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    ECNOLOGIA

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    UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABARev. cinc. tecnol.

    ISSN 0103-8575

    PIRACICABA,SP

    Volume 7

    Nmero 13

    P 1-136

    1999

    C&T13.book Page 1 Thursday, September 11, 2003 2:25 PM

  • 2

    Junho 1999

    UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA

    Reitor

    ALMIR DE SOUZA MAIA

    Vice-reitor Acadmico

    ELY ESER BARRETO CSAR

    Vice-reitor Administrativo

    GUSTAVO JACQUES DIAS ALVIM

    EDITORA UNIMEP

    CONSELHO DE POLTICA EDITORIALAlmir de Souza Maia (

    presidente

    )Antonio Roque DechenCasimiro Cabrera PeraltaCludia Regina Cavaglieri FelippeElias BoaventuraEly Eser Barreto Csar (

    vice-presidente

    )Francisco Cock FontanellaGislene Garcia Franco do NascimentoNivaldo Lemos Coppini

    COMISSO EDITORIALHlio Dias da SilvaKlaus SchtzerMaria de Ftima Nepomuceno DdaloNivaldo Lemos Coppini (

    presidente

    )Waldo Luis de Lucca

    EDITOR-EXECUTIVOHeitor Amlcar da Silveira Neto (MTb 13.787)

    Revista de Cincia & Tecnologia

    (Science and Technology Journal) is publi-shed twice a year by Universidade Metodista de Piracicaba (So Paulo Bra-zil). It contains papers on scientific and technological issues. Editorial normsfor submission of articles can be requested to the Editor.

    A

    Revista de Cincia & Tecnologia

    uma publicao semestral da Universi-dade Metodista de Piracicaba. Os originais devem ser encaminhados por e-mail ([email protected]) ou por correio (Comisso Editorial da RC&T, a/c prof.Nivaldo Coppini, U

    NIMEP

    Campus

    Santa Brbara dOeste Rodovia SantaBrbara/Iracempolis, Km 01 13450-000 Santa Brbara dOeste/SP).Normas disponveis na home page da U

    NIMEP

    (www.unimep.br).As opinies expressas nos artigos, tanto os encomendados como os envia-dos espontaneamente, so de responsabilidade dos seus autores.

    ASSINATURAS E REDAOEDITORA UNIMEPwww.unimep.br/~editoraRodovia do Acar, km 15613400-911 - Piracicaba/SPTel./fax: (019) 430-1620E-mail: [email protected]

    A

    Revista Cincia & Tecnologia

    inde-xada por

    Revista de Cincia & Tecnologia

    is inde-xed byBase de Dados do Centro de Informa-es Cientficas e Tecnolgicas (Comis-so Nacional de Energia Nuclear); Basede Dados do IBGE; International Abstractsin Operations Research/IAOR (Universityof Exeter); Peridica Indice de RevistasLatinoamericanas em Ciencias (Unam);Subis (Sheffield Academic Press).

    EQUIPE TCNICAS

    ECRETRIA

    Ivonete SavinoA

    SSISTENTE

    ADMINISTRATIVO

    Altair Alves da SilvaE

    DIO

    DE

    TEXTO

    Milena de CastroR

    EVISO

    DE

    TEXTO

    Alexandre BragionS

    ECRETRIA

    DA

    C

    OMISSO

    DA

    RC&TFlavia Paduan BellaniF

    ICHA

    CATALOGRFICA

    Regina FracetoC

    APA

    Genival CardosoI

    MPRESSO

    Igil Indstria GrficaS

    UPERVISO

    GRFICA

    Carlos Terra

    DTP

    E

    PRODUO

    Grfica U

    NIMEP

    Impresso em Duplicadora Digital Xerox Doutech 135.Produzida em junho/1999

    Revista de Cincia & Tecnologia

    Volume 7 Nmero 13 1999Piracicaba, Editora U

    NIMEP

    Semestral1- Tecnologia peridicos CDU 62(05)

    ISSN 0103-8575

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    RC&T 13

    Editorial

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    ESULTADOS

    DOS

    N

    OVOS

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    UMOS

    Conforme podero os leitores constatar, estamos iniciando neste nmero 13 da nossa

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    uma cami-nhada que concentra seu enfoque editorial nas reas de Cincias Exatas, Tecnolgicas, Engenharias, Arquite-tura e Urbanismo.

    Alm de estar agora sendo veiculada com um novo projeto grfico, a nova

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    inova tambm naforma de apresentao dos contedos dos artigos. Assim, o primeiro artigo ser sempre de um autor derenome internacional, conferindo o destaque temtico que caracterizar cada nmero da revista.

    Para este nmero, convidamos o prof. Dr.-Ing. H. Schulz, um dos maiores especialista mundiais emusinagem com altssimas velocidades de corte. O prof. Schulz, da Universidade de Darmstadt na Alemanha,tem um projeto de cooperao tcnica com a U

    NIMEP

    , cujo coordenador, pelo lado brasileiro, o prof. Dr.-Ing. Klaus Schtzer, que doutorou-se naquela universidade. A Comisso Editorial da

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    gostaria deexpressar seu agradecimento tanto ao prof. Schulz, por ter aceito nosso convite, quanto ao prof. Schtzer,por sua disposio em nos auxiliar nos contatos com o professor alemo at a publicao do referido artigo.

    Outro aspecto que nos traz muita alegria que a nossa revista j pode ser considerada de mbito inter-nacional, pois no somente traz artigos com autores do exterior como est publicando artigos defendidos emcongressos internacionais. Tais artigos esto sendo publicados na lngua original do pas sede do congresso,quando em ingls ou espanhol. Para os artigos publicados em portugus, sempre o ttulo e o resumo soapresentados tambm em ingls, garantindo acesso mais amplo aos leitores estrangeiros. Alm disso, autoresde diversos estados brasileiros atenderam a chamada para publicao na

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    . Portanto, como publicaoespontnea desses autores, j podemos nos orgulhar de estar contribuindo para a troca do conhecimento emabrangncia nacional.

    Estamos, tambm, providenciando a incluso de nossa

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    em um nmero maior de ndices especiali-zados, com o que mais um passo estar sendo dado no sentido de aumentar a capacidade da

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    em divul-gar o conhecimento nas reas de que trata.

    Como presidente da Comisso Editorial da

    RC

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    , gostaria de agradecer: aos autores, atores funda-mentais para o sucesso de nossa revista; aos consultores, que abrilhantam e sugerem aprimoramentos atravsde suas anlises crticas construtivas dos artigos; Comisso Editorial, pela disposio e fora de trabalhopara ver nossa revista ser publicada com qualidade e no prazo; ao Conselho de Poltica Editorial da U

    NIMEP

    ,pela confiana depositada em nossa Comisso Editorial; ao nosso editor Heitor Amlcar da Silveira Neto,pelas orientaes e sugestes sempre valiosas e enriquecedoras; a toda a equipe de apoio, em especial FlaviaPaduan Bellani, que jamais intimidou-se diante do grande volume de trabalho a ser desenvolvido; e ao princi-pal responsvel por todo o processo, prof. Almir de Souza Maia, reitor da U

    NIMEP

    .

    Prof. N

    IVALDO

    L

    EMOS

    C

    OPPINI

    Presidente da Comisso Editorial da

    RC

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    Sumrio

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    The History of High-Speed Machining

    A Histria da Usinagem com Altssima Velocidade de Corte

    H

    ERBERT

    S

    CHULZ

    19

    Tecnologias de Produo e Sistemas de Gesto da Produoe da Qualidade na Indstria Metal-mecnica de Piracicaba

    Production Technologies, Production Management Systems and Quality Systems in the Metal-Mechanical Industry of Piracicaba

    J

    URANDIR

    J

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    N

    ARDINI

    & S

    LVIO

    R

    OBERTO

    I

    GNCIO

    P

    IRES

    37

    Tecnologia e Crescimento da Firma: o Caso das Empresas deDesenvolvimento de Software do Rio de JaneiroTechnology and Firm Grow: the Rio de Janeiro Software EnterprisesBEATRIZ DE CASTRO FIALHO & JOS ARNALDO DEUTCHER

    51Ensaios de Adeso em Revestimentos Metal-cermicos Obtidospor Asperso Trmica a PlasmaAdhesion Tests in Plasma Sprayed Metal-ceramic CoatingsCARLOS ROBERTO CAMELLO LIMA & ROSEANA DA EXALTAO TREVISAN

    63Methodology of Cutting Tool Edge Replecement in Machining ProcessesMetodologia de Troca da Ferramenta em Processos de UsinagemNIVALDO LEMOS COPPINI, GILBERTO WALTER ARENAS MIRANDA & JOO ROBERTO FERREIRA

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  • 6 Junho 1999

    73O Ensino Superior e a InternetHigher Education and InternetANA CRISTINA LIMA SANTOS BARBOSA

    81Modelador Baseado em Manufacturing Features para Validao de Dados de ManufaturaManufacturing Feature Based Modeller for the Validation of Manufacturing DataKLAUS SHTZER, JARDEL CASTRO FOLCO & NARA GARDINI

    89Administrao Pblica e Privada no Setor de Saneamento no Brasil:Retrospectiva Histrica e Desafios do PresentePublic and Private Administration in the Brazilian Sanitation Area: Historic Review and New PerspectivesPAULO SRGIO FRANCO BARBOSA, SUELI DO CARMO BETTINI & ANTONIO CARLOS DEMANBORO

    97Modelagem de Freqncias de Precipitao Usando a EscalaAritmtica SimplificadaModeling of Rainfall Frequencies Using the Simplified Arithmetic ScaleLUIZ CARLOS E.MILDE, JEAN PIERRE B. OMETTO, JORGE MARCOS DE MORAES & REYNALDO L. VICTORIA

    111Projeto para Construo de Aplicativo Estatstico para AnliseDescritiva: Sistema de Anlises Descritivas SIADProject for Estatistical Aplicative Construction to Descriptives Analysis: Descriptives Analysis System - SIADANGELA M.C. JORGE CORRA, FRANCISCO BACCARI, VALRIA M. DAREZZO ZLIO, ALEX DE ALMEIDA NEVES, MARIANGELA DE CAMPOS & MILENE CRISTINA RUGAI

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  • REVISTA DE CINCIA & TECNOLOGIA 13 7

    119A Complete Family of Simple Bandpass LC Matching CircuitsUma Famlia Completa de Circuitos de Adaptao LC SimplesABELARDO PODCAMENI

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  • 8 Junho 1999

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  • REVISTA DE CINCIA & TECNOLOGIA 13 9

    The Historyof High-Speed

    MachiningA Histria da Usinagem com Altssima Velocidade de Corte

    HERBERT SCHULZProf. Dr.-Ing., Institute of Production

    Engineering and Machine Tools (PTW)Darmstadt University of Technology, Germany

    [email protected]

    ABSTRACT The paper analyzes the introduction of High Speed Cutting technology since 1931 by C. Salomon; the con-version of the fundamental knowledge into industrial products and its great future potential. The advantage and disad-vantage of this relatively new conception of removal of material, the obstacles to be reached, the state of art that havealready been reached by the machine toll industry and centers of research and also the application field, holistic develop-ment of process, the benefits introduced even for standard CNC machines due to development of this new technology,will be described.Keywords: high speed cutting milling CNC CNC madrine tools.

