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RECICLE INFORMAÇÃO: Passe este jornal para outro leitor ou indique o site Todos pela educação Edição nº. 29 ABRIL 2010 Cidadania e Meio Ambiente Formiguinhas do Vale www.fomiguinhasdovale.org A Associação tem como princi- pal motivação as mudanças comportamen- tais da sociedade, que o momento exige, no que tange a preservação ambiental, susten- tabilidade e paz social, reflorestamento, in- centivo á agricultura orgânica, hortas comu- nitárias e familiares, preservação dos ecos- sistemas, reciclagem e compostagem do lixo doméstico além, de incentivar a preserva- ção e o conhecimento de nossas culturas e tradições populares. Formalizado através do Projeto Social ‘EDUCAR - Uma Janela para o Mundo’, multiplicado e divulgado através deste veículo de interação. Projetos integrados: · Projeto “Inicialização Musical” Este projeto tem por finalidade levar o conhecimento musical, a crianças e adultos com o fim de formar grupos multiplicadores, sempre incentivando a musica de raiz de cada região, ao mesmo tempo em que se evidenciam as culturas e tradições popula- res de cada região. Inicialmente iremos for- mar turmas que terão a finalidade de multi- plicação do conhecimento adquirido, no pro- jeto, em cada Escola e em suas respectivas comunidades. · Projeto “Viveiro Escola Planta Brasil” Este projeto visa a implantação de um Viveiro Escola, especializado em árvores nativas das Matas Atlântica e Ciliares. Nele nossas crianças irão aprender sobre os e- cossistemas estudados, árvores nativas, técnicas de plantio e cuidados; técnicas de compostagem e reciclagem de lixo domésti- co, etc. Tudo isto, integrando-se o teórico á prática, através de demonstrações de como plantar e cuidar, incentivando e destacando também, a importância da agricultura orgâni- ca, hortas comunitárias e familiares. Serão formadas turmas que terão a finalidade de se tornarem multiplicadoras do conhecimen- to adquirido em cada comunidade. · Projeto “Arte&Sobra” Neste Projeto Social iremos evidenciar a necessidade da reciclagem, com a finali- dade de preservação dos espaços urbanos e, como fator de geração de renda. Também serão formadas turmas multiplicadoras de conhecimento, que terão como função a for- mação de cooperativas ou grupos preserva- cionistas em suas comunidades. · Projeto “SaciArte” Este projeto é um formador de grupos musicais onde as culturas regionais e a mú- sica de raiz sejam o seu tema. Primeiramen- te será formado um grupo composto por cri- anças, adolescentes e adultos com respon- sabilidade de participação voluntária, no grupo da comunidade da Região Cajuru na Zona Leste de São José dos Campos. # SEJA UM VOLUNTÁRIO. Fale conosco 0xx12 - 9114.3431 Acesse: http://www.formiguinhasdovale.org Vale do Paraíba Paulista - Região Serrana da Mantiqueira - Litoral Note Paulista - Região Bragantina - Região Alto do Tietê Amazônia Brasileira Uma questão de Segurança Nacional | Páginas 3 e 7 “O planeta é um capi- tal colocado à nossa disposição; ou o admi- nistramos investindo e recebendo os frutos plantados ou gastare- mos o capital e, o que nos resta é a falência”. Filipe de Sousa Depressão - A Doença do Século | Página 5 Os tropeiros e o desenvolvimento do Brasil | Página 6 A Mineração no Brasil | Página 9 O “Ciclo do Café” | Páginas 10 e 11 JONGO - Patrimônio Imaterial | Página 12 A Roça de Tereza | Páginas 13 e 14 O Mundo Lusófono | Página 15 Ayrton Senna 16 anos de saudade... Ultima Página Feliz Páscoa Este veículo. transcende a sala de aula como proposta para reflexão, discussão, interação e aprendizagem so- bre temas dos projetos desenvolvidos pela OSCIP“Formiguinhas do Vale”,organização sem fins lucrativos e, com ênfase em assuntos inerentes à sustentabilidade social e ambiental. Filipe de Sousa

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Page 1: Vale do Paraíba Paulista - Região Serrana da Mantiqueira ... · havia plantado e dizia: "quem planta colhe, né vovô?" Mas o avô não é habilidoso apenas no cultivo de plantas,

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Todos pela educação Edição nº. 29 ABRIL 2010

Cidadania e

Meio Ambiente

Formiguinhas do Vale www.fomiguinhasdovale.org

A Associação tem como princi-pal motivação as mudanças comportamen-tais da sociedade, que o momento exige, no que tange a preservação ambiental, susten-tabilidade e paz social, reflorestamento, in-centivo á agricultura orgânica, hortas comu-nitárias e familiares, preservação dos ecos-sistemas, reciclagem e compostagem do lixo doméstico além, de incentivar a preserva-ção e o conhecimento de nossas culturas e tradições populares. Formalizado através do Projeto Social ‘EDUCAR - Uma Janela para o Mundo’, multiplicado e divulgado através deste veículo de interação.

Projetos integrados: · Projeto “Inicialização Musical” Este projeto tem por finalidade levar o conhecimento musical, a crianças e adultos com o fim de formar grupos multiplicadores, sempre incentivando a musica de raiz de cada região, ao mesmo tempo em que se evidenciam as culturas e tradições popula-res de cada região. Inicialmente iremos for-mar turmas que terão a finalidade de multi-plicação do conhecimento adquirido, no pro-jeto, em cada Escola e em suas respectivas comunidades.

· Projeto “Viveiro Escola Planta Brasil” Este projeto visa a implantação de um Viveiro Escola, especializado em árvores nativas das Matas Atlântica e Ciliares. Nele nossas crianças irão aprender sobre os e-cossistemas estudados, árvores nativas, técnicas de plantio e cuidados; técnicas de compostagem e reciclagem de lixo domésti-co, etc. Tudo isto, integrando-se o teórico á prática, através de demonstrações de como plantar e cuidar, incentivando e destacando também, a importância da agricultura orgâni-ca, hortas comunitárias e familiares. Serão formadas turmas que terão a finalidade de se tornarem multiplicadoras do conhecimen-to adquirido em cada comunidade.

· Projeto “Arte&Sobra” Neste Projeto Social iremos evidenciar a necessidade da reciclagem, com a finali-dade de preservação dos espaços urbanos e, como fator de geração de renda. Também serão formadas turmas multiplicadoras de conhecimento, que terão como função a for-mação de cooperativas ou grupos preserva-cionistas em suas comunidades.

· Projeto “SaciArte” Este projeto é um formador de grupos musicais onde as culturas regionais e a mú-sica de raiz sejam o seu tema. Primeiramen-te será formado um grupo composto por cri-anças, adolescentes e adultos com respon-sabilidade de participação voluntária, no grupo da comunidade da Região Cajuru na Zona Leste de São José dos Campos.

# SEJA UM VOLUNTÁRIO. Fale conosco

0xx12 - 9114.3431 Acesse: http://www.formiguinhasdovale.org

Vale do Paraíba Paulista - Região Serrana da Mantiqueira - Litoral Note Paulista - Região Bragantina - Região Alto do Tietê

Amazônia Brasileira Uma questão de Segurança Nacional | Páginas 3 e 7

“O planeta é um capi-tal colocado à nossa disposição; ou o admi-nistramos investindo e recebendo os frutos plantados ou gastare-mos o capital e, o que nos resta é a falência”.

Filipe de Sousa

Depressão - A Doença do Século | Página 5

Os tropeiros e o desenvolvimento do Brasil | Página 6

A Mineração no Brasil | Página 9

O “Ciclo do Café” | Páginas 10 e 11

JONGO - Patrimônio Imaterial | Página 12

A Roça de Tereza | Páginas 13 e 14

O Mundo Lusófono | Página 15

Ayrton Senna 16 anos de saudade... Ultima Página

Feliz Páscoa

Este veículo. transcende a sala de aula como proposta para reflexão, discussão, interação e aprendizagem so-bre temas dos projetos desenvolvidos pela OSCIP“Formiguinhas do Vale”,organização sem fins

lucrativos e, com ênfase em assuntos inerentes à sustentabilidade social e ambiental. Filipe de Sousa

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Abril 2010 Gazeta Valeparaibana Página 02

Gazeta Valeparaibana é um jornal gratuito distribuído mensalmente em mais de 80 cidades, do Cone Leste Paulista, que é composto pelas seguintes regiões:

Vale do Paraíba Paulista, Serrana da Mantiqueira, Litoral Norte Paulista, Bragantina e Alto do Tietê.

Editor: Filipe de Sousa - FENAI 1142/09-J Diretora Administrativa: Rita de Cássia A. S.Lousada

Diretora Pedagógica dos Projetos: Elizabete Rúbio Tiragem mensal:

Distribuído por: “Formiguinhas do Vale” Filiados à FENAI - Federação Nacional de Imprensa

Gazeta Valeparaibana é um MULTIPLICADOR do Projeto Social

“Formiguinhas do Vale” e está presente mensalmente em mais de 80 cidades do Cone Leste Paulista, com distribuição gratuita em

cerca de 2.780 Escolas Públicas e Privadas de Ensino Fundamental e Médio. “Formiguinhas do Vale”

Uma OSCIP - Sem fins lucrativos

Crônica do mês

AJUDENOS A MANTER ESTA PUBLICAÇÃO E NOSSOS PROJETOS DE EDUCAÇÃO, CULTURA E

PRESERVAÇÃO AMBIENTAL

Fale conosco: 0 xx 12 - 9114.3431

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TODOS PELA EDUCAÇÃO

A Gazeta Valeparaibana, um veículo da OSCIP “Formiguinhas do Vale”, organiza-ção sem fins lucrativos, somente publica matérias, relevantes, com a finalidade de abrir discussões e reflexões dentro das salas de aulas, tais como: educação, cultu-ra, tradições, história, meio ambiente e sustentabilidade e responsabilidade, social e ambiental. Assim, publica algumas matérias selecionadas de sites e blogs da web, por acredi-tar que todo o cidadão deve ser um multiplicador do conhecimento adquirido e, que nessa multiplicação, no que tange a Cultura e Sustentabilidade, todos devemos nos unir, na busca de uma sociedade mais justa, solidária e conhecedora de suas res-ponsabilidades sociais. No entanto, todas as matérias e imagens serão creditadas a seus editores, desde que adjudiquem seus nomes nas matérias publicadas. Caso não queira fazer parte da corrente, favor entrar em contato.

[email protected]

Caminho marcado

O marido pergunta à esposa: - O que você faria se eu ganhasse na loteria??? Ela diz: - Eu pegaria a minha metade e deixaria você, seu besta... - Excelente, responde ele. Ganhei 12 reais, pega aqui seus 6 e some!!!

A Arte de Cultivar Virtudes

Um avô e seu neto, caminhando pelo quintal, ora se agachando a-qui, ora ali, em animada conversa-ção, não é cena muito comum nos dias atuais. O garoto, de 4 anos de idade, a-prendia a cultivar e a cuidar das plantas com o exemplo do seu avô, que tinha tempo para o netinho sempre que este o visitava. Era por isso que o pequeno Níco-las acariciava as mudinhas que havia plantado e dizia: "quem planta colhe, né vovô?" Mas o avô não é habilidoso apenas no cultivo de plantas, é hábil tam-bém na arte de cultivar virtudes. Entre uma conversa e outra, entre a carícia numa flor e uma erva da-ninha que arrancava, ele ia culti-vando virtudes naquele coração infantil. Ia ensinando que para obter frutos saborosos e flores perfumadas é preciso cuidado, dedicação, aten-ção e conhecimento. E que, acima de tudo, é preciso semear, pois sem semeadura não há colheita. O cuidado do pequeno Nícolas pelas plantas era fruto do ensina-mento que recebeu desde pequeni-no, pois nem sempre foi assim. Quando começou a engatinhar, suas mãozinhas eram ligeiras em arrancar tudo o que via pela fren-te, como qualquer bebê que quer conhecer o mundo pela raiz... E, se não tivesse por perto alguém que lhe ensinasse a respeitar a na-tureza, talvez até hoje seu compor-tamento fosse o mesmo, como mui-tas crianças da sua idade ou até maiores. Importante observar que as me-lhores e mais sólidas lições as cri-anças aprendem no dia-a-dia, com os exemplos que observam nos a-dultos. É mais pela observação dos atos, do que pelos conselhos, que os pe-quenos vão formando seus caracte-res. Se a criança cresce em meio ao desleixo, ao descuido, às mentiras, ao desrespeito, vendo os adultos se

agredindo mutuamente, ela apren-derá essas lições. Assim, se temos a intenção de pas-sar nobres ensinamentos a alguém, se faz necessário que prestemos muita atenção ao nosso modo de vida, às nossas ações diárias. Como todo bom jardineiro, os e-ducadores devem ser bons cultiva-dores de virtudes e valores. Devem observar com cuidado as tendências dos filhos e procurar semear na alma infantil as semen-tes das quais surgem as virtudes, ao tempo em que as preservam das ervas daninhas, das pragas, da seca e das enchentes. Sem esquecer o adubo do amor. A alma da criança que cresce sem esses cuidados básicos por parte dos adultos, geralmente se torna campo tomado pelas ervas más dos vícios de toda ordem. E, de todas as ervas más, as mais perigosas são o orgulho e o egoís-mo, pois são as que dão origem às demais. Por isso a importância dos cuida-dos desde cedo. E para se ter êxito nessa missão de jardineiro de al-mas, é preciso atenção, dedicação, persistência, determinação. O campo espiritual exige sempre o empenho do amor do jardineiro para que possa produzir bons re-sultados. E o empenho do amor muitas ve-zes exige alta dose de renúncia e de coragem. Coragem de renunciar aos próprios vícios para dar exem-plos dignos de serem seguidos. Os jardins da alma infantil são férteis e receptivos aos ensinamen-tos que percebem nas ações dos adultos. Por essa razão vale a pena dedicar tempo no cultivo das virtudes, an-tes que as sementes de ervas dani-nhas sejam ali jogadas, nasçam e abafem a boa semente. Para que você seja um bom culti-vador de almas, é preciso que te-nha em sua sementeira interior as mudinhas das virtudes. Somente quem possui pode ofere-cer. Somente quem planta, pode colher. Pense nisso, e seja um cultivador de virtudes.

Emmanuel Segue pelo caminho Que Jesus te marcou... Perdão, silêncio e paz Com serviço constante. Amigos terás muitos, Mas,companheiros, raros. Viverás cada dia de solidão e amor. Depois, terás a cruz Por salário do Bem. Mas, na cruz ouvirás A mensagem de Deus... (Do livro “Hora Certa", Emmanuel, Francisco Cândido Xavier, edição GEEM) S U G E S T Õ E S D O C A M I N H O André Luiz Lamentar-se por quê?... Aprender sempre, sim. Cada criatura colherá da vida não só pelo que faz, mas também conforme esteja fa-zendo aquilo que faz. Não se engane com falsas apreciações acerca de justiça, porque o tempo é o juiz de todos. Recorde: tudo recebemos de Deus que nos transforma ou retira isso ou aquilo, se-gundo as nossas necessidades. A humildade é um anjo mudo. Tanto menos você necessite, mais terá. Amanhã será, sem dúvida, um belo dia, mas para trabalhar e servir, renovar e apren-der, hoje é melhor. Não se iluda com a suposta felicidade daqueles que abandonam os próprios deve-res, de vez que transitoriamente buscam fugir de si próprios como quem se embria-ga para debalde esquecer. O tempo é ouro, mas o serviço é luz. Só existe um mal a temer: aquele que ainda exista em nós. Não parar na edificação do bem, nem para colher os louros do espetáculo, nem para contar as pedras do caminho. A tarefa parece fracassar? Siga adiante, trabalhando, que, muita vez é necessário sofrer, a fim de que Deus nos atenda à renovação. (Do livro "Sinal Verde", André Luiz, Francisco Cândido Xavier

Rir faz bem

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Abril 2010 Gazeta Valeparaibana Pagina 03

Deixemos para o futuro um mundo mais limpo e, filhos melhores para a sociedade... Colabore, envie sua opinião ou comentário.

Sobre nosso patrimônio Exclusão social Filipe de Sousa

Segue abaixo o relato de uma pessoa conhecida e séria, que passou

recentemente em um concurso públi-co federal e foi trabalhar em Roraima.

Trata- se de um Brasil que a gente não

conhece. As duas semanas em Manaus foram in-teressantes para conhecer um Brasil um pouco diferente, mas chegando em Boa Vista (RR) não pude resistir a fazer um relato das coisas que tenho visto e escu-tado por aqui. Conversei com algumas pessoas nesses três dias, desde engenheiros até pesso-as com um mínimo de instrução. Para começar o mais difícil de encontrar por aqui é roraimense, pra falar a verda-de, acho que a proporção é de um rorai-mense para cada 10 pessoas é bem ra-zoável, tem gaúcho, carioca, cearense, amazonense, piauiense, maranhense e por aí vai. Portanto falta uma identidade com a terra. Aqui não existem muitos meios de sobre-vivência, ou a pessoa é funcionária públi-ca, e aqui quase todo mundo é, pois em Boa Vista se concentram todos os ór-gãos federais e estaduais de Roraima, além da prefeitura é claro.. Se não for funcionário público a pessoa trabalha no comércio local ou recebe ajuda de Pro-gramas do governo. Não existe indústria de qualquer tipo.. Pouco mais de 70% do Território rorai-mense é demarcado como reserva indí-gena, portanto restam apenas 30%, des-contando- se os rios e as terras improdu-tivas que são muitas, para se cultivar a terra ou para a localização das próprias cidades. (Na única rodovia que existe em direção ao Brasil (liga Boa Vista a Manaus, cerca de 800 km ) existe um trecho de aproxi-madamente 200 km reserva indígena Waimiri Atroari) por onde você só passa entre 6:00 da manhã e 6:00 da tarde, nas outras 12 horas a rodovia é fechada pe-los índios (com autorização da FUNAI e dos americanos) para que os mesmos não sejam incomodados. Detalhe: Você não passa se for brasilei-ro, o acesso é livre aos americanos, eu-ropeus e japoneses. Desses 70% de ter-ritório indígena, diria que em 90% dele ninguém entra sem uma grande burocra-cia e autorização da FUNAI. Detalhe: Americanos entram na hora que quiserem, se você não tem uma au-torização da FUNAI mas tem dos ameri-canos então você pode entrar. A maioria dos índios fala a língua nativa além do inglês ou francês, mas a maioria não sa-be falar português. Dizem que é comum na entrada de algumas reservas encon-trarem-se hasteadas bandeiras america-nas ou inglesas. É comum se encontrar por aqui americano tipo nerds com cara de quem não quer nada, que veio caçar borboleta e joaninha e catalogá-las, mas no final das contas pasme, se você qui-ser montar um empresa para exportar plantas e frutas típicas como cupuaçu, açaí camu-camu etc., medicinais ou componentes naturais para fabricação de remédios, pode se preparar para pagar 'royalties' para empresas japonesas e americanas que já patentearam a maiori-a dos produtos típicos da Amazônia... Por três vezes repeti a seguinte frase

após ouvir tais relatos: E os americanos vão acabar tomando a Amazônia e em todas elas ouvi a mesma resposta em palavras diferentes. Vou reproduzir a resposta de uma senhora simples que vendia suco e água na rodovia próximo de Mucajaí: 'Irão não minha filha, tu não sabe, mas tudo aqui já é deles, eles comandam tu-do, você não entra em lugar nenhum por-que eles não deixam. Quando acabar essa guerra aí eles virão pra cá, e vão fazer o que fizeram no Iraque quando determinaram uma faixa para os curdos onde iraquiano não entra, aqui vai ser a mesma coisa'. A dona é bem informada não? O pior é que segundo a ONU o conceito de nação é um conceito de soberania e as áreas demarcadas têm o nome de nação indí-gena. O que pode levar os americanos a alegarem que estarão libertando os po-vos indígenas. Fiquei sabendo que os americanos já estão construindo uma grande base militar na Colômbia, bem próximo da fronteira com o Brasil numa parceria com o governo colombiano com o pseudo objetivos de combater o narcotráfico. Por falar em narcotráfico, aqui é rota de dis-tribuição, pois essa mãe chamada Brasil mantém suas fronteiras abertas e aqui tem Estrada para as Guianas e Venezue-la. Nenhuma bagagem de estrangeiro é fiscalizada, principalmente se for ameri-cano, europeu ou japonês, (isso pode causar um incidente diplomático). .. Di-zem que tem muito colombiano traficante virando venezuelano, pois na Venezuela é muito fácil comprar a cidadania vene-zuelana por cerca de 200 dólares. Pergunto inocentemente às pessoas; porque os americanos querem tanto pro-teger os índios. A resposta é absoluta-mente a mesma, porque as terras indíge-nas além das riquezas animais e vege-tais, da abundância de água são extre-mamente ricas em ouro encontram-se pepitas que chegam a ser pesadas em quilos), diamante, outras pedras precio-sas, minério e nas reservas norte de Ro-raima e Amazonas, ricas em PETRÓ-LEO.. Parece que as pessoas contam essas coisas como que num grito de socorro a alguém que é do sul, como se eu pudes-se dizer isso ao presidente ou a alguma autoridade do sul que vá fazer alguma coisa. É pessoal,... saio daqui com a quase certeza de que em breve o Brasil irá diminuir de tamanho. Será que podemos fazer alguma coi-sa??? Acho que sim. Mara Silvia Alexandre Costa Depto de Biologia Cel. Mol. Bioag.Patog. FMRP - USP Opinião pessoal:

Afinal foi um momento de fraqueza dos Estados Unidos que os europeus

lançaram o Euro, assim poderá se aproveitar esta situação de fraqueza

norte-americana (perdas na guerra do Iraque) para revelar isto ao mundo a fim de antecipar a próxima guerra.

