universidade metodista de piracicaba faculdade de … · com ratos da linhagem wistar e dividido em...
TRANSCRIPT
1
UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA
FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA
Aspectos metabólicos e comportamentais de ratos desnutridos e em recuperação nutricional
Bruna Almeida Junqueira de Abreu
2012
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
Bruna Almeida Junqueira de Abreu
ASPECTOS METABÓLICOS E
COMPORTAMENTAIS DE RATOS
DESNUTRIDOS E EM RECUPERAÇÃO
NUTRICIONAL
Orientador: Prof. Dr. Carlos Alberto da Silva
PIRACICABA
2012
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Fisioterapia, da Universidade Metodista de Piracicaba, para obtenção do Título de Mestre em Fisioterapia. Área de concentração: Intervenção Fisioterapeutica. Linha de pesquisa: Plasticidade Neuromuscular e Desenvolvimento Neuromotor: Avaliação e Intervenção Fisioterapêutica.
Abreu, Bruna Almeida Junqueira de
A162a Aspectos metabólicos e comportamentais de ratos desnutridos e em recuperação
nutricional / Bruna Almeida Junqueira de Abreu. – Piracicaba, SP : [s.n.], 2012.
76 f.: il.
Dissertação (Mestrado em Fisioterapia) – Universidade Metodista de Piracicaba,
Faculdade de Ciências da Saúde. Programa de pós-graduação em Fisioterapia,
Piracicaba, 2012.
Orientador: Carlos Alberto da Silva
Co-Orientador: Denise Castilho Cabrera Santos
Inclui Bibliografia
1. Desnutrição infantil. 2. Memória. 3. Desenvolvimento infantil. I. Bruna Almeida
J. de. Abreu. II. Universidade Metodista de Piracicaba. III. Título.
CDU 613.2
Ficha Catalográfica
4
5
Dedico este trabalho, sem dúvida, ao
Homero e a Elizabeth, meus pais os quais
me proporcionam condições para realizar
meus projetos sempre com amor,
responsabilidade, além da estrutura
adequada para seguir em frente. Meu
eterno amor
6
AGRADECIMENTOS
À Professora Doutora Denise Castilho por ter me aceitado inicialmente no
mestrado como sua aluna o que me possibilitou a trilhar o caminho com o
Professor Doutor Carlos Silva.
Ao Professor Doutor Carlos Silva pela dedicação ímpar, paciência e
competência, realmente um exemplo de orientador.
Aos meus queridos avós, eu sou sortuda por ter avós aos 27 anos, então
agradeço à eles Marina, José e Wanda pelo carinho e dedicação.
As minhas amigas de Poços de Caldas: Lara, Cynthia, Priscila, Dulce,
Renata, Tahis, Kathianne e Luanna sempre presentes na minha vida de uma
forma única, especial mostrando que a amizade é realmente algo valioso e
que vale a pena cultivar sempre.
As minhas amigas de Piracicaba Luana, Vanessa e Clarissa as quais
dividiram apartamento comigo e a Dona Terezinha que me acolheu por
quase dois anos na sua casa.
Ao meu namorado Arison, apesar de ter feito parte da reta final da minha
jornada no mestrado, agradeço por fazer das horas livres momentos
especiais mostrando que a dedicação no trabalho sempre vale a pena no
final.
Ao meu amigo Rafael Calixto parceiro de estrada às 5 e meia da manhã.
À minha professora de inglês Maria Tereza, por me ensinar a língua, desta
forma sendo possível ler os artigos com facilidade.
À laboratorista Patrícia que me ajudou a desenvolver a parte prática da
minha pesquisa.
7
“No que diz respeito ao desempenho, ao
compromisso, ao esforço, à dedicação, não
existe meio termo. Ou você faz uma coisa
bem feita ou não faz”
Ayrton Senna
8
RESUMO
A desnutrição infantil é um assunto relevante já que é uma das principais causas de mortalidade, geralmente inicia na fase intra-uterina ou no início da infância. A desnutrição protéico calórica em fases iniciais da vida causa alterações estruturais e funcionais no sistema nervoso, que podem ser permanentes, assim alterando o comportamento e prejudicando o aprendizado e a memória. A experimentação com animais é utilizada, pois permite análises à nível celular e molecular, já que por outros meios não seria possível. Desta forma o objetivo do estudo foi caracterizar o status nutricional de ratos recuperados após desnutrição e avaliar o comportamento com ênfase na memória e aprendizado. O estudo foi feito com ratos da linhagem Wistar e dividido em dois momentos; desnutrição 45 dias, alimentados com dieta 6% de proteína e recuperação nutricional 45 dias, alimentados com dieta 14%, os animais foram submetidos à vários testes para análise do comportamento.Os resultados mostram que o rato desnutrido apresenta o cérebro imaturo tanto metabolicamente quanto funcionalmente, mesmo após a recuperação nutricional mostram ainda comprometimento no desenvolvimento corporal, na homeostase glicêmica, alterações morfológicas e neuroquímicas no sistema nervoso central, comprometendo de fato o aprendizado e a memória, o que pode ser comparado com população humana, ou seja, crianças que passam por períodos de desnutrição antes de dois anos de idade tendem a apresentar retardos no desenvolvimento cognitivo e no desempenho nas fases escolares. Conclui-se portanto que mesmo após uma reabilitação nutricional adequada os efeitos causadas pelo desnutrição são revertidos parcialmente, assim uma criança que passa por desnutrição pode apresentar alterações permanentes por toda a vida.
Palavras-chave: Desnutrição infantil; memória; desenvolvimento infantil
9
ABSTRACT
Malnutrition is a significant issue since it is the main cause of infant
mortality, usually begins at intrauterine phase or at the beginning of
childhood. The protein caloric malnutrition early in life causes functional and
structural changes in the nervous system, which may be permanent, thereby
changing the behavior and harming the learning and memory.
Experimentation on animals is utilized, for it permits molecular and cellular
analysis, since it wouldn’t be possible in other ways. So the goal of the study
was to characterize the nutritional status of recovered rats after malnutrition
and evaluate their behavior emphasizing the memory and learning. The
study was made with rats called Wistar and divided in two moments; 45 days
malnutrition, fed with a diet of 6% protein and nutritional recovering 45 days,
fed with a diet of 14%, the animals were submitted to several tests for
behavior analysis. The results show the malnourished rat presents immature
brain both functionally and metabolically, even after nutritional recovery they
still show corporal development impairment, glucose homeostasis, changing
in the Central Nervous System both morphological and neurochemical, really
endangering the learning and memory. It can be compared to the human
population; children who go through malnourished periods before two years
of age tend to show delays in cognitive developments and in the
performance in the school phases. It was concluded that, even after a
convenient nutritional rehabilitation, the effects caused by bad nourishment
are partially reverted. So a child who suffers from malnutrition may shows
permanently changing in its entire life.
Key words: Infant malnutrition; memory; child development
10
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 11
2 OBJETIVO 22
3 MATERIAL E MÉTODOS 23
4 RESULTADOS 31
5 DISCUSSÃO 53
6 CONCLUSÃO 69
REFERÊNCIAS 70
11
1 INTRODUÇÃO
A fome existe desde os tempos remotos, porém, cientificamente as
consequências sobre o organismo humano a curto e longo prazo só tiveram
o merecido destaque recentemente. Segundo Evans (2004) a fome afeta
uma em cada cinco pessoas nos países em desenvolvimento.
A fome e a pobreza causam diversos problemas de sobrevivência,
desenvolvimento e crescimento da sociedade, sendo que um dos principais
causas relacionadas com saúde pública é a desnutrição.
A desnutrição protéico-calórica infantil é uma das principais causas de
mortalidade infantil no Brasil. É definida segundo a Organização Mundial da
Saúde como uma variedade de condições patológicas decorrentes das
deficiências de energia e proteínas, em proporções variadas. É uma doença
multifatorial cujas raízes se encontram na pobreza. Pode iniciar
precocemente na fase intra-uterina ou no início da infância cuja principal
causa é a interrupção do aleitamento materno antes do previsto.
Mais de 10 milhões de crianças desnutridas morrem por ano em
países pobres (BLACK et al., 2003). A principal causa da morte esta
associada à doenças infecciosas, sendo a pneumonia e a diarréia as mais
frequentes ( KALTER et al., 1990).
Algumas outras condições, além da dieta deficitária, podem acarretar
em desnutrição, como a má absorção intestinal, perda anormal de nutrientes
através da diarréia, hemorragia, insuficiência renal ou sudorese excessiva
(SCHAFER et al., 2008).
12
O papel materno é fundamental na infância, uma vez que, segundo
D´Ovídio (2007), os principais hábitos alimentares são adquiridos na
primeira infância e são carregados por toda a vida.
Estudos mostram que crianças de famílias com extrema baixa renda
apresentam menor peso ao nascimento, maiores taxas de mortalidade,
internações hospitalares e principalmente maiores índices de desnutrição
(ISSLER et al., 1996). Neste sentido as crianças matriculadas em escolas
municipais apresentam mais frequentemente déficit de peso para altura
quando comparadas com crianças das escolas particulares (GUARDIOLA et
al., 2001).
Além disso, os efeitos são negativos por toda a vida do indivíduo,
cerca de 20% dos desnutridos atingem a vida adulta com uma estatura
inferior ao esperado e ainda quando inseridos no mercado de trabalho
apresentam limitações no desempenho e por isso ganho inferior. Além
disso, tendem a morar na região periférica das cidades e a criarem filhos
com tendência a serem desnutridos (ISSLER et al., 1996). Por isso algumas
soluções básicas podem diminuir a incidência como, por exemplo, a
distribuição de renda e assim a disponibilidade de alimentos suficientes
(LATORRACA et al., 1998).
O primeiro passo do organismo frente à uma desnutrição é reduzir o
gasto energético porém, quando esta medida não é suficiente, a gordura
corporal passa a ser mobilizada, reduzindo a adiposidade e o peso corporal
(BARAC-NIETO et al., 1978).
13
A desnutrição é classificada em três níveis segundo Gomez 1946:
Primeiro grau é aquela a qual o déficit de peso é superior a 10% da média
considerada normal, a de segundo grau 25% e a de terceiro grau 40%.
A desnutrição de terceiro grau é a mais grave e pode ser subdividida
em outras duas categorias. A primeira é o Marasmo caracterizado pela
perda de tecido muscular e adiposo, com diminuição de 60% do peso
corporal esperada pela idade (TRUSSWELL, 1981). E a segunda é
Kwashiorkor caracterizada pela perda do tecido muscular, porém o tecido
adiposo é preservado (WATERLOW, 1984). Os dados clínicos podem ser
edema, dermatose, alterações dos cabelos e hepatomegalia
(MARCONDES, 1976).
A glicemia pode apresentar valores normais ou reduzidos em crianças
que apresentam marasmo ou Kwashiorkor (WATERLOW e ALLEYNE,
1974). As proteínas plasmáticas são marcadoras da desnutrição já que
estão diretamente relacionadas com a disponibilidade de aminoácidos para
a síntese protéica (REID e CAMPBELL, 2004).
O tipo da desnutrição está relacionado à sua origem, ou seja, se é
deficiência protéica, vitamínica, calórica, de minerais ou ainda uma
combinação destes componentes.
Na literatura o tipo que se destaca é a proteica, onde a concentração
de proteínas plasmáticas é marcadora da desnutrição (REID e CAMPBELL,
2004). É um nutriente de grande importância e as principais funções estão
relacionadas com a formação de enzimas, anticorpos, hormônios, equilíbrio
ácido-básico, transporte de oxigênio, coagulação do sangue e atividade
muscular (NEIVA et al., 1999).
14
Em condições de nutrição normal a captação e utilização de
nutrientes pelo organismo estão em equilíbrio assegurando, desta forma, o
metabolismo celular adequado; crescimento, duplicação e maturação
fenômenos que influenciam todas as fases do desenvolvimento desde a
gestação até a fase adulta (ALVES et al., 2008).
A falta destas substâncias causa consequências em todo o
funcionamento do organismo e podem alterar inclusive aspectos do
desenvolvimento. Desenvolvimento é a capacidade do ser humano em
desempenhar funções cada vez mais complexas, este processo está
diretamente ligado com os fatores biológicos, próprios da espécie e
culturais, ou seja, meio no qual o indivíduo esta inserido. Os principais
domínios são o desenvolvimento sensorial, linguagem e cognição que se
refere aos processos mentais superiores como o pensamento, memória e
aprendizado (MARCONDES, 1994).
O crescimento e o desenvolvimento da criança dependem
diretamente do ambiente e de três fatores extremamente importantes:
nutrição, estimulação biopsicossocial e atividade física (MARCONDES,
1986).
Uma alimentação que não supre as necessidades de proteínas e
calorias provocam alterações em todo o metabolismo na criança e o
organismo cria mecanismos eficientes para economizar energia, evitando
assim risco para a sobrevivência, diminui a velocidade de crescimento e em
alguns casos extremos anula completamente (MOYSÉS E LIMA, 1983).
De fato a desnutrição infantil causa diversas consequencias já que
ocorre em períodos críticos do desenvolvimento assim causando prejuízos
15
no desenvolvimento motor (SMART, 1993) e em casos mais graves pode
ocorrer má formação do sistema nervoso consequentemente alterando o
aprendizado (VALADARES, 2006). Além disso, alterações comportamentais,
tendem a apatia, exploram menos o ambiente tanto em quantidade quanto
em complexidade, o nível de desenvolvimento é baixo e o número de
atividades desempenhadas por elas também são mais baixas quando
comparadas com crianças nutridas (GRANTHAM et al., 1990).
Tem sido demonstrado que em sala de aula a criança desnutrida
apresenta dificuldade em concentração, coordenação motora, dificuldade
em aquisição e formulação do aprendizado, ou seja, a fome reduz de uma
forma geral o rendimento do aluno na escola (FROTA et al., 2009).
Além disso, é possível gerar modificações comportamentais tais como
alterações emocionais, motivação e ansiedade. Ocorrem também,
alterações intelectuais, que prejudicam definitivamente o aprendizado e
memória, a criança pode apresentar um desenvolvimento inferior esperado
para a idade (LEVITSKY e STRUPP, 1995).
