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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM ENGENHARIA
BIOMÉDICA
ELISÂNGELA DE OLIVEIRA CARDOZO
COMPARAÇÃO DA MEDIDA DA PRESSÃO ARTERIAL AFERIDA EM
APLICATIVO DE CELULAR E ESFIGMOMANÔMETRO ELETRÔNICO DIGITAL
DE PUNHO PARA UTILIZAÇÃO NA PREVENÇÃO DE DOENÇAS –
DESENVOLVIMENTO DE CARTILHA EDUCATIVA
DISSERTAÇÃO
CURITIBA
2021
4.0 Internacional
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ELISÂNGELA DE OLIVEIRA CARDOZO
COMPARAÇÃO DA MEDIDA DA PRESSÃO ARTERIAL AFERIDA EM
APLICATIVO DE CELULAR E ESFIGMOMANÔMETRO ELETRÔNICO DIGITAL
DE PUNHO PARA UTILIZAÇÃO NA PREVENÇÃO DE DOENÇAS –
DESENVOLVIMENTO DE CARTILHA EDUCATIVA
Comparison of blood pressure measurement measured in cellular application
and digital electronic wrist sphygmomanometer for use in disease prevention -
Development of an educational booklet
Dissertação apresentada como requisito para obtenção do título de Mestre em Ciências da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). Área de concentração: Engenharia Biomédica. Orientador: Prof.ª Dr.ª Frieda Saicla Barros.
CURITIBA
2021
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES) e ao Governo Federal.
Ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Biomédica da UTFPR,
através do coordenador, professor Dr. Gilson Yukio Sato com todo meu carinho,
respeito e admiração.
Aos funcionários da UTFPR que todos os dias se esforçam para tornar o
nosso dia melhor.
Aos professores convidados Dr.ª Patrícia Maria Forte Rauli e Dr. Evaldo
Dacheux de Macedo Filho que gentilmente aceitaram participar da banca e por suas
valiosas contribuições no trabalho.
A minha família que sempre acreditou neste sonho; meus pais que mesmo
sem entender direito o que esse título significava estavam sempre do meu lado,
sobretudo a minha mãe que é meu exemplo.
Aos colegas do programa Eliandro, Viviane, Doraly, Thayse, Rodrigo e Hildete
que foram parte fundamental para a realização dos créditos, com apoio e estímulo,
sem os quais eu tenho certeza não teria conseguido.
Aos colegas da Bioética que se tornaram amigas para muito além dos muros
de qualquer faculdade Houda, Vivi, Mônica, Camila, Rita, Anna Silvia, Patrícia,
Andréa, Luciana, Vanessa, Lucila, Dani, Simone, Jacob e Márcia que sempre
estiveram comigo nesta caminhada.
Um agradecimento especial a minha querida amiga Eva que contribuiu
ativamente para a conclusão deste projeto.
As queridas amigas Maria José Mocelin (Mazé) e Thereza Salomé
D’Espíndula que sempre foram a força e a lealdade que me faziam crescer e superar
as angústias da vida em todos os momentos.
A professora Dr.ª Márcia Olandi pela grande contribuição estatística e por
todos os demais conselhos e ensinamentos, além da paciência e cordialidade.
Ao querido professor Dr. Waldir Souza pelo acolhimento e ensinamentos, não
só para este momento, mas para a vida.
As professoras Dr.ª Marcia Regina Chizini Chemin, Dr.ª Ida Cristina Gubert,
Drª. Nilza Maria Diniz e Dr.ª Isabel Cristina Carstens Kohler por serem inspiração
constante na busca da realização deste sonho.
Agradeço imensamente a minha filha Cassiane por toda ajuda na
estruturação do trabalho e por sempre acreditar e estar ao meu lado, mesmo nos
momentos mais difíceis.
Um agradecimento mais que especial ao meu marido, que foi gentil e paciente
nos momentos de desânimo, ansiedade e medo, por ser o porto seguro da minha
existência.
Ao Hospital IPO e a todos os colaboradores que gentilmente participaram da
pesquisa direta ou indiretamente.
A todos os colegas que participaram do questionário de saúde e de validação
da cartilha deste trabalho.
Não poderia jamais deixar de agradecer a minha grande amiga Fernanda
Danielle dos Santos que foi fundamental para que este dia se tornasse realidade.
Agradeço aos queridos professores Leonir Pessini e Johann G. G. Melcherts
Hurtado (in memoriam) que infelizmente não estão mais comigo neste momento de
celebração.
Aos professores Dr.ª Leandra Ulbricht, Dr. Thiago Cunha, Dr. Anor Sganzerla,
Dr. Mário Sanches, Dr.ª Carla Corradi, Dr.ª Caroline Rosaneli, Dr. José Eduardo
Siqueira, Dr.ª Cilene da Silva Gomes Ribeiro, Dr.ª Mary Rute Esperandio e Dr.ª
Marta Fischer que guardo com carinho no coração.
E por fim e não menos importante, pelo contrário, acredito que devo todas as
honras e mérito a querida professora Dr.ª Frieda Saicla Barros que foi o firmamento,
a gentileza, o carinho e a amizade, que atuou de maneira exemplar na orientação do
trabalho e por tudo o que ela representa na minha caminhada.
Educação não transforma o mundo,
educação muda as pessoas,
pessoas transformam o mundo.
Paulo Freire
RESUMO
CARDOZO, Elisângela de Oliveira. Comparação da medida da pressão arterial aferida em aplicativo de celular e esfigmomanômetro eletrônico digital de punho para utilização na prevenção de doenças – Desenvolvimento de cartilha educativa. 2021. 148 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Biomédica) – Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Curitiba, 2021.
A hipertensão arterial, conhecida como pressão alta, é uma condição em que a
pressão arterial se mantém frequentemente acima de 140/90mmHg. Dados do
Ministério da Saúde mostram que em 2017 o Brasil registrou 141.878 mortes devido
à hipertensão ou a causas atribuíveis a ela. Este estudo tem por objetivo avaliar a
confiabilidade das medições de pressão arterial e o desempenho do aplicativo de
celular com relação aos resultados obtidos quando usado o equipamento de
referência medidor automático de pulso, bem como mensurar através da aplicação
de questionário de qualidade de vida, o grau de conhecimento da população sobre
hipertensão arterial e da importância do acompanhamento contínuo da pressão para
a prevenção de outras doenças graves. Esta pesquisa caracterizou-se como um
estudo prospectivo transversal, observacional, comparativo quantitativo de caráter
descritivo que foi realizado em três etapas. A aplicação de forma online de um
questionário de qualidade de vida com relação à pré-disposição da hipertensão. A
medição da pressão arterial para a comparação dos resultados obtidos e a
elaboração e validação da cartilha da hipertensão. A cartilha foi avaliada de forma
online por profissionais da área da saúde, comunidade em geral e profissionais da
área de design. Os resultados obtidos por meio do questionário de qualidade de vida
indicam que 31,2% da amostra acredita estar acima do peso, 45,1% utilizam
alimentos processados ou industrializados e quase 80% da amostra afirmou ter
histórico de pressão alta na família, sendo esses fatores, entre outros, considerados
de risco para o desenvolvimento da hipertensão. Com relação à medição da pressão
arterial, os resultados indicam que, tanto para a pressão arterial sistólica como para
diastólica, não foi encontrada diferença significativa entre as duas formas de
medição. Com relação à avaliação da cartilha, os participantes consideraram que a
mesma apresenta conteúdo e aparência adequados para a promoção do
conhecimento educativo e para a auto eficácia individual de prevenção da
hipertensão arterial.
Palavras-chave: Tecnologia em saúde. Pressão arterial. Aplicativos móveis.
ABSTRACT
CARDOZO, Elisângela de Oliveira. Comparison of blood pressure measurement measured in cellular application and digital electronic wrist sphygmomanometer for use in disease prevention – Development of an educational booklet. 2021. 148 p. Dissertation (Master in Biomedical Engineering) – Federal Technological University of Paraná, Curitiba, 2021.
High blood pressure, also known as high blood pressure, is a condition in which
blood pressure is always above 140/90 mmHg. Data from the Ministry of Health show
that in 2017, Brazil recorded 141,878 deaths due to hypertension or causes
attributable to it. This study aims to evaluate the reliability of blood pressure rates
and the performance of the cell phone application in relation to the results obtained
when using the result of the automatic pulse meter, as well as to measure, through
the application of a quality of life questionnaire, the degree of knowledge of the
population about arterial hypertension and the importance of continuous monitoring
of blood pressure for the prevention of other serious diseases. This research was
characterized as a prospective cross-sectional, observational, qualitative-quantitative
comparative descriptive study that was carried out in three stages. The online
application of a quality of life questionnaire in relation to pre-disposition to
hypertension. The combination of blood pressure for a comparison of the results
obtained and the validation and validation of the hypertension guide. The
hypertension booklet was evaluated online by health professionals, the general
community and design professionals. The results obtained through the quality of life
questionnaire indicate that 31.2% of the sample believes they are overweight, 45.1%
use processed or industrialized foods and almost 80% of the sample claimed to have
a history of high blood pressure in the family, these being, among others, factors that
are considered risk factors for the development of hypertension. Regarding diastolic
blood pressure, no difference was found between the two forms of determination.
Regarding the evaluation of the booklet, the participants considered that it has
content and adequacy to the promotion of educational knowledge and for an
automatic individual effectiveness in the prevention of arterial hypertension.
Keywords: Health technology. Blood pressure. Mobile applications.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 - Primeiro método da história de aferição de pressão ................................. 23
Figura 2 - Hemodinamômetro de Poiseuille .............................................................. 24
Figura 3 - Esfigmomanômetro de Riva-Rocci ............................................................ 25
Figura 4 - Esfigmomanômetro de coluna de mercúrio ............................................... 46
Figura 5 - Esfigmomanômetro aneroide com estetoscópio ....................................... 48
Figura 6 - Aparelho de pressão digital, (A) braço e (B) punho .................................. 49
Figura 7 - Percepção dos participantes ..................................................................... 54
Figura 8 - Telas de serviço do aplicativo ................................................................... 57
Figura 9 - Monitor de PA de Pulso Omron Control HEM-6124 .................................. 58
Gráfico 1 - Escolaridade ............................................................................................ 71
Gráfico 2 - Excesso de peso ..................................................................................... 72
Gráfico 3 - Exame para determinar hipertensão ........................................................ 73
Gráfico 4 - Histórico de pressão alta na família ......................................................... 74
Gráfico 5 - Casos de diabetes na família .................................................................. 75
Gráfico 6 - Percepção sobre a saúde ........................................................................ 77
Gráfico 7 - Ações para controle da HA ...................................................................... 77
Gráfico 8 - Hábito de medir a PA ............................................................................... 78
Gráfico 9 - Local de medição da PA .......................................................................... 78
Gráfico 10 - Equipamento para medir a PA ............................................................... 79
Gráfico 11 - Conhecimento de programas de prevenção da PA ............................... 80
Gráfico 12 - Conhecimento de cartilhas educativas sobre hipertensão ..................... 80
Gráfico 13 - Acesso a uma cartilha sobre hipertensão .............................................. 81
Gráfico 14 - Representação das medidas de pressão .............................................. 83
Gráfico 15 - Médias das medidas de PAS no aparelho ............................................. 84
Gráfico 16 - Médias das medidas de PAD no aparelho ............................................. 84
Gráfico 17 - Diagrama de dispersão para PAD entre aparelho e aplicativo .............. 85
Gráfico 18 - Diagrama de dispersão para PAS entre aparelho e aplicativo .............. 85
Gráfico 19 - Objetivo da cartilha ................................................................................ 88
Gráfico 20 - Prevenção ............................................................................................. 88
Gráfico 21 - Objetivos ................................................................................................ 89
Gráfico 22 - Capa da Cartilha .................................................................................... 90
Gráfico 23 - Mensagens visuais e compreensão dos pontos principais .................... 90
Quadro 1 - Principais doenças cardiovasculares descritas pelos especialistas ........ 34
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Classificação da PA ................................................................................. 26
Tabela 2 - Os dez aplicativos com mais download .................................................... 55
Tabela 3 - Caracterização dos participantes ............................................................. 70
Tabela 4 - Apresentação dos fatores de risco para o aumento da pressão arterial .. 72
Tabela 5 - Percepção sobre a rotina e qualidade de vida ......................................... 76
Tabela 6 - Estatísticas descritivas de variáveis demográficas e clínicas ................... 82
Tabela 7 - Estatísticas descritivas de PAS e PAD ..................................................... 83
Tabela 8 - Representação dos valores do viés de aferição do aplicativo .................. 84
Tabela 9 - Valores do viés do aplicativo após retirada dos extremos ........................ 86
Tabela 10 - Associação de idade, sexo, hipertensão e medicamento com valores de
pressão pelo aparelho ............................................................................................... 86
Tabela 11 - Linguagem utilizada na cartilha .............................................................. 89
Tabela 12 - Considerações gerais sobre a cartilha ................................................... 91
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AAS Ácido Acetilsalicílico
AIT Ataque Isquêmico Transitório
ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária
ANS Agência Nacional de Saúde
AVC Acidente Vascular Cerebral
AVE Acidente Vascular Encefálico
CEP Comitês de Ética em Pesquisa
CFF Conselho Federal de Farmácia
CIPA Comissão Interna de Prevenção de Acidentes
CONASEMS Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde
DAOP Doença Arterial Obstrutiva Periférica
DAP Doença Arterial Periférica
DCNT Doença Crônica Não Transmissível
DCV Doença Cardiovascular
DD Teste D-Dímero
DM Diabetes Mellitus
DRC Doença Reumática Cardíaca
EAD Educação a Distância
ECA Enzima Conversora da Angiotensina
EDC Eco Doppler Colorido
EP Embolia Pulmonar
FC Frequência Cardíaca
FDA Food and Drug Administration
FRA Febre Reumática Aguda
HA Hipertensão Arterial
HAS Hipertensão Arterial Sistêmica
HBPM Heparina de Baixo Peso Molecular
IA Inteligência Artificial
IAM Infarto Agudo do Miocárdio
IC Insuficiência Cardíaca
INMETRO
IMC
Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia
Índice de Massa Corporal
IoT Internet das Coisas
IPO Instituto Paranaense de Otorrinolaringologia
IS Instituição de Saúde
MRPA Monitorização Residencial da Pressão Arterial
ODS Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
OMS Organização Mundial da Saúde
PA Pressão Alta
PAD Pressão Arterial Diastólica
PAS Pressão Arterial Sistólica
PDF Portable Document Format
PPG Fotopletismografia
RM Ressonância Magnética
SAM Suitability Assessment of Materials
SARS Síndrome Respiratória Aguda Grave
SBC Sociedade Brasileira de Cardiologia
SIM Sistema de Informações de Mortalidade
SMS Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba
SUS Sistema Único de Saúde
TC Tomografia Computadorizada
TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
TEP Tromboembolismo Pulmonar
TEV Tromboembolismo Venoso
TIC Tecnologia da Informação e Comunicação
TVP Trombose Venosa Profunda
UBS Unidade Básica de Saúde
UIT União Internacional das Telecomunicações
UTFPR Universidade Tecnológica Federal do Paraná
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................ 17
1.1 PROBLEMA ............................................................................................. 19
1.2 JUSTIFICATIVA....................................................................................... 20
1.3 HIPÓTESE .............................................................................................. 20
1.4 OBJETIVOS ............................................................................................ 21
1.4.1 Objetivo geral .......................................................................................... 21
1.4.2 Objetivos específicos ............................................................................... 21
1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO ................................................................ 22
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .............................................................. 23
2.1 MEDIDAS DE REFERÊNCIA DA PRESSÃO ARTERIAL ........................ 25
2.2 ACOMPANHAMENTO E TRATAMENTO DA HIPERTENSÃO ARTERIAL26
2.2.1 Definições e tipos de pressão .................................................................. 27
2.2.2 Fatores de risco para a elevação da pressão arterial .............................. 29
2.2.3 Medição da pressão ................................................................................ 29
2.2.4 Medidas de prevenção e tratamento ....................................................... 31
2.3 ASSOCIAÇÃO DA HIPERTENSÃO ARTERIAL COM AS DOENÇAS
CARDIOVASCULARES ........................................................................... 32
2.3.1 Insuficiência cardíaca .............................................................................. 34
2.3.2 Doença arterial obstrutiva periférica ou doença arterial periférica ........... 35
2.3.3 Acidente vascular encefálico ou acidente vascular cerebral .................... 36
2.3.4 Tromboembolismo venoso, trombose venosa profunda, tromboembolismo
pulmonar ou embolia pulmonar ............................................................... 39
2.3.5 Doença reumática cardíaca ..................................................................... 41
2.4 INFLUÊNCIA DA PANDEMIA DE COVID-19 NO AUMENTO DOS CASOS
DE MORTES POR DOENÇAS RELACIONADAS À HIPERTENSÃO
ARTERIAL ............................................................................................... 42
2.5 MÉTODOS DE AFERIÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL ........................... 45
2.6 CARACTERIZAÇÃO DOS APARELHOS PARA MEDIR A PRESSÃO
ARTERIAL ............................................................................................... 45
2.6.1 Esfigmomanômetro mecânico de coluna de mercúrio ............................. 46
2.6.2 Esfigmomanômetro aneroide manual com estetoscópio ......................... 47
2.6.3 Esfigmomanômetro digital automático e semiautomático ........................ 49
2.7 TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO ........................ 50
2.7.1 Tecnologia em saúde .............................................................................. 51
2.7.2 Descrição do aplicativo iCare Health Monitor .......................................... 53
2.7.3 Apresentação do medidor de pressão automático de punho Omrom HEM-
6124 ......................................................................................................... 57
2.8 COMO AS CARTILHAS EDUCATIVAS PODEM CONTRIBUIR PARA A
PREVENÇÃO E CONTROLE DO AUMENTO DA PRESSÃO ARTERIAL DA
POPULAÇÃO .......................................................................................... 58
3 METODOLOGIA...................................................................................... 62
3.1 PROCEDIMENTOS ÉTICOS ................................................................... 62
3.2 AMOSTRA E LOCAL DE REALIZAÇÃO DA PESQUISA APROVADOS 62
3.2.1 Etapa de aplicação de questionários ....................................................... 62
3.2.2 Critérios de inclusão e exclusão .............................................................. 63
3.2.3 Etapa de medição da pressão arterial ..................................................... 63
3.3 APRESENTAÇÃO DA METODOLOGIA DE ESTUDO DA FASE I.......... 64
3.3.1 Caracterização da amostra da fase I ....................................................... 64
3.3.2 Aplicação de questionário ........................................................................ 64
3.4 APRESENTAÇÃO DA METODOLOGIA DE ESTUDO DA FASE II......... 65
3.4.1 Caracterização da amostra da fase II ...................................................... 65
3.4.2 Aferição da pressão ................................................................................. 66
3.5 APRESENTAÇÃO DA METODOLOGIA DE ESTUDO DA FASE III........ 67
3.5.1 Caracterização da amostra da fase III ..................................................... 67
3.5.2 Aplicação de questionário para validação da cartilha .............................. 68
4 RESULTADOS ........................................................................................ 69
4.1 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS DA FASE I ............................... 69
4.2 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS DA FASE II .............................. 81
4.3 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS DA FASE III ............................. 86
5 DISCUSSÃO ........................................................................................... 93
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................. 103
7 CONCLUSÕES ..................................................................................... 107
REFERÊNCIAS .................................................................................................. 108
APÊNDICE A - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) ......... 119
APÊNDICE B - Instrumento de Coleta de Dados Primeira Fase ................... 123
APÊNDICE C - Instrumento de Coleta de Dados Segunda Fase .................. 126
ANEXO A - Carta de Aprovação do Comitê de Ética da UTFPR ................... 127
ANEXO B - Carta de Aprovação do Comitê de Ética do Hospital IPO ......... 135
ANEXO C - Manual de Orientação ao Usuário do Medidor Automático de
Pressão Arterial de Pulso Omron Modelo HEM-6124 ....................... 139
ANEXO D - Portaria do INMETRO de Aprovação do Aparelho Omron HEM-6124
............................................................................................................... 141
ANEXO E - Capa da Cartilha de Hipertensão Arterial ................................... 148
17
1 INTRODUÇÃO
Este capítulo apresenta a contextualização, a descrição do problema,
justificativa, hipótese e os objetivos do trabalho.
A hipertensão arterial sistêmica (HAS), também conhecida como pressão alta
(PA), é considerada como o maior fator de risco para mortalidade no mundo, bem
como uma das principais causas para o desenvolvimento das doenças
cardiovasculares (DCVs), que de acordo com a Organização Mundial da Saúde
(OMS), continua sendo a maior causa efetiva de mortes em todo o mundo
(BARROSO et al., 2020).
A hipertensão arterial (HA) é uma doença crônica não transmissível (DCNT)
que sofre influência de múltiplos fatores, tais como: demográficos, socioeconômicos,
comportamentais, antropométricos e hereditários.
Com relação aos fatores comportamentais, a maioria dos casos de aumento
da pressão arterial está relacionada principalmente com hábitos alimentares não
saudáveis como: obesidade, sedentarismo, consumo excessivo de bebidas
alcoólicas, utilização de sal em excesso, diabetes descontrolada, entre outros
(BARROSO et al., 2020).
A hipertensão arterial é o aumento anormal e por longo período da pressão
que o sangue faz ao circular pelas artérias do corpo. A HA é uma doença grave e
crônica, que também pode ser hereditária, porém existem vários fatores que podem
influenciar no desenvolvimento ou não da doença (SBC; SBH; SBN, 2010).
A HA também está associada aos distúrbios metabólicos, alterações
funcionais e/ou estruturais de órgãos-alvo, sendo agravada pela presença de outros
fatores de risco, tais como: dislipidemia, obesidade abdominal, intolerância à glicose
e diabetes (MALACHIAS et al., 2016; BARROSO et al., 2020). Além disso, a
hipertensão é um dos fatores de risco para o desenvolvimento de doenças ainda
mais graves, como o infarto, aneurismas e insuficiências renais e cardíacas
(BRASIL, 2006).
Além das doenças já citadas, pesquisadores afirmam que a hipertensão
também é um fator de risco para o desenvolvimento de outras doenças graves,
como o aneurisma da aorta dissecante, o acidente vascular cerebral (AVC), a morte
súbita cardíaca, bem como da angina de peito, fibrilação atrial, diabetes mellitus,
síndrome metabólica, doença renal crônica, aneurismas da aorta torácica e
18
abdominal, hipertrofia ventricular esquerda, demência vascular, doença de
Alzheimer e distúrbios oftalmológicos (PRÉCOMA et al.; 2019; BARROSO et al.,
2020).
A hipertensão arterial sistêmica é considerada um problema mundial de saúde
pública, sendo responsável por aproximadamente 9,4 milhões de mortes por ano no
mundo (SANTIAGO; MOREIRA, 2019).
