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VISÃO PANORÂMICA DA BÍBLIA Por Evaristo Filho SEMINÁRIO TEOLÓGICO EVANGÉLICO BÍBLICO SETEB Global http://seminarioevangelico.com.br [email protected]

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VISÃO

PANORÂMICA DA BÍBLIA

Por Evaristo Filho

SEMINÁRIO TEOLÓGICO EVANGÉLICO BÍBLICO

SETEB Global http://seminarioevangelico.com.br

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© 1999-2011. Seminário Teológico Evangélico Bíblico. Direitos Reservados. [email protected]

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Apresentação da Disciplina

Informações Gerais

Pré-Tarefas Antes do estudo principal da disciplina, há uma série de questões e/ou exercícios e/ou tarefas que foram elaboradas para prepará-lo, tanto mental quanto espiritualmente, para o conteúdo central da disciplina. Você deverá completar estas pré-tarefas antes de iniciar o estudo principal e realizar as tarefas que exigirão mais de você. Siga todas as instruções e guarde todo o material escrito que você produzir. Mais tarde ele será examinado por seu tutor/professor.

Questões Para Revisão

Ao concluir o estudo principal, complete as questões para revisão. O propósito delas é ajudá-lo a focalizar nos principais pontos do estudo e prepará-lo para o projeto final. Você pode usar suas notas pessoais, sua Bíblia ou o conteúdo do estudo principal. Quando as respostas exigem que você use o estudo principal, procure respondê-las, primeiramente, sem consultar o manual. Se você não conseguir, ache as respostas no texto e estude estas partes mais uma vez antes de prosseguir.

Projeto Final

Ao final da disciplina existe um projeto final que foi elaborado para ajudá-lo a viver e ministrar este tema. As ideias e conceitos que você aprendeu são muito importantes para nós. Deste modo, o projeto final é importante para sabermos o que você aprendeu e como você está aplicando ou aplicará este material no seu ministério.

Procedimentos da Disciplina

O procedimento para a disciplina é o seguinte: Unidade I: Passo 1 Faça as pré-tarefas Passo 2 Estude o conteúdo do estudo principal. Complete todos os espaços em branco para completar. Unidade II: Passo 1 Leia todas as questões para revisão antes de começar a respondê-las. Passo 2 Complete as questões para revisão. Unidade III: Passo 1 Leia o projeto final. Passo 2 Realize o projeto final.

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Recursos Opcionais

Todos os nossos manuais são autodidáticos, dispensando a obrigatoriedade de obter qualquer outro recurso externo além de um exemplar da Bíblia. No entanto, para o seu próprio enriquecimento educacional, nós sugerimos o uso dos seguintes recursos opcionais para esta disciplina:

Bíblia de Estudo NVI (Editora Vida)

Bíblia On-line 3.0 – Módulo Avançado (Sociedade Bíblica do Brasil)

Dicionário Vine (CPAD)

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VISÃO PANORÂMICA DA BÍBLIA

INTRODUZINDO A DISCIPLINA Se nós desejamos compreender todo o conselho de Deus, temos que nos empenhar em obter uma visão geral dos temas, divisões, aspectos e demais assuntos importantes da Palavra de Deus. Assim como a águia que na maior das alturas pode perceber tudo o que se passa abaixo de si, uma compreensão geral das Escrituras, uma visão panorâmica da Bíblia pode nos dar uma compreensão maior de Sua revelação. Precisamos ter uma visão geral da Palavra para que possamos perceber a revelação escrita de Deus como um todo único, no qual o plano de Deus vai se desdobrando ao longo de suas páginas. Um dos benefícios de se ter uma visão geral da Bíblia é que podemos perceber a Palavra central de Deus que une toda a Escritura, e assim conhecer melhor os Seus pensamentos. Nossa oração é que cada um de nós possa adquirir, através deste estudo, bases sólidas para o estudo particular das Escrituras, assim como obteremos vastos materiais de consulta e diretrizes para o estudo e aplicação prática da Palavra.

OBJETIVOS DA DISCIPLINA

Ao concluir esta disciplina você será capaz de:

Compreender os sete aspectos principais da Bíblia.

Explicar os dez temas centrais da Bíblia.

Apresentar as sete divisões principais da Bíblia.

Ver panoramicamente as diferentes divisões dos livros da Bíblia.

Resumir o conteúdo bíblico desde um ponto de vista histórico-teológico.

Compreender o aparecimento dos quatro principais Impérios da história antiga nas Escrituras.

Relacionar os eventos envolvendo estes Impérios com a história de Israel.

Conhecer os diferentes Herodes que aparecem nos Evangelhos e em Atos.

Compreender como a helenização do mundo judaico contribuiu para o surgimento do Novo Testamento.

Compreender o papel dos escribas em relação às Escrituras.

Conhecer quais eram as principais seitas no tempo de Cristo.

Explicar o papel do Sinédrio na sociedade judaica.

Explicar a importância da sinagoga para o judeu comum.

Explicar a relação entre os judeus e os samaritanos.

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Unidade I

PRÉ-TAREFAS

Leia 2 Coríntios 3.1-18. Elabore 5 perguntas tomando este texto acima como base. Concentre-se na questão dos contrastes entre a Antiga e a Nova Aliança e a importância destas para nossas vidas e ministérios. Leia e estude 1 Coríntios 10.1-11. Elabore 5 perguntas tomando como base o texto acima. Concentre-se em como a história pode ser útil para ensinar-nos lições para os dias de hoje. Considere que estas perguntas poderiam ser usadas num grupo de discussão. Não escreva as respostas, apenas as perguntas.

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Unidade I

ESTUDO PRINCIPAL I - A BÍBLIA

A Bíblia é uma coleção ou “biblioteca” de 66 livros. Ela é dividida em duas seções principais: o Antigo Testamento (AT) e o Novo Testamento (NT). O AT é formado por 39 livros, enquanto o NT é formado por 27 livros.

Há cinco verdades vitais sobre a Palavra de Deus que nós precisamos crer e conhecer:

A - A BÍBLIA É A PALAVRA ESCRITA DE DEUS

A frase “a palavra de Deus” tem vários significados. Ela pode ser referir à pessoa de Jesus Cristo (João 1.1 e Apocalipse 19.13). Ele é a “palavra” que se fez homem, cuja missão na terra foi comunicar o caráter do Pai e expressar a Sua vontade ao homem.

As mensagens verbais que Deus transmitiu aos homens ao longo das eras também podem ser chamadas de “palavras de Deus”. Deus falou (comunicou a sua palavra) e tudo se fez (Gênesis 1.3; Salmos 33.6). Ele também sustentava todas as coisas por meio de Sua Palavra (Hebreus 1.3).

Aquilo que Deus comunicou e foi registrado em forma escrita para o benefício de todos em todas as épocas, ou seja, a palavra escrita de Deus, a Bíblia. Desde as eras mais remotas, Deus manteve um registro escrito de Sua palavra, tenha sido ela escrita pelo Seu próprio dedo ou por homens sob a ordem de Deus e inspirados do Espírito Santo (Êxodo 31.18; 32.16; 34.1, 28; Deuteronômio 31.9-13, 24-26; Josué 24.26; Isaías 30.8; João 14.26; 16.12-13; 1 Coríntios 14.37).

Sendo a palavra escrita de Deus, a Bíblia é a comunicação escrita de Deus ao homem. Ela não somente contém a verdade de Deus, mas ela é a própria verdade de Deus (João 17.17). Toda a verdade que Deus quis registrar e, por meio deste registro, tornar conhecida ao homem, está na Bíblia e é a Bíblia. Nenhuma comunicação verbal – quer de homens ou anjos – deve ser aceita se ela contradisser a verdade escrita de Deus, pois ela é a autoridade final em questões de doutrina e prática.

