viveiro de citros

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VIVEIRO DE CITROS

BOLETIM CITRÍCOLA no 2/1997

UNESP/FUNEP/EECB

Otávio Ricardo Sempionato, Eduardo Sanches Stuchie Luiz Carlos Donadio

Page 3: Viveiro de Citros

Sempionato, Otavio RicardoS473v Viveiro de citros por Otávio Ricardo

Sempionato, Eduardo Sanches Stuchi e Luiz CarlosDonadio. -- Jaboticabal : Funep, 1997.37 p. : il. ; 21 cm.

1 - Citros - viveiro. I. Título. III. Stuchi, EduardoSanches, colab. IV. Luiz Carlos Donadio, colab.

CDU: 634.3

Ficha catalográfica preparada pela Seção de Aquisição eTratamento de Informação do Serviço de Biblioteca e Documentaçãoda FCAV.

FunepVia de Acesso Prof. Paulo Donato Castellane, s/nº14884-900 - Jaboticabal - SPTel: (16) 3209-1300Fax: (16) 3209-1306E-mail: [email protected] Page: http://www.funep.com.br

Page 4: Viveiro de Citros

ÍNDICE

1. HISTÓRICO DA EVOLUÇÃO E IMPACTOS ........................ 1

1.1. O IMPACTO DA CVC ..................................................... 2

2. IMPORTÂNCIA DA SANIDADE DO MATERIAL

PROPAGATIVO ....................................................................... 3

3. CONTROLE DE VIROSES E PATÓGENOS SIMILARES ........ 6

4. PROGRAMAS DE SANEAMENTO E A CERTIFICAÇÃO ....... 8

5. ESCOLHA DO PORTA-ENXERTO ........................................ 11

6. OBTENÇÃO DE SEMENTES .................................................. 12

7. PRODUÇÃO DE PORTA-ENXERTOS (CAVALINHOS) ....... 14

8. FORMAÇÃO DE MUDAS EM RECIPIENTES PLÁSTICOS ... 21

9. CUSTO DE UM MÓDULO PARA A PRODUÇÃO DE

MUDAS EM TELADO ............................................................ 32

9.1. Custo de uma estufa com capacidade para 70.000

cavalinhos ....................................................................... 32

9.2. Custo para a instalação de um telado para a produção

de 25.000 mudas cítricas em recipiente plástico,

conforme croqui anexo. ................................................ 34

BIBLIOGRAFIA .......................................................................... 36

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VIVEIRO DE CITROS

Otávio Ricardo Sempionato1

Eduardo Sanches Stuchi1

Luiz Carlos Donadio2

1. HISTÓRICO DA EVOLUÇÃO EIMPACTOS

Os citros, quando propagados por sementes,apresentam um prolongado período juvenil, durante o qualas plantas possuem um grande número de espinhos,desenvolvimento vegetativo intenso e ausência de produçãonos primeiros 5 a 8 anos. Além do que, algumas variedadesde interesse comercial, como as tangerinas Clementinas,toranjas e limões verdadeiros, possuem sementesmonoembriônicas. E outras, como as laranjas-de-umbigo eas tangerinas Satsumas, possuem frutos sem sementes oucom apenas algumas.

Quando se faz a propagação vegetativa, os problemasacima citados são contornados. o principal método depropagação comercial em citros é a borbulhia em “T”invertido. Este método tem como principais vantagens:uniformidade de produção e qualidade dos frutos;precocidade para o início de produção e aproveitamentode certas variedades de porta-enxertos com adaptação acertos tipos de solo e resistência às enfermidades. Apropagação por sementes é utilizada em citricultura para aobtenção de híbridos nos programas de melhoramentogenético, seleção de mutantes e formação de mudas de porta-enxertos.

1 Engº Agrº Estação Experimental de Citricultura de Bebedouro.2 Prof. Titular, FCAV-UNESP. Jaboticabal - SP.

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Uma planta cítrico é constituída por uma copa oucavaleiro ou epibioto, que por ter sido propagadovegetativamente por várias vezes, já não apresentajuvenilidade e de um porta-enxerto ou cavalo ou hipobiotojuvenil que se influenciam mutuamente. Por isso, sempre sedeve pensar em combinações copa-cavalo adequadas a umadada condição.

A partir do início do século, quando as vantagens dautilização de plantas enxertadas ficaram claras, até a décadade 20, a laranja Caipira foi o principal cavalo para cintos noBrasil. Devido a sua baixa tolerância à seca e à gomose dePhytophthora, foi substituída pela laranja Azeda quepredominou até a década de 40. Com o advento da Tristeza,o limão Cravo passou a ser o principal porta-enxerto.Atualmente, entre 70 e 80% das plantas cítricas estão sobreeste cavalo, apesar de se mostrar suscetível à Gomose dePhytophthora e ao Declínio. o Declínio causa sérios prejuízosà citricultura, seja pelos danos diretos (perda de produção emorte de plantas), seja pelas dificuldades de manejo. Oimpacto do Declínio estimulou a continuidade da busca poroutros porta-enxertos, já que, além do Cravo, outros cavalostolerantes à Tristeza, como os limões Volcameriano e Rugoso,os citranges Troyer e Carrizo e o Poncirus trifoliata,mostraram-se intolerantes ao Declínio.

1.1. O IMPACTO DA CVC

Três fatores contribuíram para que a muda contaminadafosse o grande agente de dispersão da CVC: porta-enxertoscontaminados transmitem a doença ao enxerto sadio; ocorretransmissão por borbulhas contaminadas e a ausência decontrole dos vetores. Por isso, é fundamental que se obtenhae conserve material de propagação sadio para se produzirmudas de alta qualidade genética e sanitária.

