utilização de adubação verde na cultura da cana-de-açúcar
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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA SUPERIOR DE AGRICULTURA “LUIZ DE QUEIROZ”
DEPARTAMENTO DE SOLOS E NUTRIÇÃO DE PLANTAS GAPE – Grupo de apoio à pesquisa e extensão
USINA SÃO MANOEL
Utilização de Adubação Verde na cultura da Cana-de-Açúcar
Equipe Técnica: Prof. Dr. Pedro Henrique de C. Luz
A
Prof. Dr. Godofredo César Vitti Ac. Thiago Aristides Quintino c. Danilo Barboza de Oliveira
Piracicaba - SP
Agosto de 2005
Índice
1. Introdução......................................................................................................................... 3
2.
5.
6. M
8.
10
11
1.1. Panorama atual da cana-de-açúcar...................................................................... 3 1.2. Perdas de solo e conservação............................................................................... 4 1.3. Rotação de culturas................................................................................................. 6 Adubação Verde .............................................................................................................. 7 3. Adubação Verde na cana-de-açúcar ....................................................................... 8
4. Benefícios da adubação verde.................................................................................... 18 4.1. Efeito sobre os atributos químicos ...................................................................... 18 4.2. Efeito sobre os atributos físicos........................................................................... 18 4.3. Efeitos sobre atributos biológicos........................................................................ 19 Matéria Orgânica ........................................................................................................... 20 5.1. Importância em solos tropicais ............................................................................ 20
5.1.1. Efeitos Químicos da matéria orgânica ........................................................ 21 5.1.2. Efeitos físicos da matéria orgânica .............................................................. 21 5.1.3. Efeitos Biológicos da matéria orgânica ....................................................... 22 anejo da matéria orgânica ........................................................................................ 22
7. Recomendações para adubação verde em cana-de-açúcar ................................. 23 7.1. Crotalaria juncea .................................................................................................... 23 7.2. Crotalaria spectabilis roth ..................................................................................... 24 7.3. Crotalaria paulina schrank .................................................................................... 24 7.4. Crotalaria ochroleuca ............................................................................................ 25 Custo da adubação verde ............................................................................................ 28
9. Formas de Semeadura................................................................................................. 28 9.1. Detalhe do sistema de plantio direto / cultivo mínimo...................................... 33 . Sistema de utilização de adubos verdes................................................................. 34 a) Incorporação ao solo ................................................................................................ 34 b) Na superfície do solo como cobertura morta........................................................ 36 . Considerações finais .................................................................................................. 46
12. Cronograma das operações ...................................................................................... 47 13. Referências Bibliográficas ......................................................................................... 50
2
Adubação verde na cultura da cana-de-açúcar
. Introdução
.1. Panorama atual da cana-de-açúcar
stima-se que a cultura da cana-de-açúcar ocupa no Brasil área de
aproxi
nos próximos anos deverá acentuar-se a
tendên
hidrocarbonetos fósseis.
1
1 E
madamente 5,421 milhões de hectares na safra 2004/05, área 4% maior que
na safra anterior. O crescimento da área é conseqüência da boa rentabilidade
apresentada pelo setor nos últimos anos, o que estimulou a expansão dos
canaviais das usinas existente e a implantação de novas unidades, principalmente
nos estados de São Paulo, Paraná e Minas Gerais. A produção total de cana
chegará a 375 milhões de toneladas, crescimento de 5% sobre a safra 2003/04. A
produção de açúcar deverá ficar estabilizada em 23,9 milhões de toneladas. No
entanto, a produção de álcool deverá crescer significativamente, tanto a de
hidratado como a de anidro, totalizando 15,14 bilhões de litros. A crescente
demanda, doméstica e internacional, pelo álcool brasileiro e os estoques mundiais
de açúcar nos níveis mais baixos dos últimos anos mantiveram os preços dos dois
produtos mais estáveis do que o previsto. No caso do álcool, o crescimento se
deve à forte expansão da demanda doméstica, devido ao aumento das vendas de
veículos “flex fuel” (bicombustível), como conseqüência do grande diferencial de
preços entre o álcool e a gasolina.
Reafirmando as previsões,
cia dos mercados do açúcar e do álcool serem norteados pelo do petróleo,
uma vez que é substituto deste. Os preços do álcool, por esse motivo, deverão
valorizar-se em relação aos da gasolina. Explica-se que atualmente o álcool é
utilizado como “barateador” da gasolina, nos próximos anos deverão crescer as
restrições ao uso de hidrocarbonetos fósseis e, em contrapartida, aumentará a
obrigatoriedade do uso de álcool e outros hidrocarbonetos renováveis, tais como
celulose e grãos. Com isso, seu preço poderá vir a ser até superior ao dos
3
No Brasil, nos próximos dez anos a produção de cana-de-açúcar deverá
crescer 48%, atingindo 557 milhões de toneladas na safra 2013/14. Tal aumento
na pro
çúcar, desde o plantio até sua colheita, é etapa
extrem
as de solo e conservação
, ao longo do tempo, trazer sérias
conseqüências, exaurindo-o de suas reservas orgânicas e minerais,
transfo
essas perdas,
depen
dução deverá ser direcionado para a produção de álcool que por sua vez
visa as exportações, sendo que na safra 2013/14 deverão ultrapassar nove
bilhões de litros (FNP, 2004).
Segundo Vitti e Mazza (2002), o planejamento das atividades envolvidas
com a cultura da cana-de-a
amente importante na sua exploração econômica. O estudo deve objetivar
a análise de todos os componentes de produção, assim como aqueles envolvidos
com os custos de implantação. Esta análise deverá nortear a eleição de uma
série de técnicas a serem adotadas, insumos, máquinas e implementos, serviços,
variedades a serem escolhidas, distribuição destas nos tipos de solos a serem
explorados, épocas de plantio, finalizando-se com a elaboração do próprio
cronograma físico-financeiro. Considerando-se a adubação e a nutrição da cana-
de-açúcar dentro deste contexto, pode-se dizer que sua eficiência no incremento
da produtividade será tanto maior quanto melhor for o ajuste dos fatores de
produtividade.
1.2. Perd
O manejo inadequado do solo pode
rmando-o em terras de baixa fertilidade e erodindo grande parte do solo
podendo tomar a área imprópria para o cultivo (Andradade, 1982).
A erosão é uma das principais causas da degradação dos solos nas áreas
cultivadas. As áreas com cana-de-açúcar também estão sujeitas a
dendo de inúmeras variáveis, entre elas o tipo de solo, o manejo para a
conservação, a época de plantio e o preparo do solo (Rossetto, 2004).
Principalmente nos solos tropicais onde existem condições favoráveis à ocorrência
destes fenômenos, haverá, decréscimo no conteúdo de matéria orgânica
(Andrade, 1982).
4
No nosso país a cana-de-açúcar ocupa área de destaque na agricultura,
sendo cultivada ininterruptamente num mesmo solo por vários anos. O que se faz
após o
alta em
import
aka et al. (1984), a principal razão para essa preferência está em sua
capac
s apresentam grande crescimento vegetativo.
Kiehl
ultimo corte econômico de um talhão é a destruição de suas soqueiras e
um novo plantio da cana-de-açúcar, menosprezando a rotação de culturas ou
adição de matéria orgânica ao solo, práticas estas que viriam a ser benéficas. A
única preocupação restringe-se ao emprego da adubação mineral. Além disso,
devido ao manejo da cultura, tem surgido ainda problemas de compactação de
solo. Assim, com o passar do tempo, a tendência é que ocorra queda de fertilidade
e, conseqüentemente, menores rendimentos na cultura (Andrade, 1982).