B - A BÍBLIA É INSPIRADA POR DEUS

A Bíblia é a palavra de Deus, o único registro escrito de Deus, porque ela é de inspiração divina. Deus é a origem da Bíblia. Foi Ele quem a projetou, comunicou, quem escolheu e usou os escritores humanos, a completou e a preservou por meio da fidelidade da Igreja.

Toda a Escritura é inspirada por Deus (2 Timóteo 3.16), mas Ele usou homens fiéis para escrever a Sua Palavra, impelidos pelo Espírito Santo (2 Pedro 1.19-21). As palavras dos escritores humanos foram ensinadas pelo Espírito Santo (1 Coríntios 2.13). Isso não significa que Deus simplesmente “ditou” e os homens escreveram, sem nenhuma participação ativa da parte deles.

Sobre esta participação, Wayne Grudem comenta: “Nos casos em que a personalidade humana comum e o estilo de redação do autor foram envolvidos de modo proeminente, como parecer ser o caso da maior parte das Escrituras, tudo o que podemos dizer é que foram tais a supervisão providencial e a direção na vida de cada

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autor da parte de Deus que a personalidade deles, seus ambientes e formação, sua capacidade de avaliar os eventos no mundo ao redor, seu acesso a informações históricas, seu julgamento com relação à exatidão das informações e as circunstâncias individuais de quando escreviam, eram todos exatamente o que Deus queria que fossem, de modo que quando de fato chegaram ao ponto de colocar tudo no papel, as palavras foram inteiramente deles, mas também inteiramente as que Deus queria que escrevessem, palavras que Deus afirmaria serem suas também”.1

C – A BÍBLIA DEVE SER OBEDECIDA

Por ser inspirada por Deus e não um mero produto humano, a Bíblia tem autoridade divina sobre o homem, portanto, deve ser obedecida. Não crer em qualquer parte da Bíblia ou não obedecer a Ela é um insulto contra Deus. De fato, não obedecer às Escrituras é desobedecer ao próprio Deus.

Jesus repreendeu os Seus discípulos por não crerem nas Escrituras (Lucas 24.25) e ensinou que os Seus verdadeiros discípulos são aqueles que permanecem firmes (seguem, obedecem) às Suas palavras (João 8.31). A Igreja primitiva perseverava firme na “doutrina dos apóstolos”, que nada mais era do que o “mandamento de nosso Senhor e Salvador” Jesus Cristo (Atos 2.42 com 2 Pedro 3.2). Não obedecer aos ensinamentos escritos de Paulo (que Pedro chama de Escrituras em 2 Pedro 3.16, portanto, eram e são escritos inspirados por Deus) tornava a pessoa passível de disciplina (1 Coríntios 14.37 com 2 Tessalonicenses 3.14).

Deus nos deu a Sua Palavra (preceitos) para que sejam fielmente obedecidos (Salmos 119.4). Jesus ensinou que aquele que O ama obedece à Sua palavra (João 14.23-24).

D - A BÍBLIA NÃO TEM ERROS

A Palavra escrita de Deus, a Bíblia, por ser inspirada por Deus e ter autoridade divina, não pode ter erros e, de fato, não possui erros em seus originais.

Ela não possui erros porque Deus, o seu autor divino, não pode mentir nem falar com falsidade (Números 23.19; 2 Samuel 7.28; Tito 1.2; Hebreus 6.18).

A Palavra de Deus é a verdade (João 17.17) e é pura (Salmos 12.6; Provérbios 30.5). Cada palavra da Bíblia é verdadeira. “A Bíblia sempre diz a verdade e sempre diz a verdade a respeito de todas as coisas de que trata. Essa definição não significa que a Bíblia nos comunica todos os fatos que podem ser conhecidos acerca de certo assunto, mas afirma que tudo o que diz acerca de qualquer assunto é verdade”.2

E - A BÍBLIA É NECESSÁRIA

É por meio dela que conhecemos a mensagem de salvação oferecida por meio de Cristo (Romanos 10.13-17). É por meio da leitura e meditação diária na Bíblia que somos alimentados espiritualmente e, portanto, sustentados em nossa vida espiritual (Mateus 4.4). O alimento diário da Palavra nos ajuda a crescer no desfrute das bênçãos da salvação (1 Pedro 2.2).

De acordo com 2 Timóteo 3.16-17, a Bíblia é necessária para a formação de nosso caráter cristão e crescimento na vontade de Deus – “para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça” (vontade de Deus), “para que o homem de Deus seja apto (perfeito)”. Também é necessária para equipar o cristão para o ministério – “plenamente preparado para toda boa obra”.

1 Grudem, Wayne. Teologia Sistemática – São Paulo: Vida Nova, 1999. 2 Idem.

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II – SETE ASPECTOS DA PALAVRA DE DEUS A – HISTÓRIA (PASSADO).

A Bíblia fala de coisas passadas, mas que são bem importantes para nós hoje (Rm 15.4; 1 Co 10.11). Este aspecto da Palavra abrange os livros de Gênesis a Jó, Mateus a João.

B – PROFECIA (FUTURO).

Muitas porções da Bíblia tratam da palavra profética de Deus. A profecia bíblica vai se descortinando ao longo do relato bíblico e atinge seu clímax no livro de Apocalipse (2 Pedro 1.19-21). As passagens e/ou livros que contém (ou são de) profecia são: Isaías a Malaquias, Mateus 24, Marcos 13, Lucas 21, Apocalipse.

C – DEVOÇÃO.

A devoção daqueles que foram usados por Deus, que foram movidos pelo Espírito Santo, enchem a Bíblia de oração, louvor, adoração, anseio por Deus e dedicação. É o que vemos principalmente nos Salmos, mas há também outras passagens.

D – REVELAÇÃO OU CIÊNCIA SOBRENATURAL.

É aquela parte da Escritura que trata dos mistérios de Deus, do mundo espiritual e sobrenatural, dos anjos, demônios, sinais e maravilhas, dons miraculosos, e coisas do gênero.

E – TIPOLOGIA.

É a parte das Escrituras que apresenta profundas verdades espirituais através de figuras, símbolos, sombras (Hb 8.5) e coisas que são comuns a nós. O AT possui muita tipologia, especialmente os cinco primeiros livros (Pentateuco). Além de tipologia, a Bíblia contém muita sabedoria, que se expressa em provérbios, parábolas e alegorias (Hebreus 9.9).

F – DOUTRINA. A Bíblia é rica em leis, conselhos, ensinos, preceitos. Todas estas coisas estão incluídas aqui no conceito “doutrina”. A doutrina bíblica é com poder, especialmente o de mudar vidas arruinadas pelo pecado, pelo mundo e pelo diabo (Atos 13; Marcos 1.27). Ver as Cartas Apostólicas. No gráfico abaixo você encontra uma definição para “doutrina com poder”:

Para aperfeiçoamento

(Colossenses 1.28)

Para tornar-nos sadios na fé (1 Timóteo 4.6)

DOUTRINA

COM PODER

De sinais e maravilhas (Marcos 1.27)

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G – EXORTAÇÃO, chamada à ação. Animar e fortalecer.

Palavras de ordem e diretrizes. Exortar não é “passar carão”, antes, é animar os desanimados e confirmar e consolar os que precisam de apoio.

III – DEZ TEMAS CENTRAIS

Certamente, há mais de dez temas nas Escrituras; contudo, iremos mencionar aqueles que podem ser encontrados em toda a Bíblia e que são fundamentais para entender o mover de Deus na história bíblica. Em 1 Timóteo 4.6, nós temos a exortação de Paulo acerca da “boa doutrina, inteiramente seguida” (tradução literal do grego), ou seja, que a doutrina além de ser boa deve ser plenamente conhecida. Devemos pegar um tema e percorrer toda a Bíblia em busca dele. Os temas a seguir se enquadram neste tipo de doutrina.

A – COMUNHÃO.

Desde a criação até a Nova Jerusalém, Deus busca comunhão com o homem que criou. Deus quer ficar perto do ser humano, andar com ele, compartilhar Seus planos e desejos conosco.