    RESUMO Este artigo analisa a introduo da usinagem com altssima velocidade de corte, desde 1931, por C. Salomon,a transformao da pesquisa bsica em produtos industriais e o grande potencial dessa tecnologia para o futuro. Seroabordados tambm as vantagens e desvantagens desse conceito relativamente novo de remoo de cavaco, os obstculosa serem superados, o estado da arte alcanado pela indstria de mquinas ferramentas e centros de pesquisa, a viso hols-tica desse processo, os benefcios introduzidos mesmos para mquinas ferramentas CNC standards atravs do desenvol-vimento dessa tecnologia.Palavras-chave: usinagem com altssima velocidade de corte fresamento CNC mquinas-ferramentos CNC.

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    Introduction

    igh-speed machining is an advanced production technology with great future potential. However, ashas been the case in many other realisations of technological progress, the conversion of the funda-mental knowledge into industrial products took a relatively long time. In this particular case, the

    period of approximately 60 years was not only due to a cautious attitude of the industry, but also to the factthat the existing production facilities corresponding to the state of the art at the time when the first findingsbecame available from research did not meet the requirements of high-speed machining.

    FundamentalsOn April 27, 1931, Friedrich Krupp A.G. was granted the German Patent no 523.594 referring to a

    method of machining metal or of materials behaving similarly when being machined with cutting tools(Deutsche). Based on metal cutting studies made by the inventor, C. Salomon, on steel, non-ferrous and lightmetals at cutting speeds of 440 m/min (1.444 ft/min) (steel), 1,600 m/min (5,250 ft/min) (bronze), 2,840 m/min(9,318 ft/min) (copper) and up to 16,500 m/min (54,133 ft/min) (aluminium), the essential result described wasthe fact that from a certain cutting speed upward machining temperatures start dropping again (fig. 1).

    Fig. 1. Machining temperature in milling at high cutting speeds.

    H

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    Salomon performed his fundamental rese-arch on circular saw blades, and because high spe-eds of rotation were not available he was able toreach the high cutting speeds only by means of bigdiameters.

    d nVc = [m/min]

    1.000However, for machining the majority of

    workpieces, tools with very big diameters can berarely used. This means that in practical applica-tion high cutting speeds have primarily to beachieved by means of high speeds of rotation.These, however, were not possible at that time.

    Salomons fundamental research showedthat there is a certain range of cutting speedswhere machining cannot be made due to excessi-vely high temperatures (in US literature this is cal-led the death valley). For this reason, high-speed

    machining can also be termed as cutting speedsbeyond that limit. In compliance with modernknowledge, the PTW Institute defines high-speedmachining as being such that conventional cuttingspeeds are exceeded by a factor of 5 to 10.

    Ballistic testsAlmost 20 years later, i.e. in the early 50s,

    intensified research was initiated again worldwidefor making use of high cutting speeds. Since at thatmachines with elevated speeds of rotation were notavailable, the period of ballistic tests began (fig. 2).These were performed either by passing the toolover the specimen workpiece by means of a rocketslide or by shooting a projectile-shaped specimenworkpiece along a stationary cutting edge. Fromthese tests the new findings were derived that athigh cutting speeds the chip formation conditionsare different than in conventional metal cutting.

    Fig. 2. Historic mile-stones of HSC.

    A formula for specific cutting pressure and fordynamic cutting force was established (Kronenberg1962). For the first time, also scientific proof wasfound that cutting force initially increases withincreasing cutting speed and then drops sharply to

    rise again later. Moreover, the studies showed thatwith increasing cutting speed the flowing chip gra-dually turns into a discontinuous chip (Kronenberg1961-1962). When using a gun to shoot the work-piece along a stationary cutting edge (Vaughn 1958-

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  • 12 Junho 1999

    1960), it was found that at extremely high cuttingspeeds the range of plastic material behaviour isexceeded and that chip formation is due to brittlebreak (Vaughn 1958-1960, Krueck 1960).

    Various American studies (Vaughn & Peterson1958, Recht 1964) made in the early 60s show thatproductivity increases dramatically and product costreductions may be anticipated if the problems ofheavy tool wear and of machine vibrations can beovercome. In a research project (Mc Gee 1978) itwas found that cutting speeds above 6500m/minopened new interesting aspects for machining alu-minium. Most intensive studies were conductedinto the theories of chip formation also in Japan(Tanaka, Tsuwa & Kitano 1967) and into theactive mechanism (Shaw 1967, Recht 1964, Turko-vich 1972, Rogers 1979).

    It was only after the development of high-speed spindles for application in machine tools inthe early 80s that it became possible not only tocontinue the fundamental studies but also to realisea defined form generation (Schulz 1979).

    Application of high-speedmain spindles

    In 1977, for the first time, it became possiblein the USA (King 1977-1981) to verify the resultsboth of the ballistic studies and of theoretical consi-derations about milling machines providing cuttingspeeds up to 1980 m/min (King 1977-1981). Thetests also showed that surface qualities improvedconsiderably with increasing cutting speeds.

    Another important result of these tests was thatat high cutting speeds the heat generated during themachining process was largely dissipated with chipremoval.

    In 1979, the Air Force started in the USA acomprehensive research program in co-operationwith General Electric for investigating the basic effec-tive relationships and for examining the opportunitiesof integrating high-speed machining into industrialapplications. It was found that the optimum cuttingspeed range in machining aluminium alloys was com-prised between 1500 and 4.500 m/min. A catalogueof specifications for high-speed machine tools wasestablished.

    All tests were primarily concentrated on lightmetal alloys and in a few cases only on steel and castiron. Other materials such as low-machinability ste-

    els, fibre-reinforced plastics and the like were stu-died only to a small extent. Comprehensive andsystematic scientific studies about fundamentals andinvestigations about the technical relationshipsbetween causes and effects as well as intensive consi-deration of the repercussions of this new metal-cut-ting technology on the components involved in themetal-cutting process as a whole were not availableuntil the late seventies.

    European situationIn 1979, the Institute of Production Enginee-

    ring and Machine Tools (PTW) at the DarmstadtUniversity of Technology was the first research cen-tre in Europe to start a joint research project calledresearch of process characteristics in high-speedmilling focused on the development of a high-speed spindle supported in active magnetic bearingsas well as on testing this in a machine tool.

    By application of this spindle on active mag-netic bearings, the decisive advance into the range ofapplicable higher cutting speeds was successfullyachieved in 1980. This allowed the earlier funda-mental knowledge derived from ballistic tests to beconfirmed and new knowledge to be added, in par-ticular with respect to the required developments inthe fields of tools and machine components.

    Today, due to its continuous research activi-ties, PTW has comprehensive fundamental andapplication knowledge as it exists nowhere else tosuch an extent. Still in 1981, experts affirmedthat the new high-speed machining technologyhad no future at all, basing their opinion on theassumption that the potentially increased metalremoval volume in time was compensated byimmensely increased tool wear which would makethe economic efficiency of the process doubtful.Today it can be observed that these experts whoat that time held a negative attitude have allbecome emulators and meanwhile figures amongthe most zealous advocates of the high-speedmachining technology!

    However, an essential contribution to propa-gating the knowledge about high-speed machiningwas made by the great joint research project high-speed milling of metallic and non-metallic materi-als initiated in 1984 and promoted by the FederalMinistry for Research and Technology in which 41

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  • REVISTA DE CINCIA & TECNOLOGIA 13 13

    industrial partners co-operated very closely underthe leadership of PTW.

    The results of this four-year research projectcreated the most important basics of modern-dayknowledge about high-speed milling (Schulz 1989).

    Decisive factors for the success of the PTWresearch activities were the holistic development ofprocess and machines with respect to their rapidindustrial application which can be used directlyfrom the beginning and the fact that process safetyas well as the reduction of process chains were per-manently observed.

    Holistic development ofprocess and machine

    From the beginning, PTW concentrated itsresearch programs so as to maintain close linksbetween the technological process and the develop-ment of machines and their components. There-fore, it was possible to evolve the first machinesspecifically appropriate for high-speed machiningapplications from the repercussions and interactionsbetween process and machine tool developments.Process development also included the develop-ment of cutting materials and tools as well as theelaboration of new machining strategies and of theinterplay with CAD/CAM systems (fig. 3). Thismeans that, to the research objectives a certaindirection was always given which at the end allowedto obtain the successful result of having mot only aprofounder understanding of this new machiningtechnology but also machines ready to be used andtools required for them to be also available.

    Fig. 3. Holistic consideration of high-speed machining.

    It was only this holistic consideration that allo-wed recognising quite a number of additional bene-fits which opened completely new markets for HSCapplications. For instance, not only the cutting forcesdecrease with increasing cutting speed, but also pro-cess heat is completely removed with the chip, bettersurface qualities can be produced, and machining canbe made in a range not subject to critical vibrations.

    However, tool life decreases with increasingcutting speed (fig. 4), and so there is still today a subs-tantial demand for further developments to minimisethis shortcoming.

    Fig. 4. General properties of high-speed machining.

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  • 14 Junho 1999

    The focal points of high-speed machiningapplications orient themselves at the benefits of thisnew technology. Applications to be mentioned inparticular are die and mould manufacturing, aeros-pace technology, optics and precision mechanics aswell as the automotive and household appliances

    industries (fig. 5). Although high-speed machining isnot necessarily a method for producing high-accu-racy components, it still allows advances far into thefield of high-precision machining. Ra values of0.2m and Rz values as low as 3m are not uncom-mon.