Segundo o Ministério da Saúde, por meio dos dados divulgados pelo
Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS) em 2017, o
Brasil registrou aproximadamente 141.878 mortes devido à hipertensão ou a causas
atribuíveis a ela. Esses dados fazem parte do Sistema de Informações de
Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde e, de acordo com os pesquisadores, esse
número é alto e preocupante já que demonstra que todos os dias aproximadamente
388,7 pessoas se tornam vítimas fatais da hipertensão, o que na prática significa
dizer que o país registra 16,2 óbitos a cada hora (CASTILHO, 2019). Segundo os
especialistas, grande parte dessas mortes poderia ser evitada com o diagnóstico
correto e o acompanhamento destes pacientes. Os estudos apontam ainda que
cerca de 37% dessas mortes são precoces, ou seja, acometem pessoas com menos
de 70 anos de idade (CASTILHO, 2019).
As constantes inovações tecnologias vêm transformando o modo de vida dos
seres humanos em diversas áreas e a educação tecnológica é fundamental no que
tange a disseminação de conhecimento. Com relação à saúde, as novas tecnologias
têm ajudado, desde o atendimento até os procedimentos mais complexos
(ANDERSON; BURFORD; EMMERTON, 2016).
Anderson, Burford e Emmerton (2016), no entanto, alertam que a falta de
regulamentação específica dos órgãos de saúde com relação a estas tecnologias
permitem que dispositivos de auto monitoramento que não foram testados e
devidamente regulamentados, sejam disponibilizados para os consumidores que
podem acabar utilizando estes sistemas para controle, acompanhamento e até
mesmo como diagnóstico de uma condição de saúde (ANDERSON; BURFORD;
EMMERTON, 2016).
Esta prática, apesar de estar se tornando cada dia mais comum, segundo os
autores acima, pode ser extremamente perigosa, já que no caso da hipertensão
arterial, a doença é considerada grave e, se não tratada de forma adequada, pode
19
trazer sérios riscos aos pacientes inclusive resultando em morte eminente para os
casos mais graves (ANDERSON; BURFORD; EMMERTON, 2016).
Arone e Cunha (2006) acreditam que, com todas as evidências de
crescimento do ritmo atual de inovação tecnológica na área da saúde, é
imprescindível para qualquer país estabelecer políticas bem definidas de adoção e
incorporação de novas tecnologias e de manutenção daquelas já em uso no sistema
para minimizar os aspectos negativos e, assim, contribuir para uma maior qualidade
do sistema de saúde (ARONE; CUNHA, 2006). Uma dessas novas tecnologias
disponíveis é justamente voltada à aferição e controle de pressão arterial. A solução
para o acompanhamento da pressão arterial pode ser encontrada diretamente na
palma da mão, ou seja, usando um aplicativo de celular.
Apesar da velocidade da popularização destes aplicativos, que é considerada
por muitos estudiosos como a revolução tecnológica de maior impacto nos últimos
tempos proporcionados pela internet e redes sociais, não podemos esquecer que
tais aplicativos não possuem nenhuma regulamentação no Brasil (TIBES; DIAS;
ZEM-MASCARENHAS, 2014). Ao contrário dos aparelhos tradicionais, não são
realizados estudos sobre a real eficácia e aplicabilidade desses recursos e também
na maior parte dos casos, estes recursos não são desenvolvidos por especialistas
em saúde (ANDERSON; BURFORD; EMMERTON, 2016).
1.1 PROBLEMA
Levando em consideração os elevados números de novos casos de pessoas
com hipertensão arterial todos os dias no Brasil, esta pesquisa se justifica pela
finalidade de obter resultados mais específicos sobre as modalidades de aferição da
pressão arterial oferecida à população.
Considerando que o monitoramento correto da pressão arterial permite ao
profissional de saúde guiar condutas terapêuticas individuais, monitorar prevalências
populacionais e identificar fatores de risco associados à hipertensão arterial, o
diagnóstico correto realizado por um profissional com o conhecimento específico
para tal patologia se torna fundamental (BRASIL, 2006).
A população manter a pressão arterial sob controle é de suma importância
para evitar doenças ainda mais graves que decorrem da pressão alta. Sendo assim,
a educação da população sobre a correta medição e controle da pressão arterial se
20
configura como uma necessidade real e imediata. Uma vez diagnosticada a
população com pressão alta, os pacientes devem ser submetidos a tratamento e
acompanhados por longos períodos por um cardiologista.
1.2 JUSTIFICATIVA
Atuando em um ambiente hospitalar, exercendo funções de cunho acadêmico
que visam à disseminação de conhecimentos relacionados às práticas de saúde e
tendo em vista que muitos dos funcionários admitiram a utilização dos aplicativos de
celulares para aferição da pressão arterial, surge a motivação para avaliar a
funcionalidade destes dispositivos e verificar a qualidade e veracidade das
informações recebidas pelos usuários.
Em uma campanha de saúde realizada na Semana da Enfermagem no
Hospital de Otorrinolaringologia IPO, por meio da Comissão Interna de Prevenção
de Acidentes (CIPA), em maio de 2019, a palestrante convidada falou sobre o tema
“Cuidados com a pressão arterial”, e percebeu que mais da metade das pessoas
que participavam da palestra se declararam como hipertensos. Poucos afirmaram
que faziam uso de medicação regularmente e muitos relataram conhecer e utilizar
com certa frequência algum tipo de aplicativo de celular para o acompanhamento da
pressão arterial.
Neste contexto, a ideia de comprovar esta nova tecnologia como instrumento
de prevenção, bem como uma cartilha com instruções de preservação da saúde,
vem a se consolidar neste trabalho.
Apesar da facilidade e acessibilidade que estes dispositivos oferecem e do
conhecimento de que esta prática vem se tornando cada vez mais comum entre os
brasileiros, é importante lembrar que ainda não existe comprovação científica sobre
a eficácia da monitorização da pressão arterial realizada por meio destes
dispositivos.
1.3 HIPÓTESE
Os aplicativos para monitorização da PA que estão disponíveis para acesso
livre nas plataformas digitais, tais como os smartphones, são realmente ferramentas
confiáveis para serem utilizadas por pessoas que, muitas vezes, possuem mesmo
21
um problema crônico e considerado grave pela sociedade médica, já que o
Ministério da Saúde alerta que 34 pessoas morrem por hora de doenças
cardiovasculares no país, sendo a pressão alta o principal fator de risco.
1.4 OBJETIVOS
1.4.1 Objetivo geral
Comparar os valores das medidas de pressão arterial obtidas no aplicativo
digital iCare Health Monitor para as variáveis da PA com os valores da PA obtidos
por meio do esfigmomanômetro eletrônico digital de punho.
1.4.2 Objetivos específicos
1) Mensurar por meio da aplicação de um questionário de qualidade de vida,
o grau de conhecimento da população sobre hipertensão arterial e da
importância do acompanhamento contínuo deste fator para a prevenção
de outras doenças graves;
2) Quantificar a prevalência da hipertensão arterial nas pessoas
pesquisadas;
3) Identificar os hábitos alimentares dos participantes que possam estar
relacionados com o aumento da pressão arterial;
4) Identificar hábitos relacionados com a má qualidade de vida e,
consequentemente, com o aumento da pressão arterial;
5) Comparar os valores das medições da pressão arterial informadas nos
aplicativos de celulares com relação às medidas obtidas com os
aparelhos devidamente aprovados junto aos órgãos responsáveis e com
as certificações de calibração em dia;
6) Compreender as características do aplicativo com relação à
acessibilidade e clareza das informações prestadas;
7) Levantar o número médio de pessoas que utilizam aplicativos de celulares
para a aferição da pressão arterial;
8) Identificar o perfil das pessoas que utilizam aplicativos como forma de
acompanhamento da pressão arterial; e,
22
9) Confeccionar e validar uma cartilha com orientações sobre os problemas
causados pela hipertensão arterial e as práticas que podem ser adotadas
para minimizar os riscos que ela pode trazer.
1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO
Este trabalho está estruturado em seis capítulos. Neste capítulo referente
introdução, encontram-se apresentados o tema e sua delimitação, a hipótese, a
justificativa e os objetivos da pesquisa. O capítulo dois, que trata da fundamentação
teórica do estudo, descreve os aspectos sobre PA, medidas de referência, formas de
acompanhamento e tratamento, associação da PA com outras doenças, influência
no caso de óbitos em função da Covid-19, métodos de aferição da PA, tipos de
equipamentos para a tomada de valores da PA e novas tecnologias para a medição
da PA. O capítulo três descreve a metodologia utilizada na pesquisa, que se
caracteriza como um estudo prospectivo transversal, observacional, comparativo
quantitativo de caráter descritivo e exploratório que foi realizado em três etapas. Os
resultados qualitativos e quantitativos da pesquisa, analisados por meio da aplicação
dos questionários, bem como da aferição da pressão arterial, são apresentados no
capítulo quatro. O capítulo cinco, que se refere à discussão, traz a interpretação,
análise e discussão dos resultados encontrados e apresentados na pesquisa. O
capítulo seis e último traz as considerações finais onde avaliamos a proposta inicial
do estudo e sintetizamos os achados esperados ou não no decorrer do andamento
do trabalho.
23
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Este capítulo descreve os aspectos sobre pressão arterial (PA), medidas de
referência, formas de acompanhamento e tratamento, associação da PA com outras
doenças, influência no caso de óbitos em função da Covid-19, métodos de aferição
da PA, tipos de equipamentos para a tomada de valores da PA e novas tecnologias
para a medição da PA.
A expressão pressão arterial (PA) refere-se à pressão exercida pelo sangue
contra a parede das artérias. A PA, bem como a de todo o sistema circulatório,
encontra-se normalmente um pouco acima da pressão atmosférica, sendo a
diferença de pressões responsável por manter as artérias e demais vasos não
colapsados.
Embora historicamente haja relatos da preocupação com as medidas do pulso
desde o período de 460 a.C. na Grécia Antiga. A primeira medição de pressão que
se tem conhecimento foi realizada por Stephen Hales (1677-1761), em 1733.
Apesar de Stephen Hales, na realidade, estar interessado realmente na
fisiologia do fluxo dos fluidos, especialmente em saber como a seiva atingia o topo
de uma árvore, esta experiência foi considerada como a primeira medida direta da
pressão arterial que se tem conhecimento (INTROCASO, 1996). A experiência foi
realizada com uma égua doente de forma invasiva e culminou com a descoberta da
pressão sanguínea (sístole e diástole) por meio de um instrumento que ficou
conhecido como manômetro. Mas foi só quase um século depois desse feito que o
manômetro de Hales foi aperfeiçoado por Jean Léonard Marie Poiseuille (1799-
1869), dando origem a um instrumento que ficou conhecido como hemodinamômetro
(KOHLMANN; KOHLMANN JUNIOR, 2011).
A Figura 1 ficou amplamente conhecida como o registro da primeira medição
da pressão arterial.
Figura 1 - Primeiro método da história de aferição de pressão
Fonte: Introcaso (1998)
24
O hemodinamômetro demonstrado na Figura 2 era conectado a uma cânula
cheia de carbonato de potássio (anticoagulante) que era diretamente inserida na
artéria do animal, medindo sua pressão arterial também de maneira invasiva, por
meio da diferença em milímetros, observada ao nível do mercúrio, no tubo em “U”
(KOHLMANN; KOHLMANN JUNIOR, 2011).
Poiseuille cateterizou artérias de 2mm e demonstrou que a PA também era
mantida nas pequenas artérias. Estudou, também, a viscosidade sanguínea e a
resistência do sistema cardiovascular (INTROCASO, 1996).
Apesar do aparelho não possuir nenhum uso clínico prático, servindo apenas
para a utilização em laboratório, é consenso entre os pesquisadores que ele serviu
de base para todos os aparelhos para medir a pressão arterial que vieram
posteriormente (INTROCASO, 1998).
Figura 2 - Hemodinamômetro de Poiseuille
Fonte: Introcaso (1998)
Segundo dados da literatura, a primeira medição mais exata da pressão em
um ser humano foi realizada em 1856, durante um ato cirúrgico realizado por Fraive.
Na artéria femoral foi detectada uma pressão de 120 mmHg (milímetros de
mercúrio), enquanto que na artéria branquial esses valores variaram entre 115 e 120
mmHg, começando a busca por valores de normalidade (INTROCASO, 1998).
Em 1896, Scipione Riva-Rocci criou um aparelho mais portátil, que consistia
de um manguito que cobria o braço por toda sua circunferência, sendo inflado até o
total desaparecimento do pulso radial e, em seguida, desinflado até o
reaparecimento deste, medindo então a pressão arterial. Assim, Riva-Rocci marcou
o fim da era das pesquisas de um método clínico simples para a avaliação da PA.
25
A partir daí, modificações foram feitas a esse esfigmomanômetro e a outras
evoluções, que levaram ao surgimento dos métodos auscultatório e oscilométrico, os
quais são automáticos e não invasivos (KOHLMANN; KOHLMANN JUNIOR, 2011).
Figura 3 - Esfigmomanômetro de Riva-Rocci
Fonte: Introcaso (1998)
2.1 MEDIDAS DE REFERÊNCIA DA PRESSÃO ARTERIAL
A medição da PA é utilizada muitas vezes como referência para a avaliação
da condição de saúde do coração (BRASIL, 2014). Considerada como um método
importante na investigação e no diagnóstico das doenças relacionadas ao sistema
cardiovascular, a PA pode ser influenciada por fatores internos e externos.
A aferição da pressão arterial nos dias de hoje é feita por meio de um
aparelho chamado de esfigmomanômetro e de um estetoscópio. A medição consiste
em dois momentos: um deles é bem na hora em que o coração bate, a válvula
cardíaca se abre e o sangue é ejetado para os vasos. A segunda etapa se dá
quando o coração relaxa, a válvula se fecha e o líquido continua seguindo seu
caminho por vasos cada vez menores (SBC; SBH; SBN, 2010).
No Brasil, o indivíduo é considerado hipertenso quando sua pressão fica
maior ou igual a 140mmHg por 90mmHg na maior parte do tempo. A partir desse
limite, o risco de ocorrerem doenças cardiovasculares, renais, entre outras é
significativamente maior.
A classificação da medida da PA, de acordo com Malachias et al. (2016),
quanto aos valores da Pressão Arterial Sistólica (PAS) e Pressão Arterial Diastólica
(PAD), são indicadas na Tabela 1.
26
Tabela 1 - Classificação da PA
Fonte: SBC, SBH e SBN (2020, p. 545).
2.2 ACOMPANHAMENTO E TRATAMENTO DA HIPERTENSÃO ARTERIAL
O acompanhamento da pressão arterial é fundamental para a prevenção de
muitas outras doenças graves que podem levar a morte (BRASIL, 2019). Na prática,
a HAS é caracterizada pelo aumento dos níveis pressóricos acima do que é
recomendado para uma determinada faixa etária (MALACHIAS et al., 2016).
Segundo Unger et al. (2020), a hipertensão arterial continua sendo a principal
causa associada à mortalidade no mundo e um problema grave de saúde pública.
Atualmente, estima-se que acometa mais de 1,4 bilhões de pessoas em todo o
mundo (Ibid.). Em números absolutos, a hipertensão é o mais importante fator de
risco para doença cardiovascular, sendo mais comum que tabagismo, dislipidemia
ou diabetes (Ibd.). A OMS estima que em 2030 quase 23,6 milhões de pessoas
morrerão de doenças cardiovasculares (MENDIS; PUSKA; NORRVING, 2011).
A HAS, além de ser um dos principais fatores de risco cardiovascular, possui
alta prevalência em quase todos os países onde pesquisas mostram o efeito
negativo da HAS na qualidade de vida das pessoas (CARVALHO et al., 2013).
No Brasil, segundo Barroso et al. (2020), só em 2017 ocorreu um total de
1.312.663 óbitos, com um percentual de 27,3% para as doenças cardiovasculares.
Essas doenças representaram 22,6% das mortes prematuras no Brasil (entre 30 e
69 anos de idade). No período de uma década (2008 a 2017), foram estimadas
667.184 mortes atribuíveis à HA no Brasil (BARROSO et al., 2020).
Assim como a aferição do pulso, da respiração e da temperatura, bem como a
medição de intensidade de dor, a pressão arterial é um dos parâmetros importantes
27
utilizados na medicina para diagnosticar as situações de urgências e emergências
no atendimento dos pacientes (SBC; SBH; SBN, 2010).
Segundo SBC, SBH e SBN (2010), os sinais vitais são um grupo de
indicadores do desempenho das funções vitais, medidos para estabelecer seus
padrões basais, orientar o diagnóstico inicial de uma enfermidade, observar
tendências dos processos fisiológicos, fazer o acompanhamento da evolução do
quadro clínico e monitorar a resposta do paciente ao tratamento.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2020), mais
de 38,1 milhões de brasileiros com 18 anos ou mais sofriam de hipertensão. O
número equivale a 23,9% da população dessa faixa etária, e aumentou 2,5 pontos
percentuais com relação aos números registrados em 2013.
De acordo com Malachias et al. (2016), entre os idosos, a hipertensão atinge
cerca de 60% da população e a doença também é responsável, direta ou
indiretamente, por metade das mortes por doenças cardiovasculares, cerca de 200
mil todos os anos (AGÊNCIA BRASIL, 2020).
2.2.1 Definições e tipos de pressão
Temos dois tipos de pressão, uma decorrente da força imposta pelo coração
e outra imposta pelo calibre arterial. A força realizada pelo coração para impulsionar
o sangue é denominada de sistólica (pressão máxima) e a resistência oferecida
pelas paredes arteriais ao sangue impulsionado é chamada de diastólica (pressão
mínima).
Pressão Arterial Sistólica (PAS): valor em milímetros de mercúrio (mmHg),
denominada pressão arterial máxima alcançada durante ejeção do sangue
pelo coração (sístole);
Pressão Arterial Diastólica (PAD): Valor em milímetros de mercúrio
(mmHg), denominada pressão arterial mínima alcançada durante a
diástole, enquanto o coração relaxa e enche, não ejetando sangue
(diástole).
O sistema circulatório tem um sistema extensivo de controle da pressão
sanguínea arterial. Por exemplo: se, em qualquer momento, a pressão cair
significativamente abaixo do nível normal de cerca de 100mmHg, um conjunto de
28
reflexos nervosos desencadeia, em poucos segundos, diversas alterações
circulatórias para normalizar a pressão cardíaca (GUYTON; HALL, 2017).
A alta da pressão arterial ocorre mediante a diminuição do diâmetro das
artérias, pois, nesse caso, o coração deve aumentar a força do batimento para que o
sangue atinja todas as partes do corpo. Esse estreitamento das artérias pode ser de
origem natural ou devido à alimentação rica em gorduras e sal (GUYTON; HALL,
2017).
Pedrosa e Drager (2008) conceituam a HAS como uma doença crônico-
degenerativa de natureza multifatorial, na grande maioria dos casos assintomática,
que compromete fundamentalmente o equilíbrio dos sistemas vasodilatadores e
vasoconstritores que mantêm o tônus vasomotor, o que leva a uma redução da luz
dos vasos e danos aos órgãos por eles irrigados (PEDROSA; DRAGER, 2008).
Os sintomas da hipertensão costumam aparecer somente quando a pressão
sobe muito. Podem ocorrer dores no peito, dor de cabeça, tonturas, zumbido no
ouvido, fraqueza, visão embaçada e sangramento nasal (BRASIL, 2019).
A hipertensão arterial é uma doença crônica que não tem cura e o tratamento
deve ser realizado continuamente pelos pacientes com o objetivo de manter os
níveis de pressão sob controle. O diagnóstico da doença é feito por meio do
acompanhamento e monitoramento da pressão por um período constante.
O desenvolvimento da hipertensão não ocorre instantaneamente, há um
conjunto de fatores que estão associados à sua evolução e agravo. Estes fatores
são conhecidos como fatores de risco e, segundo as Diretrizes Brasileiras de
Hipertensão Arterial (BARROSO et al. 2020), são: idade, sexo/gênero e etnia,
fatores socioeconômicos, ingestão de sal, excesso de peso e obesidade, ingestão
de álcool, genética e sedentarismo entre outros.
Segundo a OMS (2020), a hipertensão arterial é uma doença crônica que não
é transmissível e pode ser classificada como primária ou secundária. As DCNTs
configuram importante problema de saúde pública no Brasil e no mundo (OMS,
2020).
A HA é uma doença crônica multifatorial onde umas das características é a
detecção muitas vezes tardia por sua evolução lenta e silenciosa (CARVALHO et al.,
2013). Pelo fato da hipertensão se manifestar de forma silenciosa, a maioria das
pessoas desconhece que a possui e continuam a praticar hábitos não saudáveis que
tendem a agravar progressivamente a condição clínica.
29
2.2.2 Fatores de risco para a elevação da pressão arterial
Apesar dos estudos apontarem que em aproximadamente 90% dos casos a
hipertensão é herdada dos pais, existem diversos fatores que influenciam a elevação
dos níveis da pressão arterial. Dentre eles podemos destacar alguns fatores
(constitucionais e ambientais) que são considerados como fatores de risco para
elevação da pressão arterial tais como:
Consumo excessivo de sal;
Tabagismo;
Sedentarismo;
Diabetes;
Obesidade;
Estresse;
Consumo excessivo de bebidas alcoólicas;
Falta de atividade física;
Sono inadequado; e,
Elevação do Colesterol.
Além destes, a lista de fatores que podem causar a elevação da pressão
inclui ainda a hereditariedade, raça, o uso de anticoncepcionais, a falta do
diagnóstico, bem como a falta de adesão dos pacientes ao tratamento e o aumento
da expectativa de vida da população (CARVALHO et al., 2013).
Pesquisadores como Barroso et al. (2020) afirmam ainda que há uma
associação direta e linear entre envelhecimento e prevalência de HA, relacionada ao
aumento da expectativa de vida da população brasileira e mundial. Segundo
Carvalho et al. (2013), a HA possui também uma estreita correlação com o estilo de
vida das pessoas. Sendo assim, é possível afirmar que a HAS pode ser evitada,
minimizada ou tratada com a adoção de hábitos saudáveis.
2.2.3 Medição da pressão
A técnica recomendada para medição da pressão arterial de consultório é,
preferencialmente, pelo método auscultatório.
Autores como Alves et al. (2017) orientam que:
30
a) A medição da PA deve ser feita com esfigmomanômetro validado, calibrado
e preciso;
b) As dimensões da bolsa de borracha do manguito devem ser de acordo com
a circunferência do braço do paciente, a largura deve ser próxima de 30cm
a 40cm e o comprimento deve cobrir entre 80% e 100% da circunferência
do braço;
c) A braçadeira deve estar ajustada e posicionada entre 2 e 3cm acima da
fossa cubital (região anterior do cotovelo) com a parte compressiva
centrada sobre a artéria braquial;
d) O braço deve estar apoiado e posicionado à altura do coração;
e) O indivíduo deve repousar previamente durante cinco minutos, em
ambiente calmo, sentado com as costas apoiadas e as pernas descruzadas
e
f) Deve ainda estar descontraído, sem ter feito exercício nos últimos 30
minutos e sem fumar, beber álcool ou bebidas energéticas (inclusive café)
até uma hora antes da aferição.
