universidade tuiuti do parana rosangela maria souza...

63
f t (? Til"" •-r UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA Rosangela Maria Souza Raksa A ESCRITA INFANTIL: UMA ANALISE COGNITIVA. Curitiba 2004

Upload: lamphuc

Post on 23-Jan-2019

222 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA Rosangela Maria Souza …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/06/A-ESCRITA-INFANTIL-UMA... · crianga utiliza meios de linguagens, ... toda a arte

f t (? Til""

•-r

UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA

Rosangela Maria Souza Raksa

A ESCRITA INFANTIL: UMA ANALISE COGNITIVA.

Curitiba2004

Page 2: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA Rosangela Maria Souza …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/06/A-ESCRITA-INFANTIL-UMA... · crianga utiliza meios de linguagens, ... toda a arte

Rosangela Maria Souza Raksa

A ESCRITA INFANTIL: UMA ANALISE COGN!TIVA

Trabalho de Conclusao de Curso apresentado aocurso de Pedagogia da faculdade de CienciasHumanas, Letras e Artes da Universidade Tuiuti doParana, como requisito parcial para a obten(}ao dograu de licenciatura em Pedagogia.

Professora e Orientadora: Rosilda Maria BorgesFerreira.

Curitiba2004

Page 3: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA Rosangela Maria Souza …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/06/A-ESCRITA-INFANTIL-UMA... · crianga utiliza meios de linguagens, ... toda a arte

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a DEUS, sempre presente em todos os momentos de minha

vida.

.il. minha querida Mae, pelo carinho, amizade e dedic8'Yao em todos os

momentos de desafios, dificuldades e sucessos.

A Professora e Orientadora Rosilda Maria Borges Ferreira, pelo seu

profissionalismo, dedicaC;:8o e incentivG, que atraves de sua amizade e sua didatica,

transmitiu com serenidade valiosos conhecimentos.

As colegas Liliane Telles de Meneses, Kassia Kelly de Almeida e Michelle,

pela amizade e companheirismo.

A Escola de EduGaC;:80 Infantil Lapis de Cor, atraves de sua diretora, e ao

corpo docente pela oportunidade de possibilitar a realiza,ao deste trabalho.

Page 4: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA Rosangela Maria Souza …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/06/A-ESCRITA-INFANTIL-UMA... · crianga utiliza meios de linguagens, ... toda a arte

"Cada vez que ensinamos prematuramente a uma crian~a alguma coisa que poderiater descoberto por si mesma, esta crian9a esta impedida de inventar e,conseqOentemente, de entender completamente". (Piaget, 1977)

Page 5: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA Rosangela Maria Souza …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/06/A-ESCRITA-INFANTIL-UMA... · crianga utiliza meios de linguagens, ... toda a arte

SUMAR!O

2

INTRODU<;:AO

FUNDI'.MENTI'.<;:AO TEORICI'. ...

09

.12

2.1 0 DESENVOLVIMENTO COGNITIVO DI'. CRIAN<;:A SEGUNDO A TEORIA

DE PIAGET 12

2.1.1 Periodo sensoria motor .18

2.1.2 Periodo pre-operacional 20

2.1.3 Periodo pre-Iogico 20

2.14 Periodo de operac;oes concretas 21

2.2 A CONSTRU<;:Ao DA ESCRITA PELA CRIAN<;:A, SEGUNDO

EMiLIA FERREIRO 22

2.3 o COGNITIVO NA ESCRITA INFANTIL . 31

24 A APRENDIZAGEM DA LlNGUAGEM ESCRITA .38

24.1 REFERENCIAL CURRICULAR NO AMBIENTE DE ENSINO . 45

PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS. 48

3.1 ESTUDO DE CAMPO ................. .51

3.2 TESTAGEM COM AS CRIAN<;:AS 52

3.2.1 Nivel1 - pre-silabico 1 - A.P.C. .. 53

3.2.2 Nivel1 - pre-silabico 1 - FAP .......... 54

3.2.3 Nivel2 - pre-silabico 2 - G.H.S .55

3.24 Nivel3 - silabico - A.C.P .56

4 RESULTADOS E DlSCUSSAO . 57

5 CONCLUSAO 59

6 REFERENCIAS 61

Page 6: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA Rosangela Maria Souza …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/06/A-ESCRITA-INFANTIL-UMA... · crianga utiliza meios de linguagens, ... toda a arte

ANEXOS 62

Page 7: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA Rosangela Maria Souza …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/06/A-ESCRITA-INFANTIL-UMA... · crianga utiliza meios de linguagens, ... toda a arte

LlSTA DE F!GURAS

FIGURA 01 - FOTO DA ESCOLA LApIS DE COR

FIGURA 02 - TESTAGEM N' 01 - A.P.C

FIGURA 03 - TESTAGEM N° 02 - F.A.P .

FIGURA 04 - TESTAGEM N° 03 - G.H.S

FIGURA 04 - TESTAGEM N' 04 - A.C.S.R

48

53

54

55

56

Page 8: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA Rosangela Maria Souza …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/06/A-ESCRITA-INFANTIL-UMA... · crianga utiliza meios de linguagens, ... toda a arte

RESUMO

o objetivo do presente estudo e anaiisar e compreender 0 processo dedesenvolvimento natural e espontaneo da escrita em crianC;8s de 4 a 6 anos daEducayao Infantil. Participaram desle estudo quatro crian9"s, sendo duas do JardimI, uma do Jardim II e uma do Jardim III. 0 metoda utilizado consistiu na observagaodas crianC;8s, do ambiente, dos estfmulos praticados e da interag80 das professorascom as mesmas dentro da sala de aula. As crianC;8s testadas foram escolhidasaleatoriamente pela professora e estimuladas em ambiente externa, diante de papele caneta, a escrever ]atras e palavras simples, como nomes proprias, names deobjetos e de animais. Dentro do curricula desenvolvido pela escoJa, constata-seque as crianc;as possuem coordena98o motara satisfat6ria, e estaa nas fases pre-silabica 1, pre-silabica II e pre-silabica III (dentro das idades especificadas para cadafase). Utilizau-se a tearia de Piaget e Emilia Ferreiro para explicar os niveis deaprendizagem, ou seja, os processos do desenvolvimento cognitivo em crian98s daEduca~ao Infantil.

Palavras-chaves:Infantil

niveis de desenvolvimento; aquisi9ao da escrita; educa9ao

Page 9: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA Rosangela Maria Souza …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/06/A-ESCRITA-INFANTIL-UMA... · crianga utiliza meios de linguagens, ... toda a arte

9

1 INTRODUC;Ao

o professor de EduC8980 Infantil tern necessidade de conhecer 0 processo de

desenvolvimentoda crian~ atraves de seus meiDs naturais. E a escrita, para a

criang8, inicia-se de forma espontanea, par meiD de tentativas (hip6teses), que

possuem inten9ao comunicativa, pOis as atividades propostas pela criany8 tern

sentido.

o objetivo deste trabalho consiste na verificag.3o dos proceSSDs de

desenvolvimento cognitiv~ em criang8s inseridas na Pre-escola de educ8<;80

infantil, atraves da observ8C;8o dos nlveis que elas ultrapassam de acordo com as

ida des espedficas durante a aquisi<;Elo da escrita, e confirmar a veracidade das

tearias desenvolvidas par Piaget e seus seguidores sabre essa questao, pois toda

crianc;:a par mais estimulada pelo meio em que vive, poden~ apresentar diferenc;:as.

ja que uma evolui diferentemente da outra numa mesma ida de, a que deve ser de

conhecimento dos profissionais que estao inseridos na educac;ao infantil.

Neste senti do, sao necessarias algumas informac;oes ao educador e tambem

a seguinte reflexao: a alfabetizac;ao pode ser estabelecida sem levar em

considerac;ao 0 seu processo natural e seus estimulas socia is?

A teoria de Jean Piaget, desenvolvida quase que todo a secula passado, eumas das mais importantes obras sobre 0 desenvolvimento cognitiv~ das crianC;8s,

pais seus trabalhos de pesquisa e observac;:ao deram fundamentaC;80 ao

desenvolvimento da inteligencia durante a primeira infancia. Em seus estudos sabre

o conhecimento infantil, concluiu que ha uma relac;ao evolutiva entre a crianc;a e seu

meio, pois ela reconstr6i suas ar:;:oes e ideias em relar:;:80 as novas experiencias

ambientais e no decurso de sse processo com 0 meio, a crianc;a exibe em algumas

Page 10: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA Rosangela Maria Souza …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/06/A-ESCRITA-INFANTIL-UMA... · crianga utiliza meios de linguagens, ... toda a arte

10

idades, estruturas caracteristicas de 8gaO e pensamento que ele classificou como

estagios.

Emilia Ferreiro diz que na aquisit;ao do conhecimento sabre 0 sistema de

escrita, as criang8s agem da mesma maneira que em outras areas do saber, ja que

tentarn assimilar a informac;ao gerada pelo meio, e quando esta fica prejudicada.

ten tarn fejeita-Ia, ista e, experimentam 0 objeto para testar suas hipoteses, pedem

informagoes e tentarn extrair urn sentido dos dados coletados. Procurarn coerencia,

elaborando sistemas de maneira orden ada em seu desenvolvimento. Esses

sistemas constituem algo como urna tearia sabre a natureza e funC;8o do sistema de

escrita de maneira muito particular e sao elaborados pelas criany8s ao lango de seu

desenvolvimento, estabelecendo assim alguns niveis de desenvolvimento.

Cohen e Gilabert (1992) enfatizam que as crianyas pequenas sao capazes de

dominar antes dos seis anos de idade os instrumentos da comunicagc3o oral ou

escrita, quando vivenciados 8m urn meio rico de estimulos de linguagens orais e

escritas, pois 0 contato do meio e sempre a condigc3o necessaria, mas nao

suficiente, pois sera importante e primordial a media9ao do adulto, que estimula a

crian9a a desenvolver todas as suas capacidades de adaptagao.

A cada estagio da descoberta e da apropria9ao da linguagem escrita a

crianga utiliza meios de linguagens, perceptivos e cognitivos proprios, 8 e com a

ajuda desses meies que tentars encontrar as mel hares selugoes diante dos novos

materia is IingOisticos que apreende 8 0 adulto que a rodeia precisa respeitar esses

momentos de desequifibrio pelo qual a crian<;a vive.

Assim, toda a arte pedag6gica consiste precisamente em confrontar a crianc;a

com situagoes nas quais apenas alguns elementos escapam aos esquemas ja

Page 11: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA Rosangela Maria Souza …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/06/A-ESCRITA-INFANTIL-UMA... · crianga utiliza meios de linguagens, ... toda a arte

II

estabelecidos, e sao justa mente esses momentos provisorios de desequiHbrio que

permitem que a crianc;a avance.

A base te6rica para este estudo fai 0 livre de Mary Ann S. Pulaski,

Compreendendo Piaget: uma introduqao ao desenvolvimento cognitiv~ da crianqa; 0

livra de Yetta M. Goodman, Como as crianqas constroem a leitura e a escrita e

completar com a pensamento de Qutros seguidores de Piagel e Emilia Ferreiro.

o Campo experimental foi na Esco/a Lapis de Cor Educaqao Infantil e Ensino

Fundamental, em Curitiba-Parana. A testagem, atraves da observagao, toi feita em

ambiente externa, com criany8s entre 4 a 6 anos, com socializ8r;c30 adequada. Fai

solicitado que cada crian<;a, uma de cada vez, escrevesse palavras simples, com 0

objetivo de observar a fase de aquisi9ao de suas escritas, conhecer todo 0 processo

de aprendizagem enfocado na institui9ao, analisar e discutir as resultados obtidos e

confrontar com as teorias pesquisadas (Piaget, Emilia Ferreiro).

Page 12: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA Rosangela Maria Souza …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/06/A-ESCRITA-INFANTIL-UMA... · crianga utiliza meios de linguagens, ... toda a arte

12

2 FUNDMIlENTAyAo TEORICA

21 0 DESENVOLVIMENTO COGNITIVO DA CRIAN<;A, SEGUNDO A TEORIA DE

PIAGET

o livro de Mary Ann S, Pulaski, Compreendendo PIA GET: Uma Introduqao ao

Desenvolvimento CognitivD da Crianqa, mostra a teo ria de Jean Piaget como uma

das rna is importantes deste seculo, pel os seus estudos minuciosos sabre 0

desenvolvimento do cognitiv~ humano. Durante toda a sua vida, seus trabalhos de

pesquisa e observ8<;-ao deram fundamenta<;2o ao desenvolvimento da inteligencia

durante a primeira infimcia, concomitante com a apoea em que a mesma aprende a

caminhar.

