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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁDimas Isac de Souza Junior
CRIAÇÃO DE FRANGO CAIPIRA VISANDO A PRODUÇÃO ORGÂNICA EM PEQUENAS PROPRIEDADES NO MUNICÍPIO DE BOCAIÚVA DO SUL – PR
CURITIBA2011
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Dimas Isac de Souza Junior
CRIAÇÃO DE FRANGO CAIPIRA VISANDO A PRODUÇÃO ORGÂNICA EM
PEQUENAS PROPRIEDADES NO MUNICÍPIO DE BOCAIÚVA DO SUL – PR
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para obtenção do título de Médico Veterinário. Professor Orientador: Dr. Welington Hartmann Orientador Profissional: Dr. Marcus T. Fusco
CURITIBA2011
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TERMO DE APROVAÇÃO
Dimas Izac de Souza Junior
CRIAÇÃO DE FRANGO CAIPIRA VISANDO A PRODUÇÃO ORGÂNICA EM
PEQUENAS PROPRIEDADES NO MUNICÍPIO DE BOCAIÚVA DO SUL – PR
Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado e aprovado para a
obtenção do Título de Médico Veterinário da Universidade Tuiuti do
Paraná
Curitiba, 24 de Junho de 2011
Orientador:
Prof. Welington Hartmann __________________________
Banca examinadora:
Prof. Elza Galvão Ciffoni __________________________
Prof. Uriel Vinicius Cotarelli de Andrade __________________________
3
DEDICATÓRIA
A
Dimas Isac de Souza e Marilda Valentim
e
Thallyta Amato
dedico
4
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por sempre ter sempre me abençoado, me orientando
a trilhar bons e vitoriosos caminhos, sem maiores tristezas. Agradeço a meus
pais; Dimas Izac de Souza e Marilda V. dos Reis, irmã e familiares não só por
essa conquista mas por tudo que já fizeram e continuam fazendo por mim.
Agradeço ao Sr. Kelsons e Maria do Rosário, Sr. João de Barros e dona
Maria Josefa.
Aos professores Welington Hartmann, Uriel V. Cotarelli de Andrade e
Elza Ciffoni e ao dr. Marcus T. Fusco.
Agradeço a todos os meus amigos, Dudu, Jonathas, Elder, Pablão,
Guilherme, Kelsons.
5
SUMÁRIO
LISTA DE TABELAS................................................................................. 8LISTA DE FIGURAS.................................................................................. 9RESUMO................................................................................................... 101 INTRODUÇÃO.............................................................................. 111.1 OBJETIVOS GERAIS..................................................................... 112 LOCAL DE REALIZAÇÃO DO ESTÁGIO..................................... 123 AVICULTURA NO BRASIL........................................................... 153.1 A CRIAÇÃO DE FRANGO CAIPIRA............................................. 164 IMPLANTAÇÃO DO PROJETO “FRANGO CAIPIRA VALE DO
RIBEIRA” – ESTÁGIO.................................................................. 194.1 ESCOLHA DA ATIVIDADE............................................................ 194.2 ESCOLHA DA RAÇA..................................................................... 194.3 SELEÇÃO DAS FAMÍLIAS............................................................. 234.4 OBTENÇÃO DO FINANCIAMENTO.............................................. 234.5 COMPRA DO MATERIAL E INSUMOS......................................... 244.6 CONSTRUÇÕES DOS AVIÁRIOS................................................. 25
4.7 CAPACITAÇÃO DOS PRODUTORES.......................................... 324.8 ACOMPANHAMENTO DOS LOTES-CONTROLES
ZOOTÉCNICOS............................................................................. 324.8.1 Sanidade........................................................................................ 334.8.2 Análise do ganho de peso e peso final.......................................... 354.9 ALIMENTAÇÃO............................................................................. 384.9.1 Forma de arraçoamento................................................................. 404.9.2 Apresentação e acondicionamento dos alimentos......................... 404.9.3 Importância da água na alimentação das aves.............................. 414.9.4 Tipos de alimentos......................................................................... 414.9.5 Aditivos ......................................................................................... 434.9.6 A estrutura para o preparo das rações.......................................... 444.9.7 O preparo das rações.................................................................... 454.9.8 Alimentos alternativos ................................................................... 464.9.9 Inclusão das plantas forrageiras e frutos na alimentação de
frangos caipiras.............................................................................. 474.9.1
0
Manejo nutricional.......................................................................... 49
5 ABATE........................................................................................... 516 DESCRIÇÃO DAS ATIVIDAES DESENVOLVIDAS
EXCLUSIVAMENTE PELO ESTAGIÁRIO.................................... 526.1 REUNIÕES COM OS PRODUTORES........................................... 526.2 CONSTRUÇÕES DOS GALPÕES................................................ 52
6
6.3 PREPARO PARA O POVOAMENTO............................................ 536.4 PESAGEM DOS LOTES................................................................ 536.5 APANHA PARA O ABATE............................................................. 537 COMERCIALIZAÇÕES DOS PRODUTOS................................... 547.1 APRESENTAÇÃO E QUALIDADE................................................ 547.2 AVALIAÇÃO E COMPOSIÇÃO DOS PRINCIPAIS PRODUTOS.. 557.2.1 Carne............................................................................................. 558 CONCLUSÃO................................................................................ 57REFERÊNCIAS........................................................................................... 59ANEXOS..................................................................................................... 62
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 POTENCIAL GENÉTICO DA RAÇA LABEL ROUGE......... 22TABELA 2 PESAGENS REALIZADAS DURANTE O PERÍODO DE
ESTÁGIO............................................................................ 36TABELA 3 MÉDIAS DAS PESAGENS NAS IDADES DE 6, 10 E 12
SEMANAS E DESVIO-PADRÃO......................................... 37TABELA 4 NECESSIDADES NUTRICIONAIS DO FRANGO CAIPIRA
DE ACORDO COM A FASE DE CRIAÇÃO........................ 46TABELA 5 CONSUMO DE RAÇÃO POR FAIXA DE IDADE................ 50
7
LISTAS DE FIGURAS
FIGURA 1 LABEL ROUGE – XL 431 NA............................................... 20FIGURA 2 UMA DAS REUNIÕES COM OS AGRICULTORES........... 23FIGURA 3 ACOMPANHAMENTO DA CONSTRUÇÃO DOS
GALPÕES – I ..................................................................... 26FIGURA 4 ACOMPANHAMENTO DA CONSTRUÇÃO DOS
GALPÕES – II .................................................................... 26FIGURA 5 LAYOUT DO MODELO COMPLETO DO SACAC............... 27FIGURA 6 FACHADA DO AVIÁRIO...................................................... 28FIGURA 7 PINTOS RECÉM-NASCIDOS.............................................. 29FIGURA 8 PINTOS ACOMODADOS NA ÁREA DE CRIA.................... 29FIGURA 9 ÁREA INTERNA DO AVIÁRIO............................................ 30FIGURA 10 FRANGOS NA FASE DE ENGORDA................................. 30FIGURA 11 COMEDOURO TIPO CALHA.............................................. 32FIGURA 12 PESAGENS REALIZADAS DURANTE O PERÍODO DE
ESTÁGIO. EQUAÇÃO LINEAR, COEFICIENTE DE
CONFIABILIDADE E LINHA DE TENDÊNCIA.................... 37FIGURA 13 PIQUETE COMPOSTO POR VEGETAÇÃO NATIVA......... 49FIGURA 14 REUNIÃO COM O PROJETO EM ANDAMENTO............... 49FIGURA 15 CARCAÇA PRONTA PARA COMERCIALIZAÇÃO............. 56
CRIAÇÃO DE FRANGO DE CAIPIRA VISANDO A PRODUÇÃO ORGÂNICA
EM PEQUENAS PROPRIEDADES NO MUNICÍPIO DE BOCAIÚVA DO SUL –
PR
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RESUMOO objetivo deste trabalho é relatar as atividades desenvolvidas durante o
estágio curricular de Dimas Isac de Souza Jr., realizado em Bocaiúva do Sul,
no Projeto de Implantação da Criação de Frango Caipira, no período de 14 de
Fevereiro a 20 de Maio de 2011, realizando as seguintes atividades: Cadastro
de produtores, orientação de manejo, acompanhamento sanitário,
acompanhamento da recria, acompanhamento da apanha, transporte e abate.
O plantel atendido foi de 16.000 frangos em 14 propriedades. Este sistema
demonstrou ótimos resultados técnicos e econômicos resultando em uma
importante alternativa viável para geração de renda das pequenas
propriedades da região, possibilitando a sua inserção em um mercado
promissor.
Palavras-chave: Avicultura; Frango caipira; Cooperativismo.
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1- INTRODUÇÃO
A criação de frango caipira em pequenas propriedades é um sistema
alternativo, que consiste numa tecnologia dirigida ao agricultor familiar, capaz
de organizar de forma gerenciada a atividade de criação destas aves. Esse
sistema alternativo de criação pode melhorar a qualidade de vida das famílias,
seja pela maior oferta de carne e ovos de qualidade na sua alimentação, ou
pela possibilidade de venda do excedente, uma vez que aumenta de forma
substancial e eficiente a capacidade produtiva do plantel.
1.1 OBJETIVOS GERAIS:
O objetivo deste trabalho é descrever as atividades realizadas durante o
estágio curricular obrigatório realizado no período de 14 de Fevereiro a 20 de
Maio de 2011, durante o acompanhamento à implantação do projeto de criação
de frangos caipira no Município de Bocaiúva do Sul concebido como meio de
proporcionar às famílias que aderiram ao programa, a geração de uma fonte de
renda segura, produzindo um produto de excelente qualidade, visando a médio
prazo conquistar uma importante fatia de mercado.
