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UNIVERSIDADE FUMEC FACULDADE DE CIENCIAS EMPRESARIAIS - FACE MESTRADO PROFISSIONAL EM SISTEMA DE INFORMAÇÃO E GESTÃO DO CONHECIMENTO INTELIGÊNCIA COMPETITIVA E COOPERAÇÃO NA PERCEPÇÃO DOS ATORES DO ARRANJO PRODUTIVO LOCAL DE SOFTWARE DE BELO HORIZONTE E REGIÃO METROPOLITANA PATRICIA NASCIMENTO SILVA Belo Horizonte - MG 2013

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UNIVERSIDADE FUMEC FACULDADE DE CIENCIAS EMPRESARIAIS - FACE

MESTRADO PROFISSIONAL EM SISTEMA DE INFORMAÇÃO E GESTÃO DO CONHECIMENTO

INTELIGÊNCIA COMPETITIVA E COOPERAÇÃO NA PERCEPÇÃO DOS ATORES DO ARRANJO PRODUTIVO LOCAL

DE SOFTWARE DE BELO HORIZONTE E REGIÃO METROPOLITANA

PATRICIA NASCIMENTO SILVA

Belo Horizonte - MG 2013

PATRICIA NASCIMENTO SILVA

INTELIGÊNCIA COMPETITIVA E COOPERAÇÃO NA PERCEPÇÃO DOS ATORES DO ARRANJO PRODUTIVO LOCAL

DE SOFTWARE DE BELO HORIZONTE E REGIÃO METROPOLITANA

Dissertação apresentada ao curso de Mestrado Profissional em Sistemas de Informação e Gestão do Conhecimento da Universidade FUMEC, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Sistemas de Informa-ção e Gestão do Conhecimento. Área de Concentração: Gestão de Sistemas de Informação e do Conhecimento Linha de Pesquisa: Gestão da Informação e do Conhecimento Orientadora: Prof.ª Dr.ª Cristiana Fernandes De Muÿlder

Belo Horizonte - MG 2013

A Deus, pela bênção de viver.

AGRADECIMENTOS

A DEUS, que direcionou meus caminhos e permitiu mais esta vitória em minha vida.

A minha irmã Sarah e a meus pais, pela compreensão, incentivo e motivação.

À Professora Doutora Cristiana Fernandes De Muÿlder, minha orientadora, por toda dedica-

ção, confiança e amizade, pela oportunidade de aprendizado e por sua eterna contribuição em

minha formação.

Aos entrevistados, de todas as empresas, entidades, associações, instituições e órgãos, agrade-

ço a valiosa contribuição para a concretização desta pesquisa.

Ao Professor Doutor Luiz Cláudio Vieira de Oliveira, pela revisão normativa e ortográfica.

Aos colegas, professores e funcionários do programa de Pós-Graduação em Sistemas de In-

formação e Gestão do Conhecimento da Universidade FUMEC, por toda a experiência e pelo

conhecimento compartilhado.

“O cientista não é o homem que fornece as verdadeiras respostas; é quem faz as

verdadeiras perguntas”.

Claude Lévi-Strauss

RESUMO

Atualmente, a disponibilização de informações estratégicas é cada vez mais importante para a

geração de vantagem competitiva nas organizações. A Inteligência Competitiva, no Arranjo

Produtivo Local (APL), contribui para que empresas de pequeno porte possam gerar compe-

tências e manter um posicionamento competitivo no mercado global. O presente trabalho tem

o objetivo de identificar e analisar o compartilhamento de informações estratégicas e de inte-

ligência competitiva pelos atores do APL de Software de Belo Horizonte e Região Metropoli-

tana. A partir das dimensões do micro e do macroambiente organizacional, e das ações reali-

zadas pelos atores, foi avaliada a percepção dos mesmos quanto ao compartilhamento de in-

formações estratégicas e de inteligência. Para tanto, optou-se por realizar uma pesquisa quali-

tativa com os atores estratégicos do APL. Um roteiro de entrevista semiestruturado foi desen-

volvido para realização das entrevistas com gestores e representantes de cada ator do APL. O

roteiro é composto de quatro categorias de análise, subdivididas em subcategorias que orien-

tam a coleta de dados. Foram entrevistados dez atores que representam o setor na região, no

período de abril a agosto de 2013. Os resultados obtidos apontam que a interação entre os

atores não envolve ações direcionadas ao compartilhamento de informações estratégicas e de

inteligência competitiva. Como consequência, propõe-se a implantação de uma governança no

APL, o monitoramento dos ambientes e um maior compartilhamento de informações estraté-

gicas entre os atores.

Palavras-chave: Inteligência competitiva. Arranjo produtivo local. Cooperação. Compartil-

hamento de informações estratégicas.

ABSTRACT

Currently, the provision of strategic informations is increasingly important for generating

competitive advantage in organizations. The competitive Intelligence in Local Productive

Arrangement (LPA), contributes for small businesses can generate competencies and maintain

a competitive position in the global market. This study has the objective of identify and ana-

lyze the sharing of strategic informations and competitive intelligence by actors the LPA of

Software of Belo Horizonte and Metropolitan Region. From the dimensions of the micro and

macro environment organizational, and of actions performed by actors, it was evaluated the

perception about the sharing of strategic informations and of intelligence. Thereunto, it was

decided to conduct a qualitative research with the strategic actors of the LPA. A script semi-

structured interview guide was developed for the interviews with managers and representa-

tives of each actor of LPA. The script consists of four categories of analysis, divided into sub-

categories that guide the data collection. Ten interviews were conducted with actors that

represent the sector in the region, in the period April to August 2013. The results indicate that

the interaction between the actors does not involve actions aimed at sharing of strategic in-

formations and of competitive intelligence. As a consequence, it is proposed to implement of

a governance in LPA, monitoring of environments and a greater sharing of strategic informa-

tions between actors.

Keywords: Competitive Intelligence. Local Productive Arrangement. Cooperation. Sharing

Strategic Informations.

LISTA DE SIGLAS

ABRAIC Associação Brasileira de Inteligência Competitiva

APL Arranjo Produtivo Local

ASSESPRO-MG Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação,

Software e Internet

BHTEC Parque Tecnológico de Belo Horizonte

CEFET-MG Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais

CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

CEINFOR Conselho Empresarial de Informática

CNPQ Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

EEES Espacio Europeo de Educación Superior

FAPEMIG Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais

FIEMG Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais

FUMEC Fundação Mineira de Educação e Cultura

FUMSOFT Fundação Mineira de Software

IC Inteligência Competitiva

IEL Instituto Euvaldo Lodi

MIC Centro de Inovação Microsoft

MPS.BR Melhoria de Processos do Software Brasileiro

NPH Hospitais Públicos da Rede da Catalunha

PME Pequenas e Médias Empresas

PROPIC Programa de Pesquisa e Iniciação Científica

PUC MINAS Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

RMBH Região Metropolitana de Belo Horizonte

SCIP Strategic and Competitive Intelligence Professionals

SECTES Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Mi-

nas Gerais

SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Minas

Gerais

SEDE Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico

SINDIFOR Sindicato das Empresas de Informática de Minas Gerais

SUCESU-MG Sociedade de Usuários de Informática e Telecomunicações de Minas

Gerais

SUS Sistema Único de Saúde

REDESIST Rede de Pesquisa em Sistemas e Arranjos Produtivos e Inovativos Lo-

cais

TI Tecnologia da Informação

TIC Tecnologia da Informação e Comunicação

UFMG Universidade Federal de Minas Gerais

UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 - Temas abordados e principais autores............................................................... 22

QUADRO 2 - Autores da Inteligência Competitiva ................................................................. 24

QUADRO 3 - Síntese dos Ganhos Competitivos das Empresas em Redes de Cooperação .... 42

QUADRO 4 - Desafios do desenvolvimento de um APL de TI .............................................. 48

QUADRO 5 - Estrutura roteiro da entrevista semiestruturada ................................................. 58

QUADRO 6 - Estrutura da dissertação .................................................................................... 59

QUADRO 7 - Estrutura do capítulo análise de resultados ....................................................... 63

QUADRO 8 - Categorias de análise da pesquisa ..................................................................... 64

QUADRO 9 - Identificação dos atores ..................................................................................... 65

QUADRO 10 - Caracterização dos entrevistados .................................................................... 66

QUADRO 11 - Ações Desenvolvidas pelos Atores do APL de Software da RMBH .............. 68

QUADRO 12 - Comparação de desafios dos APLs de TI ....................................................... 90

QUADRO 13 - Objetivos específicos e resultados da pesquisa ............................................... 95

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - Importância e Compartilhamento das informações do Micro e Macroambiente pelos atores do APL .................................................................................................................. 76

TABELA 2 - Valores médios da importância e compartilhamento das informações do micro e macroambiente no APL ............................................................................................................ 77

LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 - Frequência de ações desenvolvidas pelos atores do APL de Software da RMBH .................................................................................................................................................. 70

GRÁFICO 2 - Políticas governamentais da região do APL ..................................................... 82

GRÁFICO 3 - Participação em feira e eventos do APL ........................................................... 83

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - Ciclo da Inteligência Competitiva ....................................................................... 27

FIGURA 2 - Ciclo de Inteligência Competitiva ....................................................................... 28

FIGURA 3 - O macro, o microambiente e seus componentes ................................................ 33

FIGURA 4 - Modelo decisório da economia clássica e racionalidade absoluta ...................... 36

FIGURA 5 - Vertentes do Processo de Desenvolvimento do APL .......................................... 40

FIGURA 6 - Fatores determinantes da concentração geográfica de empresas ........................ 41

FIGURA 7 - Elementos para Análise de um Regime de Informação em Arranjos Produtivos

Locais ....................................................................................................................................... 43

FIGURA 8 - Visão sistêmica do escopo da pesquisa ............................................................... 46

FIGURA 9 - Principais APLs do Programa APLs em Minas Gerais ....................................... 50

FIGURA 10 - Mapa estratégico do APL de Software de Belo Horizonte ................................ 52

FIGURA 11 - Modelo de Governança do APL de TI da Região Metropolitana de Belo

Horizonte .................................................................................................................................. 53

FIGURA 12 - Modelo de Governança de um Arranjo Produtivo Local .................................. 54

FIGURA 13 - Modelo do APL de Software com práticas de Inteligência Competitiva .......... 92

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 15

1.1 Problema de pesquisa ...................................................................................................... 16

1.2 Justificativa do trabalho .................................................................................................. 17

1.2.1 Acadêmica ................................................................................................................... 17

1.2.2 Gerencial ................................................................................................................ 18

1.2.3 Profissional ............................................................................................................. 19

1.3 Objetivo Geral ................................................................................................................. 20

1.4 Estrutura da Dissertação ................................................................................................. 20

2 REFERENCIAL TEÓRICO .......................................................................................... 22

2.1 Inteligência Competitiva ................................................................................................. 22

2.2 Processos de Inteligência Competitiva ........................................................................... 26

2.3 Aplicações da Inteligência Competitiva nas Organizações ....................................... 28

2.3.1 Estudos de Caso da IC nas Organizações............................................................... 29

2.4 Dimensões do Macro e Micro Ambiente Organizacional ......................................... 32

2.5 Inteligência Competitiva e Tomada de Decisão ........................................................ 36

2.6 Arranjo Produtivo Local ............................................................................................ 38

3 CONTEXTO DA PESQUISA ......................................................................................... 45

3.1 Marco Teórico ................................................................................................................. 45

3.2 Arranjo Produtivo Local de Software ........................................................................ 46

3.2.1 Atores do Arranjo Produtivo Local de Software ..................................................... 49

3.2.2 Inteligência Competitiva no Arranjo Produtivo Local de Software de Belo

Horizonte .......................................................................................................................... 49

4 METODOLOGIA ............................................................................................................ 54

4.1 Coleta dos dados ........................................................................................................ 61

5 ANÁLISE DE RESULTADOS ....................................................................................... 63

5.1 Categorias de Análise ..................................................................................................... 63

5.2 Identificação dos atores e das ações realizadas no APL ............................................ 64

5.2.1 Identificação dos atores e dos entrevistados ....................................................... 64

5.2.2 Ações desenvolvidas no APL na percepção do ator ........................................... 66

5.2.3 Troca de Informações com outros atores do APL .............................................. 71

5.3 Compartilhamento de informações do macro e micro ambiente organizacional ....... 72

5.3.1 Componentes do micro e macro ambiente do APL ........................................... 72

5.4 Parcerias e troca de informações no APL .................................................................. 79

5.4.1 Parcerias com empresas locais, instituições de ensino e centros de pesquisa .... 79

5.4.2 Informações compartilhadas com as entidades de apoio e financiamento ......... 81

5.4.3 Relacionamento com políticas ou ações governamentais................................... 81

5.4.4 Participação em feiras e eventos ......................................................................... 82

5.5 Percepção do APL ..................................................................................................... 83

5.5.1 Ações para o compartilhamento de informações estratégicas e de inteligência

competitiva ....................................................................................................................... 84

5.5.2 Percepção do APL de Software .......................................................................... 86

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 94

6.1 Contribuições .................................................................................................................. 97

6.2 Limitações ....................................................................................................................... 98

6.3 Trabalhos Futuros ........................................................................................................... 98

REFERÊNCIAS .................................................................................................................. 99

APÊNDICE A - Roteiro de entrevista semiestruturada com Atores do APL ............. 109

15 1 INTRODUÇÃO

Na denominada Era da Informação, composta por um mercado competitivo e dinâmico

e pela criação de um mercado internacional aberto e compartilhado, advindo da globali-

zação, pequenas e médias empresas possuem o desafio de se manterem competitivas e

atuantes no mercado mundial. Ações inesperadas do ambiente externo e interno são

constantes, tornando-se estratégico, para o desenvolvimento do país, rever as estruturas

de relações entre as micro e pequenas e médias empresas (PMEs) de um dado setor,

com uma dinâmica produtiva instalada em uma região geográfica e com um impacto

social e econômico regional significativo (CASSIOLATO; LASTRES, 2003).

Muitas organizações buscam competir, porém possuem poucas informações relaciona-

das aos seus comandos internos e à tomada de decisão. Esta escassez de informações

acarreta pouco valor agregado e ausência de inteligência para a tomada de decisão. Para

Starec, Gomes e Bezerra (2006), a inteligência competitiva assume um papel estratégico

importante dentro do processo de obtenção, pela organização, de um conhecimento con-

tínuo, cada vez mais preciso, de seu ambiente de negócios, composto de variáveis de

natureza política, social, econômica e tecnológica. Em um contexto onde a incerteza

ambiental passou a ser uma constante na vida cotidiana da sociedade da informação, a

competitividade do mercado é, hoje, um cenário constante para as organizações (MAR-

CIAL, 2011).

Inteligência competitiva é um conceito trabalhado por diversos autores. Dentre eles,

Gomes e Braga (2004) a relacionam com a capacidade de utilizar informações públicas

de competição para auxiliar na vantagem competitiva da organização, por meio de deci-

sões estratégicas alinhadas ao negócio. A inteligência competitiva possui diversas apli-

cações e pode ser utilizada, de diversas formas, como ferramenta de análise para as em-

presas. Atualmente, informações estratégicas são cada vez mais valorizadas pelas em-

presas, uma vez que, a partir de uma análise da inteligência competitiva, será possível

antecipar decisões estratégicas sobre o negócio.

Aliada à inteligência competitiva, a cooperação entre pequenas e médias empresas de

um determinado setor é uma das tendências mundiais para permitir a união de forças e

para aumentar a competitividade deste conjunto de empresas. Os Arranjos Produtivos

16 Locais surgiram a partir de 1970 e começaram a ser tendência, no Brasil, a partir de

1990, segundo Lastres, Cassiolato e Maciel (2003).

Empresas participantes de um mesmo Arranjo Produtivo Local (APL) possuem caracte-

rísticas, experiências e informações comuns, que podem ser compartilhadas entre si.

Para Porter (1999), Puga (2003), Lastres, (2004), Haddad (2007) e Mytelka e Farinelli

(2005), os APLs podem ser entendidos como agrupamentos de agentes econômicos,

sociais e políticos geograficamente concentrados em determinada área, que desenvol-

vem atividades econômicas correlatas em um setor particular, vinculados por elementos

comuns e complementares de produção, interação, cooperação e aprendizagem. Assim,

o APL é um ambiente favorável para a troca de informações estratégicas entre as em-

presas, contribuindo para a competitividade do setor no qual estão inseridas.

Os atores de um APL são formados por agentes locais representados por empresas, ór-

gãos de fomento, instituições de ensino e pesquisa, instituições públicas e órgãos do

governo, associações, entidades profissionais e sindicais, dentre outros agentes que

compõem o modelo de um arranjo produtivo local. A interação entre atores e a sua con-

figuração em rede promove um ambiente favorável ao compartilhamento de informa-

ções, de conhecimentos, de habilidades e de recursos essenciais para os processos de

inovação, para o alcance da competitividade de mercados e da eficiência coletiva (BA-

LESTRIN; VARGAS, 2004; SCHMITZ, 1997).

Tendo em vista a relevância das relações de cooperação, interação e aprendizagem para

pequenas e médias empresas inseridas em um APL, a pesquisa busca identificar o com-

partilhamento de informações estratégicas e de inteligência competitiva pelos atores do

APL de Software de Belo Horizonte e Região Metropolitana de Belo Horizonte – RM-

BH.

1.1 Problema de pesquisa

O presente trabalho procura discutir a seguinte questão: de que forma são compartilha-

das as informações estratégicas e de inteligência competitiva pelos atores do APL de

Software de Belo Horizonte e Região Metropolitana?

17 1.2 Justificativa do trabalho

A justificativa para elaboração deste trabalho se estende sobre três grandes áreas, que

correspondem à relevância acadêmica, gerencial e profissional sobre o tema em estudo.

1.2.1 Acadêmica

Este trabalho faz parte de um projeto de pesquisa financiado pela Fundação de Amparo

à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), na Demanda Universal de 2011, inti-

tulado Inteligência Competitiva e Cooperação no Arranjo Produtivo Local de Minas

Gerais. O projeto é coordenado pela Professora Doutora Cristiana Fernandes De

Muÿlder e também faz parte do Programa de Pesquisa e Iniciação Científica – Propic

2011, da Universidade FUMEC.

Conforme Vidigal (2011), os estudos de inteligência competitiva no Brasil ainda são

limitados, em sua maior parte, a pesquisas de cunho científico ou acadêmico e restrito

ao conhecimento de metodologias empíricas, ou a estratégias de monitoramento, levan-

do em consideração a aplicabilidade das metodologias utilizadas pelas organizações.

Para Bastos (2010), o que existe na literatura acerca da inteligência competitiva, no Bra-

sil, são resultados de pesquisas acadêmicas. A maior parte são estudos de caso que não

demonstram efetivamente o que acontece no contexto das organizações.

Com a competitividade e dinamicidade do mercado atual, a Inteligência Competitiva é

um processo importante, que auxilia na identificação de informações estratégicas, con-

tribuindo para a tomada de decisão, a competitividade e a sustentabilidade das organiza-

ções. No contexto de redes organizacionais, o compartilhamento de inteligência e de

informações estratégicas entre empresas participantes de um arranjo produtivo local é

de extrema importância para que haja cooperação entre as mesmas e para o fortaleci-

mento das organizações frente à competitividade do mercado global. A disponibilização

de informações relevantes sobre o mercado, tendências e ameaças são imprescindíveis

para a competitividade e sucesso das organizações (MARCIAL, 2011; VALENTIM,

2003).

18 O tema é relevante sob o ponto de vista acadêmico e busca contribuir para a literatura

brasileira. Uma pesquisa bibliométrica realizada em abril de 2009, por Cristiana Fer-

nandes De Muÿlder, em algumas das principais bases de dados disponíveis, como a base

de teses da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes),

órgão subordinado ao Ministério da Educação, identificou dados expressivos. Encon-

trou-se 88 ocorrências, ao longo dos 21 anos (1987-2007) de disponibilização das teses

e dissertações nessa base. Dentre essas, foram encontradas quatro ocorrências relacio-

nadas à temática da presente proposta de estudo, mas nenhuma contemplou diretamente

a iniciativa proposta neste trabalho. Essas ocorrências, todas elas dissertações de mes-

trado, tiveram como referência o triênio de 1998 a 2000.