Celso Luiz Borges de Oliveira Doutorando em Água e Solo FEAGRI/UNICAMP

Definir e compreender a pobreza e suas várias dimensões é, também, tornar transparente o número da população excluída de políticas públicas e de direitos sociais previstos e assegurados pela Constituição brasileira. Portanto, o Brasil, com 180 milhões de habitantes, a nona economia mundial e a quarta maior con-centração de renda do planeta (só perdendo para países como Serra Leoa, Repú-blica Centro-Africana e Suazilândia), tem em seu território cerca de 50 milhões de pessoas vivendo em condições de indigência, com renda inferior a 80 reais por mês. Ou seja, 29,26% da população do país não conseguem atender minimamen-te a suas necessidades diárias, de acordo com a pesquisa divulgada no primeiro semestre de 2002 pelo economista Marcelo Neri, da Fundação Getulio Vargas do Rio de Janeiro.

No que concerne à concentração de renda no Brasil, é importante notar que, en-quanto 1% das famílias mais ricas consome 15% da renda, mais de 85 milhões de pessoas, que compõem a metade mais pobre da população, consomem apenas 12%. Em meio a esses dados numéricos, há também a triste revelação de que a concentração extrema da renda está apoiada numa estrutura de poder fortemente controlada por elites tradicionais - locais e nacionais -, que pouco mudaram sua maneira de fazer política e de governar o país no último século.

No relatório elaborado em 2000 pelo Programa das Nações Unidas para o Desen-volvimento (Pnud) sobre a pobreza no planeta, foi explicitado que, no Brasil, a maior parte dos benefícios sociais se destinava à classe média e aos ricos.

Também segundo esse estudo, a persistência da pobreza em nosso território ti-nha como causa direta as diferenças abissais de renda. Seguindo a mesma or-dem de raciocínio, tal relatório afirmava que novas políticas eram necessárias para reduzir a desigualdade e estimular um maior crescimento econômico. Por fim, esse documento chamava a atenção para o fato de que a distribuição desi-gual do gasto social era a grande responsável pela persistência da pobreza no país.

Em meio a esse cenário desolador, acrescente-se a dificuldade da população em-pobrecida de ocupar espaços de informação, conscientização, mobilização e par-ticipação política. Como é sabido, quanto mais pobres existirem numa sociedade, menores serão as chances de gerar espaços políticos de controle e mudanças sociais e políticas.

Inclusão Social O artesanato alagoano mais uma vez ganha reconhecimento nacional. Entre as 100 unidades produtivas artesanais escolhidas para receber o Prêmio Sebrae Top 100 de Artesanato, cinco são de Alagoas: Caleidoscó-pio, Associação das Artesãs de Pontal de Coruripe, Cooperativa das Ar-tesãs da Ilha do Ferro, Associação de Inclusão Social Bordadeiras de Pe-nedo e a Associação das Artesãs de Feliz Deserto. Para Marcos Vieira, superintendente do Sebrae em Alagoas, o artesanato é uma das maiores representações culturais do povo brasileiro e possui grande importância para o desenvolvimento econômico do Brasil. Segun-do ele, o artesanato possibilita a inclusão social e é instrumento de de-senvolvimento e fortalecimento da identidade cultural. O Prêmio Sebrae Top 100 de Artesanato tem como objetivo reconhecer e valorizar o trabalho realizado por artesãos de todo o País, selecionando as 100 unidades produtivas mais competitivas do Brasil. “Estética, arte e cultura são importantes para a confecção de peças artesanais, porém, o que diferencia o Top 100 de Artesanato da maioria dos prêmios é o fato da avaliação ir além destes requisitos e levar em conta processos produ-tivos com foco no mercado”, afirma Vieira. No processo de avaliação, as concorrentes tiveram que atender 11 crité-rios de avaliação do Top 100, entre eles, o grau de inovação dos produ-tos, adequações econômica, logística, correção ambiental, significação cultural e situação ergonômica dos postos de trabalho, a eficiência pro-dutiva e práticas comerciais e responsabilidade social. “Os critérios foram rigorosamente cumpridos e os jurados tiveram difi-culdades na escolha devido à grande competitividade dos candidatos. Entre os jurados estavam o consultor de empresas na área de Marketing, Comunicação Corporativa e Vendas, Eloi Zanetti; o designer industrial e gerente da Unidade de Negócios de Informação e Gestão Tecnológica da Associação Brasileira das Instituições de Pesquisa Tecnológica Industri-al (Abipti), Alceu Castelo Branco; a especialista em Varejo e diretora da Profashional Editora, Sandra Tescher; e a jornalista e curadora especiali-zada em Design, Adélia Borges. Segundo a gerente da Unidade de Turismo, Artesanato e Cultura do Sebrae/AL, Vanessa Rocha, o reconhecimento nacional é muito significa-tivo para as classificadas. Mas ela adverte que com a premiação, as uni-dades produtivas têm maiores responsabilidades em oferecer produtos de excelente qualidade e com alto valor cultural agregado. “Os consumi-dores nos mercados nacional e internacional são cada vez mais exigen-tes e sempre compram dos grupos e empresas artesanais que têm capa-cidade em atendê-los”, afirma Vanessa.

Da redação

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Abril 2010 Gazeta Valeparaibana Pagina 03

Nossa maravilhosa língua portuguesa É possível escrever sem a letra A? É possível sim! Sem nenhum tropeço posso escrever o que quiser sem ele, pois rico é o português e fértil em recursos diversos, tudo isso permitin-do mesmo o que de início, e somente de início, se pode ter como impossível. Pode-se dizer tudo, com sentido completo, mesmo sen-do como se isto fosse mero ovo de Colombo. Desde que se tente sem se pôr inibido pode muito bem o leitor em-preender este belo exercício, dentro do nosso fecundo e peregrino dizer português, puríssimo instrumento dos nossos melhores escri-tores e mestres do verso, instrumento que nos legou monumentos dignos de eterno e honroso reconhecimento Trechos difíceis se resolvem com sinônimos. Observe-se bem: é certo que, em se querendo esgrime-se sem limites com este diverti-mento instrutivo. Brinque-se mesmo com tudo. É um belíssimo es-porte do intelecto, pois escrevemos o que quisermos sem o "E" ou sem o "I" ou sem o "O" e, conforme meu exclusivo desejo, escolhe-rei outro, discorrendo livremente, por exemplo sem o "P", "R" ou "F", o que quiser escolher, podemos, em corrente estilo, repetir um som sempre ou mesmo escrever sem verbos. Com o concurso de termos escolhidos, isso pode ir longe, escre-vendo-se todo um discurso, um conto ou um livro inteiro sobre o que o leitor melhor preferir. Porém mesmo sem o uso pernóstico dos termos difíceis, muito e muito se prossegue do mesmo modo, discorrendo sobre o objeto escolhido, sem impedimentos. Deploro sempre ver moços deste século inconscientemente esquecerem e oprimirem nosso português, hoje culto e belo, querendo substituí-lo pelo inglês. Por quê? Cultivemos nosso polifônico e fecundo verbo, doce e melodioso, porém incisivo e forte, messe de luminosos estilos, voz de muitos povos, escrínio de belos versos e de imenso porte, ninho de cisnes e de condores. Honremos o que é nosso, ó moços estudiosos, escritores e profes-sores. Honremos o digníssimo modo de dizer que nos legou um povo humilde, porém viril e cheio de sentimentos estéticos, pugilo de heróis e de nobres descobridores de mundos novos. Autor: Desconhecido

Utilidade pública - Celulares Se roubarem seu Celular... A DICA É MUITO INTERESSANTE, ATÉ PORQUE POUCA GENTE TEM O HÁBITO DE LER MANUAIS. Agora, com esta história do 'Chip', o interesse dos ladrões por aparelhos celulares aumentou. É só ele comprar um no-vo chip por um preço médio de R$30,00 em uma operadora e o instalar no aparelho roubado. Por isso, está generalizado o roubo de aparelhos celulares. Segue, então, uma informação útil que os comerciantes de celulares não divulgam. Uma espécie de vingança para quan-do roubarem celulares. Para obter o número de série do seu telefone celular (GSM), digite *#06# Aparecerá no visor um código de algarismos.. Este código é único!!! Anote e guarde-o com cuidado!!! Se roubarem seu celular, telefone para sua operadora e in-forme este código. O seu telefone poderá então ser comple-tamente bloqueado, mesmo que o ladrão mude o 'Chip'. Pro-vavelmente, você não recuperará o aparelho, mas quem quer que o tenha roubado não poderá mais utilizá-lo. Se todos tomarem esta precaução, imagine, o roubo de celu-lares se tornará inútil. Envie isto a todos e não esqueça de anotar o número de série do seu celular!!! DIVULGUEM: "LEMBREM-SE DE QUE A FORÇA É O PRO-DUTO DA UNIÃO E QUE NÃO HAVENDO QUEM COMPRE NÃO HAVERÁ QUEM ROUBE".

COMENTÁRIOS DE UMA HOLANDESA Deborah Clasen - Pedagoga Empresarial

SOBRE O BRASIL

'Os brasileiros acham que o mundo todo presta, menos o Brasil. E, realmente parece que é um vício falar mal do Brasil. Todo lugar tem seus pontos positivos e ne-gativos, mas no exterior eles maximizam os positivos, enquanto no Brasil se maximizam os negativos. Aqui na Holanda, os resultados das eleições demoram horrores porque não é nada auto-matizado. Só existe uma companhia telefô-nica e (pasmem!) se você ligar reclamando do serviço, corre o risco de ter seu telefone temporariamente desconectado. Nos Estados Unidos e na Europa, ninguém tem o hábito de enrolar o sanduíche em um guardanapo - ou de lavar as mãos - antes de comer. Nas padarias, feiras e açougues eu-ropeus, os atendentes recebem o dinheiro e com mesma mão suja entregam o pão ou a carne. Em Londres, existe um lugar famosíssimo que vende batatas fritas enroladas em fo-lhas de jornal - e tem fila na porta. Na Europa, não-fumante é minoria. Se pedir mesa de não-fumante, o garçom ri na sua cara, porque não existe. Fumam até em ele-vador. Em Paris , os garçons são conhecidos por seu mau humor e grosseria. Qualquer gar-çom de botequim no Brasil podia ir para lá dar aulas de como conquistar o cliente.' Você sabe como as grandes potências fa-zem para destruir um povo? Impõem suas crenças e cultura. Se você parar para observar, em todo filme dos EUA a bandeira nacional aparece, e geralmente na hora em que estamos emotivos. O Brasil tem uma língua que, apesar de não se parecer quase nada com língua portugue-sa, é chamada de língua portuguesa, en-quanto que as empresas de software a cha-mam de português brasileiro, porque não conseguem se comunicar com os seus usu-ários brasileiros através da língua Portugue-sa. Os brasileiros são vítimas de vários crimes contra sua pátria, crenças, cultura, língua, etc... Os brasileiros mais esclarecidos sabem que tem muitas razões para resgatar as

raízes culturais.

Os dados são da Antropos Consulting: 1. O Brasil é o país que tem tido maior su-cesso no combate à AIDS e outras doenças sexualmente transmissíveis, e vem sendo exemplo mundial. 2. O Brasil é o único país do hemisfério sul que está participando do Projeto Genoma. 3. Numa pesquisa envolvendo 50 cidades de diversos países, a cidade do Rio de Janeiro foi considerada a mais solidária. 4. Nas eleições de 2000, o sistema do Tribu-nal Regional Eleitoral (TRE) estava informa-tizado em todas as regiões do Brasil, com resultados em menos de 24 horas depois do início das apurações. O modelo chamou a atenção de uma das maiores potências mundiais: os Estados Unidos, onde a apura-ção dos votos teve que ser refeita várias vezes, atrasando o resultado e colocando em xeque a credibilidade do processo. 5. Mesmo sendo um país em desenvolvi-mento, os internautas brasileiros represen-tam uma fatia de 40% do mercado na Améri-ca Latina. 6. No Brasil, há 14 fábricas de veículos ins-taladas e outras 4 se instalando, enquanto

alguns países vizinhos não possuem nenhu-ma. 7. Das crianças e adolescentes entre 7 a 14 anos, 97,3% estão estudando. 8. O mercado de telefones celulares do Bra-sil é o segundo do mundo, com 650 mil novas habilitações a cada mês. 9. Na telefonia fixa, o país ocupa a quinta posição em número de linhas instaladas. 10. Das empresas brasileiras, 6.890 possu-em certificado de qualidade ISO 9000, maior número entre os países em desenvolvimen-to. No México, tem apenas 300 empresas e 265 na Argentina. 11. O Brasil é o segundo maior mercado de jatos e helicópteros executivos.. 12. Por que não se orgulhar em dizer que o mercado editorial de livros é 20% maior do que o da Itália, com mais de 50 mil títulos novos a cada ano. 13.. Que o Brasil tem o mais moderno siste-ma bancário do planeta? 14. Que as agências de publicidade ganham os melhores e maiores prêmios mundiais? 15 Por que não se fala que o Brasil é o país mais empreendedor do mundo e que mais de 70% dos brasileiros, pobres e ricos, dedi-cam considerável parte de seu tempo em trabalhos voluntários? 16.. Por que não dizer que o Brasil é hoje a terceira maior democracia do mundo? 17. Que apesar de todas as mazelas, o Con-gresso está punindo seus próprios mem-bros, o que raramente ocorre em outros paí-ses ditos civilizados? 18. Por que não lembrar que o povo brasilei-ro é um povo hospitaleiro, que se esforça para falar a língua dos turistas, gesticula e não mede esforços para atendê-los bem? 19. Por que não se orgulhar de ser um povo que faz piada da própria desgraça e que en-frenta os desgostos sambando. É! O Brasil é um país abençoado de fato. 20. Que os brasileiros são considerados os maiores amantes do mundo, enquanto que os ingleses e os árabes são os piores? 21. Que os brasileiros tomam banho todos os dias, às vezes mais de um por dia en-quanto que os europeus tomam em média um por semana? O país do mundo onde a Gessy Lever mais vende sabonetes é o Bra-sil. Bendito este povo, que possui a magia de unir todas as raças, de todos os credos. Bendito este povo, que sabe entender todos os sotaques. Bendito este povo que oferece todos os ti-pos de climas para contentar toda gente. Por que o brasileiro tem a mania de só ser nacionalista e patriota durante a Copa do Mundo? Se fossem assim todos os dias, vibrantes como o são durante a Copa, talvez, hoje o Brasil fosse uma super potência.... Bendita seja, querida pátria chamada Brasil! Que ao ler estas palavras, pelo menos se reflita por alguns momentos.

Refletir e sentir orgulho de ser

BRASILEIRO!!! Nossa saúde + (Página 5)

Quando pensar em desistir, não cruze os braços, lembre-se: O maior homem do Mundo morreu de braços abertos

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Abril 2010 Gazeta Valeparaibana Página 05

Acertar por vezes é um dever mas, saber reconhecer um erro, é sem dúvida o maior dos acertos...

Depressão a doença do século

O Programa Cidade

Educadora foi criado com o

objetivo de despertar nas pessoas a e nas

autoridades a consciência de uma

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No “VIVEIRO ESCOLA Planta Brasil”, prioriza o cultivo de mu-das de árvores nativas e diz não ás exóticas, pratica e incentiva a agricultura orgâ-nica e, as mudas somente são disponibilizadas para replantio, em projetos de reflo-restamento em áreas de Mata Atlântica e Ciliares, degradadas e, somente após a-

tingirem o tamanho seguro, para sobreviverem em seu local definitivo. Mais informações: http://www.formiguinhasdovale.org

Vamos rir

Curiosidades A maneira mais fácil de diferenciar um ani-mal carnívoro de um herbívoro é olhando nos seus olhos. Os carnívoros (cachorros, leões) possuem os olhos na parte da frente da cabeça, o que facilita a localização do alimento. Já os her-bívoros (aves, coelhos) possuem os olhos do lado da cabeça para perceber a aproxima-ção de um possível predador.

O sujeito, depois de passar a noite na farra, chega em ca-sa embriagado às duas da manhã e a mulher vai logo di-zendo: - Já chegou, Super-homem? A janta está pronta, Super-homem. Vai comer agora ou vai tomar banho antes, Super-homem? O marido, intriga-do, pergunta: - Mulher, por que diabo você tá me chamando de Super-homem? - Porque você tá igualzinho a ele: usando a cueca por cima da calça.

Depressão ou tristeza? Classificada no quadro dos chamados distúrbios de humor, a depressão é, sim, uma doença, e estabelece mudan-ças extremas no comportamento, ener-gia e ânimo da pessoa atingida, afetan-do tanto a mente quanto o corpo. "Quem tem depressão não deve se sentir envergonhado, pois diferente-mente do que muitos pensam, não é uma fraqueza de caráter ou um defei-to", afirma o psiquiatra e pesquisador associado da UnB (Universidade de Brasília), Raphael Boechat. Andar cabisbaixo, falta de apetite, irri-tação constante e momentos alterna-dos de euforia e tristeza são apenas alguns dos sintomas. Segundo a pro-fessora do Departamento de Neurologi-a e Psiquiatria da Unesp (Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho), Maria Cristina Pereira Lima, mui-tas pessoas costumam confundir tris-teza com depressão. "A tristeza é um sentimento natural, ou seja, faz parte da nossa vida. Porém é momentânea e não incapacita a pessoa a continuar suas atividades, não ne-cessitando de tratamento específico. Já a depressão vai além disso, é uma tristeza crônica, de longa duração e com intensidade muito maior", argu-menta a psiquiatra. Por tudo isto, a de-pressão exige um tratamento adequa-do.

