universidade federal fluminense pÓs-graduaÇÃo …

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE ESTUDOS GERAIS INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA AMBIENTAL JOSÉ LUIZ ALVES DE SOUZA O HOMEM, SUA SAÚDE E O AMBIENTE ONDE VIVE: A crise ecológica na busca por cidadania e as realidades entre Saúde e o Poder Público no Complexo de Favelas de Acari - RJ Niterói Abril de 2008

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE ESTUDOS GERAIS INSTITUTO DE GEOCIEcircNCIAS

POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM CIEcircNCIA AMBIENTAL

JOSEacute LUIZ ALVES DE SOUZA

O HOMEM SUA SAUacuteDE E O AMBIENTE ONDE VIVE A crise ecoloacutegica na busca por cidadania e as realidades entre Sauacutede e o Poder Puacuteblico

no Complexo de Favelas de Acari - RJ

Niteroacutei Abril de 2008

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JOSE LUIZ ALVES DE SOUZA

O HOMEM SUA SAUacuteDE E O AMBIENTE ONDE VIVE A crise ecoloacutegica na busca por cidadania e as realidades entre Sauacutede e o Poder Puacuteblico

no Complexo de Favelas de Acari - RJ

Dissertaccedilatildeo apresentada ao Curso de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncia Ambiental da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial para obtenccedilatildeo do Grau de Mestre Aacuterea de Concentraccedilatildeo Anaacutelise de processos soacutecio-ambientais

Orientador Prof Dr CEacuteLIO MAURO VIANA

Niteroacutei

Abril de 2008

S729 Souza Joseacute Luiz Alves de O homem sua sauacutede e o ambiente onde vive a crise ecoloacute- gica na busca por cidadania e as realidades entre sauacutede e o poder puacuteblico no Complexo de Favelas de Acari - RJ Joseacute Luiz Alves de Souza -- Niteroacutei [sn] 2008 205 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Ciecircncia Ambiental) ndash Universidade Federal Fluminense 2008 1Ecologia humana ndash Rio de Janeiro (RJ) 2Meio ambiente e sauacutede 3Favelas ITiacutetulo

CDD 3042098153

JOSE LUIZ ALVES DE SOUZA

O HOMEM SUA SAUacuteDE E O AMBIENTE ONDE VIVE A crise ecoloacutegica na busca por cidadania e as realidades entre Sauacutede e o Poder Puacuteblico

no Complexo de Favelas de Acari - RJ

Dissertaccedilatildeo apresentada ao Curso de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncia Ambiental da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial para obtenccedilatildeo do Grau de Mestre Aacuterea de Concentraccedilatildeo Anaacutelise de processos soacutecio-ambientais

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________________________________ Prof Dr CEacuteLIO MAURO VIANAndash Orientador UFF

_____________________________________________________________________ Prof Dra JANIE GARCIA DA SILVA - UFF

_____________________________________________________________________ Prof Dr SEacuteRGIO CORREcircA MARQUES - UERJ

Niteroacutei Abril de 2008

A duas pessoas muito amadas ndash Eloir e Michael pela forccedila e incentivo que me deram durante todos esses anos por serem sofredores de algumas ausecircncias e por estarem comigo nas presenccedilas

As pessoas que de uma forma ou de outra seratildeo herdeiros do que fazemos nestes dias

AGRADECIMENTOS

Ao Professor Ceacutelio Mauro Viana por ter acreditado neste trabalho pela sua paciecircncia e ensinamentos sem o qual natildeo teria concluiacutedo esta dissertaccedilatildeo Ao Professor Alphonse Kelecom ndash colega e conhecido de muitos e longos anos pelos ensinamentos absorvidos e por ter acreditado tambeacutem neste trabalho Aos colegas mestres da turma 2006 pelo apoio companheirismo e consideraccedilatildeo demonstrados A comunidade do Complexo de Acari Robson Santos Doracy Eich Ariacutecia Valle que prontamente se dispuseram a serem entrevistados que me receberam que me trouxeram seguranccedila com as suas presenccedilas e que se dispuseram a me levar pelas ruas e vielas do complexo Ao Enfermeiro Leonardo Correa pela forma com que me recebeu e se dispocircs a conversar um pouco sobre sauacutede envolvendo sua equipe

EPIacuteGRAFE ldquoA crise ambiental natildeo soacute se manifesta na

destruiccedilatildeo do meio fiacutesico e bioloacutegico mas tambeacutem

na degradaccedilatildeo da qualidade de vida tanto no

acircmbito rural como no urbanordquo

Enrique Leff

SUMAacuteRIO

Lista de abreveturas e siglas xResumo xiiAbstract xiii Introduccedilatildeo 14Objetivos 16Metodologia 17 Parte I 20Construindo o objeto Capiacutetulo 1 ndash CIEcircNCIA AMBIENTAL PESQUISA E CONTEXTO 11 A Interdisciplinaridade da ciecircncia ambiental 21 12 Necessidade da ciecircncia e seus meacutetodos 23 13 Diferentes tipos de pesquisa e a pesquisa em ciecircncia social 25 14 A vivecircncia e algumas interrogaccedilotildees 28 Capiacutetulo 2 ndash A CRISE ECOLOacuteGICA

21 Crise Ecoloacutegia e Capitalismo 3422 A Economia Ecoloacutegica 3823 O que eacute a Crise Ecoloacutegica 4024 O papel da sociedade na busca por soluccedilotildees da crise 4125 A Agenda 21 43

Capiacutetulo 3 - PRERROGATIVAS SOCIAIS BAacuteSICAS DA POPULACcedilAtildeO 31 Sauacutede e cidadania 45 32 Poliacuteticas puacuteblicas 46 33 A sauacutede nas constituiccedilotildees brasileiras 48 34 Sistema uacutenico de sauacutede 49 Capiacutetulo 4 ndash PROBLEMAS SOacuteCIO-AMBIENTAIS

41 Cidadania 5342 Meio ambiente 5543 Favelizaccedilatildeo 61

Parte II 72Caracteriacutesticas da aacuterea de estudo Capiacutetulo 5 - O COMPLEXO DE FAVELAS DE ACARI 73

51 A ldquofavela de Acarirdquo 7352 Espacialidade do Complexo dentro do contexto municipal 74521 Vila Esperanccedila 75

(Sumaacuterio ndash continua)

(Sumaacuterio ndash continuaccedilatildeo)

522 Vila Rica de Irajaacute 77523 Parque Acari 78524 Beira Rio 7853 Atores Sociais dentro do complexo 7954 Representatividade do Estado 79

a) Programa Favela-bairro 80 b) O programa Bairrinho 81 c) A regularizaccedilatildeo fundiaacuteria 81 d) Os equipamentos puacuteblicos 81

Capiacutetulo 6 ndash REPRESENTACcedilAtildeO SOCIAL 8361 Representaccedilatildeo Social 8362 Representaccedilatildeo social dos atores entrevistados no Complexo de Favelas de Acari 85621 Cultura representando sua inter-relaccedilatildeo com o real 87622 Representando a sauacutede e o meio ambiente 99623 A Crise Ecoloacutegica na busca por Cidadania 114624 A realidade entre sauacutede e o poder puacuteblico 117

Conclusatildeo 126Bibliografia 130 Anexo 1 ndash Fotos aeacutereas e localizaccedilatildeo do Complexo de favelas 137Anexo 2 ndash Tabelas 144Anexo 3 ndash Graacuteficos e Figuras 149Anexo 4 ndash Figuras utilizadas na entrevista 156Anexo 5 ndash Transcriccedilatildeo das entrevistas 165Anexo 6 ndash Glossaacuterio 187Anexo 7 ndash Listagem das favelas cariocas 190

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANVISA Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria

BNH Banco Nacional da Habitaccedilatildeo

CCDC Centro Comunitaacuterio de Defesa da Cidadania

CEASA Centrais de Abastecimento do Rio de Janeiro

CEDAE Companhia Estadual de Aacuteguas e Esgotos

CHISAM Coordenaccedilatildeo da Habitaccedilatildeo de Interesse Social da Aacuterea Metropolitana do Rio de Janeiro

COHAB Companhia de Habitaccedilatildeo

CODESCO Companhia de Desenvolvimento de Comunidades

Comlurb Companhia Municipal de Limpeza Urbana

CPMF Contribuiccedilatildeo Provisoacuteria sobre Movimentaccedilatildeo Financeira

CPDS Comissatildeo de Poliacuteticas de Desenvolvimento Sustentaacutevel

Crvcc Centro de reconhecimento validaccedilatildeo e certificaccedilatildeo de Competecircncias

Datasus Banco de Dados do Sistema Uacutenico de Sauacutede

ETE Estaccedilatildeo de Tratamento de Esgotos

IDH Iacutendice de Desenvolvimento Humano

FEEMA Fundaccedilatildeo Estadual de Engenharia do Meio Ambiente

IAP Instituto de Aposentadoria de Previdecircncia

IAPI Instituto de Aposentadorias dos Industriaacuterios IAPM Instituto de Aposentadoria e Pensotildees dos Mariacutetimos IAPTEC Instituto de Aposentadorias e Pensotildees dos Estivadores e

Transporte de Cargas LATEC Laboratoacuterio de Tecnologia Gestatildeo de Negocoacutecios amp Meio

Ambiente Light Concessionaacuteria de energia eleacutetrica para cidades do estado do

Rio de Janeiro OMS Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede

ONG Organizaccedilatildeo Natildeo-governamental

ONU Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas

OPAS Organizaccedilatildeo Pan-Americana da Sauacutede

PET Politeraftalato de etila

PIB Produto Interno Bruto

x

PGCA Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncia Ambiental

PNUD Programa das Naccedilotildees Unidas para o Desenvolvimento

PPA Plano Plurianual

PPC Paridade do Poder de Compra

PSF Programa de Sauacutede da Famiacutelia

PSOL Partido Socialismo e Liberdade

RDC Resoluccedilatildeo da Diretoria Colegiada

Rvcc Reconhecimento Validaccedilatildeo Certificaccedilatildeo de Competecircncias

SAGMACS Sociedade de Anaacutelise Graacuteficas e Mecanograacuteficas Aplicadas aos Complexos Sociais

SBPE Sociedade Brasileira de Planejamento Energeacutetico

SFH Sistema Financeiro de Habitaccedilatildeo

SINAN Sistema de Notificaccedilotildees de Agravos de Notificaccedilatildeo

SUS Sistema Uacutenico de Sauacutede

WWF World Wide Fundation

xi

RESUMO Em um contexto envolvendo meio ambiente globalizaccedilatildeo e modernidade depara-se inevitavelmente com termos que tecircm na sua grande maioria importacircncia vital para se entender o mundo em que se vive Esses termos envolvem populaccedilatildeo economia emprego disposiccedilatildeo poliacutetica ativismo social moradia etc A Cidade sendo o local para onde atualmente se converge toda a atenccedilatildeo onde a batalha diaacuteria pela sobrevivecircncia e pelo exerciacutecio cidadania eacute travada pelos diversos atores sociais envolvidos Mas haacute um hiato entre ter e viver a cidadania esta eacute muita das vezes dificultada pelas barreiras que se impuseram no desenvolvimento do tipo de vida que se leva atualmente Para se ter a cidadania a maior barreira instalada entre ela e o povo eacute a crise ambiental decorrente do tipo do tipo de viva que se aprendeu a ter da industrializaccedilatildeo degradaccedilatildeo do espaccedilo geograacutefico degradaccedilatildeo do ser humano poluiccedilatildeo do ar dos corpos hiacutedricos e no fundo estaacute o ser humano compactuando de algum forma Neste contexto se insere o Estado como o grande ente capaz de salvaguardar o cidadatildeo e a sauacutede implementando accedilotildees que promovam a qualidade de vida um termo corrente para o repensar da cidade Discutem-se cidades sustentaacuteveis tendo por base as ideacuteias contidas na agenda 21 que tomou forma depois da ECO-92 Problemas da cidade a poliacutetica habitacional fomentada ao longo dos anos que associada com a poliacutetica econocircmica estabelecida como prioridade pelo Estado empurraram milhares de pessoas ao processo de favelizaccedilatildeo A remedia-se atraveacutes de vaacuterios programas institucionais como Favela-Bairro Programa Bairrinho PAC e congecircneres Na busca pela cidadania os moradores do Complexo de favelas de Acari vivenciam uma contradiccedilatildeo entre os saberes construiacutedos e executados pelo Estado e os saberes vividos na comunidade Este trabalho mostra onde reside a contradiccedilatildeo no citado Complexo e principalmente como ela eacute percebida no imaginaacuterio da populaccedilatildeo pesquisada aleacutem de contribuir ao estudo dos fenocircmenos sociais direta e indiretamente implicados na formaccedilatildeo deste imaginaacuterio Atraveacutes de entrevistas abertas com lideranccedilas e com moradores dentro do Complexo de Favelas de Acari mostrou-se pelo vieacutes sauacutede e meio ambiente o viver e principalmente as realidades entre o saber e o fazer do Estado Para tanto as entrevistas foram gravadas e seu conteuacutedo transcrito e analisado utilizando-se a Teoria das Representaccedilotildees Sociais de Moscovici O resultado eacute um painel onde se constata-se que meio ambiente e sauacutede satildeo dois termos que natildeo-excludentes e principalmente tecircm uma interdependecircncia com importantes desdobramentos para o cotidiano desses atores sociais No habitar em um Complexo de Favelas estaacute as formas da lida com a realidade com a sobrevivecircncia do dia-a-dia trata-se de vida tanto para o ser humano quanto para a natureza que eacute o lar desse ser humano e que seraacute o lar tambeacutem de geraccedilotildees futuras O Complexo de Favelas de Acari foi trazido para dentro da Ciecircncia Ambiental entendendo-se as relaccedilotildees estabelecidas no seu contexto e o quanto podem ser potencialmente nocivas Ao fim constata-se este argumento do ambiente urbano como local pouco adequado para vida

xii

ABSTRACT

In a context that involves environment globalization and modernization there are terms that are important for to understand this world These terms involves population economy job opportunities social policies activities residence etc for the city that the some attention are on focus there is a diary battle for survival and for the real citizenship and his battle if fighted for everybody inside this place There is a hiatus between to have and to live the citizenship this is frequently stopped for the barriers that exist in middle of the way of develop of the type of life that people is the environment crisis that came from the type of life these humans has learned the industrialization the geographic space degradation human degradation air pollution water pollution so the human king and certainly they are responsible for that In this context there is the Government as the big personality able to defense the citizen and their health doing actions that can bring promotion to the life quality that is a new word necessary to think again the cities and his geographical context There are some discussions about city and his sustentability based in ideas from the Agenda 21 that has formed after ECO-92 The critic problem for the city is his dwelling and economic policies that came over the years both as a priority for the Government practices It has pushed thousands of people to the slums development process Nowadays there are many policies that to try to bring some resolutions for the general problematical as Favela-Bairro Bairrinho Program PAC and so on In a search for citizenship the people of Acari Slums Complex livening in a real contradiction between Government knowledge ad what is happening and what the people knows This work show where this contradiction is inside the Complex besides this one brought the contribution to the social phenomena studies direct or no to the knowledge construction about this reality Throughout open interviews with leathers and dwellers it has found that over environment and health angle that nature and to live mainly the realities between what the Government has done These interviews were recorded and analyzed and all phrases were transcribed by the Moscovicirsquos Social Representations The result is a panel where environment and health are no opposite terms an mainly they are going together with important unfold for the day-by-day of social actors Inside Acari Slums Complex there are some styles of life that can be considered crucial into reality as a survival It is life either to human and for the nature that is the home for his human and will be what the next generations will have as a home The Acari Slums Complex was brought to the environment Sciences because the relations inside in this context and how many this relations can be problematic so this cityrsquos piece is a non save place to spend a good life

xiii

INTRODUCcedilAtildeO

ldquoA sauacutede eacute um direito de todos e um dever do Estadordquo Esta frase cunhada na atual

Constituiccedilatildeo Brasileira pode ser considerada como a representaccedilatildeo de uma das maiores

conquistas da sociedade brasileira no campo das poliacuteticas sociais

Com a chegada do ano de 1988 houve uma real conquista da cidadania pelo ponto de

vista da sauacutede onde esta passou a ser um direito de todos e suprida pelo Estado

Mas ateacute os dias de hoje esta cidadania natildeo foi alcanccedilada completamente ou totalmente

integralizada E por que natildeo Haacute diversos outros entrementes que por natildeo serem conhecidos

ou por natildeo terem sido levados em consideraccedilatildeo faz com que o que se acredita ser sauacutede seja

apenas atribuiacutedo agrave ausecircncia de doenccedila o que eacute facilmente comprovado em diversos discursos

Sauacutede eacute um processo dinacircmico sofrendo impacto diretamente do meio ambiente das

condiccedilotildees econocircmicas da percepccedilatildeo que o indiviacuteduo tem do que seja a sauacutede

Sauacutede e meio ambiente se articulam sim Aquela depende desta para que aconteccedila de

fato Por exemplo eacute notoacuterio ver que muitas doenccedilas do campo estatildeo relacionadas agrave maneira

com que as pessoas desenvolvem suas atividades diaacuterias Com isso haacute leis que regulamentam

as atividades naquele setor Eacute notoacuterio que muitas das doenccedilas das aacutereas urbanizadas inclusive

a violecircncia tem a ver com o meio ambiente constituindo um todo influenciando esse todo

Como sauacutede se relaciona com o ambiente em que se vive Hoje o boom da expansatildeo

urbana estaacute relacionado agrave poliacutetica internacional A cidade no processo geograacutefico tem cada

vez mais peso do que o campo Com isso a cidade se manteacutem como um atrativo para que

pessoas a busquem para conseguir alcanccedilar a realizaccedilatildeo dos seus sonhos Com isso haacute o que

se pode chamar de expansatildeo urbana urbanizaccedilatildeo trazendo seacuterios problemas que se

perpetuam por anos

Estamos em um momento de falar dos problemas ambientais e das possiacuteveis soluccedilotildees

deles Tem por certo que eles se adensam cada vez mais e talvez a perspectiva de soluccedilatildeo agrave

curto prazo seja desalentador O positivo eacute que se busca encontrar e implementar as soluccedilotildees

referidas e dentro deste contexto problema-soluccedilatildeo fica registrado com este trabalho

atividades de se compreender e como fazer para que uma pequena parte do real se some ao

grupo de conhecimentos que forma a ciecircncia ambiental Para isso esta dissertaccedilatildeo foi

desenvolvida em cinco capiacutetulos que satildeo apresentados em num crescendo e que por

necessidade da pesquisa veio trazer luz ao problema investigado e mostrar que as

resolutividades para o problema ambiental natildeo exclui a sauacutede e o fazer das pessoas e nem

muito menos do Estado Cada um com sua participaccedilatildeo na trama da existecircncia

14

O capiacutetulo 1 inter-relaciona a Ciecircncia Ambiental com o seu contexto levando em

consideraccedilatildeo a necessidade da ciecircncia e de seus meacutetodos para a percepccedilatildeo do que se chama

problema ambiental que estaacute levando o planeta Terra a sua exaustatildeo Este capiacutetulo tambeacutem eacute

ilustrado com a vivecircncia do autor e algumas interrogaccedilotildees curiosas agrave respeito do tema O

capiacutetulo 2 aborda a Crise Ecoloacutegica que se abate sobre a existecircncia do planeta e busca

relacionar esta crise com o capitalismo com a economia e com o papel das sociedades na

busca por soluccedilotildees para esta crise Ainda no crescendo tem-se o capiacutetulo 3 que fala de sauacutede

cidadania poliacuteticas puacuteblicas e Sistema Uacutenico de Sauacutede Jaacute no capiacutetulo 4 eacute abordado assuntos

referentes agrave cidadania meio ambiente e o processo favelizatoacuterio que marca profundamente a

paisagem da cidade

Na segunda parte da dissertaccedilatildeo se encontra as realidades entre sauacutede sociedade e

poder puacuteblico Mediante o uso da Teoria das Representaccedilotildees Sociais de Moscovici tentou-se

estabelecer um quadro do que eacute representado e o que estaacute no imaginaacuterio social de uma

comunidade especiacutefica do que seja meio ambiente e sauacutede E eacute montado um grande painel dos

problemas ambientais que afligem as pessoas menos favorecidas problemas estes que

incluem a real integralizaccedilatildeo da sauacutede via meio ambiente adequado para se reproduzir essa

integralizaccedilatildeo da sauacutede

15

OBJETIVOS

Demonstrar a importacircncia que assume os conceitos de Sauacutede e Meio Ambiente

dentro do contexto da crise ambiental provocada pelo homem em face da necessidade de se

discutir os modos de vida a impactaccedilatildeo do meio ambiente e a participaccedilatildeo do Estado no

Complexo de Favelas de Acarai com vistas a uma melhor qualidade de vida e contribuiccedilatildeo

para as poliacuteticas de desenvolvimento sustentaacutevel

Como objetivos especiacuteficos

a) Mostrar a defasagem entre a percepccedilatildeo dos conceitos de sauacutede meio

ambiente e suas apropriaccedilotildees sua ligaccedilatildeo com o real vivido e buscado no

cotidiano das comunidades

b) Desvelar o executar do Estado dentro do contexto da crise ambiental a niacutevel

local atraveacutes da participaccedilatildeo na comunidade

c) Analisar a importacircncia da participaccedilatildeo comunitaacuteria no desenvolvimento de

um ambiente saudaacutevel

d) Esclarecer que os processos sociais satildeo mateacuteria da Ciecircncia Ambiental

abarcando a falta de condiccedilotildees miacutenimas de existecircncia dignidade

cidadania sauacutede moradia entre outros fazem parte de um desequiliacutebrio

maior com consequumlecircncias graves ao ser humano e ao meio ambiente natural

16

METODOLOGIA

Este eacute um estudo exploratoacuterio realizado a partir de abordagem qualitativa A opccedilatildeo

feita por este tipo de pesquisa decorre da necessidade de se trabalhar dados tanto subjetivos

quanto objetivos

A parte qualitativa da pesquisa estudou universo de motivos significados aspiraccedilotildees

valores e atitudes o que correspondeu a um espaccedilo mais profundo das relaccedilotildees dos processos

que natildeo podem ser reduzidos agrave operacionalizaccedilatildeo de variaacuteveis Esta abordagem procura captar

os significados atribuiacutedos aos eventos

A parte quantitativa utilizada para corroborar e mostrar o mosaico de interaccedilotildees a que

os sujeitos da pesquisa estatildeo inseridos envolvem dados numeacutericos ao longo do tempo

A intenccedilatildeo foi realizar uma pesquisa de campo que segundo as palavras de LUumlDKE e

ANDREgrave (1986) eacute aquela que estuda os problemas no ambiente nos quais ocorrem

naturalmente sem intenccedilatildeo de qualquer manipulaccedilatildeo intencional pressupondo um contato

direto do pesquisador com o ambiente e a situaccedilatildeo que estaacute sendo investigada

1 A descriccedilatildeo do campo de estudo

Tanto pela necessidade de se abordar o assunto quanto pela caracteriacutestica do mesmo

buscou-se selecionar como sujeitos desta pesquisa grupos de pessoas que compartilham em

tese do mesmo estilo de vida e que estatildeo sob o mesmo impacto de pressotildees ambiental

econocircmica social e poliacutetica

Para isso foi selecionado o estudo da favela que segundo ZALUAR e ALVITO (1998)

satildeo espaccedilos que uma vez apropriados pelos seus moradores permitem a reivindicaccedilatildeo do

atendimento emergencial de suas demandas - ambiental

Optou-se por estudar o Complexo de Favelas de Acari no Municiacutepio de Rio de

Janeiro onde as diversas camadas ldquopoliacuteticasrdquo ofereceram boa receptividade a esta pesquisa

Para a realizaccedilatildeo da mesma foi utilizada a entrevista semi-estruturada onde os

questionamentos baacutesicos apoiados em teorias e hipoacuteteses ofereceram campo amplo de

interrogativas produzindo assim novas hipoacuteteses que foram surgindo agrave medida em que os

entrevistados relatavam seu universo

17

2 Os participantes da pesquisa

O primeiro contato foi formalizado com a CUFA ndash Central Uacutenica de Favelas que

facilitou o acesso agrave Associaccedilatildeo de Moradores do Conjunto Residencial do Areal parte do

complexo de favelas chamado de Acari na zona norte do Municiacutepio de Rio de Janeiro O seu

Presidente forneceu muitos subsiacutedios para o desenvolvimento desta pesquisa

Na abordagem inicial foram realizadas duas entrevistas uma com a CUFA e outra

com a Associaccedilatildeo de Moradores do Areal Para essas entrevistas foi utilizado um questionaacuterio

com perguntas abertas Nesse momento inicial priorizou-se a liberdade das respostas e o

conteuacutedo das mesmas uma vez que o entrevistador natildeo vive naquela realidade social As

entrevistas foram gravadas com autorizaccedilatildeo expressa dos entrevistados para posterior anaacutelise

da transcriccedilatildeo na iacutentegra

Em segundo momento conforme planejamento foram realizadas entrevistas diretas

com moradores Para essas utilizou-se um segundo questionaacuterio tambeacutem aberto com

liberdade de respostas A justificativa para esse modelo deve-se ao fato de cada morador ter a

sua percepccedilatildeo dos problemas ambientais vividos e isso os privilegia pelo fato de terem uma

participaccedilatildeo direta na pesquisa sem a mediaccedilatildeo de qualquer interventor As entrevistas

tambeacutem foram gravadas com autorizaccedilatildeo dos entrevistados e submetidos a transcriccedilatildeo para

posterior anaacutelise

Para essas buscou-se outro artifiacutecio cada entrevistado e antes da aplicaccedilatildeo do

questionaacuterio foi mostrado um conjunto de figuras que abordavam a temaacutetica proposta

A utilizaccedilatildeo de figuras eacute um meio auxiliar para a obtenccedilatildeo de respostas quando da

interrogaccedilatildeo direta Elas funcionam como uma forma de introduzir o assunto que se quer

abordar dando uma certa ludicidade ao evento Deixando que os sujeitos vejam reflitam

relaxem e se introduza ao objetivo do questionamento

Esse meacutetodo tem uma particularidade positiva quando se precisa trabalhar com sujeito

que no universo desta pesquisa pode ter um iacutendice baixo de escolaridade ou pouca

participaccedilatildeo poliacutetica ou que natildeo disponha de muito tempo para responder a questionamentos

extensos Aleacutem de estar sobre pressatildeo de outras variaacuteveis como por exemplo a violecircncia

diaacuteria

As entrevistas se deram entre os meses de setembro de 2007 a fevereiro de 2008 em

diversos locais do Complexo de Favelas do Acari As primeiras entrevistas aconteceram nas

sedes tanto da CUFA quanto da AMA A primeira na localidade chamada de ldquoRua do

Campordquo e a segunda na localidade chamada de Conjunto Amarelinho As demais entrevistas

aconteceram nas localidades Vila Esperanccedila proacuteximo ao Hospital de Acari e ainda no Areal

18

O universo da pesquisa eacute composto por 30 moradores A grande maioria deles

moradores do Complexo diretamente envolvidos politicamente com alguma produccedilatildeo social

dentro da comunidade - liacutederes e com outros natildeo-liacutederes que tambeacutem tecircm algum percentual de

participaccedilatildeo na produccedilatildeo social do Complexo mais moradores sem participaccedilatildeo ativa na

produccedilatildeo social (que participam em lideranccedilas dentro da comunidade) Este nuacutemero foi preacute-

estabelecido porque em termos de anaacutelise das entrevistas e com a teoria proposta para o

embasamento da pesquisa eacute um nuacutemero suficiente para a viabilidade do estudo Tambeacutem

foram entrevistados alguns liacutederes que estatildeo inseridos dentro do contexto do Complexo mas

que ali natildeo residem

3 Levantamento bibliograacutefico e de dados

Para esta pesquisa foram acessadas as bibliotecas das seguintes instituiccedilotildees

Universidade Federal Fluminense Escola Nacional de Sauacutede Puacuteblica Universidade Federal

do Rio de Janeiro e pesquisas em bases de dados do Ministeacuterio da Sauacutede da Prefeitura

Municipal do Rio de Janeiro bem como a rede internacional de computadores

4 Anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados

Para anaacutelise dos dados subjetivos optou-se usar a Teoria das Representaccedilotildees Socais de

MOSCOVICI (1961) Essa teoria revela que as representaccedilotildees sociais satildeo formas de

conhecimentos socialmente elaborados e partilhados tendo uma visatildeo praacutetica e concorrendo

para a construccedilatildeo de uma realidade comum a um conjunto social Ela diz que o conteuacutedo

revelado na oralidade eacute um processo de mediaccedilatildeo na relaccedilatildeo homem-mundo onde os

indiviacuteduos explicam e afirmam sobre sua realidade e satildeo desveladas as ambiguumlidades

encontradas nas palavras que tecircm material ideoloacutegico e servem de trama a todas as relaccedilotildees

sociais Com vista nisso os atores sociais constroem suas realidades suas interaccedilotildees suas

tomadas de decisotildees E porque meio ambiente para as pessoas em questatildeo eacute um conceito

social que elas apreendem principalmente pelos veiacuteculos de comunicaccedilatildeo Aleacutem das

definiccedilotildees em sauacutede que jaacute as leva a um tipo de comportamento social podem estar se

utilizando tambeacutem do termo meio ambiente no seu cotidiano de praacuteticas sociais

19

PARTE I

CONSTRUINDO O OBJETO

20

CAPIacuteTULO UM

CIEcircNCIA AMBIENTAL PESQUISA E CONTEXTO

11 A INTERDISCIPLINARIDADE DA CIEcircNCIA AMBIENTAL

Conforme nota-se em HERCULANO (2000) haacute algo errado no mundo em que

vivemos justamente pela forma de como vivemos Fala-se de sustentabilidade fala-se sobre a

percepccedilatildeo mundial que se tem da degradaccedilatildeo ambiental da tomada de decisatildeo por parte das

autoridades mundiais e a sociedade das atividades propostas em busca de uma correccedilatildeo para

os processos antroacutepicos impactantes

ldquo E quem vai fazer tudo isto Como se constroem parcerias

Como superar antagonismos entre sujeitos em conflito e criar

novos atores coletivos Como capacitar os cidadatildeos para que

estes ultrapassem seu isolamento e efetivamente se

associemrdquo

Nas entrelinhas se percebe que haacute muito por fazer e este muito pode comeccedilar aqui e

agora Ter a percepccedilatildeo de que haacute algo errado na relaccedilatildeo do binocircmio homem-natureza e que

urge a necessidade de se estudar esta relaccedilatildeo e as consequumlecircncias dela eacute o primeiro passo para

a contribuiccedilatildeo da melhoria da qualidade de vida embasada na melhoria do proacuteprio ambiente

em que se vive Essa contribuiccedilatildeo esse discutir o meio ambiente eacute importante porque se

busca encontrar medidas mitigadoras para o problema ambiental este deve iniciar com uma

grande participaccedilatildeo tanto dos profissionais diversos que militam nesta aacuterea como da

sociedade como um todo Por vezes os problemas impactantes satildeo tatildeo cruciais que se revelam

natildeo claramente pela destruiccedilatildeo de vegetaccedilatildeo ou do solo mas sim a perversa degradaccedilatildeo

social com todos os seus desdobramentos

O homem produz degrada polui extrai ocupa Natildeo percebe claramente o que eacute este

fazer muito menos nas suas consequumlecircncias Desde eacutepocas mais remotas passando pela

revoluccedilatildeo industrial o homem tem desempenhado atividades que puderam ser absorvidas

21

pelo planeta Mas o que se discute atualmente eacute justamente isso ndash o quanto mais o planeta

pode absorver desses impactos que o homem tem causado pela suas atividades modificadoras

ao meio ambiente

O grande motor dos tempos atuais eacute a percepccedilatildeo de que esta capacidade de absorccedilatildeo

dos impactos produzidos pelo homem chamada de resiliecircncia jaacute ultrapassou seu limite

Beiramos uma eacutepoca em que natildeo podemos nos dar ao luxo de desperdiccedilar poluir ocupar

degradar sem termos em troca agrave paga

Desde haacute algum tempo homens tecircm se levantado para conclamar uma soluccedilatildeo para os

problemas ambientais problemas estes produzidos no atual momento de existecircncia do planeta

como os foram produzimos haacute seacuteculos atraacutes - desperdiacutecio desmatamento extinccedilatildeo da

biodiversidade iniquumlidade entre o ser humano O caminho obrigatoacuterio para a preservaccedilatildeo -

que pode ser da proacutepria espeacutecie humana - passa por rever todas essas falhas e tentar suplantaacute-

las por novo comportamento

Eacute neste contexto que se insere a ciecircncia ambiental Esta eacute um veiacuteculo para o

desenvolvimento e difusatildeo do saber ambiental que tem congregado no seu seio profissionais

de diversos campos do conhecimento e atraveacutes deles e de suas pesquisas tem se entendido-se

como o nosso planeta funciona Esses profissionais tecircm trazido agrave luz questotildees que

contribuem tanto para a formaccedilatildeo dessa ciecircncia como para o processo de conscientizaccedilatildeo

sobre a necessidade de se pensar o meio ambiente que cerca a espeacutecie humana dentre outras

e como esta lidaraacute com o que sobrou do meio ambiente em geraccedilotildees futuras

A Ciecircncia Ambiental natildeo pode ser dar ao luxo de se resumir a um grupo de

profissionais especiacuteficos em ecologia Ela tem que abranger profissionais das diversas aacutereas

contribuindo para uma anaacutelise mais ampla do funcionamento o meio ambiente nos dias atuais

para que por seus estudos haja um direcionamento de o que fazer e como fazer Nisso se

insere o profissional Enfermeiro no contexto de Ciecircncia Ambiental tentando mostrar que na

relaccedilatildeo Sauacutede-Ser Humano um campo especiacutefico e novo do saber em Ciecircncia Ambiental haacute

uma gama de problemas que podem ser identificados e analisados

Segundo LEFF (2000) ldquoA crise ambiental natildeo soacute se manifesta na destruiccedilatildeo do meio

fiacutesico e bioloacutegico mas tambeacutem na degradaccedilatildeo da qualidade de vida tanto no acircmbito rural

como no urbanordquo

22

12 NECESSIDADE DA CIEcircNCIA E SEUS MEacuteTODOS

Com o advento da ciecircncia os fenocircmenos que sempre intrigaram o ser humano

passaram a ser estudados e clarificados atraveacutes de processos de pesquisa

Com o avanccedilo das investigaccedilotildees haacute tambeacutem o avanccedilo do espiacuterito de curiosidade O

homem busca sempre uma consequumlecircncia para uma causa ou natildeo necessariamente nesta

ordem

Resolver duacutevidas muito intrincadas sobre certos fenocircmenos tem movido criado

aperfeiccediloado o pensar humano e cada vez mais contribuido para separaacute-lo do restante dos

animais que o cercam levando a um lugar comum privilegiado na evoluccedilatildeo das espeacutecies

Segundo MINAYO (1998) a ciecircncia tornou-se hegemocircnica na construccedilatildeo da realidade

por ter a pretensatildeo de ser o uacutenico promotor e tambeacutem por ser criteacuterio da verdade

Nela reside duas razotildees a possibilidade de responder a questotildees teacutecnicas e

tecnoloacutegicas postas pelo desenvolvimento industrial e outra consiste no fato dos cientistas

terem conseguido estabelecer uma linguagem fundamentada em conceitos meacutetodos e teacutecnicas

para compreensatildeo do mundo das coisas dos fenocircmenos dos processos e das relaccedilotildees

O conhecimento cientiacutefico eacute conseguido mediante e o que se chama de Meacutetodo

cientiacutefico Mas haacute ainda no campo da avaliaccedilatildeo de conhecimento de sua reproduccedilatildeo e sua

manipulaccedilatildeo algumas categorias que mais ou menos tentam ser mantenedoras do saber cada

uma na sua esfera de atuaccedilatildeo e por si revelam como o homem se comporta diante da

construccedilatildeo do saber Essas categorias satildeo

1 A tradiccedilatildeo onde certas crenccedilas satildeo aceitas como verdades onde por vezes pode

apresentar-se como obstaacuteculo agrave indagaccedilatildeo humana uma vez que as crenccedilas

encontram-se tatildeo arraigadas agrave nossa cultura que sua validade ou utilidade jamais

foram desafiadas ou validadas

2 Autoridade - a confianccedila nas autoridades eacute de certa forma inevitaacutevel porque natildeo pode

se tornar especialistas em cada problema confrontado

3 Experiecircncia pessoal onde se resolve os problemas com base em observaccedilotildees e

experiecircncias anteriores o que eacute um meacutetodo importante e funcional A capacidade de

generalizar reconhecer irregularidades e fazer previsotildees com base em observaccedilotildees

constitui uma marca da mente humana Mas a experiecircncia pessoal apresenta limitaccedilotildees

23

fundamentais como uma base agrave compreensatildeo pois a experiecircncia de cada pessoa pode

ser muito restrita para fazer generalizaccedilotildees vaacutelidas acerca de situaccedilotildees novas e as

experiecircncias pessoais tecircm as cores dos valores e preconceitos subjetivos

4 Tentativa e erro - por vezes se trata de algum problema tentando soluccedilotildees alternativas

Ainda que esse meacutetodo possa ser praacutetico em alguns casos eacute passiacutevel de falhas aleacutem

de ser ineficiente Ele tende a ser desorganizado e as soluccedilotildees satildeo em muitos casos

imprevisiacuteveis

5 Raciociacutenio loacutegico ndash costuma-se resolver problemas confiando nos processos de

pensamento loacutegico De fato o raciociacutenio loacutegico eacute um componente importante de

meacutetodo cientiacutefico mas em si e de si eacute limitado porque a validade da loacutegica dedutiva

depende da precisatildeo das informaccedilotildees com que iniciamos o processo e o raciociacutenio

em si pode constituir uma base insuficiente para avaliar a precisatildeo

Analisando os processos da indagaccedilatildeo e descobrimento supracitados chegamos a

conclusatildeo de que o conhecimento cientiacutefico eacute o meacutetodo mais sofisticado Ele combina

aspectos do raciociacutenio loacutegico com outros aspectos para criar um sistema de soluccedilatildeo de

problemas que embora faliacutevel eacute mais confiaacutevel do que os outros juntos Eacute um conjunto

geneacuterico de procedimentos ordenados e disciplinados utilizados para a aquisiccedilatildeo de

informaccedilotildees seguras e organizadas

Em um estudo cientiacutefico o pesquisador movimenta-se de uma forma ordenada e

sistemaacutetica a partir da definiccedilatildeo de um problema atraveacutes do delineamento do estudo e coleta

de informaccedilotildees ateacute a soluccedilatildeo do problema Usa a sistemaacutetica para poder chegar as conclusotildees

que se quer evidenciar Sistemaacutetica refere-se agrave forma com que o investigador evolui de uma

maneira loacutegica atraveacutes de uma seacuterie de etapas de acordo com um plano de accedilatildeo preacute-

estabelecido

A pesquisa cientiacutefica tem alguns propoacutesitos

A descriccedilatildeo em que se realiza uma investigaccedilatildeo descritiva onde se observa descreve

e classifica Quando natildeo haacute a necessidade de se descrever vaacuterios fenocircmenos

Outro propoacutesito eacute a exploraccedilatildeo onde se inicia por algum fenocircmeno de interesse

Busca explorar as dimensotildees desse fenocircmeno a maneira pela qual ele se manifesta e os outros

fatores com os quais ele se relaciona

A explicaccedilatildeo que busca encontrar o porquecirc de fenocircmenos naturais especiacuteficos

24

E por fim a previsatildeo e controle que no entanto costuma fazer-se previsotildees e

controlar fenocircmenos com base nas descobertas das investigaccedilotildees cientiacuteficas ateacute mesmo na

mais absoluta ausecircncia de compreensatildeo total

13 DIFERENTES TIPOS DE PESQUISA E A PESQUISA EM CIEcircNCIA SOCIAL

Profissionais de todas as aacutereas necessitam de uma base de conhecimentos a partir da

qual possam exercer sua praacutetica e o conhecimento cientiacutefico proporciona uma base

especialmente soacutelida

Costuma-se fazer a distinccedilatildeo entre dois grandes meacutetodos de coleta de informaccedilotildees

cientiacuteficas A pesquisa quantitativa com anaacutelise utilizando procedimentos estatiacutesticos e a

pesquisa qualitativa com anaacutelise de material narrativo subjetivo

O paradigma do positivismo loacutegico estaacute associado com maior frequumlecircncia aos meacutetodos

quantitativos onde se tende a enfatizar o raciociacutenio dedutivo as regras da loacutegica e os atributos

mensuraacuteveis da experiecircncia humana

Segundo POLIT e HUNGLER (1996) em geral a pesquisa quantitativa

bull Focaliza uma quantidade relativamente pequena de conceitos especiacuteficos

bull Inicia com ideacuteias preacute-concebidas acerca da maneira pela qual os conceitos estatildeo

inter-relacionados

bull Utiliza procedimentos estruturados e instrumentos formais para coletar

informaccedilotildees

bull Coleta as informaccedilotildees mediante condiccedilotildees de controle

bull Enfatiza a objetividade na coleta e anaacutelise das informaccedilotildees

bull Analisa as informaccedilotildees numeacutericas atraveacutes de procedimentos estatiacutesticos

Jaacute a pesquisa qualitativa salienta os aspectos dinacircmicos holiacutesticos e individuais da

experiecircncia humana tentando apreender tais aspectos em sua totalidade no contexto daqueles

que os estatildeo vivenciando

bull Tentando compreender a totalidade de determinados fenocircmeno mas do que focalizar

conceitos especiacuteficos

25

bull Possui poucas ideacuteias preacute-concebidas e salienta a importacircncia das interpretaccedilotildees dos

eventos e circunstacircncias pelas pessoas mais do que a interpretaccedilatildeo do pesquisador

bull Coleta informaccedilotildees sem instrumentos formais e estruturados

bull Natildeo tenta controlar o contexto da pesquisa e sim captar o contexto em sua

totalidade

bull Tenta capitalizar o subjetivo com um meio de compreender e interpretar as

experiecircncias pessoais

bull Analisa as informaccedilotildees narradas de uma forma organizada mas intuitiva

Praticamente toda pesquisa cientiacutefica parte de pressupostos do pesquisador sobre o que

quer e se costuma chamar de fenocircmeno

Esse eacute considerado o moto do trabalho cientiacutefico e sobre ele se debruccedilam as

interrogaccedilotildees que iratildeo levar o pesquisador as etapas do meacutetodo cientiacutefico POLIT e

HUNGLER (idem) o chama de construto E segundo essas autoras construto refere-se a uma

abstraccedilatildeo ou representaccedilatildeo mental inferidas a partir de situaccedilotildees acontecimentos ou

comportamentos

Esta dissertaccedilatildeo eacute uma pesquisa quanti-qualitativa de cunho social e tem uma

implicaccedilatildeo tanto na pesquisa social quanto na natildeo-social

MINAYO (1998) relata que haacute uma frequumlecircncia de debates quanto agrave cientificidade da

proacutepria ciecircncia social Haacute quem busca uniformizaccedilatildeo dos procedimentos para compreender

o natural e o social como condiccedilatildeo para atribuir o estatuto de ciecircncia ao campo social E

haacute quem reivindica a total diferenccedila e especificidade do campo humano

Essa cientificidade eacute levada agrave prova quando se pesquisa e se revela que de todas as

variaacuteveis empregadas conjuntas ou isoladamente revelam universos que soacute mesmo em

ciecircncias sociais poderia ser estudado e clarificado que foge das interpretaccedilotildees habituais das

ciecircncias naturais por ter incluso nela a subjetividade que a ciecircncia natural natildeo acompanha E

dessa discussatildeo surgem vaacuterias questotildees que segundo a autora citada envolve a possibilidade

concreta de pesquisar uma realidade da qual o proacuteprio pesquisador faz parte e eacute agente E faz-

se a pergunta Essa ordem de conhecimento natildeo escaparia radicalmente a toda possibilidade

de objetivaccedilatildeo

Eacute pertinente fazer outra pergunta Buscando a objetivaccedilatildeo proacutepria das ciecircncias

naturais natildeo se estaria descaracterizando o que haacute de essencial nos fenocircmenos e processos

sociais ou seja o profundo sentido dado pela subjetividade Uma terceira indagaccedilatildeo aborda

26

qual o melhor tipo de meacutetodo que serviria para explorar uma realidade muito marcada pela

especificidade e pela diferenciaccedilatildeo

MINAYO (idem) refere-se agraves caracteriacutesticas peculiares que envolvem os agentes

objetos da pesquisa social pois os fenocircmenos produzidos por eles podem ter uma

inconstacircncia profunda ou pode ser repetir no espaccedilo e no tempo mas certamente de modo

bem diferente da anterior Defende que a cientificidade tem que ser pensada como uma ideacuteia

reguladora de alta abstraccedilatildeo natildeo como sinocircnimo de modelos e normas a serem seguidos e

que a histoacuteria da ciecircncia revela natildeo um a priori mas o que foi produzido em determinado

momento histoacuterico com toda a relatividade do processo de conhecimento

Vale enumerar alguns objetivos das Ciecircncias Sociais

bull Historicidade e consciecircncia histoacuterica Eacute necessaacuterio dizer que objeto de estudo das

ciecircncias sociais possui consciecircncia histoacuterica Ou seja natildeo eacute apenas o investigador que

daacute sentido ao seu trabalho intelectual mas os seres humanos os grupos e as

sociedades

bull Nas ciecircncias sociais existe uma identidade entre sujeito e objeto A pesquisa nessa

aacuterea lida com seres humanos e esses tecircm um substrato comum de identificaccedilatildeo com o

investigador Segundo LEacuteVI STRAUSS (1975) apud MINAYO (1989)

Numa ciecircncia onde o observador eacute da mesma natureza que o objeto o observador

ele mesmo eacute uma parte de sua observaccedilatildeordquo

A ciecircncia social possui instrumentos e teorias capazes de fazer uma aproximaccedilatildeo da suntuosidade que eacute a vida dos seres humanos em sociedades ainda que de forma incompleta imperfeita e insatisfatoacuteria Para isso ela aborda o conjunto de expressotildees humanas constantes nas estruturas nos processos nos sujeitos nos significados e nas representaccedilotildees

MINAYO (1998)

27

14 A VIVEcircNCIA E ALGUMAS INTERROGACcedilOtildeES

A aacuterea de sauacutede como uma das grandes aacutereas do conhecimento humano eacute uma das

que recebe um aporte significante de valoraccedilatildeo econocircmica com isso faz movimentar a

economia e que com o passar dos anos incorporou uma nova modalidade ndash a ldquomedicalizaccedilatildeordquo

da sauacutede

Nela se inserem tanto instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas Do outro lado encontram-se os

clientes pessoas que satildeo usuaacuterias dos serviccedilos de sauacutede Satildeo elas de vaacuterias classes sociais

com as necessidades mais diversas

Nessa aacuterea satildeo produzidas grandes descobertas e a cada dia esperanccedilas satildeo renovadas

na espera de uma cura de uma soluccedilatildeo para os problemas do corpo A aacuterea da sauacutede eacute

fundamentalmente uma aacuterea que presta serviccedilos aos seus usuaacuterios Por ser uma aacuterea

fascinante interessei-me em adentrar e mergulhar nos seus conhecimentos A Enfermagem

permitiu-me esta inserccedilatildeo

Uma vez estudando o escopo dessa categoria profissional tive contato com vaacuterios

temas e vaacuterias teorias A enfermagem natildeo vecirc o usuaacuterio (o que ela chama de cliente) como

peccedila anatocircmica defeituosa precisando de reparos Ela encara o usuaacuterio como um indiviacuteduo

um ser dentro de um contexto fiacutesico quiacutemico psicoloacutegico social com uma histoacuteria de vida

que direciona o seu potencial de existecircncia e porque natildeo dizer seu comportamento Ser este

que precisa de alguma orientaccedilatildeo para que encontre um equiliacutebrio entre o seu eu e o meio

ambiente

Com a perda do Humano pela a praacutetica cotidiana da sauacutede muito se tem perdido no

entendimento de que esse o ser humano funciona Ele natildeo eacute simplesmente e pontualmente um

oacutergatildeo doente precisando de reparos mas sim um ser que estaacute inserido em um contexto soacutecio-

ambiental dinacircmico influenciando e pelo meio sendo influenciado Por isso a necessidade

atual de se considerar o homem como um todo e a promoccedilatildeo desse conhecimento

Essa promoccedilatildeo do todo estaacute diretamente relacionada com o meio ambiente Eacute o meio

ambiente que por abrigar o ser humano o objeto da enfermagem proporciona as condiccedilotildees de

existecircncia aacutegua luz alimentaccedilatildeo oxigenaccedilatildeo habitaccedilatildeo em termos concretos e por outro

lado socializaccedilatildeo integridade sauacutede mental felicidade amor gregaacuteria e etc em termos

abstratos O conjunto dos termos supracitados concretos etc abstratos formam os

condicionantes em sauacutede e porque natildeo dizer na existecircncia humana

28

ldquoO ciclo sauacutede-doenccedila que tambeacutem eacute conhecido como processo sauacutede-doenccedila pode ser definido como resposta dinacircmica que as classes sociais manifestam de forma diferenciada de acordo com a sua inserccedilatildeo no sistema de produccedilatildeo frente aos determinantes sociais resposta esta dada pelas caracteriacutesticas de risco e de potencialidades que satildeo reflexos do processo bioloacutegico de desgasterdquo

EGRY (1996)

O ser humano eacute um ser indivisiacutevel que vive entre o estar ou natildeo doente por

intermeacutedio da interaccedilatildeo meio-corpo-mente como muito apropriadamente afirma DILTHEY

(1991) apud BRANDAtildeO (1991) haver uma continuidade entre natureza e histoacuteria homem e

mundo e a compreensatildeo da vida atraveacutes do relacionamento do todo com suas partes o

significado da parte encontra-se no todo e o todo se forma a partir da compreensatildeo das partes

LEVINE (1967) apud HORTA (1979) uma teoacuterica de enfermagem desenvolveu a

Teoria Holiacutestica de Enfermagem em que coloca o homem como um todo dinacircmico em

constante interaccedilatildeo com o ambiente dinacircmico Sua teoria reconhece que o homem natildeo pode

ser dividido salientando a certeza que temos de que todas as funccedilotildees do corpo humano estatildeo

interligadas inclusive com o meio ambiente

ldquoO holismo ou a visatildeo holiacutestica eacute uma maneira de ver o mundo o Homem e a vida em

si como entidades uacutenicas completas e intimamente associadas Esta palavra vem do grego

holos que significa inteiro ou todo como em holograma grama=figura Holos=inteira

e representa um novo paradigma cientiacutefico e filosoacutefico que surgiu como resposta ao mal-estar

da poacutes-modernidade que eacute em grande parte causado pela cisatildeo dos aspectos humanos e

naturis trazida pelo antigo paradigma

Sendo uma forma de tentar unir o homem ao universo (natureza) onde estaacute inserido o

holismo visa agrave integraccedilatildeo dos seus aspectos fiacutesicos emocionais mentais etc O ser humano

natildeo eacute somente mateacuteria fiacutesica nem somente consciecircncia nem apenas emoccedilotildees logo levar em

consideraccedilatildeo apenas alguns desses aspectos isoladamente eacute perder de vista a sua inteireza

(neologismo para wholeness) sua integridade GUIA-JEU (2007)

Resgatando o conceito de holiacutestico para aplicarmos no campo da sauacutede atraveacutes da

enfermagem temos teoacutericos como Brian Swimme Stanley Krippner Jan Smuts Leonardo

Boff dentre outros que abordam como o ser humano eacute constituiacutedo por sistemas inclusive

sistemas externos a esse indiviacuteduo ndash meio ambiente

29

Nas palavras de BOFF (1980)

ldquoA ecologia integral procura acostumar o ser humano com esta visatildeo global e holiacutestica O holismo natildeo significa a soma das partes mas a captaccedilatildeo da totalidade orgacircnica uma e diversa em suas partes mas sempre articuladas entre si dentro da totalidade e constituindo esta totalidade Esta cosmovisatildeo desperta no ser humano a consciecircncia de sua funcionalidade dentro desta imensa totalidade Ele eacute um ser que pode captar todas estas dimensotildees alegrar-se com elas louvar e agradecer aquela Inteligecircncia que tudo ordena e aquele Amor que tudo move sentir-se um ser eacutetico responsaacutevel ela parte do universo que lhe cabe habitar a Terra Ela a Terra eacute segundo notaacuteveis cientistas um superorganismo vivo denominado GAIA com calibragens muito refinadas de elementos fiacutesico-quiacutemicos e auto-organizacionais que somente um ser vivo pode ter importa fazermos as pazes e natildeo apenas uma treacutegua com a Terra Cumpre refazermos uma alianccedila de fraternidadesororidade e de respeito para com elardquo

Para promover a adoccedilatildeo de um novo paradigma para a ciecircncia autores como WEIL

(2000) afirmam que nosso mundo estaacute em crise provocada por lacunas e falhas do paradigma

newtonianocartesiano e suas extrapolaccedilotildees Daiacute a necessidade de um novo paradigma ndash o

holismo Ele parte da tese de que a felicidade prometida pelas aplicaccedilotildees indiscriminadas da

ciecircncia moderna sob forma de tecnologia estaacute se transformando no seu contraacuterio e

ocasionando um impacto ambiental sem que haja uma renovaccedilatildeo raacutepida e suficiente dos

ecossistemas

A prerrogativa para a construccedilatildeo desta pesquisa e o interesse em sediaacute-la no Programa

de Mestrado em Ciecircncia Ambiental partiu da necessidade de se construir um diaacutelogo entre o

saber desta ciecircncia e a tomada da consciecircncia de que a manutenccedilatildeo de um meio ambiente

adequado eacute vital para a sobrevivecircncia da espeacutecie humana Aleacutem disso resgata para estudo a

necessidade de se encarar que sauacutede ndash ser humano ndash desenvolvimento sustentaacutevel satildeo termos

intercambiaacuteveis e natildeo excludentes

Nesses anos de praacutetica profissional lidando com sauacutede se percebe que sauacutede natildeo eacute

somente a ausecircncia de doenccedila mas sim um conjunto de fatores Disto resulta a percepccedilatildeo de

que ateacute Poliacuteticas Puacuteblicas Poliacuteticas Econocircmicas e o Meio Ambiente estatildeo diretamente

implicados na busca pela sauacutede Em um universo social onde os atores sociais se encontram

para representar o grande papel de suas vidas que eacute a existecircncia a compreensatildeo do conceito

de CIDADANIA eacute fundamental

30

Dentro do contexto cidadania e sua vivecircncia se percebe que a cidadania eacute um bem

escasso ou por outro acircngulo uma experiecircncia natildeo plenamente alcanccedilada para grande parcela

da populaccedilatildeo especialmente populaccedilatildeo de baixa renda Esta inacessibilidade traz

consequumlecircncias graves para a vida social

Cidadania encarada como a possibilidade de ter dignidade de moradia de alimentaccedilatildeo

de transporte de trabalho de salaacuterio digno de ser socialmente aceito de educaccedilatildeo de ser

amado ou querido de ter liberdade lazer de ter SAUacuteDE O conceito de sauacutede eacute dinacircmico eacute

vivido e construiacutedo ao longo do tempo e depende de variaacuteveis um tanto dinacircmicas para ser

alcanccedilado Uma populaccedilatildeo qualquer depende do Estado para a concretizaccedilatildeo do viver sauacutede

o que tem uma ligaccedilatildeo muito forte com meio ambiente economia etc Ficaria faacutecil uma

visualizaccedilatildeo do que se quer dizer se for tomar um grupo especiacutefico para um estudo Eacute

justamente esta a proposta empregada no desenvolvimento desta pesquisa Questotildees como A

sauacutede do ser humano estaacute relacionada agraves condiccedilotildees de vida e de meio ambiente no qual ele

estaacute inserido Como os problemas de sauacutede do ser humano satildeo influenciados e influenciam o

meio ambiente Como o ser humano percebe meio ambiente e sauacutede Seraacute que haacute realmente

de fato para eles uma inter-relaccedilatildeo seacuteria e restrita desses dois conceitos Eles satildeo percebidos

pelas populaccedilotildees Satildeo questotildees chaves na construccedilatildeo de um entendimento do processo

dinacircmico que se estabelece no contexto social

Talvez termos como violecircncia desnutriccedilatildeo ocupaccedilatildeo de encostas desmatamento

degradaccedilatildeo da qualidade de vida cacircncer AIDS derramamento de oacuteleo pesca predatoacuteria

extinccedilatildeo da biodiversidade etc sejam a pequena ponta de um ice-berg que ainda estaacute

totalmente desconhecido sob outro acircngulo um desequiliacutebrio que o proacuteprio homem causou e

vem causando ao meio ambiente

Uma curiosidade do sistema brasileiro de sauacutede se revela no paradoxo existente entre a

populaccedilatildeo e o Estado este mesmo tendo um tom autoritaacuterio compulsoacuterio emprega um forte

paternalismo quando o assunto eacute sauacutede e mais paradoxal ainda tem um descaso

conhecidamente famoso quando se trata de meio ambiente

O Governo Federal emprega cifras astronocircmicas para o fomento desenvolvimento e

execuccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas inclusive poliacuteticas de sauacutede O ldquogrossordquo da destinaccedilatildeo dos

recursos em sauacutede satildeo utilizados pelo setor terciaacuterio em sauacutede - o ldquosetor curativordquo Os gastos

em sauacutede primaacuteria apesar de serem sem duacutevida alguma importantes natildeo criam condiccedilotildees

para que haja um real fomento construccedilatildeo execuccedilatildeo de poliacuteticas preventivas Neste campo o

Brasil precisa crescer e muito

31

Apesar do grande avanccedilo nacional em termos de programas de sauacutede nenhum deles

satisfaz a necessidade aqui de se colocar em evidecircncia o meio ambiente e ou fomenta uma

preocupaccedilatildeo com o mesmo

As estatiacutesticas do Datasus mostram que muitas patologias poderiam ter sido

plenamente descobertas e tratadas a niacutevel primaacuterio poderiam aliviar os custos econocircmicos e

sociais que se estaacute a operar em solo brasileiro na atualidade

Talvez nem toda culpa deva recair somente sobre o Estado Os brasileiros tecircm a sua

parcela na medida em que atraveacutes do miacutenimo acesso que tem agrave informaccedilatildeo natildeo satildeo capazes

de assumir um comportamento favoraacutevel ou reduzir os riscos

Seraacute que o grande eixo encontra-se no que a populaccedilatildeo sabe sobre o processo sauacutede-

doenccedila O que habita seu imaginaacuterio Como eles incorporam sauacutede as suas vidas O que

sabem de cidadania Sobre o meio ambiente que as cerca

Traccedilando um perfil do montante de pacientes que procura os serviccedilos hospitalares a

grande maioria deles satildeo oriundos da sociedade de entorno e que varia quantitativa e

qualitativamente de acordo com o local onde o hospital estaacute instalado Desses pode-se

perceber a urgecircncia de doenccedilas que seriam plenamente prevenidas e tratadas a niacutevel primaacuterio

em sauacutede mas se natildeo descobertas e tratadas tornam-se verdadeiros marcos na vida tanto do

paciente quanto da sua famiacutelia

A medicalizaccedilatildeo do serviccedilo de sauacutede torna-se irreversiacutevel dentro de um contexto de

expansatildeo capitalista e estabelece uma relaccedilatildeo perversa entre o acesso ao atendimento em

sauacutede e a sua demanda Para um paiacutes continental que eacute o Brasil deveria haver tambeacutem uma

expansatildeo do atendimento puacuteblico e gratuito em sauacutede para que houvesse a satisfaccedilatildeo da

tamanha demanda por estes serviccedilos Deveria haver uma maior acreditaccedilatildeo na dinacircmica

homem-natureza

A medicalizaccedilatildeo do serviccedilo de sauacutede se deve ao modelo em sauacutede estabelecido na

deacutecada de 30 onde o hospital tornou-se no imaginaacuterio social o grande interventor em sauacutede

Com isto houve um detrimento da atenccedilatildeo primaacuteria em sauacutede que foi um modelo renegado

quase que completamente ateacute haacute alguns anos atraacutes Mas esse modelo vem sobressaindo com a

intervenccedilatildeo do Estado pois chegou-se a conclusatildeo que para o acesso a sauacutede as pessoas natildeo

poderiam somente ter acesso ao hospital mas sim a atenccedilatildeo baacutesica onde satildeo desenvolvidos

programas que em uacuteltima anaacutelise evitam que os usuaacuterios busquem o hospital Satildeo programas

como alto poder de impacto que uma vez desenvolvido com os usuaacuterios podem ser capazes

de reduzir a morbidade e mortalidade de muitas doenccedilas pois partem do princiacutepio de que

32

educaccedilatildeo vacinaccedilatildeo iniacutecio de diagnoacutestico entre outros eacute importante para a prevenccedilatildeo de

doenccedilas

Mas ainda hoje o acesso tambeacutem a essa intervenccedilatildeo primaacuteria em sauacutede natildeo eacute

totalmente distribuiacuteda e nem eacute tambeacutem compreendida Quando se fala em crise ambiental

vaacuterios fatores que levam o indiviacuteduo e a coletividade adoecerem satildeo imediatamente postos em

questatildeo essas doenccedilas e mortes satildeo custos satildeo externalidades graves irreversiacuteveis e

irreparaacuteveis Eacute um problema ambiental sim na medida em que o que estaacute em jogo eacute a espeacutecie

Homo sapiens na sua interaccedilatildeo com o seu meio Eacute problema ambiental porque se natildeo o fosse

a populaccedilatildeo desvelaria uma nova forma de formar e se conduzir frente as diversas atrocidades

que acontece com o planeta e que o ser humano tem que ser inserido natildeo somente como um

depredador do meio mas como viacutetima tambeacutem dessa depredaccedilatildeo

A sociedade haacute que encarar seriamente as necessidades prementes de alimentaccedilatildeo

educaccedilatildeo moradia produccedilatildeo de divisas encarar a pobreza como entrave para a

sustentabilidade do planeta e encarar que o ser humano tambeacutem estaacute padecendo assim como

as florestas assim como a poluiccedilatildeo exponencialmente crescente

33

CAPIacuteTULO DOIS

A CRISE ECOLOacuteGICA

21 CRISE ECOLOacuteGIA E CAPITALISMO

Uma vez que na evoluccedilatildeo das sociedades modernas alguns fatores foram criacuteticos na

busca de um motivo para a existecircncia Deste resultou praticamente a necessidade de lucro

Daiacute deriva-se todo o empreendimento humano no sentido de trocas que por seu fim

simbolizavam o lucro

A crise ecoloacutegica eacute real e se manifesta de diversas formas que vatildeo desde os grandes

desmatamentos ateacute a luta por sobrevivecircncia da proacutepria espeacutecie humana A crise ambiental eacute o

centro das atividades antroacutepicas e torna-se irremediaacutevel na medida em que o limiar de

resiliecircncia do planeta eacute ultrapassado advindas de todo o avanccedilo que as sociedades humanas

tecircm estabelecido sobre a superfiacutecie do planeta

Eacute de fato alarmante perceber que na evoluccedilatildeo do ser humano para cada passo dado agrave

diante dois satildeo dados em sentido contraacuterio Isto porque mesmo com todo o avanccedilo cientiacutefico-

tecnoloacutegico pessoas ainda natildeo tecircm acesso a vida digna sendo explorados de alguma forma

por este sistema cruel que aumenta mais e mais o fosso entre quem tem recursos financeiros

adequados e entre aqueles que sobrevivem da migalha

De acordo com Relatoacuterio Siacutentese da Avaliaccedilatildeo Ecossistecircmica do Milecircnio (2005)

Nos uacuteltimos 50 anos o homem modificou os ecossistemas mais raacutepida e extensivamente que em qualquer intervalo de tempo equivalente na historia da humanidade na maioria das vezes para suprir rapidamente a crescente demanda por alimentos aacutegua potaacutevel madeira fibras e combustiacutevel Isto acarretou uma perda substancial e em grande medida irreversiacutevel para a diversidade da vida no planetardquo

34

Eacute possiacutevel falar em crise ambiental pois esta eacute de fato um produto da atividade

humana de todo o impacto que as tecnologias inventadas tem proporcionado ao planeta de

uma irracionalidade visivelmente embasada na exploraccedilatildeo do meio ambiente com

consequumlente impactaccedilatildeo e a conversatildeo dos recursos naturais em capital Esta crise comeccedila

justamente com a ilusatildeo de domiacutenio sobre a natureza e a exacerbaccedilatildeo do ter sobre o ser

Para falar de crise ambiental haacute que se traccedilar um percurso que tome o capitalismo

como seu centro nervoso Ele evoluiu e se ramificou no seio da sociedade mundial nestes

uacuteltimos seacuteculos com o fim do modo de produccedilatildeo feudal e mudando-se ldquonaturalmenterdquo para o

modo de produccedilatildeo capitalista com a crescente urbanizaccedilatildeo bem como o crescimento

exorbitante da populaccedilatildeo a mudanccedila da noccedilatildeo de distacircncia e o poderio do mercado em

detrimento da sociedade A natureza eacute transformada em recurso natural

Percorrendo um caminho histoacuterico da capitalizaccedilatildeo dos recursos naturais haacute relatos de

LEacuteRY (1972) que fala da devastaccedilatildeo das matas brasileiras agrave eacutepoca do periacuteodo quinhentista

pelos portugueses e franceses

ldquoUma vez um velho perguntou-me por que vindes voacutes outros mairs e peroacutes buscar lenha de tatildeo longe para vos aquecer Natildeo tendes madeira em vossa terra Respondi que tiacutenhamos muita mas natildeo daquela quantidade e que natildeo a queimaacutevamos como ele supunha mas dela extraiacuteamos tinta para tingir tal qual o faziam eles com seus cordotildees de algodatildeo e suas plumas

Retrucou o velho imediatamente e por ventura precisas de muito ndash sim respondi-lhe pois em nosso paiacutes existem negociantes que possuem mais panos facas tesouras espelhos e outras mercadorias do que poderias imaginar e um soacute deles compra todo o pau-brasil com que muitos navios voltam carregados agora vejo que voacutes outros mairs sois grandes loucos pois atravessais o mar e sofreis grandes incocircmodos como dizeis quando aqui chegais e trabalhais tanto para amontoar riquezas para vossos filhos ou parar aqueles que vos sobrevivem Natildeo seraacute a terra que vos nutriu suficiente para alimentaacute-los tambeacutem

Natildeo haacute necessidades naturais para o ser humano Toda sociedade cria um conjunto de

necessidades para seus membros e lhes ensina que a vida natildeo vale a pena ser vivida a natildeo ser

que estas necessidades sejam bem ou mal satisfeitas e surge o capitalismo colocando no

centro de tudo as necessidades econocircmicas Assim comeccedila a triste histoacuteria do surgimento da

uma crise ambiental que se intensifica ateacute os dias atuais e que hoje em pleno seacuteculo XXI eacute

35

alvo de movimento de conscientizaccedilatildeo por quase todo o planeta que mobiliza cientistas

centros universitaacuterios empresas e a sociedade civil organizada

KRUGER (2001) afirma

ldquoEm um estaacutegio inicial a Natureza domina o Homem Entre 50 e 40 mil anos atraacutes caccediladores e coletores apresentavam teacutecnicas rudimentares tendo o nomadismo sem acumulaccedilatildeo de bens como principal modo de vida A organizaccedilatildeo tanto das pequenas comunidades como do tempo era primitiva Com o surgimento da agricultura (10 mil anos atraacutes) haacute o domiacutenio das teacutecnicas por todos os membros da comunidade O modo de vida torna-se sedentaacuterio havendo o aparecimento de regras chefias com organizaccedilatildeo poliacutetica e temporal marcada por periacuteodos de plantio e colheita A era do ferro fundido (3 a 4 mil anos atraacutes) marca o iniacutecio da especializaccedilatildeo do trabalho com uma estratificaccedilatildeo da sociedade e do conhecimento e uma consequumlente perda individual do domiacutenio do conhecimento Soacute a partir do seacuteculo XVII com o surgimento da ciecircncia moderna eacute que aparece a tecnologia como eacute entendida hoje em dia isto eacute um saber fazer baseado em teoria e experimentaccedilatildeo cientiacutefica natildeo sendo possiacutevel separar nitidamente as duas Com a Revoluccedilatildeo Industrial do seacuteculo XVIII daacute-se a alianccedila entre ciecircncia e teacutecnica Indiretamente a ciecircncia teve uma presenccedila marcante sobretudo atraveacutes do meacutetodo e do espiacuterito cientiacutefico no meio teacutecnico e artesanal O ideal da ciecircncia se disseminou entre os artesatildeos manufatureiros mormente no Norte da Inglaterra MOTOYAMA (1995 apud KRUGER 2001) A reuniatildeo da teacutecnica com a disciplina cientiacutefica atinge um alto niacutevel de generalidade e de sistematizaccedilatildeo quando se desenvolvem processos proacuteprios de trabalho apresentando uma grande importacircncia para alguns intelectuais franceses contemporacircneos que nela vecircem exatamente a transiccedilatildeo da teacutecnica para a tecnologia GAMA (1986 apud KRUGER 2001)rdquo

Na histoacuteria da crise ambiental o excedente ainda no Modo de Produccedilatildeo Comunal

Primitivo permitiu a especializaccedilatildeo e as trocas e levou a uma contiacutenua e crescente

exploraccedilatildeo da natureza pelo homem bem como do proacuteprio homem pelo homem Essa

exploraccedilatildeo teve seu grande impulso com o surgimento de ideologias que pretendiam libertar

o homem de qualquer tradicionalismo eou costumes arcaicos normalmente ligados agrave vida

rural e agrave terra

POLANYI (1980) discute o processo histoacuterico que transformou a terra em mercado e

mercadoria elucidando a diferenccedila entre o uso e a propriedade privada dessa terra que foi

36

convertida pela economia em ldquorecurso naturalrdquo Ele compara esse processo ao anaacutelogo por

que passou o trabalho que levou o homem a se tornar ldquorecurso humanordquo ressaltando que essa

transformaccedilatildeo se deu mais rapidamente e mais facilmente do que a da terra Fechando uma

primeira etapa na evoluccedilatildeo da crise ambiental

Essa exploraccedilatildeo do ldquorecurso naturalrdquo e do ldquorecurso humanordquo foi ideologicamente

justificado O Iluminismo foi um avanccedilo cultural a partir da ciecircncia e o domiacutenio sobre a

natureza foi considerado vital para a ciecircncia para a teacutecnica e muita das vezes sob uma eacutetica

especiacutefica O que eacute embasado por HOBSBAWM (1988) que descrevendo-o no contexto

histoacuterico mostrando que pelo iluminismo houve uma libertaccedilatildeo da Idade Meacutedia para tempo

modernos Vale lembrar que o iluminismo se situa em uma eacutepoca onde Franccedila e Inglaterra

passaram por suas revoluccedilotildees com isso pregava como sociedade livre aquela comandada pela

razatildeo e pelo capitalismo Logo o objetivo do capitalismo era de libertar todos os seres

humanos Todas as ideologias humanistas racionalistas e progressistas estatildeo impliacutecitas

nele e de fato surgiram dele

Desde entatildeo o capitalismo eacute visto entatildeo como o libertador O filoacutesofo Locke por

exemplo diz que a propriedade privada ldquolibertardquo

Esse eacute um processo muito semelhante ao que acontece hoje com o conceito de

desenvolvimento sustentaacutevel apropriado pelo discurso poliacutetico como uma palavra maacutegica

que abre portas consegue recursos e tudo justifica HAYWARD (1994) lembra que o

iluminismo eacute a emergecircncia do ser racional livre (Muumlndigkeit = autonomia madura a

liberdade de tomar uma responsabilidade e a capacidade de usar a proacutepria liberdade) Ele

surge com o intuito de libertar o homem do encantamento dos mitos (da Idade Meacutedia) mas

acaba levando a um novo culto o culto agrave razatildeo Assim o domiacutenio sobre a natureza aparece

dentro de um contexto moral determinado pela razatildeo que tudo justificaria Fazendo par com

as ideacuteias iluministas estatildeo as ideacuteias do Liberalismo econocircmico base modo de produccedilatildeo

capitalista tambeacutem inspiradas na razatildeo e na loacutegica simples Para essa questatildeo jaacute existe uma

resposta conhecida eacute a resposta capitalista A mais bela e concisa formulaccedilatildeo do espiacuterito do

capitalismo eacute o enunciado pragmaacutetico de Descartes Atingir o saber e a verdade para nos

tornarmos senhores e possuidores da natureza

O homem julgando-se acima de tudo e de todos amparado pelo racionalismo e pelas

descobertas da ciecircncia depositou seus principais desejos e aspiraccedilotildees na busca do sucesso

econocircmico pela vontade de ter acumular cada vez mais riquezas e por conseguinte mais

poder sobre seus iguais esquecendo-se assim da sua real condiccedilatildeo de ser da parceria com a

natureza

37

Tornou-se banal usar a natureza devastando-a em prol do progresso econocircmico que

seria a uacutenica forma de gerar felicidade para todos convencendo-se de que um dia ele seraacute

recompensado com a felicidade pelo seu progresso econocircmico

Mas natildeo bastou somente dominar a natureza O homem tambeacutem foi dominado

escravizado tornou-se moeda de troca e assim assumiu um valor econocircmico

TAYRA (2004) afirma que a explosatildeo demograacutefica ocorrida ao longo dos uacuteltimos

seacuteculos eacute o principal fator de causa do processo da crise isto devido tambeacutem ao grande

avanccedilo dos meios de produccedilatildeo para suprir as necessidades dessa demanda crescente

Agora no seacuteculo XXI natildeo eacute mais possiacutevel minimizar os efeitos da crise Essa inserida

dramaticamente no conceito de globalizaccedilatildeo traz a escassez ecoloacutegica e retrata como a

acumulaccedilatildeo capitalista eacute perversa intensificando os movimentos de expansatildeo territoriais e

subordinaccedilatildeo das formas de trabalho trazendo tambeacutem as implicaccedilotildees econocircmicas sociais e

poliacuteticas do processo de globalizaccedilatildeo ndash distribuiccedilatildeo ecoloacutegica de conflitos

22 A ECONOMIA ECOLOacuteGICA

O moderno processo civilizatoacuterio que funda-se em princiacutepios de racionalidade

econocircmica e instrumental acabou por moldar as diversas esferas da sociedade atraveacutes dos

padrotildees tecnoloacutegicos as praacuteticas de produccedilatildeo a organizaccedilatildeo burocraacutetica e os aparelhos

ideoloacutegicos do Estado onde haacute muito se comeccedila a questionar os custos soacutecio-ambientais

derivados da racionalidade produtiva fundada no caacutelculo econocircmico na eficaacutecia dos sistemas

de seus meios tecnoloacutegicos

As mudanccedilas que ocorreram nos ecossistemas e vem ocorrendo contribuiacuteram com

ganhos finais substanciais para o bem-estar humano e o desenvolvimento econocircmico mas

esses ganhos foram obtidos a um custo crescente que incluiu a degradaccedilatildeo de muitos serviccedilos

dos ecossistemas trazendo maior risco de mudanccedilas atmosfeacutericas a exacerbaccedilatildeo da pobreza

para alguns grupos da populaccedilatildeo etc

Por que eacute importante descrever a economia ecoloacutegica no contexto da crise ambiental

Porque aquela tem uma participaccedilatildeo e funccedilatildeo de economicamente mitigar alguns processos

deleteacuterios da crise e eacute uma das soluccedilotildees encontradas para que atraveacutes da loacutegica mercantilista

no meio ambiente cursando assim como a boa vontade poliacutetica que alguns governos tem se

engajados Atraveacutes de medidas econocircmicas trazer valoraccedilatildeo natildeo somente aos recursos

naturais em si mas tambeacutem a forma com que esses recursos estatildeo sendo utilizados na sua

38

impactaccedilatildeo e na sua demanda Essa questatildeo pode ser exemplificada no caso do ICMS-

Ecoloacutegico nas gestotildees dos comitecircs de bacia hidrograacutefica De uma forma os recursos gerados

chegam agraves populaccedilotildees mediante recursos disponiacuteveis para que seja executado medidas

compensatoacuterias

ldquoOs economistas modernos vatildeo fundar a economia no conceito de escassez que paradoxalmente eacute o contraacuterio da riqueza Tanto eacute assim que os bens abundantes ndash ideacuteia central da riqueza ndash natildeo satildeo considerados como bens econocircmicos e sim como naturais Somente agrave medida que a aacutegua e o ar se tornam escassos eacute que a economia passa a se interessar em incorporaacute-los como bens no sentido econocircmico modernordquo

PORTO-GONCcedilALVES (2006)

CAVALCANTI (1998) afirma natildeo se poder mais aceitar que a loacutegica do

desenvolvimento da economia entre em conflito com a loacutegica e governe a evoluccedilatildeo da

biosfera Ele ressalta ainda que o grande desafio da economia da sustentabilidade como eacute

chamado algumas praacuteticas de repensar a crise ambiental e fazer algo para sua reversatildeo eacute

exatamente desenvolver meacutetodos para integrar princiacutepios ecoloacutegicos e limites fiacutesicos no

formalismo dos modelos econocircmicos prevalecentes Assim passou-se a incluir ao nosso

vocabulaacuterio termos como compensaccedilatildeo ambiental internalizaccedilatildeo do dano princiacutepio do

poluidor pagador certificados negociaacuteveis de poluiccedilatildeo comitecircs gestores de bacia dentre

outros termos

Apesar de a valoraccedilatildeo econocircmica ainda natildeo ter sido aplicada em todas as possiacuteveis

aacutereas a sociedade tem se mobilizado e contribuindo de forma incisiva Autores como

MOTTA (2004) afirmam que as variaccedilotildees de bem-estar das famiacutelias estatildeo relacionadas por

decisotildees dos investimentos puacuteblicos e que na valorizaccedilatildeo do meio ambiente atraveacutes da

praacutetica econocircmica os valores sociais dos bens e serviccedilos satildeo considerados de forma a refletir

variaccedilotildees de bem-estar e natildeo somente seus respectivos valores de mercado O lixo por

exemplo eacute um produto de uma sociedade cada vez mais consumista e por gerar grandes

volumes necessita de locais finais para a sua destinaccedilatildeo que consequentemente grandes aacutereas

ambientais para sua recepccedilatildeo Nesse caso a valoraccedilatildeo poderia ser usada para permitir um

fluxo real de volume que sem duacutevida reduziria a problemaacutetica da destinaccedilatildeo final Talvez a

valorizaccedilatildeo econocircmica deveria ser melhor entendida na sua ampla capacidade em benefiacutecio

39

tanto para o meio ambiente como para as pessoas diretamente natildeo excluindo com isso as

comunidades que hoje se chamam favela

23 O QUE Eacute A CRISE ECOLOacuteGICA

A crise ecoloacutegica eacute tambeacutem uma crise de percepccedilatildeo que coloca em duacutevida todo o

processo civilizatoacuterio vivido ateacute aqui A materializaccedilatildeo de necessidades e desejos natildeo

significou a felicidade pretendida para todos mas sim um movimento cada vez mais forte de

exclusatildeo e miseacuteria de escala planetaacuteria que se faz sentir em uma parcela cada vez maior da

populaccedilatildeo

Essa crise natildeo eacute soacute ecoloacutegico-ambiental mas tambeacutem eacute social moral e econocircmica Eacute

uma resultante da irresponsabilidade da humanidade perante si mesma pela sua incapacidade

de olhar o passado e de olhar-se no presente ficando cega para o que pode vir depois como

consequumlecircncia de seus atos ou pela falta deles

Eacute uma crise de toda a sociedade crise da energia

ENZENSBERGER (1976) diz que antes de ter uma explicaccedilatildeo eminentemente

natural ela eacute resultado de um processo social ligado intimamente ao modo de produccedilatildeo

capitalista O autor defende a seguinte hipoacutetese central levantada pela ecologia As

sociedades industriais produzem contradiccedilotildees ecoloacutegicas que deveratildeo conduzi-las agrave sua

ruiacutena em um tempo previsiacutevel

PORTO-GONCcedilALVES (2006) um dos mais atilados ecologistas poliacuteticos da

atualidade nos situa de forma ainda mais precisa na atual crise planetaacuteria quando afirma que

o desafio ambiental se coloca no centro do debate geopoliacutetico contemporacircneo enquanto

questatildeo territorial na medida em que potildee em questatildeo a proacutepria relaccedilatildeo da sociedade com a

natureza ou melhor a relaccedilatildeo da humanidade na sua diversidade com o planeta nas suas

diferentes qualidadesrdquo

Existe uma aparente ruptura entre a dimensatildeo soacutecio-cultural-econocircmica e as variaacuteveis

ambientais Entretanto a cada dia mais se percebe a necessidade da inserccedilatildeo ambiental nestes

processos sob pena de se ampliarem as desigualdades sociais entre povos e regiotildees

conduzindo agravequilo que vem sendo denominado de desenvolvimento sustentaacutevel A

humanidade parece perdida a vagar por entre as consequumlecircncias de uma crise de percepccedilatildeo

que coloca em duacutevida todo o processo civilizatoacuterio vivido ateacute aqui

40

Eacute possiacutevel superar a crise ambiental nos marcos do sistema capitalista Como eacute que

isto se relaciona com as causas sociais e que soluccedilotildees sociais podem ser oferecidas em

resposta tornaram-se as questotildees mais urgentes com que a humanidade se defronta ndash questatildeo

de sobrevivecircncia Haacute a clara necessidade de ser superada a dicotomia entre o desenvolvimento

econocircmico e o direito a um ambiente saudaacutevel A isso tambeacutem relacionam-se as questotildees de

justiccedila social e justiccedila ambiental jaacute que em se reduzindo a qualidade ambiental afeta-se

tambeacutem a qualidade de vida com o surgimento dos impactos sociais culturais sanitaacuterios etc

Segundo POLANYI (1980) ldquoimaginar a vida do homem sem terra eacute o mesmo que imaginaacute-lo

nascendo sem matildeos e peacutesrdquo

24 O PAPEL DA SOCIEDADE NA BUSCA POR SOLUCcedilOtildeES DA CRISE

Para buscar a resoluccedilatildeo da crise ecoloacutegica haacute que se fazer um esforccedilo conjunto de

toda a sociedade civil organizada Deve haver projetos seacuterios que satisfaccedilam as demandas

sociais e naturais Haacute que se ter leis poliacuteticas puacuteblicas boa vontade dos gerentes do Estado

participaccedilatildeo social e principalmente o homem se ver como espeacutecie ameaccedilada

Certamente natildeo existem soluccedilotildees maacutegicas capazes de reverter no curto prazo seacuteculos

de degradaccedilatildeo ambiental e de reproduccedilatildeo de um modelo de dominaccedilatildeo social excludente e

explorador Contudo a tomada de consciecircncia de cada um deve ser imediata

Soacute haveraacute possibilidade de mudanccedila real a partir de uma transformaccedilatildeo profunda no

pensar e no agir da humanidade substituindo o ter pelo ser em sua ordem de prioridade Esse

eacute um ideal perfeitamente alcanccedilaacutevel no entanto para se chegar ateacute ele eacute preciso uma mudanccedila

radical na forma de sentir do ser humano para que se possa entatildeo perceber o seu entorno e

renovar as relaccedilotildees na Terra e com a terra promovendo um modo de vida mais digno e eacutetico

Alguns autores abordam a necessidade de reduccedilatildeo do consumo ter poliacuteticas claras de

natalidade ampliar a participaccedilatildeo econocircmica dos paiacuteses desenvolvidos na busca pela reduccedilatildeo

da pobreza a reduccedilatildeo da degradaccedilatildeo ambiental como o desmatamento a poluiccedilatildeo dos corpos

hiacutedricos etc Eacute juntar-se agrave luta que pode se iniciar pela educaccedilatildeo ambiental

Importa construir a relaccedilatildeo entre as lutas sociais e as ambientais pois aquelas satildeo na

sua grande maioria advindas das lutas destas e elas concordam unidas ao redor de objetivos

comuns

Este eacute o teor que ALIER (1998) tem produzido como tese e que segundo ele o

ecologismo dos pobres ou ecologismo popular tem como eixo fundamental o interesse

41

pelo meio ambiente como fonte de condiccedilatildeo para a subsistecircncia e como fundamento eacutetico a

demanda por justiccedila social (e ambiental acrescentaria) contemporacircnea entre os humanos

O ecologismo popular eacute uma corrente do movimento ambientalista que se propotildee a

lutar contra os impactos ambientais que ameaccedilam os pobres que constituem a ampla maioria

da populaccedilatildeo em muitos paiacuteses Eacute a presenccedila do preconceito ambiental que eacute relegado agrave

periferia a vizinhanccedila com as induacutestrias poluidoras lixotildees ou mesmo bairros bastante

degradados em potencial humano

Dessa maneira os principais problemas soacutecio-ambientais que por exemplo assolam

as cidades da modernidade estatildeo intimamente associados agrave complexa relaccedilatildeo entre pobreza e

o natildeo-acesso aos serviccedilos de consumo coletivo Entatildeo a luta pelo fim da crise ambiental seraacute

mostra atraveacutes de uma tomada de conscientizaccedilatildeo a soma de esforccedilos o entendimento entre

Estado e sociedade e ateacute mesmo entre Estado e Estado Comeccedila em se reconhecer humano

reconhecer as falhas e mudar de atitude que prejudique mais o meio ambiente eacute a praacutetica do

desenvolvimento realmente sustentaacutevel que requer que se removam as principais fontes de

privaccedilotildees de liberdade ldquopobreza e tirania carecircncia de oportunidades econocircmicas e

destruiccedilatildeo social sistemaacutetica negligecircncia dos serviccedilos puacuteblicos e intoleracircncia excessiva de

Estados repressivosrdquo SEN (2000)

O papel da sociedade eacute vital para a a busca da resoluccedilatildeo da crise ambiental Ela pode

se manifestar por diversas formas algumas dessas lidando diretamente com o problemas e

tantas outras de forma indireta Hoje em dia essa participaccedilatildeo pode se manifestar dentre

outras nas seguintes formas

1 Na representatividade poliacutetica ndash onde grupos de pessoas com formaccedilatildeo teacutecnica ou

apenas poliacuteticos engajam-se na formulaccedilatildeo de leis que pleiteiam melhorias ambientais e

manutenccedilatildeo do que haacute ainda de recursos naturais como eacute o caso do Misteacuterio do Meio

Ambiente de deputados dentro das diversas camadas da estrutura poliacutetico

administrativa brasileira

2 acordos poliacuteticos unilaterais e bilaterais como por exemplo foi a Eco-92 e atualmente

o Foacuterum de Mudanccedilas Climaacuteticas

3 participaccedilatildeo de organizaccedilatildeo natildeo-governamentais ndash mais ligadas ao conservacionismo

como eacute o caso do greenpeace WWF Onda Azul dentre outros

4 participaccedilatildeo educacional ndash onde cada professor capacitado eacute um multiplicador de

conhecimento e fomento de uma busca pela melhoria como por exemplo a inclusatildeo da

educaccedilatildeo ambiental nos curriacuteculo educacional brasileiro do ensino fundamental e

meacutedio

42

5 A academia com o desenvolvimento de cursos ligados ao meio ambiente e poliacutetica

ambiental com exemplo PGCA LATEC etc

6 A luta popular por moradia por educaccedilatildeo por representatividade poliacutetica

7 campanhas governamentais que envolvam diretamente a populaccedilatildeo como por

exemplo O Dia D campanha nacional de vacinaccedilatildeo

8 As atividades das diversas prefeituras inaugurando projetos fomentando o

conservacionismo instituindo a agenda 21 local o estabelecimento dos planos diretores

etc

25 A AGENDA 21

A Agenda 21 que foi um dos principais resultados da Eco-92 onde estabeleceu a

importacircncia de cada paiacutes se prometer a refletir global e localmente sobre a forma pela qual

governos empresas organizaccedilotildees natildeo-governamentias e todos os setores da sociedade

poderiam cooperar no estudo de soluccedilotildees para os problemas soacutecio-ambientais Com esse

documento cada paiacutes desenvolve sua Agenda 21 onde no Brasil se descute no acircmbito da

Comissatildeo de Poliacuteticas de Desenvolvimento Sustentaacutevel e da Agenda 21 Nacional ndash CPDS

A agenda 21 se constitui num poderoso instrumento de reconversatildeo da sociedade

industrial rumo a um novo paradigma que exige a reinterpretaccedilatildeo do conceito de progreso

contemplando maior harmonia e equiliacutebrio holiacutestico entre o todo e as partes promovendo a

qualidade natildeo apenas a quantidade do crescimento Assuntos como cooperaccedilatildeo internacional

para acelerar o desenvolvimento sustentaacutevel dos paiacuteses em desenvolvimento e poliacuteticas

internar correlatas combate agrave pobreza mudanccedila dos padrotildees de consumo dinacircmica

demograacutefica e sustentabilidade proteccedilatildeo e promoccedilatildeo das codiccedilotildees da sauacutede humana

promoccedilatildeo do desenvolvimento sustentaacutevel dos assentamentos humanos integraccedilatildeo entre meio

ambiente e desenvolvimento na tomada de decisotildees conservaccedilatildeo e manejo dos recursos para

o desenvolvimento proteccedilatildeo da atmosfera abordagem integrada do planejamento e do

gerenciamento dos recursos terrestres manejo dos ecossistemas fraacutegeis conservaccedilatildeo da

diversidade bioloacutegica manejo ambientalmente saudaacutevel da biotecnologia proteccedilatildeo dos

oceanos de todos os tipos de mares uso racional e desenvolvimento de seus recursos vivos

proteccedilatildeo da qualidade e do abastecimentodos recursos hiacutedricos manejo ambientalmente

saudaacutevel dos resiacuteduos soacutelidos e questotildees relacionadas com os esgotos fortalecimento do

43

papel dos grupos principais comunicaccedilatildeo cientiacutefica e tecnoloacutegica transferecircncia de

tecnologia e etc

No Brasil a Agenda 21 assume uma coloraccedilatildeo baseada nos programas de inclusatildeo

social (acesso de toda a populaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo sauacutede e distribuiccedilatildeo de renda) a

sustentabilidade urbana e rural a preservaccedilatildeo dos recursos naturais e minerais e a eacutetica

poliacutetica para o planejamento rumo ao desenvolvimento sustentaacutevel

Segundo dados do Minsteacuterio do Meio Ambiente a Agenda 21 brasileira iniciou-se em

1996 e terminando a sua primeira fase em 2002 onde em cima de aacutereas temaacuteticas se

determinou a forma de consulta e construccedilatildeo do documento brasileiro estas foram

agricultura sustentaacutevel cidades sustentaacuteveis infra-estrutura e integraccedilatildeo regional gestatildeo dos

recursos naturais reduccedilatildeo das desigualdades sociais e ciecircncia e tecnologia para o

desenvolvimento sustentaacutevel

A partir de 2003 a Agenda 21 brasileira aleacutem da fase de implementaccedilatildeo assistida pelo

CPDS foi elevada agrave condiccedilatildeo de Programa do Plano Plurianual Assume assim maior forccedila

poliacutetica e institucional passando a ser instrumento fundamental para a construccedilatildeo da

sustentabilidade em solo brasileiro tendo adotado referenciais importantes como a Carta da

Terra

O Plano Plurianual - PPA eacute o principal instrumento do Estado para a promoccedilatildeo do

desenvolvimento econocircmico e social de forma sustentaacutevel Eacute composto de programas e accedilotildees

Programas satildeo instrumentos de organizaccedilatildeo da atuaccedilatildeo governamental que articula um

conjunto de accedilotildees para o alcance de um objetivo comum preestabelecido mensurado por

indicadores de um problema ou atendimento de demanda da sociedade ou aproveitamento de

uma oportunidade de investimento E accedilotildees satildeos instrumentos de programaccedilatildeo para alcanccedilar o

objetivo de um programa

O PPA eacute eleborado pelas secretarias estaduais segundo as diretrizes estabelecidas pela

atual gestatildeo Aleacutem disso o PPA orienta duas outras leis a de Diretrizes Orccedilamentaacuterias e a

Orccedilamentaacuteria Anual que especificam onde e como os recursos do Estado seratildeo aplicados a

cada ano

A participaccedilatildeo social nos projetos da agenda 21 eacute fundamental para a o ecircxito da

empreitada e essa representatividade compartilha com o Estado o desenvolvimento de

atividades includentes reduzindo a verticalizaccedilatildeo E como participar Atraveacutes de iniciativas

comunitaacuterias (no bairro escola empresa sindicato) atraveacutes do Foacuterum da Agenda 21 e dos

grupos de trabalho

44

CAPIacuteTULO TREcircS

PRERROGATIVAS SOCIAIS BAacuteSICAS DA POPULACcedilAtildeO

31 SAUacuteDE E CIDADANIA

Para falar de meio ambiente crise e sociedade natildeo se pode deixar de lado suas

especializaccedilotildees no contexto de sauacutede Inicia-se este capiacutetulo discutindo sobre a imprecisatildeo do

conceito de sauacutede associado com outra grande imprecisatildeo que reside no conceito de direito agrave

sauacutede

A Sauacutede eacute o produto de condiccedilotildees objetivas de existecircncia resultante de condiccedilotildees de

vida bioloacutegica social e cultural e tambeacutem das relaccedilotildees que os homens estabelecem entre si e

com a natureza atraveacutes do trabalho Ter e promover sauacutede implica em conhecer como se

apresentam as condiccedilotildees de vida e de trabalho para que seja possiacutevel intervir socialmente na

sua modificaccedilatildeo

A sauacutede como um direito de todos deve ser posta ao alcance do indiviacuteduo deve ser

considerada como um objetivo do desenvolvimento econocircmico (e aqui haacute uma tangecircncia entre

a formulaccedilatildeo do conceito e a agenda 21) e natildeo soacute como um meio de alcanccedilaacute-lo Sauacutede natildeo

aborda somente a ausecircncia de doenccedila mas tambeacutem o completo bem estar fiacutesico mental e

social tornando-se assim uma definiccedilatildeo ampla e nebulosa

Agora quanto ao direito agrave sauacutede ZUCCHI (1997) diz que a sociedade brasileira hoje

em dia tem um conceito equivocado Parte-se do pressuposto de que muito desse decorre da

proacutepria imprecisatildeo do conceito de sauacutede ou seja a definiccedilatildeo de sauacutede natildeo estaacute

suficientemente clara Este forma equivocada de pensar eacute embasada no contexto histoacuterico do

papel do Estado dentro da sociedade brasileira ndash um tanto paternalista na grande maioria das

vezes

Para se entender o direito agrave sauacutede deve-se perceber que haacute dois componentes

fundamentais da construccedilatildeo do conceito de sauacutede o primeiro componente eacute o caraacuteter

individual Esse privilegia a liberdade As pessoas devem ser livres para escolher qual o tipo

de relaccedilatildeo que pretendem ter com o meio onde elas estatildeo inseridas qual o recurso meacutedico-

sanitaacuterio a ser usado e mesmo qual o profissional a ser procurado

45

O segundo componente eacute o componente social onde o direito agrave sauacutede privilegia a

igualdade visto que sauacutede torna-se diluiacuteda e difundida entre os cidadatildeos Nesta para que a

sauacutede de todos seja preservada faz-se necessaacuteria a vacinaccedilatildeo a notificaccedilatildeo o tratamento e

mesmo o isolamento de certas doenccedilas a de alimentos contaminados o controle do meio

ambiente do trabalho e a garantia da oferta equacircnime de assistecircncia agrave sauacutede DALARI (1998)

Talvez o que mais surpreende eacute que dessas definiccedilotildees amplas e imprecisas autores

como ZUCCHI (1997) ainda afirmam que natildeo se deve confundir o direito agrave sauacutede com o

direito aos serviccedilos de sauacutede ou mesmo com o direito agrave assistecircncia meacutedica e nem considerar a

assistecircncia meacutedica como o principal fator determinante do niacutevel de sauacutede

Apesar da expansatildeo da universalizaccedilatildeo do Serviccedilo Uacutenico de Sauacutede ndash SUS haacute

ainda os resquiacutecios das relaccedilotildees de compadrio tatildeo caracteriacutestico da sociedade brasileira onde

em bolsotildees poliacuteticos que exigem comprovaccedilatildeo de residecircncia ou sufraacutegio na falta de vagas e

ou leitos na falta de profissionais para o atendimento essa proposta de universalizaccedilatildeo

esbarra e se torna cruelmente excludente dentro de determinadas situaccedilotildees mesmo sabendo

que o direito agrave sauacutede eacute um ato cidadatildeo amparado pela Constituiccedilatildeo Federal de 1988 Todo

cidadatildeo brasileiro tem direito a atendimento em sauacutede de forma igualitaacuteria e sem custo direto

independentemente do grau de intervenccedilatildeo em sauacutede ou seja se vai simplesmente a uma

consulta ou uma cirurgia de grande porte

32 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS

BOURDIEUR (1997) em ldquoEacute possiacutevel um ato desinteressadordquo Discute que uma das

dificuldades da luta poliacutetica atualmente reside no fato dos dominantes tecnocratas tanto de

direita quanto de esquerda serem partidaacuterios da razatildeo e do universal Esse universal foi

inventado por eles mesmos para se manter em dominaccedilatildeo ldquoA dominaccedilatildeo em nome do

universal para aceder agrave dominaccedilatildeordquo

A formulaccedilatildeo das poliacuteticas sociais baseia-se na economia de mercado que existe no

seio de um paiacutes Essa economia de mercado tem sido difundida desde o seacuteculo XVIII e tem

originado um grande nuacutemero de demandas relacionadas com a sobrevivecircncia das pessoas

Tem ainda dissociado o mundo do trabalho das condiccedilotildees materiais objetivas de existecircncia

A intervenccedilatildeo do Estado na economia se faz tanto por meio de medidas de tributaccedilatildeo

quanto pela alocaccedilatildeo de recursos Utilizando os instrumentos de intervenccedilatildeo econocircmica -

46

poliacutetica cambial a fiscal e monetaacuteria ndash as projeccedilotildees estabelecidas pelo governo satildeo

alcanccediladas no territoacuterio chamado de macroeconomia

A alocaccedilatildeo de recursos objetiva distribuir recursos puacuteblicos a fim de promover o

ajustamento em razatildeo das imperfeiccedilotildees do mercado A alocaccedilatildeo oferece determinados bens e

serviccedilos agrave populaccedilatildeo que seratildeo oferecidos pelo setor privado

Poliacutetica puacuteblica natildeo eacute o mesmo que Decisatildeo Poliacutetica pois poliacutetica puacuteblica envolve

mais que uma decisatildeo poliacutetica e requer diversas accedilotildees estrategicamente selecionadas para

implementar as decisotildees tomadas

Segundo SANTOS JR (2003) as poliacuteticas puacuteblicas podem ter diversos

objetivos e diferentes caracteriacutesticas e formatos institucionais Este autor mostra os tipos de

poliacuteticas mais comumente encontradas na sociedade brasileira

ldquoPoliacutetica puacuteblica eacute tudo o que um governo faz e deixar de fazer com todos os

impactos de suas accedilotildees e de suas omissotildees elas definem normas para a accedilatildeo e para a

resoluccedilatildeo dos eventuais conflitos entre os diversos indiviacuteduos e agentes sociaisrdquo

As poliacuteticas puacuteblicas satildeo caracterizadas como

a) Poliacuteticas regulatoacuterias ndash estas visam regular determinado setor Elas se

caracterizam por atingirem as pessoas enquanto indiviacuteduos ou pequenos

grupos elas cortam transversalmente a sociedade afetando de maneira

diferenciada pessoas pertencentes a um mesmo segmento social

b) Poliacuteticas distributivas ndash que tem objetivos pontuais ligados agrave oferta de

equipamentos e serviccedilos puacuteblicos Eacute a sociedade como um todo atraveacutes do

orccedilamento puacuteblico quem financia sua implementaccedilatildeo enquanto os

beneficiaacuterios satildeo pequenos grupos ou indiviacuteduos de diferentes estratos

sociais

c) Poliacuteticas puacuteblicas redistributivas ndash onde haacute uma redistribuiccedilatildeo de renda na

forma de recursos eou de financiamento de equipamentos e serviccedilos

puacuteblicos onde o financiamento pode ser garantido atraveacutes dos recursos

orccedilamentaacuterios compostos majoritariamente pela contribuiccedilatildeo dos estratos

de meacutedia e alta renda

ldquoPara se tornar viaacutevel a sobrevivecircncia individual e familiar a populaccedilatildeo se vecirc compelida a

barganhar as condiccedilotildees de venda de sua capacidade de trabalhordquoENSP-FIOCRUZ (2001)

O padratildeo de vida tornou-se parcialmente dependente do valor de renda direta gerada

pelo trabalho assalariado

47

Questotildees como sauacutede e educaccedilatildeo adquirem contornos puacuteblicos e dependem de accedilotildees

governamentais para seu equacionamento e natildeo se resolvem apenas na esfera de mercado Haacute

um conjunto de necessidades sociais que exigem poliacuteticas direcionadas a um beneficiaacuterio

individual ou grupo

O sistema de sauacutede brasileiro vigente e amparado pela Constituiccedilatildeo toma a forma de

um tipo de poliacutetica puacuteblica pois tem caracteriacutesticas dos trecircs tipos supracitado Como

regulatoacuterio o SUS passa ter vida na Lei 808090 Como distributivo mesmo que natildeo

oficialmente e por isso esta dissertaccedilatildeo foi desenvolvida a sauacutede e porque natildeo dizer meio

ambiente tem servido a algumas parcelas da populaccedilatildeo E finalmente como redistributiva

notamos o caraacuteter universal do papel do SUS com consequumlente contribuiccedilatildeo nacional ao

desenvolvimento e implementaccedilatildeo do referido Sistema

33 A SAacuteUDE NAS CONSITITUICcedilOtildeES BRASILEIRAS

A constituiccedilatildeo eacute a lei fundamental escrita do Estado a base de todas as demais e

perante ela todas as demais leis devem estar de acordo com a Constituiccedilatildeo

O desenvolvimento dos direitos sociais no Brasil segue um padratildeo autoritaacuterio no qual

a conquista da cidadania se daacute de forma a fragmentar a classe trabalhadora concedendo

benefiacutecios como privileacutegios de certas fraccedilotildees como parte de um projeto de ldquocorporatizaccedilatildeordquo

do movimento social

Segundo ZUCCHI (1997) ldquoO Brasil eximiu-se de formalizar o reconhecimento do

direito agrave sauacutede na Constituiccedilatildeo do Impeacuterio do Brasil de 1824 e nas Constituiccedilotildees de 1891 de

1934 de 1937 de 1946 de 1967 e de 1969 Explicita no maacuteximo a assistecircncia meacutedico-

sanitaacuteria ao trabalhador atraveacutes da previdecircncia social e a competecircncia de planos nacionais de

sauacutederdquo

Foi a partir dos anos 30 que efetivamente se consolidou um projeto social estatal Na

Constituiccedilatildeo de 1934 promugada a 16 de julho impotildee-se uma niacutetida separaccedilatildeo do Estado

liberal para a democracia social DIAS (1986) Essa Constituiccedilatildeo limitava-se a declarar que a

legislaccedilatildeo do trabalho deveria observar preceitos quanto agrave assistecircncia meacutedica e sanitaacuteria ao

trabalhador Ela definia as responsabilidades do Estado no que se refere a legislar sobre

normas de assistecircncia social e assistecircncia meacutedico-sanitaacuteria ao trabalhador e agrave gestante

Por volta desses anos houve um incremento da industrializaccedilatildeo no paiacutes e o

crescimento da massa de trabalhadores urbanos que comeccedilam a reivindicar poliacuteticas

48

previdenciaacuterias e assistecircncia agrave sauacutede O Estado interveio e foram criadas os IAPrsquos ( IAPI

IAPTEC IAPM etc) Esses institutos organizaram uma rede de ambulatoacuterios e hospitais para

assistecircncia em sauacutede

A Constituiccedilatildeo de 1937 decretada durante o Estado Novo restringiu-se a competecircncia

da Constituiccedilatildeo anterior determinando agrave Uniatildeo a legislar sobre normas de defesa de proteccedilatildeo

de sauacutede Descentraliza e direciona aos Municiacutepios a possibilidade de legislar para suprir

deficiecircncias locais em assistecircncia puacuteblica obras de higiene casas de sauacutede cliacutenicas estaccedilotildees

de clima e fontes medicinais

A Constituiccedilatildeo de 1946 veio assegurar o direito agrave assistecircncia sanitaacuteria inclusive

hospitalar e preventiva ao trabalhador e agrave gestante higiene e seguranccedila do trabalho direito da

gestante a descanso antes e depois do parto sem prejuiacutezo do emprego nem do salaacuterio

A Constituiccedilatildeo de 1967 legislou agrave propoacutesito de assegurar assistecircncia sanitaacuteria

hospitalar e meacutedica preventiva atraveacutes de planos nacionais de sauacutede ZUCCHI (1997) afirma

que o legislador constitucional natildeo teve maior criatividade no que concerne ao direito agrave sauacutede

apenas repetiu o que haacute havia sido feito na Constituiccedilatildeo de 1946

Ateacute a constituiccedilatildeo de 1967 a assistecircncia meacutedica foi apenas garantida aos trabalhadores

e dependentes vinculados ao sistema previdenciaacuterio

O direito agrave sauacutede como se eacute percebido hoje como um direito de todos e dever do

Estado foi estabelecido na Constituiccedilatildeo de 1988

34 SISTEMA UacuteNICO DE SAUacuteDE

Segundo SILVA JR (1996) na deacutecada de 70 a medicina cientiacutefica foi muito criticada

nos paiacuteses desenvolvidos devido aos seus custos progressivos e sua baixa eficaacutecia relativa no

enfrentamento de problemas da populaccedilatildeo Dessas criacuteticas surgiram propostas que a

racionalizavam integrando-a com a sauacutede puacuteblica Logo os grupos de oposiccedilatildeo ao governo

militar por terem interesses em redemocratizar o paiacutes colocaram-se contra a medicina

cientiacutefica A partir de entatildeo vaacuterios municiacutepios organizaram uma rede de Unidades de Sauacutede

para a atenccedilatildeo primaacuteria em sauacutede Essas experiecircncias formaram a base para o movimento de

reforma sanitaacuteria que segundo SILVA JR (1996) culminou na 8ordf Conferecircncia Nacional de

Sauacutede As diretrizes dessa conferecircncia ganharam texto legal na Constituiccedilatildeo de 1988 e na Lei

Orgacircnica de Sauacutede de 1990

49

O Sistema Uacutenico de Sauacutede ndash SUS foi criado na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e

regulamentado na Lei 8080 de 1990 e Lei 8142 de 1990 Constitui-se em accedilotildees e serviccedilos

puacuteblicos de sauacutede integrados em uma rede regionalizada e hierarquizada e com os seguintes

princiacutepios

1) Universalidade ndash todo cidadatildeo tem direito ao acesso a todos os tipos de serviccedilos

puacuteblicos (estatais ou privados conveniados ou contratados) e o sistema deve garantir

esse direito

2) Equumlidade ndash igualdade com justiccedila onde as diferenccedilas satildeo consideradas e recebem

tratamento igualitaacuterio acesso de todos natildeo importando o estrato social ou condiccedilatildeo

econocircmica

3) integralidade ndash a pessoa deve ser percebida como um todo e integrante de uma

comunidade de um meio ambiente e as unidades prestadoras de serviccedilos devem ser

capazes de prestar assistecircncia integral

Este princiacutepio do SUS tem uma relevacircncia digna de comentario Atualmente muito se

fala em meio ambiente e por certo a espeacutecie Homo sapiens estaacute inserida nesta discussatildeo pois

dentre a todas as espeacutecies que habitam o planeta eacute a uacutenica que traz consequumlecircncias marcantes

para a continuidade de vida na Terra Usuaacuterio de inteligecircncia forccedila e poder exerce crescente

impacto nos ecossistemas Analisando-se esse princiacutepio do SUS pode-se ver que a

integralidade que leva em consideraccedilatildeo o homem como pessoa natildeo o dissocia do seu eu

interno seu trabalho e sua cultura Logo o considera como individuo que faz parte do seu

meio e eacute tambeacutem produto do meio que o cerca Nem que seja apenas agrave niacutevel psicoloacutegico e

comportamental

Retomando o SUS LEITE (1997) diz que a atenccedilatildeo agrave sauacutede da populaccedilatildeo compreende

trecircs grandes campos

1) Assistecircncia ndash atividades dirigidas agraves pessoas individual ou coletivamente e que satildeo

prestadas no acircmbito domiciliar ambulatorial e hospitalar

2) Intervenccedilotildees ambientais ndash monitoramento das relaccedilotildees interpessoais e das condiccedilotildees

sanitaacuterias nos ambientes de vida e de trabalho controle de vetores e hospedeiros

operaccedilatildeo de sistemas de saneamento ambiental

3) Poliacuteticas puacuteblicas ndash poliacuteticas externas ao setor de sauacutede que podem provocar

mudanccedilas nos determinantes sociais do processo sauacutede-doenccedila das coletividades

questotildees relativas agraves poliacuteticas macroeconocircmicas ao emprego agrave habitaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo

ao lazer e agrave disponibilidade e qualidade dos alimentos

50

Em contraponto agrave sauacutede nas demais Constituiccedilotildees anteriores na de 1988 as trecircs

esferas de governo Uniatildeo Estados e Municiacutepios tecircm igual responsabilidade de garantir o

direito que LEITE (1997) chama de direito de cidadania

As diretrizes baacutesicas do Sistema Uacutenico de Sauacutede

1) Descentralizaccedilatildeo ndash teacutecnica administrativa e financeira da gestatildeo Os serviccedilos de sauacutede

tecircm que estar sob gestatildeo municipal ficando o a Uniatildeo com os grandes serviccedilos de

referecircncia em articulaccedilatildeo extremas e com a coordenaccedilatildeo das poliacuteticas formar bancos

de dados etc

2) Financiamento ndash Tem que haver garantias de recursos puacuteblicos para o financiamento

Para isso o SUS eacute financiado por toda a sociedade de forma direta e indireta mediante

recursos proveniente dos orccedilamentos da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal dos

Municiacutepios e das seguintes contribuiccedilotildees sociais

a) Dos empregadores incidente sobre a folha de salaacuterios o faturamento e

o lucro

b) Dos trabalhadores

c) Sobre a receita de concurso de prognoacutesticos

3) Participaccedilatildeo social ndash atraveacutes das conferecircncias e conselhos de sauacutede onde a populaccedilatildeo

pode participar atraveacutes de

a) Processos de comunicaccedilatildeo e educaccedilatildeo

b) Utilizaccedilatildeo dos meios de comunicaccedilatildeo

c) Atividades comunitaacuterias

d) Conselhos locais

4) Fundo de sauacutede ndash Uma conta especial onde satildeo creditados todos os recursos recebidos

do proacuteprio municiacutepio do Estado da Uniatildeo ou de qualquer outra fonte de recurso ateacute

mesmo doaccedilotildees Esta eacute uma forma exclusiva controlar o uso dos recursos para

destinaccedilatildeo e gestatildeo do proacuteprio SUS garantindo que natildeo haja utilizaccedilatildeo ou desvio de

verbas para outra aacuterea social

5) Conselho de sauacutede ndash Tambeacutem como exigecircncia legal prevecirc a participaccedilatildeo das pessoas

nas decisotildees levando a um controle social dos serviccedilos puacuteblicos

6) Conferecircncia de sauacutede ndash Cada esfera de governo deve realizar a cada quatro anos no

miacutenimo uma conferecircncia de sauacutede e nesta se reuacutenem pessoas representantes de todos

os segmentos da sociedade juntamente com os teacutecnicos os profissionais de sauacutede as

instituiccedilotildees de sauacutede e os administradores puacuteblicos para discutir a situaccedilatildeo de sauacutede

de uma cidade ou estado ou do Brasil

51

7) Plano diretor de sauacutede ndash onde satildeo norteadas questotildees como

a) Levantamento da situaccedilatildeo em sauacutede com determinaccedilatildeo dos problemas

b) Definiccedilatildeo de accedilotildees

c) Anaacutelise dos obstaacuteculos para implementar o plano e estabelecimento de

estrateacutegias

d) Implementaccedilatildeo acompanhamento e avaliaccedilatildeo das accedilotildees

8) Comissatildeo de Plano de cargos carreiras e salaacuterios ndash Uma prefeitura tem como

atividade principal a prestaccedilatildeo de serviccedilos e o recurso que deve ser mais valorizado

satildeo seus funcionaacuterios

9) Relatoacuterios de gestatildeo ndash Servem para avaliar o que se tem conseguido e retratar as

metas Neles incluem a quantidade de serviccedilos produzidos e tambeacutem a sua qualidade

Com este comentaacuterio sobre o SUS tenta-se mostrar um pouco do que ele eacute para que

haja uma compreensatildeo maior quando da abordagem do problema da crise ambiental e o meio

ambiente que o homem vive Meio ambiente sob o prisma que se olha leva em consideraccedilatildeo

o SUS uma vez que eacute no seu contexto que os atores desta pesquisa tecircm suas interaccedilotildees

sociais e fundamentam sua existecircncia em relaccedilatildeo ao meio ambiente que os cerca

52

CAPIacuteTULO QUATRO

PROBLEMAS SOacuteCIO-AMBIENTAIS

41 CIDADANIA

ALIER (1998) eacute feliz na sua afirmaccedilatildeo quando vincula degradaccedilatildeo da qualidade de

vida tanto no acircmbito rural como no urbano agrave crise ambiental Esta crise eacute uma crise

planetaacuteria e com suas particularidades de regiatildeo em regiatildeo estaacute sendo sentida e percebida

pelos povos A sociedade se levanta mundialmente em buscar da qualidade de vida sauacutede

educaccedilatildeo participaccedilatildeo social etc A luta pelo meio ambiente e as condiccedilotildees de vida do ser

humano da atualidade eacute um exemplo de que as mudanccedilas tecircm afetado o planeta Terra como

um todo

Uma das mais expressivas transformaccedilotildees ambientais da atualidade eacute o avanccedilo do

processo de favelizaccedilatildeo que segundo DAVIS (2006) a favelas seratildeo as cidades do futuro

que em vez de serem feitas de vidro e accedilo seratildeo construiacutedas em grande parte de tijolo

aparente palha plaacutestico reciclado blocos de cimento e restos de madeira

Satildeo transformaccedilotildees ambientais na medida em que ao ocuparem parcelas consideraacuteveis

do solo urbano o fazem sem criteacuterio de ocupaccedilatildeo onde a propriedade natildeo eacute levada em

consideraccedilatildeo Eacute transformaccedilatildeo ambiental pois afeta o microclima local sendo difiacutecil se pensar

em arborizaccedilatildeo em favela Eacute problema ambiental pois as habitaccedilotildees ocupam aacutereas de

encostas beira de rios terrenos baixos e alagaacuteveis satildeo zonas onde a violecircncia explode

continuamente onde existe hora para se chegar para se viver onde constantemente a vida

corre risco de existecircncia e paradoxalmente onde a vida pulsa sem se cansar

Mal servida de aacutervores faltam favelas que tenha uma boa distribuiccedilatildeo de aacutervores Sem

duacutevida eacute uma luta por existir uma luta por fincar raiacutezes por pertencer a um lugar Mesmo que

encorajados pela falta de poliacuteticas Estatais com relaccedilatildeo a moradia e porque eacute mais perto do

local de trabalho ou porque algueacutem da famiacutelia jaacute ocupa algum imoacutevel ou porque o poder

aquisitivo permite a aquisiccedilatildeo de um imoacutevel justamente naquele espaccedilo Eacute transformaccedilatildeo

ambiental pois a favela eacute uma cidade dentro da cidade onde o Poder Puacuteblico demora a chegar

ou quando se chega Eacute problema ambiental pois as pessoas que ali residem tecircm dificuldades

53

de manter e preservar sua cidadania eacute um lugar onde existe altas taxas de excluiacutedos sociais

com baixos iacutendices de escolaridade onde trabalhadores tem que sustentar famiacutelia de 3 a 5

pessoas ou mais

Com isso tem-se visto que natildeo soacute o movimento civil organizado (pesquisadores

poliacuteticos paiacuteses) tem se levantado em busca de alguma soluccedilatildeo mas tambeacutem as massas

mediante participaccedilatildeo em ONG e pequenos grupos que estatildeo se inserindo no movimento

organizado Eacute a busca pela qualidade do ar da aacutegua pela renda pelo transporte a busca pelo

direito de amamentar seus filhos enquanto ainda em tenra idade A busca pelo direito de ter

direito ou seja porque natildeo dizer em CIDADANIA

O que eacute cidadania Fazendo uma leitura atenta deste termo entre os diversos autores

que o abordam dentro de suas linguagens se extrai o entendimento de que a cidadania eacute um

processo em execuccedilatildeo

Segundo VIEIRA (2001) a Repuacuteblica moderna natildeo inventou a cidadania Esta se

origina na Repuacuteblica Velha isto eacute ainda na eacutepoca romana que naquela eacutepoca tinha um

contexto de pertencimento a uma cidade ser membro pleno com direitos individuais

Nos anos de 1776 e 1789 durante as Revoluccedilotildees Americana e Francesa com o retorno

ao ideal republicano da Antiguidade promovido pelo renascimento a construccedilatildeo da cidadania

enfrentou trecircs problemas que a levou a se diferenciar da cidadania antiga O primeiro

problema foi a edificaccedilatildeo do Estado com as separaccedilotildees das instituiccedilotildees poliacuteticas e da

sociedade civil no interior de territoacuterios O segundo problema foi o regime de governo Onde

jaacute no renascimento houve um pensamento coletivo sobre o ideal republicano que leva a

inseparaacutevel ideacuteia de isonomia e de igualdade E o terceiro problema foi a sociedade ateacute entatildeo

natildeo ter direitos Natildeo havia direitos humanos

Com uma expressatildeo forte de teoacutericos como Rousseau Constant dentre outros foi-se

construindo o termo cidadania e seu campo de abrangecircncia Obviamente influenciada pela

nova formaccedilatildeo cultural comercial pela dinacircmica da sociedade em que viviam

Jaacute no seacuteculo XVIII e XIX a cidadania ficou restrita ao espaccedilo territorial da Naccedilatildeo onde

seria composta dos direitos civis e poliacuteticos e dos direitos sociais

Falar em cidadania eacute pensar que existem dentro deste conceito direitos de primeira

segunda terceira e quarta geraccedilatildeo Os direitos de primeira geraccedilatildeo satildeo exemplificados como

direitos civis e poliacuteticos os de segunda geraccedilatildeo com os direitos sociais A partir dos direitos

de terceira geraccedilatildeo haacute um deslocamento para a coletividade para grupos de pessoas que

compotildee a sociedade como por exemplo a autodeterminaccedilatildeo dos povos direito ao

desenvolvimento direito agrave paz AO MEIO AMBIENTE e estes satildeo direitos difusos

54

Os direitos de quarta geraccedilatildeo estatildeo relacionados agrave bioeacutetica que satildeo verdadeiros

entraves para impedir a destruiccedilatildeo da vida e regular a criaccedilatildeo de novas formas de vida em

laboratoacuterio pela engenharia geneacutetica

Segundo VIEIRA (2001)

ldquoA cidadania surge como uma nova forma de definiccedilatildeo da ideacuteia de direitos onde o cidadatildeo passa a ter o direito de ter direitos Incluindo o surgimento de direitos como a autonomia sobre o proacuteprio corpo a moradia e a PROTECcedilAtildeO AMBIENTAL direitos indispensaacuteveis numa sociedade moderna mas que natildeo vigoram dentro do nosso Estadordquo

Segundo o mesmo autor

ldquoA nova cidadania natildeo deseja ser apenas uma forma de integraccedilatildeo social indispensaacutevel para a manutenccedilatildeo do capitalismo ela deseja a constituiccedilatildeo de sujeitos sociais ativos que definam quais satildeo os seus direitos a nova cidadania exige uma nova sociedade onde eacute necessaacuteria uma maior igualdade nas relaccedilotildees sociais novas regras de convivecircncia social e um novo sentido de responsabilidade puacuteblica onde os cidadatildeos satildeo reconhecidos como sujeitos de interesses vaacutelidos de aspiraccedilotildees pertinentes e direitos legiacutetimosrdquo

42 MEIO AMBIENTE

Nesta seccedilatildeo para falar de meio ambiente opta-se por escrever um pouco sobre o que eacute

ecologia visto que satildeo assuntos intimamente relacionados no contexto deste trabalho

Comeccedilando entatildeo com ecologia vecirc-se que esta entra em pauta jaacute em 1866 com um

trabalho de Haeckel LAGO et al (1985) intitulado Morfologia Geral dos Organismos

Obviamente haacute uma grande distacircncia que separa a proposta desse autor ao que hoje em dia

trata-se de ecologia com desdobramento em meio ambiente

Ecologia eacute o estudo da interaccedilatildeo dos organismos interagem uns com os outros e com

seu ambiente natildeo-vivo Examina as conexotildees na natureza tentando entender as interaccedilotildees

entre organismos populaccedilotildees comunidades ecossistemas e biosfera

55

Houve uma evoluccedilatildeo no que refere a utilizaccedilatildeo da ecologia ateacute os dias atuais O

mundo passou a usar o termo ecologia para identificar um amplo e variado movimento social

Ecologia natildeo eacute usada somente para designar uma disciplina cientiacutefica mas tambeacutem para

nomear um amplo e variado movimento social Logo tem-se hoje em dia algumas divisotildees da

ecologia e dentro de cada divisatildeo uma variedade imensa de atividades a serem desenvolvidas

e as que jaacute foram feitas Esses campos satildeo sumariamente

a) A Ecologia Natural que procura entender as leis que regem a dinacircmica de vida

da natureza E se utiliza da Fiacutesica Quiacutemica Geologia etc Ao investigar o sistema

de relacionamento que forma o ecossistema a Ecologia Natural procura perceber

quais satildeo as regras do seu funcionamento

b) A Ecologia Social que surge a partir da constataccedilatildeo de que os efeitos da

degradaccedilatildeo ambiental provocam sobre os trabalhadores diversas consequumlecircncias

nefandas colocando em relaccedilatildeo o industrialismo e os limites naturais inclusive o

impacto humano sobre as outras espeacutecies Este grande potencial desequilibrador

ameaccedila a proacutepria permanecircncia dos sistemas naturais A accedilatildeo humana sobre o meio

eacute socialmente diferenciada e se baseia em motivaccedilotildees altamente complexas

ldquoA construccedilatildeo de um luxuoso palaacutecio por exemplo que consome um grande potencial de recursos naturais natildeo tem como motivo apenas a satisfaccedilatildeo da necessidade de abrigo para algueacutem A determinaccedilatildeo de construiacute-lo envolve um conjunto de fatores sociais complexos como por exemplo os padrotildees culturais o sistema poliacutetico os mecanismos de dominaccedilatildeo social os siacutembolos de status etc eacute o conjunto desse tipo de fatores que faz com que o impacto humano sobre o meio seja muito mais intenso do que aquele que seria determinado pelas meras necessidades fiacutesicasrdquo

LAGO et al (2000)

c) O Conservacionismo que nasce da percepccedilatildeo da capacidade de o homem

destruir o meio ambiente E nessa linha haacute algumas ONGrsquos importantes inseridas

com vasta produtividade e presenccedila nos veiacuteculos de comunicaccedilatildeo Ex Greenpeace

SOS Mata Atlacircntica WWF etc

56

d) Por uacuteltimo eacute o Ecologismo segundo ALIER (1998)

ldquoEacute um projeto poliacutetico de transformaccedilatildeo social calcado em princiacutepios ecoloacutegicos e no ideal de uma sociedade natildeo opressiva e comunitaacuteria A ideacuteia central do ecologismo eacute de que a resoluccedilatildeo da atual crise ecoloacutegica natildeo poderaacute ser concretizada apenas com medidas parciais de conservaccedilatildeo ambiental mas sim atraveacutes de uma ampla mudanccedila na economia na cultura e na proacutepria maneira de os homens se relacionarem entre si e com a naturezardquo

O Ecologismo natildeo tem apenas a preocupaccedilatildeo em garantir a sobrevivecircncia da espeacutecie

humana mas sim em ldquoGarantir a sobrevivecircncia pela construccedilatildeo de formas sociais e

culturais que permitam a existecircncia de uma sociedade natildeo-opressiva igualitaacuteria fraterna e

libertaacuteriardquo ALIER (1998)

O Ecologismo eacute um projeto poliacutetico e filosoacutefico abrindo um diaacutelogo com a sociedade

em geral desvelando inclusive partidos poliacuteticos de tendecircncia verde Mas isso nem sempre eacute

visiacutevel Ele eacute uma via de soluccedilatildeo para os conflitos distributivos econocircmico-ecoloacutegico O

Ecologismo tem sua origem como uma benesse de classes ldquomais favorecidasrdquo e estava

totalmente desvinculado da tradiccedilatildeo de solidariedade universal que tem hoje Jaacute o Ecologismo

que ALIER (1998) chama de ldquoEcologismo dos Pobresrdquo nasce da contradiccedilatildeo entre e

economia de valor de uso e a economia do lucro da expansatildeo do crescimento Em um

mesmo paiacutes pode haver uma reuniatildeo dos dois tipos de ecologismos interagindo mutuamente

O referido autor eacute agrave favor de uma escola a qual denomina Neonarodnismo Ecoloacutegico

Essa escola analisa contribuiccedilotildees que versam sobre Ecologia como ciecircncia implicada no

manejo dos recursos naturais conservaccedilatildeo da biodiversidade Nele afirma-se que o sujeito

potencial do ecologismo natildeo eacute somente o campesinato com tambeacutem os habitantes das cidades

Segundo um ensaio escrito para o Banco Mundial em 1988 e reescrito para a

Conferecircncia sobre Sociedade e Meio Ambiente El Coleacutegio de Michoacaacuten 1991

ldquoAgrave primeira vista os conservacionistaslutam para que os ursinhos panda ou as baleias azuis natildeo desapareccedilam Por muito simpaacutetico que pareccedilam agraves pessoas comuns estas consideram que haacute coisas mais importantes com que se preocupar por exemplo como conseguir o patildeo de cada diardquo

57

Por mais que extremista que uma afirmaccedilatildeo desta pode ser ela natildeo deixa de revelar

um conteuacutedo real quanto a uma gama imensa de seres humanos cidadatildeos ou natildeo que estatildeo agrave

margem de qualquer processo econocircmico revela um vieacutes de que natildeo se deve cair no conto de

que o pobre polui e degrada mais do que um rico O pobre tem sua participaccedilatildeo sim na

destruiccedilatildeo do meio ambiente e deveria se conscientizar disso Mas um fato natildeo deixa mentir

que por ser dono dos instrumentos de trabalho da manipulaccedilatildeo da economia a seu favor

tendo meio teacutecnicos adequados para isso os ricos tecircm uma capacidade maior de trazer

destruiccedilatildeo ao meio ambiente E muita das vezes estes vivem bem longe de onde as

atrocidades ambientais estatildeo acontecendo

E meio ambiente o que venha a ser

Segundo o Vocabulaacuterio baacutesico de meio ambiente haacute definiccedilotildees acadecircmicas e

definiccedilotildees legais para meio ambiente e algumas delas bastante limitadas outras nem tanto

Definiccedilatildeo acadecircmica

1) ldquoAs condiccedilotildees influecircncia ou forccedilas que envolvem e influem ou modificam o

complexo de fatores climaacuteticos edaacuteficos e bioacuteticos que atuam sobre um organismo

vivo ou uma comunidade ecoloacutegica e acaba por determinar sua forma e sua

sobrevivecircncia a agregaccedilatildeo das condiccedilotildees sociais e culturais (costumes leis idioma

religiatildeo e organizaccedilatildeo poliacutetica e econocircmica) que influenciam a vida de um indiviacuteduo

ou de uma comunidaderdquo (Websterrsquos 1976 in FEEMA 1992)

2) O conjunto dos agentes fiacutesicos quiacutemicos bioloacutegicos e dos fatores sociais

susceptiacuteveis de terem um efeito direto ou indireto imediato ou a termo sobre os

seres vivos e as atividades humanasrdquo (Poutrel amp Wasserman 1977 in FEEMA

1992)

3) ldquoA soma das condiccedilotildees externas e influecircncias que afetam a vida o desenvolvimento

e em uacuteltima anaacutelise a sobrevivecircncia de um organismordquo (The World Bank 1978 in

FEEMA 1992)

4) ldquoO conjunto do sistema externo fiacutesico e bioloacutegico no qual vivem o homem e os

outros organismosrdquo (PNUMA apud SAHOP 1978 in FEEMA 1992)

5) ldquoO ambiente fiacutesico-natural e suas sucessivas transformaccedilotildees artificiais assim como

seu desdobramento espacialrdquo (Sunkel apud Carrizosa 1981 in FEEMA 1992)

58

6) ldquoO conjunto de todos os fatores fiacutesicos quiacutemicos bioloacutegicos e soacutecio-econocircmicos que

atuam sobre um indiviacuteduo uma populaccedilatildeo ou uma comunidaderdquo (Iacutenterim Mekong

Committee 1982 in FEEMA 1992)

E as definiccedilotildees legais satildeo

1) ldquoConsideram-se como meio ambiente todas as aacuteguas interiores ou costeiras

superficiais e subterracircneas o ar e o solordquo (Decreto-lei ndeg 13475 ndash Estado do Rio de

Janeiro in FEEMA 1992)

2) ldquoMeio ambiente ndash o conjunto de condiccedilotildees leis influecircncias e interaccedilotildees de ordem

fiacutesica quiacutemica e bioloacutegica que permite abriga e rege a vida em todas as suas

formasrdquo (Lei 693881 ndash Brasil in FEEMA 1992)

3) ldquoConsidera-se ambiente tudo o que envolve e condiciona o homem constituindo o seu

mundo e daacute suporte material para a sua vida biopsicossocialSeratildeo considerados

sob esta denominaccedilatildeo para efeito deste regulamento o ar a atmosfera o clima o

solo e o subsolo as aacuteguas interiores e costeiras superficiais e subterracircneas e o mar

territorial bem como a paisagem fauna a flora e outros fatores condicionantes agrave

salubridade fiacutesica e social da populaccedilatildeordquo (Decreto ndeg 2868782 ndash Estado da Bahia in

FEEMA 1992)

4) ldquoEntende por meio ambiente o espaccedilo onde se desenvolvem as atividades humanas e

a vida dos animais e vegetais (Lei 777280 ndash Estado de Minas Gerais in FEEMA

1992

5) ldquoEacute o sistema de elementos bioacuteticos abioacuteticos e soacutecio-econocircmicos com o qual

interage o homeme de vez eu se adapta ao mesmo o transforma e o utiliza para

satisfazer suas necessidadesrdquo (Lei 3380 ndash Repuacuteblica de Cuba in FEEMA 1992)

6) ldquoAs condiccedilotildees fiacutesicas que existem numa aacuterea incluindo o solo a aacutegua o ar os

minerais a flora a fauna o ruiacutedo e os elementos de significado histoacuterico ou esteacuteticordquo

(California Environmental Quality Act 1981)

59

7) ldquoTodos os aspectos do ambiente do homem que o afetem como indiviacuteduo ou que

afetem os grupos sociaisrdquo (Environmental Protection Act 1975 Austraacutelia)

8) ldquoO conjunto de elementos naturais artificiais ou induzidos pelo homem fiacutesicos

quiacutemicos e bioloacutegicos que propiciem a sobrevivecircncia transformaccedilatildeo e

desenvolvimento de organismos vivosrdquo (Ley Federal de Proteccioacuten al Ambiente de

82 Meacutexico)

9) ldquoMeio ambiente significa (1) o ar o solo a aacutegua (2) as plantas e os animais

inclusive o homem (3) as condiccedilotildees econocircmicas e sociais que influenciam a vida do

homem e da comunidade (4) qualquer construccedilatildeo maacutequina estrutura ou objeto e

coisas feitas pelo homem (5) qualquer soacutelido liacutequido gaacutes odor calor som vibraccedilatildeo

ou radiaccedilatildeo resultantes direta e indiretamente das atividades do homem (6) qualquer

parte ou cominaccedilatildeo dos itens anteriores e as inter-relaccedilotildees de quaisquer dois ou mais

delesrdquo (Bill ndeg 14 ndash Ontaacuterio Canadaacute)

A Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil de 1988 dispotildee

ldquoTodos tem direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado bem de uso comum do povo e essencial agrave sadia qualidade de vida impondo-se ao Poder Puacuteblico o dever de defendecirc-lo e agrave coletividades o de preservaacute-lo para as presentes e futuras geraccedilotildeesrdquo

A constituiccedilatildeo do Estado do Rio de Janeiro de 1989 dispotildee no Artigo 258

ldquoTodos tecircm direito ao meio ambiente ecologicamente saudaacutevel e equilibrado bem de uso comum do povo e essencial agrave qualidade de vida impondo-se a todos em especial ao Poder Puacuteblico o dever de defendecirc-lo zelar por sua recuperaccedilatildeo e proteccedilatildeo em benefiacutecio das geraccedilotildees atuais e futurasrdquo

Essas satildeo as definiccedilotildees pelo menos oficiais para a palavra meio ambiente Mas na

verdade o que ocorre nos dias atuais eacute que cada aacuterea do conhecimento estaacute se apossando do

termo meio ambiente ou desenvolvimento sustentaacutevel e ao se utilizarem o levam para seus

60

campos de atuaccedilatildeo Isto pode ser tornar um problema para a ciecircncia ambiental uma vez que

ainda e de fato educaccedilatildeo ambiental eacute virtual para a grande maioria da populaccedilatildeo e estas satildeo

manipuladas pela massificaccedilatildeo contiacutenua dos meios de comunicaccedilatildeo de massa E o espaccedilo

nesses sendo um produto vendaacutevel A populaccedilatildeo fica agrave mercecirc de uma construccedilatildeo fictiacutecia do

termo sustentabilidade e meio ambiente

Esse reclame da palavra meio ambiente pelas diversas categorias profissionais traz no

fundo uma verdadeira confusatildeo para o leigo ou pessoas formadoras de opiniatildeo e com isso

podem atrasar atividades que possam ser cruciais para o estabelecimento de prioridades em

meio ambiente do qual tem-se conhecimento e falamos

Por isso que as decisotildees precisam ser tomadas e encaminhadas por pessoas com ldquoknow

howrdquo na aacuterea ou seja por teacutecnicos com soacutelida formaccedilatildeo em ciecircncia ambiental como um todo

para que natildeo aja vaacutecuos no conteuacutedo de meio ambiente a ser veiculado e muito menos em leis

e resoluccedilotildees que muito prejudicam o entendimento e execuccedilatildeo de atividades em sua proteccedilatildeo

4 3 A FAVELIZACcedilAtildeO

O que eacute favela Parece oportuno defini-la e eacute certamente mais faacutecil fazecirc-lo a partir do

que ela natildeo eacute ou pelo que ela natildeo tem Haacute um consenso de que eacute um espaccedilo destituiacutedo de

infra-estrutura urbana como diz SOUZA e SILVA (2008) ldquoSem aacutegua luz esgoto coleta de

lixo sem arruamento globalmente miseraacutevel sem ordem sem lei sem regras sem moral

enfim a expressatildeo do caosrdquo Mas certamente favela natildeo eacute soacute isso talvez o seja no imaginaacuterio

social da populaccedilatildeo que vive fora daquela realidade ou de repente das diversas instituiccedilotildees do

Estado

Segundo o censo de 1950 satildeo consideradas favelas todos os aglomerados urbanos que

possuam total ou parcialmente as seguintes caracteriacutesticas

a) Proporccedilotildees miacutenimas agrupamentos prediais ou residenciais formados com unidades

de nuacutemero geralmente superior a 50

b) Tipo de habitaccedilatildeo predominacircncia no agrupamento de casebres ou barracotildees de

aspecto ruacutestico construiacutedos principalmente de folhas de flandres chapas zincadas

taacutebuas ou materiais semelhantes

c) Condiccedilatildeo juriacutedica de ocupaccedilatildeo construccedilotildees sem licenciamento e sem fiscalizaccedilatildeo em

terrenos de terceiros ou de propriedade desconhecida

61

d) Melhoramentos puacuteblicos ausecircncia no todo ou em parte de rede sanitaacuteria luz

telefone e aacutegua encanada

e) Urbanizaccedilatildeo aacuterea natildeo urbanizada com falta de arruamento numeraccedilatildeo ou

sinalizaccedilatildeo

Desde essa eacutepoca muito tem se modificado e o conceito tem tornado-se mais amplo

hoje em dia alguns toacutepicos que levavam a pensar o conceito modificou completamente por

exemplo hoje com alguns programas do Estado tem-se favelas com arruamento numeraccedilatildeo

Umas tecircm rede sanitaacuteria luz telefone e aacutegua encanada Haacute mais o predomiacutenio de residecircncia

de alvenarias ao inveacutes de taacutebuas e folhas zincadas etc

Para o Censo de 2000 favela eacute definida como

ldquoAglomerado subnormal constituiacutedo de no miacutenimo 51 unidades habitacionais ocupando ou tendo ocupado ateacute periacuteodo recente terreno de propriedade alheia dispostas em geral de forma desordenada e densa bem como carentes em sua maioria de serviccedilos puacuteblicos essenciaisrdquo

DAVIS (2006) afirma que o Brasil eacute terceiro paiacutes em nuacutemero de favelas e eacute triste

reconhecer que apesar desta colocaccedilatildeo o IBGE mostra que as iniciativas puacuteblicas para

enfrentar o problema satildeo cada vez mais escassas Por exemplo no ano de 2004 81 dos

municiacutepios informaram ter projetos de investimento na aacuterea de habitaccedilatildeo e em 2005 foram

apenas 675 Ou seja essa taxa vem caindo vertiginosamente ao longo dos anos E isso

soma-se ao fato da populaccedilatildeo que vive em favelas ter crescido em 45 entre 1991 e 2000

que foi trecircs vezes superior a meacutedia de crescimento demograacutefico do paiacutes As previsotildees satildeo

bastante sombrias estimando o IBGE estima que para o ano de 2020 o paiacutes teraacute 55 milhotildees

de pessoas morando em favelas

Conceituar favela natildeo eacute uma tarefa tatildeo faacutecil assim segundo o Ministeacuterio das Cidades a

categorizaccedilatildeo do que seja favela para o IBGE eacute ainda restrito uma vez que deixa de fora

pessoas vivendo de outras formas como por exemplo ocupaccedilotildees loteamentos irregulares e

clandestinos E faz um alerta de que soacute estas categorias aleacutem do que se eacute considerado

formalmente como favela aumentam em muito estatisticamente o nuacutemero de pessoas com

consequumlente reflexo nas poliacuteticas puacuteblicas Logo a tomada de decisotildees poliacutetico-econocircmicas

baseadas no consenso do que seja favela pelo IBGE eacute estar trabalhando com um universo

restrito da realidade brasileira Para TORRES e MARQUES (2008) a grandeza dos nuacutemeros

62

envolvidos eacute de suma importacircncia pois na maioria das vezes os dados produzidos implicam

nuacutemeros subestimados das populaccedilotildees

O conceito de favela vai aleacutem dessas definiccedilotildees por vezes um tanto eletistas

confeccionadas por pessoas que natildeo tecircm vivecircncia alguma com o mundo da favela Essas

definiccedilotildees satildeo oacutetimas para deixar de lado o potencial social que ela constitui Segundo

RIBEIRO e LAGO (2008) a utilizaccedilatildeo frequumlente pela miacutedia de metaacuteforas ldquocidade partidardquo

ldquodesordem urbanardquo vem dotando a concepccedilatildeo dualista da favela de legitimidade social

A favela com um dinamismo caracteriacutestico tem um ordenamento espacial proacuteprio

Vaacuterias satildeo as ldquoLeisrdquo que preenchem espaccedilos deixados pelo Poder Puacuteblico Essas Leis

referem-se ao horaacuterio de circulaccedilatildeo sobre o direito de ir e vir sobre a definiccedilatildeo de quem eacute

morador de fato sobre a transferecircncia de titularidade de imoacuteveis Funciona como se houvesse

uma cidade dentro da cidade como se houvesse um poder paralelo de fato que gerencia mas

natildeo congrega e muito menos eacute paternalista

Um exemplo eacute a distribuiccedilatildeo de tipos de moradias segundo um zoneamento natildeo muito

claro e tatildeo pouco regulamentado oficialmente nas favelas verticais eacute costume encontrar

moradores mais antigos migrando para as partes mais baixas da favela e os receacutem chegados

ocupando moradias nas partes mais altas Ou no caso de favelas horizontais haacute as ldquoaacutereas

nobresrdquo mais proacuteximas da malhas viaacuterias urbana O que eacute praticamente influenciado pelo

poder aquisitivo desses moradores quanto pelas pressotildees externas aos mesmos Nas favelas

verticais haacute ainda mais um agravante aacutereas decididamente de risco e insalubres satildeo divididas

e ocupadas por uacuteltimo e por pessoas sem qualquer forma econocircmica de sobrevivecircncia digna

Ali encontram-se verdadeiramente os barracos de madeira sem revestimento e tendo o chatildeo

ldquobatidordquo como de piso onde a umidade e a lama satildeo o dia-a-dia dos seus moradores

Esse eacute um zoneamento definidor de grande segregaccedilatildeo Nele a solidariedade eacute o

uacuteltimo recurso com que seus moradores podem contar

Pesquisando-se o termo favela uma curiosidade natildeo pocircde passar sem ser percebida eacute

um termo que migrou com os soldados combatentes na guerra de Canudos no interior da

Bahia e que se difundiu no Rio de Janeiro a partir da ocupaccedilatildeo do morro da Providecircncia Os

soldados em campanha contra Antonio Conselheiro passaram a chamar o morro da

Previdecircncia de morro da Favela Segundo CRUZ (1941) apud Cabral (1996)

ldquoterminara a luta na Bahia Regressavam as tropas () Muitos soldados vieram acompanhados de suas lsquocabrochasrsquo Eles tiveram que arranjar moradas () As cabrochas eram naturais de uma serra chamada Favela no municiacutepio de

63

Monte Santo naquele estado Falavam muito sempre da sua Bahia do seu morro E ficou a Favela nos morros cariocas Primeiro na aba da Providecircncia morro em que jaacute morava uma numerosa populaccedilatildeo depois foi subindo virou para o outro lado para o Livramento Nascera a Favela 1897

A existecircncia de favela em solo brasileiro e especificamente no Rio de Janeiro apesar

de ser um evento com mais de cem anos tem sofrido um boom de disseminaccedilatildeo a partir da

deacutecada de 80 com o esgotamento do padratildeo de financiamento da economia brasileira que

havia se consolidado nos anos 40 Esse financiamento se assentava em trecircs supostos

a) Investimento direto dos oligopoacutelios dos paiacuteses centrais

b) O padratildeo de financiamento se assentava num conjunto de fundos puacuteblicos que foram

montados durante o poacutes-guerra com mecanismos diversos de ampliaccedilatildeo das bases

fiscais do Estado brasileiro

c) O acesso ao mercado internacional de creacutedito que emergiu nos fins dos anos 60 e se

expandiu aceleradamente nos 70

Ateacute 1940 a presenccedila da favela natildeo chama a atenccedilatildeo De acordo com o plano Agache

ela natildeo ocupa um lugar importante De acordo como inqueacuterito da SAGMACS ldquoNa estatiacutestica

predial do Distrito Federal de 1933 o crescimento da populaccedilatildeo dos morros natildeo dava para

impressionar soacute a partir de 1933 a favela comeccedila a marcar a paisagem cariocardquo E com isso

passa a emergir como espaccedilo de habitaccedilatildeo precaacuteria e improvisada do predomiacutenio do ruacutestico

sobre o duraacutevel da ausecircncia de arruamento da escassez de serviccedilos puacuteblicos E soacute aiacute e a

partir daquele momento a favela passa a fazer parte das execuccedilotildees de poliacuteticas puacuteblicas

impostas pelo oacutergatildeo gestores municipais

O Rio de Janeiro se apresenta como o foco principal do processo de favelizaccedilatildeo por ter

sido a primeira cidade do Paiacutes primeiro mercado nacional e internacional primeiro centro

industrial Por ter sido a Capital Federal o Rio de Janeiro e por ter sido um dos maiores

mercados de trabalho do Brasil Onde agrave eacutepoca canalizou grande parte do fluxo das migraccedilotildees

internas O ecircxodo rural despejou aproximadamente 400000 pessoas das quais metade veio do

proacuteprio estado e o restante do resto do paiacutes Segundo estatiacutesticas da eacutepoca a populaccedilatildeo urbana

aumentou 516 enquanto a rural diminui em 697

Um dos fatores que justifica essa imigraccedilatildeo de moradores do proacuteprio estado do Rio de

Janeiro para engrossas as fileiras de moradores das favelas cariocas veio da decadecircncia da

64

citricultura que florescia na Baixada Fluminense Com a segunda Guerra Mundial em que as

exportaccedilotildees praticamente pararam o mercado interno natildeo pode absorver essa produccedilatildeo

conformando uma verdadeira crise agriacutecola Esses imigrantes eram compostos na sua grande

maioria de uma classe pobre que se empregaram na construccedilatildeo civil constituindo-se assim o

primeiro elemento determinante da multiplicaccedilatildeo das favelas na deacutecada de 40 Eram pessoas

que natildeo podiam construir uma casa em um terreno proacuteprio nem pagar um aluguel

assalariadas que natildeo podiam resistir as consequumlecircncias da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria e ao

aumento crescente do custo de vida

Em 1945 tornou-se puacuteblico a urgecircncia e gravidade da presenccedila das favelas Com isso

os gestores promoveram um estudo sistemaacutetico sobre as favelas seu recenseamento sua

localizaccedilatildeo natureza das construccedilotildees as condiccedilotildees de vida dos moradores Aquele fora um

ano eleitoral Descobriu-se o potencial de voto naquelas pessoas e a favela passa a ser vista

por um curto periacuteodo de tempo como uma massa eleitoral numerosa concentrada em aacutereas

determinadas e de interesses definidos

Os anos 60 e 70 foram anos muito difiacuteceis para os moradores das favelas Para

CORREIA (2008) naquela eacutepoca dois atores sociais tinham poliacuteticas antagocircnicas que

influenciaram o habitar nas favelas De um lado existia a CODESCO uma integraccedilatildeo entre

governo universidade e comunidade que demonstrava um reconhecimento dos diretos da

populaccedilatildeo favelada e de baixa renda Atraveacutes de alternativas visava integrar as favelas agrave

cidade formal Por outro lado existia a CHISAM do Governo Federal que tinha a missatildeo de

restabelecer o remocionismo como tratamento dominante agraves favelas e contava com parceria

da COHAB e do Governador da eacutepoca Negratildeo de Lima onde 114 favelas foram afetadas

A tabela 2 mostra a evoluccedilatildeo do crescimento do nuacutemero de favelas no municiacutepio do

Rio de Janeiro segundo o Censo 2000

ACSELRAD (2006) mostra que o regime de acumulaccedilatildeo da modernidade eacute baseado

na presenccedila da cidade elo entre a economia local e os fluxos globais satildeo maacutequinas de

crescimento promotoras da competitividade internacional Nos anos 80 as praacuteticas poliacuteticas

sociais foram substituiacutedas por um empreendedorismo urbano e com isso o governo propocircs

novas condiccedilotildees para os processos urbanos passando a envolver tambeacutem atores natildeo-

governamentais privados e semipuacuteblicos

A economia da velocidade e da incerteza associada a uma demanda cada vez menos

previsiacutevel destroacutei e recria em permanecircncia o territoacuterio social Essa nova regulaccedilatildeo urbana

compatiacutevel com a acumulaccedilatildeo flexiacutevel movida pela alta mobilidade espacial do capital

atualiza o papel da cidade como ldquomaacutequina de crescimentordquo

65

Mas em contra-ponto os imperativos de desregulaccedilatildeo requeridos pela acumulaccedilatildeo

flexiacutevel fragmentou o tecido institucional e social urbano tanto numa fragmentaccedilatildeo por

baixo como numa fragmentaccedilatildeo por cima A desregulaccedilatildeo por baixo promoveu um

parcelamento na gestatildeo dos bairros pobres numa descontinuidade fiacutesica gerando competiccedilatildeo

entre as comunidades e no interior das mesmas por recursos escassos

O perfil das cidades na deacutecada de 80 era um espelho do investimento por parte do

estado na deacutecada anterior onde a base fiscal foi sustentada pela criaccedilatildeo de fundos setoriais e

um fundo patrimonial o FGTS eacute um exemplo desse fundo

Com o esfacelamento e desaceleraccedilatildeo econocircmica sobre os fundos setorial e

patrimonial houve uma dependecircncia maior aos financiamentos externos Com o quadro que

emerge na deacutecada em que se denominou de metropolizaccedilatildeo da pobreza com isso houve um

acentuado desenvolvimento urbano desigual que ao inveacutes de eliminar a heranccedila do atraso

reproduziu-a e deu-lhe novas conformaccedilotildees

Eacute um contexto seguido de boons Um deles o da violecircncia urbana seguido do

aprofundamento da desigualdade atraveacutes da reproduccedilatildeo e do engendramento de formas

modernas e arcaicas como exemplo pode-se citar o SFH e BNH que foram criados pelo

regime militar e foram absolutamente fundamentais para a estruturaccedilatildeo e consolidaccedilatildeo do

mercado imobiliaacuterio urbano capitalista

Essa violecircncia que eclodiu no final dos anos 80 e iniacutecio dos 90 com mais visibilidade

na cidade do Rio de Janeiro atraiu atenccedilatildeo para a imensa massa de excluiacutedos do mercado de

trabalho e do mercado de consumo regular aleacutem dos serviccedilos e infra-estrutura urbanos O

desempenho recessivo da economia brasileira durante os anos 80 promoveu uma nova

realidade do que seja cidade e espaccedilo urbano

O investimento de uma vultosa soma de recursos (FGTS e SBPE) no financiamento agrave

habitaccedilatildeo saneamento baacutesico e infra-estrutura urbanos mudou a face das cidades brasileiras

verticalizando aacutereas centrais aumentando o preccedilo da terra dinamizando a promoccedilatildeo e

construccedilatildeo de imoacuteveis diversificando a induacutestria de materiais de construccedilatildeo subsidiando

apartamentos modernos para a classe meacutedia emergente e patrocinando a formaccedilatildeo ou a

consolidaccedilatildeo de grandes empresas nacionais de construccedilatildeo pesada

Apesar de o SFH ter financiado 48 milhotildees de moradias ou praticamente 25 do

incremento do nuacutemero de habitaccedilotildees construiacutedas no Brasil entre 64 e 86 o nuacutemero de

moradores de favelas cresceu acentuadamente no periacuteodo e continua a crescer

A Lei Federal 676679 estabeleceu regras pra o parcelamento solo tambeacutem trouxe

significativa restriccedilatildeo da oferta de moradias para a populaccedilatildeo trabalhadora Fruto da luta de

66

movimentos de moradores de loteamentos irregulares a nova lei atende a uma reivindicaccedilatildeo

popular criminalizaccedilatildeo do loteador ldquoclandestinordquo possibilidade da suspensatildeo do pagamento

para efeito de viabilizar a execuccedilatildeo de obras urbaniacutesticas e atribuiccedilatildeo ao municiacutepio ou o

Ministeacuterio Puacuteblico da representaccedilatildeo das comunidades atraveacutes do interesse difuso

A acentuada concentraccedilatildeo e centralizaccedilatildeo das poliacuteticas e da definiccedilatildeo dos

investimentos em habitaccedilatildeo saneamento e infra-estrutura urbanos durante o regime militar

tiveram consequumlecircncias para a realidade que hoje se vecirc como uma malha ou colcha de retalhos

por sobre o espaccedilo urbano

a) Programas idecircnticos para todo o paiacutes que desconheceram especificidades

ambientais urbanas regionais sociais culturais etc

b) Enfraquecimento do poder local a diretriz de saneamento foi contraacuteria agrave

autonomia municipal reforccedilando empresas puacuteblicas estaduais muitas das quais sob

influecircncia das grandes empreiteiras

c) Projetos faraocircnicos (saneamento) superfaturados e maacute qualidade das construccedilotildees

(habitaccedilatildeo) alimentando o clientelismo e a corrupccedilatildeo

A falecircncia do SFH promoveu o recuo dos investimentos nas aacutereas de habitaccedilatildeo e

saneamento baacutesico durante os anos 80

A conquista da abertura poliacutetica com o fim do regime militar pelos emergentes

movimentos operaacuterios camponecircs e popular urbano natildeo significou a conquista da democracia

econocircmica

A democracia eacute tatildeo somente um meacutetodo de escolha coletiva cujos resultados satildeo

abertos e incertos Ela pode reproduzir efeitos perversos ndash e mesmo potencializar interesses

particulares A expansatildeo do mercado poliacutetico no paiacutes ndash via reiteraccedilatildeo de eleiccedilotildees livres ndash natildeo

foi acompanhada de uma expansatildeo do controle social e da institucionalizaccedilatildeo do sistema

poliacutetico e certamente do ponto de vista agregado parece ter levado a uma expansatildeo do

clientelismo e da ineficiecircncia administrativa

Natildeo eacute surpresa alguma o fato de que a democracia natildeo produziu maior bem-estar ou

equidade nem tampouco produziu poliacuteticas puacuteblicas que revertessem as patologias sociais

associadas com a ordem poliacutetica anterior Por outro lado assiste-se na chamada nova

repuacuteblica a um processo agudo de fragmentaccedilatildeo institucional e agrave paralisia decisoacuteria que

produzem um quadro de cinismo ciacutevico generalizado

A percepccedilatildeo eacute de que o Estado pode ser responsabilizado em larga medida por

empurrar parcela significativa da populaccedilatildeo agrave adotar praacuteticas classificaacuteveis como ilegais que

ele mesmo institui como ilegais sob certa pressatildeo Acselrad (2006) eacute um dos autores que

67

abordam o regime de acumulaccedilatildeo da modernidade que foi endossado pelas poliacuteticas do

Estado

Logo favela eacute um centro soacutecio-habitacional dinacircmico influenciado por suas

demandas e pelo imaginaacuterio dos seus habitantes Nem seu proacuteprio conceito escapa da

dinamicidade que veio se sobrepondo a ela ao longo desses 100 anos de existecircncia E para

ilustrar transcreve-se aqui a expressatildeo artiacutestica de alguns compositores da Muacutesica Popular

Brasileira que atraveacutes das suas letras trouxeram uma documentaccedilatildeo do que seja favela

segundo as formas de verem esta realidade

Favela

Numa vasta extensatildeo Onde natildeo haacute plantaccedilatildeo

Nem ningueacutem morando laacute Cada um pobre que passa por laacute

Soacute pensa em construir seu lar E quando o primeiro comeccedila

Os outros depressa Procuram marcar

Seu pedacinho de terra pra morar () Eacute ali que o lugar entatildeo

Passa a se chamar favela Jorginho e Padeirinho (1966)

Barraco de taacutebua

O morro era um presente de Deus Vivia no abandono

Agora morro tem dono Adeus Salgueiro adeus Desccedilo a ladeira chorando Sem ter a quem reclamar

Se o morro eacute um presente do ceacuteu Deus natildeo tem imposto a cobrar

Inveacutes de barracos destruiacutedos Roupa nova para os morros mal vestidos

Herivelto Martins e Viacutetor Simon (1952)

68

Nestas letras fica patente a percepccedilatildeo que o morador o favelado encara a imensidatildeo de

terra que sem exploraccedilatildeo econocircmica direta serviria de espaccedilo para a construccedilatildeo de moradias

Ou seja a demanda era um pedaccedilo de solo para fincar suas raiacutezes sendo brasileiros e melhor

dizendo moradores da Capital

Em outro ponto se percebe a maneira perversa que o Sistema tinha de fazer com que os

favelados natildeo tornassem dependentes sendo eles mesmos os construtores de suas proacuteprias

residecircncias

E em terceiro momento a poliacutetica empreendida pela a administraccedilatildeo puacuteblica da Capital

que mediante iniciativas desmantela algumas favelas e removem seus moradores para outras

localidades Perdendo talvez sua identidade local

Santuaacuterio no Morro

() Barraco grudado no morro Eacute mais forte drsquoaacutegua ateacute

Barraco na hora do aperto Eacute santuaacuterio de Joseacute Por isso minha nega

Natildeo chora mais em vatildeo Barraco eacute santuaacuterio

Deus natildeo vai jogar no chatildeo

Adilson Godoy (1966)

E exemplificando a dinacircmica social dentro do contexto favela trecircs canccedilotildees escritas na

mesma deacutecada revelam o que se podia esperar sendo um favelado Haacute nitidamente as

carecircncias Mas quem se disporia a dar conta daquela realidade

69

O meu guri

Quando seu moccedilo nasceu meu rebento Natildeo era o momento dele rebentar Jaacute foi nascendo com cara de fome

E eu natildeo tinha nem nome pra lhe dar Como fui levando natildeo sei lhe explicar

Fui assim levando ele e me levar E na sua meninice ele um dia me disse

Que chegava laacute Olha aiacute olha aiacute olha aiacute

Olha aiacute eacute o meu guri Chega no morro com carregamento

Pulseira cimento reloacutegio pneu gravador Rezo ateacute ele chegar caacute no algo

Essa onda de assalto ta um horror Eu consolo ele ele me consola

Boto ele no colo pra ele me ninar De repente acordo olho pro lado

E o danado jaacute foi trabalhar Olha aiacute

Olha aiacute olha aiacute olha aiacute Olha aiacute ai eacute o meu guri

Ele chega Chega estampado manchete retrato

Com venda nos olhos legenda e as iniciais Eu natildeo entendo essa gente seu moccedilo

Fazendo alvoroccedilo demais O guri no mato acho que ta rindo Acho que ta lindo de papo pro ar

Desde o comeccedilo eu natildeo disse seu moccedilo Ele disse que chegava laacute Olha aiacute olha aiacute olha aiacute Olha aiacute ai eacute o meu guri

Chico Buarque 1981

70

Alagados

() Palafitas tristes farrapos Filhos da mesma agonia

E a cidade de braccedilos abertos num cartatildeo postal Com os punhos fechados da vida real

Lhes nega a oportunidade Mostra a face dura do mal

Alagados trench town favela da Mareacute A esperanccedila natildeo vem do mar nem das antenas de TV

A arte eacute de viver da feacute Soacute natildeo se sabe feacute em quecirc

Herbert Vianna Bi Ribeiro e Joatildeo Barone (1986)

Nos barracos da cidade

Nos barracos da cidade Ningueacutem mais tem ilusatildeo No poder da autoridade

De tomar a decisatildeo E o poder da autoridade Se pode natildeo faz questatildeo

Se faz questatildeo natildeo consegue Enfrentar o tubaratildeo

Ocirc ocirc ocirc ocirc ocirc Gente estuacutepida

Ocirc ocirc ocirc ocirc ocirc Gente hipoacutecrita

Liminha e Gilberto Gil 1986

71

PARTE II

CARACTERIacuteSTICAS DA AacuteREA DE ESTUDO

72

CAPIacuteTULO CINCO

O COMPLEXO DE FAVELAS DE ACARI

51 A ldquoFAVELA DE ACARIrdquo Natildeo existe simplesmente a ldquofavela do Acarirdquo mas sim um complexo de favelas que ao

longo dos anos adensaram e tornaram-se administrativamente um complexo Ateacute para os seus

moradores essa distinccedilatildeo eacute hoje em dia real e traz alguns dos benefiacutecios e malefiacutecios

propostos pelo tipo de administraccedilatildeo puacuteblica do momento

O Complexo de Acari eacute formado pelas comunidades de Vila Esperanccedila Vila Rica de

Irajaacute e Parque Acari com cerca de 25 mil habitantes segundo dados do censo de 2000 do

Instituto Pereira Passos ndash IPP e do IBGE Estas trecircs comunidades satildeo na verdade trecircs

grandes favelas que juntas ocupam uma aacuterea aproximada de 537880 msup2

Localizado agraves margens da Avenida Brasil o Complexo de Favelas de Acari tem como

vizinhos contiacuteguos os bairros da Pavuna de Coelho Neto de Irajaacute de Jardim Ameacuterica e

Parque Coluacutembia O bairro de Acari situado na XXV Regiatildeo Administrativa eacute separado do

bairro de Coelho Neto pela linha 2 do Metrocirc

Eacute uma regiatildeo servida por diversas linhas de ocircnibus e delimitada pela linha dois do

metrocirc no seu lado oeste pela BR-116 ndash Rodovia presidente Dutra pelo seu lado leste pela

Avenida Brasil pelo lado sul e pelo Rio Acari pelo lado norte

Esta regiatildeo comeccedilou a ser ocupada na deacutecada de 40 apoacutes a abertura da Avenida das

Bandeiras depois chamada de Avenida Brasil Com exceccedilatildeo do conjunto Areal tambeacutem

denominado de Amarelinho e da Olaria toda a parte plana era um manguezal que foi aterrado

aos poucos Segundo alguns moradores que estatildeo na comunidade haacute pelo menos 50 anos o

iniacutecio da ocupaccedilatildeo foi marcado pela ausecircncia de luz eleacutetrica e de aacutegua potaacutevel que era

colhida do outro lado da Avenida Brasil no conjunto habitacional de Coelho Neto Haacute quem

diga que o lugar era cheio de caranguejos ratildes cobras e jacareacutes

Somente na deacutecada de 70 os moradores comeccedilaram a ser organizar para legalizar a

ocupaccedilatildeo Para isso depois de uma uniatildeo com os trabalhadores da olaria os moradores

73

reuniram-se com alguns oacutergatildeos puacuteblicos Depois de 25 anos os moradores receberam o tiacutetulo

de propriedade e em 1981 a comunidade consegui estruturar sua associaccedilatildeo de moradores

52 ESPACIALIDADE DO COMPLEXO DENTRO DO CONTEXTO MUNICIPAL

Ao longo dos anos o Conjunto Acari expandiu-se no entorno de suas vias de acesso

principalmente da Rua Enora Como os centros comerciais ficavam longe da comunidade

comeccedilaram a surgir nas imediaccedilotildees lojas de material de construccedilatildeo o que facilitou aos

moradores a substituiccedilatildeo da madeira pela alvenaria em suas casas Das trecircs comunidades do

Conjunto Acari Vila Rica de Irajaacute foi a uacutenica a ocupar um terreno jaacute explorado que pertencia

a uma olaria e ao INSS A prefeitura do Rio de Janeiro natildeo dispotildee de dados precisos de

quando a ocupaccedilatildeo comeccedilou mas segundo alguns moradores o lugar que havia se chamado

de Areal teria sido batizado de Coroado devido agrave semelhanccedila com a cidade de Coroado

onde na ocasiatildeo se desenrolava a novela Irmatildeos Coragem Em 1979 com a ocupaccedilatildeo

consolidada foi fundada a Associaccedilatildeo de Moradores e a comunidade passou a se chamar

Parque Vila Rica Na deacutecada de 80 um projeto de urbanizaccedilatildeo levou aos moradores a

implantaccedilatildeo das redes de aacutegua e esgoto Nessa eacutepoca as trecircs comunidades de Acari uniram

esforccedilos para cobrar do poder puacuteblico mais investimentos na regiatildeo A expansatildeo da

comunidade soacute era possiacutevel com aterro de aacutereas alagadas e de manguezais Com isso o

escoamento de aacuteguas pluviais ficava cada vez mais difiacutecil ateacute que em 1986 uma tempestade

provocou uma grande inundaccedilatildeo que deixou o interior da maioria das casas com cerca de um

metro de aacutegua Atualmente Vila Rica de Irajaacute eacute dividida em sete setores o Central formado

pela Rua Olaria a principal da comunidade que concentra os serviccedilos e o comeacutercio do lugar

o Cruzeiro que fica na parte alta do conjunto o Portinho cujo acesso eacute difiacutecil o Marginal da

Avenida Brasil com uma faixa de cerca de 100 metros junto agrave avenida com intenso fluxo de

veiacuteculos e de pedestres o do Vale com acesso apenas para pedestres e o marginal ao canal

que concentra serviccedilos comunitaacuterios como o Centro Dom Bosco e o Centro Cultural Areal

Livre

A ocupaccedilatildeo do Parque Acari tambeacutem data de 1940 e tem em seu histoacuterico confrontos

de moradores com policiais militares que vaacuterias vezes derrubaram os barracos erguidos na

comunidade Segundo os moradores apoacutes vaacuterias tentativas frustradas de remoccedilatildeo das

famiacutelias Ernesto Lima de Souza suposto proprietaacuterio do terreno tentou fechar o lugar

Entretanto diante de resistecircncia dos moradores desistiu da accedilatildeo e retirou-se definitivamente

74

Apesar de feito pelos proacuteprios moradores o processo de ocupaccedilatildeo do Parque Acari deu-se de

forma ordenada com a construccedilatildeo das casas devidamente alinhadas seguindo caracteriacutesticas

de um loteamento Desde o iniacutecio da ocupaccedilatildeo os moradores contaram com ajuda de norte-

americanos da Igreja Presbiteriana que entre outras accedilotildees ergueram o preacutedio da associaccedilatildeo

de moradores No final dos anos 60 a comunidade teve sua proacutepria escola de samba a

Impeacuterio de Acari que chegou a desfilar no grupo principal em 1968 e 1969 A quadra ficava

onde hoje fica a Travessa Braule e o Beco Leandro em homenagem ao fundador da escola

Os nomes de ruas e becos homenageiam antigos moradores da comunidade

Atualmente o Parque Acari tem quatro sub-setores O principal deles eacute formado pelas vias de

acesso agrave comunidade as ruas Pantoja Edgar Soutello e Piracambu Os outros satildeo a Travessa

Piracambu limite da comunidade com a Faacutebrica da Esperanccedila a aacuterea central que fica entre a

Travessa Piracambu e Edgar Soutello e a Rua Uniatildeo A vida social dos moradores da

Comunidade do Conjunto Acari mudou nos anos 90 quando um grupo de adolescentes foi

alvo da violecircncia Agraves matildees destes jovens juntaram-se outras que formaram o grupo Matildees de

Acari Com apoio de entidades da sociedade civil ONGs e voluntaacuterios a comunidade buscou

proteccedilatildeo para os jovens da comunidade Dentre as accedilotildees estabelecidas a que mais chamou a

atenccedilatildeo foi o Projeto Faacutebrica da Esperanccedila implantado nas antigas instalaccedilotildees da Formiplac

Assim os jovens da comunidade passaram a ter acesso a cursos profissionalizantes atividades

esportivas e soacutecio-recreativas A Faacutebrica da Esperanccedila entretanto por falhas em sua

administraccedilatildeo natildeo teve vida longa e acabou sendo fechada

521 VILA ESPERANCcedilA

A favela Vila Esperanccedila eacute uma das muitas favelas cariocas a ser beneficiada pelo

programa Favela Bairro da Prefeitura Municipal Sua data de cadastramento junto a Prefeitura

do Rio de Janeiro eacute de 08031982 Esta favela tem Regularizaccedilatildeo urbaniacutestica fundiaacuteria

baseada na Lei de Aacuterea de Especial Interesse Social nuacutemero 384604 PREFEITURA MUN

DO RIO DE JANEIRO

Aleacutem de Vila Esperanccedila esta favela recebe outros nomes

a) Para a SMU ela se chama Ninho de Cobras

b) Para o IBGE Parque Vila Rica de Irajaacute e

c) Para seus moradores - Coroado

75

Pelo que se nota estes nomes tornam peculiar a forma com que se classificam os

moradores pelo espaccedilo do municiacutepio do Rio de Janeiro Isto tem implicaccedilotildees poliacuteticas

econocircmicas e culturais para eles Segundo entrevista com o Presidente da Associaccedilatildeo do

Areal os moradores satildeo estigmatizados perante outras comunidades e nas empresas quando

precisam dizer o nome do local onde vivem Entatildeo segundo o Presidente da Associaccedilatildeo muito

se tem lutado para reconhecer esta comunidade com o bairro e o avanccedilo disso foi a inclusatildeo

da aacuterea no Programa de Favela Bairro que trouxe alguns avanccedilos importantes na aacuterea de

saneamento e coleta de aacutegua potaacutevel mas que ainda assim natildeo se concretizou plenamente

ficando ainda obras por serem realizadas Algumas casas mesmo dentro da aacuterea de

planejamento do Programa Favela Bairro natildeo foram contempladas mantendo ainda o grau de

insalubridade a que outras aacutereas excluiacutedas do programa estatildeo ateacute hoje vivenciando

No imaginaacuterio da populaccedilatildeo ser morador da Vila Esperanccedila difere socialmente de ser

morador do Ninho de Cobras apesar de ser o mesmo lugar Deveria haver um avanccedilo da

administraccedilatildeo puacuteblica com relaccedilatildeo a esta preocupaccedilatildeo da populaccedilatildeo Bem ou mal ali eacute o local

onde habitam onde fincaram raiacutezes e onde criam seus filhos Urge uma unificaccedilatildeo de nomes

para que com isso haja um aumento no niacutevel de auto-estima para seus habitantes

Os nomes que trazem conotaccedilatildeo jocosa para a comunidade estatildeo em processo de

mudanccedila e segundo o Presidente da Associaccedilatildeo de Moradores natildeo soacute Ninho de Cobras mas

outros nomes como Fim do Mundo Mangue Seco Beco do Zeacute do Porco estatildeo em processo

de troca por respectivamente Moinho de Ouro Primeiro Mundo Atalaia Vila Satildeo Luiz

Junto a Vila Esperanccedila se encontra o conjunto habitacional do Areal (Amarelinho) A

histoacuteria deste conjunto remonta aos anos de 1949 e 1951 Seus moradores satildeo originaacuterios das

regiotildees hoje conhecidas como Catacumba Praia do Pinto que atualmente pertencem a aacutereas

nobres dentro do Municiacutepio O conjunto foi construiacutedo depois que houve um remodelamento

de um morro por terraplenagem e com isso proporcionou um platocirc para a construccedilatildeo do

conjunto O terreno que na eacutepoca era de propriedade do Ministeacuterio da Agricultura hoje faz

parte dos espoacutelios do CEASA e a alvenaria do Conjunto tem o INSS como proprietaacuterio ateacute

que seus moradores regularizem sua aquisiccedilatildeo junto a este oacutergatildeo

Segundo o IPP IBGE (censo de 2000) a populaccedilatildeo da Vila Esperanccedila eacute de 5666

pessoas distribuiacutedas por 1258 domiciacutelios Vila Esperanccedila compartilha na verdade suas escolas com alunos de outras favelas do

complexo Essas escolas satildeo

Casa da Crianccedila Amarelinho

Ciep Doutor Adatildeo Pereira Nunes

76

Escola Municipal Conde Pereira Carneiro

Escola Municipal Corneacutelio Pena

Escola Municipal Oliacutempia do Couto e

Escola Municipal Sebastiatildeo Lacerda

Aleacutem dessas escolas e ainda tambeacutem usadas pelos moradores das outras duas favelas

que compotildeem o complexo tem-se

Creche Municipal Major Celestino Santos

Centro de Referecircncia da Assistecircncia Social de Acari

Centro de Referecircncia da Assistecircncia Social Joseacute Carlos Campos

Posto de Assistecircncia Meacutedica Francisco da Silva Telles

Posto de Sauacutede Edma Valadatildeo e

Posto de Sauacutede Prof Carlos Cruz Lima

522 VILA RICA DE IRAJAacute

A favela Vila Rica de Irajaacute se encontra inserida entre duas outras que satildeo a Vila

Esperanccedila e o Parque Acari sendo tambeacutem uma favela beneficiada pelo programa Favela

Bairro Sua data de cadastramento junto a Prefeitura do Rio de Janeiro eacute de 18021982

anterior agrave favela de Vila Esperanccedila Segundo a Prefeitura Municipal do Rio de janeiro Vila

Rica de Irajaacute se encontra ainda sem informaccedilotildees disponiacuteveis quanto a regularizaccedilatildeo

urbaniacutestica fundiaacuteria

Aleacutem de Vila Esperanccedila esta favela recebe outros nomes

a) Para a LIGHT ela se chama Vila Rica

b) Para alguns moradores tambeacutem se chama Coroado mesmo nome dado a favela de

Vila Esperanccedila

Sua populaccedilatildeo segundo o censo de 2000 encontrava-se em 9664 pessoas divididas

entre 2659 domiciacutelios Assim como a favela de Vila Esperanccedila Vila Rica tem como

equipamento puacuteblico adicional

Ciep Antonio Candeia Filho

Escola Municipal General Osoacuterio

Escola Municipal Monte Castelo

Escola Municipal Oliacutempia do Couto

Escola Municipal Jardim de Infacircncia Ana de Barros Cacircmara

77

Centro de Referecircncia da Assistecircncia Social Francisco Sales de Mesquita e

Posto de Sauacutede Sylvio Brauner

523 PARQUE ACARI

A favela Parque Acari encontra-se adjacente ao Hospital de Acari Tambeacutem assim

como as outras duas do complexo esta eacute uma favela beneficiada pelo Programa Favela

Bairro Sua data de cadastramento junto a Prefeitura do Rio de Janeiro eacute de 08021982 Sua

Regularizaccedilatildeo urbaniacutestica fundiaacuteria encontra-se tambeacutem sem dados disponiacuteveis pela

Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro

Outras instituiccedilotildees como o IBGE denominam de Parque Vila Rica de Irajaacute e a

Secretaria Municipal de Urbanismo a chama de Ninho de Cobras que como foi abordado

anteriormente traz uma conotaccedilatildeo pejorativa para a localidade

Sua populaccedilatildeo segundo o censo de 2000 se encontrava em 6638 pessoas divididas

entre 1767 domiciacutelios Ressalta-se que esses dados tecircm oito anos de defasagem

Quanto aos equipamentos puacuteblicos esta favela dispotildee dos mesmos utilizados pelas

outras duas favelas Do outro lado da linha 2 do metrocirc haacute tambeacutem outras escolas tanto

puacuteblicas quanto particulares que absorvem a demanda ali gerada

A aacuterea ocupada desta favela eacute de aproximadamente 154186 msup2

52 4 BEIRA RIO

A favela Beira Rio se encontra ao longo do Rio Acari por uma extensatildeo de 380 metros

aproximadamente Eacute uma comunidade tipicamente ldquoribeirinhardquo mas infelizmente esta

denominaccedilatildeo natildeo tem o romantismo das outras que se conhece pois o Rio Acari tornou um

esgoto agrave ceacuteu aberto haacute muito tempo

Por pertencer ao Complexo esta eacute tambeacutem um favela beneficiada pelo Programa

Favela Bairro Sua data de cadastramento junto a Prefeitura do Rio de Janeiro eacute de

21091981 Sua Regularizaccedilatildeo urbaniacutestica fundiaacuteria encontra-se tambeacutem sem dados

disponiacuteveis pela Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro

Outras insituiccedilotildees como o IBGE a chama de Beira Rio a Light a chama de Parque

Novo Rio e os proacuteprios moradores tambeacutem a chamam de Matura

78

Sua populaccedilatildeo segundo o Censo de 2000 se encontrava em 141 pessoas divididas entre

42 domiciacutelios

Quanto a equipamentos puacuteblicos esta favela dispotildee aleacutem dos mesmos utilizados pelas

outras duas favelas Natildeo foi abordado anteriormente que do outro lado da linha 2 do metrocirc haacute

tambeacutem outras escolas tanto puacuteblicas quanto particulares que absorvem a demanda gerada por

aquele lado

A aacuterea ocupada desta favela eacute de aproximadamente 15464 msup2 segundo dados fornecidos

pela Prefeitura do Rio de Janeiro Durante muito tempo esta favela viveu praticamente vizinha

da Liquid Carbonic que foi extinta em 2002 Empresa que produzia CO2 para refrigerantes

53 ATORES SOCIAIS DENTRO DO COMPLEXO Os atores sociais que podem ser encontrados dentro do complexo de favelas de Acari

variam desde moradores comuns sem nenhuma atividade poliacutetica expressiva que satildeo como

eles mesmos dizem beneficiaacuterios das atividades fomentadas e desenvolvidas por outros ou

que trazidos em forma de poliacutetica puacuteblica Ateacute representantes eleitos direta e indiretamente

pelo povo ou por assumirem um posto de ldquochefiardquo ou coordenaccedilatildeo de algum oacutergatildeo oficial do

Estado ou por ser os responsaacuteveis pelas diversas ONGrsquos espalhadas pelo Complexo Aleacutem eacute

claro dos diversos frequumlentadores que povoam a realidade diaacuteria do Conjunto de Favelas

54 REPRESENTACcedilAtildeO DO ESTADO O Estado atraveacutes das suas instituiccedilotildees deve ser o responsaacutevel pelo o fomento da

melhoria da qualidade de vida e acesso a cidadania Deve permitir um diaacutelogo entre a

sociedade dando chance para que ela pratique dos seus direitos e deveres Deve instruir o

cidadatildeo na sua capacidade de ter e participar por meio das poliacuteticas puacuteblicas

As poliacuteticas puacuteblicas mais expressivas que estatildeo relacionadas diretamente ao

complexo satildeo os Programas de Urbanizaccedilatildeo tanto a niacutevel municipal quanto Estadual e

Federal que podem ser geridos com verbas proacuteprias ou financiamento por outras grandes

instituiccedilotildees da esfera puacuteblica

Dentro do contexto do complexo de favelas de Acari os exemplos que se pode citar

neste trabalho satildeo

79

a) PROGRAMA FAVELA-BAIRRO

O programa favela-bairro foi criado como instrumento para a integraccedilatildeo urbaniacutestica e

social entre os cariocas e para reverter o quadro de degradaccedilatildeo urbana que geralmente

acompanha o desenvolvimento dos grandes centros urbanos

No seio da grande cidade e com o atrativo que desperta em regiotildees vizinhas e devido

ao grande aporte de migraccedilatildeo em busca de melhores condiccedilotildees de vida de melhor

remuneraccedilatildeo pessoas acabam neste trajeto sujeitando-se a morar em ambientes degradados

ou totalmente inapropriados e compatiacuteveis com a vida digna tanto com relaccedilatildeo agrave unidade

residencial como quanto agrave insuficiecircncia em maior ou menor grau de infra-estrutura bens e

serviccedilos puacuteblicos que constituem o padratildeo de cidade contemporacircnea

O programa favela-bairro foi instituiacutedo em 1993 com o objetivo principal de

implementar melhorias urbaniacutesticas atraveacutes de obras de infra-estrutura urbana acessibilidade

e criaccedilatildeo de equipamentos urbanos que visam ganhos sociais promoccedilatildeo social integraccedilatildeo

com a transformaccedilatildeo daquele tipo de dispersatildeo habitacional em bairro

Junto com o Favela-Bairro outras atividades do estado foram necessaacuterias para a

implementaccedilatildeo do programa que se somaram com o mesmo objetivo Estas atividades foram

a regularizaccedilatildeo fundiaacuteria e a geraccedilatildeo de renda Para o caso do complexo de Acari houve uma

parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento - BID que foi co-financiador

Segundo a Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro as principais accedilotildees para integrar as

aacutereas de favela ao tecido urbano da cidade formal foram

bull Oferecer condiccedilotildees ambientais para a leitura da favela como um bairro da cidade

bull Introduzir os valores urbaniacutesticos da cidade formal como signo de sua identificaccedilatildeo

como bairro ndash ruas praccedila

bull Mobiliaacuterio e serviccedilos puacuteblicos

bull Consolidar a inserccedilatildeo das favelas no processo de planejamento da cidade

bull Implementar accedilotildees de caraacuteter social implantando creches programas de geraccedilatildeo de

renda e capacitaccedilatildeo profissional e atividades esportivas culturais e de lazer

80

b) O PROGRAMA BAIRRINHO

O programa Bairrinho eacute um favela-bairro nas comunidades de pequeno porte (de 100 a

500 domiciacutelios) Com o objetivo de integrar essas aacutereas agrave cidade o programa implanta infra-

estruturam equipamentos e serviccedilos puacuteblicos ao mesmo tempo que incentiva a participaccedilatildeo

comunitaacuteria e estimula a geraccedilatildeo de emprego e renda

Entre as intervenccedilotildees do Programa estatildeo a abertura e pavimentaccedilatildeo de ruas

construccedilatildeo de redes de aacutegua esgoto e drenagem iluminaccedilatildeo puacuteblica creches quadras

poliesportivas praccedilas aacutereas de lazer criaccedilatildeo de serviccedilos de limpeza urbana aleacutem de

reflorestamento e remoccedilatildeo de famiacutelias que vivem em aacutereas de risco com reassentamento na

proacutepria comunidade e demarcaccedilatildeo dos limites com objetivo de evitar a expansatildeo da aacuterea

c) A REGULARIZACcedilAtildeO FUNDIAacuteRIA

Segundo a Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro a regularizaccedilatildeo fundiaacuteria viabilizou

o direito agrave propriedade ao mesmo tempo em que ampliou a base da cidade legal beneficiando

as famiacutelias - a maioria de baixa renda - e a cidade que passou a ter o controle urbaniacutestico e

tributaacuterio do local A prefeitura para essa regularizaccedilatildeo utilizou-se de instrumentos legais

como o usucapiatildeo urbano concessatildeo do direito real de uso termos de doaccedilatildeo (quando se

tratou de aacutereas municipais) e a transferecircncia da propriedade por acordo entre o proprietaacuterio e

os ocupantes dos imoacuteveis Haacute ainda no seio do complexo aacutereas federais que estatildeo sendo

negociadas como eacute o caso do conjunto do amarelinho

d) OS EQUIPAMENTOS PUacuteBLICOS

- Escolas Estaduais

- Escolas Municipais Escola Municipal Olimpia do Couto Escola Municipal Conde

Pereira Carneiro Escola Municipal Corneacutelio Pena Escola Municipal Sebastiatildeo de Lacerda

Ciep Doutor Adatildeo Pereira Nunes

- Creches Casa da Crianccedila Creche Municipal Major Celestino R dos Santos

81

- Centro de referecircncia da assistecircncia Social Centro de Referecircncia da Assistecircncia Social

Joseacute Carlos Campos

- Centro Comunitaacuterio de defesa da cidadania

- Unidades de Sauacutede Posto de Assistecircncia Meacutedica Francisco da Silva Telles Posto de

Sauacutede Edma Valadatildeo Posto de Sauacutede Prof Carlos Cruz Lima e o Hospital Ronaldo Gazolla

(Hospital do Acari) que se encontra fechado

82

CAPIacuteTULO SEIS

REPRESENTACcedilAtildeO SOCIAL

61 REPRESENTACcedilAtildeO SOCIAL

Para se estudar os fenocircmenos que permeiam a realidade do Complexo de Favelas de

Acari optou-se por utilizar a Teoria das Representaccedilotildees Sociais para tentar trazer agrave luz a

maneira pela qual os diversos atores envolvidos na realidade daquele complexo interagem

entre si produzindo material de convivecircncia de luta fomentando a produccedilatildeo social do espaccedilo

urbano

Mas o que satildeo Representaccedilotildees Sociais Elas satildeo reconhecidas como fenocircmenos

psicossociais histoacutericos e culturalmente condicionados Sua explicaccedilatildeo deve se dar

necessariamente aos niacuteveis de anaacutelise posicional pois as representaccedilotildees como diz FARR

(1992) apud SAacute 1996 ldquoestatildeo tanto na cultura quanto na cogniccedilatildeordquo As representaccedilotildees sociais

designam tanto um conjunto de fenocircmenos quanto o conceito que os engloba e a teoria

construiacuteda para explicaacute-los Foi inaugurado por Serge Moscovici em 1961

Segundo JODELET (1989) apud SAacute (1996) eacute uma forma de conhecimento

socialmente elaborada e partilhada que tem um objetivo praacutetico e concorre para a construccedilatildeo

de uma realidade comum a um conjunto social Uma forma de saber praacutetico que liga um

sujeito a um objeto Para DOISE (1990) apud SAacute (1996) satildeo princiacutepios geradores de

tomadas de posiccedilatildeo ligadas a inserccedilotildees especiacuteficas em um conjunto de relaccedilotildees sociais e que

organizam os processos simboacutelicos que intervecircm nessas relaccedilotildees Para ABRIC (1994) apud

SAacute (1996) eacute o produto de uma atividade mental pela qual um indiviacuteduo ou um grupo

reconstitui o real com que se confronta e lhe atribui uma significaccedilatildeo especiacutefica

Esta teoria tem algumas vantagens pois daacute conta dos significados sociais construiacutedos e

partilhados atraveacutes da comunicaccedilatildeo A populaccedilatildeo do complexo de Acari tem suas

necessidades que satildeo baseadas no que conhecem da realidade e do que jaacute foi internalizado

cognitivamente de uma realidade natildeo vivida Com isso fica faacutecil ler nos seus discursos

construccedilotildees coletivas do fazer sendo esse bom ou mau As representaccedilotildees sociais

83

representam por excelecircncia o espaccedilo do sujeito social lutando para dar sentido interpretar e

construir um mundo em que ele se encontra

O agir baseado nas representaccedilotildees daacute-se atraveacutes da transformaccedilatildeo das atividades

mentais em objeto que por si soacute eacute possiacutevel dentro de um dado quadro social constituiacutendo

assim uma heranccedila social comum Natildeo haacute nada real que natildeo seja construiacutedo pelo sujeito

apoiando-se em sistema de valores e implicados em um contexto social e ideoloacutegico Segundo

ANADON e MACHADO (2001) ldquoa partir da heranccedila social o indiviacuteduo desempenha um

papel natildeo negligenciaacutevel em suas tomadas de decisatildeo ele eacute ao mesmo tempo produto e

produtor da sociedade e esta existe somente atraveacutes das suas praacuteticasrdquo

VALA (1993) apud SAacute (1996) eacute um teoacuterico que descreve o contexto fenomenal das

representaccedilotildees sociais distinguindo trecircs campos de significaccedilatildeo

a) Conhecimento vulgar de ideacuteias cientiacuteficas popularizadas

b) Objetos culturalmente construiacutedos atraveacutes de uma longa histoacuteria e seus equivalentes

modernos

c) Condiccedilotildees e acontecimentos sociais e poliacuteticos onde as representaccedilotildees que

prevalecem tecircm um curto prazo de significaccedilatildeo para a vida social

De acordo com IBANtildeEZ (1988) apud SAacute (1996) grande parte do material que se

constroacutei uma representaccedilatildeo social proveacutem do fundo cultural acumulado na sociedade ao longo

de sua histoacuteria Esse fundo circula atraveacutes de toda a sociedade sob forma de crenccedilas

amplamente compartilhadas de valores considerados como baacutesicos e de referecircncias histoacutericas

e culturais que conformam a memoacuteria coletiva e ateacute a identidade da proacutepria sociedade

Na formaccedilatildeo de uma representaccedilatildeo social o material cognitivo se torna social atraveacutes

da dependecircncia entre os membros do grupo social As representaccedilotildees com isso podem ser

hegemocircnicas ndash as que satildeo partilhadas por todos os membros de um grupo altamente

estruturado podem ser emancipadas ndash que satildeo consequumlentes da circulaccedilatildeo do conhecimento e

das ideacuteias pertencentes a subgrupos que se encontram em contato mais ou menos estreito e

por fim haacute as chamadas de polecircmicas que satildeo geradas no curso de conflitos sociais de

controveacutersias sociais e a sociedade como um todo natildeo as compartilha MOSCOVICI (1988)

Logo representaccedilatildeo social eacute a modalidade de conhecimento particular que tem por

funccedilatildeo exclusiva a elaboraccedilatildeo de comportamentos e a comunicaccedilatildeo entre indiviacuteduos no

quadro da vida cotidiana

ABRIC (ibidem) relata as finalidades proacuteprias das representaccedilotildees sociais

a) Funccedilatildeo de saber ndash onde elas permitem compreender e explicar a realidade facilitando

a comunicaccedilatildeo social

84

b) Funccedilatildeo identitaacuterias ndash onde definem a identidade e permitem a salvaguarda da

especificidade dos grupos

c) Funccedilatildeo de orientaccedilatildeo ndash onde guiam os comportamentos e as praacuteticas Produzindo

tambeacutem um sistema de antecipaccedilotildees e de expectativas

d) Funccedilatildeo justificatoacuteria ndash onde permite justificar a posteriori as tomadas de posiccedilatildeo e os

comportamentos

E por que utilizar-se das Representaccedilotildees Sociais Porque entendendo o impacto delas

no contexto social eacute que se pode questionar esse contexto transformar o curso dado da vida e

ajudar na construccedilatildeo de uma nova histoacuteria JOVCHELOVICH (2000)

62 REPRESENTACcedilAtildeO SOCIAL DOS ATORES ENTREVISTADOS NO

COMPLEXO DE FAVELAS DE ACARI

ldquoQuando as condiccedilotildees sociais eou o ambiente natural afetam o indiviacuteduo a intensidade dos efeitos na qualidade da sua experiecircncia humana dependeraacute da sua capacidade em perceber essa influecircncia uma vez que a percepccedilatildeo eacute uma variaacutevel culturalrdquo

BOYDEN et al (1981) apud DIAS (1997)

Segundo JOVCHELOVICH (2000) uma forma de se interpretar o que foi produzido

pelos entrevistados eacute utilizar-se de um sistema de codificaccedilatildeo onde mediante ele as unidades

de sentido e modalidades discursivas associadas ao conteuacutedo que emergiu das entrevistas

seja trabalhado em termos de Representaccedilatildeo Social A Representaccedilatildeo Social como um

veiacuteculo de tentar desvelar a realidade social eacute um veiacuteculo em que se busca reconstruir a partir

das falas tomadas de decisatildeo ou indignaccedilatildeo por parte do interlocutor Para suas construccedilotildees

cognitivas haacute sempre uma correlaccedilatildeo com o tom de voz e expressividade ou mesmo

participaccedilatildeo atraveacutes do fazer objetivo

Foi utilizado um sistema de codificaccedilatildeo procurando classificar os conteuacutedos a partir

das modalidades discursivas em que estas aparecem descriccedilotildees explicaccedilotildees e causas das

vaacuterias realidades descritas pelos entrevistados e efeitos e estrateacutegias de enfrentamento

85

associadas com as descriccedilotildees e explicaccedilotildees Trata-se de a partir de palavras chaves comuns

montar um entendimento da heterogeneidade aparente nas falas e trazecirc-la para um marco

comum

As modalidades discursivas expressas no conteuacutedo gravado das entrevistas estatildeo

ligadas a unidades de sentido que constituem o sistema geral de codificaccedilatildeo da fala e foram

reorganizadas em niacuteveis maiores de abstraccedilatildeo de modo a gerar unidades temaacuteticas Essas falas

satildeo um reflexo da realidade em que vivem e ao mesmo tempo dita e questionada pelos

proacuteprios O que natildeo se pode deixar de lado eacute o individualismo que mesmo dentro das

Representaccedilotildees Sociais parece ser uma constante

Eacute vaacutelida a metodologia da narrativa para se estudar as Representaccedilotildees Sociais

RICOEUR (1980) apud JOVCHELOVITCH (2000) afirma que

ldquoO tempo da narrativa eacute desde o iniacutecio tempo de ser-com-outros () a arte de contar estoacuterias reteacutem o caraacuteter publico do tempo e ao mesmo tempo natildeo o deixa deslizar para o anonimato ndash ela o faz um tempo comum aos atores um tempo tecido pela sua interaccedilatildeo Agrave niacutevel da narrativa naturalmente lsquooutrosrsquo existemrdquo

O quadro 1 mostra os temas e a organizaccedilatildeo das unidades de sentido as unidades de

sentido

CULTURA

FATALIDADE

INDIVIDUALISMO

MEIO

AMBIENTE

NECESSIDADES

PODER

PUacuteBLICO

SAUacuteDE

Educaccedilatildeo Mente pequeninha

Favela Valor individual Biodiversidade Orientar Gari comunitaacuterio

Sentir-se saudaacutevel

Reciclagem Violecircncia urbana Conflitos

Despreocupaccedilatildeo Aacutegua Ar Limpeza Natildeo melhorou natildeo

Viver bem

IDH Desmatamento Participaccedilatildeo individual

Esgoto Saneamento Vala negra

Conscientizaccedilatildeo Guardiotildees do Rio

Melhoria do espaccedilo limitado

Prevenccedilatildeo Doenccedilas repetitivas

Sistema de vida

Urbanizaccedilatildeo Verbas destinadas

Espaccedilo fiacutesico de lazer

Consumismo Epidemia Defesa do espaccedilo fiacutesico

Equiliacutebrio fiacutesico-mental

Insalubridade Limpeza Lixo

Educaccedilatildeo

Limpeza de onde se vive

Vala negra Mosquito Dengue

Incapacidade Casa Poluiccedilatildeo Comunidade

Lugar onde vive

Quadro 1 de modalidades discursivas e suas representaccedilotildees sociais

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As modalidades discursivas satildeo toacutepicos nos quais foram incluiacutedas as representaccedilotildees

sociais Elas separam os diversos temas em unidades afins menores dando com isso melhor

entendimento para o processo de construccedilatildeo da representaccedilatildeo social As modalidades

discursivas forma eixos que subjazem e dos quais fica mais faacutecil a construccedilatildeo e interpretaccedilatildeo

das representaccedilotildees dos entrevistados

Da tabela pode-se destacar cultura fatalidade individualismo meio ambiente

necessidades poder puacuteblico e sauacutede Estas retiradas do conteuacutedo entrevistado ao longo da

pesquisa de campo logo a tabela mostra as diversas modalidades discursivas e suas

representaccedilotildees sociais associadas

621 CULTURA REPRESENTANDO SUA INTER-RELACcedilAtildeO COM O REAL

A cultura de uma populaccedilatildeo eacute uma tomada de posiccedilatildeo frente agraves realidades que se vive

e as Representaccedilotildees Sociais advindas daiacute satildeo diversas Pode haver uma faceta de repeticcedilatildeo do

que outros jaacute tecircm feito e pode tambeacutem gerar o novo numa mistura que enriquece o dia-a-dia

A cultura pode vir a ser tudo o que eacute aprendido e partilhado pelos indiviacuteduos de um

determinado grupo e que lhes confere identidade dentro do grupo a que pertence A cultura eacute

o conjunto de manifestaccedilotildees humanas que contrastam com a natureza ou comportamento

natural

Das entrevistas percebe-se que para a boa convivecircncia os moradores devem ter

determinados tipos de atitudes devem ter um fazer com valor positivo socialmente Das

modalidades discursivas emerge a necessidade de educaccedilatildeo como miacutenimo paracircmetro para se

ter educaccedilatildeo e para se viver em sociedade

Educaccedilatildeo eacute tida como uma forma de se perpetuar agraves geraccedilotildees que se seguem dos meio

culturais necessaacuterios agrave convivecircncia em sociedade Eacute um tipo de conhecimento que uma vez

aprendido internalizado capacita o indiviacuteduo a contextualizar sua realidade e este indiviacuteduo

tem a oportunidade de partilhar o conteuacutedo apreendido atraveacutes de redes de multiplicaccedilatildeo A

grande dificuldade especialmente para os moradores deste Complexo eacute justamente delimitar o

que seja educaccedilatildeo Natildeo se pode por si soacute dizer que estes natildeo a tenham O que natildeo se consegue

precisar eacute o niacutevel de educaccedilatildeo que eles tecircm natildeo querendo cair no discurso do que eacute melhor ou

pior mas sim qual o niacutevel eacute satisfatoacuterio para a convivecircncia em sociedade

Como base a educaccedilatildeo eacute necessaacuteria para moldar a personalidade do indiviacuteduo para

mostrar o caminho agraves pessoas para que se consiga abstrair o que eacute certo o que eacute errado

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mediante os siacutembolos e signos sociais Certamente cada habitante tem uma histoacuteria de vida

herdam conceitos sabem sobre o fazer Sabem dos direito deveres Talvez tenham recebido

um resquiacutecio da educaccedilatildeo formalizada em algum momento de suas vidas atraveacutes da escola

Talvez a tenham percebido pelo debate social travado continuamente na esfera puacuteblica

tambeacutem fora da escola ndash a educaccedilatildeo eacute um continum

Como se sabe natildeo eacute somente a educaccedilatildeo bancaacuteria ou tradicional que educa ou

deseduca A escola apesar de ser a primeira entrada no mundo natildeo eacute de modo algum o mundo

e muito menos deve pretender a secirc-lo A escola eacute antes a instituiccedilatildeo que se interpotildee entre o

mundo privado do lar e o mundo de modo a tornar possiacutevel a transiccedilatildeo da famiacutelia para o

mundo

Em diversas entrevistas a palavra educaccedilatildeo apareceu com um tom de reclame pelo o

que tem acontecido no interior daquela comunidade e ela estaacute vinculada fortemente agrave palavra

lixo A educaccedilatildeo dos moradores eacute questionada por exemplo quanto agrave destinaccedilatildeo final dos

seus resiacuteduos soacutelidos Ela eacute cobrada continuamente porque muitos moradores jogam lixo em

todo e qualquer lugar Satildeo praacuteticas difiacuteceis de se coibir As pessoas jogam lixo pelo chatildeo e

natildeo se importam com que outros vatildeo dizer Natildeo satildeo simples papeacuteis de bala ou papeizinhos

amassados mas sim bolsas de mercado com o produto das suas atividades diaacuterias que fica

emoldurando esquinas agrave mercecirc de catildees e principalmente insetos e roedores Muitos dos

moradores natildeo se importam e natildeo tecircm a visatildeo de que aquele ato poderaacute trazer doenccedilas

ldquo e outra coisa eacute noacutes temos o lixo aqui as pessoas natildeo educadas eles

natildeo eles jogam o lixo toda vez eacute garrafa pet para um lado viacutescera de

peixe pra um lado viacutescera de galinha para um lado entatildeo eles natildeo sabem

separar isso eacute falta de educaccedilatildeo ambiental e natildeo eacute feito na comunidade as

escolas que estatildeo comeccedilando agora a fazer issordquo

ENTREVISTA 1

Jogar lixo no chatildeo ou pela janela dos veiacuteculos de transporte passa a ser normal dentro

de uma realidade que envolve problemas educacionais deficiecircncia de se internalizar o

discurso da higiene e da qualidade de vida Eacute ainda mais evidente quando se tem um serviccedilo

puacuteblico e regular de limpeza urbana

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ldquo ah se vocecirc se andar nas ruas becos vocecirc vecirc muita sujeira os garis

acabam de limpar e se eles voltarem duas horas depois estaacute tudo sujo

ENTREVISTA 1

A educaccedilatildeo ou a deseducaccedilatildeo de os moradores de modo a natildeo dispersarem o lixo em

lugares inapropriados e fora do periacuteodo de coleta acaba tornando um problema coletivo

importante Esse comportamento natildeo se justifica em qualquer hipoacutetese mas tudo fica mais

faacutecil quando se dispotildee de algueacutem para retirar esse lixo do meio do caminho no caso a

presenccedila dos garis Eacute como se as pessoas se sentissem no direito de dar trabalho a eles Afinal

segundo a oacutetica desses moradores os garis estatildeo ali para aquilo (Figs 1-B e 2-B)

ldquo mas as vezes o morador eacute culpado porque pegam a bolsinha de lixo e

natildeo quer andar ateacute a ponta aqui e depois venha aqui cobrarrdquo

ENTREVISTA 2

Soacute muito recentemente eacute que as questotildees ambientais tecircm entrado na pauta educacional

do Sistema Brasileiro de Educaccedilatildeo Em 1946 foi incluiacutedo no curriacuteculo escolar questotildees

relativas agrave higiene e agraves ciecircncias naturais (os primoacuterdios da educaccedilatildeo ambiental) Por ter

havido uma ruptura com o modelo agraacuterio-exportador a educaccedilatildeo passa a responder agraves

necessidades criadas pela industrializaccedilatildeo do paiacutes ZOTTI (2008)

TRAVASSOS (2001) afirma que devido agrave fragilidade dos ambientes naturais com a

questatildeo da sobrevivecircncia humana em cheque com o aumento dos movimentos ambientalistas

e agraves preocupaccedilotildees ecoloacutegicas criou-se as condiccedilotildees para a inclusatildeo curricular de assuntos

relacionados ao meio ambiente que jaacute em 1977 com a I Conferecircncia Nacional de Educaccedilatildeo

Ambiental realizada em Brasiacutelia pelo Ministeacuterio do Meio Ambiente que produziu os seguintes

resultados

ldquoOs trecircs temas mais abordados nos projetos foram Problemas da Realidade Local 472 Educaccedilatildeo Ambiental no Contexto Escolar 451 e LixoReciclagem 326 A orientaccedilatildeo presente no processo educacional de ter como ponto de partida a busca da percepccedilatildeo da realidade mais proacutexima relacionando-se com as preocupaccedilotildees comunitaacuterias eacute uma constante nos projetos que participam desta pesquisa Do mesmo modo a Educaccedilatildeo Ambiental no Contexto Escolar reafirma os dados