Em suma a desnutrição é um fator de risco em potencial para o
atraso no desenvolvimento neuropsicomotor em crianças, a identificação
deste atraso é fundamental para a intervenção precoce (Miranda, 2003).
Neste sentido a fisioterapia é de grande importância já que tem como
objetivo trabalhar a funcionalidade da criança através de posturas e
movimentos e, além disso, associar a terapia o processo ensino
aprendizagem desta forma a tornando mais efetiva e completa (ALMEIDA et
al., 2005; ADALBJORNSSON, 2001)
16
Mesmo assim, é fundamental a recuperação nutricional nas primeiras
fases da vida, visando desta forma, o desenvolvimento e crescimento
normal, antes que as alterações permanentes se instalem (GIGANTE et al.,
2007). Mesmo após uma reabilitação nutricional adequada algumas
consequências podem causar alterações estruturais, neuroquímicas e
comportamentais irreversíveis, principalmente se ocorrer no período crítico
de desenvolvimento considerado do terceiro trimestre de gestação até o
segundo ano de vida (DOBBING e SMART, 1974).
Três fatores são fundamentais para a maturação do sistema nervoso
central e consequentemente capacidade cognitiva: componente genético,
estímulo ambiental e alimentação adequada (MORGANE et al., 1993).
Fatores exógenos, por exemplo a desnutrição altera a atividade de enzimas
e interfere na síntese de proteína essenciais para o funcionamento
adequado (LEVISTKY e STRUPP, 1995).
A maturação do sistema nervoso central é compreendido em quatro
estágios: gênese e migração celular, proliferação axonal e dendrítica,
sinaptogênese e mielinização axonal (MORGANE et al., 2002).
Estes processos são complexos e extremamente importantes
inclusive logo nas primeiras fases do desenvolvimento do sistema nervoso
periférico e central ocorrem processos fundamentais que se desenvolvem
em grande velocidade como a hiperplasia (aumento do número de celular),
hipertrofia (aumento do tamanho das células) e mielinização (revestimento
dos axônios com mielina), fases que compreendem o período da
amamentação, por isso o aleitamento materno é fundamental (MORGANE et
al., 1992).
17
Assim, a desnutrição afeta o crescimento e desenvolvimento orgânico
do sistema nervoso resultando em menor tamanho cerebral, menor número
de células, menor quantidade de lipídios, com redução da mielina e
alterações na atividade de vários sistemas enzimáticos, essas alterações
ocorrem no período conhecido como vulnerável, ou seja, período pré-natal
até aproximadamente dois anos de idade. Já se ocorrer em crianças mais
velhas atrapalha as atividades intelectuais, mas não geram lesões cerebrais
(MOYSÉS E LIMA, 1983).
Existem estudos sugerindo que durante a desnutrição haja redução
na neurogênese e gliogênese (DOBBING, 1976). Porém todas as
consequências no desenvolvimento humano ainda não estão totalmente
esclarecidas, ao contrário dos modelos experimentais com ratos, as quais
estas alterações são mais evidentes.
Os estudos com animais de laboratório são utilizados para avaliar os
efeitos da desnutrição, já que em populações humanas existe uma grande
dificuldade principalmente por questões éticas e também não menos
importante por dificuldade de separar os efeitos devido à um grande número
de variáveis (PARO et al., 1980).
Em laboratório algumas técnicas podem ser utilizadas para induzir a
desnutrição em ratos; restrição protéico-calórica, aumento do número de
filhotes na ninhada e restrição do período de amamentação dos filhotes.
A falta de proteína causa algumas alterações no organismo as
principais estão relacionada com a redução do crescimento e do peso
(SCHAFER et al., 2008).
18
A desnutrição afeta a formação de hormônios e enzimas que atuam
diretamente no processo de desenvolvimento do peso e de crescimento
(NEIVA e MELLO, 1999).
O estudo de Nascimento et al., (1990), mostra que os ratos
desnutridos apresentam redução do peso corporal em até 50% comparado
com o rato nutrido, diminuição de pêlo, aumento da curvatura dorsal, são
mais ativos e também agressivos, muitas vezes dificultando inclusive a
captura.
Ratos desnutridos no início da fase pós natal por um curto período de
tempo possuem deficiências morfológicas e alterações em várias regiões do
sistema nervoso central, principalmente os córtices frontal, visual e
cerebelar. A formação hipocampal é bastante vulnerável a este período de
desnutrição, que podem ir do nascimento a 150 dias de vida (MORGANE et
al., 1992).
A formação hipocampal é uma das estruturas mais afetadas pela
desnutrição e pode promover alterações permanentes (DOBBING, 1976).
Em relação ao aspecto histológico em todos os órgãos em menor ou maior
intensidade ocorre uma atrofia celular universal, ou seja, massa
citoplasmática reduzida, núcleo tumefeito posteriormente diminuído e
hipercromático. E no sistema cardíaco e esquelético alterações também no
volume das fibras sem alterações qualitativas (MADI e CAMPOS, 1975).
O tecido muscular esquelético é um reservatório de proteína, por isso
segundo Nascimento et al (1990), quando há déficit protéico na dieta o
tecido é alvo de depleção, ou seja, diminuição. Algumas alterações foram
observadas como, por exemplo, o diâmetro da fibra muscular foi reduzido,
19
nestas fibras encontraram os espaços intercelulares alargados contendo
vasos capilares e fibroblastos e escasso colágeno fibrilar não houve
aumento do colágeno intersticial e ainda estrutura miofibrilar e miofilamentar
mantida.
Alterações hormonais, também foram constatadas, para manter a
homeostasia energética através da glicose e lipólise aumentadas, maior
mobilização de aminoácidos, preservação das proteínas viscerais, através
da maior utilização das proteínas musculares, diminuição do
armazenamento de glicogênio, gorduras e proteínas e diminuição do
metabolismo (SAMPAIO, 2009).
Do ponto de vista funcional alterações relacionadas com a emoção, a
motivação e ansiedade e, além disso, prejuízo nos processos que envolvem
aprendizado e memória. Ratos desnutridos em laboratório demonstram
excitabilidade neural elevada tais como reatividade aumentada à estímulos
aversivos e facilidade para obter crises convulsivas induzidas
experimentalmente (GUEDES et al., 2004).
Em um estudo realizado por Nascimento et al. (1991) com ratos
mostram que estes animais desnutridos de 21 dias de idade até a fase
adulta são tão hábeis quanto os bem nutridos para aprender sobre o
ambiente.
Levitsky e Barnes (1970) mostraram maior sensibilidade em ratos
desnutridos à situações aversivas e aumento da emoção no teste do campo
aberto, já que apresentam maiores níveis de micção e defecação. E ainda
aumento da agressividade quando comparados com os ratos nutridos
(SILVA, 2000).
20
Além dos sinais evidentes de alterações no comportamento e
aprendizado, os ratos desnutridos apresentam comportamento emotivo
extremamente lábil, redução do comportamento exploratório e menor
habilidade para solucionar problemas (MOYSÉS e LIMA, 1983).
A memória é um ponto importante de ser tratado na desnutrição, já
que ocorre prejuízo na retenção de memória espacial. No teste do labirinto
aquático de Morris, ocorreu uma diminuição progressiva na latência de
escape para a plataforma, não havendo diferença entre os grupos isso
significa que os animais foram capazes de aprender no treinamento com o
passar dos dias. Porém a redução na latência do escape foi mais evidente
nos animais nutridos (HEMB, 2007).
Em contradição no estudo de Campbell e Bedi (1989), nenhuma
evidência de que a desnutrição precoce prejudica o aprendizado espacial,
acredita-se que o cérebro tem a capacidade de funcionar normalmente
mesmo com o déficit de algumas substâncias ou até mesmo distorções de
algumas estruturas morfológicas do cérebro.
Animais submetidos à desnutrição e posteriormente a reabilitação
nutricional não apresentam diferença no peso cerebral, a diferença existe
quando compara-se animais desnutridos e nutridos. Outro achado
importante é em relação ao peso corporal, a diferença é menor no grupo
desnutrido mesmo após a reabilitação nutricional (NUNES et al., 2002).
É esperado o aumento significativo do peso, porém o
restabelecimento pode ser total ou não, isso depende principalmente de dois
fatores fundamentais: da duração da desnutrição e período do
21
desenvolvimento o qual foi iniciado. De fato quanto mais cedo for iniciada a
desnutrição menor será a evolução do peso (GOBATTO, 1991).
Segundo Melo et al, 1989 a reabilitação nutricional pode
desempenhar um papel positivo na reversão de alguns efeitos causados
pela desnutrição precoce na habilidade de memória espacial.
Animais desnutridos após a reabilitação nutricional apresentam
aumento na atividade exploratória nos braços abertos do labirinto em cruz
elevado (Almeida et al., 1993).
Ratos desnutridos apresentam o peso e diâmetro corporal menores,
teores séricos de glicose, proteínas totais e albumina significantemente
menor e níveis séricos de AGL e hepáticos, gordura e glicogênio
significantemente maiores comparando com o rato nutrido. Após a
recuperação nutricional os mesmos apresentam níveis séricos de glicose,
proteínas totais, albumina e ácidos graxos livres e hepáticos de glicogênio e
gordura semelhantes quando comparados ao rato nutrido, porém o peso e o
comprimento corporal permaneceram inferiores (ROCHA et al., 1997).
A desnutrição diminui a plasticidade cerebral consequentemente
alterando o mecanismo do aprendizado e causando déficits cognitivos, após
a reabilitação nutricional a plasticidade restaurada pode atuar de forma
efetiva nas alterações cerebrais desencadeadas por um desequilíbrio
nutricional (PAULSEN E MOSER, 1998).
A possível hipótese para este estudo é que ratos recuperados
nutricionalmente apresentam alterações permanentes nos testes do
comportamento e ainda possivelmente alguns parâmetros bioquímicos
alterados pela desnutrição não são revertidos completamente.
22
2.1 OBJETIVO GERAL
Avaliar o impacto da desnutrição e reabilitação nutricional nos
parâmetros bioquímicos e comportamentais com ênfase na memória e
aprendizado.
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Caracterizar a curva de peso dos animais durante as fases de
desnutrição e recuperação nutricional. O peso da glândula supra-renal,
fígado e músculo sóleo também foram investigados.
Realizar um estudo bioquímico caracterizando as concentrações
plasmáticas de Proteínas totais e Albumina.
Realizar 3 testes comportamentais (teste de campo aberto, Labirinto
em cruz elevada e teste de reconhecimento de objeto) no grupo desnutrido.
Realizar um estudo hematológico nos grupos recuperados pós-
desnutrição.
Avaliar as reservas glicogênicas musculares de ratos desnutridos e
recuperados pós-desnutrição.
Realizar um estudo de sensibilidade a insulina e responsividade
pancreática frente à sobrecarga de glicose no grupo recuperado pós-
desnutrição.
Realizar 5 testes comportamentais (teste de campo aberto, Labirinto
em Cruz Elevada, Teste de reconhecimento de objeto, Teste de
reconhecimento social e labirinto aquático) no grupo recuperado pós-
desnutrição.
23
3 MATERIAL E MÉTODOS
Animais
Procedência e manutenção: Foram utilizados ratos da linhagem
Wistar (Rathus novergicus var, albinus, Rodentia, Mamalia), desmamados
no 21° dia de vida, pesando de 38 a 58 gramas, provenientes da empresa
ANILAB® (Paulínia). Os animais foram mantidos no Biotério em gaiolas
coletivas contendo 4 animais cada uma, recebendo água e alimentação ad
libitum e mantidos em ambiente com temperatura controlada de 23 C 2 C
e iluminação adequada, ciclo claro/escuro de 12 horas, com luz acesa a
partir das 6 horas. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética na
Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), pelo protocolo 011/2011.
Os animais foram aleatoriamente divididos em grupos experimentais
com 10 ratos cada e assim denominados: Controle (alimentados com dieta
normoproteica), Desnutridos (alimentados com dieta contendo 6% de
proteína por 45 dias) e Recuperado do ponto de vista nutricional (
alimentado com dieta contendo 6% de proteína durante 45 dias e
realimentados com dieta contendo 14% de proteína por mais 45 dias). O
estudo foi dividido em dois momentos. Na primeira fase denominada
desnutrição os animais do grupo controle foram tratados com dieta AN 93 -
contendo 14% de proteína (normoproteica) enquanto o grupo desnutrido foi
tratado com dieta contendo 6% de proteína (hipoproteica), por 45 dias. A
segunda fase foi denominada recuperação nutricional, onde os animais do
grupo controle continuaram recebendo a dieta AN 93 - 14% de proteína
enquanto o grupo recuperado seguiu o protocolo de desnutrição por 45 dias
e a partir deste período, passou a receber dieta AN 93-14% de proteína, por
mais 45 dias. Na tabela 1 pode-se verificar a constituição da dieta.
Durante o experimento foram empregadas dietas normoproteica (AN 93M -
14%) e hipoproteica (AN - 6%) comercializada por PragSoluções Serviços e
Comércio Ltda; CNPJ: 03.420.938/0001-59 / IE: 401.091.476.112-ME (composição
descrita na tabela 1).
24
Tabela 1. Composição das dietas (g/Kg) utilizadas para desnutrição
Dieta AN 93 M -14% Dieta AN - 6% proteína
(desnutrição) Ingredientes p/1 Kg Ingredientes p/1 Kg
Amido de milho 465.700 Amido de milho 508.000
Caseína 140.000 Caseína 66.000
Amido dextrinizado 155.000 Amido dextrinizado 166.500
Sacarose 100.000 Sacarose 121.000
Óleo de soja 40.000 Óleo de soja 40.000
Fibra (Cel. Microcrist.) 50.000 Fibra (Cel. Microcrist.) 50.000
L-cistina 1.800 L-cistina 1.000
Cloreto colina 2.500 Cloreto colina 2.500
Mix mineral G 35.000 Mix mineral G 35.000
Mix vitamínico 10.000 Mix vitamínico 10.000
TOTAL 1000.0 TOTAL 1000.0
Determinação do glicogênio muscular
Amostras do fígado, músculo sóleo e gastrocnêmio porção branca
foram coletadas e digeridas em KOH 30% a quente e o glicogênio
precipitado a partir da passagem por etanol. Entre uma fase e outra da
precipitação, a amostra foi centrifugada a 3000 rpm durante 15 minutos e o
glicogênio foi submetido à hidrólise ácida na presença de fenol, segundo a
proposta de Siu et al. (1970). Os valores foram expressos em mg/100mg
de peso úmido.