Universitários X depressão Transição na vida profissional. Este foi o principal motivo para o desencadea-mento da depressão na universitária Maria Júlia Duarte. Segundo ela, a prin-cípio confundiu a doença com tristeza, o que é muito comum entre as pessoas que desconhecem as suas causas. A-pós dois meses de muita angústia, Jú-

lia decidiu procurar ajuda. "Se demo-rasse um pouco mais, talvez meu esta-do estivesse mais crítico", conta a uni-versitária. Foram 18 meses de terapia intensiva e medicamentos. "A força de vontade é a principal parte do tratamento. Hoje não tenho mais a doença, mas tenho cons-ciência de que a qualquer hora posso ter uma recaída, por isso luto todo dia contra esse mal. O mais importante é procurar ajuda, a depressão é uma coi-sa séria e interfere muito no desempe-nho da vida", afirma. Júlia não está sozinha nessa situação. Algumas pesquisas realizadas pelas próprias universidades revelam como é grande o número de universitários com depressão ou transtornos psíquicos. A FMB (Faculdade de Medicina da Unesp de Botucatu), por intermédio da psiqui-atra Maria Cristina Pereira Lima, reali-zou uma pesquisa com 80% dos alunos do curso de Medicina para quantificar e dimensionar o tamanho do sofrimento psíquico enfrentado pelos universitá-rios. "No universo de 455 alunos entre-vistados, 44% possuíam sofrimentos psíquicos. Dentre eles, a depressão e a ansiedade foram os de maior incidên-cia", conta Maria Cristina. A Faculdade de Medicina do ABC tam-bém realizou uma pesquisa com todos os alunos do curso de Medicina, reve-lando que 7,8% dos entrevistados sofri-am de depressão, nos mais variados níveis da doença. "Um número que a-pesar de previsível é imenso. Depen-dendo do grupo de jovens pesquisa-dos, esse índice pode ser superior ou inferior. Mas acredita-se que a depres-são seja mais constante em universitá-rios da área de saúde", assegura o res-ponsável pela pesquisa, Sérgio Baldas-sim. A queda do rendimento escolar e a fal-

ta de concentração em aula são as principais manifestações de depressão no estudante. São várias as possibili-dades para a explicação do aumento de universitários com a doença, mas nenhuma delas possui comprovações científicas. "Uma suposição é que devi-do à grande cobrança da universidade e até do próprio mercado de trabalho, os universitários, geralmente ainda muito novos nessa fase, passam por um momento de transição muito gran-de, tanto na vida pessoal quanto profis-sional", diz Maria Cristina. "Hoje mais de 30% das universidades brasileiras oferecem orientação psico-lógica aos alunos. Uma iniciativa muito importante para minimizar esses índi-ces. Se alguém tiver dúvida se tem ou não depressão, é importante não deixar de procurar ajuda. Ou melhor, é essen-cial", conclui o psiquiatra Sérgio Bal-dassim.

Resquícios da doença A depressão pode ter melhora, por mais difícil que seja este processo. O mais grave, porém, é que por falta de informação, apenas dois terços dos pacientes com a doença procuram tra-tamento. "O mais importante é o reco-nhecimento da doença pelo paciente. Dificilmente a pessoa sai deste proces-so sozinha. Na maioria dos casos é preciso ajuda de um terapeuta ou psi-

quiatra. E, em casos mais graves, de antidepressivos", assegura Boechat. Para Boechat, o tratamento da depres-são, hoje em dia, é muito eficaz, mas não há cura definitiva. "A qualquer mo-mento a pessoa pode ter uma recaída. O grande erro no tratamento é suspen-der o medicamento depois que se ob-servam pequenas melhoras. O risco da depressão voltar é grande e a recaída é ainda pior. É necessário cumprir rigo-rosamente o tratamento para evitar is-to", alerta. A OMS estima que até 2020 a doença - atualmente a quinta causa de incapaci-dade e perda de qualidade de vida no mundo todo - salte para a segunda po-sição. Por isso, tratar inadequadamen-te, ou simplesmente deixar de tratar a depressão pode ocasionar muitos pre-juízos para o paciente. "Além de inter-ferir no tratamento de outras doenças, pode contribuir para o surgimento de outras. Mas, o pior é o aumento da mortalidade dos pacientes por suicí-dio", conta Maria Cristina. No Brasil, o suicídio cresceu 20 vezes nos últimos 20 anos, de acordo com o Ministério da Saúde. Entre os jovens, de 15 aos 24 anos, essa fatalidade já é a terceira causa de morte. "De 15% a 20% dos pacientes com depressão gra-ve têm condutas suicidas. Um em cada três casos de suicídio entre os jovens é por conta disto", explica o psicotera-

peuta Bahls. Por isso, buscar aju-da não é si-nal de fra-queza, mas de grande coragem. Da redação

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Abril 2010 Gazeta Valeparaibana Página 12

Os tropeiros e o desenvolvimento do Brasil

Tudo sobre os temas ecologia e meio ambiente - www.formiguinhasdovale.org

"Existem três Tipos de pessoas no mundo: As que fazem as coisas acontecerem; as que assistem as coisas a-contecerem e as que não se dão conta das coisas que acontecem."

O Tropeirismo no Brasil

A Atividade dos Tropeiros no Brasil

Por Claudio Recco* Introdução A palavra "tropeiro" deriva de tropa, numa referência ao conjunto de ho-mens que transportavam gado e mer-cadoria no Brasil colônia. O termo tem sido usado para designar principal-mente o transporte de gado da região do Rio Grande do Sul até os mercados de Minas Gerais, posteriormente São Paulo e Rio de Janeiro, porém há quem use o termo em momentos ante-riores da vida colonial, como no "ciclo do açúcar" entre os séculos XVI e XVII, quando várias regiões do interior nor-destino se dedicaram a criação de ani-mais para comercialização com os se-nhores de engenho. A Mineração Na maioria das obras didáticas, tropei-rismo é associado com a procriação e venda de gado, porém essa atividade se iniciou com o desenvolvimento da mineração, entre os séculos XVII e XVI-II. A descoberta do ouro e posteriormen-te de diamantes, foram responsáveis por um grande afluxo populacional para a região das minas gerais, tanto de paulistas, como de portugueses e ainda de escravos. Essa grande corri-da em busca do eldorado foi acompa-nhada por um grave problema, a falta de alimentos e de produtos básicos, responsável por sucessivas crises na primeira década do século 18, onde a falta de gêneros agrícolas resultou em grande mortalidade. Estas crises de fome afligiram a zona mineradora por longos períodos, quan-do se chegou inclusive a interromper os trabalhos extrativistas para a pro-dução de alimentos. Tais crises de fo-me, foram muito fortes nos anos de 1697-1698, 1700-1701 e em 1713. De fato, aqueles que migraram para a região mineradora sonhavam com a riqueza mineral e poucos se dispu-nham a trabalhar a terra, sendo que tal situação fez com que florescesse um comércio interligando o porto do Rio de Janeiro ao interior. Tanto os produ-tos manufaturados que chegavam de Portugal, quanto os gêneros agrícolas, eram transportados no lombo de ani-

mais para a população das minas ge-rais, pois mais de 90% do consumo de necessidades dos mineiros a Capitania opulenta não produzia. Não achavam razoável deslocar um escravo para a agricultura, quando esse mesmo es-cravo, empunhando a bateia, dava lu-cro cem vezes maior ao seu senhor. Dai a importância das tropas na movi-mentação da produção desde os pri-meiros dias da conquista. O crescimento das cidades e a forma-ção de uma elite na região mineradora aumentaram a necessidade de ani-mais, tanto para as atividades locais, como para o transporte de carga, cada vez maior, em direção ao Rio de Janei-ro. Ao mesmo tempo a riqueza gerada pela mineração foi responsável por estimular uma série se atividades para-lelas, urbanas, reforçando ainda mais a atividade dos tropeiros, que trans-portavam os mais variados produtos e ainda cumpriam o papel de mensagei-ros.

A Região Sul e o Gado

É difícil falar em sul do Brasil, pois na verdade, quando do início do período da mineração, a América era ainda di-vidida pelo Tratado de Tordesilhas e, teoricamente, a região onde encontra-mos o atual estado do Rio Grande do Sul pertencia à Espanha. Não é à toa que nesta região as atividades econô-micas se assemelham às da Argentina, Paraguai e Uruguai (na verdade, Vice Reino do Prata). Se por um lado as condições geográficas e climáticas estimularam essa atividade, por outro é necessário lembrar que a criação de gado na região platina se iniciou para abastecer as minas de prata do interior do Peru, tanto no sentido de transpor-tar para o interior os produtos proveni-entes da Espanha, como no sentido inverso, trazer das minas a prata, que era embarcada em navios nos rios da Bacia do Prata e no porto de Buenos Aires. Foi essa atividade dinâmica na Bacia do Prata que estimulou o governo por-tuguês a intervir na região. Mesmo an-tes da assinatura do Tratado de Madri, em 1750, Portugal atuava no sentido de incorporar a região a seus domí-nios, interessado em participar do co-mércio local. Isso explica a fundação da Colônia do Sacramento em 1680 e o estímulo dado à ocupação das terras gaúchas. No entanto podemos dizer que ao lon-go do século XVI e início do XVII, o Rio Grande do Sul era "terra de ninguém", habitada principalmente por índios guaranis e por onde passavam eventu-almente alguns bandeirantes em busca

de índios para apresar e escravizar. Esse quadro foi modificado com a che-gada de padres jesuítas que, no início do século XVII, na região formada pe-los atuais estados do Rio Grande do Sul e Paraná, e pela Argentina e Para-guai, fundaram as Missões jesuíticas. Nelas se reuniam, em torno de peque-nos grupos de religiosos, grandes le-vas de índios guaranis convertidos. O crescimento das missões determi-nou a introdução da atividade pecua-rista, de forma extensiva, geralmente com o gado solto nas pradarias, com o objetivo de alimentar os índios. Dessa maneira a região passou a oferecer dois atrativos para os forasteiros: o índio que seria escravizado e o gado. Várias expedições de bandeirantes paulistas atacaram a região - destaca-se a expedição comandada por Antoni-o Raposo Tavares - até 1640 A ação dos bandeirantes e os conflitos fronteiriços entre Portugal e Espanha fizeram com que os jesuítas transferis-sem as reduções para a região noroes-te do Rio Grande, onde fundaram os Sete Povos das Missões, que funcio-navam de forma independente dos go-vernos europeus metropolitanos e não se preocuparam em respeitar as deci-sões adotadas a partir de 1750. Essa situação motivou a repressão às Mis-sões. Apesar da resistência por parte de padres e índios, as Missões foram desmanteladas, mas deixaram um le-gado que, por muito tempo, seria a base da economia gaúcha: os grandes rebanhos de bovinos e cavalos, cria-dos soltos pelas pradarias. Dessa maneira pode-se afirmar que a influência espanhola se fez sentir no Rio Grande do Sul desde a sua forma-ção. Pode-se mesmo falar que, sem a participação espanhola, a pecuária - que seria a base da economia gaúcha durante o século XIX e início do XX - não existiria com a importância que tem. Não poderia ser de outra forma. Afinal, o Rio Grande representou a principal zona de contato - e conflito - com os vizinhos espanhóis. Os Tropeiros Nos Séculos XVII e XVIII, os tropeiros eram partes da vida da zona rural e cidades pequenas dentro do sul do Brasil. Vestidos como gaúchos com chapéus, ponchos, e botas, os tropei-ros dirigiram rebanhos de gado e leva-ram bens por esta região para São Paulo, comercializados na feira de So-rocaba. De São Paulo, os animais e mercadorias foram para os estados de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso. Em direção às minas, o transporte fei-to no lombo de animais foi fundamen-tal devido aos acidentes geográficos da região, que dificultavam o transpor-te. Já para as regiões de Goiás e Mato Grosso, a maioria dos produtos eram transportados através dos rios, nas chamadas monções. É difícil definir os homens que se dedi-cavam a esta atividade. Muitos ho-mens de origem paulista, vicentina, ou seus descendentes, se tornaram tro-peiros, assim como muitos homens de origem portuguesa. O fato de a Capitania de São Vicente ter prosperado de forma limitada, obri-gou muitos de seus habitantes a subi-

rem a serra e a se fixarem no planalto. Assim surgiu a vila de São Paulo, for-mada por uma camada pobre, que a-bandonara o litoral. A economia precá-ria baseada numa agricultura de sub-sistência determinou a necessidade de atividades complementares, originan-do o bandeirismo, porém nem todo homem paulista tornou-se bandeiran-te. Muitos que inicialmente se dedica-ram ao apresamento indígena se fixa-ram em terras no sul e, com o passar do tempo, foram se integrando ao pe-queno comércio, praticado no lombo de mulas. Contando com uma população com-posta por homens de origem vicentina e portuguesa, a vila de Laguna era o ponto extremo do litoral brasileiro e dela partiram muitas famílias para ou-tras áreas do interior do sul, também preocupadas com o apresamento indí-gena num primeiro momento, e que tomaram contato com a criação de ga-do, praticada nas missões jesuíticas. A própria história do Rio Grande do Sul deu origem a elementos que se dedicariam ao tropeirismo. A necessi-dade de povoar a região, segundo inte-resses dos portugueses, fez com que o governo real facilitasse o acesso à terra e garantisse um elevado grau de liberdade e autonomia para a região, fato que, teve como uma de suas con-seqüências o predomínio da grande propriedade no século 17, que benefi-ciava poucas famílias e marginalizava grande parte do sociedade que ali se formava. O tropeiro iniciava-se na profissão por volta dos 10 anos, acompanhando o pai, que era o negociante (compra e venda de animais) o condutor da tropa. Usava chapelão de feltro cinza ou mar-rom, de abas viradas, camisa de cor similar ao chapéu de pano forte, manta ou beata com uma abertura no centro, jogada sobre o ombro, botas de couro flexível que chegavam até o meio da coxa para proteger-se nos terrenos alagados e matas. No Rio Grande, a cidade de Viamão tornou-se um dos principais centros de comércio e formação de tropas que tinham como destino os mercados de São Paulo. Porém de outras regiões do sul partiam as tropas, quase sempre com o mesmo destino. Nesses traje-tos, os tropeiros procuravam seguir o curso dos rios ou atravessar as áreas mais abertas, os "campos gerais" e mesmo conhecendo os caminhos mais seguros, o trajeto envolvia várias se-manas. Ao final de cada dia era acesso o fogo, para depois construir uma ten-da com os couros que serviam para cobrir a carga dos animais, reservando alguns para colocar no chão, onde dormiam envoltos em seu manto. Cha-mava-se "encosto" o pouso em pasto aberto e "rancho" quando já havia um abrigo construído. Ao longo do tempo os principais pousos se transforma-ram em povoações e vilas. É interes-sante notar que dezenas de cidades do interior na região sul do Brasil e mes-mo em São Paulo, atribuem sua ori-gem a atividade dos tropeiros.

Na página seguinte abordaremos “A alimentação dos tropeiros” a conclu-são sobre sua importância no desen-

volvimento do brasil.

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Abril 2010 Gazeta Valeparaibana Página 07

O Futuro do País estará na qualidade da educação que disponibilizarmos para nossas crianças.

Emprego

Livre para anunciar

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Ajude-nos

nesta tarefa

por um Mundo melhor.

Sobre o Currículo e formas de avaliação

do candidato.

Texto deve conter as últimas três

empresas trabalhadas.

Quando a experiência profissional é exten-sa – às vezes somando décadas de traba-lho em diversas empresas – o candidato pode ficar tentado a descrever em seu cur-rículo suas atividades em cada companhia. No entanto, o detalhamento das ações, re-quisito para deixar um currículo atraente e diferenciado, pode, neste caso, atrapalhar. “A pessoa deve levantar as habilidades e competências técnicas focadas no objetivo de hoje. Se ela trabalhou anos atrás em u-ma área que não é o foco dela atualmente, não cabe esmiuçar essa experiência”, pon-dera Carmem Benet, consultora de recur-sos humanos da Manpower, de São Paulo. Duas páginas - A medida certa é o candida-to colocar, em apenas duas páginas, as três últimas empresas em que atuou e suas principais atribuições, sugere a consultora Neussymar Magalhães, diretora de planeja-mento e atendimento da Recursos Huma-nos em Marketing e Comunicação (RHMC). “As demais empresas em que trabalhou, o profissional pode apenas citar o nome, o período e o cargo que ocupou.” Enxuto – Mas, para Carmem Benet, citar o nome de uma firma em que se trabalhou há bastante tempo, somente por se tratar de uma companhia de renome, não é o mais recomendado. Carmen lembra que o candidato é avaliado por um conjunto de fatores. Segundo ela, descrever as atribuições e mostrar os re-sultados alcançados é mais importante do que o porte da empresa em que atuou. Cursos e idiomas - Outro ponto que o pro-fissional experiente deve ter cuidado é com a seção de cursos do currículo. “Ele deve colocar apenas os mais recentes, realiza-dos há, no máximo, três anos, e que te-nham ligação com a área em que ele pre-tende atuar”, aponta Carmem. Para enxugar ainda mais o documento, o domínio dos idiomas também pode ser re-sumido. Para a consultora, basta colocar o nível de fluência em cada uma das línguas, sem citar certificados. “Assim, ele tem mais espaço para escrever sobre as competên-cias, que é o mais importante”, sugere. Maria Carolina Nomura

Tropeiros (continuação)

A alimentação Dos

TROPEIROS

A alimentação dos tropeiros era constituída por toucinho, feijão preto, farinha, pimenta-do-reino, café, fubá e coité (um molho de vinagre com fruto cáustico es-premido). Nos pousos comiam feijão quase sem molho com pe-daços de carne de sol e toucinho (feijão tropeiro) que era servido com farofa e couve picada. Bebi-das alcoólicas só eram permiti-das em ocasiões especiais: quando nos dias muitos frios to-mavam um pouco de cachaça para evitar constipação e como remédio para picada de insetos. O tropeiro montava um cavalo que possuía sacola para guardar a capa, a sela apetrechada, sus-pendia-se em pesados estribos e enfeitava a crina com fitas. Cha-mavam "madrinha" o cavalo ou mula já envelhecida e bastante conhecida dos outros animais para poder atraídos era a cabeça da tropa e abria o percurso, com a fila de cargueiros à sua reta-guarda; "malotagem" eram os apetrechos e arreios necessários

de cada animal e acondiciona-mento da carga e "broaca" os bolsões de couro que eram colo-cados sobre a cangalha e servi-am para guardar a mercadoria. Em torno dessa atividade primiti-va nasceram e viveram com lar-gueza várias profissões e indús-trias organizadas, como a de "rancheiro", proprietários de "rancho" ou alojamento em que pousavam as tropas. Geralmente não era retribuída a hospedagem, cobrando o seu proprietário ape-nas o milho e o pasto consumi-dos pelos animais, porque as tro-pas conduziam cozinhas pró-prias. A profissão de ferrador também foi criada pelas necessi-dades desse fenômeno econômi-co-social, consistindo ela em pregar as ferraduras nos animais das tropas e acumulando geral-mente a profissão de aveitar ou veterinário. A incumbência de domar os animais ainda chucros era também uma decorrência do regime de transportes e chama-vam-se "paulistas", porque con-duziam ao destino os animais adquiridos em Sorocaba. No norte de Minas "paulista", "peão" e "amontador" eram sinô-nimos, mas tinham significação específica. Assim é que "paulista" era o indivíduo que amansava as bestas à maneira dos peões de São Paulo. Peão era todo amansador de eqüinos e muares à moda do sertão, e a-montador era apenas o que mon-tava animais bravios para efeito de quebrar-lhes o ardor. Depois é que vinha o "acertador", homem hábil e paciente, que ensinava as andaduras ao animal e educava-

lhe a boca ao contato do freio. É a mais nobre de todas. Conclusão Percebemos a importância da atividade dos tropeiros de dife-rentes maneiras: o abastecimen-to da região mineradora e outras, sem os quais a exploração das jazidas seria impossível; a ocu-pação da região interior do Bra-sil, contribuindo para consolidar o domínio português, ao mesmo tempo em que fundaram diversas vilas e cidades. O comércio de animais foi fator determinante para integrar efetivamente o sul ao restante do Brasil, apesar das diferenças culturais entre as regi-ões da colônia, os interesses mercantis foram responsáveis por essa fusão e indiretamente, pela prosperidade tanto da gran-de propriedade estancieira gaú-cha, como de pequenas proprie-dades familiares, em regiões on-de predominaram populações de origem européia e que abasteci-am de alimentos as fazendas pe-cuaristas. O Professor Claudio Barbosa

Recco é coordenador do HISTORIANET.