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anteriores nas inter-relaccedilotildees que estabelecem assim como a incidecircncia tatildeo importante do tema LixoReciclagem se relaciona com a quantidade de projetos que se desenvolvem em aacutereas urbanasrdquo

Foi possiacutevel observar concordacircncia dos resultados do presente trabalho e as

afirmaccedilotildees de PHILIPPI JR et ali (2004) quando apresenta o problema da articulaccedilatildeo da

educaccedilatildeo ambiental voltado ao uso dos recursos naturais e do equiliacutebrio dos ecossistemas em

detrimento do meio ambiente urbano O que eacute corroborado por DIAS (1992)

De qualquer forma a evoluccedilatildeo dos conceitos de Educaccedilatildeo Ambiental tem sido vinculada ao conceito de meio ambiente e ao modo como este era percebido O conceito de meio ambiente reduzido exclusivamente a seus aspectos naturais natildeo permitia apreciar as interdependecircncias nem a contribuiccedilatildeo das consciecircncias sociais agrave compreensatildeo e melhoria do meio ambiente humano

A Educaccedilatildeo Ambiental fomentada pela Lei 693881 toma forma com a Lei Ndeg 9795

de 27 de abril de 1999 no seu Art 2o em que passa a ser um componente essencial e

permanente da educaccedilatildeo nacional devendo estar presente de forma articulada em todos os

niacuteveis e modalidades do processo educativo em caraacuteter formal e natildeo-formal Mas apesar

disso segundo TRAVASSOS (idem) ldquo as escolas puacuteblicas e particulares ainda natildeo

assimilaram ou natildeo entenderam como devem implementar a educaccedilatildeo ambiental em seus

programasrdquo Para as escolas que utilizam livros didaacuteticos comerciais o conteuacutedo de meio

ambiente vem como capiacutetulo especiacutefico e tambeacutem diluiacutedo em outros assuntos Mas para

escolas que tecircm uma certa flexibilidade de conteuacutedo dentro do que eacute proposto pelas

Secretarias de Educaccedilatildeo Municipal e Estadual a educaccedilatildeo ambiental corre o risco de ser

como afirma TRAVASSOS (ibdem) ldquo uma educaccedilatildeo conservacionista apenas lembrada na

Semana do Meio Ambienterdquo

De acordo com o graacutefico 1-B a regiatildeo sudeste fica em segundo lugar na oferta da

Educaccedilatildeo Ambiental para as escolas de niacutevel fundamental perdendo apenas para a regiatildeo

nordeste Estes dados do MEC revelam a preocupaccedilatildeo recente por parte do Estado em

colocar na agenda da educaccedilatildeo brasileira a necessidade de se abstrair o que seja o meio

ambiente e o universo em que a crianccedilas estaacute situada

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Obviamente haacute menccedilotildees sobre o meio ambiente em datas ateacute muito anteriores as das

acima citadas mas nenhuma delas trouxe uma modificaccedilatildeo direta e envolvente no plano

educacional do ensino baacutesico Dentre essas o Decreto Legislativo Federal nordm 03 de 13 de

fevereiro de 1948 e o Coacutedigo Florestal - lei federal nordm 4771 de 15 de setembro de 1965

ldquo apesar de ter os garis que varrem as pessoas continuam jogando lixo na

rua entatildeo eacute preciso passar por um processo de educaccedilatildeo ecoloacutegica Se

vocecirc procurar nos becos da favela se andar por aiacute se vecirc muito coco de

animais natildeo que eu quero exterminar ateacute adoro neacute Mas eu ando e vejo em

outros lugares as pessoas com a bolsinha quando faz coco na rua as

pessoas botam saquinho plaacutestico e joga na lata de lixo Aqui natildeo se vecirc

crianccedila eacute porco cabrito gato cachorro tudo faz por aiacute e as crianccedilas

brincandordquo

ENTREVISTA 1

Existe a evidecircncia da necessidade de Educaccedilatildeo Ambiental para todos os moradores do

complexo o que foi evidenciado pelo seguinte entrevistado

ldquoEu acho que se forem feito estudos desde a educaccedilatildeo principal maternal

jardim ai vem primeira seacuterie assim sucessivamente natildeo adiante depois

que as pessoas estatildeo velhas que jaacute estatildeo acostumadas a fazer muita coisa

errada vocecirc tentar colocar aquilo na cabeccedila das pessoas vocecirc jaacute tem que

vir desde quando eacute crianccedila ensinar a crianccedilardquo

ENTREVISTA 3

Mas como implementar accedilotildees que envolvam a populaccedilatildeo para a tomada de

consciecircncia desse tipo errocircneo de comportamento que por fim faz onerar a vida dos proacuteprios

moradores com a disseminaccedilatildeo de doenccedilas e o custo do seu tratamento Talvez a resposta

esteja nas lideranccedilas comunitaacuterias

ldquo porque eu sou a favor de que ele venha eu estou confiando nele e

espero que porque haacute esse descaso que vocecirc falou ateacute mesmo da lideranccedila e

descaso da proacutepria comunidade que se acostumou com certos tipos de

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problemas mas agraves vezes o morador eacute culpado porque pegam a bolsinha de

lixo e natildeo quer andar ateacute a ponta aqui e depois venha aqui cobrar Mas

outro natildeo querem chegar junto vocecirc sabe por que eacute porque as pessoas vatildeo

se cansando e claro estas questotildees vatildeo caindo em descreacutedito entatildeo tem

muitos que natildeo querem pois se cair em descreacutedito jaacute erardquo

ENTREVISTA 2

Mesmo que haja as lideranccedilas comunitaacuterias e que estas consigam organizar a

contextualizaccedilatildeo do habitar dentro da comunidade nem sempre sua abrangecircncia tem uma

cobertura satisfatoacuteria E eacute aiacute que reside o espaccedilo para a oposiccedilatildeo que traz criacutetica e funciona

como verdadeiro termocircmetro na avaliaccedilatildeo do desempenho das lideranccedilas Uma coisa eacute certa

as lideranccedilas tecircm consciecircncia da necessidade de capacitaccedilatildeo e parcerias para a implementaccedilatildeo

de atividades relacionadas ao lixo produzido e sua manipulaccedilatildeo (figuras 3-B e 4-B)

ldquo pegamos duzentos latotildees de produtos quiacutemicos que agente natildeo sabia que

era toacutexico Aiacute um belo dia a Comlurb disse assim oh retira esses latotildees que

eu dou todo ele cor de aboacutebora que a questatildeo do lixo eacute uma coisa muito

forterdquo

ldquoEssa foi a uacuteltima assembleacuteia que tivemos e falamos da reciclagem de lixo

tudo agente tenta buscar e discutir com a comunidade noacutes queremos

capacitaccedilatildeo para o tratamento do lixo agente estaacute aberto para capacitaccedilatildeo

e parcerias agente quer agente necessita para fazer melhorrdquo

ENTREVISTA 4

Em apenas uma das entrevistas o Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) foi

lembrado e apesar de natildeo ser uma Representaccedilatildeo Social eacute oportuno abordar um pouco do que

seja esse iacutendice O IDH eacute uma medida comparativa de riqueza alfabetizaccedilatildeo educaccedilatildeo

esperanccedila de vida natalidade e outros fatores para os diversos paiacuteses do mundo Eacute uma

maneira padronizada de avaliaccedilatildeo e medida do bem-estar de uma populaccedilatildeo especialmente

bem-estar infantil O iacutendice foi desenvolvido em 1990 pelo economista paquistanecircs Mahbub

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Haq e vem sendo usado desde 1993 pelo Programa das Naccedilotildees Unidas para o

Desenvolvimento ndash PNUD em seu relatoacuterio anual

Os paiacuteses membros da ONU satildeo classificados de acordo com essas medidas Os paiacuteses

com uma classificaccedilatildeo elevada frequumlentemente divulgam a informaccedilatildeo a fim de atrair

imigrantes qualificados ou desencorajar a emigraccedilatildeo

Os criteacuterios de avaliaccedilatildeo do IDH satildeo

bull Educaccedilatildeo Para avaliar a dimensatildeo da educaccedilatildeo o caacutelculo do IDH considera dois

indicadores O primeiro eacute a taxa de alfabetizaccedilatildeo considerando o percentual de

pessoas acima de 15 anos de idade esse indicador tem peso dois O Ministeacuterio da

Educaccedilatildeo indica que se a crianccedila natildeo se atrasar na escola ela termina o principal ciclo

de estudos (Ensino Fundamental) aos 14 anos de idade Por isso a mediccedilatildeo do

analfabetismo se daacute a partir dos 15 anos O segundo indicador eacute o somatoacuterio das

pessoas independentemente da idade que frequumlentam algum curso seja ele

fundamental meacutedio ou superior dividido pelo total de pessoas entre 7 e 22 anos da

localidade Tambeacutem entram na contagem os alunos supletivos de classes de

aceleraccedilatildeo e de poacutes-graduaccedilatildeo universitaacuteria nessa aacuterea tambeacutem estaacute incluiacutedo o sistema

de equivalecircncias Rvcc ou Crvcc apenas classes especiais de alfabetizaccedilatildeo satildeo

descartadas para efeito do caacutelculo

bull Longevidade O item longevidade eacute avalidado considerando a esperanccedila de vida ao

nascer que eacute vaacutelida tanto para o IDH municipal quanto para o IDH de paiacuteses Esse

indicador mostra a quantidade de anos que uma pessoa nascida em uma localidade em

um ano de referecircncia deve viver Ocultamente haacute uma sintetizaccedilatildeo das condiccedilotildees de

sauacutede e de salubridade no local jaacute que a expectativa de vida eacute diretamente

proporcional e diretamente relacionada ao nuacutemero de mortes precoces

bull Renda A renda eacute calculada tendo como base o PIB per capita do paiacutes ou municiacutepio

Como existem diferenccedilas entre o custo de vida de um paiacutes para o outro a renda

medida pelo IDH eacute em doacutelar PPC (Paridade do Poder de Compra) que elimina essas

diferenccedilas

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Para calcular o IDH de uma localidade faz-se a seguinte meacutedia aritmeacutetica

(onde L = Longevidade E = Educaccedilatildeo e R = Renda)

nota pode-se utilizar tambeacutem a renda per capita (ou PNB per capita)

Legenda

bull EV = Expectativa de vida

bull TA = Taxa de Alfabetizaccedilatildeo

bull TE = Taxa de Escolarizaccedilatildeo

bull log PIBpc10 = logaritmo decimal do PIB per capita

O IDH varia de zero (nenhum desenvolvimento humano) ateacute 1 (desenvolvimento

humano total) sendo os paiacuteses classificados deste modo

bull Quando o IDH de um paiacutes estaacute entre 0 e 0499 eacute considerado baixo

bull Quando o IDH de um paiacutes estaacute entre 0500 e 0799 eacute considerado meacutedio

bull Quando o IDH de um paiacutes estaacute entre 0800 e 1 eacute considerado alto

Para o bairro de Acari onde o Complexo estaacute situado o PNUD tem tabulado os

seguintes dados para o uacuteltimo Censo de 2000

Ordem

segundo IDH

Bairro Esperanccedila de

vida ao nascer

(em anos)

Taxa de alfabetizaccedilatildeo de adultos ()

Taxa bruta de frequecircncia escolar ()

Renda per

capita (em R$ de 2000)

Iacutendice de Longevidade

(IDH-L

Iacutendice de Educaccedilatildeo

(IDH-E

Iacutendice de Renda (IDH-R)

Iacutendice de Desenvolvimento

Humano Municipal (IDH)

124 Acari 6393 9168 7944 17412 0649 0876 0634 0720

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O que representa o IDH para o Bairro de Acari Representa a oferta de subsiacutedios para

que o Estado concentre seus investimentos em poliacuteticas puacuteblicas Que segundo BODSTEIN amp

ZANCA (2008)

ldquofornecer dados para o combate a pobreza e o enfrentamento dos problemas sociais atraveacutes da comparaccedilatildeo das condiccedilotildees de vida enfatizando a relaccedilatildeo entre pobreza e ausecircncia de acesso da populaccedilatildeo aos bens e serviccedilos essenciais para a qualidade de vidardquo

Representa tambeacutem a chance de se dispor de dados confiaacuteveis para o investimento

real Mas como todo indicador o IDH tem as suas falhas Por exemplo em Sauacutede ldquonatildeo basta

saber o quanto cada paiacutes aloca no setor sauacutede como percentual de seu PIB o mais

importante eacute quatildeo eficientemente esses recursos tecircm sido empregadosrdquo CICONELLI et ali

(2005)

Na modalidade discursiva ndash Prevenccedilatildeo a Representaccedilatildeo Social que mais se destaca

estaacute ainda inserida no contexto de lixo e educaccedilatildeo conforme as seguintes entrevistas

ldquo vocecirc tiver o espaccedilo fiacutesico de lazer compatiacutevel com as nossas moradias eacute

favoraacutevel o crescimento da crianccedila do adolescente e o adulto saudaacutevel

seja dentro da nossa casa seja na comunidade seja no espaccedilo de lazer seja

onde noacutes tivermos se tiver limpeza agente vai ter uma sauacutede equilibrada se

agente tiver sujeira e imundiacutecie agente natildeo vai ter sauacutederdquo

ldquo se todo mundo em favela viver em um ambiente limpo e saudaacutevel vai ter

com certeza sauacutede saudaacutevel Mas se agente viver na comunidade esse espaccedilo

fiacutesico se natildeo for bem tratado saneamento baacutesico com certeza vatildeo ter essa

comunidade esse espaccedilo ecoloacutegico uma vivecircncia ruimrdquo

ENTREVISTA 1

Talvez o relato mais crucial para a questatildeo que envolve sauacutede e o ambiente onde se

vive fique a cargo da Equipe do Programa de Sauacutede da Famiacutelia

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ldquo o ideal do programa sauacutede da famiacutelia o objetivo natildeo eacute curativo uma vez

que nosso objetivo eacute a prevenccedilatildeo da sauacutede e agente natildeo tem essa

oportunidade porque agente soacute trabalha com cura melhoria agente ainda

natildeo conseguiu definir esse objetivo de promover a sauacutede prevenir Agente

soacute parte do tratamento porque eu acho que esse conceito ainda falta na

populaccedilatildeo a demanda eacute muito grande entatildeo o programa de sauacutede da

famiacutelia aqui neste momentordquo

ENTREVISTA 6

A prevenccedilatildeo deveria ser uma palavra mais corrente natildeo soacute na aacuterea da sauacutede com

tambeacutem na aacuterea ambiental A expressatildeo ldquoprevenir eacute melhor do que remediarrdquo eacute quase sempre

aceita sem questionamento pois todos concordam que medidas preventivas simples devam

ser tomadas se puderem evitar consequumlecircncias graves ou de difiacutecil reparaccedilatildeo No entanto nem

todas as medidas preventivas mesmo que eficazes satildeo realizadas seja por serem de difiacutecil

implementaccedilatildeo praacutetica ou porque o risco do evento que destinam a prevenir eacute baixo Esta

afirmaccedilatildeo pode causar alguma estranheza mas eacute de faacutecil compreensatildeo ao nos depararmos

com situaccedilotildees fora da aacuterea da sauacutede

Um dos principais objetivos ao se estabelecer procedimentos preventivos eacute portanto

verificar se haacute uma boa relaccedilatildeo entre os benefiacutecios alcanccedilados na prevenccedilatildeo e os custos

envolvidos (natildeo apenas financeiros) Pode-se falar em vaacuterios niacuteveis diferentes de prevenccedilatildeo

na praacutetica em sauacutede

bull A prevenccedilatildeo primaacuteria refere-se a medidas para reduzir ou evitar a exposiccedilatildeo a

fatores de risco que satildeo associados com doenccedilas Inclui modificaccedilotildees de

haacutebitos de vida diretamente ligados agraves principais causas de mortalidade e

inclui uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e balanceada a praacutetica regular de atividade

fiacutesica evitar o consumo excessivo de aacutelcool e o tabagismo

bull A prevenccedilatildeo secundaacuteria refere-se agrave detecccedilatildeo precoce de doenccedilas em

programas de rastreamento

bull A prevenccedilatildeo terciaacuteria que satildeo as medidas que visam prevenir complicaccedilotildees

durante o tratamento de doenccedilas e que se confunde com o proacuteprio tratamento

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Em sauacutede eacute fundamental se pensar em prevenccedilatildeo Ela facilita a vida dos usuaacuterios

inclusive evitando que as unidades hospitalares entrem em colapso devido agrave grande procura

Mas apesar da ciecircncia desse termo a sua apropriaccedilatildeo pelo brasileiro ainda eacute restrita e haacute uma

lacuna de investigaccedilatildeo do por que ainda eacute indevida O brasileiro aceita com mais agrado a

prevenccedilatildeo terciaacuteria em sauacutede em detrimento da primaacuteria

Um bom exemplo eacute o problema da Dengue Esta jaacute eacute endecircmica e potencialmente

prevenida uma vez que limitando os criadouros do Aedes aegypt se reduz a frequumlecircncia de

casos A prevenccedilatildeo no caso da dengue mesmo que conhecida natildeo eacute efetuada e quando o

veratildeo chega milhares de pessoas datildeo entradas nos serviccedilos de sauacutede para o tratamento

curativo que representa custos imensos para os usuaacuterios quanto maior for o seu descaso com

a prevenccedilatildeo

Eacute um item para se colocar sob a eacutegide da educaccedilatildeo Sim o eacute Mas a populaccedilatildeo

permanece em um letaacutergico e irritante movimento que nunca iraacute acontecer e com isso nunca

se previne E todo ano a histoacuteria se repete A dengue eacute um problema ambiental seu ciclo de

existecircncia envolve o homem e o ambiente onde vive e tem o meso como sua principal viacutetima

ldquo ah tem haver principalmente com a populaccedilatildeo A populaccedilatildeo eacute o

principal responsaacutevel pela Dengue tudo bem que os governantes deixam a

desejar com a limpeza dos valotildees essas coisas neacute Tratamento assim mas a

populaccedilatildeo ateacute hoje consegue deixar garrafa de boca pra cima caixa drsquoaacutegua

destampada entatildeo isso aiacute eacute falta de educaccedilatildeo do povo Se a populaccedilatildeo se

educasse natildeo estariacuteamos nesta situaccedilatildeo Depois de tantas mortes tanta

coisa tanta propaganda tanta notiacutecia na televisatildeo e no raacutedio as pessoas

conseguem deixar a caixa drsquoaacutegua destampada E natildeo satildeo soacute o pobre natildeo os

ricos tambeacutem neacuterdquo

ENTREVISTA 7

ldquoAqui estaacute uma epidemia jaacute morreu crianccedila adulto jovens tem muita gente

internada hoje mesmo no meu trabalho a minha professora de educaccedilatildeo

fiacutesica tava falando que um rapaz novinho taacute todo dia na padaria comprando

patildeo tava com problema de dengue internado com problema seacuterio agente

fica a parte de sauacutede principalmente agente estaacute jogado as baratas Vai

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pro hospital natildeo tem meacutedico vai no pan natildeo tem meacutedico e aiacute pra ficar

doente passando mau

ENTREVISTA 8

ldquoAcho que a sauacutede vem desde a prevenccedilatildeo Se natildeo houver prevenccedilatildeo natildeo

haacute sauacutede Porque natildeo age soacute que a pessoa tem que a pessoa tem que fazer

aquela prevenccedilatildeo ali pra que natildeo fique doente entendeu Pra que natildeo

pegue algum tipo de viacuterus ou outra coisa Natildeo eacute soacute depois que estaacute doente

cuidar daquilordquo

ENTREVISTA 3

Jaacute o consumismo foi abordado de diversas formas

ldquoO carro eu acho assim noacutes necessitamos dele acho que o carro nos

traz mais conforto eu acho que carro eacute necessidade mas no meio ambiente

ele danifica salta gaacutes polui o ar

ldquoA mesma coisa ai satildeo celulares aparelhos que vocecirc usa pilha usa coisa

que ele danifica tambeacutem o meio ambiente por exemplo eu li uma vez por

exemplo que a ldquoguimbardquo de cigarro se vocecirc colocar ele demora para a

natureza a terra absorver duzentos anos neacute Vi tambeacutem que a garrafa

plaacutestica demora mais de 300 anos para danificar isso plaacutestico entatildeo isso eacute

ENTREVISTA 1

O consumismo eacute tratado com reservas primeiro porque as condiccedilotildees econocircmicas no

contexto deste Complexo natildeo permitem o gasto excessivo com bens materiais ou

investimentos imediatos como melhorias nas habitaccedilotildees ou itens de luxo Mesmo assim

pessoas manifestaram a necessidade de um determinado bem Articularam atraveacutes das suas

falas que conforto e consumismo podem ser dependentes E uma vez generalizando

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sublimam as paixotildees por determinados produtos tecnoloacutegicos de ponta Mas mesmo com esse

olhar tiacutemido foi comum encontrar o consumismo associado tambeacutem agrave poluiccedilatildeo e agrave produccedilatildeo

de resiacuteduos Exemplos como o carro pilhas plaacutestico e o cigarro vecircm corroborar a ideacuteia de que

o meio ambiente sofre tambeacutem com a produccedilatildeo industrial com o consumismo mais

diretamente relacionado agrave regulaccedilatildeo do seu uso implicando seu descarte na natureza (o

ambiente da favela)

Atualmente se discute por exemplo o destino que os beneficiados pelo Programa

Bolsa Famiacutelia datildeo ao provento que recebem do Governo Federal Inclusive dentro do

Complexo onde muitas famiacutelias aderiram ao consumismo neoliberal para o qual o Governo

se propotildee como alternativa MARTINS (2008)

622 REPRESENTANDO A SAUacuteDE E O MEIO AMBIENTE

Meio ambiente e Sauacutede satildeo temas absolutamente indissociaacuteveis O ser humano eacute parte

da natureza e precisa do meio ambiente saudaacutevel para ter uma vida salubre Os danos

causados ao meio ambiente provocam prejuiacutezos agrave sauacutede e vice-versa e a existecircncia de um eacute a

proacutepria condiccedilatildeo da existecircncia do outro GRANZIERA amp DALLARI (2005)

Segundo CUNHA (2005)

O artigo 225 da Constituiccedilatildeo Federal do Brasil estipula que Todos tecircm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado bem de uso comum do povo e essencial agrave sadia qualidade de vida impondo-se ao Poder Puacuteblico e agrave coletividade o dever de defendecirc-lo e preservaacute-lo para as presentes e futuras geraccedilotildees Nota-se que o dispositivo em foco eacute categoacuterico ao afirmar que o meio ambiente ecologicamente equilibrado eacute essencial agrave sadia qualidade de vida ou seja agrave proacutepria sauacutede

Ainda no artigo 200 que trata das atribuiccedilotildees do SUS no inciso VIII a colaboraccedilatildeo e

a proteccedilatildeo do meio ambiente satildeo citados Jaacute na Lei 693881 conhecida como Poliacutetica

Nacional do Meio Ambiente que tem por objetivo a preservaccedilatildeo melhoria e recuperaccedilatildeo da

qualidade ambiental favoraacutevel agrave vida e portanto agrave sauacutede visa a assegurar condiccedilotildees ao

desenvolvimento soacutecio-econocircmico e agrave proteccedilatildeo da dignidade humana Com isso

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juridicamente as inter-relaccedilotildees entre sauacutede e meio ambiente deixam de ser atos exclusivos de

cada esfera para tornar a ser e se perceber como natildeo excludentes

CUNHA (idem) ainda cita o art 3ordm inciso III aliacutenea a ldquopoluiccedilatildeo como a

degradaccedilatildeo da qualidade ambiental resultante das atividades que direta ou indiretamente

prejudiquem a sauacutede a seguranccedila e o bem-estar da populaccedilatildeordquo e a Lei 808090 prevecirc uma

seacuterie de accedilotildees integradas relacionadas agrave sauacutede meio ambiente e saneamento baacutesico via

consignaccedilatildeo do meio ambiente como fator condicionante para a sauacutede

A sauacutede eacute resultante das condiccedilotildees objetivas de existecircncia resulta das condiccedilotildees de

vida bioloacutegica social e cultural e particularmente das relaccedilotildees que os homens estabelecem

entre si e com a natureza Portanto ela deve ser mantida atraveacutes de mecanismos que

incrementem a qualidade de vida e natildeo somente da assistecircncia Isso exige a articulaccedilatildeo de

todos os setores sociais e econocircmicos e desta forma o direito agrave sauacutede natildeo seria o pressuposto

que apenas nortearia as poliacuteticas setoriais de sauacutede mas um elo integrador que teria de

permear todas as poliacuteticas sociais do Estado balizadas pela participaccedilatildeo inclusive de poliacuteticas

econocircmicas

Segundo a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede a sauacutede eacute um estado de completo bem estar

fiacutesico mental e social e natildeo apenas a ausecircncia de afecccedilatildeo ou doenccedila Mas nas interaccedilotildees

sociais que ocorrem na esfera social de um espaccedilo citadino esta definiccedilatildeo ainda eacute restrita

pois sauacutede tambeacutem se correlaciona com ecologia aleacutem disso sauacutede eacute um ldquoprocesso dinacircmico

que se alcanccedila na medida em que os atores sociais se articulem ou natildeo com todas as

variaacuteveis implicadas para este processordquo FIOCRUZ (2001)

O tema ldquoO homem sua sauacutede e o ambiente em que ser viverdquo eacute oportuno pois fornece

uma reflexatildeo a respeito desta faceta ambiental que envolve sauacutede e o ser humano como

objeto de estudo ainda mais quando natildeo se nega a sua participaccedilatildeo social como fator

limitante da sua sauacutede

Para Sauacutede e Meio ambiente as representaccedilotildees sociais foram

bull Equiliacutebrio Fiacutesico-Mental sentir-se saudaacutevel viver bem limpeza de onde se vive

bull Esgoto saneamento vala negra lixo casa lugar onde se vive aacutegua e Ar

desde as lideranccedilas ateacute moradores comuns a definiccedilatildeo claacutessica de sauacutede foi percebida

quase que unacircnime como revelada nas falas

100

ldquoEquiliacutebrio fiacutesico e mental pra mim sauacutede eacute isso equiliacutebrio fiacutesico e

mental Quando eu falo fiacutesico e mental vocecirc eacute uma pessoa saudaacutevel se vocecirc

tem um equiliacutebrio fiacutesico neacute Eu to bem fisicamente mentalmente eu to bemrdquo

ENTREVISTA 1

- Sauacutede eacute o bem estar fiacutesico e mental neacute Boa alimentaccedilatildeo higiene eacute o

estado de espiacuterito perfeito neacute A pessoa sem sauacutede eacute nada entatildeo pra se ter

sauacutede tem que ter boa alimentaccedilatildeo acompanhamento meacutedico

ENTREVISTA 7

ldquo Bem estar fiacutesico e mental de cada pessoardquo

ENTREVISTA 6

ldquosobre tudo condiccedilatildeo socialrdquo

ENTREVISTA 6

ldquoeacute difiacutecil vocecirc falar em cima dessas para mim essa abrange tudo natildeo tenho

que acrescentar a isso Agora eu acho que vocecirc pode natildeo necessariamente

estar bem psicologicamente para mim eacute o mesmo que estar psicologicamente

para ela pode ser diferente Eu acho que isso pode ser nivelado eu acredito

natildeo eacute a mesma coisa pra todo mundo Natildeo tem como vocecirc dizer que todo

mundo vai ter o niacutevel de sauacutede igual vai achar a mesma coisa Vocecirc pode

dizer a mesma coisa mas na verdade natildeo acha a mesma coisardquo

ENTREVISTA 6

O que seria equiliacutebrio fiacutesico-mental para aquelas pessoas Primeiramente um termo

usado com frequumlecircncia na definiccedilatildeo claacutessica de sauacutede Mas natildeo eacute soacute isso pois haacute um

entendimento de que sauacutede natildeo se liga somente ao estado fiacutesico Os processos de cogniccedilatildeo

tambeacutem satildeo passiacuteveis de serem caracterizados por serem ou natildeo saudaacuteveis onde se inclui

101

tambeacutem o humor e o estado de espiacuterito A fala deste entrevistado natildeo eacute muito definidora mas

revela a importacircncia de se estar bem mentalmente para se ter sauacutede

ldquoEu to bem fisicamente mentalmente eu to bemrdquo

ENTREVISTA 1

A construccedilatildeo do ldquoestar bem mentalmenterdquo tambeacutem subsidiada pela dinamicidade do

processo que eacute a sauacutede eacute na verdade um equiliacutebrio dinacircmico tanto mais precaacuterio quanto

maiores forem agraves necessidades baacutesicas incompletas

Aleacutem do ldquoestar bem mentalmente e estar bem fisicamenterdquo sauacutede eacute tambeacutem saber

gerir seu local de moradia que envolva cuidado higiene ldquolimpezardquo e o cuidado com o

proacuteximo (depoimento sobre a dengue)

Segundo as entrevistas a participaccedilatildeo social eacute precaacuteria apesar de as associaccedilotildees de

moradores tentarem congregar todo o Complexo muito dos seus moradores ainda continuam

sem participaccedilatildeo E a dinacircmica dessa participaccedilatildeo eacute um universo que varia desde oposiccedilatildeo

direta aos representantes nomeados pelas associaccedilotildees agrave aquele morador que natildeo participa e

natildeo se fazer ouvir mas assim acaba beneficiando se passivamente das poliacuteticas puacuteblicas e

das tomadas de decisotildees

Ter sauacutede eacute tambeacutem ocupar os espaccedilos puacuteblicos Eacute ter garantido o direito de ir e vir

uma vez que moram ao lado de grandes linhas de deslocamento como eacute o caso da Avenida

Brasil e a Linha 2 do Metrocirc

Ter sauacutede eacute contar com a participaccedilatildeo de ONGrsquos que promovem o cuidado dentro das

suas aacutereas de atividades Muitas delas funcionam como se fosse uma extensatildeo da famiacutelia pois

pelo conviacutevio e aceitaccedilatildeo muitas crianccedilas tecircm a oportunidade de aprender alguma cultura de

massa e preparar-se para o mercado de trabalho Como eacute o caso das atividades do Centro de

Estudos e Atendimento Satildeo Domingos Saacutevio e o Centro Social Futuro Feliz ambos situados

no Complexo

Ter sauacutede eacute tambeacutem depender do poder puacuteblico para que se limpem as ruas vielas e o

rio para que se cortem as aacutervores que estatildeo caindo sobre as casas para que se decirc uma soluccedilatildeo

para a questatildeo da dengue disponibilizado leitos hospitalares e meacutedicos

Em uma das visitas de campo foi possiacutevel deparar-se com uma equipe de combate a

dengue Em conversa com um membro da equipe foi perguntado sobre a demanda Foi

informado que a quantidade de focos para o desenvolvimento da larva do mosquito eacute

102

absurdamente elevado e que piorando a situaccedilatildeo os moradores natildeo se importam em combatecirc-

los por vezes impedindo o acesso da equipe a estes focos

Ter sauacutede eacute tambeacutem ter emprego ter salaacuterios dignos meios de transportes comida

abrigo de sol e chuva de ter raiacutezes seus iacutedolos sua muacutesica eacute ter uma referecircncia

A experiecircncia deste autor em sauacutede somada a alguns anos de praacutetica hospitalar fez ver

a correlaccedilatildeo entre doenccedilas e o ambiente Vaacuterias satildeo as doenccedilas capazes de incidir sobre as

populaccedilotildees a grande maioria delas estaacute relacionada com a degradaccedilatildeo humana e ambiental

das localidades onde se vive

As doenccedilas podem ter curso raacutepido e fatal como tambeacutem podem levar a cronicidade

Exemplo de doenccedila de raacutepida evoluccedilatildeo eacute a Meningite bacteriana e no oposto a ela a

Hanseniacutease ou o diabetes Haacute doenccedilas que satildeo transmitidas por via hiacutedrica outras por via oro-

fecal outras provocadas pela poluiccedilatildeo do ar tantas outras por inalaccedilatildeo de produtos quiacutemicos

causadoras alteraccedilotildees geneacuteticas Algumas se relacionam ao trabalho ao descuido com

equipamentos de proteccedilatildeo Muitas favorecidas pela deficiecircncia alimentar ou a ignoracircncia Mas

todas tecircm uma linha em comum usam o espaccedilo geograacutefico para acontecerem

Um grande nuacutemero de pessoas vive hoje em dia em aacutereas degradadas Estas podem ser

por desmatamento contaminaccedilatildeo do ar ou do solo aacuterea densamente povoadas com

problemas relativos agrave violecircncia ou a seguranccedila puacuteblica Outras aacutereas podem ter industrias

poluentes no entorno ou rios ou lagos eutrofizados estes ambientes de moradia tambeacutem

podem estar nas margens das rodovias ou ferrovias Pela caracterizaccedilatildeo geograacutefica do

Complexo de Favelas Acari eacute significativo o impacto desses paracircmetros agrave sauacutede do morador

A pressatildeo do aumento populacional e da exploraccedilatildeo imobiliaacuteria associada agrave rede

deficitaacuteria de transportes puacuteblicos ou as oportunidades de mercado de trabalho tecircm levado

uma grande maioria de pessoas a habitar aacutereas degradadas Isto pode revelar uma faceta cruel

para esses habitantes

O ambiente degradado por natildeo oferecer vantagem econocircmica e muito menos ser

atraente agrave exploraccedilatildeo imobiliaacuteria tem um preccedilo de uso do solo muito menor do que outras

aacutereas da cidade Geralmente eacute para laacute que parcelas significativas da populaccedilatildeo migram e

estabelecem residecircncia pois encontram casas barracos terrenos em condiccedilotildees que podem

comprar alugar ou mesmo ocupar Muitas das vezes satildeo preacutedios abandonados natildeo chegando a

constituir favela e sim invasotildees

Esses espaccedilos ambientais escondem uma dura rotina Falta saneamento transporte

espaccedilo e seguranccedila para lazer escola e atendimento em sauacutede Por vezes satildeo aacutereas

alagadiccedilas

103

A faceta cruel da realidade eacute o custo social que seus moradores tecircm quando pertencem

a esse espaccedilo ambiental Um dos entrevistados mostrou sua indignaccedilatildeo ante a degradaccedilatildeo

ambiental em que vive uma realidade vivencia do mesmo Complexo

ldquoEntatildeo vou dizer laacute da beirada do rio se vocecirc for a beirada do rio de Acari

depois do hospital vocecirc vai dizer que poliacutetico eacute esse que temos nesse

municiacutepio se entra laacute eu tava com chinelo de dedo e fui laacute procurar um

menino aconteceu um acidente uma rato mordeu aqui nele (no rosto) na

mulher tambeacutem (braccedilo) eu fui laacute entrei nos meus dedos tinha aquela lama

preta e dentro de casa natildeo eacute cimento natildeo eacute chatildeo batido uacutemido que as

pessoas botam tapete que eles encontram no lixo taacutebua ou papelatildeo Levo

quem quiser laacute eu falo pra poliacutetico eu levo laacute eu levo aquilo tudo imundo

cheio de verminose as crianccedilas descalccedilas eu vejo isso no meio do complexo

de Acari se vocecirc procurar nos becos da favela se anda aiacute se vecirc muito coco

de animais aqui natildeo se vecirc crianccedilaeacute porco cabrito gato cachorro tudo

faz por aiacute e as crianccedilas brincando mesmo com a favela bairro mal feita

ainda tem lugares que ta faltando aacutegua natildeo tem aacutegua potaacutevel na hora que

fez favela bairro tirou um cano novo botou um velho soacute que o velho neacute O

novo natildeo passa aacutegua e o velho tambeacutem Umas pessoas tecircm aacutegua outros

lugares aqui na rua do viaduto cansam de reclamar isso e os proacuteprios

bueiros mal feitos neacute Quando tem uma chuva bem forte os bueiros natildeo satildeo

limpos que o gari daqui vocecirc sabe limpar as ruas eu que vejo os garis de

outros lugares que eles limpam os bueiros tambeacutem de outro lugar vocecirc em

outro lugar a diferenccedila limpam as ruas do Meacuteier lavam as ruas aqui nem

em dia de feira lavam as ruasentatildeo vocecirc vecirc a diferenccedila disso tudo Se vocecirc

andar no conjunto de manhatilde esse conjunto aqui vocecirc vai ver de copo

descartaacutevel papel que jogamah se vocecirc se andar nas ruas becos vocecirc vecirc

muita sujeira os gari acabam de limpar e se eles voltarem duas horas

depois estaacute tudo sujo

ENTREVISTA 1

Dentre as diversas doenccedilas em curso hoje solo brasileiro o Ministeacuterio da Sauacutede

pontua algumas como doenccedilas de notificaccedilatildeo compulsoacuteria E para isso se utiliza do SINAN ndash

104

Sistema Nacional de Agravos de Notificaccedilatildeo onde atraveacutes dele armazena e processa os dados

referentes a essas doenccedilas O SINAN tem a finalidade de com as informaccedilotildees geradas

contribuir para orientar e monitorar as intervenccedilotildees dos serviccedilos e reduzir a transmissatildeo e

aquisiccedilatildeo das doenccedilas Trabalha com a detecccedilatildeo de agravos coletivos em condiccedilotildees especiais

de risco e vulnerabilidade A porta de entrada para esses dados satildeo as unidades de sauacutede

como postos de sauacutede hospitais e o Programa de Sauacutede da Comunidade quando natildeo

campanhas de sauacutede na proacutepria comunidade

Segundo o SINAN deve ser preenchido um formulaacuterio especiacutefico para cada doenccedila e

essa notificaccedilatildeo eacute obrigatoacuteria As doenccedilas de notificaccedilatildeo obrigatoacuterias satildeo

Fonte Centro Nacional de Epidemiologia

Fica a cargo da Secretaria Municipal de Sauacutede gerir os dados relativos a essas e muitas

outras doenccedilas e repassaacute-los ao Ministeacuterio da Sauacutede Como exemplo se utilizou de dados do

Serviccedilo de Epidemiologia da Secretaria Municipal de Sauacutede do Rio de Janeiro

A proacutepria Secretaria em seu site fornece algumas tabulaccedilotildees de dados Eles estatildeo

atualizados ateacute o ano de 2006 Os anos de 2007 e 2008 apesar de jaacute terem dados suficientes

descoberta de novos casos natildeo estatildeo disponiacutevel pois se encontram ainda em fechamento

As tabelas de 2-B a 7-B mostram em niacuteveis a incidecircncia da doenccedila ou agravo O

primeiro niacutevel eacute o Municiacutepio do Rio de Janeiro seguido da aacuterea de planejamento da sub-aacuterea

e por fim o bairro Porque mostrar desta forma Para que haja uma comparaccedilatildeo dos casos da

doenccedila ou agravo levando em conta o contexto e as aacutereas no entorno Assim se consegue

105

perceber se a doenccedila ou agravo eacute local ou haacute casos espalhados pelo extenso territoacuterio do

Municiacutepio

A aacuterea de planejamento eacute uma definiccedilatildeo organizacional caracteriacutestico de cada

Secretaria em Sauacutede o Municiacutepio do Rio de Janeiro eacute dividido em cinco aacutereas Jaacute a aacuterea de

planejamento eacute subdividida em aacutereas menores ficando o bairro Acari pertencendo a AP 33

dentro da sub-aacuterea XXV que eacute Pavuna Entatildeo por esta estratificaccedilatildeo tenta-se mostrar a

incidecircncia de algumas doenccedilas ou agravos

A tabela 8-B mostra tambeacutem que a quantidade de casos de agressatildeo por animais

domeacutesticos eacute elevada para aquela comunidade Isto se deve ao fato de que haacute uma expressiva

populaccedilatildeo destes animais naquela comunidade muitos dos quais vivem nas ruas A

permissibilidade de se ter catildees ou gatos sem nenhuma responsabilidade do proacuteprio dono eacute

caracteriacutestico de aacutereas de baixo poder aquisitivo O que no final acaba promovendo episoacutedios

de agressatildeo principalmente agraves crianccedilas Pois se sabe que os casos notificados natildeo

correspondem agrave realidade uma vez que os adultos satildeo muito refrataacuterios na notificaccedilatildeo dos

casos de mordedura ou ateacute mesmo um arranhatildeo com animais domeacutesticos Como o Complexo

como um todo tem muitos problemas de higiene e controle da sua populaccedilatildeo de animais a

questatildeo ndash animal domeacutestico tem que ser estudada com atenccedilatildeo ainda mais que natildeo satildeo soacute

estes animais os privilegiados para dividirem o restrito espaccedilo com o ser humano haacute outros

como caprinos e suiacutenos que foram mencionados nas entrevistas Logo disponibilizar dados

referentes a estes ldquomoradoresrdquo tambeacutem assume uma importacircncia de modo que sejam

executadas intervenccedilotildees como a remoccedilatildeo do agravo

Um grande problema de difiacutecil resoluccedilatildeo para os moradores do Complexo de Acari eacute a

reduccedilatildeo da sua populaccedilatildeo de roedores ndash rattus sp Estes animais assim como mosquitos

moscas e as baratas tornaram-se bem adaptados por encontrarem alimento em abundacircncia

que proveacutem do desperdiacutecio e da sujidade Consequumlentemente o ambiente urbano tem uma

imensa populaccedilatildeo que traz tantos outros problemas para o ser humano A convivecircncia com

estes animais natildeo eacute nem de longe uma ato saudaacutevel

Um grande problema enfrentado eacute a leptospirose Uma vez que o rato esteja infectado

com a bacteacuteria Leptospira sp ele pode liberaacute-la atraveacutes da urina no ambiente O ambiente

mais comum de se encontrar ratos satildeo os esgotos forros de teto dentro de colchotildees dentro de

fogotildees torna-se faacutecil com isto relacionar a probabilidade que o ser humano tem de ser

contaminar-se e adoecer de leptospirose ndash uma zoonose Haacute risco de ocorrecircncia ampliado

quando haacute enchentes produzidas por chuvas intensas Pois por soluccedilatildeo de continuidade a

106

aacutegua do esgoto que pode estar contaminada eacute a mesma aacutegua que iraacute invadir as ruas e ateacute

mesmo as casas

O controle das populaccedilotildees de vetores eacute feito pela Vigilacircncia Sanitaacuteria Municipal O

municiacutepio do Rio de Janeiro atraveacutes do Decreto Municipal nordm 6235 de 30 de outubro de

1986 aprova o Regulamento da Defesa e Proteccedilatildeo da Sauacutede no tocante a alimentos e agrave

higiene habitacional e ambiental Mas natildeo trata diretamente quando o assunto eacute o rattus sp

Em 2007 estava tramitando na cacircmara dos vereadores um Projeto de Lei que enfocava

diretamente o rattus spcomo um animal portador de doenccedilas e causador de prejuiacutezos para a

economia local Nesta proposta de Lei Municipal houve uma tentativa de instituir a 3ordf semana

do mecircs de maio como a Semana de Combate aos ratos Este Projeto de Lei foi sancionado e

publicado no Diaacuterio Oficial do Municiacutepio no dia 08 de janeiro de 2008 criou-se entatildeo a Lei

Municipal nordm 474208 que institui no calendaacuterio oficial do municiacutepio do Rio de Janeiro a

semana de combate aos ratos

Para os moradores do Complexo de Acari

Ratos Aqui tem uma epidemia de rato rato mesmo subindo pelas paredes

Aqui tem muito rato muita umidade tem apartamento muito uacutemidordquo

ENTREVISTA 8

ldquoJaacute tatildeo jogando lixo ali no certo eacute eles colocar a noite que o cara passa

para recolher aquele lixo ajunta o quecircmosquito ratordquo

ENTREVISTA 10

ldquoE ali proacuteximo a Praccedila Roberto Carlos quando chove aquelas chuvas

intensas muitas casas ficam inundadas muitas residecircncias vamos dizer

assimrdquo

ENTREVISTA 11

As representaccedilotildees sociais ldquoesgoto e saneamentordquo se abordaraacute ao mesmo tempo pois

nas suas falas haacute uma linha tecircnue que faz deslocar a temaacutetica para um mesmo objeto A

107

percepccedilatildeo que se tem do esgoto e do saneamento se mescla com a proposta de o Estado

intervir levando melhorias urbaniacutesticas atraveacutes de uma das suas poliacuteticas puacuteblicas

intervencionistas ndash o Favela-Bairro

Segundo um entrevistado o Complexo de Acarai era

ldquoAcari era um peixe que vivia no lamaccedilal na imundicerdquo

ENTREVISTA 5

Entatildeo chegou o Favela-Bairro e com ele a modificaccedilatildeo do ambiente com a abertura de

ruas as vielas foram pavimentadas houve a proposta de centralizaccedilatildeo do despejo do lixo a

instituiccedilatildeo do Gari Comunitaacuterio a participaccedilatildeo dos Guardiotildees do Rio e a transformaccedilatildeo de

um posto de sauacutede em Programa de Sauacutede da Famiacutelia Mas infelizmente quanto a essa

iniciativa do Estado alguns moradores entrevistados deixam transparecer suas criacuteticas

ldquoO governo trouxe o favela bairro o que aconteceu A aacutegua Quando chove

o esgoto volta para casa das pessoas E a aacutegua Fica difiacutecil tambeacutem a aacutegua

que os moradores para ter aacutegua tem que ter bomba porque sem bomba fica

sem aacuteguardquo

ENTREVISTA 6 O problema da aacutegua no complexo de Acari assume uma importacircncia fundamental para

a manutenccedilatildeo do seu meio ambiente de modo a satisfazer suas necessidades baacutesicas Para uma

comunidade que tem forte histoacuteria de racionamento de aacutegua mesmo com as obras do favela-

bairro ainda se encontra pelas diversas casas o estoque de aacutegua em latotildees muita das vezes

bastante enferrujados baldes e bacias Isso prejudica na lavagem da louccedila dos forros de

cama no asseio do corpo no preparo dos alimentos e na ingestatildeo de aacutegua potaacutevel

ldquoPorque conscientizaccedilatildeo se demora muito neacute Vocecirc conscientiza uma

pessoa a pessoa entender isso Que agente pode ter divergecircncia de ideacuteia ou

achar que temos que beber aacutegua filtrada e a moradora dizer pra mim natildeo

eu bebo a aacutegua do latatildeo haacute vinte anosrdquo

ENTREVISTA 1

108

Ambientalmente o problema das aacuteguas estaacute se tornando um pesadelo para os seus

moradores Primeiro porque assim como qualquer outro lugar no Rio de Janeiro estatildeo

enfrentando um surto de dengue que com uma ajuda substancial das chuvas tem gerado um

boom na proliferaccedilatildeo de mosquitos Segundo porque a aacutegua tratada e distribuiacuteda pela

CEDAE natildeo chega para todos obrigando-os agrave estocagem

ldquo tem lugares que ta faltando aacutegua natildeo tem aacutegua potaacutevel na hora que fez

favela bairro tirou um cano novo botou um velho soacute que o velho neacute O

novo natildeo passa aacutegua e o velho tambeacutem Umas pessoas tecircm aacutegua outros

lugares natildeo Aqui na rua do viaduto cansam de reclamar issordquo

ENTREVISTA 1

ldquoO pessoal tem que acordar de madrugada para poder lavar roupardquo

ENTREVISTA 6

ldquoEstamos sem aacutegua ontem mesmo natildeo teve nem aula na creche porque

natildeo tinha aacutegua as matildees precisam trabalhar quem tem as crianccedilas na

creche para poder trabalhar teve que voltar com as crianccedilas pra casa

porque natildeo tinha nem aacutegua como iam fazer comida A diretora chegou na

escola natildeo tinham nem uma gota de aacutegua a CEDAE esquece da

gentechama faz pedidoagraves vezes o R tem que sair daqui para apanhar a

CEDAE laacute nao caminhatildeo da CEDAE laacute napra pegar o caminhatildeo para

trazer aquiaqui felicidade eacute poucordquo

ENTREVISTA 9

O Rio Acari eacute o curso drsquoaacutegua que separa os bairros de Acari e Parque Coluacutembia cursa

os bairros de Marechal Hermes Barros Filho Coelho Neto Pavuna Acari Parque Columbia

e Jardim Ameacuterica onde desaacutegua no rio Pavuna Seus afluentes satildeo rio Marangaacute rio

Sapopemba rio das Pedras e Arroio dos Afonso Este rio faz parte da Bacia Hidrograacutefica do

rio Meriti contribuinte agrave bacia da baiacutea de Guanabara

109

A drenagem do esgoto do bairro de Acari inclusive do Complexo eacute feito atraveacutes de

ligaccedilotildees diretas encaminhadas para o rio principalmente na favela Beira Rio como tambeacutem

pela Vala da Favela do Acari que eacute um curso drsquoaacutegua com 750 metros de extensatildeo que cursa

junto a Rua Uniatildeo Uma outra parte eacute escoada pelo Canal do CEASA

Pelo crescente processo de urbanizaccedilatildeo daquela regiatildeo ao longo dos anos o ambiente

natural foi praticamente modificado pela accedilatildeo antroacutepica que contribuiu e causou quadros

graviacutessimos de degradaccedilatildeo ambiental Inclusive pela permissividade do Estado por lhe faltar

mecanismos coibitivos seguros capazes de organizar a ocupaccedilatildeo e uso do solo A praacutetica da

degradaccedilatildeo ambiental tem causado problemas como

1) Ocorrecircncia de enchentes catastroacuteficas

2) Ocorrecircncia de inuacutemeros surtos de doenccedilas de veiculaccedilatildeo hiacutedrica

3) Erosatildeo das margens assoreamento e obstruccedilatildeo dos cursos daacutegua pelo

lanccedilamento de resiacuteduos soacutelidos e uso indevido do solo ateacute mesmo a ocupaccedilatildeo

dos terrenos marginais e a construccedilatildeo de aterros para instalaccedilatildeo de moradias

inclusive do tipo palafitas

4) Conflitos de uso da aacutegua

O sistema de drenagem pluvial eacute deficitaacuterio mesmo com a obra do Programa Favela-

bairro pois segundo seus moradores

ldquo e aliacute proacuteximo a praccedila Roberto Carlos quando chove aquelas chuvas

intensas muita casa fica inundada muitas residecircncias vamos dizer assimrdquo

ENTREVISTA 11

Um problema relacionado a essa drenagem ineficiente eacute o proacuteprio uso indiscriminado

do solo Haacute tantas moradias construiacutedas uma ao lado da outra que praticamente natildeo haacute solo

disponiacutevel para drenagem causando uma impermeabilizaccedilatildeo do solo Algumas das ruas pelo

menos as de maior circulaccedilatildeo pavimentadas contribuem para o acuacutemulo da aacutegua com

consequumlente inundaccedilatildeo das casas

Ateacute mesmo na Vala da Favela de Acari o fenocircmeno do transbordamento do seu leito eacute

bastante comum quando chove muito causando transtorno e prejuiacutezo para os moradores

daquela localidade

110

Outro grave problema ambiental percebido nas suas representaccedilotildees foi o descarte de

lixo no proacuteprio rio Acari e na Vala da Favela de Acari Os resiacuteduos soacutelidos natildeo escoam

facilmente com o volume de aacutegua encontrado em periacuteodos natildeo chuvosos Isto eacute devido agrave

baixa vazatildeo do rio assim o lixo vai se acumulando e formando ldquoilhasrdquo Com a vazatildeo

aumentada por conta das chuvas o lixo acumulado obstrui a circulaccedilatildeo da aacutegua alagando as

residecircncia no seu entorno e impedindo a drenagem da aacutegua da Vala da Favela de Acari

levando esta a seu transbordamento

ldquoEu ateacute discuto isso muito em que tem que orientar os moradores a natildeo

jogar as coisas que eles natildeo usam mais no rio e eles acabam jogando e daacute

enchente e enchente vaacuterios barracos na beirada do rio vatildeo ser levadas

vaacuterias famiacutelias eacuteflageladas sem onde morar vocecirc vecirc que baixa a enchente

as pessoas voltam a morar a fazer seus barracos e continuam jogando seus

detritosrdquo

ENTREVISTA 1

Os Guardiotildees do Rio satildeo moradores da proacutepria comunidade satildeo recrutados pela

Secretaria Municipal de Meio Ambiente atraveacutes do Programa de Valorizaccedilatildeo Ambiental de

Rios e Lagoas com a finalidade de recuperaccedilatildeo dos corpos drsquoaacutegua do Municiacutepio No

Complexo de Acari eles tecircm realizado a limpeza do rio retirando o lixo que uma vez

depositado viram barreiras ao escoamento da aacutegua inclusive carcaccedila de carros

ldquoVocecirc vecirc o rio Acari hoje melhorou um pouco por que existe os guardiotildees

do rio Satildeo homens que satildeo pagos pela prefeitura pela meio ambiente que eacute

da secretaria do meio ambiente que eacute daqui da prefeitura que faz a limpeza

do rio dos detritos que os proacuteprios moradores jogam no riordquo

ENTREVISTA 1

Natildeo haacute tratamento de aacutegua o esgoto do Complexo de Acari eacute todo lanccedilado ldquoin naturardquo

para dentro do rio Acari Este recebe esgoto sanitaacuterio ainda dos seus afluentes e na regiatildeo do

Distrito Industrial de Honoacuterio Gurgel e Coelho Neto passa a captar efluentes industriais

111

Logo depois de desaguar no Rio Pavuna 1600m a jusante encontra-se a Estaccedilatildeo de

Tratamento e Esgoto Pavuna jaacute na altura do Jardim Ameacuterica Esta estaccedilatildeo tem capacidade

para processar 1000 ls com 400 km de rede (Fig 5-B)

Natildeo se pode deixar de enunciar aqui a presenccedila de um grande hospital dentro do

Complexo Chamado de Hospital Ronaldo Gazolla ainda se encontra fechado Eacute ma imensa

estrutura que promete atendimento secundaacuterio e terciaacuterio em sauacutede Mas tamanha capacidade

de procedimentos traz consequumlentemente grandes impactos ambientais Este hospital tem

capacidade de congregar moradores tanto das regiotildees norte e oeste do Municiacutepio do Rio de

Janeiro quanto da Baixada Fluminense assim gerando problemas com o aumento de

circulaccedilatildeo humana na localidade

Outra situaccedilatildeo eacute o aumento da carga de dejetos provenientes do hospital para dentro

do Rio Acari Muitos desses aleacutem de serem dejetos humanos com alta carga bacteriana multi-

droga resistentes satildeo constituiacutedos tambeacutem por aacutegua de lavagem de materiais contaminados

dejetos de limpeza de superfiacutecies e pisos misturados a soluccedilotildees desinfetantes aacutegua de

lavanderia aacuteguas das caldeiras os resiacuteduos de procedimentos do centro ciruacutergico dos

ambulatoacuterios do laboratoacuterio de anaacutelises cliacutenicas e anatomopatoloacutegico Soacute desses dois uacuteltimos

devido a grande quantidade de substacircncias reagentes empregadas apresentam quantidades

consideraacuteveis de fenoacuteis aacutecidos e produtos enzimaacuteticos gerados nas reaccedilotildees bioquiacutemicas

BRATFICH (2008)

A RDC 5002 da ANVISA dispotildee sobre o Regulamento Teacutecnico para planejamento

elaboraccedilatildeo e avaliaccedilatildeo de projetos fiacutesicos de estabelecimentos assistenciais de sauacutede Ela

normatiza inclusive o esgoto hospitalar orientando a natildeo descarga do esgoto hospitalar ldquoin

naturardquo nos corpos hiacutedricos que no caso do Hospital Ronaldo Gazolla o rio Acari Dentre os

itens a RDC aborda as Caixas de Separaccedilotildees de mateacuterias usuais e as especiacuteficas para material

quiacutemico em atividade como gordura produtos de lavagem separaccedilatildeo de gesso fixadores e

reveladores de equipamentos de imagem Esta RDC prevecirc que uma vez o esgoto sendo

tratado poderaacute ser lanccedilado na rede de esgoto implantada normalmente

A Lei 943397 institui a Poliacutetica Nacional de Recursos Hiacutedricos cria o Sistema

Nacional de Gerenciamento de Recursos Hiacutedricos e regula o inciso XIX do art 21 da

Constituiccedilatildeo Federal e altera o art 1ordm da Lei 800190 que modificou a Lei 799089 Ela

estabelece que a aacutegua eacute de domiacutenio puacuteblico limitado dotado de valoraccedilatildeo econocircmica Esta

Lei estabelece a outorga pelo uso dos recursos hiacutedricos inclusive usos que alterem a

quantidade e a qualidade da aacutegua existente em um corpo de aacutegua

112

Aleacutem desta lei federal lei estadual 323999 institui a poliacutetica estadual de Recursos

Hiacutedricos criando assim o sistema estadual de gerenciamento de recursos hiacutedricos

regulamentando o artigo 261 paraacutegrafo 1ordm inciso VII Como nota-se o Brasil eacute eficiente em

sua legislaccedilatildeo ambiental mas o que se torna preocupando eacute a fiscalizaccedilatildeo que se tem emabasa

em todos os dispositivos coibitivos e organizacionais de que dispotildee o sistema juriacutedico

ambiental brasileiro

Existem outras formas de poluiccedilatildeo que podem alterar a qualidade de vida dos

moradores do Complexo e estas podem ter origem no seu ambiente externo tais como a

degradaccedilatildeo da qualidade do ar

O limite sul do Complexo de Acari se situa nas margens da Avenida Brasil que

diariamente tem um fluxo da ordem de 200000 veiacuteculos por dia Esse fluxo intenso impacta

tambeacutem o meio ambiente causando problemas sobre as populaccedilotildees do entorno Eacute estimado

que 60 da poluiccedilatildeo atmosfeacuterica na regiatildeo das grandes cidades satildeo decorrentes dos veiacuteculos

automotores de acordo com o site AMBIENTEBRASIL e que apesar dos dispositivos na

resoluccedilatildeo CONAMA 00390 a Lei 253996 das campanhas governamentais da participaccedilatildeo

das empresas fabricantes de combustiacuteveis o Brasil tem ainda uma frota de carro bastante

antiga com motores de baixo rendimento e problemas como de escapamento

Associado ao produto do escapamento dos motores automotivos que circulam pela

Avenida Brasil e pela Avenida Automoacutevel Clube os moradores do Complexo tambeacutem sofrem

com a poluiccedilatildeo industrial promovida pelas induacutestrias localizadas no parque industrial de

Honoacuterio Gurgel

Segundo o site SITEENGENHARIA o Municiacutepio do Rio de Janeiro fica em segundo

lugar de um ranking de 15 cidades que mais libera material particulado na atmosfera

perdendo somente para a cidade de Satildeo Paulo

A resoluccedilatildeo supracitada do CONAMA estabelece alguns conceitos para a poluiccedilatildeo do

ar

ldquoPara os efeitos desta Resoluccedilatildeo ficam estabelecidos os seguintes conceitos I ndash Padrotildees Primaacuterios de Qualidade do Ar satildeo as concentraccedilotildees de poluente que ultrapassadas poderatildeo afetar a sauacutede da populaccedilatildeo II ndash Padrotildees Secundaacuterios de Qualidade do Ar satildeo as concentraccedilotildees de poluentes abaixo das quais se prevecirc o miacutenimo efeito adverso sobre o bem-estar da populaccedilatildeo assim como o miacutenimo dano agrave fauna agrave flora aos materiais e ao meio ambiente em geralrdquo

113

Essa poluiccedilatildeo faz com que durante os meses mais frios por exemplo de maio a

setembro haja a incidecircncia de diversas doenccedilas respiratoacuterias e os gastos com a sauacutede atingem

cifras de milhotildees de reais Autores como MOTTA et ali (1998) propuseram algumas formas

de se valorar os impactos causados pela poluiccedilatildeo atmosfeacuterica na sauacutede humana onde utilizou

metodologias como o Meacutetodo de Valoraccedilatildeo Contingente na busca por estimar a disposiccedilatildeo a

pagar pela reduccedilatildeo da incidecircncia de doenccedilas e do risco de morte o da produtividade marginal

na qual se estima a produccedilatildeo sacrificada do trabalhador associada ao dano ambiental o

mercado de bens substitutos onde se faz uma avaliaccedilatildeo com base em recursos econocircmicos

que foram direcionados para mitigar os problemas causados pela degradaccedilatildeo ambiental a

abordagem da produccedilatildeo sacrificada dos anos e vida perdidos que eacute baseada na teoria do

capital humano

Outro problema que reflete na sauacutede dos seus moradores eacute a elevada temperatura

ambiental por falta de aacutereas verdes e ruas arborizadas Em um complexo de favelas este fato

eacute tiacutepico pois haacute um aglomerado de casas que como jaacute foi dito anteriormente natildeo sobra

espaccedilo para se ter quintal As aacutereas de lazer dentro do Complexo satildeo basicamente formadas

por concreto (Figs 6-B e 7-B) Haacute um predomiacutenio de vielas em lugar de ruas E isso

associado agrave falta de espaccedilo impede programas de arborizaccedilatildeo

A elevada temperatura aumenta o metabolismo corporal acelera as funccedilotildees

enzimaacuteticas e traz desconforto para e exacerbaccedilatildeo de doenccedilas crocircnicas como a Hipertensatildeo

Arterial o Diabetes Mellitus Aleacutem disso aumenta o nuacutemero de insetos e promove a

proliferaccedilatildeo bacteriana em locais sujos e sem cuidado Inclusive torna-se um problema

alimentar para aqueles que natildeo dispotildeem de refrigerador para conservar seus alimentos

63 A CRISE ECOLOacuteGICA NA BUSCA POR CIDADANIA

A crise ecoloacutegica hoje em curso eacute produto de uma cultura global desenvolvida e

aceita mesma que natildeo unacircnime Envolve as diversas sociedades trazendo problemas

globalmente localizados que ao longo dos anos tecircm se tornado entraves para a

autodeterminaccedilatildeo dos povos Em seu bojo encontram-se as contradiccedilotildees que levam agrave

associaccedilatildeo de ideacuteias e dos conceitos dominantes que segundo DIAS (1996) funciona como

um pacto chamado ndash modelo de desenvolvimento pelos altos requerimentos energeacutetico

114

materiais A crise ecoloacutegica eacute perversa em se tratando de meio ambiente urbano A Fig 9-b

traz uma percepccedilatildeo das aacutereas de interseccedilatildeo que a crise ecoloacutegica estaacute representada

A cidade no contexto do presente trabalho eacute o constituinte principal eacute onde se

desenvolve-se toda a gama de conflitos envolvendo seus moradores e seu entorno Satildeo

milhares de pessoas afetadas diariamente na troca que estabelecem consigo mesmas e com o

exterior que por sua vez tambeacutem o eacute de outro O campo tambeacutem tem problemas parecidos

mas se optou aqui trabalhar com o segmento ndash cidade

DIAS (idem) afirma que as cidades estatildeo doentes para ele a desordem nas cidades

que eacute acoplada a modelos de desenvolvimento predatoacuterios e autofaacutegicos conduz pessoas agrave

fome e a condiccedilotildees deploraacuteveis Pobreza desemprego doenccedila crime poluiccedilatildeo etc sempre

estiveram presentes nos centros urbanos desde o surgimento das primeiras cidades mas nos

paiacuteses em desenvolvimento o crescimento populacional eacute explosivo o planejamento eacute pontual

e natildeo abrange a todos a industrializaccedilatildeo eacute desestruturada e poluidora haacute incompetecircncia

administrativa haacute corrupccedilatildeo tudo desemboca no caos que hoje se vive

Para ele um dos esforccedilos agraves intervenccedilotildees eficazes no ambiente urbano eacute entender a

sua dinacircmica sob a oacutetica ecoloacutegica com a participaccedilatildeo interdisciplinar Cita ODUM (1993)

ao afirmar que a cidade moderna eacute em relaccedilatildeo agrave natureza um parasita do ambiente porque

produz pouco ou nenhum alimento polui o ar e recicla pouco ou nenhuma aacutegua e materiais

inorgacircnicos Funcionando simbioticamente quando produz e exporta mercadorias serviccedilos

dinheiro e cultura para o ambiente (Fig 8-B)

Para a ecologia as relaccedilotildees de alimentaccedilatildeo consumo produccedilatildeo de resiacuteduos fazem

com que o chamado sistema soacutecio-ecossistema urbano ndash a cidade ndash afete a biosfera e por ela

seja afetado As mudanccedilas induzidas pelo ser humano ocorrem mais rapidamente e

geralmente satildeo mais difiacuteceis de serem revertidas SUTTON e HARMONN (1993) apud

DIAS (1996) ponderam que as necessidades e desejos de expansatildeo da populaccedilatildeo mundial

requerem intenso manejo ambiental criando ambientes novos chamados de ecossistemas

humanos Este manejo se revela na outra face ainda mais pessimista a necessidade de

energia Agrave medida que as populaccedilotildees crescem o consumo de energia aumenta levando a

hierarquizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de bens e serviccedilos a conversatildeo dos serviccedilos e bens naturais em

dinheiro Logo o dinheiro eacute o fluxo em sentido oposto ao fluxo energeacutetico pois sai das aacutereas

urbanizadas em troca de energia serviccedilos e recursos diversos

O soacutecio-ecossistema eacute amparado legalmente pela representatividade Eacute a cidadania e a

democracia que satildeo tomadas como base para essa representatividade A democracia

representativa constitui uma instituiccedilatildeo produtora de um tipo de compromisso de interesses

115

ligados com vocaccedilatildeo hegemocircnica Onde os governantes eleitos representariam os

ldquointeressesrdquo as ldquoaspiraccedilotildeesrdquo e a ldquovontaderdquo dos cidadatildeos Mas com isso o Estado natildeo

encarna a comunidade e funciona assim como uma maacutequina especializada na produccedilatildeo de

generalidade que eacute condiccedilatildeo ideoloacutegica fundamental agrave uma submissatildeo real Formando um

ldquomercado poliacuteticordquo onde o eleitor compra atraveacutes do voto um determinado ldquoproduto poliacuteticordquo

que corresponde a sua necessidade

ldquoEacute tempo de novas oportunidades Eu na minha opiniatildeo sou a favor de que

a comunidade num todo apoacuteie ele para que noacutes venhamos trazer um

candidato para que este candidato da mesma forma que noacutes o colocamos laacute

por ele ser da aacuterea criado na comunidade conhecendo os problemasrdquo

ENTREVISTA 2

A praacutetica da cidadania depende da reativaccedilatildeo da esfera puacuteblica onde indiviacuteduos podem

agir coletivamente constituindo assim a identidade poliacutetica baseada em valores de

solidariedade autonomia e do reconhecimento da diferenccedila Mas haacute muitos ldquomasrdquo e levando

ao verdadeiro paradoxo com o sentido ldquolatordquo da representatividade onde as pessoas natildeo

pertencentes agrave classe dominante natildeo satildeo consideradas capazes de dirigir a economia ou o

ldquopoderrdquo de decisatildeo cabendo pois agrave classe dominante a melhor opccedilatildeo forjando o

consentimento uma pseudo participaccedilatildeo Eacute uma triste contestaccedilatildeo para a cidadania via

representatividade E agravando para que se tenha cidadania o brasileiro precisa passar pela

crise ambiental em todo o seu contexto natildeo haacute outros caminhos (Fig 9-B)

Eacute uma busca Busca pela cidadania que haacute muito foi reduzida a um mero status legal

Nela por um lado se vecirc uma parcela significativa da populaccedilatildeo vivendo em favelas ndash natildeo soacute

no Complexo de Favelas de Acari mas em tantos outros Complexos espalhados pela cidade ndash

em condiccedilotildees soacutecio-culturais de extrema carecircncia Por outro lado a poliacutetica virando uma

profissatildeo tomando decisotildees de acordo com seus proacuteprios interesses e dos grupos de pressatildeo

poderosos em vez de levar em conta os interesses da comunidade mais ampla VIEIRA amp

BREDARIOL (1998)

A violecircncia urbana associada ao uso indiscriminado de drogas iliacutecitas eacute um problema

ambiental que reduz drasticamente a qualidade de vida da populaccedilatildeo A cidade do Rio de

Janeiro eacute praticamente toda partida em zonas de influecircncia e de atuaccedilatildeo de grupos sociais

116

armados que para conseguirem o que querem praticam a violecircncia como um modo de fazer

valer seu poder E no imaginaacuterio social as favelas passaram a ser o reduto para esses grupos

que formam verdadeiro Estado paralelo com a forccedila do Estado de direito A histoacuteria se

repete onde haacute o traacutefico de entorpecentes haacute uma batida policial associada onde muita das

vezes haacute viacutetimas e entre elas estatildeo crianccedilas e jovens

A agressividade intoleracircncia preconceito exclusatildeo social satildeo comuns aos dois lados

Fica interessantemente pior quando os proacuteprios gestores do serviccedilo puacuteblico natildeo conseguem

dar conta do real problema que eacute o traacutefico de entorpecentes e quando publicamente fazem a

tentativa de relativizar a favela seus moradores e o crime como foi o caso de uma declaraccedilatildeo

feita em outubro de 2007 pelo atual governador do Estado do Rio de Janeiro ldquoo

governador afirmou que as altas taxas de natalidade em localidades pobres satildeo

verdadeiras faacutebricas de marginaisrdquo EXTRA (2007) E quando um Secretaacuterio Estadual de

Seguranccedila diz ldquoUm tiro em Copacabana eacute uma coisa Um tiro na Coreacuteia (Favela da Coreacuteia

no Complexo do Alematildeo) eacute outrardquo Por outro lado as favelas satildeo um reduto onde o acesso

natildeo eacute tatildeo faacutecil como fora dela A favela estaacute ligada diretamente agrave degradaccedilatildeo ambiental pelo

seguinte vieacutes geralmente laacute satildeo os espaccedilos urbanos que tecircm menos apoio ou atenccedilatildeo do poder

puacuteblico como faz valer a declaraccedilatildeo do Secretaacuterio de Seguranccedila acima pois entende-se que

se a poliacutecia promover uma incursatildeo em uma favela na zona sul do Rio deve se ter todo o

cuidado com o entorno pois nessa regiatildeo eacute que moram as classes meacutedia e alta dos cariocas e

jaacute na periferia a vida passa ter outro valor

64 A REALIDADE ENTRE SAUacuteDE E O PODER PUacuteBLICO

Para se entender um pouco da realidade entre sauacutede e o poder puacuteblico haacute que se voltar

um pouco para a conhecida palavra ndash Globalizaccedilatildeo

Segundo SABATINI (1999) apud ASCELRAD (1996) ldquoOs conflitos ambientais nas

cidades que se multiplicam nas uacuteltimas deacutecadas representam reaccedilotildees de defesa da qualidade

de vida ameaccedilada pela globalizaccedilatildeo econocircmicardquo

A globalizaccedilatildeo eacute um fenocircmeno multifacetado com dimensotildees econocircmicas sociais

poliacuteticas culturais religiosas e juriacutedicas interligadas de modo complexo Ela parece combinar

a universalizaccedilatildeo e a eliminaccedilatildeo das fronteiras nacionais por um lado Por outro parece

combinar o particularismo e a diversidade local a identidade eacutetnica e o regresso ao

comunitarismo Aleacutem disso interage de modo muito diversificado com outras transformaccedilotildees

117

no sistema mundial que lhe satildeo concomitantes tais como o aumento dramaacutetico das

desigualdades entre paiacuteses ricos e pobres e no interior de cada paiacutes entre ricos e pobres a

sobrepopulaccedilatildeo a cataacutestrofe ambiental os conflitos eacutetnicos a migraccedilatildeo internacional

massiva a emergecircncia de novos estados e a falecircncia ou implosatildeo de outros a proliferaccedilatildeo de

guerras civis o crime globalmente organizado a democracia formal como condiccedilatildeo poliacutetica

para a assistecircncia internacional SANTOS (2002)

Para NATAL (2006) a crise ou as crises que a globalizaccedilatildeo desencadeou no Brasil

jaacute dura mais de vinte anos Um dos entes mais afetados com o processo de globalizaccedilatildeo eacute o

Estado ele sofre

a) Desnacionalizaccedilatildeo com um certo esvaziamento do aparelho do Estado nacional que decorre do fato de as velhas e novas capacidades do Estado estarem a ser reorganizadas

b) A desestatizaccedilatildeo dos regimes poliacuteticos refletida na transiccedilatildeo do conceito de governos para o de governaccedilatildeo ou seja de um modelo de regulaccedilatildeo social e econocircmica assente no papel central do Estado para um outro assente em parcerias e outras formas de associaccedilatildeo entre organizaccedilotildees governamentias para-governamentais e natildeo-goverrnamentais nas quais o aparelho de Estado tem apenas tarefas de coordenaccedilatildeo enquanto primus inter pares

c) Tendecircncia para a internacionalizaccedilatildeo do estado nacional expressa no aumento do impacto estrateacutegico do contexto interrnacioonal na atuaccedilatildeo do Estado o que pode envolver a expansatildeo do campo de accedilatildeo do Estado nacional sempre que for necessaacuterio adequar as condiccedilotildees internas agraves exigecircncias extraterritoriais ou transnacionaisrdquo

SANTOS (idem)

Com a globalizaccedilatildeo as poliacuteticas sociais ficaram dessa forma duplamente

atingidas Pelo lado da demanda houve um agravamento da situaccedilatildeo social causada pelo

ajuste e este causou verdadeira sobrecarga nos jaacute fragilizados serviccedilos sociais

particularmente aqueles de acesso universal

Pelo lado da oferta de serviccedilos e benefiacutecios as poliacuteticas sociais ficam restringidas

tanto pelo corte de recursos como pela reestruturaccedilatildeo do seu perfil adotando estrateacutegias de

focalizaccedilatildeo de seus serviccedilos Para SOARES (2008) o Brasil natildeo eacute um paiacutes com uma pobreza

118

residual que podia ser combatida com programas focalizados passageiros e com poucos

recursos

Ocorreu tambeacutem uma submissatildeo de determinados princiacutepios como equumlidade e

universalidade agraves chamadas restriccedilotildees econocircmicas Essa postura reduziu as prioridades e

poliacuteticas sociais a algo toacutepico e residual priorizando as chamadas inovaccedilotildees gerenciais quase

sempre associadas a estrateacutegias do tipo auto-ajuda que nos dias de hoje passaram a se chamar

solidariedade participaccedilatildeo comunitaacuteria etc

Para a aacuterea de sauacutede assistiu-se ao discurso de que a sauacutede seria um bem privado que

o setor puacuteblico seria ineficiente por definiccedilatildeo pela proacutepria natureza e que os recursos

puacuteblicos para a sauacutede seriam escassos e continuariam a ser Este uacuteltimo toacutepico ainda eacute

cogitado pela grande discussatildeo que gerou o final da cobranccedila do imposto sobre as

movimentaccedilotildees bancaacuterias ndash CPMF E que tambeacutem foi revelado na seguinte entrevista

ldquoAiacute eles gastam uma fortuna do dinheiro puacuteblico do dinheiro que natildeo satildeo

deles aiacute se constroacutei um mundo que aquilo ali eacute um mundo seraacute que eles vatildeo

querer em ter interesse em manter verba todo ano tem aquela como eacute

chamado Orccedilamento um bilhatildeo Oh vamos destinar cem para a sauacutede

cem para a seguranccedila puacuteblica natildeo eacute isso por exemplo para a educaccedilatildeo

seraacute que no municiacutepio vatildeo ter interesse em enviar tantas verbas para um

hospital desses Porque para comeccedilar eles vatildeo ter que os meacutedicos os

profissionais muitos de repente vatildeo ficar ateacute meio assim mas seraacute que

eles tem interesse de manter o hospital vinte e quatro horas aberto Com

funcionaacuterios ali e meacutedicos pediatrasemergecircncia e aiacute aquilo ali eacute uma

coisa de louco Os hospitais da rede municipal estavam tudo ali caindo aos

pedaccedilos numa correria daqui pessoas largadas nos chatildeo entatildeo satildeo estas

questotildeesrdquo

ENTREVISTA 2

O discurso desta entrevista revela a preocupaccedilatildeo que se tem da disponibilidade dos

recursos puacuteblicos Do percentual que eacute e que seraacute disponibilizado para os serviccedilos de sauacutede

Para o entrevistado isto assume importacircncia especiacutefica pois eacute revelado em sua representaccedilatildeo

sobre sauacutede Os moradores de Acari vivem assim como o restante da populaccedilatildeo carioca de

um tipo de acesso aos tratamentos em sauacutede de maneira precaacuteria Haacute uma superlotaccedilatildeo nos

119

serviccedilos de sauacutede quando natildeo precisam fazer uma peregrinaccedilatildeo para aquela unidade que os

possa receber Situado no proacuteprio complexo haacute um grande hospital puacuteblico com capacidade

para atendimento de qualidade mas as representaccedilotildees dos moradores se direcionam a

preocupaccedilatildeo quanto a gestatildeo Para eles haacute uma dicotomia entre a disponibilidade de o Estado

oferecer uma estrutura e o manter com o que jaacute estatildeo acostumados pois nos seus

imaginaacuterios o desmantelamento do serviccedilo puacuteblico eacute um processo que se corporifica na

atualidade

Um grande movimento dentro do Estado na atualidade eacute a reproduccedilatildeo do capital

fazendo com que a cidade seja o elo entre a economia local e os fluxos globais passando a ser

objeto de competitividade internacional Nisto se insere os programas governamentais

direcionados agrave melhoria das condiccedilotildees de vida e redistribuiccedilatildeo de renda Parece pessimista

olhar por este acircngulo mas haacute uma grande verdade nas palavras de VIEIRA e BREDARIOL

(ibdem) quando afirmam que a poliacutetica se profissionaliza a natildeo ser que os poliacuteticos sejam

pessoas de excepcional altruiacutesmo eles iratildeo sempre encarar a tentaccedilatildeo de tomar decisotildees de

acordo com seus proacuteprios interesses PEREIRA (2008) afirma que as obras sociais satildeo

geralmente impulsionadas pela poliacutetica setorial e que muita das vezes satildeo feitas no reduto da

oposiccedilatildeo como eacute o caso do Programa de Aceleraccedilatildeo do Crescimento no Complexo do

Alematildeo

Uma outra faceta da temaacutetica sauacutede e poder puacuteblico se revela na necessidade atual de

se repensar as cidades Haacute em curso uma ldquonovardquo maneira de se pensar as cidades o que natildeo eacute

totalmente novo Desde a deacutecada de 60 com o governo de Castelo Branco e a promulgaccedilatildeo da

Lei 450464 ndash o Estatuto da Terra e Plano Doxiadis se discute sobre uma cidade ideal

acessiacutevel a todos Isto fez com que o legislador entendesse a necessidade de incluir a cidade

em um capiacutetulo especiacutefico na Constituiccedilatildeo de 1988

Da Constituiccedilatildeo ateacute os dias atuais o que se tem discutido no tocante ao assunto cidade

eacute a Lei 1025701 chamada de Estatuto da Cidade foi ldquoinstitucionalizadardquo atraveacutes do

documento ldquoCidades Sustentaacuteveis da Agenda 21 Brasileirardquo Nessa Lei haacute a previsatildeo e a

fomentaccedilatildeo do que se veio a chamar - Cidades Sustentaacuteveis mediante a formulaccedilatildeo de planos

diretores A cidade certamente tem uma particularidade uacutenica para cada localidade pois

vaacuterios fatores podem influenciar o seu desenvolvimento e manutenccedilatildeo

A preocupaccedilatildeo se estar colocando em pauta este ldquorepensar a cidaderdquo tem por base

DIAS (ibdem) que diz ldquoO ambiente urbano uma das maiores criaccedilotildees do ser humano e o

lugar onde vive a maioria das pessoas do mundo atual estaacute de vaacuterias formas tornando-se

menos adequado para a vida humana

120

Mas o que eacute enfim uma cidade sustentaacutevel Uma cidade sustentaacutevel eacute aquela que tenta

se aproximar o maacuteximo possiacutevel dos ideais propostos na agenda 21 e seus desdobramentos

SATTERTHWAITE (2004) pontua algumas categorias gerais de accedilatildeo ambiental para avaliar

o desempenho das cidades na busca de uma melhor cidadania e qualidade de vida ndash cidade

sustentaacutevel

1) ldquoControle de doenccedilas contagiosas e parasitaacuterias ndash agenda marrom 2) Reduccedilatildeo dos perigos quiacutemicos e fiacutesicos no lar ndash eacute o que acontece na maioria das vezes quando se colocam produtos quiacutemicos como por exemplo hipoclorito de soacutedio ou outros detergentes em garrafas de PET de refrigerantes 3) Universalizaccedilatildeo de um ambiente urbano de boa qualidade para todos ndash com poliacuteticas claras de reduccedilatildeo de ruiacutedos tratamento de efluentes industriais inclusive melhoria da qualidade do ar reduccedilatildeo da degradaccedilatildeo ambiental controle da violecircncia urbana 4) Minimizaccedilatildeo dos cursos ambientais da transferecircncia de custos ambientais para os habitantes e ecossistemas do entorno da cidade 5) Incentivo ao consumo sustentaacutevel

Para que haja uma otimizaccedilatildeo das accedilotildees supracitadas haacute que se respeitar algumas metas

1) Econocircmicas ndash acesso agrave uma renda adequada ou meios de produccedilatildeo 2) Sociais culturais e de sauacutede ndash habitaccedilatildeo saneamento respeito agrave diversidade cultural trabalho transporte etc 3) Poliacuteticas ndash liberdade de participaccedilatildeo na poliacutetica na gestatildeo no desenvolvimento cidadania etc 4) Minimizaccedilatildeo do uso ou desperdiacutecio dos recursos natildeo-renovaacuteveis ndash combustiacuteveis foacutesseis reutilizar reciclar recuperar etc 5) Uso sustentaacutevel dos recursos renovaacuteveis finitos ndash aacutegua potaacutevel combustiacuteveis baseados em biomassa etc 6) Uso de resiacuteduos biodegradaacuteveis ndash natildeo sobrecarga de corpos hiacutedricos receptores 7) Uso de resiacuteduos ou emissotildees natildeo-biodegradaacuteveis ndash natildeo poluiccedilatildeo ou descarte excessivo respeitando os limites bioloacutegicosrdquo

Sem parecer utoacutepico acredita-se que se houver disponibilidade poliacutetica para se pensar

e realizar os projetos para a implementaccedilatildeo de cidade sustentaacutevel ela natildeo estaacute muito aleacutem do

121

que vivenciamos hoje O Brasil tem um poderoso arcabouccedilo de Leis que favorecem

grandemente a essa ideacuteia aleacutem do que meio ambiente tem comeccedilado a se despontar como

assunto de pauta Vaacuterios municiacutepios brasileiros jaacute tecircm suas secretarias de meio ambiente as

empresas pelo menos as grandes tecircm discutido meio ambiente e responsabilidade ambiental

MENEGAT e ALMEIDA (2004) salientam que a condiccedilatildeo imperativa para o gerenciamento

do sistema urbano-socio-ambiental com vista a um sustentabilidade das cidades passa pelo

exerciacutecio da gestatildeo ambiental integrada que por si tem quatro esferas

1) ldquoConhecimento do ambiente ndash entender e diagnosticar o sistema urbano-socio-ambiental e suas relaccedilotildees locais e globais com o sistema natural 2) Gestatildeo urbana-socio-ambiental puacuteblica ndash essa gestatildeo necessita de oacutergatildeos com boa capacidade teacutecnica capazes de desenvolver programas estrateacutegicos e integrados com a sociedade e a economia 3) Educaccedilatildeo e informaccedilatildeo ndash que deve ajudar a abrir os horizontes em relaccedilatildeo ao complexidade do sistema urbano-socio-ambiental 4) Participaccedilatildeo dos cidadatildeos ndash a sociedade deve ser chamada a construir a gestatildeo do sistema Essa participaccedilatildeo e um dos pontos mais importantes da agenda 21rdquo

A partir deste ponto eacute uacutetil discutir o que seja qualidade de vida Para MINAYO et ali

(2000) qualidade de vida boa ou excelente eacute aquela que ofereccedila um miacutenimo de condiccedilotildees para

que os indiviacuteduos nela inseridos possam desenvolver o maacuteximo de suas potencialidades ndash

viver sentir ou amar trabalhar produzir bens e serviccedilos fazer ciecircncia ou arte

Qualidade de vida estaacute ligada a satisfaccedilatildeo das necessidades mais elementares da vida

humana alimentaccedilatildeo acesso a aacutegua potaacutevel habitaccedilatildeo trabalho educaccedilatildeo sauacutede e lazer que

estatildeo associados agraves noccedilotildees relativas de conforto bem-estar e realizaccedilatildeo individual e coletiva

Qualidade de vida segundo esses autores eacute polissecircmico ou seja estaacute relacionado ao modo de

vida incluem ideacuteias de desenvolvimento sustentaacutevel e ecologia humana e por fim relaciona-

se a democracia do desenvolvimento e dos direitos humanos e sociais ndash cidadania A

qualidade de vida quando se trata da sauacutede implica a promoccedilatildeo de sauacutede Olhando-a mais

focalmente implica na capacidade de viver sem doenccedilas ou de superar as dificuldades das

condiccedilotildees de morbidade

ldquoO movimento Cidade Sustentaacutevel surge para operacionalizar os fundamentos da

promoccedilatildeo da sauacutede no seu contexto localrdquo ADRIANO et al (2000) Um municiacutepio saudaacutevel

122

eacute aquele em que as autoridades poliacuteticas e civis as instituiccedilotildees e organizaccedilotildees puacuteblicas e

privadas os proprietaacuterios empresaacuterios trabalhadores e a sociedade dedicam constantes

esforccedilos para melhorar as condiccedilotildees de vida trabalho e cultura da populaccedilatildeo estabelecem

uma relaccedilatildeo harmoniosa com o meio ambiente fiacutesico e natural e expandem os recursos

comunitaacuterios para melhorar a convivecircncia desenvolver a solidariedade a co-gestatildeo e a

democracia

ldquoPara que uma cidade se torne saudaacutevel ela deve se esforccedilar para proporcionar

1) Um ambiente fiacutesico limpo e seguro

2) Um ecossistema estaacutevel e sustentaacutevel

3) Alto suporte social sem exploraccedilatildeo

4) Alto grau de participaccedilatildeo social

5) Necessidades baacutesicas satisfeitas

6) Acesso a experiecircncias recursos contatos interaccedilotildees e comunicaccedilotildees

7) Economia local diversificada e inovativa

8) Orgulho e respeito pela heranccedila bioloacutegica e cultural

9) Serviccedilos de sauacutede acessiacuteveis a todos e alto niacutevel de sauacutederdquo

O Estado fomenta muito de suas poliacuteticas publicas mediante Programas e

dentro do Complexo de Acari os seus moradores tecircm a oportunidade de estar se inserindo e

sendo contemplados dentro desses

O principal programa que aquela comunidade se beneficia eacute o Bolsa Famiacutelia criado

por meio da Medida Provisoacuteria nordm 132 e posteriormente convertida na Lei 1083604 os

benefiacutecios satildeo

a) Remuneraccedilatildeo baacutesica no valor de R$ 5800 concedidos agraves famiacutelias em situaccedilatildeo de

extrema pobreza independente da composiccedilatildeo e do nuacutemero de membros do grupo familiar

b) Remuneraccedilatildeo variaacutevel no valor de R$ 1800 por crianccedilaadolescente concedido agraves

famiacutelias pobres e extremamente pobres cuja composiccedilatildeo apresente crianccedilas e adolescente na

faixa de 0 a 16 anos incompletos sob sua responsabilidade

c) as famiacutelias em situaccedilatildeo de extrema pobreza poderatildeo acumular o benefiacutecio e o

variaacutevel ateacute o maacuteximo de 3 benefiacutecios por famiacutelia totalizando R$ 11200 por mecircs

123

Outro programa eacute o PSF ndash Programa Sauacutede da Famiacutelia que se propotildee a reorganizar a

praacutetica da atenccedilatildeo agrave sauacutede em novas bases e substituir o modelo tradicional levando a sauacutede

para mais perto da famiacutelia e com isso melhorar a qualidade de vida

Aleacutem desses Programas o Estado estaacute presente dentro do Complexo atraveacutes das

seguintes instituiccedilotildees

bull Guardiotildees dos Rios ndash onde a Secretaria Municipal de Meio ambiente se utiliza dos

proacuteprios moradores da comunidade para executarem serviccedilos de limpeza dos rios que

no caso o principal eacute o Acari

bull Gari Comunitaacuterio ndash tambeacutem beneficiando moradores do proacuteprio Complexo nos

serviccedilos de limpeza varredura das ruas e acondicionamento adequado dos resiacuteduos

soacutelidos

bull CCDC ndash Centro Comunitaacuterio de Defesa da Cidadania ndash onde se executa serviccedilos de

cartoacuterio como expediccedilatildeo de segunda via de RG certidotildees de nascimento casamento

busca de certidotildees em outros estados sepultamento gratuito

bull As diversas escolas Ciep Adatildeo Pereira Nunes Escola Municipal Erico Veriacutessimo

Escola Municipal Casa da Crianccedila Escola Municipal General Osoacuterio Escola

Municipal Jardim da Infacircncia Ana de Barros Cacircmara Escola Municipal Monte

Castelo Escola Municipal Conde Pereira Careiro Escola Municipal Corneacutelio Pena

Escola Municipal Oliacutempia do Couto Escola Municipal Sebastiatildeo de Lacerda Escola

Municipal Thomas Jefferson

bull Fundaccedilatildeo Leatildeo XIII

bull Posto de Sauacutede Professor Carlos Cruz Lima

Fora estas representatividades do Estado haacute tambeacutem o trabalho de diversas outras

instituiccedilotildees natildeo-governamentais que por atuarem em outras frentes enriquecem as relaccedilotildees

no interior do Complexo Para esta comunidade o papel das diversas ONGrsquos inseridas

propotildee uma accedilatildeo imediata na resoluccedilatildeo de alguns problemas como a educaccedilatildeo do adulto a

retirada das crianccedilas das ruas a formaccedilatildeo do adolescente trazendo algumas particularidades

de cidadania Eacute enriquecedor para a educaccedilatildeo das crianccedilas o trabalho da ONG Futuro Feliz

mostrando que atraveacutes da muacutesica o contexto de ser morador no Complexo pode ser mais

dinacircmico e acima de tudo colorido atraveacutes do desenvolvimento e da habilidade com os

instrumentos musicais

124

Apesar de natildeo substituiacuterem o Estado e este se aproveitar da presenccedila delas o Estado

fomenta a poliacutetica puacuteblica e cabe agraves ONGrsquos ldquoreplicarrdquo essas poliacuteticas puacuteblicas ou seja

distribui-las

As ONGrsquos estabelecidas e em funcionamento no Complexo de Acari satildeo

bull Centro de Estudos e atendimento Satildeo Domingos Saacutevio ndash formaccedilatildeo para geraccedilatildeo de

renda e educaccedilatildeo aleacutem de serviccedilo de proteacutetico dentista e psicoacutelogo

bull Patrulheiros ndash que segundo seus moradores os rapazes de 14 a 18 anos frequumlentam

cursos e satildeo encaminhados para empresas conveniadas para estaacutegio remunerado

bull Centro Social Futuro Feliz ndash muacutesica

bull Tio Patinhas ndash creche

bull Centro Comunitaacuterio Unidos de Acari ndash creche e atividades para a terceira idade

bull Areal Livre ndash atividades com esporte e educaccedilatildeo

bull Centro Comunitaacuterio Nossa Senhora do Bonfim ndash formaccedilatildeo para geraccedilatildeo de renda e

educaccedilatildeo

bull A Associaccedilatildeo de Moradores do Areal e a Associaccedilatildeo de Moradores de Acari

Para que a realidade entre sauacutede e o Poder Puacuteblico acontece sem prejuiacutezos para a

populaccedilatildeo a grande maioria dos habitantes do Complexo tem em matildeos o voto como aparelho

selecionador de representatividade E ademais como qualquer outra localidade fica agrave mercecirc

do que essa representatividade quer representar Haacute aiacute uma falha no modelo de

representatividade com reflexos suficientemente conhecidos que satildeo revelados com os

escacircndalos com a falta de compromisso com a manutenccedilatildeo da ineacutercia do Estado na sua

atuaccedilatildeo junto agraves comunidades Mesmo os grandes projetos de poliacuteticas puacuteblicas estatildeo sob a

eacutegide das diversas governabilidades e dos seus manda-chuvas Hoje em dia fala-se muito em

redistribuiccedilatildeo de renda via o Programa oficial mas por outro lado falta poliacuteticas puacuteblicas

adequadas agrave busca pelo que se chamou aqui de promoccedilatildeo de sauacutede cidade sustentaacutevel

qualidade de vida etc

125

CONCLUSAtildeO O Meio Ambiente eacute ponto crucial para que se defina a sauacutede Estes dois termos natildeo se

excluem mutuamente eles na verdade se complementam e deveriam seguir juntos No

presente trabalho viu-se que se for tratado o meio ambiente dissociado da figura humana

muito se perde pois o homem eacute figura principal desta interaccedilatildeo Eacute para ele que se destina todo

o aparato de leis que satildeo produzidas especialmente em meio ambiente Eacute praticamente para o

seu fazer que toda a produccedilatildeo cientiacutefica gerada tambeacutem na aacuterea ambiental eacute destinada Para

que ele saiba sobre o seu entorno para que ele respeite as caracteriacutesticas da natureza se quiser

deixar para agraves geraccedilotildees futuras um planeta minimamente habitaacutevel No fundo o homem eacute ao

mesmo tempo o algoz e a proacutepria viacutetima da sua intransigecircncia via degradaccedilatildeo do meio

ambiente

Haacute uma progressiva degradaccedilatildeo ambiental no seio das grandes cidades pois estas por

natureza satildeo verdadeiros aglomerados habitacionais produtores de bens e serviccedilos que

necessitam de muita energia para o seu metabolismo As cidades retiram a energia de que

precisam do entorno promove a produccedilatildeo do que natildeo pode ser reconvertido em energia e gera

como subproduto os resiacuteduos Estes satildeo um grande problema tanto para os homens quanto

para a natureza

O projeto econocircmico usual do tipo centralizador de renda tem estabelecido como

certo o fosso entre as diversas classes sociais Eacute um tanto utoacutepico achar que na histoacuteria do

homem na terra alguma vez tenha sido diferente ou que em algum dia esta histoacuteria seja

contata de forma diferente Eacute fato que poucos tecircm muito e muitos tecircm muito pouco eacute a

origem de muitos dos problemas ambientais potencialmente reversiacuteveis

Na busca por resoluccedilatildeo de suas necessidades os cidadatildeos ficam agrave mercecirc das poliacuteticas

governamentais Um exemplo triste deste lado perverso eacute a campanha poliacutetica disfarccedilada em

programa oficial de governo aliaacutes as campanhas poliacuteticas existem para suprir a proacutepria

necessidade do governo em se manter

Recentemente em plena zona de crise de uma epidemia de dengue a figura maior do

Estado Nacional esteve de corpo presente em um municiacutepio vizinho ao que apresentava mais

casos de dengue na regiatildeo sudeste para inaugurar de palanque sua poliacutetica social ndash PAC

Deveria haver um respeito por parte do Estado a este hiato que neste momento se abate no

seio da problemaacutetica chamada ndash cidades E neste momento a vida gira entorno do binocircmio

viver ou morrer

126

Ter sauacutede e ter meio ambiente adequado agrave vida eacute ter realizada uma parcela da

cidadania que foi adquirida ao longo dos anos e firmada enquanto direito inalienaacutevel na

Constituiccedilatildeo de 1988 Por cidadania se entende o compromisso de se viver melhor de ter

direitos garantidos de ter participaccedilatildeo nas tarefas do conviacutevio Cidadania eacute para quem mora

em cidades ter um espaccedilo onde seus direitos satildeo respeitados onde haja dignidade com a

pessoa humana e onde haja poliacuteticas claras de prevenccedilatildeo de doenccedilas e melhora na qualidade

de vida

Para a cidade a inovaccedilatildeo trazida pelo modelo de cidade sustentaacutevel vem a ser mais um

veiacuteculo capaz de trazer a salubridade a esse habitar citadino respeitando as diversas nuances

do dia-a-dia dos cidadatildeos que ali vivem Cidade sustentaacutevel eacute um alvo a se alcanccedilar a partir da

agenda 21 local

Pela qualidade de vida hoje experimentada no habitar a cidade hoje em dia supotildee-se

que esta seja o pior local para se viver Habitar na cidade eacute assumir riscos com variaacuteveis de

difiacuteceis soluccedilotildees definitivas Haacute que se ter a preocupaccedilatildeo no exerciacutecio de poliacuteticas puacuteblicas

efetivas que ofereccedilam qualidade aos seus moradores e a partir daiacute uma abrangecircncia dos

conflitos comumente por eles vividos

No topo do ranking desponta a sauacutede e todo o seu aparato Meio ambiente e sauacutede

devem ser levados a seacuterio para que se perceba o valor da vida humana e a sua interaccedilatildeo com o

meio ambiente

Optou-se por fazer um estudo de algumas das caracteriacutesticas e variaacuteveis ambientais

dos habitantes do Complexo de Favelas de Acari na zona norte do Municiacutepio do Rio de

Janeiro Para esses moradores viver e sobreviver satildeo termos indissociaacuteveis pois precisam

driblar cotidianamente diversos problemas de ordem social econocircmica e ambiental O sistema

econocircmico vigente devora essa parcela de cidadatildeos os submete e os remete agraves tradicionais

tentativas tentativa de prestaccedilatildeo de serviccedilo Estatal tentativa de sobrevivecircncia via ONGrsquos e

tentativa por esforccedilos proacuteprios Aos habitantes do Complexo a sauacutede natildeo fica agrave traz ela eacute

necessaacuteria para tudo o que realizam Por habitarem um ambiente insalubre violento e sujo

esses moradores natildeo tecircm consolidada sua cidadania e vivem a crise ambiental como a pior

das suas experiecircncias E como se natildeo houvesse uma outra forma para terem cidadania eles

precisam enfrentar a dura realidade da crise ambiental em curso

A exemplo de outras comunidades o Complexo de Favelas de Acari tambeacutem vive a

mercecirc do que o Estado se interesse em fazer Eacute notoacuterio o papel dele no dia-a-dia dos seus

moradores seja na preocupaccedilatildeo com a sauacutede ndash no Complexo haacute um grande hospital puacuteblico

novo que permanceu fechado por um longo tempo e para algumas doenccedilas nem o PSF

127

instalado naquela localidade consegue quantificar seja na poliacutetica de seguranccedila e proteccedilatildeo ndash

onde o Complexo eacute um reduto do traacutefico de entorpecentes e inexiste entorno dele qualquer

policiamento seja nas poliacuteticas de educaccedilatildeo ndash onde haacute escolas mas natildeo para todos E pode-se

confrontar com o resultado de por exemplo o ENEM para se questionar a qualidade do

ensino seja em poliacuteticas de meio ambiente ndash haacute muitos problemas com a drenagem de

esgotos proliferaccedilatildeo de vetores de doenccedilas peacutessima distribuiccedilatildeo e qualidade da aacutegua que se

consome etc

A participaccedilatildeo comunitaacuteria eacute considerada pelos moradores uma funccedilatildeo decisiva na

melhoria da qualidade de sua vivecircncia Haacute a conscientizaccedilatildeo de que natildeo vale somente cuidar

do proacuteprio espaccedilo desvinculando-a do papel do vizinho Em uma comunidade onde as

habitaccedilotildees satildeo contiacuteguas o que o vizinho produz por exemplo de cultura resiacuteduos e porque

natildeo dizer seu descuido afeta diretamente um grupo de famiacutelias ao seu redor Natildeo haacute espaccedilo

para ser produtor e recebedor do seu produto somente Haacute uma troca em massa do que eacute

produzido Logo se se produz lixo violecircncia ruiacutedo insetos roedores etc haacute na verdade

uma multiplicaccedilatildeo de famiacutelias participantes desta troca gerando problemas muacuteltiplos

Para os moradores do Complexo de Favelas de Acari a percepccedilatildeo de sauacutede mesmo

que reproduzindo as palavras do conceito claacutessico natildeo tem tido uma praacutetica satisfatoacuteria A

dinamicidade deste conceito natildeo foi plenamente desvelada nos discursos dos entrevistados

Poucos deles tiveram uma contextualizaccedilatildeo mais ampla do que seja a sauacutede nos referidos

conceitos claacutessicos e conclamam que se todos os outros moradores pudessem perceber que

aleacutem de estarem bem psicologicamente ou sem doenccedilas estatildeo inseridos dentro do conceito de

sauacutede transporte lazer moradia salaacuterios dignos etc A sauacutede teria com isso uma definiccedilatildeo

mais proacutexima do que seja real natildeo soacute para eles como para qualquer outro indiacuteviduo habitante

de qualquer outro espaccedilo geograacutefico

A pesquisa revelou que sauacutede eacute um bem que urge dentro do Complexo pois as

diversas atividades de seus habitantes caminham potencialmente na contramatildeo do que seja ter

sauacutede Natildeo se sabe precisar o porquecirc deste fato mas algumas sugestotildees podem ter utilidade

para entender esse fenocircmeno Estas podem ser deficiecircncia educacional falta de mobilizaccedilatildeo

e participaccedilatildeo conjunta participaccedilatildeo das lideranccedilas comunitaacuterias em todas as accedilotildees capazes

de trazer melhorias para aquele ambiente Pelo o que foram relatados nas entrevistas atitudes

como conviver com o lixo imundiacutecie e dejetos revelam uma necessidade urgente de tomada

de posiccedilatildeo frente agrave tendecircncia de se acostumar com a realidade com que se vive ou a eterna

espera que o poliacutetico A ou B faccedila alguma coisa ou que aquilo seja normal e imutaacutevel

128

O Estado deveria ser o ente que se obriga a executar atividades para a melhoria da

populaccedilatildeo do Complexo E atraveacutes dos seus diversos programas institucionais rever

conceitos e valores repensar o habitar modificar a realidade daquelas pessoas que estatildeo

inseridas naquele contexto social

Um desses programas o PSF tem uma responsabilidade imediata na tentativa de sanar

os problemas relacionados com a sauacutede Mas infelizmente o painel que se vecirc eacute que o

Programa estaacute muito centrado no lado curativo em detrimento agrave prevenccedilatildeo em sauacutede ao qual

foi destinado A demanda eacute grande e as equipes natildeo tecircm conseguido atuar nas possiacuteveis

origens dos problemas

A aplicaccedilatildeo da sauacutede dentro da temaacutetica meio ambiente tem importacircncia elevada pois

o existir na cidade ndash ter cidadania morar trabalhar sorrir chorar se alimentar ter paz sono

ajudar etc ndash estaacute sob efeitos de variaacuteveis ambientais e de sauacutede e estas condicionam a

qualidade desse existir Foi-se o tempo em que se podia dissociar uma termo do outro O ser

humano enquanto morador e dependente de um espaccedilo geograacutefico deve entender que este

muda constantemente e que reside nessa mudanccedila os benefiacutecios e malefiacutecios do tipo de vida

em curso

Os conflitos gerados na dinamicidade deste processo fazem parte do escopo da ciecircncia

ambiental na medida em que estatildeo inseridos em um desequiliacutebrio maior ndash a crise ambiental ndash

e que esta por sua vez estaacute trazendo consequumlecircncias graves para o ser humano e para o

proacuteprio planeta que seraacute herdado pelas novas geraccedilotildees

Eacute oportuno estudar e disponibilizar dados referentes agrave percepccedilatildeo que os moradores do

Complexo de Favela acari tecircm sobre sauacutede e meio ambiente Pois nem sempre poliacuteticas

intervencionistas verticais trazem soluccedilatildeo para todos os males ndash vide o Favela-Bairro Eacute

importante presenciar o que esta comunidade em especiacutefico sabe sobre meio ambiente e que

atividades assumem perante esse conceito

O que esta pesquisa pocircde constatar e que de modo algum pode se generalizar eacute que os

moradores do Complexo de Favelas Acari encontram-se em um tipo de comportamento

passivo perante o que acontece a sua volta Nota-se no discurso dos seus moradores a feacute que

depositam em promessas poliacuteticas e em candidatos Por outro lado haacute uma briga poliacutetica entre

as associaccedilotildees de moradores sendo que algumas delas se aglutinaram sob uma mesma

direccedilatildeo pois natildeo tinham representatividade Com isto se vecirc consequumlentemente uma

expressiva parcela da populaccedilatildeo alijada em sua capacidade de mobilizaccedilatildeo e totalmente

alienada do seu potencial eou reivindicaccedilatildeo dos seus direitos Eacute como se a preocupaccedilatildeo fosse

resumida agrave sobrevivecircncia estanque do dia-a-dia

129

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RIBEIRO Luiz C de Q LAGO Luciana C do A oposiccedilatildeo favela-bairro no espaccedilo social do rio de janeiro In ltwwwscielobrpdfsppv15n18598pdf 02032008gt RICOEUR P Narrative time In JOVCHELOVITCH Sandra Representaccedilotildees sociais e esfera puacuteblica a construccedilatildeo simboacutelica dos espaccedilos puacuteblicos no Brasil Vozes 2000 SALOMON D V Como fazer uma monografia Satildeo Paulo Martins fontes 2001 SANTOS Boaventura de S A Globalizaccedilatildeo e as Ciecircncias Sociais Satildeo Paulo Cortez 2002 SOARES Laura T R Globalizaccedilatildeo e exclusatildeo Revista de Enfermagem Escola de Enfermagem Ana Nery 1 (1) 13-22 set 1997 SOAREZ Patriacutecia C de PADOVAN Jorge L CICONELLI Rozana M Indicadores de sauacutede no Brasil um processo em construccedilatildeo Revista de administraccedilatildeo em sauacutede 7(27)57-64 abr-jun 2005 Disponiacutevel em ltwwwcqhorgbrfilesRAS27_indicadorespdfgt

134

SATTERTHWAITE David Como as cidades podem contribuir para o desenvolvimento sustentaacutevel In MENEGAT Rualdo ALMEIDA Gerson Desenvolvimento sustentaacutevel e gestatildeo ambiental nas cidades Porto Alegre UFRGS 2004 SABATINI F Participacioacuten ciudadania para enfrentar conflictos ambientales urbanos una estrategira para los municipios Ambiente y Desarolho ano XVm nordm 4 dez 1999 In ASCELRAD Henri Contradiccedilotildees espaciais conflitos ambientais e regulaccedilatildeo In COSTA H S et al Novas periferias metropolitanas a expansatildeo metropolitana em Belo Horizonte dinacircmica e especificidade no eixo-sul Belo Horizonte Companhia da Art 2006 SANTOS JR O A dos Poliacuteticas puacuteblicas e gestatildeo local programa interdisciplinar de capacitaccedilatildeo de conselheiros municipais Rio de Janeiro Fase 2003 SEM Amartya Desenvolvimento como liberdade Satildeo Paulo Companhia das Letras2000 SIGAUD Marcia F Caracterizaccedilatildeo dos domiciacutelios na cidade do Rio de Janeiro Coleccedilatildeo estudos da cidade Rio estudos Nuacutemero 253 Abril 2003 SILVA JR A G da Modelos assistenciais em sauacutede o debate no campo da sauacutede coletiva Tese de Doutorado ENSPFIOCRUZ Rio de Janeiro 1996 SOUZA e SILVA Jailson de Um espaccedilo em busca de seu lugar as favelas para aleacutem dos estereoacutetipos wwwietsorgbrbibliotecaUm_espaccedilo_em_busca_de_seu_lugarPDF acessado em 22022008 SUTTON D B HARMONN N P Ecology selected concepts John Wiley amp Sons Inc NY 1993 TAYRA Flaacutevio A crise ambiental e o papel das novas tecnologias da informaccedilatildeo aleacutem do domiacutenio da teacutecnica Revista Eletrocirccnia de Geografia y ciecircncias sociais vol VIII nuacutemero 170(41) 2004 TORRES Haroldo da G MARQUES Eduardo C Tamanho populacional das favelas paulistanas Ou os grande nuacutemeros e a falecircncia do debate sobre a metroacutepole Artigo em ltwwwcentrodametropoleorgbrpdfabep2002pdfgt TRAVASSOS Edson G A educaccedilatildeo ambiental nos curriacuteculos dificuldades e desafios In revista de Biologia e Ciecircncia da Terra vol1 nordm2 2001 Disponiacutevel em ltredalycuaemexmxredalycpdf50050010202pdfgt VALA J Representaccedilotildees Sociais para uma psicologia social no pensamento social In VALA J MONTEIRO MB (Eds) Psicologia Social Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gullbenkian 1993 VIEIRA Liszt Cidadania e Globalizaccedilatildeo Rio de Janeiro Record 2001 ____________ BREDARIOL Celso Cidadania e Poliacutetica Ambiental Rio de Janeiro Record 1998

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WEBER Alexandre de V Sistema de sucessatildeo e heranccedila da posse habitacional em favelas Tese de Mestrado (Mestrado em Antropologia) Universidade Federal Fluminense 1999 WEILL Pierre A mudanccedila de sentido e o sentido da mudanccedila Rosa dos Tempos Rio de Janeiro 2000 ZALUAR A ALVITO M (orgs) Um seacuteculo de favela Editora FGV Rio de Janeiro 1998 ZOTTI Solange A Organizaccedilatildeo do ensino primaacuterio no Brasil uma leitura da histoacuteria do curriacuteculo oficial Disponiacutevel em lthttpwwwhistedbrfaeunicampbrnavegandoartigos_ framesartigo_102htmlgt ZUCCHI Paola O mundo da sauacutede Satildeo Paulo ano 21 v 21 n3 maijun 1997 Sites pesquisados wwwecolnewscombragenda21indexhtm acesso em 18 de fevereiro de 2008 httpwwwuepbedubredueprbctsumariospdfeducambpdfhttpwwweducacaopublicarjgovbrbibliotecaeducacaoeduc109dhtmhttpptwikipediaorgwikiC38Dndice_de_Desenvolvimento_HumanohttpwwwpnudorgbrpublicacoeshttpwwwsauderiorjgovbrhttpwwwaquaconcombrSite_portuguesAcervoaq080htmwwwambientebrasilcombrurbanoindexhtmlampconteudo=urbanoartigospoluiccedilatildeo_ecohtml httpwww2riorjgovbrsmupaginasev_planosasphttpwwwcelioluparellicombrnoticiasphpid_noticia=115 httpwwwambientebrasilcombrhttpwwwopasorgbrhttpwwwwhointen httpwwwpsolrjorgbr httpwwwfauufrjbrprourbcidadesfavelaprogfavbthtml httpportalgeoriorjgovbrsabrenindexhtm httpwwwarmazemdedadosriorjgovbr httpwwwguiaheunombrindexhtm httpwwwKlepsidranetklepsidra19faveladohtm httpwwwfavelatemememoriacombrpubliquecgicgiluaexesysstarthtmsid=78from_info_index=6ampinfoid=109wwwworldbankorgurbanssymposium2005presentationspasternakpdf 02032008 1121

136

ANEXO I

FOTOS AEacuteREAS E LOCALIZACcedilAtildeO DO COMPLEXO DE FAVELAS

Figura 1 Municiacutepio do Rio de Janeiro onde se vecirc destacado o bairro de Acarai na aacuterea programaacutetica 3

Fonte Instituto Pereira Passos ndash Pref Municipal do Rio de Janeiro

Mapa 1 Mapa representando a favela de Vila Esperanccedila Fonte Instituto Pereira Passos ndash Pref Municipal do Rio de Janeiro

Mapa 2 Mapa representando a favela de Vila Rica do Irajaacute Fonte Instituto Pereira Passos ndash Pref Municipal do Rio de Janeiro

Mapa 3 Mapa representando a favela de Parque Acari Fonte Instituto Pereira Passos ndash Pref Municipal do Rio de Janeiro

Mapa 4 Mapa representando a favela Beira Rio Fonte Instituto Pereira Passos ndash Pref Municipal do Rio de Janeiro

Foto 1

Foto aeacuterea da Favela de Vila Esperanccedila Fonte Instituto Pereira Passos

Foto 2

Foto aeacuterea da Favela de Vila Esperanccedila Fonte Instituto Pereira Passos

Foto 3

Foto aeacuterea da Favela de Vila Esperanccedila Fonte Instituto Pereira Passos

Foto 4

Foto aeacuterea da Favela de Vila Rica de Irajaacute Fonte Instituto Pereira Passos

Foto 5

Foto aeacuterea da Favela de Vila Rica de Irajaacute

Foto 6

Foto aeacuterea da Favela de Parque Acari Fonte Instituto Pereira Passos

Foto 7

Foto aeacuterea da Favela de Parque Acari com detalhe da presenccedila do Hospital de Acari Fonte Instituto Pereira Passos

ANEXO II

TABELAS

Teorias do ecologismo

Materialistas Natildeo-materialistas

Ecologismo nos paiacuteses ricos Reaccedilatildeo contra a contaminaccedilatildeo e esgotamento dos recursos naturais causados pela abundacircncia

Mudanccedila cultural para valores poacutes-materialistas devido aacute utilidade marginal decrescente dos abundantes bens materiais faacuteceis de obter sem custos ambientais

Ecologismo nos paiacuteses pobres Defesa do acesso comunitaacuterio aos recursos naturais contra a ameaccedila do mercado ou do Estado Reaccedilatildeo contra a degradaccedilatildeo ambiental provocada pela pobreza o excesso de populaccedilatildeo e intercacircmbio desigual

Religiotildees biocecircntricas Ecofeminismo essencialista

Tabela 1 - Teorias do ecologismo

III Popde Favelas

(a) MunPopRio

(b) ab de cresc

Pop Favelas de cresc

PopRio

1950 169305 2337451 724 - -1960 337412 3307163 1020 993 4151970 563970 4251918 1326 671 2861980 628170 5093232 1233 114 1981990 882483 5480778 1610 405 762000 1092958 5857879 1866 239 69

Tabela 2 ndash Taxa de Crescimento de Favelas no Rio de Janeiro de 1950 a 2000 Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

Tabela 8-B

Tabela 9-B Municiacutepio do Rio de Janeiro - 2003 2006Nuacutemero de Surtos de Hepatite Viral por Ano Aacuterea de Planejamento Regiatildeo Administrativa e Bairro

Aacutereas de Planejamento RegiotildeesAdministrativas e Bairros

PopulaccedilatildeoCenso 2000

Nordm deSurtos2003

Nordm deSurtos2004

Nordm deSurtos2005

Nordm deSurtos2006

Total deSurtos

TOTAL 5 857 904 5 19 61 44 129

Aacute R E A D E P L A N E JA M E N T O 3 3 928 800 0 3 9 11 23

XXV PAVUNA 197 068 0 0 5 4 9

ACARI 24 650 0 0 2 0 2 Tabela 10-B SUBASSSVSGerecircncia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica

uacutemero de Casose Oacutebitos e Taxas de Incidecircncia Mortalidade e Letalidade de Febre Hemorraacutegica do DengueSiacutendrome do Choque por Dengue por Aacutereas de Planejamento RAacutereas de Planejamento RegiotildeesAdministrativas e Bairros

PopulaccedilatildeoCenso 2000

Casos FHD1996

Casos FHD1997

Casos FHD1998

Casos FHD1999

CasosFHD2000

Casos FHD2001

Casos FHD2002

Casos FHD2003

Casos FHD2004

CasosFHD2005

Casos FHD2006

TOTAL 5 857 904 0 0 2 11 12 269 718 4 4 4 35AacuteREA DE PLANEJAMENTO 33 928 800 0 0 0 3 0 35 82 0 1 0 0ACARI 24 650 0 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 Tabela 11-B

146

Municiacutepio do Rio de Janeiro - 2000 a 2006Nuacutemero de Casos Oacutebitos Taxa de Incidecircncia Mortalidade e Letalidade de Doenccedila Meningocoacutecica por Aacuterea de Planejamento Regiatildeo Administrativa e Bairro

Aacutereas de Planejamento RegiotildeesAdministrativas e Bairros

PopulaccedilatildeoCenso 2000

Casos2000

Casos2001

Casos2002

Casos2003

Casos2004

Casos2005

Casos2006

Total CasosDM

TOTAL 5 857 904 192 184 178 172 178 231 157 1 292

Aacute R E A D E P L A N E JA M E N T O 3 3 9 28 8 00 33 27 2 6 16 28 3 2 3 5 197

XXV PAVUNA 197 068 3 8 6 2 7 9 7 42

ACARI 24 650 2 1 3 1 2 1 2 12 Tabela 12-B

Nuacutemero de Casos Oacutebitos Taxa de Incidecircncia Mortalidade e Letalidade de Dengue por Aacuterea de Planejamento Regiatildeo Administrativa e BairroMuniciacutepio do Rio de Janeiro - 1996 a 2006

Aacutereas de Planejamento RegiotildeesAdministrativas e Bairros

PopulaccedilatildeoCenso 2000 Casos 1996 Casos 1997 Casos 1998 Casos 1999 Casos 2000 Casos 2001 Casos 2002 Casos 2003 Casos 2004 Casos 2005 Casos 2006 Total Casos

de Dengue

TOTAL 5 857 904 4 102 1 024 13 477 4 132 2 279 27 671 143 723 1 610 708 1218 14 778 214 722Aacute R E A D E P L A N E JA M E N T O 3 3 928 800 477 136 1 820 555 31 9 5 109 10 351 214 118 109 754 19 962PAVUNA 90 027 64 17 445 129 10 341 578 19 5 3 53 1 664

Tabela 13-B

147

Principal fonte O que causa Escape dos veiacuteculos motorizados

Centrais termoeleacutetricas NO2 Faacutebricas de fertilizantes de explosivos ou de aacutecido niacutetrico

Problemas respiratoacuterios

Centrais termoeleacutetricas Petroacuteleo ou carvatildeo SO2 Faacutebricas de aacutecido sulfuacuterico

Problemas respiratoacuterios irritaccedilatildeo nos olhos problemas cardiovasculares

Escape dos veiacuteculos motorizados

Processos industriais Centrais termoeleacutetricas

Partiacuteculas em

suspensatildeo Reaccedilatildeo dos gases poluentes na atmosfera

Problemas respiratoacuterios irritaccedilatildeo dos olhos doenccedilas cardiovasculares

Escape dos veiacuteculos motorizados Problemas respiratoacuterios intoxicaccedilotildees problemas cardiovasculares

Alguns processos industriais CO

Fumaccedila de cigarro

Na exposiccedilatildeo prolongada aumento do volume do baccedilo hemorragias naacuteuseas

diarreacuteias pneumonia perda de memoacuteria e outros males

Escape dos veiacuteculos motorizados (gasolina com chumbo) Efeito toacutexico acumulativo Pb

(Chumbo) Incineraccedilatildeo de resiacuteduos Anemia e destruiccedilatildeo de tecido cerebral

Irritaccedilatildeo nos olhos O3 (Ozocircnio)

Formados na atmosfera devido agrave reaccedilatildeo de oacutexidos de azoto hidrocarbonetos e luz solar Problemas respiratoacuterios (reaccedilatildeo inflamatoacuteria

Tabela 14-B Gases poluentes lanccedilados na atmosfera

Tabela 15-B Comparaccedilatildeo da poluiccedilatildeo atmosfeacuterica produzida em algumas cidades

ANEXO III

GRAacuteFICOS E FIGURAS

Graacutefico 1-B

Figura 1-B

Imagem do lixatildeo no local chamado de fim de mundo

Figura 2-B

Imagem do lixatildeo no local chamado de fim de mundo

Figura 3-B

Projeto de reciclagem de lixo

Figura 4-B

Aspecto da disposiccedilatildeo do lixo recolhido na aacuterea da ldquoreciclagemrdquo

Figura 5-B

ETE Pavuna Fonte Aquacon

Figura 6-B

Exemplo de uma aacuterea de lazer

Figura 7-B

Exemplo de uma aacuterea de lazer

PESSOAS ENERGIA

ENTRETENIMENTO EDUCACcedilAtildeO INFORMACcedilAO E TECNOLOGIA

RUIacuteDO

AR POLUIacuteDO

ESGOTO

RADIACcedilAtildeO LIXO HOSPITTALAR PUacuteBLICO E RESIDENCIAL

SERVICcedilOS

BENS MANUFATURADOS

RESIacuteDUOS INUSTRIAIS

COMBUSTIacuteVEIS

MATEacuteRIA-PRIMA

Figura 8-B Esquema de trocas de uma cidade

Figura 9-B

Figura 10-B

ANEXO V

FIGURAS UTILIZADAS NAS ENTREVISTAS

ASSUNTO PRESSUPOSTO TELECOMUNICACcedilAtildeO CONSUMISMO PRODUCcedilAtildeO DE LIXO

ASSUNTO PRESSUPOSTO CONSUMISMO CONFORTO LAR LAZER

ASSUNTO PRESSUPOSTO CONSUMISMO CONFORTO LAZER POLUICcedilAtildeO ATMOSFEacuteRICA

ASSUNTO PRESSUPOSTO DESMATAMENTO MUDANCcedilA CLIMAacuteTICA PERDA DE BIODIVERSIDADE EFEITO ESTUFA

ASSUNTO PRESSUPOSTO CONSUMISMO ALIMENTACcedilAtildeO TRABALHO DIGNIDADE CIDADANIA

ASSUNTO PRESSUPOSTO PRESERVACcedilAtildeO AMBIENTAL LEIS VIOLEcircNCIA

ASSUNTO PRESSUPOSTO ALIMENTACcedilAtildeO DINHEIRO TRABALHO QUALIDADE DE VIDA

ASSUNTO PRESSUPOSTO ENERGIA CONFORTO LAR LAZER

ASSUNTO PRESSUPOSTO CONSUMISMO ALIMENTACcedilAtildeO TRABALHO FAMIacuteLIA

ASSUNTO PRESSUPOSTO PARTICIPACcedilAtildeO DO PODER PUBLICO SAUacuteDE CIDADANIA POLIacuteTICA

ASSUNTO PRESSUPOSTO LAR MORADIA TRANSPORTE LAZER SEGURANCcedilA QUALIDADE DE VIDA FUTURO

ASSUNTO PRESSUPOSTO PARTICIPACcedilAtildeO SOCIAL SAUacuteDE FAMIacuteLIA

ASSUNTO PRESSUPOSTO TELEVISAtildeO RAacuteDIO PARTICIPACcedilAtildeO SOCIAL AMBIENTALISMO

ASSUNTO PRESSUPOSTO CIDADE TRANSFORMACcedilAtildeO DA PAISAGEM POLUICcedilAtildeO TRABALHO

ASSUNTO PRESSUPOSTO MEIO AMBIENTE ENERGIA POLUICcedilAtildeO PRESERVACcedilAtildeO

ANEXO VI

TRANSCRICcedilAtildeO DAS FALAS DOS ENTREVISTADOS

TRANSCRICcedilAtildeO ENTREVISTA 1 Que eu entendo por meio ambiente eacute aonde noacutes vivemos neacute Onde

precisamos se sentir saudaacutevel neacute E que nesse saudaacutevel que agente natildeo tem as impurezas na natureza neacute Eacute que a natureza deve ser saudaacutevel porque noacutes vivemos e precisamos dela Por isso eu acho que os seres humanos devem preservar

Meio ambiente que eu vi ali por exemplo na televisatildeo que apareceu apareceu o espaccedilo o mar neacute O mar achei interessante E tambeacutem vi coisas desagradaacuteveis neacute No meio ambiente a queima das aacutervores neacute Eacute isso aiacute que eu vi vi tambeacutem que eu vi aqui Vi por exemplo que produz o meio ambiente a vi ali frutas sucos laacute tinha laranja reproduzido no meio ambientevi o que mais Vi tambeacutem o meio ambiente o homem Os conflitos entre os seres humanos em um grupo de pessoas que deviam estar vivendo bem natildeo em conflito o espaccedilo limitado dessas pessoas

O carro o meio ambiente eu acho assim noacutes necessitamos dele Ele solta gaacutes carbono impureza no meio ambiente acho que o carro nos traz conforto eu acho que carro eacute necessidade mas no meio ambiente ele danifica salta gaacutes polui o ar A mesma coisa ai satildeo celulares aparelhos que vocecirc usa pilha usa coisa que ele danifica tambeacutem o meio ambiente por exemplo eu li uma vez que a ldquoguimbardquo do cigarro se vocecirc colocar ele demora para a natureza a terra absorver duzentos anos neacute Vi tambeacutem que a garrafa plaacutestica demora mais de 300 anos para deixar de danificar isso plaacutestico entatildeo isso eacute Claro e evidente e se vocecirc jogar lixo e deixar aacutegua limpa em por exemplo em casca de ovo pneu aiacute danifica o meio ambiente eacute indiretamente sim porque temos verbas desviadas que poderia estar desenvolvendo o meio ambiente eacute desviada pelos nossos governantes puacuteblicos Tambeacutem espaccedilo fiacutesico de lazer neacute Se vocecirc tiver o espaccedilo fiacutesico de lazer compatiacutevel com as nossas moradias eacute favoraacutevel o crescimento da crianccedila o adolescente e o adulto saudaacutevel quando se pensa em meio ambiente fortalecido agente vecirc que as vezes natildeo

Equiliacutebrio fiacutesico e mental para mim sauacutede eacute isso equiliacutebrio fiacutesico e mental Quando eu falo fiacutesico e mental vocecirc eacute uma pessoa saudaacutevel se vocecirc tem um equiliacutebrio fiacutesico neacute Eu to bem fisicamente mentalmente eu to bem

Tem haver se eu viver num ambiente por exemplo onde tem lixo tem detritos tem vala abertas vai comprometer minha sauacuteda porque vai chamar ratos baratas e vai transmitir doenccedilas mosca entatildeo a sauacutede tem haver muito com a limpeza e a limpeza eacute o meio ambiente onde

vivemos seja dentro da nossa casa seja na comunidade seja no espaccedilo de lazer seja onde noacutes tivermos se tiver limpeza agente vai ter uma sauacutede equilibrada se agente tiver sujeira e imundiacutecie agente natildeo vai ter sauacutede

Favela como eacute ta dizendo em latim que eacute comum a todos mas se vocecirc tiver uma favela urbanizada e equiparada ao benefiacutecio de sauacutede puacuteblica poliacuteticas puacuteblicas com certeza esses moradores vatildeo ter uma sauacutede equilibrada e uma ecologia tambeacutem comparada com o equiliacutebrio ecoloacutegico aonde vocecirc vive Se vocecirc mora numa favela se os moradores natildeo satildeo conscientizados que eu acho mais difiacutecil mas se eles tiverem orientados que ele tem que manter o espaccedilo que ele vive que tem que pensar natildeo soacute em mim tenho que pensar no meu semelhante no meu vizinho manter No caso da dengue se eu tenho um jarro de flor que tem aacutegua meu vizinho natildeo tem entatildeo eu estou proporcionando soacute doenccedila pra mim eu estou proporcionando pro meu proacuteximo entatildeo se todo mundo em favela viver em um ambiente limpo e saudaacutevel vai ter com certeza sauacutede saudaacutevel mas se agente viver na comunidade esse espaccedilo fiacutesico se natildeo for bem tratado saneamento baacutesico com certeza vatildeo ter essa comunidade esse espaccedilo ecoloacutegico da vivecircncia ruim

Porque conscientizaccedilatildeo se demora muito neacute Vocecirc conscientiza uma pessoa a pessoa entender isso Que agente pode ter divergecircncia de ideacuteia ou achar que temos que beber aacutegua filtrada e a moradora dizer pra mim natildeo eu bebo a aacutegua do latatildeo haacute vinte anos e natildeo peguei doenccedila Entatildeo conscientizar essa pessoa demora mais eacute mais faacutecil orientar dando coisas praacuteticas Vocecirc bota no latatildeo mas no latatildeo ele traz o que ele traz ferrugem do latatildeo a aacutegua tem que ser fervida e filtra por isso por isso por isso Acho que vocecirc orientar eacute mais faacutecil do que conscientizar a pessoa as orientaccedilotildees eacute passo a passo que dizer no final ele vai se conscientizar daquilo mas leva muito mais tempo mas orientaccedilatildeo praacutetica na hora das accedilotildees imediatas surgem mais efeitos do que uma mudanccedila que leva tempo

Tem uma aacutervore caindo em cima da casa eacute uma como se chamaum abacateiro Ela veio aqui e no dia que ela veio aqui tinham um assessor da secretaacuteria do meio ambiente a R F ele disse que isso natildeo era questatildeo dele era questatildeo de defesa civil Vocecirc entendeu E ela mas a aacutervore vai cair em cima da casa dele pode causar morte vai derrubar a casa dele ela tava preocupado do risco dessa aacutervore tanto pra ela quanto pro vizinho E a pessoa ficou fria e outra coisa eacute noacutes temos o lixo aqui as pessoas natildeo educadas que o lixo como se tem que fazer o lixo eacute reciclar o lixo eles natildeo eles jogam o lixo toda vez eacute garrafa ldquopetrdquo para um lado viacutescera de peixe pra um lado viacutescera de galinha para um lado entatildeo eles natildeo sabem separar isso eacute falta de educaccedilatildeo ambiental e natildeo eacute feito na comunidade as escolas que estatildeo comeccedilando agora a fazer isso Por exemplo aqui em Acari eu fiquei boba tem vala aberta antiga vala negra se for no final do mundo se encontra vala aberta Vala aberta crianccedila andando descalccedilo

nessas valas Entatildeo o ambiente aqui do complexo do areal ta comprometido Vocecirc vecirc o rio Acari hoje melhorou um pouco por que existe os guardiotildees do rio Satildeo homens que satildeo pagos pela prefeitura pela meio ambiente que eacute da secretaria do meio ambiente que eacute daqui da prefeitura que faz a limpeza do rio dos detritos que os proacuteprios moradores jogam no rio Eu ateacute discuto isso muito em que tem que orientar os moradores a natildeo jogar as coisas que eles natildeo usam mais no rio e eles acabam jogando e daacute enchente e enchente vaacuterios barracos na beirada do rio vatildeo ser levadas vaacuterias famiacutelias eacute flageladas sem onde morar vocecirc vecirc que baixa a enchente as pessoas voltam a morar a fazer seus barracos e continuam jogando seus detritos Eu acho que as pessoas natildeo estatildeo muito preocupadas com o seu meio ambiente eles no momento pensam no momento em que satildeo atingidos depois que passa isso tudo ele continua fazendo a mesma coisa

O complexo de Acari eacute o terceiro maior complexo de favelas da Ameacuterica do Sul com IDH muito baixo pra vocecirc vecirc se muito baixo quer dizer que condiccedilatildeo ela estaacute precaacuteria de tudo saneamento baacutesico estou falando pra vocecirc que existe vala negra Entatildeo vou dizer laacute da beirada do rio se vocecirc for a beirado do rio de Acari depois do hospital vocecirc vai dizer que poliacutetico eacute esse que temos nesse municiacutepio que laacute aquelas famiacutelias de laacute Se entra laacute eu tava com chinelo de dedo e fui laacute procurar um menino aconteceu um acidente uma rato mordeu aqui nele na mulher tambeacutem eu fui laacute entre os meu dedos tinha aquela lama preta e dentro de casa natildeo eacute cimento natildeo eacute chatildeo batido uacutemido que as pessoas botam tapete que eles encontram no lixo taacutebua ou papelatildeo Levo quem quiser laacute eu falo pra poliacutetico eu levo laacute eu levo aquilo tudo imundo cheio de verminose as crianccedilas descalccedilas eu vejo no meio do complexo de Acari apesar de ter os gari que varre as pessoas continuam jogando lixo na rua entatildeo eacute precisa passar um processo de educaccedilatildeo ecoloacutegica de moradores estaacute mais atento a isso Se vocecirc procurar nos becos da favela se anda aiacute se vecirc muito coco de animais natildeo que eu quero exterminar ateacute adoro neacute mas eu ando e vejo em outros lugares as pessoas com a bolsinha quando faz cococirc na rua as pessoas bota saquinho plaacutestico e joga na lata de lixo Aqui natildeo se vecirc crianccedilaeacute porco cabrito gato cachorro tudo faz por aiacute e as crianccedilas brincando Eu acho que natildeo existe trabalho focado pra defesa deste espaccedilo fiacutesico que crianccedila adolescente jovem-adulto terceira idade tem uma sauacutede mais equilibrada porque vatildeo fazendo casa em cima da outra neacute Nesse aglomerado e mesmo com a favela bairro hoje agente tem aqui por mal feita a favela bairro ainda natildeo tem lugares que ta faltando aacutegua natildeo tem aacutegua potaacutevel na hora que fez favela bairro tirou um cano novo botou um velho soacute que o velho neacute O novo natildeo passa aacutegua e o velho tambeacutem Umas pessoas tecircm aacutegua outros lugares aqui na rua do viaduto cansam de reclamar isso e os proacuteprios bueiros mal feitos neacute Quando tem uma chuva bem forte os bueiros natildeo satildeo limpos que o gari daqui vocecirc sabe limpar as ruas eu que vejo os garis de outros lugares que eles limpam os bueiros tambeacutem

de outro lugar vocecirc em outro lugar a diferenccedila limpam as ruas do Meacuteier lavam as ruas aqui nem em dia de feira lavam as ruasentatildeo vocecirc vecirc a diferenccedila disso tudo Se vocecirc andar no conjunto de manhatilde esse conjunto aqui vocecirc vai ver de copo descartaacutevel papel que jogamah se vocecirc se andar nas ruas becos voce vecirc muita sujeira os gari acabam de limpar e se eles voltarem duas horas depois estaacute tudo sujo Acho que noacutes brasileiros natildeo somos educados para isso

Guardiatildeo do Rio Gari comunitaacuterio associaccedilatildeo centro de estudos eacute o seguinte hoje o complexo de Acari tem a Associaccedilatildeo do Parque unidos de Acarai que eacute do outro lado do Rio quem vai pra linha verde do outro lado tem centro comunitaacuterio unidos de Acari que eacute uma ONG que tem uma creche desenvolvem trabalho com laboratoacuterio de informaacutetica para os jovens e jovens adultos e terceira idade para o mercado de trabalho Vindo para este lado noacutes temos a Associaccedilatildeo de moradores do parque acari que eacute a mais antiga noacutes temos vindo pra caacute Vila Rica que hoje natildeo eacute associaccedilatildeo que juntou ao Parque Acarai a ONG Tio Patinhas que eacute uma creche que estava fechada uns trecircs anos reabriu com um convecircnio com a secretaria municipal de educaccedilatildeo A creche laacute do PAC centro comunitaacuterio tambeacutem tem um convecircnio com a prefeitura vindo mais pra cima vocecirc tem Quero Ouvir Esperanccedila com a unificaccedilatildeo Associaccedilatildeo do conjunto residencial Areal conhecido como amarelinho assumiu vila esperanccedila Que eram cinco associaccedilotildees se tornou duas agora e tem onde era a Parmalat que tem uma associaccedilatildeo que eacute de fato de natildeo de direito porque ela eacute formada e natildeo eacute registrada tentamos agora fazer essa composiccedilatildeo eu ainda acho que as associaccedilotildees tem que eacute de bom grado e bom tamanho que muita associaccedilatildeo acaba ningueacutem fazendo nada Temos aqui o Futuro Feliz que eacute uma ONG que tem um papel importante na comunidade eacute ensinar as crianccedilas adolescente e adultos muacutesica entatildeo tem aula de violatildeo bateria piano teclado vocecirc vecirc uma menina que eacute nascida aqui que tem doze anos que sabe ler partitura E tem a instituiccedilatildeo aqui que eu coordeno que eacute a Satildeo Domingos Saacutelvio e vaacuterias escola do ensino fundamental e vaacuterias creches da prefeitura e tem o posto de sauacutede enfermeira Edna Valadatildeo que hoje eacute PSF A Cufa que estaacute saindo jaacute esteve aqui no complexo de Acari e eu natildeo sei por qual motivo pelo qual motivo ela saiu voltou tem uma ano e pouco segundo a pessoas que esteve aqui ela colocou que os projetos colocado aqui natildeo teve resultados favoraacuteveis ateacute fiquei boba que eles tem condiccedilatildeo econocircmica que eu natildeo tenhonem a associaccedilatildeo de moradores tem e conseguimos fazer um trabalho e natildeo temos o projeto que eles tecircm neacute E natildeo conseguiram ter um nuacutemero de clientela favoraacutevel natildeo sei qual o erro aqui tem crianccedila noacutes estamos na terceira maior favela da Ameacuterica do Sul e natildeo ter clientela favoraacutevel pelo tipo de atividades que eles faziam que eacute de suma importacircnciapor que eu fiquei boba de quinta feira ela ter colocado pra mim que vocecircs estatildeo indo embora porque Vocecircs tem melhor dos projetos Petrobraacutes governo de estado com a prefeitura ela disse que os projetos que desenvolvia aqui a direccedilatildeo da CUFA achou que natildeo teve um resultado favoraacutevel eacute porque Clientela mas pra vocecirc ter clientela se tem que divulgar o que

vocecirc faz tem que comunicar com o povoe eu falei pra ela se vocecirc natildeo divulgaeu dou um curso aqui que preparo a dezesseis anos os adolescentes para o mercado de trabalho Eles sabem que de primeiro a quinze de dezembro primeiro a quinze de junho tem inscriccedilatildeo eu natildeo divulgo eacute um trabalho de formiguinha uma passa para o outro porque eacute bom e as pessoas vatildeo passando

ENTREVISTA 2 Meio ambiente Na verdade talvez mais pro lado do que agente costuma

dizer florestas rios Pra comunidade o meio ambiente Primeiramente higiene eu acredito assim uma limpeza uma participaccedilatildeo de todos esgoto muito esgoto entupido

Na verdade na verdade noacutes podemos ver que haacute um certo descaso com as comunidades por parte do poder puacuteblico certamente eles poderiam fazer muito mais apesar de que eu natildeo vou encobrir que muitas das vezes faz parte dos nossos proacuteprios liacutederes comunitaacuterios De um modo geral que muitas das vezes hoje se tornam uma questatildeo de repente eu consegui algo mas e a comunidade Natildeo adianta trazer um candidato para a comunidade o candidato entra ganha voto e depois vai embora e beijinho pra comunidade e de repente eu que trouxe meu candidato consigo traz alguma coisa para a comunidade mas a comunidade veda entatildeo tambeacutem haacute um descaso na minha opiniatildeo tanto de liacutederes comunitaacuterios como eu sou a favor do que estaacute para acontecer um plebiscito para eleger uma pessoa para representar as comunidades de um modo geral eu sou a favor considero as pessoas que jaacute passaram considero mas a eacutepoca para mim jaacute passou teve que aproveitar os momentos aproveitou e ficou esquecido acabou o tempo Eacute tempo de novas oportunidades

Eu na minha opiniatildeo sou a favor de que a comunidade num todo apoacuteie ele para que noacutes venhamos trazer um candidato para que este candidato da mesma forma que noacutes o colocamos laacute por ele ser da aacuterea criado na comunidade conhecendo os problemas se agente o colocar laacute e tambeacutem natildeo fizer nada da mesma forma que o colocamos laacute podemos fazer o seguinte fechamos essa Avenida Brasil aqui com faixas e cartazes e mancha e denigre a imagem dele dizendo que ele natildeo com mentiras mas com verdade e dizer o que era para ele fazer e natildeo fez eacute uma opiniatildeo minha natildeo com baderna natildeo soacute um meio de chamar agrave atenccedilatildeo porque eu sou a favor de que ele venha eu estou confiando nele e espero que porque haacute esse descaso que vocecirc falou ateacute mesmo da lideranccedila e descaso da proacutepria comunidade que se acostumou com certos tipo de problemasmas as vezes o morador eacute culpado porque pegam a bolsinha de lixo e natildeo quer andar ateacute a ponta aqui e depois venha aqui cobrar Mas outros natildeo querem chegar junto vocecirc sabe por que eacute porque as pessoas vatildeo se cansando e claro estas questotildees vatildeo caindo em descreacutedito entatildeo tem muitos que natildeo querem pois se

cair em descreacutedito jaacute era Eacute o que eu falei Certa vez um cidadatildeo chegou para mim - deixa eu colocar uma faixa aiacute - eu falei pocirc jaacute tem um faixa aiacute natildeo daacute natildeo - pocirc mas oacute fulano de tal vez fez aquilo na comunidade - eu falei cadecirc ele Fez a quatro cinco seis anos atraacutes mas cadecirc ele agora Para eu estar votando nele continuamente quero ver ele aqui na comunidade fazendo alguma coisa pela comunidade e tem essas obras do PAC aiacute Porque seraacute que natildeo tem ningueacutem para trazer o PAC pra caacute Trazer um centro comunitaacuterio aqui alguma coisa que possa tirar essa molecada daiacute sei laacute alguma coisa que para trazer um curso pocirc abrir a mente com esporte em vez de estar com os olhos focados nesta porcaria aiacute estar focado com outras coisas a maioria dos moradores natildeo procuram abrir a mente pra isso muita gente que tem mente pequeninha Isto eacute interessante para o poder puacuteblico com achei uma covardia de fazer aquilo a aprovaccedilatildeo automaacutetica natildeo existe isso

Me desculpe eu respeito todo mundo cada um com seu cada um mas pra mim eacute para poder manter principalmente nas comunidades pessoas sem estudo porque para ele tambeacutem eacute vantagem A pessoa da comunidade de onde for fica sem instruccedilatildeo nenhuma sem abrir a sua mente a ampliar para ver o que estaacute acontecendo num todo Por que se noacutes natildeo nos unirmos estamos ferrados porque a aprovaccedilatildeo automaacutetica sabe passou natildeo sabe tambeacutem passou entatildeo isso haacute manipulaccedilatildeo por traacutes construiu um hospital daquele ali passei saacutebado a noite por laacute olhei a fachada eacute uma coisa de primeiro mundo aquilo ali eu costumo dizer aquilo ali eacute do niacutevel de um copa drsquoor de um barra drsquoor aiacute construiacuteram sabe a quantos anos estaacute fechado Agora chega na hora das eleiccedilotildees chega o candidato dele que ele natildeo pode mais se lanccedilar aiacute a populaccedilatildeo infelizmente alguns com a mente mais fraca arrisca de ateacute votar aiacute eu te falo eu natildeo entendo muito eu natildeo sou tatildeo burro pois tento aprender umas coisinhas mas eles construiacuteram um hospital daquele ali aiacute eu pergunto um hospital daquele ali vai precisar de quecirc Funcionaacuterios tanto meacutedicos quanto enfermeiros limpeza comidapessoas para trabalhar no refeitoacuterio eu te pergunto hospitais do Rio de Janeiro tanto municipal estadual e federal tudo caindo aos pedaccedilosseraacute que eles vatildeo ter verba para investir naquilo ali seraacute que vatildeo ter interesse em investir naquilo ali Pocirc que aquilo ali eacute hospital para ter emergecircncia vinte e quatro horasvai inaugurar sim a qualquer momento Eu acredito que eles vatildeo enrolar ateacute o final do ano Aiacute eles gastam uma fortuna do dinheiro puacuteblico do dinheiro que natildeo satildeo deles aiacute se constroacutei um mundo que aquilo ali eacute um mundo seraacute que eles vatildeo querer em ter interesse em manter verba todo ano tem aquela como eacute chamado orccedilamento Um bilhatildeo oh Vamos destinar cem para a sauacutede cem para a seguranccedila puacuteblica natildeo eacute isso Por exemplo para a educaccedilatildeo seraacute que no municiacutepio vai ter interesse em enviar tantas verbas para um hospital desses Porque para comeccedilar eles vatildeo ter que os meacutedicos os profissionais muitos de repente vatildeo ficar ateacute meio assim tem profissionais que se bobear ateacute correm mas seraacute que eles tem interesse de manter o hospital vinte e quatro

horas aberto Com funcionaacuterios ali e meacutedicos pediatras emergecircncia e aiacute aquilo ali eacute uma coisa de louco Os hospitais da rede municipal estavam tudo ali caindo aos pedaccedilos numa correria daqui pessoas largadas nos chatildeo entatildeo satildeo estas questotildees Aqui em Irajaacute tem uma RF que domina geral entatildeo eu acho chegou uma eacutepoca eu na minha opiniatildeo nada contra ela mas eu acho que ta na hora de noacutes aqui nos unirmos para trazer um candidato trazer natildeo eacute puxa ele de como uma passagem como agente de um tanto e meu voto e peacute na estrada eu sou contra Pessoas que venham e que tenham compromisso realmente com a comunidade Jaacute que fizeram um plebiscito eu sou favor do plebiscito e que se vaacute ateacute o final mas se natildeo tivesse acontecido o candidato tem que ter interesse em ficar aqui na comunidade tanto amarelinho acari parque uniatildeo parque Columbia laacute pra trazbeira rio mas que desse uma assistecircncia a comunidade e procurar trazer benefiacutecios a comunidade

ENTREVISTA 3 Meio ambiente Acho que eacute tudo que envolve o lugar onde Agente vive

depende de cada lugar cada meio ambiente diferente daquele lugar Conheccedilo eacute poluiccedilatildeo agraves vezes de rios que se transformam em valotildees neacute Que coisas que pessoas antigas diziam que rios de aacuteguas potaacuteveis que havia peixes e algumas outros tipos de seres vivos que hoje em dia natildeo existem mais devido a poluiccedilatildeo Acho que a degradaccedilatildeo do meio ambiente neacute o lugar que a mateacuteria diz que o rio que tem o seu curso que por intermeacutedio do ser humano quer desviar curso desse rio Acho ruim porque se tivesse que o rio passar por onde ele deveria passar ele natildeo teria que ser mexido porque ele tem um fluxo dele tem toda uma estrutura daquele rio tem espeacutecies ali que mudando o curso daquele rio talvez essas espeacutecie natildeo vatildeo se adaptar o novo curso que ele vai ter que percorrer Acho que a sauacutede vem desde a prevenccedilatildeo Se natildeo houver prevenccedilatildeo natildeo haacute sauacutede Porque natildeo age soacute que a pessoa tem que a pessoa tem que fazer aquela prevenccedilatildeo ali pra que natildeo fique doente entendeu Pra que natildeo pegue algum tipo de viacuterus ou outra coisa Natildeo eacute soacute depois que estaacute doente cuidar daquilo Tem Tem porque se o ambiente estiver sendo bem tratado dificulta agraves vezes algum tipo de doenccedila agente pode vamos dizer assim a hepatite neacute A hepatite eacute causada em situaccedilotildees de poluiccedilatildeo de lixo poluiacutedos aquela aacutegua que a pessoa bebe e que natildeo foi tratada se de repente aquilo ali natildeo tivesse sido destruiacutedo aquele ambiente ali talvez aquela pessoa natildeo pegaria aquela doenccedila Eu acho que a conscientizaccedilatildeo que a populaccedilatildeo da comunidade mostra as pessoas pra natildeo destruir a natureza natildeo destruir os rios dentro de cada comunidade natildeo soacute a minha mas em todas entendeu Eu acho

que se forem feito um estudo desde a educaccedilatildeo principal maternal jardim ai vem primeira seacuteria assim sucessivamente que natildeo adiante depois que as pessoas estatildeo velhas que jaacute estatildeo acostumas a fazer muita coisa errada vocecirc tentar colocar aquilo na cabeccedila das pessoas vocecirc jaacute tem que vir desde quando eacute crianccedila ensinar a crianccedila a natildeo a chegar ali naquela planta do vizinho e arrancar aquela planta natildeo destruir ao ver um animal ou um paacutessaro e natildeo tacar um pedra alguma coisa desse tipo

ENTREVISTA 4 Eu gostaria que ele viesse a festa da comunidade aniversaacuterio da

comunidade Vai Comeccedilar as dezessete horas ou seja dezenove vamos ter a forccedila do Afro Reggae vem o Gabrielzinho de Irajaacute vem o Ademir da Rede Globo o ator Temos grupo Luzes o Mc Alex vai estar presente tambeacutem vai dar uma mensagem tem uma muacutesica que diz sobre o Presidente Pra gente eacute importante tambeacutem fortalecer esse jovem porque ele foi precursor da limpeza da comunidade Ele foi um dos caras que noacutes ganhamos pegamos duzentos latotildees com produtos quiacutemicos que agente natildeo sabia que era toacutexico Aiacute um belo dia a Comlurb disse assim oh retira esses latotildees que eu do todo ele cor de aboacutebora E o Alex foi a pessoa que foi o cara pra distribuir todos os latotildees na comunidade Eu tenho retrato dele ele era magrinho hoje oacute soacute vendo E noacutes tiramos e controlamos a questatildeo do lixo que a questatildeo do lixo eacute uma coisa muito forte Agora eu queria que vocecirc registrasse pra noacutes eacute a questatildeo futuramente vocecirc vai ver este cercadinho em muro vocecirc vai ver tudo isso aqui bonitinhosabeporque aiacute agente ta recebendo as pessoas ainda fazem uma criacutetica que soacute serve soacute para crescer Eu queria que ficasse bem registrado que a populaccedilatildeo devido a morte de uma crianccedila laacute um adolescente aiacute a comunidade comeccedilou morreu de meningite teve um surto de meningite

ENTREVISTA 5 somos isentos da taxa d aacutegua porque eacute do INSSe esgoto tambeacutemonde

tem favela bairro eles recebem conta de aacuteguaalguns pagam a conta de aacutegua Chegou o gaacutes aqui mas eles natildeo aprovaram natildeo natildeo foi aceito natildeo O amarelinho era o maior morro que existia aqui era o cemiteacuterio dos iacutendios e tudo isso aqui esse morro grande tinha um tal de Joatildeo de Morro que era um cara da antiga fazenda Areal que vivia aqui e ele entatildeo aiacute quando compraram esse terreno ai primeiro para construir o IAPC eacute o conjunto habitacional do IAPC ndashInstituto Nacional de

Previdecircncia dos Comerciaacuterios que era dividido assim Esse morro aqui foi entatildeo rebaixado quando tambeacutem tudo aquilo aqui foi rebaixado para fazer o CEASA aquelas maacutequinas da transamazocircnica que tem aquela boca em baixo e ela vai retirando o todo o excesso tudo que ficar vai desbastando o morro antes para aqui para a construccedilatildeo do CEASA Toda essa populaccedilatildeo foi para Senador Cacircmara O Pessoal do Furatildeo foi para Vila Kennedy Padre Miguel Essa foi a uacuteltima assembleacuteia que tivemos e falamos da reciclagem de lixo tudo agente tenta buscar e discutir com a comunidade noacutes queremos capacitaccedilatildeo para o tratamento do lixo agente da aberto para capacitaccedilatildeo e parcerias agente quer agente necessita para fazer um dos melhores Vocecirc tem aqui desorientaccedilatildeo da famiacutelia aqui e a ela eacute dura ela vai dentro se vocecirc eacute um pai negligente ela vai falar que vocecirc eacute um pai negligente aiacute vocecirc vecirc que as pessoas as vezes fazendo coisas que agente entatildeo somos os guardiotildees dos direitos das crianccedilas aqui Todos noacutes que estamos dirigindo alguma coisa qual eacute o nosso objetivo natildeo adianta fazermos as coisas sozinhos cada um tem que fazer a sua parte entatildeo eu acho que agente tem que ser assim mesmo para garantir noacutes temos valores noacutes temos essas pessoas Porque o socioacutelogo Marcos fez a histoacuteria de Acari contendo todos noacutes porque eacute importante vocecirc registrar aqueles que ainda persistem na luta noacutes temos um coroa aqui de 80 anos que ainda milita no Complexo de Acari entatildeo eacute importante eu acho que o viacutedeo pode mostrar muitas coisas mas natildeo pode ficar pela metade Ningueacutem vai filmar o esgoto ningueacutem vai ver mais o esgoto tinha vala a ceacuteu aberto agora tem saneamento baacutesico Natildeo tinha nada o conjunto natildeo tinha pavimento era puramente o quecirc Um matagal as pessoas quando vem natildeo soma com as experiecircncias que tem a rede eacute furada porque as pessoas natildeo se integram o negoacutecio eacute sentar toda a rede e discutir coisas importantes conforme eu estou dizendo Eacute fundamental de buscar o dia 4 de novembro eacute o dia da favela que todas as favelas no Rio de Janeiro tem que se mobilizar para acontecer como a proacutepria a MT que criou o dia mas temos todos que gritar numa soacute voz Sabe porque Acari era um peixe que vivia no lamaccedilal na imundice eu natildeo faccedilo de conta natildeo eu estou presente noacutes fizemos uma reportagem e aiacute nem passou eu falei o dia em que a comunidade pela violecircncia a questatildeo do apitaccedilo que a proposta aqui noacutes colocamos jaacute haacute muito tempo que a violecircncia que agente enfrenta seria desde a violecircncia a mulher e a crianccedila que vocecirc vecirc um cara matando algueacutem dentro da comunidade por exemplo vocecirc apita todo mundo sai apitando essas questotildees vatildeo parar o dia que o cara bate na mulher daacute tapa na cara soco na cara mas o dia em que as pessoas comeccedilarem a apitareu propus isso nesse documentaacuterio

jaacute queremos mudar os nomesaqui eacute Areal jaacute queremos mudar Ninho das Cobras Mangue Seco Fim do Mundotem que mudar eu botei Atalaia Maracanatilde Campo do Jordatildeo pra poder amenizar porque Ninho das Cobras pocirc pera aiacute As obras que viratildeo do Favela Bairro a audiecircncia puacuteblica noacutes vamos discutir para ver a prioridadenoacutes vamos dizer que tem que comeccedilar pelo Mangue Seco pois laacute as pessoas vivem no brejo laacute vocecirc vai ver os ratos andando

ENTREVISTA 6 - Bem estar fiacutesico e mental de cada pessoa

- eacute o bem-estar fiacutesico e mental justamente o que a doutora falou - sobre tudo condiccedilatildeo social - essa eacute a definiccedilatildeo da Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede - eacute difiacutecil vocecirc falar em cima dessas para mim essa abrange tudo natildeo tenho que acrescentar a isso Agora eu acho que vocecirc pode natildeo necessariamente estar bem psicologicamente para mim eacute o mesmo que estar psicologicamente para ela pode ser diferente Eu acho que isso pode ser nivelado eu acredito natildeo eacute a mesma coisa pra todo mundo Natildeo tem como vocecirc dizer que todo mundo vai ter o niacutevel de sauacutede igual vai achar a mesma coisa Vocecirc pode dizer a mesma coisa mas na verdade natildeo acha a mesma coisa Por exemplo nessa figura aiacute da floresta isso aqui jaacute eacute uma floresta de eucalipto eu conheccedilo o que eacute uma floresta de eucalipto Eacute a pior coisa que existe porque destroacutei o solo e a multinacionais estatildeo vindo plantando eucalipto aqui no Brasil Tirando o eucalipto vocecirc acaba com a terra e acabou aquela terra natildeo presta mais entatildeo vocecirc cria um bem estar momentacircneo que vai gerar renda vai gerar emprego na regiatildeoentatildeo durante aquele periacuteodo que vocecirc tiver o eucalipto vai ser legal e depois Quando o eucalipto for embora aquelas pessoas vatildeo viver de quecirc O cara vai laacute coloca o caminhatildeo corta o eucalipto as maacutequinas fazem tudofaz o papel eacute uma beleza e acabou aquilo vai fazer o quecirc amigo Aiacute vem as dificuldades a doenccedila Mas eacute o que eu te disse acho que tem niacuteveis diferentes de pessoa para pessoa O que eacute sauacutede para mim natildeo eacute o mesmo pra vocecirc nem pra ela nem pra ela - eacute o ambiente que circunda a todos onde a pessoa vive trabalha natildeo necessariamente o ambiente natural eacute o mundo ao redor onde se estaacute inserido e que provoca danos a nossa sauacutede desde que natildeo tratados com a devida atenccedilatildeo tanto a destruiccedilatildeo da proacutepria floresta

assoreamento industrializaccedilatildeo O ataque ao meio ambiente acaba causando danos a nossa sauacutede - o meio ambiente eacute assim vocecirc agente vai fazer visitas nas casas entatildeo agente procura ver como a pessoas vive O meio ambiente dela assim como eacute que ela se sente naquela casa pois agraves vezes agente chega em uma casa totalmente eacute desorganizada suja higiene nenhuma entendeu Natildeo tem alimentaccedilatildeo sadia vocecirc se percebe nela natildeo sei que ela estaacute bem com ela mesma Vocecirc agraves vezes quer mostrar pra ela queum outro lado mas elasabe que se vocecirc chegar para ela ela natildeo cede ela quer ficar alisabeentatildeo natildeo sei Eu acho que meio ambiente eacute isso aiacute a higiene eacute um todo eacute vocecirc se sentir bem eacute o saneamento baacutesico que na comunidade noacutes temos saneamento baacutesico se bem que ainda tem lugares ainda que estaacute furado isso - eacute tipo no fim do mundo ali tem muito mato lugar onde o gari comunitaacuterio natildeo vai quando as chuvas caem os lixos acumulados pra vocecirc ver ali em baixo estaacute um surto de dengue terriacutevel - tem uma casa que agente neacute Se vocecirc for naquela casa assim de mato vivem duas moccedilas elas acham que vivem bem porque cheia de crianccedilas Elas acham que vivem bem porque quando saem saem direitinhas arrumadinhas ningueacutem diz que elas moram ali Natildeo tem janela um abafamento - se vocecirc conversa com os moradores mais antigos vocecirc vai vendo o quanto estaacute se destruindo Soacute se destroacutei Vocecirc natildeo vecirc nada aqui vocecirc natildeo vecirc um projeto de reflorestamento ateacute chegar na beira do rio e vatildeo destruir tudo E aiacute - o governo trouxe o favela bairro o que que aconteceu A aacutegua Quando chove o esgoto volta para casa das pessoas E a aacutegua Fica difiacutecil tambeacutem a aacutegua que os moradores para ter aacutegua tem que ter bomba porque sem bomba fica sem aacutegua - o pessoal tem que acordar de madrugada para poder lavar roupa - o ideal do programa sauacutede da famiacutelia o objetivo natildeo eacute curativo uma vez que nosso objetivo eacute a prevenccedilatildeo da sauacutede e agente natildeo tem essa oportunidade porque agente soacute trabalha com cura melhoria agente ainda natildeo conseguiu definir esse objetivo de promover a sauacutedeprevenir Agente soacute parte do tratamento porque eu acho que esse conceito ainda na populaccedilatildeo a demanda eacute muito grande entatildeo o programa de sauacutede da famiacutelia aqui neste momento - um mau relacionamento familiar pais que natildeo datildeo atenccedilatildeo ao filhos natildeo moram com os filhos ou satildeo separados Uma famiacutelia mau estruturada

- tem muita gente que vem passando mau aqui porque tem tiroteio Esses que tem pressatildeo alta agraves vezes ateacute por causa disso tambeacutem vatildeo ter que tomar remeacutedio tem que tomar calmante - falta o segmento religioso tambeacutem tem muitas religiotildees tem muitas igrejas mas olha soacute - bolsa escola PAC bolsa famiacutelia CCDC unidade estadual tem o PET que ajuda as crianccedilas as para ajudar a famiacutelia essas crianccedilas natildeo teratildeo mais que trabalhar e eles vatildeo para um lugar ali eles fazem algumas atividades e ganham uma bolsa por mecircs Comeccedila de 12 anos - aqui tambeacutem tem um trabalho assim de patrulheiro que vai de 14 anos ateacute 18 anos Menino faz 14 anos e ele jaacute comeccedila ali a fazer um curso aqui tem um e ali em baixo tem outro Eles vatildeo para o quartel aprender um cursinho no quartel Patrulheiro porque eles vatildeo aprender um cursinho no quartel e dali jaacute sai trabalhando do governo acho que eacute estadual - tem um posto de sauacutede do Estado E ainda tem uma cabine da poliacutecia militar que natildeo sei se funciona natildeo - programa para gerar renda Natildeo - eles limpam o rio que eacute da limpeza tem o gari comunitaacuterio e os meninos que fazem limpeza no rio

ENTREVISTA 7 - Pra senhora o que eacute sauacutede

- Sauacutede eacute o bem estar fiacutesico e mental neacute Boa alimentaccedilatildeo higiene eacute o estado de espiacuterito perfeito neacute A pessoa sem sauacutede eacute nada entatildeo pra se ter sauacutede tem que ter boa alimentaccedilatildeo acompanhamento meacutedico - E meio ambiente o que eacute meio ambiente - Eacute um ambiente propiacutecio para se viver sobreviver limpeza neacute Sem lixo sem mosquito higiene baacutesica esgoto saneamento - Por exemplo ter dengue na comunidade eacute falta de sauacutede e falta de cuidados com o meio ambiente ou natildeo natildeo tem nada a ver - Ah tem haver principalmente com a populaccedilatildeo A populaccedilatildeo eacute o principal responsaacutevel pela Dengue tudo bem que os governantes deixam a desejar com a limpeza dos valotildees essas coisas neacute Tratamento assim mas a populaccedilatildeo ateacute hoje consegue deixar garrafa de boca pra cima caixa drsquoaacutegua destampada entatildeo isso aiacute eacute falta de educaccedilatildeo do povo Se a populaccedilatildeo se educasse natildeo estariacuteamos nesta situaccedilatildeo Depois de tantas mortes tanta coisa tanta propaganda tanta notiacutecia na televisatildeo e no raacutedio as pessoas conseguem deixar a caixa drsquoaacutegua destampada E natildeo satildeo soacute o pobre natildeo os ricos tambeacutem neacute Piscina destampadaaquela aacutegua suja que natildeo troca natildeo trata eacute isso aqui que acaba com o povoestas doenccedilas - Aqui tem muito problema relacionado ao meio ambiente

- Aqui tem sempre o pessoal tratando da sauacutede da Sucam estatildeo sempre tratando botando remeacutedio pra rato eu natildeo vejo muita coisa aqui natildeo - Por exemplo o complexo temse agente olhar a foto natildeo tem uma aacutervore soacute tem casas isso eacute problema ambiental pra senhora - A populaccedilatildeo fica sem respirar ar puro que tem que plantar aacutervores - consumismo eacute problema ambiental para a senhora - eacute mais problema do bolso A pessoa fica comprando eacute maia de grandeza - Deixa eu ver uma figura aqui O lixo por exemplo aqui a gente tem a Comlurb que tira o lixo mas deve haver pessoas que queimam o lixo - Aqui em cima natildeo laacute pra baixo na favela de ver ter que laacute eu natildeo conheccedilo mas aqui em cima natildeo O povo eacute obrigado a levar o lixo no depoacutesito aqui em cima tem como eacutechamam de reciclagementatildeo a pessoa desce com a sua bolsinha de lixo e leva pra laacuteentatildeo aqui natildeo tem esse problemaacho que por isso natildeo tem tanto rato por aiacute quando tem eles vem e combate o lixo natildeo fica jogado o esgoto natildeo fica na rua entatildeo aqui tem um saneamento baacutesico bom eu acho o que eu conheccedilo eacute bom laacute pra baixo natildeo laacute pra baixo tem muita coisa ruim

ENTREVISTA 8 - entatildeo a primeira figura eacute essa aqui pode passar se a senhora quiser falar

sobre essas figuras tambeacutem - alimentaccedilatildeo neacute A alimentaccedilatildeo eacute essencialagora meio ambiente tambeacutem eacute bom falar sobre isso - eacute bom morar em cidade - Nunca morei em cidade natildeo sempre morei aqui mas tenho famiacutelias em vaacuterios locais - Pra senhora o que eacute meio ambiente - Oacute acho que meio ambienteeacute assimaacutervores o mar o que vem a lembranccedila eacute isso Eacute acabar um pouco dessas fumaccedilas acabar um poucos das aacutervores que estatildeo empatando agente no meio da rua caiacutedas velhinhas com os caules jaacute todos resecadinhos e agraves vezes com raiacutezes todas do lado de fora quase caindo como caiu uma ali em frente a minha janela caiu ateacute em cima do carro parques e jardins natildeo vem aqui atender o nosso pedidopra ajudar aqui agenteisso aqui bem dizer - E por exemplo caso de dengue eacute problema de meio ambiente - Aqui estaacute uma epidemia jaacute morreu crianccedila adulto jovens tem muita gente internada hoje mesmo no meu trabalho a minha professora de educaccedilatildeo fiacutesica tava falando que um rapaz novinho taacute todo dia na padaria comprando patildeo tava com problema de dengue internado com problema seacuterio agente fica a parte de sauacutede principalmente agente estaacute jogado as baratas Vai pro hospital natildeo tem meacutedico vai no pan natildeo tem meacutedico e aiacute pra ficar doente passando mau - a Senhora disse que eles potildee fogo no lixo

- ah potildee fogo no lixo nas matas Essas matas balotildees depois cai numa mata daqui a pouco pega fogo em tudo - aqui dentro do complexo quais satildeo os problemas de meio ambiente que a Senhora conhece - aqui eacute mais caso de doenccedilas que estatildeo vindo muito repetitivas sabe - me lembro que algueacutem reclamou de ratos -ratos demais Ratos Aqui tem uma epidemia de rato rato mesmo subindo pelas paredes Aqui tem muito rato muita umidade tem apartamento tudo muito uacutemido

ENTREVISTA 9 Estamos sem aacutegua e sem luz haacute dias aiacute Vila esperanccedila ontem mesmo natildeo

teve nem aula na creche porque natildeo tinha aacutegua as matildees precisam trabalhar quem tem as crianccedilas na creche para poder trabalhar teve que voltar com as crianccedilas pra casa porque natildeo tinha nem aacutegua e nem luz como iam fazer comida A diretora chegou na escola natildeo tinham nem uma gota de aacutegua natildeo tinha luzsabe a luz esquece da gente a CEDAE esquece da gentechama faz pedidoagraves vezes o R tem que sair daqui para apanhar a CEDAE laacute nao caminhatildeo da CEDAE laacute napra pegar o caminhatildeo para trazer aquiaqui felicidade eacute pouco

ENTREVISTA 10 - O que o Sr Entende por sauacutedenatildeo precisa ser uma frase decorada natildeo O

que te vem a cabeccedila - ldquoEacute vocecirc estar bem neacute eacute natildeo estar doente prevenccedilatildeo meacutedico - E meio ambiente O que eacute meio ambiente para vc Olha meio ambiente eacute vocecirc tentar fazer como eacute tentar poluir menos neacute cuidado em tudo - E quais satildeo as formas de poluiccedilatildeo que vocecirc conhece - Fumaccedila de motor carro elixo jogado na rua - Lixo na rua eacute problema ambiental ou natildeo ou eacute problema de sauacutede os dois - O mosquito da dengue eacute problema de sauacutede ou problema ambiental - Eacute problema da sauacutede e problema ambiental neacute Por exemplo agente trabalha varrendo a aacuterea agente conhece a aacuterea a firma natildeo nos paga insalubridade eu acho que tenho direito a firma natildeo paga - Conhece algum problema ambiental dentro do Complexo - O uacutenico problema que acho chato eacute o proacuteprio morador que faz jogar o lixo antes do dia marcado da coleta passar por exemplo hoje eacute terccedila-feira neacute A coleta eacute quarta Jaacute tatildeo jogando lixo ali no certo eacute eles colocar a noite que o cara passa para recolher aquele lixo ajunta o quecircmosquito rato - Quais satildeo as doenccedilas que vocecirc mais conhece que o povo pega aqui - Aqui dentro Aqui o pessoal tem a

ENTREVISTA 11 - Entendo por meio ambiente assim todo o sistema que agente vive aqui

Agente depende da aacutegua do ar agente dependo do solo eu entendo assim Aqui por exemplo esta foto especiacuteficamente aqui agente entende ateacute a razatildeo mas ai jaacute eacute uma agressatildeo ao meio ambiente neacute Porque agente entende ateacute a necessidade do pessoal morar em algum lugar que tem que dormir em algum lugar mas aqui as condiccedilotildees aiacute isso aqui natildeo deve ter infra-estrutura Eacute bem complicado heacuteim aqui a foto em si eu natildeo sei Natildeo consigo ver o que tem de correlato mas esse homem tem nas matildeos aiacute o poder da caneta que pode atraveacutes de uma medida estabelecer algumas coisas que possas mudar Pelo menos ele com a usando o termo normal dando uma canetada pode mudar pode modificar muita coisa ou parte dela A sauacutede eacute vocecirc poder estar bem consigo bem vocecirc poder caminhar poder falar vocecirc poder comer o que vocecirc quiser beber o que vocecirc quiser sem saber que isso vai fazer mal se isso ou aquilo vai fazer bem e etc Tem a ver o meio ambiente pode alterar sua sauacutede a sua sauacutede depende do meio ambiente Por exemplo um ar poluiacutedo pode te afetar um coisa pocirc vocecirc comer algo que foi poluiacutedo vai afetar sua sauacutede de alguma forma Me lembra meio ambiente soacute o que agente escuta pela imprensa vocecirc usar produto orgacircnico aqui vocecirc depende da aacutegua da tua aacutegua Tem alguma coisa haver com meio ambiente a aacutegua a energia eacute gerada a aacutegua Gozado se eu for comparar duas coisas Algumas coisas melhoraram outras pioraram se for ver assim Por exemplo uma situaccedilatildeo de melhora Vou voltar o que aos anos cinquumlenta cinquumlenta e sete vamos voltarnatildeo tinha esse asfalto aqui vocecirc por exemplo quando chovia eu via muitas vezes minha matildee que tinha que trabalhar na cidade ela levava ela saia com uma galocha aquele sapato de borracha pra poder eliminar a lama e quando ela chegava no ponto de ocircnibus ela retirava aquele sapato pra poder chegar no centro da cidade sem lama Tem o asfalto Aiacute o asfalto trouxe alguns problemas que antigamente vocecirc por exemplo eu podia sair ficar na rua eu podia sair daqui se eu quisesse atravessar de uma lado para o outro eu podia atravessar tranquumlilo Agora natildeo se eu quiser atravessar por causa do asfalto muitas pessoas passam dirigindo em alta velocidade Eacute o preccedilo que agente paga Tem laacute em baixo parte do rio Acari parece que agora tem gente fazendo isso acho que a Serla natildeo sei se a Serla ou os homens da

prefeitura tem ateacute um nomenatildeo sei se eacute amigos do Acari ele agora estatildeo fazendo a limpeza e aliacute proacuteximo a praccedila Roberto Carlos quando chove aquelas chuvas intensas muita casa fica inundada muitas residecircncias vamos dizer assimmas aqui noacutes tamos mais elevados entatildeo o dia que chegar encher aqui a coisa ta mais complicada mais abaixo Inclusive tem uma obra do favela bairronatildeo sei se foi algum problema ou obra mal feita ou se natildeo foi feito Muitas coisas aiacute natildeo melhorou natildeo Acompanhei pela impressa jaacute parou natildeo serviu natildeo sabe porque o exercito essa obra eacute o exeacutercito que estaacute fazendo laacute entatildeo perdeu o sentido pra ele e o Vaticano deu ordem para parar A imprensa natildeo divulgou mas pelo que eu entendi ele recebeu uma ordem do vaticano para encerrar a greve

ENTREVISTA 12 - Aqui eacute o quecirc Amarelinho

- Aqui eacute Amarelinho - Ah mas coloca um ponto de referecircncia tem muita gente de laacute que natildeo conhece aqui eu marco e vocecirc vai laacute buscar - Natildeo conhece todos eles conhecem - Eu marco e vocecirc vai laacute buscar - Eu vou laacute buscar e pago o material todo - Que vocecirc paga mais - Ah pago tudo papelatildeo PET eacutevou aumentar de cinquenta para sessenta - Ah hoje mesmo vou te trazer um monte de coisas - Eu passo por laacute que quer passe por laacute que horas - Passa laacute quatro e meia - Eu to de carroccedila - SE tiver pouco lixo eu mesmo trago vocecirc tem telefone celular - Tenho

ENTREVISTA 13 Infelizmente natildeo acontece na nossa realidade principalmente na

comunidade natildeo eacute a realidade do nosso paiacutes e muito menos da comunidade Eu lembroateacute que ponto as pessoas chegam nesse paiacutes para chamar agrave atenccedilatildeo das autoridades em relaccedilatildeo a tanta coisa neacute Causar impacto e mobilizar mesmo neacute O sistema o governo chama atenccedilatildeo no geral por questotildees de necessidade abrangente ao paiacutes as pessoas neacute Entatildeo infelizmente neacute Um tipo de recurso que nem deveria ser usado Mas eu acho que proacuteprio abandono tanto descasoeacute do paiacutes dos governadores As pessoas ainda que inteligentes eu acho que essa greve de fome isso que acho um absurdo a pessoa ter que fazer mas se eacute uma forma de impactar de chamar agrave atenccedilatildeo eacute um recurso neacute que natildeo deveria ser usado mas ta na matildeo dele

A urbanizaccedilatildeo eacute a crescente corrida sistema imobiliaacuterio de repente num paiacutes capitalistadesenvolvimento urbano preacutedios moderniacutessimos e estradas viadutos rodovias e pontes Tem uma preocupaccedilatildeo urbana isso aqui eacute necessaacuteria Muitos descasos que tem pois paralelo a isso tem a poluiccedilatildeo do rio Tietecirc que vai passando por vaacuterios bairros de Satildeo Paulo infelizmente sou paulista e sempre acompanho a situaccedilatildeo daquilo laacute tenho parentes laacute E que eacute muito bonito de se ver neacute Assim de longe assim de cima mas se agente chegar bem perto eacute meio que decepcionante O estado como Satildeo Paulo rico neacute vivendo em quase total abandono em relaccedilatildeo as questotildees de pessoas muita comunidade abandonada em fim muita coisa a ser feita ainda Lembra conforto neacute Conforto o acesso a modernidade e as pessoas de um modo geral sonham em ter que natildeo eacute bem o caso da realidade da maioria dos brasileiros da grande maioria por sinal legal seria bom que todos tivessem acesso a isso Eu acho que natildeo eacute nenhum pecado querer ter muito conforto direito a conforto uma vida melhor entendeu Suscita esse tipo de coisa agente olha isso e eu lembro muito de disso eu como educadora isso me toca Essa eacute complicadiacutessima essa eacute muito complicada desmatamento assim desordenado que existe na amazocircnia meio que acobertado pela poliacutetica do paiacutes agente sabe pelo menos para quem se informa mais ou menos sabe que este desmatamento sempre acontece em muitas regiotildees da Amazocircnia neacute Ta muito ligada assim a poliacutetica dos grandes latifundiaacuterios desse paiacutes os poderosos quem eacute que vive desmatando poderosos donos de terra que vive plantando soja criando gado entendeu e que natildeo ta dando muita importacircncia as consequumlecircnciasele querem muito dinheiro e dinheiro suscita mais poderem fim eacute por aiacute assim neacute Eacute um desrespeito eu acho que eacute um desrespeito ao paiacutes as pessoas Eu fico com o coraccedilatildeo chocado quando eu vejo isso aqui Tenho acompanhado sempre isso aqui converso muito com a minha filha a respeito disso dessa loucura que eacute desmatar se vai acabar com a biodiversidade se estaacute tirando uma das poucas coisas que eacute das mais ricas que agente tem no nosso paiacutes que eacute o privileacutegio de ter uma mata como a amazocircnia ter fontes de riqueza naturais em termos de biodiversidadeem fime a consequecircncia disso eacute devastadora que agente sabe quando se desmata natildeo eacute soacute o que fica sobre a terra que fica fadado a acabar mas sim eacuteas proacutepriaso que tem embaixo da terra tipo os fluxos de aacutegua os aquiacuteferos em fim que tem embaixo do solo precisa muito conservado na medida que o desmatamento vai acontecendo Isso tambeacutem vai desaparecendo entatildeo estaacute o caos total que estaacute sendo imposto e eu acho que pelo poder mesmo Quem faz esse tipo de coisa eacute acobertado pelo poder Natildeo eacute o pequeno agricultor eacute gente que tem muito poder que passa desapercebido entre aspas neacute pelo Incra pelo Ibama e por aiacute afora Linda a paisagem muito bonita essa paisagem aqui deve ser de quecirc Eucalipto eu natildeo sei o que eacute Muitas plantaccedilotildees assim celulose aiacute para fabricaccedilatildeo e extraccedilatildeo de celulose Tem algumas empresas que fazem essa plantaccedilatildeo de forma equilibrada tenho acompanhado isso tenho lido alguma coisa agrave respeito Nesse sentido eu acho que eacute positivo que elas investem tambeacutem de forma social Quando se daacute

dessa forma eacute possiacutevel um entendimento e traz consequumlecircncias boas e o meio ambiente vai sendo preservado Essa aqui tambeacutem eacute muito bom enche os olhos tava pensando que deveria haver maiores eu fico pensando se deveria haver problemas maiores pequeno agricultor por exemplo porque agente tem um paiacutes e grandes dimensotildees de terra mas a grande maioria natildeo eacute plantada e muitas pessoas natildeo tem acesso No nordeste por exemplo que existe na na seca entre aspas existe gente que tabalha muito tem terra mas natildeo tem como cultivar porque natildeo tem assistecircncia O Estado os municiacutepios o proacuteprio Governo Federal que incentiva mas incentiva de uma forma muito inespeciacutefica para as pessoas que moram laacute E por isso se conseguem com essa seca incompreensiacutevel eles tem uma grande rede de afluentes de rios por exemplo e deveria ter acabado um pouco incentivado as pessoas comeccedilarem ou voltarem a ter seu sustento Nesse paiacutes que tem muitas terras precisa que tem muita gente grande por exemplo se precisa de muita alimentaccedilatildeo Que eacute o risco que o mundo corre neacute E agente tem muita terra e deveria aproveitar Agente vecirc que tem ateacute alguns estados que estatildeo investindo nisso Os estados do nordeste por exemplo no Cearaacute Piauiacute por aiacute regiotildees assim que tem muito necessidades mesma da energia eoacutelica por exemplo jaacute tem investimentos eacute cariacutessimo agente sabe que eacute caro tecnologia eacute na maioria das vezes importada mas agente tem grandes fontes para que isso aconteccedila O governo tem que incentivar isso quanto menos poluiccedilatildeo melhor Isso aqui lembra uma das piores coisas que eu considero na minha vida que eacute uma forma de tambeacutem de acabar com a natureza que eacute prender os animais tirar eles do habitat natural mas eacute uma coisa tambeacutem que estaacute paralela as pessoas que fazem isso satildeo em geral pessoas muito pobres ignorantes que eacute um paralelismo com a condiccedilatildeo social pessoas que fazem esse tipo de coisas muita das vezes fazem pra comer mesmo falta de opccedilatildeo Soacute sabem fazer isso natildeo tem opccedilatildeo de ganho natildeo tem opccedilatildeo e faz isso na forma errada mas infelizmente neacute Eacute muito triste agente vecirc isso Mosquito eacute esse distuacuterbio enorme que estaacute aqui por exemplo no Rio de Janeiro eu estava com uma filha internada durante uma semana Teve dengue e ficou internada durante o final de semana por isso que eu estou voltando a dar aula hoje tive que parar para acompanhaacute-la no hospital E aqui no Irajaacute por exemplo agente estaacute com um surto muito grande neacute Entatildeotodos os dias durante o dia inteiro estaacute se fazendo acompanhamento da massa sanguiacutenea Ta tendo muitos casos agente estaacute assim Jaacute teve oacutebito aqui e isso eacute preocupante principalmente aqui na comunidade agente sabe que tem uma relaccedilatildeo direta com a falta de saneamento com a pobreza com as condiccedilotildees sociais em que muitos bairros onde as pessoas vivem muitas comunidades principalmente na nossa regiatildeo onde agente eacute muito cercada de comunidade aqui Entendeu Provavelmente tem uma ligaccedilatildeo O lixo eacute uma forma sub-humana de sobrevivecircncia Eacute horriacutevel ver isso aqui eu acho uma das coisas mais deprimentes que se tem quando eu vejo essa reportagem aqui E por outro lado essas pessoas poderiam ateacute estar ganhando dinheiro com o lixo mas natildeo dessa forma Agente

sabe que houvesse realmente a vontade fazer com o lixo viesse a ser produtivo uma fonte de renda haveria de se investir de outra forma na reciclagem de lixo na montagem de usina para geraccedilatildeo de elementos quiacutemicos tipo gaacutes natural agente sabe que existe ateacute umas usinas mas natildeo eacute interessante para o poder puacuteblico assistir a isso aqui Interessante para mim e para vocecirc de repente Mas o poder puacuteblico acha mais interessante assistir as pessoas se lambuzando aqui nesta sujeira toda Favela e poder puacuteblicofavela eacute um problema ambiental na medida que eacute abandonada de todas as formasde saneamento aacutegua em fim entatildeo eacute um problema ambiental com certeza vocecirc for ver neste ponto de vista Eacute ambiental pela forma com que ela se constitui como ela existe como eacute abandonada Na maioria destas favelas agente sabe que natildeo tem saneamento natildeo tem rede de esgoto a aacutegua praticamente natildeo chega as pessoas temposto de sauacutedenatildeo tem uma educaccedilatildeo de coleta de lixo Poder publico dentro das favelas eu natildeo sei seja daquelas mais proacuteximas dos grandes centros De repente estaacute ateacute bem representada com projetos com a finalidade de Inglecircs ver neacute Entatildeo tem muita coisa laacute Por exemplo na Mangueira tem tudo eu conheccedilo bem a Mangueira eu jaacute estive laacute jaacute fiz trabalho laacute dentro da comunidade tem ateacute nuacutecleo de universidade particular mas aqui Aqui natildeo chega nada entatildeo eu acho que o poder publico estaacute longe de estar presente dentro das comunidadessoacute onde realmente eacute interessante neacute ele levam para o inglecircs ver estrangeiro vai visita a Rocinha Vidigal e por aiacute a fora mas no geral e resto eacute conversa fiada Violecircncia urbana eacute tudo o que agente sabe falta de atenccedilatildeo social carecircncia de todas as outras coisas onde o poder puacuteblico natildeo chega onde natildeo chega educaccedilatildeo onde natildeo chega assistecircncia social de um modo geral onde natildeo chega o apoio o trabalho o acolhimento do cidadatildeo entendeu Eacute uma consequumlecircncia onde natildeo tem representatividade do poder puacuteblico efetivamente eacute comum agente ver O consumismo eacute uma das caracteriacutesticas desse paiacutes capitalista acho que se caminha cada vez mais para isso Entatildeo eacute uma consequumlecircncia que na maioria das vezes as pessoas natildeo se datildeo conta na medida que vocecirc vai consumindo muito vai entrando no caminho da poluiccedilatildeoindustrialdos resiacuteduos industriais e tudo mais Agente natildeo pode guardar tanta coisa neacute Vai descartando cada vez mais as coisas mais novas aparelho mais novos como no caso dos celulares telefones cada vez mais modernos agente vai abandonando e se empilhando em algum lugar e isso com certeza vai ter uma consequumlecircncia agente vai pagar um preccedilo logo-logo por tudo isso Agente tem que pensar numa forma tambeacutem de se reciclar isso aqui esse tipo de coisa porque tava ateacute vendo uma reportagem em relaccedilatildeo aos computadores Os computadores satildeo reciclaacuteveis em algum lugar aiacute Moacuteveis mesas de gabinete de computador muita coisa interessante Fala da nossa energia neacute Que fala tanto do apagatildeo neacute Que agente natildeo corre o risco do apagatildeo e tal eacute um investimento que agente sabe que o governo deveria ter feito haacute muito tempo neacute Mas que natildeo foi feito e agora estaacute nessa corrida louca de se fazer hidreleacutetricas desviando

riosessas coisas Tem uma discussatildeo muito grande em cima disso agente fica propensos aos apagotildees consequumlecircncias deles eacute preocupante algumas pessoas a maioria natildeo natildeo tem consciecircncia do resultado consequumlecircncias que podem ter mais consciecircncia e o governo ta aiacute falando o tempo todo que natildeo corremos risco de apgatildeo mas de vez em quando estaacute acontecendo

ENTREVISTA 14 A aacuterea que foi descrita foi Vila Esperanccedila tem mais vila Rica Amarelinho

IAPC IAPC natildeo tem cobertura laacute natildeo eacute favela Vocecirc sabe onde eacute Satildeo aqueles apartamentos e aiacute a equipe vai pra laacute Satildeo duas equipes pra laacute mas o resto do complexo agente natildeo sabe como vai ficar Ao lado do Metrocirc eacute Vila Rica na verdade isso aqui acabou Vila Rica e Vila Esperanccedila natildeo existe mais pela uacuteltima reuniatildeo que noacutes tivemos com o representante da comunidade eles aboliram essas duas divisotildees e ficaram uma coisa soacute Soacute o amarelinho que ficou separado o resto ficou tudo com a mesma associaccedilatildeo do outro lado E a aacuterea aqui com problemas de meio ambiente eacute uma aacuterea chamada de Fim do Mundo porque natildeo tem saneamento natildeo tem coleta de lixo tu jaacute foi laacute no Fim do Mundo esgoto a ceacuteu aberto tuberculose diabetessomente trecircs equipes tem meacutedicoagente comeccedilou em julho que agente comeccedilou o PSF natildeo tinha nenhum meacutedico continua o atendimento do PS e agente tentando organizarcada enfermeiro tem 1000 famiacutelias tem 7000 famiacutelias cadastradas eu soacute sei que satildeo 7000 mil famiacutelias atendidas pelo PSF a natildeo agente natildeo se mete quem delimitou a nossa aacuterea natildeo teve nada a ver com a associaccedilatildeo de moradoresporque jaacute tinha o PAC isso veio da prefeitura teve aquele Favela Bairro e aproveitou o mapa do Favela Bairro No fim do mundo natildeo deve ter 1000 famiacutelias deve ter 700 famiacutelias eacute eu chamo porque de fato eacute tem porco tem cabra entendeu Eu chamo de aacuterea rural o fim do mundo agora que ela ta recebendo nome jaacute tem nomes porque antes no mapa estaacute sendo projetada o que ele me falou que as ruas estatildeo recebendo nomes de moradores antigos que moravamos primeiros moradores que estava tudo projetada A projetada B

ENTREVISTA 15 ldquoessa orquestra de Acari literalmente eu natildeo sei onde eles funcionam natildeo

igual ela falou as pessoas usam muito o nome quando tem um morador de Acari aiacute diz que eacute de Acari e natildeo eacute a banda de Acari pra mim eacute natildeo sei o que de Jaacute que eacute formado soacute por crianccedilas da comunidade Crianccedilas de 12 13 anos criam muacutesicas essa parte aqui natildeo estaacute urbanizada ainda eacute o que o R estava falando por questatildeo de que isso aqui foi invadido que era um terreno e se ia fazer a rua comeccedilaram a construir os barracos um ao lado do

outro desordenadamente Eu sou uma pessoa muito ceacutetica as pessoas ocupam os espaccedilo que natildeo foram ocupados Se eles estatildeo aqui tem uma razatildeo para eles estarem se vocecirc parar para perguntar eles vatildeo te dizer que o uacutenico problema que eles tem eacute quando a poliacutecia vem vou te mostrar a quadra que foi ideacuteia ldquodelesrdquo que fizeram para as crianccedilas eles estavam achando as crianccedilas muito agrave toa aiacute jaacute tinha um centro social e ldquoelesrdquo colocarama primeira quadra de footvolei Aqui eacute a quadra e ali eacute um anfiteatro que ldquoelesrdquo vatildeo tapaz e fazer um teatro para as crianccedilas para laacute eacute o fim do mundo Essa aacuterea era de uma pessoa que natildeo quer mais as pessoas tentaram colocar casas mas natildeo conseguiram e comeccedilaram a fazer de depoacutesito de lixo essa parte aqui eacute a parte que mais precisa se chama fim do mundo Vamos descer aqui que vou te mostrar o lixatildeo para vocecirc ver que aqui vocecirc quase natildeo vecirc barracas eles costumam fazer de tijolos ateacute por questotildees de vaacuterios incecircndios que tiveramessa questatildeo de barracasvocecirc natildeo vecirc mais E ateacute laacute em baixo se vocecirc for eacute lixo o rio passa laacute em baixo conduccedilatildeo por aqui por dentro natildeo passa nada nada nada aqui tem muita gente doente que natildeo sabe que estatildeo doente Outra coisa iacutendice de jovens com HIV eacute muito alto Crianccedilas fora da escola Eacute tiacutepico Escolas que natildeo funcionam tenho uma escola ali que dois meses natildeo tem aula de geografiae aiacute natildeo tem outro professor Natildeo tem Mas tambeacutem a comunidade natildeo se mobilizar Elas coloca tudo nas costas da associaccedilatildeo de moradores LAN house que chegou com uma alternativa muitos pra dentro quando digo dentro eles mudam para essa beira que eles chamam de zona sul esse espaccedilo todo aqui eacute de laacute de onde agente veio que continua ele cercou para natildeo acontecer o que aconteceu laacute em baixo Ele cercou porque o pessoal jaacute estava construindo barraco laacute em baixo que passa o rio entatildeo o pessoal acha melhor que para natildeo virar uma lixeira agente nota aqui na questatildeo urbana eacute o crescimento vertical as pessoas vatildeo tendo famiacutelia e vatildeo fazendo fazendo

ANEXO IV

GLOSSAacuteRIO

Agenda marrom eacute a agenda que relaciona urbanizaccedilatildeo industrializaccedilatildeo crescimento econocircmico e desenvolvimento social Atenccedilatildeo primaacutetia em sauacutede refere-se a um modelo de atendimento em sauacutede que foca a prevenccedilatildeo em detrimento da hospitalizaccedilatildeo promovendo atividades nas comunidades via Postos de Sauacutede ou diversos Programas de Sauacutede implementados via Ministeacuterio da Sauacutede Conhecimento cientiacutefico eacute o conjunto geneacuterico de procedimentos ordenados e disciplinados utilizados para a aquisiccedilatildeo de informaccedilotildees seguras e organizadas Cosmovisatildeo modo de olhar o mundo O Ecologismo popular eacute uma corrente do movimento ambientalista que se propotildee a lutar contra os impactos ambientais que ameaccedilam os pobres que constituem a ampla maioria da populaccedilatildeo em muitos paiacuteses Edaacutefico eacute a palavra usada para dizer que algo eacute relativo ou pertence ao solo Fenocircmeno constructo criaccedilatildeo mental simples que serve de exemplificaccedilatildeo na descriccedilatildeo de uma teoria percepccedilatildeo ou pensamento formado a partir da combinaccedilatildeo de lembranccedilas com acontecimentos atuais Favela-bairro instrumento para a integraccedilatildeo urbaniacutestica e social entre os cariocas e para reverter o quadro de degradaccedilatildeo urbana que geralmente acompanha o assentamento habitacional espontacircneo dos grupos de baixa renda Holismo eacute a ideacuteia de que as propriedades de um sistema quer se trate de seres humanos ou outros organismos natildeo podem ser explicadas apenas pela soma de seus compononentes Ice-berg termo utilizados para se referir a um problema que mesmo sendo de grandes proporccedilotildees ainda natildeo eacute conhecido ICM-Ecoloacutegico criado inicialmente pelo estado do Paranaacute onde 5 das receitas do estado satildeo repartidas entre 226 municiacutepios com mananciais de abastecimento e unidades de conservaccedilatildeo ambiental Iluminismo conceito que sintetiza diversas tradiccedilotildees filosoacuteficas correntes intelectuais e atitudes religiosas utilizados no seacuteculo XVIII Impactaccedilatildeo imapcto causado geralmente por atividades antroacutepicas ao meio ambiente Impactante medida ou atividade que leve a impactaccedilatildeo do meio ambiente Iniquumlidade o mesmo que falta de justiccedila e igualdade Know how eacute a capacidade de execuccedilatildeo e uma atividade baseada no conhecimento que se tem do assunto o conjunto de saberes sobre uma determinada atividade

Mairs nome dados aos francecircs pelos iacutendios quinhentistas Medicalizaccedilatildeo da sauacutede o tipo de atendimento privado em sauacutede onde se busca o lucro ou o retorno financeiro por praacuteticas em sauacutede Medicina Cientiacutefica medicina baseada em pesquisas cientiacuteficas para contrapor o que eacute de senso comum Metropolizaccedilatildeo da pobreza situaccedilatildeo atual em que se encontra amplamente distribuiacuteda a pobreza dentro de uma grande cidade Neonarodnismo interpretaccedilatildeo histoacuterica e movimento atual que nasce do descreacutedito poacutes-moderno da ciecircncia e do progresso social Apoacuteia-se em uma anaacutelise cientiacutefica do fluxo de energia e materiais e da conservaccedilatildeo da biodiversidade fundada na criacutetica agrave pseudo-racionalidade econocircmica Paradigma newtonianocartesiano a base do pensar racional que impulsionou toda a ciecircncia registrada ateacute o novo paradigma Peros nome dado aos portugueses pelos iacutendios quinhentistas Politeraftalato de etila poliacutemero termoplaacutestico constituintes das garrafas PET Remocionismo atividades de remoccedilatildeo dos assentamentos de baixa renda de lugares nobres durante a gestatildeo de alguns prefeitos no municiacutepio do Rio de Janeiro Resiliecircncia Eacute a capacidade de um ecossistema retornar a seu estado de equiliacutebrio dinacircmico apoacutes sofrer uma alteraccedilatildeo ou agressatildeo Zoonose eacute o nome dado as infecccedilotildees e doenccedilas que satildeo adquiridas em contato com animais podem tambeacutem ser transmitidas pela ingestatildeo de alimentos contaminados

ANEXO VII

LISTAGEM DA FAVELAS DO MUNICIacutePIO DO RIO DE JANEIRO POR AacuteREAS DE PLANEJAMENTO E OS

BAIRROS ONDE ESTAtildeO LOCALIZADAS

Mapa do Municiacutepio do Rio de Janeiro e seus bairros incluindo as ilhas de Paquetaacute

Governador e Fundatildeo

AP 3

AP 5

AP 1

AP 2 AP 4

Municiacutepio do Rio de Janeiro com suas Aacutereas de Planejamento Segundo SABREN Ilha de Paquetaacute ndash AP 1 Ilhas do Governador e do Fundatildeo ndash AP 3

Ampliaccedilatildeo da AP 1

Tabela da AP 1 com seus bairros e favelas -

Numeraccedilatildeo de acordo com o mapa acima

BAIRRO

FAVELAS INSERIDAS

1 Sauacutede - 2 Gamboa Morro da Providecircncia

Pedra Lisa 3 Santo Cristo Moreira Pinto 4 Caju Ladeira dos Funcionaacuterios

Parque Alegria Parque Boa Esperanccedila (RA-Portuaacuteria) Parque Conquista Parque Nossa Senhora da Penha Parque Satildeo Sebastiatildeo Parque Vitoacuteria Quinta do Caju

5 Centro - 6 Catumbi Catumbi 7 Rio Comprido Azevedo Lima

Bispo Comunidade de Clara Nunes Matinha Morro Santos Rodrigues Pantanal (RA-Rio Comprido) Parque Rebouccedilas Paula Ramos Rodo Rua Projetada A Santa Alexandrina Sumareacute Unidos de Santa Teresa Vila Anchieta Vila Santa Alexandrina

8 Cidade Nova - 9 Estaacutecio Rato

Satildeo Carlos 10 Satildeo Cristoacutevatildeo Marechal Jardim

Parque dos Mineiros Tuiuti

11 Mangueira Mangueir (RA-Satildeo Cristoacutevatildeo) Morro dos Teleacutegrafos Parque Candelaacuteria

12 Benfica Conjunto Ataulfo Alves Parque Hereacutedia de Saacute Parque Horaacutecio Cardoso Franco Rua Ferreira de Arauacutejo Vila Araraacute Vila Uniatildeo (RA-Satildeo Cristoacutevatildeo) Vila Vitoacuteria (RA-Satildeo Cristoacutevatildeo)

13 Paquetaacute AM do Morro do Vigaacuterio Morro do Gari Morro do PEC

14 Santa Teresa AM e Amigos de Santa Teresa AM Amigos do Vale Andreacute Cavalcanti Baronesa Coroado (AMAPOLO) Fazenda Catete Francisco de Castro Julio Otoni Ladeira Santa Isabel Luiz Marcelino Morro da Coroa Morro do Escondidinho Morro dos Prazeres Ocidental Fallet Travessa Santa Teresa Vila Elza Vila Paraiacuteso

158 Vasco da Gama Barreira do Vasco

195

Ampliaccedilatildeo da AP 2

Tabela da AP 2 com seus bairros e favelas -

Numeraccedilatildeo de acordo com o mapa acima

BAIRRO

FAVELAS INSERIDAS

15 Flamengo Morro Azul 16 Gloacuteria - 17 Laranjeiras Maloca

Vila Pereira da Silva 18 Catete Tavares Bastos

Vila Santo Amaro 19 Cosme Velho Cerro- Coraacute

Guararapes Vila Cacircndido Vila da Imaculada Conceiccedilatildeo

20 Botafogo Mangueira (RA-Botafogo) Morro Santa Marta

21 Humaitaacute Humaitaacute 22 Urca Vila Benjamin Constant 23 Leme Babilocircnia

Chapeacuteu Mangueira 24 Copacabana Ladeira dos Tabajaras

Morro dos Cabritos Pavatildeo-Pavatildeozinho

25 Ipanema Morro do Cantagalo 26 Leblom - 27 Lagoa - 28 Jardim Botacircnico Do Horto 29 Gaacutevea Vila Parque da Cidade 30 Vidigal Chaacutecara do Ceacuteu

Vidigal 31 Satildeo Conrado Vila Canoas

Vila Pedra Bonita 32 Praccedila da Bandeira - 33 Tijuca Borel

Coreacuteia (RA-Tijuca) Franccedila Junior Indiana Morro da Casa Branca Morro da Formiga Morro da Liberdade Morro do Bananal Morro do Chacrinha Salgueiro

34 Alto da Boa Vista Accedilude da Solidatildeo

196

Doutor Catrambi Estrada do Tijuaccedilu Mata Machado Siacutetio da Biquinha Vale Encantado

35 Maracanatilde 36 Vila Isabel Morro dos Macacos

Parque Vila Isabel 37 Andaraiacute Arrelia

Buraco Quente Jamelatildeo Morro do Andaraiacute Morro do Cruz

38 Grajauacute Borda do Mato Nova Divineacuteia Parque Joatildeo Paulo II

154 Rocinha Rocinha

Ampliaccedilatildeo da AP 3

Tabela da AP 3 com seus bairros e favelas -

Numeraccedilatildeo de acordo com o mapa acima

BAIRRO

FAVELAS INSERIDAS

39 Manguinhos Chp-2 Mandela de Pedra Parque Carlos Chagas Parque Oswaldo Cruz Pata Choca Vila Turismo

40 Bonsucesso Parque Proletaacuterio Monsenhor Brito Vila Satildeo Pedro

41 Ramos Igreja Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo Parque Itambeacute Ruth Ferreira Travessa Marques de Oliveira Vila Residencial Darcy Vargas Vila Santo Antonio (RA-Ramos)

42 Olaria Morro do Cariri Tenente Pimentel Vila Cruzeiro

43 Penha Morro do Caracol Parque Proletaacuterio do Grotatildeo

197

Rua Laudelino Freire Vila Proletaacuteria da Penha

44 Penha Circular Centro Social Marciacutelio Dias Mandacaru II Morrinho Morro da Caixa Drsquoaacutegua (RA-Penha) Morro da Feacute Morro do Sereno Rua Frey Gaspar 279

45 Braacutes de Pina Braacutes de Pina Mangueirinha Morro da Guaiacuteba Rua Castro Menezes 928 Vila Pequiri

46 Cordovil Batuta de Cordovil Bom Jardim de Cordovil Caminho do Rio Chega Mais Cordovil Dourados Parque Chp Parque Proletaacuterio de Cordovil Pedacinho do Ceacuteu Serra Pelada Vila Cambuci

47 Parada de Lucas Parque Jardim Beira Mar Te Contei

48 Vigaacuterio Geral Bairro Proletaacuterio do Dique Parque Furquim Mendes Parque Proletaacuterio de Vigaacuterio Geral

49 Jardim Ameacuterica Rua Rodolfo Chambelland 50 Higienoacutepolis Comunidade Agriacutecola de Higienoacutepolis

Parque Feacutelix Ferreira Vila Dom Fabio Vila Maria

51 Jacareacute Marlene Vila da Rua Viuacuteva Claacuteudio 211

52 Maria da Graccedila - 53 Del Castilho Chaacutecara de Del Castilho

Parque Uniatildeo de Del Castilho Seu Pedro

54 Inhauacutema Parque Everest Parque Proletaacuterio Aacuteguia de Ouro Relicaacuterio Rua Lagoa Redonda

55 Engenho da Rainha Morro do Engenho da Rainha Parque Proletaacuterio Engenho da Rainha Rua Seacutergio Silva

56 Tomaacutes Coelho Parque Nova Maracaacute Parque Silva Vale Rua Briacutecio de Moraes Rua Pereira Pinto Vila Caramuru Vila Itaocara

57 Satildeo Francisco Xavier Comunidade Estaccedilatildeo da Mangueira (Amcema) Vila Triagem

58 Rocha - 59 Riachuelo - 60 Sampaio Dois de Maio

Morro do Queto 61 Engenho Novo Barro Preto

Barro Vermelho Ceacuteu Azul Morro da Bacia Morro da Matriz Morro do Encontro Morro Satildeo Joatildeo Vila Cabuccedilu