Determinação do peso dos animais, tecidual e consumo de dieta
O peso dos órgãos das amostras bem como da ingesta de dieta
foram avaliados com auxílio de balança eletrônica (Filizola ®).
25
Determinação da concentração plasmática de Proteínas totais e
Albumina
As concentrações plasmáticas de proteínas totais e albumina foram
determinadas através de kit de uso laboratorial (Prototal – Labtest).
Parâmetros hematológicos
A determinação dos parâmetros hematológicos (hematócrito,
concentração de hemoglobina; eritrometria) foi realizada através de técnicas
rotineiramente aplicadas em laboratórios clínicos.
Teste de Tolerância à Insulina (ITT)
Para a realização do ITT, os ratos foram anestesiados com
pentobarbital sódico (40 mg/Kg, ip) e após 10 minutos da indução
anestésica foi realizado um corte na cauda do animal por onde uma alíquota
de sangue foi coletada e a glicemia avaliada através de fita usada em
glicoteste determinando o tempo zero. A seguir foi administrado insulina (2
U/Kg, ip - Biohulin) seguido de coleta de sangue nos tempos 5 min, 10 min,
15 min, 20 min, 25 min e 30 min e a glicemia novamente avaliada
(RAFACHO, ROMA, TABAGA et al., 2007).
Teste de Tolerância à Glicose (GTT)
Para avaliação do GTT, os animais foram anestesiados com
pentobarbital sódico (40 mg/Kg, ip) e após 10 minutos da indução
anestésica foi realizado um corte na cauda do animal por onde uma alíquota
de sangue foi coletada e a glicemia avaliada através de fita usada em
glicoteste determinando o tempo zero. A seguir foi administrado glicose (2
g/Kg, ip) seguido de coleta de sangue nos tempos 15 min, 30 min, 60 min,
90 min e 120 min e a glicemia novamente avaliada (RAFACHO, ROMA,
TABAGA et al., 2007).
26
Anestésicos
Nos Procedimentos onde foram coletadas amostras, os animais foram
anestesiados com Tiopental sódico (40 mg/kg/peso,ip).
AVALIAÇÃO COMPORTAMENTAL
Teste de Campo Aberto
Para análise da movimentação exploratória, os animais foram
expostos ao teste do campo aberto “Open Field” no início da noite, período
de maior atividade da espécie conforme o protocolo descrito por Cruz e
Graeff (1994). O teste é constituído por uma caixa (46x46x25cm), dividida
internamente em nove quadrados uniformes, cada um com a dimensão de
225cm2 (figura 1), os animais permaneciam durante 3 minutos. A
observação foi direcionada a movimentação exploratória e adaptação do
animal ao ambiente. Como parâmetro avaliativo foi utilizado a contagem de
deslocamento a partir do posicionamento de três membros do rato em um
quadrado, sendo que o número total de quadrados percorridos foi utilizado
como índice de deambulação espontânea conforme descrito por Royce
(1977).
Neste experimento foram respeitadas as normas e cuidados no que
se refere as condições onde se realiza o teste de campo aberto, tais como a
intensidade de luz, minimização de barulho, etc (WALSH e CUMMINS,
1976).
27
Figura 1. Teste de “open field” que consiste em uma caixa com dimensão de
46x46x25cm, divididos em 9 quadrados com dimensão de 225cm2 cada.
Labirinto em cruz elevado
Os animais foram colocados numa plataforma elevada em formato de
cruz, composta de um corredor fechado e outro aberto e seus limites de
cruzamento, o período experimental de observação foi de 5 minutos,
realizado no período noturno, após as 19:30 h, devido a maior atividade da
espécie, onde foram cronometrado o tempo de permanência do animal em
cada estação (braço fechado ou braço aberto), conforme o modelo descrito
por Pellow, et AL; (1985).
Figura 2: Labirinto em cruz elevada usado na avaliação do grau de ansiedade.
28
Índice de reconhecimento de objeto
O fundamento deste teste se deve ao fato de roedores quando
apresentados à objetos familiares e novos, passam uma maior porção do
tempo explorando o objeto novo. Este experimento é indicado na avaliação
de memória declarativa sendo assim realizado, a saber: Em um aparato de
campo aberto retangular, colocado em uma sala acusticamente isolada e
com baixa luminosidade, o animal é habituado ao local durante 5 dias e
durante 10 minutos para exploração. Nesta fase um objeto estará exposto
para contato com o animal. Para avaliar a memória de curta duração o teste
será realizado durante a segunda tentativa para avaliação da memória de
reconhecimento. Na segunda fase os animais voltam ao campo por mais 10
minutos, no entanto, agora contendo 2 objetos sendo o primeiro já
conhecido e um segundo objeto. No cálculo registra-se o tempo gasto na
exploração do objeto A e o tempo de exploração de B na segunda tentativa.
O índice de reconhecimento é expresso pela razão (Tempo B x 100 /
Tempo A + tempo B) (OLTON e PAPAS, 1978). (figura 3).
Figura 3. Animais submetidos ao teste de reconhecimento de objetos. A:
desnutrido; B: controle.
Memória reconhecimento social
O paradigma intruso-residente é empregado em estudos para avaliar
a memória de reconhecimento social em roedores. Ratos adultos
(residentes) são expostos a dois encontros de 5 minutos cada com um
B A
29
mesmo intruso juvenil ou com juvenis diferentes; o intervalo entre
encontros é de 30 minutos. No segundo encontro a quantidade de
comportamentos sociais do rato residente em relação ao intruso é menor
comparado com o primeiro encontro, o que não ocorre quando o segundo
encontro envolve um juvenil novo; esse resultado caracteriza memória de
reconhecimento social (Thor e Holloway, 1982). O experimento foi realizado
pela manhã que é a fase inativa onde o comportamento é exibido em maior
intensidade (MOURA et al., 2009) (figura 4).
Figura 4: Teste de reconhecimento social. O animal residente (desnutrido
recuperado) recebe na sua arena um animal intruso para avaliação do
comportamento social.
Teste do Labirinto Aquático de Morris.
O objetivo deste teste é avaliar a memória espacial em ratos. Neste
teste os ratos foram colocados em um tanque onde foi colocado uma
plataforma para fuga, sendo essencial que os animais precisavam aprender
a encontrá-la, a principal motivação deste aprendizado é a fuga (LUCAS et
al; 2005).
O labirinto consiste em um tanque circular com 90 cm de largura; 57
cm de altura, preenchido com água até 39 cm e 2 litros de leite com o intuito
de deixar a água turva evitando que os ratos enxergassem a plataforma. A
temperatura da água foi mantida à 26 ± 2 graus com iluminação posicionada
nas paredes da sala. Cabe ressaltar que foram colocadas pistas visuais, as
quais foram alternadas. Os principais pontos avaliados no teste são: o
tempo necessário para o animal encontrar a plataforma denominado de
tempo de latência e a memória de localização espacial (D´HOOGE e DE
30
DEYN, 2001). Diariamente cada rato teve quatro chances de encontrar a
plataforma, durante cinco dias (vide figura 5 ).
Figura 5. Ambiente aquático utilizado na avaliação de memória espacial. Os
números mostram os quadrantes.
Análise estatística
Na análise estatística foi utilizado o teste de normalidade de Shapiro-
Wilk, seguido do teste t de Student, ou pós-teste de Tukey, de acordo com a
comparação dos grupos experimentais, p<0,05.
3 4
2 1
31
4 RESULTADOS
Os resultados deste estudo foram divididos em momentos
experimentais diferenciados, porém integrados visando à melhor
compreensão dos eventos quimiometabólicos e comportamentais. Na
primeira fase serão apresentadas as avaliações bioquímicas que
contemplam a fase de desnutrição e resultados da avaliação
comportamental. Cabe salientar que o ponto principal e foco da dissertação,
são os parâmetros determinados na fase pós-recuperação nutricional.
O trabalho iniciou-se analisando a evolução do peso dos animais e
pode-se verificar na figura 6 que o grupo tratado com dieta normoproteica
(AN93- 14%) denominado controle, apresentou valores 40%, 60%, 65,6%,
72,9% e 74,7%, respectivamente maiores da 2º à 6º semana se comparado
aos animais tratados com a dieta 6% (hipoproteica) utilizada para indução
da desnutrição. O grupo desnutrido não apresentou variação significativa no
desenvolvimento do peso, ressaltando que no início das atividades
experimentais havia homogeneidade no peso dos animais.
Figura 6. Evolução do peso (g) dos animais controle (C) e desnutridos (D)
durante as 6 semanas de tratamento (período da desnutrição). Os valores
correspondem à média ± epm, n= 10. A notação C1 - C4 compõem o grupo
inicial. *p<0,05 comparado ao controle.
0
50
100
150
200
250
C1 C2 C3 C4 C2 D2 C3 D3 C4 D4 C5 D5 C6 D6
Pe
so
(g
)
* * * * *
32
Acompanhando a caracterização do status de desnutrição, foram
avaliadas as concentrações plasmáticas de albumina e proteínas totais e
como pode ser observado nas figuras 7 e 8, as concentrações plasmáticas
de proteínas totais apresentaram-se 23% menores se comparado ao grupo
tratado com a dieta 14% enquanto a concentração de albumina foi 12%
menor, seguindo a mesma comparação.
Figura 7. Concentração plasmática de proteínas totais (mg/100mg) dos
grupos tratados com a dieta 14% e com a dieta 6%. Os valores
correspondem à média ± epm, n=10. *p<0,05 comparado ao controle.
0
2
4
6
8
10
12
14
Dieta 14% Dieta 6%
mg
/100m
g
*
0
0,05
0,1
0,15
0,2
0,25
0,3
0,35
0,4
Dieta 14% Dieta 6%
mg
/100m
g
*
33
Figura 8. Concentração plasmática de albumina (mg/100mg) dos grupos
tratados com a dieta 14% (normoproteica) e com a dieta 6% (hipoproteica).
Os valores correspondem à média ± epm, n=10. *p<0,05 comparado ao
controle.
Um parâmetro importante na avaliações do status nutricional é o
índice de ingesta sólida. Pode-se verificar na figura 9, que a média de
consumo diário da dieta foi 38% menor no grupo submetido a dieta
hipoproteíca, se comparado ao controle.
Figura 9. Consumo diário da dieta (g) dos grupos controle e desnutridos.
Os valores correspondem à média ± epm, n= 10. *p<0,05 comparado ao
controle.
A partir de observações iniciais que indicam comprometimento no
peso corporal, optou-se por avaliar a evolução do peso de alguns órgãos
importantes para o equilíbrio homeostático, sendo escolhidos: a glândula
supra-renal, por ser um órgão primordial no controle do estresse, a qual no
grupo desnutrido apresentou peso 51% menor se comparado com o grupo
controle (figura 10), o fígado e o músculo sóleo, pela importância enquanto
0
5
10
15
20
25
Controle Desnutrido
Co
nsu
mo
de d
ieta
(g
)
*
34
reservas energéticas, os quais, também apresentaram peso reduzido
atingindo 39% e 58%, respectivamente (vide figuras 11,12).
Figura 10. Peso da glândula supra - renal (mg) dos grupos controle e
desnutridos. Os valores correspondem à média ± epm, n= 10. *p<0,05
comparado ao controle.
Figura 11. Peso do fígado (g) dos grupos controle e desnutridos. Os valores
correspondem à média ± epm, n= 10. *p<0,05 comparado ao controle.
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
Controle Desnutrido
Peso
(m
g)
*
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Controle Desnutrido
Peso
(g
)
*
35
Figura 12. Peso do músculo sóleo (g) dos grupos controle e desnutridos. Os
valores correspondem à média ± epm, n= 10. *p<0,05 comparado ao controle.
Nesta fase experimental, o trabalho foi direcionado a avaliação do
conteúdo de glicogênio muscular e hepático, importantes reservas
mobilizadas de acordo com as condições homeostáticas teciduais.
Iniciou-se avaliando o músculo esquelético sendo escolhido o
músculo sóleo (fibras vermelhas, tipo I) e o músculo gastrocnêmio porção
branca ( fibras brancas, tipo II ). Nesta avaliação foi observado que no grupo
desnutrido, as reservas glicogênicas apresentaram-se 38% e 52 % menores,
respectivamente como mostra a figura 13.
0
20
40
60
80
100
120
Controle Desnutrido
Peso
(m
g)
*
36
Figura 13. Conteúdo de glicogênio (mg/100mg) do músculo sóleo (S) e
gastrocnêmio porção branca (GB) dos grupos controle (C) e desnutridos
(D). Os valores correspondem à média ± epm, n= 10. *p<0,05 comparado
ao controle.
A mesma análise foi realizada com foco nas reservas glicogênicas
hepáticas e também foi observado que o grupo desnutrido apresentou
menores reservas atingindo 32%, se comparado ao controle (vide figura 14).
Figura 14. Conteúdo hepático de glicogênio (mg/100mg) dos grupos controle e
desnutridos. Os valores correspondem à média ± epm, n= 10. *p<0,05
comparado ao controle.
0
0,05
0,1
0,15
0,2
0,25
0,3
0,35
0,4
CS DS CGB DGB
mg
/100m
g
* *
0
1
2
3
4
5
6
7
Controle Desnutrido
mg
/100m
g
*
37
Avaliação Comportamental
Esta fase experimental teve início com a avaliação do índice de
deslocamento em campo aberto (Open Field). A figura 15 mostra que,
quando submetido ao Open Field, o grupo desnutrido apresentou índice de
deslocamento 25% menor se comparado ao grupo controle.
Figura 15. Número de campos deslocados durante o teste de campo aberto.
Os valores representam à média ± epm, n=10. *p<0,05 comparado ao controle.
Na mesma esfera de pesquisa foi avaliado o índice de reconhecimento
de objeto, sendo observado que o grupo tratado com a dieta hipoproteica
apresentou redução de 66% neste comportamento como mostra a figura 17.