Barroso et al. (2020) afirmam que é consenso entre os profissionais de saúde
que uma das principais estratégias para o desenvolvimento da hipertensão arterial
ainda é a prevenção. Sendo assim, a implantação de políticas públicas de saúde
que envolva a disseminação das informações sobre a gravidade da doença através
dos meios de comunicação, incentivando a sociedade para o hábito do
monitoramento da aferição da pressão com o objetivo do diagnóstico precoce, são
fundamentais.
De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), a maioria
das doenças cardiovasculares pode ser prevenida utilizando-se de estratégias para
informar a população em geral dos fatores comportamentais de risco como o uso de
tabaco, dieta não saudável, obesidade, falta de atividade física e uso nocivo do
álcool.
Os mais importantes fatores de risco comportamentais, tanto para doenças cardíacas quanto para AVCs, são dietas inadequadas, sedentarismo, uso de tabaco e uso nocivo do álcool. Os efeitos dos fatores comportamentais de risco podem se manifestar em indivíduos por meio de pressão arterial elevada, glicemia alta, hiperlipidemia, sobrepeso e obesidade. Esses “fatores de risco intermediários” podem ser mensurados em unidades básicas de saúde e indica um maior risco de desenvolvimento de ataques cardíacos, acidentes vasculares cerebrais, insuficiência cardíaca e o outras complicações. (OPAS, 2021)
31
2.2.4 Medidas de prevenção e tratamento
Iniciativas como a criação da Lei 10.439/2002 (BRASIL, 2002), que instituiu o
"Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial", que é comemorado
anualmente no dia 26 de abril, tem como objetivo conscientizar a população sobre o
diagnóstico preventivo e o tratamento da doença. São exemplos de ações
afirmativas que devem ser popularizadas pelos governos municipais e estaduais
(BARROSO et al., 2020).
As formas de tratamento perpassam pelo acompanhamento e tratamento
contínuo, o controle da PA e de fatores de risco associados, como principalmente a
modificação do estilo de vida, bem como o uso regular de medicamentos quando
indicados (MALACHIAS et al., 2016; MAGALHÃES, 2010).
Entre as principais medidas necessárias para evitar o desenvolvimento da
hipertensão arterial, é imprescindível adotar um estilo de vida saudável,
considerando:
Manter o peso adequado, se necessário, mudando hábitos alimentares;
Diminuir o consumo de sal, utilizando outros temperos que ressaltam o
sabor dos alimentos;
Praticar atividade física regularmente;
Manter uma rotina de momentos de lazer;
Abandonar definitivamente o hábito de fumar;
Moderar o consumo de álcool;
Evitar alimentos gordurosos; e,
Controlar o diabetes.
Medir a pressão regularmente é a única maneira de diagnosticar a
hipertensão. Pessoas acima de 20 anos de idade devem medir a pressão ao menos
uma vez por ano. Se houver casos de pessoas com pressão alta na família, deve-se
medir no mínimo duas vezes por ano (BRASIL, 2006).
Há basicamente duas abordagens terapêuticas para a hipertensão arterial: o
tratamento baseado em modificações do estilo de vida (perda de peso, incentivo às
atividades físicas, alimentação saudável, etc.) e o tratamento medicamentoso
(BRASIL, 2006). Com relação ao tratamento farmacológico:
32
O objetivo primordial do tratamento da hipertensão arterial é a redução da morbidade e da mortalidade cardiovascular do paciente hipertenso, aumentadas em decorrência dos altos níveis tensionais e de outros fatores agravantes. São utilizadas tanto medidas não farmacológicas isoladas como associadas a fármacos anti-hipertensivos. Os agentes anti-hipertensivos a serem utilizados devem promover a redução não só dos níveis tensionais como também a redução de eventos cardiovasculares fatais e não fatais. (BRASIL, 2006)
Ainda, segundo Brasil (2006), os agentes anti-hipertensivos exercem sua
ação terapêutica por meio de distintos mecanismos que interferem na fisiopatologia
da hipertensão arterial. Basicamente, podem ser catalogados em cinco classes, a
saber:
Diuréticos;
Inibidores adrenérgicos;
Vasodilatadores diretos;
Antagonistas do sistema renina-angiotensina; e,
Bloqueadores dos canais de cálcio.
O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece atendimento gratuito para os
pacientes diagnosticados com HA nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) em todo o
país, já que o diagnóstico não requer tecnologia sofisticada, considerando que a
doença pode ser tratada e controlada com mudanças no estilo de vida, com
medicamentos de baixo custo e de poucos efeitos colaterais, comprovadamente
eficazes e de fácil aplicabilidade na atenção básica e disponibilizados a população
através do programa Farmácia Popular, do Ministério da Saúde (BRASIL, 2013).
Baseado neste programa, criado pela Resolução CNS 338/2004, o Ministério
da Saúde disponibiliza para os pacientes do SUS seis medicamentos para o
tratamento da doença, que atinge quase 30% da população brasileira (BRASIL,
2014).
2.3 ASSOCIAÇÃO DA HIPERTENSÃO ARTERIAL COM AS DOENÇAS
CARDIOVASCULARES
Segundo dados da OMS, a hipertensão arterial é hoje a principal causa de
mortes no mundo e está diretamente associada ao desenvolvimento de diversas
doenças, principalmente as doenças cardiovasculares (OMS, 2011).
As DCVs fazem parte do grupo de DCNTs que incluem também as doenças
do aparelho circulatório, diabetes, câncer e doença respiratória crônica, constituindo
33
a maior carga de morbimortalidade no mundo, e sendo responsáveis por 63% das
mortes globais. Segundo a OPAS (2021), as DCVs são um grupo de doenças do
coração, doenças vasculares do cérebro e dos vasos sanguíneos.
Além de a hipertensão arterial ser considerada um fator de risco para eventos
cardiovasculares, como Acidente Vascular Encefálico (AVE), Infarto Agudo do
Miocárdio (IAM) e Doença Arterial Obstrutiva Periférica (DAOP), ela também pode
ser considerada como um problema de saúde pública (BARROSO et al., 2020;
SIMÃO et al., 2013).
A hipertensão arterial, por se tratar de evento crônico com altos índices de
internações com custos elevados, bem como pela possibilidade de incapacitação
dos pacientes por invalidez e aposentadoria precoce resultantes das sequelas dos
eventos cardiovasculares, representa um gasto elevado para os sistemas de saúde
públicos ou particulares (SIMÃO et al., 2013).
Reis e Glashan (2000) demostravam grande preocupação com os elevados
índices de pacientes que evoluíam para danos severos e ou permanentes em
consequência das complicações da doença.
Frequentemente, a HA resulta em graves complicações como insuficiência cardíaca, renal e acidente vascular cerebral, podendo, portanto evoluir para danos severos, com hospitalização de pacientes. Devido a sua cronicidade, causa agravos sociais por absenteísmo ao trabalho, elevados custos com internações de longa permanência, incapacitação por invalidez, aposentadoria precoce e outros (REIS; GLASHAN, 2000)
Supõe-se que 17,9 milhões de pessoas morreram por doenças
cardiovasculares em 2016, representando 31% de todas as mortes em nível global.
Destes óbitos, estima-se que 85% ocorrem devido a ataques cardíacos e AVCs.
As principais doenças cardiovasculares estão descritas no Quadro 1.
34
Quadro 1 - Principais doenças cardiovasculares descritas pelos especialistas
Fonte: OPAS (2021)
A maioria das doenças cardiovasculares pode ser prevenida por meio da
mudança de fatores considerados como comportamento de risco, como o hábito de
fumar, dieta não saudável com alta ingestão de calorias, obesidade, falta de
atividade física e uso nocivo do álcool. É necessária a adoção de estratégias para
conscientizar a população em geral para este grave problema de saúde pública
(OMS, 2011).
2.3.1 Insuficiência cardíaca
Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, a Insuficiência Cardíaca (IC)
é uma síndrome clínica complexa de caráter sistêmico, na qual o coração é incapaz
de bombear sangue de forma a atender às necessidades metabólicas do organismo,
ou pode fazê-lo somente com elevadas pressões de enchimento (ROHDE et al.,
2018).
Tal síndrome pode ser causada por alterações estruturais ou funcionais
cardíacas e caracterizam-se por sinais e sintomas típicos, que resultam da redução
Doenças cardiovasculares prevalentes
O que causa
Insuficiência cardíaca (IC)
IC é uma síndrome clínica complexa, na qual o coração é incapaz de bombear sangue de forma a atender às necessidades metabólicas tissulares, ou pode fazê-lo somente com elevadas pressões de enchimento. A insuficiência ventricular esquerda provoca falta de ar e fadiga; a insuficiência ventricular direita desencadeia acúmulo de líquidos abdominal e periférico; ambos os ventrículos podem ser afetados em alguma proporção.
Doença arterial obstrutiva periférica (DAOP)
A DAOP é uma situação que ocorre em virtude do estreitamento ou obstrução dos vasos sanguíneos arteriais, responsáveis por levar o sangue para nutrir as extremidades como braços e pernas, sendo mais comum o acometimento nos membros inferiores do que nos superiores. DAOP é um sinal de depósitos de gordura e cálcio que se acumulam nas paredes das artérias (aterosclerose).
Acidente vascular encefálico (AVE)
O AVC, ou ainda derrame cerebral, é uma doença frequente e muito grave. Existem dois tipos de AVE: o isquêmico e o hemorrágico.
Trombose venosa profunda (TVP)
A TVP é uma doença causada pela coagulação do sangue no interior das veias profundas, apesar dos estudos indicarem que é mais frequentemente nos membros inferiores também pode acometer a veia cava, as veias jugulares internas e os membros superiores.
Doença reumática cardíaca (DRC)
Doença que causa danos no músculo do coração e válvulas cardíacas devido à febre reumática, causada por bactérias estreptocócicas, associada à falta de saneamento básico e outros determinantes da má saúde.
35
no débito cardíaco e/ou das elevadas pressões de enchimento no repouso ou no
esforço (BOCCHI et al., 2012; ROHDE et al., 2018).
Insuficiência cardíaca é uma síndrome de disfunção ventricular caracterizada
por sintomas clássicos (como fadiga e dispneia). A insuficiência ventricular esquerda
provoca falta de ar e fadiga; a insuficiência ventricular direita desencadeia acúmulo
de líquidos abdominal e periférico; ambos os ventrículos podem ser afetados em
alguma proporção (FERNANDES et al., 2019).
A IC é a principal causa de internações hospitalares nos Estados Unidos em
pacientes com idade superior a 65 anos e afeta 26 milhões de pessoas em todo o
mundo segundo estimativas (FERNANDES et al., 2019).
Segundo Poffo et al. (2017), aproximadamente 23 milhões de pessoas são
portadoras de IC e 2 milhões de novos casos são diagnosticados a cada ano no
mundo, constituindo a primeira causa de internação hospitalar em pacientes acima
de 60 anos de idade no Brasil. A prevalência da IC vem aumentando nos últimos
anos em todo o mundo tornando-se um grave problema de saúde pública. O
diagnóstico é clínico, fundamentado por radiografia de tórax, ecocardiograma e
níveis plasmáticos de peptídio natriurético.
O tratamento é feito com orientação do paciente, diuréticos, inibidores da ECA
(enzima conversora da angiotensina), bloqueadores do receptor da angiotensina II,
betabloqueadores, antagonistas da aldosterona, inibidores da neprilisina, marca-
passos/desfibriladores implantáveis especializados e outros dispositivos e correção
da(s) causa(s) da síndrome de insuficiência cardíaca (BOCCHI et.al., 2009).
2.3.2 Doença arterial obstrutiva periférica ou doença arterial periférica
A Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV, 2015)
define a Doença Arterial Obstrutiva Periférica (DAOP) como uma situação que
ocorre em virtude do estreitamento ou obstrução dos vasos sanguíneos arteriais,
responsáveis por levar o sangue para nutrir as extremidades como braços e pernas,
sendo mais comum o acometimento nos membros inferiores do que nos superiores.
Estudos apontam que na população com mais de 55 anos, a DAOP pode
atingir de 10 a 25% da população e esse número pode ser maior de acordo com o
avanço da idade. Outro fator considerado importante para o número de mortes é que
cerca de 70 a 80% dos pacientes acometidos não apresentam qualquer queixa
36
ligada a doença de base, ou seja, os pacientes são assintomáticos (SILVA; DUQUE,
2020).
Este fato pode retardar ou dificultar o diagnóstico precoce, um ponto
fundamental para o início do tratamento o mais breve possível, tratamento esse que
melhora as chances de uma evolução positiva da doença. É mais frequente nos
homens, mas também pode acometer as mulheres (TORRES, et al., 2012).
O diagnóstico da Doença Arterial Periférica (DAP) pode ser feita pelo médico
generalista, mas a avaliação de um cirurgião vascular é fundamental na confirmação
do diagnóstico e na tomada de decisões para o tratamento adequado.
A maioria dos casos é tratada com orientações quanto à atividade física e
mudança de hábitos de vida como: cessação do tabagismo, mudança de hábitos
alimentares, controle adequado da pressão arterial, controle dos níveis sanguíneos
de colesterol e triglicérides e, quando presente também, rigoroso controle do
diabetes, sendo que os casos mais graves exigem intervenção cirúrgica aberta ou
por técnica endovascular (SBACV, 2015).
2.3.3 Acidente vascular encefálico ou acidente vascular cerebral
O acidente vascular encefálico (AVE), também conhecido como Acidente
Vascular Cerebral (AVC), ou ainda derrame cerebral é uma doença considerada
grave. A doença pode se caracterizar pelo surgimento de um déficit neurológico
súbito causado por um problema nos vasos sanguíneos do sistema nervoso central
(SBDCV, 2015). De acordo com as diretrizes de atenção à reabilitação da pessoa
com acidente vascular cerebral, o acidente vascular cerebral é definido como:
AVC refere-se ao desenvolvimento rápido de sinais clínicos de distúrbios focais e/ou globais da função cerebral, com sintomas de duração igual ou superior a 24 horas, de origem vascular, provocando alterações nos planos cognitivo e sensório-motor, de acordo com a área e a extensão da lesão. Outros sinais frequentes incluem: confusão mental, alteração cognitiva, dificuldade para falar ou compreender, engolir, enxergar com um ou ambos os olhos e caminhar; distúrbios auditivos; tontura, perda de equilíbrio e/ou coordenação; dor de cabeça intensa, sem causa conhecida; diminuição ou perda de consciência. Uma lesão muito grave pode causar morte súbita. (Brasil, 2013b, p. 8)
Segundo a SBDCV (2015), o AVC é considerado uma das mais importantes
doenças do aparelho circulatório entre as doenças crônicas não transmissíveis. É
também considerado pela OMS uma das principais causas de internações e
mortalidade no Brasil, sendo a principal causa de incapacidade no mundo e devido a
37
sua complexidade e magnitude, é considerado como um grande problema de saúde
pública (ANDRADE et al., 2013).
Ainda segundo a SBDCV (2015), aproximadamente 70% das pessoas que
são acometidas por um AVC acaba não retornando ao trabalho, devido às sequelas
da doença que na maioria das vezes será na fala ou na coordenação motora. Cerca
de 50% das pessoas ficam dependentes de outras pessoas para as atividades mais
simples do dia a dia.
Schmidt et al. (2019), como resultado de um estudo que objetivou analisar os
dados dos sistemas de informações do IBGE e do Departamento de Informática do
SUS para avaliar o perfil dos portadores de AVC e qual o seu grau de limitação,
concluiram que no Brasil o AVC ocorre em ambos os sexos, na faixa etária de
adultos jovens ou idosos sendo mais comum em pessoas com pouca escolaridade e
é relativamente proporcional com relação as etnias branca ou parda. Os resultados
do estudo demostram:
Verificou-se que o AVC ocorre igualmente em ambos os sexos, em prevalência de 39,8% dos casos na faixa etária de adultos jovens (30 a 59 anos), 69,8% das pessoas afetadas possuem baixo grau de escolaridade, e há proporção elevada na cor branca (48,2%) e parda (41,1%). (SCHMIDT et al., 2019)
A prevenção e o tratamento do AVC estão relacionados a fatores
condicionantes modificáveis, à mudança no perfil epidemiológico no país e ao
acesso a serviços de reabilitação, sendo necessária a atuação interdisciplinar de
profissionais capacitados e articulados com a rede de atenção pública (SCHMIDT et
al., 2019).
Com grande risco de morte ou de incapacidade permanente, o AVC é a maior
causa de incapacitação da população na faixa etária superior a 50 anos, sendo
responsável por 10% do total de óbitos, 32,6% das mortes com causas vasculares e
40% das aposentadorias precoces no Brasil (ABRAMCZUK, 2009).
De acordo com Brasil (2013), o AVC costuma atingir frequentemente pessoas
adultas e os sintomas mais comuns são:
Fraqueza repentina ou dormência da face;
Dormência do braço e/ou perna, geralmente em um lado do corpo;
Confusão mental;
Alteração cognitiva;
Dificuldade na fala;
38
Dificuldade em engolir os alimentos;
Dificuldade em enxergar com um ou ambos os olhos;
Dificuldade de locomoção;
Distúrbios auditivos;
Tonturas e perda de equilíbrio e/ou coordenação;
Dor de cabeça intensa, sem causa conhecida; e,
Diminuição ou perda de consciência.
Apesar de atingir com mais frequência indivíduos acima de 60 anos, o AVC
pode ocorrer em qualquer idade.
A OMS (2006) divide o AVC em três categorias:
AVC isquêmico (tipo mais comum; compreende 70-80% de todos os
AVCs);
AVC hemorrágico (tipo mais grave; hemorragia intracerebral primária e
hemorragia subaracnóide espontânea); e,
Ataque Isquêmico Transitório (AIT) (tipo menos grave; definido como
episódio de isquemia cerebral focal, cujos sintomas se resolvem
espontaneamente dentro de 24 horas).
Assim como a maioria das doenças cardiovasculares, o AVC também está
relacionado com alguns fatores de riscos que devem ser observados pela
população. Os mais comuns são:
História de doença vascular prévia;
Doenças do coração;
Tabagismo;
Hipertensão arterial;
Diabetes;
Sedentarismo;
Dieta e colesterol;
Álcool e drogas; e,
Uso de anticoncepcional.
O tratamento do AVC isquêmico consiste na desobstrução do vaso cerebral
ocluído, normalizando a circulação cerebral. O atendimento a vítima do AVC deve
ser imediato, ou seja, quanto mais rápido for iniciado o atendimento maior a chance
dos pacientes se recuperar sem sequelas. O tratamento imediato é feito com
39
remédios como anti-hipertensivos para estabilizar a pressão arterial e os batimentos
cardíacos, uso de oxigênio para facilitar a respiração, além do controle dos sinais
vitais, como forma de restaurar o fluxo de sangue para o cérebro.
O medicamento utilizado, de acordo com a Sociedade Brasileira de Doenças
Cerebrovasculares, é o trombolítico, que é injetado na veia do braço e circula pela
corrente sanguínea até o vaso cerebral afetado desmanchando o coágulo que
entope a circulação.
2.3.4 Tromboembolismo venoso, trombose venosa profunda, tromboembolismo
pulmonar ou embolia pulmonar
O Tromboembolismo Venoso (TEV) é um coágulo sanguíneo que se forma
em uma veia. É uma doença vascular frequente que geralmente se inicia nos
membros inferiores dando origem a Trombose Venosa Profunda (TVP), que pode se
desprender e, através da corrente sanguínea, atingir o pulmão passando a ser
denominada como Embolia Pulmonar (EP) ou Tromboembolismo Pulmonar (TEP)
(ZERATI, 2021).
A embolia pulmonar, ou tromboembolismo pulmonar, por sua vez é
considerado pelos especialistas como o desfecho mais grave da doença que em sua
fase aguda, associa-se a alta prevalência de complicações graves que podem levar
os pacientes a óbito (ANDRADE et al., 2009).
O TEV é uma doença multicausal, resultado de fatores de risco que podem
ser inerente ao indivíduo, genéticos ou adquiridos ou ainda resultado de doença
intercorrente, procedimento médico ou outra causa de mobilidade reduzida (SBACV,
2015).
A TVP é uma doença causada pela coagulação do sangue no interior das
veias profundas. Apesar dos estudos indicarem que é mais frequente nos membros
inferiores, também pode acometer a veia cava, as veias jugulares internas e os
membros superiores (FARHAT, et al., 2018).
Um dos principais fatores de risco para ocorrência da TVP é a imobilização. A
dor e o inchaço do membro acometido podem causar desconforto, porém são as
complicações associadas à TVP que causam maior preocupação. Agudamente, o
risco de parte de o coágulo desprender-se e migrar para o pulmão, fenômeno
conhecido como Tromboembolismo Pulmonar ou simplesmente Embolia Pulmonar, é
40
o evento mais temido, já que, em casos mais graves, pode levar à morte (ZERATI,
2021).
Ainda segundo Farhat et al. (2018), a TEV é considerada a principal causa de
óbito evitável em ambiente hospitalar. Trata-se de uma doença comum em pacientes
hospitalizados, que pode aparecer como complicação de outras afecções clínicas ou
cirúrgicas, mas também pode ocorrer de forma espontânea em pessoas
aparentemente sadias.
Os sintomas da TVP, quando presente, podem consistir em dor, edema,
eritema, cianose, dilatação do sistema venoso superficial, aumento de temperatura,
empastamento muscular e dor à palpação.
Segundo Brandão, Sobreira e Rollo (2013) e SBACV (2015), alguns fatores
podem contribuir diretamente para a ocorrência da TVP, dentre eles podemos
destacar:
Idade;
Imobilidade ou mobilidade reduzida;
Longos períodos de internações hospitalares;
História prévia de trombose venosa;
História familiar de trombose venosa;
Presença de varizes de membros inferiores;
Obesidade;
Lesão na medula;
Traumatismos graves;
Uso de anticoncepcionais;
Gravidez;
Condições cirúrgicas e clínicas;
Alguns tipos de câncer e quimioterapia;
Viagens prolongadas em aviões e ônibus;
Condições congênitas e adquiridas;
Terapia de reposição hormonal;
Tabagismo; e,
Predisposição genética.
Vários autores como Brandão, Sobreira e Rollo (2013) e Tosone e Costanzo
(2012) recomendam que a anamnese e o exame físico para o diagnóstico da TVP
41
sejam combinados com a realização de testes laboratoriais e exames de imagem
como: exame laboratorial, teste D-dímero (DD); e exames de diagnóstico de
imagens como: eco Doppler colorido (EDC), venografia/flebografia, tomografia
computadorizada (TC) e ressonância magnética (RM).
Porém é muito importante lembrar que apesar da venografia com contraste
ser o exame considerado padrão-ouro para o diagnóstico de TVP, ele atualmente é
utilizado apenas quando os outros testes são incapazes de definir o diagnóstico.
Principalmente devido às reações adversas ao contraste, além de ser desconfortável
para o paciente e contraindicado também para os pacientes com insuficiência renal
(SBACV, 2015).