B – ALIANÇA.

As alianças bíblicas nos mostram que Deus quer compromisso com o Seu povo. C – FAMÍLIA OU CASAMENTO.

Adão e Eva prefiguravam Cristo e a Igreja (Efésios 5). A família de Deus é a Igreja (Efésios 2.19). Após a criação do homem Deus formou a família. E no fim, haverá uma família de muitos filhos semelhantes a Jesus, para a glória de Deus Pai (Romanos 8.29).

D – A TERRA E O POVO.

A terra de Israel é uma figura das bênçãos que temos nas regiões celestes em Cristo – nossas realidades Nele. O povo é a porção de desfrute do próprio Senhor.

E – FRUTOS E FESTAS.

O uso constante da simbologia do ano agrícola de Israel, o período das chuvas, os frutos, as sementes, lavradores, estações, campos de plantio, etc., são de grande interesse para o estudo das Escrituras por causa de seus ensinamentos espirituais baseados em coisas naturais e de fácil compreensão. As Festas do Senhor são símbolos da pessoa e da obra de Cristo, e da dispensação do plano de Deus através das eras.

F – A CIDADE E A CASA.

As moradas de Deus: o Tabernáculo, a Tenda, os Templos; todos falam do desejo de Deus de habitar com o Seu povo e estar com ele. A Casa de Deus, o Edifício Divino, a Cidade Santa – figuras da expressão final da comunhão de Deus com o homem.

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G – O SACERDÓCIO E OS SACERDOTES.

O sacerdócio é típico do Senhor Jesus e dos crentes do Novo Testamento. Os sacrifícios tipificam o Senhor Jesus Cristo e a consagração dos Seus servos. Sacerdócio e sacrifício – serviço e comunhão.

H – ISRAEL E A IGREJA.

A Bíblia mostra-nos amplamente a relação entre Israel e Deus, Israel e a Igreja, e também com as outras nações. Cremos que estes dois “povos” são o centro da atenção de Deus, primeiramente em Israel no AT e a Igreja no NT.

I – FRACASSOS E SUCESSOS.

A Bíblia conta-nos a história da relação entre o Criador e a Criatura. Pelo prisma humano, esta história está repleta de fracassos e sucessos, declínio e restauração. Por exemplo, vemos isto muitas vezes no livro de Juízes, quando o povo abandonava a Deus e era escravizado. Então, clamavam por socorro, Deus enviava um libertador e o povo tinha vitória. Mas daí a pouco, o povo pecava novamente e o ciclo de fracassos e sucessos continuava.

J – HOMENS-CHAVE E REVELAÇÕES-CHAVE.

O desenrolar do plano de Deus acontece em meio ao levantamento de homens-chave no cumprimento da vontade de Deus. Homens como Moisés, João Batista, Jesus e Paulo foram peças fundamentais no cumprimento dos propósitos do Senhor. Obviamente, o Senhor Jesus supera a todos, mas aprouve a Deus usar outros homens importantes para realizar Seu plano. Além do surgimento de homens-chave, a história redentora de Deus despertou revelações cruciais para cumprir o querer de Deus. A Velha e a Nova Aliança talvez sejam as revelações mais conhecidas, mas igualmente importante está a revelação do Reino de Deus, do Senhorio de Cristo, da dispensação do Espírito e etc.

IV – SETE DIVISÕES DA BÍBLIA A – OS LIVROS DE MOISÉS ou o Pentateuco.

Formam a primeira divisão em nossas Bíblias. São cinco (05) livros cuja autoria se atribui a Moisés e que tratam dos começos, bem como da relação e revelação inicial de Deus a e por meio de Israel.

B – O TEMPO DOS JUÍZES.

Nos livros de Josué, Rute e 1 Samuel, nós temos o tempo em que os juízes (libertadores enviados por Deus) tentavam conduzir o povo à obediência a Jeová.

C – O REINO UNIDO E DIVIDIDO.

O reino unido de Israel foi estabelecido por Davi e confirmado por Salomão. Mas, por causa do pecado deste último, o reino foi dividido em dois e a glória do povo da Aliança se foi. Este período abrange os livros de 2 Samuel a 2 Crônicas, Jó a Eclesiastes, Isaías a Ezequiel, e os profetas menores de Oséias a Sofonias.

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D – RESTAURAÇÃO EM ISRAEL.

Restauração parcial do povo à Terra Prometida. O reino dividido e, conseqüentemente, enfraquecido, foi derrotado pela Babilônia e perdeu sua terra. Mas na época de Éster, Neemias, Esdras, Daniel, Ageu, Zacarias e Malaquias, houve um período de restauração para o remanescente fiel dentre o povo judeu.

E – JESUS E OS DOZE APÓSTOLOS.

Os Quatro Evangelhos, Atos de 1 a 12 e as Epístolas Gerais (Tiago a Judas) nos mostram a história da encarnação de Jesus e Sua vida na terra, bem como um pouco da história dos Seus apóstolos e os escritos deles.

F – PAULO, APÓSTOLO DO MISTÉRIO DE DEUS.

A partir de Atos 13 a 28 nós vemos o ministério de Paulo em destaque no Novo Testamento. De fato, Cristo o usou de modo soberano e poderoso para trazer-nos as mais profundas revelações sobre o mistério de Deus, sobre a Igreja. As Epístolas Paulinas (Romanos a Hebreus) nos apresentam a mais pura e completa verdade sobre as coisas necessárias e fundamentais para a fé e prática cristã.

G – APOCALIPSE, REVELAÇÃO DE JESUS CRISTO.

É o único livro “profético” do Novo Testamento. Ele trata do triunfo do plano de Deus, da vitória do Senhor Jesus sobre todos e tudo, e a união de Deus com o homem na Nova Jerusalém.

V – RESUMO HISTÓRICO-TEOLÓGICO DA BÍBLIA Podemos fazer um resumo de toda a Bíblia através dos breves pontos que seguem: A – A CRIAÇÃO DO HOMEM.

Deus criou o ser humano com espírito, alma e corpo. Deus criou o homem para ser a Sua expressão e representação na terra (Gênesis 1.26-28; 1 Ts 5.23; Zc 12.1).

B – O PECADO, A QUEDA E MORTE ESPIRITUAL DO HOMEM.

O homem pecou, caiu de sua posição perante Deus e morreu espiritualmente. O homem mudou de natureza e tornou-se pecador, escravizado debaixo da lei do pecado e da morte, tornando-se inútil para Deus, fracassando em atingir o alvo proposto (Gênesis 3; Romanos 3.10-18, 23; 5.12, 18, 19; 6.23; 7.11; Ef 2.1, 2).

C – A DEGRADAÇÃO DO SER HUMANO.

O homem não somente pecou como também afundou-se num lamaçal de pecado e tornou-se totalmente degradado (Gênesis 4.6 ao capítulo 11).

D – OS PATRIARCAS.

Com os patriarcas vemos o plano de Deus voltando à cena. Deus começa a mostrar Seu plano de ter um povo exclusivamente Seu (Gênesis 12 ao final).

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E – O POVO DE ISRAEL.

O povo de Israel foi escolhido originalmente para ser o povo de Deus. Mas falhou em ser uma nação santa e sacerdotal (Êxodo até o final do AT).

F – JOÃO, O BATISTA.

Ele veio e falou por Deus, chamado o povo judeu ao arrependimento e preparando o coração do povo para receber o Messias, Jesus (Mateus 3, 14.1-12; 17.9-13).

G – JESUS CRISTO.

Ele é o Filho de Deus encarnado. Deus se fez carne e tabernaculou entre os homens. Vemos nos Evangelhos a história de Jesus enquanto na terra, antes da glorificação. Sua vinda é o centro da revelação bíblica.

H – OS DOZE APÓSTOLOS.

Seus ministérios e epístolas formam parte do Novo Testamento. Eles são o fundamento da Casa Universal de Deus. Todos os que vieram depois deles edificaram sobre seu fundamento doutrinário.