1.2.2 Gerencial

Barbosa (2006) destaca que a maioria dos estudos sobre inteligência competitiva focali-

za grandes empresas, uma vez que elas é que têm desenvolvido sistemas mais sofistica-

dos nessa esfera. Entretanto, pouco se conhece a respeito de como executivos e profis-

sionais de pequenas empresas lidam com a inteligência competitiva. Os arranjos produ-

tivos locais são formados por pequenas e médias empresas em uma determinada locali-

zação e constituem um fenômeno recente, com considerável proporção no cenário eco-

nômico e social, apresentando um contexto relevante para se estudar a cooperação e o

compartilhamento de informações estratégicas e de inteligência competitiva.

O compartilhamento de informações é uma tendência da Era da Informação. Em dife-

rentes contextos, o compartilhamento é estimulado e incentivado. Muitas são as variá-

veis que contribuem para que haja ou não o compartilhamento de informações entre as

organizações. Porém, entender as dimensões do micro e do macroambiente é fundamen-

tal para identificar as facilidades e dificuldades no compartilhamento de informações

estratégicas e de inteligência competitiva.

Seguindo esta tendência, o governo do estado de Minas Gerais vem investindo em pro-

gramas para criação de arranjos produtivos locais nos mais diversos setores, inclusive

no de software. Leis já foram sancionadas e diversas ações são tomadas para incentivar

e promover o crescimento dos APLs de Minas Gerais.

19 A escolha do APL de software de Belo Horizonte e Região Metropolitana deu-se, entre

outros motivos, em função do destaque que a região possui em atividades relacionadas à

tecnologia da informação, no estado.

1.2.3 Profissional

Além da importância acadêmica e gerencial, o trabalho é relevante para a carreira pro-

fissional da pesquisadora, que atua no APL de software de Belo Horizonte e região me-

tropolitana e tem acompanhado a evolução das empresas da região ao longo da última

década.

Atualmente é Analista de Tecnologia da Informação na Universidade Federal de Minas

Gerais (UFMG), Bacharel em Sistemas de Informação, pela Pontifícia Universidade

Católica de Minas Gerais (PUC Minas) e Técnica em Informática Industrial pelo Centro

Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais – CEFET-MG. Todas as instituições

são participantes do APL de software de Belo Horizonte. Também atuou, durante cinco

anos, em algumas pequenas e microempresas de software do APL em estudo. Portanto,

tem experiência para identificar que a utilização de inteligência competitiva, pelas orga-

nizações, ainda é um assunto muito recente para os participantes do APL, mas que tem

alcançado maior destaque ao longo do tempo.

O estudo é uma oportunidade de identificar a percepção dos atores do APL de Software

de Belo Horizonte. Este pode permitir a capacitação de profissionais qualificados para a

prática profissional avançada e transformadora de procedimentos, transferir conheci-

mento para a sociedade, atendendo demandas específicas de arranjos produtivos para o

desenvolvimento nacional, regional ou local, e contribuir para agregar competitividade e

aumentar a produtividade em empresas, organizações públicas e privadas (BRASIL,

2009).

20 1.3 Objetivo Geral

Analisar, sob a perspectiva dos atores estratégicos, de que forma são compartilhadas as

informações estratégicas e de inteligência competitiva no APL de Software de Belo Ho-

rizonte e Região Metropolitana.

Os objetivos específicos compreendem:

a) Identificar fatores que associem a inteligência competitiva e a gestão estratégica

no APL de Software;

b) Identificar estratégias de cooperação dos atores do APL de software no compar-

tilhamento de informações estratégicas e de inteligência competitiva;

c) Analisar as facilidades e dificuldades percebidas pelos atores no compartilha-

mento de informações estratégicas e inteligência competitiva no APL de softwa-

re de Belo Horizonte e Região Metropolitana.

1.4 Estrutura da Dissertação

Esta dissertação está estruturada em seis capítulos. No capítulo introdutório, desenvol-

ve-se a contextualização do tema, com a apresentação do problema de pesquisa, os obje-

tivos do trabalho e a justificativa para sua realização.

No capítulo 2, é apresentado o referencial teórico fundamentando a inteligência compe-

titiva, a estratégia e os arranjos produtivos locais. Nesse capítulo, faz-se a fundamenta-

ção teórica como sustentação do trabalho. A seção 2.1 apresenta conceitos e definições

de inteligência competitiva, bem como sua origem e variações. Esses temas são expla-

nados com o intuito de descrever diferentes abordagens e paradigmas relacionados à

inteligência competitiva. Na seção 2.2, apresenta-se o processo de inteligência competi-

tiva e seu respectivo ciclo, que são explanados com o intuito de destacar as fases para

construção de um sistema de inteligência competitiva.

21 A seção 2.3 destaca a aplicação e utilização da inteligência competitiva em diferentes

organizações, buscando oferecer suporte ao entendimento e percepção da inteligência

competitiva nas organizações. Um levantamento bibliográfico foi realizado, apresentan-

do as aplicações da IC em diversas organizações e diferentes contextos.

As seções 2.4 e 2.5 apresentam, respectivamente, os elementos do micro e macroambi-

ente organizacional e a inteligência competitiva e estratégica. Esses elementos são ado-

tados para analisar a relação entre a cooperação de informação de inteligência competi-

tiva e a sua utilização na tomada de decisão. A seção 2.6 apresenta as definições e con-

ceitos sobre APL.

No Capítulo 3, são apresentados o contexto e o escopo da pesquisa, caracterizando-se o

APL de Software de Belo Horizonte e Região Metropolitana. No Capítulo 4, é indicada

a metodologia utilizada no trabalho, destacando-se os métodos utilizados na coleta e no

tratamento dos dados. O capítulo 5 aponta os resultados obtidos na pesquisa, sua análise

e discussão. No capítulo 6, são feitas as considerações finais, com apresentação da con-

tribuição da pesquisa e sugestões para trabalhos futuros.

22 2 REFERENCIAL TEÓRICO

No QUADRO 1, são apresentados os temas gerais abordados e os autores citados e refe-

renciados em cada uma das seções e subseções.

QUADRO 1 - Temas abordados e principais autores

Temas Autores Inteligência Competitiva Barbosa (2006)

Gomes e Braga (2001) Marcial (2011) Miller (2002) Porter (1999) Prescott e Miller (2002) Starec, Gomes e Bezerra (2006) Tarapanoff (2001)

Tomada de decisão e Estratégia Choo (2001) Moresi (2001) Porter (1991) Porter (1999) Prescott e Miller (2002) Tarapanoff (2001)

Arranjo Produtivo Local Castells (2005) Lastres e Cassiolato (2003) Machado (2003) Porter (1999) Verschoore e Balestrin (2008)

Fonte: Próprio autor.

2.1 Inteligência Competitiva

Com o fim da Guerra Fria, no período de 1960 e 1950, a inteligência competitiva (IC)

se tornou uma preocupação crescente do governo e das empresas, tendo se expandido

em programas militares e de contraespionagem. Braga (2008) também destaca que, em

função da competitividade dos últimos anos, o conceito passou a ser considerado pela

sociedade civil, no mundo dos negócios, difundindo-se inicialmente com antigos profis-

sionais da informação, espiões e arapongas, então desempregados, que identificaram a

habilidade de coletar e tratar a informação, de forma ética e legal, para ser utilizada co-

mo vantagem competitiva. Na mesma linha, Bezerra (2005) afirma que a atividade de

23 IC vem sendo exercida, desde 1950, na Europa e Japão, e sua base teórica tem origem

na atividade militar e do estado, adaptada para a realidade das empresas.

No Brasil, as empresas vêm utilizando a IC desde 1990, mas seu auge ocorreu em 2000,

em virtude da fundação da Associação Brasileira dos Analistas de Inteligência Competi-

tiva (ABRAIC), como afirmam Menezes e Marcial (2001). A inteligência competitiva

possui diversas definições que se assemelham e se destacam de diferentes formas, po-

dendo ser realizada com foco no nível estratégico, tático e operacional, ou em ambos.

Para Tarapanoff (2006, p. 78): “A inteligência competitiva deve criar ‘efeitos de surpre-

sa’ nos tomadores de decisão, permitir alocar ações no seu contexto e amenizar frustra-

ções diante das interpretações difíceis ou contraditórias de certas informações”.

Para o Instituto Euvaldo Lodi (IEL) (2006), independentemente do nome atribuído à

inteligência competitiva, importa que seu ciclo de atividades, suas práticas e ferramen-

tas possam ser aplicados a diversas dimensões da atuação empresarial, variando em am-

plitude e frequência, conforme as decisões a serem tomadas. Já para Gomes e Braga

(2001, p. 28), a IC é:

[...] o resultado da análise de dados e informações coletados do ambiente competitivo da empresa que irão embasar a tomada de decisão, pois gera re-comendações que consideram eventos futuros e não somente relatórios para justificar decisões passadas.

Conforme Tarapanoff (2001), a IC também é composta por diversos tipos de informa-

ção: tecnológica, ambiental, sobre o usuário, competidores, sobre o mercado e o produ-

to. De forma geral, a IC é um processo sistemático que transforma pedaços esparsos de

dados em conhecimento estratégico. É informação sobre produtos específicos e tecnolo-

gia, é monitoramento de informações externas que afetam o mercado da organização,

como a informação econômica, regulatória, política e demográfica.

Em seu sentido mais amplo, a inteligência competitiva força as organizações a manter um foco externo contínuo. Ela é mais do que estudar os competido-res, é o processo de estudar qualquer coisa que possa tornar a organização mais competitiva e posicioná-la melhor no mercado (TARAPANOFF, apud TYSON, 1998).

Gomes e Braga (2004) destacam, em sua obra, que diversos autores conceituaram a IC e

listam as definições que são mais adequadas para uma empresa:

24

QUADRO 2 - Autores da Inteligência Competitiva

Autor

Conceito JACOBIAK (1997) Atividade de gestão estratégica da informação que

tem como objetivo permitir que os tomadores de decisão se antecipem às tendências dos mercados e à evolução da concorrência, detectem e avaliem ameaças e oportunidades que se apresentem em seu ambiente de negócio, para definir ações ofensivas e defensivas mais adaptadas às estratégias de desen-volvimento da organização.

MILLER (1997) Processo de coleta, análise e disseminação da inte-ligência relevante, específica, no momento adequa-do – refere-se às implicações com o ambiente do negócio, os concorrentes e a organização.

COELHO (1997) Coleta ética e o uso da informação pública e publi-cada, disponível sobre tendências, eventos e atores, fora das fronteiras da organização. Identificar as necessidades de informação da organização; cole-tar, sistematicamente, a informação relevante; em seguida, processá-la analiticamente, transformando-a em elemento para a tomada de decisão.

GIESBRECHT (2000) Radar que proporciona à organização o conheci-mento das oportunidades e das ameaças identifica-das no ambiente, que poderão instruir suas tomadas de decisão, visando à conquista de vantagem com-petitiva. Instrumento de decisão e forma de agregar valor à função de informação.

KAHANER (1996) Um processo de coleta sistemática e ética de infor-mações sobre as atividades de seus concorrentes e sobre as tendências gerais dos ambientes de negó-cio, com o objetivo de aperfeiçoamento da posição competitiva de sua empresa.

PRESCOTT; GINNONS (1993)

Um processo formalizado, ininterruptamente avali-ado, pelo qual a gerência avalia a evolução de sua indústria e a capacidade do comportamento de seus concorrentes atuais e potenciais, para auxiliar na manutenção ou desenvolvimento de uma vantagem competitiva.

MCGONAGLE; VELLA (1990)

Um programa de Inteligência Competitiva tenta assegurar que a organização tenha informações exatas sobre seus concorrentes e um plano para utilização dessa informação para sua vantagem.

Fonte: GOMES; BRAGA, 2004.

Nos conceitos do QUADRO 2, os autores definem a IC como um programa, ou um pro-

cesso relacionado à coleta e à análise de informações, utilizado de forma estratégica

para a tomada de decisão. Gomes e Braga (2004) destacam três características importan-

tes dos conceitos apresentados no QUADRO 2:

25

• Sistemático e ético: nenhum sistema de IC deve se pautar em ações antiéticas,

nem ser apenas um sistema de respostas a questões pontuais;

• Formalizado e ininterruptamente avaliado: requer uma avaliação permanente pa-

ra verificar sua eficácia e eficiência para a organização;

• Planejado para utilizar a informação: coletar uma informação sem objetivo defi-

nido e sem um plano para sua utilização não trará resultados, sendo um desper-

dício de tempo e de recursos.

Na mesma linha, Kahaner (1997) conceitua a inteligência competitiva como um pro-

grama institucional sistemático para garimpar e analisar informações sobre as atividades

da concorrência e as tendências do setor específico e do mercado, de forma geral, com o

propósito de levar a organização a atingir metas e objetivos. Nesse sentido, Nunes

(2007) adverte em seu trabalho: as empresas que não investirem em IC não conseguirão

se manter no mercado globalizado, uma vez que, atualmente, vive-se em um ambiente

onde a velocidade da obsolescência das empresas, produtos e serviços tornou-se um

referencial para aferir as organizações que se mantêm no mercado globalizado.

Assim como afirmam Rapp, Agnihotri e Baker (2011), a maioria das definições de IC

discute como um processo, a nível organizacional, focado em concorrentes ou no ambi-

ente competitivo, resulta em conhecimento que pode ser usado para ganhar vantagem

competitiva e antecipar ações competitivas. Embora as definições não afirmem explici-

tamente, é possível identificar que o conhecimento adquirido em IC é utilizado para

melhorar o desempenho da organização.

Marcial (2011) destaca que o resultado da análise da IC possibilita a tomada de decisão

antecipada e a redução dos riscos, com aproveitamento das oportunidades existentes no

ambiente. E, apesar das dificuldades ao implantá-la, a inteligência competitiva constitui

um dos instrumentos mais modernos que as organizações dispõem atualmente. Ela auxi-

lia o processo decisório diário e apoia os processos de planejamento estratégico e de

inovação da organização, ao antecipar os movimentos de variáveis e atores no macro-

ambiente e no ambiente negocial.

26 2.2 Processos de Inteligência Competitiva

Prescott e Miller (2002) afirmam que o fundamental para o sucesso de qualquer sistema

de IC é a ligação existente entre a inteligência e o mercado no processo estratégico da

empresa. Com isso, devem ser utilizados meios para transmitir a inteligência aos gesto-

res da organização. Starec, Gomes e Bezerra (2006, p. 11) destacam que:

A inteligência competitiva insere-se no contexto da gestão da informação, monitorando ambientes, identificando as melhores práticas existentes, aju-dando a construir as competências essenciais e integrando as pessoas da or-ganização – alta direção, executivos, técnicos, funcionário em geral, e suas redes de parceria – clientes, fornecedores, sociedade.

No processo de IC, é importante entender a realidade atual para antecipar o futuro e os

principais elementos que influenciam diretamente na organização: clientes, fornecedo-

res, parceiros e concorrentes.

Conforme Gomes e Braga (2005), as etapas que compõem um sistema de inteligência

competitiva são:

1) Identificação das necessidades de informação: uma das etapas mais importantes,

pois identificará as necessidades de informação dos tomadores de decisão;

2) Coleta e tratamento das informações: nesta etapa, serão identificadas as fontes

de informações mais úteis e relevantes. As informações deverão ser organizadas,

classificadas e indexadas, a fim de facilitar a recuperação da informação;

3) Análise final da informação: é também denominada “gerador de inteligência”.

As informações coletadas são transformadas em uma avaliação significativa,

completa e confiável. Nessa fase, são apresentadas conclusões sobre o assunto

que está sendo pesquisado. A análise possui diversas metodologias: modelo das

5 forças, de Michel Porter; Fatores críticos de sucesso; Cenários; Perfil do con-

corrente; Benchmarking e SWOT;

4) Disseminação da informação: entrega da informação analisada, disseminação da

informação aos tomadores de decisão;

5) Avaliação: avaliar o sistema criado, analisando principalmente sua eficiência pa-

ra o tomador de decisão.

A FIG. 1 mostra o ciclo da inteligência competitiva, elaborado por Kanda (2008):

27

FIGURA 1 - Ciclo da Inteligência Competitiva Fonte: KANDA, 2008.

O ciclo proposto na FIG. 1 apresenta os elementos básicos do ciclo de inteligência, des-

tacados por diversos autores, e ainda ressalta que os fluxos aparecem em duplo sentido,

possibilitando retornar a direção a uma etapa anterior para refazer o trabalho.

Entretanto, para Braga e Gomes (2004), além do processo e ciclo da IC, os colaborado-

res são muito importantes para o sucesso de um sistema de inteligência competitiva.

Mas, infelizmente, para grande parte das organizações, não existe um sistema de inteli-

gência competitiva, formalizado entre os seus colaboradores, para que esses forneçam

informações importantes para o negócio da empresa.

Nesse sentido, conforme afirma Roedel (2005), a criação de um sistema de inteligência

competitiva, compreendendo coleta, tratamento, análise e disseminação da informação

sobre as atividades concorrentes, fornecedores, clientes, tecnologias e tendências gerais

dos negócios, vem ao encontro da necessidade de monitorar continuamente o ambiente

externo a fim de estabelecer um direcionamento estratégico e a tomada de decisão em

tempo real.

28 2.3 Aplicações da Inteligência Competitiva nas Organizações

A inteligência competitiva pode ser aplicada em diferentes contextos. Para Bezerra

(2005), as empresas competitivas estão inseridas em um ciclo onde problemas, soluções

e mudanças são constantes. Nesse ciclo, os problemas são identificados, novas soluções

são desenvolvidas e essas soluções implicam em mudanças que geram novos proble-

mas, iniciando-se novamente o ciclo, conforme apresentado na FIG. 2:

FIGURA 2 - Ciclo de Inteligência Competitiva Fonte: BEZERRA, 2005, p. 90.

Bezerra (2005) destaca que esse ciclo pode ser utilizado em diferentes aplicações, a fim

de implementar novas práticas de IC, conforme as necessidades das organizações. Na

visão de Santos e Almeida (2009), com relação à organização da IC nas organizações,

não existe um modelo padrão na literatura. Assim como na área funcional, a IC está

relacionada com a cultura e a estrutura organizacional já existente na organização. Por-

tanto, a aplicação da IC pode ser feita sob diversas ópticas e diferentes cenários, varian-

do conforme as necessidades e as circunstâncias específicas.

Fazendo uma reflexão das aplicações da inteligência competitiva, Silva (2003) destaca a

possibilidade efetiva de utilização da IC em diferentes tipos de organização. Para Silva

(2003), o entendimento adquirido pode impactar na estratégia de atuação de uma orga-

nização, uma vez que a tomada de decisão acontece a partir do conhecimento da organi-

zação e do seu ambiente. A autora destaca que o processo de inteligência competitiva

tem como objetivo:

[...] A recuperação da informação relevante (estratégica), para um perfil de necessidades específicas de informação (de acordo com a estratégia de atua-ção da organização), em fontes disponíveis na Internet, com o monitoramento contínuo feito por agentes inteligentes (SILVA, 2003, p. 132).

29 Pela necessidade de obter maiores informações sobre a aplicação da IC, algumas publi-

cações da área foram analisadas, a fim de identificar as práticas de IC nas mais diversas

áreas. As publicações foram selecionadas por meio de pesquisa em bases de publica-

ções, como os portais Capes e Ebsco, tendo como tema abordado a inteligência compe-

titiva na prática. Nas publicações selecionadas, é possível identificar alguns exemplos e

cenários que exemplificam a aplicação da IC nas organizações.

2.3.1 Estudos de Caso da IC nas Organizações

Conforme Quinello e Nicoletti (2005), a ideia central da Inteligência Competitiva é a

transformação de dados em informação e da informação em inteligência, que será ex-

pressa em inovações e soluções concretas que poderão agregar valor às organizações.

No trabalho dos autores, “Inteligência Competitiva nos Departamentos de Manutenção

Industrial no Brasil”, foi feito um estudo sobre o uso da IC para o desenvolvimento tec-

nológico e a vantagem competitiva.

A metodologia utilizada foi um estudo qualitativo exploratório, por meio do método

Delphi e entrevista com especialistas da área de manutenção industrial. Para a coleta de

dados, foram elaborados questionários com perguntas classificatórias, que foram envia-

das pela internet. Pelo método Delphi, foram selecionados profissionais com, no míni-

mo, cinco anos de experiência em cargos gerenciais na área de manutenção industrial e

pós-graduação em gestão. Os resultados obtidos nesta pesquisa mostraram que é possí-

vel utilizar ferramentas como bases de dados na internet, bibliotecas e intranets para a

prática da inteligência competitiva. O uso de checklists para a difusão de ideias reforça a

IC nas organizações e é fundamental para que a inteligência competitiva seja implanta-

da.