A muda cítrica de alta qualidade é o insumo maisimportante na implantação de um pomar com viabilidade

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comercial. Com a presença da CVC, é muito arriscado oplantio de pomares com mudas que não tenham sidoproduzidas em ambiente protegido em todas as etapas deprodução e sem o uso de material propagativo livre dadoença, devido às características da enfermidade.

Neste trabalho, apresentam-se as técnicas de obtençãoe conservação de material propagativo sadio, além dastécnicas para a instalação e condução de todas as fases deprodução de mudas em ambiente protegido contra aocorrência dos vetores.

2. IMPORTÂNCIA DA SANIDADE DOMATERIAL PROPAGATIVO

Entre as moléstias de citros, as causadas peloschamados patógenos transmissíveis por enxertia (ATE),também conhecidas como viroses ou doenças de vírus,merecem especial atenção. Segundo ROISTACHER (1991),dentro deste grupo, estão incluídos as viroses, os viróides,as bactérias e o Spiroplasma que são conhecidos, bem comooutros agentes não identificados, que se comportam comovírus (virus-like) e são transmissíveis pela enxertia.

Estes agentes prejudicam a vida das árvores e aprodução de frutos. São conhecidas as reduções na vida útile mesmo a morte de plantas, redução do tamanho dos frutos,da qualidade e da produção, indução de problemasnutricionais, aumento da susceptibilidade das plantas aosdanos por frio, indução de incompatibilidades e, por fim, alimitação do uso de porta-enxertos com característicasagronômicas desejáveis.

Os patógenos podem disseminar-se por meio de plantasinfectadas, enxertos ou vetores às zonas anteriormente livres,podendo tomar-se endêmicos e um perigo para plantasexistentes ou às futuras plantações. As enfermidadestransmitidas por vetores podem mutar as formas mais

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transmissíveis ou mais patogênicas e mover-se rapidamenteatravés de uma área. Alguns patógenos de cítricos podemtransmitir-se mecanicamente por tesouras de colheita eferramentas de poda.

A importância relativa dos danos causados por vírus esimilares é variável segundo as regiões. Assim, umaenfermidade de muita importância na Califórnia ou Flóridapode não ser a mesma na Ásia ou África; entretanto, nocaso de algumas como Sorose, Tristeza ou Exocorte, de ampladistribuição mundial, tem um efeito similar e constituemum preocupante problema e uma possível limitação àprodução citrícola.

Em seguida, apresentam-se alguns exemplos dos danosque podem causar certas viroses e o alcance dos mesmosna citricultura dos principais países produtores.

Um exemplo catastrófico dos danos causados pelasviroses é o da Tristeza, na América do Sul, onde aenfermidade se dispersou muito rapidamente e onde a maiorparte das árvores se encontravam em combinações de laranjaAzeda, que é severamente atacada. A primeira manifestaçãointensa da enfermidade foi na Argentina (1930), com a mortegeneralizada de árvores de laranja Doce enxertada em laranjaAzeda. No Estado de São Paulo, a Tristeza estendeu-se em12 anos a todas as áreas citrícolas, destruindo quase 6 milhõesde árvores, ou seja, cerca de 75% do total de árvores doEstado. Também estendeu-se a outros países da América doSul, como Uruguai, Guiana e Chile.

O vírus da Tristeza surgiu primeiro na citricultura daÁfrica do Sul, tomando impossível o uso da laranja Azedacomo porta-enxerto. A enfermidade causou severas perdasna Austrália e em outras importantes zonas produtoras domundo.

Em 1957, a epidemia de Tristeza na Espanha causouuma drástica mudança na produção citrícola, já que, naquela

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época, a laranja Azeda era praticamente o único porta-enxertoutilizado para a propagação de laranjas e tangerinas.

No ano de 1972, 82.000 hectares de cintos (cerca de50% da superfície total de laranjas e tangerinas) estavamafetados por diferentes graus de Tristeza. Em 1974, 17 anosdepois da primeira epidemia, foi estimado que a Tristezahavia causado a morte de cerca de 4 milhões de árvores.Atualmente, estima-se que tenha provocado a morte de maisde 14 milhões de árvores.

A Tristeza, o Greening e a CVC são as enfermidadestransmitidas por vetor mais serias e destrutivas que afetamos cítricos. Em muitas áreas do mundo, onde o Greening seintroduziu, a citricultura reduziu-se ou existem baixosesquemas especiais de produção. No Brasil, a ocorrência daCVC tem trazido sérios prejuízos à citricultura.

Com o advento da Tristeza, foi necessária a mudançade porta-enxertos, abandonando-se a laranja Azeda eimplementando-se o uso de cavalos tolerantes. Estendeu-seo uso do Poncirus trifoliata e seus híbridos, principalmenteos citranges Troyer e Carrizo, bem como o limoeiro Cravo.Com isto, ocorreu a manifestação das enfermidades docomplexo de Viróides da Exocorte, entre elas a Xiloporoseou Cachexia, já que a maioria das variedades cultivadas sobreAzeda eram portadoras assintomáticas. Estas enfermidadescausam uma série de sintomas e, principalmente, diferentesgraus de nanismo que prejudicam o desenvolvimento e aprodução economicamente viável, podendo inclusive matarplantas.

A sorose foi amplamente disseminada pelo homemnas principais áreas citrícolas do mundo, através de materialpropagativo, sendo, depois da Tristeza, a virose que maisdanos causa às plantações, principalmente às laranjas. Muitasárvores chegam a ficar praticamente improdutivas.

No sul da, Califórnia, muitos pomares tiveram altasporcentagens de árvores mortas. o estudo de 6 mil árvores

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em idade produtiva mostrou que 14 % destas plantas estavamafetadas e produziam menos, e que 6.5 % não produziam.

