urbanização e teoria v 1999
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Nestor Goulart Reis Filho
URBANIZAO E TEORIA
Contribuio ao estudo das perspectivas atuaispara o conhecimento dos fenmenos de urbanizao
Tese apresentada ao concurso para provimento daCtedra no22 !ist"ria da #r$uitetura %%& daFaculdade de #r$uitetura e 'rbanismo da'niversidade de (o )aulo*
(o )aulo #bril de +,-.
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.++*/0+R2..ue*+
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+ 1 presente trabalho foi elaborado para ser apresentado como tese
no concurso para provimento da Ctedra no 22 !ist"ria da
#r$uitetura %%& da Faculdade de #r$uitetura e 'rbanismo da
'niversidade de (o )aulo*
2 Com ele procurouse proceder a um balano das possibilidades
eplicativas das principais orienta3es te"ricas eistentes&
para o estudo dos fenmenos de urbanizao& tendo em vista as
tend4ncias urban5sticas e ar$uitetnicas mais recentes*
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SUMRIO
%NTR16'781 vii
% #ntecedentes !ist"ricos +
%% Teorias (obre #spectos Restritos 6a 'rbanizao .
%%% Teorias com 9iso de Con:unto dos #spectos (ociais da
'rbanizao 2+
%9 Teorias com 9iso de Con:unto dos #spectos ;spaciais da
'rbanizao 6urante a )rimeira > /.
9 # Renovao dos ;studos 'rban5sticos e #r$uitetnicos no
Terceiro ?uartel do (=culo >> .@
C1NCA'(B;( +2@
%A%1GR#F%# +D+
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INTRODUO
;speramos contribuir para o estudo das perspectivas atuais do
conhecimento dos fenmenos de urbanizao& se:a procedendo a um
balano das possibilidades eplicativas das correntes te"ricas e
metodol"Eicas predominantes na primeira metade do s=culo >>& se:a
procurando caracterizar as novas correntes em formao& neste terceiro
$uartel do s=culo sobretudo as propostas relativas aos aspectos
espaciais da orEanizao urbana se:a ainda pondo em desta$ue as
implica3es dessas novas correntes& em n5vel social e espacial& assim
como as perspectivas por elas abertas*
;speramos& desse modo& favorecer tamb=m o conhecimento de
aspectos de importncia do cap5tulo mais recente da !ist"ria da
#r$uitetura Contempornea e da ;voluo 'rbana& bem como da forma pela
$ual v4m sendo encaminhadas& na atualidade& as solu3es de alEuns de
seus problemas*
Tanto as possibilidades eplicativas das vrias correntes de
interpretao dos fenmenos de urbanizao& como as contribui3es mais
recentes no terreno ar$uitetnico e urban5stico no t4m sido ob:eto de
estudos mais etensos& em nmero satisfat"rio* Tratase& portanto& de
um campo no $ual novos trabalhos& mesmo de enverEadura limitada& como
este& podem trazer alEuma contribuio e $ue& ao mesmo tempo apresenta
ineEvel interesse te"rico e prtico*
;m primeiro luEar& = necessrio esclarecer a forma pela $ual
foram relacionadas& neste trabalho& as partes em $ue so tratados os
aspectos sociais e espaciais da urbanizao& bem como as contribui3es
ar$uitetnicas e urban5sticas mais recentes* ;m estudos anteriores& :
tivemos oportunidade de caracterizar nosso ponto de vista seEundo o
$ual consideramos a urbanizao com o um processo social e de afirmar
nossa convico de $ue em um $uadro emp5rico determinado os fenmenos
de urbanizao s" podem ser compreendidos em toda a sua siEnificao&
$uando se conhecem as suas bases sociais* No plano te"rico& isso se
traduz pelo reconhecimento da necessidade de um interrelacionamento
claro e definido entre os es$uemas de eplicao da$ueles fenmenos&
$ue surEiriam como abordaEens complementares de um mesmo con:unto de
fatos e bases para a elaborao de uma teoria Elobal da urbanizao&
com carter cient5fico* orEanizao espacial de um ncleo urbano
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entendida como varivel dependente& relacionada a uma orEanizao
social& sobre a $ual influi sendo $ue esta = tamb=m& por sua vez&
varivel dependente& cu:o conhecimento implica no seu relacionamento
ao sistema social ao $ual est referida*
#ssim& o conhecimento dos vrios es$uemas eplicativos dos
aspectos espaciais da urbanizao& predominantes na primeira metade
deste s=culo& deve ser acompanhado de um delineamento& mesmo sumrio&
do $uadro das principais correntes de interpretao dos aspectos
sociais* 6a mesma forma& a eposio das novas perspectivas $ue se
abrem atualmente ao n5vel dos problemas espaciais deve ser
complementada por uma viso das transforma3es $ue se processam
na$uele $uadro& bem como das implica3es $ue sobre o mesmo devem ter
os conhecimentos $ue v4m sendo acumulados com o empreEo da$uelas
perspectivas*
)or outro lado se& no passado& as solu3es ar$uitetnicas podiam
ser eaminadas com relativa independ4ncia dos elementos de orEanizao
urbana& a tend4ncia atual para a sua estreita e rec5proca vinculao*
# orientao predominante nas correntes mais importantes da primeira
metade deste s=culo : era a de $ue a renovao da ar$uitetura estaria
na depend4ncia de uma reorEanizao das estruturas urbanas& de forma a
ade$ulas as condi3es de vida da sociedade industrial* ;sses
princ5pios foram o tema do conEresso internacional de ar$uitetura
moderna de +,DD e foram sistematizados em um dos documentos mais
importantes da ar$uitetura contemporneaH a Carta de #tenas* Todavia&
a forma pela $ual foram orEanizados os primeiros pro:etos de con:untos
urbanos& com essa orientao& substituindo o sistema de ruas e $uadras
por Erupos de edif5cios isolados& permitiu ainda o aparecimento de
tentativas de realizao de obras ar$uitetnicas desvinculadas de
planos urban5sticos& em completa contradio com as bases te"ricas do
movimento*
#s eperi4ncias mais recentes e as propostas te"ricas surEidas
ap"s a (eEunda Guerra
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#ssim& o eame das novas propostas urban5sticas implica no eame
simultneo das propostas ar$uitetnicas mais recentes e o estudo das
possibilidades eplicativas dessas novas contribui3es& para o
conhecimento dos fenmenos de urbanizao& torna recomendvel& seno
indispensvel& a sua comparao com as vrias correntes deinterpretao dos aspectos sociais da mesma*
1 tema representava& para n"s& a retomada de um assunto :
tratado sob outras perspectivas* Trabalhos anteriores haviam
propiciado oportunidades para o desenvolvimento de estudos sobre
problemas te"ricos e metodol"Eicos da ;voluo 'rbana* Tanto na tese
apresentada em concurso de livredoc4ncia na Faculdade de #r$uitetura
e 'rbanismo da 'niversidade de (o )aulo& em +,-/& como no preparo das
aulas da disciplina $ue ministramos no curso de p"sEraduao de
!ist"ria da #rte e #r$uitetura da mesma instituio& em +,-@ como na
elaborao de comunicao apresentada ao L(eminrio sobre Crit=rios de
;ncaminhamento do )lane:amento Territorial da ReEio da Cidade de (o
)auloL& realizado pelo %nstituto de #r$uitetos do rasil
6epartamento de (o )aulo& na$uele mesmo ano& pudemos constatar e
apontar a eist4ncia de limita3es $ue nos pareceram Eraves& nas
perspectivas te"ricas& de uso corrente& para o estudo dos fenmenos de
urbanizao*
1ra& as propostas ar$uitetnicas e urban5sticas mais recentes&
surEidas paralelamente em pa5ses diferentes& deiam transparecer se
bem $ue nem sempre de modo epl5cito preocupa3es de ordem
semelhante* 'ma primeira anlise do material permitiunos constatar
$ue a$uelas propostasH
+M revelam um constante interesse pelas bases sociais da orEanizao
espacial urbana& se:a pelo reconhecimento da importncia e da
diversidade das suas cone3es funcionais& se:a pela re:eio de
solu3es abstratas& no referidas a contetos emp5ricosdeterminados
2M levantam problemas& como os de crescimento e mudana $ue no podem
ser reEistrados pelas perspectivas anteriores& evidenciando&
assim& as suas limita3es
DM conseEuem estabelecer uma troca mais intensa e ordenada entre
constru3es te"ricas e verifica3es emp5ricas& procurando ordenar
as atividades prticas e os conhecimentos& seEundo procedimentos
sistemticos& de carter cient5fico*
Tal constatao convenceunos do interesse e da conveni4ncia de
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se proceder& com base nesses elementos& a um balano cr5tico das
perspectivas te"ricometodol"Eicas atrav=s das $uais a urbanizao tem
sido encarada no decorrer deste s=culo& a fim de determinar com
seEurana os caminhos $ue ora se abrem para o conhecimento cient5fico
da urbanizao*
Contudo& o interesse intelectual por problemas de urbanizao
no = um fenmeno recente* #s primeiras manifesta3es documentadas
nesse sentido remontam& praticamente& oriEem da !ist"ria e
compreendem muitas vezes& epl5cita ou implicitamente& posi3es
te"ricas cu:a importncia no pode deiar de ser ressaltada* )ara a
abordaEem tradicional& a cidade era um todo& $ue inteErava no s"&
aspectos espaciais& mas tamb=m sociais* # anlise $ue dela resultava
no conseEuia e& o $ue = mais importante& no pretendia
desvincular uma ordem da outra& produzindo vis3es Elobais da
urbanizao& de tal modo $ue um es$uema de cidadeideal* por eemplo&
era J um tempo soluo espacial e pol5ticosocia%*
Todavia& essa abordaEem padecia de uma falta de sistematizao
$ue destru5a sua possibilidade de atinEir um aprofundamento ade$uado J
eplicao cientifica* No momento em $ue o crescimento acelerado dos
centros urbanos contemporneos veio se transformar em um problema de
primeira importncia& novas formas de eplicao tiveram $ue ser
encontradas* # tarefa dos te"ricos& a partir do s=culo >%>& passou a
ser eatamente a busca de modos cient5ficos de conhecimento do mundo
urbano* ;ntretanto& tal aperfeioamento foi acompanhado por um
