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Vendo o que você vê Susana Medeiros Vieira (1) , Rodrigo Gonçalves dos Santos (2) (1) Primeiro Autor é Graduanda do Curso Superior de Tecnologia em Design de Produto, Bolsista do Programa de Educação Tutorial – PET Design/ SESu, Centro Federal de Educação Tecnologica de Santa Catarina. Av. Mauro Ramos, 950, CEP 88020-300. E-mail: [email protected] (apresentadora do trabalho); (2) Segundo Autor é Professor do Departamento Educacional de Metal Mecânica, Tutor do Programa de Educação Tutorial – PET Design/ SESu, Centro Federal de Educação Tecnológica de Santa Catarina. E-mail: [email protected] Introdução Este resumo faz parte de uma pesquisa que está sendo desenvolvida com o intuito de se obter dados qualitativos a respeito das necessidades observadas nos móveis, por moradores de residências com pouco espaço, a fim de identificar quais móveis e quais características e elementos do mesmo são precárias ou não atendem as necessidades de uso dos indivíduos. A pesquisa tem como objetivo geral caracterizar a relação dos usuários com o ambiente e com o móvel, para compreender as suas reais necessidades. E tem como objetivos específicos: - Selecionar e estudar os diferentes tipos de residência pequena com o intuito de atingir o maior número de usuários possível, tendo em vista sua diversidade; - Identificar as tarefas mais comuns e com maiores problemas para compreender as necessidades funcionais, de conforto e de layout dentro de uma residência; - Gerar informações qualitativas relevantes para posteriores melhorias nos móveis. Palavras-Chave: mobiliário, residências pequenas, dados qualitativos. Material e métodos A. O foco do usuário em foco A partir dos anos 60 começou a haver uma verticalização dos espaços e a redução do interior das residências, por causa do intenso processo de urbanização e crescimento do setor terciário, que fez com que o mobiliário e o arranjo interno das edificações fossem sofrendo algumas mudanças. Segundo Oscar Niemeyer (apud SANTOS, 1995), Deve haver uma adequação entre o móvel e o interior, dependendo do tipo de prédio. Numa residência, por exemplo, os móveis devem acompanhar a maneira de viver do homem de hoje; eles são mais simples, menos austeros. O mobiliário antigo se adaptava a uma atitude diferente do homem. Hoje a coisa mudou e o mobiliário acompanha esse modo de vida diferente, esse modo de ser das pessoas de hoje. Assim, buscou-se desenvolver uma pesquisa de campo que resultasse em dados qualitativos que traduzissem os sentimentos e anseios dos usuários de hoje e as suas necessidades diárias, atendendo as configurações especiais e de tamanho das diversas residências. A pesquisa de campo foi elaborada com base no trabalho realizado por Lucrecia D’Alessio Ferrara apresentado no livro Olhar Priférico: informação, linguagem e percepção ambiental, de 1993. O método apresentado por Ferrara (1993) busca revelar a realidade a partir da solução do problema, e não explicá-la por meio de um estudo, que visa encontrar caminhos para solucioná-lo. Assim, ela utiliza-se dos dados que uma imagem pode oferecer, sendo estes diferentes dos dados de uma entrevista ou questionário. Pois, a imagem, no caso de uma fotografia, revela a realidade ali apresentada e pensada por um usuário e não pelo pesquisador, já que quem bate as fotografias são os próprios usuários. B. A pesquisa de campo A pesquisa de campo será realizada pensando na relação sujeito-objeto, ou seja, morador-residência, morador-mobiliário, de tal modo que o empirismo da pesquisa a trabalha com a liberdade mútua para descobrir elementos e características diferentes, novos cada vez que for aplicada. Ferrara (1993) trabalha com a percepção semiótica ambiental e a define como sendo uma “forma de conhecimento, processo ativo de representação que vai muito além do que se vê ou penetra pelos sentidos, mas é uma prática representativa de claras conseqüências sociais e culturais”. Desta forma é proposto que se utilize na pesquisa de campo um suporte de linguagem pré- verbal ou não verbal. No caso desta pesquisa, selecionou-se como elemento não verbal a fotografia, pois apresenta uma objetividade na medida em que possibilita a representação real da ação livre, focalizada e pensada do fotógrafo em

