universidade presbiteriana mackenzie centro de … · porém, a taxa de encontro de serpentes na...

31
UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS MAÍSA ASSANO MATUOKA INFLUÊNCIA DO MICROHÁBITAT NA TAXA DE PREDAÇÃO EM POPULAÇÕES DE Bothrops jararaca (WIED, 1824) SÃO PAULO- SP 2014

Upload: others

Post on 13-Feb-2020

1 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CENTRO DE … · Porém, a taxa de encontro de serpentes na natureza é, de maneira geral, bastante reduzida, o que dificulta o estudo sobre predação

UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE

CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

MAÍSA ASSANO MATUOKA

INFLUÊNCIA DO MICROHÁBITAT NA TAXA DE PREDAÇÃO EM

POPULAÇÕES DE Bothrops jararaca (WIED, 1824)

SÃO PAULO- SP

2014

Page 2: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CENTRO DE … · Porém, a taxa de encontro de serpentes na natureza é, de maneira geral, bastante reduzida, o que dificulta o estudo sobre predação

MAÍSA ASSANO MATUOKA

INFLUÊNCIA DO MICROHÁBITAT NA TAXA DE PREDAÇÃO EM

POPULAÇÕES DE Bothrops jararaca (WIED, 1824)

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) apresentado ao Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, da Universidade Presbiteriana Mackenzie como parte dos requisitos exigidos para a conclusão do Curso de Ciências Biológicas.

Orientadora de Iniciação Científica: Me. Karina Rodrigues da Silva Banci

Orientadora de TCC: Prof.ª Dra. Paola Lupianhes Dall’Occo

São Paulo - SP

2014

Page 3: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CENTRO DE … · Porém, a taxa de encontro de serpentes na natureza é, de maneira geral, bastante reduzida, o que dificulta o estudo sobre predação

Agradecimentos

À Universidade Presbiteriana Mackenzie, principalmente ao Centro de

Ciências Biológicas e da Saúde, incluindo os professores, que tornaram real o meu

desejo de ser bióloga.

À minha professora e orientadora Paola Lupianhes Dall’Occo, por ser

divertida e atenciosa, e principalmente por ter me aceitado como aluna em seu

laboratório tão requisitado, por me apoiar e ajudar em todas as escolhas que fiz.

Agradeço tanto pelos encontros para fins acadêmicos quanto pelos almoços

descontraídos.

Aos amigos da sala: Bã, Cags, Deds, Fêga, Geli, Luba, Mascela, Mayra,

Samira, Silvs, Thalito e Renas por fazerem desse curso uma experiência tão boa.

Por todas as saídas, tanto a campo quanto a shoppings e restaurantes, por todos os

amigos secretos, churrascos e comemorações em geral. Obrigada por me mostrar

que até assistindo às aulas, estudando e fazendo trabalhos é possível dar risada e

ser produtivo ao mesmo tempo.

Aos integrantes do Laboratório de Ecologia e Evolução (LEEV) do Instituto

Butantan por me acolherem de braços abertos. Agradeço primeiramente à Karina e

à Natália que me aceitaram como estagiária e me deram a oportunidade de

desenvolver projetos, ao Lucas por me levar ao campo e me auxiliar no projeto. Aos

companheiros de sala Cristian e Paulo, que junto com os alunos FUNDAP fizeram

desse estágio uma ótima oportunidade para aprender, trabalhar e me divertir.

Aos meus amigos do softball, por mostrar mais uma vez que grandes

amizades se mantêm apesar da distância, e do tempo. Especialmente aos times

Coopercotia, Tóis e Mackenzie, por proporcionar pausas nos estudos aos fins de

semana com tantas risadas e companheirismo.

Page 4: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CENTRO DE … · Porém, a taxa de encontro de serpentes na natureza é, de maneira geral, bastante reduzida, o que dificulta o estudo sobre predação

E principalmente a família, por possibilitar tudo o que descrevi acima,

obrigada pelo amor, carinho, compreensão, ensinamentos e por ser exatamente

quem vocês são. Obrigada por fazerem parte da minha vida.

Celina e Valter, meus pais, obrigada pelo apoio sempre, por acreditar em

mim, por me servirem como base pra tudo e por sempre estar ao meu lado não

importando a situação. Julia, obrigada por ser essa irmã tão companheira, é com

você que eu posso contar em todas as situações, sejam engraçadas, tristes e até

mesmo as vergonhosas. Quem imaginou que chegaria o momento em que rimos

mais do que brigamos?

Tifany, obrigada por me mostrar o que é companheirismo e por ser tão

especial, por estar pronta a qualquer hora para brincar e bagunçar ou apenas para

ficar do meu lado quando mais preciso. Nunca esquecerei o dia que você entrou em

nossas vidas, foi o momento mais feliz da minha.

Mariko e Kissey, meus avós, obrigada por serem meus segundos pais, vocês

me ajudaram a ser quem eu sou, fizeram de mim uma pessoa muito melhor, tenho

apenas as lembranças mais alegres e carinhosas de nossa convivência.

Page 5: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CENTRO DE … · Porém, a taxa de encontro de serpentes na natureza é, de maneira geral, bastante reduzida, o que dificulta o estudo sobre predação

Resumo

As serpentes consistem em um grupo diverso, que tem como predadores

animais de vários grupos, sendo os mais significativos as aves e os mamíferos.

Estudos relacionados à predação sobre estes animais na natureza são escassos,

devido, principalmente, à dificuldade de encontrá-los em seus hábitats naturais. Por

este motivo, têm sido realizados em menor escala, quando comparados a outros

aspectos ecológicos, como reprodução, defesa e dieta. Além disso, os estudos

existentes de predação estão relacionados à padrões e colorações ou aspectos

como o formato da cabeça, porém nenhum compara os microhábitats ocupados por

esses animais. Isso se aplica também à espécie Bothrops jararaca, uma das

serpentes mais comuns no Brasil, de hábito semi-arborícola e noturna, e de ampla

distribuição na Mata Atlântica, que possui importância médica devido ao seu potente

veneno. Uma maneira de contornar esta baixa frequência de encontros, é o uso de

réplicas de serpentes feitas com massa de modelar, que podem registrar marcas de

ataque, que podem serem distinguidas como tendo sido feitas por mamíferos ou

aves, e que têm a vantagem de poderem ser usadas em larga escala. Utilizando

este método, o presente trabalho teve como objetivo comparar as taxas de predação

sobre réplicas de Bothrops jararaca colocadas nas árvores e no chão. O estudo foi

feito em setembro e outubro nos Parques Estaduais Fontes do Ipiranga e da

Cantareira e as coletas de dados revelaram ataques desferidos tanto por aves

quanto por mamíferos. Porém, não houve diferença significativa nas taxas de

predação sobre os diferentes microhábitats. Assim a hipótese inicial de que as

réplicas colocadas em árvores sofreriam uma maior quantidade de ataques não foi

confirmada, indicando ausência de influência dos microhábitats sobre a taxa de

predação de Bothrops jararaca. Porém, uma vez que consiste em um estudo

pioneiro, outras pesquisas com este mesmo enfoque devem ser feitas, para que a

ecologia das serpentes seja melhor compreendida.