desmembramento da realidade seEundo perspectivas especializadas e
estreitas& $ue se intensificava J medida $ue se constatavam novas
facetas dessa realidade* ;sse fracionamento de interpretao de um
mesmo Erupo de fatos correspondia& na maioria dos casos& a uma
diferenciao de m=todos e t=cnicas de investiEao* #ssim& surEiriam
disciplinas ou ci4ncias como a GeoErafia 'rbana ou a 6emoErafia& com
especial interesse por alEuns aspectos da urbanizao& mas $ue& pela
pr"pria definio de seu ob:eto& no podiam compreender a totalidade
da urbanizao na sua siEnificao mais ampla*
)aralelamente a essa tend4ncia J especializao& estruturamse
neste s=culo as duas formas de abordaEem $ue oferecem a possibilidade
de conhecimento sobre os aspectos de con:unto dos fenmenos de
urbanizaoH de um lado as $ue analisam suas confiEura3es sociais e&
de outro& as $ue tomam por ob:eto suas confiEura3es espaciais& ou
se:a& os estudos urban5sticos* Cumpre por=m& realar ainda uma vez $uemesmo nesses casos o isolamento mtuo das interpreta3es social e
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espacial viria a conduzir a um empobrecimento da teorizao em ambos
os setores e implicaria numa contradio pois uma perspectiva no pode
ecluir a outra e ambas se completam* #ssim& por eemplo& a corrente
racionalista& ao :ustificar suas proposi3es urban5sticas& pretendia
demonstrar sua maior efici4ncia para a reordenao da sociedadeindustrial& com o apoio de instrumentos sociol"Eicos $ue podem ser
considerados como pertencentes aos s=culos >9%% e >9%l%* )arecenos
poss5vel afirmar $ue o desenvolvimento do conhecimento cientifico& na
medida em $ue est levando a uma compreenso mais estruturada e
racional da realidade total dos fenmenos de urbanizao& tende tamb=m
a uma permuta de conhecimentos entre essas duas ordens de eplicao e
a uma converE4ncia de seus es$uemas interpretativos*
#p"s a (eEunda Guerra
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sobre a urbanizao at= fins do s=culo >%>& os precedentes de
importncia do per5odo& tentando principalmente por em desta$ue a
perspectiva pela $ual a urbanizao foi encarada durante s=culos e
contrastala com a mudana te"rica ocorrida a partir da$uela =poca* No
cap5tulo %% sero rapidamente eaminadas as teorias sobre aspectosrestritos da urbanizao& desenvolvidas a partir dos fins do s=culo
>%>& tendo em vista apenas a evid4ncia de suas limita3es ou da forma
pela $ual contribu5ram para o conhecimento da urbanizao como um
con:unto ordenado de fatos*
Nos cap5tulos %%% e %9 sero epostas as principais correntes de
interpretao& $ue oferecem a possibilidade de uma viso de con:unto
dos aspectos sociais ou espaciais da urbanizao* 1 ob:etivo = antes
verificar as perspectivas $ue podem ser estabelecidas para a
compreenso desses fenmenos& tomando eemplos siEnificativos das
correntes eistentes& do $ue a descrio de todas as teorias* #ssim&
mesmo as posi3es te"ricas tomadas como eemplos no sero descritas
em mincias& mas consideradas e caracterizadas apenas en$uanto
perspectivas para o estudo da urbanizao& sem $ue suas
particularidades se:a indicadas& tarefa : realizada por outros
autores e $ue& sem dvida& pela vastido& fuEiria as propor3es de um
trabalho como este*
No cap5tulo 9& o ltimo& procuramos proceder a um balano da
renovao dos estudos urban5sticos e ar$uitetnicos neste terceiro
$uartel do s=culo >> e demonstrar $ue suas caracter5sticas podem ser
focalizadas de modo mais ade$uado com o arcabouo conceitual da nova
corrente de interpretao& em formao& na mesma =poca& entre os
estudos sobre os aspectos sociais da urbanizao& : caracterizada no
final do cap5tulo %%%*
?uanto J forma de eposio& optamos por um es$uema $ue permite
manter a linha Eeral de eplicao sem nos determos em detalhessecundrios* ;vitamos a repetio de elementos : tratados pelos
principais autores da mat=ria& procurando apenas complementar o teto
com refer4ncias biblioErficas fre$Pentes& de forma a indicar as
fontes de $ue procuramos nos valer& em cada caso* No cap5tulo 9& as
refer4ncias& mais fre$Pentes& t4m por ob:etivo situar os dados
principais utilizados para a caracterizao das eperi4ncias atuais*
# biblioErafia foi orEanizada seEundo a normalizao da
6ocumentao no rasil& da #ssociao rasileira de Normas T=cnicas&
publicada pelo %nstituto rasileiro de iblioErafia e 6ocumentao& em
+,QD* No $ue se refere Js cita3es de autores estranEeiros adotamos o
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crit=rio de apresentalas traduzidas para o portuEu4s o $ue& salvo
indicao em contrrio& foi feito por n"s*
#inda uma ressalva = necessria* Nossa formao em Ci4ncias
(ociais poderia deiar entender uma familiaridade com todos os
aspectos destas& o $ue& de fato& no ocorre* (e bem $ue o contato com
a mat=ria nos tenha facilitado as investiEa3es nos terrenos
interdisciplinares& nosso ob:etivo tem sido sempre o de utilizar tais
recursos apenas como vantaEem para a pes$uisa no campo para o $ual
sempre estivemos voltados*
6a mesma forma& certos problemas a$ui tratados tocam de perto o
campo da FilosofiaH so os referentes J coer4ncia interna das
constru3es te"ricas sabre os aspectos sociais e espaciais da
urbanizao* Tratase& apenas& de tentativas de esclarecer nossa reade conhecimento e a utilizao $ue por vezes fizemos& de instrumentos
conceituais de reas diversas encontra amparo pelo menos na esperana
$ue nutrimos& de $ue os pes$uisadores da$uelas faias venham colaborar
no esforo para o esclarecimento de $uest3es $ue caem sem dvida& em
terreno interdisciplinar& mas $ue no podem permanecer indefinidamente
sem alEuma definio& sem pre:u5zo para os trabalhos*
#o tratar com material da atualidade e procurar enfrentalo com
uma abordaEem em formao& tivemos em vista comprovar a eist4ncia de
novas perspectivas e caracterizalas* (eu desenvolvimento constituir
tema para outros trabalhos* Com este apenas esperamos& de alEuma
forma& contribuir para o conhecimento das propostas urban5sticas e
ar$uitetnicas mais recentes e para o conhecimento das $uest3es
te"ricas e metodol"Eicas liEadas ao seu estudo*
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I - ANTECEDENTES HISTRICOS
# 1R%G;< 61( ;(T'61( (1R; 'R#N%#781
#s mais antiEas observa3es sobre problemas relativos J
urbanizao& das $uais se tem conhecimento& surEem no terceiro mil4nio
antes de Cristo& na
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romanas& com tal orientao& $ue se estende por $uase um mil4nio&
conservouse apenas& como obra escrita o tratado de 9itrvio L6e
#rchitectura Aibri 6ecemL datado provavelmente da =poca de #uEusto&
atrav=s do $ual = poss5vel conhecer o Erau de elaborao te"rica*
alcanado na antiEPidade*
6urante a %dade
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metr"poles como nas suas colnias& favoreceu o amadurecimento te"rico
e prtico dos processos tradicionais de orEanizao urbana* #o chamado
urbanismo maneirista e barroco& corresponde& assim& al=m dos es$uemas
sempre mais elaborados& das cidadesnovas+D& uma s=rie de espl4ndidos
con:untos ar$uitetnicos e paisaE5sticos& atrav=s dos $uais se tentavaintroduzir disciplina entre as constru3es particulares e um pouco da
natureza dominada e ordenada pela mo do homem no meio urbano+/* No
$uadro das tend4ncias racionalistas& $ue predominavam em todos os
setores do conhecimento& nessa =poca& a ordem pol5ticosocial sobre a
$ual se apoiavam essas realiza3es& os estados nacionais com monar$uia
absoluta& e caracterizada e :ustificada em obras como L0 AeviatO de
Thomas !obbes+@e a ordem espacial = entendida como representando o
ideal cartesiano+-& persistindo as liEa3es com os modelos formais de
oriEem Erecoromana*
Com a %lustrao& essa perspectiva assume formas mais compleas*
1s es$uemas estticos& de oriEem seiscentista& seletivos em relao Js
fontes do passado valorizando apenas a antiEPidade clssica como uma
idade de ouro& $ue era necessrio recuperar so ultrapassados $uando
o desenvolvimento dos estudos de !ist"ria p3e em evid4ncia a
continuidade desta+.* # transformao implicou& ao mesmo tempo& na
incluso de uma nova constante nos estudos sobre urbanizaoH a
preocupao com o sentido e as etapas da evoluo urbana* 6a5 pordiante a escolha dos modelos poder recair sobre $ual$uer eemplo do
passado ou proposio para o futuro e no = por acaso $ue as
interpreta3es dessa =poca t4m sido consideradas como dividindose
entre passadistas e futuristas*
1 papel reservado J burEuesia europ=ia = ampliado* (chorsUe
observa+Q$ue& para 9oltaire& a cidade moderna deveria constituir& por
suas virtudes de liberdade& comercio e arte& um eemplo de
racionalidade na ordem social e espacial* Nos escritos deste& como nos
de #dam (mith& ela = a oriEem do proEresso e da ri$ueza das na3es* 1s
valores pol5ticos& econmicos e culturais t4m uma oriEem comumH o
respeito da cidade pelo talento+,ele op3e os Erandes centros modernos
$ue& como Aondres& representam a proteo J mobilidade social&
+D R1(;N#'& op.cit.+/ G%;6%1N& op.cit.+@ !1;(& T* Aeviathan*+- C!%CX&
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contra as sociedades hierar$uicamente cristalizadas ao mito da
L%dade de 1uroL do passado& com oriEens EreEas ou crists 20* #o mesmo
tempo& as anlises de Rousseau representam sem dvida o primeiro passo
de importncia no sentido de uma reviso das bases racionalistas de
interpretao das rela3es entre homem e sociedade2+
e das rela3esentre homem e natureza* 6esse modo& os primeiros passos do
desenvolvimento industrial foram acompanhados por um alarEamento do
campo dos estudos sobre urbanizao& nos $uais& por=m& apenas se