62 Lins de Vasconcelos Cachoeirinha Bairro Ouro Preto Dona Francisca Morro da Cachoeira Grande Morro da Cotia

198

Morro do Amor Morro do Ceacuteu Morro Nossa Senhora da Guia Pretos Forros Santa Terezinha

63 Meacuteier Joaquim Meacuteier 64 Todos os Santos Santos Titara 65 Cachambi Malvinas

Pica Pau amarelo 66 Engenho de Dentro Beleacutem-Beleacutem

Conjunto Residencial Fernatildeo Cardin Outeiro (RA-Meier) Rua Camarista Meacuteier 914 Teixeira Bastos

67 Aacutegua Santa Cardoso de Mesquita28 Fazendinha da Aacutegua Santa Serra do Padilha

68 Encantado Beco do Vitorino Morro do Pau Ferro Travessa Bernardo

69 Piedade Comunidade dos Marianos Engenheiro Alfredo Gonccedilales Jardim Piedade Joaquim Martins 378-Fundos Morro da Caixa Drsquoaacutegua (RA-Meacuteier) Morro dos Mineiros Morro Inaacutecio Dias Rua Engenheiro Cloacutevis Daubt 340 Vila da Amizade Vila dos Mineiros

70 Aboliccedilatildeo - 71 Pilares Morro do Trajano

Morro do Urubu Rua Itabirito

72 Vila Cosmos Jardim do Carmo 73 Vicente de Carvalho Morro do Juramento 74 Vila da Penha - 75 Vista Alegre - 76 Irajaacute Avenida Meriti 4483

Parque Bom Menino Parque jardim Metrocirc de Irajaacute Parque Rio Drsquoouro Rua Miguel Dibo

77 Coleacutegio Avenida Automoacutevel Clube 8340 Vila Satildeo Jorge (RA-Irajaacute)

78 Campinho Comendador Pinto Rua Joseacute Feacutelix de Maris

79 Quintino Bocaiuacuteva Padre Manuel da Noacutebrega Parque Arauacutena Rua Lemos de Brito Rua Saccedilu

80 Cavalcanti Rua Baleares172 ndash Rua Amaacutelia 286 Vila Primavera Visconde de Saboacuteia

81 Engenho Leal Rua Iguaccedilu 360 casa 23 Sanatoacuterio

82 Cascadura Beco da Amizade Fazenca da Bica Morro da Iguaiacuteba Morro do Bacalhau Morro do Fubaacute Morro do Juca Vila Campinho

83 Madureira Buriti-Congonhas Comunidade de Satildeo Miguel Arcanjo Grota Morro do Sossego Morro Satildeo Joseacute Negratildeo de Lima Serrinha Vila das Torres

84 Vaz Lobo Rua Professor Burlamaacutequi 85 Turiaccediluacute Rua Pereira Leitatildeo

Vila Santa

199

86 Rocha Miranda Faz Quem Quer (RA-Madureira) 87 Honoacuterio Gurgel Barreira do Juca

Parque Bela Vista Praccedila Cacircndido Vargas Rua Cocircnego Boucher Pinto Vila Operaacuteria Diamantes

88 Oswaldo Cruz Parque Vila Nova Travessa Antocircnio Avelino

89 Bento Ribeiro Avenida do Tenente Monte Carmelo Nabuco de Arauacutejo228

90 Marechal Hermes Assis Martins Caminho da Reta Cristo Rei Oliveira Junqueira Rua do Canal Rua do Encanamento Sociedade Beneficente e Social Frei Sampaio Vitoacuteria da Conquista Vila Eugecircnia Vila Nossa Senhora da Gloacuteria

91 Ribeira - 92 Zumbi - 93 Cacuia Colocircnia de Pescadores Almirante Gomes

Pereira Rua Jerocircnimo Ornelas 490

94 Pitangueiras Bairro Nossa Senhora das Graccedilas 95 Praia da Bandeira - 96 Cocotaacute Rua Guariuacuteba

Rua Marques de Muritiba 609 97 Bancaacuterios Jardim duas Praias

Luiza Regadas Parque Proletaacuterio dos Bancaacuterios Tremembeacute

98 Freguesia Bela Vista da Pichuna Magno Martins Morro das Araras Rua Budapeste 66 Rua Professor Silva Campos

99 Jardim Guanabara Serra Morena 100 Jardim Carioca Guarabu

Rua Rodano lote 22 quadra 31 101 Tauaacute Bairro da Sapucaia

Conjunto Residencial dos Servidores Municipais Maestro Arturo Toscanini Morro do Dendecirc Morro do Querosene Praia da Rosa

102 Moneroacute - 103 Portuguesa Parque Royal 104 Galeatildeo Aacuteguia Dourada

Caricoacute Travessa Estrada Grande 1397 Vila Joaniza Vila Nova Canaatilde

105 Cidade Universitaacuteria - 106 Guadalupe Faz Quem Quer (RA-Anchieta)

Maranata Morro do Mata Quatro Parque Crianccedila Esperanccedila Parque Rafael de Oliveira Parque Raio do Sol Rafael de Oliveira Vila Esperanccedila de Guadalupe

107 Anchieta Associaccedilatildeo Comunitaacuteria Vila Alvorada Avenida Beira Rio- Rua Arnaldo Murineli (RA-Anchieta) Caminho do Padre Comunidade Aramari Fazenda Velha Final Feliz Oito de Dezembro

200

Oliveira Bueno Parque Anchieta Parque Esperanccedila Planalto Rua Adalberto Tanajura Rua Itatiba Rua Oliveira Bueno 832 Rua Tenente Lassance Travessa Maria Joseacute Vila Beriti Vila Satildeo Sebastiatildeo

108 Parque Anchieta Feacute em Deus 109 Ricardo de Albuquerque Forccedila do Povo

Parque Tiradentes 110 Coelho Neto Furatildeo

Morro Uniatildeo Rua Parnaiacuteba

111 Acari Beira Rio ndash Rua Matura (RA-Pavuna) Parque Acari Vila Rica de Irajaacute Vila Esperanccedila

112 Barros Filho Centro Social Uniatildeo de Costa Barros Gleba I da antiga Fazenda Botafogo Jardim Baacuterbara Margem da Linha Almirante Tamandareacute Parque Satildeo Joseacute

113 Costa Barros Chico Mendes (Morro do Chapadatildeo) Fazenda BotafogoMargem da Linha Grotatildeo de Costa Barros Parque Boa Esperanccedila (RA-Pavuna) Quitanda

114 Pavuna Araguatina Bairro da Pedreira Batistinha Caminho do Job Final Feliz II Nova Olinda Parque Columbia Parque Nova Cidade de Acari Parque Nova Jerusaleacutem Parque Unidos Rua Embauacute 349 Rua Embauacute 427 Sossego - Alegria Vila Amaral Vila Beira Rio Vila Nova da Pavuna

155 Jacarezinho Carlos Drumond de Andrade Jacarezinho Praccedila Marimba 60 (fundos) Rua Matinoreacute 163 (fundos) Rua Satildeo Joatildeo Tancredo Never (RA-Jcarezinho) Tautaacute Vila Jandira Vila Matinoreacute

156 Complexo do Alematildeo Itarareacute Joaquim de Queiroz Morro da Baiana Morro das Palmeiras Morro do Adeus Morro do Alematildeo Morro do Piancoacute Mouratildeo Filho Nova Brasiacutelia (RA-Alematildeo) Parque Alvorada Rua Armando Sodreacute Vila Matinha

157 Complexo da Mareacute Baixada do Sapateiro Joana Nascimento Nova Holanda Paraibuna Parque Mareacute Parque Roquete Pinto

201

Parque Rubens Vaz Parque Uniatildeo Ramos Timbau

159 Parque Coluacutembia Rua da Escadinha Rua do Barro Rua Madagascar

Ampliaccedilatildeo da AP 4

Tabela da AP 4 com seus bairros e favelas - 150 Favelas

Numeraccedilatildeo de acordo com o mapa acima

BAIRRO

FAVELAS INSERIDAS

115 Jacarepaguaacute Asa Branca Canal do Arroio da Pavuna Comunidade Satildeo Francisco de Assis Condomiacutenio vila Darcy Vargas Outeiro Parque da Pedra Branca Parque Dois Irmatildeos Rio das Pedras Santa Maria Santa Maura Satildeo Gonccedilalo do Amarante Vila Calmete Vila Getuacutelio Vargas Vila Pitimbu Vila Sapecirc Virgolacircndia

116 Anil Araticum 117 Gardecircnia Azul Avenida das Lagoas

Vila Nova Esperanccedila 118 Cidade de Deus Beirada do Rio

Loteamento Josueacute Praccedila da Biacuteblia Santa Efigecircnia

119 Curicica AM do Vale do Curicica Antiga Creche

202

Vila Uniatildeo de Curicica 120 Freguesia Associaccedilatildeo Belfast Satildeo Geraldo

Inaacutecio do Amaral Pantanal I (RA-Jacarepaguaacute) Quintanilha Rua Agostinho Gama Rua Daniel Rua Satildeo Jorge Rua Sargento Paulo Moreira Tirol

121 Pechincha Condomiacutenio Paco do Lumiar Rua Monsenhor Marques 277 Vila Nossa Senhora da Paz

122 Taquara AM e Comunidade Nossa Senhora de Faacutetima Andreacute Rocha Estrada do Catonho Estrada do Meringuava Jardim Boiuacutena Loteamento Satildeo Sebastiatildeo Nova Aurora Rua Andreacute Rocha 2630 B Rua Mirataia Santa Anastaacutecia Shangrilaacute Vacaria Vila Santa Clara Vila Santa mocircnica Vilar Satildeo Sebastiatildeo Vinte e sete de Setembro

123 Tanque Caminho do Valdemar Caxangaacute Ladeira da Reuniatildeo

124 Praccedila Seca Baratildeo Bela Vista do Mato Alto Chaacutecara Flora Chacrinha do Mato Alto Comandante Luiz Souto Morro da Boa Esperanccedila Vila Joseacute de Anchieta

125 Vila Valqueire Rua Urucaia 570 126 Joaacute - 127 Itanhangaacute Agriacutecola

Angu Duro Cambalacho Fazenda Floresta da Barra da Tijuca Furnas Muzema Siacutetio do Pai Joatildeo Tijuquinha Vila da Paz Vila Santa Terezinha

128 Barra da Tijuca Associaccedilatildeo de Moradores Barra Ameacuterica Ilha da Gigoacuteia ndash Lote 500 (RA-Barra da Tijuca) Lagoa da Barra Rua Satildeo Tilon Vila Uniatildeo (RA-Barra da Tijuca)

129 Camorim Morro do Camorim 130 Vargem Pequena Bosque Mont Serrat

Heacutelio Oiticica Palmares Santa Luzia

131 Vargem Grande Associaccedilatildeo dos Moradores do Rio Bonito Cascatinha Comunidade Bandeirantes Estrada dos Bandeirantes 29192 Rio Morto Vila dos Crentes

132 Recreio dos Bandeirantes AM e Amigos do Fontela Avenida dos Eucaliptos 28 Caeteacute Canal das Tachas Canal do Cortado

203

Estrada do Pontal (Caiteacute) Grota Funda Restinga Servidatildeo DVila Doutor Crespo Vila Harmonia Vila Nova (RA-Barra da Tijuca) Vila Alegre do Recreio

133 Grumari

Ampliaccedilatildeo da AP 5

Tabela da AP 5 com seus bairros e favelas - 173 Favelas

Numeraccedilatildeo de acordo com o mapa

acima

BAIRRO

FAVELAS INSERIDAS

134 Deodoro Fazenda Sapopemba 135 Vila Militar Comunidade Sobral 136 Campo dos Afonsos - 137 Jardim Sulacap - 138 Magalhatildees Bastos Quatorze de Julho

Rua jabaquara Rua Santo Expedito Vila Brasil Vila Capelinha Vila Satildeo Miguel

139 Realengo Alameda da Creche Bairro Carumbeacute Batam Beira Rio (RA-Realengo) Birigui Cosme e Damiatildeo Do laguinho Frederico faulhaber Morro Satildeo Sebastiatildeo Nilo Parque das nogueiras

204

Rua Bernardo Vasconcelos e Adjacecircncias Vila 133 Vila do Almirante Vila Jardim Novo Realengo Vila Joatildeo Lopes Vila Jurema (RA-Realengo) Vila Jurema I (RA-Realengo) Vila Leacutelio Boaventura Vila Nova (RA-Realengo) Vila Santa Luzia Vila Santo Antonio (RA-Realengo)

140 Padre Miguel (4) Murundu Vila Abrolhos Vila das Rosas Vila do Vinteacutem

141 Bangu (26) Alto Kennedy Avenida Santa Cruz 3556 Bairro Nova Alianccedila Beco da Usina Boqueiratildeo Caminho do Borges Caminho do Lucio Castor de Andrade Estrada da Saudade Estrada Sargento Miguel Filho 164 Jardim Satildeo Bento Minha Deusa Nova Kennedy Parque Nossa Senhora de Faacutetima Parque Real Retiro das Mangueiras Rua Congo 147 Rua da Feira 1220 Satildeo Bento Tibagi Vila Catiri Vila Moreti Vila Oliacutempia Vila Piquirobi Vila Progresso Vila Uniatildeo da Paz

142 Senador Cacircmara Bairro Santo Andreacute Coreacuteia (RA-Bangu) Falange Fazenda Coqueiro Jardim Clarice Morro do Sossego (RA-Bangu) Primeiro de Abril Rua Santo Amoacutes Saibreira Tancredo Neves (RA-Bangu) Tiquiaacute Verde eacute Vida

143 Santiacutessimo Anes Dias Morro da Esperanccedila Nova Esperanccedila (RA-Campo Grande) Professora Justina Marques Retiro do Lameiratildeo Rua sem Nome Rua Teixeira Campos 642 Rua Teixeira Campos 96102 Vila Verde (RA-Campo Grande)

144 Campo Grande Bairro Agulhas Negras Bairro Fernatildeo Magalhatildees Bairro Nova Aguiar Beco do Genipapo Beco sem Nome Beira Rio ndash Lot Jardim Bela Vista (RA-Campo Grande) Cabuis (RA-Campo Grande) Caminho do Morro Caminho dos Nunes Conjunto Minas de Prata Estrada da Caroba Estrada do Guandu

205

Jardim Nossa Senhora das Graccedilas Jardim Nossa Senhora das Graccedilas II Joaquim Magalhatildees Novo Tinguumliacute Parque Esperanccedila (RA-Campo Grande) Prolongamento Senhora Rua Doutor Fernando Satildeo Jerocircnimo Vila Comari Vila Mangueiral Vila Vitoacuteria (RA-Campo Grande)

145 Senador Vasconcelos Jardim Moriccedilaba Vale dos Eucaliptos Vasconcelos

146 Inhoaiacuteba Nova Cidade Parque Proletaacuterio Vila Esperanccedila Vila Uniatildeo (RA-Campo Grande) Vila Carioca

147 Cosmos Nova Conquista Parque Resplendor Vila do Ceacuteu Vila Satildeo Jorge (RA-Campo Grande)

148 Paciecircncia Beco do Brizola Beco do Carcaraacute Colorado Comunidade Jardim Paulista Divineacuteia Fazenda Cassiana Jacareacute Linha de Austin Nova Jeacutersei Roberto Morena Rua Iconha Saguaccedilu Vinte e Nove de Marccedilo

149 Santa Cruz Avenida Joatildeo XXIII 300 Barreira Beco do Coqueiral Coreacuteia (RA-Santa Cruz) Luis Fernando Victor Filho Margem do Canal de Satildeo Francisco Margem do Canal do Caccedilatildeo Vermelho Nova Brasiacutelia ndash Trecircs Poderes (RA-Santa Cruz) Nova Camaratildeo Pantanal (RA-Santa Cruz) Parque horto florestal Rua 66 (Cesaratildeo) Satildeo Gomaacuterio Trecircs Pontes Vale do Sangue Vila Verde (RA-Santa Cruz)

150 Sepetiba Beco da Guarda Rua Heacutelio Correa

151 Guaratiba AM da Ilha de Guaratiba AM da Matriz AM Morada dp Magarccedila AM Pro-Melhoramento Olava Gama e Adjacecircncias Areal (RA-Guarativa) Avenida das Ameacutericas km 37 Bairro Satildeo Pedro Beco do Rato Cabuis (RA-Guaratiba) Caminho da Uniatildeo Gaspar Lemos Jardim Guaratiba Jardim Luana Largo do Correcirca (RA-Guaratiba) Largo do Correcirca 1(RA- Guaratiba) Novo Jardim Maravilha Recanto dos Motoristas Rio Piraquecirc Rua Vale Verde

206

Santa Clara Travessa Magarccedila Vila Jurari Ziza

152 Barra de Guaratiba Caminho do Abreu Rua Samauacutena

153 Pedra de Guaratiba -

207

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JOSE LUIZ ALVES DE SOUZA

O HOMEM SUA SAUacuteDE E O AMBIENTE ONDE VIVE A crise ecoloacutegica na busca por cidadania e as realidades entre Sauacutede e o Poder Puacuteblico

no Complexo de Favelas de Acari - RJ

Dissertaccedilatildeo apresentada ao Curso de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncia Ambiental da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial para obtenccedilatildeo do Grau de Mestre Aacuterea de Concentraccedilatildeo Anaacutelise de processos soacutecio-ambientais

Orientador Prof Dr CEacuteLIO MAURO VIANA

Niteroacutei

Abril de 2008

S729 Souza Joseacute Luiz Alves de O homem sua sauacutede e o ambiente onde vive a crise ecoloacute- gica na busca por cidadania e as realidades entre sauacutede e o poder puacuteblico no Complexo de Favelas de Acari - RJ Joseacute Luiz Alves de Souza -- Niteroacutei [sn] 2008 205 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Ciecircncia Ambiental) ndash Universidade Federal Fluminense 2008 1Ecologia humana ndash Rio de Janeiro (RJ) 2Meio ambiente e sauacutede 3Favelas ITiacutetulo

CDD 3042098153

JOSE LUIZ ALVES DE SOUZA

O HOMEM SUA SAUacuteDE E O AMBIENTE ONDE VIVE A crise ecoloacutegica na busca por cidadania e as realidades entre Sauacutede e o Poder Puacuteblico

no Complexo de Favelas de Acari - RJ

Dissertaccedilatildeo apresentada ao Curso de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncia Ambiental da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial para obtenccedilatildeo do Grau de Mestre Aacuterea de Concentraccedilatildeo Anaacutelise de processos soacutecio-ambientais

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________________________________ Prof Dr CEacuteLIO MAURO VIANAndash Orientador UFF

_____________________________________________________________________ Prof Dra JANIE GARCIA DA SILVA - UFF

_____________________________________________________________________ Prof Dr SEacuteRGIO CORREcircA MARQUES - UERJ

Niteroacutei Abril de 2008

A duas pessoas muito amadas ndash Eloir e Michael pela forccedila e incentivo que me deram durante todos esses anos por serem sofredores de algumas ausecircncias e por estarem comigo nas presenccedilas

As pessoas que de uma forma ou de outra seratildeo herdeiros do que fazemos nestes dias

AGRADECIMENTOS

Ao Professor Ceacutelio Mauro Viana por ter acreditado neste trabalho pela sua paciecircncia e ensinamentos sem o qual natildeo teria concluiacutedo esta dissertaccedilatildeo Ao Professor Alphonse Kelecom ndash colega e conhecido de muitos e longos anos pelos ensinamentos absorvidos e por ter acreditado tambeacutem neste trabalho Aos colegas mestres da turma 2006 pelo apoio companheirismo e consideraccedilatildeo demonstrados A comunidade do Complexo de Acari Robson Santos Doracy Eich Ariacutecia Valle que prontamente se dispuseram a serem entrevistados que me receberam que me trouxeram seguranccedila com as suas presenccedilas e que se dispuseram a me levar pelas ruas e vielas do complexo Ao Enfermeiro Leonardo Correa pela forma com que me recebeu e se dispocircs a conversar um pouco sobre sauacutede envolvendo sua equipe

EPIacuteGRAFE ldquoA crise ambiental natildeo soacute se manifesta na

destruiccedilatildeo do meio fiacutesico e bioloacutegico mas tambeacutem

na degradaccedilatildeo da qualidade de vida tanto no

acircmbito rural como no urbanordquo

Enrique Leff

SUMAacuteRIO

Lista de abreveturas e siglas xResumo xiiAbstract xiii Introduccedilatildeo 14Objetivos 16Metodologia 17 Parte I 20Construindo o objeto Capiacutetulo 1 ndash CIEcircNCIA AMBIENTAL PESQUISA E CONTEXTO 11 A Interdisciplinaridade da ciecircncia ambiental 21 12 Necessidade da ciecircncia e seus meacutetodos 23 13 Diferentes tipos de pesquisa e a pesquisa em ciecircncia social 25 14 A vivecircncia e algumas interrogaccedilotildees 28 Capiacutetulo 2 ndash A CRISE ECOLOacuteGICA

21 Crise Ecoloacutegia e Capitalismo 3422 A Economia Ecoloacutegica 3823 O que eacute a Crise Ecoloacutegica 4024 O papel da sociedade na busca por soluccedilotildees da crise 4125 A Agenda 21 43

Capiacutetulo 3 - PRERROGATIVAS SOCIAIS BAacuteSICAS DA POPULACcedilAtildeO 31 Sauacutede e cidadania 45 32 Poliacuteticas puacuteblicas 46 33 A sauacutede nas constituiccedilotildees brasileiras 48 34 Sistema uacutenico de sauacutede 49 Capiacutetulo 4 ndash PROBLEMAS SOacuteCIO-AMBIENTAIS

41 Cidadania 5342 Meio ambiente 5543 Favelizaccedilatildeo 61

Parte II 72Caracteriacutesticas da aacuterea de estudo Capiacutetulo 5 - O COMPLEXO DE FAVELAS DE ACARI 73

51 A ldquofavela de Acarirdquo 7352 Espacialidade do Complexo dentro do contexto municipal 74521 Vila Esperanccedila 75

(Sumaacuterio ndash continua)

(Sumaacuterio ndash continuaccedilatildeo)

522 Vila Rica de Irajaacute 77523 Parque Acari 78524 Beira Rio 7853 Atores Sociais dentro do complexo 7954 Representatividade do Estado 79

a) Programa Favela-bairro 80 b) O programa Bairrinho 81 c) A regularizaccedilatildeo fundiaacuteria 81 d) Os equipamentos puacuteblicos 81

Capiacutetulo 6 ndash REPRESENTACcedilAtildeO SOCIAL 8361 Representaccedilatildeo Social 8362 Representaccedilatildeo social dos atores entrevistados no Complexo de Favelas de Acari 85621 Cultura representando sua inter-relaccedilatildeo com o real 87622 Representando a sauacutede e o meio ambiente 99623 A Crise Ecoloacutegica na busca por Cidadania 114624 A realidade entre sauacutede e o poder puacuteblico 117

Conclusatildeo 126Bibliografia 130 Anexo 1 ndash Fotos aeacutereas e localizaccedilatildeo do Complexo de favelas 137Anexo 2 ndash Tabelas 144Anexo 3 ndash Graacuteficos e Figuras 149Anexo 4 ndash Figuras utilizadas na entrevista 156Anexo 5 ndash Transcriccedilatildeo das entrevistas 165Anexo 6 ndash Glossaacuterio 187Anexo 7 ndash Listagem das favelas cariocas 190

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANVISA Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria

BNH Banco Nacional da Habitaccedilatildeo

CCDC Centro Comunitaacuterio de Defesa da Cidadania

CEASA Centrais de Abastecimento do Rio de Janeiro

CEDAE Companhia Estadual de Aacuteguas e Esgotos

CHISAM Coordenaccedilatildeo da Habitaccedilatildeo de Interesse Social da Aacuterea Metropolitana do Rio de Janeiro

COHAB Companhia de Habitaccedilatildeo

CODESCO Companhia de Desenvolvimento de Comunidades

Comlurb Companhia Municipal de Limpeza Urbana

CPMF Contribuiccedilatildeo Provisoacuteria sobre Movimentaccedilatildeo Financeira

CPDS Comissatildeo de Poliacuteticas de Desenvolvimento Sustentaacutevel

Crvcc Centro de reconhecimento validaccedilatildeo e certificaccedilatildeo de Competecircncias

Datasus Banco de Dados do Sistema Uacutenico de Sauacutede

ETE Estaccedilatildeo de Tratamento de Esgotos

IDH Iacutendice de Desenvolvimento Humano

FEEMA Fundaccedilatildeo Estadual de Engenharia do Meio Ambiente

IAP Instituto de Aposentadoria de Previdecircncia

IAPI Instituto de Aposentadorias dos Industriaacuterios IAPM Instituto de Aposentadoria e Pensotildees dos Mariacutetimos IAPTEC Instituto de Aposentadorias e Pensotildees dos Estivadores e

Transporte de Cargas LATEC Laboratoacuterio de Tecnologia Gestatildeo de Negocoacutecios amp Meio

Ambiente Light Concessionaacuteria de energia eleacutetrica para cidades do estado do

Rio de Janeiro OMS Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede

ONG Organizaccedilatildeo Natildeo-governamental

ONU Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas

OPAS Organizaccedilatildeo Pan-Americana da Sauacutede

PET Politeraftalato de etila

PIB Produto Interno Bruto

x

PGCA Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncia Ambiental

PNUD Programa das Naccedilotildees Unidas para o Desenvolvimento

PPA Plano Plurianual

PPC Paridade do Poder de Compra

PSF Programa de Sauacutede da Famiacutelia

PSOL Partido Socialismo e Liberdade

RDC Resoluccedilatildeo da Diretoria Colegiada

Rvcc Reconhecimento Validaccedilatildeo Certificaccedilatildeo de Competecircncias

SAGMACS Sociedade de Anaacutelise Graacuteficas e Mecanograacuteficas Aplicadas aos Complexos Sociais

SBPE Sociedade Brasileira de Planejamento Energeacutetico

SFH Sistema Financeiro de Habitaccedilatildeo

SINAN Sistema de Notificaccedilotildees de Agravos de Notificaccedilatildeo

SUS Sistema Uacutenico de Sauacutede

WWF World Wide Fundation

xi

RESUMO Em um contexto envolvendo meio ambiente globalizaccedilatildeo e modernidade depara-se inevitavelmente com termos que tecircm na sua grande maioria importacircncia vital para se entender o mundo em que se vive Esses termos envolvem populaccedilatildeo economia emprego disposiccedilatildeo poliacutetica ativismo social moradia etc A Cidade sendo o local para onde atualmente se converge toda a atenccedilatildeo onde a batalha diaacuteria pela sobrevivecircncia e pelo exerciacutecio cidadania eacute travada pelos diversos atores sociais envolvidos Mas haacute um hiato entre ter e viver a cidadania esta eacute muita das vezes dificultada pelas barreiras que se impuseram no desenvolvimento do tipo de vida que se leva atualmente Para se ter a cidadania a maior barreira instalada entre ela e o povo eacute a crise ambiental decorrente do tipo do tipo de viva que se aprendeu a ter da industrializaccedilatildeo degradaccedilatildeo do espaccedilo geograacutefico degradaccedilatildeo do ser humano poluiccedilatildeo do ar dos corpos hiacutedricos e no fundo estaacute o ser humano compactuando de algum forma Neste contexto se insere o Estado como o grande ente capaz de salvaguardar o cidadatildeo e a sauacutede implementando accedilotildees que promovam a qualidade de vida um termo corrente para o repensar da cidade Discutem-se cidades sustentaacuteveis tendo por base as ideacuteias contidas na agenda 21 que tomou forma depois da ECO-92 Problemas da cidade a poliacutetica habitacional fomentada ao longo dos anos que associada com a poliacutetica econocircmica estabelecida como prioridade pelo Estado empurraram milhares de pessoas ao processo de favelizaccedilatildeo A remedia-se atraveacutes de vaacuterios programas institucionais como Favela-Bairro Programa Bairrinho PAC e congecircneres Na busca pela cidadania os moradores do Complexo de favelas de Acari vivenciam uma contradiccedilatildeo entre os saberes construiacutedos e executados pelo Estado e os saberes vividos na comunidade Este trabalho mostra onde reside a contradiccedilatildeo no citado Complexo e principalmente como ela eacute percebida no imaginaacuterio da populaccedilatildeo pesquisada aleacutem de contribuir ao estudo dos fenocircmenos sociais direta e indiretamente implicados na formaccedilatildeo deste imaginaacuterio Atraveacutes de entrevistas abertas com lideranccedilas e com moradores dentro do Complexo de Favelas de Acari mostrou-se pelo vieacutes sauacutede e meio ambiente o viver e principalmente as realidades entre o saber e o fazer do Estado Para tanto as entrevistas foram gravadas e seu conteuacutedo transcrito e analisado utilizando-se a Teoria das Representaccedilotildees Sociais de Moscovici O resultado eacute um painel onde se constata-se que meio ambiente e sauacutede satildeo dois termos que natildeo-excludentes e principalmente tecircm uma interdependecircncia com importantes desdobramentos para o cotidiano desses atores sociais No habitar em um Complexo de Favelas estaacute as formas da lida com a realidade com a sobrevivecircncia do dia-a-dia trata-se de vida tanto para o ser humano quanto para a natureza que eacute o lar desse ser humano e que seraacute o lar tambeacutem de geraccedilotildees futuras O Complexo de Favelas de Acari foi trazido para dentro da Ciecircncia Ambiental entendendo-se as relaccedilotildees estabelecidas no seu contexto e o quanto podem ser potencialmente nocivas Ao fim constata-se este argumento do ambiente urbano como local pouco adequado para vida

xii

ABSTRACT

In a context that involves environment globalization and modernization there are terms that are important for to understand this world These terms involves population economy job opportunities social policies activities residence etc for the city that the some attention are on focus there is a diary battle for survival and for the real citizenship and his battle if fighted for everybody inside this place There is a hiatus between to have and to live the citizenship this is frequently stopped for the barriers that exist in middle of the way of develop of the type of life that people is the environment crisis that came from the type of life these humans has learned the industrialization the geographic space degradation human degradation air pollution water pollution so the human king and certainly they are responsible for that In this context there is the Government as the big personality able to defense the citizen and their health doing actions that can bring promotion to the life quality that is a new word necessary to think again the cities and his geographical context There are some discussions about city and his sustentability based in ideas from the Agenda 21 that has formed after ECO-92 The critic problem for the city is his dwelling and economic policies that came over the years both as a priority for the Government practices It has pushed thousands of people to the slums development process Nowadays there are many policies that to try to bring some resolutions for the general problematical as Favela-Bairro Bairrinho Program PAC and so on In a search for citizenship the people of Acari Slums Complex livening in a real contradiction between Government knowledge ad what is happening and what the people knows This work show where this contradiction is inside the Complex besides this one brought the contribution to the social phenomena studies direct or no to the knowledge construction about this reality Throughout open interviews with leathers and dwellers it has found that over environment and health angle that nature and to live mainly the realities between what the Government has done These interviews were recorded and analyzed and all phrases were transcribed by the Moscovicirsquos Social Representations The result is a panel where environment and health are no opposite terms an mainly they are going together with important unfold for the day-by-day of social actors Inside Acari Slums Complex there are some styles of life that can be considered crucial into reality as a survival It is life either to human and for the nature that is the home for his human and will be what the next generations will have as a home The Acari Slums Complex was brought to the environment Sciences because the relations inside in this context and how many this relations can be problematic so this cityrsquos piece is a non save place to spend a good life

xiii

INTRODUCcedilAtildeO

ldquoA sauacutede eacute um direito de todos e um dever do Estadordquo Esta frase cunhada na atual

Constituiccedilatildeo Brasileira pode ser considerada como a representaccedilatildeo de uma das maiores

conquistas da sociedade brasileira no campo das poliacuteticas sociais

Com a chegada do ano de 1988 houve uma real conquista da cidadania pelo ponto de

vista da sauacutede onde esta passou a ser um direito de todos e suprida pelo Estado

Mas ateacute os dias de hoje esta cidadania natildeo foi alcanccedilada completamente ou totalmente

integralizada E por que natildeo Haacute diversos outros entrementes que por natildeo serem conhecidos

ou por natildeo terem sido levados em consideraccedilatildeo faz com que o que se acredita ser sauacutede seja

apenas atribuiacutedo agrave ausecircncia de doenccedila o que eacute facilmente comprovado em diversos discursos

Sauacutede eacute um processo dinacircmico sofrendo impacto diretamente do meio ambiente das

condiccedilotildees econocircmicas da percepccedilatildeo que o indiviacuteduo tem do que seja a sauacutede

Sauacutede e meio ambiente se articulam sim Aquela depende desta para que aconteccedila de

fato Por exemplo eacute notoacuterio ver que muitas doenccedilas do campo estatildeo relacionadas agrave maneira

com que as pessoas desenvolvem suas atividades diaacuterias Com isso haacute leis que regulamentam

as atividades naquele setor Eacute notoacuterio que muitas das doenccedilas das aacutereas urbanizadas inclusive

a violecircncia tem a ver com o meio ambiente constituindo um todo influenciando esse todo

Como sauacutede se relaciona com o ambiente em que se vive Hoje o boom da expansatildeo

urbana estaacute relacionado agrave poliacutetica internacional A cidade no processo geograacutefico tem cada

vez mais peso do que o campo Com isso a cidade se manteacutem como um atrativo para que

pessoas a busquem para conseguir alcanccedilar a realizaccedilatildeo dos seus sonhos Com isso haacute o que

se pode chamar de expansatildeo urbana urbanizaccedilatildeo trazendo seacuterios problemas que se

perpetuam por anos

Estamos em um momento de falar dos problemas ambientais e das possiacuteveis soluccedilotildees

deles Tem por certo que eles se adensam cada vez mais e talvez a perspectiva de soluccedilatildeo agrave

curto prazo seja desalentador O positivo eacute que se busca encontrar e implementar as soluccedilotildees

referidas e dentro deste contexto problema-soluccedilatildeo fica registrado com este trabalho

atividades de se compreender e como fazer para que uma pequena parte do real se some ao

grupo de conhecimentos que forma a ciecircncia ambiental Para isso esta dissertaccedilatildeo foi

desenvolvida em cinco capiacutetulos que satildeo apresentados em num crescendo e que por

necessidade da pesquisa veio trazer luz ao problema investigado e mostrar que as

resolutividades para o problema ambiental natildeo exclui a sauacutede e o fazer das pessoas e nem

muito menos do Estado Cada um com sua participaccedilatildeo na trama da existecircncia

14

O capiacutetulo 1 inter-relaciona a Ciecircncia Ambiental com o seu contexto levando em

consideraccedilatildeo a necessidade da ciecircncia e de seus meacutetodos para a percepccedilatildeo do que se chama

problema ambiental que estaacute levando o planeta Terra a sua exaustatildeo Este capiacutetulo tambeacutem eacute

ilustrado com a vivecircncia do autor e algumas interrogaccedilotildees curiosas agrave respeito do tema O

capiacutetulo 2 aborda a Crise Ecoloacutegica que se abate sobre a existecircncia do planeta e busca

relacionar esta crise com o capitalismo com a economia e com o papel das sociedades na

busca por soluccedilotildees para esta crise Ainda no crescendo tem-se o capiacutetulo 3 que fala de sauacutede

cidadania poliacuteticas puacuteblicas e Sistema Uacutenico de Sauacutede Jaacute no capiacutetulo 4 eacute abordado assuntos

referentes agrave cidadania meio ambiente e o processo favelizatoacuterio que marca profundamente a

paisagem da cidade

Na segunda parte da dissertaccedilatildeo se encontra as realidades entre sauacutede sociedade e

poder puacuteblico Mediante o uso da Teoria das Representaccedilotildees Sociais de Moscovici tentou-se

estabelecer um quadro do que eacute representado e o que estaacute no imaginaacuterio social de uma

comunidade especiacutefica do que seja meio ambiente e sauacutede E eacute montado um grande painel dos

problemas ambientais que afligem as pessoas menos favorecidas problemas estes que

incluem a real integralizaccedilatildeo da sauacutede via meio ambiente adequado para se reproduzir essa

integralizaccedilatildeo da sauacutede

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OBJETIVOS

Demonstrar a importacircncia que assume os conceitos de Sauacutede e Meio Ambiente

dentro do contexto da crise ambiental provocada pelo homem em face da necessidade de se

discutir os modos de vida a impactaccedilatildeo do meio ambiente e a participaccedilatildeo do Estado no

Complexo de Favelas de Acarai com vistas a uma melhor qualidade de vida e contribuiccedilatildeo

para as poliacuteticas de desenvolvimento sustentaacutevel

Como objetivos especiacuteficos

a) Mostrar a defasagem entre a percepccedilatildeo dos conceitos de sauacutede meio

ambiente e suas apropriaccedilotildees sua ligaccedilatildeo com o real vivido e buscado no

cotidiano das comunidades

b) Desvelar o executar do Estado dentro do contexto da crise ambiental a niacutevel

local atraveacutes da participaccedilatildeo na comunidade

c) Analisar a importacircncia da participaccedilatildeo comunitaacuteria no desenvolvimento de

um ambiente saudaacutevel

d) Esclarecer que os processos sociais satildeo mateacuteria da Ciecircncia Ambiental

abarcando a falta de condiccedilotildees miacutenimas de existecircncia dignidade

cidadania sauacutede moradia entre outros fazem parte de um desequiliacutebrio

maior com consequumlecircncias graves ao ser humano e ao meio ambiente natural

16

METODOLOGIA

Este eacute um estudo exploratoacuterio realizado a partir de abordagem qualitativa A opccedilatildeo

feita por este tipo de pesquisa decorre da necessidade de se trabalhar dados tanto subjetivos

quanto objetivos

A parte qualitativa da pesquisa estudou universo de motivos significados aspiraccedilotildees

valores e atitudes o que correspondeu a um espaccedilo mais profundo das relaccedilotildees dos processos

que natildeo podem ser reduzidos agrave operacionalizaccedilatildeo de variaacuteveis Esta abordagem procura captar

os significados atribuiacutedos aos eventos

A parte quantitativa utilizada para corroborar e mostrar o mosaico de interaccedilotildees a que

os sujeitos da pesquisa estatildeo inseridos envolvem dados numeacutericos ao longo do tempo

A intenccedilatildeo foi realizar uma pesquisa de campo que segundo as palavras de LUumlDKE e

ANDREgrave (1986) eacute aquela que estuda os problemas no ambiente nos quais ocorrem

naturalmente sem intenccedilatildeo de qualquer manipulaccedilatildeo intencional pressupondo um contato

direto do pesquisador com o ambiente e a situaccedilatildeo que estaacute sendo investigada

1 A descriccedilatildeo do campo de estudo

Tanto pela necessidade de se abordar o assunto quanto pela caracteriacutestica do mesmo

buscou-se selecionar como sujeitos desta pesquisa grupos de pessoas que compartilham em

tese do mesmo estilo de vida e que estatildeo sob o mesmo impacto de pressotildees ambiental

econocircmica social e poliacutetica

Para isso foi selecionado o estudo da favela que segundo ZALUAR e ALVITO (1998)

satildeo espaccedilos que uma vez apropriados pelos seus moradores permitem a reivindicaccedilatildeo do

atendimento emergencial de suas demandas - ambiental

Optou-se por estudar o Complexo de Favelas de Acari no Municiacutepio de Rio de

Janeiro onde as diversas camadas ldquopoliacuteticasrdquo ofereceram boa receptividade a esta pesquisa

Para a realizaccedilatildeo da mesma foi utilizada a entrevista semi-estruturada onde os

questionamentos baacutesicos apoiados em teorias e hipoacuteteses ofereceram campo amplo de

interrogativas produzindo assim novas hipoacuteteses que foram surgindo agrave medida em que os

entrevistados relatavam seu universo

17

2 Os participantes da pesquisa

O primeiro contato foi formalizado com a CUFA ndash Central Uacutenica de Favelas que

facilitou o acesso agrave Associaccedilatildeo de Moradores do Conjunto Residencial do Areal parte do

complexo de favelas chamado de Acari na zona norte do Municiacutepio de Rio de Janeiro O seu

Presidente forneceu muitos subsiacutedios para o desenvolvimento desta pesquisa

Na abordagem inicial foram realizadas duas entrevistas uma com a CUFA e outra

com a Associaccedilatildeo de Moradores do Areal Para essas entrevistas foi utilizado um questionaacuterio

com perguntas abertas Nesse momento inicial priorizou-se a liberdade das respostas e o

conteuacutedo das mesmas uma vez que o entrevistador natildeo vive naquela realidade social As

entrevistas foram gravadas com autorizaccedilatildeo expressa dos entrevistados para posterior anaacutelise

da transcriccedilatildeo na iacutentegra

Em segundo momento conforme planejamento foram realizadas entrevistas diretas

com moradores Para essas utilizou-se um segundo questionaacuterio tambeacutem aberto com

liberdade de respostas A justificativa para esse modelo deve-se ao fato de cada morador ter a

sua percepccedilatildeo dos problemas ambientais vividos e isso os privilegia pelo fato de terem uma

participaccedilatildeo direta na pesquisa sem a mediaccedilatildeo de qualquer interventor As entrevistas

tambeacutem foram gravadas com autorizaccedilatildeo dos entrevistados e submetidos a transcriccedilatildeo para

posterior anaacutelise

Para essas buscou-se outro artifiacutecio cada entrevistado e antes da aplicaccedilatildeo do

questionaacuterio foi mostrado um conjunto de figuras que abordavam a temaacutetica proposta

A utilizaccedilatildeo de figuras eacute um meio auxiliar para a obtenccedilatildeo de respostas quando da

interrogaccedilatildeo direta Elas funcionam como uma forma de introduzir o assunto que se quer

abordar dando uma certa ludicidade ao evento Deixando que os sujeitos vejam reflitam

relaxem e se introduza ao objetivo do questionamento

Esse meacutetodo tem uma particularidade positiva quando se precisa trabalhar com sujeito

que no universo desta pesquisa pode ter um iacutendice baixo de escolaridade ou pouca

participaccedilatildeo poliacutetica ou que natildeo disponha de muito tempo para responder a questionamentos

extensos Aleacutem de estar sobre pressatildeo de outras variaacuteveis como por exemplo a violecircncia

diaacuteria

As entrevistas se deram entre os meses de setembro de 2007 a fevereiro de 2008 em

diversos locais do Complexo de Favelas do Acari As primeiras entrevistas aconteceram nas

sedes tanto da CUFA quanto da AMA A primeira na localidade chamada de ldquoRua do

Campordquo e a segunda na localidade chamada de Conjunto Amarelinho As demais entrevistas

aconteceram nas localidades Vila Esperanccedila proacuteximo ao Hospital de Acari e ainda no Areal

18

O universo da pesquisa eacute composto por 30 moradores A grande maioria deles

moradores do Complexo diretamente envolvidos politicamente com alguma produccedilatildeo social

dentro da comunidade - liacutederes e com outros natildeo-liacutederes que tambeacutem tecircm algum percentual de

participaccedilatildeo na produccedilatildeo social do Complexo mais moradores sem participaccedilatildeo ativa na

produccedilatildeo social (que participam em lideranccedilas dentro da comunidade) Este nuacutemero foi preacute-

estabelecido porque em termos de anaacutelise das entrevistas e com a teoria proposta para o

embasamento da pesquisa eacute um nuacutemero suficiente para a viabilidade do estudo Tambeacutem

foram entrevistados alguns liacutederes que estatildeo inseridos dentro do contexto do Complexo mas

que ali natildeo residem

3 Levantamento bibliograacutefico e de dados

Para esta pesquisa foram acessadas as bibliotecas das seguintes instituiccedilotildees

Universidade Federal Fluminense Escola Nacional de Sauacutede Puacuteblica Universidade Federal

do Rio de Janeiro e pesquisas em bases de dados do Ministeacuterio da Sauacutede da Prefeitura

Municipal do Rio de Janeiro bem como a rede internacional de computadores

4 Anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados

Para anaacutelise dos dados subjetivos optou-se usar a Teoria das Representaccedilotildees Socais de

MOSCOVICI (1961) Essa teoria revela que as representaccedilotildees sociais satildeo formas de

conhecimentos socialmente elaborados e partilhados tendo uma visatildeo praacutetica e concorrendo

para a construccedilatildeo de uma realidade comum a um conjunto social Ela diz que o conteuacutedo

revelado na oralidade eacute um processo de mediaccedilatildeo na relaccedilatildeo homem-mundo onde os

indiviacuteduos explicam e afirmam sobre sua realidade e satildeo desveladas as ambiguumlidades

encontradas nas palavras que tecircm material ideoloacutegico e servem de trama a todas as relaccedilotildees

sociais Com vista nisso os atores sociais constroem suas realidades suas interaccedilotildees suas

tomadas de decisotildees E porque meio ambiente para as pessoas em questatildeo eacute um conceito

social que elas apreendem principalmente pelos veiacuteculos de comunicaccedilatildeo Aleacutem das

definiccedilotildees em sauacutede que jaacute as leva a um tipo de comportamento social podem estar se

utilizando tambeacutem do termo meio ambiente no seu cotidiano de praacuteticas sociais

19

PARTE I

CONSTRUINDO O OBJETO

20

CAPIacuteTULO UM

CIEcircNCIA AMBIENTAL PESQUISA E CONTEXTO

11 A INTERDISCIPLINARIDADE DA CIEcircNCIA AMBIENTAL

Conforme nota-se em HERCULANO (2000) haacute algo errado no mundo em que

vivemos justamente pela forma de como vivemos Fala-se de sustentabilidade fala-se sobre a

percepccedilatildeo mundial que se tem da degradaccedilatildeo ambiental da tomada de decisatildeo por parte das

autoridades mundiais e a sociedade das atividades propostas em busca de uma correccedilatildeo para

os processos antroacutepicos impactantes

ldquo E quem vai fazer tudo isto Como se constroem parcerias

Como superar antagonismos entre sujeitos em conflito e criar

novos atores coletivos Como capacitar os cidadatildeos para que

estes ultrapassem seu isolamento e efetivamente se

associemrdquo

Nas entrelinhas se percebe que haacute muito por fazer e este muito pode comeccedilar aqui e

agora Ter a percepccedilatildeo de que haacute algo errado na relaccedilatildeo do binocircmio homem-natureza e que

urge a necessidade de se estudar esta relaccedilatildeo e as consequumlecircncias dela eacute o primeiro passo para

a contribuiccedilatildeo da melhoria da qualidade de vida embasada na melhoria do proacuteprio ambiente

em que se vive Essa contribuiccedilatildeo esse discutir o meio ambiente eacute importante porque se

busca encontrar medidas mitigadoras para o problema ambiental este deve iniciar com uma

grande participaccedilatildeo tanto dos profissionais diversos que militam nesta aacuterea como da

sociedade como um todo Por vezes os problemas impactantes satildeo tatildeo cruciais que se revelam

natildeo claramente pela destruiccedilatildeo de vegetaccedilatildeo ou do solo mas sim a perversa degradaccedilatildeo

social com todos os seus desdobramentos

O homem produz degrada polui extrai ocupa Natildeo percebe claramente o que eacute este

fazer muito menos nas suas consequumlecircncias Desde eacutepocas mais remotas passando pela

revoluccedilatildeo industrial o homem tem desempenhado atividades que puderam ser absorvidas

21

pelo planeta Mas o que se discute atualmente eacute justamente isso ndash o quanto mais o planeta

pode absorver desses impactos que o homem tem causado pela suas atividades modificadoras

ao meio ambiente

O grande motor dos tempos atuais eacute a percepccedilatildeo de que esta capacidade de absorccedilatildeo

dos impactos produzidos pelo homem chamada de resiliecircncia jaacute ultrapassou seu limite

Beiramos uma eacutepoca em que natildeo podemos nos dar ao luxo de desperdiccedilar poluir ocupar

degradar sem termos em troca agrave paga

Desde haacute algum tempo homens tecircm se levantado para conclamar uma soluccedilatildeo para os

problemas ambientais problemas estes produzidos no atual momento de existecircncia do planeta

como os foram produzimos haacute seacuteculos atraacutes - desperdiacutecio desmatamento extinccedilatildeo da

biodiversidade iniquumlidade entre o ser humano O caminho obrigatoacuterio para a preservaccedilatildeo -

que pode ser da proacutepria espeacutecie humana - passa por rever todas essas falhas e tentar suplantaacute-

las por novo comportamento

Eacute neste contexto que se insere a ciecircncia ambiental Esta eacute um veiacuteculo para o

desenvolvimento e difusatildeo do saber ambiental que tem congregado no seu seio profissionais

de diversos campos do conhecimento e atraveacutes deles e de suas pesquisas tem se entendido-se

como o nosso planeta funciona Esses profissionais tecircm trazido agrave luz questotildees que

contribuem tanto para a formaccedilatildeo dessa ciecircncia como para o processo de conscientizaccedilatildeo

sobre a necessidade de se pensar o meio ambiente que cerca a espeacutecie humana dentre outras

e como esta lidaraacute com o que sobrou do meio ambiente em geraccedilotildees futuras

A Ciecircncia Ambiental natildeo pode ser dar ao luxo de se resumir a um grupo de

profissionais especiacuteficos em ecologia Ela tem que abranger profissionais das diversas aacutereas

contribuindo para uma anaacutelise mais ampla do funcionamento o meio ambiente nos dias atuais

para que por seus estudos haja um direcionamento de o que fazer e como fazer Nisso se

insere o profissional Enfermeiro no contexto de Ciecircncia Ambiental tentando mostrar que na

relaccedilatildeo Sauacutede-Ser Humano um campo especiacutefico e novo do saber em Ciecircncia Ambiental haacute

uma gama de problemas que podem ser identificados e analisados

Segundo LEFF (2000) ldquoA crise ambiental natildeo soacute se manifesta na destruiccedilatildeo do meio

fiacutesico e bioloacutegico mas tambeacutem na degradaccedilatildeo da qualidade de vida tanto no acircmbito rural

como no urbanordquo

22

12 NECESSIDADE DA CIEcircNCIA E SEUS MEacuteTODOS

Com o advento da ciecircncia os fenocircmenos que sempre intrigaram o ser humano

passaram a ser estudados e clarificados atraveacutes de processos de pesquisa

Com o avanccedilo das investigaccedilotildees haacute tambeacutem o avanccedilo do espiacuterito de curiosidade O

homem busca sempre uma consequumlecircncia para uma causa ou natildeo necessariamente nesta

ordem

Resolver duacutevidas muito intrincadas sobre certos fenocircmenos tem movido criado

aperfeiccediloado o pensar humano e cada vez mais contribuido para separaacute-lo do restante dos

animais que o cercam levando a um lugar comum privilegiado na evoluccedilatildeo das espeacutecies

Segundo MINAYO (1998) a ciecircncia tornou-se hegemocircnica na construccedilatildeo da realidade

por ter a pretensatildeo de ser o uacutenico promotor e tambeacutem por ser criteacuterio da verdade

Nela reside duas razotildees a possibilidade de responder a questotildees teacutecnicas e

tecnoloacutegicas postas pelo desenvolvimento industrial e outra consiste no fato dos cientistas

terem conseguido estabelecer uma linguagem fundamentada em conceitos meacutetodos e teacutecnicas

para compreensatildeo do mundo das coisas dos fenocircmenos dos processos e das relaccedilotildees

O conhecimento cientiacutefico eacute conseguido mediante e o que se chama de Meacutetodo

cientiacutefico Mas haacute ainda no campo da avaliaccedilatildeo de conhecimento de sua reproduccedilatildeo e sua

manipulaccedilatildeo algumas categorias que mais ou menos tentam ser mantenedoras do saber cada

uma na sua esfera de atuaccedilatildeo e por si revelam como o homem se comporta diante da

construccedilatildeo do saber Essas categorias satildeo

1 A tradiccedilatildeo onde certas crenccedilas satildeo aceitas como verdades onde por vezes pode

apresentar-se como obstaacuteculo agrave indagaccedilatildeo humana uma vez que as crenccedilas

encontram-se tatildeo arraigadas agrave nossa cultura que sua validade ou utilidade jamais

foram desafiadas ou validadas

2 Autoridade - a confianccedila nas autoridades eacute de certa forma inevitaacutevel porque natildeo pode

se tornar especialistas em cada problema confrontado

3 Experiecircncia pessoal onde se resolve os problemas com base em observaccedilotildees e

experiecircncias anteriores o que eacute um meacutetodo importante e funcional A capacidade de

generalizar reconhecer irregularidades e fazer previsotildees com base em observaccedilotildees

constitui uma marca da mente humana Mas a experiecircncia pessoal apresenta limitaccedilotildees

23

fundamentais como uma base agrave compreensatildeo pois a experiecircncia de cada pessoa pode

ser muito restrita para fazer generalizaccedilotildees vaacutelidas acerca de situaccedilotildees novas e as

experiecircncias pessoais tecircm as cores dos valores e preconceitos subjetivos

4 Tentativa e erro - por vezes se trata de algum problema tentando soluccedilotildees alternativas

Ainda que esse meacutetodo possa ser praacutetico em alguns casos eacute passiacutevel de falhas aleacutem

de ser ineficiente Ele tende a ser desorganizado e as soluccedilotildees satildeo em muitos casos

imprevisiacuteveis

5 Raciociacutenio loacutegico ndash costuma-se resolver problemas confiando nos processos de

pensamento loacutegico De fato o raciociacutenio loacutegico eacute um componente importante de

meacutetodo cientiacutefico mas em si e de si eacute limitado porque a validade da loacutegica dedutiva

depende da precisatildeo das informaccedilotildees com que iniciamos o processo e o raciociacutenio

em si pode constituir uma base insuficiente para avaliar a precisatildeo

Analisando os processos da indagaccedilatildeo e descobrimento supracitados chegamos a

conclusatildeo de que o conhecimento cientiacutefico eacute o meacutetodo mais sofisticado Ele combina

aspectos do raciociacutenio loacutegico com outros aspectos para criar um sistema de soluccedilatildeo de

problemas que embora faliacutevel eacute mais confiaacutevel do que os outros juntos Eacute um conjunto

geneacuterico de procedimentos ordenados e disciplinados utilizados para a aquisiccedilatildeo de

informaccedilotildees seguras e organizadas

Em um estudo cientiacutefico o pesquisador movimenta-se de uma forma ordenada e

sistemaacutetica a partir da definiccedilatildeo de um problema atraveacutes do delineamento do estudo e coleta

de informaccedilotildees ateacute a soluccedilatildeo do problema Usa a sistemaacutetica para poder chegar as conclusotildees

que se quer evidenciar Sistemaacutetica refere-se agrave forma com que o investigador evolui de uma

maneira loacutegica atraveacutes de uma seacuterie de etapas de acordo com um plano de accedilatildeo preacute-

estabelecido

A pesquisa cientiacutefica tem alguns propoacutesitos

A descriccedilatildeo em que se realiza uma investigaccedilatildeo descritiva onde se observa descreve

e classifica Quando natildeo haacute a necessidade de se descrever vaacuterios fenocircmenos

Outro propoacutesito eacute a exploraccedilatildeo onde se inicia por algum fenocircmeno de interesse

Busca explorar as dimensotildees desse fenocircmeno a maneira pela qual ele se manifesta e os outros

fatores com os quais ele se relaciona

A explicaccedilatildeo que busca encontrar o porquecirc de fenocircmenos naturais especiacuteficos

24

E por fim a previsatildeo e controle que no entanto costuma fazer-se previsotildees e

controlar fenocircmenos com base nas descobertas das investigaccedilotildees cientiacuteficas ateacute mesmo na

mais absoluta ausecircncia de compreensatildeo total

13 DIFERENTES TIPOS DE PESQUISA E A PESQUISA EM CIEcircNCIA SOCIAL

Profissionais de todas as aacutereas necessitam de uma base de conhecimentos a partir da

qual possam exercer sua praacutetica e o conhecimento cientiacutefico proporciona uma base

especialmente soacutelida

Costuma-se fazer a distinccedilatildeo entre dois grandes meacutetodos de coleta de informaccedilotildees

cientiacuteficas A pesquisa quantitativa com anaacutelise utilizando procedimentos estatiacutesticos e a

pesquisa qualitativa com anaacutelise de material narrativo subjetivo

O paradigma do positivismo loacutegico estaacute associado com maior frequumlecircncia aos meacutetodos

quantitativos onde se tende a enfatizar o raciociacutenio dedutivo as regras da loacutegica e os atributos

mensuraacuteveis da experiecircncia humana

Segundo POLIT e HUNGLER (1996) em geral a pesquisa quantitativa

bull Focaliza uma quantidade relativamente pequena de conceitos especiacuteficos

bull Inicia com ideacuteias preacute-concebidas acerca da maneira pela qual os conceitos estatildeo

inter-relacionados

bull Utiliza procedimentos estruturados e instrumentos formais para coletar

informaccedilotildees

bull Coleta as informaccedilotildees mediante condiccedilotildees de controle

bull Enfatiza a objetividade na coleta e anaacutelise das informaccedilotildees

bull Analisa as informaccedilotildees numeacutericas atraveacutes de procedimentos estatiacutesticos

Jaacute a pesquisa qualitativa salienta os aspectos dinacircmicos holiacutesticos e individuais da

experiecircncia humana tentando apreender tais aspectos em sua totalidade no contexto daqueles

que os estatildeo vivenciando

bull Tentando compreender a totalidade de determinados fenocircmeno mas do que focalizar

conceitos especiacuteficos

25

bull Possui poucas ideacuteias preacute-concebidas e salienta a importacircncia das interpretaccedilotildees dos

eventos e circunstacircncias pelas pessoas mais do que a interpretaccedilatildeo do pesquisador

bull Coleta informaccedilotildees sem instrumentos formais e estruturados

bull Natildeo tenta controlar o contexto da pesquisa e sim captar o contexto em sua

totalidade

bull Tenta capitalizar o subjetivo com um meio de compreender e interpretar as

experiecircncias pessoais

bull Analisa as informaccedilotildees narradas de uma forma organizada mas intuitiva

Praticamente toda pesquisa cientiacutefica parte de pressupostos do pesquisador sobre o que

quer e se costuma chamar de fenocircmeno

Esse eacute considerado o moto do trabalho cientiacutefico e sobre ele se debruccedilam as

interrogaccedilotildees que iratildeo levar o pesquisador as etapas do meacutetodo cientiacutefico POLIT e

HUNGLER (idem) o chama de construto E segundo essas autoras construto refere-se a uma

abstraccedilatildeo ou representaccedilatildeo mental inferidas a partir de situaccedilotildees acontecimentos ou

comportamentos

Esta dissertaccedilatildeo eacute uma pesquisa quanti-qualitativa de cunho social e tem uma

implicaccedilatildeo tanto na pesquisa social quanto na natildeo-social

MINAYO (1998) relata que haacute uma frequumlecircncia de debates quanto agrave cientificidade da

proacutepria ciecircncia social Haacute quem busca uniformizaccedilatildeo dos procedimentos para compreender

o natural e o social como condiccedilatildeo para atribuir o estatuto de ciecircncia ao campo social E

haacute quem reivindica a total diferenccedila e especificidade do campo humano

Essa cientificidade eacute levada agrave prova quando se pesquisa e se revela que de todas as

variaacuteveis empregadas conjuntas ou isoladamente revelam universos que soacute mesmo em

ciecircncias sociais poderia ser estudado e clarificado que foge das interpretaccedilotildees habituais das

ciecircncias naturais por ter incluso nela a subjetividade que a ciecircncia natural natildeo acompanha E

dessa discussatildeo surgem vaacuterias questotildees que segundo a autora citada envolve a possibilidade

concreta de pesquisar uma realidade da qual o proacuteprio pesquisador faz parte e eacute agente E faz-

se a pergunta Essa ordem de conhecimento natildeo escaparia radicalmente a toda possibilidade

de objetivaccedilatildeo

Eacute pertinente fazer outra pergunta Buscando a objetivaccedilatildeo proacutepria das ciecircncias

naturais natildeo se estaria descaracterizando o que haacute de essencial nos fenocircmenos e processos

sociais ou seja o profundo sentido dado pela subjetividade Uma terceira indagaccedilatildeo aborda

26

qual o melhor tipo de meacutetodo que serviria para explorar uma realidade muito marcada pela

especificidade e pela diferenciaccedilatildeo

MINAYO (idem) refere-se agraves caracteriacutesticas peculiares que envolvem os agentes

objetos da pesquisa social pois os fenocircmenos produzidos por eles podem ter uma

inconstacircncia profunda ou pode ser repetir no espaccedilo e no tempo mas certamente de modo

bem diferente da anterior Defende que a cientificidade tem que ser pensada como uma ideacuteia

reguladora de alta abstraccedilatildeo natildeo como sinocircnimo de modelos e normas a serem seguidos e

que a histoacuteria da ciecircncia revela natildeo um a priori mas o que foi produzido em determinado

momento histoacuterico com toda a relatividade do processo de conhecimento

Vale enumerar alguns objetivos das Ciecircncias Sociais

bull Historicidade e consciecircncia histoacuterica Eacute necessaacuterio dizer que objeto de estudo das

ciecircncias sociais possui consciecircncia histoacuterica Ou seja natildeo eacute apenas o investigador que

daacute sentido ao seu trabalho intelectual mas os seres humanos os grupos e as

sociedades

bull Nas ciecircncias sociais existe uma identidade entre sujeito e objeto A pesquisa nessa

aacuterea lida com seres humanos e esses tecircm um substrato comum de identificaccedilatildeo com o

investigador Segundo LEacuteVI STRAUSS (1975) apud MINAYO (1989)

Numa ciecircncia onde o observador eacute da mesma natureza que o objeto o observador

ele mesmo eacute uma parte de sua observaccedilatildeordquo

A ciecircncia social possui instrumentos e teorias capazes de fazer uma aproximaccedilatildeo da suntuosidade que eacute a vida dos seres humanos em sociedades ainda que de forma incompleta imperfeita e insatisfatoacuteria Para isso ela aborda o conjunto de expressotildees humanas constantes nas estruturas nos processos nos sujeitos nos significados e nas representaccedilotildees

MINAYO (1998)

27

14 A VIVEcircNCIA E ALGUMAS INTERROGACcedilOtildeES

A aacuterea de sauacutede como uma das grandes aacutereas do conhecimento humano eacute uma das

que recebe um aporte significante de valoraccedilatildeo econocircmica com isso faz movimentar a

economia e que com o passar dos anos incorporou uma nova modalidade ndash a ldquomedicalizaccedilatildeordquo

da sauacutede

Nela se inserem tanto instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas Do outro lado encontram-se os

clientes pessoas que satildeo usuaacuterias dos serviccedilos de sauacutede Satildeo elas de vaacuterias classes sociais

com as necessidades mais diversas

Nessa aacuterea satildeo produzidas grandes descobertas e a cada dia esperanccedilas satildeo renovadas

na espera de uma cura de uma soluccedilatildeo para os problemas do corpo A aacuterea da sauacutede eacute

fundamentalmente uma aacuterea que presta serviccedilos aos seus usuaacuterios Por ser uma aacuterea

fascinante interessei-me em adentrar e mergulhar nos seus conhecimentos A Enfermagem

permitiu-me esta inserccedilatildeo

Uma vez estudando o escopo dessa categoria profissional tive contato com vaacuterios

temas e vaacuterias teorias A enfermagem natildeo vecirc o usuaacuterio (o que ela chama de cliente) como

peccedila anatocircmica defeituosa precisando de reparos Ela encara o usuaacuterio como um indiviacuteduo

um ser dentro de um contexto fiacutesico quiacutemico psicoloacutegico social com uma histoacuteria de vida

que direciona o seu potencial de existecircncia e porque natildeo dizer seu comportamento Ser este

que precisa de alguma orientaccedilatildeo para que encontre um equiliacutebrio entre o seu eu e o meio

ambiente

Com a perda do Humano pela a praacutetica cotidiana da sauacutede muito se tem perdido no

entendimento de que esse o ser humano funciona Ele natildeo eacute simplesmente e pontualmente um

oacutergatildeo doente precisando de reparos mas sim um ser que estaacute inserido em um contexto soacutecio-

ambiental dinacircmico influenciando e pelo meio sendo influenciado Por isso a necessidade

atual de se considerar o homem como um todo e a promoccedilatildeo desse conhecimento

Essa promoccedilatildeo do todo estaacute diretamente relacionada com o meio ambiente Eacute o meio

ambiente que por abrigar o ser humano o objeto da enfermagem proporciona as condiccedilotildees de

existecircncia aacutegua luz alimentaccedilatildeo oxigenaccedilatildeo habitaccedilatildeo em termos concretos e por outro

lado socializaccedilatildeo integridade sauacutede mental felicidade amor gregaacuteria e etc em termos

abstratos O conjunto dos termos supracitados concretos etc abstratos formam os

condicionantes em sauacutede e porque natildeo dizer na existecircncia humana

28

ldquoO ciclo sauacutede-doenccedila que tambeacutem eacute conhecido como processo sauacutede-doenccedila pode ser definido como resposta dinacircmica que as classes sociais manifestam de forma diferenciada de acordo com a sua inserccedilatildeo no sistema de produccedilatildeo frente aos determinantes sociais resposta esta dada pelas caracteriacutesticas de risco e de potencialidades que satildeo reflexos do processo bioloacutegico de desgasterdquo

EGRY (1996)

O ser humano eacute um ser indivisiacutevel que vive entre o estar ou natildeo doente por

intermeacutedio da interaccedilatildeo meio-corpo-mente como muito apropriadamente afirma DILTHEY

(1991) apud BRANDAtildeO (1991) haver uma continuidade entre natureza e histoacuteria homem e

mundo e a compreensatildeo da vida atraveacutes do relacionamento do todo com suas partes o

significado da parte encontra-se no todo e o todo se forma a partir da compreensatildeo das partes

LEVINE (1967) apud HORTA (1979) uma teoacuterica de enfermagem desenvolveu a

Teoria Holiacutestica de Enfermagem em que coloca o homem como um todo dinacircmico em

constante interaccedilatildeo com o ambiente dinacircmico Sua teoria reconhece que o homem natildeo pode

ser dividido salientando a certeza que temos de que todas as funccedilotildees do corpo humano estatildeo

interligadas inclusive com o meio ambiente

ldquoO holismo ou a visatildeo holiacutestica eacute uma maneira de ver o mundo o Homem e a vida em

si como entidades uacutenicas completas e intimamente associadas Esta palavra vem do grego

holos que significa inteiro ou todo como em holograma grama=figura Holos=inteira

e representa um novo paradigma cientiacutefico e filosoacutefico que surgiu como resposta ao mal-estar

da poacutes-modernidade que eacute em grande parte causado pela cisatildeo dos aspectos humanos e

naturis trazida pelo antigo paradigma

Sendo uma forma de tentar unir o homem ao universo (natureza) onde estaacute inserido o

holismo visa agrave integraccedilatildeo dos seus aspectos fiacutesicos emocionais mentais etc O ser humano

natildeo eacute somente mateacuteria fiacutesica nem somente consciecircncia nem apenas emoccedilotildees logo levar em

consideraccedilatildeo apenas alguns desses aspectos isoladamente eacute perder de vista a sua inteireza

(neologismo para wholeness) sua integridade GUIA-JEU (2007)

Resgatando o conceito de holiacutestico para aplicarmos no campo da sauacutede atraveacutes da

enfermagem temos teoacutericos como Brian Swimme Stanley Krippner Jan Smuts Leonardo

Boff dentre outros que abordam como o ser humano eacute constituiacutedo por sistemas inclusive

sistemas externos a esse indiviacuteduo ndash meio ambiente

29

Nas palavras de BOFF (1980)

ldquoA ecologia integral procura acostumar o ser humano com esta visatildeo global e holiacutestica O holismo natildeo significa a soma das partes mas a captaccedilatildeo da totalidade orgacircnica uma e diversa em suas partes mas sempre articuladas entre si dentro da totalidade e constituindo esta totalidade Esta cosmovisatildeo desperta no ser humano a consciecircncia de sua funcionalidade dentro desta imensa totalidade Ele eacute um ser que pode captar todas estas dimensotildees alegrar-se com elas louvar e agradecer aquela Inteligecircncia que tudo ordena e aquele Amor que tudo move sentir-se um ser eacutetico responsaacutevel ela parte do universo que lhe cabe habitar a Terra Ela a Terra eacute segundo notaacuteveis cientistas um superorganismo vivo denominado GAIA com calibragens muito refinadas de elementos fiacutesico-quiacutemicos e auto-organizacionais que somente um ser vivo pode ter importa fazermos as pazes e natildeo apenas uma treacutegua com a Terra Cumpre refazermos uma alianccedila de fraternidadesororidade e de respeito para com elardquo

Para promover a adoccedilatildeo de um novo paradigma para a ciecircncia autores como WEIL

(2000) afirmam que nosso mundo estaacute em crise provocada por lacunas e falhas do paradigma

newtonianocartesiano e suas extrapolaccedilotildees Daiacute a necessidade de um novo paradigma ndash o

holismo Ele parte da tese de que a felicidade prometida pelas aplicaccedilotildees indiscriminadas da

ciecircncia moderna sob forma de tecnologia estaacute se transformando no seu contraacuterio e

ocasionando um impacto ambiental sem que haja uma renovaccedilatildeo raacutepida e suficiente dos

ecossistemas

A prerrogativa para a construccedilatildeo desta pesquisa e o interesse em sediaacute-la no Programa

de Mestrado em Ciecircncia Ambiental partiu da necessidade de se construir um diaacutelogo entre o

saber desta ciecircncia e a tomada da consciecircncia de que a manutenccedilatildeo de um meio ambiente

adequado eacute vital para a sobrevivecircncia da espeacutecie humana Aleacutem disso resgata para estudo a

necessidade de se encarar que sauacutede ndash ser humano ndash desenvolvimento sustentaacutevel satildeo termos

intercambiaacuteveis e natildeo excludentes

Nesses anos de praacutetica profissional lidando com sauacutede se percebe que sauacutede natildeo eacute

somente a ausecircncia de doenccedila mas sim um conjunto de fatores Disto resulta a percepccedilatildeo de

que ateacute Poliacuteticas Puacuteblicas Poliacuteticas Econocircmicas e o Meio Ambiente estatildeo diretamente

implicados na busca pela sauacutede Em um universo social onde os atores sociais se encontram

para representar o grande papel de suas vidas que eacute a existecircncia a compreensatildeo do conceito

de CIDADANIA eacute fundamental

30

Dentro do contexto cidadania e sua vivecircncia se percebe que a cidadania eacute um bem

escasso ou por outro acircngulo uma experiecircncia natildeo plenamente alcanccedilada para grande parcela

da populaccedilatildeo especialmente populaccedilatildeo de baixa renda Esta inacessibilidade traz

consequumlecircncias graves para a vida social

Cidadania encarada como a possibilidade de ter dignidade de moradia de alimentaccedilatildeo

de transporte de trabalho de salaacuterio digno de ser socialmente aceito de educaccedilatildeo de ser

amado ou querido de ter liberdade lazer de ter SAUacuteDE O conceito de sauacutede eacute dinacircmico eacute

vivido e construiacutedo ao longo do tempo e depende de variaacuteveis um tanto dinacircmicas para ser

alcanccedilado Uma populaccedilatildeo qualquer depende do Estado para a concretizaccedilatildeo do viver sauacutede

o que tem uma ligaccedilatildeo muito forte com meio ambiente economia etc Ficaria faacutecil uma

visualizaccedilatildeo do que se quer dizer se for tomar um grupo especiacutefico para um estudo Eacute

justamente esta a proposta empregada no desenvolvimento desta pesquisa Questotildees como A

sauacutede do ser humano estaacute relacionada agraves condiccedilotildees de vida e de meio ambiente no qual ele

estaacute inserido Como os problemas de sauacutede do ser humano satildeo influenciados e influenciam o

meio ambiente Como o ser humano percebe meio ambiente e sauacutede Seraacute que haacute realmente

de fato para eles uma inter-relaccedilatildeo seacuteria e restrita desses dois conceitos Eles satildeo percebidos

pelas populaccedilotildees Satildeo questotildees chaves na construccedilatildeo de um entendimento do processo

dinacircmico que se estabelece no contexto social

Talvez termos como violecircncia desnutriccedilatildeo ocupaccedilatildeo de encostas desmatamento

degradaccedilatildeo da qualidade de vida cacircncer AIDS derramamento de oacuteleo pesca predatoacuteria

extinccedilatildeo da biodiversidade etc sejam a pequena ponta de um ice-berg que ainda estaacute

totalmente desconhecido sob outro acircngulo um desequiliacutebrio que o proacuteprio homem causou e

vem causando ao meio ambiente

Uma curiosidade do sistema brasileiro de sauacutede se revela no paradoxo existente entre a

populaccedilatildeo e o Estado este mesmo tendo um tom autoritaacuterio compulsoacuterio emprega um forte

paternalismo quando o assunto eacute sauacutede e mais paradoxal ainda tem um descaso

conhecidamente famoso quando se trata de meio ambiente

O Governo Federal emprega cifras astronocircmicas para o fomento desenvolvimento e

execuccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas inclusive poliacuteticas de sauacutede O ldquogrossordquo da destinaccedilatildeo dos

recursos em sauacutede satildeo utilizados pelo setor terciaacuterio em sauacutede - o ldquosetor curativordquo Os gastos

em sauacutede primaacuteria apesar de serem sem duacutevida alguma importantes natildeo criam condiccedilotildees

para que haja um real fomento construccedilatildeo execuccedilatildeo de poliacuteticas preventivas Neste campo o

Brasil precisa crescer e muito

31

Apesar do grande avanccedilo nacional em termos de programas de sauacutede nenhum deles

satisfaz a necessidade aqui de se colocar em evidecircncia o meio ambiente e ou fomenta uma

preocupaccedilatildeo com o mesmo

As estatiacutesticas do Datasus mostram que muitas patologias poderiam ter sido

plenamente descobertas e tratadas a niacutevel primaacuterio poderiam aliviar os custos econocircmicos e

sociais que se estaacute a operar em solo brasileiro na atualidade

Talvez nem toda culpa deva recair somente sobre o Estado Os brasileiros tecircm a sua

parcela na medida em que atraveacutes do miacutenimo acesso que tem agrave informaccedilatildeo natildeo satildeo capazes

de assumir um comportamento favoraacutevel ou reduzir os riscos

Seraacute que o grande eixo encontra-se no que a populaccedilatildeo sabe sobre o processo sauacutede-

doenccedila O que habita seu imaginaacuterio Como eles incorporam sauacutede as suas vidas O que

sabem de cidadania Sobre o meio ambiente que as cerca

Traccedilando um perfil do montante de pacientes que procura os serviccedilos hospitalares a

grande maioria deles satildeo oriundos da sociedade de entorno e que varia quantitativa e

qualitativamente de acordo com o local onde o hospital estaacute instalado Desses pode-se

perceber a urgecircncia de doenccedilas que seriam plenamente prevenidas e tratadas a niacutevel primaacuterio

em sauacutede mas se natildeo descobertas e tratadas tornam-se verdadeiros marcos na vida tanto do

paciente quanto da sua famiacutelia

A medicalizaccedilatildeo do serviccedilo de sauacutede torna-se irreversiacutevel dentro de um contexto de

expansatildeo capitalista e estabelece uma relaccedilatildeo perversa entre o acesso ao atendimento em

sauacutede e a sua demanda Para um paiacutes continental que eacute o Brasil deveria haver tambeacutem uma

expansatildeo do atendimento puacuteblico e gratuito em sauacutede para que houvesse a satisfaccedilatildeo da

tamanha demanda por estes serviccedilos Deveria haver uma maior acreditaccedilatildeo na dinacircmica

homem-natureza

A medicalizaccedilatildeo do serviccedilo de sauacutede se deve ao modelo em sauacutede estabelecido na

deacutecada de 30 onde o hospital tornou-se no imaginaacuterio social o grande interventor em sauacutede

Com isto houve um detrimento da atenccedilatildeo primaacuteria em sauacutede que foi um modelo renegado

quase que completamente ateacute haacute alguns anos atraacutes Mas esse modelo vem sobressaindo com a

intervenccedilatildeo do Estado pois chegou-se a conclusatildeo que para o acesso a sauacutede as pessoas natildeo

poderiam somente ter acesso ao hospital mas sim a atenccedilatildeo baacutesica onde satildeo desenvolvidos

programas que em uacuteltima anaacutelise evitam que os usuaacuterios busquem o hospital Satildeo programas

como alto poder de impacto que uma vez desenvolvido com os usuaacuterios podem ser capazes

de reduzir a morbidade e mortalidade de muitas doenccedilas pois partem do princiacutepio de que

32

educaccedilatildeo vacinaccedilatildeo iniacutecio de diagnoacutestico entre outros eacute importante para a prevenccedilatildeo de

doenccedilas

Mas ainda hoje o acesso tambeacutem a essa intervenccedilatildeo primaacuteria em sauacutede natildeo eacute

totalmente distribuiacuteda e nem eacute tambeacutem compreendida Quando se fala em crise ambiental

vaacuterios fatores que levam o indiviacuteduo e a coletividade adoecerem satildeo imediatamente postos em

questatildeo essas doenccedilas e mortes satildeo custos satildeo externalidades graves irreversiacuteveis e

irreparaacuteveis Eacute um problema ambiental sim na medida em que o que estaacute em jogo eacute a espeacutecie

Homo sapiens na sua interaccedilatildeo com o seu meio Eacute problema ambiental porque se natildeo o fosse

a populaccedilatildeo desvelaria uma nova forma de formar e se conduzir frente as diversas atrocidades

que acontece com o planeta e que o ser humano tem que ser inserido natildeo somente como um

depredador do meio mas como viacutetima tambeacutem dessa depredaccedilatildeo

A sociedade haacute que encarar seriamente as necessidades prementes de alimentaccedilatildeo

educaccedilatildeo moradia produccedilatildeo de divisas encarar a pobreza como entrave para a

sustentabilidade do planeta e encarar que o ser humano tambeacutem estaacute padecendo assim como

as florestas assim como a poluiccedilatildeo exponencialmente crescente

33

CAPIacuteTULO DOIS

A CRISE ECOLOacuteGICA

21 CRISE ECOLOacuteGIA E CAPITALISMO

Uma vez que na evoluccedilatildeo das sociedades modernas alguns fatores foram criacuteticos na

busca de um motivo para a existecircncia Deste resultou praticamente a necessidade de lucro

Daiacute deriva-se todo o empreendimento humano no sentido de trocas que por seu fim

simbolizavam o lucro

A crise ecoloacutegica eacute real e se manifesta de diversas formas que vatildeo desde os grandes

desmatamentos ateacute a luta por sobrevivecircncia da proacutepria espeacutecie humana A crise ambiental eacute o

centro das atividades antroacutepicas e torna-se irremediaacutevel na medida em que o limiar de

resiliecircncia do planeta eacute ultrapassado advindas de todo o avanccedilo que as sociedades humanas

tecircm estabelecido sobre a superfiacutecie do planeta

Eacute de fato alarmante perceber que na evoluccedilatildeo do ser humano para cada passo dado agrave

diante dois satildeo dados em sentido contraacuterio Isto porque mesmo com todo o avanccedilo cientiacutefico-

tecnoloacutegico pessoas ainda natildeo tecircm acesso a vida digna sendo explorados de alguma forma

por este sistema cruel que aumenta mais e mais o fosso entre quem tem recursos financeiros

adequados e entre aqueles que sobrevivem da migalha

De acordo com Relatoacuterio Siacutentese da Avaliaccedilatildeo Ecossistecircmica do Milecircnio (2005)

Nos uacuteltimos 50 anos o homem modificou os ecossistemas mais raacutepida e extensivamente que em qualquer intervalo de tempo equivalente na historia da humanidade na maioria das vezes para suprir rapidamente a crescente demanda por alimentos aacutegua potaacutevel madeira fibras e combustiacutevel Isto acarretou uma perda substancial e em grande medida irreversiacutevel para a diversidade da vida no planetardquo

34

Eacute possiacutevel falar em crise ambiental pois esta eacute de fato um produto da atividade

humana de todo o impacto que as tecnologias inventadas tem proporcionado ao planeta de

uma irracionalidade visivelmente embasada na exploraccedilatildeo do meio ambiente com

consequumlente impactaccedilatildeo e a conversatildeo dos recursos naturais em capital Esta crise comeccedila

justamente com a ilusatildeo de domiacutenio sobre a natureza e a exacerbaccedilatildeo do ter sobre o ser

Para falar de crise ambiental haacute que se traccedilar um percurso que tome o capitalismo

como seu centro nervoso Ele evoluiu e se ramificou no seio da sociedade mundial nestes

uacuteltimos seacuteculos com o fim do modo de produccedilatildeo feudal e mudando-se ldquonaturalmenterdquo para o

modo de produccedilatildeo capitalista com a crescente urbanizaccedilatildeo bem como o crescimento

exorbitante da populaccedilatildeo a mudanccedila da noccedilatildeo de distacircncia e o poderio do mercado em

detrimento da sociedade A natureza eacute transformada em recurso natural

Percorrendo um caminho histoacuterico da capitalizaccedilatildeo dos recursos naturais haacute relatos de

LEacuteRY (1972) que fala da devastaccedilatildeo das matas brasileiras agrave eacutepoca do periacuteodo quinhentista

pelos portugueses e franceses

ldquoUma vez um velho perguntou-me por que vindes voacutes outros mairs e peroacutes buscar lenha de tatildeo longe para vos aquecer Natildeo tendes madeira em vossa terra Respondi que tiacutenhamos muita mas natildeo daquela quantidade e que natildeo a queimaacutevamos como ele supunha mas dela extraiacuteamos tinta para tingir tal qual o faziam eles com seus cordotildees de algodatildeo e suas plumas

Retrucou o velho imediatamente e por ventura precisas de muito ndash sim respondi-lhe pois em nosso paiacutes existem negociantes que possuem mais panos facas tesouras espelhos e outras mercadorias do que poderias imaginar e um soacute deles compra todo o pau-brasil com que muitos navios voltam carregados agora vejo que voacutes outros mairs sois grandes loucos pois atravessais o mar e sofreis grandes incocircmodos como dizeis quando aqui chegais e trabalhais tanto para amontoar riquezas para vossos filhos ou parar aqueles que vos sobrevivem Natildeo seraacute a terra que vos nutriu suficiente para alimentaacute-los tambeacutem

Natildeo haacute necessidades naturais para o ser humano Toda sociedade cria um conjunto de

necessidades para seus membros e lhes ensina que a vida natildeo vale a pena ser vivida a natildeo ser

que estas necessidades sejam bem ou mal satisfeitas e surge o capitalismo colocando no

centro de tudo as necessidades econocircmicas Assim comeccedila a triste histoacuteria do surgimento da

uma crise ambiental que se intensifica ateacute os dias atuais e que hoje em pleno seacuteculo XXI eacute

35

alvo de movimento de conscientizaccedilatildeo por quase todo o planeta que mobiliza cientistas

centros universitaacuterios empresas e a sociedade civil organizada

KRUGER (2001) afirma

ldquoEm um estaacutegio inicial a Natureza domina o Homem Entre 50 e 40 mil anos atraacutes caccediladores e coletores apresentavam teacutecnicas rudimentares tendo o nomadismo sem acumulaccedilatildeo de bens como principal modo de vida A organizaccedilatildeo tanto das pequenas comunidades como do tempo era primitiva Com o surgimento da agricultura (10 mil anos atraacutes) haacute o domiacutenio das teacutecnicas por todos os membros da comunidade O modo de vida torna-se sedentaacuterio havendo o aparecimento de regras chefias com organizaccedilatildeo poliacutetica e temporal marcada por periacuteodos de plantio e colheita A era do ferro fundido (3 a 4 mil anos atraacutes) marca o iniacutecio da especializaccedilatildeo do trabalho com uma estratificaccedilatildeo da sociedade e do conhecimento e uma consequumlente perda individual do domiacutenio do conhecimento Soacute a partir do seacuteculo XVII com o surgimento da ciecircncia moderna eacute que aparece a tecnologia como eacute entendida hoje em dia isto eacute um saber fazer baseado em teoria e experimentaccedilatildeo cientiacutefica natildeo sendo possiacutevel separar nitidamente as duas Com a Revoluccedilatildeo Industrial do seacuteculo XVIII daacute-se a alianccedila entre ciecircncia e teacutecnica Indiretamente a ciecircncia teve uma presenccedila marcante sobretudo atraveacutes do meacutetodo e do espiacuterito cientiacutefico no meio teacutecnico e artesanal O ideal da ciecircncia se disseminou entre os artesatildeos manufatureiros mormente no Norte da Inglaterra MOTOYAMA (1995 apud KRUGER 2001) A reuniatildeo da teacutecnica com a disciplina cientiacutefica atinge um alto niacutevel de generalidade e de sistematizaccedilatildeo quando se desenvolvem processos proacuteprios de trabalho apresentando uma grande importacircncia para alguns intelectuais franceses contemporacircneos que nela vecircem exatamente a transiccedilatildeo da teacutecnica para a tecnologia GAMA (1986 apud KRUGER 2001)rdquo

Na histoacuteria da crise ambiental o excedente ainda no Modo de Produccedilatildeo Comunal

Primitivo permitiu a especializaccedilatildeo e as trocas e levou a uma contiacutenua e crescente

exploraccedilatildeo da natureza pelo homem bem como do proacuteprio homem pelo homem Essa

exploraccedilatildeo teve seu grande impulso com o surgimento de ideologias que pretendiam libertar

o homem de qualquer tradicionalismo eou costumes arcaicos normalmente ligados agrave vida

rural e agrave terra

POLANYI (1980) discute o processo histoacuterico que transformou a terra em mercado e

mercadoria elucidando a diferenccedila entre o uso e a propriedade privada dessa terra que foi

36

convertida pela economia em ldquorecurso naturalrdquo Ele compara esse processo ao anaacutelogo por

que passou o trabalho que levou o homem a se tornar ldquorecurso humanordquo ressaltando que essa

transformaccedilatildeo se deu mais rapidamente e mais facilmente do que a da terra Fechando uma

primeira etapa na evoluccedilatildeo da crise ambiental

Essa exploraccedilatildeo do ldquorecurso naturalrdquo e do ldquorecurso humanordquo foi ideologicamente

justificado O Iluminismo foi um avanccedilo cultural a partir da ciecircncia e o domiacutenio sobre a

natureza foi considerado vital para a ciecircncia para a teacutecnica e muita das vezes sob uma eacutetica

especiacutefica O que eacute embasado por HOBSBAWM (1988) que descrevendo-o no contexto

histoacuterico mostrando que pelo iluminismo houve uma libertaccedilatildeo da Idade Meacutedia para tempo

modernos Vale lembrar que o iluminismo se situa em uma eacutepoca onde Franccedila e Inglaterra

passaram por suas revoluccedilotildees com isso pregava como sociedade livre aquela comandada pela

razatildeo e pelo capitalismo Logo o objetivo do capitalismo era de libertar todos os seres

humanos Todas as ideologias humanistas racionalistas e progressistas estatildeo impliacutecitas

nele e de fato surgiram dele

Desde entatildeo o capitalismo eacute visto entatildeo como o libertador O filoacutesofo Locke por

exemplo diz que a propriedade privada ldquolibertardquo

Esse eacute um processo muito semelhante ao que acontece hoje com o conceito de

desenvolvimento sustentaacutevel apropriado pelo discurso poliacutetico como uma palavra maacutegica

que abre portas consegue recursos e tudo justifica HAYWARD (1994) lembra que o

iluminismo eacute a emergecircncia do ser racional livre (Muumlndigkeit = autonomia madura a

liberdade de tomar uma responsabilidade e a capacidade de usar a proacutepria liberdade) Ele

surge com o intuito de libertar o homem do encantamento dos mitos (da Idade Meacutedia) mas

acaba levando a um novo culto o culto agrave razatildeo Assim o domiacutenio sobre a natureza aparece

dentro de um contexto moral determinado pela razatildeo que tudo justificaria Fazendo par com

as ideacuteias iluministas estatildeo as ideacuteias do Liberalismo econocircmico base modo de produccedilatildeo

capitalista tambeacutem inspiradas na razatildeo e na loacutegica simples Para essa questatildeo jaacute existe uma

resposta conhecida eacute a resposta capitalista A mais bela e concisa formulaccedilatildeo do espiacuterito do

capitalismo eacute o enunciado pragmaacutetico de Descartes Atingir o saber e a verdade para nos

tornarmos senhores e possuidores da natureza

O homem julgando-se acima de tudo e de todos amparado pelo racionalismo e pelas

descobertas da ciecircncia depositou seus principais desejos e aspiraccedilotildees na busca do sucesso

econocircmico pela vontade de ter acumular cada vez mais riquezas e por conseguinte mais

poder sobre seus iguais esquecendo-se assim da sua real condiccedilatildeo de ser da parceria com a

natureza

37

Tornou-se banal usar a natureza devastando-a em prol do progresso econocircmico que

seria a uacutenica forma de gerar felicidade para todos convencendo-se de que um dia ele seraacute

recompensado com a felicidade pelo seu progresso econocircmico

Mas natildeo bastou somente dominar a natureza O homem tambeacutem foi dominado

escravizado tornou-se moeda de troca e assim assumiu um valor econocircmico

TAYRA (2004) afirma que a explosatildeo demograacutefica ocorrida ao longo dos uacuteltimos

seacuteculos eacute o principal fator de causa do processo da crise isto devido tambeacutem ao grande

avanccedilo dos meios de produccedilatildeo para suprir as necessidades dessa demanda crescente

Agora no seacuteculo XXI natildeo eacute mais possiacutevel minimizar os efeitos da crise Essa inserida

dramaticamente no conceito de globalizaccedilatildeo traz a escassez ecoloacutegica e retrata como a

acumulaccedilatildeo capitalista eacute perversa intensificando os movimentos de expansatildeo territoriais e

subordinaccedilatildeo das formas de trabalho trazendo tambeacutem as implicaccedilotildees econocircmicas sociais e

poliacuteticas do processo de globalizaccedilatildeo ndash distribuiccedilatildeo ecoloacutegica de conflitos

22 A ECONOMIA ECOLOacuteGICA

O moderno processo civilizatoacuterio que funda-se em princiacutepios de racionalidade

econocircmica e instrumental acabou por moldar as diversas esferas da sociedade atraveacutes dos

padrotildees tecnoloacutegicos as praacuteticas de produccedilatildeo a organizaccedilatildeo burocraacutetica e os aparelhos

ideoloacutegicos do Estado onde haacute muito se comeccedila a questionar os custos soacutecio-ambientais

derivados da racionalidade produtiva fundada no caacutelculo econocircmico na eficaacutecia dos sistemas

de seus meios tecnoloacutegicos

As mudanccedilas que ocorreram nos ecossistemas e vem ocorrendo contribuiacuteram com

ganhos finais substanciais para o bem-estar humano e o desenvolvimento econocircmico mas

esses ganhos foram obtidos a um custo crescente que incluiu a degradaccedilatildeo de muitos serviccedilos

dos ecossistemas trazendo maior risco de mudanccedilas atmosfeacutericas a exacerbaccedilatildeo da pobreza

para alguns grupos da populaccedilatildeo etc

Por que eacute importante descrever a economia ecoloacutegica no contexto da crise ambiental

Porque aquela tem uma participaccedilatildeo e funccedilatildeo de economicamente mitigar alguns processos

deleteacuterios da crise e eacute uma das soluccedilotildees encontradas para que atraveacutes da loacutegica mercantilista

no meio ambiente cursando assim como a boa vontade poliacutetica que alguns governos tem se

engajados Atraveacutes de medidas econocircmicas trazer valoraccedilatildeo natildeo somente aos recursos

naturais em si mas tambeacutem a forma com que esses recursos estatildeo sendo utilizados na sua

38

impactaccedilatildeo e na sua demanda Essa questatildeo pode ser exemplificada no caso do ICMS-

Ecoloacutegico nas gestotildees dos comitecircs de bacia hidrograacutefica De uma forma os recursos gerados

chegam agraves populaccedilotildees mediante recursos disponiacuteveis para que seja executado medidas

compensatoacuterias

ldquoOs economistas modernos vatildeo fundar a economia no conceito de escassez que paradoxalmente eacute o contraacuterio da riqueza Tanto eacute assim que os bens abundantes ndash ideacuteia central da riqueza ndash natildeo satildeo considerados como bens econocircmicos e sim como naturais Somente agrave medida que a aacutegua e o ar se tornam escassos eacute que a economia passa a se interessar em incorporaacute-los como bens no sentido econocircmico modernordquo

PORTO-GONCcedilALVES (2006)

CAVALCANTI (1998) afirma natildeo se poder mais aceitar que a loacutegica do

desenvolvimento da economia entre em conflito com a loacutegica e governe a evoluccedilatildeo da

biosfera Ele ressalta ainda que o grande desafio da economia da sustentabilidade como eacute

chamado algumas praacuteticas de repensar a crise ambiental e fazer algo para sua reversatildeo eacute

exatamente desenvolver meacutetodos para integrar princiacutepios ecoloacutegicos e limites fiacutesicos no

formalismo dos modelos econocircmicos prevalecentes Assim passou-se a incluir ao nosso

vocabulaacuterio termos como compensaccedilatildeo ambiental internalizaccedilatildeo do dano princiacutepio do

poluidor pagador certificados negociaacuteveis de poluiccedilatildeo comitecircs gestores de bacia dentre

outros termos

Apesar de a valoraccedilatildeo econocircmica ainda natildeo ter sido aplicada em todas as possiacuteveis

aacutereas a sociedade tem se mobilizado e contribuindo de forma incisiva Autores como

MOTTA (2004) afirmam que as variaccedilotildees de bem-estar das famiacutelias estatildeo relacionadas por

decisotildees dos investimentos puacuteblicos e que na valorizaccedilatildeo do meio ambiente atraveacutes da

praacutetica econocircmica os valores sociais dos bens e serviccedilos satildeo considerados de forma a refletir

variaccedilotildees de bem-estar e natildeo somente seus respectivos valores de mercado O lixo por

exemplo eacute um produto de uma sociedade cada vez mais consumista e por gerar grandes

volumes necessita de locais finais para a sua destinaccedilatildeo que consequentemente grandes aacutereas

ambientais para sua recepccedilatildeo Nesse caso a valoraccedilatildeo poderia ser usada para permitir um

fluxo real de volume que sem duacutevida reduziria a problemaacutetica da destinaccedilatildeo final Talvez a

valorizaccedilatildeo econocircmica deveria ser melhor entendida na sua ampla capacidade em benefiacutecio

39

tanto para o meio ambiente como para as pessoas diretamente natildeo excluindo com isso as

comunidades que hoje se chamam favela

23 O QUE Eacute A CRISE ECOLOacuteGICA

A crise ecoloacutegica eacute tambeacutem uma crise de percepccedilatildeo que coloca em duacutevida todo o

processo civilizatoacuterio vivido ateacute aqui A materializaccedilatildeo de necessidades e desejos natildeo

significou a felicidade pretendida para todos mas sim um movimento cada vez mais forte de

exclusatildeo e miseacuteria de escala planetaacuteria que se faz sentir em uma parcela cada vez maior da

populaccedilatildeo

Essa crise natildeo eacute soacute ecoloacutegico-ambiental mas tambeacutem eacute social moral e econocircmica Eacute

uma resultante da irresponsabilidade da humanidade perante si mesma pela sua incapacidade

de olhar o passado e de olhar-se no presente ficando cega para o que pode vir depois como

consequumlecircncia de seus atos ou pela falta deles

Eacute uma crise de toda a sociedade crise da energia

ENZENSBERGER (1976) diz que antes de ter uma explicaccedilatildeo eminentemente

natural ela eacute resultado de um processo social ligado intimamente ao modo de produccedilatildeo

capitalista O autor defende a seguinte hipoacutetese central levantada pela ecologia As

sociedades industriais produzem contradiccedilotildees ecoloacutegicas que deveratildeo conduzi-las agrave sua

ruiacutena em um tempo previsiacutevel

PORTO-GONCcedilALVES (2006) um dos mais atilados ecologistas poliacuteticos da

atualidade nos situa de forma ainda mais precisa na atual crise planetaacuteria quando afirma que

o desafio ambiental se coloca no centro do debate geopoliacutetico contemporacircneo enquanto

questatildeo territorial na medida em que potildee em questatildeo a proacutepria relaccedilatildeo da sociedade com a

natureza ou melhor a relaccedilatildeo da humanidade na sua diversidade com o planeta nas suas

diferentes qualidadesrdquo

Existe uma aparente ruptura entre a dimensatildeo soacutecio-cultural-econocircmica e as variaacuteveis

ambientais Entretanto a cada dia mais se percebe a necessidade da inserccedilatildeo ambiental nestes

processos sob pena de se ampliarem as desigualdades sociais entre povos e regiotildees

conduzindo agravequilo que vem sendo denominado de desenvolvimento sustentaacutevel A

humanidade parece perdida a vagar por entre as consequumlecircncias de uma crise de percepccedilatildeo

que coloca em duacutevida todo o processo civilizatoacuterio vivido ateacute aqui

40

Eacute possiacutevel superar a crise ambiental nos marcos do sistema capitalista Como eacute que

isto se relaciona com as causas sociais e que soluccedilotildees sociais podem ser oferecidas em

resposta tornaram-se as questotildees mais urgentes com que a humanidade se defronta ndash questatildeo

de sobrevivecircncia Haacute a clara necessidade de ser superada a dicotomia entre o desenvolvimento

econocircmico e o direito a um ambiente saudaacutevel A isso tambeacutem relacionam-se as questotildees de

justiccedila social e justiccedila ambiental jaacute que em se reduzindo a qualidade ambiental afeta-se

tambeacutem a qualidade de vida com o surgimento dos impactos sociais culturais sanitaacuterios etc

Segundo POLANYI (1980) ldquoimaginar a vida do homem sem terra eacute o mesmo que imaginaacute-lo

nascendo sem matildeos e peacutesrdquo

24 O PAPEL DA SOCIEDADE NA BUSCA POR SOLUCcedilOtildeES DA CRISE

Para buscar a resoluccedilatildeo da crise ecoloacutegica haacute que se fazer um esforccedilo conjunto de

toda a sociedade civil organizada Deve haver projetos seacuterios que satisfaccedilam as demandas

sociais e naturais Haacute que se ter leis poliacuteticas puacuteblicas boa vontade dos gerentes do Estado

participaccedilatildeo social e principalmente o homem se ver como espeacutecie ameaccedilada

Certamente natildeo existem soluccedilotildees maacutegicas capazes de reverter no curto prazo seacuteculos

de degradaccedilatildeo ambiental e de reproduccedilatildeo de um modelo de dominaccedilatildeo social excludente e

explorador Contudo a tomada de consciecircncia de cada um deve ser imediata

Soacute haveraacute possibilidade de mudanccedila real a partir de uma transformaccedilatildeo profunda no

pensar e no agir da humanidade substituindo o ter pelo ser em sua ordem de prioridade Esse

eacute um ideal perfeitamente alcanccedilaacutevel no entanto para se chegar ateacute ele eacute preciso uma mudanccedila

radical na forma de sentir do ser humano para que se possa entatildeo perceber o seu entorno e

renovar as relaccedilotildees na Terra e com a terra promovendo um modo de vida mais digno e eacutetico

Alguns autores abordam a necessidade de reduccedilatildeo do consumo ter poliacuteticas claras de

natalidade ampliar a participaccedilatildeo econocircmica dos paiacuteses desenvolvidos na busca pela reduccedilatildeo

da pobreza a reduccedilatildeo da degradaccedilatildeo ambiental como o desmatamento a poluiccedilatildeo dos corpos

hiacutedricos etc Eacute juntar-se agrave luta que pode se iniciar pela educaccedilatildeo ambiental

Importa construir a relaccedilatildeo entre as lutas sociais e as ambientais pois aquelas satildeo na

sua grande maioria advindas das lutas destas e elas concordam unidas ao redor de objetivos

comuns

Este eacute o teor que ALIER (1998) tem produzido como tese e que segundo ele o

ecologismo dos pobres ou ecologismo popular tem como eixo fundamental o interesse

41

pelo meio ambiente como fonte de condiccedilatildeo para a subsistecircncia e como fundamento eacutetico a

demanda por justiccedila social (e ambiental acrescentaria) contemporacircnea entre os humanos

O ecologismo popular eacute uma corrente do movimento ambientalista que se propotildee a

lutar contra os impactos ambientais que ameaccedilam os pobres que constituem a ampla maioria

da populaccedilatildeo em muitos paiacuteses Eacute a presenccedila do preconceito ambiental que eacute relegado agrave

periferia a vizinhanccedila com as induacutestrias poluidoras lixotildees ou mesmo bairros bastante

degradados em potencial humano

Dessa maneira os principais problemas soacutecio-ambientais que por exemplo assolam

as cidades da modernidade estatildeo intimamente associados agrave complexa relaccedilatildeo entre pobreza e

o natildeo-acesso aos serviccedilos de consumo coletivo Entatildeo a luta pelo fim da crise ambiental seraacute

mostra atraveacutes de uma tomada de conscientizaccedilatildeo a soma de esforccedilos o entendimento entre

Estado e sociedade e ateacute mesmo entre Estado e Estado Comeccedila em se reconhecer humano

reconhecer as falhas e mudar de atitude que prejudique mais o meio ambiente eacute a praacutetica do

desenvolvimento realmente sustentaacutevel que requer que se removam as principais fontes de

privaccedilotildees de liberdade ldquopobreza e tirania carecircncia de oportunidades econocircmicas e

destruiccedilatildeo social sistemaacutetica negligecircncia dos serviccedilos puacuteblicos e intoleracircncia excessiva de

Estados repressivosrdquo SEN (2000)

O papel da sociedade eacute vital para a a busca da resoluccedilatildeo da crise ambiental Ela pode

se manifestar por diversas formas algumas dessas lidando diretamente com o problemas e

tantas outras de forma indireta Hoje em dia essa participaccedilatildeo pode se manifestar dentre

outras nas seguintes formas

1 Na representatividade poliacutetica ndash onde grupos de pessoas com formaccedilatildeo teacutecnica ou

apenas poliacuteticos engajam-se na formulaccedilatildeo de leis que pleiteiam melhorias ambientais e

manutenccedilatildeo do que haacute ainda de recursos naturais como eacute o caso do Misteacuterio do Meio

Ambiente de deputados dentro das diversas camadas da estrutura poliacutetico

administrativa brasileira

2 acordos poliacuteticos unilaterais e bilaterais como por exemplo foi a Eco-92 e atualmente

o Foacuterum de Mudanccedilas Climaacuteticas

3 participaccedilatildeo de organizaccedilatildeo natildeo-governamentais ndash mais ligadas ao conservacionismo

como eacute o caso do greenpeace WWF Onda Azul dentre outros

4 participaccedilatildeo educacional ndash onde cada professor capacitado eacute um multiplicador de

conhecimento e fomento de uma busca pela melhoria como por exemplo a inclusatildeo da

educaccedilatildeo ambiental nos curriacuteculo educacional brasileiro do ensino fundamental e

meacutedio

42

5 A academia com o desenvolvimento de cursos ligados ao meio ambiente e poliacutetica

ambiental com exemplo PGCA LATEC etc

6 A luta popular por moradia por educaccedilatildeo por representatividade poliacutetica

7 campanhas governamentais que envolvam diretamente a populaccedilatildeo como por

exemplo O Dia D campanha nacional de vacinaccedilatildeo

8 As atividades das diversas prefeituras inaugurando projetos fomentando o

conservacionismo instituindo a agenda 21 local o estabelecimento dos planos diretores

etc

25 A AGENDA 21

A Agenda 21 que foi um dos principais resultados da Eco-92 onde estabeleceu a

importacircncia de cada paiacutes se prometer a refletir global e localmente sobre a forma pela qual

governos empresas organizaccedilotildees natildeo-governamentias e todos os setores da sociedade

poderiam cooperar no estudo de soluccedilotildees para os problemas soacutecio-ambientais Com esse

documento cada paiacutes desenvolve sua Agenda 21 onde no Brasil se descute no acircmbito da

Comissatildeo de Poliacuteticas de Desenvolvimento Sustentaacutevel e da Agenda 21 Nacional ndash CPDS

A agenda 21 se constitui num poderoso instrumento de reconversatildeo da sociedade

industrial rumo a um novo paradigma que exige a reinterpretaccedilatildeo do conceito de progreso

contemplando maior harmonia e equiliacutebrio holiacutestico entre o todo e as partes promovendo a

qualidade natildeo apenas a quantidade do crescimento Assuntos como cooperaccedilatildeo internacional

para acelerar o desenvolvimento sustentaacutevel dos paiacuteses em desenvolvimento e poliacuteticas

internar correlatas combate agrave pobreza mudanccedila dos padrotildees de consumo dinacircmica

demograacutefica e sustentabilidade proteccedilatildeo e promoccedilatildeo das codiccedilotildees da sauacutede humana

promoccedilatildeo do desenvolvimento sustentaacutevel dos assentamentos humanos integraccedilatildeo entre meio

ambiente e desenvolvimento na tomada de decisotildees conservaccedilatildeo e manejo dos recursos para

o desenvolvimento proteccedilatildeo da atmosfera abordagem integrada do planejamento e do

gerenciamento dos recursos terrestres manejo dos ecossistemas fraacutegeis conservaccedilatildeo da

diversidade bioloacutegica manejo ambientalmente saudaacutevel da biotecnologia proteccedilatildeo dos

oceanos de todos os tipos de mares uso racional e desenvolvimento de seus recursos vivos

proteccedilatildeo da qualidade e do abastecimentodos recursos hiacutedricos manejo ambientalmente

saudaacutevel dos resiacuteduos soacutelidos e questotildees relacionadas com os esgotos fortalecimento do

43

papel dos grupos principais comunicaccedilatildeo cientiacutefica e tecnoloacutegica transferecircncia de

tecnologia e etc

No Brasil a Agenda 21 assume uma coloraccedilatildeo baseada nos programas de inclusatildeo

social (acesso de toda a populaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo sauacutede e distribuiccedilatildeo de renda) a

sustentabilidade urbana e rural a preservaccedilatildeo dos recursos naturais e minerais e a eacutetica

poliacutetica para o planejamento rumo ao desenvolvimento sustentaacutevel

Segundo dados do Minsteacuterio do Meio Ambiente a Agenda 21 brasileira iniciou-se em

1996 e terminando a sua primeira fase em 2002 onde em cima de aacutereas temaacuteticas se

determinou a forma de consulta e construccedilatildeo do documento brasileiro estas foram

agricultura sustentaacutevel cidades sustentaacuteveis infra-estrutura e integraccedilatildeo regional gestatildeo dos

recursos naturais reduccedilatildeo das desigualdades sociais e ciecircncia e tecnologia para o

desenvolvimento sustentaacutevel

A partir de 2003 a Agenda 21 brasileira aleacutem da fase de implementaccedilatildeo assistida pelo

CPDS foi elevada agrave condiccedilatildeo de Programa do Plano Plurianual Assume assim maior forccedila

poliacutetica e institucional passando a ser instrumento fundamental para a construccedilatildeo da

sustentabilidade em solo brasileiro tendo adotado referenciais importantes como a Carta da

Terra

O Plano Plurianual - PPA eacute o principal instrumento do Estado para a promoccedilatildeo do

desenvolvimento econocircmico e social de forma sustentaacutevel Eacute composto de programas e accedilotildees

Programas satildeo instrumentos de organizaccedilatildeo da atuaccedilatildeo governamental que articula um

conjunto de accedilotildees para o alcance de um objetivo comum preestabelecido mensurado por

indicadores de um problema ou atendimento de demanda da sociedade ou aproveitamento de

uma oportunidade de investimento E accedilotildees satildeos instrumentos de programaccedilatildeo para alcanccedilar o

objetivo de um programa

O PPA eacute eleborado pelas secretarias estaduais segundo as diretrizes estabelecidas pela

atual gestatildeo Aleacutem disso o PPA orienta duas outras leis a de Diretrizes Orccedilamentaacuterias e a

Orccedilamentaacuteria Anual que especificam onde e como os recursos do Estado seratildeo aplicados a

cada ano

A participaccedilatildeo social nos projetos da agenda 21 eacute fundamental para a o ecircxito da

empreitada e essa representatividade compartilha com o Estado o desenvolvimento de

atividades includentes reduzindo a verticalizaccedilatildeo E como participar Atraveacutes de iniciativas

comunitaacuterias (no bairro escola empresa sindicato) atraveacutes do Foacuterum da Agenda 21 e dos

grupos de trabalho

44

CAPIacuteTULO TREcircS

PRERROGATIVAS SOCIAIS BAacuteSICAS DA POPULACcedilAtildeO

31 SAUacuteDE E CIDADANIA

Para falar de meio ambiente crise e sociedade natildeo se pode deixar de lado suas

especializaccedilotildees no contexto de sauacutede Inicia-se este capiacutetulo discutindo sobre a imprecisatildeo do

conceito de sauacutede associado com outra grande imprecisatildeo que reside no conceito de direito agrave

sauacutede

A Sauacutede eacute o produto de condiccedilotildees objetivas de existecircncia resultante de condiccedilotildees de

vida bioloacutegica social e cultural e tambeacutem das relaccedilotildees que os homens estabelecem entre si e

com a natureza atraveacutes do trabalho Ter e promover sauacutede implica em conhecer como se

apresentam as condiccedilotildees de vida e de trabalho para que seja possiacutevel intervir socialmente na

sua modificaccedilatildeo

A sauacutede como um direito de todos deve ser posta ao alcance do indiviacuteduo deve ser

considerada como um objetivo do desenvolvimento econocircmico (e aqui haacute uma tangecircncia entre

a formulaccedilatildeo do conceito e a agenda 21) e natildeo soacute como um meio de alcanccedilaacute-lo Sauacutede natildeo

aborda somente a ausecircncia de doenccedila mas tambeacutem o completo bem estar fiacutesico mental e

social tornando-se assim uma definiccedilatildeo ampla e nebulosa

Agora quanto ao direito agrave sauacutede ZUCCHI (1997) diz que a sociedade brasileira hoje

em dia tem um conceito equivocado Parte-se do pressuposto de que muito desse decorre da

proacutepria imprecisatildeo do conceito de sauacutede ou seja a definiccedilatildeo de sauacutede natildeo estaacute

suficientemente clara Este forma equivocada de pensar eacute embasada no contexto histoacuterico do

papel do Estado dentro da sociedade brasileira ndash um tanto paternalista na grande maioria das

vezes

Para se entender o direito agrave sauacutede deve-se perceber que haacute dois componentes

fundamentais da construccedilatildeo do conceito de sauacutede o primeiro componente eacute o caraacuteter

individual Esse privilegia a liberdade As pessoas devem ser livres para escolher qual o tipo

de relaccedilatildeo que pretendem ter com o meio onde elas estatildeo inseridas qual o recurso meacutedico-

sanitaacuterio a ser usado e mesmo qual o profissional a ser procurado

45

O segundo componente eacute o componente social onde o direito agrave sauacutede privilegia a

igualdade visto que sauacutede torna-se diluiacuteda e difundida entre os cidadatildeos Nesta para que a

sauacutede de todos seja preservada faz-se necessaacuteria a vacinaccedilatildeo a notificaccedilatildeo o tratamento e

mesmo o isolamento de certas doenccedilas a de alimentos contaminados o controle do meio

ambiente do trabalho e a garantia da oferta equacircnime de assistecircncia agrave sauacutede DALARI (1998)

Talvez o que mais surpreende eacute que dessas definiccedilotildees amplas e imprecisas autores

como ZUCCHI (1997) ainda afirmam que natildeo se deve confundir o direito agrave sauacutede com o

direito aos serviccedilos de sauacutede ou mesmo com o direito agrave assistecircncia meacutedica e nem considerar a

assistecircncia meacutedica como o principal fator determinante do niacutevel de sauacutede

Apesar da expansatildeo da universalizaccedilatildeo do Serviccedilo Uacutenico de Sauacutede ndash SUS haacute

ainda os resquiacutecios das relaccedilotildees de compadrio tatildeo caracteriacutestico da sociedade brasileira onde

em bolsotildees poliacuteticos que exigem comprovaccedilatildeo de residecircncia ou sufraacutegio na falta de vagas e

ou leitos na falta de profissionais para o atendimento essa proposta de universalizaccedilatildeo

esbarra e se torna cruelmente excludente dentro de determinadas situaccedilotildees mesmo sabendo

que o direito agrave sauacutede eacute um ato cidadatildeo amparado pela Constituiccedilatildeo Federal de 1988 Todo

cidadatildeo brasileiro tem direito a atendimento em sauacutede de forma igualitaacuteria e sem custo direto

independentemente do grau de intervenccedilatildeo em sauacutede ou seja se vai simplesmente a uma

consulta ou uma cirurgia de grande porte

32 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS

BOURDIEUR (1997) em ldquoEacute possiacutevel um ato desinteressadordquo Discute que uma das

dificuldades da luta poliacutetica atualmente reside no fato dos dominantes tecnocratas tanto de

direita quanto de esquerda serem partidaacuterios da razatildeo e do universal Esse universal foi

inventado por eles mesmos para se manter em dominaccedilatildeo ldquoA dominaccedilatildeo em nome do

universal para aceder agrave dominaccedilatildeordquo

A formulaccedilatildeo das poliacuteticas sociais baseia-se na economia de mercado que existe no

seio de um paiacutes Essa economia de mercado tem sido difundida desde o seacuteculo XVIII e tem

originado um grande nuacutemero de demandas relacionadas com a sobrevivecircncia das pessoas

Tem ainda dissociado o mundo do trabalho das condiccedilotildees materiais objetivas de existecircncia

A intervenccedilatildeo do Estado na economia se faz tanto por meio de medidas de tributaccedilatildeo

quanto pela alocaccedilatildeo de recursos Utilizando os instrumentos de intervenccedilatildeo econocircmica -

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poliacutetica cambial a fiscal e monetaacuteria ndash as projeccedilotildees estabelecidas pelo governo satildeo

alcanccediladas no territoacuterio chamado de macroeconomia

A alocaccedilatildeo de recursos objetiva distribuir recursos puacuteblicos a fim de promover o

ajustamento em razatildeo das imperfeiccedilotildees do mercado A alocaccedilatildeo oferece determinados bens e

serviccedilos agrave populaccedilatildeo que seratildeo oferecidos pelo setor privado

Poliacutetica puacuteblica natildeo eacute o mesmo que Decisatildeo Poliacutetica pois poliacutetica puacuteblica envolve

mais que uma decisatildeo poliacutetica e requer diversas accedilotildees estrategicamente selecionadas para

implementar as decisotildees tomadas

Segundo SANTOS JR (2003) as poliacuteticas puacuteblicas podem ter diversos

objetivos e diferentes caracteriacutesticas e formatos institucionais Este autor mostra os tipos de

poliacuteticas mais comumente encontradas na sociedade brasileira

ldquoPoliacutetica puacuteblica eacute tudo o que um governo faz e deixar de fazer com todos os

impactos de suas accedilotildees e de suas omissotildees elas definem normas para a accedilatildeo e para a

resoluccedilatildeo dos eventuais conflitos entre os diversos indiviacuteduos e agentes sociaisrdquo

As poliacuteticas puacuteblicas satildeo caracterizadas como

a) Poliacuteticas regulatoacuterias ndash estas visam regular determinado setor Elas se

caracterizam por atingirem as pessoas enquanto indiviacuteduos ou pequenos

grupos elas cortam transversalmente a sociedade afetando de maneira

diferenciada pessoas pertencentes a um mesmo segmento social

b) Poliacuteticas distributivas ndash que tem objetivos pontuais ligados agrave oferta de

equipamentos e serviccedilos puacuteblicos Eacute a sociedade como um todo atraveacutes do

orccedilamento puacuteblico quem financia sua implementaccedilatildeo enquanto os

beneficiaacuterios satildeo pequenos grupos ou indiviacuteduos de diferentes estratos

sociais

c) Poliacuteticas puacuteblicas redistributivas ndash onde haacute uma redistribuiccedilatildeo de renda na

forma de recursos eou de financiamento de equipamentos e serviccedilos

puacuteblicos onde o financiamento pode ser garantido atraveacutes dos recursos

orccedilamentaacuterios compostos majoritariamente pela contribuiccedilatildeo dos estratos

de meacutedia e alta renda

ldquoPara se tornar viaacutevel a sobrevivecircncia individual e familiar a populaccedilatildeo se vecirc compelida a

barganhar as condiccedilotildees de venda de sua capacidade de trabalhordquoENSP-FIOCRUZ (2001)

O padratildeo de vida tornou-se parcialmente dependente do valor de renda direta gerada

pelo trabalho assalariado

47

Questotildees como sauacutede e educaccedilatildeo adquirem contornos puacuteblicos e dependem de accedilotildees

governamentais para seu equacionamento e natildeo se resolvem apenas na esfera de mercado Haacute

um conjunto de necessidades sociais que exigem poliacuteticas direcionadas a um beneficiaacuterio

individual ou grupo

O sistema de sauacutede brasileiro vigente e amparado pela Constituiccedilatildeo toma a forma de

um tipo de poliacutetica puacuteblica pois tem caracteriacutesticas dos trecircs tipos supracitado Como

regulatoacuterio o SUS passa ter vida na Lei 808090 Como distributivo mesmo que natildeo

oficialmente e por isso esta dissertaccedilatildeo foi desenvolvida a sauacutede e porque natildeo dizer meio

ambiente tem servido a algumas parcelas da populaccedilatildeo E finalmente como redistributiva

notamos o caraacuteter universal do papel do SUS com consequumlente contribuiccedilatildeo nacional ao

desenvolvimento e implementaccedilatildeo do referido Sistema

33 A SAacuteUDE NAS CONSITITUICcedilOtildeES BRASILEIRAS

A constituiccedilatildeo eacute a lei fundamental escrita do Estado a base de todas as demais e

perante ela todas as demais leis devem estar de acordo com a Constituiccedilatildeo

O desenvolvimento dos direitos sociais no Brasil segue um padratildeo autoritaacuterio no qual

a conquista da cidadania se daacute de forma a fragmentar a classe trabalhadora concedendo

benefiacutecios como privileacutegios de certas fraccedilotildees como parte de um projeto de ldquocorporatizaccedilatildeordquo

do movimento social

Segundo ZUCCHI (1997) ldquoO Brasil eximiu-se de formalizar o reconhecimento do

direito agrave sauacutede na Constituiccedilatildeo do Impeacuterio do Brasil de 1824 e nas Constituiccedilotildees de 1891 de

1934 de 1937 de 1946 de 1967 e de 1969 Explicita no maacuteximo a assistecircncia meacutedico-

sanitaacuteria ao trabalhador atraveacutes da previdecircncia social e a competecircncia de planos nacionais de

sauacutederdquo

Foi a partir dos anos 30 que efetivamente se consolidou um projeto social estatal Na

Constituiccedilatildeo de 1934 promugada a 16 de julho impotildee-se uma niacutetida separaccedilatildeo do Estado

liberal para a democracia social DIAS (1986) Essa Constituiccedilatildeo limitava-se a declarar que a

legislaccedilatildeo do trabalho deveria observar preceitos quanto agrave assistecircncia meacutedica e sanitaacuteria ao

trabalhador Ela definia as responsabilidades do Estado no que se refere a legislar sobre

normas de assistecircncia social e assistecircncia meacutedico-sanitaacuteria ao trabalhador e agrave gestante

Por volta desses anos houve um incremento da industrializaccedilatildeo no paiacutes e o

crescimento da massa de trabalhadores urbanos que comeccedilam a reivindicar poliacuteticas

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previdenciaacuterias e assistecircncia agrave sauacutede O Estado interveio e foram criadas os IAPrsquos ( IAPI

IAPTEC IAPM etc) Esses institutos organizaram uma rede de ambulatoacuterios e hospitais para

assistecircncia em sauacutede

A Constituiccedilatildeo de 1937 decretada durante o Estado Novo restringiu-se a competecircncia

da Constituiccedilatildeo anterior determinando agrave Uniatildeo a legislar sobre normas de defesa de proteccedilatildeo

de sauacutede Descentraliza e direciona aos Municiacutepios a possibilidade de legislar para suprir

deficiecircncias locais em assistecircncia puacuteblica obras de higiene casas de sauacutede cliacutenicas estaccedilotildees

de clima e fontes medicinais

A Constituiccedilatildeo de 1946 veio assegurar o direito agrave assistecircncia sanitaacuteria inclusive

hospitalar e preventiva ao trabalhador e agrave gestante higiene e seguranccedila do trabalho direito da

gestante a descanso antes e depois do parto sem prejuiacutezo do emprego nem do salaacuterio

A Constituiccedilatildeo de 1967 legislou agrave propoacutesito de assegurar assistecircncia sanitaacuteria

hospitalar e meacutedica preventiva atraveacutes de planos nacionais de sauacutede ZUCCHI (1997) afirma

que o legislador constitucional natildeo teve maior criatividade no que concerne ao direito agrave sauacutede

apenas repetiu o que haacute havia sido feito na Constituiccedilatildeo de 1946

Ateacute a constituiccedilatildeo de 1967 a assistecircncia meacutedica foi apenas garantida aos trabalhadores

e dependentes vinculados ao sistema previdenciaacuterio

O direito agrave sauacutede como se eacute percebido hoje como um direito de todos e dever do

Estado foi estabelecido na Constituiccedilatildeo de 1988

34 SISTEMA UacuteNICO DE SAUacuteDE

Segundo SILVA JR (1996) na deacutecada de 70 a medicina cientiacutefica foi muito criticada

nos paiacuteses desenvolvidos devido aos seus custos progressivos e sua baixa eficaacutecia relativa no

enfrentamento de problemas da populaccedilatildeo Dessas criacuteticas surgiram propostas que a

racionalizavam integrando-a com a sauacutede puacuteblica Logo os grupos de oposiccedilatildeo ao governo

militar por terem interesses em redemocratizar o paiacutes colocaram-se contra a medicina

cientiacutefica A partir de entatildeo vaacuterios municiacutepios organizaram uma rede de Unidades de Sauacutede

para a atenccedilatildeo primaacuteria em sauacutede Essas experiecircncias formaram a base para o movimento de

reforma sanitaacuteria que segundo SILVA JR (1996) culminou na 8ordf Conferecircncia Nacional de

Sauacutede As diretrizes dessa conferecircncia ganharam texto legal na Constituiccedilatildeo de 1988 e na Lei

Orgacircnica de Sauacutede de 1990

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O Sistema Uacutenico de Sauacutede ndash SUS foi criado na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e

regulamentado na Lei 8080 de 1990 e Lei 8142 de 1990 Constitui-se em accedilotildees e serviccedilos

puacuteblicos de sauacutede integrados em uma rede regionalizada e hierarquizada e com os seguintes

princiacutepios

1) Universalidade ndash todo cidadatildeo tem direito ao acesso a todos os tipos de serviccedilos

puacuteblicos (estatais ou privados conveniados ou contratados) e o sistema deve garantir

esse direito

2) Equumlidade ndash igualdade com justiccedila onde as diferenccedilas satildeo consideradas e recebem

tratamento igualitaacuterio acesso de todos natildeo importando o estrato social ou condiccedilatildeo

econocircmica

3) integralidade ndash a pessoa deve ser percebida como um todo e integrante de uma

comunidade de um meio ambiente e as unidades prestadoras de serviccedilos devem ser

capazes de prestar assistecircncia integral

Este princiacutepio do SUS tem uma relevacircncia digna de comentario Atualmente muito se

fala em meio ambiente e por certo a espeacutecie Homo sapiens estaacute inserida nesta discussatildeo pois

dentre a todas as espeacutecies que habitam o planeta eacute a uacutenica que traz consequumlecircncias marcantes

para a continuidade de vida na Terra Usuaacuterio de inteligecircncia forccedila e poder exerce crescente

impacto nos ecossistemas Analisando-se esse princiacutepio do SUS pode-se ver que a

integralidade que leva em consideraccedilatildeo o homem como pessoa natildeo o dissocia do seu eu

interno seu trabalho e sua cultura Logo o considera como individuo que faz parte do seu

meio e eacute tambeacutem produto do meio que o cerca Nem que seja apenas agrave niacutevel psicoloacutegico e

comportamental

Retomando o SUS LEITE (1997) diz que a atenccedilatildeo agrave sauacutede da populaccedilatildeo compreende

trecircs grandes campos

1) Assistecircncia ndash atividades dirigidas agraves pessoas individual ou coletivamente e que satildeo

prestadas no acircmbito domiciliar ambulatorial e hospitalar

2) Intervenccedilotildees ambientais ndash monitoramento das relaccedilotildees interpessoais e das condiccedilotildees

sanitaacuterias nos ambientes de vida e de trabalho controle de vetores e hospedeiros

operaccedilatildeo de sistemas de saneamento ambiental

3) Poliacuteticas puacuteblicas ndash poliacuteticas externas ao setor de sauacutede que podem provocar

mudanccedilas nos determinantes sociais do processo sauacutede-doenccedila das coletividades

questotildees relativas agraves poliacuteticas macroeconocircmicas ao emprego agrave habitaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo

ao lazer e agrave disponibilidade e qualidade dos alimentos

50

Em contraponto agrave sauacutede nas demais Constituiccedilotildees anteriores na de 1988 as trecircs

esferas de governo Uniatildeo Estados e Municiacutepios tecircm igual responsabilidade de garantir o

direito que LEITE (1997) chama de direito de cidadania

As diretrizes baacutesicas do Sistema Uacutenico de Sauacutede

1) Descentralizaccedilatildeo ndash teacutecnica administrativa e financeira da gestatildeo Os serviccedilos de sauacutede

tecircm que estar sob gestatildeo municipal ficando o a Uniatildeo com os grandes serviccedilos de

referecircncia em articulaccedilatildeo extremas e com a coordenaccedilatildeo das poliacuteticas formar bancos

de dados etc

2) Financiamento ndash Tem que haver garantias de recursos puacuteblicos para o financiamento

Para isso o SUS eacute financiado por toda a sociedade de forma direta e indireta mediante

recursos proveniente dos orccedilamentos da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal dos

Municiacutepios e das seguintes contribuiccedilotildees sociais

a) Dos empregadores incidente sobre a folha de salaacuterios o faturamento e

o lucro

b) Dos trabalhadores

c) Sobre a receita de concurso de prognoacutesticos

3) Participaccedilatildeo social ndash atraveacutes das conferecircncias e conselhos de sauacutede onde a populaccedilatildeo

pode participar atraveacutes de

a) Processos de comunicaccedilatildeo e educaccedilatildeo

b) Utilizaccedilatildeo dos meios de comunicaccedilatildeo

c) Atividades comunitaacuterias

d) Conselhos locais

4) Fundo de sauacutede ndash Uma conta especial onde satildeo creditados todos os recursos recebidos

do proacuteprio municiacutepio do Estado da Uniatildeo ou de qualquer outra fonte de recurso ateacute

mesmo doaccedilotildees Esta eacute uma forma exclusiva controlar o uso dos recursos para

destinaccedilatildeo e gestatildeo do proacuteprio SUS garantindo que natildeo haja utilizaccedilatildeo ou desvio de

verbas para outra aacuterea social

5) Conselho de sauacutede ndash Tambeacutem como exigecircncia legal prevecirc a participaccedilatildeo das pessoas

nas decisotildees levando a um controle social dos serviccedilos puacuteblicos

6) Conferecircncia de sauacutede ndash Cada esfera de governo deve realizar a cada quatro anos no

miacutenimo uma conferecircncia de sauacutede e nesta se reuacutenem pessoas representantes de todos

os segmentos da sociedade juntamente com os teacutecnicos os profissionais de sauacutede as

instituiccedilotildees de sauacutede e os administradores puacuteblicos para discutir a situaccedilatildeo de sauacutede

de uma cidade ou estado ou do Brasil

51

7) Plano diretor de sauacutede ndash onde satildeo norteadas questotildees como

a) Levantamento da situaccedilatildeo em sauacutede com determinaccedilatildeo dos problemas

b) Definiccedilatildeo de accedilotildees

c) Anaacutelise dos obstaacuteculos para implementar o plano e estabelecimento de

estrateacutegias

d) Implementaccedilatildeo acompanhamento e avaliaccedilatildeo das accedilotildees

8) Comissatildeo de Plano de cargos carreiras e salaacuterios ndash Uma prefeitura tem como

atividade principal a prestaccedilatildeo de serviccedilos e o recurso que deve ser mais valorizado

satildeo seus funcionaacuterios

9) Relatoacuterios de gestatildeo ndash Servem para avaliar o que se tem conseguido e retratar as

metas Neles incluem a quantidade de serviccedilos produzidos e tambeacutem a sua qualidade

Com este comentaacuterio sobre o SUS tenta-se mostrar um pouco do que ele eacute para que

haja uma compreensatildeo maior quando da abordagem do problema da crise ambiental e o meio

ambiente que o homem vive Meio ambiente sob o prisma que se olha leva em consideraccedilatildeo

o SUS uma vez que eacute no seu contexto que os atores desta pesquisa tecircm suas interaccedilotildees

sociais e fundamentam sua existecircncia em relaccedilatildeo ao meio ambiente que os cerca

52

CAPIacuteTULO QUATRO

PROBLEMAS SOacuteCIO-AMBIENTAIS

41 CIDADANIA

ALIER (1998) eacute feliz na sua afirmaccedilatildeo quando vincula degradaccedilatildeo da qualidade de

vida tanto no acircmbito rural como no urbano agrave crise ambiental Esta crise eacute uma crise

planetaacuteria e com suas particularidades de regiatildeo em regiatildeo estaacute sendo sentida e percebida

pelos povos A sociedade se levanta mundialmente em buscar da qualidade de vida sauacutede

educaccedilatildeo participaccedilatildeo social etc A luta pelo meio ambiente e as condiccedilotildees de vida do ser

humano da atualidade eacute um exemplo de que as mudanccedilas tecircm afetado o planeta Terra como

um todo

Uma das mais expressivas transformaccedilotildees ambientais da atualidade eacute o avanccedilo do

processo de favelizaccedilatildeo que segundo DAVIS (2006) a favelas seratildeo as cidades do futuro

que em vez de serem feitas de vidro e accedilo seratildeo construiacutedas em grande parte de tijolo

aparente palha plaacutestico reciclado blocos de cimento e restos de madeira

Satildeo transformaccedilotildees ambientais na medida em que ao ocuparem parcelas consideraacuteveis

do solo urbano o fazem sem criteacuterio de ocupaccedilatildeo onde a propriedade natildeo eacute levada em

consideraccedilatildeo Eacute transformaccedilatildeo ambiental pois afeta o microclima local sendo difiacutecil se pensar

em arborizaccedilatildeo em favela Eacute problema ambiental pois as habitaccedilotildees ocupam aacutereas de

encostas beira de rios terrenos baixos e alagaacuteveis satildeo zonas onde a violecircncia explode

continuamente onde existe hora para se chegar para se viver onde constantemente a vida

corre risco de existecircncia e paradoxalmente onde a vida pulsa sem se cansar

Mal servida de aacutervores faltam favelas que tenha uma boa distribuiccedilatildeo de aacutervores Sem

duacutevida eacute uma luta por existir uma luta por fincar raiacutezes por pertencer a um lugar Mesmo que

encorajados pela falta de poliacuteticas Estatais com relaccedilatildeo a moradia e porque eacute mais perto do

local de trabalho ou porque algueacutem da famiacutelia jaacute ocupa algum imoacutevel ou porque o poder

aquisitivo permite a aquisiccedilatildeo de um imoacutevel justamente naquele espaccedilo Eacute transformaccedilatildeo

ambiental pois a favela eacute uma cidade dentro da cidade onde o Poder Puacuteblico demora a chegar

ou quando se chega Eacute problema ambiental pois as pessoas que ali residem tecircm dificuldades

53

de manter e preservar sua cidadania eacute um lugar onde existe altas taxas de excluiacutedos sociais

com baixos iacutendices de escolaridade onde trabalhadores tem que sustentar famiacutelia de 3 a 5

pessoas ou mais

Com isso tem-se visto que natildeo soacute o movimento civil organizado (pesquisadores

poliacuteticos paiacuteses) tem se levantado em busca de alguma soluccedilatildeo mas tambeacutem as massas

mediante participaccedilatildeo em ONG e pequenos grupos que estatildeo se inserindo no movimento

organizado Eacute a busca pela qualidade do ar da aacutegua pela renda pelo transporte a busca pelo

direito de amamentar seus filhos enquanto ainda em tenra idade A busca pelo direito de ter

direito ou seja porque natildeo dizer em CIDADANIA

O que eacute cidadania Fazendo uma leitura atenta deste termo entre os diversos autores

que o abordam dentro de suas linguagens se extrai o entendimento de que a cidadania eacute um

processo em execuccedilatildeo

Segundo VIEIRA (2001) a Repuacuteblica moderna natildeo inventou a cidadania Esta se

origina na Repuacuteblica Velha isto eacute ainda na eacutepoca romana que naquela eacutepoca tinha um

contexto de pertencimento a uma cidade ser membro pleno com direitos individuais

Nos anos de 1776 e 1789 durante as Revoluccedilotildees Americana e Francesa com o retorno

ao ideal republicano da Antiguidade promovido pelo renascimento a construccedilatildeo da cidadania

enfrentou trecircs problemas que a levou a se diferenciar da cidadania antiga O primeiro

problema foi a edificaccedilatildeo do Estado com as separaccedilotildees das instituiccedilotildees poliacuteticas e da

sociedade civil no interior de territoacuterios O segundo problema foi o regime de governo Onde

jaacute no renascimento houve um pensamento coletivo sobre o ideal republicano que leva a

inseparaacutevel ideacuteia de isonomia e de igualdade E o terceiro problema foi a sociedade ateacute entatildeo

natildeo ter direitos Natildeo havia direitos humanos

Com uma expressatildeo forte de teoacutericos como Rousseau Constant dentre outros foi-se

construindo o termo cidadania e seu campo de abrangecircncia Obviamente influenciada pela

nova formaccedilatildeo cultural comercial pela dinacircmica da sociedade em que viviam

Jaacute no seacuteculo XVIII e XIX a cidadania ficou restrita ao espaccedilo territorial da Naccedilatildeo onde

seria composta dos direitos civis e poliacuteticos e dos direitos sociais

Falar em cidadania eacute pensar que existem dentro deste conceito direitos de primeira

segunda terceira e quarta geraccedilatildeo Os direitos de primeira geraccedilatildeo satildeo exemplificados como

direitos civis e poliacuteticos os de segunda geraccedilatildeo com os direitos sociais A partir dos direitos

de terceira geraccedilatildeo haacute um deslocamento para a coletividade para grupos de pessoas que

compotildee a sociedade como por exemplo a autodeterminaccedilatildeo dos povos direito ao

desenvolvimento direito agrave paz AO MEIO AMBIENTE e estes satildeo direitos difusos

54

Os direitos de quarta geraccedilatildeo estatildeo relacionados agrave bioeacutetica que satildeo verdadeiros

entraves para impedir a destruiccedilatildeo da vida e regular a criaccedilatildeo de novas formas de vida em

laboratoacuterio pela engenharia geneacutetica

Segundo VIEIRA (2001)

ldquoA cidadania surge como uma nova forma de definiccedilatildeo da ideacuteia de direitos onde o cidadatildeo passa a ter o direito de ter direitos Incluindo o surgimento de direitos como a autonomia sobre o proacuteprio corpo a moradia e a PROTECcedilAtildeO AMBIENTAL direitos indispensaacuteveis numa sociedade moderna mas que natildeo vigoram dentro do nosso Estadordquo

Segundo o mesmo autor

ldquoA nova cidadania natildeo deseja ser apenas uma forma de integraccedilatildeo social indispensaacutevel para a manutenccedilatildeo do capitalismo ela deseja a constituiccedilatildeo de sujeitos sociais ativos que definam quais satildeo os seus direitos a nova cidadania exige uma nova sociedade onde eacute necessaacuteria uma maior igualdade nas relaccedilotildees sociais novas regras de convivecircncia social e um novo sentido de responsabilidade puacuteblica onde os cidadatildeos satildeo reconhecidos como sujeitos de interesses vaacutelidos de aspiraccedilotildees pertinentes e direitos legiacutetimosrdquo

42 MEIO AMBIENTE

Nesta seccedilatildeo para falar de meio ambiente opta-se por escrever um pouco sobre o que eacute

ecologia visto que satildeo assuntos intimamente relacionados no contexto deste trabalho

Comeccedilando entatildeo com ecologia vecirc-se que esta entra em pauta jaacute em 1866 com um

trabalho de Haeckel LAGO et al (1985) intitulado Morfologia Geral dos Organismos

Obviamente haacute uma grande distacircncia que separa a proposta desse autor ao que hoje em dia

trata-se de ecologia com desdobramento em meio ambiente

Ecologia eacute o estudo da interaccedilatildeo dos organismos interagem uns com os outros e com

seu ambiente natildeo-vivo Examina as conexotildees na natureza tentando entender as interaccedilotildees

entre organismos populaccedilotildees comunidades ecossistemas e biosfera

55

Houve uma evoluccedilatildeo no que refere a utilizaccedilatildeo da ecologia ateacute os dias atuais O

mundo passou a usar o termo ecologia para identificar um amplo e variado movimento social

Ecologia natildeo eacute usada somente para designar uma disciplina cientiacutefica mas tambeacutem para

nomear um amplo e variado movimento social Logo tem-se hoje em dia algumas divisotildees da

ecologia e dentro de cada divisatildeo uma variedade imensa de atividades a serem desenvolvidas

e as que jaacute foram feitas Esses campos satildeo sumariamente

a) A Ecologia Natural que procura entender as leis que regem a dinacircmica de vida

da natureza E se utiliza da Fiacutesica Quiacutemica Geologia etc Ao investigar o sistema

de relacionamento que forma o ecossistema a Ecologia Natural procura perceber

quais satildeo as regras do seu funcionamento

b) A Ecologia Social que surge a partir da constataccedilatildeo de que os efeitos da

degradaccedilatildeo ambiental provocam sobre os trabalhadores diversas consequumlecircncias

nefandas colocando em relaccedilatildeo o industrialismo e os limites naturais inclusive o

impacto humano sobre as outras espeacutecies Este grande potencial desequilibrador

ameaccedila a proacutepria permanecircncia dos sistemas naturais A accedilatildeo humana sobre o meio

eacute socialmente diferenciada e se baseia em motivaccedilotildees altamente complexas

ldquoA construccedilatildeo de um luxuoso palaacutecio por exemplo que consome um grande potencial de recursos naturais natildeo tem como motivo apenas a satisfaccedilatildeo da necessidade de abrigo para algueacutem A determinaccedilatildeo de construiacute-lo envolve um conjunto de fatores sociais complexos como por exemplo os padrotildees culturais o sistema poliacutetico os mecanismos de dominaccedilatildeo social os siacutembolos de status etc eacute o conjunto desse tipo de fatores que faz com que o impacto humano sobre o meio seja muito mais intenso do que aquele que seria determinado pelas meras necessidades fiacutesicasrdquo

LAGO et al (2000)

c) O Conservacionismo que nasce da percepccedilatildeo da capacidade de o homem

destruir o meio ambiente E nessa linha haacute algumas ONGrsquos importantes inseridas

com vasta produtividade e presenccedila nos veiacuteculos de comunicaccedilatildeo Ex Greenpeace

SOS Mata Atlacircntica WWF etc

56

d) Por uacuteltimo eacute o Ecologismo segundo ALIER (1998)

ldquoEacute um projeto poliacutetico de transformaccedilatildeo social calcado em princiacutepios ecoloacutegicos e no ideal de uma sociedade natildeo opressiva e comunitaacuteria A ideacuteia central do ecologismo eacute de que a resoluccedilatildeo da atual crise ecoloacutegica natildeo poderaacute ser concretizada apenas com medidas parciais de conservaccedilatildeo ambiental mas sim atraveacutes de uma ampla mudanccedila na economia na cultura e na proacutepria maneira de os homens se relacionarem entre si e com a naturezardquo

O Ecologismo natildeo tem apenas a preocupaccedilatildeo em garantir a sobrevivecircncia da espeacutecie

humana mas sim em ldquoGarantir a sobrevivecircncia pela construccedilatildeo de formas sociais e

culturais que permitam a existecircncia de uma sociedade natildeo-opressiva igualitaacuteria fraterna e

libertaacuteriardquo ALIER (1998)

O Ecologismo eacute um projeto poliacutetico e filosoacutefico abrindo um diaacutelogo com a sociedade

em geral desvelando inclusive partidos poliacuteticos de tendecircncia verde Mas isso nem sempre eacute

visiacutevel Ele eacute uma via de soluccedilatildeo para os conflitos distributivos econocircmico-ecoloacutegico O

Ecologismo tem sua origem como uma benesse de classes ldquomais favorecidasrdquo e estava

totalmente desvinculado da tradiccedilatildeo de solidariedade universal que tem hoje Jaacute o Ecologismo

que ALIER (1998) chama de ldquoEcologismo dos Pobresrdquo nasce da contradiccedilatildeo entre e

economia de valor de uso e a economia do lucro da expansatildeo do crescimento Em um

mesmo paiacutes pode haver uma reuniatildeo dos dois tipos de ecologismos interagindo mutuamente

O referido autor eacute agrave favor de uma escola a qual denomina Neonarodnismo Ecoloacutegico

Essa escola analisa contribuiccedilotildees que versam sobre Ecologia como ciecircncia implicada no

manejo dos recursos naturais conservaccedilatildeo da biodiversidade Nele afirma-se que o sujeito

potencial do ecologismo natildeo eacute somente o campesinato com tambeacutem os habitantes das cidades

Segundo um ensaio escrito para o Banco Mundial em 1988 e reescrito para a

Conferecircncia sobre Sociedade e Meio Ambiente El Coleacutegio de Michoacaacuten 1991

ldquoAgrave primeira vista os conservacionistaslutam para que os ursinhos panda ou as baleias azuis natildeo desapareccedilam Por muito simpaacutetico que pareccedilam agraves pessoas comuns estas consideram que haacute coisas mais importantes com que se preocupar por exemplo como conseguir o patildeo de cada diardquo

57

Por mais que extremista que uma afirmaccedilatildeo desta pode ser ela natildeo deixa de revelar

um conteuacutedo real quanto a uma gama imensa de seres humanos cidadatildeos ou natildeo que estatildeo agrave

margem de qualquer processo econocircmico revela um vieacutes de que natildeo se deve cair no conto de

que o pobre polui e degrada mais do que um rico O pobre tem sua participaccedilatildeo sim na

destruiccedilatildeo do meio ambiente e deveria se conscientizar disso Mas um fato natildeo deixa mentir

que por ser dono dos instrumentos de trabalho da manipulaccedilatildeo da economia a seu favor

tendo meio teacutecnicos adequados para isso os ricos tecircm uma capacidade maior de trazer

destruiccedilatildeo ao meio ambiente E muita das vezes estes vivem bem longe de onde as

atrocidades ambientais estatildeo acontecendo

E meio ambiente o que venha a ser

Segundo o Vocabulaacuterio baacutesico de meio ambiente haacute definiccedilotildees acadecircmicas e

definiccedilotildees legais para meio ambiente e algumas delas bastante limitadas outras nem tanto

Definiccedilatildeo acadecircmica

1) ldquoAs condiccedilotildees influecircncia ou forccedilas que envolvem e influem ou modificam o

complexo de fatores climaacuteticos edaacuteficos e bioacuteticos que atuam sobre um organismo

vivo ou uma comunidade ecoloacutegica e acaba por determinar sua forma e sua

sobrevivecircncia a agregaccedilatildeo das condiccedilotildees sociais e culturais (costumes leis idioma

religiatildeo e organizaccedilatildeo poliacutetica e econocircmica) que influenciam a vida de um indiviacuteduo

ou de uma comunidaderdquo (Websterrsquos 1976 in FEEMA 1992)

2) O conjunto dos agentes fiacutesicos quiacutemicos bioloacutegicos e dos fatores sociais

susceptiacuteveis de terem um efeito direto ou indireto imediato ou a termo sobre os

seres vivos e as atividades humanasrdquo (Poutrel amp Wasserman 1977 in FEEMA

1992)

3) ldquoA soma das condiccedilotildees externas e influecircncias que afetam a vida o desenvolvimento

e em uacuteltima anaacutelise a sobrevivecircncia de um organismordquo (The World Bank 1978 in

FEEMA 1992)

4) ldquoO conjunto do sistema externo fiacutesico e bioloacutegico no qual vivem o homem e os

outros organismosrdquo (PNUMA apud SAHOP 1978 in FEEMA 1992)

5) ldquoO ambiente fiacutesico-natural e suas sucessivas transformaccedilotildees artificiais assim como

seu desdobramento espacialrdquo (Sunkel apud Carrizosa 1981 in FEEMA 1992)

58

6) ldquoO conjunto de todos os fatores fiacutesicos quiacutemicos bioloacutegicos e soacutecio-econocircmicos que

atuam sobre um indiviacuteduo uma populaccedilatildeo ou uma comunidaderdquo (Iacutenterim Mekong

Committee 1982 in FEEMA 1992)

E as definiccedilotildees legais satildeo

1) ldquoConsideram-se como meio ambiente todas as aacuteguas interiores ou costeiras

superficiais e subterracircneas o ar e o solordquo (Decreto-lei ndeg 13475 ndash Estado do Rio de

Janeiro in FEEMA 1992)

2) ldquoMeio ambiente ndash o conjunto de condiccedilotildees leis influecircncias e interaccedilotildees de ordem

fiacutesica quiacutemica e bioloacutegica que permite abriga e rege a vida em todas as suas

formasrdquo (Lei 693881 ndash Brasil in FEEMA 1992)

3) ldquoConsidera-se ambiente tudo o que envolve e condiciona o homem constituindo o seu

mundo e daacute suporte material para a sua vida biopsicossocialSeratildeo considerados

sob esta denominaccedilatildeo para efeito deste regulamento o ar a atmosfera o clima o

solo e o subsolo as aacuteguas interiores e costeiras superficiais e subterracircneas e o mar

territorial bem como a paisagem fauna a flora e outros fatores condicionantes agrave

salubridade fiacutesica e social da populaccedilatildeordquo (Decreto ndeg 2868782 ndash Estado da Bahia in

FEEMA 1992)

4) ldquoEntende por meio ambiente o espaccedilo onde se desenvolvem as atividades humanas e

a vida dos animais e vegetais (Lei 777280 ndash Estado de Minas Gerais in FEEMA

1992

5) ldquoEacute o sistema de elementos bioacuteticos abioacuteticos e soacutecio-econocircmicos com o qual

interage o homeme de vez eu se adapta ao mesmo o transforma e o utiliza para

satisfazer suas necessidadesrdquo (Lei 3380 ndash Repuacuteblica de Cuba in FEEMA 1992)

6) ldquoAs condiccedilotildees fiacutesicas que existem numa aacuterea incluindo o solo a aacutegua o ar os

minerais a flora a fauna o ruiacutedo e os elementos de significado histoacuterico ou esteacuteticordquo

(California Environmental Quality Act 1981)

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7) ldquoTodos os aspectos do ambiente do homem que o afetem como indiviacuteduo ou que

afetem os grupos sociaisrdquo (Environmental Protection Act 1975 Austraacutelia)

8) ldquoO conjunto de elementos naturais artificiais ou induzidos pelo homem fiacutesicos

quiacutemicos e bioloacutegicos que propiciem a sobrevivecircncia transformaccedilatildeo e

desenvolvimento de organismos vivosrdquo (Ley Federal de Proteccioacuten al Ambiente de

82 Meacutexico)

9) ldquoMeio ambiente significa (1) o ar o solo a aacutegua (2) as plantas e os animais

inclusive o homem (3) as condiccedilotildees econocircmicas e sociais que influenciam a vida do

homem e da comunidade (4) qualquer construccedilatildeo maacutequina estrutura ou objeto e

coisas feitas pelo homem (5) qualquer soacutelido liacutequido gaacutes odor calor som vibraccedilatildeo

ou radiaccedilatildeo resultantes direta e indiretamente das atividades do homem (6) qualquer

parte ou cominaccedilatildeo dos itens anteriores e as inter-relaccedilotildees de quaisquer dois ou mais

delesrdquo (Bill ndeg 14 ndash Ontaacuterio Canadaacute)

A Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil de 1988 dispotildee

ldquoTodos tem direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado bem de uso comum do povo e essencial agrave sadia qualidade de vida impondo-se ao Poder Puacuteblico o dever de defendecirc-lo e agrave coletividades o de preservaacute-lo para as presentes e futuras geraccedilotildeesrdquo

A constituiccedilatildeo do Estado do Rio de Janeiro de 1989 dispotildee no Artigo 258

ldquoTodos tecircm direito ao meio ambiente ecologicamente saudaacutevel e equilibrado bem de uso comum do povo e essencial agrave qualidade de vida impondo-se a todos em especial ao Poder Puacuteblico o dever de defendecirc-lo zelar por sua recuperaccedilatildeo e proteccedilatildeo em benefiacutecio das geraccedilotildees atuais e futurasrdquo

Essas satildeo as definiccedilotildees pelo menos oficiais para a palavra meio ambiente Mas na

verdade o que ocorre nos dias atuais eacute que cada aacuterea do conhecimento estaacute se apossando do

termo meio ambiente ou desenvolvimento sustentaacutevel e ao se utilizarem o levam para seus

60

campos de atuaccedilatildeo Isto pode ser tornar um problema para a ciecircncia ambiental uma vez que

ainda e de fato educaccedilatildeo ambiental eacute virtual para a grande maioria da populaccedilatildeo e estas satildeo

manipuladas pela massificaccedilatildeo contiacutenua dos meios de comunicaccedilatildeo de massa E o espaccedilo

nesses sendo um produto vendaacutevel A populaccedilatildeo fica agrave mercecirc de uma construccedilatildeo fictiacutecia do

termo sustentabilidade e meio ambiente

Esse reclame da palavra meio ambiente pelas diversas categorias profissionais traz no

fundo uma verdadeira confusatildeo para o leigo ou pessoas formadoras de opiniatildeo e com isso

podem atrasar atividades que possam ser cruciais para o estabelecimento de prioridades em

meio ambiente do qual tem-se conhecimento e falamos

Por isso que as decisotildees precisam ser tomadas e encaminhadas por pessoas com ldquoknow

howrdquo na aacuterea ou seja por teacutecnicos com soacutelida formaccedilatildeo em ciecircncia ambiental como um todo

para que natildeo aja vaacutecuos no conteuacutedo de meio ambiente a ser veiculado e muito menos em leis

e resoluccedilotildees que muito prejudicam o entendimento e execuccedilatildeo de atividades em sua proteccedilatildeo

4 3 A FAVELIZACcedilAtildeO

O que eacute favela Parece oportuno defini-la e eacute certamente mais faacutecil fazecirc-lo a partir do

que ela natildeo eacute ou pelo que ela natildeo tem Haacute um consenso de que eacute um espaccedilo destituiacutedo de

infra-estrutura urbana como diz SOUZA e SILVA (2008) ldquoSem aacutegua luz esgoto coleta de

lixo sem arruamento globalmente miseraacutevel sem ordem sem lei sem regras sem moral

enfim a expressatildeo do caosrdquo Mas certamente favela natildeo eacute soacute isso talvez o seja no imaginaacuterio

social da populaccedilatildeo que vive fora daquela realidade ou de repente das diversas instituiccedilotildees do

Estado

Segundo o censo de 1950 satildeo consideradas favelas todos os aglomerados urbanos que

possuam total ou parcialmente as seguintes caracteriacutesticas

a) Proporccedilotildees miacutenimas agrupamentos prediais ou residenciais formados com unidades

de nuacutemero geralmente superior a 50

b) Tipo de habitaccedilatildeo predominacircncia no agrupamento de casebres ou barracotildees de

aspecto ruacutestico construiacutedos principalmente de folhas de flandres chapas zincadas

taacutebuas ou materiais semelhantes

c) Condiccedilatildeo juriacutedica de ocupaccedilatildeo construccedilotildees sem licenciamento e sem fiscalizaccedilatildeo em

terrenos de terceiros ou de propriedade desconhecida

61

d) Melhoramentos puacuteblicos ausecircncia no todo ou em parte de rede sanitaacuteria luz

telefone e aacutegua encanada

e) Urbanizaccedilatildeo aacuterea natildeo urbanizada com falta de arruamento numeraccedilatildeo ou

sinalizaccedilatildeo

Desde essa eacutepoca muito tem se modificado e o conceito tem tornado-se mais amplo

hoje em dia alguns toacutepicos que levavam a pensar o conceito modificou completamente por

exemplo hoje com alguns programas do Estado tem-se favelas com arruamento numeraccedilatildeo

Umas tecircm rede sanitaacuteria luz telefone e aacutegua encanada Haacute mais o predomiacutenio de residecircncia

de alvenarias ao inveacutes de taacutebuas e folhas zincadas etc

Para o Censo de 2000 favela eacute definida como

ldquoAglomerado subnormal constituiacutedo de no miacutenimo 51 unidades habitacionais ocupando ou tendo ocupado ateacute periacuteodo recente terreno de propriedade alheia dispostas em geral de forma desordenada e densa bem como carentes em sua maioria de serviccedilos puacuteblicos essenciaisrdquo

DAVIS (2006) afirma que o Brasil eacute terceiro paiacutes em nuacutemero de favelas e eacute triste

reconhecer que apesar desta colocaccedilatildeo o IBGE mostra que as iniciativas puacuteblicas para

enfrentar o problema satildeo cada vez mais escassas Por exemplo no ano de 2004 81 dos

municiacutepios informaram ter projetos de investimento na aacuterea de habitaccedilatildeo e em 2005 foram

apenas 675 Ou seja essa taxa vem caindo vertiginosamente ao longo dos anos E isso

soma-se ao fato da populaccedilatildeo que vive em favelas ter crescido em 45 entre 1991 e 2000

que foi trecircs vezes superior a meacutedia de crescimento demograacutefico do paiacutes As previsotildees satildeo

bastante sombrias estimando o IBGE estima que para o ano de 2020 o paiacutes teraacute 55 milhotildees

de pessoas morando em favelas

Conceituar favela natildeo eacute uma tarefa tatildeo faacutecil assim segundo o Ministeacuterio das Cidades a

categorizaccedilatildeo do que seja favela para o IBGE eacute ainda restrito uma vez que deixa de fora

pessoas vivendo de outras formas como por exemplo ocupaccedilotildees loteamentos irregulares e

clandestinos E faz um alerta de que soacute estas categorias aleacutem do que se eacute considerado

formalmente como favela aumentam em muito estatisticamente o nuacutemero de pessoas com

consequumlente reflexo nas poliacuteticas puacuteblicas Logo a tomada de decisotildees poliacutetico-econocircmicas

baseadas no consenso do que seja favela pelo IBGE eacute estar trabalhando com um universo

restrito da realidade brasileira Para TORRES e MARQUES (2008) a grandeza dos nuacutemeros

62

envolvidos eacute de suma importacircncia pois na maioria das vezes os dados produzidos implicam

nuacutemeros subestimados das populaccedilotildees

O conceito de favela vai aleacutem dessas definiccedilotildees por vezes um tanto eletistas

confeccionadas por pessoas que natildeo tecircm vivecircncia alguma com o mundo da favela Essas

definiccedilotildees satildeo oacutetimas para deixar de lado o potencial social que ela constitui Segundo

RIBEIRO e LAGO (2008) a utilizaccedilatildeo frequumlente pela miacutedia de metaacuteforas ldquocidade partidardquo

ldquodesordem urbanardquo vem dotando a concepccedilatildeo dualista da favela de legitimidade social

A favela com um dinamismo caracteriacutestico tem um ordenamento espacial proacuteprio

Vaacuterias satildeo as ldquoLeisrdquo que preenchem espaccedilos deixados pelo Poder Puacuteblico Essas Leis

referem-se ao horaacuterio de circulaccedilatildeo sobre o direito de ir e vir sobre a definiccedilatildeo de quem eacute

morador de fato sobre a transferecircncia de titularidade de imoacuteveis Funciona como se houvesse

uma cidade dentro da cidade como se houvesse um poder paralelo de fato que gerencia mas

natildeo congrega e muito menos eacute paternalista

Um exemplo eacute a distribuiccedilatildeo de tipos de moradias segundo um zoneamento natildeo muito

claro e tatildeo pouco regulamentado oficialmente nas favelas verticais eacute costume encontrar

moradores mais antigos migrando para as partes mais baixas da favela e os receacutem chegados

ocupando moradias nas partes mais altas Ou no caso de favelas horizontais haacute as ldquoaacutereas

nobresrdquo mais proacuteximas da malhas viaacuterias urbana O que eacute praticamente influenciado pelo

poder aquisitivo desses moradores quanto pelas pressotildees externas aos mesmos Nas favelas

verticais haacute ainda mais um agravante aacutereas decididamente de risco e insalubres satildeo divididas

e ocupadas por uacuteltimo e por pessoas sem qualquer forma econocircmica de sobrevivecircncia digna

Ali encontram-se verdadeiramente os barracos de madeira sem revestimento e tendo o chatildeo

ldquobatidordquo como de piso onde a umidade e a lama satildeo o dia-a-dia dos seus moradores

Esse eacute um zoneamento definidor de grande segregaccedilatildeo Nele a solidariedade eacute o

uacuteltimo recurso com que seus moradores podem contar

Pesquisando-se o termo favela uma curiosidade natildeo pocircde passar sem ser percebida eacute

um termo que migrou com os soldados combatentes na guerra de Canudos no interior da

Bahia e que se difundiu no Rio de Janeiro a partir da ocupaccedilatildeo do morro da Providecircncia Os

soldados em campanha contra Antonio Conselheiro passaram a chamar o morro da

Previdecircncia de morro da Favela Segundo CRUZ (1941) apud Cabral (1996)

ldquoterminara a luta na Bahia Regressavam as tropas () Muitos soldados vieram acompanhados de suas lsquocabrochasrsquo Eles tiveram que arranjar moradas () As cabrochas eram naturais de uma serra chamada Favela no municiacutepio de

63

Monte Santo naquele estado Falavam muito sempre da sua Bahia do seu morro E ficou a Favela nos morros cariocas Primeiro na aba da Providecircncia morro em que jaacute morava uma numerosa populaccedilatildeo depois foi subindo virou para o outro lado para o Livramento Nascera a Favela 1897

A existecircncia de favela em solo brasileiro e especificamente no Rio de Janeiro apesar

de ser um evento com mais de cem anos tem sofrido um boom de disseminaccedilatildeo a partir da

deacutecada de 80 com o esgotamento do padratildeo de financiamento da economia brasileira que

havia se consolidado nos anos 40 Esse financiamento se assentava em trecircs supostos

a) Investimento direto dos oligopoacutelios dos paiacuteses centrais

b) O padratildeo de financiamento se assentava num conjunto de fundos puacuteblicos que foram

montados durante o poacutes-guerra com mecanismos diversos de ampliaccedilatildeo das bases

fiscais do Estado brasileiro

c) O acesso ao mercado internacional de creacutedito que emergiu nos fins dos anos 60 e se

expandiu aceleradamente nos 70

Ateacute 1940 a presenccedila da favela natildeo chama a atenccedilatildeo De acordo com o plano Agache

ela natildeo ocupa um lugar importante De acordo como inqueacuterito da SAGMACS ldquoNa estatiacutestica

predial do Distrito Federal de 1933 o crescimento da populaccedilatildeo dos morros natildeo dava para

impressionar soacute a partir de 1933 a favela comeccedila a marcar a paisagem cariocardquo E com isso

passa a emergir como espaccedilo de habitaccedilatildeo precaacuteria e improvisada do predomiacutenio do ruacutestico

sobre o duraacutevel da ausecircncia de arruamento da escassez de serviccedilos puacuteblicos E soacute aiacute e a

partir daquele momento a favela passa a fazer parte das execuccedilotildees de poliacuteticas puacuteblicas

impostas pelo oacutergatildeo gestores municipais

O Rio de Janeiro se apresenta como o foco principal do processo de favelizaccedilatildeo por ter

sido a primeira cidade do Paiacutes primeiro mercado nacional e internacional primeiro centro

industrial Por ter sido a Capital Federal o Rio de Janeiro e por ter sido um dos maiores

mercados de trabalho do Brasil Onde agrave eacutepoca canalizou grande parte do fluxo das migraccedilotildees

internas O ecircxodo rural despejou aproximadamente 400000 pessoas das quais metade veio do

proacuteprio estado e o restante do resto do paiacutes Segundo estatiacutesticas da eacutepoca a populaccedilatildeo urbana

aumentou 516 enquanto a rural diminui em 697

Um dos fatores que justifica essa imigraccedilatildeo de moradores do proacuteprio estado do Rio de

Janeiro para engrossas as fileiras de moradores das favelas cariocas veio da decadecircncia da

64

citricultura que florescia na Baixada Fluminense Com a segunda Guerra Mundial em que as

exportaccedilotildees praticamente pararam o mercado interno natildeo pode absorver essa produccedilatildeo

conformando uma verdadeira crise agriacutecola Esses imigrantes eram compostos na sua grande

maioria de uma classe pobre que se empregaram na construccedilatildeo civil constituindo-se assim o

primeiro elemento determinante da multiplicaccedilatildeo das favelas na deacutecada de 40 Eram pessoas

que natildeo podiam construir uma casa em um terreno proacuteprio nem pagar um aluguel

assalariadas que natildeo podiam resistir as consequumlecircncias da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria e ao

aumento crescente do custo de vida

Em 1945 tornou-se puacuteblico a urgecircncia e gravidade da presenccedila das favelas Com isso

os gestores promoveram um estudo sistemaacutetico sobre as favelas seu recenseamento sua

localizaccedilatildeo natureza das construccedilotildees as condiccedilotildees de vida dos moradores Aquele fora um

ano eleitoral Descobriu-se o potencial de voto naquelas pessoas e a favela passa a ser vista

por um curto periacuteodo de tempo como uma massa eleitoral numerosa concentrada em aacutereas

determinadas e de interesses definidos

Os anos 60 e 70 foram anos muito difiacuteceis para os moradores das favelas Para

CORREIA (2008) naquela eacutepoca dois atores sociais tinham poliacuteticas antagocircnicas que

influenciaram o habitar nas favelas De um lado existia a CODESCO uma integraccedilatildeo entre

governo universidade e comunidade que demonstrava um reconhecimento dos diretos da

populaccedilatildeo favelada e de baixa renda Atraveacutes de alternativas visava integrar as favelas agrave

cidade formal Por outro lado existia a CHISAM do Governo Federal que tinha a missatildeo de

restabelecer o remocionismo como tratamento dominante agraves favelas e contava com parceria

da COHAB e do Governador da eacutepoca Negratildeo de Lima onde 114 favelas foram afetadas

A tabela 2 mostra a evoluccedilatildeo do crescimento do nuacutemero de favelas no municiacutepio do

Rio de Janeiro segundo o Censo 2000

ACSELRAD (2006) mostra que o regime de acumulaccedilatildeo da modernidade eacute baseado

na presenccedila da cidade elo entre a economia local e os fluxos globais satildeo maacutequinas de

crescimento promotoras da competitividade internacional Nos anos 80 as praacuteticas poliacuteticas

sociais foram substituiacutedas por um empreendedorismo urbano e com isso o governo propocircs

novas condiccedilotildees para os processos urbanos passando a envolver tambeacutem atores natildeo-

governamentais privados e semipuacuteblicos

A economia da velocidade e da incerteza associada a uma demanda cada vez menos

previsiacutevel destroacutei e recria em permanecircncia o territoacuterio social Essa nova regulaccedilatildeo urbana

compatiacutevel com a acumulaccedilatildeo flexiacutevel movida pela alta mobilidade espacial do capital

atualiza o papel da cidade como ldquomaacutequina de crescimentordquo

65

Mas em contra-ponto os imperativos de desregulaccedilatildeo requeridos pela acumulaccedilatildeo

flexiacutevel fragmentou o tecido institucional e social urbano tanto numa fragmentaccedilatildeo por

baixo como numa fragmentaccedilatildeo por cima A desregulaccedilatildeo por baixo promoveu um

parcelamento na gestatildeo dos bairros pobres numa descontinuidade fiacutesica gerando competiccedilatildeo

entre as comunidades e no interior das mesmas por recursos escassos

O perfil das cidades na deacutecada de 80 era um espelho do investimento por parte do

estado na deacutecada anterior onde a base fiscal foi sustentada pela criaccedilatildeo de fundos setoriais e

um fundo patrimonial o FGTS eacute um exemplo desse fundo

Com o esfacelamento e desaceleraccedilatildeo econocircmica sobre os fundos setorial e

patrimonial houve uma dependecircncia maior aos financiamentos externos Com o quadro que

emerge na deacutecada em que se denominou de metropolizaccedilatildeo da pobreza com isso houve um

acentuado desenvolvimento urbano desigual que ao inveacutes de eliminar a heranccedila do atraso

reproduziu-a e deu-lhe novas conformaccedilotildees

Eacute um contexto seguido de boons Um deles o da violecircncia urbana seguido do

aprofundamento da desigualdade atraveacutes da reproduccedilatildeo e do engendramento de formas

modernas e arcaicas como exemplo pode-se citar o SFH e BNH que foram criados pelo

regime militar e foram absolutamente fundamentais para a estruturaccedilatildeo e consolidaccedilatildeo do

mercado imobiliaacuterio urbano capitalista

Essa violecircncia que eclodiu no final dos anos 80 e iniacutecio dos 90 com mais visibilidade

na cidade do Rio de Janeiro atraiu atenccedilatildeo para a imensa massa de excluiacutedos do mercado de

trabalho e do mercado de consumo regular aleacutem dos serviccedilos e infra-estrutura urbanos O

desempenho recessivo da economia brasileira durante os anos 80 promoveu uma nova

realidade do que seja cidade e espaccedilo urbano

O investimento de uma vultosa soma de recursos (FGTS e SBPE) no financiamento agrave

habitaccedilatildeo saneamento baacutesico e infra-estrutura urbanos mudou a face das cidades brasileiras

verticalizando aacutereas centrais aumentando o preccedilo da terra dinamizando a promoccedilatildeo e

construccedilatildeo de imoacuteveis diversificando a induacutestria de materiais de construccedilatildeo subsidiando

apartamentos modernos para a classe meacutedia emergente e patrocinando a formaccedilatildeo ou a

consolidaccedilatildeo de grandes empresas nacionais de construccedilatildeo pesada

Apesar de o SFH ter financiado 48 milhotildees de moradias ou praticamente 25 do

incremento do nuacutemero de habitaccedilotildees construiacutedas no Brasil entre 64 e 86 o nuacutemero de

moradores de favelas cresceu acentuadamente no periacuteodo e continua a crescer

A Lei Federal 676679 estabeleceu regras pra o parcelamento solo tambeacutem trouxe

significativa restriccedilatildeo da oferta de moradias para a populaccedilatildeo trabalhadora Fruto da luta de

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movimentos de moradores de loteamentos irregulares a nova lei atende a uma reivindicaccedilatildeo

popular criminalizaccedilatildeo do loteador ldquoclandestinordquo possibilidade da suspensatildeo do pagamento

para efeito de viabilizar a execuccedilatildeo de obras urbaniacutesticas e atribuiccedilatildeo ao municiacutepio ou o

Ministeacuterio Puacuteblico da representaccedilatildeo das comunidades atraveacutes do interesse difuso

A acentuada concentraccedilatildeo e centralizaccedilatildeo das poliacuteticas e da definiccedilatildeo dos

investimentos em habitaccedilatildeo saneamento e infra-estrutura urbanos durante o regime militar

tiveram consequumlecircncias para a realidade que hoje se vecirc como uma malha ou colcha de retalhos

por sobre o espaccedilo urbano

a) Programas idecircnticos para todo o paiacutes que desconheceram especificidades

ambientais urbanas regionais sociais culturais etc

b) Enfraquecimento do poder local a diretriz de saneamento foi contraacuteria agrave

autonomia municipal reforccedilando empresas puacuteblicas estaduais muitas das quais sob

influecircncia das grandes empreiteiras

c) Projetos faraocircnicos (saneamento) superfaturados e maacute qualidade das construccedilotildees

(habitaccedilatildeo) alimentando o clientelismo e a corrupccedilatildeo

A falecircncia do SFH promoveu o recuo dos investimentos nas aacutereas de habitaccedilatildeo e

saneamento baacutesico durante os anos 80

A conquista da abertura poliacutetica com o fim do regime militar pelos emergentes

movimentos operaacuterios camponecircs e popular urbano natildeo significou a conquista da democracia

econocircmica

A democracia eacute tatildeo somente um meacutetodo de escolha coletiva cujos resultados satildeo

abertos e incertos Ela pode reproduzir efeitos perversos ndash e mesmo potencializar interesses

particulares A expansatildeo do mercado poliacutetico no paiacutes ndash via reiteraccedilatildeo de eleiccedilotildees livres ndash natildeo

foi acompanhada de uma expansatildeo do controle social e da institucionalizaccedilatildeo do sistema

poliacutetico e certamente do ponto de vista agregado parece ter levado a uma expansatildeo do

clientelismo e da ineficiecircncia administrativa

Natildeo eacute surpresa alguma o fato de que a democracia natildeo produziu maior bem-estar ou

equidade nem tampouco produziu poliacuteticas puacuteblicas que revertessem as patologias sociais

associadas com a ordem poliacutetica anterior Por outro lado assiste-se na chamada nova

repuacuteblica a um processo agudo de fragmentaccedilatildeo institucional e agrave paralisia decisoacuteria que

produzem um quadro de cinismo ciacutevico generalizado

A percepccedilatildeo eacute de que o Estado pode ser responsabilizado em larga medida por

empurrar parcela significativa da populaccedilatildeo agrave adotar praacuteticas classificaacuteveis como ilegais que

ele mesmo institui como ilegais sob certa pressatildeo Acselrad (2006) eacute um dos autores que

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abordam o regime de acumulaccedilatildeo da modernidade que foi endossado pelas poliacuteticas do

Estado

Logo favela eacute um centro soacutecio-habitacional dinacircmico influenciado por suas

demandas e pelo imaginaacuterio dos seus habitantes Nem seu proacuteprio conceito escapa da

dinamicidade que veio se sobrepondo a ela ao longo desses 100 anos de existecircncia E para

ilustrar transcreve-se aqui a expressatildeo artiacutestica de alguns compositores da Muacutesica Popular

Brasileira que atraveacutes das suas letras trouxeram uma documentaccedilatildeo do que seja favela

segundo as formas de verem esta realidade

Favela

Numa vasta extensatildeo Onde natildeo haacute plantaccedilatildeo

Nem ningueacutem morando laacute Cada um pobre que passa por laacute

Soacute pensa em construir seu lar E quando o primeiro comeccedila

Os outros depressa Procuram marcar

Seu pedacinho de terra pra morar () Eacute ali que o lugar entatildeo

Passa a se chamar favela Jorginho e Padeirinho (1966)

Barraco de taacutebua

O morro era um presente de Deus Vivia no abandono

Agora morro tem dono Adeus Salgueiro adeus Desccedilo a ladeira chorando Sem ter a quem reclamar

Se o morro eacute um presente do ceacuteu Deus natildeo tem imposto a cobrar

Inveacutes de barracos destruiacutedos Roupa nova para os morros mal vestidos

Herivelto Martins e Viacutetor Simon (1952)

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Nestas letras fica patente a percepccedilatildeo que o morador o favelado encara a imensidatildeo de

terra que sem exploraccedilatildeo econocircmica direta serviria de espaccedilo para a construccedilatildeo de moradias

Ou seja a demanda era um pedaccedilo de solo para fincar suas raiacutezes sendo brasileiros e melhor

dizendo moradores da Capital

Em outro ponto se percebe a maneira perversa que o Sistema tinha de fazer com que os

favelados natildeo tornassem dependentes sendo eles mesmos os construtores de suas proacuteprias

residecircncias

E em terceiro momento a poliacutetica empreendida pela a administraccedilatildeo puacuteblica da Capital

que mediante iniciativas desmantela algumas favelas e removem seus moradores para outras

localidades Perdendo talvez sua identidade local

Santuaacuterio no Morro

() Barraco grudado no morro Eacute mais forte drsquoaacutegua ateacute

Barraco na hora do aperto Eacute santuaacuterio de Joseacute Por isso minha nega

Natildeo chora mais em vatildeo Barraco eacute santuaacuterio

Deus natildeo vai jogar no chatildeo

Adilson Godoy (1966)

E exemplificando a dinacircmica social dentro do contexto favela trecircs canccedilotildees escritas na

mesma deacutecada revelam o que se podia esperar sendo um favelado Haacute nitidamente as

carecircncias Mas quem se disporia a dar conta daquela realidade

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O meu guri

Quando seu moccedilo nasceu meu rebento Natildeo era o momento dele rebentar Jaacute foi nascendo com cara de fome

E eu natildeo tinha nem nome pra lhe dar Como fui levando natildeo sei lhe explicar

Fui assim levando ele e me levar E na sua meninice ele um dia me disse

Que chegava laacute Olha aiacute olha aiacute olha aiacute

Olha aiacute eacute o meu guri Chega no morro com carregamento

Pulseira cimento reloacutegio pneu gravador Rezo ateacute ele chegar caacute no algo

Essa onda de assalto ta um horror Eu consolo ele ele me consola

Boto ele no colo pra ele me ninar De repente acordo olho pro lado

E o danado jaacute foi trabalhar Olha aiacute

Olha aiacute olha aiacute olha aiacute Olha aiacute ai eacute o meu guri

Ele chega Chega estampado manchete retrato

Com venda nos olhos legenda e as iniciais Eu natildeo entendo essa gente seu moccedilo

Fazendo alvoroccedilo demais O guri no mato acho que ta rindo Acho que ta lindo de papo pro ar

Desde o comeccedilo eu natildeo disse seu moccedilo Ele disse que chegava laacute Olha aiacute olha aiacute olha aiacute Olha aiacute ai eacute o meu guri

Chico Buarque 1981

70

Alagados

() Palafitas tristes farrapos Filhos da mesma agonia

E a cidade de braccedilos abertos num cartatildeo postal Com os punhos fechados da vida real

Lhes nega a oportunidade Mostra a face dura do mal

Alagados trench town favela da Mareacute A esperanccedila natildeo vem do mar nem das antenas de TV

A arte eacute de viver da feacute Soacute natildeo se sabe feacute em quecirc

Herbert Vianna Bi Ribeiro e Joatildeo Barone (1986)

Nos barracos da cidade

Nos barracos da cidade Ningueacutem mais tem ilusatildeo No poder da autoridade

De tomar a decisatildeo E o poder da autoridade Se pode natildeo faz questatildeo

Se faz questatildeo natildeo consegue Enfrentar o tubaratildeo

Ocirc ocirc ocirc ocirc ocirc Gente estuacutepida

Ocirc ocirc ocirc ocirc ocirc Gente hipoacutecrita

Liminha e Gilberto Gil 1986

71

PARTE II

CARACTERIacuteSTICAS DA AacuteREA DE ESTUDO

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CAPIacuteTULO CINCO

O COMPLEXO DE FAVELAS DE ACARI

51 A ldquoFAVELA DE ACARIrdquo Natildeo existe simplesmente a ldquofavela do Acarirdquo mas sim um complexo de favelas que ao

longo dos anos adensaram e tornaram-se administrativamente um complexo Ateacute para os seus

moradores essa distinccedilatildeo eacute hoje em dia real e traz alguns dos benefiacutecios e malefiacutecios

propostos pelo tipo de administraccedilatildeo puacuteblica do momento

O Complexo de Acari eacute formado pelas comunidades de Vila Esperanccedila Vila Rica de

Irajaacute e Parque Acari com cerca de 25 mil habitantes segundo dados do censo de 2000 do

Instituto Pereira Passos ndash IPP e do IBGE Estas trecircs comunidades satildeo na verdade trecircs

grandes favelas que juntas ocupam uma aacuterea aproximada de 537880 msup2

Localizado agraves margens da Avenida Brasil o Complexo de Favelas de Acari tem como

vizinhos contiacuteguos os bairros da Pavuna de Coelho Neto de Irajaacute de Jardim Ameacuterica e

Parque Coluacutembia O bairro de Acari situado na XXV Regiatildeo Administrativa eacute separado do

bairro de Coelho Neto pela linha 2 do Metrocirc

Eacute uma regiatildeo servida por diversas linhas de ocircnibus e delimitada pela linha dois do

metrocirc no seu lado oeste pela BR-116 ndash Rodovia presidente Dutra pelo seu lado leste pela

Avenida Brasil pelo lado sul e pelo Rio Acari pelo lado norte

Esta regiatildeo comeccedilou a ser ocupada na deacutecada de 40 apoacutes a abertura da Avenida das

Bandeiras depois chamada de Avenida Brasil Com exceccedilatildeo do conjunto Areal tambeacutem

denominado de Amarelinho e da Olaria toda a parte plana era um manguezal que foi aterrado

aos poucos Segundo alguns moradores que estatildeo na comunidade haacute pelo menos 50 anos o

iniacutecio da ocupaccedilatildeo foi marcado pela ausecircncia de luz eleacutetrica e de aacutegua potaacutevel que era

colhida do outro lado da Avenida Brasil no conjunto habitacional de Coelho Neto Haacute quem

diga que o lugar era cheio de caranguejos ratildes cobras e jacareacutes

Somente na deacutecada de 70 os moradores comeccedilaram a ser organizar para legalizar a

ocupaccedilatildeo Para isso depois de uma uniatildeo com os trabalhadores da olaria os moradores

73

reuniram-se com alguns oacutergatildeos puacuteblicos Depois de 25 anos os moradores receberam o tiacutetulo

de propriedade e em 1981 a comunidade consegui estruturar sua associaccedilatildeo de moradores

52 ESPACIALIDADE DO COMPLEXO DENTRO DO CONTEXTO MUNICIPAL

Ao longo dos anos o Conjunto Acari expandiu-se no entorno de suas vias de acesso

principalmente da Rua Enora Como os centros comerciais ficavam longe da comunidade

comeccedilaram a surgir nas imediaccedilotildees lojas de material de construccedilatildeo o que facilitou aos

moradores a substituiccedilatildeo da madeira pela alvenaria em suas casas Das trecircs comunidades do

Conjunto Acari Vila Rica de Irajaacute foi a uacutenica a ocupar um terreno jaacute explorado que pertencia

a uma olaria e ao INSS A prefeitura do Rio de Janeiro natildeo dispotildee de dados precisos de

quando a ocupaccedilatildeo comeccedilou mas segundo alguns moradores o lugar que havia se chamado

de Areal teria sido batizado de Coroado devido agrave semelhanccedila com a cidade de Coroado

onde na ocasiatildeo se desenrolava a novela Irmatildeos Coragem Em 1979 com a ocupaccedilatildeo

consolidada foi fundada a Associaccedilatildeo de Moradores e a comunidade passou a se chamar

Parque Vila Rica Na deacutecada de 80 um projeto de urbanizaccedilatildeo levou aos moradores a

implantaccedilatildeo das redes de aacutegua e esgoto Nessa eacutepoca as trecircs comunidades de Acari uniram

esforccedilos para cobrar do poder puacuteblico mais investimentos na regiatildeo A expansatildeo da

comunidade soacute era possiacutevel com aterro de aacutereas alagadas e de manguezais Com isso o

escoamento de aacuteguas pluviais ficava cada vez mais difiacutecil ateacute que em 1986 uma tempestade

provocou uma grande inundaccedilatildeo que deixou o interior da maioria das casas com cerca de um

metro de aacutegua Atualmente Vila Rica de Irajaacute eacute dividida em sete setores o Central formado

pela Rua Olaria a principal da comunidade que concentra os serviccedilos e o comeacutercio do lugar

o Cruzeiro que fica na parte alta do conjunto o Portinho cujo acesso eacute difiacutecil o Marginal da

Avenida Brasil com uma faixa de cerca de 100 metros junto agrave avenida com intenso fluxo de

veiacuteculos e de pedestres o do Vale com acesso apenas para pedestres e o marginal ao canal

que concentra serviccedilos comunitaacuterios como o Centro Dom Bosco e o Centro Cultural Areal

Livre

A ocupaccedilatildeo do Parque Acari tambeacutem data de 1940 e tem em seu histoacuterico confrontos

de moradores com policiais militares que vaacuterias vezes derrubaram os barracos erguidos na

comunidade Segundo os moradores apoacutes vaacuterias tentativas frustradas de remoccedilatildeo das

famiacutelias Ernesto Lima de Souza suposto proprietaacuterio do terreno tentou fechar o lugar

Entretanto diante de resistecircncia dos moradores desistiu da accedilatildeo e retirou-se definitivamente

74

Apesar de feito pelos proacuteprios moradores o processo de ocupaccedilatildeo do Parque Acari deu-se de

forma ordenada com a construccedilatildeo das casas devidamente alinhadas seguindo caracteriacutesticas

de um loteamento Desde o iniacutecio da ocupaccedilatildeo os moradores contaram com ajuda de norte-

americanos da Igreja Presbiteriana que entre outras accedilotildees ergueram o preacutedio da associaccedilatildeo

de moradores No final dos anos 60 a comunidade teve sua proacutepria escola de samba a

Impeacuterio de Acari que chegou a desfilar no grupo principal em 1968 e 1969 A quadra ficava

onde hoje fica a Travessa Braule e o Beco Leandro em homenagem ao fundador da escola

Os nomes de ruas e becos homenageiam antigos moradores da comunidade

Atualmente o Parque Acari tem quatro sub-setores O principal deles eacute formado pelas vias de

acesso agrave comunidade as ruas Pantoja Edgar Soutello e Piracambu Os outros satildeo a Travessa

Piracambu limite da comunidade com a Faacutebrica da Esperanccedila a aacuterea central que fica entre a

Travessa Piracambu e Edgar Soutello e a Rua Uniatildeo A vida social dos moradores da

Comunidade do Conjunto Acari mudou nos anos 90 quando um grupo de adolescentes foi

alvo da violecircncia Agraves matildees destes jovens juntaram-se outras que formaram o grupo Matildees de

Acari Com apoio de entidades da sociedade civil ONGs e voluntaacuterios a comunidade buscou

proteccedilatildeo para os jovens da comunidade Dentre as accedilotildees estabelecidas a que mais chamou a

atenccedilatildeo foi o Projeto Faacutebrica da Esperanccedila implantado nas antigas instalaccedilotildees da Formiplac

Assim os jovens da comunidade passaram a ter acesso a cursos profissionalizantes atividades

esportivas e soacutecio-recreativas A Faacutebrica da Esperanccedila entretanto por falhas em sua

administraccedilatildeo natildeo teve vida longa e acabou sendo fechada

521 VILA ESPERANCcedilA

A favela Vila Esperanccedila eacute uma das muitas favelas cariocas a ser beneficiada pelo

programa Favela Bairro da Prefeitura Municipal Sua data de cadastramento junto a Prefeitura

do Rio de Janeiro eacute de 08031982 Esta favela tem Regularizaccedilatildeo urbaniacutestica fundiaacuteria

baseada na Lei de Aacuterea de Especial Interesse Social nuacutemero 384604 PREFEITURA MUN

DO RIO DE JANEIRO

Aleacutem de Vila Esperanccedila esta favela recebe outros nomes

a) Para a SMU ela se chama Ninho de Cobras

b) Para o IBGE Parque Vila Rica de Irajaacute e

c) Para seus moradores - Coroado

75

Pelo que se nota estes nomes tornam peculiar a forma com que se classificam os

moradores pelo espaccedilo do municiacutepio do Rio de Janeiro Isto tem implicaccedilotildees poliacuteticas

econocircmicas e culturais para eles Segundo entrevista com o Presidente da Associaccedilatildeo do

Areal os moradores satildeo estigmatizados perante outras comunidades e nas empresas quando

precisam dizer o nome do local onde vivem Entatildeo segundo o Presidente da Associaccedilatildeo muito

se tem lutado para reconhecer esta comunidade com o bairro e o avanccedilo disso foi a inclusatildeo

da aacuterea no Programa de Favela Bairro que trouxe alguns avanccedilos importantes na aacuterea de

saneamento e coleta de aacutegua potaacutevel mas que ainda assim natildeo se concretizou plenamente

ficando ainda obras por serem realizadas Algumas casas mesmo dentro da aacuterea de

planejamento do Programa Favela Bairro natildeo foram contempladas mantendo ainda o grau de

insalubridade a que outras aacutereas excluiacutedas do programa estatildeo ateacute hoje vivenciando

No imaginaacuterio da populaccedilatildeo ser morador da Vila Esperanccedila difere socialmente de ser

morador do Ninho de Cobras apesar de ser o mesmo lugar Deveria haver um avanccedilo da

administraccedilatildeo puacuteblica com relaccedilatildeo a esta preocupaccedilatildeo da populaccedilatildeo Bem ou mal ali eacute o local

onde habitam onde fincaram raiacutezes e onde criam seus filhos Urge uma unificaccedilatildeo de nomes

para que com isso haja um aumento no niacutevel de auto-estima para seus habitantes

Os nomes que trazem conotaccedilatildeo jocosa para a comunidade estatildeo em processo de

mudanccedila e segundo o Presidente da Associaccedilatildeo de Moradores natildeo soacute Ninho de Cobras mas

outros nomes como Fim do Mundo Mangue Seco Beco do Zeacute do Porco estatildeo em processo

de troca por respectivamente Moinho de Ouro Primeiro Mundo Atalaia Vila Satildeo Luiz

Junto a Vila Esperanccedila se encontra o conjunto habitacional do Areal (Amarelinho) A

histoacuteria deste conjunto remonta aos anos de 1949 e 1951 Seus moradores satildeo originaacuterios das

regiotildees hoje conhecidas como Catacumba Praia do Pinto que atualmente pertencem a aacutereas

nobres dentro do Municiacutepio O conjunto foi construiacutedo depois que houve um remodelamento

de um morro por terraplenagem e com isso proporcionou um platocirc para a construccedilatildeo do

conjunto O terreno que na eacutepoca era de propriedade do Ministeacuterio da Agricultura hoje faz

parte dos espoacutelios do CEASA e a alvenaria do Conjunto tem o INSS como proprietaacuterio ateacute

que seus moradores regularizem sua aquisiccedilatildeo junto a este oacutergatildeo

Segundo o IPP IBGE (censo de 2000) a populaccedilatildeo da Vila Esperanccedila eacute de 5666

pessoas distribuiacutedas por 1258 domiciacutelios Vila Esperanccedila compartilha na verdade suas escolas com alunos de outras favelas do

complexo Essas escolas satildeo

Casa da Crianccedila Amarelinho

Ciep Doutor Adatildeo Pereira Nunes

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Escola Municipal Conde Pereira Carneiro

Escola Municipal Corneacutelio Pena

Escola Municipal Oliacutempia do Couto e

Escola Municipal Sebastiatildeo Lacerda

Aleacutem dessas escolas e ainda tambeacutem usadas pelos moradores das outras duas favelas

que compotildeem o complexo tem-se

Creche Municipal Major Celestino Santos

Centro de Referecircncia da Assistecircncia Social de Acari

Centro de Referecircncia da Assistecircncia Social Joseacute Carlos Campos

Posto de Assistecircncia Meacutedica Francisco da Silva Telles

Posto de Sauacutede Edma Valadatildeo e

Posto de Sauacutede Prof Carlos Cruz Lima

522 VILA RICA DE IRAJAacute

A favela Vila Rica de Irajaacute se encontra inserida entre duas outras que satildeo a Vila

Esperanccedila e o Parque Acari sendo tambeacutem uma favela beneficiada pelo programa Favela

Bairro Sua data de cadastramento junto a Prefeitura do Rio de Janeiro eacute de 18021982

anterior agrave favela de Vila Esperanccedila Segundo a Prefeitura Municipal do Rio de janeiro Vila

Rica de Irajaacute se encontra ainda sem informaccedilotildees disponiacuteveis quanto a regularizaccedilatildeo

urbaniacutestica fundiaacuteria

Aleacutem de Vila Esperanccedila esta favela recebe outros nomes

a) Para a LIGHT ela se chama Vila Rica

b) Para alguns moradores tambeacutem se chama Coroado mesmo nome dado a favela de

Vila Esperanccedila

Sua populaccedilatildeo segundo o censo de 2000 encontrava-se em 9664 pessoas divididas

entre 2659 domiciacutelios Assim como a favela de Vila Esperanccedila Vila Rica tem como

equipamento puacuteblico adicional

Ciep Antonio Candeia Filho

Escola Municipal General Osoacuterio

Escola Municipal Monte Castelo

Escola Municipal Oliacutempia do Couto

Escola Municipal Jardim de Infacircncia Ana de Barros Cacircmara

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Centro de Referecircncia da Assistecircncia Social Francisco Sales de Mesquita e

Posto de Sauacutede Sylvio Brauner

523 PARQUE ACARI

A favela Parque Acari encontra-se adjacente ao Hospital de Acari Tambeacutem assim

como as outras duas do complexo esta eacute uma favela beneficiada pelo Programa Favela

Bairro Sua data de cadastramento junto a Prefeitura do Rio de Janeiro eacute de 08021982 Sua

Regularizaccedilatildeo urbaniacutestica fundiaacuteria encontra-se tambeacutem sem dados disponiacuteveis pela

Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro

Outras instituiccedilotildees como o IBGE denominam de Parque Vila Rica de Irajaacute e a

Secretaria Municipal de Urbanismo a chama de Ninho de Cobras que como foi abordado

anteriormente traz uma conotaccedilatildeo pejorativa para a localidade

Sua populaccedilatildeo segundo o censo de 2000 se encontrava em 6638 pessoas divididas

entre 1767 domiciacutelios Ressalta-se que esses dados tecircm oito anos de defasagem

Quanto aos equipamentos puacuteblicos esta favela dispotildee dos mesmos utilizados pelas

outras duas favelas Do outro lado da linha 2 do metrocirc haacute tambeacutem outras escolas tanto

puacuteblicas quanto particulares que absorvem a demanda ali gerada

A aacuterea ocupada desta favela eacute de aproximadamente 154186 msup2

52 4 BEIRA RIO

A favela Beira Rio se encontra ao longo do Rio Acari por uma extensatildeo de 380 metros

aproximadamente Eacute uma comunidade tipicamente ldquoribeirinhardquo mas infelizmente esta

denominaccedilatildeo natildeo tem o romantismo das outras que se conhece pois o Rio Acari tornou um

esgoto agrave ceacuteu aberto haacute muito tempo

Por pertencer ao Complexo esta eacute tambeacutem um favela beneficiada pelo Programa

Favela Bairro Sua data de cadastramento junto a Prefeitura do Rio de Janeiro eacute de

21091981 Sua Regularizaccedilatildeo urbaniacutestica fundiaacuteria encontra-se tambeacutem sem dados

disponiacuteveis pela Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro

Outras insituiccedilotildees como o IBGE a chama de Beira Rio a Light a chama de Parque

Novo Rio e os proacuteprios moradores tambeacutem a chamam de Matura

78

Sua populaccedilatildeo segundo o Censo de 2000 se encontrava em 141 pessoas divididas entre

42 domiciacutelios

Quanto a equipamentos puacuteblicos esta favela dispotildee aleacutem dos mesmos utilizados pelas

outras duas favelas Natildeo foi abordado anteriormente que do outro lado da linha 2 do metrocirc haacute

tambeacutem outras escolas tanto puacuteblicas quanto particulares que absorvem a demanda gerada por

aquele lado

A aacuterea ocupada desta favela eacute de aproximadamente 15464 msup2 segundo dados fornecidos

pela Prefeitura do Rio de Janeiro Durante muito tempo esta favela viveu praticamente vizinha

da Liquid Carbonic que foi extinta em 2002 Empresa que produzia CO2 para refrigerantes

53 ATORES SOCIAIS DENTRO DO COMPLEXO Os atores sociais que podem ser encontrados dentro do complexo de favelas de Acari

variam desde moradores comuns sem nenhuma atividade poliacutetica expressiva que satildeo como

eles mesmos dizem beneficiaacuterios das atividades fomentadas e desenvolvidas por outros ou

que trazidos em forma de poliacutetica puacuteblica Ateacute representantes eleitos direta e indiretamente

pelo povo ou por assumirem um posto de ldquochefiardquo ou coordenaccedilatildeo de algum oacutergatildeo oficial do

Estado ou por ser os responsaacuteveis pelas diversas ONGrsquos espalhadas pelo Complexo Aleacutem eacute

claro dos diversos frequumlentadores que povoam a realidade diaacuteria do Conjunto de Favelas

54 REPRESENTACcedilAtildeO DO ESTADO O Estado atraveacutes das suas instituiccedilotildees deve ser o responsaacutevel pelo o fomento da

melhoria da qualidade de vida e acesso a cidadania Deve permitir um diaacutelogo entre a

sociedade dando chance para que ela pratique dos seus direitos e deveres Deve instruir o

cidadatildeo na sua capacidade de ter e participar por meio das poliacuteticas puacuteblicas

As poliacuteticas puacuteblicas mais expressivas que estatildeo relacionadas diretamente ao

complexo satildeo os Programas de Urbanizaccedilatildeo tanto a niacutevel municipal quanto Estadual e

Federal que podem ser geridos com verbas proacuteprias ou financiamento por outras grandes

instituiccedilotildees da esfera puacuteblica

Dentro do contexto do complexo de favelas de Acari os exemplos que se pode citar

neste trabalho satildeo

79

a) PROGRAMA FAVELA-BAIRRO

O programa favela-bairro foi criado como instrumento para a integraccedilatildeo urbaniacutestica e

social entre os cariocas e para reverter o quadro de degradaccedilatildeo urbana que geralmente

acompanha o desenvolvimento dos grandes centros urbanos

No seio da grande cidade e com o atrativo que desperta em regiotildees vizinhas e devido

ao grande aporte de migraccedilatildeo em busca de melhores condiccedilotildees de vida de melhor

remuneraccedilatildeo pessoas acabam neste trajeto sujeitando-se a morar em ambientes degradados

ou totalmente inapropriados e compatiacuteveis com a vida digna tanto com relaccedilatildeo agrave unidade

residencial como quanto agrave insuficiecircncia em maior ou menor grau de infra-estrutura bens e

serviccedilos puacuteblicos que constituem o padratildeo de cidade contemporacircnea

O programa favela-bairro foi instituiacutedo em 1993 com o objetivo principal de

implementar melhorias urbaniacutesticas atraveacutes de obras de infra-estrutura urbana acessibilidade

e criaccedilatildeo de equipamentos urbanos que visam ganhos sociais promoccedilatildeo social integraccedilatildeo

com a transformaccedilatildeo daquele tipo de dispersatildeo habitacional em bairro

Junto com o Favela-Bairro outras atividades do estado foram necessaacuterias para a

implementaccedilatildeo do programa que se somaram com o mesmo objetivo Estas atividades foram

a regularizaccedilatildeo fundiaacuteria e a geraccedilatildeo de renda Para o caso do complexo de Acari houve uma

parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento - BID que foi co-financiador

Segundo a Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro as principais accedilotildees para integrar as

aacutereas de favela ao tecido urbano da cidade formal foram

bull Oferecer condiccedilotildees ambientais para a leitura da favela como um bairro da cidade

bull Introduzir os valores urbaniacutesticos da cidade formal como signo de sua identificaccedilatildeo

como bairro ndash ruas praccedila

bull Mobiliaacuterio e serviccedilos puacuteblicos

bull Consolidar a inserccedilatildeo das favelas no processo de planejamento da cidade

bull Implementar accedilotildees de caraacuteter social implantando creches programas de geraccedilatildeo de

renda e capacitaccedilatildeo profissional e atividades esportivas culturais e de lazer

80

b) O PROGRAMA BAIRRINHO

O programa Bairrinho eacute um favela-bairro nas comunidades de pequeno porte (de 100 a

500 domiciacutelios) Com o objetivo de integrar essas aacutereas agrave cidade o programa implanta infra-

estruturam equipamentos e serviccedilos puacuteblicos ao mesmo tempo que incentiva a participaccedilatildeo

comunitaacuteria e estimula a geraccedilatildeo de emprego e renda

Entre as intervenccedilotildees do Programa estatildeo a abertura e pavimentaccedilatildeo de ruas

construccedilatildeo de redes de aacutegua esgoto e drenagem iluminaccedilatildeo puacuteblica creches quadras

poliesportivas praccedilas aacutereas de lazer criaccedilatildeo de serviccedilos de limpeza urbana aleacutem de

reflorestamento e remoccedilatildeo de famiacutelias que vivem em aacutereas de risco com reassentamento na

proacutepria comunidade e demarcaccedilatildeo dos limites com objetivo de evitar a expansatildeo da aacuterea

c) A REGULARIZACcedilAtildeO FUNDIAacuteRIA

Segundo a Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro a regularizaccedilatildeo fundiaacuteria viabilizou

o direito agrave propriedade ao mesmo tempo em que ampliou a base da cidade legal beneficiando

as famiacutelias - a maioria de baixa renda - e a cidade que passou a ter o controle urbaniacutestico e

tributaacuterio do local A prefeitura para essa regularizaccedilatildeo utilizou-se de instrumentos legais

como o usucapiatildeo urbano concessatildeo do direito real de uso termos de doaccedilatildeo (quando se

tratou de aacutereas municipais) e a transferecircncia da propriedade por acordo entre o proprietaacuterio e

os ocupantes dos imoacuteveis Haacute ainda no seio do complexo aacutereas federais que estatildeo sendo

negociadas como eacute o caso do conjunto do amarelinho

d) OS EQUIPAMENTOS PUacuteBLICOS

- Escolas Estaduais

- Escolas Municipais Escola Municipal Olimpia do Couto Escola Municipal Conde

Pereira Carneiro Escola Municipal Corneacutelio Pena Escola Municipal Sebastiatildeo de Lacerda

Ciep Doutor Adatildeo Pereira Nunes

- Creches Casa da Crianccedila Creche Municipal Major Celestino R dos Santos

81

- Centro de referecircncia da assistecircncia Social Centro de Referecircncia da Assistecircncia Social

Joseacute Carlos Campos

- Centro Comunitaacuterio de defesa da cidadania

- Unidades de Sauacutede Posto de Assistecircncia Meacutedica Francisco da Silva Telles Posto de

Sauacutede Edma Valadatildeo Posto de Sauacutede Prof Carlos Cruz Lima e o Hospital Ronaldo Gazolla

(Hospital do Acari) que se encontra fechado

82

CAPIacuteTULO SEIS

REPRESENTACcedilAtildeO SOCIAL

61 REPRESENTACcedilAtildeO SOCIAL

Para se estudar os fenocircmenos que permeiam a realidade do Complexo de Favelas de

Acari optou-se por utilizar a Teoria das Representaccedilotildees Sociais para tentar trazer agrave luz a

maneira pela qual os diversos atores envolvidos na realidade daquele complexo interagem

entre si produzindo material de convivecircncia de luta fomentando a produccedilatildeo social do espaccedilo

urbano

Mas o que satildeo Representaccedilotildees Sociais Elas satildeo reconhecidas como fenocircmenos

psicossociais histoacutericos e culturalmente condicionados Sua explicaccedilatildeo deve se dar

necessariamente aos niacuteveis de anaacutelise posicional pois as representaccedilotildees como diz FARR

(1992) apud SAacute 1996 ldquoestatildeo tanto na cultura quanto na cogniccedilatildeordquo As representaccedilotildees sociais

designam tanto um conjunto de fenocircmenos quanto o conceito que os engloba e a teoria

construiacuteda para explicaacute-los Foi inaugurado por Serge Moscovici em 1961

Segundo JODELET (1989) apud SAacute (1996) eacute uma forma de conhecimento

socialmente elaborada e partilhada que tem um objetivo praacutetico e concorre para a construccedilatildeo

de uma realidade comum a um conjunto social Uma forma de saber praacutetico que liga um

sujeito a um objeto Para DOISE (1990) apud SAacute (1996) satildeo princiacutepios geradores de

tomadas de posiccedilatildeo ligadas a inserccedilotildees especiacuteficas em um conjunto de relaccedilotildees sociais e que

organizam os processos simboacutelicos que intervecircm nessas relaccedilotildees Para ABRIC (1994) apud

SAacute (1996) eacute o produto de uma atividade mental pela qual um indiviacuteduo ou um grupo

reconstitui o real com que se confronta e lhe atribui uma significaccedilatildeo especiacutefica

Esta teoria tem algumas vantagens pois daacute conta dos significados sociais construiacutedos e

partilhados atraveacutes da comunicaccedilatildeo A populaccedilatildeo do complexo de Acari tem suas

necessidades que satildeo baseadas no que conhecem da realidade e do que jaacute foi internalizado

cognitivamente de uma realidade natildeo vivida Com isso fica faacutecil ler nos seus discursos

construccedilotildees coletivas do fazer sendo esse bom ou mau As representaccedilotildees sociais

83

representam por excelecircncia o espaccedilo do sujeito social lutando para dar sentido interpretar e

construir um mundo em que ele se encontra

O agir baseado nas representaccedilotildees daacute-se atraveacutes da transformaccedilatildeo das atividades

mentais em objeto que por si soacute eacute possiacutevel dentro de um dado quadro social constituiacutendo

assim uma heranccedila social comum Natildeo haacute nada real que natildeo seja construiacutedo pelo sujeito

apoiando-se em sistema de valores e implicados em um contexto social e ideoloacutegico Segundo

