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Publicação Trimestral Ano 3 Nº 5 Maio 2008 Devolução Garantida Varejo especializado é uma estratégia para realizar boas vendas Mídia alternativa direciona investimento para público-alvo A exploração dos sentidos no Marketing

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Publicação Trimestral • Ano 3 • Nº 5 • Maio 2008

Devolução Garantida

Varejo especializado éuma estratégia para realizarboas vendasMídia alternativa direciona investimento para público-alvo

A exploração dos sentidos no Marketing

LEGISLAÇÃOMedidas simples evitam

prejuízos com reclamações trabalhistas

REAJUSTEVarejo consciente: seja legal

com o seu cliente

MÍDIAMídia alternativa: o anúncio nos

lugares mais improváveis

VENDASAcompanhamento das vendas

permite prever receitas futuras

MARkETINGO marketing e a

exploração dos sentidos

MULTASProcedimentos simples

evitam punições

DICAS DE LIVROS

Sumário

Publicação do Sebrae voltada para o segmento varejista da Bahia. Ano III, Nº 5 – Abril de 2008

Elaboração: Texto.Com Jornalista Responsável - Adelmo Borges Reportagens – Adelmo Borges e José

Pacheco Filho Impressão – Presscolor, Tel.: 71 3334.5555 Tiragem – 15.000 exemplares Foto Capa – Aquivo Sebrae Projeto e

Editoração Gráfica – Autor Visual Design Gráfico, Tel.: 71 3232-2722 Designer – Pery Barreto Telefone para contato: 71 3320-4437.

EXPEDIENTE

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ENTREVISTA

Com alegria e disposição, Lise Weckerle, sócia-proprietária das

Óticas Ernesto

VAREJO

Relação pacífica entre lojistas

Assédio moral

Jorge Deda destaca

também o cuidado que

os empresários devem

ter com o assédio mo-

ral, motivo atualmente

de muitas reclamações

trabalhistas. Segundo

ele, uma empresa recen-

temente teve que pagar

uma pesada indenização a

uma empregada, porque o

gerente exigia que os fun-

cionários que produzissem

menos usassem orelha

de burro. “A empresa é

responsável pelos atos

de seus empregados”,

afirma.

Toda atitude, segun-

do o especialista, que

exponha o trabalhador

a humilhação e gere

constrangimento pode

resultar em processo

na Justiça do Trabalho.

“É um dano moral que

pode ser causado tanto

pelo empregador quanto

pelo preposto e resulta

em indenização”. Jorge

Deda ressalta ainda que

a exigência de produção

superior ao possível pelo

empregado também é um

assédio moral.

Horas-extras, equiparação salarial, acúmulo de função, acidentes de trabalho, doenças ocupacionais e danos morais são motivos muito comuns em reclamações de trabalhadores do varejo na Justiça do Trabalho. Para o advogado Jorge Deda, do escritório Deda & Gordilho, espe-cializado em direito do trabalho, os gastos com indenizações e honorários advocatícios nesses casos poderiam ser evitados pelas empresas com simples medidas.

No caso de horas-extras, o especialista em direito trabalhista alerta para a necessidade de o empregador observar o valor determinado pela convenção coletiva de trabalho. “A Constituição Federal prevê que a hora-extra seja paga com o acréscimo de 50% sobre a normal, mas há convenções acordadas entre sindicatos patronais e de trabalhadores, em que o percentual é superior. Portanto é importante ficar atento para não pagar a menos e ficar sujeito a uma reclamação trabalhista”, comenta.

O controle de registro da jornada de tra-balho também é um instrumento necessário ao controle das horas-extras, principalmente, no caso de empresas com mais de 10 empregados, nas quais o procedimento é obrigatório. “Nas empre-sas com menos de 10 empregados, a legislação não prevê obrigatoriedade do registro de ponto, mas é recomendável a utilização do instrumento para a preservação de uma relação honesta”, diz o advogado.

Embora haja as opções do cartão de ponto eletrônico e relógio de ponto, Jorge Deda recomenda a utilização do livro de ponto. “No livro de ponto, o trabalhador anota o horário certo de entrada e saída, devendo também registrar os intervalos e confirmando tudo com a assinatura”.

De acordo com o especialista, sem o registro dos intervalos abrem-se brechas para a cobrança de horas-extras. “O trabalhador começa o serviço às oito horas, sai às 18 horas. Sua jornada diária é de oito horas, mas, se ele só registrou a entrada

e saída e não registrou o intervalo de duas horas para o almoço, ficam pendentes duas horas-extras que podem ser reclamadas na Justiça”, explica.

Atividades comuns e remunerações diferentes motivam reclamações trabalhistas de equiparação salarial. Segundo Jorge Deda, é muito comum o empregador utilizar um contrato padrão na contratação dos empregados e isso pode lhe ser prejudicial. “Há casos em que se deve buscar orientação com um profissional habilitado para se adequar o contrato às características das funções que serão exercidas pelo empregado”.

Outro problema muito comum é a saída de um empregado e um outro acumular a função que ficou vaga. “O empregado tem que prestar o serviço previsto no contrato de trabalho. Um exemplo, vendedor não pega lixo”, diz o advogado, avisando ser fundamental o empresário procurar conhecer a convenção coletiva de trabalho e a legislação trabalhista.

Uma novidade da legislação trabalhista é a Emenda Constitucional 45/2005, que deu compe-tência à Justiça do Trabalho para apreciar e julgar processos de origem em acidentes de trabalho e doenças ocupacionais. “Para evitar futuras recla-mações e pesadas indenizações, é importante que as empresas adeqüem o ambiente de trabalhos às atividades exercidas, buscando minimizar os riscos para a ocorrência de problemas”, orienta o advogado Jorge Deda.

O especialista cita o caso de departamentos onde há trabalhos de digitação. “As empresas poderiam contratar fisioterapeutas para ensinar exercícios que prevenissem as doenças ocupacionais provenientes dessa atividade”, recomenda.

Medidas simplesevitam prejuízos com

reclamações trabalhistasO controle de registro da jornada de trabalho é um instrumento necessário ao controle das horas-extras

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“Os lojistas não devem praticar a venda casada, que é proibida. Devem, sim, oferecer segurança na oferta de seus produtos”

Varejo consciente: sejalegal com o seu cliente

Para evitar ser alvo de reclamações, o empresário deve estar ciente das normas que regem o Código de Defesa do Consumidor

Exigentes, infiéis, questionadores e, sobretu-do, conhecedores dos direitos que lhes assistem. Esse é o perfil dos consumidores modernos. De acordo com Cristiana Menezes Santos, superin-tendente da Procuradoria de Proteção e Defesa do Consumidor, Procon-BA, a entidade realizou no Estado, em 2007, cerca de 40 mil atendimentos, entre queixas e solicitações de orientação. No primeiro trimestre de 2008, as empresas de varejo foram responsáveis por 3.786 atendimentos. Dos 22 estabelecimentos inspecionados nesse período, 10 apresentaram algum tipo de irregularidade.