O tratamento farmacológico na fase aguda é frequentemente tratado
inicialmente com um anticoagulante parenteral, como a heparina não fracionada ou
através da Heparina de Baixo Peso Molecular (HBPM) injetável e pode ser
administrada uma ou duas vezes ao dia, em regime hospitalar ou domiciliar (LORGA
FILHO et al., 2013).
Após o período de gravidade da doença e de novas avaliações clínicas, os
pacientes, de acordo com a indicação médica, podem ser tratados em casa e
geralmente é recomendado o uso prolongado de anticoagulantes orais que podem
ser de três meses a um ano ou de acordo com a indicação médica. Além disso, é
indicado também o tratamento não farmacológico que consiste na utilização de
meias elásticas medicinais de compressão gradual, que pode ser por um período
indeterminado (ALMEIDA et al., 2021; SBACV, 2015).
2.3.5 Doença reumática cardíaca
A febre reumática, conhecida popularmente como reumatismo no sangue, é
uma complicação que pode surgir após um quadro de faringite causado pela
bactéria Streptococcus (SBR, 2011).
Segundo Figueiredo et al. (2019), o Brasil tem aproximadamente 30 mil casos
de febre reumática aguda (FRA) por ano. Um terço das cirurgias cardiovasculares
realizadas no país se deve às sequelas da DRC, que faz com que a doença seja um
problema de saúde pública. A DRC é uma das principais doenças não transmissíveis
em países de baixa e média renda e é responsável por até 1,4 milhões de mortes
anualmente (FIGUEIREDO et al., 2019).
42
Tanto Figueiredo et al. (2019) como Longenecker (2019) alertam para as
taxas de mortalidade por FRA e DRC que, segundo levantamento de dados efetuado
através do Sistema de Informações Hospitalares no Brasil, aumentaram em 215% e
42,5%, respectivamente, de 1998 a 2016.
A DCR é uma doença que causa danos no músculo do coração e válvulas
cardíacas devido à febre reumática, causada por bactérias estreptocócicas e está
associada a falta de saneamento básico. Segundo a OMS (2018), a doença afeta
quase que exclusivamente crianças de famílias pobres em países em
desenvolvimento como o Brasil.
Segundo a SBR (2011), a febre reumática é uma doença autoimune sistêmica
e inclui manifestações neurológicas, cardiovasculares, osteoarticulares e cutâneas.
A febre reumática é uma reação a uma infecção de garganta por uma bactéria
conhecida como estreptococo. Essa infecção de garganta é caracterizada
clinicamente por febre, dor de garganta, caroços no pescoço (gânglios aumentados)
e vermelhidão intensa, pontos vermelhos ou placas de pus na garganta (SBR, 2011).
Apesar de a febre reumática ser uma das doenças vasculares com maior
facilidade de prevenção, os casos não tratados podem evoluir para a cardiopatia
reumática que é resultante da faringite estreptocócica não tratada (SBR, 2011).
O tratamento é medicamentoso e é feito com a penicilina benzatina. Nos
casos de evolução para artrite o tratamento inclui anti-inflamatório não hormonal
como o ácido acetilsalicílico (AAS) e em alguns casos é necessário o uso de
corticoides.
O tratamento desta infecção inclui ainda investimentos em saúde por parte de
todos os governos que permitam acesso a cuidados de saúde de qualidade pelas
populações para evitar a transmissão da doença (OMS, 2018; SBR, 2011).
2.4 INFLUÊNCIA DA PANDEMIA DE COVID-19 NO AUMENTO DOS CASOS DE
MORTES POR DOENÇAS RELACIONADAS À HIPERTENSÃO ARTERIAL
No dia 31 de dezembro de 2019, a China notificou à OMS sobre a ocorrência
de um surto de pneumonia na cidade de Wuhan, província de Hubei (CRODA;
GARCIA, 2020).
Ainda em dezembro de 2019, estas mortes começaram a ser vinculadas a um
mercado atacadista de frutos do mar e a doença foi se propagando rapidamente
43
pelo país, até que as autoridades chinesas confirmaram que se tratava de uma
mutação genética de um vírus já conhecido no mundo como corona vírus que causa
a síndrome respiratória aguda grave (SARS). A doença (2019-nCoV) ficou
conhecida como SARS-CoV-2 ou Covid-19, como menção ao ano de seu
surgimento, no final do ano de 2019.
No Brasil, o primeiro caso de Covid-19 foi confirmado no dia 26 de fevereiro
de 2020. No dia 3 de março o país já contabilizava 488 casos suspeitos notificados,
dois confirmados e 240 descartados, sem evidência de transmissão local. Os dois
primeiros casos confirmados foram de indivíduos do sexo masculino, residentes na
cidade de São Paulo, que haviam regressado de viagem à Itália (CRODA; GARCIA,
2020).
Desde o dia 11 de março de 2020, quando a OMS declarou o surto do corona
vírus como pandemia global, depois de constatados casos da doença confirmados
em mais de 160 países, estamos acompanhando uma explosão infindável de
informações e casos de mortes no mundo todo. A doença já é responsável pela
morte de 3,96 milhões de pessoas desde sua descoberta no final de 2019 até o fim
de junho de 2021 (JHU, 2021). No Brasil, até o dia 2 de julho de 2021, o número de
mortes já ultrapassava 520 mil vidas perdidas (BRASIL, 2021).
O avanço da pandemia no mundo mudou radicalmente o modo de vida de
todos os seres humanos e assim, como no resto do mundo, sobrecarregou todo o
sistema de saúde do país, seja particular ou SUS.
OPAS e OMS (2020) afirmavam que as complicações da Covid-19 ocorriam
principalmente em pessoas com fatores de risco, dentre os quais se destacavam a
HA, pessoas com comorbidades subjacentes, além de outros grupos de doenças
como:
Adultos mais idosos;
Fumantes;
Pessoas com obesidade;
Diabetes;
Doença cardiovascular;
Doença pulmonar obstrutiva crônica e asma;
Doença renal crônica;
Doença hepática crônica;
44
Doença cerebrovascular; e,
Câncer e imunodeficiência.
Apesar de todas as campanhas nacionais e internacionais e do esforço
conjunto de todos os governos com relação às medidas de proteção para evitar o
contágio da doença e a sobrecarga dos serviços de saúde, infelizmente a realidade
brasileira se mostrou de forma catastrófica (BRANT et al., 2021).
Segundo o estudo realizado por pesquisadores de Minas Gerais (BRANT et
al., 2021) durante a pandemia de Covid-19, foi constatado o crescimento elevado de
mortalidade por doenças cardiovasculares enquanto que as hospitalizações por
eventos cardiovasculares agudos foram reduzidas. O estudo avaliou o excesso de
mortalidade cardiovascular durante a pandemia de Covid-19 em seis capitais
brasileiras e identificou que as mortes relacionadas a DC cresceram até 132% neste
período.
Na comparação entre março e maio de 2019 e no mesmo período de 2020, as
mortes por doenças cardiovasculares não especificadas, infartos e AVCs chegaram
a aumentar em 132% em Manaus, 126% em Belém, 87% em Fortaleza, 71% em
Recife, 38% no Rio de Janeiro e 31% em São Paulo.
Segundo os pesquisadores, o aumento do número de mortes registrados
junto aos Cartórios de Registro Civil e a diminuição dos atendimentos relacionados a
doenças cardiovasculares pelas unidades de saúde, provavelmente tem a ver com a
baixa taxa de exames diagnósticos de Covid-19 realizados e a falta de um
diagnóstico preciso, uma situação comum quando o óbito acontece fora do ambiente
hospitalar (BRANT et al., 2021).
De acordo com o atual ministro da saúde, o cardiologista Marcelo Queiroga,
presidente da SBC, desde o início da pandemia as pessoas pararam de procurar
atendimento médico por medo de contrair o vírus no hospital ou no trajeto, bem
como o colapso no sistema de saúde de várias cidades atendidas pelo SUS também
pode ter contribuído para a falta de assistência dos pacientes.
É importante lembrar que em vários estados brasileiros, as consultas eletivas
e de acompanhamento de rotinas foram suspensas devido às medidas de
isolamento social, a atuação exclusiva de alguns hospitais para o enfrentamento da
Covid-19, a falta de insumos necessários para as cirurgias entre outras medidas o
que pode ter ocasionado a falta de diagnóstico preciso para muitos pacientes que
45
perderam a vida por falta de tratamento adequado (BORGES et al., 2020;
ESTRELA, et al., 2020).
2.5 MÉTODOS DE AFERIÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL
Existem dois métodos de aferição da pressão arterial: o direto e o indireto. O
método direto fornece a pressão direta ou intra-arterial, porém como o próprio nome
informa por se tratar de um método invasivo que apresenta riscos significativos como
dor, espasmo, oclusão e sangramento, vários autores consideram que esta técnica
não seja a mais prática ou apropriada para medidas repetidas da PA em indivíduos
assintomáticos e não hospitalizados. Sendo assim, este método é reservado a
situações específicas (POLITO; FARINATTI, 2003).
Já o método de medição da pressão arterial indireto é realizado por meio da
técnica auscultatória com estetoscópio ou pelo método oscilométrico. A medida da
pressão arterial pelo método indireto com técnica auscultatória é o procedimento
mais utilizado na prática clínica para o diagnóstico da hipertensão arterial e
avaliação da eficácia do tratamento (BARROSO et al., 2021). O aparelho usado para
medir a pressão arterial é conhecido como esfigmomanômetro.
2.6 CARACTERIZAÇÃO DOS APARELHOS PARA MEDIR A PRESSÃO
ARTERIAL
Basicamente os esfigmomanômetros utilizados para medir a pressão arterial
são classificados em três tipos, sendo eles: esfigmomanômetro de mercúrio,
aparelho de pressão manual e o aparelho de pressão digital, que podem ser
automáticos e semiautomáticos. A diferença entre eles está no fato de que com o
esfigmomanômetro mecânico manual, o paciente precisa da ajuda de outra pessoa
para medir a pressão e também de um estetoscópio para medir as batidas do
coração. Já com os aparelhos digitais, qualquer pessoa pode fazer a medida da
pressão arterial sozinha, já que estes não necessitam de estetoscópio. O uso de
aparelhos automáticos tem aumentado nos últimos anos, uma vez que os mesmos
permitem a aferição residencial da PA (COLARES et al., 2009).
46
2.6.1 Esfigmomanômetro mecânico de coluna de mercúrio
Até o dia 1º de janeiro de 2019, a pressão arterial ou pressão sanguínea era
medida em mmHg, já que o manômetro de mercúrio vinha sendo utilizado como
referência padrão ouro para a medida da pressão arterial desde sua invenção em
1846 por Poiseuille (GUYTON; HALL, 2017).
O instrumento é composto por uma pera insufladora, uma régua graduada em
mmHg conjugada com um tubo oco contendo mercúrio, uma caixa de
acondicionamento que funciona como suporte e o estetoscópio. Este instrumento
utilizava o método da ausculta para a medição da pressão arterial (Figura 4).
Figura 4 - Esfigmomanômetro de coluna de mercúrio
Fonte: Tudo Sobre Hipertensão (2020)
Porém, a partir do dia 1º de janeiro de 2019, a Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (ANVISA, 2017) proibiu a fabricação, a importação e a comercialização de
termômetros e de esfigmomanômetros que utilizam mercúrio para diagnosticar febre
ou hipertensão, respectivamente. Esta medida foi tomada considerando o impacto
da contaminação do mercúrio ao meio ambiente e consequentemente aos riscos
desta contaminação a saúde humana.
O mercúrio é um dos metais mais tóxicos da crosta terrestre, que traz sérios
riscos de contaminação ao meio ambiente. A poluição da água, do ar e do solo
implica na saúde humana que ao ingerir ou inspirar o metal pode desenvolver
toxidade nos rins, sistema nervoso e sistema cardiovascular.
Devido à substituição dos manômetros de mercúrio, a opção para o controle
dos níveis de pressão é a utilização do esfigmomanômetro aneroide manual com
estetoscópio e o uso de aparelhos automáticos que vem se tornando cada vez mais
popular.
47
2.6.2 Esfigmomanômetro aneroide manual com estetoscópio
Os esfigmomanômetros aneroides são neste momento vistos como o principal
substituto aos esfigmomanômetros de mercúrio, pois a única diferença está na forma
de medir a pressão. A coluna de mercúrio é neste caso substituída por um
manômetro.
Atualmente o esfigmomanômetro aneroide manual com estetoscópio é o mais
utilizado na prática clínica (método auscultatório).
Os aparelhos de pressão manuais ou analógicos são aqueles que vêm com
um leitor de ponteiro. Também conhecido como aparelho analógico ou mecânico,
esse modelo de equipamento costuma ser apontado como o mais preciso pelos
especialistas.
Estes aparelhos analógicos são mais recomendados para profissionais de
saúde treinados para o uso, já que necessitam do auxílio de um estetoscópio para a
leitura correta. O estetoscópio é o instrumento que amplifica os sons e os transmite
até os ouvidos do operador.
Os aparelhos de pressão são compostos por: manômetro, pera, válvula e
manguito. Para a correta medição é necessário um estetoscópio adequado para a
idade e um esfigmomanômetro com braçadeira adequada conforme a circunferência
do braço.
Pacientes obesos podem precisar de um aparelho com uma braçadeira maior.
Pacientes com grandes braços, com mais de 45cm de circunferência podem exigir
que a pressão arterial seja medida no antebraço e não no braço.
A escolha adequada do manguito em relação ao tamanho da circunferência
braquial é um dos aspectos determinantes para a acurácia da medida da PA. A
utilização do manguito inadequado pode levar à imprecisão ou resultados
equivocados para mais ou para menos. A Figura 5 apresenta os equipamentos para
a medição da pressão arterial.
48
Figura 5 - Esfigmomanômetro aneroide com estetoscópio
Fonte: Pinheiro (2021)
Para medir a pressão arterial com um esfigmomanômetro comum, os passos
são:
O paciente deve ser colocado sentado, com ambos os pés encostados no
chão e com as costas retas, apoiadas no encosto da cadeira;
Os braços devem ficar esticados, apoiados em uma mesa, mais ou menos
na mesma altura do coração;
Colocar a braçadeira ao redor do braço do paciente (de preferência o
esquerdo), ficando a mesma cerca de 2cm acima da fossa cubital (dobra
do braço);
Palpar a artéria braquial logo abaixo da fossa cubital e colocar o diafragma
do estetoscópio em cima desta;
Com o estetoscópio ao ouvido, começar a inflar a braçadeira;
A partir de certo momento, poderá ser ouvida a pulsação da artéria;
Continuar inflando até o som do pulso desaparecer;
Começar a esvaziar a braçadeira de forma bem lenta. Quando o som do
pulso reaparecer, verificar o valor que o aparelho está mostrando.
Este valor é a pressão sistólica, chamada popularmente de pressão
máxima;
Continuar desinsuflando a braçadeira;
Quando o som do pulso desaparecer de vez, verificar o valor que o
aparelho está mostrando; e,
Este valor se refere à pressão diastólica, chamada popularmente de
pressão mínima.
49
É importante sempre repetir pelo menos uma vez a medida da pressão
arterial, com intervalo em torno de um minuto entre cada aferição. Se as duas
medidas forem muito diferentes entre si, é importante realizar novas aferições.
Os resultados obtidos por meio dos aparelhos de pressão aneroides
(analógicos de ponteiro) são válidos e confiáveis desde que o aparelho esteja
devidamente calibrado.
A calibração dos aparelhos de pressão deve ser realizada a cada seis meses
ou menos. Essa calibração é feita comparando seu resultado com o de um aparelho
de coluna de mercúrio.
2.6.3 Esfigmomanômetro digital automático e semiautomático
Os aparelhos de pressão automáticos e digitais ganharam popularidade no
final dos anos 1990 e início dos anos 2000. Sua grande vantagem é permitir que o
paciente pudesse medir a própria pressão arterial várias vezes por dia, sem
necessitar da ajuda de outras pessoas.
Os aparelhos de pressão arterial digital utilizam medições de oscilações e
cálculos eletrônicos ao invés de auscultação e são os mais indicados para a
Monitorização Residencial da Pressão Arterial (MRPA).
O aparelho de pressão arterial digital mede a pressão sistólica e diastólica
oscilométrica, medindo com precisão a pressão arterial e a frequência do pulso.
Vale ressaltar que é muito importante que este tipo de aparelho esteja
calibrado de maneira correta. A Figura 6 apresenta um aparelho de pressão digital
de braço (A) e de punho (B).
Figura 6 - Aparelho de pressão digital, (A) braço e (B) punho
Fonte: Accumed-Glicomed (2021)
50
A aferição da PA por meio dos aparelhos automáticos ou digitais é uma tarefa
muito simples, basta colocar o aparelho e apertar um botão que faz com que ele
inicie a medição. Mesmo nestes aparelhos é necessário que a pessoa mantenha
uma postura correta de acordo com o manual. A diferença entre um aparelho digital
automático e o semiautomático é que o segundo possui a pera insufladora.
É importante também que seja observado se o aparelho possui o selo do
Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO) e se o mesmo
foi aprovado pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). Para verificar se o seu
medidor de pressão é validado, o mesmo deve possuir o selo de aprovação da
ANVISA, com código destacado em uma etiqueta no aparelho. Assim como a
indicação de postura correta para medir os valores da PA nos aparelhos manuais,
no caso dos aparelhos digitais essa recomendação também é necessária.
Para medir a pressão, o paciente deve estar sentado, mantendo o braço
esticado e apoiado sobre uma mesa, um balcão ou outra superfície plana. Essa
orientação vale tanto para os aparelhos manuais quanto os digitais. Observar se a
braçadeira possui o tamanho adequado, pois uma braçadeira muito larga ou
excessivamente apertada pode interferir nos resultados.
Em qualquer um dos casos é muito importante ressaltar que ao verificar
qualquer alteração nos valores da pressão arterial os pacientes jamais devem
automedicar-se ou realizar qualquer tipo de tratamento sem acompanhamento
profissional.
A automedicação pode trazer diversos prejuízos à saúde, além de correr o
risco de piorar doenças e outros quadros clínicos que poderiam ser estabilizados
com o tratamento adequado. Por isso, ao observar qualquer anormalidade, é
imprescindível que as pessoas procurem por atendimento médico.
2.7 TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO
Os processos tecnológicos denominados como tecnologias da informação e
comunicação (TICs) se referem a que contextualiza o papel da comunicação na
moderna tecnologia da informação. Entende-se que TICs são todos os meios
técnicos usados para tratar a informação e auxiliar na comunicação, o que inclui o
hardware de computadores, rede e tele móveis. TIC pode ser definida como um
51
conjunto de recursos tecnológicos, utilizados de forma integrada, com um objetivo
comum (SOUZA, 2010).
Essa ferramenta está presente no nosso cotidiano de várias maneiras, como:
na indústria e comércio (processos de gerenciamento, publicidade e gestão), nos
setores de investimento e comunicação, bem como na educação (no processo de
ensino aprendizagem, na Educação a Distância (EAD)), nos setores financeiros,
como bancos digitais e outros serviços e na saúde por meio de diversos aplicativos
de monitoramento e acompanhamento (SOUZA, 2010).
Inovação tecnológica de processo é a adoção de métodos de produção novos
ou significativamente melhorados, incluindo métodos de entrega dos produtos. Tais
métodos podem envolver mudanças no equipamento ou na organização da
produção ou uma combinação dessas mudanças e pode derivar do uso de novo
conhecimento.
Os métodos podem ter por objetivo produzir ou entregar produtos
tecnologicamente novos ou aprimorados, que não possam ser produzidos ou
entregues com os métodos convencionais de produção ou pretender aumentar a
produção ou eficiência na entrega de produtos existentes.
Através da internet, novos sistemas de comunicação e informação foram
criados, formando uma verdadeira rede. Criações como o e-mail, o chat, os fóruns, a
agenda de grupo online, comunidades virtuais, webcam, entre outros,
revolucionaram os relacionamentos humanos.
2.7.1 Tecnologia em saúde
Tecnologias em saúde são os medicamentos, equipamentos, procedimentos
e os sistemas organizacionais e de suporte dentre os quais os cuidados com a
saúde são oferecidos. O Brasil utiliza o conceito de saúde digital, apresentado na
estratégia nacional de eSaúde elaborado em conjunto pela OMS e União
Internacional das Telecomunicações (UIT). O termo eSaúde é utilizado todos os
países que desejam organizar suas estruturas de saúde (NOVOA; NETTO, 2019).
Segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2017), o termo “saúde digital” está
relacionado à utilização dos recursos de TIC objetivando produzir e disponibilizar
informações confiáveis, sobre o estado de saúde para quem precisa no momento
que precisa. Ainda, segundo o mesmo documento (Ibid.), o termo “saúde digital” é
52
considerado mais abrangente do que e-Saúde e incorpora os recentes avanços na
tecnologia como novos conceitos, aplicações de redes sociais, internet das coisas
(IoT, sigla em inglês), inteligência artificial (IA), entre outros.
A OMS define eSaúde (saúde digital) como a utilização de tecnologias de
informação e comunicação (TIC) para fins de saúde através da utilização de meios
eletrônicos destinados ao fornecimento de informações, recursos e serviços
relacionados à saúde. Como exemplo destes domínios, podemos citar os registros
eletrônicos de saúde, aplicativos móveis de saúde, big data, entre outros (OMS,
2012).
Segundo a OMS (Ibid.), saúde digital é o campo do conhecimento e prática
associado com qualquer aspecto de adoção de tecnologia digital para melhorar a
saúde, desde o início até a operação.
De acordo com a OMS (2012), a área de saúde digital é dinâmica e progride
rapidamente e dessa forma recebeu nomes como eSaúde, Informática Médica,
Informática em Saúde, Telemedicina, Telessaúde e mSaúde de acordo com as TICs
disponíveis para as áreas de saúde, assistência médica e bem-estar.
Neste sentido a OMS destaca:
Em um mundo cada vez mais digital, impelido pelos avanços tecnológicos, investimento econômico e mudanças sociais e culturais, existe um crescente reconhecimento de que, inevitavelmente, o setor da saúde deve integrar as TIC no seu modo de fazer negócios. Tal aplica-se, quer o objetivo seja o de chegar a todos os cidadãos com cuidados seguros, equitativos e de alta qualidade, quer seja o de cumprir obrigações de investigação, relato e ação humanitária na área da saúde pública. (OMS, 2012)
OMS e UIT (2012) exemplificam os impactos das tecnologias eSaúde na vida
dos cidadãos que giram em torno de:
a) Possibilitar os cuidados personalizados em todo o sistema de saúde e ao
longo da vida;
b) Disponibilizar os cuidados de saúde em casa, no trabalho ou na escola,
não apenas nos hospitais, clínicas e instituições de saúde;
c) Concentrarem-se na prevenção, na educação e na autogestão da saúde
pelos usuários; e,
d) Facilitar o contato com pares para aconselhamento e apoio.
