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UTILIZAÇÃO DE EXTRATOS VEGETAIS NO CONTROLE DE INSETOS PRAGAS EM
SISTEMAS AGROECOLÓGICOS DE
PRODUÇÃO
Prof. Wilson José Morandi Filho
Camboriú, 2018
Introdução
Primeira metade do século 20 Brasil foi um grande produtor e exportador de inseticidas botânicos:
- Rotenona (extraída de raízes de Lonchocarpus sp e Derris sp.),
- Piretro (extraída de flores de Chrysanthemum cinerariaefolium),
- Nicotina (extraída de folhas de Nicotiana tabaci)
Seguindo tendências internacionais após os anos 50 controle de pragas no BR passou a ser realizado com compostos químicos sintéticos.
Assim, no sistema convencional de produção o controle de insetos pragas tem sido realizado com inseticidas fosforados de alta toxidade e carência,
São inúmeras as conseqüências negativas do uso de compostos ao ambiente e saúde humana,
Onde estamos?
Fig 1. Trabalhador rural aplicando agrotóxico sem EPI, Vale da Ribeira, SP. Foto: Leonardo Colosso/Folha Imagem
Fig 2. Nº de casos de intoxicação humana, no BR de 1991 a 1999. Fonte: MS/FIOCRUZ/SINTOX
Aonde queremos chegar?
O que os mercados/consumidores buscam atualmente?
- Qualidade dos produtos produzidos!!!
Conhecem esta história????
Quantos produtos químicos foram aplicados ?
A bruxa tinha as mãos limpas ?
Quantos litros de água foram gastos e contaminados?
Esta história teve um final feliz.....entretanto......
Com uso abusivo de produtos químicos, teremos mesma sorte????
EXTRATOS DE ORIGEM VEGETAL COM
ATIVIDADE INSETICIDA
Nim (Azadirachta indica A.de Jussei) • Família: Meliaceae • Mesma família: Cinamomo, Cedro, Cedrilho, Mogno, etc.
• (Schmutterer, 1990; Roel et al., 2000)
• Compostos biologicamente ativos são encontrados nas folhas, frutos, sementes e tronco do nim, contra pragas de grande importância agrícola (Ascher et al., 1984; Grainge et al., 1985; Jacobson, 1989; Maredia et al., 1992)
Composição do Nim
• Ordem Rutales muito estudada compostos com ação sobre os insetos,
• Compostos ativos isolados da árvore do nim: salanina, azadirachtina, 14-epoxiazadiradiona, meliantrol, melianona, gedunina, nimbolona, nimbina, nimbinem, deacetilsalanina, azadiractol (Jones et al., 1989; Lee et al., 1991; Kraus, 1995)
Fig 3. Estrutura da molécula da azadiractina.
Fonte: Martinez, 2002.
Ação do Nim sobre os Insetos
Fig 4. Mortalidade de S. littoralis em diferentes ínstares após as larvas de 3º ínstar terem sido alimentadas com diferentes concentrações de azadiractina (Martinez & van Emden, 2001)
Fig 5. Consumo foliar da vaquinha, D. speciosa em círculos de folhas de fejoeiro (Martinez, 1990).
• Efeito Antialimentar
Fig 6. Vaquinha, Diabrotica speciosa
• Efeito Regulador do Crescimento
Fig 7. Representação esquemática da regulação hormonal da
ecdise nos insetos.
Fig 8. Porcentagem de indivíduos mortos e inativos da cochonilha P.citri, sete dias após a pulverização com óleo de nim (R. Depieri & S.S. Martinez, 2001).
Fig 8. Cochonilhas algodão e cabeça de prego.
Fig 10. Intermediário larva-pupa de Spodoptera littoralis (esquerda); pupa normal (direita). Martinez, 2002.
Fig 11. Deformidades e anomalias causadas em lagartas pelo nim. Curuquerê-do-algodoeiro (Martinez, 2002).
Fig 12. Deformidades causadas em adultos pelo nim. Martinez, 2002.
• Efeitos sobre a Reprodução
Fig 13. Redução da fecundidade e da fertilidade de A.gemmatalis, quando as lagartas foram alimentadas com dieta tratada com óleo de nim (F.A.C. Silva & S.S.Martinez, 2001).
Pragas a ser controladas com Nim
• Aproximadamente 400 espécies de insetos foram relatadas como sensíveis a algum tipo de ação de nim (Schmutterer & Singh, 1995).
-136 espécies de lepidópteros,
- 82 hemípteros,
-79 de coleópteros,
- 49 de dípteros.
Efeitos sobre Inimigos Naturais
• Modo de ação de Nim favorece sua associação com o controle biológico,
• Os produtos de Nim não estão livres de apresentar alguns efeitos sobre IN, embora esses efeitos são menos intensos do que sobre pragas.
Experimentos mostram a menor toxidade do nim sobre as espécies de predadores. A pulverização com Óleo de Nim sobre adultos de joaninhas Cycloneda sanguinea (Silva et al., 2001) e Hippodamia convergens (Silva & Martinez, 2001), não causou mortalidade de adultos a 5 ml/L.
Fig 14. Forma Jovem e adulto de Joaninha.