Os resultados são positivos em relação à aplicação da IC. Entretanto, os autores conclu-

em também que:

[...] Os departamentos de manutenção não possuem uma Inteligência Compe-titiva organizada e formalizada. Os canais para captação das informações muitas vezes existem e estão disponibilizados, mas não são utilizados de forma sistemática e alinhados aos objetivos da empresa (QUINELLO; NI-COLETTI, 2005, p. 34).

30 Apesar das limitações do estudo, ele não se limita à área de manutenção industrial e

destaca a importância da IC para inovações e soluções, para agregar valor às organiza-

ções.

Prestes (2009) destaca que a inteligência competitiva pode ser aplicada ao segmento

hospitalar e à área da saúde, contribuindo para a gestão hospitalar e para a inovação,

aprimorando o processo decisório de diversas instituições. O estudo destaca o uso da IC

com a finalidade de analisar como os hospitais avaliam o ambiente de negócios para a

tomada de decisão. Uma pesquisa quantitativa exploratória, com aplicação de entrevis-

tas, foi realizada com os executivos dos principais hospitais da cidade de Caxias do Sul,

que são financiados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), e hospitais que não são cre-

denciados pelo SUS. A metodologia do trabalho incluiu visitas, participação em con-

gressos e cursos e usou do benchmarking para coleta de informações. Os resultados a-

presentados indicaram que a inteligência competitiva pode contribuir para a gestão hos-

pitalar, disponibilizando informações sobre o ambiente e contribuindo para a tomada de

decisão. Prestes (2009) conclui que:

[..] A IC poderia ser extremamente útil no segmento hospitalar analisado por poder garantir a avaliação sistemática e repetida dos pressupostos que nortei-am a definição das estratégias competitivas destas instituições (PRESTES, 2009, p. 134).

Em contrapartida, Garcia-Alsina, Ortoll e López-Borrull (2011) fazem uma análise do

uso da IC nas universidades. O estudo mostra que, apesar de conhecerem a importância

das práticas de IC, a implantação das mesmas ainda é um desafio nas universidades da

Espanha. A pesquisa é baseada em métodos qualitativos, usando entrevista para coleta

de dados. A amostra selecionada englobou quase todas as universidades da Espanha,

com diferentes ambientes. Diversas variáveis foram analisadas: comunidades atendidas

de acordo com a região e localização da universidade, tempo de funcionamento, modelo

de gestão (público ou privado), perfil de formação, ramos do conhecimento da universi-

dade e a urgência na implantação de práticas de IC.

Os resultados apontaram que a IC, nas universidades, é orientada para necessidades táti-

cas, é descentralizada e reativa, seguida da falta de procedimentos. A falta de uma análi-

se sistemática e exploratória diminui a eficácia das práticas de IC. Porém, grande parte

das universidades tem adotado práticas de IC devido às mudanças de ambiente e à pres-

31 são e incerteza causadas pelo processo de adaptação de qualificações do Espacio Euro-

peo de Educación Superior (EEES).

Para Garcia-Alsina, Ortoll e López-Borrull (2011), as universidades precisam incluir

procedimentos em toda a organização, para englobar o ciclo de inteligência. Identificar

as necessidades de informações sobre o ambiente, organizar a informação, encontrar

técnicas de análise apropriadas para as metas, além de determinar os produtos de inteli-

gência que devem ser gerados, para atender os objetivos da universidade e dos departa-

mentos, são algumas das medidas utilizadas na implantação da IC. Ao utilizar um pro-

cesso de inteligência competitiva, a longo prazo, as universidades poderão aplicar a IC a

ações de curto prazo e a decisões relacionadas com o processo decisório da instituição.

González-Gálvez, Rey-Martín e Cavaller-Reyes (2011) sugerem a criação de uma rede

social para inteligência competitiva. Ela deverá possuir a função de integrar as diversas

formas de aplicação de inteligência competitiva entre as organizações e melhorar os

projetos em IC pelo uso de indicadores, de acordo com a área de atuação da organiza-

ção. Para o estudo em questão, foi realizada uma pesquisa qualitativa e quantitativa. Na

parte qualitativa, foi realizada uma série de entrevistas com especialistas em redes soci-

ais, inteligência competitiva e comunicação empresarial. A parte quantitativa foi basea-

da em questionários enviados por e-mail e, para evitar erros, foi realizada uma definição

de conceitos chave, relacionados com medidas do problema de pesquisa. Os questioná-

rios foram respondidos por diretores de enfermagem dos hospitais públicos da Rede da

Catalunha (NPH). Como resultado, a pesquisa condensou a informação contida em um

conjunto de atributos e indicadores e o modelo proposto foi aplicado para encontrar

estratégias, a fim de melhorar os resultados em projetos de inteligência competitiva.

Para entender o uso da IC de forma individual, Rapp, Agnihotri e Baker (2011) desta-

cam como as técnicas de IC podem ser utilizadas nas práticas de vendas e sugerem tam-

bém o uso da IC em uma perspectiva individual, contribuindo para o sucesso organiza-

cional. A pesquisa foi baseada na comparação de qualidades que diferenciam a inteli-

gência competitiva no âmbito pessoal e organizacional. Como resultado, identificou-se

que a inteligência pode ser coletada pelos vendedores. Porém, é possível que a mesma

venha com um nível de subjetividade, o que pode ser negativo para as organizações. Por

isso, as empresas precisam implantar práticas explícitas de IC, com procedimentos e

objetivos definidos.

32 A partir dos diversos estudos realizados sobre a aplicação da IC, grande parte das em-

presas e instituições reconhecem sua importância e seus benefícios, mas possuem difi-

culdades em implementá-la. É possível comprovar os estudos da Strategic and Competi-

tive Intelligence Professionals (SCIP) que afirmam que a IC auxilia as organizações de

todos os tamanhos. Porém, conforme destacado por Rapp, Agnihotri e Baker (2011), a

IC é um trabalho conjunto, que envolve as pessoas e todas as áreas da organização. Cri-

ar processos para implantação da IC contribui para que o conhecimento e a inteligência

sejam “gerados” nas organizações e sejam utilizados para a tomada de decisão. Portan-

to, a atividade de IC é muito abrangente e, por consequência, pode ser aplicada em di-

versas organizações de vários setores.

2.4 Dimensões do Macro e Micro Ambiente Organizacional

Porter (1991) define microambiente ou ambiente da indústria como a dimensão consti-

tuída pelos diversos componentes externos às organizações e internos ao ambiente da

indústria, que compõem esse ambiente em que elas competem. Tais componentes afe-

tam diretamente as empresas de determinado segmento ou setor econômico, determi-

nando, nesse caso, o grau de competitividade imediato (curto e médio prazo) dessas

organizações. Já o macroambiente compreende as dimensões externas às organizações e

ao ambiente da indústria, apresentando um papel significante, principalmente, uma vez

que, em geral, as forças externas afetam todas as empresas na indústria. Logo, o ponto

básico encontra-se nas diferentes habilidades das empresas em lidar com esses compo-

nentes.

Para Lopes, De Muÿlder e Judice (2011), a IC pode ser realizada com foco tanto no ní-

vel estratégico, quanto no nível tático e operacional, ou em ambos, simultaneamente.

Em um nível mais estratégico, a organização faz o monitoramento, interpretação e ante-

cipação dos acontecimentos relativos às forças e tendências do macroambiente, cuja

ação tem como principal característica a transversalidade, ou seja, é um ambiente gené-

rico, comum a todas as empresas de determinado setor.

Na FIG. 3, são apresentados os componentes do micro e do macroambiente:

33

FIGURA 3 - O macro, o microambiente e seus componentes Fonte: Adaptado de Moresi (2001).

Os componentes do macroambiente e do microambiente são descritos, conforme Lopes,

De Muÿlder e Judice (2011), a fim de identificar as características do compartilhamento

de informações estratégicas.

Os componentes do Macroambiente:

• Legal: mudanças regulatórias por parte do governo, legislação comercial, resolu-

ções de comércio exterior;

• Político: situação e tendências partidárias, nível de corrupção, prioridades go-

vernamentais, política econômica, políticas governamentais de outros países;

• Social, demográfico e cultural: tendências e atitudes do consumidor, flutuações

no poder aquisitivo, alteração nos hábitos, estilo de vida, classes sociais, nível de

educação, deslocamentos urbanos;

• Econômico e ambiental: indicadores de conjuntura, tendências inflacionárias, e-

levação dos preços, poder aquisitivo, condições do mercado externo;

34

• Tecnológico: patentes, novos produtos, serviços, processos, novos materiais e

tecnologias emergentes (ambiente e tendências tecnológicas);

Os componentes do microambiente:

• Concorrentes: compartilhamento de informações estratégicas e inteligência sobre

a concorrência já estabelecida e identificada dentro do APL (marketshare, novos

projetos, resultados financeiros, capacitação gerencial, etc.);

• Clientes e fornecedores: perfil, segmentação, utilização de produtos e serviços,

razões por que são clientes/fornecedores, assim como a manutenção e obtenção

de novos clientes/fornecedores;

• Entrantes potenciais: “Novos entrantes” e, ou, “entrantes potenciais” (novas or-

ganizações, ou organizações já existentes que possam surgir na esfera concor-

rencial direta ou indireta da organização);

• Órgãos reguladores e fomento: acompanhamento das decisões dos órgãos de re-

gulamentação do setor; linhas de financiamento e recursos provenientes de edi-

tais que atendam ao setor (órgãos de fomento);

• Produtos substitutos: produtos substitutos (produtos e, ou, serviços que podem

vir a desempenhar a mesma função que o produto e, ou, serviço produzi-

do/disponibilizado pela organização).

Para Vasconcelos Filho e Pagnoncelli (2001):

Todas as organizações são afetadas, em diferentes graus, por três níveis de variáveis competitivas: as do macroambiente, as do ambiente setorial e as do ambiente interno. A análise do ambiente pode ser entendida como “um con-junto de técnicas que permite identificar e monitorar permanentemente as va-riáveis competitivas que afetam o desempenho da empresa” (VASCONCEL-LOS FILHO; PAGNONCELLI, 2001, p. 197).

Conforme Nadler et al. (1993), o ambiente pode afetar o funcionamento da organização

de três maneiras:

• Pela exigência de novos produtos ou serviços;

• Por meio de limitações à ação organizacional, como escassez de capital ou de

tecnologia;

• Pela oferta de oportunidades a serem exploradas pela organização.

35 Para Canongia et al. (2001), o ambiente organizacional compõe-se de macroambiente,

cujos fatores externos, que impactam a organização, não são diretamente relacionados à

sua atuação, tais como fatores políticos, econômicos, sociais, ambientais, regulatórios,

normalizadores e de investimentos; e microambiente, que apresenta fatores-chave, dire-

tamente ligados ao negócio da organização, como seus fornecedores, distribui-

ção/comercialização, clientela, tecnologias de informação, produtos substitutos e repre-

sentações de classe e competências externas. Assim, o ambiente organizacional é com-

posto também pelo ambiente interno, ou seja, pela própria organização, cujos fatores-

chave estão relacionados às competências internas, P&D, infraestrutura, orçamento e

finanças, liderança, modelo de gestão, competências essenciais, visão de futuro e moni-

toramento do meio de negócios.

Para Choo (2003), a gestão estratégica da informação está no coração da organização e

constitui a base para os processos interligados de construção de sentido (sensemaking),

criação de conhecimento e tomada de decisão. Em arranjos produtivos locais, o compar-

tilhamento de informações deve ser realizado de forma cooperada com outras empresas

e de interação com outras entidades de apoio, pois é de forma cooperada que elas pode-

rão “cocriar” o conhecimento, atribuindo vantagens competitivas para se posicionar

frente ao mercado global (NONAKA; TOYAMA, 2003).

A natureza das relações estabelecidas entre os atores resulta em interação e aprendizagem com o potencial de gerar inovação, garantir a competitividade das empresas e sustentar o desenvolvimento local. É a presença de conheci-mentos tácitos e específicos de natureza local o que conduz a processos de aprendizado coletivo e capacitação inovativa (AUN; CARVALHO; KRO-EFF, 2005, p. 1)

Choo (2001) destaca que, para garantir o sucesso da empresa e sua sobrevivência em

longo prazo, é fundamental que as organizações se preocupem em monitorar o ambien-

te, entendendo as forças externas de mudança e adaptando-se a elas. Logo, o ambiente

no qual a empresa está inserida deve ser considerado como elemento fundamental no

planejamento e desenvolvimento da organização. O compartilhamento de informações e

o aprendizado coletivo, resultantes do processo de interação entre as organizações, tam-

bém contribuem para identificar a monitoração do mercado e do ambiente externo no

qual a organização está inserida.

36 2.5 Inteligência Competitiva e Tomada de Decisão

No mercado atual, caracterizado pelo intenso dinamismo e forte competitividade, a to-

mada de decisão é algo constante no dia-a-dia das organizações. E, para manter a com-

petitividade, as organizações precisam prevenir-se contra surpresas e ameaças e identi-

ficar novas oportunidades.

No modelo da FIG. 4, Motta e Vasconcelos (2006) pressupõem que o tomador de deci-

são saberá escolher e definir a melhor decisão. Porém, para que esse modelo seja “real”,

e a melhor solução seja selecionada, é preciso que informações estratégicas auxiliem no

processo decisório.

FIGURA 4 - Modelo decisório da economia clássica e racionalidade absoluta Fonte: MOTTA; VASCONCELOS, 2006.

Lopes, De Muÿlder e Judice (2011) destacam que, na era da economia da informação e

do conhecimento, a competitividade das organizações e seus maiores diferenciais ad-

vêm da coleta e interpretação das múltiplas informações disponíveis nos ambientes em

que as organizações estão inseridas. Assim, utilizando-se de informações do micro e

macroambiente, é possível realizar a tomada de decisão com o maior nível de acerto

possível, o que pressupõe um processo de decisões mais racional e efetivo.

Jakobiak (1991) propõe uma rede especialista em inteligência, que favorece a tomada de

decisão nas organizações. A rede especialista é composta de grupo de observadores,

equipe de analistas (expertos) e decisores: cada especialista é responsável por uma etapa

no ciclo da inteligência competitiva.

37 Marcial (2011) conclui que inteligência não se restringe a identificação de tendências,

mas inclui também:

1) A análise integrada das tendências ao comportamento de outras variáveis;

2) A análise de impactos dessas tendências na organização;

3) A proposição de ações que levem a organização a se manter competitiva ou a

aumentar sua competitividade.

A autora ainda destaca que:

Em geral, os métodos e técnicas de Inteligência Competitiva e a própria ati-vidade de Inteligência contribuem significativamente com a elaboração de es-tudos de futuro, pois fornecem informações privilegiadas, reunidas sistemati-camente, que melhoram a qualidade desses estudos. Também se caracteriza como o mecanismo de fornecimento de informações tempestivas sobre o fu-turo aos administradores de questões relacionadas às decisões de curto prazo, questões estas que tanto afligem esses administradores (MARCIAL, 2011, p. 239).

Schwartz (1996) afirma que a atividade de inteligência deve encorajar a comunicação e

o diálogo, entre funcionários da organização, sobre suas impressões a respeito do ambi-

ente, e a cruzar essas informações para ampliar a visão de cenários. Estes facilitam na

visualização de novas possibilidades e, consequentemente, na tomada de decisão da

organização.

Segundo Vaitsman (2001), estudos comprovam que 95% das informações que as orga-

nizações precisam são de acesso livre, ou seja, estão disponíveis livremente em diversos

meios: relatórios de pesquisa, notícias divulgadas nos meios de comunicação, fornece-

dores, clientes, relatórios contábeis e financeiros, entre outros. Já Marcial (2011) desta-

ca que especialistas, como Leonard Fuld, afirmam que mais de 80% das informações, de

que um profissional de inteligência precisa, encontra-se dentro da empresa: contudo,

existe a necessidade de garimpá-las.

Conforme Turban (1995), a tomada de decisão foi considerada, durante muito tempo,

como uma verdadeira arte, um talento, que ia sendo melhorado ao longo do tempo por

meio do processo de aprendizado. Assim, o processo decisório baseava-se mais em cria-

tividade, julgamento, intuição e experiência do administrador do que em métodos analí-

ticos e quantitativos, com suporte científico. Porém, como afirma Bazerman (2004):

38

Embora a estrutura restringida pela racionalidade considere que os indivíduos tentam tomar decisões racionais, ela reconhece que muitas vezes faltam aos tomadores de decisões informações importantes referentes à resolução do problema, aos critérios relevantes e assim por diante. Restrições de tempo e custo limitam a quantidade e qualidade das informações disponíveis (BA-ZERMAN, 2004, p. 6).

Martendal (2004) afirma que a inteligência competitiva auxilia no processo de tomada

de decisão estratégica, em virtude da gama de informações obtidas no mercado, gerando

um aporte seguro para a organização, reduzindo decisões erradas, diminuindo o tempo

para a tomada de uma decisão, facilitando todo o processo de tomada de decisão.

Baseado no ciclo da inteligência competitiva, Fuld (2007) afirma que o papel da IC é

subsidiar a tomada de decisão. A inteligência competitiva tem o objetivo de prover in-

formações para as organizações realizarem essas atividades racionalmente, baseadas em

dados existentes e conhecidos na organização.

2.6 Arranjo Produtivo Local

As redes interorganizacionais são um tema que começou a ser estudado desde a segunda

metade da década de setenta, com ênfase em organização sem fins lucrativos, como

afirma Thorelli (1986). Modelos implantados na Itália, em 1970, denominados Terceira

Itália, e em 1980, no Vale do Silício, consolidaram a utilização do modelo como uma

estratégia adequada para pequenos empreendimentos, mas de elevada capacidade tecno-

lógica, conforme afirmam Schiavetto e Alves (2009). Nesse mesmo período, o Brasil foi

estimulado pelo governo federal e pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Peque-

nas Empresas (Sebrae) na formação de redes interorganizacionais e de cooperação téc-

nica e gerencial.

Muitas são as definições existentes para as redes organizacionais. No Brasil, o conceito

de Arranjo Produtivo Local é amplamente utilizado. Para Lastres, Cassiolato e Maciel

(2003), é definido como:

Aglomerados territoriais de agentes econômicos, políticos e sociais – com fo-co em um conjunto específico de atividades econômicas – que apresentam vínculos mesmo que incipientes. Geralmente envolvem a participação e a in-teração de empresas – que podem ser desde produtoras de bens e serviços fi-nais até fornecedoras de insumos e equipamentos, prestadoras de consultoria

39

e serviços, comercializadoras, clientes, entre outros – e suas variadas formas de representação e associação. Incluem também diversas outras instituições públicas e privadas voltadas para: formação e capacitação de recursos huma-nos (como escolas técnicas e universidades); pesquisa desenvolvimento e en-genharia; política, promoção e financiamento (LASTRES; CASSIOLATO; MACIEL, 2003, p. 27).

Apesar das semelhanças e diferenças existentes na literatura sobre a definição de cluster

e APL, ambos têm o mesmo objetivo. Calheiros (2010) destaca que:

A denominação de APL é brasileira, similar ao conceito estrangeiro de “clus-ter”, e é atribuída para aglomerações de empresas produtivas, de um mesmo setor econômico que compartilham um território e um ambiente institucional comum. Também deve apresentar formas percebidas de governança local, is-to é, o envolvimento de diversos atores como, por exemplo, associações da sociedade civil, entidades educacionais e entidades públicas (CALHEIROS, 2010, p. 20).

Para Lastres e Cassiolato (2004), os APLs se desenvolvem em ambientes favoráveis à

interação, à cooperação e à confiança entre atores. Sua formação está geralmente asso-

ciada à construção histórica de identidades e de vínculos territoriais regionais e, ou, lo-

cais, a partir de uma base social, cultural e econômica comum.

Tendo como base os conceitos da Rede de Pesquisa em Sistemas e Arranjos Produtivos

Locais (RedeSist), ligada ao Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de

Janeiro (UFRJ), há uma ênfase dos APLs, sobretudo, em aprendizado, inovação e terri-

tório.

Carvalho (2009) afirma que, em um APL, podem ser observadas práticas e ações infor-

macionais, como produto social de grupos e contextos específicos. O APL, na aborda-

gem das políticas públicas, implica a necessidade de implementar políticas capacitantes,

visando à geração e difusão de conhecimentos e à conformação de ambientes coletivos

de inovação e aprendizagem.