Após um estudo para avaliar a precisão de aplicativos de smartphone para
medição de frequência cardíaca, Coppetti et al. (2017) afirmam que:
53
O uso generalizado de smartphones, a expansão da conectividade de banda larga móvel e o surgimento de novas tecnologias de saúde móvel resultarão em um aumento da coleta (e transmissão) de dados individualizados relacionados à saúde. (COPPETTI et al., 2017)
Ainda segundo os mesmos autores, o potencial da expansão desta alta
conectividade para aumentar o envolvimento do paciente, para reduzir os custos de
saúde e para melhorar os resultados no acompanhamento da saúde é notável. No
entanto, o mesmo reconhece que estabelecer dados de saúde digitais confiáveis e
clinicamente significativos ainda se configura como um problema (COPPETTI et al.,
2017).
2.7.2 Descrição do aplicativo iCare Health Monitor
Aplicativos móveis de saúde, também conhecidos como mHealth (do inglês
mobile health), têm como objetivo melhorar a saúde dos pacientes por meio de
várias funcionalidades, incluindo a interação entre médicos e pacientes. O termo
apps, abreviação de “aplicativos”, corresponde a um tipo de software ou programa
ou plataforma digital com a finalidade de atender algo especifico e que na maioria
das vezes é desenvolvido para ser utilizado em diversos dispositivos móveis, como
smartphones, tablets e alguns dispositivos vestíveis, como relógios inteligentes
(KAO; LIEBOVITZ, 2017).
Autores como Kao e Liebovitz (2017) informam que já existe na internet mais
de 165 mil aplicativos móveis de saúde disponíveis gratuitamente nas principais
lojas de aplicativos, e a grande maioria deles são voltados para pacientes.
Existe disponível na internet uma infinidade de aplicativos que prometem
fazer a medição ou o acompanhamento da pressão arterial. Em uma busca simples
utilizando o descritor em português “aplicativos que medem a pressão arterial”, é
possível encontrar diversos deles. Uma representação da quantidade de sites com
esta informação está na Figura 7, que apresenta a percepção dos participantes com
relação às mensagens visuais e a capacidade de compreensão individual dos
pontos principais.
54
Figura 7 - Percepção dos participantes
Fonte: Google Play (2021)
A escolha do aplicativo iCare Health Monitor se deu a partir da informação
obtida na internet que configura este aplicativo como o mais adquirido para auto
monitoramento de variáveis como PA, saturação de oxigênio e frequência cardíaca.
Esta informação de referência de aplicativos de saúde é relativa ao descritor
de busca, que se faz da seguinte forma: utilizando como base o descritor “blood
pressure” ou “aplicativo para medir a pressão arterial” no navegador de dowloads no
celular, os resultados são apresentados de acordo com os aplicativos mais
baixados.
Com base nas informações retiradas dos sites originais de cada aplicativo e
demonstradas na Tabela 2, os números revelam que os primeiros oito aplicativos
pesquisados e listados já foram baixados por mais de 500 mil pessoas, cada um
deles só no Brasil. Esse número de acesso nos mostra à proporção que estes
aplicativos têm alcançado e o quanto ter mais informações acerca da funcionalidade,
eficácia e segurança deste tipo de serviço é importante.
55
Além do número de visualizações, a Tabela 2 também traz as informações
referentes a avaliação dos usuários, o sistema de compatibilidade do aplicativo e a
forma de medição da pressão. O iCare Health Monitor é um aplicativo de celular
voltado para o monitoramento da saúde. Dados disponibilizados pelo fabricante e
disponíveis na internet informam que este aplicativo pode fornecer as seguintes
informações de saúde:
A pressão sanguínea;
A frequência cardíaca;
A viscosidade do sangue;
A visão;
A audição;
A capacidade pulmonar;
O índice mental; e,
A cegueira e outros dados físicos dos usuários de celular.
Tabela 2 - Os dez aplicativos com mais download
Aplicativo Downloads
(x1.000) Avaliação
dos usuários
Compatibilidade de sistema operacional
Forma de medição
iCare Health Monitor 500 4,0 Android e iOS Flash na câmera principal
SmartBP 500 3,5 Android e iOS Flash na câmera principal
Pressure Control Lehreer 500 4,4 Todos Flash na câmera principal
Blood Pressure (Bpresso) 500 4,3 Android e iOS Flash na câmera principal
Blood Pressure Average 500 4,1 Todos Flash na câmera principal
Blood Pressure Diary 500 4,6 Todos Flash na câmera principal
Health & Blood Pressure Recorder AK HUB
500 4,6 Todos Flash na câmera principal
Blood Pressure mEL Saúde 500 4,0 Todos Leitura digital de dedos na tela
Blood Pressure Analyzation 100 4,0 Todos Leitura digital de dedos na tela
Medical Health Comics 100 4,0 Todos Leitura digital de dedos na tela
Blood Pressure Checker Diary
100 3,2 Todos Leitura digital de dedos na tela
Fonte: elaborado pela autora
Com relação à monitoração da pressão arterial, o aplicativo recebe um pulso
de onda do sinal através do componente fotoelétrico do celular, mostrando a
56
frequência cardíaca, pressão arterial, níveis de lipídios e oxigênio no sangue, bem
como outros parâmetros físicos por meio de análise da onda de pulso.
Para baixar um aplicativo no celular é preciso ter instalado no aparelho um
programa conhecido como Google Play, que é basicamente um serviço de
distribuição digital de aplicativos, jogos, filmes, programas de televisão, músicas e
livros, desenvolvido e operado pela Google.
As aplicações do Google Play estão disponíveis gratuitamente ou a um baixo
custo. O conteúdo pode ser baixado diretamente de um dispositivo com o sistema
Android ou em um computador pessoal através do site do Google Play.
Estas aplicações podem ser direcionadas para usuários com base em um
atributo particular de hardware de seu dispositivo, como um sensor de movimento
(para os movimentos dependentes de jogos) ou uma câmera frontal (para chamadas
de vídeo online).
O Google Play foi lançado em 6 de março de 2012, unificando as marcas
Android Market, Google Music e a Google eBookstore, sob uma única marca,
modificando a estratégia da Google em relação a distribuição de conteúdo digital.
A disposição das informações dos aplicativos é mostrada no visor do celular
de acordo com o número de downloads de cada aplicativo, ou seja, quanto maior o
número de downloads do aplicativo, mais visível ele ficará para as novas consultas.
A partir do momento que o usuário escolhe o aplicativo para medir a pressão
arterial, basta clicar na opção “baixar programa”. O tempo para um programa ser
baixado no celular depende do tamanho do programa que é medido em mega bites
(MB) e do sistema operacional que o usuário tem em seu celular, mas geralmente é
um processo muito rápido e fácil que não ultrapassa mais de 5 minutos. Depois do
programa baixado no celular, a utilização do serviço passa ser imediata e o
interessado pode medir a pressão arterial a qualquer momento.
A utilização destes aplicativos é geralmente muito fácil, já que na maioria
deles a medição da pressão arterial é feita por meio do flash da câmera principal. A
Figura 8 mostra as etapas da medição da pressão arterial por meio do aplicativo
instalado em um celular. A pessoa coloca o dedo na câmera e o aplicativo recebe
um pulso de onda do sinal através do componente fotoelétrico.
57
Figura 8 - Telas de serviço do aplicativo
Fonte: elaborado pela autora
As medidas aferidas da pressão arterial são mostradas no visor do celular de
forma digital, ou seja, não sendo necessário nenhum tipo de interpretação pelo
usuário, mostrando os números de pressão sistólica e diastólica.
2.7.3 Apresentação do medidor de pressão automático de punho Omrom HEM-
6124
O HEM-6124 é um monitor de pressão arterial de pulso automático não
invasivo. Sua finalidade de uso é a medição da pressão arterial por meio do método
oscilométrico. Também informa os batimentos cardíacos em pacientes adultos com
circunferência de pulso variando de 13,5cm a 21,5cm.
O equipamento detecta o surgimento de batidas irregulares do coração
durante a medição e fornece um sinal de advertência com a leitura. O mesmo é
devidamente autorizado e registrado pela ANVISA e possui o selo de inspeção do
Inmetro.
O equipamento demonstrado na Figura 9 conta com sensor de
posicionamento, que ajuda na hora de guiar o pulso até a altura do coração. Assim,
segundo o fabricante, é possível obter medidas mais precisas e corretas. As
características e especificações técnicas deste modelo estão apresentadas no
manual do fabricante.
58
Figura 9 - Monitor de PA de Pulso Omron Control HEM-6124
Fonte: OMRON HEALTHCARE BRASIL (2021)
Além dessas informações, o site do produto ainda informa que o aparelho
possui as seguintes características:
Detector de batimentos irregulares;
Detector de movimento corporal;
Estojo de armazenamento;
Memória/monitores; pode armazenar até 30 medidas;
Monitores/tipo: monitor de pressão arterial de pulso;
Sincronização de pulsação;
Tecnologia intellisense: tecnologia exclusiva Omron que infla o manguito de
acordo com cada pessoa, proporcionando muito mais conforto e precisão
nos resultados e
Braçadeira universal: a braçadeira padrão Omron é confortável, fácil de
usar e projetada para ajustar-se a braços com uma circunferência média e
grande (22cm a 42cm).
2.8 COMO AS CARTILHAS EDUCATIVAS PODEM CONTRIBUIR PARA A
PREVENÇÃO E CONTROLE DO AUMENTO DA PRESSÃO ARTERIAL DA
POPULAÇÃO
A I Conferência Internacional Sobre Promoção da Saúde, realizada no
Canadá em 1986, já afirmava que a promoção da saúde era uma responsabilidade
múltipla, que envolvia, além de ações governamentais, a capacitação e o
desenvolvimento de habilidades individuais e coletivas, além de parcerias na
definição de prioridades, planejamento e implementação de estratégias para
promover a saúde e o bem estar da população (OMS, 1986).
59
Neste sentido, esta discussão vai ao encontro das preocupações da OMS
para o enfrentamento e prevenção das doenças crônicas não transmissíveis, já que
as DCNT têm em comum fator de risco modificáveis como: o tabagismo, o consumo
de álcool, inatividade física, alimentação não saudável e obesidade (OMS, 2011).
Segundo a carta de intenções apresentada na I Conferência Internacional de
Promoção da Saúde destacaram que:
Promoção da saúde é o nome dado ao processo de capacitação da comunidade para atuar na melhoria de sua qualidade de vida e saúde, incluindo uma maior participação no controle deste processo. Para atingir um estado de completo bem-estar físico, mental e social os indivíduos e grupos devem saber identificar aspirações, satisfazer necessidades e modificar favoravelmente o meio ambiente. A saúde deve ser vista como um recurso para a vida, e não como objetivo de viver. Nesse sentido, a saúde é um conceito positivo, que enfatiza os recursos sociais e pessoais, bem como as capacidades físicas. Assim, a promoção da saúde não é responsabilidade exclusiva do setor saúde, e vai para além de um estilo de vida saudável, na direção de um bem-estar global. (OMS,1986, p. 1)
Diante desta afirmação e de todas as informações prestadas até aqui, no
contexto das doenças relacionadas direta ou indiretamente ao aumento dos níveis
pressóricos da pressão arterial, foi possível verificar que esta condição, apesar de se
mostrar em alguns casos como uma condição genética, é possível ser evitada
principalmente através de mudança de estilo de vida, ou seja, pode ser um fator
modificável.
Neste contexto, vários autores acreditam que o auto cuidado possa ter um
papel importante para a identificação precoce da doença e ainda como forma de
prevenção da mesma. Este enfrentamento pode ser realizado principalmente por
meio da informação da população sobre os fatores de risco e as formas de
prevenção destas doenças.
Autores como Malta, Morais Neto e Silva Junior (2011) enfatizam que, apesar
do rápido crescimento das DCNT, o impacto da doença na população pode ser
revertido por meio de intervenções amplas que sejam efetivas e que promovam a
saúde, contribuindo para a redução dos fatores de risco, e pela melhoria da atenção
à saúde, detecção precoce e tratamento oportuno.
O plano de enfrentamento de DCNT do governo federal reafirma a
necessidade da mobilização da sociedade civil, dos conselhos de saúde, das
comissões sociais, ONG e setor privado na causa. Os especialistas acreditam e
destacam no documento que as instituições e grupos da sociedade civil são
60
importantes na conscientização para a prevenção e o controle de DCNT (BRASIL,
,2011).
Sendo assim, as campanhas educativas podem contribuir para o controle e a
prevenção das doenças cardiovasculares por meio da educação.
Brasil (2012) define educação na saúde como: produção e sistematização de
conhecimentos relativos à formação e ao desenvolvimento para a atuação em
saúde, envolvendo práticas de ensino, diretrizes didáticas e orientação curricular.
Ainda, o mesmo documento define educação popular em saúde como sendo:
Ações educativas que têm como objetivo promover, na sociedade civil, a educação
em saúde, mediante inclusão social e promoção da autonomia das populações na
participação em saúde (BRASIL, 2012). Por fim, define:
Educação em saúde o processo educativo de construção de conhecimentos em saúde que visa à apropriação temática pela população e não à profissionalização ou à carreira na saúde. Bem como um conjunto de práticas do setor que contribui para aumentar a autonomia das pessoas no seu cuidado e no debate com os profissionais e os gestores a fim de alcançar uma atenção à saúde de acordo com suas necessidades. (BRASIL, 2012, p.19)
De acordo com Sá (2019), em um estudo realizado para verificar a eficácia de
uma cartilha de orientação sobre segurança do pacientes em tratamento dentro das
instituições, a concepção de tecnologias de cuidados educacionais tem por
finalidade auxiliar os pacientes de forma assistencial por meio dos métodos
tecnológicos e educativos e pode também ser utilizada em programas de atenção,
prevenção e cuidado a saúde da população. Segundo a autora:
A educação do paciente e o autogerenciamento do seu cuidado são componentes essenciais da educação em saúde. Esses permitem que os pacientes sejam participantes ativos na tomada de decisões que afetam seus cuidados de saúde, melhorando a segurança dos mesmos e os resultados dos cuidados. Autogestão e educação do paciente previnem complicações de saúde e reduzem eventos adversos. (SÁ, 2019, p.,21)
Ximenes et al. (2019) acreditam que durante o processo de educação em
saúde, os profissionais podem utilizar materiais educativos impressos como
cartilhas, folders, revistas, informativos e outros, que contenham as informações de
forma organizada e ainda que apresentem ilustrações que contemplem o dia a dia
da população a ser atendida e que favoreçam a compreensão do leitor quanto às
orientações repassadas (XIMENES et al., 2019).
Siddharthan et al. (2016) destacam ainda que, dentre estes materiais
impressos, o desenvolvimento e distribuição de material em forma de cartilha é um
instrumento útil para descrição de assuntos relacionados à saúde e como recurso
61
viável de utilização por conta do baixo custo e da praticidade da divulgação no
âmbito hospitalar.
Sendo assim, autores como Moreira, Nóbrega e Silva (2003) acreditam que
seja possível afirmar que, no delineamento da educação em saúde para a
população, as cartilhas educativas podem se constituir como uma ferramenta útil e
acessível de fácil compreensão, podendo atingir de forma clara diversos públicos,
não só dentro do âmbito de saúde, mas também fora dele (MOREIRA; NÓBREGA;
SILVA, 2003).
A confecção e distribuição da cartilha da hipertensão contendo as principais
informações abordadas neste trabalho consistem em uma forma ilustrativa e didática
de proporcionar à sociedade, conhecimento sobre a hipertensão arterial, bem como
as causas, o tratamento e as formas de prevenção da mesma.
É importante lembrar que a cartilha não substitui de forma nenhuma a
necessidade de acompanhamento médico, é apenas mais uma ferramenta com o
intuito de levar a informação para o maior número de pessoas.
62
3 METODOLOGIA
Esta pesquisa caracterizou-se como um estudo prospectivo transversal,
observacional, comparativo quantitativo de caráter descritivo e exploratório que foi
realizado em três etapas, ou seja, aplicação de questionário de levantamento de
informações, coleta das medidas de pressão arterial aferidas em aplicativos digitais
instalados no aparelho de celular e por meio do esfigmomanômetro eletrônico digital
de punho e por último, aplicação do questionário para validar a cartilha (material
educativo).
3.1 PROCEDIMENTOS ÉTICOS
O projeto de pesquisa foi aprovado pelos Comitês de Ética em Pesquisa
(CEP) envolvendo seres humanos da UTFPR, aprovado conforme o Parecer
Consubstanciado nº 4.192.653, em 4 de agosto de 2020 (Anexo A), e pelo Comitê
de Ética do Hospital IPO (Anexo B), conforme Parecer Consubstanciado nº
4.299.564, em 25 de setembro de 2020.
A pesquisa recebeu autorização de uma instituição de saúde, onde foram
selecionados parte dos participantes da pesquisa para realizar as medições da
pressão arterial dos trabalhadores desta instituição (Apêndices B e C), bem como
aplicação de questionários.
Os demais participantes da pesquisa foram selecionados por meio do contato
pessoal e de redes sociais. Todos os participantes da pesquisa assinaram o TCLE
(Apêndice A).
3.2 AMOSTRA E LOCAL DE REALIZAÇÃO DA PESQUISA APROVADOS
3.2.1 Etapa de aplicação de questionários
Foram convidados a participar da primeira intervenção, funcionários e
profissionais terceirizados (Grupo A) de uma instituição de saúde (IS) em Curitiba na
qual a pesquisadora trabalha, tendo os contatos dos participantes disponibilizados
pela Instituição de Saúde e por meio de contatos pessoais.
63
Os demais participantes foram recrutados por meio do processo “Bola de
Neve” que é uma técnica de amostragem não probabilística onde os participantes
indicados por meio do contato pessoal da pesquisadora (rede social, telefones e e-
mails) para serem estudados, convidam novos participantes da sua rede de amigos
e conhecidos (Grupo B) e ainda professores e profissionais da área de Arquitetura e
Design (Grupo C) por meio de e-mail disponível na página do curso de Design da
UTFPR, bem como por contato pessoal.
3.2.2 Critérios de inclusão e exclusão
Critérios de inclusão
Grupo A e B: pessoas maiores de 18 anos completos, de ambos os sexos
com ou sem histórico de hipertensão.
Grupo C: professores do curso de Design da UTFPR, de ambos os sexos.
Critérios de exclusão
Grupo A e B: pessoas com deficiência visual e/ou deficiência motora nos
membros superiores, em função da forma de aplicação dos instrumentos de coleta
de dados.
Grupo C: professores que estiverem em período de férias.
3.2.3 Etapa de medição da pressão arterial
Foram convidados a fazer parte desta etapa todos os funcionários da
instituição de saúde de todos os setores incluindo os funcionários terceirizados,
maiores de 18 anos, de ambos os sexos, com diagnóstico conhecido de hipertensão
ou não.
64
Critérios de inclusão e exclusão
Critérios de inclusão: pessoas maiores de 18 anos completos que possuam
disponibilidade para comparecer no ambulatório do hospital para aferição da
pressão arterial e preenchimento do questionário de saúde.
Critérios de exclusão: não há critérios de exclusão para a participação neste
estudo.
3.3 APRESENTAÇÃO DA METODOLOGIA DE ESTUDO DA FASE I
3.3.1 Caracterização da amostra da fase I
Os participantes desta etapa da pesquisa foram recrutados por meio do
processo “bola de neve” que é uma técnica de amostragem não probabilística onde
os participantes são inicialmente indicados por meio do contato pessoal da
pesquisadora (rede social, telefones e e-mails) que por sua vez indicam novos
participantes e assim sucessivamente, até que seja alcançado o objetivo proposto.
Os questionários foram encaminhados no período de julho a agosto de 2020,
utilizando o formulário Google Forms.
Critérios de inclusão da amostra da fase I;
Adultos maiores de 18 anos com histórico de hipertensão conhecido ou
não;
Critérios de exclusão da amostra fase I; e,
Não se aplicou critério de exclusão nesta fase.
3.3.2 Aplicação de questionário
Devido ao estado de emergência decretado pelos órgãos de saúde, em
função da pandemia de Covid-19 (SARS-CoV-2) e com as regras de distanciamento
sociais impostas à população, esta etapa foi realizada utilizando de um formulário
online, sem contato físico com os participantes desta pesquisa.
Esta etapa do trabalho configurou-se na aplicação de um questionário de
levantamento de informações relativas à percepção da saúde dos participantes, bem
65
como hábitos alimentares, doenças pré-existentes, rotinas de atividade física, entre
outras questões relevantes para a compreensão do estado de saúde dos mesmos.
O questionário com 73 questões foi feito a partir da plataforma Google Forms
e encaminhado de forma totalmente online por meio do telefone celular ou e-mail do
participante da pesquisa, após o mesmo ter lido e concordado com o TCLE que teve
a possibilidade de ser impresso pelo participante no início do estudo.
O questionário utilizado continha questões fechadas, nas quais os
participantes da pesquisa deveriam marcar com um X a opção desejada. Em alguns
poucos casos houve a necessidade de complementação escrita.
As questões foram devidamente classificadas como: Identificação (11
questões); Informações Alimentares (10 questões); Informações de Rotina de Vida
(seis questões); Percepção de Saúde (cinco questões); Anamnese Clínica
(percepção do participante da pesquisa) (32 questões); Informações de Atividade
Física (três questões); e Questionamento Geral (seis questões).
O participante da pesquisa foi orientado a responder o questionário em local
seguro, preferencialmente em sua casa ou local de trabalho se esta opção fosse
viável. O tempo estimado para responder as questões foi em média de 20 minutos.
Este questionário seguiu o instrumento Suitability Assessment of Materials
(SAM) (SOUSA; TURRINI; POVEDA, 2015) com adaptações efetuadas pela
pesquisadora. Os conhecimentos também foram aprofundados por uma revisão de
literatura por meio de levantamento bibliográfico realizado nas plataformas e sites de
saúde e educação, como os sites oficiais do governo e entidades internacionais,
entre elas: OPAS, ANVISA e SBC, além de pesquisa de artigos publicados nos sites
de busca: SciELO, Google Acadêmico, Periódicos CAPES, PubMed, Science.gov e
revistas científicas relacionadas a área.
3.4 APRESENTAÇÃO DA METODOLOGIA DE ESTUDO DA FASE II
3.4.1 Caracterização da amostra da fase II
Foram convidados a fazer parte desta etapa da pesquisa todos os
funcionários e médicos da instituição, maiores de 18 anos, de ambos os sexos, com
diagnóstico conhecido de hipertensão ou não.
66
3.4.2 Aferição da pressão
Esta etapa do estudo também teve que ser adaptada devido ao agravamento
da pandemia de Covid-19 (SARS-CoV-2), configurando-se pela medição da pressão
arterial dos participantes voluntários.
A pesquisa foi realizada no ambulatório do hospital e foi acompanhado além
da pesquisadora, por uma técnica de enfermagem devidamente qualificada para
fazer a aferição da pressão arterial.
A Fase II foi efetuada em três etapas, a saber: assinatura do TCLE, aferição
da pressão realizada no aplicativo de celular e medição da pressão arterial feita com
o aparelho de pressão digital de punho.
A primeira medição foi feita pelo próprio participante por meio do aplicativo
baixado previamente no celular (equipamento exclusivo para a pesquisa). Para
medidas realizadas com aplicativo, foram seguidas as instruções disponíveis na tela
do telefone celular no momento da avaliação.