ANADON e MACHADO (2001) ldquoa partir da heranccedila social o indiviacuteduo desempenha um

papel natildeo negligenciaacutevel em suas tomadas de decisatildeo ele eacute ao mesmo tempo produto e

produtor da sociedade e esta existe somente atraveacutes das suas praacuteticasrdquo

VALA (1993) apud SAacute (1996) eacute um teoacuterico que descreve o contexto fenomenal das

representaccedilotildees sociais distinguindo trecircs campos de significaccedilatildeo

a) Conhecimento vulgar de ideacuteias cientiacuteficas popularizadas

b) Objetos culturalmente construiacutedos atraveacutes de uma longa histoacuteria e seus equivalentes

modernos

c) Condiccedilotildees e acontecimentos sociais e poliacuteticos onde as representaccedilotildees que

prevalecem tecircm um curto prazo de significaccedilatildeo para a vida social

De acordo com IBANtildeEZ (1988) apud SAacute (1996) grande parte do material que se

constroacutei uma representaccedilatildeo social proveacutem do fundo cultural acumulado na sociedade ao longo

de sua histoacuteria Esse fundo circula atraveacutes de toda a sociedade sob forma de crenccedilas

amplamente compartilhadas de valores considerados como baacutesicos e de referecircncias histoacutericas

e culturais que conformam a memoacuteria coletiva e ateacute a identidade da proacutepria sociedade

Na formaccedilatildeo de uma representaccedilatildeo social o material cognitivo se torna social atraveacutes

da dependecircncia entre os membros do grupo social As representaccedilotildees com isso podem ser

hegemocircnicas ndash as que satildeo partilhadas por todos os membros de um grupo altamente

estruturado podem ser emancipadas ndash que satildeo consequumlentes da circulaccedilatildeo do conhecimento e

das ideacuteias pertencentes a subgrupos que se encontram em contato mais ou menos estreito e

por fim haacute as chamadas de polecircmicas que satildeo geradas no curso de conflitos sociais de

controveacutersias sociais e a sociedade como um todo natildeo as compartilha MOSCOVICI (1988)

Logo representaccedilatildeo social eacute a modalidade de conhecimento particular que tem por

funccedilatildeo exclusiva a elaboraccedilatildeo de comportamentos e a comunicaccedilatildeo entre indiviacuteduos no

quadro da vida cotidiana

ABRIC (ibidem) relata as finalidades proacuteprias das representaccedilotildees sociais

a) Funccedilatildeo de saber ndash onde elas permitem compreender e explicar a realidade facilitando

a comunicaccedilatildeo social

84

b) Funccedilatildeo identitaacuterias ndash onde definem a identidade e permitem a salvaguarda da

especificidade dos grupos

c) Funccedilatildeo de orientaccedilatildeo ndash onde guiam os comportamentos e as praacuteticas Produzindo

tambeacutem um sistema de antecipaccedilotildees e de expectativas

d) Funccedilatildeo justificatoacuteria ndash onde permite justificar a posteriori as tomadas de posiccedilatildeo e os

comportamentos

E por que utilizar-se das Representaccedilotildees Sociais Porque entendendo o impacto delas

no contexto social eacute que se pode questionar esse contexto transformar o curso dado da vida e

ajudar na construccedilatildeo de uma nova histoacuteria JOVCHELOVICH (2000)

62 REPRESENTACcedilAtildeO SOCIAL DOS ATORES ENTREVISTADOS NO

COMPLEXO DE FAVELAS DE ACARI

ldquoQuando as condiccedilotildees sociais eou o ambiente natural afetam o indiviacuteduo a intensidade dos efeitos na qualidade da sua experiecircncia humana dependeraacute da sua capacidade em perceber essa influecircncia uma vez que a percepccedilatildeo eacute uma variaacutevel culturalrdquo

BOYDEN et al (1981) apud DIAS (1997)

Segundo JOVCHELOVICH (2000) uma forma de se interpretar o que foi produzido

pelos entrevistados eacute utilizar-se de um sistema de codificaccedilatildeo onde mediante ele as unidades

de sentido e modalidades discursivas associadas ao conteuacutedo que emergiu das entrevistas

seja trabalhado em termos de Representaccedilatildeo Social A Representaccedilatildeo Social como um

veiacuteculo de tentar desvelar a realidade social eacute um veiacuteculo em que se busca reconstruir a partir

das falas tomadas de decisatildeo ou indignaccedilatildeo por parte do interlocutor Para suas construccedilotildees

cognitivas haacute sempre uma correlaccedilatildeo com o tom de voz e expressividade ou mesmo

participaccedilatildeo atraveacutes do fazer objetivo

Foi utilizado um sistema de codificaccedilatildeo procurando classificar os conteuacutedos a partir

das modalidades discursivas em que estas aparecem descriccedilotildees explicaccedilotildees e causas das

vaacuterias realidades descritas pelos entrevistados e efeitos e estrateacutegias de enfrentamento

85

associadas com as descriccedilotildees e explicaccedilotildees Trata-se de a partir de palavras chaves comuns

montar um entendimento da heterogeneidade aparente nas falas e trazecirc-la para um marco

comum

As modalidades discursivas expressas no conteuacutedo gravado das entrevistas estatildeo

ligadas a unidades de sentido que constituem o sistema geral de codificaccedilatildeo da fala e foram

reorganizadas em niacuteveis maiores de abstraccedilatildeo de modo a gerar unidades temaacuteticas Essas falas

satildeo um reflexo da realidade em que vivem e ao mesmo tempo dita e questionada pelos

proacuteprios O que natildeo se pode deixar de lado eacute o individualismo que mesmo dentro das

Representaccedilotildees Sociais parece ser uma constante

Eacute vaacutelida a metodologia da narrativa para se estudar as Representaccedilotildees Sociais

RICOEUR (1980) apud JOVCHELOVITCH (2000) afirma que

ldquoO tempo da narrativa eacute desde o iniacutecio tempo de ser-com-outros () a arte de contar estoacuterias reteacutem o caraacuteter publico do tempo e ao mesmo tempo natildeo o deixa deslizar para o anonimato ndash ela o faz um tempo comum aos atores um tempo tecido pela sua interaccedilatildeo Agrave niacutevel da narrativa naturalmente lsquooutrosrsquo existemrdquo

O quadro 1 mostra os temas e a organizaccedilatildeo das unidades de sentido as unidades de

sentido

CULTURA

FATALIDADE

INDIVIDUALISMO

MEIO

AMBIENTE

NECESSIDADES

PODER

PUacuteBLICO

SAUacuteDE

Educaccedilatildeo Mente pequeninha

Favela Valor individual Biodiversidade Orientar Gari comunitaacuterio

Sentir-se saudaacutevel

Reciclagem Violecircncia urbana Conflitos

Despreocupaccedilatildeo Aacutegua Ar Limpeza Natildeo melhorou natildeo

Viver bem

IDH Desmatamento Participaccedilatildeo individual

Esgoto Saneamento Vala negra

Conscientizaccedilatildeo Guardiotildees do Rio

Melhoria do espaccedilo limitado

Prevenccedilatildeo Doenccedilas repetitivas

Sistema de vida

Urbanizaccedilatildeo Verbas destinadas

Espaccedilo fiacutesico de lazer

Consumismo Epidemia Defesa do espaccedilo fiacutesico

Equiliacutebrio fiacutesico-mental

Insalubridade Limpeza Lixo

Educaccedilatildeo

Limpeza de onde se vive

Vala negra Mosquito Dengue

Incapacidade Casa Poluiccedilatildeo Comunidade

Lugar onde vive

Quadro 1 de modalidades discursivas e suas representaccedilotildees sociais

86

As modalidades discursivas satildeo toacutepicos nos quais foram incluiacutedas as representaccedilotildees

sociais Elas separam os diversos temas em unidades afins menores dando com isso melhor

entendimento para o processo de construccedilatildeo da representaccedilatildeo social As modalidades

discursivas forma eixos que subjazem e dos quais fica mais faacutecil a construccedilatildeo e interpretaccedilatildeo

das representaccedilotildees dos entrevistados

Da tabela pode-se destacar cultura fatalidade individualismo meio ambiente

necessidades poder puacuteblico e sauacutede Estas retiradas do conteuacutedo entrevistado ao longo da

pesquisa de campo logo a tabela mostra as diversas modalidades discursivas e suas

representaccedilotildees sociais associadas

621 CULTURA REPRESENTANDO SUA INTER-RELACcedilAtildeO COM O REAL

A cultura de uma populaccedilatildeo eacute uma tomada de posiccedilatildeo frente agraves realidades que se vive

e as Representaccedilotildees Sociais advindas daiacute satildeo diversas Pode haver uma faceta de repeticcedilatildeo do

que outros jaacute tecircm feito e pode tambeacutem gerar o novo numa mistura que enriquece o dia-a-dia

A cultura pode vir a ser tudo o que eacute aprendido e partilhado pelos indiviacuteduos de um

determinado grupo e que lhes confere identidade dentro do grupo a que pertence A cultura eacute

o conjunto de manifestaccedilotildees humanas que contrastam com a natureza ou comportamento

natural

Das entrevistas percebe-se que para a boa convivecircncia os moradores devem ter

determinados tipos de atitudes devem ter um fazer com valor positivo socialmente Das

modalidades discursivas emerge a necessidade de educaccedilatildeo como miacutenimo paracircmetro para se

ter educaccedilatildeo e para se viver em sociedade

Educaccedilatildeo eacute tida como uma forma de se perpetuar agraves geraccedilotildees que se seguem dos meio

culturais necessaacuterios agrave convivecircncia em sociedade Eacute um tipo de conhecimento que uma vez

aprendido internalizado capacita o indiviacuteduo a contextualizar sua realidade e este indiviacuteduo

tem a oportunidade de partilhar o conteuacutedo apreendido atraveacutes de redes de multiplicaccedilatildeo A

grande dificuldade especialmente para os moradores deste Complexo eacute justamente delimitar o

que seja educaccedilatildeo Natildeo se pode por si soacute dizer que estes natildeo a tenham O que natildeo se consegue

precisar eacute o niacutevel de educaccedilatildeo que eles tecircm natildeo querendo cair no discurso do que eacute melhor ou

pior mas sim qual o niacutevel eacute satisfatoacuterio para a convivecircncia em sociedade

Como base a educaccedilatildeo eacute necessaacuteria para moldar a personalidade do indiviacuteduo para

mostrar o caminho agraves pessoas para que se consiga abstrair o que eacute certo o que eacute errado

87

mediante os siacutembolos e signos sociais Certamente cada habitante tem uma histoacuteria de vida

herdam conceitos sabem sobre o fazer Sabem dos direito deveres Talvez tenham recebido

um resquiacutecio da educaccedilatildeo formalizada em algum momento de suas vidas atraveacutes da escola

Talvez a tenham percebido pelo debate social travado continuamente na esfera puacuteblica

tambeacutem fora da escola ndash a educaccedilatildeo eacute um continum

Como se sabe natildeo eacute somente a educaccedilatildeo bancaacuteria ou tradicional que educa ou

deseduca A escola apesar de ser a primeira entrada no mundo natildeo eacute de modo algum o mundo

e muito menos deve pretender a secirc-lo A escola eacute antes a instituiccedilatildeo que se interpotildee entre o

mundo privado do lar e o mundo de modo a tornar possiacutevel a transiccedilatildeo da famiacutelia para o

mundo

Em diversas entrevistas a palavra educaccedilatildeo apareceu com um tom de reclame pelo o

que tem acontecido no interior daquela comunidade e ela estaacute vinculada fortemente agrave palavra

lixo A educaccedilatildeo dos moradores eacute questionada por exemplo quanto agrave destinaccedilatildeo final dos

seus resiacuteduos soacutelidos Ela eacute cobrada continuamente porque muitos moradores jogam lixo em

todo e qualquer lugar Satildeo praacuteticas difiacuteceis de se coibir As pessoas jogam lixo pelo chatildeo e

natildeo se importam com que outros vatildeo dizer Natildeo satildeo simples papeacuteis de bala ou papeizinhos

amassados mas sim bolsas de mercado com o produto das suas atividades diaacuterias que fica

emoldurando esquinas agrave mercecirc de catildees e principalmente insetos e roedores Muitos dos

moradores natildeo se importam e natildeo tecircm a visatildeo de que aquele ato poderaacute trazer doenccedilas

ldquo e outra coisa eacute noacutes temos o lixo aqui as pessoas natildeo educadas eles

natildeo eles jogam o lixo toda vez eacute garrafa pet para um lado viacutescera de

peixe pra um lado viacutescera de galinha para um lado entatildeo eles natildeo sabem

separar isso eacute falta de educaccedilatildeo ambiental e natildeo eacute feito na comunidade as

escolas que estatildeo comeccedilando agora a fazer issordquo

ENTREVISTA 1

Jogar lixo no chatildeo ou pela janela dos veiacuteculos de transporte passa a ser normal dentro

de uma realidade que envolve problemas educacionais deficiecircncia de se internalizar o

discurso da higiene e da qualidade de vida Eacute ainda mais evidente quando se tem um serviccedilo

puacuteblico e regular de limpeza urbana

88

ldquo ah se vocecirc se andar nas ruas becos vocecirc vecirc muita sujeira os garis

acabam de limpar e se eles voltarem duas horas depois estaacute tudo sujo

ENTREVISTA 1

A educaccedilatildeo ou a deseducaccedilatildeo de os moradores de modo a natildeo dispersarem o lixo em

lugares inapropriados e fora do periacuteodo de coleta acaba tornando um problema coletivo

importante Esse comportamento natildeo se justifica em qualquer hipoacutetese mas tudo fica mais

faacutecil quando se dispotildee de algueacutem para retirar esse lixo do meio do caminho no caso a

presenccedila dos garis Eacute como se as pessoas se sentissem no direito de dar trabalho a eles Afinal

segundo a oacutetica desses moradores os garis estatildeo ali para aquilo (Figs 1-B e 2-B)

ldquo mas as vezes o morador eacute culpado porque pegam a bolsinha de lixo e

natildeo quer andar ateacute a ponta aqui e depois venha aqui cobrarrdquo

ENTREVISTA 2

Soacute muito recentemente eacute que as questotildees ambientais tecircm entrado na pauta educacional

do Sistema Brasileiro de Educaccedilatildeo Em 1946 foi incluiacutedo no curriacuteculo escolar questotildees

relativas agrave higiene e agraves ciecircncias naturais (os primoacuterdios da educaccedilatildeo ambiental) Por ter

havido uma ruptura com o modelo agraacuterio-exportador a educaccedilatildeo passa a responder agraves

necessidades criadas pela industrializaccedilatildeo do paiacutes ZOTTI (2008)

TRAVASSOS (2001) afirma que devido agrave fragilidade dos ambientes naturais com a

questatildeo da sobrevivecircncia humana em cheque com o aumento dos movimentos ambientalistas

e agraves preocupaccedilotildees ecoloacutegicas criou-se as condiccedilotildees para a inclusatildeo curricular de assuntos

relacionados ao meio ambiente que jaacute em 1977 com a I Conferecircncia Nacional de Educaccedilatildeo

Ambiental realizada em Brasiacutelia pelo Ministeacuterio do Meio Ambiente que produziu os seguintes

resultados

ldquoOs trecircs temas mais abordados nos projetos foram Problemas da Realidade Local 472 Educaccedilatildeo Ambiental no Contexto Escolar 451 e LixoReciclagem 326 A orientaccedilatildeo presente no processo educacional de ter como ponto de partida a busca da percepccedilatildeo da realidade mais proacutexima relacionando-se com as preocupaccedilotildees comunitaacuterias eacute uma constante nos projetos que participam desta pesquisa Do mesmo modo a Educaccedilatildeo Ambiental no Contexto Escolar reafirma os dados

89

anteriores nas inter-relaccedilotildees que estabelecem assim como a incidecircncia tatildeo importante do tema LixoReciclagem se relaciona com a quantidade de projetos que se desenvolvem em aacutereas urbanasrdquo

Foi possiacutevel observar concordacircncia dos resultados do presente trabalho e as

afirmaccedilotildees de PHILIPPI JR et ali (2004) quando apresenta o problema da articulaccedilatildeo da

educaccedilatildeo ambiental voltado ao uso dos recursos naturais e do equiliacutebrio dos ecossistemas em

detrimento do meio ambiente urbano O que eacute corroborado por DIAS (1992)

De qualquer forma a evoluccedilatildeo dos conceitos de Educaccedilatildeo Ambiental tem sido vinculada ao conceito de meio ambiente e ao modo como este era percebido O conceito de meio ambiente reduzido exclusivamente a seus aspectos naturais natildeo permitia apreciar as interdependecircncias nem a contribuiccedilatildeo das consciecircncias sociais agrave compreensatildeo e melhoria do meio ambiente humano

A Educaccedilatildeo Ambiental fomentada pela Lei 693881 toma forma com a Lei Ndeg 9795

de 27 de abril de 1999 no seu Art 2o em que passa a ser um componente essencial e

permanente da educaccedilatildeo nacional devendo estar presente de forma articulada em todos os

niacuteveis e modalidades do processo educativo em caraacuteter formal e natildeo-formal Mas apesar

disso segundo TRAVASSOS (idem) ldquo as escolas puacuteblicas e particulares ainda natildeo

assimilaram ou natildeo entenderam como devem implementar a educaccedilatildeo ambiental em seus

programasrdquo Para as escolas que utilizam livros didaacuteticos comerciais o conteuacutedo de meio

ambiente vem como capiacutetulo especiacutefico e tambeacutem diluiacutedo em outros assuntos Mas para

escolas que tecircm uma certa flexibilidade de conteuacutedo dentro do que eacute proposto pelas

Secretarias de Educaccedilatildeo Municipal e Estadual a educaccedilatildeo ambiental corre o risco de ser

como afirma TRAVASSOS (ibdem) ldquo uma educaccedilatildeo conservacionista apenas lembrada na

Semana do Meio Ambienterdquo

De acordo com o graacutefico 1-B a regiatildeo sudeste fica em segundo lugar na oferta da

Educaccedilatildeo Ambiental para as escolas de niacutevel fundamental perdendo apenas para a regiatildeo

nordeste Estes dados do MEC revelam a preocupaccedilatildeo recente por parte do Estado em

colocar na agenda da educaccedilatildeo brasileira a necessidade de se abstrair o que seja o meio

ambiente e o universo em que a crianccedilas estaacute situada

90

Obviamente haacute menccedilotildees sobre o meio ambiente em datas ateacute muito anteriores as das

acima citadas mas nenhuma delas trouxe uma modificaccedilatildeo direta e envolvente no plano

educacional do ensino baacutesico Dentre essas o Decreto Legislativo Federal nordm 03 de 13 de

fevereiro de 1948 e o Coacutedigo Florestal - lei federal nordm 4771 de 15 de setembro de 1965

ldquo apesar de ter os garis que varrem as pessoas continuam jogando lixo na

rua entatildeo eacute preciso passar por um processo de educaccedilatildeo ecoloacutegica Se

vocecirc procurar nos becos da favela se andar por aiacute se vecirc muito coco de

animais natildeo que eu quero exterminar ateacute adoro neacute Mas eu ando e vejo em

outros lugares as pessoas com a bolsinha quando faz coco na rua as

pessoas botam saquinho plaacutestico e joga na lata de lixo Aqui natildeo se vecirc

crianccedila eacute porco cabrito gato cachorro tudo faz por aiacute e as crianccedilas

brincandordquo

ENTREVISTA 1

Existe a evidecircncia da necessidade de Educaccedilatildeo Ambiental para todos os moradores do

complexo o que foi evidenciado pelo seguinte entrevistado

ldquoEu acho que se forem feito estudos desde a educaccedilatildeo principal maternal

jardim ai vem primeira seacuterie assim sucessivamente natildeo adiante depois

que as pessoas estatildeo velhas que jaacute estatildeo acostumadas a fazer muita coisa

errada vocecirc tentar colocar aquilo na cabeccedila das pessoas vocecirc jaacute tem que

vir desde quando eacute crianccedila ensinar a crianccedilardquo

ENTREVISTA 3

Mas como implementar accedilotildees que envolvam a populaccedilatildeo para a tomada de

consciecircncia desse tipo errocircneo de comportamento que por fim faz onerar a vida dos proacuteprios

moradores com a disseminaccedilatildeo de doenccedilas e o custo do seu tratamento Talvez a resposta

esteja nas lideranccedilas comunitaacuterias

ldquo porque eu sou a favor de que ele venha eu estou confiando nele e

espero que porque haacute esse descaso que vocecirc falou ateacute mesmo da lideranccedila e

descaso da proacutepria comunidade que se acostumou com certos tipos de

91

problemas mas agraves vezes o morador eacute culpado porque pegam a bolsinha de

lixo e natildeo quer andar ateacute a ponta aqui e depois venha aqui cobrar Mas

outro natildeo querem chegar junto vocecirc sabe por que eacute porque as pessoas vatildeo

se cansando e claro estas questotildees vatildeo caindo em descreacutedito entatildeo tem

muitos que natildeo querem pois se cair em descreacutedito jaacute erardquo

ENTREVISTA 2

Mesmo que haja as lideranccedilas comunitaacuterias e que estas consigam organizar a

contextualizaccedilatildeo do habitar dentro da comunidade nem sempre sua abrangecircncia tem uma

cobertura satisfatoacuteria E eacute aiacute que reside o espaccedilo para a oposiccedilatildeo que traz criacutetica e funciona

como verdadeiro termocircmetro na avaliaccedilatildeo do desempenho das lideranccedilas Uma coisa eacute certa

as lideranccedilas tecircm consciecircncia da necessidade de capacitaccedilatildeo e parcerias para a implementaccedilatildeo

de atividades relacionadas ao lixo produzido e sua manipulaccedilatildeo (figuras 3-B e 4-B)

ldquo pegamos duzentos latotildees de produtos quiacutemicos que agente natildeo sabia que

era toacutexico Aiacute um belo dia a Comlurb disse assim oh retira esses latotildees que

eu dou todo ele cor de aboacutebora que a questatildeo do lixo eacute uma coisa muito

forterdquo

ldquoEssa foi a uacuteltima assembleacuteia que tivemos e falamos da reciclagem de lixo

tudo agente tenta buscar e discutir com a comunidade noacutes queremos

capacitaccedilatildeo para o tratamento do lixo agente estaacute aberto para capacitaccedilatildeo

e parcerias agente quer agente necessita para fazer melhorrdquo

ENTREVISTA 4

Em apenas uma das entrevistas o Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) foi

lembrado e apesar de natildeo ser uma Representaccedilatildeo Social eacute oportuno abordar um pouco do que

seja esse iacutendice O IDH eacute uma medida comparativa de riqueza alfabetizaccedilatildeo educaccedilatildeo

esperanccedila de vida natalidade e outros fatores para os diversos paiacuteses do mundo Eacute uma

maneira padronizada de avaliaccedilatildeo e medida do bem-estar de uma populaccedilatildeo especialmente

bem-estar infantil O iacutendice foi desenvolvido em 1990 pelo economista paquistanecircs Mahbub

92

Haq e vem sendo usado desde 1993 pelo Programa das Naccedilotildees Unidas para o

Desenvolvimento ndash PNUD em seu relatoacuterio anual

Os paiacuteses membros da ONU satildeo classificados de acordo com essas medidas Os paiacuteses

com uma classificaccedilatildeo elevada frequumlentemente divulgam a informaccedilatildeo a fim de atrair

imigrantes qualificados ou desencorajar a emigraccedilatildeo

Os criteacuterios de avaliaccedilatildeo do IDH satildeo

bull Educaccedilatildeo Para avaliar a dimensatildeo da educaccedilatildeo o caacutelculo do IDH considera dois

indicadores O primeiro eacute a taxa de alfabetizaccedilatildeo considerando o percentual de

pessoas acima de 15 anos de idade esse indicador tem peso dois O Ministeacuterio da

Educaccedilatildeo indica que se a crianccedila natildeo se atrasar na escola ela termina o principal ciclo

de estudos (Ensino Fundamental) aos 14 anos de idade Por isso a mediccedilatildeo do

analfabetismo se daacute a partir dos 15 anos O segundo indicador eacute o somatoacuterio das

pessoas independentemente da idade que frequumlentam algum curso seja ele

fundamental meacutedio ou superior dividido pelo total de pessoas entre 7 e 22 anos da

localidade Tambeacutem entram na contagem os alunos supletivos de classes de

aceleraccedilatildeo e de poacutes-graduaccedilatildeo universitaacuteria nessa aacuterea tambeacutem estaacute incluiacutedo o sistema

de equivalecircncias Rvcc ou Crvcc apenas classes especiais de alfabetizaccedilatildeo satildeo

descartadas para efeito do caacutelculo

bull Longevidade O item longevidade eacute avalidado considerando a esperanccedila de vida ao

nascer que eacute vaacutelida tanto para o IDH municipal quanto para o IDH de paiacuteses Esse

indicador mostra a quantidade de anos que uma pessoa nascida em uma localidade em

um ano de referecircncia deve viver Ocultamente haacute uma sintetizaccedilatildeo das condiccedilotildees de

sauacutede e de salubridade no local jaacute que a expectativa de vida eacute diretamente

proporcional e diretamente relacionada ao nuacutemero de mortes precoces

bull Renda A renda eacute calculada tendo como base o PIB per capita do paiacutes ou municiacutepio

Como existem diferenccedilas entre o custo de vida de um paiacutes para o outro a renda

medida pelo IDH eacute em doacutelar PPC (Paridade do Poder de Compra) que elimina essas

diferenccedilas

93

Para calcular o IDH de uma localidade faz-se a seguinte meacutedia aritmeacutetica

(onde L = Longevidade E = Educaccedilatildeo e R = Renda)

nota pode-se utilizar tambeacutem a renda per capita (ou PNB per capita)

Legenda

bull EV = Expectativa de vida

bull TA = Taxa de Alfabetizaccedilatildeo

bull TE = Taxa de Escolarizaccedilatildeo

bull log PIBpc10 = logaritmo decimal do PIB per capita

O IDH varia de zero (nenhum desenvolvimento humano) ateacute 1 (desenvolvimento

humano total) sendo os paiacuteses classificados deste modo

bull Quando o IDH de um paiacutes estaacute entre 0 e 0499 eacute considerado baixo

bull Quando o IDH de um paiacutes estaacute entre 0500 e 0799 eacute considerado meacutedio

bull Quando o IDH de um paiacutes estaacute entre 0800 e 1 eacute considerado alto

Para o bairro de Acari onde o Complexo estaacute situado o PNUD tem tabulado os

seguintes dados para o uacuteltimo Censo de 2000

Ordem

segundo IDH

Bairro Esperanccedila de

vida ao nascer

(em anos)

Taxa de alfabetizaccedilatildeo de adultos ()

Taxa bruta de frequecircncia escolar ()

Renda per

capita (em R$ de 2000)

Iacutendice de Longevidade

(IDH-L

Iacutendice de Educaccedilatildeo

(IDH-E

Iacutendice de Renda (IDH-R)

Iacutendice de Desenvolvimento

Humano Municipal (IDH)

124 Acari 6393 9168 7944 17412 0649 0876 0634 0720

94

O que representa o IDH para o Bairro de Acari Representa a oferta de subsiacutedios para

que o Estado concentre seus investimentos em poliacuteticas puacuteblicas Que segundo BODSTEIN amp

ZANCA (2008)

ldquofornecer dados para o combate a pobreza e o enfrentamento dos problemas sociais atraveacutes da comparaccedilatildeo das condiccedilotildees de vida enfatizando a relaccedilatildeo entre pobreza e ausecircncia de acesso da populaccedilatildeo aos bens e serviccedilos essenciais para a qualidade de vidardquo

Representa tambeacutem a chance de se dispor de dados confiaacuteveis para o investimento

real Mas como todo indicador o IDH tem as suas falhas Por exemplo em Sauacutede ldquonatildeo basta

saber o quanto cada paiacutes aloca no setor sauacutede como percentual de seu PIB o mais

importante eacute quatildeo eficientemente esses recursos tecircm sido empregadosrdquo CICONELLI et ali

(2005)

Na modalidade discursiva ndash Prevenccedilatildeo a Representaccedilatildeo Social que mais se destaca

estaacute ainda inserida no contexto de lixo e educaccedilatildeo conforme as seguintes entrevistas

ldquo vocecirc tiver o espaccedilo fiacutesico de lazer compatiacutevel com as nossas moradias eacute

favoraacutevel o crescimento da crianccedila do adolescente e o adulto saudaacutevel

seja dentro da nossa casa seja na comunidade seja no espaccedilo de lazer seja

onde noacutes tivermos se tiver limpeza agente vai ter uma sauacutede equilibrada se

agente tiver sujeira e imundiacutecie agente natildeo vai ter sauacutederdquo

ldquo se todo mundo em favela viver em um ambiente limpo e saudaacutevel vai ter

com certeza sauacutede saudaacutevel Mas se agente viver na comunidade esse espaccedilo

fiacutesico se natildeo for bem tratado saneamento baacutesico com certeza vatildeo ter essa

comunidade esse espaccedilo ecoloacutegico uma vivecircncia ruimrdquo

ENTREVISTA 1

Talvez o relato mais crucial para a questatildeo que envolve sauacutede e o ambiente onde se

vive fique a cargo da Equipe do Programa de Sauacutede da Famiacutelia

95

ldquo o ideal do programa sauacutede da famiacutelia o objetivo natildeo eacute curativo uma vez

que nosso objetivo eacute a prevenccedilatildeo da sauacutede e agente natildeo tem essa

oportunidade porque agente soacute trabalha com cura melhoria agente ainda

natildeo conseguiu definir esse objetivo de promover a sauacutede prevenir Agente

soacute parte do tratamento porque eu acho que esse conceito ainda falta na

populaccedilatildeo a demanda eacute muito grande entatildeo o programa de sauacutede da

famiacutelia aqui neste momentordquo

ENTREVISTA 6

A prevenccedilatildeo deveria ser uma palavra mais corrente natildeo soacute na aacuterea da sauacutede com

tambeacutem na aacuterea ambiental A expressatildeo ldquoprevenir eacute melhor do que remediarrdquo eacute quase sempre

aceita sem questionamento pois todos concordam que medidas preventivas simples devam

ser tomadas se puderem evitar consequumlecircncias graves ou de difiacutecil reparaccedilatildeo No entanto nem

todas as medidas preventivas mesmo que eficazes satildeo realizadas seja por serem de difiacutecil

implementaccedilatildeo praacutetica ou porque o risco do evento que destinam a prevenir eacute baixo Esta

afirmaccedilatildeo pode causar alguma estranheza mas eacute de faacutecil compreensatildeo ao nos depararmos

com situaccedilotildees fora da aacuterea da sauacutede

Um dos principais objetivos ao se estabelecer procedimentos preventivos eacute portanto

verificar se haacute uma boa relaccedilatildeo entre os benefiacutecios alcanccedilados na prevenccedilatildeo e os custos

envolvidos (natildeo apenas financeiros) Pode-se falar em vaacuterios niacuteveis diferentes de prevenccedilatildeo

na praacutetica em sauacutede

bull A prevenccedilatildeo primaacuteria refere-se a medidas para reduzir ou evitar a exposiccedilatildeo a

fatores de risco que satildeo associados com doenccedilas Inclui modificaccedilotildees de

haacutebitos de vida diretamente ligados agraves principais causas de mortalidade e

inclui uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e balanceada a praacutetica regular de atividade

fiacutesica evitar o consumo excessivo de aacutelcool e o tabagismo

bull A prevenccedilatildeo secundaacuteria refere-se agrave detecccedilatildeo precoce de doenccedilas em

programas de rastreamento

bull A prevenccedilatildeo terciaacuteria que satildeo as medidas que visam prevenir complicaccedilotildees

durante o tratamento de doenccedilas e que se confunde com o proacuteprio tratamento

96

Em sauacutede eacute fundamental se pensar em prevenccedilatildeo Ela facilita a vida dos usuaacuterios

inclusive evitando que as unidades hospitalares entrem em colapso devido agrave grande procura

Mas apesar da ciecircncia desse termo a sua apropriaccedilatildeo pelo brasileiro ainda eacute restrita e haacute uma

lacuna de investigaccedilatildeo do por que ainda eacute indevida O brasileiro aceita com mais agrado a

prevenccedilatildeo terciaacuteria em sauacutede em detrimento da primaacuteria

Um bom exemplo eacute o problema da Dengue Esta jaacute eacute endecircmica e potencialmente

prevenida uma vez que limitando os criadouros do Aedes aegypt se reduz a frequumlecircncia de

casos A prevenccedilatildeo no caso da dengue mesmo que conhecida natildeo eacute efetuada e quando o

veratildeo chega milhares de pessoas datildeo entradas nos serviccedilos de sauacutede para o tratamento

curativo que representa custos imensos para os usuaacuterios quanto maior for o seu descaso com

a prevenccedilatildeo

Eacute um item para se colocar sob a eacutegide da educaccedilatildeo Sim o eacute Mas a populaccedilatildeo

permanece em um letaacutergico e irritante movimento que nunca iraacute acontecer e com isso nunca

se previne E todo ano a histoacuteria se repete A dengue eacute um problema ambiental seu ciclo de

existecircncia envolve o homem e o ambiente onde vive e tem o meso como sua principal viacutetima

ldquo ah tem haver principalmente com a populaccedilatildeo A populaccedilatildeo eacute o

principal responsaacutevel pela Dengue tudo bem que os governantes deixam a

desejar com a limpeza dos valotildees essas coisas neacute Tratamento assim mas a

populaccedilatildeo ateacute hoje consegue deixar garrafa de boca pra cima caixa drsquoaacutegua

destampada entatildeo isso aiacute eacute falta de educaccedilatildeo do povo Se a populaccedilatildeo se

educasse natildeo estariacuteamos nesta situaccedilatildeo Depois de tantas mortes tanta

coisa tanta propaganda tanta notiacutecia na televisatildeo e no raacutedio as pessoas

conseguem deixar a caixa drsquoaacutegua destampada E natildeo satildeo soacute o pobre natildeo os

ricos tambeacutem neacuterdquo

ENTREVISTA 7

ldquoAqui estaacute uma epidemia jaacute morreu crianccedila adulto jovens tem muita gente

internada hoje mesmo no meu trabalho a minha professora de educaccedilatildeo

fiacutesica tava falando que um rapaz novinho taacute todo dia na padaria comprando

patildeo tava com problema de dengue internado com problema seacuterio agente

fica a parte de sauacutede principalmente agente estaacute jogado as baratas Vai

97

pro hospital natildeo tem meacutedico vai no pan natildeo tem meacutedico e aiacute pra ficar

doente passando mau

ENTREVISTA 8

ldquoAcho que a sauacutede vem desde a prevenccedilatildeo Se natildeo houver prevenccedilatildeo natildeo

haacute sauacutede Porque natildeo age soacute que a pessoa tem que a pessoa tem que fazer

aquela prevenccedilatildeo ali pra que natildeo fique doente entendeu Pra que natildeo

pegue algum tipo de viacuterus ou outra coisa Natildeo eacute soacute depois que estaacute doente

cuidar daquilordquo

ENTREVISTA 3

Jaacute o consumismo foi abordado de diversas formas

ldquoO carro eu acho assim noacutes necessitamos dele acho que o carro nos

traz mais conforto eu acho que carro eacute necessidade mas no meio ambiente

ele danifica salta gaacutes polui o ar

ldquoA mesma coisa ai satildeo celulares aparelhos que vocecirc usa pilha usa coisa

que ele danifica tambeacutem o meio ambiente por exemplo eu li uma vez por

exemplo que a ldquoguimbardquo de cigarro se vocecirc colocar ele demora para a

natureza a terra absorver duzentos anos neacute Vi tambeacutem que a garrafa

plaacutestica demora mais de 300 anos para danificar isso plaacutestico entatildeo isso eacute

ENTREVISTA 1

O consumismo eacute tratado com reservas primeiro porque as condiccedilotildees econocircmicas no

contexto deste Complexo natildeo permitem o gasto excessivo com bens materiais ou

investimentos imediatos como melhorias nas habitaccedilotildees ou itens de luxo Mesmo assim

pessoas manifestaram a necessidade de um determinado bem Articularam atraveacutes das suas

falas que conforto e consumismo podem ser dependentes E uma vez generalizando

98

sublimam as paixotildees por determinados produtos tecnoloacutegicos de ponta Mas mesmo com esse

olhar tiacutemido foi comum encontrar o consumismo associado tambeacutem agrave poluiccedilatildeo e agrave produccedilatildeo

de resiacuteduos Exemplos como o carro pilhas plaacutestico e o cigarro vecircm corroborar a ideacuteia de que

o meio ambiente sofre tambeacutem com a produccedilatildeo industrial com o consumismo mais

diretamente relacionado agrave regulaccedilatildeo do seu uso implicando seu descarte na natureza (o

ambiente da favela)

Atualmente se discute por exemplo o destino que os beneficiados pelo Programa

Bolsa Famiacutelia datildeo ao provento que recebem do Governo Federal Inclusive dentro do

Complexo onde muitas famiacutelias aderiram ao consumismo neoliberal para o qual o Governo

se propotildee como alternativa MARTINS (2008)

622 REPRESENTANDO A SAUacuteDE E O MEIO AMBIENTE

Meio ambiente e Sauacutede satildeo temas absolutamente indissociaacuteveis O ser humano eacute parte

da natureza e precisa do meio ambiente saudaacutevel para ter uma vida salubre Os danos

causados ao meio ambiente provocam prejuiacutezos agrave sauacutede e vice-versa e a existecircncia de um eacute a

proacutepria condiccedilatildeo da existecircncia do outro GRANZIERA amp DALLARI (2005)

Segundo CUNHA (2005)

O artigo 225 da Constituiccedilatildeo Federal do Brasil estipula que Todos tecircm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado bem de uso comum do povo e essencial agrave sadia qualidade de vida impondo-se ao Poder Puacuteblico e agrave coletividade o dever de defendecirc-lo e preservaacute-lo para as presentes e futuras geraccedilotildees Nota-se que o dispositivo em foco eacute categoacuterico ao afirmar que o meio ambiente ecologicamente equilibrado eacute essencial agrave sadia qualidade de vida ou seja agrave proacutepria sauacutede

Ainda no artigo 200 que trata das atribuiccedilotildees do SUS no inciso VIII a colaboraccedilatildeo e

a proteccedilatildeo do meio ambiente satildeo citados Jaacute na Lei 693881 conhecida como Poliacutetica

Nacional do Meio Ambiente que tem por objetivo a preservaccedilatildeo melhoria e recuperaccedilatildeo da

qualidade ambiental favoraacutevel agrave vida e portanto agrave sauacutede visa a assegurar condiccedilotildees ao

desenvolvimento soacutecio-econocircmico e agrave proteccedilatildeo da dignidade humana Com isso

99

juridicamente as inter-relaccedilotildees entre sauacutede e meio ambiente deixam de ser atos exclusivos de

cada esfera para tornar a ser e se perceber como natildeo excludentes

CUNHA (idem) ainda cita o art 3ordm inciso III aliacutenea a ldquopoluiccedilatildeo como a

degradaccedilatildeo da qualidade ambiental resultante das atividades que direta ou indiretamente

prejudiquem a sauacutede a seguranccedila e o bem-estar da populaccedilatildeordquo e a Lei 808090 prevecirc uma

seacuterie de accedilotildees integradas relacionadas agrave sauacutede meio ambiente e saneamento baacutesico via

consignaccedilatildeo do meio ambiente como fator condicionante para a sauacutede

A sauacutede eacute resultante das condiccedilotildees objetivas de existecircncia resulta das condiccedilotildees de

vida bioloacutegica social e cultural e particularmente das relaccedilotildees que os homens estabelecem

entre si e com a natureza Portanto ela deve ser mantida atraveacutes de mecanismos que

incrementem a qualidade de vida e natildeo somente da assistecircncia Isso exige a articulaccedilatildeo de

todos os setores sociais e econocircmicos e desta forma o direito agrave sauacutede natildeo seria o pressuposto

que apenas nortearia as poliacuteticas setoriais de sauacutede mas um elo integrador que teria de

permear todas as poliacuteticas sociais do Estado balizadas pela participaccedilatildeo inclusive de poliacuteticas

econocircmicas

Segundo a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede a sauacutede eacute um estado de completo bem estar

fiacutesico mental e social e natildeo apenas a ausecircncia de afecccedilatildeo ou doenccedila Mas nas interaccedilotildees

sociais que ocorrem na esfera social de um espaccedilo citadino esta definiccedilatildeo ainda eacute restrita

pois sauacutede tambeacutem se correlaciona com ecologia aleacutem disso sauacutede eacute um ldquoprocesso dinacircmico

que se alcanccedila na medida em que os atores sociais se articulem ou natildeo com todas as

variaacuteveis implicadas para este processordquo FIOCRUZ (2001)

O tema ldquoO homem sua sauacutede e o ambiente em que ser viverdquo eacute oportuno pois fornece

uma reflexatildeo a respeito desta faceta ambiental que envolve sauacutede e o ser humano como

objeto de estudo ainda mais quando natildeo se nega a sua participaccedilatildeo social como fator

limitante da sua sauacutede

Para Sauacutede e Meio ambiente as representaccedilotildees sociais foram

bull Equiliacutebrio Fiacutesico-Mental sentir-se saudaacutevel viver bem limpeza de onde se vive

bull Esgoto saneamento vala negra lixo casa lugar onde se vive aacutegua e Ar

desde as lideranccedilas ateacute moradores comuns a definiccedilatildeo claacutessica de sauacutede foi percebida

quase que unacircnime como revelada nas falas

100

ldquoEquiliacutebrio fiacutesico e mental pra mim sauacutede eacute isso equiliacutebrio fiacutesico e

mental Quando eu falo fiacutesico e mental vocecirc eacute uma pessoa saudaacutevel se vocecirc

tem um equiliacutebrio fiacutesico neacute Eu to bem fisicamente mentalmente eu to bemrdquo

ENTREVISTA 1

- Sauacutede eacute o bem estar fiacutesico e mental neacute Boa alimentaccedilatildeo higiene eacute o

estado de espiacuterito perfeito neacute A pessoa sem sauacutede eacute nada entatildeo pra se ter

sauacutede tem que ter boa alimentaccedilatildeo acompanhamento meacutedico

ENTREVISTA 7

ldquo Bem estar fiacutesico e mental de cada pessoardquo

ENTREVISTA 6

ldquosobre tudo condiccedilatildeo socialrdquo

ENTREVISTA 6

ldquoeacute difiacutecil vocecirc falar em cima dessas para mim essa abrange tudo natildeo tenho

que acrescentar a isso Agora eu acho que vocecirc pode natildeo necessariamente

estar bem psicologicamente para mim eacute o mesmo que estar psicologicamente

para ela pode ser diferente Eu acho que isso pode ser nivelado eu acredito

natildeo eacute a mesma coisa pra todo mundo Natildeo tem como vocecirc dizer que todo

mundo vai ter o niacutevel de sauacutede igual vai achar a mesma coisa Vocecirc pode

dizer a mesma coisa mas na verdade natildeo acha a mesma coisardquo

ENTREVISTA 6

O que seria equiliacutebrio fiacutesico-mental para aquelas pessoas Primeiramente um termo

usado com frequumlecircncia na definiccedilatildeo claacutessica de sauacutede Mas natildeo eacute soacute isso pois haacute um

entendimento de que sauacutede natildeo se liga somente ao estado fiacutesico Os processos de cogniccedilatildeo

tambeacutem satildeo passiacuteveis de serem caracterizados por serem ou natildeo saudaacuteveis onde se inclui

101

tambeacutem o humor e o estado de espiacuterito A fala deste entrevistado natildeo eacute muito definidora mas

revela a importacircncia de se estar bem mentalmente para se ter sauacutede

ldquoEu to bem fisicamente mentalmente eu to bemrdquo

ENTREVISTA 1

A construccedilatildeo do ldquoestar bem mentalmenterdquo tambeacutem subsidiada pela dinamicidade do

processo que eacute a sauacutede eacute na verdade um equiliacutebrio dinacircmico tanto mais precaacuterio quanto

maiores forem agraves necessidades baacutesicas incompletas

Aleacutem do ldquoestar bem mentalmente e estar bem fisicamenterdquo sauacutede eacute tambeacutem saber

gerir seu local de moradia que envolva cuidado higiene ldquolimpezardquo e o cuidado com o

proacuteximo (depoimento sobre a dengue)

Segundo as entrevistas a participaccedilatildeo social eacute precaacuteria apesar de as associaccedilotildees de

moradores tentarem congregar todo o Complexo muito dos seus moradores ainda continuam

sem participaccedilatildeo E a dinacircmica dessa participaccedilatildeo eacute um universo que varia desde oposiccedilatildeo

direta aos representantes nomeados pelas associaccedilotildees agrave aquele morador que natildeo participa e

natildeo se fazer ouvir mas assim acaba beneficiando se passivamente das poliacuteticas puacuteblicas e

das tomadas de decisotildees

Ter sauacutede eacute tambeacutem ocupar os espaccedilos puacuteblicos Eacute ter garantido o direito de ir e vir

uma vez que moram ao lado de grandes linhas de deslocamento como eacute o caso da Avenida

Brasil e a Linha 2 do Metrocirc

Ter sauacutede eacute contar com a participaccedilatildeo de ONGrsquos que promovem o cuidado dentro das

suas aacutereas de atividades Muitas delas funcionam como se fosse uma extensatildeo da famiacutelia pois

pelo conviacutevio e aceitaccedilatildeo muitas crianccedilas tecircm a oportunidade de aprender alguma cultura de

massa e preparar-se para o mercado de trabalho Como eacute o caso das atividades do Centro de

Estudos e Atendimento Satildeo Domingos Saacutevio e o Centro Social Futuro Feliz ambos situados

no Complexo

Ter sauacutede eacute tambeacutem depender do poder puacuteblico para que se limpem as ruas vielas e o

rio para que se cortem as aacutervores que estatildeo caindo sobre as casas para que se decirc uma soluccedilatildeo

para a questatildeo da dengue disponibilizado leitos hospitalares e meacutedicos

Em uma das visitas de campo foi possiacutevel deparar-se com uma equipe de combate a

dengue Em conversa com um membro da equipe foi perguntado sobre a demanda Foi

informado que a quantidade de focos para o desenvolvimento da larva do mosquito eacute

102

absurdamente elevado e que piorando a situaccedilatildeo os moradores natildeo se importam em combatecirc-

los por vezes impedindo o acesso da equipe a estes focos

Ter sauacutede eacute tambeacutem ter emprego ter salaacuterios dignos meios de transportes comida

abrigo de sol e chuva de ter raiacutezes seus iacutedolos sua muacutesica eacute ter uma referecircncia

A experiecircncia deste autor em sauacutede somada a alguns anos de praacutetica hospitalar fez ver

a correlaccedilatildeo entre doenccedilas e o ambiente Vaacuterias satildeo as doenccedilas capazes de incidir sobre as

populaccedilotildees a grande maioria delas estaacute relacionada com a degradaccedilatildeo humana e ambiental

das localidades onde se vive

As doenccedilas podem ter curso raacutepido e fatal como tambeacutem podem levar a cronicidade

Exemplo de doenccedila de raacutepida evoluccedilatildeo eacute a Meningite bacteriana e no oposto a ela a

Hanseniacutease ou o diabetes Haacute doenccedilas que satildeo transmitidas por via hiacutedrica outras por via oro-

fecal outras provocadas pela poluiccedilatildeo do ar tantas outras por inalaccedilatildeo de produtos quiacutemicos

causadoras alteraccedilotildees geneacuteticas Algumas se relacionam ao trabalho ao descuido com

equipamentos de proteccedilatildeo Muitas favorecidas pela deficiecircncia alimentar ou a ignoracircncia Mas

todas tecircm uma linha em comum usam o espaccedilo geograacutefico para acontecerem

Um grande nuacutemero de pessoas vive hoje em dia em aacutereas degradadas Estas podem ser

por desmatamento contaminaccedilatildeo do ar ou do solo aacuterea densamente povoadas com

problemas relativos agrave violecircncia ou a seguranccedila puacuteblica Outras aacutereas podem ter industrias

poluentes no entorno ou rios ou lagos eutrofizados estes ambientes de moradia tambeacutem

podem estar nas margens das rodovias ou ferrovias Pela caracterizaccedilatildeo geograacutefica do

Complexo de Favelas Acari eacute significativo o impacto desses paracircmetros agrave sauacutede do morador

A pressatildeo do aumento populacional e da exploraccedilatildeo imobiliaacuteria associada agrave rede

deficitaacuteria de transportes puacuteblicos ou as oportunidades de mercado de trabalho tecircm levado

uma grande maioria de pessoas a habitar aacutereas degradadas Isto pode revelar uma faceta cruel

para esses habitantes

O ambiente degradado por natildeo oferecer vantagem econocircmica e muito menos ser

atraente agrave exploraccedilatildeo imobiliaacuteria tem um preccedilo de uso do solo muito menor do que outras

aacutereas da cidade Geralmente eacute para laacute que parcelas significativas da populaccedilatildeo migram e

estabelecem residecircncia pois encontram casas barracos terrenos em condiccedilotildees que podem

comprar alugar ou mesmo ocupar Muitas das vezes satildeo preacutedios abandonados natildeo chegando a

constituir favela e sim invasotildees

Esses espaccedilos ambientais escondem uma dura rotina Falta saneamento transporte

espaccedilo e seguranccedila para lazer escola e atendimento em sauacutede Por vezes satildeo aacutereas

alagadiccedilas

103

A faceta cruel da realidade eacute o custo social que seus moradores tecircm quando pertencem

a esse espaccedilo ambiental Um dos entrevistados mostrou sua indignaccedilatildeo ante a degradaccedilatildeo

ambiental em que vive uma realidade vivencia do mesmo Complexo

ldquoEntatildeo vou dizer laacute da beirada do rio se vocecirc for a beirada do rio de Acari

depois do hospital vocecirc vai dizer que poliacutetico eacute esse que temos nesse

municiacutepio se entra laacute eu tava com chinelo de dedo e fui laacute procurar um

menino aconteceu um acidente uma rato mordeu aqui nele (no rosto) na

mulher tambeacutem (braccedilo) eu fui laacute entrei nos meus dedos tinha aquela lama

preta e dentro de casa natildeo eacute cimento natildeo eacute chatildeo batido uacutemido que as

pessoas botam tapete que eles encontram no lixo taacutebua ou papelatildeo Levo

quem quiser laacute eu falo pra poliacutetico eu levo laacute eu levo aquilo tudo imundo

cheio de verminose as crianccedilas descalccedilas eu vejo isso no meio do complexo

de Acari se vocecirc procurar nos becos da favela se anda aiacute se vecirc muito coco

de animais aqui natildeo se vecirc crianccedilaeacute porco cabrito gato cachorro tudo

faz por aiacute e as crianccedilas brincando mesmo com a favela bairro mal feita

ainda tem lugares que ta faltando aacutegua natildeo tem aacutegua potaacutevel na hora que

fez favela bairro tirou um cano novo botou um velho soacute que o velho neacute O

novo natildeo passa aacutegua e o velho tambeacutem Umas pessoas tecircm aacutegua outros

lugares aqui na rua do viaduto cansam de reclamar isso e os proacuteprios

bueiros mal feitos neacute Quando tem uma chuva bem forte os bueiros natildeo satildeo

limpos que o gari daqui vocecirc sabe limpar as ruas eu que vejo os garis de

outros lugares que eles limpam os bueiros tambeacutem de outro lugar vocecirc em

outro lugar a diferenccedila limpam as ruas do Meacuteier lavam as ruas aqui nem

em dia de feira lavam as ruasentatildeo vocecirc vecirc a diferenccedila disso tudo Se vocecirc

andar no conjunto de manhatilde esse conjunto aqui vocecirc vai ver de copo

descartaacutevel papel que jogamah se vocecirc se andar nas ruas becos vocecirc vecirc

muita sujeira os gari acabam de limpar e se eles voltarem duas horas

depois estaacute tudo sujo

ENTREVISTA 1

Dentre as diversas doenccedilas em curso hoje solo brasileiro o Ministeacuterio da Sauacutede

pontua algumas como doenccedilas de notificaccedilatildeo compulsoacuteria E para isso se utiliza do SINAN ndash

104

Sistema Nacional de Agravos de Notificaccedilatildeo onde atraveacutes dele armazena e processa os dados

referentes a essas doenccedilas O SINAN tem a finalidade de com as informaccedilotildees geradas

contribuir para orientar e monitorar as intervenccedilotildees dos serviccedilos e reduzir a transmissatildeo e

aquisiccedilatildeo das doenccedilas Trabalha com a detecccedilatildeo de agravos coletivos em condiccedilotildees especiais

de risco e vulnerabilidade A porta de entrada para esses dados satildeo as unidades de sauacutede

como postos de sauacutede hospitais e o Programa de Sauacutede da Comunidade quando natildeo

campanhas de sauacutede na proacutepria comunidade

Segundo o SINAN deve ser preenchido um formulaacuterio especiacutefico para cada doenccedila e

essa notificaccedilatildeo eacute obrigatoacuteria As doenccedilas de notificaccedilatildeo obrigatoacuterias satildeo

Fonte Centro Nacional de Epidemiologia

Fica a cargo da Secretaria Municipal de Sauacutede gerir os dados relativos a essas e muitas

outras doenccedilas e repassaacute-los ao Ministeacuterio da Sauacutede Como exemplo se utilizou de dados do

Serviccedilo de Epidemiologia da Secretaria Municipal de Sauacutede do Rio de Janeiro

A proacutepria Secretaria em seu site fornece algumas tabulaccedilotildees de dados Eles estatildeo

atualizados ateacute o ano de 2006 Os anos de 2007 e 2008 apesar de jaacute terem dados suficientes

descoberta de novos casos natildeo estatildeo disponiacutevel pois se encontram ainda em fechamento

As tabelas de 2-B a 7-B mostram em niacuteveis a incidecircncia da doenccedila ou agravo O

primeiro niacutevel eacute o Municiacutepio do Rio de Janeiro seguido da aacuterea de planejamento da sub-aacuterea

e por fim o bairro Porque mostrar desta forma Para que haja uma comparaccedilatildeo dos casos da

doenccedila ou agravo levando em conta o contexto e as aacutereas no entorno Assim se consegue

105

perceber se a doenccedila ou agravo eacute local ou haacute casos espalhados pelo extenso territoacuterio do

Municiacutepio

A aacuterea de planejamento eacute uma definiccedilatildeo organizacional caracteriacutestico de cada

Secretaria em Sauacutede o Municiacutepio do Rio de Janeiro eacute dividido em cinco aacutereas Jaacute a aacuterea de

planejamento eacute subdividida em aacutereas menores ficando o bairro Acari pertencendo a AP 33

dentro da sub-aacuterea XXV que eacute Pavuna Entatildeo por esta estratificaccedilatildeo tenta-se mostrar a

incidecircncia de algumas doenccedilas ou agravos

A tabela 8-B mostra tambeacutem que a quantidade de casos de agressatildeo por animais

domeacutesticos eacute elevada para aquela comunidade Isto se deve ao fato de que haacute uma expressiva

populaccedilatildeo destes animais naquela comunidade muitos dos quais vivem nas ruas A

permissibilidade de se ter catildees ou gatos sem nenhuma responsabilidade do proacuteprio dono eacute

caracteriacutestico de aacutereas de baixo poder aquisitivo O que no final acaba promovendo episoacutedios

de agressatildeo principalmente agraves crianccedilas Pois se sabe que os casos notificados natildeo

correspondem agrave realidade uma vez que os adultos satildeo muito refrataacuterios na notificaccedilatildeo dos

casos de mordedura ou ateacute mesmo um arranhatildeo com animais domeacutesticos Como o Complexo

como um todo tem muitos problemas de higiene e controle da sua populaccedilatildeo de animais a

questatildeo ndash animal domeacutestico tem que ser estudada com atenccedilatildeo ainda mais que natildeo satildeo soacute

estes animais os privilegiados para dividirem o restrito espaccedilo com o ser humano haacute outros

como caprinos e suiacutenos que foram mencionados nas entrevistas Logo disponibilizar dados

referentes a estes ldquomoradoresrdquo tambeacutem assume uma importacircncia de modo que sejam

executadas intervenccedilotildees como a remoccedilatildeo do agravo

Um grande problema de difiacutecil resoluccedilatildeo para os moradores do Complexo de Acari eacute a

reduccedilatildeo da sua populaccedilatildeo de roedores ndash rattus sp Estes animais assim como mosquitos

moscas e as baratas tornaram-se bem adaptados por encontrarem alimento em abundacircncia

que proveacutem do desperdiacutecio e da sujidade Consequumlentemente o ambiente urbano tem uma

imensa populaccedilatildeo que traz tantos outros problemas para o ser humano A convivecircncia com

estes animais natildeo eacute nem de longe uma ato saudaacutevel

Um grande problema enfrentado eacute a leptospirose Uma vez que o rato esteja infectado

com a bacteacuteria Leptospira sp ele pode liberaacute-la atraveacutes da urina no ambiente O ambiente

mais comum de se encontrar ratos satildeo os esgotos forros de teto dentro de colchotildees dentro de

fogotildees torna-se faacutecil com isto relacionar a probabilidade que o ser humano tem de ser

contaminar-se e adoecer de leptospirose ndash uma zoonose Haacute risco de ocorrecircncia ampliado

quando haacute enchentes produzidas por chuvas intensas Pois por soluccedilatildeo de continuidade a

106

aacutegua do esgoto que pode estar contaminada eacute a mesma aacutegua que iraacute invadir as ruas e ateacute

mesmo as casas

O controle das populaccedilotildees de vetores eacute feito pela Vigilacircncia Sanitaacuteria Municipal O

municiacutepio do Rio de Janeiro atraveacutes do Decreto Municipal nordm 6235 de 30 de outubro de

1986 aprova o Regulamento da Defesa e Proteccedilatildeo da Sauacutede no tocante a alimentos e agrave

higiene habitacional e ambiental Mas natildeo trata diretamente quando o assunto eacute o rattus sp

Em 2007 estava tramitando na cacircmara dos vereadores um Projeto de Lei que enfocava

diretamente o rattus spcomo um animal portador de doenccedilas e causador de prejuiacutezos para a

economia local Nesta proposta de Lei Municipal houve uma tentativa de instituir a 3ordf semana

do mecircs de maio como a Semana de Combate aos ratos Este Projeto de Lei foi sancionado e

publicado no Diaacuterio Oficial do Municiacutepio no dia 08 de janeiro de 2008 criou-se entatildeo a Lei

Municipal nordm 474208 que institui no calendaacuterio oficial do municiacutepio do Rio de Janeiro a

semana de combate aos ratos

Para os moradores do Complexo de Acari

Ratos Aqui tem uma epidemia de rato rato mesmo subindo pelas paredes

Aqui tem muito rato muita umidade tem apartamento muito uacutemidordquo

ENTREVISTA 8

ldquoJaacute tatildeo jogando lixo ali no certo eacute eles colocar a noite que o cara passa

para recolher aquele lixo ajunta o quecircmosquito ratordquo

ENTREVISTA 10

ldquoE ali proacuteximo a Praccedila Roberto Carlos quando chove aquelas chuvas

intensas muitas casas ficam inundadas muitas residecircncias vamos dizer

assimrdquo

ENTREVISTA 11

As representaccedilotildees sociais ldquoesgoto e saneamentordquo se abordaraacute ao mesmo tempo pois

nas suas falas haacute uma linha tecircnue que faz deslocar a temaacutetica para um mesmo objeto A

107

percepccedilatildeo que se tem do esgoto e do saneamento se mescla com a proposta de o Estado

intervir levando melhorias urbaniacutesticas atraveacutes de uma das suas poliacuteticas puacuteblicas

intervencionistas ndash o Favela-Bairro

Segundo um entrevistado o Complexo de Acarai era

ldquoAcari era um peixe que vivia no lamaccedilal na imundicerdquo

ENTREVISTA 5

Entatildeo chegou o Favela-Bairro e com ele a modificaccedilatildeo do ambiente com a abertura de

ruas as vielas foram pavimentadas houve a proposta de centralizaccedilatildeo do despejo do lixo a

instituiccedilatildeo do Gari Comunitaacuterio a participaccedilatildeo dos Guardiotildees do Rio e a transformaccedilatildeo de

um posto de sauacutede em Programa de Sauacutede da Famiacutelia Mas infelizmente quanto a essa

iniciativa do Estado alguns moradores entrevistados deixam transparecer suas criacuteticas

ldquoO governo trouxe o favela bairro o que aconteceu A aacutegua Quando chove

o esgoto volta para casa das pessoas E a aacutegua Fica difiacutecil tambeacutem a aacutegua

que os moradores para ter aacutegua tem que ter bomba porque sem bomba fica

sem aacuteguardquo

ENTREVISTA 6 O problema da aacutegua no complexo de Acari assume uma importacircncia fundamental para

a manutenccedilatildeo do seu meio ambiente de modo a satisfazer suas necessidades baacutesicas Para uma

comunidade que tem forte histoacuteria de racionamento de aacutegua mesmo com as obras do favela-

bairro ainda se encontra pelas diversas casas o estoque de aacutegua em latotildees muita das vezes

bastante enferrujados baldes e bacias Isso prejudica na lavagem da louccedila dos forros de

cama no asseio do corpo no preparo dos alimentos e na ingestatildeo de aacutegua potaacutevel

ldquoPorque conscientizaccedilatildeo se demora muito neacute Vocecirc conscientiza uma

pessoa a pessoa entender isso Que agente pode ter divergecircncia de ideacuteia ou

achar que temos que beber aacutegua filtrada e a moradora dizer pra mim natildeo

eu bebo a aacutegua do latatildeo haacute vinte anosrdquo

ENTREVISTA 1

108

Ambientalmente o problema das aacuteguas estaacute se tornando um pesadelo para os seus

moradores Primeiro porque assim como qualquer outro lugar no Rio de Janeiro estatildeo

enfrentando um surto de dengue que com uma ajuda substancial das chuvas tem gerado um

boom na proliferaccedilatildeo de mosquitos Segundo porque a aacutegua tratada e distribuiacuteda pela

CEDAE natildeo chega para todos obrigando-os agrave estocagem

ldquo tem lugares que ta faltando aacutegua natildeo tem aacutegua potaacutevel na hora que fez

favela bairro tirou um cano novo botou um velho soacute que o velho neacute O

novo natildeo passa aacutegua e o velho tambeacutem Umas pessoas tecircm aacutegua outros

lugares natildeo Aqui na rua do viaduto cansam de reclamar issordquo

ENTREVISTA 1

ldquoO pessoal tem que acordar de madrugada para poder lavar roupardquo

ENTREVISTA 6

ldquoEstamos sem aacutegua ontem mesmo natildeo teve nem aula na creche porque

natildeo tinha aacutegua as matildees precisam trabalhar quem tem as crianccedilas na

creche para poder trabalhar teve que voltar com as crianccedilas pra casa

porque natildeo tinha nem aacutegua como iam fazer comida A diretora chegou na

escola natildeo tinham nem uma gota de aacutegua a CEDAE esquece da

gentechama faz pedidoagraves vezes o R tem que sair daqui para apanhar a

CEDAE laacute nao caminhatildeo da CEDAE laacute napra pegar o caminhatildeo para

trazer aquiaqui felicidade eacute poucordquo

ENTREVISTA 9

O Rio Acari eacute o curso drsquoaacutegua que separa os bairros de Acari e Parque Coluacutembia cursa

os bairros de Marechal Hermes Barros Filho Coelho Neto Pavuna Acari Parque Columbia

e Jardim Ameacuterica onde desaacutegua no rio Pavuna Seus afluentes satildeo rio Marangaacute rio

Sapopemba rio das Pedras e Arroio dos Afonso Este rio faz parte da Bacia Hidrograacutefica do

rio Meriti contribuinte agrave bacia da baiacutea de Guanabara

109

A drenagem do esgoto do bairro de Acari inclusive do Complexo eacute feito atraveacutes de

ligaccedilotildees diretas encaminhadas para o rio principalmente na favela Beira Rio como tambeacutem

pela Vala da Favela do Acari que eacute um curso drsquoaacutegua com 750 metros de extensatildeo que cursa

junto a Rua Uniatildeo Uma outra parte eacute escoada pelo Canal do CEASA

Pelo crescente processo de urbanizaccedilatildeo daquela regiatildeo ao longo dos anos o ambiente

natural foi praticamente modificado pela accedilatildeo antroacutepica que contribuiu e causou quadros

graviacutessimos de degradaccedilatildeo ambiental Inclusive pela permissividade do Estado por lhe faltar

mecanismos coibitivos seguros capazes de organizar a ocupaccedilatildeo e uso do solo A praacutetica da

degradaccedilatildeo ambiental tem causado problemas como

1) Ocorrecircncia de enchentes catastroacuteficas

2) Ocorrecircncia de inuacutemeros surtos de doenccedilas de veiculaccedilatildeo hiacutedrica

3) Erosatildeo das margens assoreamento e obstruccedilatildeo dos cursos daacutegua pelo

lanccedilamento de resiacuteduos soacutelidos e uso indevido do solo ateacute mesmo a ocupaccedilatildeo

dos terrenos marginais e a construccedilatildeo de aterros para instalaccedilatildeo de moradias

inclusive do tipo palafitas

4) Conflitos de uso da aacutegua

O sistema de drenagem pluvial eacute deficitaacuterio mesmo com a obra do Programa Favela-

bairro pois segundo seus moradores

ldquo e aliacute proacuteximo a praccedila Roberto Carlos quando chove aquelas chuvas

intensas muita casa fica inundada muitas residecircncias vamos dizer assimrdquo

ENTREVISTA 11

Um problema relacionado a essa drenagem ineficiente eacute o proacuteprio uso indiscriminado

do solo Haacute tantas moradias construiacutedas uma ao lado da outra que praticamente natildeo haacute solo

disponiacutevel para drenagem causando uma impermeabilizaccedilatildeo do solo Algumas das ruas pelo

menos as de maior circulaccedilatildeo pavimentadas contribuem para o acuacutemulo da aacutegua com

consequumlente inundaccedilatildeo das casas

Ateacute mesmo na Vala da Favela de Acari o fenocircmeno do transbordamento do seu leito eacute

bastante comum quando chove muito causando transtorno e prejuiacutezo para os moradores

daquela localidade

110

Outro grave problema ambiental percebido nas suas representaccedilotildees foi o descarte de

lixo no proacuteprio rio Acari e na Vala da Favela de Acari Os resiacuteduos soacutelidos natildeo escoam

facilmente com o volume de aacutegua encontrado em periacuteodos natildeo chuvosos Isto eacute devido agrave

baixa vazatildeo do rio assim o lixo vai se acumulando e formando ldquoilhasrdquo Com a vazatildeo

aumentada por conta das chuvas o lixo acumulado obstrui a circulaccedilatildeo da aacutegua alagando as

residecircncia no seu entorno e impedindo a drenagem da aacutegua da Vala da Favela de Acari

levando esta a seu transbordamento

ldquoEu ateacute discuto isso muito em que tem que orientar os moradores a natildeo

jogar as coisas que eles natildeo usam mais no rio e eles acabam jogando e daacute

enchente e enchente vaacuterios barracos na beirada do rio vatildeo ser levadas

vaacuterias famiacutelias eacuteflageladas sem onde morar vocecirc vecirc que baixa a enchente

as pessoas voltam a morar a fazer seus barracos e continuam jogando seus

detritosrdquo

ENTREVISTA 1

Os Guardiotildees do Rio satildeo moradores da proacutepria comunidade satildeo recrutados pela

Secretaria Municipal de Meio Ambiente atraveacutes do Programa de Valorizaccedilatildeo Ambiental de

Rios e Lagoas com a finalidade de recuperaccedilatildeo dos corpos drsquoaacutegua do Municiacutepio No

Complexo de Acari eles tecircm realizado a limpeza do rio retirando o lixo que uma vez

depositado viram barreiras ao escoamento da aacutegua inclusive carcaccedila de carros

ldquoVocecirc vecirc o rio Acari hoje melhorou um pouco por que existe os guardiotildees

do rio Satildeo homens que satildeo pagos pela prefeitura pela meio ambiente que eacute

da secretaria do meio ambiente que eacute daqui da prefeitura que faz a limpeza

do rio dos detritos que os proacuteprios moradores jogam no riordquo

ENTREVISTA 1

Natildeo haacute tratamento de aacutegua o esgoto do Complexo de Acari eacute todo lanccedilado ldquoin naturardquo

para dentro do rio Acari Este recebe esgoto sanitaacuterio ainda dos seus afluentes e na regiatildeo do

Distrito Industrial de Honoacuterio Gurgel e Coelho Neto passa a captar efluentes industriais

111

Logo depois de desaguar no Rio Pavuna 1600m a jusante encontra-se a Estaccedilatildeo de

Tratamento e Esgoto Pavuna jaacute na altura do Jardim Ameacuterica Esta estaccedilatildeo tem capacidade

para processar 1000 ls com 400 km de rede (Fig 5-B)

Natildeo se pode deixar de enunciar aqui a presenccedila de um grande hospital dentro do

Complexo Chamado de Hospital Ronaldo Gazolla ainda se encontra fechado Eacute ma imensa

estrutura que promete atendimento secundaacuterio e terciaacuterio em sauacutede Mas tamanha capacidade

de procedimentos traz consequumlentemente grandes impactos ambientais Este hospital tem

capacidade de congregar moradores tanto das regiotildees norte e oeste do Municiacutepio do Rio de

Janeiro quanto da Baixada Fluminense assim gerando problemas com o aumento de

circulaccedilatildeo humana na localidade

Outra situaccedilatildeo eacute o aumento da carga de dejetos provenientes do hospital para dentro

do Rio Acari Muitos desses aleacutem de serem dejetos humanos com alta carga bacteriana multi-

droga resistentes satildeo constituiacutedos tambeacutem por aacutegua de lavagem de materiais contaminados

dejetos de limpeza de superfiacutecies e pisos misturados a soluccedilotildees desinfetantes aacutegua de

lavanderia aacuteguas das caldeiras os resiacuteduos de procedimentos do centro ciruacutergico dos

ambulatoacuterios do laboratoacuterio de anaacutelises cliacutenicas e anatomopatoloacutegico Soacute desses dois uacuteltimos

devido a grande quantidade de substacircncias reagentes empregadas apresentam quantidades

consideraacuteveis de fenoacuteis aacutecidos e produtos enzimaacuteticos gerados nas reaccedilotildees bioquiacutemicas

BRATFICH (2008)

A RDC 5002 da ANVISA dispotildee sobre o Regulamento Teacutecnico para planejamento

elaboraccedilatildeo e avaliaccedilatildeo de projetos fiacutesicos de estabelecimentos assistenciais de sauacutede Ela

normatiza inclusive o esgoto hospitalar orientando a natildeo descarga do esgoto hospitalar ldquoin

naturardquo nos corpos hiacutedricos que no caso do Hospital Ronaldo Gazolla o rio Acari Dentre os

itens a RDC aborda as Caixas de Separaccedilotildees de mateacuterias usuais e as especiacuteficas para material

quiacutemico em atividade como gordura produtos de lavagem separaccedilatildeo de gesso fixadores e

reveladores de equipamentos de imagem Esta RDC prevecirc que uma vez o esgoto sendo

tratado poderaacute ser lanccedilado na rede de esgoto implantada normalmente

A Lei 943397 institui a Poliacutetica Nacional de Recursos Hiacutedricos cria o Sistema

Nacional de Gerenciamento de Recursos Hiacutedricos e regula o inciso XIX do art 21 da

Constituiccedilatildeo Federal e altera o art 1ordm da Lei 800190 que modificou a Lei 799089 Ela

estabelece que a aacutegua eacute de domiacutenio puacuteblico limitado dotado de valoraccedilatildeo econocircmica Esta

Lei estabelece a outorga pelo uso dos recursos hiacutedricos inclusive usos que alterem a

quantidade e a qualidade da aacutegua existente em um corpo de aacutegua

112

Aleacutem desta lei federal lei estadual 323999 institui a poliacutetica estadual de Recursos

Hiacutedricos criando assim o sistema estadual de gerenciamento de recursos hiacutedricos

regulamentando o artigo 261 paraacutegrafo 1ordm inciso VII Como nota-se o Brasil eacute eficiente em

sua legislaccedilatildeo ambiental mas o que se torna preocupando eacute a fiscalizaccedilatildeo que se tem emabasa

em todos os dispositivos coibitivos e organizacionais de que dispotildee o sistema juriacutedico

ambiental brasileiro

Existem outras formas de poluiccedilatildeo que podem alterar a qualidade de vida dos

moradores do Complexo e estas podem ter origem no seu ambiente externo tais como a

degradaccedilatildeo da qualidade do ar

O limite sul do Complexo de Acari se situa nas margens da Avenida Brasil que

diariamente tem um fluxo da ordem de 200000 veiacuteculos por dia Esse fluxo intenso impacta

tambeacutem o meio ambiente causando problemas sobre as populaccedilotildees do entorno Eacute estimado

que 60 da poluiccedilatildeo atmosfeacuterica na regiatildeo das grandes cidades satildeo decorrentes dos veiacuteculos

automotores de acordo com o site AMBIENTEBRASIL e que apesar dos dispositivos na

resoluccedilatildeo CONAMA 00390 a Lei 253996 das campanhas governamentais da participaccedilatildeo

das empresas fabricantes de combustiacuteveis o Brasil tem ainda uma frota de carro bastante

antiga com motores de baixo rendimento e problemas como de escapamento

Associado ao produto do escapamento dos motores automotivos que circulam pela

Avenida Brasil e pela Avenida Automoacutevel Clube os moradores do Complexo tambeacutem sofrem

com a poluiccedilatildeo industrial promovida pelas induacutestrias localizadas no parque industrial de

Honoacuterio Gurgel

Segundo o site SITEENGENHARIA o Municiacutepio do Rio de Janeiro fica em segundo

lugar de um ranking de 15 cidades que mais libera material particulado na atmosfera

perdendo somente para a cidade de Satildeo Paulo

A resoluccedilatildeo supracitada do CONAMA estabelece alguns conceitos para a poluiccedilatildeo do

ar

ldquoPara os efeitos desta Resoluccedilatildeo ficam estabelecidos os seguintes conceitos I ndash Padrotildees Primaacuterios de Qualidade do Ar satildeo as concentraccedilotildees de poluente que ultrapassadas poderatildeo afetar a sauacutede da populaccedilatildeo II ndash Padrotildees Secundaacuterios de Qualidade do Ar satildeo as concentraccedilotildees de poluentes abaixo das quais se prevecirc o miacutenimo efeito adverso sobre o bem-estar da populaccedilatildeo assim como o miacutenimo dano agrave fauna agrave flora aos materiais e ao meio ambiente em geralrdquo

113

Essa poluiccedilatildeo faz com que durante os meses mais frios por exemplo de maio a

setembro haja a incidecircncia de diversas doenccedilas respiratoacuterias e os gastos com a sauacutede atingem

cifras de milhotildees de reais Autores como MOTTA et ali (1998) propuseram algumas formas

de se valorar os impactos causados pela poluiccedilatildeo atmosfeacuterica na sauacutede humana onde utilizou

metodologias como o Meacutetodo de Valoraccedilatildeo Contingente na busca por estimar a disposiccedilatildeo a

pagar pela reduccedilatildeo da incidecircncia de doenccedilas e do risco de morte o da produtividade marginal

na qual se estima a produccedilatildeo sacrificada do trabalhador associada ao dano ambiental o

mercado de bens substitutos onde se faz uma avaliaccedilatildeo com base em recursos econocircmicos

que foram direcionados para mitigar os problemas causados pela degradaccedilatildeo ambiental a

abordagem da produccedilatildeo sacrificada dos anos e vida perdidos que eacute baseada na teoria do

capital humano

Outro problema que reflete na sauacutede dos seus moradores eacute a elevada temperatura

ambiental por falta de aacutereas verdes e ruas arborizadas Em um complexo de favelas este fato

eacute tiacutepico pois haacute um aglomerado de casas que como jaacute foi dito anteriormente natildeo sobra

espaccedilo para se ter quintal As aacutereas de lazer dentro do Complexo satildeo basicamente formadas

por concreto (Figs 6-B e 7-B) Haacute um predomiacutenio de vielas em lugar de ruas E isso

associado agrave falta de espaccedilo impede programas de arborizaccedilatildeo

A elevada temperatura aumenta o metabolismo corporal acelera as funccedilotildees

enzimaacuteticas e traz desconforto para e exacerbaccedilatildeo de doenccedilas crocircnicas como a Hipertensatildeo

Arterial o Diabetes Mellitus Aleacutem disso aumenta o nuacutemero de insetos e promove a

proliferaccedilatildeo bacteriana em locais sujos e sem cuidado Inclusive torna-se um problema

alimentar para aqueles que natildeo dispotildeem de refrigerador para conservar seus alimentos

63 A CRISE ECOLOacuteGICA NA BUSCA POR CIDADANIA

A crise ecoloacutegica hoje em curso eacute produto de uma cultura global desenvolvida e

aceita mesma que natildeo unacircnime Envolve as diversas sociedades trazendo problemas

globalmente localizados que ao longo dos anos tecircm se tornado entraves para a

autodeterminaccedilatildeo dos povos Em seu bojo encontram-se as contradiccedilotildees que levam agrave

associaccedilatildeo de ideacuteias e dos conceitos dominantes que segundo DIAS (1996) funciona como

um pacto chamado ndash modelo de desenvolvimento pelos altos requerimentos energeacutetico

114

materiais A crise ecoloacutegica eacute perversa em se tratando de meio ambiente urbano A Fig 9-b

traz uma percepccedilatildeo das aacutereas de interseccedilatildeo que a crise ecoloacutegica estaacute representada

A cidade no contexto do presente trabalho eacute o constituinte principal eacute onde se

desenvolve-se toda a gama de conflitos envolvendo seus moradores e seu entorno Satildeo

milhares de pessoas afetadas diariamente na troca que estabelecem consigo mesmas e com o

exterior que por sua vez tambeacutem o eacute de outro O campo tambeacutem tem problemas parecidos

mas se optou aqui trabalhar com o segmento ndash cidade

DIAS (idem) afirma que as cidades estatildeo doentes para ele a desordem nas cidades

que eacute acoplada a modelos de desenvolvimento predatoacuterios e autofaacutegicos conduz pessoas agrave

fome e a condiccedilotildees deploraacuteveis Pobreza desemprego doenccedila crime poluiccedilatildeo etc sempre

estiveram presentes nos centros urbanos desde o surgimento das primeiras cidades mas nos

paiacuteses em desenvolvimento o crescimento populacional eacute explosivo o planejamento eacute pontual

e natildeo abrange a todos a industrializaccedilatildeo eacute desestruturada e poluidora haacute incompetecircncia

administrativa haacute corrupccedilatildeo tudo desemboca no caos que hoje se vive

Para ele um dos esforccedilos agraves intervenccedilotildees eficazes no ambiente urbano eacute entender a

sua dinacircmica sob a oacutetica ecoloacutegica com a participaccedilatildeo interdisciplinar Cita ODUM (1993)

ao afirmar que a cidade moderna eacute em relaccedilatildeo agrave natureza um parasita do ambiente porque

produz pouco ou nenhum alimento polui o ar e recicla pouco ou nenhuma aacutegua e materiais

inorgacircnicos Funcionando simbioticamente quando produz e exporta mercadorias serviccedilos

dinheiro e cultura para o ambiente (Fig 8-B)

Para a ecologia as relaccedilotildees de alimentaccedilatildeo consumo produccedilatildeo de resiacuteduos fazem

com que o chamado sistema soacutecio-ecossistema urbano ndash a cidade ndash afete a biosfera e por ela

seja afetado As mudanccedilas induzidas pelo ser humano ocorrem mais rapidamente e

geralmente satildeo mais difiacuteceis de serem revertidas SUTTON e HARMONN (1993) apud

DIAS (1996) ponderam que as necessidades e desejos de expansatildeo da populaccedilatildeo mundial

requerem intenso manejo ambiental criando ambientes novos chamados de ecossistemas

humanos Este manejo se revela na outra face ainda mais pessimista a necessidade de

energia Agrave medida que as populaccedilotildees crescem o consumo de energia aumenta levando a

hierarquizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de bens e serviccedilos a conversatildeo dos serviccedilos e bens naturais em

dinheiro Logo o dinheiro eacute o fluxo em sentido oposto ao fluxo energeacutetico pois sai das aacutereas

urbanizadas em troca de energia serviccedilos e recursos diversos

O soacutecio-ecossistema eacute amparado legalmente pela representatividade Eacute a cidadania e a

democracia que satildeo tomadas como base para essa representatividade A democracia

representativa constitui uma instituiccedilatildeo produtora de um tipo de compromisso de interesses

115

ligados com vocaccedilatildeo hegemocircnica Onde os governantes eleitos representariam os

ldquointeressesrdquo as ldquoaspiraccedilotildeesrdquo e a ldquovontaderdquo dos cidadatildeos Mas com isso o Estado natildeo

encarna a comunidade e funciona assim como uma maacutequina especializada na produccedilatildeo de

generalidade que eacute condiccedilatildeo ideoloacutegica fundamental agrave uma submissatildeo real Formando um

ldquomercado poliacuteticordquo onde o eleitor compra atraveacutes do voto um determinado ldquoproduto poliacuteticordquo

que corresponde a sua necessidade

ldquoEacute tempo de novas oportunidades Eu na minha opiniatildeo sou a favor de que

a comunidade num todo apoacuteie ele para que noacutes venhamos trazer um

candidato para que este candidato da mesma forma que noacutes o colocamos laacute

por ele ser da aacuterea criado na comunidade conhecendo os problemasrdquo

ENTREVISTA 2

A praacutetica da cidadania depende da reativaccedilatildeo da esfera puacuteblica onde indiviacuteduos podem

agir coletivamente constituindo assim a identidade poliacutetica baseada em valores de

solidariedade autonomia e do reconhecimento da diferenccedila Mas haacute muitos ldquomasrdquo e levando

ao verdadeiro paradoxo com o sentido ldquolatordquo da representatividade onde as pessoas natildeo

pertencentes agrave classe dominante natildeo satildeo consideradas capazes de dirigir a economia ou o

ldquopoderrdquo de decisatildeo cabendo pois agrave classe dominante a melhor opccedilatildeo forjando o

consentimento uma pseudo participaccedilatildeo Eacute uma triste contestaccedilatildeo para a cidadania via

representatividade E agravando para que se tenha cidadania o brasileiro precisa passar pela

crise ambiental em todo o seu contexto natildeo haacute outros caminhos (Fig 9-B)

Eacute uma busca Busca pela cidadania que haacute muito foi reduzida a um mero status legal

Nela por um lado se vecirc uma parcela significativa da populaccedilatildeo vivendo em favelas ndash natildeo soacute

no Complexo de Favelas de Acari mas em tantos outros Complexos espalhados pela cidade ndash

em condiccedilotildees soacutecio-culturais de extrema carecircncia Por outro lado a poliacutetica virando uma

profissatildeo tomando decisotildees de acordo com seus proacuteprios interesses e dos grupos de pressatildeo

poderosos em vez de levar em conta os interesses da comunidade mais ampla VIEIRA amp

BREDARIOL (1998)

A violecircncia urbana associada ao uso indiscriminado de drogas iliacutecitas eacute um problema

ambiental que reduz drasticamente a qualidade de vida da populaccedilatildeo A cidade do Rio de

Janeiro eacute praticamente toda partida em zonas de influecircncia e de atuaccedilatildeo de grupos sociais

116

armados que para conseguirem o que querem praticam a violecircncia como um modo de fazer

valer seu poder E no imaginaacuterio social as favelas passaram a ser o reduto para esses grupos

que formam verdadeiro Estado paralelo com a forccedila do Estado de direito A histoacuteria se

repete onde haacute o traacutefico de entorpecentes haacute uma batida policial associada onde muita das

vezes haacute viacutetimas e entre elas estatildeo crianccedilas e jovens

A agressividade intoleracircncia preconceito exclusatildeo social satildeo comuns aos dois lados

Fica interessantemente pior quando os proacuteprios gestores do serviccedilo puacuteblico natildeo conseguem

dar conta do real problema que eacute o traacutefico de entorpecentes e quando publicamente fazem a

tentativa de relativizar a favela seus moradores e o crime como foi o caso de uma declaraccedilatildeo

feita em outubro de 2007 pelo atual governador do Estado do Rio de Janeiro ldquoo

governador afirmou que as altas taxas de natalidade em localidades pobres satildeo

verdadeiras faacutebricas de marginaisrdquo EXTRA (2007) E quando um Secretaacuterio Estadual de

Seguranccedila diz ldquoUm tiro em Copacabana eacute uma coisa Um tiro na Coreacuteia (Favela da Coreacuteia

no Complexo do Alematildeo) eacute outrardquo Por outro lado as favelas satildeo um reduto onde o acesso

natildeo eacute tatildeo faacutecil como fora dela A favela estaacute ligada diretamente agrave degradaccedilatildeo ambiental pelo

seguinte vieacutes geralmente laacute satildeo os espaccedilos urbanos que tecircm menos apoio ou atenccedilatildeo do poder

puacuteblico como faz valer a declaraccedilatildeo do Secretaacuterio de Seguranccedila acima pois entende-se que

se a poliacutecia promover uma incursatildeo em uma favela na zona sul do Rio deve se ter todo o

cuidado com o entorno pois nessa regiatildeo eacute que moram as classes meacutedia e alta dos cariocas e

jaacute na periferia a vida passa ter outro valor

64 A REALIDADE ENTRE SAUacuteDE E O PODER PUacuteBLICO

Para se entender um pouco da realidade entre sauacutede e o poder puacuteblico haacute que se voltar

um pouco para a conhecida palavra ndash Globalizaccedilatildeo

Segundo SABATINI (1999) apud ASCELRAD (1996) ldquoOs conflitos ambientais nas

cidades que se multiplicam nas uacuteltimas deacutecadas representam reaccedilotildees de defesa da qualidade

de vida ameaccedilada pela globalizaccedilatildeo econocircmicardquo

A globalizaccedilatildeo eacute um fenocircmeno multifacetado com dimensotildees econocircmicas sociais

poliacuteticas culturais religiosas e juriacutedicas interligadas de modo complexo Ela parece combinar

a universalizaccedilatildeo e a eliminaccedilatildeo das fronteiras nacionais por um lado Por outro parece

combinar o particularismo e a diversidade local a identidade eacutetnica e o regresso ao

comunitarismo Aleacutem disso interage de modo muito diversificado com outras transformaccedilotildees

117

no sistema mundial que lhe satildeo concomitantes tais como o aumento dramaacutetico das

desigualdades entre paiacuteses ricos e pobres e no interior de cada paiacutes entre ricos e pobres a

sobrepopulaccedilatildeo a cataacutestrofe ambiental os conflitos eacutetnicos a migraccedilatildeo internacional

massiva a emergecircncia de novos estados e a falecircncia ou implosatildeo de outros a proliferaccedilatildeo de

guerras civis o crime globalmente organizado a democracia formal como condiccedilatildeo poliacutetica

para a assistecircncia internacional SANTOS (2002)

Para NATAL (2006) a crise ou as crises que a globalizaccedilatildeo desencadeou no Brasil

jaacute dura mais de vinte anos Um dos entes mais afetados com o processo de globalizaccedilatildeo eacute o

Estado ele sofre

a) Desnacionalizaccedilatildeo com um certo esvaziamento do aparelho do Estado nacional que decorre do fato de as velhas e novas capacidades do Estado estarem a ser reorganizadas

b) A desestatizaccedilatildeo dos regimes poliacuteticos refletida na transiccedilatildeo do conceito de governos para o de governaccedilatildeo ou seja de um modelo de regulaccedilatildeo social e econocircmica assente no papel central do Estado para um outro assente em parcerias e outras formas de associaccedilatildeo entre organizaccedilotildees governamentias para-governamentais e natildeo-goverrnamentais nas quais o aparelho de Estado tem apenas tarefas de coordenaccedilatildeo enquanto primus inter pares

c) Tendecircncia para a internacionalizaccedilatildeo do estado nacional expressa no aumento do impacto estrateacutegico do contexto interrnacioonal na atuaccedilatildeo do Estado o que pode envolver a expansatildeo do campo de accedilatildeo do Estado nacional sempre que for necessaacuterio adequar as condiccedilotildees internas agraves exigecircncias extraterritoriais ou transnacionaisrdquo

SANTOS (idem)

Com a globalizaccedilatildeo as poliacuteticas sociais ficaram dessa forma duplamente

atingidas Pelo lado da demanda houve um agravamento da situaccedilatildeo social causada pelo

ajuste e este causou verdadeira sobrecarga nos jaacute fragilizados serviccedilos sociais

particularmente aqueles de acesso universal

Pelo lado da oferta de serviccedilos e benefiacutecios as poliacuteticas sociais ficam restringidas

tanto pelo corte de recursos como pela reestruturaccedilatildeo do seu perfil adotando estrateacutegias de

focalizaccedilatildeo de seus serviccedilos Para SOARES (2008) o Brasil natildeo eacute um paiacutes com uma pobreza

118

residual que podia ser combatida com programas focalizados passageiros e com poucos

recursos

Ocorreu tambeacutem uma submissatildeo de determinados princiacutepios como equumlidade e

universalidade agraves chamadas restriccedilotildees econocircmicas Essa postura reduziu as prioridades e

poliacuteticas sociais a algo toacutepico e residual priorizando as chamadas inovaccedilotildees gerenciais quase

sempre associadas a estrateacutegias do tipo auto-ajuda que nos dias de hoje passaram a se chamar

solidariedade participaccedilatildeo comunitaacuteria etc

Para a aacuterea de sauacutede assistiu-se ao discurso de que a sauacutede seria um bem privado que

o setor puacuteblico seria ineficiente por definiccedilatildeo pela proacutepria natureza e que os recursos

puacuteblicos para a sauacutede seriam escassos e continuariam a ser Este uacuteltimo toacutepico ainda eacute

cogitado pela grande discussatildeo que gerou o final da cobranccedila do imposto sobre as

movimentaccedilotildees bancaacuterias ndash CPMF E que tambeacutem foi revelado na seguinte entrevista

ldquoAiacute eles gastam uma fortuna do dinheiro puacuteblico do dinheiro que natildeo satildeo

deles aiacute se constroacutei um mundo que aquilo ali eacute um mundo seraacute que eles vatildeo

querer em ter interesse em manter verba todo ano tem aquela como eacute

chamado Orccedilamento um bilhatildeo Oh vamos destinar cem para a sauacutede

cem para a seguranccedila puacuteblica natildeo eacute isso por exemplo para a educaccedilatildeo

seraacute que no municiacutepio vatildeo ter interesse em enviar tantas verbas para um

hospital desses Porque para comeccedilar eles vatildeo ter que os meacutedicos os

profissionais muitos de repente vatildeo ficar ateacute meio assim mas seraacute que

eles tem interesse de manter o hospital vinte e quatro horas aberto Com

funcionaacuterios ali e meacutedicos pediatrasemergecircncia e aiacute aquilo ali eacute uma

coisa de louco Os hospitais da rede municipal estavam tudo ali caindo aos

pedaccedilos numa correria daqui pessoas largadas nos chatildeo entatildeo satildeo estas

questotildeesrdquo

ENTREVISTA 2

O discurso desta entrevista revela a preocupaccedilatildeo que se tem da disponibilidade dos

recursos puacuteblicos Do percentual que eacute e que seraacute disponibilizado para os serviccedilos de sauacutede

Para o entrevistado isto assume importacircncia especiacutefica pois eacute revelado em sua representaccedilatildeo

sobre sauacutede Os moradores de Acari vivem assim como o restante da populaccedilatildeo carioca de

um tipo de acesso aos tratamentos em sauacutede de maneira precaacuteria Haacute uma superlotaccedilatildeo nos

119

serviccedilos de sauacutede quando natildeo precisam fazer uma peregrinaccedilatildeo para aquela unidade que os

possa receber Situado no proacuteprio complexo haacute um grande hospital puacuteblico com capacidade

para atendimento de qualidade mas as representaccedilotildees dos moradores se direcionam a

preocupaccedilatildeo quanto a gestatildeo Para eles haacute uma dicotomia entre a disponibilidade de o Estado

oferecer uma estrutura e o manter com o que jaacute estatildeo acostumados pois nos seus

imaginaacuterios o desmantelamento do serviccedilo puacuteblico eacute um processo que se corporifica na

atualidade

Um grande movimento dentro do Estado na atualidade eacute a reproduccedilatildeo do capital

fazendo com que a cidade seja o elo entre a economia local e os fluxos globais passando a ser

objeto de competitividade internacional Nisto se insere os programas governamentais

direcionados agrave melhoria das condiccedilotildees de vida e redistribuiccedilatildeo de renda Parece pessimista

olhar por este acircngulo mas haacute uma grande verdade nas palavras de VIEIRA e BREDARIOL

(ibdem) quando afirmam que a poliacutetica se profissionaliza a natildeo ser que os poliacuteticos sejam

pessoas de excepcional altruiacutesmo eles iratildeo sempre encarar a tentaccedilatildeo de tomar decisotildees de

acordo com seus proacuteprios interesses PEREIRA (2008) afirma que as obras sociais satildeo

geralmente impulsionadas pela poliacutetica setorial e que muita das vezes satildeo feitas no reduto da

oposiccedilatildeo como eacute o caso do Programa de Aceleraccedilatildeo do Crescimento no Complexo do

Alematildeo

Uma outra faceta da temaacutetica sauacutede e poder puacuteblico se revela na necessidade atual de

se repensar as cidades Haacute em curso uma ldquonovardquo maneira de se pensar as cidades o que natildeo eacute

totalmente novo Desde a deacutecada de 60 com o governo de Castelo Branco e a promulgaccedilatildeo da

Lei 450464 ndash o Estatuto da Terra e Plano Doxiadis se discute sobre uma cidade ideal

acessiacutevel a todos Isto fez com que o legislador entendesse a necessidade de incluir a cidade

em um capiacutetulo especiacutefico na Constituiccedilatildeo de 1988

Da Constituiccedilatildeo ateacute os dias atuais o que se tem discutido no tocante ao assunto cidade

eacute a Lei 1025701 chamada de Estatuto da Cidade foi ldquoinstitucionalizadardquo atraveacutes do

documento ldquoCidades Sustentaacuteveis da Agenda 21 Brasileirardquo Nessa Lei haacute a previsatildeo e a

fomentaccedilatildeo do que se veio a chamar - Cidades Sustentaacuteveis mediante a formulaccedilatildeo de planos

diretores A cidade certamente tem uma particularidade uacutenica para cada localidade pois

vaacuterios fatores podem influenciar o seu desenvolvimento e manutenccedilatildeo

A preocupaccedilatildeo se estar colocando em pauta este ldquorepensar a cidaderdquo tem por base

DIAS (ibdem) que diz ldquoO ambiente urbano uma das maiores criaccedilotildees do ser humano e o

lugar onde vive a maioria das pessoas do mundo atual estaacute de vaacuterias formas tornando-se

menos adequado para a vida humana

120

Mas o que eacute enfim uma cidade sustentaacutevel Uma cidade sustentaacutevel eacute aquela que tenta

se aproximar o maacuteximo possiacutevel dos ideais propostos na agenda 21 e seus desdobramentos

SATTERTHWAITE (2004) pontua algumas categorias gerais de accedilatildeo ambiental para avaliar

o desempenho das cidades na busca de uma melhor cidadania e qualidade de vida ndash cidade

sustentaacutevel

1) ldquoControle de doenccedilas contagiosas e parasitaacuterias ndash agenda marrom 2) Reduccedilatildeo dos perigos quiacutemicos e fiacutesicos no lar ndash eacute o que acontece na maioria das vezes quando se colocam produtos quiacutemicos como por exemplo hipoclorito de soacutedio ou outros detergentes em garrafas de PET de refrigerantes 3) Universalizaccedilatildeo de um ambiente urbano de boa qualidade para todos ndash com poliacuteticas claras de reduccedilatildeo de ruiacutedos tratamento de efluentes industriais inclusive melhoria da qualidade do ar reduccedilatildeo da degradaccedilatildeo ambiental controle da violecircncia urbana 4) Minimizaccedilatildeo dos cursos ambientais da transferecircncia de custos ambientais para os habitantes e ecossistemas do entorno da cidade 5) Incentivo ao consumo sustentaacutevel

Para que haja uma otimizaccedilatildeo das accedilotildees supracitadas haacute que se respeitar algumas metas

1) Econocircmicas ndash acesso agrave uma renda adequada ou meios de produccedilatildeo 2) Sociais culturais e de sauacutede ndash habitaccedilatildeo saneamento respeito agrave diversidade cultural trabalho transporte etc 3) Poliacuteticas ndash liberdade de participaccedilatildeo na poliacutetica na gestatildeo no desenvolvimento cidadania etc 4) Minimizaccedilatildeo do uso ou desperdiacutecio dos recursos natildeo-renovaacuteveis ndash combustiacuteveis foacutesseis reutilizar reciclar recuperar etc 5) Uso sustentaacutevel dos recursos renovaacuteveis finitos ndash aacutegua potaacutevel combustiacuteveis baseados em biomassa etc 6) Uso de resiacuteduos biodegradaacuteveis ndash natildeo sobrecarga de corpos hiacutedricos receptores 7) Uso de resiacuteduos ou emissotildees natildeo-biodegradaacuteveis ndash natildeo poluiccedilatildeo ou descarte excessivo respeitando os limites bioloacutegicosrdquo

Sem parecer utoacutepico acredita-se que se houver disponibilidade poliacutetica para se pensar

e realizar os projetos para a implementaccedilatildeo de cidade sustentaacutevel ela natildeo estaacute muito aleacutem do

121

que vivenciamos hoje O Brasil tem um poderoso arcabouccedilo de Leis que favorecem

grandemente a essa ideacuteia aleacutem do que meio ambiente tem comeccedilado a se despontar como

assunto de pauta Vaacuterios municiacutepios brasileiros jaacute tecircm suas secretarias de meio ambiente as

empresas pelo menos as grandes tecircm discutido meio ambiente e responsabilidade ambiental

MENEGAT e ALMEIDA (2004) salientam que a condiccedilatildeo imperativa para o gerenciamento

do sistema urbano-socio-ambiental com vista a um sustentabilidade das cidades passa pelo

exerciacutecio da gestatildeo ambiental integrada que por si tem quatro esferas

1) ldquoConhecimento do ambiente ndash entender e diagnosticar o sistema urbano-socio-ambiental e suas relaccedilotildees locais e globais com o sistema natural 2) Gestatildeo urbana-socio-ambiental puacuteblica ndash essa gestatildeo necessita de oacutergatildeos com boa capacidade teacutecnica capazes de desenvolver programas estrateacutegicos e integrados com a sociedade e a economia 3) Educaccedilatildeo e informaccedilatildeo ndash que deve ajudar a abrir os horizontes em relaccedilatildeo ao complexidade do sistema urbano-socio-ambiental 4) Participaccedilatildeo dos cidadatildeos ndash a sociedade deve ser chamada a construir a gestatildeo do sistema Essa participaccedilatildeo e um dos pontos mais importantes da agenda 21rdquo

A partir deste ponto eacute uacutetil discutir o que seja qualidade de vida Para MINAYO et ali

(2000) qualidade de vida boa ou excelente eacute aquela que ofereccedila um miacutenimo de condiccedilotildees para

que os indiviacuteduos nela inseridos possam desenvolver o maacuteximo de suas potencialidades ndash

viver sentir ou amar trabalhar produzir bens e serviccedilos fazer ciecircncia ou arte

Qualidade de vida estaacute ligada a satisfaccedilatildeo das necessidades mais elementares da vida

humana alimentaccedilatildeo acesso a aacutegua potaacutevel habitaccedilatildeo trabalho educaccedilatildeo sauacutede e lazer que

estatildeo associados agraves noccedilotildees relativas de conforto bem-estar e realizaccedilatildeo individual e coletiva

Qualidade de vida segundo esses autores eacute polissecircmico ou seja estaacute relacionado ao modo de

vida incluem ideacuteias de desenvolvimento sustentaacutevel e ecologia humana e por fim relaciona-

se a democracia do desenvolvimento e dos direitos humanos e sociais ndash cidadania A

qualidade de vida quando se trata da sauacutede implica a promoccedilatildeo de sauacutede Olhando-a mais

focalmente implica na capacidade de viver sem doenccedilas ou de superar as dificuldades das

condiccedilotildees de morbidade

ldquoO movimento Cidade Sustentaacutevel surge para operacionalizar os fundamentos da

promoccedilatildeo da sauacutede no seu contexto localrdquo ADRIANO et al (2000) Um municiacutepio saudaacutevel

122

eacute aquele em que as autoridades poliacuteticas e civis as instituiccedilotildees e organizaccedilotildees puacuteblicas e

privadas os proprietaacuterios empresaacuterios trabalhadores e a sociedade dedicam constantes

esforccedilos para melhorar as condiccedilotildees de vida trabalho e cultura da populaccedilatildeo estabelecem

uma relaccedilatildeo harmoniosa com o meio ambiente fiacutesico e natural e expandem os recursos

comunitaacuterios para melhorar a convivecircncia desenvolver a solidariedade a co-gestatildeo e a

democracia

ldquoPara que uma cidade se torne saudaacutevel ela deve se esforccedilar para proporcionar

1) Um ambiente fiacutesico limpo e seguro

2) Um ecossistema estaacutevel e sustentaacutevel

3) Alto suporte social sem exploraccedilatildeo

4) Alto grau de participaccedilatildeo social

5) Necessidades baacutesicas satisfeitas

6) Acesso a experiecircncias recursos contatos interaccedilotildees e comunicaccedilotildees

7) Economia local diversificada e inovativa

8) Orgulho e respeito pela heranccedila bioloacutegica e cultural

9) Serviccedilos de sauacutede acessiacuteveis a todos e alto niacutevel de sauacutederdquo

O Estado fomenta muito de suas poliacuteticas publicas mediante Programas e

dentro do Complexo de Acari os seus moradores tecircm a oportunidade de estar se inserindo e

sendo contemplados dentro desses

O principal programa que aquela comunidade se beneficia eacute o Bolsa Famiacutelia criado

por meio da Medida Provisoacuteria nordm 132 e posteriormente convertida na Lei 1083604 os

benefiacutecios satildeo

a) Remuneraccedilatildeo baacutesica no valor de R$ 5800 concedidos agraves famiacutelias em situaccedilatildeo de

extrema pobreza independente da composiccedilatildeo e do nuacutemero de membros do grupo familiar

b) Remuneraccedilatildeo variaacutevel no valor de R$ 1800 por crianccedilaadolescente concedido agraves

famiacutelias pobres e extremamente pobres cuja composiccedilatildeo apresente crianccedilas e adolescente na

faixa de 0 a 16 anos incompletos sob sua responsabilidade

c) as famiacutelias em situaccedilatildeo de extrema pobreza poderatildeo acumular o benefiacutecio e o

variaacutevel ateacute o maacuteximo de 3 benefiacutecios por famiacutelia totalizando R$ 11200 por mecircs

123

Outro programa eacute o PSF ndash Programa Sauacutede da Famiacutelia que se propotildee a reorganizar a

praacutetica da atenccedilatildeo agrave sauacutede em novas bases e substituir o modelo tradicional levando a sauacutede

para mais perto da famiacutelia e com isso melhorar a qualidade de vida

Aleacutem desses Programas o Estado estaacute presente dentro do Complexo atraveacutes das

seguintes instituiccedilotildees

bull Guardiotildees dos Rios ndash onde a Secretaria Municipal de Meio ambiente se utiliza dos

proacuteprios moradores da comunidade para executarem serviccedilos de limpeza dos rios que

no caso o principal eacute o Acari

bull Gari Comunitaacuterio ndash tambeacutem beneficiando moradores do proacuteprio Complexo nos

serviccedilos de limpeza varredura das ruas e acondicionamento adequado dos resiacuteduos

soacutelidos

bull CCDC ndash Centro Comunitaacuterio de Defesa da Cidadania ndash onde se executa serviccedilos de

cartoacuterio como expediccedilatildeo de segunda via de RG certidotildees de nascimento casamento

busca de certidotildees em outros estados sepultamento gratuito

bull As diversas escolas Ciep Adatildeo Pereira Nunes Escola Municipal Erico Veriacutessimo

Escola Municipal Casa da Crianccedila Escola Municipal General Osoacuterio Escola

Municipal Jardim da Infacircncia Ana de Barros Cacircmara Escola Municipal Monte

Castelo Escola Municipal Conde Pereira Careiro Escola Municipal Corneacutelio Pena

Escola Municipal Oliacutempia do Couto Escola Municipal Sebastiatildeo de Lacerda Escola

Municipal Thomas Jefferson

bull Fundaccedilatildeo Leatildeo XIII

bull Posto de Sauacutede Professor Carlos Cruz Lima

Fora estas representatividades do Estado haacute tambeacutem o trabalho de diversas outras

instituiccedilotildees natildeo-governamentais que por atuarem em outras frentes enriquecem as relaccedilotildees

no interior do Complexo Para esta comunidade o papel das diversas ONGrsquos inseridas

propotildee uma accedilatildeo imediata na resoluccedilatildeo de alguns problemas como a educaccedilatildeo do adulto a

retirada das crianccedilas das ruas a formaccedilatildeo do adolescente trazendo algumas particularidades

de cidadania Eacute enriquecedor para a educaccedilatildeo das crianccedilas o trabalho da ONG Futuro Feliz

mostrando que atraveacutes da muacutesica o contexto de ser morador no Complexo pode ser mais

dinacircmico e acima de tudo colorido atraveacutes do desenvolvimento e da habilidade com os

instrumentos musicais

124

Apesar de natildeo substituiacuterem o Estado e este se aproveitar da presenccedila delas o Estado

fomenta a poliacutetica puacuteblica e cabe agraves ONGrsquos ldquoreplicarrdquo essas poliacuteticas puacuteblicas ou seja

distribui-las

As ONGrsquos estabelecidas e em funcionamento no Complexo de Acari satildeo

bull Centro de Estudos e atendimento Satildeo Domingos Saacutevio ndash formaccedilatildeo para geraccedilatildeo de

renda e educaccedilatildeo aleacutem de serviccedilo de proteacutetico dentista e psicoacutelogo

bull Patrulheiros ndash que segundo seus moradores os rapazes de 14 a 18 anos frequumlentam

cursos e satildeo encaminhados para empresas conveniadas para estaacutegio remunerado

bull Centro Social Futuro Feliz ndash muacutesica

bull Tio Patinhas ndash creche

bull Centro Comunitaacuterio Unidos de Acari ndash creche e atividades para a terceira idade

bull Areal Livre ndash atividades com esporte e educaccedilatildeo

bull Centro Comunitaacuterio Nossa Senhora do Bonfim ndash formaccedilatildeo para geraccedilatildeo de renda e

educaccedilatildeo

bull A Associaccedilatildeo de Moradores do Areal e a Associaccedilatildeo de Moradores de Acari

Para que a realidade entre sauacutede e o Poder Puacuteblico acontece sem prejuiacutezos para a

populaccedilatildeo a grande maioria dos habitantes do Complexo tem em matildeos o voto como aparelho

selecionador de representatividade E ademais como qualquer outra localidade fica agrave mercecirc

do que essa representatividade quer representar Haacute aiacute uma falha no modelo de

representatividade com reflexos suficientemente conhecidos que satildeo revelados com os

escacircndalos com a falta de compromisso com a manutenccedilatildeo da ineacutercia do Estado na sua

atuaccedilatildeo junto agraves comunidades Mesmo os grandes projetos de poliacuteticas puacuteblicas estatildeo sob a

eacutegide das diversas governabilidades e dos seus manda-chuvas Hoje em dia fala-se muito em

redistribuiccedilatildeo de renda via o Programa oficial mas por outro lado falta poliacuteticas puacuteblicas

adequadas agrave busca pelo que se chamou aqui de promoccedilatildeo de sauacutede cidade sustentaacutevel

qualidade de vida etc

125

CONCLUSAtildeO O Meio Ambiente eacute ponto crucial para que se defina a sauacutede Estes dois termos natildeo se

excluem mutuamente eles na verdade se complementam e deveriam seguir juntos No

presente trabalho viu-se que se for tratado o meio ambiente dissociado da figura humana

muito se perde pois o homem eacute figura principal desta interaccedilatildeo Eacute para ele que se destina todo

o aparato de leis que satildeo produzidas especialmente em meio ambiente Eacute praticamente para o

seu fazer que toda a produccedilatildeo cientiacutefica gerada tambeacutem na aacuterea ambiental eacute destinada Para

que ele saiba sobre o seu entorno para que ele respeite as caracteriacutesticas da natureza se quiser

deixar para agraves geraccedilotildees futuras um planeta minimamente habitaacutevel No fundo o homem eacute ao

mesmo tempo o algoz e a proacutepria viacutetima da sua intransigecircncia via degradaccedilatildeo do meio

ambiente

Haacute uma progressiva degradaccedilatildeo ambiental no seio das grandes cidades pois estas por

natureza satildeo verdadeiros aglomerados habitacionais produtores de bens e serviccedilos que

necessitam de muita energia para o seu metabolismo As cidades retiram a energia de que

precisam do entorno promove a produccedilatildeo do que natildeo pode ser reconvertido em energia e gera

como subproduto os resiacuteduos Estes satildeo um grande problema tanto para os homens quanto

para a natureza

O projeto econocircmico usual do tipo centralizador de renda tem estabelecido como

certo o fosso entre as diversas classes sociais Eacute um tanto utoacutepico achar que na histoacuteria do

homem na terra alguma vez tenha sido diferente ou que em algum dia esta histoacuteria seja

contata de forma diferente Eacute fato que poucos tecircm muito e muitos tecircm muito pouco eacute a

origem de muitos dos problemas ambientais potencialmente reversiacuteveis

Na busca por resoluccedilatildeo de suas necessidades os cidadatildeos ficam agrave mercecirc das poliacuteticas

governamentais Um exemplo triste deste lado perverso eacute a campanha poliacutetica disfarccedilada em

programa oficial de governo aliaacutes as campanhas poliacuteticas existem para suprir a proacutepria

necessidade do governo em se manter

Recentemente em plena zona de crise de uma epidemia de dengue a figura maior do

Estado Nacional esteve de corpo presente em um municiacutepio vizinho ao que apresentava mais

casos de dengue na regiatildeo sudeste para inaugurar de palanque sua poliacutetica social ndash PAC

Deveria haver um respeito por parte do Estado a este hiato que neste momento se abate no

seio da problemaacutetica chamada ndash cidades E neste momento a vida gira entorno do binocircmio

viver ou morrer

126

Ter sauacutede e ter meio ambiente adequado agrave vida eacute ter realizada uma parcela da

cidadania que foi adquirida ao longo dos anos e firmada enquanto direito inalienaacutevel na

Constituiccedilatildeo de 1988 Por cidadania se entende o compromisso de se viver melhor de ter

direitos garantidos de ter participaccedilatildeo nas tarefas do conviacutevio Cidadania eacute para quem mora

em cidades ter um espaccedilo onde seus direitos satildeo respeitados onde haja dignidade com a

pessoa humana e onde haja poliacuteticas claras de prevenccedilatildeo de doenccedilas e melhora na qualidade

de vida

Para a cidade a inovaccedilatildeo trazida pelo modelo de cidade sustentaacutevel vem a ser mais um

veiacuteculo capaz de trazer a salubridade a esse habitar citadino respeitando as diversas nuances

do dia-a-dia dos cidadatildeos que ali vivem Cidade sustentaacutevel eacute um alvo a se alcanccedilar a partir da

agenda 21 local

Pela qualidade de vida hoje experimentada no habitar a cidade hoje em dia supotildee-se

que esta seja o pior local para se viver Habitar na cidade eacute assumir riscos com variaacuteveis de

difiacuteceis soluccedilotildees definitivas Haacute que se ter a preocupaccedilatildeo no exerciacutecio de poliacuteticas puacuteblicas

efetivas que ofereccedilam qualidade aos seus moradores e a partir daiacute uma abrangecircncia dos

conflitos comumente por eles vividos

No topo do ranking desponta a sauacutede e todo o seu aparato Meio ambiente e sauacutede

devem ser levados a seacuterio para que se perceba o valor da vida humana e a sua interaccedilatildeo com o

meio ambiente

Optou-se por fazer um estudo de algumas das caracteriacutesticas e variaacuteveis ambientais

dos habitantes do Complexo de Favelas de Acari na zona norte do Municiacutepio do Rio de

Janeiro Para esses moradores viver e sobreviver satildeo termos indissociaacuteveis pois precisam

driblar cotidianamente diversos problemas de ordem social econocircmica e ambiental O sistema

econocircmico vigente devora essa parcela de cidadatildeos os submete e os remete agraves tradicionais

tentativas tentativa de prestaccedilatildeo de serviccedilo Estatal tentativa de sobrevivecircncia via ONGrsquos e

tentativa por esforccedilos proacuteprios Aos habitantes do Complexo a sauacutede natildeo fica agrave traz ela eacute

necessaacuteria para tudo o que realizam Por habitarem um ambiente insalubre violento e sujo

esses moradores natildeo tecircm consolidada sua cidadania e vivem a crise ambiental como a pior

das suas experiecircncias E como se natildeo houvesse uma outra forma para terem cidadania eles

precisam enfrentar a dura realidade da crise ambiental em curso

A exemplo de outras comunidades o Complexo de Favelas de Acari tambeacutem vive a

mercecirc do que o Estado se interesse em fazer Eacute notoacuterio o papel dele no dia-a-dia dos seus

moradores seja na preocupaccedilatildeo com a sauacutede ndash no Complexo haacute um grande hospital puacuteblico

novo que permanceu fechado por um longo tempo e para algumas doenccedilas nem o PSF

127

instalado naquela localidade consegue quantificar seja na poliacutetica de seguranccedila e proteccedilatildeo ndash

onde o Complexo eacute um reduto do traacutefico de entorpecentes e inexiste entorno dele qualquer

policiamento seja nas poliacuteticas de educaccedilatildeo ndash onde haacute escolas mas natildeo para todos E pode-se

confrontar com o resultado de por exemplo o ENEM para se questionar a qualidade do

ensino seja em poliacuteticas de meio ambiente ndash haacute muitos problemas com a drenagem de

esgotos proliferaccedilatildeo de vetores de doenccedilas peacutessima distribuiccedilatildeo e qualidade da aacutegua que se

consome etc

A participaccedilatildeo comunitaacuteria eacute considerada pelos moradores uma funccedilatildeo decisiva na

melhoria da qualidade de sua vivecircncia Haacute a conscientizaccedilatildeo de que natildeo vale somente cuidar

do proacuteprio espaccedilo desvinculando-a do papel do vizinho Em uma comunidade onde as

habitaccedilotildees satildeo contiacuteguas o que o vizinho produz por exemplo de cultura resiacuteduos e porque

natildeo dizer seu descuido afeta diretamente um grupo de famiacutelias ao seu redor Natildeo haacute espaccedilo

para ser produtor e recebedor do seu produto somente Haacute uma troca em massa do que eacute

produzido Logo se se produz lixo violecircncia ruiacutedo insetos roedores etc haacute na verdade

uma multiplicaccedilatildeo de famiacutelias participantes desta troca gerando problemas muacuteltiplos

Para os moradores do Complexo de Favelas de Acari a percepccedilatildeo de sauacutede mesmo

que reproduzindo as palavras do conceito claacutessico natildeo tem tido uma praacutetica satisfatoacuteria A

dinamicidade deste conceito natildeo foi plenamente desvelada nos discursos dos entrevistados

Poucos deles tiveram uma contextualizaccedilatildeo mais ampla do que seja a sauacutede nos referidos

conceitos claacutessicos e conclamam que se todos os outros moradores pudessem perceber que

aleacutem de estarem bem psicologicamente ou sem doenccedilas estatildeo inseridos dentro do conceito de

sauacutede transporte lazer moradia salaacuterios dignos etc A sauacutede teria com isso uma definiccedilatildeo

mais proacutexima do que seja real natildeo soacute para eles como para qualquer outro indiacuteviduo habitante

de qualquer outro espaccedilo geograacutefico

A pesquisa revelou que sauacutede eacute um bem que urge dentro do Complexo pois as

diversas atividades de seus habitantes caminham potencialmente na contramatildeo do que seja ter

sauacutede Natildeo se sabe precisar o porquecirc deste fato mas algumas sugestotildees podem ter utilidade

para entender esse fenocircmeno Estas podem ser deficiecircncia educacional falta de mobilizaccedilatildeo

e participaccedilatildeo conjunta participaccedilatildeo das lideranccedilas comunitaacuterias em todas as accedilotildees capazes

de trazer melhorias para aquele ambiente Pelo o que foram relatados nas entrevistas atitudes

como conviver com o lixo imundiacutecie e dejetos revelam uma necessidade urgente de tomada

de posiccedilatildeo frente agrave tendecircncia de se acostumar com a realidade com que se vive ou a eterna

espera que o poliacutetico A ou B faccedila alguma coisa ou que aquilo seja normal e imutaacutevel

128

O Estado deveria ser o ente que se obriga a executar atividades para a melhoria da

populaccedilatildeo do Complexo E atraveacutes dos seus diversos programas institucionais rever

conceitos e valores repensar o habitar modificar a realidade daquelas pessoas que estatildeo

inseridas naquele contexto social

Um desses programas o PSF tem uma responsabilidade imediata na tentativa de sanar

os problemas relacionados com a sauacutede Mas infelizmente o painel que se vecirc eacute que o

Programa estaacute muito centrado no lado curativo em detrimento agrave prevenccedilatildeo em sauacutede ao qual

foi destinado A demanda eacute grande e as equipes natildeo tecircm conseguido atuar nas possiacuteveis

origens dos problemas

A aplicaccedilatildeo da sauacutede dentro da temaacutetica meio ambiente tem importacircncia elevada pois

o existir na cidade ndash ter cidadania morar trabalhar sorrir chorar se alimentar ter paz sono

ajudar etc ndash estaacute sob efeitos de variaacuteveis ambientais e de sauacutede e estas condicionam a

qualidade desse existir Foi-se o tempo em que se podia dissociar uma termo do outro O ser

humano enquanto morador e dependente de um espaccedilo geograacutefico deve entender que este

muda constantemente e que reside nessa mudanccedila os benefiacutecios e malefiacutecios do tipo de vida

em curso

Os conflitos gerados na dinamicidade deste processo fazem parte do escopo da ciecircncia

ambiental na medida em que estatildeo inseridos em um desequiliacutebrio maior ndash a crise ambiental ndash

e que esta por sua vez estaacute trazendo consequumlecircncias graves para o ser humano e para o

proacuteprio planeta que seraacute herdado pelas novas geraccedilotildees

Eacute oportuno estudar e disponibilizar dados referentes agrave percepccedilatildeo que os moradores do

Complexo de Favela acari tecircm sobre sauacutede e meio ambiente Pois nem sempre poliacuteticas

intervencionistas verticais trazem soluccedilatildeo para todos os males ndash vide o Favela-Bairro Eacute

importante presenciar o que esta comunidade em especiacutefico sabe sobre meio ambiente e que

atividades assumem perante esse conceito

O que esta pesquisa pocircde constatar e que de modo algum pode se generalizar eacute que os

moradores do Complexo de Favelas Acari encontram-se em um tipo de comportamento

passivo perante o que acontece a sua volta Nota-se no discurso dos seus moradores a feacute que

depositam em promessas poliacuteticas e em candidatos Por outro lado haacute uma briga poliacutetica entre

as associaccedilotildees de moradores sendo que algumas delas se aglutinaram sob uma mesma

direccedilatildeo pois natildeo tinham representatividade Com isto se vecirc consequumlentemente uma

expressiva parcela da populaccedilatildeo alijada em sua capacidade de mobilizaccedilatildeo e totalmente

alienada do seu potencial eou reivindicaccedilatildeo dos seus direitos Eacute como se a preocupaccedilatildeo fosse

resumida agrave sobrevivecircncia estanque do dia-a-dia

129

BIBLIOGRAFIA

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_______ Lei nordm 8080 20 de setembro 1990 Dispotildee sobre as condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providecircncias _______ Lei nordm 9433 de 08 de janeiro de 1997 Institui a Poliacutetica Nacional de Recursos Hiacutedricos cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hiacutedricos regulamenta o inciso XIX do art 21 da Constituiccedilatildeo Federal e altera o art 1ordm da Lei nordm 8001 de 13 de marccedilo de 1990 que modificou a Lei nordm 7990 de 28 de dezembro de 1989 _______ Lei nordm 9795 de 27 de abril de 1999 Dispotildee sobre a educaccedilatildeo ambiental institui a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Ambiental e daacute outras providecircncias _______ Lei nordm 10257 11 julho 2001 Regulamenta os arts 182 e 183 da Constituiccedilatildeo Federal estabelece diretrizes gerais da poliacutetica urbana e daacute outras providecircncias _______ Decreto Legislativo Federal nordm 03 de 13 de fevereiro de 1948 Proteccedilatildeo da flora fauna e das belezas cecircnicas dos paiacuteses da Ameacuterica _______ Decreto Legislativo Federal nordm 58054 de 23 de marccedilo de 1966 Promulga a Convenccedilatildeo para a proteccedilatildeo da flora fauna e das belezas cecircnicas dos paiacuteses da Ameacuterica _______ Lei nordm 10836 de 09 de janeiro de 2004 Cria o programa Bolsa Famiacutelia e daacute outras providencias CAMPANHOLE A CAMPANHOLE HI Constituiccedilotildees do Brasil Satildeo Paulo 1983 CAMPOS Gastatildeo WS (org) Planejamento sem normas Satildeo Paulo HUCITEC 1989 CANTARINO G OrsquoDWYER LEITE M A C de A Sauacutede direito primordial de cidadania CAVALCANTI Cloacutevis Desenvolvimento e natureza estudos para uma sociedade sustentaacutevel Satildeo Paulo Cortez 1998 CAVALCANTI Cloacutevis (org) Meio ambiente desenvolvimento sustentaacutevel e poliacuteticas puacuteblicas Satildeo Paulo Recife fundaccedilatildeo Joaquim Nabuco1999 CIRIBELLI Maria Correcirca Como elaborar uma dissertaccedilatildeo de mestrado atraveacutes da pesquisa cientiacutefica Rio de Janeiro 7letras 2003 CONAMA Resoluccedilatildeo nordm 003 de 28 de junho de 1990 Dispotildee sobre padrotildees primaacuterios e secundaacuterios de qualidade de ar e ainda os criteacuterios para episoacutedios agudos de poluiccedilatildeo do ar CONASSEMS divulgaccedilatildeo n17 marccedilo 1997 Conferecircncia sobre Sociedade e Meio Ambiente El Coleacutegio de Michoacaacuten 1991 CORREIA Fernanda G Breve histoacuterico daquestatildeo habitacional na cidade do rio de janeiro in wwwachegasnetnumero31fernanda_correa_31pdf COSTA NR Direito agrave sauacutede no Constituiccedilatildeo um primeiro balanccedilo Cad Sauacutede Puacuteblica n5 1989

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CUNHA Paulo R da A relaccedilatildeo entre meio ambiente e sauacutede e a importacircncia dos princiacutepios da prevenccedilatildeo e da precauccedilatildeo 2005 Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=6484gt CICONELLI et ali Indicadores de Sauacutede no Brasil um processo em construccedilatildeo Revista de Administraccedilatildeo em Sauacutede 7 (27) Abr-jun 2005 DAVIS M Planeta favela Satildeo Paulo Boitempo 2006 DIAS G F Mudanccedilas Globais introduzidas por alteraccedilotildees da superfiacutecie da terra causadas pelas atividades humanas In mudanccedilas no Meio Ambiente Cadernos da Catoacutelica Universidade Catoacutelica de Brasiacutelia (1) 3 Dez 1996 __________ Elementos de ecologia urbana e sua estrutura ecossistecircmica Brasiacutelia IBAMA 1997 DIAS H P Sauacutede como direito de todo e dever do Estado in 8 conferencia nacional de sauacutede 1986 brasiacutelia Anais ministeacuterio da sauacutede 1986 p69-90 EGRY E Y Sauacutede coletiva construindo um novo meacutetodo em Enfermagem Satildeo Paulo Iacutecone 1996 DOISE W Les repreacutesentations sociales In RGHIGLIONE C BONNET JFRICHARD (Eds)Traiteacute de psychologie cognitive Dunot Paris 1990 EZENBERGER Hans-Morgan Contribuiccedilatildeo a criacutetica da ecologia poliacutetica Meacutexico Universidade Autocircnoma de Puebla 1976 FELTRE Ricardo Quiacutemica Vol 1 Rio de Janeiro Editora Moderna 1995 FIOCRUZ Gestatildeo de Sauacutede curso de aperfeiccediloamento para dirigentes municipais de sauacutede programa de educaccedilatildeo a distacircncia Brasiacutelia UnB 1998 FARR R M Lecircs repreacutesentations sociales lecirc theacuteorie et ses critiques Bulletin de psychologie 45 (405) 1992 GAMA R A tecnologia e o trabalho na histoacuteria Satildeo Paulo Editora da Universidade de Satildeo Paulo1986 GIL ANTONIO C Como elaborar projetos de pesquisa 4 ed Satildeo Paulo Atlas 2002 GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Lei 2539 de 19de abril de 1996 Estabelece um programa de inspeccedilatildeo e manutenccedilatildeo de veiacuteculos em uso destinado a promover a reduccedilatildeo da poluiccedilatildeo atmosfeacuterica __________ Lei 323999 de 02 de agosto de 1999 Institui a poliacutetica estadual de Recursos Hiacutedricos cria o sistema estadual de gerenciamento de recursos hiacutedricos regulamenta a Constituiccedilatildeo Estadual em seu art 261 paraacutegrafo 1ordm inciso VII e daacute outras providecircncias

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GRANZIERA Maria Luiza Machado DALLARI Sueli Gandolfi Direito Sanitaacuterio e Meio Ambiente In PHILIPPI JR Arlindo ALVES Alaor Caffeacute (Editores) Curso Interdisciplinar de Direito Ambiental Barueri Manole 2005 HAYWARD Tim Ecological Thought na introduction CambridgeUK Polity Press 1994 HERCULANO S C Meio Ambiente questotildees conceituais Niteroacutei PGCA-Riocor 2000 HOBSBAWN E A era dos impeacuterios Rio de Janeiro Paz e Terra 1988 HORTA W A CASTELLANOS BEP Processo de Enfermagem Satildeo Paulo EPU 1979 IBANtildeEZ T Representaciones sociales teoriacutea y meacutetodo In IBANtildeES T (Ed) Ideologiacuteas de la vida cotidiana Barcelona Sendai 1988 JODELET D Repreacutesentations sociales um domaine em expansion In D JODELET (Ed) Les repreacutesentations sociales Paris Presses Universitaires de France 1989 JOVCHELOVICH Sandra Representaccedilotildees sociais e esfera puacuteblica a construccedilatildeo simoacutelica dos espaccedilos puacuteblicos no Brasil Petroacutepolis Vozes 2000 KRUumlGER Eduardo L Uma abordagem sistecircmica da atual crise ambiental Desenvolvimento e Meio Ambiente nuacuteermo4 juldez2001 editora da UFPR LAGO Antonio PAacuteDUA Joseacute Augusto O que eacute ecologia Satildeo Paulo Brasiliense 1985 LEITE Maacutercia Pereira Entre o individualismo e a solidariedade Dilemas da poliacutetica e da cidadania no Rio de Janeiro Revista Brasileira de Ciecircncias Sociais vol 15 nuacutemero 441997 LEFF Enrique Ecologia capital e cultura Racionalidade ambiental democracia participativa e desenvolvimento sustentaacutevel Blumenau Edifurb 2000 LUDKE Menga ANDREacute MEDA Pesquisa em Educaccedilatildeo abordagens qualitativas Satildeo Paulo EPU 1986 MARTINS Joseacute de S O Bolsa-Famiacutelia e o crediaacuterio de geladeiras e lavadoras O Estado de S Paulo 11 de marccedilo de 2008 Disponiacutevel em lt httpwebmaccomdorivalfilhoDEMArtigos_-_BrasilEntries2008311_O_destino_ do_Bolsa_FamC3ADliahtmlgt MENEGAT Rualdo ALMEIDA Gerson Sustentabilidade democracia e gestatildeo ambiental urbana In MENEGAT Rualdo ALMEIDA Gerson Desenvolvimento sustentaacutevel e gestatildeo ambiental nas cidades Porto Alegre UFRGS 2004 MINAYO et ali Qualidade de vida e sauacutede um debate necessaacuterio Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 5 (1) Rio de Janeiro ABRASCO 2000 MINAYO Maria C de Souza (org) Pesquisa Social teoria meacutetodo e criatividade 8 Ed Petroacutepolis Ed Vozes 1998

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MOTTA R S da ORTIZ Ramon A FEREIRA Sandro de F Avaliaccedilatildeo econocircmica dos impactos causados pela poluiccedilatildeo atmosfeacuterica na sauacutede humana um estudo de caso para Satildeo Paulo 1998 Disponiacutevel em ltwwwracenucaieufrjbrecotrabalhosmesa3 5docgt MOTOYAMA S (org) Educaccedilatildeo teacutecnica e tecnoloacutegica em questatildeo25 anos do CEETEPS Hstoacuteria vivida Satildeo Paulo Editora da Universidade Estadual Paulista1995 MOSCOVICI S The phenomenon of social representations In RM Farr amp S Moscovici (eds) Social Representations (p 3-69) Cambridge University Press Cambridge 1984 NATAL Jorge Do desenvolvimentalismo ao neoliberalismo reflexotildees sobre o Brasil contemporacircneo Rio de Janeiro Pubblicati 2006 ODUM H T et al Environmental and society in Florida Center for Environmental Policy University of Floria 1993 PERLMAN Janice Marginalidade do mito aacute realidade nas favelas do Rio de Janeiro Coleccedilatildeo estudos da cidade Rio estudos Nuacutemero 102 Maio de 2003 PHILIPPI JR et ali Educaccedilatildeo ambiental e sustentabilidade Barueri Manole 2004 POLANYI Karl A grande transformaccedilatildeo as origens da nossa eacutepoca Rio de Janeiro Campus 1980 POLIT Denise F HUNGLER Bernadette P Fundamentos de Pesquisa em Enfermagem Porto Alegre Editora Artmed 1996 PORTO-GONCcedilALVES Carlos W A globalizaccedilatildeo da natureza e a natureza da globalizaccedilatildeo Civilizaccedilatildeo brasileira Rio de Janeiro 2006 PORTO Silvia et al Avaliaccedilatildeo de uma metodologia de alocaccedilatildeo de recursos financeiros do setor sauacutede para aplicaccedilatildeo no Brasil Disponiacutevel em ltwwwscielobrpdfcspv23n613pdfgt

RIBEIRO Luiz C de Q LAGO Luciana C do A oposiccedilatildeo favela-bairro no espaccedilo social do rio de janeiro In ltwwwscielobrpdfsppv15n18598pdf 02032008gt RICOEUR P Narrative time In JOVCHELOVITCH Sandra Representaccedilotildees sociais e esfera puacuteblica a construccedilatildeo simboacutelica dos espaccedilos puacuteblicos no Brasil Vozes 2000 SALOMON D V Como fazer uma monografia Satildeo Paulo Martins fontes 2001 SANTOS Boaventura de S A Globalizaccedilatildeo e as Ciecircncias Sociais Satildeo Paulo Cortez 2002 SOARES Laura T R Globalizaccedilatildeo e exclusatildeo Revista de Enfermagem Escola de Enfermagem Ana Nery 1 (1) 13-22 set 1997 SOAREZ Patriacutecia C de PADOVAN Jorge L CICONELLI Rozana M Indicadores de sauacutede no Brasil um processo em construccedilatildeo Revista de administraccedilatildeo em sauacutede 7(27)57-64 abr-jun 2005 Disponiacutevel em ltwwwcqhorgbrfilesRAS27_indicadorespdfgt

134

SATTERTHWAITE David Como as cidades podem contribuir para o desenvolvimento sustentaacutevel In MENEGAT Rualdo ALMEIDA Gerson Desenvolvimento sustentaacutevel e gestatildeo ambiental nas cidades Porto Alegre UFRGS 2004 SABATINI F Participacioacuten ciudadania para enfrentar conflictos ambientales urbanos una estrategira para los municipios Ambiente y Desarolho ano XVm nordm 4 dez 1999 In ASCELRAD Henri Contradiccedilotildees espaciais conflitos ambientais e regulaccedilatildeo In COSTA H S et al Novas periferias metropolitanas a expansatildeo metropolitana em Belo Horizonte dinacircmica e especificidade no eixo-sul Belo Horizonte Companhia da Art 2006 SANTOS JR O A dos Poliacuteticas puacuteblicas e gestatildeo local programa interdisciplinar de capacitaccedilatildeo de conselheiros municipais Rio de Janeiro Fase 2003 SEM Amartya Desenvolvimento como liberdade Satildeo Paulo Companhia das Letras2000 SIGAUD Marcia F Caracterizaccedilatildeo dos domiciacutelios na cidade do Rio de Janeiro Coleccedilatildeo estudos da cidade Rio estudos Nuacutemero 253 Abril 2003 SILVA JR A G da Modelos assistenciais em sauacutede o debate no campo da sauacutede coletiva Tese de Doutorado ENSPFIOCRUZ Rio de Janeiro 1996 SOUZA e SILVA Jailson de Um espaccedilo em busca de seu lugar as favelas para aleacutem dos estereoacutetipos wwwietsorgbrbibliotecaUm_espaccedilo_em_busca_de_seu_lugarPDF acessado em 22022008 SUTTON D B HARMONN N P Ecology selected concepts John Wiley amp Sons Inc NY 1993 TAYRA Flaacutevio A crise ambiental e o papel das novas tecnologias da informaccedilatildeo aleacutem do domiacutenio da teacutecnica Revista Eletrocirccnia de Geografia y ciecircncias sociais vol VIII nuacutemero 170(41) 2004 TORRES Haroldo da G MARQUES Eduardo C Tamanho populacional das favelas paulistanas Ou os grande nuacutemeros e a falecircncia do debate sobre a metroacutepole Artigo em ltwwwcentrodametropoleorgbrpdfabep2002pdfgt TRAVASSOS Edson G A educaccedilatildeo ambiental nos curriacuteculos dificuldades e desafios In revista de Biologia e Ciecircncia da Terra vol1 nordm2 2001 Disponiacutevel em ltredalycuaemexmxredalycpdf50050010202pdfgt VALA J Representaccedilotildees Sociais para uma psicologia social no pensamento social In VALA J MONTEIRO MB (Eds) Psicologia Social Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gullbenkian 1993 VIEIRA Liszt Cidadania e Globalizaccedilatildeo Rio de Janeiro Record 2001 ____________ BREDARIOL Celso Cidadania e Poliacutetica Ambiental Rio de Janeiro Record 1998

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WEBER Alexandre de V Sistema de sucessatildeo e heranccedila da posse habitacional em favelas Tese de Mestrado (Mestrado em Antropologia) Universidade Federal Fluminense 1999 WEILL Pierre A mudanccedila de sentido e o sentido da mudanccedila Rosa dos Tempos Rio de Janeiro 2000 ZALUAR A ALVITO M (orgs) Um seacuteculo de favela Editora FGV Rio de Janeiro 1998 ZOTTI Solange A Organizaccedilatildeo do ensino primaacuterio no Brasil uma leitura da histoacuteria do curriacuteculo oficial Disponiacutevel em lthttpwwwhistedbrfaeunicampbrnavegandoartigos_ framesartigo_102htmlgt ZUCCHI Paola O mundo da sauacutede Satildeo Paulo ano 21 v 21 n3 maijun 1997 Sites pesquisados wwwecolnewscombragenda21indexhtm acesso em 18 de fevereiro de 2008 httpwwwuepbedubredueprbctsumariospdfeducambpdfhttpwwweducacaopublicarjgovbrbibliotecaeducacaoeduc109dhtmhttpptwikipediaorgwikiC38Dndice_de_Desenvolvimento_HumanohttpwwwpnudorgbrpublicacoeshttpwwwsauderiorjgovbrhttpwwwaquaconcombrSite_portuguesAcervoaq080htmwwwambientebrasilcombrurbanoindexhtmlampconteudo=urbanoartigospoluiccedilatildeo_ecohtml httpwww2riorjgovbrsmupaginasev_planosasphttpwwwcelioluparellicombrnoticiasphpid_noticia=115 httpwwwambientebrasilcombrhttpwwwopasorgbrhttpwwwwhointen httpwwwpsolrjorgbr httpwwwfauufrjbrprourbcidadesfavelaprogfavbthtml httpportalgeoriorjgovbrsabrenindexhtm httpwwwarmazemdedadosriorjgovbr httpwwwguiaheunombrindexhtm httpwwwKlepsidranetklepsidra19faveladohtm httpwwwfavelatemememoriacombrpubliquecgicgiluaexesysstarthtmsid=78from_info_index=6ampinfoid=109wwwworldbankorgurbanssymposium2005presentationspasternakpdf 02032008 1121

136

ANEXO I

FOTOS AEacuteREAS E LOCALIZACcedilAtildeO DO COMPLEXO DE FAVELAS

Figura 1 Municiacutepio do Rio de Janeiro onde se vecirc destacado o bairro de Acarai na aacuterea programaacutetica 3

Fonte Instituto Pereira Passos ndash Pref Municipal do Rio de Janeiro

Mapa 1 Mapa representando a favela de Vila Esperanccedila Fonte Instituto Pereira Passos ndash Pref Municipal do Rio de Janeiro

Mapa 2 Mapa representando a favela de Vila Rica do Irajaacute Fonte Instituto Pereira Passos ndash Pref Municipal do Rio de Janeiro

Mapa 3 Mapa representando a favela de Parque Acari Fonte Instituto Pereira Passos ndash Pref Municipal do Rio de Janeiro

Mapa 4 Mapa representando a favela Beira Rio Fonte Instituto Pereira Passos ndash Pref Municipal do Rio de Janeiro

Foto 1

Foto aeacuterea da Favela de Vila Esperanccedila Fonte Instituto Pereira Passos

Foto 2

Foto aeacuterea da Favela de Vila Esperanccedila Fonte Instituto Pereira Passos

Foto 3

Foto aeacuterea da Favela de Vila Esperanccedila Fonte Instituto Pereira Passos

Foto 4

Foto aeacuterea da Favela de Vila Rica de Irajaacute Fonte Instituto Pereira Passos

Foto 5

Foto aeacuterea da Favela de Vila Rica de Irajaacute

Foto 6

Foto aeacuterea da Favela de Parque Acari Fonte Instituto Pereira Passos

Foto 7

Foto aeacuterea da Favela de Parque Acari com detalhe da presenccedila do Hospital de Acari Fonte Instituto Pereira Passos

ANEXO II

TABELAS

Teorias do ecologismo

Materialistas Natildeo-materialistas

Ecologismo nos paiacuteses ricos Reaccedilatildeo contra a contaminaccedilatildeo e esgotamento dos recursos naturais causados pela abundacircncia

Mudanccedila cultural para valores poacutes-materialistas devido aacute utilidade marginal decrescente dos abundantes bens materiais faacuteceis de obter sem custos ambientais

Ecologismo nos paiacuteses pobres Defesa do acesso comunitaacuterio aos recursos naturais contra a ameaccedila do mercado ou do Estado Reaccedilatildeo contra a degradaccedilatildeo ambiental provocada pela pobreza o excesso de populaccedilatildeo e intercacircmbio desigual

Religiotildees biocecircntricas Ecofeminismo essencialista

Tabela 1 - Teorias do ecologismo

III Popde Favelas

(a) MunPopRio

(b) ab de cresc

Pop Favelas de cresc

PopRio

1950 169305 2337451 724 - -1960 337412 3307163 1020 993 4151970 563970 4251918 1326 671 2861980 628170 5093232 1233 114 1981990 882483 5480778 1610 405 762000 1092958 5857879 1866 239 69

Tabela 2 ndash Taxa de Crescimento de Favelas no Rio de Janeiro de 1950 a 2000 Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

Tabela 8-B

Tabela 9-B Municiacutepio do Rio de Janeiro - 2003 2006Nuacutemero de Surtos de Hepatite Viral por Ano Aacuterea de Planejamento Regiatildeo Administrativa e Bairro

Aacutereas de Planejamento RegiotildeesAdministrativas e Bairros

PopulaccedilatildeoCenso 2000

Nordm deSurtos2003

Nordm deSurtos2004

Nordm deSurtos2005

Nordm deSurtos2006

Total deSurtos

TOTAL 5 857 904 5 19 61 44 129

Aacute R E A D E P L A N E JA M E N T O 3 3 928 800 0 3 9 11 23

XXV PAVUNA 197 068 0 0 5 4 9

ACARI 24 650 0 0 2 0 2 Tabela 10-B SUBASSSVSGerecircncia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica

uacutemero de Casose Oacutebitos e Taxas de Incidecircncia Mortalidade e Letalidade de Febre Hemorraacutegica do DengueSiacutendrome do Choque por Dengue por Aacutereas de Planejamento RAacutereas de Planejamento RegiotildeesAdministrativas e Bairros

PopulaccedilatildeoCenso 2000

Casos FHD1996

Casos FHD1997

Casos FHD1998

Casos FHD1999

CasosFHD2000

Casos FHD2001

Casos FHD2002

Casos FHD2003

Casos FHD2004

CasosFHD2005

Casos FHD2006

TOTAL 5 857 904 0 0 2 11 12 269 718 4 4 4 35AacuteREA DE PLANEJAMENTO 33 928 800 0 0 0 3 0 35 82 0 1 0 0ACARI 24 650 0 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 Tabela 11-B

146

Municiacutepio do Rio de Janeiro - 2000 a 2006Nuacutemero de Casos Oacutebitos Taxa de Incidecircncia Mortalidade e Letalidade de Doenccedila Meningocoacutecica por Aacuterea de Planejamento Regiatildeo Administrativa e Bairro

Aacutereas de Planejamento RegiotildeesAdministrativas e Bairros

PopulaccedilatildeoCenso 2000

Casos2000

Casos2001

Casos2002

Casos2003

Casos2004

Casos2005

Casos2006

Total CasosDM

TOTAL 5 857 904 192 184 178 172 178 231 157 1 292

Aacute R E A D E P L A N E JA M E N T O 3 3 9 28 8 00 33 27 2 6 16 28 3 2 3 5 197

XXV PAVUNA 197 068 3 8 6 2 7 9 7 42

ACARI 24 650 2 1 3 1 2 1 2 12 Tabela 12-B

Nuacutemero de Casos Oacutebitos Taxa de Incidecircncia Mortalidade e Letalidade de Dengue por Aacuterea de Planejamento Regiatildeo Administrativa e BairroMuniciacutepio do Rio de Janeiro - 1996 a 2006

Aacutereas de Planejamento RegiotildeesAdministrativas e Bairros

PopulaccedilatildeoCenso 2000 Casos 1996 Casos 1997 Casos 1998 Casos 1999 Casos 2000 Casos 2001 Casos 2002 Casos 2003 Casos 2004 Casos 2005 Casos 2006 Total Casos

de Dengue

TOTAL 5 857 904 4 102 1 024 13 477 4 132 2 279 27 671 143 723 1 610 708 1218 14 778 214 722Aacute R E A D E P L A N E JA M E N T O 3 3 928 800 477 136 1 820 555 31 9 5 109 10 351 214 118 109 754 19 962PAVUNA 90 027 64 17 445 129 10 341 578 19 5 3 53 1 664

Tabela 13-B

147

Principal fonte O que causa Escape dos veiacuteculos motorizados

Centrais termoeleacutetricas NO2 Faacutebricas de fertilizantes de explosivos ou de aacutecido niacutetrico

Problemas respiratoacuterios

Centrais termoeleacutetricas Petroacuteleo ou carvatildeo SO2 Faacutebricas de aacutecido sulfuacuterico

Problemas respiratoacuterios irritaccedilatildeo nos olhos problemas cardiovasculares

Escape dos veiacuteculos motorizados

Processos industriais Centrais termoeleacutetricas

Partiacuteculas em

suspensatildeo Reaccedilatildeo dos gases poluentes na atmosfera

Problemas respiratoacuterios irritaccedilatildeo dos olhos doenccedilas cardiovasculares

Escape dos veiacuteculos motorizados Problemas respiratoacuterios intoxicaccedilotildees problemas cardiovasculares

Alguns processos industriais CO

Fumaccedila de cigarro

Na exposiccedilatildeo prolongada aumento do volume do baccedilo hemorragias naacuteuseas

diarreacuteias pneumonia perda de memoacuteria e outros males

Escape dos veiacuteculos motorizados (gasolina com chumbo) Efeito toacutexico acumulativo Pb

(Chumbo) Incineraccedilatildeo de resiacuteduos Anemia e destruiccedilatildeo de tecido cerebral

Irritaccedilatildeo nos olhos O3 (Ozocircnio)

Formados na atmosfera devido agrave reaccedilatildeo de oacutexidos de azoto hidrocarbonetos e luz solar Problemas respiratoacuterios (reaccedilatildeo inflamatoacuteria

Tabela 14-B Gases poluentes lanccedilados na atmosfera

Tabela 15-B Comparaccedilatildeo da poluiccedilatildeo atmosfeacuterica produzida em algumas cidades

ANEXO III

GRAacuteFICOS E FIGURAS

Graacutefico 1-B

Figura 1-B

Imagem do lixatildeo no local chamado de fim de mundo

Figura 2-B

Imagem do lixatildeo no local chamado de fim de mundo

Figura 3-B

Projeto de reciclagem de lixo

Figura 4-B

Aspecto da disposiccedilatildeo do lixo recolhido na aacuterea da ldquoreciclagemrdquo

Figura 5-B

ETE Pavuna Fonte Aquacon

Figura 6-B

Exemplo de uma aacuterea de lazer

Figura 7-B

Exemplo de uma aacuterea de lazer

PESSOAS ENERGIA

ENTRETENIMENTO EDUCACcedilAtildeO INFORMACcedilAO E TECNOLOGIA

RUIacuteDO

AR POLUIacuteDO

ESGOTO

RADIACcedilAtildeO LIXO HOSPITTALAR PUacuteBLICO E RESIDENCIAL

SERVICcedilOS

BENS MANUFATURADOS

RESIacuteDUOS INUSTRIAIS

COMBUSTIacuteVEIS

MATEacuteRIA-PRIMA

Figura 8-B Esquema de trocas de uma cidade

Figura 9-B

Figura 10-B

ANEXO V

FIGURAS UTILIZADAS NAS ENTREVISTAS

ASSUNTO PRESSUPOSTO TELECOMUNICACcedilAtildeO CONSUMISMO PRODUCcedilAtildeO DE LIXO

ASSUNTO PRESSUPOSTO CONSUMISMO CONFORTO LAR LAZER

ASSUNTO PRESSUPOSTO CONSUMISMO CONFORTO LAZER POLUICcedilAtildeO ATMOSFEacuteRICA

ASSUNTO PRESSUPOSTO DESMATAMENTO MUDANCcedilA CLIMAacuteTICA PERDA DE BIODIVERSIDADE EFEITO ESTUFA

ASSUNTO PRESSUPOSTO CONSUMISMO ALIMENTACcedilAtildeO TRABALHO DIGNIDADE CIDADANIA

ASSUNTO PRESSUPOSTO PRESERVACcedilAtildeO AMBIENTAL LEIS VIOLEcircNCIA

ASSUNTO PRESSUPOSTO ALIMENTACcedilAtildeO DINHEIRO TRABALHO QUALIDADE DE VIDA

ASSUNTO PRESSUPOSTO ENERGIA CONFORTO LAR LAZER

ASSUNTO PRESSUPOSTO CONSUMISMO ALIMENTACcedilAtildeO TRABALHO FAMIacuteLIA

ASSUNTO PRESSUPOSTO PARTICIPACcedilAtildeO DO PODER PUBLICO SAUacuteDE CIDADANIA POLIacuteTICA

ASSUNTO PRESSUPOSTO LAR MORADIA TRANSPORTE LAZER SEGURANCcedilA QUALIDADE DE VIDA FUTURO

ASSUNTO PRESSUPOSTO PARTICIPACcedilAtildeO SOCIAL SAUacuteDE FAMIacuteLIA

ASSUNTO PRESSUPOSTO TELEVISAtildeO RAacuteDIO PARTICIPACcedilAtildeO SOCIAL AMBIENTALISMO

ASSUNTO PRESSUPOSTO CIDADE TRANSFORMACcedilAtildeO DA PAISAGEM POLUICcedilAtildeO TRABALHO

ASSUNTO PRESSUPOSTO MEIO AMBIENTE ENERGIA POLUICcedilAtildeO PRESERVACcedilAtildeO

ANEXO VI

TRANSCRICcedilAtildeO DAS FALAS DOS ENTREVISTADOS

TRANSCRICcedilAtildeO ENTREVISTA 1 Que eu entendo por meio ambiente eacute aonde noacutes vivemos neacute Onde

precisamos se sentir saudaacutevel neacute E que nesse saudaacutevel que agente natildeo tem as impurezas na natureza neacute Eacute que a natureza deve ser saudaacutevel porque noacutes vivemos e precisamos dela Por isso eu acho que os seres humanos devem preservar

Meio ambiente que eu vi ali por exemplo na televisatildeo que apareceu apareceu o espaccedilo o mar neacute O mar achei interessante E tambeacutem vi coisas desagradaacuteveis neacute No meio ambiente a queima das aacutervores neacute Eacute isso aiacute que eu vi vi tambeacutem que eu vi aqui Vi por exemplo que produz o meio ambiente a vi ali frutas sucos laacute tinha laranja reproduzido no meio ambientevi o que mais Vi tambeacutem o meio ambiente o homem Os conflitos entre os seres humanos em um grupo de pessoas que deviam estar vivendo bem natildeo em conflito o espaccedilo limitado dessas pessoas

O carro o meio ambiente eu acho assim noacutes necessitamos dele Ele solta gaacutes carbono impureza no meio ambiente acho que o carro nos traz conforto eu acho que carro eacute necessidade mas no meio ambiente ele danifica salta gaacutes polui o ar A mesma coisa ai satildeo celulares aparelhos que vocecirc usa pilha usa coisa que ele danifica tambeacutem o meio ambiente por exemplo eu li uma vez que a ldquoguimbardquo do cigarro se vocecirc colocar ele demora para a natureza a terra absorver duzentos anos neacute Vi tambeacutem que a garrafa plaacutestica demora mais de 300 anos para deixar de danificar isso plaacutestico entatildeo isso eacute Claro e evidente e se vocecirc jogar lixo e deixar aacutegua limpa em por exemplo em casca de ovo pneu aiacute danifica o meio ambiente eacute indiretamente sim porque temos verbas desviadas que poderia estar desenvolvendo o meio ambiente eacute desviada pelos nossos governantes puacuteblicos Tambeacutem espaccedilo fiacutesico de lazer neacute Se vocecirc tiver o espaccedilo fiacutesico de lazer compatiacutevel com as nossas moradias eacute favoraacutevel o crescimento da crianccedila o adolescente e o adulto saudaacutevel quando se pensa em meio ambiente fortalecido agente vecirc que as vezes natildeo

Equiliacutebrio fiacutesico e mental para mim sauacutede eacute isso equiliacutebrio fiacutesico e mental Quando eu falo fiacutesico e mental vocecirc eacute uma pessoa saudaacutevel se vocecirc tem um equiliacutebrio fiacutesico neacute Eu to bem fisicamente mentalmente eu to bem

Tem haver se eu viver num ambiente por exemplo onde tem lixo tem detritos tem vala abertas vai comprometer minha sauacuteda porque vai chamar ratos baratas e vai transmitir doenccedilas mosca entatildeo a sauacutede tem haver muito com a limpeza e a limpeza eacute o meio ambiente onde

vivemos seja dentro da nossa casa seja na comunidade seja no espaccedilo de lazer seja onde noacutes tivermos se tiver limpeza agente vai ter uma sauacutede equilibrada se agente tiver sujeira e imundiacutecie agente natildeo vai ter sauacutede

Favela como eacute ta dizendo em latim que eacute comum a todos mas se vocecirc tiver uma favela urbanizada e equiparada ao benefiacutecio de sauacutede puacuteblica poliacuteticas puacuteblicas com certeza esses moradores vatildeo ter uma sauacutede equilibrada e uma ecologia tambeacutem comparada com o equiliacutebrio ecoloacutegico aonde vocecirc vive Se vocecirc mora numa favela se os moradores natildeo satildeo conscientizados que eu acho mais difiacutecil mas se eles tiverem orientados que ele tem que manter o espaccedilo que ele vive que tem que pensar natildeo soacute em mim tenho que pensar no meu semelhante no meu vizinho manter No caso da dengue se eu tenho um jarro de flor que tem aacutegua meu vizinho natildeo tem entatildeo eu estou proporcionando soacute doenccedila pra mim eu estou proporcionando pro meu proacuteximo entatildeo se todo mundo em favela viver em um ambiente limpo e saudaacutevel vai ter com certeza sauacutede saudaacutevel mas se agente viver na comunidade esse espaccedilo fiacutesico se natildeo for bem tratado saneamento baacutesico com certeza vatildeo ter essa comunidade esse espaccedilo ecoloacutegico da vivecircncia ruim

Porque conscientizaccedilatildeo se demora muito neacute Vocecirc conscientiza uma pessoa a pessoa entender isso Que agente pode ter divergecircncia de ideacuteia ou achar que temos que beber aacutegua filtrada e a moradora dizer pra mim natildeo eu bebo a aacutegua do latatildeo haacute vinte anos e natildeo peguei doenccedila Entatildeo conscientizar essa pessoa demora mais eacute mais faacutecil orientar dando coisas praacuteticas Vocecirc bota no latatildeo mas no latatildeo ele traz o que ele traz ferrugem do latatildeo a aacutegua tem que ser fervida e filtra por isso por isso por isso Acho que vocecirc orientar eacute mais faacutecil do que conscientizar a pessoa as orientaccedilotildees eacute passo a passo que dizer no final ele vai se conscientizar daquilo mas leva muito mais tempo mas orientaccedilatildeo praacutetica na hora das accedilotildees imediatas surgem mais efeitos do que uma mudanccedila que leva tempo

Tem uma aacutervore caindo em cima da casa eacute uma como se chamaum abacateiro Ela veio aqui e no dia que ela veio aqui tinham um assessor da secretaacuteria do meio ambiente a R F ele disse que isso natildeo era questatildeo dele era questatildeo de defesa civil Vocecirc entendeu E ela mas a aacutervore vai cair em cima da casa dele pode causar morte vai derrubar a casa dele ela tava preocupado do risco dessa aacutervore tanto pra ela quanto pro vizinho E a pessoa ficou fria e outra coisa eacute noacutes temos o lixo aqui as pessoas natildeo educadas que o lixo como se tem que fazer o lixo eacute reciclar o lixo eles natildeo eles jogam o lixo toda vez eacute garrafa ldquopetrdquo para um lado viacutescera de peixe pra um lado viacutescera de galinha para um lado entatildeo eles natildeo sabem separar isso eacute falta de educaccedilatildeo ambiental e natildeo eacute feito na comunidade as escolas que estatildeo comeccedilando agora a fazer isso Por exemplo aqui em Acari eu fiquei boba tem vala aberta antiga vala negra se for no final do mundo se encontra vala aberta Vala aberta crianccedila andando descalccedilo

nessas valas Entatildeo o ambiente aqui do complexo do areal ta comprometido Vocecirc vecirc o rio Acari hoje melhorou um pouco por que existe os guardiotildees do rio Satildeo homens que satildeo pagos pela prefeitura pela meio ambiente que eacute da secretaria do meio ambiente que eacute daqui da prefeitura que faz a limpeza do rio dos detritos que os proacuteprios moradores jogam no rio Eu ateacute discuto isso muito em que tem que orientar os moradores a natildeo jogar as coisas que eles natildeo usam mais no rio e eles acabam jogando e daacute enchente e enchente vaacuterios barracos na beirada do rio vatildeo ser levadas vaacuterias famiacutelias eacute flageladas sem onde morar vocecirc vecirc que baixa a enchente as pessoas voltam a morar a fazer seus barracos e continuam jogando seus detritos Eu acho que as pessoas natildeo estatildeo muito preocupadas com o seu meio ambiente eles no momento pensam no momento em que satildeo atingidos depois que passa isso tudo ele continua fazendo a mesma coisa

O complexo de Acari eacute o terceiro maior complexo de favelas da Ameacuterica do Sul com IDH muito baixo pra vocecirc vecirc se muito baixo quer dizer que condiccedilatildeo ela estaacute precaacuteria de tudo saneamento baacutesico estou falando pra vocecirc que existe vala negra Entatildeo vou dizer laacute da beirada do rio se vocecirc for a beirado do rio de Acari depois do hospital vocecirc vai dizer que poliacutetico eacute esse que temos nesse municiacutepio que laacute aquelas famiacutelias de laacute Se entra laacute eu tava com chinelo de dedo e fui laacute procurar um menino aconteceu um acidente uma rato mordeu aqui nele na mulher tambeacutem eu fui laacute entre os meu dedos tinha aquela lama preta e dentro de casa natildeo eacute cimento natildeo eacute chatildeo batido uacutemido que as pessoas botam tapete que eles encontram no lixo taacutebua ou papelatildeo Levo quem quiser laacute eu falo pra poliacutetico eu levo laacute eu levo aquilo tudo imundo cheio de verminose as crianccedilas descalccedilas eu vejo no meio do complexo de Acari apesar de ter os gari que varre as pessoas continuam jogando lixo na rua entatildeo eacute precisa passar um processo de educaccedilatildeo ecoloacutegica de moradores estaacute mais atento a isso Se vocecirc procurar nos becos da favela se anda aiacute se vecirc muito coco de animais natildeo que eu quero exterminar ateacute adoro neacute mas eu ando e vejo em outros lugares as pessoas com a bolsinha quando faz cococirc na rua as pessoas bota saquinho plaacutestico e joga na lata de lixo Aqui natildeo se vecirc crianccedilaeacute porco cabrito gato cachorro tudo faz por aiacute e as crianccedilas brincando Eu acho que natildeo existe trabalho focado pra defesa deste espaccedilo fiacutesico que crianccedila adolescente jovem-adulto terceira idade tem uma sauacutede mais equilibrada porque vatildeo fazendo casa em cima da outra neacute Nesse aglomerado e mesmo com a favela bairro hoje agente tem aqui por mal feita a favela bairro ainda natildeo tem lugares que ta faltando aacutegua natildeo tem aacutegua potaacutevel na hora que fez favela bairro tirou um cano novo botou um velho soacute que o velho neacute O novo natildeo passa aacutegua e o velho tambeacutem Umas pessoas tecircm aacutegua outros lugares aqui na rua do viaduto cansam de reclamar isso e os proacuteprios bueiros mal feitos neacute Quando tem uma chuva bem forte os bueiros natildeo satildeo limpos que o gari daqui vocecirc sabe limpar as ruas eu que vejo os garis de outros lugares que eles limpam os bueiros tambeacutem

de outro lugar vocecirc em outro lugar a diferenccedila limpam as ruas do Meacuteier lavam as ruas aqui nem em dia de feira lavam as ruasentatildeo vocecirc vecirc a diferenccedila disso tudo Se vocecirc andar no conjunto de manhatilde esse conjunto aqui vocecirc vai ver de copo descartaacutevel papel que jogamah se vocecirc se andar nas ruas becos voce vecirc muita sujeira os gari acabam de limpar e se eles voltarem duas horas depois estaacute tudo sujo Acho que noacutes brasileiros natildeo somos educados para isso

Guardiatildeo do Rio Gari comunitaacuterio associaccedilatildeo centro de estudos eacute o seguinte hoje o complexo de Acari tem a Associaccedilatildeo do Parque unidos de Acarai que eacute do outro lado do Rio quem vai pra linha verde do outro lado tem centro comunitaacuterio unidos de Acari que eacute uma ONG que tem uma creche desenvolvem trabalho com laboratoacuterio de informaacutetica para os jovens e jovens adultos e terceira idade para o mercado de trabalho Vindo para este lado noacutes temos a Associaccedilatildeo de moradores do parque acari que eacute a mais antiga noacutes temos vindo pra caacute Vila Rica que hoje natildeo eacute associaccedilatildeo que juntou ao Parque Acarai a ONG Tio Patinhas que eacute uma creche que estava fechada uns trecircs anos reabriu com um convecircnio com a secretaria municipal de educaccedilatildeo A creche laacute do PAC centro comunitaacuterio tambeacutem tem um convecircnio com a prefeitura vindo mais pra cima vocecirc tem Quero Ouvir Esperanccedila com a unificaccedilatildeo Associaccedilatildeo do conjunto residencial Areal conhecido como amarelinho assumiu vila esperanccedila Que eram cinco associaccedilotildees se tornou duas agora e tem onde era a Parmalat que tem uma associaccedilatildeo que eacute de fato de natildeo de direito porque ela eacute formada e natildeo eacute registrada tentamos agora fazer essa composiccedilatildeo eu ainda acho que as associaccedilotildees tem que eacute de bom grado e bom tamanho que muita associaccedilatildeo acaba ningueacutem fazendo nada Temos aqui o Futuro Feliz que eacute uma ONG que tem um papel importante na comunidade eacute ensinar as crianccedilas adolescente e adultos muacutesica entatildeo tem aula de violatildeo bateria piano teclado vocecirc vecirc uma menina que eacute nascida aqui que tem doze anos que sabe ler partitura E tem a instituiccedilatildeo aqui que eu coordeno que eacute a Satildeo Domingos Saacutelvio e vaacuterias escola do ensino fundamental e vaacuterias creches da prefeitura e tem o posto de sauacutede enfermeira Edna Valadatildeo que hoje eacute PSF A Cufa que estaacute saindo jaacute esteve aqui no complexo de Acari e eu natildeo sei por qual motivo pelo qual motivo ela saiu voltou tem uma ano e pouco segundo a pessoas que esteve aqui ela colocou que os projetos colocado aqui natildeo teve resultados favoraacuteveis ateacute fiquei boba que eles tem condiccedilatildeo econocircmica que eu natildeo tenhonem a associaccedilatildeo de moradores tem e conseguimos fazer um trabalho e natildeo temos o projeto que eles tecircm neacute E natildeo conseguiram ter um nuacutemero de clientela favoraacutevel natildeo sei qual o erro aqui tem crianccedila noacutes estamos na terceira maior favela da Ameacuterica do Sul e natildeo ter clientela favoraacutevel pelo tipo de atividades que eles faziam que eacute de suma importacircnciapor que eu fiquei boba de quinta feira ela ter colocado pra mim que vocecircs estatildeo indo embora porque Vocecircs tem melhor dos projetos Petrobraacutes governo de estado com a prefeitura ela disse que os projetos que desenvolvia aqui a direccedilatildeo da CUFA achou que natildeo teve um resultado favoraacutevel eacute porque Clientela mas pra vocecirc ter clientela se tem que divulgar o que

vocecirc faz tem que comunicar com o povoe eu falei pra ela se vocecirc natildeo divulgaeu dou um curso aqui que preparo a dezesseis anos os adolescentes para o mercado de trabalho Eles sabem que de primeiro a quinze de dezembro primeiro a quinze de junho tem inscriccedilatildeo eu natildeo divulgo eacute um trabalho de formiguinha uma passa para o outro porque eacute bom e as pessoas vatildeo passando

ENTREVISTA 2 Meio ambiente Na verdade talvez mais pro lado do que agente costuma

dizer florestas rios Pra comunidade o meio ambiente Primeiramente higiene eu acredito assim uma limpeza uma participaccedilatildeo de todos esgoto muito esgoto entupido

Na verdade na verdade noacutes podemos ver que haacute um certo descaso com as comunidades por parte do poder puacuteblico certamente eles poderiam fazer muito mais apesar de que eu natildeo vou encobrir que muitas das vezes faz parte dos nossos proacuteprios liacutederes comunitaacuterios De um modo geral que muitas das vezes hoje se tornam uma questatildeo de repente eu consegui algo mas e a comunidade Natildeo adianta trazer um candidato para a comunidade o candidato entra ganha voto e depois vai embora e beijinho pra comunidade e de repente eu que trouxe meu candidato consigo traz alguma coisa para a comunidade mas a comunidade veda entatildeo tambeacutem haacute um descaso na minha opiniatildeo tanto de liacutederes comunitaacuterios como eu sou a favor do que estaacute para acontecer um plebiscito para eleger uma pessoa para representar as comunidades de um modo geral eu sou a favor considero as pessoas que jaacute passaram considero mas a eacutepoca para mim jaacute passou teve que aproveitar os momentos aproveitou e ficou esquecido acabou o tempo Eacute tempo de novas oportunidades

Eu na minha opiniatildeo sou a favor de que a comunidade num todo apoacuteie ele para que noacutes venhamos trazer um candidato para que este candidato da mesma forma que noacutes o colocamos laacute por ele ser da aacuterea criado na comunidade conhecendo os problemas se agente o colocar laacute e tambeacutem natildeo fizer nada da mesma forma que o colocamos laacute podemos fazer o seguinte fechamos essa Avenida Brasil aqui com faixas e cartazes e mancha e denigre a imagem dele dizendo que ele natildeo com mentiras mas com verdade e dizer o que era para ele fazer e natildeo fez eacute uma opiniatildeo minha natildeo com baderna natildeo soacute um meio de chamar agrave atenccedilatildeo porque eu sou a favor de que ele venha eu estou confiando nele e espero que porque haacute esse descaso que vocecirc falou ateacute mesmo da lideranccedila e descaso da proacutepria comunidade que se acostumou com certos tipo de problemasmas as vezes o morador eacute culpado porque pegam a bolsinha de lixo e natildeo quer andar ateacute a ponta aqui e depois venha aqui cobrar Mas outros natildeo querem chegar junto vocecirc sabe por que eacute porque as pessoas vatildeo se cansando e claro estas questotildees vatildeo caindo em descreacutedito entatildeo tem muitos que natildeo querem pois se

cair em descreacutedito jaacute era Eacute o que eu falei Certa vez um cidadatildeo chegou para mim - deixa eu colocar uma faixa aiacute - eu falei pocirc jaacute tem um faixa aiacute natildeo daacute natildeo - pocirc mas oacute fulano de tal vez fez aquilo na comunidade - eu falei cadecirc ele Fez a quatro cinco seis anos atraacutes mas cadecirc ele agora Para eu estar votando nele continuamente quero ver ele aqui na comunidade fazendo alguma coisa pela comunidade e tem essas obras do PAC aiacute Porque seraacute que natildeo tem ningueacutem para trazer o PAC pra caacute Trazer um centro comunitaacuterio aqui alguma coisa que possa tirar essa molecada daiacute sei laacute alguma coisa que para trazer um curso pocirc abrir a mente com esporte em vez de estar com os olhos focados nesta porcaria aiacute estar focado com outras coisas a maioria dos moradores natildeo procuram abrir a mente pra isso muita gente que tem mente pequeninha Isto eacute interessante para o poder puacuteblico com achei uma covardia de fazer aquilo a aprovaccedilatildeo automaacutetica natildeo existe isso

Me desculpe eu respeito todo mundo cada um com seu cada um mas pra mim eacute para poder manter principalmente nas comunidades pessoas sem estudo porque para ele tambeacutem eacute vantagem A pessoa da comunidade de onde for fica sem instruccedilatildeo nenhuma sem abrir a sua mente a ampliar para ver o que estaacute acontecendo num todo Por que se noacutes natildeo nos unirmos estamos ferrados porque a aprovaccedilatildeo automaacutetica sabe passou natildeo sabe tambeacutem passou entatildeo isso haacute manipulaccedilatildeo por traacutes construiu um hospital daquele ali passei saacutebado a noite por laacute olhei a fachada eacute uma coisa de primeiro mundo aquilo ali eu costumo dizer aquilo ali eacute do niacutevel de um copa drsquoor de um barra drsquoor aiacute construiacuteram sabe a quantos anos estaacute fechado Agora chega na hora das eleiccedilotildees chega o candidato dele que ele natildeo pode mais se lanccedilar aiacute a populaccedilatildeo infelizmente alguns com a mente mais fraca arrisca de ateacute votar aiacute eu te falo eu natildeo entendo muito eu natildeo sou tatildeo burro pois tento aprender umas coisinhas mas eles construiacuteram um hospital daquele ali aiacute eu pergunto um hospital daquele ali vai precisar de quecirc Funcionaacuterios tanto meacutedicos quanto enfermeiros limpeza comidapessoas para trabalhar no refeitoacuterio eu te pergunto hospitais do Rio de Janeiro tanto municipal estadual e federal tudo caindo aos pedaccedilosseraacute que eles vatildeo ter verba para investir naquilo ali seraacute que vatildeo ter interesse em investir naquilo ali Pocirc que aquilo ali eacute hospital para ter emergecircncia vinte e quatro horasvai inaugurar sim a qualquer momento Eu acredito que eles vatildeo enrolar ateacute o final do ano Aiacute eles gastam uma fortuna do dinheiro puacuteblico do dinheiro que natildeo satildeo deles aiacute se constroacutei um mundo que aquilo ali eacute um mundo seraacute que eles vatildeo querer em ter interesse em manter verba todo ano tem aquela como eacute chamado orccedilamento Um bilhatildeo oh Vamos destinar cem para a sauacutede cem para a seguranccedila puacuteblica natildeo eacute isso Por exemplo para a educaccedilatildeo seraacute que no municiacutepio vai ter interesse em enviar tantas verbas para um hospital desses Porque para comeccedilar eles vatildeo ter que os meacutedicos os profissionais muitos de repente vatildeo ficar ateacute meio assim tem profissionais que se bobear ateacute correm mas seraacute que eles tem interesse de manter o hospital vinte e quatro

horas aberto Com funcionaacuterios ali e meacutedicos pediatras emergecircncia e aiacute aquilo ali eacute uma coisa de louco Os hospitais da rede municipal estavam tudo ali caindo aos pedaccedilos numa correria daqui pessoas largadas nos chatildeo entatildeo satildeo estas questotildees Aqui em Irajaacute tem uma RF que domina geral entatildeo eu acho chegou uma eacutepoca eu na minha opiniatildeo nada contra ela mas eu acho que ta na hora de noacutes aqui nos unirmos para trazer um candidato trazer natildeo eacute puxa ele de como uma passagem como agente de um tanto e meu voto e peacute na estrada eu sou contra Pessoas que venham e que tenham compromisso realmente com a comunidade Jaacute que fizeram um plebiscito eu sou favor do plebiscito e que se vaacute ateacute o final mas se natildeo tivesse acontecido o candidato tem que ter interesse em ficar aqui na comunidade tanto amarelinho acari parque uniatildeo parque Columbia laacute pra trazbeira rio mas que desse uma assistecircncia a comunidade e procurar trazer benefiacutecios a comunidade

ENTREVISTA 3 Meio ambiente Acho que eacute tudo que envolve o lugar onde Agente vive

depende de cada lugar cada meio ambiente diferente daquele lugar Conheccedilo eacute poluiccedilatildeo agraves vezes de rios que se transformam em valotildees neacute Que coisas que pessoas antigas diziam que rios de aacuteguas potaacuteveis que havia peixes e algumas outros tipos de seres vivos que hoje em dia natildeo existem mais devido a poluiccedilatildeo Acho que a degradaccedilatildeo do meio ambiente neacute o lugar que a mateacuteria diz que o rio que tem o seu curso que por intermeacutedio do ser humano quer desviar curso desse rio Acho ruim porque se tivesse que o rio passar por onde ele deveria passar ele natildeo teria que ser mexido porque ele tem um fluxo dele tem toda uma estrutura daquele rio tem espeacutecies ali que mudando o curso daquele rio talvez essas espeacutecie natildeo vatildeo se adaptar o novo curso que ele vai ter que percorrer Acho que a sauacutede vem desde a prevenccedilatildeo Se natildeo houver prevenccedilatildeo natildeo haacute sauacutede Porque natildeo age soacute que a pessoa tem que a pessoa tem que fazer aquela prevenccedilatildeo ali pra que natildeo fique doente entendeu Pra que natildeo pegue algum tipo de viacuterus ou outra coisa Natildeo eacute soacute depois que estaacute doente cuidar daquilo Tem Tem porque se o ambiente estiver sendo bem tratado dificulta agraves vezes algum tipo de doenccedila agente pode vamos dizer assim a hepatite neacute A hepatite eacute causada em situaccedilotildees de poluiccedilatildeo de lixo poluiacutedos aquela aacutegua que a pessoa bebe e que natildeo foi tratada se de repente aquilo ali natildeo tivesse sido destruiacutedo aquele ambiente ali talvez aquela pessoa natildeo pegaria aquela doenccedila Eu acho que a conscientizaccedilatildeo que a populaccedilatildeo da comunidade mostra as pessoas pra natildeo destruir a natureza natildeo destruir os rios dentro de cada comunidade natildeo soacute a minha mas em todas entendeu Eu acho

que se forem feito um estudo desde a educaccedilatildeo principal maternal jardim ai vem primeira seacuteria assim sucessivamente que natildeo adiante depois que as pessoas estatildeo velhas que jaacute estatildeo acostumas a fazer muita coisa errada vocecirc tentar colocar aquilo na cabeccedila das pessoas vocecirc jaacute tem que vir desde quando eacute crianccedila ensinar a crianccedila a natildeo a chegar ali naquela planta do vizinho e arrancar aquela planta natildeo destruir ao ver um animal ou um paacutessaro e natildeo tacar um pedra alguma coisa desse tipo

ENTREVISTA 4 Eu gostaria que ele viesse a festa da comunidade aniversaacuterio da

comunidade Vai Comeccedilar as dezessete horas ou seja dezenove vamos ter a forccedila do Afro Reggae vem o Gabrielzinho de Irajaacute vem o Ademir da Rede Globo o ator Temos grupo Luzes o Mc Alex vai estar presente tambeacutem vai dar uma mensagem tem uma muacutesica que diz sobre o Presidente Pra gente eacute importante tambeacutem fortalecer esse jovem porque ele foi precursor da limpeza da comunidade Ele foi um dos caras que noacutes ganhamos pegamos duzentos latotildees com produtos quiacutemicos que agente natildeo sabia que era toacutexico Aiacute um belo dia a Comlurb disse assim oh retira esses latotildees que eu do todo ele cor de aboacutebora E o Alex foi a pessoa que foi o cara pra distribuir todos os latotildees na comunidade Eu tenho retrato dele ele era magrinho hoje oacute soacute vendo E noacutes tiramos e controlamos a questatildeo do lixo que a questatildeo do lixo eacute uma coisa muito forte Agora eu queria que vocecirc registrasse pra noacutes eacute a questatildeo futuramente vocecirc vai ver este cercadinho em muro vocecirc vai ver tudo isso aqui bonitinhosabeporque aiacute agente ta recebendo as pessoas ainda fazem uma criacutetica que soacute serve soacute para crescer Eu queria que ficasse bem registrado que a populaccedilatildeo devido a morte de uma crianccedila laacute um adolescente aiacute a comunidade comeccedilou morreu de meningite teve um surto de meningite

ENTREVISTA 5 somos isentos da taxa d aacutegua porque eacute do INSSe esgoto tambeacutemonde

tem favela bairro eles recebem conta de aacuteguaalguns pagam a conta de aacutegua Chegou o gaacutes aqui mas eles natildeo aprovaram natildeo natildeo foi aceito natildeo O amarelinho era o maior morro que existia aqui era o cemiteacuterio dos iacutendios e tudo isso aqui esse morro grande tinha um tal de Joatildeo de Morro que era um cara da antiga fazenda Areal que vivia aqui e ele entatildeo aiacute quando compraram esse terreno ai primeiro para construir o IAPC eacute o conjunto habitacional do IAPC ndashInstituto Nacional de

Previdecircncia dos Comerciaacuterios que era dividido assim Esse morro aqui foi entatildeo rebaixado quando tambeacutem tudo aquilo aqui foi rebaixado para fazer o CEASA aquelas maacutequinas da transamazocircnica que tem aquela boca em baixo e ela vai retirando o todo o excesso tudo que ficar vai desbastando o morro antes para aqui para a construccedilatildeo do CEASA Toda essa populaccedilatildeo foi para Senador Cacircmara O Pessoal do Furatildeo foi para Vila Kennedy Padre Miguel Essa foi a uacuteltima assembleacuteia que tivemos e falamos da reciclagem de lixo tudo agente tenta buscar e discutir com a comunidade noacutes queremos capacitaccedilatildeo para o tratamento do lixo agente da aberto para capacitaccedilatildeo e parcerias agente quer agente necessita para fazer um dos melhores Vocecirc tem aqui desorientaccedilatildeo da famiacutelia aqui e a ela eacute dura ela vai dentro se vocecirc eacute um pai negligente ela vai falar que vocecirc eacute um pai negligente aiacute vocecirc vecirc que as pessoas as vezes fazendo coisas que agente entatildeo somos os guardiotildees dos direitos das crianccedilas aqui Todos noacutes que estamos dirigindo alguma coisa qual eacute o nosso objetivo natildeo adianta fazermos as coisas sozinhos cada um tem que fazer a sua parte entatildeo eu acho que agente tem que ser assim mesmo para garantir noacutes temos valores noacutes temos essas pessoas Porque o socioacutelogo Marcos fez a histoacuteria de Acari contendo todos noacutes porque eacute importante vocecirc registrar aqueles que ainda persistem na luta noacutes temos um coroa aqui de 80 anos que ainda milita no Complexo de Acari entatildeo eacute importante eu acho que o viacutedeo pode mostrar muitas coisas mas natildeo pode ficar pela metade Ningueacutem vai filmar o esgoto ningueacutem vai ver mais o esgoto tinha vala a ceacuteu aberto agora tem saneamento baacutesico Natildeo tinha nada o conjunto natildeo tinha pavimento era puramente o quecirc Um matagal as pessoas quando vem natildeo soma com as experiecircncias que tem a rede eacute furada porque as pessoas natildeo se integram o negoacutecio eacute sentar toda a rede e discutir coisas importantes conforme eu estou dizendo Eacute fundamental de buscar o dia 4 de novembro eacute o dia da favela que todas as favelas no Rio de Janeiro tem que se mobilizar para acontecer como a proacutepria a MT que criou o dia mas temos todos que gritar numa soacute voz Sabe porque Acari era um peixe que vivia no lamaccedilal na imundice eu natildeo faccedilo de conta natildeo eu estou presente noacutes fizemos uma reportagem e aiacute nem passou eu falei o dia em que a comunidade pela violecircncia a questatildeo do apitaccedilo que a proposta aqui noacutes colocamos jaacute haacute muito tempo que a violecircncia que agente enfrenta seria desde a violecircncia a mulher e a crianccedila que vocecirc vecirc um cara matando algueacutem dentro da comunidade por exemplo vocecirc apita todo mundo sai apitando essas questotildees vatildeo parar o dia que o cara bate na mulher daacute tapa na cara soco na cara mas o dia em que as pessoas comeccedilarem a apitareu propus isso nesse documentaacuterio

jaacute queremos mudar os nomesaqui eacute Areal jaacute queremos mudar Ninho das Cobras Mangue Seco Fim do Mundotem que mudar eu botei Atalaia Maracanatilde Campo do Jordatildeo pra poder amenizar porque Ninho das Cobras pocirc pera aiacute As obras que viratildeo do Favela Bairro a audiecircncia puacuteblica noacutes vamos discutir para ver a prioridadenoacutes vamos dizer que tem que comeccedilar pelo Mangue Seco pois laacute as pessoas vivem no brejo laacute vocecirc vai ver os ratos andando

ENTREVISTA 6 - Bem estar fiacutesico e mental de cada pessoa

- eacute o bem-estar fiacutesico e mental justamente o que a doutora falou - sobre tudo condiccedilatildeo social - essa eacute a definiccedilatildeo da Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede - eacute difiacutecil vocecirc falar em cima dessas para mim essa abrange tudo natildeo tenho que acrescentar a isso Agora eu acho que vocecirc pode natildeo necessariamente estar bem psicologicamente para mim eacute o mesmo que estar psicologicamente para ela pode ser diferente Eu acho que isso pode ser nivelado eu acredito natildeo eacute a mesma coisa pra todo mundo Natildeo tem como vocecirc dizer que todo mundo vai ter o niacutevel de sauacutede igual vai achar a mesma coisa Vocecirc pode dizer a mesma coisa mas na verdade natildeo acha a mesma coisa Por exemplo nessa figura aiacute da floresta isso aqui jaacute eacute uma floresta de eucalipto eu conheccedilo o que eacute uma floresta de eucalipto Eacute a pior coisa que existe porque destroacutei o solo e a multinacionais estatildeo vindo plantando eucalipto aqui no Brasil Tirando o eucalipto vocecirc acaba com a terra e acabou aquela terra natildeo presta mais entatildeo vocecirc cria um bem estar momentacircneo que vai gerar renda vai gerar emprego na regiatildeoentatildeo durante aquele periacuteodo que vocecirc tiver o eucalipto vai ser legal e depois Quando o eucalipto for embora aquelas pessoas vatildeo viver de quecirc O cara vai laacute coloca o caminhatildeo corta o eucalipto as maacutequinas fazem tudofaz o papel eacute uma beleza e acabou aquilo vai fazer o quecirc amigo Aiacute vem as dificuldades a doenccedila Mas eacute o que eu te disse acho que tem niacuteveis diferentes de pessoa para pessoa O que eacute sauacutede para mim natildeo eacute o mesmo pra vocecirc nem pra ela nem pra ela - eacute o ambiente que circunda a todos onde a pessoa vive trabalha natildeo necessariamente o ambiente natural eacute o mundo ao redor onde se estaacute inserido e que provoca danos a nossa sauacutede desde que natildeo tratados com a devida atenccedilatildeo tanto a destruiccedilatildeo da proacutepria floresta

assoreamento industrializaccedilatildeo O ataque ao meio ambiente acaba causando danos a nossa sauacutede - o meio ambiente eacute assim vocecirc agente vai fazer visitas nas casas entatildeo agente procura ver como a pessoas vive O meio ambiente dela assim como eacute que ela se sente naquela casa pois agraves vezes agente chega em uma casa totalmente eacute desorganizada suja higiene nenhuma entendeu Natildeo tem alimentaccedilatildeo sadia vocecirc se percebe nela natildeo sei que ela estaacute bem com ela mesma Vocecirc agraves vezes quer mostrar pra ela queum outro lado mas elasabe que se vocecirc chegar para ela ela natildeo cede ela quer ficar alisabeentatildeo natildeo sei Eu acho que meio ambiente eacute isso aiacute a higiene eacute um todo eacute vocecirc se sentir bem eacute o saneamento baacutesico que na comunidade noacutes temos saneamento baacutesico se bem que ainda tem lugares ainda que estaacute furado isso - eacute tipo no fim do mundo ali tem muito mato lugar onde o gari comunitaacuterio natildeo vai quando as chuvas caem os lixos acumulados pra vocecirc ver ali em baixo estaacute um surto de dengue terriacutevel - tem uma casa que agente neacute Se vocecirc for naquela casa assim de mato vivem duas moccedilas elas acham que vivem bem porque cheia de crianccedilas Elas acham que vivem bem porque quando saem saem direitinhas arrumadinhas ningueacutem diz que elas moram ali Natildeo tem janela um abafamento - se vocecirc conversa com os moradores mais antigos vocecirc vai vendo o quanto estaacute se destruindo Soacute se destroacutei Vocecirc natildeo vecirc nada aqui vocecirc natildeo vecirc um projeto de reflorestamento ateacute chegar na beira do rio e vatildeo destruir tudo E aiacute - o governo trouxe o favela bairro o que que aconteceu A aacutegua Quando chove o esgoto volta para casa das pessoas E a aacutegua Fica difiacutecil tambeacutem a aacutegua que os moradores para ter aacutegua tem que ter bomba porque sem bomba fica sem aacutegua - o pessoal tem que acordar de madrugada para poder lavar roupa - o ideal do programa sauacutede da famiacutelia o objetivo natildeo eacute curativo uma vez que nosso objetivo eacute a prevenccedilatildeo da sauacutede e agente natildeo tem essa oportunidade porque agente soacute trabalha com cura melhoria agente ainda natildeo conseguiu definir esse objetivo de promover a sauacutedeprevenir Agente soacute parte do tratamento porque eu acho que esse conceito ainda na populaccedilatildeo a demanda eacute muito grande entatildeo o programa de sauacutede da famiacutelia aqui neste momento - um mau relacionamento familiar pais que natildeo datildeo atenccedilatildeo ao filhos natildeo moram com os filhos ou satildeo separados Uma famiacutelia mau estruturada

- tem muita gente que vem passando mau aqui porque tem tiroteio Esses que tem pressatildeo alta agraves vezes ateacute por causa disso tambeacutem vatildeo ter que tomar remeacutedio tem que tomar calmante - falta o segmento religioso tambeacutem tem muitas religiotildees tem muitas igrejas mas olha soacute - bolsa escola PAC bolsa famiacutelia CCDC unidade estadual tem o PET que ajuda as crianccedilas as para ajudar a famiacutelia essas crianccedilas natildeo teratildeo mais que trabalhar e eles vatildeo para um lugar ali eles fazem algumas atividades e ganham uma bolsa por mecircs Comeccedila de 12 anos - aqui tambeacutem tem um trabalho assim de patrulheiro que vai de 14 anos ateacute 18 anos Menino faz 14 anos e ele jaacute comeccedila ali a fazer um curso aqui tem um e ali em baixo tem outro Eles vatildeo para o quartel aprender um cursinho no quartel Patrulheiro porque eles vatildeo aprender um cursinho no quartel e dali jaacute sai trabalhando do governo acho que eacute estadual - tem um posto de sauacutede do Estado E ainda tem uma cabine da poliacutecia militar que natildeo sei se funciona natildeo - programa para gerar renda Natildeo - eles limpam o rio que eacute da limpeza tem o gari comunitaacuterio e os meninos que fazem limpeza no rio

ENTREVISTA 7 - Pra senhora o que eacute sauacutede

- Sauacutede eacute o bem estar fiacutesico e mental neacute Boa alimentaccedilatildeo higiene eacute o estado de espiacuterito perfeito neacute A pessoa sem sauacutede eacute nada entatildeo pra se ter sauacutede tem que ter boa alimentaccedilatildeo acompanhamento meacutedico - E meio ambiente o que eacute meio ambiente - Eacute um ambiente propiacutecio para se viver sobreviver limpeza neacute Sem lixo sem mosquito higiene baacutesica esgoto saneamento - Por exemplo ter dengue na comunidade eacute falta de sauacutede e falta de cuidados com o meio ambiente ou natildeo natildeo tem nada a ver - Ah tem haver principalmente com a populaccedilatildeo A populaccedilatildeo eacute o principal responsaacutevel pela Dengue tudo bem que os governantes deixam a desejar com a limpeza dos valotildees essas coisas neacute Tratamento assim mas a populaccedilatildeo ateacute hoje consegue deixar garrafa de boca pra cima caixa drsquoaacutegua destampada entatildeo isso aiacute eacute falta de educaccedilatildeo do povo Se a populaccedilatildeo se educasse natildeo estariacuteamos nesta situaccedilatildeo Depois de tantas mortes tanta coisa tanta propaganda tanta notiacutecia na televisatildeo e no raacutedio as pessoas conseguem deixar a caixa drsquoaacutegua destampada E natildeo satildeo soacute o pobre natildeo os ricos tambeacutem neacute Piscina destampadaaquela aacutegua suja que natildeo troca natildeo trata eacute isso aqui que acaba com o povoestas doenccedilas - Aqui tem muito problema relacionado ao meio ambiente

- Aqui tem sempre o pessoal tratando da sauacutede da Sucam estatildeo sempre tratando botando remeacutedio pra rato eu natildeo vejo muita coisa aqui natildeo - Por exemplo o complexo temse agente olhar a foto natildeo tem uma aacutervore soacute tem casas isso eacute problema ambiental pra senhora - A populaccedilatildeo fica sem respirar ar puro que tem que plantar aacutervores - consumismo eacute problema ambiental para a senhora - eacute mais problema do bolso A pessoa fica comprando eacute maia de grandeza - Deixa eu ver uma figura aqui O lixo por exemplo aqui a gente tem a Comlurb que tira o lixo mas deve haver pessoas que queimam o lixo - Aqui em cima natildeo laacute pra baixo na favela de ver ter que laacute eu natildeo conheccedilo mas aqui em cima natildeo O povo eacute obrigado a levar o lixo no depoacutesito aqui em cima tem como eacutechamam de reciclagementatildeo a pessoa desce com a sua bolsinha de lixo e leva pra laacuteentatildeo aqui natildeo tem esse problemaacho que por isso natildeo tem tanto rato por aiacute quando tem eles vem e combate o lixo natildeo fica jogado o esgoto natildeo fica na rua entatildeo aqui tem um saneamento baacutesico bom eu acho o que eu conheccedilo eacute bom laacute pra baixo natildeo laacute pra baixo tem muita coisa ruim

ENTREVISTA 8 - entatildeo a primeira figura eacute essa aqui pode passar se a senhora quiser falar

sobre essas figuras tambeacutem - alimentaccedilatildeo neacute A alimentaccedilatildeo eacute essencialagora meio ambiente tambeacutem eacute bom falar sobre isso - eacute bom morar em cidade - Nunca morei em cidade natildeo sempre morei aqui mas tenho famiacutelias em vaacuterios locais - Pra senhora o que eacute meio ambiente - Oacute acho que meio ambienteeacute assimaacutervores o mar o que vem a lembranccedila eacute isso Eacute acabar um pouco dessas fumaccedilas acabar um poucos das aacutervores que estatildeo empatando agente no meio da rua caiacutedas velhinhas com os caules jaacute todos resecadinhos e agraves vezes com raiacutezes todas do lado de fora quase caindo como caiu uma ali em frente a minha janela caiu ateacute em cima do carro parques e jardins natildeo vem aqui atender o nosso pedidopra ajudar aqui agenteisso aqui bem dizer - E por exemplo caso de dengue eacute problema de meio ambiente - Aqui estaacute uma epidemia jaacute morreu crianccedila adulto jovens tem muita gente internada hoje mesmo no meu trabalho a minha professora de educaccedilatildeo fiacutesica tava falando que um rapaz novinho taacute todo dia na padaria comprando patildeo tava com problema de dengue internado com problema seacuterio agente fica a parte de sauacutede principalmente agente estaacute jogado as baratas Vai pro hospital natildeo tem meacutedico vai no pan natildeo tem meacutedico e aiacute pra ficar doente passando mau - a Senhora disse que eles potildee fogo no lixo

- ah potildee fogo no lixo nas matas Essas matas balotildees depois cai numa mata daqui a pouco pega fogo em tudo - aqui dentro do complexo quais satildeo os problemas de meio ambiente que a Senhora conhece - aqui eacute mais caso de doenccedilas que estatildeo vindo muito repetitivas sabe - me lembro que algueacutem reclamou de ratos -ratos demais Ratos Aqui tem uma epidemia de rato rato mesmo subindo pelas paredes Aqui tem muito rato muita umidade tem apartamento tudo muito uacutemido

ENTREVISTA 9 Estamos sem aacutegua e sem luz haacute dias aiacute Vila esperanccedila ontem mesmo natildeo

teve nem aula na creche porque natildeo tinha aacutegua as matildees precisam trabalhar quem tem as crianccedilas na creche para poder trabalhar teve que voltar com as crianccedilas pra casa porque natildeo tinha nem aacutegua e nem luz como iam fazer comida A diretora chegou na escola natildeo tinham nem uma gota de aacutegua natildeo tinha luzsabe a luz esquece da gente a CEDAE esquece da gentechama faz pedidoagraves vezes o R tem que sair daqui para apanhar a CEDAE laacute nao caminhatildeo da CEDAE laacute napra pegar o caminhatildeo para trazer aquiaqui felicidade eacute pouco

ENTREVISTA 10 - O que o Sr Entende por sauacutedenatildeo precisa ser uma frase decorada natildeo O

que te vem a cabeccedila - ldquoEacute vocecirc estar bem neacute eacute natildeo estar doente prevenccedilatildeo meacutedico - E meio ambiente O que eacute meio ambiente para vc Olha meio ambiente eacute vocecirc tentar fazer como eacute tentar poluir menos neacute cuidado em tudo - E quais satildeo as formas de poluiccedilatildeo que vocecirc conhece - Fumaccedila de motor carro elixo jogado na rua - Lixo na rua eacute problema ambiental ou natildeo ou eacute problema de sauacutede os dois - O mosquito da dengue eacute problema de sauacutede ou problema ambiental - Eacute problema da sauacutede e problema ambiental neacute Por exemplo agente trabalha varrendo a aacuterea agente conhece a aacuterea a firma natildeo nos paga insalubridade eu acho que tenho direito a firma natildeo paga - Conhece algum problema ambiental dentro do Complexo - O uacutenico problema que acho chato eacute o proacuteprio morador que faz jogar o lixo antes do dia marcado da coleta passar por exemplo hoje eacute terccedila-feira neacute A coleta eacute quarta Jaacute tatildeo jogando lixo ali no certo eacute eles colocar a noite que o cara passa para recolher aquele lixo ajunta o quecircmosquito rato - Quais satildeo as doenccedilas que vocecirc mais conhece que o povo pega aqui - Aqui dentro Aqui o pessoal tem a

ENTREVISTA 11 - Entendo por meio ambiente assim todo o sistema que agente vive aqui

Agente depende da aacutegua do ar agente dependo do solo eu entendo assim Aqui por exemplo esta foto especiacuteficamente aqui agente entende ateacute a razatildeo mas ai jaacute eacute uma agressatildeo ao meio ambiente neacute Porque agente entende ateacute a necessidade do pessoal morar em algum lugar que tem que dormir em algum lugar mas aqui as condiccedilotildees aiacute isso aqui natildeo deve ter infra-estrutura Eacute bem complicado heacuteim aqui a foto em si eu natildeo sei Natildeo consigo ver o que tem de correlato mas esse homem tem nas matildeos aiacute o poder da caneta que pode atraveacutes de uma medida estabelecer algumas coisas que possas mudar Pelo menos ele com a usando o termo normal dando uma canetada pode mudar pode modificar muita coisa ou parte dela A sauacutede eacute vocecirc poder estar bem consigo bem vocecirc poder caminhar poder falar vocecirc poder comer o que vocecirc quiser beber o que vocecirc quiser sem saber que isso vai fazer mal se isso ou aquilo vai fazer bem e etc Tem a ver o meio ambiente pode alterar sua sauacutede a sua sauacutede depende do meio ambiente Por exemplo um ar poluiacutedo pode te afetar um coisa pocirc vocecirc comer algo que foi poluiacutedo vai afetar sua sauacutede de alguma forma Me lembra meio ambiente soacute o que agente escuta pela imprensa vocecirc usar produto orgacircnico aqui vocecirc depende da aacutegua da tua aacutegua Tem alguma coisa haver com meio ambiente a aacutegua a energia eacute gerada a aacutegua Gozado se eu for comparar duas coisas Algumas coisas melhoraram outras pioraram se for ver assim Por exemplo uma situaccedilatildeo de melhora Vou voltar o que aos anos cinquumlenta cinquumlenta e sete vamos voltarnatildeo tinha esse asfalto aqui vocecirc por exemplo quando chovia eu via muitas vezes minha matildee que tinha que trabalhar na cidade ela levava ela saia com uma galocha aquele sapato de borracha pra poder eliminar a lama e quando ela chegava no ponto de ocircnibus ela retirava aquele sapato pra poder chegar no centro da cidade sem lama Tem o asfalto Aiacute o asfalto trouxe alguns problemas que antigamente vocecirc por exemplo eu podia sair ficar na rua eu podia sair daqui se eu quisesse atravessar de uma lado para o outro eu podia atravessar tranquumlilo Agora natildeo se eu quiser atravessar por causa do asfalto muitas pessoas passam dirigindo em alta velocidade Eacute o preccedilo que agente paga Tem laacute em baixo parte do rio Acari parece que agora tem gente fazendo isso acho que a Serla natildeo sei se a Serla ou os homens da

prefeitura tem ateacute um nomenatildeo sei se eacute amigos do Acari ele agora estatildeo fazendo a limpeza e aliacute proacuteximo a praccedila Roberto Carlos quando chove aquelas chuvas intensas muita casa fica inundada muitas residecircncias vamos dizer assimmas aqui noacutes tamos mais elevados entatildeo o dia que chegar encher aqui a coisa ta mais complicada mais abaixo Inclusive tem uma obra do favela bairronatildeo sei se foi algum problema ou obra mal feita ou se natildeo foi feito Muitas coisas aiacute natildeo melhorou natildeo Acompanhei pela impressa jaacute parou natildeo serviu natildeo sabe porque o exercito essa obra eacute o exeacutercito que estaacute fazendo laacute entatildeo perdeu o sentido pra ele e o Vaticano deu ordem para parar A imprensa natildeo divulgou mas pelo que eu entendi ele recebeu uma ordem do vaticano para encerrar a greve

ENTREVISTA 12 - Aqui eacute o quecirc Amarelinho

- Aqui eacute Amarelinho - Ah mas coloca um ponto de referecircncia tem muita gente de laacute que natildeo conhece aqui eu marco e vocecirc vai laacute buscar - Natildeo conhece todos eles conhecem - Eu marco e vocecirc vai laacute buscar - Eu vou laacute buscar e pago o material todo - Que vocecirc paga mais - Ah pago tudo papelatildeo PET eacutevou aumentar de cinquenta para sessenta - Ah hoje mesmo vou te trazer um monte de coisas - Eu passo por laacute que quer passe por laacute que horas - Passa laacute quatro e meia - Eu to de carroccedila - SE tiver pouco lixo eu mesmo trago vocecirc tem telefone celular - Tenho

ENTREVISTA 13 Infelizmente natildeo acontece na nossa realidade principalmente na

comunidade natildeo eacute a realidade do nosso paiacutes e muito menos da comunidade Eu lembroateacute que ponto as pessoas chegam nesse paiacutes para chamar agrave atenccedilatildeo das autoridades em relaccedilatildeo a tanta coisa neacute Causar impacto e mobilizar mesmo neacute O sistema o governo chama atenccedilatildeo no geral por questotildees de necessidade abrangente ao paiacutes as pessoas neacute Entatildeo infelizmente neacute Um tipo de recurso que nem deveria ser usado Mas eu acho que proacuteprio abandono tanto descasoeacute do paiacutes dos governadores As pessoas ainda que inteligentes eu acho que essa greve de fome isso que acho um absurdo a pessoa ter que fazer mas se eacute uma forma de impactar de chamar agrave atenccedilatildeo eacute um recurso neacute que natildeo deveria ser usado mas ta na matildeo dele