Segurança Nacional O NOSSO HAITI É AQUI...

No domingo da 28 de Março do corrente ano, vendo o Canal Livre da Rede Bandeirantes de Televisão, estava sendo sabatinado o Ministro Celso Amorim. Ao ser indago sobre a ameaça americana ao instalar uma base militar na fronteira da Colômbia com o Brasil, o Ilustre Ministro afirmou que não devemos ser lunáticos ou inocentes, sobre a dimensão des-sa ameaça. Segundo o consenso geral a instalação dessa base se deu, com a finalidade de combater o narcotráfi-co. No entanto, essa mesma base está equipada com aviões com autonomia de vôo de longo alcance, que poderão alcançar os pólos Norte e Sul com um único reabastecimento. Pelo que a história nos demonstra os americanos costumeiramente faltam com a verdade nas suas invasões ou em sua alegação de ajuda e salvação de povos; veja-se o caso do Iraque e agora do Haiti, para não citar outras atrocidades. Com o slogan de libertar o País ou prestar ajuda a um povo, se ocul-ta a verdadeira intenção que nada mais é que garantir o abastecimento de petróleo em seu país ou re-mover opositores. No caso dessa base na Colômbia, levando-se em conta a ameaça já denunciada (veja matéria na pági-na 03 “Sobre o nosso patrimônio”), não se trata, conforme o ministro, de sermos ingênuos ou luná-ticos, trata-se sim de uma ameaça real que hoje já nos aflige e ameaça e, para a qual devemos ficar a-tentos e alertas. Primeiro, porque somos um País auto suficiente em matrizes energéticas e, em segun-do lugar, e estes os itens mais importantes, somos possuidores do maior manancial de água potável do mundo, além de riquezas farmacológicas e minerais ainda incomensuráveis (não dimensionadas em valores) em especial na Floresta Amazônica. A água e os bens da floresta serão os ícones de maior valor para o futuro próximo. Os americanos es-gotaram os seus recursos naturais e, para continuarem se firmando como “Donos do Mundo” preci-sam de matrizes energéticas e ambientais, as quais esgotaram em sua corrida armamentista e de de-senvolvimento econômico, em seu território. Assim, devemos ficar atentos e alertas, e mais, devemos investir em Segurança Bélica e Operacional de Fronteiras e aumentar nosso controle sobre a Amazônia Brasileira.

O nosso HAITI é aqui. Filipe de Sousa

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Abril 2010 Gazeta Valeparaibana Página 8

Educação se faz com exemplos, competência e respeito.

Qualidade de vida

CARATER Do grego “charactér” de “charássein” que significa GRAVAR. Etimologicamente, caráter quer dizer “coisa gravada”. O Termo pode ter dois sentidos diversos: 1º.) como conjunto de disposições psicológicas e comportamentos habituais de uma pessoa, isto é, a personalidade concreta. 2º.) relacionado à vontade e nesse caso conecta as idéias de energia, hones-tidade e coerência; é nessa acepção que falamos,em “homem de caráter”. Há inúmeras classificações de caráter, obedecendo aos mais diversos critérios. Citaremos a de Hey-mans e Wiersma, baseada nas três propriedades fundamentais do caráter: emotividade, atividade repercussão das representações. Quanto á emotividade os indivíduos podem ser emotivos e não-emotivos; Quanto à atividade, distribuem-se em ativos e não-ativos; Quanto à repercussão das re-presentações, distinguem-se os primários (influenciados pelo presente e a ele reagindo) e os secun-dários (com capacidade de reagir em vista do futuro e não somente em função da situação atual). O homem de vontade é, precisamente, aquele que sabe criar para si um caráter e que, por esse cará-ter, orienta sua própria conduta.

A Poluição da água mata mais que a violência no Mundo. ABIDJAN - A população mundial está poluindo os rios e ocea-nos com o despejo de milhões de toneladas de resíduos sóli-dos por dia, envenenando a vida marinha e espalhando doen-ças que matam milhões de crianças todo ano, disse a ONU nesta segunda-feira. "A quantidade de água suja significa que mais pessoas mor-rem atualmente por causa da água poluída e contaminada do que por todas as formas de violência, incluindo as guerras", disse o Programa do Meio Ambiente das Nações Unidas (Unep, na sigla em inglês). Em um relatório intitulado "Água Doente", lançado para o Dia Mundial da Água nesta segunda-feira, o Unep afirmou que 2 milhões de toneladas de resíduos, que contaminam cerca de 2 bilhões de toneladas de água diariamente, causaram gigantes-cas "zonas mortas", sufocando recifes de corais e peixes. O resíduo é composto principalmente de esgoto, poluição in-dustrial e pesticidas agrícolas e resíduos animais. Segundo o relatório, a falta de água limpa mata 1,8 milhão de crianças com menos de 5 anos anualmente. Grande parte do despejo de resíduos acontece nos países em desenvolvimento, que lançam 90% da água de esgoto sem tratamento. A diarréia, principalmente causada pela água suja, mata cerca de 2,2 milhões de pessoas ao ano, segundo o relatório, e "mais de metade dos leitos de hospital no mundo é ocupada por pes-soas com doenças ligadas à água contaminada." O relatório recomenda sistemas de reciclagem de água e proje-tos multimilionários para o tratamento de esgoto. Também sugere a proteção de áreas de terras úmidas, que a-gem como processadores naturais do esgoto, e o uso de deje-tos animais como fertilizantes. "Se o mundo pretende sobreviver em um planeta de 6 bilhões de pessoas, caminhando para mais de 9 bilhões até 2050, pre-cisamos nos tornar mais inteligentes sobre a administração de água de esgoto", disse o diretor da Unep, Achim Steiner. "O esgoto está literalmente matando pessoas."

Da redação

Reflexões

Que estória curiosa!!!! Um dia, o Senhor chamou Noé que morava no Brasil e ordenou-lhe: - Dentro de 6 meses, farei chover ininterruptamente durante 40 dias e 40 noites, até que o Brasil seja coberto pelas águas. Os maus serão destruídos, mas quero salvar os justos e um casal de cada espécie animal. Vai e constrói uma arca de madeira. No tempo certo, os trovões deram o aviso e os relâmpagos cruzaram o céu. Noé chorava, ajoelhado no quintal de sua casa, quando ouviu a voz do Senhor soar furiosa, entre as nuvens: - Onde está a arca, Noé? - Perdoe-me, Senhor suplicou o homem. Fiz o que pude, mas encontrei dificuldades imensas: Primeiro tentei obter uma licença da Prefeitura ,mas para isto, além das altas taxas para ob-ter o alvará, me pediram ainda uma contribuição para a campanha para eleição do prefeito. Precisando de dinheiro, fui aos bancos e não consegui empréstimo, mesmo aceitando a-quelas taxas de juros ... O Corpo de Bombeiros exigiu um sistema de prevenção de incêndio, mas consegui contor-nar, subornando um funcionário. Começaram então os problemas com o IBAMA e a FEPAM para a extração da madeira. Eu disse que eram ordens SUAS, mas eles só queriam saber se eu tinha um "Projeto de Re-florestamento " e um tal de "Plano de Manejo ". Neste meio tempo ELES descobriram também uns casais de animais guardados em meu quintal.. Além da pesada multa, o fiscal falou em "Prisão Inafiançável " e eu acabei tendo que matar o fiscal, porque, para este crime, a lei é mais branda. Quando resolvi começar a obra, na raça, apareceu o CREA e me multou porque eu não ti-nha um Engenheiro Naval responsável pela construção. Depois apareceu o Sindicato exigindo que eu contratasse seus marceneiros com garantia de emprego por um ano. Veio em seguida a Receita Federal , falando em " sinais exteriores de riqueza " e também me multou. Finalmente, quando a Secretaria Municipal do Meio Ambiente pediu o " Relatório de Impac-to Ambiental " sobre a zona a ser inundada, mostrei o mapa do Brasil. Aí, quiseram me internar num Hospital Psiquiátrico! Sorte que o INSS estava de greve... Noé terminou o relato chorando, mas notou que o céu clareava perguntou: - Senhor, então não irás mais destruir o Brasil? - Não! - respondeu a Voz entre as nuvens - Pelo que ouvi de ti, Noé, cheguei tarde! O governo já se encarregou de fazer isso!

Da redação

FILA INDIANA Albert Einstein Para mim, os homens caminham pela face da Terra em fila indiana. Cada um carregando uma sacola na frente e outra atrás. Na sacola da frente, nós colocamos as nossas qualidades. Na sacola de trás, guardamos os nossos defeitos. Por isso, durante a jornada pela vida, mantemos os olhos fixos nas virtudes que possuí-mos, presas em nosso peito. Ao mesmo tempo, reparamos impiedosamente nas costas do companheiro que está adian-te, todos os defeitos que ele possui. E nos julgamos melhores que ele, sem perceber que a pessoa andando atrás de nós, está pensando a mesma coisa a nosso respeito. Mude, ainda dá tempo,e não esqueça... "A vida é como jogar uma bola na parede: Se for jogada uma bola azul, ela voltará azul; Se for jogada uma bola verde, ela voltará verde; Se a bola for jogada fraca, ela voltará fraca; Se a bola for jogada com força, ela voltará com força. Por isso, nunca "jogue uma bola na vida" de forma que você não esteja pronto a recebê-la. A vida não dá e nem empresta; não se comove e nem se apieda. Tudo quanto ela faz, é retribuir e transferir aquilo que nós lhe oferecemos... Albert Einstein

Depressão - Mais que tristeza A depressão atinge as pessoas em qualquer fase da vida, mas os mais afetados neste século XXI são os jovens A depressão é um mal que não vê classe social e muito menos idade. A chamada "doença do século XXI" era an-tes mais comum em mulheres de meia idade. Nos últimos dez anos, no entanto, especialistas começaram a obser-var um outro público-alvo da doença: os jovens. O cálcu-lo é de que ela atinja um em cada dez deles no mundo. "Muitos acham que é frescura, mas na verdade é um sen-timento incontrolável, acho que resultado da vida moder-na", afirma a universitária Maria Júlia Duarte, uma entre os 10 milhões de brasileiros que sofrem de depressão. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), no mundo todo, são 100 milhões de pessoas atingidas. "A depressão tem se manifestado cada vez mais cedo. Não existe nada que efetivamente possa comprovar o porquê desta incidência, mas acredita-se que um dos possíveis motivos seja o uso precoce de drogas. A gran-de pressão e cobrança do mercado de trabalho também contribuem muito", explica o psiquiatra e professor da Faculdade de Medicina do ABC, Sérgio Baldassim. De acordo com o professor do Departamento de Psicolo-gia da UFPR (Universidade Federal do Paraná), Saint Cla-ir Bahls, cerca de 1,5% das crianças brasileiras sofrem de depressão. Entre os adolescentes, a incidência aumenta para 8%. "Este índice vai aumentando conforme a idade. É preciso tratar as crianças e adolescentes, pois senão a doença se arrasta para a juventude com conseqüências piores", res-salta.

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A Mineração no Brasil

Gazeta Valeparaibana - O jornal educação CIDADANIA + MEIO AMBIENTE

INTRODUÇÃO Desde o final do século XVI na capitâ-nia de São Vicente, o Brasil já tinha conhecido uma escassa exploração mineral do chamado ouro de lavagem, que em razão da baixa rentabilidade, foi rapidamente abandonada. Somente no século XVIII é que a mine-ração realmente passou a dominar o cenário brasileiro, intensificando a vida urbana da colônia, além de ter promovido uma sociedade menos aris-tocrática em relação ao período anteri-or, representado pelo ruralismo açuca-

reiro. A mineração, marcada pela extração de ouro e diamantes nas regiões de Goiás, Mato Grosso e principalmente Minas Gerais, atingiu o apogeu entre os anos de 1750 e 1770, justamente no período em que a Inglaterra se indus-trializava e se consolidava como uma potência hegemônica, exercendo uma influência econômica cada vez maior sobre Portugal.

CONTEXTO EUROPEU:

INGLATERRA/PORTUGAL Em contrapartida ao desenvolvimento econômico da Inglaterra, Portugal en-frentava enormes dificuldades econô-micas e financeiras com a perda de seus domínios no Oriente e na África, após 60 anos de domínio espanhol durante a União Ibérica (1580-1640). Dos vários tratados que comprovam a crescente dependência portuguesa em relação à Inglaterra, destaca-se o Tra-tado de Methuem (Panos e Vinhos) em 1703, pelo qual Portugal é obrigado a adquirir os tecidos da Inglaterra e es-sa, os vinhos portugueses. Para Portu-gal, esse acordo liquidou com as ma-nufaturas e agravou o acentuado défi-cit na balança comercial, onde o valor das importações (tecidos ingleses) irá superar o das exportações (vinhos). É importante notar que o Tratado de Me-thuem ocorreu alguns anos depois da descoberta das primeiras grandes jazi-das de ouro em Minas Gerais, e que bem antes de sua assinatura as impor-tações inglesas já arruinavam as ma-nufaturas portuguesas. O tratado, de-ve ser considerado assim, bem mais um ponto de chegada do que de come-ço, em relação ao domínio econômico inglês sobre Portugal. A RIGIDEZ FISCAL Nesse mesmo período, em que na A-mérica espanhola o esgotamento das minas irá provocar uma forte elevação no preço dos produtos, o Brasil assis-tia a passagem da economia açucarei-ra para mineradora, que ao contrário da agricultura e de outras atividades, como a pecuária, foi submetida a uma rigorosa disciplina e fiscalização por

parte da metrópole. Já por ocasião do escasso e pobre ouro de lavagem achado desde o sé-culo XVI em São Vicente, tinha-se pro-mulgado um longo regulamento esta-belecendo-se a livre exploração, em-bora submetida a uma rígida fiscaliza-ção, onde a coroa reservava-se no di-reito ao quinto, a quinta parte de todo ouro extraído. Com as descobertas feitas em Minas Gerais na região de Vila Rica, a antiga lei é substituída pe-lo Regimento dos Superintendentes, Guardasmores e Oficiais Deputados para as Minas de Ouro, datada de 1702. Esse regimento se manteria até o término do período colonial, apenas com algumas modificações. Ouro Preto, antiga Vila Rica O sistema estabelecido era o seguinte: para fiscalizar dirigir e cobrar o quinto nas áreas de mineração criava-se a Intendência de Minas, sob a direção de um superintendente em cada capitania em que se descobrisse ouro, subordi-nado diretamente ao poder metropoli-tano. O descobrimento das jazidas era obrigatoriamente comunicado ao su-perintendente da capitania que requi-sitava os funcionários (guardamores) para que fosse feita a demarcação das datas, lotes que seriam posteriormen-te distribuídos entre os mineradores presentes. O minerador que havia des-coberto a jazida tinha o direito de es-colher as duas primeiras datas, en-quanto que o guarda-mor escolhia u-ma outra para a Fazenda Real, que de-pois a vendia em leilão. A distribuição dos lotes era proporcional ao número de escravos que o minerador possuís-se. Aqueles que tivessem mais de 12 escravos recebiam uma "data inteira", que correspondia a cerca de 3 mil me-tros quadrados. Já os que tinham me-nos de doze escravos recebiam ape-nas uma pequena parte de uma data. Os demais lotes eram sorteados entre os interessados que deviam dar início à exploração no prazo de quarenta dias, sob pena de perder a posse da terra. A venda de uma data era somen-te autorizada, na hipótese devidamen-te comprovada da perda de todos os escravos. Neste caso o minerador só podia receber uma nova data quando obtivesse outros trabalhadores. A re-incidência porém, resultaria na perda definitiva do direito de receber outro terreno. A cobrança do quinto sempre foi vista pelos mineradores como um abuso fiscal, o que resultava em freqüentes tentativas de sonegação, fazendo com que a metrópole criasse novas formas de cobrança. A partir de 1690 são criadas as Casas de Fundição, estabelecimentos contro-lados pela Fazenda Real, que recebiam todo ouro extraído, transformando-o em barras timbradas e devidamente quintadas, para somente depois, de-volve-las ao proprietário. A tentativa de utilizar o ouro sob outra forma -- em pó, em pepitas ou em barras não marcadas -- era rigorosamente punida, com penas que iam do confisco dos bens do infrator, até seu degredo per-pétuo para as colônias portuguesas na África. Como o ouro era facilmente escondido graças ao seu alto valor em pequenos volumes, criou-se a finta, um pagamento anual fixo de 30 arro-bas, cerca de 450 quilos de ouro que o quinto deveria necessariamente atin-

gir, sob pena de ser decretada a derra-ma, isto é, o confisco dos bens do de-vedor para que a soma de 100 arrobas fosse completada. Posteriormente ain-da foi criada a taxa de capitação , um imposto fixo, cobrado por cada escra-vo que o minerador possuísse. Para o historiador Caio Prado Júnior, "cada vez que se decretava uma derra-ma, a capitania, atingida entrava em polvorosa. A força armada se mobili-zava, a população vivia sobre o terror; casas particulares eram violadas a qualquer hora do dia ou da noite, as prisões se multiplicavam. Isto durava não raro muitos meses, durante os quais desaparecia toda e qualquer ga-rantia pessoal. Todo mundo estava sujeito a perder de uma hora para ou-tra seus bens, sua liberdade, quando não sua vida. Aliás as derramas toma-vam caráter de violência tão grande e subversão tão grave da ordem, que somente nos dias áureos da minera-ção se lançou mão deles. Quando co-meça a decadência, eles se tornam cada vez mais espaçados, embora nunca mais depois de 1762 o quinto atingisse as 100 arrobas fixadas. Da última vez que se projetou uma derra-ma (em 1788), ela teve de ser suspen-sa à última hora, pois chegaram ao conhecimento das autoridades notí-cias positivas de um levante geral em Minas Gerais, marcado para o momen-to em que fosse iniciada a cobrança (conspiração de Tiradentes)." A EXPLORAÇÃO DAS JAZIDAS Havia duas formas de extração aurífe-ra: a lavra e a faiscação. As lavras eram empresas que, dispon-do de ferramentas especializadas, exe-cutavam a extração aurífera em gran-des jazidas, utilizando mão-de-obra de escravos africanos. O trabalho livre era insignificante e o índio não era em-pregado. A lavra foi o tipo de extração mais freqüente na fase áurea da mine-ração, quando ainda existia recurso e produção abundantes, o que tornou possível grandes empreendimentos e obras na região. Extração aurífera A faiscação era a pequena extração representada pelo trabalho do próprio garimpeiro, um homem livre de pou-cos recursos que excepcionalmente poderia contar com alguns ajudantes. No mundo do garimpo o faiscador é considerado um nômade, reunindo-se às vezes em grande número, num lo-cal franqueado a todos. Poderiam ain-da ser escravos que, se encontrassem uma quantidade muito significativa de ouro, ganhariam a alforria. Também conhecida como faisqueira, tal ativida-de se realizava principalmente em re-giões ribeirinhas. De uma maneira ou de outra, a faiscação sempre existiu na mineração aurífera da colônia tor-nando-se mais intensa com a própria das minas, surgindo então o faiscador que aproveita as áreas empobrecidas e abandonadas. Este cenário torna-se mais comum pelos fins do século XVII-I, quando a mineração entra num pro-cesso de franca decadência. A EXTRAÇÃO DE DIAMANTES

