amor, de tristeza amarga

en duelo arrepentido por errar honor.Lo envolvió en su manto fúnebre la olay en inmenso océano naufragó el dolor.

Grandeza y orgullo. Valor sin valor.

Don Antonio y Ana, dos enamoradoscon amor truncado por la sociedad.

Lisboa fue testigo de su duelo “Adiós”

De timbiras poeta, cantos y dulzurasu premura muerte ahogó sus anhelos

en esos “Suos olhos”, “O canto gerreiro”,“O canto do indio”… O canto seus versos.

TALENTO DE GONÇALVES DIAS-I

Vida...para vivir. Vivirla y dar vida. La oscuridad es la ausencia de luz

El egoísmo es la ausencia de amor.

La violencia es la ausencia de paz La enfermedad, ausencia de salud.

La soledad, ausencia de humanidad...

Antonio Gonçalves donó su talento.

Su eco se oye desde el fondo del mar.

GRANDE E XOVEN DOM ANTÒNIOPoeta brasileiro que al indio, en tupí

cantaba y alzaba en versos y lenguade su amada tierra al norte de Brasil

que recorre y ama con sutil carencia.

Lleno de presencia y de orgullo cierto descubrir lo bello , pleno de riqueza

paraíso y templo. Con su alma inmensa deshoja el misterio y vuelve a su cuna.

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Hombre culto y joven, vive desdichadocon el gesto adusto, cabizbajo y triste.

En tierra europea se siente aplastadoè un emigrante “com saudade em lúa”.

Sua bela poesía, suos “Primeiros cantos”ao Brasil emgrandeçe em a literaturacomo “O trovador”, dom Gonçalves Dias

e o Romanticismo que emsalçò em sua vida..

¿HACEMOS UN PACTO? ( De Ana a Antonio ) Todos os momentos seraõ apropriados

para lhe demostrar o meu puro amor: Eu quiero facer com vocè um douze pacto

...

No, poeta. No soy real, amor, amigo: Soy un hada extraviada en tus versos

que baila con las musas tus olvidos.

No soy real, amor, porque imaginas a la mujer perfecta de tus sueños.

Y no soy de nadie. No tengo dueño:soy la hija de la luna que ilumina

tus alas para volar por horizontes sin final ni principio con la ternuraque alegra corazones en el vientoy acaricia tu rostro en los caminos.

Hagamos un pacto, una tierna alianza de eterna amistad y de ensoñaciones.

Que sea un secreto en los corazonesdonde habita el amor. Solo si alcanzasa ser ése hombre que es también poeta.

No. yo no soy real, mi querido amigo:

Soy la magia encinta de ideal personaque todos pretenden en su loca meta

sin amar defectos ni aceptar apuestas arriesgando todo por mujeres ciertas.

Tu pasión desborda los mayores retos,

pues soñar despiertos tiene un gran valor.

Pero no es perfecto quien es hombre honestoy ofrece un “te quiero” de amor permanentecon cielos de estrellas y lunas perennes,una flor y mil “te amo” del alba al ocasoy luego...indiferente, por “honor” nublado.

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...E isso fará, minho amado poeta namorado a sua linda “mulher” lúa saindo do anonimato

dicendo-le mils vezes: te amo, te amo, te amo...

Cheia do alegría olhando en seus olhos com muita doçura, amor, sem sentir fadiga!.

Hagamos un pacto: seré real si no me idealizas

y aceptas que soy como tú mirándome a los ojos sin huir ni renunciar a mi por burdos criterios.

DESPEDIDA DE SU AMADA ANA

Noches de olvidos... Recuerdos que lacerando

dejan al sueño cautivo en rejas de soledades

de ése amor que ha perdido.

Noches que sangran estrellasen la esencia de la vida.

Oscuridad que es mortajacuando se aloja en el alma

ésa cruel melancolía....

Nijair Araújo Pinto530

CANTIGA DE GALOÉ noite.

Rompendo o silêncio reinante,ouve-se o galo a cantar.

Bate as asase canta

sem o encanto do Sabiá.

Meu quintal sem palmeirasnão sente a brisa que sopra,

movendo as folhas do outonoque caem sempre a bailar.

E as aves que não gorjeiamdeixam-me sozinho, – a cismar.

530 Nijair Araújo Pinto - Fortaleza – Ce – Brasil. Diplomado pela Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra – ADESG, Bacharel em Direito – URCA e Especialista em Políticas Públicas – UECE. Está no posto de major do Corpo de Bombeiros e é doutorando em Ciências Jurídicas e Sociais pela Universidad do Museo Social da Argentina, Buenos Aires. Especialista em Matemática Tem quatro livros publicados Estudante de Engenharia Civil – UFC.

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E o céu, agora sem estrelas,despoja a flor não refletida.

E a coitada exauridaimplora ao astro celeste:

não permita Deus que eu morrasem novamente brilhar.

Meu quintal sem palmeirassó tem um galo a cantar.

E as aves que não gorjeiamnão fazem as folhas “voar”;

e as nuvens, cobrindo as estrelas,não deixam as flores “brilhar”.

Nilza Caum531

SANGROU E CHOROUGonçalves Dias

Homem letrado, homem estudadoProcurava mais que o saber

Buscava em sua jornadaA alma do homem conhecer

Coração misto de raçasAlma unificada pelo amorNaquilo que se orgulhavaFoi motivo de sua grande dor

Um grande coração, não passaria sem um grande amorÀquela que veio a ser sua musa inspiradoraFoi cortada de sua vidaPor causa de sua raça e cor

Lança do inferno esse tal racismoQue corta e separa coração e pele

Não valoriza à virtude da almaPorque estão mergulhados em profundo cinismo

Coração sangrou, chorou, debateuMas não se amuou, nem se escondeu

De sua dor fez poesiaDe seu amor, alegriaDefendeu o que acreditou

E a voz do oprimido se tornou

531 Nilza Caum - Picos – PI – Brasil - 40 anos. Brasileira, Residente em Jundiaí/SP. Trabalho - Instrutora de LIBRAS (Linguagem Brasileira de Sinais)

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Nivânia Carvalho532

ODE A GONÇALVES DIASquem sabe chegue o dia

que lá no céu encontrariao poeta gonçalves diasa sua poesia declamar

há!lá não está mais exilado

esta sempre rodiadode querubins a se encantar

quisá eu poderia juntar-se a ele

que alegria!aprender de perto

a escrever meus versose para todos anunciarque ele foi um poeta

de vida curtamas vida certa

que amou a natureza e tudo que nela há

Norma Rincón Mendoza533

ANTONIO GONCÁLVES, POETA DEL AMORRomántico por naturaleza

quien convirtió sus tristezasen bellas melodías:

Un río de nostalgias en un mar de letras

que al mirarlasnos llevan en una danza interminable,

un ir y venir hacia la naturaleza.

Habló al hombre del hombre,del ser que se lleva dentro,

el que en todos existe.

532 Nivânia Carvalho – Campina Grande – PB – Brasil. Aos seis anos minha mãe vendeu tudo o que tinha para vivermos uma grande aventura na Cidade Maravihosa! Sou professora da rede municipal e estadual do Rio de Janeiro, formada em pedagogia com especialização em psicopedagogia, casada e mãe de seis filhos. Tenho dois livros publicados: Você quer uma mãozinha (ed. Litteris), Cicatrizes (ed. Above) e participação em antologias.

533 Norma Rincón Mendoza - Mexico. Licenciada en Psicología. Estudio pintura en el estado Tabasco desde 1992, en la ciudad de Villahermosa, actualmente se dedica a la pintura como oficio en un bello lugar llamado “El Barrio Del Artista” en el Estado de Puebla, perteneciendo a esta asociación de artistas pintores desde hace 8 años. Ha incursionado en la enseñanza a nivel secundaria y enseñanza libre de pintura. La UNESCO le edito un cuento “Tito” hace ya 10 años en una colección de 5 cuentos infantiles a nivel primaria Tiene el gusto de haber sido escogida para la pasta de la revista “Minutos Artísticos” revista virtual Argentina y ahora está incursio-nando con prosa en las antologías de Oscar Alfaro y de José Martí Correo electrónico: [email protected]

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Que no tiene color ni dueño,osado como el viento,

navegando por el mundo,de costumbres, de prejuicios

tan estériles, tan vanos.

Entendió que somos hermanos, que todos tenemos

necesidad de amar, de ser amados.

Con afán, anhelo de libertad,con toda su tristeza y su nostalgia

en vez de llenarnos de pesar.

Nos remonta al deleite, la gracia, el despertar al mundo, a la vida,envueltos en una melodía

de palabras mezcladas...¡con sueños!

Núbia Cavalcanti dos Santos534

O POETA E SEU DESAMORNasceu no MaranhãoEm pleno mês de agostoAntonio Gonçalves DiasGrande poeta brasileiroQue transformava em poesiasAs dores de sua eterna paixãoDaquela que foi seu amor primeiroA causa de tanto desgosto. Um amor proibido viveuPela jovem Ana Amélia

Tão singela e puraQuanto a flor da camélia

E somente ela teria a curaPara sanar a dor incessante

Que no coração do plebeuArraigou-se dolorosamente.

534 Núbia Cavalcanti dos Santos - Sanharó-PE - Brasil. - 17 de junho de 1962. Antologias: “Noturno”, “Amanhã, outro dia” e “Liberdade”; Poesia e Prosa no RJ - 2011 e 2012; Quem Sabe Faz Agora; À Flor da Pele; Crônica e Literatura F. Gullar; BPA - Afogados - Recife – PE; Grandes Poetas da Nova Poesia Brasileira - Vozes de Aço – Sé-culos XI - XII e XIII; Poesias Encantadas – IV e V; Poesia, Lâmpada para o Coração; Antologia “Os Anjos Negros da Poesia” e várias poesias publicadas nas Antologias da CBJE (Vol. 78 a 100, entre outras). [email protected]

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Por encontros e desencontrosSuas vidas foram marcadas

E cada um seguiu seu caminhoDeixando para trás o passado

E as tentativas fracassadasDe reconquistar o ser amado

E sem amor e sem carinhoAmbos partiram desenganados.

Odone Antônio Silveira Neves535

GONÇALVES DIASPai português Mãe mestiça

Poeta do Romantismo Indianista BrasileiroProfessor de Latim no Colégio Pedro II

Fundador da Revista GuanabaraCom Joaquim Manuel de Macedo

Araújo Porto Alegre e Joaquim AntônioDesenvolveu o indianismo brasileiro ao lado

De Joaquim Antônio de Almeida A saudade da Pátria forjou

A esplendorosa Canção do Exílio iniciandoCom Minha terra tem palmeiras

Onde canta o sabiá... rimando com láPoema de tão célebre seus

Versos foram parar noHino Nacional Brasileiro

Dedicando a sua musa amadaEscreveu Ainda uma vez Adeus...

Viajou para a AlemanhaOnde editou Os Timbiras em homenagem ao Brasil

Cujo destino seria nossa primeira EpopeiaAtestando o nascimento do Brasil

Todavia quis o DestinoQue morresse antes no naufrágio

Do Ville do BoulongeÚnico cujas forças combalidas

Não deixaram sair do navio.

535 Odone Antônio Silveira Neves - Porto Alegre/RS. – Brasil - 09 de fevereiro de 1945. Graduado em Letras: Por-tuguês-Francês e Literaturas; Pós-graduado em Língua Portuguesa, UFRGS; Mestre em Teoria da Literatura, PUC-RS. Estagiou Francês na Université Stendhal de Grenoble e no Centre Auditive Visuel de Langues Moder-nes/França; Professor de Francês e Literatura Brasileira nas Escolas Municipais Emílio Meyer, Nossa Senhora de Fátima e Marcírio Goulart Loureiro. Membro Efetivo da Academia de Artes, Ciências e Letras Castro Alves, Porto Alegre/RS; Sociedade Partenon Literário, Porto Alegre/RS; Academia Virtual Sala de Poetas e Escritores, Balneário Camboriú/SC; e, Associação Internacional dos Poetas del Mundo. E-mail: [email protected]

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Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac - Olavo Bilac536

A GONÇALVES DIAS537

Celebraste o domínio soberano das grandes tribos, o tropel fremente

da guerra bruta, o entrechocar insano dos tacapes vibrados rijamente

O maracá e as flechas o estridente

troar da inúbia, e o canitar indiano... e, eternizando o povo americano,

vives eterno em teu poema ingente.

Estes revoltos, largos rios, estas zonas fecundas, estas seculares verdejantes e amplíssimas florestas Guardam teu nome: e a lira que pulsaste

inda se escuta, a derramar nos ares o estridor das batalhas que contaste!

Olimpio Coelho de Araujo538

“POEMA DOS POEMAS” (1) “Se te amo”, é claro, “não sei”Então, entôo “O canto do guerreiro,Ou tento “O canto do índio”,Para conquistar seus “Olhos verdes”.

“Ainda uma vez” me encanta “Seus olhos”,Não quero um “Canto de morte”,“Meu Anjo, escuta”, sigo o “ leito de folhas verdes”,E “Se eu morrer de amor”?!

536 Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac – Olavo Bilac - Rio de Janeiro – Brasil - 16 de dezembro de 1865 – FA-LECIMENTO: Rio de Janeiro, 28 de dezembro de 1918. Foi um jornalista e poeta brasileiro, membro fundador da Academia Brasileira de Letras. Criou a cadeira 15, cujo patrono é Gonçalves Dias. Conhecido por sua aten-ção a literatura infantil e, principalmente, pela participação cívica, era republicano e nacionalista; também era defensor do serviço militar obrigatório[1]. Bilac escreveu a letra do Hino à Bandeira e fez oposição ao governo de Floriano Peixoto. Foi membro-fundador da Academia Brasileira de Letras, em 1896. Em 1907, foi eleito “príncipe dos poetas brasileiros”, pela revista Fon-Fon. Bilac, autor de alguns dos mais populares poemas bra-sileiros, é considerado o mais importante de nossos poetas parnasianos. No entanto, para o crítico João Adolfo Hansen, “o mestre do passado, do livro de poesia escrito longe do estéril turbilhão da rua, não será o mesmo mestre do presente, do jornal, a cronicar assuntos cotidianos do Rio, prontinho para intervenções de Agache e a erradicação da plebe rude, expulsa do centro para os morros” http://pt.wikipedia.org/wiki/Olavo_Bilac

537 MORAIS, Clóvis. TERRA TIMBIRA. Brasília: Senado Federal, 1980, p. 67, Poesia compilada por Leopoldo Gil Dulcio Vaz – Curitiba – PR – Brasil – 1952; Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; Universidade Estadual do Maranhão

538 Olimpio Coelho de Araujo - Santo Antônio da Glória, BA – Brasil - 1949. Hoje resido em São Vicente, no litoral paulista. Sou poeta, com publicação em algumas antologias e vencedor de vários concursos como o da “Aca-demia Santista de Letras em 2010. Também sou escritor, aguardo uma chance para publicar o meu primeiro romance e escrevo contos e fábulas.

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Vou cantar a “Canção do tamoio”,Levar os “Últimos cantos à “Marabá”,

Juntos com as “Sextilhas de santo Antão”.

Apresentar “Cantos” a “Juca Pirama” “Leonor de Mendonça” os “Primeiros cantos”

Ou preferes ouvir o “Canto do Piaga”?

“POEMA DOS POEMAS” (2)Cantarei a “canção do exílio”

Para “O gigante de pedra”Feito “O soldado espanhol”

Guarda a “Recordação” dos “Seus olhos”.

Jogarei uma “Rosa no mar”“O mar” fará a devolução

Exclamará “Oh! Que acordar!”,Então, farei uma “Retratação”.

Não farei uma “Palinódia”Mas dedicarei uma “Canção”

E saberá”Como eu te amo”.

“A noite” terei “O amor”?“Espera!”, por favor, “Não me deixes”

Dedico”Zulmira” este “Soneto”.

“POEMA DOS POEMAS” (3) “No jardim”, vi, “A minha rosa”

“Meu anjo, escuta” a pomba “Rola”,Pois, ela te norteará o “Amanhã”

Ou chorarás “Sobre o túmulo de um menino”

Sei que provarás “A baunilha”,Então, descobrirei, “Como! És tu?,

Levarei “A minha rosa” à “Minha terra!”E provarás “O que mais dói na vida”

“Se muito sofri já, não me perguntes”,“Por “Amor! Delírio-engano”

Mesmo assim não será mais “A escrava”.

Honrarei “Minha vida meus amores”O meu projeto de vida é “Sempre ela”

Na “Deprecação” “Se se morre de amor!”

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POEMA DOS POEMAS (4)Guarda, Gonçalves, a tua “Canção do exílio”

E verás que as palmeiras murcharam,E os sabiás, suas vozes, silenciaram

E, de tristeza, nunca mais nidificaram.

Em nosso céu não vemos mais estrelas,Em nossas várzeas não há quase flores,

Os nossos bosques ficaram sem vida,Pois nada resiste a poluição desmedida.

Dos antigos primores desta terraNada é possível encontrar, apenas

Sacolas plásticas boiando sobre o mar.

Até mesmo as feias cobrasEstão beirando a extinção,As palmeiras secaram, e os sabiás estão na prisão.

RELEITURA DO “CANTO DO PIAGA”.Já não existem mais guerreiros nem taba sagrada,

A brava nação tupi também foi dizimada,Os Deuses dormem, pois, calaram a voz do Piaga.

Os guerreiros, adormecidos, não ouvem mais nada.

Oh! Ilustre poeta “Antônio Gonçalves”Derrotaram os guerreiros e queimaram a aldeia,Nada mais resta, apenas os “Dias” de apreensão.Lamento dizer-lhe, que a coisa virou um entrave.

Fantasmas vivos esmagam ou ferem de morte,Os verdadeiros e legítimos donos destas terras,E o canto do Piaga, agora, depende de sorte.

Eles viram, sim, o negrume no céu, o brilho do sol ofuscar,Pelas queimadas das florestas que fizeram o Piaga se calar.É impossível ouvir as corujas, pois, calaram o seu cantar.

Onã Silva539

DIAS DE OUTRORA... DIAS DE HOjE...Pergunto-lhe nobre Gonçalves

Que viveu noutro Século e DIASSerá que hoje pensaria nas aves

E para esta terra inda cantarias?

539 Onã Silva – Posse – GO – Brasil - 9 de outubro. É escritora brasileira, agente cultural de literatura e artes cênicas. Filiada à Rede de Escritoras Brasileiras e Academias Literárias. Graduada em Enfermagem e Artes Cênicas,Especialista em Saúde Pública,Mestre em Educação e cursa Doutorado.Escreve poesias,romances e outros gêneros.Tem diversas obras individuais e coletivas publicadas, a saber:A Quadradinha de Gude;Miriã, uma Enfermeira Bambambã;A Derrota de Penina,Histórias da enfermagem no universo de Cordel e outras.

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Poeta, todo aquele saudosismo,Que expressava à terra amada

Sonhos poéticos e o patriotismoNestes DIAS, a pena está calada.

Toda a bela e esplêndida naturezaQue lhe inspirava às belas poesiasMuitas matas são carvão-tristeza

E a devastação cruel, poeta DIAS.

Também sobre as suas palmeirasNestes DIAS é tudo arranha-céuCortaram-se as árvores altaneiras

Sepultaram-nas no asfalto e ao léu.

Quanto às aves que gorjeavamNaqueles seus DIAS, caro poeta,

Muitas que tantos admiravamSão mui raras, só em biblioteca.

Não são DIAS de romantismoQue outrora tanto lhe inspirava

Neste hoje de tão pouco lirismoMudou o País que lhe encantava.

Os DIAS poeta se transformaramAs pessoas correm e só desvivem Raros são os DIAS que poetaramCanções àqueles que sobrevivem.

Muitos estão em reais DIAS de exílioSofregando de tantos males e dores

Muitos irmãos têm olhos sem brilhoE outros, poeta, sequer tem amores.

Seus irmãos vivem noutro exílioPresos pelos diversos problemas

Uns pela fome ou sorte ou asiloSão DIAS sem canção e poemas.

Poeta da saudade e belos DIAS De terra de céu, palmeira e sabiáO nosso Brasil precisa de poesiasVamos Gonçalves DIAS admirar.

DIAS DE AMORESTodo poeta verseja o amorPara a terra, céu ou amada

Muitos rimam usando a dorQuando não tem musa-fada.

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Dias versejou sobre amoresPara as mulheres da sua vida

Seus sentimentos e suas dores,Encontro, beijo e despedida.

No coração do poeta, a musa,Ana Amélia sua rima e poesia

Levou-a na pena, à terra Lusa,Quanta saudade dela, oh! agonia.

Ana, a eterna musa do escritorHistória de amor e de tristeza

Longe dela, a vida, era incolorProibido de ver a sua princesa.

Distante da amada, era o exílio,Chorou o poeta e fez cançõesSem melodias sem estribilhos

Dilacerados eram seus corações.

Roubaram-lhe o carinho de AnaPor causa do preconceito cruel

Só não tiraram-lhe aquela chamaOriunda da poesia do menestrel.

Dias, expressão do romantismo,Cantava o amor e os seus amoresEm poesia cheia de saudosismoPara Anas, Olímpias e Leonores.

WWW.GONÇALVES ponto DIASNa era www e de buscador,Em tempos desta era virtualTenho um favorito escritorGonçalves Dias é especial.

No buscador é Dias e pontoOu é Gonçalves ponto com?

O que mais vale é o encontroEntre eu, o poeta e o seu dom.

Quando procuro este poetaPara pesquisar sobre o Dias

Aparece uma lista completaDe obras, histórias e poesias.

Gonçalves Dias é aparecidoNome grandioso na internet Pois jamais será esquecidoSerá eterno, este é o lembrete.

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Vou resumir nestes versosQue Dias é grande, eu conto,

É consagrado nos universos:Terreno, poético e PRONTO!

GONÇALVES DIAS, O POETA-PÁSSAROPoeta-pássaro, homem-alado,

Tem penas cheias de liricidadeComo romântico foi declarado

E inspirou-se na musicalidade.

Poeta-pássaro, homem-alado,Voava sempre na imaginação

O cenário-som era um aliadoVivia entre as aves, em rimação.

Poeta-pássaro, homem-alado,Escrevia com palavra e som

Ele sabia de cor e salteadoComo versejar dentro do tom.

Poeta-pássaro, homem-alado,A sua biografia é tão musicalCriou poemas, um privilegiado,

Cantos e Canções: o seu coral.

Poeta-pássaro, homem-alado,Cantou versos de pura saudade

Lembrou do céu do Brasil amadoE do sabiá, a ave da sua cidade.

Poeta-pássaro, homem-aladoCriador de originais poesias

Lembrou dos sabiás, admirado,Este poeta foi Gonçalves Dias.

POETA NOTA MILSalve,

Gonçalves!1000

Poesias.Mil

Canções.

Salve,Gonçalves!

Milhares DIAS(versos).Ilu(MIL)nares

Uni(versos).

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Salve,Gonçalves!

MilhõesFantasias.

MúltiplasCantorias.

Salve,Gonçalves!

SalvasBrasil!

Eternamente:POETA NOTA MIL!

Orlinda Ferreira de Souza540

A GONÇALVES DIASMinha terra tem palmeiras

E também tem SabiáEssa palmeira dá um fruto

Chamado de Coco-butiáQue alimenta muitos pássaros

E também, o cantor Sabiá . Quando olho essas palmeirasEntão começo a pensar...E me lembro de GonçalvesE dá vontade de Cantar : O fruto dessa palmeiraQue se chama Coco-butiáAlimenta muitos pássarosE também muito PiáMinha terra tem palmeirasOnde canta o Sabiá !

540 Orlinda Ferreira de Souza - Porto Alegre – RS – Brasil. Professora graduada em Letras com Pós-Graduação em Literatura Infanto-Juvenil, pela Faculdade Porto-Alegrense. Desde a infância é apaixonada por po-esia . Participa anualmente de diversas Coletâneas de Prosa e Verso. Muitos de seus Poemas viajam, em diversos Sites, pela Internet. Trabalha e reside em Porto Alegre, RS-Brasil.

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Orpheu Luz Leal541

ANTONIO GONÇALVES DIASPoeta Gonçalves Dias,

Tu estudaste em Portugal,Quanta amargura sofrias

Longe da Terra Natal.

Olhavas as oliveirasE outra ave lá estava,

Querias as nossas palmeirasE o Sabiá que cantava.

Sentias muita saudadeDa tua Pátria querida;

Com alguma dificuldadeVoltaste cheio de vida.

Teu berço é o Maranhão,A cidade de Caxias;Ficaste célebre, então,

Escrevendo poesias.

Com teu talento cresceste,Cresceu também tua fama,

Quanta beleza escrevesteTal como “I-Juca Pirama”!

Na lírica “Canção do Exílio”Exaltavas tua terra;

Como num eterno idílio,Só há amor, não há guerra.

Oswaldo Névola Filho542

MARANHãO, UM SONHO543

És para mim um sonho, Maranhão!Bela terra marcada pela história,

num passado eternal desta nação, tens registros gravados na memória!

541 Orpheu Luz Leal - Pirapetinga - MG – Brasil - 24 de janeiro de 1936. É Advogado, Funcionário Público e Profes-sor de Yoga. Possui quatro livros de poesias publicados: “Poesias para o Terceiro Milênio”, “Cenário Poético”, “A Vida em Poesia” e “Poesias Vivenciais”. Participou da I, da II, da III e da IV Antologias de Poetas Lusófonos, lançadas em Leiria, Portugal. É autor do Centro de Literatura do Forte de Copacabana. Recebeu o Título Hono-rífico de “Artilheiro da Cultura”. E-mail: [email protected]

542 Oswaldo Névola Filho. Natural de São Paulo. Reside em São Vicente. Poeta, escritor. Presidente da Casa do Poeta Brasileiro. Muitas premiações a nível Nacional e internacional.

543 In: LATINIDADE –III Coletânea Poética da Sociedade de Cultura latina do Estado do Maranhão, pp.73 e76, 2002.

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Sinto fluir no espaço tuas artes, nos trajes espelhados de mil cores,

arco-íris das fitas tu repartes, vibra em nós o rufar dos teus tambores!

Teu correto falar que contagia, rica história do boi vem colorida,

envolvendo teu povo na folia, enfeitando e alegrando nossa vida!

És orgulho da gente brasileira, és cultura, folclore e tradição,

qual fulgurante estrela da bandeira, reina em nosso céu oh, Maranhão!

LENÇÓIS MARANHENSESAres, mares, ventos, nordeste paradisíaco!São montanhas de areia: bailam lá e cá;

dunas maranhenses regem seu império, adornam o Maranhão, encantam as visitas!

Sob o domínio do sol resplendem luz!

Recanto Brasil, agreste paisagem, no emaranhado das matas, florestas tropicais,

cerrados, perto se espraia a mata dos cocais!À costa vêm os abraços, beijos de sal marinho, que o Atlântico oferta em prazer generoso!

Alucinação! surge o deserto, imperam as areias, onde os ventos céleres esculpem, desenham...Nos meandros das dunas, águas pluviais, ao fundo brotam os lagos, duas ilhas solitárias, vegetação viva, intacta que se impões sólida, numa inexplicável mágica que a torna permanente!

Fantásticas maravilhas naturais, lençóis maranhenses, que o Criador planejou, para delírio nosso!

Nesta terra insólita, belezas indescritíveis, onde se esquece a noção do tempo, que passa despercebido, esvaindo-se no espaço aberto ao céu e mar!

Ali, para não fugir à realidade brasileira, um povo luta, envolto em trapos, mísera pobreza, viventes das taperas, recompensados, porém,

pela riqueza que emana da natureza pródiga, fonte de energia, força e vitória, agruras dos fortes!

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Redes de dormir e de pescar, sonhos a caminho do mar...Cessam as chuvas, ventos que acalmam; o sal sob o sol,

guerra silenciosa, povo natureza, coabitam, lutam, num mesmo espaço coberto de areias finas, macias,

como lençóis distendidos, leves, soltos, jogados ao acaso...

Pablo Rios544

O ADEUSÓ menino mestiço!

Que longe choras pela pátria,Sentes saudade de casa e da musa

Cálida rosa a quem nunca quiseste dizer:“Ainda uma vez – Adeus”.

Perfume de Ana,Olhar de Amélia te cravam

Doce adaga de lembrança,Lembrança de tua terra,

Do teu amor passado,Do compromisso a ti negado.

Levianos eram os olhos,Majestoso o sorriso desse Vale.

Mas te negaram.

Ó menino triste!Que para longes foste da pátria,

Fugir da decisão que tua Ana tomara,Por honradez ou por orgulho?

Mas a deram a um igual,E no teu reencontro

Com o perfume de AnaE com o olhar de Amélia,Tiveste então que dizer:“Ainda uma vez – Adeus”.

SOBRE AS VAGASEram ali, naquelas terras

Onde eu queria estar.Sob a sombra das palmeirasOuvindo o canto do sabiá.

544 Pablo Rios - Jacobina – BA – Brasil - 30 de maio de 1983. Reside em São José do Jacuípe, também na Bahia. Possui um livro publicado – O Publicano e o Sepulcro Vazio – uma vasta gama de contos, poemas e crônicas sem publicação. Está concluindo o curso de Letras e pretende atuar na área de literatura. Sua ligação com Gon-çalves Dias vem da infância, pois em sua primeira apresentação literária aos 11 anos, ele declamou a “Canção do Exílio” para um auditório de mais de 300 pessoas.

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Porém encontro-me em ondasBravias e altas a flutuar,

Tão perto de minha chegadaEm um barco a soçobrar.

Flores, campos e amores,Nunca mais vou contemplar,

Em busca da saúde parti,Para na volta o fim encontrar.

Não achei o que buscavaNo velho mundo a vasculhar,

Tento então a toda sorteMinha casa avistar.

Mas as vagas me devoram,Ao largo das praias do meu lar.Ao mar ofereço o corpo,

Sob as lágrimas do luar.

Ardia-me o peito e a almaAo dos amores recordar,

Minha pátria não verei,Antes de os olhos fechar.

Mas avistam firmeAs quais desejo avistar,E amparo ao tombadilho,Água dos olhos deixo rolar.

Inda mesmo que eu pudesseEsse chão voltar a pisar,Nunca mais sob as palmeiras.Ouviria o sabiá.

PEDIDOPedi, pedi e pedi.

Queria ver minha casa, minha terra queridaAntes que o véu negro da morte Embotasse-me as vistas.

Atendeu-me o céus,Mesmo em agonia e dor,Meus olhos miraram o esplendor de meu lar,

Mas ali que queria pisar,Ali calar a voz,Sentindo o chão e a terraDe minha amada terra.