deiava perceber uma discreta consci4ncia da maEnitude das
transforma3es $ue estavam ocorrendo*
Revoluo %ndustrial
# revoluo industrial implicou& : no in5cio do s=culo passado&
em altera3es radicais na urbanizao dos pa5ses mais desenvolvidos&
determinando o aumento da rede urbana e da populao dos ncleos
urbanos& numa escala at= ento desconhecida* #s tens3es sociais e
pol5ticas $ue caracterizam esse processo e a superao dos $uadros
espaciais preeistentes& provocam o surEimento de importantes
correntes de anlise& de cr5tica e mesmo de re:eio das condi3es
presentes de urbanizao* %mpunhase& no caso& uma tomada de
consci4ncia em relao Js novas propor3es assumidas pelos fenmenos
urbanos nas reas mais industrializadas* Chevalier mostra22 como na
Frana dessa =poca so desenvolvidos os primeiros trabalhos de
enverEadura& no campo da demoErafia e da estat5stica& como recursos
para o conhecimento do meio urbano franc4s e sobretudo do parisiense*
1s resultados dos primeiros censos deiavam de ser ob:eto de interesse
apenas para estudos de Eabinete& inteErandose na literatura e
tornandose& sob vrias formas& de dom5nio pblico*
)odese dizer& com alEuma aproimao& $ue durante a primeira
metade e meados do s=culo passado& as rea3es em relao Js condi3es
de vida nos ncleos urbanos da sociedade industrial tenderam a se
orientar seEundo duas dire3es principais* 6e um lado as cr5ticas de
fundo romntico& re:eitando em alEuns casos a industrializao& em
outros as condi3es de vida urbana mais intensa& ou ainda& o pr"prio
sistema econmico e pol5tico* ;ssas correntes& influenciadas sobretudo
pelo movimento literrio romntico& no cheEavam a propor alternativas
20 L;les [#do e ;vaM no conheciam a indstria ou o prazerH isto = virtude^ No&pura iEnorncia* (C!1R(\;& op.cit.p*,.*
2+
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para a orEanizao urbana& limitandose $uase eclusivamente& J
condenao dos aspectos mais frEeis da sociedade da =poca e J
valorizao do passado2D* Nesse caso& a L%dade de 1uroL a ser
recuperada& : no era mais a #ntiEPidade& como ocorrera durante a
influ4ncia classicista& mas transferiase para a %dade
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Todo um con:unto de interpreta3es sobre os fenmenos da cidade
industrial poderia ser inclu5do nesta relaoH outras formas de
utopia& as cr5ticas de literatos e pensadores& as condena3es de
pol5ticos ou a interpretao po=tica e plstica de artistas como os
pintores impressionistas ou como audelaire* (ua enumerao& por=m&no viria acrescentar novos es$uemas eplicativos& mas& apenas outras
formas de aplicao dos : mencionados* # evoluo das teorias da
urbanizao estava na depend4ncia do desenvolvimento das Ci4ncias
(ociais e da renovao dos estudos de #r$uitetura e somente entraria
em nova fase nos ltimos anos do s=culo >%> e inicio do atual*
```
#ssim& at= o s=culo >%>& os estudos sobre urbanizao estavambaseados sobretudo em elementos de valor e& por suas caracter5sticas&
implicavam em interpreta3es simultneas dos aspectos sociais e
espaciais correspondentes*
Todavia& sem um tratamento cientifico sistemtico& apresentavam
limita3es cu:a superao teria $ue aEuardar o desenvolvimento das
Ci4ncias (ociais e a renovao dos estudos ar$uitetnicos e
urban5sticos*
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II - TEORIAS SOBRE ASPECTOS RESTRITOS DA URBANIZAO
1 etraordinrio desenvolvimento das cidades e o crescimento da
rede urbana ocorridos durante o s=culo >%> determinariam o despertar
de um interesse novo pela realidade do mundo urbano entre diferentes
ramos do saber* (ob a presso de problemas prticos de diversas ordens
tais como de enEenharia urbana& de hiEiene e administrao pblica
viria a se desenvolver& a partir do inicio do s=culo& uma s=rie de
estudos $ue teriam em vista& no a urbanizao propriamente dita& mas
fenmenos carater5sticos das reas urbanas*
# realizao desses estudos siEnificou a primeira tentativa
deliberada e sistemtica de afastar estes fenmenos do plano das
aprecia3es abstratas e valorativas& nas $uais a cidade era
identificada como a oriEem do bem e do proEresso ou do mal e da
decad4ncia2Q& para submetelos a uma anlise ob:etiva* Na procura de um
conhecimento de cunho cientifico& criaramse novos m=todos e t=cnicas
de investiEao& mas isto se fez Js custas de uma crescente separao
entre as diferentes perspectivas& correspondendo a um eaEerado
fracionamento da interpretao de um mesmo con:unto de fatos*
#o mesmo tempo& surEiriam tamb=m os primeiros trabalhos de
reconstruo hist"rica sobre a urbanizao& $ue se concentrariam na
anlise dos padr3es alcanados em =pocas e reEi3es determinadas& sem
se proporem a uma abordaEem inclusiva da urbanizao*
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problema*
GeoErafia 'rbana
)elo volume das contribui3es e pelo n5vel de elaborao
te"rica& = poss5vel $ue o setor mais desenvolvido& na anlise dosaspectos restritos da urbanizao& se:a& no presente& o da GeoErafia*
'rbana* (eu ob:etivo = a descrio das transforma3es operadas na
paisaEem& como decorr4ncia dos fenmenos de urbanizao& tanto em
seus aspectos particulares& como nos estruturais& e o condicionamento
$ue os fatores EeoErficos eercem sobre os estabelecimentos humanos2,*
asicamente& os estudos EeoErficos procuram focalizar os
fenmenos urbanos seEundo dois aspectos principaisH os estruturais e
os funcionaisD0* 1s problemas de posio dos ncleos no espao so
caracterizados seEundo os conceitos de situao referente J posio
na reEio e s5tio referente J posio no local em $ue o ncleo se
instala* #teno especial = dada ao con:unto dos ncleos a rede
urbana superando& dessa forma& os inconvenientes do estudo de casos
isolados* #s atividades dos habitantes so captadas com recurso ao
conceito de funo urbana Tratase& no caso& de fun3es LeternasL&
isto =& dos ncleos em relao ao eteriorD+& como politico
administrativas& reliEiosas& econmicas& sanitrias ou educacionais*
#lEuns pes$uisadores da GeoErafia 'rbana como o Erupo de
Chombart de Aaue& em )arisD2 t4m conseEuido eplorar alEuns aspectos
da ;coloEia 'rbana& desenvolvendo novas t=cnicas de investiEao&
tomandose dif5cil determinar& com clareza& em $ual dos campos se
situam seus trabalhos& de m=rito indiscut5vel* ;ssa ao
interdisciplinar vai se tornando mais fre$Pente& em funo do
desenvolvimento alcanado pela GeoErafia 'rbana& em comparao com
outros setores voltados para o mesmo campo* ineEvel portanto $ue
essa& em $ue pese a sua perspectiva mais restrita& tem contribu5do de
forma emp5rica e te"rica para o esclarecimento dos problemas urbanosDD*
2, # escola representada pelo canadense Grifith TaSlor defende a eist4ncia de umdeterminismo EeoErfico absoluto& tanto para a oriEem como para o desenvolvimentodos ncleos& ou se:a& pretende fornecer as eplica3es causais para os fenmenosurbanos& apenas em termos EeoErficos*T#_A1R& Thomas Grifith GeoErafia urbana traducci"n de %smael #ntich* arcelona&1meEa& +,@/*
D0 # GeoErafia urbana tomou emprestados J ioloEia alEuns elementos de suaterminoloEia e conceituao* ;m termos de uma ci4ncia descritiva& a transposiomostrouse at= a$ui& amplamente satisfat"ria* 9er& a prop"sito& C!#1T& GeorEes* Aesvilles* Da ed* )aris& Colin& +,@Q*
D+ F;RN#N6;(& Florestan Fundamentos emp5ricos da eplicao sociol"Eica* (o )aulo&Cia* ;d* Nacional& +,@,*
D2 A#'K;& )*!* Chombart de& et alii )aris et lOaElom=ration parisienne* )aris&
)resses 'niversitaires de France& +,@2*DD Tamb=m no rasil& o $uadro de Ee"Erafos de nmero e em n5vel elevado& temproduzido uma biblioErafia fundamental para o conhecimento da urbanizao do pa5s*6o mesmo modo& alEumas eperi4ncias de colaborao entre Ee"Erafos e ar$uitetos& tem
Q
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6emoErafia
6emoErafia& o meio urbano interessa como um de seus campos
fundamentais* )ara a determinao das caracter5sticas das popula3es
seu ob:etivo no poderia iEnorar uma rea onde essas apresentam
traos especiais e $ue vai sendo& em pa5ses cada vez mais numerosos& o
local onde vive a maioria dos habitantes* # pr"pria oriEem da
6emoErafia est liEada aos problemas urbanos* # maEnitude e o nmero
das $uest3es enEendradas no meio urbano pela industrializao e sua
novidade em relao Js eperi4ncias anteriores da humanidade& levaram
ao desenvolvimento& durante o ltimo s=culo& desse instrumento de
conhecimento de carter $uantitativo e em larEa escala* 1s in$u=ritos
realizados na$uela =poca na %nElaterra e na Frana e os primeiros
recenseamentos tinham por escopo reunir as informa3es necessrias
para orientar as a3es de reorEanizao e o controle das modifica3es
operadas nos centros industriais* Com o passar dos tempos& esse tipo
de investiEao foi se constituindo em um corpo cientifico coerente*
Na %nElaterra& realizamse os primeiros in$u=ritos sistemticos sobre
as condi3es de vida das classes trabalhadoras e sobre os problemas de
sade pblica& sobretudo com as iniciativas de ChadicUD/* Na Frana as
investiEa3es estat5sticas sobre a cidade de )aris& comeam a ser
publicadas em +Q2+& servindo de modelo& dai por diante& para as
pes$uisas empreendidas em todo o paisD@
*
1 meio urbano e o rural constituem duas reas estat5sticas
diversas* Na medida em $ue tem de estabelecer uma diferena entre
ambos& a 6emoErafia o faz& adotando uma conveno& em Eeral de ordem
$uantitativa& $ue varia de acordo com o pais* No
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procedimento& perfeitamente vlido para o conhecimento dos fatos
demoErficos& tornase amplamente insatisfat"rio se aplicado ao eame
