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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS
BACHARELADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA
ALLYSON LEANDRO BEZERRA SILVA
ANÁLISE DA RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO DE CONCRETO OBTIDO
COM RESÍDUO DE VIDRO EM SUBSTITUIÇÃO AO AGREGADO MIÚDO
MOSSORÓ-RN
2013
ALLYSON LEANDRO BEZERRA SILVA
ANÁLISE DA RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO DE CONCRETO OBTIDO
COM RESÍDUO DE VIDRO EM SUBSTITUIÇÃO AO AGREGADO MIÚDO
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado a Universidade Federal
Rural do Semi-Árido – UFERSA para
obtenção do título de Bacharel em
Ciência e Tecnologia.
Orientador (a): Profª Dr. Marilia
Pereira de Oliveira – UFERSA
MOSSORÓ-RN
2013
Ficha catalográfica preparada pelo setor de classificação e catalogação da Biblioteca “Orlando Teixeira” da
UFERSA
S581a Silva, Allyson Leandro Bezerra. Análise da resistência á compressão de concreto
obtido com resíduo de vidro em substituição ao agregado miúdo. / Allyson Leandro Bezerra Silva. -- Mossoró, RN: 2013.
50f.: il.
Monografia (Graduação em Ciência e Tecnologia – Universidade Federal Rural do Semi-Árido. Pró-Reitoria de Graduação. Orientador: Profº. Dr. Sc. Marilia Pereira de Oliveira Co-orientador: Profº. Msc. Maria Cleide Ribeiro de Oliveira 1.Concreto. 2. Vidro. 3.Resistência 4.Compósito I.Título.
CDD:624 Bibliotecária: Marilene Santos de Araújo
CRB-5/1033
A Olivar Bezerra Lima de Maria (In
Memorian), tio e grande incentivador
aos estudos, modelo de homem
honesto e trabalhador. Deixou o
exemplo de um bom filho e grande
afeição à família.
A Lino Bezerra Lima de Maria (In
Memorian), meu tio amado que
deixou eternizado seu sorriso em
meu coração. Grande motivador
nessa árdua caminhada.
A Francisco Américo da Silva (In
Memorian), meu avô que com muito
esforço criou com honestidade e
princípios meus tios e pai. Era
grande sua alegria com meu
crescimento profissional.
A Deus, pelas grandes bênçãos e
vitórias alcançadas ao longo da vida.
A José Américo da Silva, meu pai,
pelo cuidado e empenho em minha
criação, quem contribuíram para ser
que sou hoje.
A Maria das Neves Bezerra da
Silva, minha mãe e amiga, grande
responsável pelas minhas
conquistas e sonhos concretizados.
A força que tanto contei para chegar
até aqui.
AGRADECIMENTOS
A Deus, sempre presente a cada passo e tomada de decisão que me fizeram
crescer e ascender na vida. Pela saúde, fortalecendo minha vida quando o
cansaço já não me deixava mais caminhar. Pela fé nas recompensas vindouras
que todo meu esforço produziria.
Aos meus pais, José Américo da Silva e Maria das Neves Bezerra da Silva,
grandes motivadores e apoiadores dessa empreitada de altos e baixos, mas
importante etapa de minha vida.
A minha co-orientadora, Professora Msc. Maria Cleide Ribeiro, pela
disponibilidade e oportunidade me dada em iniciar meus trabalhos de pesquisa
sob suas orientações.
A minha orientadora, Professora Dr. Sc. Marilia Pereira de Oliveira, pela
compreensão, disponibilidade e vontade empenhada nesse projeto de
pesquisa.
A meus amigos Flaviano Andrade, Samuel Marques e Gabriel Louis, por
acreditarem nos projetos e empenharem forças sem medidas para realização
deste trabalho de pesquisa.
A todos os professores da UFERSA, pela contribuição na minha formação
acadêmica, principalmente aqueles que deixaram exemplos de vida e
superação que foram úteis ao longo do curso.
A meus amigos e familiares que sempre se mostraram interessados em minha
formação profissional.
RESUMO
O presente trabalho insere-se na proposta da utilização racional dos recursos naturais não renováveis. O vidro é um material produzido a milhares de anos, classificado como um material cerâmico, constituído de sílica, silicatos não-cristalinos que também contén outros óxidos, o qual influenciam as suas propriedades, resistindo bem à ruptura e à deformação elástica. Sua industrialização em larga escala promove grande geração de resíduos, que não são totalmente reciclados, mas que tende a continuar crescendo junto com as necessidades de aplicação deste material. Esta manografia tem o objetivo de estudar a viabilidade técnica da utilização do vidro descartado das vidraçarias em substituição de parte do agregado miúdo no concreto, através da análise das propriedades mecânicas, visando aplicações estruturais. Após moagem do vidro, foram realizados ensaios de teor de umidade, granulometria e determinação da massa especifica do novo agregado. Foram moldados corpos-de-prova com substituição parcial do agregado miúdo (areia) pelo vidro (10, 15, 20 e 25%) para determinação da resistência à compressão (7 e 14 dias), e módulo de elasticidade. Os valores obtidos foram comparados com um corpo-de-prova referência, sem a adição do resíduo. A presente pesquisa converge para a utilização do vidro na incorporação de concreto, dando assim um fim ecologicamente correto a esse resíduo.
Palavras-chave: Concreto, vidro, resistência, compósito
ABSTRACT
This work is part of the proposed rational use of exhaustible natural resources. Glass is a material produced for thousands of years, classified as a ceramic material consisting essentially of silica, as well resisting to breakage and elastic deformation. His large-scale industrialization promotes great generation of wastes that are not fully recycled, but that tends to continue growing with the needs of application of this material. This article aims to study the technical feasibility of using the discarded glass glazing to replace part of the aggregate in the concrete, through the analysis of mechanical properties in order structural applications. After grinding the glass, tests were performed moisture content, particle size and mass determination specifies the new household. Were molded bodies of the test piece with partial substitution of fine aggregate (sand) by glass (10, 15, 20 and 25%) for determination of compressive strength (7 and 14 days), and modulus of elasticity. The values obtained were compared with a body-of-proof reference, without the addition of residue. This search converges to the use of glass not recycled in the production of concrete, thus giving an end environmentally friendly in that residue.