Dessa forma, o papel do APL é promover a cooperação e interação entre empresas loca-

lizadas em uma determinada região, que atuam em um mesmo segmento. O desenvol-

vimento do APL é construído ao longo do tempo. Segundo Amorim, Moreira e Ipiranga

(2004), o processo de evolução dos APLs, para níveis maiores de competitividade e

sustentabilidade, se fundamenta nas dimensões produtivas, institucionais e comunitárias

da região, por meio do poder de participação e atuação conjunta dos agentes locais (ca-

40 pital social), da coordenação e controle das ações e dos projetos elaborados (governan-

ça).

Na FIG. 5, são apresentadas as vertentes do processo de desenvolvimento de um APL.

Maior competitividade e sustentabilidade são resultantes das organizações participantes

do APL, enquanto que, para a formação do APL, é preciso haver o desenvolvimento da

capacidade produtiva e inovadora, o fortalecimento do capital social e da governança e a

formação de competências nas organizações participantes.

FIGURA 5 - Vertentes do Processo de Desenvolvimento do APL Fonte: AMORIM; MOREIRA; IPIRANGA, 2004.

Verschoore e Balestrin (2008) destacam alguns fatores competitivos das empresas em

redes de cooperação:

• Ganhos de escala e de poder de mercado: as empresas participantes da rede pas-

sam a ter maior poder de negociação com seus fornecedores;

• Provisão de soluções: as empresas têm acesso a crédito, treinamentos e outras

ferramentas que não eram possíveis sem a formação da rede;

• Aprendizagem e inovação: são beneficiadas pela interação e práticas rotineiras

de colaboração, desenvolvimento de competências e de habilidades coletivas, ou

41

mesmo por meio de processos conjuntos de adaptação às exigências socioeco-

nômicas;

• Redução de custos e riscos: há vantagem de dividir entre os associados os custos

e os riscos de determinadas ações e investimentos, que são comuns aos partici-

pantes;

• Relações sociais: acúmulo de confiança e capital social por um determinado

grupo de pessoas potencializa a capacidade individual e coletiva mediante práti-

cas colaborativas.

Assim, como afirma Castells (2005), redes sociais contribuem para minimizar as difi-

culdades individuais e, também, para maximizar os seus pontos positivos. Machado

(2003), a fim de definir os fatores determinantes do fenômeno da concentração geográ-

fica, propõe um modelo a partir dos estudos de Marshall (1982), em que os fatores da

concentração são divididos entre economia interna e externa. As economias externas

compreendem a tecnologia, o mercado e a organização, enquanto as economias internas

correspondem ao retorno crescente de escala, à competição e à cooperação. A união dos

fatores resulta na vantagem competitiva obtida pelo APL. Para Machado (2003), os

APLs atendem a demandas de mercados próximos, inicialmente, e, em sua evolução,

passam a atender mercados mais distantes. A FIG. 6 identifica os fatores que influenci-

am na concentração geográfica, suas divisões e relacionamentos.

FIGURA 6 - Fatores determinantes da concentração geográfica de empresas Fonte: MACHADO, 2003.

42 Os Arranjos Produtivos Locais contribuem para uma melhor competitividade das em-

presas participantes e para a troca de experiências e compartilhamento de informações.

Verschoore e Balestrin (2008) apresentam, em seu trabalho, o QUADRO 3, com as de-

finições dos fatores competitivos em arranjos produtivos locais. A análise de referências

conduziu ao estabelecimento dos cinco fatores da competitividade das empresas em

redes de cooperação, as quais reúnem um conjunto de variáveis que implicam em bene-

fícios da cooperação.

QUADRO 3 - Síntese dos Ganhos Competitivos das Empresas em Redes de Cooperação

Fonte: Adaptado de Verschoore e Balestrin (2008).

Porém, mesmo com todo o incentivo à cooperação, demonstrado pela maioria dos auto-

res, Suzigan et al. (2004) afirmam que, apesar das vantagens que as interações e rela-

ções de cooperação entre os agentes de um APL possam proporcionar, os agentes eco-

nômicos podem não apresentar motivações suficientes para o desenvolvimento de laços

43 cooperativos. Muito frequentemente, os APL de pequenas empresas, em especial os do

tipo embrionário, apresentam relações incipientes, com baixos níveis de cooperação e

interação entre os participantes.

Para Carvalho (2009), em um território, são moldadas as interações entre os atores, as

quais propiciam a troca de informações e de conhecimentos, além de um conjunto de

ações e instrumentos normativos ao redor desse objeto. Para essa interação, as redes de

redes de atores locais fazem uso de um conjunto de serviços de informação, bases de

dados, portais e sistemas de informação, que compõem a rede secundária de informa-

ção.

FIGURA 7 - Elementos para Análise de um Regime de Informação em Arranjos Produtivos Locais Fonte: CARVALHO, 2009.

A FIG. 7 apresenta um modelo de política de informação para um APL. Há diversos

fatores que influenciam no regime de informação do APL: identidade, cultura e valores

do território, regras, normas e ações, micropolíticas de informação, políticas setori-

44 ais/locais de informação, serviços de informação, bases de dados, portais. Assim, as

interações entre os atores e o compartilhamento de informações e de conhecimento no

APL são diretamente influenciados por todos esses fatores.

45 3 CONTEXTO DA PESQUISA

O contexto desta pesquisa compõe-se da apresentação dos temas da pesquisa, bem como

a composição e a caracterização do APL de Belo Horizonte e Região Metropolitana. No

capítulo também são apresentados projetos e resultados obtidos pelo APL, desde a sua

criação.

3.1 Marco Teórico

A FIG. 8 demonstra a correlação dos temas e subtemas da pesquisa. O construto inteli-

gência competitiva é apresentado como tema central no contexto dos arranjos produti-

vos locais, na tomada de decisão e nas fontes de informações. A relação do arranjo pro-

dutivo local com as fontes de informações resulta no monitoramento ambiental das or-

ganizações. A relação das fontes de informações com a tomada de decisão resulta nas

informações estratégicas sobre o ambiente organizacional e a relação da tomada de de-

cisão com o arranjo produtivo local resulta nas estratégias competitivas para as organi-

zações. Assim, o construto inteligência competitiva resulta do conjunto de todos esses

elementos, permitindo a “geração” de informações estratégicas e cooperação entre as

organizações.

46

FIGURA 8 - Visão sistêmica do escopo da pesquisa Fonte: Adaptado de Oliveira, João e Mondlane (2008).

Diante do escopo apresentado na FIG. 8, o construto arranjo produtivo local, no contex-

to do desenvolvimento de software, é detalhado na próxima seção.

3.2 Arranjo Produtivo Local de Software

A atividade de desenvolvimento de software é parte do conjunto de atividades que com-

põem as tecnologias da informação e comunicação (TIC), destacando-se, dentre as de-

mais atividades de TIC, pelo seu extraordinário crescimento. Roselino (2006) também

afirma que a principal causa desse crescimento diferenciado repousa no fato de a infor-

matização suportar as operações e decisões estratégicas em praticamente todos os seto-

res da economia, sendo assim uma ferramenta indispensável para a produtividade e efi-

ciência.

O setor de software é uma atividade onde o conhecimento é o fator competi-tivo crítico, constituindo o principal gerador de vantagens competitivas e de posições monopolistas. Apesar de os segmentos mais rentáveis e padroniza-dos serem dominados por grandes empresas multinacionais, o setor também apresenta grandes oportunidades para MPEs, principalmente na atuação lo-cal/regional, onde as mesmas podem posicionar-se competitivamente em ni-

47

chos de mercado, ou ainda estabelecer contratos de parceria e, ou, prestação de serviços com grandes empresas (BRITTO; STALLIVIERI, 2010, p. 6).

Britto e Stallivieri (2010) também destacam que a estrutura do setor tende a ser constan-

temente reconfigurada em função do surgimento de novos produtos, de novos segmen-

tos e nichos de mercado, por intermédio de uma dinâmica comandada pelo processo de

inovação tecnológica. Essa dinâmica define a amplitude dos ciclos de vida dos produ-

tos, abrindo novas oportunidades para produtores e definindo novas necessidades para

os consumidores.

Freire e Brisolla (2005) afirmam, em seu trabalho, que o desenvolvimento da indústria

de software local, que visa tanto ao mercado interno quanto ao mercado externo, pode

impulsionar o desenvolvimento regional por dois principais motivos:

1) O software é um produto facilitador de interações. Empresas de software locais

podem contribuir com soluções específicas para redes de empresas localizadas

na região e estimular a capacidade inovadora e a competitividade dessas redes;

2) O desenvolvimento de uma indústria de software requer a construção de compe-

tências que podem gerar sinergias para o desenvolvimento de outras atividades

de alta tecnologia. O software configura-se, cada vez mais, por meio daquilo que

se pode chamar de seu “caráter transversal”, como parte integrante das diferentes

cadeias, sendo, nestas, um “elo” relevante e, praticamente, obrigatório.

Kubota (2006), em seus estudos sobre a indústria de software, aponta cinco grandes

dificuldades que devem ser enfrentadas pelos agentes envolvidos no setor:

1) Baixo nível de internacionalização das empresas brasileiras;

2) Dificuldade, no mercado interno, de obtenção de recursos para novos investi-

mentos e capital de giro;

3) Bancos reticentes quanto a empréstimo de dinheiro a empresas de software;

4) Pouco desenvolvimento do mercado de Venture Capital, em função dos elevados

custos de mercado de ações no Brasil;

5) Virtual monopólio no mercado de determinadas certificações de software, muito

importantes para a penetração no mercado internacional e para a realização de

compras governamentais, elevando ainda mais os custos.

48 Muitos são os desafios relacionados ao desenvolvimento de um APL de Software. No

QUADRO 4, Galindo, Câmara e Lopes Junior (2011) identificam 35 desafios do desen-

volvimento de um APL no setor de Tecnologia da Informação (TI):

QUADRO 4 - Desafios do desenvolvimento de um APL de TI

Código Desafios D.01 Levantamento de informações mais detalhadas sobre o Setor de TI. D.02 Interiorização das ações do Setor de TI no estado. D.03 Formação de parcerias estratégicas com os stakeholders vinculados ao setor de TI. D.04 Consolidação de parque tecnológico. D.05 Redução da carga tributária. D.06 Fortalecimento das empresas do estado. D.07 Enfrentamento à exclusão digital. D.08 Melhoria da infraestrutura de TI. D.09 Aumento do poder associativo das empresas do setor. D.10 Capacitação dos empresários locais. D.11 Maior entrosamento dos empresários com o poder público. D.12 Formação de parcerias entre as empresas do setor. D.13 Ampliação da capacidade competitiva do APL para o mercado internacional. D.14 Maior organização do setor. D.15 Aumento do nível de integração (cooperação) entre as empresas do setor. D.16 Implementação de mecanismos de fomento do mercado. D.17 Ampliação da capacidade competitiva do APL para o mercado nacional. D.18 Informatização dos serviços públicos. D.19 Investimentos em P&D e Inovação. D.20 Aumento do intercâmbio entre universidades, governo e as empresas do setor. D.21 Informatização das empresas em geral. D.22 Fomentar atividades de alto valor agregado. D.23 Profissionais especializados para atender a demanda do setor. D.24 Redução dos índices de pirataria. D.25 Ampliação do número de empresas do setor com certificações. D.26 Atração de empresas de TI para o estado. D.27 Estímulo ao empreendedorismo no setor de TI. D.28 Fixação de mão de obra qualificada na região. D.29 Redução da mortalidade das empresas novas do setor. D.30 Redução do mercado informal. D.31 Fortalecimento setorial em relação com as outras regiões do Brasil. D.32 Proteção de marcas e patentes. D.33 Melhoria do nível de gestão dos ICTs. D.34 Melhoria do padrão de qualidade dos produtos e serviços. D.35 Desburocratização. Fonte: GALINDO; CÂMARA; LOPES JUNIOR, 2011.

49 Logo, além dos desafios “naturais” para a criação e desenvolvimento de um APL, há

fatores específicos que devem ser considerados para cada setor. O desenvolvimento de

software é uma atividade ainda recente no país e, ao criar um APL de software, as em-

presas participantes se unem para potencializar as vantagens e vencer os desafios.

3.2.1 Atores do Arranjo Produtivo Local de Software

Em um Arranjo Produtivo Local de Software, existem diversos envolvidos e interessa-

dos. Para Müller (1999), um ator conceitua-se como:

Um jogar criativo, não sujeito a condutas estáveis e rotineiras, pouco previsí-vel em suas jogadas, com capacidade de recursos para jogar, com algumas capacidades táticas e estratégicas e com um objetivo no jogo. O ator é uma fenoestrutura humana que tem poder próprio e está situado dentro do jogo. Este ator está definido pelo vetor de personalidade, de valores, de capacidade e de motivações (MÜLLER, 1999, p. 82).

Para Conti (2005), o território favorece a constituição de relações entre atores social-

mente próximos, e o próprio sistema local pode ser entendido como um ator coletivo.

Assim, é por meio de atores, pertencentes simultaneamente a uma rede local e a uma

rede global, que ocorre a intermediação entre as redes de relações locais e outras redes.

Porém, Gordon e McCann (2000) destacam que, no contexto organizacional e interor-

ganizacional, determinadas redes sociais, com fortes relações interpessoais, podem

transpor as fronteiras das firmas e podem ser mais fortes do que as redes intrafirmas.

Logo, como afirmam Balestrin e Vargas (2004), o arranjo produtivo local promove um

ambiente favorável ao compartilhamento de informações, conhecimentos e habilidades,

mas a relação entre os atores é de fundamental importância para o desenvolvimento de

uma rede.

3.2.2 Inteligência Competitiva no Arranjo Produtivo Local de Software de Belo Hori-zonte

Em Minas Gerais, os APLs começaram a ganhar visibilidade em meados dos anos 2000.

Alguns estudos e ações do governo foram realizados, a fim de estimular o desenvolvi-

50 mento de APLs no estado, e até uma legislação foi criada, em 2006. A Lei 16.296 insti-

tucionaliza a política estadual de apoio aos APLs, no estado de Minas Gerais. Progra-

mas de incentivo à inovação e à formação de parques tecnológicos também estimulam e

incentivam a criação de APLs em todo o estado.

A FIG. 9 destaca os principais APLs em Minas Gerais (Biocombustíveis, Software, Ele-

troeletrônica e Telecomunicações e Biotecnologia) e seus respectivos parceiros.

FIGURA 9 - Principais APLs do Programa APLs em Minas Gerais Fonte: LEITE, 2009.

Segundo a Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Sectes)

(2009), os APLs de Software, em Minas Gerais, estão divididos em:

• APL de Software de Belo Horizonte: 1.300 empresas;

• APL de Software de Uberlândia: 169 empresas;

• APL de Mobilidade de Uberlândia: 140 empresas;

• APL de Software de Viçosa: 40 empresas.

51 Das 3900 empresas de software de Minas Gerais, 40% estão localizadas em Belo Hori-

zonte. A constituição do APL de Software de Belo Horizonte considera todas as empre-

sas do setor, geograficamente localizadas na região.

Segundo o portal Software de Minas, desenvolvido pela Sectes (2009), a indústria de

Software, de Belo Horizonte, responde hoje por mais de R$ 2,5 bilhões de faturamento,

gerados por 1.300 empresas, que atuam nos diversos segmentos da sua cadeia produtiva.

O setor registrou, no ano de 2007, mais de 17 mil empregos diretos na área de TI, sendo

7.240 no segmento de Desenvolvimento de Software, o que representou um crescimento

de 358%, em 7 anos.

A Sectes (2009) destaca que existem estudos recentes que mapearam o potencial do

setor na Região Metropolitana de Belo Horizonte e apontam para uma inédita oportuni-

dade de desenvolvimento da indústria de Software na Região Metropolitana de Belo

Horizonte. Além desse eminente potencial, o programa Software de Minas possibilita a

capacitação técnica e gerencial de pessoas e empresas, de modo a incrementar a quali-

dade e produtividade das empresas no segmento de tecnologia de informação, em todo o

estado de Minas Gerais.

Conforme o Sindicato das Empresas de Informática de Informática de Minas Gerais

(Sindinfor) (2010), o APL de Software nasceu com o objetivo de:

Promover a competitividade e a sustentabilidade das empresas da área, bus-cando estimular os processos locais de desenvolvimento de TI. Incentivar a capacitação técnica e gerencial, incrementar a qualidade e produtividade dos profissionais e empresas, ampliar o acesso a novos mercados e a créditos es-peciais, aumentar a visibilidade da atividade como um todo, promover a inte-gração com universidades e centros de pesquisa e criar um núcleo de inteli-gência competitiva (SINDIFOR, 2010, p. 8).

Atualmente, Minas Gerais é referência nacional na qualificação de empresas em Melho-

ria de Processo do Software Brasileiro (MPS.BR). Belo Horizonte é a segunda capital

brasileira com o maior número de empregos formais gerados na área de software. A

cidade possui uma seletiva concentração de empresas no setor e uma sólida base de

formação de mão de obra qualificada, com toda uma infraestrutura logística receptiva à

instalação de novas empresas e novos investimentos na região. O APL de Software de

Minas tem como principais parceiros e atores:

• Sectes;

52

• Sebrae;

• Sindicato das Empresas de Informática de Minas Gerais (Sindinfor);

• Fundação Mineira de Software (Fumsoft);

• Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação, Software e

Internet (Assespro – MG);

• Sociedade de Usuários de Informática e Telecomunicações de Minas Gerais

(Sucesu – MG);

• APL de TI, de Viçosa.

Além desses indicadores positivos, a cidade assume especial importância para a conso-

lidação do Software de Belo Horizonte: desde 2005, as entidades ligadas ao setor estão

organizadas em torno de um projeto único de desenvolvimento, configurado no APL de

Software de Belo Horizonte.

A FIG. 10 apresenta metas e ações a serem realizadas, a fim de promover o APL e o

fortalecimento das empresas participantes. Comunicação e inovação, governança, inte-

ligência, recursos e certificação e parcerias são os elementos destacados para promover

o fortalecimento do APL.

FIGURA 10 - Mapa estratégico do APL de Software de Belo Horizonte Fonte: LEITE, 2009.

No APL de Software da RMBH alguns elementos ainda estão em formação. Um modelo

de governança foi sugerido para o APL de TI da Região Metropolitana de Belo Hori-

53 zonte, em 2004, com a criação do primeiro projeto para o setor de Tecnologia da Infor-

mação da RMBH, conforme apresentado na FIG. 11:

FIGURA 11 - Modelo de Governança do APL de TI da Região Metropolitana de Belo Horizonte Fonte: SEBRAE, 2010.

Na FIG. 11, é proposta a criação de um Conselho de Informática (Ceinfor), para a insta-

lação de um modelo de governança no APL, a fim de gerir e coordenar as ações no APL

de Software de Belo Horizonte.

Assim, considerando todos os elementos do APL de Software de Belo Horizonte e Re-

gião Metropolitana, a IC é uma ferramenta que contribui para que cada organização do

APL busque um posicionamento estratégico e, por meio das redes de cooperação, cons-

trua um ambiente de compartilhamento de informações e de cooperação para o cresci-

mento e desenvolvimento de todos os participantes.

54 4 METODOLOGIA

Este trabalho busca uma visão detalhada da percepção dos atores do Arranjo Produtivo

Local de Software de Belo Horizonte e Região Metropolitana, focando no compartilha-

mento de informações e cooperação entre os atores participantes.

Conforme a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) (2004), um

Arranjo Produtivo Local é sustentado por um modelo de governança, em que diversos

atores contribuem para o desenvolvimento do APL. A FIG. 12 apresenta um modelo de

governança adaptado ao APL de Software de Belo Horizonte e Região Metropolitana,

composto pelos principais atores.

FIGURA 12 - Modelo de Governança de um Arranjo Produtivo Local Fonte: Adaptado de Carvalho (2009).

Os seguintes atores compõem o APL de Software de Belo Horizonte:

• Empresas: Empresas de Software localizadas em Belo Horizonte e Região Me-

tropolitana;

• Entidades de apoio: IEL, Sebrae, Fiemg, Fumsoft, Sucesu;

55

• Universidade e centros de pesquisa: UFMG, PUC Minas, CEFET - MG, FU-

MEC, Centro de Inovação Microsoft (MIC);

• Associação e sindicatos: Sindinfor, Parque Tecnológico de Belo Horizonte

(BHTEC), Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação,

Software e Internet de Minas Gerais (Assespro - MG);

• Entidades financeiras: Fapemig, Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientí-

fico e Tecnológico (CNPQ);

• Governo (federal, estadual, municipal): Prefeitura de Belo Horizonte, Sectes,

Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede);

• Comitê Gestor: Atualmente não há um órgão ou entidade que represente ofici-

almente este ator no APL de Software de Belo Horizonte e Região Metropolita-

na.