A urbanizaccedilatildeo eacute a crescente corrida sistema imobiliaacuterio de repente num paiacutes capitalistadesenvolvimento urbano preacutedios moderniacutessimos e estradas viadutos rodovias e pontes Tem uma preocupaccedilatildeo urbana isso aqui eacute necessaacuteria Muitos descasos que tem pois paralelo a isso tem a poluiccedilatildeo do rio Tietecirc que vai passando por vaacuterios bairros de Satildeo Paulo infelizmente sou paulista e sempre acompanho a situaccedilatildeo daquilo laacute tenho parentes laacute E que eacute muito bonito de se ver neacute Assim de longe assim de cima mas se agente chegar bem perto eacute meio que decepcionante O estado como Satildeo Paulo rico neacute vivendo em quase total abandono em relaccedilatildeo as questotildees de pessoas muita comunidade abandonada em fim muita coisa a ser feita ainda Lembra conforto neacute Conforto o acesso a modernidade e as pessoas de um modo geral sonham em ter que natildeo eacute bem o caso da realidade da maioria dos brasileiros da grande maioria por sinal legal seria bom que todos tivessem acesso a isso Eu acho que natildeo eacute nenhum pecado querer ter muito conforto direito a conforto uma vida melhor entendeu Suscita esse tipo de coisa agente olha isso e eu lembro muito de disso eu como educadora isso me toca Essa eacute complicadiacutessima essa eacute muito complicada desmatamento assim desordenado que existe na amazocircnia meio que acobertado pela poliacutetica do paiacutes agente sabe pelo menos para quem se informa mais ou menos sabe que este desmatamento sempre acontece em muitas regiotildees da Amazocircnia neacute Ta muito ligada assim a poliacutetica dos grandes latifundiaacuterios desse paiacutes os poderosos quem eacute que vive desmatando poderosos donos de terra que vive plantando soja criando gado entendeu e que natildeo ta dando muita importacircncia as consequumlecircnciasele querem muito dinheiro e dinheiro suscita mais poderem fim eacute por aiacute assim neacute Eacute um desrespeito eu acho que eacute um desrespeito ao paiacutes as pessoas Eu fico com o coraccedilatildeo chocado quando eu vejo isso aqui Tenho acompanhado sempre isso aqui converso muito com a minha filha a respeito disso dessa loucura que eacute desmatar se vai acabar com a biodiversidade se estaacute tirando uma das poucas coisas que eacute das mais ricas que agente tem no nosso paiacutes que eacute o privileacutegio de ter uma mata como a amazocircnia ter fontes de riqueza naturais em termos de biodiversidadeem fime a consequecircncia disso eacute devastadora que agente sabe quando se desmata natildeo eacute soacute o que fica sobre a terra que fica fadado a acabar mas sim eacuteas proacutepriaso que tem embaixo da terra tipo os fluxos de aacutegua os aquiacuteferos em fim que tem embaixo do solo precisa muito conservado na medida que o desmatamento vai acontecendo Isso tambeacutem vai desaparecendo entatildeo estaacute o caos total que estaacute sendo imposto e eu acho que pelo poder mesmo Quem faz esse tipo de coisa eacute acobertado pelo poder Natildeo eacute o pequeno agricultor eacute gente que tem muito poder que passa desapercebido entre aspas neacute pelo Incra pelo Ibama e por aiacute afora Linda a paisagem muito bonita essa paisagem aqui deve ser de quecirc Eucalipto eu natildeo sei o que eacute Muitas plantaccedilotildees assim celulose aiacute para fabricaccedilatildeo e extraccedilatildeo de celulose Tem algumas empresas que fazem essa plantaccedilatildeo de forma equilibrada tenho acompanhado isso tenho lido alguma coisa agrave respeito Nesse sentido eu acho que eacute positivo que elas investem tambeacutem de forma social Quando se daacute

dessa forma eacute possiacutevel um entendimento e traz consequumlecircncias boas e o meio ambiente vai sendo preservado Essa aqui tambeacutem eacute muito bom enche os olhos tava pensando que deveria haver maiores eu fico pensando se deveria haver problemas maiores pequeno agricultor por exemplo porque agente tem um paiacutes e grandes dimensotildees de terra mas a grande maioria natildeo eacute plantada e muitas pessoas natildeo tem acesso No nordeste por exemplo que existe na na seca entre aspas existe gente que tabalha muito tem terra mas natildeo tem como cultivar porque natildeo tem assistecircncia O Estado os municiacutepios o proacuteprio Governo Federal que incentiva mas incentiva de uma forma muito inespeciacutefica para as pessoas que moram laacute E por isso se conseguem com essa seca incompreensiacutevel eles tem uma grande rede de afluentes de rios por exemplo e deveria ter acabado um pouco incentivado as pessoas comeccedilarem ou voltarem a ter seu sustento Nesse paiacutes que tem muitas terras precisa que tem muita gente grande por exemplo se precisa de muita alimentaccedilatildeo Que eacute o risco que o mundo corre neacute E agente tem muita terra e deveria aproveitar Agente vecirc que tem ateacute alguns estados que estatildeo investindo nisso Os estados do nordeste por exemplo no Cearaacute Piauiacute por aiacute regiotildees assim que tem muito necessidades mesma da energia eoacutelica por exemplo jaacute tem investimentos eacute cariacutessimo agente sabe que eacute caro tecnologia eacute na maioria das vezes importada mas agente tem grandes fontes para que isso aconteccedila O governo tem que incentivar isso quanto menos poluiccedilatildeo melhor Isso aqui lembra uma das piores coisas que eu considero na minha vida que eacute uma forma de tambeacutem de acabar com a natureza que eacute prender os animais tirar eles do habitat natural mas eacute uma coisa tambeacutem que estaacute paralela as pessoas que fazem isso satildeo em geral pessoas muito pobres ignorantes que eacute um paralelismo com a condiccedilatildeo social pessoas que fazem esse tipo de coisas muita das vezes fazem pra comer mesmo falta de opccedilatildeo Soacute sabem fazer isso natildeo tem opccedilatildeo de ganho natildeo tem opccedilatildeo e faz isso na forma errada mas infelizmente neacute Eacute muito triste agente vecirc isso Mosquito eacute esse distuacuterbio enorme que estaacute aqui por exemplo no Rio de Janeiro eu estava com uma filha internada durante uma semana Teve dengue e ficou internada durante o final de semana por isso que eu estou voltando a dar aula hoje tive que parar para acompanhaacute-la no hospital E aqui no Irajaacute por exemplo agente estaacute com um surto muito grande neacute Entatildeotodos os dias durante o dia inteiro estaacute se fazendo acompanhamento da massa sanguiacutenea Ta tendo muitos casos agente estaacute assim Jaacute teve oacutebito aqui e isso eacute preocupante principalmente aqui na comunidade agente sabe que tem uma relaccedilatildeo direta com a falta de saneamento com a pobreza com as condiccedilotildees sociais em que muitos bairros onde as pessoas vivem muitas comunidades principalmente na nossa regiatildeo onde agente eacute muito cercada de comunidade aqui Entendeu Provavelmente tem uma ligaccedilatildeo O lixo eacute uma forma sub-humana de sobrevivecircncia Eacute horriacutevel ver isso aqui eu acho uma das coisas mais deprimentes que se tem quando eu vejo essa reportagem aqui E por outro lado essas pessoas poderiam ateacute estar ganhando dinheiro com o lixo mas natildeo dessa forma Agente

sabe que houvesse realmente a vontade fazer com o lixo viesse a ser produtivo uma fonte de renda haveria de se investir de outra forma na reciclagem de lixo na montagem de usina para geraccedilatildeo de elementos quiacutemicos tipo gaacutes natural agente sabe que existe ateacute umas usinas mas natildeo eacute interessante para o poder puacuteblico assistir a isso aqui Interessante para mim e para vocecirc de repente Mas o poder puacuteblico acha mais interessante assistir as pessoas se lambuzando aqui nesta sujeira toda Favela e poder puacuteblicofavela eacute um problema ambiental na medida que eacute abandonada de todas as formasde saneamento aacutegua em fim entatildeo eacute um problema ambiental com certeza vocecirc for ver neste ponto de vista Eacute ambiental pela forma com que ela se constitui como ela existe como eacute abandonada Na maioria destas favelas agente sabe que natildeo tem saneamento natildeo tem rede de esgoto a aacutegua praticamente natildeo chega as pessoas temposto de sauacutedenatildeo tem uma educaccedilatildeo de coleta de lixo Poder publico dentro das favelas eu natildeo sei seja daquelas mais proacuteximas dos grandes centros De repente estaacute ateacute bem representada com projetos com a finalidade de Inglecircs ver neacute Entatildeo tem muita coisa laacute Por exemplo na Mangueira tem tudo eu conheccedilo bem a Mangueira eu jaacute estive laacute jaacute fiz trabalho laacute dentro da comunidade tem ateacute nuacutecleo de universidade particular mas aqui Aqui natildeo chega nada entatildeo eu acho que o poder publico estaacute longe de estar presente dentro das comunidadessoacute onde realmente eacute interessante neacute ele levam para o inglecircs ver estrangeiro vai visita a Rocinha Vidigal e por aiacute a fora mas no geral e resto eacute conversa fiada Violecircncia urbana eacute tudo o que agente sabe falta de atenccedilatildeo social carecircncia de todas as outras coisas onde o poder puacuteblico natildeo chega onde natildeo chega educaccedilatildeo onde natildeo chega assistecircncia social de um modo geral onde natildeo chega o apoio o trabalho o acolhimento do cidadatildeo entendeu Eacute uma consequumlecircncia onde natildeo tem representatividade do poder puacuteblico efetivamente eacute comum agente ver O consumismo eacute uma das caracteriacutesticas desse paiacutes capitalista acho que se caminha cada vez mais para isso Entatildeo eacute uma consequumlecircncia que na maioria das vezes as pessoas natildeo se datildeo conta na medida que vocecirc vai consumindo muito vai entrando no caminho da poluiccedilatildeoindustrialdos resiacuteduos industriais e tudo mais Agente natildeo pode guardar tanta coisa neacute Vai descartando cada vez mais as coisas mais novas aparelho mais novos como no caso dos celulares telefones cada vez mais modernos agente vai abandonando e se empilhando em algum lugar e isso com certeza vai ter uma consequumlecircncia agente vai pagar um preccedilo logo-logo por tudo isso Agente tem que pensar numa forma tambeacutem de se reciclar isso aqui esse tipo de coisa porque tava ateacute vendo uma reportagem em relaccedilatildeo aos computadores Os computadores satildeo reciclaacuteveis em algum lugar aiacute Moacuteveis mesas de gabinete de computador muita coisa interessante Fala da nossa energia neacute Que fala tanto do apagatildeo neacute Que agente natildeo corre o risco do apagatildeo e tal eacute um investimento que agente sabe que o governo deveria ter feito haacute muito tempo neacute Mas que natildeo foi feito e agora estaacute nessa corrida louca de se fazer hidreleacutetricas desviando

riosessas coisas Tem uma discussatildeo muito grande em cima disso agente fica propensos aos apagotildees consequumlecircncias deles eacute preocupante algumas pessoas a maioria natildeo natildeo tem consciecircncia do resultado consequumlecircncias que podem ter mais consciecircncia e o governo ta aiacute falando o tempo todo que natildeo corremos risco de apgatildeo mas de vez em quando estaacute acontecendo

ENTREVISTA 14 A aacuterea que foi descrita foi Vila Esperanccedila tem mais vila Rica Amarelinho

IAPC IAPC natildeo tem cobertura laacute natildeo eacute favela Vocecirc sabe onde eacute Satildeo aqueles apartamentos e aiacute a equipe vai pra laacute Satildeo duas equipes pra laacute mas o resto do complexo agente natildeo sabe como vai ficar Ao lado do Metrocirc eacute Vila Rica na verdade isso aqui acabou Vila Rica e Vila Esperanccedila natildeo existe mais pela uacuteltima reuniatildeo que noacutes tivemos com o representante da comunidade eles aboliram essas duas divisotildees e ficaram uma coisa soacute Soacute o amarelinho que ficou separado o resto ficou tudo com a mesma associaccedilatildeo do outro lado E a aacuterea aqui com problemas de meio ambiente eacute uma aacuterea chamada de Fim do Mundo porque natildeo tem saneamento natildeo tem coleta de lixo tu jaacute foi laacute no Fim do Mundo esgoto a ceacuteu aberto tuberculose diabetessomente trecircs equipes tem meacutedicoagente comeccedilou em julho que agente comeccedilou o PSF natildeo tinha nenhum meacutedico continua o atendimento do PS e agente tentando organizarcada enfermeiro tem 1000 famiacutelias tem 7000 famiacutelias cadastradas eu soacute sei que satildeo 7000 mil famiacutelias atendidas pelo PSF a natildeo agente natildeo se mete quem delimitou a nossa aacuterea natildeo teve nada a ver com a associaccedilatildeo de moradoresporque jaacute tinha o PAC isso veio da prefeitura teve aquele Favela Bairro e aproveitou o mapa do Favela Bairro No fim do mundo natildeo deve ter 1000 famiacutelias deve ter 700 famiacutelias eacute eu chamo porque de fato eacute tem porco tem cabra entendeu Eu chamo de aacuterea rural o fim do mundo agora que ela ta recebendo nome jaacute tem nomes porque antes no mapa estaacute sendo projetada o que ele me falou que as ruas estatildeo recebendo nomes de moradores antigos que moravamos primeiros moradores que estava tudo projetada A projetada B

ENTREVISTA 15 ldquoessa orquestra de Acari literalmente eu natildeo sei onde eles funcionam natildeo

igual ela falou as pessoas usam muito o nome quando tem um morador de Acari aiacute diz que eacute de Acari e natildeo eacute a banda de Acari pra mim eacute natildeo sei o que de Jaacute que eacute formado soacute por crianccedilas da comunidade Crianccedilas de 12 13 anos criam muacutesicas essa parte aqui natildeo estaacute urbanizada ainda eacute o que o R estava falando por questatildeo de que isso aqui foi invadido que era um terreno e se ia fazer a rua comeccedilaram a construir os barracos um ao lado do

outro desordenadamente Eu sou uma pessoa muito ceacutetica as pessoas ocupam os espaccedilo que natildeo foram ocupados Se eles estatildeo aqui tem uma razatildeo para eles estarem se vocecirc parar para perguntar eles vatildeo te dizer que o uacutenico problema que eles tem eacute quando a poliacutecia vem vou te mostrar a quadra que foi ideacuteia ldquodelesrdquo que fizeram para as crianccedilas eles estavam achando as crianccedilas muito agrave toa aiacute jaacute tinha um centro social e ldquoelesrdquo colocarama primeira quadra de footvolei Aqui eacute a quadra e ali eacute um anfiteatro que ldquoelesrdquo vatildeo tapaz e fazer um teatro para as crianccedilas para laacute eacute o fim do mundo Essa aacuterea era de uma pessoa que natildeo quer mais as pessoas tentaram colocar casas mas natildeo conseguiram e comeccedilaram a fazer de depoacutesito de lixo essa parte aqui eacute a parte que mais precisa se chama fim do mundo Vamos descer aqui que vou te mostrar o lixatildeo para vocecirc ver que aqui vocecirc quase natildeo vecirc barracas eles costumam fazer de tijolos ateacute por questotildees de vaacuterios incecircndios que tiveramessa questatildeo de barracasvocecirc natildeo vecirc mais E ateacute laacute em baixo se vocecirc for eacute lixo o rio passa laacute em baixo conduccedilatildeo por aqui por dentro natildeo passa nada nada nada aqui tem muita gente doente que natildeo sabe que estatildeo doente Outra coisa iacutendice de jovens com HIV eacute muito alto Crianccedilas fora da escola Eacute tiacutepico Escolas que natildeo funcionam tenho uma escola ali que dois meses natildeo tem aula de geografiae aiacute natildeo tem outro professor Natildeo tem Mas tambeacutem a comunidade natildeo se mobilizar Elas coloca tudo nas costas da associaccedilatildeo de moradores LAN house que chegou com uma alternativa muitos pra dentro quando digo dentro eles mudam para essa beira que eles chamam de zona sul esse espaccedilo todo aqui eacute de laacute de onde agente veio que continua ele cercou para natildeo acontecer o que aconteceu laacute em baixo Ele cercou porque o pessoal jaacute estava construindo barraco laacute em baixo que passa o rio entatildeo o pessoal acha melhor que para natildeo virar uma lixeira agente nota aqui na questatildeo urbana eacute o crescimento vertical as pessoas vatildeo tendo famiacutelia e vatildeo fazendo fazendo

ANEXO IV

GLOSSAacuteRIO

Agenda marrom eacute a agenda que relaciona urbanizaccedilatildeo industrializaccedilatildeo crescimento econocircmico e desenvolvimento social Atenccedilatildeo primaacutetia em sauacutede refere-se a um modelo de atendimento em sauacutede que foca a prevenccedilatildeo em detrimento da hospitalizaccedilatildeo promovendo atividades nas comunidades via Postos de Sauacutede ou diversos Programas de Sauacutede implementados via Ministeacuterio da Sauacutede Conhecimento cientiacutefico eacute o conjunto geneacuterico de procedimentos ordenados e disciplinados utilizados para a aquisiccedilatildeo de informaccedilotildees seguras e organizadas Cosmovisatildeo modo de olhar o mundo O Ecologismo popular eacute uma corrente do movimento ambientalista que se propotildee a lutar contra os impactos ambientais que ameaccedilam os pobres que constituem a ampla maioria da populaccedilatildeo em muitos paiacuteses Edaacutefico eacute a palavra usada para dizer que algo eacute relativo ou pertence ao solo Fenocircmeno constructo criaccedilatildeo mental simples que serve de exemplificaccedilatildeo na descriccedilatildeo de uma teoria percepccedilatildeo ou pensamento formado a partir da combinaccedilatildeo de lembranccedilas com acontecimentos atuais Favela-bairro instrumento para a integraccedilatildeo urbaniacutestica e social entre os cariocas e para reverter o quadro de degradaccedilatildeo urbana que geralmente acompanha o assentamento habitacional espontacircneo dos grupos de baixa renda Holismo eacute a ideacuteia de que as propriedades de um sistema quer se trate de seres humanos ou outros organismos natildeo podem ser explicadas apenas pela soma de seus compononentes Ice-berg termo utilizados para se referir a um problema que mesmo sendo de grandes proporccedilotildees ainda natildeo eacute conhecido ICM-Ecoloacutegico criado inicialmente pelo estado do Paranaacute onde 5 das receitas do estado satildeo repartidas entre 226 municiacutepios com mananciais de abastecimento e unidades de conservaccedilatildeo ambiental Iluminismo conceito que sintetiza diversas tradiccedilotildees filosoacuteficas correntes intelectuais e atitudes religiosas utilizados no seacuteculo XVIII Impactaccedilatildeo imapcto causado geralmente por atividades antroacutepicas ao meio ambiente Impactante medida ou atividade que leve a impactaccedilatildeo do meio ambiente Iniquumlidade o mesmo que falta de justiccedila e igualdade Know how eacute a capacidade de execuccedilatildeo e uma atividade baseada no conhecimento que se tem do assunto o conjunto de saberes sobre uma determinada atividade

Mairs nome dados aos francecircs pelos iacutendios quinhentistas Medicalizaccedilatildeo da sauacutede o tipo de atendimento privado em sauacutede onde se busca o lucro ou o retorno financeiro por praacuteticas em sauacutede Medicina Cientiacutefica medicina baseada em pesquisas cientiacuteficas para contrapor o que eacute de senso comum Metropolizaccedilatildeo da pobreza situaccedilatildeo atual em que se encontra amplamente distribuiacuteda a pobreza dentro de uma grande cidade Neonarodnismo interpretaccedilatildeo histoacuterica e movimento atual que nasce do descreacutedito poacutes-moderno da ciecircncia e do progresso social Apoacuteia-se em uma anaacutelise cientiacutefica do fluxo de energia e materiais e da conservaccedilatildeo da biodiversidade fundada na criacutetica agrave pseudo-racionalidade econocircmica Paradigma newtonianocartesiano a base do pensar racional que impulsionou toda a ciecircncia registrada ateacute o novo paradigma Peros nome dado aos portugueses pelos iacutendios quinhentistas Politeraftalato de etila poliacutemero termoplaacutestico constituintes das garrafas PET Remocionismo atividades de remoccedilatildeo dos assentamentos de baixa renda de lugares nobres durante a gestatildeo de alguns prefeitos no municiacutepio do Rio de Janeiro Resiliecircncia Eacute a capacidade de um ecossistema retornar a seu estado de equiliacutebrio dinacircmico apoacutes sofrer uma alteraccedilatildeo ou agressatildeo Zoonose eacute o nome dado as infecccedilotildees e doenccedilas que satildeo adquiridas em contato com animais podem tambeacutem ser transmitidas pela ingestatildeo de alimentos contaminados

ANEXO VII

LISTAGEM DA FAVELAS DO MUNICIacutePIO DO RIO DE JANEIRO POR AacuteREAS DE PLANEJAMENTO E OS

BAIRROS ONDE ESTAtildeO LOCALIZADAS

Mapa do Municiacutepio do Rio de Janeiro e seus bairros incluindo as ilhas de Paquetaacute

Governador e Fundatildeo

AP 3

AP 5

AP 1

AP 2 AP 4

Municiacutepio do Rio de Janeiro com suas Aacutereas de Planejamento Segundo SABREN Ilha de Paquetaacute ndash AP 1 Ilhas do Governador e do Fundatildeo ndash AP 3

Ampliaccedilatildeo da AP 1

Tabela da AP 1 com seus bairros e favelas -

Numeraccedilatildeo de acordo com o mapa acima

BAIRRO

FAVELAS INSERIDAS

1 Sauacutede - 2 Gamboa Morro da Providecircncia

Pedra Lisa 3 Santo Cristo Moreira Pinto 4 Caju Ladeira dos Funcionaacuterios

Parque Alegria Parque Boa Esperanccedila (RA-Portuaacuteria) Parque Conquista Parque Nossa Senhora da Penha Parque Satildeo Sebastiatildeo Parque Vitoacuteria Quinta do Caju

5 Centro - 6 Catumbi Catumbi 7 Rio Comprido Azevedo Lima

Bispo Comunidade de Clara Nunes Matinha Morro Santos Rodrigues Pantanal (RA-Rio Comprido) Parque Rebouccedilas Paula Ramos Rodo Rua Projetada A Santa Alexandrina Sumareacute Unidos de Santa Teresa Vila Anchieta Vila Santa Alexandrina

8 Cidade Nova - 9 Estaacutecio Rato

Satildeo Carlos 10 Satildeo Cristoacutevatildeo Marechal Jardim

Parque dos Mineiros Tuiuti

11 Mangueira Mangueir (RA-Satildeo Cristoacutevatildeo) Morro dos Teleacutegrafos Parque Candelaacuteria

12 Benfica Conjunto Ataulfo Alves Parque Hereacutedia de Saacute Parque Horaacutecio Cardoso Franco Rua Ferreira de Arauacutejo Vila Araraacute Vila Uniatildeo (RA-Satildeo Cristoacutevatildeo) Vila Vitoacuteria (RA-Satildeo Cristoacutevatildeo)

13 Paquetaacute AM do Morro do Vigaacuterio Morro do Gari Morro do PEC

14 Santa Teresa AM e Amigos de Santa Teresa AM Amigos do Vale Andreacute Cavalcanti Baronesa Coroado (AMAPOLO) Fazenda Catete Francisco de Castro Julio Otoni Ladeira Santa Isabel Luiz Marcelino Morro da Coroa Morro do Escondidinho Morro dos Prazeres Ocidental Fallet Travessa Santa Teresa Vila Elza Vila Paraiacuteso

158 Vasco da Gama Barreira do Vasco

195

Ampliaccedilatildeo da AP 2

Tabela da AP 2 com seus bairros e favelas -

Numeraccedilatildeo de acordo com o mapa acima

BAIRRO

FAVELAS INSERIDAS

15 Flamengo Morro Azul 16 Gloacuteria - 17 Laranjeiras Maloca

Vila Pereira da Silva 18 Catete Tavares Bastos

Vila Santo Amaro 19 Cosme Velho Cerro- Coraacute

Guararapes Vila Cacircndido Vila da Imaculada Conceiccedilatildeo

20 Botafogo Mangueira (RA-Botafogo) Morro Santa Marta

21 Humaitaacute Humaitaacute 22 Urca Vila Benjamin Constant 23 Leme Babilocircnia

Chapeacuteu Mangueira 24 Copacabana Ladeira dos Tabajaras

Morro dos Cabritos Pavatildeo-Pavatildeozinho

25 Ipanema Morro do Cantagalo 26 Leblom - 27 Lagoa - 28 Jardim Botacircnico Do Horto 29 Gaacutevea Vila Parque da Cidade 30 Vidigal Chaacutecara do Ceacuteu

Vidigal 31 Satildeo Conrado Vila Canoas

Vila Pedra Bonita 32 Praccedila da Bandeira - 33 Tijuca Borel

Coreacuteia (RA-Tijuca) Franccedila Junior Indiana Morro da Casa Branca Morro da Formiga Morro da Liberdade Morro do Bananal Morro do Chacrinha Salgueiro

34 Alto da Boa Vista Accedilude da Solidatildeo

196

Doutor Catrambi Estrada do Tijuaccedilu Mata Machado Siacutetio da Biquinha Vale Encantado

35 Maracanatilde 36 Vila Isabel Morro dos Macacos

Parque Vila Isabel 37 Andaraiacute Arrelia

Buraco Quente Jamelatildeo Morro do Andaraiacute Morro do Cruz

38 Grajauacute Borda do Mato Nova Divineacuteia Parque Joatildeo Paulo II

154 Rocinha Rocinha

Ampliaccedilatildeo da AP 3

Tabela da AP 3 com seus bairros e favelas -

Numeraccedilatildeo de acordo com o mapa acima

BAIRRO

FAVELAS INSERIDAS

39 Manguinhos Chp-2 Mandela de Pedra Parque Carlos Chagas Parque Oswaldo Cruz Pata Choca Vila Turismo

40 Bonsucesso Parque Proletaacuterio Monsenhor Brito Vila Satildeo Pedro

41 Ramos Igreja Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo Parque Itambeacute Ruth Ferreira Travessa Marques de Oliveira Vila Residencial Darcy Vargas Vila Santo Antonio (RA-Ramos)

42 Olaria Morro do Cariri Tenente Pimentel Vila Cruzeiro

43 Penha Morro do Caracol Parque Proletaacuterio do Grotatildeo

197

Rua Laudelino Freire Vila Proletaacuteria da Penha

44 Penha Circular Centro Social Marciacutelio Dias Mandacaru II Morrinho Morro da Caixa Drsquoaacutegua (RA-Penha) Morro da Feacute Morro do Sereno Rua Frey Gaspar 279

45 Braacutes de Pina Braacutes de Pina Mangueirinha Morro da Guaiacuteba Rua Castro Menezes 928 Vila Pequiri

46 Cordovil Batuta de Cordovil Bom Jardim de Cordovil Caminho do Rio Chega Mais Cordovil Dourados Parque Chp Parque Proletaacuterio de Cordovil Pedacinho do Ceacuteu Serra Pelada Vila Cambuci

47 Parada de Lucas Parque Jardim Beira Mar Te Contei

48 Vigaacuterio Geral Bairro Proletaacuterio do Dique Parque Furquim Mendes Parque Proletaacuterio de Vigaacuterio Geral

49 Jardim Ameacuterica Rua Rodolfo Chambelland 50 Higienoacutepolis Comunidade Agriacutecola de Higienoacutepolis

Parque Feacutelix Ferreira Vila Dom Fabio Vila Maria

51 Jacareacute Marlene Vila da Rua Viuacuteva Claacuteudio 211

52 Maria da Graccedila - 53 Del Castilho Chaacutecara de Del Castilho

Parque Uniatildeo de Del Castilho Seu Pedro

54 Inhauacutema Parque Everest Parque Proletaacuterio Aacuteguia de Ouro Relicaacuterio Rua Lagoa Redonda

55 Engenho da Rainha Morro do Engenho da Rainha Parque Proletaacuterio Engenho da Rainha Rua Seacutergio Silva

56 Tomaacutes Coelho Parque Nova Maracaacute Parque Silva Vale Rua Briacutecio de Moraes Rua Pereira Pinto Vila Caramuru Vila Itaocara

57 Satildeo Francisco Xavier Comunidade Estaccedilatildeo da Mangueira (Amcema) Vila Triagem

58 Rocha - 59 Riachuelo - 60 Sampaio Dois de Maio

Morro do Queto 61 Engenho Novo Barro Preto

Barro Vermelho Ceacuteu Azul Morro da Bacia Morro da Matriz Morro do Encontro Morro Satildeo Joatildeo Vila Cabuccedilu

62 Lins de Vasconcelos Cachoeirinha Bairro Ouro Preto Dona Francisca Morro da Cachoeira Grande Morro da Cotia

198

Morro do Amor Morro do Ceacuteu Morro Nossa Senhora da Guia Pretos Forros Santa Terezinha

63 Meacuteier Joaquim Meacuteier 64 Todos os Santos Santos Titara 65 Cachambi Malvinas

Pica Pau amarelo 66 Engenho de Dentro Beleacutem-Beleacutem

Conjunto Residencial Fernatildeo Cardin Outeiro (RA-Meier) Rua Camarista Meacuteier 914 Teixeira Bastos

67 Aacutegua Santa Cardoso de Mesquita28 Fazendinha da Aacutegua Santa Serra do Padilha

68 Encantado Beco do Vitorino Morro do Pau Ferro Travessa Bernardo

69 Piedade Comunidade dos Marianos Engenheiro Alfredo Gonccedilales Jardim Piedade Joaquim Martins 378-Fundos Morro da Caixa Drsquoaacutegua (RA-Meacuteier) Morro dos Mineiros Morro Inaacutecio Dias Rua Engenheiro Cloacutevis Daubt 340 Vila da Amizade Vila dos Mineiros

70 Aboliccedilatildeo - 71 Pilares Morro do Trajano

Morro do Urubu Rua Itabirito

72 Vila Cosmos Jardim do Carmo 73 Vicente de Carvalho Morro do Juramento 74 Vila da Penha - 75 Vista Alegre - 76 Irajaacute Avenida Meriti 4483

Parque Bom Menino Parque jardim Metrocirc de Irajaacute Parque Rio Drsquoouro Rua Miguel Dibo

77 Coleacutegio Avenida Automoacutevel Clube 8340 Vila Satildeo Jorge (RA-Irajaacute)

78 Campinho Comendador Pinto Rua Joseacute Feacutelix de Maris

79 Quintino Bocaiuacuteva Padre Manuel da Noacutebrega Parque Arauacutena Rua Lemos de Brito Rua Saccedilu

80 Cavalcanti Rua Baleares172 ndash Rua Amaacutelia 286 Vila Primavera Visconde de Saboacuteia

81 Engenho Leal Rua Iguaccedilu 360 casa 23 Sanatoacuterio

82 Cascadura Beco da Amizade Fazenca da Bica Morro da Iguaiacuteba Morro do Bacalhau Morro do Fubaacute Morro do Juca Vila Campinho

83 Madureira Buriti-Congonhas Comunidade de Satildeo Miguel Arcanjo Grota Morro do Sossego Morro Satildeo Joseacute Negratildeo de Lima Serrinha Vila das Torres

84 Vaz Lobo Rua Professor Burlamaacutequi 85 Turiaccediluacute Rua Pereira Leitatildeo

Vila Santa

199

86 Rocha Miranda Faz Quem Quer (RA-Madureira) 87 Honoacuterio Gurgel Barreira do Juca

Parque Bela Vista Praccedila Cacircndido Vargas Rua Cocircnego Boucher Pinto Vila Operaacuteria Diamantes

88 Oswaldo Cruz Parque Vila Nova Travessa Antocircnio Avelino

89 Bento Ribeiro Avenida do Tenente Monte Carmelo Nabuco de Arauacutejo228

90 Marechal Hermes Assis Martins Caminho da Reta Cristo Rei Oliveira Junqueira Rua do Canal Rua do Encanamento Sociedade Beneficente e Social Frei Sampaio Vitoacuteria da Conquista Vila Eugecircnia Vila Nossa Senhora da Gloacuteria

91 Ribeira - 92 Zumbi - 93 Cacuia Colocircnia de Pescadores Almirante Gomes

Pereira Rua Jerocircnimo Ornelas 490

94 Pitangueiras Bairro Nossa Senhora das Graccedilas 95 Praia da Bandeira - 96 Cocotaacute Rua Guariuacuteba

Rua Marques de Muritiba 609 97 Bancaacuterios Jardim duas Praias

Luiza Regadas Parque Proletaacuterio dos Bancaacuterios Tremembeacute

98 Freguesia Bela Vista da Pichuna Magno Martins Morro das Araras Rua Budapeste 66 Rua Professor Silva Campos

99 Jardim Guanabara Serra Morena 100 Jardim Carioca Guarabu

Rua Rodano lote 22 quadra 31 101 Tauaacute Bairro da Sapucaia

Conjunto Residencial dos Servidores Municipais Maestro Arturo Toscanini Morro do Dendecirc Morro do Querosene Praia da Rosa

102 Moneroacute - 103 Portuguesa Parque Royal 104 Galeatildeo Aacuteguia Dourada

Caricoacute Travessa Estrada Grande 1397 Vila Joaniza Vila Nova Canaatilde

105 Cidade Universitaacuteria - 106 Guadalupe Faz Quem Quer (RA-Anchieta)

Maranata Morro do Mata Quatro Parque Crianccedila Esperanccedila Parque Rafael de Oliveira Parque Raio do Sol Rafael de Oliveira Vila Esperanccedila de Guadalupe

107 Anchieta Associaccedilatildeo Comunitaacuteria Vila Alvorada Avenida Beira Rio- Rua Arnaldo Murineli (RA-Anchieta) Caminho do Padre Comunidade Aramari Fazenda Velha Final Feliz Oito de Dezembro

200

Oliveira Bueno Parque Anchieta Parque Esperanccedila Planalto Rua Adalberto Tanajura Rua Itatiba Rua Oliveira Bueno 832 Rua Tenente Lassance Travessa Maria Joseacute Vila Beriti Vila Satildeo Sebastiatildeo

108 Parque Anchieta Feacute em Deus 109 Ricardo de Albuquerque Forccedila do Povo

Parque Tiradentes 110 Coelho Neto Furatildeo

Morro Uniatildeo Rua Parnaiacuteba

111 Acari Beira Rio ndash Rua Matura (RA-Pavuna) Parque Acari Vila Rica de Irajaacute Vila Esperanccedila

112 Barros Filho Centro Social Uniatildeo de Costa Barros Gleba I da antiga Fazenda Botafogo Jardim Baacuterbara Margem da Linha Almirante Tamandareacute Parque Satildeo Joseacute

113 Costa Barros Chico Mendes (Morro do Chapadatildeo) Fazenda BotafogoMargem da Linha Grotatildeo de Costa Barros Parque Boa Esperanccedila (RA-Pavuna) Quitanda

114 Pavuna Araguatina Bairro da Pedreira Batistinha Caminho do Job Final Feliz II Nova Olinda Parque Columbia Parque Nova Cidade de Acari Parque Nova Jerusaleacutem Parque Unidos Rua Embauacute 349 Rua Embauacute 427 Sossego - Alegria Vila Amaral Vila Beira Rio Vila Nova da Pavuna

155 Jacarezinho Carlos Drumond de Andrade Jacarezinho Praccedila Marimba 60 (fundos) Rua Matinoreacute 163 (fundos) Rua Satildeo Joatildeo Tancredo Never (RA-Jcarezinho) Tautaacute Vila Jandira Vila Matinoreacute

156 Complexo do Alematildeo Itarareacute Joaquim de Queiroz Morro da Baiana Morro das Palmeiras Morro do Adeus Morro do Alematildeo Morro do Piancoacute Mouratildeo Filho Nova Brasiacutelia (RA-Alematildeo) Parque Alvorada Rua Armando Sodreacute Vila Matinha

157 Complexo da Mareacute Baixada do Sapateiro Joana Nascimento Nova Holanda Paraibuna Parque Mareacute Parque Roquete Pinto

201

Parque Rubens Vaz Parque Uniatildeo Ramos Timbau

159 Parque Coluacutembia Rua da Escadinha Rua do Barro Rua Madagascar

Ampliaccedilatildeo da AP 4

Tabela da AP 4 com seus bairros e favelas - 150 Favelas

Numeraccedilatildeo de acordo com o mapa acima

BAIRRO

FAVELAS INSERIDAS

115 Jacarepaguaacute Asa Branca Canal do Arroio da Pavuna Comunidade Satildeo Francisco de Assis Condomiacutenio vila Darcy Vargas Outeiro Parque da Pedra Branca Parque Dois Irmatildeos Rio das Pedras Santa Maria Santa Maura Satildeo Gonccedilalo do Amarante Vila Calmete Vila Getuacutelio Vargas Vila Pitimbu Vila Sapecirc Virgolacircndia

116 Anil Araticum 117 Gardecircnia Azul Avenida das Lagoas

Vila Nova Esperanccedila 118 Cidade de Deus Beirada do Rio

Loteamento Josueacute Praccedila da Biacuteblia Santa Efigecircnia

119 Curicica AM do Vale do Curicica Antiga Creche

202

Vila Uniatildeo de Curicica 120 Freguesia Associaccedilatildeo Belfast Satildeo Geraldo

Inaacutecio do Amaral Pantanal I (RA-Jacarepaguaacute) Quintanilha Rua Agostinho Gama Rua Daniel Rua Satildeo Jorge Rua Sargento Paulo Moreira Tirol

121 Pechincha Condomiacutenio Paco do Lumiar Rua Monsenhor Marques 277 Vila Nossa Senhora da Paz

122 Taquara AM e Comunidade Nossa Senhora de Faacutetima Andreacute Rocha Estrada do Catonho Estrada do Meringuava Jardim Boiuacutena Loteamento Satildeo Sebastiatildeo Nova Aurora Rua Andreacute Rocha 2630 B Rua Mirataia Santa Anastaacutecia Shangrilaacute Vacaria Vila Santa Clara Vila Santa mocircnica Vilar Satildeo Sebastiatildeo Vinte e sete de Setembro

123 Tanque Caminho do Valdemar Caxangaacute Ladeira da Reuniatildeo

124 Praccedila Seca Baratildeo Bela Vista do Mato Alto Chaacutecara Flora Chacrinha do Mato Alto Comandante Luiz Souto Morro da Boa Esperanccedila Vila Joseacute de Anchieta

125 Vila Valqueire Rua Urucaia 570 126 Joaacute - 127 Itanhangaacute Agriacutecola

Angu Duro Cambalacho Fazenda Floresta da Barra da Tijuca Furnas Muzema Siacutetio do Pai Joatildeo Tijuquinha Vila da Paz Vila Santa Terezinha

128 Barra da Tijuca Associaccedilatildeo de Moradores Barra Ameacuterica Ilha da Gigoacuteia ndash Lote 500 (RA-Barra da Tijuca) Lagoa da Barra Rua Satildeo Tilon Vila Uniatildeo (RA-Barra da Tijuca)

129 Camorim Morro do Camorim 130 Vargem Pequena Bosque Mont Serrat

Heacutelio Oiticica Palmares Santa Luzia

131 Vargem Grande Associaccedilatildeo dos Moradores do Rio Bonito Cascatinha Comunidade Bandeirantes Estrada dos Bandeirantes 29192 Rio Morto Vila dos Crentes

132 Recreio dos Bandeirantes AM e Amigos do Fontela Avenida dos Eucaliptos 28 Caeteacute Canal das Tachas Canal do Cortado

203

Estrada do Pontal (Caiteacute) Grota Funda Restinga Servidatildeo DVila Doutor Crespo Vila Harmonia Vila Nova (RA-Barra da Tijuca) Vila Alegre do Recreio

133 Grumari

Ampliaccedilatildeo da AP 5

Tabela da AP 5 com seus bairros e favelas - 173 Favelas

Numeraccedilatildeo de acordo com o mapa

acima

BAIRRO

FAVELAS INSERIDAS

134 Deodoro Fazenda Sapopemba 135 Vila Militar Comunidade Sobral 136 Campo dos Afonsos - 137 Jardim Sulacap - 138 Magalhatildees Bastos Quatorze de Julho

Rua jabaquara Rua Santo Expedito Vila Brasil Vila Capelinha Vila Satildeo Miguel

139 Realengo Alameda da Creche Bairro Carumbeacute Batam Beira Rio (RA-Realengo) Birigui Cosme e Damiatildeo Do laguinho Frederico faulhaber Morro Satildeo Sebastiatildeo Nilo Parque das nogueiras

204

Rua Bernardo Vasconcelos e Adjacecircncias Vila 133 Vila do Almirante Vila Jardim Novo Realengo Vila Joatildeo Lopes Vila Jurema (RA-Realengo) Vila Jurema I (RA-Realengo) Vila Leacutelio Boaventura Vila Nova (RA-Realengo) Vila Santa Luzia Vila Santo Antonio (RA-Realengo)

140 Padre Miguel (4) Murundu Vila Abrolhos Vila das Rosas Vila do Vinteacutem

141 Bangu (26) Alto Kennedy Avenida Santa Cruz 3556 Bairro Nova Alianccedila Beco da Usina Boqueiratildeo Caminho do Borges Caminho do Lucio Castor de Andrade Estrada da Saudade Estrada Sargento Miguel Filho 164 Jardim Satildeo Bento Minha Deusa Nova Kennedy Parque Nossa Senhora de Faacutetima Parque Real Retiro das Mangueiras Rua Congo 147 Rua da Feira 1220 Satildeo Bento Tibagi Vila Catiri Vila Moreti Vila Oliacutempia Vila Piquirobi Vila Progresso Vila Uniatildeo da Paz

142 Senador Cacircmara Bairro Santo Andreacute Coreacuteia (RA-Bangu) Falange Fazenda Coqueiro Jardim Clarice Morro do Sossego (RA-Bangu) Primeiro de Abril Rua Santo Amoacutes Saibreira Tancredo Neves (RA-Bangu) Tiquiaacute Verde eacute Vida

143 Santiacutessimo Anes Dias Morro da Esperanccedila Nova Esperanccedila (RA-Campo Grande) Professora Justina Marques Retiro do Lameiratildeo Rua sem Nome Rua Teixeira Campos 642 Rua Teixeira Campos 96102 Vila Verde (RA-Campo Grande)

144 Campo Grande Bairro Agulhas Negras Bairro Fernatildeo Magalhatildees Bairro Nova Aguiar Beco do Genipapo Beco sem Nome Beira Rio ndash Lot Jardim Bela Vista (RA-Campo Grande) Cabuis (RA-Campo Grande) Caminho do Morro Caminho dos Nunes Conjunto Minas de Prata Estrada da Caroba Estrada do Guandu

205

Jardim Nossa Senhora das Graccedilas Jardim Nossa Senhora das Graccedilas II Joaquim Magalhatildees Novo Tinguumliacute Parque Esperanccedila (RA-Campo Grande) Prolongamento Senhora Rua Doutor Fernando Satildeo Jerocircnimo Vila Comari Vila Mangueiral Vila Vitoacuteria (RA-Campo Grande)

145 Senador Vasconcelos Jardim Moriccedilaba Vale dos Eucaliptos Vasconcelos

146 Inhoaiacuteba Nova Cidade Parque Proletaacuterio Vila Esperanccedila Vila Uniatildeo (RA-Campo Grande) Vila Carioca

147 Cosmos Nova Conquista Parque Resplendor Vila do Ceacuteu Vila Satildeo Jorge (RA-Campo Grande)

148 Paciecircncia Beco do Brizola Beco do Carcaraacute Colorado Comunidade Jardim Paulista Divineacuteia Fazenda Cassiana Jacareacute Linha de Austin Nova Jeacutersei Roberto Morena Rua Iconha Saguaccedilu Vinte e Nove de Marccedilo

149 Santa Cruz Avenida Joatildeo XXIII 300 Barreira Beco do Coqueiral Coreacuteia (RA-Santa Cruz) Luis Fernando Victor Filho Margem do Canal de Satildeo Francisco Margem do Canal do Caccedilatildeo Vermelho Nova Brasiacutelia ndash Trecircs Poderes (RA-Santa Cruz) Nova Camaratildeo Pantanal (RA-Santa Cruz) Parque horto florestal Rua 66 (Cesaratildeo) Satildeo Gomaacuterio Trecircs Pontes Vale do Sangue Vila Verde (RA-Santa Cruz)

150 Sepetiba Beco da Guarda Rua Heacutelio Correa

151 Guaratiba AM da Ilha de Guaratiba AM da Matriz AM Morada dp Magarccedila AM Pro-Melhoramento Olava Gama e Adjacecircncias Areal (RA-Guarativa) Avenida das Ameacutericas km 37 Bairro Satildeo Pedro Beco do Rato Cabuis (RA-Guaratiba) Caminho da Uniatildeo Gaspar Lemos Jardim Guaratiba Jardim Luana Largo do Correcirca (RA-Guaratiba) Largo do Correcirca 1(RA- Guaratiba) Novo Jardim Maravilha Recanto dos Motoristas Rio Piraquecirc Rua Vale Verde

206

Santa Clara Travessa Magarccedila Vila Jurari Ziza

152 Barra de Guaratiba Caminho do Abreu Rua Samauacutena

153 Pedra de Guaratiba -

207

Livros Graacutetis( httpwwwlivrosgratiscombr )

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JOSE LUIZ ALVES DE SOUZA

O HOMEM SUA SAUacuteDE E O AMBIENTE ONDE VIVE A crise ecoloacutegica na busca por cidadania e as realidades entre Sauacutede e o Poder Puacuteblico

no Complexo de Favelas de Acari - RJ

Dissertaccedilatildeo apresentada ao Curso de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncia Ambiental da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial para obtenccedilatildeo do Grau de Mestre Aacuterea de Concentraccedilatildeo Anaacutelise de processos soacutecio-ambientais

Orientador Prof Dr CEacuteLIO MAURO VIANA

Niteroacutei

Abril de 2008

S729 Souza Joseacute Luiz Alves de O homem sua sauacutede e o ambiente onde vive a crise ecoloacute- gica na busca por cidadania e as realidades entre sauacutede e o poder puacuteblico no Complexo de Favelas de Acari - RJ Joseacute Luiz Alves de Souza -- Niteroacutei [sn] 2008 205 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Ciecircncia Ambiental) ndash Universidade Federal Fluminense 2008 1Ecologia humana ndash Rio de Janeiro (RJ) 2Meio ambiente e sauacutede 3Favelas ITiacutetulo

CDD 3042098153

JOSE LUIZ ALVES DE SOUZA

O HOMEM SUA SAUacuteDE E O AMBIENTE ONDE VIVE A crise ecoloacutegica na busca por cidadania e as realidades entre Sauacutede e o Poder Puacuteblico

no Complexo de Favelas de Acari - RJ

Dissertaccedilatildeo apresentada ao Curso de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncia Ambiental da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial para obtenccedilatildeo do Grau de Mestre Aacuterea de Concentraccedilatildeo Anaacutelise de processos soacutecio-ambientais

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________________________________ Prof Dr CEacuteLIO MAURO VIANAndash Orientador UFF

_____________________________________________________________________ Prof Dra JANIE GARCIA DA SILVA - UFF

_____________________________________________________________________ Prof Dr SEacuteRGIO CORREcircA MARQUES - UERJ

Niteroacutei Abril de 2008

A duas pessoas muito amadas ndash Eloir e Michael pela forccedila e incentivo que me deram durante todos esses anos por serem sofredores de algumas ausecircncias e por estarem comigo nas presenccedilas

As pessoas que de uma forma ou de outra seratildeo herdeiros do que fazemos nestes dias

AGRADECIMENTOS

Ao Professor Ceacutelio Mauro Viana por ter acreditado neste trabalho pela sua paciecircncia e ensinamentos sem o qual natildeo teria concluiacutedo esta dissertaccedilatildeo Ao Professor Alphonse Kelecom ndash colega e conhecido de muitos e longos anos pelos ensinamentos absorvidos e por ter acreditado tambeacutem neste trabalho Aos colegas mestres da turma 2006 pelo apoio companheirismo e consideraccedilatildeo demonstrados A comunidade do Complexo de Acari Robson Santos Doracy Eich Ariacutecia Valle que prontamente se dispuseram a serem entrevistados que me receberam que me trouxeram seguranccedila com as suas presenccedilas e que se dispuseram a me levar pelas ruas e vielas do complexo Ao Enfermeiro Leonardo Correa pela forma com que me recebeu e se dispocircs a conversar um pouco sobre sauacutede envolvendo sua equipe

EPIacuteGRAFE ldquoA crise ambiental natildeo soacute se manifesta na

destruiccedilatildeo do meio fiacutesico e bioloacutegico mas tambeacutem

na degradaccedilatildeo da qualidade de vida tanto no

acircmbito rural como no urbanordquo

Enrique Leff

SUMAacuteRIO

Lista de abreveturas e siglas xResumo xiiAbstract xiii Introduccedilatildeo 14Objetivos 16Metodologia 17 Parte I 20Construindo o objeto Capiacutetulo 1 ndash CIEcircNCIA AMBIENTAL PESQUISA E CONTEXTO 11 A Interdisciplinaridade da ciecircncia ambiental 21 12 Necessidade da ciecircncia e seus meacutetodos 23 13 Diferentes tipos de pesquisa e a pesquisa em ciecircncia social 25 14 A vivecircncia e algumas interrogaccedilotildees 28 Capiacutetulo 2 ndash A CRISE ECOLOacuteGICA

21 Crise Ecoloacutegia e Capitalismo 3422 A Economia Ecoloacutegica 3823 O que eacute a Crise Ecoloacutegica 4024 O papel da sociedade na busca por soluccedilotildees da crise 4125 A Agenda 21 43

Capiacutetulo 3 - PRERROGATIVAS SOCIAIS BAacuteSICAS DA POPULACcedilAtildeO 31 Sauacutede e cidadania 45 32 Poliacuteticas puacuteblicas 46 33 A sauacutede nas constituiccedilotildees brasileiras 48 34 Sistema uacutenico de sauacutede 49 Capiacutetulo 4 ndash PROBLEMAS SOacuteCIO-AMBIENTAIS

41 Cidadania 5342 Meio ambiente 5543 Favelizaccedilatildeo 61

Parte II 72Caracteriacutesticas da aacuterea de estudo Capiacutetulo 5 - O COMPLEXO DE FAVELAS DE ACARI 73

51 A ldquofavela de Acarirdquo 7352 Espacialidade do Complexo dentro do contexto municipal 74521 Vila Esperanccedila 75

(Sumaacuterio ndash continua)

(Sumaacuterio ndash continuaccedilatildeo)

522 Vila Rica de Irajaacute 77523 Parque Acari 78524 Beira Rio 7853 Atores Sociais dentro do complexo 7954 Representatividade do Estado 79

a) Programa Favela-bairro 80 b) O programa Bairrinho 81 c) A regularizaccedilatildeo fundiaacuteria 81 d) Os equipamentos puacuteblicos 81

Capiacutetulo 6 ndash REPRESENTACcedilAtildeO SOCIAL 8361 Representaccedilatildeo Social 8362 Representaccedilatildeo social dos atores entrevistados no Complexo de Favelas de Acari 85621 Cultura representando sua inter-relaccedilatildeo com o real 87622 Representando a sauacutede e o meio ambiente 99623 A Crise Ecoloacutegica na busca por Cidadania 114624 A realidade entre sauacutede e o poder puacuteblico 117

Conclusatildeo 126Bibliografia 130 Anexo 1 ndash Fotos aeacutereas e localizaccedilatildeo do Complexo de favelas 137Anexo 2 ndash Tabelas 144Anexo 3 ndash Graacuteficos e Figuras 149Anexo 4 ndash Figuras utilizadas na entrevista 156Anexo 5 ndash Transcriccedilatildeo das entrevistas 165Anexo 6 ndash Glossaacuterio 187Anexo 7 ndash Listagem das favelas cariocas 190

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANVISA Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria

BNH Banco Nacional da Habitaccedilatildeo

CCDC Centro Comunitaacuterio de Defesa da Cidadania

CEASA Centrais de Abastecimento do Rio de Janeiro

CEDAE Companhia Estadual de Aacuteguas e Esgotos

CHISAM Coordenaccedilatildeo da Habitaccedilatildeo de Interesse Social da Aacuterea Metropolitana do Rio de Janeiro

COHAB Companhia de Habitaccedilatildeo

CODESCO Companhia de Desenvolvimento de Comunidades

Comlurb Companhia Municipal de Limpeza Urbana

CPMF Contribuiccedilatildeo Provisoacuteria sobre Movimentaccedilatildeo Financeira

CPDS Comissatildeo de Poliacuteticas de Desenvolvimento Sustentaacutevel

Crvcc Centro de reconhecimento validaccedilatildeo e certificaccedilatildeo de Competecircncias

Datasus Banco de Dados do Sistema Uacutenico de Sauacutede

ETE Estaccedilatildeo de Tratamento de Esgotos

IDH Iacutendice de Desenvolvimento Humano

FEEMA Fundaccedilatildeo Estadual de Engenharia do Meio Ambiente

IAP Instituto de Aposentadoria de Previdecircncia

IAPI Instituto de Aposentadorias dos Industriaacuterios IAPM Instituto de Aposentadoria e Pensotildees dos Mariacutetimos IAPTEC Instituto de Aposentadorias e Pensotildees dos Estivadores e

Transporte de Cargas LATEC Laboratoacuterio de Tecnologia Gestatildeo de Negocoacutecios amp Meio

Ambiente Light Concessionaacuteria de energia eleacutetrica para cidades do estado do

Rio de Janeiro OMS Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede

ONG Organizaccedilatildeo Natildeo-governamental

ONU Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas

OPAS Organizaccedilatildeo Pan-Americana da Sauacutede

PET Politeraftalato de etila

PIB Produto Interno Bruto

x

PGCA Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncia Ambiental

PNUD Programa das Naccedilotildees Unidas para o Desenvolvimento

PPA Plano Plurianual

PPC Paridade do Poder de Compra

PSF Programa de Sauacutede da Famiacutelia

PSOL Partido Socialismo e Liberdade

RDC Resoluccedilatildeo da Diretoria Colegiada

Rvcc Reconhecimento Validaccedilatildeo Certificaccedilatildeo de Competecircncias

SAGMACS Sociedade de Anaacutelise Graacuteficas e Mecanograacuteficas Aplicadas aos Complexos Sociais

SBPE Sociedade Brasileira de Planejamento Energeacutetico

SFH Sistema Financeiro de Habitaccedilatildeo

SINAN Sistema de Notificaccedilotildees de Agravos de Notificaccedilatildeo

SUS Sistema Uacutenico de Sauacutede

WWF World Wide Fundation

xi

RESUMO Em um contexto envolvendo meio ambiente globalizaccedilatildeo e modernidade depara-se inevitavelmente com termos que tecircm na sua grande maioria importacircncia vital para se entender o mundo em que se vive Esses termos envolvem populaccedilatildeo economia emprego disposiccedilatildeo poliacutetica ativismo social moradia etc A Cidade sendo o local para onde atualmente se converge toda a atenccedilatildeo onde a batalha diaacuteria pela sobrevivecircncia e pelo exerciacutecio cidadania eacute travada pelos diversos atores sociais envolvidos Mas haacute um hiato entre ter e viver a cidadania esta eacute muita das vezes dificultada pelas barreiras que se impuseram no desenvolvimento do tipo de vida que se leva atualmente Para se ter a cidadania a maior barreira instalada entre ela e o povo eacute a crise ambiental decorrente do tipo do tipo de viva que se aprendeu a ter da industrializaccedilatildeo degradaccedilatildeo do espaccedilo geograacutefico degradaccedilatildeo do ser humano poluiccedilatildeo do ar dos corpos hiacutedricos e no fundo estaacute o ser humano compactuando de algum forma Neste contexto se insere o Estado como o grande ente capaz de salvaguardar o cidadatildeo e a sauacutede implementando accedilotildees que promovam a qualidade de vida um termo corrente para o repensar da cidade Discutem-se cidades sustentaacuteveis tendo por base as ideacuteias contidas na agenda 21 que tomou forma depois da ECO-92 Problemas da cidade a poliacutetica habitacional fomentada ao longo dos anos que associada com a poliacutetica econocircmica estabelecida como prioridade pelo Estado empurraram milhares de pessoas ao processo de favelizaccedilatildeo A remedia-se atraveacutes de vaacuterios programas institucionais como Favela-Bairro Programa Bairrinho PAC e congecircneres Na busca pela cidadania os moradores do Complexo de favelas de Acari vivenciam uma contradiccedilatildeo entre os saberes construiacutedos e executados pelo Estado e os saberes vividos na comunidade Este trabalho mostra onde reside a contradiccedilatildeo no citado Complexo e principalmente como ela eacute percebida no imaginaacuterio da populaccedilatildeo pesquisada aleacutem de contribuir ao estudo dos fenocircmenos sociais direta e indiretamente implicados na formaccedilatildeo deste imaginaacuterio Atraveacutes de entrevistas abertas com lideranccedilas e com moradores dentro do Complexo de Favelas de Acari mostrou-se pelo vieacutes sauacutede e meio ambiente o viver e principalmente as realidades entre o saber e o fazer do Estado Para tanto as entrevistas foram gravadas e seu conteuacutedo transcrito e analisado utilizando-se a Teoria das Representaccedilotildees Sociais de Moscovici O resultado eacute um painel onde se constata-se que meio ambiente e sauacutede satildeo dois termos que natildeo-excludentes e principalmente tecircm uma interdependecircncia com importantes desdobramentos para o cotidiano desses atores sociais No habitar em um Complexo de Favelas estaacute as formas da lida com a realidade com a sobrevivecircncia do dia-a-dia trata-se de vida tanto para o ser humano quanto para a natureza que eacute o lar desse ser humano e que seraacute o lar tambeacutem de geraccedilotildees futuras O Complexo de Favelas de Acari foi trazido para dentro da Ciecircncia Ambiental entendendo-se as relaccedilotildees estabelecidas no seu contexto e o quanto podem ser potencialmente nocivas Ao fim constata-se este argumento do ambiente urbano como local pouco adequado para vida

xii

ABSTRACT

In a context that involves environment globalization and modernization there are terms that are important for to understand this world These terms involves population economy job opportunities social policies activities residence etc for the city that the some attention are on focus there is a diary battle for survival and for the real citizenship and his battle if fighted for everybody inside this place There is a hiatus between to have and to live the citizenship this is frequently stopped for the barriers that exist in middle of the way of develop of the type of life that people is the environment crisis that came from the type of life these humans has learned the industrialization the geographic space degradation human degradation air pollution water pollution so the human king and certainly they are responsible for that In this context there is the Government as the big personality able to defense the citizen and their health doing actions that can bring promotion to the life quality that is a new word necessary to think again the cities and his geographical context There are some discussions about city and his sustentability based in ideas from the Agenda 21 that has formed after ECO-92 The critic problem for the city is his dwelling and economic policies that came over the years both as a priority for the Government practices It has pushed thousands of people to the slums development process Nowadays there are many policies that to try to bring some resolutions for the general problematical as Favela-Bairro Bairrinho Program PAC and so on In a search for citizenship the people of Acari Slums Complex livening in a real contradiction between Government knowledge ad what is happening and what the people knows This work show where this contradiction is inside the Complex besides this one brought the contribution to the social phenomena studies direct or no to the knowledge construction about this reality Throughout open interviews with leathers and dwellers it has found that over environment and health angle that nature and to live mainly the realities between what the Government has done These interviews were recorded and analyzed and all phrases were transcribed by the Moscovicirsquos Social Representations The result is a panel where environment and health are no opposite terms an mainly they are going together with important unfold for the day-by-day of social actors Inside Acari Slums Complex there are some styles of life that can be considered crucial into reality as a survival It is life either to human and for the nature that is the home for his human and will be what the next generations will have as a home The Acari Slums Complex was brought to the environment Sciences because the relations inside in this context and how many this relations can be problematic so this cityrsquos piece is a non save place to spend a good life

xiii

INTRODUCcedilAtildeO

ldquoA sauacutede eacute um direito de todos e um dever do Estadordquo Esta frase cunhada na atual

Constituiccedilatildeo Brasileira pode ser considerada como a representaccedilatildeo de uma das maiores

conquistas da sociedade brasileira no campo das poliacuteticas sociais

Com a chegada do ano de 1988 houve uma real conquista da cidadania pelo ponto de

vista da sauacutede onde esta passou a ser um direito de todos e suprida pelo Estado

Mas ateacute os dias de hoje esta cidadania natildeo foi alcanccedilada completamente ou totalmente

integralizada E por que natildeo Haacute diversos outros entrementes que por natildeo serem conhecidos

ou por natildeo terem sido levados em consideraccedilatildeo faz com que o que se acredita ser sauacutede seja

apenas atribuiacutedo agrave ausecircncia de doenccedila o que eacute facilmente comprovado em diversos discursos

Sauacutede eacute um processo dinacircmico sofrendo impacto diretamente do meio ambiente das

condiccedilotildees econocircmicas da percepccedilatildeo que o indiviacuteduo tem do que seja a sauacutede

Sauacutede e meio ambiente se articulam sim Aquela depende desta para que aconteccedila de

fato Por exemplo eacute notoacuterio ver que muitas doenccedilas do campo estatildeo relacionadas agrave maneira

com que as pessoas desenvolvem suas atividades diaacuterias Com isso haacute leis que regulamentam

as atividades naquele setor Eacute notoacuterio que muitas das doenccedilas das aacutereas urbanizadas inclusive

a violecircncia tem a ver com o meio ambiente constituindo um todo influenciando esse todo

Como sauacutede se relaciona com o ambiente em que se vive Hoje o boom da expansatildeo

urbana estaacute relacionado agrave poliacutetica internacional A cidade no processo geograacutefico tem cada

vez mais peso do que o campo Com isso a cidade se manteacutem como um atrativo para que

pessoas a busquem para conseguir alcanccedilar a realizaccedilatildeo dos seus sonhos Com isso haacute o que

se pode chamar de expansatildeo urbana urbanizaccedilatildeo trazendo seacuterios problemas que se

perpetuam por anos

Estamos em um momento de falar dos problemas ambientais e das possiacuteveis soluccedilotildees

deles Tem por certo que eles se adensam cada vez mais e talvez a perspectiva de soluccedilatildeo agrave

curto prazo seja desalentador O positivo eacute que se busca encontrar e implementar as soluccedilotildees

referidas e dentro deste contexto problema-soluccedilatildeo fica registrado com este trabalho

atividades de se compreender e como fazer para que uma pequena parte do real se some ao

grupo de conhecimentos que forma a ciecircncia ambiental Para isso esta dissertaccedilatildeo foi

desenvolvida em cinco capiacutetulos que satildeo apresentados em num crescendo e que por

necessidade da pesquisa veio trazer luz ao problema investigado e mostrar que as

resolutividades para o problema ambiental natildeo exclui a sauacutede e o fazer das pessoas e nem

muito menos do Estado Cada um com sua participaccedilatildeo na trama da existecircncia

14

O capiacutetulo 1 inter-relaciona a Ciecircncia Ambiental com o seu contexto levando em

consideraccedilatildeo a necessidade da ciecircncia e de seus meacutetodos para a percepccedilatildeo do que se chama

problema ambiental que estaacute levando o planeta Terra a sua exaustatildeo Este capiacutetulo tambeacutem eacute

ilustrado com a vivecircncia do autor e algumas interrogaccedilotildees curiosas agrave respeito do tema O

capiacutetulo 2 aborda a Crise Ecoloacutegica que se abate sobre a existecircncia do planeta e busca

relacionar esta crise com o capitalismo com a economia e com o papel das sociedades na

busca por soluccedilotildees para esta crise Ainda no crescendo tem-se o capiacutetulo 3 que fala de sauacutede

cidadania poliacuteticas puacuteblicas e Sistema Uacutenico de Sauacutede Jaacute no capiacutetulo 4 eacute abordado assuntos

referentes agrave cidadania meio ambiente e o processo favelizatoacuterio que marca profundamente a

paisagem da cidade

Na segunda parte da dissertaccedilatildeo se encontra as realidades entre sauacutede sociedade e

poder puacuteblico Mediante o uso da Teoria das Representaccedilotildees Sociais de Moscovici tentou-se

estabelecer um quadro do que eacute representado e o que estaacute no imaginaacuterio social de uma

comunidade especiacutefica do que seja meio ambiente e sauacutede E eacute montado um grande painel dos

problemas ambientais que afligem as pessoas menos favorecidas problemas estes que

incluem a real integralizaccedilatildeo da sauacutede via meio ambiente adequado para se reproduzir essa

integralizaccedilatildeo da sauacutede

15

OBJETIVOS

Demonstrar a importacircncia que assume os conceitos de Sauacutede e Meio Ambiente

dentro do contexto da crise ambiental provocada pelo homem em face da necessidade de se

discutir os modos de vida a impactaccedilatildeo do meio ambiente e a participaccedilatildeo do Estado no

Complexo de Favelas de Acarai com vistas a uma melhor qualidade de vida e contribuiccedilatildeo

para as poliacuteticas de desenvolvimento sustentaacutevel

Como objetivos especiacuteficos

a) Mostrar a defasagem entre a percepccedilatildeo dos conceitos de sauacutede meio

ambiente e suas apropriaccedilotildees sua ligaccedilatildeo com o real vivido e buscado no

cotidiano das comunidades

b) Desvelar o executar do Estado dentro do contexto da crise ambiental a niacutevel

local atraveacutes da participaccedilatildeo na comunidade

c) Analisar a importacircncia da participaccedilatildeo comunitaacuteria no desenvolvimento de

um ambiente saudaacutevel

d) Esclarecer que os processos sociais satildeo mateacuteria da Ciecircncia Ambiental

abarcando a falta de condiccedilotildees miacutenimas de existecircncia dignidade

cidadania sauacutede moradia entre outros fazem parte de um desequiliacutebrio

maior com consequumlecircncias graves ao ser humano e ao meio ambiente natural

16

METODOLOGIA

Este eacute um estudo exploratoacuterio realizado a partir de abordagem qualitativa A opccedilatildeo

feita por este tipo de pesquisa decorre da necessidade de se trabalhar dados tanto subjetivos

quanto objetivos

A parte qualitativa da pesquisa estudou universo de motivos significados aspiraccedilotildees

valores e atitudes o que correspondeu a um espaccedilo mais profundo das relaccedilotildees dos processos

que natildeo podem ser reduzidos agrave operacionalizaccedilatildeo de variaacuteveis Esta abordagem procura captar

os significados atribuiacutedos aos eventos

A parte quantitativa utilizada para corroborar e mostrar o mosaico de interaccedilotildees a que

os sujeitos da pesquisa estatildeo inseridos envolvem dados numeacutericos ao longo do tempo

A intenccedilatildeo foi realizar uma pesquisa de campo que segundo as palavras de LUumlDKE e

ANDREgrave (1986) eacute aquela que estuda os problemas no ambiente nos quais ocorrem

naturalmente sem intenccedilatildeo de qualquer manipulaccedilatildeo intencional pressupondo um contato

direto do pesquisador com o ambiente e a situaccedilatildeo que estaacute sendo investigada

1 A descriccedilatildeo do campo de estudo

Tanto pela necessidade de se abordar o assunto quanto pela caracteriacutestica do mesmo

buscou-se selecionar como sujeitos desta pesquisa grupos de pessoas que compartilham em

tese do mesmo estilo de vida e que estatildeo sob o mesmo impacto de pressotildees ambiental

econocircmica social e poliacutetica

Para isso foi selecionado o estudo da favela que segundo ZALUAR e ALVITO (1998)

satildeo espaccedilos que uma vez apropriados pelos seus moradores permitem a reivindicaccedilatildeo do

atendimento emergencial de suas demandas - ambiental

Optou-se por estudar o Complexo de Favelas de Acari no Municiacutepio de Rio de

Janeiro onde as diversas camadas ldquopoliacuteticasrdquo ofereceram boa receptividade a esta pesquisa

Para a realizaccedilatildeo da mesma foi utilizada a entrevista semi-estruturada onde os

questionamentos baacutesicos apoiados em teorias e hipoacuteteses ofereceram campo amplo de

interrogativas produzindo assim novas hipoacuteteses que foram surgindo agrave medida em que os

entrevistados relatavam seu universo

17

2 Os participantes da pesquisa

O primeiro contato foi formalizado com a CUFA ndash Central Uacutenica de Favelas que

facilitou o acesso agrave Associaccedilatildeo de Moradores do Conjunto Residencial do Areal parte do

complexo de favelas chamado de Acari na zona norte do Municiacutepio de Rio de Janeiro O seu

Presidente forneceu muitos subsiacutedios para o desenvolvimento desta pesquisa

Na abordagem inicial foram realizadas duas entrevistas uma com a CUFA e outra

com a Associaccedilatildeo de Moradores do Areal Para essas entrevistas foi utilizado um questionaacuterio

com perguntas abertas Nesse momento inicial priorizou-se a liberdade das respostas e o

conteuacutedo das mesmas uma vez que o entrevistador natildeo vive naquela realidade social As

entrevistas foram gravadas com autorizaccedilatildeo expressa dos entrevistados para posterior anaacutelise

da transcriccedilatildeo na iacutentegra

Em segundo momento conforme planejamento foram realizadas entrevistas diretas

com moradores Para essas utilizou-se um segundo questionaacuterio tambeacutem aberto com

liberdade de respostas A justificativa para esse modelo deve-se ao fato de cada morador ter a

sua percepccedilatildeo dos problemas ambientais vividos e isso os privilegia pelo fato de terem uma

participaccedilatildeo direta na pesquisa sem a mediaccedilatildeo de qualquer interventor As entrevistas

tambeacutem foram gravadas com autorizaccedilatildeo dos entrevistados e submetidos a transcriccedilatildeo para

posterior anaacutelise

Para essas buscou-se outro artifiacutecio cada entrevistado e antes da aplicaccedilatildeo do

questionaacuterio foi mostrado um conjunto de figuras que abordavam a temaacutetica proposta

A utilizaccedilatildeo de figuras eacute um meio auxiliar para a obtenccedilatildeo de respostas quando da

interrogaccedilatildeo direta Elas funcionam como uma forma de introduzir o assunto que se quer

abordar dando uma certa ludicidade ao evento Deixando que os sujeitos vejam reflitam

relaxem e se introduza ao objetivo do questionamento

Esse meacutetodo tem uma particularidade positiva quando se precisa trabalhar com sujeito

que no universo desta pesquisa pode ter um iacutendice baixo de escolaridade ou pouca

participaccedilatildeo poliacutetica ou que natildeo disponha de muito tempo para responder a questionamentos

extensos Aleacutem de estar sobre pressatildeo de outras variaacuteveis como por exemplo a violecircncia

diaacuteria

As entrevistas se deram entre os meses de setembro de 2007 a fevereiro de 2008 em

diversos locais do Complexo de Favelas do Acari As primeiras entrevistas aconteceram nas

sedes tanto da CUFA quanto da AMA A primeira na localidade chamada de ldquoRua do

Campordquo e a segunda na localidade chamada de Conjunto Amarelinho As demais entrevistas

aconteceram nas localidades Vila Esperanccedila proacuteximo ao Hospital de Acari e ainda no Areal

18

O universo da pesquisa eacute composto por 30 moradores A grande maioria deles

moradores do Complexo diretamente envolvidos politicamente com alguma produccedilatildeo social

dentro da comunidade - liacutederes e com outros natildeo-liacutederes que tambeacutem tecircm algum percentual de

participaccedilatildeo na produccedilatildeo social do Complexo mais moradores sem participaccedilatildeo ativa na

produccedilatildeo social (que participam em lideranccedilas dentro da comunidade) Este nuacutemero foi preacute-

estabelecido porque em termos de anaacutelise das entrevistas e com a teoria proposta para o

embasamento da pesquisa eacute um nuacutemero suficiente para a viabilidade do estudo Tambeacutem

foram entrevistados alguns liacutederes que estatildeo inseridos dentro do contexto do Complexo mas

que ali natildeo residem

3 Levantamento bibliograacutefico e de dados

Para esta pesquisa foram acessadas as bibliotecas das seguintes instituiccedilotildees

Universidade Federal Fluminense Escola Nacional de Sauacutede Puacuteblica Universidade Federal

do Rio de Janeiro e pesquisas em bases de dados do Ministeacuterio da Sauacutede da Prefeitura

Municipal do Rio de Janeiro bem como a rede internacional de computadores

4 Anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados

Para anaacutelise dos dados subjetivos optou-se usar a Teoria das Representaccedilotildees Socais de

MOSCOVICI (1961) Essa teoria revela que as representaccedilotildees sociais satildeo formas de

conhecimentos socialmente elaborados e partilhados tendo uma visatildeo praacutetica e concorrendo

para a construccedilatildeo de uma realidade comum a um conjunto social Ela diz que o conteuacutedo

revelado na oralidade eacute um processo de mediaccedilatildeo na relaccedilatildeo homem-mundo onde os

indiviacuteduos explicam e afirmam sobre sua realidade e satildeo desveladas as ambiguumlidades

encontradas nas palavras que tecircm material ideoloacutegico e servem de trama a todas as relaccedilotildees

sociais Com vista nisso os atores sociais constroem suas realidades suas interaccedilotildees suas

tomadas de decisotildees E porque meio ambiente para as pessoas em questatildeo eacute um conceito

social que elas apreendem principalmente pelos veiacuteculos de comunicaccedilatildeo Aleacutem das

definiccedilotildees em sauacutede que jaacute as leva a um tipo de comportamento social podem estar se

utilizando tambeacutem do termo meio ambiente no seu cotidiano de praacuteticas sociais

19

PARTE I

CONSTRUINDO O OBJETO

20

CAPIacuteTULO UM

CIEcircNCIA AMBIENTAL PESQUISA E CONTEXTO

11 A INTERDISCIPLINARIDADE DA CIEcircNCIA AMBIENTAL

Conforme nota-se em HERCULANO (2000) haacute algo errado no mundo em que

vivemos justamente pela forma de como vivemos Fala-se de sustentabilidade fala-se sobre a

percepccedilatildeo mundial que se tem da degradaccedilatildeo ambiental da tomada de decisatildeo por parte das

autoridades mundiais e a sociedade das atividades propostas em busca de uma correccedilatildeo para

os processos antroacutepicos impactantes

ldquo E quem vai fazer tudo isto Como se constroem parcerias

Como superar antagonismos entre sujeitos em conflito e criar

novos atores coletivos Como capacitar os cidadatildeos para que

estes ultrapassem seu isolamento e efetivamente se

associemrdquo

Nas entrelinhas se percebe que haacute muito por fazer e este muito pode comeccedilar aqui e

agora Ter a percepccedilatildeo de que haacute algo errado na relaccedilatildeo do binocircmio homem-natureza e que

urge a necessidade de se estudar esta relaccedilatildeo e as consequumlecircncias dela eacute o primeiro passo para

a contribuiccedilatildeo da melhoria da qualidade de vida embasada na melhoria do proacuteprio ambiente

em que se vive Essa contribuiccedilatildeo esse discutir o meio ambiente eacute importante porque se

busca encontrar medidas mitigadoras para o problema ambiental este deve iniciar com uma

grande participaccedilatildeo tanto dos profissionais diversos que militam nesta aacuterea como da

sociedade como um todo Por vezes os problemas impactantes satildeo tatildeo cruciais que se revelam

natildeo claramente pela destruiccedilatildeo de vegetaccedilatildeo ou do solo mas sim a perversa degradaccedilatildeo

social com todos os seus desdobramentos

O homem produz degrada polui extrai ocupa Natildeo percebe claramente o que eacute este

fazer muito menos nas suas consequumlecircncias Desde eacutepocas mais remotas passando pela

revoluccedilatildeo industrial o homem tem desempenhado atividades que puderam ser absorvidas

21

pelo planeta Mas o que se discute atualmente eacute justamente isso ndash o quanto mais o planeta

pode absorver desses impactos que o homem tem causado pela suas atividades modificadoras

ao meio ambiente

O grande motor dos tempos atuais eacute a percepccedilatildeo de que esta capacidade de absorccedilatildeo

dos impactos produzidos pelo homem chamada de resiliecircncia jaacute ultrapassou seu limite

Beiramos uma eacutepoca em que natildeo podemos nos dar ao luxo de desperdiccedilar poluir ocupar

degradar sem termos em troca agrave paga

Desde haacute algum tempo homens tecircm se levantado para conclamar uma soluccedilatildeo para os

problemas ambientais problemas estes produzidos no atual momento de existecircncia do planeta

como os foram produzimos haacute seacuteculos atraacutes - desperdiacutecio desmatamento extinccedilatildeo da

biodiversidade iniquumlidade entre o ser humano O caminho obrigatoacuterio para a preservaccedilatildeo -

que pode ser da proacutepria espeacutecie humana - passa por rever todas essas falhas e tentar suplantaacute-

las por novo comportamento

Eacute neste contexto que se insere a ciecircncia ambiental Esta eacute um veiacuteculo para o

desenvolvimento e difusatildeo do saber ambiental que tem congregado no seu seio profissionais

de diversos campos do conhecimento e atraveacutes deles e de suas pesquisas tem se entendido-se

como o nosso planeta funciona Esses profissionais tecircm trazido agrave luz questotildees que

contribuem tanto para a formaccedilatildeo dessa ciecircncia como para o processo de conscientizaccedilatildeo

sobre a necessidade de se pensar o meio ambiente que cerca a espeacutecie humana dentre outras

e como esta lidaraacute com o que sobrou do meio ambiente em geraccedilotildees futuras

A Ciecircncia Ambiental natildeo pode ser dar ao luxo de se resumir a um grupo de

profissionais especiacuteficos em ecologia Ela tem que abranger profissionais das diversas aacutereas

contribuindo para uma anaacutelise mais ampla do funcionamento o meio ambiente nos dias atuais

para que por seus estudos haja um direcionamento de o que fazer e como fazer Nisso se

insere o profissional Enfermeiro no contexto de Ciecircncia Ambiental tentando mostrar que na

relaccedilatildeo Sauacutede-Ser Humano um campo especiacutefico e novo do saber em Ciecircncia Ambiental haacute

uma gama de problemas que podem ser identificados e analisados

Segundo LEFF (2000) ldquoA crise ambiental natildeo soacute se manifesta na destruiccedilatildeo do meio

fiacutesico e bioloacutegico mas tambeacutem na degradaccedilatildeo da qualidade de vida tanto no acircmbito rural

como no urbanordquo

22

12 NECESSIDADE DA CIEcircNCIA E SEUS MEacuteTODOS

Com o advento da ciecircncia os fenocircmenos que sempre intrigaram o ser humano

passaram a ser estudados e clarificados atraveacutes de processos de pesquisa

Com o avanccedilo das investigaccedilotildees haacute tambeacutem o avanccedilo do espiacuterito de curiosidade O

homem busca sempre uma consequumlecircncia para uma causa ou natildeo necessariamente nesta

ordem

Resolver duacutevidas muito intrincadas sobre certos fenocircmenos tem movido criado

aperfeiccediloado o pensar humano e cada vez mais contribuido para separaacute-lo do restante dos

animais que o cercam levando a um lugar comum privilegiado na evoluccedilatildeo das espeacutecies

Segundo MINAYO (1998) a ciecircncia tornou-se hegemocircnica na construccedilatildeo da realidade

por ter a pretensatildeo de ser o uacutenico promotor e tambeacutem por ser criteacuterio da verdade

Nela reside duas razotildees a possibilidade de responder a questotildees teacutecnicas e

tecnoloacutegicas postas pelo desenvolvimento industrial e outra consiste no fato dos cientistas

terem conseguido estabelecer uma linguagem fundamentada em conceitos meacutetodos e teacutecnicas

para compreensatildeo do mundo das coisas dos fenocircmenos dos processos e das relaccedilotildees

O conhecimento cientiacutefico eacute conseguido mediante e o que se chama de Meacutetodo

cientiacutefico Mas haacute ainda no campo da avaliaccedilatildeo de conhecimento de sua reproduccedilatildeo e sua

manipulaccedilatildeo algumas categorias que mais ou menos tentam ser mantenedoras do saber cada

uma na sua esfera de atuaccedilatildeo e por si revelam como o homem se comporta diante da

construccedilatildeo do saber Essas categorias satildeo

1 A tradiccedilatildeo onde certas crenccedilas satildeo aceitas como verdades onde por vezes pode

apresentar-se como obstaacuteculo agrave indagaccedilatildeo humana uma vez que as crenccedilas

encontram-se tatildeo arraigadas agrave nossa cultura que sua validade ou utilidade jamais

foram desafiadas ou validadas

2 Autoridade - a confianccedila nas autoridades eacute de certa forma inevitaacutevel porque natildeo pode

se tornar especialistas em cada problema confrontado

3 Experiecircncia pessoal onde se resolve os problemas com base em observaccedilotildees e

experiecircncias anteriores o que eacute um meacutetodo importante e funcional A capacidade de

generalizar reconhecer irregularidades e fazer previsotildees com base em observaccedilotildees

constitui uma marca da mente humana Mas a experiecircncia pessoal apresenta limitaccedilotildees

23

fundamentais como uma base agrave compreensatildeo pois a experiecircncia de cada pessoa pode

ser muito restrita para fazer generalizaccedilotildees vaacutelidas acerca de situaccedilotildees novas e as

experiecircncias pessoais tecircm as cores dos valores e preconceitos subjetivos

4 Tentativa e erro - por vezes se trata de algum problema tentando soluccedilotildees alternativas

Ainda que esse meacutetodo possa ser praacutetico em alguns casos eacute passiacutevel de falhas aleacutem

de ser ineficiente Ele tende a ser desorganizado e as soluccedilotildees satildeo em muitos casos

imprevisiacuteveis

5 Raciociacutenio loacutegico ndash costuma-se resolver problemas confiando nos processos de

pensamento loacutegico De fato o raciociacutenio loacutegico eacute um componente importante de

meacutetodo cientiacutefico mas em si e de si eacute limitado porque a validade da loacutegica dedutiva

depende da precisatildeo das informaccedilotildees com que iniciamos o processo e o raciociacutenio

em si pode constituir uma base insuficiente para avaliar a precisatildeo

Analisando os processos da indagaccedilatildeo e descobrimento supracitados chegamos a

conclusatildeo de que o conhecimento cientiacutefico eacute o meacutetodo mais sofisticado Ele combina

aspectos do raciociacutenio loacutegico com outros aspectos para criar um sistema de soluccedilatildeo de

problemas que embora faliacutevel eacute mais confiaacutevel do que os outros juntos Eacute um conjunto

geneacuterico de procedimentos ordenados e disciplinados utilizados para a aquisiccedilatildeo de

informaccedilotildees seguras e organizadas

Em um estudo cientiacutefico o pesquisador movimenta-se de uma forma ordenada e

sistemaacutetica a partir da definiccedilatildeo de um problema atraveacutes do delineamento do estudo e coleta

de informaccedilotildees ateacute a soluccedilatildeo do problema Usa a sistemaacutetica para poder chegar as conclusotildees

que se quer evidenciar Sistemaacutetica refere-se agrave forma com que o investigador evolui de uma

maneira loacutegica atraveacutes de uma seacuterie de etapas de acordo com um plano de accedilatildeo preacute-

estabelecido

A pesquisa cientiacutefica tem alguns propoacutesitos

A descriccedilatildeo em que se realiza uma investigaccedilatildeo descritiva onde se observa descreve

e classifica Quando natildeo haacute a necessidade de se descrever vaacuterios fenocircmenos

Outro propoacutesito eacute a exploraccedilatildeo onde se inicia por algum fenocircmeno de interesse

Busca explorar as dimensotildees desse fenocircmeno a maneira pela qual ele se manifesta e os outros

fatores com os quais ele se relaciona

A explicaccedilatildeo que busca encontrar o porquecirc de fenocircmenos naturais especiacuteficos

24

E por fim a previsatildeo e controle que no entanto costuma fazer-se previsotildees e

controlar fenocircmenos com base nas descobertas das investigaccedilotildees cientiacuteficas ateacute mesmo na

mais absoluta ausecircncia de compreensatildeo total

13 DIFERENTES TIPOS DE PESQUISA E A PESQUISA EM CIEcircNCIA SOCIAL

Profissionais de todas as aacutereas necessitam de uma base de conhecimentos a partir da

qual possam exercer sua praacutetica e o conhecimento cientiacutefico proporciona uma base

especialmente soacutelida

Costuma-se fazer a distinccedilatildeo entre dois grandes meacutetodos de coleta de informaccedilotildees

cientiacuteficas A pesquisa quantitativa com anaacutelise utilizando procedimentos estatiacutesticos e a

pesquisa qualitativa com anaacutelise de material narrativo subjetivo

O paradigma do positivismo loacutegico estaacute associado com maior frequumlecircncia aos meacutetodos

quantitativos onde se tende a enfatizar o raciociacutenio dedutivo as regras da loacutegica e os atributos

mensuraacuteveis da experiecircncia humana

Segundo POLIT e HUNGLER (1996) em geral a pesquisa quantitativa

bull Focaliza uma quantidade relativamente pequena de conceitos especiacuteficos

bull Inicia com ideacuteias preacute-concebidas acerca da maneira pela qual os conceitos estatildeo

inter-relacionados

bull Utiliza procedimentos estruturados e instrumentos formais para coletar

informaccedilotildees

bull Coleta as informaccedilotildees mediante condiccedilotildees de controle

bull Enfatiza a objetividade na coleta e anaacutelise das informaccedilotildees

bull Analisa as informaccedilotildees numeacutericas atraveacutes de procedimentos estatiacutesticos

Jaacute a pesquisa qualitativa salienta os aspectos dinacircmicos holiacutesticos e individuais da

experiecircncia humana tentando apreender tais aspectos em sua totalidade no contexto daqueles

que os estatildeo vivenciando

bull Tentando compreender a totalidade de determinados fenocircmeno mas do que focalizar

conceitos especiacuteficos

25

bull Possui poucas ideacuteias preacute-concebidas e salienta a importacircncia das interpretaccedilotildees dos

eventos e circunstacircncias pelas pessoas mais do que a interpretaccedilatildeo do pesquisador

bull Coleta informaccedilotildees sem instrumentos formais e estruturados

bull Natildeo tenta controlar o contexto da pesquisa e sim captar o contexto em sua

totalidade

bull Tenta capitalizar o subjetivo com um meio de compreender e interpretar as

experiecircncias pessoais

bull Analisa as informaccedilotildees narradas de uma forma organizada mas intuitiva

Praticamente toda pesquisa cientiacutefica parte de pressupostos do pesquisador sobre o que

quer e se costuma chamar de fenocircmeno

Esse eacute considerado o moto do trabalho cientiacutefico e sobre ele se debruccedilam as

interrogaccedilotildees que iratildeo levar o pesquisador as etapas do meacutetodo cientiacutefico POLIT e

HUNGLER (idem) o chama de construto E segundo essas autoras construto refere-se a uma

abstraccedilatildeo ou representaccedilatildeo mental inferidas a partir de situaccedilotildees acontecimentos ou

comportamentos

Esta dissertaccedilatildeo eacute uma pesquisa quanti-qualitativa de cunho social e tem uma

implicaccedilatildeo tanto na pesquisa social quanto na natildeo-social

MINAYO (1998) relata que haacute uma frequumlecircncia de debates quanto agrave cientificidade da

proacutepria ciecircncia social Haacute quem busca uniformizaccedilatildeo dos procedimentos para compreender

o natural e o social como condiccedilatildeo para atribuir o estatuto de ciecircncia ao campo social E

haacute quem reivindica a total diferenccedila e especificidade do campo humano

Essa cientificidade eacute levada agrave prova quando se pesquisa e se revela que de todas as

variaacuteveis empregadas conjuntas ou isoladamente revelam universos que soacute mesmo em

ciecircncias sociais poderia ser estudado e clarificado que foge das interpretaccedilotildees habituais das

ciecircncias naturais por ter incluso nela a subjetividade que a ciecircncia natural natildeo acompanha E

dessa discussatildeo surgem vaacuterias questotildees que segundo a autora citada envolve a possibilidade

concreta de pesquisar uma realidade da qual o proacuteprio pesquisador faz parte e eacute agente E faz-

se a pergunta Essa ordem de conhecimento natildeo escaparia radicalmente a toda possibilidade

de objetivaccedilatildeo

Eacute pertinente fazer outra pergunta Buscando a objetivaccedilatildeo proacutepria das ciecircncias

naturais natildeo se estaria descaracterizando o que haacute de essencial nos fenocircmenos e processos

sociais ou seja o profundo sentido dado pela subjetividade Uma terceira indagaccedilatildeo aborda

26

qual o melhor tipo de meacutetodo que serviria para explorar uma realidade muito marcada pela

especificidade e pela diferenciaccedilatildeo

MINAYO (idem) refere-se agraves caracteriacutesticas peculiares que envolvem os agentes

objetos da pesquisa social pois os fenocircmenos produzidos por eles podem ter uma

inconstacircncia profunda ou pode ser repetir no espaccedilo e no tempo mas certamente de modo

bem diferente da anterior Defende que a cientificidade tem que ser pensada como uma ideacuteia

reguladora de alta abstraccedilatildeo natildeo como sinocircnimo de modelos e normas a serem seguidos e

que a histoacuteria da ciecircncia revela natildeo um a priori mas o que foi produzido em determinado

momento histoacuterico com toda a relatividade do processo de conhecimento

Vale enumerar alguns objetivos das Ciecircncias Sociais

bull Historicidade e consciecircncia histoacuterica Eacute necessaacuterio dizer que objeto de estudo das

ciecircncias sociais possui consciecircncia histoacuterica Ou seja natildeo eacute apenas o investigador que

daacute sentido ao seu trabalho intelectual mas os seres humanos os grupos e as

sociedades

bull Nas ciecircncias sociais existe uma identidade entre sujeito e objeto A pesquisa nessa

aacuterea lida com seres humanos e esses tecircm um substrato comum de identificaccedilatildeo com o

investigador Segundo LEacuteVI STRAUSS (1975) apud MINAYO (1989)

Numa ciecircncia onde o observador eacute da mesma natureza que o objeto o observador

ele mesmo eacute uma parte de sua observaccedilatildeordquo

A ciecircncia social possui instrumentos e teorias capazes de fazer uma aproximaccedilatildeo da suntuosidade que eacute a vida dos seres humanos em sociedades ainda que de forma incompleta imperfeita e insatisfatoacuteria Para isso ela aborda o conjunto de expressotildees humanas constantes nas estruturas nos processos nos sujeitos nos significados e nas representaccedilotildees

MINAYO (1998)

27

14 A VIVEcircNCIA E ALGUMAS INTERROGACcedilOtildeES

A aacuterea de sauacutede como uma das grandes aacutereas do conhecimento humano eacute uma das

que recebe um aporte significante de valoraccedilatildeo econocircmica com isso faz movimentar a

economia e que com o passar dos anos incorporou uma nova modalidade ndash a ldquomedicalizaccedilatildeordquo

da sauacutede

Nela se inserem tanto instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas Do outro lado encontram-se os

clientes pessoas que satildeo usuaacuterias dos serviccedilos de sauacutede Satildeo elas de vaacuterias classes sociais

com as necessidades mais diversas

Nessa aacuterea satildeo produzidas grandes descobertas e a cada dia esperanccedilas satildeo renovadas

na espera de uma cura de uma soluccedilatildeo para os problemas do corpo A aacuterea da sauacutede eacute

fundamentalmente uma aacuterea que presta serviccedilos aos seus usuaacuterios Por ser uma aacuterea

fascinante interessei-me em adentrar e mergulhar nos seus conhecimentos A Enfermagem

permitiu-me esta inserccedilatildeo

Uma vez estudando o escopo dessa categoria profissional tive contato com vaacuterios

temas e vaacuterias teorias A enfermagem natildeo vecirc o usuaacuterio (o que ela chama de cliente) como

peccedila anatocircmica defeituosa precisando de reparos Ela encara o usuaacuterio como um indiviacuteduo

um ser dentro de um contexto fiacutesico quiacutemico psicoloacutegico social com uma histoacuteria de vida

que direciona o seu potencial de existecircncia e porque natildeo dizer seu comportamento Ser este

que precisa de alguma orientaccedilatildeo para que encontre um equiliacutebrio entre o seu eu e o meio

ambiente

Com a perda do Humano pela a praacutetica cotidiana da sauacutede muito se tem perdido no

entendimento de que esse o ser humano funciona Ele natildeo eacute simplesmente e pontualmente um

oacutergatildeo doente precisando de reparos mas sim um ser que estaacute inserido em um contexto soacutecio-

ambiental dinacircmico influenciando e pelo meio sendo influenciado Por isso a necessidade

atual de se considerar o homem como um todo e a promoccedilatildeo desse conhecimento

Essa promoccedilatildeo do todo estaacute diretamente relacionada com o meio ambiente Eacute o meio

ambiente que por abrigar o ser humano o objeto da enfermagem proporciona as condiccedilotildees de

existecircncia aacutegua luz alimentaccedilatildeo oxigenaccedilatildeo habitaccedilatildeo em termos concretos e por outro

lado socializaccedilatildeo integridade sauacutede mental felicidade amor gregaacuteria e etc em termos

abstratos O conjunto dos termos supracitados concretos etc abstratos formam os

condicionantes em sauacutede e porque natildeo dizer na existecircncia humana

28

ldquoO ciclo sauacutede-doenccedila que tambeacutem eacute conhecido como processo sauacutede-doenccedila pode ser definido como resposta dinacircmica que as classes sociais manifestam de forma diferenciada de acordo com a sua inserccedilatildeo no sistema de produccedilatildeo frente aos determinantes sociais resposta esta dada pelas caracteriacutesticas de risco e de potencialidades que satildeo reflexos do processo bioloacutegico de desgasterdquo

EGRY (1996)

O ser humano eacute um ser indivisiacutevel que vive entre o estar ou natildeo doente por

intermeacutedio da interaccedilatildeo meio-corpo-mente como muito apropriadamente afirma DILTHEY

(1991) apud BRANDAtildeO (1991) haver uma continuidade entre natureza e histoacuteria homem e

mundo e a compreensatildeo da vida atraveacutes do relacionamento do todo com suas partes o

significado da parte encontra-se no todo e o todo se forma a partir da compreensatildeo das partes

LEVINE (1967) apud HORTA (1979) uma teoacuterica de enfermagem desenvolveu a

Teoria Holiacutestica de Enfermagem em que coloca o homem como um todo dinacircmico em

constante interaccedilatildeo com o ambiente dinacircmico Sua teoria reconhece que o homem natildeo pode

ser dividido salientando a certeza que temos de que todas as funccedilotildees do corpo humano estatildeo

interligadas inclusive com o meio ambiente

ldquoO holismo ou a visatildeo holiacutestica eacute uma maneira de ver o mundo o Homem e a vida em

si como entidades uacutenicas completas e intimamente associadas Esta palavra vem do grego

holos que significa inteiro ou todo como em holograma grama=figura Holos=inteira

e representa um novo paradigma cientiacutefico e filosoacutefico que surgiu como resposta ao mal-estar

da poacutes-modernidade que eacute em grande parte causado pela cisatildeo dos aspectos humanos e

naturis trazida pelo antigo paradigma

Sendo uma forma de tentar unir o homem ao universo (natureza) onde estaacute inserido o

holismo visa agrave integraccedilatildeo dos seus aspectos fiacutesicos emocionais mentais etc O ser humano

natildeo eacute somente mateacuteria fiacutesica nem somente consciecircncia nem apenas emoccedilotildees logo levar em

consideraccedilatildeo apenas alguns desses aspectos isoladamente eacute perder de vista a sua inteireza

(neologismo para wholeness) sua integridade GUIA-JEU (2007)

Resgatando o conceito de holiacutestico para aplicarmos no campo da sauacutede atraveacutes da

enfermagem temos teoacutericos como Brian Swimme Stanley Krippner Jan Smuts Leonardo

Boff dentre outros que abordam como o ser humano eacute constituiacutedo por sistemas inclusive

sistemas externos a esse indiviacuteduo ndash meio ambiente

29

Nas palavras de BOFF (1980)

ldquoA ecologia integral procura acostumar o ser humano com esta visatildeo global e holiacutestica O holismo natildeo significa a soma das partes mas a captaccedilatildeo da totalidade orgacircnica uma e diversa em suas partes mas sempre articuladas entre si dentro da totalidade e constituindo esta totalidade Esta cosmovisatildeo desperta no ser humano a consciecircncia de sua funcionalidade dentro desta imensa totalidade Ele eacute um ser que pode captar todas estas dimensotildees alegrar-se com elas louvar e agradecer aquela Inteligecircncia que tudo ordena e aquele Amor que tudo move sentir-se um ser eacutetico responsaacutevel ela parte do universo que lhe cabe habitar a Terra Ela a Terra eacute segundo notaacuteveis cientistas um superorganismo vivo denominado GAIA com calibragens muito refinadas de elementos fiacutesico-quiacutemicos e auto-organizacionais que somente um ser vivo pode ter importa fazermos as pazes e natildeo apenas uma treacutegua com a Terra Cumpre refazermos uma alianccedila de fraternidadesororidade e de respeito para com elardquo

Para promover a adoccedilatildeo de um novo paradigma para a ciecircncia autores como WEIL

(2000) afirmam que nosso mundo estaacute em crise provocada por lacunas e falhas do paradigma

newtonianocartesiano e suas extrapolaccedilotildees Daiacute a necessidade de um novo paradigma ndash o

holismo Ele parte da tese de que a felicidade prometida pelas aplicaccedilotildees indiscriminadas da

ciecircncia moderna sob forma de tecnologia estaacute se transformando no seu contraacuterio e

ocasionando um impacto ambiental sem que haja uma renovaccedilatildeo raacutepida e suficiente dos

ecossistemas

A prerrogativa para a construccedilatildeo desta pesquisa e o interesse em sediaacute-la no Programa

de Mestrado em Ciecircncia Ambiental partiu da necessidade de se construir um diaacutelogo entre o

saber desta ciecircncia e a tomada da consciecircncia de que a manutenccedilatildeo de um meio ambiente

adequado eacute vital para a sobrevivecircncia da espeacutecie humana Aleacutem disso resgata para estudo a

necessidade de se encarar que sauacutede ndash ser humano ndash desenvolvimento sustentaacutevel satildeo termos

intercambiaacuteveis e natildeo excludentes

Nesses anos de praacutetica profissional lidando com sauacutede se percebe que sauacutede natildeo eacute

somente a ausecircncia de doenccedila mas sim um conjunto de fatores Disto resulta a percepccedilatildeo de

que ateacute Poliacuteticas Puacuteblicas Poliacuteticas Econocircmicas e o Meio Ambiente estatildeo diretamente

implicados na busca pela sauacutede Em um universo social onde os atores sociais se encontram

para representar o grande papel de suas vidas que eacute a existecircncia a compreensatildeo do conceito

de CIDADANIA eacute fundamental

30

Dentro do contexto cidadania e sua vivecircncia se percebe que a cidadania eacute um bem

escasso ou por outro acircngulo uma experiecircncia natildeo plenamente alcanccedilada para grande parcela

da populaccedilatildeo especialmente populaccedilatildeo de baixa renda Esta inacessibilidade traz

consequumlecircncias graves para a vida social

Cidadania encarada como a possibilidade de ter dignidade de moradia de alimentaccedilatildeo

de transporte de trabalho de salaacuterio digno de ser socialmente aceito de educaccedilatildeo de ser

amado ou querido de ter liberdade lazer de ter SAUacuteDE O conceito de sauacutede eacute dinacircmico eacute

vivido e construiacutedo ao longo do tempo e depende de variaacuteveis um tanto dinacircmicas para ser

alcanccedilado Uma populaccedilatildeo qualquer depende do Estado para a concretizaccedilatildeo do viver sauacutede

o que tem uma ligaccedilatildeo muito forte com meio ambiente economia etc Ficaria faacutecil uma

visualizaccedilatildeo do que se quer dizer se for tomar um grupo especiacutefico para um estudo Eacute

justamente esta a proposta empregada no desenvolvimento desta pesquisa Questotildees como A

sauacutede do ser humano estaacute relacionada agraves condiccedilotildees de vida e de meio ambiente no qual ele

estaacute inserido Como os problemas de sauacutede do ser humano satildeo influenciados e influenciam o

meio ambiente Como o ser humano percebe meio ambiente e sauacutede Seraacute que haacute realmente

de fato para eles uma inter-relaccedilatildeo seacuteria e restrita desses dois conceitos Eles satildeo percebidos

pelas populaccedilotildees Satildeo questotildees chaves na construccedilatildeo de um entendimento do processo

dinacircmico que se estabelece no contexto social

Talvez termos como violecircncia desnutriccedilatildeo ocupaccedilatildeo de encostas desmatamento

degradaccedilatildeo da qualidade de vida cacircncer AIDS derramamento de oacuteleo pesca predatoacuteria

extinccedilatildeo da biodiversidade etc sejam a pequena ponta de um ice-berg que ainda estaacute

totalmente desconhecido sob outro acircngulo um desequiliacutebrio que o proacuteprio homem causou e

vem causando ao meio ambiente

Uma curiosidade do sistema brasileiro de sauacutede se revela no paradoxo existente entre a

populaccedilatildeo e o Estado este mesmo tendo um tom autoritaacuterio compulsoacuterio emprega um forte

paternalismo quando o assunto eacute sauacutede e mais paradoxal ainda tem um descaso

conhecidamente famoso quando se trata de meio ambiente

O Governo Federal emprega cifras astronocircmicas para o fomento desenvolvimento e

execuccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas inclusive poliacuteticas de sauacutede O ldquogrossordquo da destinaccedilatildeo dos

recursos em sauacutede satildeo utilizados pelo setor terciaacuterio em sauacutede - o ldquosetor curativordquo Os gastos

em sauacutede primaacuteria apesar de serem sem duacutevida alguma importantes natildeo criam condiccedilotildees

para que haja um real fomento construccedilatildeo execuccedilatildeo de poliacuteticas preventivas Neste campo o

Brasil precisa crescer e muito

31

Apesar do grande avanccedilo nacional em termos de programas de sauacutede nenhum deles

satisfaz a necessidade aqui de se colocar em evidecircncia o meio ambiente e ou fomenta uma

preocupaccedilatildeo com o mesmo

As estatiacutesticas do Datasus mostram que muitas patologias poderiam ter sido

plenamente descobertas e tratadas a niacutevel primaacuterio poderiam aliviar os custos econocircmicos e

sociais que se estaacute a operar em solo brasileiro na atualidade

Talvez nem toda culpa deva recair somente sobre o Estado Os brasileiros tecircm a sua

parcela na medida em que atraveacutes do miacutenimo acesso que tem agrave informaccedilatildeo natildeo satildeo capazes

de assumir um comportamento favoraacutevel ou reduzir os riscos

Seraacute que o grande eixo encontra-se no que a populaccedilatildeo sabe sobre o processo sauacutede-

doenccedila O que habita seu imaginaacuterio Como eles incorporam sauacutede as suas vidas O que

sabem de cidadania Sobre o meio ambiente que as cerca

Traccedilando um perfil do montante de pacientes que procura os serviccedilos hospitalares a

grande maioria deles satildeo oriundos da sociedade de entorno e que varia quantitativa e

qualitativamente de acordo com o local onde o hospital estaacute instalado Desses pode-se

perceber a urgecircncia de doenccedilas que seriam plenamente prevenidas e tratadas a niacutevel primaacuterio

em sauacutede mas se natildeo descobertas e tratadas tornam-se verdadeiros marcos na vida tanto do

paciente quanto da sua famiacutelia

A medicalizaccedilatildeo do serviccedilo de sauacutede torna-se irreversiacutevel dentro de um contexto de

expansatildeo capitalista e estabelece uma relaccedilatildeo perversa entre o acesso ao atendimento em

sauacutede e a sua demanda Para um paiacutes continental que eacute o Brasil deveria haver tambeacutem uma

expansatildeo do atendimento puacuteblico e gratuito em sauacutede para que houvesse a satisfaccedilatildeo da

tamanha demanda por estes serviccedilos Deveria haver uma maior acreditaccedilatildeo na dinacircmica

homem-natureza

A medicalizaccedilatildeo do serviccedilo de sauacutede se deve ao modelo em sauacutede estabelecido na

deacutecada de 30 onde o hospital tornou-se no imaginaacuterio social o grande interventor em sauacutede

Com isto houve um detrimento da atenccedilatildeo primaacuteria em sauacutede que foi um modelo renegado

quase que completamente ateacute haacute alguns anos atraacutes Mas esse modelo vem sobressaindo com a

intervenccedilatildeo do Estado pois chegou-se a conclusatildeo que para o acesso a sauacutede as pessoas natildeo

poderiam somente ter acesso ao hospital mas sim a atenccedilatildeo baacutesica onde satildeo desenvolvidos

programas que em uacuteltima anaacutelise evitam que os usuaacuterios busquem o hospital Satildeo programas

como alto poder de impacto que uma vez desenvolvido com os usuaacuterios podem ser capazes

de reduzir a morbidade e mortalidade de muitas doenccedilas pois partem do princiacutepio de que

32

educaccedilatildeo vacinaccedilatildeo iniacutecio de diagnoacutestico entre outros eacute importante para a prevenccedilatildeo de

doenccedilas

Mas ainda hoje o acesso tambeacutem a essa intervenccedilatildeo primaacuteria em sauacutede natildeo eacute

totalmente distribuiacuteda e nem eacute tambeacutem compreendida Quando se fala em crise ambiental

vaacuterios fatores que levam o indiviacuteduo e a coletividade adoecerem satildeo imediatamente postos em

questatildeo essas doenccedilas e mortes satildeo custos satildeo externalidades graves irreversiacuteveis e

irreparaacuteveis Eacute um problema ambiental sim na medida em que o que estaacute em jogo eacute a espeacutecie

Homo sapiens na sua interaccedilatildeo com o seu meio Eacute problema ambiental porque se natildeo o fosse

a populaccedilatildeo desvelaria uma nova forma de formar e se conduzir frente as diversas atrocidades

que acontece com o planeta e que o ser humano tem que ser inserido natildeo somente como um

depredador do meio mas como viacutetima tambeacutem dessa depredaccedilatildeo

A sociedade haacute que encarar seriamente as necessidades prementes de alimentaccedilatildeo

educaccedilatildeo moradia produccedilatildeo de divisas encarar a pobreza como entrave para a

sustentabilidade do planeta e encarar que o ser humano tambeacutem estaacute padecendo assim como

as florestas assim como a poluiccedilatildeo exponencialmente crescente

33

CAPIacuteTULO DOIS

A CRISE ECOLOacuteGICA

21 CRISE ECOLOacuteGIA E CAPITALISMO

Uma vez que na evoluccedilatildeo das sociedades modernas alguns fatores foram criacuteticos na

busca de um motivo para a existecircncia Deste resultou praticamente a necessidade de lucro

Daiacute deriva-se todo o empreendimento humano no sentido de trocas que por seu fim

simbolizavam o lucro

A crise ecoloacutegica eacute real e se manifesta de diversas formas que vatildeo desde os grandes

desmatamentos ateacute a luta por sobrevivecircncia da proacutepria espeacutecie humana A crise ambiental eacute o

centro das atividades antroacutepicas e torna-se irremediaacutevel na medida em que o limiar de

resiliecircncia do planeta eacute ultrapassado advindas de todo o avanccedilo que as sociedades humanas

tecircm estabelecido sobre a superfiacutecie do planeta

Eacute de fato alarmante perceber que na evoluccedilatildeo do ser humano para cada passo dado agrave

diante dois satildeo dados em sentido contraacuterio Isto porque mesmo com todo o avanccedilo cientiacutefico-

tecnoloacutegico pessoas ainda natildeo tecircm acesso a vida digna sendo explorados de alguma forma

por este sistema cruel que aumenta mais e mais o fosso entre quem tem recursos financeiros

adequados e entre aqueles que sobrevivem da migalha

De acordo com Relatoacuterio Siacutentese da Avaliaccedilatildeo Ecossistecircmica do Milecircnio (2005)

Nos uacuteltimos 50 anos o homem modificou os ecossistemas mais raacutepida e extensivamente que em qualquer intervalo de tempo equivalente na historia da humanidade na maioria das vezes para suprir rapidamente a crescente demanda por alimentos aacutegua potaacutevel madeira fibras e combustiacutevel Isto acarretou uma perda substancial e em grande medida irreversiacutevel para a diversidade da vida no planetardquo

34

Eacute possiacutevel falar em crise ambiental pois esta eacute de fato um produto da atividade

humana de todo o impacto que as tecnologias inventadas tem proporcionado ao planeta de

uma irracionalidade visivelmente embasada na exploraccedilatildeo do meio ambiente com

consequumlente impactaccedilatildeo e a conversatildeo dos recursos naturais em capital Esta crise comeccedila

justamente com a ilusatildeo de domiacutenio sobre a natureza e a exacerbaccedilatildeo do ter sobre o ser

Para falar de crise ambiental haacute que se traccedilar um percurso que tome o capitalismo

como seu centro nervoso Ele evoluiu e se ramificou no seio da sociedade mundial nestes

uacuteltimos seacuteculos com o fim do modo de produccedilatildeo feudal e mudando-se ldquonaturalmenterdquo para o

modo de produccedilatildeo capitalista com a crescente urbanizaccedilatildeo bem como o crescimento

exorbitante da populaccedilatildeo a mudanccedila da noccedilatildeo de distacircncia e o poderio do mercado em

detrimento da sociedade A natureza eacute transformada em recurso natural

Percorrendo um caminho histoacuterico da capitalizaccedilatildeo dos recursos naturais haacute relatos de

LEacuteRY (1972) que fala da devastaccedilatildeo das matas brasileiras agrave eacutepoca do periacuteodo quinhentista

pelos portugueses e franceses

ldquoUma vez um velho perguntou-me por que vindes voacutes outros mairs e peroacutes buscar lenha de tatildeo longe para vos aquecer Natildeo tendes madeira em vossa terra Respondi que tiacutenhamos muita mas natildeo daquela quantidade e que natildeo a queimaacutevamos como ele supunha mas dela extraiacuteamos tinta para tingir tal qual o faziam eles com seus cordotildees de algodatildeo e suas plumas

Retrucou o velho imediatamente e por ventura precisas de muito ndash sim respondi-lhe pois em nosso paiacutes existem negociantes que possuem mais panos facas tesouras espelhos e outras mercadorias do que poderias imaginar e um soacute deles compra todo o pau-brasil com que muitos navios voltam carregados agora vejo que voacutes outros mairs sois grandes loucos pois atravessais o mar e sofreis grandes incocircmodos como dizeis quando aqui chegais e trabalhais tanto para amontoar riquezas para vossos filhos ou parar aqueles que vos sobrevivem Natildeo seraacute a terra que vos nutriu suficiente para alimentaacute-los tambeacutem

Natildeo haacute necessidades naturais para o ser humano Toda sociedade cria um conjunto de

necessidades para seus membros e lhes ensina que a vida natildeo vale a pena ser vivida a natildeo ser

que estas necessidades sejam bem ou mal satisfeitas e surge o capitalismo colocando no

centro de tudo as necessidades econocircmicas Assim comeccedila a triste histoacuteria do surgimento da

uma crise ambiental que se intensifica ateacute os dias atuais e que hoje em pleno seacuteculo XXI eacute

35

alvo de movimento de conscientizaccedilatildeo por quase todo o planeta que mobiliza cientistas

centros universitaacuterios empresas e a sociedade civil organizada

KRUGER (2001) afirma

ldquoEm um estaacutegio inicial a Natureza domina o Homem Entre 50 e 40 mil anos atraacutes caccediladores e coletores apresentavam teacutecnicas rudimentares tendo o nomadismo sem acumulaccedilatildeo de bens como principal modo de vida A organizaccedilatildeo tanto das pequenas comunidades como do tempo era primitiva Com o surgimento da agricultura (10 mil anos atraacutes) haacute o domiacutenio das teacutecnicas por todos os membros da comunidade O modo de vida torna-se sedentaacuterio havendo o aparecimento de regras chefias com organizaccedilatildeo poliacutetica e temporal marcada por periacuteodos de plantio e colheita A era do ferro fundido (3 a 4 mil anos atraacutes) marca o iniacutecio da especializaccedilatildeo do trabalho com uma estratificaccedilatildeo da sociedade e do conhecimento e uma consequumlente perda individual do domiacutenio do conhecimento Soacute a partir do seacuteculo XVII com o surgimento da ciecircncia moderna eacute que aparece a tecnologia como eacute entendida hoje em dia isto eacute um saber fazer baseado em teoria e experimentaccedilatildeo cientiacutefica natildeo sendo possiacutevel separar nitidamente as duas Com a Revoluccedilatildeo Industrial do seacuteculo XVIII daacute-se a alianccedila entre ciecircncia e teacutecnica Indiretamente a ciecircncia teve uma presenccedila marcante sobretudo atraveacutes do meacutetodo e do espiacuterito cientiacutefico no meio teacutecnico e artesanal O ideal da ciecircncia se disseminou entre os artesatildeos manufatureiros mormente no Norte da Inglaterra MOTOYAMA (1995 apud KRUGER 2001) A reuniatildeo da teacutecnica com a disciplina cientiacutefica atinge um alto niacutevel de generalidade e de sistematizaccedilatildeo quando se desenvolvem processos proacuteprios de trabalho apresentando uma grande importacircncia para alguns intelectuais franceses contemporacircneos que nela vecircem exatamente a transiccedilatildeo da teacutecnica para a tecnologia GAMA (1986 apud KRUGER 2001)rdquo

Na histoacuteria da crise ambiental o excedente ainda no Modo de Produccedilatildeo Comunal

Primitivo permitiu a especializaccedilatildeo e as trocas e levou a uma contiacutenua e crescente

exploraccedilatildeo da natureza pelo homem bem como do proacuteprio homem pelo homem Essa

exploraccedilatildeo teve seu grande impulso com o surgimento de ideologias que pretendiam libertar

o homem de qualquer tradicionalismo eou costumes arcaicos normalmente ligados agrave vida

rural e agrave terra

POLANYI (1980) discute o processo histoacuterico que transformou a terra em mercado e

mercadoria elucidando a diferenccedila entre o uso e a propriedade privada dessa terra que foi

36

convertida pela economia em ldquorecurso naturalrdquo Ele compara esse processo ao anaacutelogo por

que passou o trabalho que levou o homem a se tornar ldquorecurso humanordquo ressaltando que essa

transformaccedilatildeo se deu mais rapidamente e mais facilmente do que a da terra Fechando uma

primeira etapa na evoluccedilatildeo da crise ambiental

Essa exploraccedilatildeo do ldquorecurso naturalrdquo e do ldquorecurso humanordquo foi ideologicamente

justificado O Iluminismo foi um avanccedilo cultural a partir da ciecircncia e o domiacutenio sobre a

natureza foi considerado vital para a ciecircncia para a teacutecnica e muita das vezes sob uma eacutetica

especiacutefica O que eacute embasado por HOBSBAWM (1988) que descrevendo-o no contexto

histoacuterico mostrando que pelo iluminismo houve uma libertaccedilatildeo da Idade Meacutedia para tempo

modernos Vale lembrar que o iluminismo se situa em uma eacutepoca onde Franccedila e Inglaterra

passaram por suas revoluccedilotildees com isso pregava como sociedade livre aquela comandada pela

razatildeo e pelo capitalismo Logo o objetivo do capitalismo era de libertar todos os seres

humanos Todas as ideologias humanistas racionalistas e progressistas estatildeo impliacutecitas

nele e de fato surgiram dele

Desde entatildeo o capitalismo eacute visto entatildeo como o libertador O filoacutesofo Locke por

exemplo diz que a propriedade privada ldquolibertardquo

Esse eacute um processo muito semelhante ao que acontece hoje com o conceito de

desenvolvimento sustentaacutevel apropriado pelo discurso poliacutetico como uma palavra maacutegica

que abre portas consegue recursos e tudo justifica HAYWARD (1994) lembra que o

iluminismo eacute a emergecircncia do ser racional livre (Muumlndigkeit = autonomia madura a

liberdade de tomar uma responsabilidade e a capacidade de usar a proacutepria liberdade) Ele

surge com o intuito de libertar o homem do encantamento dos mitos (da Idade Meacutedia) mas

acaba levando a um novo culto o culto agrave razatildeo Assim o domiacutenio sobre a natureza aparece

dentro de um contexto moral determinado pela razatildeo que tudo justificaria Fazendo par com

as ideacuteias iluministas estatildeo as ideacuteias do Liberalismo econocircmico base modo de produccedilatildeo

capitalista tambeacutem inspiradas na razatildeo e na loacutegica simples Para essa questatildeo jaacute existe uma

resposta conhecida eacute a resposta capitalista A mais bela e concisa formulaccedilatildeo do espiacuterito do

capitalismo eacute o enunciado pragmaacutetico de Descartes Atingir o saber e a verdade para nos

tornarmos senhores e possuidores da natureza

O homem julgando-se acima de tudo e de todos amparado pelo racionalismo e pelas

descobertas da ciecircncia depositou seus principais desejos e aspiraccedilotildees na busca do sucesso

econocircmico pela vontade de ter acumular cada vez mais riquezas e por conseguinte mais

poder sobre seus iguais esquecendo-se assim da sua real condiccedilatildeo de ser da parceria com a

natureza

37

Tornou-se banal usar a natureza devastando-a em prol do progresso econocircmico que

seria a uacutenica forma de gerar felicidade para todos convencendo-se de que um dia ele seraacute

recompensado com a felicidade pelo seu progresso econocircmico

Mas natildeo bastou somente dominar a natureza O homem tambeacutem foi dominado

escravizado tornou-se moeda de troca e assim assumiu um valor econocircmico

TAYRA (2004) afirma que a explosatildeo demograacutefica ocorrida ao longo dos uacuteltimos

seacuteculos eacute o principal fator de causa do processo da crise isto devido tambeacutem ao grande

avanccedilo dos meios de produccedilatildeo para suprir as necessidades dessa demanda crescente

Agora no seacuteculo XXI natildeo eacute mais possiacutevel minimizar os efeitos da crise Essa inserida

dramaticamente no conceito de globalizaccedilatildeo traz a escassez ecoloacutegica e retrata como a

acumulaccedilatildeo capitalista eacute perversa intensificando os movimentos de expansatildeo territoriais e

subordinaccedilatildeo das formas de trabalho trazendo tambeacutem as implicaccedilotildees econocircmicas sociais e

poliacuteticas do processo de globalizaccedilatildeo ndash distribuiccedilatildeo ecoloacutegica de conflitos

22 A ECONOMIA ECOLOacuteGICA

O moderno processo civilizatoacuterio que funda-se em princiacutepios de racionalidade

econocircmica e instrumental acabou por moldar as diversas esferas da sociedade atraveacutes dos

padrotildees tecnoloacutegicos as praacuteticas de produccedilatildeo a organizaccedilatildeo burocraacutetica e os aparelhos

ideoloacutegicos do Estado onde haacute muito se comeccedila a questionar os custos soacutecio-ambientais

derivados da racionalidade produtiva fundada no caacutelculo econocircmico na eficaacutecia dos sistemas

de seus meios tecnoloacutegicos

As mudanccedilas que ocorreram nos ecossistemas e vem ocorrendo contribuiacuteram com

ganhos finais substanciais para o bem-estar humano e o desenvolvimento econocircmico mas

esses ganhos foram obtidos a um custo crescente que incluiu a degradaccedilatildeo de muitos serviccedilos

dos ecossistemas trazendo maior risco de mudanccedilas atmosfeacutericas a exacerbaccedilatildeo da pobreza

para alguns grupos da populaccedilatildeo etc

Por que eacute importante descrever a economia ecoloacutegica no contexto da crise ambiental

Porque aquela tem uma participaccedilatildeo e funccedilatildeo de economicamente mitigar alguns processos

deleteacuterios da crise e eacute uma das soluccedilotildees encontradas para que atraveacutes da loacutegica mercantilista

no meio ambiente cursando assim como a boa vontade poliacutetica que alguns governos tem se

engajados Atraveacutes de medidas econocircmicas trazer valoraccedilatildeo natildeo somente aos recursos

naturais em si mas tambeacutem a forma com que esses recursos estatildeo sendo utilizados na sua

38

impactaccedilatildeo e na sua demanda Essa questatildeo pode ser exemplificada no caso do ICMS-

Ecoloacutegico nas gestotildees dos comitecircs de bacia hidrograacutefica De uma forma os recursos gerados

chegam agraves populaccedilotildees mediante recursos disponiacuteveis para que seja executado medidas

compensatoacuterias

ldquoOs economistas modernos vatildeo fundar a economia no conceito de escassez que paradoxalmente eacute o contraacuterio da riqueza Tanto eacute assim que os bens abundantes ndash ideacuteia central da riqueza ndash natildeo satildeo considerados como bens econocircmicos e sim como naturais Somente agrave medida que a aacutegua e o ar se tornam escassos eacute que a economia passa a se interessar em incorporaacute-los como bens no sentido econocircmico modernordquo

PORTO-GONCcedilALVES (2006)

CAVALCANTI (1998) afirma natildeo se poder mais aceitar que a loacutegica do

desenvolvimento da economia entre em conflito com a loacutegica e governe a evoluccedilatildeo da

biosfera Ele ressalta ainda que o grande desafio da economia da sustentabilidade como eacute

chamado algumas praacuteticas de repensar a crise ambiental e fazer algo para sua reversatildeo eacute

exatamente desenvolver meacutetodos para integrar princiacutepios ecoloacutegicos e limites fiacutesicos no

formalismo dos modelos econocircmicos prevalecentes Assim passou-se a incluir ao nosso

vocabulaacuterio termos como compensaccedilatildeo ambiental internalizaccedilatildeo do dano princiacutepio do

poluidor pagador certificados negociaacuteveis de poluiccedilatildeo comitecircs gestores de bacia dentre

outros termos

Apesar de a valoraccedilatildeo econocircmica ainda natildeo ter sido aplicada em todas as possiacuteveis

aacutereas a sociedade tem se mobilizado e contribuindo de forma incisiva Autores como

MOTTA (2004) afirmam que as variaccedilotildees de bem-estar das famiacutelias estatildeo relacionadas por

decisotildees dos investimentos puacuteblicos e que na valorizaccedilatildeo do meio ambiente atraveacutes da

praacutetica econocircmica os valores sociais dos bens e serviccedilos satildeo considerados de forma a refletir

variaccedilotildees de bem-estar e natildeo somente seus respectivos valores de mercado O lixo por

exemplo eacute um produto de uma sociedade cada vez mais consumista e por gerar grandes

volumes necessita de locais finais para a sua destinaccedilatildeo que consequentemente grandes aacutereas

ambientais para sua recepccedilatildeo Nesse caso a valoraccedilatildeo poderia ser usada para permitir um

fluxo real de volume que sem duacutevida reduziria a problemaacutetica da destinaccedilatildeo final Talvez a

valorizaccedilatildeo econocircmica deveria ser melhor entendida na sua ampla capacidade em benefiacutecio

39

tanto para o meio ambiente como para as pessoas diretamente natildeo excluindo com isso as

comunidades que hoje se chamam favela

23 O QUE Eacute A CRISE ECOLOacuteGICA

A crise ecoloacutegica eacute tambeacutem uma crise de percepccedilatildeo que coloca em duacutevida todo o

processo civilizatoacuterio vivido ateacute aqui A materializaccedilatildeo de necessidades e desejos natildeo

significou a felicidade pretendida para todos mas sim um movimento cada vez mais forte de

exclusatildeo e miseacuteria de escala planetaacuteria que se faz sentir em uma parcela cada vez maior da

populaccedilatildeo

Essa crise natildeo eacute soacute ecoloacutegico-ambiental mas tambeacutem eacute social moral e econocircmica Eacute

uma resultante da irresponsabilidade da humanidade perante si mesma pela sua incapacidade

de olhar o passado e de olhar-se no presente ficando cega para o que pode vir depois como

consequumlecircncia de seus atos ou pela falta deles

Eacute uma crise de toda a sociedade crise da energia

ENZENSBERGER (1976) diz que antes de ter uma explicaccedilatildeo eminentemente

natural ela eacute resultado de um processo social ligado intimamente ao modo de produccedilatildeo

capitalista O autor defende a seguinte hipoacutetese central levantada pela ecologia As

sociedades industriais produzem contradiccedilotildees ecoloacutegicas que deveratildeo conduzi-las agrave sua

ruiacutena em um tempo previsiacutevel

PORTO-GONCcedilALVES (2006) um dos mais atilados ecologistas poliacuteticos da

atualidade nos situa de forma ainda mais precisa na atual crise planetaacuteria quando afirma que

o desafio ambiental se coloca no centro do debate geopoliacutetico contemporacircneo enquanto

questatildeo territorial na medida em que potildee em questatildeo a proacutepria relaccedilatildeo da sociedade com a

natureza ou melhor a relaccedilatildeo da humanidade na sua diversidade com o planeta nas suas

diferentes qualidadesrdquo

Existe uma aparente ruptura entre a dimensatildeo soacutecio-cultural-econocircmica e as variaacuteveis

ambientais Entretanto a cada dia mais se percebe a necessidade da inserccedilatildeo ambiental nestes

processos sob pena de se ampliarem as desigualdades sociais entre povos e regiotildees

conduzindo agravequilo que vem sendo denominado de desenvolvimento sustentaacutevel A

humanidade parece perdida a vagar por entre as consequumlecircncias de uma crise de percepccedilatildeo

que coloca em duacutevida todo o processo civilizatoacuterio vivido ateacute aqui

40

Eacute possiacutevel superar a crise ambiental nos marcos do sistema capitalista Como eacute que

isto se relaciona com as causas sociais e que soluccedilotildees sociais podem ser oferecidas em

resposta tornaram-se as questotildees mais urgentes com que a humanidade se defronta ndash questatildeo

de sobrevivecircncia Haacute a clara necessidade de ser superada a dicotomia entre o desenvolvimento

econocircmico e o direito a um ambiente saudaacutevel A isso tambeacutem relacionam-se as questotildees de

justiccedila social e justiccedila ambiental jaacute que em se reduzindo a qualidade ambiental afeta-se

tambeacutem a qualidade de vida com o surgimento dos impactos sociais culturais sanitaacuterios etc

Segundo POLANYI (1980) ldquoimaginar a vida do homem sem terra eacute o mesmo que imaginaacute-lo

nascendo sem matildeos e peacutesrdquo

24 O PAPEL DA SOCIEDADE NA BUSCA POR SOLUCcedilOtildeES DA CRISE

Para buscar a resoluccedilatildeo da crise ecoloacutegica haacute que se fazer um esforccedilo conjunto de

toda a sociedade civil organizada Deve haver projetos seacuterios que satisfaccedilam as demandas

sociais e naturais Haacute que se ter leis poliacuteticas puacuteblicas boa vontade dos gerentes do Estado

participaccedilatildeo social e principalmente o homem se ver como espeacutecie ameaccedilada

Certamente natildeo existem soluccedilotildees maacutegicas capazes de reverter no curto prazo seacuteculos

de degradaccedilatildeo ambiental e de reproduccedilatildeo de um modelo de dominaccedilatildeo social excludente e

explorador Contudo a tomada de consciecircncia de cada um deve ser imediata

Soacute haveraacute possibilidade de mudanccedila real a partir de uma transformaccedilatildeo profunda no

pensar e no agir da humanidade substituindo o ter pelo ser em sua ordem de prioridade Esse

eacute um ideal perfeitamente alcanccedilaacutevel no entanto para se chegar ateacute ele eacute preciso uma mudanccedila

radical na forma de sentir do ser humano para que se possa entatildeo perceber o seu entorno e

renovar as relaccedilotildees na Terra e com a terra promovendo um modo de vida mais digno e eacutetico

Alguns autores abordam a necessidade de reduccedilatildeo do consumo ter poliacuteticas claras de

natalidade ampliar a participaccedilatildeo econocircmica dos paiacuteses desenvolvidos na busca pela reduccedilatildeo

da pobreza a reduccedilatildeo da degradaccedilatildeo ambiental como o desmatamento a poluiccedilatildeo dos corpos

hiacutedricos etc Eacute juntar-se agrave luta que pode se iniciar pela educaccedilatildeo ambiental

Importa construir a relaccedilatildeo entre as lutas sociais e as ambientais pois aquelas satildeo na

sua grande maioria advindas das lutas destas e elas concordam unidas ao redor de objetivos

comuns

Este eacute o teor que ALIER (1998) tem produzido como tese e que segundo ele o

ecologismo dos pobres ou ecologismo popular tem como eixo fundamental o interesse

41

pelo meio ambiente como fonte de condiccedilatildeo para a subsistecircncia e como fundamento eacutetico a

demanda por justiccedila social (e ambiental acrescentaria) contemporacircnea entre os humanos

O ecologismo popular eacute uma corrente do movimento ambientalista que se propotildee a

lutar contra os impactos ambientais que ameaccedilam os pobres que constituem a ampla maioria

da populaccedilatildeo em muitos paiacuteses Eacute a presenccedila do preconceito ambiental que eacute relegado agrave

periferia a vizinhanccedila com as induacutestrias poluidoras lixotildees ou mesmo bairros bastante

degradados em potencial humano

Dessa maneira os principais problemas soacutecio-ambientais que por exemplo assolam

as cidades da modernidade estatildeo intimamente associados agrave complexa relaccedilatildeo entre pobreza e

o natildeo-acesso aos serviccedilos de consumo coletivo Entatildeo a luta pelo fim da crise ambiental seraacute

mostra atraveacutes de uma tomada de conscientizaccedilatildeo a soma de esforccedilos o entendimento entre

Estado e sociedade e ateacute mesmo entre Estado e Estado Comeccedila em se reconhecer humano

reconhecer as falhas e mudar de atitude que prejudique mais o meio ambiente eacute a praacutetica do

desenvolvimento realmente sustentaacutevel que requer que se removam as principais fontes de

privaccedilotildees de liberdade ldquopobreza e tirania carecircncia de oportunidades econocircmicas e

destruiccedilatildeo social sistemaacutetica negligecircncia dos serviccedilos puacuteblicos e intoleracircncia excessiva de

Estados repressivosrdquo SEN (2000)

O papel da sociedade eacute vital para a a busca da resoluccedilatildeo da crise ambiental Ela pode

se manifestar por diversas formas algumas dessas lidando diretamente com o problemas e

tantas outras de forma indireta Hoje em dia essa participaccedilatildeo pode se manifestar dentre

outras nas seguintes formas

1 Na representatividade poliacutetica ndash onde grupos de pessoas com formaccedilatildeo teacutecnica ou

apenas poliacuteticos engajam-se na formulaccedilatildeo de leis que pleiteiam melhorias ambientais e

manutenccedilatildeo do que haacute ainda de recursos naturais como eacute o caso do Misteacuterio do Meio

Ambiente de deputados dentro das diversas camadas da estrutura poliacutetico

administrativa brasileira

2 acordos poliacuteticos unilaterais e bilaterais como por exemplo foi a Eco-92 e atualmente

o Foacuterum de Mudanccedilas Climaacuteticas

3 participaccedilatildeo de organizaccedilatildeo natildeo-governamentais ndash mais ligadas ao conservacionismo

como eacute o caso do greenpeace WWF Onda Azul dentre outros

4 participaccedilatildeo educacional ndash onde cada professor capacitado eacute um multiplicador de

conhecimento e fomento de uma busca pela melhoria como por exemplo a inclusatildeo da

educaccedilatildeo ambiental nos curriacuteculo educacional brasileiro do ensino fundamental e

meacutedio

42

5 A academia com o desenvolvimento de cursos ligados ao meio ambiente e poliacutetica

ambiental com exemplo PGCA LATEC etc

6 A luta popular por moradia por educaccedilatildeo por representatividade poliacutetica

7 campanhas governamentais que envolvam diretamente a populaccedilatildeo como por

exemplo O Dia D campanha nacional de vacinaccedilatildeo

8 As atividades das diversas prefeituras inaugurando projetos fomentando o

conservacionismo instituindo a agenda 21 local o estabelecimento dos planos diretores

etc

25 A AGENDA 21

A Agenda 21 que foi um dos principais resultados da Eco-92 onde estabeleceu a

importacircncia de cada paiacutes se prometer a refletir global e localmente sobre a forma pela qual

governos empresas organizaccedilotildees natildeo-governamentias e todos os setores da sociedade

poderiam cooperar no estudo de soluccedilotildees para os problemas soacutecio-ambientais Com esse

documento cada paiacutes desenvolve sua Agenda 21 onde no Brasil se descute no acircmbito da

Comissatildeo de Poliacuteticas de Desenvolvimento Sustentaacutevel e da Agenda 21 Nacional ndash CPDS

A agenda 21 se constitui num poderoso instrumento de reconversatildeo da sociedade

industrial rumo a um novo paradigma que exige a reinterpretaccedilatildeo do conceito de progreso

contemplando maior harmonia e equiliacutebrio holiacutestico entre o todo e as partes promovendo a

qualidade natildeo apenas a quantidade do crescimento Assuntos como cooperaccedilatildeo internacional

para acelerar o desenvolvimento sustentaacutevel dos paiacuteses em desenvolvimento e poliacuteticas

internar correlatas combate agrave pobreza mudanccedila dos padrotildees de consumo dinacircmica

demograacutefica e sustentabilidade proteccedilatildeo e promoccedilatildeo das codiccedilotildees da sauacutede humana

promoccedilatildeo do desenvolvimento sustentaacutevel dos assentamentos humanos integraccedilatildeo entre meio

ambiente e desenvolvimento na tomada de decisotildees conservaccedilatildeo e manejo dos recursos para

o desenvolvimento proteccedilatildeo da atmosfera abordagem integrada do planejamento e do

gerenciamento dos recursos terrestres manejo dos ecossistemas fraacutegeis conservaccedilatildeo da

diversidade bioloacutegica manejo ambientalmente saudaacutevel da biotecnologia proteccedilatildeo dos

oceanos de todos os tipos de mares uso racional e desenvolvimento de seus recursos vivos

proteccedilatildeo da qualidade e do abastecimentodos recursos hiacutedricos manejo ambientalmente

saudaacutevel dos resiacuteduos soacutelidos e questotildees relacionadas com os esgotos fortalecimento do

43

papel dos grupos principais comunicaccedilatildeo cientiacutefica e tecnoloacutegica transferecircncia de

tecnologia e etc

No Brasil a Agenda 21 assume uma coloraccedilatildeo baseada nos programas de inclusatildeo

social (acesso de toda a populaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo sauacutede e distribuiccedilatildeo de renda) a

sustentabilidade urbana e rural a preservaccedilatildeo dos recursos naturais e minerais e a eacutetica

poliacutetica para o planejamento rumo ao desenvolvimento sustentaacutevel

Segundo dados do Minsteacuterio do Meio Ambiente a Agenda 21 brasileira iniciou-se em

1996 e terminando a sua primeira fase em 2002 onde em cima de aacutereas temaacuteticas se

determinou a forma de consulta e construccedilatildeo do documento brasileiro estas foram

agricultura sustentaacutevel cidades sustentaacuteveis infra-estrutura e integraccedilatildeo regional gestatildeo dos

recursos naturais reduccedilatildeo das desigualdades sociais e ciecircncia e tecnologia para o

desenvolvimento sustentaacutevel

A partir de 2003 a Agenda 21 brasileira aleacutem da fase de implementaccedilatildeo assistida pelo

CPDS foi elevada agrave condiccedilatildeo de Programa do Plano Plurianual Assume assim maior forccedila

poliacutetica e institucional passando a ser instrumento fundamental para a construccedilatildeo da

sustentabilidade em solo brasileiro tendo adotado referenciais importantes como a Carta da

Terra

O Plano Plurianual - PPA eacute o principal instrumento do Estado para a promoccedilatildeo do

desenvolvimento econocircmico e social de forma sustentaacutevel Eacute composto de programas e accedilotildees

Programas satildeo instrumentos de organizaccedilatildeo da atuaccedilatildeo governamental que articula um

conjunto de accedilotildees para o alcance de um objetivo comum preestabelecido mensurado por

indicadores de um problema ou atendimento de demanda da sociedade ou aproveitamento de

uma oportunidade de investimento E accedilotildees satildeos instrumentos de programaccedilatildeo para alcanccedilar o

objetivo de um programa

O PPA eacute eleborado pelas secretarias estaduais segundo as diretrizes estabelecidas pela

atual gestatildeo Aleacutem disso o PPA orienta duas outras leis a de Diretrizes Orccedilamentaacuterias e a

Orccedilamentaacuteria Anual que especificam onde e como os recursos do Estado seratildeo aplicados a

cada ano

A participaccedilatildeo social nos projetos da agenda 21 eacute fundamental para a o ecircxito da

empreitada e essa representatividade compartilha com o Estado o desenvolvimento de

atividades includentes reduzindo a verticalizaccedilatildeo E como participar Atraveacutes de iniciativas

comunitaacuterias (no bairro escola empresa sindicato) atraveacutes do Foacuterum da Agenda 21 e dos

grupos de trabalho

44

CAPIacuteTULO TREcircS

PRERROGATIVAS SOCIAIS BAacuteSICAS DA POPULACcedilAtildeO

31 SAUacuteDE E CIDADANIA

Para falar de meio ambiente crise e sociedade natildeo se pode deixar de lado suas

especializaccedilotildees no contexto de sauacutede Inicia-se este capiacutetulo discutindo sobre a imprecisatildeo do

conceito de sauacutede associado com outra grande imprecisatildeo que reside no conceito de direito agrave

sauacutede

A Sauacutede eacute o produto de condiccedilotildees objetivas de existecircncia resultante de condiccedilotildees de

vida bioloacutegica social e cultural e tambeacutem das relaccedilotildees que os homens estabelecem entre si e

com a natureza atraveacutes do trabalho Ter e promover sauacutede implica em conhecer como se

apresentam as condiccedilotildees de vida e de trabalho para que seja possiacutevel intervir socialmente na

sua modificaccedilatildeo

A sauacutede como um direito de todos deve ser posta ao alcance do indiviacuteduo deve ser

considerada como um objetivo do desenvolvimento econocircmico (e aqui haacute uma tangecircncia entre

a formulaccedilatildeo do conceito e a agenda 21) e natildeo soacute como um meio de alcanccedilaacute-lo Sauacutede natildeo

aborda somente a ausecircncia de doenccedila mas tambeacutem o completo bem estar fiacutesico mental e

social tornando-se assim uma definiccedilatildeo ampla e nebulosa

Agora quanto ao direito agrave sauacutede ZUCCHI (1997) diz que a sociedade brasileira hoje

em dia tem um conceito equivocado Parte-se do pressuposto de que muito desse decorre da

proacutepria imprecisatildeo do conceito de sauacutede ou seja a definiccedilatildeo de sauacutede natildeo estaacute

suficientemente clara Este forma equivocada de pensar eacute embasada no contexto histoacuterico do

papel do Estado dentro da sociedade brasileira ndash um tanto paternalista na grande maioria das

vezes

Para se entender o direito agrave sauacutede deve-se perceber que haacute dois componentes

fundamentais da construccedilatildeo do conceito de sauacutede o primeiro componente eacute o caraacuteter

individual Esse privilegia a liberdade As pessoas devem ser livres para escolher qual o tipo

de relaccedilatildeo que pretendem ter com o meio onde elas estatildeo inseridas qual o recurso meacutedico-

sanitaacuterio a ser usado e mesmo qual o profissional a ser procurado

45

O segundo componente eacute o componente social onde o direito agrave sauacutede privilegia a

igualdade visto que sauacutede torna-se diluiacuteda e difundida entre os cidadatildeos Nesta para que a

sauacutede de todos seja preservada faz-se necessaacuteria a vacinaccedilatildeo a notificaccedilatildeo o tratamento e

mesmo o isolamento de certas doenccedilas a de alimentos contaminados o controle do meio

ambiente do trabalho e a garantia da oferta equacircnime de assistecircncia agrave sauacutede DALARI (1998)

Talvez o que mais surpreende eacute que dessas definiccedilotildees amplas e imprecisas autores

como ZUCCHI (1997) ainda afirmam que natildeo se deve confundir o direito agrave sauacutede com o

direito aos serviccedilos de sauacutede ou mesmo com o direito agrave assistecircncia meacutedica e nem considerar a

assistecircncia meacutedica como o principal fator determinante do niacutevel de sauacutede

Apesar da expansatildeo da universalizaccedilatildeo do Serviccedilo Uacutenico de Sauacutede ndash SUS haacute

ainda os resquiacutecios das relaccedilotildees de compadrio tatildeo caracteriacutestico da sociedade brasileira onde

em bolsotildees poliacuteticos que exigem comprovaccedilatildeo de residecircncia ou sufraacutegio na falta de vagas e

ou leitos na falta de profissionais para o atendimento essa proposta de universalizaccedilatildeo

esbarra e se torna cruelmente excludente dentro de determinadas situaccedilotildees mesmo sabendo

que o direito agrave sauacutede eacute um ato cidadatildeo amparado pela Constituiccedilatildeo Federal de 1988 Todo

cidadatildeo brasileiro tem direito a atendimento em sauacutede de forma igualitaacuteria e sem custo direto

independentemente do grau de intervenccedilatildeo em sauacutede ou seja se vai simplesmente a uma

consulta ou uma cirurgia de grande porte

32 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS

BOURDIEUR (1997) em ldquoEacute possiacutevel um ato desinteressadordquo Discute que uma das

dificuldades da luta poliacutetica atualmente reside no fato dos dominantes tecnocratas tanto de

direita quanto de esquerda serem partidaacuterios da razatildeo e do universal Esse universal foi

inventado por eles mesmos para se manter em dominaccedilatildeo ldquoA dominaccedilatildeo em nome do

universal para aceder agrave dominaccedilatildeordquo

A formulaccedilatildeo das poliacuteticas sociais baseia-se na economia de mercado que existe no

seio de um paiacutes Essa economia de mercado tem sido difundida desde o seacuteculo XVIII e tem

originado um grande nuacutemero de demandas relacionadas com a sobrevivecircncia das pessoas

Tem ainda dissociado o mundo do trabalho das condiccedilotildees materiais objetivas de existecircncia

A intervenccedilatildeo do Estado na economia se faz tanto por meio de medidas de tributaccedilatildeo

quanto pela alocaccedilatildeo de recursos Utilizando os instrumentos de intervenccedilatildeo econocircmica -

46

poliacutetica cambial a fiscal e monetaacuteria ndash as projeccedilotildees estabelecidas pelo governo satildeo

alcanccediladas no territoacuterio chamado de macroeconomia

A alocaccedilatildeo de recursos objetiva distribuir recursos puacuteblicos a fim de promover o

ajustamento em razatildeo das imperfeiccedilotildees do mercado A alocaccedilatildeo oferece determinados bens e

serviccedilos agrave populaccedilatildeo que seratildeo oferecidos pelo setor privado

Poliacutetica puacuteblica natildeo eacute o mesmo que Decisatildeo Poliacutetica pois poliacutetica puacuteblica envolve

mais que uma decisatildeo poliacutetica e requer diversas accedilotildees estrategicamente selecionadas para

implementar as decisotildees tomadas

Segundo SANTOS JR (2003) as poliacuteticas puacuteblicas podem ter diversos

objetivos e diferentes caracteriacutesticas e formatos institucionais Este autor mostra os tipos de

poliacuteticas mais comumente encontradas na sociedade brasileira

ldquoPoliacutetica puacuteblica eacute tudo o que um governo faz e deixar de fazer com todos os

impactos de suas accedilotildees e de suas omissotildees elas definem normas para a accedilatildeo e para a

resoluccedilatildeo dos eventuais conflitos entre os diversos indiviacuteduos e agentes sociaisrdquo

As poliacuteticas puacuteblicas satildeo caracterizadas como

a) Poliacuteticas regulatoacuterias ndash estas visam regular determinado setor Elas se

caracterizam por atingirem as pessoas enquanto indiviacuteduos ou pequenos

grupos elas cortam transversalmente a sociedade afetando de maneira

diferenciada pessoas pertencentes a um mesmo segmento social

b) Poliacuteticas distributivas ndash que tem objetivos pontuais ligados agrave oferta de

equipamentos e serviccedilos puacuteblicos Eacute a sociedade como um todo atraveacutes do

orccedilamento puacuteblico quem financia sua implementaccedilatildeo enquanto os

beneficiaacuterios satildeo pequenos grupos ou indiviacuteduos de diferentes estratos

sociais

c) Poliacuteticas puacuteblicas redistributivas ndash onde haacute uma redistribuiccedilatildeo de renda na

forma de recursos eou de financiamento de equipamentos e serviccedilos

puacuteblicos onde o financiamento pode ser garantido atraveacutes dos recursos

orccedilamentaacuterios compostos majoritariamente pela contribuiccedilatildeo dos estratos

de meacutedia e alta renda

ldquoPara se tornar viaacutevel a sobrevivecircncia individual e familiar a populaccedilatildeo se vecirc compelida a

barganhar as condiccedilotildees de venda de sua capacidade de trabalhordquoENSP-FIOCRUZ (2001)

O padratildeo de vida tornou-se parcialmente dependente do valor de renda direta gerada

pelo trabalho assalariado

47

Questotildees como sauacutede e educaccedilatildeo adquirem contornos puacuteblicos e dependem de accedilotildees

governamentais para seu equacionamento e natildeo se resolvem apenas na esfera de mercado Haacute

um conjunto de necessidades sociais que exigem poliacuteticas direcionadas a um beneficiaacuterio

individual ou grupo

O sistema de sauacutede brasileiro vigente e amparado pela Constituiccedilatildeo toma a forma de

um tipo de poliacutetica puacuteblica pois tem caracteriacutesticas dos trecircs tipos supracitado Como

regulatoacuterio o SUS passa ter vida na Lei 808090 Como distributivo mesmo que natildeo

oficialmente e por isso esta dissertaccedilatildeo foi desenvolvida a sauacutede e porque natildeo dizer meio

ambiente tem servido a algumas parcelas da populaccedilatildeo E finalmente como redistributiva

notamos o caraacuteter universal do papel do SUS com consequumlente contribuiccedilatildeo nacional ao

desenvolvimento e implementaccedilatildeo do referido Sistema

33 A SAacuteUDE NAS CONSITITUICcedilOtildeES BRASILEIRAS

A constituiccedilatildeo eacute a lei fundamental escrita do Estado a base de todas as demais e

perante ela todas as demais leis devem estar de acordo com a Constituiccedilatildeo

O desenvolvimento dos direitos sociais no Brasil segue um padratildeo autoritaacuterio no qual

a conquista da cidadania se daacute de forma a fragmentar a classe trabalhadora concedendo

benefiacutecios como privileacutegios de certas fraccedilotildees como parte de um projeto de ldquocorporatizaccedilatildeordquo

do movimento social

Segundo ZUCCHI (1997) ldquoO Brasil eximiu-se de formalizar o reconhecimento do

direito agrave sauacutede na Constituiccedilatildeo do Impeacuterio do Brasil de 1824 e nas Constituiccedilotildees de 1891 de

1934 de 1937 de 1946 de 1967 e de 1969 Explicita no maacuteximo a assistecircncia meacutedico-

sanitaacuteria ao trabalhador atraveacutes da previdecircncia social e a competecircncia de planos nacionais de

sauacutederdquo

Foi a partir dos anos 30 que efetivamente se consolidou um projeto social estatal Na

Constituiccedilatildeo de 1934 promugada a 16 de julho impotildee-se uma niacutetida separaccedilatildeo do Estado

liberal para a democracia social DIAS (1986) Essa Constituiccedilatildeo limitava-se a declarar que a

legislaccedilatildeo do trabalho deveria observar preceitos quanto agrave assistecircncia meacutedica e sanitaacuteria ao

trabalhador Ela definia as responsabilidades do Estado no que se refere a legislar sobre

normas de assistecircncia social e assistecircncia meacutedico-sanitaacuteria ao trabalhador e agrave gestante

Por volta desses anos houve um incremento da industrializaccedilatildeo no paiacutes e o

crescimento da massa de trabalhadores urbanos que comeccedilam a reivindicar poliacuteticas

48

previdenciaacuterias e assistecircncia agrave sauacutede O Estado interveio e foram criadas os IAPrsquos ( IAPI

IAPTEC IAPM etc) Esses institutos organizaram uma rede de ambulatoacuterios e hospitais para

assistecircncia em sauacutede

A Constituiccedilatildeo de 1937 decretada durante o Estado Novo restringiu-se a competecircncia

da Constituiccedilatildeo anterior determinando agrave Uniatildeo a legislar sobre normas de defesa de proteccedilatildeo

de sauacutede Descentraliza e direciona aos Municiacutepios a possibilidade de legislar para suprir

deficiecircncias locais em assistecircncia puacuteblica obras de higiene casas de sauacutede cliacutenicas estaccedilotildees

de clima e fontes medicinais

A Constituiccedilatildeo de 1946 veio assegurar o direito agrave assistecircncia sanitaacuteria inclusive

hospitalar e preventiva ao trabalhador e agrave gestante higiene e seguranccedila do trabalho direito da

gestante a descanso antes e depois do parto sem prejuiacutezo do emprego nem do salaacuterio

A Constituiccedilatildeo de 1967 legislou agrave propoacutesito de assegurar assistecircncia sanitaacuteria

hospitalar e meacutedica preventiva atraveacutes de planos nacionais de sauacutede ZUCCHI (1997) afirma

que o legislador constitucional natildeo teve maior criatividade no que concerne ao direito agrave sauacutede

apenas repetiu o que haacute havia sido feito na Constituiccedilatildeo de 1946

Ateacute a constituiccedilatildeo de 1967 a assistecircncia meacutedica foi apenas garantida aos trabalhadores

e dependentes vinculados ao sistema previdenciaacuterio

O direito agrave sauacutede como se eacute percebido hoje como um direito de todos e dever do

Estado foi estabelecido na Constituiccedilatildeo de 1988

34 SISTEMA UacuteNICO DE SAUacuteDE

Segundo SILVA JR (1996) na deacutecada de 70 a medicina cientiacutefica foi muito criticada

nos paiacuteses desenvolvidos devido aos seus custos progressivos e sua baixa eficaacutecia relativa no

enfrentamento de problemas da populaccedilatildeo Dessas criacuteticas surgiram propostas que a

racionalizavam integrando-a com a sauacutede puacuteblica Logo os grupos de oposiccedilatildeo ao governo

militar por terem interesses em redemocratizar o paiacutes colocaram-se contra a medicina

cientiacutefica A partir de entatildeo vaacuterios municiacutepios organizaram uma rede de Unidades de Sauacutede

para a atenccedilatildeo primaacuteria em sauacutede Essas experiecircncias formaram a base para o movimento de

reforma sanitaacuteria que segundo SILVA JR (1996) culminou na 8ordf Conferecircncia Nacional de

Sauacutede As diretrizes dessa conferecircncia ganharam texto legal na Constituiccedilatildeo de 1988 e na Lei

Orgacircnica de Sauacutede de 1990

49

O Sistema Uacutenico de Sauacutede ndash SUS foi criado na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e

regulamentado na Lei 8080 de 1990 e Lei 8142 de 1990 Constitui-se em accedilotildees e serviccedilos

puacuteblicos de sauacutede integrados em uma rede regionalizada e hierarquizada e com os seguintes

princiacutepios

1) Universalidade ndash todo cidadatildeo tem direito ao acesso a todos os tipos de serviccedilos

puacuteblicos (estatais ou privados conveniados ou contratados) e o sistema deve garantir

esse direito

2) Equumlidade ndash igualdade com justiccedila onde as diferenccedilas satildeo consideradas e recebem

tratamento igualitaacuterio acesso de todos natildeo importando o estrato social ou condiccedilatildeo

econocircmica

3) integralidade ndash a pessoa deve ser percebida como um todo e integrante de uma

comunidade de um meio ambiente e as unidades prestadoras de serviccedilos devem ser

capazes de prestar assistecircncia integral

Este princiacutepio do SUS tem uma relevacircncia digna de comentario Atualmente muito se

fala em meio ambiente e por certo a espeacutecie Homo sapiens estaacute inserida nesta discussatildeo pois

dentre a todas as espeacutecies que habitam o planeta eacute a uacutenica que traz consequumlecircncias marcantes

para a continuidade de vida na Terra Usuaacuterio de inteligecircncia forccedila e poder exerce crescente

impacto nos ecossistemas Analisando-se esse princiacutepio do SUS pode-se ver que a

integralidade que leva em consideraccedilatildeo o homem como pessoa natildeo o dissocia do seu eu

interno seu trabalho e sua cultura Logo o considera como individuo que faz parte do seu

meio e eacute tambeacutem produto do meio que o cerca Nem que seja apenas agrave niacutevel psicoloacutegico e

comportamental

Retomando o SUS LEITE (1997) diz que a atenccedilatildeo agrave sauacutede da populaccedilatildeo compreende

trecircs grandes campos

1) Assistecircncia ndash atividades dirigidas agraves pessoas individual ou coletivamente e que satildeo

prestadas no acircmbito domiciliar ambulatorial e hospitalar

2) Intervenccedilotildees ambientais ndash monitoramento das relaccedilotildees interpessoais e das condiccedilotildees

sanitaacuterias nos ambientes de vida e de trabalho controle de vetores e hospedeiros

operaccedilatildeo de sistemas de saneamento ambiental

3) Poliacuteticas puacuteblicas ndash poliacuteticas externas ao setor de sauacutede que podem provocar

mudanccedilas nos determinantes sociais do processo sauacutede-doenccedila das coletividades

questotildees relativas agraves poliacuteticas macroeconocircmicas ao emprego agrave habitaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo

ao lazer e agrave disponibilidade e qualidade dos alimentos

50

Em contraponto agrave sauacutede nas demais Constituiccedilotildees anteriores na de 1988 as trecircs

esferas de governo Uniatildeo Estados e Municiacutepios tecircm igual responsabilidade de garantir o

direito que LEITE (1997) chama de direito de cidadania

As diretrizes baacutesicas do Sistema Uacutenico de Sauacutede

1) Descentralizaccedilatildeo ndash teacutecnica administrativa e financeira da gestatildeo Os serviccedilos de sauacutede

tecircm que estar sob gestatildeo municipal ficando o a Uniatildeo com os grandes serviccedilos de

referecircncia em articulaccedilatildeo extremas e com a coordenaccedilatildeo das poliacuteticas formar bancos

de dados etc

2) Financiamento ndash Tem que haver garantias de recursos puacuteblicos para o financiamento

Para isso o SUS eacute financiado por toda a sociedade de forma direta e indireta mediante

recursos proveniente dos orccedilamentos da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal dos

Municiacutepios e das seguintes contribuiccedilotildees sociais

a) Dos empregadores incidente sobre a folha de salaacuterios o faturamento e

o lucro

b) Dos trabalhadores

c) Sobre a receita de concurso de prognoacutesticos

3) Participaccedilatildeo social ndash atraveacutes das conferecircncias e conselhos de sauacutede onde a populaccedilatildeo

pode participar atraveacutes de

a) Processos de comunicaccedilatildeo e educaccedilatildeo

b) Utilizaccedilatildeo dos meios de comunicaccedilatildeo

c) Atividades comunitaacuterias

d) Conselhos locais

4) Fundo de sauacutede ndash Uma conta especial onde satildeo creditados todos os recursos recebidos

do proacuteprio municiacutepio do Estado da Uniatildeo ou de qualquer outra fonte de recurso ateacute

mesmo doaccedilotildees Esta eacute uma forma exclusiva controlar o uso dos recursos para

destinaccedilatildeo e gestatildeo do proacuteprio SUS garantindo que natildeo haja utilizaccedilatildeo ou desvio de

verbas para outra aacuterea social

5) Conselho de sauacutede ndash Tambeacutem como exigecircncia legal prevecirc a participaccedilatildeo das pessoas

nas decisotildees levando a um controle social dos serviccedilos puacuteblicos

6) Conferecircncia de sauacutede ndash Cada esfera de governo deve realizar a cada quatro anos no

miacutenimo uma conferecircncia de sauacutede e nesta se reuacutenem pessoas representantes de todos

os segmentos da sociedade juntamente com os teacutecnicos os profissionais de sauacutede as

instituiccedilotildees de sauacutede e os administradores puacuteblicos para discutir a situaccedilatildeo de sauacutede

de uma cidade ou estado ou do Brasil

51

7) Plano diretor de sauacutede ndash onde satildeo norteadas questotildees como

a) Levantamento da situaccedilatildeo em sauacutede com determinaccedilatildeo dos problemas

b) Definiccedilatildeo de accedilotildees

c) Anaacutelise dos obstaacuteculos para implementar o plano e estabelecimento de

estrateacutegias

d) Implementaccedilatildeo acompanhamento e avaliaccedilatildeo das accedilotildees

8) Comissatildeo de Plano de cargos carreiras e salaacuterios ndash Uma prefeitura tem como

atividade principal a prestaccedilatildeo de serviccedilos e o recurso que deve ser mais valorizado

satildeo seus funcionaacuterios

9) Relatoacuterios de gestatildeo ndash Servem para avaliar o que se tem conseguido e retratar as

metas Neles incluem a quantidade de serviccedilos produzidos e tambeacutem a sua qualidade

Com este comentaacuterio sobre o SUS tenta-se mostrar um pouco do que ele eacute para que

haja uma compreensatildeo maior quando da abordagem do problema da crise ambiental e o meio

ambiente que o homem vive Meio ambiente sob o prisma que se olha leva em consideraccedilatildeo

o SUS uma vez que eacute no seu contexto que os atores desta pesquisa tecircm suas interaccedilotildees

sociais e fundamentam sua existecircncia em relaccedilatildeo ao meio ambiente que os cerca

52

CAPIacuteTULO QUATRO

PROBLEMAS SOacuteCIO-AMBIENTAIS

41 CIDADANIA

ALIER (1998) eacute feliz na sua afirmaccedilatildeo quando vincula degradaccedilatildeo da qualidade de

vida tanto no acircmbito rural como no urbano agrave crise ambiental Esta crise eacute uma crise

planetaacuteria e com suas particularidades de regiatildeo em regiatildeo estaacute sendo sentida e percebida

pelos povos A sociedade se levanta mundialmente em buscar da qualidade de vida sauacutede

educaccedilatildeo participaccedilatildeo social etc A luta pelo meio ambiente e as condiccedilotildees de vida do ser

humano da atualidade eacute um exemplo de que as mudanccedilas tecircm afetado o planeta Terra como

um todo

Uma das mais expressivas transformaccedilotildees ambientais da atualidade eacute o avanccedilo do

processo de favelizaccedilatildeo que segundo DAVIS (2006) a favelas seratildeo as cidades do futuro

que em vez de serem feitas de vidro e accedilo seratildeo construiacutedas em grande parte de tijolo

aparente palha plaacutestico reciclado blocos de cimento e restos de madeira

Satildeo transformaccedilotildees ambientais na medida em que ao ocuparem parcelas consideraacuteveis

do solo urbano o fazem sem criteacuterio de ocupaccedilatildeo onde a propriedade natildeo eacute levada em

consideraccedilatildeo Eacute transformaccedilatildeo ambiental pois afeta o microclima local sendo difiacutecil se pensar

em arborizaccedilatildeo em favela Eacute problema ambiental pois as habitaccedilotildees ocupam aacutereas de

encostas beira de rios terrenos baixos e alagaacuteveis satildeo zonas onde a violecircncia explode

continuamente onde existe hora para se chegar para se viver onde constantemente a vida

corre risco de existecircncia e paradoxalmente onde a vida pulsa sem se cansar

Mal servida de aacutervores faltam favelas que tenha uma boa distribuiccedilatildeo de aacutervores Sem

duacutevida eacute uma luta por existir uma luta por fincar raiacutezes por pertencer a um lugar Mesmo que

encorajados pela falta de poliacuteticas Estatais com relaccedilatildeo a moradia e porque eacute mais perto do

local de trabalho ou porque algueacutem da famiacutelia jaacute ocupa algum imoacutevel ou porque o poder

aquisitivo permite a aquisiccedilatildeo de um imoacutevel justamente naquele espaccedilo Eacute transformaccedilatildeo

ambiental pois a favela eacute uma cidade dentro da cidade onde o Poder Puacuteblico demora a chegar

ou quando se chega Eacute problema ambiental pois as pessoas que ali residem tecircm dificuldades

53

de manter e preservar sua cidadania eacute um lugar onde existe altas taxas de excluiacutedos sociais

com baixos iacutendices de escolaridade onde trabalhadores tem que sustentar famiacutelia de 3 a 5

pessoas ou mais

Com isso tem-se visto que natildeo soacute o movimento civil organizado (pesquisadores

poliacuteticos paiacuteses) tem se levantado em busca de alguma soluccedilatildeo mas tambeacutem as massas

mediante participaccedilatildeo em ONG e pequenos grupos que estatildeo se inserindo no movimento

organizado Eacute a busca pela qualidade do ar da aacutegua pela renda pelo transporte a busca pelo

direito de amamentar seus filhos enquanto ainda em tenra idade A busca pelo direito de ter

direito ou seja porque natildeo dizer em CIDADANIA

O que eacute cidadania Fazendo uma leitura atenta deste termo entre os diversos autores

que o abordam dentro de suas linguagens se extrai o entendimento de que a cidadania eacute um

processo em execuccedilatildeo

Segundo VIEIRA (2001) a Repuacuteblica moderna natildeo inventou a cidadania Esta se

origina na Repuacuteblica Velha isto eacute ainda na eacutepoca romana que naquela eacutepoca tinha um

contexto de pertencimento a uma cidade ser membro pleno com direitos individuais

Nos anos de 1776 e 1789 durante as Revoluccedilotildees Americana e Francesa com o retorno

ao ideal republicano da Antiguidade promovido pelo renascimento a construccedilatildeo da cidadania

enfrentou trecircs problemas que a levou a se diferenciar da cidadania antiga O primeiro

problema foi a edificaccedilatildeo do Estado com as separaccedilotildees das instituiccedilotildees poliacuteticas e da

sociedade civil no interior de territoacuterios O segundo problema foi o regime de governo Onde

jaacute no renascimento houve um pensamento coletivo sobre o ideal republicano que leva a

inseparaacutevel ideacuteia de isonomia e de igualdade E o terceiro problema foi a sociedade ateacute entatildeo

natildeo ter direitos Natildeo havia direitos humanos

Com uma expressatildeo forte de teoacutericos como Rousseau Constant dentre outros foi-se

construindo o termo cidadania e seu campo de abrangecircncia Obviamente influenciada pela

nova formaccedilatildeo cultural comercial pela dinacircmica da sociedade em que viviam

Jaacute no seacuteculo XVIII e XIX a cidadania ficou restrita ao espaccedilo territorial da Naccedilatildeo onde

seria composta dos direitos civis e poliacuteticos e dos direitos sociais

Falar em cidadania eacute pensar que existem dentro deste conceito direitos de primeira

segunda terceira e quarta geraccedilatildeo Os direitos de primeira geraccedilatildeo satildeo exemplificados como

direitos civis e poliacuteticos os de segunda geraccedilatildeo com os direitos sociais A partir dos direitos

de terceira geraccedilatildeo haacute um deslocamento para a coletividade para grupos de pessoas que

compotildee a sociedade como por exemplo a autodeterminaccedilatildeo dos povos direito ao

desenvolvimento direito agrave paz AO MEIO AMBIENTE e estes satildeo direitos difusos

54

Os direitos de quarta geraccedilatildeo estatildeo relacionados agrave bioeacutetica que satildeo verdadeiros

entraves para impedir a destruiccedilatildeo da vida e regular a criaccedilatildeo de novas formas de vida em

laboratoacuterio pela engenharia geneacutetica

Segundo VIEIRA (2001)

ldquoA cidadania surge como uma nova forma de definiccedilatildeo da ideacuteia de direitos onde o cidadatildeo passa a ter o direito de ter direitos Incluindo o surgimento de direitos como a autonomia sobre o proacuteprio corpo a moradia e a PROTECcedilAtildeO AMBIENTAL direitos indispensaacuteveis numa sociedade moderna mas que natildeo vigoram dentro do nosso Estadordquo

Segundo o mesmo autor

ldquoA nova cidadania natildeo deseja ser apenas uma forma de integraccedilatildeo social indispensaacutevel para a manutenccedilatildeo do capitalismo ela deseja a constituiccedilatildeo de sujeitos sociais ativos que definam quais satildeo os seus direitos a nova cidadania exige uma nova sociedade onde eacute necessaacuteria uma maior igualdade nas relaccedilotildees sociais novas regras de convivecircncia social e um novo sentido de responsabilidade puacuteblica onde os cidadatildeos satildeo reconhecidos como sujeitos de interesses vaacutelidos de aspiraccedilotildees pertinentes e direitos legiacutetimosrdquo

42 MEIO AMBIENTE

Nesta seccedilatildeo para falar de meio ambiente opta-se por escrever um pouco sobre o que eacute

ecologia visto que satildeo assuntos intimamente relacionados no contexto deste trabalho

Comeccedilando entatildeo com ecologia vecirc-se que esta entra em pauta jaacute em 1866 com um

trabalho de Haeckel LAGO et al (1985) intitulado Morfologia Geral dos Organismos

Obviamente haacute uma grande distacircncia que separa a proposta desse autor ao que hoje em dia

trata-se de ecologia com desdobramento em meio ambiente

Ecologia eacute o estudo da interaccedilatildeo dos organismos interagem uns com os outros e com

seu ambiente natildeo-vivo Examina as conexotildees na natureza tentando entender as interaccedilotildees

entre organismos populaccedilotildees comunidades ecossistemas e biosfera

55

Houve uma evoluccedilatildeo no que refere a utilizaccedilatildeo da ecologia ateacute os dias atuais O

mundo passou a usar o termo ecologia para identificar um amplo e variado movimento social

Ecologia natildeo eacute usada somente para designar uma disciplina cientiacutefica mas tambeacutem para

nomear um amplo e variado movimento social Logo tem-se hoje em dia algumas divisotildees da

ecologia e dentro de cada divisatildeo uma variedade imensa de atividades a serem desenvolvidas

e as que jaacute foram feitas Esses campos satildeo sumariamente

a) A Ecologia Natural que procura entender as leis que regem a dinacircmica de vida

da natureza E se utiliza da Fiacutesica Quiacutemica Geologia etc Ao investigar o sistema

de relacionamento que forma o ecossistema a Ecologia Natural procura perceber

quais satildeo as regras do seu funcionamento

b) A Ecologia Social que surge a partir da constataccedilatildeo de que os efeitos da

degradaccedilatildeo ambiental provocam sobre os trabalhadores diversas consequumlecircncias

nefandas colocando em relaccedilatildeo o industrialismo e os limites naturais inclusive o

impacto humano sobre as outras espeacutecies Este grande potencial desequilibrador

ameaccedila a proacutepria permanecircncia dos sistemas naturais A accedilatildeo humana sobre o meio

eacute socialmente diferenciada e se baseia em motivaccedilotildees altamente complexas

ldquoA construccedilatildeo de um luxuoso palaacutecio por exemplo que consome um grande potencial de recursos naturais natildeo tem como motivo apenas a satisfaccedilatildeo da necessidade de abrigo para algueacutem A determinaccedilatildeo de construiacute-lo envolve um conjunto de fatores sociais complexos como por exemplo os padrotildees culturais o sistema poliacutetico os mecanismos de dominaccedilatildeo social os siacutembolos de status etc eacute o conjunto desse tipo de fatores que faz com que o impacto humano sobre o meio seja muito mais intenso do que aquele que seria determinado pelas meras necessidades fiacutesicasrdquo

LAGO et al (2000)

c) O Conservacionismo que nasce da percepccedilatildeo da capacidade de o homem

destruir o meio ambiente E nessa linha haacute algumas ONGrsquos importantes inseridas

com vasta produtividade e presenccedila nos veiacuteculos de comunicaccedilatildeo Ex Greenpeace

SOS Mata Atlacircntica WWF etc

56

d) Por uacuteltimo eacute o Ecologismo segundo ALIER (1998)

ldquoEacute um projeto poliacutetico de transformaccedilatildeo social calcado em princiacutepios ecoloacutegicos e no ideal de uma sociedade natildeo opressiva e comunitaacuteria A ideacuteia central do ecologismo eacute de que a resoluccedilatildeo da atual crise ecoloacutegica natildeo poderaacute ser concretizada apenas com medidas parciais de conservaccedilatildeo ambiental mas sim atraveacutes de uma ampla mudanccedila na economia na cultura e na proacutepria maneira de os homens se relacionarem entre si e com a naturezardquo

O Ecologismo natildeo tem apenas a preocupaccedilatildeo em garantir a sobrevivecircncia da espeacutecie

humana mas sim em ldquoGarantir a sobrevivecircncia pela construccedilatildeo de formas sociais e

culturais que permitam a existecircncia de uma sociedade natildeo-opressiva igualitaacuteria fraterna e

libertaacuteriardquo ALIER (1998)

O Ecologismo eacute um projeto poliacutetico e filosoacutefico abrindo um diaacutelogo com a sociedade

em geral desvelando inclusive partidos poliacuteticos de tendecircncia verde Mas isso nem sempre eacute

visiacutevel Ele eacute uma via de soluccedilatildeo para os conflitos distributivos econocircmico-ecoloacutegico O

Ecologismo tem sua origem como uma benesse de classes ldquomais favorecidasrdquo e estava

totalmente desvinculado da tradiccedilatildeo de solidariedade universal que tem hoje Jaacute o Ecologismo

que ALIER (1998) chama de ldquoEcologismo dos Pobresrdquo nasce da contradiccedilatildeo entre e

economia de valor de uso e a economia do lucro da expansatildeo do crescimento Em um

mesmo paiacutes pode haver uma reuniatildeo dos dois tipos de ecologismos interagindo mutuamente

O referido autor eacute agrave favor de uma escola a qual denomina Neonarodnismo Ecoloacutegico

Essa escola analisa contribuiccedilotildees que versam sobre Ecologia como ciecircncia implicada no

manejo dos recursos naturais conservaccedilatildeo da biodiversidade Nele afirma-se que o sujeito

potencial do ecologismo natildeo eacute somente o campesinato com tambeacutem os habitantes das cidades

Segundo um ensaio escrito para o Banco Mundial em 1988 e reescrito para a

Conferecircncia sobre Sociedade e Meio Ambiente El Coleacutegio de Michoacaacuten 1991

ldquoAgrave primeira vista os conservacionistaslutam para que os ursinhos panda ou as baleias azuis natildeo desapareccedilam Por muito simpaacutetico que pareccedilam agraves pessoas comuns estas consideram que haacute coisas mais importantes com que se preocupar por exemplo como conseguir o patildeo de cada diardquo

57

Por mais que extremista que uma afirmaccedilatildeo desta pode ser ela natildeo deixa de revelar

um conteuacutedo real quanto a uma gama imensa de seres humanos cidadatildeos ou natildeo que estatildeo agrave

margem de qualquer processo econocircmico revela um vieacutes de que natildeo se deve cair no conto de

que o pobre polui e degrada mais do que um rico O pobre tem sua participaccedilatildeo sim na

destruiccedilatildeo do meio ambiente e deveria se conscientizar disso Mas um fato natildeo deixa mentir

que por ser dono dos instrumentos de trabalho da manipulaccedilatildeo da economia a seu favor

tendo meio teacutecnicos adequados para isso os ricos tecircm uma capacidade maior de trazer

destruiccedilatildeo ao meio ambiente E muita das vezes estes vivem bem longe de onde as

atrocidades ambientais estatildeo acontecendo

E meio ambiente o que venha a ser

Segundo o Vocabulaacuterio baacutesico de meio ambiente haacute definiccedilotildees acadecircmicas e

definiccedilotildees legais para meio ambiente e algumas delas bastante limitadas outras nem tanto

Definiccedilatildeo acadecircmica

1) ldquoAs condiccedilotildees influecircncia ou forccedilas que envolvem e influem ou modificam o

complexo de fatores climaacuteticos edaacuteficos e bioacuteticos que atuam sobre um organismo

vivo ou uma comunidade ecoloacutegica e acaba por determinar sua forma e sua

sobrevivecircncia a agregaccedilatildeo das condiccedilotildees sociais e culturais (costumes leis idioma

religiatildeo e organizaccedilatildeo poliacutetica e econocircmica) que influenciam a vida de um indiviacuteduo

ou de uma comunidaderdquo (Websterrsquos 1976 in FEEMA 1992)

2) O conjunto dos agentes fiacutesicos quiacutemicos bioloacutegicos e dos fatores sociais

susceptiacuteveis de terem um efeito direto ou indireto imediato ou a termo sobre os

seres vivos e as atividades humanasrdquo (Poutrel amp Wasserman 1977 in FEEMA

1992)

3) ldquoA soma das condiccedilotildees externas e influecircncias que afetam a vida o desenvolvimento

e em uacuteltima anaacutelise a sobrevivecircncia de um organismordquo (The World Bank 1978 in

FEEMA 1992)

4) ldquoO conjunto do sistema externo fiacutesico e bioloacutegico no qual vivem o homem e os

outros organismosrdquo (PNUMA apud SAHOP 1978 in FEEMA 1992)

5) ldquoO ambiente fiacutesico-natural e suas sucessivas transformaccedilotildees artificiais assim como

seu desdobramento espacialrdquo (Sunkel apud Carrizosa 1981 in FEEMA 1992)

58

6) ldquoO conjunto de todos os fatores fiacutesicos quiacutemicos bioloacutegicos e soacutecio-econocircmicos que

atuam sobre um indiviacuteduo uma populaccedilatildeo ou uma comunidaderdquo (Iacutenterim Mekong

Committee 1982 in FEEMA 1992)

E as definiccedilotildees legais satildeo

1) ldquoConsideram-se como meio ambiente todas as aacuteguas interiores ou costeiras

superficiais e subterracircneas o ar e o solordquo (Decreto-lei ndeg 13475 ndash Estado do Rio de

Janeiro in FEEMA 1992)

2) ldquoMeio ambiente ndash o conjunto de condiccedilotildees leis influecircncias e interaccedilotildees de ordem

fiacutesica quiacutemica e bioloacutegica que permite abriga e rege a vida em todas as suas

formasrdquo (Lei 693881 ndash Brasil in FEEMA 1992)

3) ldquoConsidera-se ambiente tudo o que envolve e condiciona o homem constituindo o seu

mundo e daacute suporte material para a sua vida biopsicossocialSeratildeo considerados

sob esta denominaccedilatildeo para efeito deste regulamento o ar a atmosfera o clima o

solo e o subsolo as aacuteguas interiores e costeiras superficiais e subterracircneas e o mar

territorial bem como a paisagem fauna a flora e outros fatores condicionantes agrave

salubridade fiacutesica e social da populaccedilatildeordquo (Decreto ndeg 2868782 ndash Estado da Bahia in

FEEMA 1992)

4) ldquoEntende por meio ambiente o espaccedilo onde se desenvolvem as atividades humanas e

a vida dos animais e vegetais (Lei 777280 ndash Estado de Minas Gerais in FEEMA

1992

5) ldquoEacute o sistema de elementos bioacuteticos abioacuteticos e soacutecio-econocircmicos com o qual

interage o homeme de vez eu se adapta ao mesmo o transforma e o utiliza para

satisfazer suas necessidadesrdquo (Lei 3380 ndash Repuacuteblica de Cuba in FEEMA 1992)

6) ldquoAs condiccedilotildees fiacutesicas que existem numa aacuterea incluindo o solo a aacutegua o ar os

minerais a flora a fauna o ruiacutedo e os elementos de significado histoacuterico ou esteacuteticordquo

(California Environmental Quality Act 1981)

59

7) ldquoTodos os aspectos do ambiente do homem que o afetem como indiviacuteduo ou que

afetem os grupos sociaisrdquo (Environmental Protection Act 1975 Austraacutelia)

8) ldquoO conjunto de elementos naturais artificiais ou induzidos pelo homem fiacutesicos

quiacutemicos e bioloacutegicos que propiciem a sobrevivecircncia transformaccedilatildeo e

desenvolvimento de organismos vivosrdquo (Ley Federal de Proteccioacuten al Ambiente de

82 Meacutexico)

9) ldquoMeio ambiente significa (1) o ar o solo a aacutegua (2) as plantas e os animais

inclusive o homem (3) as condiccedilotildees econocircmicas e sociais que influenciam a vida do

homem e da comunidade (4) qualquer construccedilatildeo maacutequina estrutura ou objeto e

coisas feitas pelo homem (5) qualquer soacutelido liacutequido gaacutes odor calor som vibraccedilatildeo

ou radiaccedilatildeo resultantes direta e indiretamente das atividades do homem (6) qualquer

parte ou cominaccedilatildeo dos itens anteriores e as inter-relaccedilotildees de quaisquer dois ou mais

delesrdquo (Bill ndeg 14 ndash Ontaacuterio Canadaacute)

A Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil de 1988 dispotildee

ldquoTodos tem direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado bem de uso comum do povo e essencial agrave sadia qualidade de vida impondo-se ao Poder Puacuteblico o dever de defendecirc-lo e agrave coletividades o de preservaacute-lo para as presentes e futuras geraccedilotildeesrdquo

A constituiccedilatildeo do Estado do Rio de Janeiro de 1989 dispotildee no Artigo 258

ldquoTodos tecircm direito ao meio ambiente ecologicamente saudaacutevel e equilibrado bem de uso comum do povo e essencial agrave qualidade de vida impondo-se a todos em especial ao Poder Puacuteblico o dever de defendecirc-lo zelar por sua recuperaccedilatildeo e proteccedilatildeo em benefiacutecio das geraccedilotildees atuais e futurasrdquo

Essas satildeo as definiccedilotildees pelo menos oficiais para a palavra meio ambiente Mas na

verdade o que ocorre nos dias atuais eacute que cada aacuterea do conhecimento estaacute se apossando do

termo meio ambiente ou desenvolvimento sustentaacutevel e ao se utilizarem o levam para seus

60

campos de atuaccedilatildeo Isto pode ser tornar um problema para a ciecircncia ambiental uma vez que

ainda e de fato educaccedilatildeo ambiental eacute virtual para a grande maioria da populaccedilatildeo e estas satildeo

manipuladas pela massificaccedilatildeo contiacutenua dos meios de comunicaccedilatildeo de massa E o espaccedilo

nesses sendo um produto vendaacutevel A populaccedilatildeo fica agrave mercecirc de uma construccedilatildeo fictiacutecia do

termo sustentabilidade e meio ambiente

Esse reclame da palavra meio ambiente pelas diversas categorias profissionais traz no

fundo uma verdadeira confusatildeo para o leigo ou pessoas formadoras de opiniatildeo e com isso

podem atrasar atividades que possam ser cruciais para o estabelecimento de prioridades em

meio ambiente do qual tem-se conhecimento e falamos

Por isso que as decisotildees precisam ser tomadas e encaminhadas por pessoas com ldquoknow

howrdquo na aacuterea ou seja por teacutecnicos com soacutelida formaccedilatildeo em ciecircncia ambiental como um todo

para que natildeo aja vaacutecuos no conteuacutedo de meio ambiente a ser veiculado e muito menos em leis

e resoluccedilotildees que muito prejudicam o entendimento e execuccedilatildeo de atividades em sua proteccedilatildeo

4 3 A FAVELIZACcedilAtildeO

O que eacute favela Parece oportuno defini-la e eacute certamente mais faacutecil fazecirc-lo a partir do

que ela natildeo eacute ou pelo que ela natildeo tem Haacute um consenso de que eacute um espaccedilo destituiacutedo de

infra-estrutura urbana como diz SOUZA e SILVA (2008) ldquoSem aacutegua luz esgoto coleta de

lixo sem arruamento globalmente miseraacutevel sem ordem sem lei sem regras sem moral

enfim a expressatildeo do caosrdquo Mas certamente favela natildeo eacute soacute isso talvez o seja no imaginaacuterio

social da populaccedilatildeo que vive fora daquela realidade ou de repente das diversas instituiccedilotildees do

Estado

Segundo o censo de 1950 satildeo consideradas favelas todos os aglomerados urbanos que

possuam total ou parcialmente as seguintes caracteriacutesticas

a) Proporccedilotildees miacutenimas agrupamentos prediais ou residenciais formados com unidades

de nuacutemero geralmente superior a 50

b) Tipo de habitaccedilatildeo predominacircncia no agrupamento de casebres ou barracotildees de

aspecto ruacutestico construiacutedos principalmente de folhas de flandres chapas zincadas

taacutebuas ou materiais semelhantes

c) Condiccedilatildeo juriacutedica de ocupaccedilatildeo construccedilotildees sem licenciamento e sem fiscalizaccedilatildeo em

terrenos de terceiros ou de propriedade desconhecida

61

d) Melhoramentos puacuteblicos ausecircncia no todo ou em parte de rede sanitaacuteria luz

telefone e aacutegua encanada

e) Urbanizaccedilatildeo aacuterea natildeo urbanizada com falta de arruamento numeraccedilatildeo ou

sinalizaccedilatildeo

Desde essa eacutepoca muito tem se modificado e o conceito tem tornado-se mais amplo

hoje em dia alguns toacutepicos que levavam a pensar o conceito modificou completamente por

exemplo hoje com alguns programas do Estado tem-se favelas com arruamento numeraccedilatildeo

Umas tecircm rede sanitaacuteria luz telefone e aacutegua encanada Haacute mais o predomiacutenio de residecircncia

de alvenarias ao inveacutes de taacutebuas e folhas zincadas etc

Para o Censo de 2000 favela eacute definida como

ldquoAglomerado subnormal constituiacutedo de no miacutenimo 51 unidades habitacionais ocupando ou tendo ocupado ateacute periacuteodo recente terreno de propriedade alheia dispostas em geral de forma desordenada e densa bem como carentes em sua maioria de serviccedilos puacuteblicos essenciaisrdquo

DAVIS (2006) afirma que o Brasil eacute terceiro paiacutes em nuacutemero de favelas e eacute triste

reconhecer que apesar desta colocaccedilatildeo o IBGE mostra que as iniciativas puacuteblicas para

enfrentar o problema satildeo cada vez mais escassas Por exemplo no ano de 2004 81 dos

municiacutepios informaram ter projetos de investimento na aacuterea de habitaccedilatildeo e em 2005 foram

apenas 675 Ou seja essa taxa vem caindo vertiginosamente ao longo dos anos E isso

soma-se ao fato da populaccedilatildeo que vive em favelas ter crescido em 45 entre 1991 e 2000

que foi trecircs vezes superior a meacutedia de crescimento demograacutefico do paiacutes As previsotildees satildeo

bastante sombrias estimando o IBGE estima que para o ano de 2020 o paiacutes teraacute 55 milhotildees

de pessoas morando em favelas

Conceituar favela natildeo eacute uma tarefa tatildeo faacutecil assim segundo o Ministeacuterio das Cidades a

categorizaccedilatildeo do que seja favela para o IBGE eacute ainda restrito uma vez que deixa de fora

pessoas vivendo de outras formas como por exemplo ocupaccedilotildees loteamentos irregulares e

clandestinos E faz um alerta de que soacute estas categorias aleacutem do que se eacute considerado

formalmente como favela aumentam em muito estatisticamente o nuacutemero de pessoas com

consequumlente reflexo nas poliacuteticas puacuteblicas Logo a tomada de decisotildees poliacutetico-econocircmicas

baseadas no consenso do que seja favela pelo IBGE eacute estar trabalhando com um universo

restrito da realidade brasileira Para TORRES e MARQUES (2008) a grandeza dos nuacutemeros

62

envolvidos eacute de suma importacircncia pois na maioria das vezes os dados produzidos implicam

nuacutemeros subestimados das populaccedilotildees

O conceito de favela vai aleacutem dessas definiccedilotildees por vezes um tanto eletistas

confeccionadas por pessoas que natildeo tecircm vivecircncia alguma com o mundo da favela Essas

definiccedilotildees satildeo oacutetimas para deixar de lado o potencial social que ela constitui Segundo

RIBEIRO e LAGO (2008) a utilizaccedilatildeo frequumlente pela miacutedia de metaacuteforas ldquocidade partidardquo

ldquodesordem urbanardquo vem dotando a concepccedilatildeo dualista da favela de legitimidade social

A favela com um dinamismo caracteriacutestico tem um ordenamento espacial proacuteprio

Vaacuterias satildeo as ldquoLeisrdquo que preenchem espaccedilos deixados pelo Poder Puacuteblico Essas Leis

referem-se ao horaacuterio de circulaccedilatildeo sobre o direito de ir e vir sobre a definiccedilatildeo de quem eacute

morador de fato sobre a transferecircncia de titularidade de imoacuteveis Funciona como se houvesse

uma cidade dentro da cidade como se houvesse um poder paralelo de fato que gerencia mas

natildeo congrega e muito menos eacute paternalista

Um exemplo eacute a distribuiccedilatildeo de tipos de moradias segundo um zoneamento natildeo muito

claro e tatildeo pouco regulamentado oficialmente nas favelas verticais eacute costume encontrar

moradores mais antigos migrando para as partes mais baixas da favela e os receacutem chegados

ocupando moradias nas partes mais altas Ou no caso de favelas horizontais haacute as ldquoaacutereas

nobresrdquo mais proacuteximas da malhas viaacuterias urbana O que eacute praticamente influenciado pelo

poder aquisitivo desses moradores quanto pelas pressotildees externas aos mesmos Nas favelas

verticais haacute ainda mais um agravante aacutereas decididamente de risco e insalubres satildeo divididas

e ocupadas por uacuteltimo e por pessoas sem qualquer forma econocircmica de sobrevivecircncia digna

Ali encontram-se verdadeiramente os barracos de madeira sem revestimento e tendo o chatildeo

ldquobatidordquo como de piso onde a umidade e a lama satildeo o dia-a-dia dos seus moradores

Esse eacute um zoneamento definidor de grande segregaccedilatildeo Nele a solidariedade eacute o

uacuteltimo recurso com que seus moradores podem contar

Pesquisando-se o termo favela uma curiosidade natildeo pocircde passar sem ser percebida eacute

um termo que migrou com os soldados combatentes na guerra de Canudos no interior da

Bahia e que se difundiu no Rio de Janeiro a partir da ocupaccedilatildeo do morro da Providecircncia Os

soldados em campanha contra Antonio Conselheiro passaram a chamar o morro da

Previdecircncia de morro da Favela Segundo CRUZ (1941) apud Cabral (1996)

ldquoterminara a luta na Bahia Regressavam as tropas () Muitos soldados vieram acompanhados de suas lsquocabrochasrsquo Eles tiveram que arranjar moradas () As cabrochas eram naturais de uma serra chamada Favela no municiacutepio de

63

Monte Santo naquele estado Falavam muito sempre da sua Bahia do seu morro E ficou a Favela nos morros cariocas Primeiro na aba da Providecircncia morro em que jaacute morava uma numerosa populaccedilatildeo depois foi subindo virou para o outro lado para o Livramento Nascera a Favela 1897

A existecircncia de favela em solo brasileiro e especificamente no Rio de Janeiro apesar

de ser um evento com mais de cem anos tem sofrido um boom de disseminaccedilatildeo a partir da

deacutecada de 80 com o esgotamento do padratildeo de financiamento da economia brasileira que

havia se consolidado nos anos 40 Esse financiamento se assentava em trecircs supostos

a) Investimento direto dos oligopoacutelios dos paiacuteses centrais

b) O padratildeo de financiamento se assentava num conjunto de fundos puacuteblicos que foram

montados durante o poacutes-guerra com mecanismos diversos de ampliaccedilatildeo das bases

fiscais do Estado brasileiro

c) O acesso ao mercado internacional de creacutedito que emergiu nos fins dos anos 60 e se

expandiu aceleradamente nos 70

Ateacute 1940 a presenccedila da favela natildeo chama a atenccedilatildeo De acordo com o plano Agache

ela natildeo ocupa um lugar importante De acordo como inqueacuterito da SAGMACS ldquoNa estatiacutestica

predial do Distrito Federal de 1933 o crescimento da populaccedilatildeo dos morros natildeo dava para

impressionar soacute a partir de 1933 a favela comeccedila a marcar a paisagem cariocardquo E com isso

passa a emergir como espaccedilo de habitaccedilatildeo precaacuteria e improvisada do predomiacutenio do ruacutestico

sobre o duraacutevel da ausecircncia de arruamento da escassez de serviccedilos puacuteblicos E soacute aiacute e a

partir daquele momento a favela passa a fazer parte das execuccedilotildees de poliacuteticas puacuteblicas

impostas pelo oacutergatildeo gestores municipais

O Rio de Janeiro se apresenta como o foco principal do processo de favelizaccedilatildeo por ter

sido a primeira cidade do Paiacutes primeiro mercado nacional e internacional primeiro centro

industrial Por ter sido a Capital Federal o Rio de Janeiro e por ter sido um dos maiores

mercados de trabalho do Brasil Onde agrave eacutepoca canalizou grande parte do fluxo das migraccedilotildees

internas O ecircxodo rural despejou aproximadamente 400000 pessoas das quais metade veio do

proacuteprio estado e o restante do resto do paiacutes Segundo estatiacutesticas da eacutepoca a populaccedilatildeo urbana

aumentou 516 enquanto a rural diminui em 697

Um dos fatores que justifica essa imigraccedilatildeo de moradores do proacuteprio estado do Rio de

Janeiro para engrossas as fileiras de moradores das favelas cariocas veio da decadecircncia da

64

citricultura que florescia na Baixada Fluminense Com a segunda Guerra Mundial em que as

exportaccedilotildees praticamente pararam o mercado interno natildeo pode absorver essa produccedilatildeo

conformando uma verdadeira crise agriacutecola Esses imigrantes eram compostos na sua grande

maioria de uma classe pobre que se empregaram na construccedilatildeo civil constituindo-se assim o

primeiro elemento determinante da multiplicaccedilatildeo das favelas na deacutecada de 40 Eram pessoas

que natildeo podiam construir uma casa em um terreno proacuteprio nem pagar um aluguel

assalariadas que natildeo podiam resistir as consequumlecircncias da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria e ao

aumento crescente do custo de vida

Em 1945 tornou-se puacuteblico a urgecircncia e gravidade da presenccedila das favelas Com isso

os gestores promoveram um estudo sistemaacutetico sobre as favelas seu recenseamento sua

localizaccedilatildeo natureza das construccedilotildees as condiccedilotildees de vida dos moradores Aquele fora um

ano eleitoral Descobriu-se o potencial de voto naquelas pessoas e a favela passa a ser vista

por um curto periacuteodo de tempo como uma massa eleitoral numerosa concentrada em aacutereas

determinadas e de interesses definidos

Os anos 60 e 70 foram anos muito difiacuteceis para os moradores das favelas Para

CORREIA (2008) naquela eacutepoca dois atores sociais tinham poliacuteticas antagocircnicas que

influenciaram o habitar nas favelas De um lado existia a CODESCO uma integraccedilatildeo entre

governo universidade e comunidade que demonstrava um reconhecimento dos diretos da

populaccedilatildeo favelada e de baixa renda Atraveacutes de alternativas visava integrar as favelas agrave

cidade formal Por outro lado existia a CHISAM do Governo Federal que tinha a missatildeo de

restabelecer o remocionismo como tratamento dominante agraves favelas e contava com parceria

da COHAB e do Governador da eacutepoca Negratildeo de Lima onde 114 favelas foram afetadas

A tabela 2 mostra a evoluccedilatildeo do crescimento do nuacutemero de favelas no municiacutepio do

Rio de Janeiro segundo o Censo 2000

ACSELRAD (2006) mostra que o regime de acumulaccedilatildeo da modernidade eacute baseado

na presenccedila da cidade elo entre a economia local e os fluxos globais satildeo maacutequinas de

crescimento promotoras da competitividade internacional Nos anos 80 as praacuteticas poliacuteticas

sociais foram substituiacutedas por um empreendedorismo urbano e com isso o governo propocircs

novas condiccedilotildees para os processos urbanos passando a envolver tambeacutem atores natildeo-

governamentais privados e semipuacuteblicos

A economia da velocidade e da incerteza associada a uma demanda cada vez menos

previsiacutevel destroacutei e recria em permanecircncia o territoacuterio social Essa nova regulaccedilatildeo urbana

compatiacutevel com a acumulaccedilatildeo flexiacutevel movida pela alta mobilidade espacial do capital

atualiza o papel da cidade como ldquomaacutequina de crescimentordquo

65

Mas em contra-ponto os imperativos de desregulaccedilatildeo requeridos pela acumulaccedilatildeo

flexiacutevel fragmentou o tecido institucional e social urbano tanto numa fragmentaccedilatildeo por

baixo como numa fragmentaccedilatildeo por cima A desregulaccedilatildeo por baixo promoveu um

parcelamento na gestatildeo dos bairros pobres numa descontinuidade fiacutesica gerando competiccedilatildeo

entre as comunidades e no interior das mesmas por recursos escassos

O perfil das cidades na deacutecada de 80 era um espelho do investimento por parte do

estado na deacutecada anterior onde a base fiscal foi sustentada pela criaccedilatildeo de fundos setoriais e

um fundo patrimonial o FGTS eacute um exemplo desse fundo

Com o esfacelamento e desaceleraccedilatildeo econocircmica sobre os fundos setorial e

patrimonial houve uma dependecircncia maior aos financiamentos externos Com o quadro que

emerge na deacutecada em que se denominou de metropolizaccedilatildeo da pobreza com isso houve um

acentuado desenvolvimento urbano desigual que ao inveacutes de eliminar a heranccedila do atraso

reproduziu-a e deu-lhe novas conformaccedilotildees

Eacute um contexto seguido de boons Um deles o da violecircncia urbana seguido do

aprofundamento da desigualdade atraveacutes da reproduccedilatildeo e do engendramento de formas

modernas e arcaicas como exemplo pode-se citar o SFH e BNH que foram criados pelo

regime militar e foram absolutamente fundamentais para a estruturaccedilatildeo e consolidaccedilatildeo do

mercado imobiliaacuterio urbano capitalista

Essa violecircncia que eclodiu no final dos anos 80 e iniacutecio dos 90 com mais visibilidade

na cidade do Rio de Janeiro atraiu atenccedilatildeo para a imensa massa de excluiacutedos do mercado de

trabalho e do mercado de consumo regular aleacutem dos serviccedilos e infra-estrutura urbanos O

desempenho recessivo da economia brasileira durante os anos 80 promoveu uma nova

realidade do que seja cidade e espaccedilo urbano

O investimento de uma vultosa soma de recursos (FGTS e SBPE) no financiamento agrave

habitaccedilatildeo saneamento baacutesico e infra-estrutura urbanos mudou a face das cidades brasileiras

verticalizando aacutereas centrais aumentando o preccedilo da terra dinamizando a promoccedilatildeo e

construccedilatildeo de imoacuteveis diversificando a induacutestria de materiais de construccedilatildeo subsidiando

apartamentos modernos para a classe meacutedia emergente e patrocinando a formaccedilatildeo ou a

consolidaccedilatildeo de grandes empresas nacionais de construccedilatildeo pesada

Apesar de o SFH ter financiado 48 milhotildees de moradias ou praticamente 25 do

incremento do nuacutemero de habitaccedilotildees construiacutedas no Brasil entre 64 e 86 o nuacutemero de

moradores de favelas cresceu acentuadamente no periacuteodo e continua a crescer

A Lei Federal 676679 estabeleceu regras pra o parcelamento solo tambeacutem trouxe

significativa restriccedilatildeo da oferta de moradias para a populaccedilatildeo trabalhadora Fruto da luta de

66

movimentos de moradores de loteamentos irregulares a nova lei atende a uma reivindicaccedilatildeo

popular criminalizaccedilatildeo do loteador ldquoclandestinordquo possibilidade da suspensatildeo do pagamento

para efeito de viabilizar a execuccedilatildeo de obras urbaniacutesticas e atribuiccedilatildeo ao municiacutepio ou o

Ministeacuterio Puacuteblico da representaccedilatildeo das comunidades atraveacutes do interesse difuso

A acentuada concentraccedilatildeo e centralizaccedilatildeo das poliacuteticas e da definiccedilatildeo dos

investimentos em habitaccedilatildeo saneamento e infra-estrutura urbanos durante o regime militar

tiveram consequumlecircncias para a realidade que hoje se vecirc como uma malha ou colcha de retalhos

por sobre o espaccedilo urbano

a) Programas idecircnticos para todo o paiacutes que desconheceram especificidades

ambientais urbanas regionais sociais culturais etc

b) Enfraquecimento do poder local a diretriz de saneamento foi contraacuteria agrave

autonomia municipal reforccedilando empresas puacuteblicas estaduais muitas das quais sob

influecircncia das grandes empreiteiras

c) Projetos faraocircnicos (saneamento) superfaturados e maacute qualidade das construccedilotildees

(habitaccedilatildeo) alimentando o clientelismo e a corrupccedilatildeo

A falecircncia do SFH promoveu o recuo dos investimentos nas aacutereas de habitaccedilatildeo e

saneamento baacutesico durante os anos 80

A conquista da abertura poliacutetica com o fim do regime militar pelos emergentes

movimentos operaacuterios camponecircs e popular urbano natildeo significou a conquista da democracia

econocircmica

A democracia eacute tatildeo somente um meacutetodo de escolha coletiva cujos resultados satildeo

abertos e incertos Ela pode reproduzir efeitos perversos ndash e mesmo potencializar interesses

particulares A expansatildeo do mercado poliacutetico no paiacutes ndash via reiteraccedilatildeo de eleiccedilotildees livres ndash natildeo

foi acompanhada de uma expansatildeo do controle social e da institucionalizaccedilatildeo do sistema

poliacutetico e certamente do ponto de vista agregado parece ter levado a uma expansatildeo do

clientelismo e da ineficiecircncia administrativa

Natildeo eacute surpresa alguma o fato de que a democracia natildeo produziu maior bem-estar ou

equidade nem tampouco produziu poliacuteticas puacuteblicas que revertessem as patologias sociais

associadas com a ordem poliacutetica anterior Por outro lado assiste-se na chamada nova

repuacuteblica a um processo agudo de fragmentaccedilatildeo institucional e agrave paralisia decisoacuteria que

produzem um quadro de cinismo ciacutevico generalizado

A percepccedilatildeo eacute de que o Estado pode ser responsabilizado em larga medida por

empurrar parcela significativa da populaccedilatildeo agrave adotar praacuteticas classificaacuteveis como ilegais que

ele mesmo institui como ilegais sob certa pressatildeo Acselrad (2006) eacute um dos autores que

67

abordam o regime de acumulaccedilatildeo da modernidade que foi endossado pelas poliacuteticas do

Estado

Logo favela eacute um centro soacutecio-habitacional dinacircmico influenciado por suas

demandas e pelo imaginaacuterio dos seus habitantes Nem seu proacuteprio conceito escapa da

dinamicidade que veio se sobrepondo a ela ao longo desses 100 anos de existecircncia E para

ilustrar transcreve-se aqui a expressatildeo artiacutestica de alguns compositores da Muacutesica Popular

Brasileira que atraveacutes das suas letras trouxeram uma documentaccedilatildeo do que seja favela

segundo as formas de verem esta realidade

Favela

Numa vasta extensatildeo Onde natildeo haacute plantaccedilatildeo

Nem ningueacutem morando laacute Cada um pobre que passa por laacute

Soacute pensa em construir seu lar E quando o primeiro comeccedila

Os outros depressa Procuram marcar

Seu pedacinho de terra pra morar () Eacute ali que o lugar entatildeo

Passa a se chamar favela Jorginho e Padeirinho (1966)

Barraco de taacutebua

O morro era um presente de Deus Vivia no abandono

Agora morro tem dono Adeus Salgueiro adeus Desccedilo a ladeira chorando Sem ter a quem reclamar

Se o morro eacute um presente do ceacuteu Deus natildeo tem imposto a cobrar

Inveacutes de barracos destruiacutedos Roupa nova para os morros mal vestidos

Herivelto Martins e Viacutetor Simon (1952)

68

Nestas letras fica patente a percepccedilatildeo que o morador o favelado encara a imensidatildeo de

terra que sem exploraccedilatildeo econocircmica direta serviria de espaccedilo para a construccedilatildeo de moradias

Ou seja a demanda era um pedaccedilo de solo para fincar suas raiacutezes sendo brasileiros e melhor

dizendo moradores da Capital

Em outro ponto se percebe a maneira perversa que o Sistema tinha de fazer com que os

favelados natildeo tornassem dependentes sendo eles mesmos os construtores de suas proacuteprias

residecircncias

E em terceiro momento a poliacutetica empreendida pela a administraccedilatildeo puacuteblica da Capital

que mediante iniciativas desmantela algumas favelas e removem seus moradores para outras

localidades Perdendo talvez sua identidade local

Santuaacuterio no Morro

() Barraco grudado no morro Eacute mais forte drsquoaacutegua ateacute

Barraco na hora do aperto Eacute santuaacuterio de Joseacute Por isso minha nega

Natildeo chora mais em vatildeo Barraco eacute santuaacuterio

Deus natildeo vai jogar no chatildeo

Adilson Godoy (1966)

E exemplificando a dinacircmica social dentro do contexto favela trecircs canccedilotildees escritas na

mesma deacutecada revelam o que se podia esperar sendo um favelado Haacute nitidamente as

carecircncias Mas quem se disporia a dar conta daquela realidade

69

O meu guri

Quando seu moccedilo nasceu meu rebento Natildeo era o momento dele rebentar Jaacute foi nascendo com cara de fome

E eu natildeo tinha nem nome pra lhe dar Como fui levando natildeo sei lhe explicar

Fui assim levando ele e me levar E na sua meninice ele um dia me disse

Que chegava laacute Olha aiacute olha aiacute olha aiacute

Olha aiacute eacute o meu guri Chega no morro com carregamento

Pulseira cimento reloacutegio pneu gravador Rezo ateacute ele chegar caacute no algo

Essa onda de assalto ta um horror Eu consolo ele ele me consola

Boto ele no colo pra ele me ninar De repente acordo olho pro lado

E o danado jaacute foi trabalhar Olha aiacute

Olha aiacute olha aiacute olha aiacute Olha aiacute ai eacute o meu guri

Ele chega Chega estampado manchete retrato

Com venda nos olhos legenda e as iniciais Eu natildeo entendo essa gente seu moccedilo

Fazendo alvoroccedilo demais O guri no mato acho que ta rindo Acho que ta lindo de papo pro ar

Desde o comeccedilo eu natildeo disse seu moccedilo Ele disse que chegava laacute Olha aiacute olha aiacute olha aiacute Olha aiacute ai eacute o meu guri

Chico Buarque 1981

70

Alagados

() Palafitas tristes farrapos Filhos da mesma agonia

E a cidade de braccedilos abertos num cartatildeo postal Com os punhos fechados da vida real

Lhes nega a oportunidade Mostra a face dura do mal

Alagados trench town favela da Mareacute A esperanccedila natildeo vem do mar nem das antenas de TV

A arte eacute de viver da feacute Soacute natildeo se sabe feacute em quecirc

Herbert Vianna Bi Ribeiro e Joatildeo Barone (1986)

Nos barracos da cidade

Nos barracos da cidade Ningueacutem mais tem ilusatildeo No poder da autoridade

De tomar a decisatildeo E o poder da autoridade Se pode natildeo faz questatildeo