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Material e métodos A. O foco do usuário em foco A partir dos anos 60 começou a haver uma verticalização dos espaços e a redução do interior das residências, por causa do intenso processo de urbanização e crescimento do setor terciário, que fez com que o mobiliário e o arranjo interno das edificações fossem sofrendo algumas mudanças. Segundo Oscar Niemeyer (apud SANTOS, 1995), Susana Medeiros Vieira (1) , Rodrigo Gonçalves dos Santos (2)

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Vendo o que você vê

Susana Medeiros Vieira(1), Rodrigo Gonçalves dos Santos(2)

(1) Primeiro Autor é Graduanda do Curso Superior de Tecnologia em Design de Produto, Bolsista do Programa de Educação Tutorial – PET Design/ SESu, Centro Federal de Educação Tecnologica de Santa Catarina. Av. Mauro Ramos, 950, CEP 88020-300. E-mail: [email protected] (apresentadora do trabalho); (2) Segundo Autor é Professor do Departamento Educacional de Metal Mecânica, Tutor do Programa de Educação Tutorial – PET Design/ SESu, Centro Federal de Educação Tecnológica de Santa Catarina. E-mail: [email protected]

Introdução

Este resumo faz parte de uma pesquisa que está sendo desenvolvida com o intuito de se obter dados qualitativos a respeito das necessidades observadas nos móveis, por moradores de residências com pouco espaço, a fim de identificar quais móveis e quais características e elementos do mesmo são precárias ou não atendem as necessidades de uso dos indivíduos.

A pesquisa tem como objetivo geral caracterizar a relação dos usuários com o ambiente e com o móvel, para compreender as suas reais necessidades. E tem como objetivos específicos:

- Selecionar e estudar os diferentes tipos de residência pequena com o intuito de atingir o maior número de usuários possível, tendo em vista sua diversidade;

- Identificar as tarefas mais comuns e com maiores problemas para compreender as necessidades funcionais, de conforto e de layout dentro de uma residência;

- Gerar informações qualitativas relevantes para posteriores melhorias nos móveis.

Palavras-Chave: mobiliário, residências

pequenas, dados qualitativos. Material e métodos

A. O foco do usuário em foco A partir dos anos 60 começou a haver uma

verticalização dos espaços e a redução do interior das residências, por causa do intenso processo de urbanização e crescimento do setor terciário, que fez com que o mobiliário e o arranjo interno das edificações fossem sofrendo algumas mudanças. Segundo Oscar Niemeyer (apud SANTOS, 1995),

Deve haver uma adequação entre o móvel e o interior, dependendo do tipo de prédio. Numa residência, por exemplo, os móveis devem acompanhar a maneira de viver do homem de hoje; eles são mais simples, menos austeros. O mobiliário antigo se adaptava a uma atitude diferente do

homem. Hoje a coisa mudou e o mobiliário acompanha esse modo de vida diferente, esse modo de ser das pessoas de hoje.

Assim, buscou-se desenvolver uma pesquisa de campo que resultasse em dados qualitativos que traduzissem os sentimentos e anseios dos usuários de hoje e as suas necessidades diárias, atendendo as configurações especiais e de tamanho das diversas residências.

A pesquisa de campo foi elaborada com base no trabalho realizado por Lucrecia D’Alessio Ferrara apresentado no livro Olhar Priférico: informação, linguagem e percepção ambiental, de 1993. O método apresentado por Ferrara (1993) busca revelar a realidade a partir da solução do problema, e não explicá-la por meio de um estudo, que visa encontrar caminhos para solucioná-lo. Assim, ela utiliza-se dos dados que uma imagem pode oferecer, sendo estes diferentes dos dados de uma entrevista ou questionário. Pois, a imagem, no caso de uma fotografia, revela a realidade ali apresentada e pensada por um usuário e não pelo pesquisador, já que quem bate as fotografias são os próprios usuários.

B. A pesquisa de campo A pesquisa de campo será realizada pensando na

relação sujeito-objeto, ou seja, morador-residência, morador-mobiliário, de tal modo que o empirismo da pesquisa a trabalha com a liberdade mútua para descobrir elementos e características diferentes, novos cada vez que for aplicada.

Ferrara (1993) trabalha com a percepção semiótica ambiental e a define como sendo uma “forma de conhecimento, processo ativo de representação que vai muito além do que se vê ou penetra pelos sentidos, mas é uma prática representativa de claras conseqüências sociais e culturais”.