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Mas isto não me deste,Pedido perdido nos ecos do fim.

Comovido deixei a vida,E insepulto em chão parti,

Nas bravias profundeza azuladasDa costa de minha amada casa,

Achei descanso, sepultura.

Pedi, pedi, pedi.

NOVO EXÍLIOSei que a esta terra muito amaste

Nobre mestiço das letras.Porém se vivo ainda fosses,

Cismarias sozinho a noite?Pois veja como vossa terra está:

Vossa terra tem CachoeiraMensalão e marajá

Os políticos que ninguém merece,Abundam bastante por cá.

Nosso senado tem mais ratosNossas leis menos rigores

Nossas novelas mais luxúriasNossas músicas menos pudores.

E cismado na eleiçãoJá não sei em quem votar,

Nos ladrões que já estãoOu se novos ponho lá.

Mas ainda existem saboresQue em nenhum outro lugar

Podem ser encontradosComo encontramos por cá.

Ainda existem as palmeirasQue te faziam suspirar.

E mesmo com tanto malQue está espalhado por cá

Esta terra ainda é tuaE de ti sempre vai lembrar

Cada vez que alguém ouvirO canto sabiá.

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Patrícia Carlos de Sousa 545

À GONÇALVES DIASMestiçamente brasileiro

Nem o exílio o desabrasileirouEscreveu a sua terra,Encantado - encantou

Das maranhas do MaranhãoPara o mundo a poetizar

Berço de heróis essa terra éNão dos que voam, dos que fazem voar

Visionário, talentoso, viajanteFostes isso e ainda maisMas a vida é só instante...Dizem que só Amélia era seu cais

Até mesmo sua morte foi feito poesiaJá perto dum Lençol pra se embrulhar

O Grande Mar fez maresiaMorreu navegando e um sabiá pôs se cantar:

Maranhão, MaranhãoBerço e túmulo de heróis...

Paulo Acácio Ramos546

ALGUNS CANTOSEncontro marcadode três raçasmarcas de marcerrado e sertãoamor que se engana

amor que se deitano colo de Ana

amor que emanao calor dos desejos.

Poeta que cantae cisma, sozinho, à noite...

545 Patrícia Carlos de Sousa - Lago da Pedra – MA - Brasil. estudante de Serviço Social, ex-estudante de Letras, blogueira, Membro da Academia Lagopedrense de Letras. Nascida e criada em Lago da Pedra – MA, mora, atualmente, em Teresina – PI. Filha de Raimundo Claro de Sousa e Maria Nazaré Carlos de Sousa.

546 Paulo Acácio Ramos - Trofa - Portugal – 18 de Julho de 1963. Trofa em Portugal e depois Criado e Educado em alternâncias temporais tanto em Portugal como no Brasil, desde que aprendeu a ler e escrever que nunca mais largou o papel e o lápis para compor seus poemas e prosas curtas. Sempre envolvido com o estudo e a execução de obras plásticas e literárias está sempre pesquisa, além de ser professor de História da Arte e Artes Plásticas!

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O canto de belas avesque já não gorjeiam

como lá,um canto guerreirode glória Tupi.

Se alguém duvidardo que cantaste

eu digo prudente:“meninos, eu li!”

OUTROS CANTOSUm canto negro de morte.

Canto de índio sem sorte.Um canto branco aporte.A cada raça a sua sorte.

Cantos que cantam a artede ser desta gente morena

que habita uma terra gigante.

Poeta que canta sonantea voz livre da brisa serenalevando sabiá a toda a parte.

Paulo Pereira Fontes Martins547

TERRA NATALOh! Minha terra querida

Por DEUS foste abençoadaE aqui o poeta um dia nasceu

Com seus poemas e rimas,Que são gritos de guerra

Que teu povo jamais esqueceuPois teus versos e cantos

Em todos os cantos Há de sempre se cantar

Minha terra tem palmeiras Onde canta o sabiá

Nas palmeiras viçosasQue tremulam palmas ao ar

Há de sempre se ouvirAs belas notas de teu gorjear

547 Paulo Pereira Fontes Martins - São Luís – MA – Brasil - 04/11/1950, médico pediatra e neuropediatra, Mem-bro da SOBRAMES-MA, Participante de Coetâneas realizadas: Novos poetas brasileiros- 1988 (Shogun arte), Poetas brasileiros de hoje-1986 (Shogun arte), Novas poesias-1986(Cristalis Editora), Arte de ser-2003(SO-BRAMES-MA), Receita Poética-2008 (SOBRAMES-MA), Sobre o amor-2011(SOBRAMES-MA). ([email protected]

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Nesta terra queridaDe tal beleza outra não há

Não permita meu bom DEUSQue em terras distante morra

Pois quero morrer por cáMinha terra tem palmeiras Onde canta o sabiá

03 DE NOVEMBRO DE 1864Cantaste a nossa terra querida

Exaltando-a em bela cançãoEm versos a tua dor sofrida

A saudade pungente do Maranhão.

Quiseras avistar apenas a palmeira Onde triste gorjeia o sabiáNeste chão de terra brasileiraOnde todos sempre hão de te amar

Em cismar sozinho à noiteAs lembranças chegavam a te açoitar

Dizias: - Mais prazer encontro eu lá

Fadado destino, a triste sorteQue águas maranhenses fossem teu leito de morteSem que na terra querida viesses a pisar

ÍNDIA POTYMinha terra tem uma bela índia Da grande tribo TupyNão permita Deus que eu morraSem que volte para ti.Sem que contigo faça amorQue não encontro aquiMinha terra tem uma bela índiaQue se chama índia Poty

Não permita Deus que eu morra Sem que volte para ti.

Posso amar por toda uma noiteMais prazer encontro eu lá

Minha terra uma bela índia Que não encontro por cá

Na ilha de mil mistériosSão Luís do Mara.

O GLADIADORSou bravo,Sou forte,Sou filho do norte,

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Trago comigo a faca de corte,Travo a luta de qualquer porte,

Não temo do destino a sorte,Se tiver como premio a morte.

Paulo Reis548

EXÍLIOMesmo preso ao

cordão umbilicalda terra mãe,há um exílio

em cada ser humano.Porque à medida

que o tempo avança,o passado ficamais distante,

e o presente segue,permeado de reminiscências,

de lembrançase de saudades.

Paulo Roberto Walbach Prestes549

GONÇALVES DIAS - Grito de um poeta (poesia livre)Já faz tempo, talvez nem tanto...Parece que ninguém sabe, que ninguém viu

nossos jovens frente aos computadores deturpando o nosso idioma gentil...As lembranças ainda vivem como de uma criançana saudade das bolinhas de gude e dos carrinhos de lata correndo pelo chão...Das fileiras em alas

de alunos no pátio da escola cantando o Hino Maior da Nação...A batida cadenciada pelos pés de toda tribo no chão de terra, sempre

ecoou como saudade nas batidas do coração do imortal, quejamais se encerra.

Não ouvimos mais crianças declamando,nem lendo livros de poesia, nempercebendo o roçar das palmeiras ou o canto

do sabiá - que ironia!...

548 Paulo Reis - São José do Ribeirão, Bom Jardim- RJ – Brasil - 06 de julho de 1964; reside em Nova Friburgo-RJ; é casado e tem um filho. Formou-se em Letras pela Faculdade de Filosofia Santa Dorotéia. Em 2003, sua poesia Friburgo foi recitada na abertura do desfile cívico-militar em comemoração aos 185 anos dessa cidade; e em 2007, participou como poeta convidado da revista Academia, edição comemorativa dos 60 anos da Academia Friburguense de Letras. Seus poemas estão publicados em diversas coletâneas e websites. ([email protected]).

549 Paulo Roberto Walbach Prestes - Curitiba/Pr – Brasil - 28 DE ABRIL DE 1945. Tem poemas classificados e premiados em concursos locais, nacionais e internacionais. Lançou sua primeira obra literária no dia 08 de março de 2012, Dia Internacional da Mulher, em Curitiba, biografia intitulada – “LIAMIR – Mulher Araucária”, com mais de 400 páginas e mais de 200 livros vendidos no dia do lançamento. Tem poemas em Antologias nacionais. Tem um livro elaborado de forma artesanal; ”França - um sonho de Luz”, que mereceu um cartão elogioso do Embaixador da França no Brasil. Já em prelo, seuprimeiro livro de poesias, todas com ilustrações inerentes ao tema. A inspiração vem de seu anjo da guarda, pela luz de Deus.

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Nosso céu ainda tem estrelas, não as estrelas do brilho de outrora, onde o vate no seu exílio cantouos amores de sua terra,e das matas e dos índios, sonhando a cada

diauma nova aurora...No quadro negro quem cantava era o giz, sublinhando palavras de força e

emoção,que só ele poetizava... E hoje, estou fazendo o que sempre quis...Já faz tempo, talvez nem tanto... Ainda lembro quando o professor mandava declamar Gonçalves Dias, e de emoção eu gaguejava, minhas

cordas vocais ficavam vazias com receio de não lembrar nada,ou errar os últimosversos,matando a cadência do batuque dos tambores da mais

linda canção,que no meu coração ficou calada.E no pranto do forte e do bravonativo brasileiro, que sabia separar

o bom do joio,no final exultante da velha Canção do Tamoio (que de velha não tem nada), quem chorava era eu...

Mas ainda vale a pena ouvir o canto do sabiá às cinco da manhã,prenunciando o amanhecer em real beleza,como se trouxesse de volta aquela flor de maçã,debruçada no regato e gritando a dor da morte na impiedosa correnteza...Agora, acordo de um sonho distante e grito:

- Brasileiros, meus irmãos compatriotas,não deixem a nossa língua mãe, não,

ser transformada da bela Flor do Lácioem idiota,nem ser levada pela leviana correnteza da omissão...- Lingua Mãe, não morra, não!

Pedro Ely Oscar Noé550

MINHA CANÇãO DO EXÍLIOMinha terra tem um lago que todos chamam de rio.Para mim, parece um mar, já que as ondas me fazem pensar.

Minha terra tem amigos que vão; amigos que vem.

Quer ser meu amigo também?

Os pássaros voam assim como os meus pensamentos.

O que antes era novidade; agora, é só mais um dia na cidade.

Aprendi a pensar; assim comecei a rimar.

550 PEDRO ELy OSCAR NOé. Artista plástico, desenhista, cartunista e ilustrador de capas de livros. A verdade é que a arte está na alma do Pedro, mesmo quando ele joga videogame ou navega na internet, dá umas pausas para extravasar a criatividade. Em 2008, conquistou o 1º lugar no Concurso “A Fantástica Fábrica de Celulose”, promovido pela ARACRUZ CELULOSE. Integrante do Projeto “Imagens e Textos construindo Histórias e Versos”: “Camisetas Poéticas”, 2011; e, “Porta-Joias Poéticos”, 2012. E-mail: [email protected]

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Pedro Peruzzo Mibielli551

CANÇãO DO EXÍLIONo Rio Grande do Sul,

praias e campos verdes; gados e mais gados;

campos e muitas árvores,que, no deslocar do vento,

mostram sua beleza.Aqui, há muitos encantos

que a saudade não deixa apreciar.

Um velho na mesa ao lado, olha-me fixamente;

e, com um olhar de compaixão, dá-me um longo sorriso.

Levanta-se e, de mim se aproxima, dizendo: “- Também estou longe de meu rincão”.

Pietro da Costa Rodrigues552

CANÇãO DO EXÍLIOPorto Alegre, cidade maravilhosa...

Aí, temos chimarrãoe erva-mate pura;

Aqui, há um tal de tereré,também feito de erva-mate,

mas, que não se parecenenhum um pouquito

com o teu tradicional mate.

Porto Alegre, praças verdes;pontos turísticos quentes;

e Laçador saudando turistas.Sol... chuva... Porto está Alegre.Aqui, festas boas... momentos bons,

mas nada como Aí.

551 Pedro Peruzzo Mibielli - Porto Alegre/RS – Brasil - 07 de outubro de 1994. Estudante do Ensino Médio do Colégio Conhecer, Porto Alegre/RS. Tem participação nos Elos de Amigos, da escritora Socorro Lima Dantas, Recife/PE; e, no Painel Poético 2011, comemorativo ao Aniversário do Atelier Livre da Prefeitura Municipal, de Porto Alegre/RS. Integrante do Projeto “Imagens e Textos construindo Histórias e Versos”: 2011 - “Canecas e Camisetas Poéticas”; 2012 - “Caixas Poéticas”. Curte informática e corrida de motocicletas. E-mail: [email protected]

552 Pietro da Costa Rodrigues - Porto Alegre/RS – Brasil - 19 de novembro de 1994; Estudante do Ensino Médio do Colégio Conhecer, Porto Alegre/RS. Membro Efetivo do Projeto “Vida, Amor e Paz”, do “Cercle Universel des Ambassadeurs de la Paix, Suisse/France”. Integrante dos Projetos Literários “Tabuleiro de xadrez lírico”, 2011; e “Porta copos poéticos”, 2012. Coautor do E-book “Haikais”, postado no site Teia dos Amigos, de Sonia Orsiolli, Sorocaba/SP. E-mail: [email protected]

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Querubino Lagoa553

A ANTôNIO GONÇALVES DIAS554

Às quentes plagas da gentil AméricaBem-vindo sejas, magoado cisne;

Suspirava por ti teu pátrio ninho, O soberbo Amazonas.

Àquele que também, longe da pátria,Sentiu como sentiste acre e saudade

Só pode avaliar tua alegria Neste feliz instante.

Comprida a ausência foi, mas do desterroEm breve esquecerás memórias tristes,Mal das sandálias tuas sacudires O pó do teu caminho.

Só eu triste de mim, funesta estrelaQue em meu berço raiou de nobre origem,

Hoje esquecida – quer agora e sempre Que eu seja aqui proscrito.

Jamais, jamais àquelas que deixasteMargens do pátrio, merencório DouroE do Mondego os deleitosos campos E o majestoso Tejo.

Aquele céus d’anil, d’ouro e de púrpura,Frescas manhã d’abril, pálidas noitesDo suspiro agosto e o bando alegre De cândidas donzelas.

Jamais, jamais o ninho meu querido,De tristes que ora são, os ledos olhos

Verão, onde passei horas contentes De descuidados anos…

Oh! como mar em fora, de perdidoAtrás d’um sonho vão, dum bem gozado

Sobre as húmidas asas da saudade Voava o pensamento!

553 Querubino Lagoa. Poeta português erradicado no Rio de Janeiro, saudou a chegada de Gonçalves Dias com estes versos em 1846. Gonçalves Dias respondeu-lhe noutra poesia, A um poeta exilado, com data de 12 de junho de 1847, publicada entre os Primeiros Cantos. O autor republicou-a no seu livro Vozes Tímidas, no Porto em 1865.

554 In LIMA, Henrique de Campos Ferreira, Gonçalves Dias em Portugal, Coimbra, Coimbra Editora, 1942, 11-12. Compilador: Weberson Fernandes Grizoste. Poesias compiladas por Weberson Fernandes Grizoste - Jauru – MT – Brasil

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Volvo de novo ao começado assuntoE o astro novo, que nos céus desponta

Do opulento Brasil, corro a saudá-lo, Soltando alegres hinos.

Fora baldado o empenho; ao sentimentoNão corresponde a voz cansada e triste, Nem outras peças do desterro às plagas

Senão pálidas flores.

Por margens do formoso GuanabaraAssim cantava magoado, errante

E só triste um exilado moço Um português proscrito.

Rachel Alves - KeKa 555

CANÇãO INDÍGENAAos Índios Guarani Kaiowá e in memorian of “Gonçalves Dias

No anoitecer da esperança, Eis que lá no fundo da mata

Surge um grito que quebra o silêncio, Que sai do fundo da alma e ecoa...

Tão aflita, triste a chorar...!

É profundo e bonito, Parece mais um canto,

Feito de lágrimas do coração, Que faz estremecer...

É o grito indígena que encanta... Denuncia, geme e implora!

* É um pedaço de mim esquecido e maltrado,

É um pedaço de Gonçalves Dias nas estrelas indignado! É um pedaço de nós completamente ignorado!

Um grito que pede socorro e abrigo! Pede um ninho para o seu cocar e sua flecha,

Para descansar e cuidar das nossas florestas! Perto das majestosas e límpidas águas dos rios.

* Eles são a seiva das árvores,

Representam as memórias do homem vermelho, Em sagradas terras por onde pisam e pisaram!

São símbolos de vossos ancestrais, São fios de ouro da nossa história,

555 Rachel KeKa ALVES

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Tecidos com o suor do trabalho e sangue, E agora desfeitos pelo homem branco!

* E agora...são simplesmente jogados pra fora!

Não importa mais o que fizeram, Esqueceram até do Tibiriçá! Após 500 anos de convivência conflituosa,

É a vez dos Guarani Kaiowá, Que sofrem demais

Pela crueldade dos fazendeiros segregacionistas de lá! *

A luz findou, os sonhos estilhaçaram-se! Minh’alma repousa dilacerada em agonia...

No âmago da arte ouve-se o grito! Na realidade absurda enterra-se o mito! As margens do rio Hovy anuncia-se o genocídio!

Rafael Büger Ruiz556

CANÇãO DO EXÍLIOPorto Alegre é uma cidade bastante arborizada

com boas condições de vida, trabalho e estudo. A infraestrutura de lá, em vários aspectos, é superior a de cá.Aqui, a cultura não é muito diversificada. Lá, além de possuirmos expressivo folclore, temos um significativo patrimônio histórico.

Rafael Güntzel Orizenco557

CANÇãO DO EXÍLIOMinha terra tem mais diversidade;

Aqui, tudo é pequeno;

556 Rafael Büger Ruiz - Porto Alegre/RS – Brasil - 26 de junho de 1994. Filho de Lourdes Büger Ruiz e Duncan Dubugras Ruiz. Estudante do Ensino Médio do Colégio Conhecer, Porto Alegre/RS. Integrante do Projeto “Ima-gens e Textos construindo Histórias e Versos”: “Caixas Poéticas”, 2012. Curte futebol e basquete. E-mail: [email protected]

557 Rafael Güntzel Orizenco - Porto Alegre – RS – Brasil - 24 de março de 1995. Estudante do Ensino Médio do Colégio Conhecer, Porto Alegre/RS. Membro Efetivo da Academia de Letras Machado de Assis, Porto Ale-gre/RS, Cadeira 35, Patrono: Raul Bopp; Academia Virtual Sala de Poetas e Escritores, Balneário Camboriú/SC; Associação Internacional dos Poetas del Mundo; e, Liga dos Amigos do Portal CEN, Portugal. E-mail: [email protected]

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sendo possível circularmos por ruas onde não se vê, aos sábados,

nenhum estabelecimento comercial aberto.Minha terra oferece

mil alternativas de lazer;Aqui, estão começando a sair

da quimera depressiva.A esta estranha terra,

procuro me acostumar, pois, várias vezes no ano,

em seu solo piso, para parentes distantes visitar.

Rafael Sânzio de Azevedo558

GONÇALVES DIASÁguas do Maranhão. Mas o navio

tomba, soçobra, afunda em pleno mar.Salvam-se todos, a tremer de frio,

e assustados. Porém é bom contaros passageiros. Não! não se salvaramtodos. Falta um, que último sono dorme

na profundez do abismo, que o tragaramas águas frias do oceano enorme.

Vindo enfermo, de terras estrangeiras,sonhava o dia em que, chegando cá,

ia rever o verde das palmeirasonde ouvia cantar o sabiá.

E uma imensa mortalha cor de anil cobre o maior poeta do Brasil.

Rafael Severo Meira559

CANÇãO DO EXÍLIOAqui, estou a pensar em lá.

Lá, tenho amigos com quem vou a shows

ou troco jogos; passatempo preferido.

558 Sânzio de Azevedo - Rafael Sânzio de Azevedo - Fortaleza-CE - Brasil - 11 de fevereiro de 1938. Doutor em Letras pela UFRJ, foi professor de Literatura Brasileira da Universidade Federal do Ceará. Autor de mais de 20 livros, cultiva a historiografia, o ensaio e a poesia. Exemplo da primeira é Literatura Cearense (1976); do segundo, O Parnasianismo na Poesia Brasileira (2004) e, da terceira, Cantos da Antevéspera (1999).

559 Rafael Severo Meira - Porto Alegre/RS – Brasil - 30 de julho de 1999. Filho de Ariane de Freitas Severo e Rogério Hamilton Genovesio Meira. Estudante do Ensino Fundamental do Colégio Conhecer, Porto Alegre/RS. Integrante do Projeto “Imagens e Textos construindo Histórias e Versos”: “Banners Poéticos”, 2012. Curte música e jogos eletrônicos. E-mail: [email protected]

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Aqui, fico perdido, sem rumo a seguir.

Quero a minha terra voltar e, com os meus amigos,

logo encontrar.

Rafael Zen560

ODE AO CIÚME qUE SINTO POR jULIAN.imaculada

essa sua coroa de espinhos,julian.

dormimos como uma concha,dormimos virgens

mas acordamoscom a plena certeza do

fim do amor

acordamos hoje,com a cabeça ontem

discutindo se a saudadeque aqui gorjeia

gorjeia como a de lá.

SAMPLEAR.Aqui na florestaNão permita Deus que eu morra,

No meio das tabas de amenos verdores,Não permita Deus que eu morra,

No arco que entesaNão permita Deus que eu morra,

Dos teus olhos afastado,Não permita Deus que eu morra,

Guerreiros, ouvi-me,Não permita Deus que eu morra,

560 Rafael Zen - Brusque/SC – Brasil – 19/11/1987. Publicitário, poeta e artista plástico, Rafael Zen é um dos responsáveis pelo concurso Poesia Urbana, realizado anualmente na cidade de Brusque/SC pelo Centro Uni-versitário de Brusque - UNIFEBE. Possui duas participações em livros pela editora SESC e em agosto de 2012 lançará seu primeiro livro solo, intitulado “A questão da Andorinha”.

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Quem há que me afronte?!Mil arcos se encurvam,

A morte lá paira

Mil homens de pé

Mil gritos reboam:Não permita Deus que eu morra.

Poema composto de fragmentos dos poemas: O canto do guerreiro, Canção do exílio, Juca Pirama, Canção do Tamoio e Ainda uma vez –

Adeus de Gonçalves Dias

HAICAI COMO RESPOSTA A UM TIPO ESPECÍFICO DE EXÍLIO.

minha paciência esvai,se lá é melhor que cá, julian,

então vai.

Rafaela Machado Longo – Rafaela Malon561

O qUE NãO DÓI NA VIDAAquele beijo com gosto de jasmim

Sentir as mãos do meu amadoEntoado em versos sem fim

Lindas lembranças do passado

Ouvir daqueles lábios devaneiosPalavras doces, venturosas.

As gloriosas tardes de JaneiroLindas rosas vermelhas graciosas.

Escutar o barulho das ondas do marSe entregar sob o luar

Pensar em mil maneiras de dizer “Eu te amo”Mil sentimentos espalhados no oceano.

Reencontrar antigas afeiçõesA dor que tem cura

Aceitar imperfeiçõesPalavras ditas com doçura.

561 Rafaela Machado Longo - Rafaela Malon - Assis, São Paulo, Brasil - 19 de Abril de 1985. Escreve poesias, den-tre outros textos desde os 15 anos de idade. Por ser musicista e compositora, o dom de escrever têm apenas somado em suas criações. Possui vários poemas em mídias impressas, digitais, coletâneas, além de ter mais de cinquenta musicas compostas (letra e melodia), com três CDs demos lançado até o momento.

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Railde Masson Cardozo562

MUSA DOS DIAS DE GONÇALVESForam-se embora os Dias de Gonçalves, o Poeta,

deixando-me Musa anônima na posteridade que vivo,sem direito no testamento, de ser chamada de amada.Restou-me luto poético na qual mergulho enclausurada.

Cabisbaixo enamorado da caneta, não deslumbrou o verde de meus olhos dentre o musgo das Palmeiras...

Não me viu debruçada sobre seus ombros, lendo suaspoesias por primeiro... Chamava-me de Amor, mas

mesmo assim não me ouvia respondendo...Anoiteci lendo suas missivas de dor e não mais acordei.

Foram-se também os meus Dias e noites com Gonçalves!Preferiu meu amado, fechar os olhos à me esperar.Entregou-se aos braços do mar, ouvindo o canto da sereiaao invés do choro do sabiá. Tão iludido estava a procura

da tal felicidade, que resolveu se entregar, não mais lutar.“Se Morre Sim” nobre poeta, sou prova disso longe de ti.

Pois amargo o fato de ter nascido bem depois de ter me escrito. Num universo paralelo, leio todas suas cartas e

deixo as minhas respostas no parapeito da janela.Unidos eternamente estaremos, na estante de poesias.

Saudades sinto de GONÇALVES DIAS...

Raimundo Carneiro Corrêa563

MEMÓRIA “As armas ensaia, Penetra na vida” Gonçalves Dias CANÇÃO DO TAMÓIO

De mim, na Escola!Menino orador

Em tempo de festaDo verde-amarelo!

Das palmas! Palmeiras

562 Railde Masson Cardozo - Maringá – PR– Brasil - 29 de outubro de 1969. Professora, pós-graduada em litera-tura inglesa/UEM-PR. Escritora e poetisa dos livros “Cartas de Evita que Perón não leu”, “Anita pontoG.com” e outros. Participou de 04 antologias poéticas “POESIAS ENCANTADAS”, destaque no segundo livro. Escreve para a revista Tradição de Maringá e no site www.railda.recantodasletras.com.br e www.allpoetry.com onde tem recebido inúmeras menções honrosas.

563 Raimundo Carneiro Corrêa - Esperantinópolis, MA – Brasil - 07 de julho de 1940. É educador aposentado, contista, romancista, poeta, estudioso da História de Esperantinópolis, Dedicou-se sua juventude e vida adulta às causas da educação, da cultura, da democracia política, protagonizou lutas, movimentos, sofreu derrotas e colheu vitórias. É o autor dos símbolos municipais, a Bandeira, o Escudo d’Armas, a letra do Hino que a musa e esposa Graça Lima musicou. É o fundador da Cadeira nº1, Patrono Olímpio Cruz, da Academia Esperanti-nopense de Letras.

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De enfeites ao vento...Tambor a marcar

O ritmo, a rima...Poema desfile,

Hino NacionalMenino, eu, contente

Por ter que falarPlateia me ouvindo...

Eu a declamarCom Gonçalves DiasA Canção do Exilio.

Que honra! Emoção!Ouvir que o Poeta

Dizia-me:- “Pois

Bem! Fala com gosto,Dá ênfase à palavra

Palmeira! Palmeiras!De amor te declaras

E diz: “Minha Terra!”.Batuca nas rimas

Dos á... á... Sabiá!E aguarda os aplausos

Que te envolverão. E mais! Tua mãeA abraçar-te virá,

De ti orgulhosa!Serás, sim, poeta

E a mim cantarás!...Respira! Vai lá”!

PALCO

“...as tabas opinas, -uma e uma derramadas

Em giro, como dança dos guerreiros” Gonçalves Dias

OS TIMBIRAS - CANTO II

Fazíamos teatro!No palco, o palhaço,

cigana, os índiosdas matas, guerreirosdas tabas –Palmares!

Dos cantos, Timbirasde Gonçalves Dias.

Das formas mais belas,de colos que assentem

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colares das coresdo enlevo das raças

morenas, humanasdo ser maranhense.

Timbiras valentes!Do canto epopeia

do amar, do viver,voar pelos céus

em festa de pássaros,da caça, em combate

por posses da terra,selvagem vitória!

A gente escrevia.Compunha de inventosas letras e músicasque nos ensinavaa musa romântica

nos vindo co’ os toquesde inúbias, tambores...

fazia-nos dançar!

E compreenderque a dança compõe

cenário belezaque faz ser a terrade todos os bensTimbira, da herança,sertão de Caxias,palmar dos enredos,do amor poesiade Gonçalves Dias!

O MAR DE ATINS

Do coração arrancados,Sobre lábios desmaiados”

Gonçalves Dias

OS SUSPIROSAs ondas... As ondas!

Dão formas, imagens,se dizem que sãomesmo corações!

Sim! Dois corações!Parecem-se corSanguínea d’amor!São como se o solfizesse, ele mesmo a

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colorir nas curvasdas ondas do mar

das vagas de Atins!Quem vê!... Marinheiros

na tarde de soldo Ville de Boulognetão manso a vogar,

tão perto ao chegardo ver terra amada...Em festa, palmeiras,

ninhal sabiáse uns olhos... De amor!

Eis Gonçalves Dias!Que vem de regresso!

Que traz muitos versosEm arca bagagem...

Pensando a ventura,então de saudade,

passeios nas tardes,rever em Santana

mirante fechado...Oh vive Ana Amélia?...

Não vem à janela?Cadê tanto amor,Cadê lindos olhos

e o sorriso dela?!

Mas o mar não o ouviu,cantando a esperança...

Oh! Zomba e desfaz-sedo ser corações!

Alteia-se e o tragaAs forças ferozes

de altivas procela!

O DIA DE CAXIAS “Caxias, bela flor, lírio dos vales,

gentil senhora de mimosos campos,como por tantos anos foste escrava?como a indócil cerviz curvaste ao jugo?”

Gonçalves Dias

AO ANIVERSÁRIO DA INDEPENDÊNCIA DE CAXIASCaxias!

Um cacho Jussaramoreno do sol

em banhos de riodo olhar sertanejo!...

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Caxias! De enredos!Balaios... Suor...

Perfume alecrim,das eras, arados,

enxadas, espadas...Vermelho arrebolda garra, do novo

do vinho de auroras!...De aldeias do amor

que um “Dias” te lê!

E faz que te inscrevasNum canto leituras,

Sol de Aldeias Altasda fé comunhãocauim, maracáque as sílabas cantamcanção de ninar.

Do sonho do bardomaior maranhense!

Que nasceu em ti,Ó campos Caxias!

A quem das a lirado olhar! Céu de estrelas...

Alvíssara cartaque vem dos heróisde brava escrituranos lês, dás de ensinona voz de um menino,vem, Gonçalves dias!

É a roda leiturado livro que encantada glória, vitória...Carta liberdade,

do Dia, da Idade,teu Dia, Caxias,

mulata cidadede Gonçalves Dias!

RIO DE INFÂNCIA“E das águas que fogem incessantesÀ eterna sucessãoDizia sempre a flor, e sempre embalde- ai, não me deixes, não!”

Gonçalves Dias

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NãO ME DEIXES

Os Eros em fúriasde peitos montanhas,

sentir d’olhos dáguas...O’vêm! Correntezas

de Itapecuru!