Algumas das enfermidades transmissíveis por enxertiae mecanicamente, como ‘Tatter Leaf’, Sorose, Ringspot e‘Satsuma Dwarf’, são consideradas moderadamentedestrutivas, ainda que possam limitar severamente aprodução em alguns casos.

O Declínio e enfermidades relacionadas causaram e,ainda, provocam pesadas perdas de produção e perdas deplantas, em muitos países e, em alguns casos, como o daenfermidade de Misiones, ou da ‘fruta bolina’, no norte daArgentina, destruíram toda a produção.

A presença de quase 50 enfermidades causarias porvírus e patógenos similares distribuídas pelas diferentes zonasprodutoras sempre foi um obstáculo a uma maior e melhorprodução de cítricos, sendo necessárias medidas de controledas mesmas.

3. CONTROLE DE VIROSES E PATÓGENOSSIMILARES

A partir da descoberta das viroses, há 60 anos,começaram as buscas por métodos de saneamento de plantascítricas.

Primeiramente, esta busca dirigiu-se no sentido delocalizar plantas sadias em condições de campo para seuaproveitamento na propagação em massa, tanto porprodutores como por viveiristas. Este método foi árduo e,na maioria dos casos, inútil, já que, normalmente, as árvoresde campo encontravam-se infectadas por uma ou maisvirosos.

Dada a dificuldade de se contar com plantasnaturalmente sadias, iniciou-se o desenvolvimento demétodos de eliminação dos patógenos presentes nas árvores.

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A termoterapia é um método de aplicação simples paraa eliminação efetiva dos vírus. As plantas não são afetadaspelas temperaturas utilizadas nos tratamentos, nem sãoprovocadas alterações nas características varietais. Por outrolado, este método não é eficaz na eliminação de viróidesque se encontram amplamente distribuídas mundialmente.É um método que se utiliza de forma combinada com amicroenxertada para assegurar a eliminação de vírus,principalmente para Sorose.

A embrionia nucelar aproveita a conhecidacaracterística da maioria dos vírus e patógenos similares pornão serem transmitidos pelas sementes. Apesar disto, estemétodo de saneamento não teve grande desenvolvimentoem outras partes do mundo. Constituem exceções os casosdo Brasil e da Flórida que estabeleceram praticamente todosos seus cultivas comerciais utilizando clones nucelares. Porsinal, são duas das maiores citriculturas do mundo.

As características apresentadas pelas plantas nucelares,que se relacionam com a fase juvenil, foram a principalcausa para o abandono dos métodos de embrionia nucelar,posto que requerem um intervalo de tempo consideradogrande para que ocorra a perda destas, representando umadesvantagem em comparação com outras técnicas como omicroenxerto, por exemplo.

Na atualidade, o método mais utilizado para a obtençãode plantas sadias, partindo de plantas infectadas, é omicroenxerto de ápices caulinares “in vitro”. Este métodoexplora a característica da não-transmissibilidade do víruspelas sementes do porta-enxerto e reduzida transmissão pelosápices de plantas adultas. Por estes motivos, as plantasresultantes não apresentam características juvenis e estãolivres das enfermidades da planta original.

Etapas do processo de microenxertia:

• Obtenção do porta-enxerto• Coleta e preparo das sementes

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• Germinação das sementes• Obtenção dos ápices caulinares• Operação da microenxertia• Preparo do ápice caulinar• Preparo do porta-enxerto• Transferência e estabelecimento das plantas diretamente

em substratos• Estabelecimento em porta-enxertos desenvolvidos• Estabelecimento da plântula recém microenxertada em

porta-enxerto desenvolvido• Indexação

O método é utilizado na maioria dos países quecultivam cítricos, como a única técnica para o saneamentode plantas infectadas por vírus e patógenos similares.

Além do exposto acima, a técnica é empregada comêxito para o intercâmbio internacional de materialpropagativo de alto valor comercial. Este fato é muitoimportante para as diferentes zonas citrícolas que podemincrementar suas variedades cultivadas mediante a introduçãode novos cultivares.

Finalmente, há que se considerar os países onde aTristeza é endêmica. Nestes países, a ocorrência de raçasfortes do vírus implica a inoculação de raças fracas nomaterial propagativo, livre de todas as viroses, para impedira instalação de raças severas. A este processo dá-se o nomede premunização. Graças a esta técnica, pode-se, hoje,plantar a variedade Pêra no Brasil.

4. PROGRAMAS DE SANEAMENTO E ACERTIFICAÇÃO

Um ponto importante nos programas de saneamentoconstitui a implantação de um programa de certificação,

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haja vista que toda tentativa de obtenção de plantas sadiasdeve estar acompanhada pela perspectiva de assegurar asanidade das mesmas durante todas as etapas demultiplicação.

Etapas de um programa de saneamento de citros:

• Seleção das árvores matrizes de cada variedade• Diagnóstico de vírus nas plantas matrizes• Obtenção de plantas por microenxerto• Diagnóstico de vírus das plantas microenxertadas• Conservação de plantas sadias (bloco de matrizes)• Estudos agronômicos das plantas sadias• Distribuição de material sadio aos viveiristas

Neste contexto, a maioria dos países encontra suaprincipal limitação (inclusive o Brasil), já que é requeridauma regulamentação rigorosa, que seja aplicada ao processode produção de mudas e que haja fiscalização eficiente peloorganismo responsável.

Existe uma movimentação no Estado de São Paulo, nosentido de se estabelecer um programa de certificação demudas, para garantir determinados padrões de sanidade equalidade das mesmas. Tendo sido editado o manual“Normas para a produção de mudas certificadas de citros”,pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estadode São Paulo, através da Coordenadoria de AssistênciaTécnica Integral - Departamento de Sementes, Mudas eMatrizes, é de suma importância que este programa decertificação obtenha sucesso para a manutenção do parquecitrícola paulista.