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2- LOCAL DE REALIZAÇÃO DO ESTÁGIO
O Município de Bocaiúva do Sul está localizado a 30 km da capital
Curitiba, com pavimentação asfáltica (BR 476). A Área do Município é de 831,69
km2 (realidade municipal EMATER - PR 94/95). Seu relevo é ondulado a
montanhoso. Os principais cursos d’água do Município são o Rio Capivari, Rio dos
Patos, Rio dos Patinhos, Rio Marrecas, Lajeado Cerro Lindo e Córrego Pau-de-
Sangue. São todos afluentes do Rio Capivari, formando parte do lado esquerdo da
Bacia Hidrográfica do Capivari.
Quase a totalidade das propriedades apresenta recursos hídricos
abundantes, sendo fontes, córregos, riachos, etc., que são utilizados para
consumo humano e animal e ainda para a exploração da piscicultura de
subsistência e em menor escala, piscicultura comercial. O município apresenta
muitas jazidas minerais, tais como: calcário, mármore, granito e caulim, que já
vem sendo explorado, com a ressalva de que as empresas apenas exploram as
jazidas, sendo o beneficiamento feito em outros municípios, acarretando
empregos e geração de renda. Tendo em vista a baixa fertilidade natural dos
solos, a grande incidência de geadas, os graves riscos de erosão e a
impossibilidade ou dificuldade de mecanização, conclui-se que as áreas dessa
unidade são inaptas para a agricultura. Acha-se em sua maior parte com
vegetação natural, sendo pouco utilizados com agricultura. Estes solos
apresentam problemas com a fertilidade, que é muito baixa. É bastante
susceptível a erosão por ocorrerem em relevo ondulado e forte ondulado, o
mesmo ocorrendo com a mecanização. Para um melhor uso, sugerem-se
práticas conservacionistas, calagens e adubações para elevar o conteúdo de
nutrientes.
11
O Município de Bocaiúva do Sul é um dos poucos da região
metropolitana que ainda possui reservas florestais nativas, e o avanço da
exploração da madeira deu lugar a grandes áreas florestadas hoje por
bracatinga e pinus. A araucária e a erva mate, nativas da região, são as mais
encontradas; outras madeiras de lei existem, porém em pouca quantidade
devido principalmente a sua exploração comercial. Próximo à sede do
Município encontram-se áreas de bracatinga, fruto da derrubada da mata
nativa.
As famílias rurais são compostas em média por 4,6 pessoas (dados
apontados pelo SENSO 2010). Os filhos por volta do 7 anos, já iniciam o
trabalho na agricultura, colaborando com os pais. A mulher, além dos afazeres
da casa, também auxilia na roça, fazendo quase todo tipo de serviço mais
pesado e a comercialização da produção.
A Situação Econômica desses produtores caracteriza-se por uma
estrutura fundiária, as propriedades foram divididas através dos anos, formando
inúmeros minifúndios. Com essa estrutura, a maioria das atividades tornou-se
suficiente somente para o abastecimento da família. A maioria das propriedades
explora em maior ou menor intensidade a bracatinga. Mesmo nas comunidades
onde a olericultura é mais forte, a exploração da bracatinga está presente.
Quase todos os produtores plantam milho em áreas onde se fez o corte da
bracatinga. Economicamente a representatividade da bracatinga tem caído nos
últimos anos, tendo surgido outras atividades que são mais interessantes do
ponto de vista econômico. A a fruticultura e a ovinocultura têm sido tentativas
buscadas para dar uma melhor condição de sustentabilidade da atividade
tradicional. A População do Município, de acordo com último Senso: é de 9047
12
habitantes, vivendo 5.522 habitantes na área rural e 3.525 habitantes na área
Urbana.
Em parceria com a EMATER e Banco do Brasil, no dia 13 de outubro de
2010, a Prefeitura Municipal de Bocaiúva do Sul, através da Secretaria
Municipal de Agricultura e Meio Ambiente, deu início a solenidade de
implantação do "Projeto Frango Caipira", o qual faz parte de um conjunto de
ações que estão sendo realizadas no município visando proporcionar às
famílias que aderiram ao programa, a geração de uma renda extra que servirá
como complementação e diversificação de recursos desses produtores rurais.
O estagio foi orientado pelo Médico Veterinário Marcus T. Fusco,
totalizando 360 horas, realizando as seguintes atividades:
-Participação da seleção dos produtores;
-Treinamento dos produtores;
-Acompanhamento da construção dos galpões e solários;
-Acompanhamento do manejo nas propriedades nos primeiros dias após
povoamento;
-Acompanhamento sanitário;
-Acompanhamento nutricional nas diversas fases etárias;
-Auxilio na necropsia dos animais mortos, e anotação no fichário.
-Pesagem quinzenal, e ajustes no manejo.
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3- A AVICULTURA NO BRASIL
Atualmente, a avicultura no Brasil é considerada uma atividade
econômica dinâmica. Iniciada na Região Sudeste, no final da década de 50, e
mais tarde, nos anos 70, na Região Sul. Com a grande produção de grãos nos
Cerrados, no início desse século, os valores com exportação ultrapassaram a
barreira dos dois bilhões de dólares.
A produção de frango, em 2006, alcançou 9.420 milhões de toneladas,
superando os 9,348 milhões alcançados em 2005. Por outro lado, esses dados
demostram que o Brasil se tornou o maior exportador de aves desde 2004,
uma vez que exporta anualmente cerca de 3.040 toneladas de carne de frango,
seguido dos Estados Unidos (2.538 toneladas), da União Européia (780
toneladas), da Tailândia (400 toneladas) e da China (360 toneladas).
Em termos de consumo de ovos, a média é considerada baixa se for
levada em conta a população do Brasil e o potencial da avicultura de postura
nacional. O consumo anual de ovos "in natura" é de 141 ovos enquanto que no
México se consomem mais de 360 unidades, seguido pelo Japão (347) e China
(310). Vale salientar que o México é o sexto maior produtor mundial de ovos e
o Brasil, o sétimo, cerca de 22,212 bilhões de unidades de ovo por ano
(AVISITE, 2007), antes deles estão a China, os Estados Unidos, o Japão, a
Índia e a Rússia (AVICULTURA INDUSTRIAL, 2010).
Tal produção é basicamente originária de sistemas avícolas altamente
tecnificados e tem mercado garantido. No Brasil, o mercado de frango orgânico
é ainda maior, uma vez que se trata de um produto considerado nobre em
todos os níveis sociais e em toda extensão territorial do País. O preço no varejo
14
dos principais pratos típicos chega a ser elevado devido a pouca
disponibilidade do produto. Em relação aos ovos, as proporções de preços se
repetem. A dúzia do ovo oriundo de granjas tecnificadas é vendida a um preço
25% menor do que das granjas orgânicas. Nesse caso é importante ressaltar
que a genética do frango caipira ainda não se permite ter uma poedeira
competitiva e os ovos comercializados são os que deixarão de certa forma de
serem incubados.
Quanto mais diminuir o custo de produção dos frangos caipira e estas
estiverem mais disponíveis, com certeza, serão mais largamente consumidas.
Para que isso aconteça, a criação deve ser criteriosamente acompanhada e
contabilizado todos seus custos e receitas, mesmo que isso ocorra de forma
bem simples.
3.1- A CRIAÇÃO DE FRANGO CAIPIRA
O frango caipira por meio da qualidade e palatabilidade dos seus
produtos tornou-se um dos pratos mais apreciados no Brasil. Ele é criado na
quase totalidade dos núcleos agrícolas familiares, alimentando famílias e
gerando renda.
Por ser uma ave rústica e capaz de suportar adversidades climáticas e
resistir a algumas doenças, se torna uma alternativa principalmente para locais
com menor infraestrutura produtiva.
Este trabalho apresenta recomendações técnicas e inovações
tecnológicas que viabilizam a criação do frango caipira, tornando-a uma ave
competitiva, inserindo-a no mercado de produtos agro ecologicamente correto,
15
uma vez que pode ser criada com o uso racional dos recursos naturais
renováveis, inclusive com agregação de valor à produção agrícola,
agroindustrial e extrativista, já que pode ser perfeitamente integrada com as
mais variadas atividades.
O Sistema Alternativo de Criação de Frangos Caipira (SACAC), ao
mesmo tempo em que resgata a tradição de criação de frangos caipira, tem
como objetivo o aumento do padrão econômico da agricultura familiar,
melhorando a qualidade e aumentando a quantidade da produção. O sistema
minimiza os danos ao meio ambiente, adotando adequações necessárias a
cada ecossistema onde é implantado, seja com relação às suas instalações e
equipamentos, seja na forma de alimentar ou de medicar alternativamente as
aves (BARBOSA et al., 2004).
Outro importante fato a ser observado no SACAC é a capacidade de
integração de criação de frangos com outras atividades agrícolas,
agroindustriais, extrativistas, pecuárias, que são costumeiramente
desenvolvidas pelo agricultor familiar, o que resulta na agregação de valor e
maior remuneração por produto acabado (SAGRILO, 2002). As aves criadas
em sistemas mais naturais são submetidas a menos estresse do que aquelas
nos sistemas de criação intensiva, em galpões com elevada população, e sua
carne é considerada de melhor sabor e menor teor de colesterol.
Desenvolver uma tecnologia que impulsione a criação de uma ave
doméstica, atividade que é encontrada em 99,9 % dos núcleos agrícolas
familiares (RAMOS et al., 2001), é a forma que a pesquisa tem de inserir o
frango caipira nos diversos mercados consumidores, principalmente porque a
mesma pode ser tratada de forma que se utilizem racionalmente os recursos
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naturais renováveis, o que indiscutivelmente o torna agro ecologicamente
correta.
Embora seja reconhecida como uma fonte de alimentos de alta
qualidade protéica (carne e ovos), e tenha se transformado ao longo desse
período em um dos pratos típicos conhecidos em todo o território brasileiro, a
criação de frangos caipira é precária em termos zootécnicos, com prejuízos
para a sua produtividade.