0
5
10
15
20
25
30
35
Controle Desnutrido
Nú
mero
de c
am
po
s d
eslo
cad
os
*
38
Figura 16. Porcentagem de reconhecimento de objetos do grupo controle
(dieta AN 14%) e desnutridos (dieta AN 6%). Os valores correspondem à
média ± epm, n=10. *p<0,05 comparado ao controle.
0
10
20
30
40
50
60
Controle Desnutridos
Índ
ice d
e r
eco
nh
ecim
en
to (
%)
*
39
Recuperação nutricional
Esta fase teve início após concluir o processo de desnutrição (6
semanas) condição em que os animais do grupo desnutrido passaram a ser
alimentados com dieta contendo 14% de proteína (AN93-14%). A figura 17
mostra animais nas duas condições utilizadas no estudo.
Figura 17. Ratos Wistar durante as fases experimentais. 1- animal tratado com
dieta normoproteica (AN 93 - 14%) durante 45 dias; 2- animal tratado com dieta
ipoproteica (AN - 6%) durante 45 dias (desnutrido); 3- animal tratado com dieta
2
4
3
3
1
40
normoproteica (AN 93 - 14%) durante 90 dias; 4- animal recuperado com dieta
normoproteica (AN 93 - 14%) durante 45 dias após a desnutrição.
Um ponto importante a se considerar é o fato de se tratar de um
modelo de desnutrição proteica seguido de recuperação nutricional,
sugerindo a necessidade de avaliar as condições hematológicas, no intuito
de verificar se há alterações indicativas de anemia. Neste sentido, a
avaliação dos parâmetros hematológicos mostrou anemia gerada pela
desnutrição representado por valores 16,7% menores no hematócrito, 17%
na hemoglobina, 34% na eritrometria e 27% no volume corpuscular, fato
não verificado após a recuperação nutricional, como pode ser observado na
tabela 3.
Tabela 3. Parâmetros hematológicos dos ratos controle, desnutrido e
recuperados nutricionalmente. Os valores correspondem à média ± epm,
n=10. * p<0,05 comparado ao controle.
Controle Desnutrido Recuperado
Hematócrito (%) 43.5 ± 0,8 36.2 ± 0,5 * 45,5 ± 1,5
Hemoglobina (g/dL) 11,5 ± 0,3 9.54 ± 0,2 * 12,5 ± 0,4
Eritrometria (células x106)
6.435 ± 226 4.230 ± 160 * 6.270 ± 362
Volume Corpuscular (µm ) 73 ± 0,03 53 ± 0,01 * 68 ± 0,03
Acompanhando o perfil de apresentação previamente determinado,
acompanhou-se a curva de peso do grupo controle, sendo observado
valores crescentes ao considerar-se o período da 7º à 14 semana estando
as porcentagens assim representadas sequencialmente: 30%;9%;5%; 9%;
7%; 9%; 9%; 9%; conferindo a média de ganho de peso em 10%/semana.
Por outro lado, no grupo recuperado foi observado valores extremamente
diferentes se comparado a evolução do controle e ao considerar-se da 7º à
14 semana, as porcentagens ficaram sequencialmente assim representadas:
13%; 6%; 26%; 15%; 28%; 21%; 8%; 8%, representado média de peso de
12,4/semana (figura 18).
41
Figura 18. Evolução do peso (g) dos animais durante a recuperação nutricional
pós-desnutrição. Os valores correspondem à média ± epm, n= 10. * p<0,05
comparado ao controle.
Dentro da mesma proposta optou-se por demonstrar os pesos dos
diferentes órgãos que estavam alterados pela desnutrição. Pode-se verificar
na tabela 4, a reversibilidade do quadro imposto pela desnutrição, de forma
que, o fígado e o músculo sóleo apresentaram valores 246% e 326%
respectivamente maiores do que o grupo desnutrido, e ainda se comparado
ao controle o peso é 110% maior no fígado e 39,8% no músculo sóleo.
Tabela 4 . Peso dos órgãos de ratos controle, desnutrido e recuperado. Os
valores correspondem à média ± epm, n=10. *p<0,05 comparado ao
controle e #p<0,05 comparado ao desnutrido.
Supra-renal
(mg)
Fígado (g)
Sóleo
(mg)
Controle 35 ± 2.2 6,24 ±
0,1
96.5 ± 8.4
Desnutrido 17 ± 11* 3.80 ±
0,3*.#
40.7 ± 5.3 *.#
Recuperado 30 ± 0,3 13.15 ±
1.5*.#
173,5 ± 9,1*, #
*.#
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
C6 D6 C7 D7 C8 D8 C9 D9 C10 D10 C11 D11 C12 D12 C13 D13 C14 D14
Pe
so
(g
)
*
*
*
*
*
**
* *
42
A seguir, foram avaliadas as reservas glicogênicas musculares de ratos
submetidos à recuperação nutricional na fase pós desnutrição, sendo observado
que o grupo recuperado apresentou reservas maiores se comparado aos
desnutridos não recuperados, atingindo valores 45% maiores no sóleo; 76% no
gastrocnêmio porção branca (vide figura 19).
Figura 19. Conteúdo de glicogênio (mg/100mg) dos músculos sóleo (S).
gastrocnêmio porção branca (GB) e gastrocnêmio porção vermelha (GV) de
ratos desnutridos (D) e recuperados pós-desnutrição ( R ). Os valores
correspondem à média ± epm. n=10. *p<0,05 comparado ao desnutrido.
Uma vez que o fígado é o principal órgão responsável pelas reservas
glicogênicas, optou-se por avaliar as reservas hepáticas sendo observado
valores 128% maiores no grupo recuperado, como mostra a figura 20.
0
0,05
0,1
0,15
0,2
0,25
0,3
0,35
0,4
SD SR GBD GBR
Gli
co
gên
io (
mg
/100m
g)
*
*
43
Figura 20. Conteúdo Hepático de glicogênio (mg/100mg) de ratos controle
e recuperados pós-desnutrição. Os valores correspondem à média ± epm.
n=10. *p<0,05 comparado ao desnutrido.
Tendo em vista a melhora nas condições energéticas, a avaliação foi
direcionada as provas de função pancreáticas sendo observado que o grupo
desnutrido quando submetido ao teste de tolerância à glicose (GTT)
apresentou área sob a curva 61% maior do que o grupo controle, fato
acompanhado de redução de 63% na constante de decaimento de glicose
(KITT), indicando comprometimento na sensibilidade das células beta
pancreáticas e nos tecidos periféricos. Por outro lado, foi observado que o
grupo recuperado apresentou área sob a curva 14% menor do que o grupo
desnutrido enquanto o KITT apresentou-se 52,9% maior, indicando
ressensibilização (vide figura 21 e 22).
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
Desnutrido Recuperado
Gli
co
gên
io (
mg
/100m
g)
*
44
Figura 21. Área sob a curva no teste de tolerância á glicose (mg/dL/120min)
de ratos controle ( C ), desnutridos ( D ) e recuperados pós-desnutrição ( R ).
Os valores correspondem à média ± epm. n=10. *p<0,05 se comparado ao
controle e #p<0,05 se comparado ao desnutrido.
Figura 22. Constante de decaimento da glicemia (KITT) de ratos controle
(C), desnutridos (D) e recuperados pós-desnutrição (R). Os valores
correspondem à média ± epm. n=10. *p<0,05 se comparado ao controle e
#p<0,05 se comparado ao desnutrido.
0
200
400
600
800
1000
1200
C D R
Áre
a s
ob
a c
urv
a (
mg
/dL
/120m
in)
* *,#
0
2
4
6
8
10
12
14
C D R
KIT
T (
co
nsta
nte
de d
ecaim
en
to d
a
gli
cem
ia)
*
*,#
45
Análise comportamental
Obedecendo a sequência experimental passou-se à avaliação do
grupo submetido à recuperação nutricional sendo verificado que, no teste de
campo aberto, este grupo se movimentou 33% a mais que o grupo
desnutrido, porém 6% a menos que o controle como pode ser observado na
figura 23.
Figura 23. Comportamento exploratório no teste “open field”. Os valores
correspondem à média ± epm, n=18. *p<0,05 comparado ao controle, #p<0,05
comparado ao desnutrido.
Ainda no aspecto comportamental foi avaliado o comportamento no
labirinto em cruz elevado sendo observado que o grupo desnutrido
permaneceu por um tempo 20% maior no braço fechado se comparado ao
controle. No mesmo contexto, observa-se que há redução de 40% no tempo
de exploração do braço aberto. Por sua vez, o grupo recuperado do ponto
de vista nutricional, apresentou redução de 20% no tempo de permanência
no braço fechado e aumento de 133% na exploração do braço aberto, se
comparado ao desnutrido. Os dados não mostram diferença do controle no
que se refere ao braço fechado, porém, há elevação de 40% na exploração
do braço aberto (vide figura 24).
0
5
10
15
20
25
30
35
C D R
Nº
de c
am
po
s d
eslo
cad
os
*
*,#
46
Figura 24. Porcentagem de tempo de permanência no braço aberto (BA) e no braço
fechado (BF) no labirinto em cruz elevado (LCE). Grupo controle ( C ), Desnutrido (
D ) e Recuperado ( R ). Os valores correspondem à média ± epm, n=10. *p<0,05
comparado ao controle e #p<0,05 comparado ao desnutrido.
A seguir foi avaliado o índice de reconhecimento de objetos do grupo
controle (90 dias), desnutridos e recuperados pós-desnutrição. Observa-se
que o grupo desnutrido apresentou redução de 76 % na capacidade de
reconhecer um objeto novo. Por sua vez, a grupo recuperado mostrou
elevação de 183% no índice de reconhecimento se comparado ao
desnutrido, no entanto, ainda permaneceu 42% abaixo do observado no
grupo controle. ( figura 25 ).
Figura 25. Índice de reconhecimento (%) dos grupos desnutridos (D; dieta AN 6%)
e recuperados pós-desnutrição (R). Os valores correspondem à média ± epm,
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
CBA CBF DBA DBF RBA RBF
% d
e t
em
po
de
pe
rma
nê
nc
ia n
o L
CE
*
#
*
*
0
10
20
30
40
50
60
70
80
C D R
Índ
ice d
e r
eco
nh
ecim
en
to
*
*, #
47
n=10. *p<0,05 comparado ao controle. *p<0,05 comparado ao controle e #p<0,05
comparado ao desnutrido.
A seguir avaliou-se o reconhecimento social através do número de
contatos entre 2 encontros consecutivos separados por um intervalo de 15
minutos e foi observado que o grupo tratado com dieta 14%, no segundo
encontro, apresentou redução de 49%, 33%, 50% e 50% no comportamento
social de cheirar, tocar, empurrar e lamber. Cabe ressaltar que este
comportamento não foi observado no grupo que foi desnutrido e recuperado
como mostram as figuras 26,27,28,29.
Figura 26. Comportamento de cheirar (número de vezes) dos grupos controle (
C, dieta 14% ) e recuperados pós-desnutrição ( R ) no primeiro (1º) e segundo
(2º) encontros. Os valores correspondem à média ± epm, n=10. *p<0,05
comparado ao controle.
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
C - 1º C - 2º R - 1º R - 2º
Ch
eir
ar
o i
ntr
uso
(n
º d
e v
ezes)
*
48
Figura 27. Comportamento de tocar o intruso (número de vezes) dos
grupos controle ( C, dieta 14% ) e recuperados pós-desnutrição ( R ) no
primeiro (1º) e segundo (2º) encontros. Os valores correspondem à
média ± epm, n=10. *p<0,05 comparado ao controle.
Figura 28. Comportamento de empurrar o intruso (número de vezes)
dos grupos controle ( C, dieta 14% ) e recuperados pós-desnutrição (
R ) no primeiro (1º) e segundo (2º) encontros. Os valores
correspondem à média ± epm, n=10. *p<0,05 comparado ao controle.
0
1
2
3
4
5
6
7
C - 1º C - 2º R - 1º R - 2º
To
car
no
in
tru
so
(N
º d
e v
ezes)
*
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
4,5
C - 1º C - 2º R - 1º R - 2º
Em
pu
rrar
o i
ntr
uso
(N
º d
e v
ezes)
*
*
49
Figura 29. Comportamento de lamber o intruso (número de vezes)
dos grupos controle ( C, dieta 14% ) e recuperados pós-desnutrição
( R ) no primeiro (1º) e segundo (2º) encontros. Os valores
correspondem à média ± epm, n=10. *p<0,05 comparado ao
controle.
Para avaliar a memória espacial foi utilizado o labirinto aquático de
Morris, sendo observado que o grupo controle apresentou adaptação rápida
com redução de 10 - 14% no tempo de latência para encontrar a base,
como se observa na figura 29. No mesmo perfil de análise foi avaliado no
grupo recuperado o qual não apresentou diferença na evolução do
comportamento durante os dias de treinamento (figura 30).
0
1
2
3
4
5
6
C - 1º C - 2º R - 1º R - 2º
Lam
ber
o i
ntr
uso
(N
º d
e v
ezes)
*
*
*
50
Figura 30. Tempo de latência (s) para encontrar a plataforma do grupo controle
em 4 treinos (T, 1º,2º,3º,4º). Os valores correspondem à média ± epm, n=10.
*p<0,05 comparado ao controle
Figura 31. Tempo de latência (s) para encontrar a plataforma do grupo
Recuperado pós-desnutrição em 4 treinos (T, 1º,2º,3º,4º). Os valores
correspondem à média ± epm, n=10. *p<0,05 comparado ao controle
0
10
20
30
40
50
60
70
1ºTa 1º Tb 1ºTc 1ºTd 2ºTa 2ºTb 2ºTc 2º Td 3ºTa 3ºTb 3ºTc 3ºTd 4ºTa 4ºTb 4ºTc 4ºTd
La
tên
cia
pa
ra e
nc
on
tra
r a
pla
tafo
rma
(s
)
*
**
*
*
*
**
*
*
*
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
1ºTa 1º Tb 1ºTc 1ºTd 2ºTa 2ºTb 2ºTc 2º Td 3ºTa 3ºTb 3ºTc 3ºTd 4ºTa 4ºTb 4ºTc 4ºTd
La
tên
cia
pa
ra e
nc
on
tra
r a
pla
tafo
rma
(s
)
*
**
51
Por fim, foi aplicado o teste de precisão de memória espacial, no
intuito de observar se houve retenção da memória e foi observado que o
grupo controle permaneceu na área marcada 81% do tempo enquanto o
grupo recuperado permaneceu somente 36% (vide figura 32).