Palavras-chave: serpentes, Bothrops jararaca, predação, réplicas, microhábitat

Page 6: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CENTRO DE … · Porém, a taxa de encontro de serpentes na natureza é, de maneira geral, bastante reduzida, o que dificulta o estudo sobre predação

Abstract

Snakes consist of a diverse group, with predators from several groups, among

which birds and mammals are the most significant ones. Studies related to predation

on these animals in nature are scarce, due, mainly, to the difficulty on finding them in

their natural habitats. For this reason, studies concerning this aspect are fewer than

those about other ecological aspects such as reproduction, defense and diet. Also,

the existing studies of predations were made related to patterns and colorations or

aspects like head shape, no one compares the microhabitats occupied by these

animals. It can also be applied to one of the most common species in Brazil,

Bothrops jararaca, a semi-arboreal and nocturnal snake, characteristic of the Atlantic

Forest, that has medical relevance due to its potent venom. A manner to circumvent

this low frequency of enconters is to use snakes replicas made with plasticine, which

may register the predation imprints, allowing to identify if they were made by

mammals or birds, and they have the great advantage of their use in large scale.

Employing this method, the present work had the aim of comparing the predation

rates upon Bothrops jararaca replicas set on trees or on the ground. The study was

conducted in September and October in the State Parks “Fontes do Ipiranga” and

“Cantareira” and the collection of data revealed attacks made both by birds and

mammals. Nevertheless, there was no significant difference on the predation rates

according to the microhabitat. Therefore the initial hypothesis that the replicas placed

on trees would suffer a larger amount of attacks wasn’t confirmed, indicating absence

of microhabitats influence on the predation rate on Bothrops jararaca. However, once

the study is pioneer, other researches must be done with this same approach about

the ecology of snakes to be better understood.

Keywords: snakes, Bothrops jararaca, predation, plasticine replicas, microhabitat

Page 7: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CENTRO DE … · Porém, a taxa de encontro de serpentes na natureza é, de maneira geral, bastante reduzida, o que dificulta o estudo sobre predação

Sumário

1. Introdução ................................................................................................................................... 1

2. Material e Métodos .................................................................................................................... 7

2.1. Áreas de estudo ................................................................................................................. 7

2.2. Coleta de dados ................................................................................................................. 7

2.3. Análise de dados ............................................................................................................. 10

3. Resultados ................................................................................................................................ 11

4. Discussão .................................................................................................................................. 15

5. Conclusão ................................................................................................................................. 18

6. Referências Bibliográficas .................................................................................................... 19

Page 8: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CENTRO DE … · Porém, a taxa de encontro de serpentes na natureza é, de maneira geral, bastante reduzida, o que dificulta o estudo sobre predação

1

1. Introdução

As serpentes constituem um grupo diverso, principalmente no continente Sul

Americano. No Brasil, são registradas cerca de 386 espécies, pertencentes a 10

famílias (BÉRNILS; COSTA, 2012) que se diferenciam entre si tanto em relação à

morfologia, como dentição, tamanho e coloração, quanto em relação à ecologia,

como alimentação, reprodução, uso e ocupação de hábitat (MARQUES et al., 2001).

A história natural de serpentes tem sido amplamente estudada (MARQUES,

1996; BERNARDE et al., 2000; MARQUES et al., 2001; PEARSON et al., 2002;

BIZERRA et al., 2005; HARTMANN; MARQUES, 2005; SAWAYA et al., 2008;

BARBO et al., 2011), devido ao seu papel na biologia evolutiva e conservação

(GREENE; LOSOS, 1988). Porém, apesar da predação sobre esses animais ser um

aspecto importante, uma vez que atua como agente seletivo, este tem sido

relativamente pouco estudado na região tropical, principalmente no que se refere a

eventos observados na natureza (SAZIMA, 1992; BRODIE III, 1993; MAITLAND,

2003; MARTINS et al., 2008; GUIMARÃES; SAWAYA, 2011).

As serpentes são eventualmente predadas por invertebrados, peixes, anfíbios

e por outras serpentes e raramente por crocodilianos, tartarugas e lagartos, além de

aves e mamíferos, sendo classificados em predadores ocasionais ou especializados

(SAZIMA, 1992; MARQUES; PUORTO, 1994; GREENE, 1997; HEITHAUS, 2001;

MAITLAND, 2003; DUVAL et al., 2006; JANCOWSKI; ORCHARD, 2013).

Mamíferos e aves são os mais importantes predadores de répteis, grupo onde

estão inseridas as serpentes. Por possuírem altas taxas metabólicas e demandas

energéticas diárias elevadas, apresentam altas taxas predatórias e de consumo, que

podem impactar em maiores proporções as populações deste grupo de presas

quando comparados aos predadores ectotérmicos (GREENE, 1988, 1997).

Em compensação, diversas táticas de defesa auxiliam na proteção desses

organismos contra seus predadores, sendo divididas em defesa primária e

secundária. A defesa primária ocorre independentemente da presença do predador

e tem como função diminuir as chances desse encontro como é o caso do

Page 9: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CENTRO DE … · Porém, a taxa de encontro de serpentes na natureza é, de maneira geral, bastante reduzida, o que dificulta o estudo sobre predação

2

aposematismo e do caráter críptico. Já a defesa secundária ocorre durante o

encontro com o predador e tem como função aumentar as chances de sobrevivência

do organismo (EDMUNDS, 1974).