No SACAC, de acordo com o planejamento e a estrutura de produção, o
agricultor familiar poderá optar pelo aviário completo ou juntar-se a outros
criadores e instalarem um núcleo de multiplicação de frangos caipira. No
primeiro caso, o agricultor familiar vai desenvolver todas as práticas de manejo
nas mais diversas fases de criação. No segundo, o criador adquirirá os ovos já
fertilizados para uma posterior incubação sob sua responsabilidade ou receberá
pintos recém-nascidos, e sua estrutura de criação será um galpão de
crescimento. A aquisição de insumos e a comercialização dos produtos poderão
ser realizadas de forma coletiva nos dois casos. Nos segmentos que tratam de
origem genealógica e raças, reprodução, alimentação, instalações e
equipamentos, sanidade e comercialização, o agricultor familiar terá uma visão
ampla da proposta do sistema de criação e com isso poderá fazer as
adequações que lhe convier, desde que sejam mantidas as características
desejáveis dos produtos, com o mínimo de danos à natureza.
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4- IMPLANTAÇÃO DO PROJETO “FRANGO CAIPIRA VALE DO
RIBEIRA” – ESTÁGIO
4.1- ESCOLHA DA ATIVIDADE
Devido à origem das atividades econômicas do município de Bocaiuva
do Sul, que são basicamente a exploração de madeira, minério e recursos
hídricos, identificou-se a carência de uma atividade rural. Com o solo pouco
fértil e relevo acidentado, os donos de pequenas propriedades rurais
necessitavam de uma fonte de renda extra e segura, a solução adotada pela
Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente em reunião com os agricultores, foi
discutida a viabilidade das atividades sugeridas, surgindo como propostas: a
Ovinocultura, Piscicultura, Apicultura, e Avicultura.
Após diversas reuniões realizadas em diferentes comunidades rurais,
com a participação do médico veterinário e do estagiário, os produtores
decidiram em consenso pela implantação do projeto de Avicultura de Corte,
entre todos os demais, tendo em vista a facilidade de manejo, baixo custo
relativo para implantação, e rápido retorno dos investimentos.
4.2- ESCOLHA DA RAÇA
Devido as suas características e adaptação ao solo e clima brasileiro,
sabor da carne e ovos, tem-se a raça Frango Caipira “Label Rouge”, também
conhecida como pescoço pelado, a escolhida.
O frango, Gallus gallus domesticus, pertence ao grupo de aves
galiformes e fasianídeas, sendo encontrada em todos os continentes do
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planeta, com mais de 24 bilhões de cabeças (FUMIHITO et al., 1996;
PERRINS, 2003).
Introduzido na época do descobrimento do Brasil, originária de quatro
ramos genealógicos distintos, o americano, o mediterrâneo, o inglês e o
asiático, o frango caipira, recebendo as práticas de manejo adequadas da
época, adquiriu resistência a algumas doenças e se tornou adaptada ao clima
local.
Através de acasalamentos de todas as formas, inclusive consangüíneos,
os frangos caipira atuais apresentam semelhanças com as principais raças que
as originaram (Andalusian, Buff Plymouth Rock, Silver-Spangled Hamburgs,
Australorp, Columbian Wyandottes, Assel, Partridge Plymouth Rock e Brown
Leghor). As semelhanças se refletem não somente em termos de plumagem e
porte (Figura 1), mas também em características de carcaça.
Figura 1: Label Rouge - XL431NA
O conhecimento da origem genealógica e das raças de frangos
introduzidas no Brasil permitirá que o criador mantenha as características
desejáveis da sua criação, assim como introduzir de maneira ordenada genes
capazes de responder positivamente ao manejo e ao planejamento de criação.
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A espécie escolhida para a implantação do Projeto no município de
Bocaiúva do Sul foi o Frango Orgânico Pescoço Pelado produto que demanda
um baixo custo de produção devido a sua rusticidade. Um dos objetivos da
avicultura alternativa é diminuir os custos de produção. Por isso o avicultor
deverá construir o galinheiro utilizando material disponível em sua propriedade.
Na França os avicultores melhoraram geneticamente esse tipo de ave,
chegando a linhagem conhecida como Label Rouge "pescoço pelado". Essa
linhagem com dupla aptidão (produção de carne e ovos) foi trazida para o
Brasil e se adaptou muito bem, graças ao nosso clima tropical. Essas aves
atingem níveis de produção bem mais elevados que os nossos tradicionais
caipiras.
A produção do frango caipira nunca poderá ser comparada com a da ave
industrial, este porém, apresenta mais resistência às doenças, carne e ovos
bem mais saborosos e pigmentados, permitindo comercialização a preços
maiores do que os preconizados para os produtos industriais.
Todas as aves podem opcionalmente ser fornecidas sexadas. Todos os
pintainhos são selecionados e vacinados no incubatório contra Bouba Aviária e
doença de Marek e as aves que se destinam à postura recebem a vacina
contra doença de Marek cepa Rispens (Tabela 1):
• Label Rouge - XL431NA "pescoço pelado":
- Origem: SASSO (França);
- Aptidão: Corte / Pesado;
- Idade de abate (dias): 70;
- Peso ao abate: 2.886 g macho / 2.314 g fêmea;
- Conversão alimentar (g): 2.53;
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TABELA 1- POTENCIAL GENÉTICO DA RAÇA LABEL ROUGE
IDADE SEMANASPESO VIVO (g)
CONVERSÃO ALIMENTAR01
0.11
-
02
0.23
-
03
0.35
1.40
04
0.52
1.60
05
0.75
1.5
06
1.00
1.90
07
1.30
2.05
08
1.60
2.15
09
1.92
21
2.27
10
2.20
2.38
11
2.45
2.49
12
2.70
2.60
13
2.92
2.66
14
3.10
2.71
15
3.25
2.83
16
3.40
2.90
17
3.55
2.98
Fonte: Sulave, 2011
4.3- SELEÇÃO DAS FAMÍLIAS
22
Esta etapa foi fundamental para o sucesso do projeto, pois nela foi
possível a identificação dos agricultores interessados em desenvolver e
participar do Projeto “Frango Caipira Vale do Ribeira”.
Nesta etapa foram feitas diversas reuniões para divulgar nas
comunidades a idéia da implantação do projeto e como seriam as etapas.
Figura 2: Uma das reuniões com os agricultores
Após a identificação dos agricultores que realmente daria sequência ao
Projeto, houve outras reuniões para esclarecimento sobre os critérios para a
obtenção dos recursos financeiros.
4.4- OBTENÇÃO DO FINANCIAMENTO
Para obtenção do crédito bancário alguns requisitos deveriam ser
atendidos:
- Possuir a DAP – Declaração Aptidão ao PRONAF – Programa
Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar, essa
declaração é concedida a quem vive exclusivamente da renda
de sua propriedade ou;
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- Estar aderida ao PROGER, programa do Governo Federal que
promove geração de renda, no caso dos agricultores que
possuem uma outra fonte de renda, exemplo: aposentados
pelo INSS.
Todos os 14 agricultores que aderiram ao Projeto obtiveram o mesmo
crédito financiado pelo Banco do Brasil, sendo esta linha de crédito o DRS –
Desenvolvimento Regional Sustentável, onde foi cedido ao produtor um crédito
total de 10 mil reais, com prazo de dez anos para pagar, juros de 2% ao ano e
uma carência de dois anos, do total do crédito foi destinado: 5 mil reais para os
barracões, e 5 mil reais para insumos, como ração, bebedouros, comedouros,
campândulas e pintos.
4.5- COMPRA DO MATERIAL E INSUMOS
Nesta etapa os agricultores trabalharam em conjunto, com a assistência
da Secretaria da Agricultura e meio Ambiente; todos os materiais adquiridos,
desde materiais para construção dos galpões a insumos para a criação das
aves, foram comprados a todos os agricultores de uma só vez, concebendo-se
um menor custo, padronização dos galpões e insumos.
A quantidade de material necessário para a construção dos aviários foi
distribuída a cada Avicultor.
Os pintos foram comprados da Sulave, empresa nacional que trabalha
no mercado de avicultura alternativa desde 1988, situada em Caxias do Sul -
RS, com um dia de vida.
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Todos os pintos ficaram alojados até o décimo quarto dia em apenas
uma propriedade, após esse período eles foram distribuídos às propriedades,
de forma que, os pintos foram alojados coletivamente até o décimo quarto dia
de vida, os pinteiros foram preparados e equipados de forma a propiciar as
condições ideais de temperatura, conforto, ventilação e sanidade.
4.6- CONSTRUÇÕES DOS AVIÁRIOS
Como o Projeto envolve 14 famílias, dentre elas haviam pessoas que
possuíam conhecimentos na área de construção, sendo assim eles resolveram
economizar com mais essa despesa que seria indispensável para o andamento
do projeto, então a construção dos galpões ocorreu em forma de mutirões
envolvendo os próprios agricultores e familiares.
O acompanhamento técnico desta etapa foi especializado, através das
orientações do Médico Veterinário da prefeitura de Bocaiúva do Sul e EMATER
– Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural, que acompanhou as
construções, orientando e corrigindo os procedimentos quando necessário.
O objetivo de se utilizar materiais alternativos não diminui a importância
a ser dada aos aspectos de funcionalidade das instalações, de modo a garantir
a limpeza e a higienização corretas (Figuras 3 e 4). Outro ponto importante é o
conforto térmico das aves, principalmente em zonas que apresentem
temperatura e umidade elevadas. Para isso, recomenda-se que o local
escolhido para construção da estrutura de produção seja bem drenado, mais
ou menos plano, ventilado, de fácil acesso e afastado de outros tipos de
criações de animais. Quanto à localização e ventilação, é importante que o
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aviário se coloque em posição posterior a casa do criador, pois isso evitará a
presença indesejável de possíveis odores e insetos resultantes do processo
produtivo (SAGRILO, 2004).
Figura 3: Acompanhamento da construção dos galpões I
Figura 4: Acompanhamento da construção dos galpões II
No modelo do aviário completo, no qual o criador desenvolve práticas de
manejo em todas as fases de criação das aves (cria, recria, engorda e
reprodução), a área total sugerida é de 1.744 metros quadrados (Figura 5).