Ternura água benta,Batismo festejo

Que aos filhos dá nomesdos “Silva” dos “Dias”

das gentes morenasde Gonçalves Dias!

O’ rio de infância!Caminho de igaras

que vão ver o mar,trazer negro-branco

que ao índio associaa cor Maranhão!

Poema de um povo,regaste roseiras

Co’os cheiros das núpcias.De sinos, tambores

és festa que em dançabuscou liberdade!

Que nunca é de graça!Salário suor

que rasga das noiteso tempo coragem!

D’amor que humaniza,Constrói casas novas...

O’ rio riqueza!Por transito livre,

vais, buscas do maro ver grande mundo,

vagas da amplidãoe o gosto do sal

- civilização!

Caxias do rio!De Itapecurus

das águas, caminhode pedras sagradas,que às sedes se dá,

poema do marnum canto sertão

nas harpas palmeirascom o sabiá!

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Raimundo Nonato Barroso de Oliveira564

RECORTES: Gonçalves Dias para Ana Amélia(Composição: Letra e Música de Raimundo Barroso )

Se se morre de amor!Ilusão que se esvaece

D’amorNinguém sucumbe à perda

Amá-la!Sem ousar dizer que amamos

Isso é amor...E desse amor se morre!

Seus olhosÀs vezes luzindo2X Às vezes vulcãoVê que ainda sangra

Ferido coraçãoE entre angústias cruéis

Minha alma anseiaDeitar-me

Sobre a copa traiçoeiraFalsa mulher

Apesar da aversão ao crimeVisgo nojentoEm prantos de loureiraEnfimVejo curvado2X A teus pés dizer-teTédio ditérios seusUma vez adeus!( Oh! Se lutei...! )

Raimundo Nonato Campos Filho565

ANTôNIO GONÇALVES DIASAntônio Gonçalves

em seus pródigos Dias

564 Raimundo N. Barroso de Oliveira. Vargem Grande (MA) – Brasil - 31 de maio de 1950. Engenheiro Metalúr-gico e Professor do IFMA. Doutor em Ciências Pedagógicas-ICCP–Cuba, validado pela UFSC. Coordenador do Processo da USIMINAS, ALBRAS e ALUMAR. Diretor do Ensino, Planejamento e Administração do IFMA. Espe-cialista do Conselho de Educação. Projeto Bumba Boi en France premiado no IFMA-CNPq e MinC. Vencedor do FESMAP (melhor música). Um livro paradidático editado.

565 Raimundo Nonato Campos Filho - São João Batista – MA – Brasil - 29 de outubro de 1951. Membro do Ins-tituto Histórico e Geográfico do Maranhão, ocupante da Cadeira nº 5. Graduado em Direito; Ciências Contá-beis; Química Industrial; Psicanalise Clínica; Licenciatura Plena em Disciplinas Profissionalizantes; Licenciatura Plena em Química. Especialista em Metodologia do Ensino Superior; Auditoria Contábil; Direito Tributário e Legislação de Impostos. Mestrando em Ciências da Educação. Doutorando em Direito Civil. Professor adjunto da Universidade Federal do Maranhão.

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poeta ilustre se fez Como homem amou como nunca

E deu à Ana, sua musa mais de uma vez Adeus !

O oceano da sua terra querida Em seu seio o acolheu

Os sabiás e palmeiras cruzaram fronteirasE o mundo inteiro o conheceu!

Os seus poemas na terra Para sempre ficarão

Semeando amor, justiça e equidade, Por toda a eternidade!!!

Ramon de Figueiredo Leandro566

ANA AMÉLIAA musa que inspira a todos

Debruçou-se na minha sacadaFicava olhando ao redorComo se não quisesse nada

Encarou-me instantesSenti-me ofuscar

Seu lindo rostoQue não parava de brilhar

Ana chamava-seDisse-me ter vindo trazer inspiração

Com cantos e poesiasTudo vindo do coração

Seu nome assonânticoRessoava nos portões

Dama do BrasilConhecida por seus padrões

Um amor esquecidoFoi-se embora para Portugal

E seu nome era DiasDias que passaram sem se ver

566 Ramon de Figueiredo Leandro - Sousa- PB – Brasil - 13/02/1994 Estudante de Relações Internacionais – UFPB. Motivos para participação: Tive interesse em participar por me interessar bastante pelo autor em questão e pela simples proposta de escrever, com a qual me identifico muito.

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O HERÓI TAMBÉM CHORAA inspiração de Juca

Excedia seu espíritoGuerreiro e orgulhoso

Parecia uma fera

De queixo erguidoEnfrentava qualquer um

Descalço ao solo da florestaGritava destemido

Mas no dia da infelicidadeSua força perdeu a vontade

Com tintas foi pintadoE se faria de ensopado

Contudo o choro pode salvá-loMas seu orgulho foi bastante afetado

Quando não pode mais entrar na panelaJuca Pirama feriu seu espírito

Quando prestes a ser devorado

Raquel Campos Pereira567

GONÇALVES DIAS É IMORTALGonçalves Dias,Homem de grande valorProfessor e escritor

Um homemQue com amor, batalhouAté conseguir o que sonhouSer um escritor de grande valor

Morreu num naufrágioNa costa do Maranhão

Querendo voltarPara ver seu torrão

Que pena! Gonçalves DiasNão pode ver o dia

Da volta com alegria,Mas deixou sua poesia

É imortal, Antonio Gonçalves Dias

567 Raquel Campos Pereira - São Luís – MA - Brasil – 01/08/2001. Escola Paroquial Frei Alberto. Motivo da parti-cipação: Eu achei muito importante as poesias de Gonçalves Dias. Por isso quero também fazer parte dessa homenagem a ele porque suas poesias fazem sucesso até hoje.

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Raquel Ferraz Sokolnik568

CANÇãO DO EXÍLIONeste lugar onde me encontro,

há muitas paisagens para serem vistas;apreciadas e admiradas;

no entanto, é Lá que encontro a beleza que encanta meu ser.

Aqui, os problemas sociais e políticossão tantos que, com frequência,

vejo-me assustada; Lá, sei que esses também existem,

mas parece-me que os governantes procuram resolvê-los,

dando mais segurança e tranquilidade à população.

Raquel Oliveira Sá569

O POETA E A FLORDebruçado na borda do navio

Olhando o mar com seu olhar de poetaVia o azul sem fim a iluminar

Seu peito dançava alegre como em festa!

Recordava-se de amores e alegriaE dos seus sonhos

Que não passaram de uma fantasia.

Ser poeta ou não ser Por que chorar?

Pois o tempo não pode mesmo regressarE trazer de volta a sua mulher amada

Com seu sorriso encantando as madrugadas.

Debruçado na borda do navioO poeta recolhia do sentimento uma flor

Das palavras que ele mesmo escreveraFalando da morte que teve seu amor!

568 Raquel Ferraz Sokolnik – porto Alegre – RS- Brasil - 4 de setembro de 1992. Estudante do Ensino Médio do Colégio Conhecer, Porto Alegre/RS. Membro Efetivo da Academia de Letras Machado de Assis, Porto Alegre/RS, Cadeira 36, Patronesse: Cora Coralina; Academia Virtual Sala de Poetas e Escritores, Balneário Camboriú/SC; e, Liga dos Amigos do Portal CEN, Portugal. E-mail: [email protected]

569 Raquel Sá - Raquel Oliveira Sá - Fortaleza - CE – Brasil - 25 de outubro de 1981. Escreveu e dirigiu um musical infantil no intuito de resgatar a cultura da música popular para crianças. É ilustradora, roteirista e compositora. Publicou sua primeira obra poética “Minha Meninice & Outras Poesias” em 2009 pelo BNB.

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E como um pássaro que cantarola para fugirSem que seus olhos conseguissem reagir

Encheu o mar de pranto e nostalgiaFormaram-se as tempestades

E adeus Gonçalves Dias.

E caindo nas águas, que agonia,Entre gritos, agitações e esperanças,

O poeta serrou seus olhos apaixonadosCom o temor que procede de uma criança.

E mesmo morto com sua alma a vagarEntre as palavras que conseguiu expressar

O poeta faz-se vivo e iluminadoCom o sentimento de seu amor inacabado!

LUA DE AMORA lua cor de prata

Tão ingrataQue mata...

Que mata o poetaPela beleza

Pela cor- o amor –Tão belo o sentimentoE tão enigmático!

A lua cor de prataNa melodiaQue inebria o poetaTal qual Gonçalves Dias.

Minha terra tem palmeiras?Isso importaA palavra não é morta

- o amor –A cor

A dor.

Luz que alumiaQue irradia

Que deixa perdido o poetaE no entanto

Para que amar tanto?EspantoPrantoManto...

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Manto de sonhosSonhos azuis

E sonhos de amor- o poeta é a dor –

A lua cor de prataÉ a luz que maltrata!

SILÊNCIO NO PAPELO homem triste

Olhava o papel escritoCom poemas e sonhos

Tão risonhosNo vento

Alento!

Queria saber lerO homem triste

Queria escreverViver

SerE ter...

Por que seus olhosChoravam?

Amargurado o homem tristeSem saber se ao menos existe.

Tão risonhoMas tão calado

Olhava o caminho Do passado

AmarguradoSofrido

Homem tristeReprimido!

Queria escrever suas doresSeus temores

Seus amoresMas, não sabia como

Da palavra escrita nada saíaNão podia...

O homem tristeQueria ser poeta

E olhava o papel escritoEntoando doces melodias

Com as palavras De Gonçalves Dias.

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Ali ele nada poderia saberEra um papel mudo, sofrido,

De um homem triste que não sabia ler.

A MORTE DA VIUVINHANo quarto uma molduraEm qual altura?

A molduraQue emoldura o amor

Que passouO amor que morreu

E que valeu.

A viuvinha que rirE que ama seus netinhosQue cantaFazendo trançaQue ama com um amor de menina

Que ensina as rimas...

No quarto a molduraDa altura da alma

Que acalma.

O pranto no meio da madrugadaA viuvinha caladaSem compreender nada!

Ela cantaFaz trançasEncanta.

A viuvinha que viveuQue sofreuQue aprendeu Trás no peito um poema

Do seu tempo de criançaNo qual tanto ela aprendeu!

No quarto uma molduraQue emoldura e trás para a viuvinha

A “canção do exílio” de Gonçalves Dias.

O pranto no meio da madrugadaEntre cantos e tranças

Na moldura caladaQue agora velaUma viuvinha amada.

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CÂNDIDACândida na rua

Olhava os passarinhosQue viviam sozinhos.

A rua tão triste e vaziaSerá que existia?

Cândida na ruaMenina-moça

Que gostava de biscoitoE não tomava sopa

Que fugia da escolaE queria ser aeromoça!

Tão triste, coitada!Sofria sem saber nada

Tinha meleca no nariz Era tão criança a danada!

Cândida queria ser logo uma mulherQueria ter pé em cima do salto

Da altura do sapato de sua tia Salomé.

Queria ser musa de poetaOlha que esperta!

Queria ser o tom de uma cançãoEm um poema que irradiava a fantasia

Nas palavras apaixonadasDe Gonçalves Dias.

Mas seu biscoito era doceE sua vida era salgada

Queria ser aeromoça sem saber de nada?

Cândida olhava os passarinhosSozinhos, tristonhos,

E fazia um biquinho medonho...

Se era choro eu não sei Mas era coisa de menina-moçaQue odiava sopa e lavar louça.

Nada sabia fazer aquela criançaSó bailava e encantava

Na primavera de uma eraTão sonhada.

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Rayron Lennon Costa Sousa.570

ETERNAMENTE GONÇALVES DIASAntônio era o seu primeiro nome.

Com os “Dias” cresceu e se fez presente. Vindo do pequeno pedaço de terra do Maranhão – Caxias, pra encantar tanta gente.

Das Europas rumo à frente fez morada. E depois de viver o mundo tão grandioso lá fora voltou.

Voltou pra sua terra natal, não haveria outro lugar se não aqui. E (in) felizmente por acidente do destino, veio a descansar nos

braços de mar da Tutóia. Filho da mestiçagem.

Não negava seus traços. Era moço sentimental que de tanta saudade das palmeiras, dos sabiás, resolveu se exilar em Portugal. Nascendo assim nosso segundo hino brasileiro: Canção do

Exílio. Encontrou em Ana Amélia seu grande amor, e se fez um poeta

mais que verdadeiro. Pois o amor lhe tocava e o fazia transpirar sua arte nas letras da poesia.

E na literatura o Maranhão sempre será lembrado e eternizado por quantas gerações vierem a existir.

Por ter sido o lugar onde honrosamente nasceu e morreu nosso eterno Gonçalves Dias.

Regina da Conceição Madeira Gôda - (Estrela Radiante)571

GUERREIROS MODERNOSMeu grito de guerraSalvou-me da morte,Saí da minha terra,Lancei-me à sorte,Cheguei à cidade,

Do sul e do norte.Carrego a tristeza,

Sou bravo, sou forte.Deixei a família,Cruzei as estradas,

Eu sou uma ilha,Estou nas calçadas,

570 Rayron Lennon Costa Sousa. - São Bernardo –MA – Brasil- 12 de Agosto de 1991, graduado em Letras-Espa-nhol pela Fundação Universidade de Tocantins – UNITINS (2012), Graduando em Linguagens e Códigos pela Universidade Federal do Maranhão – UFMA – Campus São Bernardo (2014). Escritor e Poeta.

571 Regina Madeira (Estrela Radiante) - Regina da Conceição Madeira Gôda. Engenheiro Paulo de Frontin- RJ – Brasil - 01/06/1959, professora por vocação e poetisa por ocasião. Escolhi o poema I Juca Pirama para home-nagear Gonçalves Dias, por ter sido ele a desenvolver-se o gosto pela poesia e pela declamação. Ainda hoje declamo alguns versos sem erro. E isso me proporciona uma alegria muito grande. Escrevo sob o pseudônimo de Estrela Radiante porque o meu pai me dizia que eu era o seu sol. Assim o faço em homenagem a ele.

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Passam apressadas,Pessoas de fé,

Olham-me de lado,Com um desagrado,

Estou esfarrapado,Chinelo furado,

Encontra-me o pé.Se um dia fui livre,Ou se fui escravo,

Lá na minha taba,Da dor senti travo.Mas era guerreiro,

Dono da minha terra,Pois índio não erra,

O silvo ponteiro.Aqui sou guerreiro,

Mas da morte ainda,Nem tenho cacimba,

De onde beber.Aqui tudo é pedra,

Que bate na gente,Estala a corrente,

Só resta morrer.

OLHANDO O AMORSeus olhos são lindos,São meigos, são doces,

Olham-me, como fossemTão doce promessa.

Seus olhos são lagos,De águas serenas,Na pele morena,

Curtida na noite.Seus olhos são facas,

Penetram na alma,E firmam no açoite,Ama-me, me acalma.

Seus olhos são pedras,Assim preciosas,

Luzindo quais rosas,Do nosso jardim.

Seus olhos são beijos,Ardentes, serenos.

Seus dedos morenos.Completam assim.

Seus olhos são pétalas,De todas as flores.Acordam amores,

Que dormem no peito.

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Seus olhos são ondas,De um mar tão selvagem,

Levam-me na margem,Não deixam afundar.

Seus olhos, navios,Singrando os mares,Brilhantes quasares.

Cortantes a frio.Seus olhos nos meus,

Superam os brios.Cheios de desafios.

Mergulham em Deus.Seus olhos, meus olhos,

Tão entrelaçados,Prá sempre abraçados.Sem dizer adeus.

Regina Xavier572

O POETA INDIANISTA Antônio Gonçalves Dias,

Grande escritor, Advogado por vocação,

Poeta por amor. Fez do índio nosso herói De grande força e valentia Sem saber que o seu nome Assim eternizaria Na famosa canção do exílio Exaltou a nossa terra, Nosso céu, a natureza, E tudo que nela impera.

Sua obra que registrou Traços de nossa história

Para sempre será guardada Nos cofres de nossa memória

Gonçalves Dias, guerreiro,

Um poeta sem igual Receba nossa homenagem

Por sua obra imortal!

572 Regina xavier - Manhuaçu, MG – Brasil - fevereiro/1963. Professora Pós-graduada em Língua Portuguesa. - Comendadora - Embaixadora da Paz - Poeta Del Mundo -Senadora FEBACLA/MG Chanceler ABLA/SP. Desejo participar desta obra porque: Participei de seis antologias , uma delas Mil Poemas a César Valejjo, e considero uma idéia fabulosa homenagear os autores de nosso país, resgatar nossas origens e incentivar a criatividade. [email protected]

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Renata Soares Porciúncula573

MINHA CANÇãO DO EXÍLIOMinha cidade é asfaltada

e parece tão mais...tão mais civilizada.

Na minha cidade chove...chove chuva

que cai como uma luva.Na minha cidade brilha o sol

e canta o rouxinol.Minha cidade tem belas flores...

terra de grandes amores;cidade brilhante;

orgulho marcante;.terra de paz,

guerra jamais!

Renate Gigel574

TRIBUTOA vida tece,

Em fios e contrastes,Teias confusas

De grande sofrer.

Na mescla das raças,No sangue e valor,

Com altos e baixosTraz dissabor.

Na luta por cores,

Saudades e amores,O belo e o verbo

Não deixa perder.

Sem pátria,sem terra,Na busca daquela

No amor a mais bela,Só resta gemer.

573 Renata Soares Porciúncula - Porto Alegre – RS – Brasil. É Estudante do Ensino Médio do Colégio Conhecer, Por-to Alegre/RS; Membro da Academia de Letras Machado de Assis, Porto Alegre/RS; e Associação Internacional dos Poetas del Mundo. Tem participação nos “Elos de Amigos”, da escritora Socorro Lima Dantas, de Recife/PE. E-mail: [email protected]

574 Renate Gigel – Austríaca - 6/10/1947. Participou de concursos literários, ,recebeu o prêmio do Ateneo, da embaixada de Portugal, primeiro lugar no concurso Fazendo História, pelo Museu Scheffel, campanha da fra-ternidade, pela Unisinos, troféu Farroupilha da ATNH pelo trabalho “Filho de criação”,entre outros.Tem textos editados em jornais, antologias da Academia Literária do Vale do Rio dos Sinos, da qual é presidente, e nas redes sociais e blog alvales.blogspot.com.

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Adeus à magia,Adeus ao alento

Mas do sofrimento A arte nasceu.

Poeta das raças,Das cores a graça,

Do exílio o canto,Da saudade o pranto,

Do amor desencanto.

Eterno, o poeta viveu.

O qUE TEMOS EM COMUM...Cruzei mares,Cruzamos. Aportei em outros ares,

Aportamos.

Perdi pessoas e lugares,Perdemos.

Procurei abrigo,

Encontramos. Chorei de saudades,Choramos... Lutei por conquistas,Lutamos. Cultivei valores,Cultivamos. Ao sabor do destino,

Navegamos.

RomantismoNão abandonamos...

Mil mudanças,

Adaptamos.

Não existe tempoPor onde andamos!

Aqui chegamos: a alma inquietae o grande poeta.

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Renato Cesar de Alvarenga Filho 575

VERMELHOPara Gonçalves Dias

Da fonte da vida,Jorram torrentes vermelhas...

Todos, não importando o credo,São batizados ali:

O vermelho, viscoso,Impregna o rosto,

Rouge.Seu odor desperta instintos

De sobrevivência e de caça.Seu sabor é adocicado,Mas provoca náuseas.

Muitos, indelevelmente marcados,Não suportam a privação:

Na fonte rubra da vida,Que pra sempre vai jorrar,

Peregrinos fazem fila,Pois querem voltar pra lá.

Renato Lima de Souza576

EXÍLIO DO SABIÁTu és o horizonte da perfeição

Que fez o sol apagarPor Reluzir luz estelar

Nesse despedaçado coração

Tu não foste atenta aos cantosDesse amoroso e triste sabiá

Trancafiado no obscuro Sentimento De não poder para ti assobiar

575 Renato Cesar de Alvarenga Filho - Brasilia – DF – Brasil - 27 de janeiro de 1973, engenheiro, poeta, aviador e dançarino. Amante da literatura desde a infância, esboçou seus primeiros poemas durante a adolescência. Trabalhou como engenheiro, consultor e executivo de diversas empresas. Por razões acadêmicas, profissionais e pessoais, este brasileiro teve a oportunidade de morar nos Estados Unidos, em Portugal, no Chile e na Fran-ça. Desde 2009, tem se dedicado mais intensamente à poesia, tendo lançado o livro “Divagações Aceleradas” em 2011 (Edições Galo Branco).

576 Renato Lima de Souza - São Luís – MA – Brasil - 04 dias de julho de 1991. É um pertinaz apreciador de todo tipo de arte, em especial, as obras produzidas pela majestosa casta de imortais maranhenses. Estudante de Ciências Sociais (UFMA) produz textos, poemas, ensaios, composições musicais, extraindo das infinitas mul-tiplicidades das coisas o que há de mais insigne e belo sendo o motivador do seu mais pleno sentimento de viver.

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Queria no alto das palmeiras Desse regueiro Maranhão

Cantar as obras, vida e poesia, Das enternecidas criações

Quando abro asas e pairo na tua imensidãoInebriado fraquejo de ilusão

Sou grato da tua distinta belezaOh! Tua sereia incendeia

A minha inocente contemplação

Viajando calmo na brisa do teu marPerco-me nos sonhos que te vejo

Persuadido de que não devoDeixar de declamar o meu assobiar.

FORTALEZA DO AMORFortes um sublime tesouro

Teus versos sempre hão de ecoarNessa terra das palmeiras de ouro

E onde houver o nobre amar.

Verbo das paixões e amoresDe toda forma contagiou,

Não sem honra e louvores, A desdita do seu clamor.

Pularei nos marítimos mundosE quero poder vilipendiar A maré de tão soez indecoroQue causou o teu afogar.

Pois é o fulguroso luzeiroQue a todos declamou,Com ardor de um braseiro,Os intempéries do amor

E pairando entre nostalgiasQuero ver refletir a digna luzÉ o eterno Gonçalves Dias

Que tanto amor ainda reluz.

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Rene Aguilera Fierro577

AMOR GONÇALVICO¡Qué extraño amor!

Sin edad ni tiempo,sólo bastó el primor

para ser el dueño del olimpo.

Las barreras sociales,imborrables y eternas

sofrenan el almaen silencios finales.

Artista, hacedor de mundo,poeta de vías extraviadas,

hombre desventuradoy de manos extendidas.

El daño mayor fue ser débilceder a los sentimientos,

amar hasta el llanto,honrar la palabra y ser gentil.

Se dice, amor platónico, mejor, amor Gonçalvico,

para volver al origen del serantes que morir y nacer.

La vida tiene valortanto como el amor

juzgar el destino propioy caminar con delirio.

Poeta, tus sueños errantesllenaron el firmamento

de versos locos, amantesy truenos de tormentos.

577 RENE AGUILERA FIERRO – Tarija – ingeniero forestal poeta, escritor, tallador en madrea, consultor ambiental, catedrático universitario y Periodista profesional. Autor de veinte obras literarias y de varios libros técnicos. Promotor de nuevos valores artísticos, conductor de programas culturales en Radioemisoras locales de Tarija. Anualmente Organiza los célebres “Coloquios Literarios” y los “Encuentros Internacionales de Escritores”.

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Reynaldo Machado de Almeida Gomes578

DOCE ANA AMÉLIANa imensidão seca do sertão

corria uma fonte de calorcausada por uma forte paixãoNo coração de um sonhador

Era água de matara sede de qualquer um

Para o nobre cavalheiro, alguém para amarPois de sua origem alguém incomum

Tudo lhe via à menteSó permanecía a Amélia doce

Mas quando com seu pedido foi em frenteNada seria como quisesse que fosse

TRISTE FIMConheci Gonçalves Dias poeta brasileiro

Indianista e nacionalistaNas palavras o seu jeito faceiro

De ser um nobre romantistaEncantado com Amélia queria se casarMas por mestiço ser

Com a doce moça para amarNada se pôde procederAlgum tempo se passouOutra moça conheceuCom Olímpia se casouMas aquela moça jamais esqueceuO sucesso habitou a sua vidaFoi um grande escritorMas algo vinha o aproximando da despedidaNa saúde: sofrimento e dorEm viagens pela cura se perdurouNum triste naufrágio tudo estava acabado

Nas profundezas mergulhouO corpo esquecido e agonizado.

578 Reynaldo Machado de Almeida Gomes - São Fidélis (RJ) – Brasil - Estudante do Instituto Federal Fluminense, Campus Campos Centro, ator e poeta. Nascido em 08 de maio de 1995, residente em São Fidélis, RJ, Brasil. Iniciante no meio literário e possui grandes objetivos no meio cultural, tanto no cinema e teatro quanto na literatura brasileira.

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Ricardo Oyarzábal Rodriguez579

CANÇãO DO EXÍLIOAqui, na Itália, tal qual no Brasil,

existem muitos tiposde macarrão, lasanha e pizza.

Quem pensa que elassão melhores que as de lá,

está muito enganado. No Brasil, o sabor é todo especial.

Quero logo para minha terra voltare saborear a culinária brasileira

que, além de gostoso tempero, é feita com muito amor.

Rita B. S. Velosa580

ONDE CANTA O RA-TA-TÁ(releitura de poema de Gonçalves Dias)

Minha terra é uma lixeira,Onde morre o sabiá.

Os homens que aqui pranteiam,Não pranteiam como lá.

Nosso céu tem mais sujeira,Nossos morros tem mais vícios,

Nossos bosques tem mais mortes,Nessas mortes mais que bichos.

Em cismar sozinho à noite,Mais sossego encontro eu cá;Minha terra tem vizinhos,Onde canta o ra-ta-tá...

Minha terra tem rumores,Que tais não encontro eu cá.

Em cismar sozinho à noite,Mais terror encontro eu lá.

579 Ricardo Oyarzábal Rodriguez - Porto Alegre/RS – Brasil - 04 de outubro de 1995. Estudante do Ensino Médio do Colégio Conhecer, Porto Alegre/RS. Integrante do Projeto “Imagens e Textos construindo Histórias e Ver-sos”: 2011 - “Canecas e Camisetas Poéticas”; 2012 - “Caixas Poéticas”. Curte computação. E-mail: [email protected]

580 Rita B. S. Velosa – Araraquara –SP - Brasil – 09/11/1952. Escritora, jornalista, ativista cultural tem participação em mais de 100 antologias publicadas no Brasil, na França, em Portugal e na Inglaterra e publicados os livros “VENTOS PASSANTES”- 2007 (poesias), “FAROLEIROS DE ALMAS”- 2008 (poesias) , “FILHOS DAS ESTRELAS” – 2009 (crônicas), “VESTÍGIOS DOS DIAS”-2010(Contos) e “ABNORMAL E OUTRAS SANDICES DO INESPERA-DO”- 2011.Entre os mais de 100 prêmios, o MISSÕES 2006/Brasil, o Algarve-Brasil 2008/Portugal e o CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE/201

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Minha terra tem vizinhos,Onde canta o ra-ta-tá...

Não permita Deus que eu morra,Sem que me esqueça de lá!

Sem que desfrute os primoresQue só encontro por cá.

Sem que me esqueça dos morros,Onde canta o ra-ta-tá...

Rita Dayrã Murada de Sousa581

GONÇALVES DIASecoa no maranhão um grito forteda poesia de gonçalves diasna singela caxias a simbologia do seu nascimento

nas águas do maranhãose foi o autor da canção do exilio :

“minha terra tem palmeiras,onde canta o sabiá;

as aves que aqui gorjeiam,não gorjeiam como lá”.

onde está os timbiras?não deu tempo de gonçalves dias terminaronde está gonçalves dias?está fazendo poema no céu...

Robert Allen Goodrich Valderrama 582

RECUERDOS DE UN POETAA Goncalves Dias

El poeta espera que su lucha no haiga sido en vanoy que su legado por siempre perdure de generación en generación.

El poeta espera que su poesía y su lucha siempre perdurenen los corazones de su gente y de su pueblo.

581 Rita Dayrã Murada De Sousa - Barão do Grajaú/MA - Brasil - escreve desde os 15 anos, ja participou de al-gumas antologias poeticas, pela editora Big Time, Pela Camera Brasileira de Jovens escritores, entre outros. Em 1996 editou um livro de poucas edições, intitulado”Meus Rastros, poesias diversas’. Funciónaria Pública e Advogada.

582 Robert Allen Goodrich Valderrama - Panamá-EUA - 25 de septiembre de 1980. Poeta y escritor panameño-es-tadounidense de madre panameña y padre estadounidense nacido en la Antigua Zona del Canal en Panamá. Empezó oficialmente a escribir en el 2009 con su blog todavía vigente: http://www.robert-mimundo.blogspot.com , es miembro de Poetas del Mundo, La Red Mundial de Escritores en Español y otras redes literarias, re-cientemente en Agosto del 2012 fue nombrado: Embajador Universal de la Paz en Panamá por el Círculo Uni-versal de Embajadores de la Paz en Ginebra, además sus poemas han sido publicados en diversas antologías, ha recibido diversos reconocimientos y tiene algunos libros electrónicos publicados.

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Por eso miles le rinden honor al poeta ilustreque desde el cielo observa y ríe lleno de felicidad

al ver que no ha sido olvidado por su gente y por su pueblo.

Recuerdos de un poeta luchador e valerosoa los que miles hoy le rinden tributo con amor y admiración.

ILUSTRE POETAIlustre poeta que marcaste el destino

De miles y miles con tú magnifica pluma.

Ilustre poeta que dejasté el nombre de Brasil en altoEn el mundo entero.

Ilustre poeta que defendiste a los pobres, a los indígenasy a los pueblos sin importarte lo que otros dijeran.

Ilustre poeta que marcaste un nuevo inicio para los tiempos

Del drama y de la poesía.

Romántico, soñador, justiciero, amante de las letras y de la poesía.

Viviste el exilio y con tú pluma dibujaste las realidades de los tiempos.

Le cantantes a los pobres y a los ricos,A los europeos y a los brasileños,A los indígenas y a los literatos.

Fuiste único ilustre poeta:

---Antonio Goncalves Días---

MEMÓRIAS DE UM POETA A Gonçalves Dias

O poeta espera que sua luta não é em vão haiga

e que seu legado vai durar para sempre através de gerações.

O poeta espera que sua poesia e sua luta de longa duração nos corações de seu povo e de seu povo.

Milhares pagar para homenagear o ilustre poeta

de relógios do céu e risos cheios de felicidade para ver que não foi esquecido por seu povo e pelo povo.

Memórias de um lutador corajoso e poeta

hoje milhares de pagar o tributo com amor e admiração.

