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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Cesar Adriano Sprenger Bandeira Luiz Gustavo Cavalli Rudimar Lorenzi ESTUDO SOBRE MANUTENÇÃO E INSPEÇÃO DE PNEUS AERONÁUTICOS CURITIBA 2008

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

Cesar Adriano Sprenger Bandeira

Luiz Gustavo Cavalli

Rudimar Lorenzi

ESTUDO SOBRE MANUTENÇÃO E INSPEÇÃO DE

PNEUS AERONÁUTICOS

CURITIBA

2008

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Cesar Adriano Sprenger Bandeira

Luiz Gustavo Cavalli

Rudimar Lorenzi

ESTUDO SOBRE MANUTENÇÃO E INSPEÇÃO DE

PNEUS AERONÁUTICOS

Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito avaliativo para obtenção do grau de Tecnólogo em Manutenção de aeronaves da Faculdade de Ciências Aeronáuticas da Universidade Tuiuti do Paraná. Orientador: Bruno Basso

CURITIBA

2008

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DEDICATÓRIA

Este trabalho de conclusão de curso é dedicado a todos os professores que contribuíram na formação destes alunos durante estes dois anos de curso e que agora serão Técnicos em Manutenção de Aeronaves.

4

AGRADECIMENTO

Agradecemos a Deus, professores, funcionários , parentes, amigos e todos os envolvidos que nos ajudaram e contribuíram para que obtivéssemos o grau de Tecnologia em Manutenção de Aeronaves junto a Universidade Tuiuti do Paraná.

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EPÍGRAFE

O único lugar aonde o sucesso vem antes do trabalho é no dicionário. Albert Einstein

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RESUMO

Estudo sobre pneus, dando ênfase aos pneus de aeronaves apresentando os seus detalhes e também como é feita a sua inspeção, conservação e a manutenção. Palavras Chave: Pneu aeronáutico ; Manutenção; Inspeção; História.

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ABSTRACT

Study on tires, emphasizing the aircraft tires about your details and inspection, conservation and maintenance of it. Keywords: Tire aircraft; Maintenance of tires; Check tires; History of the tires.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Charles Goodyear.....................................................................................12 Figura 2 – Jhon Dunlop.............................................................................................14 Figura 3 – Pneu e suas lonas internas........................................................................15 Figura 4 – Deflexão de pneu aeronáutico..................................................................16 Figura 5 – Pneu diagonal em corte............................................................................17 Figura 6 – Pneu radial em corte.................................................................................18 Figura 7 – Pneu diagonal corte vertical.....................................................................20 Figura 8 – Identificações do pneu diagonal...............................................................21 Figura 9 – Identificações do pneu radial....................................................................22 Figura 10 – Derretimento do pneu.............................................................................23 Figura 11 – Desgaste do ombro do pneu...................................................................23 Figura 12 – Desgaste por alta e baixa pressão de calibragem do pneu......................24 Figura 13 – Destruição por FOD...............................................................................25 Figura 14 – Bolha no pneu.........................................................................................25 Figura 15 – Cortes no pneu........................................................................................26 Figura 16 – Desgaste por derrapagem.......................................................................26 Figura 17 – Perda de pedaços da banda de rodagem.................................................27 Figura 18 – Cortes Transversais................................................................................28 Figura 19 – Aquaplanagem total................................................................................29 Figura 20 – Aquaplanagem parcial............................................................................30 Figura 21 – Roda e componentes...............................................................................34

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................10 2 INVENCAO DA BORRACHA .............................................................................11 3 HISTORIA DO PNEU ...........................................................................................13 4 PNEUS DE AVIAÇÃO SUA COMPOSIÇÃO.....................................................15 5 PNEUS DE AVIAÇÃO..........................................................................................17 6 IDENTIFICAÇÃO DE PNEUS AERONÁUTICOS.............................................21 7 DEFEITOS ENCONTRADOS NOS PNEUS........................................................22 8 AQUAPLANAGEM...............................................................................................28 9 INSPEÇÃO DOS PNEUS......................................................................................31 10 MONTAGEM DOS PNEUS................................................................................32 11 ESTOCAGEM DOS PNEUS...............................................................................35 12 CONCLUSÃO......................................................................................................36 13 GLOSSÁRIO........................................................................................................37 14 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................38

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1 INTRODUÇÃO

O conjunto de rodas de uma aeronave é um dos principais sistemas quando

em solo, sendo ele o responsável por sustentar a mesma e permitir o movimento dela

nele esta o pneu, o foco de estudo deste trabalho.