Dessa área, 28 metros quadrados são destinados ao aviário coberto e 1.716
metros quadrados, a piquetes onde crescem plantas nativas ou cultivadas, de
26
preferência frutíferas ou outras árvores de interesse do criador e que não
produzam material tóxico para as aves.
Figura 5: Layout do modelo completo do SACAC
Fonte: Barbosa et al., 2004
A área construída deve apresentar detalhes que favorecem tanto a
ventilação térmica como a higiene, tornando o ambiente agradável para as
aves. Com esse objetivo, recomenda-se um pé direito de 2,10 metros de altura,
composto de rodapé (30 cm) e área vazada (180 cm), limitada por tela de
arame ou varas numa malha capaz de manter contidas as aves e de protegê-
las de possíveis predadores.
O rodapé poderá ser construído com tijolos, tábuas, taipa ou outro
material disponível. A altura de cumeeira poderá variar, dependendo do
material de cobertura. Se a opção for por telha, a inclinação será de 30º,
enquanto que para a cobertura de palha se sugere uma inclinação de 45º.
Quanto à formatação da cobertura, essa poderá ser tanto de quatro como de
duas águas, desde que os beirais impeçam a penetração de raios solares nas
horas mais quentes e as rajadas de ventos na época das chuvas. Com a
mesma finalidade, poderão ser usadas cortinas, desde que não escureçam o
27
interior das instalações. Em média, os beirais medem 60 centímetros e
obedecem à mesma inclinação do teto (Figura 6).
Figura 6: Fachada do aviário
O madeiramento estrutural e de cobertura poderá ser redondo ou
serrado, dependendo da disponibilidade da região. O importante é que suporte
firmemente o peso da cobertura e a força dos ventos.
No aviário, as áreas destinadas à cria e recria localizam-se no lado
oposto à área de reprodução. A área de cria tem 2,25 m2 e possui capacidade
de abrigar 60 a 70 pintos, com idade variada entre 1 e 30 dias. Nela estará
disponível comedouro (bandeja), bebedouro e berçário dotado de fonte de calor
para abrigar os pintos recém-nascidos durante a primeira semana de vida.
Após a primeira semana, os pintos terão acesso livre a um solário com as
mesmas dimensões da área destinada à fase de cria. A área de recria tem a
função de abrigar os pintos vindos da fase de cria, ou seja, com 31 a 60 dias de
idade. Compreende 3,75 m2, com bebedouro e comedouro. Nessa fase, os
pintos terão livre acesso a um piquete arborizado, com 20,00 m2 (Figuras 7 e
8).
28
Figura 7: Pintos recém-nascidos
Figura 8: Pintos acomodados na área de cria
No centro do aviário, com 16,00 m2, encontra se a área destinada à fase
de engorda ou terminação, com capacidade de abrigar as aves na fase de
recria, com 61 a 120 dias. Nessa área, estão disponíveis bebedouros,
comedouros e poleiros, tendo as aves livre acesso a um piquete arborizado,
com área de 1.656 m2 (Fig. 9 e 10).
29
Figura 9: Área interna do aviário
Figura 10: Frangos na fase de engorda
Normalmente, a área coberta de engorda tem a capacidade de abrigar
278 aves, porém, esse número pode ser ampliado para cerca de 400 cabeças
dependendo do manejo reprodutivo. Torna-se importante que o criador também
possa dispor de um outro compartimento em local afastado dessa instalação
para abrigar, separadamente, aves que serão introduzidas no plantel, animais
descartados ou, em caso extremo, aves doentes.
O piso do aviário pode ser cimentado, revestido de tijolo deitado e
mesmo de chão batido, compactado de forma que impeça que as aves
escavem. Deverá ter como forro um substrato composto de serragem de
madeira, capim seco triturado, casca de arroz etc. Esse substrato não pode ser
30
tóxico e nem provocar doenças respiratórias às aves, por excesso de pó, e tem
por finalidade reter a umidade resultante do metabolismo e respiração das
aves.
As cercas, para delimitar as áreas de manejo e oferecer proteção contra
possíveis predadores, podem ser confeccionadas de acordo com a
disponibilidade de material. Utilizam-se telas, estacas, arame farpado, varas,
etc., dependendo da disponibilidade. É desejável que o material usado tenha
bastante durabilidade e seja suficientemente forte para suportar ventos e
alguns danos indesejáveis.
Estão à disposição do criador de frangos caipira, nos mais diversos
pontos do país, modelos de comedouros e bebedouros, manuais ou
automáticos, que podem ser largamente utilizados nas condições do SACAC.
Porém, fica a cargo da criatividade do criador utilizar modelos artesanais de
bebedouros e comedouros, desde que as condições de sanidade e
funcionalidade sejam mantidas. No caso específico do SACAC, a opção por
bebedouros confeccionados com garrafas pets e comedouros feitos com varas
de cano plástico em forma de calha foi bem sucedida, facilitando a higienização
quando da renovação sistemática da água e da mistura dietética.
Figura 11: Comedouro tipo calha
31
4.7- CAPACITAÇÕES DOS PRODUTORES
Após a construção dos aviários foram realizadas as capacitações
envolvendo de forma teórica e prática todos os integrantes da família que
estivesse relacionado direta ou indiretamente com a produção das aves. Foi
comum nestas capacitações a presença das mulheres e filhos. As capacitações
foram realizadas pelo veterinário, atingindo 100% dos beneficiários com o
curso de Produção de Frango Caipira.
O Curso sobre Associativismo – também foi oferecido aos produtores,
buscando trabalhar a interação da comunidade em processo coletivo de
produção, estes cursos atingiram a totalidade dos beneficiados.
4.8- ACOMPANHAMENTO DOS LOTES – CONTROLES ZOOTÉCNICOS
Através de fichas de controle de produção foram registrados todos os
dados necessários para acompanhamento dos resultados, a data de chegada,
procedência dos pintos, consumo de ração, peso periódico das aves e
mortalidade, programa de vacinação, compõe esta ficha.
As visitas de acompanhamento técnico foram realizadas com freqüência
necessária a cada fase do projeto. O acompanhamento do projeto é
fundamental para a orientação continuada aos produtores e verificação dos
resultados.
As orientações técnica aos criadores e o acompanhamento (pesagem
sobre amostragem de 10% a cada 15 dias). O abate é feito aos 90 dias, de
32
forma terceirizada, no abatedouro Campo Novo, localizado na Cidade de
Campo Magro-PR.
4.8.1- Sanidade
A maioria das enfermidades que ocorrem na avicultura é controlada pelo
uso correto de procedimentos sanitários, que incluem inclusive coberturas
vacinais elaboradas de acordo com o histórico da região. Esse controle tanto
protege o grupo de aves que se pretende trabalhar como o consumidor dos
seus produtos.
O sucesso do processo de proteção do plantel e do consumidor vai
depender de todos os setores envolvidos na cadeia produtiva, já que a falha
em um único segmento poderá trazer transtornos e danos irreparáveis para o
desenvolvimento da atividade.
O cuidado com a higienização das pessoas envolvidas no manejo das
aves, limpeza e higienização das instalações e equipamentos, processamento
criterioso e controle de qualidade dos ingredientes dietéticos, programas de
vacinação, manipulação correta dos produtos, controle ativo de pragas (insetos
e roedores), descarte de aves problema e manejo adequado para os resíduos
(aves mortas, cama, restos de ração etc.) são as principais medidas que
devem ser mantidas nos núcleos de produção.
Entre um lote e outro é feito o vazio sanitário e passada vassoura de
fogo e pintura com cal.
Não se deve levar em conta somente a influência das doenças sobre o
desempenho zootécnico (peso médio, conversão alimentar, mortalidade,
33
rendimento de carcaça etc.), mas também o efeito negativo sobre a demanda e
a imagem do produto no mercado.
Nos frangos caipira, o programa vacinal deve visar, prioritariamente, o
controle das principais doenças virais, como: newcastle, marek, gumboro,
bronquite infecciosa e bouba aviária. Outras doenças importantes que
provocam efeito negativo sobre a produtividade são: ascite, coccidiose,
doenças respiratórias, salmoneloses e mitoxicoses.
As aves adquiridas são de sexo misto, objetivando diversificar o
tamanho das carcaças. São vacinadas na incubadora contra a doença de
Marek, não sendo feito nem um outro manejo vacinal, sendo que na região o
risco de outras doenças são mínimas.
Como medida de biossegurança deverá ocorrer, rotineiramente, o
combate aos principais vetores das doenças e os procedimentos de limpeza e
higienização das instalações, e o controle de qualidade de insumos e de
materiais. Os programas de vacinação e vermifugação devem ser previamente
estabelecidos e implementados.
O criador pode utilizar alternativas medicamentosas como o
fornecimento de caldas com cascas de plantas medicinais como o angico-preto
(Anadenanthera macrocarpa), o jatobá (Hymenaea courbaril), o pau-ferro
(Caesalpinia ferrea), o alho (Allium sativum L.) e o limão (Citrus limon), para
controle de doenças oportunistas transmitidas por bactérias. Podem também
ser utilizadas como alternativas de vermífugos naturais as sementes de
melancia, mamão, melão e perfilhos de bananeira. Para o controle de
ectoparasitas, banhos com sabão e fumo (Nicotiana tabacum) são medidas
tidas como rotineiras.
34
35
36
4.8.2- Análise do ganho de peso e peso final
A pesagem desde a primeira fase de vida se deu através de
amostragem, a pesagem é imprescindível para o controle zootécnico sendo
possível fazer correções durante as fases de vida do lote,e também fazer um
comparativos entre os produtores, através da pesagem foi possível identificar
erros de manejo, e analisar os diferentes índices zootécnicos entre os
produtores.