Dos diversos recursos de que podemos lançar mão para melhorar as
características químicas, físicas e microbiológicas destes solos, ress
ância e viabilidade, o da adição de matéria orgânica sob forma de adubação
verde. Essa pratica é reconhecida como alternativa viável na busca da
sustentabilidade dos solos agrícolas. Segundo Andrade et al. (1984), para a
recuperação de pastagens degradadas essa prática se destaca em importância e
viabilidade, pois a utilização de leguminosas conduz ao aumento ou à manutenção
do teor de N do solo, diretamente correlacionado com a presença da matéria
orgânica.
A família das leguminosas é a mais utilizada como adubo verde. De acordo
com Miyas
idade de fixar o N atmosférico mediante a simbiose com bactérias do gênero
Rhyzobium / Bradyrhyzobium nas raízes. Outros motivos citados pelos autores
são o alto teor de compostos orgânicos nitrogenados e a presença de sistema
radicular geralmente bem profundo e ramificado, capaz de extrair nutrientes das
camadas mais profundas do solo.
A produção de massa vegetal do adubo verde é um aspecto de grande
importância, pois algumas espécie
(1960), em trabalho com feijão-guandu, feijão-de-porco, mucuna-preta,
mucuna-rajada, Crotalária-juncea e Crotalária-paulina, verificou que feijão-guandu
e Crotalária-juncea foram as espécies que mais se destacaram na produção de
massa verde e matéria seca.
5
A atividade canavieira, quando utiliza as práticas de conservação do solo e
de aptidão agrícola, é tida, hoje em dia, como atividade agrícola altamente
conse
mergência.
rvadora do solo (Rossetto, 2004). Vale a ressalva, de que mesmo utilizando
Crotalaria juncea na adubação verde, o solo em questão deve ser bem manejado
para que não ocasione problemas de perdas de solo (figura 1).
Figura 1. Área erodida com C. juncea aos 60 dias após e
Fonte: Piraí Sementes
1.3. Rotação de cultur
iste em alternar espécies vegetais, no decorrer
do tempo, numa mesma área agrícola. As espécies escolhidas devem ter
propós
o próprio
merca
as
A rotação de culturas cons
itos comercial e/ou de recuperação do ambiente (Embrapa,2001).
Segundo Santos et al. (2004), a complexidade da agricultura e a sua alta
dependência em relação a fatores como clima, condições do solo e a
do não admitem descuido em nenhuma das etapas de produção. Isso vale
para situações que vão do planejamento da lavoura à comercialização.
6
As vantagens da rotação de culturas são inúmeras, constituindo em um
processo de cultivo capaz de proporcionar a produção de alimentos e outros
produt
de das tarefas na mesma, segundo
princíp
ntal na propriedade
rural, m
et al. (2000), na busca de agricultura menos agressiva
ao ambiente introduz-se a adubação verde, que é definida como sendo o cultivo
de pla
os agrícolas, com mínima alteração ambiental. Se adotada e conduzida de
modo adequado e por um período longo, essa prática preserva ou melhora as
características físicas, químicas e biológicas do solo; auxilia no controle de plantas
daninhas, doenças e pragas; repõe matéria orgânica e protege o solo da ação dos
agentes climáticos; e ajuda a viabilização da semeadura direta e a diversificação
da produção agropecuária (Embrapa, 2001).
A rotação de culturas exige o planejamento do uso do solo e da
propriedade, aumenta o nível de complexida
ios básicos, onde deve ser considerada a aptidão agrícola de cada gleba.
A adoção de planejamento deve ser gradativa para não causar transtornos
organizacionais ou econômicos ao produtor (Embrapa, 2001).
Santos et al. (2004) relatam que o Brasil contribui em parcela importante
deste requisito básico da sustentabilidade econômica e ambie
as pode melhorar em alguns aspectos. Um deles é o plantio direto, técnica
de alto valor ambiental, que já é adotada em 65% das lavouras brasileiras de soja.
A adoção das técnicas de plantio direto é considerada passo importante, pois ela
marca a atitude do produtor em relação à conservação e à consciência ambiental.
2. Adubação Verde
Segundo Ambrosano
ntas, na mesma área ou em áreas vizinhas, para produzir grande
quantidade de massa para ser, após completado seu ciclo vegetativo, incorporada
ou deixada sobre o solo para agir como proteção e para atuar positivamente no
sistema. Embora, sejam utilizadas como adubo verde diferentes plantas, inclusive
gramíneas, o uso das leguminosas constitui prática mais difundida para essa
finalidade.
7
As razões de preferência pelas leguminosas são várias, como citado o
principal aspecto está no fato de as leguminosas serem capazes de fixar
nitrogê
mais
profun
promovem uma reciclagem de nutrientes devido sua capacidade de
explor
cana-de-açúcar
de cana-de-açúcar do mundo,
atendendo aos mercados internos e externos de açúcar, atuando como gerador de
divisas
rodução de açúcar e energia renovável, é
de fu
o período ente o
último corte (início de Novembro) e o plantio (Março) pode-se optar por pelo
nio atmosférico através de bactérias que vivem em simbiose com as raízes.
Neme (1961), citado por Andrade (1982) relata que além da grande produção de
massa, as leguminosas apresentam matéria orgânica mas rica em minerais.
Essas plantas geralmente possuem sistema radicular bem ramificado e
profundo, capaz de extrair os nutrientes que se encontram nas camadas
das do solo (não prontamente disponíveis) e que são devolvidos à camada
arável após a incorporação da leguminosa ao solo aumentando suas
disponibilidades para a cultura seguinte (Schaffhausen, 1968) citado por Andrade
(1982).
As leguminosas além de aumentar o teor de matéria orgânica e nitrogênio
no solo,
ação de solo, proporcionando assim, diversos benefícios, sendo esses
químicos, físicos e biológicos.
3. Adubação Verde na
O Brasil é um dos maiores produtores
e, também, tendo como meta substituir alguns derivados de petróleo pelo
etanol nacional (Muaraoka et al., 1995).
Com a expansão da cultura canavieira e incorporação de novas áreas,
geralmente de baixa fertilidade para a p
ndamental importância recuperar e manter a fertilidade para alcançar
produções econômicas. Portanto, a adubação verde tem papel de destaque como
condicionadores de solo, fornecedores de nutrientes, N no caso de leguminosas,
além de exercer controle contra nematóides e plantas daninhas.
Em áreas de reforma, em situações de plantio de cana de ano e meio, ao
invés de se optar por manter a área em pousio, devido ao long
8
plantio
ia juncea do que após
mucun
(1956)
Tabela 1 – Produtividade da cana-de-açúcar em função da adubação verde.
Cortes
de leguminosas, sendo os principais benefícios desta prática a fixação
biológica do nitrogênio, conservação do solo, incremento de matéria orgânica,
reciclagem de nutrientes e controle de plantas invasoras.
No estado de São Paulo, o estudo do comportamento da cana-de-açúcar
em sucessão a adubos verdes foi iniciada por Cardoso (1956), que verificou maior
rendimento nesta gramínea após o cultivo de Crotalar
a-preta. Em outras regiões testadas as duas espécies tiveram rendimento
semelhantes, mas sempre superior às espécies guandu, labe-labe e testemunha.
Na tabela 1 extraído de Cardoso (1956), pode-se observar a produtividade
em cana-de-açúcar, em t/ha, na ausência e na presença de leguminosas adubos
verdes em três cortes efetuados. Na tabela 2, também extraída, de Cardoso
, observa-se o efeito de outras leguminosas na produtividade de cana-de-
açúcar, nos diversos ensaios realizados pelo autor.
Tratamentos Primeiro Segundo Terceiro Médias ----------------------t/ha--------------------------
Crotalaria juncea 72,0 75,0 49,1 65,3
Dolichuos lablab
Teste unha 66,0 54,6
81,4 71,0 60,2 70,8
m 58,0 39,8
Fonte: Cardoso (1956)
9
Tabela 2 – Produtividade de cana-de-açúcar em função de diferentes espécies de
leguminosas usadas para adubação verde.