Keywords: concrete, glass, resistance, composite
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 – Macroestrutura do concreto..........................................................19
FIGURA 2 – Composição do vidro reciclado e não reciclado e não reciclado..24
FIGURA 3 – Símbolos.......................................................................................25
FIGURA 4 - Agregado graúdo...........................................................................29
FIGURA 5 - Agregado miúdo.............................................................................30
FIGURA 6 - Resíduo de vidro............................................................................32
FIGURA 7 – Moinho...........................................................................................32
FIGURA 8 - Corpos-de-prova moldados............................................................35
FIGURA 9 - Cura de corpos-de-prova em tanques...........................................35
FIGURA 10 – Retífica........................................................................................36
FIGURA 11 - Prensa mecânica para concreto..................................................37
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 – Especificações de cimento ABNT.................................................28
TABELA 2 – Propriedades físicas do agregado graúdo....................................29
TABELA 3 – Propriedades físicas do agregado miúdo......................................30
TABELA 4 - Propriedades físicas do resíduo de vidro.......................................33
TABELA 5 - Porcentagem de materiais secos...................................................39
TABELA 6 - Traço unitário em peso seco – TUPS............................................40
TABELA 7 - Resumo dos resultados das análises dos materiais......................41
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1 – Curva granulométrica da brita....................................................29
GRÁFICO 2 – Curva granulométrica da areia...................................................31
GRÁFICO 3 – Curva granulométrica do resíduo de vidro.................................33
GRÁFICO 4 - Curva de Abrams........................................................................39
GRÁFICO 5 - Resistência à compressão aos 7 dias.........................................46
GRÁFICO 6 – Resistência à compressão aos 14 dias......................................46
GRÁFICO 7 - Módulo de elasticidades aos 7 dias............................................47
GRÁFICO 8 - Módulo de elasticidades aos 14 dias..........................................48
LISTA DE SIGLAS
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas
ABIVIDRO – Associação Técnica Brasileira das Indústrias Automáticas de
Vidro
CEMPRE – Compromisso Empresarial para Reciclagem
CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente
Sumário 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................. 13
1.1 OBJETIVOS ........................................................................................................... 15
1.1.1 Objetivo geral ................................................................................................... 15
1.1.2 Objetivos específicos ..................................................................................... 15
1.2 JUSTIFICATIVA .................................................................................................... 16
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................... 17
2.1 CONCRETO: MATERIAL COMPÓSITO ........................................................... 17
2.2 USO E IMPORTÂNCIA DO CONCRETO ......................................................... 19
2.3 RESÍDUOS E RECICLAGEM ............................................................................. 19
2.4 RECICLAGEM DO VIDRO .................................................................................. 21
2.5 USO DO VIDRO COMO AGREGADO MIÚDO ................................................ 25
3. ESTUDO EXPERIMENTAL ......................................................................... 26
3.1 CLASSIFICAÇÃO E PLANEJAMENTO DO ESTUDO ................................... 26
3.2 MATERIAIS E EQUIPAMENTOS UTILIZADOS .............................................. 26
3.2.1 Cimento .............................................................................................................. 27
3.2.2 Agregados graúdos ........................................................................................ 27
3.2.3 Agregado miúdo .............................................................................................. 29
3.2.4 Resíduo de Vidro ............................................................................................. 30
3.2.5 Água .................................................................................................................... 32
3.3 METODOLOGIA DO ESTUDO EXPERIMENTAL ........................................... 33
3.4 ESTUDO DE DOSAGEM DO CONCRETO ..................................................... 36
3.5 TRAÇOS EXPERIMENTAIS ............................................................................... 42
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................................. 44
5. CONCLUSÕES ............................................................................................ 48
6. SUGESTÕES PARA NOVAS PESQUISAS ................................................ 49
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 50
13
1. INTRODUÇÃO
Atualmente, depois de um atraso de décadas, o homem começou a ter
uma maior preocupação com o tratamento inadequado que vem sendo dado ao
meio ambiente. Dentro dessa realidade, surgem novas tecnologias e pesquisas
para atender a necessidade de proteção ambiental.
O avanço tecnológico chegou à indústria da construção civil em vários
seguimentos. Dentre eles, o estudo e desenvolvimento dos novos materiais
com vistas às demandas técnicas e ambientais. Novos materiais surgem
constantemente, fruto de matéria-prima existente ou proveniente de processos
de produção, não participando da sua utilização final, como exemplo resíduo de
vidro. O reaproveitamento e reciclagem desses materiais são possíveis pela
constante fomentação dos trabalhos de pesquisa.
O concreto convencional, constituído por agregado graúdo, agregado
miúdo, cimento e água, tem destaque na construção civil, principalmente nas
estruturas de concreto armado.
No decorrer do tempo, foram surgindo novas demandas que motivaram
o desenvolvimento da tecnologia do concreto, inspirando inovações
relacionadas aos materiais constituintes e técnicas de produção, como por
exemplo, o concreto auto-adensável, concreto de alto desempenho (CAD),
concreto protendido, concreto leve, concreto celular entre outros.
O vidro tem inúmeras aplicações, podendo ser encontrado facilmente no
nosso cotidiano, na enorme diversidade de artefatos, na construção civil, em
esquadrias ou elementos de vedação vertical, etc.
Segundo pesquisa da Associação Técnica Brasileira das Indústrias
Automáticas de Vidro (ABIVIDRO), a exportação de vidros no país cresceu de
US$ 92 milhões em 2003 para US$ 130 milhões em 2008 e o investimento
quase quadruplicou, de US$ 66 milhões para US$ 230 milhões, e o
faturamento subiu de US$ 968 milhões em 2003 para US$ 1.278 milhões em
2008.
Em conseqüência da diversidade de aplicações do vidro, é gerada
diariamente, uma grande quantidade de resíduos. E diferente de outros
14
materiais, o vidro possui um aproveitamento de 100% em sua reciclagem, ou
seja, uma quantidade de vidro descartado e posteriormente reciclado com um
consumo de energia menor pode produzir essa mesma quantidade de vidro
novo da mesma qualidade. Acarreta uma economia de energia de 4% e
redução de 5% na liberação de CO2 na atmosfera na utilização de 10% de caco
de vidro na produção de vidro novo.
No entanto, apesar dessas vantagens, segundo a ABIVIDRO em 2008, o
índice de reciclagem no Brasil era de 47%, além de serem deficientes os
pontos de reciclagem. Outra desvantagem é a composição química do vidro,
que dificulta a sua utilização, principalmente na separação para ser reinserido
na produção do vidro novo, como por exemplo, espelhos, vidros planos, vidros
de janela, cristais, pirex e similares. Esses materiais precisam de separação
criteriosa mais adequado antes de sua reciclagem.