A coloração e padrões de manchas ou desenhos de diversas espécies de

serpentes podem ter caráter críptico, auxiliando na camuflagem (WÜSTER et al.,

2004; STEVENS; MERILAITA, 2009) ou chamativo, possuindo função aposemática,

atuando como um sinal de aviso, que pode diminuir ou evitar a predação (BRODIE

III, 1993; MARTINS et al., 2008; VALKONEN et al., 2011a). O padrão de coloração

do gênero Bothrops é altamente críptico, tornando bastante difícil o encontro destes

animais na natureza. Até mesmo por este motivo, este gênero é o maior responsável

por acidentes ofídicos em território brasileiro (FRANÇA; MÁLAQUE, 2009).

Em relação às táticas de defesa secundária, estas variam desde fuga,

vibração caudal e achatamento do corpo até elevação da cabeça e bote, auxiliando

na proteção desses organismos contra seus predadores (ARAÚJO; MARTINS, 2006;

MARTINS et al., 2008). Esse extensivo repertório defensivo está relacionado aos

diversos ambientes que ocupam, e, consequentemente, aos diferentes tipos de

predadores aos quais estão sujeitas (GREENE, 1988).

Estudos de Martins et al. (2008) se basearam nos comportamentos

defensivos e nos padrões de cores de colubrídeos da Amazônia e concluíram que

serpentes arborícolas e diurnas possuem mais comportamentos defensivos do que

as terrestres e noturnas por estarem sujeitas a uma maior variedade de predadores.

Porém, a taxa de encontro de serpentes na natureza é, de maneira geral,

bastante reduzida, o que dificulta o estudo sobre predação baseado em eventos

naturais. Portanto a avaliação da taxa de predação pode ser feita por meio do uso

de réplicas de serpentes confeccionadas com massa de modelar, que são expostas

na natureza e registram possíveis ataques de predadores, a partir das marcas de

dentes ou bicos. A utilização dos modelos tem a vantagem, ainda, de permitir a

utilização de um grande número de réplicas (BRODIE III, 1993; NISKANEN;

MAPPES, 2005; VALKONEN et al., 2011b).

Page 10: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CENTRO DE … · Porém, a taxa de encontro de serpentes na natureza é, de maneira geral, bastante reduzida, o que dificulta o estudo sobre predação

3

A grande maioria dos estudos realizados que utilizaram essa técnica teve

como objetivo comparar as taxas de predação sobre diferentes colorações e

padrões, principalmente relacionados ao mimetismo, ou sobre determinados

aspectos morfológicos, como o formato da cabeça (BRODIE III, 1993; WÜSTER et

al., 2004; NISKANEN; MAPPES, 2005; VALKONEN et al., 2011a, b; DELL’AGLIO et

al., 2012). Porém, não há na literatura estudos que avaliem as taxas de predação

em diferentes microhábitats ocupados por esses animais. Esse fato se aplica

também a viperídeos, incluindo a espécie Bothrops jararaca (GUIMARÃES;

SAWAYA, 2011).

Bothrops jararaca (Wied, 1824) pertence à família Viperidae, subfamília

Crotalinae (BÉRNILS; COSTA, 2012). Apresenta polimorfismos com coloração que

varia de tons marrons claros a escuros e é marcada pela presença de manchas no

corpo (Figura 1), que podem variar de posição e tamanho, podendo adquirir formato

de “V” a trapezoidal (SAZIMA, 1988).

Figura 1: Indivíduo adulto Bothrops jararaca.

Fonte: BATISTA, 2014.

Page 11: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CENTRO DE … · Porém, a taxa de encontro de serpentes na natureza é, de maneira geral, bastante reduzida, o que dificulta o estudo sobre predação

4

É uma espécie semi-arborícola, pois caça predominantemente no chão e se

abriga tanto no chão quanto sobre a vegetação (MARTINS et al., 2002; MARQUES;

SAZIMA, 2009; ARAÚJO; MARTINS, 2006). Tem como ambiente característico a

Mata Atlântica, podendo ocupar também locais degradados próximos a vegetações,

ou mesmo áreas urbanas que possuam floresta remanescente, como campos de

cultivo e parques. Possui atividade predominantemente noturna, sendo mais ativa

durante a estação quente e chuvosa que ocorre entre outubro e março. (SAZIMA,

1992; MARQUES et al., 2001; MARTINS et al., 2001, 2002; ARAÚJO; MARTINS,

2006; HARTMANN et al., 2009).

Os indivíduos juvenis se alimentam principalmente de anuros, e os adultos, de

mamíferos, especialmente de roedores, evidenciando uma mudança ontogenética

na dieta dessa espécie (SAZIMA, 1992; MARTINS et al., 2002; HARTMANN et al.,

2003).

Sua distribuição se dá através de três países: Argentina, Paraguai e Brasil. No

último, se estende do sul da Bahia até o Rio Grande do Sul (Figura 2), sendo mais

comum na região sudeste (CAMPBELL; LAMAR, 1989; MELGAREJO, 2009). No

município de São Paulo, através de um levantamento feito pelos registros de

recepção de animais no Instituto Butantan, foi considerada uma das três espécies

mais comuns, ao lado de Oxyrhopus guibei e Sibynomorphus mikanii (Figura 3), e

está presente nas zonas Norte, Sul, Leste e Oeste (BARBO, 2008).

Também está presente em parques estaduais como o Parque Estadual

Fontes do Ipiranga e o Parque Estadual da Cantareira, ambos importantes na

preservação desta e de outras espécies, por representarem Unidades de

Conservação, atuando na manutenção de seus hábitats e, consequentemente, de

suas populações (BARBO, 2008; MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2014).

Page 12: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CENTRO DE … · Porém, a taxa de encontro de serpentes na natureza é, de maneira geral, bastante reduzida, o que dificulta o estudo sobre predação

5

Figura 2: Distribuição de Bothrops jararaca no Brasil.

Fonte: MELGAREJO, 2009.

Figura 3: Distribuição das três espécies de serpentes dominantes na cidade de São Paulo, recebidas

pelo Instituto Butantan entre 2003 e 2007. Fonte: BARBO, 2008.