Para evitar ser alvo de reclamações dos

clientes ou ser autuado durante uma fiscaliza-ção do Procon, é importante que o empresário do setor varejista esteja ciente das normas que regem o Código de Defesa do Consumidor, que fixa condições mínimas para promover o equilíbrio nas transações comerciais. “Os lojistas não devem praticar a venda casada, que é proibida. Devem, sim, oferecer segurança na oferta de seus produtos e fazer uma publicidade adequada e clara no que diz respeito às informações veiculadas, respeitando sempre o consumidor”, adverte Cristiana.

Muitas empresas são notificadas por não apresentar informações completas sobre os produtos que comercializam. Porém, o Decreto nº 5.903/2006, determina que as informações oferecidas ao consumidor devem ser precisas e ostensivas quando se relacionarem ao preço à vista, custo total a prazo, condições de pagamento, quantidade de parcelas, taxa de juros adotada, duração da oferta e tarifas de operação.

Revista Varejo ViVo • Ano 3 • Nº 5 • Maio, 20086

Além disso, as empresas que escolheram fazer a marcação de preço dos produtos com códigos de barras devem instalar a, no máximo, 15 metros das mercadorias, um leitor óptico. Para a superintendente, há um ponto de conciliação nítido entre os interesses dos lojistas, do Procon e dos consumidores.

“Os empresários querem fidelizar seus clientes, tratando bem deles. Isso significa uma prestação de serviços adequada, eficiente e clara. E é isso que o consumidor e o Procon querem também”, explica Cristiana Santos. Apesar de não possuir, atualmente, qualquer ação educacional voltada para o comércio varejista, o Procon se coloca à disposição para consultas e esclarecimen-tos de dúvidas sobre as disposições do Código de Defesa do Consumidor.

A criação do Código de Defesa do Con-sumidor, em setembro de 1990, e a posterior instituição do Procon, Procuradoria de Proteção e Defesa do Consumidor, em maio de 1991, alte-raram, definitivamente, as relações entre lojistas e clientes. Desde então, direitos e deveres foram estabelecidos para ambas as partes visando pro-mover a filosofia equânime do ganha-ganha, na qual ambas as partes saem satisfeitas.

Fique atento! Os produtos devem apresentar informações sobre: preço, prazo de validade,

quantidade, riscos à saúde e à segurança do consumidor, qualidade, carac-terísticas, composição, garantia e nome e endereço do fabricante.

O Código de Defesa do Consumidor classifica como criminosa a prática da venda casada, ou seja, quando o fornecedor condiciona a venda de um pro-duto à aquisição de outro.

Se o fornecedor envia ou entrega ao consumidor qualquer produto sem solicitá-lo previamente, a ação passa a ser classificada como distribuição de amostra grátis. Nesse caso, o consumidor fica isento de pagar pelo bem recebido.

A venda à vista pode ser efetuada através de pagamento em dinheiro, cartão de débito, de crédito e cheque.

A recusa do pagamento à vista por meio do cheque só é válida quando o consumidor for avisado antecipada e ostensivamente.

A publicidade formulada a partir de técnicas comerciais coercitivas e desleais é considerada prática abusiva.

Sempre que um produto causar acidentes, serão responsabilizados o fabrican-te, o importador ou o prestador do serviço. O comerciante passa a responder pelos danos, caso os produtos perecíveis não tenham sido conservados adequadamente.

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São Paulo é o centro comercial do País e uma de suas principais fontes de riqueza está no varejo. Só na região metropolitana, o setor registrou alta de 10,5% nas vendas de fevereiro, em relação ao mesmo período do ano passado, segundo pesquisa realizada pela Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio).

Com a economia aquecida, o paulistano tem ido às compras e garantiu aumentos de 20,3% no faturamento de lojas de vestuário, tecidos e calçados; e de 22,8% para o setor de eletro-domésticos e eletroeletrônicos, ante o mesmo período de 2007.

Entre as inúmeras opções de varejo que a cidade oferece, as ruas de comércio especializado são uma atração à parte, recebendo pessoas dos quatro cantos do País. Referência na hora de con-seguir bons preços, as chamadas ruas temáticas estão em cerca de 60 locais diferentes, onde uma centena de lojas oferece produtos de um mesmo segmento a preços muito mais acessíveis do que no resto da cidade.

Na rua Conselheiro Crispiniano, no centro da cidade, é possível encontrar todo tipo de equipamento fotográfico, sendo parada obriga-tória para fotógrafos e profissionais do ramo. Na rua 25 de Março, destacam-se os armarinhos e enfeites de natal, além de uma infinidade de outras quinquilharias. É a mais conhecida e chega a receber até 1 milhão de pessoas por dia no período de festas do final do ano.

Perto dali, na Florêncio de Abreu, mais de 50 lojas vendem ferramentas e máquinas de todos os tipos e, não muito longe, na rua São Caetano, uma enorme variedade de vitrines com vestidos de noivas são a alternativa para quem está prestes a subir ao altar. Além dessas, há ruas especializadas em produtos orientais, lustres, flores, instrumentos musicais, enxovais, utensílios de cozinha, grifes internacionais e mais uma infinidade de opções.

Apesar de não oferecerem o conforto e a tranqüilidade dos shopping centers, essas lojas recebem milhares de pessoas diariamente e têm um público bastante fiel, impulsionado também pela possibilidade de não precisar enfrentar o trânsito caótico da cidade para pesquisar o melhor preço ou marca. Está tudo ali: basta sair de uma loja e entrar na próxima. No máximo, é preciso atravessar a rua.

Varejo especializado:sinônimo de boa vizinhança

Nani Soares

É a mais conhecida e chega a receber até 1 milhão de pessoas por dia no período de festas do final do ano

Rua José Paulino

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Varejo especializado:

Revista Varejo ViVo • Ano 3 • Nº 5 • Maio, 20088

Uma das mais disputadas é a José Paulino, no bairro do Bom Retiro, região central da cidade. Especializada em confecção feminina, a rua é uma excelente opção para quem quer comprar roupas de qualidade sem pagar preços exorbitantes. É um verdadeiro deleite para os vorazes olhos fe-mininos, maioria absoluta por lá. Apesar de ser o cartão de visitas do bairro, algumas transversais aproveitaram o embalo e seguiram a mesma linha, o que ajudou a consolidar a fama da região como reduto de roupas femininas.