I – PAULO, APÓSTOLO DOS GENTIOS.

Seu ministério e epístolas tomam grande parte da cena do Novo Testamento. Foi o apóstolo incumbido de mostrar as riquezas da graça de Deus em todos os seus multiformes aspectos. Ele recebeu um encargo especial do Senhor de levar o Evangelho aos gentios e de ministrar acerca do mistério, isto é, Cristo em nós, a Igreja de Deus.

J – A IGREJA.

Sua natureza, constituição, doutrinas e práticas. A Igreja é a concretização dos desejos de Deus e a consumação de Seu propósito. Todo o desenrolar da história bíblica chega ao clímax quando Cristo recebe a Noiva Gloriosa, a Igreja em Sua Casa Paterna.

VI - O ANTIGO TESTAMENTO

A Bíblia apresenta um conteúdo bastante diversificado, porém, unido em torno de um tema principal: a redenção. A palavra “redenção” significa “libertar pagando um preço”, e é usada nas Escrituras em referência à obra salvadora de Cristo, que pagou o preço na cruz para libertar-nos da culpa, do poder e da presença do pecado, bem como da escravidão do diabo.

A Bíblia, de fato, é o registro da história da redenção por meio de Jesus Cristo. No AT a redenção foi exemplificada e profetizada; no AT a redenção foi consumada e anunciada entre as nações. Assim, quando lemos ou estudamos a Bíblia, devemos levar em consideração que, acima de tudo, o que ali está escrito é para revelar-nos o plano redentor de Deus.

O Antigo Testamento é formado por 39 livros. Nós dividimos estes livros em 5 seções básicas:

A – A LEI OU PENTATEUCO

Esta primeira divisão é formada por 5 livros e vai de Gênesis a Deuteronômio. Em Gênesis nós encontramos a história da criação do universo, especialmente da terra e

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do ser humano. Sendo o primeiro livro da Bíblia, portanto, o livro dos começos, nós vamos nos deter um pouquinho mais neste livro do que nos demais que formam o Pentateuco.

Ao lermos sobre as personagens principais e suas histórias em Gênesis, nós devemos focar nas diversas ilustrações sobre o plano de redenção e os conceitos básicos do evangelho (o amor de Deus; o pecado que atrai a ira de Deus; a justiça de Deus que exige uma punição pelo pecado; a graça de Deus que providencia um meio de salvação).

A seguir você tem um gráfico dos principais personagens de Gênesis. No primeiro quadro, você tem um exemplo de como a mensagem do evangelho pode ser descoberta na história envolvendo este personagem. Descubra e escreva a mensagem do evangelho que encontramos nas demais histórias.

Personagem A Mensagem do Evangelho Texto Bíblico

Adão e Eva O amor de Deus: Criou um jardim especial para o ser humano. O pecado: traz culpa, vergonha, condenação, afasta o homem de Deus. A justiça de Deus: expulsa o homem de sua presença. O meio de salvação: o descendente da mulher (Cristo), que esmagará a cabeça da serpente (Gn 3.15).

Gênesis 1-3

Caim e Abel Gênesis 4.1-15

Noé Gênesis 6 a 8

Babel Gênesis 9 a 12.1-3

Abraão Sara Isaque

Gênesis 12 a 25

Isaque Rebeca

Gênesis 24 a 27, 35

Jacó Gênesis 27 a 35

José Gênesis 37 a 50

O livro de Êxodo conta a história da libertação do povo hebreu (descendentes de Abraão) da escravidão do Egito e introduz Moisés como líder e legislador do povo. Por meio de Moisés Deus entregou os Dez Mandamentos e outras leis concernentes aos sacrifícios, festas e outros regulamentos para a nação de Israel. O sistema de adoração com base nos sacrifícios e no Tabernáculo são tipos de Cristo, nosso Salvador.

Números conta a história das peregrinações de Israel pelo deserto, tendo os hebreus se organizado como um exército ao redor do Tabernáculo (este tornou-se o centro da vida do povo no deserto). Levítico traz as leis e regulamentos sobre a adoração (baseada em sacrifícios e ofertas) no Tabernáculo do deserto. Deuteronômio é uma repetição da Lei, conclamando o povo à sua obediência e apresentando as bênçãos e maldições decorrentes desta obediência ou não.

B – OS LIVROS HISTÓRICOS

Estes livros vão de Josué a Ester e contam a história de Israel desde a conquista da Terra Prometida (Canaã), passando pelo estabelecimento de Israel como uma Teocracia representativa (Deus reinava por meio de um monarca humano), pela divisão da nação de Israel nos reinos do norte e do sul, o conseqüente cativeiro sob a

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Babilônia e os Persas, até a ordem para retornar à Canaã e o restabelecimento dos muros de Jerusalém e do seu Templo.

C - OS LIVROS POÉTICOS

Esta divisão vai de Jó a Cânticos dos Cânticos. Algumas vezes estes livros são chamados de “livros de sabedoria”, pois estão associados a uma classe de pessoas conhecidas como “sábios”. Eles são chamados de poéticos porque o estilo literário prevalecente na maioria dos livros é a poesia hebraica. Alguns destes livros contêm muitos conselhos práticos, enquanto outros discutem questões filosóficas e teológicas difíceis, apresentam poemas de amor ou orações e cânticos de profunda adoração (Salmos). Alguns livros trazem uma mensagem positiva (Provérbios) enquanto outros uma mensagem negativa (Eclesiastes). Todos são inspirados por Deus, mas para serem corretamente compreendidos e usados devem ser interpretados de acordo com seus contextos históricos, estilos literários e, algumas passagens, especialmente nos Salmos, pelo seu cumprimento profético no Messias, Jesus.

D – OS PROFETAS MAIORES

Estes são os livros que vão de Isaías a Daniel. Eles são chamados de “maiores” não devido à sua importância, mas sim por causa do conteúdo, que é bem maior do que aquele dos profetas menores.

E – OS PROFETAS MENORES

Obviamente, eles são menores em conteúdo do que os profetas maiores. Os livros proféticos, tanto os maiores quanto os menores, de uma maneira geral, apresentam profecias relacionadas às vindas pessoais e corpóreas de Cristo a terra (a primeira vinda como o servo sofredor e a segunda como o Rei-Messias glorioso), mas nem sempre deixando claro quando uma ou outra está sendo mencionada. Também há muitas profecias relacionadas ao futuro de Israel e das nações que, de alguma maneira, se relacionavam com o povo de Deus no AT. Muitas das profecias do AT já se cumpriram em Jesus Cristo, em Israel e nas nações, porém, há muitas outras que ainda se cumprirão.

VII - O NOVO TESTAMENTO

O Novo Testamento é formado por 27 livros. Nós podemos dividir estes livros em 5 seções básicas:

A – OS EVANGELHOS

Os evangelhos (04) contêm relatos históricos que cobrem os principais eventos relacionados à encarnação, vida, ministério, morte, sepultamento, ressurreição e ascensão de Jesus. Deve ficar bem claro para todos que o propósito básico destes escritos não é fornecer detalhes históricos de toda a vida terrestre de Jesus Cristo, mas sim anunciar Jesus como o Messias, o Filho de Deus, o Senhor e Salvador do mundo, Aquele que ressuscitou e está vivo.

Há uma semelhança bem perceptível entre os evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas, enquanto o evangelho de João é bem diferente destes. A linguagem, o conteúdo e ordem cronológica dos três primeiros evangelhos são bem similares. Por causa disso, eles são chamados de evangelhos sinóticos (a palavra é formada de “syn”, significando “junto com” e “optic”, significado “vendo”, portanto, “vendo em conjunto”).