Estas leituras obtidas pelo aplicativo foram realizadas em dispositivo
Smartphone Moto G7 Play, tamanho da tela 5,7 polegadas com utilização do
sistema operacional Android.
A partir desta medição, os participantes aguardaram em repouso por pelo
menos cinco minutos para poder fazer a outra medição. A segunda aferição foi
realizada pela técnica de enfermagem da equipe, habilitada, com conhecimento
técnico para tal atividade.
O aparelho utilizado para a medição da pressão arterial foi o Monitor de PA de
Pulso Omron Control HEM-6124. Para a avaliação com o medidor digital, foram
seguidas as recomendações de Malachias et al. (2016). As leituras das medidas de
pressão foram devidamente informadas no formulário proposto para a pesquisa com
a identificação das iniciais do nome de cada participante.
O formulário foi aprovado pelo CEP e continha campos para as seguintes
informações: Identificação, sexo, idade, diagnóstico de hipertensão conhecido ou
não, uso de medicamento continuo para o controle da pressão arterial, valores
obtidos por meio da medição da pressão no aplicativo de celular e por fim, valores
obtidos em função da medição da pressão arterial no aparelho digital de pulso
(equipamento exclusivo para a pesquisa). Os procedimentos do estudo foram
67
desenvolvidos de forma a proteger a identidade dos envolvidos, garantindo a
participação anônima e voluntária.
É importante salientar que todos os protocolos de segurança preconizados
pela OMS, pelo Ministério da Saúde e da Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba
(SMS), foram devidamente respeitados para evitar a contaminação por Covid-19,
tanto dos participantes da pesquisa como dos pesquisadores. Esta etapa ocorreu
entre os meses de agosto a dezembro de 2020 e foi realizado em ambiente seguro
dentro da instituição.
Os dados coletados foram analisados por meio de uma análise estatística. Os
resultados de variáveis quantitativas foram descritos por média, desvio padrão,
mediana, mínimo e máximo. Para variáveis categóricas foram apresentados
frequências e percentuais. A comparação dos métodos de aferição da pressão
arterial (aplicativo ou aparelho), em relação a variáveis quantitativas foi feito usando-
se o modelo de análise da variância (ANOVA) com um fator ou o teste t de Student
para amostras independentes. Para estimar o viés de aferição do aplicativo,
considerando-se o aparelho como padrão ouro, foi usado o método de Bland-
Altman. Em todos os testes estatísticos valores de p<0,05 indicaram significância
estatística. Os dados foram analisados com o programa computacional Stata/SE
v.14.1.
3.5 APRESENTAÇÃO DA METODOLOGIA DE ESTUDO DA FASE III
3.5.1 Caracterização da amostra da fase III
Assim como na FASE I, os participantes desta etapa também foram
recrutados por meio do processo “bola de neve” e pelo acesso aos e-mails contidos
na página da UTFPR, bem como por meio de contato pessoal dos envolvidos neste
trabalho. Os questionários foram encaminhados no período de abril a maio de 2021.
Critérios de Inclusão da Amostra da Fase I: adultos maiores de 18 anos com
histórico de hipertensão conhecido ou não.
Critérios de Exclusão da Amostra Fase I: não se aplicou critério de exclusão
nesta fase.
68
3.5.2 Aplicação de questionário para validação da cartilha
Assim como a Fase I deste trabalho, para a segurança dos participantes e da
equipe da pesquisa, esta etapa também teve que ser realizada de forma online.
A coleta de dados foi realizada no período de abril a junho de 2021,
considerando o mesmo TCLE online da Fase 1, enviado por meio digitais.
A utilização do formulário online para a avaliação da cartilha da hipertensão,
também foi aprovada pelos Comitês de Ética.
Esta etapa do trabalho configurou-se na aplicação de um questionário
contendo 18 questões fechadas, com possibilidade de marcar apenas uma das
alternativas, sendo todas as respostas obrigatórias, encaminhado aos participantes
que aceitaram o convite para a participação, disponibilizando seu e-mail de contato e
assinatura de forma online após seu consentimento no TCLE.
O questionário de avaliação foi formado por três questões que abordaram a
avaliação dos participantes com relação ao conteúdo da Cartilha Educativa sobre
hipertensão, cinco questões relacionadas a linguagem utilizada na cartilha, três
questões com relação as ilustrações gráficas empregadas, duas questões sobre a
apresentação geral da cartilha, três questões em que se abordou a possibilidade de
estímulo e motivação dos participantes com relação as informações e duas questões
que estão ligadas a adequação cultural da cartilha. O prazo estimado para a
participação dos participantes foi de aproximadamente cinco minutos.
A versão online da cartilha foi produzida por meio do recurso FlipSnack e
disponibilizada para os participantes para procederem à avaliação. O FlipSnack é
um serviço online para criação de livros digitais a partir de arquivos em formato
portable document format (PDF). Ele converte o documento e transforma em uma
apresentação virtual em forma de livro paginado de fácil leitura.
O site está disponível gratuitamente na internet e não é necessário licença
para a sua utilização. O recurso é disponibilizado através de cadastro simples da
pesquisadora, necessitando apenas do uso de senha. Os participantes da pesquisa
não precisaram se cadastrar para ter acesso à Cartilha.
69
4 RESULTADOS
Neste capítulo estão abordados os resultados quantitativos da pesquisa,
analisados por meio da aplicação dos questionários, bem como da aferição da
pressão arterial.
4.1 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS DA FASE I
Os dados apresentados nesta seção são referentes aos seguintes objetivos:
Quantificar a prevalência da hipertensão arterial nas pessoas pesquisadas;
Identificar os hábitos alimentares dos participantes que possam estar
relacionados com o aumento da pressão arterial; e,
Identificar hábitos relacionados com a má qualidade de vida e
consequentemente com o aumento da pressão arterial.
Nesta etapa da pesquisa foram incluídos os resultados de 703 participantes
que voluntariamente assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido.
Para o objetivo correspondente a quantificar a prevalência da hipertensão
arterial nas pessoas pesquisadas, identificamos 157 pessoas com diagnóstico de
HA, sendo que destas, 137 delas tomam algum tipo de medicamento prescrito para
o controle da PA.
Os objetivos relacionados a hábitos alimentares e de vida, capazes de
influenciar na manutenção da pressão em níveis estáveis de acordo com as
recomendações de saúde, também foram atingidos e estão demonstrados neste
capítulo. As caracterizações dos participantes com relação às informações
sóciodemográficas, estado civil e emprego estão apresentadas na Tabela 3. Com
relação ao sexo, 73,7% (n=518) da amostra foi formada pelo sexo feminino e 26,2%
(n=184) do sexo masculino.
70
Tabela 3 - Caracterização dos participantes
Nº %
Sexo
Feminino 518 73,7
Masculino 184 26,2
Total 703
Idade
20 a 29 80 11
30 a 39 165 23
40 a 49 187 27
50 a 59 166 24
Acima de 60 105 15
Total 703
Cor da pele declarada
Branca 584 83,1
Negra 24 3,4
Parda 74 10,5
Amarela 21 3
Total 703
Estado civil
Casado 398 56,6
Solteiro 177 25,2
Divorciado 63 9
Separado 17 2,4
Outros 48 6,8
Total 703
Empregado atualmente
Sim 561 79,8
Não 142 20,2
Total 703
Fonte: elaborado pela autora
A idade dos participantes está apresentada pela faixa etária, sendo divididas
em intervalos de 20 a 29 anos, 30 a 39 anos, 40 a 49 anos, 50 a 59 anos e acima de
60 anos. Os maiores percentuais foram de 40 a 49 anos (n=187), correspondendo a
27% da amostra, seguido pelos participantes com idade de 50 a 59 anos (n=166)
que representou 24% do total da amostra.
As pessoas que se auto declararam como brancas foram 83,1% (n=584) e
apenas 3,4% (n=24) dos participantes se auto declararam como negros. Os
participantes que estavam casados no momento desta pesquisa foram 56,6%
(n=398), enquanto 25,2% (n=177) informaram ser solteiros. Já os empregados
somaram a maioria, sendo 79,8% (n=561) e o número de pessoas que se
encontravam desempregadas chegou a 20,2% (n=142).
71
Foi identificado um número expressivo de participantes que declararam
possuir pós-graduação completa, ou seja, 46,5% (n= 327), enquanto apenas 7
participantes informaram ter ensino fundamental incompleto, o que representou 1%
de toda a amostra, conforme Gráfico 1.
Gráfico 1 - Escolaridade
Fonte: elaborado pela autora
Com relação aos dados dos participantes com acesso a convênio médico,
78,2% (n=550) da amostra se caracterizou por participantes que informaram possuir
convênio de saúde, enquanto 21,8% (n=53) utilizam os serviços do (SUS).
Entre os fatores de risco para a HA, estão a obesidade e o excesso de peso.
Os dados da pesquisa revelaram que mais de duzentas pessoas acreditam
que estão acima do peso o que representou 31,2% (n=219) dos participantes
(Gráfico 2).
É importante lembrar que o cálculo do IMC (Índice de Massa Corporal) que
define se a pessoa está ou não está acima do peso não foi realizado pelas
pesquisadoras, esta questão se baseava na percepção pessoal de cada
participante.
Além dos dados relacionados com o consumo de gordura vegetal, a Tabela 4
também detalha os resultados obtidos com relação às questões: dieta apropriada,
alto consumo de alimentos industrializados e uso excessivo de sal.
72
Gráfico 2 - Excesso de peso
Fonte: elaborado pela autora
Tabela 4 - Apresentação dos fatores de risco para o aumento da pressão arterial
Nº %
Dieta apropriada para uma vida saudável? Sim 394 56
Não 309 44
Total 703
Alto consumo de alimentos industrializados Sim 317 45,1
Não 386 54,9
Total 703
Uso abusivo de sal acima do recomendado Sim 88 12,5
Não 615 87,5
Total 703
Utilização de gordura vegetal Sim 532 75,7
Utilização de gordura animal Sim 151 21,5
Não sabe responder Não 52 7,4
Total 735 104,6
Fonte: elaborado pela autora
Estes dados indicam que 44% (n=309) de todos os participantes afirmam
conscientemente que suas escolhas alimentares não contribuem para uma vida
saldável.
Os resultados correspondentes ao alto consumo de alimentos industrializados
também se mostrou em faixa semelhante, com 45,1% (n=317) de pessoas que
afirmaram consumir excesso de alimentos processados e 54,9% (n=386) que não
consomem alimentos industrializados com frequência. Já com relação ao abuso na
utilização do sal 87,5% (n=615) afirmaram não utilizar sal acima do permitido.
73
Com relação à questão sobre o uso dos tipos de gorduras 75,7% (n=532)
fazem uso da gordura vegetal, 21,5% (n=151) utilizam gordura animal e 7,4% (n=52)
não souberam responder.
Para este item era possível a escolha de mais de uma das opções por isso o
total de respostas foi superior ao número de participantes, ou seja, tivemos um total
de 735 respostas, o que representa que 32 participantes responderam que utilizam
os dois tipos de gorduras frequentemente.
Outro dado importante evidenciado na pesquisa é o nível de conhecimento ou
ao menos de preocupação com o fator “pressão arterial”, quando questionado se
alguma vez já fez exame para determinar a HA. A pesquisa revelou que 58,5% dos
participantes já fizeram em algum momento o acompanhamento da pressão, ou
seja, 411 do total de pessoas entrevistadas, informação que está apresentada no
Gráfico 3.
Gráfico 3 - Exame para determinar hipertensão
Fonte: elaborado pela autora
Destes 411 participantes que informaram já ter feito exames para a
comprovação do diagnóstico de pressão alta, que representou 100% da amostra,
38,4% (n=157) possui diagnóstico positivo para a hipertensão.
Destes 157 pacientes, apenas 137 deles afirmaram tomar medicação para o
controle da doença, ou seja, 20 participantes que teoricamente optaram por métodos
alternativos para a redução e controle da pressão arterial.
74
Outro resultado importante revelado na pesquisa relacionado à pré-disposição
para o desenvolvimento da hipertensão, refere-se ao alto número de pessoas que
afirmaram possuir histórico de pressão alta na família.
A presença de familiares com hipertensão e a idade em que a enfermidade se
desenvolve, aumentam o risco para os descendentes. Os dados da pesquisa
indicaram 79,8% (n=561) de participantes nesta condição, representados no Gráfico
4.
Gráfico 4 - Histórico de pressão alta na família
Fonte: elaborado pela autora
Os resultados do estudo apresentados no Gráfico 5 apontaram que 62,9% da
amostra (n=442) possui casos de diabetes na família.
Outros dados obtidos com relação ao diabetes mostra que 90,2% dos
participantes (n=634) já fizeram em algum momento exames para diabetes, mas
apenas 9 participantes, ou seja 1,7% informou ter diabetes do tipo 2 enquanto 12
participantes declararam ser pré-diabéticos no momento da pesquisa.
75
Gráfico 5 - Casos de diabetes na família
Fonte: elaborado pela autora
Outros dados relacionados à rotina de vida dos participantes que podem e/ ou
impactam diretamente na manutenção da pressão arterial em níveis estáveis,
segundo os especialistas, estão apresentados no Tabela 5.
Os resultados demonstram que mais da metade dos participantes praticam
algum tipo de atividade física, sendo 31,1% (n=2018) fazem atividade física
regularmente e 36,9% (n=259) esporadicamente.
O número dos participantes que declararam que não fazem nenhum tipo de
atividade física correspondeu a 32,1% (n=225).
Apenas 43,5% (n=305) dos participantes responderam que ingerem mais de
um litro de água por dia, seguido por 36,1% (n=253) que consomem
aproximadamente 1 litro de água por dia. Outros dados relacionados à qualidade de
vida como frequência de exposição ao sol e qualidade do sono também estão
apresentados na Tabela 5.
76
Tabela 5 - Percepção sobre a rotina e qualidade de vida
Nº %
Frequência de atividade física
Faz atividade física regularmente 218 31,1
Faz alguma atividade física esporadicamente 259 36,9
Não faz nenhuma atividade física 225 32,1
Não responderam esta questão 1 0,01
Total 703
Quantos litros de água você consome por dia
Menos de 1 litro 143 20,4
1 litro aproximadamente 253 36,1
Mais de um litro diariamente 305 43,5
Não responderam esta questão 2 0,01
Total 703
Com relação ao sono, Como você considera a sua rotina?
Durmo o suficiente para acordar bem disposto. 346 49,4
Acredito que durmo pouco, as vezes acordo com sono. 178 25,4
Acredito que durmo pouco mas as vezes acordo disposto. 128 18,3
Acredito que durmo pouco pois estou sempre com sono 48 6,8
Durmo pouco. Às vezes acordo com sono 0 0
Não responderam esta questão 3 0,1
Total 703
Com que frequência fica exposto ao sol
Fico sempre exposto ao sol 88 12,7
Evito ficar exposto ao sol 257 37
Procuro me expor ao sol nos horários recomendados 349 50,2
Não gosto de pegar sol, evito atividades ao ar livre 0 0
Não responderam esta questão 9 0,1
Total 703
Fonte: elaborado pela autora
A pesquisa ainda avaliou nesta fase dados, tais como: uso de cigarros com
15,5% (n=109), consumo de bebidas alcoólicas com 21,9% (n=154) e outras drogas
com 3,7% (n=26), bem como doenças pré-existentes, internações e cirurgias
realizadas pelos participantes, fatores que podem influenciar o controle da pressão
arterial.
Com relação às doenças ou sintomas apresentados com maior frequência
pelos participantes, destacamos as dores de cabeça com 84,6%(n=483), seguido de
sonolência com 42,7% (n=244) e zumbido com 35,7% (n=204).
Neste estudo os resultados mostram que apenas 16,8% dos participantes
consideram sua saúde como (muito boa), o que representou 118 pessoas. O número
de pessoas que considera sua saúde como regular corresponde a quase ¼ da
amostra. Esses dados estão representados no Gráfico 6.
77
Gráfico 6 - Percepção sobre a saúde
Fonte: elaborado pela autora
Com relação ao conhecimento dos participantes sobre as ações importantes
para o controle da hipertensão, os resultados demonstram que a grande da maioria
das pessoas reconhece a prática da atividade física e da alimentação saudável,
como ações efetivas no controle e prevenção da doença, já que mais de 80% da
amostra escolheu estas alternativas (Gráfico 7).
Gráfico 7 - Ações para controle da HA
Fonte: elaborado pela autora
Obs.: esta questão era de múltipla escolha e os participantes tinham a opção de escolher mais de uma ou todas as alternativas.
Os resultados apontam a alimentação saudável considerada como a principal
opção seguida da prática de exercícios físicos que apareceu com 603 respostas. A
78
pesquisa também levantou dados relacionados à anamnese clínica, na percepção
do participante da pesquisa. As questões deste item foram relacionadas ao uso de
óculos ou lentes corretivas apontando que 68% (n=478) das pessoas utilizam óculos
ou lentes para corrigir problemas de visão.
Com relação à utilização de aparelhos auditivos, somente 1% (n=7) utiliza
este recurso. O número de participantes que já realizou ao menos uma cirurgia
chegou a 74% (n=520) da amostra e, entre as principais cirurgias realizadas, 53,6%
(n=377) faz uso de algum tipo de medicamento contínuo.
O último item da pesquisa se referiu ao questionamento geral sobre a
hipertensão arterial, e os resultados estão apresentados nos Gráficos 8,9 e 10.
Gráfico 8 - Hábito de medir a PA
Fonte: elaborado pela autora
Gráfico 9 - Local de medição da PA
Fonte: elaborado pela autora
79
Gráfico 10 - Equipamento para medir a PA
Fonte: elaborado pela autora
Com relação aos locais em que as pessoas costumam medir a pressão
arterial os resultados apontam que 66,6% (n=207) participantes medem a pressão
em casa, seguido por 20,6% (n=64) de pessoas que possuem seu próprio aparelho,
11,3% (n=35) que fazem a aferição da pressão no hospital e 8,7% (n=27) na
farmácia, 6,4% (n=20) nos postos de saúde e apenas 0,6% das pessoas informaram
que aferem a pressão com um médico. As demais opções deste item somaram
individualmente 0,3% com apenas 1 resposta cada.
Com relação ao tipo de equipamento utilizado, mais da metade da amostra
possui um medidor de pressão digital, o que representou 52% (n=169) participantes.
A literatura aponta que este aparelho é o mais utilizado na prática por pessoas que
fazem o acompanhamento da pressão arterial em casa.
O número de pessoas que utilizam as opções de aplicativo celular para o
monitoramento da pressão em nossa pesquisa foi muito baixo, correspondendo a
apenas 0,3% da amostra. O número de pesquisados que afirmaram já ter tido algum
conhecimento de programas de prevenção relacionado à pressão arterial,
correspondeu metade da amostra, sendo 51,4% (n=349) contra 48,6% (n=330) que
afirmaram nunca ter tido contato com nenhum programa de prevenção da HA. Estes
dados estão representados no Gráfico 11 e o Gráfico 12 traz a representação dos
resultados do número de participantes que já leram ou tiveram contato com cartilhas
educativas sobre o tema HA.
80
Gráfico 11 - Conhecimento de programas de prevenção da PA
Fonte: elaborado pela autora
Gráfico 12 - Conhecimento de cartilhas educativas sobre hipertensão
Fonte: elaborado pela autora
O Gráfico 13 apresenta o resultado do número de participantes que informou
possuir interesse em ter acesso a uma cartilha educativa sobre o tema da pesquisa
e representou 80,8% (n=568) dos participantes informaram que tem interesse no
material, sendo que o número de participantes que não possui interesse ficou abaixo
dos 20%, representando exatamente 19,2% (n=135).
81
Gráfico 13 - Acesso a uma cartilha sobre hipertensão
Fonte: elaborado pela autora
4.2 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS DA FASE II
Nesta etapa são apresentados os resultados referentes à comparação entre
as medidas de PA efetuadas com o aplicativo instalado em um aparelho de celular e
por meio do monitor de PA de pulso.
A análise foi realizada com base nos dados de 256 indivíduos para os quais
foi aferida a pressão arterial (sistólica e diastólica) usando esfigmomanômetro
eletrônico digital de punho (aparelho) e usando o aplicativo iCare Health Monitor
(aplicativo).
Inicialmente foram incluídos na planilha de dados 268 aferições, sendo oito
indivíduos com duas aferições e um indivíduo com três aferições. Foram excluídas
as primeiras medidas dos oito indivíduos que tinham duas aferições e as duas
primeiras medidas de um indivíduo com três medidas.
A Tabela 6 apresenta os resultados descritivos de variáveis demográficas e
clínicas dos participantes incluídos na pesquisa.
82
Tabela 6 - Estatísticas descritivas de variáveis demográficas e clínicas
Variável n válido Classif. Resultado*
Idade (anos) 256
40,9 ± 11,5 (18 - 72)
Faixa etária 256 18 - 30 54 (21,1%)
31 - 40 77 (30,1%)
41 - 50 75 (29,3%)
51 - 60 33 (12,9%)
61 - 72 17 (6,6%)
Sexo 256 Feminino 130 (50,8%)
Masculino 126 (49,2%)
Hipertensão 256 Não 216 (84,4%)
Sim 40 (15,6%)
Medicamento 256 Não 221 (86,3%)
Sim 35 (13,7%)
Fonte: elaborado pela autora
* Descrito por média ± desvio padrão (mínimo – máximo) ou por frequência (percentual)
A média de idade foi de 40,9 anos sendo composta por 50,8% de mulheres e
49,2% de homens. Do total da amostra utilizada na pesquisa, apenas 15,6% (n=40)
afirmaram ter o diagnóstico de pressão alta e destes, 13,7% (n=35) indicaram tomar
medicação para controle da doença.
É importante destacar, que dos 40 participantes que afirmaram possuir
histórico de hipertensão conhecida, cinco deles afirmaram que não tomavam
nenhum medicamento para o controle da mesma.
Para cada uma das variáveis PAS e PAD, testou-se a hipótese nula de que as
médias das medidas aferidas pelo aplicativo são iguais às médias das medidas
aferidas pelo aparelho, versus a hipótese alternativa de médias diferentes.
Na Tabela 7 são apresentadas estatísticas descritivas da pressão arterial
(sistólica e diastólica) aferidas pelo aplicativo e pelo aparelho. Também são
apresentadas estatísticas descritivas das diferenças entre as duas medidas e os
valores de p dos testes estatísticos.
83
Tabela 7 - Estatísticas descritivas de PAS e PAD
Variável
n Média ±
desvio padrão Mediana
(min - max) p*
PAS Aplicativo 256 127,2 ± 5,8 127 (110 – 152)
Aparelho 256 127,3 ± 8,9 127 (103 – 164) 0,869
Dif (aparelho - aplicativo) 256 0,08 ± 7,92 -1 (-22 – 50)
PAD Aplicativo 256 76,8 ± 4,2 77 (63 – 90)
Aparelho 256 77,2 ± 9,1 78 (11 – 102) 0,466
Dif (aparelho - aplicativo) 256 0,44 ± 9,59 -1 (-68 – 30)
Fonte: elaborado pela autora
* Teste t de Student para amostras pareadas, p<0,05
Para as diferenças, valores positivos indicam que a medida aferida pelo
aparelho foi maior do que a medida aferida pelo aplicativo. Já valores negativos,
indicam que a medida pelo aparelho foi menor do que a medida pelo aplicativo. Os
resultados mostram que, tanto para PAS como para PAD, não foi encontrada
diferença significativa entre as duas formas de aferir a pressão.