Quem transitasse pela José Paulino há cerca de 15 anos, encontraria um cenário muito diferente do que se vê hoje. Boa parte das lojas já era man-tida por coreanos, que aos poucos tomaram conta da região e substituíram a comunidade judaica, pioneira no comércio local. Apesar do preço baixo, porém, quase toda a mercadoria vendida tinha qualidade e gosto bastante duvidoso. Além disso, o número de ambulantes que lotava as calçadas era quase tão grande (ou maior) quanto o de lojistas e ambos viviam às turras disputando os clientes.

Relação pacífica entre lojistas

Ao contrário daqueles tempos, a “Zepa”, como ficou conhecida, ganhou ares de glamour. Ainda são aos coreanos que dominam, com cerca de 80% do mercado, mas quase não há camelôs e os poucos que se aventuram precisam ficar atentos, pois a polícia não dá trégua e realiza blitz frequentes. A maior parte das lojas vende apenas para o atacado, abrindo ao varejo somente nos sábados, quando uma multidão lota cada um dos espaços. As roupas têm o padrão visto nos shoppings e atraem um público variado, incluindo revendedores, artistas e moças elegantes da classe média alta. Falar com algumas delas é difícil, pois não querem perder um minuto sequer e por vezes se irritam com a interrupção nas compras.

Para garantir a fama de pólo da moda, a Câmara de Dirigentes Lojistas do Bom Retiro or-ganiza anualmente o Bom Retiro Fashion Business, estratégia que serviu para afastar a imagem de reduto popular e faz crescer o interesse de quem ainda não é freqüentador assíduo. Na última edição, realizada em 2007, o investimento dos organizadores ficou em torno de R$ 450 mil.

Ao contrário do que se possa imaginar, a relação entre os lojistas é pacífica e a maioria diz não precisar disputar clientes. Para eles, o grande trunfo do comércio especializado está na variedade, no preço e no fato de ter um público que sabe exatamente o que quer. Como o fluxo de pessoas é grande, há garantia de lucro: raramente alguém fica no prejuízo. “Não precisamos disputar clientes porque o número de pessoas que vem aqui todos os dias é muito grande. Diferentemente de outros comércios, não precisamos ‘investigar’ o que o concorrente faz. No final das contas, todas

as lojas conseguem um ótimo retorno por conta do volume de pessoas que freqüenta a rua”, diz Eliane Luz, gerente de uma loja que há 14 anos vende roupas sociais, inclusive réplicas perfeitas de grifes famosas.

Eliane explica que o fato de venderem basicamente o mesmo produto acaba transfor-mando a rua em uma espécie de “loja única”. O diferencial fica por conta dos preços e do aten-dimento. Como os preços estão dentro de uma média, é no atendimento que as lojas conseguem se destacar.

A gerente admite que ainda há dificuldade em conciliar vendas para o atacado e varejo. Muitos comerciantes têm receio de adquirir peças comercializadas nos dois segmentos, pois o cliente acaba percebendo que pode comprar

Rua Santa Ifigenia

Fotos: Wanderlei Celestino

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diretamente na fonte, a um preço inferior ao pra-ticado no mercado. A declaração de um senhor idoso, pouco depois, confirma essa tese: “Você viu? O mesmo vestido do shopping, só que muito mais barato!”

A rede de calçados Dunes, que possui cerca de 30 unidades, inclusive lojas em shoppings de regiões nobres da cidade e até no exterior, tem na José Paulino sua terceira filial mais lucrativa. “O movimento aqui é ótimo. Temos 12 vendedo-ras e não estamos dando conta”, diz a gerente,Mari Trajano. Para ela, o problema da José Paulino ainda é a qualidade no atendimento: com lucro garantido, algumas lojas ainda não dão a devida importância a esse diferencial. “São resquícios dos tempos em que vendíamos para classes mais baixas”, brinca Mari, explicando que conheceu bem aquela época.

A rua Santa Ifigênia, também no centro, é considerada a meca dos eletroeletrônicos da capital paulista. Produtos novos e usados, como sistemas de som automotivo, computadores, notebooks, telefones, câmeras digitais, placas de vídeo, pro-cessadores e tudo o que envolve o movimentado mundo da tecnologia, estão distribuídos em 80 lojas e mais 30 mini-shoppings.

Quem coordena esse universo é a Câmara dos Dirigentes Lojistas da Santa Ifigênia, encarregada de fazer a ponte entre os lojistas e o poder público, buscando melhorias para a região. José Ricardo Patrício de Pádua, lojista da Santa Ifigênia há 45 anos e presidente da CDL, explica que agora as vendas estão mais fracas, em relação ao ritmo intenso do período de festas, mas nem por isso os lojistas têm do que reclamar. São cerca de 20 mil pessoas circulando por ali todos os dias, na própria Santa Ifigênia e adjacências, onde muitas lojas também vendem os mesmos produtos.

“Disputa por clientes? Nem com os ambu-lantes!”, esclarece. Para ele, a “camaradagem” existente entre os lojistas mostra que é possível cada um trabalhar e obter lucro sem que haja qualquer atrito. “Chegamos a indicar outras lo-jas, quando não temos o que o cliente procura”, diz Pádua.

Ele explica que, apesar de ser especializada em eletro-eletrônicos, o setor possui várias ver-tentes e as lojas acabam se diferenciando umas das outras. Mesmo as que seguem a mesma linha, procuram investir em pequenos diferenciais, en-volvendo marca, preço ou mesmo o atendimento. “Se ficássemos em num shopping, provavelmente não seria assim”.

Comércio informal é o maior desafio

Outra rua bastante conhecida é a Tabatin-guera, perto da Catedral da Sé. Sem o frenesi da José Paulino ou da Santa Ifigênia, a Tabatinguera é especializada em essências e matérias-primas para sabonetes, velas e produtos aromáticos. Tranqüila e arborizada, é possível saber o que se vende nas lojas mesmo antes de entrar: o aroma agradável é perfeitamente condizente com a tranqüilidade das lojas. No interior de qualquer uma delas, o cheiro é ainda mais inebriante. Em meio a essências, corantes, parafina, embalagens, formas e toda a sorte de produtos ligados ao olfato, circulam revendedores, comerciantes, autônomos e muitos curiosos, simples amantes de artigos artesanais, que se arriscam a preparar sozinhos seus produ-tos. Nesses casos, é possível contar com a ajuda de simpáticos vendedores dispostos para dar um curso-relâmpago, ali mesmo no balcão, sobre a preparação de velas e sabonetes.