A metodologia utilizada no trabalho consiste em uma pesquisa descritiva, qualitativa

sobre o Arranjo Produtivo Local de Software de Belo Horizonte e Região Metropolitana

que visa identificar a percepção, atitudes e valores dos atores estratégicos no APL. O

instrumento de coleta utilizado foi a entrevista. A unidade de observação são os atores

estratégicos do APL de Software de Belo Horizonte e Região Metropolitana.

Para Rein (1983), as entrevistas permitem o contato com as experiências dos outros,

propiciando aos pesquisadores a oportunidade de encontrar a experiência e a história das

pessoas altamente engajadas na ação. É justamente a experiência deles que provê a in-

formação fundamental que irá estimular o pesquisador a pensar em um novo quadro

teórico. Embora as experiências individuais sejam únicas, as representações da experi-

ência não surgem de mentes individuais, pois, em alguma medida, elas são fruto de pro-

cessos sociais.

No trabalho, foram realizadas entrevistas semiestruturadas, que, segundo Gaskell (2002,

p. 65), se caracterizam por:

O emprego da entrevista qualitativa para mapear e compreender o mundo da vida dos respondentes é o ponto de entrada para o cientista social que intro-duz, então, esquemas interpretativos para compreender as narrativas dos ato-res em termos mais conceituais e abstratos, muitas vezes em relação a outras observações. A entrevista qualitativa, pois, fornece os dados básicos para o desenvolvimento e a compreensão das relações entre os atores sociais e sua situação. O objetivo é uma compreensão detalhada das crenças, atitudes, va-lores e motivações, em relação aos comportamentos das pessoas em contex-tos sociais específicos.

56 A seleção dos atores se deu pela visibilidade dos mesmos no APL, por acessibilidade,

por indicação de gerentes e representantes do APL e conforme as publicações da Sectes

(2009) e Sindinfor (2010) sobre a estrutura do APL de Software na RMBH. Para reali-

zação das entrevistas semiestruturadas, foi elaborado um modelo de entrevista que aten-

desse as características específicas dos atores atuantes no APL, conforme apresentado

na FIG. 10. Essa seleção considerou os conceitos apresentados por Duarte (2002):

Numa metodologia de base qualitativa, o número de sujeitos que virão a compor o quadro das entrevistas dificilmente pode ser determinado a priori – tudo depende da qualidade das informações obtidas em cada depoimento, as-sim como da profundidade e do grau de recorrência e divergência destas in-formações. Enquanto estiverem aparecendo “dados” originais ou pistas que possam indicar novas perspectivas à investigação em curso, as entrevistas precisam continuar sendo feitas (DUARTE, 2002, p. 143).

Para Vergara (2005) e Vieira e Zouain (2005), a pesquisa qualitativa se ocupa de aspec-

tos da realidade que não podem ser quantificados. Ela se baseia em amostras pequenas e

proporciona uma melhor compreensão do contexto do problema.

O roteiro de entrevista foi elaborado com base em questionários aplicados no APL de

Santa Rita do Sapucaí, elaborados e utilizados por:

• Instituto Euvaldo Lodi, Fiemg (2004);

• O questionário do trabalho de Inteligência Competitiva em Arranjos Produtivos

Locais, validado em uma pesquisa realizada no APL de Eletrônica de Minas Ge-

rais, desenvolvido por Lopes, De Muÿlder e Judice (2011) e De Muÿlder (2011);

• Os roteiros utilizados no trabalho: Conformação de um Regime de Informação:

A Experiência do Arranjo Produtivo Local de Eletrônica de Santa Rita do Sapu-

caí - Minas Gerais, validado em uma pesquisa realizada por Adriane Maria A-

rantes de Carvalho e Marta Macedo Kerr Pinheiro (2009).

Para validar o instrumento de coleta, foi feito um pré-teste com dois atores, ou seja, cer-

ca de 20% da população do estudo. Algumas perguntas foram adaptadas e o roteiro re-

feito, conforme versão apresentada no Apêndice A. Os dados obtidos no pré-teste não

foram utilizados.

57 No pré-teste, foram empregadas escalas para a grande maioria das perguntas que envol-

viam elementos do micro e do macroambiente: o grau de importância e o grau de com-

partilhamento de informações sobre:

• Clientes;

• Fornecedores;

• Concorrência a nível de APL;

• Novos entrantes;

• Concorrência no nível da organização;

• Ambiente político;

• Órgãos de regulamentação;

• Linhas de financiamento e fomento;

• Aspectos sociais, demográficos e culturais;

• Ambiente econômico;

• Legislação ambiental;

• Meio ambiente;

• Produtos substitutos;

• Tendências tecnológicas.

O roteiro da entrevista foi elaborado após o pré-teste e objetivou operacionalizar a cole-

ta das informações com os atores estratégicos, conforme disposto no QUADRO 5:

58

QUADRO 5 - Estrutura roteiro da entrevista semiestruturada

Atores

Estrutura do Roteiro

Assunto do Roteiro

Empresas do APL

Entidades de Apoio

Instituições de Ensino Técnico e Superior

Incubadoras

Associações e Sindicatos

Governo

Identificação dos atores e ações realizadas no APL

Informações para identificação do ator e do entrevistado Ações desenvolvidas no APL, na percepção do ator, e troca de informações com outros atores

Compartilhamento de in-formações do macro e mi-

croambiente organizacional

Importância do micro e macroambiente Compartilhamento de informa-ções micro e macroambiente

Parcerias e troca de infor-mações no APL

Parcerias com empresas, institu-ições de ensino, centros de pes-quisa e entidades Informações compartilhadas com entidades de apoio e finan-ciamento Relacionamento com políticas ou ações governamentais Participação em feiras e eventos

Percepção do APL

Ações para o compartilhamento de informações estratégicas e de inteligência competitiva Percepção do APL de Software

Fonte: Dados da pesquisa.

Conforme apresentado no QUADRO 5, o roteiro apresenta 4 divisões. Na Parte 1, “I-

dentificação dos atores e ações realizadas no APL”, foram coletadas informações bási-

cas para identificação do ator, de forma a caracterizar cada ator e identificar as ações

realizadas pelo mesmo no APL de Software. Na parte 2, “Compartilhamento de Infor-

mações do macro e microambiente organizacional”, foram coletadas informações sobre

a importância e compartilhamento de informações estratégicas nos componentes do mi-

cro e macroambiente organizacional. Na parte 3, “Parcerias e Troca de informações no

APL”, foram coletadas informações sobre a troca de informações com outros atores do

APL. Na parte 4, “Percepção do APL”, coletou-se a impressão do entrevistado sobre o

APL de Software da RMBH.

O QUADRO 6 exibe a estrutura metodológica utilizada na elaboração da dissertação,

relacionando o roteiro elaborado com os objetivos e a metodologia.

59

QUADRO 6 - Estrutura da dissertação

Título: INTELIGÊNCIA COMPETITIVA E COOPERAÇÃO NA PE RCEPÇÃO DOS ATORES DO ARRANJO PRODUTIVO LOCAL DE SOFTWARE DE BELO HORIZONTE E REGIÃO METROPOLITANA

Objetivo Geral: Analisar sob a perspectiva dos atores estratégicos de que forma são compartilhadas as informações estratégicas e de inteligência competitiva no APL de software de Belo Horizonte e Região Metropolitana.

Objetivos Específicos Método Referencial teórico

Instrumento de

Pesquisa Categoria Roteiro Questões

Método de tratamento

a) Identificar fatores que asso-ciem a inteligência competitiva e a gestão estratégica no APL de Software da RMBH

Qualitativo

Inteligência Com-petitiva Processos de Inteli-gência Competitiva Dimensões do Mi-cro e Macro Ambi-ente Inteligência Com-petitiva e Tomada de Decisão

Entrevista

Identificação dos Atores e Ações Reali-

zadas no APL

Informações sobre o Ator

Quais são as principais ações desen-volvidas pelo ator no APL de Softwa-re de Belo Horizonte? Como se dá a troca de informações entre o ator e os outros participantes?

Análise de Con-teúdo e Obser-vação Direta

Compartilhamento de Informações do Ma-cro e Micro ambiente

organizacional

Qual a importância e o interesse no compartilhamento de informações estratégicas e de inteligência competi-tiva sobre as dimensões que compõem o macro e o micro ambiente no qual o ator está inserido?

Análise descritiva

das variáveis

60

b) Identificar estratégias de cooperação dos atores do APL de software no compartilha-mento de informações estraté-gicas e de inteligência competi-tiva

Qualitativo Aplicação da Inteli-gência Competitiva nas Organizações Estudos de Caso da IC nas Organiza-ções Arranjo Produtivo Local

Entrevista Parcerias e Troca de informações no APL

O ator está envolvido ou já se envol-veu em parcerias com outras empresas locais, nacionais ou internacionais, com instituições de ensino ou centros de pesquisa e entidades financeiras da região? Relate como foi esta experi-ência, destacando os papéis de cada um, as informações que eram trocadas e os resultados obtidos?

Análise de Con-teúdo

e Observação Direta

O ator participa de feiras e eventos da região? Como se dá esta participação? Com que frequência ela ocorre?

O ator se beneficia de alguma política ou ação governamental na região? Qual?

c) Analisar as facilidades e dificuldades percebidas pelos atores no compartilhamento de informações estratégicas e inte-ligência competitiva no APL de software de Belo Horizonte e Região Metropolitana

Qualitativo

Inteligência compe-titiva no Arranjo Produtivo Local de Software da RMBH

Entrevista

Percepção do APL

Quais ações são realizadas para o compartilhamento de informações estratégicas e de inteligência competi-tiva no APL? Quais as maiores facili-dades e dificuldades encontradas?

Como você descreveria o APL de Software de Belo Horizonte para uma pessoa que não conheça a região? O que você considera como ponto posi-tivo do APL? O que ainda precisa ser desenvolvido?

Fonte : Elaborado pela autora.

61 4.1 Coleta dos dados

A coleta de dados ocorreu no período compreendido entre abril e agosto de 2013. A

seleção considera o meio social do APL de Software de Belo Horizonte e Região Me-

tropolitana. Realizou-se uma pesquisa de campo com entrevistas semiestruturadas, ori-

ginadas de registros escritos de conversas. As entrevistas foram realizadas pessoalmen-

te, complementadas por respostas enviadas por e-mail, telefone e por materiais disponi-

bilizados pelos respondentes, como apresentações e publicações.

No que diz respeito à escolha dos atores, foi levada em consideração a relevância do

ator no APL, a participação e divulgação do APL e o acesso aos mesmos, que se deu

por contatos realizados com pesquisadores e gestores do APL. O interesse em participar

da pesquisa também foi fundamental, já que alguns atores relevantes não participaram

da pesquisa por não manifestarem interesse.

Foram entrevistados, ao todo, dez atores do APL de Software de Belo Horizonte e Regi-

ão Metropolitana. Os atores estão nomeados de A até J:

• Ator A: Entidade representativa do setor de TI, em Minas, há mais de 30 anos;

• Ator B: Instituição de Ensino Técnico e Superior, há mais de 100 anos;

• Ator C: Associação representativa da indústria e interesses do estado, há 70 a-

nos;

• Ator D: Entidade representativa do setor de software, em Minas, por mais de 20

anos;

• Ator E: Empresa pública atuante no setor de TI, há mais de 35 anos;

• Ator F: Entidade privada atuante no setor, há mais de 40 anos;

• Ator G: Entidade representativa do setor TI, em Minas, há mais de 20 anos;

• Ator H: Associação criada por instituições públicas e privadas na área de tecno-

logia, atuante há mais de 7 anos;

• Ator I: Órgão do governo, atuante no setor de tecnologia, criado há mais de 35

anos;

• Ator J: Centro criado pela parceria de empresas e instituições de ensino do setor

de software, criado há 4 anos.

62 Das entrevistas realizadas, 70% foram realizadas presencialmente; o restante, 30%, foi

realizado por e-mail, e com complementação por contato telefônico.

Na transcrição das respostas dos roteiros, procurou-se reproduzir fielmente as respostas

e opiniões dos entrevistados. O processo gerou 38 páginas de informações. As entrevis-

tas possuem os seguintes representantes do APL de Software da RMBH:

• Entidades de Apoio;

• Incubadoras;

• Governo;

• Instituições de ensino;

• Empresas;

• Sindicatos.

Para o ator Empresas, que constitui a maioria dos representantes e participantes do APL

de Software da RMBH, a seleção da pesquisa englobou somente os representantes com

envolvimento em ações relevantes no APL, já que o principal objetivo da pesquisa é a

percepção dos atores estratégicos do APL. A percepção das empresas participantes do

APL é tema de outra pesquisa integrante do projeto de pesquisa, cujo objetivo é identi-

ficar a percepção dos empresários do APL de Software da RMBH.

63 5 ANÁLISE DE RESULTADOS

Neste capítulo, serão apresentados os resultados da pesquisa e a análise das respostas

coletadas nas entrevistas realizadas com os atores do APL de Software da RMBH. O

capítulo está estruturado de forma cronológica, conforme apresentado no QUADRO 7:

QUADRO 7 - Estrutura do capítulo análise de resultados

Seção

Descrição do Conteúdo

5.1 Apresentação das categorias e subcategorias para análise e discussão de dados

5.2 Apresentação dos dados, análise e discussão da Categoria 1 5.3 Apresentação dos dados, análise e discussão da Categoria 2 5.4 Apresentação dos dados, análise e discussão da Categoria 3 5.5 Apresentação dos dados, análise e discussão da Categoria 4

Fonte: Desenvolvido pela Autora.

5.1 Categorias de Análise

As categorias de análise foram definidas conforme as quatro categorias do roteiro semi-

estruturado, apresentado na metodologia da pesquisa no QUADRO 5. Cada categoria

possui questões relacionadas às perguntas orientadoras e aos objetivos da pesquisa con-

forme apresentado no QUADRO 8:

64

QUADRO 8 - Categorias de análise da pesquisa

Categoria Descrição Subcategoria

CATEGORIA 1

(5.2) Identificação dos atores e das ações reali-

zadas no APL

(5.2.1) Identificação dos atores e dos en-trevistados; (5.2.2) Ações desenvolvidas no APL, na percepção do ator; (5.2.3) Troca de informações com outros atores do APL.

CATEGORIA 2

(5.3) Compartilhamento de informações do macro e microambiente organi-

zacional

(5.3.1) Componentes do micro e macro-ambiente do APL

CATEGORIA 3

(5.4) Parcerias e troca de informação no APL

(5.4.1) Parcerias com empresa, institui-ções de ensino, centros de pesquisa e en-tidades (5.4.2) Informações compartilhadas com as entidades de apoio e financiamento; (5.4.3) Relacionamento com políticas ou ações governamentais; (5.4.4) Participação em feiras e eventos.

CATEGORIA 4

(5.5) Percepção do APL

(5.5.1) Ações para o compartilhamento de informações estratégicas e de inteli-gência competitiva; (5.5.2) Percepção do APL de software.

Fonte: Desenvolvido pela autora.

5.2 Identificação dos atores e das ações realizadas no APL

Esta categoria está dividida em três subcategorias de análise: a primeira está relacionada

à identificação do ator entrevistado e do respondente que participou da entrevista; a se-

gunda, relacionada às ações desenvolvidas pelo ator no APL de Software da RMBH; e,

a terceira, relativa à troca de informações com os outros atores do APL.

5.2.1 Identificação dos atores e dos entrevistados

Dos atores existentes no APL, foram selecionados dez que compõem a seleção da pes-

quisa. O QUADRO 9 apresenta as características dos atores participantes da entrevista:

65

QUADRO 9 - Identificação dos atores

Ator

Tempo de existência

Localização em Minas Gerais

A 31 anos Belo Horizonte

B 103 anos Belo Horizonte e interior

C 70 anos Belo Horizonte e interior

D 21 anos Belo Horizonte

E 39 anos Belo Horizonte

F 41 anos Belo Horizonte e interior

G 25 anos Belo Horizonte

H 7 anos Belo Horizonte

I 36 anos Belo Horizonte e interior

J 4 anos Belo Horizonte

Fonte: Dados da pesquisa.

A maioria dos atores, 60%, está localizada somente em Belo Horizonte. Dos atores en-

trevistados, 80% possuem o tempo de existência acima de 20 anos, o que pode reverter

em favor da pesquisa, já que demonstram conhecer a região onde atuam.

Cada ator do APL indicou um representante para participar da entrevista. Os represen-

tantes dos atores, respondentes da entrevista, estão caracterizados no QUADRO 10:

66

QUADRO 10 - Caracterização dos entrevistados

Ator

Cargo do entrevistado

Escolaridade do entrevistado A Professor Doutorado

B Professor Doutorado

C Coordenador Pós Graduação Lato Sensu

D Superintendente Graduação

E Assessor Pós Graduação Lato Sensu

F Analista técnico Pós Graduação Lato Sensu

G Consultor Graduação

H Assessor Técnico Graduação

I Secretario Adjunto Ph. D.

J Coordenador Mestrado

Fonte: Dados da pesquisa.

Todos os participantes possuem nível superior e ocupam cargos compatíveis com seu

nível de escolaridade. A grande maioria dos entrevistados demonstrou interesse em par-

ticipar da entrevista e conseguiu perceber a importância do trabalho para o desenvolvi-

mento do APL de Software de Belo Horizonte e região metropolitana.

5.2.2 Ações desenvolvidas no APL na percepção do ator

Cada um dos atores entrevistados listou várias ações relativas à sua participação no A-

PL. Algumas entidades demonstraram grande preocupação com o APL e desenvolvem

ações específicas para o crescimento e desenvolvimento do mesmo:

[...] Desenvolvimento de projetos de apoio nas seguintes áreas: gestão de pes-soas (projetos relacionados ao capital intelectual), gestão mercadológica (no-vos mercados) e gestão de vendas complexas (vendas e aprimoramento de vendas). Os projetos são desenvolvidos com o aporte financeiro do governo atuando junto a entidades como o Sindinfor e a Sede, apoiando em áreas de “gargalo” do APL de Software. Há a elaboração de diagnósticos para grupo de empre-sas do setor [...]. (Ator C)

67

[...] Nós atuamos transversalmente com o setor de software da RMBH, desde 2004, por meio de projetos estruturados conhecidos pela metodologia GEOR (Gestão Estratégica Orientada por resultados ) com os seguintes focos: 1) Aumentar o nível de capacitação em qualidade e produtividade, propor-cionando a obtenção de certificação em CMM, CMMI ou MPSBr; 2) Ampliar o acesso aos mercados local, nacional e internacional; 3) Facilitar o acesso ao capital (não reembolsável, investimento de risco, li-nhas de crédito, linhas alavancadoras; 4) Aumentar a visibilidade do APL da indústria de software de Belo Horizon-te, nos vários mercados; 5) Aumentar a cultura da cooperação (empresas entidades); 6) Aumentar o nível de capacitação em gestão e tecnologia; 7) Aumentar o conhecimento sobre os mercados (produtor e consumidor); 8) Aumentar o nível de conhecimento sobre o APL da indústria de software, de Belo horizonte; 9) Aumentar a interação com universidades; 10) Aumentar a articulação junto ao poder público; Após 2009, propusemos um redirecionamento buscando identificar negócios portadores de futuro e mais competitivos, em que as micro e pequenas em-presas pudessem se posicionar no elo de maior rentabilidade da cadeia de va-lor. Então estamos atuando com dois grupos focados nos negócios de: 1) Soluções em mobilidade urbana integrada; 2) Soluções para M-Health; Dessa forma, estamos conseguindo maior eficiência sistêmica e melhor coor-denação de resultados, em função da convergência de interesses e expectati-vas das empresas e por estarem na mesma cadeia e buscando o mesmo mer-cado. (Ator F)

[...] A secretaria apoia o APL de Software de BH, bem como os demais do in-terior de MG, há muitos anos, diretamente ou por meio da Fapemig (vincula-da à Sectes), com recursos financeiros e organizacionais, além de políticos. O apoio cresceu em volume após 2007 e, mais recentemente, a secretaria apoi-ou a união de esforços entre as entidades da área (Fumsoft, Sucesu - MG, Sindifor e Assespro) para se candidatarem ao edital Startup Brasil, do MCTI, que resultou na aprovação da proposta da Aceleradora MG, uma conquista estratégica. Além da contrapartida financeira fundamental de R$ 1 milhão e 500 mil, aportada pela Sectes e Fapemig, a secretaria aportou ainda cerca de R$ 1 milhão para o desenvolvimento do Programa MGTI 2022, permitindo o upgrade do Programa anterior BHTI 2022. (Ator I)

[..] O ator promove as seguintes ações e serviços: Incubadora de empresas; Processo de certificação de software (MPS.br); Geração de negócios (captação de recursos e editais); Prestação de serviços de consultoria e participação de recursos; Promoção de eventos; Divulgação de informações por meio de jornal, internet, news. (Ator D)

Na fala dos atores, foi percebido que todos consideram desenvolver ações significativas

para o APL, alguns em maior quantidade, como os atores C, F e D e, outros, em menor

quantidade, como os atores B e H.