Figura 32. Tempo (s) de permanência na área determinada dentro de 60
segundos de observação dos grupos controle e recuperados. Os valores
correspondem à média ± epm, n=10. *p<0,05 comparado ao controle.
0
10
20
30
40
50
60
Controle Recuperado
Tem
po
(s)
*
52
5 DISCUSSÃO
O modelo utilizado neste estudo assemelha-se à desnutrição do tipo
marasmo (TEODÓSIO, LAGO, ROMANI & GUEDES, 1990). Inicialmente o
estudo foi direcionado à caracterização da desnutrição e os resultados
mostraram os eventos causados pela redução da concentração protéica na
dieta, quando oferecida na fase precoce do desenvolvimento. Pesos e
medidas corporais são indicadores utilizados para avaliar tanto o
crescimento do animal quanto as suas condições de saúde. Na década de
90, foi descrito que na fase pós-demame os animais apresentam o peso de
49,50 ± 5,1 g, valor similar ao peso dos animas no início deste estudo. No
mesmo sentido, foi descrito ainda que ratos Wistar ganham 5,5 vezes o
peso até a idade adulta considerando o tratamento com dieta
normoproteíca, condição que não foi observada no grupo desnutrido, o qual
apresentou valores de peso 1,1 vezes maior após 45 dias de tratamento se
comparado aos animais tratados com dieta normoproteica, onde o ganho de
peso atingiu 5 vezes o peso inicial, similar ao descrito na literatura. Verifica-
se então, que a dieta hipoproteica restringiu o crescimento (LEVITSKY E
STRUPP, 1995; GUERRA e PIRES, 1995).
É fato que uma das respostas mais características da desnutrição é o
peso reduzido, estando este estudo de acordo com a literatura, ao
demonstrar que a dieta hipoproteica promoveu redução no desenvolvimento
corporal (ZANIN, 2003). Uma explicação para tal fato tem relação direta com
a dieta hipoproteica que não oferece o suprimento ideal de aminoácidos
para a formação de hormônios e enzimas que atuam diretamente no
desenvolvimento ponderal e de crescimento (NEIVA & MELLO, 1995).
53
O menor ganho de peso e crescimento dos animais alimentados com
dieta hipoproteica apresenta muitas esferas de discussão que estão
relacionadas a mudanças funcionais dos órgãos bem como a alterações
morfológicas, principalmente do epitélio intestinal, comprometendo a
digestão e a absorção dos nutrientes (GALDINO et al., 2001; NATALI et al.,
2005; SOUZA, 2006; MOREIRA et al., 2008).
Nesta esfera de observação, tem sido descrito que o baixo peso das
crianças do terceiro mundo, bem como retardo do seu crescimento, acha-se
intimamente associado com desnutrição. Mesmo a desnutrição leve que é
fortemente prevalente, resulta em retardo acentuado do crescimento
levando a uma população adulta com baixa estatura (GOPALAN, 2000).
NATALI et al (2005) propôs que a desnutrição pode promover
redução no tamanho dos órgãos, assim, corroboramos com este estudo
onde foram observados menores pesos em alguns órgãos importantes para
manter a homeostasia do organismo, tais como o tecido muscular, fígado e
glândula supra-renal do animal desnutrido, o que leva a propor que todos os
órgãos em maior ou menor intensidade sofrem alterações no peso já que a
atrofia celular ocorre de forma universal, reiterando com a implantação da
desnutrição (GIAMPIETRO, 2007).
Ainda neste aspecto de análise, sabe-se que as proteínas
plasmáticas também são marcadoras da desnutrição, uma vez que estão
diretamente relacionadas com a disponibilidade de aminoácidos para a
síntese protéica (REID e CAMPBELL, 2004). Este estudo mostra que as
concentrações plasmáticas de albumina e proteínas totais apresentaram-se
menores no grupo tratado com a dieta hipoproteica. Este dado esta de
54
acordo com o estudo de Neiva et al (1999) sendo justificado pela
considerável carência protéica apresentada na dieta 6%.
No que tange ao índice da ingesta que é um parâmetro importante
para avaliar o status nutricional do animal, foi observado que o rato
desnutrido ingeriu 38% menos dieta comparado com o rato controle
reiterando que o menor ganho de peso também tem relação com a menor
ingesta. Neste interim, foram avaliadas as reservas glicogênicas dos
músculos mastigatórios sendo verificado baixo conteúdo, fato que reitera a
possibilidade de fadiga durante a alimentação (Comunicação pessoal do
grupo de pesquisa da Unimep).
Em suma, foi observado que a dieta hipoproteica (6% de proteína)
promoveu nos ratos características orgânicas e estruturais similares a
encontradas na desnutrição protéica humana (kwashiorkor), especificamente
quanto a redução do ganho de peso, crescimento corporal e hipoproteinemia
plasmática (GOLDEN, 2010).
Estudos das relações quimiometabólicas integrando a desnutrição
protéica e as reservas glicogênicas tem demonstrado alterações no
metabolismo de carboidratos, ao constatar que crianças desnutridas
apresentam baixas concentrações glicêmicas e baixo conteúdo de
glicogênio hepático (GALDINO et al., 2001; ALVES et al., 2005).
O rato submetido à restrição protéica alimentar tem sido utilizado
como modelo útil na identificação de alterações da homeostase glicêmica.
Neste sentido, não há consenso quanto às respostas glicogênicas sendo
descrito que as reservas glicogênicas não mudam (NOLTE, 1994), por outro
lado, foi descrito aumento nas reservas de animais desnutridos (GOBATTO,
55
1997) ou ainda demonstrou-se que a desnutrição protéica provoca redução
da glicemia e da secreção de insulina estimulada por glicose promovendo
redução nas reservas glicogênicas (HENDRIKSEN, 1996). As diferenças
existentes entre os estudos provavelmente decorrem dos tipos de protocolos
experimentais utilizados.
Este estudo demonstra redução significativa nas reservas
glicogênicas acompanhando diversos estudos de cunho quimiometabólico
(OKITOLONDA et al., 1988, LATORRACA, 1998; ALMEIDA, 2004;
BORTOLINI, 2005, ALVES, 2005). Assim, os resultados de redução na
glicogênese hepática e musculares têm relações diretas com alterações no
processo secretório da insulina, uma vez que, com a redução no suprimento
de aminoácidos há alteração na síntese de importantes hormônios, tal como
a insulina (LUNN e AUSTIN, 1983; OLIVEIRA et al., 2003).
Além das alterações estruturais e metabólicas aqui apresentadas
sabe-se que o tratamento com dieta hipoproteica também promove
alterações morfológicas e neuroquímicas no sistema nervoso central
(DURAN, 2011; SANCHES, 2012). Sabe-se que a maturação do sistema
nervoso central depende de importantes fatores ligados ao ambiente e de
alimentação adequada, sendo a desnutrição um dos principais fatores não
genéticos que afetam o desenvolvimento cerebral (MORGANE et al.,1993;
2002).
O rato é uma espécie que apresenta como característica
comportamental a necessidade de explorar o ambiente e por instinto, se
locomovem perto das paredes, onde se sentem mais protegidos além de
explorarem todo o ambiente, assim, a quantidade de movimentos torna-se
56
um indicador de atividade exploratória que relaciona-se à obtenção de
informação sobre o local onde se encontra. Esta avaliação indica o status
emocional do rato, de forma que, o animal emocional é aquele que tem uma
menor taxa de ambulação (DENENBERG, 1969).
O campo aberto (“open-field”) é uma metodologia que possibilita
avaliar a emocionalidade do animal, pois ambulação e o comportamento de
levantar-se estão ligados, principalmente, a coordenação motora, enquanto
que o comportamento de limpeza e a defecação estejam associados à
adaptação do animal ao ambiente (QUINTANS et al, 2004 PELLOW et al,
2005)
A maturação das áreas do sistema nervoso central está ligada a uma
multifatoriedade que envolve fatores genéticos, o estímulo ambiental e a
disponibilidade de nutrientes. Iniciamos a avaliação comportamental
analisando o deslocamento em campo aberto sendo verificado que o grupo
tratado com dieta hipoproteica deslocou-se menos se comparado ao grupo
que recebeu a dieta normoproteica. Uma explicação para este fato pode
estar vinculada à constituição da dieta oferecida em uma fase inicial da vida
cuja vulnerabilidade é grande, comprometendo a maturação de diferentes
áreas cerebrais e com isto atrasando processos morfológicos, fisiológicos ou
bioquímicos, responsáveis pelo desenvolvimento do sistema nervoso
central.
Estes fatores associados podem levar a déficit funcional de áreas do
sistema nervoso central, sem descartar a condição metabólica, onde
menores reservas energéticas induzem a menor deambulação diminuindo o
gasto energético (FUKUDA et al., 2002, SCHWEIGERT et al., 2009).
57
Cabe ressaltar que a proteína na dieta é extremamente importante no
oferecimento de aminoácidos essenciais para síntese proteica, formação de
enzimas, neurotransmissores, bainhas de mielina ou neuromoduladores cuja
concentração pode ter sido comprometida pela dieta e determinado os
resultados (GALLER et al., 1995).
LECOURS et al. (2001) descreveram que cérebros de ratos
desnutridos são imaturos tanto metabolicamente quanto funcionalmente,
devido ao menor número de neurônios, células gliais, alterar as conexões
sinápticas e a mielinização das fibras nervosas, diminuindo a velocidade de
condução neural. Estas alterações podem estar envolvidas nas mudanças
do comportamento animal.
O Labirinto em Cruz Elevado é uma das metodologias mais
importantes na avaliação de condições experimentais, substâncias ou
fármacos que atuam modificando os níveis de ansiedade, quanto à resposta
inata de medo e o comportamento natural exploratório de ratos. Sabe-se
que condições ansiogênicas aumentam o número de entradas e o tempo de
permanência nos braços fechados do labirinto (QUINTANS-JÚNIOR, 2004;
MAGALHÃES et al., 2011).
Este estudo não constatou comportamento ansiogênico nos animais
tratados com dieta hipoprotéica se compararmos animais tratados com dieta
normoproteica. Possivelmente estas respostas possam estar relacionadas
ao desenvolvimento de atividade neuroprotetora que promove aumento na
impulsividade e redução na ansiedade (ALMEIDA et al., 1993; SANCHES,
2010).
58
Foi observado que os ratos desnutridos arriscaram mais na
exploração do braço aberto do labirinto em cruz elevada, apresentaram
dificuldade de habituação, exibindo fator de risco em maior intensidade e
não julga condições que podem ser de risco a sobrevivência, indicando um
possível comprometimento no desenvolvimento do hipocampo (FRANÇOLIN
et al., 2004)
Dentro da proposta passou-se a avaliar os parâmetros ligados a
recuperação nutricional, iniciando pela análise da curva de peso dos animais
sendo registrado ganho de peso durante a recuperação nutricional, no
entanto, o peso final ficou inferior ao observado no grupo controle tratado
com dieta normoproteica considerando todo o período experimental. Esta
diferença no peso corporal, após a reabilitação foi sugerida por NUNES et
al. ( 2002 ) da qual reiteramos.
Este estudo mostra que a recuperação nutricional não se mostrou
suficiente para igualar o peso dos animais que receberam dieta hipoproteica
e sequencialmente normoproteica com aqueles que receberam dieta
normoproteica em todo período experimental, indicando que a desnutrição
protéica, nas fases iniciais da vida, mostra-se suficiente para promover
alterações permanentes no desenvolvimento do animal.
Estudos em ratos demonstraram que a desnutrição nas fases iniciais
da vida compromete de forma irreversível o padrão de crescimento, por
afetar permanentemente a proliferação celular, comprometer o
desenvolvimento dos animais e promover diminuição da massa muscular e
peso (MACHADO et al., 1984; AMARAL, 2005).
59
No rato, o crescimento normal, bem como de seus órgãos, está
relacionado à manutenção da homeostasia celular nas fases iniciais da vida.
Neste sentido há consenso, que quanto maior o tempo de desnutrição,
maior é a perda de peso e os prejuízos ao equilíbrio funcional dos sistemas
(PEDROSA, MORAES-SANTOS, 1987).
Estas observações são semelhantes à crianças que passaram por
episódios de desnutrição apresentar menor estatura em relação a crianças
que receberam nutrição normal (GOODHART e SHILS, 1980).
Neste estudo demonstrou-se que as alterações no crescimento
corporal induzidas pela desnutrição são acompanhadas por anemia, estado
patológico que foi revertido após a recuperação nutricional. Neste aspecto,
demonstrou-se que, no que se refere às funções hematológicas da série
vermelha há reversibilidade, acompanhando o comportamento de outros
tecidos como demonstrado na glândula supra-renal, fígado e músculo sóleo.
Dentro dos aspectos ligados as alterações metabólicas existem
hipóteses que correlacionam alterações no sistema de sinalização dos
fatores de crescimento similares à insulina (IGFs) com a desnutrição. Neste
sentido, avaliações realizadas em crianças portadoras de retardo de
crescimento intrauterino mostraram uma relação multifatorial expressa pela
desnutrição e caracterizadas por redução na concentração plasmática de
IGF-1 e insulina acompanhado de aumento de IGFBPs, proteínas que se
ligam aos IGFs e reduzem sua biodisponibilidade, ao nascer (CIANFARANI
et al., 1999).
O equilíbrio nutricional apresentado nos estágios iniciais da vida é
fundamental para o desenvolvimento e maturação do pâncreas endócrino
60
(REMACLE et al., 2007). Estudos conduzidos “in vitro” com ilhotas
pancreáticas de animais que passaram por restrição protéica durante a
primeira fase da vida, mostraram menor tamanho e vascularização, e pode
estar relacionado com a condição hipoprotéica bem como em alterações nas
proteínas citosólicas envolvidas no ciclo celular. Por outro lado, foi
demonstrado que ilhotas de animais desnutridos incubadas em
concentração adequada de nutrientes mantém as alterações secretórias
(PETRIK et al., 1999, DAHRI et al., 1995). Tais evidências, sugerem que a
restrição protéica, pode comprometer permanentemente os desenvolvimento
e função das ilhotas pancreáticas (ARAUJO et al., 2004; FERREIRA et al.,
2004 ).