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Figura 1. Borbulheira fila simples em fase de crescimentomostrando sistemas de monitoramento com placasadesivas amarelas e sistemas de irrigação.

Figura 2. Borbulheira fila dupla - detalhe da irrigação.

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5. ESCOLHA DO PORTA-ENXERTO

A partir dos anos 60, o limão Cravo passou a serpraticamente o único porta-enxerto utilizado na citriculturapaulista. Levantamentos realizados nos viveiros, de 1961 a1970, mostraram que a participação do limão Cravo haviacrescido de 77% para 99%.

Dados coletados em viveiros, no período de 1984 a1988, mostraram que o limão Cravo representava 72% dosporta-enxertos. Após, vinham a tangerina Cleópatra com 24%e a laranja Caipira com 1%. Outros cavalos encontradosforam: limão Volcameriano, tangerina Sunki, laranja Azeda,citrumelo 4475 ou Swingle, trifoliata, tangelo Orlando ecitranges Troyer e Carrizo.

Verifica-se, anualmente, que os produtores paulistasvoltaram a ampliar a margem de preferência pelo limoeiroCravo em relação aos outros porta-enxertos. Pelo exposto,percebe-se que a citricultura brasileira se caracteriza por se

Figura 3. Borbulheira em túnel plástico - Espanha.

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apoiar em um único porta-enxerto, mesmo depois de sofrergrandes impactos negativos como foram a Gomose para alaranja Caipira, a Tristeza para a laranja Azeda e o Declíniopara o limão Cravo.

O limão Cravo, por sua grande capacidade deadaptação, é o porta-enxerto mais utilizado na citriculturapaulista, mesmo apresentando dois fortes inconvenientes: asusceptibilidade ao Declínio e a qualidade dos frutos inferiora outros porta-enxertos testados. Estes porta-enxertosalternativos deveriam ser empregados na renovação dospomares, principalmente as tangerinas c1eópatra e Sunki eo citrumelo Swingle, por sua tolerância ao declínio e induçãode melhor qualidade aos frutos. Maiores detalhes dascaracterísticas dos diversos porta-enxertos podem serencontrados era POMPEU JÚNIOR (1990, 1991), COELHO(11996, STUCHI et al. (1996) e em CARLOS et al. (1997).Para a diversificação deve-se levar em conta que estes porta-enxertos não são substitutos perfeitos, devendo, portanto,serem respeitadas suas particularidades. Atenção especialdeve ser dada à procedência das sementes ou dos cavalinhos,pois há relatos de lotes formados de maneira enganosa.

6. OBTENÇÃO DE SEMENTES

Para cada cavalo, é importante a obtenção de suassementes de plantas sadias, com características típicas davariedade, de plantas vigorosas, de preferência formadas atravésde enxertia e bem nutridas. Existem, hoje, donos melhoradosde cada cavalo, por exemplo, os limões Cravo “Santa Barbarared lime” e o “Phylipine red lime”, e, o trifoliata E.E.L.

Os frutos para obtenção de sementes devem estarmaduros. Devem ser coletados da planta, nunca do chão,para evitar contaminação por fungos, que podem infectar,posteriormente, a sementeira.

Para a obtenção das sementes, é necessário conhecera época de maturação dos porta-enxertos e alguns parâmetros

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referentes ao tamanho médio de frutos e número de sementespor fruto (Tabela 1).

Tabela 1. Época de maturação dos frutos, número médio de frutospor caixa (40.8 kg), número de sementes por fruto epor litro de alguns porta-enxerto (adaptado de TeófiloSobrinho, 1991).

Cultivares Época de Nº de frutos Nº de Nº dematuração por caixa sementes sementesdos frutos de 40,8 kg por fruto por litro

limão cravo março a agosto 950 15 8400limão Volcameriano março a julho 250 10 6000limão Rugoso março a junho 240 15 6000Trifoliata fevereiro a maio 900 38 3500tangerina Sunki maio a julho 4500 3 8000tangerina Cleópatra junho a agosto 1900 14 5800citrange Troyer março a junho 550 15 2500laranja doce abril a agosto 300 13 2800tangelo Orlando maio a agosto 380 18 5000citrumelo Swingle março a julho 400 15 3500

Para extração das sementes dos citros, geralmente sefaz um cone raso no sentido transversal no fruto, evitandocortar as mesmas. Separam-se as duas metades e espremem-se sobre uma peneira para a retenção das sementes. Noprocesso mecânico utilizam-se máquinas adaptadas como adebulhadora de milho ou a picadora de cana. Nesta última,substitui-se a faca por marteletes.

As sementes são separadas pela imersão em água, ondeas mais leves e o bagaço flutuam, devendo ser descartados.As sementes aproveitáveis devem ser lavadas em águacorrente para a retirada total da mucilagem e colocadas parasecar em camadas finas, à sombra, em local ventilado por24 a 36 horas, revolvendo-se a cada 12 horas para que assementes sequem uniformemente.

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A semeadura, imediatamente após a extração,possibilita a germinação de quase 100% das sementes; noentanto, se a semeadura for realizada posteriormente, érecomendado o armazenamento das mesmas com umidadede 25 a 30% para os trifoliatas e 10% para os demais porta-enxertos, além do tratamento com produtos fungicidas abase de PCNB, tiabendazol, benomyl e captan. Existe a opçãode se tratar as sementes termicamente utilizando-se de águaquente (45 a 52oC) por dez minutos. Devem ser embaladasem sacos plásticos transparentes e colocadas em refrigerador,mantendo-se a temperatura entre 5 e 6oC. Se houver formaçãode gotas na parede interna do recipiente, retirar as sementes,seca-las novamente e reembalar. Estes cuidados noarmazenamento permitem a conservação por 8 a 12 mesescom pequena queda no poder germinativo.