dos aspectos bsicos da urbanizao uma vez $ue eistem aElomera3es
com populao superior J$ueles limites& mas sem outras*
caracter5sticas urbanas $ue esto presentes muitas vezes em outras comnmero de habitantes abaio delesD.* #l=m disso apresenta um risco
te"rico de vulto& $ual se:a& o de $ue se tome a urbanizao como um
fato de ordem $uantitativa*
# 6emoErafia desenvolveu um m=todo de coleta de dados $ue
asseEura uma base emp5rica de primeira ordem para estudo de uma s=rie
de problemas* 'm eemplo siEnificativo = o seu empreEo para avaliao
da tend4ncia J urbanizao na sociedade contempornea a ocorr4ncia
deste processo s"& pode ser verificada de forma ade$uada& atrav=s da
pes$uisa demoErfica*
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#s condi3es adversas em $ue foram instaladas as massas rec=m
cheEadas da zona rural& nas velhas cidades europ=ias& ultrapassando de
muito os limites anteriores destas ou& em seEuida& nas cidades
norteamericanas& surEidas ou desenvolvidas com rapidez semelhante
provocaram em vrios setores rea3es antiurbanas e interpreta3es dourbanismo como forma de decad4ncia biol"Eica& social& e mesmo
cultural* ;sse antiurbanismo passadista& sem maior base te"rica e
emp5rica& conseEuiu reunir& sob prismas diversos& correntes de
importncia& entre as $uais se incluem praticamente a totalidade dos
pensadores inEleses/0e americanos/+$ue ento se ocuparam do assunto&
com fiEuras to destacadas como Iohn RusUin e Killiam
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dos centros urbanos e $ue& por isso mesmo& passam a receber ateno
por parte dos investiEadores dos s=culos >%> e >>* Nessa cateEoria
podem ser inclu5dos assuntos como os 5ndices de alcoolismo& de
criminalidade e prostituio*
;m funo das novas condi3es e eiE4ncias da sociedade
industrial& a pr"pria estrutura pol5ticoadministrativa dos ncleos
urbanos = reeaminada* indiscut5vel $ue $uanto aos elementos bsicos
um eecutivo [o prefeitoM e um leEislativo [a cmaraM o es$uema
administrativo no = colocado em $uesto* No funcionamento e nos
detalhes& por=m& os orEanismos sofrem completa reformulao e
diferenciaoH ad$uirem novas atribui3es e sofrem amplia3es e
especializa3es& $ue os tornam& nos eemplos de maior importncia&
mais compleos $ue os estados nacionais dos s=culos anteriores* 6isso
resulta& evidentemente& uma literatura $ue procura abordar o problema
sob seus diferentes prismas& inclusive o dos conflitos de :urisdio&
$ue t4m constitu5do um dos maiores "bices ao amadurecimento das
administra3es das reas urbanas*
# maior diversidade nos temas abordados = encontrada no setor
voltado para o estudo dos problemas sociais restritos* #s dificuldades
de inteErao de uma parcela considervel de indiv5duos nas
comunidades urbanas mais populosas e as diversas formas de
desorEanizao social decorrentes& constitu5ram o ob:eto de uma rea
importante da (ocioloEia norteamericana& conhecida como L)atoloEia
(ocialL* (ua finalidade = o eame das causas dos comportamentos
sociais no en$uadrados nos padr3es correntes& $ue so considerados
como patol"Eicos e o estudo das medidas necessrias ao combate a essas
manifesta3es* #inda $ue seu desenvolvimento constitua uma
contribuio para o conhecimento de problemas importantes da vida
urbana& a forma pela $ual esse conhecimento se orEaniza est baseada
no pressuposto de perfeio das caracter5sticas da sociedade estudada
e na conveni4ncia de reduo de todos os comportamentos aos padr3es
positivamente* sancionados por ela* Na prtica isto se traduz por um
eacerbado conservantismo pol5tico e pela represso a todas as
diferencia3es& mesmo $ue representem um esforo de adaptao a novas
condi3es de vida* (eus defensores liEamse fre$Pentemente Js
correntes antiurbanas e saudosistas $ue v4em o meio urbano como um
fator de desorEanizao social e consideram as Erandes aElomera3es
como uma ameaa aos velhos $uadros culturais* Concluem& portanto& $ue
a melhor Earantia para a manuteno dos valores ameaados = a reduo
dessas aElomera3es a uma rede de pe$uenas* unidades de vizinhana&
+2
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aldeias& semelhantes a par"$uias com servios sociais e escola
dominical onde a restaurao dos contatos primrios/D permita um
controle mais eficaz do Erupo sobre o indiv5duo e um combate J
LcorrupoL* 1 proEresso& dessa forma& pode ser avaliado em
$uilmetros de esEoto e nmero de policiais& mas iEnoramse as suascausas estruturais*
'm outro aspecto dos problemas sociais limitados = o $ue se
refere J importncia da evoluo do 6ireito para o desenvolvimento da
cidade& especialmente no 1cidente* Nesse sentido& = preciso lembrar a
contribuio de !enrS (umner
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1 habitante da cidade Erande est submetido a um fluo
ininterrupto de impress3es& tanto eternas $uanto internas* (ua
caracter5stica psicol"Eica central = a intensificao da vida nervosa&
$ue decorre desse fluo* # partir de tal constatao& (immel
constituir sua anlise dos modos de interao social no meio urbano*L1 tipo metropolitano/,desenvolve um "rEo contra o desenraizamento de
$ue o ameaam a fluidez e os contrastes de seu ambiente eterno* ;le
reaEe com a cabea e no com o coraoL@0*
;sse carter racional de seu comportamento se manifesta em
diversos fenmenos particulares* #ssim& as Erandes cidades t4m sido
sempre a sede da economia monetria* 1 homem puramente racional =&
indiferente a toda realidade individual e& da mesma forma& o dinheiro
nivela toda $ualidade& propondo apenas $uest3es de $uantidade* #o
ideal da ci4ncia& $ue = transformar o mundo em uma s=rie de f"rmulas
alE=bricas& corresponde a eatido da vida prtica& com os traos da
Oeconomia monetria& do $ue = um s5mbolo a difuso do uso do rel"Eio*
L1s mesmos fatores $ue se cristalizaram numa estrutura da mais
elevada impessoalidade provocam& por outro lado& uma sub:etividade
altamente pessoalL@+ como proteo LJ individualidadeL e LJ liberdade
pessoalL* 1 habitante da Erande cidade& LblasWL& tornase insens5vel
Js diferenas entre as coisas e ad$uire uma atitude reservada& $ue
proteEe a sua inteEridade* )or outro lado& os traos individuais& para
subsistir& so eaEerados*
# anlise percuciente e a coer4ncia te"rica do estudo de (immel
no conseEuem disfarar as suas principais limita3es* 1s ob:etivos
$ue define para o estudo da cidade no $uadro da (ocioloEia aos $uais
se colocam s=rias restri3es deiam de marEem alEuns Erupos de
problemas* fundamentais da urbanizao e a forma pela $ual orEaniza
teoricamente a sua eperi4ncia torna dif5cil a verificao emp5rica de
suas afirma3es* #lEumas vezes Eeneraliza observa3es $ue talvezcaibam apenas a certos Erupos sociais urbanos* #ssim& = discut5vel $ue
a atitude Lblas=L caracterize mais os Erupos suburbanos das Erandes
metr"poles do $ue as camadas mais abastadas de pe$uenas cidades* (eu
es$uema tem as vantaEens da universalidade& isto =& aplicase J cidade
em Eeral e no a alEuns casos particulares& contudo& suas observa3es&
Erosso modo& tendem a focalizar apenas alEuns fenmenos
contemporneos& aos $uais op3em um $uadro mais ou menos difuso& onde
devem ser inclu5dos o mundo rural com caracter5sticas fias e
/, ;ntendido a$ui como o habitante da Erande cidade*@0 (%
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homoE4neas todas as sociedades de LfolUL e toda urbanizao at= a
revoluo industrial*
(immel = indiscutivelmente um clssico entre os te"ricos da
urbanizao* (ua influ4ncia se eerceu& de modo mais direto& sobre
(penEler e& atrav=s dele& sobre amplos setores& especialmente a teoria
ecol"Eica*
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1s estudos europeus& pelo contrario& so marcados pelo seu
sentido de !ist"ria* # consci4ncia do carter de transformao dos
fenmenos $ue ocorrem na rede urbana : antiEa de s=culos como
resposta a industrializao conduziu os autores europeus a conferir& a
seus trabalhos& a forma de estudos de problemas de oriEem e evoluodos modelos $ue tomam por ob:eto* # cidade seria considerada como um
con:unto de fatos socialmente orEanizados e& de modo Eeral& sua causa
apontada como sendo uma ou outra instituio* 6esse ponto de vista& a
eplicao de um fenmeno consistiria na determinao de sua oriEem@-*
#ssim& procurouse encontrar& em situa3es correntes& a instituio
$ue estava na oriEem da urbanizao e& a partir dessa& a forma pela
$ual& como conse$P4ncia hist"rica e loEicamente se orEanizaram as
demais* #o fazer o estudo de um caso& : se colocava& portanto&
impl5cita ou eplicitamente& uma $uesto sobre a oriEem da
urbanizao*
;ntendese& pois& $ue os estudos europeus sobre os fenmenos de
urbanizao tenham sido orientados para constru3es te"ricas com
enfo$ue restrito& mesmo $uando esses fenmenos eram entendidos como um
con:unto orEanizado* Tal = o caso principalmente dos estudos de
Foustel de CoulanEes sobre a cidade antiEa Erecoromana& de Glotz
sobre a cidade EreEa e de !enri )irenne sobre a cidade medieval*
)rocurando eaminar a oriEem e o desenvolvimento da urbanizao
na #ntiEPidade& no $ue se refere ao mundo Erecoromano Foustel de
CoulanEes toma como ponto de partida as institui3es reliEiosas@.* ;le
afirma $ue nas sociedades aErrias pr=urbanas a orEanizao social
tinha por base a fam5lia& onde o patriarca era o sacerdote* 6esse
modo& ao se constitu5rem as fratrias e as tribus reuni3es
respectivamente de fam5lias e fratrias conservavamse as bases de
parentesco para a definio dos Erupos& $ue so& ao mesmo tempo&
reliEiosos e sociais* ?uando& finalmente& ocorre uma reunio de