Dentre as principais alterações constatadas no processo secretório da
insulina em ilhotas pancreáticas coletadas de animais desnutridos,
destacam-se a menor expressão de glicoquinase (DESAI et al., 1995), PDX-
1 (MARTIN et al., 2004), glicerolfosfato desidrogenase (RASSCHAERT et
al., 1995), PKAa (MILANSKI et al., 2005), PKCa (FERREIRA et al., 2003) e
S6K-1 (FILIPUTTI et al., 2008), menor mobilização de íons cálcio
(LATORRACA et al., 1999) e alterações no processo de extrusão dos
grânulos de insulina (CHERIF et al., 2001).
Este conjunto de informações pode representar a base para
explicação das alterações nas curvas obtidas no teste de tolerância a
glicose e no teste de tolerância à insulina, uma vez que, no teste de
tolerância à glicose realizado no grupo desnutrido, a curva mostrou redução
na responsividade ao bolus de glicose, principal secretagogo da insulina.
Ainda neste aspecto, foi verificado que após a recuperação nutricional, as
61
respostas pancreáticas não voltaram à normalidade, indicando que as
alterações provocadas pela desnutrição persistem em menor intensidade,
mesmo após a renutrição.
Na análise da curva de sensibilidade à insulina, também foi
observado o desenvolvimento de resistência à insulina, desenvolvida na
desnutrição, evento que também não foi restabelecido após a recuperação
nutricional. Desta forma, fica notório que lesões no sistema insulínico,
provocadas pela desnutrição proteica na fase inicial da vida são mantidas
em fases posteriores. Cabe ressaltar que a análise das reservas
glicogênicas indicou e reforçou o comprometimento da via insulínica, visto
que, as reservas hepáticas e musculares foram reduzidas em decorrência
da desnutrição, e ainda, no grupo submetido à recuperação nutricional o
conteúdo glicogênico apresentou-se maior do que no grupo desnutrido,
porém, ainda menor que o controle, indicando que o processo de síntese
glicogênica também fica comprometido mesmo após a recuperação
nutricional.
Frente aos dados até aqui apresentados há de se considerar que a
desnutrição pode comprometer a divisão celular em intensidade variável nos
diferentes órgãos e parece que a redução no número de células resulta em
alterações permanentes, enquanto, reduções no tamanho resultam em
normalização após a recuperação concordando com Winick & Noble
(1966a).
A avaliação do perfil comportamental do grupo recuperado foi iniciada
através do open field sendo observado que os animais exploraram a arena
em intensidade maior se comparado aos desnutridos, mesmo assim, não
62
atingiram o perfil do animal controle ( alimentado com dieta normoproteica ).
Um ponto importante a se considerar é que no open field, o grupo desnutrido
manifestou defecação, insistiam em frequentar um dos lados do campo,
apresentavam latência para dar início ao deslocamento e imobilidade
indicando timidez e dificuldade de decisão (LI et al., 2012, OVERSTREET,
2012).
Estas alterações no padrão de deslocamento refletem prejuízos no
desenvolvimento gerados na fase de desnutrição onde já foi descrito
alterações estruturais tais como neurônios de menor tamanho, menores
ramificações dendríticas e menor camada de mielina (Lima et al., 1999 ).
Tem sido demonstrado que quanto mais precoce ocorre à
desnutrição, maior a severidade dos efeitos e a dimensão dos danos nos
diferentes órgãos corporais, reiterando a importância da recuperação
nutricional em fases precoces da vida, visando o crescimento e o
desenvolvimento dentro de índices de normalidade.
Com relação à recuperação nutricional tem sido gerada a hipótese de
otimização do crescimento do cérebro, no intuito de melhorar as chances de
sobrevivência, no entanto, em populações humanas, períodos moderados a
severos de desnutrição antes dos dois primeiros anos de vida, estão
associados a retardos no desenvolvimento cognitivo e no desempenho nas
fases escolares, mesmo que haja recuperação nutricional, sendo sugerindo
que a reversibilidade diante da reabilitação nutricional é limitada (STRUPP e
LEVITSKY, 1995,
Pode-se verificar que no labirinto em cruz elevado, o grupo
recuperado explorou o braço aberto em maior intensidade, isto mostra que
63
em decorrência da desnutrição existe comprometimento no desenvolvimento
de áreas cerebrais responsáveis por modular ações comportamentais que
preservam a vida, exibindo maior impulsividade (ALMEIDA et al., 1998).
Estudos ligados a neuroanatomia e neurofisiologia demonstraram em
animais desnutridos redução na capacidade de gerar potencias de ação
neuronais, redução na neurotransmissão, redução na expressão dos sinais
eletroencefalográficos, redução no comportamento emocional e motivação
(STRUPP e LEVITSKY, 1995).
Frente às alterações observadas passou-se a estudar a capacidade
de reconhecimento de objetos através de um teste onde o fator tempo é
primordial para processar as informações necessárias para construir
memória de longo prazo. Esta avaliação está baseada em um
comportamento de alta expressão nos ratos, espécie que manifesta
preferência em explorar mais objetos novos e gastar mais tempo nele
(OBINU et al., 2002, GARCIA –MORENO et al., 2002; VALADARES, 2006).
Desta maneira, foi observado que os animais desnutridos apresentaram
reduzida capacidade de identificação de objetos novos, indicativo de
comprometimento na formação de memória de longo prazo tendo relações
com a expressão nas funções do hipocampo, região neural onde predomina
a neurotransmissão serotoninérgica, dopaminérgica, gabaérgica e
colinérgica (ALMEIDA et al., 1996).
Após a recuperação nutricional, as alterações ligadas ao
reconhecimento de objetos, geradas na desnutrição não foram totalmente
recuperadas indicando um déficit de maturação no hipocampo, corroborando
com a proposta de que alterações em respostas á fármacos com ação no
64
SNC persistem mesmo após recuperação nutricional (ALMEIDA et al., 1996;
BARRETO et al., 2012, MERINO et al., 2011).
Lukoyanov & Andrade (2000) estudaram a morfologia cerebral de
ratos desnutridos e recuperados e constataram alterações morfológicas no
hipocampo, as quais foram parcialmente reestruturadas após reabilitação
nutricional. Isto leva a crer que os resultados aqui descritos decorrem da
capacidade do SNC apresentar um potencial de recuperação estrutural e
funcional que depende da disponibilidade de substratos energéticos em
concentrações ideais.
Dentre as inúmeras alterações descritas na desnutrição protéica,
recentemente tem-se focado esforços no entendimento uma grande atenção
ao comportamento social, havendo sugestões que desnutridos respondem
menos a situações de contato social (BECKER e GRECKSCH, 2000).
Quando se avalia comportamento social usando como modelo
experimental o rato, deve-se atentar para o sistema olfatório, o qual, exercer
ação primordial para a espécie (Moura et al., 2010). O reconhecimento
social em ratos é um instinto natural que visa investigar indivíduos novos e
avalia o aprendizado e a memória, por sua vez, o comportamento de cheirar
o corpo e a região anogenital, assim como perseguir o indivíduo fazem parte
da investigação social (FERGUNSON et al., 2002, BIELSKY e YOUNG,
2004). O comportamento olfatório é acompanhado da reação de lamber e
morder sendo importantes no desenvolvimento social e cognitivo (KEPECS
et al., 2005).
As análises mostraram profundas alterações no comportamento
social no grupo recuperado indicando replicação e persistência de
65
comportamentos básicos tais como, cheirar a região anogenital, tocar
empurrar e lamber o outro animal (intruso) num segundo encontro realizado
em curto período de tempo ( 15 min ), nestes termos, é sabido que ratos
alimentados com dieta normoproteica retém até 24h de memoria olfativa.
Este dado reitera dificuldade de habituação e prejuízo na transmissão
gabaérgica e funções do hipocampo, uma vez que, foi descrito que esta
área cerebral é locus de tradução de memória social em ratos
(MONDADORI et a., 1996; SILVA e ALMEIDA, 2006).
Marin et al (2008) utilizando o mesmo modelo experimental em
estudos de memória de reconhecimento social descreveram que o modelo
de estudo é aplicado na avaliação e transcrição de dados ligados a
desordens presentes no autismo.
Tem sido sugerido que a desnutrição promove alterações
neuroanatômicas e fisiológicas em diferentes áreas do sistema nervoso
central, especialmente no hipocampo e giro denteado (MATOS et al., 2011).
É importante ressaltar que o hipocampo exerce ação na aprendizagem e na
representação do ambiente espacial integrando mapas cognitivos, que é o
estabelecimento de um padrão de posições promovendo a retenção da
informação e utilização desta, uma vez que, tanto a aprendizagem quanto a
memória espacial são processos importantes para a sobrevivência
(ALBRIGHT, 1998).
Um método aceito na literatura para analisar aprendizado ligado à
memória espacial é o labirinto aquático de Morris, o qual além de efetivo não
necessita de privação de alimento para motivar o animal (MORRIS, 1981).
66
Esta análise aplicada no grupo submetido à recuperação nutricional
mostrou comprometimento na capacidade de retenção deste tipo de
memória, não apresentando o comportamento observado no grupo que
recebeu a dieta normoprotéica, uma vez que tem sido descrito que animais
tratados com dietas normoprotéica são capazes de aprender a localizar a
plataforma através de pistas localizadas no lócus experimental
(VALADARES e ALMEIDA, 2005).
Os dados acompanham a sugestão de Fukuda et al., (2002) que
avaliaram em ratos a memória espacial e propuseram que a desnutrição
prejudicaria o desempenho em testes de plataforma submersa.
Outro fato merecedor de destaque foi que o grupo recuperado
demorou um tempo maior para compreender a relação entre a posição da
plataforma e a pista, demonstrando alterações cognitivas e no hipocampo.
Podemos perceber que os animais tratados com dieta normoprotéica
apresentaram um menor tempo para localização da plataforma, sugerindo
que ao longo das tentativas desenvolveram estratégias de localização.
Dentro de uma análise celular tem sido descrito que concomitante a
desnutrição observa-se que no hipocampo há redução no volume celular, na
densidade e no número de células, existindo evidências que estas
alterações não são revertidas na recuperação nutricional (ANDRADE, 1995,
MARTÍNEZ et al., 2009, WONG-GOODRICH et al.,, 2008). Por sua vez, análises
de cunho biomolecular revelaram que nas conexões sinápticas hipocampais,
a neurotransmissão predominante ocorre via neurotransmissor GABA (
ácido gama amino butírico ) e a acetilcolina, não existindo consenso sobre a
67
recuperação da neurotransmissão quando há recuperação nutricional (
FEOLI et al., 2008; IZQUIERDO, McGAUGH, 2000; MATOS et al., 2011).
Possivelmente, a desnutrição nas fases iniciais da vida seja um
processo multifatorial que impõe o desenvolvimento de ajustes
morfofuncionais que se perpetuam ao longo da vida, independente do status
nutricional adquirido posteriormente. Neste sentido, a literatura apresenta
estudos demonstrando comprometimento em outras áreas do sistema
nervoso central indicando a amplitude do comprometimento gerado pela
falta de nutrientes em fases de maturação (PENIDO et al., 2012; LISTER et
al., 2011).
68
6 CONCLUSÃO
A desnutrição protéica no rato na fase inicial do desenvolvimento
provoca alterações que desregulam a homeostase animal e principalmente
modifica o comportamento em relação à memória e o aprendizado, mesmo
após a reabilitação nutricional.
Estudos mostram similaridades metabólicas entre o rato e os seres
humanos, conclui-se, sugere-se portanto que a desnutrição infantil, a qual
ocorre nas fases iniciais da vida, altera o comportamento relacionado ao
aprendizado e memória que ficam evidentes na fase escolar e que tendem a
perpetuar ao longo da vida.
69
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
ALBRIGHT CD, TSAI AY, MAR MH, ZEISEL SH. Choline availability
modulates the expression of TGFbeta1 and cytoskeletal proteins in the
hippocampus of developing rat brain. Neurochem Res. 1988; 23(5): 751-8.
ADALBJORNSSON C. The effects of na interactive tracking skill intervention
on infant´s motor and cognitive skills. 2001. Auburn University (tese).
ALMEIDA PBL; MELLO MAR. Desnutrição protéica fetal/neonatal, ação da
insulina e homeostase glicêmica na vida adulta: efeitos do jejum e do
exercício agudo. Rev. Bras. Educ. Fís. Esp. 2004; 18 (1):
17-30.
ALMEIDA SS, GARCIA RA, OLIVEIRA LM. Effect of early protein
malnutrition and repeated test upon locomotor and exploratory behaviors in
the elevated plus maze. Phys. Behav.1993; 54 (4): 749 -752.
ALMEIDA S.S., TONKISS J., GALLER J.R. (1996) Malnutrition and reactivity
to drugs acting in the central nervous system. Neurosci.Biobehav.Rev 20,
389-402.
ALVES AP, DÂMASO AR, PAI VD. The effects of prenatal and postnatal
malnutrition on the morphology, differentiation, and metabolism of skeletal
striated muscle tissue in rats. Jornal de Pediatria. 2008; 84 (3): 264-271.
ALVES CR, VOLTARELLI FA, MELLO AR. Spirulina como fonte protéica na
recuperação de ratos desnutridos: efeitos sobre o músculo esquelético.
Revista Digital – Buenos Aires. 2005; 10 (86): 1-6.
70
ANDRADE JP. Evidence of long-term malnutrition and rehabilitation on the
hippocampal formation of the adult rats: a morphometric study. J. Anat.
1995; 187 (2): 379-393.
ARAUJO EP, AMARAL ME, FILIPUTTI E, DE SOUZA CT, LAURITO TL,
AUGUSTO VD, SAAD MJ, BOSCHERO AC, VELLOSO LA, CARNEIRO EM
(2004) Restoration of insulin secretion in pancreatic islets of protein-deficient
rats by reduced expression of insulin receptor substrate (IRS)-1 and IRS-2. J
Endocrinol 181, 25-38.