A diferença de peso entre os produtores foi dada devido às diferenças
entre os manejos, sendo que todas as aves possuem a mesma origem e o
mesmo potencial genético. Naturalmente, com o ganho de experiência dos
produtores e o auxilio técnico essa diferença de peso diminuirá com as
correções feitas pelo veterinário e com o ganho de experiência dos produtores.
37
TABELA 2: PESAGENS REALIZADAS DURANTE O PERÍODO DE ESTÁGIO.
PROPRIETÁRIOIDADE DAS AVES
(semanas)PESO (kg)
A6
1012
1,5922,5653,000
B6
1012
1,4562,3402,990
C6
1012
1,7702,5002,790
D6
1012
1,4322,2903,200
E6
1012
1,3802,5102,790
F6
1012
1,5282,5603,150
G6
38
1012
1,6702,0802,700
H6
1012
1,6902,4303,035
I6
1012
1,3501,8852,780
a...i: produtoresGanho de peso médio:Período da 6ª a 10ª semana: 215 g/semanaPeríodo da 10ª a 12ª semana: 227 g/semana
TABELA 3: MEDIAS DAS PESAGENS NAS IDADES DE 6, 10 E 12 SEMANAS
E DESVIO-PADRÃO.
IDADES
(semanas)
PESO MÉDIO (kg)
DESVIO-PADRÃO
6
1,57525
0,146221
39
pesos frangos (kg) y = 0,705x + 0,8167R2 = 0,9789
1
1,5
2
2,5
3
3,5
6 10 12
idade (semanas)
peso
(kg)
a b c d e f g h i Linear (e)
10
2,35111
0,23378
12
2,88277
0,228215
Os dados referentes às pesagens permitiram estimar as médias e a
equação linear, conforme apresentado na Figura 12.
FIGURA 12: PESAGENS REALIZADAS DURANTE O PERÍODO DE ESTÁGIO. EQUAÇÃO LINEAR, COEFICIENTE DE CONFIABILIDADE E LINHA DE TENDÊNCIA
40
a...i: produtores
R2: coeficiente de confiabilidade
Observa-se que o produtor B apresentava resultados de desempenho de
suas aves semelhante aos demais até a 10ª semana, porém na 12ª semana os
pesos foram os menores se comparados aos outros produtores. Este fato foi
observado e na visita técnica realizada, pode-se observar que havia falhas de
manejo importantes: como falta de higiene em vários pontos, como cama,
bebedouros, comedouros, incorreto armazenamento da ração, e não
comprometimento com horários. Foi realizada a prescrição técnica, com a
anotação no fichário referente às modificações recomendadas. No lote
seguinte, foi possível observar que as correções de manejo apresentaram
significativas melhorias, com o desempenho zootécnico do seu novo lote.
No lote do produtor I foi observado um desempenho baixo em relação
aos outros. Isso foi devido a alguns fatores como por exemplo: umidade da
41
cama, manejo errado das cortinas, e no recebimento dos pintinhos não houve
número de campânulas suficiente. Dentre esses fatores também se observou a
falta de higiene e dificuldade de aprendizado do manejo em relação aos outros
produtores, e o conjunto desses diversos fatores resultou em péssimo
desempenho do lote.
4.9- ALIMENTAÇÃO
A alimentação representa cerca de 70 % do custo da produção das aves,
principalmente porque as matérias-primas são largamente usadas tanto para
criação de aves altamente tecnificadas quanto para o consumo humano.
Portanto, devem-se buscar fontes alternativas de alimentos, principalmente
energéticos e protéicos, como também de formulações que atendam às
necessidades qualitativas e econômicas de produção do frango caipira.
No caso dos frangos, não é permitido acelerar o crescimento por meio
de promotores como antibióticos1 e hormônios2, e nem aumentar a
digestibilidade e a eficiência digestiva por meio de enzimas e aminoácidos
sintéticos. O desafio na criação de frangos caipira é tornar a produção mais
eficiente com a diminuição dos custos com alimentação, sem perder as
características dos seus produtos. A saída, então, seria se conhecer mais o
potencial nutritivo que se tem em cada ecossistema, grãos, folhas, frutos etc.,
processá-los sem perdas, torná-los disponíveis sempre que necessário, e
1
1
Antibiótico: É nome genérico dado a uma substância que tem capacidade de interagir com micro-organismos unicelulares ou pluricelulares que causam infecções no organismo.
2
2
Hormônio: É uma substância química específica fabricada pelo sistema endócrino ou por neurônios altamente especializados.
42
ofertá-los às aves de acordo com as necessidades e peculiaridades de cada
fase de criação.
Graças ao seu sistema gastrointestinal, o frango caipira tem maior
capacidade que o frango industrial de converter alimentos de menor qualidade
em carne e ovos. Essa vantagem se deve à capacidade de trituração da sua
moela (estômago mecânico) e à presença da flora no ceco (parte do intestino
grosso), porções importantes do sistema gastrointestinal.
A grande maioria dos produtos que compõem a dieta dos frangos caipira
é de origem vegetal, portanto, a qualidade desses produtos depende do
processamento, ambiente de origem (clima e solo) e da planta (espécie, tipo ou
variedade e idade).
4.9.1- Forma de Arraçoamento
O consumo de alimento está relacionado à fase de criação, tanto em
termos quantitativos como de diversidade de ingredientes. A alimentação
correta diminui os riscos da ocorrência de doenças oportunistas. A fase de
reprodução é a que merece mais atenção do criador, uma vez que o sucesso
reprodutivo depende de uma boa alimentação.
Na fase de cria, os pintos necessitam de uma boa alimentação, que será
a base para atingirem o desenvolvimento final desejável. Recomendam-se
incluir nessa primeira dieta ingredientes de alta digestibilidade e evitar o
fornecimento de frutos e folhas verdes, pois os animais estão com o aparelho
43
digestivo imaturo. O consumo observado nessa fase de criação é de
aproximadamente 1.040 g de ração por pinto.
Nas fases seguintes, estima-se um consumo médio de 2.540 e 3.430 g
por ave para recria e engorda, respectivamente. Vários alimentos podem ser
utilizados, podendo ocorrer o fornecimento sem restrição de frutos e folhas
verdes, contanto que a mistura seja farelada e devidamente balanceada para
as necessidades nutricionais de cada fase.
Os comedouros devem estar sempre limpos e distribuídos em locais e
alturas que permitam o acesso das aves aos alimentos.
4.9.2- Apresentação e Acondicionamento dos Alimentos
O fornecimento de rações secas é recomendável, tendo em vista a
facilidade de ocorrência de fermentação nos materiais úmidos, resultando em
casos de doenças oportunistas. Para facilitar a digestão, os ingredientes após o
devido processamento, desidratação e moagem são transformados em farelos
e farinhas, podendo ser incluídos nas dietas, de acordo com o plano de
alimentação estabelecido para o plantel.
Alimentos em apresentações diferentes de rações secas também são
fornecidos aos frangos no projeto, como por exemplo: hortaliças, frutas e
verduras, além de plantas, capins e minhocas que elas possuem acesso
quando estão no piquete.
4.9.3- Importância da Água na Alimentação das Aves
44
O fornecimento de água para as aves deve ser feito em quantidade
suficiente e com boa qualidade. Estima-se que as aves consomem de água o
dobro da ração fornecida. A água de boa qualidade deve ser incolor, sem sabor,
sem odor e livre de impurezas, devendo ser renovada diariamente.
Os bebedouros devem estar sempre limpos e em locais e alturas que
permitam o livre acesso das aves. (Barbosa et al.,2004)
4.9.4- Tipos de Alimentos
Os alimentos essencialmente energéticos são aqueles que apresentam,
em mais de 90 % da matéria seca, elementos básicos fornecedores de energia.
Podem ser utilizados em pequenas proporções (açúcar, gordura de aves,
gordura bovina, melaço em pó, óleo de soja bruto) ou em proporções maiores,
como no caso da raiz de mandioca integral seca.
Os alimentos energéticos (com mais de 3.000 kcal/kg do alimento)
também podem ser fornecedores de proteína, por exemplo, a quirera de arroz,
a cevada em grão, o soro de leite seco, o grão de milho moído, o sorgo de
baixo tanino, o trigo integral, o trigo mourisco, o triguilho etc., mas só são
considerados protéicos os alimentos com mais de 16 % de proteína bruta.
A fibra bruta é um elemento limitante na digestão dos alimentos.
Portanto, devem ser fornecidos com cuidado, alimentos com mais de 6 % de
fibra bruta. Alguns ingredientes energéticos, tais como o farelo de arroz
integral, o farelo de amendoim, a aveia integral moída, a cevada em grão com
casca, a polpa de citrus, o grão de guandu cozido, a raspa de mandioca,
45
apesar de possuírem energia metabolizável acima de 2.600 kcal/kg, têm teor
de fibra bruta acima de 6 %.
Alguns alimentos com menor energia (valor máximo de 2400 kcal/kg) e
menor proteína (abaixo de 17 %) e com fibra bruta acima de 6 % são o farelo
de arroz desengordurado, a casca de soja e o farelo de trigo.
Outro grupo de alimentos que tem alta fibra bruta (acima de 10 %), baixa
energia (energia metabolizável menor que 2.400 kcal/kg) e uma razoável
percentagem de proteína bruta (maior que 17 %), tais como o feno moído de
alfafa, o farelo de algodão, o farelo de canola e o farelo de girassol devem ser
incluídos criteriosamente na dieta das aves.
O leite desnatado em pó, a levedura seca, o glúten de milho, as farinhas
de origem animal (de penas, vísceras e sangue), a soja cozida seca, a soja
extrusada, alguns tipos de farelos de soja e a soja integral tostada são
considerados alimentos mais completos por apresentarem elevado teor
protéico (mais de 36% de proteína bruta) e energético (acima de 3.200 kcal/kg
de alimento). Tais alimentos são usados como opções de ajuste nas dietas das
aves.