tribus& tornase necessria a construo de um templo comum& dando
oriEem& assim& J cidade& cu:a funo bsica = a de local de culto@Q*
;ssa forma de eplicao procura pr em desta$ue o fato de $ue
na #ntiEPidade a cidadania era& em cada localidade& um atributo dos
membros de determinados Erupos de parentesco& sendo& portanto&
eclusiva em relao ao eterior* ;ssa caracter5stica $ue somente
viria a desaparecer na cidade medieval e renascentista do 1cidente@,&
@- # importncia desse trao foi destacada por
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estava presente& tamb=m& nas cidades do 1riente& onde a definio
social dos indiv5duos se fazia de acordo com os cls de oriEem e no
seEundo o local de resid4ncia*
;sse aspecto esclarecedor da obra de CoulanEes = realizado&
por=m& s custas de alEumas distor3es& $ue devem ser mencionadas* ;m
primeiro luEar& a acumulao de informa3es& nos anos posteriores& nos
permite elucidar melhor uma s=rie de aspectos hist"ricos& $ue
contrariam o seu es$uema de evoluo* 'm dos mais importantes parece
ser o conhecimento de $ue provavelmente as sociedades pr=urbanas da
bacia do
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urbanizao* ;le p3e em desta$ue o fato de $ue a rede urbana& $ue no
cheEa a desaparecer& no velho Continente e sobretudo na rea do
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+,
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III - TEORIAS COM VISO DE CONJUNTO DOS ASPECTOS SOCIAIS DAURBANIZAO
1s fenmenos de urbanizao podem ser encarados como um
con:unto& seEundo dois modos fundamentaisH considerandoos em suas
confiEura3es sociais e em suas confiEura3es espaciais* Cada um deles
tem em vista um Erupo determinado de aspectos do processo de
urbanizao* (ua separao somente deveria ocorrer para anlise& sem
se perder de vista $ue constituem n5veis diversos de interpretao de
um s" con:unto de dadosH $ual$uer elemento espacial = dotado de
siEnificao social e a vida social& no meio urbano& no tem a
possibilidade de se orEanizar sem uma estrutura espacial $ue a limita
e por ela mesma = enEendrada e transformada em resposta Js suas
caracter5sticas*
provvel mesmo& $ue Erande parte das dificuldades $ue so
enfrentadas atualmente pelos estudos de urbanizao em cada um dos
n5veis referidos& se:a devida ao seu isolamento artificial* No
momento& por=m& tornase necessrio eaminar as vrias propostas
te"ricas& nas condi3es em $ue surEiram& isto =& separadamente*
Neste cap5tulo& esperamos eaminar as teorias sobre aspectos
sociais $ue pretendem estabelecer uma perspectiva de con:unto sobre os
fenmenos de urbanizao e tentar avaliar as suas possibilidades e
limita3es como recursos interpretativos* Nosso ob:etivo no =
proceder a um inventrio das diferentes contribui3es& mas reEistrar
as alternativas te"ricas bsicas atrav=s de alEuns eemplos
selecionados*
#s contribui3es te"ricas& nesse sentido& de acordo com osestudos realizados nos vrios pa5ses e as orienta3es metodol"Eicas
seEuidas pelas diferentes escolas& encaminhamse seEundo duas
correntes principaisH a sociol"Eica e a ecol"Eica--*
-- 1ptamos por essa forma de diviso das correntes te"ricas no campo social& em luEar das solu3es maiscomuns de separao entre tend4ncias sociol"Eicas europ=ias e norteamericanas& $ue nos parece menos
eata* #inda $ue a ;coloEia deva ser considerada como um m=todo dentro das Ci4ncias (ociais& =reconhec5vel a tend4ncia da primeira corrente de incluir como tema de estudos um con:unto de proposi3este"ricas evitado pelos ec"loEos sempre mais apeEados aos resultados da aplicao de um m=todo maisrestrito*
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+ # C1RR;NT; (1C%1AXG%C#
1s estudos te"ricos sobre urbanizao& no campo da (ocioloEia&
se bem $ue se:am numerosos& nem sempre alcanam Erande profundidade*
Na maior parte dos casos& limitamse a estender Js cidades& ou Jrelao entre cidade e campo& a aplicao de constru3es te"ricas de
sentido mais amplo* Nessa cateEoria poderiam ser inclu5das as
observa3es de autores to variados e destacados como
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a essas afirma $ue o tamanho& pelo $ue inclui como pessoas e pelo
$ue eclui como formas de contatos primrios no basta por si s"&
para definir uma cidade*
)assa portanto a observar as caracter5sticas econmicas& como a
natureza das atividades de seus moradores e a sua diversidade ou a
eist4ncia e a importncia de um mercado permanente destaca a
diferena entre as cidades de produtores e de consumidores& e a
importncia da fortaleza como proteo para o mercado*
# partir desse ponto& a preocupao de Keber parece ser a de
estabelecer correlao entre Erupos de fatores& pondo em evid4ncia as
caracter5sticas de sistema& dos ncleos urbanos& como a eist4ncia de
uma economia pr"pria* 1 tipo de relao da cidade& suporte da
indstria e do com=rcio& com o campo& fornecedor de meios desubsist4ncia& constitui parte de um compleo de fenmenos $ue se
denominou Leconomia urbanaL* # cidade = uma associao econmica com
propriedade territorial& com economia pr"pria& com receita e despesa e
com uma pol5tica econmica da associao en$uanto tal* %sso nos mostra
$ue o conceito de cidade tem $ue ser acomodado a outra s=rie de
conceitos& al=m dos econmicosH os pol5ticos* #penas no sentido
pol5ticoadministrativo pode corresponder* Js cidades um territ"rio
urbano* # cidade deve ser uma associao autnoma em alEum Erau& uma
aElomerao com institui3es pol5ticas e administrativas especiais*
portanto& nesse sentido& tamb=m uma forma especial de fortaleza e de
Euarnio* # esse prop"sito& Keber utiliza os estudos de
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participassem* No passado& esses direitos $ue definem a comunidade
urbana eram normalmente privil=Eios estamentais* #s propriedades
pol5ticas peculiares da comunidade urbana apareceram portanto apenas
com a presena de um estrato especial& um novo estamentoH o burEu4s*
6esenvolvendo observa3es no mesmo sentido $ue !enrS
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dos valores e dos aspectos da vida mental caracter5sticos do meio
urbano* )ara Keber& a (ocioloEia consiste no estudo das a3es sociais&
em termos dos seus siEnificados para as partes envolvidas..* 6esse
modo& as caracter5sticas s"ciopsicol"Eicas so inteEradas na teoria
eberiana& $ue se apresenta como mais inclusiva e complea e maiseficaz do $ue a de (immel e seus continuadores*
Tendo constitu5do um tipo ideal de cidade& Keber caracteriza a
sua hist"ria como uma converE4ncia para um modelo $ue considera o mais
completoH a cidadeestado do Renascimento& onde estariam presentes
todas as suas caracter5sticas*
1s outros cap5tulos de seu trabalho so dedicados J aplicao
desse es$uema te"rico Js vrias =pocas da hist"ria& de modo a
verificar as confiEura3es assumidas pela cidade sob diferentescondi3esH a cidade medievorenascentista& a cidade pleb=ia& bem como
a importncia para a sua formao das diferenas entre a democracia
antiEa e medieval*
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assunto& a teoria toma a cidade como o ob:eto de seu estudo e& dessa
forma& toma a parte [cidadeM pelo todo [a urbanizaoM e a
conse$P4ncia [a comunidade urbanaM pela causa [o processo de
urbanizaoM* ;m decorr4ncia cheEa a caracterizar um tipo ideal de
comunidade urbana e localizar no tempo o modelo $ue dele mais pr"imoesteve& como sendo o renascentista* vlida& a partir disso& a
concluso de
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# nova orientao te"rica tinha por base uma transfer4ncia para
o plano das comunidades urbanas e suas rela3es com o meio
circundante& dos m=todos de investiEao desenvolvidos pela ;coloEia&
no estado de fenmenos da mesma ordem& no campo da ioloEiaQD*
)rocuravase conhecer a distribuio& no espao& das caracter5sticasassumidas pelas comunidades humanas em decorr4ncia dos esforos de
adaptao desenvolvidos por seus membrosQ/*
1 ob:etivo de )arU era estabelecer uma perspectiva $ue pudesse
oferecer um mimo de possibilidades para o desenvolvimento de
verifica3es emp5ricas& afastando& o $uanto poss5vel& os problemas de
valores* )ara isso& considerava em primeiro n5vel& a comunidade& com
um con:unto de rela3es vitais& biol"Eicas& ou subsociaisQ@mantidas
pelo Erupo com o meio estas eram para ele as rela3es pass5veis de
avaliao $uantitativa e ob:eto de estudo da ecoloEia* ;m outro n5vel&
considerava a sociedade& com seus elementos culturais e um con:unto de
fenmenos sociais com implica3es de valor e& por isso& ob:eto de
menores preocupa3es de sua parteQ-* ;ssa atitude o aproimava
claramente das posi3es empiristas ainda $ue no houvesse completa
coincid4ncia de pontos de vista
'ma comunidade se:a uma cidade ou uma parte dela =& para
ele& Luma unidade eternamente orEanizada no espao e produzida por
suas pr"prias leisLQ.* (uas anlises partem do princ5pio de $ue ela
mant=m um e$uil5brio com o meio& nas mesmas condi3es $ue eiste um
e$uil5brio vital nas comunidades biol"Eicas* Tornase poss5vel& dessa
forma& caracterizala como um con:unto de tens3es em e$uil5brio*
# ecoloEia toma como um dado da realidade o aErupamento de
pessoas no espao e define esse fenmeno como LnaturalL QQ* 1s limites
f5sicos da comunidade no espao determinam uma Lrea natural&LQ, no
QD # epresso foi criada por !aecUel& no s=c* >%>& para indicar o estudo da economia das comunidades
animais e veEetais em suas rela3es com o meio ambiente& no $ual eiste um e$uil5brio vital* K;AA(& !*G*et alii* 1 drama da vida* traduo de
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sentido de $ue decorre sobretudo da competio LnaturalL entre os