[..] Projeto de pesquisa aplicado à empresa, solução acadêmica (profissional) e Projetos de extensão com empresas [...] (Ator B) [...] Todas as ações do ator dizem respeito, em termos gerais, à articulação entre academia-empresa-governo, em todas as áreas do conhecimento. Por is-

68

so, mesmo tendo Belo Horizonte duas vocações tecnológicas bem identifica-das, que são as TICs e a biotecnologia, o ator é multitemático e recebe em-presas e instituições de todas as áreas. [...] (Ator H)

De acordo com o mapa estratégico do APL de Software, elaborado por Leite (2009),

conforme representado na FIG. 9, as ações desenvolvidas no APL podem ser classifica-

das como ações de:

• Governança;

• Inteligência;

• Recursos e Certificações;

• Parcerias;

• Imagem;

• Focos estratégicos de crescimento.

As ações desenvolvidas pelos atores do APL foram classificadas conforme o mapa es-

tratégico proposto por Leite (2009), para uma análise do tipo de ações realizadas. Para

tal classificação, foi considerada a existência ou não de ações relacionadas à classifica-

ção. Assim, baseado nas respostas fornecidas nas entrevistas, foi elaborado o QUADRO

11, que relaciona as ações desenvolvidas por cada ator e sua classificação.

QUADRO 11 - Ações Desenvolvidas pelos Atores do APL de Software da RMBH

Ações para o fortalecimento do APL de Software da RMBH

Ator

Comunica-ção

e Inovação

Governan-ça

Inteligên-cia

Recursos e Certifica-

ções

Parceri-as

Ima-gem

Focos es-tratégicos de cresci-

mento A x x x x B x x C x x x D x x x x x E x x F x x x x x x x G x x H x x I x x J x x x x

Fonte: Dados da pesquisa.

69 As ações envolvendo Comunicação e Inovação e Parcerias foram identificadas com

maior frequência dentre as ações listadas pelos atores do APL. Esse resultado vai ao

encontro do demonstrado pela literatura pesquisada, conforme afirmado por Freire e

Brisolla (2005): a própria característica do software estimula a capacidade inovadora e

facilita as interações.

Lastres, Cassiolato e Maciel (2003) destacam que o APL envolve a participação e a in-

teração de empresas, instituições publicas e privadas voltadas para capacitação de recur-

sos humanos, pesquisa e desenvolvimento, política, promoção e financiamento. No APL

de Software de Belo Horizonte Região metropolitana, é possível identificar atores, nes-

sas áreas, e ações que estimulem parcerias entre os mesmos. A diversidade dos atores

permite que ações diferenciadas sejam implantadas no APL. Porém, percebe-se que

algumas ações de grande relevância para o APL, como Governança e Inteligência, ainda

possuem uma frequência baixa diante da sua importância.

Fazendo uma análise da frequência das ações desenvolvidas pelos atores do APL, foi

elaborado o GRAF. 1, que apresenta a frequência dessas ações:

70

GRÁFICO 1 - Frequência de ações desenvolvidas pelos atores do APL de Software da RMBH

Fonte: Dados da pesquisa.

O GRAF. 1 apresenta a quantidade de atores que desenvolvem ações para o fortaleci-

mento do APL, conforme o mapeamento proposto por Leite (2009). A ação Parceria foi

identificada, nas ações citadas, por todos os atores entrevistados e a ação relacionada à

Inteligência foi a ação com menor frequência.

Assim, como observado para a ação relacionada à Inteligência, as ações Governança e

Focos estratégicos de desenvolvimento obtiveram uma frequência baixa quando compa-

radas às outras ações. Esse resultado pode ser atribuído ao fato de o APL de Software da

RMBH ainda não possuir um órgão gestor específico do APL. Atualmente, existem pro-

jetos e ações coordenadas e gerenciadas por secretarias do governo de Minas Gerais,

mas que não constituem um comitê gestor do APL, conforme definido por Carvalho

(2009), no modelo de governança de um APL (FIG. 12).

71 5.2.3 Troca de Informações com outros atores do APL

Nessa subcategoria, as falas dos entrevistados coincidem na forma como as informações

são trocadas. A maioria afirma que a troca de informações entre os atores é realizada

por meio de reuniões e pelos canais de divulgação próprios de cada ator. Alguns atores

detalham como a troca de informações é realizada:

[...] A troca de informações ocorre por contato direto com empresas, contatos da Microsoft, participação em eventos na área, promoção de eventos, conta-tos em reuniões, apoio na divulgação de editais, divulgação no site, envio de informações para entidades de apoio. (Ator J)

[...] A troca de informações com os demais atores se dá por meio de projetos articulados em reuniões periódicas e eventos. (Ator G)

[...] A comunicação se dá pelas reuniões periódicas com o grupo gestor, nas ações diretas com os empresários e por meio de e-mails dos e-groups temáti-cos, que foram criados com esses temas. Nesses ambientes, tanto presenciais quanto virtuais, as entidades do setor estão envolvidas e apoiaram desde a es-colha deste novo negócio, até o planejamento e execução dessas ações. (Ator F)

[...] A troca de informações é realizada com participantes e parceiros do APL por meio de reuniões e eventos ligados ao setor. A interação é maior entre os atores que entre as empresas. (Ator C)

A análise das respostas converge para as ideias de Choo (2001) e de Nonaka e Toyama

(2003), que afirmam que o compartilhamento de informações, o aprendizado coletivo e

as interações entre entidades contribuem para o desenvolvimento das organizações e o

aumento da vantagem competitiva.

Alguns benefícios obtidos com a participação em redes de cooperação e APLs, tais co-

mo a obtenção de vantagem competitiva, a redução de custos e riscos e o ganho de esca-

la no mercado, apontados por diversos autores (CASTELLS, 2005; MARSHALL, 1982;

VERSCHOORE; BALESTRIN, 2008), não são relatados pelos entrevistados como in-

formações compartilhadas entre os atores. A troca de informações realizada pelos atores

não destaca informações provenientes dos resultados e benefícios da participação dos

atores no APL.

72 5.3 Compartilhamento de informações do macro e micro ambiente organiza-

cional

Nessa categoria, foi feita uma análise sobre a importância dos componentes do micro e

do macroambiente organizacional para os atores do APL e o compartilhamento dessas

informações no APL. Uma subcategoria apresenta todos os resultados relativos a essa

análise.

5.3.1 Componentes do micro e macro ambiente do APL

Para cada um dos 14 componentes que compõem o micro e o macroambiente, conforme

apresentado por Moresi (2001), foi observado o posicionamento do ator quanto à impor-

tância e ao efetivo compartilhamento de informações estratégicas e de inteligência sobre

os mesmos.

Cada ator interpretou os componentes de acordo com sua “posição” no APL e, para aná-

lise dos componentes, foi considerada uma escala Likert de 1 a 5, onde 1 corresponde a

não ter interesse e 5 corresponde a ter interesse total, tanto na importância dos compo-

nentes para o ator, quanto no compartilhamento dessas informações. Uma análise sobre

cada componente foi elaborada:

1) Clientes: Para a maioria dos atores, esse componente representou seus associa-

dos, alunos e parceiros. A importância no compartilhamento é alta, porém o

compartilhamento ainda é razoável;

2) Fornecedores: Para maioria dos atores, o componente não se aplicou. No contex-

to organizacional em que os atores estão inseridos, o mesmo não possui fornece-

dores de forma direta;

3) Concorrência no nível do APL: para a maioria dos atores, o componente não se

aplicou. Os atores não identificaram concorrentes no nível de APL, já que os

73

mesmos representam órgãos e entidades de apoio do APL e consideram que “há

um trabalho em conjunto” e que “não existe concorrência” (Ator D);

4) Novos entrantes: para alguns dos atores, o componente não se aplicou. Porém,

outros atores destacaram o componente com uma elevada importância para o

APL e um nível médio de compartilhamento;

5) Concorrência no nível da organização: praticamente todos os atores considera-

ram que o componente não se aplica no caso dos atores do APL. Mas um ator

identificou haver concorrência e destacou, em sua entrevista, que “interesses po-

líticos ou sobreposição de ações, pode provocar enfraquecimento” (Ator D);

Alguns atores não souberam diferenciar esse item do item 3, concorrência a ní-

vel do APL, e até informaram que: “As demais entidades empresariais do setor

de TI não são vistas como concorrentes, mas como agregadoras ao trabalho de

desenvolvimento da TI, em Minas Gerais” (Ator G).

6) Ambiente político: alto interesse e alto compartilhamento foram percebidos nes-

te componente, para os atores do APL. O ator G destaca que são importantes as:

“[...] articulações com os poderes (municipal, estadual e federal), para a criação

de políticas em favor do setor.” (Ator G);

7) Órgãos de regulamentação: para a maioria dos atores, o componente não se apli-

cou. Esta resposta pode ter sido motivada por não haver um conselho que regu-

larize e fiscalize as atividades de informática no país, porém, é importante desta-

car que existem leis que estão relacionadas à atividade de software. Conforme o

Inpi (2012), o regime jurídico para a proteção aos Programas de Computador é o

do Direito do Autor, disciplinado pela Lei de Software - LEI Nº 9.609 , de 19 de

fevereiro de 1998 e, subsidiariamente, pela Lei de Direito Autoral, lei nº 9.610,

de 19 de fevereiro de 1998.

8) Linhas de financiamento e fomento: a importância e o interesse no compartilha-

mento são altos para a maioria dos atores; muitos possuem ações de fomento ou

são beneficiados. A abertura de linhas de crédito e o lançamento de editais liga-

74

dos à inovação e ao empreendedorismo contribuem para o compartilhamento

deste tipo de informação.

9) Aspectos sociais, demográficos e culturais: a importância e o compartilhamento

foram identificados como medianos para a maior parte dos atores. O Ator G des-

taca que “Minas Gerais é reconhecidamente um centro de excelência na forma-

ção de mão de obra de TI pelo alto nível de suas universidades” (Ator G). Al-

guns atores também destacam que aspectos demográficos e culturais de Belo

Horizonte contribuem para atração de grandes empresas para a região.

10) Ambiente econômico: cerca de 50% dos atores considera importante e compar-

tilha este tipo de informação, mas o restante considera baixa a importância e o

compartilhamento de informações sobre ambiente econômico;

11) Ambiente legal, legislação ambiental: grande parte visualiza com uma impor-

tância alta e compartilha esse tipo de informação.

12) Meio ambiente: para a grande maioria dos atores, o componente não se aplicou

ou foi considerado com nível baixo de importância e compartilhamento;

13) Produtos substitutos: para a grande maioria dos atores, o componente não se a-

plicou. Mas o ator F destacou que considera o componente como: “Altíssimo,

nevrálgico para o setor” (Ator F).

14) Tendências tecnológicas: grande parte dos atores considera importante o com-

partilhamento desse tipo de informação e demonstra interesse e ações que resul-

tam no seu efetivo compartilhamento no APL.

Ao se analisar as falas dos atores entrevistados, percebe-se que as opiniões convergem

em alguns aspectos e divergem em outros. Para alguns componentes, há atores com

maior conhecimento sobre o assunto e outros com pouco domínio. Porém, considerando

as atividades relacionadas ao compartilhamento de informações estratégicas e de inteli-

gência competitiva, é possível identificar que a maioria dos atores não possui trabalhos

direcionados para a inteligência competitiva e que a análise sobre os componentes do

micro e macroambiente é pouco estratégico e não envolve técnicas.

75 Conforme afirmado por Porter (2001), Moresi (2001), Vasconcelos Filho e Pagnoncelli

(2001), as variáveis do micro e macroambiente influenciam as organizações. Identificar

e monitorar as variáveis no contexto de um APL permitem uma análise geral, que pode

ser utilizada em vários contextos e ambientes que incluem os atores e participantes do

APL. O monitoramento de ambientes organizacionais corresponde à aquisição e ao uso

da informação sobre eventos, tendências e relações em seu ambiente externo, cujo co-

nhecimento auxiliará os gerentes a planejar as futuras ações (CHOO, 1998).

O monitoramento do ambiente organizacional permite visualizar tendências e correntes

que poderão influenciar a tomada de decisão, de forma individual ou coletiva. Marcial

(2011) afirma que: “Se o curso dos acontecimentos muda a todo instante, se existem

dificuldades de identificar e analisar os sinais existentes no ambiente, fica evidente a

grande incapacidade que temos de prever o que vai acontecer”.

As diversas informações obtidas com o monitoramento do micro e macroambiente po-

dem ser transformadas em informações estratégicas. Esse conceito é apoiado por Gomes

e Braga (2001) e Tarapanoff (2001), e pode ser aplicado nos arranjos produtivos locais.

As ferramentas de IC reúnem informações e as disponibilizam para um público especí-

fico. Um exemplo, no contexto do APL de Software de Belo Horizonte, é o bureau de

informação criado pela Assespro, com apoio do governo de Minas, que, por meio de

uma página da Internet, funciona como um canal de informações estratégicas, contribu-

indo para a disseminação e o compartilhamento de informações no APL. O bureau reú-

ne informações importantes para o setor, mas não é utilizado como ferramenta estratégi-

ca pela maioria dos atores.

A média dos valores atribuídos, pelos atores, a cada um dos componentes, também foi

calculada para encontrar o valor médio de cada componente. Para questões de cálculo,

para as respostas cujo respondente informou que não se aplicava, considerou-se o valor

zero, ou seja, ausência de importância e compartilhamento por parte do mesmo.

76

TABELA 1 - Importância e Compartilhamento das informações do Micro e Macroambiente pelos atores do APL

Componente do Micro

e macroambiente

Ator A

Ator

B

Ator

C

Ator

D

Ator

E

A-

tor

F

Ator

G

Ator

H

Ator

I

Ator

J

I C I C I C I C I C I C I C I C I C I C

Clientes 4 4 3 1 5 3 5 5 5 5 5 5 4 N N N N N 5 4

Fornecedores N N N N 4 4 N N 5 5 5 5 4 N N N N N N N

Concorrência no nível do APL

N N N N N N N N N N 3 3 N N N N N N N N

Novos entrantes 4 4 N N 4 3 N N N N 5 5 3 3 5 5 N N N N

Concorrência ao nível da organização

N N N N N N N N 2 2 1 1 N N N N N N 4 4

Ambiente político 5 5 3 3 4 4 5 5 5 5 4 2 5 5 5 5 N N 4 4

Órgãos de regula-mentação

N N N N 4 3 N N 5 5 4 2 N N N N N N N N

Linhas de financia-mento e fomento

5 5 5 5 4 3 5 5 5 5 4 2 5 5 5 5 N N 3 2

Aspectos sociais, demográficos e culturais

3 3 3 3 5 4 5 5 5 5 3 2 5 5 5 3 N N 4 4

Ambiente econômi-co

5 5 N N 3 4 5 5 5 5 4 2 5 5 5 4 N N 2 2

Ambiente legal, legislação ambiental

5 5 4 4 5 4 4 4 5 5 3 2 4 4 N N N N N N

Meio ambiente N N N N 4 3 N N 5 5 2 2 N N N N N N N N

Produtos substitu-tos

N N N N N N N N N N 5 5 N N 5 4 N N N N

Tendências tecno-lógicas

5 5 4 4 5 4 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 N N 5 4

Legenda: I – Importância; C – compartilhamento; N – Não se aplica Fonte: Dados da pesquisa. A TAB. 1 apresenta a pontuação informada por cada ator sobre a importância e compar-

tilhamento de cada componente. Assim, percebe-se que o ator I foi o único que conside-

rou que nenhum dos componentes se aplicava, em sua percepção, no contexto do APL

77 de Software da RMBH. Portanto, o grupo de atores percebe a necessidade do comparti-

lhamento, o que confirma certo alinhamento com os propósitos de IC em um APL.

TABELA 2 - Valores médios da importância e compartilhamento das informações do micro e ma-croambiente no APL

Componente do micro e macroambiente

Resultados

Importância Compartilhamento

Clientes 3,6 2,7

Fornecedores 1,8 1,4

Concorrência a nível do APL 0,3 0,3

Novos entrantes 2,1 2

Concorrência no nível da organização 0,7 0,7

Ambiente político 4 3,8

Órgãos de regulamentação 1,3 1

Linhas de financiamento e fomento 4,1 3,7

Aspectos sociais, demográficos e cultu-rais

3,8 3,4

Ambiente econômico 3,4 3,2

Ambiente legal, legislação ambiental 3 2,8

Meio ambiente 1,1 1

Produtos substitutos 1 0,9

Tendências tecnológicas 4,4 4,2

Fonte: Dados da pesquisa. A TAB. 2 apresenta os valores médios para cada componente pesquisado. A importân-

cia sempre apresentou um valor igual ou maior que o compartilhamento. Os componen-

tes com maior importância e compartilhamento foram: tendências tecnológicas e linhas

de financiamento e fomento. O fato de serem assuntos mais comuns e mais divulgados

atualmente, pelo mercado e pelo governo do estado, talvez tenha sido o motivo por que

alcançaram um alto valor.

Os componentes que obtiveram menor valor foram: concorrência no nível do APL e

concorrência no nível da organização. O valor pode ser atribuído ao fato de os atores

considerarem, em suas respectivas visões, que os componentes não se aplicavam.

Os atores contribuem para o compartilhamento de informações, mas, por não haver um

órgão centralizador e gestor, nem todas as informações são repassadas e utilizadas. Essa

é a percepção de vários atores. A governança de um APL é importante para seu desen-

volvimento e é definida como a criação de condições para se gerenciar, de forma orde-

nada, a ação coletiva de diversos atores, sendo, portanto, o gerenciamento de processos

78 compartilhados que envolvem decisões comuns acerca de políticas públicas e privadas,

pertencentes à dinâmica entre instituições, atores do APL e o governo (STOKER,

1998).

Em comparação com o APL de Eletro Eletrônica de Santa Rita do Sapucaí, no trabalho

realizado por Lopes, De Muÿlder e Judice (2011), o componente ambiente legal e ambi-

ental foi o que obteve o maior grau de compartilhamento em Santa Rita e um valor bai-

xo quando comparado ao APL de Software da RMBH.

A diferença encontrada pode estar relacionada às atividades na área de Eletro Eletrôni-

ca, envolvendo o reconhecimento de patentes e a fiscalização quanto à legislação ambi-

ental, que é muito mais intensa quando comparada à área de software.

Outra hipótese, que justifica esta diferença, pode ser atribuída ao fato de que o APL de

Santa Rita exporta diversos produtos e questões ambientais costumam ser uma exigên-

cia para a comercialização dos produtos desenvolvidos no APL.

O componente ambiente legal e ambiental poderá ter uma maior importância e compar-

tilhamento no APL de Software da RMBH à medida que processos licitatórios e o pró-

prio mercado exija o cumprimento de padrões internacionais, tanto para o desenvolvi-

mento do software, quanto para a cadeia produtiva e para a logística reversa dessa ativi-

dade, que está relacionada ao termo TI Verde.

De acordo com a literatura pesquisada, as contribuições de Quinello e Nicoletti (2005),

Prestes (2009), Garcia-Alsina, Ortoll e López-Borrull (2011), González-Gálvez, Rey-

Martín e Cavaller-Reyes (2011), Rapp, Agnihotri e Baker (2011) corroboram o conteú-

do da pesquisa. A aplicação da IC é uma prática que pode ser utilizada em diversas á-

reas e sua aplicação em arranjos produtivos locais contribui coletivamente. A IC contri-

buirá para a inovação, agregará valor às organizações participantes e contribuirá para a

tomada de decisão no nível da governança do APL.

É importante ressaltar que não foram identificadas, na fala dos respondentes, atividades

específicas de IC para o APL, utilizando-se as informações dos componentes do micro e

macroambiente, exceto pelo Ator A, que cita o bureau de informação, cujo objetivo

79 inicial era o compartilhamento de informações de inteligência no APL. Esse fato pode

ser considerado um fator negativo na análise.