Foto: Wanderlei Celestino

Rua Paula Souza

“O movimento aqui é ótimo. Temos 12 vendedoras e não estamos dando conta”, diz a gerente

Foto: Nani Soares

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“Cada loja tem sua própria identidade e, ainda que os mesmos produtos sejam vendidos, é o cliente que escolhe onde quer comprar. Isso vale também para as outras lojas e, apesar da concorrência natural, ainda acho que é muito menor do que a que existe no comércio tradicional”

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A história do comércio de essências na Tabatinguera é peculiar. A primeira loja foi aberta por Saturnino Cabral, ex-garçom que, decidido a ter um negócio próprio, formou sociedade com um amigo. Desfeita a parceria, ele tomou as rédeas do negócio e progrediu. Hoje, são cinco lojas na região, além de outras três na Grande São Paulo e uma em Fortaleza. Só na “Paraíso das Essências”,sua maior loja, circulam 400 pessoas por dia, em média, e a loja mantém um cadastro com 5 mil clientes, vindos de vários Estados. “Cada loja tem sua própria identidade e, ainda que os mesmos produtos sejam vendidos, é o cliente que escolhe onde quer comprar. Isso vale também para as outras lojas e, apesar da concorrência natural, ainda acho que é muito menor do que a que existe no comércio tradicional”, argumenta o gerente, Leandro de Brito.

Na Wanny Essências, concorrente direta da rede de Cabral, o clima é de total tranqüilidade em relação a isso. “A rede deles é maior, mas nem por isso perdemos clientes. E os nossos são muito fiéis”, assegura a gerente Alessandra de Oliveira. A realidade comprova que a acirrada disputa para conseguir o maior número possível de clientes é uma teoria que não existe no comércio especializado: a convivência é mais tranqüila do que se pode imaginar, assegura. “A indicação da loja vizinha é perfeitamente natural. Damos todas as coordenadas para ajudar o cliente, se não tivermos o que ele procura. Apesar de sermos

concorrentes, no final das contas aqui parece mesmo uma grande família”.

Ao que tudo indica, nas ruas de comércio especializado em São Paulo, os lojistas não ado-taram a política da boa vizinhança somente como estratégia para conseguir bons negócios.

Para o superintendente de economia da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Marcel Solimeo, o grande desafio do varejo especializado é enfrentar o comércio informal, já que em ruas mais conhecidas os vendedores ambulantes são presença constante. “A concorrência que o chamado impropriamente de comércio ambulante, agora fixo em determinados pontos, impõe é desleal. Eles vendem produtos piratas ou contrabandeados em ruas tradicionais, como a Santa Ifigênia, a preços inferiores, mas pagam não as despesas normais e nem os devidos impostos”, diz.

Apesar das dificuldades, Solimeo acredita que a tendência do comércio especializado é o fortalecimento. As facilidades oferecidas ao con-sumidor, como preço e variedade de produtos, além do surgimento de novos pólos, como a Oscar Freire, são uma garantia de esse tipo de negócio terá sempre um público cativo na cidade.

Foto: Wanderlei Celestino

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Mídia alternativa:o anúncio nos lugares

mais improváveis

Academias, sanitários e porta de elevador, não

existe local fixo para esse tipo de publicidade

“As grandes empresas têm capital para fortalecer a marca em mais de um veículo de comunicação”

O sujeito chega num prédio e encontra propaganda na porta do elevador, entra e tem uma TV de LCD mostrando a previsão do tempo entremeada

por novos anúncios. Depois sente vontade de ir ao sanitário e se depara com

uma peça publicitária na parede. A cena descrita é cada vez mais comum

nos dias de hoje, principalmente nas grandes cidades, onde a chamada

mídia alternativa encontra espaço. Visando atingir o público nos locais mais

improváveis, as agências de publicidade têm buscado esse tipo de mídia

como uma forma de tornar um produto ou serviço mais conhecido para uma

clientela segmentada.

Mída alternativa é qualquer meio que não seja parte dos veículos tradicionais,

como TV, rádio, jornal, revista e outdoor. Segundo a executiva de contas da

gráfica Santa Bárbara, Ana Paula Lima, em Salvador tem crescido esse tipo

de demanda em pontos de ônibus, banheiros e elevadores. Ela esclarece

que ao contrário do que muita gente pensa, o folheto de divulgação não

é considerado uma mídia alternativa, mas uma forma de promoção de um

empreendimento, de uma peça de teatro.

Segundo ela, nem todas as gráficas trabalham com o formato exigido para

esse tipo de anúncio, por isso o empresário que pretende investir nesse

segmento e não tem uma agência, deve estar ciente que o preço final pode

ficar um pouco alto. Segundo Ana Paula, a mídia alternativa é feita geral-

mente por empresas de médio e grande portes, interessadas em reforçar

a marca e não tanto em vender produtos ou serviços.

Para o pequeno empresário, ela recomenda formas mais diretas de divul-

gação para atingir a clientela, como folders, folhetos e anúncios em rádio.

“As grandes empresas têm capital para fortalecer a marca em mais de um

veículo de comunicação”, afirma Ana Paula.

“É totalmente diferente da mídia de massa, que busca atingir grandes públicos.

A intenção é segmentar o investimento e otimizar os recursos, direcionando

a verba para o lugar certo”, diz a empresária, assinalando que a mídia indoor

pode ser colocada no banheiro, na porta do elevador, em escritório.

Revista Varejo ViVo • Ano 3 • Nº 5 • Maio, 200812

Se, por exemplo, o público-alvo do empresário

for o jovem, ele deve investir em locais como

barzinhos, academias e faculdades. No caso

da academia, ele pode colocar no seu anúncio

imagens, frases e ícones que faça o público se

identificar e conseqüentemente lembrar da marca

quando for comprar.

Com relação ao investimento, Viviane diz que

não dá para fazer uma estimativa porque cada

campanha é única e varia de acordo com a quan-

tidade de placas, período e local de veiculação,

entre outros fatores. Além disso, continua ela, é

importante que o empresário procure a empresa

para que se estude que tipo de propaganda é

mais adequada a seu negócio.

Trabalhando desde 2005 com a chamada

mídia indoor, Viviane Macedo, representante

na Bahia da empresa Enox, diz que esse tipo

de publicidade tem crescido nos últimos anos.