7. PRODUÇÃO DE PORTA-ENXERTOS(CAVALINHOS)

O preparo do substrato é feito, misturando-se asquantidades da composição abaixo, com auxílio de umaenxada ou betoneira, para homogeneizar a mistura,adicionando em tomo de 10 litros de água em 100 L damistura, com a finalidade de aumentar o teor de umidadedo substrato e, com isto, impedir que o mesmo escape peloorifício inferior do tubete.

A composição do substrato é a seguinte:

Componentes Quantidades

• Casca de Pinus queimada + vermiculita (Plantimax) 96%• Orgânico Humificado 3,0%• Superfosfato simples 0,5%• Calcário Dolomítico 0,5%• Sulfato de Zinco 40 g

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O adubo fosfatado, o calcário e o sulfato de zincopodem ser substituídos por 0,5% de termofosfatomagnesiano.

Enchimento dos tubetes

Colocar as bandejas sobre o suporte e completar comtubetes vazios. Encaixar a bandeja com os tubetes sobre ocaixote de madeira e esparramar o substrato sobre o conjunto.Levanta-se o caixote a 20 cm do solo e solta-se para que oimpacto pressione o substrato dentro do tubete. Repetir estaoperação 3 vezes, ou até que nível do substrato não abaixemais e os mesmos estejam totalmente cheios. Cem litros desubstrato são suficientes para completar 17 bandejas de 96células ou 1700 tubetes.

Semeadura

A semeadura dever ser feita a 1,5 cm da borda dotubete que, em seguida, deve ser coberto com a mesmamistura e regado até o escorrimento da água pelo orifícioinferior do tubete.

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Figura 4. Estufa telada para produção de cavalinhos, com sistemade suporte em tela.

Figura 5. Cavalinhos se desenvolvendo em tubetes.

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Condução da estufa

Antes da emergência das plântulas, a temperatura nãodeve ultrapassar 38 oC, e após a emergência, não deve atingirtemperaturas acima de 35 oC.

As regas devem ser feitas duas vezes por dia, pelamanhã e no início da tarde, ou quando a temperatura nointerior da estufa atingir os limites máximos, mesmo com ascortinas levantadas. Vinte dias após a emergência, deve serfeita a primeira seleção das plantas, eliminando-se os híbridos(machinhos), isto é, teclas as plantas sem as característicasdo cavalo. Também retiram-se os tubetes que nãogerminaram ou com plantas anormais (sem as característicasdo porta-enxerto).

Logo depois da primeira seleção, deve-se iniciar anutrição, através de adubações foliares, 3 vezes por semana,com os nutrientes abaixo:

- Nitrogenados - Uréia ou Nitro 25 0,5 % ou1,0%- NPK* - 10-10-08 ou 10-01-01 150 mL/100L de água- Micronutrientes - Quelatizados completos 150 mL/100L de água

(Zn, Mn, B, etc.)

* Cálcio + magnésio (quelatizados) - 100 mL/100L cada 1 vez por semana.

Usar 1 litro de calda da mistura de NPK emicronutrientes, nas doses acima, para cada 500 tubetes.Usar adubo nitrogenado (uréia ou Nitro 25) apenas quandoos cavalinhos mostrarem sintomas visuais de deficiência nasfolhas.

A segunda seleção deve ser feita 30 dias após a primeira.Nesta seleção, separam-se os cavalinhos por altura eeliminam-se as plantas fora do padrão, que por ventura nãotenham sido excluídas na primeira seleção.

Aos 80 dias da semeadura, suspende-se a nutrição edeixam-se as cortinas abertas ao máximo, dia e noite, para

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dar rusticidade às plantas (aclimatação). As regas devem sermantidas até a retirada total dos cavalinhos da estufa.

O substrato dos tubetes eliminados na primeira seleçãodeve ser retirado, peneirado e esterilizado para posteriorutilização.

Para a desinfecção das bandejas e tubetes, utilizam-setambores de 200 litros, onde se colocam 150 litros de águae adicionam-se 450 g de Oxicloreto de cobre + 60 g debenomyl ou outro fungicida. Agitar bem e mergulhar ostubetes e as bandejas na calda por 2 minutos.

Só reutilizar tubetes ou bandejas depois dedesinfectados.

Deve-se aplicar fungicida em pulverização preventivaa cada 15 dias (não usar produtos a base de cobre).Inseticidas ou Acaricidas só devem ser usados quando forconstatada a presença da praga.

As vantagens do sistema são:

• proteção da cultura contra altas e baixas temperaturas,chuvas em excesso, ventos frios e fortes, geada, granizo;

• precocidade na formação: da semeadura à repicagem emapenas 90 dias;

• melhor controle de pragas e doenças devido as plantasserem mais vigorosas e proteção física contra o ataquede pragas;

• seleção prévia de plantas, quando se eliminam plantascom problemas e/ou híbridos;

• economia de insumos devido a menor área para aplicaçãoe melhor aproveitamento pelas plantas;

• economia de água e nos equipamentos de irrigação, poisuma fonte de 3% de polegada é suficiente;

• efeito estufa, pois a temperatura é mais elevada dentroda estufa durante a noite;

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• facilidade na repicagem, pois não precisa dearrancamento, e as plantas já estão selecionadas na ocasiãoda mesma;

• alto índice de pegamento por não sentir o transplante;• produção elevada de porta-enxertos por área: 529 plantas

por m2.