    Fig. 5. Fields of HSC application.

    Safe processesIt is regrettable that even today the process-

    related hazard potential involved with high-speedmachining is still underestimated. This hazard con-sists in high kinetic energies being released in theform of flying chips, tool breakage, tool clampingsystems coming loose, but also in axis dynamicsduring the machining operation. This means that ahigh standard of active and passive safety techno-

    logy is required. Indispensable elements, for ins-tance, are appropriately energy-absorbing encap-sulations of the work area as well as electronicmonitoring systems.

    Furthermore, specifications, test guidelines anddesign recommendations for fast-rotating tools mustbe prepared as quickly as possible to constitute safetystandards. Under PTW leadership, work is currentlybeing performed also on this subject matter (fig. 6).

    Fig. 6. Standard proposal for operational safety of tools rotating at high speeds (DIN 6589-1).

    CHARACTERISTICS APPLICATION EXAMPLES

    High metal removal volume in time Light metalsSteel and cast ironAerospaceDie and mould making

    High surface quality Precision machiningSpecial components

    Die and mould makingComponents of optics and precision mechanics

    Low cutting forces Machining of thin-walled componentsAerospaceAutomotive industryHousehold appliances

    High exciting frequencies Vibration-free machining of difficult componentsPrecision components,optical industry

    Heat dissipation through chips Distortion-free machiningColder workpiecesPrecision componentsMagnesium alloys

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  • REVISTA DE CINCIA & TECNOLOGIA 13 15

    Reduced Process ChainsHolistic consideration of the product gene-

    ration chain shows that owing to the high surfacequalities it is possible in many cases to eliminatesubsequent finish machining entirely or in part.An example to be mentioned is turbine manufac-turing where blades are already machined bymilling alone and no longer by grinding. Another

    typical example is die and mould manufacturingwhere surfaces can be generated which come veryclose to the demanded final accuracy both indimensional and shape deviations as well as in sur-face quality. This reduces manual rework timesconsiderably (fig. 7). Time savings on manualwork up to 80% and cost reductions up to 30%are quite realistic.

    Fig. 7. Surface quality as achieved by high-speed machining.

    If for generating a surface it should still berequired to apply a finish grinding operation, impro-ved preparation of the surface to be ground willreduce the grinding time most substantially.

    All previous research in the field of high-speedmachining was focused on milling. By expandingPTWs range of research continuously, additionalimportant knowledge has meanwhile been obtainedalso for such high-speed machining processes as dri-lling, reaming, turning and turn-milling (Schulz1996).

    Machines and componentsAlthough the most relevant results regarding

    machining technology, tools and machine compo-nents were already presented to the public in themid-80s, practical implementation incomprehensi-

    bly took relatively long. It was only the recessionduring the early 90s that compelled companies totake innovative actions, thus favouring the develop-ment in the machine sector.

    Today, a wide spectrum of HSC machines iscommercially available. Since in general the trendfor higher speeds is continuing, also standardmachine tools have become faster in the wake ofHSC machines. Spindle speeds of up to 12,000min-1 and feed rates of up to 25 m/min havemeanwhile become state of the art, i.e. it is alreadypossible, in particular in machining steel or cast iron,to penetrate into the HSC range with the presentstandard. The profile of requirements as to a HSCmilling machine orients itself at the workpiece spec-trum and at the HSC milling technology required(fig. 8).

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  • 16 Junho 1999

    Fig. 8. Feed rate speed profile of milling machines.

    This is why two market segments becomedistinct: High-Velocity Machining (HVM) in thelower HSC range where high metal removal capa-cities are important, and actual High-Speed Machi-ning (HSM) with moderate metal removal capabilitiesbut very high cutting speeds. Therefore, HSC machi-nes are used on light metals, copper, graphite, andplastics for roughing and finishing, but in machi-

    ning steel and cast iron their use only makes sensefor finishing and pre-finishing operations.

    Owing to high feed rates up to 100 m/minand accelerations up to 30 m/s2, it is only a recentinnovation leap to machines with direct linear dri-ves (fig. 9) that consequently permits the implemen-tation of the HSC milling technology especially inmachining light metals.

    Fig. 9. HSC milling machine with linear drives.

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  • REVISTA DE CINCIA & TECNOLOGIA 13 17

    ConclusionAs can be seen from figure 2, HSC research is

    meanwhile made by many research institutes world-wide. PTW maintains numerous international con-tacts and corporations. On April 1998, DFG(Deutsche Forschungsgemeinschaft) has initiated anew program focused on further research of funda-mental conditions in the zone of metal removal.

    However, today there is no longer any doubtconcerning the economic efficiency of high-speedmachining. Further developments for improving

    tool life will contribute substantially to growingapplication of the HSC technology. Also conventio-nal machine tool engineering already benefits fromthis trend. For instance, due to the many advantagesof motor spindles which originally had been exclusi-vely developed as components for HSC machines,they are also used in standard machine tools run-ning at lower speeds. Also, the faster CNC controlsystems and the highly dynamic drive systems avai-lable now bring substantial benefits even for stan-dard CNC machines.

    References

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  • REVISTA DE CINCIA & TECNOLOGIA 13 19

    Tecnologias de Produoe Sistemas de Gesto daProduo e da Qualidade

    na Indstria Metal-mecnica de Piracicaba

    Production Technologies, Production Management Systems andQuality Systems in the Metal-mechanical Industry of Piracicaba

    JURANDIR JONES NARDINIFaculdade de Engenharia Mecnica e de Produo (UNIMEP)

    [email protected]

    SLVIO ROBERTO IGNCIO PIRESFaculdade de Engenharia Mecnica e de Produo (UNIMEP)

    [email protected]

    RESUMO As alteraes verificadas no mercado consumidor tm determinado a necessidade de uma adequao dos siste-mas de manufatura a novas exigncias, especialmente aquelas do setor metal-mecnico. Nesse contexto, este artigo apre-senta uma pesquisa de campo realizada em vinte empresas industriais representativas do setor metal-mecnico da regio dePiracicaba, com o intuito de se verificar, especialmente, as tecnologias produtivas e os sistemas de gesto da produo e daqualidade utilizadas. Os dados levantados mostram, sobretudo, que existe um diferencial na aplicao das tecnologias e sis-temas gerenciais estudados, de acordo com o porte, o ramo de atuao e a origem da empresa. Tambm destacam a posi-o de vanguarda das grandes empresas multinacionais do setor de mquinas de movimentao do solo e autopeas.Palavras-chave: tecnologia de produo sistema de gesto da produo gesto da qualidade pesquisa de campo indstria metal-mecnica.

    ABSTRACT The present alterations on the consuming market has shown the need of adaptation of the manufacturingsystems to new demands, speciallyones related to the metal-mechanical industry. In this context the work presents a fieldstudy conducted within twenty representative manufacturing companies in the region of Piracicaba aiming to verify theirproduction technologies, production management and quality systems. The survey pointed out mainly that exists a gapin the technologies and management systems utilized by the companies, and that it is related to the size, business segmentand the nature of the companys origins. Moreover, the forefront position of the large tractors multinational companiesand autoparts are highligthed.Keywords: production techonology production management system quality management system field study metal-mechanical industry.

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  • 20 Junho 1999

    Introduo

    indstria metal-mecnica, especialmente de fabricao sob encomenda, deve a maior parte de seucrescimento interveno do Estado na economia. Nos ltimos 40 anos, grande parte das encomen-das colocadas na indstria de bens de capital se devia s polticas governamentais de desenvolvimento.

    Desde o modelo desenvolvimentista de Getlio Vargas, passando pelo modelo de substituio de importaoem perodo mais recente, o governo elegia setores que deveriam responder ao impulso de desenvolvimento,fornecendo recursos e garantindo a infra-estrutura necessria.

    A demanda era garantida pelo fluxo de encomendas originrias de decises advindas do mbito gover-namental. A parceria criada entre o Estado provedor de recursos e a iniciativa privada dinamizadora do pro-cesso no era sustentada por um crescimento proporcional do mercado privado. Criou-se a demandaautnoma, na qual a indstria orientava suas encomendas para programas de governo. O mercado privado,por outro lado, era limitado pela ocorrncia de um desemprego latente e pela concentrao de renda. A per-manncia desses dois problemas estruturais impediam o crescimento harmonioso da capacidade de comprada populao, que viria a estimular a expanso do parque industrial (Mantega, 1990).

    O Estado, ao garantir a demanda, terminava por encobrir a ineficincia da indstria em expanso. Osmecanismos de reserva de mercado criados, em sua origem fiscal de restrio importao ou mesmo pelaparte legal de garantias de fornecimento pela indstria nacional, estimularam o surgimento de oligoplios ede cartelizao, que em nada favorecia o ganho de produtividade e qualidade.

    A partir da dcada de 80, o governo federal passou a encontrar dificuldade na captao de poupana ena rolagem da dvida pblica, o que foi acompanhado por um dficit crnico do oramento. Para equilibrarsuas contas, o governo deu incio a uma poltica de progressivo desinvestimento no setor estatal, reduo dosprogramas de aparelhamento da infra-estrutura e diminuio de recursos nas linhas de crdito para expansoda atividade industrial privada.

    Na dcada de 90, foram mantidas as condies de desinvestimento e contrao da demanda. Houveuma sensvel piora do ambiente industrial, notadamente no setor de fabricao sob encomenda, quando ogoverno fez a abertura do mercado competio mundial (Cosenza & Borges, 1995). Em seis anos, as ven-das estagnaram e o setor perdeu aproximadamente 1.300 empresas e 64 mil empregos. As compras feitas noexterior triplicaram entre 1992 e 1998, saltando de US$ 2,6 bilhes para US$ 8,9 bilhes (Leite, 1998).

    O interior paulista e a regio de PiracicabaNo interior paulista, a regio de Piracicaba foi significativamente afetada, pois parte de seu parque

    industrial baseia-se na produo de acar e lcool e indstrias metal-mecnicas do setor de bens de capitalsob encomendas make to order.