A extração mineral não se restringiu apenas ao ouro. O século XVIII tam-bém conheceu o diamante, no vale do rio Jequitinhonha, sendo que durante

muito tempo, os mineradores que só viam a riqueza no ouro, ignoraram o valor desta pedra preciosa, utilizada inclusive como ficha para jogo. Somente após três décadas que o go-vernador das Gerais, D. Lourenço de Almeida, enviou algumas pedras para serem analisadas em Portugal, que imediatamente aprovou a criação do primeiro Regimento para os Diaman-tes, que estabeleceu como forma de cobrar o quinto, o sistema de capita-ção sobre mineradores que viessem a trabalhar naquela região. O principal centro de extração da vali-osa pedra, foi o Arraial do Tijuco, hoje Diamantina em Minas Gerais, que em razão da importância, foi elevado à categoria de Distrito Diamantino, com fronteiras delimitadas e um intendente independente do governador da capi-tânia, subalterno apenas à coroa por-tuguesa. A partir de 1734, visando um maior controle sobre a região diamantina, foi estabelecido um sistema de exclusivi-dade na exploração de diamantes para um único contratador. O primeiro de-les em 1740, foi o milionário João Fer-nandes de Oliveira, que se apaixonou pela escrava Chica da Silva, tornando-a uma nobre senhora do Arraial do Tijuco. Devido ao intenso contrabando e so-negação, como também ao elevado valor do produto, a metrópole decre-tou a Extração Real em 1771, repre-sentando o monopólio estatal sobre o diamante, que vigorou até 1832.

DESDOBRAMENTOS: SOCIEDADE E CULTURA

O ciclo do ouro e do diamante foi res-ponsável por profundas mudanças na vida colonial. Em cem anos a popula-ção cresceu de 300 mil para, aproxi-madamente, 3 milhões de pessoas, incluindo aí, um deslocamento de 800 mil portugueses para o Brasil. Parale-lamente foi intensificado o comércio interno de escravos, chegando do Nor-deste cerca de 600 mil negros. Tais deslocamentos representam a transfe-rência do eixo social e econômico do litoral para o interior da colônia, o que acarretou na própria mudança da capi-tal de Salvador para o Rio de Janeiro, cidade de mais fácil acesso à região mineradora. A vida urbana mais inten-sa viabilizou também, melhores opor-tunidades no mercado interno e uma sociedade mais flexível, principalmen-te se contrastada com o imobilismo da sociedade açucareira. Embora mantivesse a base escravista, a sociedade mineradora diferenciava-se da açucareira, por seu comporta-mento urbano, menos aristocrático e intelectualmente mais evoluído. Era comum no século XVIII, ser grande minerador e latifundiário ao mesmo tempo. Portanto, a camada socialmen-te dominante era mais heterogênea, representada pelos grandes proprietá-rios de escravos, grandes comercian-tes e burocratas. A novidade foi o sur-gimento de um grupo intermediário formado por pequenos comerciantes, intelectuais, artesãos e artistas que viviam nas cidades.

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A mineração no Brasil (continuação)

Exploração sexual é crime e a pedofilia é crime hediondo. denuncie: 190

EDUCAÇÃO Do latim “educere”, que significa extrair, tirar, desenvolver.

Consiste, essencialmente, na formação do homem de caráter. A Educação é um processo vital, para o qual concorrem forças naturais e espirituais, conjugadas pela ação cons-ciente do educador e pela vontade livre do educando. Não pode, pois, ser confundida com o simples desenvolvimento ou crescimento dos indivíduos, nem com a sua mera adaptação ao meio. É atividade criadora, que visa a levar o ser humano a realizar as suas potencialidades físicas, intelectuais, criativas, morais e espirituais. Não se reduz, à preparação para fins exclusivamente utilitários, como uma profissão, nem para desenvolvimento de características parciais de personalidade, como um dom artístico, mas abrange o homem inte-gral, em todos os aspectos de seu corpo e de sua alma, ou seja, em toda a extensão de sua vida sensível, espiritual, intelectual, moral, individual, doméstica e social, para ele-vá-la, regulá-la e aperfeiçoá-la. É um processo continuo, que começa nas origens do ser humano e se estende até sua morte.

O segmento abaixo era formado por homens livres pobres (brancos, mestiços e negros libertos), que eram faiscadores, aventureiros e biscateiros, enquanto que a base social permanecia formada por es-cravos que em meados do século XVIII, representavam 70% da popu-lação mineira.

Para o cotidiano de trabalho dos escravos, a mineração foi um retro-cesso, pois apesar de alguns terem conseguido a liberdade, a grande maioria passou a viver em condi-ções bem piores do que no período anterior, escavando em verdadei-ros buracos onde até a respiração era dificultada. Trabalhavam tam-bém na água ou atolados no barro no interior das minas. Essas condi-ções desumanas resultam na orga-nização de novos quilombos, como do rio das Mortes, em Minas Ge-rais, e o de Carlota, no Mato Gros-so. Com o crescimento do número de pequenos e médios proprietá-rios a mineração gerou uma menor concentração de renda, ocorrendo inicialmente um processo inflacio-nário, seguido pelo desenvolvimen-to de uma sólida agricultura de subsistência, que juntamente com a pecuária, consolidam-se como atividades subsidiárias e periféri-cas. A acentuação da vida urbana trou-xe também mudanças culturais e intelectuais, destacando-se a cha-mada escola mineira, que se trans-formou no principal centro do Ar-cadismo no Brasil. São expoentes as obras esculturais e arquitetôni-cas de Antônio Francisco Lisboa, o "Aleijadinho", em Minas Gerais e

do Mestre Valentim, no Rio de Ja-neiro. Na música destaca-se o estilo sa-cro barroco do mineiro José Joa-quim Emérico Lobo de Mesquita, além da música popular represen-tada pela modinha e pela cantiga de ninar de origem lusitana e pelo lundu de origem africana.

A DECADÊNCIA DO PERÍODO Na segunda metade do século XVII-I, a mineração entra em decadência com a paralisação das descober-tas. Por serem de aluvião o ouro e diamantes descobertos eram facil-mente extraídos, o que levou a uma exploração constante, fazendo com que as jazidas se esgotassem rapi-damente. Esse esgotamento deve-se fundamentalmente ao desconhe-cimento técnico dos mineradores, já que enquanto a extração foi feita apenas nos veios (leitos dos rios), nos tabuleiros (margens) e nas gru-piaras (encostas mais profundas) a técnica, apesar de rudimentar, foi suficiente para o sucesso do em-preendimento. Numa quarta etapa porém, quando a extração atinge as rochas matrizes, formadas por um minério extremamente duro (quartzo itabirito), as escavações não conseguem prosseguir, inici-ando o declínio da economia mine-radora. Como as outras atividades eram subsidiárias ao ouro e ao dia-mante, toda economia colonial en-trou em declínio. Sendo assim, a primeira metade do século XIX será representada pelo Renascimento Agrícola, fase economicamente transitória, marcada pela diversifi-cação rural (algodão, açúcar, taba-co, cacau e café), que se estenderá até a consolidação da monocultura cafeeira, iniciada por volta de 1870 no Vale do Paraíba. A suposta riqueza gerada pela mi-

neração não permaneceu no Brasil e nem foi para Portugal. A depen-dência lusa em relação ao capitalis-mo inglês era antiga, e nesse senti-do, grande parte das dívidas portu-guesas, acabaram sendo pagas com ouro brasileiro, o que viabili-

zou ainda mais, uma grande acu-mulação de capital na Inglaterra, indispensável para o seu pioneiris-mo na Revolução Industrial.

O CICLO DO CAFÉ A Expansão do café no Brasil

Introdução

Originário da Etiópia, onde já era utilizado em tempos remotos, o ca-fé atravessou o Mediterrâneo e chegou à Europa durante a segun-da metade do século 17. Era a épo-ca do Barroco e das monarquias absolutas, e a expansão do comér-cio internacional enriquecia a bur-guesia. Já no início do século 18, os Cafés tornaram-se centros de encontro e reunião elegante de a-ristocratas, burgueses e intelectu-ais. Precedido pela fama de "provocar idéias", o café conquistou, desde logo, o gosto de escritores, artistas e pensadores. Lord Bacon atribuía-lhe a capacidade de "dar espírito ao que não o tem". os enciclope-distas eram adeptos fervorosos do café e dos Cafés, que Eça de Quei-roz chegou a afirmar, muito depois, que foi do fundo das negras taças "que brotou o raio luminoso de 89", referindo-se às discussões entre iluministas que precederam a Re-volução Francesa. No Brasil No Brasil, o café anda, derruba ma-tas, desbrava as terras do Oeste. Foi em 1727 que o oficial português Francisco de Mello Palheta, vindo da Guiana Francesa, trouxe as pri-meiras mudas da rubiácea para o Brasil. Recebera-as de presente das mãos de Madame dáOrvilliers, esposa do governador de Caiena. Ora, como a saída de sementes e mudas de café estava proibida na Guiana Francesa, é licito pensar que o aventureiro português rece-beu de Madame não só os frutos, mas outros favores talvez mais do-ces. As mudas foram plantadas no Pará, onde floresceram sem dificul-dade. Mas não seria no ambiente amazô-nico que a nova planta iria tornar-se a principal do país, um século e meio mais tarde. Enquanto na Eu-ropa e nos Estados Unidos o con-sumo da bebida crescia extraordi-nariamente, exigindo o constante aumento da produção, o café sal-tou para o Rio de Janeiro, onde co-

meçou a ser plantado em 1781 por João Alberto de Castello Branco. Tinha início, assim, um novo ciclo econômico na história do país. Esgotado o ciclo da mineração do ouro em Minas Gerais, outra rique-za surgia, provocando a emergên-cia de uma aristocracia e promo-vendo o progresso do Império e da Primeira República. Penetrando pelo vale do rio Paraí-ba, a mancha verde dos cafezais, que já dominava paisagem flumi-nense, chegou a São Paulo, que, a partir da década de 1880, passou a ser o principal produtor nacional da rubiácea (café). Na sua marcha foi criando cidades e fazendo fortu-nas. Ao terminar o século XIX, o Brasil controlava o mercado cafeei-ro mundial.

Nas cidades surgem Cafés e o culto ao "ouro verde"

"No começo do século o Café La-mas é um cenáculo de (...) irrequie-tos boêmios: estudantes, artistas, bancários, rapazes do esporte, do funcionalismo público e do comér-cio. Funciona dia e noite. Suas por-tas não se fecham, nem se abrem. De tal sorte que, uma vez, quando se amotina a Escola Militar em 1904, durante a Revolta da Vacina e a notícia corre que, sob o comando do general Travassos, descem os alunos pela.rua da Passagem, ca-minho do Catete, as portas do esta-belecimento, de tanto viverem sem (...) movimento, não podem fechar, perras, imobilizadas nos seus gon-zos. E assim é que se manda cha-mar, para fazer movê-las, um es-perto carpinteiro". (Luiz Edmun-do.). Na madrugada carioca, os cami-nhos de todos os boêmios conver-giam, ziguezagueantes e trôpegos, para o Café Lamas. Depois da mei-a-noite era para ali que avançavam, a passo vacilante, notívagos e inte-lectuais saídos de outros Cafés fa-mosos, como o Papagaio, o Casca-ta, o Café Paris e muitos mais. Nos movimentados Cafés tomava-se de tudo, inclusive café, servido por ágeis e animados garçons, que talvez não tivessem plena consci-ência de seu papel na complexa estrutura econômica do Brasil, mas cuja função representava o último elo, fumegante, negro e aromático, da ampla cadeia do café. CONTINUA NA PÁGINA SEGUINTE

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O Ciclo do Café (continuação)

“filho de pobre continuará pobre, o que no Brasil significa não ter acesso à educação e outros serviços básicos, se não frequentar a Escola.”

Financiando, armazenando e vendendo, as Casas Comissárias reinam

sobre o café Contemplando certo edifício em Bue-nos Aires, Olavo Bilac - então em via-gem oficial á Argentina - exclamava em 1910: "Casa querida! Como tu lembras, aqui, no estrangeiro, todas as casas da minha vida". Referia-se à sede do Café Paulista, empresa de comercialização fundada por Octaviano Alves de Lima na capital portenha. Notável propagan-dista, Alves de Lima conseguira au-mentar o consumo do café brasileiro pelos argentinos, divulgando o slogan "Café Paulista (Brasil) - O melhor do mundo". O café era o símbolo do Bra-sil no exterior. Entre a fazenda produtora e o consu-midor estrangeiro, o café passava por uma série de etapas, mudando várias vezes de mão. Depois de conduzido em lombo de burros ou em carros de boi até a estrada de ferro mais próxi-ma, que passava com freqüência pela própria fazenda, era embarcado em vagões, que desciam para o porto de Santos ou do Rio de Janeiro. Mas não era imediatamente exportado. Fazia, antes, um estágio nos armazéns de alguma Casa Comissária e era então vendido aos exportadores. Os comis-sários de café - geralmente comercian-tes portugueses e brasileiros, ou gran-des fazendeiros que diversificavam suas atividades metendo-se no comér-cio e fundando bancos - financiavam plantações sob hipoteca e por conta da produção a ser vendida. Vendendo o café aos exportadores, os comissá-rios tiveram papel decisivo, particular-mente no primeiro período de expan-são dessa lavoura (final do século XIX), quando a maior parte dos fazen-deiros ainda não se mudara para a ci-dade e vivia isolada nas casas-grandes de suas fazendas. . Os comissários cobravam dos fazen-deiros comissão pela venda, despesas de armazenamento e juros pelo finan-ciamento da plantação. Houve um mo-mento em que foi muito estreita a rela-ção de dependência pessoal do produ-tor para com o comissário, tomando-se este uma espécie de conselheiro da-quele. "Daí persistir em 1890 o costu-me de grandes casas comerciais hos-pedarem, nos seus andares superio-res, senhores rurais ou pessoas de suas famílias. Quando em visita ás ci-dades, era aí ou nas próprias residên-cias dos seus comissários (...) que se instalava essa gente do interior". (Gilberto Freyre.) '. Entre as mais importantes Casas Co-missárias estavam a Prado Chaves, que era também exportadora - chegan-do a exportar, em 1910, 1,5 milhão de sacas de café-, a Whitalter & Brotero, a Companhia Intermediária de Café de Santos e a Companhia Paulista de Ar-mazéns de Santos, controlada por in-gleses. Embora a presença estrangeira pudes-se ser notada entre os comissários, era, porém, no comércio de exportação que mais forte se fazia sentir sua inter-venção. Das dez maiores firmas expor-tadoras, em 1907, apenas uma era bra-sileira, a Prado Chaves, que ocupava o sétimo lugar. Todas as outras, como a Theodor Wille (alemã) e a Neumann &

Gepp (inglesa), pertenciam a estrangei-ros. As vendas externas proporciona-vam enormes lucros, pois a própria cotação do café era manipulada pelos exportadores, numa época em que as trocas de informações entre os conti-nentes mostravam-se precárias. Apesar das crises econômicas conjun-turais, o consumo mundial de café crescia constantemente. Os lucros dos exportadores, entretanto, não subiam na mesma proporção, pois, entre 1891 e 1900, a exportação de 74 491 000 sa-cas de café rendeu a cifra de 4691906 contos de réis, enquanto na década seguinte, isto é, entre 1901 e 1910, houve uma queda para 4 179 817 con-tos de réis no pagamento da exporta-ção de uma quantidade maior de café (130 599 000 sacas). Em 1906, o provi-dencial Convênio de Taubaté viria sal-var a situação. E os exportadores po-deriam, outra vez, dormir em paz. Na alta, fortuna.

Na baixa, falência.

Um convênio irá equilibrar essa balan-ça? Mas, afinal, o que estava acontecendo com o café? perguntava-se, perplexo, o homem da rua, em fins de 1902. Não era ele o "ouro verde" de que tantos falavam? Que anúncios de crise eram aqueles? Onde estava a antiga euforia, aquela impressão de riqueza sem limi-tes, proporcionada pelo café, e que foi a marca dos últimos decênios do sécu-lo XIX? E, com efeito, aquilo que parecia im-possível na década de 1880 estava de fato acontecendo. A cotação interna-cional do café caía constantemente, enquanto as fazendas lançavam no mercado quantidades crescentes do "ouro verde". A safra dos anos 1901/1902 havia superado a marca de 16 milhões de sacas, para um consu-mo mundial ligeiramente superior a 15 milhões. E a cotação do produto no mercado externo, que havia sido de 102 francos-ouro em 1885, caíra para 33 francos-ouro em 1902. De fato, desde 1893, os preços internacionais vinham caindo sistema-ticamente como conseqüência dos problemas econômicos dos Estados Unidos, nosso principal cliente, e da expansão mundial da produção de ca-fé. Mas durante alguns anos a queda dos preços havia sido compensada pela desvalorização do mil-réis. Os cafeicul-tores recebiam menos em libras ou em francos, mas o montante de suas ren-das em moeda nacional não se altera-va substancialmente. Essa desvalori-zação do dinheiro era provocada pelo "encilhamento" - política de farta emis-são de papel-moeda adotada na gestão de Ruy Barbosa no Ministério da Fa-zenda (1889-1891), durante o governo de Deodoro da Fonseca. Visando a au-mentar a quantidade de dinheiro em circulação, para incentivar o estabele-cimento de indústrias e possibilitar o pagamento da massa assalariada que começava a substituir os escravos, o "encilhamento" gerou um galopante processo de inflação. Essa política ca-racterizou-se também pelo estímulo oficial à constituição de sociedades por ações, o que gerou desenfreada especulação na Bolsa de Valores. (Daí o nome "encilhamento", que se refere ao momento em que são apertadas as selas dos cavalos antes das corridas nos hipódromos - e o ritmo das apos-

tas se torna frenético.) No final do sé-culo XIX, depois de um período de eu-foria, as ações começaram a baixar - e muitos cafeicultores abriram falência. Para restaurar as finanças, o presiden-te Campos Salles, logo que tomou pos-se, em 1898, passou a aplicar uma polí-tica deflacionária, forçando a revalori-zação do mil-réis. Ora, revalorizar a moeda significava - caso a tendência baixista na cotação do café não fosse modificada - reduzir fortemente a ren-da dos cafeicultores. E era o que esta-va começando a acontecer, agora que a política "saneadora" de Campos Sal-les apresentava seus primeiros resul-tados.