indiv5duos e entre& os Erupos funcionaisH assim como dos esforos de
adaptao ao ambiente da cidade,0* #s reas naturais& no dizer de )arU&
so o produto das foras $ue esto constantemente em ao para efetuar
uma distribuio ordenada de popula3es e fun3es dentro do compleourbano,+*
RodericU
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decad4ncia& ocupadas por cortios e todas as atividades comuns em
reas em deteriorao* 1 terceiro anel corresponderia J faia de
habitao dos trabalhadores& o seEuinte J das resid4ncias das camadas
mais abastadas e& finalmente& o $uinto anel& J faia dos subrbios,@
1 modelo de urEess& criticado com razo& sob vrios aspectos&
sob outros mostrouse de Erande utilidade& para a compreenso dos
problemas de crescimento das cidades* (ua fecundidade pode ser
avaliada pela influ4ncia $ue eerceu sobre os estudos subse$Pentes de
diversos autores,-* ;m +,DD !omer !oSt procedeu a uma reinterpretao
da$uele modelo& procurando eplicar o crescimento dos ncleos como
sendo orientado seEundo setores de c5rculo& cu:a epanso encontraria
apoio nas linhas mestras do sistema de transporte,.*;m +,//& !erman e
;ma !erreS e Constantin )ertzoff propunham tamb=m na mesma linha de
desenvolvimento g a interpretao da$uele crescimento como produto da
aEreEao proEressiva de pe$uenos ncleos& ou se:a& o crescimento
polinuclear,Q*
# esse con:unto de es$uemas& estava diretamente liEado o
conceito da 'nidade de 9izinhana& eposto principalmente por Clarence
#rthur )errS,,* (eu empreEo implicaria na decomposio da populao de
um ncleo urbano em unidades& em $ue pudesse ser restaurada a
preponderncia dos contatos LprimriosL sobre os LsecundriosL+00& $ue
predominam normalmente nos Erandes centros* ;ssa proposio& $ue
pretendia Earantir a inteErao dos moradores J vida dos Erandes
centros& nos mesmos moldes $ue prevalecem nas prov5ncias& parte do
princ5pio de $ue os contatos chamados LprimriosL em (ocioloEia& isto
=& face a face& so Lum aspecto normal do ambiente da sociedade e $ue
o homem tende a deEenerar $uando ele = perdidoL+0+& o $ue no
corresponde J realidade* Conservadora por ecel4ncia& favoreceu e& em
alEuns casos& teria promovido a seEreEao de minorias =tnicas nos
;stados 'nidos& dificultando a sua assimilao J sociedade Elobal*
Representa& sem dvida& uma tentativa de reduzir a metr"pole J
condio de simples somat"ria de ncleos provincianos e corresponde&
em Erande parte& J estrutura paro$uial r5Eida da sociedade norte
,@ 1 es$uema de urEess& amplamente divulEado& = apresentado a$ui apenas de modo es$uemtico* 9er& poreemplo& 'RG;((& ;rnest K* The Eroth of the citSH an introduction to a research pro:ect* inH )#R\& R* ;*et alii* op.cit.p*/.-2*
,- AA;K;A_N& ;*C* V !#KT!1RN& #* op. cit* p*/Q@*,. R%;
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americana do ponto de vista prtico& teria servido no pais de oriEem&
mais a ob:etivos comerciais nos setores de especulao imobiliria& do
$ue a fins cient5ficos+02*
Cr5tica da Teoria ;col"Eica
# teoria ecol"Eica criou condi3es para o aparecimento de nmero
elevado de estudos& com caracter5sticas novas& sobre os problemas de
urbanizao* )or um lado& estes permitem investiEar simultaneamente
aspectos sociais e espaciais& como dados complementares de um mesmo
fenmeno e& por outro& conclus3es com o apoio de verifica3es
emp5ricas em Erande parte de ordem $uantitativa contribuindo
decisivamente para o estabelecimento de bases de natureza cient5fica
nesse campo de conhecimento e alcanando uma relativa independ4ncia em
relao aos problemas de valor* Compreendese& portanto& $ue desses
estudos tenha decorrido um con:unto imenso de informa3es ob:etivas
sobre os diferentes problemas e elementos dos ncleos urbanos*
ineEvel por=m& $ue uma boa parte dessas contribui3es situou
se em n5vel $uase eclusivamente descritivo* 1 pouco desenvolvimento
te"rico $ue apresentam& ser& por certo& decorr4ncia da$uele
primitivismo dos conceitos sociol"Eicos cruciais empreEados& $ue
aponta
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'ma outra forma de limitao de& Erande interesse para n"s
deve ser verificada* # teoria ecol"Eica isola a cidade& como unidade
de estudo& de seu conteto mais amplo& isto =& do processo de
urbanizao e da rede urbana em escala nacional* #inda $ue mais tarde
esse obstculo tenha sido transposto por alEuns autores& ele eistiucomo um fato& no per5odo a $ue estamos nos referindo e a preocupao
dos n=oecoloEistas de superlo constitui a prova mais seEura de sua
eist4ncia+0@*
1bservando o con:unto da$uelas contribui3es& = poss5vel notar
$ue aos poucos os Lestudos de comunidadesL $ue ocuparam a primeira
linha entre os temas das pes$uisas de campo comearam a sofrer um
deslocamento da rea restrita da metodoloEia inicial* para a da escola
funcionalista de estudos sociol"Eicos e antropol"Eicos+0-)reocupados em
alcanar uma viso de con:unto das comunidades estudadas& alEuns
autores procuram eplorar dados de outra natureza& terminando por
escapar aos limites& mais estreitos& do campo ecol"Eico*
Robert Redfield
'm dos casos mais siEnificativos =& por certo& o de Robert
Redfield* 9oltado para os problemas da #ntropoloEia& da $ual utiliza a
metodoloEia e as t=cnicas de investiEao& procede a uma s=rie de
pes$uisas com o ob:etivo de esclarecer alEuns dos problemasfundamentais da teoria ecol"Eica da cidade* ;m seus trabalhos procura
alcanar uma caracterizao do rural e tradicional a sociedade de
LFolUL e de urbano& como modelos ideais e p"los opostos de um
continuum ao $ual poderiam ser referidas& em vrias medidas& as
diversas sociedades* 6esse modo& Los caracteres das comunidades mais
isoladas& poderiam aEruparse para constituir um LtipoL em oposio ao
LtipoL $ue se forma reunindo os caracteres opostos das comunidades
menos isoladasL+0.*
1s caracteres $ue identificam o primeiro LtipoL soH
Lisolamento& homoEeneidade cultural& orEanizao dos entendimentos
convencionais numa s" teia de siEnificados interrelacionados
a:ustamento ao ambiente local carter predominantemente pessoal das
rela3es importncia relativa das institui3es familiares
importncia relativa das san3es saEradas em comparao com as
seculares desenvolvimento da epresso ritual de crena e atitude
+0@ A#
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tend4ncia para $ue muito do comportamento do indiv5duo envolva o seu
Erupo familiar ou loca+L+0Q* # esse polo& estaria oposto o LtipoL da
sociedade urbanoindustrial contempornea& para o $ual tenderiam
a$ueles L$uando eperimentam o contato e a comunicao com a sociedade
urbanizada+0,
*
;m seu trabalho principal& LCivilizao e Cultura de FolUL& onde
essa proposio = melhor desenvolvida& Redfield procede ao estudo de
$uatro comunidades& $ue considera como estEios diferentes dessa
poss5vel evoluo e a partir deles& recorrendo ao m=todo comparativo&
constr"i o seu modelo*
# tentativa de caracterizao do urbano& por contraste com o no
urbano& no constitu5a propriamente uma novidade* #ntes de Redfield
poderiam ser enumerados Keber&
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Aouis Kirth e a Reviso da Teoria ;col"Eica
;m +,DQ& Aouis Kirth publicou um trabalho onde procedeu a uma
cr5tica e reviso da teoria ecol"Eica e a uma tentativa de superao
de suas limita3es* 1bservando $ue& a despeito da importncia da
cidade na civilizao contempornea& o conhecimento $ue temos da
natureza do LurbanismoL++2e do processo de urbanizao = bem pe$ueno&
afirma $ue& en$uanto identificarmos o urbanismo com a entidade f5sica
da cidade& encarandoo como riEidamente delimitao no espao& =
poss5vel $ue no alcancemos uma concepo ade$uada do urbanismo como
modo de vida++D* Retomando o es$uema de Redfield& ele o transfere do
campo da #ntropoloEia utilizvel $uando o interesse est concentrado
no polo cultura de LFolUL para o da ;coloEia 'rbana e para os estudos
sobre os problemas urbanos em Eeral* Como Redfield& procura
caracterizar dois p"los opostos& representando tipos ideaisH de um
lado a sociedade urbanoindustrial tomada como sendo a sociedade
urbana dos pa5ses mais desenvolvidos industrialmente e& de outro& as
sociedades rurais ou de LFolUL& dispondo& com refer4ncia a esses dois
p"los& todos os estabelecimentos humanos& do mundo contemporneo*
Considerando o urbanismo como um modo de vida& oposto ao tribal
e pr=urbano e& a esse prop"sito& realando as insufi4ncias& para a
sua compreenso& dos estudos sobre os aspectos restritos da
urbanizao afirma $ue o mesmo pode ser estudado& empiricamente& de
acordo com tr4s perspectivas interrelacionadasH [aM como estrutura
f5sica& compreendendo uma base de populao& com tecnoloEia e uma
ordem ecol"Eica& [bM como um sistema de orEanizao social& envolvendo
uma estrutura social caracter5stica& uma s=rie de institui3es sociais
e um padro t5pico de rela3es sociais e [cM como um acervo de
atitudes e ideais e uma constelao de personalidades prendendose em
formas t5picas de comportamento coletivo& su:eitos a mecanismos
caracter5sticos de controle social++/*
)rocurando asseEurar as bases ob:etivas do conhecimento em
$uesto& Kirth toma como ponto de partida elementos pass5veis de
verificao emp5rica* #ssim& define uma cidade como um estabelecimento
relativamente Erande& denso e permanente de indiv5duos socialmente
heteroE4neos* Considera $ue apesar das restri3es $ue se possam fazer
a cada uma dessas caracter5sticas& tomadas isoladamente* como capazes
++2 K%RT! utiliza a epresso urbanismo com o sentido de urbanizao em Eeral*++D
K%RT!&op.cit.