    Por outro lado, nos ltimos anos, a alta concentrao industrial e econmica na grande So Paulo, den-tre outras causas, levou vrias empresas a iniciarem um movimento de migrao para o interior, instalandosuas unidades em regies que se transformaram, com o tempo, em verdadeiras ilhas de prosperidade.Segundo dados da Secretaria da Cincia, Tecnologia e Desenvolvimento Econmico paulista (1998), de1995 at dezembro de 1997, foram investidos US$ 26 bilhes em mais de 441 empreendimentos privadosnovos e na expanso dos existentes em todo o Estado, boa parte deles no interior.

    Um dos principais investimentos a Hidrovia Tiet-Paran, que atravessa boa parte de So Paulo, inter-ligando as regies de Sorocaba, Campinas e Piracicaba com o centro-oeste paulista, o sul de Gois, o Trin-gulo Mineiro, o leste do Mato Grosso do Sul, o oeste do Paran e o Paraguai, num total de 2.400quilmetros. Construda e implementada pela Companhia Energtica de So Paulo-CESP, a hidrovia j rece-beu investimentos atualizados da ordem de US$ 1,5 bilho (Calza, 1998).

    Historicamente, o municpio de Piracicaba ficou margem dos principais eixos rodovirios do Estado,o que de certa forma tolheu seu desenvolvimento, mas preservou a cultura e possibilitou a formao de uma

    A

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  • REVISTA DE CINCIA & TECNOLOGIA 13 21

    cidade harmoniosa, bem planejada urbanistica-mente com um dos melhores ndices de saneamentobsico no Brasil.

    Economicamente, o crescimento deu-se emfuno da agricultura. Depois, o setor canavieiroimpulsionou o desenvolvimento agroindustrial: atra-vs dos engenhos instalados para moagem de canasurgiu a produo industrial voltada produo deequipamentos para usinas de acar e destilarias delcool.

    Na dcada de 50, o acar representava 52%da produo agrcola. Em 1970, a lavoura canavi-eira alcanava 39,6 mil hectares e, na dcada de 80,em funo do Pralcool, tambm influiu de formadecisiva na indstria metalrgica. Estima-se que70% do equipamento fornecido a todo o Brasilpara a produo de lcool combustvel tenha sidofornecido pela indstria local. A partir dos anos 70,com a instalao do distrito industrial, ocorreu adiversificao do parque industrial, com reflexoseconmicos e sociais que passaram a direcionar osrumos do desenvolvimento, inclusive urbanstico,que adotou a verticalizao das construes e novaconfigurao da rede urbana.

    A dcada de 90 colocou Piracicaba na lide-rana da economia de uma vasta regio, com o pro-jeto de navegabilidade do rio e sua integrao Hidrovia Tiet-Paran, construo do porto dertemis e insero do municpio nos principaiseixos rodovirios do Estado: alm de conquistar oprincipal porto da hidrovia, conectado com asrodovias Bandeirantes, Anhangera, Dom Pedro I eCastelo Branco, Piracicaba sediar o Projeto do Valedo Piracicaba e ser o principal plo de ligao daregio mais industrializada do Estado e do porto deSantos com o Mercosul.

    A cidade dotada de um aeroporto com sis-tema de balizamento noturno e farol rotativo, quegarantem o seu funcionamento 24h/dia. A pista,totalmente asfaltada e com dimenses de 1.200 mde comprimento por 30 m de largura, permite otrnsito de aeronaves de pequeno e mdio porte.

    O dinamismo da Piracicaba de hoje em diatransformou o municpio numa das maiores opor-tunidades para empresas interessadas em instalar noEstado de So Paulo suas unidades fabris. Municpiocom aproximadamente 310 mil habitantes, alm deestar classificado entre os melhores do Estado empadro e qualidade de vida, um dos maiores em

    rea territorial, com 1.312,30 km2, alm de possuirdisponibilidade e diversidade de mo-de-obra quali-ficada.

    Piracicaba tambm conta com instituies deensino superior reconhecidas nacional e internacio-nalmente, formando profissionais e mo-de-obraespecializada para o mercado de trabalho. O nmeroe o nvel das universidades, faculdades e dos estabele-cimentos de ensino mdio de formao tcnica e pro-fissionalizante deram respeitabilidade ao municpio,alm do cognome de Atenas Paulista. Isso evidenciao elevado ndice cultural de uma populao que man-tm vivas as tradies e, ao mesmo tempo, est abertaao novo, modernizao das suas estruturas produti-vas e sociais.

    Paralelamente hidrovia, a reformulao dosistema rodovirio deixa a cidade em condies estra-tgicas incontestveis para o escoamento de produ-tos. Exemplo disso o prolongamento da Rodoviados Bandeirantes, que levar um dos mais movimen-tados corredores de transporte do Estado a uma dis-tncia pequena da cidade, a duplicao das rodoviasde acesso ao municpio e a formao do sistema deinterligao do futuro porto aos maiores centros pro-dutivos e de consumo brasileiros e de pases do Mer-cosul. A ligao direta, via ferrovia, com o porto deSantos, o principal do pas, forma um formidvelcomplexo de sistemas de interligao e diversificadode transporte. Piracicaba desfruta, outrossim, deoutras excepcionais condies, como proximidadecom a capital do Estado (aproximadamente 150 km)e a incluso da rota do gasoduto Brasil-Bolvia,aumentando sua disponibilidade energtica.

    MetodologiaApesar de um rico material histrico e folclrico

    da cidade sobre a imigrao italiana e o surgimentodas primeiras oficinas das dcadas iniciais do sculo,que originaram as empresas do parque industrial atualdo municpio, h carncia de informaes e registrosespecficos sobre as indstrias, notadamente do setormetal-mecnico na regio de Piracicaba.

    A opo escolhida foi realizar uma pesquisa decarter exploratrio, ou seja, uma pesquisa sem osrigores e normas da cincia estatstica, muito difceisde serem implementadas em trabalhos desse tipo, ecom dados levantados in loco (Nardini, 1999). A pes-quisa buscou, ento, mostrar o perfil das empresas e agrande importncia do setor metal-mecnico na

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  • 22 Junho 1999

    regio, bem como caracterizar as mudanas ocorri-das, especialmente nos ltimos anos, nessas empresasquanto ao nvel de desenvolvimento tecnolgico esistemas atuais de gesto da produo e da qualidade.

    O primeiro passo constituiu-se na elaboraode um questionrio, dividido em trs partes: dadosgerais da empresa; dados sobre as tecnologias utili-zadas na empresa e dados sobre os sistemas de ges-to da produo e da qualidade utilizados naempresa. A coleta desses dados, tipicamente tcni-cos e gerenciais, exigiu que fossem levantados juntoaos executivos e/ou responsveis pela manufaturanas empresas ou, na impossibilidade desses, juntoaos responsveis pelas atividades de produo e da

    qualidade. Alm disso, os dados foram levantadosem visitas, entrevistas e acompanhamento in loco naproduo, e no atravs, apenas, do preenchimentodo questionrio por parte dos representantes dasempresas, longe da presena do pesquisador.

    Conforme trabalhos j realizados como osde Fleury (1988), Sequeira (1990), Alves Filho(1991), Pires (1994), White (1993), Harris (1997) eMarsh & Meredith (1998) e pelas caractersticasdos dados levantados, optou-se por no identificaras empresas visitadas, seguindo uma regra comumem regies do mundo onde pesquisas desse tipo somais comumente realizadas.

    Tabela 1. Estabelecimentos industriais de Piracicaba 1996/97.

    Fonte: Secretaria Municipal de Planejamento, CIESP/SEBRAE.

    NMERO DE ESTABELECIMENTOSIndstria da construo 211

    Indstria extrativa 13

    Indstria de transformao 859

    Indstria de utilidade pblica 14

    Total 1.097

    NMERO DE ESTABELECIMENTOS POR PORTEMicroempresa (at 9 empregados) 831

    Pequena empresa (10 a 99 empregados) 213

    Mdia empresa (100 a 499 empregados) 43

    Grande empresa (500 e mais empregados) 14

    Total 1.097

    NMERO DE EMPREGOS INDUSTRIAISIndstria da construo 2.087

    Indstria extrativa 240

    Indstria de transformao 23.792

    Indstria de utilidade pblica 774

    Total 27.613

    NMERO DE EMPREGADOS POR PORTE DASEMPRESAS

    Microempresa (at 9 empregados) 1.534

    Pequena empresa (10 a 99 empregados) 6.334

    Mdia empresa (100 a 499 empregados) 7.296

    Grande empresa (500 e mais empregados) 12.449

    Total 27.613

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  • REVISTA DE CINCIA & TECNOLOGIA 13 23

    Definio das empresas Segundo a Prefeitura, em 1996/97 o munic-

    pio de Piracicaba possua 1.097 estabelecimentosindustriais, empregando 27.613 funcionrios. Essesnmeros consideravam as indstrias da construo,indstrias extrativas, indstrias de transformao eindstria de utilidade pblica, classificando-as comomicroempresas (at nove funcionrios), pequenasempresas (10 a 99 funcionrios), mdias empresas(100 a 499 funcionrios) e grandes empresas (500 emais funcionrios), conforme tabela 1.

    Segundo o Anurio das Indstrias (1997), das859 indstrias de transformao, envolvendo vriasatividades, aproximadamente 192 so do setor metal-

    mecnico. Dessas, foram escolhidas 20, sobretudo emfuno de serem empresas representativas nos seussegmentos de atuao. A pesquisa pde ser concreti-zada em 100% das empresas escolhidas.

    A amostra pesquisada das 20 empresas, envol-vendo quase todas grandes e mdias do universo dasempresas do setor, representa aproximadamente80% do faturamento mdio anual e em nmero deempregados do setor metal-mecnico de Piracicaba.

    A figura 1 mostra que o setor metal-mecnicorepresenta uma fatia de 22,35%, ou seja, 192 inds-trias, do total de 859 indstrias de transformao domunicpio de Piracicaba.

    Fig. 1. Setor metal-mecnico em porcentagem das indstrias de transformao de Piracicaba (com base nos dados levantados).

    A representatividade da amostra pesquisadaquanto ao faturamento mdio anual e ao nmero deempregos em relao indstria metal-mecnica dePiracicaba mostrada na figura 2. As empresas socolocadas por porte, isto , micro, pequena, mdia egrande, baseadas na faixa de faturamento, e mostra-das em porcentagem do nmero de empresas, nme-ros de empregos e do faturamento mdio anual.Observa-se que a amostra escolhida de 20 empresasengloba quase todo o faturamento e o nmero deempregos do setor metal-mecnico de Piracicaba.