Desta forma é proposto que se utilize na pesquisa de campo um suporte de linguagem pré-verbal ou não verbal. No caso desta pesquisa, selecionou-se como elemento não verbal a fotografia, pois apresenta uma objetividade na medida em que possibilita a representação real da ação livre, focalizada e pensada do fotógrafo em

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relação ao ambiente ao seu redor e às necessidades que este apresenta para ele no dia-a-dia. Assim, poder-se-á obter informações acerca da percepção ambiental do espaço e configuração das residências por meio de fotografias.

Inicialmente foram levantados os dados necessários para a especificação do problema e objetivos de projeto. O que levou a definição de requisitos e de restrições para o projeto. Para tanto, foi realizada pesquisa bibliográfica e seleção de uma ferramenta que propiciasse a coleta de dados de forma qualitativa sem a imposição ou indução das informações obtidas por influência do pesquisador.

A estrutura da pesquisa de campo seguiu as seguintes etapas: - Identificação dos requisitos e restrições - Definição dos temas das fotografias - Aplicação da técnica - Análise das fotografias - Organização dos dados coletados e conclusões

Os requisitos e restrições estabelecidos foram:

- Das residências: no máximo dois dormitórios; cerca de 50 m²; e localizadas ao redor da UFSC. - Dos moradores (usuários): sem especificação para a quantidade, podendo ser famílias, casais, grupos de pessoas ou apenas um indivíduo. - Das fotografias: dez fotos por residência; elas devem representar os temas; no mínimo uma foto por tema; e o pesquisador não deve interferir nas fotografias, nem nas escolhas e tomadas de decisão do morador.

E, os temas das fotografias foram definidos com base nos objetivos da pesquisa: - Falta de espaço (excesso ou falta de móveis) - Problemas dos moveis (necessidades que o móvel não atende) - Espaço da casa mais utilizado - Espaço da casa que mais gosta

Resultados e Discussão

A pesquisa de campo ainda está em andamento, visto que esta se encontra na etapa de aplicação da técnica, onde se está visitando as residências que atendem aos requisitos pré-estabelecidos. Há uma certa dificuldade em fazer com que as pessoas aceitem participar da pesquisa, muitos moradores sentem-se constrangidos, envergonhados em mostrar suas residências. Por tanto, ainda não foram realizadas as análises das fotografias e nem definido com estas serão analisadas. O que se pretende é visar às necessidades mais aparentes, a estética, a repetição de imagens, sentimentos e sensações expressos nas fotos e detalhes que possam gerar

idéias de melhorias nos móveis. Pretende-se com esta pesquisa obter dados

qualitativos e relevantes para o desenvolvimento de móveis que atendam as necessidades dos usuários e as restrições que uma residência com pouco espaço impõe aos móveis. Apresentando-se assim, caminhos ou até mesmo soluções, com base nas sensações, sentimentos, preferências e necessidades que o próprio usuário apresentará, de certa maneira, intuitivamente.

Os resultados do projeto serão apresentados em um relatório que contemplará a descrição de todo o processo de desenvolvimento e a descrição dos resultados a que se chegou para melhorias no mobiliário de pequenas residências.

Referências

CAVALCANTI, Virgínia Pereira; COSTA FILHO, Lourival Lopes. Reflexões sobre a Concordância entre Mobiliário e Espaço Habitacional. In: 7º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design, 2006, Curitiba. Anais do 7º Congresso Brasileiro de pesquisa e desenvolvimento em design 2006, 2006.

FERRARA, Lucrecia D’Alessio. Olhar periférico: informação, linguagem e percepção ambiental. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1993.

FOLZ, Rosana Rita. Mobiliário na habitação popular: discussões de alternativas para melhoria da habitabilidade. São Carlos: RiMa, 2003.

SANTOS, Maria Cecília Loschiavo dos. Móvel Moderno no Brasil. São Paulo: Studio Nobel: FAPESP: Editora da Universidade de São Paulo, 1995.

Responsabilidade de autoria

As informações contidas neste artigo são de

inteira responsabilidade de seus autores. As opiniões nele emitidas não representam, necessariamente, pontos de vista da Instituição e/ou do Conselho Editorial.

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