Experimentos 8 9 10 Tratamentos
t/ha C. juncea 93,0 98,0 119,6
Mucuna preta 84,0 118,8 ---
---
83,2 105,4
Fonte: Cardoso (1956
as et al. (1 em experimento Sales Oliveira ostra
os rendimentos de fitomassa verde da parte aérea das espécies empregadas
como adubo verde e de grãos de soja.
rde e de grãos de soja. Sales Oliveira, SP,
Brasil 1983/84, 84/85 e 85/86
)
Mascarenh 994) s em (SP) m
Guandu 84,6 ---
Testemunha 85,0
Tabela 3. Rendimentos de fitomassa verde da parte aérea das espécies
empregadas como adubo ve
Anos Agrícolas 1983/84 1984/85 1985/86 ntos Tratame
t/ha Pousio --- --- ---
Pousio+N --- --- ---
2,3
8,7 9,1
Em estudos s te Ca
Soja 1,2 2,1
Mucuna-preta 18,6 21,5 23,9
Crotalaria juncea 1 19,8
Fonte: Mascarenhas et al., 1994
emelhan ceres (1994), afirma que a adubação verde teve
efeito sobre a produtividade da cana-de-açúcar apenas no primeiro corte.
Mascarenhas et al. (1998), em estudos realizados em Sales Oliveira (SP),
10
mostra
H. reniformis e Ogma sp.
rcionado
aumen
res de elementos essenciais
que as
Espécies N P K Ca Mg S
ram que a cana após Crotalaria e mucuna foram os melhores tratamentos.
Outra vantagem atribuída à adubação verde, utilizando-se as espécies Crotalaria
juncea e mucuna preta, é o fato de ambas atuarem no controle de nematóides M.
incognita e M. javanica (Sharma et al. 1984).
Silva (1988) concluiu que todas as espécies de Crotalaria mostraram-se
altamente promissoras no controle das três espécies de Meloidogyne javanica e
também de Pratylenchus brachyurus, p. zeae,
Campos (1977) instalou ensaios demonstrativos do tabuleiro do norte do
estado do Rio de Janeiro, e obteve resultados positivos usando Crotalaria juncea e
labe-labe. Apesar do uso de ambas as leguminosas terem propo
tos na produção de cana, o autor recomenda a Crotalaria juncea, mais
rústica, resistente às condições climáticas adversas.
O aumento da produtividade da cana-de-açúcar com a incorporação de
leguminosas ao solo ocorrem devido aos diversos beneficio que advem dessa
pratica (Myasaka, 1993), e principalmente pelos teo
leguminosas contem. Estas apresentam elevados valores de N e K2O que
poderão proporcionar a total substituição da fertilização mineral para a cana-de-
açúcar, pelo menos até o primeiro corte (tabelas 4 e 5) (Mascarenhas et al., 1994).
Tabela 4 – Quantidades de nutrientes deixados no solo pela leguminosas
Kg/ha Muc 31 una-preta 215 37 102 133 142
C. juncea 234 35 76 78 90 46
Fonte: Masc as et a 994) arenh l. (1
Soja 38 13 33 61 23 9
11
Tabela 5. Quantidades de nutrientes N, P2O5 e K2O a serem incorporados pela
massa verde de quatro leguminosas
Nutrientes C. juncea* Soja* Mucuna* Lab-labe** Kg/ha
o 313 261 Nitrogêni 147 135
Fósforo 78 51 39 30
Fonte: * Glória e 1980
** Albuqu e et al., 1980
m um sistema de sucessão de culturas
envolvendo um único cultivo das leguminosas Crotalaria juncea, mucuna preta e
soja, e tratamentos em leguminosas (pousio), com ou sem aplicação de nitrogênio
minera
t al.,
erqu
Potássio 353 269 236 40
Mascarenhas et al,(1994) estudara
l. Em seguida a cana-de-açúcar foi plantada e efetuado três corte. Nos
últimos cultivos a produtividade de cana-de-açúcar após a Mucuna preta e
Crotalaria juncea foram semelhantes e superiores aos demais tratamentos. Na
média dos tre cultivos de cana-de-açúcar as sucessões com crotalaria juncea e
mucuna preta proporcionaram acréscimo de produtividade respectivos de 27 e 25
t/ha de cana e 3,0 e 3,2 t/ha de açúcar quando comparados com a testemunha
sem adubo verde. Por outro lado com a aplicação de N houve somente o aumento
de 9,0 t/ha de cana e 1,1 t/ha de açúcar, comprovando os benefícios físicos que o
pré-cultivo das leguminosas promove para a cultura da cana-de-açúcar (Tabela 6).
12
Tabela 6 – Número de colmos, produção de cana e de açúcar durante três anos em Sales Oliveira, SP, Brasil.
Colmos cana Açúcar Nº t/ha Tratamentos
1984/85 Pousio 75.387 b 120 b 13,8 b
Pousio+N 76.368 ab 133 a 15,4 ab Soja
144 a 82.023 ab 134 a 15,5 ab
C.V. (%) 6,3 9,2 9,2
Pousio 61.696 c 120 c 13,8 d Pousio+N 73.065 b 128 bc 14,8 c
Soja
78.976 a 160 a 18,4 a C.V. (%) 4,6 3,2 3,2
Pousio 68.600 b 128 b 14,8 b Pousio+N 74.315 ab 133 b 15,4 b
Soja
80.029 a 155 a 17,8 a C.V. (%) 5,2 4,7 4,7
Média dos três anos Pousio 68.561 c 123 c 14,1 c
Pousio+N 74.583 b 132 b 15,2 b Soja
85 a 148 80.383 a 150 a 17,1 a
C.V. (%) 5,5 5,7 5,7 Masca (1994) Os acréscimo ios na pro
77.767 ab 122 b 14,1 ab Mucuna-preta 84.553 a 16,2 a
Crotalaria juncea
1985/86
66.309 c 132 b 15,2 c Mucuna-preta 77.470 ab 152 a 17,6 b
Crotalaria juncea
1986/87
75.089 a 130 b 15,0 b Mucuna-preta 79.732 a 151 a 17,4 a
Crotalaria juncea
75.055 b 128 bc 14,7 bc Mucuna-preta 80.5 a 17,3 a
Crotalaria juncea
Fonte: renhas et al.
s méd dutividade da cana-de-açúcar em relação aos
tratamentos sem adubo verde foram de 22, 20, 7 e 4% após, respectivamente
ja.
is anos de pousio com ou sem aplicação de
N min
Crotalaria, mucuna, pousio +N e so
Em outro estudo Mascarenhas et al, (1994) efetuaram cultivo na cana-de-
açúcar sucedendo a dois anos de leguminosas, crotalarias, mucuna e soja
consecutiva ou asssociativamente e do
eral, com o objetivo de avaliar o efeito de dois anos de leguminosas no
controle de nematóides, principalmente M. javanica.
13
Nesse experimento, o cultivo de cana-de-açúcar, sucedendo a dois anos de
Crotalária, dois anos de mucuna e soja-mucuna, foi o melhor tratamento, não
diferindo entre si, quando se avaliaram os rendimentos bianuais da cana-de-
açúca
te pela mesma causa apontada anteriormente, ou seja, a
baixa
Produção de fitomassa , t/ha
r. Quando o segundo cultivo da leguminosa foi soja, independente da
espécie anterior, a produtividade de cana-de-açúcar foi menor que nos
tratamentos testados. Isso pode significar que o efeito da matéria orgânica
produzida pela mucuna no primeiro cultivo já havia desaparecido, mesmo som o
posterior cultivo da soja.