SUBS idaias afetam a pesquisa literaria sabre a ass unto, a familia e 0 ramo da

psicologia da aprendizagemenos ajudam a compreender 0 que esperar das

criang8s, sua maneira de perceber 0 mundo em suas diferentes idades.

Com sua elaborada teoria e suas pesquisas no terrene infantil par toda sua

vida, tenta descebrir como as crianc;:as aprendem a conhecer as eoisas e como

organizam seu pensamento, como desenvolvem a linguagem e de que mane ira

conseguem assimilar os numeros.

Desde sua juventude, Piaget tern voltado todo seu trabalho para 0 estudo do

raciocinio das crianc;as, 0 que faz dele um conceituado estudioso neste campo. Ele

nao percebe a crianc;:a como um minusculo adulto, mas como alguem que vive num

mundo a parte do nosso e em muitas situac;6es incompreensiveis a n6s. E

extrema mente interessado pelas diferen9as individuais e pela constancia dos modos

de conceituaC;:Elo da crianc;:a de lodas as ragas e periodos da historia.

Page 13: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA Rosangela Maria Souza …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/06/A-ESCRITA-INFANTIL-UMA... · crianga utiliza meios de linguagens, ... toda a arte

13

Em seus estudos sobre 0 conhecimento infant ii, conclui que ha uma rela~o

evolutiva entre a crianc.;:8 e seu meio, pOis ala reconstr6i suas 8c;6es e idaias em

relac;ao as novas experiencias ambientais. No decurso desse processo com 0 meio,

a crianga exibe em algumas idades, estruturas caracterlsticas de 8C;ElO e

pensamenlo que ele classificou como eslagios. (Pulaski, 1983).

Essa exposic;ao acerca dos estagios evolutivQs do desenvolvimento

intelectual e particularmente esclarecedora para as educadores, principalmente em

seus estudos brilhantes sabre a conhecimento humano que S9 desenvolvem

lentamente, sem con tar as origens bioJ6gicas herdadas, atraves de urn processo de

auto-regulaC;8o baseado na resposta do ambiente, que leva a uma reconstrUl;ao

interna. Assim, a habilidade de adapta~o as novas situac;;:6es atraves de uma

regulac;ao interna e propria de cada individuo e a maneira como todos os seres

humanos se comportam. sendo a base des sa teoria a adaptaC;80, organizayao e a

assimilayao.

A adaptac;ao e a essencia do funcionamento biologico e intelectual, e refere-

se as tendencias basicas inerentes a todas as especies. De natureza dual, consiste

em processos iguais que se dao continuamente em todos as organismos vivos.

A organizac;:ao, como a habilidade do individuo de interagir entre as estruturas

fisicas e biologicas com congruencia.

A assimila~o, como urn processo de entrada de sensac;6es, experiencias e

alimentac;ao, atraves de ideias e experiencias que sao incorporadas a atividade da

crianc;a, sendo balanceada pel a acomodac;ao, na qual ajusta a saida diante do

meio. Estes dais processos funcionam simultaneamente em todos os niveis

equilibria, 0 que e parte das primeiras compreens6es internas.

Page 14: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA Rosangela Maria Souza …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/06/A-ESCRITA-INFANTIL-UMA... · crianga utiliza meios de linguagens, ... toda a arte

14

A Equilibra<;:ilo e 0 pilar da tearia piagetiana do desenvolvimento cognitiv~ e

tern a func;:ao de produzir urna coordenagao balanceada entre a assimilag80 e a

acomodaC;8o, mantendo a equilibria constanta entre elas. (Pulaski, 1983)

Todos esses fatores sao concebidos como mecanismos de crescimento e

aprendizagem no desenvolvimento cognitiv~. Assim, a busea do equilibria constanta

e de respostas satisfatorias e 0 que estimula a criang8 a alingir niveis mais erevados

de pensamento.

Piaget, reconhece a partir dar 0 fator dinamico da maturaC;:8o ou crescimento

fisiologico das estruturas organicas hereditarias, como 0 fornecedor de condic;oes de

possibilidades para responder 80 meio, como urn potencial para assimilar e

estruturar novas informa96es. (Pulaski, 1983)

Outro fator a que Piaget recorre e a experiElncia fisica e empirica, a

experiencia da crianga com os objetos e 0 meio, denominado par conhecimento

fisico. Ja 0 conhecimento 16gico-matematico esta nas construgoes 16gicas entre eles,

isto e, em objetos de diferentes tamanhos, quantidades, farmas, etc.

Oentre esses falares, Piaget da elevada impartancia a transmissao social. isto

e, aquelas atividades aprendidas em seu meie social com outras crian9as ou

adultos, com a relagao parental, professores, televisao, livras e demais

estimuladores do cognitivo.

Podemos observar dentro desse fator 0 conflito cognitive que se estabelece

na crian9a, na verbaliza<;aa de seus pensamentos e na escuta do outro, 0 que a faz

procurar incessantemente uma resposta que a deixe novamente em equilibrio.

Um particular exemplo disso pode-se dar quando a crianya escuta que Papai

Noel nao existe, se ate 0 momenta ela viu a sua figura e ele trouxe para ela urn

presente. Como pode essa figura nao existir?

Page 15: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA Rosangela Maria Souza …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/06/A-ESCRITA-INFANTIL-UMA... · crianga utiliza meios de linguagens, ... toda a arte

15

Pulaski enfatiza tambem a importancia do processo de equilibrag80 que

coordena e regula todos as tres fatores e faz surgir noves processos internos de

equilibrio (1983, p. 27).

Segundo Piaget, "0 processo de enfrentar esses conflitos, perturbac;oes au

desequilibrio e 0 processo auto-regulador de equilibrac;ao". ( apud Pulaski,1983, p.

27).

o conhecimento da teoria cognitiva de Piaget e resultado de centenas de

observac;oes cuidadosas e constituem uma parte importante de sua tsoria genetica.

o comportamento dos bebes, como de todos os organismos bioJogicos.

exemplifica 0 processo de adaptagao em continuo funcionamento. A inteligencia eparte integrante dessa adaptagao, assim como a respirac;ao, digestao e a

coordenac;ao matara.

A teoria dos 85ta9i05 de Piaget tern sido muito mal compreendida. Os criticos

tentarn ataca-Ia por haverem encontrado um numero maior ou menor de 8stagios, ou

discordado das idades especfficas em que Pia get

afirmou que certas estruturas aparecem.

o ponto mais importante nao e as criangas exibirem certas estruturas em

idades especificas, mas sim, que os estagios de desenvolvimento evoluem em uma

sequencia ampla e continua. Cada estagio emerge daquele que 0 precedeu,

atraves de uma reorganiz89aO do que aconteceu antes. E, portanto, qualitativamente

diferente do estagio anterior. Sua estrutura caracteristica e maior e mais complexa.

Piaget demonstra que 0 desenvolvimento mental e uma construgao continua,

comparavel a constru9.30 de um grande ediffcio, que se torn a mais s61ido a cada

acrescimo na sua estrutura. Diversarnente ao ediffcio, contudo, 0 desenvolvimento

Page 16: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA Rosangela Maria Souza …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/06/A-ESCRITA-INFANTIL-UMA... · crianga utiliza meios de linguagens, ... toda a arte

16

intelectual e ftexivel. maleavel e movel e busca sempre par urn ajustamento que

resulte em equilibria.

Ele descreve a sucessao dos estagios como constante, ainda que as idades

cronol6gicas em que aparecem possam diferir de urna crian~ para Qutra, assim

como em diferentes sociedades.

Piaget denomina de estagio desde as simples reflexos hereditarios ao perfodo

primitivo do desenvolvimento cognitiv~, isto porque, as primeiras manifestayoes de

inteligencia do bebe aparecem em suas percepyees sensoriaiS e em suas atividades

motoras. Quando as olhos do bebe seguem as objetos moveis, sua cabega se volta

em resposta a urn rulda, ele comeya a estender as bra\=Os e a agarrar seus

brinquedos, no come90 de modo grosseiro, desordenado e sem objetivo.

o segundo, denominado de estagio das adaptac;:Oes adquiridas (um a quatro

meses), 0 beb~ toma duas ayoes separadas, a de sacudir as maos e sugar. Ja nao

fica passivamente deitado na cama; esta agora curioso e empenhado em ampiiar

seu repertorio de comportamentos. A suc~o parece estar estabelecida, e esse beb~

tem mais liberdade para olhar 0 rosto de sua mae e apreender cada detalhe; agug3

tambem a audiyao, voltando sua cabeya em dire(fao aos sons, e tambem comeg3 a

murmurar e fazer barulhos. A atividade de sua coordenayao motora aumenta; agora

se deita de costas, chuta 0 ar com seus pezinhos e observa suas pequeninas maos

que se agitam diante do seu rosto e muito lentamente vai se dando conta que esta.o

ligados ao seu corpo.

Assim ja nao e a boca que busca a mao, mas a mao que procura a boca.

No terceiro est39io, 0 bebe ja tem alguma familiaridade com 0 seu pr6prio

corpo e sua atenc;ao agora se desvia de si mesmo para as acontecimentos do seu

Page 17: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA Rosangela Maria Souza …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/06/A-ESCRITA-INFANTIL-UMA... · crianga utiliza meios de linguagens, ... toda a arte

17

meio. A cada nova experiencia vivida procura repeti-Ia voluntariamente, 0 que Piagel

chama de "rear;Elo circular".

o quarto estagio (8 a 12 meses) e caracterizado pela emergencia do

comportamento intencionaL A crian98 empurra para fora de si os objetos que S8

tarnam obstaculos e a impedem de alcanc;ar alga que deseja.

o quinto estagio (12 a 18 meses) e marcado pela emergencia. denominado

de tateamento orientado. Aqui a crianr;8 comeC;8 a experimentar para ver 0 que e

que aconteee. Ela apresenta urn comportamento experimental com tudo que possa

tocar. Aprende a usar novas meies para atingir urn fim.

No sexto estagio do comportamento sens6rio motor (18 a 24 meses), a

crianC;8 cameg8 a fazer esse tateamento mental mente, mas nao fisicamente.

Piaget diz que ~a agao fisica au motora da crjang8 e interiorizada, a crianga

representa para si propria, atravss de imagens au simbolos, a maneira de como faria

alga, sem te-Ia feito, ate alcanc;ar uma soluc;ao que a satisfac;a". ( apud Pulaski,

1983. p. 9)

Em resumo, a crianc;a, nos seus dais primeiros anos, assimila uma boa dose

de conhecimentas pn3ticos sabre 0 mundo e seu corpo em rapido cresci menta e se

acomoda-se a muitas mudan.yas, e percorre imitando as pessoas e acontecimentos

ao seu redor, construindo imagens mentais de suas experiencias externas (Pulaski,

1983, p. 9).

Para Piaget, a desenvolvimento cognitivo da crianc;a e algo continuo, que

percorre estruturas simples e complexas. Sua inteligencia passa por periodos, nos

quais se destacam as estagios (par idades) e que sao as mesmos para todos os

individuos e se sucedem na mesma ordem.

Page 18: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA Rosangela Maria Souza …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/06/A-ESCRITA-INFANTIL-UMA... · crianga utiliza meios de linguagens, ... toda a arte

18

Estes periodos citados por Piaget (apud Pulaski, 1983) sao caracterizados

par estruturas mentais diferentes, construfdas pel a crianC;8 em interac;ao com a

mundo que a cere8.

2.1.1 Period a sens6ria-motor (Dois primeiros anos de vida)

Estagio 1 - (Do nascimento ate um mes de vida) 0 comportamento do be be

caracteriza-se par reflexDs inatas, como buscar com aS tabios, sugar e agarrar, que

S8 tarnam mais eficazes e combinam-se mutua mente na forma9ao de esquemas

primitiv~s.

o bebe trancado, no seu egocentrismo, sem qualquer consciencia do seu eu,

naG faz distingao de si mesma e do mundo externo.

Estagio 2 - (1 a 4 meses) A crian\", come~a a definir limites de seu proprio

corpo atraves de descobertas acidentais que S8 mostram interessantes. Repets os

movimentos para prolongar essas experiencias, combinando 0 olhar e 0 agarrar.

formando assim uma organiZ8c;8.0 mais complexa do comportamento, denominada

de "retenc;ao".