Page 13: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CENTRO DE … · Porém, a taxa de encontro de serpentes na natureza é, de maneira geral, bastante reduzida, o que dificulta o estudo sobre predação

6

Assim como todas as serpentes, B. jararaca apresenta papel fundamental no

ecossistema, atuando tanto como presa, quanto predadora de outros animais.

Portanto auxiliam na manutenção do equilíbrio da cadeia trófica e podem agir

também no controle populacional de roedores, que são favorecidos pela geração de

lixo doméstico nas áreas urbanas, sendo considerados pragas (MARQUES et al.,

2001; MARTINS; MOLINA, 2008).

Possui ainda importância médica, sendo apontada como maior causadora de

acidentes ofídicos brasileiros dentro de um período de cem anos, graças à sua

abundância e ampla distribuição (BOCHNER; STRUCHINER, 2003). Além disso, seu

veneno é utilizado na fabricação de medicamentos, conferindo à espécie potencial

farmacêutico e socioeconômico (MARTINS; MOLINA, 2008).

Todas essas características são fatores a serem considerados para se

conservar a espécie, sendo adicionadas ao motivo essencial de manutenção de

biodiversidade. Sendo assim, o estudo teve como intuito comparar as taxas de

predação entre os microhábitats terrestre e arbóreo utilizando como modelo a

espécie Bothrops jararaca, que é semi-arborícola, nos Parques Estaduais Fontes do

Ipiranga e Cantareira.

Além disso, pretende-se investigar se a conclusão de Martins et al. (2008) de

que as serpentes arborícolas estão sujeitas a uma maior variedade de predadores é

corroborada por esse estudo e por essa espécie, ou seja, se as réplicas de Bothrops

jararaca colocadas em árvores sofreriam maior predação em comparação às

réplicas colocadas no chão. Desta forma o estudo contribui para um maior

entendimento sobre a ecologia da espécie, mais precisamente nesses dois parques,

que constituem importantes Unidades de Conservação.

Page 14: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CENTRO DE … · Porém, a taxa de encontro de serpentes na natureza é, de maneira geral, bastante reduzida, o que dificulta o estudo sobre predação

7

2. Material e Métodos

2.1. Áreas de estudo

O estudo foi conduzido em duas localidades: Parque Estadual das Fontes do

Ipiranga e Parque Estadual da Cantareira.

O Parque Estadual das Fontes do Ipiranga, localizado na região sudeste do

município de São Paulo, apresenta vegetação característica de Floresta Ombrófila

Densa de Encosta Atlântica e clima do tipo úmido mesotérmico (ECOPEFI, 2008;

INSTITUTO DE BOTÂNICA, 2014). Também conhecido como Parque do Estado e

Parque da Água Funda, possui cerca de 540ha abrangendo o Jardim Botânico e a

Fundação Parque Zoológico de São Paulo, entre outras instituições (CONDEPEFI,

2014).

O Parque Estadual da Cantareira, por sua vez, possui cerca de 7.900ha, e

compreende parte dos municípios de São Paulo, Mairiporã, Caieiras e Guarulhos,

sendo gerido através da divisão da área em quatro núcleos: Águas Claras,

Engordador, Pedra Grande e Cabuçú. A região é caracterizada por clima

mesotérmico, com verão chuvoso e inverno seco, e a principal formação

vegetacional é a Floresta Ombrófila Densa Montana (FUNDAÇÃO FLORESTAL,

2009).

2.2. Coleta de dados

Os experimentos foram conduzidos de setembro a outubro de 2014, sendo

realizadas três amostragens em cada uma das áreas. Os experimentos empregaram

60 réplicas de B. jararaca feitas de massa de modelar atóxica Acrilex em cada

amostragem, totalizando 360 réplicas. As mesmas possuíam coloração genérica

castanha escura (30% preto e 70% marrom), aproximadamente 25cm de

comprimento e 1,5cm de diâmetro e cabeça com formato triangular característica

dos Viperídeos, representando a porção anterior de um indivíduo adulto (Figura 4).

Page 15: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CENTRO DE … · Porém, a taxa de encontro de serpentes na natureza é, de maneira geral, bastante reduzida, o que dificulta o estudo sobre predação

8

Figura 4: A. Modelo colocado no chão. B. Modelo colocado na árvore.

Foram utilizados três transectos em cada um dos parques (Figuras 5 a 8). Em

cada transecto, foram demarcados 20 pontos, distantes 10m entre si, onde eram

dispostas as réplicas, metade sobre o solo, e metade sobre a vegetação. O

microhábitat sobre o qual a réplica era colocada em cada vez que o experimento era

realizado era determinado a partir de sorteio, utilizando-se a função “ALEATÓRIO ()”

do Excel.

Figura 5 – Mapa do Parque Estadual da Cantareira. C1, C2 e C3. Transectos.

Fonte: Google Earth, 2014.

Page 16: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CENTRO DE … · Porém, a taxa de encontro de serpentes na natureza é, de maneira geral, bastante reduzida, o que dificulta o estudo sobre predação

9

Figura 6 – Foto de parte de um transecto, Parque Estadual da Cantareira.

Figura 7 – Mapa do Parque Estadual Fontes do Ipiranga. Z1 e Z2. Transectos na área do

Zoológico. B2. Transecto na área do Instituto de Botânica. Fonte: Google Earth, 2014.

Page 17: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CENTRO DE … · Porém, a taxa de encontro de serpentes na natureza é, de maneira geral, bastante reduzida, o que dificulta o estudo sobre predação

10

Figura 8 – Foto de parte de um transecto, Parque Estadual Fontes do Ipiranga.

Após a distribuição, as réplicas permaneciam em campo durante 48 horas, e

em seguida eram recolhidas, sendo as marcas de ataque (bicadas de aves e

mordidas de mamíferos) registradas e contabilizadas.

2.3. Análise de dados

Para a análise de dados foi usado o teste-G de goodness-of-fit, para verificar

se houve diferença significativa entre os resultados. A diferença foi considerada

significativa quando p<0,05.

Page 18: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CENTRO DE … · Porém, a taxa de encontro de serpentes na natureza é, de maneira geral, bastante reduzida, o que dificulta o estudo sobre predação

11

3. Resultados

As coletas de dados mostraram que ocorreram ataques tanto às réplicas no

chão, quanto na árvore, e tanto aves, quanto mamíferos atuaram como predadores.