Os pneus são a parte principal do sistema de trem de pouso e requerem

cuidados específicos pois são feitos de borracha. Eles são submetidos a grandes

esforços em momentos críticos durante a utilização da aeronave (pouso e

decolagem).Em caso de falha, eles podem ser a causa de acidentes.

Os pneus são utilizados em conjunto com o sistema de freios para auxiliar a

redução da velocidade quando a aeronave toca o solo. Este conjunto não move a

aeronave pois não promove nenhum tipo de força a não ser o atrito da roda no chão

quando o grupo de freios é acionado.

Para que a aeronave seja manobrada quando o motor está em funcionamento

ou quando ela está totalmente desligada é necessário que ela seja empurrada

manualmente (aeronaves pequenas) ou tratorada utilizando reboque mecânico

motorizado que é preso a aeronave, normalmente ao trem de nariz. Este conjunto de

sistemas do qual o pneu faz parte perde toda a sua funcionalidade quando a aeronave

está em vôo e por este motivo nas aeronaves de maior velocidade o mesmo é retrátil

visando reduzir o arrasto e aumentar a eficiência da aeronave. Os principais

componentes do sistema de trem de pouso são os pneus, os cubos das rodas com os

freios, as pernas do trem de pouso e componentes do sistema retrátil quando a

aeronave utiliza este sistema.

11

2 INVENÇÃO DA BORRACHA

A borracha é uma invenção antiga que data de 1493. Os tripulantes da

expedição de Cristóvão Colombo, passando pelo Haiti, viram os nativos com bolas

feitas de uma goma, chamada de caunchu, que ao ser jogada contra uma superfície

rebatia com grande força. Na volta da expedição à Europa, esse material das bolas

foi chamado de borracha.

Em 1937 a borracha teve a sua primeira evolução patenteada (US patent #240

year 1837). O norte-americano Charles Goodyear - nascido em 29 de dezembro de

1800 na cidade de New Haven no estado de Connecticut – foi o inventor do

processo que melhorou a sua composição.

Charles fabricava sacolas de borracha para os correios dos Estados Unidos,

entretanto tinha muitos problemas com o material devido a variação de temperatura.

Por este motivo iniciou uma pesquisa para melhorar as características da borracha

misturando materiais em sua composição.

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A gravura abaixo mostra Charles Goodyear.

Figura 1

Em 1839, passados três anos de pesquisas, a borracha teve a sua revolução.

Charles descobriu e depois patenteou (US patent #3,633 year 1844) o processo de

vulcanização da borracha. Este processo consistia basicamente em remover o

enxofre e adicionar calor, fazendo com que a borracha ficasse com características

muito superiores. A borracha vulcanizada (nome dado em homenagem ao deus do

fogo) resolveu os problemas com as sacolas pois a mesma era forte e muito

resistente às variações de temperatura.

Charles Goodyear passou muitos anos tentando patentear a vulcanização da

borracha. Tentou patenteá-la em 30 de janeiro de 1844, porém, teve problemas

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judiciais quando descobriu que um outro inventor (o inglês Thomas Hancock) havia

patenteado a descoberta em , em 21 de novembro de 1843, dois meses antes de

Charles. Esta disputa fez com que Charles morresse na miséria em 1860, todavia, ele

deixou aos seus descendentes os direitos da sua descoberta,o que fez com que a

Goodyear se tornasse uma das maiores empresas produtoras de produtos de borracha

atualmente.

3 HISTÓRIA DO PNEU

O uso da borracha vulcanizada, inventada por Charles Goodyear, em pneus

foi feito por John Dunlop no ano de 1888. Ele fez pneus para bicicletas com este

material, para não fazê-los de borracha maciça resolveu usar um sistema

pneumático.

Este sistema consistia simplesmente em inflar pequenas câmaras por dentro

de um pneu oco fazendo com que o pneu ficasse em seu formato correto. A invenção

foi tão bem sucedida que é usada até hoje nos pneus, entretanto, atualmente possui

apenas uma câmara.

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A figura mostra os pneus usados em bicicletas por Jhon Dunlop.

Figura 2

Pneus de borracha vulcanizada e com sistema pneumático para automóveis

começaram a ser usados em 1895 por André Michelin, mas não tiveram sucesso. Em

1903, Lichfield, que trabalhava na Goodyear Tire, patenteou o primeiro pneu sem

câmara, porém, o mesmo não chegou a ser comercializado até 1954.