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Roberta Beckmann Hoffmann583

CANÇãO DO EXÍLIOMinha terra tem muitas flores

que me trazem muitos amores. A natureza nos dá e oportuniza, a cada momento, mais pureza.

Mais prazer não há que ver os animais e a natureza

trazendo intensa beleza aos nossos lares e ao mundo.

Não permita Deus que eu morra sem antes ter a certeza de que tudo,

na natureza, para sempre não morrerá.

Roberth Fabris584

POETA EqUILIBRISTA: UM ETERNO PARDALMeu país, meu amor eterno

Meu sangue indígena, meu eterno viverRespiro arte nos palcos do meu paísRespiro arte em cada página do meu viver

Suor literário, vida ordinária, alegria póstumaSou um romântico e passeio por entre sereias e tornadosSou um xamã em busca de um talismã secreto nas letrasEstou em busca da bruxa dos sete erros e da jornada eterna

Sou devoto do meu país, sou devoto do teatro nacionalSou um pardal, uma abelha em busca do mel douradoSou uma arara azul em busca de liberdade e alegriasSou poeta do dia, da natureza e das tribos do amanhã

Sou um amante das letras, um inspirado em Gonçalves DiasSou um poeta da tribo tupi, do povo guarani e do Brasil

Sou um cara pintada, sou um jovem metal, um simples pardal

Sou poeta, sou artista, sou um eterno equilibrista na arte de viver.

583 Roberta Beckmann Hoffmann - Porto Alegre – RS – Brasil - 1º de julho de 1989. 2ª Bibliotecária e Membro Fundador da Academia de Letras Machado de Assis, de Porto Alegre/RS, Cadeira 10, Patrono Erico Verissimo; Membro Efetivo da Academia Virtual Sala de Poetas e Escritores, Balneário Camboriú/SC; Liga dos Amigos do Portal CEN, Portugal; e, Associação Internacional dos Poetas del Mundo.. E-mail: [email protected]

584 Roberth Fabris - Maringá – Pr – Brasil. escritor, membro da Academia de Letras de Maringá, crítico de cinema e artes, Mestre em Letras UEM, Pós-Graduado em Arte-educação, e acadêmico de Artes Cênicas UEM, além de idealizador do projeto cultural Mundo Geek e do Dicas de Roberth, o blog mais cult do Brasil. Nasceu em 03 de novembro, e ocupa a cadeira número 04, o qual o seu patrono é com muito orgulho um grande seguidor de Lord Byron, Alvares de Azevedo.

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MEUS SONHOS BRASILEIROSEis o meu país de teatro e poesia...

onde encontramos araras azuis e micos leões douradosonde índios já povoaram as terras e cantaram como

guerreiros da tribo tupi, guerreiros que o meu canto ouvi.

Eis um país de cores, amores e saudades De uma pátria esquecida e com uma bandeira verde-mar

Um tempo de acreditar nos amores, na natureza e na vida.Romântico como os cordéis de minha infância e país.

Ah, tempos de Gonçalves Dias, onde o Brasil é mais lindo!Onde os tucanos fazem voos e embalam as árvores alegresOnde existe uma terra que emana leite e mel literário

Um país chamado Brasil, um poeta chamado Dias.

Eis o meu tempo de sonhar pelo povo brasileiroEis o meu tempo de lutar pelas nações esquecidas

Eis o meu tempo de bradar a literatura e naturezaEis o meu tempo de ser mais romântico e digno da brisa do mar.

Eis o meu tempo de sonhar na praia embalado pelo luar.

Roberto de Freitas Ribeiro Filho585

CANÇãO DO EXÍLIOEnquanto as praias brasileiras

são mais belas; as flores, florescentes;

aqui, tudo parece triste e sem encantos.

Lá, as águas são cristalinas;os pássaros, mais alegres;

os campos são imensos; os pastos, muito verdes; e, os galos nos despertam

ao amanhecer.Aqui, a natureza parece

sofrida e triste, enquanto lá, tudo está a sorrir-nos.

585 Roberto de Freitas Ribeiro Filho - Porto Alegre/RS – Brasil - 15 de maio de 1997, em. Filho de Marielle Meire-les Ribeiro e Roberto de Freitas Ribeiro. Estudante do Ensino Fundamental do Colégio Conhecer, Porto Alegre/RS. Integrante do Projeto “Imagens e Textos construindo Histórias e Versos”: “Banners Poéticos”, 2012. Curte jogos eletrônicos e ler. E-mail: [email protected]

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Roberto Ferrari586

HOMENAGEM A GONÇALVES DIASLouvores e honra ao mérito

A memória de um poeta Maranhense com sublime inspiração Seus poemas são dádivas, perolas da arte de poetar

Que faz vibrar o coração com emoção Vamos elevar aos céus

O nome de Gonçalves Dias Autor magistral que glorificou a literatura

Que engrandeceu as nossas poesiasNosso céu tem mais estrelas

De belezas abençoadas por Deus Nossas matas têm mais matiz Nossas flores têm mais vida Nossa natureza tem mais cores

E na voz do poeta ganha mais amoresQue glorificam nossa paixão

E fazem nossas almas sorrirem de felicidadePoeta divino, você soube como encantar o povo desta terra maravilhosa

Salve Gonçalves Dias!

Robinson Silva Alves587

ETERNOS VERSOSteus passos,serão caminhos,nos descaminhosda estrada perdida

pois tua palavraserá intensa,intensamente vivida

tua lágrima de saudadeteu choro de solidão

traduz a dorde um romântico coração

586 Roberto Ferrari. Engenheiro, analista de sistemas, administrador de empresas, poeta, escritor e comunicador. Sempre gostou de escrever desde a juventude, publicou os livros ‘Sublime Amor’ , Ventos da Paixão e Identi-dade Assassina. Alguns prêmios recebidos : VIII Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus- Texto inédito sobre Jorge Amado; Prêmio Oxigênio de Responsabilidade Ambiental – 2012; Mérito Profissional como Jornalista e Escritor – 2012; Diploma Destaques e Personalidades pela inclusão no livro Brasil de A a Z – 2012; Medalha Duque de Caxias conferida no Segundo Exército - 2012

587 Robinson Silva Alves – Coaraci - Brasil - 25\06\1976. Formado em filosofia pela UESC; participo de certames literarios tendo sido premiado em alguns deles como: concursos municipais de Coaraci (2,3 e 4 lugares) e diversas antologias. E-mail: [email protected]

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teu grito de libertaçãoliberta o homem

dos grilhões da omissão

combate com floresespinhos da opressão

pois será a liberdadeque nasce da inspiração

voando nas asasaladas da imaginação

combate com versostiros de canhão

tuas palavras,serão dilemas

temaso mundo torna-se mundo

na beleza de um poema

teu desejos de mudançaplantarão nos homens

a semente esperança

pois tens o domde mudar vidas

atraves das letrasa grande magia

de transformar sonhos em poesia

nos versos eternosde gonçalves dias.

IMORTALteus versos

serão eternosespalharão-se ao vento

resistirá a morteperpetuará no tempo

tuas palavrasbelos dilemas

mudarão mil mundoscom a força de um poema

tuas letras são sementes

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germinam no coraçãolibertam homens

dos porões da opressão

com a beleza dos versoso poder do coração

teus sonhoserguerão pontes

para o futuro

amado poetagrande escritor

gonçalves diassonhador.

imortal.

SENTIMENTOS DO POETAamas intensamente

eterno amar

sofres constantementeum eterno penar

onde todos possamamar.buscar.sonhar. vives a emoçãode transformar palavrasem rosas do coração

acalentas almasda triste ilusão

amores perdidoso espinho solidão

enfrentas com versosos ecos da opressão

que acorrentam homensnas garras da omissão

combates com poemasos tiros de canhão

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sentes o sentimentotraduz a simetria

de transformar sentimentosna mais pura poesia.

no romantismo eterno de gonçalves dias.

MIL VERSOSna bela canção

do exiliouma triste solidão

saudades da patriada amada nação

lágrimas viram mil versosdo coração

lembro de um anjoe de ainda uma vez

um triste adeusnos meus primeiros cantos

sonho com os encantosdos olhos teus

uma vida vividade amor e poesia

vida de mil versosde gonçalves dias.

O SONHADORnas ruas da cidade

um homem sonha,com a liberdade

desafiando homens peversoscombate a opressão

com a beleza de um verso10

vagando ao ventovoa nas asas

dos sentimentos

sonha com um mundo novosonha e busca

o sonho do povo

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combate a vil tiraniausando a força das palavras

a poderosa poesia

buscando o sonhado amortransforma seu sofrimentona mais bela flor

mesmo sofrendoa mais terrível dor

ainda amaainda morre de amor

pois é poetanobre sonhador

nesta vidaa eterna poesia

nos belos poemasde gonçalves dias

Robson Leandro Soda - Lótus Sidartta588

IDEALIZADO (O canto do guerreiro moderno! Ele só quer ter o gosto de cantar...)

Um sacro oficio,veleidade da alma, que fosse de passosem passos, sem calma, e sem pressa.E que tivesse perfumeou de terra, ou de bruto, ou de fruto,ou de ideias: fragrânciaviciante futuro.E que fosse aos olhos, asas para ensaio de vida

tal o galo que madruga as idas,labuta as asas,

depois...cocoricó.

ULTIMOS EN’CANTOSAh se pudesse Gonçalves naqueles ultimos dias

escrever o poema que outrorapor si só de vida viveria

588 Lótus Sidartta - Robson Leandro Soda - Santa Cruz do Sul – RS – Brasil – 19/12/1982; Está presente em diversas antologias no Brasil e exterior.

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teria os olhos de Ana Améliaem profundos deleite

e as manhãs mais agudascomo exilio dos Deuses

Usaria,talvez

os laços Shakespeareanos

em embalo presente.Se não

o embrulho das almas serenasou papel reciclavel,

sementes

teria um que de sua naturezadeixando melodia em rosas

Dedilhados em espinhos,E no ínfimo da poda

Brotos sustenidos

seria um poema sem versos despetalados

tão poucoÁvida flor sem acolhida.

Rodrigo Guimarães Pena589

PONTA DE MARMinha terra tem um canto

Um rasgo, um corte, um avanço,Uma ponta de mar,

Onde a água é tão limpa,

E tão pura,Que faz quase escuraA água mais limpa que há...

A Espinhaço, altiva e brejeira,

Esticou-se e encontrou Mantiqueira,Que a trancos, debaixo da terra,

Emendou-se a outra serra Se acabando em Serra do Mar

589 Rodrigo Guimarães Pena - Belo Horizonte – MG – Brasil - 15 de setembro de 1952. Engenheiro civil, de profis-são. Se equilibra entre palavras há algum tempo. Mesmo que elas o tenham como eterno aprendiz e informal visitante. Escreve por que... “...o correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem ...” Mantém o blog : Poesia... à revelia! http://poesiaarevelia.blogspot.com.br/

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E foi neste encontroMarcado entre Serras...

Que abriu-se, perfeito, o espaçoNa forma de abraço,

Onde o mar põe-se calmo e se aninha, Ao sopé que se alinha Às costas, beiradas das terras...

E à noite, um manto de estrelas

Vazado por lanças, forjadas em prata,Pontudas, profusas, caídas do mar estelar,

Disputa brilho com a Lua,Que volta e mais volta faz pose, se atreve, se acua,

Se faz Yemajá, lá do céu ninfa nua,Aumenta seu brilho, e acende o lugar... E o sabiá que se ouviu na palmeira Que Gonçalves cantou, trás-as-Beiras,

Viajou, cá se pôs a buscar mais parceiras,Nesta linda Ponta de Mar,

Pois sabe o sábio sabiá

Que onde a água é pura e cristalina,É lá que vai estar a sabiá-menina

Pra beber água e quiçá, namorar... Como se água também fosse a tintaQue Deus preocupado, usa e nos pinta Um quadro, um capricho, pra mãe-natureza seExpor, ser memória, pra gente guardar... Pra que um dia, bem longe, alhures se achar,Peça a Deus, pois ouvindo Ele está: “Não permita, Senhor, que da vida eu me váSem que volte e desfrute os primores de lá:

Ver palmeiras, ver se encanta um sabiá,Ver a terra se vestir de lindas flores,

Versos, Lua, Sol, o Céu, a emprestar cores,Ver se as Serras inda abraçam aquele Mar...”

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Rodrigo Nunes Camargo590

CANÇãO DO EXÍLIOSaudades daquele meu Rio Grande;das noites estreladas no pampa;

das fronteiras gaúchas transbordando cultura.

Aqui, no Rio de Janeiro,

as noites são de pesadeloe as fronteiras

não são como as de Lá.

Saudades do povo de Lá;das tardes admirando o céu azul

e dos cantos dos pássarosque só encontro Lá.

Rodrigo Octavio Pereira de Andrade 591

POETA DO SABIÁFilho do Maranhão,

Poeta do Sabiá,Pai das Sextilhas de Frei Antão.

A chocalhar na imensidão o maracá.

Mestiço nativo,Que chorou no estrangeiro,

Versos da Canção do exílio. Tornou-se imortal poeta brasileiro.

I-Juca-Pirama é seu filho,Canta as raízes de um povo...Tornou-se lenda em verso,

Através do seu índio guerreiro.

Canta além-mar o SabiáAos versos entre Os Timbiras

No balançar das palmeirasAos olhos de Marabá.

590 Rodrigo Nunes Camargo - Porto Alegre/RS – Brasil - 14 de novembro de 1995. Estudante do Ensino Médio do Colégio Conhecer, de Porto Alegre/RS; Membro Efetivo do Projeto “Vida, Amor e Paz”, do “Cercle Universel des Ambassadeurs de la Paix, Suisse/France”. Integrante do Projeto Literário “Porta copos poéticos”, 2012. E-mail: Cursa inglês no Wizard. Toca violão, curte música e festas. E-mail: [email protected]

591 Rodrigo Octavio Pereira de Andrade. Cabo Frio –RJ – Brasil - 29 de setembro de 1977. Poeta, escritor, profes-sor, pesquisador, revisor, ativista cultural, palestrante, membro de diversas entidades acadêmicas no Brasil e exterior. Premiado em diversos Estados do Brasil e tendo textos publicados em antologias, periódicos e revis-tas culturais em diversas partes do país. Autor do livro e Projeto POESIARTE. Presidente da Academia Cabista de Letras, Artes e Ciências de Arraial do Cabo-RJ.

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Salve Gonçalves,Santo poeta na imensidão

Deste Brasil de seus DiasNesta Terra em forma de canção.

Rodrigo Zuardi Viñas592

CANÇãO DO EXÍLIOMinha terra tem milharal,

bananeira e parreira; bem-te-vi, joão-de-barro,

arara e periquito. As aves que lá vivem,

cantam entre as árvores, flores e campos. Já a vida de nossos bosques anda mal, quase morrendo.

Para salvar minha terra, animais e plantas,

vou voltar para lá. Não sujarei suas águas;

plantarei muitas árvores e protegerei os animais

para que não fiquem em extinção. Minha terra é de todos nós.

Rogério Araújo (Rofa)593

DIAS DE GONÇALVES PARA TODOS OS DIASQue lindas imagens criadas pelo grande poetaRetratando o Brasil “bonito por natureza”...As palmeiras que nele existeOnde cantam os sabiás com todo vigorSão incomparáveis mesmo às internacionais

Nada se compara ao seu canto e seu encantoUma brasilidade tão emocionante

Que poetiza esta nação de todo coraçãoUm país abençoado por Deus

Com um povo acolhedor, mesmo sofredor

592 Rodrigo Zuardi Viñas - Porto Alegre – RS – Brasil - 26 de novembro de 1993. Membro Fundador da Academia de Letras Machado de Assis, de Porto Alegre/RS, Cadeira 33, Patrono Alcides Maya; Membro Efetivo da Acade-mia Virtual Sala de Poetas e Escritores, Balneário Camboriú/SC; da Liga dos Amigos do Portal CEN, de Portugal; e da Associação Internacional dos Poetas del Mundo. E-mail: <[email protected]>

593 Rogério Araújo (Rofa) - Niterói, RJ – Brasil - 31/07/1973. escritor, jornalista, publicitário, especialista em Lei-tura e Produção Textual, bacharel em educação - teologia cristã; autor do livro “Mídia, bênção ou maldição?” (Quártica Premium/Litteris Editora), lançado na XV Bienal Internacional do Livro no RJ (2011); comendador da ABD – Associação Brasileira de Desenho e Artes Visuais e da ALG – Academia de Letras de Goiás; membro de diversas academias no Brasil e exterior, como a de ALAV – Academia de Letras e Artes de Val Paraíso, no Chile.

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Dribla as dificuldades na vidaE até se livra da fome e da morte

Das adversidades ocorridas sem esperarO amor ao país era tão grande

Que desejava ao Senhor aqui retornarPoeta romântico incorrigível,

Um dos mais amados e declamadosDe muita emoção que viveu

E até pela sua morte ao ser esquecidoDeitado, doente, num navio

Quando retornava ao seu estado natalE país amado, Brasil

Com toda inspiração e respirando fundoMorreu sem ar afogado no mar

Já do país que demonstrou amarMas seus versos não morreram

Imortal se tornou pela sua obraMesmo não pertencendo à Academia

Que, aliás, nesta época nem existiaSeus versos são lidos e relidos

Por todas as épocas e períodosUm grande escritor, poeta,

Na literatura brasileira e mundialExemplo e inspiração para muitos

Amantes da poesia, da nacionalidade,Admiradores da beleza de um país lindo

E, acima de tudo, do amor pela vidaParabéns, Gonçalves Dias!

Pelos cento e noventa anosDe nascimento, sempre renascidos,

A cada ano que passa e repassaDemonstrando que nunca perde a majestade

Assim como a sua famosa sabiá!

Ronyere Silva Lima594

CANTO SUTILE tu Gonçalves, poeta da gente

Em Coimbra impunhas teu cantoExaltando tua terra silente

Dela mostrou a beleza e o encanto

Província do maranhãoTerra do excelso poetaTinta e papel na mão

Fizeram de ti querida terra

594 Ronyere Silva Lima - Dom Pedro – MA – Brasil - Estudante de Direito, amante das artes, contribuinte do portal Recanto das Letras, membro da Confraria Cultural Brasil-Portugal, membro da Sociedade dos Poetas Vivos, 1º lugar do Concurso de prosa “Machado de Assis” – 2011. e-mail: [email protected]

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Teu canto sutil, ó imortalPercorrera o mundo a fora

Gonçalves Dias do Maranhão

Tua letra te fez magistralTeu canto se faz ouvir agoraTua memória te entrega este galardão

POETA DOS ÍNDIOS Poeta da floresta Poeta dos índios

Do naturalismo Dos aborígenes selvagens Da harmonia Dos homens nus e zelados

Do encanto Dos incomunicáveis

Poeta da nossa terra, imortal Trouxe-nos a glória teu poetizar Ó oráculo eternal Continuas tu a nos revelar.

Rosana Lazzar595

AO POETADizem os sábios antigos que

Testas largas e altas denotam grandes pensadores...Gonçalves, era mais que issoEm pátria e bucólicos amoresImortalizou nosso hino na alma...Da “bandeira” hasteou suas doresTanto amor de ti emprestavaQue em suas dúvidas, era infindoMelhor viver sem ter amado...Ou amar, sem nunca ter vivido?E de “Gonçalves” pátria e poesiaImortalizados em nosso hino-Salve Gonçalves, os nossos “Dias”...

O velho pensador, menino!-Oh pátria amada, idolatrada!

Um “sonho intenso”, Gonçalves cresce-Há que saber da mãe gentil

Em terras que nem “Gonçalves” viu!

595 Rosana Lazzar - São Paulo- SP – Brasil - 27/12/1964. Cantora, registrada na O.M.B- “Ordem dos Músicos do Brasil”, exercendo a profissão desde os 18 anos de idade nesta cidade e outros Estados como backing vocal de alguns artistas e crooner de bandas. Fazendo uso de comunidades virtuais, escreve em sites da categoria qua-se todos os dias. Sem livros editados, apenas arquivados, enquanto não os encaminho, lê de tudo um pouco e escreve um pouco de tudo.

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Rosane Salles Silva Souza596

FÊNIX DOURADASeu canto,

Fênix Dourada,como fonte d’água brotando da rocha,

palavras inteiras, formosasalegria dentro de nós

E quando o Sol desponta na serra,altaneiro, poeta - foz,

da Esperança que floresce,da noite que se despe ao luar,

das palmeiras que bailam lançando folhas ao ar,

no bogari perfumosonos gorjeios dos sabiá,

teu nome impera solenena boca de toda gentedesse Brasil tão pungente

Salve! Salve! Ó, Antonio Gonçalves Dias!

Rosemeire Joanadarc Dias - Rose Dias597

ÚNICA CAMÉLIAEm teus cantos

E encantosUma única camélia

A flor mais amada;Sua eterna Ana Amélia.

POETA PANTEÍSTA

Poeta que exaltou a natureza E toda sua beleza sem estereotipias

Mestre da poesia panteístaAssim era a obra de Gonçalves Dias.

qUANDO jUCA PIRAMA CHOROUUm índio chora ao ver que vai morrer

Então é libertado pela tribo dos TimbirasEntregue de volta pelo próprio pai

596 Rosane Salles Silva Souza - São Gonçalo – RJ – Brasil - 29/06/1988. Poeta, artesã, contista. Cursa o 3º ano do 2º graus, e pretende fazer Engenharia Agrícola e Ambiental. Ama a vida e se delicia em contar histórias a partir de suas bonecas de panos que cria para despertar o imaginário infantil. Tem inédita inúmeras poesia. Participou do Livro “ O Chamado das Musas. Pô-Ética Humana: O Enigma do Recheio- a arteterapia ao sabor da educação brasileira ( Creadores Argentinos, Buenos Aires,2008), com” O Desabrochar” e “ Perfeito Amor”.

597 Rosemeire Joanadarc Dias - Rose Dias - São Paulo - Brasil - 21-10-1962, mora atualmente em Mogi Guaçu, in-terior de São Paulo há 20 anos. formada em Letras e mestranda em linguística. Participou de várias antologias, já foi classificada em 1º lugar com um poema pela Editora Nil Verlag – Berlim- Alemanha. Mantemo um blog de poesia, contos e crônicas onde escrevo diariamente, www.rosejd.blogspot.com.br

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O velho índio timbira de novo o recusa,-Para morrer é preciso coragem

-Só heróis, disse o índioFazem esse rito de passagem.

HOMEM BRANCO COM ALMA DE ÍNDIONasceu depois da independência

Morreu no inicio da guerra do ParaguaiFilho de português com mestiça brasileira

Foi doutor, e das letras teve domínioHomem branco com alma de índio.

Rosineide de Sousa Machado598

OH! GONÇALVES DIASCidadão Gonçalves DiasQue nasceu lá em Caxias

Que vive na mente de tua genteQue sabe valorizar

O seu lugar.

Oh! Gonçalves Dias,Tão belos eram teus dias,

Em meio à poesiaQuanta nostalgia,Quando não estava lá em Caxias.

O Maranhão tem muitas belezasCom certezas,Mesmo que não se veja com tanta clarezaMas soubeste destacar no canto do sabiá.

Oh! Gonçalves Dias com teu passado de glória,Refazendo nossa históriaQue enche a nossa vida,

De poesia e glamour que trás o amor.

Quanta inspiração encheu teu coração,Que conteve a escrever

Que belos são os teus cantos, Que enche todos de encanto.

Num Maranhão em festa,Pelo que tiveste antes.

É nossa homenagem a esse grande poeta,Que tanto valorizou o guerreiro e a floresta.

598 Rosineide De Sousa Machado - Pio XII – MA – Brasil - 06/03/1972; Em prestar homenagem ao grande mestre da poesia, Gonçalves Dias e também ao Maranhão, estado que precisa ter sua cultura conhecida e valorizada.

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Muito aqui mudou,Mas o que ficou no canto do sabiá

Que ainda não calouDe tanto procurar o seu lugar.

Oh! Gonçalves Dias,O mundo todo te reconhece,

Como famoso poeta e merece, Toda nossa devoção pela contribuição.

De valorizar a cultura de tua gente,E em tua homenagem vão mil poesias

Por meio do cantar do sabiá,Que ainda há de voltar e encantar seu lugar.

Rozelene Furtado de Lima599

AH! POETAPelo teu exílio e tua saudadePela tua dor do amor perfeito

Que perdestes para a o preconceitoPelo fervor da tua luta pela igualdade

Pelos nativos da nossa naçãoQue estão sendo expulsos do seu torrãoPelo teu amor ao nosso chão e a natureza

Pela vida, pela raça, pelo sangue.Pelos teus versos de lirismo e beleza

Falo-te em nome da Pátria brasileiraNossa terra ainda tem palmeiras

E algumas aves cantadeirasQue estão ficando sem árvores para os ninhos

Ficarão sem teto nossos passarinhosNo céu as mesmas estrelas estão cobertas, embaçadas,

E pouco dá para vê-las num véu opaco, enfumaçadas.Nossos bosques estão sumindoMuitas flores não estão florindo

Os leitos negros dos rios poluídos a soluçarSecando por não poderem mais navegarNossa vida está se perdendo em falsos amores

E já não tem tantos primoresÉ preciso ser poeta para viver, ver e não desanimar

599 Rozelene Furtado de Lima - Teresópolis/R.J./ Brasil - 31/05/1947. Professora, bibliotecária, escritora, poe-ta, artista plástica. Participa em mais de cem Antologias nacionais e internacionais. Textos publicados em Portugal, França, EUA (NY), Espanha, Itália, Suíça, Uruguai, Argentina e Chile ; Livros: Banquete de Idéias de memórias e “No Limiar Sex” de poemas; Verbete no Dicionário de Mulheres Escritoras de Hilda Flores; Per-tence a: AVBL; REBRA; Poetas del Mondo; Academia de Letras de Teófilo Otoni-ALTO-MG; Grupo AGUIA; LITERART- Clube Brasileiro da Língua Portuguesa BH MG Brasil; Rede de Escritores Independentes e do Livro Sonoro; Portal CEN. email: [email protected]

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E junto a tua voz gritar em altos brados e fazer ecoarNos palácios dos governos, na fazedura das leis

E mostrar que o meio ambiente ainda tem vezCantaremos uníssonos tua canção aqui e acolá

Para não ficar no passadoO patriótico canto gorjeado do sabiá.

Rui Miguel Dias Carvalho600

INDIA OPORTUNIDADEGonçaves Dias, diz-me tu o que farias,

Se já não pudesses cantar I-Juca-Pirama,Se a tua tropicália fosse já longuínqua nos teus dias,

E não conhecesses a Tupi, essa das tribus indias,E fosses traido pelo gotejar da clépsidra, como por quem amas...

Para mim, eras um cacique da humanidade:O Touro Sentado em cadeira de madeira em verde envolta,

A partir da qual se podia ver toda a serena claridade,Do rossa azulado madrugador entre copas de mestiça singularidade,

Vista pelas tuas íris, firmes e conscientes, sem revolta.

Lembras-me o ar fresco da manhã,De um dia quente, que não promete amanhã…

AMOR COM UM TOqUE DE SAMBAPara Ana Amélia perdeste o teu coração,Sob o jugo de apelo selvagem, vermelho e bruto,Erigido sob brasas apagadas, por àgua em fogo enxuto,Indomável como o rio Amazonas, digno de devoção.

Mas perdeste-a, devido a aparente cobardia,Sob a qual se escondia a tua profunda desilusão,Por tão vil assombro, de não conseguires a desejada aceitação.

Pode lá haver maior amor que o aceite à luz do dia?

Afinal tu eras o fruto do vasto Mundo,Continhas em ti as lonjuras das ondas do mar,

Copas verde oliva arbóreas, e o lixo negro do chão imundo…

Pleno, como o possível intangível,De face séria, de saudade e isenta de ilusão.

Peça móvel de um Brasil de natureza impassível!

600 Rui Miguel Dias Carvalho - Lisboa – Portugal - 1976. Economista e programador; cedo se interessou pela escri-ta mas apenas mais tarde, após a conclusão do seu Mestrado, começou a tornar realidade o seu sonho. A sua escrita bebe inspiração em Lisboa e em Arganil, esta última a sua verdadeira terra, tal como este a considera. Tanto na poesia como nas suas narrativas, é possível encontrar vestígios de paisagens rurais mas também urbanas, ao mesmo tempo que uma preocupação profunda pelos sentimentos das pessoas.

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ÁGUA DO MAR DE GONÇALVES DIAS Essa água em que viajaste

é a mesma que hoje nos banha. Esses monstros marinhos que enganaste,

semelhantes à baleia que nos acompanha.

Eu sinto a tua tristeza viajante. Mas, sou apenas um lobo aquém,

com grande pena minha e vigilante, são estranhas as tuas terras floridas além.

Aquém fica a prece de quem

um amor já não tem: As tuas lágrimas quentes

têm o sal das almas crentes!

Morrer de amor, já não é, para ninguém, o destino.

Mas, morrer esquecido é talvez o fim mais temido...

Samuel Cantoaria Ferreira601

O MARANHãOQue belo é o Maranhão

Tem rios e cachoeirasÉ uma pena que as pessoas

Fazem muitas sujeiras.É uma pena que esteja assimTudo é culpa da população,

Senão sujassem tantoNão ia haver poluição.Mas ainda há belezas

No MaranhãoCom rios e cachoeiras

E muitos casarões.Não permita Deus que eu morra,

Sem que ajude a naturezaPara quando meu filho nascer

Brincar e ver as belezas.

601 Samuel Cantoaria Ferreira - São Luís – MA – Brasil - 02/11/2011 - Eu gostaria de participar da antologia por-que queria ser reconhecido pelo país e porque sempre quis fazer um livro.

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Samuel Cavero Galimidi602

LUTOComo se podría expresar la tristeza

con los muertos hoy reclamándonossin olvidar a Gonçalves DiasCómo se podría expresar el dolor

que son surcos de heridas abiertasen la comunidad kaiowá guaraní

del campamento Tekoha Guaviry, en el municipio de Amambaí.

Si el cacique Nísio Gomes cerró sus ojosdefendiendo su territorio

42 pistoleros encapuchados, me dices hermano, lo asesinaron.¡Ay, qué dolor!Cómo decirte amado poeta

que a un Cacique más ya no mataránsi ayer nomás Geusivan Silva de Lima,

gran defensor de nuestros territorios nativos, líder de los indígenas Potiguara,

murió igualmente baleado.¡Ay, cuánto odio!