5.4 Parcerias e troca de informações no APL

A Categoria 3 foi dividida em quatro subcategorias de análise: a primeira está relacio-

nada às parcerias com empresas locais, instituições de ensino e centros de pesquisa; a

segunda, com as informações compartilhadas com as entidades de apoio e financiamen-

to; a terceira, com políticas ou ações governamentais; a quarta, com a participação em

feiras e eventos no APL.

5.4.1 Parcerias com empresas, instituições de ensino, centros de pesquisa e entidades

Foram identificadas parcerias com empresas, instituições e entidades, feitas pela maioria

dos atores do APL:

[...] Projetos de pesquisa (bons resultados), Secretaria de Relações Interna-cionais (convênios com instituições de outros países, programa ciência sem fronteiras) – Bons resultados para formação acadêmica Parcerias com a UFMG em pesquisas. (Ator B) [...] Mantemos parcerias por diretriz com: •Instituições de ensino; •Poder público; •Entidades do APL; •Empresas; •Órgãos internacionais. Diferencial competitivo, boa interlocução resultante de um período de coope-ração (uma década) que garante melhores resultados com melhor posição po-lítica, estratégica e técnica para execução de projetos. (Ator C) [...] Com a transformação do Programa BHTI 2022, fruto do Polo de Exce-lência, em MGTI 2022, fortaleceu-se a priorização da Tecnologia da Infor-mação dentro das ações do governo do estado. Na sequência, o comprometi-mento do Secretario Nárcio Rodrigues com a iniciativa o levou a designar Rafael Andrade, renomado pela sua experiência com os setores empresarial e governamental, para a função de articulador das ações entre o APL e a Sec-tes. Este arranjo já dá mostras de acerto com uma articulação que vem conso-lidando os entendimentos para a implantação de um condomínio temático pa-ra as empresas de TI no BHTEC. Além desse condomínio físico, esta em es-tudo um condomínio na nuvem para as empresas de TI de todo o estado de Minas Gerais. Assim, todos os APLs de TI de Minas estarão conectados, com benefícios enormes para a evolução da área em Minas Gerais, com conse-

80

quente impacto positivo na geração de empregos de qualidade e aumento da renda. (Ator I)

O Ator I destaca a possibilidade de novas parcerias com a criação de um condomínio

temático de TI no BHTEC e a proposta de um condomínio da nuvem, para ser comparti-

lhado com as empresas de TI de Minas Gerais.

O ator F destaca que as parcerias com empresas são formalizadas exclusivamente por

contratos:

[...] Grande parte é por contrato de prestação de serviços Empresa internacio-nal – Contratação para o redirecionamento estratégico Comportamento mobilidade – empresa de pesquisa nacional. (Ator F)

O ator J destaca os resultados obtidos com as parcerias:

[...] O nosso papel é diminuir o gap entre estudantes, empresas e universidade e desenvolver o ecossistema local (governo, empresa, estudante). Resultados: Bom impacto, criação de startups, geração de empregos, forma-ção de mão de obra qualificada, diversos casos de sucesso (em média 17 por ano), criação de startups ganhadoras de prêmios e com destaque no mercado, aprovação dos estudantes em programas de pós-graduação. Troca de informações sobre tendências de mercado e tecnologias. (Ator J)

Deve- se destacar que muitas dessas parcerias são informais, com ausência de contratos,

o que contribui para a informalidade nas trocas de informações entre os atores. Para

Albagli (2003), há importância na proximidade entre os atores na configuração de am-

bientes propícios à geração e transferência de informações, conhecimentos, inovações e

ao aprendizado coletivo. Os elementos constituintes de um regime de informação em

arranjos produtivos locais priorizam:

• As formas de interação para geração e difusão da informação e do conhecimen-

to;

• O foco no ambiente local, com suas especialidades socioculturais;

• A importância de definição de instrumentos metodológicos que retratem esta

particularidade e que possam auxiliar na construção de políticas de informação.

Diante das respostas obtidas nas entrevistas, percebe-se que os atores visualizam a im-

portância das parcerias com empresas, instituições de ensino, centros de pesquisa e a

interação entre os mesmos.

81 5.4.2 Informações compartilhadas com as entidades de apoio e financiamento

Os atores informaram que o compartilhamento de informações sobre projetos e parceri-

as dos atores do APL é realizado por meio de relatórios gerenciais e avaliação de proje-

tos, pela troca de informações em atividades desempenhadas de forma conjunta e pela

divulgação de ações em eventos promovidos pelos atores. O ator C destaca que a inter-

locução entre os atores é constituída por uma relação estreita entre as entidades:

[...] A troca de informação é por meio da interlocução entre os líderes das en-tidades participantes do APL. Há cooperação e respeito mútuos entre as enti-dades, uma relação estreita entre as entidades e seus gestores gerando um ambiente favorável ao desenvolvimento e a complementaridade. Relação de alto grau de maturidade. As entidades incentivam a cooperação das empresas. (Ator C)

Notou-se uma satisfação variada quanto ao compartilhamento de informações sobre os

programas e sobre as parcerias realizadas pelos atores com as entidades de apoio. As

informações compartilhadas com entidades de apoio não são centralizadas e são repas-

sadas aos atores sem uma padronização; já as informações compartilhadas com as enti-

dades de financiamento são apresentadas por meio de relatórios previamente definidos.

Com base na contribuição de Kanda (2008) e Gomes e Braga (2005), essas informações

podem compor um sistema de inteligência competitiva, com diversas etapas, que inclu-

em o tratamento das informações e a disseminação das mesmas para os interessados.

5.4.3 Relacionamento com políticas ou ações governamentais

Verificou-se que a grande maioria dos atores participa de atividades do APL. O GRAF.

2 apresenta a participação dos atores nas políticas governamentais da região. Dos atores,

60% informaram que se beneficiam de alguma política e, 40%, que fomentam. Os atores

demonstram participação no APL, uma vez que todos informaram estar envolvidos em

uma das duas posições.

82

GRÁFICO 2 - Políticas governamentais da região do APL

Fonte: Dados da pesquisa.

5.4.4 Participação em feiras e eventos

A participação em eventos do APL foi considerada relevante pelos atores. Todos os

atores informaram que participam de ou promovem atividades no APL: 50% somente

participam; e outros 50% participam e promovem eventos no APL, conforme apresen-

tado pelo GRAF. 3.

83

GRÁFICO 3 - Participação em feira e eventos do APL

Fonte: Dados da pesquisa.

A participação dos atores é importante, mas não pode ser uma atividade isolada. A apli-

cação da IC em um APL demanda ações que vão além e envolve ações de compartilha-

mento de informações, além de implicar em cooperação entre os envolvidos. A contri-

buição de Miller (2002) e a de Starec, Gomes e Bezerra (2006) podem ser contrastadas

com os resultados obtidos na pesquisa. Para esses autores, a IC corresponde à constru-

ção de competências, que integram pessoas: em um APL, a atividade de IC envolverá a

interação dos atores. Atividades relacionadas a feiras e eventos do setor são importantes,

mas não são suficientes, como é visualizado por alguns atores.

Assim, novos questionamentos surgem a partir da análise dos resultados em relação à

cooperação no APL: é grande a participação dos atores em eventos: porém, realmente

existe cooperação entre eles? A interação dos atores é satisfatória para o crescimento e

desenvolvimento do APL?

5.5 Percepção do APL

A categoria 4 foi dividida em duas subcategorias de análise: a primeira, relacionada ao

compartilhamento de informações estratégicas e de inteligência competitiva, assim co-

mo às facilidades e dificuldades encontradas pelos atores; a segunda subcategoria, rela-

84 cionada à percepção do APL, de forma mais ampla e livre, permitindo que os atores

pudessem expressar sua percepção em relação ao APL de Software da RMBH.

5.5.1 Ações para o compartilhamento de informações estratégicas e de inteligência competitiva

Os atores, em geral, encontraram dificuldades para responder esta pergunta, uma vez

que a quantidade de ações para o compartilhamento de informações estratégicas e de

inteligência competitiva é considerada baixa pelos próprios atores. O ator A foi o único

a utilizar uma ferramenta específica para o compartilhamento deste tipo de informação:

[...] Existe o projeto de construção do Bureau de inteligência para o APL de software (site http://bi.assespro-mg.org.br/). Análise bimestral dos dados do BI com os empresários do setor.

[...] O compartilhamento de informações estratégicas e de inteligência com-petitiva no APL é feito por meio da articulação entre as entidades empresari-ais do setor e instituições como Sede, Sectes, Fiemg e Sebrae-MG. (Ator G) [...] Desde antes de 2007, mas de forma mais intensa nos anos recentes, a se-cretaria vem compartilhando informações estratégicas com os atores do APL de Software, também denominado de APL de TI, como forma de apoiar o de-senvolvimento do setor empresarial da área em Minas e, mais especificamen-te, em BH. Desenvolver com foco na diversificação do setor, ampliação dos serviços e capacitação de recursos humanos para a área, tanto no nível técni-co médio como superior. O canal de comunicação foi a criação na Sectes do Polo de Excelência em TI, coordenado pela Profa. Déa Fonseca, que discute com o setor o planejamento, o fomento e as ações operacionais da interação empresas-governo do estado. (Ator I)

Outros atores informaram a inexistência desse tipo de atividade e que há, informalmen-

te, troca de informações não estratégicas:

[...] O fluxo de informações é somente por meio de projetos, estágios e pales-tras. Não há nada formalizado. (Ator B)

[...] Alguns eventos são realizados para o compartilhamento de informações estratégicas, mas não há uma produção constante deste tipo de informação. (Ator D) [...] Compartilhamento superficial, não tem segmentação. (Ator F) [...] As informações compartilhadas nem sempre são de inteligência competi-tiva e estratégia e se limitam a redes sociais, divulgação de programas, ações e eventos são mais comuns. (Ator J)

85

[...] Mantemos canais próprios (boletins informativos, site, informes e mate-riais nos veículos de comunicação, revista própria, reunião mensal com ali-nhamento dos sindicatos) unindo estratégias e repassando resultados. Não há um setor responsável pelo levantamento de inteligência competitiva para o APL de software. (Ator C)

Com relação às facilidades e dificuldades no compartilhamento de informações estraté-

gicas e de inteligência, as respostas apresentadas pelos atores demonstram que as facili-

dades são relativas a parcerias e apoios e aos meios de comunicação. As dificuldades

são advindas da falta de conhecimento e de interesse em ações envolvendo inteligência

competitiva, por parte dos empresários do APL, mas também provêm de interesses di-

vergentes.

[...] Facilidade: Apoio político. (Ator A) [...] Facilidades: Empresário com maior formação acadêmica, visão do mer-cado mundial e em constante atualização. (Ator C) [...] Facilidade: Meios de comunicação (internet, jornais) Dificuldade: falta de profundidade dos estudos realizados, informações não disponíveis (busca por recursos). (Ator D) [...] Facilidades: histórico de parcerias já criado por uma parceria construída há anos e que passa de gestão para gestão. (Ator G) [...] Dificuldades: Pouca disponibilidade dos empresários, repassar a impor-tância e relevância do produto de inteligência para os empresários. (Ator A) [...] Dificuldades: volume de informações que as empresas recebem, pouco tempo dos empresários para ler e analisar informações de mercado, contexto político. Falta de visão estratégica por parte de alguns empresários. (Ator C) [...] Dificuldades: as entidades/instituições possuem interesses e vocações di-ferentes, o que exige a articulação definição clara de papéis e atuação dos seus atores. (Ator G)

Conforme relatado pelos entrevistados e em conformidade com a literatura pesquisada,

pouco se conhece sobre atividades de IC no APL, apesar do reconhecimento da sua im-

portância. Como afirmado por Nunes (2007), a inteligência competitiva é importante

para as organizações e permite que elas se mantenham atualizadas e competitivas no

mercado globalizado. Porém, a IC deve ter sua importância reconhecida e utilizada no

processo estratégico da empresa. Muitas informações estão na própria organização e não

são utilizadas e compartilhadas (PRESCOTT; MILLER, 2002; VAITSMAN, 2001;

MARCIAL, 2011).

Na percepção dos atores, há o compartilhamento das ações desenvolvidas pelos atores

no APL. Porém, alguns entrevistados relataram que, por não haver um papel formal-

86 mente definido para cada ator, a gestão e a centralização das ações desenvolvidas por

cada entidade é dificultada. Diante dessa situação, alguns atores buscam uma maior in-

teração para evitar ações “repetidas” e possibilitar a união de forças.

5.5.2 Percepção do APL de Software

Com o objetivo de identificar a percepção sobre o APL de software, a pergunta levou o

entrevistado a refletir sobre o APL de forma crítica e a expor sua opinião sobre ações e

desafios relacionados às atividades de software na região, destacando pontos positivos a

serem desenvolvidos no APL:

[...] O APL possui grande número de pequenas e médias empresas, que têm característica empreendedora no mercado digital, qualidade de mão de obra, boas universidades na região. Há o conservadorismo do empresário mineiro: o empresário cresce no limite que consegue gerenciar (o negócio ainda depende muito do proprietário). Fal-ta “coragem” para crescer além de Minas Gerais, falta visão territorial. O APL precisa de suporte de políticas públicas na área de inovação (destaca o papel da Fapemig, Fundep, Sectes) O APL ainda está “adolescente”. Há uma tendência de aproximação com a Fumsoft, pouca interação com sindicatos. As fronteiras entre os atores não estão claras. (Ator A) [...] A área de software é a mais promissora do país, devido ao crescimento do número de boas oportunidades no setor. Belo horizonte tem boas oportu-nidades e se tornou um polo de desenvolvimento de software, porém não há muita integração. O APL possui como diferencial o alto padrão de ensino, e a região possui bo-as universidades (UFMG, CEFET, PUC Minas), muitas empresas vêm para a região em busca da mão de obra qualificada e de capacitação. É preciso melhorar a “conversa” entre academia e indústria, investir em polí-ticas para fomentar parcerias; falta investimento da indústria em pesquisa, falta de iniciativa das empresas do setor privado. (Ator B)

[...] O termo APL ainda é de conhecimento de um grupo restrito, ao descre-ver o APL seria necessário explicar o significado do termo APL. O APL tem importância no cenário atual, porém, é preciso enaltecer seus pontos fortes. É necessária a convergência de ações, melhorar a cooperação e abertura para a concorrência, posição e maturidade com os empresários. Deve haver uma maior interação entre academia e empresa; não se sabe aproveitar o potencial de conhecimento na região. Diante dos APL, o mesmo poderia ser avaliado com a nota 7 em uma escala de 0 a 10. Pontos positivos: Boa localização no país (próximo a grandes centros). Diferencial na formação acadêmica, boas instituições que formam bons pro-fissionais e empreendedores. Contexto referente a parcerias com entidades de fomento, linhas de apoio.

87

Capacidade de customizar soluções, devido ao grande número de demandas e da abertura de mercado. Demanda interna interessante. Condições para atender o mercado nacional e internacional. Pontos a serem desenvolvidos: Maior maturidade em termos de gestão de pessoas e de gestão de processos, que ainda têm deficiências. Evasão de mão de obra qualificada para grandes centros com maior atrativi-dade salarial e oportunidades. Característica cultural do mineiro, muito desconfiado, “ressabiado”, mantém um mercado fechado (Ator C).

[...] O APL é formado por muitas empresas diferentes (3500), se tornando um APL pulverizado. Este fato dificulta a governança. O APL é robusto com produção tecnológica forte e boa mão de obra. São ne-cessárias políticas mais consistentes, de avanço para o APL, mais empreen-dimento, mais formação. O programa MGTI20221 possui algumas ações para fortalecer o APL, como Capacitação e Criação do Marco regulatório. Falta identidade do APL. É preciso ter um condomínio temático da TI, para proporcionar uma identidade mais forte e promover um local com alta tecno-logia. O que trará vários benefícios para as empresas. O compartilhamento tem encontrado bom espaço no APL. É importante a criação de convênios que irão gerar resultados a longo prazo para a academia e as empresas. (Ator D)

[...] Considero que a região tem um grande potencial, boa localização e visi-bilidade, possui empresas com know-how na área de desenvolvimento de software, população com perfil interessante, local que proporciona boa quali-dade de vida. Pontos a serem desenvolvidos: Falta de compartilhamento de informações, integração e participação entre os participantes do APL. Falta de interesse do público/participantes do APL, pouco incentivo do governo. (Ator E)

[...] Ecossistema de inovação denso (universidade empresa). Instituições com parceria público/privada. Muitas empresas boas na região. Precisa ser dinamizado (desenvolvimento compartilhado com fomento a ino-vação). Precisa de maior maturidade, governança e estruturação de serviços. Precisa de redesenhos mais ousados, mudar a metodologia (ser mais dinâmi-co). Falta um bom marketing do APL. (Ator F)

1 Um conjunto de iniciativas elaborado conjuntamente pelas quatro entidades representativas do setor no estado – Assespro-MG, Fumsoft, Sindinfor e Sucesu-MG – o Sebrae, o Governo de Minas e a Prefeitura de Belo Horizonte, e que conta com o apoio de órgãos públicos e privados. Tem como meta tornar Minas Gerais um estado de referência em TI no Brasil até o ano de 2022. Disponível em:<http://www.fumsoft.org.br/noticias/minas-quer-ser-referencia-em-ti-em-10-anos>. Acesso em:10 ago. 2013.

88

[...] APL do Software é um aglomerado geográfico de empresas do setor de TI que engloba a RMBH e Viçosa. São empresas com a mesma atividade e-conômica, que cooperam entre si na produção/oferecimento de produtos e serviços. Ponto positivo do APL: apoio das entidades empresariais, que são articuladas entre si, ações de fomento e instituições de ensino de ponta e empresas com produtos diferenciados. A ser desenvolvido: reconhecimento do setor de TI como independente dos demais, melhor articulação entre os atores do APL no desenvolvimento das ações (sobretudo iniciativa privada). (Ator G)

[...] Para a área de TIC, a cidade tem entidades representativas bastante con-solidadas, tais como a Fumsoft, Sindinfor, Sucesu e Assespro. (Ator H)

O APL de BH é ativo e vem se organizando ano após ano. Mais recentemen-te, tem tido grande êxito na convergência dos interesses das empresas, facili-tando a ação estratégica do APL, que, com isto, vem assim experimentando um significativo crescimento. (Ator I)

[...] O APL de software de Belo Horizonte é focado em desenvolvimento (serviços) sob demanda, sem inovação, e pode ser melhorado no aspecto da inovação. O APL é grande, tem um amadurecimento, mas precisa de modelos mais inovadores. As entidades do APL (Fumsoft) têm um trabalho legal com um lado consolidado, mas retraído, e inovador na questão da inovação. Pontos positivos: as entidades participantes possuem apoio para as empresas; O APL possui grandes empresas, empresas sólidas, possui bons formadores, boas instituições de ensino, muitas startups “nascendo” no APL. Pontos negativos: Questões culturais: é necessário investir no novo, investir em jovens, na formação empreendedora; é necessária uma mudança cultural ao longo do tempo. (Ator H)

Nas falas, foi possível identificar que os atores veem o APL de forma positiva e consi-

deram que o mesmo possui um grande potencial. Muitos atores apontam como vanta-

gens do APL:

• Qualidade da mão de obra;

• Boas instituições de ensino na região;

• Empresas com perfil empreendedor;

• Grandes demandas internas para o setor;

• Estrutura para atender o mercado nacional e internacional;

• Boa localização, cidade com boa qualidade de vida e boa visibilidade;

• Perfil da população;

89

• Concentra grandes empresas que são referências para o setor e que possuem

produtos diferenciados;

• Possui apoio das entidades;

• Possui ações de fomento na região.

Mas os atores também percebem que ainda há pontos a serem desenvolvidos, que são

identificados em cada uma das falas dos entrevistados:

• Pouca atitude empreendedora;

• Falta de suporte de políticas públicas de inovação;

• Falta maior interação entre os atores e definição de papéis;

• Falta investimento em pesquisa;

• Falta iniciativa do setor privado;

• Faltam convergência de ações e cooperação para concorrência fora do APL;

• Faltam posição e maturidade dos empresários;

• Pouca interação entre academia e empresa: são necessários mais convênios

entre as mesmas;

• Faltam maior maturidade e melhoria na gestão de processos;

• Precisa-se de uma política de retenção de talentos;

• Falta mudança cultural;

• Faltam políticas de governança para o APL;

• Falta um número maior de empreendimentos;

• Falta uma maior formação acadêmica/profissional (capacitação);

• Falta maior identidade do APL;

• Falta compartilhamento de informações;

• Falta maior integração entre os participantes;

• Falta maior incentivo do governo;

• Falta maior fomento a inovação/políticas de inovação;

• Falta maior reconhecimento do setor;

• Falta maior apoio da iniciativa privada;

• Falta inovação;

• Faltam mudanças de processos;

• Falta maior investimento na formação empreendedora.