Para automóveis, os pneus só tiveram sucesso e entraram em produção em

1911 quando Philip Strauss fez o primeiro pneu automotivo combinando o pneu e

uma câmara também de borracha que era inflada por dentro do pneu.

15

4 PNEUS DE AVIACAO E SUA COMPOSIÇÃO

A composição básica do pneu tem em torno de 50% de borracha. Para o

mesmo ter resistência e durabilidade ele recebe a adição de outros materiais, são

eles: o aço em torno de 5% e o tecido em torno de 45%. O tecido é usado nas lonas

que podem ser poucas para baixo peso ou muitas para aeronaves mais pesadas.

Figura 3

A construção varia de acordo com a tarefa que o pneu irá executar, assim

como o seu tamanho e desenho da banda de rodagem. Atualmente, três quartos dos

pneus aeronáuticos têm a construção diagonal, geralmente usada em pneus grandes

onde o número de talões e de lonas é maior. Na construção radial estes números são

menores.

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Os pneus de aviação possuem características muito diferentes dos pneus que

vemos no dia a dia em carros, motos, entre outros. Para a aviação, os pneus têm que

ser muito resistentes à variação de temperatura pois eles são submetidos a variações

de -45°C, quando a aeronave está em vôo, até 100°C ,no fim da pista ao pousar

devido ao atrito contra o asfalto ocasionado pelo uso dos freios. Eles também

precisam suportar velocidades extremas que podem ser de até 360 km / h no

momento da decolagem no caso das aeronaves a reação.

A deflexão dos pneus (diferença entre a seção do pneu sem carga e com

carga) é um item importante nas aeronaves, pois, os pneus destas são relativamente

pequenos e recebem cargas muito maiores. Por este motivo a sua deflexão deve ser

correta. Ela é em média 32%, o que é um valor alto quando comparado a pneus de

caminhões que têm em torno 12% e de automóveis que têm aproximadamente 18%.

Essas diferenças se dão pelo fato da carga nos pneus e pela pressão serem

bem mais altas nos pneus aeronáuticos.

Figura 4

17

5 PNEU DE AVIACAO

Os pneus têm como primeira característica o tipo de montagem das lonas que

podem ser diagonal ou radial. Estas características são comuns a qualquer tipo de

pneu. No entanto, as outras características como tamanho, número de lonas, desenho

da banda, tipo de talão entre outros são de acordo com o local onde o pneu será

utilizado.

A figura abaixo representa a construção de lonas do tipo diagonal.

Figura 5

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A figura abaixo demonstra a construção de lonas do tipo radial.

Figura 6

Tread é a banda de rodagem do pneu, nele existem os sulcos (Tread groove)

responsáveis pelo escoamento da água. Eles atuam retirando a água que fica entre o

pneu e o solo quando a aeronave está em movimento. Se os sulcos não conseguem

retirar a água, ocorre a aquaplanagem (quando o pneu perde o contato com o solo

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devido à lâmina de água que se forma entre o pneu e o solo) fazendo com que o

pneu deslize sem atrito nenhum contra o solo. Tread é a parte do pneu que sofre

mais esforço e mais danos em todo o pneu, pois todas as forças são depositadas nela.

As principais são: o peso da aeronave, o atrito devido ao acionamento dos freios e o

atrito do instante em que a roda toca o solo no momento do pouso.

Casing é o invólucro das lonas que dá a resistência do pneu. Tem a

responsabilidade de suportar a borracha e o formato do pneu, são fixados nos talões

e podem ter a montagem do tipo radial ou diagonal.

Beads são os talões do pneu. Eles são feitos de aço e têm a função de segurar

as lonas junto ao cubo da roda, por isso a montagem é muito próxima à mesma. As

lonas que passam pela lateral do pneu são todas envolvidas no talão. Já as lonas

radias são somente montadas no sentido da banda de rodagem (Tread).

Sidewall é a lateral do pneu que consiste do talão até o “ombro”. Nesta parte

estão todas as identificações do pneu. Também é a parte que tem proteção contra a

erosão e o ataque de oxidantes. Permite a flexibilidade do pneu para que o mesmo

possa realizar a sua deflexão.

Inner Linner é uma borracha construída antes da primeira lona, , faz a

vedação do pneu não permitindo infiltração do ar ou do nitrogênio que foram

colocados no pneu. Esta borracha é usada no caso de pneus sem câmara (tubeless).