Esos labios (y los tuyos Gonçalves Dias), acaso reclamando casamiento con Ana Ameliadesde los sueños de tu dormida estanciano podrán degustar un terroncito de Tapioca, ni un sorbo humeante del Pirão en el hoyito de nuestras manos,tampoco la sabrosa Pipoca que sale del fogón combatiente.¡Ay, qué dolor!La tierra cerró esos labios y los tuyosrecibió la sangre heroicay hoy, qué importa ya,

frondosas raíces crecense hunden y extienden en la feraz tierra

se abrazan cual niños felicescomo venas abrazadas al Mundo

ES VERDADEs verdad…

Tu hermosa tierra amado Brasiltiene perfumadas palmeras

602 Samuel Cavero Galimidi – Ayacuchano – PERU – 1962 - Doctor en Ciencias de la Educación. Sociólogo, Perio-dista Colegiado, Escritor-Poeta, autor de 22 libros publicados en los géneros: Novela, Cuento, Ensayo, Teatro, Poesía, Biografía y literatura de Estudios Indigenistas. Es actualmente Presidente de la Asociación de Escritores y Artistas del Orbe (AEADO). Mención de Honor en la IV Bienal de Poesía Infantil ICPNA, Lima, 2011. [email protected]

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Pájaros juglaresque mil tonadas cantany muchas maravillas

bajo tu cielo tiene estrellasparpadeando…abrazándonos

hasta este rinconcito del Continente.Es verdad…

Tu tierra tiene otras bellezasAllí canta el tordo

y aquí el Turtupilín machoRecordando

que alguna vez existió hermosoaguerrido

celoso guardián del bosqueTupá, Tupá

el gran cacique valientey allí los ojos alertas

del gran Raoni Metuktirey nuestros pueblos indígenas

están siempre presentes.

RAONIGran líder de los Umoro Kayapó

yo no vengo de los metuquitire.¡Soy de los amorquitere!

Mi hondo pensamiento fraterquitereestá en ti hermaquitere

buscando como tú defenquiterecolgar un globo terráqueo de hermandaquitere

en mi labio inferior y llamarme Jaguaribeser Gran Pájaro, ombligo del Capiperibe

BRINDO UNA COPA DE VINO POR GD¡Déjame oír tus latidos!

Alza la cruz de tus manosSe perfumarán los pantanos

Y los pájaros hermanosDormirán paz en sus nidos.

Si a tanta injusticia humanaEl perro al ladrón de tierrasLadra, aunque la espartana

Alma del indio defiende si yerrasTú: ¡Cacique de hermosas tierras!

Ruego vuelvas tu verde hogarHenchido de Hermandad y PazCon lluvias y truenos así rogar

Tu verdor del que siempre capazAmoroso beso eres al ensoñar.

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Sobre mi pecho reclinaEl recuerdo de tus versos

De clara luz matutinaY tu mestiza voz ilumina

Hasta a los más perversos.Tus versos románticostrashumante de otras huellas

América mestiza dais cánticoscuando a nuestro paso bellas

historias por ti son estrellas.Poetas del Mundo amados

Vienen a besar tus recuerdosDe Brasil son Pegasos alados

Ruiseñores tan cuerdosHeraldos de poemas llorados.Beso de perfumes ungida,Por los ángeles perduraOros por el cacique dura

Si mi pena nunca es fingidaCuando odios del bosque cura.

Cuando tú estabas perdidoEn mis propias soledades

Mis versos han recogidoTu, Hermes, vibrante latido

Voz de las hermandades.Hoy recorren quimeras,De primaveras desbordadas,Cual locas diosas amadas,Navegan como remerasDe palabras encantadas.Para ti Brasil ha sidoAmor y oro de pasiónEl más bello terruño y nidoen sueños son ilusiónQue la historia ha latido.Sean estos versos pergamino

De tus lauros que hoy cantoPara quien estrellas camino

Abre como versos de encanto¡Por eso, GD, brindo por ti una copa de vino!

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Samuel de Sá Barreto603

PARTIDOMinha saudade é trigueira

É um foco além do mar,Ouço o vento na palmeira

Que aumenta o meu penar.

Todo dia é o mesmo prantoQuando lembro minha terra,Do sabiá me vem um canto

Da sombra daquela serra.

Meu retorno sem demora,Que só me faz recordar,

Que na minha terra moraA mulher do meu sonhar.

Digo logo, estou voltandoVivo sempre a imaginar,

E no meu torrão chegandoVou poder enfim amar.

Minha terra é mais querida,Minha amada é uma flor,

Não terei dor atrevidaNos braços do meu amor.

O MARPara um sabiá que canta

Seu canto o mar naufragou,Tragou o corpo, sua manta,

No cais Amélia chorou.

Foi o poeta nas águas,Salgar o amargo vazio,Bebeu o choro das mágoas

Vagou no seu desafio.

Mas não ficou enterradoA sua vida é constante,Na sua obra é marcado

Pela sua verve brilhante.

603 Samuel de Sá Barreto - Poeta, compositor e cronista. Licenciado em Letras. Sócio fundador da APOESP � Associação dos Poetas e Escritores de Pedreiras. Membro fundador da Academia Pedreirense de Letras, ocu-pando a Cadeira Nº 08. Tem publicados os Livros, S.O.S. LIBERTAÇÃO (Poesias � 1997); TESTAMENTO DE JUDAS (Cordel em parceria nos anos de 2006, 2007, 2008, 2011, pelo Laborarte); A RUA DA GOLADA E SUA IDENTI-DADE (Crônicas � 2010) pelo plano editorial Gonçalves Dias �SECMA. E a publicar tem OPERÁRIO DA CANÇÃO, VERSOS CINZENTOS, PEDREIRAS EM VERSOS (poesias); DO ALTO DA PEDRA (crônicas).

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IMENSIDãOToda Ana arrasta a gente

Deixa o peito indigenteSem saber o que fazer

Tem na lira a cançãoE nas asas um alçapãoOnde quero me prender.

Vou embora para o marLá eu posso navegar

No azul da imensidão.Carrego essa lembrança

Daquela tarde criançaQue se foi feito clarão.

Sou passado submersoNa saudade já não meço,Nas ruas com azulejos.

Vago nas noites sozinhoSou um sabiá sem ninho

Nas horas lentas, andejos.

Sou poeta maré cheiaQue sonha com a sereia

Nessa procela profana.Recordo as nossas horas,Os nossos beijos, amoras,Se eras Amélia ou Ana!

Voltei, voltei vou ficar,Velando as ondas do mar,Aqui eu sou Poseidon.Durante o tempo que for,Serei sempre seu amorUm trovador de neon!

qUADRA ROMPIDALá na praça dos amores

Um dia deixei alguém,Levei no peito as dores

Do bem que queria bem.

E fui pra longe, eu fui,Sofri de dor e saudade,

Ter seu amor nunca pude,Passei a não ter verdade.

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VAGANDOMeu Deus é Tupã

Guardando a selva, Lua é uma irmã

No leito da relva.

Nos braços da noiteOuvir gritos fortes,Tambores de acoite

Guerreiros do norte.

A força da flechaZombou da alegria

O tempo se fechaNa dor da agonia.

Guerreiro chorouCom a alma ferida,

A luz se fez corVencendo a partida.

Desceu pelo rioUma água sagrada,

E um índio é rioNas curvas do nada.

Quem foi e não veioDeixou a lembrança,

Vagueia no seioDa luz de esperança.

Os gritos ouvidosAcordam o além,

São dores, gemidos,Dos braços de alguém.

É uma fria saudadeDe canto dolente,

Travou uma idadeDa voz do valente.

E agora que clamaNas noites de lua,

Seu canto reclamaA mágoa tão crua.

Guerreiro que gritaQuerendo paixão,

Numa taba restritaÉ a luz do clarão.

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Saulo Barreto Lima Fernandes 604

GONÇALVES DIAS +100Que imensa saudade tu fazes...

Oh, gênio-poeta dos cocais e da metrificação.Naquela fatídica viagem regressiva de navio, Deixaste tragicamente órfão o teu torrão.

Tua vontade era voltar a viver aqui, junto aos teus pares, No aconchego da tua estimada e vigorosa ilha grande do

Maranhão. Juca-Pirama e as palmeiras onde cantam os sabiás jamais

fenecerão... Te dou a minha humilde palavra. Não te preocupes!

Não turbes vosso majestoso coração, Pois afinal de contas, és bravo, és forte e nada que proveio de ti, foi em vão.

Hoje, na tua praça, amparaste dezenas de jovens intransigentes, Tua estátua, no Largo dos Amores, permanece lá, imponente.

És testemunha cotidiana dos belos solstícios e de chuvas intermitentes,És patrono-mor daqueles apaixonados enamorados e dos mendigos inocentes.

Espero que permaneças vivendo por mais e mais 100 anos, A Athenas Brasileira não é a mesma sem tua presença.Poetas e escritores continuam sedentos pelos teus ensinamentos,Ninguém se acostumou a viver sem tua singular sapiência.

Viva a longeva existência do poeta anfitrião,Viva o centenário do mito chamado Gonçalves Dias.Viva os 400 anos da ilha de São Luís,Viva o glorioso Estado do Maranhão.

Saulo Daniel dos Anjos Leite605

ENTRE PALMEIRAS, O SABIÁ.Na terra brasilis cercada de flores,Em meio aos verdores da altiva nação,

Avistam-se palmeiras aos seus arredores,Lembrando as matas da sua canção.

604 Saulo Barreto Lima Fernandes - São Luís/MA – Brasil - (17/05/1983). O autor já colaborou com vários jornais locais e trabalhou em diversas edições da Feira do Livro de São Luís. Na vida literária alcançou o 1º, 2º e 3º lugares mais Menção Honrosa em diversos Concursos Literários pelo país, sendo publicado em diversas cole-tâneas. Email: [email protected]

605 Saulo Daniel dos Anjos Leite - São José do Egito-PE – Brasil - 30/04/1987. São José do Egito-PE, é conhecida como a terra da poesia. Atualmente mora na cidade de Caruaru-PE, terra conhecida pelos famosos festejos juninos. É servidor público federal e Bacharel em Direito. Escreve poesias no blog http://derepentepoesias.blogspot.com.br/.

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No meio das tabas de insondáveis mistérios,Mil homens se erguem, escutam de pé,

Mil vozes cultuam prelúdios de glórias,Mil cantos guerreiros do velho pajé.

No centro das tabas de antigos terreirosGorjeiam altaneiros os seus sabiás,

E os sábios guerreiros da tribo feroz,Ruflando os tambores,

Escutam-lhe a voz:

“Eis-me aqui”- diz o poeta da tribo do norte,“Seus cantos, suas vozes me chamam da morte,

Guerreiros ouvi:Fui homem de sorte que antes da morte

As várzeas de flores e a palmeira tão nobreDa pátria eu vi”.

Erguendo em festa a tribo se alegra,Ouvindo a voz do velho poeta,

Que um dia cantou como as aves daqui.

Para o exílio da morte partiu nosso Dias,O velho Timbira da tribo Tupi,

Envolto nas águas calou O Valente,Restou sua voz na boca das gentes,

E sua memória legou no porvir.

Tupã, o seu Deus, em pé recebeu o Chefe Tupi,Rendeu-lhe homenagens e mandou que entoassem

Em todas as partes sua canção feita aqui.Os povos e as gentes da remota nação,

Ergueram seu lábaro e de ouro cunharamO mais alto brasão.

E entre palmeiras, à noite, Com seu canto certeiro,

Vem ao terreiro, o seu sabiá.Gorjeando bem alto, entoando bem forte,

No meio dos bosques a canção varonil:“Os céus de estrelas,As várzeas de flores,São altos primores,

Da terra Brasil”.

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Sebastião Luiz Alves606

CHUVA DE SAUDADE

“E o céu que cobre essa terra bendita é sereno e estrelado, e parecerefletir nas suas cores fulgentes o sorriso benévolo e carinhoso de quandoo Criador o suspendia nos ares como um rico diamante pendente do seu

trono.”Antônio Gonçalves Dias

O ritmo da chuva Face de noite sem luar

Floresta desnudaFaz sonhar!

Leva a espaços tropicais...Universos violados no silêncio

Abarca no caisE volto a sonhar!

Convivi com tantas culturasQue impressionam e apavoramTambém Retrato de esperanças

Sonhos que encantam.

Lembranças de outroraChuvas de saudadeSolidão, canção romântica,Lágrimas sem fim.

O ritmo da chuvaSemblante de minha terraExílio distante E o pensamento vive!

Tempos mortosVida que se esconde

Desaparece na brisa do ventoQue se apaga toda verdade.

Rosto de decepçãoReação em cadeia

Tenta abrandar meu coraçãoSangue patriótico que corre minha veia!

606 Sebastião Luiz Alves - Curitibanos-SC, Brasil - 15/07/1957. Tenho 7 livros publicados: Revolução farroupilha, Guerra do Contestado, Heróis da Liberdade, Holocausto no Sertão e Revolta dos Excluídos que encontravam-se no Domínio Público do MEC, os quais retirei em 2012. Outros: O Contexto do Contestado e Clovis José Menegatti Uma História no Tempo e 28 Blogs na rede. Além de possuir diversas poesias, crônicas e contos publicados em Antologias em português e espanhol.

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SELVA DE PEDRA “vossos Deuses, ó Piaga, conjura,Susta as iras do fero Anhangá.

Manitôs já fugiram da Taba,Ó desgraça! ó ruína! ó Tupá!”

Antônio Gonçalves DiasO ser humano, a raça humana,

É uma fera irracional com sentimentos de pedra, Com emoções abstratas.

Sente em seu coração obsesso, Coisas e atos que levam segundas intenções,

Visam benefícios próprios, De olho nos degraus do poder!

A ânsia possessiva em demonstrar a multidão cega, Preconceituosa pela cor da pele,

Preconceituosa por possuir um pedaço de terra,Mascara! Machuca e fere

As entranhas de seu orgulho.Infelizes Mortais!Nobres da Europa,Nobres da América,

Flagelo de hipocrisia,Pois sinto em casa

O cheiro da florestaE a inocência do Índio Tupi!

Sentado à beira do caminho de meus pensamentos, Distante de minha terra,

Floresce os sentimentos,Senti cheiro da selva,

Água barrenta do Amazonas,Senhor dos Rios, beleza que encanta,

Lembro-me dos cantos Piaga,Fúria de anhangá,

Crença dos Índios Tupi!

Sabe... Tentei imaginar, Procurei viver o divisível,

Mas fiquei preso no vazio, Fiquei preso no que não sei!

Não sei!... Não sabemos nada dessa vida.

Tudo... Tudo, Porque temos de viver um pouco de nós,

Um pouco de humanidade, Nessa selva de pedra!

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Selmo Vasconcellos607

POESIA INDIANISTAPara Gonçalves Dias

O grito do guerreiro é silencioso.A onça raivosa é silenciosa. O canto do sabiá é silencioso.

Toda floresta é silenciosa. Só o homem branco que quebra o silêncio.

Sérgio Augusto de Munhoz Pitaki608

São Luís DE GONÇALVES DIASSão Luís do Maranhão, de França, Holanda e PortugalLuis IX, “São Luís”, Luis do século XVIINum repente a Holanda se fez mortal

Com o primeiro saque, do muito que se repete

Bravos índios que expulsaram a inicial NazaréResistiram aos portugueses com a força nativa

Na Capitania de João de Barros, com luta e fémantiveram sua terra com valentia definitiva

Nossas vidas, por seus filhos povoadasAluízio de Azevedo, Ferreira Gullar eGonçalves Dias com as raças estampadas Enfim, o patrimônio da Humanidade, São LuísNos recebe em cerimônia, entre palmeiras,O gorjeio do sabiá e o melhor amor que há! GONÇALVES DIAS – UM ACRÓSTICOAntes de mais nada diga-se de passagemNovos poetas não aparecem como esse

Todos os versos nos ensinam sempreOs maiores valores da nossa terra

Navios vão e vem, a terra fica Índios fizeram parte das estrofesOvacionadas pelo Brasil inteiro.

607 Selmo Vasconcellos - Bangu, Rio de Janeiro, RJ – Brasil - 6 de outubro de 1951 –reside em Porto Velho, RO, desde 1982. Administrador, editor de cultura, divulgador cultural e escritor (poesias, contos e crônicas). Editou a página literária impressa e semanal LÍTERO CULTURAL / jornal Alto Madeira, Porto Velho, RO, no período de 15 de agosto de 1991 a 5 de julho de 2012 (1115 páginas). *Site: www.selmovasconcellos.com.br

608 Sérgio Augusto de Munhoz Pitaki – Curitiba – PR – Brasil - 19 de março de 1956. Médico Radiologista. Pre-sidente Nacional da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores (2013/14) e da Regional do Paraná. Publicou os livros: - ÁGORA (poesias, 2003), AURORA (poesias,2008), ALERE (poesias, 2013). Acadêmico Titular da cadeira 21 da Academia Brasileira de Médicos Escritores. Acadêmico Titular da Academia Brasileira de Meda-lhística Militar. Membro Titular do Centro de Letras do Paraná e da Oficina Permanente da Poesia da Biblioteca Pública do Paraná. e-mail: [email protected]

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Gigantes através do Atlântico foram a LisboaOutros voltaram com o coração cheio de amorNavegaram ida e volta mas declararamCom todas as vozes,Amaram e através das letrasLegaram-nos memórias Verdades que jamais poderemosEsquecer.Sempre há de lembrar-mo-nos do passado.

Devotaremo-nos com nossas forçasInda que contrariedades nos obriguem, pois

“Aves que aqui gorjeiam não gorjeiam como lá”Salve o Sabiá que aqui gorjeia muito mais que lá.

Sérgio Gerônimo Alves Delgado609

MAR ZôNIAOh! quem foi das entranhas das águas,

O marinho arcabouço arrancar?Nossas terras demanda, fareja...

Esse monstro... – o que vem cá buscar?( in O Canto do Piaga, Gonçalves Dias)

as águas claras do rio branco se embrenham às escuras do rio negro

depois de muitos afluentesdas margens observam tukanoscaiapós, yanomamis, saterés

o tempo nunca passou do alvorecerà chegada da lua luz imensa

refletida em todos os igarapésaté que o irmão homem-urbano

de matizes e falas diversasem barcos grandes aportou

no mar zôniae por todos os lados receberam

remos ponteiros a ditar novasescalas de horas

silenciaram-se referências culturaisao som de motosserras estrangeiras ou não

609 Sérgio Gerônimo Alves Delgado – Rio de janeiro – Brasil - poeta carioca, cronista e ensaísta. Editor-chefe da OFICINA Editores. Publicou em poesia: “Profanas & Afins”; “Outras Profanas”; “Enfim afins”; “Coxas de Cetim’’; “Gemini”; “PANínsula”; “BelaBun”; “Código de Barras”; “Conversa proibida”; “Urbanosemcausa”; Fundador da APPERJ, atual Presidente, membro do PEN Clube do Brasil, da UBE/RJ. Tem poemas publicados e vertidos em inglês, espanhol, francês, italiano, russo. Coordena o evento poético no Rio de Janeiro: “Te Encontro na APPERJ” e o Festival de Poesia Falada do Rio de Janeiro. Participante ativo do circuito de poesia contemporânea.

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modificaram crençasem atitudes salvadoras

mapas redesenhadosem nações povos gentios

doenças multiplicaram-seem intimidades intimidadorasclareiras abertas

gritam aos céusa poesia em desmatamento

desmandos sociopolíticosaos povos da floresta

resistir às investidasindígenas versus homens de branco

versus homens de preto versus homens indígenasurbanos metropolitanoseste jogo é arbitrárioconivência sustentávelaldeia global

coexistência inda que tardia

Sergio Ryan Abreu Silva610-

CANTOU SUA TERRA A cor da sua pele, quem diria. Ia além do sangue. Guerreiro simples e sábio um poeta se ia! O mundo teve um poeta de raça. Raça que conquistou ate seu nome em praça.

Cantou sua terra com suas palmeiras. A Deus fez até pedido! Deus o ouviu e lhe deu um dia. Permitiu ainda em vida voltar. A tão estimada cidade de Caxias!

Sergio Santos611

CANÇãO PARA GONÇALVESO poeta desta terra,

Que cantou o sabiá,Que também cantou as palmeiras

Deixou um eterno cantar.

610 Sergio Ryan Abreu Silva – São Luís – MA – Brasil 13/04/2002; Motivo da Participação: Pelo prazer de escrever em homenagem a este poeta maranhense que cantou sua terra! Cursando: 5º Ano – Turma: C – Profª Shirle Maklene EPFA

611 Sergio Santos - Belo Horizonte-MG – Brasil - 1980. Mora em Rio Branco-AC desde 1989. É graduado e mestre em Letras, pela UFAC, onde é professor de Língua Portuguesa. É autor de O REGRESO, romance lançado em 2011, além de vários textos publicados em coletâneas de concursos literários.

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Viveu em tempos românticos.Enfrentou a solidão,

Morreu no mar desta vida,Sem retornar ao seu chão.

Fez cantar todo o BrasilEm belezas de rimar

A terra que tem palmeiras,Onde canta o Sabiá.

Foi poeta de amores,Vividos aqui e acolá.

No Brasil, pais que amou,E na terra de Além Mar,

Onde não tinham palmeiras,Que cantasse o Sabiá.

Permita-me, Deus, que eu canteOs primores que tem cá,

Como cantar o poetaQue me ensinou a cantarE que deu vida às palmeiras,

Onde canta o Sabiá.

POEMA PARA GONÇALVES DIASMinha terra tem poetas

Que cantam os sabiás;E as aves que aqui gorjeiam,

Só gorjeiam se rimarNo poema do poeta

Que o Brasil fez encantar,Cantando também as palmeiras

Onde canta o sabiá.

Minha terra tinha um poetaQue criou o sabiá,

Que deu a todas as avesO mais belo gorjear,

Que plantou todas as palmeirasPara cantar o sabiá.

Gonçalves Dias era seu nome – Eterno é o seu cantar.

PÁSSARO POUSADONuma palmeira frondosa

Daquelas mais belas que há,Não canta mais, fica triste

O mais belo sabiá.Foi-se quem tanto o amou

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Para nunca mais voltar.Na verdade, ele nem voltou

Por que Deus o quis no mar,Que é o lugar mais perfeito

Para o poeta morar.E por mais fundo que sejaAs profundezas de lá,

Ele ouve o canto tristeDo mudo e órfão sabiá.

Sidclei Nagasawa Costa612

DIAS DE GONÇALVESDias que se foramDias felizes de salvesDias de árvores que gorjeavamDias de Gonçalves.

Sidiney Breguêdo613

A AMADA PÁTRIA DE TRÊS CORESErgo a taça,

Em respeito.Numa plataforma onde nasce a auroraPássaros de mil cores gorjeiamMúsica e flores quebram em antese,Alaúde ao bom poetaQue junto aos índios brasileirosFez festa.Rastro de água cristalinaO navio Ville de Boulogne singla o mar,Dentro dele o poeta escreve cartas etnográficas.Faz nascer um povoEsquecido pelas descobertas.

Ticunas, guarani, caiagangue,Riqueza natural a corre nas veias do país,

Como próprio sangue.Gonçalves dias chegou à cidade,

Embalou jovens

612 Sidclei Nagasawa Costa - Registro-SP – Brasil - 11 de dezembro de 1974. Atualmente mora em Cascavel onde trabalha como professor de língua portuguesa. Apaixonado pelas letras, foi o ganhador do Concurso Cataratas de Literatura – categoria poesia – em 2012, com o poema “Capitu sou eu?”. Também foi um dos vencedores do Concurso Literário de Presidente Prudente 2012, com o conto “12 de outubro”, publicado na Antologia CLIPP.

613 Sidiney Breguêdo - Monte Azul-MG - Brasil - 22 de janeiro de 1972. nasceu em Monte Azul-MG e mudou-se para Brasília, ainda criança. Apaixonado por arte, literatura e todo tipo de conhecimento é poeta engajado no movimento cultural do país. Seu primeiro livro foi O jacaré pensador, onde reuniu dezessete anos de sua poesia. Mas o autor escreve romances, contos, crônicas e quadrinhos, deste último sendo autor de O padre e o anjo, tira de humor

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Nos áureos dias de tenra idadeQuando horas cívicas tornavam aprazível o Brasil.

Soldado perfeito, uniforme e bandeira,Mão esquerda

Como lastro do próprio peito.Foi poeta, não duvide, e foi heróiA correr com índios até a praia,

Praia grande, praia doce, praia do arpoador.Gonçalves negro, Gonçalves branco,

Vermelho feito coração rabiscado por criança,Gonçalves dias do amor.

Ergo a taçaEm respeito

As águas não apagaramO que é direito.

Silvana Maria Moreli614

CANÇãO DO EXÍLIO615

Se eu pudesse cantar o meu país e, Se para isso Deus tivesse me provido do dom da poesia,

Da música, da voz... Com certeza eu entoaria uma melodia

Que enaltecesse suas belezas naturais, Sua fauna, sua flora, sua gente, suas diferenças culturais.

Cantaria o clima tropical, as matas, as florestas, As praias, as montanhas, o turismo;

A beleza da mulher brasileira, seu exotismo; O povo que improvisa, o folclore e as festas;

A maneira peculiar de se falar a mesma língua De forma tão diferente...

Ah! O sotaque dessa minha gente!

Cantaria o índio - povo valente, povo guerreiro; Cantaria o negro, o branco,

O amarelo, o mulato... Cantaria a mistura de raças que deu origem

Ao que hoje chamamos “bravo povo brasileiro”!

614 Silvana Maria Moreli - Pitangueiras – SP – Brasil - 18 de agosto de 1965. Atualmente reside e trabalha em Be-bedouro-SP. Com Pós –Graduação (Lato-Sensu) em nível de Especialização em Língua Portuguesa (UNICAMP/Redefor) e em Gestão Escolar (Faculdade São Luís - Jaboticabal); com graduação em Administração de Empre-sas pelo Instituto Municipal de Ensino Superior de Bebedouro IMESB (1996) e graduação em Letras – Unifafibe (Bebedouro-SP). Atualmente atua como Professora de Educação Básica II-efetiva do Governo do Estado de São Paulo. Esse poema faz parte de um projeto desenvolvido na EE Domingos Paro – disponível em http://www.silmoreli.blogspot.com.br/2009/09/cancao-do-exilio.html

615 Silvana Maria Moreli. Neste bimestre trabahei um Projeto muito interessante com os meus alunos das 7ª sé-ries: “Paródias, Paráfrases, Intertextualidade e afins: (re)visitando a “Canção do Exílio - de Gonçalves Dias aos nossos dias”. http://silmoreli.blogspot.com.br/2009/09/cancao-do-exilio.html, Poesia compilada por Leopol-do Gil Dulcio Vaz – Curitiba – PR – Brasil – 1952; Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; Universidade Estadual do Maranhão

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Cantaria o que é bem nosso - “paixão nacional”:- Futebol e Carnaval!

Cantaria os ídolos que dão “Olé”:- Nosso inigualável Pelé!

Cantaria a música que cruza fronteiras e é um poema: - Nossa “Garota de Ipanema”! E aquele alguém que já ‘partiu’ e deixou uma lembrança tão amena:

- Nosso inesquecível “Airton Sena”. E a música ainda, há tanto para cantar:

- Vinicius, Caetano, Gal, Betania e Gil... Como é “grande” esse meu Brasil!

É claro que tem defeitos, esse meu amado país,

Mas quem não os tem Problemas? São infinitos, não se podem enumerar:Político, econômico e social (melhor não citar)!Mas também tem a garra e a esperança,(a fé e o sorriso da criança) -

Desse povo que luta todo dia e não esmorece. Povo otimista, que trabalha e não entristece.

A espera de um dia melhor que está por vir.E virá, se Deus assim o permitir!

A cabeça fervilha, há muito ainda por cantar (o Brasil é tão rico!),As idéias vão brotando e a memória insiste em lembrarQue ainda há muito por cantar...Oh! Meu Deus por que não tenho o dom da música?Por que é tão difícil sintetizar um sentimento?Eu sei que agora Deus escuta meu lamento,E talvez, por certo, esteja me incluindo em algum planoE me presenteie no futuro - (já que não é nato),com aquilo que almejo: talento!

Simone Pinheiro616

qUERIDO POETAMeu Poeta Maranhense,

guardo ti em meu peito amado com muito zelo, seus versos gloriosos.

É um forte guerreiro como um sabiá

a cantar em nossa terra maranhense, um sonhador que escreve poesias a tocar

os corações do nosso povo maranhense.

616 SIMONE PEREIRA PINHEIRO. - São Luís – MA – Brasil. Graduanda no 6º período em Letras/Portuguesa na Faculdade Atenas Maranhense- FAMA. Pós graduanda no 1º período em Libras na Faculdade Santa Fe. Surda.

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Poeta!Sonhador!Sol fulgurante nos nossos corações. Poeta!Seus versos jamais serão esquecidos!

Seus versos serão sempre lembrados em cada boca saído pelos poetas e povos maranhenses. Ao recitar suas maravilhosas poesias

enriquecido pela nossa Literatura Maranhense, e lembrando o quão poeta foi no passado ainda hoje

e ainda hoje você é um poeta guerreiro.

CANÇãO DO EXÍLIO Minha terra tem poesias,

Onde recita os mais lindos Versos do nosso poeta Maranhense!

As poesias, aqui recitadas Não são esquecidas.

Nossos versos tem mais emoções

Nossas palavras tem mais encantos Nossas recitações tem mais alegrias

Nossas poesias mais valores.

Em cismar, sozinho, à noite, Mais prazer encontro nas suas poesias

Minha terra tem poesias, Onde recita os mais lindos

Versos do nosso poeta Maranhense!

Minha terra tem poetas, Que recitam suas poesias, Oh Gonçalves Dias!;

Em cismar, sozinho, à noite, Mais prazer encontro nas suas poesias

Minha terra tem poesias, Onde recita os mais lindos

Versos do nosso poeta Maranhense!

Não permita Deus que eu esqueça, Jamais do meu poeta amado;

Sem que desfrute os versos desse guerreiro amado Que tanto amo;

Quero sempre encantar com os versos e levar ao povo maranhense

A sua poesia recitada.

POETA GUERREIRONasceste no lugar humilde

Filho de um português e de uma mestiça Onde viveram na nossa terra maranhense.

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Gonçalves, lutador pela sua pátria amada És um poeta amado, um poeta brasileiro

E um poeta maranhense.

Tu cantas seus versos dos mais vivazes de coração e alma Onde encantam as almas maranhenses Sentindo o sabor das suas palavras encantadas.

Poeta, poeta, meu amado poeta

Tu jamais serás esquecido com os seus versos em nossos corações Viva Gonçalves Dias!