Os tratamentos soja-soja e mucuna-soja proporcionaram respostas
estatisticamente semelhantes entre si e ligeiramente superiores ao pousio-pousio
+ N mineral, provavelmen
produção de matéria orgânica da soja (tabela 7). A testemunha pousio–
pousio foi o pior tratamento, e os demais tratamentos apresentaram acréscimos
percentuais de 39% (crotalaria-crotalaria), 33% (mucuna-mucuna), 27% (mucuna-
soja), 26% (soja-soja) e 20% (posio-pousio).
Tabela 7 – Produção de fitomassa verde da parte aérea das espécies empregadas como adubo verde e grãos de soja. Sales Oliveira, SP, Brasil, 1983/84, 1984/85,1986/87
Tratamentos 1983/84 1984/85 Pousio-Pousio --- ---
Pousio-Pousio+N --- --- Soja-soja 2,1 2,1
21,0 1 8,7
Soja-mucuna 2,2 2,1
19 1986/87 85/86Pousio-Pousio --- ---
--- Soja-soja 2,2 2,3
26,6
Soja-mucuna 2,3 2,2
Fonte: Mascarenhas et al., 1994
Mucuna-mucuna 18,6 Crotalaria-crotalaria 18,0
19,5 Mucuna-soja 18,2
Pousio-Pousio+N ---
Mucuna-mucuna 20,7 Crotalaria-crotalaria 23,4 21,5
23,8 Mucuna-soja 22,9
14
A pratica da adubação verde c leguminosas na cultura da cana-de-
açúca rma do canavial (C so 1956),
proporcionando as seguintes vantagens: não implica na perda de um ano agrícola;
não in
e a facilidade de obtenção de sementes. Contudo Caceres (1994)
conclu
guminosas (Caceres, 1994).
om
refo ardor é recomendada durante a
terfere na germinação da cana; apresenta custos relativamente baixos;
promove aumentos significativos nas produções cana e de açúcar em pelo menos
dois cortes; protege o solo contra erosão e evita a multiplicação de ervas
daninhas.
Diversas leguminosas podem ser usadas na adubação verde, sendo a
definição de espécie condicionada a adaptação local, à produção de massa verde,
ao preço
iu que os melhores adubos verdes para a cultura de cana-de-açúcar foram
a Crotalaria juncea e C. spectabilis obtendo respectivamente em produções de
primeiro corte 133,1 e 133,9 t/ha de colmos.
A Tabela 8 apresenta a extração de nutrientes por diversas leguminosas.
Tabela 8. Extração de macronutrientes por le
Leguminosa N P K Ca Mg S ------------------------------------Kg/ha ---------------------------------
Crotalaria juncea 235 18,5 101,5 53,3 29,1 16,3
C.rotalaria spectabilis 113,4 8,8 94,5 7,6
Guandu
27,3
F
63 15,5
141,9 10,5 62,2 25,3 10,5 8,8
Mucuna anã 81 6,3 36,6 18,6 7,5 4,2
Mucuna preta 105,3 6,6 41 9 5,5
Lablabe 94,5 8,8 48,7 22,8 9,1 8,1
eijão-de-porco 190 10 67,5 50,5 18 10,5
pres os re ados ime btido a Us o
João (Araras – SP) utilizando adubos verdes.
A seguir são a entad sult exper ntais o s n ina Sã
15
EXPE
OMPARAÇÕES DE MÉDIAS ENTRE FATORES EXPERIMENTO 02 - LE - LATOSSOLO – DISTRÓFICO
RIMENTO 02 - LE - LATOSSOLO – DISTRÓFICO
Produção expressa em t/ha.
4- P.D. Calagem Após Sulc Com Leg 127,6a 78,9a 100,6a 59,5a 91,6a5- P. Convencional Sem Leguminosa 119,4a 74,5a 91,3a 59,2a 86,1a6- P. Convencional Com Leguminosa 131,3a 84,7a 105,3a 70,7a 98,0aMÉDIA/CORTE 124,7 78,3 99,7 63,4 91,5
Tratamentos MÉDIA1o 2o 3o 4o TRAT.
1 102,3a 67,1a 92,7a2 om Leg 125,1a 81,5a 100,0a 61,9a 92,1a3- P.D. Calagem Após Sulc Sem Leg 122,4a 71,1a 98,5a 61,6a 88,4a
CORTE
- P.D. Calagem Antes Sulc Sem Leg 122,3a 79,1a- P.D. Calagem Antes Sulc C
C
PLANTIO DIRETO 124,3a 77,7a 100,4a 62,5a 91,2aPLANTIO CONVENCIONAL 125,4a 79,6a 98,3a 65,0a 92,1aDiferença = P.D. - P.C. -1,0 -1,9 2,0 -2,4 -0,8
CALAGEM SUP. ANTES SULCAÇÃO 123,7a 80,3a 101,a 64,5a 92,4aCALAGEM SUP. APÓS SULCAÇÃO 125,0a 75,0b 99,6a 60,6a 90,0aDiferença = Antes - Depois -1,3 5,3 1,6 4,0 2,4
MÉDIAS1o 2o 3o 4o MÉDIA
81,7a 102,0a 64,0a 93,9ab 97,4a 62,7a 89,1b
Diferença = C/L - S/L 6,6 6,8 4,6 1,4 4,8
CORTE
COM LEGUMINOSA 128,0aSEM LEGUMINOSA 121,4a 75,0
16
PRODUÇÃO DE CANA-DE-AÇÚCAR (TCH) EXPERIMENTO 01 - PV - PODZÓLICO - EUTRÓFICO
COMPARAÇÕES DE MÉDIAS ENTRE FATORES EXPERIMENTO 01 - PV - PODZÓLICO – EUTRÓFICO
5- P.Convencional S/L 125,0a 83,6a 100,9a 75,8a 96,3a6- P. Convencional C/L 141,2a 87,7a 95,3a 81,6a 101,5aMÉDIA/CORTE 134,5 85,8 97,5 76,0 98,5
Tratamentos MÉDIA1o 2o 3o 4o TRAT.
1- P . Cal. Sup. Antes Sulc S/L 130,4a 80,0a 92,3a 69,1a 92,9aa 84,7a 92,6a 75,0a 98,6a
101,4a 78,9a 101,3a4- P.D. Cal. Sup Pós Sulc C/L 133,6a 88,8a 102,7a 75,8a 100,2a
CORTE
.D2- P.D. Cal. Sup.Antes Sulc C/L 142,33- P.D. Cal. Sup Pós Sulc S/L 134,7a 90,2a
RESUMO GERAL - PRODUÇÃO - (t/ha)
PLANTIO CONVENCIONAL 133,1a 85,7a 98,1a 78,7a 98,9Diferença = P.D. - P.C. 2,2 0,3 -0,8 -4,0 -0,6
Tratamentos MÉDIA1o 2o 3o 4o TRAT.
LE - LATOSSOLO DISTRÓFICO 124,7 78,3 99,7 63,4 91,5PV - PODZÓLICO EUTRÓFICO 134,5 85,8 97,5 76,0 98,5
CORTE
MÉDIAS 1o 2o 3o 4o MédiaCOM LEGUMINOSA 139,0a 87,1a 96,9a 77,5a 100,1S 7 96,9Difere a = COM - SEM 9,0 2,5 -1,3 2,9 3,3
a 97,3a 74,7a 98,3
EM LEGUMINOSA 130,0a 84,6a 98,2a 4,6anç
PLANTIO DIRETO 135,2a 85,9
DIFERE ÇA = PV - LE 9,8 7,5 -2,1 12,7 7,0N
17 -50
0
50
100
150
Prod
ução
(t/h
a)
1o 2o 3o 4o MÉDIA
PRODUÇÃO DE CANA-DE-AÇÚCAR (t/ha). Usina São João. Exp. Plantio Direto
LEPVDIFER.