90 Alguns atores listaram que o compartilhamento de informações e a interação entre os

atores ainda é incipiente no APL de Software da RMBH. Conforme destacado por Bra-

sil (2012), para ser considerado um APL, além de os participantes estarem localizados

em um mesmo território, é necessária uma especialização produtiva que mantenha vín-

culos de articulação, interação, cooperação e aprendizagem entre si e com outros atores

locais, tais como: governo, associações empresariais, instituições de crédito, ensino e

pesquisa (BRASIL, 2012).

Vários desafios ainda podem ser considerados no APL de software pesquisado. Quando

comparado aos desafios de outros APLs na área de Tecnologia da Informação, como o

APL de TI de Fortaleza, no trabalho desenvolvido por Galindo, Câmara e Lopes Junior

(2011), é possível identificar desafios semelhantes, com a mesma fundamentação. O

QUADRO 12 apresenta uma correlação dos desafios nos dois APLs:

QUADRO 12 - Comparação de desafios dos APLs de TI

Código

Desafios APL de TI Fortaleza – CE

Desafios APL de Software RMBH – MG

D.01 Levantamento de informações mais deta-lhadas sobre o setor de TI.

D.02 Interiorização das ações do setor de TI no Estado.

D.03

Formação de parcerias estratégicas com os stakeholders vinculados ao setor de TI.

Maior integração entre os participantes Maior apoio e iniciativa do setor privado

D.04 Consolidação de parque tecnológico.

D.05 Redução da carga tributária.

D.06 Fortalecimento das empresas do Estado.

D.07 Enfrentamento à exclusão digital.

D.08 Melhoria da infraestrutura de TI. D.09 Aumento do poder associativo das empre-

sas do setor. Maior interação entre os atores e defini-ção de papeis Maior integração entre os participantes

D.10 Capacitação dos empresários locais. Aumento da formação acadêmi-co/profissional (capacitação)

D.11 Maior entrosamento dos empresários com o poder público.

Maior integração entre os participantes Maior incentivo do governo

D.12 Formação de parcerias entre as empresas do setor.

Maior integração entre os participantes

D.13 Ampliação da capacidade competitiva do APL para o mercado internacional.

Convergência de ações e cooperação para concorrência fora do APL

D.14 Maior organização do setor. Políticas de governança para o APL D.15 Aumento do nível de integração (coope-

ração) entre as empresas do setor.

D.16 Implementação de mecanismos de fomen-to do mercado.

91

D.17 Ampliação da capacidade competitiva do APL para o mercado nacional.

Convergência de ações e cooperação para concorrência

D.18 Informatização dos serviços públicos. D.19 Investimentos em P&D e Inovação. Maior fomento a inovação / políticas de

inovação Maior investimento em pesquisa Maior de suporte de políticas públicas de inovação

D.20 Aumento do intercâmbio entre universi-dades, governo e as empresas do setor.

Maior interação entre academia e empre-sa, convênios entre as mesmas

D.21 Informatização das empresas em geral. D.22 Fomentar atividades de alto valor agrega-

do.

D.23 Profissionais especializados para atender a demanda do setor.

Aumento da formação acadêmica / profis-sional (capacitação)

D.24 Redução dos índices de pirataria. D.25 Ampliação do número de empresas do

setor com certificações.

D.26 Atração de empresas de TI para o Estado. Aumento do número de empreendimentos D.27 Estímulo ao empreendedorismo no setor

de TI. Maior atitude empreendedora Maior investimento na formação empre-endedora

D.28 Fixação de mão de obra qualificada na região.

Política de retenção de talentos

D.29 Redução da mortalidade das empresas novas do setor.

D.30 Redução do mercado informal. D.31 Fortalecimento setorial em relação com as

outras regiões do Brasil.

D.32 Proteção de marcas e patentes. D.33 Melhoria do nível de gestão dos ICT’s. Políticas de governança para o APL D.34 Melhoria do padrão de qualidade dos

produtos e serviços.

D.35 Desburocratização. Fonte: Dados da pesquisa.

Dos 35 desafios do APL de TI de Fortaleza, 15 possuem alguma semelhança com os

desafios listados no APL de Software da RMBH. No APL da RMBH ainda foram iden-

tificados mais sete desafios, que não estão listados nos desafios do APL de Fortaleza.

A característica da atividade de tecnologia da informação, especificamente no desen-

volvimento de software, pode influenciar diretamente nos desafios identificados no APL

de software de BH. Além da semelhança com os desafios do APL de TI de Fortaleza, os

seguintes desafios são específicos do APL de Belo Horizonte:

• Posição e maturidade dos empresários;

• Maturidade e melhoria na gestão de processos;

92

• Maior mudança cultural;

• Maior identidade do APL;

• Maior compartilhamento de informações;

• Maior reconhecimento do setor;

• Mudanças de processos.

Conforme apresentado por Carvalho (2009), o regime de informação de um APL apre-

senta as diversas variáveis que influenciam nas relações dos atores. A presença de valo-

res culturais e a identidade existente no território são variáveis que se aplicam ao APL

de Software da RMBH. Conforme evidenciado nos desafios identificados na pesquisa,

questões culturais influenciam nas relações dos atores e dos participantes do APL. Po-

rém, quando comparado ao APL de Eletroeletrônica de Santa Rita do Sapucaí, o APL

de Software da RMBH mostra uma estrutura ainda “jovem”, já que diversas variáveis

do regime de informação ainda estão em desenvolvimento: (regras e normas, serviços

de informação, micropolíticas de informação).

Um modelo do APL de software, utilizando-se os conceitos apresentados no estudo,

pode ser redesenhado, conforme se vê na FIG. 13:

FIGURA 13 - Modelo do APL de Software com práticas de Inteligência Competitiva Fonte: Elaborado pela autora.

93 Diante dos diversos fatores que influenciam o APL de Software da RMBH, a FIG. 13

apresenta um modelo em que o monitoramento ambiental interno e externo, valores

culturais e normas do APL seriam utilizados no ciclo de inteligência, gerando informa-

ções estratégicas para os participantes do APL, que se posicionariam no mercado com

estratégias competitivas e um novo olhar frente à concorrência do mercado.

Apesar de existir um modelo proposto para a governança do APL, como abordado pelo

Sebrae (2010), com o passar dos anos, os atores não desenvolveram um política de go-

vernança no APL. Na categoria percepção do APL, grande parte dos entrevistados acre-

dita que ainda falta definir papéis para os atores e direcionar ações. Assim, a interação

entre os atores pode estar sendo prejudicada pelo fato de o APL não apresentar motiva-

ções suficientes para o desenvolvimento de laços cooperativos, como afirmado por Su-

zigan et al. (2004).

Com o lançamento do Projeto MGTI 2022, proposto pelo governo de Minas, várias a-

ções relativas ao desenvolvimento do APL serão incentivadas para o crescimento e de-

senvolvimento do APL. Porém, para o sucesso deste e de outros programas e investi-

mentos por parte da iniciativa pública, é necessário que haja transparência, gestão e fis-

calização dos recursos repassados, para que os objetivos propostos sejam realmente al-

cançados.

94 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

No contexto dos arranjos produtivos locais, onde empresas e entidades de um mesmo

setor estão geograficamente reunidas, um ambiente propício ao compartilhamento de

informações é criado, paralelamente à concorrência existente entre os próprios partici-

pantes. A interação entre atores de um APL é fundamental para que ações coletivas se-

jam realizadas, com o objetivo de fortalecer o APL e todos os envolvidos. A inteligên-

cia competitiva apresenta-se como uma ferramenta estratégica que pode ser utilizada

para identificar interesses comuns, aumentar a cooperação entre os atores e apoiar a

tomada de decisões nas ações da governança e gestão de um APL.

O trabalho teve o objetivo de identificar e analisar o compartilhamento de informações

estratégicas e de inteligência competitiva no APL de Software de Belo Horizonte e Re-

gião Metropolitana, na percepção dos atores que o compõem. Para elaboração da disser-

tação, foi realizada uma pesquisa detalhada sobre os construtos inteligência competitiva,

arranjos produtivos locais e tomada de decisão, e a relação entre os mesmos, a partir do

projeto de pesquisa financiado pela Fapemig – Universal 2011, sob a coordenação da

orientadora desta dissertação.

Para o alcance do objetivo geral, que propõe analisar, sob a perspectiva dos atores, co-

mo as informações estratégicas e de inteligência são compartilhadas no APL de Softwa-

re da RMBH, foi elaborado um roteiro de entrevista baseado na revisão bibliográfica,

em questionários validados em outras pesquisas de outros APLs e no pré-teste realizado

com o roteiro final desenvolvido.

O roteiro semiestruturado foi dividido em 4 categorias, na seguinte ordem: Categoria 1 -

Identificação dos Atores e Ações Realizadas no APL; Categoria 2 - Compartilhamento

de Informações do Macro e Microambiente organizacional; Categoria 3 - Parcerias e

Troca de informação no APL; e Categoria 4 - Percepção do APL. O mesmo foi utilizado

em todas as entrevistas e incluiu características comuns de todos os atores.

O arranjo produtivo possui atores que atuam na região há vários anos. Para seleção dos

mesmos, foram identificados aqueles com atuação em ações do APL, sua acessibilidade

95 e disponibilidade para participar da pesquisa. Para verificar a percepção dos atores, foi

utilizado o método de entrevistas com representantes destes atores estratégicos do APL.

Os atores entrevistados incluem representantes de cada um dos agentes formadores do

APL (governo, entidades de apoio, instituições de ensino, sindicato, dentre outros). O

QUADRO 13 apresenta os objetivos da pesquisa e os resultados encontrados:

QUADRO 13 - OBJETIVOS ESPECÍFICOS E RESULTADOS DA PESQUISA Objetivos Descrição do Objetivo Resultados da Pesquisa

Objetivo Geral Analisar, sob a perspectiva dos atores estratégicos, de que forma são compartilhadas as informações estratégicas e de inteligência competitiva no APL de software de Belo Horizonte e Região Metropolitana.

O referencial teórico aborda este objetivo nos capítulos 3 – Contexto da Pesquisa e 4 – Metodologia. Ao apresentar o contexto da pesquisa, são identificados os principais atores e projetos desenvolvidos no APL de software. Na metodologia, é apresentada a definição dos métodos para a coleta dos dados. A pesquisa utilizou o método qualitativo, empregando a entrevista como instrumento de pesquisa. Um roteiro semiestruturado foi elaborado e validado com base nos objetivos específicos da pesquisa e utilizado nas

Objetivo especí-fico a)

a) Identificar fatores que associem a inteligência competitiva e a gestão estratégica no APL de Software

O referencial teórico aborda este objetivo nos itens 2.1, 2.2, 2.4 e 2.5, que apresentam definições sobre o construto inteligência competitiva, e seus respectivos processos e utilização na tomada de decisão. O objetivo corresponde à Categoria 1 e à Categoria 2 do roteiro, observando-se que poucas ações desenvolvidas no APL estão direcionadas à inteligência competitiva, apesar de os mesmos reconhecerem a importância desta atividade para o APL. O compartilhamento de informações do micro e macroambiente, que pode ser utilizado estrategicamente pelos ato-res, é realizado de forma “tímida” e o APL não dispõe do uso de técnicas de IC e um canal oficial para divulgação

Objetivo especí-fico b)

b) Identificar estratégias de cooperação dos atores do APL de Software no compartilhamento de informações estratégicas e de inteligência competitiva

O referencial teórico aborda este tivo nos itens 2.3 e 2.6, que destacam a aplicação de inteligência va e a apresentação do construto ranjo produtivo local. O objetivo responde à categoria 3 do roteiro,

96

servando-se que a cooperação entre os atores pode ser intensificada e que o compartilhamento não é focado para informações estratégicas e de inteli-gência competitiva para o APL.

Objetivo especí-fico c)

c) Analisar as facilidades e dificuldades percebidas pelos atores no compartilhamento de informações estratégicas e inteligência competitiva no APL de Software de Belo Horizonte e Região Metropolitana.

O referencial teórico aborda este objetivo no capítulo 3, que destaca o contexto do APL de software da RMBH. O objetivo corresponde à Categoria 4 do roteiro que equivale à percepção dos atores sobre o APL, envolvendo as ações realizadas por cada ator para o compartilhamento de informações. Também foram identificadas as facilidades e dificuldades encontradas no compartilhamento de informações estratégicas e o desenvolvimento de uma análise crítica dos pontos positivos e a serem desenvolvidos no APL. Foi observado que as facilidades estão relacionadas às parcerias existentes e as dificuldades são relativas à falta de importância atribuída a esse item. Com a análise das respostas, observou-se também que os atores visualizam diversos

Fonte: Elaborado pela autora.

O método se mostrou eficiente ao permitir o levantamento de informações sobre a per-

cepção de cada um dos atores. Os resultados da pesquisa qualitativa demonstraram que

coexistem várias ações desenvolvidas pelos atores do APL de Software, mas que a

grande maioria não está relacionada ao compartilhamento de informações estratégicas e

de inteligência competitiva. A cooperação entre os atores pôde ser identificada de ma-

neira informal, por meio do envolvimento direto entre os mesmos. Tal comportamento

pode ser justificado pela ausência de políticas internas, definições de papéis entre os

atores e de uma governança atuante no APL.

Por envolver atores que atuam há vários anos na região, a pesquisa consegue alcançar

uma percepção mais realista dos atores quanto às atividades desenvolvidas no APL,

uma vez que os mesmo conhecem a região e características do setor, além de estarem

envolvidos em diversos projetos do APL de Software da RMBH. Todos os atores reco-

nhecem a existência do APL de software, apesar de não existirem muitas formalizações,

97 como uma estrutura definida e responsabilidades direcionadas para os atores, como é o

caso de outros APLs existentes no país.

Quanto às facilidades e dificuldades no compartilhamento de informações estratégicas e

de inteligência, vários aspectos foram identificados pelos atores, em tal análise. As faci-

lidades concentram-se nas parceiras realizadas e no apoio político aos atores. As difi-

culdades são relacionadas à divergência de interesses e à falta de interesse no comparti-

lhamento deste tipo de informação, por parte de alguns atores.

Como pontos positivos do APL, os atores apontaram o potencial da região: bons profis-

sionais, boas instituições de ensino e a presença de empresas de destaque no mercado.

Diversos pontos a serem desenvolvidos foram identificados também, como desafios de

outros APL de TI, o que pode estar diretamente ligado às características do setor e das

atividades desenvolvidas. Como pontos a serem desenvolvidos, também listados como

dificuldades para o compartilhamento de informações estratégicas e de inteligência,

podem-se destacar: a necessidade de maturidade e de melhoria de processos no setor, a

maior interação entre os atores e participantes do APL e a falta de políticas de gover-

nança para o APL.

A pesquisa aponta que existem diversas ações realizadas por entidades governamentais

direcionadas ao fortalecimento do APL. Há um interesse, por grande parte dos atores, de

que a região seja referência na área de desenvolvimento de software no país. Porém, a

gestão integrada dos recursos e o acompanhamento das ações propostas são necessários

para o efetivo crescimento e desenvolvimento do APL.

6.1 Contribuições

As práticas de inteligência competitiva, aplicadas ao contexto dos arranjos produtivos

locais, ainda são um tema pouco abordado na literatura. Entretanto, o trabalho permitiu

um estudo mais detalhado sobre o assunto no contexto do APL de Software da RMBH.

Como contribuição profissional, o estudo proporcionou uma visão do APL de Software

por meio dos atores e propõem um modelo com práticas de inteligência competitiva

para o APL de software da RMBH. A identificação de desafios e a comparação com

98 outros APLs, também permitiu identificar elementos a serem desenvolvidos no APL e

traçar novas estratégias para o crescimento e desenvolvimento coletivo de todos os en-

volvidos. Espera-se que o trabalho possa contribuir para o direcionamento de ações es-

tratégicas na governança do APL de Software da RMBH.

6.2 Limitações

Dos agentes formadores do APL de software da RMBH, selecionados para entrevista,

houve um subgrupo que não demonstrou interesse na participação e, apesar das diversas

tentativas, não participou da entrevista. Esse tipo de comportamento limita a pesquisa e

demonstra que alguns atores, envolvidos diretamente com o APL, não percebem a im-

portância das atividades de pesquisa e da interação com as instituições de ensino da re-

gião.

6.3 Trabalhos Futuros

A construção de um modelo de governança para o APL, apoiado em atividades envol-

vendo a inteligência competitiva, pode ser proposto para o APL de software da RMBH.

Desde 2004, diversos projetos foram realizados com o objetivo de fortalecer o APL.

Porém, os próprios atores informaram que as atividades desenvolvidas até hoje ainda

são incipientes para o desenvolvimento do APL. Juntamente com este novo estudo so-

bre o APL, novas questões surgem:

• Quais variáveis devem ser consideradas ao estruturar um modelo de governança

para um APL?

• Como utilizar a inteligência competitiva para a tomada de decisão nas ações do

APL?

• Quais níveis de maturidade devem ser obtidos pelos atores do APL?

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109 APÊNDICE A - Roteiro de entrevista semiestruturada com Atores do APL

Projeto de Pesquisa: Inteligência Competitiva e Cooperação no Arranjo Produtivo Local de Minas

Gerais - APL de Software de Belo Horizonte e Região Metropolitana

Pesquisa de Mestrado em Sistemas de Informação e Gestão do Conhecimento

Linha de Pesquisa: Gestão da Informação e Conhecimento

Mestranda-Pesquisadora: Patrícia Nascimento Silva

Roteiro de Entrevista semiestruturada com Atores do APL de Software de Belo Horizonte e Região

Metropolitana

Prezado (a) Respondente,

TODOS OS PROCEDIMENTOS ADOTADOS NESSE LEVANTAMENTO OBEDECEM AO CÓDIGO INTERNACIONAL DE ÉTICA DAS PESQUISAS DE MERCADO E SOCIAIS ICC/ESOMAR (acesso obtido por meio do site – www.abep.org).

Muito obrigada pela colaboração! Identificação do Entrevistado

Nome:

Idade: Gênero:___Feminino ___Masculino

Cargo / Função:

Escolaridade:

Email: Telefone:

Data:

Identificação da Entidade

Nome:

Endereço:

CNPJ:

Endereço eletrônico / site:

110 Tempo de Existência:

Quais são as principais ações desenvolvidas pela ator no APL de Software de Belo Horizonte? Como se

dá a troca de informações entre o ator e os outros participantes?

Qual a importância e o interesse no compartilhamento de informações estratégicas e de inteligência competitiva sobre as dimensões que compõem o macro e o micro ambiente no qual o ator está inserido? Relate cada item conforme indicado a pontuação conforme a escala Likert sugerida:

Componentes do Micro e Macro

ambiente

Importância Interesse no compartilhamento de informações

Clientes

Fornecedores

Concorrência a nível

do APL

Novos entrantes

Concorrência ao

nível da organização

Ambiente político

Órgãos de

regulamentação

Linhas de financia-mento e fomento

Aspectos sociais,

demográficos e cultu-rais

Ambiente econômico

NÃO TEM INTERESSE ALGUM

NO COMPARTILHAMENTO 1 2 3 4 5 TEM TOTAL INTERESSE NO

COMPARTILHAMENTO

111

Ambiente legal,

legislação ambiental

Meio ambiente

Produtos substitutos

Tendências tecnoló-gicas

Quais ações o ator realiza para o compartilhamento de informações estratégicas e de inteligência compe-

titiva no APL? Quais as maiores facilidades e dificuldades encontradas?

O ator está envolvido ou já se envolveu em parcerias com empresas locais, nacionais ou internacionais,

com instituições de ensino ou centros de pesquisa e entidades financeiras da região? Relate como foi esta

experiência, destacando os papéis de cada um, as informações que eram trocadas e os resultados obtidos?

O ator beneficia-se de alguma política ou ação governamental na região? Qual?

112 O ator participa de feiras da região? Como se dá esta participação? Com que frequência ela ocorre?

Como você descreveria o APL de Software de Belo Horizonte para uma pessoa que não conheça a regi-

ão? O que você considera como ponto positivo do APL? O que ainda precisa ser desenvolvido?