Se faz questatildeo natildeo consegue Enfrentar o tubaratildeo

Ocirc ocirc ocirc ocirc ocirc Gente estuacutepida

Ocirc ocirc ocirc ocirc ocirc Gente hipoacutecrita

Liminha e Gilberto Gil 1986

71

PARTE II

CARACTERIacuteSTICAS DA AacuteREA DE ESTUDO

72

CAPIacuteTULO CINCO

O COMPLEXO DE FAVELAS DE ACARI

51 A ldquoFAVELA DE ACARIrdquo Natildeo existe simplesmente a ldquofavela do Acarirdquo mas sim um complexo de favelas que ao

longo dos anos adensaram e tornaram-se administrativamente um complexo Ateacute para os seus

moradores essa distinccedilatildeo eacute hoje em dia real e traz alguns dos benefiacutecios e malefiacutecios

propostos pelo tipo de administraccedilatildeo puacuteblica do momento

O Complexo de Acari eacute formado pelas comunidades de Vila Esperanccedila Vila Rica de

Irajaacute e Parque Acari com cerca de 25 mil habitantes segundo dados do censo de 2000 do

Instituto Pereira Passos ndash IPP e do IBGE Estas trecircs comunidades satildeo na verdade trecircs

grandes favelas que juntas ocupam uma aacuterea aproximada de 537880 msup2

Localizado agraves margens da Avenida Brasil o Complexo de Favelas de Acari tem como

vizinhos contiacuteguos os bairros da Pavuna de Coelho Neto de Irajaacute de Jardim Ameacuterica e

Parque Coluacutembia O bairro de Acari situado na XXV Regiatildeo Administrativa eacute separado do

bairro de Coelho Neto pela linha 2 do Metrocirc

Eacute uma regiatildeo servida por diversas linhas de ocircnibus e delimitada pela linha dois do

metrocirc no seu lado oeste pela BR-116 ndash Rodovia presidente Dutra pelo seu lado leste pela

Avenida Brasil pelo lado sul e pelo Rio Acari pelo lado norte

Esta regiatildeo comeccedilou a ser ocupada na deacutecada de 40 apoacutes a abertura da Avenida das

Bandeiras depois chamada de Avenida Brasil Com exceccedilatildeo do conjunto Areal tambeacutem

denominado de Amarelinho e da Olaria toda a parte plana era um manguezal que foi aterrado

aos poucos Segundo alguns moradores que estatildeo na comunidade haacute pelo menos 50 anos o

iniacutecio da ocupaccedilatildeo foi marcado pela ausecircncia de luz eleacutetrica e de aacutegua potaacutevel que era

colhida do outro lado da Avenida Brasil no conjunto habitacional de Coelho Neto Haacute quem

diga que o lugar era cheio de caranguejos ratildes cobras e jacareacutes

Somente na deacutecada de 70 os moradores comeccedilaram a ser organizar para legalizar a

ocupaccedilatildeo Para isso depois de uma uniatildeo com os trabalhadores da olaria os moradores

73

reuniram-se com alguns oacutergatildeos puacuteblicos Depois de 25 anos os moradores receberam o tiacutetulo

de propriedade e em 1981 a comunidade consegui estruturar sua associaccedilatildeo de moradores

52 ESPACIALIDADE DO COMPLEXO DENTRO DO CONTEXTO MUNICIPAL

Ao longo dos anos o Conjunto Acari expandiu-se no entorno de suas vias de acesso

principalmente da Rua Enora Como os centros comerciais ficavam longe da comunidade

comeccedilaram a surgir nas imediaccedilotildees lojas de material de construccedilatildeo o que facilitou aos

moradores a substituiccedilatildeo da madeira pela alvenaria em suas casas Das trecircs comunidades do

Conjunto Acari Vila Rica de Irajaacute foi a uacutenica a ocupar um terreno jaacute explorado que pertencia

a uma olaria e ao INSS A prefeitura do Rio de Janeiro natildeo dispotildee de dados precisos de

quando a ocupaccedilatildeo comeccedilou mas segundo alguns moradores o lugar que havia se chamado

de Areal teria sido batizado de Coroado devido agrave semelhanccedila com a cidade de Coroado

onde na ocasiatildeo se desenrolava a novela Irmatildeos Coragem Em 1979 com a ocupaccedilatildeo

consolidada foi fundada a Associaccedilatildeo de Moradores e a comunidade passou a se chamar

Parque Vila Rica Na deacutecada de 80 um projeto de urbanizaccedilatildeo levou aos moradores a

implantaccedilatildeo das redes de aacutegua e esgoto Nessa eacutepoca as trecircs comunidades de Acari uniram

esforccedilos para cobrar do poder puacuteblico mais investimentos na regiatildeo A expansatildeo da

comunidade soacute era possiacutevel com aterro de aacutereas alagadas e de manguezais Com isso o

escoamento de aacuteguas pluviais ficava cada vez mais difiacutecil ateacute que em 1986 uma tempestade

provocou uma grande inundaccedilatildeo que deixou o interior da maioria das casas com cerca de um

metro de aacutegua Atualmente Vila Rica de Irajaacute eacute dividida em sete setores o Central formado

pela Rua Olaria a principal da comunidade que concentra os serviccedilos e o comeacutercio do lugar

o Cruzeiro que fica na parte alta do conjunto o Portinho cujo acesso eacute difiacutecil o Marginal da

Avenida Brasil com uma faixa de cerca de 100 metros junto agrave avenida com intenso fluxo de

veiacuteculos e de pedestres o do Vale com acesso apenas para pedestres e o marginal ao canal

que concentra serviccedilos comunitaacuterios como o Centro Dom Bosco e o Centro Cultural Areal

Livre

A ocupaccedilatildeo do Parque Acari tambeacutem data de 1940 e tem em seu histoacuterico confrontos

de moradores com policiais militares que vaacuterias vezes derrubaram os barracos erguidos na

comunidade Segundo os moradores apoacutes vaacuterias tentativas frustradas de remoccedilatildeo das

famiacutelias Ernesto Lima de Souza suposto proprietaacuterio do terreno tentou fechar o lugar

Entretanto diante de resistecircncia dos moradores desistiu da accedilatildeo e retirou-se definitivamente

74

Apesar de feito pelos proacuteprios moradores o processo de ocupaccedilatildeo do Parque Acari deu-se de

forma ordenada com a construccedilatildeo das casas devidamente alinhadas seguindo caracteriacutesticas

de um loteamento Desde o iniacutecio da ocupaccedilatildeo os moradores contaram com ajuda de norte-

americanos da Igreja Presbiteriana que entre outras accedilotildees ergueram o preacutedio da associaccedilatildeo

de moradores No final dos anos 60 a comunidade teve sua proacutepria escola de samba a

Impeacuterio de Acari que chegou a desfilar no grupo principal em 1968 e 1969 A quadra ficava

onde hoje fica a Travessa Braule e o Beco Leandro em homenagem ao fundador da escola

Os nomes de ruas e becos homenageiam antigos moradores da comunidade

Atualmente o Parque Acari tem quatro sub-setores O principal deles eacute formado pelas vias de

acesso agrave comunidade as ruas Pantoja Edgar Soutello e Piracambu Os outros satildeo a Travessa

Piracambu limite da comunidade com a Faacutebrica da Esperanccedila a aacuterea central que fica entre a

Travessa Piracambu e Edgar Soutello e a Rua Uniatildeo A vida social dos moradores da

Comunidade do Conjunto Acari mudou nos anos 90 quando um grupo de adolescentes foi

alvo da violecircncia Agraves matildees destes jovens juntaram-se outras que formaram o grupo Matildees de

Acari Com apoio de entidades da sociedade civil ONGs e voluntaacuterios a comunidade buscou

proteccedilatildeo para os jovens da comunidade Dentre as accedilotildees estabelecidas a que mais chamou a

atenccedilatildeo foi o Projeto Faacutebrica da Esperanccedila implantado nas antigas instalaccedilotildees da Formiplac

Assim os jovens da comunidade passaram a ter acesso a cursos profissionalizantes atividades

esportivas e soacutecio-recreativas A Faacutebrica da Esperanccedila entretanto por falhas em sua

administraccedilatildeo natildeo teve vida longa e acabou sendo fechada

521 VILA ESPERANCcedilA

A favela Vila Esperanccedila eacute uma das muitas favelas cariocas a ser beneficiada pelo

programa Favela Bairro da Prefeitura Municipal Sua data de cadastramento junto a Prefeitura

do Rio de Janeiro eacute de 08031982 Esta favela tem Regularizaccedilatildeo urbaniacutestica fundiaacuteria

baseada na Lei de Aacuterea de Especial Interesse Social nuacutemero 384604 PREFEITURA MUN

DO RIO DE JANEIRO

Aleacutem de Vila Esperanccedila esta favela recebe outros nomes

a) Para a SMU ela se chama Ninho de Cobras

b) Para o IBGE Parque Vila Rica de Irajaacute e

c) Para seus moradores - Coroado

75

Pelo que se nota estes nomes tornam peculiar a forma com que se classificam os

moradores pelo espaccedilo do municiacutepio do Rio de Janeiro Isto tem implicaccedilotildees poliacuteticas

econocircmicas e culturais para eles Segundo entrevista com o Presidente da Associaccedilatildeo do

Areal os moradores satildeo estigmatizados perante outras comunidades e nas empresas quando

precisam dizer o nome do local onde vivem Entatildeo segundo o Presidente da Associaccedilatildeo muito

se tem lutado para reconhecer esta comunidade com o bairro e o avanccedilo disso foi a inclusatildeo

da aacuterea no Programa de Favela Bairro que trouxe alguns avanccedilos importantes na aacuterea de

saneamento e coleta de aacutegua potaacutevel mas que ainda assim natildeo se concretizou plenamente

ficando ainda obras por serem realizadas Algumas casas mesmo dentro da aacuterea de

planejamento do Programa Favela Bairro natildeo foram contempladas mantendo ainda o grau de

insalubridade a que outras aacutereas excluiacutedas do programa estatildeo ateacute hoje vivenciando

No imaginaacuterio da populaccedilatildeo ser morador da Vila Esperanccedila difere socialmente de ser

morador do Ninho de Cobras apesar de ser o mesmo lugar Deveria haver um avanccedilo da

administraccedilatildeo puacuteblica com relaccedilatildeo a esta preocupaccedilatildeo da populaccedilatildeo Bem ou mal ali eacute o local

onde habitam onde fincaram raiacutezes e onde criam seus filhos Urge uma unificaccedilatildeo de nomes

para que com isso haja um aumento no niacutevel de auto-estima para seus habitantes

Os nomes que trazem conotaccedilatildeo jocosa para a comunidade estatildeo em processo de

mudanccedila e segundo o Presidente da Associaccedilatildeo de Moradores natildeo soacute Ninho de Cobras mas

outros nomes como Fim do Mundo Mangue Seco Beco do Zeacute do Porco estatildeo em processo

de troca por respectivamente Moinho de Ouro Primeiro Mundo Atalaia Vila Satildeo Luiz

Junto a Vila Esperanccedila se encontra o conjunto habitacional do Areal (Amarelinho) A

histoacuteria deste conjunto remonta aos anos de 1949 e 1951 Seus moradores satildeo originaacuterios das

regiotildees hoje conhecidas como Catacumba Praia do Pinto que atualmente pertencem a aacutereas

nobres dentro do Municiacutepio O conjunto foi construiacutedo depois que houve um remodelamento

de um morro por terraplenagem e com isso proporcionou um platocirc para a construccedilatildeo do

conjunto O terreno que na eacutepoca era de propriedade do Ministeacuterio da Agricultura hoje faz

parte dos espoacutelios do CEASA e a alvenaria do Conjunto tem o INSS como proprietaacuterio ateacute

que seus moradores regularizem sua aquisiccedilatildeo junto a este oacutergatildeo

Segundo o IPP IBGE (censo de 2000) a populaccedilatildeo da Vila Esperanccedila eacute de 5666

pessoas distribuiacutedas por 1258 domiciacutelios Vila Esperanccedila compartilha na verdade suas escolas com alunos de outras favelas do

complexo Essas escolas satildeo

Casa da Crianccedila Amarelinho

Ciep Doutor Adatildeo Pereira Nunes

76

Escola Municipal Conde Pereira Carneiro

Escola Municipal Corneacutelio Pena

Escola Municipal Oliacutempia do Couto e

Escola Municipal Sebastiatildeo Lacerda

Aleacutem dessas escolas e ainda tambeacutem usadas pelos moradores das outras duas favelas

que compotildeem o complexo tem-se

Creche Municipal Major Celestino Santos

Centro de Referecircncia da Assistecircncia Social de Acari

Centro de Referecircncia da Assistecircncia Social Joseacute Carlos Campos

Posto de Assistecircncia Meacutedica Francisco da Silva Telles

Posto de Sauacutede Edma Valadatildeo e

Posto de Sauacutede Prof Carlos Cruz Lima

522 VILA RICA DE IRAJAacute

A favela Vila Rica de Irajaacute se encontra inserida entre duas outras que satildeo a Vila

Esperanccedila e o Parque Acari sendo tambeacutem uma favela beneficiada pelo programa Favela

Bairro Sua data de cadastramento junto a Prefeitura do Rio de Janeiro eacute de 18021982

anterior agrave favela de Vila Esperanccedila Segundo a Prefeitura Municipal do Rio de janeiro Vila

Rica de Irajaacute se encontra ainda sem informaccedilotildees disponiacuteveis quanto a regularizaccedilatildeo

urbaniacutestica fundiaacuteria

Aleacutem de Vila Esperanccedila esta favela recebe outros nomes

a) Para a LIGHT ela se chama Vila Rica

b) Para alguns moradores tambeacutem se chama Coroado mesmo nome dado a favela de

Vila Esperanccedila

Sua populaccedilatildeo segundo o censo de 2000 encontrava-se em 9664 pessoas divididas

entre 2659 domiciacutelios Assim como a favela de Vila Esperanccedila Vila Rica tem como

equipamento puacuteblico adicional

Ciep Antonio Candeia Filho

Escola Municipal General Osoacuterio

Escola Municipal Monte Castelo

Escola Municipal Oliacutempia do Couto

Escola Municipal Jardim de Infacircncia Ana de Barros Cacircmara

77

Centro de Referecircncia da Assistecircncia Social Francisco Sales de Mesquita e

Posto de Sauacutede Sylvio Brauner

523 PARQUE ACARI

A favela Parque Acari encontra-se adjacente ao Hospital de Acari Tambeacutem assim

como as outras duas do complexo esta eacute uma favela beneficiada pelo Programa Favela

Bairro Sua data de cadastramento junto a Prefeitura do Rio de Janeiro eacute de 08021982 Sua

Regularizaccedilatildeo urbaniacutestica fundiaacuteria encontra-se tambeacutem sem dados disponiacuteveis pela

Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro

Outras instituiccedilotildees como o IBGE denominam de Parque Vila Rica de Irajaacute e a

Secretaria Municipal de Urbanismo a chama de Ninho de Cobras que como foi abordado

anteriormente traz uma conotaccedilatildeo pejorativa para a localidade

Sua populaccedilatildeo segundo o censo de 2000 se encontrava em 6638 pessoas divididas

entre 1767 domiciacutelios Ressalta-se que esses dados tecircm oito anos de defasagem

Quanto aos equipamentos puacuteblicos esta favela dispotildee dos mesmos utilizados pelas

outras duas favelas Do outro lado da linha 2 do metrocirc haacute tambeacutem outras escolas tanto

puacuteblicas quanto particulares que absorvem a demanda ali gerada

A aacuterea ocupada desta favela eacute de aproximadamente 154186 msup2

52 4 BEIRA RIO

A favela Beira Rio se encontra ao longo do Rio Acari por uma extensatildeo de 380 metros

aproximadamente Eacute uma comunidade tipicamente ldquoribeirinhardquo mas infelizmente esta

denominaccedilatildeo natildeo tem o romantismo das outras que se conhece pois o Rio Acari tornou um

esgoto agrave ceacuteu aberto haacute muito tempo

Por pertencer ao Complexo esta eacute tambeacutem um favela beneficiada pelo Programa

Favela Bairro Sua data de cadastramento junto a Prefeitura do Rio de Janeiro eacute de

21091981 Sua Regularizaccedilatildeo urbaniacutestica fundiaacuteria encontra-se tambeacutem sem dados

disponiacuteveis pela Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro

Outras insituiccedilotildees como o IBGE a chama de Beira Rio a Light a chama de Parque

Novo Rio e os proacuteprios moradores tambeacutem a chamam de Matura

78

Sua populaccedilatildeo segundo o Censo de 2000 se encontrava em 141 pessoas divididas entre

42 domiciacutelios

Quanto a equipamentos puacuteblicos esta favela dispotildee aleacutem dos mesmos utilizados pelas

outras duas favelas Natildeo foi abordado anteriormente que do outro lado da linha 2 do metrocirc haacute

tambeacutem outras escolas tanto puacuteblicas quanto particulares que absorvem a demanda gerada por

aquele lado

A aacuterea ocupada desta favela eacute de aproximadamente 15464 msup2 segundo dados fornecidos

pela Prefeitura do Rio de Janeiro Durante muito tempo esta favela viveu praticamente vizinha

da Liquid Carbonic que foi extinta em 2002 Empresa que produzia CO2 para refrigerantes

53 ATORES SOCIAIS DENTRO DO COMPLEXO Os atores sociais que podem ser encontrados dentro do complexo de favelas de Acari

variam desde moradores comuns sem nenhuma atividade poliacutetica expressiva que satildeo como

eles mesmos dizem beneficiaacuterios das atividades fomentadas e desenvolvidas por outros ou

que trazidos em forma de poliacutetica puacuteblica Ateacute representantes eleitos direta e indiretamente

pelo povo ou por assumirem um posto de ldquochefiardquo ou coordenaccedilatildeo de algum oacutergatildeo oficial do

Estado ou por ser os responsaacuteveis pelas diversas ONGrsquos espalhadas pelo Complexo Aleacutem eacute

claro dos diversos frequumlentadores que povoam a realidade diaacuteria do Conjunto de Favelas

54 REPRESENTACcedilAtildeO DO ESTADO O Estado atraveacutes das suas instituiccedilotildees deve ser o responsaacutevel pelo o fomento da

melhoria da qualidade de vida e acesso a cidadania Deve permitir um diaacutelogo entre a

sociedade dando chance para que ela pratique dos seus direitos e deveres Deve instruir o

cidadatildeo na sua capacidade de ter e participar por meio das poliacuteticas puacuteblicas

As poliacuteticas puacuteblicas mais expressivas que estatildeo relacionadas diretamente ao

complexo satildeo os Programas de Urbanizaccedilatildeo tanto a niacutevel municipal quanto Estadual e

Federal que podem ser geridos com verbas proacuteprias ou financiamento por outras grandes

instituiccedilotildees da esfera puacuteblica

Dentro do contexto do complexo de favelas de Acari os exemplos que se pode citar

neste trabalho satildeo

79

a) PROGRAMA FAVELA-BAIRRO

O programa favela-bairro foi criado como instrumento para a integraccedilatildeo urbaniacutestica e

social entre os cariocas e para reverter o quadro de degradaccedilatildeo urbana que geralmente

acompanha o desenvolvimento dos grandes centros urbanos

No seio da grande cidade e com o atrativo que desperta em regiotildees vizinhas e devido

ao grande aporte de migraccedilatildeo em busca de melhores condiccedilotildees de vida de melhor

remuneraccedilatildeo pessoas acabam neste trajeto sujeitando-se a morar em ambientes degradados

ou totalmente inapropriados e compatiacuteveis com a vida digna tanto com relaccedilatildeo agrave unidade

residencial como quanto agrave insuficiecircncia em maior ou menor grau de infra-estrutura bens e

serviccedilos puacuteblicos que constituem o padratildeo de cidade contemporacircnea

O programa favela-bairro foi instituiacutedo em 1993 com o objetivo principal de

implementar melhorias urbaniacutesticas atraveacutes de obras de infra-estrutura urbana acessibilidade

e criaccedilatildeo de equipamentos urbanos que visam ganhos sociais promoccedilatildeo social integraccedilatildeo

com a transformaccedilatildeo daquele tipo de dispersatildeo habitacional em bairro

Junto com o Favela-Bairro outras atividades do estado foram necessaacuterias para a

implementaccedilatildeo do programa que se somaram com o mesmo objetivo Estas atividades foram

a regularizaccedilatildeo fundiaacuteria e a geraccedilatildeo de renda Para o caso do complexo de Acari houve uma

parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento - BID que foi co-financiador

Segundo a Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro as principais accedilotildees para integrar as

aacutereas de favela ao tecido urbano da cidade formal foram

bull Oferecer condiccedilotildees ambientais para a leitura da favela como um bairro da cidade

bull Introduzir os valores urbaniacutesticos da cidade formal como signo de sua identificaccedilatildeo

como bairro ndash ruas praccedila

bull Mobiliaacuterio e serviccedilos puacuteblicos

bull Consolidar a inserccedilatildeo das favelas no processo de planejamento da cidade

bull Implementar accedilotildees de caraacuteter social implantando creches programas de geraccedilatildeo de

renda e capacitaccedilatildeo profissional e atividades esportivas culturais e de lazer

80

b) O PROGRAMA BAIRRINHO

O programa Bairrinho eacute um favela-bairro nas comunidades de pequeno porte (de 100 a

500 domiciacutelios) Com o objetivo de integrar essas aacutereas agrave cidade o programa implanta infra-

estruturam equipamentos e serviccedilos puacuteblicos ao mesmo tempo que incentiva a participaccedilatildeo

comunitaacuteria e estimula a geraccedilatildeo de emprego e renda

Entre as intervenccedilotildees do Programa estatildeo a abertura e pavimentaccedilatildeo de ruas

construccedilatildeo de redes de aacutegua esgoto e drenagem iluminaccedilatildeo puacuteblica creches quadras

poliesportivas praccedilas aacutereas de lazer criaccedilatildeo de serviccedilos de limpeza urbana aleacutem de

reflorestamento e remoccedilatildeo de famiacutelias que vivem em aacutereas de risco com reassentamento na

proacutepria comunidade e demarcaccedilatildeo dos limites com objetivo de evitar a expansatildeo da aacuterea

c) A REGULARIZACcedilAtildeO FUNDIAacuteRIA

Segundo a Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro a regularizaccedilatildeo fundiaacuteria viabilizou

o direito agrave propriedade ao mesmo tempo em que ampliou a base da cidade legal beneficiando

as famiacutelias - a maioria de baixa renda - e a cidade que passou a ter o controle urbaniacutestico e

tributaacuterio do local A prefeitura para essa regularizaccedilatildeo utilizou-se de instrumentos legais

como o usucapiatildeo urbano concessatildeo do direito real de uso termos de doaccedilatildeo (quando se

tratou de aacutereas municipais) e a transferecircncia da propriedade por acordo entre o proprietaacuterio e

os ocupantes dos imoacuteveis Haacute ainda no seio do complexo aacutereas federais que estatildeo sendo

negociadas como eacute o caso do conjunto do amarelinho

d) OS EQUIPAMENTOS PUacuteBLICOS

- Escolas Estaduais

- Escolas Municipais Escola Municipal Olimpia do Couto Escola Municipal Conde

Pereira Carneiro Escola Municipal Corneacutelio Pena Escola Municipal Sebastiatildeo de Lacerda

Ciep Doutor Adatildeo Pereira Nunes

- Creches Casa da Crianccedila Creche Municipal Major Celestino R dos Santos

81

- Centro de referecircncia da assistecircncia Social Centro de Referecircncia da Assistecircncia Social

Joseacute Carlos Campos

- Centro Comunitaacuterio de defesa da cidadania

- Unidades de Sauacutede Posto de Assistecircncia Meacutedica Francisco da Silva Telles Posto de

Sauacutede Edma Valadatildeo Posto de Sauacutede Prof Carlos Cruz Lima e o Hospital Ronaldo Gazolla

(Hospital do Acari) que se encontra fechado

82

CAPIacuteTULO SEIS

REPRESENTACcedilAtildeO SOCIAL

61 REPRESENTACcedilAtildeO SOCIAL

Para se estudar os fenocircmenos que permeiam a realidade do Complexo de Favelas de

Acari optou-se por utilizar a Teoria das Representaccedilotildees Sociais para tentar trazer agrave luz a

maneira pela qual os diversos atores envolvidos na realidade daquele complexo interagem

entre si produzindo material de convivecircncia de luta fomentando a produccedilatildeo social do espaccedilo

urbano

Mas o que satildeo Representaccedilotildees Sociais Elas satildeo reconhecidas como fenocircmenos

psicossociais histoacutericos e culturalmente condicionados Sua explicaccedilatildeo deve se dar

necessariamente aos niacuteveis de anaacutelise posicional pois as representaccedilotildees como diz FARR

(1992) apud SAacute 1996 ldquoestatildeo tanto na cultura quanto na cogniccedilatildeordquo As representaccedilotildees sociais

designam tanto um conjunto de fenocircmenos quanto o conceito que os engloba e a teoria

construiacuteda para explicaacute-los Foi inaugurado por Serge Moscovici em 1961

Segundo JODELET (1989) apud SAacute (1996) eacute uma forma de conhecimento

socialmente elaborada e partilhada que tem um objetivo praacutetico e concorre para a construccedilatildeo

de uma realidade comum a um conjunto social Uma forma de saber praacutetico que liga um

sujeito a um objeto Para DOISE (1990) apud SAacute (1996) satildeo princiacutepios geradores de

tomadas de posiccedilatildeo ligadas a inserccedilotildees especiacuteficas em um conjunto de relaccedilotildees sociais e que

organizam os processos simboacutelicos que intervecircm nessas relaccedilotildees Para ABRIC (1994) apud

SAacute (1996) eacute o produto de uma atividade mental pela qual um indiviacuteduo ou um grupo

reconstitui o real com que se confronta e lhe atribui uma significaccedilatildeo especiacutefica

Esta teoria tem algumas vantagens pois daacute conta dos significados sociais construiacutedos e

partilhados atraveacutes da comunicaccedilatildeo A populaccedilatildeo do complexo de Acari tem suas

necessidades que satildeo baseadas no que conhecem da realidade e do que jaacute foi internalizado

cognitivamente de uma realidade natildeo vivida Com isso fica faacutecil ler nos seus discursos

construccedilotildees coletivas do fazer sendo esse bom ou mau As representaccedilotildees sociais

83

representam por excelecircncia o espaccedilo do sujeito social lutando para dar sentido interpretar e

construir um mundo em que ele se encontra

O agir baseado nas representaccedilotildees daacute-se atraveacutes da transformaccedilatildeo das atividades

mentais em objeto que por si soacute eacute possiacutevel dentro de um dado quadro social constituiacutendo

assim uma heranccedila social comum Natildeo haacute nada real que natildeo seja construiacutedo pelo sujeito

apoiando-se em sistema de valores e implicados em um contexto social e ideoloacutegico Segundo

ANADON e MACHADO (2001) ldquoa partir da heranccedila social o indiviacuteduo desempenha um

papel natildeo negligenciaacutevel em suas tomadas de decisatildeo ele eacute ao mesmo tempo produto e

produtor da sociedade e esta existe somente atraveacutes das suas praacuteticasrdquo

VALA (1993) apud SAacute (1996) eacute um teoacuterico que descreve o contexto fenomenal das

representaccedilotildees sociais distinguindo trecircs campos de significaccedilatildeo

a) Conhecimento vulgar de ideacuteias cientiacuteficas popularizadas

b) Objetos culturalmente construiacutedos atraveacutes de uma longa histoacuteria e seus equivalentes

modernos

c) Condiccedilotildees e acontecimentos sociais e poliacuteticos onde as representaccedilotildees que

prevalecem tecircm um curto prazo de significaccedilatildeo para a vida social

De acordo com IBANtildeEZ (1988) apud SAacute (1996) grande parte do material que se

constroacutei uma representaccedilatildeo social proveacutem do fundo cultural acumulado na sociedade ao longo

de sua histoacuteria Esse fundo circula atraveacutes de toda a sociedade sob forma de crenccedilas

amplamente compartilhadas de valores considerados como baacutesicos e de referecircncias histoacutericas

e culturais que conformam a memoacuteria coletiva e ateacute a identidade da proacutepria sociedade

Na formaccedilatildeo de uma representaccedilatildeo social o material cognitivo se torna social atraveacutes

da dependecircncia entre os membros do grupo social As representaccedilotildees com isso podem ser

hegemocircnicas ndash as que satildeo partilhadas por todos os membros de um grupo altamente

estruturado podem ser emancipadas ndash que satildeo consequumlentes da circulaccedilatildeo do conhecimento e

das ideacuteias pertencentes a subgrupos que se encontram em contato mais ou menos estreito e

por fim haacute as chamadas de polecircmicas que satildeo geradas no curso de conflitos sociais de

controveacutersias sociais e a sociedade como um todo natildeo as compartilha MOSCOVICI (1988)

Logo representaccedilatildeo social eacute a modalidade de conhecimento particular que tem por

funccedilatildeo exclusiva a elaboraccedilatildeo de comportamentos e a comunicaccedilatildeo entre indiviacuteduos no

quadro da vida cotidiana

ABRIC (ibidem) relata as finalidades proacuteprias das representaccedilotildees sociais

a) Funccedilatildeo de saber ndash onde elas permitem compreender e explicar a realidade facilitando

a comunicaccedilatildeo social

84

b) Funccedilatildeo identitaacuterias ndash onde definem a identidade e permitem a salvaguarda da

especificidade dos grupos

c) Funccedilatildeo de orientaccedilatildeo ndash onde guiam os comportamentos e as praacuteticas Produzindo

tambeacutem um sistema de antecipaccedilotildees e de expectativas

d) Funccedilatildeo justificatoacuteria ndash onde permite justificar a posteriori as tomadas de posiccedilatildeo e os

comportamentos

E por que utilizar-se das Representaccedilotildees Sociais Porque entendendo o impacto delas

no contexto social eacute que se pode questionar esse contexto transformar o curso dado da vida e

ajudar na construccedilatildeo de uma nova histoacuteria JOVCHELOVICH (2000)

62 REPRESENTACcedilAtildeO SOCIAL DOS ATORES ENTREVISTADOS NO

COMPLEXO DE FAVELAS DE ACARI

ldquoQuando as condiccedilotildees sociais eou o ambiente natural afetam o indiviacuteduo a intensidade dos efeitos na qualidade da sua experiecircncia humana dependeraacute da sua capacidade em perceber essa influecircncia uma vez que a percepccedilatildeo eacute uma variaacutevel culturalrdquo

BOYDEN et al (1981) apud DIAS (1997)

Segundo JOVCHELOVICH (2000) uma forma de se interpretar o que foi produzido

pelos entrevistados eacute utilizar-se de um sistema de codificaccedilatildeo onde mediante ele as unidades

de sentido e modalidades discursivas associadas ao conteuacutedo que emergiu das entrevistas

seja trabalhado em termos de Representaccedilatildeo Social A Representaccedilatildeo Social como um

veiacuteculo de tentar desvelar a realidade social eacute um veiacuteculo em que se busca reconstruir a partir

das falas tomadas de decisatildeo ou indignaccedilatildeo por parte do interlocutor Para suas construccedilotildees

cognitivas haacute sempre uma correlaccedilatildeo com o tom de voz e expressividade ou mesmo

participaccedilatildeo atraveacutes do fazer objetivo

Foi utilizado um sistema de codificaccedilatildeo procurando classificar os conteuacutedos a partir

das modalidades discursivas em que estas aparecem descriccedilotildees explicaccedilotildees e causas das

vaacuterias realidades descritas pelos entrevistados e efeitos e estrateacutegias de enfrentamento

85

associadas com as descriccedilotildees e explicaccedilotildees Trata-se de a partir de palavras chaves comuns

montar um entendimento da heterogeneidade aparente nas falas e trazecirc-la para um marco

comum

As modalidades discursivas expressas no conteuacutedo gravado das entrevistas estatildeo

ligadas a unidades de sentido que constituem o sistema geral de codificaccedilatildeo da fala e foram

reorganizadas em niacuteveis maiores de abstraccedilatildeo de modo a gerar unidades temaacuteticas Essas falas

satildeo um reflexo da realidade em que vivem e ao mesmo tempo dita e questionada pelos

proacuteprios O que natildeo se pode deixar de lado eacute o individualismo que mesmo dentro das

Representaccedilotildees Sociais parece ser uma constante

Eacute vaacutelida a metodologia da narrativa para se estudar as Representaccedilotildees Sociais

RICOEUR (1980) apud JOVCHELOVITCH (2000) afirma que

ldquoO tempo da narrativa eacute desde o iniacutecio tempo de ser-com-outros () a arte de contar estoacuterias reteacutem o caraacuteter publico do tempo e ao mesmo tempo natildeo o deixa deslizar para o anonimato ndash ela o faz um tempo comum aos atores um tempo tecido pela sua interaccedilatildeo Agrave niacutevel da narrativa naturalmente lsquooutrosrsquo existemrdquo

O quadro 1 mostra os temas e a organizaccedilatildeo das unidades de sentido as unidades de

sentido

CULTURA

FATALIDADE

INDIVIDUALISMO

MEIO

AMBIENTE

NECESSIDADES

PODER

PUacuteBLICO

SAUacuteDE

Educaccedilatildeo Mente pequeninha

Favela Valor individual Biodiversidade Orientar Gari comunitaacuterio

Sentir-se saudaacutevel

Reciclagem Violecircncia urbana Conflitos

Despreocupaccedilatildeo Aacutegua Ar Limpeza Natildeo melhorou natildeo

Viver bem

IDH Desmatamento Participaccedilatildeo individual

Esgoto Saneamento Vala negra

Conscientizaccedilatildeo Guardiotildees do Rio

Melhoria do espaccedilo limitado

Prevenccedilatildeo Doenccedilas repetitivas

Sistema de vida

Urbanizaccedilatildeo Verbas destinadas

Espaccedilo fiacutesico de lazer

Consumismo Epidemia Defesa do espaccedilo fiacutesico

Equiliacutebrio fiacutesico-mental

Insalubridade Limpeza Lixo

Educaccedilatildeo

Limpeza de onde se vive

Vala negra Mosquito Dengue

Incapacidade Casa Poluiccedilatildeo Comunidade

Lugar onde vive

Quadro 1 de modalidades discursivas e suas representaccedilotildees sociais

86

As modalidades discursivas satildeo toacutepicos nos quais foram incluiacutedas as representaccedilotildees

sociais Elas separam os diversos temas em unidades afins menores dando com isso melhor

entendimento para o processo de construccedilatildeo da representaccedilatildeo social As modalidades

discursivas forma eixos que subjazem e dos quais fica mais faacutecil a construccedilatildeo e interpretaccedilatildeo

das representaccedilotildees dos entrevistados

Da tabela pode-se destacar cultura fatalidade individualismo meio ambiente

necessidades poder puacuteblico e sauacutede Estas retiradas do conteuacutedo entrevistado ao longo da

pesquisa de campo logo a tabela mostra as diversas modalidades discursivas e suas

representaccedilotildees sociais associadas

621 CULTURA REPRESENTANDO SUA INTER-RELACcedilAtildeO COM O REAL

A cultura de uma populaccedilatildeo eacute uma tomada de posiccedilatildeo frente agraves realidades que se vive

e as Representaccedilotildees Sociais advindas daiacute satildeo diversas Pode haver uma faceta de repeticcedilatildeo do

que outros jaacute tecircm feito e pode tambeacutem gerar o novo numa mistura que enriquece o dia-a-dia

A cultura pode vir a ser tudo o que eacute aprendido e partilhado pelos indiviacuteduos de um

determinado grupo e que lhes confere identidade dentro do grupo a que pertence A cultura eacute

o conjunto de manifestaccedilotildees humanas que contrastam com a natureza ou comportamento

natural

Das entrevistas percebe-se que para a boa convivecircncia os moradores devem ter

determinados tipos de atitudes devem ter um fazer com valor positivo socialmente Das

modalidades discursivas emerge a necessidade de educaccedilatildeo como miacutenimo paracircmetro para se

ter educaccedilatildeo e para se viver em sociedade

Educaccedilatildeo eacute tida como uma forma de se perpetuar agraves geraccedilotildees que se seguem dos meio

culturais necessaacuterios agrave convivecircncia em sociedade Eacute um tipo de conhecimento que uma vez

aprendido internalizado capacita o indiviacuteduo a contextualizar sua realidade e este indiviacuteduo

tem a oportunidade de partilhar o conteuacutedo apreendido atraveacutes de redes de multiplicaccedilatildeo A

grande dificuldade especialmente para os moradores deste Complexo eacute justamente delimitar o

que seja educaccedilatildeo Natildeo se pode por si soacute dizer que estes natildeo a tenham O que natildeo se consegue

precisar eacute o niacutevel de educaccedilatildeo que eles tecircm natildeo querendo cair no discurso do que eacute melhor ou

pior mas sim qual o niacutevel eacute satisfatoacuterio para a convivecircncia em sociedade

Como base a educaccedilatildeo eacute necessaacuteria para moldar a personalidade do indiviacuteduo para

mostrar o caminho agraves pessoas para que se consiga abstrair o que eacute certo o que eacute errado

87

mediante os siacutembolos e signos sociais Certamente cada habitante tem uma histoacuteria de vida

herdam conceitos sabem sobre o fazer Sabem dos direito deveres Talvez tenham recebido

um resquiacutecio da educaccedilatildeo formalizada em algum momento de suas vidas atraveacutes da escola

Talvez a tenham percebido pelo debate social travado continuamente na esfera puacuteblica

tambeacutem fora da escola ndash a educaccedilatildeo eacute um continum

Como se sabe natildeo eacute somente a educaccedilatildeo bancaacuteria ou tradicional que educa ou

deseduca A escola apesar de ser a primeira entrada no mundo natildeo eacute de modo algum o mundo

e muito menos deve pretender a secirc-lo A escola eacute antes a instituiccedilatildeo que se interpotildee entre o

mundo privado do lar e o mundo de modo a tornar possiacutevel a transiccedilatildeo da famiacutelia para o

mundo

Em diversas entrevistas a palavra educaccedilatildeo apareceu com um tom de reclame pelo o

que tem acontecido no interior daquela comunidade e ela estaacute vinculada fortemente agrave palavra

lixo A educaccedilatildeo dos moradores eacute questionada por exemplo quanto agrave destinaccedilatildeo final dos

seus resiacuteduos soacutelidos Ela eacute cobrada continuamente porque muitos moradores jogam lixo em

todo e qualquer lugar Satildeo praacuteticas difiacuteceis de se coibir As pessoas jogam lixo pelo chatildeo e

natildeo se importam com que outros vatildeo dizer Natildeo satildeo simples papeacuteis de bala ou papeizinhos

amassados mas sim bolsas de mercado com o produto das suas atividades diaacuterias que fica

emoldurando esquinas agrave mercecirc de catildees e principalmente insetos e roedores Muitos dos

moradores natildeo se importam e natildeo tecircm a visatildeo de que aquele ato poderaacute trazer doenccedilas

ldquo e outra coisa eacute noacutes temos o lixo aqui as pessoas natildeo educadas eles

natildeo eles jogam o lixo toda vez eacute garrafa pet para um lado viacutescera de

peixe pra um lado viacutescera de galinha para um lado entatildeo eles natildeo sabem

separar isso eacute falta de educaccedilatildeo ambiental e natildeo eacute feito na comunidade as

escolas que estatildeo comeccedilando agora a fazer issordquo

ENTREVISTA 1

Jogar lixo no chatildeo ou pela janela dos veiacuteculos de transporte passa a ser normal dentro

de uma realidade que envolve problemas educacionais deficiecircncia de se internalizar o

discurso da higiene e da qualidade de vida Eacute ainda mais evidente quando se tem um serviccedilo

puacuteblico e regular de limpeza urbana

88

ldquo ah se vocecirc se andar nas ruas becos vocecirc vecirc muita sujeira os garis

acabam de limpar e se eles voltarem duas horas depois estaacute tudo sujo

ENTREVISTA 1

A educaccedilatildeo ou a deseducaccedilatildeo de os moradores de modo a natildeo dispersarem o lixo em

lugares inapropriados e fora do periacuteodo de coleta acaba tornando um problema coletivo

importante Esse comportamento natildeo se justifica em qualquer hipoacutetese mas tudo fica mais

faacutecil quando se dispotildee de algueacutem para retirar esse lixo do meio do caminho no caso a

presenccedila dos garis Eacute como se as pessoas se sentissem no direito de dar trabalho a eles Afinal

segundo a oacutetica desses moradores os garis estatildeo ali para aquilo (Figs 1-B e 2-B)

ldquo mas as vezes o morador eacute culpado porque pegam a bolsinha de lixo e

natildeo quer andar ateacute a ponta aqui e depois venha aqui cobrarrdquo

ENTREVISTA 2

Soacute muito recentemente eacute que as questotildees ambientais tecircm entrado na pauta educacional

do Sistema Brasileiro de Educaccedilatildeo Em 1946 foi incluiacutedo no curriacuteculo escolar questotildees

relativas agrave higiene e agraves ciecircncias naturais (os primoacuterdios da educaccedilatildeo ambiental) Por ter

havido uma ruptura com o modelo agraacuterio-exportador a educaccedilatildeo passa a responder agraves

necessidades criadas pela industrializaccedilatildeo do paiacutes ZOTTI (2008)

TRAVASSOS (2001) afirma que devido agrave fragilidade dos ambientes naturais com a

questatildeo da sobrevivecircncia humana em cheque com o aumento dos movimentos ambientalistas

e agraves preocupaccedilotildees ecoloacutegicas criou-se as condiccedilotildees para a inclusatildeo curricular de assuntos

relacionados ao meio ambiente que jaacute em 1977 com a I Conferecircncia Nacional de Educaccedilatildeo

Ambiental realizada em Brasiacutelia pelo Ministeacuterio do Meio Ambiente que produziu os seguintes

resultados

ldquoOs trecircs temas mais abordados nos projetos foram Problemas da Realidade Local 472 Educaccedilatildeo Ambiental no Contexto Escolar 451 e LixoReciclagem 326 A orientaccedilatildeo presente no processo educacional de ter como ponto de partida a busca da percepccedilatildeo da realidade mais proacutexima relacionando-se com as preocupaccedilotildees comunitaacuterias eacute uma constante nos projetos que participam desta pesquisa Do mesmo modo a Educaccedilatildeo Ambiental no Contexto Escolar reafirma os dados

89

anteriores nas inter-relaccedilotildees que estabelecem assim como a incidecircncia tatildeo importante do tema LixoReciclagem se relaciona com a quantidade de projetos que se desenvolvem em aacutereas urbanasrdquo

Foi possiacutevel observar concordacircncia dos resultados do presente trabalho e as

afirmaccedilotildees de PHILIPPI JR et ali (2004) quando apresenta o problema da articulaccedilatildeo da

educaccedilatildeo ambiental voltado ao uso dos recursos naturais e do equiliacutebrio dos ecossistemas em

detrimento do meio ambiente urbano O que eacute corroborado por DIAS (1992)

De qualquer forma a evoluccedilatildeo dos conceitos de Educaccedilatildeo Ambiental tem sido vinculada ao conceito de meio ambiente e ao modo como este era percebido O conceito de meio ambiente reduzido exclusivamente a seus aspectos naturais natildeo permitia apreciar as interdependecircncias nem a contribuiccedilatildeo das consciecircncias sociais agrave compreensatildeo e melhoria do meio ambiente humano

A Educaccedilatildeo Ambiental fomentada pela Lei 693881 toma forma com a Lei Ndeg 9795

de 27 de abril de 1999 no seu Art 2o em que passa a ser um componente essencial e

permanente da educaccedilatildeo nacional devendo estar presente de forma articulada em todos os

niacuteveis e modalidades do processo educativo em caraacuteter formal e natildeo-formal Mas apesar

disso segundo TRAVASSOS (idem) ldquo as escolas puacuteblicas e particulares ainda natildeo

assimilaram ou natildeo entenderam como devem implementar a educaccedilatildeo ambiental em seus

programasrdquo Para as escolas que utilizam livros didaacuteticos comerciais o conteuacutedo de meio

ambiente vem como capiacutetulo especiacutefico e tambeacutem diluiacutedo em outros assuntos Mas para

escolas que tecircm uma certa flexibilidade de conteuacutedo dentro do que eacute proposto pelas

Secretarias de Educaccedilatildeo Municipal e Estadual a educaccedilatildeo ambiental corre o risco de ser

como afirma TRAVASSOS (ibdem) ldquo uma educaccedilatildeo conservacionista apenas lembrada na

Semana do Meio Ambienterdquo

De acordo com o graacutefico 1-B a regiatildeo sudeste fica em segundo lugar na oferta da

Educaccedilatildeo Ambiental para as escolas de niacutevel fundamental perdendo apenas para a regiatildeo

nordeste Estes dados do MEC revelam a preocupaccedilatildeo recente por parte do Estado em

colocar na agenda da educaccedilatildeo brasileira a necessidade de se abstrair o que seja o meio

ambiente e o universo em que a crianccedilas estaacute situada

90

Obviamente haacute menccedilotildees sobre o meio ambiente em datas ateacute muito anteriores as das

acima citadas mas nenhuma delas trouxe uma modificaccedilatildeo direta e envolvente no plano

educacional do ensino baacutesico Dentre essas o Decreto Legislativo Federal nordm 03 de 13 de

fevereiro de 1948 e o Coacutedigo Florestal - lei federal nordm 4771 de 15 de setembro de 1965

ldquo apesar de ter os garis que varrem as pessoas continuam jogando lixo na

rua entatildeo eacute preciso passar por um processo de educaccedilatildeo ecoloacutegica Se

vocecirc procurar nos becos da favela se andar por aiacute se vecirc muito coco de

animais natildeo que eu quero exterminar ateacute adoro neacute Mas eu ando e vejo em

outros lugares as pessoas com a bolsinha quando faz coco na rua as

pessoas botam saquinho plaacutestico e joga na lata de lixo Aqui natildeo se vecirc

crianccedila eacute porco cabrito gato cachorro tudo faz por aiacute e as crianccedilas

brincandordquo

ENTREVISTA 1

Existe a evidecircncia da necessidade de Educaccedilatildeo Ambiental para todos os moradores do

complexo o que foi evidenciado pelo seguinte entrevistado

ldquoEu acho que se forem feito estudos desde a educaccedilatildeo principal maternal

jardim ai vem primeira seacuterie assim sucessivamente natildeo adiante depois

que as pessoas estatildeo velhas que jaacute estatildeo acostumadas a fazer muita coisa

errada vocecirc tentar colocar aquilo na cabeccedila das pessoas vocecirc jaacute tem que

vir desde quando eacute crianccedila ensinar a crianccedilardquo

ENTREVISTA 3

Mas como implementar accedilotildees que envolvam a populaccedilatildeo para a tomada de

consciecircncia desse tipo errocircneo de comportamento que por fim faz onerar a vida dos proacuteprios

moradores com a disseminaccedilatildeo de doenccedilas e o custo do seu tratamento Talvez a resposta

esteja nas lideranccedilas comunitaacuterias

ldquo porque eu sou a favor de que ele venha eu estou confiando nele e

espero que porque haacute esse descaso que vocecirc falou ateacute mesmo da lideranccedila e

descaso da proacutepria comunidade que se acostumou com certos tipos de

91

problemas mas agraves vezes o morador eacute culpado porque pegam a bolsinha de

lixo e natildeo quer andar ateacute a ponta aqui e depois venha aqui cobrar Mas

outro natildeo querem chegar junto vocecirc sabe por que eacute porque as pessoas vatildeo

se cansando e claro estas questotildees vatildeo caindo em descreacutedito entatildeo tem

muitos que natildeo querem pois se cair em descreacutedito jaacute erardquo

ENTREVISTA 2

Mesmo que haja as lideranccedilas comunitaacuterias e que estas consigam organizar a

contextualizaccedilatildeo do habitar dentro da comunidade nem sempre sua abrangecircncia tem uma

cobertura satisfatoacuteria E eacute aiacute que reside o espaccedilo para a oposiccedilatildeo que traz criacutetica e funciona

como verdadeiro termocircmetro na avaliaccedilatildeo do desempenho das lideranccedilas Uma coisa eacute certa

as lideranccedilas tecircm consciecircncia da necessidade de capacitaccedilatildeo e parcerias para a implementaccedilatildeo

de atividades relacionadas ao lixo produzido e sua manipulaccedilatildeo (figuras 3-B e 4-B)

ldquo pegamos duzentos latotildees de produtos quiacutemicos que agente natildeo sabia que

era toacutexico Aiacute um belo dia a Comlurb disse assim oh retira esses latotildees que

eu dou todo ele cor de aboacutebora que a questatildeo do lixo eacute uma coisa muito

forterdquo

ldquoEssa foi a uacuteltima assembleacuteia que tivemos e falamos da reciclagem de lixo

tudo agente tenta buscar e discutir com a comunidade noacutes queremos

capacitaccedilatildeo para o tratamento do lixo agente estaacute aberto para capacitaccedilatildeo

e parcerias agente quer agente necessita para fazer melhorrdquo

ENTREVISTA 4

Em apenas uma das entrevistas o Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) foi

lembrado e apesar de natildeo ser uma Representaccedilatildeo Social eacute oportuno abordar um pouco do que

seja esse iacutendice O IDH eacute uma medida comparativa de riqueza alfabetizaccedilatildeo educaccedilatildeo

esperanccedila de vida natalidade e outros fatores para os diversos paiacuteses do mundo Eacute uma

maneira padronizada de avaliaccedilatildeo e medida do bem-estar de uma populaccedilatildeo especialmente

bem-estar infantil O iacutendice foi desenvolvido em 1990 pelo economista paquistanecircs Mahbub

92

Haq e vem sendo usado desde 1993 pelo Programa das Naccedilotildees Unidas para o

Desenvolvimento ndash PNUD em seu relatoacuterio anual

Os paiacuteses membros da ONU satildeo classificados de acordo com essas medidas Os paiacuteses

com uma classificaccedilatildeo elevada frequumlentemente divulgam a informaccedilatildeo a fim de atrair

imigrantes qualificados ou desencorajar a emigraccedilatildeo

Os criteacuterios de avaliaccedilatildeo do IDH satildeo

bull Educaccedilatildeo Para avaliar a dimensatildeo da educaccedilatildeo o caacutelculo do IDH considera dois

indicadores O primeiro eacute a taxa de alfabetizaccedilatildeo considerando o percentual de

pessoas acima de 15 anos de idade esse indicador tem peso dois O Ministeacuterio da

Educaccedilatildeo indica que se a crianccedila natildeo se atrasar na escola ela termina o principal ciclo

de estudos (Ensino Fundamental) aos 14 anos de idade Por isso a mediccedilatildeo do

analfabetismo se daacute a partir dos 15 anos O segundo indicador eacute o somatoacuterio das

pessoas independentemente da idade que frequumlentam algum curso seja ele

fundamental meacutedio ou superior dividido pelo total de pessoas entre 7 e 22 anos da

localidade Tambeacutem entram na contagem os alunos supletivos de classes de

aceleraccedilatildeo e de poacutes-graduaccedilatildeo universitaacuteria nessa aacuterea tambeacutem estaacute incluiacutedo o sistema

de equivalecircncias Rvcc ou Crvcc apenas classes especiais de alfabetizaccedilatildeo satildeo

descartadas para efeito do caacutelculo

bull Longevidade O item longevidade eacute avalidado considerando a esperanccedila de vida ao

nascer que eacute vaacutelida tanto para o IDH municipal quanto para o IDH de paiacuteses Esse

indicador mostra a quantidade de anos que uma pessoa nascida em uma localidade em

um ano de referecircncia deve viver Ocultamente haacute uma sintetizaccedilatildeo das condiccedilotildees de

sauacutede e de salubridade no local jaacute que a expectativa de vida eacute diretamente

proporcional e diretamente relacionada ao nuacutemero de mortes precoces

bull Renda A renda eacute calculada tendo como base o PIB per capita do paiacutes ou municiacutepio

Como existem diferenccedilas entre o custo de vida de um paiacutes para o outro a renda

medida pelo IDH eacute em doacutelar PPC (Paridade do Poder de Compra) que elimina essas

diferenccedilas

93

Para calcular o IDH de uma localidade faz-se a seguinte meacutedia aritmeacutetica

(onde L = Longevidade E = Educaccedilatildeo e R = Renda)

nota pode-se utilizar tambeacutem a renda per capita (ou PNB per capita)

Legenda

bull EV = Expectativa de vida

bull TA = Taxa de Alfabetizaccedilatildeo

bull TE = Taxa de Escolarizaccedilatildeo

bull log PIBpc10 = logaritmo decimal do PIB per capita

O IDH varia de zero (nenhum desenvolvimento humano) ateacute 1 (desenvolvimento

humano total) sendo os paiacuteses classificados deste modo

bull Quando o IDH de um paiacutes estaacute entre 0 e 0499 eacute considerado baixo

bull Quando o IDH de um paiacutes estaacute entre 0500 e 0799 eacute considerado meacutedio

bull Quando o IDH de um paiacutes estaacute entre 0800 e 1 eacute considerado alto

Para o bairro de Acari onde o Complexo estaacute situado o PNUD tem tabulado os

seguintes dados para o uacuteltimo Censo de 2000

Ordem

segundo IDH

Bairro Esperanccedila de

vida ao nascer

(em anos)

Taxa de alfabetizaccedilatildeo de adultos ()

Taxa bruta de frequecircncia escolar ()

Renda per

capita (em R$ de 2000)

Iacutendice de Longevidade

(IDH-L

Iacutendice de Educaccedilatildeo

(IDH-E

Iacutendice de Renda (IDH-R)

Iacutendice de Desenvolvimento

Humano Municipal (IDH)

124 Acari 6393 9168 7944 17412 0649 0876 0634 0720

94

O que representa o IDH para o Bairro de Acari Representa a oferta de subsiacutedios para

que o Estado concentre seus investimentos em poliacuteticas puacuteblicas Que segundo BODSTEIN amp

ZANCA (2008)

ldquofornecer dados para o combate a pobreza e o enfrentamento dos problemas sociais atraveacutes da comparaccedilatildeo das condiccedilotildees de vida enfatizando a relaccedilatildeo entre pobreza e ausecircncia de acesso da populaccedilatildeo aos bens e serviccedilos essenciais para a qualidade de vidardquo

Representa tambeacutem a chance de se dispor de dados confiaacuteveis para o investimento

real Mas como todo indicador o IDH tem as suas falhas Por exemplo em Sauacutede ldquonatildeo basta

saber o quanto cada paiacutes aloca no setor sauacutede como percentual de seu PIB o mais

importante eacute quatildeo eficientemente esses recursos tecircm sido empregadosrdquo CICONELLI et ali

(2005)

Na modalidade discursiva ndash Prevenccedilatildeo a Representaccedilatildeo Social que mais se destaca

estaacute ainda inserida no contexto de lixo e educaccedilatildeo conforme as seguintes entrevistas

ldquo vocecirc tiver o espaccedilo fiacutesico de lazer compatiacutevel com as nossas moradias eacute

favoraacutevel o crescimento da crianccedila do adolescente e o adulto saudaacutevel

seja dentro da nossa casa seja na comunidade seja no espaccedilo de lazer seja

onde noacutes tivermos se tiver limpeza agente vai ter uma sauacutede equilibrada se

agente tiver sujeira e imundiacutecie agente natildeo vai ter sauacutederdquo

ldquo se todo mundo em favela viver em um ambiente limpo e saudaacutevel vai ter

com certeza sauacutede saudaacutevel Mas se agente viver na comunidade esse espaccedilo

fiacutesico se natildeo for bem tratado saneamento baacutesico com certeza vatildeo ter essa

comunidade esse espaccedilo ecoloacutegico uma vivecircncia ruimrdquo

ENTREVISTA 1

Talvez o relato mais crucial para a questatildeo que envolve sauacutede e o ambiente onde se

vive fique a cargo da Equipe do Programa de Sauacutede da Famiacutelia

95

ldquo o ideal do programa sauacutede da famiacutelia o objetivo natildeo eacute curativo uma vez

que nosso objetivo eacute a prevenccedilatildeo da sauacutede e agente natildeo tem essa

oportunidade porque agente soacute trabalha com cura melhoria agente ainda

natildeo conseguiu definir esse objetivo de promover a sauacutede prevenir Agente

soacute parte do tratamento porque eu acho que esse conceito ainda falta na

populaccedilatildeo a demanda eacute muito grande entatildeo o programa de sauacutede da

famiacutelia aqui neste momentordquo

ENTREVISTA 6

A prevenccedilatildeo deveria ser uma palavra mais corrente natildeo soacute na aacuterea da sauacutede com

tambeacutem na aacuterea ambiental A expressatildeo ldquoprevenir eacute melhor do que remediarrdquo eacute quase sempre

aceita sem questionamento pois todos concordam que medidas preventivas simples devam

ser tomadas se puderem evitar consequumlecircncias graves ou de difiacutecil reparaccedilatildeo No entanto nem

todas as medidas preventivas mesmo que eficazes satildeo realizadas seja por serem de difiacutecil

implementaccedilatildeo praacutetica ou porque o risco do evento que destinam a prevenir eacute baixo Esta

afirmaccedilatildeo pode causar alguma estranheza mas eacute de faacutecil compreensatildeo ao nos depararmos

com situaccedilotildees fora da aacuterea da sauacutede

Um dos principais objetivos ao se estabelecer procedimentos preventivos eacute portanto

verificar se haacute uma boa relaccedilatildeo entre os benefiacutecios alcanccedilados na prevenccedilatildeo e os custos

envolvidos (natildeo apenas financeiros) Pode-se falar em vaacuterios niacuteveis diferentes de prevenccedilatildeo

na praacutetica em sauacutede

bull A prevenccedilatildeo primaacuteria refere-se a medidas para reduzir ou evitar a exposiccedilatildeo a

fatores de risco que satildeo associados com doenccedilas Inclui modificaccedilotildees de

haacutebitos de vida diretamente ligados agraves principais causas de mortalidade e

inclui uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e balanceada a praacutetica regular de atividade

fiacutesica evitar o consumo excessivo de aacutelcool e o tabagismo

bull A prevenccedilatildeo secundaacuteria refere-se agrave detecccedilatildeo precoce de doenccedilas em

programas de rastreamento

bull A prevenccedilatildeo terciaacuteria que satildeo as medidas que visam prevenir complicaccedilotildees

durante o tratamento de doenccedilas e que se confunde com o proacuteprio tratamento

96

Em sauacutede eacute fundamental se pensar em prevenccedilatildeo Ela facilita a vida dos usuaacuterios

inclusive evitando que as unidades hospitalares entrem em colapso devido agrave grande procura

Mas apesar da ciecircncia desse termo a sua apropriaccedilatildeo pelo brasileiro ainda eacute restrita e haacute uma

lacuna de investigaccedilatildeo do por que ainda eacute indevida O brasileiro aceita com mais agrado a

prevenccedilatildeo terciaacuteria em sauacutede em detrimento da primaacuteria

Um bom exemplo eacute o problema da Dengue Esta jaacute eacute endecircmica e potencialmente

prevenida uma vez que limitando os criadouros do Aedes aegypt se reduz a frequumlecircncia de

casos A prevenccedilatildeo no caso da dengue mesmo que conhecida natildeo eacute efetuada e quando o

veratildeo chega milhares de pessoas datildeo entradas nos serviccedilos de sauacutede para o tratamento

curativo que representa custos imensos para os usuaacuterios quanto maior for o seu descaso com

a prevenccedilatildeo

Eacute um item para se colocar sob a eacutegide da educaccedilatildeo Sim o eacute Mas a populaccedilatildeo

permanece em um letaacutergico e irritante movimento que nunca iraacute acontecer e com isso nunca

se previne E todo ano a histoacuteria se repete A dengue eacute um problema ambiental seu ciclo de

existecircncia envolve o homem e o ambiente onde vive e tem o meso como sua principal viacutetima

ldquo ah tem haver principalmente com a populaccedilatildeo A populaccedilatildeo eacute o

principal responsaacutevel pela Dengue tudo bem que os governantes deixam a

desejar com a limpeza dos valotildees essas coisas neacute Tratamento assim mas a

populaccedilatildeo ateacute hoje consegue deixar garrafa de boca pra cima caixa drsquoaacutegua

destampada entatildeo isso aiacute eacute falta de educaccedilatildeo do povo Se a populaccedilatildeo se

educasse natildeo estariacuteamos nesta situaccedilatildeo Depois de tantas mortes tanta

coisa tanta propaganda tanta notiacutecia na televisatildeo e no raacutedio as pessoas

conseguem deixar a caixa drsquoaacutegua destampada E natildeo satildeo soacute o pobre natildeo os

ricos tambeacutem neacuterdquo

ENTREVISTA 7

ldquoAqui estaacute uma epidemia jaacute morreu crianccedila adulto jovens tem muita gente

internada hoje mesmo no meu trabalho a minha professora de educaccedilatildeo

fiacutesica tava falando que um rapaz novinho taacute todo dia na padaria comprando

patildeo tava com problema de dengue internado com problema seacuterio agente

fica a parte de sauacutede principalmente agente estaacute jogado as baratas Vai

97

pro hospital natildeo tem meacutedico vai no pan natildeo tem meacutedico e aiacute pra ficar

doente passando mau

ENTREVISTA 8

ldquoAcho que a sauacutede vem desde a prevenccedilatildeo Se natildeo houver prevenccedilatildeo natildeo

haacute sauacutede Porque natildeo age soacute que a pessoa tem que a pessoa tem que fazer

aquela prevenccedilatildeo ali pra que natildeo fique doente entendeu Pra que natildeo

pegue algum tipo de viacuterus ou outra coisa Natildeo eacute soacute depois que estaacute doente

cuidar daquilordquo

ENTREVISTA 3

Jaacute o consumismo foi abordado de diversas formas

ldquoO carro eu acho assim noacutes necessitamos dele acho que o carro nos

traz mais conforto eu acho que carro eacute necessidade mas no meio ambiente

ele danifica salta gaacutes polui o ar

ldquoA mesma coisa ai satildeo celulares aparelhos que vocecirc usa pilha usa coisa

que ele danifica tambeacutem o meio ambiente por exemplo eu li uma vez por

exemplo que a ldquoguimbardquo de cigarro se vocecirc colocar ele demora para a

natureza a terra absorver duzentos anos neacute Vi tambeacutem que a garrafa

plaacutestica demora mais de 300 anos para danificar isso plaacutestico entatildeo isso eacute

ENTREVISTA 1

O consumismo eacute tratado com reservas primeiro porque as condiccedilotildees econocircmicas no

contexto deste Complexo natildeo permitem o gasto excessivo com bens materiais ou

investimentos imediatos como melhorias nas habitaccedilotildees ou itens de luxo Mesmo assim

pessoas manifestaram a necessidade de um determinado bem Articularam atraveacutes das suas

falas que conforto e consumismo podem ser dependentes E uma vez generalizando

98

sublimam as paixotildees por determinados produtos tecnoloacutegicos de ponta Mas mesmo com esse

olhar tiacutemido foi comum encontrar o consumismo associado tambeacutem agrave poluiccedilatildeo e agrave produccedilatildeo

de resiacuteduos Exemplos como o carro pilhas plaacutestico e o cigarro vecircm corroborar a ideacuteia de que

o meio ambiente sofre tambeacutem com a produccedilatildeo industrial com o consumismo mais

diretamente relacionado agrave regulaccedilatildeo do seu uso implicando seu descarte na natureza (o

ambiente da favela)

Atualmente se discute por exemplo o destino que os beneficiados pelo Programa

Bolsa Famiacutelia datildeo ao provento que recebem do Governo Federal Inclusive dentro do

Complexo onde muitas famiacutelias aderiram ao consumismo neoliberal para o qual o Governo

se propotildee como alternativa MARTINS (2008)

622 REPRESENTANDO A SAUacuteDE E O MEIO AMBIENTE

Meio ambiente e Sauacutede satildeo temas absolutamente indissociaacuteveis O ser humano eacute parte

da natureza e precisa do meio ambiente saudaacutevel para ter uma vida salubre Os danos

causados ao meio ambiente provocam prejuiacutezos agrave sauacutede e vice-versa e a existecircncia de um eacute a

proacutepria condiccedilatildeo da existecircncia do outro GRANZIERA amp DALLARI (2005)

Segundo CUNHA (2005)

O artigo 225 da Constituiccedilatildeo Federal do Brasil estipula que Todos tecircm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado bem de uso comum do povo e essencial agrave sadia qualidade de vida impondo-se ao Poder Puacuteblico e agrave coletividade o dever de defendecirc-lo e preservaacute-lo para as presentes e futuras geraccedilotildees Nota-se que o dispositivo em foco eacute categoacuterico ao afirmar que o meio ambiente ecologicamente equilibrado eacute essencial agrave sadia qualidade de vida ou seja agrave proacutepria sauacutede

Ainda no artigo 200 que trata das atribuiccedilotildees do SUS no inciso VIII a colaboraccedilatildeo e

a proteccedilatildeo do meio ambiente satildeo citados Jaacute na Lei 693881 conhecida como Poliacutetica

Nacional do Meio Ambiente que tem por objetivo a preservaccedilatildeo melhoria e recuperaccedilatildeo da

qualidade ambiental favoraacutevel agrave vida e portanto agrave sauacutede visa a assegurar condiccedilotildees ao

desenvolvimento soacutecio-econocircmico e agrave proteccedilatildeo da dignidade humana Com isso

99

juridicamente as inter-relaccedilotildees entre sauacutede e meio ambiente deixam de ser atos exclusivos de

cada esfera para tornar a ser e se perceber como natildeo excludentes

CUNHA (idem) ainda cita o art 3ordm inciso III aliacutenea a ldquopoluiccedilatildeo como a

degradaccedilatildeo da qualidade ambiental resultante das atividades que direta ou indiretamente

prejudiquem a sauacutede a seguranccedila e o bem-estar da populaccedilatildeordquo e a Lei 808090 prevecirc uma

seacuterie de accedilotildees integradas relacionadas agrave sauacutede meio ambiente e saneamento baacutesico via

consignaccedilatildeo do meio ambiente como fator condicionante para a sauacutede

A sauacutede eacute resultante das condiccedilotildees objetivas de existecircncia resulta das condiccedilotildees de

vida bioloacutegica social e cultural e particularmente das relaccedilotildees que os homens estabelecem

entre si e com a natureza Portanto ela deve ser mantida atraveacutes de mecanismos que

incrementem a qualidade de vida e natildeo somente da assistecircncia Isso exige a articulaccedilatildeo de

todos os setores sociais e econocircmicos e desta forma o direito agrave sauacutede natildeo seria o pressuposto

que apenas nortearia as poliacuteticas setoriais de sauacutede mas um elo integrador que teria de

permear todas as poliacuteticas sociais do Estado balizadas pela participaccedilatildeo inclusive de poliacuteticas

econocircmicas

Segundo a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede a sauacutede eacute um estado de completo bem estar

fiacutesico mental e social e natildeo apenas a ausecircncia de afecccedilatildeo ou doenccedila Mas nas interaccedilotildees

sociais que ocorrem na esfera social de um espaccedilo citadino esta definiccedilatildeo ainda eacute restrita

pois sauacutede tambeacutem se correlaciona com ecologia aleacutem disso sauacutede eacute um ldquoprocesso dinacircmico

que se alcanccedila na medida em que os atores sociais se articulem ou natildeo com todas as

variaacuteveis implicadas para este processordquo FIOCRUZ (2001)

O tema ldquoO homem sua sauacutede e o ambiente em que ser viverdquo eacute oportuno pois fornece

uma reflexatildeo a respeito desta faceta ambiental que envolve sauacutede e o ser humano como

objeto de estudo ainda mais quando natildeo se nega a sua participaccedilatildeo social como fator

limitante da sua sauacutede

Para Sauacutede e Meio ambiente as representaccedilotildees sociais foram

bull Equiliacutebrio Fiacutesico-Mental sentir-se saudaacutevel viver bem limpeza de onde se vive

bull Esgoto saneamento vala negra lixo casa lugar onde se vive aacutegua e Ar

desde as lideranccedilas ateacute moradores comuns a definiccedilatildeo claacutessica de sauacutede foi percebida

quase que unacircnime como revelada nas falas

100

ldquoEquiliacutebrio fiacutesico e mental pra mim sauacutede eacute isso equiliacutebrio fiacutesico e

mental Quando eu falo fiacutesico e mental vocecirc eacute uma pessoa saudaacutevel se vocecirc

tem um equiliacutebrio fiacutesico neacute Eu to bem fisicamente mentalmente eu to bemrdquo

ENTREVISTA 1

- Sauacutede eacute o bem estar fiacutesico e mental neacute Boa alimentaccedilatildeo higiene eacute o

estado de espiacuterito perfeito neacute A pessoa sem sauacutede eacute nada entatildeo pra se ter

sauacutede tem que ter boa alimentaccedilatildeo acompanhamento meacutedico

ENTREVISTA 7

ldquo Bem estar fiacutesico e mental de cada pessoardquo

ENTREVISTA 6

ldquosobre tudo condiccedilatildeo socialrdquo

ENTREVISTA 6

ldquoeacute difiacutecil vocecirc falar em cima dessas para mim essa abrange tudo natildeo tenho

que acrescentar a isso Agora eu acho que vocecirc pode natildeo necessariamente

estar bem psicologicamente para mim eacute o mesmo que estar psicologicamente

para ela pode ser diferente Eu acho que isso pode ser nivelado eu acredito

natildeo eacute a mesma coisa pra todo mundo Natildeo tem como vocecirc dizer que todo

mundo vai ter o niacutevel de sauacutede igual vai achar a mesma coisa Vocecirc pode

dizer a mesma coisa mas na verdade natildeo acha a mesma coisardquo

ENTREVISTA 6

O que seria equiliacutebrio fiacutesico-mental para aquelas pessoas Primeiramente um termo

usado com frequumlecircncia na definiccedilatildeo claacutessica de sauacutede Mas natildeo eacute soacute isso pois haacute um

entendimento de que sauacutede natildeo se liga somente ao estado fiacutesico Os processos de cogniccedilatildeo

tambeacutem satildeo passiacuteveis de serem caracterizados por serem ou natildeo saudaacuteveis onde se inclui

101

tambeacutem o humor e o estado de espiacuterito A fala deste entrevistado natildeo eacute muito definidora mas

revela a importacircncia de se estar bem mentalmente para se ter sauacutede

ldquoEu to bem fisicamente mentalmente eu to bemrdquo

ENTREVISTA 1

A construccedilatildeo do ldquoestar bem mentalmenterdquo tambeacutem subsidiada pela dinamicidade do

processo que eacute a sauacutede eacute na verdade um equiliacutebrio dinacircmico tanto mais precaacuterio quanto

maiores forem agraves necessidades baacutesicas incompletas

Aleacutem do ldquoestar bem mentalmente e estar bem fisicamenterdquo sauacutede eacute tambeacutem saber

gerir seu local de moradia que envolva cuidado higiene ldquolimpezardquo e o cuidado com o

proacuteximo (depoimento sobre a dengue)

Segundo as entrevistas a participaccedilatildeo social eacute precaacuteria apesar de as associaccedilotildees de

moradores tentarem congregar todo o Complexo muito dos seus moradores ainda continuam

sem participaccedilatildeo E a dinacircmica dessa participaccedilatildeo eacute um universo que varia desde oposiccedilatildeo

direta aos representantes nomeados pelas associaccedilotildees agrave aquele morador que natildeo participa e

natildeo se fazer ouvir mas assim acaba beneficiando se passivamente das poliacuteticas puacuteblicas e

das tomadas de decisotildees

Ter sauacutede eacute tambeacutem ocupar os espaccedilos puacuteblicos Eacute ter garantido o direito de ir e vir

uma vez que moram ao lado de grandes linhas de deslocamento como eacute o caso da Avenida

Brasil e a Linha 2 do Metrocirc

Ter sauacutede eacute contar com a participaccedilatildeo de ONGrsquos que promovem o cuidado dentro das

suas aacutereas de atividades Muitas delas funcionam como se fosse uma extensatildeo da famiacutelia pois

pelo conviacutevio e aceitaccedilatildeo muitas crianccedilas tecircm a oportunidade de aprender alguma cultura de

massa e preparar-se para o mercado de trabalho Como eacute o caso das atividades do Centro de

Estudos e Atendimento Satildeo Domingos Saacutevio e o Centro Social Futuro Feliz ambos situados

no Complexo

Ter sauacutede eacute tambeacutem depender do poder puacuteblico para que se limpem as ruas vielas e o

rio para que se cortem as aacutervores que estatildeo caindo sobre as casas para que se decirc uma soluccedilatildeo

para a questatildeo da dengue disponibilizado leitos hospitalares e meacutedicos

Em uma das visitas de campo foi possiacutevel deparar-se com uma equipe de combate a

dengue Em conversa com um membro da equipe foi perguntado sobre a demanda Foi

informado que a quantidade de focos para o desenvolvimento da larva do mosquito eacute

102

absurdamente elevado e que piorando a situaccedilatildeo os moradores natildeo se importam em combatecirc-

los por vezes impedindo o acesso da equipe a estes focos

Ter sauacutede eacute tambeacutem ter emprego ter salaacuterios dignos meios de transportes comida

abrigo de sol e chuva de ter raiacutezes seus iacutedolos sua muacutesica eacute ter uma referecircncia

A experiecircncia deste autor em sauacutede somada a alguns anos de praacutetica hospitalar fez ver

a correlaccedilatildeo entre doenccedilas e o ambiente Vaacuterias satildeo as doenccedilas capazes de incidir sobre as

populaccedilotildees a grande maioria delas estaacute relacionada com a degradaccedilatildeo humana e ambiental

das localidades onde se vive

As doenccedilas podem ter curso raacutepido e fatal como tambeacutem podem levar a cronicidade

Exemplo de doenccedila de raacutepida evoluccedilatildeo eacute a Meningite bacteriana e no oposto a ela a

Hanseniacutease ou o diabetes Haacute doenccedilas que satildeo transmitidas por via hiacutedrica outras por via oro-

fecal outras provocadas pela poluiccedilatildeo do ar tantas outras por inalaccedilatildeo de produtos quiacutemicos

causadoras alteraccedilotildees geneacuteticas Algumas se relacionam ao trabalho ao descuido com

equipamentos de proteccedilatildeo Muitas favorecidas pela deficiecircncia alimentar ou a ignoracircncia Mas

todas tecircm uma linha em comum usam o espaccedilo geograacutefico para acontecerem

Um grande nuacutemero de pessoas vive hoje em dia em aacutereas degradadas Estas podem ser

por desmatamento contaminaccedilatildeo do ar ou do solo aacuterea densamente povoadas com

problemas relativos agrave violecircncia ou a seguranccedila puacuteblica Outras aacutereas podem ter industrias

poluentes no entorno ou rios ou lagos eutrofizados estes ambientes de moradia tambeacutem

podem estar nas margens das rodovias ou ferrovias Pela caracterizaccedilatildeo geograacutefica do

Complexo de Favelas Acari eacute significativo o impacto desses paracircmetros agrave sauacutede do morador

A pressatildeo do aumento populacional e da exploraccedilatildeo imobiliaacuteria associada agrave rede

deficitaacuteria de transportes puacuteblicos ou as oportunidades de mercado de trabalho tecircm levado

uma grande maioria de pessoas a habitar aacutereas degradadas Isto pode revelar uma faceta cruel

para esses habitantes

O ambiente degradado por natildeo oferecer vantagem econocircmica e muito menos ser

atraente agrave exploraccedilatildeo imobiliaacuteria tem um preccedilo de uso do solo muito menor do que outras

aacutereas da cidade Geralmente eacute para laacute que parcelas significativas da populaccedilatildeo migram e

estabelecem residecircncia pois encontram casas barracos terrenos em condiccedilotildees que podem

comprar alugar ou mesmo ocupar Muitas das vezes satildeo preacutedios abandonados natildeo chegando a

constituir favela e sim invasotildees

Esses espaccedilos ambientais escondem uma dura rotina Falta saneamento transporte

espaccedilo e seguranccedila para lazer escola e atendimento em sauacutede Por vezes satildeo aacutereas

alagadiccedilas

103

A faceta cruel da realidade eacute o custo social que seus moradores tecircm quando pertencem

a esse espaccedilo ambiental Um dos entrevistados mostrou sua indignaccedilatildeo ante a degradaccedilatildeo

ambiental em que vive uma realidade vivencia do mesmo Complexo

ldquoEntatildeo vou dizer laacute da beirada do rio se vocecirc for a beirada do rio de Acari

depois do hospital vocecirc vai dizer que poliacutetico eacute esse que temos nesse

municiacutepio se entra laacute eu tava com chinelo de dedo e fui laacute procurar um

menino aconteceu um acidente uma rato mordeu aqui nele (no rosto) na

mulher tambeacutem (braccedilo) eu fui laacute entrei nos meus dedos tinha aquela lama

preta e dentro de casa natildeo eacute cimento natildeo eacute chatildeo batido uacutemido que as

pessoas botam tapete que eles encontram no lixo taacutebua ou papelatildeo Levo

quem quiser laacute eu falo pra poliacutetico eu levo laacute eu levo aquilo tudo imundo

cheio de verminose as crianccedilas descalccedilas eu vejo isso no meio do complexo

de Acari se vocecirc procurar nos becos da favela se anda aiacute se vecirc muito coco

de animais aqui natildeo se vecirc crianccedilaeacute porco cabrito gato cachorro tudo

faz por aiacute e as crianccedilas brincando mesmo com a favela bairro mal feita

ainda tem lugares que ta faltando aacutegua natildeo tem aacutegua potaacutevel na hora que

fez favela bairro tirou um cano novo botou um velho soacute que o velho neacute O

novo natildeo passa aacutegua e o velho tambeacutem Umas pessoas tecircm aacutegua outros

lugares aqui na rua do viaduto cansam de reclamar isso e os proacuteprios

bueiros mal feitos neacute Quando tem uma chuva bem forte os bueiros natildeo satildeo

limpos que o gari daqui vocecirc sabe limpar as ruas eu que vejo os garis de

outros lugares que eles limpam os bueiros tambeacutem de outro lugar vocecirc em

outro lugar a diferenccedila limpam as ruas do Meacuteier lavam as ruas aqui nem

em dia de feira lavam as ruasentatildeo vocecirc vecirc a diferenccedila disso tudo Se vocecirc

andar no conjunto de manhatilde esse conjunto aqui vocecirc vai ver de copo

descartaacutevel papel que jogamah se vocecirc se andar nas ruas becos vocecirc vecirc

muita sujeira os gari acabam de limpar e se eles voltarem duas horas

depois estaacute tudo sujo

ENTREVISTA 1

Dentre as diversas doenccedilas em curso hoje solo brasileiro o Ministeacuterio da Sauacutede

pontua algumas como doenccedilas de notificaccedilatildeo compulsoacuteria E para isso se utiliza do SINAN ndash

104

Sistema Nacional de Agravos de Notificaccedilatildeo onde atraveacutes dele armazena e processa os dados

referentes a essas doenccedilas O SINAN tem a finalidade de com as informaccedilotildees geradas

contribuir para orientar e monitorar as intervenccedilotildees dos serviccedilos e reduzir a transmissatildeo e

aquisiccedilatildeo das doenccedilas Trabalha com a detecccedilatildeo de agravos coletivos em condiccedilotildees especiais

de risco e vulnerabilidade A porta de entrada para esses dados satildeo as unidades de sauacutede

como postos de sauacutede hospitais e o Programa de Sauacutede da Comunidade quando natildeo

campanhas de sauacutede na proacutepria comunidade

Segundo o SINAN deve ser preenchido um formulaacuterio especiacutefico para cada doenccedila e

essa notificaccedilatildeo eacute obrigatoacuteria As doenccedilas de notificaccedilatildeo obrigatoacuterias satildeo

Fonte Centro Nacional de Epidemiologia

Fica a cargo da Secretaria Municipal de Sauacutede gerir os dados relativos a essas e muitas

outras doenccedilas e repassaacute-los ao Ministeacuterio da Sauacutede Como exemplo se utilizou de dados do

Serviccedilo de Epidemiologia da Secretaria Municipal de Sauacutede do Rio de Janeiro

A proacutepria Secretaria em seu site fornece algumas tabulaccedilotildees de dados Eles estatildeo

atualizados ateacute o ano de 2006 Os anos de 2007 e 2008 apesar de jaacute terem dados suficientes

descoberta de novos casos natildeo estatildeo disponiacutevel pois se encontram ainda em fechamento

As tabelas de 2-B a 7-B mostram em niacuteveis a incidecircncia da doenccedila ou agravo O

primeiro niacutevel eacute o Municiacutepio do Rio de Janeiro seguido da aacuterea de planejamento da sub-aacuterea

e por fim o bairro Porque mostrar desta forma Para que haja uma comparaccedilatildeo dos casos da

doenccedila ou agravo levando em conta o contexto e as aacutereas no entorno Assim se consegue

105

perceber se a doenccedila ou agravo eacute local ou haacute casos espalhados pelo extenso territoacuterio do

Municiacutepio

A aacuterea de planejamento eacute uma definiccedilatildeo organizacional caracteriacutestico de cada

Secretaria em Sauacutede o Municiacutepio do Rio de Janeiro eacute dividido em cinco aacutereas Jaacute a aacuterea de

planejamento eacute subdividida em aacutereas menores ficando o bairro Acari pertencendo a AP 33

dentro da sub-aacuterea XXV que eacute Pavuna Entatildeo por esta estratificaccedilatildeo tenta-se mostrar a

incidecircncia de algumas doenccedilas ou agravos

A tabela 8-B mostra tambeacutem que a quantidade de casos de agressatildeo por animais

domeacutesticos eacute elevada para aquela comunidade Isto se deve ao fato de que haacute uma expressiva

populaccedilatildeo destes animais naquela comunidade muitos dos quais vivem nas ruas A

permissibilidade de se ter catildees ou gatos sem nenhuma responsabilidade do proacuteprio dono eacute

caracteriacutestico de aacutereas de baixo poder aquisitivo O que no final acaba promovendo episoacutedios

de agressatildeo principalmente agraves crianccedilas Pois se sabe que os casos notificados natildeo

correspondem agrave realidade uma vez que os adultos satildeo muito refrataacuterios na notificaccedilatildeo dos

casos de mordedura ou ateacute mesmo um arranhatildeo com animais domeacutesticos Como o Complexo

como um todo tem muitos problemas de higiene e controle da sua populaccedilatildeo de animais a

questatildeo ndash animal domeacutestico tem que ser estudada com atenccedilatildeo ainda mais que natildeo satildeo soacute

estes animais os privilegiados para dividirem o restrito espaccedilo com o ser humano haacute outros

como caprinos e suiacutenos que foram mencionados nas entrevistas Logo disponibilizar dados

referentes a estes ldquomoradoresrdquo tambeacutem assume uma importacircncia de modo que sejam

executadas intervenccedilotildees como a remoccedilatildeo do agravo

Um grande problema de difiacutecil resoluccedilatildeo para os moradores do Complexo de Acari eacute a

reduccedilatildeo da sua populaccedilatildeo de roedores ndash rattus sp Estes animais assim como mosquitos

moscas e as baratas tornaram-se bem adaptados por encontrarem alimento em abundacircncia

que proveacutem do desperdiacutecio e da sujidade Consequumlentemente o ambiente urbano tem uma

imensa populaccedilatildeo que traz tantos outros problemas para o ser humano A convivecircncia com

estes animais natildeo eacute nem de longe uma ato saudaacutevel

Um grande problema enfrentado eacute a leptospirose Uma vez que o rato esteja infectado

com a bacteacuteria Leptospira sp ele pode liberaacute-la atraveacutes da urina no ambiente O ambiente

mais comum de se encontrar ratos satildeo os esgotos forros de teto dentro de colchotildees dentro de

fogotildees torna-se faacutecil com isto relacionar a probabilidade que o ser humano tem de ser

contaminar-se e adoecer de leptospirose ndash uma zoonose Haacute risco de ocorrecircncia ampliado

quando haacute enchentes produzidas por chuvas intensas Pois por soluccedilatildeo de continuidade a

106

aacutegua do esgoto que pode estar contaminada eacute a mesma aacutegua que iraacute invadir as ruas e ateacute

mesmo as casas

O controle das populaccedilotildees de vetores eacute feito pela Vigilacircncia Sanitaacuteria Municipal O

municiacutepio do Rio de Janeiro atraveacutes do Decreto Municipal nordm 6235 de 30 de outubro de

1986 aprova o Regulamento da Defesa e Proteccedilatildeo da Sauacutede no tocante a alimentos e agrave

higiene habitacional e ambiental Mas natildeo trata diretamente quando o assunto eacute o rattus sp

Em 2007 estava tramitando na cacircmara dos vereadores um Projeto de Lei que enfocava

diretamente o rattus spcomo um animal portador de doenccedilas e causador de prejuiacutezos para a

economia local Nesta proposta de Lei Municipal houve uma tentativa de instituir a 3ordf semana

do mecircs de maio como a Semana de Combate aos ratos Este Projeto de Lei foi sancionado e

publicado no Diaacuterio Oficial do Municiacutepio no dia 08 de janeiro de 2008 criou-se entatildeo a Lei

Municipal nordm 474208 que institui no calendaacuterio oficial do municiacutepio do Rio de Janeiro a

semana de combate aos ratos

Para os moradores do Complexo de Acari

Ratos Aqui tem uma epidemia de rato rato mesmo subindo pelas paredes

Aqui tem muito rato muita umidade tem apartamento muito uacutemidordquo

ENTREVISTA 8

ldquoJaacute tatildeo jogando lixo ali no certo eacute eles colocar a noite que o cara passa

para recolher aquele lixo ajunta o quecircmosquito ratordquo

ENTREVISTA 10

ldquoE ali proacuteximo a Praccedila Roberto Carlos quando chove aquelas chuvas

intensas muitas casas ficam inundadas muitas residecircncias vamos dizer

assimrdquo

ENTREVISTA 11

As representaccedilotildees sociais ldquoesgoto e saneamentordquo se abordaraacute ao mesmo tempo pois

nas suas falas haacute uma linha tecircnue que faz deslocar a temaacutetica para um mesmo objeto A

107

percepccedilatildeo que se tem do esgoto e do saneamento se mescla com a proposta de o Estado

intervir levando melhorias urbaniacutesticas atraveacutes de uma das suas poliacuteticas puacuteblicas

intervencionistas ndash o Favela-Bairro

Segundo um entrevistado o Complexo de Acarai era

ldquoAcari era um peixe que vivia no lamaccedilal na imundicerdquo

ENTREVISTA 5

Entatildeo chegou o Favela-Bairro e com ele a modificaccedilatildeo do ambiente com a abertura de

ruas as vielas foram pavimentadas houve a proposta de centralizaccedilatildeo do despejo do lixo a

instituiccedilatildeo do Gari Comunitaacuterio a participaccedilatildeo dos Guardiotildees do Rio e a transformaccedilatildeo de

um posto de sauacutede em Programa de Sauacutede da Famiacutelia Mas infelizmente quanto a essa

iniciativa do Estado alguns moradores entrevistados deixam transparecer suas criacuteticas

ldquoO governo trouxe o favela bairro o que aconteceu A aacutegua Quando chove

o esgoto volta para casa das pessoas E a aacutegua Fica difiacutecil tambeacutem a aacutegua

que os moradores para ter aacutegua tem que ter bomba porque sem bomba fica

sem aacuteguardquo

ENTREVISTA 6 O problema da aacutegua no complexo de Acari assume uma importacircncia fundamental para

a manutenccedilatildeo do seu meio ambiente de modo a satisfazer suas necessidades baacutesicas Para uma

comunidade que tem forte histoacuteria de racionamento de aacutegua mesmo com as obras do favela-

bairro ainda se encontra pelas diversas casas o estoque de aacutegua em latotildees muita das vezes

bastante enferrujados baldes e bacias Isso prejudica na lavagem da louccedila dos forros de

cama no asseio do corpo no preparo dos alimentos e na ingestatildeo de aacutegua potaacutevel

ldquoPorque conscientizaccedilatildeo se demora muito neacute Vocecirc conscientiza uma

pessoa a pessoa entender isso Que agente pode ter divergecircncia de ideacuteia ou

achar que temos que beber aacutegua filtrada e a moradora dizer pra mim natildeo

eu bebo a aacutegua do latatildeo haacute vinte anosrdquo

ENTREVISTA 1

108

Ambientalmente o problema das aacuteguas estaacute se tornando um pesadelo para os seus

moradores Primeiro porque assim como qualquer outro lugar no Rio de Janeiro estatildeo

enfrentando um surto de dengue que com uma ajuda substancial das chuvas tem gerado um

boom na proliferaccedilatildeo de mosquitos Segundo porque a aacutegua tratada e distribuiacuteda pela

CEDAE natildeo chega para todos obrigando-os agrave estocagem

ldquo tem lugares que ta faltando aacutegua natildeo tem aacutegua potaacutevel na hora que fez

favela bairro tirou um cano novo botou um velho soacute que o velho neacute O

novo natildeo passa aacutegua e o velho tambeacutem Umas pessoas tecircm aacutegua outros

lugares natildeo Aqui na rua do viaduto cansam de reclamar issordquo

ENTREVISTA 1

ldquoO pessoal tem que acordar de madrugada para poder lavar roupardquo

ENTREVISTA 6

ldquoEstamos sem aacutegua ontem mesmo natildeo teve nem aula na creche porque

natildeo tinha aacutegua as matildees precisam trabalhar quem tem as crianccedilas na

creche para poder trabalhar teve que voltar com as crianccedilas pra casa

porque natildeo tinha nem aacutegua como iam fazer comida A diretora chegou na

escola natildeo tinham nem uma gota de aacutegua a CEDAE esquece da

gentechama faz pedidoagraves vezes o R tem que sair daqui para apanhar a

CEDAE laacute nao caminhatildeo da CEDAE laacute napra pegar o caminhatildeo para

trazer aquiaqui felicidade eacute poucordquo

ENTREVISTA 9

O Rio Acari eacute o curso drsquoaacutegua que separa os bairros de Acari e Parque Coluacutembia cursa

os bairros de Marechal Hermes Barros Filho Coelho Neto Pavuna Acari Parque Columbia

e Jardim Ameacuterica onde desaacutegua no rio Pavuna Seus afluentes satildeo rio Marangaacute rio

Sapopemba rio das Pedras e Arroio dos Afonso Este rio faz parte da Bacia Hidrograacutefica do

rio Meriti contribuinte agrave bacia da baiacutea de Guanabara

109

A drenagem do esgoto do bairro de Acari inclusive do Complexo eacute feito atraveacutes de

ligaccedilotildees diretas encaminhadas para o rio principalmente na favela Beira Rio como tambeacutem

pela Vala da Favela do Acari que eacute um curso drsquoaacutegua com 750 metros de extensatildeo que cursa

junto a Rua Uniatildeo Uma outra parte eacute escoada pelo Canal do CEASA

Pelo crescente processo de urbanizaccedilatildeo daquela regiatildeo ao longo dos anos o ambiente

natural foi praticamente modificado pela accedilatildeo antroacutepica que contribuiu e causou quadros

graviacutessimos de degradaccedilatildeo ambiental Inclusive pela permissividade do Estado por lhe faltar

mecanismos coibitivos seguros capazes de organizar a ocupaccedilatildeo e uso do solo A praacutetica da

degradaccedilatildeo ambiental tem causado problemas como

1) Ocorrecircncia de enchentes catastroacuteficas

2) Ocorrecircncia de inuacutemeros surtos de doenccedilas de veiculaccedilatildeo hiacutedrica

3) Erosatildeo das margens assoreamento e obstruccedilatildeo dos cursos daacutegua pelo

lanccedilamento de resiacuteduos soacutelidos e uso indevido do solo ateacute mesmo a ocupaccedilatildeo

dos terrenos marginais e a construccedilatildeo de aterros para instalaccedilatildeo de moradias

inclusive do tipo palafitas

4) Conflitos de uso da aacutegua

O sistema de drenagem pluvial eacute deficitaacuterio mesmo com a obra do Programa Favela-

bairro pois segundo seus moradores

ldquo e aliacute proacuteximo a praccedila Roberto Carlos quando chove aquelas chuvas

intensas muita casa fica inundada muitas residecircncias vamos dizer assimrdquo

ENTREVISTA 11

Um problema relacionado a essa drenagem ineficiente eacute o proacuteprio uso indiscriminado

do solo Haacute tantas moradias construiacutedas uma ao lado da outra que praticamente natildeo haacute solo

disponiacutevel para drenagem causando uma impermeabilizaccedilatildeo do solo Algumas das ruas pelo

menos as de maior circulaccedilatildeo pavimentadas contribuem para o acuacutemulo da aacutegua com

consequumlente inundaccedilatildeo das casas

Ateacute mesmo na Vala da Favela de Acari o fenocircmeno do transbordamento do seu leito eacute

bastante comum quando chove muito causando transtorno e prejuiacutezo para os moradores

daquela localidade

110

Outro grave problema ambiental percebido nas suas representaccedilotildees foi o descarte de

lixo no proacuteprio rio Acari e na Vala da Favela de Acari Os resiacuteduos soacutelidos natildeo escoam

facilmente com o volume de aacutegua encontrado em periacuteodos natildeo chuvosos Isto eacute devido agrave

baixa vazatildeo do rio assim o lixo vai se acumulando e formando ldquoilhasrdquo Com a vazatildeo

aumentada por conta das chuvas o lixo acumulado obstrui a circulaccedilatildeo da aacutegua alagando as

residecircncia no seu entorno e impedindo a drenagem da aacutegua da Vala da Favela de Acari

levando esta a seu transbordamento

ldquoEu ateacute discuto isso muito em que tem que orientar os moradores a natildeo

jogar as coisas que eles natildeo usam mais no rio e eles acabam jogando e daacute

enchente e enchente vaacuterios barracos na beirada do rio vatildeo ser levadas

vaacuterias famiacutelias eacuteflageladas sem onde morar vocecirc vecirc que baixa a enchente

as pessoas voltam a morar a fazer seus barracos e continuam jogando seus

detritosrdquo

ENTREVISTA 1

Os Guardiotildees do Rio satildeo moradores da proacutepria comunidade satildeo recrutados pela

Secretaria Municipal de Meio Ambiente atraveacutes do Programa de Valorizaccedilatildeo Ambiental de

Rios e Lagoas com a finalidade de recuperaccedilatildeo dos corpos drsquoaacutegua do Municiacutepio No

Complexo de Acari eles tecircm realizado a limpeza do rio retirando o lixo que uma vez

depositado viram barreiras ao escoamento da aacutegua inclusive carcaccedila de carros

ldquoVocecirc vecirc o rio Acari hoje melhorou um pouco por que existe os guardiotildees

do rio Satildeo homens que satildeo pagos pela prefeitura pela meio ambiente que eacute

da secretaria do meio ambiente que eacute daqui da prefeitura que faz a limpeza

do rio dos detritos que os proacuteprios moradores jogam no riordquo

ENTREVISTA 1

Natildeo haacute tratamento de aacutegua o esgoto do Complexo de Acari eacute todo lanccedilado ldquoin naturardquo

para dentro do rio Acari Este recebe esgoto sanitaacuterio ainda dos seus afluentes e na regiatildeo do

Distrito Industrial de Honoacuterio Gurgel e Coelho Neto passa a captar efluentes industriais

111

Logo depois de desaguar no Rio Pavuna 1600m a jusante encontra-se a Estaccedilatildeo de

Tratamento e Esgoto Pavuna jaacute na altura do Jardim Ameacuterica Esta estaccedilatildeo tem capacidade

para processar 1000 ls com 400 km de rede (Fig 5-B)

Natildeo se pode deixar de enunciar aqui a presenccedila de um grande hospital dentro do

Complexo Chamado de Hospital Ronaldo Gazolla ainda se encontra fechado Eacute ma imensa

estrutura que promete atendimento secundaacuterio e terciaacuterio em sauacutede Mas tamanha capacidade

de procedimentos traz consequumlentemente grandes impactos ambientais Este hospital tem

capacidade de congregar moradores tanto das regiotildees norte e oeste do Municiacutepio do Rio de

Janeiro quanto da Baixada Fluminense assim gerando problemas com o aumento de

circulaccedilatildeo humana na localidade

Outra situaccedilatildeo eacute o aumento da carga de dejetos provenientes do hospital para dentro

do Rio Acari Muitos desses aleacutem de serem dejetos humanos com alta carga bacteriana multi-

droga resistentes satildeo constituiacutedos tambeacutem por aacutegua de lavagem de materiais contaminados

dejetos de limpeza de superfiacutecies e pisos misturados a soluccedilotildees desinfetantes aacutegua de

lavanderia aacuteguas das caldeiras os resiacuteduos de procedimentos do centro ciruacutergico dos

ambulatoacuterios do laboratoacuterio de anaacutelises cliacutenicas e anatomopatoloacutegico Soacute desses dois uacuteltimos

devido a grande quantidade de substacircncias reagentes empregadas apresentam quantidades

consideraacuteveis de fenoacuteis aacutecidos e produtos enzimaacuteticos gerados nas reaccedilotildees bioquiacutemicas

BRATFICH (2008)

A RDC 5002 da ANVISA dispotildee sobre o Regulamento Teacutecnico para planejamento

elaboraccedilatildeo e avaliaccedilatildeo de projetos fiacutesicos de estabelecimentos assistenciais de sauacutede Ela

normatiza inclusive o esgoto hospitalar orientando a natildeo descarga do esgoto hospitalar ldquoin

naturardquo nos corpos hiacutedricos que no caso do Hospital Ronaldo Gazolla o rio Acari Dentre os

itens a RDC aborda as Caixas de Separaccedilotildees de mateacuterias usuais e as especiacuteficas para material

quiacutemico em atividade como gordura produtos de lavagem separaccedilatildeo de gesso fixadores e

reveladores de equipamentos de imagem Esta RDC prevecirc que uma vez o esgoto sendo

tratado poderaacute ser lanccedilado na rede de esgoto implantada normalmente

A Lei 943397 institui a Poliacutetica Nacional de Recursos Hiacutedricos cria o Sistema

Nacional de Gerenciamento de Recursos Hiacutedricos e regula o inciso XIX do art 21 da

Constituiccedilatildeo Federal e altera o art 1ordm da Lei 800190 que modificou a Lei 799089 Ela

estabelece que a aacutegua eacute de domiacutenio puacuteblico limitado dotado de valoraccedilatildeo econocircmica Esta

Lei estabelece a outorga pelo uso dos recursos hiacutedricos inclusive usos que alterem a

quantidade e a qualidade da aacutegua existente em um corpo de aacutegua

112

Aleacutem desta lei federal lei estadual 323999 institui a poliacutetica estadual de Recursos

Hiacutedricos criando assim o sistema estadual de gerenciamento de recursos hiacutedricos

regulamentando o artigo 261 paraacutegrafo 1ordm inciso VII Como nota-se o Brasil eacute eficiente em

sua legislaccedilatildeo ambiental mas o que se torna preocupando eacute a fiscalizaccedilatildeo que se tem emabasa

em todos os dispositivos coibitivos e organizacionais de que dispotildee o sistema juriacutedico

ambiental brasileiro

Existem outras formas de poluiccedilatildeo que podem alterar a qualidade de vida dos

moradores do Complexo e estas podem ter origem no seu ambiente externo tais como a

degradaccedilatildeo da qualidade do ar

O limite sul do Complexo de Acari se situa nas margens da Avenida Brasil que

diariamente tem um fluxo da ordem de 200000 veiacuteculos por dia Esse fluxo intenso impacta

tambeacutem o meio ambiente causando problemas sobre as populaccedilotildees do entorno Eacute estimado

que 60 da poluiccedilatildeo atmosfeacuterica na regiatildeo das grandes cidades satildeo decorrentes dos veiacuteculos

automotores de acordo com o site AMBIENTEBRASIL e que apesar dos dispositivos na

resoluccedilatildeo CONAMA 00390 a Lei 253996 das campanhas governamentais da participaccedilatildeo

das empresas fabricantes de combustiacuteveis o Brasil tem ainda uma frota de carro bastante

antiga com motores de baixo rendimento e problemas como de escapamento

Associado ao produto do escapamento dos motores automotivos que circulam pela

Avenida Brasil e pela Avenida Automoacutevel Clube os moradores do Complexo tambeacutem sofrem

com a poluiccedilatildeo industrial promovida pelas induacutestrias localizadas no parque industrial de

Honoacuterio Gurgel

Segundo o site SITEENGENHARIA o Municiacutepio do Rio de Janeiro fica em segundo

lugar de um ranking de 15 cidades que mais libera material particulado na atmosfera

perdendo somente para a cidade de Satildeo Paulo

A resoluccedilatildeo supracitada do CONAMA estabelece alguns conceitos para a poluiccedilatildeo do

ar

ldquoPara os efeitos desta Resoluccedilatildeo ficam estabelecidos os seguintes conceitos I ndash Padrotildees Primaacuterios de Qualidade do Ar satildeo as concentraccedilotildees de poluente que ultrapassadas poderatildeo afetar a sauacutede da populaccedilatildeo II ndash Padrotildees Secundaacuterios de Qualidade do Ar satildeo as concentraccedilotildees de poluentes abaixo das quais se prevecirc o miacutenimo efeito adverso sobre o bem-estar da populaccedilatildeo assim como o miacutenimo dano agrave fauna agrave flora aos materiais e ao meio ambiente em geralrdquo

113

Essa poluiccedilatildeo faz com que durante os meses mais frios por exemplo de maio a

setembro haja a incidecircncia de diversas doenccedilas respiratoacuterias e os gastos com a sauacutede atingem

cifras de milhotildees de reais Autores como MOTTA et ali (1998) propuseram algumas formas

de se valorar os impactos causados pela poluiccedilatildeo atmosfeacuterica na sauacutede humana onde utilizou

metodologias como o Meacutetodo de Valoraccedilatildeo Contingente na busca por estimar a disposiccedilatildeo a

pagar pela reduccedilatildeo da incidecircncia de doenccedilas e do risco de morte o da produtividade marginal

na qual se estima a produccedilatildeo sacrificada do trabalhador associada ao dano ambiental o

mercado de bens substitutos onde se faz uma avaliaccedilatildeo com base em recursos econocircmicos

que foram direcionados para mitigar os problemas causados pela degradaccedilatildeo ambiental a

abordagem da produccedilatildeo sacrificada dos anos e vida perdidos que eacute baseada na teoria do

capital humano

Outro problema que reflete na sauacutede dos seus moradores eacute a elevada temperatura

ambiental por falta de aacutereas verdes e ruas arborizadas Em um complexo de favelas este fato

eacute tiacutepico pois haacute um aglomerado de casas que como jaacute foi dito anteriormente natildeo sobra

espaccedilo para se ter quintal As aacutereas de lazer dentro do Complexo satildeo basicamente formadas

por concreto (Figs 6-B e 7-B) Haacute um predomiacutenio de vielas em lugar de ruas E isso

associado agrave falta de espaccedilo impede programas de arborizaccedilatildeo

A elevada temperatura aumenta o metabolismo corporal acelera as funccedilotildees

enzimaacuteticas e traz desconforto para e exacerbaccedilatildeo de doenccedilas crocircnicas como a Hipertensatildeo

Arterial o Diabetes Mellitus Aleacutem disso aumenta o nuacutemero de insetos e promove a

proliferaccedilatildeo bacteriana em locais sujos e sem cuidado Inclusive torna-se um problema

alimentar para aqueles que natildeo dispotildeem de refrigerador para conservar seus alimentos

63 A CRISE ECOLOacuteGICA NA BUSCA POR CIDADANIA

A crise ecoloacutegica hoje em curso eacute produto de uma cultura global desenvolvida e

aceita mesma que natildeo unacircnime Envolve as diversas sociedades trazendo problemas

globalmente localizados que ao longo dos anos tecircm se tornado entraves para a

autodeterminaccedilatildeo dos povos Em seu bojo encontram-se as contradiccedilotildees que levam agrave

associaccedilatildeo de ideacuteias e dos conceitos dominantes que segundo DIAS (1996) funciona como

um pacto chamado ndash modelo de desenvolvimento pelos altos requerimentos energeacutetico

114

materiais A crise ecoloacutegica eacute perversa em se tratando de meio ambiente urbano A Fig 9-b

traz uma percepccedilatildeo das aacutereas de interseccedilatildeo que a crise ecoloacutegica estaacute representada

A cidade no contexto do presente trabalho eacute o constituinte principal eacute onde se

desenvolve-se toda a gama de conflitos envolvendo seus moradores e seu entorno Satildeo

milhares de pessoas afetadas diariamente na troca que estabelecem consigo mesmas e com o

exterior que por sua vez tambeacutem o eacute de outro O campo tambeacutem tem problemas parecidos

mas se optou aqui trabalhar com o segmento ndash cidade

DIAS (idem) afirma que as cidades estatildeo doentes para ele a desordem nas cidades

que eacute acoplada a modelos de desenvolvimento predatoacuterios e autofaacutegicos conduz pessoas agrave

fome e a condiccedilotildees deploraacuteveis Pobreza desemprego doenccedila crime poluiccedilatildeo etc sempre

estiveram presentes nos centros urbanos desde o surgimento das primeiras cidades mas nos

paiacuteses em desenvolvimento o crescimento populacional eacute explosivo o planejamento eacute pontual

e natildeo abrange a todos a industrializaccedilatildeo eacute desestruturada e poluidora haacute incompetecircncia

administrativa haacute corrupccedilatildeo tudo desemboca no caos que hoje se vive

Para ele um dos esforccedilos agraves intervenccedilotildees eficazes no ambiente urbano eacute entender a

sua dinacircmica sob a oacutetica ecoloacutegica com a participaccedilatildeo interdisciplinar Cita ODUM (1993)

ao afirmar que a cidade moderna eacute em relaccedilatildeo agrave natureza um parasita do ambiente porque

produz pouco ou nenhum alimento polui o ar e recicla pouco ou nenhuma aacutegua e materiais

inorgacircnicos Funcionando simbioticamente quando produz e exporta mercadorias serviccedilos

dinheiro e cultura para o ambiente (Fig 8-B)

Para a ecologia as relaccedilotildees de alimentaccedilatildeo consumo produccedilatildeo de resiacuteduos fazem

com que o chamado sistema soacutecio-ecossistema urbano ndash a cidade ndash afete a biosfera e por ela

seja afetado As mudanccedilas induzidas pelo ser humano ocorrem mais rapidamente e

geralmente satildeo mais difiacuteceis de serem revertidas SUTTON e HARMONN (1993) apud

DIAS (1996) ponderam que as necessidades e desejos de expansatildeo da populaccedilatildeo mundial

requerem intenso manejo ambiental criando ambientes novos chamados de ecossistemas

humanos Este manejo se revela na outra face ainda mais pessimista a necessidade de

energia Agrave medida que as populaccedilotildees crescem o consumo de energia aumenta levando a

hierarquizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de bens e serviccedilos a conversatildeo dos serviccedilos e bens naturais em

dinheiro Logo o dinheiro eacute o fluxo em sentido oposto ao fluxo energeacutetico pois sai das aacutereas

urbanizadas em troca de energia serviccedilos e recursos diversos

O soacutecio-ecossistema eacute amparado legalmente pela representatividade Eacute a cidadania e a

democracia que satildeo tomadas como base para essa representatividade A democracia

representativa constitui uma instituiccedilatildeo produtora de um tipo de compromisso de interesses

115

ligados com vocaccedilatildeo hegemocircnica Onde os governantes eleitos representariam os

ldquointeressesrdquo as ldquoaspiraccedilotildeesrdquo e a ldquovontaderdquo dos cidadatildeos Mas com isso o Estado natildeo

encarna a comunidade e funciona assim como uma maacutequina especializada na produccedilatildeo de

generalidade que eacute condiccedilatildeo ideoloacutegica fundamental agrave uma submissatildeo real Formando um

ldquomercado poliacuteticordquo onde o eleitor compra atraveacutes do voto um determinado ldquoproduto poliacuteticordquo

que corresponde a sua necessidade

ldquoEacute tempo de novas oportunidades Eu na minha opiniatildeo sou a favor de que

a comunidade num todo apoacuteie ele para que noacutes venhamos trazer um

candidato para que este candidato da mesma forma que noacutes o colocamos laacute

por ele ser da aacuterea criado na comunidade conhecendo os problemasrdquo

ENTREVISTA 2

A praacutetica da cidadania depende da reativaccedilatildeo da esfera puacuteblica onde indiviacuteduos podem

agir coletivamente constituindo assim a identidade poliacutetica baseada em valores de

solidariedade autonomia e do reconhecimento da diferenccedila Mas haacute muitos ldquomasrdquo e levando

ao verdadeiro paradoxo com o sentido ldquolatordquo da representatividade onde as pessoas natildeo

pertencentes agrave classe dominante natildeo satildeo consideradas capazes de dirigir a economia ou o

ldquopoderrdquo de decisatildeo cabendo pois agrave classe dominante a melhor opccedilatildeo forjando o

consentimento uma pseudo participaccedilatildeo Eacute uma triste contestaccedilatildeo para a cidadania via

representatividade E agravando para que se tenha cidadania o brasileiro precisa passar pela

crise ambiental em todo o seu contexto natildeo haacute outros caminhos (Fig 9-B)

Eacute uma busca Busca pela cidadania que haacute muito foi reduzida a um mero status legal

Nela por um lado se vecirc uma parcela significativa da populaccedilatildeo vivendo em favelas ndash natildeo soacute

no Complexo de Favelas de Acari mas em tantos outros Complexos espalhados pela cidade ndash

em condiccedilotildees soacutecio-culturais de extrema carecircncia Por outro lado a poliacutetica virando uma

profissatildeo tomando decisotildees de acordo com seus proacuteprios interesses e dos grupos de pressatildeo

poderosos em vez de levar em conta os interesses da comunidade mais ampla VIEIRA amp

BREDARIOL (1998)

A violecircncia urbana associada ao uso indiscriminado de drogas iliacutecitas eacute um problema

ambiental que reduz drasticamente a qualidade de vida da populaccedilatildeo A cidade do Rio de

Janeiro eacute praticamente toda partida em zonas de influecircncia e de atuaccedilatildeo de grupos sociais

116

armados que para conseguirem o que querem praticam a violecircncia como um modo de fazer

valer seu poder E no imaginaacuterio social as favelas passaram a ser o reduto para esses grupos

que formam verdadeiro Estado paralelo com a forccedila do Estado de direito A histoacuteria se

repete onde haacute o traacutefico de entorpecentes haacute uma batida policial associada onde muita das

vezes haacute viacutetimas e entre elas estatildeo crianccedilas e jovens

A agressividade intoleracircncia preconceito exclusatildeo social satildeo comuns aos dois lados

Fica interessantemente pior quando os proacuteprios gestores do serviccedilo puacuteblico natildeo conseguem

dar conta do real problema que eacute o traacutefico de entorpecentes e quando publicamente fazem a

tentativa de relativizar a favela seus moradores e o crime como foi o caso de uma declaraccedilatildeo

feita em outubro de 2007 pelo atual governador do Estado do Rio de Janeiro ldquoo

governador afirmou que as altas taxas de natalidade em localidades pobres satildeo

verdadeiras faacutebricas de marginaisrdquo EXTRA (2007) E quando um Secretaacuterio Estadual de

Seguranccedila diz ldquoUm tiro em Copacabana eacute uma coisa Um tiro na Coreacuteia (Favela da Coreacuteia

no Complexo do Alematildeo) eacute outrardquo Por outro lado as favelas satildeo um reduto onde o acesso

natildeo eacute tatildeo faacutecil como fora dela A favela estaacute ligada diretamente agrave degradaccedilatildeo ambiental pelo

seguinte vieacutes geralmente laacute satildeo os espaccedilos urbanos que tecircm menos apoio ou atenccedilatildeo do poder

puacuteblico como faz valer a declaraccedilatildeo do Secretaacuterio de Seguranccedila acima pois entende-se que

se a poliacutecia promover uma incursatildeo em uma favela na zona sul do Rio deve se ter todo o

cuidado com o entorno pois nessa regiatildeo eacute que moram as classes meacutedia e alta dos cariocas e

jaacute na periferia a vida passa ter outro valor

64 A REALIDADE ENTRE SAUacuteDE E O PODER PUacuteBLICO

Para se entender um pouco da realidade entre sauacutede e o poder puacuteblico haacute que se voltar

um pouco para a conhecida palavra ndash Globalizaccedilatildeo

Segundo SABATINI (1999) apud ASCELRAD (1996) ldquoOs conflitos ambientais nas

cidades que se multiplicam nas uacuteltimas deacutecadas representam reaccedilotildees de defesa da qualidade

de vida ameaccedilada pela globalizaccedilatildeo econocircmicardquo

A globalizaccedilatildeo eacute um fenocircmeno multifacetado com dimensotildees econocircmicas sociais

poliacuteticas culturais religiosas e juriacutedicas interligadas de modo complexo Ela parece combinar

a universalizaccedilatildeo e a eliminaccedilatildeo das fronteiras nacionais por um lado Por outro parece

combinar o particularismo e a diversidade local a identidade eacutetnica e o regresso ao

comunitarismo Aleacutem disso interage de modo muito diversificado com outras transformaccedilotildees

117

no sistema mundial que lhe satildeo concomitantes tais como o aumento dramaacutetico das

desigualdades entre paiacuteses ricos e pobres e no interior de cada paiacutes entre ricos e pobres a

sobrepopulaccedilatildeo a cataacutestrofe ambiental os conflitos eacutetnicos a migraccedilatildeo internacional

massiva a emergecircncia de novos estados e a falecircncia ou implosatildeo de outros a proliferaccedilatildeo de

guerras civis o crime globalmente organizado a democracia formal como condiccedilatildeo poliacutetica

para a assistecircncia internacional SANTOS (2002)

Para NATAL (2006) a crise ou as crises que a globalizaccedilatildeo desencadeou no Brasil

jaacute dura mais de vinte anos Um dos entes mais afetados com o processo de globalizaccedilatildeo eacute o

Estado ele sofre

a) Desnacionalizaccedilatildeo com um certo esvaziamento do aparelho do Estado nacional que decorre do fato de as velhas e novas capacidades do Estado estarem a ser reorganizadas

b) A desestatizaccedilatildeo dos regimes poliacuteticos refletida na transiccedilatildeo do conceito de governos para o de governaccedilatildeo ou seja de um modelo de regulaccedilatildeo social e econocircmica assente no papel central do Estado para um outro assente em parcerias e outras formas de associaccedilatildeo entre organizaccedilotildees governamentias para-governamentais e natildeo-goverrnamentais nas quais o aparelho de Estado tem apenas tarefas de coordenaccedilatildeo enquanto primus inter pares

c) Tendecircncia para a internacionalizaccedilatildeo do estado nacional expressa no aumento do impacto estrateacutegico do contexto interrnacioonal na atuaccedilatildeo do Estado o que pode envolver a expansatildeo do campo de accedilatildeo do Estado nacional sempre que for necessaacuterio adequar as condiccedilotildees internas agraves exigecircncias extraterritoriais ou transnacionaisrdquo

SANTOS (idem)

Com a globalizaccedilatildeo as poliacuteticas sociais ficaram dessa forma duplamente

atingidas Pelo lado da demanda houve um agravamento da situaccedilatildeo social causada pelo

ajuste e este causou verdadeira sobrecarga nos jaacute fragilizados serviccedilos sociais

particularmente aqueles de acesso universal

Pelo lado da oferta de serviccedilos e benefiacutecios as poliacuteticas sociais ficam restringidas

tanto pelo corte de recursos como pela reestruturaccedilatildeo do seu perfil adotando estrateacutegias de

focalizaccedilatildeo de seus serviccedilos Para SOARES (2008) o Brasil natildeo eacute um paiacutes com uma pobreza

118

residual que podia ser combatida com programas focalizados passageiros e com poucos

recursos

Ocorreu tambeacutem uma submissatildeo de determinados princiacutepios como equumlidade e

universalidade agraves chamadas restriccedilotildees econocircmicas Essa postura reduziu as prioridades e

poliacuteticas sociais a algo toacutepico e residual priorizando as chamadas inovaccedilotildees gerenciais quase

sempre associadas a estrateacutegias do tipo auto-ajuda que nos dias de hoje passaram a se chamar

solidariedade participaccedilatildeo comunitaacuteria etc

Para a aacuterea de sauacutede assistiu-se ao discurso de que a sauacutede seria um bem privado que

o setor puacuteblico seria ineficiente por definiccedilatildeo pela proacutepria natureza e que os recursos

puacuteblicos para a sauacutede seriam escassos e continuariam a ser Este uacuteltimo toacutepico ainda eacute

cogitado pela grande discussatildeo que gerou o final da cobranccedila do imposto sobre as

movimentaccedilotildees bancaacuterias ndash CPMF E que tambeacutem foi revelado na seguinte entrevista

ldquoAiacute eles gastam uma fortuna do dinheiro puacuteblico do dinheiro que natildeo satildeo

deles aiacute se constroacutei um mundo que aquilo ali eacute um mundo seraacute que eles vatildeo

querer em ter interesse em manter verba todo ano tem aquela como eacute

chamado Orccedilamento um bilhatildeo Oh vamos destinar cem para a sauacutede

cem para a seguranccedila puacuteblica natildeo eacute isso por exemplo para a educaccedilatildeo

seraacute que no municiacutepio vatildeo ter interesse em enviar tantas verbas para um

hospital desses Porque para comeccedilar eles vatildeo ter que os meacutedicos os

profissionais muitos de repente vatildeo ficar ateacute meio assim mas seraacute que

eles tem interesse de manter o hospital vinte e quatro horas aberto Com

funcionaacuterios ali e meacutedicos pediatrasemergecircncia e aiacute aquilo ali eacute uma

coisa de louco Os hospitais da rede municipal estavam tudo ali caindo aos

pedaccedilos numa correria daqui pessoas largadas nos chatildeo entatildeo satildeo estas

questotildeesrdquo

ENTREVISTA 2

O discurso desta entrevista revela a preocupaccedilatildeo que se tem da disponibilidade dos

recursos puacuteblicos Do percentual que eacute e que seraacute disponibilizado para os serviccedilos de sauacutede

Para o entrevistado isto assume importacircncia especiacutefica pois eacute revelado em sua representaccedilatildeo

sobre sauacutede Os moradores de Acari vivem assim como o restante da populaccedilatildeo carioca de

um tipo de acesso aos tratamentos em sauacutede de maneira precaacuteria Haacute uma superlotaccedilatildeo nos

119

serviccedilos de sauacutede quando natildeo precisam fazer uma peregrinaccedilatildeo para aquela unidade que os

possa receber Situado no proacuteprio complexo haacute um grande hospital puacuteblico com capacidade

para atendimento de qualidade mas as representaccedilotildees dos moradores se direcionam a

preocupaccedilatildeo quanto a gestatildeo Para eles haacute uma dicotomia entre a disponibilidade de o Estado

oferecer uma estrutura e o manter com o que jaacute estatildeo acostumados pois nos seus

imaginaacuterios o desmantelamento do serviccedilo puacuteblico eacute um processo que se corporifica na

atualidade

Um grande movimento dentro do Estado na atualidade eacute a reproduccedilatildeo do capital

fazendo com que a cidade seja o elo entre a economia local e os fluxos globais passando a ser

objeto de competitividade internacional Nisto se insere os programas governamentais

direcionados agrave melhoria das condiccedilotildees de vida e redistribuiccedilatildeo de renda Parece pessimista

olhar por este acircngulo mas haacute uma grande verdade nas palavras de VIEIRA e BREDARIOL

(ibdem) quando afirmam que a poliacutetica se profissionaliza a natildeo ser que os poliacuteticos sejam

pessoas de excepcional altruiacutesmo eles iratildeo sempre encarar a tentaccedilatildeo de tomar decisotildees de

acordo com seus proacuteprios interesses PEREIRA (2008) afirma que as obras sociais satildeo

geralmente impulsionadas pela poliacutetica setorial e que muita das vezes satildeo feitas no reduto da

oposiccedilatildeo como eacute o caso do Programa de Aceleraccedilatildeo do Crescimento no Complexo do

Alematildeo

Uma outra faceta da temaacutetica sauacutede e poder puacuteblico se revela na necessidade atual de

se repensar as cidades Haacute em curso uma ldquonovardquo maneira de se pensar as cidades o que natildeo eacute

totalmente novo Desde a deacutecada de 60 com o governo de Castelo Branco e a promulgaccedilatildeo da

Lei 450464 ndash o Estatuto da Terra e Plano Doxiadis se discute sobre uma cidade ideal

acessiacutevel a todos Isto fez com que o legislador entendesse a necessidade de incluir a cidade

em um capiacutetulo especiacutefico na Constituiccedilatildeo de 1988

Da Constituiccedilatildeo ateacute os dias atuais o que se tem discutido no tocante ao assunto cidade

eacute a Lei 1025701 chamada de Estatuto da Cidade foi ldquoinstitucionalizadardquo atraveacutes do

documento ldquoCidades Sustentaacuteveis da Agenda 21 Brasileirardquo Nessa Lei haacute a previsatildeo e a

fomentaccedilatildeo do que se veio a chamar - Cidades Sustentaacuteveis mediante a formulaccedilatildeo de planos

diretores A cidade certamente tem uma particularidade uacutenica para cada localidade pois

vaacuterios fatores podem influenciar o seu desenvolvimento e manutenccedilatildeo

A preocupaccedilatildeo se estar colocando em pauta este ldquorepensar a cidaderdquo tem por base

DIAS (ibdem) que diz ldquoO ambiente urbano uma das maiores criaccedilotildees do ser humano e o

lugar onde vive a maioria das pessoas do mundo atual estaacute de vaacuterias formas tornando-se

menos adequado para a vida humana

120

Mas o que eacute enfim uma cidade sustentaacutevel Uma cidade sustentaacutevel eacute aquela que tenta

se aproximar o maacuteximo possiacutevel dos ideais propostos na agenda 21 e seus desdobramentos

SATTERTHWAITE (2004) pontua algumas categorias gerais de accedilatildeo ambiental para avaliar

o desempenho das cidades na busca de uma melhor cidadania e qualidade de vida ndash cidade

sustentaacutevel

1) ldquoControle de doenccedilas contagiosas e parasitaacuterias ndash agenda marrom 2) Reduccedilatildeo dos perigos quiacutemicos e fiacutesicos no lar ndash eacute o que acontece na maioria das vezes quando se colocam produtos quiacutemicos como por exemplo hipoclorito de soacutedio ou outros detergentes em garrafas de PET de refrigerantes 3) Universalizaccedilatildeo de um ambiente urbano de boa qualidade para todos ndash com poliacuteticas claras de reduccedilatildeo de ruiacutedos tratamento de efluentes industriais inclusive melhoria da qualidade do ar reduccedilatildeo da degradaccedilatildeo ambiental controle da violecircncia urbana 4) Minimizaccedilatildeo dos cursos ambientais da transferecircncia de custos ambientais para os habitantes e ecossistemas do entorno da cidade 5) Incentivo ao consumo sustentaacutevel

Para que haja uma otimizaccedilatildeo das accedilotildees supracitadas haacute que se respeitar algumas metas

1) Econocircmicas ndash acesso agrave uma renda adequada ou meios de produccedilatildeo 2) Sociais culturais e de sauacutede ndash habitaccedilatildeo saneamento respeito agrave diversidade cultural trabalho transporte etc 3) Poliacuteticas ndash liberdade de participaccedilatildeo na poliacutetica na gestatildeo no desenvolvimento cidadania etc 4) Minimizaccedilatildeo do uso ou desperdiacutecio dos recursos natildeo-renovaacuteveis ndash combustiacuteveis foacutesseis reutilizar reciclar recuperar etc 5) Uso sustentaacutevel dos recursos renovaacuteveis finitos ndash aacutegua potaacutevel combustiacuteveis baseados em biomassa etc 6) Uso de resiacuteduos biodegradaacuteveis ndash natildeo sobrecarga de corpos hiacutedricos receptores 7) Uso de resiacuteduos ou emissotildees natildeo-biodegradaacuteveis ndash natildeo poluiccedilatildeo ou descarte excessivo respeitando os limites bioloacutegicosrdquo

Sem parecer utoacutepico acredita-se que se houver disponibilidade poliacutetica para se pensar

e realizar os projetos para a implementaccedilatildeo de cidade sustentaacutevel ela natildeo estaacute muito aleacutem do

121

que vivenciamos hoje O Brasil tem um poderoso arcabouccedilo de Leis que favorecem

grandemente a essa ideacuteia aleacutem do que meio ambiente tem comeccedilado a se despontar como

assunto de pauta Vaacuterios municiacutepios brasileiros jaacute tecircm suas secretarias de meio ambiente as

empresas pelo menos as grandes tecircm discutido meio ambiente e responsabilidade ambiental

MENEGAT e ALMEIDA (2004) salientam que a condiccedilatildeo imperativa para o gerenciamento

do sistema urbano-socio-ambiental com vista a um sustentabilidade das cidades passa pelo

exerciacutecio da gestatildeo ambiental integrada que por si tem quatro esferas

1) ldquoConhecimento do ambiente ndash entender e diagnosticar o sistema urbano-socio-ambiental e suas relaccedilotildees locais e globais com o sistema natural 2) Gestatildeo urbana-socio-ambiental puacuteblica ndash essa gestatildeo necessita de oacutergatildeos com boa capacidade teacutecnica capazes de desenvolver programas estrateacutegicos e integrados com a sociedade e a economia 3) Educaccedilatildeo e informaccedilatildeo ndash que deve ajudar a abrir os horizontes em relaccedilatildeo ao complexidade do sistema urbano-socio-ambiental 4) Participaccedilatildeo dos cidadatildeos ndash a sociedade deve ser chamada a construir a gestatildeo do sistema Essa participaccedilatildeo e um dos pontos mais importantes da agenda 21rdquo

A partir deste ponto eacute uacutetil discutir o que seja qualidade de vida Para MINAYO et ali

(2000) qualidade de vida boa ou excelente eacute aquela que ofereccedila um miacutenimo de condiccedilotildees para

que os indiviacuteduos nela inseridos possam desenvolver o maacuteximo de suas potencialidades ndash

viver sentir ou amar trabalhar produzir bens e serviccedilos fazer ciecircncia ou arte

Qualidade de vida estaacute ligada a satisfaccedilatildeo das necessidades mais elementares da vida

humana alimentaccedilatildeo acesso a aacutegua potaacutevel habitaccedilatildeo trabalho educaccedilatildeo sauacutede e lazer que

estatildeo associados agraves noccedilotildees relativas de conforto bem-estar e realizaccedilatildeo individual e coletiva

Qualidade de vida segundo esses autores eacute polissecircmico ou seja estaacute relacionado ao modo de

vida incluem ideacuteias de desenvolvimento sustentaacutevel e ecologia humana e por fim relaciona-

se a democracia do desenvolvimento e dos direitos humanos e sociais ndash cidadania A

qualidade de vida quando se trata da sauacutede implica a promoccedilatildeo de sauacutede Olhando-a mais

focalmente implica na capacidade de viver sem doenccedilas ou de superar as dificuldades das

condiccedilotildees de morbidade

ldquoO movimento Cidade Sustentaacutevel surge para operacionalizar os fundamentos da

promoccedilatildeo da sauacutede no seu contexto localrdquo ADRIANO et al (2000) Um municiacutepio saudaacutevel

122

eacute aquele em que as autoridades poliacuteticas e civis as instituiccedilotildees e organizaccedilotildees puacuteblicas e

privadas os proprietaacuterios empresaacuterios trabalhadores e a sociedade dedicam constantes

esforccedilos para melhorar as condiccedilotildees de vida trabalho e cultura da populaccedilatildeo estabelecem

uma relaccedilatildeo harmoniosa com o meio ambiente fiacutesico e natural e expandem os recursos

comunitaacuterios para melhorar a convivecircncia desenvolver a solidariedade a co-gestatildeo e a

democracia

ldquoPara que uma cidade se torne saudaacutevel ela deve se esforccedilar para proporcionar

1) Um ambiente fiacutesico limpo e seguro

2) Um ecossistema estaacutevel e sustentaacutevel

3) Alto suporte social sem exploraccedilatildeo

4) Alto grau de participaccedilatildeo social

5) Necessidades baacutesicas satisfeitas

6) Acesso a experiecircncias recursos contatos interaccedilotildees e comunicaccedilotildees

7) Economia local diversificada e inovativa

8) Orgulho e respeito pela heranccedila bioloacutegica e cultural

9) Serviccedilos de sauacutede acessiacuteveis a todos e alto niacutevel de sauacutederdquo

O Estado fomenta muito de suas poliacuteticas publicas mediante Programas e

dentro do Complexo de Acari os seus moradores tecircm a oportunidade de estar se inserindo e

sendo contemplados dentro desses

O principal programa que aquela comunidade se beneficia eacute o Bolsa Famiacutelia criado

por meio da Medida Provisoacuteria nordm 132 e posteriormente convertida na Lei 1083604 os

benefiacutecios satildeo

a) Remuneraccedilatildeo baacutesica no valor de R$ 5800 concedidos agraves famiacutelias em situaccedilatildeo de

extrema pobreza independente da composiccedilatildeo e do nuacutemero de membros do grupo familiar

b) Remuneraccedilatildeo variaacutevel no valor de R$ 1800 por crianccedilaadolescente concedido agraves

famiacutelias pobres e extremamente pobres cuja composiccedilatildeo apresente crianccedilas e adolescente na

faixa de 0 a 16 anos incompletos sob sua responsabilidade

c) as famiacutelias em situaccedilatildeo de extrema pobreza poderatildeo acumular o benefiacutecio e o

variaacutevel ateacute o maacuteximo de 3 benefiacutecios por famiacutelia totalizando R$ 11200 por mecircs

123

Outro programa eacute o PSF ndash Programa Sauacutede da Famiacutelia que se propotildee a reorganizar a

praacutetica da atenccedilatildeo agrave sauacutede em novas bases e substituir o modelo tradicional levando a sauacutede

para mais perto da famiacutelia e com isso melhorar a qualidade de vida

Aleacutem desses Programas o Estado estaacute presente dentro do Complexo atraveacutes das

seguintes instituiccedilotildees

bull Guardiotildees dos Rios ndash onde a Secretaria Municipal de Meio ambiente se utiliza dos

proacuteprios moradores da comunidade para executarem serviccedilos de limpeza dos rios que

no caso o principal eacute o Acari

bull Gari Comunitaacuterio ndash tambeacutem beneficiando moradores do proacuteprio Complexo nos

serviccedilos de limpeza varredura das ruas e acondicionamento adequado dos resiacuteduos

soacutelidos

bull CCDC ndash Centro Comunitaacuterio de Defesa da Cidadania ndash onde se executa serviccedilos de

cartoacuterio como expediccedilatildeo de segunda via de RG certidotildees de nascimento casamento

busca de certidotildees em outros estados sepultamento gratuito

bull As diversas escolas Ciep Adatildeo Pereira Nunes Escola Municipal Erico Veriacutessimo

Escola Municipal Casa da Crianccedila Escola Municipal General Osoacuterio Escola

Municipal Jardim da Infacircncia Ana de Barros Cacircmara Escola Municipal Monte

Castelo Escola Municipal Conde Pereira Careiro Escola Municipal Corneacutelio Pena

Escola Municipal Oliacutempia do Couto Escola Municipal Sebastiatildeo de Lacerda Escola

Municipal Thomas Jefferson

bull Fundaccedilatildeo Leatildeo XIII

bull Posto de Sauacutede Professor Carlos Cruz Lima

Fora estas representatividades do Estado haacute tambeacutem o trabalho de diversas outras

instituiccedilotildees natildeo-governamentais que por atuarem em outras frentes enriquecem as relaccedilotildees

no interior do Complexo Para esta comunidade o papel das diversas ONGrsquos inseridas

propotildee uma accedilatildeo imediata na resoluccedilatildeo de alguns problemas como a educaccedilatildeo do adulto a

retirada das crianccedilas das ruas a formaccedilatildeo do adolescente trazendo algumas particularidades

de cidadania Eacute enriquecedor para a educaccedilatildeo das crianccedilas o trabalho da ONG Futuro Feliz

mostrando que atraveacutes da muacutesica o contexto de ser morador no Complexo pode ser mais

dinacircmico e acima de tudo colorido atraveacutes do desenvolvimento e da habilidade com os

instrumentos musicais

124

Apesar de natildeo substituiacuterem o Estado e este se aproveitar da presenccedila delas o Estado

fomenta a poliacutetica puacuteblica e cabe agraves ONGrsquos ldquoreplicarrdquo essas poliacuteticas puacuteblicas ou seja

distribui-las

As ONGrsquos estabelecidas e em funcionamento no Complexo de Acari satildeo

bull Centro de Estudos e atendimento Satildeo Domingos Saacutevio ndash formaccedilatildeo para geraccedilatildeo de

renda e educaccedilatildeo aleacutem de serviccedilo de proteacutetico dentista e psicoacutelogo

bull Patrulheiros ndash que segundo seus moradores os rapazes de 14 a 18 anos frequumlentam

cursos e satildeo encaminhados para empresas conveniadas para estaacutegio remunerado

bull Centro Social Futuro Feliz ndash muacutesica

bull Tio Patinhas ndash creche

bull Centro Comunitaacuterio Unidos de Acari ndash creche e atividades para a terceira idade

bull Areal Livre ndash atividades com esporte e educaccedilatildeo

bull Centro Comunitaacuterio Nossa Senhora do Bonfim ndash formaccedilatildeo para geraccedilatildeo de renda e

educaccedilatildeo

bull A Associaccedilatildeo de Moradores do Areal e a Associaccedilatildeo de Moradores de Acari

Para que a realidade entre sauacutede e o Poder Puacuteblico acontece sem prejuiacutezos para a

populaccedilatildeo a grande maioria dos habitantes do Complexo tem em matildeos o voto como aparelho

selecionador de representatividade E ademais como qualquer outra localidade fica agrave mercecirc

do que essa representatividade quer representar Haacute aiacute uma falha no modelo de

representatividade com reflexos suficientemente conhecidos que satildeo revelados com os

escacircndalos com a falta de compromisso com a manutenccedilatildeo da ineacutercia do Estado na sua

atuaccedilatildeo junto agraves comunidades Mesmo os grandes projetos de poliacuteticas puacuteblicas estatildeo sob a

eacutegide das diversas governabilidades e dos seus manda-chuvas Hoje em dia fala-se muito em

redistribuiccedilatildeo de renda via o Programa oficial mas por outro lado falta poliacuteticas puacuteblicas

adequadas agrave busca pelo que se chamou aqui de promoccedilatildeo de sauacutede cidade sustentaacutevel

qualidade de vida etc

125

CONCLUSAtildeO O Meio Ambiente eacute ponto crucial para que se defina a sauacutede Estes dois termos natildeo se

excluem mutuamente eles na verdade se complementam e deveriam seguir juntos No

presente trabalho viu-se que se for tratado o meio ambiente dissociado da figura humana

muito se perde pois o homem eacute figura principal desta interaccedilatildeo Eacute para ele que se destina todo

o aparato de leis que satildeo produzidas especialmente em meio ambiente Eacute praticamente para o

seu fazer que toda a produccedilatildeo cientiacutefica gerada tambeacutem na aacuterea ambiental eacute destinada Para

que ele saiba sobre o seu entorno para que ele respeite as caracteriacutesticas da natureza se quiser

deixar para agraves geraccedilotildees futuras um planeta minimamente habitaacutevel No fundo o homem eacute ao

mesmo tempo o algoz e a proacutepria viacutetima da sua intransigecircncia via degradaccedilatildeo do meio

ambiente

Haacute uma progressiva degradaccedilatildeo ambiental no seio das grandes cidades pois estas por

natureza satildeo verdadeiros aglomerados habitacionais produtores de bens e serviccedilos que

necessitam de muita energia para o seu metabolismo As cidades retiram a energia de que

precisam do entorno promove a produccedilatildeo do que natildeo pode ser reconvertido em energia e gera

como subproduto os resiacuteduos Estes satildeo um grande problema tanto para os homens quanto

para a natureza

O projeto econocircmico usual do tipo centralizador de renda tem estabelecido como

certo o fosso entre as diversas classes sociais Eacute um tanto utoacutepico achar que na histoacuteria do

homem na terra alguma vez tenha sido diferente ou que em algum dia esta histoacuteria seja

contata de forma diferente Eacute fato que poucos tecircm muito e muitos tecircm muito pouco eacute a

origem de muitos dos problemas ambientais potencialmente reversiacuteveis

Na busca por resoluccedilatildeo de suas necessidades os cidadatildeos ficam agrave mercecirc das poliacuteticas

governamentais Um exemplo triste deste lado perverso eacute a campanha poliacutetica disfarccedilada em

programa oficial de governo aliaacutes as campanhas poliacuteticas existem para suprir a proacutepria

necessidade do governo em se manter

Recentemente em plena zona de crise de uma epidemia de dengue a figura maior do

Estado Nacional esteve de corpo presente em um municiacutepio vizinho ao que apresentava mais

casos de dengue na regiatildeo sudeste para inaugurar de palanque sua poliacutetica social ndash PAC

Deveria haver um respeito por parte do Estado a este hiato que neste momento se abate no

seio da problemaacutetica chamada ndash cidades E neste momento a vida gira entorno do binocircmio

viver ou morrer

126

Ter sauacutede e ter meio ambiente adequado agrave vida eacute ter realizada uma parcela da

cidadania que foi adquirida ao longo dos anos e firmada enquanto direito inalienaacutevel na

Constituiccedilatildeo de 1988 Por cidadania se entende o compromisso de se viver melhor de ter

direitos garantidos de ter participaccedilatildeo nas tarefas do conviacutevio Cidadania eacute para quem mora

em cidades ter um espaccedilo onde seus direitos satildeo respeitados onde haja dignidade com a

pessoa humana e onde haja poliacuteticas claras de prevenccedilatildeo de doenccedilas e melhora na qualidade

de vida

Para a cidade a inovaccedilatildeo trazida pelo modelo de cidade sustentaacutevel vem a ser mais um

veiacuteculo capaz de trazer a salubridade a esse habitar citadino respeitando as diversas nuances

do dia-a-dia dos cidadatildeos que ali vivem Cidade sustentaacutevel eacute um alvo a se alcanccedilar a partir da

agenda 21 local

Pela qualidade de vida hoje experimentada no habitar a cidade hoje em dia supotildee-se

que esta seja o pior local para se viver Habitar na cidade eacute assumir riscos com variaacuteveis de

difiacuteceis soluccedilotildees definitivas Haacute que se ter a preocupaccedilatildeo no exerciacutecio de poliacuteticas puacuteblicas

efetivas que ofereccedilam qualidade aos seus moradores e a partir daiacute uma abrangecircncia dos

conflitos comumente por eles vividos

No topo do ranking desponta a sauacutede e todo o seu aparato Meio ambiente e sauacutede

devem ser levados a seacuterio para que se perceba o valor da vida humana e a sua interaccedilatildeo com o

meio ambiente

Optou-se por fazer um estudo de algumas das caracteriacutesticas e variaacuteveis ambientais

dos habitantes do Complexo de Favelas de Acari na zona norte do Municiacutepio do Rio de

Janeiro Para esses moradores viver e sobreviver satildeo termos indissociaacuteveis pois precisam

driblar cotidianamente diversos problemas de ordem social econocircmica e ambiental O sistema

econocircmico vigente devora essa parcela de cidadatildeos os submete e os remete agraves tradicionais

tentativas tentativa de prestaccedilatildeo de serviccedilo Estatal tentativa de sobrevivecircncia via ONGrsquos e

tentativa por esforccedilos proacuteprios Aos habitantes do Complexo a sauacutede natildeo fica agrave traz ela eacute

necessaacuteria para tudo o que realizam Por habitarem um ambiente insalubre violento e sujo

esses moradores natildeo tecircm consolidada sua cidadania e vivem a crise ambiental como a pior

das suas experiecircncias E como se natildeo houvesse uma outra forma para terem cidadania eles

precisam enfrentar a dura realidade da crise ambiental em curso

A exemplo de outras comunidades o Complexo de Favelas de Acari tambeacutem vive a

mercecirc do que o Estado se interesse em fazer Eacute notoacuterio o papel dele no dia-a-dia dos seus

moradores seja na preocupaccedilatildeo com a sauacutede ndash no Complexo haacute um grande hospital puacuteblico

novo que permanceu fechado por um longo tempo e para algumas doenccedilas nem o PSF

127

instalado naquela localidade consegue quantificar seja na poliacutetica de seguranccedila e proteccedilatildeo ndash

onde o Complexo eacute um reduto do traacutefico de entorpecentes e inexiste entorno dele qualquer

policiamento seja nas poliacuteticas de educaccedilatildeo ndash onde haacute escolas mas natildeo para todos E pode-se

confrontar com o resultado de por exemplo o ENEM para se questionar a qualidade do

ensino seja em poliacuteticas de meio ambiente ndash haacute muitos problemas com a drenagem de

esgotos proliferaccedilatildeo de vetores de doenccedilas peacutessima distribuiccedilatildeo e qualidade da aacutegua que se

consome etc

A participaccedilatildeo comunitaacuteria eacute considerada pelos moradores uma funccedilatildeo decisiva na

melhoria da qualidade de sua vivecircncia Haacute a conscientizaccedilatildeo de que natildeo vale somente cuidar

do proacuteprio espaccedilo desvinculando-a do papel do vizinho Em uma comunidade onde as

habitaccedilotildees satildeo contiacuteguas o que o vizinho produz por exemplo de cultura resiacuteduos e porque

natildeo dizer seu descuido afeta diretamente um grupo de famiacutelias ao seu redor Natildeo haacute espaccedilo

para ser produtor e recebedor do seu produto somente Haacute uma troca em massa do que eacute

produzido Logo se se produz lixo violecircncia ruiacutedo insetos roedores etc haacute na verdade

uma multiplicaccedilatildeo de famiacutelias participantes desta troca gerando problemas muacuteltiplos

Para os moradores do Complexo de Favelas de Acari a percepccedilatildeo de sauacutede mesmo

que reproduzindo as palavras do conceito claacutessico natildeo tem tido uma praacutetica satisfatoacuteria A

dinamicidade deste conceito natildeo foi plenamente desvelada nos discursos dos entrevistados

Poucos deles tiveram uma contextualizaccedilatildeo mais ampla do que seja a sauacutede nos referidos

conceitos claacutessicos e conclamam que se todos os outros moradores pudessem perceber que

aleacutem de estarem bem psicologicamente ou sem doenccedilas estatildeo inseridos dentro do conceito de

sauacutede transporte lazer moradia salaacuterios dignos etc A sauacutede teria com isso uma definiccedilatildeo

mais proacutexima do que seja real natildeo soacute para eles como para qualquer outro indiacuteviduo habitante

de qualquer outro espaccedilo geograacutefico

A pesquisa revelou que sauacutede eacute um bem que urge dentro do Complexo pois as

diversas atividades de seus habitantes caminham potencialmente na contramatildeo do que seja ter

sauacutede Natildeo se sabe precisar o porquecirc deste fato mas algumas sugestotildees podem ter utilidade

para entender esse fenocircmeno Estas podem ser deficiecircncia educacional falta de mobilizaccedilatildeo

e participaccedilatildeo conjunta participaccedilatildeo das lideranccedilas comunitaacuterias em todas as accedilotildees capazes

de trazer melhorias para aquele ambiente Pelo o que foram relatados nas entrevistas atitudes

como conviver com o lixo imundiacutecie e dejetos revelam uma necessidade urgente de tomada

de posiccedilatildeo frente agrave tendecircncia de se acostumar com a realidade com que se vive ou a eterna

espera que o poliacutetico A ou B faccedila alguma coisa ou que aquilo seja normal e imutaacutevel

128

O Estado deveria ser o ente que se obriga a executar atividades para a melhoria da

populaccedilatildeo do Complexo E atraveacutes dos seus diversos programas institucionais rever

conceitos e valores repensar o habitar modificar a realidade daquelas pessoas que estatildeo

inseridas naquele contexto social

Um desses programas o PSF tem uma responsabilidade imediata na tentativa de sanar

os problemas relacionados com a sauacutede Mas infelizmente o painel que se vecirc eacute que o

Programa estaacute muito centrado no lado curativo em detrimento agrave prevenccedilatildeo em sauacutede ao qual

foi destinado A demanda eacute grande e as equipes natildeo tecircm conseguido atuar nas possiacuteveis

origens dos problemas

A aplicaccedilatildeo da sauacutede dentro da temaacutetica meio ambiente tem importacircncia elevada pois

o existir na cidade ndash ter cidadania morar trabalhar sorrir chorar se alimentar ter paz sono

ajudar etc ndash estaacute sob efeitos de variaacuteveis ambientais e de sauacutede e estas condicionam a

qualidade desse existir Foi-se o tempo em que se podia dissociar uma termo do outro O ser

humano enquanto morador e dependente de um espaccedilo geograacutefico deve entender que este

muda constantemente e que reside nessa mudanccedila os benefiacutecios e malefiacutecios do tipo de vida

em curso

Os conflitos gerados na dinamicidade deste processo fazem parte do escopo da ciecircncia

ambiental na medida em que estatildeo inseridos em um desequiliacutebrio maior ndash a crise ambiental ndash

e que esta por sua vez estaacute trazendo consequumlecircncias graves para o ser humano e para o

proacuteprio planeta que seraacute herdado pelas novas geraccedilotildees

Eacute oportuno estudar e disponibilizar dados referentes agrave percepccedilatildeo que os moradores do

Complexo de Favela acari tecircm sobre sauacutede e meio ambiente Pois nem sempre poliacuteticas

intervencionistas verticais trazem soluccedilatildeo para todos os males ndash vide o Favela-Bairro Eacute

importante presenciar o que esta comunidade em especiacutefico sabe sobre meio ambiente e que

atividades assumem perante esse conceito

O que esta pesquisa pocircde constatar e que de modo algum pode se generalizar eacute que os

moradores do Complexo de Favelas Acari encontram-se em um tipo de comportamento

passivo perante o que acontece a sua volta Nota-se no discurso dos seus moradores a feacute que

depositam em promessas poliacuteticas e em candidatos Por outro lado haacute uma briga poliacutetica entre

as associaccedilotildees de moradores sendo que algumas delas se aglutinaram sob uma mesma

direccedilatildeo pois natildeo tinham representatividade Com isto se vecirc consequumlentemente uma

expressiva parcela da populaccedilatildeo alijada em sua capacidade de mobilizaccedilatildeo e totalmente

alienada do seu potencial eou reivindicaccedilatildeo dos seus direitos Eacute como se a preocupaccedilatildeo fosse

resumida agrave sobrevivecircncia estanque do dia-a-dia

129

BIBLIOGRAFIA

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130

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131

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134

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136

ANEXO I

FOTOS AEacuteREAS E LOCALIZACcedilAtildeO DO COMPLEXO DE FAVELAS

Figura 1 Municiacutepio do Rio de Janeiro onde se vecirc destacado o bairro de Acarai na aacuterea programaacutetica 3

Fonte Instituto Pereira Passos ndash Pref Municipal do Rio de Janeiro

Mapa 1 Mapa representando a favela de Vila Esperanccedila Fonte Instituto Pereira Passos ndash Pref Municipal do Rio de Janeiro

Mapa 2 Mapa representando a favela de Vila Rica do Irajaacute Fonte Instituto Pereira Passos ndash Pref Municipal do Rio de Janeiro

Mapa 3 Mapa representando a favela de Parque Acari Fonte Instituto Pereira Passos ndash Pref Municipal do Rio de Janeiro

Mapa 4 Mapa representando a favela Beira Rio Fonte Instituto Pereira Passos ndash Pref Municipal do Rio de Janeiro

Foto 1

Foto aeacuterea da Favela de Vila Esperanccedila Fonte Instituto Pereira Passos

Foto 2

Foto aeacuterea da Favela de Vila Esperanccedila Fonte Instituto Pereira Passos

Foto 3

Foto aeacuterea da Favela de Vila Esperanccedila Fonte Instituto Pereira Passos

Foto 4

Foto aeacuterea da Favela de Vila Rica de Irajaacute Fonte Instituto Pereira Passos

Foto 5

Foto aeacuterea da Favela de Vila Rica de Irajaacute

Foto 6

Foto aeacuterea da Favela de Parque Acari Fonte Instituto Pereira Passos

Foto 7

Foto aeacuterea da Favela de Parque Acari com detalhe da presenccedila do Hospital de Acari Fonte Instituto Pereira Passos

ANEXO II

TABELAS

Teorias do ecologismo

Materialistas Natildeo-materialistas

Ecologismo nos paiacuteses ricos Reaccedilatildeo contra a contaminaccedilatildeo e esgotamento dos recursos naturais causados pela abundacircncia

Mudanccedila cultural para valores poacutes-materialistas devido aacute utilidade marginal decrescente dos abundantes bens materiais faacuteceis de obter sem custos ambientais

Ecologismo nos paiacuteses pobres Defesa do acesso comunitaacuterio aos recursos naturais contra a ameaccedila do mercado ou do Estado Reaccedilatildeo contra a degradaccedilatildeo ambiental provocada pela pobreza o excesso de populaccedilatildeo e intercacircmbio desigual

Religiotildees biocecircntricas Ecofeminismo essencialista

Tabela 1 - Teorias do ecologismo

III Popde Favelas

(a) MunPopRio

(b) ab de cresc

Pop Favelas de cresc

PopRio

1950 169305 2337451 724 - -1960 337412 3307163 1020 993 4151970 563970 4251918 1326 671 2861980 628170 5093232 1233 114 1981990 882483 5480778 1610 405 762000 1092958 5857879 1866 239 69

Tabela 2 ndash Taxa de Crescimento de Favelas no Rio de Janeiro de 1950 a 2000 Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

Tabela 8-B

Tabela 9-B Municiacutepio do Rio de Janeiro - 2003 2006Nuacutemero de Surtos de Hepatite Viral por Ano Aacuterea de Planejamento Regiatildeo Administrativa e Bairro

Aacutereas de Planejamento RegiotildeesAdministrativas e Bairros

PopulaccedilatildeoCenso 2000

Nordm deSurtos2003

Nordm deSurtos2004

Nordm deSurtos2005

Nordm deSurtos2006

Total deSurtos

TOTAL 5 857 904 5 19 61 44 129

Aacute R E A D E P L A N E JA M E N T O 3 3 928 800 0 3 9 11 23

XXV PAVUNA 197 068 0 0 5 4 9

ACARI 24 650 0 0 2 0 2 Tabela 10-B SUBASSSVSGerecircncia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica

uacutemero de Casose Oacutebitos e Taxas de Incidecircncia Mortalidade e Letalidade de Febre Hemorraacutegica do DengueSiacutendrome do Choque por Dengue por Aacutereas de Planejamento RAacutereas de Planejamento RegiotildeesAdministrativas e Bairros

PopulaccedilatildeoCenso 2000

Casos FHD1996

Casos FHD1997

Casos FHD1998

Casos FHD1999

CasosFHD2000

Casos FHD2001

Casos FHD2002

Casos FHD2003

Casos FHD2004

CasosFHD2005

Casos FHD2006

TOTAL 5 857 904 0 0 2 11 12 269 718 4 4 4 35AacuteREA DE PLANEJAMENTO 33 928 800 0 0 0 3 0 35 82 0 1 0 0ACARI 24 650 0 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 Tabela 11-B

146

Municiacutepio do Rio de Janeiro - 2000 a 2006Nuacutemero de Casos Oacutebitos Taxa de Incidecircncia Mortalidade e Letalidade de Doenccedila Meningocoacutecica por Aacuterea de Planejamento Regiatildeo Administrativa e Bairro

Aacutereas de Planejamento RegiotildeesAdministrativas e Bairros

PopulaccedilatildeoCenso 2000

Casos2000

Casos2001

Casos2002

Casos2003

Casos2004

Casos2005

Casos2006

Total CasosDM

TOTAL 5 857 904 192 184 178 172 178 231 157 1 292

Aacute R E A D E P L A N E JA M E N T O 3 3 9 28 8 00 33 27 2 6 16 28 3 2 3 5 197

XXV PAVUNA 197 068 3 8 6 2 7 9 7 42

ACARI 24 650 2 1 3 1 2 1 2 12 Tabela 12-B

Nuacutemero de Casos Oacutebitos Taxa de Incidecircncia Mortalidade e Letalidade de Dengue por Aacuterea de Planejamento Regiatildeo Administrativa e BairroMuniciacutepio do Rio de Janeiro - 1996 a 2006

Aacutereas de Planejamento RegiotildeesAdministrativas e Bairros

PopulaccedilatildeoCenso 2000 Casos 1996 Casos 1997 Casos 1998 Casos 1999 Casos 2000 Casos 2001 Casos 2002 Casos 2003 Casos 2004 Casos 2005 Casos 2006 Total Casos

de Dengue

TOTAL 5 857 904 4 102 1 024 13 477 4 132 2 279 27 671 143 723 1 610 708 1218 14 778 214 722Aacute R E A D E P L A N E JA M E N T O 3 3 928 800 477 136 1 820 555 31 9 5 109 10 351 214 118 109 754 19 962PAVUNA 90 027 64 17 445 129 10 341 578 19 5 3 53 1 664

Tabela 13-B

147

Principal fonte O que causa Escape dos veiacuteculos motorizados

Centrais termoeleacutetricas NO2 Faacutebricas de fertilizantes de explosivos ou de aacutecido niacutetrico

Problemas respiratoacuterios

Centrais termoeleacutetricas Petroacuteleo ou carvatildeo SO2 Faacutebricas de aacutecido sulfuacuterico

Problemas respiratoacuterios irritaccedilatildeo nos olhos problemas cardiovasculares

Escape dos veiacuteculos motorizados

Processos industriais Centrais termoeleacutetricas

Partiacuteculas em

suspensatildeo Reaccedilatildeo dos gases poluentes na atmosfera

Problemas respiratoacuterios irritaccedilatildeo dos olhos doenccedilas cardiovasculares

Escape dos veiacuteculos motorizados Problemas respiratoacuterios intoxicaccedilotildees problemas cardiovasculares

Alguns processos industriais CO

Fumaccedila de cigarro

Na exposiccedilatildeo prolongada aumento do volume do baccedilo hemorragias naacuteuseas

diarreacuteias pneumonia perda de memoacuteria e outros males

Escape dos veiacuteculos motorizados (gasolina com chumbo) Efeito toacutexico acumulativo Pb

(Chumbo) Incineraccedilatildeo de resiacuteduos Anemia e destruiccedilatildeo de tecido cerebral

Irritaccedilatildeo nos olhos O3 (Ozocircnio)

Formados na atmosfera devido agrave reaccedilatildeo de oacutexidos de azoto hidrocarbonetos e luz solar Problemas respiratoacuterios (reaccedilatildeo inflamatoacuteria

Tabela 14-B Gases poluentes lanccedilados na atmosfera

Tabela 15-B Comparaccedilatildeo da poluiccedilatildeo atmosfeacuterica produzida em algumas cidades

ANEXO III

GRAacuteFICOS E FIGURAS

Graacutefico 1-B

Figura 1-B

Imagem do lixatildeo no local chamado de fim de mundo

Figura 2-B

Imagem do lixatildeo no local chamado de fim de mundo

Figura 3-B

Projeto de reciclagem de lixo

Figura 4-B

Aspecto da disposiccedilatildeo do lixo recolhido na aacuterea da ldquoreciclagemrdquo

Figura 5-B

ETE Pavuna Fonte Aquacon

Figura 6-B

Exemplo de uma aacuterea de lazer

Figura 7-B

Exemplo de uma aacuterea de lazer

PESSOAS ENERGIA

ENTRETENIMENTO EDUCACcedilAtildeO INFORMACcedilAO E TECNOLOGIA

RUIacuteDO

AR POLUIacuteDO

ESGOTO

RADIACcedilAtildeO LIXO HOSPITTALAR PUacuteBLICO E RESIDENCIAL

SERVICcedilOS

BENS MANUFATURADOS

RESIacuteDUOS INUSTRIAIS

COMBUSTIacuteVEIS

MATEacuteRIA-PRIMA

Figura 8-B Esquema de trocas de uma cidade

Figura 9-B

Figura 10-B

ANEXO V

FIGURAS UTILIZADAS NAS ENTREVISTAS

ASSUNTO PRESSUPOSTO TELECOMUNICACcedilAtildeO CONSUMISMO PRODUCcedilAtildeO DE LIXO

ASSUNTO PRESSUPOSTO CONSUMISMO CONFORTO LAR LAZER

ASSUNTO PRESSUPOSTO CONSUMISMO CONFORTO LAZER POLUICcedilAtildeO ATMOSFEacuteRICA

ASSUNTO PRESSUPOSTO DESMATAMENTO MUDANCcedilA CLIMAacuteTICA PERDA DE BIODIVERSIDADE EFEITO ESTUFA

ASSUNTO PRESSUPOSTO CONSUMISMO ALIMENTACcedilAtildeO TRABALHO DIGNIDADE CIDADANIA

ASSUNTO PRESSUPOSTO PRESERVACcedilAtildeO AMBIENTAL LEIS VIOLEcircNCIA

ASSUNTO PRESSUPOSTO ALIMENTACcedilAtildeO DINHEIRO TRABALHO QUALIDADE DE VIDA

ASSUNTO PRESSUPOSTO ENERGIA CONFORTO LAR LAZER

ASSUNTO PRESSUPOSTO CONSUMISMO ALIMENTACcedilAtildeO TRABALHO FAMIacuteLIA

ASSUNTO PRESSUPOSTO PARTICIPACcedilAtildeO DO PODER PUBLICO SAUacuteDE CIDADANIA POLIacuteTICA

ASSUNTO PRESSUPOSTO LAR MORADIA TRANSPORTE LAZER SEGURANCcedilA QUALIDADE DE VIDA FUTURO

ASSUNTO PRESSUPOSTO PARTICIPACcedilAtildeO SOCIAL SAUacuteDE FAMIacuteLIA

ASSUNTO PRESSUPOSTO TELEVISAtildeO RAacuteDIO PARTICIPACcedilAtildeO SOCIAL AMBIENTALISMO

ASSUNTO PRESSUPOSTO CIDADE TRANSFORMACcedilAtildeO DA PAISAGEM POLUICcedilAtildeO TRABALHO

ASSUNTO PRESSUPOSTO MEIO AMBIENTE ENERGIA POLUICcedilAtildeO PRESERVACcedilAtildeO

ANEXO VI

TRANSCRICcedilAtildeO DAS FALAS DOS ENTREVISTADOS

TRANSCRICcedilAtildeO ENTREVISTA 1 Que eu entendo por meio ambiente eacute aonde noacutes vivemos neacute Onde

precisamos se sentir saudaacutevel neacute E que nesse saudaacutevel que agente natildeo tem as impurezas na natureza neacute Eacute que a natureza deve ser saudaacutevel porque noacutes vivemos e precisamos dela Por isso eu acho que os seres humanos devem preservar

Meio ambiente que eu vi ali por exemplo na televisatildeo que apareceu apareceu o espaccedilo o mar neacute O mar achei interessante E tambeacutem vi coisas desagradaacuteveis neacute No meio ambiente a queima das aacutervores neacute Eacute isso aiacute que eu vi vi tambeacutem que eu vi aqui Vi por exemplo que produz o meio ambiente a vi ali frutas sucos laacute tinha laranja reproduzido no meio ambientevi o que mais Vi tambeacutem o meio ambiente o homem Os conflitos entre os seres humanos em um grupo de pessoas que deviam estar vivendo bem natildeo em conflito o espaccedilo limitado dessas pessoas

O carro o meio ambiente eu acho assim noacutes necessitamos dele Ele solta gaacutes carbono impureza no meio ambiente acho que o carro nos traz conforto eu acho que carro eacute necessidade mas no meio ambiente ele danifica salta gaacutes polui o ar A mesma coisa ai satildeo celulares aparelhos que vocecirc usa pilha usa coisa que ele danifica tambeacutem o meio ambiente por exemplo eu li uma vez que a ldquoguimbardquo do cigarro se vocecirc colocar ele demora para a natureza a terra absorver duzentos anos neacute Vi tambeacutem que a garrafa plaacutestica demora mais de 300 anos para deixar de danificar isso plaacutestico entatildeo isso eacute Claro e evidente e se vocecirc jogar lixo e deixar aacutegua limpa em por exemplo em casca de ovo pneu aiacute danifica o meio ambiente eacute indiretamente sim porque temos verbas desviadas que poderia estar desenvolvendo o meio ambiente eacute desviada pelos nossos governantes puacuteblicos Tambeacutem espaccedilo fiacutesico de lazer neacute Se vocecirc tiver o espaccedilo fiacutesico de lazer compatiacutevel com as nossas moradias eacute favoraacutevel o crescimento da crianccedila o adolescente e o adulto saudaacutevel quando se pensa em meio ambiente fortalecido agente vecirc que as vezes natildeo

Equiliacutebrio fiacutesico e mental para mim sauacutede eacute isso equiliacutebrio fiacutesico e mental Quando eu falo fiacutesico e mental vocecirc eacute uma pessoa saudaacutevel se vocecirc tem um equiliacutebrio fiacutesico neacute Eu to bem fisicamente mentalmente eu to bem

Tem haver se eu viver num ambiente por exemplo onde tem lixo tem detritos tem vala abertas vai comprometer minha sauacuteda porque vai chamar ratos baratas e vai transmitir doenccedilas mosca entatildeo a sauacutede tem haver muito com a limpeza e a limpeza eacute o meio ambiente onde

vivemos seja dentro da nossa casa seja na comunidade seja no espaccedilo de lazer seja onde noacutes tivermos se tiver limpeza agente vai ter uma sauacutede equilibrada se agente tiver sujeira e imundiacutecie agente natildeo vai ter sauacutede

Favela como eacute ta dizendo em latim que eacute comum a todos mas se vocecirc tiver uma favela urbanizada e equiparada ao benefiacutecio de sauacutede puacuteblica poliacuteticas puacuteblicas com certeza esses moradores vatildeo ter uma sauacutede equilibrada e uma ecologia tambeacutem comparada com o equiliacutebrio ecoloacutegico aonde vocecirc vive Se vocecirc mora numa favela se os moradores natildeo satildeo conscientizados que eu acho mais difiacutecil mas se eles tiverem orientados que ele tem que manter o espaccedilo que ele vive que tem que pensar natildeo soacute em mim tenho que pensar no meu semelhante no meu vizinho manter No caso da dengue se eu tenho um jarro de flor que tem aacutegua meu vizinho natildeo tem entatildeo eu estou proporcionando soacute doenccedila pra mim eu estou proporcionando pro meu proacuteximo entatildeo se todo mundo em favela viver em um ambiente limpo e saudaacutevel vai ter com certeza sauacutede saudaacutevel mas se agente viver na comunidade esse espaccedilo fiacutesico se natildeo for bem tratado saneamento baacutesico com certeza vatildeo ter essa comunidade esse espaccedilo ecoloacutegico da vivecircncia ruim

Porque conscientizaccedilatildeo se demora muito neacute Vocecirc conscientiza uma pessoa a pessoa entender isso Que agente pode ter divergecircncia de ideacuteia ou achar que temos que beber aacutegua filtrada e a moradora dizer pra mim natildeo eu bebo a aacutegua do latatildeo haacute vinte anos e natildeo peguei doenccedila Entatildeo conscientizar essa pessoa demora mais eacute mais faacutecil orientar dando coisas praacuteticas Vocecirc bota no latatildeo mas no latatildeo ele traz o que ele traz ferrugem do latatildeo a aacutegua tem que ser fervida e filtra por isso por isso por isso Acho que vocecirc orientar eacute mais faacutecil do que conscientizar a pessoa as orientaccedilotildees eacute passo a passo que dizer no final ele vai se conscientizar daquilo mas leva muito mais tempo mas orientaccedilatildeo praacutetica na hora das accedilotildees imediatas surgem mais efeitos do que uma mudanccedila que leva tempo

Tem uma aacutervore caindo em cima da casa eacute uma como se chamaum abacateiro Ela veio aqui e no dia que ela veio aqui tinham um assessor da secretaacuteria do meio ambiente a R F ele disse que isso natildeo era questatildeo dele era questatildeo de defesa civil Vocecirc entendeu E ela mas a aacutervore vai cair em cima da casa dele pode causar morte vai derrubar a casa dele ela tava preocupado do risco dessa aacutervore tanto pra ela quanto pro vizinho E a pessoa ficou fria e outra coisa eacute noacutes temos o lixo aqui as pessoas natildeo educadas que o lixo como se tem que fazer o lixo eacute reciclar o lixo eles natildeo eles jogam o lixo toda vez eacute garrafa ldquopetrdquo para um lado viacutescera de peixe pra um lado viacutescera de galinha para um lado entatildeo eles natildeo sabem separar isso eacute falta de educaccedilatildeo ambiental e natildeo eacute feito na comunidade as escolas que estatildeo comeccedilando agora a fazer isso Por exemplo aqui em Acari eu fiquei boba tem vala aberta antiga vala negra se for no final do mundo se encontra vala aberta Vala aberta crianccedila andando descalccedilo

nessas valas Entatildeo o ambiente aqui do complexo do areal ta comprometido Vocecirc vecirc o rio Acari hoje melhorou um pouco por que existe os guardiotildees do rio Satildeo homens que satildeo pagos pela prefeitura pela meio ambiente que eacute da secretaria do meio ambiente que eacute daqui da prefeitura que faz a limpeza do rio dos detritos que os proacuteprios moradores jogam no rio Eu ateacute discuto isso muito em que tem que orientar os moradores a natildeo jogar as coisas que eles natildeo usam mais no rio e eles acabam jogando e daacute enchente e enchente vaacuterios barracos na beirada do rio vatildeo ser levadas vaacuterias famiacutelias eacute flageladas sem onde morar vocecirc vecirc que baixa a enchente as pessoas voltam a morar a fazer seus barracos e continuam jogando seus detritos Eu acho que as pessoas natildeo estatildeo muito preocupadas com o seu meio ambiente eles no momento pensam no momento em que satildeo atingidos depois que passa isso tudo ele continua fazendo a mesma coisa

O complexo de Acari eacute o terceiro maior complexo de favelas da Ameacuterica do Sul com IDH muito baixo pra vocecirc vecirc se muito baixo quer dizer que condiccedilatildeo ela estaacute precaacuteria de tudo saneamento baacutesico estou falando pra vocecirc que existe vala negra Entatildeo vou dizer laacute da beirada do rio se vocecirc for a beirado do rio de Acari depois do hospital vocecirc vai dizer que poliacutetico eacute esse que temos nesse municiacutepio que laacute aquelas famiacutelias de laacute Se entra laacute eu tava com chinelo de dedo e fui laacute procurar um menino aconteceu um acidente uma rato mordeu aqui nele na mulher tambeacutem eu fui laacute entre os meu dedos tinha aquela lama preta e dentro de casa natildeo eacute cimento natildeo eacute chatildeo batido uacutemido que as pessoas botam tapete que eles encontram no lixo taacutebua ou papelatildeo Levo quem quiser laacute eu falo pra poliacutetico eu levo laacute eu levo aquilo tudo imundo cheio de verminose as crianccedilas descalccedilas eu vejo no meio do complexo de Acari apesar de ter os gari que varre as pessoas continuam jogando lixo na rua entatildeo eacute precisa passar um processo de educaccedilatildeo ecoloacutegica de moradores estaacute mais atento a isso Se vocecirc procurar nos becos da favela se anda aiacute se vecirc muito coco de animais natildeo que eu quero exterminar ateacute adoro neacute mas eu ando e vejo em outros lugares as pessoas com a bolsinha quando faz cococirc na rua as pessoas bota saquinho plaacutestico e joga na lata de lixo Aqui natildeo se vecirc crianccedilaeacute porco cabrito gato cachorro tudo faz por aiacute e as crianccedilas brincando Eu acho que natildeo existe trabalho focado pra defesa deste espaccedilo fiacutesico que crianccedila adolescente jovem-adulto terceira idade tem uma sauacutede mais equilibrada porque vatildeo fazendo casa em cima da outra neacute Nesse aglomerado e mesmo com a favela bairro hoje agente tem aqui por mal feita a favela bairro ainda natildeo tem lugares que ta faltando aacutegua natildeo tem aacutegua potaacutevel na hora que fez favela bairro tirou um cano novo botou um velho soacute que o velho neacute O novo natildeo passa aacutegua e o velho tambeacutem Umas pessoas tecircm aacutegua outros lugares aqui na rua do viaduto cansam de reclamar isso e os proacuteprios bueiros mal feitos neacute Quando tem uma chuva bem forte os bueiros natildeo satildeo limpos que o gari daqui vocecirc sabe limpar as ruas eu que vejo os garis de outros lugares que eles limpam os bueiros tambeacutem

de outro lugar vocecirc em outro lugar a diferenccedila limpam as ruas do Meacuteier lavam as ruas aqui nem em dia de feira lavam as ruasentatildeo vocecirc vecirc a diferenccedila disso tudo Se vocecirc andar no conjunto de manhatilde esse conjunto aqui vocecirc vai ver de copo descartaacutevel papel que jogamah se vocecirc se andar nas ruas becos voce vecirc muita sujeira os gari acabam de limpar e se eles voltarem duas horas depois estaacute tudo sujo Acho que noacutes brasileiros natildeo somos educados para isso

Guardiatildeo do Rio Gari comunitaacuterio associaccedilatildeo centro de estudos eacute o seguinte hoje o complexo de Acari tem a Associaccedilatildeo do Parque unidos de Acarai que eacute do outro lado do Rio quem vai pra linha verde do outro lado tem centro comunitaacuterio unidos de Acari que eacute uma ONG que tem uma creche desenvolvem trabalho com laboratoacuterio de informaacutetica para os jovens e jovens adultos e terceira idade para o mercado de trabalho Vindo para este lado noacutes temos a Associaccedilatildeo de moradores do parque acari que eacute a mais antiga noacutes temos vindo pra caacute Vila Rica que hoje natildeo eacute associaccedilatildeo que juntou ao Parque Acarai a ONG Tio Patinhas que eacute uma creche que estava fechada uns trecircs anos reabriu com um convecircnio com a secretaria municipal de educaccedilatildeo A creche laacute do PAC centro comunitaacuterio tambeacutem tem um convecircnio com a prefeitura vindo mais pra cima vocecirc tem Quero Ouvir Esperanccedila com a unificaccedilatildeo Associaccedilatildeo do conjunto residencial Areal conhecido como amarelinho assumiu vila esperanccedila Que eram cinco associaccedilotildees se tornou duas agora e tem onde era a Parmalat que tem uma associaccedilatildeo que eacute de fato de natildeo de direito porque ela eacute formada e natildeo eacute registrada tentamos agora fazer essa composiccedilatildeo eu ainda acho que as associaccedilotildees tem que eacute de bom grado e bom tamanho que muita associaccedilatildeo acaba ningueacutem fazendo nada Temos aqui o Futuro Feliz que eacute uma ONG que tem um papel importante na comunidade eacute ensinar as crianccedilas adolescente e adultos muacutesica entatildeo tem aula de violatildeo bateria piano teclado vocecirc vecirc uma menina que eacute nascida aqui que tem doze anos que sabe ler partitura E tem a instituiccedilatildeo aqui que eu coordeno que eacute a Satildeo Domingos Saacutelvio e vaacuterias escola do ensino fundamental e vaacuterias creches da prefeitura e tem o posto de sauacutede enfermeira Edna Valadatildeo que hoje eacute PSF A Cufa que estaacute saindo jaacute esteve aqui no complexo de Acari e eu natildeo sei por qual motivo pelo qual motivo ela saiu voltou tem uma ano e pouco segundo a pessoas que esteve aqui ela colocou que os projetos colocado aqui natildeo teve resultados favoraacuteveis ateacute fiquei boba que eles tem condiccedilatildeo econocircmica que eu natildeo tenhonem a associaccedilatildeo de moradores tem e conseguimos fazer um trabalho e natildeo temos o projeto que eles tecircm neacute E natildeo conseguiram ter um nuacutemero de clientela favoraacutevel natildeo sei qual o erro aqui tem crianccedila noacutes estamos na terceira maior favela da Ameacuterica do Sul e natildeo ter clientela favoraacutevel pelo tipo de atividades que eles faziam que eacute de suma importacircnciapor que eu fiquei boba de quinta feira ela ter colocado pra mim que vocecircs estatildeo indo embora porque Vocecircs tem melhor dos projetos Petrobraacutes governo de estado com a prefeitura ela disse que os projetos que desenvolvia aqui a direccedilatildeo da CUFA achou que natildeo teve um resultado favoraacutevel eacute porque Clientela mas pra vocecirc ter clientela se tem que divulgar o que

vocecirc faz tem que comunicar com o povoe eu falei pra ela se vocecirc natildeo divulgaeu dou um curso aqui que preparo a dezesseis anos os adolescentes para o mercado de trabalho Eles sabem que de primeiro a quinze de dezembro primeiro a quinze de junho tem inscriccedilatildeo eu natildeo divulgo eacute um trabalho de formiguinha uma passa para o outro porque eacute bom e as pessoas vatildeo passando

ENTREVISTA 2 Meio ambiente Na verdade talvez mais pro lado do que agente costuma

dizer florestas rios Pra comunidade o meio ambiente Primeiramente higiene eu acredito assim uma limpeza uma participaccedilatildeo de todos esgoto muito esgoto entupido

Na verdade na verdade noacutes podemos ver que haacute um certo descaso com as comunidades por parte do poder puacuteblico certamente eles poderiam fazer muito mais apesar de que eu natildeo vou encobrir que muitas das vezes faz parte dos nossos proacuteprios liacutederes comunitaacuterios De um modo geral que muitas das vezes hoje se tornam uma questatildeo de repente eu consegui algo mas e a comunidade Natildeo adianta trazer um candidato para a comunidade o candidato entra ganha voto e depois vai embora e beijinho pra comunidade e de repente eu que trouxe meu candidato consigo traz alguma coisa para a comunidade mas a comunidade veda entatildeo tambeacutem haacute um descaso na minha opiniatildeo tanto de liacutederes comunitaacuterios como eu sou a favor do que estaacute para acontecer um plebiscito para eleger uma pessoa para representar as comunidades de um modo geral eu sou a favor considero as pessoas que jaacute passaram considero mas a eacutepoca para mim jaacute passou teve que aproveitar os momentos aproveitou e ficou esquecido acabou o tempo Eacute tempo de novas oportunidades

Eu na minha opiniatildeo sou a favor de que a comunidade num todo apoacuteie ele para que noacutes venhamos trazer um candidato para que este candidato da mesma forma que noacutes o colocamos laacute por ele ser da aacuterea criado na comunidade conhecendo os problemas se agente o colocar laacute e tambeacutem natildeo fizer nada da mesma forma que o colocamos laacute podemos fazer o seguinte fechamos essa Avenida Brasil aqui com faixas e cartazes e mancha e denigre a imagem dele dizendo que ele natildeo com mentiras mas com verdade e dizer o que era para ele fazer e natildeo fez eacute uma opiniatildeo minha natildeo com baderna natildeo soacute um meio de chamar agrave atenccedilatildeo porque eu sou a favor de que ele venha eu estou confiando nele e espero que porque haacute esse descaso que vocecirc falou ateacute mesmo da lideranccedila e descaso da proacutepria comunidade que se acostumou com certos tipo de problemasmas as vezes o morador eacute culpado porque pegam a bolsinha de lixo e natildeo quer andar ateacute a ponta aqui e depois venha aqui cobrar Mas outros natildeo querem chegar junto vocecirc sabe por que eacute porque as pessoas vatildeo se cansando e claro estas questotildees vatildeo caindo em descreacutedito entatildeo tem muitos que natildeo querem pois se

cair em descreacutedito jaacute era Eacute o que eu falei Certa vez um cidadatildeo chegou para mim - deixa eu colocar uma faixa aiacute - eu falei pocirc jaacute tem um faixa aiacute natildeo daacute natildeo - pocirc mas oacute fulano de tal vez fez aquilo na comunidade - eu falei cadecirc ele Fez a quatro cinco seis anos atraacutes mas cadecirc ele agora Para eu estar votando nele continuamente quero ver ele aqui na comunidade fazendo alguma coisa pela comunidade e tem essas obras do PAC aiacute Porque seraacute que natildeo tem ningueacutem para trazer o PAC pra caacute Trazer um centro comunitaacuterio aqui alguma coisa que possa tirar essa molecada daiacute sei laacute alguma coisa que para trazer um curso pocirc abrir a mente com esporte em vez de estar com os olhos focados nesta porcaria aiacute estar focado com outras coisas a maioria dos moradores natildeo procuram abrir a mente pra isso muita gente que tem mente pequeninha Isto eacute interessante para o poder puacuteblico com achei uma covardia de fazer aquilo a aprovaccedilatildeo automaacutetica natildeo existe isso

Me desculpe eu respeito todo mundo cada um com seu cada um mas pra mim eacute para poder manter principalmente nas comunidades pessoas sem estudo porque para ele tambeacutem eacute vantagem A pessoa da comunidade de onde for fica sem instruccedilatildeo nenhuma sem abrir a sua mente a ampliar para ver o que estaacute acontecendo num todo Por que se noacutes natildeo nos unirmos estamos ferrados porque a aprovaccedilatildeo automaacutetica sabe passou natildeo sabe tambeacutem passou entatildeo isso haacute manipulaccedilatildeo por traacutes construiu um hospital daquele ali passei saacutebado a noite por laacute olhei a fachada eacute uma coisa de primeiro mundo aquilo ali eu costumo dizer aquilo ali eacute do niacutevel de um copa drsquoor de um barra drsquoor aiacute construiacuteram sabe a quantos anos estaacute fechado Agora chega na hora das eleiccedilotildees chega o candidato dele que ele natildeo pode mais se lanccedilar aiacute a populaccedilatildeo infelizmente alguns com a mente mais fraca arrisca de ateacute votar aiacute eu te falo eu natildeo entendo muito eu natildeo sou tatildeo burro pois tento aprender umas coisinhas mas eles construiacuteram um hospital daquele ali aiacute eu pergunto um hospital daquele ali vai precisar de quecirc Funcionaacuterios tanto meacutedicos quanto enfermeiros limpeza comidapessoas para trabalhar no refeitoacuterio eu te pergunto hospitais do Rio de Janeiro tanto municipal estadual e federal tudo caindo aos pedaccedilosseraacute que eles vatildeo ter verba para investir naquilo ali seraacute que vatildeo ter interesse em investir naquilo ali Pocirc que aquilo ali eacute hospital para ter emergecircncia vinte e quatro horasvai inaugurar sim a qualquer momento Eu acredito que eles vatildeo enrolar ateacute o final do ano Aiacute eles gastam uma fortuna do dinheiro puacuteblico do dinheiro que natildeo satildeo deles aiacute se constroacutei um mundo que aquilo ali eacute um mundo seraacute que eles vatildeo querer em ter interesse em manter verba todo ano tem aquela como eacute chamado orccedilamento Um bilhatildeo oh Vamos destinar cem para a sauacutede cem para a seguranccedila puacuteblica natildeo eacute isso Por exemplo para a educaccedilatildeo seraacute que no municiacutepio vai ter interesse em enviar tantas verbas para um hospital desses Porque para comeccedilar eles vatildeo ter que os meacutedicos os profissionais muitos de repente vatildeo ficar ateacute meio assim tem profissionais que se bobear ateacute correm mas seraacute que eles tem interesse de manter o hospital vinte e quatro

horas aberto Com funcionaacuterios ali e meacutedicos pediatras emergecircncia e aiacute aquilo ali eacute uma coisa de louco Os hospitais da rede municipal estavam tudo ali caindo aos pedaccedilos numa correria daqui pessoas largadas nos chatildeo entatildeo satildeo estas questotildees Aqui em Irajaacute tem uma RF que domina geral entatildeo eu acho chegou uma eacutepoca eu na minha opiniatildeo nada contra ela mas eu acho que ta na hora de noacutes aqui nos unirmos para trazer um candidato trazer natildeo eacute puxa ele de como uma passagem como agente de um tanto e meu voto e peacute na estrada eu sou contra Pessoas que venham e que tenham compromisso realmente com a comunidade Jaacute que fizeram um plebiscito eu sou favor do plebiscito e que se vaacute ateacute o final mas se natildeo tivesse acontecido o candidato tem que ter interesse em ficar aqui na comunidade tanto amarelinho acari parque uniatildeo parque Columbia laacute pra trazbeira rio mas que desse uma assistecircncia a comunidade e procurar trazer benefiacutecios a comunidade

ENTREVISTA 3 Meio ambiente Acho que eacute tudo que envolve o lugar onde Agente vive

depende de cada lugar cada meio ambiente diferente daquele lugar Conheccedilo eacute poluiccedilatildeo agraves vezes de rios que se transformam em valotildees neacute Que coisas que pessoas antigas diziam que rios de aacuteguas potaacuteveis que havia peixes e algumas outros tipos de seres vivos que hoje em dia natildeo existem mais devido a poluiccedilatildeo Acho que a degradaccedilatildeo do meio ambiente neacute o lugar que a mateacuteria diz que o rio que tem o seu curso que por intermeacutedio do ser humano quer desviar curso desse rio Acho ruim porque se tivesse que o rio passar por onde ele deveria passar ele natildeo teria que ser mexido porque ele tem um fluxo dele tem toda uma estrutura daquele rio tem espeacutecies ali que mudando o curso daquele rio talvez essas espeacutecie natildeo vatildeo se adaptar o novo curso que ele vai ter que percorrer Acho que a sauacutede vem desde a prevenccedilatildeo Se natildeo houver prevenccedilatildeo natildeo haacute sauacutede Porque natildeo age soacute que a pessoa tem que a pessoa tem que fazer aquela prevenccedilatildeo ali pra que natildeo fique doente entendeu Pra que natildeo pegue algum tipo de viacuterus ou outra coisa Natildeo eacute soacute depois que estaacute doente cuidar daquilo Tem Tem porque se o ambiente estiver sendo bem tratado dificulta agraves vezes algum tipo de doenccedila agente pode vamos dizer assim a hepatite neacute A hepatite eacute causada em situaccedilotildees de poluiccedilatildeo de lixo poluiacutedos aquela aacutegua que a pessoa bebe e que natildeo foi tratada se de repente aquilo ali natildeo tivesse sido destruiacutedo aquele ambiente ali talvez aquela pessoa natildeo pegaria aquela doenccedila Eu acho que a conscientizaccedilatildeo que a populaccedilatildeo da comunidade mostra as pessoas pra natildeo destruir a natureza natildeo destruir os rios dentro de cada comunidade natildeo soacute a minha mas em todas entendeu Eu acho

que se forem feito um estudo desde a educaccedilatildeo principal maternal jardim ai vem primeira seacuteria assim sucessivamente que natildeo adiante depois que as pessoas estatildeo velhas que jaacute estatildeo acostumas a fazer muita coisa errada vocecirc tentar colocar aquilo na cabeccedila das pessoas vocecirc jaacute tem que vir desde quando eacute crianccedila ensinar a crianccedila a natildeo a chegar ali naquela planta do vizinho e arrancar aquela planta natildeo destruir ao ver um animal ou um paacutessaro e natildeo tacar um pedra alguma coisa desse tipo

ENTREVISTA 4 Eu gostaria que ele viesse a festa da comunidade aniversaacuterio da

comunidade Vai Comeccedilar as dezessete horas ou seja dezenove vamos ter a forccedila do Afro Reggae vem o Gabrielzinho de Irajaacute vem o Ademir da Rede Globo o ator Temos grupo Luzes o Mc Alex vai estar presente tambeacutem vai dar uma mensagem tem uma muacutesica que diz sobre o Presidente Pra gente eacute importante tambeacutem fortalecer esse jovem porque ele foi precursor da limpeza da comunidade Ele foi um dos caras que noacutes ganhamos pegamos duzentos latotildees com produtos quiacutemicos que agente natildeo sabia que era toacutexico Aiacute um belo dia a Comlurb disse assim oh retira esses latotildees que eu do todo ele cor de aboacutebora E o Alex foi a pessoa que foi o cara pra distribuir todos os latotildees na comunidade Eu tenho retrato dele ele era magrinho hoje oacute soacute vendo E noacutes tiramos e controlamos a questatildeo do lixo que a questatildeo do lixo eacute uma coisa muito forte Agora eu queria que vocecirc registrasse pra noacutes eacute a questatildeo futuramente vocecirc vai ver este cercadinho em muro vocecirc vai ver tudo isso aqui bonitinhosabeporque aiacute agente ta recebendo as pessoas ainda fazem uma criacutetica que soacute serve soacute para crescer Eu queria que ficasse bem registrado que a populaccedilatildeo devido a morte de uma crianccedila laacute um adolescente aiacute a comunidade comeccedilou morreu de meningite teve um surto de meningite

ENTREVISTA 5 somos isentos da taxa d aacutegua porque eacute do INSSe esgoto tambeacutemonde

tem favela bairro eles recebem conta de aacuteguaalguns pagam a conta de aacutegua Chegou o gaacutes aqui mas eles natildeo aprovaram natildeo natildeo foi aceito natildeo O amarelinho era o maior morro que existia aqui era o cemiteacuterio dos iacutendios e tudo isso aqui esse morro grande tinha um tal de Joatildeo de Morro que era um cara da antiga fazenda Areal que vivia aqui e ele entatildeo aiacute quando compraram esse terreno ai primeiro para construir o IAPC eacute o conjunto habitacional do IAPC ndashInstituto Nacional de

Previdecircncia dos Comerciaacuterios que era dividido assim Esse morro aqui foi entatildeo rebaixado quando tambeacutem tudo aquilo aqui foi rebaixado para fazer o CEASA aquelas maacutequinas da transamazocircnica que tem aquela boca em baixo e ela vai retirando o todo o excesso tudo que ficar vai desbastando o morro antes para aqui para a construccedilatildeo do CEASA Toda essa populaccedilatildeo foi para Senador Cacircmara O Pessoal do Furatildeo foi para Vila Kennedy Padre Miguel Essa foi a uacuteltima assembleacuteia que tivemos e falamos da reciclagem de lixo tudo agente tenta buscar e discutir com a comunidade noacutes queremos capacitaccedilatildeo para o tratamento do lixo agente da aberto para capacitaccedilatildeo e parcerias agente quer agente necessita para fazer um dos melhores Vocecirc tem aqui desorientaccedilatildeo da famiacutelia aqui e a ela eacute dura ela vai dentro se vocecirc eacute um pai negligente ela vai falar que vocecirc eacute um pai negligente aiacute vocecirc vecirc que as pessoas as vezes fazendo coisas que agente entatildeo somos os guardiotildees dos direitos das crianccedilas aqui Todos noacutes que estamos dirigindo alguma coisa qual eacute o nosso objetivo natildeo adianta fazermos as coisas sozinhos cada um tem que fazer a sua parte entatildeo eu acho que agente tem que ser assim mesmo para garantir noacutes temos valores noacutes temos essas pessoas Porque o socioacutelogo Marcos fez a histoacuteria de Acari contendo todos noacutes porque eacute importante vocecirc registrar aqueles que ainda persistem na luta noacutes temos um coroa aqui de 80 anos que ainda milita no Complexo de Acari entatildeo eacute importante eu acho que o viacutedeo pode mostrar muitas coisas mas natildeo pode ficar pela metade Ningueacutem vai filmar o esgoto ningueacutem vai ver mais o esgoto tinha vala a ceacuteu aberto agora tem saneamento baacutesico Natildeo tinha nada o conjunto natildeo tinha pavimento era puramente o quecirc Um matagal as pessoas quando vem natildeo soma com as experiecircncias que tem a rede eacute furada porque as pessoas natildeo se integram o negoacutecio eacute sentar toda a rede e discutir coisas importantes conforme eu estou dizendo Eacute fundamental de buscar o dia 4 de novembro eacute o dia da favela que todas as favelas no Rio de Janeiro tem que se mobilizar para acontecer como a proacutepria a MT que criou o dia mas temos todos que gritar numa soacute voz Sabe porque Acari era um peixe que vivia no lamaccedilal na imundice eu natildeo faccedilo de conta natildeo eu estou presente noacutes fizemos uma reportagem e aiacute nem passou eu falei o dia em que a comunidade pela violecircncia a questatildeo do apitaccedilo que a proposta aqui noacutes colocamos jaacute haacute muito tempo que a violecircncia que agente enfrenta seria desde a violecircncia a mulher e a crianccedila que vocecirc vecirc um cara matando algueacutem dentro da comunidade por exemplo vocecirc apita todo mundo sai apitando essas questotildees vatildeo parar o dia que o cara bate na mulher daacute tapa na cara soco na cara mas o dia em que as pessoas comeccedilarem a apitareu propus isso nesse documentaacuterio

jaacute queremos mudar os nomesaqui eacute Areal jaacute queremos mudar Ninho das Cobras Mangue Seco Fim do Mundotem que mudar eu botei Atalaia Maracanatilde Campo do Jordatildeo pra poder amenizar porque Ninho das Cobras pocirc pera aiacute As obras que viratildeo do Favela Bairro a audiecircncia puacuteblica noacutes vamos discutir para ver a prioridadenoacutes vamos dizer que tem que comeccedilar pelo Mangue Seco pois laacute as pessoas vivem no brejo laacute vocecirc vai ver os ratos andando

ENTREVISTA 6 - Bem estar fiacutesico e mental de cada pessoa

- eacute o bem-estar fiacutesico e mental justamente o que a doutora falou - sobre tudo condiccedilatildeo social - essa eacute a definiccedilatildeo da Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede - eacute difiacutecil vocecirc falar em cima dessas para mim essa abrange tudo natildeo tenho que acrescentar a isso Agora eu acho que vocecirc pode natildeo necessariamente estar bem psicologicamente para mim eacute o mesmo que estar psicologicamente para ela pode ser diferente Eu acho que isso pode ser nivelado eu acredito natildeo eacute a mesma coisa pra todo mundo Natildeo tem como vocecirc dizer que todo mundo vai ter o niacutevel de sauacutede igual vai achar a mesma coisa Vocecirc pode dizer a mesma coisa mas na verdade natildeo acha a mesma coisa Por exemplo nessa figura aiacute da floresta isso aqui jaacute eacute uma floresta de eucalipto eu conheccedilo o que eacute uma floresta de eucalipto Eacute a pior coisa que existe porque destroacutei o solo e a multinacionais estatildeo vindo plantando eucalipto aqui no Brasil Tirando o eucalipto vocecirc acaba com a terra e acabou aquela terra natildeo presta mais entatildeo vocecirc cria um bem estar momentacircneo que vai gerar renda vai gerar emprego na regiatildeoentatildeo durante aquele periacuteodo que vocecirc tiver o eucalipto vai ser legal e depois Quando o eucalipto for embora aquelas pessoas vatildeo viver de quecirc O cara vai laacute coloca o caminhatildeo corta o eucalipto as maacutequinas fazem tudofaz o papel eacute uma beleza e acabou aquilo vai fazer o quecirc amigo Aiacute vem as dificuldades a doenccedila Mas eacute o que eu te disse acho que tem niacuteveis diferentes de pessoa para pessoa O que eacute sauacutede para mim natildeo eacute o mesmo pra vocecirc nem pra ela nem pra ela - eacute o ambiente que circunda a todos onde a pessoa vive trabalha natildeo necessariamente o ambiente natural eacute o mundo ao redor onde se estaacute inserido e que provoca danos a nossa sauacutede desde que natildeo tratados com a devida atenccedilatildeo tanto a destruiccedilatildeo da proacutepria floresta

assoreamento industrializaccedilatildeo O ataque ao meio ambiente acaba causando danos a nossa sauacutede - o meio ambiente eacute assim vocecirc agente vai fazer visitas nas casas entatildeo agente procura ver como a pessoas vive O meio ambiente dela assim como eacute que ela se sente naquela casa pois agraves vezes agente chega em uma casa totalmente eacute desorganizada suja higiene nenhuma entendeu Natildeo tem alimentaccedilatildeo sadia vocecirc se percebe nela natildeo sei que ela estaacute bem com ela mesma Vocecirc agraves vezes quer mostrar pra ela queum outro lado mas elasabe que se vocecirc chegar para ela ela natildeo cede ela quer ficar alisabeentatildeo natildeo sei Eu acho que meio ambiente eacute isso aiacute a higiene eacute um todo eacute vocecirc se sentir bem eacute o saneamento baacutesico que na comunidade noacutes temos saneamento baacutesico se bem que ainda tem lugares ainda que estaacute furado isso - eacute tipo no fim do mundo ali tem muito mato lugar onde o gari comunitaacuterio natildeo vai quando as chuvas caem os lixos acumulados pra vocecirc ver ali em baixo estaacute um surto de dengue terriacutevel - tem uma casa que agente neacute Se vocecirc for naquela casa assim de mato vivem duas moccedilas elas acham que vivem bem porque cheia de crianccedilas Elas acham que vivem bem porque quando saem saem direitinhas arrumadinhas ningueacutem diz que elas moram ali Natildeo tem janela um abafamento - se vocecirc conversa com os moradores mais antigos vocecirc vai vendo o quanto estaacute se destruindo Soacute se destroacutei Vocecirc natildeo vecirc nada aqui vocecirc natildeo vecirc um projeto de reflorestamento ateacute chegar na beira do rio e vatildeo destruir tudo E aiacute - o governo trouxe o favela bairro o que que aconteceu A aacutegua Quando chove o esgoto volta para casa das pessoas E a aacutegua Fica difiacutecil tambeacutem a aacutegua que os moradores para ter aacutegua tem que ter bomba porque sem bomba fica sem aacutegua - o pessoal tem que acordar de madrugada para poder lavar roupa - o ideal do programa sauacutede da famiacutelia o objetivo natildeo eacute curativo uma vez que nosso objetivo eacute a prevenccedilatildeo da sauacutede e agente natildeo tem essa oportunidade porque agente soacute trabalha com cura melhoria agente ainda natildeo conseguiu definir esse objetivo de promover a sauacutedeprevenir Agente soacute parte do tratamento porque eu acho que esse conceito ainda na populaccedilatildeo a demanda eacute muito grande entatildeo o programa de sauacutede da famiacutelia aqui neste momento - um mau relacionamento familiar pais que natildeo datildeo atenccedilatildeo ao filhos natildeo moram com os filhos ou satildeo separados Uma famiacutelia mau estruturada

- tem muita gente que vem passando mau aqui porque tem tiroteio Esses que tem pressatildeo alta agraves vezes ateacute por causa disso tambeacutem vatildeo ter que tomar remeacutedio tem que tomar calmante - falta o segmento religioso tambeacutem tem muitas religiotildees tem muitas igrejas mas olha soacute - bolsa escola PAC bolsa famiacutelia CCDC unidade estadual tem o PET que ajuda as crianccedilas as para ajudar a famiacutelia essas crianccedilas natildeo teratildeo mais que trabalhar e eles vatildeo para um lugar ali eles fazem algumas atividades e ganham uma bolsa por mecircs Comeccedila de 12 anos - aqui tambeacutem tem um trabalho assim de patrulheiro que vai de 14 anos ateacute 18 anos Menino faz 14 anos e ele jaacute comeccedila ali a fazer um curso aqui tem um e ali em baixo tem outro Eles vatildeo para o quartel aprender um cursinho no quartel Patrulheiro porque eles vatildeo aprender um cursinho no quartel e dali jaacute sai trabalhando do governo acho que eacute estadual - tem um posto de sauacutede do Estado E ainda tem uma cabine da poliacutecia militar que natildeo sei se funciona natildeo - programa para gerar renda Natildeo - eles limpam o rio que eacute da limpeza tem o gari comunitaacuterio e os meninos que fazem limpeza no rio

ENTREVISTA 7 - Pra senhora o que eacute sauacutede

- Sauacutede eacute o bem estar fiacutesico e mental neacute Boa alimentaccedilatildeo higiene eacute o estado de espiacuterito perfeito neacute A pessoa sem sauacutede eacute nada entatildeo pra se ter sauacutede tem que ter boa alimentaccedilatildeo acompanhamento meacutedico - E meio ambiente o que eacute meio ambiente - Eacute um ambiente propiacutecio para se viver sobreviver limpeza neacute Sem lixo sem mosquito higiene baacutesica esgoto saneamento - Por exemplo ter dengue na comunidade eacute falta de sauacutede e falta de cuidados com o meio ambiente ou natildeo natildeo tem nada a ver - Ah tem haver principalmente com a populaccedilatildeo A populaccedilatildeo eacute o principal responsaacutevel pela Dengue tudo bem que os governantes deixam a desejar com a limpeza dos valotildees essas coisas neacute Tratamento assim mas a populaccedilatildeo ateacute hoje consegue deixar garrafa de boca pra cima caixa drsquoaacutegua destampada entatildeo isso aiacute eacute falta de educaccedilatildeo do povo Se a populaccedilatildeo se educasse natildeo estariacuteamos nesta situaccedilatildeo Depois de tantas mortes tanta coisa tanta propaganda tanta notiacutecia na televisatildeo e no raacutedio as pessoas conseguem deixar a caixa drsquoaacutegua destampada E natildeo satildeo soacute o pobre natildeo os ricos tambeacutem neacute Piscina destampadaaquela aacutegua suja que natildeo troca natildeo trata eacute isso aqui que acaba com o povoestas doenccedilas - Aqui tem muito problema relacionado ao meio ambiente

- Aqui tem sempre o pessoal tratando da sauacutede da Sucam estatildeo sempre tratando botando remeacutedio pra rato eu natildeo vejo muita coisa aqui natildeo - Por exemplo o complexo temse agente olhar a foto natildeo tem uma aacutervore soacute tem casas isso eacute problema ambiental pra senhora - A populaccedilatildeo fica sem respirar ar puro que tem que plantar aacutervores - consumismo eacute problema ambiental para a senhora - eacute mais problema do bolso A pessoa fica comprando eacute maia de grandeza - Deixa eu ver uma figura aqui O lixo por exemplo aqui a gente tem a Comlurb que tira o lixo mas deve haver pessoas que queimam o lixo - Aqui em cima natildeo laacute pra baixo na favela de ver ter que laacute eu natildeo conheccedilo mas aqui em cima natildeo O povo eacute obrigado a levar o lixo no depoacutesito aqui em cima tem como eacutechamam de reciclagementatildeo a pessoa desce com a sua bolsinha de lixo e leva pra laacuteentatildeo aqui natildeo tem esse problemaacho que por isso natildeo tem tanto rato por aiacute quando tem eles vem e combate o lixo natildeo fica jogado o esgoto natildeo fica na rua entatildeo aqui tem um saneamento baacutesico bom eu acho o que eu conheccedilo eacute bom laacute pra baixo natildeo laacute pra baixo tem muita coisa ruim

ENTREVISTA 8 - entatildeo a primeira figura eacute essa aqui pode passar se a senhora quiser falar

sobre essas figuras tambeacutem - alimentaccedilatildeo neacute A alimentaccedilatildeo eacute essencialagora meio ambiente tambeacutem eacute bom falar sobre isso - eacute bom morar em cidade - Nunca morei em cidade natildeo sempre morei aqui mas tenho famiacutelias em vaacuterios locais - Pra senhora o que eacute meio ambiente - Oacute acho que meio ambienteeacute assimaacutervores o mar o que vem a lembranccedila eacute isso Eacute acabar um pouco dessas fumaccedilas acabar um poucos das aacutervores que estatildeo empatando agente no meio da rua caiacutedas velhinhas com os caules jaacute todos resecadinhos e agraves vezes com raiacutezes todas do lado de fora quase caindo como caiu uma ali em frente a minha janela caiu ateacute em cima do carro parques e jardins natildeo vem aqui atender o nosso pedidopra ajudar aqui agenteisso aqui bem dizer - E por exemplo caso de dengue eacute problema de meio ambiente - Aqui estaacute uma epidemia jaacute morreu crianccedila adulto jovens tem muita gente internada hoje mesmo no meu trabalho a minha professora de educaccedilatildeo fiacutesica tava falando que um rapaz novinho taacute todo dia na padaria comprando patildeo tava com problema de dengue internado com problema seacuterio agente fica a parte de sauacutede principalmente agente estaacute jogado as baratas Vai pro hospital natildeo tem meacutedico vai no pan natildeo tem meacutedico e aiacute pra ficar doente passando mau - a Senhora disse que eles potildee fogo no lixo

- ah potildee fogo no lixo nas matas Essas matas balotildees depois cai numa mata daqui a pouco pega fogo em tudo - aqui dentro do complexo quais satildeo os problemas de meio ambiente que a Senhora conhece - aqui eacute mais caso de doenccedilas que estatildeo vindo muito repetitivas sabe - me lembro que algueacutem reclamou de ratos -ratos demais Ratos Aqui tem uma epidemia de rato rato mesmo subindo pelas paredes Aqui tem muito rato muita umidade tem apartamento tudo muito uacutemido