4. Benefícios da adubação verde
As vantagens da adubação verde são inúmeras como: auxilio na
s que sã orvidos e retidos na planta, aumento da
matéria orgânica entre outros. Esses podem ser divididos em químicos, físicos e
biológicos.
4.1. Efeito sobre os atributos químicos
A adubação verde no solo pode proporcionar, dependendo das condições,
diversos efeitos como: aumentos no teor de matéria orgânica e maior
disponibilidade de N e outros nutrientes; redução temporária da disponibilidade de
N; redução na lixiviação e aumento da nitrificação e da desnitrificação;
concentração dos nutrientes na camada arável.
Muzzili (1986) lembra que, à exceção do nitrogênio, cuja maior parte é
fixada do ar a partir da simbiose, os demais nutrientes são retirados do próprio
solo, isso ocorre pelos efeitos de reciclagem e mobilização de nutrientes de
formas pouco assimiláveis para formas mais disponíveis às culturas comerciais,
associadas a outros benefícios proporcionados pela adubação verde na melhoria
da produtividade do solo, mostram que a pratica vem constituindo excelente
complemento da adubação mineral em solos com limitações de fertilidade.
Yadov et al. (1986) citados por Caceres (1994) encontraram aumentos nos
teores de matéria orgânica e N do solo após 6 ciclos de utilização de adubação
verde com Crotalaria juncea plantada em anos alternados entre a colheita e o
replantio de cana-de-açúcar, propiciando inclusive a obtenção de altas produções
de cana durante os 12 anos de cultivo intensivo.
4.2. Efeito sobre os atributos físicos
O efeito da adubação verde aos atributos físicos do solo pode ser encarado
como resultante do incremento da matéria orgânica do solo; assim promovendo
conservação dos nutriente o abs
18
melhoria na estrutura do sub-solo visto que suas raízes aprofundam criando assim
um melhor ambiente para o desenvolvimento da cultura;
Os adubos verdes ainda em desenvolvimento, previamente à incorporação,
exercem presença marcante sobre a proteção do solo, principalmente nas
camadas superficiais, contra os fatores ambientais, sobretudo radiação solar,
impacto das gotas de chuvas, que destroem os agregados do solo promovendo a
obstrução dos poros superficiais pelo acumulo de argilas, resultando na redução
da capacidade de infiltração de água no solo, favorecendo o escorrimento
horizo afeta sensivelmente a amplitude de
variações térmica, armazenamento e evaporação de água do solo e perdas por
erosão
studando a recuperação
de sol
senvolvimento, estabelecendo a partir da natureza
do ma
ísicas do solo
pela proliferação de minhocas.
ntal do excesso de água. Esta proteção
; indiretamente também suprime ou diminui a infestação de plantas
daninhas principalmente gramíneas; também propicia um aumento na capacidade
de retenção de água do solo.
Olsen & Jnes (1989) citado por Caceres (1994) e
os decapitados (sem o horizonte superficial), observaram que a adubação
verde promoveu aumento no teor de matéria orgânica dos solos, porem com um
modesto efeito sobre a densidade da camada de 0 a 30 cm, que apesar de tudo,
recuperou a capacidade produtiva, comparável à de solos erodidos.
4.3. Efeitos sobre atributos biológicos
Assim como os atributos físicos do solo, a atividade biológica é afetada pela
adubação verde devido ao efeito exercido sobre a matéria orgânica do solo que,
por sua vez, supre os microrganismos presentes com as substancias orgânicas e
inorgânicas necessárias ao de
terial vegetal adicionado, um maior desenvolvimento de determinados
organismos microbianos, intensificando processos bioquímicos, que resultam na
melhoria da capacidade produtiva dos solos. Esta melhoria provém desde a
liberação de nutrientes antes indisponíveis, melhorias na absorção de nutrientes e
água devidos a fungos micorrízicos, até a melhoria das condições f
19
Outro efeito importante exercido por determinadas espécies utilizadas como
adubos verdes é no controle de nematóides. Resck et al. (1982) observaram que s
tratam
tância aos mesmos. Os efeitos da matéria orgânica nos solos são de
ordem química, física e biológica, sendo seu conteúdo, em quantidade
aixa adição de resíduos vegetais, propiciando nessa
situação, processos de degradação das propriedades químicas, físicas e
biológicas e conseqüentemente queda de produtividade das culturas e manejo não
sustentável.
cuperação dos teores de matéria
orgânica nos sistemas de cultivo irrigado de feijão é medida de extrema
import
entos de adubos verdes diminuíram drasticamente a população de
nematóides.
Macedo & Botelho (1995) citados por Caceres (1994) avaliando os efeitos
de seis espécies de leguminosas sobre a população de nematóides e cupins, e a
produção de cana-de-açúcar, concluíram que a Crotalaria juncea reduziu a
população de cupins e a C. spectabilis teve maior efeito sobre a inibição da
população de nematóides.
5. Matéria Orgânica
5.1. Importância em solos tropicais
Em solos tropicais altamente intemperizados, a matéria orgânica possui
grande impor
significativa, indispensável para as correlações entre estas propriedades.
Entretanto, o uso agrícola altera esse conteúdo, sendo observada redução
acentuada quando são utilizados métodos de preparo com intenso revolvimento
do solo e sistemas com b
Neste sentido a manutenção ou re
ância para a manutenção da capacidade produtiva dos mesmos e
manutenção de sistema sustentável.
20
5.1.1. Efeitos Químicos da matéria orgânica
Entre as características químicas afetadas pela matéria orgânica,
destacam-se disponibilidade de nutrientes para as culturas, a capacidade de troca
de cátions e a complexação de elementos tóxicos e micronutrientes, fundamentais
em so
matéria orgânica pode representar grande
percentual da CTC total do solo (70 a 90%). Desta forma é fundamental para a
retenção de nutrientes e na diminuição da lixiviação dos mesmos.
uanto à complexação de micronutrientes metálicos por substancias
húmicas (Canellas et al., 1999), a diminuição da toxidez de elementos tóxicos e o
aumento da disponibilidade de micronutrientes são muito influenciados pela
presen
e cobre, entre outros, por ácidos
orgâni
o,
decorr
nica é
a agre
los tropicais.(Bayer & Mielniczuk, 1999)
A matéria orgânica é fonte fundamental de nutrientes para as plantas,
disponibilizando principalmente ânions como nitrogênio, fósforo, enxofre e boro.
Em solos tropicais, a CTC da
Q
ça de ácidos orgânicos de baixo peso molecular na solução do solo.
Em relação aos micronutrientes, a formação de complexos com compostos
orgânicos reduz a possibilidade da precipitação como óxidos nos solos. Dessa
forma, a complexação (quelação) de zinco
cos de baixo peso molecular aumenta a sua disponibilidade, pois o quelato
torna-se forma de deposito desses elementos. A meia-vida muito curta do quelat
ente da rápida decomposição do composto orgânico pelos
microorganismos, resulta na liberação de forma contínua e gradativa dos
micronutrientes para as plantas. (Bayer & Mielniczuk, 1999).
5.1.2. Efeitos físicos da matéria orgânica
A principal característica física do solo influenciada pela matéria orgâ
gação. A partir do seu efeito sobre a agregação do solo, indiretamente são
afetadas as demais características físicas do solo, como a densidade, a
porosidade, a aeração, a capacidade de retenção e a infiltração de água, entre
21
outras, que são fundamentais para a capacidade produtiva do solo. (Bayer &
Mielniczuk, 1999)
Uma vez sendo os agregados, unidades básicas da estrutura do solo, a
matéria orgânica por sua vez tem papel fundamental nos fatores que regem a
estabilização destes agregados.
.1.3. Efeitos Biológicos da matéria orgânica
sobressaem em quantidade e importância no solo. O efeito da
matéri
solo. (Bayer & Mielniczuk, 1999)
tais. (Bayer &
Mielniczuk, 1999).