No Parque Estadual Fontes do Ipiranga, houve doze ataques, o que corresponde a

uma taxa de predação de 6,67%. Destes, onze ataques foram feitos por aves (quatro

no chão e sete na vegetação), e apenas um por mamífero, no solo. Já no Parque

Estadual da Cantareira, houve dezenove ataques, equivalendo a uma taxa de

predação de 10,56%. As aves foram responsáveis por treze ataques (seis no chão e

sete na vegetação), e os mamíferos, por seis (três em cada microhábitat).

Considerando-se os resultados totais obtidos nos dois parques, 31 das 360

réplicas utilizadas foram atacadas, culminando em uma taxa de predação de 8,61%.

Destes ataques, 14 foram feitos sobre réplicas dispostas no chão e 17 sobre árvore

(Quadro 1, figura 5), mostrando que os microhábitats não exerceram influência sobre

a pressão de predação à qual as jararacas estiveram submetidas (G=0,291; p>0,05).

Tampouco houve predominância de qualquer predador sobre quaisquer dos

microhábitats, ou seja, separando os ataques feitos por aves ou por mamíferos, as

diferenças entre os microhábitats para cada predador não foram significativamente

diferentes (aves: G=0,67; p >0,05/ mamíferos: G=0,143; p>0,05).

As marcas deixadas nas réplicas em decorrência dos ataques, tanto de

bicadas feitas por aves, quanto de mordidas feitas por mamíferos, foram de

diferentes tamanhos, intensidades e ocuparam diferentes posições ao longo do

modelo (Figuras 6 a 10). Isso sugere que os ataques foram feitos por diferentes

espécies de ambos os grupos.

Quadro 1: Réplicas de B. jararaca predadas nos dois parques

Chão Árvore

Ave 10 14 Mamífero 4 3

Total 14 17

Page 19: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CENTRO DE … · Porém, a taxa de encontro de serpentes na natureza é, de maneira geral, bastante reduzida, o que dificulta o estudo sobre predação

12

Figura 9: Ataques por aves e mamíferos nas réplicas colocadas no chão e na vegetação, nos

Parques Estaduais Fontes do Ipiranga e da Cantareira.

Figura 10: Réplica disposta na árvore, no Parque Estadual Fontes do Ipiranga, com marca de

predação por ave.

0

2

4

6

8

10

12

14

16

Chão Árvore

mero

de a

taq

ues

Microhábitats

Predação sobre réplicas de Bothrops jararaca

Por aves

Por mamíferos

Page 20: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CENTRO DE … · Porém, a taxa de encontro de serpentes na natureza é, de maneira geral, bastante reduzida, o que dificulta o estudo sobre predação

13

Figura 11: A. Réplica com marcas de predação por mamífero. B. réplica com marca de predação por

ave. Ambas dispostas no chão, no Parque Estadual Fontes do Ipiranga.

Figura 12: A e B. Réplica disposta na árvore, com marca de predação por ave, no Parque Estadual

da Cantareira.

Figura 13: Réplicas com marcas de predação por mamífero, ambas dispostas no chão do Parque

Estadual da Cantareira.

Page 21: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CENTRO DE … · Porém, a taxa de encontro de serpentes na natureza é, de maneira geral, bastante reduzida, o que dificulta o estudo sobre predação

14

Figura 14: Réplica disposta no chão com marcas de predação por ave, no Parque Estadual da

Cantareira.

Page 22: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CENTRO DE … · Porém, a taxa de encontro de serpentes na natureza é, de maneira geral, bastante reduzida, o que dificulta o estudo sobre predação

15

4. Discussão

A taxa de predação obtida nas 360 réplicas utilizadas foi de 8,61%, valor

semelhante às taxas obtidas em outros trabalhos que utilizaram o período de 48

horas como Brodie III (1993) que obteve taxa de 7,84% e utilizou uma quantidade

próxima de réplicas (408) e Brodie III; Janzen (1995), que encontraram uma taxa de

10,28% com o mesmo número de réplicas (360).

Mesmo os trabalhos que deixaram mais modelos sujeitos à predação por

períodos maiores obtiveram taxas semelhantes, como Wüster et al. (2004) que

utilizaram 12.636 réplicas com inspeções semanais e obtiveram taxa de 6,57% e

Pfennig et al. (2001) que utilizaram 480 e 720 réplicas por quatro e duas semanas e

obtiveram taxas de 5,2% e 6,8%, respectivamente. Isso indica que o período e a

quantidade de réplicas utilizados no presente trabalho não prejudicaram a taxa de

predação encontrada, possibilitando então, as discussões e conclusões acerca dos

dados obtidos. Porém o número de réplicas talvez tenha influenciado na proporção

de ataques em cada um e consequentemente na diferença entre a quantidade de

ataques realizados no chão e na vegetação.

Como dito anteriormente, o enfoque deste trabalho foi pioneiro, uma vez que

nunca outro trabalho teve como intuito comparar a influência do microhábitat com a

pressão de predação à qual uma população de serpente está exposta. Por este

motivo, infelizmente, também não foi encontrado na literatura nenhum trabalho que

servisse para comparar os resultados que encontramos no presente estudo. Porém,

de acordo com a hipótese formulada por Senter (1999), animais que ocupam o

estrato arbóreo, ficariam mais visíveis aos predadores que se aproximam pelos

lados, e não apenas por cima como é o caso dos animais terrestres. A partir dessa

teoria pôde-se inferir que as taxas de predação seriam maiores nas árvores do que

no chão, pois haveria maiores chances dos predadores avistarem as réplicas

dispostas sobre a vegetação.

Martins et al. (2008) concluíram ainda que serpentes arborícolas e diurnas

estariam sujeitas à uma maior variedade de predadores, quando comparadas às

terrestres e noturnas. Isso também levaria à hipótese de que as réplicas colocadas

Page 23: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CENTRO DE … · Porém, a taxa de encontro de serpentes na natureza é, de maneira geral, bastante reduzida, o que dificulta o estudo sobre predação

16

sobre a vegetação sofreriam mais ataques do que aquelas dispostas sobre o

substrato.