Timbó-(Lonchocarpus nicou)
• Palavra Timbó, vem do tupi = suco de cobra = suco que mata
• Mais utilizados são as pertecentes do gênero SERJANIA, possuindo cerca de 80 espécies distribuídas pelo BR.
• Nomes populares: timbó-miúdo, timbó-cabeludo, guarumina, timbó-branco, timbó-amarelo, cururu, mata-fome etc...
• Possuem substâncias tóxicas aos insetos similares a Rotenona e a Saponina.
• A rotenona é um excelente inseticida , obtido principalmente de raízes secundárias de raízes de timbó-verdadeiro Lonchocarpus spp e Derris.
• É muito eficaz para um grande nº de insetos, como: pulgões, lagartas, trips, assim como ácaros (Guerra, 1985; Abreu Júnior, 1998; Penteado, 1999)
Fig 16: Detalhe planta de Lonchocarpus sp.
Fig 17: Estrutura Química de Rotenona
Piretro (Chrysanthemum cinerariaefolium)
• É uma planta cultivada em várias regiões do mundo como Brasil, EUA etc.... No RS - Serra Gaúcha (Guerra, 1985).
• Utilização, civilizações antigas no controle de insetos pragas.
Fig 18: Flores de Chrysanthemum cinerariaefolium
• Piretro flores secas do piretro Piretrina Precursoras dos piretróides.
Fig 19: Planta de Chrysanthemum cinerariaefolium
• Muitos trabalhos tem demonstrado grande eficiência no controle a insetos pragas (Godfrey, 1995).
• Grande vantagem na utilização:
- não ser tóxico ao homem;
- não deixa resíduos nos produtos.
• Insetos tratados com dosagens letais de piretrina exibem sintomas típicos de envenenamento nos nervos. Inicialmente ocorre uma excitação, seguido por convulsões, paralisia e finalmente a morte (Metcalf, 1976).
Experimentos práticos realizados com Rotenona e Piretro
Experimento 1:
Avaliação do efeito de extrato de timbó emulsionado (Rotenat) e extrato de piretro emulsionado (Piretronat) sobre Anastrepha
fraterculus via ingestão em laboratório.
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500m
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T3-P
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150m
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300m
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T5-
Teste
munha
DOSAGEM (ml/100L)
(%)
MO
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AL
IDA
DE
24HAT
48HAT
72HAT
96HAT
Fig 20: Mortalidade de adultos de A. Fraterculus alimentados com dietas contendo extrato de timbó (Rotenat) e extrato de Piretro (Piretronat). Bento Gonçalves - RS, (out. 2002).
Experimento 2:
Avaliação do efeito de extrato de timbó emulsionado (Rotenat) e extrato de piretro emulsionado (Piretronat) sobre Anastrepha
fraterculus por contato em laboratório.
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Teste
munha
DOSAGEM (mL/100L)
(%)
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IDA
DE
24HAT
48HAT
72HAT
96HAT
Fig 21: Mortalidade de adultos de Anastrepha fraterculus após o tratamento por pulverização com extrato de timbó (Rotenat) e extrato de piretro (Piretronat). Bento Gonçalves-RS, (out 2002).
Considerações Finais
• Grande nº de vantagens na utilização de extratos vegetais
- menor surgimento de insetos resistentes, menor toxidade a mamíferos e compatibilidade com outros métodos de controle, adequando-se ao MIP,
• Disponibilidade de matéria-prima;
• Coleta racional de estruturas vegetais,
• Seletividade a Inimigos Naturais
• Rápida biodegradação necessidade de reaplicações,
Sucesso no emprego de inseticidas botânicos
• Variação na concentração dos princípios ativos nos diversos estádios da planta,
• Técnica mais adequada para extração,
• Formulação e Conservação de extratos,
• Dosagem eficiente dos produtos,
• Estabilidade e Persistência do Produto no Campo,
• Toxidade ao homem e aos animais,
• Seletividade de produtos,
• Custo em relação aos inseticidas sintéticos;
• Credibilidade junto ao usuário.
Necessidade de mais estudos e
PRINCIPALMENTE intercâmbio entre Entomologistas, Fitoquímicos,
Fitotaxonomistas, Toxicologistas e outros profissionais de áreas
afins.
Assim,
Referências Bibliográficas
• HERNÁNDEZ, C.R., VENDRAMIM, J.D. Avaliação da bioatividade de extratos aquosos de Meliaceae sobre Spodoptera frugiperda (J.E.Smith). Revista Brasileira de Agricultura, 72(3): 305-318.
• GODFREY, C. R. A. Agrochemicals from natural products, New York, ed. Dekker; 1995.
• MARTINEZ, S.S. O NIM (Azadirachta indica, natureza, usos múltiplos, produção. Instituto Agronômico do Paraná, editado por Sueli Souza Martinez. Londrina: IAPAR, 142p. 2002.
• VENDRAMIM, J.D., CASTIGLIONI, E. Aleloquímicos, Resistência, Plantas inseticidas. In: GUEDES, J.C.; DRESTER da COSTA, I.; CASTIGLIONI, E.; Bases e Técnicas do Manejo de Insetos . Santa Maria: UFSM/CCR/DFS: Pallotti, 2000. cap. 8, pag. 113 -128.