    Dados levantadosA tabela 2 apresenta e classifica as empresas

    estudadas segundo a ordem decrescente de fatura-mento mdio anual dos valores do ltimo exerccio eo previsto para o perodo vigente. Essa classificaoem faixas de faturamento se faz necessria e foi ado-tada devido inteno j relatada de no se identific-las. Os nmeros atribudos para a identificao dasempresas na tabela 2 sero sempre os mesmos paratodas as tabelas, figuras e anlises daqui para frente,constando tambm o faturamento por funcionriopor ano.

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  • 24 Junho 1999

    Fig. 2. Representatividade da amostra pesquisada.

    Os dados da tabela 2 mostram especialmenteque: quatro delas so empresas multinacionais e as

    16 restantes, empresas de capital nacional; as quatro primeiras representam um fatura-

    mento mdio anual de aproximadamente US$860 milhes. Portanto, de acordo com a classifi-cao adotada (acima de US$ 50 milhes),representam as empresas de grande porte;

    as duas ltimas empresas com faturamentomdio anual de US$ 3,5 milhes e US$ 2,5milhes, respectivamente, representam de acordocom a classificao adotada (de US$ 1 milho atUS$ 5 milhes) as empresas de pequeno porte;

    as quatorze demais empresas representam umfaturamento mdio anual de aproximadamenteUS$ 279,5 milhes. E, segundo a classificao

    adotada (de US$ 5 milhes at US$ 50 milhes),so empresas de mdio porte;

    a amplitude no tocante ao faturamento mdioanual grande, abrangendo empresas comporte e faturamento bem distintos;

    quanto ao ramo de atuao, estabeleceram-setrs setores bsicos:

    as empresas 01, 08, 09 e 12 atuam no ramode mquinas agrcolas, elevao de cargas emovimentao do solo;

    as 02, 10, 11 e 17 atuam no ramo de auto-peas;

    e as 03, 04, 05, 06, 07, 13, 14, 15, 16, 18,19 e 20 atuam no ramo de equipamentospara usinas de acar e lcool e equipamen-tos hidrulicos.

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  • REVISTA DE CINCIA & TECNOLOGIA 13 25

    Tabela 2. Apresentao das empresas pesquisadas.

    Nota: origem: (*) EUA, (**) Austrlia, (***) Alemanha.

    EMPRESA RAMO DE ATUAO (PRINCIPAIS)

    CAPITAL FATURAMENTO / FUNCINRIO /

    ANO

    FATURAMENTO MDIO ANUAL

    TIPO(%)

    NACIONAL INTERNA-CIONAL (US$ MIL) (US$ MILHES)

    01 Mquinas de movimentao do solo terraplenagem Multinacional 01 99*** 175,4 500,0

    02 Componentes automotivos auto-peas Multinacional 0 100*** 188,9 160,0

    03 Equipamentos para destilarias e cervejarias Nacional 100 0*** 134,8 120,0

    04 Equipamentos para usinas de a-car e lcool e siderurgia Nacional 100 0*** 53,3 80,0

    05Equipamentos para energia, usi-nas de acar e lcool, e indstria farmacutica

    Nacional 100 0*** 56,7 25,0

    06 Equipamentos para usinas de a-car e lcool e petroqumica Nacional 100 0*** 60,0 24,0

    07Mquinas gerao de vapor e velocidade para usinas de acar e lcool, indstria alimentcia e papel

    Nacional 100 0*** 117,6 20,0

    08 Mquinas agrcolas e acessrios Multinacional 50 50*** 105,2 20,0

    09 Componentes para mquinas de movimentao e caldeiraria Nacional 100 0*** 51,4 18,0

    10 Componentes automotivos auto-peas Multinacional 0 100*** 77,2 18,0

    11 Componentes automotivos auto-peas Nacional 100 0*** 104,3 17,0

    12 Equipamentos de movimentao e elevao de cargas Nacional 100 0*** 148,1 12,0

    13 Equipamentos hidrulicos Nacional 100 0*** 71,4 10,0

    14 Equipamentos para indstria de papel, minerao e sucroalcooleira Nacional 100 0*** 34,5 9,0

    15 Equipamentos para indstria qumica alimentcia, petroqumica e papel Nacional 100 0*** 53,3 8,0

    16 Equipamentos hidrulicos Nacional 100 0*** 61,9 6,5

    17 Componentes automotivos auto-peas Nacional 100 0*** 33,3 6,0

    18 Componentes para usinas de a-car e lcool, e saneamento bsico Nacional 100 0*** 50,0 6,0

    19 Equipamentos para usinas de a-car e lcool em geral Nacional 100 0*** 29,2 3,5

    20 Mquinas gerao de vapor para usi-nas de acar e lcool, e petroqumica Nacional 100 0*** 41,6 2,5

    TOTAL 1.065,5

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  • 26 Junho 1999

    Tabela 3. Dados gerais sobre as empresas pesquisadas

    Quando tomadas em conjunto, as empresasvisitadas produzem um mix de produtos bem diver-sificados. Por isso, optou-se por informar somenteos seus principais ramos de atuao e principais pro-dutos, conforme indicado na tabela 3.

    A tabela 3 tambm apresenta dados referentesao mercado de atuao, ou seja, porcentagem dessesprodutos vendidos no mercado nacional e internacio-nal, bem como os recursos humanos das empresasestudadas. Observa-se que:

    EMPRESA PRINCIPAIS PRODUTOSMERCADO CONSUMIDOR (%) NMERO DE FUNCION-RIOS (QTDE.)

    ESTADO DE SO

    PAULONACIONAL INTERNA-CIONAL

    DIRE-TOS

    INDIRE-TOS TOTAL

    01 Motoniveladora, escavadeira, moto-scrapper, trator de esteira... -- 30 70 2180 670 2850

    02 Bateria, injetora, conversor cataltico -- 70 30 -- -- 847

    03 Trocador calor, reator, caldeira, estrutura metlica... 50 40 10 460 430 890

    04 Moenda, engrenagem, redutor, vaso de presso... 60 30 10 1050 450 1500

    05 Alternador, gerador, ponte rolante, bomba, filtro... 60 30 10 209 232 441

    06 Reservatrio, secador, redutor, caldeira, evaporador... 50 35 15 280 120 400

    07 Turbina a vapor, redutor de velocidade, compressor... 50 25 25 82 88 170

    08 Colheitadeira de cana e caf e acessrios 40 40 20 120 70 190

    09 Base, carcaa, empilhadeira, componen-tes para trator... 50 50 - 260 90 350

    10 Termostato, atuador, termo-interruptor - 50 50 150 83 233

    11 Volante, cremalheira, conjunto coroa e pinho... - 96 4 128 35 163

    12 Moto-guincho, guincho socorro, carre-gadora de cana, rastelo... 70 30 - 48 33 81

    13 Cilindro e bomba hidrulica, tomada de fora, vlvula... 50 48 2 80 60 140

    14 Corrente e transportador industrial, roda dentada... 60 40 - 179 82 261

    15 Reator, trocador calor, vaso de presso, coluna,... 30 70 - 80 70 150

    16 Cilindro hidrulico e pneumtico, autope-as e usinagem em geral - 100 - 80 25 105

    17 Tambor e disco para freio, cubo da roda, suporte da mola... - 100 - 160 20 180

    18 Bomba centrfuga, turbina vapor e turbo redutor 15 80 5 90 30 120

    19 Moenda, pente, bagaceira, rolo e aces-srios para usinas 85 10 15 80 40 120

    20 Turbina a vapor, redutor de velocidade e mancal 50 50 - 40 20 60

    Total 9.251

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  • REVISTA DE CINCIA & TECNOLOGIA 13 27

    a maioria delas trabalha com alta diversificaode produtos e baixos lotes de fabricao;

    as empresas 02 e 09 possuem um acordo de par-ceria com a empresa 01, fornecendo a maiorparte de seus componentes e equipamentos paraa montagem final na empresa 01;

    com exceo da empresa 01, que exporta 70%de seus produtos, e a empresa 10, que exportametade da produo, as demais visam o mer-cado nacional;

    entre essas empresas que visam o mercado nacio-nal, pode-se destacar que doze delas concentramseu mercado no Estado de So Paulo. Isso deve-se ao grande nmero de usinas de acar e lcoolno interior paulista, clientes assduos dessas tradi-cionais empresas pesquisadas;

    quanto aos recursos humanos, nota-se que asquatro primeiras empresas consideradas degrande porte (acima de 500 empregados) detm6.087 funcionrios, representando cerca de50% do nmero de empregados do setor metal-mecnico da regio;

    a empresa 12, apesar de estar enquadrada comoporte mdio pelo faturamento, possui menos de100 funcionrios (81 empregados);

    tambm a empresa 19, apesar de estar enqua-drada como porte pequeno pelo faturamento,possui mais de 99 funcionrios (120 emprega-dos), com o que se enquadraria como de portemdio;

    a empresa 02 no faz distino, para efeito decontrole, entre mo-de-obra direta e indireta;

    e a empresa 04, devido grande variedade deprodutos fabricados e possuir unidades fabrisdescentralizadas, ainda detm um nmero ele-vado de funcionrios (1.500).

    A figura 3 resume os dados coletados e expli-citados nas tabelas 2 e 3. Ilustra a amostra estudadaem relao aos recursos humanos e o faturamentomdio anual das empresas pesquisadas em relaoao nmero total de empregados existentes e ao fatu-ramento total no setor metal-mecnico.

    Fig. 3. Amostra pesquisada em relao ao emprego e ao faturamento do setor metal-mecnico de Piracicaba.

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  • 28 Junho 1999

    O nmero de funcionrios das empresas pes-quisadas tambm muito varivel, levando a umarelao de faturamento por funcionrio igualmentebastante varivel. A figura 4 mostra essa relao emque as empresas 01 e 02 esto bem ajustadas comrelao (faturamento/funcionrio) na faixa, respecti-vamente, de US$ 175.400,00 e US$ 188.900,00,enquanto as empresas 14, 17, 18, 19 e 20 estonum patamar muito baixo, com valores inferiores US$ 50.000,00. Portanto, essas empresas estonecessitando otimizar seus recursos humanos ouamplificar seus faturamentos para se ajustaremmelhor realidade do mercado atual. J a empresa05, alm de estar numa faixa de US$ 56.680,00 na

    relao de faturamento por funcionrios, possuimo-de-obra indireta (232) maior que a direta(209), demonstrando certo desequilbrio dos recur-sos humanos.