Estagio 3 - (4 a 8 meses) Ela aprende a adaptar os esquemas familiares a

novas situac;6es, empregando-os para "prolongar os espetaculos interessantes". Seu

interesse se focaliza no mundo ao seu redor e com menos frequencia no seu proprio

corpo.

Procura alcanc;ar objetos dentro da sua visao, emprega esquemas habituais

de maneira "magica", considerando suas ac;6es capazes de determinar a ocorrencia

de eventos externos sem relacionamentos.

Page 19: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA Rosangela Maria Souza …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/06/A-ESCRITA-INFANTIL-UMA... · crianga utiliza meios de linguagens, ... toda a arte

19

Estagio 4 - (8 a 12 meses) Surge entao 0 comportamento intencional, a

medida que 0 bebe afasta as obstaculos de seu caminho e usa a mao dos pais para

alcangar as objetos desejados

Procura eoisas parcial mente ocultas au escondidas diante de seU$ olhos,

utiliza os esquemas jil. conhecidos de novas maneiras, combinando-os e

Goordenando-os para adequa-Ios a novas situay6es. Seu comportamento

antecipatorio e sua imitac;ao de sons e 890es revel am primordios da memoria e da

representa98o.

Estagio 5 - (12 a 18 meses) A crianc;a experiencia sistematicamente,

variando seus esquemas atraves de urn tateamento orientado. Emprega novas

meiDs com algo que possa atingir as objetivos desejados; pode agora acompanhar

com as olhos ande 0 objeto foi escondido e encontra-Io onde 0 viu pel a ultima vez.

Reconhece fotografras de pessoas au objetos conhecidos e pode acompanhar

instru90es verbais simples.

Eslagio 6 - (18 a 24 Meses) Assinala a transi,iio da atividade sensoria

motora para a de representa9ao. A crianc;a inventa novas meios atrav8s da deduc;ao

mental, 0 tateamento par ensaio e erro ja nao e executado com a mesma frequEmcia,

mas de maneira simb6lica. A crianc;a e capaz de deduzir onde um objeto foi

escondido, sabe claramente que 0 mesmo, sem ela ver, continua a existir. Comec;a a

utilizar simbolos na linguagem e nas brincadeiras de faz-de-conta, recorda os

acontecimentos passados e os imita em ocasioes posteriores. Demonstra

orientac;ao, intencionalidade e os prim6rdios do raciocfnio dedutivo, juntamente com

uma compreensao primitiva do espac;o, do tempo e da causalidade, pois a crianc;a

esta entrando no period a da representac;:ao simb6lica.

Page 20: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA Rosangela Maria Souza …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/06/A-ESCRITA-INFANTIL-UMA... · crianga utiliza meios de linguagens, ... toda a arte

20

2.1.2 Periodo prs-operacional (Dais a sete anos)

A criang8 opera ao nivel da representagao simb6lica, 0 que S8 evidencia na

imitagao e na memoria, mostradas nos desenhos, nos sonhos, na sua linguagem e

no mundo do faz-de-conta.

Surgem as primeiras conceitu8goes, nas quais as representantes de urna

mesma cia sse naG sao distinguidos da pr6pria classe.

Exemple: Todos as sapos diferentes que ve, sao para ela, as mesma sapos.

Nesta fase, a criang8 atua de modo real no mundo fisico, mas seu

pensamento e ainda egocentrico e dominado par urn sentimento de onipotencia

magica. Acredita que todos os objetos estejam vivos e sejam dotados de

sentimentos e intengoes, assim como as banecas, bichos de pelucia, animais, etc,

A crianc;a raciocina que os eventos que ocorrem sejam coincidentes e tenham

entre si uma rela<;ao de causa e efeito. Presume que 0 mundo seja como S8 afigura

diante de seus olhos, mas nao concebe 0 ponto de vista de outras pessoas.

2.1.3 Periodo pre-Iogico (Quatro a sete anos)

Comegam a surgir as caracteristicas do raciocinio pre-16gico, baseado em

aparencias perceptuais. Assim, meia xicara de leite que encha completamente um

copo pequeno e mais que a mesma meia xicara que nao encha um copo grande.

Esse ensaio e erro leva a uma descoberta intuitiva das rela<;6es corretas, mas a

crian<;a ainda e inca paz de considerar mais que um atributo de cada vez e a sua

linguagem ainda e usada de mane ira egocentrica, refletindo sua experiencia

limitada.

Page 21: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA Rosangela Maria Souza …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/06/A-ESCRITA-INFANTIL-UMA... · crianga utiliza meios de linguagens, ... toda a arte

2!

2.1.4 Periodo de operac;:6es concretas (Sete a doze anos)

Durante as dais primeiros anos escolares da primeira serie da escola ofieial,

ha urna transic;:ao gradual para 0 periodo de operac;:oes concretas, que vai se

prolongar ate os doze anos, de aeordo com a crianr;a.

Nesta fase, a crianc;a pensa logieamente sabre as eoisas que experienciou e

as manipula simbolieamente, como nas operac;:oes aritmeticas.

Ja atingiu a conceito de conservar;2Io e reconhece agora a volume e as

proporc;6es dos liquidos e objetos em objetos maiores ou menores.

Uma conquista extremarnente importante e 0 fato de ser agora capaz de

racioeinar retrospeetiva e prospectivamente no tempo. Esta earacteristica aeelera

imensarnente 0 raciocinio logieo e torna possiveis deduc;:6es do tipo: dais mais dois

sao quatro, entao, quatro menos dois devern ser iguais a dois, observamos assim a

desenvolvimento intelectual, evoluindo desde 0 conhecimento, elaborado a partir das

experiemcias eoncretas do periodo sensoria motor ate a capacidade de representar

simbolicamente essas experieneias e pensar nelas de modo abstrato.

A crianga na eseola prima ria pode par em disposiC;2Io as objetos em serie e

classifiea-Ios em grupos e executar com eles outras operac;:6es 16gieas.

Page 22: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA Rosangela Maria Souza …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/06/A-ESCRITA-INFANTIL-UMA... · crianga utiliza meios de linguagens, ... toda a arte

22

2.2 A CONSTRU<;;AO DA ESCRITA PELA CRIAN<;;A, SEGUNDO EMiLIA

FERREIRO

No livra de Yetta M. Goodman, Como as crianqas constroem a leilura e a

escrita, (1995) os estudos realizados por Emilia Ferreiro tem se caracterizado pelo

entendimento da evolu980 dos sistemas de idaias construidos pel as criang8s sobre

a natureza do objeto social que a sistema de escrita e.

Para a descoberta da competencia cognitiva das criang8s nessa area,

foram analisadas, ao mesma tempo, suas atividades de produC;<3o e sua

interpretay.3o de textos escritos. Assim, foram estudados a competencia e 0

desempenho das crian98s, a tim de elaborar uma teoria no marco da visao

construtivista. Estes estudos confirmam os principios gerais da teoria de Piaget,

que recebem uma interpretaC;<3o especifica na alfabetiz8gc30.

Para Ferreiro, "As crianc;as nao sao apenas aprendizes, mas sujeitas que

sabem, que adquirem novos comportamentos durante seu desenvolvimento e 0

sistema de escrita pode ser caracterizado para este saber". (apud Goodman,199S.

p 23)

Para a aquisiC;ao do conhecimento sabre 0 sistema de escrita, as

crianc;as agem do mesmo modo do que em outras areas do saber, po is tentam

assimilar a informagao gerada pelo meio, e quando esta fica prejudicada, tentam

rejeita-Ias. Experimentam 0 objeto para testar suas hip6teses, pedem informac;6es e

tentam extrair um sentido dos dados coletados. Procuram coerencia, 0 que faz com

que elaborem sistemas de mane ira ordenada em seu desenvolvimento.

Esses Sistemas, que constituem algo como uma teoria sobre a natureza e

func;ao do sistema de escrita de maneira muito particular, sendo elaborados pelas

Page 23: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA Rosangela Maria Souza …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/06/A-ESCRITA-INFANTIL-UMA... · crianga utiliza meios de linguagens, ... toda a arte

2:l

crianc;as ao longo de seu desenvolvirnento, sao definidos par Piaget como

esquemas de assimila98o.

Piaget faz urna cital'ao na qual diz·

As informat;oes sao inlerpreladas, permilindo que as crianc:;:as deem umsentido aos seus encontros com a escrita e as usuarios da escrita. Uma vezconstruidos os sistemas, permanecem ativos, sern maiores alteracoes,enquanto exercerem a func;ao de dar um senlido ao mundo(apud Goodman, 1995, p. 24)

Observamos, assim, que quando novas informac;6es invalidam

freqOentemente a esquema, as crianc;as sofrem e predsam passar pelo processo de

modificac;ao. Tentam efetuar pequenos arranjos, a fim de conservar a maior parte

possivel do esquema anterior, mas em certos momentos dificeis da evoluc;ao,

sentem-se obrigadas a reorganizar seus sistemas, mantendo alguns dos elementos

anteriores e redefinindo aqueles que se tornam parte de urn novo sistema.

A necessidade de incorparar novas informac;bes altera todo 0 sistema e tern

par razao a necessidade de achar uma consistencia interna.

Com referenda as produyOes escritas das crianc;as, elas sao faceis de

entender mesmo quando as pessoas nao tem conhecimento exato da lingua

materna das crianc;:as e que tambem essas produc;oes de escrita constituem um

meio melhor de acesso ao estudo da leitura e escrita das criangas. (Ferreiro, 1995)

Distinguimos 0 processo de desenvolvirnento em tres nfveis, ordenados a

partir do desenvolvimento, os quais podem ser resumidos:

Primeiro nivel - as crianyas procuram criterios que Ihes permitam diferenciar

os dois modos basicos de representagEio grafica: 0 desenha e a escrita.

Ap6s todas as explorac;:6es que a crianga faz para diferenciar desenhos e

escrita, elas chegam a conclusao que nao e 0 tipo de linha que permite distinguir

entre um desenho e uma caisa escrita.

Page 24: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA Rosangela Maria Souza …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/06/A-ESCRITA-INFANTIL-UMA... · crianga utiliza meios de linguagens, ... toda a arte

24

Na verdade, produzimos os dois, desenho e escrita, alraves de linhas retas,

curvas au pontcs. Com 0 mesmo tipo de linhas podemos desenhar ou escrever, a

diferen<;8 esla na organiz8<;8o das linhas. Quando desenhamos, as linhas sao

organizadas e seguem 0 contorno do objeto e na escrita as mesmas linhas nao

acompanham 0 contorno do objeto. (Ferreiro, 1995)

Percebendo essa distinc;;ao, as criant;8S reconhecem com muita rapidez,

duas das principais caracteristicas basicas de qualquer sistema de eserita. a saber:

o conjunto de formas e arbitrario, pois as lelras nao reproduzem a forma dos objetos

e as letras sao organizadas de maneira linear, ao contrario do desenho, assim, as

formas de linhas e desenhos com particularidades pr6prias sao duas caracteristicas

que aparecem muito cedo nas produ<;oes escrilas das crian9as pequenas.

Os maiores esforyos das crianc;as nao vao para novas formas, pois elas

aceitam as ja convencionadas e as adotam muito rapidamente e nao concentram

seus esfor90s nos elementos graficos como tais, mas antes, na maneira com a qual

esses mesmos elementos sao organizados, embora a arbitrariedade de formas nao

seja alga convencional, pais as crian<;as estimuladas no meio social costumam

reconhecer as marcas da escrita como objetos substitutos em seu terceiro ana de

vida e que sua fungao e substituir outros abjetas.

No entanto, Ferreiro argumenta: "Mas fai trabalhando com crianc;:as faveladas,

que nao vivem num meio com a mesma riqueza cultural, que fomos capazes de

identificar as dificuldades da transi9iio de "Ietras enquanto objetos" para "Ietras

enquanto objetos substitutos". (1995, p. 26)

Este primeiro nivel de pensamento das crian<;as gera, para nosso trabalho.

dois grandes resultados: considerar cadeias de letras como objetos substitutos;

fazer uma clara distingao entre dois modos de representagao grafica, modo ic6nico

Page 25: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA Rosangela Maria Souza …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/06/A-ESCRITA-INFANTIL-UMA... · crianga utiliza meios de linguagens, ... toda a arte

25

(desenhar) e 0 modo naG ic6nico (escrever), naG esquecendo que essas aquisigoes

sao permanentes, e as criang8s as integrarao, sem abandona-las em sistemas mais

complexos.