Outros alimentos, ao mesmo tempo em que são altos fornecedores de
proteína, também possuem elevada densidade mineral, tais como, as farinhas
de carne e ossos e a farinha de peixe.
A dieta balanceada tem que possuir ingredientes que supram as
necessidades estruturais, produtivas e também influenciem na capacidade de
absorção de nutrientes das aves. Tal função fica a cargo dos minerais como o
cálcio, o fósforo e o sódio, que se encontram no calcário calcítico, fosfato
46
bicálcico, fosfato monoamônio, farinha de ossos calcinada, farinha de ostras e
sal comum.
4.9.5- Aditivos
Na produção de frango não é permitido o uso de antibióticos e
hormônios como aditivos.
Para facilitar a captura de ração farelada pela ave, é aconselhável que
sejam inseridos como aglutinantes das partículas aditivos como o óleo e açúcar
em proporções que não comprometam o balanceamento da dieta.
O uso de probióticos é permitido e traz grandes benefícios de ordem
sanitária. As bactérias acido-lácticas (BAL) sob condições normais, não
causam patogêneses e inflamações, contribuiem com a homeostasia e
funcionamento do organismo, manutenção de uma camada que funciona como
barreira à colonização intestinal por patógenos, e ajudam a digestão e
assimilação de nutrientes. A utilização de pré e probiótico ou imunosuplemento,
pode inibir microrganismos intestinais patogênicos ou tornar o indivíduo mais
resistente a eles. A ação de probióticos ocorre não somente no intestino, como
também em outros órgãos, pelo estímulo do sistema imune (Ciffoni et al 2005).
4.9.6- A Estrutura para o Preparo das Rações
A estrutura necessária para o preparo das rações compreende desde o
local apropriado, que deve ser limpo e isento de qualquer tipo de
contaminação, aos equipamentos moinho, balança e misturador. O responsável
47
pela execução da atividade deve dominar os cálculos matemáticos para
composição das dietas e a operacionalização dos equipamentos.
Conhecidas as proporções de cada ingrediente e estando os mesmos
moídos e em estado próprio para o consumo, inicia-se a pesagem pelos
ingredientes de menores quantidades, fazendo-se com eles uma mistura
prévia, de modo a facilitar a sua distribuição uniforme na mistura total. .
Se a quantidade de ração a ser feita for pequena, podem-se misturar
manualmente os ingredientes e utilizar o misturador somente para maiores
quantidades. Recomenda-se que seja verificada a uniformidade da mistura e se
o tempo utilizado corresponde ao que se espera para a ocupação de mão-de-
obra e gasto de energia.
4.9.7- O Preparo das Rações
As necessidades nutricionais das aves mudam de acordo com a idade,
sexo, raça, estado nutricional e sanitário, fase produtiva e finalidade
econômica.
O SACAC recomenda que as necessidades das aves sejam atendidas
de acordo com as recomendações da Tabela 4 (ROSTAGNO et al., 2000). Os
ajustes necessários com o uso dos alimentos localmente disponíveis devem
ser acompanhados, de modo a verificar o suprimento das necessidades das
48
aves e assim evitar o aumento do custo com alimentação e o surgimento de
doenças carências e metabólicas.
49
TABELA 4: NECESSIDADES NUTRICIONAIS DO FRANGO CAIPIRA DE
ACORDO COM A FASE DE CRIAÇÃO
FASE NIVEIS NUTRICIONAISPB(¹) EMA(²) Ca Pdisp(³) Na Cl
(%) (Kcal/Kg de ração)
(%) (%) (%) (%)
Cria 21,4 3.000 0,95 0,45 0,22 0,20
Recria 21,4 3.100 0,87 0,40 0,19 0,18
Engorda 18,0 3.200 0,80 0,36 0,19 0,18
1: Proteína Bruta2: Energia metabolizável3: fósforo disponível
Fonte: Embrapa, 2010
4.9.8- Alimentos Alternativos
Além dos grãos de milho moído e do farelo de soja, que são os mais
largamente utilizados em dietas de frangos, outras opções de alimentos podem
ser utilizadas desde que tenham composição química adequada e sejam
isentos de substâncias antinutricionais que dificultem a digestibilidade e a
absorção de nutrientes.
Essas alternativas alimentares geralmente resultam do processamento
de produtos comestíveis, por isso são chamados de subprodutos. Também
podem ser restos culturais da agricultura ou pecuária, tendo, geralmente,
ocorrência sazonal. Uma vez selecionados para compor a mistura dietética,
devem ser limpos e processados, isentos de qualquer toxidade e perfeitamente
apropriados para o consumo.
50
A alimentação alternativa usada no projeto foi casquinha de soja, rolão
de milho, frutas, hortaliças, disponíveis nas propriedades, e plantadas
especificamente para a alimentação das aves. A casquinha de soja, e o rolão
de milho foram comprados, mais foram plantados nas propriedades abóboras,
mandioca, algumas já produziam frutas e verduras, que foram aproveitadas na
dieta dos frangos, alguns produtores fizeram em suas propriedades
minhocários, que complementavam a dieta dos frangos.
4.9.9- Inclusão de Plantas Forrageiras e Frutos na Alimentação de Frangos
Caipira
No SACAC, predomina o sistema de criação de frangos soltos em
piquetes, com as aves buscando considerável porção da sua alimentação nas
partes mais tenras das plantas, nos frutos e nos restos de colheita e de
culturas, insetos, minhocas, etc. De fato, dada a grande diversidade, frutos e
partes das folhas de inúmeras plantas são selecionados e ingeridos pelas aves,
contribuindo para a riqueza da sua dieta e para a economia de ração
balanceada, reduzindo os custos da criação.
O cultivo e uso mais adequado de plantas possuidoras de maior
potencial de produção e valor nutritivo, com certeza, contribuirão para a
melhoria do sistema de criação. A vantagem de tal sistema será a alimentação
mais barata, saudável, produzida na propriedade e que resultará no aspecto e
sabor peculiar "caipira" da carne e ovos.
É necessário frisar que, para a alimentação das aves, as plantas
precisam ter elevado valor nutritivo, baixo teor de fibra e alta digestibilidade.
51
Mesmo quando alimentadas com plantas de elevada qualidade, as aves,
devido às suas exigências nutricionais, necessitam de complementação da
dieta com ração balanceada. O valor nutricional varia entre diferentes plantas e
depende da fertilidade do solo. Em uma mesma planta, depende da parte
considerada (folhas, ramos e frutos) e da sua idade. Folhas tenras são mais
ricas e nutritivas que folhas maduras, com maior teor de fibra.
É comum o uso de restolhos de culturas, como as raízes e as folhas de
mandioca (Manihot esculenta Cranz), da batata-doce (Ipomoea batatas), de
frutos como a abóbora (Cucurbita pepo L.), mamão (Carica papaya L.), banana
(Musa spp), melancia (Citrullus vulgaris Schrad) e além de uma infinidade de
hortaliças.
Essas alternativas alimentares podem ser oferecidas verdes ou
processadas como farinha. Isso vai depender da quantidade, das condições de
consumo e de armazenamento. No caso de leguminosas como o feijão-guandu
(Cajanus cajan), a leucena (Leucaena leucocephala), pau-ferro (Caesalpinia
ferrea), dentre outras, os folíolos podem ser desidratados, moídos e misturados
à dieta, pois são boas fontes protéicas.
Outra forma dos frangos caipiras terem acesso a alimento verde é
através do uso de áreas de pastagens, compostas de plantas herbáceas
nativas ou cultivadas. Nessas áreas, além de ingerir as partes mais tenras das
plantas, as aves também se alimentam de alguns insetos que são bastante
ricos em proteína. As gramíneas mais adequadas são as de folhas finas e
raízes firmes, difíceis de serem arrancadas pelas aves. As partes mais tenras
de outras gramíneas, como o capim-elefante, podem ser fornecidas picadas.
52
Figura 13 Piquete composto por vegetação nativa.
4.9.10- Manejo Nutricional
No projeto foi utilizada ração balanceada comercial, cuja composição se
encontra em Anexo. O manejo nutricional foi desenvolvido da seguinte maneira:
a ração foi fornecida aos frangos à vontade durante a fase de cria, na fase de
recria e engorda era fornecida somente na parte da manhã sendo a
alimentação complementada com alimentos alternativos, como exemplos
usados foram: rolão de milho, misturado com casquinha de soja e abóbora,
cultivada nas próprias propriedades. A mistura do rolão de milho e da
casquinha de soja era feita na proporção 3 para 1 (sendo 3 porções de rolão de
milho, para uma porção de casquinha de soja).
A abóbora, frutas, hortaliças sempre quando disponíveis podiam ser
fornecidas a vontade, e em qualquer período do dia, além das plantas, capins e
minhocas, fornecidas as aves quando estavam nos piquetes.
53
FASE A- Cria
Alimentação exclusivamente oriunda da ração balanceada
FASE B- Recria
Alimentados no período da manha com ração balanceada e no período
da tarde alimentados exclusivamente, com rolão de milho misturado com
casquinha de soja, e abóboras, frutas e verduras oriundas da própria
propriedade.
FASE C- Engorda
Alimentados no período da manha com ração formulada pela AVIPEC e
no período da tarde alimentados exclusivamente, com rolão de milho misturado
com casquinha de soja, e aboboras, frutas e verduras oriundas da própria
propriedade. Nessa fase a partir do 75° dia foi fornecido as aves apenas 100g
de ração diária, e o restante dos alimentos foi fornecido a vontade.
TABELA 5– CONSUMO DE RAÇÃO POR FAIXA DE IDADE
IDADE (dias)
PESO VIVO (g)
CONSUMO DIÁRIO OBSERVADO (g)
01
40
-
10
120
24,5
22
325
40,2
54
30
510
51,5
37
738
77,1
45
1007
91,2
57
1465
98,1
64
1720
110,0
80
2250
100,0
• A partir do 75° dia foi feita uma restrição alimentar fornecendo apenas 100g de ração
por ave por dia e verde, rolão de milho, casquinha de soja e aboboras a vontade.