POETA DAS MARAVILHAS

Um guerreiro do Sol, maranhense, forte, inabalável, assim é o nosso Gonçalves Dias um homem de forte inspiração. Um poeta de grande destaque,

um celebre ao povo maranhense e ao povo brasileiro

Veja meu povo! Quão grande é ele

quão grande foi um sonhador... Vamos meu povo inspirar as suas poesias...

Suas poesias inabaláveis em nossos corações no qual seus versos eram seus sonhos e que nos fez sonhar também! SONHADOR INSPIRADOR DE POESIASUm sonhador que subia no mais alto sonhoUm sonhador arrebatador de corpo e alma Um sonhador que encanta qualquer um com Com suas belas poesias recitadas. Assim é o Poeta! O nosso Gonçalves Dias!

O poeta do povo maranhense! Um sonhador que inspira sentimentos sublimes

Ao escrever em cada folha de papel, As suas palavras voam ao ar,

Voam aos sentimentos, Voam aos corações de quem as suas belas poesias.

Assim é o Poeta! O nosso Gonçalves Dias!

O poeta do povo maranhense! Gonçalves Dias, meu grande, real e inspirador poeta Você me conquista com suas pequenas poesias suaves Um poeta inspirador em palavras poetizadas. Viva !Viva Gonçalves Dias!

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Sinésio Lustosa Cabral Sobrinho – Sinésio Cabral 617

O SAUDOSO GONÇALVES DIAS, NA ATENAS BRASILEIRASão Luís é mesmo: a Atenas brasileira.

Gonçalves Dias tem nome, na História.Festejado Poeta e, de alma altaneira,

que Deus o tenha no Reino da Glória.

Nossa vida: se é mesmo passageira,neste mundo, com efeito, transitória,

o Poeta vai, mas deixa alvissareiroo que fez: de inesquecível memória.

Poesia não se faz. Bem que acontece.Não deixa de ser poema: o que ele faz,

ao lusco-fusco e, então: à Hora da Prece.

Bem que, ao, Por do sol, leitor, tudo esmaece.A luz do dia, aos poucos, se desfaz,

enquanto a Tarde cai e a Noite desce.

ATENAS BRASILEIRA618

São Luís do Maranhão, sempre a Atenas Brasileira,

teus filhos ilustres são, dentro e fora da fronteira.

Quer na praia ou sertão, na cidade ou na ribeira, os maranhenses estão

como jóia de primeira.

Sarney, Eugênio de Freitas,Dilercy Adler, também,

e por tantos outros feitas

tamanhas promoções em letras e artes perfeitas

que a engrandecem muito bem.

617 Sinésio Cabral - Sinésio Lustosa Cabral Sobrinho - Várzea Alegre – CE – Brasil - 22 de maio de 1915, Filho de Genésio Lustosa Cabral (Magistrado) e de Líbia Lustosa Cabral (Professora Pública). Em tenra idade (em companhia dos Pais), a infância, em Taperoá-PB. Há vários anos, reside em Fortaleza-CE. Procurador de Justiça (aposentado). Casado com Maria Diva Ximenes Cabral. O doce Lar: enriquecido com filhos, netos e bisnetos. Escritor, Professor, Poeta, Jornalista. Editor do Mensageiro da Poesia, de grande projeção. Tem livros publica-dos, em prosa e verso. Com 96 anos de idade, graças a Deus: lúcido, com sol no seu entardecer, a descer a Montanha da Vida, bem humorado, como se, ainda estivesse: na subida. Faleceu no dia 10 de maio de 2012 (após mandar sua poesia...)

618 In: LATINIDADE – III Coletânea Poética da Sociedade de Cultura latina do Estado do Maranhão, pp.77, 2002.

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Homenagem Póstuma de Dilercy Adler619

A SINÉSIO CABRAL E GONÇALVES DIAS “Mensageiro da Poesia”

Sinésio Cabral levando ligeiro rimas e rimas

de lágrimas de amor

de dor de alegria

de louvor à vida... ....e em seus últimos dias

uma bela homenagem ao eterno e amado poeta Antônio Gonçalves Dias. Sinésio e Antônio

Cabral e Dias envoltos nos véus

de amor devotado aos humanostodos os humanos

de todas as raças de todos os gêneros

de todos os credos revestidos ou não de doce/ingênua magia...

Sinésio e Antônio Cabral e DiasDeixaram em seus rastros Indubitavelmente imensurável amor traduzido em morte sangue suor e amor e profícua...

muito profícua poesia!

Dilercy Adler, Em 13/06/2012

619 Nota: Sinésio Cabral era o Editor do “Mensageiro da Poesia”.

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Solange de Aragão620

MINHA TERRA TEM PALMEIRAS Gonçalves Dias, poeta, cantou em sua poesia

toda beleza que havia nas paisagens brasileiras. Lembrou dos campos, das flores, do céu azul que existia

de toda poesia que havia em sua terra de palmeiras.

Descreveu os lugares mais lindos que há muito tempo não via Mas que tão bem conhecia

na saudade dos tempos de exílio.

Pois viveu na terra das palmeiras e viu, de tantas maneiras,

tudo de lindo que essa terra dá.

Uma terra de palmeiras tão soberanas, nessas paisagens tão brasileiras, onde cantava e ainda canta o sabiá.

Sonia Nogueira621

GONÇALVES DIASO estado Maranhão te viu nascer,

Na mestiçagem ergueste tua voz,Em cada pedacinho do teu vencer,

A palavra gritava qual albatroz.

Voo pelos mares até Coimbra,Levando saudades nos teus pensares,Na “Canção do Exílio” toda timbra,

Que amordaçava teus belos sonhares.

Que hora gigante da poesia,As mãos rabiscavam na solidão,

Os ventos rugiam pela maestria,

Até o sabiá na palmeira trinava,Compartilhando da cara emoção.

O regresso pedia, e Deus atinava.

620 Solange de Aragão - Belo Horizonte -MG - Brasil - 17/06/1973. Arquiteta, urbanista, mestre e doutora pela Universidade de São Paulo, com pós-doutorado em História pela FFLH-USP e pós-doutorado em arquitetura pela FAU-USP. Autora de Ensaio sobre o jardim, Ensaio sobre a casa brasileira do século XIX, Saudades de BH e No interior do quarteirão – um estudo sobre as vilas da cidade de São Paulo.

621 Sonia Nogueira - Giqui, Jaguaruna-CE – Brasil - 11 de fevereiro, Educadora, Graduada em História, Estudos Sociais, pós-graduação Planejamento Educacional, Língua Portuguesa e Literatura - Membro da Academia Feminina de Letras do Ceará, Academia de Letras dos Municípios do Estado de Ceará, Academia Cearense de Belas Artes, Associação Cearense de Escritores, Poetas Del mundo, http://www.sonianogueira.prosaeverso.net/

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SEU GRANDE AMORO olhar se debruçou na mulher musa,

Ana Amélia, de amor e inspiração,Trouxe igual mordaça e teor recusa,

A tristeza esmagou seu coração.

Rio de Janeiro o reduto desolado,Olímpia da Costa, outro amor viveu,

Mas o coração escravo arrebatado, Guardou dentro do peito, não morreu.

E veio o reencontro, anos isolados,Na lembrança do tempo conservou,

O poema brotou aos olhos alados,

Quase imitando Julieta e Romeu,Não lutou em nome do seu amor Poetou: Ainda uma vez — adeus!’,

GONÇALVES DIASQuero dos teus versos toda beleza,

Das palavras a melodia de amor,Dos sonhos a poesia que professa,

A saudade que o tempo não matou.

Jovem inda partiu no isolamento,Destino naufragado de um navio,A sina abraçou, mudo lamento,Enfrentou, porém o rude desafio,

De registrar palavra com fulgor,Com o poeta Alencar do Ceará,A natureza apontava esplendor,

Vivendo co’a emoção do romantismo,Bebiam juntos, fonte e emoção,

Nos versos que entoavam lirismo.

OFERTAOferto a ti, Gonçalves poeta,

Meu melhor elogio, meu saudar,Pelos anos aqui, pela coleta,

Da palavra lírica em teu poetar.

Os anos te correram apressados. Nem o cabelo grisalho alcançou,O frio não congelou teus achados,Mas imensa glória ti projetou,

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Nas páginas da academia a palavra,Sendo imortal teu nome nunca apaga,A senha registrada que se propaga.

Mil sonetos a ti registram agora,Tua lembrança viva que se aflora,

Num cabedal de imensa e rara lavra.

APELO DO EXÍLIOTua terra tem palmeiras,

Cantará sempre o sabiá, E gorjeiam melhor que lá,

Aqui do lado de cá.Estrelas daqui são belas,

As flores enfeitam o lugar, A vida, nos bosques, singelas, Os amores aqui de encantar.

Na noite, sozinho, a imaginar, Vias mais prazer aqui no lugar,

Com tantas belas palmeiras, E o sabiá a cantar.

Tua terra tem palmeiras, Lá nunca hás de encontrar

Nas noites cismavas a só, O prazer aqui do lado de cá,

Com todas as palmeiras, E o sabiá a cantar.

Morrer jamais, Deus permita, Rogavas pra aqui voltar,

E não perder os primores, Que lá não vais encontrar, Vê-las, todas as palmeiras,

Onde canta o sabiá.

Sophia Braga622

DIAS MENINOPenso no poeta pequeno

Descalço, correndo por entre o pomarNa cozinha, a mãe preparando o almoço

O lanche da tardeO jantar

Vejo o menino brincando Pedaços de galhos o chão a riscar

622 Sophia Braga - Lorena – SP – Brasil - 20 de agosto de 2005. Sophia é uma menina criativa. Gosta de ler e criar pequenos contos e poesias. Aos cinco anos, criou um pequeno conto chamado o Caminho das Borboletas. Sophia já possui várias historinhas num caderninho rosa e, em breve, com a ajuda de sua mãe, publicará todas elas num lindo livrinho ilustrado com seus desenhos.

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Imaginando palavras formando versos no arAssim foi Dias pequeno

BrincalhãoMoleque

MeninoCriança felizAssim como eu

Ouvindo o sabiá cantar

Stella Maris Taboro623

TU ALMA Y LA MÍAEn tu tierra se elevan las palmeras

elegantes rasguñan el cieloen mi patria los gorrionescantan en todo este suelo.En el cielo manto oscuro

brillan las estrellas para todosaunque quieras de algún modo

apropiarte de todas ellas.Tus deseos y esperanzas

son las mismas que las miaspuede que tú las alcances

y yo me quede en la miraEl amor que vibra en voses tambíén un rio eternoen mi corazón de argentinaque late como tamborhasta vestirte con serpentinas.

EL CIELO EN TU MIRADATenías la mirada celeste , tan puratan transparente .Dormida en el mar parecían tus ojosbrisa de sales y cielos .

Eran tan puros, tus ojos celestesque al alba primera sin sol

se parecían .Tenían el brillo de la caprichosa luna ,

y la suavidad de todas las melodías .Tan tiernos y angelados ojos

y hoy solo puedo encontrar consuelo en el silencio,

y en las lágrimas que interpretanun canto celeste hacia el cielo.

623 Stella Maris Taboro - Ciudad de Rafaela, Provincia Santa Fe – Argentina. Soy MAESTRA NORMAL NACIONAL y PROFESORA DE HISTORIA. reside en la Ciudad de San Jorge. Se desempeñó como docente durante 33 años.

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OjOS VERDESA esos ojos verdes

del color de la esperanzaque en tu poema en danza

como el mar , tan parecidos.

A esa esmeralda que Dios pusodebajo de mis oscuras cejas

el tiempo le da un tonoalgo distinto en mi rostro.

A veces están gris clarootras celeste muy suave

pero siempre hay estrellitasque adornan mi ojos claros.

Cuando estos ojos clarosmiran en silencio a mi amado

ellos se cubren de brillosporque mi alma asoma cantando

Y se derrama el amorcomo luz del corazón

en ese paisaje de prado verdedonde sin palabras , me declaro.

Otras veces es el cieloque bajó a mis pupilas

y en su mar sereno y clarobrillan cientos de estrellitas.

Suelen Cristina Liberato624

EXAGERADAMENTE GONÇALVES DIASExageradamente amando,

Exageradamente sofrendo,Por muitos amores e um encanto:

O verde daqueles olhos ingênuos.

Vagando em poesias,Declamando a minha vida,Canções para o meu povo,Canções para o meu amor.

624 Suelen Cristina Liberato - Teresópolis/RJ Brasil - 25/06/1997. Poetaluna do 9.º Ano da E. M. Alcino Francisco da Silva, em Teresópolis/RJ. Apaixonada pela arte escrita, Suelen se dedica à leitura e ao aprimoramento de seu estilo, extremamente marcante e próprio. Criou, em 2012, o blog “A raiz do coração”, onde posta poemas e prosas poéticas de sua autoria. Professor orientador: Carlos Brunno S. Barbosa

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Exageradamente querendo,Exageradamente perdido,

Entre casos de amor e lendas indígenas,Entre dor e alegria.

Vivendo pelo meu país,Vivendo pelo meu amor,

Sofrendo pelo meu país,Sofrendo pelo meu amor.

E você em mimSou eu sem você,

É o meu verde,São o meu sangue,

Os povos indígenasSou eu Gonçalves Dias,A eternidade é a minha vida.

AINDA – MAIS qUE UMA VEZ – ADEUSA saudade quer roubar

o que o tempo não consegue apagar:lembranças singelas

de um amor eterno e proibido.

Nos meus sonhos, pudete encontrar.Nos meus sonhos, pudete amar,numa noite mais que estrelada,numa noite adocicada.

Mas tu soltas a minha mão,mas o teu sorriso se fecha,mas os teus belos olhosse enchem d’água...Seriam lágrimas de arrependimento?

Seriam lágrimas de dor?Seriam lágrimas de amor?

- Não, meu amor – tu dizes em silêncio –são lágrimas de adeus!

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Susy Morales Coz625

ANTôNIO GONÇALVES DIASLas estrellas, los bosques y las flores

Entre los caminos solosUna brillante voz se impera

En la suavidad de sus versos.

ANTôNIO GONÇALVES DIASCada página de la historia

Desciende un rayoDesde su mágico mundo

Y está vivo.

ANTôNIO GONÇALVES DIASCada estrofa de su cantico

Camina en su bosqueDespierto

Y viveEn el tiempo.

Talles Cardoso Machado626

ELEGIA PARA GONÇALVES DIASQuerido Gonçalves Dias,

como isso pôde acontecer?Tanto pediu pra Deus

pra não morrer...

Acho que Ele não ouviu,pois o que você temia aconteceu:

numa viagem de trabalho,Gonçalves Dias morreu...

Espero que nunca o esqueçam,pois você mudou minha vida.

Com muita emoção eu digo:Adeus, Gonçalves Dias!...

625 Susy Morales Coz - Lima – Perú – 03/05/1980. Estudió Producción de TV y Radio en el Instituto INICTEL y tam-bién estudió inglés avanzado. Susy es licenciada en Turismo y Hotelería de la Universidad Inca Garcilaso de la Vega de Lima. Susy Morales ha escrito y publicado 8 libros de poesía y cuentos: Versos Cautivos, Cuentos de Hoy, Día de Luna, Secreto de la Isla, Diarios Revelados, La Abejita Cindy, el libro en inglés Feeling the Sky y Día de Luna (2ª Ed.). Algunos de sus poemas han sido traducidos al portugués y al chino. e-mail: [email protected]; [email protected]

626 Talles Cardoso Machado - Teresópolis/RJ Brasil - 24/11/1996. poetaluno do 9.º Ano da E. M. Alcino Francisco da Silva, em Teresópolis/RJ. Dedicado aos estudos e grande xadrezista, agora dedica-se também à composição de poesias de sua própria autoria. Professor orientador: Carlos Brunno S. Barbosa

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Tatiana Alves627

O GONÇALVES DOS MEUS DIASO primeiro poema que li foi a Canção do Exílio:

Entre bosques, flores e amores,Aprendi a escandir versos.Embalei-me na saudade

Do poeta que definhava de nostalgia em terra estrangeira.

Depois, em meio a tambores e atabaques,Ouvi a triste história

Do índio acusado de covardia.Herói que era, engoliu a ofensa

Para provar que morrer como guerreiro Era mais honroso do que viver errante.

Não permita Deus que eu morraSem chegar a perceber

Que o grande amor à Pátria sempre escorre pelos versos do poetaE atinge a alma de quem lê.

GRATIDãOMeu canto tão grato

Leitores, ouvi:Eu li o retrato Que descrevo aqui.

Retrato tão beloDa pátria gentil.Em verde-amarelo,Sob o céu de anil.

De índios e floresTraçou um painel.De tons multicores

Pintou o papel.

Das selvas e matasDo imenso BrasilSurgiam, exatas,

Redondilhas mil.

Do I-Juca PiramaÀ Canção do Exílio,

A voz de quem clamaÀ Pátria: um filho.

627 Tatiana Alves - Rio de Janeiro - Brasil - 16/09/1966. Participou de diversos concursos literários, tendo obtido vários prêmios. Possui sete livros publicados. É Doutora em Letras e leciona Língua Portuguesa e Literatura no CEFET / RJ.

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É este o cantoQue trouxe alegrias.

Na voz, o encantode Gonçalves Dias.

Tatiane Paulo de Oliveira628

A MORTE DO AMOR, A MORTE DE GONÇALVES DIASGonçalves Dias morreu

e o amor foi esquecido...Pra qualquer lugar que eu olho,

só há lembranças perdidas...

O sabiá canta,Mas não do jeito que cantara com Gonçalves Dias...

Tinha mais sentimento,tinha mais vida...

As estrelas que ali brilhavamtrazem um brilho sem graça

sem ele aqui...O que fazer agora que só lembranças restaram

na poesia da memória?

Taysa Leite Lima629

GRANDE POETAGonçalves Dias tinha alegria

E muita harmoniaVivia em paz e união,

Seu dever era com a poesiaEle escrevia noite e dia.

Ele tinha amor por sua cidadeNela tinha sua felicidade

Pois Deus lhe chamou eDeixou só saudades.

Mas suas poesiasContinuam a viver.

Para a todos lembrarE nunca esquecer.

628 Tatiane Paulo de Oliveira - Teresópolis/RJ Brasil - 13/07/1997. Tatiane Paulo de Oliveira é poetaluna do 9.º Ano da E. M. Alcino Francisco da Silva, em Teresópolis/RJ, e, desde as primeiras aulas, demonstrou interesse pela arte poética. Sempre sorridente e sonhadora, ela acredita no poder do amor e em sua força lírica. Profes-sor orientador: Carlos Brunno S. Barbosa

629 Taysa Leite Lima - Escola Paroquial Frei Alberto

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Teresa Cristina Cerqueira de Sousa630

SEMPRE NOSSA CANÇãOA Gonçalves Dias.

Nas horas que vêm chegando do dia, Sobre o sol de minha terra (benção!),

Que se inunda de divina afeição, Ai, que bom te saudar em alegria!

Alma de sabiá, som do Brasil! Tu és o poeta de nossa gente

Em teu nome puseram – certamente – Tudo o que é de luz e varonil!

Eu queria falar - como quem reza – De tua poesia, da beleza De teus versos _ Sempre nossa canção! Ah! gritam pelas ruas... somos nós...

Que em pensamentos... a uma só voz... Fazemos, como tu, nossa nação.

PALAVRAS FELIZES DE SAUDADEA Gonçalves Dias.Escrevo para ti com emoção.

Como se eu estivesse num jardim, Que se abre (pim-pum) numa canção. Ah! que instante de alegria - assim. Aqui tenho momentos de prazer, E puros - hoje e pela eternidade. São de ritmos, de luzes em meu ser, Vindos destas palavras de saudade. Escrevo com meu espírito em versos: A imaginar pensamentos diversos, Pois dizem que Gonçalves não morreu. Então, ergo os olhos em oração, A ver o que fala em meu coração _

Em que tua poesia está no meu!

630 Teresa Cristina Cerqueira de Sousa - Piracururca – PI – Brasil. 14/11/1961, filha de João Batista de Sousa e de Inocência Maria Cerqueira Sousa, divorciada, mãe de 4 filhos. É formada em Letras – Português pela Universi-dade Estadual do Piauí e com Pós-Graduação em Gestão Escolar. Tem participação em mais de 100 antologias entre poesias, contos e crônicas na CBJE (Câmera Brasileira de Jovens Escritores). Possui site: http://www.recantodasletras.com.br/autores/flordecaju.

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Teresinka Pereira 631

GONÇALVES DIASFebril amor pela natureza,

pelos animais, amor da pátria, uma visão que sobreviveu

ao naufrágio, justo quando olhava a costa do Maranhão.

Amor de toda a existência, essencial, sagrado, convertido

em uma lírica nova para a literatura nacional.

Gonçalves Dias, sua paixão ainda inspira sonhos de regresso

a todos os exilados de todos os tempos, mesmo os que nunca ouviram o sabiá cantar,*

mesmo os que não puderam ver as estrelas do céu brasileiro.

Obrigada pela doce herança romântica das suas saudosas canções.

*Minha terra tem palmeirasOnde canta o sabiá

As aves que aqui gorjeiamNão gorjeiam como lá.

Gonçalves Dias

Terezinha Erna Brandenburger632

O POETA DOS POETASQuem dera eu tivesse

Um só instante de inspiraçãoQue este imortal poeta teve

Na obra-prima de sua criação.

631 Teresinka Pereira - Brasil. Poeta e tradutora, Teresinka Pereira divulga a poesia brasileira entre os povos de todos os continentes, por onde sempre viaja, em busca de novas experiências de vida e de arte poética. Presidente da Associação Internacional de Escritores e Artistas. Membro da Academia Norte-Americana da Língua Espanhola, correspondente da Real Academia Espanhola (1989). Indicada candidata ao Prêmio Nobel em 2005, pelo International Poetry Translation and Research Center. E-mail:[email protected]

632 Terezinha Erna Brandenburger - Novo Hamburgo, RS – Brasil - 27/6/1942. Estudou na Escola Santa Catarina, onde se formou professora. Cursou Letras na UNISINOS, não tendo concluído o curso. Nos anos 1990, escre-veu crônicas para o Jornal NH. É membro da Academia Literária do Vale do Rio dos Sinos – ALVALES. Participa das coletâneas: Reflexões Poéticas, Poetas Pela Paz e Justiça Social, Tendências Literárias 2009, ALAVAES em Múrmúrios e Mulher: Feminino, singular.

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Sua “Canção Do Exílio,Já na infância decorei

E este poema tão lindoPara sempre na lembrança terei.

Longe da terra amada,Quando a saudade bate forte,

Meu pensamento voa, voa,Para os versos tão só dele.

Seus versos tão leves,Tão vivos ainda estão.

Quem dera pudesseGravá-los em minha mão!

Enquanto eu viver e me depararCom palmeiras ondulando ao vento,Várzeas floridas a perder de vista,Um céu pontilhado de estrelas,

Bosques repletos de vidaE sabiás cantarolando ao amanhecer,

Dele sempre hei de lembrar!

Terezinha Oliveira633

HOMENAGEM A GONSALVES DIAS.Terra de meus sonhos não mais vai existirCom saudades recordar o passado felizNa esperança sem malícia de criançaMarcar minha existência um dia a sorrir.

Mamãe com carinho amor e atençãoPelo bosque com os irmãos brincavaQuando criança ao entardecer rezavaNo teu berço feliz meiguice proteção.

Terra magnitude do meu apreçoNas noites de estrelas prateada

Matas floridas na primaveraSaudades dos rios em que me banhava.

633 Terezinha Oliveira - Baiana. Brasil - Escritora, e com títulos de honra ao mérito. Embaixadora da Paz / Cercle Universel Des Ambassadeurs De La Paix Suisse / France. Lançou cinco obras solo. Com Participação Num di-cionário na Bahia, com vários autores de todo Brasil. Participou do Vol. V. e V1, Alimento da Alma. Organizado pela Escritora Jane Rossi. Na Antologia Destaque na Poesia, com o Escritor e Colunista Raimundo Nonato. Em Melhores da Poesia Brasileira.Com Monica Rosemberg, e Jane Rossi. [email protected]

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Thaís Matos Pinheiro634

AINDA UMA VEZ, AMORExilado foi

Na eternidadeVive ainda

Na terra da saudadeNa terra das palmeirasRomantismo amante

Se te amo, não seiMas sei sim

Amo-te até o fimComo eu te amo

O silêncio, a luz, o aromaPoesia, graça,

Talento, raçaEle é o amor

Amou a vida inteiraAmou Ana Amélia

Amou o BrasilAmou o amorEscreveu o amor

E nos deu de presentePresente de despedida

O legado da partidaPra terra dos sabiás

Ainda uma vez, adeusMas não digo adeus

Digo até breveAté quando cruzar-te

Perdida de amoresPois és amor

E amor é vida

Thaise Santos635

ETERNA MEMÓRIANo inverno nascia esta voz

Mas precisamente em 10 de agosto de 1823Mais uma essência se fez

Na canção do exílio ficou a saudade

634 Thaís Matos Pinheiro - São Sebastião, SP – Brasil - 09/04/1993. Estuda jornalismo na USP e escreve nas horas vagas. Foi vencedora do na edição de 2012 Concurso de Poesias Nhô Bento com dois poemas – Não Sou e Aonde vais, Maria?.

635 Thaise Santos – Carapicuíba – SP – Brasil - 02/12/1993 – E-mail: [email protected]. “ A poesia é a arte da alma, essência inegável e única”.

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Nas palavras as suas verdades... Ainda uma vez- Adeus a Don’Ana

Seu âmago em suas palavras clama A verdade, a essência que chama

Poeta celebrante da pátria, romantismo, indianismo... A história Se faz eterno em sua alma

Permanece na memória

Sua vida versejada Pela água foi levada

Mas eterno se fez pelas palavras a nós deixadas

SENTIR SENTIMENTO SENTIDO Sentir sentimento sentido Do amor vivido perdido ansformado em verso Sua vida de idas e regressos

Sua alma que se revela Na poesia sua vida se esmera

Mostrando sentir o sentimento A visão própria o sentido

Dias os 41 anos viveu Sofreu, versejou, escreveu... Sua alma nunca morreu... Ele vive, na poesia, no que escreveu Sentimos o sentimento nos sentidos... Ele vive para aquele que leu, seus sentimentos vividos.

DIAS E DIASMas mesmo assim não deixou de versejar Sua arte e poesia pelo infinito irão voar Nas palavras escritas...

Nos livros... .

A anos e anos vem caminhando Na poesia versejando

Dias e dias se passam E as rimas se casam

. História, uma vida

Poucas alegrias e dores ritmadas Jamais serão perdidas . Ficarão na memória por Dias e dias

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O ETERNO POETA O Poeta com quarenta e um anos, tão jovem se foi

E quase cento e ciquenta anos depois Sua essência ainda é citada Em sua poesia deixada

O Ville de Boulogne levou o poeta

Mas a vida deixou sua lembrança em poesia concreta O veleiro francês ao bater no baixio dos Atins

Levou nosso poeta ao fim

Mas em poesia sua voz é eterna Nesta natureza sincera

Do versejar

Sua alma por anos aqui vai estar Como já está

Graças a sua poesia que podemos contemplar.

POETA DO MAR Caro poeta sois o atleta do versejar

Nas poesias veio o Brasil saudar Abordas também o amor

E tuas intensidades, teu calor >

A perda de tua Ana Amélia Tua inspiração, ainda uma vez quimera

Adeus Abriu mão d’ela, de outro já era

> Poeta indianista Poeta da pátria Poeta de vida

> Poeta do mar

Mesmo versejando sobre águas Veio o mar o levar.

Thiago Jefferson dos Santos Galdino636

O VOO DA ETERNIDADEMeu negro semblante

Exprime saudades E omite as verdades

Do céu estelar

636 Thiago Jefferson dos Santos Galdino - Mossoró – RN – Brasil - 06-09-1993. É Autor do livro “Suspeitas de um Mistério” pela Editora Multifoco; participou de projetos de incentivo a leitura, e colabora com jornais, revistas e blogs literários por todo o Brasil.

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Saudoso dos cantos Dos bosques, da vida

Do povo Timbira Do meu sabiá

Perdido no entanto No pranto do mundo

Os mares profundos Me querem levar

Sem ter o encanto

Do amor de Don’Ana Que doce me ama

Não posso ficar. Por mais águas que me afoguem Deus permita que se voguem Os meus versos no meu lar

Sem qualquer brida ou comando Nesta brisa do meu canto

Nem civil, nem militar

Pois nos campos da poesia Que habitam o meu lugar

Bem no fundo eu já sabia Cá comigo: Eu vou voltar! Sei que ainda vou voltar Pras maneiras que um dia Deslumbraram o meu luar E haveriam lá de estar Com as luzes brasileiras Que iluminam o Sabiá Dentre as sombras das palmeiras Que tem lá e ainda é lá.

NOS DIAS DE GONÇALVESMeu negro semblante Exprime saudades

E omite as verdades Do céu estelar

Saudoso dos cantos

Dos bosques, da vida Do povo Timbira Do meu sabiá

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Perdido no entanto No pranto do mundo

Os mares profundos Me querem levar

Sem ter o encanto

Do amor de Don’Ana Que doce me ama

Não posso ficar.

Tiago Duarte Cordeiro637

UM POEMA SOBRE O POETA(cordel em homenagem a ANTONIO GONÇALVES DIAS, em memória)

1 - Uma história verdadeira,Aqui eu irei contar,

D’um poeta de primeira,Você pode acreditar.

2 - É a de Gonçalves Dias,Um poeta popular,

Eu a conheço há dias,Nada irei inventar.

3 - Estória de pescadorNós podemos duvidar,Mas essa do escritor,

Todos podem confiar.

4 - Nasceu em dez de agostoEm terras de Jatobá.

Só deu orgulho, desgostoEle não deu, nem pensar.

5 - Foi no sítio Boa Vista,Ele nasceu pra brilhar,

Homenagem ao artista.Sempre devemos prestar.

6 - Em Caxias, Maranhão,Até rapaz, viveu lá.

Logo cedo, o cidadãoComeçou a trabalhar.

637 Tiago Duarte Cordeiro - Campina Grande/PB – Brasil - 29/04/1963. Comerciário, aspirante a poeta. Publica seus escritos no Recanto das Letras: www.recantodasletras.com.br/autores/tiagoduarte).

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7 - Etnógrafo, jornalista,Chegou a advogar,

Provou ser grande artista,Na arte de poetar.

8 - No teatro também foiDestaque, posso provar.

Se foi criador de boi,Disso não estou à par.

9 - Filho de pais não casados,Foi pra Europa estudar.

Após dez anos passados,Voltou, ao se bacharelar.