A opulência do passado

entra em crise Em 1902, olhando os jornais do dia, ao tomar o fumegante café da manhã, os homens de negócios não podiam es-conder seu temor diante dos fatos. E preciso fazer alguma coisa! exclamava o fazendeiro, franzindo o cenho. E pre-ciso fazer algumas coisas! repetiam, como um eco, deputados e senadores, presidentes de Estado, potentados do café. Pois era a rubiácea o sustentácu-lo da jovem República, assim como o fora do Império. Expandindo-se em ondas verdes em direção do Oeste durante a segunda metade do século XIX, os cafezais ha-viam ocupado enormes espaços geo-gráficos do Rio de Janeiro e de São Paulo. Uma nova classe dirigente sur-giu daí, muito mais poderosa e opulen-ta do que os antigos barões do açúcar. Mais urbana do que estes e muito liga-da á vida cultural e social da Europa, essa nova classe contribuiu poderosa-mente para modificar a paisagem das cidades. Sua ação fez surgir um novo estilo arquitetônico, copiado de mode-los europeus, e levou o fausto da casa-grande senhorial às chácaras e sobra-dos urbanos. No Rio de Janeiro, por exemplo, Antonio Clemente Pinto, Ba-rão de Nova Friburgo, possuidor de vinte fazendas, fez construir o Palácio do Catete, entre 1858 e 1865, por 8000 contos de réis. A ação urbanizadora do café permitiu também a modernização das grandes cidades e motivou a revolução nos transporte com a implantação das pri-meiras estradas de ferro. As ferrovias paulistas - a primeira das quais, ligan-do Santos a Jundiaí é de 1867 -, abrin-do caminho para o oeste, acompanha-ram a plástica fronteira verde. E foram plantando cidades em seu avanço. Só em São Paulo, entre 1891 e 1900, foram criados 41 municípios.

A salvação vem de Taubaté

Em 1906, a crise atingiu seu ponto cul-minante. A safra de café desse ano ultrapassou os 20 milhões de sacas, para um consumo mundial inferior a 16 milhões, enquanto os preços continua-vam a cair. Em fevereiro, reuniram-se em Taubaté os presidentes Jorge Tibi-riçá (São Paulo), Nilo Peçanha (Rio de Janeiro) e Francisco Salles (Minas), procurando encontrar uma saída para o impasse. Precedida de intensas pres-sões dos cafeicultores sobre o presi-dente da República, Rodrigues Alves - que tomara posse em 1902 - para que fosse aprovado um plano de valoriza-ção do café, proposto pelo industrial paulista Alexandre Siciliano, a reunião estabeleceu princípios que iriam modi-

ficar inteiramente a orientação econô-mica do Governo federal. Rodrigues Alves, apesar de paulista e cafeicultor, opunha-se à valorização, pois queria dar continuidade à política deflacioná-ria do governo anterior, de Campos Salles. No entanto, obedecendo aos reclamos do "complexo do café", os presidentes Tibiriçá, Peçanha e Salles firmaram acordo que representava lite-ralmente a "salvação da lavoura". Co-nhecido como Convênio de Taubaté, esse acordo fixou os seguintes princí-pios: a) preço mínimo para a saca de café; b) negociação de um empréstimo externo de 15 milhões de libras esterli-nas para custear as compras de café a serem feitas pelos Governos estadu-ais, com a finalidade de retirar do mer-cado uma parte do produto; c) estabelecimento de um fundo para a estabilização do câmbio, impedindo assim que o mil-réis fosse revaloriza-do; esse fundo seria a Caixa de Con-versão; d) imposição de uma taxa proi-bitiva para impedir o surgimento de novas plantações. "Depois de alguma luta para demover os opositores do plano, o Convênio foi finalmente aprovado pelo Congresso Nacional, não sem certa resistência de Rodrigues Alves. Tal resistência, aliás, custou-lhe o mando político do país. Durante aquele ano ocorreria a suces-são presidencial e os representantes dos grandes Estados rejeitaram o can-didato preferido de Rodrigues Alves, escolhendo Affonso Penna, inteira-mente identificado com a valorização do café. Empossado em novembro, Penna honraria fielmente seus com-p r o m i s s o s c o m c a f e i c u l t u r a . Durante os três anos seguintes foi im-plantada a Caixa de Conversão e os Estados conseguiram dos banqueiros europeus o ansiado empréstimo de 15 milhões de libras, com o qual puderam efetuar compras maciças de café exce-dente. Em 1909, surgiram os primeiros efeitos da política de valorização. Os preços internacionais do café começa-ram a subir, enquanto a Caixa de Con-versão conservava o câmbio artificial-mente baixo. No entanto, o país endivi-dara-se no exterior. Os grandes ban-cos europeus passaram a controlar o comércio do café. Muitas fazendas foram vendidas a es-trangeiros, pois o esquema valorizador

enriqueceu apenas uma parte dos pro-dutores. Os principais beneficiários da nova política econômica foram basicamente os banqueiros internacionais e as ca-sas comissárias, que, comprando o café na baixa e vendendo-o na alta, auferiram lucros fabulosos. Algumas delas, aliás, tornaram-se grandes pro-prietárias de fazendas. A Prado Chaves, por exemplo, adqui-riu, nesse período, catorze fazendas, vendidas a baixo preço por cafeiculto-res arruinados, com um total de 3,5 milhões de pés de café.

Da redação

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Abril 2010 Gazeta Valeparaibana Página 12

Jongo - Patrimônio imaterial

Copiar, por vezes, pode se nos apresentar menos arriscado. Mas, as grandes vitórias vêm com a inovação.

Fazenda com escravos no Vale do Paraíba do Sul. Foi logo no início das nossas cola-borações por aqui. O Boletim Fa-maliá, no qual o tema apareceu, a-traindo o meu comentário, já fre-qüentava a minha caixa de e.mail bem antes disso. Andava me dedi-cando ao tema há muitos anos e ele sempre tinha sido, pelo menos para mim, um mistério irresistível, coisas antigas, daquela que mãe da gente conta assim, por entre os dentes, no meio de uma conversa fortuita sobre assombrações: O Jongo! Quem sabe o que é is-so exatamente? Para nos situar-mos na conversa reproduzo aqui o link do verbete (que eu, fiel à me-mória do que aprendi e vivi sobre o assunto, criei e disponibilizei no sistema criative commons). A natureza das contribuições dos grupos, comunidades e instituições envolvidas no processo deste in-ventário e, principalmente, o grau de ligação real (conhecimento de causa) dos envolvidos, com rela-ção a uma manifestação cultural tão antiga quanto o Jongo, não es-tão explicitados no corpo do artigo. Não se pode deixar de aludir que o Jongo, uma manifestação até bem pouco tempo vagamente conhecida por nossa etnologia, é um tema muito complexo, ligado a uma es-pécie de ‘elo perdido’ – e sistemati-camente subestimado por nossa academia: O caráter fundamental das particularidades das culturas africanas originais que informaram a cultura negra existente no Bra-sil.Esta impossibilidade de se fazer uma avaliação criteriosa sobre o assunto atrapalha bastante a for-mação de um juízo de valor, uma opinião definitiva a respeito de uma ação de tamanha envergadura, po-dendo atrapalhar a própria decisão da comissão incumbida de legislar sobre a questão. É importante se frisar também que se está propon-do a implementação de políticas públicas (de certo modo invasivas), ações governamentais que produzi-rão um impacto importante sobre o caráter de uma manifestação cultu-ral que, cá entre nós, vivendo há mais de um século esquecida na roça, por alguma razão, de repente ‘caiu na moda’.“No decorrer do processo de inventário foi funda-mental o apoio da Universidade do Rio de Janeiro (UniRio), do Grupo Cultural Jongo da Serrinha, da Re-de da Memória do Jongo, do Grupo Cachuêra e de lideranças de várias comunidades jongueiras…” O pleito pela transformação do

Jongo em patrimônio imaterial (objeto da matéria do Boletim Fa-m a l i á n e s t e l i nk : h t t p : / /www.overmundo.com.br/blogs/artigo-jongo-patrimonio-imaterial-brasileiro) – por sua inusitada rele-vância nos dias de hoje – me pare-ce um tema por demais polêmico. Fico mesmo surpreso que ele não esteja sendo amplamente debatido, pelo menos em seu âmbito mais direto. Eu penso que patrimônio cultural material ou imaterial são conceitos bastante óbvios; patrimônio materi-al mais ainda, porque neste caso, geralmente, estamos nos referindo a artefatos, obras concretas, acaba-das, que não são muito passíveis de intervenção, transformação, ou mesmo apropriação. O grande X da questão na verdade é mesmo esta palavra de peso tão forte: Apropria-ção. Afinal, por que se apropriar? Quem tem necessidade de se apropriar? Ninguém tem necessidade de se apropriar de sua própria cultura, conclusão pra lá de óbvia, não é mesmo? Logo ‘alguém’, por algu-ma razão (que não discuto ainda) só pode querer se apropriar da cul-tura do ‘outro’, daquele cultural-mente diferente, claro! ‘Nós’ e os ‘outros’. A velha dicoto-mia. Temos um problema bem con-trovertido aí, vocês não acham? Esta mesma questão nos leva à ou-tra: O Registro. Parece óbvio mas vale a pergunta: Por que registrar? Já veiculamos e registramos cultu-ra por intermédio das chamadas linguagens artísticas, melhor en-tendidas, a grosso modo, como Ar-te, Mídia, ou seja lá o que for. Pare-ce que, de uma forma ou de outra, o homem sempre encontrou manei-ras, muito eficientes e sofisticadas até, de veicular (transmitir, dissemi-nar, etc.) seus pontos de vista, pen-samentos, sentimentos, sua cultura enfim. São estas formas de comu-nicação que acabam cristalizando certos aspectos de uma manifesta-ção cultural, gerando os tais ‘registros’, imprecisos, geralmente codificados em intrincadas simbo-logias, esoterismos, etc. (como os da literatura oral, por exemplo) mas que, mesmo no caso das mídias mais modernas, não passarão ja-mais de ‘flash backs’, imagens vir-tuais do que já foi, do que ‘já era’. Neste aspecto do Registro e como argumento preservacionista, a dis-cussão costuma se basear também na comparação entre mídias ‘modernas’ e ‘arcaicas’. A transmis-são oral (a memória das pessoas contidas em sua arte) seria a mídia imperfeita, frágil, enquanto que a literatura ‘culta’, a Internet e suas diversas mídias correlatas seria o processo ‘novo’ e, por conseqüên-cia, perfeito. Por meio da transmis-são oral perderíamos gradualmente o foco, a manifestação se esmaece-ria e perderíamos uma peça de nos-so ‘patrimônio’ cultural. Patrimô-nio? Imaterial? Numa sociedade

tão corrupta como o Brasil vale perguntar: Patrimônio Imaterial de quem,“cara pálida”? O fato é que, ao que parece, não é correto intervir muito nestas coi-sas, assim como donos da verda-de, como um grupo social isolada-mente – uma ‘elite’ portanto -, deci-dindo que aspectos da cultura de uma sociedade devem e quais não devem ser preservados. Isto é me-nos correto ainda quando não per-tencemos àquele meio cultural es-pecífico, ou quando somos de con-texto social diferente daquelas pes-soas que praticam aquilo que esta-mos querendo ‘preservar’. Aí o pe-rigo é muito grande porque, quan-do dominamos meios de registro rápidos, modernos, estando diante de culturas cujo principal mídia ain-da é a transmissão oral, acabamos nos iludindo e achando que ‘copiar’ Cultura’ é o mesmo que ‘fazer’ Cul-tura. É quando nos arriscamos a entrar no campo da apropriação (copiando a Cultura do ‘outro’ com estranhos fins) ou, o que é pior, participando da criação de um mo-delo ‘fake’ daquela cultura, ‘desvirtuando-a’ completamente e aí sim contribuindo, decisivamente, para neutralizá-la e destrui-la. Com efeito, a parte crucial – e surpren-dente- da matéria (extraída do do-cumento oficial do Iphan) é aquela que, a título de melhor justificar a pertinência do pleito, diz o seguin-te: …”As crianças, por exemplo, que durante muito tempo não podiam freqüentar as rodas de jongo, hoje são estimuladas a aprender o canto e a dança de seus ancestrais. E em muitas comunidades, hoje em dia, não é mais necessário ser filho de jongueiro para ser considerado jon-gueiro. A aproximação de pesqui-sadores e estudiosos, bem como, mais recentemente, de jovens das camadas médias urbanas, fez com que a participação em uma roda de jongo não seja mais limitada aos membros das comunidades jon-gueiras. Além disso, algumas co-munidades passaram a fazer apre-sentações artísticas, nas quais as rodas de jongo acontecem sob a forma de espetáculo.” Este tipo de processo de apropria-ção, como o se processa agora com o Jongo, com o alegado intui-to preservacionista, costuma ser muito comum em países onde a sociedade é muito desigual, muito dividida (como é o caso do Brasil). Aliás o fenômeno anda se tornando por demais ocorrente em grandes centros urbanos, envolvendo ou-tras manifestações tais como o Samba tradicional carioca, o Mara-catu e outras manifestações tradi-cionais, outrora exclusivamente ‘populares’. De um lado pessoas com muitas posses e pouca ou ne-nhuma identidade cultural, engolfa-das e, de certo modo, envergonha-das de seu ‘verniz’ ‘estrangeiro’. De outro, pessoas muito pobres mas com uma cultura tradicional, muito

original e de grande personalidade, reconhecida academicamente co-mo… Cultura ‘Nacional’ brasileira. Acabam uns querendo se apropriar (geralmente com os tais estranhos fins, geralmente pecuniários) da Cultura dos outros. Afora outros comentários possíveis acerca da pouca relevância dada no texto do Iphan à essencialidade antropológica das tradições ex-pressas pelo suposto passado do Jongo (que justificariam, por exem-plo, a participação apenas de inici-ados), afinal de contas, como justi-ficar a pertinência do pleito pela transformação de uma manifesta-ção cultural em patrimônio imateri-al (um atributo apenas justificável se comprovada sua perenidade e autenticidade) se, ao mesmo tempo se ressalta – ou na verdade quase se propõe – a sua completa desca-racterização, o seu ‘aviltamento’ sociocultural, sua banalização tra-vestida de popularização? O fato é que não adianta muito gra-var um DVD sobre a exótica cultura de pessoas muito diferentes da gente ou tentar convencer estas pessoas a praticar a Cultura que nós, do alto de nossa suposta ’sabedoria acadêmica’, achamos que elas devem praticar. No final serão sempre elas, as pessoas, que decidirão. Se quisermos praticar também a cultura que elas prati-cam, tudo bem, que entremos na dança pois, mas nunca sem antes mergulhar de cabeça no jeito de vida delas, se possível nos trans-formando nelas também. Afinal há que se pagar o preço da travessia, perder o ‘verniz’, ‘trocar a pele’ (já que, aparentemente, não existe neutralidade em Cultura). O certo é que não dá pra se ter um pé na sala e o outro na cozinha. É me-lhor procurar, com ética e sinceri-dade, a nossa turma. Um saião de chita estampada não fará jamais de uma garota de Ipanema uma jon-gueira ou uma caixeira do Divino. Há também o recurso natural de se incorporar elementos extraídos da cultura tradicional em nossa cultu-ra pop, relendo, fundindo, criando novos gêneros híbridos, um recur-so que sempre gerou excelentes resultados artísticos em nossa mú-sica popular ou ‘contemporânea’. O que não se pode, de jeito ne-nhum, é sub-repticiamente trocar a cultura do ‘outro’ por uma ‘adaptação’, de modo a trocar a có-pia pelo original (que passa a ser o ‘falso’, o impuro), ocupando no contexto da cultura tradicional de uma sociedade, o lugar que era do ‘outro’ , justamente no que diz res-peito a auferir algum tipo de benefí-cio, verbas, patrocínios, etc. Não seria o caso de se debater mais profundamente o assunto, an-tes que seja tarde demais? Spirito Santo

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Abril 2010 Gazeta Valeparaibana Página 13

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A Roça de Tereza Juro, de pés juntos, que é tudo verdade.

Numa noite de 1973, na quadra de uma Escola de Samba em Cascadura, fiz uma entrevista impressionante. Eu e um grupo de amigos (entre os quais estava o radialista Rubens Confeti, da Rádio nacional aqui do Rio de Janeiro e o fotógrafo José Ricardo Almeida). O impressionante era que a entrevista-da estava prestes a completar 117 anos e…havia sido escrava! Quem já ouviu, ou mesmo viu, uma pessoa de 117 anos? São pessoas ra-ras. Muitos eventos que só conhece-mos pelos livros, foram para elas corri-queiros. A visão clara que elas tem do passado remoto, para nós é tão des-concertante que parece mentira. Mas juro. Não minto e repito: Isto não é ficção. Desta vez, a história é a mais pura realidade. Os incidentes que a entrevistada nos dá conta são de 1874, quando ela esta-va com 15 anos. Aconteceram, numa fazenda de café do Vale do Paraíba do Sul, Rio de Janeiro, chamada Santa Teresa, num município denominado hoje Avellar (que, na época, ainda per-tencia à cidade de Paraíba do Sul). O nome Avellar é emblemático pois o pa-trão de nossa entrevistada era, nin-guém menos, que o Visconde do Paraí-ba, João Gomes Ribeiro de Avellar. O nome de nossa entrevistada é Maria Teresa dos Santos, matriarca de uma espécie de dinastia que, sediada no morro da Serrinha, em Madureira, não só implantou no lugar o Jongo trazido da roça, como ajudou a criar, em 1947 a Escola de Samba Império Serrano (Teresa foi a orgulhosa mãe de Antônio dos Santos, o Mestre Fuleiro, histórico diretor de harmonia desta escola). O registro foi feito num gravador K7, cuja fita, mídia fantástica que é, sobre-vive intacta em meu arquivo (o arquivo do grupo Vissungo), aguardando digi-talização. O documento – que eu tenho um orgulho enorme de ter produzido – é um dos mais impressionantes regis-tros históricos em áudio, que eu co-nheço sobre o assunto e será, assim que digitalizado, posto à disposição dos interessados em algum acervo pú-blico, dos poucos que o Brasil possui. O primeiro destes arquivos poderá ser, com certeza, o Overmundo. Decidi dar a este post, que reproduz a transcrição da entrevista (também ex-traída, em parte, do meu livro ‘O Samba e o Funk do Jorjão), um jeito menos formal. A idéia foi deixar Teresa falar sem edição, diretamente, para nós, seus leitores. Teresa morreu dois ou três anos depois da entrevista. Tinha, pelas contas que fazia, 120 anos. Ao final deste post, alguns comentá-rios se fizeram necessários, já que a entrevista gerou uma série de questões inéditas, a serem respondidas por uma pesquisa, de veios muito ricos, que, pelo visto não vai acabar tão cedo. Um destes veios é sobre o Jongo, enquan-to ingrediente importante do caldo de cultura que é o Samba e que, a partir dos elementos trazidos à luz pela en-trevista, ganha contornos muito mais nítidos, no tempo e no espaço. Contudo e por tudo, mais uma vez afir-mo, é Maria Teresa, a ex-escrava quem fala sobre o que viu em 1874. Por mais desconcertante que isto possa parecer, é tudo verdade.