5- ABATE
O abate foi feito de forma terceirizada, sendo o abatedouro responsável
pelo transporte, abate, embalagem, e resfriamento das carcaças, e o
armazenamento e venda e de responsabilidade dos produtores. O abate teve
um custo de R$0,80 centavos por ave, sendo feito através do ABATEDOURO
DE AVES CAMPO NOVO LTDA- CAMPO MAGRO-PR.
55
6- DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
EXCLUSIVAMENTE PELO ESTAGIÁRIO
6.1- REUNIÕES COM OS PRODUTORES
Na reunião foi onde começou o projeto, sendo mostrado aos produtores
como funcionaria a implantação do mesmo, foi apresentada a linha de crédito,
e como deveria ser implantado. A segunda etapa foi a reunião, a inscrição dos
produtores que já estavam decididos a implantar o projeto em suas
propriedades.
FIGURA 14 Reunião com o projeto já em andamento
6.2- CONSTRUÇÃO DOS GALPÕES
Durante a construção dos galpões foi dado todo o acompanhamento
técnico necessário, desde o sentido em que os galpões deveriam ser
construídos, como altura de pé direito, cortinas, aeração, disposição dos
bebedouros e comedouros.
56
6.3- PREPARO PARA O POVOAMENTO
No preparo para o povoamento foi colocada e espalhada a cama para os
pintinhos, foi reduzido o espaço para colocar a campânulas, os bebedouros e
comedouros, e deixado tudo pronto para o povoamento.
No dia da chegada dos pintinhos, foi feita a pesagem das caixas com os
pintinhos, para termos o peso inicial do lote, e foram feitas todas as anotações
necessárias para o acompanhamento nutricional e sanitário dos lotes.
Após os galpões povoados foi feito o acompanhamento na freqüência
necessária para o bom andamento zootécnico do plantel.
6.4- PESAGEM DOS LOTES
A pesagem do lote e feita a cada 15 dias, por amostragem de 10% do
total, ate o dia do abate aos 90 dias. A pesagem é feita para uma possível
correção nutricional, já que existe um histórico da raça, para a montagem de
um banco de dados do projeto, para possuirmos um histórico do projeto.
6.5- APANHA PARA O ABATE
A apanha é feita aos 90 dias de idade do lote, para o transporte e abate
dos mesmos, é realizada de forma calma e correta, apanhando os animais pelo
dorso e colocando calmamente nas caixas, para que não haja lesões e
fraturas, causando perdas de carcaça.
57
7- COMERCIALIZAÇÕES DOS PRODUTOS
Os produtores foram orientados em dividir a produção em fases com:
compra de ração, pintinho transporte, abate e vendas, cada produtor ficou
responsável por uma etapa sendo do abate crucial na comercialização do
produto, uma vez que o mesmo recebeu o carimbo do SIP “Serviço de
Inspeção do Paraná” desta maneira sendo certificado, podendo entrar no
mercado sem restrição alguma.
Os produtores desenvolveram uma marca FRANGO CAIPIRA VALE DO
RIBEIRA e confeccionaram, banner, panfletos e a articulação junto às
prefeituras e outras entidades nos municípios bem como mercado local e
regional para comercializar seu produto.
7.1- APRESENTAÇÃO E QUALIDADE
Vários fatores influem na qualidade dos produtos dos frangos caipira,
dentre eles, a nutrição, a sanidade, o clima, a genética e o manejo, inclusive a
forma de abate, o acondicionamento e a embalagem.
É comum, se transportar aves por longas distâncias, geralmente
penduradas de cabeça para baixo, ou então acomodadas em gaiolas
superlotadas. Isso causa estresse, às vezes, danifica a carcaça, e pode até
levá-las à morte.
58
7.2- AVALIAÇÃO E COMPOSIÇÃO DOS PRINCIPAIS PRODUTOS
7.2.1- Carne
A carne do frango caipira além de ser rica em proteínas é, também, fonte
importante de energia e de outros nutrientes como vitaminas, minerais e
lipídios. O frango tem uma carne bastante rica em ferro e nas vitaminas do
complexo B, em especial niacina (músculo escuro) e riboflavina (músculo
claro). A pele é rica em colesterol e seu consumo deve ser limitado (FERREIRA
et al., 1999).
A principal diferença entre os músculos claros e escuros está no nível de
gordura (GALVÃO, 1992). A carne do peito é bem mais magra, com cerca de
1,4% de gordura, enquanto a carne da coxa apresenta cerca de 5,1% de
gordura.
Com o aumento da idade, cresce a quantidade de proteína e gordura e
diminuem a umidade e cinzas da carcaça, tanto em machos como em fêmeas.
Maiores percentagens de umidade e proteína e menores de gordura ocorrem
na carcaça dos machos, enquanto os teores de cinza são similares entre
machos e fêmeas. A carcaça fica mais rica em gordura com o aumento da
quantidade de gordura da dieta (MOREIRA et al., 1998).
Rendimento de carcaça - é a relação entre as partes comestíveis e as
não-comestíveis e as perdas (RIBEIRO, 1992). Pode-se considerar a carcaça
eviscerada inteira, isto é, com patas, pescoço e cabeça, ou então, o que é mais
comum, a carcaça sem patas, pescoço e cabeça.
59
Em valores absolutos, os machos são mais pesados que as fêmeas,
quando submetidos a um sistema alternativo de criação e a climas quentes
(BARBOSA et al., 2005). As fêmeas acumulam mais gordura na carcaça que os
machos, independente do nível de energia na dieta, isso está relacionado à
presença de hormônios e ao metabolismo mais intenso dos machos.
O frango caipira ainda não detém na sua carcaça a massa muscular
disposta nos seus cortes mais nobres como o frango de corte de criações
tecnificadas. Porém, quando devidamente manejado, apresenta na carne fibras
musculares mais consistentes e escuras. Além de saborosa, o odor nada
lembra a carne oriunda de criações intensivas, que contém odores e sabores
de alguns ingredientes da dieta (Figura 15).
Figura 15 Carcaça pronta para comercialização
60
8- CONCLUSÃO
A produção familiar de carne de frango caipira é uma alternativa de
renda e segurança alimentar para os agricultores familiares de Bocaiúva do
Sul.
O sistema de produção proporciona o envolvimento das mulheres e
jovens no trato com as aves e necessita de pequenas áreas de terra para sua
instalação, possibilitando ao homem sua ocupação em outra atividade,
diversificando as fontes de renda da família.
O acompanhamento técnico dos projetos foi fundamental para a
implantação e consolidação da atividade no meio rural.
A adoção de critérios sanitários adequados traz segurança na produção
local e reflete positivamente junto as ameaças vividas pelo setor avícola
industrial, potencial exportador e refém de surtos e doenças.
As principais dificuldades encontradas pelos produtores foram a falta de
comunicação entre eles, uma vez que o telefone rural não funciona nas
localidades e a falta de uma câmara fria para o estoque de produto recém-
abatido bem como um veiculo próprio para fazer o transporte do mesmo.
Diante das motivações e possibilidades aqui expostas, há de se
considerar que este projeto é plenamente viável do ponto de vista econômico é
social. As dificuldades apontadas são pequenas, pontuais e conhecidas, o que
facilita a adoção de medidas eficazes para a sua superação. Há ainda
inúmeras possibilidades que podem ser adotadas como, por exemplo,
diversificação da produção, tendo em vista que só a fase de recria, faz parte
desta fase inicial do projeto, uso de alimentos alternativos como rolão de milho,
61
casquinha de soja, abóboras restos de frutas e hortaliças, o que pode baixar o
custo de produção e a adoção de práticas de manejo que podem melhorar
ainda mais os dados de desempenho e os resultados do projeto.
Este Projeto passa por uma fase de iniciação e adaptação de todos os
envolvidos, assim sendo, existem grandes dificuldades e ajustes a serem
feitos. Futuramente o Projeto visa à produção de Frango Caipira Orgânico3
tendo em vista o grande boom na procura de produtos deste gênero. (Vide
ANEXO B, um extrato da Revisão Bibliográfica: As limitantes ao uso de
fármacos (antibióticos, antihelmínticos, hormônios) nos sistemas de produção
orgânica no marco da sustentabilidade e proteção ao consumidor).
Para que esse objetivo seja atingido toda a forma de alimentação, desde
todos os insumos que envolvem o preparado da alimentação destes frangos
terão obrigatoriamente de ter origem orgânica.
REFERÊNCIAS
AVICULTURA INDUSTRIAL de frango já supera o de carne bovina. Avicultura Industrial, Itu. Disponível em: http://www.aviculturaindustrial .com.br/site/dinamica.asp?id=22925&tipo_tabela=negocios&categoria=mercado_interno.
AVISITE,2007, oito países produzem acima de 1 milhão/t/ano de ovos (7 ago.2007). Avisite, o portal da avicultura na internet. Disponível em: http://www.avisite.com.br/noticias/noticias.asp?codnoticia=8176
BARBOSA, F. J. V.; ARAÚJO NETO, R. B. de ; RIBEIRO, V. Q. ; SILVA, R. de S. A.; SOBREIRA, R. dos S. ; ABREU, J. G. de . Características de carcaça e 3
3
Orgânico: É o termo frequentemente usado para designar a produção de alimentos e outros produtos vegetais que não faz uso de produtos químicos sintéticos, tais como fertilizantes e pesticidas, nem de organismos geneticamente modificados, e geralmente adere aos princípios de agricultura sustentável.[
62
composição corporal de frangos naturalizados submetidos a sistema alternativo de criação. In: SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ, 6., 2005, Teresina. Anais... Teresina: UESPI, 2005. p. 214-214.
BARBOSA, F. J. V.; ARAÚJO NETO, R. B. de; SOBREIRA, R. dos S.; SILVA, R. A. da; GONZAGA, J. de A. Seleção, acondicionamento e incubação de ovos orgânicos. Teresina: Embrapa Meio-Norte, 2004. 1 Folder.