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Mateus foi um evangelho escrito principalmente para os judeus, preocupando-se em relatar a genealogia de Jesus como descendente real e, portanto, apresentando a Jesus como o Messias-Rei com direitos para reivindicar a Israel. Marcos foi escrito para o mundo romano e apresenta a Jesus como Servo do Senhor, enviado para dar a Sua vida em resgate de muitos. Lucas foi escrito para uma pessoa em particular, mas por suas características se dirige ao mundo grego. Ele se preocupa em apresentar a Cristo em Sua humanidade e, portanto, é o relato que mais enfoca na compaixão de Cristo pelos descendentes de Adão.

Para muitos estudiosos, João foi escrito tendo em mente, especialmente, os pensadores gregos e para combater uma heresia conhecida como gnosticismo, porém, ele declara explicitamente o seu caráter universal ao dizer que “... estes foram escritos para que vocês creiam que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus e, crendo, tenham vida em seu nome” (João 20.31).

B – ATOS DOS APÓSTOLOS – O LIVRO HISTÓRICO

Atos é um relato histórico da proclamação apostólica da ressurreição de Cristo, testemunhando que Ele está vivo e reinando no céu.

O livro de Atos também é conhecido como os “Atos do Espírito Santo”, pois é explícita a atuação do Espírito de Deus em cooperação com o testemunho da Igreja Primitiva. Este livro narra os primeiros 30 anos da história da Igreja com um foco especial na expansão do evangelho de acordo com Atos 1.8.

O livro foi escrito não somente para narrar uma história, mas também para apresentar uma defesa clara da mensagem do evangelho que foi pregada fielmente pelos primeiros seguidores, servir como um guia para as futuras igrejas – tanto na questão da proclamação de Cristo quanto na organização das igrejas locais – e retratar a vitória da Igreja apesar das tentativas de destruí-la, tanto da parte dos judeus quanto dos gentios.

Em Atos nós encontramos muitas doutrinas cristãs em forma de “embrião”; mais tarde elas seriam tratadas com maiores explicações nas cartas apostólicas. Também encontramos preciosos exemplos do ministério apostólico, da vida orgânica das igrejas primitivas, do estabelecimento de líderes nas igrejas e da importância dos “milagres” no crescimento da Igreja.

C – EPÍSTOLAS PAULINAS

As cartas de Paulo, assim como as demais cartas do NT, se fundamentam completamente no fato de que Jesus é o Salvador e Senhor vivo, e que deve ser crido, adorado e anunciado como tal.

As epístolas (cartas) de Paulo são quatorze, de Romanos a Hebreus (se considerarmos Hebreus de autoria paulina). Oito cartas foram escritas às igrejas locais que eram fruto do labor apostólico de Paulo (1 e 2 Coríntios, Gálatas, Efésios, Filipenses, Colossenses, 1 e 2 Tessalonicenses), uma foi escrita aos judeus convertidos à fé cristã (Hebreus), uma foi escrita a uma igreja que ele não havia fundado, mas que visitaria (Romanos), e quatro foram escritas a pessoas (1 e 2 Timóteo, Tito e Filemom).

A maioria das cartas às igrejas foi escrita em resposta às questões e problemas que ameaçavam a mensagem ou a santidade destas igrejas.

A carta aos Romanos apresenta a mensagem básica do evangelho, a relação entre a lei e a graça e entre os judeus e os gentios.

1 Coríntios responde a várias questões práticas e problemáticas na igreja dos Coríntios, tais como: as divisões na igreja, batismo, disciplina moral, imoralidade e questões jurídicas, casamento, coisas sacrificadas aos ídolos, apostolado, associações

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perigosas, a posição das mulheres, a ceia do Senhor, os dons espirituais e a ressurreição. 2 Coríntios é uma defesa de Paulo àqueles que duvidam de seu chamamento apostólico, além de mostrar claramente, por meio dos diversos problemas que Paulo enfrentava, que o líder cristão é um ser “humano” e não um anjo.

A carta aos Gálatas foi escrita para combater os judaizantes (legalistas). Estes eram judeus cristãos que ainda consideravam obrigatório a observância da lei cerimonial do AT. Eles queriam que os gentios convertidos fossem circuncidados como meio de salvação e, possivelmente, que também observassem outros preceitos cerimoniais como o sábado, as festas e etc.

A carta aos Efésios não foi escrita para corrigir erros ou combater alguma heresia como as demais cartas às igrejas; ao contrário, ela foi escrita para alargar o entendimento dos cristãos sobre o propósito eterno de Deus, as bênçãos que temos em Cristo por meio de Sua graça e o papel que desempenhamos no cumprimento deste propósito.

Filipenses foi escrita para encorajar os cristãos de Filipos a permanecerem firmes ante as perseguições e se alegrarem no Senhor apesar de todos os seus problemas. Além disso, Paulo também adverte sobre os judaizantes (legalistas) e antinomistas (pessoas que rejeitavam a lei moral; libertinos).

Colossenses foi escrita para combater uma heresia muito perigosa que se alastrava rapidamente na igreja de Colossos e nas igrejas das cidades vizinhas de Laodicéia e Hierapólis. Alguns estudiosos definem esta heresia como o gnosticismo (que confiavam na posse de um conhecimento especial e subjetivo para serem salvos); outros, como uma mistura entre judaizantes e gnósticos. Seja como for, a heresia era caracterizada por: cerimonialismo, ascetismo, adoração de anjos, depreciação de Cristo, conhecimentos secretos e dependência da sabedoria e da tradição humana3.

1 e 2 Tessalonicenses são cartas cuja temática dominante é a segunda vinda de Cristo.

Em 1 e 2 Timóteo, e Tito, Paulo se preocupar em deixar firmemente estabelecidos alguns princípios para a continuidade da pureza doutrinária da Igreja após a sua partida. Estas cartas trazem diversos ensinamentos sobre a ordem na Igreja, a importância e o papel dos líderes e a necessidade de perseverar nos difíceis dias dos últimos dias.

Filemom é uma carta pessoal ao destinatário de mesmo nome que tinha um escravo fugitivo que agora se convertera ao evangelho e estava servindo a Paulo. O propósito da carta era que Filemom aceitasse de volta a Onésimo, o escravo fugitivo, mas não somente como escravo, porém, muito mais ainda, como irmão na fé. A carta aos

A carta aos Hebreus apresenta a total superioridade e suficiência de Cristo como mediador de uma nova aliança. As profecias e promessas do AT são cumpridas em Cristo, de maneira que eram apenas “sombras” e “figuras” da realidade que é Cristo; portanto, o cristão deve deixar de lado as sombras e agarrar-se ao corpo, à realidade, que é Cristo.

D – EPÍSTOLAS GERAIS

As cartas que seguem após Hebreus – de Tiago a Judas – são cartas dirigidas a um público generalizado, ainda que 2 e 3 João pareçam ser mais dirigida a pessoas específicas. Elas são gerais não somente quanto ao público, mas também quanto aos temas abordados.

3 Introdução A Colossenses. Bíblia de Estudo NVI – São Paulo: Editora Vida, 2003.

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Tiago se dirige à comunidade judaico-cristã e trata de questões básicas da fé e prática cristã. Ele não aborda temas profundos, porém, mostra a necessidade de uma fé viva e atuante.

1 Pedro apresenta diversos temas que podem ser resumidos como os deveres da vida cristã. 2 Pedro ensina como lidar com a perseguição fora da Igreja e os falsos mestres e enganadores dentro da Igreja.

1 João foi escrita para combater a heresia gnóstica e dar segurança aos cristãos quanto à salvação em Cristo. 2 João trata da maneira correta de lidar com os evangelistas e mestres itinerantes que visitam as igrejas. 3 João continua tratando da questão da recepção dos obreiros itinerantes por parte das igrejas locais, tratando especificamente com um mau exemplo (Diótrefes) e dois bons exemplos (Gaio e Demétrio).

Judas trata da salvação comum e adverte sobre os falsos mestres gnósticos que pervertiam a graça de Deus.