Podemos dizer que, o resíduo é todo material remanescente de um
processo de produção e que não constitui produto final. O significativo
aumento dos resíduos destinados a aterros e lixões inspira busca de soluções
ecologicamente corretas e sustentáveis, com a finalidade de minimizar o
volume e diminuir os impactos ambientais.
O reaproveitamento desses resíduos na composição de novos materiais,
reinserindo esses elementos descartados no processo produtivo constitui uma
alternativa eficiente para sua destinação. Associada a essa ideia, está à
significativa demanda de materiais aplicáveis ao mercado da construção civil.
Sendo assim, é fundamental a busca de alternativas de
reaproveitamento desse resíduo, com vistas a produção de novos materiais
com bom desempenho técnico e vantagens econômicas.
O desenvolvimento de um material compósito com aplicações na
indústria da construção civil, produzido a partir da substituição de parte do
agregado miúdo por vidro constitui uma opção de reaproveitamento do vidro
descartado, que agrega em um mesmo elemento vantagens do ponto de vista
econômico, técnico e ambiental.
15
1.1 OBJETIVOS
1.1.1 Objetivo geral
Este estudo busca conhecer as propriedades mecânicas pela análise da
resistência à compressão do concreto com parte de agregado miúdo
substituído por resíduo de vidro moído.
1.1.2 Objetivos específicos
Como objetivos específicos, apresentamos:
Realizar um levantamento bibliográfico com foco na reutilização do
resíduo de vidro, enquanto material reciclável substituinte de agregados
em concreto;
Caracterizar os resíduos identificando formas, dimensões e
propriedades relevantes para a sua reutilização;
Selecionar a melhor granulometria do resíduo de vidro a ser utilizada na
fabricação dos corpos-de-prova;
Realizar um estudo experimental com concretos utilizando resíduo de
vidro moído como agregado;
Produzir corpos-de-prova com diferentes concentrações de resíduos;
Analisar os resultados encontrados.
16
1.2 JUSTIFICATIVA
A busca de alternativas, que venham melhorar o desempenho das
edificações ou reduzir o custo de produção das mesmas, tem sido realizada
através de pesquisas científicas que propõem novos materiais e tecnologias,
que não prejudiquem ao meio ambiente e de baixo consumo energético na sua
produção.
A construção civil vem sendo ao longo do tempo uma grande auxiliadora
no reaproveitamento de alguns resíduos industriais, pois apresenta soluções
que minimizam a degradação ambiental com a incorporação desses resíduos.
Os resíduos do processo de beneficiamento do quartzito são alguns desses
materiais que causam dano ao ambiente e que podem ser reaproveitados na
construção civil.
A demanda por concreto hoje no mundo só não é maior do que a
demanda por água, demonstrando assim, sua importância para a sociedade.
Diversas pesquisas buscam desenvolver novos materiais, como concretos
especiais, tendo como incentivo às demandas técnicas e ambientais. (MEHTA;
MONTEIRO, 2008).
O projeto busca conhecer as propriedades mecânicas de concretos que
utilizem em sua composição os resíduos do vidro reciclado oriundos da cidade
de Mossoró-RN, antes jogados no meio ambiente, para substituir o agregado
proveniente da pedra britada, comumente utilizado na produção de concreto.
Os métodos consistem em estudar e comparar diferentes parâmetros
mecânicos de observação.
17
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 CONCRETO: MATERIAL COMPÓSITO
Ao se desenvolverem compósitos, a ideia primordial consiste em
combinar as propriedades de diferentes materiais. Formados por dois ou mais
materiais, os compósitos dão origem a propriedades que não são encontradas
em nenhum dos materiais individualmente (ASKELAND; PHULÉ, 2011).
Um compósito pode ser considerado como qualquer material
multifásico que exibe uma proporção significativa das propriedades.
De acordo com esse principio da ação combinada, melhores
combinações de propriedades são criadas por uma combinação
judiciosa de dois ou mais materiais distintos. Um equilíbrio de
propriedades também é obtido para muitos materiais compósitos.
(CALLISTER, 2008, p. 423)
Callister (2008, p. 423) lembra que “é um material multifásico que é feito
artificialmente, em contraste com um material que ocorre ou que se forma
naturalmente”.
Os compósitos classificados como reforçado com partículas grandes é
empregado para indicar que as interações partícula-matriz não podem ser
tratadas em nível atômico ou molecular. Na maioria das vezes nesses
compósitos a fase particulada é mais dura e mais rígida do que a matriz. A
matriz trabalha transferindo parte da tensão aplicada às partículas, as quais
suportam uma fração da carga. O bom comportamento mecânico depende de
uma forte ligação entre a matriz-partícula. Um exemplo de compósito com
partículas grandes é o concreto, composto por cimento (matriz) e a areia e brita
(os particulados). (CALLISTER, 2008)
Ainda segundo ASKELAND, PHULÉ (2011) o concreto é um material
compósito classificado como particulado de propriedades isotrópicas, material
que possui as mesmas propriedades físicas, independente da direção
considerada.
18
A mistura de brita e areia em uma matriz de aluminos silicato de cálcio
(cimento) forma o concreto comum (Figura 1). Seu uso na construção civil é de
incrível quantidade demandada. Seu peso excede o de todos os metais juntos.
O cimento utilizado atualmente é o cimento portland, essa matriz envolve os
agregados formando um corpo rígido. (SHACKELFORD, 2008)
O Concreto é um compósito, onde as fases matriz e dispersa são
formadas por materiais cerâmicos. Consiste em um agregado de partículas que
estão ligadas umas às outras por um meio de ligação, um cimento, formando
um corpo sólido. (CALLISTER, 2008).
Callister (2008) ainda diz que as partículas devem ser equiaxiais, ou seja
possuir as mesmas dimensões em todas as direções , mesmo que apresente
uma certa variedade de geometrias. As partículas devem está distribuídas de
forma homogênea por toda a matriz.
O concreto é uma mistura de agregado com areia para preencher os
poros. O espaço, que ainda resta na areia, é então preenchido com uma
“pasta” de cimento e água. O cimento se hidrata e atua como um ligante no
concreto (VAN VLACK, 1970).