ARCHER, J. Tests for emotionality in rats and mice: a review. Anim.
Behav.1973; 21(2): 205-235.
BARAC.NIETO M, SPURR GB, MAKSUD MG, LOTERO H. Aerobic work
capacity in chronically undernourished adults males. J. Appl. 1978: 44; 209-
215.
BARRETO RR, FRANCO ED, BRASILEIRO CF, OLIVEIRA AP, DIMECH
GS, MALTA DJ, CAZUZU JS, LEITE AC, SILVA TG, MAIA MB. Early
undernutrition is associated with attenuated inflammatory response and
alteration in pharmacological efficacy of indomethacin in rats. Eur J Pharm
Sci. 2012 Feb 17.
BECKER A, GRECKSCH G. Social memory is impaired in neonatally
ibotenic acid lesioned rats. Behav Brain Res. 2000; 109 (1): 137-140.
BEMBEN, A.; KNEHANS, W.; GLORE, S. R. Changes in the plantaris
muscle as an indicator of alterations in lean body mass of obese zucher rats
following prolonged energy restriction and subsequent partial recovery.
European Journal of Applied Physiology and Occupational Physiology,
Amsterdam.1997; 76 (3): 277-284.
71
BIELSKY IF, YOUNG LJ. Ocitocin, vasopressin and social recognition in
mammals. Peptides.2004; 25 (9): 156-174.
BLACK RE, MORRIS SS, BRYCE J. Where and why are 10 million children
dying every year. The Lancet. 2003; 361.
BORTOLINI ACM. Efeito de diferentes modelos de desnutrição sobre
parâmetros bioquímicos hepáticos plasmáticos e cerebelares de ratos de 21
dias. Dissertação de mestrado. UFRGS, 2005, 76p.
BUENO, O.F.A., E.A. CARLINI, J.R. LEITE, N.G. SILVEIRA- FILHO, M.L.O.
SOUZA & S. TUFIK. Open Field test. J. Brasil. Psiquiatria. 1984; 33: 266-78.
CARLINI EA., BURGOS V. Rats enviroment (1979) Rev. Assoc. Brasil.
Psiquiatria 1: 25-31.
CAWOOD AL, ELIA M, STRATTON RJ. Systematic review and meta-
analysis of the effects of high protein oral nutritional supplements. Ageing
Res Rev. 2011; 22 11(2): 278-292.
CHERIF H, REUSENS B, DAHRI S, REMACLE C (2001) A protein-restricted
diet during pregnancy alters in vitro insulin secretion from islets of fetal
Wistar rats. J. Nutr. 131; 1555-1559.
COUTINHO JG, GENTIL PC, TORAL N. A desnutrição e obesidade no
Brasil: o enfrentamento com base na agenda única da nutrição. Cad Saúde
Pública. 2008: 24 (Suppl 2); S332-40.
CRACE, C. J. Protein energy malnutrition induces changes in insulin
sensivity. Diabetes Metab.1995; 16: 484-491.
72
DAHRI S, REUSENS B, REMACLE C, HOET JJ (1995) Nutritional influences
on pancreatic development and potential links with non-insulin-dependent
diabetes. Proc NutrSoc 54; 345-356.
DENENBERG, V.H. Open-field behaviour in the rat: What does it mean?
Ann. N. Y. Acad. Sci.1969: 159; 852-859.
DESAI M, CROWTHER NJ, OZANNE SE, LUCAS A, HALES CN (1995)
Adult glucose and lipid metabolism may be programmed during fetal life.
Biochem Soc Trans 23, 331- 335.
DOBBING J. Malnutrition et développement du cerveau. La Recherche.
1976; 7: 139-146.
DOBBING J. Undernutrition and developing brain the use of animals models
of elucidated the humam problem. Psychiatric and Neurological
Neurochivement . 1971; 76(6): 433-442.
DOBBING J, SMART JL. Vulnerability of development brain and behavior.
British Medical Bulletin.1974; 30: 164-168.
D´HOOGE R, DEYN PP. Applications of the Morris water maze in the study
of learning and memory. Brain Res Rev. 2001; 36: 60-90.
D´OVÍDIO R. Avaliação do desenvolvimento neuropsicomotor em escolares
de primeira série e sua relação com o estado nutricional. Monografia,
conclusão de curso. AENE, 2007.
DURÁN P, MIRANDA-ANAYA M, ROMERO-SÁNCHEZ MDE J,
MONDRAGÓN-SOTO K, GRANADOS-ROJAS L, CINTRA L. Time-place
73
learning is altered by perinatal low-protein malnutrition in the adult rat. Nutr
Neurosci. 2011 Jul; 14(4): 145-50.
EVANS GW. The environment of childhood poverty. American Psychologist.
2004; 59 (2): 77-92.
FEOLI AM, LEITE MC, TRAMONTINA AC, TRAMONTINA F, POSSER T,
RODRIGUES L, SWAROWSKY A, QUINCOZES-SANTOS A, LEAL RB,
GOTTFRIED C, PERRY ML, GONÇALVES CA. Developmental changes in
content of glial marker proteins in rats exposed to protein malnutrition. Brain
Res.2008; 1187 (2): 33-41.
FERGUNSON JN, YOUNG LJ, INSETEL TR. The neuroendocrine basis of
social recognition. Frontiers of neuroendocrinology 2002; 23: 200- 224.
FERREIRA F, BARBOSA HC, STOPPIGLIA LF, DELGHINGARO-
AUGUSTO V, PEREIRA EA, BOSCHERO AC, CARNEIRO EM (2004)
Decreased insulin secretion in islets from rats fed a low protein diet is
associated with a reduced PKAalpha expression. J Nutr 134, 63-67.
FERREIRA F, FILIPUTTI E, ARANTES VC, STOPPIGLIA LF, ARAUJO EP,
DELGHINGARO-AUGUSTO V, LATORRACA MQ, TOYAMA MH,
BOSCHERO AC & CARNEIRO EM (2003) Decreased cholinergic stimulation
of insulin secretion by islets from rats fed a low protein diet is associated with
reduced protein kinase calpha expression. J Nutr 133, 695- 699.
FILIPUTTI E, FERREIRA F, SOUZA KL, STOPPIGLIA LF, ARANTES VC,
BOSCHERO AC, CARNEIRO EM (2008) Impaired insulin secretion and
decreased expression of the nutritionally responsive ribosomal kinase protein
S6K-1 in pancreatic islets from malnourished rats. Life Sci 82, 542-548.
74
FRANÇOLIN-SILVA AL, ALMEIDA SS. The interaction of housing conditions
and acute immobilization stress on the elevated plus-maze behaviors of
protein malnutrition rats. Braz.J. Med. Biol. Res. 2004; 37: 1035 -1042.
FROTA MA, PÁSCO EG, BEZERRA MDM, MARTINS MC. Má alimentação:
fator que influencia na aprendizagem de crianças de uma escola pública.
Revista APS. 2009; 12 (3): 278-284.
FUKUDA, M. T. H.; FRANÇOLIN-SILVA, A. L.; ALMEIDA, S. S. Early
postnatal protein malnutrition affects learning and memory in the distal but
not in the proximal cue version of the Morris water maze. Behavioural Brain
Research.2002; 133: 271-277.
GALDINO R, MELLO MAR, ALMEIDA RL, ALMEIDA CCS. Desnutrição
protéico-calórica. In: Dâmaso A, editor. Nutrição e exercício na prevenção de
doenças. São Paulo: Medsi, 2001; 225 – 275.
GALLER JR, SHUMSKY JS, MORGANE PJ. Malnutrition and brain
development. Nutrition in Pediatrics, 2º ed. 1995.
GARCIA-MORENO L. Chronic ethanol intake and object recognition in
young and adult rats. Progress in Neuro-Psychopharmacology & Biological
Psychiatry. 2002; 26: 831 -837.
GIGANTE DP, BUCHWEITZ M, HELBIG E, ALMEIDA AS, ARAÚJO CL,
NEUMANN NA, VICTORA C. Ensaio randomizado sobre o impacto da
multimistura no estado nutricional de crianças atendidas em escolas de
educação infantil. Jornal de Pediatria. 2007; 83 (4).
GLORE, S. R.; LAYMAN, D. K. Cellular development of skeletal muscle of
rats during recovery from prolonged undernutrition. Journal of Nutrition,
Chicago. 1987; 117 (10): 1767- 1774.
75
GOBATTO CA. Efeitos da desnutrição protéico calórica e do treinamento
físico na produção de ácido lático em ratos machos adultos após teste de
cargas progressivas. Ciência e Cultura. 1991; v 43, supl 725-726.
GOLDEN MH. Evolution of nutritional management of acute malnutrition.
Indian Pediatr. 2010; 47(8): 667-78.
GOODHART OS, SHILS ME. Modern nutrition in hearth and disease.
Philadelphia: Lea e Fabiger, 1980; 1240p.
GOPALAN, S. Malnutrition: causes, consequences, and solutions. Nutrition.
2000; 16; 7-8.
GRANTHAN M, SALLY M, MEEKS G, JULIE M, WALKER SP, POWELL CA.
The relationship between udernutrition, activity levels and development in
young children. Schurch, B; Scrimshaw, Nevin S. Activity, energy
expenditure and energy requirements of infants and children. Lausanne,
Nestle. 1990; p.361-83.
GUARDIOLA A, EGEWARTH C, ROTTA NT. Avaliação do desenvolvimento
neuropsicomotor em escolares de primeira série e sua relação com o estado
nutricional. Jornal de Pediatria. 2001; 77: 189-196.
GUEDES RCA, MELO APR, TEODÓSIO NR. Nutrição adequada: a base do
funcionamento cerebral. 2004.
HEMB M. Efeitos da desnutrição precoce e de crises convulsivas na
memória espacial do rato imaturo. 2007.
76
ISSLER RMS, GIUGLIANI ERJ, KREUTZ GT, MENEZES CF, JUSTO EB,
KREUTZ VM, PIRES M. Poverty Levels and children´s health status: study of
risk factors in a urban population of low socioeconomic level. Revista de
Saúde Públic. 1996; 30(6): 506-11.
IZQUIERDO I, MCGOUGH JL. Behavioural pharmacology and its
contribution of the moplecular basis of memory consolidation. Behavioral
Pharmacology. 2000; 11 (7-8): 517 -534.
KALTER HD, GRAY RH, BLACK RE, GULTIANO SA. Validation of
postmortem interviews to ascertain selected causes of death in children. Int
Epidemiol. 1990; 19: 380-386.
KEHOE P, MALLINSON K, BRONZINO J, MCCORMICK CM. Effects of
prenatal protein malnutrition and neonatal stress on CNS responsiveness.
Dev Brain Res. 2001; 132(1): 23-31.
KEPECS A, UCHIDA N, MAINEN ZF. The Sniff as a unit of a olfactory
processing. Chemical senses. 2006; 31: 167 -179.
LATORACA M. Alterações da secreção e da sensibilidade a insulina
Associadas a deficiencia proteica durante a vida intra-uterina e a lactação.
Tese doutorado. Instituto de Biologia – UNICAMP, 1998.119p
LATORRACA MQ. Descrição de dieta purificada para indução de quadro de
desnutrição protéica em ratos. Revista Brasileira de Medicina do Esporte.
1998; 4(1): 9-12.
77
LATORRACA MQ, CARNEIRO EM, MELLO MA, BOSCHERO AC (1999)
Reduced insulin secretion in response to nutrients in islets from
malnourished young rats is associated with a diminished calcium uptake. J
Nutr Biochem 10, 37-43.
LAUS MF, VALES LD, COSTA TM, ALMEIDA SS. Early postnatal protein-
calorie malnutrition and cognition: a review of human and animal studies. Int
J Environ Res Public Health. 2011; 8(2): 590-612.
LEI DLM, CHAVES SP, LERNER BR, STEFANINI MLR. Retardo do
crescimento físico e aproveitamento escolar em crianças do município de
Osasco, área metropolitana de São Paulo, Brasil. Cad. Saúde Pública. 1995;
11(2): 238-245.
LEVITSKY DA, BARNES RH. Effects of early malnutrition on the reaction od
adults rats to aversive stimuli. Nature. 1970; 225, 468-469.
LEVITASKY DA, STRUPP BJ. Malnutrition and the brain: changing
concepts, changing concerns. J. Nutr. Bethesda. 1995; 125: 2212-2220.
LI F, CAO WY, LI MB, XU Y, ZHANG JW, ZHANG JY, LUO XG, DAI RP,
ZHOU XF, LI CQ. A simple method for detection of food foraging behavior in
the rat: involvement of NMDA and dopamine receptors in the behavior.
Neuroscience. 2012
LI K, MÜLLER I, PATIL S, HÖGER H, POLLAK A, RUSSO-SCHLAFF N,
LUBEC G, LI L. Strain-independent global effect of hippocampal proteins in
mice trained in the Morris water maze. Amino Acids. 2012; 9: 134 -155.
78
LISTER JP, BLATT GJ, KEMPER TL, TONKISS J, DEBASSIO WA, GALLER JR,
ROSENE DL. Prenatal protein malnutrition alters the proportion but not numbers of
parvalbumin-immunoreactive interneurons in the hippocampus of the adult Sprague-
Dawley rat. Nutr Neurosci. 2011; 4 (4): 165-78.
LUNN, P. G. e AUSTIN, S. Dietary manipulation of plasma albumin
concentration. J Nutr. 1983 :113 (9); 791-802.
LUKOYANOV N.V., ANDRADE J.P. (2000) Behavioral effects of protein
deprivation and rehabilitation in adult rats: relevance to morphological
alterations in the hippocampal formation. Behavioural Brain Research 112,
85- 97.
MADI K, CAMPOS SD. Desnutrição experimental: resultados anátomo-
patológicos e bioquímicos da administração de dietas hipoprotéicas a ratos
albinos jovens. Mem. Inst. Oswald Cruz. 1975; 73(3).
MAGALHÃES CP, CAMPINA RCF, BORBA TK, LIRA AL, ARAGÃO RS,
SOUZA SL, CASTRO RM. Programação perinatal e o comportamento
emocional em ratos. Neurobiologia 74 (1): 83-95.
MARCONDES, E. Critérios para o diagnóstico e classificação dos distúrbios
de nutrição e do crescimento em uso no instituto da criança do hospital das
clínicas da F.M.U.S.P.