    Adotou-se uma mdia de faturamento porfuncionrio das empresas pesquisadas, obtendo-seaproximadamente US$ 115.000,00 por ano, valorconsiderado bom se comparado mdia geral dosetor no Brasil, somente atingida ou ultrapassadapelas empresas 01, 02, 03, 07 e 12. As demais fica-ram muito abaixo desse valor, perfazendo umamdia aproximada de US$ 57.000,00, valor consi-derado muito baixo para os padres atuais, segundoMarques (1995).

    Fig. 4. Faturamento mdio anual por funcionrio de cada empresa.

    Dados sobre os sistemas produtivos utilizados

    A tabela 4 apresenta dados das empresas pes-quisadas, referentes aos sistemas produtivos, abran-gendo questes como tipo de arranjo fsico (layout),localizao e sistema de interao com seus clientes.

    Quanto localizao, detectou-se que 11empresas esto instaladas em rea que permite aindaexpanso da rea fabril, ou seja, houve um planeja-mento da plant design para futuras instalaes indus-triais. Essas empresas 01, 02, 03, 06, 08, 10, 11, 13,15, 16 e 17 so consideradas centralizadas e pos-

    suem construo civil e instalaes industriais rela-tivamente modernas pelo tempo de construo(variando de 5 a 15 anos aproximadamente);existe preocupao com a preservao ambiental eso dotadas de jardins arborizados (rea verde). As07, 12 e 20 so tambm centralizadas, porm suasinstalaes fabris so antigas (variando de 15 a 50anos), no permitindo qualquer tipo de expansopor falta de rea fsica e por suas instalaes indus-triais obsoletas.

    J as empresas 04, 05, 09, 14, 18 e 19 databela 4 so consideradas descentralizadas, pois pos-

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  • REVISTA DE CINCIA & TECNOLOGIA 13 29

    suem vrias unidades fabris em diversas localidades,estando suas matrizes situadas no permetro urbano,prximo a comrcios e residncias. Isso deve-se avrios motivos, como fuso de empresas, terrenosoriginais das oficinas da poca dos proprietrios imi-grantes e falta de planejamento a longo prazo parafutura expanso industrial. Todas possuem instala-es industriais e construo civil antigas e obsoletas

    (variando de 15 a 50 anos aproximadamente) e amaioria j possui projeto industrial e terreno para aexpanso da fbrica no prximo milnio. Alegamque s no concretizaram essa nova fbrica antesdevido desacelerao do mercado e dificuldadesque vinham tendo nos ltimos anos, criando umacerta instabilidade quanto s perspectivas para ofuturo.

    Tabela 4. Dados sobre os sistemas produtivos utilizados.

    Nota: C = centralizada; D = descentralizada; misto = (combinao/miscelnea); MTS = produo p/ estoque; ATO = montagem sob encomenda; MTO = produo sob encomenda; ETO = engenharia sob encomenda.

    Quanto ao tipo de arranjo fsico (layout) dasfbricas pesquisadas, pode-se observar que: as empresas 01, 02, 08, 13 e 16 adotam j h

    algum tempo o sistema de clulas de manufa-tura e tambm possuem, em menor percentual,o layout por produto, especificamente nas linhasde montagens;

    as demais empresas possuem ainda alguns seto-res mais antigos, com o arranjo funcional eoutros setores mais novos com arranjo celular;

    a grande inovao nos ltimos cinco anos nestasempresas foi a implementao do layout celularem partes do sistema produtivo, tendo comometa a substituio do arranjo funcional;

    FBRICA(LOCALIZAO)

    SISTEMA DE PRODUOTIPO DE LAYOUT INTERAO COM CLIENTES

    EMPRESA C/D FUNCIONAL PRODUTO CELULAR MISTO MTS ATO MTO ETO01 C X X X X X02 C X X X X03 C X X X04 D X X X X X05 D X X X X06 C X X X07 C X X X X08 C X X X09 D X X X10 C X X X11 C X X X12 C X X X X13 C X X X X14 D X X15 C X X X16 C X X X17 C X X18 D X X X19 D X X X20 C X X X

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  • 30 Junho 1999

    nas empresas 04, 06 e 19, que trabalham num sis-tema sazonal e atendem manuteno dos equi-pamentos das usinas de acar e lcool nasentressafras da cana-de-acar, detectou-seainda um quarto tipo de layout (misto), ou seja,uma mistura dos trs tradicionais (funcional/pro-duto/celular), especfico para reformas de equipa-mentos para usinas de acar e lcool. Quando areforma do equipamento na obra, ou seja, nausina, utiliza-se o layout por posio fixa.

    Quanto s formas de interao entre o sis-tema produtivo e o cliente nas empresas estudadas,observa-se que:

    a maioria das empresas pesquisadas utiliza aforma de produo sob encomenda MTO como cliente salvo as 02, 10, 11 e 17 (empresasque atuam no ramo de autopeas), que utilizama forma de produo para estoque MTS;

    somente as empresas 04, 07 e 12 alm da formade fabricao sob encomenda interagem tam-bm na forma ETO (Engenharia sob Enco-menda), visto que seus clientes quase sempresolicitam equipamentos e/ou produtos especfi-cos (especiais), que necessitam do desenvolvi-mento de um projeto especfico.

    Tabela 5. Recursos tecnolgicos utilizados.

    Dados sobre as tecnologias de produo utilizadas

    Pela tabela 5, pode-se observar que: todas as empresas utilizam mquinas operatrizes

    convencionais e algumas, mquinas automticasespecficas;

    excluindo-se as empresas 02, 04, 15 e 19, todaspossuem um tipo de mquina que utiliza o con-trole numrico computadorizado CNC;

    das 16 empresas que possuem o CNC, somenteseis esto utilizando o controle numrico direto(DNC), ou seja, empregam computadores con-

    TECNOLOGIA

    EMPRESA MQUINAS CONVENCIONAISMQUINAS AUTOMTI-

    CASCNC DNC ROBTICA GT CAE CAD CAM CAPP

    01 X X X X X X X X X X02 X X X X X03 X X X X X X X04 X X X05 X X X X X X X06 X X X X X07 X X X X X X08 X X X X09 X X X X X10 X X X X X X11 X X X X X X X X X12 X X X X X X13 X X X X X14 X X X X15 X X X X16 X X X X X X17 X X X X18 X X X X X19 X X20 X X X

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    trolando simultaneamente mais de uma mquinade controle numrico;

    observou-se tambm baixa utilizao da robticanessas empresas, talvez por trabalharem quasetodas num sistema no seriado ou semi-seriado;

    excluindo-se a empresa 19, todas utilizam osprincpios da Tecnologia de Grupo-GT. Isso tam-bm se explica por sua aplicao se restringir sindstrias produtoras de uma variedade de pro-dutos fabricados em pequenos e mdios lotes dosetor metal-mecnico;

    observou-se alta utilizao dos sistemas CAD/CAM (Projeto e Manufatura Auxiliados porComputador) e baixa utilizao dos sistemas CAE(Engenharia Auxiliada por Computador) (cincoempresas) e CAPP (Planejamento do ProcessoAuxiliado por Computador) (duas empresas);

    no foi encontrado em nenhuma das empresas autilizao de AGV (Veculos Guiados Automati-camente) nem de FMS (Sistemas Flexveis deManufatura), da no constarem da tabela 5;

    das empresas pesquisadas, a 01 a que apre-senta maior quantidade de novas tecnologiasprodutivas. A empresa 19 apresentou pioresnmeros nessa fase da pesquisa.

    Dados sobre sistemas degesto utilizados na produoe na qualidade

    O objetivo principal desse tpico relatar autilizao das tcnicas e sistemas de gesto emprega-dos na produo e relacionados qualidade dasempresas pesquisadas. A tabela 7 apresenta dadosreferentes produo, utilizando-se da escala devalor expressa na tabela 6.

    Tabela 6. Escala conceitual de valor.

    Tabela 7. Tcnicas e sistemas de gesto utilizados na produo.

    ESCALA CONCEITUAL DE VALOR1 No conhece2 Conhece, mas no aplica3 Conhece, pretende aplicar4 Conhece, aplica parcialmente5 Conhece, aplica plenamente

    TCNICAS E SISTEMAS DE GESTO UTILIZADOS NA PRODUOEMPRESA MRP MRP II ERP JIT KANBAN TOC

    01 5 5 4 5 5 502 5 2 2 5 5 503 4 3 2 2 2 504 5 5 2 4 4 405 5 4 3 2 2 206 4 2 1 2 2 107 5 5 2 2 2 208 5 2 3 3 5 409 5 2 1 4 2 210 5 4 1 4 4 411 2 2 3 4 2 412 2 4 1 4 4 113 2 3 1 4 2 314 2 2 1 4 2 1

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  • 32 Junho 1999

    Quanto s tcnicas e sistemas de gesto apli-cados na produo e na qualidade, procurou-serelacionar somente as principais tcnicas e filoso-fias. Os dados referentes qualidade esto resumi-dos na tabela 8, para o que fez-se uso novamenteda escala conceitual expressa na tabela 6.