Diferenciados esses dais modos de representac;8.o grafica pelas crianc;as,

agora precisam descobrir como 0 desenho e a escrita S8 relacionam urn com 0

Dutro.

A relag8.o entre imagens e texte escrito num livro de historias, bern como

relagoes semelhantes nos escritos do meio au em SUBS proprias produc;6es gn3ficas,

sao para as crianC;;:8S um problema, que S8 resolve com 0 principio de organiz8g8o:

as letras sao utilizadas para representar uma propriedade dos objetos do mundo

(seres humanos, animais etc), que 0 desenho e incapaz de reproduzir. (as names).

Como as letras representam os nomes dos objetos, as crianyas precisam

analisar como as letras sao organizadas para representar corretamente os nomes.

Ao mesmo tempo, excluem a forma dos objetos representados, pOis elas ja sabem

que os sinais escritos sao colocados fora do campo ic6nico (desenho). Assim, as

criangas procuram as condi90es nas quais urn escrito seja uma boa representagao

do abjela, isla e, inlerprelavet.

A partir dai, a criany8 defronta-se com problemas organizados em duas

diregoes basicas: quantitativa e qualitative.

Do lada quantitativa, surge a primeiro problema: quantas letras deve ter urn

escrito para ser 'Iegivel', levando-a a elabor8gao de urn principia interno, que

Ferreiro (1995) chamau de "0 principia da quanlidade minima".

As crian9as analisadas, independentemente de seu contexto social ou

escolar, escolhern Ires letras como ideal. Quando ha tres letras ordenadas e de

Page 26: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA Rosangela Maria Souza …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/06/A-ESCRITA-INFANTIL-UMA... · crianga utiliza meios de linguagens, ... toda a arte

26

maneira linear. as criangas tern certeza de que "deve dizer alguma ceisa" (Ferreiro,

1995)

Segundo Ferreiro,

Havendo duas letras apenas, elas fiearn em duvida, algumas aceitam essapossibilidade Qutras, porem a rejeilam e quando hi:! apenas uma letra, elastern certeza de que nao hit algo que possa ser lido. Uma letra somente nao€I 0 suficiente para ter uma palavra escrita" (apud Goodman, 1995, p. 27),

Tres letras sao suficientes, de acordo corn suas conceptualizac;6es, porem,

esta condiC;:8o quantitativa nao e 0 suficiente para ter uma boa representaC;80 de

uma palavra, deve canter tambem uma condigao qualitativa; as letras devem ser

diferentes, S8 urn escrito mostrar a mesma letra 0 tempo todD, as criang8s nao 0

considerarao uma cadeia legivel. Ferreiro denominou de varia90es qualitativas

internas a este segundo principio regulador da constru9c3o do saber pelas crian9as.

Diante desses dois principlos organizacionais, as crianc;as pod em olhar cada

escrito e decidir se e alga que faz sentido, ou apenas uma cadeia de letras que nao

constitui a representa980 escrita de uma palavra. Mas, mesmo com esses dois

principios, nesse nivel, as crianc;as ainda sao incapazes de analisar urn conjunto de

cadeias escritas para descobrir os criterios que permitem representar diferenc;as de

significado.

Segundo nivel: 0 controle progressivQ diante das varia96es qualitativas e

quantitativas leva a construc;ao de modos de diferencia9ao entre escritos, sendo este

o maior resultado do segundo nivel de desenvolvimento.

As crianc;as agora procurarao diferenc;as objetivas nas cadeias escritas que

justifiquem interpreta90es diferentes.

Page 27: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA Rosangela Maria Souza …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/06/A-ESCRITA-INFANTIL-UMA... · crianga utiliza meios de linguagens, ... toda a arte

27

Os objetivos iniciais nao sao suficientes, pois elas comegam a procurar agora

difereng8s graficas suscetiveis de fundamentar suas diversas inten90e5. Comegam a

questionar que duas cadeias identicas de letras nao pod em dizer nomes diferentes,

defrontam-se, conseqOentemente, com urn novo problema: como podem criar

diferenciagoes graficas que permitam gerar interpretagoes diferentes ?

Novamente as crianr;as podem trabalhar juntamente com a condigao

quantitativa e qualitativa au com ambas ao mesma tempo. Elas constatam que asvezes, as pessoas escrevem com poucas lalras, outras vezes com mais letras e

indagam qual a razao dessas variagoes na quantidade de latras.

Elas nao analisam 0 padrao sonora da palavra, mas estao trabalhando com 0

simbol0 lingulstico na sua totalidade (significado e som juntos), como se fosse uma

s6 entidade. Enquanto procuram 0 referendal do nome que querem escrever, tentam

as vezes, por hip6teses; talvez as varia96es no numero de lelras estejam ligadas a

variagoes nos aspectos quantificaveis dos objetos implicados, mais letras se 0 objeto

for grande e menos letras se 0 objelo for pequeno (boi, formiguinha) ou mais letras

para um grupo de objetos e men os letras para um objeto (muitos bois, boil.

Outra possibilidade na procura da maneira razoi3vel para controlar as

variagoes quantitativas e estabelecer quantidades mfnimas e mi3ximas de letras para

todo nome escrito. As criangas podem raciocinar assim: se uma representac;ao

escrita deve contar com um minima de tres ]etras, mas nao mais do que seis ou

sete, entao e posslvel criar diferenciagoes quantitativas de um determinado conjunto

de escritos, assim as diferengas criadas pelas oulras palavras e que vao determinar

a maneira de escrever uma palavra solicitada.

T rabalhar com as criangas sob 0 angulo qualitativo tambem permite gerar a

diferenciagao de escritos, que nos permitem as posslveis solugoes:

Page 28: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA Rosangela Maria Souza …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/06/A-ESCRITA-INFANTIL-UMA... · crianga utiliza meios de linguagens, ... toda a arte

28

Se a crianry8 ja dispoe de urn grande conhecimento de formas graficas de

fetras, ela pode utilizar letras diferentes para palavras diferentes, sem alterar a

quanti dade de letras. Sendo a seu conhecimento limitado de form as graficas de

letras, ela pode alterar uma au duas lelras apenas, podendo modificar a primeira au

a ultima para escrever uma palavra diferente, deixando todas as Qutras inalteradas

ou mesmo alterar a posic;;ao das mesmas letras na ordem linear obtendo

representac;;oes diferentes, sendo esta a mais notavel das soluc;oes descobertas

pelas crianc;as nesse nivel de desenvolvimento. (FERREIRO, 1995)

Terceiro nfvel: corresponde a fonetiz8C;;80 da representary80 escrita.

(As crianc;as estudadas (espanholas), (Ferreiro apud Goodman, 1995, p.31)

constroem tres hipoteses bern diferenciadas durante a periodo que caracteriza esse

nivel: Silabica - Silabica-Alfabetica e Alfabetica).

A entrada ao nivel de fonetiza<;:ao e preparada por uma multidao de

informa<;:oes que a meio pode proporcionar as crian<;:8s; a maior informagao escrita edo proprio nome da crianc;a, pais ela pode aceitar que determinadas cadeias de

letras sejam necessarias para dizer seu nome, mas num determinado momenta, ela

passa a procurar alguma racionalidade interior, do porque essas mesmas letras e

nao Qutras, por que esse numera de letras e nao outro. Essa resistencia do objeto

na alfabetiza<;:.§o cumpre urn papel semelhante ao da permanencia objetal em outras

areas do saber (sendo 0 objeto, nesse caso, as cadeias de escrito produzidas pel as

adullos). A hip6tese silabica esta bem documentada para as crianc;as estudadas

(espanholas), ocorrendo 0 mesma com as portuguesas, catalas e as italianas.

o grande valor deste nivel esta no fato de que pel a primeira vez as crian9as

chegam a uma solu<;:.3o satisfatoria para um dos maiores problemas enfrentados no

Page 29: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA Rosangela Maria Souza …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/06/A-ESCRITA-INFANTIL-UMA... · crianga utiliza meios de linguagens, ... toda a arte

29

nivel anterior, que e 0 de aehar urn controle objetivo das variac;oes na quantidade de

letras necessarias para escrever qualquer palavra que desejem.

Algumas crian<;:as alcangam a hip6tese silabica com a simples controle

quantitativa de suas produc;oes, pois colocam 0 mesmo numero de letras que de

silabas, mas utilizam qualquer letra para qualquer silaba. Qutras chegam a

hip6teses silabicas com algum conhecimento sabre certas letras que podem ser

utilizadas para representar essa mesma silaba.

Com a regularidade das vogais na lingua espanhola (cinco letras para cinco

fonemas vogais) e muito comum encontrar escritos silabicos que usem essas vogais

de maneira regular; em Qutros casos, a sele~o das letras a serem utilizadas resulta

da assimilaC;Bo na hipotese silabica da informac;ao dispon[vel. Com frequencia as

crianc;as utilizam as letras iniciais de um nome proprio com um valor silabico. (0 M

de Maria torna-se 0 Ma, 0 S de Susana torna-se 0 Su, e assim por diante).

Desde 0 ponto de vista qualitativo, durante 0 subnivel silabico, as crian<;as

podem passar a procurar letras iguais para escrever "sons" semelhantes das

palavras. A correspondencia som e letra resultante nao e a correspondencia

convencional, mas, pela primeira vez, as crianc;as comec;am a entender que a

representac;ao escrita Iigada a escrita alfabetica deve enfocar quase que

exclusivamente 0 padrao sonoro das palavras. A hipotese silabica sera

repetidamente afirmada, externamente pelos escritos ambientais e por produc;6es de

adultos.

Sem abandonarem essas hipoteses elas passam a experimentar uma nova

hipotese, a silabica-alfabetica, na qual algumas letras ainda podem passar por

silabas, enquanto outras representam unidades sonoras menores (fonemas). Esta

e uma tfpica soluc;ao instavel, que leva a crianc;a a um novo processo de construc;ao.

Page 30: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA Rosangela Maria Souza …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/06/A-ESCRITA-INFANTIL-UMA... · crianga utiliza meios de linguagens, ... toda a arte

30

Quando as crianc;as alcanc;am, final mente, 0 terceiro subnlvel, que e 0 da

hip6tese alfabetica, ja entenderam a natureza intrinseca do sistema alfabetico, mas

ainda nao pod em lidar com todos os tr81;05 ortograficos pr6prios da linguagem, lais

como: (marcas de pontu8C;c30, espagos em branco, e outras representac;oes).

Entenderam apenas que a similaridade de som impliea numa mesma

similaridade de Istras, bern como que urna diferenC;8 no som impliea em Istras

diferentes.

Escrevem de acordo com 0 som da palavra que ouvem, conseqOentemente

elas tentam eliminar as irregularidades da ortografia e nao podem lidar desde ja com

todas as particularidades graficas que S8 apresentam no sistema alfabetico, pois

todas essas gamas de tral;os grirficos sob 0 nome comum de ortografia, respeitam

outras regras .

Assim como qualquer outro nivel, a nivel alfabetico e a ponto final da

evolugao anterior e, ao mesmo tempo, 0 ponto de partida de novos

desenvolvimentos que ocorrerao, pais 0 processo de alfabetizayEio nao se encerra

aqui.

Page 31: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA Rosangela Maria Souza …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/06/A-ESCRITA-INFANTIL-UMA... · crianga utiliza meios de linguagens, ... toda a arte

31

2.3 0 COGNITIVO NA ESCRITA INFANTIL

Pesquisas de Emilia Ferreiro ( apud Ribeiro e Pinto, 1988) demonstram que a

leitura e a escrita, como objetos culturais do conhecimento, sao adquiridos par urn

processo de autoconstfu<;ao, no confronto e interac;:ao da crian9a com 0 meio em

que S8 relaciona.

Ferreiro (1995) comprovou que varios metodos e estrategias com vistas a

favorecer a compreensao e 0 dominic da leitura e escrita pela crian98, assim como

as testes de maturidade, listas de habilidades motoras e perceptivo-temporais nac

sao suficientes para atingir a exilO desejado no processo de leitura e escrita.