Figura 1: Macroestrutura do concreto
Fonte: AUTOR, 2013
19
2.2 USO E IMPORTÂNCIA DO CONCRETO
O concreto, material mais consumido no mundo após a água, é
composto basicamente de água, cimento, areia e brita. A produção mundial de
concreto é da ordem de 6,5 bilhões de toneladas por ano, sendo este o
segundo material mais consumido pela humanidade, após a água. Assinala-se
ainda que cada habitante do planeta consome, em média, 1 tonelada de
concreto por ano (OLIVEIRA, 2007).
O consumo per capita anual de agregados é de 8 t/habitante/ano nos
países industrializados, sendo de 7,5 t/habitante/ano nos EUA e de 5 a 8
t/habitante/ano na Europa Ocidental. No Brasil, o consumo per capita de
agregados é de 2,3 t/habitante/ano (VALVERDE, 2001).
Hoje, o concreto pode apresentar-se com diferentes combinações, além
do convencional. Outros agregados poderão ser utilizados como: isopor, argila
expandida, vermiculita, hematita, barita, etc. Novos aglomerantes podem ser
adicionados, como: sílica ativa, metacaulim, pozolanas, etc. Os concretos,
também recebem aditivos especiais: retardatores, aceleradores, plastificantes,
impermeabilizantes, pigmentos, etc.
2.3 RESÍDUOS E RECICLAGEM
A Reciclagem é o conjunto de atividades que torna possível o
reaproveitamento ou reutilização dos resíduos sólidos que são considerados
lixo. É um processo industrial que transforma lixo descartado em outro produto.
Segundo (CALLISTER, 2008):
A reciclagem e o descarte são estágios importantes do ciclo dos
materiais onde a ciência e a engenharia dos materiais desempenha
um papel importante. As questões de reciclabilidade e de descarte
são importantes quando novos materiais estão sendo projetados e
sintetizados. Além disso, durante o processo de seleção dos
20
materiais, o descarte final dos materiais empregados deve ser um
critério importante. (CALLISTER, 2008)
O mesmo autor ressalta a relação de um material ideal com a questão
ambiental:
A partir de uma perspectiva ambiental, o material ideal deveria ser
totalmente reciclável ou completamente biodegradável. O termo
reciclável significa que um material, após ter completado o seu ciclo
de vida em um componente, poderia ser reprocessado, reentrar no
ciclo dos materiais a ser reutilizado em outro componente.
(CALLISTER, 2008)
Desde a década de 80 que a palavra reciclagem foi incorporada ao
vocabulário internacional quando ficou constatado que matérias-primas não
renováveis como o petróleo, estavam e continuam esgotando-se. As políticas
ambientais falam correntemente na “Política dos 3R’s: Redução, Reutilização e
Reciclagem”.
Os resíduos industriais constituem um problema ambiental e social que
vem preocupando a sociedade nas últimas décadas. Todos os dias, milhares
de toneladas de resíduos são descartados em aterros sanitários. Dentre esses,
encontram-se resíduos passíveis de reciclagem como plásticos, papel e vidro.
A busca de materiais renováveis e a reciclagem dos resíduos produzidos
pela urbanização são preocupações constantes inerentes à preservação do
meio ambiente e a utilização de produtos naturais.
A destinação, tratamento e disposição final de resíduos sólidos devem
seguir a Norma NBR 10004 (ABNT, 2004a), que classifica os resíduos quanto à
sua periculosidade para o ambiente e a saúde pública.
Os resíduos podem ser classificados em perigosos (classe I) e não
perigosos(classe II), sendo estes subdivididos em não-inertes (classe IIA) e
inertes (classes IIB). Os resíduos perigosos são aqueles que apresentam
periculosidade ou uma das características de inflamabilidade, corrosividade,
reatividade, toxicidade e patogenicidade. Os resíduos não-inertes são aqueles
que não se enquadram na classificação de resíduos perigosos nem na de
inertes, nos termos da referida norma. Os resíduos não-inertes podem ter
21
propriedades de biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água.
(NBR 10004, 2004).
2.4 RECICLAGEM DO VIDRO
Segundo SHACHELFORD (2008) o vidro é um material cerâmico, sólido
não-cristalino de óxido tradicional. Os silicatos, especialmente, têm custo
moderado devido à abundância dos elementos Si e O na crosta terrestre.
O vidro é um material frágil, porém não fraco. Ele tem grande resistência
à ruptura, podendo mesmo ser utilizado em pisos, é duro e rígido, porém não
tenaz não sendo apropriado para aplicações sujeitas a impactos. Pode-se
calcular teoricamente a resistência de um material frágil, pois a força
necessária para rompê-lo é a necessária para romper as ligações dos seus
átomos. Entre as principais características do vidro destaca-se sua elevada
resistência à corrosão. Não obstante suas boas qualidades, nem os melhores
vidros (por exemplo, o de SiO2) podem ser considerados rigorosamente inertes.
Para grande parte da manufatura rotineira do vidro, o SiO2 está
prontamente disponível em depósitos de areia locais com pureza
adequada.(SHACHELFORD, 2008)
Essa característica permite a utilização em grande escala do vidro na
indústria, implicando numa grande geração de resíduos. Novas pesquisas
buscam desenvolver destinos viáveis a esses resíduos, tornando a manufatura
do vidro mais sustentável.
Callister (2008) escrevendo sobre a reciclagem de vidro na engenharia
dos materiais, diz:
O material cerâmico que é consumido pelo público em geral nas
maiores quantidades é o vidro, na forma de recipientes. O vidro é um
material relativamente inerte e, como tal, não se decompõe; dessa
forma, ele não é biodegradável. Uma proporção significativa de
aterros municipais consiste em sucatas de vidros; e o mesmo ocorre
com os resíduos de incineradores (CALLISTER, 2008).
22
Ainda segundo o autor, a variedade de matéria prima disponível faz com
que não exista um estímulo econômico para sua reciclagem. Mas, ele é
defensor da utilização do resíduo de vidro, com visão para uma redução na
emissão de poluentes.
Segundo (SILVA, PEREIRA, COSTA, OLIVEIRA & MARQUES, 2012) o
reaproveitamento do resíduo de vidro constitui um benefício importante em
relação ao meio ambiente, visto que, retira um resíduo descartado
anteriormente no ambiente, reinserindo-o no processo produtivo.
No estado do Paraná o Programa Desperdício Zero abordou em uma de
suas publicidades educativas em 2005 um material bastante rico em
informações sobre a reciclagem do resíduo de vidro, onde trás os tipos de
vidros, seu processo de reciclagem e a importância ambiental dessa prática
para a sociedade. O Programa faz um incentivo à reutilização do vidro através
da reciclagem, mostrando que esse material apresenta uma altíssima taxa de
reaproveitamento na reciclagem (Figura 2).