    Na anlise das tabelas 7 e 8, simultaneamente,destacou-se a nota 5 (conhece, aplica plenamente)para melhor observar as tendncias; verificando-seespecialmente que: as empresas 17, 18, 19 e 20, de menor fatura-

    mento, no esto preocupadas com nenhumadessas tcnicas atuais de gesto de produo oude qualidade, pois sequer pretendem aplic-lasnos prximos anos;

    as consideradas grandes j as aplicam plena-mente ou parcialmente e esto se preparandopara implantao de outras tcnicas mais moder-nas, como o caso do ERP (Planejamento dosRecursos da Empresa), na produo, e o QFD(Desdobramento da Funo Qualidade), na qua-lidade;

    as empresas consideradas mdias esto numafaixa intermediria de aplicao parcial e preo-cupadas com a modernizao do seu sistema degerenciamento como um todo;

    nenhuma das empresas pesquisadas utilizavaplenamente um ERP;

    nove das vinte empresas utilizavam o sistemaMRP (Planejamento das Necessidades de Mate-riais) na sua ntegra;

    somente as empresas 01, 04 e 07 estavam utili-zando o sistema MRP-II (Planejamento dosRecursos de Manufatura), tendo antes utilizadoo MRP. A empresa 01 foi a nica que utilizavaesse sistema de controle integralmente em todasas suas instalaes;

    quanto ao JIT (Just-in-time), somente as empresas01, 02 e 16 alegam empreg-lo na sua ntegra,utilizando uma de suas principais ferramentas, osistema Kanban;

    a teoria das restries (TOC) utilizada integral-mente somente nas empresas 01, 02, 03 e 16;

    observa-se tambm que as empresas 17, 18, 19 e20 no conhecem, ou conhecem mas no apli-cam, nenhuma das tcnicas e sistemas de gestoda produo e da qualidade mencionados nesteartigo;

    QFD no utilizado plenamente em nenhumadas empresas;

    CEP (Controle Estatstico do Processo) e o FMEA(Anlise dos Modos e Falhas e seus Efeitos) seram utilizados plenamente nas empresas 01, 02,10, 11 e 16, que tinham fabricao seriada e semi-seriada. As demais alegam no justificar suas apli-caes devido ao baixo volume e alta diversifica-o das peas;

    quanto ao 5S, sua utilizao e conscientizaoplena ocorria nas quatro empresas consideradasgrandes (01, 02, 03 e 04) e em trs das conside-radas mdias (08, 13 e 16);

    TQC/TQM (Controle da Qualidade Total/Geren-ciamento da Qualidade Total) no foi encontradoimplementado plenamente em nenhuma dasempresas pesquisadas, apenas verificando-se suaaplicao parcial nas empresas 01, 02, 03, 04 e08;

    quanto Certificao ISO srie 9000, as empre-sas 02, 03, 04, 07, 10 e 13 j possuem a ISO srie9001 e as empresas 01, 04, 11 e 16, a ISO srie9002. As empresas 02 e 10, do ramo automotivo,possuem tambm a certificao QS-9000;

    ainda referente certificao as empresas 05, 06,08 e 12 esto em fase de implantao e auditoria.As 09, 14, 15, 17, 18, 19 e 20 foram taxativasem afirmar que no pretendem investir na certifi-cao por enquanto, alegando no ser prioridadeno momento e que sua falta no est afetando asvendas.

    15 2 2 3 2 2 116 5 2 2 5 5 517 2 2 1 2 2 118 2 1 1 2 2 119 1 1 1 2 2 120 2 1 1 2 2 1

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    Tabela 8. Tcnicas e sistemas de gesto utilizadas na qualidade.

    ConclusesUma questo bsica para a anlise e discusso

    dos dados levantados era verificar se existia algumadiferenciao em termos de utilizao das dimen-ses (Tecnologias de Produo, Sistemas de Gestoda Produo e Gesto da Qualidade) em relao aosparmetros (Porte, Ramo de Atuao e Origem) dasempresas pesquisadas.

    Essa anlise foi feita com base em duas vari-veis importantes: a utilizao e a atualizao das tec-nologias produtivas e dos sistemas de gesto daproduo e da qualidade utilizados pelas empresas

    pesquisadas. Adicionalmente, para cada uma dessasduas variveis atribuiu-se os conceitos alta, mdia ebaixa (utilizao e atualizao). Esse procedimentode anlise est sintetizado na tabela 9.

    Observa-se atravs da tabela 9 que existe umainfluncia acentuada na utilizao e atualizao dastecnologias produtivas e sistemas de gesto aplicadosna produo e na qualidade em relao aos trs par-metros bsicos de anlise, como porte, ramo de atua-o e origem/procedncia das empresas pesquisadas.

    Comeando pelo porte da empresa, ficou evi-dente que quanto maior seu porte, maior a intensi-

    TCNICAS E SISTEMAS DE GESTO UTILIZADOS NA QUALIDADE

    EMPRESA CEP FMEA QFD 5S TQC/TQM ISO 9000QS 9000

    01 5 5 3 5 4 5 9002

    02 5 5 4 5 4 59001, QS9000

    03 2 2 1 5 4 5 9001

    04 2 5 1 5 4 5 9001/900205 2 4 1 2 2 306 2 3 1 3 3 3

    07 2 4 1 3 3 5900108 2 2 1 5 4 309 2 4 1 4 2 2

    10 5 5 1 4 35

    9001QS9000

    11 5 5 2 4 3 5 900212 2 4 1 2 3 3

    13 4 3 1 5 3 5900114 3 1 1 4 3 215 2 2 2 3 3 2

    16 5 5 2 5 3 5 900217 2 2 1 2 2 218 2 1 1 3 2 219 2 1 1 2 2 220 2 1 1 2 2 2

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  • 34 Junho 1999

    dade de utilizao e atualizao das dimensesestudadas. Tambm o faturamento mdio por funcio-nrio por ano est diretamente relacionado ao tama-nho das empresas pesquisadas. Nesse caso especfico,as empresas consideradas de porte grande possuemem mdia US$ 138.100,00, enquanto as mdias epequenas possuem, respectivamente, US$ 73.200,00e US$ 35.400,00.

    O ramo de atuao das empresas pesquisadasfoi subdividido em trs setores bsicos: mquinasagrcolas, elevao de cargas e movimentao dosolo; autopeas; e equipamentos para as usinas deacar e lcool e equipamentos hidrulicos.

    Analisando-se pelo ramo de atuao nos setores(mquinas agrcolas, elevao de cargas e de movi-mentao do solo e autopeas), observa-se a alta utili-zao e atualizao das dimenses estudadas, bemcomo a alta faixa de faturamento por funcionrio porano, variando de US$ 100.900,00 a US$ 120.000,00.O mesmo no ocorre no terceiro ramo de atuao(equipamentos para as usinas de acar e lcool eequipamentos hidrulicos), em que o faturamento porfuncionrio anual relativamente menor, com nveismdios de US$ 63.700,00. As empresas que atuam

    nesse ramo no se destacam nem na utilizao nem naatualizao dessas dimenses estudadas.

    J no terceiro parmetro de anlise, origem daempresa, as evidncias de que o capital estrangeiroinflui diretamente na utilizao e atualizao das tec-nologias e tcnicas de gesto so claras, pois asempresas multinacionais (em total de quatro) foramclassificadas como de alta utilizao e atualizao e,como j citado anteriormente, possuem mdia deUS$ 136.700,00 de faturamento por funcionrio/ano. J as empresas nacionais possuem faturamentomdio de US$ 68.800,00 e ocupam posio mdiaem relao utilizao e atualizao das tecnologiase sistemas de gesto.

    A situao fica mais crtica nas empresas nacio-nais consideradas familiares, isto , aquelas em queainda existe um domnio centralizado nos propriet-rios originais, os quais em sua maioria ainda desco-nhecem muitas tecnologias e sistemas atuais degesto empresarial, e no priorizam nenhuma dastrs dimenses estudadas neste artigo. Essas empre-sas esto numa faixa mdia de faturamento por fun-cionrio/ano de aproximadamente US$ 38.000,00 eapresentam baixa utilizao e atualizao das dimen-ses estudadas.

    Tabela 9. Fatores relevantes das dimenses estudadas em relao a alguns parmetros das empresas pesquisadas.

    Onde: A = atualizao; U = utilizao

    INDSTRIA METAL-MECNICA DE PIRACICABA

    PARMETROSFATURAMENTO FUNCIONRIO/

    ANO (US$ MIL)

    DIMENSES ESTUDADASTECNOLOGIAS PRODUTIVAS

    SISTEMAS DE GESTO DAPRODUO QUALIDADE

    A* U* A* U* A* U*PORTE

    DAEMPRESA

    Grande 138,1 Alta Alta Alta Alta Alta AltaMdio 073,2 Mdia Mdia Baixa Alta Baixa AltaPequeno 035,4 Baixa Baixa Baixa Baixa Baixa Baixa

    RAMODE

    ATUAO

    Mquinas agrcolas, elevao de cargas e movimentao do solo

    120,0 Alta Alta Alta Alta Alta Alta

    Autopeas 100,9 Alta Alta Alta Alta Alta AltaEquipamentos para usinas de acar e lcool e equipamen-tos hidrulicos

    063,7 Mdia Mdia Mdia Mdia Mdia Mdia

    ORIGEMDA

    EMPRESA

    Multinacional 136,7 Alta Alta Alta Alta Alta AltaNacional 068,8 Mdia Mdia Mdia Mdia Mdia MdiaNacional familiar 038,0 Baixa Baixa Baixa Baixa Baixa Baixa

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  • REVISTA DE CINCIA & TECNOLOGIA 13 35

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  • 36 Junho 1999

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  • REVISTA DE CINCIA & TECNOLOGIA 13 37

    Tecnologia e Crescimentoda Firma: o Casodas Empresas de

    Desenvolvimento deSoftware do Rio de JaneiroTechnology and Firm Grow: the Rio de Janeiro Software Enterprises

    BEATRIZ DE CASTRO FIALHOUniversidade Federal do Rio de Janeiro

    [email protected]

    JOS ARNALDO DEUTCHERUniversidade Federal do Rio de Janeiro

    [email protected]

    RESUMO Atravs do estudo de caso de trs empresas de desenvolvimento de software do Rio de Janeiro, este trabalhoprocura destacar alguns aspectos relevantes ao estudo das pequenas e mdias empresas, diante do esgotamento do modelotaylorista-fordista de organizao e da emergncia de novos paradigmas tecno-econmicos e organizacionais. Diante danatureza especfica das pequenas empresas, nosso argumento principal que o entendimento da dinmica de crescimentoe das caractersticas especficas aos setores e s pequenas empresas tem importantes implicaes, tanto (i) para futuros estu-dos sobre a dinmica setorial e o crescimento, formas de organizao, processo de inovao e de aprendizagem desses tiposde empresas quanto (ii) para aspectos de polticas pblicas de corte setorial (apoio e incentivos), considerando-se todavia ocontexto econmico, poltico, social, institucional e a dinmica tecnolgica em que se inserem as empresas.Palavras-chave: crescimento de empresas gesto organizao empresas de software.