Tendo em vista 0 grande numero de crianC;:8s que nao S8 alfabetizam,

mesma com varios anos de escolaridade na America Latina, a educadora buscou na

leoria de Jean Piaget a explicagao para 0 desenvolvimento da crian9a no ate de ler e

escrever, do ponto de vista cognitiv~

Assim que a crian9a consegue pegar no lapis ou caneta, a partir dos dois

anos de idade, ela come9a a deixar marcar no papel, nas suas Produ90eS de

rabiscos, 0 que chamamos de epoca das garatujas.

Em principia, e a imita9aa mecimica do ata do adulto ao escrever. Mas a nivel

conceitual, a crianya ja da nome aos seus rabiscos. Ela pode se referir a eles como:

eo "papai", "caminhao dele", "minha casa", etc ..

Na medida em que a crianya vai crescendo nos seus estagios cognitivos e amedida que Ihe e dada oportunidade com materiais impressos e de desenho, ela vai

avancyando cada vez mais.

Essa e uma das fases importantes para que se estimule a crian9a a folhear

revistas, jornais, fotos, levando a interpretar gravuras, deve se colocar a sua

Page 32: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA Rosangela Maria Souza …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/06/A-ESCRITA-INFANTIL-UMA... · crianga utiliza meios de linguagens, ... toda a arte

32

disposigao lapis de cera, pincel atomico e folhas brancas, para a representa<;EJo

grafica de seu pensamento.

Apos a fase das garatujas, a crianga entra na fase iconic8, a representaC;80

da escrita pel a crianc;a atraves do desenho. Nessa fase, ela vivencia a hip6tese de

que escrever e desenhar, e entao tenta representar 0 objeto desenhado.

Em principia, a sua representac;ao e bem distante do objeto real, sao

tentativas de desenhar 0 objeto, mas com uma forma ainda indefinida. A cada dia,

sua representac;ao do objeto vai 58 aperfei90ando ale chegar a representaC;80 bern

definida.

NaD existe uma idade certa para a crianc;a entrar nessa fase. Tudo vai

depender da estimulac;ao da familia, da escola e das oportunidades que sao dadas a

crianc;a de escrever e desenhar.

Num dado momento, a crianc;a passa a perceber que "escrever" nao e

desenhar e chega a diferenciar desenho de escrita e, portanto, passa para a fase

Pre-silabica ou Nivel 1.

Fase pre-silabica 1 - as crianc;as deste nivel produzem riscos ou rabiscos

tipicos da escrita que elas tem como forma basica, num modelo de letra cursiva ou

de imprensa.

Dessa forma, se a criam;a trabalha na escola com letra de irnprensa, fara

rabiscos separados, com linhas e curvas. Por outro lado, se na escola e enfatizada a

letra cursiva, a crianc;a fara grafismos ondulados.

Nessa fase, a crianya usa sempre as mesmos sinais graficos e que podem

ser letras convencionais au s[mbolos quaisquer.

As crianc;as pre-silabicas acham que os names das pessoas e das coisas tern

alguma relac;aa com a seu tamanho ou idade, 0 que denominamos de realisma

Page 33: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA Rosangela Maria Souza …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/06/A-ESCRITA-INFANTIL-UMA... · crianga utiliza meios de linguagens, ... toda a arte

33

nominal, assim eoisas grandes se esereve grande, eoisas pequenas se esereve

pequeno.

Urn born exemplo dessa earaeterlstiea da erian9a e a eserita da palavra Boi.

A erian9a pensa no tamanho do animal, por isso esereve a palavra "boi" com muitas

letras. Se for escrever "formiguinha" colocara poucas letras na sua escrita. Elas nao

separam os elementos das palavras, fazem sempre urna leitura global do que esta

escrito, assim cada letra ou sinal vale pelo todo.

Fase pre-silabica 2 - e urna sub-fase do nivel 1, porem mars evoluida. A

crianga agora, a vista de materiais gran cos, descobre que coisas diferentes tem

nomes diferentes. Assim ela irnprime diferengas nas grafias das palavras, as vezes

mudando apenas a ordem das lelras, que Ferreiro chamou de "Diferenci89ao

qualitativa inter-relacional" onde as crian98s dedicam um grande esforc;o intelectual

na canslrugaa de formas de diferenciagao entre as escrilas. Assim as palavras

formadas por menos de tres sinais au letras nao servem para ler, por issa nao

escrevern com menas de tres lelras au sinais, UHipotese quantitativa", lad a escrita

tern que ter na minima tres letras para que diga alga.

As criangas explaram entao criterios que Ihes perrnitam variagoes sabre a

eixo qualitativo e se preocupam em variar 0 repert6ria das letras e as mudam de

uma escrita para outra, variando a pOSig80 das mesmas sem modificar a sua

quantidade.

Observamos tambem que para a erianga chegar ao pre-silabico 2, e muito

importanle 0 cantata com letras convencionais a partir de seu proprio nome e do

alfabeto movel , a que implica que ela ficara par muito tempo nos niveis anteriores.

Nessa fase trabalha-se com os texlos orais e escritas, frases e palavras, e

escrila espontanea, denlre oulras atividades.

Page 34: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA Rosangela Maria Souza …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/06/A-ESCRITA-INFANTIL-UMA... · crianga utiliza meios de linguagens, ... toda a arte

34

Fase silabica - jii a partir desta fase e a ateng80 da criang8 as atividades

sonoras do significante que marca neste periodo a fonetiz8gao da escrita, au seja, a

descoberta dos sons da fala, que S8 inicia com um periodo silabico e culmina no

periodo alfabetico.

A crian98 chega a hip6tese de que a escrita representa a fala. E 0 momento

em que ela faz a correspondencia da escrita com a Fala, sendo a fase mais

importante da alfabetiz8g8o, pois comeCY8 a descobrir que as partes da escrita, au

seja, suas letras, podem corresponder a Qutras tantas partes da palavra escrita, as

suas silabas, e formula hip6teses de que cada letra ou sinal vale par uma silaba.

Num primeiro momento, as grafias sao diferenciadas sem que as letras

lenham seu valor sonoro convencional. Ao chegar a um grau de evoluC;80 maior, as

crianc;as empregam nas suas grafias vogais e ate consaantes das silabas das

palavras que querem escrever.

Essa hip6tese silabica e importante, por duas razoes:

Primeiro, porque permite abter um criterio geral para regular as variac;oes na

quanti dade das letras que devem ser escritas.

Segundo, centraliza a atenC;3a da crianc;a nas variac;oes sonoras entre as

palavras.

o nivel silabico nao significa capacidade da crianc;a para compreender e

assimilar sflabas, mas sim perceber atraves dos pedacinhas da palavra no oral e nao

na sua escrita. Assim. a trabalho com familias silabicas (cartilha) nessa fase, e

total mente improdutivo, pais a crianc;a mesmo treinando incansavelmente, nao as

emprega na sua escrita silabica.

No ensino tradicional, e comum a crianc;a demorar multo tempo nesse nrvel e

as vezes nem evoluir no processo-aprendizagem.

Page 35: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA Rosangela Maria Souza …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/06/A-ESCRITA-INFANTIL-UMA... · crianga utiliza meios de linguagens, ... toda a arte

35

Essas criangas que demoram a avangar sao, na maioria das vezes,

consideradas deficientes, incapazes e com dificuldades de aprendizagem pela

escola.

Geralmente as crian98s que avan98m com 0 metodo silabico possivelmente ja

alcan98ram 0 nivel 4 , par isso chegam rapidamente ao nivel alfabetico. E nesse

nivel silabico elas nao avangam trabalhando com cartilha (familias silabicas). Elas so

evoluem atraves de jogos com 0 alfabeta e silabas moveis, que Ihes permitam

construir e comparar palavras, silabas, separar (cortando sflabas) palavras e outras

atividades especificas para este niveL E ainda comum nesta fase, as crianc;as

reconhecerem e lerem todas as silabas Simples, mas nao as utilizam em sua escrita

(a leitura e visual, par isso e mais facil que escrever).

E fundamental que 0 educador trabalhe, ao mesmo tempo, leitura e escrita,

senao a crianga ficara em defasagem numa ou outra aprendizagem.

o processo de constru<;3o do aluno, que e subjacente a qualquer metoda de

alfabetizagao, a aluno tern seu metoda proprio de aprender e muitas vezes nao

aprende com a metoda que Ihe e proposto pela escola.

Nesse nivel 0 aluno pode utilizar-se na leitura da soletragao m + a = ma au p

+ a = pa e isso e normal e muitas vezes necessaria para alguns alunos. Se a

educador respeitar essa necessidade do aluno, logo ele chegara ao Nivel 4, sem

precisar mais desse recurso.

Para que a Cfianga passe do nivel silabico para 0 nivel silabico alfabetico, eimprescindfvel que ela descubra a construgao da sHaba. Isto Ihe sera possibilitado

nos jogos com 0 alfabeto move!. A crian98 ao colocar uma consoante e ao seu lado

as vogais, descobrira a familia silabica e transpora esle conhecimento para as

demais consoantes.

Page 36: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA Rosangela Maria Souza …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/06/A-ESCRITA-INFANTIL-UMA... · crianga utiliza meios de linguagens, ... toda a arte

36

Exemplos: M + A MA. M + E = ME, M + I MI, M + 0 MO, M + U =UM

Fase silabico-alfabetica - marcam a transigao entre as esquemas previas em

via de ser abandonado (hip6tese silabica) e as esquemas futuros em vias de serern

construidos.

A criang8 descobre que a sflaba naD pode ser considerada como uma

unidade, mas que ela e, par sua vez, composta de elementos rnenores. E passa a

enfrentar dais problemas a saber:

Quantitativa - Nao basta pDr uma letra par silaba, mas tambem naD S8 pode

estabelecer nenhuma regularidade, duplicando a quantidade de letras por silabas, ja

que hi! silabas com uma, duas, tres ou mais letras.

Qualitativo - Enfrentara os problemas ortograficos, a identidade do som nao

garante a identidade das letras, nem a identidade de letras, a de som.

Ao descobrir que 0 esquema de uma letra par sHaba nao funciona, a crian9a

procura acrescentar letras a escrita da fase anterior

Come9a entao a grafar algumas silabas completas, e outras incompletas

(ainda preservadas por uma letra s6). Geralmente, as silabas completas sao a

prime ira ou a ultima da palavra. Mescia de duas concep90es: silabicas e silabica

alfabetica.

Essa fase pode caracterizar a omissao das letras pela crian9a, mas na

verdade ela esta acrescendo letras a sua escrita anterior (silabica).

Temos uma progressao e nao urn retrocesso. Nessa fase, e muito importante

o trabalho com letras e silabas moveis nos jogos e atividades.

Page 37: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA Rosangela Maria Souza …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/06/A-ESCRITA-INFANTIL-UMA... · crianga utiliza meios de linguagens, ... toda a arte

37

Fase alfabetica - aD chegar neste nivel a criang8 atingiu a com preen sao do

sistema de representagao da linguagem escrita. Ela percebe que a palavra escrita econstitufda de subconjunto de letras que sao as silabas.

A criang8 agora ja e capaz de fazer a analise sonora dos fonemas das

palavras, porque descobre que cada letra corresponde a valores menores que a

silaba

1550 param, nao significa que todas as dificuldades estejam vencidas. A partir

dai surgirao os problemas relativos a ortografia que serao trabalhados e tratados no

perfedo pas alfabetiz8g8o, quando sera enfatizada a base ortografica.

Observamos assim, que a passagem par esses niveis e feita de maneira

natural pelos alunos. Entretante a evoluyao na escrita dependera dos estimulos e

oportunidades que Ihes serao oferecidos.

Por este fator que nao podemos pre fixar uma correspondemcia entre a idade,

nivel de escrita e a serie escolar.

Page 38: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA Rosangela Maria Souza …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/06/A-ESCRITA-INFANTIL-UMA... · crianga utiliza meios de linguagens, ... toda a arte

38

2.4 A APRENDIZAGEM DA LlNGUAGEM ESCRITA

As experiencias de Cohen e Gilabert (1992), do aprendizado da linguagem

escrita par crianc;:as pequenas nao sao a uniGa no genero, e quando comparadas

com crianc;:as de Quiros paises, destacam-se pontcs em comuns.

As autoras enfatizam que as criangas pequenas sao capazes de dominar

antes dos seis anos de idade os instrumentos da comunic8g;3o oral au escrita,

quando vivenciadas em urn meiO rico de estimulos de linguagens orais e escritas,

pois 0 cantato do meio e sempre a condigao necessaria, mas nae suficiente, pois

sera importante e primordial a mediaC;:8o do adulto, que estimula a criang8 a

desenvolver todas as suas capacidades de adaptagBo.