Segundo ela, é um crescimento lento, mas já

esperado. “Tem muito empresário que acha que

aplicar dinheiro em mídia não é investimento,

mas custo”, diz ela, acrescentando que é um

tipo de comunicação que segue uma tendência

do mundo atual.

No que diz respeito à criação, Viviane esclarece

que tanto o empresário pode ter uma agência

para conceber a campanha, como pode utilizar

o pessoal que normalmente já faz seu folder

ou programação visual da loja. O tempo de

veiculação varia de acordo com os interesses e

disponibilidade financeira do cliente. Pode ser

por um tempo mínimo de 28 dias, ou vários

períodos durante o ano. “Tem cliente que fecha

conosco apenas as datas mais importantes para

o comércio, como Dia dos Pais, das Mães, Namo-

rados e Natal”, diz Viviane. Quem quiser saber

mais sobre esse tipo de mídia pode acessar o

site: www.enox.com.br.

Vantagens da mídia indoorA mídia indoor é uma estratégia de divulgação que busca atingir o consumidor em locais que ele gosta de freqüentar. Veja a seguir algumas vantagens:

Diferente da mídia de massa1. , que busca atingir gran-des públicos, a intenção é segmentar o investimento. O cliente não desperdiça verba com o consumidor que não lhe interessa. Com a mídia indoor o anunciante atinge o seu publico-alvo dentro de um estabelecimento;O tempo de exposição2. perante o anúncio varia de 1 a 4 minutos dependendo da permanência do consumidor no estabelecimento;Em horários de lazer3. as pessoas estão mais sensíveis às informações que recebem, e o nível de ruído e dispersão é praticamente zero;Os anúncios4. estão localizados em ambientes de alto pa-drão de acabamento e higiene, o que valoriza a peça;Possibilidade de segmentação de público5. , o que permite criar anúncios específicos para cada sexo e público em questão.

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Com alegria e disposição, Lise Weckerle, sócia-proprietária das Óticas Ernesto,

comanda, junto com dois irmãos, uma rede de 14 lojas em Salvador. Responsável pelas áreas de Marketing e Recursos Humanos da empresa, ela trabalha duro para manter a herança deixada pelo pai, Ernest Weckerle. Acompanhe a seguir a entrevista exclusiva concedida pela ex-presidente da Associação Comercial para a Revista Varejo Vivo, na qual ela fala do início das atividades da empresa, da concorrência e do processo de qualidade desenvolvido pela empresa.

Credibilidade, ética ehonestidade são os pilares

do sucessoVarejo Vivo: Como foi o início das Óticas Ernesto?

Lise Weckerle: Começou com meu pai, Ernest Weckele, um homem que se especializou em ótica numa época em que as pessoas mal sabiam o que era isso. Desde cedo eu e meus irmãos começamos a trabalhar na loja, pois meu pai achava que era importante esse aprendizado. Fui para a Alemanha fazer um curso de nível superior em Ciências Econômicas e ao voltar ao Brasil, na década de 60, fui trabalhar na primeira loja, que fica na Piedade. Naquela época, dava suporte na contabilidade, na tesouraria e ainda ajudava no balcão. Sem abandonar as lições de meu pai, eu e meus irmãos Wolfgang e Wilhelm Weckerle (os dois últimos mais conhecidos como Buba e Willi) damos continuidade ao sucesso da Ótica Ernesto. Hoje, aos 60 anos, a empresa possui 14 lojas. Eu cuido das áreas de Marketing

Revista Varejo ViVo • Ano 3 • Nº 5 • Maio, 200814

e Recursos Humanos, enquanto Wolfgang é res-ponsável pelo setor financeiro e Willi pela área técnica e de compras.

Varejo Vivo: Quando rede começou a se expandir?

LW: Nos anos 70, quando meus irmãos se formaram e incorporamos as Óticas Viúva Neves. Antigamente, a mesma loja que vendia óculos comercializava ouro e jóias. Meu pai foi um homem de visão, pois foi para a Alemanha se especializar em ótica numa grande empresa e ao voltar ao Brasil abriu a empresa com seu nome.

Varejo Vivo: Como é a capacitação dos funcionários?

LW: Nós temos uma preocupação grande com o treinamento dos colaboradores. Todos os gerentes têm curso de ótica e os demais funcionários são treinados constantemente. Da mesma forma que uma farmácia tem que ter um farmacêutico à frente, uma ótica precisa possuir um funcionário especializado, pois diferente de uma loja de sapatos, nós vendemos saúde e a responsabilidade é grande. Semana passada, por exemplo, os funcionários foram treinados para trabalhar com uma lente nova. Estamos sempre preocupados com os lançamentos do setor, por isso vamos todos os anos às feiras que aconte-cem na Itália e nos Estados Unidos conhecer as novidades.

Varejo Vivo: Fale um pouco sobre a importância do controle de qualidade para uma empresa.

LW: Todo empresário, de qualquer ramo, precisa se preocupar com o controle de quali-dade. Em nosso caso, além de treinar e orientar os funcionários para a importância de um bom atendimento, temos a preocupação de fazer os óculos adaptados a cada pessoa. Existem lentes que ficam melhor em determinados rostos do que em outros. Além disso, antes de o cliente começar a usar, o médico avalia se está tudo correto.

Varejo Vivo: De que forma a empresa lida com públicos diferenciados?

LW: Acompanhamos as tendências para ofe-recer a nossos clientes as principais novidades do mercado. Além disso, temos consciência de que o público que procura uma de nossas lojas na Gari-baldi não é o mesmo da Avenida Sete. Um detalhe importante é que nos últimos anos as classes C e D passaram a ter um acesso maior ao setor e também aumentou o número de óticas.

Varejo Vivo: Como a Sra. lida com a concorrência?

LW: Não me preocupo com a concorrência. O empre-sário deve ter em mente que quando ele faz um trabalho de qualidade, o cliente vai ser sempre fiel. Além disso, você só pode dizer que é bom quan-do tem um comparativo.

Varejo Vivo: Que conselho a Sra. daria para quem está começando?

LW: Quem começa hoje tem uma grande vantagem que é o Sebrae. Na época em que começamos, não havia uma instituição que orientasse o empresário em relação aos melhores procedimentos, que fizesse pesquisas. Quem não tem um profundo conhecimento do ramo que pretende atuar está fadado a fechar. Além disso, ele precisa ter credi-bilidade, ética e honestidade, pilares fundamen-tais para o sucesso de qualquer empreendimento. Ele precisa acreditar que vale a pena ser sério, que não pode vender um produto de terceira como se fosse de primeira.