    ABSTRACT Through a study case of three small software firms, this paper highlights some important aspects related to thestudy of medium and small enterprises facing the emergence of new techno-economics and organizational paradigms.Considering the specific nature of the small firms, our argument is that, the understanding of the dynamics of growth andof the specificities of small firms and of their sectors, has important implications as much (i) to future studies about the sec-torial dynamics and about the growth, forms of organization, process of innovation and learning of this kind of firm, as (ii)to public policy related to mechanisms of support and incentive, considering the social, economic and political enviromentand the technological dynamics in which these firms are inserted.Keywords: firm growth management organization software business.

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  • 38 Junho 1999

    Introduo

    omo observou Julien (1993:153), as pequenas e mdias empresas tm sido vistas pela teoria econ-mica, de forma geral, como pouco importantes, especialmente porque tais firmas tm uma existnciaapenas transitria e diretamente subordinada s grandes empresas na diviso internacional do trabalho

    (...). No entanto, isto no as torna menos importantes analiticamente em relao s grandes empresas; pelocontrrio, leva a uma necessidade de se procurar entender porque algumas pequenas e mdias empresasmorrem, permanecem em seus negcios ou crescem, tornando-se empresas de maior porte.

    Durante o perodo 1950-1975 de predominncia do modelo produtivo de massa e organizao dotrabalho taylorista-fordista , levando-se em conta as diferenas e assimetrias entre os pases capitalistas,pode-se dizer que foi mantido um certo grau de estabilidade e crescimento econmico nesses pases. Mesmoassim, j nos anos 60, percebia-se a limitao dessa combinao; os aumentos de produtividade comeavam ase estabilizar e a entrar em trajetria decrescente (Lipietz, 1987:159). queda de produtividade somou-se oaumento da instabilidade no mercado financeiro internacional, a volatilidade do mercado consumidor e umanova composio deste.

    A partir da dcada de 80, buscou-se identificar os fatores responsveis pelo esgotamento do paradigmafordista de produo e todo o arcabouo institucional que sustentava e interagia com ele. Percebeu-se que ofenmeno no poderia ser reduzido pura e simplesmente a relaes de causa e efeito; e que, portanto, a crisedeveria ser analisada dentro de um escopo maior, abrangendo fatores econmicos, sociopolticos e culturais,tanto no plano nacional quanto internacional (Lipietz, 1987; Harvey, 1992; e Ferraz et al., 1992).

    Segundo Lorino (1992:27-28), a compreenso das limitaes do paradigma taylorista-fordista (comomodelo de organizao da produo) e das mudanas subseqentes, passa pela anlise dos limites da arquite-tura tcnico-organizacional (abrangendo os sistemas de gesto, recursos humanos, sistemas de informao,equipamentos e fluxos de materiais e objetos) sobre a qual o paradigma operava, levando-se em consideraoos fatores ambientais e institucionais que comportava a arquitetura tcnico-organizacional do paradigmataylorista-fordista.

    No tratamento dessas questes podemos destacar duas dimenses de anlise: o nvel macroeconmico(mais agregado) e o nvel microeconmico, nos quais interagem elementos de carter social, poltico, econ-mico e tecnolgico. Em vista disto, deixamos claro que nosso objeto de estudo , especialmente, o nvelmicroeconmico, isto , a empresa enquanto forma de organizao econmica empenhada na produo debens e servios.

    De tal modo que nosso olhar abrange a influncia das transformaes por que passam os sistemas tc-nico, poltico, social e econmico sobre a capacidade de competir e alcanar posio lucrativa em relao concorrncia e de manter (sustentar) essa posio. Considerando, sobretudo, as diferenas intersetoriais e osdiferentes ambientes tecno-econmicos nos quais as firmas operam.

    Segundo Possas (1993:4), a questo da competitividade abrange tanto o mbito das empresas (nvelmicro) quanto o mbito dos sistemas econmicos nacionais e internacionais (nvel macro). Em relao a esteltimo, Possas (1993:6) identifica trs nveis de fatores sistmicos de competitividade: (i) os que estimulam acriao e consolidao de um ambiente competitivo; (ii) os que provm externalidades, compreendendo con-dies de infra-estrutura (transportes, energia e comunicaes, educao bsica e qualificao da mo-de-obra para os atuais perfis tecnolgicos); e (iii) os fatores associados s polticas tipicamente macroeconmicase de fomento e promoo.

    Em um mercado voltil no qual questes como qualidade; prazo de entrega; comprometimento;grau de diferenciao; capacidade de inovao (introduzir novos produtos e/ou processos com uso comer-cial); e grau de customizao passam a ocupar a mesma importncia que o preo , passa-se a observar todoum movimento de reestruturao produtiva e organizacional em termos de empresas.

    C

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  • REVISTA DE CINCIA & TECNOLOGIA 13 39

    A competitividade, no caso da dimenso empre-sarial, associa ao novo paradigma tecno-econmico asreestruturaes tecnolgica e produtiva, organizacionale de gesto das empresas (Possas, 1993:4). Isto porquetodos esses elementos fazem parte da nova configura-o das estratgias, da organizao e dos modelos pro-dutivos das empresas, no s internamente comotambm em relao a fornecedores, canais de distribui-o e consumidores. Dentro desse panorama, pode-sedestacar alguns elementos: necessidade de gerenciar a inovao tecnolgica

    e a capacitao dos recursos humanos; mudanas organizacionais e gerenciais (traba-

    lho, sistemas e ferramentas de gesto, relaoempresa/cliente e empresa/fornecedor);

    coordenao e composio da fora de trabalho(autonomia, multifuncionalidade, gesto partici-pativa, qualificao, motivao, comprometi-mento);

    estratgias de competio baseadas na qualidade,prazo de entrega, preo, parcerias, networking ede diversificao e customizao dos produtos eservios;

    Paralelamente, essas mudanas nos ambientesmicro e macroeconmicos de competio abran-gem tambm mudanas no mercado e nas relaesde trabalho, tanto pelas exigncias do setor produ-tivo quanto pelas mudanas institucionais, como areduo do Estado de bem-estar social a partir dadcada de 80.

    Portanto, o que se percebe que o movimentode reestruturao produtiva desenvolvido desde ofinal da dcada de 70, especialmente nos pasesdesenvolvidos, abrange diversos elementos, comonovos modelos produtivos (processos e organiza-o), novas tecnologias, novos padres de competi-o, que trazem como demanda sobre a fora detrabalho novos requisitos de qualificao e compe-tncia, novas relaes de trabalho, novas formas deorganizao. Esses modelos e formas de organizaoesto, em grande medida, associados emergnciade novas tecnologias de base microeletrnica, assimcomo de novas prticas gerenciais e formas de orga-nizao do trabalho.

    Assim, sendo objeto deste estudo as pequenase mdias empresas, a preocupao aqui recai sobrecomo tais mudanas (no ambiente tecno-econ-

    mico, novas formas de organizao do trabalho, sis-temas de gesto etc.) influenciam as trajetrias eestratgias de crescimento dessas empresas. A nfasenas pequenas empresas explica-se pela necessidadede se procurar entender melhor as variveis, osmecanismos e as interaes que levam as pequenasempresas a terem existncia tempo-espao transit-ria, ou no.

    Este trabalho compreende quatro sees. Aprimeira aborda a questo das pequenas e mdiasempresas frente emergncia de novos paradigmastecno-econmicos e as mudanas na organizao dotrabalho, demandas de qualificao; empregabili-dade, flexibilizao e precarizao das relaes detrabalho. A segunda seo apresenta a metodologiautilizada para a realizao do estudo de caso. A ter-ceira traz os resultados do estudo de caso, e suainterpretao. A ltima seo destina-se conclusoe consideraes finais.

    Discusses: referencial tericoPME e novos paradigma tecno-econmicos

    Nesta seo apresentamos (i) algumas das mu-danas ocorridas a partir da emergncia de um novoparadigma tecno-econmico, que alteram (ii) as for-mas de organizao da produo, do trabalho e asformas de gesto; (iii) dando destaque, em particu-lar, aos impactos dessas mudanas sobre as peque-nas e mdias empresas

    Em relao ao primeiro aspecto, como expos-to na seo anterior, o modelo taylorista-fordista,paradigma da produo capitalista dominante espe-cialmente a partir da dcada de 50, caracterizava-sepor: execuo em massa de produtos padronizados,economias de escala, especializao das tarefas, divi-so do trabalho, centralizao e hierarquizao dasdecises dentro da empresa, comunicao verticalentre os diversos departamentos, e burocratizaodos procedimentos internos s organizaes. Assim,partilhava-se, especialmente, uma viso mecanicistae racionalizadora do processo produtivo e da orga-nizao da empresa. Contudo, j no final dos anos60 percebeu-se que tal modelo de organizao daproduo e do trabalho no mais se adequava aoambiente econmico e de competio das empresas.

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  • 40 Junho 1999

    O processo de reestruturao produtiva, espe-cialmente a partir dos anos 70, marcado por umambiente de incerteza e volatilidade nos mercadosconsumidores e financeiros, em um processo de acir-ramento do processo de globalizao econmica e dacompetio entre firmas; novas formas de organiza-o do trabalho e prticas gerenciais, alm de novosmodelos de organizao e gerenciamento da produ-o. Passou-se a perceber a necessidade de se tratar aempresa como um sistema de atividades integradas, edirimir as resistncias da estrutura hierrquica e cen-tralizada do modelo taylorista-fordista em direo aestruturas organizacionais com menos nveis hierr-quicos, com comunicao horizontal. Isto , perse-guiam-se agora estruturas mais flexveis que dessemconta do ambiente de incerteza e da rapidez dasmudanas tecnolgicas e organizacionais.

    possvel se dizer que essas mudanas confi-guram a emergncia de um novo paradigma tecno-econmico, que vem sendo denominado de especia-lizao flexvel ou acumulao flexvel,1 em que separte para reduzir a rigidez das formas de controle eestrutura; organizao do trabalho do paradigmaanterior; mudam-se as qualificaes em direo multifuncionalidade do trabalhador; a adequaodos equipamentos a novos mtodos, simultanea-mente aos avanos tecno-cientficos; alterao dasnormas e padres vigentes