Destacam ainda que nao existem difereng8s na constrw;:ao operatoria, nas

condutas empregadas para a aquisic;;ao, nos processos de apropriac;ao

(segmenta9iio, percepc;ao do texto, traduc;ao do texto e codigos, uliliza\Oiio da

estrutura sintatica, semantica, e sintese destas linguagens) provocadas pelos meios

socioeconomicos, pela origem lingOistica ou pela lingua falada, se as condic;6es

naturais de aprendizagem forem respeitadas.

Afirmam ainda que a linguagem escrita e considerada como objeto de

reflexao (descoberta do c6digo e dos fatos de sintaxe da frase escrlla). E que, tendo

os meios necessarios, a crianc;a exercera sua reflexao sabre 0 escrita como 0 faz

com 0 oral. Assim vai emitir hip6teses, produzir sentido e levada pelo adulto, cuja

impartancia de mediador nunca deve ser menosprezada, a descobrir as regras do

funcionamento da escrita e domina-las progressivamente

Segundo a aulor, conforme publicado na Revue Fran\Oaise de pedagogie apud

Cohen e Gilabertt, lembram das contribuic;6es decisivas da obra do imortal para a

Page 39: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA Rosangela Maria Souza …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/06/A-ESCRITA-INFANTIL-UMA... · crianga utiliza meios de linguagens, ... toda a arte

39

pesquisa em didatica, para todos as que S8 interessam pelo problema de saber

como aumentar os conhecimentos. Esses escritos nos convem perfeitamente aD

objeto de nosso estudo e ajuda-nos a destacar as bases te6ricas de nossa

abordagem metodologica.

Foi estudada a Adaptagao Biologica do individuo aD seu meio e sugere-nos

as seguintes reflex6es: Se houver uma diversifica980 do meio, S8 0 enriquecermos,

e natural que a cfianc;:a busque nos seus meiDs de actaptaC;;80 e que [he permitam

enfrentar novas situ8goes. 0 estfmulo proveniente do meio, e, pais a condi9ao que

faz 0 individuo a um8 nova busca de equilibria que Ihe permite adaptar-s8.

Fica evidente, que uma multiplicidade de novas situay6es que mobilizam a

crian9a, ande S8 destacam quatro temas teoricos que Ihe parecem essenciais na

obra de Piaget para a pesquisa em didatica, pOis esciarecem de maneira decisiva a

constrw;ao operatoria, as iniciativas e os processos observados nas crian9as

pequenas que descobrem e se apropriam da linguagem escrita que as rodeia.

Sao eles, - As invariantes operatorias; a funyao simbolica; 0 interacionismo, e

a n09ao de equillbrio e que nos servem de fundo para analise.

o resultado da atividade propria da crian9a nas situa90es de aprendizagem

foi ressaltado por varios autores, principal mente Wallorn apud Cohen e Gilabert.

Quanto mais rico for a meio, rna is tera a crian9a oportunidade de atividades

pessoais, e necessario ainda que reinem no meio condi90es de autonomia e

liberdade a tim de que a crianva se tome seu proprio regulador, e preciso ainda que

o motor da atividade, ou seja, a necessidade, a interesse, 8 a curiosidade existam (

Wallom, apud Cohen, Gilabert, 1992, p. 165).

E e ai que S8 situa 0 papel do educador em organizar um ambiente propfcio,

ter atitudes estimulantes e mediatizar 0 aprendizado junto a crian9a.

Page 40: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA Rosangela Maria Souza …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/06/A-ESCRITA-INFANTIL-UMA... · crianga utiliza meios de linguagens, ... toda a arte

40

Assim, atraves de urna pedagogia da comunic8gElo bem compreendida, todos

as modos de expressao, todas as linguagens sao desenvolvidas simultaneamente

em uma intera9ao continua crian9a-meio-adulto do qual todos estao englobados,

linguagem oral, gestual, desenhos e tambem a escrita.

"A crianc;a e, pois rodeada de escrito como e de orat, num meio ~saturado" de

esHmulos. Eta entaD enfrentara esta linguagem e desenvolvera todas as estrategias

a sua disposi9ao para captar seu sentido". (Changeux apud Cohen e Gilabert, 1992,

p.165).

Diante da multiplicidade e da divers ida de de situ8<;::oes que sao expostas,

observa e toma consciencia de elementos comuns. Diante das palavras e frases

presenles em seu ambiente, cujo sentido a principia eta capla global mente de

maneira intuitiva, ja que a escrita esta claramente ligada a sua vivencia, assim ela

chega a uma tomada de consciemcia "de invariantes", da permanencia de certos

elementos visuais ou auditivos que encontra em diversas situac;:oes.

Toda essa construC;8o e gradual e se realiza atraves de uma atividade

pessoal intensa, que a mobilidade dos cartazes e letras que constituem a escrita ao

seu redor Ihe permitem.

A crian9Cl entao usa estrategias para situar essas invariantes, como a

observac;ao das semelhanc;as. das diferenc;as visuais, auditivas, como a

relacionamento dos diferentes elementos situados.

Os grupos de sons elaboram-se gradual mente na medida em que sao feitas

as descobertas das crianC;8s e sao constituidas a partir dos elementos visuais ou

auditivos e colocam em evidencia a presenc;a dessas invariantes em situ8c;oes

diversas, agrupando em conjuntos significativos, tomando como indicio de

representag80 urn elemento conhecido do conjunta. Este indicia tern muitas vezes

Page 41: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA Rosangela Maria Souza …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/06/A-ESCRITA-INFANTIL-UMA... · crianga utiliza meios de linguagens, ... toda a arte

41

relac;:ao com a palavra indutora e pareee ocupar urn lugar que nao S9 pode

negligenciar no processo de inclusao em urn conjunto.

Exemplificando, Maria tern urn M, como em Mamae. A palavra indutora e

assim uma palavra privilegiada que perlence a vivencia imediata da crianc;a, uma

palavra que tern uma consonancia afetiva com relevancia particular em sua vida.

Estas situa96es permitirao veneer uma nova etapa, como observamos num

conjunto de palavras, par exemplo, definido pelo carater uouve-s8 0", ela

encontrara, par observac;:ao e analise de semelhanC;8s e diferenCY8s, grafias que

diferem "0", mas tambem "au" e "eau". Assim, sera levada a operar subconjuntos

diferentes, cada urn com caracteristicas da permanencia de urn carater auditivo ou

visual.

Estando diante deste estado de desequilibrio, inicia-se uma nova fase de

constru9ao, das situa90es novas que nao se encaixam nos esquemas conhecidos

pela crian9a, obrigando assim a criar novas esquemas que Ihe permitem abordar

uma nova fase de construt;(80 ate chegar a descoberta e ao emprego de esquemas

adultos. Os processos em a980 na representa9ao permitem incluir novos elementos

em antigos esquemas ja constituidos, claro que estes novos esquemas resistem a

assimila980 aos antigos.

Para Vergnaud apud Cohen e Gilabert, este desequilibrio, esta nao adapta9ao

provocada por novas palavras que resistem a inclusao em urn conjunto constituido

representando urn momento preciso da evolucyao da criancya parece capital: obriga a

criant;(a a constituir novos esquemas a fim de poder incluir as propriedades dos

objetos que resistem a assimila9ao, a reagir as exigencias da situayao e a buscar

acesso a novos conhecimentos. (Cohen, Gilabertt, 1992, p. 167)

Page 42: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA Rosangela Maria Souza …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/06/A-ESCRITA-INFANTIL-UMA... · crianga utiliza meios de linguagens, ... toda a arte

42

A evoluC;:80 de uma n0980 que acarreta a na<;aa do campo nocional, sem

pontu8r 0 percurso da crianC;:8 com experiencias similares que entrem no mesma

esquema, como e 0 case da maiaria dos manuais de ensina de leitura, e preciso aD

contra rio, deixar a crianga mergulhar na complexidade da realidade, oferecendo

situ8c;oes que incluem dois niveis de dificuldade.

Situ8c;oes nas quais as instrumentos ja adquiridos poderao ser aplicados no

campo visual, auditivo e conceitual e por Dutro lado situ8g6es que resistirao e para

as quais sera necessaria farjar novas instrumentos.

A cada estagio da descoberta e da apropriac;aoda linguagem escrita a

crianC;8 utiliza meiDs de linguagens, perceptivDs e cognitivos proprios, e com a ajuda

desses meios que tentare encontrar as melhores solu<;6es diante dos novas

materiais lingOisticos que apreende. 0 adulto que a rodeia tem de respeitar esses

momentos, pais seria uma grande ilusao e frustrante a crian<;a querer ignorar esses

momentos de desequiJibrio.

Toda a arte pedagogica consiste precisamente em confrontar a crian<;a com

silua<;6es nas quais apenas alguns elementos escapam aos esquemas ja

estabelecidos, e sao justa mente esses momentos provisorios de desequiHbrio que

permitem que a crianc:;a avance

Assim, uma a<;ao pedag6gica coerente e eficaz, aferece a crian<;a ocasioes

de desequilibrio que a coloquem na obrigac;ao de confrontar a crian<;a a novas

instrumentos de conhecimento, mas tambem de apoiar em patamares de equilibrio,

com exercfcios de aplica<;ao, de aprafundamento de um conhecimento adquirida,

multiplicando as situa<;6es em que esses esquemas adquiridos encantraraa

resistencia ao mesma tempo em que se tem presente que a estrategia educativa s6

sera produtiva S8 for canstruida sabre as invariantes que ela j8 interiorizou.

Page 43: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA Rosangela Maria Souza …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/06/A-ESCRITA-INFANTIL-UMA... · crianga utiliza meios de linguagens, ... toda a arte

43

Urn material pedag6gico especifico e abundante como cartazes e letras

m6veis simples, flexiveis e que facilita as transformac;:oes, permite que a crian<;a

intervenha, modifique; erie ela propria novas situar;:oes e observe a mudany8 que

opera. Combinando as letras au sons reconhecidos e situados em nOVQS conjuntos,

ao inv8s de Ihe proibir esta brincadeira sob a pretexto de que as palavras devem ter

urn sentido, a adulto reagira ao seu pedido pronunciando 0 conjunto de silabas

assim produzidas. Islo fara, contudo, que ela perceba que nao S8 trata de uma

palavra de verdade. Sao brincadeiras assim que adquirem aos nossos olhos 0

significado funcional das vocaliz8goes, balbucios e jogos labiais do bebe que

conquista a linguagem oral, que permitem a crian93 acompanhar as mudanc;:as que

realiza e as integra num sistema coerente antes de ela propria efetuar mudanc;:as

em palavras de verdade.

Estes grafemas, fonemas ou monemas descobertos pela crianc;:a dentro da

sua atividade de comparac;:ao dos diferentes materiais fornecidos pelo ambiente,

representam as suas invariantes, que VaG permitir futuras construc;:oes. E a partir

desse momenta em que ela as destaca e coloca em relac;:ao, e toma posse dos

instrument os, que vao ajuda-Ia a descobrir 0 c6digo da lingua escrita.

A noc;:ao de campo conceitual e importante, estando ligada ao conteudo do

conhecimento nos permite apreender melhores os processos cognitivos, as

operac;:oes de analise e de sintese que a crianc;:a realiza, sem esquecer que as

estrategias e processos descritos acirna podem nao ser verbalizado pela crian93. Ela

pode elaborar sua construgao atraves da experiencia pessoal, do mesmo jeito que

consegue construir seu quadro referencial.

Page 44: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA Rosangela Maria Souza …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/06/A-ESCRITA-INFANTIL-UMA... · crianga utiliza meios de linguagens, ... toda a arte

44

As inumeras e diferentes estrategias utilizadas pela crian<;8 em intera<;8o com

o seu meio levarn a compreensao de urna nova mensagem, e tambem a capacidade

de manipular regras de descoberta do c6digo.

Como conseqOencia e grac;:as a multiplicidades das diversas silua<;6es de

leitura que daD origem as estrategias de aprendizagem, as diferentes elementos

como grafemas, fonemas e morfemas, de inicio colocados juntamente entre si, nao

permanecem par muito tempo, eles mesmos S8 integram em quatro diferentes

campos como as da semantica (0 sentido), figurativo (visual e auditiv~),

operacional (regras, transforma,oes e sintaxe), eo cognitiv~ (refiexao).