MARCONDES E. Crescimento e desenvolvimento da criança: Aspectos
éticos. Pedit. 1986; 8: 166-168.
79
MARIN JC, MOURA PJ, CYSANEIROS RM, COLUGNATI DB,
CAVALHEIRO EA, SCORZA EA. Temporal lobe epilepsy and social
behaviors: An animal model for autism? Epilepsy Behav. 2008; 13: 43 – 46.
MARTÍNEZ Y, DÍAZ-CINTRA S, LEÓN-JACINTO U, AGUILAR-VÁZQUEZ A,
MEDINA AC, QUIRARTE GL, PRADO-ALCALÁ RA. Effects of postnatal
malnutrition and senescence on learning, long-term memory, and extinction
in the rat. Behav Brain Res. 2009; 12;203(1): 48-53.
MATOS RJ, OROZCO-SOLÍS R, LOPES DE SOUZA S, MANHÃES-DE-
CASTRO R, BOLAÑOS-JIMÉNEZ F. Nutrient restriction during early life
reduces cell proliferation in the hippocampus at adulthood but does not
impair the neuronal differentiation process of the new generated cells.
Neuroscience. 2011; 24 (196): 16-24.
MERINO-SANJUÁN M, CATALÁN-LATORRE A, NÁCHER A, MIRALLES-
ARNAU S, JIMÉNEZ-TORRES NV. Animal model of undernutrition for the
evaluation of drug pharmacokinetics. Nutr Hosp. 2011; 544-551.
MIRANDA LP, RESEGUE R, FIGUEIRAS ACM. A criança e o adolescente
com problemas do desenvolvimento no ambulatório de pediatria. J Pediatria.
2003; 34-35
MOREIRA NM, HERMES C, ALMEIDA CSL, SANTANA EC, SANT’ANA
DMG, ARAÚJO EJA. Quantitative analysis of the neurons from the myenteric
plexus in the ileum of rats submitted to severe protein deficiency. Arq
Neuropsiquiatr 2008; 66(2-A): 242-245.
MORGANE PJ, AUSTIN-LAFRANCE RJ, BRONZINO J, TONKISS J,
GALLER JR. Malnutrition and developing central nervous system. In:
Isaacson RL, Jensen K F, editors. The vulnerable brain: nutrition and toxins.
New York: Plenum Publishing Corporation. 1992; 3-44.
80
MORGANE PJ, MOKLER DJ, GALLER JR. Effects of protein malnutrition on
the hippocampal formation. Neurosc Biobehav Rev. 2002; 26(4): 471-483.
MONDADORI C, MOEBIUS HJ, ZINGGMC. Orally active GABA receptor
antagonist facilitates memory in a social recognition test in rats. 1996; 77 (1-
2): 227- 229.
MONTE CMG. Desnutrição: um desafio secular à nutrição infantil. Jornal de
Pediatria. 2000; 76, (3 Suppl): 285-297.
MONTEIRO CA. A dimensão da pobreza da fome e da desnutrição no
Brasil. Estudos Avançados. 2005; 9 (24): 195 – 207.
MORGANE JP, MOKLER DJ, GALLER JR. Effect of prenatal protein
malnutrition on the hippocampal formation. Neurosci Biobehav Rev. 2002:
26(4); 471-83.
MORRIS RGM, Spatial localization does not require the presence of local
cues. Learning and Motivation. 1981; 12: 239 – 260.
MORGANE, P.J.; AUSTIN-LAFRANCE, R.; BRONZINO, J.; TONKISS, J.;
DÍAZCINTRA, S.; CINTRA, L.; KEMPER, T.; GALLER, J. R. Prenatal
Malnutrition and Development of the Brain. Neuroscience and Biobehavioral
Rewiews, 1993; 17: 91-128.
MOURA PJ, GIMENES-JÚNIOR JA, VALENTINUZZI V, XAVIER GF.
Circadian phase and intertrial interval interfere with social recognition
memory. Physiology & Behavior. 2009; 96; 51 – 56.
81
MOYSÉS APA, LIMA GZ. Fracasso escolar, um fenômeno complexo:
Desnutrição apenas mais um fator. Pediat (São Paulo). 1983; 263-269.
NASCIMENTO AB, REZENDE D, FURLAN AC, MARQUES LM. Efeitos da
desnutrição protéico-calórica sobre a atividade exploratória de ratos em um
teste de neofobia. Semina. 1991; 11(2): 92-96.
NATALI MRM, MOLINARI SL, VALENTINI LC, HUBNER M.
Morphoquantitative evaluation of the duodenal myenteric neuronal
population in rats fed with hypoproteic ration. Biocell, 2005; 29 (1); 39 – 46.
NEIVA CM, GUERINO MR, MELLO MAR. Análise dos efeitos da desnutrição
protéico-calórica sobre as respostas ao exercício agudo (single section)
parâmetros metabólicos. Motriz 1999; 1 (1): 32 -43.
NEIVA CM, MELO MAR. Análise dos efeitos da desnutrição proteico-calórica
sobre as respostas ao exercício agudo (single section) parâmetros
metabólicos.Motriz, 1999; 1(1): 32-37.
NOLTE, L.A. Elevated free fatty acid levels inhibit glucose phosphorylation in
slow-twitch rat skeletal muscle. Acta Physiol. Scand.1994; 151: 51-59.
NUNES ML, BATISTA BB, MICHELI F, BATISTELLA V. Efeitos da
desnutrição precoce e reabilitação nutricional em ratos. Jornal de Pediatria.
2002; 78 (1): 39 -44.
OBINU MC. brain–selective stimulation of nicotinic receptor by tc-1734
enhances Ach transmission from frontoparietal cortex and memory in
rodents. Progress in Neuro-Physichopharmacology & Biological Psychiatry.
2002; 26: 913 – 918.
82
OKITOLONDA W, BRICHARD SM, HENQUIN JC. Repercussions of chronic
protein-calorie malnutrition on glucose homeostasis in the rat.
Diabetologia.1987; 30(12): 946-51.
OLIVEIRA JC, SILVA APS, BARBOSA FB. Avaliação da evolução ponderal
e homeostasia glicídica de ratos submetidos à desnutrição protéica
lactacional Expressão, Mossoró. 2003; 34(1-2): 53-60.
OLTON DS, PAPAS BC. Spatial memory and hippocampal function.
Neuropsychology. 1978; 17 (6): 669 – 682.
OVERSTREET DH. Modeling depression in animal models. Methods Mol
Biol. 2012; 829: 125-44.
PAULSEN O, MOSER EI. A model of hippocampal memory encoding and
retrieval: Gabaergic control of synaptic plasticity. Trends Neurosci. 1998; 21:
273-278.
PEDROSA MT, MORAES-SANTOS T. Neuronal protein biosyntesis by
neonatally malnourished and nutritional recovered rats. Brazilian Journal of
Medical and Biological Research 1987; 20: 338 – 340.
PELLOW S, CHOPIN P, FILE SE, BRILEY M. Validation of open: closed arm
entries in the elevated plus-maze as a measure of anxiety in the rat. J
Neurosci Methods 1985; 14: 149-67.
PENIDO AB, REZENDE GH, ABREU RV, DE OLIVEIRA AC, GUIDINE PA,
PEREIRA GS, CHIANCA DA JR, MASSENSINI AR, MORAES-SANTOS T,
MORAES MF. Malnutrition during central nervous system growth and
development impairs permanently the subcortical auditory pathway. Nutr
Neurosci. 2012; 15(1): 31-36.
83
PETRIK J, REUSENS B, ARANY E, REMACLE C, COELHO C, HOET JJ &
HILL DJ (1999) A low protein diet alters the balance of islet cell replication
and apoptosis in the fetal and neonatal rat and is associated with a reduced
pancreatic expression of insulin-like growth factor-II. Endocrinology 140,
4861-4873.
QUINTANS-JÚNIOR LJ, ALMEIDA RN, BARBOSA-FILHO JM, DUARTE JC,
BARBOSA IM. Toxicidade Aguda e Alterações Comportamentais induzidas
pela Fração de Alcalóides Totais das Vagens de Prosopis juliflora (Sw) D.C.
(Leguminoseae) em Roedores. Acta Farm. Bonaerense. 2004; 23 (1): 5-10.
RASSCHAERT J, REUSENS B, DAHRI S, SENER A, REMACLE C, HOET
JJ, MALAISSE WJ (1995) Impaired activity of rat pancreatic islet
mitochondrial glycerophosphate dehydrogenase in protein malnutrition.
Endocrinology 136, 2631-2634.
REID CL, CAMPBELL IT. Metabolic Physiology. Current Anaesthesia. 2004;
15: 209-217.
REMACLE C, DUMORTIER O, BOL V, GOOSSE K, ROMANUS P, THEYS
N, BOUCKENOOGHE T & REUSENS B (2007) Intrauterine programming of
the endocrine pancreas. Diabetes Obes Metab 9 Suppl 2, 196-209.
ROCHA R, SIMÕES GC, PORTO M, MELLO MAR. Desnutrição protéico-
calórica e crescimento corporal. Influencia do exercício na recuperação
nutricional de ratos. Alim Nutre. 1997; 8: 7-16.
ROYCE JT. On the construct validity of Open Field measures. Psychol Bull.
1977; 84: 1098-1106.
84
SANCHES EF. Efeito da desnutrição proteica em ratos submetidos a Hipóxia-
isquêmica pós-natal. Dissertação de mestrado, Pós-graduação em neurociências,
UFRGS, 2010, 120p.
SANCHES EF, ARTENI NS, SPINDLER C, MOYSÉS F, SIQUEIRA IR,
PERRY ML, NETTO CA. Effects of pre- and postnatal protein malnutrition in
hypoxic-ischemic rats. Brain Res. 2012 Feb 15; 1438: 85-92
SCHWEIGERT ID, SOUZA DOG, PERRY MLS.. Desnutrição, maturação do
sistema nervoso central e doenças neuropsiquiátricas . Rev. Nutr. 2009; 22
(2): 17 -22.
SIELGEL, P.S. A simple electronic device for the measurement of gross
bodily activity of small animals. J. Psychol. 1946; 21: 227-236.
SILVA VC. ALMEIDA SS. Desnutrição proteica no início da vida prejudica a
memória social em ratos adultos. Rev. Nutri. 2006; 19 (2): 195 -201.
SOUZA AS. Conseqüências da Desnutrição na Distribuição Relativa de
Ácidos Graxos de Cadeia Longa do Sistema Nervoso Central e no
Comportamento Cognitivo de Ratos. Dissertação de Mestrado Programa de
Pós-graduação em Nutrição.- UFRJ, 2006. 137f.
SOARES EG. Efeitos da desnutriçäo proteico-calorica no sistema nervoso
central de ratos: estudio ponderal, bioquímico e comportamental. Tese de
Universidade de Säo Paulo. Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto. 137p,
1982.
SAMPAIO VF. Efeitos da desnutrição protéico precoce e da estimulação
ambiental sobre parâmetros bioquímicos e comportamentais em ratos.Tese
de Doutorado. USP. 2009.
85
SCHAFER AA, DALLAZE A, MELLER FO, VICARI IA, BUSCHWEITZ MD,
HELBIG E. Alterações físicas em ratos da CEPA submetidos em a dietas
com e sem proteínas, 2008.
SILVA AS. Ambiente e desenvolvimento: Efeitos do álcool etílico e da
desnutrição. Mundo e vida. 2000; 2 (1).
SILVA ALF, HERNANDES AS, FUKUDA MTH,VALADARES CT, ALMEIDA
SS. Anxiolytic-like effects of short-term postnatal protein malnutrition in the
elevated plus-maze test. Behavioural Brain Research. 2006; 173: 310N-314.
SILVA MSP, CABRAL-FILHO JE, OLIVEIRA LM. Effect of early malnutrition
and environmental stimulation in the performance of rats in the elevated plus
maze. Behavioural Brain Research. 2009; 205: 286-289.
SIU, L.O.; RUSSELL, J.C.; TAYLOR, A.W. Determination of glycogen in
small tissue samples. Journal of Apllied Physiology, 1970.
SMART JL. Malnutrition, learning and behavior: 25 years on from the MIT
symposium proceed-ings of the nutrition society. 1993; 52: 189-199.
STRUPP BJ, LEVITSKY DA. Enduring cognitive effects of early malnutrition:
a theoretilc reappraisal. J Nutr. 1995; 125: 2221-2232.
TEODÓSIO, N.R.; LAGO, E.S.; ROMANI, S.A.M.; GUEDES, R.C.A. A
regional basic diet (RDB) from Northeast Brazil as a dietary model of
experimental malnutrition. Archivos Latinoamericanos de Nutricion, Caracas.
1990; 40(4): 533-47.
86
THOR DH, HOLLOWAY WR. Social memory of the male laboratory rat.
Journal of comparative and Physiological. 1982; 96: 1000-1006.
TRUSWELL AS. Protein versus energy in protein energy malnutrition. South
African Med. 1981; 59: 753-756.
VALADARES CT. Efeitos da desnutrição protéica pós-natal no desempenho
de ratos em diferentes tarefas de aprendizado e memória. 2006
VALADARES CT, ALMEIDA SS. Early protein malnutrition changes learning
and memory in spaced but not in condensed trials in the Morris water maze.
Nutritional Neuroscience, 2005; 8 (1): 39-47.
WALSH RN, CUMMINS RA. The open field test: A critical review.
Psychological Bulletim.1976; 83 (3): 482- 504.
WATERLOW JC, ALLEYNE GAO. Má nutrição protéica em crianças:
Evolução dos conhecimentos nos últimos dez anos. São Paulo, Pancast,
1974; p 120.
WATERLOW JC, CRAVIETO J, STEPHEN JML. Protein malnutrition in man.
Adv. Prot. Chem. Academic Press Inc. 1960; 131-238.
87
WONG-GOODRICH SJ, GLENN MJ, MELLOTT TJ, BLUSZTAJN JK, MECK
WH, WILLIAMS CL. Spatial memory and hippocampal plasticity are
differentially sensitive to the availability of choline in adulthood as a function
of choline supply in utero. Brain Res. 2008; 27 (1237): 153-66.