10 - Algumas obras notáveisEu irei aqui citarDo grande Antônio Gonçalves,

11 - Querendo, podem anotar. 12 - Seus Olhos” foi uma delas,

Inspirou-se de tanto olharPra Ana, a amada bela,

Com ela quis se casar.

13 - O terrível preconceitoImpediu-o de desposar,Por ser bastante direitoNão quis a moça roubar.

14 - “Ainda Uma Vez-Adeus”Fez também ao se inspirarNa bela, como ocorreuVou agora explicar:

15 - A compôs em Portugal,Após a bela encontrar

Num encontro casual,N’um Jardim que tinha lá.

16 - “Sextilhas de Frei Antão”É também d’admirar,

É uma composiçãoBoa d’alguém recitar.

17 - Cito “Os Timbiras” agora,Vale à pena decorar.Não poderia ficar de fora,Leiam para confirmar.

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18 - Vem a “Canção do Exílio”,Obra espetacular,

Foi a que deu-lhe mais brilho,Ficou em primeiro lugar.

19 - Com muita disposiçãoSobre Dias, quis falar.

Não importa a posiçãoQue chegarei ocupar.

20 - Pra mim, o mais importanteFoi, sim, homenagear

Um poeta tão brilhanteCom a arte de rimar.

21 - Eu a fiz na fonéticaDa “Canção” tão singular.

Uma saudação poéticaA você, quero deixar.

Tiago Klein Maciel638

CANÇãO DO EXÍLIOOh, Brasil de tantas cores e amores!

Tu és quente como um abraço apaixonado; tão diferente deste frio daqui.Aqui tudo é escuro e cinza;

nada se parece com a minha terra tão cheia de sorrisos,

alegrias e sabores.Aqui, raramente, vejo

pássaros e sorrisos; lua e sol, só no outono.

Espero, em breve, deixar a Suécia e voltar à minha Terra!

Obrigada . Está aceita.

Saudações Gonçalvinas,Dilercy Adler

638 Tiago Klein Maciel - Porto Alegre/RS – Brasil - 06 de junho de 1997. Estudante do Ensino Médio do Colégio Conhecer, Porto Alegre/RS. Integrante do Projeto “Imagens e Textos construindo Histórias e Versos”. Curte música, leitura e história. E-mail: [email protected]

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Um Maranhense639

VERSOS NA INAUGURAÇãO DA ESTÁTUA DE GONÇALVES DIAS(A THEMISTOCLES ARANHA)

… a história os resgata do abandonoE as gerações lhe fazem para culto

Do túmulo um altar, da campa um trono. Mendes Leal (Cânticos).

O seu vulto ali vejo! Transparece-lhe `Na fronte augusta a nobre inspiração!

Tem-lhe, há muito, rendido vassalagem;Mas de novo prestar – vem homenagem

A seu grande Cantor o Maranhão.

Que hino harmonioso o mar envia!Que cantos festivais a brisa entoa!

Não sabeis!? É que hoje aos pés do gênio,N’este plaino risonho por proscênio,

Vem-lhe o povo trazer – a sua c’roa.

Bem do peito, espontâneo é o tributo,De versátil lisonja não nasceu:

Não e mais esse vulto um ser humano:Lá ficou entre as dobras do oceano,Entre as brancas espumas se escondeu…

Mas quem era?... Entre nós com lira d’ouroNas mágoas ensinou-nos a sofrer,De seus lábios perenes dimanavamMelodias que ao peito inebriavamE o alento faziam reviver.

As belezas da Pátria com seus versosDa Europa as nações ele mostrou;

Nossas ínvias florestas penetrando,Foi seu estro qual sol iluminando,

E os índicos mistérios revelou.

Lá do bosque no fundo, entre os palmares,O índio fero atravessou veloz…

Nós, de susto transidos escutamosEntre os gritos de dor dos gaturamos,

Do boré e da inúbia a rouca voz.

639 Anônimo in Leal, Henriques, Pantheon Maranhense, São Luís, 1874, p. 560-561. Poesias compiladas por We-berson Fernandes Grizoste - Jauru – MT – Brasil

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E os grandes esquadrões de peito a peito– Homéricas visões! – pudemos ver.Dos golpes ao embate, a penedia,As florestas, o céu estremecia,

Ia o sol entre nuvens se esconder.

Depois, com que magia os outros quadrosEm que tudo e encanto e só primor!!

Onde acaso soou mais eloquenteDa mágoa e da paixão o verbo ardente?

Quem melhor traduziu o que era amor?!...

Sim exulta, poeta, e aceita ufanoOs louros d’esta esplêndida ovação.

Já a muito rendeu-te vassalagemMas vem hoje prestar nova homenagem

A seu grande cantor o Maranhão.

Valdeck Almeida de Jesus640

POEMA A GONÇALVES DIASA terra onde havia palmeiras

Hoje tem devastação;Onde cantava o sabiá

Reina solta a erosão.

Que diria o poetaSe vivesse para ver

Toda a sua poesiaNeste solo esmaecer.

Com certeza ia chorarPela triste imensidão

Pela seca e o deserto

Desencantado por certoE com dor no coração

Pediria pra não voltar...

640 Valdeck Almeida de Jesus - Jequié-BA – Brasil - 15.02.1966. Jornalista, escritor e poeta. Livros: “Memorial do Inferno. A saga da família Almeida no Jardim do Éden”, “Feitiço contra o feiticeiro” e mais treze outros. Membro da Academia de Letras de Jequié, Academia de Letras de Teófilo Otoni e União Brasileira de Escrito-res. Patrocina um concurso literário desde 2005, o qual já publicou mais de 1000 poemas. Site pessoal www.galinhapulando.com. E-mail [email protected]

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Valentina Kroeff Sperb641

CANÇãO DO EXÍLIONo Brasil, temos moças belas;

nos Estados Unidos, a beleza feminina não satisfaz. Lá, vive-se simpatia e carisma;

aqui, o povo não demonstra nenhuma afetividade;

preservam a antipatia.Lá, o perigo está nas ruas;

aqui, em todos os lugares.Apesar dos Estados Unidos

ser um país cheio de magias; o Brasil vence por sua simpatia.

Valmir Sales Borges642

GONÇALVES, O PATRIOTA.Oh Gonçalves!

Aqueles diasQue no EXÍLIO estivera

Longínquo como a quimeraDa sua pátria queridaDesejoso do voltarE só sua poesiaO fazia confortarHojeMuita coisa aqui mudoue amor puro como o seuNão existirá jamais.No poder:Novos colonizadoresQue “surrupiam” valores

Para paraísos fiscaisApresentam-se como guerreiros

Mas mudaram seu sentido.Seus GUERREIROS, prazeiravam-seContando suas proezas

Hoje guerreiros em meio à nobrezaSão aprisionados por serem “bandidos”

641 Valentina Kroeff Sperb - Porto Alegre/RS. – Brasil - 03 de setembro de 1997. Estudante do Ensino Fundamental do Colégio Conhecer, Porto Alegre/RS. Membro Efetivo do Projeto “Vida, Amor e Paz”, do “Cercle Universel des Ambassadeurs de la Paix, Suisse/France”. Integrante do Projeto “Imagens e Textos construindo Histórias e Versos”: “Banners Poéticos”, 2012. E-mail: [email protected]

642 Valmir Sales Borges - Camacan-BA – Brasil - 20/09/1959, Formado em Administração de Empresas, composi-tor, poeta e professor, com poemas publicado no livro de antologia Ecos da Alma, titulo Menino de Rua e em Ventos Poéticos, titulo Egoísmo e Vida e Morte. Email: [email protected]

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Não!Longe de mim ser PIAGA

A predizer um triste finalMais “sugam” nossos direitos

A saúde, a educaçãoPilares, de uma grande nação.

DEPRECAÇãO!Imploramos a um novo Tupã

Os valores inverteram-se!E um torrão tão amado

Hoje filhos rejeitadosPreferem ser exilados

Idealistas conectaram-seNa tal globalização.

Brasileiros semi alienadosNão tem sentimento de nação

Gonçalves, sei que estásNuma outra dimensão

Glorificamos com louvorSeu exemplo de amor

Por esta pátria mãeÀs vezes “madrasta”

Mas que assim como a exaltouMesmo com todo dissabor,

A tenho em meu coração.

Valquíria Araújo Fernandes De Oliveira643

DIAS DE FELIZES LEMBRANÇASSe tu voltasses, Gonçalves Dias,

E visitasses o meu sítio, Tu pensarias estar em um paraíso...

Um lugar cheio de verdes e de magiasUm ponto de encontro de parentes e amigos

Que aos domingos almoçam juntosNa mais perfeita harmonia.

Não tem grandes palmeiras no meu sítio

Mas tem pés de mangas e de cajus Muitas palmeiras de buriti e algumas de açaí...

Bem no alpendre da casa deste paraíso,

643 Valquíria Araújo Fernandes de Oliveira, Caxias-MA – Brasil -Graduada em Letras pela Universidade Federal da Bahia. Adquiriu os títulos de Especialista em Língua e Literatura Inglesa e Mestre em Letras pela Universidade Federal da Paraíba. Foi Diretora do Centro de Estudos Superiores de Caxias (CESC-UEMA) de 1995 a 1999. É membro do Instituto Histórico e Geográfico de Caxias (IHGC) e Vice-Presidente da Academia Sertaneja de Letras, Educação e Artes do Maranhão (ASLEAMA). Atualmente, é Secretária Municipal de Cultura e Turismo (2006-2012).

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Há um ninho sempre visitado por um sabiáQue, provavelmente, não veio das Matas do Jatobá.

Se tu pudesses vir até aqui, Tu encherias meu pai de alegria...

Ele considerava o sítio um paraíso sem igual!Ainda que não ouvisses o canto de muitos sabiás,

Tu te deliciarias com o canto dos periquitosQue, em revoada, acompanharia o canto dos bem-te-vis.

Tu não podes mais vir aquiMeu pai também não estaria ali

Para comemorar tua visita com alegriaResta, apenas, a saudade dos tempos sem volta...

Mas, a família continua ali,Vivendo domingos harmoniosos,Dias e dias de felizes lembranças, Naquele nosso paraíso, ouvindo o canto dos bem-te-vis.

Valquiria Imperiano644

SALVE DIAS Gonçalves dos dias de ontem

Gonçalves dos dias de sempre. Poeta inverossímilDeste Brasil varonil. Melancólico chorastesAs cores e os amores deixados.Fizeste um bouquet de flores Colorido e perfumado. Cantastes em versos eloquentesa saudade do Brasil,dos bosques, das matas verdes e

do céu azul anil.

Em teu exílio ouvias O canto do sabiá ;

Que na tua memória gorjeavamE não existiam lá.

644 Valquiria Imperiano - João Pessoa, Paraíba – Brasil - 18 de novembro de 1953. Naturalizada Suissa, país onde mora, desde 1997. Formada em Letras na Universidade de Mandaguari Paranà. Na UFSC e em Genebra cursou francês. Foi professora de língua portuguesa em Florianópolis e em Genebra. É artista plástica ( exposições na Europa e no Brasil), escultora, designer de jóias. Escreve poemas, contos e crônicas. Acadêmica da ALAF. Membro da : Literart, e Rebra. Prêmio. Luso-brasileiro - Diploma de Honra ao Mérito, escreve para o Varal do Brasil.

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Teu pranto sincero e amorosoCheio de saudade pueril,

Atravessou o atlânticoAterrizou no Brasil.

Cantaste tão alto e tão forte

Que o tempo registrou. E a glória tão merecida

a historia te ofertou.

Viraste pedra preciosa Desse país de talentos .És uma relíquia sagrada

desse imenso Brasil.

POETA SONHADOR Teu romantismo

Mescla nostalgia e nacionalismo.Poeta de todos os poetas

Em nossos dias teu canto Ainda encanta certamente

Quantos anos já se foram Que a terra em teu seio te acolheu

E continuas em silêncioA lançar teus poemas ao vento

Soprando nossa alma Com poemas de louvoures

Cantos de cores De flores

Sabor de araça Melodiosos cantos de passaros

De amores romanticosQuem dera um dia eu fora

O poeta que fostes outroraUm poeta que encantou

E cantou as cores da saudade Das nossas raizes

Da terra do Brasil

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Vanda Lúcia da Costa Salles645

EM N0SS0 LEIT0 DE F0LHAS VERDES

“Do tamarindo a flor abriu-se, há pouco, Já solta o bogari mais doce aroma! Como prece de amor, como estas preces.”

Gonçalves Dias

Há sentimento aqui, encantado, sob a tamarindo em florPoesia exala esperança, beleza incomum se despe, bem antes

Em nosso leito de folhas verdes a vida sussurra: amooorrr!Ó amada e bela terra! Tupã, como é perfeito o instante!

N a angústia da espera, lança-se voz e coração, desarmadoAtravessando vale e montes, terras, rios, lagos e ilhas E estes versos que ao luar se explica canto, entreaberta

A flor, Jatir, saudade espanta o que do amor não seja trilha.

Entre pétalas de flores diversas e livres, aroma é açoiteÀ rosa que a mão oferece pronta. O tempo aperfeiçoa-se rio

E acentua-se no fluir das horas. Os corpos languidos, cais,Sobre nosso leito de folhas verdes, a lua acentua a noite

Enluarada, a copa da mangueira altiva capta: suave prece, pio de ave!Ao pé da noite, bogari perfuma: pensamento e alma, cedro e pinho.À voz do meu amor move os teus passos? Aconchego, a floresta sabe!Venha! Não te chama em vão, à voz do meu amor! É ninho. Não temas que a vida é fugaz. Olhai, atenta, o que move as folhasAs águas dos grandes rios e o poema cabem no silêncio da noite, sementeO que te oferece o pranto e o encanto, tuas lágrimas sente e colheAmor é coisa que pia longe de imenso, no dentro da gente. Sim, se aos poetas cabem traçar o rumo com jeito próprio,

No aprumo dos passos dados, caminham e alentam a claveNa imensidão do nosso amor, sonhos infindáveis bailam joviais,

No entanto, o bosque revela apenas a silueta estática da chave

Se deliro estes versos d’alma arrancados e sangro, creiasÉ para que leias o que me alcança fundo centro da forma

E se não me conformo e busco universo outro, é que acalentoO sonho torto de seguir-te os passos, ó amado vate!

645 Vanda Lúcia Da Costa Salles - Italva (RJ) – Brasil - 25/04/1956. Poeta, contista, professora. Graduada em Le-tras (UERJ-FFP), Pós-graduada (UFF), atualmente cursa Direito (UNESA). Publicou: No tempo distraído (nar-rativas, Ágora da Ilha, 2001), Diversidades e Loucuras em Obra de Arte- um estudo em arteterapia ( ensaios, Ágora da Ilha, 2002), Núncia Poética (poesias, cbje,2010). Participou da Antologia: Poesia em trânsito-Brasil/Argentina ( La Luna Que, Buenos Aires, 2009). E-mail: vanda � [email protected]

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Doce aroma, outra vez, no amarelo do dia, abriu-se florSeu nome aguça a mata, ao longe o grito do galo-da-campina

Aqui, no peito grafo o nosso leito de folhas verdes, minha sinaÉ semear palavras que só cabem no infinito de teus olhos: amooorrr!

Seu nome sibila em meus lábios trêmulos, amorosos e impuros

Ao mordicar a língua com que te traço, trago deveras, só alegrias,Eternizados, imagem e semelhança em florestejos, um buquê

Em desabroche de flor na flor do Lácio: Antonio Gonçalves Dias!

POR CAUSA DE VOCÊ

“Como se ama o clarão da branca lua,Da noite a mudez os sons da flauta,

As canções saudosíssimas do nauta,Quando em mole vai e vem a nau flutua.”

Gonçalves Dias

Ino amor,

do verbo preservo a ação

de crer moço bonito,

que meu desatino é por causa de você

II só por causa de você

escrevo aos sons da mesma flauta em tantas formas

e de forma que

por um beijo palavra de nauta

que a palavra seiva rasga-nos o peito, até

a vida que se inscreve foz

III

e a voz, tão linda, escorre das mãos

igual leite materno que sacia

o que ama o clarão da branca lua, e o que em nós é fonte e sina

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IV e se teu canto me aterra foto e clima, fogo e labareda

eternizando a língua, nesta literatura brasileira com que bordamos: tempo e vida

CÂNTICOS AOS TRABALHADORES

“Não chores, meu filho; Não chores, que a vida

É luta renhida: Viver é lutar.

A vida é combate, Que os fracos abate,

Que os fortes, os bravos Só pode exaltar!”

Gonçalves Dias

I Se a linguagem é imprecisa: L (ab) utamos!

Se o amor não corresponde: L ( ab) utamos!Se a aposentadoria não cabe: L (ab) utamos! Se a mão ao traço imola: L (ab) utamos!

Se o osso atravessa o caldo: L (ab) utamos! Se o leitor nega o círculo: L (ab) utamos! E porque a vida exige uma transformação: L (ab) utamos! II Ó Senhor, dê a todos nós a flor do deslumbramento e a descoberta dos silêncios, na poesia da vida, na solidariedade da terra trabalhada! III E se as calosas mãos já não criam: Afaste de nós esse cálice!

IV

Que o vinho embriague, da hóstia, o pão na mesa não seja apenas batata ou esmola do pedinte,

e que nossos filhos não vivam agarrados as minguadas pensões de seus pais e avós, porque “ viver é lutar!”

VI E reorganizem a mudança no foco de atenção: com consciência, sabemos

o tempo não tem realidades, apenas espia a juventude da natureza. No país mais um Guarani Gaiová em um pé de árvore.

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VII Que livre de estrutura a curva ilumine, do gosto a saliva,

e não entorpeça esta língua em nossos lábios: luta renhida!

Vander Lima Silva de Góis646

VERSANDO OS DIASGota a gota,

TempoGota a gota,Pensamento

Os dias versam Os versos dias

Gota a gota,Intento

Gota a gota,Barlavento

Os dados rolamBaila vento

FitaOs ventos sopram

VidaGota a gota

Gonçalves Dias.

Varenka de Fátima Araújo647

AMARGO RETORNO Gonçalves Dias,poeta valoroso!

Mostra em teus versos,o amor pelo Brasil Estando nas horas mortas

E os ponteiros dos relógios... Correram velozes sem tua presença

Teus poesias ficaram eternas

Os lamentos e gritos abafados Pelo reflexo da desigualdade

Condizem com tua alma nobre No exílio continuaste amando O céu ,ás matas, os pássaros ... Da tua terra com tudo exótico

646 Vander Lima Silva de Góis - Brasil. Advogado. Professor Especialista em Direito Privado e Social. Escritor. Poeta e Músico.

647 Varenka de Fatima Araújo - CE - Brasil. Baiana de coração, reside em Salvador-Bahia. Figurinista, funcionária pública, formada em Direção Teatral, atriz, maquiadora, artista plástica, dançarina, poetisa e escritora. Partici-pou de trinta e cinco Antologias.

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Sonho e amor único por uma mulher Separados por uns por tua mistura de raças

Sábio como a natureza, partiste... Entretanto voltaste para á terra amada

O navio sem roteiro afundou, um adeus dorido Entre estas linha,meu lampejo e dor.

GONÇALVES DIASSete horas da manhã

Abro janelas e portasUm céu cinzento fere a vista

Palmeiras raquíticas sem verdeOs sábias num canto sem som

E o vento seco varre sem fronteiras É pitoresco este cenárioRios com manchas pretasCorem para o mar, uma tragédia

Uns sem sustendo de uma desgraçaÁguas que vestem a terra desbotadas

Que abrem fendas como cemitérios

Eu recomponho meu corpo ardenteNas cores que aquecem vibrantes

Estou hoje convencida, nesta desditaGonçalves Dias se estivesse aquiPavoroso seria sentir,dorme poeta DEDICADO POETA Gonçalves Dias dorme....No fundo do marO teu cérebro um coração amorosoEntre os frutos e riqueza em águas jazE tua Pátria a historia marcou Estendendo por década longínquaQuantas aspirações e amor dedicados

A tua terra amada e idolatradaEssa que atribui tua imortalidade

Mudam os tempos, mudam uns homens

Por cobiça devastando tudoSob pena de uma catástrofe

Esse tormento jamais verás poeta.

UMA VIDAUma mão cansada, aluir

a outra mão vazia, inelutável o pescoço no incipiente inchado a voz sufocadaa boca imprescritível

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o destino no arrasto ardiloso lágrimas guardadas ....

em águas do Maranhãoa vida se foi lentamente

morada se fez saudade.

UM HOMEMGravo tuas letras de ouro

em palmeiras no luar reluzentes iluminado a noite receptível

no meu intimo acolhedor

A minha alma captou teus versos potente atravessou os ouvidos do meu coração

e a porta fechou branda e silenciosa minha memória encerrou

Meu corpo remanso em posição centrada

esperando que nossa terra seja como outrora.

Vera Rocha648

ANjO DIASLá no Baixo dos Atins nasceu o Dias,

Doutor nas leis ele venceu;E na volta à sua terra - a das palmeiras,

Jubilou-se nos poemas que escreveu.

Fez história nas tempestadesInspirando-se nas artes irmãs;

O amor eclodiu em seus cantos,Em desejos e desencantos.

Ainda hoje ouvimos a liraAjoelhados a seus pés rendidos.

Seguidores deste poeta guerreiroQue clamou pela amada terra

No sentimento de filho querido.

Anjo Dias me escuta:Quando junto à noite no céuSentir a brisa pelo rosto teu,

Não se aflija, se alegre,Sou eu, sou eu, sou eu.

648 Vera Rocha - Rio de Janeiro – RJ – Brasil - 24 de fevereiro de 1958, Moro em São Paulo há uma década. Sou casada, tenho filhos, dona de casa e trabalho, porém é na poesia que me encontro. Escrevo, desde muito jovem, coisas que engavetei durante toda a minha vida. Agora, em que a maturidade nos tira a vergonha, desengaveto meus escritos. Não publiquei um livro, ainda. Não ganhei nenhum prêmio, ainda. Não desfiz de meus sonhos de escritora, ainda.

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RETORNO DO EXÍLIOO que escreveria hoje Gonçalves Dias

ao retornar de seu exílio...

Minha terra aqui te encontroSem palmeiras nem sabiás;São clareiras que encontro,

Desmatamentos colossais.

Nosso céu sem mais estrelas,Poluição matando flores,

Nossos bosques estão sem vida,Nossa vida sem amores.

Triste estou vagando à noiteCom receios do que encontrar;Minha terra não tem palmeirasNem o canto do sabiá.

Minha terra tem temoresDo que posso encontrar;

Triste estou vagando à noiteSem o prazer que tive cá.Minha terra não tem palmeiras

Nem o canto do sabiá.

Não permita Deus que eu morraSem ver ela se transformar;Sem que eu desfrute os amoresQue já não encontro por cá;Sem que eu plante mais palmeirasNas clareiras pros sabiás.

Victor Parussini Todt649

CANÇãO DO EXÍLIOBarcelona/Espanha-Porto Alegre/Brasil

Terras tão distantes e diferentes. Ambas com culturas bastante

ricas e fascinantes. Cada qual com sua tradição.

Aqui, danças e “paella”;Lá, churrasco e chimarrão.

Aqui, a Estátua de Colombo;Lá, a do Laçador;

649 Victor Parussini Todt - Porto Alegre/RS – Brasil - 08 de novembro de 1995. Estudante. Acadêmico Efetivo da Academia de Letras Machado de Assis, de Porto Alegre/RS, Cadeira 46, Patrono: Gianfrancesco Guarnieri; Aca-dêmico Mirim da Academia Virtual Sala de Poetas e Escritores, Balneário de Camboriú/SC; Grupo dos Poetas del Mundo; e, Membro da Liga dos Amigos do Portal CEN, Portugal.

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732

as duas, símbolos das cidades.Aqui, muitas belezas,

mas é para Lá que quero voltar.Porto Alegre tem vários shoppings;

grandes estádios; praças e parques arborizados; cinemas e centros culturais.

Vitor Alibio650

CANÇãO DO EXÍLIOQuando estou em minha cidade,vejo a terra com mais verde;

as ruas mais alegres;um povo batalhador que se ergueu.

Quando estou em minha cidade,

vejo domingos ensolarados;famílias felizes curtindo

ora um amanhecer de céu azulado; ora um pôr do sol demorado.

Quando estou em minha cidade,

vejo as estações bem definidas. Nela, estamos acostumados

às mudanças climáticas.

Aqui, não é nenhum deserto; no entanto, o calor muito castiga

e o verão intenso domina.

Vitor da Rosa Martins651

CANÇãO DO EXÍLIONão consigo esquecer

da terra donde vim.Tal amor guardo comigo

e o levarei até o fim.

650 Vitor Alibio - Porto Alegre – RS – Brasil - 10 de novembro de 1995. Filho de Liane Maria Zambrozuski e Paulo Roberto Alibio. Estudante do Ensino Médio do Colégio Conhecer, Porto Alegre/RS. Membro Efetivo e Vice-Di-retor de Edição e Publicação da Academia de Letras Machado de Assis, Porto Alegre/RS, Cadeira 30, Patrono: Simões Lopes Neto; Academia Virtual Sala de Poetas e Escritores, Balneário Camboriú/SC; Associação Interna-cional dos Poetas del Mundo; e, Liga dos Amigos do Portal CEN, Portugal. E-mail: [email protected]

651 Vitor da Rosa Martins - Porto Alegre/RS. Brasil - 19 de novembro de 1996. Estudante do Ensino Médio do Co-légio Conhecer, Porto Alegre/RS. Membro Efetivo do Projeto “Vida, Amor e Paz”, do “Cercle Universel des Am-bassadeurs de la Paix, Suisse/France”. Integrante dos Projetos Literários “Tabuleiro de xadrez lírico”, 2011; e “Porta copos poéticos”, 2012. Coautor do E-book “Haikais”, postado no site Teia dos Amigos, de Sonia Orsiolli, Sorocaba/SP. Há cinco anos pratica hipismo, já tendo conquistado vários prêmios. Cursa inglês no People. E-mail: [email protected]

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Sinto falta de tudoque não encontro aqui.

Só se sente o que se perdee, minha terra, eu perdi.

Vagando por Aqui,tentei encontrar

aquilo que ainda não vi;as tardes em Porto Alegre!

Minha terra queridaguarda aquilo que senti.

Noutros lugares não existeaquilo que vivi Lá.

Só se sente o que se perdee, minha terra, eu perdi.

Vitor Teixeira de queiroz652

VERSOS SINCEROSNem todo grande homem

é um poeta, mas todo poetaé um grande homem.

Antônio era grande porque escrevia poesia sobre o que sentiaenquanto outros escreviamsobre o que queriam sentir.

E existe apenas mais uma coisaem comum entre os grandes poetas:

Todos eles são sincerosem seus versos.

VIDA E POESIAUm poeta não é só exílio,

anos vividos, lagrimas ou sentimentos

por um amor há muito tempo perdido.

652 Vitor Teixeira de queiroz - Natal – RN – Brasil - 28 de dezembro de 1989. É estudante de Psicologia e Direito e escreve quase que diariamente para manter a sua sanidade em meio às aulas ridiculamente chatas que é obrigado a assistir. Tem Gonçalves Dias como um dos seus poetas nacionais preferidos desde que leu “Canção do Exílio” quando ainda era criança e até hoje ainda é sensibilizado pelas poesias desse grande mestre.

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Um poeta não pode ser definidosó por isso.

O que realmente define a sua vida

são os seus versos.

Mas,com Gonçalves Dias,

a vida se confunde com a poesia.

Cada palavra que ele escreviaTinha um pouco de si.

LIÇãOAna Amélia foi

a inspiraçãopara as mais belasde suas poesias.

Ela sempre foiparte do coração e da alma

de Gonçalves Dias

Mas ela poderiater sido muito mais

do que uma inspiração.

Existe uma liçãonessa história triste

cheia de remorso e de dor.

Nunca dê as costaspara o amor.

SENTIMENTOSNa vida de Antônio,

coisas como data de nascimento ou causa da morte

sempre serãomenos importantes

do que os seus sentimentoseternizados em palavras.

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Vitória Maria Galvão Coqueiro 653

O PEqUENO MENINO POETA Quem imaginava que nasceria um poeta menino.

Menino que na infância brincou. Homem que na alma poeta se formou.

Na arte de viver conseguiu vencer. Venceu desafios e aprendeu línguas.

Homem que a Deus pedia, Que não o deixasse sem ir a cidade de Caxias!

Viviane Maria dos Santos654

DIAS DE POETAO poeta sente e sofre

Sente a dor que lhe comoveMas que outrora lhe fez rir

Ah! O poeta tao sensível, tão românticoNada triste ao meu convir

Ama rimas Pobres, ricas

Um tesouro nacionalMeu poeta maranhenseMais que um mestre expoenteÉ uma mescla cultural

Sua vida sua arteQue exemplo nos deixasteTantos passos a seguirFoste um homem que criou Que sentiu e que amouSem parar de progredir

Dr. Dias eu diriaSe pudesse aqui lhe ter

Obrigada todo diaPor seus versos, suas rimas

Seu exemplo de viver!

653 Vitória Maria Galvão Coqueiro – São Luís – MA – Brasil - 06/04/2002 - EPFA - Motivo da Participação: Foi a vontade de contribuir nesta homenagem a um poeta maranhense especialmente da cidade de Caxias. Cursan-do: 5º Ano Turma: C Profª Shirle Maklene

654 Viviane Maria dos Santos - São Jose- SC - Brasil. Jornalista pela Universidade do Sul de Santa Catarina (UNI-SUL) Email: [email protected] ou [email protected]

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Wanda Recker655

O AMOR DA MINHA PÁTRIA.Quando cantaste tua pátria,

saudoso por voltar,sonhavas também com o amor

que lá deixaste ficar.

Quão belo este seria, que ao despertar,tamanho é o desejo que o faz viajar.

Viaja poeta, viaja,canta a paixão dos seus vinte anos,

acalenta o coração ouvindo pássaros cantar.

Não enlouqueças de amor,chama por sua amada,

que você viu, mas os olhos nem se tocaram.O amor é assim. Sonhas, que em teus sonhos,

tua amada há de escutar.

Chora poeta, chora,sonhaste, mas ao acordar,

tua amada, ainda está distante, mas a tua pátria, hás de voltar.

Weberson Fernandes Grizoste656

HINO À GONÇALVES DIAS657

No cume duma palmeira658

Miríades de estrelas do céu mais povoado659

Cantando hinos numa harpa660

Enfeitada de agrestes flores e verde rama661

Na terra onde canta o sabiá662

Suspenso o sempiterno vate timbira663

655 Wanda Recker - Rio de Janeiro – RJ – Brasil - 07/03/1958. Português-Literaturas – UFRJ. Participação em ofi-cina literária Terapia da Palavra, com a publicação de um livro contendo os trabalhos dos participantes. Blog: http//palavrasescolhidas.blogspot.com (não atualizado).