Em cada fase de seu desenvolvimento, sla a enfrenta com estrategias que Ihe

sao proprias.

Esperar ou pedir que ela empregue as estrategias de urn adulto, seria um

equivoco, tambem devemos abster-se de utilizar um nivel de linguagem que esteja

alem de suas capacidades lingOisticas do momenta. A crianga interroga a realidade

desde que corresponda a sua vivencia e sera lev ada a elaborar novas estruturas,

novas conhecimentos, quando estes naa puderem interar as estruturas j8

elaboradas. Assim, as novas estruturas, as novas instrumentas cagnitivas adisposigao da crianya permitirao que ela mesma enfrente a realidade em um

movimento entre a pratica e a teoria mediada pela ac;ao.

Page 45: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA Rosangela Maria Souza …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/06/A-ESCRITA-INFANTIL-UMA... · crianga utiliza meios de linguagens, ... toda a arte

45

2.4.1 REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL NO AMBIENTE DE ENSINO

Nos parses organizados, denlro de suas sociedades letradas, as crian<;8s,

desde 0 seu nascimento entram em permanente cantata com a linguagem escrita.

Atraves da diversidade dos cantatos em seu ambiente social que as crian~s

descobrem 0 aspecto funcional da comunic8C;Elo escrita. desenvolvendo interesse e

curiosidade por essa linguagem.

Estando neste ambiente de letramento em que vivem, as crian98s podem

fazer, a partir dos dois au tres anos de idade, uma serie de perguntas tais como: uO

que esla escrito aqui~? ou uO que isto quer dizer" ?, Indicando sua reflexao sobre a

fun<;ao e 0 significado da escrita.

Sabemos que para aprender a escrever a crian98 tera de lidar com dais

processos de aprendizagem paralelos: 0 da natureza do sistema de escrita da

lingua - 0 que a escrita representa e como - e 0 das caracteristicas da linguagem

que se usa para escrever.

A aprendizagem da linguagem escrita esta intrinsecamente associ ada ao

contato com textos diversos, para que as crianc;;:as possam construir sua capacidade

de ler, e as praticas de escrita, para que possam desenvolver a capacidade de

escrever autonomamente

Os estudos de observac;;:ao e analise das produc;6es escritas das crianc;;:as

revelam que elas tomam consciemcia gradativamente, das caracteristicas formais

dessa linguagem.

Observa-se que, desde muito pequenas, as crianc;;:as podem usar 0 Lapis e 0

papel para imprimir marcas, imitando a escrita dos mais velhos, assim como se

utilizam livros, revistas, jornais, gibis, r6tulos, etc para Oller"0 que esta escrito.

Page 46: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA Rosangela Maria Souza …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/06/A-ESCRITA-INFANTIL-UMA... · crianga utiliza meios de linguagens, ... toda a arte

46

NaG e dineil observar crianr;8S muito pequenas que tern cantata com material

escrito, folhear urn livra e emitif sons e fazer 985t05 como S8 estivesse lendo. Elas

elaboram urna serie de ideias e hipoteses provisorias antes de compreender 0

sistema escrito em toda a sua complexidade.

Sabemos que as hip6teses elaboradas pelas cfian<;8s em seu processo de

construgao de conhecimento nao sao idemticas em urna mesma faixa elaria, porque

depend em do grau de letramento de seu ambiente social, da importancia que tern a

escrita no meio em que vivem e das praticas sociais de leitura e escrita que podem

proporcionar as estimulos de participagao.

Durante 0 processo de construg8o dessa aprendizagem, as criang8s

cometem "erras", Os erros, nessa perspectiva, ja sao esperados, pois eles se

referem a um momento evolutivo no processo de aprendizagem das crianc;as e tem

um importante papel no processo de ensino, porque informam 0 adulto sobre 0

modo particular das crianc;as pen sa rem naquele momento.

E a escrita, rnesmo com esses "erros", permite as crian<;as avan<;arem.

uma vez que so mente escrevendo sera possivel enfrentar certas contradic;oes

Exemplificando. se algumas crian<;as pensam que nao e posslvel escrever com

menos de tres letras, e pensam, ao mesmo tempo, que para escrever "gato" enecessario duas letras, estabelecendo uma equivalencia com duas sflabas da

palavra gato, precisam resolver essa contradiC;ao criando uma forma de grafar. que

acomode a contradi<;ao, enquanto ainda nao e posslvel ultrapassa-Ia

Assim, as crian<;as aprendem a produzir textos, antes mesmo de saber grafa-

los de maneira convencional. Elas nao possuem a habilidade para escreverem e

lerem de maneira autonoma. Podem fazer uso da ajuda de parceiros mais

Page 47: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA Rosangela Maria Souza …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/06/A-ESCRITA-INFANTIL-UMA... · crianga utiliza meios de linguagens, ... toda a arte

47

experientes, sejam elas crian98s OU adultos, para aprenderem a Jer e a escrever em

situat;6es significativas.

No ambiente escolar para crianC;8s de quatro a seis anos, a instituic;80 deve

possibilitar um local adequado e estimulante a fim de ampliar gradativamente suas

possibilidades de comunicagao e expressao, interessando-se par conhecer varios

generos crais e escritos e participando de diversas situ8c;oes de intercambio social

nas quais possa can tar suas vivemcias, ouvir as de Qutras pessoas, elaborar e

responder perguntas.

Como tarnbsm S8 familiarizar com a escrita por meio do manuseio de livros,

revistas e Qutros porta dares de texto e da vivemcia de diversas situ8c;oes nas quais

seu usa S8 fa<;8 necessaria: escutar textes lidos, apreciando a leitura feita pelo

professor; interessar -se par escrever palavras e textos ainda que nao de forma

convencional, reconhecer seu nome escrito. sabendo identifica-Io nas diversas

situac;aes do cotidiano e escolher os livros para ler e apreciar.

A introdu980 da crian9a em situa90es de escrita deve acontecer de maneira

espontanea, urn processo natural que pode ser facilitado pelo educadar na utiliza9.30

de urn material didatico que permita 0 interesse da crian9a nas situa90es cotidianas

nas quais se faz necessaria a usa da escrita, do pr6prio nome em situa90es em que

isso e necessaria; produ9ao de textos individuais au caletivos ditados oral mente ao

professor para diversos fins; pratica de escrita de pr6prio punho, utilizanda 0

conhecimento de que dispoe, no momento, sabre a sistema de escrita em lingua

materna e tambem e respeite pela produ9aa pr6pria e alheia.

Page 48: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA Rosangela Maria Souza …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/06/A-ESCRITA-INFANTIL-UMA... · crianga utiliza meios de linguagens, ... toda a arte

4R

3 PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS

Escola Lapis de Cor - Educac;:ao Infantil e Ensino Fundamental

o Campo experimental foi a Escola Lapis de Cor Educal'ao Infantil e Ensino

Fundamental, fundada em 10 de dezembro de 1995, pela senhora Lusiiingeia

Cornel sen de Queiroz Telles e Andre Telles, ambos com formag8o em

Psicopedagogia pela UFPR, em 1987,

A Escola esta situada na Rua Francisco Oerosso, 3.855, com telefone 41-258-

2402, no Bairra do Alto Boqueirao em Curitiba no Parana e seu horario de

funcionamento eo das 7h as 19h haras de segunda a sexta- feira.

Atende atualmente 150 criangas entre 0 a 10 anos (bergario a quarta serie do

Ensino Fundamental) e possui profissionais especializados, como professores,

psicologo, psicopedagogo, nutricionista, entre Qutros.

Page 49: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA Rosangela Maria Souza …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/06/A-ESCRITA-INFANTIL-UMA... · crianga utiliza meios de linguagens, ... toda a arte

49

A escola e propriedade particular e oferece servi<;os como ensina de ballet,

computac;:ao, biblioteca, ingles, judo, musica, horta, culinaria, sala de video, servigos

odontol6gicos, restaurante, passeios a teatros e zoologicos.

A sua sede tern como infra-estrutura urna mini-quadra de esportes, utHizada

para recreac;:ao e futebol, urn patio eoberto, dois parques, secretaria, sala da

direc;:ao, sala de brinquedos, materiais e livros, urna sala de maternal I, urna sala de

maternal II, uma sala do Jardirn I, duas salas do Jardim II, duas salas do Jardim III,

urna sal a para cada serie (primeira a quarta serie), urna cozinha, urn refeitorio, urn

banheiro para professores, dais banheiros masculinos e dois femininos maternais e

o Jardim I, II e III possuem as banheiros dentro de suas salas.

Oferece balsas gratuitas a crian9as carentes da regiao.

Estimula a inova9ao em projetos com as changas da escola, atraves de seus

professores e estagios oferecidos.

A estrutura educacional da escola esta compreendida em: Ben;ario, Maternal

I, Maternal II , Jardim I, Jardim II A, Jardim II B, Jardim III A e Jardim III B, Primeira,

Segunda, Terceira e Quarta serie do Ensino Fundamental.

Todas as professoras da instituiyao sao formadas em Magisterio, possuem

cursos adicionais e estaa cursande 0 Ensine Superior em Letras ou Pedagogia.

A Escola Lapis de Cor entende que, para urn comportamento etico, e

necessario que 0 individuo tenha uma predisposigao firme e habitual para a pratica

do bern. Por esse motiv~, na Educa980 Infantil, trabalha com as virtu des, objetivando

que os alunos tenham uma boa qualidade moral e social. Esta formay80 e

indispensavel para que, futuramente, a Instituiyao possa trabalhar com todos os

val ores.

Page 50: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA Rosangela Maria Souza …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/06/A-ESCRITA-INFANTIL-UMA... · crianga utiliza meios de linguagens, ... toda a arte

50

o trabalho na Escola Lapis de Cor procura desenvolver na crianga as

rela90es de respeito com ela propria, com as colegas, professores e demais pessoas

da Institui~o. Nas suas rela90es com a sociedade, tambem procura conscientizar

na criam;a todos as direitos e deveres do cidadao na sociedade organizada.

o aluno participa intensivamente de atos patri6ticos, com colegas, familia, em

desfiles de atos civicas e dernais projetos da escola.

A escola tern como proposta que 0 conhecimento e construido a partir da

interagflo entre 0 individuo e 0 meio, par meio de hip6teses que VaD sendo testadas

par ele num processo pelo qual a crianc;a elabora a sua propria inteligencia

adaptativa e seu proprio conhecimento.

E fundamentada na Psicologia do Oesenvolvimento que tern como base de

todo 0 processo a psicogenese (processo de constru<;8o do conhecimento) e a

psicogenetica (a evolu<;80 psicobiol6gica do individuo).

A formayao dos educadores e reciclada anualmente, tendo em vista as

demandas e caracteristicas dos educandos e melhoria da educa9ao.

A aprendizagem e transmitida de forma ludica. prazerosa, atraves de desafios

e conflitos cognitivos.

o processo ensino-aprendizagem e natural, espontaneo, sem desprezar 0

prepare e a planejamento dos educadores.

A aulas sao variadas e apropriadas para cada aluno au grupo e atendendo

ao seu ritmo e as possibilidades de cada urn.

Page 51: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA Rosangela Maria Souza …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/06/A-ESCRITA-INFANTIL-UMA... · crianga utiliza meios de linguagens, ... toda a arte

51

3.1 ESTUDO DE CAMPO

o principio da testagem aconteceu em meados de maio de 2004, com 0

prop6sito de observar e conhecer todo 0 processo de aprendizagem enfocado na

InstituiC;8.o.

Para uma inter-relac;:8.o pessoal apropriada ao ambiente e posterior convivio

adequado para a testagem, participei de algumas atividades da escola durante 0

perfodo de visitas, juntamente com a educadora Kassia, Ines e Udiane, que

desenvolvem atividades com as crianc;:as. E foi nesses encontros que pude observar

durante 0 processo educativo:

- Que naG sao utilizados modelos para c6pia de desenhos e sim urn desenho

pre-elaborado atraves de jogos e brincadeiras, no qual a crianc;a desenvolve 0

restante do material solicitado. Ex. desenho de urn carpa, faltando othos, boca,

nariz, etc e e solicitado para que a crianya coloque as partes faltantes, que possa

reconhecer partes de seu proprio corpo e seus respectivos names.

- Nas atividades de ingles, a abordagem e basica e se da priori dade ao

conhecimento da patavra e seu nome. Que Gato e Cat, crianya e kid e vermelho ered.