Bothrops jararaca é uma espécie semi-arborícola, e que, portanto, poderia

estar sujeita aos dois tipos de predadores. As réplicas foram então utilizadas para

verificar se a inferência citada acima se aplica a esse caso, ou seja, se sofreriam

mais ataques quando deixados no estrato arbóreo (MARQUES; SAZIMA, 2009). Os

resultados obtidos, porém, não confirmam essa hipótese uma vez que não mostram

diferenças significativas entre os ataques sofridos quando dispostas sobre árvores

ou em solo, independente do tipo de predador considerado. Isso talvez possa ter

sido influenciado pelo período restrito em que foram conduzidas as amostragens,

uma vez que as mesmas foram feitas dentro de dois meses, o que pode ter sido

insuficiente para representar a real situação do que ocorre na natureza, pois pode

não ter abrangido as diferenças sazonais nas atividades dos predadores.

Além disso, todas as réplicas tinham as mesmas proporções (25cm), que

eram similares à porção anterior de um indivíduo adulto e no caso de Bothrops

jararaca, os juvenis ocupam mais frequentemente os estratos arbóreos em relação

aos adultos, que utilizam mais o estrato terrestre (SAZIMA; HADDAD, 1992). Esse

aspecto pode ter influenciado nos resultados, e sugere um futuro estudo feito com

esse detalhe adicionado, ou seja, incluir modelos simulando as medidas de um

indivíduo juvenil e assim, fazer uma relação entre o tamanho do modelo e o estrato

em que é colocado.

Outro fator relacionado à forma da réplica é o fato de terem sido posicionadas

de modo similar a de um corpo em movimento. Isso pode ter resultado em uma

maior relutância por parte dos predadores ao avistarem a possível presa, pois esta

poderia estar ativa e vigilante e assim, mais defensiva resultando em um risco maior

de fracasso do ataque. Um modo de testar essa possibilidade seria através do uso

de diferentes posições para as réplicas, ou seja, parte delas aparentando movimento

e atividade e parte delas enrodilhadas, simulando uma postura em repouso

(OLIVEIRA; MARTINS, 2001).

Page 24: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CENTRO DE … · Porém, a taxa de encontro de serpentes na natureza é, de maneira geral, bastante reduzida, o que dificulta o estudo sobre predação

17

Os predadores podem ser outro aspecto a se considerar, uma vez que não se

sabe exatamente quais são as espécies de aves e mamíferos que se alimentam de

serpentes, mais especificamente de Bothrops jararaca nas áreas estudadas. Em

relação às aves, as predadoras de serpentes mais reportadas na literatura fazem

parte do grupo dos rapinantes (SAZIMA, 1992; GREENE, 1997; MARQUES;

SAZIMA, 2009; DUVAL et al., 2006). Em relação aos mamíferos, algumas espécies

que se tem registro de predação estão relacionadas a toupeiras, gambás, furões,

mangustos, felinos e primatas (SAZIMA, 1992; GREENE, 1997). As espécies

responsáveis pelos ataques feitos nas réplicas podem explorar o ambiente de

maneiras similares, o que pode ter resultado em proporções semelhantes de

predação em ambos os microhábitats.

Um último aspecto a ser considerado é a possibilidade de alguns dos ataques

não terem sido realizados com intenção de predação e sim por curiosidade, tanto

relacionado ao olfato, no caso dos mamíferos, quanto à visão, em ambos os grupos

(GREENE, 1988; RANGEN et al., 2000).

Page 25: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CENTRO DE … · Porém, a taxa de encontro de serpentes na natureza é, de maneira geral, bastante reduzida, o que dificulta o estudo sobre predação

18

5. Conclusão

O presente trabalho indica que os microhábitats não influenciaram nas taxas

de predação sobre as réplicas de Bothrops jararaca nos dois parques em que foram

colocados. Porém diferentes pontos que foram discutidos anteriormente devem ser

levados em consideração, e assim, sugere-se a realização de novos estudos que

incorporem esses aspectos, como por exemplo a adição de modelos de tamanho

juvenil ou em outra postura nesse tipo de comparação. Tais resultados podem trazer

maior embasamento para refutar ou confirmar essas evidências.

Este estudo evidenciou que é possível utilizar o método das réplicas de

massa de modelar para registrar ataques e, a partir destes dados, realizar

inferências e comparações quanto às taxas de predações relacionadas ao

microhábitat ocupado pelos animais. Além disso, mostrou-se importante pela

abordagem pioneira dessa questão relacionada à predação, aumentando a

oportunidade de novos trabalhos para investigar esse aspecto até então inexplorado,

e enriquecer o conhecimento da história natural desse grupo tão significativo que é o

das serpentes.

Page 26: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CENTRO DE … · Porém, a taxa de encontro de serpentes na natureza é, de maneira geral, bastante reduzida, o que dificulta o estudo sobre predação

19

6. Referências Bibliográficas

ARAÚJO, M. S.; MARTINS, M. Defensive behaviour in pit vipers of the genus

Bothrops (Serpentes, Viperidae). Herpetological Journal, v. 16, p. 297-303, 2006.

BARBO, F. E. Os répteis no município de São Paulo: aspectos históricos,

diversidade e conservação. In: MALAGOLI, L. R.; BAJESTERO, F. B.; WHATELY,

M. Além do concreto: contribuições para a proteção da biodiversidade

paulistana. São Paulo: Instituto Socioambiental, 2008, p. 234-267.

BARBO, F. E.; MARQUES, O. A. V.; SAWAYA, R. J. Diversity, Natural History and

Distribution of Snakes in the Municipality of São Paulo. South American Journal of

Herpetology, v. 6, n. 3, p. 135-160, 2011.

BERNARDE, P. S.; KOKUBUM, M. N. C; MARQUES, O. A. V. Utilização de habitat e

atividade em Thamnodynastes strigatus (Günther, 1858) no sul do Brasil (Serpentes,

Colubridae). Museu Nacional, v. 428, p. 1-8, 2000.

BÉRNILS, R. S.; COSTA, H. C. (org.). 2012. Répteis brasileiros: Lista de

espécies. Versão 2012.2. Disponível em: <http://www.sbherpetologia.org.br/>.

Sociedade Brasileira de Herpetologia. Acesso em: 14 ago.14.

BIZERRA, A. F.; MARQUES, O. A. V.; SAZIMA, I. Reproduction and feeding of the

colubrid snake Tomodon dorsatus from south-eastern Brazil. Amphibia-Reptilia, v.

26, p. 33-38, 2005.