Dicas de uma empresária de sucesso Todo empresário deve se preocupar com a

capacitação de seus funcionários, para que eles acompanhem a evolução do setor;

O empresário precisa ter um profundo co-nhecimento do ramo que atua;

É importante também acompanhar as novi-dades do setor para não ficar defasado;

O empresário não deve se preocupar com a concorrência. Ele deve ter em mente que quando faz um trabalho de qualidade, o cliente vai ser sempre fiel.

Três pilares devem sustentar as ações dos empresários que querem fazer sucesso: credibilidade, ética e honestidade.

“Da mesma forma que uma farmácia tem que ter um farmacêutico à frente, uma ótica precisa possuir um funcionário especializado, pois diferente de uma loja de sapatos, nós vendemos saúde”

Sobre a concorrência: “Você só pode dizer que é bom quando tem um comparativo”

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Acompanhamentodas vendas permite prever

receitas futurasO empresário tem que estar atento às variações sazonais para investir corretamente

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O acompanhamento das vendas é uma etapa importante para o empresário otimizar o processo de comercialização das mercadorias, possibilitando prever receitas futuras e adotar o controle de compras. Além disso, torna-se mais fácil perceber as variações devido à sazonalidade, bem como o prazo médio concedido para os pagamentos realizados a prazo.Isso pode ser feito por meio da observação empírica do comportamento dos clientes, por relatório ou automatizada, através de um software específico. A empresa baiana TW2 desenvolveu um programa que ajuda o empresário a controlar o estoque, demonstrando, por meio de gráficos, o dia e horário que vende mais determinado produto.O empresário Ocione Passos, 43 anos, sócio-proprietário da Albani Delicatessen, localizada no bairro da Pituba, é um dos que aplicam o método. “Não sei como um

Revista Varejo ViVo • Ano 3 • Nº 5 • Maio, 200816

Prazo médio de comprasAdotar um controle de compras possibilita ao empresário a melhor distribuição de compras para meses seguintes, baseando-se nas previsões de vendas e nos compromissos assumidos. Esse controle permite também a determinação do prazo médio das compras.

É função essencial da gerência acompanhar o

processo de vendas, estimulando vendedores ou

representantes a avaliar os resultados obtidos e

buscar novos desafios. Assim, algumas funções

não podem ser abandonadas:

Realizar reuniões semanais de acompanhamento

dos dados, estimulando toda a equipe para buscar

os resultados estabelecidos.

Orientar, para que os resultados não tenham ape-

nas um efeito de curto prazo.

Cobrar a equipe, mas formar grandes vendedo-

res.

Rejeitar desculpas para o não-cumprimento de

metas, buscando encontrar, com a equipe, o real

motivo e solucioná-lo.

dirigente pode sobreviver sem um sistema como esse”, diz Ocione, acrescentando que pelo computador em seu escritório dá baixa no estoque, verifica o último preço adquirido com o fornecedor e até sugere a compra de produtos.A rotina do empresário inclui, além de receber fornecedores e fechar contratos, monitorar o comportamento dos clientes. Como todo sistema, ele precisa ser alimentado com dados para dar respostas atualizadas. “Pelo computador, sei o produto que mais vende, o dia e o horário”, lembra Ocione, destacando que dá sugestões para melhoria do sistema.Ele diz que, sabendo o quanto e que produtos o cliente está consumindo, é possível usar estratégias para aumentar as vendas. Ou seja, mesmo quem não possui um sistema informatizado que lê os códigos de barra das mercadorias, deve ficar atento ao movimento da loja para mudar a estratégia quando o movimento estiver mais fraco.No caso de uma delicatessen, por exemplo, o empresário pode programar um dia para degustação de um novo produto num horário que ele sabe que deve ter uma visitação maior. No caso de uma loja de roupas, o ideal é o empresário ficar atento aos dias que tem mais público para reforçar o número de vendedores, se for o caso, e caprichar no atendimento.

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Num mercado cada vez mais dinâmico e competitivo, o marketing sensorial, quando adotado corretamente principalmente no varejo, é uma ferramenta bastante eficiente. “A exploração dos cinco sentidos no marketing não é uma novi-dade, mas o estudo de seus efeitos é recente e seu uso sem exageros ou imposição é altamente recomendado pelo marketing moderno”, diz a consultora Renata Monteiro.

A visão tem sido o sentido mais explorado nessa modalidade de marketing. Segundo Renata, estudos sobre cores e suas influências definem logomarcas, que podem acalmar ou agitar o cliente. “O design dos produtos segue cada vez mais os efeitos que são causados no consumi-dor”, observa.

A exploração da visão se fundamenta em pesquisas que indicam ser a memória visual mais eficiente que a auditiva ou olfativa. “Daí o fato de termos que ouvir uma música ou sentir um cheiro várias vezes para nos lembrarmos destes,

O marketing e a exploração dos sentidos

Estudos sobre cores e suas influências definem logomarcas, que podem acalmar ou agitar o cliente

enquanto uma cena vista uma única vez pode nos marcar para sempre”, afirma Renata.

Mas a consultora ressalva que a exploração do olfato é muito utilizada em lojas de artigos es-portivos, indústria da moda e automotiva. “Quem não gosta de cheiro de carro novo?”. Segundo Renata, existem estudos que indicam fragrâncias para estimular a compra de artigos esportivos. “Clínicas e hospitais têm cheiro definido pelas es-sências que trazem impressão de limpeza”, lembra a consultora que também atua na coordenação de marketing de um grupo de saúde.

Renata menciona os aromas de café e canela, que provocam a sensação de estar em casa e aumentam o tempo de permanência numa loja. O dizer “Aromatizado artificialmente” é freqüente em uma infinidade de produtos e é claro, influenciam nossa decisão de compra.

Já os sons, segundo ela, podem ser nota-dos em supermercados, onde músicas calmas e relaxantes são utilizadas em dias com pouco

Revista Varejo ViVo • Ano 3 • Nº 5 • Maio, 200818

“Durante uma pesquisa foi constatado que em um restaurante, quando os clientes eram tocados pelos garçons, davam gorjetas maiores. E em supermercados, os demonstradores quando tocavam de leve os clientes, tinham mais sucesso em convencê-lo a experimentar um novo produto e fazê-los comprar”

tocavam de leve os clientes, tinham mais su-cesso em convencê-lo a experimentar um novo produto e fazê-los comprar”.