E – APOCALIPSE: O LIVRO PROFÉTICO

O Apocalipse nos mostra o Cristo ressuscitado e vivo andando por meio das Igrejas e reinando do céu, bem como Seu retorno em poder e glória para vencer e reinar eternamente.

Ainda que nos Evangelhos e nas epístolas existam textos escatológicos, é no Apocalipse que encontramos a expressão concreta da escatologia (estudo das últimas coisas) do NT. O livro foi escrito de maneira especial, usando um estilo altamente simbólico e que requer atenção especial em sua interpretação, ainda que muitos de seus símbolos sejam interpretados pelo próprio livro. O número 7, por exemplo, representa a perfeição e é mencionado diversas vezes no livro, mostrando claramente que a sua preocupação é mostrar como será a consumação de todas as coisas.

O livro foi escrito com dois propósitos. O primeiro diz respeito a todos os crentes de todas as épocas e o segundo estava mais voltado para os cristãos de seus dias, ainda que também nos ensine hoje a sustentar a mesma posição frente à idolatria. Primeiramente, ele visava fornecer ao crente uma visão geral da consumação dos séculos, enfocando na vitória assegurada por Cristo sobre as forças do mal e o estabelecimento seguro do Reino de Deus. Em segundo lugar, o Apocalipse foi escrito para animar aos cristãos daqueles dias a permanecerem firmes na fé e rejeitarem à adoração ao imperador.

Muita gente, especialmente os mais simples, se recusa a ler o Apocalipse com medo dos grandes acontecimentos e das imagens fortes apresentadas no livro. Porém, devemos lembrar que a despeito de todas as investidas do Inimigo e da degradação do mundo, a vitória final pertence ao Filho de Deus, Jesus, e aos Seus. O Apocalipse nos ajuda a ver o “final da história” e, assim, levar-nos a adoração do Rei do Reis, eternamente Vencedor, o Senhor Jesus Cristo.

VIII – PANORAMA BÁSICO DA HISTÓRIA BÍBLICA

A Bíblia não apresenta a si mesma como um livro de história, pois seu propósito é dirigido para outros fins mais do que para um mero registro de eventos. A despeito disso, para esta parte de história e para o povo ao qual ela diz respeito, a Bíblia deve figurar no ranking dos mais valiosos documentos históricos disponíveis para os historiadores. Para o historiador secular, muito deste valor deriva do escrupuloso cuidado com o qual seus registros têm sido preservados, confirmados pelas comparativamente recentes descobertas dos Rolos do Mar Morto. Para o cristão, há a adicional consideração que sua divina inspiração lhe dá uma autoridade que é única.

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Então, o estudante da Bíblia descobrirá, freqüentemente, que a Bíblia é seu próprio livro de história, e este aqui nós pretendemos cobrir apenas uns poucos pedaços da história que possam ser úteis para providenciar algum pano de fundo para o registro bíblico. Algumas considerações devem ser trazidas à mente ao estudar esta seção:

Ela trata apenas dos aspectos históricos que diretamente dizem respeito ao estudante da Bíblia.

Ela não pretende ser nada mais do que um resumo. O estudante que necessita de maiores conhecimentos poderá encontrar muitos livros de referência que poderão ajudá-lo.

É impossível que alguém seja completamente exato com respeito a muitos dos detalhes da história antiga, e algumas datas aqui apresentadas são a melhor suposição que podemos oferecer.

A maior lacuna na história que confronta o estudante da Bíblia é o longo período de 430 anos, ou seja, entre o Antigo Testamento e o Novo, e é sobre este período que nós nos manteremos concentrados nesta disciplina.

A – OS QUATRO IMPÉRIOS

A expressão “tempo dos gentios”, que ocupa um importante lugar na profecia, concernente aos quatro grandes impérios, todos dos quais são bem documentados na história secular.

1. O Império Babilônico

O primeiro destes impérios foi o curto Império da Babilônia sob Nabudonosor e seus imediatos sucessores. Nabudonosor foi o responsável pela primeira destruição de Jerusalém em 587 a.C. e o subseqüente cativeiro de 70 anos para os judeus. Durante o cativeiro, a Babilônia foi derrotada pelos Medos-Persas, e o retorno dos judeus para edificar seu Templo em Jerusalém foi patrocinado pelo rei persa, Ciro.

2. O Império Persa

Os mais importantes reis da Pérsia durante o período pós-cativeiro da história judaica foram os seguintes:

Data a.C. Rei

550-530 Ciro

530-522 Cambises

522-486 Dario, o Grande (Chamado de Histaspes)

486-465 Xerxes (chamado de Assuero em Esdras 4.6; Ester 1.1).

465-424 Artaxerxes Longaminus

424-405 Dario, o Persa

Os principais eventos nos anos após o cativeiro, do ponto de vista do retorno dos judeus, podem ser tirados e unidos dos livros de Esdras e Neemias.

Data a.C. Evento

538 Édito de Ciro para reedificar o Templo. Zorobabel e Josué lideram 42.360 do povo de volta a Jerusalém.

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537 O Altar é estabelecido e o ritual sacerdotal recomeçado.

536 Os fundamentos do Templo são lançados em meio a regozijo. Oposição dos Samaritanos fazem a obra cessar até o segundo ano de Dario (cerca de 20 anos).

520 Seguindo as profecias de Ageu e Zacarias, a obra foi reassumida.

516 O Templo concluído e consagrado, e a Páscoa recomeçada.

Após uma lacuna de cerca de 50 anos, Esdras entra na história pela primeira vez. Ele conseguiu a permissão de Artaxerxes para restaurar a adoração do Templo e recebeu generosa ajuda do rei. Com mais de 2000 companheiros, ele fez a jornada de 900 milhas de Babilônia a Jerusalém em exatamente 4 meses. Sua vinda resultou na re-consagração da adoração no Templo e um reavivamento geral. A história é contata por Neemias. Alguns comentaristas crêem que os eventos narrados em Esdras 4.6-23 aconteceram na lacuna de 13 anos entre o fim do livro de Esdras e o começo do livro de Neemias, com o resultado de que os muros foram derrubados e os portões foram incendiados.

Data a.C. Evento

445 Neemias persuade a Artaxerxes a liberá-lo de seus deveres como copeiro do rei de modo que ele pudesse ir a Jerusalém supervisionar a reconstrução.

445 Os muros reparados em 52 dias a despeito das várias formas de oposição.

445-443 Neemias foi governador por determinação de Artaxerxes, e instituiu muitas reformas.

Em 443 Ele retornou para Babilônia, mas depois veio a Jerusalém para um tempo adicional, apenas para descobrir que um triste declínio tinha acontecido durante sua ausência. Ele fez o que ele podia, mas a profecia de Malaquias, que concluiu o registro do Antigo Testamento, mostra que todo aquele reavivamento foi de curta duração.

Os judeus permaneceram sob o domínio do Império Persa por aproximadamente um século após o tempo de Neemias, o que leva-nos ao período “Intertestamentário”, o intervalo entre o Antigo e o Novo Testamento. Os Persas permitiram aos judeus uma boa quantidade de liberdade em sua adoração e observação da Lei, mas havia disputas dentro do sacerdócio, e um rival de Jerusalém como centro de adoração foi estabelecido no Monte Gerezim, em Samaria. Foi a isto que a mulher Samaritana se referiu em João 4.20.

3. O Império Grego

O Império Persa veio ao fim quando seus exércitos foram derrotados por Alexandre o Grande em 333 a.C. O Império Grego durou em sua forma não dividida por apenas dez anos depois desta data, mas durante o tempo de Alexandre, ele mostrou considerável favor aos judeus e estabeleceu muitos deles na recém edificada cidade de Alexandria no Egito. Isto teria importantes resultados depois.