A Roça na voz de Teresa ..“Queria dizer que naquele tempo eles sabia fazer o que agora num vejo nin-guém fazer. Faziam! Se você estava com dor de cabeça ou uma dor de bar-riga, eles passavam a mão assim na tua cabeça e a dor de cabeça ia embo-ra, passavam a mão assim na tua barri-ga e dor de barriga ia embora. Agora não. Agora eles não faz nada. Eles não sabem é nada. Eu não…Naquele tempo era bom. Eu não. Não sabia (curar). Só o Jongo. Num podia nada. E, depois…naquele tempo não podia aprender mais nada porque o Sr. Num deixava. Nós carregava os filhos deles. Ah!.. Deus me livre se agora fosse como na-quele tempo! Nossa Senhora! Se agora fosse como naquele tempo…O Viscon-de era de Paraíba. De Avellar. Visconde de Avellar. Num sabe aquela família Avellar?Ainda está lá. O sobradão branco, diz que tá cheio de cobra. Num tem mais nada daquilo. Num tem mais nada daquilo, meu filho. Fui uma vez lá depois que eu vim pra aqui, com alguém. O sobrado tá a mesma confusão mas, o sobrado eu conheço por dentro. Um apartamen-to, lá no alto. Sobrado grande. Só a fazenda! Só o pessoal que tinha! O Vis-conde tinha escravo de pagode! Tinha escravo pra duas forma. Duas forma (cerca de 300 escravos)! O visconde botava duas forma. Visconde de Avel-lar. Foi senhor do meu pai. …Pra quem viu o cativeiro como eu vi….É triste. Olha…se você não queria dançar,você tinha que levar couro. Se não queria fazer qualquer coisa, tinha que apanhar. Tinha tronco. Tinha tron-co de campanha, tinha tronco de botar nos pés, tinha tronco de botar no pes-coço, tinha isso tudo.” A fuga da fazenda …“Meu pai era capataz da fazenda. Meu avô criador de porco, mas era por-co mesmo, num era esses porquinho de hoje não. A gente passava bem e passava mal. Mas morreu muita gente e, depois o Dr. Avellar era muito ruim! O pai dele num era ruim como ele não mas ele era. É brincadeira? Botar ‘bacalhau’? Não sabe o que é ‘bacalhau’?! Aqui na cidade tinha que ainda quando eu vim aqui pra cidade eu vi ‘bacalhau’, vi tronco aqui na cida-de. ‘Bacalhau é aquilo que é como se diz?…Como aquilo que é couro, enros-cado assim…Um relho! Mas não era chicote não. Chicote era trançado e não era trançado não. É. É o que fazi-a…Dr. Avellar. Ele era filho do Viscon-de. …Se fugia muita gente? Fugia! Fugia! Chamava Capitão do mato. Procurava eles. O que procurava eles era o Capi-tão do Mato. Coitados! Vinha tudo a-marrado, algemado assim, tudo alge-mado, heim!(perguntada se lá tinha quilombo, não entende a pergunta): Em Paraíba tinha tudo. Pra onde eles fugi-a? Era no mato virgem. Era mais na roça. Paraíba, Campo Verde, Boa Vista, Conceição, Santa Teresa. Eu fui criada na fazenda da Santa Teresa. Era do Visconde de Avellar. Ficavam lá no mato, coitados. As vezes eles vinham, roubavam um porco do senhor e iam comer no mato. Fazia fo-go no mato pra comer. Ficava. No mato eles ficava escondido. Quando pega-vam eles…meu senhor! Como passa-vam mal, como eles passavam mal no bacalhau…Olhe! Deus soube o que fez. Deus soube o que fez, meu filho! Eu vi

isso tudo, sabe? Esse tempo eu tinha meus 15, 16 anos. Eu vi muita coisa, né? Eu era Ventre Livre, eles queriam me bater, eu disse não! Eu sou forra! Eu sou ventre livre, não sou escrava não! Escravo é minha mãe e meu pai! Queriam me bater? Não. Não me batem não! Aí eu fugi. Eu fugi e fui encontrar com meu pai, aí meu pai era fugido…Que ele vinha fu-gindo do serviço, ora! Que vinha fugin-do da roça!…Aí meu pai me disse: O que que ocê está fazendo aqui, minha filha? Eu falei: Eles queriam me bater, eu fugi! Meu pai: Você não pode apa-nhar, porque você é forra, minha filha. Escravo sou eu, que sou seu pai! Ago-ra você não vai mais pra lá! Aí eu fui lá pela roça, com meu pai. Ia pra roça com meu pai e minha mãe. Deus faz a verdade, o que eu vi aquele pessoal passar aquele tempo. Dava tapa na cara das criada, dos escravo. Olha!.. Eu tinha raiva de um tal de no-me Lulu. Era filho do Dr. Avellar, de que meu pai era escravo. Eu não sei o que foi que meu pai fez, meu pai ia le-var o… ele foi, veio de lá, e mandou um tapa na cara de meu pai. Aí meu pai ficou revoltoso. Ai meu tio disse assim: Vamo embora! E o meu pai, não sei se queria matar ele. Eu num sei. Foi em-bora. Pra roça. Aí eu tomei raiva dele. Aí ele falou: Ô crioula! Eu falei: Crioula é a sua mãe! Que ocê deu um tapa na cara do meu pai agora! Se eu fosse meu pai eu te capava a barriga agora! E ele: Ó sua negrinha! Negrinha, não. Não sou negrinha. Tava com 15 anos. Aí eu fui indo pra roça. Aí meu pai: Mas ocê veio pra roça? Falei: Vim que eu não quero mais ficar na fazenda. Que eles botava as crianças, as pequena, as negrinha, pra brincar com os filhos, pra carregar os f i lhos dela.” O Munhambano ...”Tinha festa. Eles davam muita festa pros escravos. Muito. Eles davam S. João, Santo Antônio, tudo. Eles da-vam…Natal. Tudo eles davam festa. No Natal eles davam roupa…Os fazendei-ros é que dava. Dava tudo. Graças á Deus! Dava tudo mas…era aquilo. Mas, era ali, ó! Minha avó era lavadeira dos escravos. Meu avô era tratador de por-co. Minha avó era Benta! Benta da Sil-va e meu avô também era Bento. Antô-nio Bento da Silva. Ela era Munhamba-na. Ele também era.” É. Todos dois eram Munhambanos. Ah…Eles num contaro como era de onde eles vinham não. Eles num conta-ro que a gente era criança naquele tem-po…Meu avô num era preto não. Meu avô, o cabelo dele era aqui (mostra a-baixo do ombro) Minha avó também. Meu pai era mulato mas casou com a minha mãe que era preta. E as outras minhas irmãs eram tudo mulata. Eu e meu irmão saiu da cor da minha mãe. Mas, meu avô? Meu avô o cabelo dele parava aqui (mostra de novo o ponto). Nós penteava o cabelo:(imitando avô:)’ Ara! Ara eu! Ara eu pega ocê!’ Tudo assim que ele falava. (imita de novo:) ‘Oça o tutra!” Sei lá, colher que ele pe-dia, a gente não sabia, se era uma coi-sa que ele pedia e a gente não sabia. (imita de novo:) ‘ Mim dá essa coisa aí o ningrinha!’: Nós pidia a ele. Aí ele sabia o que era. Meu avô Antônio. Ele não era preto. Era mulato. Se era mula-to de cabelo liso? Era mulato de cabelo liso. É. Veio da África. Meu avô, minha avó contava, porque na fazenda tinha muita gente africana, tinha…Angola, isso…

D’Angola… isso tudo tinha. Os portu-guês trazia ele pra aí. Tudo era assim. (Se irritando): Meu avô era africano! Meu avô, minha avó, era tudo africa-no….(de novo irritada com a insistên-cia da pergunta sobre o estranho bioti-po de seu avô): É. Africano. Gente afri-cano. Pois ele era africano! Munhamba-no é África! É África. meu avô era afri-cano! Quantas vezes quer que eu falo? (mais irritada ainda): Não! É África! Lu-gar na África (se acalmando:)… Aqui não tem Madureira? É como assim. É África. É mesmo que lugar da África. Aqui não tem cidade? Num tem Paraíba do Sul? Então? É como a África. É as-sim.” “Aquele tempo…A gente morria de me-do de fazer filho. De que jeito que a gente vivia? O filho lá….Um dia chega-va, tirava o filho da gente pra vender. Hum! Minha mãe num foi vendida? Mi-nha mãe num era daqui. Minha mãe era lá da Bahia. Foi. Vendero aí pra um vendedor aí, ó! Meu avô num foi vendi-do? Meu avô era africano e foi vendido. Então? Foi vendido, num é? Foi o Vis-conde! Minha avó foi vendida. Isso tu-do foi vendido. Agora vai vender quem é? Vão vender quem é? Vai vender o-cê?…(Solta uma gargalhada) Vão ven-der quem é?” Teresa e a República …”Hoje é tudo diferente, meu filho. Ói-a…Porque que eles tiraram o Deodoro, da Fonseca? Porque Deodoro sabia governar!.Inda outro dia (imitando questionamento dos filhos)… Aí, oh mãe…Ó mãe, a Sra…(como se a inter-romper os filhos)…O que?? Deodoro sabia governar!! Assim que acabou o cativeiro, foi Deodoro que tomou con-ta. Deodoro botava tudo ali, na linha. Agora não. A mulher dele era boa. Ele era muito bom. A gente comia bem, bebia bem. Aquelas coisa que ficava ruim nas venda…ele mandava jogar tudo fora. Aí…Óia a gente panhando na rua! Que é de que tá assim agora? Que é de? Que é de?.. Peixeiro, que chega-va aí, da praia, lá do lado de lá, da praia de Niterói,…Chegava os peixeiros ? Dava tudo pro home. Ah…!Ele botava aqueles peixes tudo fora. A gente pa-nhava aqueles peixes grandes. Ficava bem bom. Óia a gente se espanando nos peixes. Mas, agora? Trabalhei pra Deodoro da Fonseca! Eu que tô aqui! Não me incomoda. Aque-les soldados (imitando o soldado lhe fazendo a corte:) ..Ih! De adonde ocê é, heim? E eu: Num tem conversa! Subia. Levando a roupa que minha tia lavava, eu ajudava ela a lavar, ajudava a engo-mar, viu? E tô aí, com a graça de Deus! Eu agora nem sei o que é soldado!? Soldado hoje é porcaria, não vale nada, não vejo nada. Eu ando na rua e num sei quem é soldado! Porque, aquele tempo…era SOLDADO! Aquele tempo ocê conhecia GENERAL! Hoje em dia num sabe quem é general, não sabe quem é doutor, num sabe nada nesta vida!…Aquela época tinha (imitando marcha:) báu, báu, báu, báu! Aquelas fardas, que a gente passava, as fardas alumiando o sol, assim…ninguém po-dia. Agora, hoje em dia num se vê na-da. sentia medo. Soldado que ocê tem aí? As vezes eu fico assim oiando. Lá perto de mim mora um soldado. Eu falo (desalentada:)… Isso é soldado?! Ah…Eu tinha respeito de soldado. Hoje em dia não tenho respeito de soldado. Ti-nha”.

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Abril 2010 Gazeta Valeparaibana Página 14

A Fazenda de Tereza - JONGO

Não existe País que se queira grande, sem que se invista em boa educação e saúde, para a suas crianças.

Jongo em 1874

...”O Jongo é dos africanos. É do meu avô…Meu avô era do cativeiro. Chama-va Antônio Munhambano, africano. Eu sou de Paraíba do Sul. Ele primeiro era do Dr. Avellar. Ele era escravo do Dr. Avellar, num sabe? Ele era escravo do Visconde e do Visconde ele foi para o Dr. Avellar. O Visconde era o pai do Dr. Avellar. Não sei Visconde de quê. Só sei que é visconde, seu conde…naquele tempo, num é ? Foi lá em Para-íba do Sul, na fazenda de Avellar, num sabe? Meu avô era africano. Foi acha-do. A parte da África eu não lembro. Só sei que ele era africano. Era ‘munhambano’. Era de Munhambá e quem trouxe ele pra aqui foi o portu-guês, né? Foi quem trouxe ele. O meu avô. Ele tinha raiva de português por-que trouxeram ele pra aqui. Diz que abanavam lenço encarnado e eles vi-nham chegando. Eles não sabiam na-quele tempo quem eram e aí, trouxeram ele.

…O Jongo representa pra mim a mes-ma coisa que é: Negócio da gente afri-cana. O Jongo era festa dos cativos. Era Caxambu, viola…Tinha viola. Meu pai era tocador de viola. Antônio Bento da Silva. Tocava viola…e meu avô, to-cava urucungo.

Não…cantado mesmo em…O Jongo era a festa dos pretos. Se era dos preto velho? Não. Era festa dos pretos. Pros brancos vê a gente dançar. Era um ter-reiro grande, tocava o caxambu e os brancos vinham e a gente cantava pra eles vê a gente cantar e dançar. Era só pra eles vê. Que a gente era escravo, tava na fazenda. O que é que ia fazer? E se não dançasse, ó…!

Era sábado e domingo. As vezes fazia na festa de São João. Foi meu avô quem trouxe o Jongo da África e botou na fazenda pra todo mundo. Até hoje eu danço, canto o Jongo.

Os instrumentos? O que eu sei era ca-xambu…É aquele de bater: caxambu. A viola era de tocar e o pandeiro acompa-nhava a viola e o meu avô tocava uru-cungo, sabe o que é não é ? Botava na barriga …O senhor não sabe o que é urucungo?! Pois então!? É igual a be-rimbau. Só que naquele tempo não era berimbau. Era urucungo. Botava aqui,

ó (mostra a barriga). Botava no umbigo a cuia e batia.

Eu achava o Jongo daquela época mais bonito. Agora eu faço o desse tempo mesmo. Deixa eu lembrar…Um bom…Jongo dele mesmo, do meu avô. Quan-do ficou forro e a gente cantava. ‘Carolina‘. Cantava assim:

”Oh pra que pente carorina?

Num tem cabelo Pra que pente Carorina? Sem cabelo Pra que pente Carorina? Ê pra que pente Carorina? Sem cabelo, pra que pente Carorina? Ê pra que pente Carorina? Não tem cabelo,

pra que pente Carorina?”

…”Mas era eles que cantavam e a gen-te respondia…Era língua africana sim, uai?! Assim. A gente até caçoava deles (zombando): Canta assim, num é ? (enfática): Era língua sim! (repete a le-tra do ponto de Jongo sem explicar)…essa era na língua deles (canta mais) …mas a gente não respondia assim. Res-pondia depois.”

Jongo 100 anos depois

…”Hoje num tem mais nada. De primei-ro, na casa dessa só tinha Jongo. To-dos os sábados nós dançava mas…o pessoal morreu. Num ficou ninguém. Cada casa tinha Jongo. Cada casa ti-nha Jongo. Era todo sábado. Ah…Quem canta o Jongo sou eu…tem essa outra aqui mais…as outra precisa…Pode aprender. Nós aprendemo, num é? Elas pode aprender, vê a gente dan-çar, cantar e elas aprende também.

…Tem. Tem. Em Madureira tem muito. Tem muito, oh!.. A Maria quando deu o Caxambu teve gente lá assim, ó! Na casa dela. Agora eu não. Se ocês for lá vê. Eu nunca mais dei. Eu não. Meu marido morreu, eu fiquei eu com meus filhos, sabe. Graças a Deus. Fiz Jongo! Óia…Ainda hoje eu soube que lá na minha terra tem Jongo quase todo sá-bado. Diz que tem Jongo. Naquela casa que ocês….diz que eu vou lá. Ela disse que qualquer tempo ela vai me levar lá. Diz que o Jongo, que o bagúio lá é as-sim! O Caxambu lá é de arromba. (para Joana):..Ocê tem num vontade de pular no Caxambu de lá não, Maria? O Ca-xambu lá é de fato.

E a gente sabe cantar aqui? Num sabe

cantar. Num tem voz! Essa gente aqui num tem voz pra cantar. Quem vai can-tar o Caxambu sou eu…Aquela peque-nazinha hoje num sei se vem, é só. E lá não…todo mundo à cantar, todo mun-do à dançar! Lá em minha terra. Graças a Deus! Óia…Todo mundo fala: A Sra., já tá com essa idade e ainda dança? Danço! Inda pulo o meu Caxambu! Gra-ças á Deus!”

Notas finais:

Maria Teresa teria nascido em 1859. Os fatos dos quais nos dá conta são de quando ela estava com cerca de 15 a-nos. Logo, o Jongo que descreve é, portanto, aquilo que sobre a manifesta-ção poderia saber uma adolescente. São preciosas no entanto as descri-ções sobre uso no Jongo da época, de instrumentos como o Urucungo (um arco musical tipicamente Bantu) e a viola.

Em 1874, já com o processo de deca-dência das fazendas da região se agu-çando, sabe-se que foi hábito comum entre os ‘Barões do Café’ demonstrar, ostensivamente, os resquícios de faus-to que lhes restavam, forçando seus escravos a se exibir para visitas, vin-das, não raro, da Corte. Foram, certa-mente, a partir destas viagens, que danças como o Lundu, por exemplo, migraram para a os salões da Corte.

São importantíssimas as informações que presta, no sentido de que seu avô, africano de nação ‘Munhambano’, foi quem trouxe a prática do Jongo para o local (não o seu avô, pessoalmente, é claro, mas africanos bantu, trazidos para aquela região, de cultura similar a dele). O fato curioso dela falar e insistir que seus avós eram mulatos de cabelo liso, pode ser, definitivamente, explica-do pelos dados a seguir.

Num gráfico sobre a demografia escra-va na região de Vassouras, RJ, está demonstrada a existência na região de Vassouras e Paraíba do Sul de indiví-duos da etnia Inhambane, associação evidente com o ‘Mu-nhambano’ citado por Maria Teresa.

Inhambane é de fato, um povo que ha-bita uma vasta região ao norte de Ma-puto, em Moçambique, no litoral do pa-ís e que foi, por conta disso, exposta, durante muito tempo, às influências gerais das históricas relações entre Ásia e África, ocorridas na costa africa-na do Oceano Índico, relações estas que produziram, entre outros efeitos, alguma mestiçagem de negros com árabes (cujos interesses comerciais penetraram ali antes dos portugueses) e indianos (que marcaram fortemente o perfil étnico da população do Madagas-car, por exemplo, ilha muito próxima à costa a Moçambique).

Por esta hipótese, os avós de Maria Teresa foram pegos no território I-nhambane e postos num navio que, atravessando o cabo da Boa Esperan-ça, deu no oceano Atlântico, seguindo para o Brasil.

Segundo o gráfico acima citado (de Flávio G. dos Santos), haviam apenas 8 indivíduos de origem Inhambane na região de Vassouras entre 1837 e 1840, seis deles residindo em fazendas nas quais pode ser incluída a Santa Teresa, citada por Maria Teresa. A hipótese de, pelo menos, dois destes seis escravos serem parentes (dois seriam os pró-prios avós ‘Munhambanos’) de Maria Teresa é de todo modo, impressionan-temente plausível.