Mas Renata Monteiro alerta que aspec-tos culturais devem ser valorizados. “Tocar o cliente no Japão pode ser tão desastroso quanto o sabor carne em um Miojo na Índia. Com os devidos cuidados, o marketing sensorial é uma ferramenta barata e bastante eficaz na prospecção de novos clientes e na fidelização de clientes já conquistados”, afirma.

movimento, para maximizar o tempo de per-manência dos clientes nas lojas, enquanto que músicas mais agitadas ditam o ritmo em dias de muito movimento para garantir a diminuição de filas e a espera.

“O paladar também é muito provocado nos pontos de venda”, diz Renata, afirmando que o merchandising com degustação é freqüente e imensamente eficaz na introdução de novos produtos no mercado. “Mas engana-se quem atribui apenas à provação o uso deste sentido”, observa.

De acordo com ela, ao oferecer balas ou chocolates aos seus clientes, as companhias aéreas fazem um mimo ao cliente, melhorando sua reação física ao vôo, fazendo-o mastigar antes e durante a decolagem, melhorando o desconforto causado pela diferença de pressão. “Acabam por fim elevando uma sensação gostosa do paladar a um sentimento de conforto que não encontraria em outra companhia”.

Com relação ao tato, a consultora de marketing destaca a utilidade não apenas no design de produtos que facilita seu manuseio, mas até ao passar confiança aos clientes. “Du-rante uma pesquisa foi constatado que em um restaurante, quando os clientes eram tocados pelos garçons, davam gorjetas maiores. E em supermercados, os demonstradores quando

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Quem já não passou pela inusitada experi-ência de assistir a um vendedor utilizar o balcão para medir o comprimento de uma peça de tecido ou fio. O método pode até ser mais prático para o funcionário da loja, mas não é correto nem tampouco legal. Qual a garantia que aquelas marcas no balcão correspondem mesmo à medida padrão? “O lojista que procede dessa forma está descumprindo a legislação e possivelmente lesando o consumidor, portanto sujeito a autuação e multa”, alerta o fiscal do Instituto Baiano de Metrologia e Qualidade (Ibametro), Rogério Vilar.

Órgão delegado do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) para a Bahia, o Ibametro é a entidade responsável, no comércio, pela fiscalização e verificação metrológica de produtos e serviços colocados à disposição do cidadão. “Temos a função de assegurar o cumprimento da política de metrologia legal e disseminar a qualidade, com o objetivo de garantir a exatidão dos instrumentos e proteger o consumidor”, afirma Vilar.

Os lojistas que comercializam produtos sob medida, segundo o fiscal do Ibametro, devem utilizar os instrumentos adequados para realizar a medição, como metro de medir, trena, fita métrica e balanças. Ele destaca ainda que esses equipamentos precisam ter o selo de verifica-ção do Ibametro, no caso do estabelecimento comercial estar na Bahia ou do devido órgão de fiscalização do respectivo estado. “É importante que o consumidor observe o selo de verificação no equipamento”, avisa.

O Ibametro, de acordo com Rogério Vilar, realiza anualmente visitas de fiscalização em todas as casas comerciais que utilizam instrumentos de medição na Bahia. “Temos 35 equipes atuando em todo o estado”, informa. No estado, são realizadas anualmente em torno de 105 mil verificações.

Segundo ele, os fiscais verificam se os ins-trumentos estão em conformidade e havendo erro superior ao tolerado pela legislação, a empresa é autuada e tem prazo de 10 dias para apresentar

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os Procedimentos simples

evitam puniçõesdefesa, podendo ser multada. O valor da multa, de acordo com Vilar, depende de alguns fatores como reincidência e porte da empresa, podendo variar de R$ 500 a R$ 5 mil. “Mas é possível chegar até R$ 50 mil”, diz.

Com relação aos instrumentos de mensura de peso, o fiscal do Ibametro chama a atenção para a verificação do lacre do Inmetro nas balanças. A recomendação vale tanto para o consumidor quanto para o comerciante. O lacre indica que o equipamento está certificado e pode ser uti-lizado no País. Segundo Rogério Vilar, balanças importadas também precisam estar certificadas. “O uso de equipamento sem aprovação inicial do modelo são apreendidas”, informa.

Em ação fiscalizadora realizada recentemente na região do Extremo Sul baiano, nas cidades de Teixeira de Freitas e Eunápolis, Vilar conta que foram apreendidas 20 balanças comerciais importadas que não tinham a devida certificação do Inmetro. “Eram produtos vindo do Paraguai e adquiridos por contrabando. Os produtos foram apreendidos e os comerciantes autuados”.

Lojistas que comercializam produtos sob medida devem utilizar os instrumentos adequados para não receber multas

Revista Varejo ViVo • Ano 3 • Nº 5 • Maio, 200820

Órgão delegado do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) para a Bahia, o Ibametro é a entidade responsável, no comércio, pela fiscalização e verificação metrológica de produtos e serviços colocados à disposição do cidadão.

AGêNCIAS REGIONAIS DO IbAMETRO

Feira de Santana Av. Sudene s/n° - Centro Industrial Subaé, Bairro Tomba, Feira de Santana/

Bahia. CEP: 44063-640. Tel: (75) 3622-0901 / 3612-5074 / 3622-2933

Vitória da Conquista Distrito Industrial dos Imborés, SUDIC, Zona Apoio, Lt. ½ Vitória da

Conquista/ Bahia. CEP: 45100 –000. Tel: (77) 3424-4697

Itabuna Rua Neiva Oliveira, n° 100 – Bairro Lomanto Jr. CEP: 45601-000 Itabu-

na/Bahia Tel: (73) 3211-2531

Barreiras Lote 03, Quadra 01, Distrito Industrial da Sudic. CEP: 47800-00. Bar-

reiras/ Bahia Tel: (77) 3611-8144

Jequié Avenida Otávio Mangabeira, Quadra F, s/n°, Distrito Industrial de Mandaca-

ru, Bairro Mandacaru. CEP: 45208-000 Jequié/Bahia. Tel: (73) 3525-7487

Juazeiro Quadra QV, Lote 02, Distrito Industrial do Vale do São Francisco. CEP:

48900-000 Juazeiro/ Bahia. Tel: (74) 3612-5296 / 3611-0812

Paulo Afonso Rua Antonio Carlos Magalhães, s/n°, BNH. CEP: 48600-000 Paulo Afon-

so/ Bahia. Tel: (75) 32812997

Eunapólis Avenida David Jonas Fadini, n° 2409 (Km 713) – Distrito Industrial,

Bairro Juca Rosa. CEP: 45825-000 Eunapólis/ Bahia. Tel: (73) 32611638

SERVIÇO:

IBAMETRO - 0800 71 1888

Dicas para o comerciante ficar atento Os lojistas que comercializam produtos sob me-

dida devem utilizar os instrumentos adequados para realizar a medição, como metro de medir, trena, fita métrica e balanças

Os instrumentos de mensura de peso devem ter o lacre do Inmetro nas balanças

Os postos de combustíveis devem ter a medida de 20 litros disponível para os consumidores, no caso de dúvida, verificarem se a quantidade paga corresponde à realidade

Os produtos pré-medidos, aqueles que são ven-didos já embalados na quantidade específica, também são alvo de fiscalização

As bombas de combustível também são alvo de fiscalização. O fiscal do Ibametro informa ser obrigatório aos postos de combustíveis ter a medida de 20 litros disponível para os consumidores, no caso de dúvida, verificarem se a quantidade paga corresponde à realidade. De acordo com ele, o erro tolerável é de 100 mililitros.