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Com a morte de Alexandre em 323 a.C., seu império foi dividido em quatro partes, cada qual governada por um de seus generais (um racha profetizado em Daniel 8.22). Cassandro toma Macedônia e Lisímaco toma a Ásia, mas os dois cujas dinastias dominaram a política no Oriente Médio quase até o tempo de Cristo foi Ptolomeu I, cujos sucessores governaram o Egito por 300 anos, e Seleuco, cujos sucessores, os Selêucidas, governaram a Síria até 65 a.C. A Judéia ficou primeiramente sobre o controle da Síria, mas logo foi conquistada por Ptolomeu e aí seguiu um período durante o qual muitos judeus foram deportados para Alexandria e Egito, que se tornaram importantes centros de cultura judaica. A mais significante importância disto foi a tradução do Antigo Testamento para o grego. Esta tradução é chamada de Septuaginta (LXX), porque a tradição diz que ela foi feita em Alexandria por setenta judeus. Pelo tempo em que ela foi completada, as colônias judaicas tinham sido estabelecidas em muitos países e, para muitos judeus, o grego se tornou sua primeira linguagem. Pelo tempo de Cristo a LXX foi aceita na Palestina como a Bíblia do judeu educado. Citações do Antigo Testamento pelos escritores do Novo Testamento normalmente são tiradas desta tradução. Pegos no fogo cruzado entre Egito e Síria, os judeus sofreram uma sorte flutuante. Por volta de 200 a.C. eles estavam sob o controle da Síria. Primeiro, sob Antíoco III, os Judeus prosperaram com um bom nível de autogoverno, embora a agourenta ameaça do crescente Império Romano já estava lançando suas sombras sobre o Oriente Médio. No reinado de Antíoco IV, apelidado de Epifânio, houve uma desastrosa mudança. Ele tentou estabelecer a cultura grega através de todos os seus domínios, e isto o colocou em conflito com o Judaísmo. Uma campanha de crueldade contra Jerusalém e o Templo culminou quando ele ofereceu uma porca sobre o Altar do Holocausto (um ato mencionado em diversas passagens bíblicas como o “abominável da desolação”). Após um período de intensa perseguição, os Judeus encontraram um líder num sacerdote chamado Mattathias Hasmoneo. Seu filho, Judas Macabeu, se tornou um comandante militar de formidável qualidade numa campanha de guerrilha similar às façanhas de alguns pequenos países em tempos mais recentes. Embora Judas Macabeu tenha sido duramente derrotado numa batalha intensa em 163 a.C., e forçado a aceitar um acordo de paz, a resistência aos Sírios continuou até quando Judas foi morto numa esmagadora derrota dos judeus em 161 a.C. Dois dos irmãos de Judas Macabeus, Jonathas e Simão, o sucederam na liderança dos judeus e alcançaram certo nível de independência e prosperidade. Dali seguiu uma linha de reis-sacerdotes, mas a dissensão entre os descendentes da linha dos Hasmoneos, e uma crescente e algumas vezes violenta série de intervenções pelos Romanos, levou eventualmente ao aparecimento de uma figura chave na história dos judeus, Herodes o Grande.

4. O Império Romano

Embora os Romanos tenham tido um interesse nos negócios da Judéia algumas vezes anteriormente, a real dominação dos judeus pelo emergente Império Romano data da conquista de Jerusalém por Pompeu em 63 a.C. Não era a prática romana governar diretamente de Roma, ao contrário, era dividir suas conquistas em províncias administradas sob direção romana por meio de várias formas de autogoverno. A co-existência de Herodes com Pilatos e Agripa com Festo, como mostrado no Novo Testamento, são exemplos disto. Herodes o Grande não era um Judeu, mas um Idumeu do território sul da Judéia. Seu pai, Antípater, teve uma forte influência nos negócios da Judéia nos dias do reino

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Hasmodeano, e depois da morte de Antípater, Herodes foi um dos reivindicadores do poder em Jerusalém. Ele aliou-se aos Romanos, e quando César Augusto aumentou seu poder em 30 a.C., Herodes foi confirmado como o governante das quatro províncias: Judéia, Samaria, Galiléia e Iduméia. O governo de Herodes foi cheio de contradições. Por um lado, ele fez muito esforço para “romanizar” o país, edificando templos e anfiteatros e cidades como Cesaréia na costa do mediterrâneo. Por outro lado, ele buscou o favor dos judeus de várias maneiras, notavelmente na reconstrução do Templo numa escala magnífica. Mas ele foi um cruel e invejoso homem, e seu reino estava casado com muitas atrocidades, uma das quais foi o “Massacre dos Inocentes” por ocasião do nascimento de Jesus em Belém. Após a morte de Herodes o Grande, seus territórios foram divididos entre os seus três filhos. Arquelau assumiu a Judéia, Samaria e Iduméia; a Galiléia foi governada por Herodes Antipas com o título de “tetrarca”; e um meio-irmão, Felipe, recebeu a área nordeste da Galiléia, onde ele reinou pacificamente por 37 anos. Herodes Antipas governou a Galiléia por 42 anos até que foi banido pelo Imperador, Calígula, em 30 d.C. Muitas porções das Escrituras se referem a este Herodes e ele foi o Herodes que mandou matar João Batista e a quem Pilatos enviou Jesus na véspera da crucificação. Arquelau provou ser um tirano. Após 10 anos de governo, ele foi banido por Augusto, e durante a vida pública de Jesus, a Judéia foi governada por governadores Romanos, um dos quais foi Pôncio Pilatos. Os vários membros da dinastia dos Herodes e seu lugar nas Escrituras podem ser traçados no gráfico abaixo.

Herodes o Grande

Aristóbolus Herodes Felipe I

Mateus 14.3 Casado com

Herodias

Arquelau Mateus 2.22

Herodes Antipas

Mateus 14.1 Casado com

Herodias

Herodes Felipe II

Lucas 3.1 Casado com

Salomé

Herodes Agripa I (Casado com

Cypros) Atos 12

Herodias casou com

1. Herodes Felipe I SALOMÉ ERA SUA FILHA 2. Herodes Antipas (seu cunhado)

Herodes Agripa II

Atos 25

(Casado com) Berenice

Drusila

(casada com Félix)

Salomé casou com

Herodes Felipe II, Tetrarca da Ituréia e Traconite (seu tio).

Agripa II casou com

Berenice (sua irmã)

Os Herodes No Novo Testamento

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B – A DESTRUIÇÃO DE JERUSALÉM

Após os eventos registrados nos Evangelhos e em Atos dos Apóstolos, houve um crescente subfluxo de ressentimento contra os Romanos, particularmente após a morte de Herodes Agripa I em 44 d.C. Uma rebelião aberta irrompeu em 66 d.C., e após uma sangrenta campanha os Romanos, sob Tito, tomam Jerusalém. Este evento de 70 d.C., previsto em profecia, levou ao fim do estado judeu até o começo do presente estabelecimento do moderno estado de Israel em 1948. Os judeus não foram imediatamente dispersos de sua terra, e houve alguma resistência aos Romanos. Eventualmente, contudo, em 135 d.C., o Imperador Adriano, após derrubar uma revolta liderada por Simão bar Kokhba, matou ou escravizou aqueles judeus que ainda não tinha fugido da terra, e a nação judaica se tornou o que eles foram do começo ao fim da história moderna, uma nação sem um lar.

C – O MUNDO JUDAICO Durante o tempo do esboço histórico acima, várias coisas se desenvolveram a ponto de mudar a face da fé judaica, por tanto tempo dominada apenas pelo Tabernáculo e pelo Templo. Uma breve olhada em algumas destas coisas podem nos ajudar a compreender melhor o contexto histórico que introduz e toma boa parte do Novo Testamento.

1. As Escrituras

Houve um crescimento na helenização do mundo judaico com a emergência da Septuaginta como a Bíblia do judeu educado. O grego era por este tempo a língua franca do mundo civilizado e, conseqüentemente, o Novo Testamento foi escrito em grego.