De acordo com dados da ABIVIDRO, 72% do vidro é feito de areia.
Quando são utilizados cacos em sua confecção, o índice cai pela metade –
apenas 36%. Isso implica numa redução da extração de areia, que é um
recurso natural não renovável.
23
Figura 2: Composição do vidro reciclado e não reciclado
Fonte: ABIVIDRO, 2007
Segundo o Compromisso Empresarial Para Reciclagem – CEMPRE o
Brasil produz em média 980 mil toneladas de embalagens de vidro por ano,
usando cerca de 45% de matéria-prima reciclada na forma de cacos. Parte
deles foi gerado como refugo nas fábricas e parte retornou por meio da coleta
seletiva. O principal mercado para recipientes de vidros usados é formado
pelas vidrarias, que compram o material de sucateiros na forma de cacos ou
recebem diretamente de suas campanhas de reciclagem. Além de voltar à
produção de embalagens, a sucata pode ser aplicada na composição de asfalto
e pavimentação de estradas, construção de sistemas de drenagem contra
enchentes, produção de espuma e fibra de vidro, bijuterias e tintas reflexivas.
Cerca de 47% das embalagens de vidro foram recicladas em 2011 no
Brasil, somando 470 mil ton./ano. Desse total, 40% são oriundas da indústria
24
de envaze, 40% do mercado difuso, 10% do "canal frio" (bares, restaurantes,
hotéis etc) e 10 % do refugo da indústria. Na Alemanha, o índice de reciclagem
em 2011 foi de 87 %,correspondendo a 2,6 milhões de toneladas. Na
Alemanha, o índice de reciclagem em 2009 foi de 81 %. Na Suíça o índice foi
de 95% e nos EUA 40% (CEMPRE, 2013).
No Brasil a Resolução Nº 275 de Abril de 2001 do Conselho Nacional do
Meio Ambiente – CONAMA incentiva que a reciclagem de resíduos seja
facilitada e expandida em todo o país, para reduzir o consumo de matérias-
primas, recursos naturais não renováveis, energia e água.
Em seu Artigo 1º a resolução do CONAMA estabelece o código de cores
para os diferentes tipos de resíduos, a ser adotado na identificação de
coletores e transportadores, bem como nas campanhas informativas para a
coleta seletiva. O depósito de resíduos deve ser feitos nas lixeiras, coletores ou
transportadores da cor verde (Figura 3. a), destinada para receber o resíduo de
vidro. O símbolo (Figura 3. b) oficial da reciclagem de vidro no Brasil, é
constituído pelo emblema proposto pela Comunidade Econômica Europeia
para a reciclagem geral: três setas formando um triângulo, dentro do qual surge
o conhecido pictograma de uma silhueta humana depositando um recipiente de
vidro num coletor.
(a) (b)
Figura 3: Símbolos (a) Lixeira de cor verde; (b) Símbolo da reciclagem de vidro
Fonte: ABIVIDRO, 2007
25
2.5 USO DO VIDRO COMO AGREGADO MIÚDO
Segundo (SILVA, PREIRA, COSTA OLIVEIRA & MARQUES, 2012) a
substituição de parte da areia por vidro se mostra uma alternativa viável, pois
apresenta resultados técnicos que o caracterizam como compósito aplicável
enquanto material de construção.
A inserção do resíduo de vidro em substituição de parte do agregado
miúdo ou cimento representa redução de consumo desta matéria prima,
significando conseqüente diminuição do custo de produção do concreto.
(SILVA, PEREIRA, COSTA, OLIVEIRA & MARQUES, 2012).
Há uma tendência de aumento da tensão média de ruptura com o
aumento da granulometria do material até atingir a granulometria entre 0,15 –
0,30 mm, após o qual a tensão de ruptura diminui novamente se mantendo
num patamar, porém, superior ao do corpo de prova de referência (LÓPEZ &
AZEVEDO, 2003).
Este aumento da tensão média poderia ser causado pelo preenchimento
de vazios pelo vidro fino. Os espaços entre os agregados utilizados,
principalmente entre a areia, estariam sendo ocupados pelo vidro, fazendo com
que o material fique mais resistente. A adição de 5% de vidro obteve um
aumento de 21% na tensão de ruptura e que o uso de vidro (retirado do fluxo
de lixo) como material agregado ao concreto, além de viável tecnicamente, está
colaborando com a conservação de recursos naturais, com a diminuição da
quantidade de lixo aterrada, assim como ao desenvolvimento de um novo
material (LÓPEZ & AZEVEDO, 2003).
26
3. ESTUDO EXPERIMENTAL
3.1 CLASSIFICAÇÃO E PLANEJAMENTO DO ESTUDO
A pesquisa é de ordem quantitativa e qualitativa, uma vez que diversos
traços de concreto com diferentes porcentagens de resíduos foram produzidos
através de dosagens experimentais e seus resultados tabelados e analisados
graficamente. Os ensaios realizados nos agregados e aglomerantes são os
ensaios preliminares de granulometria, umidade e massa específica, a fim de
conhecer as propriedades físicas dos materiais; já os ensaios empregados no
concreto, com o intuito de conhecer as propriedades mecânicas, para tal foi
estudado a resistência à compressão (NBR 5739).
Os ensaios empregados neste estudo foram realizados no Laboratório de
Construção Civil do Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN) - Campus
Mossoró.
3.2 MATERIAIS E EQUIPAMENTOS UTILIZADOS
Foram utilizados nesta pesquisa os seguintes materiais e equipamentos:
Cimento ARI RS;
Areia (Dmáx=4,8 mm);
Brita I e II (Dmáx= 25 mm);
Água;
Resíduo de vidro (Dmáx=4,8 mm);
Moinho de Martelos;
Moldes cilíndricos 10x20 cm;
Retífica;
Prensa mecânica.
27
3.2.1 Cimento
O cimento utilizado foi o Cimento Portland de Alta Resistência Inicial
Resistente a Sulfatos (CP ARI RS) do fabricante Mizu.
As propriedades do cimento obtidas através de ensaios em laboratório
estão dispostas na Tabela 1, a seguir:
Tabela 1: Especificações de cimento ABNT
Ensaios CP ARI RS Norma Brasileira
Finura, Resíduo na peneira 0,075
(%).