Os produtos pré-medidos, aqueles que são vendidos já embalados na quantidade específica, também são alvo de fiscalização do Ibametro. A fiscal Cíntia Lé informa que diariamente é feita a coleta desses produtos para análise. “Os comerciantes são convidados a acompanhar o exame”, diz.

Cíntia explica que, nos casos de produtos pré-medidos, quando há irregularidade quem sofre as punições é o fornecedores e não o comerciante. De acordo com ela, o índice de reprovação, em média, é de 10% do material coletado e os principais produtos reprovados são os alimentícios.

21Revista Varejo ViVo • Ano 3 • Nº 5 • Maio, 2008

PLAnEjAMEnTO dE MARkETIng

Preparar o leitor para montar um plano de

marketing fortemente estratégico — de

modo a integrá-lo com as metas empresa-

riais — e ao mesmo tempo instrumental.

Este é o objetivo do livro “Planejamento de

Marketing”, que visa ainda orientar para as ações ope-

racionais necessárias para se chegar ao objetivo final

de uma empresa: resultados perenes, nas dimensões

econômicas e sociais. Os autores, especialistas na

área, mostram como utilizar a inovadora ferramen-

ta Matriz do Marketing, desenvolvida por eles, para

estruturar um planejamento de marketing completo

e detalhado, sem esquecer as métricas de avaliação

de resultados que justificam os investimentos. Escrito

para atender às necessidades de empresários, execu-

tivos, profissionais de marketing e de estudantes de

pós-graduação e MBA, contém também toda a teoria

de marketing necessária para cursos de graduação.

FIchA TécnIcA

Título: Planejamento de marketing: conhecer, decidir e agir – do estratégico ao operacional

Autores: Marcos Felipe Magalhães e Rafael Sampaio

número de pág.: 288

Preço: R$ 49,00

Editora: Pearson Education

Selo: Prentice hall

O jOgO dO TRABALhO

Publicação que procura mostrar como es-

tabelecer metas e usar a motivação própria

da diversão para conquistar a vitória no tra-

balho. Com esse método, os resultados são

medidos, fornecendo as chaves para tornar a

empresa mais lucrativa por meio do aumento

da produtividade e do entusiasmo dos cola-

boradores. O autor parte do seguinte princípio: há pesso-

as que pagam para suar a camisa se for para praticar um

esporte, mas não se esforçam com a mesma intensidade

quando estão sendo pagas para trabalhar. Existem prin-

cípios que motivam as pessoas a se dedicar por inteiro

às atividades esportivas que podem ser aplicados com

sucesso na vida profissional. Segundo os autores, na falta

de metas claramente definidas, as pessoas são forçadas a

se concentrar na atividade e acabam sendo escravizadas

por ela. A maioria dos empresários paga por presença, no

entanto deveria pagar por desempenho e produtividade.

FIchA TécnIcA

Título: O jogo do Trabalho

Autores: charles A. coonradt e Lee nelson

Editora: Sextante

número de Páginas: 144

Preço: R$ 16,90

Dicas de LivrosDicas de LivrosDicas de LivrosDicas de LivrosDicas de Livros

UMA hISTóRIA dE SUcESSO

Livro importante para os pequenos empresários se

espelharem em uma história de sucesso e dedicação.

Contada por um de seus criadores e a maior autoridade

brasileira em aviação civil e comercial, este livro traz

toda a história da Embraer, desde seu surgimento,

passando pelos anos de chumbo, até a consolidação como uma

das empresas brasileiras mais lucrativas do Brasil e uma das

companhias mais prestigiadas do mundo. A Embraer é hoje a

terceira produtora mundial de aviões comerciais, domina o cenário

internacional de produção e de vendas de aeronaves destinadas às

empresas de transporte aéreo regional e registra vendas de US$

33 bilhões, tendo seus produtos voando em 70 países do mundo.

FIchA TécnIcA

Título: nas Asas da Educação - A história da Embraer

Autor: Osires Silva

Editora: Elsevier

número de Páginas: 240

Editora: Elsevier

Preço: R$ 55,90

A gESTãO dA EMBALAgEM

Partindo de uma pesquisa que aponta que cerca de

80% das decisões de compra são tomadas no ponto de

venda e que mais de 90% dos produtos vendidos em

um supermercado não têm apoio de marketing e co-

municação, dependendo, para sua sobrevivência, única

e exclusivamente da embalagem, o autor se propõe a

fazer uma reflexão sobre o assunto. Nesse sentido, “Gestão estra-

tégica de embalagem” é um manual de apoio a todas as pessoas

envolvidas direta ou indiretamente nas decisões relativas à emba-

lagem, auxiliando-as a detectar os possíveis problemas presentes

nos produtos disponíveis no mercado, assim como a desenvolver

passo a passo a estratégia de embalagem mais adequada a cada

um deles. Baseado na experiência de sucesso do autor, o livro

aborda desde a pesquisa inicial de desempenho do produto nas

prateleiras até o design final da embalagem - tudo para que as

empresas e seus profissionais possam aprimorar seus produtos e

adequá-los às necessidades do mercado. O livro procura responder

às indagações de forma didática e metodológica, apresentando

um conteúdo de grande utilidade para as empresas que produzem

e fazem uso de embalagens. Fabio Mestriner é coordenador do

curso de pós-graduação em gestão estratégica de embalagem

da ESPM. Designer consagrado com várias premiações interna-

cionais, foi presidente da Associação Brasileira de Embalagem e

representante do Brasil na World Packaging Organisation (WPO).

FIchA TécnIcA

Título: gestão estratégica de embalagem

Autor: Fabio Mestriner

Editora: Person

número de Páginas: 176

Preço: R$ 50,40

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Procure a Associação Comercial e Empresarial da sua cidade.