- Reconhecimento de embalagens como a lata de Nescau.

- Livros com desenhos a partir dos quais se desenvotve uma hist6ria.

- Projeta educacianal com papel jornal se desenvolveu 0 conhecimento do

animal trabalhado (no caso, baleia)

- Lapis de cera para desenvolvimento de desenhos livres e outros.

- T rabalhos com colagem de papais e afins.

- Brinquedos pedag6gicos.

Page 52: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA Rosangela Maria Souza …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/06/A-ESCRITA-INFANTIL-UMA... · crianga utiliza meios de linguagens, ... toda a arte

52

- Valoriza,ao dos trabalhos executados em mural (todos).

- As vogais sao trabalhadas par associ8C;c30 (jardim II).

- 0 alfabeto e ensinado de maneira diversificada (Jardim III).

- Projetos de alfabetiza9iio (Ayrton Sena), aprendizagem das letras A e S, e

suas associa,oes (Jardim III).

3.2 TESTAGEM COM AS CRIANi;AS

Participaram deste trabalho quatro crianryas, tendo uma a idade crono16gica

de 4 anos e 3 meses, do sexo feminino e Qutra, com a idade de 4 anos, sendo do

sexo masculino, ambas matriculadas no Jardim I, que corresponde a crianr;as de 3 a

4 anos. Tambem uma crianc;:a de cinco anos do S8XO masculino, matriculada no

Jardim II, que corresponde a criang8s de 4 a 5 anos. E par ultimo, uma crianC;8 de

seis anos, do sexo feminin~, matriculada no Jardim III, que corresponde a criangas

de 5 a 6 anos.

Com 0 intuito de preservar a identidade das criang8s, utilizou-se 0 criteria

adotado por Piaget (1973) na constru9iio dos protocolos: as tres letras sao as

iniciais dos names.

o local ande foi desenvolvida a testagem foi a ambiente externa, com mesa,

papeis e lapis adequados.

Em face da abordagem anterior com as criam;as, as mesmas nao

apresentavam ansiedade, se sentiam a vontade e estavam receptivas.

Foi testada uma crianga de cada vez

Page 53: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA Rosangela Maria Souza …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/06/A-ESCRITA-INFANTIL-UMA... · crianga utiliza meios de linguagens, ... toda a arte

3.2.1 Nivel1 - Pre- silabica 1 (Alune: A.P.C)

A.i>·c.

l40.""',~ "'....."

~~ .'l",,-.a l; flu'-~ r

Idade cranal6gica, 4 anas e tres meses, Jardim II.

53

Page 54: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA Rosangela Maria Souza …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/06/A-ESCRITA-INFANTIL-UMA... · crianga utiliza meios de linguagens, ... toda a arte

3.2.2 Nivel 1 - Pre-silabica 1 (Aluna: F.AP)

Idade cranologica, 4 anas, Jardim I.

54

Page 55: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA Rosangela Maria Souza …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/06/A-ESCRITA-INFANTIL-UMA... · crianga utiliza meios de linguagens, ... toda a arte

3.2.3 Nivel 2 - Pre-silabico 2 (AIuno: G.H.S)

Idade cronol6gica. 5 anos. Jardirn II.

55

Page 56: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA Rosangela Maria Souza …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/06/A-ESCRITA-INFANTIL-UMA... · crianga utiliza meios de linguagens, ... toda a arte

3.2.4 Nivel 3 - Silabico

-i.1}.\&:

~AHi~

firt\ Fe1:}fPPft

Idade cronal6gica, 6 anas, Jardim III.

56

Page 57: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA Rosangela Maria Souza …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/06/A-ESCRITA-INFANTIL-UMA... · crianga utiliza meios de linguagens, ... toda a arte

57

4 RESULTADOS E DISCUssAo

Na testagem com a A.P.C, fai pedido para que escrevesse as palavras 801.

FORMIGA e MAMAE. Observou-se que esta criang8 tambem produz riscos tipicos

da escrita, sendo a sua forma basica de representar, pois utilizou tanto letras

convencionais au Qutros s[mbolos quaisquer. A testagem com essa criang8

demonstra que ela S8 encontra no Nfvell - Pre-Silabico l.

Na testagem com a F.A. P foi pedido tambem para que escrevesse as

palavras BOI, FORMIGA e MAMAE. Observou-se que esta crianya produziu riscos

tipicos da escrita, sendo a sua forma basica de representar, pais utilizou tanto tetras

convencionais ou Qutros sfmbolos quaisquer. A testagem com essa criang8

demonstra que ela S8 encontra no Nivel I - Pre-Silabico I.

Observac;:6es: Nas duas testagens com as crianc;:as do Jardim I. com as

idades cronol6gicas de quatro anos, nao observamos 0 Realismo Nominal (coisa

grande se escreve grande e coisa pequena se escreve pequeno).

Na testagem com 0 G.H.S, foi pedido para que escrevesse as palavras BOL

FORMIGA E MAM.A.E. Observou-se que a crianc;:a utiliza um minima de quatro letras,

demonstrando sua passagem pelo n[vel 11 - pre-silabico, no qual a crianc;:a dedica um

grande esforc;:o para a construc;:ao de forma que diferencie a escrita; para ela

palavras formadas com menos de tres letras nao servem para ter, por isso nao

escreve com menos de tres letras; toda escrita entao apresenta a hip6tese

quantitativa, nao repete as letras de uma escrita para outra, ou a posic;:ao das

mesmas, sem modificar a quantidade.

A testagem com essa crianga demonstra que ela se encontra no Nivelll - Pre-

silabico ll.

Page 58: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA Rosangela Maria Souza …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/06/A-ESCRITA-INFANTIL-UMA... · crianga utiliza meios de linguagens, ... toda a arte

58

Na Testagem com a A.C.P foi pedido para que escrevesse as palavras ANA

CLARA, BOLA, CASA, FORMIGA, PE, BONECA, AU. Observou-se que a crianl'a

utiliza urna letra para cada fonema, e pude perceber a atenc;ao as marcas sonoras

do significante, que marea neste peri octo a fonetiz8yao da escrita. Essa crianc;:a

demonstra que ja hipotetiza que a escrita representa 0 som da fala Ja faz a

correspondEmcia da escrita com a fala, sendo esta a fase rna is importante de sua

alfabetlz8C;:.3o. Ela esta num processo de descoberta de letras e que estas podem

corresponder as partes da palavra escrita (suas silabas), ela agora pode formular a

hip6tese que cada letra ou sinal vale par urna sflaba. Num primeiro momento, as

grafias podem ser diferenciadas, sem que as Istras lenham seu valor sonora

convencional.

Quando chegar a urn grau de evoluc;ao maior, empregara nas suas grafias,

vogais e ate consoantes com seu valor canvencional. Isla tem importancia, diante de

duas razoes: primeiro permite ter um criteria geral para obter as variac;oes na

quantidade das letras que devem ser escrilas; segundo, centra a atenc;ao sonora

entre as palavras.

A testagem com 8ssa crian9a demonstra que ela S8 encontra no Nivel III -

SILABICO.

Page 59: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA Rosangela Maria Souza …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/06/A-ESCRITA-INFANTIL-UMA... · crianga utiliza meios de linguagens, ... toda a arte

59

CONCLUSAO

Observei nas criany8s do Jardim I que elas produziram riscos Hpicos da

escrita, sendo a sua forma basica de representar, e tambem utilizaram Istras

convencionais e Qutros simbolos quaisquer.

A testagem com as criany8s do Jardim demonstrou que slas S8 encontram

dentro do Nivel I - Prs-Silabico I, correspondente a sua idade cronologica e estao

matriculadas na serie correspondente.

A crianc;a do Jardim II escreveu corn no minima de quatro Istras,

demonstrando sua passagem pelo nfvel II - pre-silabico, e S8 dedica urn grande

esfofC;o para a construc;ao de forma que diferencie a escrita. Para as criam;as desta

fase, palavras farmadas com menes de tres Istras nao servem para ler, par i550 nao

escrevem com menes de tres tetras; toda escrita entao, apresenta a hip6tese

quantitativa, isto e, a crianc;a nao repete as letras de uma escrita para outra. au a

pOSiC;:80das mesmas, sem modificar a quantidade.

Na Testagem com a crianc;a do Jardim II, observei que ela utiliza uma

letra para cada fonema, e pude perceber a atenc;:c3o as marcas sonoras do

significante que marca nesse periodo a fonetizaC;8o da escrita. Essa crianc;a

demonstra que ja hipotetiza que a escrita representa 0 som da fala. Ja faz a

correspond€mcia da escrita com a fala, sendo esta a fase mais importante de sua

alfabetizac;ao. Ela esta num processo de descoberta de letras e que estas podem

corresponder as partes da palavra escrita (suas silabas), Ela agora, nesta fase,

pode formular a hip6tese que cada letra au sinal vale por uma silaba. Num primeiro

momento, as gra!ias podem ser di!erenciadas, sem que as letras tenham seu valor

sonora convencional.

Page 60: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA Rosangela Maria Souza …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/06/A-ESCRITA-INFANTIL-UMA... · crianga utiliza meios de linguagens, ... toda a arte

60

Quando chegar a urn grau de evoluc;ao maior empregara nas suas grafias,

vogais e ate consoantes com seu valor convencional. Isto tern importancia, diante de

duas raz6es: primeiro, permite abter urn criteria geral para abter as variac;6es na

quanti dade das latras que devem ser escritas; segundo, centra a atenc;ao sonora

entre as palavras, 0 que demonstra que ala esta dentro do nivel III - silabico.

Essas testagens demonstraram, conforme as estudos de Jean Piaget. Emilia

Ferreiro e Qutros seguidores, que 0 desenvolvimento cognitiv~ da criang8 e gradual e

continuo, no qual S8 respeitar a idade au a fase de aprendizagem que as crianC;8s

estao passando, sempre com a ajuda de elementos estimuladores.

Assim, a alfabetiz8gao sera plena e satisfatoria quando ocorrer

entendimento ao processo natural da crianya pelos educadores e aos estlmulos

vivenciados no seu meio social

Page 61: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA Rosangela Maria Souza …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/06/A-ESCRITA-INFANTIL-UMA... · crianga utiliza meios de linguagens, ... toda a arte

61

6 REFERENCIAS

COHEN, Rachel; GILABERTT, Cilene. Oescoberta e aprendizagem da linguagem

escrita antes dos 6 anos. Sao Paulo: Martins Fontes, 1992

PULASKI, Mary Ann S. Compreendendo Piaget; uma introduqiio ao desenvolvimento

cognitiv~ da crianqa. Rio de Janeiro: Zahar, 1983.

GOODMAN, Yetta, M. Como as crianqas constroem a leitura e a escrita, FERREIRO,

Emilia. Oesenvolvimento da Alfabetizaqiio; PSicogenese. Porto Alegre; Artes

Medicas, 1995. cap. 2, p. 22-32.

RIBEIRO, Lourdes E; PINTO, Gerusa R. 0 real do construtivismo - praticas

pedagogicas e experil!nciasinovadoras.5 ed. Belo Horizonte; Fapi, 1988.

REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL PARA A EDUCACAo INFANT!L.

Conhecimento de mundo. Brasilia; Ministerio da Educaq80 e do Desporto, v.03,

1998.

Page 62: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA Rosangela Maria Souza …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/06/A-ESCRITA-INFANTIL-UMA... · crianga utiliza meios de linguagens, ... toda a arte

62

ANEXOS

Page 63: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA Rosangela Maria Souza …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/06/A-ESCRITA-INFANTIL-UMA... · crianga utiliza meios de linguagens, ... toda a arte

AUTOR!ZA<;:Ao

Autorizamos a Sra. Rosangela Maria Souza Raks8, Academica do Cursa de

Pedagogia da Faculdade de CiEmcias Humanas, Letras e Artes, da UNIVERSIDADE

TUIUTI DO PARANA matriculada sob 0 n° 2001,001.1 ,035343, em curso Diurno a

desempenhar trabalhos de expresseo curricular nesta escola, nas classes do Jardim

II e Jardim III, discriminados a seguir

OBSERVA<;:AO E TESTAGEM DA ESCRITA INFANTIL

o trabalho sera desempenhado durante 0 ana leliva de 2004, horario normal

de aulas da escola.

LUSIANGELA C Q, TELLES

Diretora