≤ 6,0 NBR 11579 NB 3432
Tempo de início pega, Vicat (h). ≥ 1 NBR NM 65
Resistência à compressão aos 7
dias (MPa)
≥ 34,0 NBR 7215
Fonte: AUTOR, 2013
3.2.2 Agregados graúdos
Os agregados graúdos utilizados neste estudo foram brita 1 e brita 2
(Figura 4), ambas de origem basáltica, com diâmetro máximo de 25 mm. Estas,
após coletadas, foram secas em estufa e, em seguida, depositadas
separadamente em recipientes metálico. O Gráfico 1 e a Tabela 2 apresentam
respectivamente a granulometria e o resultado da umidade para ambos os
agregados graúdos obtidos após o término dos ensaios laboratoriais.
28
a) b)
Figura 4: Agregado graúdo – a) Brita 1; b) Brita 2
Fonte: AUTOR, 2013
Tabela 2: Propriedades físicas do agregado graúdo
Ensaios Areia Norma Brasileira
Umidade 0,5% NBR 9939
Fonte: AUTOR, 2013
Gráfico 1: Curva granulométrica da brita
Fonte: AUTOR, 2013
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
70,0
80,0
90,0
100,0
0,01 0,1 1 10 100
% P
AS
SA
NT
E
PENEIRAS (mm)
29
3.2.3 Agregado miúdo
O agregado miúdo utilizado neste estudo foi a areia média (Figura 5),
extraídas de rio, da região do Vale do Assú - RN, a qual utilizada em obras de
nossa região. A Tabela 3 apresenta os resultados de massa especifica massa
unitária, umidade e granulometria para o agregado miúdo obtido após o término
dos ensaios laboratoriais. No Gráfico 2 encontra-se a curva granulométrica.
Figura 5: Agregado miúdo
Fonte: AUTOR, 2013
Tabela 3: Propriedades físicas do agregado miúdo
Ensaios Areia Norma Brasileira
Umidade: 1,15 % NBR 9939
Massa Especifica: 2,61g/cm³ NBR 9776
Módulo de Finura (MF): 2,44 NBR NM 248
Dimensão Máxima
Característica (DMC):
4,8 mm NBR NM 248
Fonte: AUTOR, 2013
30
Gráfico 2: Curva granulométrica da areia
Fonte: AUTOR, 2013
3.2.4 Resíduo de Vidro
As amostras do resíduo, utilizadas neste artigo, são resultantes da
reciclagem de vidro de diferentes tipos e formas coletados na vidraçaria Elloí
Vidros LTDA, situada no município de Mossoró/RN. O resíduo encontrava-se
inutilizado na vidraçaria, fruto do processo de industrialização. Nessas
condições o material teria seu fim nos lixões ou em entulhos, onde costuma
trazer inúmeros problemas para a sociedade.
O material apresentava-se em diferentes tamanhos irregulares como
mostra a Figura 7, em seu preparo foi passado em um moinho de martelos,
representado na Figura 8 em seguida submetido ao peneiramento em uma
granulometria 100% passante na peneira #4,75mm.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0,01 0,1 1 10 100
Po
rce
nta
gem
pas
san
te (
%)
Diâmetro das partículas (mm)
31
(a) (b)
Figura 6: Resíduo de vidro (a)Resíduo coletado na vidraçaria; (b) Vidro na forma de pedaços e
moído
Fonte: AUTOR, 2013
(a) (b)
Figura 7: Moinho (a) Moinho em vista; (b) Detalhe dos martelos do moinho.
Fonte: AUTOR, 2013
A fim de conhecer as propriedades físicas do resíduo foram realizados
os ensaios de granulometria, umidade e massa específica, cuja resultados
encontram-se na Tabela 4 e no Gráfico 3 a seguir:
32
Tabela 4: Propriedades físicas do resíduo de vidro
Ensaios Resíduo de vidro Norma Brasileira
Umidade: 2,9% NBR 9939
Massa Especifica: 2,42 g/cm³ NBR 9776
Módulo de Finura (MF): 3,44 NBR NM 248
Dimensão Máxima
Característica (DMC):
4,8mm NBR NM 248
Fonte: AUTOR, 2013
Gráfico 3: Curva granulométrica do resíduo de vidro
Fonte: AUTOR, 2013
3.2.5 Água
Para produção dos traços de concreto foi utilizada água proveniente do
abastecimento da Companhia de Águas e Esgotos do RN- CAERN, que
abastece o Laboratório de Construção Civil do IFRN-Campus Mossoró.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0,01 0,1 1 10 100
Po
rce
nta
gem
pas
san
te (
(%)
Diâmetro das partículas (mm)
33
3.3 METODOLOGIA DO ESTUDO EXPERIMENTAL
O presente estudo consiste na substituição de parte do agregado miúdo
natural (areia) por vidro moído passante na peneira de malha #4,75mm, nas
proporções de 10%, 15%, 20% e 25%. Os ensaios de resistência à
compressão foram realizados aos 7 e aos 14 dias.
A granulometria adotada serviu para ver o comportamento do resíduo de
vidro com a mesma faixa granulométrica da areia. Sendo assim, não foi
necessário o emprego de uma grande quantidade de energia para a moagem
do resíduo.
O concreto foi misturado em uma betoneira, no Laboratório de
Construção Civil do IFRN - Campus Mossoró. Os materiais foram introduzidos
na betoneira obedecendo à seguinte ordem: brita, uma parte da água, cimento,
areia e o restante da água; sendo que nos traços feitos com substituições o
vidro moído foi acrescentado junto com a areia.
Os corpos-de-prova foram confeccionados em moldes metálicos
cilíndricos com 10 cm de diâmetro e 20 cm de altura (Figura 8). O método de
adensamento foi o de vibração, realizado com um vibrador de imersão no
concreto.
Após a moldagem os corpos-de-prova permaneceram 24 horas no
molde, essa foi à cura inicial. Sendo depois desmoldados e submetidos ao
processo de cura de imersão em tanques com água até a data de rompimento,
como mostra a figura 9.
34
Figura 8: Corpos-de-prova moldados
Fonte: AUTOR, 2013
Figura 9: Cura de corpos-de-prova em tanques
Fonte: AUTOR, 2013
Antes da realização dos ensaios à compressão axial nos dias indicados
foi realizada a preparação da base dos corpos-de-prova com o uso de uma
retífica (Figura 10), tendo como objetivo regularizar qualquer deformação na
superfície, para que a força aplicada no ensaio de compressão seja
uniformemente distribuída em toda a superfície do corpo-de-prova. Todos os
35
procedimentos de moldagem obedeceram a NBR 5738: 2003 – Concreto –
Procedimento para moldagem e cura de corpos-de-prova.