Undertread é a borracha colocada sobre as lonas e abaixo da banda de

rodagem. É destinado a uma melhor aderência da borracha de recauchutagem da

banda (isso para os pneus que podem ser recauchutados).

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A figura nº 7 representa um corte verical do pneu do tipo diagonal.

Figura 7

21

6 IDENTIFICAÇÃO DOS PNEUS AERONÁUTICOS

A figura nº 8 demonstra o pneu aeronáutico diagonal com suas especificações

que são escritas na sua lateral.

Figura 8

22

A figura nº 9 representa o pneu aeronáutico radial com suas especificações

que são escritas na sua lateral.

Figura 9

7 DEFEITOS ENCONTRADOS NOS PNEUS

Durante a vida útil de um pneu podem aparecer desgastes comuns decorrentes

da utilização que são:

-derretimento: acontece por frenagem com água, normalmente associado com a

aquaplanagem. Nesta situação, caso o derretimento não tenha atingido o limite

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mínimo do sulco, ele pode continuar a ser usado desde que não apresente nenhuma

trepidação ou tendência que possa influenciar a aeronave.

A figura abaixo demonstra o derretimento do pneu.

Figura 10

-desgaste do “ombro”: é causado por baixa pressão, carga acima do limite do pneu.

Quando for somente em um dos lados pneu a causa é o desalinhamento. Neste caso

o pneu deve ser descartado.

A figura abaixo demonstra o desgaste do “ombro”.

Figura 11

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-Os desgastes por pressão incorreta: podem sem por pressão acima ou abaixo do

valor especificado para o pneu. Para valores abaixo temos o desgaste da borda da

banda de rodagem e para valores acima temos o desgaste no meio da banda.

A figura abaixo demonstra os desgastes por pressão.

Figura 12

-Rompimento: pode ser por FOD (Foreign object damage) ou pistas e taxiways com

pavimento irregular os quais ocasionam cortes profundos que levam a destruição do

pneu levando ao seu descarte.

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A figura abaixo mostra o pneu rompido.

Figura 13

-Bolha: normalmente gerada por super aquecimento da banda de rodagem ou defeito

na vulcanização do pneu. As bolhas são a borracha externa que descola da lona. Não

é permitido reparo, então, o pneu é descartado.

Figura 14

-Cortes profundos em grandes quantidades e que atingem as lonas: são ocasionados

por pequenos objetos na pista. Como danificam as lonas que são a parte estrutural do

pneu, o mesmo é descartado.

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A figura abaixo mostra os cortes.

Figura 15

-Frenagem e pista seca com travamento da roda: ocasiona desgaste excessivo em

certas áreas da banda. Quando a profundidade for pequena e o limite dos sulcos não

for atingido, pode-se continuar usando desde que não gere vibração ou tendências

quando a aeronave estiver em movimento.

A foto mostra um pneu em que o desgaste ultrapassou o limite dos sulcos e

tem que ser descartado.

Figura 16

-Perda de pequenos pedaços de borracha na banda de rodagem: está associado

principalmente nas curva da aeronave, quando taxiando e efetuando manobras. O

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tamanho dos danos deve ser avaliado, normalmente são pequenos e podem ser

ignorados, mas caso a área seja grande o pneu é descartado por se enquadrar como

corte profundo.

A imagem abaixo representa a perda de pedaços de borracha.

Figura 17

-Cortes transversais na banda de rodagem: são comuns em pousos com vento de

través que obriga a aeronave tocar o solo inclinada em relação ao eixo da pista,

fazendo os pneus derraparem de lado por um breve período de tempo danificando a

banda, danos muito severos requerem o descarte do pneu.

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A imagem mostra os cortes transversais na banda de rodagem.

Figura 18

8 AQUAPLANAGEM

Existem três formas de aquaplanagem: dinâmico, viscoso, e reversão de

borracha. A aquaplanagem dinâmica pode ser dividida em duas: a total e a parcial.

Aquaplanagem dinâmica ocorre quando a água começa a se acumular na

parte dianteira de uma roda em movimento até o momento onde ela é literalmente

atropelada pela roda, ficando entre o pneu e o pavimento. Existem vários fatores que

influenciam sendo os principais a velocidade, o peso em cima da roda, a

profundidade dos sulcos do pneu, a espessura do espelho de água sobre o pavimento.

O maior risco da aquaplanagem é quando ela é total. O pneu não tem mais

nenhum contato com o pavimento o que faz a aeronave perder a direção e os freios

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pois não há atrito neste momento, fazendo a roda parar de girar. Pode danificar o

pneu de modo a ter que descartá-lo.