2. Os Escribas

Reverência pelas Escrituras e particularmente pela Lei sempre foi um forte aspecto do Judaísmo e, desde o tempo de Esdras, os Escribas eram um grupo organizado de homens devotados a copiar e ensinar a lei. Embora legalistas e inflexíveis, como podemos ver nos freqüentes conflitos com os ensinamentos de Jesus, eles merecem nossa gratidão por sua contribuição em preservar o registro escriturístico.

3. As Seitas

Embora os escribas não fossem uma seita, eles eram representados em muitas das seitas que cresceram durante o tempo de Jesus. Destas, as três mais importantes eram os Fariseus, os Saduceus e os Essênios. Os Fariseus eram a mais proeminente das seitas e seu objetivo era assegurar o estrito cumprimento da Lei como ensinada pelos escribas. Admiráveis o suficiente em sua devoção à lei e em seu fervor patriótico, eles estavam excessivamente preocupados com a observância externa e isto levou à hipocrisia e a um autoritarismo que os levou a um violento conflito com Jesus. Os Saduceus eram grandes rivais dos fariseus, diferindo deles no fato de enfatizarem a lei moral mais do que a cerimonial. Infelizmente, isto produziu um ceticismo que os levou a rejeitar doutrinas tais como a ressurreição e imortalidade da alma, e nisso

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eles não são diferentes de muitos dos teólogos liberais de nossos dias. Essa tendência também os colocou em oposição a Jesus. Nada é dito diretamente sobre os Essênios nas Escrituras, e eles se tornaram mais conhecidos depois das descobertas dos Rolos do Mar Morto em Qumram em 1947, uma de suas comunidades desde a época de Cristo. Eles eram mais ascetas e monásticos em seus hábitos do que mesmo os fariseus e saduceus.

4. As Sinagogas

Após o retorno do cativeiro babilônico a adoração para as pessoas comuns, centralizada em tempos primitivos no Templo, gradualmente encontrou um novo foco nas sinagogas. Aqui eram realizados os cultos regulares, as Escrituras eram lidas e explicadas, orações eram feitas e donativos coletados, e disciplinas eram aplicadas. Elas também eram usadas como escolas onde as crianças eram ensinadas a ler. Foi, é claro, na sinagoga de Nazaré que Jesus fez o significativo anúncio registrado em Lucas 4.

5. O Sinédrio

Este era o supremo tribunal dos judeus. Ele tinha uma origem antiga e talvez tenha se originado até mesmo dos setenta anciãos apontados por Moisés (veja Nm 11.16 e ss.). Ele se reunia em Jerusalém e, como seria de esperar num estado teocrático, era presidido pelo sumo sacerdote. Ele era um grupo de grande poder durante a vida de Jesus, embora este poder estivesse limitado em alguma extensão pela presença dos Romanos.

6. Os Samaritanos

Os Samaritanos não eram judeus e sua forma de adoração não era o judaísmo, embora eles reivindicassem uma conexão com ele. Eles se originaram com os colonizadores trazidos para Samaria quando os Assírios deportaram os Israelitas do Reino do Norte em 721 a.C. Eles fizeram casamentos mistos com os remanescentes israelitas e estabeleceram um Templo rival no Monte Gerezim. A atitude dos judeus para com estes vizinhos pode ser resumida nas palavras de João 4.9, “... os judeus não se dão com os samaritanos”.

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Unidade II

QUESTÕES PARA REVISÃO

Após completar a Unidade I, você deverá responder as questões abaixo. Por favor, use uma folha de papel separada para escrever as respostas. Não precisa transcrever as perguntas; apenas identifique a questão com o número da mesma. 1. O fato de a Bíblia ser a Palavra escrita de Deus sugere que Deus não pode ou não quer

mais falar por outros meios além da Bíblia?

2. Por que a doutrina da inspiração divina da Bíblia é importante?

3. Como a interpretação da Bíblia (correta ou incorreta) pode afetar a nossa obediência à Palavra de Deus?

4. Já que a Bíblia não possui erros em seus escritos originais, o que justifica a exigência de obediência aos ensinamentos bíblicos anunciados a partir de nossas traduções e versões da Bíblia?

5. É possível que uma pessoa chegue ao conhecimento da salvação sem um contato direto ou indireto com a Bíblia? (um contato direto seria a leitura pessoal das Escrituras e um contato indireto seria ouvir uma pregação, ler um livro, ouvir um testemunho pessoal, etc.).

6. Como este enfoque na Bíblia como um registro da história da redenção pode afetar a nossa leitura e uso da Palavra de Deus?

7. Qual é a importância do Pentateuco na história da redenção?

8. Qual é a importância dos Livros Históricos na história da redenção?

9. Qual é a importância dos Livros Poéticos na história da redenção?

10. Qual é a importância dos Livros Proféticos (maiores e menores) na história da redenção?

11. Qual é o ponto de partida de nossa abordagem de cada divisão do NT?

12. Por que Deus quis registrar os mesmos eventos em três evangelhos distintos?

13. Qual é a importância das cartas paulinas para a Igreja hoje?

14. Como as cartas do NT que foram escritas contra as heresias de sua época podem nos ajudar a combater as heresias de hoje?

15. Cite quatro dos sete aspectos da Palavra de Deus mencionados nesta disciplina.

16. O que é tipologia?

17. Cite cinco dos temas centrais da Bíblia.

18. Cite 4 das sete divisões da Bíblia.

19. Como classificamos a doutrina?

20. Com suas próprias palavras, faça um resumo histórico-teológico da Bíblia.

21. Escreva sobre a importância de conhecer um pouco sobre os 4 principais impérios da história antiga para o estudante da Bíblia. Existe alguma importância? Qual?

22. Faça um resumo do que você aprendeu sobre o mundo judaico no período intertestamentário e no tempo de Cristo.

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Unidade III

PROJETO FINAL

Devido à natureza deste método, não existe um exame ou prova final no estilo de “perguntas e respostas”. Contudo, exige-se que você complete este projeto final abaixo. As informações que você recebeu durante a disciplina foram planejadas para providenciar um fundamento básico de compreensão sobre o tema estudado. Nós queremos que você interaja com o que você aprendeu, a partir de suas próprias experiências. Todo o material desta disciplina foi elaborado para ajudá-lo a viver e ministrar este tema. Portanto, as idéias e conceitos que você aprendeu são muito importantes para nós. Deste modo, o projeto final é importante para sabermos o que você aprendeu e como você está aplicando ou aplicará este material no seu ministério.

Projetos Finais:

1. João 1.17 pode ser tomado como uma divisão simples da Bíblia: “Pois a lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por intermédio de Jesus Cristo”. A lei exige, mas não pode ajudar ninguém a cumpri-la. A graça perdoa-nos por não cumprirmos a lei, e a verdade liberta-nos da lei e do pecado.

Faça uma comparação entre coisas que a lei exige e como estas mesmas coisas são vistas sob a graça e a verdade. Dois exemplos são dados para você seguir o padrão: LEI GRAÇA VERDADE

1. Não Matarás (Êx 20.13) 1 Coríntios 6.11 Romanos 6.13-14 2. Olho Por Olho (Êx 21.24) Lucas 23.34 Romanos 5.5; Mateus 5.39 3. 4. 5. 6. 7.

2. Escreva uma redação comparando os Fariseus e Saduceus com grupos (sejam cristãos ou não) religiosos atuais.

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SEMINÁRIO TEOLÓGICO EVANGÉLICO BÍBLICO O SETEB Global é uma iniciativa do nosso ministério para capacitar as igrejas locais a treinarem seus próprios membros, por um custo mínimo, mas com máximo impacto. O SETEB é um ministério comprometido a ensinar e treinar os filhos de Deus para a obra do ministério (Efésios 4.11), disponibilizando uma força tarefa capacitada para segar nos campos da colheita mundial. Por meio de nossa metodologia de treinamento queremos cooperar para que cada igreja local possa crescer e se multiplicar através do treinamento de líderes e obreiros que aprendem enquanto fazem, em um efetivo método de discipulado bíblico. Para maiores informações, entre em contato com:

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