As principais desvantagens são as seguintes:

• alto custo de aquisição da estufa, tela, tubete, etc.;• dificuldade na instalação, pois necessita de pessoal

treinado;• é necessário substituir periodicamente o plástico das

cortinas e das duas extremidades (frente e fundo) querasgam com facilidade;

• o preparo do substrato deve ser cuidadoso para evitar acontaminação e garantir a homogeneidade da mistura.

• o controle da temperatura deve ser constante para evitarque os limites de temperatura máxima sejam alcançadose permaneçam por muito tempo, prejudicando odesenvolvimento dos cavalinhos.

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TRANSPLANTE

PRÉ-TRANSPLANTE

SEGUNDASELEÇÃO

ACLIMAÇÃO

NUTRIÇÃO FOLIAR E REGRAS DIÁRIAS

REGRASDIÁRIAS

PRIMEIRASELEÇÃO

PREPARO DOSUBSTRATO

SEMEADURA ENCHIMENTODOS TUBETES

TRATAMENTO E ARMAZENAMENTO DE SEMENTES

DEFINIÇÃO DOPORTA-ENXERTO

PRÉ-SEMEADURA RETIRADADAS SEMENTES

FLUXOGRAMA DE ATIVIDADESSEMENTEIRA EM ESTUFA

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8. FORMAÇÃO DE MUDAS EMRECIPIENTES PLÁSTICOS

Escolha do local

O local do viveiro deve estar a um distância mínimade 50 m de pomares cítricos e estradas públicas, asfaltadasou não; ser pouco declivoso, de preferência de exposiçãonorte para evitar os ventos sul que geralmente são maisfrios e atrapalham o desenvolvimento das plantas.

Em localidades onde houve ocorrência constatada deCancro Cítrico, a instalação do viveiro só pode ser feita comautorização da Campanha Nacional de Erradicação do CancroCítrico - CANECC.

Prepara-se o local escolhido para o viveiro, nivelando-se o terreno, que deve estar próximo a uma fonte de água.O telado deve ser construído, de preferência, de formaretangular e, se possível, com os lados maiores orientadosna direção leste-oeste. Os canteiros com 80 cm de larguradevem ser montados no interior do telado com blocosporosos de cimento (40 x 20 x 10 cm) e comprimento variávelem função da área escolhida. Outra opção consiste namontagem de plataforma a no mínimo 20 cm do solo, comas mesmas dimensões do canteiro descrito. Deve-se atentarpara que as plataformas possuam orifícios ou espaços livrespara escoamento do excesso de água.

Os recipientes plásticos (sacos de polietileno preto,pigmento negro fumo) devem ter as seguintes dimensões:0,25 ou 0,30 mm de espessura, 25 ou 30 cm de largura e 40cm de altura. Estas dimensões correspondem aos recipientesplásticos ainda vazios. Também podem ser empregadosrecipientes rígidos ou semi-rígidos de forma cônica oupiramidal (citrovasos ou “containers”).

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Substratos e enchimento de recipientes

Existem duas opções básicas de substrato, a saber:

Opção 1

Componentes Quantidades

terra areno-argilosa 160 Lesterco bovino curtido* 40 Lorgânico humificado 3,0 kgtorta de oleaginosas (mamona ou amendoim) 3,0 Lsuperfosfato simples** 0,8 kgcalcário dolomítico** 0,6 kgfórmula NPK (12-06-12) 0,6 kgsulfato de zinco** 0,06 kg

* pode ser substituído por 30 L de vermiculita expandida média.** pode ser substituído por 0,5 kg de termofosfato magnesiano.

Opção 2

Componentes Quantidades

casca de pinus queimada (Plantmax ou Rendmax) 180 Lvermiculita expandida média 20 Lorgânico humificado 3,0 kgtorta de oleaginosas (mamona ou amendoim) 3,0 Ltermofosfato magnesiano 0,6 kgfórmula NPK (12-06-12) 0,5 kg

A mistura deve ser homogeneizada em betoneiras ecolocada até à borda dos recipientes plásticos, sendo queestes devem ser encanteirados e regados por uma semana

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para que haja acomodação do substrato. Completa-se ovolume do recipiente, após a sedimentação, estando assimo mesmo pronto para receber o cavalinho.

Transplante

O transplante ou repicagem dos cavalinhos aclimatadosé a operação de transferência dos mesmos dos tubetes paraos recipientes. A época para a execução desta operação,depende da época de semeadura, ocorrendo ao redor detrês meses após a mesma ou quando o porta-enxertoapresentar de 12 a 15 cm de altura.

A operação de repicagem deve ser precedida de umaboa irrigação dos recipientes no dia anterior à mesma.

Com o auxílio de um chuço manual com ponta cônicaabrem-se as covetas no centro do recipiente, sendo que aprofundidade das covetas deve ser maior que o comprimentodo sistema radicular. Os cavalinhos são, então, colocadosna coveta, tomando-se o cuidado de manter o colo dosmesmos no nível do substrato do recipiente, isto é, nãopermitir que a região acima do colo seja coberta pelosubstrato. A seguir, fixam-se as plantas fazendo uso de umchuço chato, com o qual realizam-se movimentos laterais,comprimindo-se o substrato no sistema radicular. Verifica-se se os cavalinhos estão bem plantados, puxando-severticalmente os mesmos. Após ser realizado o plantio, rega-se abundantemente, sendo que as regas posteriores devemser diárias até o pegamento dos cavalinhos e o início dodesenvolvimento vegetativo dos mesmos, após o que, deve-se regar sempre que necessário, evitando que o substratodo recipiente fique encharcado ou ressecado.

Condução

A nutrição deve começar 15 dias após o transplante.Usam-se formulações líquidas de macro e micronutrientes

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via foliar, 3 vezes por semana até a enxertia. Estasformulações podem ser as mesmas usadas na formação doscavalinhos. Após a enxertia, devem ser adicionados cálcio emagnésio às formulações anteriores.