A figura abaixo demonstra a aquaplanagem total.

Figura 19

Na parcial, a roda não pára de girar mas perde boa parte da área de contato

com o solo, o que reduz a força de frenagem e aumenta o risco de travamento da

roda. Se a roda travar, irá danificar o pneu e perder toda a força de frenagem.

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A figura abaixo demonstra a aquaplanagem parcial.

Figura 20

Aquaplanagem viscosa é um tipo de aquaplanagem, entretanto, não é causado

por excesso de água e sim por um conjunto de substâncias comuns como óleo, areia,

graxa, restos de borracha, entre outros, que junto com um pouco de água cria uma

espécie de lubrificante que reduz o atrito do pneu com o pavimento, deixando-o

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escorregadio e fazendo com que a aeronave perca a ação dos freios mesmo em

baixas velocidades.

Reversão de borracha por aquaplanagem é o tipo menos comum. Ocorre

quando a água que está passando pelo pneu ferve por causa da fricção produzindo

um vapor superaquecido e com temperaturas tão elevadas que podem modificar a

estrutura da borracha, danificando e condenando o pneu. Esta situação pode ocorrer

com o pneu passando por uma pequena parte da pista que esteja molhada, podendo

ser até mesmo uma simples poça.

9 INSPEÇÃO DOS PNEUS

Os pneus devem ser inspecionados a cada pouso e o encarregado deve

verificá-lo cuidadosamente procurando danos. O objetivo da inspeção é procurar por

qualquer irregularidade no pneu e fazer uma avaliação das que forem encontradas

como cortes, bolhas, marcas de superaquecimento, marcas de derrapagem por

travamento dos freios e até mesmo as marcas do toque do pneu no solo.

As irregularidades devem ser observadas e julgadas pelo responsável pela

inspeção tendo como base o manual do fabricante do pneu. No caso de algum

defeito encontrado no pneu que não possua limite determinado pelo fabricante ou já

tenha passado deste limite, e não possua nenhuma referência no manual sobre um

possível reparo o pneu deve ser descartado.

Durante a inspeção também é verificada a roda, seus componentes e a

calibragem do pneu. A roda da aeronave recebe grandes esforços, assim como o

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pneu e deve ser observada junto com o pneu a cada pouso para verificação de

trincas, parafusos quebrados ou soltos, empenamento ou qualquer marca fora do

normal. Também deve-se verificar a posição da marca do pneu com a roda pois

o fato de ela não estar alinhada corretamente é uma indicação de que a mesma girou

na roda, o que requer a remoção da roda e desmontagem para uma melhor avaliação.

O bico de enchimento da roda e a válvula de segurança devem ser

inspecionados quanto a danos e vazamentos, a calibragem do pneu dever ser

verificada antes da decolagem de preferência com o pneu frio e com calibrador

adequado.

10 MONTAGEM DOS PNEUS

A instalação dos pneus nas rodas das aeronaves é um serviço que necessita de

atenção aos procedimentos estabelecidos pelo manual. Os pneus têm suas

características especificadas pelo fabricante e devem ser obedecidas. Pneus sem

câmara têm a montagem com câmara proibida pelo fabricante, salvo ser houver

alguma especificação.

As rodas de aeronaves normalmente são feitas em duas metades que são

unidas, este sistema é usado pelo fato dos pneus terem talões muito rígidos, o que

não permitiria a montagem forçando o talão como é feito nos veículos automotivos.

A montagem do pneu na roda deve ser feita de maneira correta. Tanto o pneu

como a roda devem estar livres de sujeiras como lubrificantes, poeira, entre outros,

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principalmente na área interna e no talão. As vedações do cubo devem ser vedadas

de acordo com as especificações. No caso de aplicação de lubrificantes como graxa

e óleo ou aplicação de vedantes devem ser sempre usadas quantidades apropriadas

para não escorrerem para dentro do pneu.

Os pneus normalmente vem com marcas de balanceamento já feito pela

fábrica. É uma marca vermelha próxima ao talão, ela indica a parte mais leve do

pneu que deve ser instalada na posição mais pesada da roda a fim de facilitar o

balanceamento do conjunto.

O enchimento do pneu deve ser feito em uma gaiola metálica que é um item

obrigatório em oficinas de manutenção. O operador deve se certificar da segurança

das pessoas a sua volta mantendo todos a uma distância segura. As rodas de

aeronaves por serem em duas metades e utilizarem altas pressões correm o risco de

falha, situação que pode causar um acidente grave.