p*-D*++/ K%RT!& op.cit.p*.Q* R;%(( mostra $ue esses n5veis correspondem J concepo de K%RT! sobre a(ocioloEia* R;%((& #lbert I* Iunior* (ocioloES as a discipline* inH K%RT!& A* 1n cities and social life*p* i*
D2
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de identificar a cidade& o con:unto = suficiente para servir de
suporte a uma definio e para $ue se procure constituir& a partir
delas& uma teoria*
Considera& por outro lado& $ue os melhores estudos at= ento
realizados os de
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Retomando o estudo de uma comunidade meicana& $ue servira como
ponto de partida para o trabalho de Redfield& Aeis procede a um eame
da validade eplicativa do es$uema e enumera alEuns pontos de cr5tica&
$ue poderiam ser resumidosH
+M 1 es$uema envolve uma conceituao de mudana social $ue focaliza aateno apenas sobre a cidade como fonte de mudana& ecluindo ou
neEliEenciando outros fatores internos ou eternos& aos $uais esto
submetidas as sociedades atrav=s da !istoria& $ue tamb=m so fontes de
mudana*
2M No $ue refere ao polo LfolUL& obscurece as diferenas entre os
modos de vida assim como dos valores dos diferentes povos primitivos e
no $ue se refere ao outro polo& as diferencia3es entre as culturas no
meio urbano*
DM No = um Euia muito eficaz para a pes$uisa& sendo ao mesmo tempo
muito Een=rico pelas raz3es epostas no item anterior e muito
limitado& utilizando cateEorias ecessivamente restritas*
/M #presenta implica3es de valor& de inspirao romntica& mostrando
os primitivos como Lnobres selvaEensL e a sociedade como a oriEem da
desorEanizao*
# fonte mais recente para o eame do assunto so dois artiEos&
E4meos& de 1scar Aeis e )hilip !auser& publicadas como partes de um
cap5tulo de LThe (tudS of 'rbanizationL
++Q
* %lustrando suas conclus3escom informa3es recolhidas em pes$uisas nos pa5ses do 1riente& !auser
termina por considerar as dicotomias urbanorural e sociedade de
folULsociedade urbana& como fontes de etnocentrismo ocidental++,* )or
outro lado& acredita $ue h evid4ncias de $ue ambas as partes da
dicotomia representam variveis confundidas e& de fato& compleos
sistemas de variveis $ue ainda tero $ue ser deslindadas* No $ue se
refere J sua aplicao& levanta uma ob:eo de carter te"rico& ao
lembrar $ue esse tipo ideal no foi usado de acordo com as
recomenda3es de Keber para o uso dos modelos ideais+20 Finalmenteobserva $ue o es$uema tem sido tomado como uma Eeneralizao baseada
na pes$uisa& $uando na verdade& se trata de um instrumento para ser
usado na pes$uisa+2+*
++Q A;K%( V !#'(;R& op. cit.p*/,+ @+.*
++, A;K%( V !#'(;R& op. cit.p* @+/*+20 9er& a prop"sitoH K;;R&
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1s Rumos #tuais da Teoria ;col"Eica
1 eame retrospectivo dos trabalhos de ;coloEia !umana nos
revela $ue seus autores& em face das cr5ticas recebidas& tenderam a
eplorar e a defender uma rea te"rica e emp5rica mais restrita+22* Como
diversos setores das Ci4ncias (ociais& na primeira metade do s=culo
>>& tenderam a focalizar problemas de mbito limitado& afastando& o
$uanto poss5vel& a interfer4ncia emp5rica& das $uest3es te"ricas mais
amplas& aproimandose& em conse$P4ncia& das posi3es empiristas* 1s
ltimos artiEos de )arU e Kirth procuravam mesmo neEar $ue estivessem
tentando construir uma teoria+2D& pois afirmavam $ue La ;coloEia !umana
no = um ramo da (ocioloEia& mas antes uma perspectiva& um m=todo e um
corpo de conhecimentos [***M e& com a )sicoloEia (ocial& uma
disciplina Eeral bsica para todas as ci4ncias sociaisL+2/* Como acentua
Reissmann& Kirth aceita a validade dos m=todos ecol"Eicos& para
descrever a cidade& a populao e a dominncia da cidade sobre o
campoL& mas no aceita a teoria ecol"Eica como a teoria final e
Ltentou conscienciosamente evitar uma completa identificao da teoria
urbana com a ;coloEiaL+2@*
#s obras de alEuns autores mais recentes delinearam por=m um
movimento de reeame das bases e aplica3es da teoria ecol"Eica* ;ssa
N=o;coloEia& como : foi chamada+2-& pretende eercer um papel mais
efetivo do $ue as velhas teorias* ;m +,@0& #mos !aleS publicou L!uman
;coloESL& onde& lonEe de se limitar ao estudo da estrutura espacial
o $ue seria admitir $ue os processos culturais no so manipulveis
pela anlise ecol"Eica defendia o principio de $ue no h
necessidade de separar os fenmenos bio+"Eicos dos culturais e
restrinEia o desenvolvimento da ;coloEia ao estudo da$ueles& pois a
teoria ecol"Eica& como as outras teorias sociol"Eicas& deve envolver
todo o terreno dos fenmenos sociais* )ara ele& La conduta humana em
toda a sua compleidade& = apenas mais uma manifestao do tremendo
potencial de a:ustamento inerente a vida orEnica* #ssim& se
considerarmos a cultura como a totalidade dos padr3es habituais de
ao $ue so Eerais em uma populao e so transmitidos de uma Eerao
para a seEuinte& no eistem& para a ecoloEia humana& outros problemas
$ue a$ueles impl5citos no fato de sua compleidade+2.*
+22 R;%(
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;sses pontos de vista so defendidos e aprofundados por 6uncan e
(chnore+2Q$ue consideram a orEanizao social como o ob:etivo de estudo
ecol"Eico* # orEanizao seria uma propriedade da populao&
resultando do processo de sua adaptao ao meio* 1 compleo ecol"Eico
incluiria como variveis interdependentes o meio& a tecnoloEia e apopulao* #mpliando o es$uema& 6uncan e (chnore incluem& no $uadro
ecol"Eico& al=m da cultura& burocracia& estratificao social& o poder
pol5tico e a mudana social& numa forma de reviso $ue Reissmann
considera como um modo de reescrever os antiEos arEumentos de )arU e
incluir em novas cateEorias e novo vocabulrio os campos eistentes de
interesse sociol"Eico+2,*
;ssa atitude implica& sem dvida& na defesa de um determinismo
de carter biol"Eico& mas& tem sido utilizada& tamb=m& em constru3es
$ue& em alEuns casos aproimamse da rea da #ntropoloEia* o caso
dos estudos sobre os aspectos hist"ricos da urbanizao& de ;ric
Aampard+D0* Reconhecendo a necessidade de referir os dados limitados a
uma anlise Aampard toma como ponto de partida o processo de
urbanizao& no $ue considera como uma macroanlise* #mplia portanto
o $uadro de anlise ecol"Eica& mas confirma& em Erande parte& as
cr5ticas de Reissmann*
# amplitude dessas pol4micas& $ue continuam em curso& revelada
pela fre$P4ncia e pela importncia das contribui3es& se por um lado
mostra a eist4ncia do $ue se poderia considerar como uma crise das
teorias de urbanizao& tem servido& como por certo continuar a
servir& para o aperfeioamento do instrumental te"rico dispon5vel e
para a consolidao das bases emp5ricas do conhecimento dos fenmenos
urbanos*
D # F1R
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sociol"Eica& da diferenciao entre uma abordaEem sincrnica e uma
abordaEem diacrnica*
No primeiro caso& $ue inclui a maioria das contribui3es
te"ricas conhecidas& a cidade = tomada como um sistema em e$uil5brio*
1s problemas te"ricos vo Eirar ou em torno das possibilidades de ser
estabelecida uma conceituao de cidade $ue a diferencie de outras
cateEorias de aElomerao e $ue inclua& ao mesmo tempo& as diversas
formas de cidade conhecidas como nos estudos de
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mais ampla da urbanizao* ;sta = considerada como um processo
definido no $uadro hist"rico& como uma forma particular de interao
humana e de relacionamento entre homens e meio* )ara )hilip !auser&
Lparece claro $ue a emerE4ncia e o desenvolvimento da cidade so
necessariamente uma funo de $uatro fatoresHaM 1 numero de populao total
bM 1 controle do meio natural
cM 1 desenvolvimento tecnol"Eico& e
dM desenvolvimento na orEanizao socialL+D2*
Nesses fatores = poss5vel reconhecer as $uatro variveis bsicas
do Lcompleo ecol"EicoL meio& populao& tecnoloEia e& orEanizao
social utilizadas correntemente pelos mesmos autores& com fre$P4ncia
no eame de problemas mais restritos+DD*
# Contribuio de ;ric Aampard
Com perspectiva te"rica e metodol"Eica semelhante& ;ric Aampard
desenvolve& como historiador& uma anlise do $ue considera como os
macro problemas+D/da urbanizao& conseEuindo apresentar uma das mais
amplas e bem fundamentadas vis3es de con:unto : alcanadas nesse
campo& com um estudo lcido sobre os problemas de oriEem e natureza da
urbanizao e sobre os mecanismos de sua evoluo
)ara esse autor& La urbanizao pode ser considerada como a
componente orEanizat"ria da capacidade de adaptao ad$uirida por uma
populaoL e& por isso mesmo& no = universal nem uniforme #ntes& =
poss5vel afirmar $ue a LErande diversidade das eperi4ncias de
urbanizao refora o fato de $ue a concentrao de populao tem
sido& em todas as partes& um processo adaptativoL+D@* # urbanizao
seria& portanto& um modo mais eficiente de adaptao das sociedades a
determinadas condi3es do meio natural e uma vez estabelecida& se
tornaria dominante*
Com tal orientao e valendose dos recursos da #r$ueoloEia e da
#ntropoloEia& Aampard procura aprofundar os conhecimentos sobre a
natureza da urbanizao& tomando como ob:eto de estudo a sua oriEem em
vrias reEi3es*
)ara $ue se possa estabelecer um processo de urbanizao& =
Eeralmente reconhecida como condio primordial a eist4ncia de
+D2 !#'(;R& )hilip* 'rbanizationH an overvie* inH !#'(;R V (C!N1R;& op.cit.p*+*+DD (C!N1R;& Aeo F* 1n the spacial structures of cities in to #mericas* inH !#'(;R V (C!N1R;& op.cit.