No box-plot do Gráfico 14 (gráfico de caixas) abaixo, são apresentadas as
medianas (ponto dentro da caixa), os quartis 1 e 3 (caixa) e valores mínimo e
máximo (barras) para as pressões sistólica e diastólica aferida pelo aplicativo e pelo
aparelho.
Gráfico 14 - Representação das medidas de pressão
Fonte: elaborado pela autora
Na Tabela 8 são apresentados, para PAS e PAD, os valores do viés de
aferição do aplicativo (média das diferenças aparelho - aplicativo) e os limites inferior
84
e superior do intervalo de 95% para o viés, considerando-se a aferição pelo aparelho
como padrão ouro (análise de Bland-Altman).
Tabela 8 - Representação dos valores do viés de aferição do aplicativo
PAS PAD
Viés (aparelho – aplicativo) 0,08 0,44
Limite inferior de 95% -15,4 -18,4
Limite superior de 95% 15,6 19,2
Fonte: elaborado pela autora
Os gráficos de Bland-Altman (Gráficos Gráfico 15, Gráfico 16, Gráfico 17 e
Gráfico 18) e diagramas de dispersão (pontos) são apresentados abaixo.
Gráfico 15 - Médias das medidas de PAS no aparelho
Fonte: elaborado pela autora
Gráfico 16 - Médias das medidas de PAD no aparelho
Fonte: elaborado pela autora
85
Gráfico 17 - Diagrama de dispersão para PAD entre aparelho e aplicativo
Fonte: elaborado pela autora
Gráfico 18 - Diagrama de dispersão para PAS entre aparelho e aplicativo
Fonte: elaborado pela autora
Considerando-se que foram encontrados valores de diferenças muito
afastados de grande parte dos pontos (outliers/extremos vistos dentro das linhas
pontilhadas nos gráficos acima), a análise foi refeita retirando-se esses pontos.
Na Tabela 9 são apresentados, para PAS e PAD, os valores do viés de
aferição do aplicativo (média das diferenças aparelho - aplicativo) e os limites inferior
e superior do intervalo de 95% para o viés, após a retirada de outliers/extremos.
86
Tabela 9 - Valores do viés do aplicativo após retirada dos extremos
PAS PAD
Viés (aparelho – aplicativo) -0,68 0,87
Limite inferior de 95% -12,6 -15,2
Limite superior de 95% 11,2 16,9
Fonte: elaborado pela autora
A Tabela 10 apresenta a avaliação da associação de idade, sexo, hipertensão
e medicamento com os valores de pressão aferidos pelo aparelho.
Tabela 10 - Associação de idade, sexo, hipertensão e medicamento com valores de pressão pelo aparelho
Variável Classif. n Pressão sistólica
Média ± desvio padrão p*
Pressão diastólica Média ± desvio padrão
p*
Faixa etária 18 - 30 54 127,5 ± 9,6
0,934
78,5 ± 8,5
0,516
(anos) 31 - 40 77 127,1 ± 10 76,1 ± 11,9
41 - 50 75 126,8 ± 7,4 77,9 ± 7,1
51 - 60 33 128,5 ± 9,0 77,2 ± 7,3
61 - 72 17 127,0 ± 7,9 75,6 ± 6,5
Sexo Fem. 130 127,1 ± 10,1 0,699
76,9 ± 10,7 0,573
Masc. 126 127,5 ± 7,4 77,6 ± 7,0
Hipertensão Não 216 126,5 ± 8,2 <0,001
77,0 ± 9,2 0,421
Sim 40 131,5 ± 11,2 78,3 ± 8,3
Hipertensão** Não 216 126,7 ± 8,3 0,008
77,2 ± 9,3 0,787
Sim 35 130,7 ± 11,3 77,5 ± 7,6
Medicamento Não 221 126,7 ± 8,3 0,014
77,2 ± 9,3 0,964
Sim 35 130,7 ± 11,3 77,5 ± 7,6
Fonte: elaborado pela autora
* ANOVA com um fator ou teste t de Student para amostras independentes, p<0,05.
** Excluídos cinco casos de hipertensos que não usavam medicamentos
4.3 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS DA FASE III
Os dados apresentados nesta seção são referentes ao seguinte objetivo:
Confeccionar e validar uma cartilha com orientações sobre os problemas
causados pela hipertensão arterial e as práticas que podem ser adotadas
para minimizar os riscos que ela pode trazer.
A cartilha foi elaborada com a intenção de trazer aos participantes da
pesquisa, informações como o diagnóstico, formas de tratamento e prevenção da
doença.
87
A avaliação e validação da cartilha foram realizadas no período de abril a
junho de 2021 e foi utilizado o TCLE online que foi enviado aos participantes através
de meios digitais.
Esta etapa da pesquisa contou com a participação de 250 participantes
voluntários para o questionário geral, dividido entre população geral e profissional da
área de saúde. O número de respostas válidas que foram consideradas foi de 249,
já que um dos participantes não aceitou o TCLE.
A avaliação específica para profissionais de Design foi proposta inicialmente
para 10 profissionais do curso de Design da UTFPR (conforme consta no projeto
aprovado no CEP), mas o resultado final contou com a participação de 20
profissionais, estendidos em função da proximidade de profissão.
A etapa do questionário geral, que foi elaborada para os profissionais da área
de saúde, foi o mesmo enviado para a comunidade em geral, correspondendo a
57,6% (n=144) dos participantes do público em geral e 42,4% (n=106)
representantes da área de saúde. Os representantes da área de saúde
compreenderam todos os profissionais que atuam em ambientes de saúde pública
ou privada.
Com relação ao conteúdo da Cartilha, obtivemos 249 respostas, sendo que
96,4% (n=240) avaliaram que objetivo da cartilha é evidente e que ela facilita a
pronta compreensão do leitor e apenas 3,6% (n=9) concordaram parcialmente com
esta afirmação. Não tivemos nenhuma resposta para o item não concordo. Estas
informações estão apresentadas no Gráfico 19.
88
Gráfico 19 - Objetivo da cartilha
Fonte: elaborado pela autora
Com relação à prevenção, 96% (n=239) consideraram que no conteúdo foram
abordadas informações relacionadas a comportamentos que ajudam a prevenir a
hipertensão, enquanto que 45 (n=10) concordaram parcialmente. Não houve
respostas que não concordaram com a afirmativa. Estes dados são representados
no Gráfico 20.
Gráfico 20 - Prevenção
Fonte: elaborado pela autora
Quando questionados se a proposta da cartilha se limitava aos objetivos,
72,7% (n=181) afirmaram que SIM, enquanto 18,5% (n=46) concordaram
parcialmente e 8,8% (n=22) discordaram desta afirmação. O Gráfico 21 traz a
representação deste item.
89
Gráfico 21 - Objetivos
Fonte: elaborado pela autora
As informações referentes à linguagem tiveram a maioria das respostas
positivas como se observa na Tabela 11, onde 93,5% (n=231) avaliaram que o nível
de leitura era adequado a compreensão do leitor, 96% (n=238) aprovaram o estilo de
conversação, 95,6% (n=238) aprovaram a clareza das informações, 90,7% (n=225)
avaliaram que o vocabulário estava adequado e 94% (n=234) dos participantes
considerou positiva a divisão das informações por tópicos.
O número de participantes que avaliaram negativamente este bloco de
perguntas não ultrapassou 0,4% em todos os itens, o que corresponde a apenas um
participante.
Tabela 11 - Linguagem utilizada na cartilha
Concordo Concordo parcialmente
Não concordo
Você considera que o nível de leitura é adequado à compreensão do leitor?
93,5% (n=231) 6,1% (n=15) 0,4% (n=1)
Você considera que o estilo de conversação facilita o entendimento do texto?
96% (n=238) 3,6% (n=9) 0,4% (n=1)
Você considera que as informações são repassadas em contexto claro?
95,6% (n=238) 4,4% (n=11) 0
Você considera que no vocabulário utilizam-se palavras comuns?
90,7% (n=225) 8,9% (n=22) 0,4%(n=1)
Você considera que o aprendizado é facilitado pela utilização de tópicos?
94% (n=234) 5,6% (n=14) 0,4% (n=1)
Fonte: elaborado pela autora
Os resultados da avaliação da capa da cartilha foram considerados positivos,
já que 90,8% (n=226) da amostra concordaram com a afirmativa de que a capa da
cartilha da hipertensão chama atenção do leitor e retrata o propósito do material. Os
90
demais participantes somaram 8% (n=20) e 1,2% (n=3) que concordaram
parcialmente e discordaram da afirmação (Gráfico 22).
Gráfico 22 - Capa da Cartilha
Fonte: elaborado pela autora
O Gráfico 23 mostra o resultado com relação à percepção dos participantes
com relação às mensagens visuais e a capacidade de compreensão individual dos
pontos principais.
Gráfico 23 - Mensagens visuais e compreensão dos pontos principais
Fonte: elaborado pela autora
Das 249 respostas com relação à pergunta “você considera que as ilustrações
são relevantes?”, 95,6% concordaram e 4,4% responderam que concordaram
parcialmente.
91
E por fim, a Tabela 12 apresenta os resultados das condições gerais sobre a
cartilha.
Tabela 12 - Considerações gerais sobre a cartilha
Concordo Concordo parcialmente
Não concordo
Com relação a apresentação da cartilha da hipertensão
Você considera que a organização do material está adequada?
96,4% (n=240) 3,2% (n=8) 0,4% (n=1)
Você considera que o tamanho e o tipo de fonte promovem leitura agradável?
90% (n=224) 9,6% (n=24) 0,4% (n=1)
Com relação ao estímulo/motivação da cartilha
Você considera que ocorre interação do leitor com o texto e/ou as figuras?
91,2% (n=227) 8% (n=20) 0,8% (n=2)
Os padrões de comportamento desejados são modelados ou bem demonstrados?
94% (n=234) 6% (n=15) 0
Você considera que existe motivação à autoeficácia?
84,7% (n=210) 13,7% (n=34) 1,6% (n=4)
Com relação a adequação cultural
O material é culturalmente adequado à lógica, linguagem e experiência do público?
93,9% (n=32) 5,7% (n=14) 0,4% (n=1)
A cartilha apresenta imagens e exemplos adequados culturalmente?
95,6% (n=238) 4% (n=10) 0,4% (n=1)
Fonte: elaborado pela autora
Os resultados das avaliações dos especialistas em design apontaram para as
seguintes análises:
a) Com relação ao modelo de cartilha ser apropriado para o público esperado,
bem como a clareza das informações na cartilha, 100% dos participantes
(n=20) concordaram afirmativamente para as duas questões.
b) Com relação ao tamanho e a quantidade de figuras na cartilha, houve uma
aprovação de 75% (n=15) de participantes, enquanto 25% (n=5) disseram
que as figuras não estavam em tamanho adequado. Obs.: É importante
frisar que a cartilha foi avaliada de forma online, e neste caso, os
participantes tinham a opção de abrir a cartilha usando o telefone celular,
dando maior praticidade. Porém, quando abrimos um documento no
celular, a possibilidade de aumento da imagem é limitada. Por isso, a
proposta da cartilha era ser impressa, construída para ser entregue aos
participantes, apresentando forma e grafia maiores do que se é possível
avaliar por meio do celular, representado um diferencial para esta
avaliação.
92
c) Com relação à elucidação do texto por meio das figuras, 95% (n=19) dos
participantes avaliaram positivamente este item.
d) Na avaliação das cores e formas das figuras utilizadas na cartilha, 30%
(n=6) dos participantes não aprovaram este item, embora 85% (n=17) dos
participantes acreditem que as figuras fazem parte do cotidiano da maioria
das pessoas.
e) Perguntado sobre a disposição das figuras e harmonia no texto, 80%
(n=16) dos pesquisados avaliou este item como positivo.
f) Com relação à exposição do tema e da sequência lógica na apresentação
das figuras na cartilha, 90% (n=18) dos participantes consideraram que
este item está de acordo com a expectativa da cartilha.
g) Uma das questões que consideramos ser relevante é a que questiona se
as informações e figuras presentes na cartilha da hipertensão poderão
contribuir para mudança de comportamento e atitude das pessoas que
tiverem acesso à cartilha, já que o trabalho deixa claro que alguns dos
fatores de risco para o desenvolvimento da hipertensão são hábitos
modificáveis. A resposta foi que 80% (n=16) dos especialistas em design
concordaram com esta afirmativa.
h) E por fim, 100% (n=20) dos participantes concordaram que as figuras são
relevantes para a compreensão do conteúdo da cartilha.
93
5 DISCUSSÃO
Este capítulo traz a interpretação, análise e discussão dos resultados
encontrados e apresentados na pesquisa.
Com relação aos resultados da primeira fase do estudo, o fato de 83,1% de
todos os participantes da pesquisa se autodeclararem de raça branca pode ter uma
influência no resultado do estudo, já que a literatura médica indica que as pessoas
da raça negra apresentam níveis de pressão arterial mais alto e têm maior
dificuldade para controlá-los.
Segundo Nadruz et al. (2017), isso ocorre inclusive entre as pessoas que são
submetidas a tratamentos contínuos com medicações anti-hipertensivas. Uma
explicação para essa situação pode estar no fator genético, porém segundo os
pesquisadores não se pode deixar de considerar outras possíveis variáveis, como as
condições socioeconômicas dos afrodescendentes, que infelizmente ainda tendem a
serem inferiores às da população branca.
Porém apesar de vários autores apontarem que as pessoas negras possuem
maiores chances de desenvolverem a hipertensão, as diretrizes atuais da
hipertensão da Sociedade Brasileira de Hipertensão, divulgadas em 2020, alertam
que apesar da etnia se apresentar como um fator de risco importante para a HA, às
condições socioeconômicas e de hábitos de vida dessa população podem ser
consideradas como fatores associados mais relevantes para as diferenças na
prevalência da HA do que a implicação étnica propriamente dita.
De acordo com IBGE (2013), a diferença nos casos de HA autorreferida foi
estatisticamente diferente entre os grupos, sendo maior entre mulheres, sendo
24,2% e pessoas de raça negra com 24,2%, comparada a adultos pardos que
representaram 20,0% do total pesquisado.
Os dados relacionados aos fatores socioeconômicos como nível de
escolaridade e empregabilidade se mostram importantes, já que de acordo com
Malachias et al. (2016), adultos com menor nível de escolaridade (sem instrução ou
fundamental incompleto) apresentaram a maior prevalência de HA autorreferida,
correspondendo a 31,1%.
Os dados também relacionados à empregabilidade, também deve ser
avaliado como um indicador importante, já que Malachias et al. (2016) apontam que
94
as preocupações sociais, econômicas e familiares são fatores que influenciam na
elevação dos níveis pressóricos (TAVEIRA; PIERIN, 2007).
Com relação aos resultados que identificaram 20,2% de pessoas sem
emprego e 21,8% contando exclusivamente com o SUS, estes dados podem estar
relacionados com o momento atual que vivemos no Brasil, com a pandemia de
Covid-19, porém esta questão infelizmente não foi incluída no questionário.
Os dados obtidos no estudo com relação à obesidade auto declarada estão
em consonância com os dados divulgados na última Pesquisa Nacional de Saúde
(PNS) referente ao ano de 2019 (IBGE, 2020), que afirmam que 61,7% dos
brasileiros estavam com excesso de peso e 26,8% eram obesos no ano de 2019.
O consumo alimentar da população brasileira também é um motivo de
preocupação do Ministério da Saúde. Este órgão publicou em 2006 e 2014 um
documento intitulado “Guia alimentar para a população brasileira” (BRASIL, 2014).
Esse documento, que é considerado como uma diretriz alimentar para a população
traz informações importantes quando se trata de alimentos industrializados e adverte
que de acordo com os números pesquisados, o excesso de peso acomete um em
cada dois adultos e uma em cada três crianças brasileiras. (BRASIL, 2014).
Nesse contexto, os resultados deste estudo estão alinhados com as
afirmações do governo brasileiro, já que obtivemos números preocupantes com
relação à dieta alimentar. O guia alimentar destaca ainda que os alimentos ultra
processados favorecem o consumo excessivo de calorias e contribuem para a
obesidade (BRASIL, 2014). Além do consumo excessivo de sal, o tabagismo, o
consumo de álcool e o sedentarismo são fatores de risco associados à hipertensão,
que atinge um a cada quatro brasileiros adultos (Ibid). Dentre estes fatores, está
relacionado também o excesso de utilização de gordura vegetal. A gordura vegetal
hidrogenada, também conhecida como “gordura trans”, aumenta os riscos de
desenvolvimento de doenças cardiovasculares (infarto e derrame) e
consequentemente, colabora para o aumento dos níveis de pressão arterial (Ibid).
Segundo Izar et al. (2021), a qualidade e a quantidade dos alimentos, em
particular as fontes de gorduras, influenciam tanto a patogênese quanto a prevenção
das doenças cardiovasculares. Mais de 75% dos participantes utiliza a gordura
vegetal como principal tipo de gordura no preparo dos alimentos; estes dados dão
uma amostra da importância de trabalharmos este tema junto à comunidade (Ibid).
95
Segundo SBC, SBH e SBN (2010), a relação entre DM e HA mostrou dados
relevantes, como a presença de HA em 40% dos pacientes recém-diagnosticados
com DM tipo 2.
De acordo com Malachias et al (2016), a prática regular de exercício físico é
um tratamento não medicamentoso recomendado para prevenção e tratamento de
doenças cardiovasculares, bem como para prevenir e controlar doenças cardíacas,
diabetes tipo 2 e câncer, assim como é eficaz para reduzir os sintomas de
depressão e ansiedade, reduzir o declínio cognitivo, melhorar a memória e exercitar
a saúde do cérebro.
Segundo Camargo e Añez (2020), até 5 milhões de mortes por ano poderiam
ser evitadas se a população em todo o mundo fosse mais ativa. Toda atividade física
é benéfica e pode ser realizada como parte do trabalho, esporte e lazer ou
transporte (caminhada ou bicicleta), mas também por meio da dança, brincadeiras e
tarefas domésticas cotidianas, como jardinagem e limpeza (Ibid.).
Neste sentido, as questões relacionadas à qualidade de vida como o lazer, a
pratica de esportes, a ingestão adequada de líquidos, a exposição ao sol em
quantidade limitada e também da qualidade do sono, são fatores que contribuem
para a melhora e manutenção dos valores da pressão arterial.
Embora em nossa pesquisa os resultados se mostraram de certa forma
positiva, as novas diretrizes da ONU recomendam pelo menos 150 a 300 minutos de
atividade aeróbica moderada a vigorosa por semana para todos os adultos, incluindo
quem possui doenças crônicas ou incapacidade, e uma média de 60 minutos por dia
para crianças e adolescentes.
De acordo com Brasil (2014b), apesar da quantidade de água que precisamos
ingerir diariamente ser variável, pois depende de alguns fatores, como a idade e o
peso da pessoa, a atividade física que ela realiza, o clima e a temperatura do
ambiente onde ela vive, as recomendações mais comuns são o mínimo de dois litros
de água por dia, por exemplo, mas podem ir até quatro dependendo no caso de
esportistas.
Com relação aos números obtidos com a medição da pressão arterial no
aplicativo e no aparelho de referência, que equivale à segunda etapa da pesquisa,
pode-se destacar que apesar de termos encontrados poucos estudos relacionados
efetivamente a comparação dos aplicativos de celular em relação ao medidor de
96
pressão de pulso, estudos apontam resultados positivos quanto aos dados
apresentados nos aplicativos de celular em suas funções específicas.
É importante salientar que os telefones celulares com sistemas operacionais e
capazes de executar aplicativos (smartphones) estão cada vez mais sendo usados
em ambientes clínicos (BIERBRIER; LO; WU, 2014). Os autores efetuaram 1.240
testes das funções em 14 aplicativos médicos com 13 funções para cada aplicativo;
Concluiu que a maioria das funções testadas nos aplicativos foi precisa em seus
resultados, com uma precisão geral de 98,6% (17 erros em 1240 testes), onde ao
todo ao todo, 6 de 14 (43%) aplicativos tiveram 100% de precisão (Ibid.).
Neste estudo (BIERBRIER; LO; WU, 2014) foram avaliados aplicativos
médicos que ofereciam entre outras, as seguintes funções: sistema de pontuação
para risco de acidente vascular cerebral em fibrilação atrial, insuficiência cardíaca
congestiva, hipertensão, idade de 75 anos ou mais, DM, acidente vascular cerebral
anterior ou ataque isquêmico transitório e índice de massa corporal. Como
conclusão, os autores apontam que apesar dos resultados se mostrarem positivos,
faltam evidências sobre a precisão dos aplicativos de cálculos médicos para
smartphones e reafirmam a necessidade de estudos que avaliem a eficácia e
segurança destes métodos (Ibid.).
Os autores ainda destacam que, embora tenham descoberto que os
aplicativos de smartphone de maneira geral se mostraram precisos em alguns
casos, também foram encontrados erros nos cálculos que foram clinicamente
significativos e que poderiam afetar as decisões médicas (Ibid.).
O estudo ainda destaca a falta de regulamentação nos Estados Unidos e nos
esforços dedicados pela Food and Drug Administration (FDA) para regulamentar os
aplicativos de dispositivos médicos (Ibid.).
Embora estes aplicativos ainda não estejam listados como dispositivos
médicos, esta também é uma dificuldade que se percebe no Brasil, já que estes
aplicativos não possuem registros ou autorizações para serem utilizados como
dispositivos médicos.
Thomas et al. (2017) avaliaram a precisão de aplicativos de smartphone para
medição de frequência cardíaca através da fotopletismografia utilizando a câmera do
celular, os resultados já não foram tão precisos. Encontrou-se diferenças
substanciais de desempenho entre os quatro aplicativos de medição de frequência
cardíaca estudados. Dois dos aplicativos, que eram baseados em fotopletismografia
97
de contato, tiveram maior viabilidade e melhor precisão para a medição da
frequência cardíaca do que os dois aplicativos baseados em fotopletismografia sem
contato.
Segundo Verkruysse, Svaasand e Nelson (2008), a fotopletismografia (PPG)
é baseada no princípio de que o sangue absorve mais luz do que o tecido
circundante. Além disso, as variações no volume sanguíneo (ou seja, na sístole e
diástole) afetam a transmissão ou refletância da luz.
Este estudo foi realizado de abril a dezembro de 2013, e foram incluídos
aleatoriamente 108 pacientes adultos que precisavam de monitoramento da
frequência cardíaca na unidade de dor torácica ou no pronto-socorro do Hospital
Universitário de Zurique, na Suíça e avaliou quatro aplicativos disponíveis
comercialmente onde dois deles utilizavam PPG de contato e dois deles PPG sem
contato.