Figura 10: Retífica
Fonte: AUTOR, 2013
Os ensaios de resistência à compressão foram realizados aos 7 e 14
dias após a moldagem. A prensa (Figura 11) utilizada no ensaio foi a modelo
PC200CS do fabricante EMIC do Laboratório de Construção Civil do IFRN –
Campus Mossoró. Os ensaios foram realizados de acordo com a NBR
5739:2007.
36
Figura 11: Prensa mecânica para concreto
Fonte: AUTOR, 2013
3.4 ESTUDO DE DOSAGEM DO CONCRETO
O processo utilizado foi o de dosagem racional, método da Associação
Brasileira de Cimento Portland /ACI (ANDRADE, 2011).
Para o desenvolvimento do traço-padrão, foram adotados os seguintes
parâmetros:
Resistência característica (fck)= 25 MPa;
Desvio Padrão (Sd)= 4MPa (Condição A);
Medidas dos agregados em massa;
Água em massa ou volume;
Determinação da umidade dos agregados
Tipo de cimento= CP V ARI 32 RS;
Agregado graúdo: brita granítica I e II de detenção máxima 25 mm;
Adensamento vibratório
37
1. Determinação da resistência de dosagem: Foi feita através da equação 1
(Eq. 1) especificada pela NBR 12655:1996.
Fcj = Fck + (1,65 x sd); Eq. 1
Fcj = 25 + (1,65 x 4)
Fcj = 25 + 6,6 = 31,6 MPA
Onde:
Fcj= é a resistência média do concreto à compressão, prevista para a idade de
j dias, em megapascals (MPa);
Fck= é a resistência característica do concreto à compressão, em
megapascals (MPa);
Sd= é o desvio-padrão da dosagem, em megapascals (MPa).
2. Determinação do fator água-cimento (A/C):
A relação água-cimento é dada em função da Curva de Abrams (Gráfico
4), que apresenta valores de a/c para cada tipo de cimento aceito pela ABNT.
Para Fcj de 31 MPA e cimento de 32 MPA:
Gráfico 4: Curva de Abrams
38
Fonte: ANDRADE, 2011
A/C = 0,45
3. Determinação da porcentagem materiais secos (A%):
É determinado em função do diâmetro máximo da brita utilizada (I e II,
25mm) e tipo de adensamento adotado (Tabela 5).
Tabela 5: Porcentagem de materiais secos
Fonte: ANDRADE, 2011
A% = 7,5.
Porcentagem de ar incorporado = 1,5%.
39
4. Determinação da quantidade de agregados: Foi feita através do cálculo do traço unitário em peso seco (Eq. 2).
1
%
100/
A
CAM
Eq. 2
kgM 515,7
45
Onde:
M= Massa seca;
A/C= Fator água/cimento;
A%= Porcentagem de materiais secos.
5. Determinação do Traço Unitário em Peso Seco:
Quantidade de agregado visando menor número de vazios:
50% de areia, 50% de brita (25% de Brita I e 25% de Brita II)
2,5kg de areia, 1,25 kg de Brita I, 1,25kg de Brita II.
Tabela 6: Traço unitário em peso seco - TUPS
Traço Unitário em Peso Seco - TUPS
C =1 kg A = 2,5kg BI= 1,25kg BII= 1,25kg A/C=0,45
Fonte: AUTOR, 2013
Onde:
C= Cimento;
A= Areia;
BI= Brita I;
BII= Brita II;
A/C= Fator água/cimento
40
6. Determinação do consumo de materiais por m³:
No cálculo do traço ode concreto foram considerados os valores de
massas especificas absoluta tabelados definidos pela ABCP (ANDRADE,
2011).
Tabela 7: Resumo dos resultados das análises dos materiais
Fonte: ANDRADE, 2011
Quantidade de cimento (Eq.3):
𝐶 = 1000
águaBBarC
CABIIBIa
/1
21
Eq. 3
𝐶 = 1000
1
45,0
72,2
25,1
70,2
25,1
59,2
50,2
10,3
1
𝐶 = 375,89 Kg/m³
Quantidade de agregado miúdo:
C x a = 375, 89 x 2,5 = 939,72 Kg/m³
Quantidade de agregado graúdo (BI)
C x BI = 375, 89 x 1,25 = 469,86 Kg/m³
Quantidade de agregado graúdo (BII)
41
C x BII = 375, 89 x 1,25 = 469,86 Kg/m³
Quantidade de água
C x A/C = 375, 89 x 0,45 = 169,15 L/m³
Onde:
C = Cimento;
a = Água;
BI = Brita I;
BII = Brita II;
A/C= Fator água/cimento;
𝜹𝒄 = Massa especifica do cimento;
𝜹𝒂𝒓 = Massa especifica da areia;
𝜹𝑩𝑰 = Massa especifica da brita I;
𝜹𝑩𝑰𝑰 = Massa especifica da brita II;
𝜹á𝒈𝒖𝒂 = Massa especifica da água;
7. Determinação do volume de um corpo de prova e a retirada do ar incorporado:
Volume do corpo-de-prova 10x20 cm (Eq.4):
𝑉 = 𝜋𝑟2 x h Eq. 4
𝑉 = 𝜋0,052 x 0,2
𝑉 = 0,00157𝑚³
Ar incorporado:
1,5% x 0,00157m³ = 0,00002355m³
0,00157m³ - 0,00002355m³= 0,00155m³
42
8. Determinação do volume de concreto para 2 corpos de prova de 10 cm de diâmetro por 20 cm de altura:
V= 2 x 0,00157m³
V= 0,00310m³
3.5 TRAÇOS EXPERIMENTAIS
Traço 1 – Traço padrão
Quantidade de materiais para execução dos 2 corpos-de-prova do traço
padrão ou traço de referência.
a) Cimento = 375,89 x 0,0031 = 1,165kg
b) Areia = 939,72 x 0,0031 = 2,91Kg
c) Brita I = 469,86 x 0,0031 = 1,456kg
d) Brita II = 469,86 x 0,0031 = 1,456kg
e) Água = 169,15 x 0,0031 = 0,524ml
Traço 2 – Substituição em massa de 10% da areia por vidro moído
Quantidade de materiais para execução dos 2 corpos-de-prova do traço 3.