5
A matéria orgânica atua diretamente nas características biológicas do solo,
pois atua como fonte de carbono, energia e nutrientes para os microrganismos
quimioheterotróficos e, através da mineralização do nitrogênio e enxofre orgânico
atua como fonte de energia aos microrganismos quimiautróficos. Esses dois tipos
de microrganismos
a orgânica sobre os microrganismos pode ser avaliado a partir da biomassa
e atividade microbiana, parâmetros que representam integração de efeitos desta
sobre as condições biológicas do
6. Manejo da matéria orgânica
Como dito anteriormente, em regiões tropicais, a degradação da fração
orgânica do solo em condições inadequadas de manejo é rápida e vem
acompanhada de processo global de degradação de características químicas,
física e biológica dos solos. Sendo assim nessas regiões, o manejo adequado
para conservação do solo e produtividade das culturas deve ter como premissa a
utilização de métodos de preparo com mínimo ou nenhum revolvimento (plantio
direto) e sistemas de rotação/sucessão de culturas que incluam plantas
leguminosas e culturas com alta produção de resíduos vege
22
7. Recomendações para adubação verde em cana-de-açúcar
As espécies mais indicadas atualmente para a adubação verde em cana-
de-açúcar são as crotalárias, dentre elas a que mais se destaca é a Crotalaria
juncea.
7.1. Crotalaria juncea
A Crotalaria juncea, é espécie originária da Índia, com ampla adaptação às
regiões tropicais. As plantas são arbustivas, de crescimento ereto e determinado,
produzem fibras e celulose de alta qualidade, próprias para a indústria de papel e
outros guminosas
para adubação verde de mais rápido crescimento, 3,0 a 3,5 metros de altura. A
produt
Crotalaria juncea, como adubo verde, apresenta as seguintes vantagens:
Diminui o assoreamento dos sulcos de plantio, facilitando a germinação;
spécie em adubação verde, consiste em semeadura
durante o período de outubro e novembro, podendo esta ser realizada à lanço em
área to
linha com espaçamento de 0,5 m (25kg de sementes por ha, densidade de 25
semen o
florescimento (cerca de 100 dias) proceder com a roçagem, picação ou
fins. Recomendada para adubação verde, é uma das espécies le
ividade normal pode atingir cerca de 10 a 15 t/ha de matéria seca e 500 a
1000 kg/ha de sementes.
A
• Controla a erosão;
•
• Recicla nutrientes percolados;
• Reduz a adubação nitrogenada de plantio;
• Diminui a incidência de ervas daninhas;
• Descompacta o solo;
• Aumenta a produtividade.
O manejo desta e
tal (30kg de sementes por ha, densidade de 60 sementes por m2), ou em
tes por m linear), sendo a profundidade de semeadura entre 2 e 3 cm; e a
23
acama o 90 dias para manejo da
Crotal da biomassa em termos de custo
benefício, ou seja, se o manejo for feito antes de 90 dias, a biomassa produzida
não justificará a prática. Caso a área tenha sido submetida a preparo de solo
adequado antes da implantação do adubo verde, pode-se realizar a operação de
sulcaç
ação ecológica, recomendada para adubação
verde.
e é
recom
.3. Crotalaria paulina schrank
Apresenta plantas arbustivas, eretas, de crescimento determinado,
desen
mento. Recomenda-se esperar no mínim
aria, para que haja melhor aproveitamento
ão logo após a roçada da Crotalária, sendo este o manejo mais correto do
ponto de vista conservacionista.
As espécies Crotalárias também são excelentes opções para controle de
nematóides. Estas atuam atraindo nematóides juvenis, permitindo a acomodação
localizada destes no sistema radicular até abortarem estes pontos infestados,
promovendo assim a morte destes parasitas no interior das raízes infectadas.
A Crotalaria juncea é considerada má hospedeira de nematóides
formadores de galhas e cistos.
7.2. Crotalaria spectabilis roth
Espécie de ampla adapt
Sugere-se seu emprego como planta-armadilha em solos infestados por
nematóides formadores de galhas. Suas plantas são arbustivas de crescimento
ereto e determinado, relativamente precoces, apresentando, quando maduras, 1 a
1,5 de altura, tendo porem, desenvolvimento inicial lento. Esta espéci
endada para a região nordeste do Brasil, onde se tem problemas sérios
devido a nematóides.
7
volvimento inicial lento, ciclo tardio acima de 240 dias recomendada para
adubação verde, podendo atingir normalmente 3- 3,5 m de altura, em semeaduras
no inicio do ano agrícola.
24
7.4. Crotalaria ochroleuca
Possui a vantagem de desenvolvimento em solos quimicamente pobres e
com baixo teor de matéria orgânica.
as tabelas abaixo são apresentados todas as características necessárias
para o
N
cultivo das Crotalárias tais como, espécie, cultivar, família, semeadura,
ciclo, entre outras informações.
25
Tabela 9: Crotalaria breviflora Tabela 10: Crotalaria juncea
Espécie - Cultivar - Família Nome Comum Crotalária breviflora
Cultivar Comum Nome Científico Crotalaria breviflora
Família Leguminosa
Características da Espécie Massa Verde (t/ha) 15-20 Massa Seca (t/ha) 3-5
N (kg/ha) 98-160 Altura (m) 0,8-1,0
Hábito de Crescimento Arbustiva ereto Hábito de Crescimento ArCiclo até o florescimento
(dias) 90-100
Peso de 1.000 sementes (g) 19,0
eadura
Espaçamento (m) Sementes/metro
linear 33 Linha
Densidade (kg/ha) 12 Sementes / m² 80o
Densidade (kg/ha) 15 Ideal Época
Set/Dez
Germinaç
té o florescimento (dias) 90-120
Peso de 1.000 sementes (g) 49,0
adura
Espaçamento (m) Sementes/metro
linear 25 Linha
Densidade (kg/ha) 25 Sementes / m² 60
Densidade (kg/ha) 30 Ideal Época
Set/Mar
Germinaç
Sem
Profundidade (cm) 2 a 3
0,50
Em
A lanç
Out/Nov Possível
Qualidade da Semente ão (%) 75 Padrões mínimos
Pureza (%) 98
Espécie - Cultivar - Família Nome Comum Crotalária juncea
Cultivar IAC-KR1 Nome Científico Crotalaria juncea
Família Leguminosa
Características da Espécie Massa Verde (t/ha) 50-70 Massa Seca (t/ha) 15-20
N (kg/ha) 300-400 Altura (m) 2,0-3,0
Qualidade da Semente ão (%) 70 Padrões mínimos
Pureza (%) 98
Out/Nov Possível
A lanço
Seme
Profundidade (cm) 2 a 3
0,50
Em
bustiva ereto Ciclo a
26
Tabela 11: Crotalaria spectabilis Tabela 12: Crotalaria ochroleuca
Espécie ília - Cultivar - FamCrotalária spectabilis
Cultivar CCrotalaria spectabilis
Características da Espécie
) 20-30
Espécie lia - Cultivar - FamíCrotalária ochroleuca
Cultivar CCrotalaria ochroleuca
Características da Espécie
) 20-30
Nome Comum omum
Nome Científico Família Leguminosa
Massa Verde (t/haMassa Seca (t/ha) 4-6
N (kg/ha) 60-120 Altura (m) 1,2-1,5
Hábito de Crescimento Arbustiva ereto Hábito de Crescimento ArbuCiclo até o florescimento
(dias) Peso de 1.000 sementes (g) 18,0
(cm) 2 a 3
(dias) Peso de 1.000 sementes (g) 5,0
(cm) 2 a 3
90-100
Semeadura
Profundidade
Espaçamento (m) 0,50 Sementes/metro
linear 33 Em Linha
Densidade (kg/ha) 12 Sementes / m² 80 A lanço
Densidade (kg/ha) 15 Ideal Out/Nov Época
Possível Set/Dez
Qualidade da Semente Germinação (%) 75 Padrões mínimos
Pureza (%) 98
Massa Verde (t/haMassa Seca (t/ha) 7-10
N (kg/ha) 133-200 Altura (m) 1,5-2,0
stiva ereto Ciclo até o florescimento 120-150
Semeadura
Profundidade
Espaçamento (m) 0,50 Sementes/metro
linear 30 Em Linha
Densidade (kg/ha) 4 Sementes / m² 75 A lanço
Densidade (kg/ha) 5 Ideal Out/Nov Época
Possível Set/Dez
Qualidade da Semente Germinação (%) 75 Padrões mínimos
Pureza (%) 98
omum Nome Científico
Família Leguminosa
Nome Comum
27
8. Custo da adubação verde
Segundo Mascarenhas at al. (1994) em termos de prod a
o custo de ão desta sa em áreas de reforma equivale a, no
máximo, 10 t/ha de cana-de-açúcar. Mascarenhas et al. (1994) mostraram que o
sistema utilizando adubo verde proporciona, em m e
produtividade de 27 toneladas, restando 17 toneladas de lucro par
BSERVAÇÕES: Sabe-se que a Crotalaria possui ação nematicida,
portanto os custos com tratamentos nematicida podem ser reduzidos.