Segundo os autores, os resultados obtidos através das medições por
aplicativos se mostraram heterogêneos. Em alguns aplicativos, diferenças absolutas
de mais de 20bpm (ou até mais) ocorreram em mais de 20% de todas as medições.
Com relação a crescente oferta de aplicativos móveis relacionados à saúde e
a falta de certificação em todo o mundo para estes serviços, Boulos et al (2014)
destacaram que em 2012, só no Reino Unido, já existiam mais de 40.000 aplicativos
relacionados aos mais diversos ramos da saúde disponíveis para os usuários na
internet. Os autores levantaram dados de vários estudos que expressam
preocupações sobre os aplicativos existentes para doenças colorretais,
microbiologia, dermatologia, asma, diabetes e conversores de opioides e reforçam a
necessidade de que eles devam ser avaliados e controlados pela FDA dos EUA e/ou
outras entidades relevantes e correspondentes em outros países, ou seja, no Brasil
este órgão de refere a ANVISA.
Com relação a estudos comparativos entre um ou mais tipos de aparelhos de
medição de pressão no Brasil, Colares et al. (2009), compararam as medidas de
pressão arterial sistêmica de 115 pessoas residentes em Belo Horizonte realizadas
por meio de aparelhos distintos: digital (Omron 705-CP), esfigmomanômetro
aneroide (Welch–Allyn) e esfigmomanômetro de coluna de mercúrio. Os resultados
deste estudo mostraram que os três aparelhos apresentaram correlação positiva
aceitável, sendo a maior semelhança obtida entre as medidas dos aparelhos digital e
aneroide e entre os esfigmomanômetros de coluna de mercúrio e aneroide.
98
Porém, apesar dos autores concluírem que ambos os métodos, auscultatório
e oscilométrico, apresentaram concordância satisfatória entre si, também alertaram
para as diferenças significativas nos valores de pressão arterial aferidos pelos
diferentes métodos e sugerem então, que os pacientes tenham sua pressão arterial
sistêmica aferida sempre com o mesmo aparelho/método, visando à redução dessa
variabilidade (COLARES et al., 2009).
Bernardo et al. (2020) compararam os valores obtidos por meio de aferições
da pressão arterial entre três diferentes tipos de aparelhos, dentre eles, um
automático, outro semiautomático e o terceiro aneroide, em participantes que
demandaram o atendimento em uma unidade de saúde do SUS. É importante
destacar que este estudo foi realizado em voluntários diabéticos e hipertensos,
adultos e idosos, ou seja, neste caso os participantes tinham o diagnóstico positivo
para a hipertensão. Como resultado, relataram que os aparelhos utilizados para
aferir pressão arterial neste estudo não podem ser comparados entre si, pois a
variação das medições foi muito aleatória, os resultados demostraram uma média de
desvio padrão com cerca de até 400% de diferença.
Sendo assim, Bernardo et al. (2020) também sugeriram que os pacientes
fixassem as suas referências sempre com o mesmo aparelho e não mudar de
aparelho a cada tomada de pressão, permitindo assim que o mesmo possa ter
compreensão do valor de pressão arterial mais próximo do real.
Ribeiro, Praxedes e Maia (2020) compararam as medidas de pressão obtidas
nos aplicativos de celular com relação ao método tradicional aneroide, através do
aparelho medidor de pressão esfigmomanômetro com braçadeira e estetoscópio.
Este estudo foi realizado com 101 participantes voluntários aleatoriamente, ou seja,
com diagnóstico de hipertensão arterial ou não. Os participantes foram indivíduos de
diversas idades incluindo os alunos, os servidores e demais prestadores de serviços.
Os participantes foram divididos em dois grupos e cada pessoa teve a pressão
aferida duas vezes, uma pelo aplicativo e outra pelo método tradicional. Os
resultados obtidos pelos pesquisadores revelaram que quando considerado o
número total de participantes, 75,24% dos níveis pressóricos apresentaram
discrepância superior a 2mmHg em comparação ao método tradicional aneroide.
De acordo com os resultados obtidos no estudo, os pesquisadores concluíram
que os aplicativos utilizados na pesquisa não eram totalmente confiáveis:
99
Os dados deste estudo evidenciam que apesar do avanço tecnológico, estas ferramentas, capazes de captar valores pressóricos, quando comparadas ao método aneroide, apresentam oscilações acima de 2mmhg, revelando falta de assertividade nos dispositivos, podendo desencadear problemas como a falta de adesão a serviços de saúde, a falta do acompanhamento de um profissional qualificado para efetuação da técnica de verificação da pressão arterial, em nome da confiança que o aplicativo confere ao usuário e, em casos extremos, a automedicação ou ausência de medicamentos necessários quando valores pressóricos alterados necessitam de medicamentos interventores. (RIBEIRO; PRAXEDES; MAIA, 2020)
Os autores também finalizam o estudo alertando sobre a necessidade de
mais estudos científicos que avaliem os dispositivos de aplicativos móveis para a
medição da pressão arterial, de forma que estes aplicativos possam realmente ser
considerados aliados da população com relação à saúde (Ibid.).
Chandrasekhar et al. (2018) também testaram a eficácia de um aplicativo para
smartphone por meio do método oscilométrico de pressão do dedo e neste estudo
os resultados se mostraram de certa forma favoráveis. Trata-se de um estudo
prospectivo que incluiu um número de 30 pessoas que tiveram a PA monitorada pelo
aplicativo de celular, com relação a 32 pessoas que foram monitoradas por meio do
aparelho de pressão com o manguito automático padrão e um dispositivo de
manguito de dedo, que usa o método de grampo de volume para detecção de PA.
Neste estudo (Ibid.), uma das dificuldades encontradas pelos pesquisadores
foi à utilização correta do aplicativo, já que o resultado da pressão arterial no
aplicativo se dá à medida que o usuário pressiona o dedo contra o smartphone, a
pressão externa da artéria subjacente aumenta continuamente, enquanto o telefone
mede a pressão aplicada e as oscilações de volume sanguíneo de amplitude
variável resultante. Portanto, a utilização do sistema de forma correta é
imprescindível para a obtenção do resultado real da pressão.
Os autores relataram que foram necessárias algumas tentativas de teste para
que todos os usuários voluntários aprendessem a utilização correta do aparelho e
informaram que cerca de 90% dos usuários aprenderam a atuação do dedo exigida
pelo dispositivo baseado em smartphone após uma ou duas tentativas práticas
(Ibid.).
Os resultados mostram que o dispositivo rendeu erros de viés e precisão de
3,3 e 8,8mmHg para PA sistólica e 5,6 e 7,7 mmHg para PA diastólica em uma faixa
de PA de 40 a 50 mmHg. Esses erros foram comparáveis ao dispositivo de punho de
dedo. Os pesquisadores concluíram que o dispositivo baseado em smartphone
100
mostrou precisão de medição de PA semelhante ao dispositivo de braçadeira de
dedo, em relação ao dispositivo de braçadeira padrão (Ibid.).
Outros benefícios apontados para a utilização de aplicativos de medição de
pressão arterial através de smartphones é a facilidade de utilização do aparelho em
qualquer ambiente e a popularização da utilização dos mesmos em todo o mundo
(Ibid.).
Estudos apontam que já em 2020, cerca de 3 bilhões de pessoas em todo o
mundo possuíam smartphones e a expectativa é que este número cresça a cada
ano mesmo em países de baixa renda devido aos custos reduzidos resultantes de
mais competição nos mercados nacionais e internacionais (KAO; LIEBOVITZ, 2017).
Com característica semelhante a nossa pesquisa, Alessi et al. (2014)
avaliaram o esfigmomanômetro acoplado ao smartphone (Withings Blood Pressure
Monitor) em comparação com outros métodos (esfigmomanômetros de mercúrio,
aneroide e digital). O estudo foi realizado com 45 alunos voluntários sadios,
aleatoriamente e obtiveram 576 medidas através dos quatro aparelhos utilizados.
Outro trabalho com características semelhantes (ALVES et al., 2017)
avaliaram a acurácia do aplicativo iCare Health Monitor para as variáveis PA e
frequência cardíaca (FC) com relação as medidas obtidas através do aparelho digital
e método manual. A metodologia do estudo consistiu na comparação das medidas
de PA e FC através de três métodos diferentes e em sequência aleatória sendo elas:
aplicativo iCare, aparelho digital e método manual. Neste estudo foram incluídos 47
universitários, entre eles homens e mulheres com média de idade de 26 a 62 anos,
no período de cinco dias ininterruptos. As medidas foram feitas sempre pelo mesmo
avaliador e as medidas aferidas pelo aplicativo foram feitas através de um
dispositivo Samsung Galaxy S6. O medidor digital utilizado foi da marca NTL
Pressure e os equipamentos para medida manual foram estetoscópio Rappaport
ER100 Incoterm preto e esfigmomanômetro Premium ESFH50.
Neste estudo a análise estatística se deu por meio dos testes twoway
ANOVA, para análise da variância, e de Tukey, para múltiplas comparações onde
foram considerados significativos os valores de p<0,05. Conforme os resultados
apresentados, análise da média dos valores obtidos a cada dia de avaliação
evidenciou que não houve grande variação da PA e da FC quando comparados os
três diferentes métodos aplicados no presente estudo, ou seja, não foi verificada
uma diferença estatística significativa para a comparação dia a dia, entre os
101
métodos. Além disso, os autores ainda relatam que além da comparação dia a dia,
foi realizada a comparação geral das variáveis analisadas para as quais também
não foram encontradas diferenças significativas.
Os valores de PA e FC encontrados pela avaliação com o aplicativo iCare
Health Monitor não foram estatisticamente diferentes daqueles obtidos pela
avaliação com medidor digital e pelo método manual. Portanto, para a população do
presente estudo, o aplicativo mostrou-se tão preciso quanto os outros dois métodos
para quantificação das variáveis PA e FC. Como conclusão do estudo, avaliaram
que os valores de pressão arterial e frequência cardíaca encontrados pela avaliação
com o aplicativo iCare Health Monitor não foram estatisticamente diferentes
daqueles obtidos pela avaliação com medidor digital e pelo método manual.
Não foi possível identificar através da leitura deste trabalho se as medidas de
PA foram realizadas por um profissional capacitado para tal atividade, bem como
também não se tem informações sobre as datas e as condições do local onde as
medidas foram realizadas para que pudéssemos comparar com a metodologia
utilizada em nosso estudo.
A avaliação da cartilha, que representou a terceira etapa da pesquisa, trouxe
alguns resultados importantes a considerar. O fato de a cartilha ter sido avaliada por
três diferentes grupos demonstra que a avaliação foi positiva quando consideramos
os aspectos gerais. A cartilha que foi avaliada pelos representantes de saúde e
comunidade em geral obteve 250 respostas e ficou bem dividida, se considerarmos
que foi quase a metade de cada grupo, ou seja, 57,6% público geral e 42,4% de
profissionais da área de saúde.
No geral, os resultados foram favoráveis e refletem o que dizem os
especialistas, que consideram que o uso de cartilhas contribui com o processo de
ensino-aprendizagem, uma vez que proporcionam o estudo de conceitos e
momentos de reflexões acerca do tema trabalhado. Os resultados alcançados por
meio da avaliação da cartilha mostraram que a ferramenta utilizada é capaz de
oportunizar a assimilação de novos conhecimentos pelos envolvidos e de agir como
um meio de transformação de hábitos e conceitos não saudáveis que podem levar
ao desenvolvimento da hipertensão arterial.
Embora as avaliações recebidas pelos profissionais em design tenham se
mostrado um pouco abaixo das expectativas, estas avaliações mais baixas
ocorreram nos itens que avaliavam a forma e não exatamente o conteúdo. Os
102
especialistas avaliaram a cartilha com relação à aparência dos desenhos e
adequação do tamanho das letras, e neste caso, como já exposto anteriormente, o
fato da cartilha ter sido enviada aos participantes de forma online, onde era possível
fazer a avaliação por meio do celular, as figuras podem mesmo ter ficado aquém das
expectativas dos avaliadores, mas na prática com a cartilha impressa, este ponto
negativo não ocorrerá, já que o material será produzido em tamanho acessível para
a leitura e compreensão da maioria das pessoas.
Os resultados que versavam sobre a contribuição das orientações da cartilha
para o autocuidado, no geral foram bem pontuados confirmando que o material
possa ser útil para que as pessoas tomem maior consciência dos perigos da
hipertensão e procurem adotar hábitos de controle e prevenção das diversas
doenças relacionadas à hipertensão.
103
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os objetivos principais deste trabalho consistiam em mensurar por meio da
aplicação de um questionário de qualidade de vida, o grau de conhecimento da
população sobre hipertensão arterial e da importância do acompanhamento contínuo
da pressão para a prevenção de outras doenças graves, bem como analisar a
eficácia das medidas de pressão arterial obtidas no aplicativo digital iCare Health
Monitor para as variáveis da PA quando comparadas com os valores da pressão
arterial obtidos através do esfigmomanômetro eletrônico digital de punho.
Com relação ao primeiro objetivo, após a aplicação do questionário em um
número significativo de 703 participantes, foi possível identificar que apesar de
algumas pessoas terem respondido de forma bem positiva a maioria das questões, a
disseminação das informações de prevenção e tratamento da hipertensão ainda não
é suficiente, já que muitas pessoas continuam a manter hábitos não saudáveis que
podem se traduzir futuramente em pressão alta e consequentemente, a todas as
outras doenças derivadas dela.
O estudo mostra que os números de morte pelo fator hipertensão arterial e
das doenças diretamente ligadas a ela, relacionadas e/ou em consequência delas,
continuam muito elevados em todo o país e os números são assustadores.
Dados do cardiômetro, que é um indicador do número de mortes por doenças
cardiovasculares no Brasil, criado pela SBC, e é atualizado em tempo real,
confirmam que só em 2021, até a finalização deste trabalho que se deu em dia 30
de junho, o país já contabilizou mais de 205 mil mortes por doenças
cardiovasculares em todo o país.
A situação não é favorável, já que todos os estudos, pesquisas e
especialistas atestam que as doenças cardiovasculares causam 2,3 vezes mais
mortes que todas as causas externas juntas, ou seja, as doenças cardiovasculares
matam mais pessoas que os acidentes e os casos de violência no país, mesmo
estes números também serem considerados altíssimos para o número de habitantes
do país (IZAR et al., 2021).
De acordo com o Objetivo 3 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
(ODS), a meta de reduzir em um terço a mortalidade prematura por doenças
crônicas não transmissíveis via prevenção e tratamento até o ano de 2030 (IPEA,
2019). Neste sentido, após os resultados obtidos neste trabalho, concluímos que
104
ainda temos muito que fazer com relação à adesão ao tratamento nos casos em que
se ficou identificado o diagnóstico da PA e mais ainda com relação às formas de
prevenção.
Com relação à comparação dos valores das medidas da pressão arterial
obtidas no aplicativo de celular com relação às medidas obtidas através do aparelho
automático de punho, concluímos que os resultados, apesar de se mostrarem
satisfatórios em nossa pesquisa, visto que não houve diferença estatística
significativa entre os dois, ainda precisam de mais estudos que possam confirmar
efetivamente o uso desta tecnologia.
Com base nos resultados e com a confirmação de que o uso destes
aplicativos vem se tornando cada vez mais comuns entre as pessoas, podemos
afirmar que é necessária uma avaliação deste recurso como forma de proteger a
saúde dos usuários, bem como destacamos assim, como a maioria dos autores
citados, a importância de que estes aplicativos sejam de alguma forma monitorados
pelos órgãos de saúde.
É necessário que os mesmos passem por algum tipo de qualificação ou
certificação, para que eles possam ser utilizados de forma adequada pelos usuários.
A segurança nas informações prestadas pelos aplicativos é imprescindível, já
que a falta do diagnóstico ou ainda o diagnóstico incorreto da HA pode ser muito
prejudicial para a sociedade, tanto para o diagnóstico negativo, onde as pessoas
deixarão de procurar atendimento médico e o tratamento, quanto para um
diagnóstico positivo, que pode levar as pessoas a se automedicarem o que não é
indicado, mas é comum entre os brasileiros.
É importante lembrar que o país possui um histórico alto de automedicação,
como mostrado na pesquisa realizada pelo Conselho Federal de Farmácia (CFF
apud ANDRADE et al., 2019) em que os resultados apontaram que 77% dos
brasileiros praticam a automedicação. Esta prática é considerada muito perigosa, já
que de acordo com dados levantados pelo CFF, só entre os anos de 2010 e 2017,
foram notificados 565.271 casos de intoxicação no Brasil. Destes, 298.976 tiveram o
medicamento como agente tóxico mais frequente (ANDRADE et al., 2020). Sendo
assim, o acompanhamento preciso da pressão arterial é fundamental para a saúde e
para a qualidade de vida de todos os cidadãos.
Com relação às conclusões da avaliação da cartilha, concluímos que figuras
ilustrativas são importantes elementos e que materiais educativos podem facilitar a
105
compreensão do assunto abordado. No caso da saúde, a cartilha da hipertensão
pode contribuir para a motivação do público alvo.
As cartilhas também são consideradas elementos de fácil distribuição, que
requer pouco investimento financeiro, que atinge praticamente todos os grupos e
faixas etárias. Neste contexto, a propagação das informações educativas
relacionadas à prevenção, diagnóstico e tratamento da hipertensão pode ser um
aspecto amplamente positivo para a sociedade em geral, principalmente se utilizada
pelos profissionais da educação e da saúde.
Segundo Torres e Paula (2019), cartilhas educativas pode ser um importante
recurso na educação em saúde, já que se trata de um instrumento de baixo custo
que utiliza as estratégias de recurso lúdico para a disseminação de orientações para
a prática do autocuidado, favorecendo os pacientes no desenvolvimento de
habilidades, para o alcance da autonomia no tratamento e na prevenção de
doenças.
As limitações do presente estudo estão relacionadas a dois aspectos
importantes que são: com relação à amostra e com relação ao momento e
circunstância da pesquisa.
Como pontos positivos em relação à amostra da pesquisa podemos destacar
que: na primeira fase, em que tratamos do questionário de saúde, é importante
lembrar que a pesquisa foi realizada de forma online, que neste caso contou com a
participação de vários voluntários de diversas áreas, o que na prática pode ser
positivo para o estudo, já que a amostra foi constituída de 703 participantes que não
estavam diretamente ligados à instituição ou a área de saúde.
Já a segunda etapa, foi realizada dentro da instituição de saúde, o que
caracteriza uma amostra onde a maioria dos participantes estavam diretamente
relacionados à área de saúde, como médicos, enfermeiros, técnicos em
enfermagem e auxiliares de enfermagem, o que em tese significa um número
relativo de participantes com certo grau de conhecimento específico com relação ao
tema, o que pode ter influenciado no fato dos números da pressão arterial se manter
sob controle, o que aconteceu na maioria dos resultados obtidos.
Outro fator positivo com relação à comparação aos demais trabalhos citados
na discussão deste projeto, podemos considerar que a etapa da medida da pressão
arterial foi toda realizada no mesmo ambiente, com a mesma enfermeira que possui
amplo conhecimento na atividade, em ambiente controlado, seguro, silencioso, com
106
temperatura agradável e confortável. Enfim, fatores estes que diversa de algumas
pesquisas que foram feitas em ambientes sem os devidos parâmetros.
Outra condicionante positiva se refere à utilização do mesmo aparelho celular
e mesmo aparelho de pressão de punho em todas as medições, já que estes foram
adquiridos exclusivamente para este trabalho, o que certamente se diferencia das
medidas obtidas individualmente por cada participante, se esta etapa tivesse sido
realizada com o aparelho celular individual de cada um ou ainda se a medida tivesse
sido realizada no setor de cada voluntário, já que neste caso fatores externos
poderiam influenciar o resultado.
Como limitações negativas podemos destacar o momento pelo qual estamos
passando no mundo, que se caracteriza como uma situação totalmente adversa a
nossa realidade. A pandemia de Covid-19 trouxe inúmeros problemas para toda a
população. Estamos vivendo momentos muito difíceis em todas as áreas, até a data
de hoje o mundo contabilizava mais de 3.379.219 vidas perdidas para o vírus. Só no
Brasil, até o início do mês de julho de 2021, já contabilizamos mais de 524 mil
mortos e a vacinação infelizmente ainda não atingiu nem a metade da população.
Esta situação nos traz muita angústia, além de tristeza e grande preocupação
não só com a saúde, mas também com relação ao emprego, renda, família entre
outras, que segundo todos os especialistas afirmam, podem afetar significativamente
a saúde com relação ao aumento da pressão arterial, o que neste caso pode ter
influenciado nos resultados obtidos.
Especialistas apontam que a medição da PA através dos aparelhos
analógicos são as mais recomendadas, embora ela deva ser realizada por
profissionais de saúde treinados para o uso, já que necessitam do auxílio de um
estetoscópio para a leitura correta.
Apesar do nosso conhecimento de que o método da medição da pressão
arterial através do aparelho manual com estetoscópio seria o ideal a situação atual
não nos permitiu a utilização do mesmo.
Por fim acreditamos que devido às restrições impostas pela pandemia de
COVID-19 que trouxe as limitações já citadas, consideramos a necessidade de
outras pesquisas relacionadas a comparação das medidas da pressão arterial entre
os aplicativos de celular e o padrão ouro para este procedimento.
107
7 CONCLUSÕES
O aplicativo de celular utilizado para a medição da pressão arterial confirmou-
se como um instrumento eficaz já que não foram encontradas diferenças estatísticas
significativas na comparação dos valores das medidas da pressão arterial obtidas no
aplicativo de celular com relação às medidas obtidas através do aparelho automático
de punho.
A grande maioria das pessoas que participaram da pesquisa demonstrou
entender os riscos á saúde, relacionados à hipertensão arterial. Dentre os sintomas
da hipertensão a dor de cabeça se mostrou em maior prevalência tendo ocorrido em
84,6% da população pesquisada.
A cartilha educacional foi validada e aprovada pela maioria dos participantes e
concluímos que ela é um instrumento eficiente que pode contribuir na disseminação
das informações sobre a hipertensão arterial e as formas de prevenção e pode ser
utilizada como ferramenta educativa auxiliar nas unidades básicas de saúde.
108
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119
APÊNDICE A - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)
120
121
122
123
APÊNDICE B - Instrumento de Coleta de Dados Primeira Fase
124
125
126
APÊNDICE C - Instrumento de Coleta de Dados Segunda Fase
127
ANEXO A - Carta de Aprovação do Comitê de Ética da UTFPR
128
129
130
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133
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ANEXO B - Carta de Aprovação do Comitê de Ética do Hospital IPO
136
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ANEXO C - Manual de Orientação ao Usuário do Medidor Automático de
Pressão Arterial de Pulso Omron Modelo HEM-6124
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ANEXO D - Portaria do INMETRO de Aprovação do Aparelho Omron HEM-
6124
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ANEXO E - Capa da Cartilha de Hipertensão Arterial