Um mês após o transplante, aplica-se aldicarb na dosede 0,3 g do produto comercial por recipiente. Pulverizaçõescom inseticidas ou acaricidas devem ser feitas apenas quandofor constatada a presença de pragas. Já os fungicidas deverãoser aplicados preventivamente a cada quinze dias, podendo-se usar benomyl, mancozeb ou ziram, alternadamente.

As retiradas das brotações laterais devem ser periódicaspara evitar que as mesmas engrossem, o que dificulta suaretirada manual e para permitir o crescimento do cavalinhoem haste única até o ponto de enxertia.

Enxertia

As borbulhas para a execução da enxertia devem serretiradas de plantas matrizes registradas ou de borbulheirasprotegidas, mantidas por organismos que recebamfiscalização de órgãos oficiais e que se responsabilizem pelasanidade das mesmas. Devem ser acompanhadas do atestadode origem e especificação da espécie, cultivar e número deborbulhas.

Os ramos com borbulhas podem ser de dois tipos:roliços ou angulares, com diâmetro compatível com o porta-enxerto. Ambos os tipos têm bom pegamento, dependendoda habilidade do enxertador e das condições climáticas nomomento da enxertia.

Como nem sempre, no momento da retirada dasborbulhas, existe disponibilidade de porta-enxertos no pontode enxertia, pode-se fazer a conservação das mesmas emcâmaras frigorificadas para uso posterior. Após o cone dasvaretas, estas devem ser tratadas em solução fungicida a

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base de benomil ou captan (0,025%) e secadas à sombra.Posteriormente, acondiciona-se em sacos plásticostransparentes com identificação do tipo de material e datada retirada, após o que são levadas para armazenamento auma temperatura entre 8 e 13 oC e umidade relativa ao redorde 60%. Com esta técnica, é possível manter o material comboa viabilidade por até 3 anos.

Durante o período de armazenamento, periodicamente,deve-se inspecionar as embalagens, uma a uma, para averificação da formação de gotas na parede interna dos sacosplásticos. Caso ocorra esta deposição, devem-se secar asvaretas com papel absorvente, fazer novo tratamento comfungicidas e trocar a embalagem plástica identificandonovamente o material. O armazenamento por até umasemana pode ser feito em caixotes entre camadas de serragemumedecidas. sendo que, para armazenar as borbulhas poraté 3 dias, basta envolvê-las em folhas de jornal encharcado,umedecendo o pacote diariamente.

Como já citado, a enxertia em citros mais usual é aborbulhia em “T” invertido, que deve ser executada 3 a 4meses após a repicagem dos cavalinhos, ou quando elesatingirem diâmetro superior a 0,5 cm; para tal, deve-se regarbem os cavalinhos no dia anterior, para que os mesmossoltem a casca e recebam bem a borbulha.

Para a execução da enxertia, todas as folhas e/ouespinhos dos cavalinhos até uma altura de 30 cm, devemser retirados no dia em que se realizar a enxertia, sob penade haver uma reação da planta que dificultará odesprendimento da casca.

A altura da enxertia segue normas oficiais e deve serexecutada entre 10 e 20 cm medidos a partir do colo daplanta. Altura de enxertia abaixo de 10 cm, favorece oaparecimento de gomose de Phytophthora e acima de 30cm, reduz a produção de frutos.

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Figura 7. Borbulha colocada na inserção de enxertia.

Figura 6. Retirada da borbulha para enxertia.

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A melhor época para a enxertia é a primavera, porqueas condições climáticas são favoráveis ao pegamento edesenvolvimento do broto do enxerto. No outono, ocorrebom pegamento das borbulhas, porém, podem permanecerem repouso até o início da primavera.

Cuidados especiais devem ser tomados com asferramentas de enxertia, podas e desbrotas, principalmentepara evitar a transmissão de doenças de vírus; para tanto,devem ser desinfetadas com hipoclorito de sódio ao términodo trabalho em um canteiro ou ao mudar a origem e avariedade das borbulhas.

A borbulha é introduzida sob a casca pela fendacorrespondente ao corte vertical da casca e fixada com fitaplástica, que também serve para impedir a penetração deumidade externa na zona do enxerto.

Após 15 ou 20 dias, é feita a retirada da fita plástica ea verificação do pegamento da borbulha. Se negativo, deve-

Figura 8. Borbulha enxertada e amarrada com fita plástica.

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se executar a enxertia do lado oposto, 5 dias após o cortedo plástico.

Para acelerar a brotação, após a enxertia ou momentosantes da retirada da fita plástica, faz-se o forçamento doenxerto. Este pode ser por anelamento ou por corte total docavalo a 5 cm acima do ponto de enxertia. Também, e maiscomumente usado, é o encurvamento ou dobra do cavaloque se faz segurando com uma das mãos o cavalo em tomode 10 cm acima do ponto de enxertia, curvando-o com aoutra mão, até prendê-lo na sua própria base. Este tipo deforçamento induz um desenvolvimento maior ao broto queos dois primeiros, a diferença na maturação da muda podechegar até a um mês.

Aproximadamente um mês após a retirada da fitaplástica, o broto já se encontra necessitando de umtutoramento para evitar sua ruptura, principalmente pelovento. O tutoramento deve ser feito fincando-se uma estacade bambu ou taquara de mais ou menos 70 cm, que deveser enterrada de 10 a 15 cm. O enxerto passa então a seramarrado à medida que vai crescendo, usando-se barbantede algodão.

As desbrotas dos ramos laterais devem ser feitas sempreque necessários até uma altura de 70 cm, medidos a partirdo colo da planta, para que a muda cresça em haste única eereta.