BOCHNER, R.; STRUCHINER, C. J. Epidemiologia dos acidentes ofídicos nos

últimos 100 anos do Brasil: uma revisão. Cadernos de Saúde Pública, v. 19, n. 1, p.

7-16, 2003.

BRODIE III, E. D. Differential Avoidance of Coral Snake Banded Patterns by Free-

Ranging Avian Predators in Costa Rica. Evolution, v. 47, n. 1, p. 227-235, 1993.

BRODIE III, E. D.; JANZEN, F. J. Experimental studies of coral snake mimicry:

generalized avoidance of ringed patterns by free-ranging avian predators.

Functional Ecology, v. 9, p. 186-190, 1995.

Page 27: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CENTRO DE … · Porém, a taxa de encontro de serpentes na natureza é, de maneira geral, bastante reduzida, o que dificulta o estudo sobre predação

20

CAMPBELL, J. A.; LAMAR, W. W. The Venomous Reptiles of Latin America. New

York: Cornell University Press, 1989. p. 180-226.

CONDEPEFI – CONSELHO DE DEFESA PARQUE ESTADUAL DAS FONTES DO

IPIRANGA. Histórico: PE das Fontes do Ipiranga. Disponível em:

<http://www.condepefi.sp.gov.br/>. Acesso em: 14.ago.2014.

DELL’AGLIO, D. D.; TOMA, T. S. P.; MUELBERT, A. E.; SACCO, A. G.; TOZETTI,

A. M. Head triangulation as anti-predatory mechanism in snakes. Biota Neotropica,

v. 12, n. 3, p. 315-318, 2012.

DUVAL, E. H.; GREENE, H. W.; MANNO, K. L. Laughing Falcon (Herpetotheres

cachinnans) Predation on Coral Snakes (Micrurus nigrocinctus). Biotropica, v. 38, n.

4, p. 566-568, 2006.

EDMUNDS, M. Defence in Animals: A Survey of Anti-Predator Defences. New

York: Longman, 1974. 357 p.

ECOPEFI. Programa Multisetorial de Eco-desenvolvimento do PEFI. Plano de

Manejo do Parque Estadual Fontes do Ipriranga. Resumo Executivo. São Paulo:

Secretaria do Meio Ambiente, 2008. 38 p.

FRANÇA, F. O. S.; MÁLAQUE, C. M. S. Acidente Botrópico. In: Animais

Peçonhentos no Brasil. CARDOSO, J. L. C.; FRANÇA, F. O. S.; WHEN, F. H.;

MÁLAQUE, C. M. S.; HADDAD JR, V. São Paulo: Sarvier, 2009. p. 81-95.

FUNDAÇÃO FLORESTAL. Fundação para a Conservação e a Produção Florestal do

Estado de São Paulo. Plano de Manejo do Parque Estadual da Cantareira. São

Paulo: Secretaria do Meio Ambiente, 2009. 586 p.

GREENE, H. W. Antipredator mechanisms in reptiles. In: GANS, C; HUEY, R. B.

Biology of the Reptilia. Ecology B, Defense and Life History. v. 16. New York: Alan

R. Liss, 1988. 152 p.

GREENE, H. W. Snakes: The Evolution of Mystery in Nature. London: University

of California Press, 1997. p. 97-116.

GREENE, H. W.; LOSOS, J. B. Systematics, natural history and conservation.

BioScience, v. 38, p. 458-462, 1988.

Page 28: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CENTRO DE … · Porém, a taxa de encontro de serpentes na natureza é, de maneira geral, bastante reduzida, o que dificulta o estudo sobre predação

21

GUIMARÃES, M.; SAWAYA, R. J. Pretending to be venomous: is a snake’s head

shape a trustworthy signal to a predator? Journal of Tropical Ecology, v. 27, p.

437-439, 2011.

HARTMANN, P. A.; HARTMANN, M. T.; GIASSON, L. O. M. Uso do habitat e

alimentação em juvenis de Bothrops jararaca (Serpentes, Viperidae) na Mata

Atlântica do sudeste do Brasil. Phyllomedusa, v. 2, n. 1, p. 35-41, 2003.

HARTMANN, P. A.; MARQUES, O. A. V. Diet and habitat use of two sympatric

species of Philodryas (Colubridae), in south Brazil. Amphibia-Reptilia, v. 26, p. 25-

31, 2005.

HARTMANN, P. A.; HARTMANN, M. T.; MARTINS, M. Ecologia e história natural de

uma taxocenose de serpentes no Núcleo Santa Virgínia do Parque Estadual da

Serra do Mar, no Sudeste do Brasil. Biota Neotropica, v. 9, n. 3, p. 173-184, 2009.

HEITHAUS, M. R., The biology of tiger sharks, Galeocerdo cuvier, in Shark Bay,

Western Australia: sex ratio, size distribution, diet, and seasonal changes in catch

rates. Environmental Biology of Fishes, v. 61, p. 25-36, 2001.

INSTITUTO DE BOTÂNICA. Parque Estadual das Fontes do Ipiranga – PEFI.

Disponível em: < http://botanica.sp.gov.br/ >. Acesso em: 14 ago.14.

JANCOWSKI, K.; ORCHARD, S. A. Stomach contents from invasive American

bullfrogs Rana catesbeiana (= Lithobates catesbeianus) on southern Vancouver

Island, British Columbia, Canada. NeoBiota, v. 16, p. 17-37, 2013.

MAITLAND, D. P. Predation on snakes by the freshwater land crab Eudaniela

garmani. Journal of Crustacean Biology, v. 23, n. 1, p. 241-246, 2003.

MARQUES, O. A. V.; PUORTO, G. Dieta e comportamento alimentar de

Erythrolamprus aesculapii, uma serpente ofiófaga. Revista Brasileira de Biologia,

v. 54, n. 2, p. 253-259, 1994.

MARQUES, O. A. Reproduction, seasonal activity and growth of the coral snake,

Micrurus corallinus (Elapidae), in the southeastern Atlantic forest in Brazil.

Amphibia-Reptilia, v. 17, n. 3, p. 277-285, 1996.

Page 29: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CENTRO DE … · Porém, a taxa de encontro de serpentes na natureza é, de maneira geral, bastante reduzida, o que dificulta o estudo sobre predação

22

MARQUES, O. A. V.; ETEROVIC, A.; SAZIMA, I. Serpentes da Mata Atlântica:

Guia Ilustrado para a Serra do Mar. Ribeirão Preto: Holos Editora. 2001. 184 p.