Precioso é, do mesmo modo, seu teste-munho pessoal – e ocular- de que eram comuns na região as torturas, as fugas e os ‘aquilombamentos’. Os locais des-critos por ela, correspondem a onde está circunscrito hoje parte do Municí-pio de Avellar, vizinho de Paraíba do Sul. Na crônica da insurreição de es-cravos conhecida como ‘Quilombo do Manoel Congo‘, ocorrida em 1838 nesta região), tem papel importante nos con-flitos a fazenda de Santa Teresa, já per-tencente naquela época a João Gomes Ribeiro de Avellar, o Visconde do Para-íba (chamado de Visconde de Avellar por Maria Teresa). O Barão de São Luiz, Paulo Gomes Ribeiro de Avellar, filho do visconde, (talvez o tal que bateu na cara do pai de Teresa e é chamado por ela de ‘Lulu’) é citado no processo que condenou Manoel Congo à morte, co-mo dono do escravo citado como sen-do o próprio ‘Vice Rei’ do quilombo, um tal de Epifânio Moçambique, morto na refrega.

Não tendo feito qualquer comentário sobre o retorno de seu pai, de sua mãe ou dela mesma para a fazenda, depois da fuga narrada, fato que, por sua rele-vância dramática, com certeza teria sido citado na entrevista, pode-se de-duzir que Maria Teresa (e toda a sua família), viveu na condição de quilom-bola a partir de 1874.

A afirmação que faz de que ainda viu instrumentos de tortura na Corte, ates-ta o fato surpreendente de que ela já estava residindo no Rio de Janeiro, na proclamação da República, havendo ficado livre, portanto, cerca de 14 anos antes da Abolição.

Spirito Santo

ALGUNS MOTIVOS DE ORGULHO DO BRASIL

* A árvore mais velha do Brasil é um jequitibá-rosa com 3020 anos que se encontra no Parque Estadual de Vassununga, em Santa Rita do Passa Quatro em SP(Rank Brasil); * O Brasil tem a frota de helicópteros que mais cresce no mundo. O tráfego de helicópteros em São Paulo é o terceiro maior do mundo (Revista Veja); * O teatro mais antigo em atividade no Brasil, é o de Ouro Preto, Minas Gerais que está em funcionamento desde 1769 (Rank Brasil); * A bandeira brasileira hasteada na Praça dos Três Poderes, em Brasília é a maior bandeira hasteada no mundo. Por não suportar o vento e rasgar, ela é trocada mensalmente. Cada mês um estado brasileiro diferente é responsável pelos custos da nova bandeira. (Site do Vestibular); * Nos rios amazônicos, já foram descobertas 1.500 espécies de peixes, mas estima-se que exista pelo menos o dobro. Isso é quinze vezes mais do que todas as espécies de peixes encontradas nos rios da Europa. (Revista Veja); * Foi um sergipano radicado na França o criador do primeiro cartaz de propaganda de um filme. Cândido de Faria fez em 1902 o cartaz do filme "Les Victimes de l' Alcoolisme", inspirado na obra de Émile Zola. (Revista Istoé).

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Abril 2010 Gazeta Valeparaibana Página 15

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Uma rádio - web de interação de países da língua portuguesa

O mundo lusófono Na área vasta e descontínua em que é falado, o português apresen-ta-se, como qualquer língua viva, internamente diferenciado em vari-edades que divergem de maneira mais ou menos acentuada quanto à pronúncia, a gramática e ao voca-bulário. Tal diferenciação, entretanto, não compromete a unidade do idioma:

apesar da acidentada história da sua expansão na Europa e, princi-palmente, fora dela, a língua portu-guesa conseguiu manter até hoje apreciável coesão entre as suas variedades. As formas características que uma língua assume regionalmente deno-minam-se dialetos. Alguns linguis-tas, porém, distinguem o falar do dialeto: Dialeto seria um sistema de sinais originados de uma língua comum, viva ou desaparecida; normalmen-te, com uma concreta delimitação geográfica, mas sem uma forte di-ferenciação diante dos outros dia-letos da mesma origem. De modo secundário, poder-se-iam também chamar dialetos as estruturas lin-guísticas, simultâneas de outra, que não alcançam a categoria de língua. Falar seria a peculiaridade expres-siva própria de uma região e que não apresenta o grau de coerência

alcançado pelo dialeto. Caracteri-zar-se-ia por ser um dialeto empo-brecido, que, tendo abandonado a língua escrita, convive apenas com manifestações orais. No entanto, à vista da dificuldade de caracterizar na prática as duas modalidades, empregamos neste texto o termo dialeto no sentido de variedade regional da língua, não importando o seu maior ou menor distanciamento com referência à língua padrão. No estudo das formas que veio a assumir a língua portuguesa, espe-cialmente na África, na Ásia e na Oceania, é necessário fazer a dis-tinção entre os dialetos e os criou-las de origem portuguesa. As variedades crioulas resultam do contato que o sistema linguístico português estabeleceu, a partir do século XV, com sistemas linguísti-cos indígenas. 0 grau de afastamento em relação à

língua mãe é hoje de tal ordem que, mais do que como dialetos, os cri-oulos devem ser considerados co-mo línguas derivadas do portu-guês. . O português é a língua oficial em oito países de quatro continentes: Angola (10,9 milhões de habitantes) Brasil (185 milhões) Cabo Verde (415 mil) Guiné Bissau (1,4 milhão) Moçambique (18,8 milhões) Portugal (10,5 milhões) São Tomé e Príncipe (182 mil) Timor Leste (800 mil) O português é a oitava língua mais fa-

lada do planeta, terceira entre as línguas ocidentais, após o

inglês e o castelhano.

“ Deficiente" ...é aquele que não consegue modificar sua vida, aceitan-do as imposições de outras pessoas ou da sociedade em que vive, sem ter consciência de que é dono do seu destino. “Louco” ...é quem não procura ser feliz com o que possui. "Cego" ...é aquele que não vê seu próximo morrer de frio, de fome, de miséria. E só tem olhos para seus míseros problemas e pequenas do-res. "Surdo" ...é aquele que não tem tem-po de ouvir um desabafo de um ami-go, ou o apelo de um irmão, pois está sempre apressado para o trabalho e quer garantir seus tostões no fim do mês. "Mudo" ...é aquele que não conse-gue falar o que sente e se esconde por trás da máscara da hipocrisia. “Paralítico” ...é quem não consegue andar na direção daqueles que preci-sam de sua ajuda. “Diabético” ...é quem não consegue ser doce. "Anão" ...é quem não sabe deixar o amor crescer. E, finalmente, a pior das defici-

ências é ser miserável, pois, "Miseráveis" são todos os que

não conseguem falar com Deus.

Por: Mário Quintana O LAÇO E O ABRAÇO Meu Deus!!! Como é engraçado!... Eu nunca tinha reparado como é curioso um laço... Uma fita dando voltas? Enrosca-se... Mas não se embola , vira, revira, circula e pronto: está dado o laço. É assim que é o abraço: coração com coração, tudo isso cercado de braço. É assim que é o laço: um abraço no presente, no cabelo, no vestido, em qualquer coisa onde o faço. E quando puxo uma ponta, o que é que acontece? Vai escorregando devagarzinho, desmancha, desfaz o abraço. Solta o presente, o cabelo, fica solto no vestido. E na fita que curioso, não faltou nem um pedaço. Ah! Então é assim o amor, a amizade. Tudo que é sentimento? Como um pedaço de fita? Enrosca, segura um pouquinho, mas pode se desfazer a qualquer hora, deixando livre as duas bandas do laço. Por isso é que se diz: laço afetivo, laço de amizade. E quando alguém briga, então se diz - romperam-se os laços.- E saem as duas partes, igual meus pedaços de fita, sem perder nenhum pedaço. Então o amor é isso... Não prende, não escraviza, não aperta, não sufoca. Porque quando vira nó, já deixou de ser um laço. Enviado por: Márcia Rocha Beserra ( Autor desconhecido )

Coisas do amor

Curiosidades 1 - Se todos os cachorros quentes con-sumidos pelos americanos em 1 ano fos-se enfileirados, poderia ser feita uma "ponte" que daria duas vezes a distância da Terra até a Lua. 2 - O Sol libera mais energia em um se-gundo do que tudo que a humanidade já consumiu em toda a sua existência. 3 - Quando você for ao Mc Donalds, preste atenção na maneira com que os atendentes colocam a comida na sua bandeja: o "M" estará sempre virado pa-ra o seu lado. 4 - Ratos não vomitam. 5 - Napoleão Bonaparte calculou que as pedras usadas para a construção das pirâmides do Egito seriam suficientes para construir um enorme muro ao redor da França.

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Abril 2010 ÚLTIMA PÁGINA EDIÇÃO Nº. 29 Ano 3

LIVRE PARA ANUNCIAR/Invista em Educação/a única saída para o real desenvolvimento econômico e social. 0 xx 12 - 9114.3431

Saudade... 21 de Março de 1960 x 1º de Maio de 1994 AYRTON SENNA

UM VERDADEIRO HERÓI MODERNO

Ayrton Senna da Silva nasceu em 21 de março de 1960, em São Pau-lo, Brasil, e é considerado um dos me-lhores pilotos de todos os tempos. Senna viveu uma vida inteira dedicada às competições automobilísticas. Con-quistou suporte de pessoas importan-tes do esporte a motor e foi um dos pilotos mais respeitados pelos especi-alistas no esporte. Conduzia com facili-dade para ser o melhor em todas as partes. O charme e sorriso jovial fize-ram com que Ayrton se tornasse um verdadeiro herói moderno... A paixão de Senna por automobilismo começou ainda na infância, quando ganhou um kart construído por seu pai, Milton, um rico empresário. Então os problemas do garoto desapareceram e assim começou no mundo do esporte a motor. Com suporte do pai, Ayrton es-treou oficialmente nas pistas em 1973, durante prova do campeonato brasilei-ro de kart e não teve dificuldades para exibir suas habilidades ao volante: venceu com sobras a etapa realizada em Interlagos, no dia 1° de julho. Em 1980, após faturar o campeonato sul-americano de kart e ficar com o vi-ce no mundial da modalidade, Senna trocou o Brasil pela Europa, onde as principais categorias de Fórmula ti-nham reservado um lugar para ele. Ayr-ton fechou contrato com a equipe Van Diemen para disputar a temporada de 1981 do campeonato inglês de Fórmula Ford 1.600, agradecendo ao pai pelo apoio nos tempos de kart. Sagrou-se campeão por antecipação. Então, no ano seguinte, o brasileiro venceu os campeonatos europeu e inglês da Fór-mula Ford 2.000. E o próximo passo foi a Fórmula-3 inglesa. Guiando um Ralt-Toyota, o tricampeão teve excitantes duelos com o inglês Martin Brundle em diversas corridas da temporada e che-gou a mais um título na Inglaterra. A-pós ganhar o popular Grande Prêmio de Macau de F-3, Ayrton participou de uma sessão de testes em Donington Park com um Williams FW 08C, no cir-cuito de Donington Park, a convite de Frank Williams. Depois também testou por Brabham e McLaren, equipes de primeira linha como a Williams. No en-tanto, o brasileiro fechou contrato com a modesta Toleman para disputa da temporada de 1984 de Fórmula-1. E foi justamente no Brasil onde Ayrton estreou na categoria, mais precisamen-te no Autódromo de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. E não foi um bom co-meço: largando apenas em 16° lugar abandonou a corrida na oitava volta, com problemas no turbo compressor.

Àquela altura, o futuro tricampeão de Fórmula-1 era 13° colocado. No entan-to, não desistiu. Duas semanas mais tarde, em Kyalami, teve desempenho semelhante ao exibido na classificação para o GP de Jacarepaguá, mas levou o Toleman TG 183B Hart ao sexto lugar na corrida e obteve o primeiro ponto na categoria. Em julho, Senna foi o desta-que do chuvoso Grande Prêmio de Mô-naco, quando chegou atrás apenas de Alain Prost (McLaren-TAG Porsche). Essa corrida é considerada polêmica por causa da suspensão da corrida na 32ª volta - de um total de 78 voltas. No-no colocado ao fim da temporada, com 13 pontos, Ayrton se transferiu para a Lotus para ser companheiro de equipe do italiano Elio de Angelis. Logo no segundo GP pela equipe ingle-sa, Senna faturou a primeira vitória na Fórmula-1, em chuvosa etapa no circui-to de Estoril, Portugal - com mais de um minuto de vantagem para o segun-do colocado, o italiano Michele Albore-to (Ferrari). O brasileiro voltou a vencer em Spa-Francorchamps, na Bélgica, fechando a temporada com duas vitó-rias, sete pole positions e o quarto lu-gar no mundial de pilotos, com 38 pon-tos. No ano seguinte, o paulistano já era considerado um dos quatro principais pilotos do certame, ao lado de Alain Prost (McLaren-TAG Porsche), Nelson Piquet (Williams-Honda) e Nigel Man-sell (Williams-Honda). A emocionante vitória na etapa da Espanha, recebendo a quadriculada apenas 0.14'' à frente de Mansell, provaria que a inclusão de Ayrton no rol dos maiores nomes da época não era à toa. Em 1987, a Lotus passou a receber mo-tores da Honda - nas duas temporadas anteriores, o propulsor era fornecido pela Renault. Nesse ano, o brasileiro alcançou a primeira de suas seis vitó-rias em Mônaco; saudou os mecânicos euforicamente e no pódio jogou cham-panhe para a família real do principado encravado entre Nice e Menton. Ao fim do campeonato, Ron Dennis anunciou Ayrton Senna como piloto da McLaren para 1988, ao lado de Prost. Nessa temporada, a parceria entre M-cLaren e Honda rendeu números espe-taculares à equipe de Woking: foram 15 vitórias em 16 etapas. Foi o ano do pri-meiro título de Ayrton Senna. Embora tenha somado menos pontos que o rival francês (95 a 104), o brasileiro fi-cou com o primeiro lugar pois, como o regulamento que previa o descarte dos cinco piores resultados no ano, o fran-cês perdeu três segundos lugares, ca-indo para 88 - contra 91 de Ayrton, que descartou apenas um terceiro lugar. No entanto, o campeonato de 1988 não foi

apenas o melhor da história da McLa-ren. Marcou o início de uma das mais excitantes e atrativas disputas da Fór-mula-1. Prova disso foi a eventual quebra de acordo entre Senna e Prost para que não houvesse ultrapassagens entre ambos no Grande Prêmio de San Mari-no. Então foi o início de tal rivalidade. O estágio seguinte seria a corrida em Suzuka, onde a controvérsia alcançou alto nível. O francês liderava a corrida, seguido pelo brasileiro. No hairpin que antecede a reta principal, Ayrton bus-cou a ultrapassagem sobre Alain, mas ambos colidiram e o francês abando-nou. Senna seguiu na corrida e venceu, mas foi desclassificado. O título da temporada ficou com Prost. "Não pos-so explicar outra coisa além do que se viu: a manipulação do campeonato de 1989", disse Ayrton. O presidente da FISA, Jean-Marie Balestre, impôs uma punição ao brasileiro pelas declara-ções após a corrida e retirou tempora-riamente a superlicença do piloto. Ayrton iniciou a temporada de 1990 pagando uma multa milionária para a FISA e pedindo desculpas à cúpula da entidade. Naquele ano, Prost passou para a Ferrari, pois alegava que a M-cLaren ficou ao lado de Senna após o acidente na etapa japonesa. E o cam-peonato foi definido novamente entre eles e, após mais um acidente entre ambos em Suzuka, Senna garantiu o segundo título na Fórmula-1. O ano seguinte marcou o tricampeona-to de Ayrton. Nigel Mansell, da Willi-ams, falhou pela terceira vez na busca pelo título mundial. O brasileiro come-çou a temporada com vitórias nas eta-pas dos Estados Unidos, Brasil, San Marino e Mônaco, enquanto o inglês só se "encontrou" no campeonato durante a metade daquela temporada. O aban-dono de Mansell, após uma saída de pista em Suzuka, abriu caminho para o terceiro campeonato de Senna na Fór-mula-1. Na chuvosa etapa de Interla-gos, o paulistano dedicou a vitória á torcida brasileira - após sete tentativas frustradas de vencer em seu país. Além disso, entrou para a galeria dos tricam-peões, ao lado de Brabham, Stewart, Lauda, Piquet, Prost... Para 1992, as coisas mudaram. Favore-cido pelo fantástico trabalho do time de Frank Williams, Mansell ganhou seu único campeonato, contabilizando no-ve vitórias em 16 etapas. Ayrton sofreu com um McLaren-Honda pouco compe-titivo em relação aos anos anteriores, mas faturou três merecidas vitórias: Mônaco, Hungria e Itália. O triunfo em Monte Carlo ocorreu graças a proble-mas em um dos pneus do Williams-Renault do líder da prova, o inglês Ni-

gel Mansell, quando faltavam dez vol-tas para a bandeirada... Sem motores Honda e repleta de pro-blemas internos, a McLaren teve de usar propulsores Ford durante a tem-porada de 1993. Após um ano de "descanso", Prost retornou às pistas, agora pela Williams. Apesar de algu-mas previsões, Senna foi um rival ho-nesto ao francês e reeditaram o velho duelo. Apesar disso, o campeonato ficou com o francês, que venceu sete corridas, contra cinco triunfos do bra-sileiro. As vitórias mais notáveis de Senna aconteceram em Donington Park (GP da Europa), por causa de sua con-dução excelente, e em Interlagos, onde foi saudado euforicamente por Juan Manuel Fangio no pódio - o pentacam-peão argentino apontava Ayrton como seu sucessor. O brasileiro disse adeus à McLaren com mais um primeiro lugar, o 41° e último da carreira, em Adelaide, na Austrália. E Senna conquistou seu objetivo: um lugar na Williams para a temporada de 1994, tendo o inglês Da-mon Hill como companheiro de equipe. "O melhor piloto com o melhor carro não pode ter outro resultado que não seja o campeonato mesmo", era dito. Aliás, o ano começou com dificuldades a Ayrton que, apesar de das poles nos GPs do Brasil e do Pacífico abandonou em ambas corridas, vencidas pelo prin-cipal adversário daquele ano, o alemão Michael Schumacher, da Benetton. O episódio seguinte, episódio final, seria aquele de San Marino. As coisas esta-vam complicadas por causa do aciden-te espetacular de Rubens Barrichello durante a sessão de treinos da sexta-feira e da morte de Roland Ratzenber-ger, no sábado. Visivelmente preocupa-do, o tricampeão teve uma premonição mas regressou às pistas para competir. Partiu da pole e estava na liderança da corrida. Mas na sétima volta, na Tam-burello, Senna disse adeus. Inúmeras coisas foram ditas desde 1° de maio de 1994. O Brasil chorou por seu ídolo. E até mesmo o rival francês Prost ficou muito triste. Ayrton Senna conquistou 41 vitórias, 65 pole positions e 19 melhores voltas de corrida durante sua passagem pela Fórmula-1. Mas simples estatísticas não constroem um ídolo. O relaciona-mento entre ele e as pessoas ia além de um simples Grande Prêmio. O brasi-leiro tinha talento ilimitado dentro das pistas. Fora do carro, o tricampeão de Fórmula-1 era gentil com o povo. Uma pesquisa feita no Brasil, em 2000, revelou que Senna é considerado o maior herói brasileiro de todos os tem-pos. Mais uma prova para afirmar que Ayrton é um verdadeiro herói moderno.