ENTREVISTA 9 Estamos sem aacutegua e sem luz haacute dias aiacute Vila esperanccedila ontem mesmo natildeo

teve nem aula na creche porque natildeo tinha aacutegua as matildees precisam trabalhar quem tem as crianccedilas na creche para poder trabalhar teve que voltar com as crianccedilas pra casa porque natildeo tinha nem aacutegua e nem luz como iam fazer comida A diretora chegou na escola natildeo tinham nem uma gota de aacutegua natildeo tinha luzsabe a luz esquece da gente a CEDAE esquece da gentechama faz pedidoagraves vezes o R tem que sair daqui para apanhar a CEDAE laacute nao caminhatildeo da CEDAE laacute napra pegar o caminhatildeo para trazer aquiaqui felicidade eacute pouco

ENTREVISTA 10 - O que o Sr Entende por sauacutedenatildeo precisa ser uma frase decorada natildeo O

que te vem a cabeccedila - ldquoEacute vocecirc estar bem neacute eacute natildeo estar doente prevenccedilatildeo meacutedico - E meio ambiente O que eacute meio ambiente para vc Olha meio ambiente eacute vocecirc tentar fazer como eacute tentar poluir menos neacute cuidado em tudo - E quais satildeo as formas de poluiccedilatildeo que vocecirc conhece - Fumaccedila de motor carro elixo jogado na rua - Lixo na rua eacute problema ambiental ou natildeo ou eacute problema de sauacutede os dois - O mosquito da dengue eacute problema de sauacutede ou problema ambiental - Eacute problema da sauacutede e problema ambiental neacute Por exemplo agente trabalha varrendo a aacuterea agente conhece a aacuterea a firma natildeo nos paga insalubridade eu acho que tenho direito a firma natildeo paga - Conhece algum problema ambiental dentro do Complexo - O uacutenico problema que acho chato eacute o proacuteprio morador que faz jogar o lixo antes do dia marcado da coleta passar por exemplo hoje eacute terccedila-feira neacute A coleta eacute quarta Jaacute tatildeo jogando lixo ali no certo eacute eles colocar a noite que o cara passa para recolher aquele lixo ajunta o quecircmosquito rato - Quais satildeo as doenccedilas que vocecirc mais conhece que o povo pega aqui - Aqui dentro Aqui o pessoal tem a

ENTREVISTA 11 - Entendo por meio ambiente assim todo o sistema que agente vive aqui

Agente depende da aacutegua do ar agente dependo do solo eu entendo assim Aqui por exemplo esta foto especiacuteficamente aqui agente entende ateacute a razatildeo mas ai jaacute eacute uma agressatildeo ao meio ambiente neacute Porque agente entende ateacute a necessidade do pessoal morar em algum lugar que tem que dormir em algum lugar mas aqui as condiccedilotildees aiacute isso aqui natildeo deve ter infra-estrutura Eacute bem complicado heacuteim aqui a foto em si eu natildeo sei Natildeo consigo ver o que tem de correlato mas esse homem tem nas matildeos aiacute o poder da caneta que pode atraveacutes de uma medida estabelecer algumas coisas que possas mudar Pelo menos ele com a usando o termo normal dando uma canetada pode mudar pode modificar muita coisa ou parte dela A sauacutede eacute vocecirc poder estar bem consigo bem vocecirc poder caminhar poder falar vocecirc poder comer o que vocecirc quiser beber o que vocecirc quiser sem saber que isso vai fazer mal se isso ou aquilo vai fazer bem e etc Tem a ver o meio ambiente pode alterar sua sauacutede a sua sauacutede depende do meio ambiente Por exemplo um ar poluiacutedo pode te afetar um coisa pocirc vocecirc comer algo que foi poluiacutedo vai afetar sua sauacutede de alguma forma Me lembra meio ambiente soacute o que agente escuta pela imprensa vocecirc usar produto orgacircnico aqui vocecirc depende da aacutegua da tua aacutegua Tem alguma coisa haver com meio ambiente a aacutegua a energia eacute gerada a aacutegua Gozado se eu for comparar duas coisas Algumas coisas melhoraram outras pioraram se for ver assim Por exemplo uma situaccedilatildeo de melhora Vou voltar o que aos anos cinquumlenta cinquumlenta e sete vamos voltarnatildeo tinha esse asfalto aqui vocecirc por exemplo quando chovia eu via muitas vezes minha matildee que tinha que trabalhar na cidade ela levava ela saia com uma galocha aquele sapato de borracha pra poder eliminar a lama e quando ela chegava no ponto de ocircnibus ela retirava aquele sapato pra poder chegar no centro da cidade sem lama Tem o asfalto Aiacute o asfalto trouxe alguns problemas que antigamente vocecirc por exemplo eu podia sair ficar na rua eu podia sair daqui se eu quisesse atravessar de uma lado para o outro eu podia atravessar tranquumlilo Agora natildeo se eu quiser atravessar por causa do asfalto muitas pessoas passam dirigindo em alta velocidade Eacute o preccedilo que agente paga Tem laacute em baixo parte do rio Acari parece que agora tem gente fazendo isso acho que a Serla natildeo sei se a Serla ou os homens da

prefeitura tem ateacute um nomenatildeo sei se eacute amigos do Acari ele agora estatildeo fazendo a limpeza e aliacute proacuteximo a praccedila Roberto Carlos quando chove aquelas chuvas intensas muita casa fica inundada muitas residecircncias vamos dizer assimmas aqui noacutes tamos mais elevados entatildeo o dia que chegar encher aqui a coisa ta mais complicada mais abaixo Inclusive tem uma obra do favela bairronatildeo sei se foi algum problema ou obra mal feita ou se natildeo foi feito Muitas coisas aiacute natildeo melhorou natildeo Acompanhei pela impressa jaacute parou natildeo serviu natildeo sabe porque o exercito essa obra eacute o exeacutercito que estaacute fazendo laacute entatildeo perdeu o sentido pra ele e o Vaticano deu ordem para parar A imprensa natildeo divulgou mas pelo que eu entendi ele recebeu uma ordem do vaticano para encerrar a greve

ENTREVISTA 12 - Aqui eacute o quecirc Amarelinho

- Aqui eacute Amarelinho - Ah mas coloca um ponto de referecircncia tem muita gente de laacute que natildeo conhece aqui eu marco e vocecirc vai laacute buscar - Natildeo conhece todos eles conhecem - Eu marco e vocecirc vai laacute buscar - Eu vou laacute buscar e pago o material todo - Que vocecirc paga mais - Ah pago tudo papelatildeo PET eacutevou aumentar de cinquenta para sessenta - Ah hoje mesmo vou te trazer um monte de coisas - Eu passo por laacute que quer passe por laacute que horas - Passa laacute quatro e meia - Eu to de carroccedila - SE tiver pouco lixo eu mesmo trago vocecirc tem telefone celular - Tenho

ENTREVISTA 13 Infelizmente natildeo acontece na nossa realidade principalmente na

comunidade natildeo eacute a realidade do nosso paiacutes e muito menos da comunidade Eu lembroateacute que ponto as pessoas chegam nesse paiacutes para chamar agrave atenccedilatildeo das autoridades em relaccedilatildeo a tanta coisa neacute Causar impacto e mobilizar mesmo neacute O sistema o governo chama atenccedilatildeo no geral por questotildees de necessidade abrangente ao paiacutes as pessoas neacute Entatildeo infelizmente neacute Um tipo de recurso que nem deveria ser usado Mas eu acho que proacuteprio abandono tanto descasoeacute do paiacutes dos governadores As pessoas ainda que inteligentes eu acho que essa greve de fome isso que acho um absurdo a pessoa ter que fazer mas se eacute uma forma de impactar de chamar agrave atenccedilatildeo eacute um recurso neacute que natildeo deveria ser usado mas ta na matildeo dele

A urbanizaccedilatildeo eacute a crescente corrida sistema imobiliaacuterio de repente num paiacutes capitalistadesenvolvimento urbano preacutedios moderniacutessimos e estradas viadutos rodovias e pontes Tem uma preocupaccedilatildeo urbana isso aqui eacute necessaacuteria Muitos descasos que tem pois paralelo a isso tem a poluiccedilatildeo do rio Tietecirc que vai passando por vaacuterios bairros de Satildeo Paulo infelizmente sou paulista e sempre acompanho a situaccedilatildeo daquilo laacute tenho parentes laacute E que eacute muito bonito de se ver neacute Assim de longe assim de cima mas se agente chegar bem perto eacute meio que decepcionante O estado como Satildeo Paulo rico neacute vivendo em quase total abandono em relaccedilatildeo as questotildees de pessoas muita comunidade abandonada em fim muita coisa a ser feita ainda Lembra conforto neacute Conforto o acesso a modernidade e as pessoas de um modo geral sonham em ter que natildeo eacute bem o caso da realidade da maioria dos brasileiros da grande maioria por sinal legal seria bom que todos tivessem acesso a isso Eu acho que natildeo eacute nenhum pecado querer ter muito conforto direito a conforto uma vida melhor entendeu Suscita esse tipo de coisa agente olha isso e eu lembro muito de disso eu como educadora isso me toca Essa eacute complicadiacutessima essa eacute muito complicada desmatamento assim desordenado que existe na amazocircnia meio que acobertado pela poliacutetica do paiacutes agente sabe pelo menos para quem se informa mais ou menos sabe que este desmatamento sempre acontece em muitas regiotildees da Amazocircnia neacute Ta muito ligada assim a poliacutetica dos grandes latifundiaacuterios desse paiacutes os poderosos quem eacute que vive desmatando poderosos donos de terra que vive plantando soja criando gado entendeu e que natildeo ta dando muita importacircncia as consequumlecircnciasele querem muito dinheiro e dinheiro suscita mais poderem fim eacute por aiacute assim neacute Eacute um desrespeito eu acho que eacute um desrespeito ao paiacutes as pessoas Eu fico com o coraccedilatildeo chocado quando eu vejo isso aqui Tenho acompanhado sempre isso aqui converso muito com a minha filha a respeito disso dessa loucura que eacute desmatar se vai acabar com a biodiversidade se estaacute tirando uma das poucas coisas que eacute das mais ricas que agente tem no nosso paiacutes que eacute o privileacutegio de ter uma mata como a amazocircnia ter fontes de riqueza naturais em termos de biodiversidadeem fime a consequecircncia disso eacute devastadora que agente sabe quando se desmata natildeo eacute soacute o que fica sobre a terra que fica fadado a acabar mas sim eacuteas proacutepriaso que tem embaixo da terra tipo os fluxos de aacutegua os aquiacuteferos em fim que tem embaixo do solo precisa muito conservado na medida que o desmatamento vai acontecendo Isso tambeacutem vai desaparecendo entatildeo estaacute o caos total que estaacute sendo imposto e eu acho que pelo poder mesmo Quem faz esse tipo de coisa eacute acobertado pelo poder Natildeo eacute o pequeno agricultor eacute gente que tem muito poder que passa desapercebido entre aspas neacute pelo Incra pelo Ibama e por aiacute afora Linda a paisagem muito bonita essa paisagem aqui deve ser de quecirc Eucalipto eu natildeo sei o que eacute Muitas plantaccedilotildees assim celulose aiacute para fabricaccedilatildeo e extraccedilatildeo de celulose Tem algumas empresas que fazem essa plantaccedilatildeo de forma equilibrada tenho acompanhado isso tenho lido alguma coisa agrave respeito Nesse sentido eu acho que eacute positivo que elas investem tambeacutem de forma social Quando se daacute

dessa forma eacute possiacutevel um entendimento e traz consequumlecircncias boas e o meio ambiente vai sendo preservado Essa aqui tambeacutem eacute muito bom enche os olhos tava pensando que deveria haver maiores eu fico pensando se deveria haver problemas maiores pequeno agricultor por exemplo porque agente tem um paiacutes e grandes dimensotildees de terra mas a grande maioria natildeo eacute plantada e muitas pessoas natildeo tem acesso No nordeste por exemplo que existe na na seca entre aspas existe gente que tabalha muito tem terra mas natildeo tem como cultivar porque natildeo tem assistecircncia O Estado os municiacutepios o proacuteprio Governo Federal que incentiva mas incentiva de uma forma muito inespeciacutefica para as pessoas que moram laacute E por isso se conseguem com essa seca incompreensiacutevel eles tem uma grande rede de afluentes de rios por exemplo e deveria ter acabado um pouco incentivado as pessoas comeccedilarem ou voltarem a ter seu sustento Nesse paiacutes que tem muitas terras precisa que tem muita gente grande por exemplo se precisa de muita alimentaccedilatildeo Que eacute o risco que o mundo corre neacute E agente tem muita terra e deveria aproveitar Agente vecirc que tem ateacute alguns estados que estatildeo investindo nisso Os estados do nordeste por exemplo no Cearaacute Piauiacute por aiacute regiotildees assim que tem muito necessidades mesma da energia eoacutelica por exemplo jaacute tem investimentos eacute cariacutessimo agente sabe que eacute caro tecnologia eacute na maioria das vezes importada mas agente tem grandes fontes para que isso aconteccedila O governo tem que incentivar isso quanto menos poluiccedilatildeo melhor Isso aqui lembra uma das piores coisas que eu considero na minha vida que eacute uma forma de tambeacutem de acabar com a natureza que eacute prender os animais tirar eles do habitat natural mas eacute uma coisa tambeacutem que estaacute paralela as pessoas que fazem isso satildeo em geral pessoas muito pobres ignorantes que eacute um paralelismo com a condiccedilatildeo social pessoas que fazem esse tipo de coisas muita das vezes fazem pra comer mesmo falta de opccedilatildeo Soacute sabem fazer isso natildeo tem opccedilatildeo de ganho natildeo tem opccedilatildeo e faz isso na forma errada mas infelizmente neacute Eacute muito triste agente vecirc isso Mosquito eacute esse distuacuterbio enorme que estaacute aqui por exemplo no Rio de Janeiro eu estava com uma filha internada durante uma semana Teve dengue e ficou internada durante o final de semana por isso que eu estou voltando a dar aula hoje tive que parar para acompanhaacute-la no hospital E aqui no Irajaacute por exemplo agente estaacute com um surto muito grande neacute Entatildeotodos os dias durante o dia inteiro estaacute se fazendo acompanhamento da massa sanguiacutenea Ta tendo muitos casos agente estaacute assim Jaacute teve oacutebito aqui e isso eacute preocupante principalmente aqui na comunidade agente sabe que tem uma relaccedilatildeo direta com a falta de saneamento com a pobreza com as condiccedilotildees sociais em que muitos bairros onde as pessoas vivem muitas comunidades principalmente na nossa regiatildeo onde agente eacute muito cercada de comunidade aqui Entendeu Provavelmente tem uma ligaccedilatildeo O lixo eacute uma forma sub-humana de sobrevivecircncia Eacute horriacutevel ver isso aqui eu acho uma das coisas mais deprimentes que se tem quando eu vejo essa reportagem aqui E por outro lado essas pessoas poderiam ateacute estar ganhando dinheiro com o lixo mas natildeo dessa forma Agente

sabe que houvesse realmente a vontade fazer com o lixo viesse a ser produtivo uma fonte de renda haveria de se investir de outra forma na reciclagem de lixo na montagem de usina para geraccedilatildeo de elementos quiacutemicos tipo gaacutes natural agente sabe que existe ateacute umas usinas mas natildeo eacute interessante para o poder puacuteblico assistir a isso aqui Interessante para mim e para vocecirc de repente Mas o poder puacuteblico acha mais interessante assistir as pessoas se lambuzando aqui nesta sujeira toda Favela e poder puacuteblicofavela eacute um problema ambiental na medida que eacute abandonada de todas as formasde saneamento aacutegua em fim entatildeo eacute um problema ambiental com certeza vocecirc for ver neste ponto de vista Eacute ambiental pela forma com que ela se constitui como ela existe como eacute abandonada Na maioria destas favelas agente sabe que natildeo tem saneamento natildeo tem rede de esgoto a aacutegua praticamente natildeo chega as pessoas temposto de sauacutedenatildeo tem uma educaccedilatildeo de coleta de lixo Poder publico dentro das favelas eu natildeo sei seja daquelas mais proacuteximas dos grandes centros De repente estaacute ateacute bem representada com projetos com a finalidade de Inglecircs ver neacute Entatildeo tem muita coisa laacute Por exemplo na Mangueira tem tudo eu conheccedilo bem a Mangueira eu jaacute estive laacute jaacute fiz trabalho laacute dentro da comunidade tem ateacute nuacutecleo de universidade particular mas aqui Aqui natildeo chega nada entatildeo eu acho que o poder publico estaacute longe de estar presente dentro das comunidadessoacute onde realmente eacute interessante neacute ele levam para o inglecircs ver estrangeiro vai visita a Rocinha Vidigal e por aiacute a fora mas no geral e resto eacute conversa fiada Violecircncia urbana eacute tudo o que agente sabe falta de atenccedilatildeo social carecircncia de todas as outras coisas onde o poder puacuteblico natildeo chega onde natildeo chega educaccedilatildeo onde natildeo chega assistecircncia social de um modo geral onde natildeo chega o apoio o trabalho o acolhimento do cidadatildeo entendeu Eacute uma consequumlecircncia onde natildeo tem representatividade do poder puacuteblico efetivamente eacute comum agente ver O consumismo eacute uma das caracteriacutesticas desse paiacutes capitalista acho que se caminha cada vez mais para isso Entatildeo eacute uma consequumlecircncia que na maioria das vezes as pessoas natildeo se datildeo conta na medida que vocecirc vai consumindo muito vai entrando no caminho da poluiccedilatildeoindustrialdos resiacuteduos industriais e tudo mais Agente natildeo pode guardar tanta coisa neacute Vai descartando cada vez mais as coisas mais novas aparelho mais novos como no caso dos celulares telefones cada vez mais modernos agente vai abandonando e se empilhando em algum lugar e isso com certeza vai ter uma consequumlecircncia agente vai pagar um preccedilo logo-logo por tudo isso Agente tem que pensar numa forma tambeacutem de se reciclar isso aqui esse tipo de coisa porque tava ateacute vendo uma reportagem em relaccedilatildeo aos computadores Os computadores satildeo reciclaacuteveis em algum lugar aiacute Moacuteveis mesas de gabinete de computador muita coisa interessante Fala da nossa energia neacute Que fala tanto do apagatildeo neacute Que agente natildeo corre o risco do apagatildeo e tal eacute um investimento que agente sabe que o governo deveria ter feito haacute muito tempo neacute Mas que natildeo foi feito e agora estaacute nessa corrida louca de se fazer hidreleacutetricas desviando

riosessas coisas Tem uma discussatildeo muito grande em cima disso agente fica propensos aos apagotildees consequumlecircncias deles eacute preocupante algumas pessoas a maioria natildeo natildeo tem consciecircncia do resultado consequumlecircncias que podem ter mais consciecircncia e o governo ta aiacute falando o tempo todo que natildeo corremos risco de apgatildeo mas de vez em quando estaacute acontecendo

ENTREVISTA 14 A aacuterea que foi descrita foi Vila Esperanccedila tem mais vila Rica Amarelinho

IAPC IAPC natildeo tem cobertura laacute natildeo eacute favela Vocecirc sabe onde eacute Satildeo aqueles apartamentos e aiacute a equipe vai pra laacute Satildeo duas equipes pra laacute mas o resto do complexo agente natildeo sabe como vai ficar Ao lado do Metrocirc eacute Vila Rica na verdade isso aqui acabou Vila Rica e Vila Esperanccedila natildeo existe mais pela uacuteltima reuniatildeo que noacutes tivemos com o representante da comunidade eles aboliram essas duas divisotildees e ficaram uma coisa soacute Soacute o amarelinho que ficou separado o resto ficou tudo com a mesma associaccedilatildeo do outro lado E a aacuterea aqui com problemas de meio ambiente eacute uma aacuterea chamada de Fim do Mundo porque natildeo tem saneamento natildeo tem coleta de lixo tu jaacute foi laacute no Fim do Mundo esgoto a ceacuteu aberto tuberculose diabetessomente trecircs equipes tem meacutedicoagente comeccedilou em julho que agente comeccedilou o PSF natildeo tinha nenhum meacutedico continua o atendimento do PS e agente tentando organizarcada enfermeiro tem 1000 famiacutelias tem 7000 famiacutelias cadastradas eu soacute sei que satildeo 7000 mil famiacutelias atendidas pelo PSF a natildeo agente natildeo se mete quem delimitou a nossa aacuterea natildeo teve nada a ver com a associaccedilatildeo de moradoresporque jaacute tinha o PAC isso veio da prefeitura teve aquele Favela Bairro e aproveitou o mapa do Favela Bairro No fim do mundo natildeo deve ter 1000 famiacutelias deve ter 700 famiacutelias eacute eu chamo porque de fato eacute tem porco tem cabra entendeu Eu chamo de aacuterea rural o fim do mundo agora que ela ta recebendo nome jaacute tem nomes porque antes no mapa estaacute sendo projetada o que ele me falou que as ruas estatildeo recebendo nomes de moradores antigos que moravamos primeiros moradores que estava tudo projetada A projetada B

ENTREVISTA 15 ldquoessa orquestra de Acari literalmente eu natildeo sei onde eles funcionam natildeo

igual ela falou as pessoas usam muito o nome quando tem um morador de Acari aiacute diz que eacute de Acari e natildeo eacute a banda de Acari pra mim eacute natildeo sei o que de Jaacute que eacute formado soacute por crianccedilas da comunidade Crianccedilas de 12 13 anos criam muacutesicas essa parte aqui natildeo estaacute urbanizada ainda eacute o que o R estava falando por questatildeo de que isso aqui foi invadido que era um terreno e se ia fazer a rua comeccedilaram a construir os barracos um ao lado do

outro desordenadamente Eu sou uma pessoa muito ceacutetica as pessoas ocupam os espaccedilo que natildeo foram ocupados Se eles estatildeo aqui tem uma razatildeo para eles estarem se vocecirc parar para perguntar eles vatildeo te dizer que o uacutenico problema que eles tem eacute quando a poliacutecia vem vou te mostrar a quadra que foi ideacuteia ldquodelesrdquo que fizeram para as crianccedilas eles estavam achando as crianccedilas muito agrave toa aiacute jaacute tinha um centro social e ldquoelesrdquo colocarama primeira quadra de footvolei Aqui eacute a quadra e ali eacute um anfiteatro que ldquoelesrdquo vatildeo tapaz e fazer um teatro para as crianccedilas para laacute eacute o fim do mundo Essa aacuterea era de uma pessoa que natildeo quer mais as pessoas tentaram colocar casas mas natildeo conseguiram e comeccedilaram a fazer de depoacutesito de lixo essa parte aqui eacute a parte que mais precisa se chama fim do mundo Vamos descer aqui que vou te mostrar o lixatildeo para vocecirc ver que aqui vocecirc quase natildeo vecirc barracas eles costumam fazer de tijolos ateacute por questotildees de vaacuterios incecircndios que tiveramessa questatildeo de barracasvocecirc natildeo vecirc mais E ateacute laacute em baixo se vocecirc for eacute lixo o rio passa laacute em baixo conduccedilatildeo por aqui por dentro natildeo passa nada nada nada aqui tem muita gente doente que natildeo sabe que estatildeo doente Outra coisa iacutendice de jovens com HIV eacute muito alto Crianccedilas fora da escola Eacute tiacutepico Escolas que natildeo funcionam tenho uma escola ali que dois meses natildeo tem aula de geografiae aiacute natildeo tem outro professor Natildeo tem Mas tambeacutem a comunidade natildeo se mobilizar Elas coloca tudo nas costas da associaccedilatildeo de moradores LAN house que chegou com uma alternativa muitos pra dentro quando digo dentro eles mudam para essa beira que eles chamam de zona sul esse espaccedilo todo aqui eacute de laacute de onde agente veio que continua ele cercou para natildeo acontecer o que aconteceu laacute em baixo Ele cercou porque o pessoal jaacute estava construindo barraco laacute em baixo que passa o rio entatildeo o pessoal acha melhor que para natildeo virar uma lixeira agente nota aqui na questatildeo urbana eacute o crescimento vertical as pessoas vatildeo tendo famiacutelia e vatildeo fazendo fazendo

ANEXO IV

GLOSSAacuteRIO

Agenda marrom eacute a agenda que relaciona urbanizaccedilatildeo industrializaccedilatildeo crescimento econocircmico e desenvolvimento social Atenccedilatildeo primaacutetia em sauacutede refere-se a um modelo de atendimento em sauacutede que foca a prevenccedilatildeo em detrimento da hospitalizaccedilatildeo promovendo atividades nas comunidades via Postos de Sauacutede ou diversos Programas de Sauacutede implementados via Ministeacuterio da Sauacutede Conhecimento cientiacutefico eacute o conjunto geneacuterico de procedimentos ordenados e disciplinados utilizados para a aquisiccedilatildeo de informaccedilotildees seguras e organizadas Cosmovisatildeo modo de olhar o mundo O Ecologismo popular eacute uma corrente do movimento ambientalista que se propotildee a lutar contra os impactos ambientais que ameaccedilam os pobres que constituem a ampla maioria da populaccedilatildeo em muitos paiacuteses Edaacutefico eacute a palavra usada para dizer que algo eacute relativo ou pertence ao solo Fenocircmeno constructo criaccedilatildeo mental simples que serve de exemplificaccedilatildeo na descriccedilatildeo de uma teoria percepccedilatildeo ou pensamento formado a partir da combinaccedilatildeo de lembranccedilas com acontecimentos atuais Favela-bairro instrumento para a integraccedilatildeo urbaniacutestica e social entre os cariocas e para reverter o quadro de degradaccedilatildeo urbana que geralmente acompanha o assentamento habitacional espontacircneo dos grupos de baixa renda Holismo eacute a ideacuteia de que as propriedades de um sistema quer se trate de seres humanos ou outros organismos natildeo podem ser explicadas apenas pela soma de seus compononentes Ice-berg termo utilizados para se referir a um problema que mesmo sendo de grandes proporccedilotildees ainda natildeo eacute conhecido ICM-Ecoloacutegico criado inicialmente pelo estado do Paranaacute onde 5 das receitas do estado satildeo repartidas entre 226 municiacutepios com mananciais de abastecimento e unidades de conservaccedilatildeo ambiental Iluminismo conceito que sintetiza diversas tradiccedilotildees filosoacuteficas correntes intelectuais e atitudes religiosas utilizados no seacuteculo XVIII Impactaccedilatildeo imapcto causado geralmente por atividades antroacutepicas ao meio ambiente Impactante medida ou atividade que leve a impactaccedilatildeo do meio ambiente Iniquumlidade o mesmo que falta de justiccedila e igualdade Know how eacute a capacidade de execuccedilatildeo e uma atividade baseada no conhecimento que se tem do assunto o conjunto de saberes sobre uma determinada atividade

Mairs nome dados aos francecircs pelos iacutendios quinhentistas Medicalizaccedilatildeo da sauacutede o tipo de atendimento privado em sauacutede onde se busca o lucro ou o retorno financeiro por praacuteticas em sauacutede Medicina Cientiacutefica medicina baseada em pesquisas cientiacuteficas para contrapor o que eacute de senso comum Metropolizaccedilatildeo da pobreza situaccedilatildeo atual em que se encontra amplamente distribuiacuteda a pobreza dentro de uma grande cidade Neonarodnismo interpretaccedilatildeo histoacuterica e movimento atual que nasce do descreacutedito poacutes-moderno da ciecircncia e do progresso social Apoacuteia-se em uma anaacutelise cientiacutefica do fluxo de energia e materiais e da conservaccedilatildeo da biodiversidade fundada na criacutetica agrave pseudo-racionalidade econocircmica Paradigma newtonianocartesiano a base do pensar racional que impulsionou toda a ciecircncia registrada ateacute o novo paradigma Peros nome dado aos portugueses pelos iacutendios quinhentistas Politeraftalato de etila poliacutemero termoplaacutestico constituintes das garrafas PET Remocionismo atividades de remoccedilatildeo dos assentamentos de baixa renda de lugares nobres durante a gestatildeo de alguns prefeitos no municiacutepio do Rio de Janeiro Resiliecircncia Eacute a capacidade de um ecossistema retornar a seu estado de equiliacutebrio dinacircmico apoacutes sofrer uma alteraccedilatildeo ou agressatildeo Zoonose eacute o nome dado as infecccedilotildees e doenccedilas que satildeo adquiridas em contato com animais podem tambeacutem ser transmitidas pela ingestatildeo de alimentos contaminados

ANEXO VII

LISTAGEM DA FAVELAS DO MUNICIacutePIO DO RIO DE JANEIRO POR AacuteREAS DE PLANEJAMENTO E OS

BAIRROS ONDE ESTAtildeO LOCALIZADAS

Mapa do Municiacutepio do Rio de Janeiro e seus bairros incluindo as ilhas de Paquetaacute

Governador e Fundatildeo

AP 3

AP 5

AP 1

AP 2 AP 4

Municiacutepio do Rio de Janeiro com suas Aacutereas de Planejamento Segundo SABREN Ilha de Paquetaacute ndash AP 1 Ilhas do Governador e do Fundatildeo ndash AP 3

Ampliaccedilatildeo da AP 1

Tabela da AP 1 com seus bairros e favelas -

Numeraccedilatildeo de acordo com o mapa acima

BAIRRO

FAVELAS INSERIDAS

1 Sauacutede - 2 Gamboa Morro da Providecircncia

Pedra Lisa 3 Santo Cristo Moreira Pinto 4 Caju Ladeira dos Funcionaacuterios

Parque Alegria Parque Boa Esperanccedila (RA-Portuaacuteria) Parque Conquista Parque Nossa Senhora da Penha Parque Satildeo Sebastiatildeo Parque Vitoacuteria Quinta do Caju

5 Centro - 6 Catumbi Catumbi 7 Rio Comprido Azevedo Lima

Bispo Comunidade de Clara Nunes Matinha Morro Santos Rodrigues Pantanal (RA-Rio Comprido) Parque Rebouccedilas Paula Ramos Rodo Rua Projetada A Santa Alexandrina Sumareacute Unidos de Santa Teresa Vila Anchieta Vila Santa Alexandrina

8 Cidade Nova - 9 Estaacutecio Rato

Satildeo Carlos 10 Satildeo Cristoacutevatildeo Marechal Jardim

Parque dos Mineiros Tuiuti

11 Mangueira Mangueir (RA-Satildeo Cristoacutevatildeo) Morro dos Teleacutegrafos Parque Candelaacuteria

12 Benfica Conjunto Ataulfo Alves Parque Hereacutedia de Saacute Parque Horaacutecio Cardoso Franco Rua Ferreira de Arauacutejo Vila Araraacute Vila Uniatildeo (RA-Satildeo Cristoacutevatildeo) Vila Vitoacuteria (RA-Satildeo Cristoacutevatildeo)

13 Paquetaacute AM do Morro do Vigaacuterio Morro do Gari Morro do PEC

14 Santa Teresa AM e Amigos de Santa Teresa AM Amigos do Vale Andreacute Cavalcanti Baronesa Coroado (AMAPOLO) Fazenda Catete Francisco de Castro Julio Otoni Ladeira Santa Isabel Luiz Marcelino Morro da Coroa Morro do Escondidinho Morro dos Prazeres Ocidental Fallet Travessa Santa Teresa Vila Elza Vila Paraiacuteso

158 Vasco da Gama Barreira do Vasco

195

Ampliaccedilatildeo da AP 2

Tabela da AP 2 com seus bairros e favelas -

Numeraccedilatildeo de acordo com o mapa acima

BAIRRO

FAVELAS INSERIDAS

15 Flamengo Morro Azul 16 Gloacuteria - 17 Laranjeiras Maloca

Vila Pereira da Silva 18 Catete Tavares Bastos

Vila Santo Amaro 19 Cosme Velho Cerro- Coraacute

Guararapes Vila Cacircndido Vila da Imaculada Conceiccedilatildeo

20 Botafogo Mangueira (RA-Botafogo) Morro Santa Marta

21 Humaitaacute Humaitaacute 22 Urca Vila Benjamin Constant 23 Leme Babilocircnia

Chapeacuteu Mangueira 24 Copacabana Ladeira dos Tabajaras

Morro dos Cabritos Pavatildeo-Pavatildeozinho

25 Ipanema Morro do Cantagalo 26 Leblom - 27 Lagoa - 28 Jardim Botacircnico Do Horto 29 Gaacutevea Vila Parque da Cidade 30 Vidigal Chaacutecara do Ceacuteu

Vidigal 31 Satildeo Conrado Vila Canoas

Vila Pedra Bonita 32 Praccedila da Bandeira - 33 Tijuca Borel

Coreacuteia (RA-Tijuca) Franccedila Junior Indiana Morro da Casa Branca Morro da Formiga Morro da Liberdade Morro do Bananal Morro do Chacrinha Salgueiro

34 Alto da Boa Vista Accedilude da Solidatildeo

196

Doutor Catrambi Estrada do Tijuaccedilu Mata Machado Siacutetio da Biquinha Vale Encantado

35 Maracanatilde 36 Vila Isabel Morro dos Macacos

Parque Vila Isabel 37 Andaraiacute Arrelia

Buraco Quente Jamelatildeo Morro do Andaraiacute Morro do Cruz

38 Grajauacute Borda do Mato Nova Divineacuteia Parque Joatildeo Paulo II

154 Rocinha Rocinha

Ampliaccedilatildeo da AP 3

Tabela da AP 3 com seus bairros e favelas -

Numeraccedilatildeo de acordo com o mapa acima

BAIRRO

FAVELAS INSERIDAS

39 Manguinhos Chp-2 Mandela de Pedra Parque Carlos Chagas Parque Oswaldo Cruz Pata Choca Vila Turismo

40 Bonsucesso Parque Proletaacuterio Monsenhor Brito Vila Satildeo Pedro

41 Ramos Igreja Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo Parque Itambeacute Ruth Ferreira Travessa Marques de Oliveira Vila Residencial Darcy Vargas Vila Santo Antonio (RA-Ramos)

42 Olaria Morro do Cariri Tenente Pimentel Vila Cruzeiro

43 Penha Morro do Caracol Parque Proletaacuterio do Grotatildeo

197

Rua Laudelino Freire Vila Proletaacuteria da Penha

44 Penha Circular Centro Social Marciacutelio Dias Mandacaru II Morrinho Morro da Caixa Drsquoaacutegua (RA-Penha) Morro da Feacute Morro do Sereno Rua Frey Gaspar 279

45 Braacutes de Pina Braacutes de Pina Mangueirinha Morro da Guaiacuteba Rua Castro Menezes 928 Vila Pequiri

46 Cordovil Batuta de Cordovil Bom Jardim de Cordovil Caminho do Rio Chega Mais Cordovil Dourados Parque Chp Parque Proletaacuterio de Cordovil Pedacinho do Ceacuteu Serra Pelada Vila Cambuci

47 Parada de Lucas Parque Jardim Beira Mar Te Contei

48 Vigaacuterio Geral Bairro Proletaacuterio do Dique Parque Furquim Mendes Parque Proletaacuterio de Vigaacuterio Geral

49 Jardim Ameacuterica Rua Rodolfo Chambelland 50 Higienoacutepolis Comunidade Agriacutecola de Higienoacutepolis

Parque Feacutelix Ferreira Vila Dom Fabio Vila Maria

51 Jacareacute Marlene Vila da Rua Viuacuteva Claacuteudio 211

52 Maria da Graccedila - 53 Del Castilho Chaacutecara de Del Castilho

Parque Uniatildeo de Del Castilho Seu Pedro

54 Inhauacutema Parque Everest Parque Proletaacuterio Aacuteguia de Ouro Relicaacuterio Rua Lagoa Redonda

55 Engenho da Rainha Morro do Engenho da Rainha Parque Proletaacuterio Engenho da Rainha Rua Seacutergio Silva

56 Tomaacutes Coelho Parque Nova Maracaacute Parque Silva Vale Rua Briacutecio de Moraes Rua Pereira Pinto Vila Caramuru Vila Itaocara

57 Satildeo Francisco Xavier Comunidade Estaccedilatildeo da Mangueira (Amcema) Vila Triagem

58 Rocha - 59 Riachuelo - 60 Sampaio Dois de Maio

Morro do Queto 61 Engenho Novo Barro Preto

Barro Vermelho Ceacuteu Azul Morro da Bacia Morro da Matriz Morro do Encontro Morro Satildeo Joatildeo Vila Cabuccedilu

62 Lins de Vasconcelos Cachoeirinha Bairro Ouro Preto Dona Francisca Morro da Cachoeira Grande Morro da Cotia

198

Morro do Amor Morro do Ceacuteu Morro Nossa Senhora da Guia Pretos Forros Santa Terezinha

63 Meacuteier Joaquim Meacuteier 64 Todos os Santos Santos Titara 65 Cachambi Malvinas

Pica Pau amarelo 66 Engenho de Dentro Beleacutem-Beleacutem

Conjunto Residencial Fernatildeo Cardin Outeiro (RA-Meier) Rua Camarista Meacuteier 914 Teixeira Bastos

67 Aacutegua Santa Cardoso de Mesquita28 Fazendinha da Aacutegua Santa Serra do Padilha

68 Encantado Beco do Vitorino Morro do Pau Ferro Travessa Bernardo

69 Piedade Comunidade dos Marianos Engenheiro Alfredo Gonccedilales Jardim Piedade Joaquim Martins 378-Fundos Morro da Caixa Drsquoaacutegua (RA-Meacuteier) Morro dos Mineiros Morro Inaacutecio Dias Rua Engenheiro Cloacutevis Daubt 340 Vila da Amizade Vila dos Mineiros

70 Aboliccedilatildeo - 71 Pilares Morro do Trajano

Morro do Urubu Rua Itabirito

72 Vila Cosmos Jardim do Carmo 73 Vicente de Carvalho Morro do Juramento 74 Vila da Penha - 75 Vista Alegre - 76 Irajaacute Avenida Meriti 4483

Parque Bom Menino Parque jardim Metrocirc de Irajaacute Parque Rio Drsquoouro Rua Miguel Dibo

77 Coleacutegio Avenida Automoacutevel Clube 8340 Vila Satildeo Jorge (RA-Irajaacute)

78 Campinho Comendador Pinto Rua Joseacute Feacutelix de Maris

79 Quintino Bocaiuacuteva Padre Manuel da Noacutebrega Parque Arauacutena Rua Lemos de Brito Rua Saccedilu

80 Cavalcanti Rua Baleares172 ndash Rua Amaacutelia 286 Vila Primavera Visconde de Saboacuteia

81 Engenho Leal Rua Iguaccedilu 360 casa 23 Sanatoacuterio

82 Cascadura Beco da Amizade Fazenca da Bica Morro da Iguaiacuteba Morro do Bacalhau Morro do Fubaacute Morro do Juca Vila Campinho

83 Madureira Buriti-Congonhas Comunidade de Satildeo Miguel Arcanjo Grota Morro do Sossego Morro Satildeo Joseacute Negratildeo de Lima Serrinha Vila das Torres

84 Vaz Lobo Rua Professor Burlamaacutequi 85 Turiaccediluacute Rua Pereira Leitatildeo

Vila Santa

199

86 Rocha Miranda Faz Quem Quer (RA-Madureira) 87 Honoacuterio Gurgel Barreira do Juca

Parque Bela Vista Praccedila Cacircndido Vargas Rua Cocircnego Boucher Pinto Vila Operaacuteria Diamantes

88 Oswaldo Cruz Parque Vila Nova Travessa Antocircnio Avelino

89 Bento Ribeiro Avenida do Tenente Monte Carmelo Nabuco de Arauacutejo228

90 Marechal Hermes Assis Martins Caminho da Reta Cristo Rei Oliveira Junqueira Rua do Canal Rua do Encanamento Sociedade Beneficente e Social Frei Sampaio Vitoacuteria da Conquista Vila Eugecircnia Vila Nossa Senhora da Gloacuteria

91 Ribeira - 92 Zumbi - 93 Cacuia Colocircnia de Pescadores Almirante Gomes

Pereira Rua Jerocircnimo Ornelas 490

94 Pitangueiras Bairro Nossa Senhora das Graccedilas 95 Praia da Bandeira - 96 Cocotaacute Rua Guariuacuteba

Rua Marques de Muritiba 609 97 Bancaacuterios Jardim duas Praias

Luiza Regadas Parque Proletaacuterio dos Bancaacuterios Tremembeacute

98 Freguesia Bela Vista da Pichuna Magno Martins Morro das Araras Rua Budapeste 66 Rua Professor Silva Campos

99 Jardim Guanabara Serra Morena 100 Jardim Carioca Guarabu

Rua Rodano lote 22 quadra 31 101 Tauaacute Bairro da Sapucaia

Conjunto Residencial dos Servidores Municipais Maestro Arturo Toscanini Morro do Dendecirc Morro do Querosene Praia da Rosa

102 Moneroacute - 103 Portuguesa Parque Royal 104 Galeatildeo Aacuteguia Dourada

Caricoacute Travessa Estrada Grande 1397 Vila Joaniza Vila Nova Canaatilde

105 Cidade Universitaacuteria - 106 Guadalupe Faz Quem Quer (RA-Anchieta)

Maranata Morro do Mata Quatro Parque Crianccedila Esperanccedila Parque Rafael de Oliveira Parque Raio do Sol Rafael de Oliveira Vila Esperanccedila de Guadalupe

107 Anchieta Associaccedilatildeo Comunitaacuteria Vila Alvorada Avenida Beira Rio- Rua Arnaldo Murineli (RA-Anchieta) Caminho do Padre Comunidade Aramari Fazenda Velha Final Feliz Oito de Dezembro

200

Oliveira Bueno Parque Anchieta Parque Esperanccedila Planalto Rua Adalberto Tanajura Rua Itatiba Rua Oliveira Bueno 832 Rua Tenente Lassance Travessa Maria Joseacute Vila Beriti Vila Satildeo Sebastiatildeo

108 Parque Anchieta Feacute em Deus 109 Ricardo de Albuquerque Forccedila do Povo

Parque Tiradentes 110 Coelho Neto Furatildeo

Morro Uniatildeo Rua Parnaiacuteba

111 Acari Beira Rio ndash Rua Matura (RA-Pavuna) Parque Acari Vila Rica de Irajaacute Vila Esperanccedila

112 Barros Filho Centro Social Uniatildeo de Costa Barros Gleba I da antiga Fazenda Botafogo Jardim Baacuterbara Margem da Linha Almirante Tamandareacute Parque Satildeo Joseacute

113 Costa Barros Chico Mendes (Morro do Chapadatildeo) Fazenda BotafogoMargem da Linha Grotatildeo de Costa Barros Parque Boa Esperanccedila (RA-Pavuna) Quitanda

114 Pavuna Araguatina Bairro da Pedreira Batistinha Caminho do Job Final Feliz II Nova Olinda Parque Columbia Parque Nova Cidade de Acari Parque Nova Jerusaleacutem Parque Unidos Rua Embauacute 349 Rua Embauacute 427 Sossego - Alegria Vila Amaral Vila Beira Rio Vila Nova da Pavuna

155 Jacarezinho Carlos Drumond de Andrade Jacarezinho Praccedila Marimba 60 (fundos) Rua Matinoreacute 163 (fundos) Rua Satildeo Joatildeo Tancredo Never (RA-Jcarezinho) Tautaacute Vila Jandira Vila Matinoreacute

156 Complexo do Alematildeo Itarareacute Joaquim de Queiroz Morro da Baiana Morro das Palmeiras Morro do Adeus Morro do Alematildeo Morro do Piancoacute Mouratildeo Filho Nova Brasiacutelia (RA-Alematildeo) Parque Alvorada Rua Armando Sodreacute Vila Matinha

157 Complexo da Mareacute Baixada do Sapateiro Joana Nascimento Nova Holanda Paraibuna Parque Mareacute Parque Roquete Pinto

201

Parque Rubens Vaz Parque Uniatildeo Ramos Timbau

159 Parque Coluacutembia Rua da Escadinha Rua do Barro Rua Madagascar

Ampliaccedilatildeo da AP 4

Tabela da AP 4 com seus bairros e favelas - 150 Favelas

Numeraccedilatildeo de acordo com o mapa acima

BAIRRO

FAVELAS INSERIDAS

115 Jacarepaguaacute Asa Branca Canal do Arroio da Pavuna Comunidade Satildeo Francisco de Assis Condomiacutenio vila Darcy Vargas Outeiro Parque da Pedra Branca Parque Dois Irmatildeos Rio das Pedras Santa Maria Santa Maura Satildeo Gonccedilalo do Amarante Vila Calmete Vila Getuacutelio Vargas Vila Pitimbu Vila Sapecirc Virgolacircndia

116 Anil Araticum 117 Gardecircnia Azul Avenida das Lagoas

Vila Nova Esperanccedila 118 Cidade de Deus Beirada do Rio

Loteamento Josueacute Praccedila da Biacuteblia Santa Efigecircnia

119 Curicica AM do Vale do Curicica Antiga Creche

202

Vila Uniatildeo de Curicica 120 Freguesia Associaccedilatildeo Belfast Satildeo Geraldo

Inaacutecio do Amaral Pantanal I (RA-Jacarepaguaacute) Quintanilha Rua Agostinho Gama Rua Daniel Rua Satildeo Jorge Rua Sargento Paulo Moreira Tirol

121 Pechincha Condomiacutenio Paco do Lumiar Rua Monsenhor Marques 277 Vila Nossa Senhora da Paz

122 Taquara AM e Comunidade Nossa Senhora de Faacutetima Andreacute Rocha Estrada do Catonho Estrada do Meringuava Jardim Boiuacutena Loteamento Satildeo Sebastiatildeo Nova Aurora Rua Andreacute Rocha 2630 B Rua Mirataia Santa Anastaacutecia Shangrilaacute Vacaria Vila Santa Clara Vila Santa mocircnica Vilar Satildeo Sebastiatildeo Vinte e sete de Setembro

123 Tanque Caminho do Valdemar Caxangaacute Ladeira da Reuniatildeo

124 Praccedila Seca Baratildeo Bela Vista do Mato Alto Chaacutecara Flora Chacrinha do Mato Alto Comandante Luiz Souto Morro da Boa Esperanccedila Vila Joseacute de Anchieta

125 Vila Valqueire Rua Urucaia 570 126 Joaacute - 127 Itanhangaacute Agriacutecola

Angu Duro Cambalacho Fazenda Floresta da Barra da Tijuca Furnas Muzema Siacutetio do Pai Joatildeo Tijuquinha Vila da Paz Vila Santa Terezinha

128 Barra da Tijuca Associaccedilatildeo de Moradores Barra Ameacuterica Ilha da Gigoacuteia ndash Lote 500 (RA-Barra da Tijuca) Lagoa da Barra Rua Satildeo Tilon Vila Uniatildeo (RA-Barra da Tijuca)

129 Camorim Morro do Camorim 130 Vargem Pequena Bosque Mont Serrat

Heacutelio Oiticica Palmares Santa Luzia

131 Vargem Grande Associaccedilatildeo dos Moradores do Rio Bonito Cascatinha Comunidade Bandeirantes Estrada dos Bandeirantes 29192 Rio Morto Vila dos Crentes

132 Recreio dos Bandeirantes AM e Amigos do Fontela Avenida dos Eucaliptos 28 Caeteacute Canal das Tachas Canal do Cortado

203

Estrada do Pontal (Caiteacute) Grota Funda Restinga Servidatildeo DVila Doutor Crespo Vila Harmonia Vila Nova (RA-Barra da Tijuca) Vila Alegre do Recreio

133 Grumari

Ampliaccedilatildeo da AP 5

Tabela da AP 5 com seus bairros e favelas - 173 Favelas

Numeraccedilatildeo de acordo com o mapa

acima

BAIRRO

FAVELAS INSERIDAS

134 Deodoro Fazenda Sapopemba 135 Vila Militar Comunidade Sobral 136 Campo dos Afonsos - 137 Jardim Sulacap - 138 Magalhatildees Bastos Quatorze de Julho

Rua jabaquara Rua Santo Expedito Vila Brasil Vila Capelinha Vila Satildeo Miguel

139 Realengo Alameda da Creche Bairro Carumbeacute Batam Beira Rio (RA-Realengo) Birigui Cosme e Damiatildeo Do laguinho Frederico faulhaber Morro Satildeo Sebastiatildeo Nilo Parque das nogueiras

204

Rua Bernardo Vasconcelos e Adjacecircncias Vila 133 Vila do Almirante Vila Jardim Novo Realengo Vila Joatildeo Lopes Vila Jurema (RA-Realengo) Vila Jurema I (RA-Realengo) Vila Leacutelio Boaventura Vila Nova (RA-Realengo) Vila Santa Luzia Vila Santo Antonio (RA-Realengo)

140 Padre Miguel (4) Murundu Vila Abrolhos Vila das Rosas Vila do Vinteacutem

141 Bangu (26) Alto Kennedy Avenida Santa Cruz 3556 Bairro Nova Alianccedila Beco da Usina Boqueiratildeo Caminho do Borges Caminho do Lucio Castor de Andrade Estrada da Saudade Estrada Sargento Miguel Filho 164 Jardim Satildeo Bento Minha Deusa Nova Kennedy Parque Nossa Senhora de Faacutetima Parque Real Retiro das Mangueiras Rua Congo 147 Rua da Feira 1220 Satildeo Bento Tibagi Vila Catiri Vila Moreti Vila Oliacutempia Vila Piquirobi Vila Progresso Vila Uniatildeo da Paz

142 Senador Cacircmara Bairro Santo Andreacute Coreacuteia (RA-Bangu) Falange Fazenda Coqueiro Jardim Clarice Morro do Sossego (RA-Bangu) Primeiro de Abril Rua Santo Amoacutes Saibreira Tancredo Neves (RA-Bangu) Tiquiaacute Verde eacute Vida

143 Santiacutessimo Anes Dias Morro da Esperanccedila Nova Esperanccedila (RA-Campo Grande) Professora Justina Marques Retiro do Lameiratildeo Rua sem Nome Rua Teixeira Campos 642 Rua Teixeira Campos 96102 Vila Verde (RA-Campo Grande)

144 Campo Grande Bairro Agulhas Negras Bairro Fernatildeo Magalhatildees Bairro Nova Aguiar Beco do Genipapo Beco sem Nome Beira Rio ndash Lot Jardim Bela Vista (RA-Campo Grande) Cabuis (RA-Campo Grande) Caminho do Morro Caminho dos Nunes Conjunto Minas de Prata Estrada da Caroba Estrada do Guandu

205

Jardim Nossa Senhora das Graccedilas Jardim Nossa Senhora das Graccedilas II Joaquim Magalhatildees Novo Tinguumliacute Parque Esperanccedila (RA-Campo Grande) Prolongamento Senhora Rua Doutor Fernando Satildeo Jerocircnimo Vila Comari Vila Mangueiral Vila Vitoacuteria (RA-Campo Grande)

145 Senador Vasconcelos Jardim Moriccedilaba Vale dos Eucaliptos Vasconcelos

146 Inhoaiacuteba Nova Cidade Parque Proletaacuterio Vila Esperanccedila Vila Uniatildeo (RA-Campo Grande) Vila Carioca

147 Cosmos Nova Conquista Parque Resplendor Vila do Ceacuteu Vila Satildeo Jorge (RA-Campo Grande)

148 Paciecircncia Beco do Brizola Beco do Carcaraacute Colorado Comunidade Jardim Paulista Divineacuteia Fazenda Cassiana Jacareacute Linha de Austin Nova Jeacutersei Roberto Morena Rua Iconha Saguaccedilu Vinte e Nove de Marccedilo

149 Santa Cruz Avenida Joatildeo XXIII 300 Barreira Beco do Coqueiral Coreacuteia (RA-Santa Cruz) Luis Fernando Victor Filho Margem do Canal de Satildeo Francisco Margem do Canal do Caccedilatildeo Vermelho Nova Brasiacutelia ndash Trecircs Poderes (RA-Santa Cruz) Nova Camaratildeo Pantanal (RA-Santa Cruz) Parque horto florestal Rua 66 (Cesaratildeo) Satildeo Gomaacuterio Trecircs Pontes Vale do Sangue Vila Verde (RA-Santa Cruz)

150 Sepetiba Beco da Guarda Rua Heacutelio Correa

151 Guaratiba AM da Ilha de Guaratiba AM da Matriz AM Morada dp Magarccedila AM Pro-Melhoramento Olava Gama e Adjacecircncias Areal (RA-Guarativa) Avenida das Ameacutericas km 37 Bairro Satildeo Pedro Beco do Rato Cabuis (RA-Guaratiba) Caminho da Uniatildeo Gaspar Lemos Jardim Guaratiba Jardim Luana Largo do Correcirca (RA-Guaratiba) Largo do Correcirca 1(RA- Guaratiba) Novo Jardim Maravilha Recanto dos Motoristas Rio Piraquecirc Rua Vale Verde

206

Santa Clara Travessa Magarccedila Vila Jurari Ziza

152 Barra de Guaratiba Caminho do Abreu Rua Samauacutena

153 Pedra de Guaratiba -

207

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S729 Souza Joseacute Luiz Alves de O homem sua sauacutede e o ambiente onde vive a crise ecoloacute- gica na busca por cidadania e as realidades entre sauacutede e o poder puacuteblico no Complexo de Favelas de Acari - RJ Joseacute Luiz Alves de Souza -- Niteroacutei [sn] 2008 205 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Ciecircncia Ambiental) ndash Universidade Federal Fluminense 2008 1Ecologia humana ndash Rio de Janeiro (RJ) 2Meio ambiente e sauacutede 3Favelas ITiacutetulo

CDD 3042098153

JOSE LUIZ ALVES DE SOUZA

O HOMEM SUA SAUacuteDE E O AMBIENTE ONDE VIVE A crise ecoloacutegica na busca por cidadania e as realidades entre Sauacutede e o Poder Puacuteblico

no Complexo de Favelas de Acari - RJ

Dissertaccedilatildeo apresentada ao Curso de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncia Ambiental da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial para obtenccedilatildeo do Grau de Mestre Aacuterea de Concentraccedilatildeo Anaacutelise de processos soacutecio-ambientais

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________________________________ Prof Dr CEacuteLIO MAURO VIANAndash Orientador UFF

_____________________________________________________________________ Prof Dra JANIE GARCIA DA SILVA - UFF

_____________________________________________________________________ Prof Dr SEacuteRGIO CORREcircA MARQUES - UERJ

Niteroacutei Abril de 2008

A duas pessoas muito amadas ndash Eloir e Michael pela forccedila e incentivo que me deram durante todos esses anos por serem sofredores de algumas ausecircncias e por estarem comigo nas presenccedilas

As pessoas que de uma forma ou de outra seratildeo herdeiros do que fazemos nestes dias

AGRADECIMENTOS

Ao Professor Ceacutelio Mauro Viana por ter acreditado neste trabalho pela sua paciecircncia e ensinamentos sem o qual natildeo teria concluiacutedo esta dissertaccedilatildeo Ao Professor Alphonse Kelecom ndash colega e conhecido de muitos e longos anos pelos ensinamentos absorvidos e por ter acreditado tambeacutem neste trabalho Aos colegas mestres da turma 2006 pelo apoio companheirismo e consideraccedilatildeo demonstrados A comunidade do Complexo de Acari Robson Santos Doracy Eich Ariacutecia Valle que prontamente se dispuseram a serem entrevistados que me receberam que me trouxeram seguranccedila com as suas presenccedilas e que se dispuseram a me levar pelas ruas e vielas do complexo Ao Enfermeiro Leonardo Correa pela forma com que me recebeu e se dispocircs a conversar um pouco sobre sauacutede envolvendo sua equipe

EPIacuteGRAFE ldquoA crise ambiental natildeo soacute se manifesta na

destruiccedilatildeo do meio fiacutesico e bioloacutegico mas tambeacutem

na degradaccedilatildeo da qualidade de vida tanto no

acircmbito rural como no urbanordquo

Enrique Leff

SUMAacuteRIO

Lista de abreveturas e siglas xResumo xiiAbstract xiii Introduccedilatildeo 14Objetivos 16Metodologia 17 Parte I 20Construindo o objeto Capiacutetulo 1 ndash CIEcircNCIA AMBIENTAL PESQUISA E CONTEXTO 11 A Interdisciplinaridade da ciecircncia ambiental 21 12 Necessidade da ciecircncia e seus meacutetodos 23 13 Diferentes tipos de pesquisa e a pesquisa em ciecircncia social 25 14 A vivecircncia e algumas interrogaccedilotildees 28 Capiacutetulo 2 ndash A CRISE ECOLOacuteGICA

21 Crise Ecoloacutegia e Capitalismo 3422 A Economia Ecoloacutegica 3823 O que eacute a Crise Ecoloacutegica 4024 O papel da sociedade na busca por soluccedilotildees da crise 4125 A Agenda 21 43

Capiacutetulo 3 - PRERROGATIVAS SOCIAIS BAacuteSICAS DA POPULACcedilAtildeO 31 Sauacutede e cidadania 45 32 Poliacuteticas puacuteblicas 46 33 A sauacutede nas constituiccedilotildees brasileiras 48 34 Sistema uacutenico de sauacutede 49 Capiacutetulo 4 ndash PROBLEMAS SOacuteCIO-AMBIENTAIS

41 Cidadania 5342 Meio ambiente 5543 Favelizaccedilatildeo 61

Parte II 72Caracteriacutesticas da aacuterea de estudo Capiacutetulo 5 - O COMPLEXO DE FAVELAS DE ACARI 73

51 A ldquofavela de Acarirdquo 7352 Espacialidade do Complexo dentro do contexto municipal 74521 Vila Esperanccedila 75

(Sumaacuterio ndash continua)

(Sumaacuterio ndash continuaccedilatildeo)

522 Vila Rica de Irajaacute 77523 Parque Acari 78524 Beira Rio 7853 Atores Sociais dentro do complexo 7954 Representatividade do Estado 79

a) Programa Favela-bairro 80 b) O programa Bairrinho 81 c) A regularizaccedilatildeo fundiaacuteria 81 d) Os equipamentos puacuteblicos 81

Capiacutetulo 6 ndash REPRESENTACcedilAtildeO SOCIAL 8361 Representaccedilatildeo Social 8362 Representaccedilatildeo social dos atores entrevistados no Complexo de Favelas de Acari 85621 Cultura representando sua inter-relaccedilatildeo com o real 87622 Representando a sauacutede e o meio ambiente 99623 A Crise Ecoloacutegica na busca por Cidadania 114624 A realidade entre sauacutede e o poder puacuteblico 117

Conclusatildeo 126Bibliografia 130 Anexo 1 ndash Fotos aeacutereas e localizaccedilatildeo do Complexo de favelas 137Anexo 2 ndash Tabelas 144Anexo 3 ndash Graacuteficos e Figuras 149Anexo 4 ndash Figuras utilizadas na entrevista 156Anexo 5 ndash Transcriccedilatildeo das entrevistas 165Anexo 6 ndash Glossaacuterio 187Anexo 7 ndash Listagem das favelas cariocas 190

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANVISA Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria

BNH Banco Nacional da Habitaccedilatildeo

CCDC Centro Comunitaacuterio de Defesa da Cidadania

CEASA Centrais de Abastecimento do Rio de Janeiro

CEDAE Companhia Estadual de Aacuteguas e Esgotos

CHISAM Coordenaccedilatildeo da Habitaccedilatildeo de Interesse Social da Aacuterea Metropolitana do Rio de Janeiro

COHAB Companhia de Habitaccedilatildeo

CODESCO Companhia de Desenvolvimento de Comunidades

Comlurb Companhia Municipal de Limpeza Urbana

CPMF Contribuiccedilatildeo Provisoacuteria sobre Movimentaccedilatildeo Financeira

CPDS Comissatildeo de Poliacuteticas de Desenvolvimento Sustentaacutevel

Crvcc Centro de reconhecimento validaccedilatildeo e certificaccedilatildeo de Competecircncias

Datasus Banco de Dados do Sistema Uacutenico de Sauacutede

ETE Estaccedilatildeo de Tratamento de Esgotos

IDH Iacutendice de Desenvolvimento Humano

FEEMA Fundaccedilatildeo Estadual de Engenharia do Meio Ambiente

IAP Instituto de Aposentadoria de Previdecircncia

IAPI Instituto de Aposentadorias dos Industriaacuterios IAPM Instituto de Aposentadoria e Pensotildees dos Mariacutetimos IAPTEC Instituto de Aposentadorias e Pensotildees dos Estivadores e

Transporte de Cargas LATEC Laboratoacuterio de Tecnologia Gestatildeo de Negocoacutecios amp Meio

Ambiente Light Concessionaacuteria de energia eleacutetrica para cidades do estado do

Rio de Janeiro OMS Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede

ONG Organizaccedilatildeo Natildeo-governamental

ONU Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas

OPAS Organizaccedilatildeo Pan-Americana da Sauacutede

PET Politeraftalato de etila

PIB Produto Interno Bruto

x

PGCA Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncia Ambiental

PNUD Programa das Naccedilotildees Unidas para o Desenvolvimento

PPA Plano Plurianual

PPC Paridade do Poder de Compra

PSF Programa de Sauacutede da Famiacutelia

PSOL Partido Socialismo e Liberdade

RDC Resoluccedilatildeo da Diretoria Colegiada

Rvcc Reconhecimento Validaccedilatildeo Certificaccedilatildeo de Competecircncias

SAGMACS Sociedade de Anaacutelise Graacuteficas e Mecanograacuteficas Aplicadas aos Complexos Sociais

SBPE Sociedade Brasileira de Planejamento Energeacutetico

SFH Sistema Financeiro de Habitaccedilatildeo

SINAN Sistema de Notificaccedilotildees de Agravos de Notificaccedilatildeo

SUS Sistema Uacutenico de Sauacutede

WWF World Wide Fundation

xi

RESUMO Em um contexto envolvendo meio ambiente globalizaccedilatildeo e modernidade depara-se inevitavelmente com termos que tecircm na sua grande maioria importacircncia vital para se entender o mundo em que se vive Esses termos envolvem populaccedilatildeo economia emprego disposiccedilatildeo poliacutetica ativismo social moradia etc A Cidade sendo o local para onde atualmente se converge toda a atenccedilatildeo onde a batalha diaacuteria pela sobrevivecircncia e pelo exerciacutecio cidadania eacute travada pelos diversos atores sociais envolvidos Mas haacute um hiato entre ter e viver a cidadania esta eacute muita das vezes dificultada pelas barreiras que se impuseram no desenvolvimento do tipo de vida que se leva atualmente Para se ter a cidadania a maior barreira instalada entre ela e o povo eacute a crise ambiental decorrente do tipo do tipo de viva que se aprendeu a ter da industrializaccedilatildeo degradaccedilatildeo do espaccedilo geograacutefico degradaccedilatildeo do ser humano poluiccedilatildeo do ar dos corpos hiacutedricos e no fundo estaacute o ser humano compactuando de algum forma Neste contexto se insere o Estado como o grande ente capaz de salvaguardar o cidadatildeo e a sauacutede implementando accedilotildees que promovam a qualidade de vida um termo corrente para o repensar da cidade Discutem-se cidades sustentaacuteveis tendo por base as ideacuteias contidas na agenda 21 que tomou forma depois da ECO-92 Problemas da cidade a poliacutetica habitacional fomentada ao longo dos anos que associada com a poliacutetica econocircmica estabelecida como prioridade pelo Estado empurraram milhares de pessoas ao processo de favelizaccedilatildeo A remedia-se atraveacutes de vaacuterios programas institucionais como Favela-Bairro Programa Bairrinho PAC e congecircneres Na busca pela cidadania os moradores do Complexo de favelas de Acari vivenciam uma contradiccedilatildeo entre os saberes construiacutedos e executados pelo Estado e os saberes vividos na comunidade Este trabalho mostra onde reside a contradiccedilatildeo no citado Complexo e principalmente como ela eacute percebida no imaginaacuterio da populaccedilatildeo pesquisada aleacutem de contribuir ao estudo dos fenocircmenos sociais direta e indiretamente implicados na formaccedilatildeo deste imaginaacuterio Atraveacutes de entrevistas abertas com lideranccedilas e com moradores dentro do Complexo de Favelas de Acari mostrou-se pelo vieacutes sauacutede e meio ambiente o viver e principalmente as realidades entre o saber e o fazer do Estado Para tanto as entrevistas foram gravadas e seu conteuacutedo transcrito e analisado utilizando-se a Teoria das Representaccedilotildees Sociais de Moscovici O resultado eacute um painel onde se constata-se que meio ambiente e sauacutede satildeo dois termos que natildeo-excludentes e principalmente tecircm uma interdependecircncia com importantes desdobramentos para o cotidiano desses atores sociais No habitar em um Complexo de Favelas estaacute as formas da lida com a realidade com a sobrevivecircncia do dia-a-dia trata-se de vida tanto para o ser humano quanto para a natureza que eacute o lar desse ser humano e que seraacute o lar tambeacutem de geraccedilotildees futuras O Complexo de Favelas de Acari foi trazido para dentro da Ciecircncia Ambiental entendendo-se as relaccedilotildees estabelecidas no seu contexto e o quanto podem ser potencialmente nocivas Ao fim constata-se este argumento do ambiente urbano como local pouco adequado para vida

xii

ABSTRACT

In a context that involves environment globalization and modernization there are terms that are important for to understand this world These terms involves population economy job opportunities social policies activities residence etc for the city that the some attention are on focus there is a diary battle for survival and for the real citizenship and his battle if fighted for everybody inside this place There is a hiatus between to have and to live the citizenship this is frequently stopped for the barriers that exist in middle of the way of develop of the type of life that people is the environment crisis that came from the type of life these humans has learned the industrialization the geographic space degradation human degradation air pollution water pollution so the human king and certainly they are responsible for that In this context there is the Government as the big personality able to defense the citizen and their health doing actions that can bring promotion to the life quality that is a new word necessary to think again the cities and his geographical context There are some discussions about city and his sustentability based in ideas from the Agenda 21 that has formed after ECO-92 The critic problem for the city is his dwelling and economic policies that came over the years both as a priority for the Government practices It has pushed thousands of people to the slums development process Nowadays there are many policies that to try to bring some resolutions for the general problematical as Favela-Bairro Bairrinho Program PAC and so on In a search for citizenship the people of Acari Slums Complex livening in a real contradiction between Government knowledge ad what is happening and what the people knows This work show where this contradiction is inside the Complex besides this one brought the contribution to the social phenomena studies direct or no to the knowledge construction about this reality Throughout open interviews with leathers and dwellers it has found that over environment and health angle that nature and to live mainly the realities between what the Government has done These interviews were recorded and analyzed and all phrases were transcribed by the Moscovicirsquos Social Representations The result is a panel where environment and health are no opposite terms an mainly they are going together with important unfold for the day-by-day of social actors Inside Acari Slums Complex there are some styles of life that can be considered crucial into reality as a survival It is life either to human and for the nature that is the home for his human and will be what the next generations will have as a home The Acari Slums Complex was brought to the environment Sciences because the relations inside in this context and how many this relations can be problematic so this cityrsquos piece is a non save place to spend a good life

xiii

INTRODUCcedilAtildeO

ldquoA sauacutede eacute um direito de todos e um dever do Estadordquo Esta frase cunhada na atual

Constituiccedilatildeo Brasileira pode ser considerada como a representaccedilatildeo de uma das maiores

conquistas da sociedade brasileira no campo das poliacuteticas sociais

Com a chegada do ano de 1988 houve uma real conquista da cidadania pelo ponto de

vista da sauacutede onde esta passou a ser um direito de todos e suprida pelo Estado

Mas ateacute os dias de hoje esta cidadania natildeo foi alcanccedilada completamente ou totalmente

integralizada E por que natildeo Haacute diversos outros entrementes que por natildeo serem conhecidos

ou por natildeo terem sido levados em consideraccedilatildeo faz com que o que se acredita ser sauacutede seja

apenas atribuiacutedo agrave ausecircncia de doenccedila o que eacute facilmente comprovado em diversos discursos

Sauacutede eacute um processo dinacircmico sofrendo impacto diretamente do meio ambiente das

condiccedilotildees econocircmicas da percepccedilatildeo que o indiviacuteduo tem do que seja a sauacutede

Sauacutede e meio ambiente se articulam sim Aquela depende desta para que aconteccedila de

fato Por exemplo eacute notoacuterio ver que muitas doenccedilas do campo estatildeo relacionadas agrave maneira

com que as pessoas desenvolvem suas atividades diaacuterias Com isso haacute leis que regulamentam

as atividades naquele setor Eacute notoacuterio que muitas das doenccedilas das aacutereas urbanizadas inclusive

a violecircncia tem a ver com o meio ambiente constituindo um todo influenciando esse todo

Como sauacutede se relaciona com o ambiente em que se vive Hoje o boom da expansatildeo

urbana estaacute relacionado agrave poliacutetica internacional A cidade no processo geograacutefico tem cada

vez mais peso do que o campo Com isso a cidade se manteacutem como um atrativo para que

pessoas a busquem para conseguir alcanccedilar a realizaccedilatildeo dos seus sonhos Com isso haacute o que

se pode chamar de expansatildeo urbana urbanizaccedilatildeo trazendo seacuterios problemas que se

perpetuam por anos

Estamos em um momento de falar dos problemas ambientais e das possiacuteveis soluccedilotildees

deles Tem por certo que eles se adensam cada vez mais e talvez a perspectiva de soluccedilatildeo agrave

curto prazo seja desalentador O positivo eacute que se busca encontrar e implementar as soluccedilotildees

referidas e dentro deste contexto problema-soluccedilatildeo fica registrado com este trabalho

atividades de se compreender e como fazer para que uma pequena parte do real se some ao

grupo de conhecimentos que forma a ciecircncia ambiental Para isso esta dissertaccedilatildeo foi

desenvolvida em cinco capiacutetulos que satildeo apresentados em num crescendo e que por

necessidade da pesquisa veio trazer luz ao problema investigado e mostrar que as

resolutividades para o problema ambiental natildeo exclui a sauacutede e o fazer das pessoas e nem

muito menos do Estado Cada um com sua participaccedilatildeo na trama da existecircncia

14

O capiacutetulo 1 inter-relaciona a Ciecircncia Ambiental com o seu contexto levando em

consideraccedilatildeo a necessidade da ciecircncia e de seus meacutetodos para a percepccedilatildeo do que se chama

problema ambiental que estaacute levando o planeta Terra a sua exaustatildeo Este capiacutetulo tambeacutem eacute

ilustrado com a vivecircncia do autor e algumas interrogaccedilotildees curiosas agrave respeito do tema O

capiacutetulo 2 aborda a Crise Ecoloacutegica que se abate sobre a existecircncia do planeta e busca

relacionar esta crise com o capitalismo com a economia e com o papel das sociedades na

busca por soluccedilotildees para esta crise Ainda no crescendo tem-se o capiacutetulo 3 que fala de sauacutede

cidadania poliacuteticas puacuteblicas e Sistema Uacutenico de Sauacutede Jaacute no capiacutetulo 4 eacute abordado assuntos

referentes agrave cidadania meio ambiente e o processo favelizatoacuterio que marca profundamente a

paisagem da cidade

Na segunda parte da dissertaccedilatildeo se encontra as realidades entre sauacutede sociedade e

poder puacuteblico Mediante o uso da Teoria das Representaccedilotildees Sociais de Moscovici tentou-se

estabelecer um quadro do que eacute representado e o que estaacute no imaginaacuterio social de uma

comunidade especiacutefica do que seja meio ambiente e sauacutede E eacute montado um grande painel dos

problemas ambientais que afligem as pessoas menos favorecidas problemas estes que

incluem a real integralizaccedilatildeo da sauacutede via meio ambiente adequado para se reproduzir essa

integralizaccedilatildeo da sauacutede

15

OBJETIVOS

Demonstrar a importacircncia que assume os conceitos de Sauacutede e Meio Ambiente

dentro do contexto da crise ambiental provocada pelo homem em face da necessidade de se

discutir os modos de vida a impactaccedilatildeo do meio ambiente e a participaccedilatildeo do Estado no

Complexo de Favelas de Acarai com vistas a uma melhor qualidade de vida e contribuiccedilatildeo

para as poliacuteticas de desenvolvimento sustentaacutevel

Como objetivos especiacuteficos

a) Mostrar a defasagem entre a percepccedilatildeo dos conceitos de sauacutede meio

ambiente e suas apropriaccedilotildees sua ligaccedilatildeo com o real vivido e buscado no

cotidiano das comunidades

b) Desvelar o executar do Estado dentro do contexto da crise ambiental a niacutevel

local atraveacutes da participaccedilatildeo na comunidade

c) Analisar a importacircncia da participaccedilatildeo comunitaacuteria no desenvolvimento de

um ambiente saudaacutevel

d) Esclarecer que os processos sociais satildeo mateacuteria da Ciecircncia Ambiental

abarcando a falta de condiccedilotildees miacutenimas de existecircncia dignidade

cidadania sauacutede moradia entre outros fazem parte de um desequiliacutebrio

maior com consequumlecircncias graves ao ser humano e ao meio ambiente natural

16

METODOLOGIA

Este eacute um estudo exploratoacuterio realizado a partir de abordagem qualitativa A opccedilatildeo

feita por este tipo de pesquisa decorre da necessidade de se trabalhar dados tanto subjetivos

quanto objetivos

A parte qualitativa da pesquisa estudou universo de motivos significados aspiraccedilotildees

valores e atitudes o que correspondeu a um espaccedilo mais profundo das relaccedilotildees dos processos

que natildeo podem ser reduzidos agrave operacionalizaccedilatildeo de variaacuteveis Esta abordagem procura captar

os significados atribuiacutedos aos eventos

A parte quantitativa utilizada para corroborar e mostrar o mosaico de interaccedilotildees a que

os sujeitos da pesquisa estatildeo inseridos envolvem dados numeacutericos ao longo do tempo

A intenccedilatildeo foi realizar uma pesquisa de campo que segundo as palavras de LUumlDKE e

ANDREgrave (1986) eacute aquela que estuda os problemas no ambiente nos quais ocorrem

naturalmente sem intenccedilatildeo de qualquer manipulaccedilatildeo intencional pressupondo um contato

direto do pesquisador com o ambiente e a situaccedilatildeo que estaacute sendo investigada

1 A descriccedilatildeo do campo de estudo

Tanto pela necessidade de se abordar o assunto quanto pela caracteriacutestica do mesmo

buscou-se selecionar como sujeitos desta pesquisa grupos de pessoas que compartilham em

tese do mesmo estilo de vida e que estatildeo sob o mesmo impacto de pressotildees ambiental

econocircmica social e poliacutetica

Para isso foi selecionado o estudo da favela que segundo ZALUAR e ALVITO (1998)

satildeo espaccedilos que uma vez apropriados pelos seus moradores permitem a reivindicaccedilatildeo do

atendimento emergencial de suas demandas - ambiental

Optou-se por estudar o Complexo de Favelas de Acari no Municiacutepio de Rio de

Janeiro onde as diversas camadas ldquopoliacuteticasrdquo ofereceram boa receptividade a esta pesquisa

Para a realizaccedilatildeo da mesma foi utilizada a entrevista semi-estruturada onde os

questionamentos baacutesicos apoiados em teorias e hipoacuteteses ofereceram campo amplo de

interrogativas produzindo assim novas hipoacuteteses que foram surgindo agrave medida em que os

entrevistados relatavam seu universo

17

2 Os participantes da pesquisa

O primeiro contato foi formalizado com a CUFA ndash Central Uacutenica de Favelas que

facilitou o acesso agrave Associaccedilatildeo de Moradores do Conjunto Residencial do Areal parte do

complexo de favelas chamado de Acari na zona norte do Municiacutepio de Rio de Janeiro O seu

Presidente forneceu muitos subsiacutedios para o desenvolvimento desta pesquisa

Na abordagem inicial foram realizadas duas entrevistas uma com a CUFA e outra

com a Associaccedilatildeo de Moradores do Areal Para essas entrevistas foi utilizado um questionaacuterio

com perguntas abertas Nesse momento inicial priorizou-se a liberdade das respostas e o

conteuacutedo das mesmas uma vez que o entrevistador natildeo vive naquela realidade social As

entrevistas foram gravadas com autorizaccedilatildeo expressa dos entrevistados para posterior anaacutelise

da transcriccedilatildeo na iacutentegra

Em segundo momento conforme planejamento foram realizadas entrevistas diretas

com moradores Para essas utilizou-se um segundo questionaacuterio tambeacutem aberto com

liberdade de respostas A justificativa para esse modelo deve-se ao fato de cada morador ter a

sua percepccedilatildeo dos problemas ambientais vividos e isso os privilegia pelo fato de terem uma

participaccedilatildeo direta na pesquisa sem a mediaccedilatildeo de qualquer interventor As entrevistas

tambeacutem foram gravadas com autorizaccedilatildeo dos entrevistados e submetidos a transcriccedilatildeo para

posterior anaacutelise

Para essas buscou-se outro artifiacutecio cada entrevistado e antes da aplicaccedilatildeo do

questionaacuterio foi mostrado um conjunto de figuras que abordavam a temaacutetica proposta

A utilizaccedilatildeo de figuras eacute um meio auxiliar para a obtenccedilatildeo de respostas quando da

interrogaccedilatildeo direta Elas funcionam como uma forma de introduzir o assunto que se quer

abordar dando uma certa ludicidade ao evento Deixando que os sujeitos vejam reflitam

relaxem e se introduza ao objetivo do questionamento

Esse meacutetodo tem uma particularidade positiva quando se precisa trabalhar com sujeito

que no universo desta pesquisa pode ter um iacutendice baixo de escolaridade ou pouca

participaccedilatildeo poliacutetica ou que natildeo disponha de muito tempo para responder a questionamentos

extensos Aleacutem de estar sobre pressatildeo de outras variaacuteveis como por exemplo a violecircncia

diaacuteria

As entrevistas se deram entre os meses de setembro de 2007 a fevereiro de 2008 em

diversos locais do Complexo de Favelas do Acari As primeiras entrevistas aconteceram nas

sedes tanto da CUFA quanto da AMA A primeira na localidade chamada de ldquoRua do

Campordquo e a segunda na localidade chamada de Conjunto Amarelinho As demais entrevistas

aconteceram nas localidades Vila Esperanccedila proacuteximo ao Hospital de Acari e ainda no Areal

18

O universo da pesquisa eacute composto por 30 moradores A grande maioria deles

moradores do Complexo diretamente envolvidos politicamente com alguma produccedilatildeo social

dentro da comunidade - liacutederes e com outros natildeo-liacutederes que tambeacutem tecircm algum percentual de

participaccedilatildeo na produccedilatildeo social do Complexo mais moradores sem participaccedilatildeo ativa na

produccedilatildeo social (que participam em lideranccedilas dentro da comunidade) Este nuacutemero foi preacute-

estabelecido porque em termos de anaacutelise das entrevistas e com a teoria proposta para o

embasamento da pesquisa eacute um nuacutemero suficiente para a viabilidade do estudo Tambeacutem

foram entrevistados alguns liacutederes que estatildeo inseridos dentro do contexto do Complexo mas

que ali natildeo residem

3 Levantamento bibliograacutefico e de dados

Para esta pesquisa foram acessadas as bibliotecas das seguintes instituiccedilotildees

Universidade Federal Fluminense Escola Nacional de Sauacutede Puacuteblica Universidade Federal

do Rio de Janeiro e pesquisas em bases de dados do Ministeacuterio da Sauacutede da Prefeitura

Municipal do Rio de Janeiro bem como a rede internacional de computadores

4 Anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados

Para anaacutelise dos dados subjetivos optou-se usar a Teoria das Representaccedilotildees Socais de

MOSCOVICI (1961) Essa teoria revela que as representaccedilotildees sociais satildeo formas de

conhecimentos socialmente elaborados e partilhados tendo uma visatildeo praacutetica e concorrendo

para a construccedilatildeo de uma realidade comum a um conjunto social Ela diz que o conteuacutedo

revelado na oralidade eacute um processo de mediaccedilatildeo na relaccedilatildeo homem-mundo onde os

indiviacuteduos explicam e afirmam sobre sua realidade e satildeo desveladas as ambiguumlidades

encontradas nas palavras que tecircm material ideoloacutegico e servem de trama a todas as relaccedilotildees

sociais Com vista nisso os atores sociais constroem suas realidades suas interaccedilotildees suas

tomadas de decisotildees E porque meio ambiente para as pessoas em questatildeo eacute um conceito

social que elas apreendem principalmente pelos veiacuteculos de comunicaccedilatildeo Aleacutem das

definiccedilotildees em sauacutede que jaacute as leva a um tipo de comportamento social podem estar se

utilizando tambeacutem do termo meio ambiente no seu cotidiano de praacuteticas sociais

19

PARTE I

CONSTRUINDO O OBJETO

20

CAPIacuteTULO UM

CIEcircNCIA AMBIENTAL PESQUISA E CONTEXTO

11 A INTERDISCIPLINARIDADE DA CIEcircNCIA AMBIENTAL

Conforme nota-se em HERCULANO (2000) haacute algo errado no mundo em que

vivemos justamente pela forma de como vivemos Fala-se de sustentabilidade fala-se sobre a

percepccedilatildeo mundial que se tem da degradaccedilatildeo ambiental da tomada de decisatildeo por parte das

autoridades mundiais e a sociedade das atividades propostas em busca de uma correccedilatildeo para

os processos antroacutepicos impactantes

ldquo E quem vai fazer tudo isto Como se constroem parcerias

Como superar antagonismos entre sujeitos em conflito e criar

novos atores coletivos Como capacitar os cidadatildeos para que

estes ultrapassem seu isolamento e efetivamente se

associemrdquo

Nas entrelinhas se percebe que haacute muito por fazer e este muito pode comeccedilar aqui e

agora Ter a percepccedilatildeo de que haacute algo errado na relaccedilatildeo do binocircmio homem-natureza e que

urge a necessidade de se estudar esta relaccedilatildeo e as consequumlecircncias dela eacute o primeiro passo para

a contribuiccedilatildeo da melhoria da qualidade de vida embasada na melhoria do proacuteprio ambiente

em que se vive Essa contribuiccedilatildeo esse discutir o meio ambiente eacute importante porque se

busca encontrar medidas mitigadoras para o problema ambiental este deve iniciar com uma

grande participaccedilatildeo tanto dos profissionais diversos que militam nesta aacuterea como da

sociedade como um todo Por vezes os problemas impactantes satildeo tatildeo cruciais que se revelam

natildeo claramente pela destruiccedilatildeo de vegetaccedilatildeo ou do solo mas sim a perversa degradaccedilatildeo

social com todos os seus desdobramentos

O homem produz degrada polui extrai ocupa Natildeo percebe claramente o que eacute este

fazer muito menos nas suas consequumlecircncias Desde eacutepocas mais remotas passando pela

revoluccedilatildeo industrial o homem tem desempenhado atividades que puderam ser absorvidas

21

pelo planeta Mas o que se discute atualmente eacute justamente isso ndash o quanto mais o planeta

pode absorver desses impactos que o homem tem causado pela suas atividades modificadoras

ao meio ambiente

O grande motor dos tempos atuais eacute a percepccedilatildeo de que esta capacidade de absorccedilatildeo

dos impactos produzidos pelo homem chamada de resiliecircncia jaacute ultrapassou seu limite

Beiramos uma eacutepoca em que natildeo podemos nos dar ao luxo de desperdiccedilar poluir ocupar

degradar sem termos em troca agrave paga

Desde haacute algum tempo homens tecircm se levantado para conclamar uma soluccedilatildeo para os

problemas ambientais problemas estes produzidos no atual momento de existecircncia do planeta

como os foram produzimos haacute seacuteculos atraacutes - desperdiacutecio desmatamento extinccedilatildeo da

biodiversidade iniquumlidade entre o ser humano O caminho obrigatoacuterio para a preservaccedilatildeo -

que pode ser da proacutepria espeacutecie humana - passa por rever todas essas falhas e tentar suplantaacute-

las por novo comportamento

Eacute neste contexto que se insere a ciecircncia ambiental Esta eacute um veiacuteculo para o

desenvolvimento e difusatildeo do saber ambiental que tem congregado no seu seio profissionais

de diversos campos do conhecimento e atraveacutes deles e de suas pesquisas tem se entendido-se

como o nosso planeta funciona Esses profissionais tecircm trazido agrave luz questotildees que

contribuem tanto para a formaccedilatildeo dessa ciecircncia como para o processo de conscientizaccedilatildeo

sobre a necessidade de se pensar o meio ambiente que cerca a espeacutecie humana dentre outras

e como esta lidaraacute com o que sobrou do meio ambiente em geraccedilotildees futuras

A Ciecircncia Ambiental natildeo pode ser dar ao luxo de se resumir a um grupo de

profissionais especiacuteficos em ecologia Ela tem que abranger profissionais das diversas aacutereas

contribuindo para uma anaacutelise mais ampla do funcionamento o meio ambiente nos dias atuais

para que por seus estudos haja um direcionamento de o que fazer e como fazer Nisso se

insere o profissional Enfermeiro no contexto de Ciecircncia Ambiental tentando mostrar que na

relaccedilatildeo Sauacutede-Ser Humano um campo especiacutefico e novo do saber em Ciecircncia Ambiental haacute

uma gama de problemas que podem ser identificados e analisados

Segundo LEFF (2000) ldquoA crise ambiental natildeo soacute se manifesta na destruiccedilatildeo do meio

fiacutesico e bioloacutegico mas tambeacutem na degradaccedilatildeo da qualidade de vida tanto no acircmbito rural

como no urbanordquo

22

12 NECESSIDADE DA CIEcircNCIA E SEUS MEacuteTODOS

Com o advento da ciecircncia os fenocircmenos que sempre intrigaram o ser humano

passaram a ser estudados e clarificados atraveacutes de processos de pesquisa

Com o avanccedilo das investigaccedilotildees haacute tambeacutem o avanccedilo do espiacuterito de curiosidade O

homem busca sempre uma consequumlecircncia para uma causa ou natildeo necessariamente nesta

ordem

Resolver duacutevidas muito intrincadas sobre certos fenocircmenos tem movido criado

aperfeiccediloado o pensar humano e cada vez mais contribuido para separaacute-lo do restante dos

animais que o cercam levando a um lugar comum privilegiado na evoluccedilatildeo das espeacutecies

Segundo MINAYO (1998) a ciecircncia tornou-se hegemocircnica na construccedilatildeo da realidade

por ter a pretensatildeo de ser o uacutenico promotor e tambeacutem por ser criteacuterio da verdade

Nela reside duas razotildees a possibilidade de responder a questotildees teacutecnicas e

tecnoloacutegicas postas pelo desenvolvimento industrial e outra consiste no fato dos cientistas

terem conseguido estabelecer uma linguagem fundamentada em conceitos meacutetodos e teacutecnicas

para compreensatildeo do mundo das coisas dos fenocircmenos dos processos e das relaccedilotildees

O conhecimento cientiacutefico eacute conseguido mediante e o que se chama de Meacutetodo

cientiacutefico Mas haacute ainda no campo da avaliaccedilatildeo de conhecimento de sua reproduccedilatildeo e sua

manipulaccedilatildeo algumas categorias que mais ou menos tentam ser mantenedoras do saber cada

uma na sua esfera de atuaccedilatildeo e por si revelam como o homem se comporta diante da

construccedilatildeo do saber Essas categorias satildeo

1 A tradiccedilatildeo onde certas crenccedilas satildeo aceitas como verdades onde por vezes pode

apresentar-se como obstaacuteculo agrave indagaccedilatildeo humana uma vez que as crenccedilas

encontram-se tatildeo arraigadas agrave nossa cultura que sua validade ou utilidade jamais

foram desafiadas ou validadas

2 Autoridade - a confianccedila nas autoridades eacute de certa forma inevitaacutevel porque natildeo pode

se tornar especialistas em cada problema confrontado

3 Experiecircncia pessoal onde se resolve os problemas com base em observaccedilotildees e

experiecircncias anteriores o que eacute um meacutetodo importante e funcional A capacidade de

generalizar reconhecer irregularidades e fazer previsotildees com base em observaccedilotildees

constitui uma marca da mente humana Mas a experiecircncia pessoal apresenta limitaccedilotildees

23

fundamentais como uma base agrave compreensatildeo pois a experiecircncia de cada pessoa pode

ser muito restrita para fazer generalizaccedilotildees vaacutelidas acerca de situaccedilotildees novas e as

experiecircncias pessoais tecircm as cores dos valores e preconceitos subjetivos

4 Tentativa e erro - por vezes se trata de algum problema tentando soluccedilotildees alternativas

Ainda que esse meacutetodo possa ser praacutetico em alguns casos eacute passiacutevel de falhas aleacutem

de ser ineficiente Ele tende a ser desorganizado e as soluccedilotildees satildeo em muitos casos

imprevisiacuteveis

5 Raciociacutenio loacutegico ndash costuma-se resolver problemas confiando nos processos de

pensamento loacutegico De fato o raciociacutenio loacutegico eacute um componente importante de

meacutetodo cientiacutefico mas em si e de si eacute limitado porque a validade da loacutegica dedutiva

depende da precisatildeo das informaccedilotildees com que iniciamos o processo e o raciociacutenio

em si pode constituir uma base insuficiente para avaliar a precisatildeo

Analisando os processos da indagaccedilatildeo e descobrimento supracitados chegamos a

conclusatildeo de que o conhecimento cientiacutefico eacute o meacutetodo mais sofisticado Ele combina

aspectos do raciociacutenio loacutegico com outros aspectos para criar um sistema de soluccedilatildeo de

problemas que embora faliacutevel eacute mais confiaacutevel do que os outros juntos Eacute um conjunto

geneacuterico de procedimentos ordenados e disciplinados utilizados para a aquisiccedilatildeo de

informaccedilotildees seguras e organizadas

Em um estudo cientiacutefico o pesquisador movimenta-se de uma forma ordenada e

sistemaacutetica a partir da definiccedilatildeo de um problema atraveacutes do delineamento do estudo e coleta

de informaccedilotildees ateacute a soluccedilatildeo do problema Usa a sistemaacutetica para poder chegar as conclusotildees

que se quer evidenciar Sistemaacutetica refere-se agrave forma com que o investigador evolui de uma

maneira loacutegica atraveacutes de uma seacuterie de etapas de acordo com um plano de accedilatildeo preacute-

estabelecido

A pesquisa cientiacutefica tem alguns propoacutesitos

A descriccedilatildeo em que se realiza uma investigaccedilatildeo descritiva onde se observa descreve

e classifica Quando natildeo haacute a necessidade de se descrever vaacuterios fenocircmenos

Outro propoacutesito eacute a exploraccedilatildeo onde se inicia por algum fenocircmeno de interesse

Busca explorar as dimensotildees desse fenocircmeno a maneira pela qual ele se manifesta e os outros

fatores com os quais ele se relaciona

A explicaccedilatildeo que busca encontrar o porquecirc de fenocircmenos naturais especiacuteficos

24

E por fim a previsatildeo e controle que no entanto costuma fazer-se previsotildees e

controlar fenocircmenos com base nas descobertas das investigaccedilotildees cientiacuteficas ateacute mesmo na

mais absoluta ausecircncia de compreensatildeo total

13 DIFERENTES TIPOS DE PESQUISA E A PESQUISA EM CIEcircNCIA SOCIAL

Profissionais de todas as aacutereas necessitam de uma base de conhecimentos a partir da

qual possam exercer sua praacutetica e o conhecimento cientiacutefico proporciona uma base

especialmente soacutelida

Costuma-se fazer a distinccedilatildeo entre dois grandes meacutetodos de coleta de informaccedilotildees

cientiacuteficas A pesquisa quantitativa com anaacutelise utilizando procedimentos estatiacutesticos e a

pesquisa qualitativa com anaacutelise de material narrativo subjetivo

O paradigma do positivismo loacutegico estaacute associado com maior frequumlecircncia aos meacutetodos

quantitativos onde se tende a enfatizar o raciociacutenio dedutivo as regras da loacutegica e os atributos

mensuraacuteveis da experiecircncia humana

Segundo POLIT e HUNGLER (1996) em geral a pesquisa quantitativa

bull Focaliza uma quantidade relativamente pequena de conceitos especiacuteficos

bull Inicia com ideacuteias preacute-concebidas acerca da maneira pela qual os conceitos estatildeo

inter-relacionados

bull Utiliza procedimentos estruturados e instrumentos formais para coletar

informaccedilotildees

bull Coleta as informaccedilotildees mediante condiccedilotildees de controle

bull Enfatiza a objetividade na coleta e anaacutelise das informaccedilotildees

bull Analisa as informaccedilotildees numeacutericas atraveacutes de procedimentos estatiacutesticos

Jaacute a pesquisa qualitativa salienta os aspectos dinacircmicos holiacutesticos e individuais da

experiecircncia humana tentando apreender tais aspectos em sua totalidade no contexto daqueles

que os estatildeo vivenciando

bull Tentando compreender a totalidade de determinados fenocircmeno mas do que focalizar

conceitos especiacuteficos

25

bull Possui poucas ideacuteias preacute-concebidas e salienta a importacircncia das interpretaccedilotildees dos

eventos e circunstacircncias pelas pessoas mais do que a interpretaccedilatildeo do pesquisador

bull Coleta informaccedilotildees sem instrumentos formais e estruturados

bull Natildeo tenta controlar o contexto da pesquisa e sim captar o contexto em sua

totalidade

bull Tenta capitalizar o subjetivo com um meio de compreender e interpretar as

experiecircncias pessoais

bull Analisa as informaccedilotildees narradas de uma forma organizada mas intuitiva

Praticamente toda pesquisa cientiacutefica parte de pressupostos do pesquisador sobre o que

quer e se costuma chamar de fenocircmeno

Esse eacute considerado o moto do trabalho cientiacutefico e sobre ele se debruccedilam as

interrogaccedilotildees que iratildeo levar o pesquisador as etapas do meacutetodo cientiacutefico POLIT e

HUNGLER (idem) o chama de construto E segundo essas autoras construto refere-se a uma

abstraccedilatildeo ou representaccedilatildeo mental inferidas a partir de situaccedilotildees acontecimentos ou

comportamentos

Esta dissertaccedilatildeo eacute uma pesquisa quanti-qualitativa de cunho social e tem uma

implicaccedilatildeo tanto na pesquisa social quanto na natildeo-social

MINAYO (1998) relata que haacute uma frequumlecircncia de debates quanto agrave cientificidade da

proacutepria ciecircncia social Haacute quem busca uniformizaccedilatildeo dos procedimentos para compreender

o natural e o social como condiccedilatildeo para atribuir o estatuto de ciecircncia ao campo social E

haacute quem reivindica a total diferenccedila e especificidade do campo humano

Essa cientificidade eacute levada agrave prova quando se pesquisa e se revela que de todas as

variaacuteveis empregadas conjuntas ou isoladamente revelam universos que soacute mesmo em

ciecircncias sociais poderia ser estudado e clarificado que foge das interpretaccedilotildees habituais das

ciecircncias naturais por ter incluso nela a subjetividade que a ciecircncia natural natildeo acompanha E

dessa discussatildeo surgem vaacuterias questotildees que segundo a autora citada envolve a possibilidade

concreta de pesquisar uma realidade da qual o proacuteprio pesquisador faz parte e eacute agente E faz-

se a pergunta Essa ordem de conhecimento natildeo escaparia radicalmente a toda possibilidade

de objetivaccedilatildeo

Eacute pertinente fazer outra pergunta Buscando a objetivaccedilatildeo proacutepria das ciecircncias

naturais natildeo se estaria descaracterizando o que haacute de essencial nos fenocircmenos e processos

sociais ou seja o profundo sentido dado pela subjetividade Uma terceira indagaccedilatildeo aborda

26

qual o melhor tipo de meacutetodo que serviria para explorar uma realidade muito marcada pela

especificidade e pela diferenciaccedilatildeo

MINAYO (idem) refere-se agraves caracteriacutesticas peculiares que envolvem os agentes

objetos da pesquisa social pois os fenocircmenos produzidos por eles podem ter uma

inconstacircncia profunda ou pode ser repetir no espaccedilo e no tempo mas certamente de modo

bem diferente da anterior Defende que a cientificidade tem que ser pensada como uma ideacuteia

reguladora de alta abstraccedilatildeo natildeo como sinocircnimo de modelos e normas a serem seguidos e

que a histoacuteria da ciecircncia revela natildeo um a priori mas o que foi produzido em determinado

momento histoacuterico com toda a relatividade do processo de conhecimento

Vale enumerar alguns objetivos das Ciecircncias Sociais

bull Historicidade e consciecircncia histoacuterica Eacute necessaacuterio dizer que objeto de estudo das

ciecircncias sociais possui consciecircncia histoacuterica Ou seja natildeo eacute apenas o investigador que

daacute sentido ao seu trabalho intelectual mas os seres humanos os grupos e as

sociedades

bull Nas ciecircncias sociais existe uma identidade entre sujeito e objeto A pesquisa nessa

aacuterea lida com seres humanos e esses tecircm um substrato comum de identificaccedilatildeo com o

investigador Segundo LEacuteVI STRAUSS (1975) apud MINAYO (1989)

Numa ciecircncia onde o observador eacute da mesma natureza que o objeto o observador

ele mesmo eacute uma parte de sua observaccedilatildeordquo

A ciecircncia social possui instrumentos e teorias capazes de fazer uma aproximaccedilatildeo da suntuosidade que eacute a vida dos seres humanos em sociedades ainda que de forma incompleta imperfeita e insatisfatoacuteria Para isso ela aborda o conjunto de expressotildees humanas constantes nas estruturas nos processos nos sujeitos nos significados e nas representaccedilotildees

MINAYO (1998)

27

14 A VIVEcircNCIA E ALGUMAS INTERROGACcedilOtildeES

A aacuterea de sauacutede como uma das grandes aacutereas do conhecimento humano eacute uma das

que recebe um aporte significante de valoraccedilatildeo econocircmica com isso faz movimentar a

economia e que com o passar dos anos incorporou uma nova modalidade ndash a ldquomedicalizaccedilatildeordquo

da sauacutede

Nela se inserem tanto instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas Do outro lado encontram-se os

clientes pessoas que satildeo usuaacuterias dos serviccedilos de sauacutede Satildeo elas de vaacuterias classes sociais

com as necessidades mais diversas

Nessa aacuterea satildeo produzidas grandes descobertas e a cada dia esperanccedilas satildeo renovadas

na espera de uma cura de uma soluccedilatildeo para os problemas do corpo A aacuterea da sauacutede eacute

fundamentalmente uma aacuterea que presta serviccedilos aos seus usuaacuterios Por ser uma aacuterea

fascinante interessei-me em adentrar e mergulhar nos seus conhecimentos A Enfermagem

permitiu-me esta inserccedilatildeo

Uma vez estudando o escopo dessa categoria profissional tive contato com vaacuterios

temas e vaacuterias teorias A enfermagem natildeo vecirc o usuaacuterio (o que ela chama de cliente) como

peccedila anatocircmica defeituosa precisando de reparos Ela encara o usuaacuterio como um indiviacuteduo

um ser dentro de um contexto fiacutesico quiacutemico psicoloacutegico social com uma histoacuteria de vida

que direciona o seu potencial de existecircncia e porque natildeo dizer seu comportamento Ser este

que precisa de alguma orientaccedilatildeo para que encontre um equiliacutebrio entre o seu eu e o meio

ambiente

Com a perda do Humano pela a praacutetica cotidiana da sauacutede muito se tem perdido no

entendimento de que esse o ser humano funciona Ele natildeo eacute simplesmente e pontualmente um

oacutergatildeo doente precisando de reparos mas sim um ser que estaacute inserido em um contexto soacutecio-

ambiental dinacircmico influenciando e pelo meio sendo influenciado Por isso a necessidade

atual de se considerar o homem como um todo e a promoccedilatildeo desse conhecimento

Essa promoccedilatildeo do todo estaacute diretamente relacionada com o meio ambiente Eacute o meio

ambiente que por abrigar o ser humano o objeto da enfermagem proporciona as condiccedilotildees de

existecircncia aacutegua luz alimentaccedilatildeo oxigenaccedilatildeo habitaccedilatildeo em termos concretos e por outro

lado socializaccedilatildeo integridade sauacutede mental felicidade amor gregaacuteria e etc em termos

abstratos O conjunto dos termos supracitados concretos etc abstratos formam os

condicionantes em sauacutede e porque natildeo dizer na existecircncia humana

28

ldquoO ciclo sauacutede-doenccedila que tambeacutem eacute conhecido como processo sauacutede-doenccedila pode ser definido como resposta dinacircmica que as classes sociais manifestam de forma diferenciada de acordo com a sua inserccedilatildeo no sistema de produccedilatildeo frente aos determinantes sociais resposta esta dada pelas caracteriacutesticas de risco e de potencialidades que satildeo reflexos do processo bioloacutegico de desgasterdquo

EGRY (1996)

O ser humano eacute um ser indivisiacutevel que vive entre o estar ou natildeo doente por

intermeacutedio da interaccedilatildeo meio-corpo-mente como muito apropriadamente afirma DILTHEY

(1991) apud BRANDAtildeO (1991) haver uma continuidade entre natureza e histoacuteria homem e

mundo e a compreensatildeo da vida atraveacutes do relacionamento do todo com suas partes o

significado da parte encontra-se no todo e o todo se forma a partir da compreensatildeo das partes

LEVINE (1967) apud HORTA (1979) uma teoacuterica de enfermagem desenvolveu a

Teoria Holiacutestica de Enfermagem em que coloca o homem como um todo dinacircmico em

constante interaccedilatildeo com o ambiente dinacircmico Sua teoria reconhece que o homem natildeo pode

ser dividido salientando a certeza que temos de que todas as funccedilotildees do corpo humano estatildeo

interligadas inclusive com o meio ambiente

ldquoO holismo ou a visatildeo holiacutestica eacute uma maneira de ver o mundo o Homem e a vida em

si como entidades uacutenicas completas e intimamente associadas Esta palavra vem do grego

holos que significa inteiro ou todo como em holograma grama=figura Holos=inteira

e representa um novo paradigma cientiacutefico e filosoacutefico que surgiu como resposta ao mal-estar

da poacutes-modernidade que eacute em grande parte causado pela cisatildeo dos aspectos humanos e

naturis trazida pelo antigo paradigma

Sendo uma forma de tentar unir o homem ao universo (natureza) onde estaacute inserido o

holismo visa agrave integraccedilatildeo dos seus aspectos fiacutesicos emocionais mentais etc O ser humano

natildeo eacute somente mateacuteria fiacutesica nem somente consciecircncia nem apenas emoccedilotildees logo levar em

consideraccedilatildeo apenas alguns desses aspectos isoladamente eacute perder de vista a sua inteireza

(neologismo para wholeness) sua integridade GUIA-JEU (2007)

Resgatando o conceito de holiacutestico para aplicarmos no campo da sauacutede atraveacutes da

enfermagem temos teoacutericos como Brian Swimme Stanley Krippner Jan Smuts Leonardo

Boff dentre outros que abordam como o ser humano eacute constituiacutedo por sistemas inclusive

sistemas externos a esse indiviacuteduo ndash meio ambiente

29

Nas palavras de BOFF (1980)

ldquoA ecologia integral procura acostumar o ser humano com esta visatildeo global e holiacutestica O holismo natildeo significa a soma das partes mas a captaccedilatildeo da totalidade orgacircnica uma e diversa em suas partes mas sempre articuladas entre si dentro da totalidade e constituindo esta totalidade Esta cosmovisatildeo desperta no ser humano a consciecircncia de sua funcionalidade dentro desta imensa totalidade Ele eacute um ser que pode captar todas estas dimensotildees alegrar-se com elas louvar e agradecer aquela Inteligecircncia que tudo ordena e aquele Amor que tudo move sentir-se um ser eacutetico responsaacutevel ela parte do universo que lhe cabe habitar a Terra Ela a Terra eacute segundo notaacuteveis cientistas um superorganismo vivo denominado GAIA com calibragens muito refinadas de elementos fiacutesico-quiacutemicos e auto-organizacionais que somente um ser vivo pode ter importa fazermos as pazes e natildeo apenas uma treacutegua com a Terra Cumpre refazermos uma alianccedila de fraternidadesororidade e de respeito para com elardquo

Para promover a adoccedilatildeo de um novo paradigma para a ciecircncia autores como WEIL

(2000) afirmam que nosso mundo estaacute em crise provocada por lacunas e falhas do paradigma

newtonianocartesiano e suas extrapolaccedilotildees Daiacute a necessidade de um novo paradigma ndash o

holismo Ele parte da tese de que a felicidade prometida pelas aplicaccedilotildees indiscriminadas da

ciecircncia moderna sob forma de tecnologia estaacute se transformando no seu contraacuterio e

ocasionando um impacto ambiental sem que haja uma renovaccedilatildeo raacutepida e suficiente dos

ecossistemas

A prerrogativa para a construccedilatildeo desta pesquisa e o interesse em sediaacute-la no Programa

de Mestrado em Ciecircncia Ambiental partiu da necessidade de se construir um diaacutelogo entre o

saber desta ciecircncia e a tomada da consciecircncia de que a manutenccedilatildeo de um meio ambiente

adequado eacute vital para a sobrevivecircncia da espeacutecie humana Aleacutem disso resgata para estudo a

necessidade de se encarar que sauacutede ndash ser humano ndash desenvolvimento sustentaacutevel satildeo termos

intercambiaacuteveis e natildeo excludentes

Nesses anos de praacutetica profissional lidando com sauacutede se percebe que sauacutede natildeo eacute

somente a ausecircncia de doenccedila mas sim um conjunto de fatores Disto resulta a percepccedilatildeo de

que ateacute Poliacuteticas Puacuteblicas Poliacuteticas Econocircmicas e o Meio Ambiente estatildeo diretamente

implicados na busca pela sauacutede Em um universo social onde os atores sociais se encontram

para representar o grande papel de suas vidas que eacute a existecircncia a compreensatildeo do conceito

de CIDADANIA eacute fundamental

30

Dentro do contexto cidadania e sua vivecircncia se percebe que a cidadania eacute um bem

escasso ou por outro acircngulo uma experiecircncia natildeo plenamente alcanccedilada para grande parcela

da populaccedilatildeo especialmente populaccedilatildeo de baixa renda Esta inacessibilidade traz

consequumlecircncias graves para a vida social

Cidadania encarada como a possibilidade de ter dignidade de moradia de alimentaccedilatildeo

de transporte de trabalho de salaacuterio digno de ser socialmente aceito de educaccedilatildeo de ser

amado ou querido de ter liberdade lazer de ter SAUacuteDE O conceito de sauacutede eacute dinacircmico eacute

vivido e construiacutedo ao longo do tempo e depende de variaacuteveis um tanto dinacircmicas para ser

alcanccedilado Uma populaccedilatildeo qualquer depende do Estado para a concretizaccedilatildeo do viver sauacutede

o que tem uma ligaccedilatildeo muito forte com meio ambiente economia etc Ficaria faacutecil uma

visualizaccedilatildeo do que se quer dizer se for tomar um grupo especiacutefico para um estudo Eacute

justamente esta a proposta empregada no desenvolvimento desta pesquisa Questotildees como A

sauacutede do ser humano estaacute relacionada agraves condiccedilotildees de vida e de meio ambiente no qual ele

estaacute inserido Como os problemas de sauacutede do ser humano satildeo influenciados e influenciam o

meio ambiente Como o ser humano percebe meio ambiente e sauacutede Seraacute que haacute realmente

de fato para eles uma inter-relaccedilatildeo seacuteria e restrita desses dois conceitos Eles satildeo percebidos

pelas populaccedilotildees Satildeo questotildees chaves na construccedilatildeo de um entendimento do processo

dinacircmico que se estabelece no contexto social

Talvez termos como violecircncia desnutriccedilatildeo ocupaccedilatildeo de encostas desmatamento

degradaccedilatildeo da qualidade de vida cacircncer AIDS derramamento de oacuteleo pesca predatoacuteria

extinccedilatildeo da biodiversidade etc sejam a pequena ponta de um ice-berg que ainda estaacute

totalmente desconhecido sob outro acircngulo um desequiliacutebrio que o proacuteprio homem causou e

vem causando ao meio ambiente

Uma curiosidade do sistema brasileiro de sauacutede se revela no paradoxo existente entre a

populaccedilatildeo e o Estado este mesmo tendo um tom autoritaacuterio compulsoacuterio emprega um forte

paternalismo quando o assunto eacute sauacutede e mais paradoxal ainda tem um descaso

conhecidamente famoso quando se trata de meio ambiente

O Governo Federal emprega cifras astronocircmicas para o fomento desenvolvimento e

execuccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas inclusive poliacuteticas de sauacutede O ldquogrossordquo da destinaccedilatildeo dos

recursos em sauacutede satildeo utilizados pelo setor terciaacuterio em sauacutede - o ldquosetor curativordquo Os gastos

em sauacutede primaacuteria apesar de serem sem duacutevida alguma importantes natildeo criam condiccedilotildees

para que haja um real fomento construccedilatildeo execuccedilatildeo de poliacuteticas preventivas Neste campo o

Brasil precisa crescer e muito

31

Apesar do grande avanccedilo nacional em termos de programas de sauacutede nenhum deles

satisfaz a necessidade aqui de se colocar em evidecircncia o meio ambiente e ou fomenta uma

preocupaccedilatildeo com o mesmo

As estatiacutesticas do Datasus mostram que muitas patologias poderiam ter sido

plenamente descobertas e tratadas a niacutevel primaacuterio poderiam aliviar os custos econocircmicos e

sociais que se estaacute a operar em solo brasileiro na atualidade

Talvez nem toda culpa deva recair somente sobre o Estado Os brasileiros tecircm a sua

parcela na medida em que atraveacutes do miacutenimo acesso que tem agrave informaccedilatildeo natildeo satildeo capazes

de assumir um comportamento favoraacutevel ou reduzir os riscos

Seraacute que o grande eixo encontra-se no que a populaccedilatildeo sabe sobre o processo sauacutede-

doenccedila O que habita seu imaginaacuterio Como eles incorporam sauacutede as suas vidas O que

sabem de cidadania Sobre o meio ambiente que as cerca

Traccedilando um perfil do montante de pacientes que procura os serviccedilos hospitalares a

grande maioria deles satildeo oriundos da sociedade de entorno e que varia quantitativa e

qualitativamente de acordo com o local onde o hospital estaacute instalado Desses pode-se

perceber a urgecircncia de doenccedilas que seriam plenamente prevenidas e tratadas a niacutevel primaacuterio

em sauacutede mas se natildeo descobertas e tratadas tornam-se verdadeiros marcos na vida tanto do

paciente quanto da sua famiacutelia

A medicalizaccedilatildeo do serviccedilo de sauacutede torna-se irreversiacutevel dentro de um contexto de

expansatildeo capitalista e estabelece uma relaccedilatildeo perversa entre o acesso ao atendimento em

sauacutede e a sua demanda Para um paiacutes continental que eacute o Brasil deveria haver tambeacutem uma

expansatildeo do atendimento puacuteblico e gratuito em sauacutede para que houvesse a satisfaccedilatildeo da

tamanha demanda por estes serviccedilos Deveria haver uma maior acreditaccedilatildeo na dinacircmica

homem-natureza

A medicalizaccedilatildeo do serviccedilo de sauacutede se deve ao modelo em sauacutede estabelecido na

deacutecada de 30 onde o hospital tornou-se no imaginaacuterio social o grande interventor em sauacutede

Com isto houve um detrimento da atenccedilatildeo primaacuteria em sauacutede que foi um modelo renegado

quase que completamente ateacute haacute alguns anos atraacutes Mas esse modelo vem sobressaindo com a

intervenccedilatildeo do Estado pois chegou-se a conclusatildeo que para o acesso a sauacutede as pessoas natildeo

poderiam somente ter acesso ao hospital mas sim a atenccedilatildeo baacutesica onde satildeo desenvolvidos

programas que em uacuteltima anaacutelise evitam que os usuaacuterios busquem o hospital Satildeo programas

como alto poder de impacto que uma vez desenvolvido com os usuaacuterios podem ser capazes

de reduzir a morbidade e mortalidade de muitas doenccedilas pois partem do princiacutepio de que

32

educaccedilatildeo vacinaccedilatildeo iniacutecio de diagnoacutestico entre outros eacute importante para a prevenccedilatildeo de

doenccedilas

Mas ainda hoje o acesso tambeacutem a essa intervenccedilatildeo primaacuteria em sauacutede natildeo eacute

totalmente distribuiacuteda e nem eacute tambeacutem compreendida Quando se fala em crise ambiental

vaacuterios fatores que levam o indiviacuteduo e a coletividade adoecerem satildeo imediatamente postos em

questatildeo essas doenccedilas e mortes satildeo custos satildeo externalidades graves irreversiacuteveis e

irreparaacuteveis Eacute um problema ambiental sim na medida em que o que estaacute em jogo eacute a espeacutecie

Homo sapiens na sua interaccedilatildeo com o seu meio Eacute problema ambiental porque se natildeo o fosse

a populaccedilatildeo desvelaria uma nova forma de formar e se conduzir frente as diversas atrocidades

que acontece com o planeta e que o ser humano tem que ser inserido natildeo somente como um

depredador do meio mas como viacutetima tambeacutem dessa depredaccedilatildeo

A sociedade haacute que encarar seriamente as necessidades prementes de alimentaccedilatildeo

educaccedilatildeo moradia produccedilatildeo de divisas encarar a pobreza como entrave para a

sustentabilidade do planeta e encarar que o ser humano tambeacutem estaacute padecendo assim como

as florestas assim como a poluiccedilatildeo exponencialmente crescente

33

CAPIacuteTULO DOIS

A CRISE ECOLOacuteGICA

21 CRISE ECOLOacuteGIA E CAPITALISMO

Uma vez que na evoluccedilatildeo das sociedades modernas alguns fatores foram criacuteticos na

busca de um motivo para a existecircncia Deste resultou praticamente a necessidade de lucro

Daiacute deriva-se todo o empreendimento humano no sentido de trocas que por seu fim

simbolizavam o lucro

A crise ecoloacutegica eacute real e se manifesta de diversas formas que vatildeo desde os grandes

desmatamentos ateacute a luta por sobrevivecircncia da proacutepria espeacutecie humana A crise ambiental eacute o

centro das atividades antroacutepicas e torna-se irremediaacutevel na medida em que o limiar de

resiliecircncia do planeta eacute ultrapassado advindas de todo o avanccedilo que as sociedades humanas

tecircm estabelecido sobre a superfiacutecie do planeta

Eacute de fato alarmante perceber que na evoluccedilatildeo do ser humano para cada passo dado agrave

diante dois satildeo dados em sentido contraacuterio Isto porque mesmo com todo o avanccedilo cientiacutefico-

tecnoloacutegico pessoas ainda natildeo tecircm acesso a vida digna sendo explorados de alguma forma

por este sistema cruel que aumenta mais e mais o fosso entre quem tem recursos financeiros

adequados e entre aqueles que sobrevivem da migalha

De acordo com Relatoacuterio Siacutentese da Avaliaccedilatildeo Ecossistecircmica do Milecircnio (2005)

Nos uacuteltimos 50 anos o homem modificou os ecossistemas mais raacutepida e extensivamente que em qualquer intervalo de tempo equivalente na historia da humanidade na maioria das vezes para suprir rapidamente a crescente demanda por alimentos aacutegua potaacutevel madeira fibras e combustiacutevel Isto acarretou uma perda substancial e em grande medida irreversiacutevel para a diversidade da vida no planetardquo

34

Eacute possiacutevel falar em crise ambiental pois esta eacute de fato um produto da atividade

humana de todo o impacto que as tecnologias inventadas tem proporcionado ao planeta de

uma irracionalidade visivelmente embasada na exploraccedilatildeo do meio ambiente com

consequumlente impactaccedilatildeo e a conversatildeo dos recursos naturais em capital Esta crise comeccedila

justamente com a ilusatildeo de domiacutenio sobre a natureza e a exacerbaccedilatildeo do ter sobre o ser

Para falar de crise ambiental haacute que se traccedilar um percurso que tome o capitalismo

como seu centro nervoso Ele evoluiu e se ramificou no seio da sociedade mundial nestes

uacuteltimos seacuteculos com o fim do modo de produccedilatildeo feudal e mudando-se ldquonaturalmenterdquo para o

modo de produccedilatildeo capitalista com a crescente urbanizaccedilatildeo bem como o crescimento

exorbitante da populaccedilatildeo a mudanccedila da noccedilatildeo de distacircncia e o poderio do mercado em

detrimento da sociedade A natureza eacute transformada em recurso natural

Percorrendo um caminho histoacuterico da capitalizaccedilatildeo dos recursos naturais haacute relatos de

LEacuteRY (1972) que fala da devastaccedilatildeo das matas brasileiras agrave eacutepoca do periacuteodo quinhentista

pelos portugueses e franceses

ldquoUma vez um velho perguntou-me por que vindes voacutes outros mairs e peroacutes buscar lenha de tatildeo longe para vos aquecer Natildeo tendes madeira em vossa terra Respondi que tiacutenhamos muita mas natildeo daquela quantidade e que natildeo a queimaacutevamos como ele supunha mas dela extraiacuteamos tinta para tingir tal qual o faziam eles com seus cordotildees de algodatildeo e suas plumas

Retrucou o velho imediatamente e por ventura precisas de muito ndash sim respondi-lhe pois em nosso paiacutes existem negociantes que possuem mais panos facas tesouras espelhos e outras mercadorias do que poderias imaginar e um soacute deles compra todo o pau-brasil com que muitos navios voltam carregados agora vejo que voacutes outros mairs sois grandes loucos pois atravessais o mar e sofreis grandes incocircmodos como dizeis quando aqui chegais e trabalhais tanto para amontoar riquezas para vossos filhos ou parar aqueles que vos sobrevivem Natildeo seraacute a terra que vos nutriu suficiente para alimentaacute-los tambeacutem

Natildeo haacute necessidades naturais para o ser humano Toda sociedade cria um conjunto de

necessidades para seus membros e lhes ensina que a vida natildeo vale a pena ser vivida a natildeo ser

que estas necessidades sejam bem ou mal satisfeitas e surge o capitalismo colocando no

centro de tudo as necessidades econocircmicas Assim comeccedila a triste histoacuteria do surgimento da

uma crise ambiental que se intensifica ateacute os dias atuais e que hoje em pleno seacuteculo XXI eacute

35

alvo de movimento de conscientizaccedilatildeo por quase todo o planeta que mobiliza cientistas

centros universitaacuterios empresas e a sociedade civil organizada

KRUGER (2001) afirma

ldquoEm um estaacutegio inicial a Natureza domina o Homem Entre 50 e 40 mil anos atraacutes caccediladores e coletores apresentavam teacutecnicas rudimentares tendo o nomadismo sem acumulaccedilatildeo de bens como principal modo de vida A organizaccedilatildeo tanto das pequenas comunidades como do tempo era primitiva Com o surgimento da agricultura (10 mil anos atraacutes) haacute o domiacutenio das teacutecnicas por todos os membros da comunidade O modo de vida torna-se sedentaacuterio havendo o aparecimento de regras chefias com organizaccedilatildeo poliacutetica e temporal marcada por periacuteodos de plantio e colheita A era do ferro fundido (3 a 4 mil anos atraacutes) marca o iniacutecio da especializaccedilatildeo do trabalho com uma estratificaccedilatildeo da sociedade e do conhecimento e uma consequumlente perda individual do domiacutenio do conhecimento Soacute a partir do seacuteculo XVII com o surgimento da ciecircncia moderna eacute que aparece a tecnologia como eacute entendida hoje em dia isto eacute um saber fazer baseado em teoria e experimentaccedilatildeo cientiacutefica natildeo sendo possiacutevel separar nitidamente as duas Com a Revoluccedilatildeo Industrial do seacuteculo XVIII daacute-se a alianccedila entre ciecircncia e teacutecnica Indiretamente a ciecircncia teve uma presenccedila marcante sobretudo atraveacutes do meacutetodo e do espiacuterito cientiacutefico no meio teacutecnico e artesanal O ideal da ciecircncia se disseminou entre os artesatildeos manufatureiros mormente no Norte da Inglaterra MOTOYAMA (1995 apud KRUGER 2001) A reuniatildeo da teacutecnica com a disciplina cientiacutefica atinge um alto niacutevel de generalidade e de sistematizaccedilatildeo quando se desenvolvem processos proacuteprios de trabalho apresentando uma grande importacircncia para alguns intelectuais franceses contemporacircneos que nela vecircem exatamente a transiccedilatildeo da teacutecnica para a tecnologia GAMA (1986 apud KRUGER 2001)rdquo

Na histoacuteria da crise ambiental o excedente ainda no Modo de Produccedilatildeo Comunal

Primitivo permitiu a especializaccedilatildeo e as trocas e levou a uma contiacutenua e crescente

exploraccedilatildeo da natureza pelo homem bem como do proacuteprio homem pelo homem Essa

exploraccedilatildeo teve seu grande impulso com o surgimento de ideologias que pretendiam libertar

o homem de qualquer tradicionalismo eou costumes arcaicos normalmente ligados agrave vida

rural e agrave terra

POLANYI (1980) discute o processo histoacuterico que transformou a terra em mercado e

mercadoria elucidando a diferenccedila entre o uso e a propriedade privada dessa terra que foi

36

convertida pela economia em ldquorecurso naturalrdquo Ele compara esse processo ao anaacutelogo por

que passou o trabalho que levou o homem a se tornar ldquorecurso humanordquo ressaltando que essa

transformaccedilatildeo se deu mais rapidamente e mais facilmente do que a da terra Fechando uma

primeira etapa na evoluccedilatildeo da crise ambiental

Essa exploraccedilatildeo do ldquorecurso naturalrdquo e do ldquorecurso humanordquo foi ideologicamente

justificado O Iluminismo foi um avanccedilo cultural a partir da ciecircncia e o domiacutenio sobre a

natureza foi considerado vital para a ciecircncia para a teacutecnica e muita das vezes sob uma eacutetica

especiacutefica O que eacute embasado por HOBSBAWM (1988) que descrevendo-o no contexto

histoacuterico mostrando que pelo iluminismo houve uma libertaccedilatildeo da Idade Meacutedia para tempo

modernos Vale lembrar que o iluminismo se situa em uma eacutepoca onde Franccedila e Inglaterra

passaram por suas revoluccedilotildees com isso pregava como sociedade livre aquela comandada pela

razatildeo e pelo capitalismo Logo o objetivo do capitalismo era de libertar todos os seres

humanos Todas as ideologias humanistas racionalistas e progressistas estatildeo impliacutecitas

nele e de fato surgiram dele

Desde entatildeo o capitalismo eacute visto entatildeo como o libertador O filoacutesofo Locke por

exemplo diz que a propriedade privada ldquolibertardquo

Esse eacute um processo muito semelhante ao que acontece hoje com o conceito de

desenvolvimento sustentaacutevel apropriado pelo discurso poliacutetico como uma palavra maacutegica

que abre portas consegue recursos e tudo justifica HAYWARD (1994) lembra que o

iluminismo eacute a emergecircncia do ser racional livre (Muumlndigkeit = autonomia madura a

liberdade de tomar uma responsabilidade e a capacidade de usar a proacutepria liberdade) Ele

surge com o intuito de libertar o homem do encantamento dos mitos (da Idade Meacutedia) mas

acaba levando a um novo culto o culto agrave razatildeo Assim o domiacutenio sobre a natureza aparece

dentro de um contexto moral determinado pela razatildeo que tudo justificaria Fazendo par com

as ideacuteias iluministas estatildeo as ideacuteias do Liberalismo econocircmico base modo de produccedilatildeo

capitalista tambeacutem inspiradas na razatildeo e na loacutegica simples Para essa questatildeo jaacute existe uma

resposta conhecida eacute a resposta capitalista A mais bela e concisa formulaccedilatildeo do espiacuterito do

capitalismo eacute o enunciado pragmaacutetico de Descartes Atingir o saber e a verdade para nos

tornarmos senhores e possuidores da natureza

O homem julgando-se acima de tudo e de todos amparado pelo racionalismo e pelas

descobertas da ciecircncia depositou seus principais desejos e aspiraccedilotildees na busca do sucesso

econocircmico pela vontade de ter acumular cada vez mais riquezas e por conseguinte mais

poder sobre seus iguais esquecendo-se assim da sua real condiccedilatildeo de ser da parceria com a

natureza

37

Tornou-se banal usar a natureza devastando-a em prol do progresso econocircmico que

seria a uacutenica forma de gerar felicidade para todos convencendo-se de que um dia ele seraacute

recompensado com a felicidade pelo seu progresso econocircmico

Mas natildeo bastou somente dominar a natureza O homem tambeacutem foi dominado

escravizado tornou-se moeda de troca e assim assumiu um valor econocircmico

TAYRA (2004) afirma que a explosatildeo demograacutefica ocorrida ao longo dos uacuteltimos

seacuteculos eacute o principal fator de causa do processo da crise isto devido tambeacutem ao grande

avanccedilo dos meios de produccedilatildeo para suprir as necessidades dessa demanda crescente

Agora no seacuteculo XXI natildeo eacute mais possiacutevel minimizar os efeitos da crise Essa inserida

dramaticamente no conceito de globalizaccedilatildeo traz a escassez ecoloacutegica e retrata como a

acumulaccedilatildeo capitalista eacute perversa intensificando os movimentos de expansatildeo territoriais e

subordinaccedilatildeo das formas de trabalho trazendo tambeacutem as implicaccedilotildees econocircmicas sociais e

poliacuteticas do processo de globalizaccedilatildeo ndash distribuiccedilatildeo ecoloacutegica de conflitos

22 A ECONOMIA ECOLOacuteGICA

O moderno processo civilizatoacuterio que funda-se em princiacutepios de racionalidade

econocircmica e instrumental acabou por moldar as diversas esferas da sociedade atraveacutes dos

padrotildees tecnoloacutegicos as praacuteticas de produccedilatildeo a organizaccedilatildeo burocraacutetica e os aparelhos

ideoloacutegicos do Estado onde haacute muito se comeccedila a questionar os custos soacutecio-ambientais

derivados da racionalidade produtiva fundada no caacutelculo econocircmico na eficaacutecia dos sistemas

de seus meios tecnoloacutegicos

As mudanccedilas que ocorreram nos ecossistemas e vem ocorrendo contribuiacuteram com

ganhos finais substanciais para o bem-estar humano e o desenvolvimento econocircmico mas

esses ganhos foram obtidos a um custo crescente que incluiu a degradaccedilatildeo de muitos serviccedilos

dos ecossistemas trazendo maior risco de mudanccedilas atmosfeacutericas a exacerbaccedilatildeo da pobreza

para alguns grupos da populaccedilatildeo etc

Por que eacute importante descrever a economia ecoloacutegica no contexto da crise ambiental

Porque aquela tem uma participaccedilatildeo e funccedilatildeo de economicamente mitigar alguns processos

deleteacuterios da crise e eacute uma das soluccedilotildees encontradas para que atraveacutes da loacutegica mercantilista

no meio ambiente cursando assim como a boa vontade poliacutetica que alguns governos tem se

engajados Atraveacutes de medidas econocircmicas trazer valoraccedilatildeo natildeo somente aos recursos

naturais em si mas tambeacutem a forma com que esses recursos estatildeo sendo utilizados na sua

38

impactaccedilatildeo e na sua demanda Essa questatildeo pode ser exemplificada no caso do ICMS-

Ecoloacutegico nas gestotildees dos comitecircs de bacia hidrograacutefica De uma forma os recursos gerados

chegam agraves populaccedilotildees mediante recursos disponiacuteveis para que seja executado medidas

compensatoacuterias

ldquoOs economistas modernos vatildeo fundar a economia no conceito de escassez que paradoxalmente eacute o contraacuterio da riqueza Tanto eacute assim que os bens abundantes ndash ideacuteia central da riqueza ndash natildeo satildeo considerados como bens econocircmicos e sim como naturais Somente agrave medida que a aacutegua e o ar se tornam escassos eacute que a economia passa a se interessar em incorporaacute-los como bens no sentido econocircmico modernordquo

PORTO-GONCcedilALVES (2006)

CAVALCANTI (1998) afirma natildeo se poder mais aceitar que a loacutegica do

desenvolvimento da economia entre em conflito com a loacutegica e governe a evoluccedilatildeo da

biosfera Ele ressalta ainda que o grande desafio da economia da sustentabilidade como eacute

chamado algumas praacuteticas de repensar a crise ambiental e fazer algo para sua reversatildeo eacute

exatamente desenvolver meacutetodos para integrar princiacutepios ecoloacutegicos e limites fiacutesicos no

formalismo dos modelos econocircmicos prevalecentes Assim passou-se a incluir ao nosso

vocabulaacuterio termos como compensaccedilatildeo ambiental internalizaccedilatildeo do dano princiacutepio do

poluidor pagador certificados negociaacuteveis de poluiccedilatildeo comitecircs gestores de bacia dentre

outros termos

Apesar de a valoraccedilatildeo econocircmica ainda natildeo ter sido aplicada em todas as possiacuteveis

aacutereas a sociedade tem se mobilizado e contribuindo de forma incisiva Autores como

MOTTA (2004) afirmam que as variaccedilotildees de bem-estar das famiacutelias estatildeo relacionadas por

decisotildees dos investimentos puacuteblicos e que na valorizaccedilatildeo do meio ambiente atraveacutes da

praacutetica econocircmica os valores sociais dos bens e serviccedilos satildeo considerados de forma a refletir

variaccedilotildees de bem-estar e natildeo somente seus respectivos valores de mercado O lixo por

exemplo eacute um produto de uma sociedade cada vez mais consumista e por gerar grandes

volumes necessita de locais finais para a sua destinaccedilatildeo que consequentemente grandes aacutereas

ambientais para sua recepccedilatildeo Nesse caso a valoraccedilatildeo poderia ser usada para permitir um

fluxo real de volume que sem duacutevida reduziria a problemaacutetica da destinaccedilatildeo final Talvez a

valorizaccedilatildeo econocircmica deveria ser melhor entendida na sua ampla capacidade em benefiacutecio

39

tanto para o meio ambiente como para as pessoas diretamente natildeo excluindo com isso as

comunidades que hoje se chamam favela

23 O QUE Eacute A CRISE ECOLOacuteGICA

A crise ecoloacutegica eacute tambeacutem uma crise de percepccedilatildeo que coloca em duacutevida todo o

processo civilizatoacuterio vivido ateacute aqui A materializaccedilatildeo de necessidades e desejos natildeo

significou a felicidade pretendida para todos mas sim um movimento cada vez mais forte de

exclusatildeo e miseacuteria de escala planetaacuteria que se faz sentir em uma parcela cada vez maior da

populaccedilatildeo

Essa crise natildeo eacute soacute ecoloacutegico-ambiental mas tambeacutem eacute social moral e econocircmica Eacute

uma resultante da irresponsabilidade da humanidade perante si mesma pela sua incapacidade

de olhar o passado e de olhar-se no presente ficando cega para o que pode vir depois como

consequumlecircncia de seus atos ou pela falta deles

Eacute uma crise de toda a sociedade crise da energia

ENZENSBERGER (1976) diz que antes de ter uma explicaccedilatildeo eminentemente

natural ela eacute resultado de um processo social ligado intimamente ao modo de produccedilatildeo

capitalista O autor defende a seguinte hipoacutetese central levantada pela ecologia As

sociedades industriais produzem contradiccedilotildees ecoloacutegicas que deveratildeo conduzi-las agrave sua

ruiacutena em um tempo previsiacutevel

PORTO-GONCcedilALVES (2006) um dos mais atilados ecologistas poliacuteticos da

atualidade nos situa de forma ainda mais precisa na atual crise planetaacuteria quando afirma que

o desafio ambiental se coloca no centro do debate geopoliacutetico contemporacircneo enquanto

questatildeo territorial na medida em que potildee em questatildeo a proacutepria relaccedilatildeo da sociedade com a

natureza ou melhor a relaccedilatildeo da humanidade na sua diversidade com o planeta nas suas

diferentes qualidadesrdquo

Existe uma aparente ruptura entre a dimensatildeo soacutecio-cultural-econocircmica e as variaacuteveis

ambientais Entretanto a cada dia mais se percebe a necessidade da inserccedilatildeo ambiental nestes

processos sob pena de se ampliarem as desigualdades sociais entre povos e regiotildees

conduzindo agravequilo que vem sendo denominado de desenvolvimento sustentaacutevel A

humanidade parece perdida a vagar por entre as consequumlecircncias de uma crise de percepccedilatildeo

que coloca em duacutevida todo o processo civilizatoacuterio vivido ateacute aqui

40

Eacute possiacutevel superar a crise ambiental nos marcos do sistema capitalista Como eacute que

isto se relaciona com as causas sociais e que soluccedilotildees sociais podem ser oferecidas em

resposta tornaram-se as questotildees mais urgentes com que a humanidade se defronta ndash questatildeo

de sobrevivecircncia Haacute a clara necessidade de ser superada a dicotomia entre o desenvolvimento

econocircmico e o direito a um ambiente saudaacutevel A isso tambeacutem relacionam-se as questotildees de

justiccedila social e justiccedila ambiental jaacute que em se reduzindo a qualidade ambiental afeta-se

tambeacutem a qualidade de vida com o surgimento dos impactos sociais culturais sanitaacuterios etc

Segundo POLANYI (1980) ldquoimaginar a vida do homem sem terra eacute o mesmo que imaginaacute-lo

nascendo sem matildeos e peacutesrdquo

24 O PAPEL DA SOCIEDADE NA BUSCA POR SOLUCcedilOtildeES DA CRISE

Para buscar a resoluccedilatildeo da crise ecoloacutegica haacute que se fazer um esforccedilo conjunto de

toda a sociedade civil organizada Deve haver projetos seacuterios que satisfaccedilam as demandas

sociais e naturais Haacute que se ter leis poliacuteticas puacuteblicas boa vontade dos gerentes do Estado

participaccedilatildeo social e principalmente o homem se ver como espeacutecie ameaccedilada

Certamente natildeo existem soluccedilotildees maacutegicas capazes de reverter no curto prazo seacuteculos

de degradaccedilatildeo ambiental e de reproduccedilatildeo de um modelo de dominaccedilatildeo social excludente e

explorador Contudo a tomada de consciecircncia de cada um deve ser imediata

Soacute haveraacute possibilidade de mudanccedila real a partir de uma transformaccedilatildeo profunda no

pensar e no agir da humanidade substituindo o ter pelo ser em sua ordem de prioridade Esse

eacute um ideal perfeitamente alcanccedilaacutevel no entanto para se chegar ateacute ele eacute preciso uma mudanccedila

radical na forma de sentir do ser humano para que se possa entatildeo perceber o seu entorno e

renovar as relaccedilotildees na Terra e com a terra promovendo um modo de vida mais digno e eacutetico

Alguns autores abordam a necessidade de reduccedilatildeo do consumo ter poliacuteticas claras de

natalidade ampliar a participaccedilatildeo econocircmica dos paiacuteses desenvolvidos na busca pela reduccedilatildeo

da pobreza a reduccedilatildeo da degradaccedilatildeo ambiental como o desmatamento a poluiccedilatildeo dos corpos

hiacutedricos etc Eacute juntar-se agrave luta que pode se iniciar pela educaccedilatildeo ambiental

Importa construir a relaccedilatildeo entre as lutas sociais e as ambientais pois aquelas satildeo na

sua grande maioria advindas das lutas destas e elas concordam unidas ao redor de objetivos

comuns

Este eacute o teor que ALIER (1998) tem produzido como tese e que segundo ele o

ecologismo dos pobres ou ecologismo popular tem como eixo fundamental o interesse

41

pelo meio ambiente como fonte de condiccedilatildeo para a subsistecircncia e como fundamento eacutetico a

demanda por justiccedila social (e ambiental acrescentaria) contemporacircnea entre os humanos

O ecologismo popular eacute uma corrente do movimento ambientalista que se propotildee a

lutar contra os impactos ambientais que ameaccedilam os pobres que constituem a ampla maioria

da populaccedilatildeo em muitos paiacuteses Eacute a presenccedila do preconceito ambiental que eacute relegado agrave

periferia a vizinhanccedila com as induacutestrias poluidoras lixotildees ou mesmo bairros bastante

degradados em potencial humano

Dessa maneira os principais problemas soacutecio-ambientais que por exemplo assolam

as cidades da modernidade estatildeo intimamente associados agrave complexa relaccedilatildeo entre pobreza e

o natildeo-acesso aos serviccedilos de consumo coletivo Entatildeo a luta pelo fim da crise ambiental seraacute

mostra atraveacutes de uma tomada de conscientizaccedilatildeo a soma de esforccedilos o entendimento entre

Estado e sociedade e ateacute mesmo entre Estado e Estado Comeccedila em se reconhecer humano

reconhecer as falhas e mudar de atitude que prejudique mais o meio ambiente eacute a praacutetica do

desenvolvimento realmente sustentaacutevel que requer que se removam as principais fontes de

privaccedilotildees de liberdade ldquopobreza e tirania carecircncia de oportunidades econocircmicas e

destruiccedilatildeo social sistemaacutetica negligecircncia dos serviccedilos puacuteblicos e intoleracircncia excessiva de

Estados repressivosrdquo SEN (2000)

O papel da sociedade eacute vital para a a busca da resoluccedilatildeo da crise ambiental Ela pode

se manifestar por diversas formas algumas dessas lidando diretamente com o problemas e

tantas outras de forma indireta Hoje em dia essa participaccedilatildeo pode se manifestar dentre

outras nas seguintes formas

1 Na representatividade poliacutetica ndash onde grupos de pessoas com formaccedilatildeo teacutecnica ou

apenas poliacuteticos engajam-se na formulaccedilatildeo de leis que pleiteiam melhorias ambientais e

manutenccedilatildeo do que haacute ainda de recursos naturais como eacute o caso do Misteacuterio do Meio

Ambiente de deputados dentro das diversas camadas da estrutura poliacutetico

administrativa brasileira

2 acordos poliacuteticos unilaterais e bilaterais como por exemplo foi a Eco-92 e atualmente

o Foacuterum de Mudanccedilas Climaacuteticas

3 participaccedilatildeo de organizaccedilatildeo natildeo-governamentais ndash mais ligadas ao conservacionismo

como eacute o caso do greenpeace WWF Onda Azul dentre outros

4 participaccedilatildeo educacional ndash onde cada professor capacitado eacute um multiplicador de

conhecimento e fomento de uma busca pela melhoria como por exemplo a inclusatildeo da

educaccedilatildeo ambiental nos curriacuteculo educacional brasileiro do ensino fundamental e

meacutedio

42

5 A academia com o desenvolvimento de cursos ligados ao meio ambiente e poliacutetica

ambiental com exemplo PGCA LATEC etc

6 A luta popular por moradia por educaccedilatildeo por representatividade poliacutetica

7 campanhas governamentais que envolvam diretamente a populaccedilatildeo como por

exemplo O Dia D campanha nacional de vacinaccedilatildeo

8 As atividades das diversas prefeituras inaugurando projetos fomentando o

conservacionismo instituindo a agenda 21 local o estabelecimento dos planos diretores

etc

25 A AGENDA 21

A Agenda 21 que foi um dos principais resultados da Eco-92 onde estabeleceu a

importacircncia de cada paiacutes se prometer a refletir global e localmente sobre a forma pela qual

governos empresas organizaccedilotildees natildeo-governamentias e todos os setores da sociedade

poderiam cooperar no estudo de soluccedilotildees para os problemas soacutecio-ambientais Com esse

documento cada paiacutes desenvolve sua Agenda 21 onde no Brasil se descute no acircmbito da

Comissatildeo de Poliacuteticas de Desenvolvimento Sustentaacutevel e da Agenda 21 Nacional ndash CPDS

A agenda 21 se constitui num poderoso instrumento de reconversatildeo da sociedade

industrial rumo a um novo paradigma que exige a reinterpretaccedilatildeo do conceito de progreso

contemplando maior harmonia e equiliacutebrio holiacutestico entre o todo e as partes promovendo a

qualidade natildeo apenas a quantidade do crescimento Assuntos como cooperaccedilatildeo internacional

para acelerar o desenvolvimento sustentaacutevel dos paiacuteses em desenvolvimento e poliacuteticas

internar correlatas combate agrave pobreza mudanccedila dos padrotildees de consumo dinacircmica

demograacutefica e sustentabilidade proteccedilatildeo e promoccedilatildeo das codiccedilotildees da sauacutede humana

promoccedilatildeo do desenvolvimento sustentaacutevel dos assentamentos humanos integraccedilatildeo entre meio

ambiente e desenvolvimento na tomada de decisotildees conservaccedilatildeo e manejo dos recursos para

o desenvolvimento proteccedilatildeo da atmosfera abordagem integrada do planejamento e do

gerenciamento dos recursos terrestres manejo dos ecossistemas fraacutegeis conservaccedilatildeo da

diversidade bioloacutegica manejo ambientalmente saudaacutevel da biotecnologia proteccedilatildeo dos

oceanos de todos os tipos de mares uso racional e desenvolvimento de seus recursos vivos

proteccedilatildeo da qualidade e do abastecimentodos recursos hiacutedricos manejo ambientalmente

saudaacutevel dos resiacuteduos soacutelidos e questotildees relacionadas com os esgotos fortalecimento do

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papel dos grupos principais comunicaccedilatildeo cientiacutefica e tecnoloacutegica transferecircncia de

tecnologia e etc

No Brasil a Agenda 21 assume uma coloraccedilatildeo baseada nos programas de inclusatildeo

social (acesso de toda a populaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo sauacutede e distribuiccedilatildeo de renda) a

sustentabilidade urbana e rural a preservaccedilatildeo dos recursos naturais e minerais e a eacutetica

poliacutetica para o planejamento rumo ao desenvolvimento sustentaacutevel

Segundo dados do Minsteacuterio do Meio Ambiente a Agenda 21 brasileira iniciou-se em

1996 e terminando a sua primeira fase em 2002 onde em cima de aacutereas temaacuteticas se

determinou a forma de consulta e construccedilatildeo do documento brasileiro estas foram

agricultura sustentaacutevel cidades sustentaacuteveis infra-estrutura e integraccedilatildeo regional gestatildeo dos

recursos naturais reduccedilatildeo das desigualdades sociais e ciecircncia e tecnologia para o

desenvolvimento sustentaacutevel

A partir de 2003 a Agenda 21 brasileira aleacutem da fase de implementaccedilatildeo assistida pelo

CPDS foi elevada agrave condiccedilatildeo de Programa do Plano Plurianual Assume assim maior forccedila

poliacutetica e institucional passando a ser instrumento fundamental para a construccedilatildeo da

sustentabilidade em solo brasileiro tendo adotado referenciais importantes como a Carta da

Terra

O Plano Plurianual - PPA eacute o principal instrumento do Estado para a promoccedilatildeo do

desenvolvimento econocircmico e social de forma sustentaacutevel Eacute composto de programas e accedilotildees

Programas satildeo instrumentos de organizaccedilatildeo da atuaccedilatildeo governamental que articula um

conjunto de accedilotildees para o alcance de um objetivo comum preestabelecido mensurado por

indicadores de um problema ou atendimento de demanda da sociedade ou aproveitamento de

uma oportunidade de investimento E accedilotildees satildeos instrumentos de programaccedilatildeo para alcanccedilar o

objetivo de um programa

O PPA eacute eleborado pelas secretarias estaduais segundo as diretrizes estabelecidas pela

atual gestatildeo Aleacutem disso o PPA orienta duas outras leis a de Diretrizes Orccedilamentaacuterias e a

Orccedilamentaacuteria Anual que especificam onde e como os recursos do Estado seratildeo aplicados a

cada ano

A participaccedilatildeo social nos projetos da agenda 21 eacute fundamental para a o ecircxito da

empreitada e essa representatividade compartilha com o Estado o desenvolvimento de

atividades includentes reduzindo a verticalizaccedilatildeo E como participar Atraveacutes de iniciativas

comunitaacuterias (no bairro escola empresa sindicato) atraveacutes do Foacuterum da Agenda 21 e dos

grupos de trabalho

44

CAPIacuteTULO TREcircS

PRERROGATIVAS SOCIAIS BAacuteSICAS DA POPULACcedilAtildeO

31 SAUacuteDE E CIDADANIA

Para falar de meio ambiente crise e sociedade natildeo se pode deixar de lado suas

especializaccedilotildees no contexto de sauacutede Inicia-se este capiacutetulo discutindo sobre a imprecisatildeo do

conceito de sauacutede associado com outra grande imprecisatildeo que reside no conceito de direito agrave

sauacutede

A Sauacutede eacute o produto de condiccedilotildees objetivas de existecircncia resultante de condiccedilotildees de

vida bioloacutegica social e cultural e tambeacutem das relaccedilotildees que os homens estabelecem entre si e

com a natureza atraveacutes do trabalho Ter e promover sauacutede implica em conhecer como se

apresentam as condiccedilotildees de vida e de trabalho para que seja possiacutevel intervir socialmente na

sua modificaccedilatildeo

A sauacutede como um direito de todos deve ser posta ao alcance do indiviacuteduo deve ser

considerada como um objetivo do desenvolvimento econocircmico (e aqui haacute uma tangecircncia entre

a formulaccedilatildeo do conceito e a agenda 21) e natildeo soacute como um meio de alcanccedilaacute-lo Sauacutede natildeo

aborda somente a ausecircncia de doenccedila mas tambeacutem o completo bem estar fiacutesico mental e

social tornando-se assim uma definiccedilatildeo ampla e nebulosa

Agora quanto ao direito agrave sauacutede ZUCCHI (1997) diz que a sociedade brasileira hoje

em dia tem um conceito equivocado Parte-se do pressuposto de que muito desse decorre da

proacutepria imprecisatildeo do conceito de sauacutede ou seja a definiccedilatildeo de sauacutede natildeo estaacute

suficientemente clara Este forma equivocada de pensar eacute embasada no contexto histoacuterico do

papel do Estado dentro da sociedade brasileira ndash um tanto paternalista na grande maioria das

vezes

Para se entender o direito agrave sauacutede deve-se perceber que haacute dois componentes

fundamentais da construccedilatildeo do conceito de sauacutede o primeiro componente eacute o caraacuteter

individual Esse privilegia a liberdade As pessoas devem ser livres para escolher qual o tipo

de relaccedilatildeo que pretendem ter com o meio onde elas estatildeo inseridas qual o recurso meacutedico-

sanitaacuterio a ser usado e mesmo qual o profissional a ser procurado

45

O segundo componente eacute o componente social onde o direito agrave sauacutede privilegia a

igualdade visto que sauacutede torna-se diluiacuteda e difundida entre os cidadatildeos Nesta para que a

sauacutede de todos seja preservada faz-se necessaacuteria a vacinaccedilatildeo a notificaccedilatildeo o tratamento e

mesmo o isolamento de certas doenccedilas a de alimentos contaminados o controle do meio

ambiente do trabalho e a garantia da oferta equacircnime de assistecircncia agrave sauacutede DALARI (1998)

Talvez o que mais surpreende eacute que dessas definiccedilotildees amplas e imprecisas autores

como ZUCCHI (1997) ainda afirmam que natildeo se deve confundir o direito agrave sauacutede com o

direito aos serviccedilos de sauacutede ou mesmo com o direito agrave assistecircncia meacutedica e nem considerar a

assistecircncia meacutedica como o principal fator determinante do niacutevel de sauacutede

Apesar da expansatildeo da universalizaccedilatildeo do Serviccedilo Uacutenico de Sauacutede ndash SUS haacute

ainda os resquiacutecios das relaccedilotildees de compadrio tatildeo caracteriacutestico da sociedade brasileira onde

em bolsotildees poliacuteticos que exigem comprovaccedilatildeo de residecircncia ou sufraacutegio na falta de vagas e

ou leitos na falta de profissionais para o atendimento essa proposta de universalizaccedilatildeo

esbarra e se torna cruelmente excludente dentro de determinadas situaccedilotildees mesmo sabendo

que o direito agrave sauacutede eacute um ato cidadatildeo amparado pela Constituiccedilatildeo Federal de 1988 Todo

cidadatildeo brasileiro tem direito a atendimento em sauacutede de forma igualitaacuteria e sem custo direto

independentemente do grau de intervenccedilatildeo em sauacutede ou seja se vai simplesmente a uma

consulta ou uma cirurgia de grande porte

32 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS

BOURDIEUR (1997) em ldquoEacute possiacutevel um ato desinteressadordquo Discute que uma das

dificuldades da luta poliacutetica atualmente reside no fato dos dominantes tecnocratas tanto de

direita quanto de esquerda serem partidaacuterios da razatildeo e do universal Esse universal foi

inventado por eles mesmos para se manter em dominaccedilatildeo ldquoA dominaccedilatildeo em nome do

universal para aceder agrave dominaccedilatildeordquo

A formulaccedilatildeo das poliacuteticas sociais baseia-se na economia de mercado que existe no

seio de um paiacutes Essa economia de mercado tem sido difundida desde o seacuteculo XVIII e tem

originado um grande nuacutemero de demandas relacionadas com a sobrevivecircncia das pessoas

Tem ainda dissociado o mundo do trabalho das condiccedilotildees materiais objetivas de existecircncia

A intervenccedilatildeo do Estado na economia se faz tanto por meio de medidas de tributaccedilatildeo

quanto pela alocaccedilatildeo de recursos Utilizando os instrumentos de intervenccedilatildeo econocircmica -

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poliacutetica cambial a fiscal e monetaacuteria ndash as projeccedilotildees estabelecidas pelo governo satildeo

alcanccediladas no territoacuterio chamado de macroeconomia

A alocaccedilatildeo de recursos objetiva distribuir recursos puacuteblicos a fim de promover o

ajustamento em razatildeo das imperfeiccedilotildees do mercado A alocaccedilatildeo oferece determinados bens e

serviccedilos agrave populaccedilatildeo que seratildeo oferecidos pelo setor privado

Poliacutetica puacuteblica natildeo eacute o mesmo que Decisatildeo Poliacutetica pois poliacutetica puacuteblica envolve

mais que uma decisatildeo poliacutetica e requer diversas accedilotildees estrategicamente selecionadas para

implementar as decisotildees tomadas

Segundo SANTOS JR (2003) as poliacuteticas puacuteblicas podem ter diversos

objetivos e diferentes caracteriacutesticas e formatos institucionais Este autor mostra os tipos de

poliacuteticas mais comumente encontradas na sociedade brasileira

ldquoPoliacutetica puacuteblica eacute tudo o que um governo faz e deixar de fazer com todos os

impactos de suas accedilotildees e de suas omissotildees elas definem normas para a accedilatildeo e para a

resoluccedilatildeo dos eventuais conflitos entre os diversos indiviacuteduos e agentes sociaisrdquo

As poliacuteticas puacuteblicas satildeo caracterizadas como

a) Poliacuteticas regulatoacuterias ndash estas visam regular determinado setor Elas se

caracterizam por atingirem as pessoas enquanto indiviacuteduos ou pequenos

grupos elas cortam transversalmente a sociedade afetando de maneira

diferenciada pessoas pertencentes a um mesmo segmento social

b) Poliacuteticas distributivas ndash que tem objetivos pontuais ligados agrave oferta de

equipamentos e serviccedilos puacuteblicos Eacute a sociedade como um todo atraveacutes do

orccedilamento puacuteblico quem financia sua implementaccedilatildeo enquanto os

beneficiaacuterios satildeo pequenos grupos ou indiviacuteduos de diferentes estratos

sociais

c) Poliacuteticas puacuteblicas redistributivas ndash onde haacute uma redistribuiccedilatildeo de renda na

forma de recursos eou de financiamento de equipamentos e serviccedilos

puacuteblicos onde o financiamento pode ser garantido atraveacutes dos recursos

orccedilamentaacuterios compostos majoritariamente pela contribuiccedilatildeo dos estratos

de meacutedia e alta renda

ldquoPara se tornar viaacutevel a sobrevivecircncia individual e familiar a populaccedilatildeo se vecirc compelida a

barganhar as condiccedilotildees de venda de sua capacidade de trabalhordquoENSP-FIOCRUZ (2001)

O padratildeo de vida tornou-se parcialmente dependente do valor de renda direta gerada

pelo trabalho assalariado

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Questotildees como sauacutede e educaccedilatildeo adquirem contornos puacuteblicos e dependem de accedilotildees

governamentais para seu equacionamento e natildeo se resolvem apenas na esfera de mercado Haacute

um conjunto de necessidades sociais que exigem poliacuteticas direcionadas a um beneficiaacuterio

individual ou grupo

O sistema de sauacutede brasileiro vigente e amparado pela Constituiccedilatildeo toma a forma de

um tipo de poliacutetica puacuteblica pois tem caracteriacutesticas dos trecircs tipos supracitado Como

regulatoacuterio o SUS passa ter vida na Lei 808090 Como distributivo mesmo que natildeo

oficialmente e por isso esta dissertaccedilatildeo foi desenvolvida a sauacutede e porque natildeo dizer meio

ambiente tem servido a algumas parcelas da populaccedilatildeo E finalmente como redistributiva

notamos o caraacuteter universal do papel do SUS com consequumlente contribuiccedilatildeo nacional ao

desenvolvimento e implementaccedilatildeo do referido Sistema

33 A SAacuteUDE NAS CONSITITUICcedilOtildeES BRASILEIRAS

A constituiccedilatildeo eacute a lei fundamental escrita do Estado a base de todas as demais e

perante ela todas as demais leis devem estar de acordo com a Constituiccedilatildeo

O desenvolvimento dos direitos sociais no Brasil segue um padratildeo autoritaacuterio no qual

a conquista da cidadania se daacute de forma a fragmentar a classe trabalhadora concedendo

benefiacutecios como privileacutegios de certas fraccedilotildees como parte de um projeto de ldquocorporatizaccedilatildeordquo

do movimento social

Segundo ZUCCHI (1997) ldquoO Brasil eximiu-se de formalizar o reconhecimento do

direito agrave sauacutede na Constituiccedilatildeo do Impeacuterio do Brasil de 1824 e nas Constituiccedilotildees de 1891 de

1934 de 1937 de 1946 de 1967 e de 1969 Explicita no maacuteximo a assistecircncia meacutedico-

sanitaacuteria ao trabalhador atraveacutes da previdecircncia social e a competecircncia de planos nacionais de

sauacutederdquo

Foi a partir dos anos 30 que efetivamente se consolidou um projeto social estatal Na

Constituiccedilatildeo de 1934 promugada a 16 de julho impotildee-se uma niacutetida separaccedilatildeo do Estado

liberal para a democracia social DIAS (1986) Essa Constituiccedilatildeo limitava-se a declarar que a

legislaccedilatildeo do trabalho deveria observar preceitos quanto agrave assistecircncia meacutedica e sanitaacuteria ao

trabalhador Ela definia as responsabilidades do Estado no que se refere a legislar sobre

normas de assistecircncia social e assistecircncia meacutedico-sanitaacuteria ao trabalhador e agrave gestante

Por volta desses anos houve um incremento da industrializaccedilatildeo no paiacutes e o

crescimento da massa de trabalhadores urbanos que comeccedilam a reivindicar poliacuteticas

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previdenciaacuterias e assistecircncia agrave sauacutede O Estado interveio e foram criadas os IAPrsquos ( IAPI

IAPTEC IAPM etc) Esses institutos organizaram uma rede de ambulatoacuterios e hospitais para

assistecircncia em sauacutede

A Constituiccedilatildeo de 1937 decretada durante o Estado Novo restringiu-se a competecircncia

da Constituiccedilatildeo anterior determinando agrave Uniatildeo a legislar sobre normas de defesa de proteccedilatildeo

de sauacutede Descentraliza e direciona aos Municiacutepios a possibilidade de legislar para suprir

deficiecircncias locais em assistecircncia puacuteblica obras de higiene casas de sauacutede cliacutenicas estaccedilotildees

de clima e fontes medicinais

A Constituiccedilatildeo de 1946 veio assegurar o direito agrave assistecircncia sanitaacuteria inclusive

hospitalar e preventiva ao trabalhador e agrave gestante higiene e seguranccedila do trabalho direito da

gestante a descanso antes e depois do parto sem prejuiacutezo do emprego nem do salaacuterio

A Constituiccedilatildeo de 1967 legislou agrave propoacutesito de assegurar assistecircncia sanitaacuteria

hospitalar e meacutedica preventiva atraveacutes de planos nacionais de sauacutede ZUCCHI (1997) afirma

que o legislador constitucional natildeo teve maior criatividade no que concerne ao direito agrave sauacutede

apenas repetiu o que haacute havia sido feito na Constituiccedilatildeo de 1946

Ateacute a constituiccedilatildeo de 1967 a assistecircncia meacutedica foi apenas garantida aos trabalhadores

e dependentes vinculados ao sistema previdenciaacuterio

O direito agrave sauacutede como se eacute percebido hoje como um direito de todos e dever do

Estado foi estabelecido na Constituiccedilatildeo de 1988

34 SISTEMA UacuteNICO DE SAUacuteDE

Segundo SILVA JR (1996) na deacutecada de 70 a medicina cientiacutefica foi muito criticada

nos paiacuteses desenvolvidos devido aos seus custos progressivos e sua baixa eficaacutecia relativa no

enfrentamento de problemas da populaccedilatildeo Dessas criacuteticas surgiram propostas que a

racionalizavam integrando-a com a sauacutede puacuteblica Logo os grupos de oposiccedilatildeo ao governo

militar por terem interesses em redemocratizar o paiacutes colocaram-se contra a medicina

cientiacutefica A partir de entatildeo vaacuterios municiacutepios organizaram uma rede de Unidades de Sauacutede

para a atenccedilatildeo primaacuteria em sauacutede Essas experiecircncias formaram a base para o movimento de

reforma sanitaacuteria que segundo SILVA JR (1996) culminou na 8ordf Conferecircncia Nacional de

Sauacutede As diretrizes dessa conferecircncia ganharam texto legal na Constituiccedilatildeo de 1988 e na Lei

Orgacircnica de Sauacutede de 1990

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O Sistema Uacutenico de Sauacutede ndash SUS foi criado na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e

regulamentado na Lei 8080 de 1990 e Lei 8142 de 1990 Constitui-se em accedilotildees e serviccedilos

puacuteblicos de sauacutede integrados em uma rede regionalizada e hierarquizada e com os seguintes

princiacutepios

1) Universalidade ndash todo cidadatildeo tem direito ao acesso a todos os tipos de serviccedilos

puacuteblicos (estatais ou privados conveniados ou contratados) e o sistema deve garantir

esse direito

2) Equumlidade ndash igualdade com justiccedila onde as diferenccedilas satildeo consideradas e recebem

tratamento igualitaacuterio acesso de todos natildeo importando o estrato social ou condiccedilatildeo

econocircmica

3) integralidade ndash a pessoa deve ser percebida como um todo e integrante de uma

comunidade de um meio ambiente e as unidades prestadoras de serviccedilos devem ser

capazes de prestar assistecircncia integral

Este princiacutepio do SUS tem uma relevacircncia digna de comentario Atualmente muito se

fala em meio ambiente e por certo a espeacutecie Homo sapiens estaacute inserida nesta discussatildeo pois

dentre a todas as espeacutecies que habitam o planeta eacute a uacutenica que traz consequumlecircncias marcantes

para a continuidade de vida na Terra Usuaacuterio de inteligecircncia forccedila e poder exerce crescente

impacto nos ecossistemas Analisando-se esse princiacutepio do SUS pode-se ver que a

integralidade que leva em consideraccedilatildeo o homem como pessoa natildeo o dissocia do seu eu

interno seu trabalho e sua cultura Logo o considera como individuo que faz parte do seu

meio e eacute tambeacutem produto do meio que o cerca Nem que seja apenas agrave niacutevel psicoloacutegico e

comportamental

Retomando o SUS LEITE (1997) diz que a atenccedilatildeo agrave sauacutede da populaccedilatildeo compreende

trecircs grandes campos

1) Assistecircncia ndash atividades dirigidas agraves pessoas individual ou coletivamente e que satildeo

prestadas no acircmbito domiciliar ambulatorial e hospitalar

2) Intervenccedilotildees ambientais ndash monitoramento das relaccedilotildees interpessoais e das condiccedilotildees

sanitaacuterias nos ambientes de vida e de trabalho controle de vetores e hospedeiros

operaccedilatildeo de sistemas de saneamento ambiental

3) Poliacuteticas puacuteblicas ndash poliacuteticas externas ao setor de sauacutede que podem provocar

mudanccedilas nos determinantes sociais do processo sauacutede-doenccedila das coletividades

questotildees relativas agraves poliacuteticas macroeconocircmicas ao emprego agrave habitaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo

ao lazer e agrave disponibilidade e qualidade dos alimentos

50

Em contraponto agrave sauacutede nas demais Constituiccedilotildees anteriores na de 1988 as trecircs

esferas de governo Uniatildeo Estados e Municiacutepios tecircm igual responsabilidade de garantir o

direito que LEITE (1997) chama de direito de cidadania

As diretrizes baacutesicas do Sistema Uacutenico de Sauacutede

1) Descentralizaccedilatildeo ndash teacutecnica administrativa e financeira da gestatildeo Os serviccedilos de sauacutede

tecircm que estar sob gestatildeo municipal ficando o a Uniatildeo com os grandes serviccedilos de

referecircncia em articulaccedilatildeo extremas e com a coordenaccedilatildeo das poliacuteticas formar bancos

de dados etc

2) Financiamento ndash Tem que haver garantias de recursos puacuteblicos para o financiamento

Para isso o SUS eacute financiado por toda a sociedade de forma direta e indireta mediante

recursos proveniente dos orccedilamentos da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal dos

Municiacutepios e das seguintes contribuiccedilotildees sociais

a) Dos empregadores incidente sobre a folha de salaacuterios o faturamento e

o lucro

b) Dos trabalhadores

c) Sobre a receita de concurso de prognoacutesticos

3) Participaccedilatildeo social ndash atraveacutes das conferecircncias e conselhos de sauacutede onde a populaccedilatildeo

pode participar atraveacutes de

a) Processos de comunicaccedilatildeo e educaccedilatildeo

b) Utilizaccedilatildeo dos meios de comunicaccedilatildeo

c) Atividades comunitaacuterias

d) Conselhos locais

4) Fundo de sauacutede ndash Uma conta especial onde satildeo creditados todos os recursos recebidos

do proacuteprio municiacutepio do Estado da Uniatildeo ou de qualquer outra fonte de recurso ateacute

mesmo doaccedilotildees Esta eacute uma forma exclusiva controlar o uso dos recursos para

destinaccedilatildeo e gestatildeo do proacuteprio SUS garantindo que natildeo haja utilizaccedilatildeo ou desvio de

verbas para outra aacuterea social

5) Conselho de sauacutede ndash Tambeacutem como exigecircncia legal prevecirc a participaccedilatildeo das pessoas

nas decisotildees levando a um controle social dos serviccedilos puacuteblicos

6) Conferecircncia de sauacutede ndash Cada esfera de governo deve realizar a cada quatro anos no

miacutenimo uma conferecircncia de sauacutede e nesta se reuacutenem pessoas representantes de todos

os segmentos da sociedade juntamente com os teacutecnicos os profissionais de sauacutede as

instituiccedilotildees de sauacutede e os administradores puacuteblicos para discutir a situaccedilatildeo de sauacutede

de uma cidade ou estado ou do Brasil

51

7) Plano diretor de sauacutede ndash onde satildeo norteadas questotildees como

a) Levantamento da situaccedilatildeo em sauacutede com determinaccedilatildeo dos problemas

b) Definiccedilatildeo de accedilotildees

c) Anaacutelise dos obstaacuteculos para implementar o plano e estabelecimento de

estrateacutegias

d) Implementaccedilatildeo acompanhamento e avaliaccedilatildeo das accedilotildees

8) Comissatildeo de Plano de cargos carreiras e salaacuterios ndash Uma prefeitura tem como

atividade principal a prestaccedilatildeo de serviccedilos e o recurso que deve ser mais valorizado

satildeo seus funcionaacuterios

9) Relatoacuterios de gestatildeo ndash Servem para avaliar o que se tem conseguido e retratar as

metas Neles incluem a quantidade de serviccedilos produzidos e tambeacutem a sua qualidade

Com este comentaacuterio sobre o SUS tenta-se mostrar um pouco do que ele eacute para que

haja uma compreensatildeo maior quando da abordagem do problema da crise ambiental e o meio

ambiente que o homem vive Meio ambiente sob o prisma que se olha leva em consideraccedilatildeo

o SUS uma vez que eacute no seu contexto que os atores desta pesquisa tecircm suas interaccedilotildees

sociais e fundamentam sua existecircncia em relaccedilatildeo ao meio ambiente que os cerca

52

CAPIacuteTULO QUATRO

PROBLEMAS SOacuteCIO-AMBIENTAIS

41 CIDADANIA

ALIER (1998) eacute feliz na sua afirmaccedilatildeo quando vincula degradaccedilatildeo da qualidade de

vida tanto no acircmbito rural como no urbano agrave crise ambiental Esta crise eacute uma crise

planetaacuteria e com suas particularidades de regiatildeo em regiatildeo estaacute sendo sentida e percebida

pelos povos A sociedade se levanta mundialmente em buscar da qualidade de vida sauacutede

educaccedilatildeo participaccedilatildeo social etc A luta pelo meio ambiente e as condiccedilotildees de vida do ser

humano da atualidade eacute um exemplo de que as mudanccedilas tecircm afetado o planeta Terra como

um todo

Uma das mais expressivas transformaccedilotildees ambientais da atualidade eacute o avanccedilo do

processo de favelizaccedilatildeo que segundo DAVIS (2006) a favelas seratildeo as cidades do futuro

que em vez de serem feitas de vidro e accedilo seratildeo construiacutedas em grande parte de tijolo

aparente palha plaacutestico reciclado blocos de cimento e restos de madeira

Satildeo transformaccedilotildees ambientais na medida em que ao ocuparem parcelas consideraacuteveis

do solo urbano o fazem sem criteacuterio de ocupaccedilatildeo onde a propriedade natildeo eacute levada em

consideraccedilatildeo Eacute transformaccedilatildeo ambiental pois afeta o microclima local sendo difiacutecil se pensar

em arborizaccedilatildeo em favela Eacute problema ambiental pois as habitaccedilotildees ocupam aacutereas de

encostas beira de rios terrenos baixos e alagaacuteveis satildeo zonas onde a violecircncia explode

continuamente onde existe hora para se chegar para se viver onde constantemente a vida

corre risco de existecircncia e paradoxalmente onde a vida pulsa sem se cansar

Mal servida de aacutervores faltam favelas que tenha uma boa distribuiccedilatildeo de aacutervores Sem

duacutevida eacute uma luta por existir uma luta por fincar raiacutezes por pertencer a um lugar Mesmo que

encorajados pela falta de poliacuteticas Estatais com relaccedilatildeo a moradia e porque eacute mais perto do

local de trabalho ou porque algueacutem da famiacutelia jaacute ocupa algum imoacutevel ou porque o poder

aquisitivo permite a aquisiccedilatildeo de um imoacutevel justamente naquele espaccedilo Eacute transformaccedilatildeo

ambiental pois a favela eacute uma cidade dentro da cidade onde o Poder Puacuteblico demora a chegar

ou quando se chega Eacute problema ambiental pois as pessoas que ali residem tecircm dificuldades

53

de manter e preservar sua cidadania eacute um lugar onde existe altas taxas de excluiacutedos sociais

com baixos iacutendices de escolaridade onde trabalhadores tem que sustentar famiacutelia de 3 a 5

pessoas ou mais

Com isso tem-se visto que natildeo soacute o movimento civil organizado (pesquisadores

poliacuteticos paiacuteses) tem se levantado em busca de alguma soluccedilatildeo mas tambeacutem as massas

mediante participaccedilatildeo em ONG e pequenos grupos que estatildeo se inserindo no movimento

organizado Eacute a busca pela qualidade do ar da aacutegua pela renda pelo transporte a busca pelo

direito de amamentar seus filhos enquanto ainda em tenra idade A busca pelo direito de ter

direito ou seja porque natildeo dizer em CIDADANIA

O que eacute cidadania Fazendo uma leitura atenta deste termo entre os diversos autores

que o abordam dentro de suas linguagens se extrai o entendimento de que a cidadania eacute um

processo em execuccedilatildeo

Segundo VIEIRA (2001) a Repuacuteblica moderna natildeo inventou a cidadania Esta se

origina na Repuacuteblica Velha isto eacute ainda na eacutepoca romana que naquela eacutepoca tinha um

contexto de pertencimento a uma cidade ser membro pleno com direitos individuais

Nos anos de 1776 e 1789 durante as Revoluccedilotildees Americana e Francesa com o retorno

ao ideal republicano da Antiguidade promovido pelo renascimento a construccedilatildeo da cidadania

enfrentou trecircs problemas que a levou a se diferenciar da cidadania antiga O primeiro

problema foi a edificaccedilatildeo do Estado com as separaccedilotildees das instituiccedilotildees poliacuteticas e da

sociedade civil no interior de territoacuterios O segundo problema foi o regime de governo Onde

jaacute no renascimento houve um pensamento coletivo sobre o ideal republicano que leva a

inseparaacutevel ideacuteia de isonomia e de igualdade E o terceiro problema foi a sociedade ateacute entatildeo

natildeo ter direitos Natildeo havia direitos humanos

Com uma expressatildeo forte de teoacutericos como Rousseau Constant dentre outros foi-se

construindo o termo cidadania e seu campo de abrangecircncia Obviamente influenciada pela

nova formaccedilatildeo cultural comercial pela dinacircmica da sociedade em que viviam

Jaacute no seacuteculo XVIII e XIX a cidadania ficou restrita ao espaccedilo territorial da Naccedilatildeo onde

seria composta dos direitos civis e poliacuteticos e dos direitos sociais

Falar em cidadania eacute pensar que existem dentro deste conceito direitos de primeira

segunda terceira e quarta geraccedilatildeo Os direitos de primeira geraccedilatildeo satildeo exemplificados como

direitos civis e poliacuteticos os de segunda geraccedilatildeo com os direitos sociais A partir dos direitos

de terceira geraccedilatildeo haacute um deslocamento para a coletividade para grupos de pessoas que

compotildee a sociedade como por exemplo a autodeterminaccedilatildeo dos povos direito ao

desenvolvimento direito agrave paz AO MEIO AMBIENTE e estes satildeo direitos difusos

54

Os direitos de quarta geraccedilatildeo estatildeo relacionados agrave bioeacutetica que satildeo verdadeiros

entraves para impedir a destruiccedilatildeo da vida e regular a criaccedilatildeo de novas formas de vida em

laboratoacuterio pela engenharia geneacutetica

Segundo VIEIRA (2001)

ldquoA cidadania surge como uma nova forma de definiccedilatildeo da ideacuteia de direitos onde o cidadatildeo passa a ter o direito de ter direitos Incluindo o surgimento de direitos como a autonomia sobre o proacuteprio corpo a moradia e a PROTECcedilAtildeO AMBIENTAL direitos indispensaacuteveis numa sociedade moderna mas que natildeo vigoram dentro do nosso Estadordquo

Segundo o mesmo autor

ldquoA nova cidadania natildeo deseja ser apenas uma forma de integraccedilatildeo social indispensaacutevel para a manutenccedilatildeo do capitalismo ela deseja a constituiccedilatildeo de sujeitos sociais ativos que definam quais satildeo os seus direitos a nova cidadania exige uma nova sociedade onde eacute necessaacuteria uma maior igualdade nas relaccedilotildees sociais novas regras de convivecircncia social e um novo sentido de responsabilidade puacuteblica onde os cidadatildeos satildeo reconhecidos como sujeitos de interesses vaacutelidos de aspiraccedilotildees pertinentes e direitos legiacutetimosrdquo

42 MEIO AMBIENTE

Nesta seccedilatildeo para falar de meio ambiente opta-se por escrever um pouco sobre o que eacute

ecologia visto que satildeo assuntos intimamente relacionados no contexto deste trabalho

Comeccedilando entatildeo com ecologia vecirc-se que esta entra em pauta jaacute em 1866 com um

trabalho de Haeckel LAGO et al (1985) intitulado Morfologia Geral dos Organismos

Obviamente haacute uma grande distacircncia que separa a proposta desse autor ao que hoje em dia

trata-se de ecologia com desdobramento em meio ambiente

Ecologia eacute o estudo da interaccedilatildeo dos organismos interagem uns com os outros e com

seu ambiente natildeo-vivo Examina as conexotildees na natureza tentando entender as interaccedilotildees

entre organismos populaccedilotildees comunidades ecossistemas e biosfera

55

Houve uma evoluccedilatildeo no que refere a utilizaccedilatildeo da ecologia ateacute os dias atuais O

mundo passou a usar o termo ecologia para identificar um amplo e variado movimento social

Ecologia natildeo eacute usada somente para designar uma disciplina cientiacutefica mas tambeacutem para

nomear um amplo e variado movimento social Logo tem-se hoje em dia algumas divisotildees da

ecologia e dentro de cada divisatildeo uma variedade imensa de atividades a serem desenvolvidas

e as que jaacute foram feitas Esses campos satildeo sumariamente

a) A Ecologia Natural que procura entender as leis que regem a dinacircmica de vida

da natureza E se utiliza da Fiacutesica Quiacutemica Geologia etc Ao investigar o sistema

de relacionamento que forma o ecossistema a Ecologia Natural procura perceber

quais satildeo as regras do seu funcionamento

b) A Ecologia Social que surge a partir da constataccedilatildeo de que os efeitos da

degradaccedilatildeo ambiental provocam sobre os trabalhadores diversas consequumlecircncias

nefandas colocando em relaccedilatildeo o industrialismo e os limites naturais inclusive o

impacto humano sobre as outras espeacutecies Este grande potencial desequilibrador

ameaccedila a proacutepria permanecircncia dos sistemas naturais A accedilatildeo humana sobre o meio

eacute socialmente diferenciada e se baseia em motivaccedilotildees altamente complexas

ldquoA construccedilatildeo de um luxuoso palaacutecio por exemplo que consome um grande potencial de recursos naturais natildeo tem como motivo apenas a satisfaccedilatildeo da necessidade de abrigo para algueacutem A determinaccedilatildeo de construiacute-lo envolve um conjunto de fatores sociais complexos como por exemplo os padrotildees culturais o sistema poliacutetico os mecanismos de dominaccedilatildeo social os siacutembolos de status etc eacute o conjunto desse tipo de fatores que faz com que o impacto humano sobre o meio seja muito mais intenso do que aquele que seria determinado pelas meras necessidades fiacutesicasrdquo

LAGO et al (2000)

c) O Conservacionismo que nasce da percepccedilatildeo da capacidade de o homem

destruir o meio ambiente E nessa linha haacute algumas ONGrsquos importantes inseridas

com vasta produtividade e presenccedila nos veiacuteculos de comunicaccedilatildeo Ex Greenpeace

SOS Mata Atlacircntica WWF etc

56

d) Por uacuteltimo eacute o Ecologismo segundo ALIER (1998)

ldquoEacute um projeto poliacutetico de transformaccedilatildeo social calcado em princiacutepios ecoloacutegicos e no ideal de uma sociedade natildeo opressiva e comunitaacuteria A ideacuteia central do ecologismo eacute de que a resoluccedilatildeo da atual crise ecoloacutegica natildeo poderaacute ser concretizada apenas com medidas parciais de conservaccedilatildeo ambiental mas sim atraveacutes de uma ampla mudanccedila na economia na cultura e na proacutepria maneira de os homens se relacionarem entre si e com a naturezardquo

O Ecologismo natildeo tem apenas a preocupaccedilatildeo em garantir a sobrevivecircncia da espeacutecie

humana mas sim em ldquoGarantir a sobrevivecircncia pela construccedilatildeo de formas sociais e

culturais que permitam a existecircncia de uma sociedade natildeo-opressiva igualitaacuteria fraterna e

libertaacuteriardquo ALIER (1998)

O Ecologismo eacute um projeto poliacutetico e filosoacutefico abrindo um diaacutelogo com a sociedade

em geral desvelando inclusive partidos poliacuteticos de tendecircncia verde Mas isso nem sempre eacute

visiacutevel Ele eacute uma via de soluccedilatildeo para os conflitos distributivos econocircmico-ecoloacutegico O

Ecologismo tem sua origem como uma benesse de classes ldquomais favorecidasrdquo e estava

totalmente desvinculado da tradiccedilatildeo de solidariedade universal que tem hoje Jaacute o Ecologismo

que ALIER (1998) chama de ldquoEcologismo dos Pobresrdquo nasce da contradiccedilatildeo entre e

economia de valor de uso e a economia do lucro da expansatildeo do crescimento Em um

mesmo paiacutes pode haver uma reuniatildeo dos dois tipos de ecologismos interagindo mutuamente

O referido autor eacute agrave favor de uma escola a qual denomina Neonarodnismo Ecoloacutegico

Essa escola analisa contribuiccedilotildees que versam sobre Ecologia como ciecircncia implicada no

manejo dos recursos naturais conservaccedilatildeo da biodiversidade Nele afirma-se que o sujeito

potencial do ecologismo natildeo eacute somente o campesinato com tambeacutem os habitantes das cidades

Segundo um ensaio escrito para o Banco Mundial em 1988 e reescrito para a

Conferecircncia sobre Sociedade e Meio Ambiente El Coleacutegio de Michoacaacuten 1991

ldquoAgrave primeira vista os conservacionistaslutam para que os ursinhos panda ou as baleias azuis natildeo desapareccedilam Por muito simpaacutetico que pareccedilam agraves pessoas comuns estas consideram que haacute coisas mais importantes com que se preocupar por exemplo como conseguir o patildeo de cada diardquo

57

Por mais que extremista que uma afirmaccedilatildeo desta pode ser ela natildeo deixa de revelar

um conteuacutedo real quanto a uma gama imensa de seres humanos cidadatildeos ou natildeo que estatildeo agrave

margem de qualquer processo econocircmico revela um vieacutes de que natildeo se deve cair no conto de

que o pobre polui e degrada mais do que um rico O pobre tem sua participaccedilatildeo sim na

destruiccedilatildeo do meio ambiente e deveria se conscientizar disso Mas um fato natildeo deixa mentir

que por ser dono dos instrumentos de trabalho da manipulaccedilatildeo da economia a seu favor

tendo meio teacutecnicos adequados para isso os ricos tecircm uma capacidade maior de trazer

destruiccedilatildeo ao meio ambiente E muita das vezes estes vivem bem longe de onde as

atrocidades ambientais estatildeo acontecendo

E meio ambiente o que venha a ser

Segundo o Vocabulaacuterio baacutesico de meio ambiente haacute definiccedilotildees acadecircmicas e

definiccedilotildees legais para meio ambiente e algumas delas bastante limitadas outras nem tanto

Definiccedilatildeo acadecircmica

1) ldquoAs condiccedilotildees influecircncia ou forccedilas que envolvem e influem ou modificam o

complexo de fatores climaacuteticos edaacuteficos e bioacuteticos que atuam sobre um organismo

vivo ou uma comunidade ecoloacutegica e acaba por determinar sua forma e sua

sobrevivecircncia a agregaccedilatildeo das condiccedilotildees sociais e culturais (costumes leis idioma

religiatildeo e organizaccedilatildeo poliacutetica e econocircmica) que influenciam a vida de um indiviacuteduo

ou de uma comunidaderdquo (Websterrsquos 1976 in FEEMA 1992)

2) O conjunto dos agentes fiacutesicos quiacutemicos bioloacutegicos e dos fatores sociais

susceptiacuteveis de terem um efeito direto ou indireto imediato ou a termo sobre os

seres vivos e as atividades humanasrdquo (Poutrel amp Wasserman 1977 in FEEMA

1992)

3) ldquoA soma das condiccedilotildees externas e influecircncias que afetam a vida o desenvolvimento

e em uacuteltima anaacutelise a sobrevivecircncia de um organismordquo (The World Bank 1978 in

FEEMA 1992)

4) ldquoO conjunto do sistema externo fiacutesico e bioloacutegico no qual vivem o homem e os

outros organismosrdquo (PNUMA apud SAHOP 1978 in FEEMA 1992)

5) ldquoO ambiente fiacutesico-natural e suas sucessivas transformaccedilotildees artificiais assim como

seu desdobramento espacialrdquo (Sunkel apud Carrizosa 1981 in FEEMA 1992)

58

6) ldquoO conjunto de todos os fatores fiacutesicos quiacutemicos bioloacutegicos e soacutecio-econocircmicos que

atuam sobre um indiviacuteduo uma populaccedilatildeo ou uma comunidaderdquo (Iacutenterim Mekong

Committee 1982 in FEEMA 1992)

E as definiccedilotildees legais satildeo

1) ldquoConsideram-se como meio ambiente todas as aacuteguas interiores ou costeiras

superficiais e subterracircneas o ar e o solordquo (Decreto-lei ndeg 13475 ndash Estado do Rio de

Janeiro in FEEMA 1992)

2) ldquoMeio ambiente ndash o conjunto de condiccedilotildees leis influecircncias e interaccedilotildees de ordem

fiacutesica quiacutemica e bioloacutegica que permite abriga e rege a vida em todas as suas

formasrdquo (Lei 693881 ndash Brasil in FEEMA 1992)

3) ldquoConsidera-se ambiente tudo o que envolve e condiciona o homem constituindo o seu

mundo e daacute suporte material para a sua vida biopsicossocialSeratildeo considerados

sob esta denominaccedilatildeo para efeito deste regulamento o ar a atmosfera o clima o

solo e o subsolo as aacuteguas interiores e costeiras superficiais e subterracircneas e o mar

territorial bem como a paisagem fauna a flora e outros fatores condicionantes agrave

salubridade fiacutesica e social da populaccedilatildeordquo (Decreto ndeg 2868782 ndash Estado da Bahia in

FEEMA 1992)

4) ldquoEntende por meio ambiente o espaccedilo onde se desenvolvem as atividades humanas e

a vida dos animais e vegetais (Lei 777280 ndash Estado de Minas Gerais in FEEMA

1992

5) ldquoEacute o sistema de elementos bioacuteticos abioacuteticos e soacutecio-econocircmicos com o qual

interage o homeme de vez eu se adapta ao mesmo o transforma e o utiliza para

satisfazer suas necessidadesrdquo (Lei 3380 ndash Repuacuteblica de Cuba in FEEMA 1992)

6) ldquoAs condiccedilotildees fiacutesicas que existem numa aacuterea incluindo o solo a aacutegua o ar os

minerais a flora a fauna o ruiacutedo e os elementos de significado histoacuterico ou esteacuteticordquo

(California Environmental Quality Act 1981)

59

7) ldquoTodos os aspectos do ambiente do homem que o afetem como indiviacuteduo ou que

afetem os grupos sociaisrdquo (Environmental Protection Act 1975 Austraacutelia)

8) ldquoO conjunto de elementos naturais artificiais ou induzidos pelo homem fiacutesicos

quiacutemicos e bioloacutegicos que propiciem a sobrevivecircncia transformaccedilatildeo e

desenvolvimento de organismos vivosrdquo (Ley Federal de Proteccioacuten al Ambiente de

82 Meacutexico)

9) ldquoMeio ambiente significa (1) o ar o solo a aacutegua (2) as plantas e os animais

inclusive o homem (3) as condiccedilotildees econocircmicas e sociais que influenciam a vida do

homem e da comunidade (4) qualquer construccedilatildeo maacutequina estrutura ou objeto e

coisas feitas pelo homem (5) qualquer soacutelido liacutequido gaacutes odor calor som vibraccedilatildeo

ou radiaccedilatildeo resultantes direta e indiretamente das atividades do homem (6) qualquer

parte ou cominaccedilatildeo dos itens anteriores e as inter-relaccedilotildees de quaisquer dois ou mais

delesrdquo (Bill ndeg 14 ndash Ontaacuterio Canadaacute)

A Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil de 1988 dispotildee

ldquoTodos tem direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado bem de uso comum do povo e essencial agrave sadia qualidade de vida impondo-se ao Poder Puacuteblico o dever de defendecirc-lo e agrave coletividades o de preservaacute-lo para as presentes e futuras geraccedilotildeesrdquo

A constituiccedilatildeo do Estado do Rio de Janeiro de 1989 dispotildee no Artigo 258

ldquoTodos tecircm direito ao meio ambiente ecologicamente saudaacutevel e equilibrado bem de uso comum do povo e essencial agrave qualidade de vida impondo-se a todos em especial ao Poder Puacuteblico o dever de defendecirc-lo zelar por sua recuperaccedilatildeo e proteccedilatildeo em benefiacutecio das geraccedilotildees atuais e futurasrdquo

Essas satildeo as definiccedilotildees pelo menos oficiais para a palavra meio ambiente Mas na

verdade o que ocorre nos dias atuais eacute que cada aacuterea do conhecimento estaacute se apossando do

termo meio ambiente ou desenvolvimento sustentaacutevel e ao se utilizarem o levam para seus

60

campos de atuaccedilatildeo Isto pode ser tornar um problema para a ciecircncia ambiental uma vez que

ainda e de fato educaccedilatildeo ambiental eacute virtual para a grande maioria da populaccedilatildeo e estas satildeo

manipuladas pela massificaccedilatildeo contiacutenua dos meios de comunicaccedilatildeo de massa E o espaccedilo

nesses sendo um produto vendaacutevel A populaccedilatildeo fica agrave mercecirc de uma construccedilatildeo fictiacutecia do

termo sustentabilidade e meio ambiente

Esse reclame da palavra meio ambiente pelas diversas categorias profissionais traz no

fundo uma verdadeira confusatildeo para o leigo ou pessoas formadoras de opiniatildeo e com isso

podem atrasar atividades que possam ser cruciais para o estabelecimento de prioridades em

meio ambiente do qual tem-se conhecimento e falamos

Por isso que as decisotildees precisam ser tomadas e encaminhadas por pessoas com ldquoknow

howrdquo na aacuterea ou seja por teacutecnicos com soacutelida formaccedilatildeo em ciecircncia ambiental como um todo

para que natildeo aja vaacutecuos no conteuacutedo de meio ambiente a ser veiculado e muito menos em leis

e resoluccedilotildees que muito prejudicam o entendimento e execuccedilatildeo de atividades em sua proteccedilatildeo

4 3 A FAVELIZACcedilAtildeO

O que eacute favela Parece oportuno defini-la e eacute certamente mais faacutecil fazecirc-lo a partir do

que ela natildeo eacute ou pelo que ela natildeo tem Haacute um consenso de que eacute um espaccedilo destituiacutedo de

infra-estrutura urbana como diz SOUZA e SILVA (2008) ldquoSem aacutegua luz esgoto coleta de

lixo sem arruamento globalmente miseraacutevel sem ordem sem lei sem regras sem moral

enfim a expressatildeo do caosrdquo Mas certamente favela natildeo eacute soacute isso talvez o seja no imaginaacuterio

social da populaccedilatildeo que vive fora daquela realidade ou de repente das diversas instituiccedilotildees do

Estado

Segundo o censo de 1950 satildeo consideradas favelas todos os aglomerados urbanos que

possuam total ou parcialmente as seguintes caracteriacutesticas

a) Proporccedilotildees miacutenimas agrupamentos prediais ou residenciais formados com unidades

de nuacutemero geralmente superior a 50

b) Tipo de habitaccedilatildeo predominacircncia no agrupamento de casebres ou barracotildees de

aspecto ruacutestico construiacutedos principalmente de folhas de flandres chapas zincadas

taacutebuas ou materiais semelhantes

c) Condiccedilatildeo juriacutedica de ocupaccedilatildeo construccedilotildees sem licenciamento e sem fiscalizaccedilatildeo em

terrenos de terceiros ou de propriedade desconhecida

61

d) Melhoramentos puacuteblicos ausecircncia no todo ou em parte de rede sanitaacuteria luz

telefone e aacutegua encanada

e) Urbanizaccedilatildeo aacuterea natildeo urbanizada com falta de arruamento numeraccedilatildeo ou

sinalizaccedilatildeo

Desde essa eacutepoca muito tem se modificado e o conceito tem tornado-se mais amplo

hoje em dia alguns toacutepicos que levavam a pensar o conceito modificou completamente por

exemplo hoje com alguns programas do Estado tem-se favelas com arruamento numeraccedilatildeo

Umas tecircm rede sanitaacuteria luz telefone e aacutegua encanada Haacute mais o predomiacutenio de residecircncia

de alvenarias ao inveacutes de taacutebuas e folhas zincadas etc

Para o Censo de 2000 favela eacute definida como

ldquoAglomerado subnormal constituiacutedo de no miacutenimo 51 unidades habitacionais ocupando ou tendo ocupado ateacute periacuteodo recente terreno de propriedade alheia dispostas em geral de forma desordenada e densa bem como carentes em sua maioria de serviccedilos puacuteblicos essenciaisrdquo

DAVIS (2006) afirma que o Brasil eacute terceiro paiacutes em nuacutemero de favelas e eacute triste

reconhecer que apesar desta colocaccedilatildeo o IBGE mostra que as iniciativas puacuteblicas para

enfrentar o problema satildeo cada vez mais escassas Por exemplo no ano de 2004 81 dos

municiacutepios informaram ter projetos de investimento na aacuterea de habitaccedilatildeo e em 2005 foram

apenas 675 Ou seja essa taxa vem caindo vertiginosamente ao longo dos anos E isso

soma-se ao fato da populaccedilatildeo que vive em favelas ter crescido em 45 entre 1991 e 2000

que foi trecircs vezes superior a meacutedia de crescimento demograacutefico do paiacutes As previsotildees satildeo

bastante sombrias estimando o IBGE estima que para o ano de 2020 o paiacutes teraacute 55 milhotildees

de pessoas morando em favelas

Conceituar favela natildeo eacute uma tarefa tatildeo faacutecil assim segundo o Ministeacuterio das Cidades a

categorizaccedilatildeo do que seja favela para o IBGE eacute ainda restrito uma vez que deixa de fora

pessoas vivendo de outras formas como por exemplo ocupaccedilotildees loteamentos irregulares e

clandestinos E faz um alerta de que soacute estas categorias aleacutem do que se eacute considerado

formalmente como favela aumentam em muito estatisticamente o nuacutemero de pessoas com

consequumlente reflexo nas poliacuteticas puacuteblicas Logo a tomada de decisotildees poliacutetico-econocircmicas

baseadas no consenso do que seja favela pelo IBGE eacute estar trabalhando com um universo

restrito da realidade brasileira Para TORRES e MARQUES (2008) a grandeza dos nuacutemeros

62

envolvidos eacute de suma importacircncia pois na maioria das vezes os dados produzidos implicam

nuacutemeros subestimados das populaccedilotildees

O conceito de favela vai aleacutem dessas definiccedilotildees por vezes um tanto eletistas

confeccionadas por pessoas que natildeo tecircm vivecircncia alguma com o mundo da favela Essas

definiccedilotildees satildeo oacutetimas para deixar de lado o potencial social que ela constitui Segundo

RIBEIRO e LAGO (2008) a utilizaccedilatildeo frequumlente pela miacutedia de metaacuteforas ldquocidade partidardquo

ldquodesordem urbanardquo vem dotando a concepccedilatildeo dualista da favela de legitimidade social

A favela com um dinamismo caracteriacutestico tem um ordenamento espacial proacuteprio

Vaacuterias satildeo as ldquoLeisrdquo que preenchem espaccedilos deixados pelo Poder Puacuteblico Essas Leis

referem-se ao horaacuterio de circulaccedilatildeo sobre o direito de ir e vir sobre a definiccedilatildeo de quem eacute

morador de fato sobre a transferecircncia de titularidade de imoacuteveis Funciona como se houvesse

uma cidade dentro da cidade como se houvesse um poder paralelo de fato que gerencia mas

natildeo congrega e muito menos eacute paternalista

Um exemplo eacute a distribuiccedilatildeo de tipos de moradias segundo um zoneamento natildeo muito

claro e tatildeo pouco regulamentado oficialmente nas favelas verticais eacute costume encontrar

moradores mais antigos migrando para as partes mais baixas da favela e os receacutem chegados

ocupando moradias nas partes mais altas Ou no caso de favelas horizontais haacute as ldquoaacutereas

nobresrdquo mais proacuteximas da malhas viaacuterias urbana O que eacute praticamente influenciado pelo

poder aquisitivo desses moradores quanto pelas pressotildees externas aos mesmos Nas favelas

verticais haacute ainda mais um agravante aacutereas decididamente de risco e insalubres satildeo divididas

e ocupadas por uacuteltimo e por pessoas sem qualquer forma econocircmica de sobrevivecircncia digna

Ali encontram-se verdadeiramente os barracos de madeira sem revestimento e tendo o chatildeo

ldquobatidordquo como de piso onde a umidade e a lama satildeo o dia-a-dia dos seus moradores

Esse eacute um zoneamento definidor de grande segregaccedilatildeo Nele a solidariedade eacute o

uacuteltimo recurso com que seus moradores podem contar

Pesquisando-se o termo favela uma curiosidade natildeo pocircde passar sem ser percebida eacute

um termo que migrou com os soldados combatentes na guerra de Canudos no interior da

Bahia e que se difundiu no Rio de Janeiro a partir da ocupaccedilatildeo do morro da Providecircncia Os

soldados em campanha contra Antonio Conselheiro passaram a chamar o morro da

Previdecircncia de morro da Favela Segundo CRUZ (1941) apud Cabral (1996)

ldquoterminara a luta na Bahia Regressavam as tropas () Muitos soldados vieram acompanhados de suas lsquocabrochasrsquo Eles tiveram que arranjar moradas () As cabrochas eram naturais de uma serra chamada Favela no municiacutepio de

63

Monte Santo naquele estado Falavam muito sempre da sua Bahia do seu morro E ficou a Favela nos morros cariocas Primeiro na aba da Providecircncia morro em que jaacute morava uma numerosa populaccedilatildeo depois foi subindo virou para o outro lado para o Livramento Nascera a Favela 1897

A existecircncia de favela em solo brasileiro e especificamente no Rio de Janeiro apesar

de ser um evento com mais de cem anos tem sofrido um boom de disseminaccedilatildeo a partir da

deacutecada de 80 com o esgotamento do padratildeo de financiamento da economia brasileira que

havia se consolidado nos anos 40 Esse financiamento se assentava em trecircs supostos

a) Investimento direto dos oligopoacutelios dos paiacuteses centrais

b) O padratildeo de financiamento se assentava num conjunto de fundos puacuteblicos que foram

montados durante o poacutes-guerra com mecanismos diversos de ampliaccedilatildeo das bases

fiscais do Estado brasileiro

c) O acesso ao mercado internacional de creacutedito que emergiu nos fins dos anos 60 e se

expandiu aceleradamente nos 70

Ateacute 1940 a presenccedila da favela natildeo chama a atenccedilatildeo De acordo com o plano Agache

ela natildeo ocupa um lugar importante De acordo como inqueacuterito da SAGMACS ldquoNa estatiacutestica

predial do Distrito Federal de 1933 o crescimento da populaccedilatildeo dos morros natildeo dava para

impressionar soacute a partir de 1933 a favela comeccedila a marcar a paisagem cariocardquo E com isso

passa a emergir como espaccedilo de habitaccedilatildeo precaacuteria e improvisada do predomiacutenio do ruacutestico

sobre o duraacutevel da ausecircncia de arruamento da escassez de serviccedilos puacuteblicos E soacute aiacute e a

partir daquele momento a favela passa a fazer parte das execuccedilotildees de poliacuteticas puacuteblicas

impostas pelo oacutergatildeo gestores municipais

O Rio de Janeiro se apresenta como o foco principal do processo de favelizaccedilatildeo por ter

sido a primeira cidade do Paiacutes primeiro mercado nacional e internacional primeiro centro

industrial Por ter sido a Capital Federal o Rio de Janeiro e por ter sido um dos maiores

mercados de trabalho do Brasil Onde agrave eacutepoca canalizou grande parte do fluxo das migraccedilotildees

internas O ecircxodo rural despejou aproximadamente 400000 pessoas das quais metade veio do

proacuteprio estado e o restante do resto do paiacutes Segundo estatiacutesticas da eacutepoca a populaccedilatildeo urbana

aumentou 516 enquanto a rural diminui em 697

Um dos fatores que justifica essa imigraccedilatildeo de moradores do proacuteprio estado do Rio de

Janeiro para engrossas as fileiras de moradores das favelas cariocas veio da decadecircncia da

64

citricultura que florescia na Baixada Fluminense Com a segunda Guerra Mundial em que as

exportaccedilotildees praticamente pararam o mercado interno natildeo pode absorver essa produccedilatildeo

conformando uma verdadeira crise agriacutecola Esses imigrantes eram compostos na sua grande

maioria de uma classe pobre que se empregaram na construccedilatildeo civil constituindo-se assim o

primeiro elemento determinante da multiplicaccedilatildeo das favelas na deacutecada de 40 Eram pessoas

que natildeo podiam construir uma casa em um terreno proacuteprio nem pagar um aluguel

assalariadas que natildeo podiam resistir as consequumlecircncias da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria e ao

aumento crescente do custo de vida

Em 1945 tornou-se puacuteblico a urgecircncia e gravidade da presenccedila das favelas Com isso

os gestores promoveram um estudo sistemaacutetico sobre as favelas seu recenseamento sua

localizaccedilatildeo natureza das construccedilotildees as condiccedilotildees de vida dos moradores Aquele fora um

ano eleitoral Descobriu-se o potencial de voto naquelas pessoas e a favela passa a ser vista

por um curto periacuteodo de tempo como uma massa eleitoral numerosa concentrada em aacutereas

determinadas e de interesses definidos

Os anos 60 e 70 foram anos muito difiacuteceis para os moradores das favelas Para

CORREIA (2008) naquela eacutepoca dois atores sociais tinham poliacuteticas antagocircnicas que

influenciaram o habitar nas favelas De um lado existia a CODESCO uma integraccedilatildeo entre

governo universidade e comunidade que demonstrava um reconhecimento dos diretos da

populaccedilatildeo favelada e de baixa renda Atraveacutes de alternativas visava integrar as favelas agrave

cidade formal Por outro lado existia a CHISAM do Governo Federal que tinha a missatildeo de

restabelecer o remocionismo como tratamento dominante agraves favelas e contava com parceria

da COHAB e do Governador da eacutepoca Negratildeo de Lima onde 114 favelas foram afetadas

A tabela 2 mostra a evoluccedilatildeo do crescimento do nuacutemero de favelas no municiacutepio do

Rio de Janeiro segundo o Censo 2000

ACSELRAD (2006) mostra que o regime de acumulaccedilatildeo da modernidade eacute baseado

na presenccedila da cidade elo entre a economia local e os fluxos globais satildeo maacutequinas de

crescimento promotoras da competitividade internacional Nos anos 80 as praacuteticas poliacuteticas

sociais foram substituiacutedas por um empreendedorismo urbano e com isso o governo propocircs

novas condiccedilotildees para os processos urbanos passando a envolver tambeacutem atores natildeo-

governamentais privados e semipuacuteblicos

A economia da velocidade e da incerteza associada a uma demanda cada vez menos

previsiacutevel destroacutei e recria em permanecircncia o territoacuterio social Essa nova regulaccedilatildeo urbana

compatiacutevel com a acumulaccedilatildeo flexiacutevel movida pela alta mobilidade espacial do capital

atualiza o papel da cidade como ldquomaacutequina de crescimentordquo

65

Mas em contra-ponto os imperativos de desregulaccedilatildeo requeridos pela acumulaccedilatildeo

flexiacutevel fragmentou o tecido institucional e social urbano tanto numa fragmentaccedilatildeo por

baixo como numa fragmentaccedilatildeo por cima A desregulaccedilatildeo por baixo promoveu um

parcelamento na gestatildeo dos bairros pobres numa descontinuidade fiacutesica gerando competiccedilatildeo

entre as comunidades e no interior das mesmas por recursos escassos

O perfil das cidades na deacutecada de 80 era um espelho do investimento por parte do

estado na deacutecada anterior onde a base fiscal foi sustentada pela criaccedilatildeo de fundos setoriais e

um fundo patrimonial o FGTS eacute um exemplo desse fundo

Com o esfacelamento e desaceleraccedilatildeo econocircmica sobre os fundos setorial e

patrimonial houve uma dependecircncia maior aos financiamentos externos Com o quadro que

emerge na deacutecada em que se denominou de metropolizaccedilatildeo da pobreza com isso houve um

acentuado desenvolvimento urbano desigual que ao inveacutes de eliminar a heranccedila do atraso

reproduziu-a e deu-lhe novas conformaccedilotildees

Eacute um contexto seguido de boons Um deles o da violecircncia urbana seguido do

aprofundamento da desigualdade atraveacutes da reproduccedilatildeo e do engendramento de formas

modernas e arcaicas como exemplo pode-se citar o SFH e BNH que foram criados pelo

regime militar e foram absolutamente fundamentais para a estruturaccedilatildeo e consolidaccedilatildeo do

mercado imobiliaacuterio urbano capitalista

Essa violecircncia que eclodiu no final dos anos 80 e iniacutecio dos 90 com mais visibilidade

na cidade do Rio de Janeiro atraiu atenccedilatildeo para a imensa massa de excluiacutedos do mercado de

trabalho e do mercado de consumo regular aleacutem dos serviccedilos e infra-estrutura urbanos O

desempenho recessivo da economia brasileira durante os anos 80 promoveu uma nova

realidade do que seja cidade e espaccedilo urbano

O investimento de uma vultosa soma de recursos (FGTS e SBPE) no financiamento agrave

habitaccedilatildeo saneamento baacutesico e infra-estrutura urbanos mudou a face das cidades brasileiras

verticalizando aacutereas centrais aumentando o preccedilo da terra dinamizando a promoccedilatildeo e

construccedilatildeo de imoacuteveis diversificando a induacutestria de materiais de construccedilatildeo subsidiando

apartamentos modernos para a classe meacutedia emergente e patrocinando a formaccedilatildeo ou a

consolidaccedilatildeo de grandes empresas nacionais de construccedilatildeo pesada