MARQUES, O. A. V.; SAZIMA, I. História Natural das Serpentes. In: CARDOSO, J.

L. C.; FRANÇA, F. O. S.; WHEN, F. H.; MÁLAQUE, C. M. S.; HADDAD JR, V.

Animais Peçonhentos no Brasil: Biologia, Clínica e Terapêutica dos Acidentes.

São Paulo: Sarvier, 2009. p. 62-71.

MARTINS, M.; ARAUJO, M. S.; SAWAYA, R. J.; NUNES, R. Diversity and evolution

of macrohabitat use, body size and morphology in a monophyletic group of

Neotropical pitvipers (Bothrops). Journal of Zoology, v. 254, p. 529-538, 2001.

MARTINS, M.; MARQUES, O. A. V.; SAZIMA, I. Ecological and phylogenetic

correlates of feeding habits in Neotropical pitvipers of the genus Bothrops. In:

SCHUETT, G. W.; HÖGGREN, M.; DOUGLES, M. E.; GREENE, H. W. Biology of

the Vipers. Eagle Mountain: Eagle Mountain Publishing, 2002. p. 307-328.

MARTINS, M.; MARQUES, O. A. V.; SAZIMA, I. How to be arboreal and diurnal and

still stay alive: michohabitat use, time of activity, and defense in neotropical forest

snakes. South American Journal of Herpetology, v. 3, n. 1, p. 60-69, 2008.

MARTINS, M.; MOLINA, F. B. Panorama Geral dos Répteis Ameaçados do Brasil. In:

MACHADO, A. B. M.; DRUMMOND, G. M., PAGLIA, A. P. Livro Vermelho da

Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção. Brasília: Biodiversidade 19, 2008. p.

327-334.

MELGAREJO, A. R. Serpentes Peçonhentas do Brasil. In: CARDOSO, J. L. C.;

FRANÇA, F. O. S.; WHEN, F. H.; MÁLAQUE, C. M. S.; HADDAD JR, V. Animais

Peçonhentos no Brasil: Biologia, Clínica e Terapêutica dos Acidentes. São

Paulo: Sarvier, 2009. p. 33-61.

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Unidades de Conservação. Disponível em: <

http://www.mma.gov.br/>. Acesso em: 20 set.14

NISKANEN, M.; MAPPES, J. Significance of the dorsal zigzag pattern of Vipera

latastei gaditana against avian predators. Journal of Animal Ecology, v. 74, p.

1091-1101, 2005.

Page 30: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CENTRO DE … · Porém, a taxa de encontro de serpentes na natureza é, de maneira geral, bastante reduzida, o que dificulta o estudo sobre predação

23

OLIVEIRA, M. E.; MARTINS, M. When and Where to find a Pitviper: Activity Patterns

and Habitat Use of the Lancehead, Bothrops atrox, in Central Amazonia, Brazil.

Herpetological Natural History, v. 8, n. 2, p. 101-110, 2001.

PEARSON, D.; SHINE, R.; HOW, R. Sex-specific niche partitioning and sexual size

dimorphism in Australian pythons (Morelia spilota imbricata). Biological Journal of

the Linnean Society, v. 77, p. 113-125, 2002.

PFENNIG, D. W.; HARCOMBE, W. R.; PFENNIG, K. S. Frequency-dependent

Batesian mimicry. Nature, v. 410, p. 323, 2001.

RANGEN, S. A.; CLARK, R. G.; HOBSON, K. A. Visual and Olfactory Attributes of

Artificial Nests. The Auk, v. 117, n. 1, p. 136-146, 2000.

SAWAYA, R. J.; MARQUES, O. A. V.; MARTINS, M. Composition and natural history

of a Cerrado snake assemblage at Itirapina, São Paulo state, southeastern Brazil.

Biota Neotropica, v. 8, n.2, p. 127-149, 2008.

SAZIMA, I. Um estudo de biologia comportamental da jararaca, Bothrops jararaca,

com uso de marcas naturais. Memórias do Intituto Butantan, v. 50, n. 3, p. 83-99,

1988.

SAZIMA, I. Natural History of the Pitviper, Bothrops jararaca, in Southeastern Brazil.

In: CAMPBELL, J. A.; BRODIE, E. D. Biology of the pitvipers. 1ed. Texas: Selva,

1992. p. 199-216.

SAZIMA, I.; HADDAD, C. F. B. Répteis da Serra do Japi: notas sobre história natural.

In: MORELLATO, L. P. História Natural da Serra do Japi – ecologia e

preservação de uma área florestal no sudeste do Brasil. Campinas: FAPESP,

1992. p. 212 – 237.

SENTER, P. The Visibility Hypothesis: An Explanation for the Correlation Between

Habitat and Defensive Display in Snakes. Herpetological Review, v. 30, n. 4, p.

213, 1999.

STEVENS, M.; MERILAITA, S. Defining disruptive coloration and distinguishing its

functions. Philosophical Transactions of the Royal Society B, v. 364, p. 481-488,

2009.

Page 31: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CENTRO DE … · Porém, a taxa de encontro de serpentes na natureza é, de maneira geral, bastante reduzida, o que dificulta o estudo sobre predação

24

VALKONEN, J.; NISKANEN, M.; BJÖRKLUND, M.; MAPPES, J. Disruption or

aposematism? Significance of dorsal zigzag pattern of European pitvipers.

Evolutionary Ecology, v. 25, p. 1047-1063, 2011a.

VALKONEN, J. K.; NOKELAINEN, O.; MAPPES, J. Antipredatory Function of Head

Shape for Vipers and Their Mimics. PLoS ONE, v. 6, n. 7, p. 1-4, 2011b.

WÜSTER, W.; ALLUM, C. S. E.; BJARGARDÓTTIR, I. B.; BAILEY, K. L.; DAWSON,

K. J.; GUENIOUI, J.; LEWIS, J.; MCGURK, J.; MOORE, A. G.; NISKANEN, M.;

POLLARD, C. P. Do aposematism and Batesian mimicry require bright colours? A

test, using European viper markings. Proceedings of the Royal Society B, v. 271,

p. 2495-2499, 2004.