o em médias usados 30 kg de sementes/ha,
o custo do quilo da semente gira em torno de R$ 5,0 à 6,0 reais, portanto o custo
total s
utividade: -Crotalari
juncea- produç legumino
édia, um aumento d
a o agricultor.
O
• Em Termos Financeiros - (sã
eria de R$ 150,00 a 180,00 /ha + custo de aplicação).
• O custo de aplicação, dependendo da maneira de semeadura poderá
estar de R$ 20,00 a 25,00 / ha para aplicação a lanço e cerca de R$ 30,00 a 35,00
/ha para uso de semadora.
9. Formas de Semeadura
A semeadura de crotalaria pode ser feito de diversas formas: em linha, a
lanço ou ainda incorporando com o escarificador.
28
a) Semeadura em linha utilizando semeadoras podendo ser convencional ou direto
ha
Figura 2. Semeadura convencional em lin
Fonte: Piraí Sementes
Figura 3. Semeadura direta em linha
Fonte: Piraí Sementes
29
b) Distribuidor pendular
Figura 4. Distribuidor pendular de sementes em semeadura convencional
Fonte: Piraí Sementes
Figura 5. Distribuidor de discos de sementes em semeadura convencional
c) Distribuidor de discos
Fonte: Piraí Sementes
30
d) Incorporação junto com escarificação
O equipamento atualmente disponível no mercado capaz de realizar este
tipo de operação é o Asa Laser KS produzido pela empresa Stara Sfil.
Subsolador com Kit de Sementes, descompacta, semeia e incorpora na
mesma operação.
O maior benefício deste equipamento é evitar o readensamento do solo,
pois as plantas terão oportunidade de expandir seu sistema radicular num solo
macio, ocupando rapidamente todo o volume de seu perfil, antes que ocorra o
readensamento natural, o que é comum em solos que não estão em boa estrutura
e/ou com baixos teores de MO, contribuindo assim, para sua reestruturação.
Por diminuir algumas operações como gradagens e semeadura, o uso do ASA
LASER lantação, nas quais é possível
a distribuição à lanço de culturas como: Aveia, azevém e milheto em áreas de
plantio direto e brachiárias em pastagens.
* Asa Laser com disco de corte e rolo nivelador destorroador;
* Descompacta, semeia e incorpora as sementes na mesma operação;
* Deixa o solo preparado, sem a necessidade da entrada subsequente de outras
máquinas para realizar a semeadura;
* Os discos de corte permitem o uso do Asa Laser mesmo depois da colheita, com
grande quantidade de restos culturais;
* O rolo nivelador e destorroador com molas helicoidais possui pressão regulável
de 1800Kg e incorpora as sementes ao solo;
* Pioneiro no mercado com sistema de desarme automático, rearma o braço com
um simples retorno de apenas 30 cm sem a necessidade de levantar o
implemento do solo, aumentando o tempo real de trabalho.
KS, permite uma redução de custos na imp
31
Especificações técnicas do Asa Laser KS – Stara Sfil
Especificações 5 hastes 7 hastes 9 hastes 11 hastes 13 hastes
Largura Trab. 2,00 m 2,80 m 3,60 m 4,40 m 5,20 m
Profundidade do Trab. 0,45 m
Potência exigida - cv 75 à 105 105 à 130 130 à 160 160 à 220 220 à 280
Peso (kit + subsolador) - kg 1535 1895 2035 3000 3385
Cap. Caixa de Sementes - l 225 315 405 495 585
Figura 6. Implemento Asa Lazer KS
Fonte: Stara Sfil
32
9.1. Detalhe do sistema de plantio direto / cultivo mínimo Figura 7. Crotalaria em sistema plantio direto
Fonte: Piraí Sementes
Figura 8. Emergência da Crotalaria em preparo reduzido
Fonte: Piraí Sementes
33
10. Sistema de utilização de adubos verdes
a) Incorporação ao solo Sistema pouco recomendado, pois:
• Não deixa “cobertura no solo”, expondo-o ao impacto da chuva e
conseqüentemente aos problemas de erosão
• Promove a rápida decomposição da matéria orgânica (solos
tropicais)
• Desagrega a superfície do solo, principalmente devido ao uso da
grade, interrompendo os benefícios físicos/biológicos dos adubos
verdes.
Equipamentos 1) Arado
b) Aivecas
Obs: Baixo rendimento operacional - = 0,4 a 0,6 ha/h
Figura 9. Aração da Crotalaria
a) Discos
Fonte: Piraí Sementes
34
2) Grade a) P sada- “destruição de soqueira de cane a – aradoras
b)
c) Lev
Obs: Os rendimentos operacionais são bons - = 1,3 a 1,6 ha/h
Util r
grande para e
Figura 10. Gradagem da Crotalaria
Média – “aradoras”
e – “niveladoras
iza a média, pois a niveladora não opera bem e a pesada é muito
sse tipo de operação
Fonte: Piraí Sementes
35
b) Na superfície do solo como cobertura morta
É o mais recomendado, pois:
nto reduz os
riscos
ição da matéria orgânica, possibilitando um
efeito mais prolongado
dos benefícios físicos /biológicos dos
adubos verdes
d) Auxilia no controle das plantas daninhas (competição por luz)
e) Ajuda na redução da perda de água do solo por evaporação
Equipamentos
1) Roçadeira a)Simples
b)Dupla
Observações:
Rendimentos operacionais:
simples = -0,5 a 0,8 ha /h (baixo)
Dupla = 1,0 a 1,2 ha/h (
− O material cortado é de grande tamanho. (Crotalária vs anuais)
− Necessita de um certo acabamento superficial do preparo do solo
para que as facas não cortem torrões – danos.