a) Cimento = 1,165kg
b) Areia = 2,619Kg
c) Vidro= 0,291 Kg
d) Brita I = 1,456kg
e) Brita II = 1,456kg
f) Água = 0,524ml
Traço 3 – Substituição em massa de 15% da areia por vidro moído
Quantidade de materiais para execução dos 2 corpos-de-prova do traço 4.
a) Cimento = 1,165kg
b) Areia = 2,474Kg
43
c) Vidro= 0,436
d) Brita I = 1,456kg
e) Brita II = 1,456kg
f) Água = 0,524ml
Traço 4 – Substituição em massa de 20% da areia por vidro moído
Quantidade de materiais para execução dos 2 corpos-de-prova do traço 5.
a) Cimento = 1,165kg
b) Areia = 2,328Kg
c) Vidro= 0,582Kg
d) Brita I = 1,456kg
e) Brita II = 1,456kg
f) Água = 0,524ml
Traço 5 – Substituição em massa de 25% da areia por vidro moído
Quantidade de materiais para execução dos 2 corpos-de-prova do traço 6.
a) Cimento = 1,165kg
b) Areia = 2,182Kg
c) Vidro= 0,727 Kg
d) Brita I = 1,456kg
e) Brita II = 1,456kg
f) Água = 0,524ml
44
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Com os resultados dos gráficos 5 e 6 da resistência à compressão dos
corpos-de-prova aos 7 e 14 dias, respectivamente, é possível ver que todos os
resultados do ensaio de resistência à compressão de todos os traços foram
superiores a 25 MPa, resistência característica de dosagem de concreto. Ainda
é possível conferir a possibilidade do uso desse concreto como estrutural
armado, visto que com até 25% de substituição do agregado miúdo por resíduo
de vidro o concreto apresentou resistência acima dos 20 MPa, resistência
mínima para um concreto armado definido na NBR 6118:2003.
Observou-se uma diminuição da resistência à compressão à medida que
se aumentavam as substituições pelo resíduo. Sendo essa diminuição em
média 18,72% aos 14 dias comparados com os corpos-de-prova do traço 1,
corpos-de-prova referência.
Essa diminuição da resistência à compressão pode ter como causas a
superfície específica do vidro, que por ser lisa e de característica planar não
apresenta a textura rugosa que é exigida para um agregado convencional.
Essa característica impede uma ligação física mais forte entre o agregado e a
pasta de cimento hidratada, caracterizando a porosidade no concreto e
deixando-o menos rígido.
45
Gráfico 5: Resistência à compressão aos 7 dias
Fonte: AUTOR, 2013
Gráfico 6: Resistência à compressão aos 14 dias
Fonte: AUTOR, 2013
Os gráficos 7 e 8, mostram os valores do módulo de elasticidades
obtidos dos corpos-de-prova rompidos aos 7 e 14 dias, respectivamente.
Com se veem os valores do módulo de elasticidade (relação tensão -
deformação) dos corpos-de-prova com substituições também apresentaram
27,81
26,5526,32
25,82
27,19
24,5
25
25,5
26
26,5
27
27,5
28
7 Dias
Res
iste
nci
a à
Co
mp
ress
ão (
MP
a)
Tempo de Cura
0%
10%
15%
20%
25% Po
rce
nta
gem
Su
bst
itu
ída
39,6
33,14 32,9830,46 32,12
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
14 Dias
Res
iste
nci
a à
Co
mp
ress
ão (
MP
a)
Tempo de Cura
0%
10%
15%
20%
25%
Po
rce
nta
gem
Su
bst
itu
ída
46
uma queda, quando comparados com os resultados do módulo de elasticidade
dos corpos-de-prova referência. Essa diminuição foi da ordem de 7,24%.
Essa diminuição do módulo de elasticidade está diretamente ligada ao
agregado substituto, resíduo de vidro, que apresenta uma deformação maior
quando submetido à tensão em relação aos agregados convencionais. Como a
porosidade é umas das características mais importantes na diminuição do
módulo de elasticidade do concreto, o resíduo de vidro por sua textura
superficial e forma influenciaram no aumento dessa porosidade e consequente
baixa do módulo de elasticidade.
Gráfico 7: Módulo de elasticidades aos 7 dias
Fonte: AUTOR, 2013
65395863 5981
4616
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
7 Dias
Mó
du
lo d
e E
last
icid
ade
(M
Pa)
Tempo de Cura
0%
15%
20%
25%
Po
rce
nta
gem
Su
bst
itu
ída
47
Gráfico 8: Módulo de elasticidades aos 14 dias
Fonte: AUTOR, 2013
7336
6820 6801 6792
6500
6600
6700
6800
6900
7000
7100
7200
7300
7400
14 Dias
Mó
du
lo d
e E
last
icid
ade
(M
Pa)
Tempo de Cura
0%
15%
20%
25%
Po
rce
nta
gem
Su
bst
itu
ída
48
5. CONCLUSÕES
Este trabalho apresentou os resultados do estudo do uso de resíduo de
vidro oriundo de vidraçarias da cidade de Mossoró-RN como substituinte de
parte do agregado miúdo (areia) na produção de concretos. Os resultados
obtidos nesta pesquisa nos permitem fazer as seguintes conclusões:
Os resultados encontrados foram pertinentes, ou seja, atenderam
as necessidades exigidas. A substituição de parte do agregado
por vidro se mostra uma alternativa viável, por ter apresentado
resultados técnicos que caracterizam o compósito como aplicável
enquanto material de construção, e sem maiores dificuldades de
execução que o concreto usual;
A reciclagem do resíduo de vidro, proposta neste artigo, é uma
opção para destinar à quantia residual produzida pela indústria
vidreira, por ser uma nova alternativa de reutilização que é
bastante acessível.
Até a porcentagem de 25% de substituição do agregado miúdo
pelo resíduo de vidro é possível de se obter um concreto com
resistências acima da mínima exigida pela norma NBR 6118:2003
para um concreto de uso em estruturas de concreto armado.
49
6. SUGESTÕES PARA NOVAS PESQUISAS
É importante que novas pesquisas sejam realizadas a fim de se ter obter
uma maior realidade do potencial da utilização de vidro na composição da
dosagem de concretos, assim novos estudos devem ser realizados nesse
sentido.
São investigações necessárias a serem feitas em estudos próximos:
Reação álcali-sílica do vidro com o cimento;
Atividade pozolânica do resíduo de vidro;
Disponibilidade do resíduo e suas condições na região;
Viabilidade econômica para produção de concretos com esse
material característico;
50
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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