656 Weberson Fernandes Grizoste - Jauru – MT – Brasil - 27 de Junho de 1984. É licenciado em Letras pela Uni-versidade do Estado de Mato Grosso, Mestre e Doutorando em Poética e Hermenêutica pela Universidade de Coimbra. Membro do Centro de Estudos Clássicos e Humanísticos e bolsista da FCT – Portugal. É autor de três livros: A dimensão anti-épica de Virgílio e o Indianismo de Gonçalves Dias (2011), Carrapicho (2011) e Estudos de Hermenêutica e Antiguidade Clássica (2013).

657 Mil vezes os anjos-do-mar digam: Amém!658 Suspensa e cravada na terra659 Da que tem mais estrelas660 Ao rugir do trovão imenso661 Que saiu do sertão montanhoso662 Povoado de belas palmeiras663 Cantor da façanha de bravos

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Entre os céus e a terra664

É irmão dos anjos e orgulho dos homens665

Cantai brasileiros! Cantai!666

Nossa terra tem Gonçalves667

Como tal não se pode encontrar668

Os poetas das outras terras669

Não cantam como ele cantava670.

A PÁTRIA DE GONÇALVES DIASGonçalves Dias! Vibra o peito todo maranhense

Quando o nome do bardo se faz pronunciadoLá se grita um velho, um jovem, uma criança

A primeira estrofe da “Canção do exílio”.

Gonçalves Dias! É nome, é orgulho dessa terraDum povo que aprecia o canto triste do sabiá,É orgulho até de barões e aristocratas políticosNuma terra onde a pobreza é quinhão da maioria.

Gonçalves Dias! Certamente não se orgulhariaEsquecido quando se viu nos arredios de Caxias

Decepcionou-se ao voltar e conferir a verdade:A “terra da liberdade” era também “da escravidão”.

Mas tinha o bardo esperança, tinha crença na pátriaQue os brasileiros de todas as raças, credos e lugaresIndiferente às diferenças daria mutuamente as mãos.Mas ai desgraça, que isso ainda é só mesquinharia.

O PAÍS DAS PALMEIRASNesse céu de mais estrelasNessas várzeas de mais floresNesses bosques de tantas vidasNessas vidas de mais amores.Ainda é terra das palmeirasOnde canta o sabiá.

Nestes versos tão singelos,Meus caríssimos senhores

Canto como o sabiáLá na mata que tristeza

Faz o forte até chorarSeu piar é tão amargo

Como é grande seu penar.

664 É Gonçalves Dias o poeta!665 Pupila sagrada almo de Tupã666 Ufanai brasileiros! Ufanai!667 E essa é a pátria de Gonçalves668 E mais pulcra outra não há669 Invejam o gigante dos trópicos670 O colosso florão da América.

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Oh! Gonçalves, nosso Gulliver!Essa terra inda é de pigmeus

Qui só tem político honestoQue só valha nosso Deus!

É mesquinha e vergonhosaVendem-se até por um mandarim!

Nessa terra ataviada de primoresO povo ri-se e folga de sua vilezaIgnomínia dos bárbaros mortos

Dá-se a vida na torpeza.Dorme inda o Gigante de Pedra

Sob o céu de azul-turquesa.

Inda não se precipitou no marInda há crença nessa pátriaInda há festas e carnavais

Inda há sonho no interior da bolaInda há esperança no porvir

Nas igrejas que apregoam o fim.Ai o povo que se deixa explorar

Cujas cinzas foram amalgamadasCom os pés dos afros escravos,Cimento serviu das ossadas frias

Dos lusos troçantes dos mares,Sobe a encosta casebres imundos

Um Brasil excluído da brasilidade.

OS AMORES DE GONÇALVES DIASNuma noite pernambucana

A poesia atravessou-lhe a gargantaEntristecido concluiu o poetaQue não se morre de amor!

Não se morre de amor!Que o amor não matou D. Olímpia

Nem morreu de amor o poetaQuando benquis a moça Ana Amélia.

Quem mais estimou o poeta?Amélia Rodrigues ou Céline,

Natalie, Josephine ou Nannete,A mulher secreta de Patkull,

Engrácia ou a moça de Formoselha,Ou alguma carioca anônima?

Quiçá nenhuma! Quiçá uma índiaQue encontrou no rio do Amazonas.

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NON OMNIS MORIAR!É mentira!

É mentira que Gonçalves Dias morreu!Um índio de arco bipartido

bradava gritando assim!Narrava um grande feitode arrepiar quem o pode ouvir:

Voltando de Tapuitaperajá nas proximidades de Itacolomi,

um fenômeno extraordináriona hora que Tupã içava o manto negro

pétalas de rosas vermelhas esparziasob as águas encrespadas do mar,

lá vagava e se ouvia o bardo dos timbirasmelancolicamente sob o sopro d’uma liraEngrinaldada de verde rama e agrestes flores,Lá cantava o poeta assim:América infeliz! – que bem sabia

quem te criou tão bela e tão sozinha,dos teus destinos maus!

Weslley Sousa Silva Costa671

AFINADAMENTE CRESCIAAfinadamente cresciaO verdor das palmeirasNo Maranhão

AS TECLAS DO PIANO ENCHARCADAS DE SONSAs teclas do piano encharcadas de sonsInundavam a sala

Nos jarros as plantas cresciam lá-foraRegadas pelas notas que transbordavam.Afinadamente crescia o verdor das palmeiras

E o pianista vestido em preto e brancoAnálogo permanecia às teclas de seu pianoE sobre o branco do papel eu seguia o seu exemplo;

Tentando fazer “surgir” estas letras escuras (em seus sentidos[claros)

671 Weslley Sousa Silva Costa - Wesley Costa - São Luís – MA – Brasil - 09 de Julho de 1989. É o autor do livro de poemas “Colham as roupas maduras do varal” (2012) pelo Grupo Editorial Scortecci. Contato: [email protected]

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Wilson de Oliveira Jasa672

GONÇALVES DIASAntonio Gonçalves Dias,

É poeta do Romantismo;Seus versos qual melodias,

Nos traz beleza e realismo.

Nos traz beleza e realismo,A canção do Exílio é prova;

Literato do indianismo,Com sua feição que inova.

Com sua feição que inova,Uma feição nacional;

Ao romantismo renova,Com beleza original.

Com beleza original,

Que marcou sua figura;Estudou em Portugal,

Essa nobre criatura.

Essa nobre criatura,Nasceu lá no maranhão;

Sua poesia fulgura,No sensível coração.

No sensível coração,Daqueles que amam a escrita;

Com soberba inovação,Para que a gente reflita.

Para que a gente reflita,

E possa então deleitar;Em letras tal qual pepita,Para em ouro tranformar.

Para em ouro transformar,

Os seus versos de valor;Volto aqui a relembrar,

Cantou da terra o fulgor.

672 Wilson de Oliveira Jasa - São Paulo -SP- Brasil - 12 de Setembro de 1954. Poeta, Jornalista, Terapeuta Holís-tico, Ecologista, Folclorista e Historiador. Presidente das entidades: Casa do Poeta “Lampião de Gás” de São Paulo; Casa do Poeta Maçom do Brasil; Casa do Poeta Brasileiro de São Paulo; Movimento Poético em São Paulo; Associação Brasileira de Estudos e Pesquisas do Folclore; Sociedade Mundial dos Poetas. Membro das Academias: Academia Maçônica Internacional de Letras; Academia Paulistana Maçônica de Letras; Academia Brasileira Maçônica de Letras; Academia Goianiense de Letras; Academia de Letras Rio Cidade Maravilhosa; Academie Europeenne des Arts, Sciences et des Lettres (França). Membro da Associação Portuguesa de Poe-tas, Lisboa, Portugal.. [email protected]

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Cantou da terra o fulgor,Foi patriota verdadeiro;

Mostrou do Brasil valor,Brilhou também no estrangeiro.

Brilhou também no estrangeiro,Autor de belas poesias;

Grande vate brasileiro,Antonio Gonçalves Dias.

Wilson Pires Ferro673

GONÇALVES DIASDe mãe mestiça e pai português,

Caxias foi sua terra natal,Gonçalves Dias, poeta consagrado,gênio criador da literatura nacional.

Graduou-se em Direito em Portugal,em versos levantou o indianismo,

foi teatrólogo, professor e jornalista,consolidou, no Brasil, o romantismo.

Diplomata, percorreu o estrangeiro,crônicas elaborou para os jornais,dos primeiros a defender a ecologia,escreveu romances e peças teatrais.

Saudoso da terra que deixou, retornou,cá viria exaltar o seu encanto,contemplar as palmeiras, a natureza,delas ouvir, do sabiá, o belo canto.

Já doente, o destino ceifou-lhe a vida,não poupou o poeta, ignorou sua cultura,o vapor em que viajava soçobrou,

o oceano foi sua digna sepultura.

ODE A CAXIASTerra adorada de meus diletos pais,

de filhos ilustres, talentosos estetas,caudal fluente de invulgares criaturas,

berço notável de escritores e poetas.

673 Wilson Pires Ferro - Coroatá-MA, Brasil, - 30.07.1936. É Bacharel e Licenciado em Geografia e História, Pós-graduado em Segurança e Desenvolvimento e Professor aposentado da Universidade Federal do Maranhão. Foi Diretor do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas. Seus livros: A Educação e os Desportos como indica-dores do desenvolvimento de uma nação, Versos e anversos (em co-autoria), Espelhos de São Luís, Depois que o sol se põe e Sombras da noite, ambos de contos para a juventude, e Quando eu era pequenino, de histórias infantis. Para o escritor, a antologia é uma oportunidade única de homenagear Gonçalves Dias, um dos maio-res poetas brasileiros e sul-americanos, nascido em Caxias-MA, também a terra dos pais do autor do poema.

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Há meio século, ainda criança,percorri suas ruas, longas andanças,

nem a ausência dos anos passadosofuscou da mente as gratas lembranças.

No percurso do centro à Tresidela,a pitoresca ponte da Passagem,

do alto o vale do Itapecuru,descortina dali bela paisagem.

O progresso necessário, inevitável,destruiu, apagou o belo recanto,

a cidade cresceu, desenvolveu-se,não perdeu seu charme, seu encanto.

Vi os cultos repousando no panteão,li seus contos, recitei suas poesias,

a Canção do Exílio, o Canto do Piaga,recebi do imortal Gonçalves Dias.

No tempo, mergulhei no passado,recordei os anos lá vividos,visitei, revi seus monumentos,

muitos deles, pelo tempo, esquecidos.

Ouvi o barulho incessante dos teares,do formoso largo da Matriz,

a Manufatora, a Sanharó e outros mais,outrora promissores centros fabris.

Hoje, são solenes monumentos,o passado de pujança e glórias,

tão presentes, fixados no consciente,guardam eventos, revelam suas memórias.

Andei, percorri longos caminhos,os mesmos que trilhei quando estudante,

recantos próximos, outros mais distantes,recordando minha infância a cada instante.

Estação e armazém ferroviário,solitários, nem trem, nem passageiro,

só sombras, ruínas do passado,quando o futuro parecia alvissareiro.

Olvidar os tempos idos, impossível,olhar triste, alcançando o horizonte,

lembrar-se dos mananciais que existirame das piscinas naturais do bairro Ponte.

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Veios d’água, com os anos sucumbiram,outros resistem, conformando a natureza,

logradouros, da cidade bem distantes,águas saudáveis da fonte da Veneza.

Belas igrejas emolduram suas praças,sacrossantos locais de devoção,

guardam estilos de uma época mais remota,singelos templos da Princesa do Sertão.

Ruas estreitas confluem em vários pontos,praças cuidadas, admiradas pelo encanto,

árvores frondosas, palmeiras bem vistosas,p’ra ouvir do sabiá o terno canto.

Caxias, acolhedora e humana,muitos feitos realçam sua história,edificações lá do morro do Alecrim,

presenças vivas do passado sem memória.

Eu quisera fazer o tempo volver,ver a cidade como era antigamente,

o trem passar o Buriti Corrente,emergirem locais, renascer toda sua gente.

ADEUS, POETAGonçalves Dias, poeta nacional,de imaginação fértil e fecunda,não mais viu a sua terra natal,traído por sua saúde moribunda.

O poeta já fraco, sem energia,sem forças p�ra se levantar,no seu leito de longa agonia,sem adeus se deixou afundar.

A sua saúde debilitadasequer respeitou sua cultura,

transformou o tudo em nada;o oceano foi sua sepultura

Não avistou mais as palmeiras,nem mais ouviu o sabiá cantaras suas canções derradeiras,

levou-as p’ro fundo do mar.

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LAMENTO INDÍGENATimbiras, tupis e tamoios,

índios de qualquer lugar,ausente o poeta, sem apoios,vivem tristes a lamentar.

Nas tabas e nos seus terreiros,atormentados por Anhangá,

não são tão bravos guerreiros,silenciaram o seu maracá.

Nos seus encontros festeiros,sem o poeta a exaltar,

celebram deuses arteiros,sempre a dançar e cantar.

Os arcos e flechas ligeirasdeixaram-se aposentar,

outras armas mais certeiras,eles passaram a adotar.

O pajé, hoje desfigurado,o poder que tinha não tem,

as curas que fez no passadoquem faz é Tupã, deus do bem.

Vive o bravo guerreiro tupisem embates nem guerras,

“Ó Guerreiros, meus cantos ouví”não se ouve nos vales, nas serras.

Só resta a lembrança nas aldeias,Gonçalves Dias não mais vai voltar,

foi cantar para as sereias,nas águas profundas do mar.

Wilson Rosa da Fonseca674

“CANTO A GONÇALVES DIAS”Quero expressar nos versos,

Que ouso aqui em criar,Com uma linguagem pobre,Mas capaz de homenagear,

674 Wilson Rosa da Fonseca - São José do Norte- RS – Brasil - 12.07.1949. Atualmente residente em Rio Grande-RS. Escritor, poeta, compositor, declamador; Membro da Academia Rio-Grandina de Letras; Academia Maçô-nica de Letras do Rio Grande; Decano do Clube dos Escritores de Piracicaba-SP; Membro correspondente da Academia Cachoeirense de Letras-ES; Cônsul da Associação Internacional Poetas Del Mundo/Rio Grande-RS . Premiado em diversos concursos de poesia, participação em mais de 50 antologias e coletâneas.

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Aquele que fez do seu exílio,Nas lonjuras de além-mar,

Uma declaração de amor...Em que a saudade de cá,

Trazia-lhe intensamente,À vontade de regressar.

A terra que lhe viu crescerEntre palmeiras e sabiás...

Ficara de braços abertos,Para o filho que veio de lá,

Trazendo em suas bagagens,Uma nova forma de versejar,

Nas margens daqueles rios,Mondego, Doiro e do Tejo,Escreveu seus Primeiros Cantos,O suficiente para lhe consagrar.

Na sua “Canção do Exílio”,Escuto o Canto do Guerreiro...

A voz do homem ameríndio,Em todos os lugares ecoou,

Sua flecha, sua lança seu boré!Estão todos reunidos no estro,

Dê quem soube firme manejar,Esta arma poderosa sem sangrar!Fez com habilidade de sua poesia,Os poderosos nos índios pensar.

“LOUCO AMOR”Que destino é este que me separou,Da doce amada que a pensar eu vivo,Minha Ana Amélia, o meu coração,Dilacerado chora por teu amor perdido.Sem você ao meu lado, eu não vivo!Não me deixes, não! Volte pra mim!

Nem eu nem você somos culpados...Deste cupido louco que nos flechou!

Escuta a voz do seu coração! Querida!Vem para meu lado, lhe darei guarida,

Pois não posso viver nesta solidão!Vem... Vem... Amor da minha vida.

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Wybson Carvalho675

CANTO AO EXÍLIO(Um poema para Gonçalves Dias e sua Caxias)

Em minha cidade havia palmeiras e canto de sabiásDela

exalava o perfume dos jardins urbanosNela

se ouvia a linguagem singela do cotidianoCom minha cidade crescia a romântica pregação dos poetas.

A inimizade humana passava por sobre ela

em nuvens raivosassob eólica turbulência rumo a ermas plagas

para se derramar noutros cenáriosprenhes de social ganância.

A ela

em minha infânciaouvi sinfonias nas horas iniciais

de um futuro desenhado com cores de abandonoAgora

que árvore dará abrigo a outros pássaros canorospara entoarem um canto de saudade?

Mas

Sou kármico pertencimento humano a titorrão exilado

quero para sempre te pertencercomo grão de areia no teu chão sob cáustico sol

barro escondido nas paredes da construção de tua eternidade...A ti

eis o que souEm ti

eis onde estou.E

quando minha matéria tombar inválidaobediente à natureza cumprida

e mergulhar indiferenciado no teu barroEstórias de liberdade serão tecidas sobre o ser

que sob memória está cíclico ao meio.

675 Wybson Carvalho – Caxias – MA – Brasil - 1958. Funcionário público municipal. Exerceu vários cargos nas áreas da imprensa e cultura. Comunicólogo com habilitação em Relações Públicas e jornalista colaborador em diversos periódicos regionais. Poeta com vários livros publicados É membro fundador da Academia Caxiense de Letras - Cadeira, nº 30. Foi membro dos Conselhos Estadual e Municipal de Cultura. Participou como de-legado representante da sociedade civil - câmara setorial do livro, leitura e literatura - das Conferências de Cultura, nos âmbitos municipal, estadual e nacional, nos anos de 2005 e 2010, em Caxias, São Luís e Brasília, respectivamente.

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Poislivre é o ser sem estar

e sido em sendo o verboainda.

Yanni Mara Tugores Tajada676

ROMÁNTICO DE CAXIASCaxias te vio nacer

Entre idiomas y letrasEsa tierra de palmeras

En donde canta el sabiaNos diste el gran placer

De regalarnos poemasMil suspiros y quimerasDe tu tierra y de alláTuviste que florecer

En tantas tierras lejanasPero volvías con ganas

A tu tierra y al sabiaSin embargo tú partiste

En una cruel despedidaEn un lecho agonizante

Se olvidaron de tu vidaPudo la mar arrancarteEl último hálito de existenciaMás no así tu esenciaPues siempre estarás presenteDe la mano de TupáY de tus versos poeta.

Yasmim Victoria dos Santos Cantanhede677

OH! SAUDOSOGonçalves Dias deu a vida ao imaginário.

Encantando quem sua poesia ler.Um grande poeta foi. Oh! Saudoso.Hoje teus versos são fáceis compreender.

676 yanni Mara Tugores Tajada – Uruguai - 08/05/57. Actualmente reside en La Paz – Canelones. Secretaria del “Proy.Cult.Decires”. Integra A.D.E.P ambos en La Paz. Miembro de CHADAYL, aBrace Cultura y Espacio Mixtura en Montevideo. Ha participado en varias Antologías, en Uruguay, Argentina, Brasil, Chile, Venezuela y Aus-tralia. Ha obtenido 1º, 2º, 3º premios y varias Menciones Especiales y de Honor tanto en su país cómo en el extranjero. Participó de Mil poemas a Miguel Hernández, José Martí, Andrés Eloy Blanco, Oscar Alfaro y Mil poemas para la Paz.

677 yasmim Victoria dos Santos Cantanhede – São Luís – MA – Brasil - 09/03/2002. Motivo da Participação: A competição comigo mesma de viajar pelo mundo encantado da poesia. Cursando: 5º Ano - Turma: C – Profª Shirle Maklene EPFA

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Privilégios das águas!Que banham com sua sabedoria.

Cada onda, cada espuma.Oh! Saudoso Gonçalves Dias.

Zara Maria Paim de Assis 678

GONÇALVES DIAS E O MARQue terrível vendaval,

vagas, raios e trovoadas, passageiros desesperados.

O poeta clama a Jeová.A brigue se inclina quase vira,

o terror assola a todosDe repente, vem a calmaria,

tudo se normaliza.O barco navega suave,

o jovem poeta, chega ao seu destino,atraca no Maranhão, na paz.

Quase vinte anos depois, novamente, regressando à Pátria,

doente, triste e debilitadoCom a alma despedaçada,

recorda o grande amor,o amor perdido.

Sente o desespero da debilidade.No mar encapelado,

O navio parte-se ao meio.Os náufragos, à deriva,

os marinheiros diligentes!Todos são salvos,

menos o grande poeta.Enfraquecido no leito,

morre no mar e desaparece,já na sua terra querida.

Como disse Machado de Assis,sobre o poeta “morreu no mar

túmulo imenso para o talento”.

678 Zara Maria Paim de Assis - Salvador – Bahia – Brasil - 26/02/1953. Professora Adjunta da Universidade Federal Fluminense. Mestre em Patologia, membro da Academia Luso Brasileira de Letras, Membro da UBE-RJ, da Aca-demia de Letras do Estado do Rio de Janeiro, Membro da ALAP, do InBrasCi, da Soc. Eça de Queiroz, Presidente da AMPLA – Ac. Mundial pela Paz, Letras e Artes, membro da APPERJ e da ABRAMIL. Membro Correspondente de Academias no Acre, Manaus e Paquetá.

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Zazy Grazyelly679

ALMIRANTE LOUCO(Poema em homenagem a Gonçalves Dias)

O futuro é escuro demais para se espera.Viver meramente de desilusões.

Vendo a vida passar debaixo do nariz.

Devemos construir nossas estradas no hoje.Seja feliz agora no presente, pra quê esperar,

Se o amanhã é uma promessa incerta?...

Não tenha medo se seus sonhos forem destruídos.Volte atrás e recolha os pedacinhos jogados no tempoE mostre ao mundo o riso da esperançaPara reconstruir seus sonhos e seus ideais.

Não tenha medo de errar, pois ninguém é perfeito.Tenha coragem de tentar quantas vezes for preciso.

Afinal, ser feliz é a mais difícil das artes.Por mais que se faça não se chegaA perfeição tão desejada por tantos.

Ser feliz é ter momentos agradáveis,Inesquecíveis, de felicidade real.Com a certeza de que a vida não é feita apenas de flores.Há também espinhos que nos feri e machucar,Mas temos que suportar e superar...

Porque o sentido da está nas pequenas atitudesQue valorizamos com alegria.Ao acordar a cada dia e agradecer por simplesmente está vivo, Chance de recomeça e fazer diferente!

Tendo exemplo de pessoas especiais como Gonçalves Dias,Grande poeta que transformava os momentos angustiantes

Em sonhos e desejos para que tudo mudasse a sua volta.Transcrevendo a força do seu pensamento paraTransmitir seus ideais com lucidez de um sonhador realista.

Nas noites solitárias, Gonçalves Dias, Espantava a tristeza com proeza poética que corria em suas veias

Para fugir da amargura e buscar um novo amanhecerExpulsando o sofrimento que o deixava inquieto.

679 Zazy Grazyelly – Petrolina –PE – Brasil. Cadeirante, escritora e produtora cultura. Tem dois livros publicados: A Casa Encantada (conto infantil) /De Teu Amor Me Alimento (poesia). http//:www.poetisazazygrazyelly.blgspot.com; [email protected] ; twintter@zazygrazyelly

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Feito um almirante louco que teima em navegar no oceanoDa desilusão vivenciando tanta dor...

E suportando um temporal de emoções desordenadasDentro de si mesmo, tal como se desmanchasse o castelo de areia.

Que todo poeta possui em sua almaOnde deposita suas fraquezas e imperfeições.

Ah! Almirante louco porque temas em navegar no oceanoDa desilusão tornando sonhos de amantes em frações

De ilusões tão desejadas?

Mas que muitas vezes abalam as estruturas do nosso serE faz as lágrimas surgirem do cansaço de ver

O sol se pôr sozinho no cais da vida.

Tendo no peito a dor da saudade que Esvazia a alma e nos maltrata.

Mas ainda assim, almirante louco,Você é essencial para nossa sobrevivência.

Zelia Maria Fernandes da Silva680

E AGORA GONÇALVES DIAS?E agora Gonçalves Dias? E agora Poeta?

Nós aqui na terra ficamos sem você.Será mesmo Gonçalves, será?

És o grande poeta e sempre será.A poesia não morre e você nunca morrerá

em nossos corações...Para nós você é e sempre será imortal...

Você está em nós, no ar que respiramos, no raio do sol,no céu, no brilho das estrelas...

Teu sorriso cristalino nunca se apagará,De nossos corações...

Sua poesia está no cantar do passarinho,e no interior de seu ninho...

Você só foi voar mais alto...Tua poesia encontrou as alturas...E teus versos encontrou a plenitude...

Foi ao encontro de outros poetas, ou de seus amores...Feliz encontro poeta, da poesia com a poesia...

680 Zelia Maria Fernandes da Silva - Rio de Janeiro - Brasil - 02/06/48, formada em Pedagogia, Administração e Supervisão - UERJ/RJ, Pós-graduada em Pedagogia Empresarial UGF. Presidente da Sociedade de Cultura Lati-na do RJ e da ZMF Editora, Secretária Geral da Associação dos Diplomados da ABL e da Academia de Letras Rio-Cidade Maravilhosa, pertence a várias Academias literárias no Brasil e no Exterior; está fundando a Academia Infanto-juvenil de Letras e Artes do Estado do Rio de Janriro para jovens dos 6 aos 16 anos de idade. email: [email protected]

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Foste matar saudades de teus amigos,Fazer poesia... escrever poemas tantos,

enviados para nós pobres mortais...E neste começo de inverno, nós aqui o recebemos...

Obrigada Gonçalves Dias,Pelos teus versos e pela tua poesia.

Zenaide Radanesa dos Reis681

O TEMPONunca digas que o tempo passou!

Que agora tu me vez! Que me desejas como nunca ou realmente me ama!

Porque da mesma forma, ele (Deus) mostrou-me que até de olhos vendados te enxergarias e te amarias como nunca! Mas, como vez o tempo passou e novamente chegastes tarde!

Zidelmar Alves Santos682

SINTO FALTA...Sinto falta de palmeiras,

Fauna e flora que não vi;

Sinto falta de GonçalvesDias, poetas que não li;

Pena que a minha terraNão fez outro para si;

Defensor da naturezaFauna e flora antes do fim...

681 Zenaide Radanesa – Brasil - 39 anos. Graduada em Comunicação Social com Habilitação em Propaganda e Publicidade, Especialista em Didática Universitária e Mestre em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas/FGV, Professora Universitária e Diretora Administrativa, Financeira e Mídia da AG.10 Propaganda em São Luís do Maranhão, Autora dos Livros: Micro e Pequenas Empresas. A importância de Conhecê-las, Mídia para Iniciantes e faturamento em Agências de Propaganda e publicidade.

682 Zidelmar Alves Santos - Itabuna – Bahia – Brasil - 23 de maio de 1987. Licenciado em História pela Universi-dade Estadual de Santa Cruz – UESC. Atualmente é aluno do curso de Especialização em História do Brasil da mesma instituição. Recentemente publicou na Revista Historien o texto “A História na Tela: O Encouraçado Potemkin, de Serguei Einsenstein”, recensão do clássico filme de 1925.

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Zulma Trindade de Bem683

AO POETAGonçalves Dias... do Brasil ilustre filho,

Descendente das três raças altaneiras,Que formaram este povo, esta Nação.

Orgulhava-se da miscigenaçãoQue o fizera assim... tão brasileiro!

Quando distante de casa, no estrangeiro,A tristeza invadiu-o sem piedade;Inundou-lhe os olhos, a saudade,

E derramou-se na Canção do Exílio.

Soube cantar com alma e com tal brilhoA saga dos Tupis... o amor por este chão...Com as cores auriverdes do seu coração,

No lirismo dos versos, desenhouAs belezas desta terra e da mulher que amou.

Semeou na terra seu verso varonil;Legou-nos a beleza dos seus cantos;

Deixou para a posteridade o encantoDos seus poemas encharcados de Brasil.

Zulmar Pessoa de Lima Tamburu684

LA FICOU SUA MEMÓRIALá foi um grande homem

Tão longe...A procura da saúde

E ao retornarEncontrou a morteNum naufrago...

La ficou sua memória...Mas não esquecido

Porem lembradoPelo o que ele mais amava

O sangue das três raças...Brasileira

683 Zulma Trindade de Bem - Cachoeira do Sul, RS – Brasil - 23/02/1944. Reside em Novo Hamburgo, RS, desde 1987, onde exerceu a profissão de professora alfabetizadora. É associada da Academia Literária do Vale do Rio dos Sinos - ALVALES. Participa de diversas coletâneas e de um CD. Seu gênero é eclético, porém prefere o tema regionalista; as raízes campesinas.

684 Zulmar Pessoa de Lima Tamburu - São Paulo – Brasil - 03-11-55. Cursou a Panamericana de Artes e Desing, amante da arte e de todas as suas formas de expressão, começou a pintar aos 14 anos, participou de várias exposições. Aprimorou sua criatividade, resultando na arte de escrever. Publicou sua primeira obra: “Helena, mil vezes voltaria para viver seu grande amor”. E participou de varias Antologias. Escritora, poetiza, composi-tora, colunista e artista plástica.

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Que fez perderA mais preciosa menina

A quem poema de amor fezAmou como nunca havia amado

E por ama lá Pagou um preço muito caroPor ser mestiço

Lhe foi negado A amar...

A mais linda donzela.

GONÇALVES DIASNa inquietude da alma

Muitos poemas escreveraCom emoção Fez arder, Muitos corações E na infinita dor de seu âmago

Só lhe restam lágrimas, clamares, Por um amor em chama

Guardou sentimentosTão puro...

Por uma grande paixãoQuem nunca amou!

E teve sua alma marcada, Por lágrimas e dorE sussurros de amor Quem nunca amou! Como Gonçalves DiasQue teve um amor interrompidoE se calou em prantoCom a dor do preconceitoPor ser mestiçoSalve! Salve!O nosso grande poetaGonçalves Dias

A quem descrevo sua dor.

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Realizado o Depósito Legal na Biblioteca Nacional, conforme Lei n. 10.994, de 14 de dezembro de 2004

Formato: 19,5 x 27 cm

Tipologias: GoudyOlSt BT(11/13,2), Kaufmann BT (13/13,2; 30/36), Calibri (9/10,8)

Papel apergaminhado 75g/m2 (miolo)

Papel cartão supremo 250g/m2 (capa)

Tiragem: 500 exemplares

Impresso na Gráfica da UFMA, Av. dos Portugueses, 1966,

Cidade Universitária, Bacanga, 65.080-805 – São Luís/MA

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