− Necessita de TDP, e freqüente afiamento das facas
− Operação para áreas de porte pequeno /médio, e para culturas
perenes e anuais posteriores
a) Protege o solo contra o impacto das gotas da chuva e porta
de erosão
b) Evita a rápida decompos
c) Permite uma maior persistência
médio)
36
Figura 11. Roçagem da Crotalaria
Fonte: Piraí Sementes
2) Triturador Largura de trabalho = 2,0 a 3,0 m
Observações:
− l= 1,0 a 1,6 ha/h (médio)
− -Pica a matéria verde (fitomassa) em tamanho adequado
−
− l do preparo do solo
para que as facas não peguem os torrões
− -Exigente em esforço na TDP, e necessita de afiamento das facas
− te médio, e para culturas perenes e
anuais posteriores
-Rendimento operaciona
-As facas não atuam em superfície do solo
-Necessita de um bom acabamento superficia
-Operação para área de por
37
Figura 12. Trituragem da Crotalaria
Fonte: Piraí Sementes
Lar r conhecido)
Ob v
édio /baixo)
− itar que a matéria verde
s posteriores. Para cana-de-açúcar não tem
problemas)
− -O tamanho do material picado é função do espaçamento das facas
no cilindro
− Operação para áreas de porte médio /grande, e para culturas
3) Rolo faca gu a de trabalho = cerca de 2,0 m (não tem fabricante
ser ações:
− Rendimento operacional = 0,8 a 1,0 ha/h (m
− Adequado para solos de textura média /arenosa (Argila ≤ 20%)
As facas necessita de afiamento para ev
fique mal cortada
− Deixa a superfície do solo irregular, podendo dificultar a semeadura
de culturas anuai
perenes e anuais
38
Figura 13. Rolo-faca na destruição da Crotalaria
Fonte: Piraí Sementes
Figura 14. Área sulcada após destruição com rolo-faca
Fonte: Piraí Sementes
39
Figura 15. Área plantada após destruição com rolo-faca
Fonte: Piraí Sementes
4) Tombador ou “ poste” Largura de trabalho = cerca de 5 a 6 m (não tem fabricante, é improvisado
na propriedade)
Observações:
− Alto rendimento operacional = 2,5 a 3,0 ha/h
− Equipamento muito rústico
− Necessita de um razoável controle de operação, pois o sentido de
operação condiciona o plantio posterior
− A largura de trabalho deve estar associada com múltiplos do
espaçamento da cultura posterior
− Poderá gerar problemas de embuchamento no sulcador
− Uso para culturas: tipo cana-de-açúcar, não necessita de um
acabamento rigoroso para o preparo do solo
− Uso de grandes sulcadores
40
Figura 16. Utilização do poste para manejar a Crotalaria
Fonte: Piraí Sementes
Figura 17. Visão geral após passar o poste
Fonte: Piraí Sementes
41
Figura 18. Crotalaria quebrada após passar poste
Fonte: Piraí Sementes
Figura 19. Sulcação em área manejada com poste.
Fonte: Piraí Sementes
42
5) Para-choque
− Única operação: tombamento da crotalária e sulcação / adubação
− Maior economia
− Pode gerar problemas de visibilidade para o tratorista
− Problemas no paralelismo do sulco, porém amenizados com
adaptação do marcador de disco
− Rendimento operacional similar ao sulcação / adubação
Figura 20. Visão geral do “para-choque”
Fonte: Piraí Sementes
43
Figura 21. Sulcação utilizando o para-choque
Fonte: Piraí Sementes
Figura 22. Visão geral do “para-choque” modelo Coopersucar
Fonte: Piraí Sementes
44
Figura 23. Sulcação utilzando o “para-choque” modelo Coopersucar
Fonte: Piraí Sementes
Figura 24. Adapatação do maracador de disco para melhorar o paralelismo
dos sulcos
Fonte: Piraí Sementes
45
11. Considerações finais
Considerando as condições da Usina São Manoel, sugere-se a utilização da
Crotalaria juncea como adubo verde antecedendo o plantio da cana-de-açúcar.
Com objetivo a maximizar o retorno da prática sugerida, recomenda-se:
a) Áreas: solos arenosos, de textura média e/ou argissolos (Podzólicos)
com sério potencial de conservação do solo e/ou baixa fertiliadade;
b) Semeadura b.1) A lanço: nessa operação obtem-se maior rendimento no plantio; 30
kg/ha de semente
b.2) Em linha: semeadura mais recomendada, pois com equipamento
pronto para este tipo de sem izar semeadura com preparo
convencional e/ou direta/reduzido; 25 kg/ha de semente
a é de meados de outubro a meados de novembro, visto que a
Crotalaria juncea é uma planta muito responsiva a fotoperíodo e tempo suficiente
para que se forme uma biomassa suficiente para seu manejo;
d) Manejo da Fitomassa: deve-se esperar no mínimo 90 dias para que se
realize o manejo, pois antes desse período o custo de sua produção não
compensará pela fitomassa produzida. O manejo mais simplificado da biomassa
produzida, é utilizando-se o rolo-faca, proporcionando bom rendimento
operacional, boa visibilidade na sulcação, menor embuxamento na sulcação e
menor erro de paralelismo de sulcos. Contudo o sistema de “Para Choque” evita
a necessidade de opração exclusiva para a Crotalaria juncea, pois a operação
de manejo da biomassa e sulcação/adubação são realizadas em uma única
operação.
Na tabela 13 está apresentado a seqüência e descrição das operações
básicas realizadas no empre ão verde.
eadora, é possível real
c) Época de semeadura: a época mais adequada para realizar a
semeadur
go da prática da adubaç
46
Tabela 13 – Seqüência e descrição das operações realizadas no emprego da
prática da adubação verde.
Operações de Reforma / Expansão Preparo convencional Preparo reduzido / Plantio Direto
1- Gradagem pesada 1- Dessecação da soqueira
lagem 2- Calagem 2- Ca
3- Gradage 3- Gessagem m intermediária
4- Gessagem 4- Subsolagem / Reduzido
solagem 5- Sub 5- Fosfatagem
6- Fosfatag me 6- Semeadura da Crotalaria juncea
bamento – gradagem intermediária 7- Manejo da Fitomassa
eadura da Crotalaria juncea 8- Sulcação/Adu
7- Aca
8- Sem bação para cana-de-açúcar
9- Manejo da Fitomassa 9- Plantio da cana-de-açúcar
lcação/Adubação para cana-de-açúcar 10- Cobrição
antio da cana-de-açúcar
obrição
10- Su
11- Pl
12- C
2. Cronograma das operações Nas tabelas 14 e 15 estão apresentados os cronogramas das operações,
endo a tabela 14 referente ao cultivo com preparo de solo convencional e a
bela 15 referente ao cultivo com preparo reduzido.
1
s
ta
47
Tabela 14: Cronograma das operações para cultivo com preparo de solo convencional
2005 2006
JUN JUL AGO NOV A FEV R ABR SET OUT DEZ J N MAOprações
. 2ª ª q. 2ª q. 1ª q. 2ª q. ª 1 1ª q. 2ª q. 1ª ª q. 1ª q. 2ª q 2ª q. 1ª q. 2ª q. 1ª q q. 1 1ª q. 2 q. ª q. 2ª q. q. 2 1ª q. 2ª q. . 1ª q.
1 Gradagem pesada
2 Calagem
3 Gradagem intermediária
4 Gessagem
5 Subsolagem
6 Fosfatagem
7 Acabamento - Gradagem interm á edi ria
8 Semeadura da Crotalaria junce a
9 Manejo da Fitomassa
10 Sulcação/Adubação para
cana-de-açúcar
11 Plantio da cana-de-açúcar
12 Cobrição
Tabela 15: Cronograma das operações para cultivo com preparo reduzido
2005 2006
JU JUL AGO SE NO DE JA FEN T OUT V Z N V MAR ABR Oprações
1ª q 2ª q 1ª q 2ª q 1ª q 2ª q 1ª q 2ª q 1ª q 2ª q 1ª q 2ª q 1ª q 2ª q 1ª q 2ª q 1ª q 2ª q 1ª q 2ª q 1ª q 2ª q. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
1 Dessecação da
2 Calagem
3 Gessagem
4 Subsola
5 Fosfatage
6 Semeadura da Crotalaria juncea
7 Manejo da Fitomassa
8 cana-de-açúcar
Sulcação/Adubação para
9 Plantio da cana-de-açúcar
0 Cobrição
soqueira
gem / Reduzido
m
1
49
13. Referências Bibliográficas
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