Neste sistema de produção, não se realiza a poda deformação das pernadas (desponte) já que a muda assimproduzida deve ser levada para o plantio definitivo na formade “pavio” ou “palito”. Quinze dias antes de se levar a mudapara o campo (plantio), deve-se retirar o porta-enxertodobrado ou o “cachimbo” (peça remanescente da retiradada copa do porta-enxerto após a enxertia). Também serealiza, nesta ocasião, o desponte. Todos os cortes realizadosdevem ser desinfectados com fungicida cúprico a 10%. A

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muda não deve ultrapassar 10 meses a contar do transplantedos cavalinhos ou treze da semeadura.

As principais vantagens deste sistema de formação são:- Seleção apurada de cavalinhos.- Menor tempo para a obtenção das mudas.- Maior volume de radicelas e, consequentemente, melhor

pegamento.- Maior segurança quanto à ausência de CVC nas mudas.

Figura 9. Detalhe de mudas prontas em canteiro de blocos decimento.

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Figura 10. Vista interna do telado com mudas prontas sobreplataforma.

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MUDA PRONTA

REGAS PARA ASSENTAMENTO DO SUBSTRATO,ELEVAÇÃO DO NÍVEL DO SUBSTRATO ATÉ A

BORDA DO RECIPIENTE

ENCHIMENTODOS RECIPIENTES

PLÁSTICOS

FLUXOGRAMA DE ATIVIDADESVIVEIRO TELADO

ESCOLHA E PREPARO DA ÁREA

CONSTRUÇÃO DO TELADO E CANTEIROS

PREPARO DOSUBSTRATO

SUBSTRATO

COLOCAÇÃO DOS RECIPIENTES NO CANTEIRO

TRANSPLANTE

REGAS DIÁRIAS E NUTRIÇÃO FOLIAR

ENXERTIA

FORÇAMENTODO ENXERTO

RETIRADA DAFITA PLÁSTICA

TUTORAMENTO CONDUÇÃO

AMARRAÇÃOCOM FITAPLÁSTICA

TOALETE PARAENXERTIA

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9. CUSTO DE UM MÓDULO PARA APRODUÇÃO DE MUDAS EM TELADO

A seguir, são apresentados os componentes e os valoresestimados para a instalação de uma estufa telada para aprodução de cavalinhos e de um viveiro telado para aprodução de mudas em recipientes (sacolas plásticas), bemcomo os custos de condução para a primeira formação.

9.1. Custo de uma estufa com capacidade para70.000 cavalinhos

Índices técnicos empregados:

Item Custo Unitário(R$)*

1. Estrutura metálica com plástico 7,50 / m2

2. Cortinas laterais 0,40 / m2

3. Tela antiafídica (malha de 1 mm) 1,58 / m2

4. Tela metálica para o suporte de tubetes 6,50 / m2

5. Tubetes 33,00 / milheiro6. Substrato (“Plantmax”) 6,50 / saca 60 L7. Sementes (limoeiro ‘Cravo’) 8,00 / L

* US$ 1,00 do dia 31/07/97 - R$ 1,09.

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Croqui para instalação de viveiro telado

Centeiros de blocos de cimento

Postes de eucalipto = 10 cm de diâmetro

Postes de eucalipto = 16 cm de diâmetro

25,2 m

65,0 m

0,8 m

0,6 m

1,5 m

0,9 m

1,0 m

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Exemplo: Estufa 40 x 5 m

Item Valor (R$)

1. Estufa (200 m2) 1.500,002. Cortinas (180 m2) 72,003. Tela antiafídica (180 m2) 284,004. Tela metálica (152 m2) 988,005. Tubetes (75.000) 2.475,006. Substrato (75 sacas) 487,507. Sementes (25 L) 200,008. Adubos Minerais e Orgânicos 100,009. Mão-de-obra para a Montagem 1.200,0010. Mão-de-obra para a Condução 760,00

TOTAL 8.066,50

9.2. Custo para a instalação de um telado para ap rodução de 25.000 mudas cítricas emrecipiente plástico, conforme croqui anexo.

Especificações:

Largura: 25,2 m Comprimento: 65,0 m

Área útil: 1.638 m2 Pé direito lateral: 3,2 m

Pé direito central: 4,0 m Área total de tela: 2.220 m2

Largura dos canteiros: 0,8 m Espaço entre carteiros: 0,6 m

Carreador central: 1,5 m 34 carteiros de 30,75 m

1045,5 m lineares de canteiro 24 mudas / m. linear de

canteiro

25.092 mudas de capacidade

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Materiais/Serviços Custo unitário Custo total (R$) (R$)

1. Postes de Eucalipto tratado42 com diâmetro de 16 cm 33,00 1.386,0028 com diâmetro de 10 cm 27,00 756,00

2. Tela branca 1 mm malha2.400 m2 1,58 3.792,00

3. Bloco de cimento (40x20x10 cm)10,5 milheiros 300,00 3.150,00

4. Arame liso5 rolos (1000 m) 90,00 450,00

5. Caibro (6 x 4 cm)1.500 m.l. 0,74 1.110,00

6. Ripa de 4 m12 maços 11,50 138,00

7. Sistema de Irrigação 800,00 800,008. Mão-de-obra para a instalação

8 semanas 312,00 2.496,00

TOTAL DA ESTRUTURA 14.078,00

9. Cavalinhos25.000 0,12 3.000,00

10. Substrato200 m3 15,00 3.000,00

11. Recipientes plásticos25 milheiros 60,00 1.500,00

12. Mão-de-obra para o enchimento dos recipientes 2.500,0013. Mão-de-obra para a condução 3.445,0014. Borbulhas e mão-de-obra para a enxertia 1.500,0015. Nutrição e Defensivos 1.500,00

TOTAL 30.523,00

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