CIFFONI ET AL. As limitantes ao uso de fármacos (antibióticos, antihelmínticos, hormônios) nos sistemas de produção orgânica no marco da sustentabilidade e proteção ao consumidor. VI Congreso Latinoamericano de la Asociación de Especialistas em Pequeños Rumiantes y Camélidos Sudamericanos 9 a 11/09/2009, Santiago de Queretaro – México,2009.
FARIA, D. E.; FARIA FILHO, D. E.; RIZZO, M. F. Qualidade do ovo para industrialização. In: CONFERÊNCIA APINCO DE CIÊNCIAS E TECNOLÓGIA AVÍCOLA, 2003, Campinas. Anais de Palestra... Campinas: Fundação Apinco de Ciência e Tecnologia Avícolas, 2003. p. 325-346.
FERREIRA, J. M.; SOUZA, R. V.; BRAGA, M. S.; VIEIRA, E. C. Efeito do tipo de óleo adicionado à dieta sobre o teor de colesterol em partes de carcaça de frangos de corte de acordo com o sexo e linhagem. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, Belo Horizonte, v. 19, n. 2, p. 189-193, 1999.
FUMIHITO A.; MYIAKE, T.; TAKADA, M.; SHINGU, R.; ENDO, T.; GOJOROBI, T.; KONDO, N.; OHNO, S. Monophyletic orign and unique dispersal patterns of domestic fowls. Proceedings of the National Academy of Sciences, Washington, v. 93, n. 13, p. 6792-6795, 1996.
GALVÃO, M. T. E. L. Utilização da carne de frango e da carne mecanicamente separada em produtos cárneos. In: BERAQUET, N. J. Industrialização da carne de frango. Campinas:Instituto de Tecnologia de Alimentos, 1992. p. 41-51.
MOREIRA, R. S. dos R.; ZAPATA, J. F.F.; FUENTES, M. de F.F.; SAMPAIO, E. M.; MAIA, G. A. Efeito da restrição de vitaminas e minerais na alimentação de frangos de corte sobre o rendimento e a composição da carne. Ciência e Tecnologia de Alimentos, Campinas, v. 18,n. 1, 1998. Disponível em: http://www.bibvirt.futuro.usp.br/index.php/textos/periodicos/ ciencia_e_tecnologia_de_alimentos/vol_18_no_1
PERRINS, C. M. Firefly encyclopedia of birds. Buffalo: Firefly Books, 2003. 640 p.
63
RAMOS, G. M.; GIRÃO, E. S.; AZEVEDO, J. N. de; BARBOSA, F. J. V.; MEDEIROS, L. P.; LEAL, T. M.; SAGRILO, E.; ARAÚJO NETO, R. B. de. Modelo de desenvolvimento sustentável para o Meio-Norte do Brasil: sistema regeneração de agricultura familiar. Teresina: Embrapa Meio-Norte, 2001. 73 p. (Embrapa Meio-Norte. Circular Técnica, 31).
RIBEIRO, D. F. Influência do manejo do pré-abate e das operações de abate na qualidade e rendimento das carcaças. In: BERAQUET, N. J. Industrialização da carne de frango. Campinas: Instituto de Tecnologia de Alimentos, 1992. p. 22-31.
ROSTAGNO, H. S.; ALBINO, L. F. T.; DONZELE, J. L.; GOMES, P. C.; FERREIRA, A. S.; OLIVEIRA, R. F. de; LOPES, D. C. Tabelas brasileiras para aves e suínos: composição de alimentos e exigências nutricionais. Viçosa: UFV / DZO, 2000. 141 p.
SAGRILO, E. (Ed.). Agricultura familiar. Teresina: Embrapa Meio-Norte, 2002. 74 p. (Embrapa Meio-Norte. Sistemas de produção, 1).
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SILVA, R. D. M. & NAKANO, M., Sistema orgânico de criação de frangos. Piracicaba.1998.
SULAVE. Potencial genético. Disponível em http://www.sulave.com.br/ pelado_000.htm . Acesso em 16/04/2011.
VEIGA, J. B. da (Ed.). Criação de gado leiteiro na Zona Bragantina. Belém: Embrapa Amazônia Oriental, 2005. (Embrapa Amazônia Oriental. Sistemas de Produção, 2. Versão Eletrônica). Disponível em: http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Leite/ GadoLeiteiroZonaBragantina/index.htm.
64
ANEXO A
65
ANEXO B
As limitantes ao uso de fármacos (antibióticos, antihelmínticos, hormônios) nos sistemas de produção orgânica no marco da sustentabilidade e proteção ao consumidor
Elza Maria Galvão CiffoniGabriela Ciffoni Arns
Produção sustentávelA produção sustentável preconizada atualmente encontra-se vinculada a um
conceito filosófico do desenvolvimento da cadeia produtiva, onde o conceito de
orgânicos não se restringe apenas a de "produto livre de química, pesticidas,
hormônios, antibióticos, radiação e outros tratamentos feitos e produzidos pelo
homem" mas busca o tratamento das pessoas, animais e do meio ambiente
como fatores determinantes para sua certificação e aceitação junto ao
consumidor final (LIU, 2009).
Considera-se que existe um aumento de 30% ao ano na busca por produtos
oriundos da produção sustentável e os principais países produtores são a
Austrália, Argentina, Brasil, Estados Unidos e China, nesta ordem.
Os principais aspectos dos produtos ditos orgânicos estão relacionados a
(GLOBALGAP, 2009) - Produção Integrada (Integrated Crop Management),
sistema de produção que atinge as necessidades de sustentabilidade a longo
prazo, considerando toda a unidade de produção, com respeito pelo ambiente,
adaptando as condições de solo, climáticas e econômicas e, - Proteção
Integrada (Integrated Pest Management), cujo objetivo é a avaliação de todas
as técnicas disponíveis de controle sanitário e a integração de medidas de
controle fitofarmacêutico em níveis economicamente justificáveis com redução
ou minimização dos riscos para a saúde humana e ambiente.
Deseja-se um desenvolvimento de uma produção saudável com a menor
interferência possível com os ecossistemas agrícolas e o uso de mecanismos
de controles naturais ou não químicos.
As diversas denominações como agricultura orgânica, agroecologia e
agricultura biodinâmica, significam formas sustentáveis de exploração da
66
propriedade. São baseadas no uso mínimo de insumos externos e em métodos
que recuperam, mantém e promovem a preservação ambiental, através de
práticas como rotação de cultura, adubação orgânica, sementes de variedades,
uso de defensivos naturais, uso de biofertilizantes e isolamento da área contra
contaminações externas, e no caso de produção animal, enfatizando os
aspectos de bem-estar animal e métodos de manejo e curativos que
dispensam tratamentos químicos (Guarienti et. al, 2004).
Para a denominação de um sistema de produção como orgânico, não
basta somente ocorrer troca de insumos “sintéticos” por insumos
orgânicobiológicos/ ecológicos. Existe uma série de procedimentos para que
uma unidade de produção seja considerada orgânica, desde a seleção de
animais adaptados, alimentação, instalações, manejo e sanidade, e estão
regulamentados no Brasil pela Lei 10831 (Brasil, 2003) e Instrução normativa -
IN 64 (Brasil, 2008). As normas e os padrões para a certificação orgânica
internacional são desenvolvidos pela International Federation of the Organic
Movement (IFOAM, 2002) e pelo Codex Alimentarius (FAO/OMS, 2001). A
IFOAM é reconhecida pela International Organization for Standardization (ISO)
e seus padrões são usados pelas agências certificadoras para estabelecimento
de seus próprios padrões de certificação. As normas do Codex Alimentarius
são a base para as regulamentações governamentais de cada país.
Também, segundo Neves (2009), o programa Mercado Justo (ou Fair
Trade) objetiva divulgar as melhores estratégias para o acesso aos mercados e
as condições comerciais para os produtores familiares e trabalhadores rurais,
sendo que as normas de certificação são estabelecidas pela Fairtrade
Labelling Organizations International.
Assim sendo, a propriedade deve manter um controle integrado e
sustentável da produção.
AlimentaçãoNo que diz respeito à alimentação, deve ser equilibrada e suprir todas as
necessidades dos animais. Para os ruminantes, o consórcio de gramíneas e
leguminosas na pastagem é recomendado e é exigida a diversificação de
espécies vegetais. Sugere-se a implantação de sistemas silvipastoris, nos
quais árvores e arbustos estejam associados a pastagens, ou ainda sistemas
67
rotativos alternando-se pastejos e lavouras. Incentiva-se também a introdução
de bancos de proteínas e cercas vivas. Suplementos devem ser isentos de
antibióticos, hormônios e vermífugos. São proibidos aditivos, promotores de
crescimento, estimulantes de apetite, uréia, etc.
O uso de probióticos é permitido e traz grandes benefícios de ordem
sanitária. As bactérias acido-lácticas (BAL) sob condições normais, não
causam patogêneses e inflamações, contribuiem com a homeostasia e
funcionamento do organismo, manutenção de uma camada que funciona como
barreira à colonização intestinal por patógenos, e ajudam a digestão e
assimilação de nutrientes. A utilização de pré e probiótico ou imunosuplemento,
pode inibir microrganismos intestinais patogênicos ou tornar o indivíduo mais
resistente a eles. A ação de probióticos ocorre não somente no intestino, como
também em outros órgãos, pelo estímulo do sistema imune. Ciffoni et al (2005)
Avaliaram a ação de uma cepa de BAL sobre a prevalência de parasitos
intestinais e desenvolvimento (ganho de peso, consumo de alimento e
aspectos clínicos) em cabritos que receberam a cepa e observaram que
tiveram ligeiro aumento no hematócrito e na contagem de eritrócitos, presença
de ovos de estrongíleos e oocistos de Eimeria sp. Cerca e 50% menor do que
no grupo controle, e peso corporal ligeiramente superior.
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