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Imagem de uma roda bi-partida e seus componentes.

Figura 21

1- Conjunto de vedação 2- Rolamento cônico CONJUNTO DA VÁLVULA 3- Tampa 4- Miolo da válvula 5- Porca 6- Espaçador 7- Gromete 8- Haste 9- Porca 10- Arruela 11- Parafuso 12- Junta de vedação CONJUNTO DA METADE EXTERNA DA RODA 13- Placa de identificação 14- Placa de instrução 15-Mancal de rolamento

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16- Metade externa da roda CONJUNTO DA METADE INTERNA 17- Arame de ferro 18- Parafuso 19- Chave de torque 20- Bucha “Heli-coil” 21- Placa de identificação 22- Placa de instrução 23- Mancal do rolamento 24- Metade interna da roda

11 ESTOCAGEM DOS PNEUS

As condições de estocagem de pneus em depósitos e oficinas devem ser

cuidadosas para que as características dos pneus não se alterem.

Os maiores problemas em estocagem de pneus são o ressecamento da

borracha pela oxidação causada pelo oxigênio e pelo ozônio e também por materiais

químicos comuns em oficinas como óleo, graxa e solventes.

Há também a deformação por estocagem, ocorre quando o pneu fica apoiado

em uma posição por muito tempo.

A estocagem correta de pneus aeronáuticos recomendada pelos fabricantes

pede que os mesmos seja guardados em local fresco com temperaturas em torno de

0° a 32° C (32° a 90° F) e sem luz solar direta (para não haver contato direto com

raios ultra violeta). Não se recomendam fontes de calor próximas e correntes de ar,

pois estas fazem o pneu ter mais contato com o oxigênio. Com relação à posição de

estocagem, não se deve empilhar o pneu de forma alguma. Ele deve ser guardado em

pé apoiado pela banda de rodagem e nunca pendurado pelo talão, as câmaras de ar

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devem ser mantidas em suas respectivas caixas e não abertas e penduradas em

ganchos ou pregos.

12 CONCLUSÃO

Os pneus da aeronave são itens de segurança e requerem uma manutenção

contínua. Caso contrário pode ser um fator principal ou contribuinte para que ocorra

um acidente durante os momentos mais críticos: a decolagem e o pouso.

A inspeção dos pneus deve ser feita sempre que a aeronave pousar e sempre

antes da mesma decolar, a fim de minimizar a possibilidade de falhas deste

componente.

A durabilidade dos pneus varia com a qualidade da manutenção. Deve ser

feita a calibragem, limpeza, alinhamento.Outro item fundamental na durabilidade é

modo de pilotagem da aeronave.

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13 GLOSSÁRIO FOD - Foreign object damage Under Tread - camada de borracha que se destina a melhorar a aderência entre borracha da banda de rodagem e as lonas Tread Groove – Sulco na banda de rodagem do pneu Casing Plies – Lonas do pneu Tread – Banda de rodagem Sidewall – Lateral do pneu Beads – Fio ou arame de aço que e instalado no talão Innerliner – Borracha instalada por dentro do pneu para vedação hermética ApexStrip – Acabamento sobre o foi ou arame de aço instalado no pneu Casing Ply Turn Ups – Lonas dobradas por cima do aço no pneu Bead Heel – Lateral interna do talão Beat Toe – Lateral externa do talão , fica em contato com a roda Breaker Overlay – Camada de reforço da banda de pneus radiais Belt Plies – Lonas montadas no sentido de rotação no pneu. Crow – Coroa , no pneu representa a parte da banda de rodagem Shoulder – “Ombro” do pneu , consiste da parte onde termina a banda e inicia a lateral do pneu

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14 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS http://www.airmichelin.com/

http://mb-soft.com/public/planetir.html

http://www.coladaweb.com/quimica/invencaodegoodyear.htm

http://www.bouncing-balls.com/timeline/people/nr_hancock.htm

http://www.bouncing-balls.com/timeline/people/nr_goodyear.htm

http://www.bouncing-balls.com/chemistry_tech_conservation/vulcanization.htm

http://www.aircrafttyres.com

http://www.dunlopatl.co.uk

http://www.jet-jobs.com/articles/hydropln.html#dy

http://ap.bridgestone.co.jp/

Revista: Aviação em Revista

Apostila da ANAC