p*D.,DQ,*+D/ A#
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estabelecimentos humanos $ue tenham atinEido a fase neol5tica& isto =&
aElomera3es relativamente estveis de indiv5duos dedicados a uma
aEricultura capaz de produzir um ecedente de alimentos suficiente
para provocar& em escala social& altera3es nas rela3es sociais de
trabalho* # passaEem desse $uadro cu:os detalhes no cabe reproduzirno momento para uma situao de urbanizao efetiva& foi sumariada
por Gordon Childe em uma lista de dez pontos& constituindo um
crit=rio& $ue se tornou clssico& para o reconhecimento das condi3es
de eist4ncia de uma cidade em emerE4ncia& ou se:a& para a
reconhecimento do $ue denominou LRevoluo 'rbanaL+D-*
;ric Aampard& utilizando principalmente* as contribui3es ao
LCol"$uio (obre os Rumos )ara a 9ida 'rbanaL& publicadas por raidood
e KilleS+D.e manipulando as variveis bsicas do Lcompleo ecol"EicoL&
procurou testar os dez pontos de Childe& concluindo $ue no caso da
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# Cr5tica da Nova Corrente
#inda $ue o empreEo da perspectiva n=oecoloEica impli$ue em
alEumas limita3es e pontos obscuros& como observa (:oberE+/0& sobretudo
na insuficiente caracterizao das variveis utilizadas& a orientao
metodol"Eica do trabalho de Aampard oferece alEumas vantaEens em
relao Js demais& como recurso para o conhecimento da urbanizao*
;m primeiro luEar& pelo padro elevado de elaborao te"rica e
pela base emp5rica das verifica3es& favorece o empreEo simultneo dos
m=todos dedutivo e indutivo e representa& por certo& uma ponte entre a
tradio da (ocioloEia europ=ia& $ue valoriza os aspectos hist"ricos e
culturais e a tradio sociol"Eica norteamericana& influenciada& de
modo predominante& por preocupa3es empiristas* # coleta de dados
elementares = utilizada como nos demais campos cient5ficos paratestar o es$uema interpretativo e& como conse$P4ncia& para ampliar os
conhecimentos sobre os problemas fundamentais da urbanizao& como sua
oriEem e sua natureza e a amplitude das proposi3es te"ricas orienta e
diversifica os problemas propostos J verificao emp5rica*
'ma outra $ualidade = a con:uEao da anlise dos Lmacro
problemasL com a dos LmicroproblemasL+/+ e& portanto& com os
conhecimentos te"ricos e com as bases emp5ricas at= a$ui acumulados
com outras abordaEens& ao n5vel dos estudos de casos e problemas
isolados e a capacidade de desenvolvimento& com vantaEem em relao a
essas& do uso do m=todo comparativo& $ue s" pode dar rendimentos
satisfat"rios& $uando amparado em arcabouo conceitual consistente+/2*
;m nossas investiEa3es sobre a evoluo urbana& no rasil+/D
assumimos uma posio te"rica e metodol"Eica bastante pr"ima da N=o
;coloEia e sobretudo do desenvolvimento $ue lhe empresta Aampard*
Todavia& consideramos $ue a tentativa de restrinEir a& anlise de
problemas sociol"Eicos Eerais Js possibilidades do m=todo ecol"Eico a
da nomenclatura correspondente& implica no seu empobrecimento* #
perspectiva mais ampla e fecunda s" pode ser encontrada no eame da
urbanizao como um con:unto de fenmenos sociais de ordem Eeral& sem
tentar a constituio de metodoloEia especial& mas utilizando os
recursos te"ricos e emp5ricos e os m=todos correntes no campo das
Ci4ncias (ociais e as semelhanas de orientao entre n=oec"loEos e
+/0 (I1;RG* TheorS and research in urban socioloES* * inH !#'(;R V (C!N1R;& op.cit.p*+-@*+/+ A#
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antrop"loEos& observada por Aampard+//& pode ser vista como resultado do
esforo de ampliao do $uadro te"rico da ;coloEia& realizado pelos
primeiros+/@*
# ;coloEia = um m=todo de investiEao de Erande valia& mas no
abranEe todos os aspectos da vida social* #o enfrentar a urbanizao
em suas dimens3es sociais+/-e hist"ricas& no = poss5vel deiar de
marEem a contribuio da (ocioloEia europ=ia e tornase imperativo
en$uadrar os aspectos mais restritos& evidenciados pela anlise
ecol"Eica& em uma perspectiva de con:unto& $ue essa no pode fornecer*
# orientao inversa& defendida por alEuns ec"loEos& de procurar
en$uadrar os elementos culturais e de valor no plano das rea3es
adaptativas elementares& = uma forma de determinismo primrio
inaceitvel*
# mais ampla perspectiva de con:unto sobre os problemas de
urbanizao =& certamente& a $ue toma como ponto de partida uma
conceituao desta como processo social* ;la permite por em desta$ue
simultaneamente as condi3es concretas de oriEem e continuidade do
processo no plano hist"rico e as confiEura3es $ue assume seEundo os
contetos emp5ricos em $ue se desenvolve* ;m cada caso& esse $uadro
te"rico Eeral vai possibilitar a ordenao dos dados& de modo a
favorecer o estudo dos mecanismos de evoluo da urbanizao e os
aspectos recorrentes ou emerEentes do processo*
# urbanizao seria ento focalizada como envolvendo o sistema
Elobal em $ue se desenvolve e no apenas um seu setor& esclarecendo as
implica3es para todos os Erupos de $ue se comp3e o sistema*
%ncorporase pois& como parte do es$uema eplicativo& a
identificao dos aEentes do processo e da siEnificao da urbanizao
para as diferentes camadas* 6esse modo& so tamb=m incorporados os
elementos de valor pol5ticos e ideol"Eicos recursos de sustentao
das formas da estrutura e orEanizao social+/.& referindose tanto aosErupos $ue det4m o controle do desenvolvimento do processo& como aos
demais*
#s fun3es dos elementos sociais e espaciais das estruturas*
urbanas so referidas& de modo diverso& aos diferentes Erupos sociais
+// A#
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e os centros urbanos so caracterizados como componentes nucleares do
sistema social Elobal+/Qe ponto de intensa articulao funcional*
Tratandose de um processo adaptativo e sob esse aspecto cabe
concordar com os ec"loEos a determinadas condi3es de meio natural e
tecnoloEia dispon5vel& deve corresponder um 5ndice mimo de
urbanizao+/, poss5vel& $ue ser ou no atinEido& dependendo das
condi3es de orEanizao social* Como conse$P4ncia& varia3es
acentuadas nos recursos tecnol"Eicos ou nas condi3es do meio& $ue
venham a ampliar o %'* mimo& tendem a tornar obsoletas as fun3es
desempenhadas pelos ncleos urbanos : eistentes& como formas de
adaptao : superadas& e a marEinalizar os Erupos $ue vinham
eercendo o controle do processo& em prazos $ue variam de acordo com
as possibilidades de reelaborao da orEanizao social& provocando a
emerE4ncia de novas confiEura3es e novos aEentes do processo& frutos
$ue so de novos modos de produo e destinao de poupana social*
#ltera3es dessa ordem podem ser acompanhadas em alEumas obras
de Gordon Childe+@0& onde se evidencia a correlao entre a evoluo do
uso dos metais cobre& bronze& ferro e o nmero& as dimens3es& as
caracter5sticas internas& a populao e a forma de articulao dos
ncleos urbanos na antiEPidade& das primeiras cidadesestado ao
%mp=rio Romano* 'ma correlao de importncia pode tamb=m ser
estabelecida entre a produo de mat=rias primas nos pa5ses coloniais
e a elevao dos 5ndices de urbanizao nas respectivas metr"poles+@+*
#s ocorr4ncias de maior importncia& por=m& podem ser observadas
nos dois ltimos s=culos& com a industrializao e as modifica3es na
tecnoloEia da produo rural& provocando a desenfreada acelerao do
processo de urbanizao& $ue vai atinEir os mais altos 5ndices
conhecidos* (ua interpretao atrav=s de modelos abstratos ou como um
processo isolado e completamente in=dito& desvinculado da !istoria
pr=industrial como = desenvolvida por inmeros autores =desconhecer a semelhana dos mecanismos adaptativos $ue presidiram a
formao e o desaparecimento de outras confiEura3es do processo de
urbanizao no passado e reduzir& drasticamente& pelo seu imobilismo&
as possibilidades de desenvolvimento te"rico e prtico nesse campo*
#ssim& dentro da era industrial& : = poss5vel identificar& em
correlao com as formas mais compleas $ue vo sendo assumidas pelos
+/Q %dem& idem& p*+D* 9er tamb=m A#
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sistemas industriais& com alta centralizao administrativa e elevados
5ndices de automao& a emerE4ncia de confiEura3es in=ditas& como as
reEi3es metropolitanas e os Lcampos urbanosL+@2& a$uelas& como
constela3es& dentro das $uais vo se estabelecer& entre p"los dados
diversos& fun3es $ue correspondem& no plano social* a um s" ncleo eestas como verdadeiras Ealias& reunindo con:untos de reEi3es
metropolitanas e ambas abranEendo& no plano f5sico& territ"rios
constru5dos e reas rurais intermedirias& intensamente diferencias*
Com o $uadro te"rico dispon5vel& esses fenmenos devem ser tamb=m
reconhecidos como processos sociais& envolvendo um $uadro etremamente
compleo de transforma3es em todos os aspectos da vida social e
dotado de Erande velocidade de mudana*
Cabe& finalmente& ressaltar as vantaEens desse arcabouo
conceitual e dessa orientao metodol"Eica& no estudo das realiza3es
no campo do urbanismo& na seEunda metade deste s=culo com as $uais
se pretende oferecer solu3es de plane:amento e ar$uitetura ao n5vel
da$uelas novas confiEura3es como a seEuir se pretende demonstrar*
```
#ssim& entre os estudos com viso de con:unto sobre aspectos
sociais da urbanizao& $ue se desenvolveram durante a primeira metadedo s=culo >>& duas correntes principais podem ser reconhecidas& $ue
denominamos sociol"Eica e ecol"Eica*
#$uela& com maior base te"rica& dentro da linha da (ocioloEia
europ=ia& eemplificada principalmente pelo estudo de
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interno e Earantem a sua continuidade ou a sua evoluo em um sentido
dado*
#mbas tendem& portanto& ao eame da urbanizao em termos de
ncleos considerados como completos em si mesmos e em e$uil5brio* #s
suas possibilidades eplicativas mostramse& na prtica& etremamente
limitadas* # primeira no cheEou a favorecer o desenvolvimento de
estudos emp5ricos e a seEunda ficou limitada a estes*
'ma tend4ncia mais recente& em formao ap"s a (eEunda Guerra
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IV - TEORIAS COM VISO DE CONJUNTO DOS ASPECTOS ESPACIAISDA URBANIZAO DA PRIMEIRA METADE DO SCULO XX
Como : ocorrera no s=culo >%> as teorias sobre os aspectos
espaciais da urbanizao da primeira metade do s=culo >> consistem
basicamente em propostas para a transformao da estrutura urbana
contempornea visando adaptla Js eiE4ncias da sociedade industrial*
;las sofrem& todavia& uma fundamental mudana de orientao $ue se
caracteriza pelo esforo de se lhes conferir uma estrutura cient5fica
e uma base emp5rica*
#s diferenas entre as principais correntes podem ser entendidas
como decorrendo& em boa parte& dos crit=rios $ue deveriam pautar
a$uele esforo* 6e um lado as correntes racionalistas& recorrendo
sobretudo ao m=todo dedutivo& procurando eplorar os conhecimentos
te"ricos acumulados nos vrios campos cient5ficos e tendo como carEa
sub:etiva uma crena no poder da ci4ncia& de carter mecanicista e de
inspirao positivista* 6e outro as correntes empiristas& recorrendo
principalmente ao m=todo indutivo& re:eitando as teoriza3es mais
ambiciosas e tendo como carEa sub:etiva uma tend4ncia antiurbana& deinspirao romntica& por vezes de re:eio da sociedade industrial*
1utras alternativas& sem repercuss3es prticas& tiveram importncia
secundria& como = o caso das propostas orEanicistas de FranU AloSd
KriEht ou das interpreta3es futuristas*
#ntes de se passar a avaliao das possibilidades eplicativas
dessas correntes& = necessrio proceder& mesmo sumariamente& J
caracterizao de cada uma delas*
l # C1RR;NT; R#C%1N#A%(T#
Consideramse como inteEradas na corrente racionalista as
solu3es ar$uitetnicas e urban5sticas cu:os autores pretendem haver
orientado suas op3es de forma no aleat"ria& e por crit=rios
ob:etivos e racionais& estabelecidos teoricamente& sobretudo com base
no m=todo deduti