Apesar de o SFH ter financiado 48 milhotildees de moradias ou praticamente 25 do

incremento do nuacutemero de habitaccedilotildees construiacutedas no Brasil entre 64 e 86 o nuacutemero de

moradores de favelas cresceu acentuadamente no periacuteodo e continua a crescer

A Lei Federal 676679 estabeleceu regras pra o parcelamento solo tambeacutem trouxe

significativa restriccedilatildeo da oferta de moradias para a populaccedilatildeo trabalhadora Fruto da luta de

66

movimentos de moradores de loteamentos irregulares a nova lei atende a uma reivindicaccedilatildeo

popular criminalizaccedilatildeo do loteador ldquoclandestinordquo possibilidade da suspensatildeo do pagamento

para efeito de viabilizar a execuccedilatildeo de obras urbaniacutesticas e atribuiccedilatildeo ao municiacutepio ou o

Ministeacuterio Puacuteblico da representaccedilatildeo das comunidades atraveacutes do interesse difuso

A acentuada concentraccedilatildeo e centralizaccedilatildeo das poliacuteticas e da definiccedilatildeo dos

investimentos em habitaccedilatildeo saneamento e infra-estrutura urbanos durante o regime militar

tiveram consequumlecircncias para a realidade que hoje se vecirc como uma malha ou colcha de retalhos

por sobre o espaccedilo urbano

a) Programas idecircnticos para todo o paiacutes que desconheceram especificidades

ambientais urbanas regionais sociais culturais etc

b) Enfraquecimento do poder local a diretriz de saneamento foi contraacuteria agrave

autonomia municipal reforccedilando empresas puacuteblicas estaduais muitas das quais sob

influecircncia das grandes empreiteiras

c) Projetos faraocircnicos (saneamento) superfaturados e maacute qualidade das construccedilotildees

(habitaccedilatildeo) alimentando o clientelismo e a corrupccedilatildeo

A falecircncia do SFH promoveu o recuo dos investimentos nas aacutereas de habitaccedilatildeo e

saneamento baacutesico durante os anos 80

A conquista da abertura poliacutetica com o fim do regime militar pelos emergentes

movimentos operaacuterios camponecircs e popular urbano natildeo significou a conquista da democracia

econocircmica

A democracia eacute tatildeo somente um meacutetodo de escolha coletiva cujos resultados satildeo

abertos e incertos Ela pode reproduzir efeitos perversos ndash e mesmo potencializar interesses

particulares A expansatildeo do mercado poliacutetico no paiacutes ndash via reiteraccedilatildeo de eleiccedilotildees livres ndash natildeo

foi acompanhada de uma expansatildeo do controle social e da institucionalizaccedilatildeo do sistema

poliacutetico e certamente do ponto de vista agregado parece ter levado a uma expansatildeo do

clientelismo e da ineficiecircncia administrativa

Natildeo eacute surpresa alguma o fato de que a democracia natildeo produziu maior bem-estar ou

equidade nem tampouco produziu poliacuteticas puacuteblicas que revertessem as patologias sociais

associadas com a ordem poliacutetica anterior Por outro lado assiste-se na chamada nova

repuacuteblica a um processo agudo de fragmentaccedilatildeo institucional e agrave paralisia decisoacuteria que

produzem um quadro de cinismo ciacutevico generalizado

A percepccedilatildeo eacute de que o Estado pode ser responsabilizado em larga medida por

empurrar parcela significativa da populaccedilatildeo agrave adotar praacuteticas classificaacuteveis como ilegais que

ele mesmo institui como ilegais sob certa pressatildeo Acselrad (2006) eacute um dos autores que

67

abordam o regime de acumulaccedilatildeo da modernidade que foi endossado pelas poliacuteticas do

Estado

Logo favela eacute um centro soacutecio-habitacional dinacircmico influenciado por suas

demandas e pelo imaginaacuterio dos seus habitantes Nem seu proacuteprio conceito escapa da

dinamicidade que veio se sobrepondo a ela ao longo desses 100 anos de existecircncia E para

ilustrar transcreve-se aqui a expressatildeo artiacutestica de alguns compositores da Muacutesica Popular

Brasileira que atraveacutes das suas letras trouxeram uma documentaccedilatildeo do que seja favela

segundo as formas de verem esta realidade

Favela

Numa vasta extensatildeo Onde natildeo haacute plantaccedilatildeo

Nem ningueacutem morando laacute Cada um pobre que passa por laacute

Soacute pensa em construir seu lar E quando o primeiro comeccedila

Os outros depressa Procuram marcar

Seu pedacinho de terra pra morar () Eacute ali que o lugar entatildeo

Passa a se chamar favela Jorginho e Padeirinho (1966)

Barraco de taacutebua

O morro era um presente de Deus Vivia no abandono

Agora morro tem dono Adeus Salgueiro adeus Desccedilo a ladeira chorando Sem ter a quem reclamar

Se o morro eacute um presente do ceacuteu Deus natildeo tem imposto a cobrar

Inveacutes de barracos destruiacutedos Roupa nova para os morros mal vestidos

Herivelto Martins e Viacutetor Simon (1952)

68

Nestas letras fica patente a percepccedilatildeo que o morador o favelado encara a imensidatildeo de

terra que sem exploraccedilatildeo econocircmica direta serviria de espaccedilo para a construccedilatildeo de moradias

Ou seja a demanda era um pedaccedilo de solo para fincar suas raiacutezes sendo brasileiros e melhor

dizendo moradores da Capital

Em outro ponto se percebe a maneira perversa que o Sistema tinha de fazer com que os

favelados natildeo tornassem dependentes sendo eles mesmos os construtores de suas proacuteprias

residecircncias

E em terceiro momento a poliacutetica empreendida pela a administraccedilatildeo puacuteblica da Capital

que mediante iniciativas desmantela algumas favelas e removem seus moradores para outras

localidades Perdendo talvez sua identidade local

Santuaacuterio no Morro

() Barraco grudado no morro Eacute mais forte drsquoaacutegua ateacute

Barraco na hora do aperto Eacute santuaacuterio de Joseacute Por isso minha nega

Natildeo chora mais em vatildeo Barraco eacute santuaacuterio

Deus natildeo vai jogar no chatildeo

Adilson Godoy (1966)

E exemplificando a dinacircmica social dentro do contexto favela trecircs canccedilotildees escritas na

mesma deacutecada revelam o que se podia esperar sendo um favelado Haacute nitidamente as

carecircncias Mas quem se disporia a dar conta daquela realidade

69

O meu guri

Quando seu moccedilo nasceu meu rebento Natildeo era o momento dele rebentar Jaacute foi nascendo com cara de fome

E eu natildeo tinha nem nome pra lhe dar Como fui levando natildeo sei lhe explicar

Fui assim levando ele e me levar E na sua meninice ele um dia me disse

Que chegava laacute Olha aiacute olha aiacute olha aiacute

Olha aiacute eacute o meu guri Chega no morro com carregamento

Pulseira cimento reloacutegio pneu gravador Rezo ateacute ele chegar caacute no algo

Essa onda de assalto ta um horror Eu consolo ele ele me consola

Boto ele no colo pra ele me ninar De repente acordo olho pro lado

E o danado jaacute foi trabalhar Olha aiacute

Olha aiacute olha aiacute olha aiacute Olha aiacute ai eacute o meu guri

Ele chega Chega estampado manchete retrato

Com venda nos olhos legenda e as iniciais Eu natildeo entendo essa gente seu moccedilo

Fazendo alvoroccedilo demais O guri no mato acho que ta rindo Acho que ta lindo de papo pro ar

Desde o comeccedilo eu natildeo disse seu moccedilo Ele disse que chegava laacute Olha aiacute olha aiacute olha aiacute Olha aiacute ai eacute o meu guri

Chico Buarque 1981

70

Alagados

() Palafitas tristes farrapos Filhos da mesma agonia

E a cidade de braccedilos abertos num cartatildeo postal Com os punhos fechados da vida real

Lhes nega a oportunidade Mostra a face dura do mal

Alagados trench town favela da Mareacute A esperanccedila natildeo vem do mar nem das antenas de TV

A arte eacute de viver da feacute Soacute natildeo se sabe feacute em quecirc

Herbert Vianna Bi Ribeiro e Joatildeo Barone (1986)

Nos barracos da cidade

Nos barracos da cidade Ningueacutem mais tem ilusatildeo No poder da autoridade

De tomar a decisatildeo E o poder da autoridade Se pode natildeo faz questatildeo

Se faz questatildeo natildeo consegue Enfrentar o tubaratildeo

Ocirc ocirc ocirc ocirc ocirc Gente estuacutepida

Ocirc ocirc ocirc ocirc ocirc Gente hipoacutecrita

Liminha e Gilberto Gil 1986

71

PARTE II

CARACTERIacuteSTICAS DA AacuteREA DE ESTUDO

72

CAPIacuteTULO CINCO

O COMPLEXO DE FAVELAS DE ACARI

51 A ldquoFAVELA DE ACARIrdquo Natildeo existe simplesmente a ldquofavela do Acarirdquo mas sim um complexo de favelas que ao

longo dos anos adensaram e tornaram-se administrativamente um complexo Ateacute para os seus

moradores essa distinccedilatildeo eacute hoje em dia real e traz alguns dos benefiacutecios e malefiacutecios

propostos pelo tipo de administraccedilatildeo puacuteblica do momento

O Complexo de Acari eacute formado pelas comunidades de Vila Esperanccedila Vila Rica de

Irajaacute e Parque Acari com cerca de 25 mil habitantes segundo dados do censo de 2000 do

Instituto Pereira Passos ndash IPP e do IBGE Estas trecircs comunidades satildeo na verdade trecircs

grandes favelas que juntas ocupam uma aacuterea aproximada de 537880 msup2

Localizado agraves margens da Avenida Brasil o Complexo de Favelas de Acari tem como

vizinhos contiacuteguos os bairros da Pavuna de Coelho Neto de Irajaacute de Jardim Ameacuterica e

Parque Coluacutembia O bairro de Acari situado na XXV Regiatildeo Administrativa eacute separado do

bairro de Coelho Neto pela linha 2 do Metrocirc

Eacute uma regiatildeo servida por diversas linhas de ocircnibus e delimitada pela linha dois do

metrocirc no seu lado oeste pela BR-116 ndash Rodovia presidente Dutra pelo seu lado leste pela

Avenida Brasil pelo lado sul e pelo Rio Acari pelo lado norte

Esta regiatildeo comeccedilou a ser ocupada na deacutecada de 40 apoacutes a abertura da Avenida das

Bandeiras depois chamada de Avenida Brasil Com exceccedilatildeo do conjunto Areal tambeacutem

denominado de Amarelinho e da Olaria toda a parte plana era um manguezal que foi aterrado

aos poucos Segundo alguns moradores que estatildeo na comunidade haacute pelo menos 50 anos o

iniacutecio da ocupaccedilatildeo foi marcado pela ausecircncia de luz eleacutetrica e de aacutegua potaacutevel que era

colhida do outro lado da Avenida Brasil no conjunto habitacional de Coelho Neto Haacute quem

diga que o lugar era cheio de caranguejos ratildes cobras e jacareacutes

Somente na deacutecada de 70 os moradores comeccedilaram a ser organizar para legalizar a

ocupaccedilatildeo Para isso depois de uma uniatildeo com os trabalhadores da olaria os moradores

73

reuniram-se com alguns oacutergatildeos puacuteblicos Depois de 25 anos os moradores receberam o tiacutetulo

de propriedade e em 1981 a comunidade consegui estruturar sua associaccedilatildeo de moradores

52 ESPACIALIDADE DO COMPLEXO DENTRO DO CONTEXTO MUNICIPAL

Ao longo dos anos o Conjunto Acari expandiu-se no entorno de suas vias de acesso

principalmente da Rua Enora Como os centros comerciais ficavam longe da comunidade

comeccedilaram a surgir nas imediaccedilotildees lojas de material de construccedilatildeo o que facilitou aos

moradores a substituiccedilatildeo da madeira pela alvenaria em suas casas Das trecircs comunidades do

Conjunto Acari Vila Rica de Irajaacute foi a uacutenica a ocupar um terreno jaacute explorado que pertencia

a uma olaria e ao INSS A prefeitura do Rio de Janeiro natildeo dispotildee de dados precisos de

quando a ocupaccedilatildeo comeccedilou mas segundo alguns moradores o lugar que havia se chamado

de Areal teria sido batizado de Coroado devido agrave semelhanccedila com a cidade de Coroado

onde na ocasiatildeo se desenrolava a novela Irmatildeos Coragem Em 1979 com a ocupaccedilatildeo

consolidada foi fundada a Associaccedilatildeo de Moradores e a comunidade passou a se chamar

Parque Vila Rica Na deacutecada de 80 um projeto de urbanizaccedilatildeo levou aos moradores a

implantaccedilatildeo das redes de aacutegua e esgoto Nessa eacutepoca as trecircs comunidades de Acari uniram

esforccedilos para cobrar do poder puacuteblico mais investimentos na regiatildeo A expansatildeo da

comunidade soacute era possiacutevel com aterro de aacutereas alagadas e de manguezais Com isso o

escoamento de aacuteguas pluviais ficava cada vez mais difiacutecil ateacute que em 1986 uma tempestade

provocou uma grande inundaccedilatildeo que deixou o interior da maioria das casas com cerca de um

metro de aacutegua Atualmente Vila Rica de Irajaacute eacute dividida em sete setores o Central formado

pela Rua Olaria a principal da comunidade que concentra os serviccedilos e o comeacutercio do lugar

o Cruzeiro que fica na parte alta do conjunto o Portinho cujo acesso eacute difiacutecil o Marginal da

Avenida Brasil com uma faixa de cerca de 100 metros junto agrave avenida com intenso fluxo de

veiacuteculos e de pedestres o do Vale com acesso apenas para pedestres e o marginal ao canal

que concentra serviccedilos comunitaacuterios como o Centro Dom Bosco e o Centro Cultural Areal

Livre

A ocupaccedilatildeo do Parque Acari tambeacutem data de 1940 e tem em seu histoacuterico confrontos

de moradores com policiais militares que vaacuterias vezes derrubaram os barracos erguidos na

comunidade Segundo os moradores apoacutes vaacuterias tentativas frustradas de remoccedilatildeo das

famiacutelias Ernesto Lima de Souza suposto proprietaacuterio do terreno tentou fechar o lugar

Entretanto diante de resistecircncia dos moradores desistiu da accedilatildeo e retirou-se definitivamente

74

Apesar de feito pelos proacuteprios moradores o processo de ocupaccedilatildeo do Parque Acari deu-se de

forma ordenada com a construccedilatildeo das casas devidamente alinhadas seguindo caracteriacutesticas

de um loteamento Desde o iniacutecio da ocupaccedilatildeo os moradores contaram com ajuda de norte-

americanos da Igreja Presbiteriana que entre outras accedilotildees ergueram o preacutedio da associaccedilatildeo

de moradores No final dos anos 60 a comunidade teve sua proacutepria escola de samba a

Impeacuterio de Acari que chegou a desfilar no grupo principal em 1968 e 1969 A quadra ficava

onde hoje fica a Travessa Braule e o Beco Leandro em homenagem ao fundador da escola

Os nomes de ruas e becos homenageiam antigos moradores da comunidade

Atualmente o Parque Acari tem quatro sub-setores O principal deles eacute formado pelas vias de

acesso agrave comunidade as ruas Pantoja Edgar Soutello e Piracambu Os outros satildeo a Travessa

Piracambu limite da comunidade com a Faacutebrica da Esperanccedila a aacuterea central que fica entre a

Travessa Piracambu e Edgar Soutello e a Rua Uniatildeo A vida social dos moradores da

Comunidade do Conjunto Acari mudou nos anos 90 quando um grupo de adolescentes foi

alvo da violecircncia Agraves matildees destes jovens juntaram-se outras que formaram o grupo Matildees de

Acari Com apoio de entidades da sociedade civil ONGs e voluntaacuterios a comunidade buscou

proteccedilatildeo para os jovens da comunidade Dentre as accedilotildees estabelecidas a que mais chamou a

atenccedilatildeo foi o Projeto Faacutebrica da Esperanccedila implantado nas antigas instalaccedilotildees da Formiplac

Assim os jovens da comunidade passaram a ter acesso a cursos profissionalizantes atividades

esportivas e soacutecio-recreativas A Faacutebrica da Esperanccedila entretanto por falhas em sua

administraccedilatildeo natildeo teve vida longa e acabou sendo fechada

521 VILA ESPERANCcedilA

A favela Vila Esperanccedila eacute uma das muitas favelas cariocas a ser beneficiada pelo

programa Favela Bairro da Prefeitura Municipal Sua data de cadastramento junto a Prefeitura

do Rio de Janeiro eacute de 08031982 Esta favela tem Regularizaccedilatildeo urbaniacutestica fundiaacuteria

baseada na Lei de Aacuterea de Especial Interesse Social nuacutemero 384604 PREFEITURA MUN

DO RIO DE JANEIRO

Aleacutem de Vila Esperanccedila esta favela recebe outros nomes

a) Para a SMU ela se chama Ninho de Cobras

b) Para o IBGE Parque Vila Rica de Irajaacute e

c) Para seus moradores - Coroado

75

Pelo que se nota estes nomes tornam peculiar a forma com que se classificam os

moradores pelo espaccedilo do municiacutepio do Rio de Janeiro Isto tem implicaccedilotildees poliacuteticas

econocircmicas e culturais para eles Segundo entrevista com o Presidente da Associaccedilatildeo do

Areal os moradores satildeo estigmatizados perante outras comunidades e nas empresas quando

precisam dizer o nome do local onde vivem Entatildeo segundo o Presidente da Associaccedilatildeo muito

se tem lutado para reconhecer esta comunidade com o bairro e o avanccedilo disso foi a inclusatildeo

da aacuterea no Programa de Favela Bairro que trouxe alguns avanccedilos importantes na aacuterea de

saneamento e coleta de aacutegua potaacutevel mas que ainda assim natildeo se concretizou plenamente

ficando ainda obras por serem realizadas Algumas casas mesmo dentro da aacuterea de

planejamento do Programa Favela Bairro natildeo foram contempladas mantendo ainda o grau de

insalubridade a que outras aacutereas excluiacutedas do programa estatildeo ateacute hoje vivenciando

No imaginaacuterio da populaccedilatildeo ser morador da Vila Esperanccedila difere socialmente de ser

morador do Ninho de Cobras apesar de ser o mesmo lugar Deveria haver um avanccedilo da

administraccedilatildeo puacuteblica com relaccedilatildeo a esta preocupaccedilatildeo da populaccedilatildeo Bem ou mal ali eacute o local

onde habitam onde fincaram raiacutezes e onde criam seus filhos Urge uma unificaccedilatildeo de nomes

para que com isso haja um aumento no niacutevel de auto-estima para seus habitantes

Os nomes que trazem conotaccedilatildeo jocosa para a comunidade estatildeo em processo de

mudanccedila e segundo o Presidente da Associaccedilatildeo de Moradores natildeo soacute Ninho de Cobras mas

outros nomes como Fim do Mundo Mangue Seco Beco do Zeacute do Porco estatildeo em processo

de troca por respectivamente Moinho de Ouro Primeiro Mundo Atalaia Vila Satildeo Luiz

Junto a Vila Esperanccedila se encontra o conjunto habitacional do Areal (Amarelinho) A

histoacuteria deste conjunto remonta aos anos de 1949 e 1951 Seus moradores satildeo originaacuterios das

regiotildees hoje conhecidas como Catacumba Praia do Pinto que atualmente pertencem a aacutereas

nobres dentro do Municiacutepio O conjunto foi construiacutedo depois que houve um remodelamento

de um morro por terraplenagem e com isso proporcionou um platocirc para a construccedilatildeo do

conjunto O terreno que na eacutepoca era de propriedade do Ministeacuterio da Agricultura hoje faz

parte dos espoacutelios do CEASA e a alvenaria do Conjunto tem o INSS como proprietaacuterio ateacute

que seus moradores regularizem sua aquisiccedilatildeo junto a este oacutergatildeo

Segundo o IPP IBGE (censo de 2000) a populaccedilatildeo da Vila Esperanccedila eacute de 5666

pessoas distribuiacutedas por 1258 domiciacutelios Vila Esperanccedila compartilha na verdade suas escolas com alunos de outras favelas do

complexo Essas escolas satildeo

Casa da Crianccedila Amarelinho

Ciep Doutor Adatildeo Pereira Nunes

76

Escola Municipal Conde Pereira Carneiro

Escola Municipal Corneacutelio Pena

Escola Municipal Oliacutempia do Couto e

Escola Municipal Sebastiatildeo Lacerda

Aleacutem dessas escolas e ainda tambeacutem usadas pelos moradores das outras duas favelas

que compotildeem o complexo tem-se

Creche Municipal Major Celestino Santos

Centro de Referecircncia da Assistecircncia Social de Acari

Centro de Referecircncia da Assistecircncia Social Joseacute Carlos Campos

Posto de Assistecircncia Meacutedica Francisco da Silva Telles

Posto de Sauacutede Edma Valadatildeo e

Posto de Sauacutede Prof Carlos Cruz Lima

522 VILA RICA DE IRAJAacute

A favela Vila Rica de Irajaacute se encontra inserida entre duas outras que satildeo a Vila

Esperanccedila e o Parque Acari sendo tambeacutem uma favela beneficiada pelo programa Favela

Bairro Sua data de cadastramento junto a Prefeitura do Rio de Janeiro eacute de 18021982

anterior agrave favela de Vila Esperanccedila Segundo a Prefeitura Municipal do Rio de janeiro Vila

Rica de Irajaacute se encontra ainda sem informaccedilotildees disponiacuteveis quanto a regularizaccedilatildeo

urbaniacutestica fundiaacuteria

Aleacutem de Vila Esperanccedila esta favela recebe outros nomes

a) Para a LIGHT ela se chama Vila Rica

b) Para alguns moradores tambeacutem se chama Coroado mesmo nome dado a favela de

Vila Esperanccedila

Sua populaccedilatildeo segundo o censo de 2000 encontrava-se em 9664 pessoas divididas

entre 2659 domiciacutelios Assim como a favela de Vila Esperanccedila Vila Rica tem como

equipamento puacuteblico adicional

Ciep Antonio Candeia Filho

Escola Municipal General Osoacuterio

Escola Municipal Monte Castelo

Escola Municipal Oliacutempia do Couto

Escola Municipal Jardim de Infacircncia Ana de Barros Cacircmara

77

Centro de Referecircncia da Assistecircncia Social Francisco Sales de Mesquita e

Posto de Sauacutede Sylvio Brauner

523 PARQUE ACARI

A favela Parque Acari encontra-se adjacente ao Hospital de Acari Tambeacutem assim

como as outras duas do complexo esta eacute uma favela beneficiada pelo Programa Favela

Bairro Sua data de cadastramento junto a Prefeitura do Rio de Janeiro eacute de 08021982 Sua

Regularizaccedilatildeo urbaniacutestica fundiaacuteria encontra-se tambeacutem sem dados disponiacuteveis pela

Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro

Outras instituiccedilotildees como o IBGE denominam de Parque Vila Rica de Irajaacute e a

Secretaria Municipal de Urbanismo a chama de Ninho de Cobras que como foi abordado

anteriormente traz uma conotaccedilatildeo pejorativa para a localidade

Sua populaccedilatildeo segundo o censo de 2000 se encontrava em 6638 pessoas divididas

entre 1767 domiciacutelios Ressalta-se que esses dados tecircm oito anos de defasagem

Quanto aos equipamentos puacuteblicos esta favela dispotildee dos mesmos utilizados pelas

outras duas favelas Do outro lado da linha 2 do metrocirc haacute tambeacutem outras escolas tanto

puacuteblicas quanto particulares que absorvem a demanda ali gerada

A aacuterea ocupada desta favela eacute de aproximadamente 154186 msup2

52 4 BEIRA RIO

A favela Beira Rio se encontra ao longo do Rio Acari por uma extensatildeo de 380 metros

aproximadamente Eacute uma comunidade tipicamente ldquoribeirinhardquo mas infelizmente esta

denominaccedilatildeo natildeo tem o romantismo das outras que se conhece pois o Rio Acari tornou um

esgoto agrave ceacuteu aberto haacute muito tempo

Por pertencer ao Complexo esta eacute tambeacutem um favela beneficiada pelo Programa

Favela Bairro Sua data de cadastramento junto a Prefeitura do Rio de Janeiro eacute de

21091981 Sua Regularizaccedilatildeo urbaniacutestica fundiaacuteria encontra-se tambeacutem sem dados

disponiacuteveis pela Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro

Outras insituiccedilotildees como o IBGE a chama de Beira Rio a Light a chama de Parque

Novo Rio e os proacuteprios moradores tambeacutem a chamam de Matura

78

Sua populaccedilatildeo segundo o Censo de 2000 se encontrava em 141 pessoas divididas entre

42 domiciacutelios

Quanto a equipamentos puacuteblicos esta favela dispotildee aleacutem dos mesmos utilizados pelas

outras duas favelas Natildeo foi abordado anteriormente que do outro lado da linha 2 do metrocirc haacute

tambeacutem outras escolas tanto puacuteblicas quanto particulares que absorvem a demanda gerada por

aquele lado

A aacuterea ocupada desta favela eacute de aproximadamente 15464 msup2 segundo dados fornecidos

pela Prefeitura do Rio de Janeiro Durante muito tempo esta favela viveu praticamente vizinha

da Liquid Carbonic que foi extinta em 2002 Empresa que produzia CO2 para refrigerantes

53 ATORES SOCIAIS DENTRO DO COMPLEXO Os atores sociais que podem ser encontrados dentro do complexo de favelas de Acari

variam desde moradores comuns sem nenhuma atividade poliacutetica expressiva que satildeo como

eles mesmos dizem beneficiaacuterios das atividades fomentadas e desenvolvidas por outros ou

que trazidos em forma de poliacutetica puacuteblica Ateacute representantes eleitos direta e indiretamente

pelo povo ou por assumirem um posto de ldquochefiardquo ou coordenaccedilatildeo de algum oacutergatildeo oficial do

Estado ou por ser os responsaacuteveis pelas diversas ONGrsquos espalhadas pelo Complexo Aleacutem eacute

claro dos diversos frequumlentadores que povoam a realidade diaacuteria do Conjunto de Favelas

54 REPRESENTACcedilAtildeO DO ESTADO O Estado atraveacutes das suas instituiccedilotildees deve ser o responsaacutevel pelo o fomento da

melhoria da qualidade de vida e acesso a cidadania Deve permitir um diaacutelogo entre a

sociedade dando chance para que ela pratique dos seus direitos e deveres Deve instruir o

cidadatildeo na sua capacidade de ter e participar por meio das poliacuteticas puacuteblicas

As poliacuteticas puacuteblicas mais expressivas que estatildeo relacionadas diretamente ao

complexo satildeo os Programas de Urbanizaccedilatildeo tanto a niacutevel municipal quanto Estadual e

Federal que podem ser geridos com verbas proacuteprias ou financiamento por outras grandes

instituiccedilotildees da esfera puacuteblica

Dentro do contexto do complexo de favelas de Acari os exemplos que se pode citar

neste trabalho satildeo

79

a) PROGRAMA FAVELA-BAIRRO

O programa favela-bairro foi criado como instrumento para a integraccedilatildeo urbaniacutestica e

social entre os cariocas e para reverter o quadro de degradaccedilatildeo urbana que geralmente

acompanha o desenvolvimento dos grandes centros urbanos

No seio da grande cidade e com o atrativo que desperta em regiotildees vizinhas e devido

ao grande aporte de migraccedilatildeo em busca de melhores condiccedilotildees de vida de melhor

remuneraccedilatildeo pessoas acabam neste trajeto sujeitando-se a morar em ambientes degradados

ou totalmente inapropriados e compatiacuteveis com a vida digna tanto com relaccedilatildeo agrave unidade

residencial como quanto agrave insuficiecircncia em maior ou menor grau de infra-estrutura bens e

serviccedilos puacuteblicos que constituem o padratildeo de cidade contemporacircnea

O programa favela-bairro foi instituiacutedo em 1993 com o objetivo principal de

implementar melhorias urbaniacutesticas atraveacutes de obras de infra-estrutura urbana acessibilidade

e criaccedilatildeo de equipamentos urbanos que visam ganhos sociais promoccedilatildeo social integraccedilatildeo

com a transformaccedilatildeo daquele tipo de dispersatildeo habitacional em bairro

Junto com o Favela-Bairro outras atividades do estado foram necessaacuterias para a

implementaccedilatildeo do programa que se somaram com o mesmo objetivo Estas atividades foram

a regularizaccedilatildeo fundiaacuteria e a geraccedilatildeo de renda Para o caso do complexo de Acari houve uma

parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento - BID que foi co-financiador

Segundo a Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro as principais accedilotildees para integrar as

aacutereas de favela ao tecido urbano da cidade formal foram

bull Oferecer condiccedilotildees ambientais para a leitura da favela como um bairro da cidade

bull Introduzir os valores urbaniacutesticos da cidade formal como signo de sua identificaccedilatildeo

como bairro ndash ruas praccedila

bull Mobiliaacuterio e serviccedilos puacuteblicos

bull Consolidar a inserccedilatildeo das favelas no processo de planejamento da cidade

bull Implementar accedilotildees de caraacuteter social implantando creches programas de geraccedilatildeo de

renda e capacitaccedilatildeo profissional e atividades esportivas culturais e de lazer

80

b) O PROGRAMA BAIRRINHO

O programa Bairrinho eacute um favela-bairro nas comunidades de pequeno porte (de 100 a

500 domiciacutelios) Com o objetivo de integrar essas aacutereas agrave cidade o programa implanta infra-

estruturam equipamentos e serviccedilos puacuteblicos ao mesmo tempo que incentiva a participaccedilatildeo

comunitaacuteria e estimula a geraccedilatildeo de emprego e renda

Entre as intervenccedilotildees do Programa estatildeo a abertura e pavimentaccedilatildeo de ruas

construccedilatildeo de redes de aacutegua esgoto e drenagem iluminaccedilatildeo puacuteblica creches quadras

poliesportivas praccedilas aacutereas de lazer criaccedilatildeo de serviccedilos de limpeza urbana aleacutem de

reflorestamento e remoccedilatildeo de famiacutelias que vivem em aacutereas de risco com reassentamento na

proacutepria comunidade e demarcaccedilatildeo dos limites com objetivo de evitar a expansatildeo da aacuterea

c) A REGULARIZACcedilAtildeO FUNDIAacuteRIA

Segundo a Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro a regularizaccedilatildeo fundiaacuteria viabilizou

o direito agrave propriedade ao mesmo tempo em que ampliou a base da cidade legal beneficiando

as famiacutelias - a maioria de baixa renda - e a cidade que passou a ter o controle urbaniacutestico e

tributaacuterio do local A prefeitura para essa regularizaccedilatildeo utilizou-se de instrumentos legais

como o usucapiatildeo urbano concessatildeo do direito real de uso termos de doaccedilatildeo (quando se

tratou de aacutereas municipais) e a transferecircncia da propriedade por acordo entre o proprietaacuterio e

os ocupantes dos imoacuteveis Haacute ainda no seio do complexo aacutereas federais que estatildeo sendo

negociadas como eacute o caso do conjunto do amarelinho

d) OS EQUIPAMENTOS PUacuteBLICOS

- Escolas Estaduais

- Escolas Municipais Escola Municipal Olimpia do Couto Escola Municipal Conde

Pereira Carneiro Escola Municipal Corneacutelio Pena Escola Municipal Sebastiatildeo de Lacerda

Ciep Doutor Adatildeo Pereira Nunes

- Creches Casa da Crianccedila Creche Municipal Major Celestino R dos Santos

81

- Centro de referecircncia da assistecircncia Social Centro de Referecircncia da Assistecircncia Social

Joseacute Carlos Campos

- Centro Comunitaacuterio de defesa da cidadania

- Unidades de Sauacutede Posto de Assistecircncia Meacutedica Francisco da Silva Telles Posto de

Sauacutede Edma Valadatildeo Posto de Sauacutede Prof Carlos Cruz Lima e o Hospital Ronaldo Gazolla

(Hospital do Acari) que se encontra fechado

82

CAPIacuteTULO SEIS

REPRESENTACcedilAtildeO SOCIAL

61 REPRESENTACcedilAtildeO SOCIAL

Para se estudar os fenocircmenos que permeiam a realidade do Complexo de Favelas de

Acari optou-se por utilizar a Teoria das Representaccedilotildees Sociais para tentar trazer agrave luz a

maneira pela qual os diversos atores envolvidos na realidade daquele complexo interagem

entre si produzindo material de convivecircncia de luta fomentando a produccedilatildeo social do espaccedilo

urbano

Mas o que satildeo Representaccedilotildees Sociais Elas satildeo reconhecidas como fenocircmenos

psicossociais histoacutericos e culturalmente condicionados Sua explicaccedilatildeo deve se dar

necessariamente aos niacuteveis de anaacutelise posicional pois as representaccedilotildees como diz FARR

(1992) apud SAacute 1996 ldquoestatildeo tanto na cultura quanto na cogniccedilatildeordquo As representaccedilotildees sociais

designam tanto um conjunto de fenocircmenos quanto o conceito que os engloba e a teoria

construiacuteda para explicaacute-los Foi inaugurado por Serge Moscovici em 1961

Segundo JODELET (1989) apud SAacute (1996) eacute uma forma de conhecimento

socialmente elaborada e partilhada que tem um objetivo praacutetico e concorre para a construccedilatildeo

de uma realidade comum a um conjunto social Uma forma de saber praacutetico que liga um

sujeito a um objeto Para DOISE (1990) apud SAacute (1996) satildeo princiacutepios geradores de

tomadas de posiccedilatildeo ligadas a inserccedilotildees especiacuteficas em um conjunto de relaccedilotildees sociais e que

organizam os processos simboacutelicos que intervecircm nessas relaccedilotildees Para ABRIC (1994) apud

SAacute (1996) eacute o produto de uma atividade mental pela qual um indiviacuteduo ou um grupo

reconstitui o real com que se confronta e lhe atribui uma significaccedilatildeo especiacutefica

Esta teoria tem algumas vantagens pois daacute conta dos significados sociais construiacutedos e

partilhados atraveacutes da comunicaccedilatildeo A populaccedilatildeo do complexo de Acari tem suas

necessidades que satildeo baseadas no que conhecem da realidade e do que jaacute foi internalizado

cognitivamente de uma realidade natildeo vivida Com isso fica faacutecil ler nos seus discursos

construccedilotildees coletivas do fazer sendo esse bom ou mau As representaccedilotildees sociais

83

representam por excelecircncia o espaccedilo do sujeito social lutando para dar sentido interpretar e

construir um mundo em que ele se encontra

O agir baseado nas representaccedilotildees daacute-se atraveacutes da transformaccedilatildeo das atividades

mentais em objeto que por si soacute eacute possiacutevel dentro de um dado quadro social constituiacutendo

assim uma heranccedila social comum Natildeo haacute nada real que natildeo seja construiacutedo pelo sujeito

apoiando-se em sistema de valores e implicados em um contexto social e ideoloacutegico Segundo

ANADON e MACHADO (2001) ldquoa partir da heranccedila social o indiviacuteduo desempenha um

papel natildeo negligenciaacutevel em suas tomadas de decisatildeo ele eacute ao mesmo tempo produto e

produtor da sociedade e esta existe somente atraveacutes das suas praacuteticasrdquo

VALA (1993) apud SAacute (1996) eacute um teoacuterico que descreve o contexto fenomenal das

representaccedilotildees sociais distinguindo trecircs campos de significaccedilatildeo

a) Conhecimento vulgar de ideacuteias cientiacuteficas popularizadas

b) Objetos culturalmente construiacutedos atraveacutes de uma longa histoacuteria e seus equivalentes

modernos

c) Condiccedilotildees e acontecimentos sociais e poliacuteticos onde as representaccedilotildees que

prevalecem tecircm um curto prazo de significaccedilatildeo para a vida social

De acordo com IBANtildeEZ (1988) apud SAacute (1996) grande parte do material que se

constroacutei uma representaccedilatildeo social proveacutem do fundo cultural acumulado na sociedade ao longo

de sua histoacuteria Esse fundo circula atraveacutes de toda a sociedade sob forma de crenccedilas

amplamente compartilhadas de valores considerados como baacutesicos e de referecircncias histoacutericas

e culturais que conformam a memoacuteria coletiva e ateacute a identidade da proacutepria sociedade

Na formaccedilatildeo de uma representaccedilatildeo social o material cognitivo se torna social atraveacutes

da dependecircncia entre os membros do grupo social As representaccedilotildees com isso podem ser

hegemocircnicas ndash as que satildeo partilhadas por todos os membros de um grupo altamente

estruturado podem ser emancipadas ndash que satildeo consequumlentes da circulaccedilatildeo do conhecimento e

das ideacuteias pertencentes a subgrupos que se encontram em contato mais ou menos estreito e

por fim haacute as chamadas de polecircmicas que satildeo geradas no curso de conflitos sociais de

controveacutersias sociais e a sociedade como um todo natildeo as compartilha MOSCOVICI (1988)

Logo representaccedilatildeo social eacute a modalidade de conhecimento particular que tem por

funccedilatildeo exclusiva a elaboraccedilatildeo de comportamentos e a comunicaccedilatildeo entre indiviacuteduos no

quadro da vida cotidiana

ABRIC (ibidem) relata as finalidades proacuteprias das representaccedilotildees sociais

a) Funccedilatildeo de saber ndash onde elas permitem compreender e explicar a realidade facilitando

a comunicaccedilatildeo social

84

b) Funccedilatildeo identitaacuterias ndash onde definem a identidade e permitem a salvaguarda da

especificidade dos grupos

c) Funccedilatildeo de orientaccedilatildeo ndash onde guiam os comportamentos e as praacuteticas Produzindo

tambeacutem um sistema de antecipaccedilotildees e de expectativas

d) Funccedilatildeo justificatoacuteria ndash onde permite justificar a posteriori as tomadas de posiccedilatildeo e os

comportamentos

E por que utilizar-se das Representaccedilotildees Sociais Porque entendendo o impacto delas

no contexto social eacute que se pode questionar esse contexto transformar o curso dado da vida e

ajudar na construccedilatildeo de uma nova histoacuteria JOVCHELOVICH (2000)

62 REPRESENTACcedilAtildeO SOCIAL DOS ATORES ENTREVISTADOS NO

COMPLEXO DE FAVELAS DE ACARI

ldquoQuando as condiccedilotildees sociais eou o ambiente natural afetam o indiviacuteduo a intensidade dos efeitos na qualidade da sua experiecircncia humana dependeraacute da sua capacidade em perceber essa influecircncia uma vez que a percepccedilatildeo eacute uma variaacutevel culturalrdquo

BOYDEN et al (1981) apud DIAS (1997)

Segundo JOVCHELOVICH (2000) uma forma de se interpretar o que foi produzido

pelos entrevistados eacute utilizar-se de um sistema de codificaccedilatildeo onde mediante ele as unidades

de sentido e modalidades discursivas associadas ao conteuacutedo que emergiu das entrevistas

seja trabalhado em termos de Representaccedilatildeo Social A Representaccedilatildeo Social como um

veiacuteculo de tentar desvelar a realidade social eacute um veiacuteculo em que se busca reconstruir a partir

das falas tomadas de decisatildeo ou indignaccedilatildeo por parte do interlocutor Para suas construccedilotildees

cognitivas haacute sempre uma correlaccedilatildeo com o tom de voz e expressividade ou mesmo

participaccedilatildeo atraveacutes do fazer objetivo

Foi utilizado um sistema de codificaccedilatildeo procurando classificar os conteuacutedos a partir

das modalidades discursivas em que estas aparecem descriccedilotildees explicaccedilotildees e causas das

vaacuterias realidades descritas pelos entrevistados e efeitos e estrateacutegias de enfrentamento

85

associadas com as descriccedilotildees e explicaccedilotildees Trata-se de a partir de palavras chaves comuns

montar um entendimento da heterogeneidade aparente nas falas e trazecirc-la para um marco

comum

As modalidades discursivas expressas no conteuacutedo gravado das entrevistas estatildeo

ligadas a unidades de sentido que constituem o sistema geral de codificaccedilatildeo da fala e foram

reorganizadas em niacuteveis maiores de abstraccedilatildeo de modo a gerar unidades temaacuteticas Essas falas

satildeo um reflexo da realidade em que vivem e ao mesmo tempo dita e questionada pelos

proacuteprios O que natildeo se pode deixar de lado eacute o individualismo que mesmo dentro das

Representaccedilotildees Sociais parece ser uma constante

Eacute vaacutelida a metodologia da narrativa para se estudar as Representaccedilotildees Sociais

RICOEUR (1980) apud JOVCHELOVITCH (2000) afirma que

ldquoO tempo da narrativa eacute desde o iniacutecio tempo de ser-com-outros () a arte de contar estoacuterias reteacutem o caraacuteter publico do tempo e ao mesmo tempo natildeo o deixa deslizar para o anonimato ndash ela o faz um tempo comum aos atores um tempo tecido pela sua interaccedilatildeo Agrave niacutevel da narrativa naturalmente lsquooutrosrsquo existemrdquo

O quadro 1 mostra os temas e a organizaccedilatildeo das unidades de sentido as unidades de

sentido

CULTURA

FATALIDADE

INDIVIDUALISMO

MEIO

AMBIENTE

NECESSIDADES

PODER

PUacuteBLICO

SAUacuteDE

Educaccedilatildeo Mente pequeninha

Favela Valor individual Biodiversidade Orientar Gari comunitaacuterio

Sentir-se saudaacutevel

Reciclagem Violecircncia urbana Conflitos

Despreocupaccedilatildeo Aacutegua Ar Limpeza Natildeo melhorou natildeo

Viver bem

IDH Desmatamento Participaccedilatildeo individual

Esgoto Saneamento Vala negra

Conscientizaccedilatildeo Guardiotildees do Rio

Melhoria do espaccedilo limitado

Prevenccedilatildeo Doenccedilas repetitivas

Sistema de vida

Urbanizaccedilatildeo Verbas destinadas

Espaccedilo fiacutesico de lazer

Consumismo Epidemia Defesa do espaccedilo fiacutesico

Equiliacutebrio fiacutesico-mental

Insalubridade Limpeza Lixo

Educaccedilatildeo

Limpeza de onde se vive

Vala negra Mosquito Dengue

Incapacidade Casa Poluiccedilatildeo Comunidade

Lugar onde vive

Quadro 1 de modalidades discursivas e suas representaccedilotildees sociais

86

As modalidades discursivas satildeo toacutepicos nos quais foram incluiacutedas as representaccedilotildees

sociais Elas separam os diversos temas em unidades afins menores dando com isso melhor

entendimento para o processo de construccedilatildeo da representaccedilatildeo social As modalidades

discursivas forma eixos que subjazem e dos quais fica mais faacutecil a construccedilatildeo e interpretaccedilatildeo

das representaccedilotildees dos entrevistados

Da tabela pode-se destacar cultura fatalidade individualismo meio ambiente

necessidades poder puacuteblico e sauacutede Estas retiradas do conteuacutedo entrevistado ao longo da

pesquisa de campo logo a tabela mostra as diversas modalidades discursivas e suas

representaccedilotildees sociais associadas

621 CULTURA REPRESENTANDO SUA INTER-RELACcedilAtildeO COM O REAL

A cultura de uma populaccedilatildeo eacute uma tomada de posiccedilatildeo frente agraves realidades que se vive

e as Representaccedilotildees Sociais advindas daiacute satildeo diversas Pode haver uma faceta de repeticcedilatildeo do

que outros jaacute tecircm feito e pode tambeacutem gerar o novo numa mistura que enriquece o dia-a-dia

A cultura pode vir a ser tudo o que eacute aprendido e partilhado pelos indiviacuteduos de um

determinado grupo e que lhes confere identidade dentro do grupo a que pertence A cultura eacute

o conjunto de manifestaccedilotildees humanas que contrastam com a natureza ou comportamento

natural

Das entrevistas percebe-se que para a boa convivecircncia os moradores devem ter

determinados tipos de atitudes devem ter um fazer com valor positivo socialmente Das

modalidades discursivas emerge a necessidade de educaccedilatildeo como miacutenimo paracircmetro para se

ter educaccedilatildeo e para se viver em sociedade

Educaccedilatildeo eacute tida como uma forma de se perpetuar agraves geraccedilotildees que se seguem dos meio

culturais necessaacuterios agrave convivecircncia em sociedade Eacute um tipo de conhecimento que uma vez

aprendido internalizado capacita o indiviacuteduo a contextualizar sua realidade e este indiviacuteduo

tem a oportunidade de partilhar o conteuacutedo apreendido atraveacutes de redes de multiplicaccedilatildeo A

grande dificuldade especialmente para os moradores deste Complexo eacute justamente delimitar o

que seja educaccedilatildeo Natildeo se pode por si soacute dizer que estes natildeo a tenham O que natildeo se consegue

precisar eacute o niacutevel de educaccedilatildeo que eles tecircm natildeo querendo cair no discurso do que eacute melhor ou

pior mas sim qual o niacutevel eacute satisfatoacuterio para a convivecircncia em sociedade

Como base a educaccedilatildeo eacute necessaacuteria para moldar a personalidade do indiviacuteduo para

mostrar o caminho agraves pessoas para que se consiga abstrair o que eacute certo o que eacute errado

87

mediante os siacutembolos e signos sociais Certamente cada habitante tem uma histoacuteria de vida

herdam conceitos sabem sobre o fazer Sabem dos direito deveres Talvez tenham recebido

um resquiacutecio da educaccedilatildeo formalizada em algum momento de suas vidas atraveacutes da escola

Talvez a tenham percebido pelo debate social travado continuamente na esfera puacuteblica

tambeacutem fora da escola ndash a educaccedilatildeo eacute um continum

Como se sabe natildeo eacute somente a educaccedilatildeo bancaacuteria ou tradicional que educa ou

deseduca A escola apesar de ser a primeira entrada no mundo natildeo eacute de modo algum o mundo

e muito menos deve pretender a secirc-lo A escola eacute antes a instituiccedilatildeo que se interpotildee entre o

mundo privado do lar e o mundo de modo a tornar possiacutevel a transiccedilatildeo da famiacutelia para o

mundo

Em diversas entrevistas a palavra educaccedilatildeo apareceu com um tom de reclame pelo o

que tem acontecido no interior daquela comunidade e ela estaacute vinculada fortemente agrave palavra

lixo A educaccedilatildeo dos moradores eacute questionada por exemplo quanto agrave destinaccedilatildeo final dos

seus resiacuteduos soacutelidos Ela eacute cobrada continuamente porque muitos moradores jogam lixo em

todo e qualquer lugar Satildeo praacuteticas difiacuteceis de se coibir As pessoas jogam lixo pelo chatildeo e

natildeo se importam com que outros vatildeo dizer Natildeo satildeo simples papeacuteis de bala ou papeizinhos

amassados mas sim bolsas de mercado com o produto das suas atividades diaacuterias que fica

emoldurando esquinas agrave mercecirc de catildees e principalmente insetos e roedores Muitos dos

moradores natildeo se importam e natildeo tecircm a visatildeo de que aquele ato poderaacute trazer doenccedilas

ldquo e outra coisa eacute noacutes temos o lixo aqui as pessoas natildeo educadas eles

natildeo eles jogam o lixo toda vez eacute garrafa pet para um lado viacutescera de

peixe pra um lado viacutescera de galinha para um lado entatildeo eles natildeo sabem

separar isso eacute falta de educaccedilatildeo ambiental e natildeo eacute feito na comunidade as

escolas que estatildeo comeccedilando agora a fazer issordquo

ENTREVISTA 1

Jogar lixo no chatildeo ou pela janela dos veiacuteculos de transporte passa a ser normal dentro

de uma realidade que envolve problemas educacionais deficiecircncia de se internalizar o

discurso da higiene e da qualidade de vida Eacute ainda mais evidente quando se tem um serviccedilo

puacuteblico e regular de limpeza urbana

88

ldquo ah se vocecirc se andar nas ruas becos vocecirc vecirc muita sujeira os garis

acabam de limpar e se eles voltarem duas horas depois estaacute tudo sujo

ENTREVISTA 1

A educaccedilatildeo ou a deseducaccedilatildeo de os moradores de modo a natildeo dispersarem o lixo em

lugares inapropriados e fora do periacuteodo de coleta acaba tornando um problema coletivo

importante Esse comportamento natildeo se justifica em qualquer hipoacutetese mas tudo fica mais

faacutecil quando se dispotildee de algueacutem para retirar esse lixo do meio do caminho no caso a

presenccedila dos garis Eacute como se as pessoas se sentissem no direito de dar trabalho a eles Afinal

segundo a oacutetica desses moradores os garis estatildeo ali para aquilo (Figs 1-B e 2-B)

ldquo mas as vezes o morador eacute culpado porque pegam a bolsinha de lixo e

natildeo quer andar ateacute a ponta aqui e depois venha aqui cobrarrdquo

ENTREVISTA 2

Soacute muito recentemente eacute que as questotildees ambientais tecircm entrado na pauta educacional

do Sistema Brasileiro de Educaccedilatildeo Em 1946 foi incluiacutedo no curriacuteculo escolar questotildees

relativas agrave higiene e agraves ciecircncias naturais (os primoacuterdios da educaccedilatildeo ambiental) Por ter

havido uma ruptura com o modelo agraacuterio-exportador a educaccedilatildeo passa a responder agraves

necessidades criadas pela industrializaccedilatildeo do paiacutes ZOTTI (2008)

TRAVASSOS (2001) afirma que devido agrave fragilidade dos ambientes naturais com a

questatildeo da sobrevivecircncia humana em cheque com o aumento dos movimentos ambientalistas

e agraves preocupaccedilotildees ecoloacutegicas criou-se as condiccedilotildees para a inclusatildeo curricular de assuntos

relacionados ao meio ambiente que jaacute em 1977 com a I Conferecircncia Nacional de Educaccedilatildeo

Ambiental realizada em Brasiacutelia pelo Ministeacuterio do Meio Ambiente que produziu os seguintes

resultados

ldquoOs trecircs temas mais abordados nos projetos foram Problemas da Realidade Local 472 Educaccedilatildeo Ambiental no Contexto Escolar 451 e LixoReciclagem 326 A orientaccedilatildeo presente no processo educacional de ter como ponto de partida a busca da percepccedilatildeo da realidade mais proacutexima relacionando-se com as preocupaccedilotildees comunitaacuterias eacute uma constante nos projetos que participam desta pesquisa Do mesmo modo a Educaccedilatildeo Ambiental no Contexto Escolar reafirma os dados

89

anteriores nas inter-relaccedilotildees que estabelecem assim como a incidecircncia tatildeo importante do tema LixoReciclagem se relaciona com a quantidade de projetos que se desenvolvem em aacutereas urbanasrdquo

Foi possiacutevel observar concordacircncia dos resultados do presente trabalho e as

afirmaccedilotildees de PHILIPPI JR et ali (2004) quando apresenta o problema da articulaccedilatildeo da

educaccedilatildeo ambiental voltado ao uso dos recursos naturais e do equiliacutebrio dos ecossistemas em

detrimento do meio ambiente urbano O que eacute corroborado por DIAS (1992)

De qualquer forma a evoluccedilatildeo dos conceitos de Educaccedilatildeo Ambiental tem sido vinculada ao conceito de meio ambiente e ao modo como este era percebido O conceito de meio ambiente reduzido exclusivamente a seus aspectos naturais natildeo permitia apreciar as interdependecircncias nem a contribuiccedilatildeo das consciecircncias sociais agrave compreensatildeo e melhoria do meio ambiente humano

A Educaccedilatildeo Ambiental fomentada pela Lei 693881 toma forma com a Lei Ndeg 9795

de 27 de abril de 1999 no seu Art 2o em que passa a ser um componente essencial e

permanente da educaccedilatildeo nacional devendo estar presente de forma articulada em todos os

niacuteveis e modalidades do processo educativo em caraacuteter formal e natildeo-formal Mas apesar

disso segundo TRAVASSOS (idem) ldquo as escolas puacuteblicas e particulares ainda natildeo

assimilaram ou natildeo entenderam como devem implementar a educaccedilatildeo ambiental em seus

programasrdquo Para as escolas que utilizam livros didaacuteticos comerciais o conteuacutedo de meio

ambiente vem como capiacutetulo especiacutefico e tambeacutem diluiacutedo em outros assuntos Mas para

escolas que tecircm uma certa flexibilidade de conteuacutedo dentro do que eacute proposto pelas

Secretarias de Educaccedilatildeo Municipal e Estadual a educaccedilatildeo ambiental corre o risco de ser

como afirma TRAVASSOS (ibdem) ldquo uma educaccedilatildeo conservacionista apenas lembrada na

Semana do Meio Ambienterdquo

De acordo com o graacutefico 1-B a regiatildeo sudeste fica em segundo lugar na oferta da

Educaccedilatildeo Ambiental para as escolas de niacutevel fundamental perdendo apenas para a regiatildeo

nordeste Estes dados do MEC revelam a preocupaccedilatildeo recente por parte do Estado em

colocar na agenda da educaccedilatildeo brasileira a necessidade de se abstrair o que seja o meio

ambiente e o universo em que a crianccedilas estaacute situada

90

Obviamente haacute menccedilotildees sobre o meio ambiente em datas ateacute muito anteriores as das

acima citadas mas nenhuma delas trouxe uma modificaccedilatildeo direta e envolvente no plano

educacional do ensino baacutesico Dentre essas o Decreto Legislativo Federal nordm 03 de 13 de

fevereiro de 1948 e o Coacutedigo Florestal - lei federal nordm 4771 de 15 de setembro de 1965

ldquo apesar de ter os garis que varrem as pessoas continuam jogando lixo na

rua entatildeo eacute preciso passar por um processo de educaccedilatildeo ecoloacutegica Se

vocecirc procurar nos becos da favela se andar por aiacute se vecirc muito coco de

animais natildeo que eu quero exterminar ateacute adoro neacute Mas eu ando e vejo em

outros lugares as pessoas com a bolsinha quando faz coco na rua as

pessoas botam saquinho plaacutestico e joga na lata de lixo Aqui natildeo se vecirc

crianccedila eacute porco cabrito gato cachorro tudo faz por aiacute e as crianccedilas

brincandordquo

ENTREVISTA 1

Existe a evidecircncia da necessidade de Educaccedilatildeo Ambiental para todos os moradores do

complexo o que foi evidenciado pelo seguinte entrevistado

ldquoEu acho que se forem feito estudos desde a educaccedilatildeo principal maternal

jardim ai vem primeira seacuterie assim sucessivamente natildeo adiante depois

que as pessoas estatildeo velhas que jaacute estatildeo acostumadas a fazer muita coisa

errada vocecirc tentar colocar aquilo na cabeccedila das pessoas vocecirc jaacute tem que

vir desde quando eacute crianccedila ensinar a crianccedilardquo

ENTREVISTA 3

Mas como implementar accedilotildees que envolvam a populaccedilatildeo para a tomada de

consciecircncia desse tipo errocircneo de comportamento que por fim faz onerar a vida dos proacuteprios

moradores com a disseminaccedilatildeo de doenccedilas e o custo do seu tratamento Talvez a resposta

esteja nas lideranccedilas comunitaacuterias

ldquo porque eu sou a favor de que ele venha eu estou confiando nele e

espero que porque haacute esse descaso que vocecirc falou ateacute mesmo da lideranccedila e

descaso da proacutepria comunidade que se acostumou com certos tipos de

91

problemas mas agraves vezes o morador eacute culpado porque pegam a bolsinha de

lixo e natildeo quer andar ateacute a ponta aqui e depois venha aqui cobrar Mas

outro natildeo querem chegar junto vocecirc sabe por que eacute porque as pessoas vatildeo

se cansando e claro estas questotildees vatildeo caindo em descreacutedito entatildeo tem

muitos que natildeo querem pois se cair em descreacutedito jaacute erardquo

ENTREVISTA 2

Mesmo que haja as lideranccedilas comunitaacuterias e que estas consigam organizar a

contextualizaccedilatildeo do habitar dentro da comunidade nem sempre sua abrangecircncia tem uma

cobertura satisfatoacuteria E eacute aiacute que reside o espaccedilo para a oposiccedilatildeo que traz criacutetica e funciona

como verdadeiro termocircmetro na avaliaccedilatildeo do desempenho das lideranccedilas Uma coisa eacute certa

as lideranccedilas tecircm consciecircncia da necessidade de capacitaccedilatildeo e parcerias para a implementaccedilatildeo

de atividades relacionadas ao lixo produzido e sua manipulaccedilatildeo (figuras 3-B e 4-B)

ldquo pegamos duzentos latotildees de produtos quiacutemicos que agente natildeo sabia que

era toacutexico Aiacute um belo dia a Comlurb disse assim oh retira esses latotildees que

eu dou todo ele cor de aboacutebora que a questatildeo do lixo eacute uma coisa muito

forterdquo

ldquoEssa foi a uacuteltima assembleacuteia que tivemos e falamos da reciclagem de lixo

tudo agente tenta buscar e discutir com a comunidade noacutes queremos

capacitaccedilatildeo para o tratamento do lixo agente estaacute aberto para capacitaccedilatildeo

e parcerias agente quer agente necessita para fazer melhorrdquo

ENTREVISTA 4

Em apenas uma das entrevistas o Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) foi

lembrado e apesar de natildeo ser uma Representaccedilatildeo Social eacute oportuno abordar um pouco do que

seja esse iacutendice O IDH eacute uma medida comparativa de riqueza alfabetizaccedilatildeo educaccedilatildeo

esperanccedila de vida natalidade e outros fatores para os diversos paiacuteses do mundo Eacute uma

maneira padronizada de avaliaccedilatildeo e medida do bem-estar de uma populaccedilatildeo especialmente

bem-estar infantil O iacutendice foi desenvolvido em 1990 pelo economista paquistanecircs Mahbub

92

Haq e vem sendo usado desde 1993 pelo Programa das Naccedilotildees Unidas para o

Desenvolvimento ndash PNUD em seu relatoacuterio anual

Os paiacuteses membros da ONU satildeo classificados de acordo com essas medidas Os paiacuteses

com uma classificaccedilatildeo elevada frequumlentemente divulgam a informaccedilatildeo a fim de atrair

imigrantes qualificados ou desencorajar a emigraccedilatildeo

Os criteacuterios de avaliaccedilatildeo do IDH satildeo

bull Educaccedilatildeo Para avaliar a dimensatildeo da educaccedilatildeo o caacutelculo do IDH considera dois

indicadores O primeiro eacute a taxa de alfabetizaccedilatildeo considerando o percentual de

pessoas acima de 15 anos de idade esse indicador tem peso dois O Ministeacuterio da

Educaccedilatildeo indica que se a crianccedila natildeo se atrasar na escola ela termina o principal ciclo

de estudos (Ensino Fundamental) aos 14 anos de idade Por isso a mediccedilatildeo do

analfabetismo se daacute a partir dos 15 anos O segundo indicador eacute o somatoacuterio das

pessoas independentemente da idade que frequumlentam algum curso seja ele

fundamental meacutedio ou superior dividido pelo total de pessoas entre 7 e 22 anos da

localidade Tambeacutem entram na contagem os alunos supletivos de classes de

aceleraccedilatildeo e de poacutes-graduaccedilatildeo universitaacuteria nessa aacuterea tambeacutem estaacute incluiacutedo o sistema

de equivalecircncias Rvcc ou Crvcc apenas classes especiais de alfabetizaccedilatildeo satildeo

descartadas para efeito do caacutelculo

bull Longevidade O item longevidade eacute avalidado considerando a esperanccedila de vida ao

nascer que eacute vaacutelida tanto para o IDH municipal quanto para o IDH de paiacuteses Esse

indicador mostra a quantidade de anos que uma pessoa nascida em uma localidade em

um ano de referecircncia deve viver Ocultamente haacute uma sintetizaccedilatildeo das condiccedilotildees de

sauacutede e de salubridade no local jaacute que a expectativa de vida eacute diretamente

proporcional e diretamente relacionada ao nuacutemero de mortes precoces

bull Renda A renda eacute calculada tendo como base o PIB per capita do paiacutes ou municiacutepio

Como existem diferenccedilas entre o custo de vida de um paiacutes para o outro a renda

medida pelo IDH eacute em doacutelar PPC (Paridade do Poder de Compra) que elimina essas

diferenccedilas

93

Para calcular o IDH de uma localidade faz-se a seguinte meacutedia aritmeacutetica

(onde L = Longevidade E = Educaccedilatildeo e R = Renda)

nota pode-se utilizar tambeacutem a renda per capita (ou PNB per capita)

Legenda

bull EV = Expectativa de vida

bull TA = Taxa de Alfabetizaccedilatildeo

bull TE = Taxa de Escolarizaccedilatildeo

bull log PIBpc10 = logaritmo decimal do PIB per capita

O IDH varia de zero (nenhum desenvolvimento humano) ateacute 1 (desenvolvimento

humano total) sendo os paiacuteses classificados deste modo

bull Quando o IDH de um paiacutes estaacute entre 0 e 0499 eacute considerado baixo

bull Quando o IDH de um paiacutes estaacute entre 0500 e 0799 eacute considerado meacutedio

bull Quando o IDH de um paiacutes estaacute entre 0800 e 1 eacute considerado alto

Para o bairro de Acari onde o Complexo estaacute situado o PNUD tem tabulado os

seguintes dados para o uacuteltimo Censo de 2000

Ordem

segundo IDH

Bairro Esperanccedila de

vida ao nascer

(em anos)

Taxa de alfabetizaccedilatildeo de adultos ()

Taxa bruta de frequecircncia escolar ()

Renda per

capita (em R$ de 2000)

Iacutendice de Longevidade

(IDH-L

Iacutendice de Educaccedilatildeo

(IDH-E

Iacutendice de Renda (IDH-R)

Iacutendice de Desenvolvimento

Humano Municipal (IDH)

124 Acari 6393 9168 7944 17412 0649 0876 0634 0720

94

O que representa o IDH para o Bairro de Acari Representa a oferta de subsiacutedios para

que o Estado concentre seus investimentos em poliacuteticas puacuteblicas Que segundo BODSTEIN amp

ZANCA (2008)

ldquofornecer dados para o combate a pobreza e o enfrentamento dos problemas sociais atraveacutes da comparaccedilatildeo das condiccedilotildees de vida enfatizando a relaccedilatildeo entre pobreza e ausecircncia de acesso da populaccedilatildeo aos bens e serviccedilos essenciais para a qualidade de vidardquo

Representa tambeacutem a chance de se dispor de dados confiaacuteveis para o investimento

real Mas como todo indicador o IDH tem as suas falhas Por exemplo em Sauacutede ldquonatildeo basta

saber o quanto cada paiacutes aloca no setor sauacutede como percentual de seu PIB o mais

importante eacute quatildeo eficientemente esses recursos tecircm sido empregadosrdquo CICONELLI et ali

(2005)

Na modalidade discursiva ndash Prevenccedilatildeo a Representaccedilatildeo Social que mais se destaca

estaacute ainda inserida no contexto de lixo e educaccedilatildeo conforme as seguintes entrevistas

ldquo vocecirc tiver o espaccedilo fiacutesico de lazer compatiacutevel com as nossas moradias eacute

favoraacutevel o crescimento da crianccedila do adolescente e o adulto saudaacutevel

seja dentro da nossa casa seja na comunidade seja no espaccedilo de lazer seja

onde noacutes tivermos se tiver limpeza agente vai ter uma sauacutede equilibrada se

agente tiver sujeira e imundiacutecie agente natildeo vai ter sauacutederdquo

ldquo se todo mundo em favela viver em um ambiente limpo e saudaacutevel vai ter

com certeza sauacutede saudaacutevel Mas se agente viver na comunidade esse espaccedilo

fiacutesico se natildeo for bem tratado saneamento baacutesico com certeza vatildeo ter essa

comunidade esse espaccedilo ecoloacutegico uma vivecircncia ruimrdquo

ENTREVISTA 1

Talvez o relato mais crucial para a questatildeo que envolve sauacutede e o ambiente onde se

vive fique a cargo da Equipe do Programa de Sauacutede da Famiacutelia

95

ldquo o ideal do programa sauacutede da famiacutelia o objetivo natildeo eacute curativo uma vez

que nosso objetivo eacute a prevenccedilatildeo da sauacutede e agente natildeo tem essa

oportunidade porque agente soacute trabalha com cura melhoria agente ainda

natildeo conseguiu definir esse objetivo de promover a sauacutede prevenir Agente

soacute parte do tratamento porque eu acho que esse conceito ainda falta na

populaccedilatildeo a demanda eacute muito grande entatildeo o programa de sauacutede da

famiacutelia aqui neste momentordquo

ENTREVISTA 6

A prevenccedilatildeo deveria ser uma palavra mais corrente natildeo soacute na aacuterea da sauacutede com

tambeacutem na aacuterea ambiental A expressatildeo ldquoprevenir eacute melhor do que remediarrdquo eacute quase sempre

aceita sem questionamento pois todos concordam que medidas preventivas simples devam

ser tomadas se puderem evitar consequumlecircncias graves ou de difiacutecil reparaccedilatildeo No entanto nem

todas as medidas preventivas mesmo que eficazes satildeo realizadas seja por serem de difiacutecil

implementaccedilatildeo praacutetica ou porque o risco do evento que destinam a prevenir eacute baixo Esta

afirmaccedilatildeo pode causar alguma estranheza mas eacute de faacutecil compreensatildeo ao nos depararmos

com situaccedilotildees fora da aacuterea da sauacutede

Um dos principais objetivos ao se estabelecer procedimentos preventivos eacute portanto

verificar se haacute uma boa relaccedilatildeo entre os benefiacutecios alcanccedilados na prevenccedilatildeo e os custos

envolvidos (natildeo apenas financeiros) Pode-se falar em vaacuterios niacuteveis diferentes de prevenccedilatildeo

na praacutetica em sauacutede

bull A prevenccedilatildeo primaacuteria refere-se a medidas para reduzir ou evitar a exposiccedilatildeo a

fatores de risco que satildeo associados com doenccedilas Inclui modificaccedilotildees de

haacutebitos de vida diretamente ligados agraves principais causas de mortalidade e

inclui uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e balanceada a praacutetica regular de atividade

fiacutesica evitar o consumo excessivo de aacutelcool e o tabagismo

bull A prevenccedilatildeo secundaacuteria refere-se agrave detecccedilatildeo precoce de doenccedilas em

programas de rastreamento

bull A prevenccedilatildeo terciaacuteria que satildeo as medidas que visam prevenir complicaccedilotildees

durante o tratamento de doenccedilas e que se confunde com o proacuteprio tratamento

96

Em sauacutede eacute fundamental se pensar em prevenccedilatildeo Ela facilita a vida dos usuaacuterios

inclusive evitando que as unidades hospitalares entrem em colapso devido agrave grande procura

Mas apesar da ciecircncia desse termo a sua apropriaccedilatildeo pelo brasileiro ainda eacute restrita e haacute uma

lacuna de investigaccedilatildeo do por que ainda eacute indevida O brasileiro aceita com mais agrado a

prevenccedilatildeo terciaacuteria em sauacutede em detrimento da primaacuteria

Um bom exemplo eacute o problema da Dengue Esta jaacute eacute endecircmica e potencialmente

prevenida uma vez que limitando os criadouros do Aedes aegypt se reduz a frequumlecircncia de

casos A prevenccedilatildeo no caso da dengue mesmo que conhecida natildeo eacute efetuada e quando o

veratildeo chega milhares de pessoas datildeo entradas nos serviccedilos de sauacutede para o tratamento

curativo que representa custos imensos para os usuaacuterios quanto maior for o seu descaso com

a prevenccedilatildeo

Eacute um item para se colocar sob a eacutegide da educaccedilatildeo Sim o eacute Mas a populaccedilatildeo

permanece em um letaacutergico e irritante movimento que nunca iraacute acontecer e com isso nunca

se previne E todo ano a histoacuteria se repete A dengue eacute um problema ambiental seu ciclo de

existecircncia envolve o homem e o ambiente onde vive e tem o meso como sua principal viacutetima

ldquo ah tem haver principalmente com a populaccedilatildeo A populaccedilatildeo eacute o

principal responsaacutevel pela Dengue tudo bem que os governantes deixam a

desejar com a limpeza dos valotildees essas coisas neacute Tratamento assim mas a

populaccedilatildeo ateacute hoje consegue deixar garrafa de boca pra cima caixa drsquoaacutegua

destampada entatildeo isso aiacute eacute falta de educaccedilatildeo do povo Se a populaccedilatildeo se

educasse natildeo estariacuteamos nesta situaccedilatildeo Depois de tantas mortes tanta

coisa tanta propaganda tanta notiacutecia na televisatildeo e no raacutedio as pessoas

conseguem deixar a caixa drsquoaacutegua destampada E natildeo satildeo soacute o pobre natildeo os

ricos tambeacutem neacuterdquo

ENTREVISTA 7

ldquoAqui estaacute uma epidemia jaacute morreu crianccedila adulto jovens tem muita gente

internada hoje mesmo no meu trabalho a minha professora de educaccedilatildeo

fiacutesica tava falando que um rapaz novinho taacute todo dia na padaria comprando

patildeo tava com problema de dengue internado com problema seacuterio agente

fica a parte de sauacutede principalmente agente estaacute jogado as baratas Vai

97

pro hospital natildeo tem meacutedico vai no pan natildeo tem meacutedico e aiacute pra ficar

doente passando mau

ENTREVISTA 8

ldquoAcho que a sauacutede vem desde a prevenccedilatildeo Se natildeo houver prevenccedilatildeo natildeo

haacute sauacutede Porque natildeo age soacute que a pessoa tem que a pessoa tem que fazer

aquela prevenccedilatildeo ali pra que natildeo fique doente entendeu Pra que natildeo

pegue algum tipo de viacuterus ou outra coisa Natildeo eacute soacute depois que estaacute doente

cuidar daquilordquo

ENTREVISTA 3

Jaacute o consumismo foi abordado de diversas formas

ldquoO carro eu acho assim noacutes necessitamos dele acho que o carro nos

traz mais conforto eu acho que carro eacute necessidade mas no meio ambiente

ele danifica salta gaacutes polui o ar

ldquoA mesma coisa ai satildeo celulares aparelhos que vocecirc usa pilha usa coisa

que ele danifica tambeacutem o meio ambiente por exemplo eu li uma vez por

exemplo que a ldquoguimbardquo de cigarro se vocecirc colocar ele demora para a

natureza a terra absorver duzentos anos neacute Vi tambeacutem que a garrafa

plaacutestica demora mais de 300 anos para danificar isso plaacutestico entatildeo isso eacute

ENTREVISTA 1

O consumismo eacute tratado com reservas primeiro porque as condiccedilotildees econocircmicas no

contexto deste Complexo natildeo permitem o gasto excessivo com bens materiais ou

investimentos imediatos como melhorias nas habitaccedilotildees ou itens de luxo Mesmo assim

pessoas manifestaram a necessidade de um determinado bem Articularam atraveacutes das suas

falas que conforto e consumismo podem ser dependentes E uma vez generalizando

98

sublimam as paixotildees por determinados produtos tecnoloacutegicos de ponta Mas mesmo com esse

olhar tiacutemido foi comum encontrar o consumismo associado tambeacutem agrave poluiccedilatildeo e agrave produccedilatildeo

de resiacuteduos Exemplos como o carro pilhas plaacutestico e o cigarro vecircm corroborar a ideacuteia de que

o meio ambiente sofre tambeacutem com a produccedilatildeo industrial com o consumismo mais

diretamente relacionado agrave regulaccedilatildeo do seu uso implicando seu descarte na natureza (o

ambiente da favela)

Atualmente se discute por exemplo o destino que os beneficiados pelo Programa

Bolsa Famiacutelia datildeo ao provento que recebem do Governo Federal Inclusive dentro do

Complexo onde muitas famiacutelias aderiram ao consumismo neoliberal para o qual o Governo

se propotildee como alternativa MARTINS (2008)

622 REPRESENTANDO A SAUacuteDE E O MEIO AMBIENTE

Meio ambiente e Sauacutede satildeo temas absolutamente indissociaacuteveis O ser humano eacute parte

da natureza e precisa do meio ambiente saudaacutevel para ter uma vida salubre Os danos

causados ao meio ambiente provocam prejuiacutezos agrave sauacutede e vice-versa e a existecircncia de um eacute a

proacutepria condiccedilatildeo da existecircncia do outro GRANZIERA amp DALLARI (2005)

Segundo CUNHA (2005)

O artigo 225 da Constituiccedilatildeo Federal do Brasil estipula que Todos tecircm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado bem de uso comum do povo e essencial agrave sadia qualidade de vida impondo-se ao Poder Puacuteblico e agrave coletividade o dever de defendecirc-lo e preservaacute-lo para as presentes e futuras geraccedilotildees Nota-se que o dispositivo em foco eacute categoacuterico ao afirmar que o meio ambiente ecologicamente equilibrado eacute essencial agrave sadia qualidade de vida ou seja agrave proacutepria sauacutede

Ainda no artigo 200 que trata das atribuiccedilotildees do SUS no inciso VIII a colaboraccedilatildeo e

a proteccedilatildeo do meio ambiente satildeo citados Jaacute na Lei 693881 conhecida como Poliacutetica

Nacional do Meio Ambiente que tem por objetivo a preservaccedilatildeo melhoria e recuperaccedilatildeo da

qualidade ambiental favoraacutevel agrave vida e portanto agrave sauacutede visa a assegurar condiccedilotildees ao

desenvolvimento soacutecio-econocircmico e agrave proteccedilatildeo da dignidade humana Com isso

99

juridicamente as inter-relaccedilotildees entre sauacutede e meio ambiente deixam de ser atos exclusivos de

cada esfera para tornar a ser e se perceber como natildeo excludentes

CUNHA (idem) ainda cita o art 3ordm inciso III aliacutenea a ldquopoluiccedilatildeo como a

degradaccedilatildeo da qualidade ambiental resultante das atividades que direta ou indiretamente

prejudiquem a sauacutede a seguranccedila e o bem-estar da populaccedilatildeordquo e a Lei 808090 prevecirc uma

seacuterie de accedilotildees integradas relacionadas agrave sauacutede meio ambiente e saneamento baacutesico via

consignaccedilatildeo do meio ambiente como fator condicionante para a sauacutede

A sauacutede eacute resultante das condiccedilotildees objetivas de existecircncia resulta das condiccedilotildees de

vida bioloacutegica social e cultural e particularmente das relaccedilotildees que os homens estabelecem

entre si e com a natureza Portanto ela deve ser mantida atraveacutes de mecanismos que

incrementem a qualidade de vida e natildeo somente da assistecircncia Isso exige a articulaccedilatildeo de

todos os setores sociais e econocircmicos e desta forma o direito agrave sauacutede natildeo seria o pressuposto

que apenas nortearia as poliacuteticas setoriais de sauacutede mas um elo integrador que teria de

permear todas as poliacuteticas sociais do Estado balizadas pela participaccedilatildeo inclusive de poliacuteticas

econocircmicas

Segundo a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede a sauacutede eacute um estado de completo bem estar

fiacutesico mental e social e natildeo apenas a ausecircncia de afecccedilatildeo ou doenccedila Mas nas interaccedilotildees

sociais que ocorrem na esfera social de um espaccedilo citadino esta definiccedilatildeo ainda eacute restrita

pois sauacutede tambeacutem se correlaciona com ecologia aleacutem disso sauacutede eacute um ldquoprocesso dinacircmico

que se alcanccedila na medida em que os atores sociais se articulem ou natildeo com todas as

variaacuteveis implicadas para este processordquo FIOCRUZ (2001)

O tema ldquoO homem sua sauacutede e o ambiente em que ser viverdquo eacute oportuno pois fornece

uma reflexatildeo a respeito desta faceta ambiental que envolve sauacutede e o ser humano como

objeto de estudo ainda mais quando natildeo se nega a sua participaccedilatildeo social como fator

limitante da sua sauacutede

Para Sauacutede e Meio ambiente as representaccedilotildees sociais foram

bull Equiliacutebrio Fiacutesico-Mental sentir-se saudaacutevel viver bem limpeza de onde se vive

bull Esgoto saneamento vala negra lixo casa lugar onde se vive aacutegua e Ar

desde as lideranccedilas ateacute moradores comuns a definiccedilatildeo claacutessica de sauacutede foi percebida

quase que unacircnime como revelada nas falas

100

ldquoEquiliacutebrio fiacutesico e mental pra mim sauacutede eacute isso equiliacutebrio fiacutesico e

mental Quando eu falo fiacutesico e mental vocecirc eacute uma pessoa saudaacutevel se vocecirc

tem um equiliacutebrio fiacutesico neacute Eu to bem fisicamente mentalmente eu to bemrdquo

ENTREVISTA 1

- Sauacutede eacute o bem estar fiacutesico e mental neacute Boa alimentaccedilatildeo higiene eacute o

estado de espiacuterito perfeito neacute A pessoa sem sauacutede eacute nada entatildeo pra se ter

sauacutede tem que ter boa alimentaccedilatildeo acompanhamento meacutedico

ENTREVISTA 7

ldquo Bem estar fiacutesico e mental de cada pessoardquo

ENTREVISTA 6

ldquosobre tudo condiccedilatildeo socialrdquo

ENTREVISTA 6

ldquoeacute difiacutecil vocecirc falar em cima dessas para mim essa abrange tudo natildeo tenho

que acrescentar a isso Agora eu acho que vocecirc pode natildeo necessariamente

estar bem psicologicamente para mim eacute o mesmo que estar psicologicamente

para ela pode ser diferente Eu acho que isso pode ser nivelado eu acredito

natildeo eacute a mesma coisa pra todo mundo Natildeo tem como vocecirc dizer que todo

mundo vai ter o niacutevel de sauacutede igual vai achar a mesma coisa Vocecirc pode

dizer a mesma coisa mas na verdade natildeo acha a mesma coisardquo

ENTREVISTA 6

O que seria equiliacutebrio fiacutesico-mental para aquelas pessoas Primeiramente um termo

usado com frequumlecircncia na definiccedilatildeo claacutessica de sauacutede Mas natildeo eacute soacute isso pois haacute um

entendimento de que sauacutede natildeo se liga somente ao estado fiacutesico Os processos de cogniccedilatildeo

tambeacutem satildeo passiacuteveis de serem caracterizados por serem ou natildeo saudaacuteveis onde se inclui

101

tambeacutem o humor e o estado de espiacuterito A fala deste entrevistado natildeo eacute muito definidora mas

revela a importacircncia de se estar bem mentalmente para se ter sauacutede

ldquoEu to bem fisicamente mentalmente eu to bemrdquo

ENTREVISTA 1

A construccedilatildeo do ldquoestar bem mentalmenterdquo tambeacutem subsidiada pela dinamicidade do

processo que eacute a sauacutede eacute na verdade um equiliacutebrio dinacircmico tanto mais precaacuterio quanto

maiores forem agraves necessidades baacutesicas incompletas

Aleacutem do ldquoestar bem mentalmente e estar bem fisicamenterdquo sauacutede eacute tambeacutem saber

gerir seu local de moradia que envolva cuidado higiene ldquolimpezardquo e o cuidado com o

proacuteximo (depoimento sobre a dengue)

Segundo as entrevistas a participaccedilatildeo social eacute precaacuteria apesar de as associaccedilotildees de

moradores tentarem congregar todo o Complexo muito dos seus moradores ainda continuam

sem participaccedilatildeo E a dinacircmica dessa participaccedilatildeo eacute um universo que varia desde oposiccedilatildeo

direta aos representantes nomeados pelas associaccedilotildees agrave aquele morador que natildeo participa e

natildeo se fazer ouvir mas assim acaba beneficiando se passivamente das poliacuteticas puacuteblicas e

das tomadas de decisotildees

Ter sauacutede eacute tambeacutem ocupar os espaccedilos puacuteblicos Eacute ter garantido o direito de ir e vir

uma vez que moram ao lado de grandes linhas de deslocamento como eacute o caso da Avenida

Brasil e a Linha 2 do Metrocirc

Ter sauacutede eacute contar com a participaccedilatildeo de ONGrsquos que promovem o cuidado dentro das

suas aacutereas de atividades Muitas delas funcionam como se fosse uma extensatildeo da famiacutelia pois

pelo conviacutevio e aceitaccedilatildeo muitas crianccedilas tecircm a oportunidade de aprender alguma cultura de

massa e preparar-se para o mercado de trabalho Como eacute o caso das atividades do Centro de

Estudos e Atendimento Satildeo Domingos Saacutevio e o Centro Social Futuro Feliz ambos situados

no Complexo

Ter sauacutede eacute tambeacutem depender do poder puacuteblico para que se limpem as ruas vielas e o

rio para que se cortem as aacutervores que estatildeo caindo sobre as casas para que se decirc uma soluccedilatildeo

para a questatildeo da dengue disponibilizado leitos hospitalares e meacutedicos

Em uma das visitas de campo foi possiacutevel deparar-se com uma equipe de combate a

dengue Em conversa com um membro da equipe foi perguntado sobre a demanda Foi

informado que a quantidade de focos para o desenvolvimento da larva do mosquito eacute

102

absurdamente elevado e que piorando a situaccedilatildeo os moradores natildeo se importam em combatecirc-

los por vezes impedindo o acesso da equipe a estes focos

Ter sauacutede eacute tambeacutem ter emprego ter salaacuterios dignos meios de transportes comida

abrigo de sol e chuva de ter raiacutezes seus iacutedolos sua muacutesica eacute ter uma referecircncia

A experiecircncia deste autor em sauacutede somada a alguns anos de praacutetica hospitalar fez ver

a correlaccedilatildeo entre doenccedilas e o ambiente Vaacuterias satildeo as doenccedilas capazes de incidir sobre as

populaccedilotildees a grande maioria delas estaacute relacionada com a degradaccedilatildeo humana e ambiental

das localidades onde se vive

As doenccedilas podem ter curso raacutepido e fatal como tambeacutem podem levar a cronicidade

Exemplo de doenccedila de raacutepida evoluccedilatildeo eacute a Meningite bacteriana e no oposto a ela a

Hanseniacutease ou o diabetes Haacute doenccedilas que satildeo transmitidas por via hiacutedrica outras por via oro-

fecal outras provocadas pela poluiccedilatildeo do ar tantas outras por inalaccedilatildeo de produtos quiacutemicos

causadoras alteraccedilotildees geneacuteticas Algumas se relacionam ao trabalho ao descuido com

equipamentos de proteccedilatildeo Muitas favorecidas pela deficiecircncia alimentar ou a ignoracircncia Mas

todas tecircm uma linha em comum usam o espaccedilo geograacutefico para acontecerem

Um grande nuacutemero de pessoas vive hoje em dia em aacutereas degradadas Estas podem ser

por desmatamento contaminaccedilatildeo do ar ou do solo aacuterea densamente povoadas com

problemas relativos agrave violecircncia ou a seguranccedila puacuteblica Outras aacutereas podem ter industrias

poluentes no entorno ou rios ou lagos eutrofizados estes ambientes de moradia tambeacutem

podem estar nas margens das rodovias ou ferrovias Pela caracterizaccedilatildeo geograacutefica do

Complexo de Favelas Acari eacute significativo o impacto desses paracircmetros agrave sauacutede do morador

A pressatildeo do aumento populacional e da exploraccedilatildeo imobiliaacuteria associada agrave rede

deficitaacuteria de transportes puacuteblicos ou as oportunidades de mercado de trabalho tecircm levado

uma grande maioria de pessoas a habitar aacutereas degradadas Isto pode revelar uma faceta cruel

para esses habitantes

O ambiente degradado por natildeo oferecer vantagem econocircmica e muito menos ser

atraente agrave exploraccedilatildeo imobiliaacuteria tem um preccedilo de uso do solo muito menor do que outras

aacutereas da cidade Geralmente eacute para laacute que parcelas significativas da populaccedilatildeo migram e

estabelecem residecircncia pois encontram casas barracos terrenos em condiccedilotildees que podem

comprar alugar ou mesmo ocupar Muitas das vezes satildeo preacutedios abandonados natildeo chegando a

constituir favela e sim invasotildees

Esses espaccedilos ambientais escondem uma dura rotina Falta saneamento transporte

espaccedilo e seguranccedila para lazer escola e atendimento em sauacutede Por vezes satildeo aacutereas

alagadiccedilas

103

A faceta cruel da realidade eacute o custo social que seus moradores tecircm quando pertencem

a esse espaccedilo ambiental Um dos entrevistados mostrou sua indignaccedilatildeo ante a degradaccedilatildeo

ambiental em que vive uma realidade vivencia do mesmo Complexo

ldquoEntatildeo vou dizer laacute da beirada do rio se vocecirc for a beirada do rio de Acari

depois do hospital vocecirc vai dizer que poliacutetico eacute esse que temos nesse

municiacutepio se entra laacute eu tava com chinelo de dedo e fui laacute procurar um

menino aconteceu um acidente uma rato mordeu aqui nele (no rosto) na

mulher tambeacutem (braccedilo) eu fui laacute entrei nos meus dedos tinha aquela lama

preta e dentro de casa natildeo eacute cimento natildeo eacute chatildeo batido uacutemido que as

pessoas botam tapete que eles encontram no lixo taacutebua ou papelatildeo Levo

quem quiser laacute eu falo pra poliacutetico eu levo laacute eu levo aquilo tudo imundo

cheio de verminose as crianccedilas descalccedilas eu vejo isso no meio do complexo

de Acari se vocecirc procurar nos becos da favela se anda aiacute se vecirc muito coco

de animais aqui natildeo se vecirc crianccedilaeacute porco cabrito gato cachorro tudo

faz por aiacute e as crianccedilas brincando mesmo com a favela bairro mal feita

ainda tem lugares que ta faltando aacutegua natildeo tem aacutegua potaacutevel na hora que

fez favela bairro tirou um cano novo botou um velho soacute que o velho neacute O

novo natildeo passa aacutegua e o velho tambeacutem Umas pessoas tecircm aacutegua outros

lugares aqui na rua do viaduto cansam de reclamar isso e os proacuteprios

bueiros mal feitos neacute Quando tem uma chuva bem forte os bueiros natildeo satildeo

limpos que o gari daqui vocecirc sabe limpar as ruas eu que vejo os garis de

outros lugares que eles limpam os bueiros tambeacutem de outro lugar vocecirc em

outro lugar a diferenccedila limpam as ruas do Meacuteier lavam as ruas aqui nem

em dia de feira lavam as ruasentatildeo vocecirc vecirc a diferenccedila disso tudo Se vocecirc

andar no conjunto de manhatilde esse conjunto aqui vocecirc vai ver de copo

descartaacutevel papel que jogamah se vocecirc se andar nas ruas becos vocecirc vecirc

muita sujeira os gari acabam de limpar e se eles voltarem duas horas

depois estaacute tudo sujo

ENTREVISTA 1

Dentre as diversas doenccedilas em curso hoje solo brasileiro o Ministeacuterio da Sauacutede

pontua algumas como doenccedilas de notificaccedilatildeo compulsoacuteria E para isso se utiliza do SINAN ndash

104

Sistema Nacional de Agravos de Notificaccedilatildeo onde atraveacutes dele armazena e processa os dados

referentes a essas doenccedilas O SINAN tem a finalidade de com as informaccedilotildees geradas

contribuir para orientar e monitorar as intervenccedilotildees dos serviccedilos e reduzir a transmissatildeo e

aquisiccedilatildeo das doenccedilas Trabalha com a detecccedilatildeo de agravos coletivos em condiccedilotildees especiais

de risco e vulnerabilidade A porta de entrada para esses dados satildeo as unidades de sauacutede

como postos de sauacutede hospitais e o Programa de Sauacutede da Comunidade quando natildeo

campanhas de sauacutede na proacutepria comunidade

Segundo o SINAN deve ser preenchido um formulaacuterio especiacutefico para cada doenccedila e

essa notificaccedilatildeo eacute obrigatoacuteria As doenccedilas de notificaccedilatildeo obrigatoacuterias satildeo

Fonte Centro Nacional de Epidemiologia

Fica a cargo da Secretaria Municipal de Sauacutede gerir os dados relativos a essas e muitas

outras doenccedilas e repassaacute-los ao Ministeacuterio da Sauacutede Como exemplo se utilizou de dados do

Serviccedilo de Epidemiologia da Secretaria Municipal de Sauacutede do Rio de Janeiro

A proacutepria Secretaria em seu site fornece algumas tabulaccedilotildees de dados Eles estatildeo

atualizados ateacute o ano de 2006 Os anos de 2007 e 2008 apesar de jaacute terem dados suficientes

descoberta de novos casos natildeo estatildeo disponiacutevel pois se encontram ainda em fechamento

As tabelas de 2-B a 7-B mostram em niacuteveis a incidecircncia da doenccedila ou agravo O

primeiro niacutevel eacute o Municiacutepio do Rio de Janeiro seguido da aacuterea de planejamento da sub-aacuterea

e por fim o bairro Porque mostrar desta forma Para que haja uma comparaccedilatildeo dos casos da

doenccedila ou agravo levando em conta o contexto e as aacutereas no entorno Assim se consegue

105

perceber se a doenccedila ou agravo eacute local ou haacute casos espalhados pelo extenso territoacuterio do

Municiacutepio

A aacuterea de planejamento eacute uma definiccedilatildeo organizacional caracteriacutestico de cada

Secretaria em Sauacutede o Municiacutepio do Rio de Janeiro eacute dividido em cinco aacutereas Jaacute a aacuterea de

planejamento eacute subdividida em aacutereas menores ficando o bairro Acari pertencendo a AP 33

dentro da sub-aacuterea XXV que eacute Pavuna Entatildeo por esta estratificaccedilatildeo tenta-se mostrar a

incidecircncia de algumas doenccedilas ou agravos

A tabela 8-B mostra tambeacutem que a quantidade de casos de agressatildeo por animais

domeacutesticos eacute elevada para aquela comunidade Isto se deve ao fato de que haacute uma expressiva

populaccedilatildeo destes animais naquela comunidade muitos dos quais vivem nas ruas A

permissibilidade de se ter catildees ou gatos sem nenhuma responsabilidade do proacuteprio dono eacute

caracteriacutestico de aacutereas de baixo poder aquisitivo O que no final acaba promovendo episoacutedios

de agressatildeo principalmente agraves crianccedilas Pois se sabe que os casos notificados natildeo

correspondem agrave realidade uma vez que os adultos satildeo muito refrataacuterios na notificaccedilatildeo dos

casos de mordedura ou ateacute mesmo um arranhatildeo com animais domeacutesticos Como o Complexo

como um todo tem muitos problemas de higiene e controle da sua populaccedilatildeo de animais a

questatildeo ndash animal domeacutestico tem que ser estudada com atenccedilatildeo ainda mais que natildeo satildeo soacute

estes animais os privilegiados para dividirem o restrito espaccedilo com o ser humano haacute outros

como caprinos e suiacutenos que foram mencionados nas entrevistas Logo disponibilizar dados

referentes a estes ldquomoradoresrdquo tambeacutem assume uma importacircncia de modo que sejam

executadas intervenccedilotildees como a remoccedilatildeo do agravo

Um grande problema de difiacutecil resoluccedilatildeo para os moradores do Complexo de Acari eacute a

reduccedilatildeo da sua populaccedilatildeo de roedores ndash rattus sp Estes animais assim como mosquitos

moscas e as baratas tornaram-se bem adaptados por encontrarem alimento em abundacircncia

que proveacutem do desperdiacutecio e da sujidade Consequumlentemente o ambiente urbano tem uma

imensa populaccedilatildeo que traz tantos outros problemas para o ser humano A convivecircncia com

estes animais natildeo eacute nem de longe uma ato saudaacutevel

Um grande problema enfrentado eacute a leptospirose Uma vez que o rato esteja infectado

com a bacteacuteria Leptospira sp ele pode liberaacute-la atraveacutes da urina no ambiente O ambiente

mais comum de se encontrar ratos satildeo os esgotos forros de teto dentro de colchotildees dentro de

fogotildees torna-se faacutecil com isto relacionar a probabilidade que o ser humano tem de ser

contaminar-se e adoecer de leptospirose ndash uma zoonose Haacute risco de ocorrecircncia ampliado

quando haacute enchentes produzidas por chuvas intensas Pois por soluccedilatildeo de continuidade a

106

aacutegua do esgoto que pode estar contaminada eacute a mesma aacutegua que iraacute invadir as ruas e ateacute

mesmo as casas

O controle das populaccedilotildees de vetores eacute feito pela Vigilacircncia Sanitaacuteria Municipal O

municiacutepio do Rio de Janeiro atraveacutes do Decreto Municipal nordm 6235 de 30 de outubro de

1986 aprova o Regulamento da Defesa e Proteccedilatildeo da Sauacutede no tocante a alimentos e agrave

higiene habitacional e ambiental Mas natildeo trata diretamente quando o assunto eacute o rattus sp

Em 2007 estava tramitando na cacircmara dos vereadores um Projeto de Lei que enfocava

diretamente o rattus spcomo um animal portador de doenccedilas e causador de prejuiacutezos para a

economia local Nesta proposta de Lei Municipal houve uma tentativa de instituir a 3ordf semana

do mecircs de maio como a Semana de Combate aos ratos Este Projeto de Lei foi sancionado e

publicado no Diaacuterio Oficial do Municiacutepio no dia 08 de janeiro de 2008 criou-se entatildeo a Lei

Municipal nordm 474208 que institui no calendaacuterio oficial do municiacutepio do Rio de Janeiro a

semana de combate aos ratos

Para os moradores do Complexo de Acari

Ratos Aqui tem uma epidemia de rato rato mesmo subindo pelas paredes

Aqui tem muito rato muita umidade tem apartamento muito uacutemidordquo

ENTREVISTA 8

ldquoJaacute tatildeo jogando lixo ali no certo eacute eles colocar a noite que o cara passa

para recolher aquele lixo ajunta o quecircmosquito ratordquo

ENTREVISTA 10

ldquoE ali proacuteximo a Praccedila Roberto Carlos quando chove aquelas chuvas

intensas muitas casas ficam inundadas muitas residecircncias vamos dizer

assimrdquo

ENTREVISTA 11

As representaccedilotildees sociais ldquoesgoto e saneamentordquo se abordaraacute ao mesmo tempo pois

nas suas falas haacute uma linha tecircnue que faz deslocar a temaacutetica para um mesmo objeto A

107

percepccedilatildeo que se tem do esgoto e do saneamento se mescla com a proposta de o Estado

intervir levando melhorias urbaniacutesticas atraveacutes de uma das suas poliacuteticas puacuteblicas

intervencionistas ndash o Favela-Bairro

Segundo um entrevistado o Complexo de Acarai era

ldquoAcari era um peixe que vivia no lamaccedilal na imundicerdquo

ENTREVISTA 5

Entatildeo chegou o Favela-Bairro e com ele a modificaccedilatildeo do ambiente com a abertura de

ruas as vielas foram pavimentadas houve a proposta de centralizaccedilatildeo do despejo do lixo a

instituiccedilatildeo do Gari Comunitaacuterio a participaccedilatildeo dos Guardiotildees do Rio e a transformaccedilatildeo de

um posto de sauacutede em Programa de Sauacutede da Famiacutelia Mas infelizmente quanto a essa

iniciativa do Estado alguns moradores entrevistados deixam transparecer suas criacuteticas

ldquoO governo trouxe o favela bairro o que aconteceu A aacutegua Quando chove

o esgoto volta para casa das pessoas E a aacutegua Fica difiacutecil tambeacutem a aacutegua

que os moradores para ter aacutegua tem que ter bomba porque sem bomba fica

sem aacuteguardquo

ENTREVISTA 6 O problema da aacutegua no complexo de Acari assume uma importacircncia fundamental para

a manutenccedilatildeo do seu meio ambiente de modo a satisfazer suas necessidades baacutesicas Para uma

comunidade que tem forte histoacuteria de racionamento de aacutegua mesmo com as obras do favela-

bairro ainda se encontra pelas diversas casas o estoque de aacutegua em latotildees muita das vezes

bastante enferrujados baldes e bacias Isso prejudica na lavagem da louccedila dos forros de

cama no asseio do corpo no preparo dos alimentos e na ingestatildeo de aacutegua potaacutevel

ldquoPorque conscientizaccedilatildeo se demora muito neacute Vocecirc conscientiza uma

pessoa a pessoa entender isso Que agente pode ter divergecircncia de ideacuteia ou

achar que temos que beber aacutegua filtrada e a moradora dizer pra mim natildeo

eu bebo a aacutegua do latatildeo haacute vinte anosrdquo

ENTREVISTA 1

108

Ambientalmente o problema das aacuteguas estaacute se tornando um pesadelo para os seus

moradores Primeiro porque assim como qualquer outro lugar no Rio de Janeiro estatildeo

enfrentando um surto de dengue que com uma ajuda substancial das chuvas tem gerado um

boom na proliferaccedilatildeo de mosquitos Segundo porque a aacutegua tratada e distribuiacuteda pela

CEDAE natildeo chega para todos obrigando-os agrave estocagem

ldquo tem lugares que ta faltando aacutegua natildeo tem aacutegua potaacutevel na hora que fez

favela bairro tirou um cano novo botou um velho soacute que o velho neacute O

novo natildeo passa aacutegua e o velho tambeacutem Umas pessoas tecircm aacutegua outros

lugares natildeo Aqui na rua do viaduto cansam de reclamar issordquo

ENTREVISTA 1

ldquoO pessoal tem que acordar de madrugada para poder lavar roupardquo

ENTREVISTA 6

ldquoEstamos sem aacutegua ontem mesmo natildeo teve nem aula na creche porque

natildeo tinha aacutegua as matildees precisam trabalhar quem tem as crianccedilas na

creche para poder trabalhar teve que voltar com as crianccedilas pra casa

porque natildeo tinha nem aacutegua como iam fazer comida A diretora chegou na

escola natildeo tinham nem uma gota de aacutegua a CEDAE esquece da

gentechama faz pedidoagraves vezes o R tem que sair daqui para apanhar a

CEDAE laacute nao caminhatildeo da CEDAE laacute napra pegar o caminhatildeo para

trazer aquiaqui felicidade eacute poucordquo

ENTREVISTA 9

O Rio Acari eacute o curso drsquoaacutegua que separa os bairros de Acari e Parque Coluacutembia cursa

os bairros de Marechal Hermes Barros Filho Coelho Neto Pavuna Acari Parque Columbia

e Jardim Ameacuterica onde desaacutegua no rio Pavuna Seus afluentes satildeo rio Marangaacute rio

Sapopemba rio das Pedras e Arroio dos Afonso Este rio faz parte da Bacia Hidrograacutefica do

rio Meriti contribuinte agrave bacia da baiacutea de Guanabara

109

A drenagem do esgoto do bairro de Acari inclusive do Complexo eacute feito atraveacutes de

ligaccedilotildees diretas encaminhadas para o rio principalmente na favela Beira Rio como tambeacutem

pela Vala da Favela do Acari que eacute um curso drsquoaacutegua com 750 metros de extensatildeo que cursa

junto a Rua Uniatildeo Uma outra parte eacute escoada pelo Canal do CEASA

Pelo crescente processo de urbanizaccedilatildeo daquela regiatildeo ao longo dos anos o ambiente

natural foi praticamente modificado pela accedilatildeo antroacutepica que contribuiu e causou quadros

graviacutessimos de degradaccedilatildeo ambiental Inclusive pela permissividade do Estado por lhe faltar

mecanismos coibitivos seguros capazes de organizar a ocupaccedilatildeo e uso do solo A praacutetica da

degradaccedilatildeo ambiental tem causado problemas como

1) Ocorrecircncia de enchentes catastroacuteficas

2) Ocorrecircncia de inuacutemeros surtos de doenccedilas de veiculaccedilatildeo hiacutedrica

3) Erosatildeo das margens assoreamento e obstruccedilatildeo dos cursos daacutegua pelo

lanccedilamento de resiacuteduos soacutelidos e uso indevido do solo ateacute mesmo a ocupaccedilatildeo

dos terrenos marginais e a construccedilatildeo de aterros para instalaccedilatildeo de moradias

inclusive do tipo palafitas

4) Conflitos de uso da aacutegua

O sistema de drenagem pluvial eacute deficitaacuterio mesmo com a obra do Programa Favela-

bairro pois segundo seus moradores

ldquo e aliacute proacuteximo a praccedila Roberto Carlos quando chove aquelas chuvas

intensas muita casa fica inundada muitas residecircncias vamos dizer assimrdquo

ENTREVISTA 11

Um problema relacionado a essa drenagem ineficiente eacute o proacuteprio uso indiscriminado

do solo Haacute tantas moradias construiacutedas uma ao lado da outra que praticamente natildeo haacute solo

disponiacutevel para drenagem causando uma impermeabilizaccedilatildeo do solo Algumas das ruas pelo

menos as de maior circulaccedilatildeo pavimentadas contribuem para o acuacutemulo da aacutegua com

consequumlente inundaccedilatildeo das casas

Ateacute mesmo na Vala da Favela de Acari o fenocircmeno do transbordamento do seu leito eacute

bastante comum quando chove muito causando transtorno e prejuiacutezo para os moradores

daquela localidade

110

Outro grave problema ambiental percebido nas suas representaccedilotildees foi o descarte de

lixo no proacuteprio rio Acari e na Vala da Favela de Acari Os resiacuteduos soacutelidos natildeo escoam

facilmente com o volume de aacutegua encontrado em periacuteodos natildeo chuvosos Isto eacute devido agrave

baixa vazatildeo do rio assim o lixo vai se acumulando e formando ldquoilhasrdquo Com a vazatildeo

aumentada por conta das chuvas o lixo acumulado obstrui a circulaccedilatildeo da aacutegua alagando as

residecircncia no seu entorno e impedindo a drenagem da aacutegua da Vala da Favela de Acari

levando esta a seu transbordamento

ldquoEu ateacute discuto isso muito em que tem que orientar os moradores a natildeo

jogar as coisas que eles natildeo usam mais no rio e eles acabam jogando e daacute

enchente e enchente vaacuterios barracos na beirada do rio vatildeo ser levadas

vaacuterias famiacutelias eacuteflageladas sem onde morar vocecirc vecirc que baixa a enchente

as pessoas voltam a morar a fazer seus barracos e continuam jogando seus

detritosrdquo

ENTREVISTA 1

Os Guardiotildees do Rio satildeo moradores da proacutepria comunidade satildeo recrutados pela

Secretaria Municipal de Meio Ambiente atraveacutes do Programa de Valorizaccedilatildeo Ambiental de

Rios e Lagoas com a finalidade de recuperaccedilatildeo dos corpos drsquoaacutegua do Municiacutepio No

Complexo de Acari eles tecircm realizado a limpeza do rio retirando o lixo que uma vez

depositado viram barreiras ao escoamento da aacutegua inclusive carcaccedila de carros

ldquoVocecirc vecirc o rio Acari hoje melhorou um pouco por que existe os guardiotildees

do rio Satildeo homens que satildeo pagos pela prefeitura pela meio ambiente que eacute

da secretaria do meio ambiente que eacute daqui da prefeitura que faz a limpeza

do rio dos detritos que os proacuteprios moradores jogam no riordquo

ENTREVISTA 1

Natildeo haacute tratamento de aacutegua o esgoto do Complexo de Acari eacute todo lanccedilado ldquoin naturardquo

para dentro do rio Acari Este recebe esgoto sanitaacuterio ainda dos seus afluentes e na regiatildeo do

Distrito Industrial de Honoacuterio Gurgel e Coelho Neto passa a captar efluentes industriais

111

Logo depois de desaguar no Rio Pavuna 1600m a jusante encontra-se a Estaccedilatildeo de

Tratamento e Esgoto Pavuna jaacute na altura do Jardim Ameacuterica Esta estaccedilatildeo tem capacidade

para processar 1000 ls com 400 km de rede (Fig 5-B)

Natildeo se pode deixar de enunciar aqui a presenccedila de um grande hospital dentro do

Complexo Chamado de Hospital Ronaldo Gazolla ainda se encontra fechado Eacute ma imensa

estrutura que promete atendimento secundaacuterio e terciaacuterio em sauacutede Mas tamanha capacidade

de procedimentos traz consequumlentemente grandes impactos ambientais Este hospital tem

capacidade de congregar moradores tanto das regiotildees norte e oeste do Municiacutepio do Rio de

Janeiro quanto da Baixada Fluminense assim gerando problemas com o aumento de

circulaccedilatildeo humana na localidade

Outra situaccedilatildeo eacute o aumento da carga de dejetos provenientes do hospital para dentro

do Rio Acari Muitos desses aleacutem de serem dejetos humanos com alta carga bacteriana multi-

droga resistentes satildeo constituiacutedos tambeacutem por aacutegua de lavagem de materiais contaminados

dejetos de limpeza de superfiacutecies e pisos misturados a soluccedilotildees desinfetantes aacutegua de

lavanderia aacuteguas das caldeiras os resiacuteduos de procedimentos do centro ciruacutergico dos

ambulatoacuterios do laboratoacuterio de anaacutelises cliacutenicas e anatomopatoloacutegico Soacute desses dois uacuteltimos

devido a grande quantidade de substacircncias reagentes empregadas apresentam quantidades

consideraacuteveis de fenoacuteis aacutecidos e produtos enzimaacuteticos gerados nas reaccedilotildees bioquiacutemicas

BRATFICH (2008)

A RDC 5002 da ANVISA dispotildee sobre o Regulamento Teacutecnico para planejamento

elaboraccedilatildeo e avaliaccedilatildeo de projetos fiacutesicos de estabelecimentos assistenciais de sauacutede Ela

normatiza inclusive o esgoto hospitalar orientando a natildeo descarga do esgoto hospitalar ldquoin

naturardquo nos corpos hiacutedricos que no caso do Hospital Ronaldo Gazolla o rio Acari Dentre os

itens a RDC aborda as Caixas de Separaccedilotildees de mateacuterias usuais e as especiacuteficas para material

quiacutemico em atividade como gordura produtos de lavagem separaccedilatildeo de gesso fixadores e

reveladores de equipamentos de imagem Esta RDC prevecirc que uma vez o esgoto sendo

tratado poderaacute ser lanccedilado na rede de esgoto implantada normalmente

A Lei 943397 institui a Poliacutetica Nacional de Recursos Hiacutedricos cria o Sistema

Nacional de Gerenciamento de Recursos Hiacutedricos e regula o inciso XIX do art 21 da

Constituiccedilatildeo Federal e altera o art 1ordm da Lei 800190 que modificou a Lei 799089 Ela

estabelece que a aacutegua eacute de domiacutenio puacuteblico limitado dotado de valoraccedilatildeo econocircmica Esta

Lei estabelece a outorga pelo uso dos recursos hiacutedricos inclusive usos que alterem a

quantidade e a qualidade da aacutegua existente em um corpo de aacutegua

112

Aleacutem desta lei federal lei estadual 323999 institui a poliacutetica estadual de Recursos

Hiacutedricos criando assim o sistema estadual de gerenciamento de recursos hiacutedricos

regulamentando o artigo 261 paraacutegrafo 1ordm inciso VII Como nota-se o Brasil eacute eficiente em

sua legislaccedilatildeo ambiental mas o que se torna preocupando eacute a fiscalizaccedilatildeo que se tem emabasa

em todos os dispositivos coibitivos e organizacionais de que dispotildee o sistema juriacutedico

ambiental brasileiro

Existem outras formas de poluiccedilatildeo que podem alterar a qualidade de vida dos

moradores do Complexo e estas podem ter origem no seu ambiente externo tais como a

degradaccedilatildeo da qualidade do ar

O limite sul do Complexo de Acari se situa nas margens da Avenida Brasil que

diariamente tem um fluxo da ordem de 200000 veiacuteculos por dia Esse fluxo intenso impacta

tambeacutem o meio ambiente causando problemas sobre as populaccedilotildees do entorno Eacute estimado

que 60 da poluiccedilatildeo atmosfeacuterica na regiatildeo das grandes cidades satildeo decorrentes dos veiacuteculos

automotores de acordo com o site AMBIENTEBRASIL e que apesar dos dispositivos na

resoluccedilatildeo CONAMA 00390 a Lei 253996 das campanhas governamentais da participaccedilatildeo

das empresas fabricantes de combustiacuteveis o Brasil tem ainda uma frota de carro bastante

antiga com motores de baixo rendimento e problemas como de escapamento

Associado ao produto do escapamento dos motores automotivos que circulam pela

Avenida Brasil e pela Avenida Automoacutevel Clube os moradores do Complexo tambeacutem sofrem

com a poluiccedilatildeo industrial promovida pelas induacutestrias localizadas no parque industrial de

Honoacuterio Gurgel

Segundo o site SITEENGENHARIA o Municiacutepio do Rio de Janeiro fica em segundo

lugar de um ranking de 15 cidades que mais libera material particulado na atmosfera

perdendo somente para a cidade de Satildeo Paulo

A resoluccedilatildeo supracitada do CONAMA estabelece alguns conceitos para a poluiccedilatildeo do

ar

ldquoPara os efeitos desta Resoluccedilatildeo ficam estabelecidos os seguintes conceitos I ndash Padrotildees Primaacuterios de Qualidade do Ar satildeo as concentraccedilotildees de poluente que ultrapassadas poderatildeo afetar a sauacutede da populaccedilatildeo II ndash Padrotildees Secundaacuterios de Qualidade do Ar satildeo as concentraccedilotildees de poluentes abaixo das quais se prevecirc o miacutenimo efeito adverso sobre o bem-estar da populaccedilatildeo assim como o miacutenimo dano agrave fauna agrave flora aos materiais e ao meio ambiente em geralrdquo

113

Essa poluiccedilatildeo faz com que durante os meses mais frios por exemplo de maio a

setembro haja a incidecircncia de diversas doenccedilas respiratoacuterias e os gastos com a sauacutede atingem

cifras de milhotildees de reais Autores como MOTTA et ali (1998) propuseram algumas formas

de se valorar os impactos causados pela poluiccedilatildeo atmosfeacuterica na sauacutede humana onde utilizou

metodologias como o Meacutetodo de Valoraccedilatildeo Contingente na busca por estimar a disposiccedilatildeo a

pagar pela reduccedilatildeo da incidecircncia de doenccedilas e do risco de morte o da produtividade marginal

na qual se estima a produccedilatildeo sacrificada do trabalhador associada ao dano ambiental o

mercado de bens substitutos onde se faz uma avaliaccedilatildeo com base em recursos econocircmicos

que foram direcionados para mitigar os problemas causados pela degradaccedilatildeo ambiental a

abordagem da produccedilatildeo sacrificada dos anos e vida perdidos que eacute baseada na teoria do

capital humano

Outro problema que reflete na sauacutede dos seus moradores eacute a elevada temperatura

ambiental por falta de aacutereas verdes e ruas arborizadas Em um complexo de favelas este fato

eacute tiacutepico pois haacute um aglomerado de casas que como jaacute foi dito anteriormente natildeo sobra

espaccedilo para se ter quintal As aacutereas de lazer dentro do Complexo satildeo basicamente formadas

por concreto (Figs 6-B e 7-B) Haacute um predomiacutenio de vielas em lugar de ruas E isso

associado agrave falta de espaccedilo impede programas de arborizaccedilatildeo

A elevada temperatura aumenta o metabolismo corporal acelera as funccedilotildees

enzimaacuteticas e traz desconforto para e exacerbaccedilatildeo de doenccedilas crocircnicas como a Hipertensatildeo

Arterial o Diabetes Mellitus Aleacutem disso aumenta o nuacutemero de insetos e promove a

proliferaccedilatildeo bacteriana em locais sujos e sem cuidado Inclusive torna-se um problema

alimentar para aqueles que natildeo dispotildeem de refrigerador para conservar seus alimentos

63 A CRISE ECOLOacuteGICA NA BUSCA POR CIDADANIA

A crise ecoloacutegica hoje em curso eacute produto de uma cultura global desenvolvida e

aceita mesma que natildeo unacircnime Envolve as diversas sociedades trazendo problemas

globalmente localizados que ao longo dos anos tecircm se tornado entraves para a

autodeterminaccedilatildeo dos povos Em seu bojo encontram-se as contradiccedilotildees que levam agrave

associaccedilatildeo de ideacuteias e dos conceitos dominantes que segundo DIAS (1996) funciona como

um pacto chamado ndash modelo de desenvolvimento pelos altos requerimentos energeacutetico

114

materiais A crise ecoloacutegica eacute perversa em se tratando de meio ambiente urbano A Fig 9-b

traz uma percepccedilatildeo das aacutereas de interseccedilatildeo que a crise ecoloacutegica estaacute representada

A cidade no contexto do presente trabalho eacute o constituinte principal eacute onde se

desenvolve-se toda a gama de conflitos envolvendo seus moradores e seu entorno Satildeo

milhares de pessoas afetadas diariamente na troca que estabelecem consigo mesmas e com o

exterior que por sua vez tambeacutem o eacute de outro O campo tambeacutem tem problemas parecidos

mas se optou aqui trabalhar com o segmento ndash cidade

DIAS (idem) afirma que as cidades estatildeo doentes para ele a desordem nas cidades

que eacute acoplada a modelos de desenvolvimento predatoacuterios e autofaacutegicos conduz pessoas agrave

fome e a condiccedilotildees deploraacuteveis Pobreza desemprego doenccedila crime poluiccedilatildeo etc sempre

estiveram presentes nos centros urbanos desde o surgimento das primeiras cidades mas nos

paiacuteses em desenvolvimento o crescimento populacional eacute explosivo o planejamento eacute pontual

e natildeo abrange a todos a industrializaccedilatildeo eacute desestruturada e poluidora haacute incompetecircncia

administrativa haacute corrupccedilatildeo tudo desemboca no caos que hoje se vive

Para ele um dos esforccedilos agraves intervenccedilotildees eficazes no ambiente urbano eacute entender a

sua dinacircmica sob a oacutetica ecoloacutegica com a participaccedilatildeo interdisciplinar Cita ODUM (1993)

ao afirmar que a cidade moderna eacute em relaccedilatildeo agrave natureza um parasita do ambiente porque

produz pouco ou nenhum alimento polui o ar e recicla pouco ou nenhuma aacutegua e materiais

inorgacircnicos Funcionando simbioticamente quando produz e exporta mercadorias serviccedilos

dinheiro e cultura para o ambiente (Fig 8-B)

Para a ecologia as relaccedilotildees de alimentaccedilatildeo consumo produccedilatildeo de resiacuteduos fazem

com que o chamado sistema soacutecio-ecossistema urbano ndash a cidade ndash afete a biosfera e por ela

seja afetado As mudanccedilas induzidas pelo ser humano ocorrem mais rapidamente e

geralmente satildeo mais difiacuteceis de serem revertidas SUTTON e HARMONN (1993) apud

DIAS (1996) ponderam que as necessidades e desejos de expansatildeo da populaccedilatildeo mundial

requerem intenso manejo ambiental criando ambientes novos chamados de ecossistemas

humanos Este manejo se revela na outra face ainda mais pessimista a necessidade de

energia Agrave medida que as populaccedilotildees crescem o consumo de energia aumenta levando a

hierarquizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de bens e serviccedilos a conversatildeo dos serviccedilos e bens naturais em

dinheiro Logo o dinheiro eacute o fluxo em sentido oposto ao fluxo energeacutetico pois sai das aacutereas

urbanizadas em troca de energia serviccedilos e recursos diversos

O soacutecio-ecossistema eacute amparado legalmente pela representatividade Eacute a cidadania e a

democracia que satildeo tomadas como base para essa representatividade A democracia

representativa constitui uma instituiccedilatildeo produtora de um tipo de compromisso de interesses

115

ligados com vocaccedilatildeo hegemocircnica Onde os governantes eleitos representariam os

ldquointeressesrdquo as ldquoaspiraccedilotildeesrdquo e a ldquovontaderdquo dos cidadatildeos Mas com isso o Estado natildeo

encarna a comunidade e funciona assim como uma maacutequina especializada na produccedilatildeo de

generalidade que eacute condiccedilatildeo ideoloacutegica fundamental agrave uma submissatildeo real Formando um

ldquomercado poliacuteticordquo onde o eleitor compra atraveacutes do voto um determinado ldquoproduto poliacuteticordquo

que corresponde a sua necessidade

ldquoEacute tempo de novas oportunidades Eu na minha opiniatildeo sou a favor de que

a comunidade num todo apoacuteie ele para que noacutes venhamos trazer um

candidato para que este candidato da mesma forma que noacutes o colocamos laacute

por ele ser da aacuterea criado na comunidade conhecendo os problemasrdquo

ENTREVISTA 2

A praacutetica da cidadania depende da reativaccedilatildeo da esfera puacuteblica onde indiviacuteduos podem

agir coletivamente constituindo assim a identidade poliacutetica baseada em valores de

solidariedade autonomia e do reconhecimento da diferenccedila Mas haacute muitos ldquomasrdquo e levando

ao verdadeiro paradoxo com o sentido ldquolatordquo da representatividade onde as pessoas natildeo

pertencentes agrave classe dominante natildeo satildeo consideradas capazes de dirigir a economia ou o

ldquopoderrdquo de decisatildeo cabendo pois agrave classe dominante a melhor opccedilatildeo forjando o

consentimento uma pseudo participaccedilatildeo Eacute uma triste contestaccedilatildeo para a cidadania via

representatividade E agravando para que se tenha cidadania o brasileiro precisa passar pela

crise ambiental em todo o seu contexto natildeo haacute outros caminhos (Fig 9-B)

Eacute uma busca Busca pela cidadania que haacute muito foi reduzida a um mero status legal

Nela por um lado se vecirc uma parcela significativa da populaccedilatildeo vivendo em favelas ndash natildeo soacute

no Complexo de Favelas de Acari mas em tantos outros Complexos espalhados pela cidade ndash

em condiccedilotildees soacutecio-culturais de extrema carecircncia Por outro lado a poliacutetica virando uma

profissatildeo tomando decisotildees de acordo com seus proacuteprios interesses e dos grupos de pressatildeo

poderosos em vez de levar em conta os interesses da comunidade mais ampla VIEIRA amp

BREDARIOL (1998)

A violecircncia urbana associada ao uso indiscriminado de drogas iliacutecitas eacute um problema

ambiental que reduz drasticamente a qualidade de vida da populaccedilatildeo A cidade do Rio de

Janeiro eacute praticamente toda partida em zonas de influecircncia e de atuaccedilatildeo de grupos sociais

116

armados que para conseguirem o que querem praticam a violecircncia como um modo de fazer

valer seu poder E no imaginaacuterio social as favelas passaram a ser o reduto para esses grupos

que formam verdadeiro Estado paralelo com a forccedila do Estado de direito A histoacuteria se

repete onde haacute o traacutefico de entorpecentes haacute uma batida policial associada onde muita das

vezes haacute viacutetimas e entre elas estatildeo crianccedilas e jovens

A agressividade intoleracircncia preconceito exclusatildeo social satildeo comuns aos dois lados

Fica interessantemente pior quando os proacuteprios gestores do serviccedilo puacuteblico natildeo conseguem

dar conta do real problema que eacute o traacutefico de entorpecentes e quando publicamente fazem a

tentativa de relativizar a favela seus moradores e o crime como foi o caso de uma declaraccedilatildeo

feita em outubro de 2007 pelo atual governador do Estado do Rio de Janeiro ldquoo

governador afirmou que as altas taxas de natalidade em localidades pobres satildeo

verdadeiras faacutebricas de marginaisrdquo EXTRA (2007) E quando um Secretaacuterio Estadual de

Seguranccedila diz ldquoUm tiro em Copacabana eacute uma coisa Um tiro na Coreacuteia (Favela da Coreacuteia

no Complexo do Alematildeo) eacute outrardquo Por outro lado as favelas satildeo um reduto onde o acesso

natildeo eacute tatildeo faacutecil como fora dela A favela estaacute ligada diretamente agrave degradaccedilatildeo ambiental pelo

seguinte vieacutes geralmente laacute satildeo os espaccedilos urbanos que tecircm menos apoio ou atenccedilatildeo do poder

puacuteblico como faz valer a declaraccedilatildeo do Secretaacuterio de Seguranccedila acima pois entende-se que

se a poliacutecia promover uma incursatildeo em uma favela na zona sul do Rio deve se ter todo o

cuidado com o entorno pois nessa regiatildeo eacute que moram as classes meacutedia e alta dos cariocas e

jaacute na periferia a vida passa ter outro valor

64 A REALIDADE ENTRE SAUacuteDE E O PODER PUacuteBLICO

Para se entender um pouco da realidade entre sauacutede e o poder puacuteblico haacute que se voltar

um pouco para a conhecida palavra ndash Globalizaccedilatildeo

Segundo SABATINI (1999) apud ASCELRAD (1996) ldquoOs conflitos ambientais nas

cidades que se multiplicam nas uacuteltimas deacutecadas representam reaccedilotildees de defesa da qualidade

de vida ameaccedilada pela globalizaccedilatildeo econocircmicardquo

A globalizaccedilatildeo eacute um fenocircmeno multifacetado com dimensotildees econocircmicas sociais

poliacuteticas culturais religiosas e juriacutedicas interligadas de modo complexo Ela parece combinar

a universalizaccedilatildeo e a eliminaccedilatildeo das fronteiras nacionais por um lado Por outro parece

combinar o particularismo e a diversidade local a identidade eacutetnica e o regresso ao

comunitarismo Aleacutem disso interage de modo muito diversificado com outras transformaccedilotildees

117

no sistema mundial que lhe satildeo concomitantes tais como o aumento dramaacutetico das

desigualdades entre paiacuteses ricos e pobres e no interior de cada paiacutes entre ricos e pobres a

sobrepopulaccedilatildeo a cataacutestrofe ambiental os conflitos eacutetnicos a migraccedilatildeo internacional

massiva a emergecircncia de novos estados e a falecircncia ou implosatildeo de outros a proliferaccedilatildeo de

guerras civis o crime globalmente organizado a democracia formal como condiccedilatildeo poliacutetica

para a assistecircncia internacional SANTOS (2002)

Para NATAL (2006) a crise ou as crises que a globalizaccedilatildeo desencadeou no Brasil

jaacute dura mais de vinte anos Um dos entes mais afetados com o processo de globalizaccedilatildeo eacute o

Estado ele sofre

a) Desnacionalizaccedilatildeo com um certo esvaziamento do aparelho do Estado nacional que decorre do fato de as velhas e novas capacidades do Estado estarem a ser reorganizadas

b) A desestatizaccedilatildeo dos regimes poliacuteticos refletida na transiccedilatildeo do conceito de governos para o de governaccedilatildeo ou seja de um modelo de regulaccedilatildeo social e econocircmica assente no papel central do Estado para um outro assente em parcerias e outras formas de associaccedilatildeo entre organizaccedilotildees governamentias para-governamentais e natildeo-goverrnamentais nas quais o aparelho de Estado tem apenas tarefas de coordenaccedilatildeo enquanto primus inter pares

c) Tendecircncia para a internacionalizaccedilatildeo do estado nacional expressa no aumento do impacto estrateacutegico do contexto interrnacioonal na atuaccedilatildeo do Estado o que pode envolver a expansatildeo do campo de accedilatildeo do Estado nacional sempre que for necessaacuterio adequar as condiccedilotildees internas agraves exigecircncias extraterritoriais ou transnacionaisrdquo

SANTOS (idem)

Com a globalizaccedilatildeo as poliacuteticas sociais ficaram dessa forma duplamente

atingidas Pelo lado da demanda houve um agravamento da situaccedilatildeo social causada pelo

ajuste e este causou verdadeira sobrecarga nos jaacute fragilizados serviccedilos sociais

particularmente aqueles de acesso universal

Pelo lado da oferta de serviccedilos e benefiacutecios as poliacuteticas sociais ficam restringidas

tanto pelo corte de recursos como pela reestruturaccedilatildeo do seu perfil adotando estrateacutegias de

focalizaccedilatildeo de seus serviccedilos Para SOARES (2008) o Brasil natildeo eacute um paiacutes com uma pobreza

118

residual que podia ser combatida com programas focalizados passageiros e com poucos

recursos

Ocorreu tambeacutem uma submissatildeo de determinados princiacutepios como equumlidade e

universalidade agraves chamadas restriccedilotildees econocircmicas Essa postura reduziu as prioridades e

poliacuteticas sociais a algo toacutepico e residual priorizando as chamadas inovaccedilotildees gerenciais quase

sempre associadas a estrateacutegias do tipo auto-ajuda que nos dias de hoje passaram a se chamar

solidariedade participaccedilatildeo comunitaacuteria etc

Para a aacuterea de sauacutede assistiu-se ao discurso de que a sauacutede seria um bem privado que

o setor puacuteblico seria ineficiente por definiccedilatildeo pela proacutepria natureza e que os recursos

puacuteblicos para a sauacutede seriam escassos e continuariam a ser Este uacuteltimo toacutepico ainda eacute

cogitado pela grande discussatildeo que gerou o final da cobranccedila do imposto sobre as

movimentaccedilotildees bancaacuterias ndash CPMF E que tambeacutem foi revelado na seguinte entrevista

ldquoAiacute eles gastam uma fortuna do dinheiro puacuteblico do dinheiro que natildeo satildeo

deles aiacute se constroacutei um mundo que aquilo ali eacute um mundo seraacute que eles vatildeo

querer em ter interesse em manter verba todo ano tem aquela como eacute

chamado Orccedilamento um bilhatildeo Oh vamos destinar cem para a sauacutede

cem para a seguranccedila puacuteblica natildeo eacute isso por exemplo para a educaccedilatildeo

seraacute que no municiacutepio vatildeo ter interesse em enviar tantas verbas para um

hospital desses Porque para comeccedilar eles vatildeo ter que os meacutedicos os

profissionais muitos de repente vatildeo ficar ateacute meio assim mas seraacute que

eles tem interesse de manter o hospital vinte e quatro horas aberto Com

funcionaacuterios ali e meacutedicos pediatrasemergecircncia e aiacute aquilo ali eacute uma

coisa de louco Os hospitais da rede municipal estavam tudo ali caindo aos

pedaccedilos numa correria daqui pessoas largadas nos chatildeo entatildeo satildeo estas

questotildeesrdquo

ENTREVISTA 2

O discurso desta entrevista revela a preocupaccedilatildeo que se tem da disponibilidade dos

recursos puacuteblicos Do percentual que eacute e que seraacute disponibilizado para os serviccedilos de sauacutede

Para o entrevistado isto assume importacircncia especiacutefica pois eacute revelado em sua representaccedilatildeo

sobre sauacutede Os moradores de Acari vivem assim como o restante da populaccedilatildeo carioca de

um tipo de acesso aos tratamentos em sauacutede de maneira precaacuteria Haacute uma superlotaccedilatildeo nos

119

serviccedilos de sauacutede quando natildeo precisam fazer uma peregrinaccedilatildeo para aquela unidade que os

possa receber Situado no proacuteprio complexo haacute um grande hospital puacuteblico com capacidade

para atendimento de qualidade mas as representaccedilotildees dos moradores se direcionam a

preocupaccedilatildeo quanto a gestatildeo Para eles haacute uma dicotomia entre a disponibilidade de o Estado

oferecer uma estrutura e o manter com o que jaacute estatildeo acostumados pois nos seus

imaginaacuterios o desmantelamento do serviccedilo puacuteblico eacute um processo que se corporifica na

atualidade

Um grande movimento dentro do Estado na atualidade eacute a reproduccedilatildeo do capital

fazendo com que a cidade seja o elo entre a economia local e os fluxos globais passando a ser

objeto de competitividade internacional Nisto se insere os programas governamentais

direcionados agrave melhoria das condiccedilotildees de vida e redistribuiccedilatildeo de renda Parece pessimista

olhar por este acircngulo mas haacute uma grande verdade nas palavras de VIEIRA e BREDARIOL

(ibdem) quando afirmam que a poliacutetica se profissionaliza a natildeo ser que os poliacuteticos sejam

pessoas de excepcional altruiacutesmo eles iratildeo sempre encarar a tentaccedilatildeo de tomar decisotildees de

acordo com seus proacuteprios interesses PEREIRA (2008) afirma que as obras sociais satildeo

geralmente impulsionadas pela poliacutetica setorial e que muita das vezes satildeo feitas no reduto da

oposiccedilatildeo como eacute o caso do Programa de Aceleraccedilatildeo do Crescimento no Complexo do

Alematildeo

Uma outra faceta da temaacutetica sauacutede e poder puacuteblico se revela na necessidade atual de

se repensar as cidades Haacute em curso uma ldquonovardquo maneira de se pensar as cidades o que natildeo eacute

totalmente novo Desde a deacutecada de 60 com o governo de Castelo Branco e a promulgaccedilatildeo da

Lei 450464 ndash o Estatuto da Terra e Plano Doxiadis se discute sobre uma cidade ideal

acessiacutevel a todos Isto fez com que o legislador entendesse a necessidade de incluir a cidade

em um capiacutetulo especiacutefico na Constituiccedilatildeo de 1988

Da Constituiccedilatildeo ateacute os dias atuais o que se tem discutido no tocante ao assunto cidade

eacute a Lei 1025701 chamada de Estatuto da Cidade foi ldquoinstitucionalizadardquo atraveacutes do

documento ldquoCidades Sustentaacuteveis da Agenda 21 Brasileirardquo Nessa Lei haacute a previsatildeo e a

fomentaccedilatildeo do que se veio a chamar - Cidades Sustentaacuteveis mediante a formulaccedilatildeo de planos

diretores A cidade certamente tem uma particularidade uacutenica para cada localidade pois

vaacuterios fatores podem influenciar o seu desenvolvimento e manutenccedilatildeo

A preocupaccedilatildeo se estar colocando em pauta este ldquorepensar a cidaderdquo tem por base

DIAS (ibdem) que diz ldquoO ambiente urbano uma das maiores criaccedilotildees do ser humano e o

lugar onde vive a maioria das pessoas do mundo atual estaacute de vaacuterias formas tornando-se

menos adequado para a vida humana

120

Mas o que eacute enfim uma cidade sustentaacutevel Uma cidade sustentaacutevel eacute aquela que tenta

se aproximar o maacuteximo possiacutevel dos ideais propostos na agenda 21 e seus desdobramentos

SATTERTHWAITE (2004) pontua algumas categorias gerais de accedilatildeo ambiental para avaliar

o desempenho das cidades na busca de uma melhor cidadania e qualidade de vida ndash cidade

sustentaacutevel

1) ldquoControle de doenccedilas contagiosas e parasitaacuterias ndash agenda marrom 2) Reduccedilatildeo dos perigos quiacutemicos e fiacutesicos no lar ndash eacute o que acontece na maioria das vezes quando se colocam produtos quiacutemicos como por exemplo hipoclorito de soacutedio ou outros detergentes em garrafas de PET de refrigerantes 3) Universalizaccedilatildeo de um ambiente urbano de boa qualidade para todos ndash com poliacuteticas claras de reduccedilatildeo de ruiacutedos tratamento de efluentes industriais inclusive melhoria da qualidade do ar reduccedilatildeo da degradaccedilatildeo ambiental controle da violecircncia urbana 4) Minimizaccedilatildeo dos cursos ambientais da transferecircncia de custos ambientais para os habitantes e ecossistemas do entorno da cidade 5) Incentivo ao consumo sustentaacutevel

Para que haja uma otimizaccedilatildeo das accedilotildees supracitadas haacute que se respeitar algumas metas

1) Econocircmicas ndash acesso agrave uma renda adequada ou meios de produccedilatildeo 2) Sociais culturais e de sauacutede ndash habitaccedilatildeo saneamento respeito agrave diversidade cultural trabalho transporte etc 3) Poliacuteticas ndash liberdade de participaccedilatildeo na poliacutetica na gestatildeo no desenvolvimento cidadania etc 4) Minimizaccedilatildeo do uso ou desperdiacutecio dos recursos natildeo-renovaacuteveis ndash combustiacuteveis foacutesseis reutilizar reciclar recuperar etc 5) Uso sustentaacutevel dos recursos renovaacuteveis finitos ndash aacutegua potaacutevel combustiacuteveis baseados em biomassa etc 6) Uso de resiacuteduos biodegradaacuteveis ndash natildeo sobrecarga de corpos hiacutedricos receptores 7) Uso de resiacuteduos ou emissotildees natildeo-biodegradaacuteveis ndash natildeo poluiccedilatildeo ou descarte excessivo respeitando os limites bioloacutegicosrdquo

Sem parecer utoacutepico acredita-se que se houver disponibilidade poliacutetica para se pensar

e realizar os projetos para a implementaccedilatildeo de cidade sustentaacutevel ela natildeo estaacute muito aleacutem do

121

que vivenciamos hoje O Brasil tem um poderoso arcabouccedilo de Leis que favorecem

grandemente a essa ideacuteia aleacutem do que meio ambiente tem comeccedilado a se despontar como

assunto de pauta Vaacuterios municiacutepios brasileiros jaacute tecircm suas secretarias de meio ambiente as

empresas pelo menos as grandes tecircm discutido meio ambiente e responsabilidade ambiental

MENEGAT e ALMEIDA (2004) salientam que a condiccedilatildeo imperativa para o gerenciamento

do sistema urbano-socio-ambiental com vista a um sustentabilidade das cidades passa pelo

exerciacutecio da gestatildeo ambiental integrada que por si tem quatro esferas

1) ldquoConhecimento do ambiente ndash entender e diagnosticar o sistema urbano-socio-ambiental e suas relaccedilotildees locais e globais com o sistema natural 2) Gestatildeo urbana-socio-ambiental puacuteblica ndash essa gestatildeo necessita de oacutergatildeos com boa capacidade teacutecnica capazes de desenvolver programas estrateacutegicos e integrados com a sociedade e a economia 3) Educaccedilatildeo e informaccedilatildeo ndash que deve ajudar a abrir os horizontes em relaccedilatildeo ao complexidade do sistema urbano-socio-ambiental 4) Participaccedilatildeo dos cidadatildeos ndash a sociedade deve ser chamada a construir a gestatildeo do sistema Essa participaccedilatildeo e um dos pontos mais importantes da agenda 21rdquo

A partir deste ponto eacute uacutetil discutir o que seja qualidade de vida Para MINAYO et ali

(2000) qualidade de vida boa ou excelente eacute aquela que ofereccedila um miacutenimo de condiccedilotildees para

que os indiviacuteduos nela inseridos possam desenvolver o maacuteximo de suas potencialidades ndash

viver sentir ou amar trabalhar produzir bens e serviccedilos fazer ciecircncia ou arte

Qualidade de vida estaacute ligada a satisfaccedilatildeo das necessidades mais elementares da vida

humana alimentaccedilatildeo acesso a aacutegua potaacutevel habitaccedilatildeo trabalho educaccedilatildeo sauacutede e lazer que

estatildeo associados agraves noccedilotildees relativas de conforto bem-estar e realizaccedilatildeo individual e coletiva

Qualidade de vida segundo esses autores eacute polissecircmico ou seja estaacute relacionado ao modo de

vida incluem ideacuteias de desenvolvimento sustentaacutevel e ecologia humana e por fim relaciona-

se a democracia do desenvolvimento e dos direitos humanos e sociais ndash cidadania A

qualidade de vida quando se trata da sauacutede implica a promoccedilatildeo de sauacutede Olhando-a mais

focalmente implica na capacidade de viver sem doenccedilas ou de superar as dificuldades das

condiccedilotildees de morbidade

ldquoO movimento Cidade Sustentaacutevel surge para operacionalizar os fundamentos da

promoccedilatildeo da sauacutede no seu contexto localrdquo ADRIANO et al (2000) Um municiacutepio saudaacutevel

122

eacute aquele em que as autoridades poliacuteticas e civis as instituiccedilotildees e organizaccedilotildees puacuteblicas e

privadas os proprietaacuterios empresaacuterios trabalhadores e a sociedade dedicam constantes

esforccedilos para melhorar as condiccedilotildees de vida trabalho e cultura da populaccedilatildeo estabelecem

uma relaccedilatildeo harmoniosa com o meio ambiente fiacutesico e natural e expandem os recursos

comunitaacuterios para melhorar a convivecircncia desenvolver a solidariedade a co-gestatildeo e a

democracia

ldquoPara que uma cidade se torne saudaacutevel ela deve se esforccedilar para proporcionar

1) Um ambiente fiacutesico limpo e seguro

2) Um ecossistema estaacutevel e sustentaacutevel

3) Alto suporte social sem exploraccedilatildeo

4) Alto grau de participaccedilatildeo social

5) Necessidades baacutesicas satisfeitas

6) Acesso a experiecircncias recursos contatos interaccedilotildees e comunicaccedilotildees

7) Economia local diversificada e inovativa

8) Orgulho e respeito pela heranccedila bioloacutegica e cultural

9) Serviccedilos de sauacutede acessiacuteveis a todos e alto niacutevel de sauacutederdquo

O Estado fomenta muito de suas poliacuteticas publicas mediante Programas e

dentro do Complexo de Acari os seus moradores tecircm a oportunidade de estar se inserindo e

sendo contemplados dentro desses

O principal programa que aquela comunidade se beneficia eacute o Bolsa Famiacutelia criado

por meio da Medida Provisoacuteria nordm 132 e posteriormente convertida na Lei 1083604 os

benefiacutecios satildeo

a) Remuneraccedilatildeo baacutesica no valor de R$ 5800 concedidos agraves famiacutelias em situaccedilatildeo de

extrema pobreza independente da composiccedilatildeo e do nuacutemero de membros do grupo familiar

b) Remuneraccedilatildeo variaacutevel no valor de R$ 1800 por crianccedilaadolescente concedido agraves

famiacutelias pobres e extremamente pobres cuja composiccedilatildeo apresente crianccedilas e adolescente na

faixa de 0 a 16 anos incompletos sob sua responsabilidade

c) as famiacutelias em situaccedilatildeo de extrema pobreza poderatildeo acumular o benefiacutecio e o

variaacutevel ateacute o maacuteximo de 3 benefiacutecios por famiacutelia totalizando R$ 11200 por mecircs

123

Outro programa eacute o PSF ndash Programa Sauacutede da Famiacutelia que se propotildee a reorganizar a

praacutetica da atenccedilatildeo agrave sauacutede em novas bases e substituir o modelo tradicional levando a sauacutede

para mais perto da famiacutelia e com isso melhorar a qualidade de vida

Aleacutem desses Programas o Estado estaacute presente dentro do Complexo atraveacutes das

seguintes instituiccedilotildees

bull Guardiotildees dos Rios ndash onde a Secretaria Municipal de Meio ambiente se utiliza dos

proacuteprios moradores da comunidade para executarem serviccedilos de limpeza dos rios que

no caso o principal eacute o Acari

bull Gari Comunitaacuterio ndash tambeacutem beneficiando moradores do proacuteprio Complexo nos

serviccedilos de limpeza varredura das ruas e acondicionamento adequado dos resiacuteduos

soacutelidos

bull CCDC ndash Centro Comunitaacuterio de Defesa da Cidadania ndash onde se executa serviccedilos de

cartoacuterio como expediccedilatildeo de segunda via de RG certidotildees de nascimento casamento

busca de certidotildees em outros estados sepultamento gratuito

bull As diversas escolas Ciep Adatildeo Pereira Nunes Escola Municipal Erico Veriacutessimo

Escola Municipal Casa da Crianccedila Escola Municipal General Osoacuterio Escola

Municipal Jardim da Infacircncia Ana de Barros Cacircmara Escola Municipal Monte

Castelo Escola Municipal Conde Pereira Careiro Escola Municipal Corneacutelio Pena

Escola Municipal Oliacutempia do Couto Escola Municipal Sebastiatildeo de Lacerda Escola

Municipal Thomas Jefferson

bull Fundaccedilatildeo Leatildeo XIII

bull Posto de Sauacutede Professor Carlos Cruz Lima

Fora estas representatividades do Estado haacute tambeacutem o trabalho de diversas outras

instituiccedilotildees natildeo-governamentais que por atuarem em outras frentes enriquecem as relaccedilotildees

no interior do Complexo Para esta comunidade o papel das diversas ONGrsquos inseridas

propotildee uma accedilatildeo imediata na resoluccedilatildeo de alguns problemas como a educaccedilatildeo do adulto a

retirada das crianccedilas das ruas a formaccedilatildeo do adolescente trazendo algumas particularidades

de cidadania Eacute enriquecedor para a educaccedilatildeo das crianccedilas o trabalho da ONG Futuro Feliz

mostrando que atraveacutes da muacutesica o contexto de ser morador no Complexo pode ser mais

dinacircmico e acima de tudo colorido atraveacutes do desenvolvimento e da habilidade com os

instrumentos musicais

124

Apesar de natildeo substituiacuterem o Estado e este se aproveitar da presenccedila delas o Estado

fomenta a poliacutetica puacuteblica e cabe agraves ONGrsquos ldquoreplicarrdquo essas poliacuteticas puacuteblicas ou seja

distribui-las

As ONGrsquos estabelecidas e em funcionamento no Complexo de Acari satildeo

bull Centro de Estudos e atendimento Satildeo Domingos Saacutevio ndash formaccedilatildeo para geraccedilatildeo de

renda e educaccedilatildeo aleacutem de serviccedilo de proteacutetico dentista e psicoacutelogo

bull Patrulheiros ndash que segundo seus moradores os rapazes de 14 a 18 anos frequumlentam

cursos e satildeo encaminhados para empresas conveniadas para estaacutegio remunerado

bull Centro Social Futuro Feliz ndash muacutesica

bull Tio Patinhas ndash creche

bull Centro Comunitaacuterio Unidos de Acari ndash creche e atividades para a terceira idade

bull Areal Livre ndash atividades com esporte e educaccedilatildeo

bull Centro Comunitaacuterio Nossa Senhora do Bonfim ndash formaccedilatildeo para geraccedilatildeo de renda e

educaccedilatildeo

bull A Associaccedilatildeo de Moradores do Areal e a Associaccedilatildeo de Moradores de Acari

Para que a realidade entre sauacutede e o Poder Puacuteblico acontece sem prejuiacutezos para a

populaccedilatildeo a grande maioria dos habitantes do Complexo tem em matildeos o voto como aparelho

selecionador de representatividade E ademais como qualquer outra localidade fica agrave mercecirc

do que essa representatividade quer representar Haacute aiacute uma falha no modelo de

representatividade com reflexos suficientemente conhecidos que satildeo revelados com os

escacircndalos com a falta de compromisso com a manutenccedilatildeo da ineacutercia do Estado na sua

atuaccedilatildeo junto agraves comunidades Mesmo os grandes projetos de poliacuteticas puacuteblicas estatildeo sob a

eacutegide das diversas governabilidades e dos seus manda-chuvas Hoje em dia fala-se muito em

redistribuiccedilatildeo de renda via o Programa oficial mas por outro lado falta poliacuteticas puacuteblicas

adequadas agrave busca pelo que se chamou aqui de promoccedilatildeo de sauacutede cidade sustentaacutevel

qualidade de vida etc

125

CONCLUSAtildeO O Meio Ambiente eacute ponto crucial para que se defina a sauacutede Estes dois termos natildeo se

excluem mutuamente eles na verdade se complementam e deveriam seguir juntos No

presente trabalho viu-se que se for tratado o meio ambiente dissociado da figura humana

muito se perde pois o homem eacute figura principal desta interaccedilatildeo Eacute para ele que se destina todo

o aparato de leis que satildeo produzidas especialmente em meio ambiente Eacute praticamente para o

seu fazer que toda a produccedilatildeo cientiacutefica gerada tambeacutem na aacuterea ambiental eacute destinada Para

que ele saiba sobre o seu entorno para que ele respeite as caracteriacutesticas da natureza se quiser

deixar para agraves geraccedilotildees futuras um planeta minimamente habitaacutevel No fundo o homem eacute ao

mesmo tempo o algoz e a proacutepria viacutetima da sua intransigecircncia via degradaccedilatildeo do meio

ambiente

Haacute uma progressiva degradaccedilatildeo ambiental no seio das grandes cidades pois estas por

natureza satildeo verdadeiros aglomerados habitacionais produtores de bens e serviccedilos que

necessitam de muita energia para o seu metabolismo As cidades retiram a energia de que

precisam do entorno promove a produccedilatildeo do que natildeo pode ser reconvertido em energia e gera

como subproduto os resiacuteduos Estes satildeo um grande problema tanto para os homens quanto

para a natureza

O projeto econocircmico usual do tipo centralizador de renda tem estabelecido como

certo o fosso entre as diversas classes sociais Eacute um tanto utoacutepico achar que na histoacuteria do

homem na terra alguma vez tenha sido diferente ou que em algum dia esta histoacuteria seja

contata de forma diferente Eacute fato que poucos tecircm muito e muitos tecircm muito pouco eacute a

origem de muitos dos problemas ambientais potencialmente reversiacuteveis

Na busca por resoluccedilatildeo de suas necessidades os cidadatildeos ficam agrave mercecirc das poliacuteticas

governamentais Um exemplo triste deste lado perverso eacute a campanha poliacutetica disfarccedilada em

programa oficial de governo aliaacutes as campanhas poliacuteticas existem para suprir a proacutepria

necessidade do governo em se manter

Recentemente em plena zona de crise de uma epidemia de dengue a figura maior do

Estado Nacional esteve de corpo presente em um municiacutepio vizinho ao que apresentava mais

casos de dengue na regiatildeo sudeste para inaugurar de palanque sua poliacutetica social ndash PAC

Deveria haver um respeito por parte do Estado a este hiato que neste momento se abate no

seio da problemaacutetica chamada ndash cidades E neste momento a vida gira entorno do binocircmio

viver ou morrer

126

Ter sauacutede e ter meio ambiente adequado agrave vida eacute ter realizada uma parcela da

cidadania que foi adquirida ao longo dos anos e firmada enquanto direito inalienaacutevel na

Constituiccedilatildeo de 1988 Por cidadania se entende o compromisso de se viver melhor de ter

direitos garantidos de ter participaccedilatildeo nas tarefas do conviacutevio Cidadania eacute para quem mora

em cidades ter um espaccedilo onde seus direitos satildeo respeitados onde haja dignidade com a

pessoa humana e onde haja poliacuteticas claras de prevenccedilatildeo de doenccedilas e melhora na qualidade

de vida

Para a cidade a inovaccedilatildeo trazida pelo modelo de cidade sustentaacutevel vem a ser mais um

veiacuteculo capaz de trazer a salubridade a esse habitar citadino respeitando as diversas nuances

do dia-a-dia dos cidadatildeos que ali vivem Cidade sustentaacutevel eacute um alvo a se alcanccedilar a partir da

agenda 21 local

Pela qualidade de vida hoje experimentada no habitar a cidade hoje em dia supotildee-se

que esta seja o pior local para se viver Habitar na cidade eacute assumir riscos com variaacuteveis de

difiacuteceis soluccedilotildees definitivas Haacute que se ter a preocupaccedilatildeo no exerciacutecio de poliacuteticas puacuteblicas

efetivas que ofereccedilam qualidade aos seus moradores e a partir daiacute uma abrangecircncia dos

conflitos comumente por eles vividos

No topo do ranking desponta a sauacutede e todo o seu aparato Meio ambiente e sauacutede

devem ser levados a seacuterio para que se perceba o valor da vida humana e a sua interaccedilatildeo com o

meio ambiente

Optou-se por fazer um estudo de algumas das caracteriacutesticas e variaacuteveis ambientais

dos habitantes do Complexo de Favelas de Acari na zona norte do Municiacutepio do Rio de

Janeiro Para esses moradores viver e sobreviver satildeo termos indissociaacuteveis pois precisam

driblar cotidianamente diversos problemas de ordem social econocircmica e ambiental O sistema

econocircmico vigente devora essa parcela de cidadatildeos os submete e os remete agraves tradicionais

tentativas tentativa de prestaccedilatildeo de serviccedilo Estatal tentativa de sobrevivecircncia via ONGrsquos e

tentativa por esforccedilos proacuteprios Aos habitantes do Complexo a sauacutede natildeo fica agrave traz ela eacute

necessaacuteria para tudo o que realizam Por habitarem um ambiente insalubre violento e sujo

esses moradores natildeo tecircm consolidada sua cidadania e vivem a crise ambiental como a pior

das suas experiecircncias E como se natildeo houvesse uma outra forma para terem cidadania eles

precisam enfrentar a dura realidade da crise ambiental em curso

A exemplo de outras comunidades o Complexo de Favelas de Acari tambeacutem vive a

mercecirc do que o Estado se interesse em fazer Eacute notoacuterio o papel dele no dia-a-dia dos seus

moradores seja na preocupaccedilatildeo com a sauacutede ndash no Complexo haacute um grande hospital puacuteblico

novo que permanceu fechado por um longo tempo e para algumas doenccedilas nem o PSF

127

instalado naquela localidade consegue quantificar seja na poliacutetica de seguranccedila e proteccedilatildeo ndash

onde o Complexo eacute um reduto do traacutefico de entorpecentes e inexiste entorno dele qualquer

policiamento seja nas poliacuteticas de educaccedilatildeo ndash onde haacute escolas mas natildeo para todos E pode-se

confrontar com o resultado de por exemplo o ENEM para se questionar a qualidade do

ensino seja em poliacuteticas de meio ambiente ndash haacute muitos problemas com a drenagem de

esgotos proliferaccedilatildeo de vetores de doenccedilas peacutessima distribuiccedilatildeo e qualidade da aacutegua que se

consome etc

A participaccedilatildeo comunitaacuteria eacute considerada pelos moradores uma funccedilatildeo decisiva na

melhoria da qualidade de sua vivecircncia Haacute a conscientizaccedilatildeo de que natildeo vale somente cuidar

do proacuteprio espaccedilo desvinculando-a do papel do vizinho Em uma comunidade onde as

habitaccedilotildees satildeo contiacuteguas o que o vizinho produz por exemplo de cultura resiacuteduos e porque

natildeo dizer seu descuido afeta diretamente um grupo de famiacutelias ao seu redor Natildeo haacute espaccedilo

para ser produtor e recebedor do seu produto somente Haacute uma troca em massa do que eacute

produzido Logo se se produz lixo violecircncia ruiacutedo insetos roedores etc haacute na verdade

uma multiplicaccedilatildeo de famiacutelias participantes desta troca gerando problemas muacuteltiplos

Para os moradores do Complexo de Favelas de Acari a percepccedilatildeo de sauacutede mesmo

que reproduzindo as palavras do conceito claacutessico natildeo tem tido uma praacutetica satisfatoacuteria A

dinamicidade deste conceito natildeo foi plenamente desvelada nos discursos dos entrevistados

Poucos deles tiveram uma contextualizaccedilatildeo mais ampla do que seja a sauacutede nos referidos

conceitos claacutessicos e conclamam que se todos os outros moradores pudessem perceber que

aleacutem de estarem bem psicologicamente ou sem doenccedilas estatildeo inseridos dentro do conceito de

sauacutede transporte lazer moradia salaacuterios dignos etc A sauacutede teria com isso uma definiccedilatildeo

mais proacutexima do que seja real natildeo soacute para eles como para qualquer outro indiacuteviduo habitante

de qualquer outro espaccedilo geograacutefico

A pesquisa revelou que sauacutede eacute um bem que urge dentro do Complexo pois as

diversas atividades de seus habitantes caminham potencialmente na contramatildeo do que seja ter

sauacutede Natildeo se sabe precisar o porquecirc deste fato mas algumas sugestotildees podem ter utilidade

para entender esse fenocircmeno Estas podem ser deficiecircncia educacional falta de mobilizaccedilatildeo

e participaccedilatildeo conjunta participaccedilatildeo das lideranccedilas comunitaacuterias em todas as accedilotildees capazes

de trazer melhorias para aquele ambiente Pelo o que foram relatados nas entrevistas atitudes

como conviver com o lixo imundiacutecie e dejetos revelam uma necessidade urgente de tomada

de posiccedilatildeo frente agrave tendecircncia de se acostumar com a realidade com que se vive ou a eterna

espera que o poliacutetico A ou B faccedila alguma coisa ou que aquilo seja normal e imutaacutevel

128

O Estado deveria ser o ente que se obriga a executar atividades para a melhoria da

populaccedilatildeo do Complexo E atraveacutes dos seus diversos programas institucionais rever

conceitos e valores repensar o habitar modificar a realidade daquelas pessoas que estatildeo

inseridas naquele contexto social

Um desses programas o PSF tem uma responsabilidade imediata na tentativa de sanar

os problemas relacionados com a sauacutede Mas infelizmente o painel que se vecirc eacute que o

Programa estaacute muito centrado no lado curativo em detrimento agrave prevenccedilatildeo em sauacutede ao qual

foi destinado A demanda eacute grande e as equipes natildeo tecircm conseguido atuar nas possiacuteveis

origens dos problemas

A aplicaccedilatildeo da sauacutede dentro da temaacutetica meio ambiente tem importacircncia elevada pois

o existir na cidade ndash ter cidadania morar trabalhar sorrir chorar se alimentar ter paz sono

ajudar etc ndash estaacute sob efeitos de variaacuteveis ambientais e de sauacutede e estas condicionam a

qualidade desse existir Foi-se o tempo em que se podia dissociar uma termo do outro O ser

humano enquanto morador e dependente de um espaccedilo geograacutefico deve entender que este

muda constantemente e que reside nessa mudanccedila os benefiacutecios e malefiacutecios do tipo de vida

em curso

Os conflitos gerados na dinamicidade deste processo fazem parte do escopo da ciecircncia

ambiental na medida em que estatildeo inseridos em um desequiliacutebrio maior ndash a crise ambiental ndash

e que esta por sua vez estaacute trazendo consequumlecircncias graves para o ser humano e para o

proacuteprio planeta que seraacute herdado pelas novas geraccedilotildees

Eacute oportuno estudar e disponibilizar dados referentes agrave percepccedilatildeo que os moradores do

Complexo de Favela acari tecircm sobre sauacutede e meio ambiente Pois nem sempre poliacuteticas

intervencionistas verticais trazem soluccedilatildeo para todos os males ndash vide o Favela-Bairro Eacute

importante presenciar o que esta comunidade em especiacutefico sabe sobre meio ambiente e que

atividades assumem perante esse conceito

O que esta pesquisa pocircde constatar e que de modo algum pode se generalizar eacute que os

moradores do Complexo de Favelas Acari encontram-se em um tipo de comportamento

passivo perante o que acontece a sua volta Nota-se no discurso dos seus moradores a feacute que

depositam em promessas poliacuteticas e em candidatos Por outro lado haacute uma briga poliacutetica entre

as associaccedilotildees de moradores sendo que algumas delas se aglutinaram sob uma mesma

direccedilatildeo pois natildeo tinham representatividade Com isto se vecirc consequumlentemente uma

expressiva parcela da populaccedilatildeo alijada em sua capacidade de mobilizaccedilatildeo e totalmente

alienada do seu potencial eou reivindicaccedilatildeo dos seus direitos Eacute como se a preocupaccedilatildeo fosse

resumida agrave sobrevivecircncia estanque do dia-a-dia

129

BIBLIOGRAFIA

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_______ Lei nordm 8080 20 de setembro 1990 Dispotildee sobre as condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providecircncias _______ Lei nordm 9433 de 08 de janeiro de 1997 Institui a Poliacutetica Nacional de Recursos Hiacutedricos cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hiacutedricos regulamenta o inciso XIX do art 21 da Constituiccedilatildeo Federal e altera o art 1ordm da Lei nordm 8001 de 13 de marccedilo de 1990 que modificou a Lei nordm 7990 de 28 de dezembro de 1989 _______ Lei nordm 9795 de 27 de abril de 1999 Dispotildee sobre a educaccedilatildeo ambiental institui a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Ambiental e daacute outras providecircncias _______ Lei nordm 10257 11 julho 2001 Regulamenta os arts 182 e 183 da Constituiccedilatildeo Federal estabelece diretrizes gerais da poliacutetica urbana e daacute outras providecircncias _______ Decreto Legislativo Federal nordm 03 de 13 de fevereiro de 1948 Proteccedilatildeo da flora fauna e das belezas cecircnicas dos paiacuteses da Ameacuterica _______ Decreto Legislativo Federal nordm 58054 de 23 de marccedilo de 1966 Promulga a Convenccedilatildeo para a proteccedilatildeo da flora fauna e das belezas cecircnicas dos paiacuteses da Ameacuterica _______ Lei nordm 10836 de 09 de janeiro de 2004 Cria o programa Bolsa Famiacutelia e daacute outras providencias CAMPANHOLE A CAMPANHOLE HI Constituiccedilotildees do Brasil Satildeo Paulo 1983 CAMPOS Gastatildeo WS (org) Planejamento sem normas Satildeo Paulo HUCITEC 1989 CANTARINO G OrsquoDWYER LEITE M A C de A Sauacutede direito primordial de cidadania CAVALCANTI Cloacutevis Desenvolvimento e natureza estudos para uma sociedade sustentaacutevel Satildeo Paulo Cortez 1998 CAVALCANTI Cloacutevis (org) Meio ambiente desenvolvimento sustentaacutevel e poliacuteticas puacuteblicas Satildeo Paulo Recife fundaccedilatildeo Joaquim Nabuco1999 CIRIBELLI Maria Correcirca Como elaborar uma dissertaccedilatildeo de mestrado atraveacutes da pesquisa cientiacutefica Rio de Janeiro 7letras 2003 CONAMA Resoluccedilatildeo nordm 003 de 28 de junho de 1990 Dispotildee sobre padrotildees primaacuterios e secundaacuterios de qualidade de ar e ainda os criteacuterios para episoacutedios agudos de poluiccedilatildeo do ar CONASSEMS divulgaccedilatildeo n17 marccedilo 1997 Conferecircncia sobre Sociedade e Meio Ambiente El Coleacutegio de Michoacaacuten 1991 CORREIA Fernanda G Breve histoacuterico daquestatildeo habitacional na cidade do rio de janeiro in wwwachegasnetnumero31fernanda_correa_31pdf COSTA NR Direito agrave sauacutede no Constituiccedilatildeo um primeiro balanccedilo Cad Sauacutede Puacuteblica n5 1989

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CUNHA Paulo R da A relaccedilatildeo entre meio ambiente e sauacutede e a importacircncia dos princiacutepios da prevenccedilatildeo e da precauccedilatildeo 2005 Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=6484gt CICONELLI et ali Indicadores de Sauacutede no Brasil um processo em construccedilatildeo Revista de Administraccedilatildeo em Sauacutede 7 (27) Abr-jun 2005 DAVIS M Planeta favela Satildeo Paulo Boitempo 2006 DIAS G F Mudanccedilas Globais introduzidas por alteraccedilotildees da superfiacutecie da terra causadas pelas atividades humanas In mudanccedilas no Meio Ambiente Cadernos da Catoacutelica Universidade Catoacutelica de Brasiacutelia (1) 3 Dez 1996 __________ Elementos de ecologia urbana e sua estrutura ecossistecircmica Brasiacutelia IBAMA 1997 DIAS H P Sauacutede como direito de todo e dever do Estado in 8 conferencia nacional de sauacutede 1986 brasiacutelia Anais ministeacuterio da sauacutede 1986 p69-90 EGRY E Y Sauacutede coletiva construindo um novo meacutetodo em Enfermagem Satildeo Paulo Iacutecone 1996 DOISE W Les repreacutesentations sociales In RGHIGLIONE C BONNET JFRICHARD (Eds)Traiteacute de psychologie cognitive Dunot Paris 1990 EZENBERGER Hans-Morgan Contribuiccedilatildeo a criacutetica da ecologia poliacutetica Meacutexico Universidade Autocircnoma de Puebla 1976 FELTRE Ricardo Quiacutemica Vol 1 Rio de Janeiro Editora Moderna 1995 FIOCRUZ Gestatildeo de Sauacutede curso de aperfeiccediloamento para dirigentes municipais de sauacutede programa de educaccedilatildeo a distacircncia Brasiacutelia UnB 1998 FARR R M Lecircs repreacutesentations sociales lecirc theacuteorie et ses critiques Bulletin de psychologie 45 (405) 1992 GAMA R A tecnologia e o trabalho na histoacuteria Satildeo Paulo Editora da Universidade de Satildeo Paulo1986 GIL ANTONIO C Como elaborar projetos de pesquisa 4 ed Satildeo Paulo Atlas 2002 GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Lei 2539 de 19de abril de 1996 Estabelece um programa de inspeccedilatildeo e manutenccedilatildeo de veiacuteculos em uso destinado a promover a reduccedilatildeo da poluiccedilatildeo atmosfeacuterica __________ Lei 323999 de 02 de agosto de 1999 Institui a poliacutetica estadual de Recursos Hiacutedricos cria o sistema estadual de gerenciamento de recursos hiacutedricos regulamenta a Constituiccedilatildeo Estadual em seu art 261 paraacutegrafo 1ordm inciso VII e daacute outras providecircncias

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GRANZIERA Maria Luiza Machado DALLARI Sueli Gandolfi Direito Sanitaacuterio e Meio Ambiente In PHILIPPI JR Arlindo ALVES Alaor Caffeacute (Editores) Curso Interdisciplinar de Direito Ambiental Barueri Manole 2005 HAYWARD Tim Ecological Thought na introduction CambridgeUK Polity Press 1994 HERCULANO S C Meio Ambiente questotildees conceituais Niteroacutei PGCA-Riocor 2000 HOBSBAWN E A era dos impeacuterios Rio de Janeiro Paz e Terra 1988 HORTA W A CASTELLANOS BEP Processo de Enfermagem Satildeo Paulo EPU 1979 IBANtildeEZ T Representaciones sociales teoriacutea y meacutetodo In IBANtildeES T (Ed) Ideologiacuteas de la vida cotidiana Barcelona Sendai 1988 JODELET D Repreacutesentations sociales um domaine em expansion In D JODELET (Ed) Les repreacutesentations sociales Paris Presses Universitaires de France 1989 JOVCHELOVICH Sandra Representaccedilotildees sociais e esfera puacuteblica a construccedilatildeo simoacutelica dos espaccedilos puacuteblicos no Brasil Petroacutepolis Vozes 2000 KRUumlGER Eduardo L Uma abordagem sistecircmica da atual crise ambiental Desenvolvimento e Meio Ambiente nuacuteermo4 juldez2001 editora da UFPR LAGO Antonio PAacuteDUA Joseacute Augusto O que eacute ecologia Satildeo Paulo Brasiliense 1985 LEITE Maacutercia Pereira Entre o individualismo e a solidariedade Dilemas da poliacutetica e da cidadania no Rio de Janeiro Revista Brasileira de Ciecircncias Sociais vol 15 nuacutemero 441997 LEFF Enrique Ecologia capital e cultura Racionalidade ambiental democracia participativa e desenvolvimento sustentaacutevel Blumenau Edifurb 2000 LUDKE Menga ANDREacute MEDA Pesquisa em Educaccedilatildeo abordagens qualitativas Satildeo Paulo EPU 1986 MARTINS Joseacute de S O Bolsa-Famiacutelia e o crediaacuterio de geladeiras e lavadoras O Estado de S Paulo 11 de marccedilo de 2008 Disponiacutevel em lt httpwebmaccomdorivalfilhoDEMArtigos_-_BrasilEntries2008311_O_destino_ do_Bolsa_FamC3ADliahtmlgt MENEGAT Rualdo ALMEIDA Gerson Sustentabilidade democracia e gestatildeo ambiental urbana In MENEGAT Rualdo ALMEIDA Gerson Desenvolvimento sustentaacutevel e gestatildeo ambiental nas cidades Porto Alegre UFRGS 2004 MINAYO et ali Qualidade de vida e sauacutede um debate necessaacuterio Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 5 (1) Rio de Janeiro ABRASCO 2000 MINAYO Maria C de Souza (org) Pesquisa Social teoria meacutetodo e criatividade 8 Ed Petroacutepolis Ed Vozes 1998

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MOTTA R S da ORTIZ Ramon A FEREIRA Sandro de F Avaliaccedilatildeo econocircmica dos impactos causados pela poluiccedilatildeo atmosfeacuterica na sauacutede humana um estudo de caso para Satildeo Paulo 1998 Disponiacutevel em ltwwwracenucaieufrjbrecotrabalhosmesa3 5docgt MOTOYAMA S (org) Educaccedilatildeo teacutecnica e tecnoloacutegica em questatildeo25 anos do CEETEPS Hstoacuteria vivida Satildeo Paulo Editora da Universidade Estadual Paulista1995 MOSCOVICI S The phenomenon of social representations In RM Farr amp S Moscovici (eds) Social Representations (p 3-69) Cambridge University Press Cambridge 1984 NATAL Jorge Do desenvolvimentalismo ao neoliberalismo reflexotildees sobre o Brasil contemporacircneo Rio de Janeiro Pubblicati 2006 ODUM H T et al Environmental and society in Florida Center for Environmental Policy University of Floria 1993 PERLMAN Janice Marginalidade do mito aacute realidade nas favelas do Rio de Janeiro Coleccedilatildeo estudos da cidade Rio estudos Nuacutemero 102 Maio de 2003 PHILIPPI JR et ali Educaccedilatildeo ambiental e sustentabilidade Barueri Manole 2004 POLANYI Karl A grande transformaccedilatildeo as origens da nossa eacutepoca Rio de Janeiro Campus 1980 POLIT Denise F HUNGLER Bernadette P Fundamentos de Pesquisa em Enfermagem Porto Alegre Editora Artmed 1996 PORTO-GONCcedilALVES Carlos W A globalizaccedilatildeo da natureza e a natureza da globalizaccedilatildeo Civilizaccedilatildeo brasileira Rio de Janeiro 2006 PORTO Silvia et al Avaliaccedilatildeo de uma metodologia de alocaccedilatildeo de recursos financeiros do setor sauacutede para aplicaccedilatildeo no Brasil Disponiacutevel em ltwwwscielobrpdfcspv23n613pdfgt

RIBEIRO Luiz C de Q LAGO Luciana C do A oposiccedilatildeo favela-bairro no espaccedilo social do rio de janeiro In ltwwwscielobrpdfsppv15n18598pdf 02032008gt RICOEUR P Narrative time In JOVCHELOVITCH Sandra Representaccedilotildees sociais e esfera puacuteblica a construccedilatildeo simboacutelica dos espaccedilos puacuteblicos no Brasil Vozes 2000 SALOMON D V Como fazer uma monografia Satildeo Paulo Martins fontes 2001 SANTOS Boaventura de S A Globalizaccedilatildeo e as Ciecircncias Sociais Satildeo Paulo Cortez 2002 SOARES Laura T R Globalizaccedilatildeo e exclusatildeo Revista de Enfermagem Escola de Enfermagem Ana Nery 1 (1) 13-22 set 1997 SOAREZ Patriacutecia C de PADOVAN Jorge L CICONELLI Rozana M Indicadores de sauacutede no Brasil um processo em construccedilatildeo Revista de administraccedilatildeo em sauacutede 7(27)57-64 abr-jun 2005 Disponiacutevel em ltwwwcqhorgbrfilesRAS27_indicadorespdfgt

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SATTERTHWAITE David Como as cidades podem contribuir para o desenvolvimento sustentaacutevel In MENEGAT Rualdo ALMEIDA Gerson Desenvolvimento sustentaacutevel e gestatildeo ambiental nas cidades Porto Alegre UFRGS 2004 SABATINI F Participacioacuten ciudadania para enfrentar conflictos ambientales urbanos una estrategira para los municipios Ambiente y Desarolho ano XVm nordm 4 dez 1999 In ASCELRAD Henri Contradiccedilotildees espaciais conflitos ambientais e regulaccedilatildeo In COSTA H S et al Novas periferias metropolitanas a expansatildeo metropolitana em Belo Horizonte dinacircmica e especificidade no eixo-sul Belo Horizonte Companhia da Art 2006 SANTOS JR O A dos Poliacuteticas puacuteblicas e gestatildeo local programa interdisciplinar de capacitaccedilatildeo de conselheiros municipais Rio de Janeiro Fase 2003 SEM Amartya Desenvolvimento como liberdade Satildeo Paulo Companhia das Letras2000 SIGAUD Marcia F Caracterizaccedilatildeo dos domiciacutelios na cidade do Rio de Janeiro Coleccedilatildeo estudos da cidade Rio estudos Nuacutemero 253 Abril 2003 SILVA JR A G da Modelos assistenciais em sauacutede o debate no campo da sauacutede coletiva Tese de Doutorado ENSPFIOCRUZ Rio de Janeiro 1996 SOUZA e SILVA Jailson de Um espaccedilo em busca de seu lugar as favelas para aleacutem dos estereoacutetipos wwwietsorgbrbibliotecaUm_espaccedilo_em_busca_de_seu_lugarPDF acessado em 22022008 SUTTON D B HARMONN N P Ecology selected concepts John Wiley amp Sons Inc NY 1993 TAYRA Flaacutevio A crise ambiental e o papel das novas tecnologias da informaccedilatildeo aleacutem do domiacutenio da teacutecnica Revista Eletrocirccnia de Geografia y ciecircncias sociais vol VIII nuacutemero 170(41) 2004 TORRES Haroldo da G MARQUES Eduardo C Tamanho populacional das favelas paulistanas Ou os grande nuacutemeros e a falecircncia do debate sobre a metroacutepole Artigo em ltwwwcentrodametropoleorgbrpdfabep2002pdfgt TRAVASSOS Edson G A educaccedilatildeo ambiental nos curriacuteculos dificuldades e desafios In revista de Biologia e Ciecircncia da Terra vol1 nordm2 2001 Disponiacutevel em ltredalycuaemexmxredalycpdf50050010202pdfgt VALA J Representaccedilotildees Sociais para uma psicologia social no pensamento social In VALA J MONTEIRO MB (Eds) Psicologia Social Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gullbenkian 1993 VIEIRA Liszt Cidadania e Globalizaccedilatildeo Rio de Janeiro Record 2001 ____________ BREDARIOL Celso Cidadania e Poliacutetica Ambiental Rio de Janeiro Record 1998

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WEBER Alexandre de V Sistema de sucessatildeo e heranccedila da posse habitacional em favelas Tese de Mestrado (Mestrado em Antropologia) Universidade Federal Fluminense 1999 WEILL Pierre A mudanccedila de sentido e o sentido da mudanccedila Rosa dos Tempos Rio de Janeiro 2000 ZALUAR A ALVITO M (orgs) Um seacuteculo de favela Editora FGV Rio de Janeiro 1998 ZOTTI Solange A Organizaccedilatildeo do ensino primaacuterio no Brasil uma leitura da histoacuteria do curriacuteculo oficial Disponiacutevel em lthttpwwwhistedbrfaeunicampbrnavegandoartigos_ framesartigo_102htmlgt ZUCCHI Paola O mundo da sauacutede Satildeo Paulo ano 21 v 21 n3 maijun 1997 Sites pesquisados wwwecolnewscombragenda21indexhtm acesso em 18 de fevereiro de 2008 httpwwwuepbedubredueprbctsumariospdfeducambpdfhttpwwweducacaopublicarjgovbrbibliotecaeducacaoeduc109dhtmhttpptwikipediaorgwikiC38Dndice_de_Desenvolvimento_HumanohttpwwwpnudorgbrpublicacoeshttpwwwsauderiorjgovbrhttpwwwaquaconcombrSite_portuguesAcervoaq080htmwwwambientebrasilcombrurbanoindexhtmlampconteudo=urbanoartigospoluiccedilatildeo_ecohtml httpwww2riorjgovbrsmupaginasev_planosasphttpwwwcelioluparellicombrnoticiasphpid_noticia=115 httpwwwambientebrasilcombrhttpwwwopasorgbrhttpwwwwhointen httpwwwpsolrjorgbr httpwwwfauufrjbrprourbcidadesfavelaprogfavbthtml httpportalgeoriorjgovbrsabrenindexhtm httpwwwarmazemdedadosriorjgovbr httpwwwguiaheunombrindexhtm httpwwwKlepsidranetklepsidra19faveladohtm httpwwwfavelatemememoriacombrpubliquecgicgiluaexesysstarthtmsid=78from_info_index=6ampinfoid=109wwwworldbankorgurbanssymposium2005presentationspasternakpdf 02032008 1121

136

ANEXO I

FOTOS AEacuteREAS E LOCALIZACcedilAtildeO DO COMPLEXO DE FAVELAS

Figura 1 Municiacutepio do Rio de Janeiro onde se vecirc destacado o bairro de Acarai na aacuterea programaacutetica 3

Fonte Instituto Pereira Passos ndash Pref Municipal do Rio de Janeiro

Mapa 1 Mapa representando a favela de Vila Esperanccedila Fonte Instituto Pereira Passos ndash Pref Municipal do Rio de Janeiro

Mapa 2 Mapa representando a favela de Vila Rica do Irajaacute Fonte Instituto Pereira Passos ndash Pref Municipal do Rio de Janeiro

Mapa 3 Mapa representando a favela de Parque Acari Fonte Instituto Pereira Passos ndash Pref Municipal do Rio de Janeiro

Mapa 4 Mapa representando a favela Beira Rio Fonte Instituto Pereira Passos ndash Pref Municipal do Rio de Janeiro

Foto 1

Foto aeacuterea da Favela de Vila Esperanccedila Fonte Instituto Pereira Passos

Foto 2

Foto aeacuterea da Favela de Vila Esperanccedila Fonte Instituto Pereira Passos

Foto 3

Foto aeacuterea da Favela de Vila Esperanccedila Fonte Instituto Pereira Passos

Foto 4

Foto aeacuterea da Favela de Vila Rica de Irajaacute Fonte Instituto Pereira Passos

Foto 5

Foto aeacuterea da Favela de Vila Rica de Irajaacute

Foto 6

Foto aeacuterea da Favela de Parque Acari Fonte Instituto Pereira Passos

Foto 7

Foto aeacuterea da Favela de Parque Acari com detalhe da presenccedila do Hospital de Acari Fonte Instituto Pereira Passos

ANEXO II

TABELAS

Teorias do ecologismo

Materialistas Natildeo-materialistas

Ecologismo nos paiacuteses ricos Reaccedilatildeo contra a contaminaccedilatildeo e esgotamento dos recursos naturais causados pela abundacircncia

Mudanccedila cultural para valores poacutes-materialistas devido aacute utilidade marginal decrescente dos abundantes bens materiais faacuteceis de obter sem custos ambientais

Ecologismo nos paiacuteses pobres Defesa do acesso comunitaacuterio aos recursos naturais contra a ameaccedila do mercado ou do Estado Reaccedilatildeo contra a degradaccedilatildeo ambiental provocada pela pobreza o excesso de populaccedilatildeo e intercacircmbio desigual

Religiotildees biocecircntricas Ecofeminismo essencialista

Tabela 1 - Teorias do ecologismo

III Popde Favelas

(a) MunPopRio

(b) ab de cresc

Pop Favelas de cresc

PopRio

1950 169305 2337451 724 - -1960 337412 3307163 1020 993 4151970 563970 4251918 1326 671 2861980 628170 5093232 1233 114 1981990 882483 5480778 1610 405 762000 1092958 5857879 1866 239 69

Tabela 2 ndash Taxa de Crescimento de Favelas no Rio de Janeiro de 1950 a 2000 Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

Tabela 8-B

Tabela 9-B Municiacutepio do Rio de Janeiro - 2003 2006Nuacutemero de Surtos de Hepatite Viral por Ano Aacuterea de Planejamento Regiatildeo Administrativa e Bairro

Aacutereas de Planejamento RegiotildeesAdministrativas e Bairros

PopulaccedilatildeoCenso 2000

Nordm deSurtos2003

Nordm deSurtos2004

Nordm deSurtos2005

Nordm deSurtos2006

Total deSurtos

TOTAL 5 857 904 5 19 61 44 129

Aacute R E A D E P L A N E JA M E N T O 3 3 928 800 0 3 9 11 23

XXV PAVUNA 197 068 0 0 5 4 9

ACARI 24 650 0 0 2 0 2 Tabela 10-B SUBASSSVSGerecircncia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica

uacutemero de Casose Oacutebitos e Taxas de Incidecircncia Mortalidade e Letalidade de Febre Hemorraacutegica do DengueSiacutendrome do Choque por Dengue por Aacutereas de Planejamento RAacutereas de Planejamento RegiotildeesAdministrativas e Bairros

PopulaccedilatildeoCenso 2000

Casos FHD1996

Casos FHD1997

Casos FHD1998

Casos FHD1999

CasosFHD2000

Casos FHD2001

Casos FHD2002

Casos FHD2003

Casos FHD2004

CasosFHD2005

Casos FHD2006

TOTAL 5 857 904 0 0 2 11 12 269 718 4 4 4 35AacuteREA DE PLANEJAMENTO 33 928 800 0 0 0 3 0 35 82 0 1 0 0ACARI 24 650 0 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 Tabela 11-B

146

Municiacutepio do Rio de Janeiro - 2000 a 2006Nuacutemero de Casos Oacutebitos Taxa de Incidecircncia Mortalidade e Letalidade de Doenccedila Meningocoacutecica por Aacuterea de Planejamento Regiatildeo Administrativa e Bairro

Aacutereas de Planejamento RegiotildeesAdministrativas e Bairros

PopulaccedilatildeoCenso 2000

Casos2000

Casos2001

Casos2002

Casos2003

Casos2004

Casos2005

Casos2006

Total CasosDM

TOTAL 5 857 904 192 184 178 172 178 231 157 1 292

Aacute R E A D E P L A N E JA M E N T O 3 3 9 28 8 00 33 27 2 6 16 28 3 2 3 5 197

XXV PAVUNA 197 068 3 8 6 2 7 9 7 42

ACARI 24 650 2 1 3 1 2 1 2 12 Tabela 12-B

Nuacutemero de Casos Oacutebitos Taxa de Incidecircncia Mortalidade e Letalidade de Dengue por Aacuterea de Planejamento Regiatildeo Administrativa e BairroMuniciacutepio do Rio de Janeiro - 1996 a 2006

Aacutereas de Planejamento RegiotildeesAdministrativas e Bairros

PopulaccedilatildeoCenso 2000 Casos 1996 Casos 1997 Casos 1998 Casos 1999 Casos 2000 Casos 2001 Casos 2002 Casos 2003 Casos 2004 Casos 2005 Casos 2006 Total Casos

de Dengue

TOTAL 5 857 904 4 102 1 024 13 477 4 132 2 279 27 671 143 723 1 610 708 1218 14 778 214 722Aacute R E A D E P L A N E JA M E N T O 3 3 928 800 477 136 1 820 555 31 9 5 109 10 351 214 118 109 754 19 962PAVUNA 90 027 64 17 445 129 10 341 578 19 5 3 53 1 664

Tabela 13-B

147

Principal fonte O que causa Escape dos veiacuteculos motorizados

Centrais termoeleacutetricas NO2 Faacutebricas de fertilizantes de explosivos ou de aacutecido niacutetrico

Problemas respiratoacuterios

Centrais termoeleacutetricas Petroacuteleo ou carvatildeo SO2 Faacutebricas de aacutecido sulfuacuterico

Problemas respiratoacuterios irritaccedilatildeo nos olhos problemas cardiovasculares

Escape dos veiacuteculos motorizados

Processos industriais Centrais termoeleacutetricas

Partiacuteculas em

suspensatildeo Reaccedilatildeo dos gases poluentes na atmosfera

Problemas respiratoacuterios irritaccedilatildeo dos olhos doenccedilas cardiovasculares

Escape dos veiacuteculos motorizados Problemas respiratoacuterios intoxicaccedilotildees problemas cardiovasculares

Alguns processos industriais CO

Fumaccedila de cigarro

Na exposiccedilatildeo prolongada aumento do volume do baccedilo hemorragias naacuteuseas

diarreacuteias pneumonia perda de memoacuteria e outros males

Escape dos veiacuteculos motorizados (gasolina com chumbo) Efeito toacutexico acumulativo Pb

(Chumbo) Incineraccedilatildeo de resiacuteduos Anemia e destruiccedilatildeo de tecido cerebral

Irritaccedilatildeo nos olhos O3 (Ozocircnio)

Formados na atmosfera devido agrave reaccedilatildeo de oacutexidos de azoto hidrocarbonetos e luz solar Problemas respiratoacuterios (reaccedilatildeo inflamatoacuteria

Tabela 14-B Gases poluentes lanccedilados na atmosfera

Tabela 15-B Comparaccedilatildeo da poluiccedilatildeo atmosfeacuterica produzida em algumas cidades

ANEXO III

GRAacuteFICOS E FIGURAS

Graacutefico 1-B

Figura 1-B

Imagem do lixatildeo no local chamado de fim de mundo

Figura 2-B

Imagem do lixatildeo no local chamado de fim de mundo

Figura 3-B

Projeto de reciclagem de lixo

Figura 4-B

Aspecto da disposiccedilatildeo do lixo recolhido na aacuterea da ldquoreciclagemrdquo

Figura 5-B

ETE Pavuna Fonte Aquacon

Figura 6-B

Exemplo de uma aacuterea de lazer

Figura 7-B

Exemplo de uma aacuterea de lazer

PESSOAS ENERGIA

ENTRETENIMENTO EDUCACcedilAtildeO INFORMACcedilAO E TECNOLOGIA

RUIacuteDO

AR POLUIacuteDO

ESGOTO

RADIACcedilAtildeO LIXO HOSPITTALAR PUacuteBLICO E RESIDENCIAL

SERVICcedilOS

BENS MANUFATURADOS

RESIacuteDUOS INUSTRIAIS

COMBUSTIacuteVEIS

MATEacuteRIA-PRIMA

Figura 8-B Esquema de trocas de uma cidade

Figura 9-B

Figura 10-B

ANEXO V

FIGURAS UTILIZADAS NAS ENTREVISTAS

ASSUNTO PRESSUPOSTO TELECOMUNICACcedilAtildeO CONSUMISMO PRODUCcedilAtildeO DE LIXO

ASSUNTO PRESSUPOSTO CONSUMISMO CONFORTO LAR LAZER

ASSUNTO PRESSUPOSTO CONSUMISMO CONFORTO LAZER POLUICcedilAtildeO ATMOSFEacuteRICA

ASSUNTO PRESSUPOSTO DESMATAMENTO MUDANCcedilA CLIMAacuteTICA PERDA DE BIODIVERSIDADE EFEITO ESTUFA

ASSUNTO PRESSUPOSTO CONSUMISMO ALIMENTACcedilAtildeO TRABALHO DIGNIDADE CIDADANIA

ASSUNTO PRESSUPOSTO PRESERVACcedilAtildeO AMBIENTAL LEIS VIOLEcircNCIA

ASSUNTO PRESSUPOSTO ALIMENTACcedilAtildeO DINHEIRO TRABALHO QUALIDADE DE VIDA

ASSUNTO PRESSUPOSTO ENERGIA CONFORTO LAR LAZER

ASSUNTO PRESSUPOSTO CONSUMISMO ALIMENTACcedilAtildeO TRABALHO FAMIacuteLIA

ASSUNTO PRESSUPOSTO PARTICIPACcedilAtildeO DO PODER PUBLICO SAUacuteDE CIDADANIA POLIacuteTICA

ASSUNTO PRESSUPOSTO LAR MORADIA TRANSPORTE LAZER SEGURANCcedilA QUALIDADE DE VIDA FUTURO

ASSUNTO PRESSUPOSTO PARTICIPACcedilAtildeO SOCIAL SAUacuteDE FAMIacuteLIA

ASSUNTO PRESSUPOSTO TELEVISAtildeO RAacuteDIO PARTICIPACcedilAtildeO SOCIAL AMBIENTALISMO

ASSUNTO PRESSUPOSTO CIDADE TRANSFORMACcedilAtildeO DA PAISAGEM POLUICcedilAtildeO TRABALHO

ASSUNTO PRESSUPOSTO MEIO AMBIENTE ENERGIA POLUICcedilAtildeO PRESERVACcedilAtildeO

ANEXO VI

TRANSCRICcedilAtildeO DAS FALAS DOS ENTREVISTADOS

TRANSCRICcedilAtildeO ENTREVISTA 1 Que eu entendo por meio ambiente eacute aonde noacutes vivemos neacute Onde

precisamos se sentir saudaacutevel neacute E que nesse saudaacutevel que agente natildeo tem as impurezas na natureza neacute Eacute que a natureza deve ser saudaacutevel porque noacutes vivemos e precisamos dela Por isso eu acho que os seres humanos devem preservar

Meio ambiente que eu vi ali por exemplo na televisatildeo que apareceu apareceu o espaccedilo o mar neacute O mar achei interessante E tambeacutem vi coisas desagradaacuteveis neacute No meio ambiente a queima das aacutervores neacute Eacute isso aiacute que eu vi vi tambeacutem que eu vi aqui Vi por exemplo que produz o meio ambiente a vi ali frutas sucos laacute tinha laranja reproduzido no meio ambientevi o que mais Vi tambeacutem o meio ambiente o homem Os conflitos entre os seres humanos em um grupo de pessoas que deviam estar vivendo bem natildeo em conflito o espaccedilo limitado dessas pessoas

O carro o meio ambiente eu acho assim noacutes necessitamos dele Ele solta gaacutes carbono impureza no meio ambiente acho que o carro nos traz conforto eu acho que carro eacute necessidade mas no meio ambiente ele danifica salta gaacutes polui o ar A mesma coisa ai satildeo celulares aparelhos que vocecirc usa pilha usa coisa que ele danifica tambeacutem o meio ambiente por exemplo eu li uma vez que a ldquoguimbardquo do cigarro se vocecirc colocar ele demora para a natureza a terra absorver duzentos anos neacute Vi tambeacutem que a garrafa plaacutestica demora mais de 300 anos para deixar de danificar isso plaacutestico entatildeo isso eacute Claro e evidente e se vocecirc jogar lixo e deixar aacutegua limpa em por exemplo em casca de ovo pneu aiacute danifica o meio ambiente eacute indiretamente sim porque temos verbas desviadas que poderia estar desenvolvendo o meio ambiente eacute desviada pelos nossos governantes puacuteblicos Tambeacutem espaccedilo fiacutesico de lazer neacute Se vocecirc tiver o espaccedilo fiacutesico de lazer compatiacutevel com as nossas moradias eacute favoraacutevel o crescimento da crianccedila o adolescente e o adulto saudaacutevel quando se pensa em meio ambiente fortalecido agente vecirc que as vezes natildeo

Equiliacutebrio fiacutesico e mental para mim sauacutede eacute isso equiliacutebrio fiacutesico e mental Quando eu falo fiacutesico e mental vocecirc eacute uma pessoa saudaacutevel se vocecirc tem um equiliacutebrio fiacutesico neacute Eu to bem fisicamente mentalmente eu to bem

Tem haver se eu viver num ambiente por exemplo onde tem lixo tem detritos tem vala abertas vai comprometer minha sauacuteda porque vai chamar ratos baratas e vai transmitir doenccedilas mosca entatildeo a sauacutede tem haver muito com a limpeza e a limpeza eacute o meio ambiente onde

vivemos seja dentro da nossa casa seja na comunidade seja no espaccedilo de lazer seja onde noacutes tivermos se tiver limpeza agente vai ter uma sauacutede equilibrada se agente tiver sujeira e imundiacutecie agente natildeo vai ter sauacutede

Favela como eacute ta dizendo em latim que eacute comum a todos mas se vocecirc tiver uma favela urbanizada e equiparada ao benefiacutecio de sauacutede puacuteblica poliacuteticas puacuteblicas com certeza esses moradores vatildeo ter uma sauacutede equilibrada e uma ecologia tambeacutem comparada com o equiliacutebrio ecoloacutegico aonde vocecirc vive Se vocecirc mora numa favela se os moradores natildeo satildeo conscientizados que eu acho mais difiacutecil mas se eles tiverem orientados que ele tem que manter o espaccedilo que ele vive que tem que pensar natildeo soacute em mim tenho que pensar no meu semelhante no meu vizinho manter No caso da dengue se eu tenho um jarro de flor que tem aacutegua meu vizinho natildeo tem entatildeo eu estou proporcionando soacute doenccedila pra mim eu estou proporcionando pro meu proacuteximo entatildeo se todo mundo em favela viver em um ambiente limpo e saudaacutevel vai ter com certeza sauacutede saudaacutevel mas se agente viver na comunidade esse espaccedilo fiacutesico se natildeo for bem tratado saneamento baacutesico com certeza vatildeo ter essa comunidade esse espaccedilo ecoloacutegico da vivecircncia ruim

Porque conscientizaccedilatildeo se demora muito neacute Vocecirc conscientiza uma pessoa a pessoa entender isso Que agente pode ter divergecircncia de ideacuteia ou achar que temos que beber aacutegua filtrada e a moradora dizer pra mim natildeo eu bebo a aacutegua do latatildeo haacute vinte anos e natildeo peguei doenccedila Entatildeo conscientizar essa pessoa demora mais eacute mais faacutecil orientar dando coisas praacuteticas Vocecirc bota no latatildeo mas no latatildeo ele traz o que ele traz ferrugem do latatildeo a aacutegua tem que ser fervida e filtra por isso por isso por isso Acho que vocecirc orientar eacute mais faacutecil do que conscientizar a pessoa as orientaccedilotildees eacute passo a passo que dizer no final ele vai se conscientizar daquilo mas leva muito mais tempo mas orientaccedilatildeo praacutetica na hora das accedilotildees imediatas surgem mais efeitos do que uma mudanccedila que leva tempo

Tem uma aacutervore caindo em cima da casa eacute uma como se chamaum abacateiro Ela veio aqui e no dia que ela veio aqui tinham um assessor da secretaacuteria do meio ambiente a R F ele disse que isso natildeo era questatildeo dele era questatildeo de defesa civil Vocecirc entendeu E ela mas a aacutervore vai cair em cima da casa dele pode causar morte vai derrubar a casa dele ela tava preocupado do risco dessa aacutervore tanto pra ela quanto pro vizinho E a pessoa ficou fria e outra coisa eacute noacutes temos o lixo aqui as pessoas natildeo educadas que o lixo como se tem que fazer o lixo eacute reciclar o lixo eles natildeo eles jogam o lixo toda vez eacute garrafa ldquopetrdquo para um lado viacutescera de peixe pra um lado viacutescera de galinha para um lado entatildeo eles natildeo sabem separar isso eacute falta de educaccedilatildeo ambiental e natildeo eacute feito na comunidade as escolas que estatildeo comeccedilando agora a fazer isso Por exemplo aqui em Acari eu fiquei boba tem vala aberta antiga vala negra se for no final do mundo se encontra vala aberta Vala aberta crianccedila andando descalccedilo

nessas valas Entatildeo o ambiente aqui do complexo do areal ta comprometido Vocecirc vecirc o rio Acari hoje melhorou um pouco por que existe os guardiotildees do rio Satildeo homens que satildeo pagos pela prefeitura pela meio ambiente que eacute da secretaria do meio ambiente que eacute daqui da prefeitura que faz a limpeza do rio dos detritos que os proacuteprios moradores jogam no rio Eu ateacute discuto isso muito em que tem que orientar os moradores a natildeo jogar as coisas que eles natildeo usam mais no rio e eles acabam jogando e daacute enchente e enchente vaacuterios barracos na beirada do rio vatildeo ser levadas vaacuterias famiacutelias eacute flageladas sem onde morar vocecirc vecirc que baixa a enchente as pessoas voltam a morar a fazer seus barracos e continuam jogando seus detritos Eu acho que as pessoas natildeo estatildeo muito preocupadas com o seu meio ambiente eles no momento pensam no momento em que satildeo atingidos depois que passa isso tudo ele continua fazendo a mesma coisa

O complexo de Acari eacute o terceiro maior complexo de favelas da Ameacuterica do Sul com IDH muito baixo pra vocecirc vecirc se muito baixo quer dizer que condiccedilatildeo ela estaacute precaacuteria de tudo saneamento baacutesico estou falando pra vocecirc que existe vala negra Entatildeo vou dizer laacute da beirada do rio se vocecirc for a beirado do rio de Acari depois do hospital vocecirc vai dizer que poliacutetico eacute esse que temos nesse municiacutepio que laacute aquelas famiacutelias de laacute Se entra laacute eu tava com chinelo de dedo e fui laacute procurar um menino aconteceu um acidente uma rato mordeu aqui nele na mulher tambeacutem eu fui laacute entre os meu dedos tinha aquela lama preta e dentro de casa natildeo eacute cimento natildeo eacute chatildeo batido uacutemido que as pessoas botam tapete que eles encontram no lixo taacutebua ou papelatildeo Levo quem quiser laacute eu falo pra poliacutetico eu levo laacute eu levo aquilo tudo imundo cheio de verminose as crianccedilas descalccedilas eu vejo no meio do complexo de Acari apesar de ter os gari que varre as pessoas continuam jogando lixo na rua entatildeo eacute precisa passar um processo de educaccedilatildeo ecoloacutegica de moradores estaacute mais atento a isso Se vocecirc procurar nos becos da favela se anda aiacute se vecirc muito coco de animais natildeo que eu quero exterminar ateacute adoro neacute mas eu ando e vejo em outros lugares as pessoas com a bolsinha quando faz cococirc na rua as pessoas bota saquinho plaacutestico e joga na lata de lixo Aqui natildeo se vecirc crianccedilaeacute porco cabrito gato cachorro tudo faz por aiacute e as crianccedilas brincando Eu acho que natildeo existe trabalho focado pra defesa deste espaccedilo fiacutesico que crianccedila adolescente jovem-adulto terceira idade tem uma sauacutede mais equilibrada porque vatildeo fazendo casa em cima da outra neacute Nesse aglomerado e mesmo com a favela bairro hoje agente tem aqui por mal feita a favela bairro ainda natildeo tem lugares que ta faltando aacutegua natildeo tem aacutegua potaacutevel na hora que fez favela bairro tirou um cano novo botou um velho soacute que o velho neacute O novo natildeo passa aacutegua e o velho tambeacutem Umas pessoas tecircm aacutegua outros lugares aqui na rua do viaduto cansam de reclamar isso e os proacuteprios bueiros mal feitos neacute Quando tem uma chuva bem forte os bueiros natildeo satildeo limpos que o gari daqui vocecirc sabe limpar as ruas eu que vejo os garis de outros lugares que eles limpam os bueiros tambeacutem

de outro lugar vocecirc em outro lugar a diferenccedila limpam as ruas do Meacuteier lavam as ruas aqui nem em dia de feira lavam as ruasentatildeo vocecirc vecirc a diferenccedila disso tudo Se vocecirc andar no conjunto de manhatilde esse conjunto aqui vocecirc vai ver de copo descartaacutevel papel que jogamah se vocecirc se andar nas ruas becos voce vecirc muita sujeira os gari acabam de limpar e se eles voltarem duas horas depois estaacute tudo sujo Acho que noacutes brasileiros natildeo somos educados para isso

Guardiatildeo do Rio Gari comunitaacuterio associaccedilatildeo centro de estudos eacute o seguinte hoje o complexo de Acari tem a Associaccedilatildeo do Parque unidos de Acarai que eacute do outro lado do Rio quem vai pra linha verde do outro lado tem centro comunitaacuterio unidos de Acari que eacute uma ONG que tem uma creche desenvolvem trabalho com laboratoacuterio de informaacutetica para os jovens e jovens adultos e terceira idade para o mercado de trabalho Vindo para este lado noacutes temos a Associaccedilatildeo de moradores do parque acari que eacute a mais antiga noacutes temos vindo pra caacute Vila Rica que hoje natildeo eacute associaccedilatildeo que juntou ao Parque Acarai a ONG Tio Patinhas que eacute uma creche que estava fechada uns trecircs anos reabriu com um convecircnio com a secretaria municipal de educaccedilatildeo A creche laacute do PAC centro comunitaacuterio tambeacutem tem um convecircnio com a prefeitura vindo mais pra cima vocecirc tem Quero Ouvir Esperanccedila com a unificaccedilatildeo Associaccedilatildeo do conjunto residencial Areal conhecido como amarelinho assumiu vila esperanccedila Que eram cinco associaccedilotildees se tornou duas agora e tem onde era a Parmalat que tem uma associaccedilatildeo que eacute de fato de natildeo de direito porque ela eacute formada e natildeo eacute registrada tentamos agora fazer essa composiccedilatildeo eu ainda acho que as associaccedilotildees tem que eacute de bom grado e bom tamanho que muita associaccedilatildeo acaba ningueacutem fazendo nada Temos aqui o Futuro Feliz que eacute uma ONG que tem um papel importante na comunidade eacute ensinar as crianccedilas adolescente e adultos muacutesica entatildeo tem aula de violatildeo bateria piano teclado vocecirc vecirc uma menina que eacute nascida aqui que tem doze anos que sabe ler partitura E tem a instituiccedilatildeo aqui que eu coordeno que eacute a Satildeo Domingos Saacutelvio e vaacuterias escola do ensino fundamental e vaacuterias creches da prefeitura e tem o posto de sauacutede enfermeira Edna Valadatildeo que hoje eacute PSF A Cufa que estaacute saindo jaacute esteve aqui no complexo de Acari e eu natildeo sei por qual motivo pelo qual motivo ela saiu voltou tem uma ano e pouco segundo a pessoas que esteve aqui ela colocou que os projetos colocado aqui natildeo teve resultados favoraacuteveis ateacute fiquei boba que eles tem condiccedilatildeo econocircmica que eu natildeo tenhonem a associaccedilatildeo de moradores tem e conseguimos fazer um trabalho e natildeo temos o projeto que eles tecircm neacute E natildeo conseguiram ter um nuacutemero de clientela favoraacutevel natildeo sei qual o erro aqui tem crianccedila noacutes estamos na terceira maior favela da Ameacuterica do Sul e natildeo ter clientela favoraacutevel pelo tipo de atividades que eles faziam que eacute de suma importacircnciapor que eu fiquei boba de quinta feira ela ter colocado pra mim que vocecircs estatildeo indo embora porque Vocecircs tem melhor dos projetos Petrobraacutes governo de estado com a prefeitura ela disse que os projetos que desenvolvia aqui a direccedilatildeo da CUFA achou que natildeo teve um resultado favoraacutevel eacute porque Clientela mas pra vocecirc ter clientela se tem que divulgar o que

vocecirc faz tem que comunicar com o povoe eu falei pra ela se vocecirc natildeo divulgaeu dou um curso aqui que preparo a dezesseis anos os adolescentes para o mercado de trabalho Eles sabem que de primeiro a quinze de dezembro primeiro a quinze de junho tem inscriccedilatildeo eu natildeo divulgo eacute um trabalho de formiguinha uma passa para o outro porque eacute bom e as pessoas vatildeo passando

ENTREVISTA 2 Meio ambiente Na verdade talvez mais pro lado do que agente costuma

dizer florestas rios Pra comunidade o meio ambiente Primeiramente higiene eu acredito assim uma limpeza uma participaccedilatildeo de todos esgoto muito esgoto entupido

Na verdade na verdade noacutes podemos ver que haacute um certo descaso com as comunidades por parte do poder puacuteblico certamente eles poderiam fazer muito mais apesar de que eu natildeo vou encobrir que muitas das vezes faz parte dos nossos proacuteprios liacutederes comunitaacuterios De um modo geral que muitas das vezes hoje se tornam uma questatildeo de repente eu consegui algo mas e a comunidade Natildeo adianta trazer um candidato para a comunidade o candidato entra ganha voto e depois vai embora e beijinho pra comunidade e de repente eu que trouxe meu candidato consigo traz alguma coisa para a comunidade mas a comunidade veda entatildeo tambeacutem haacute um descaso na minha opiniatildeo tanto de liacutederes comunitaacuterios como eu sou a favor do que estaacute para acontecer um plebiscito para eleger uma pessoa para representar as comunidades de um modo geral eu sou a favor considero as pessoas que jaacute passaram considero mas a eacutepoca para mim jaacute passou teve que aproveitar os momentos aproveitou e ficou esquecido acabou o tempo Eacute tempo de novas oportunidades

Eu na minha opiniatildeo sou a favor de que a comunidade num todo apoacuteie ele para que noacutes venhamos trazer um candidato para que este candidato da mesma forma que noacutes o colocamos laacute por ele ser da aacuterea criado na comunidade conhecendo os problemas se agente o colocar laacute e tambeacutem natildeo fizer nada da mesma forma que o colocamos laacute podemos fazer o seguinte fechamos essa Avenida Brasil aqui com faixas e cartazes e mancha e denigre a imagem dele dizendo que ele natildeo com mentiras mas com verdade e dizer o que era para ele fazer e natildeo fez eacute uma opiniatildeo minha natildeo com baderna natildeo soacute um meio de chamar agrave atenccedilatildeo porque eu sou a favor de que ele venha eu estou confiando nele e espero que porque haacute esse descaso que vocecirc falou ateacute mesmo da lideranccedila e descaso da proacutepria comunidade que se acostumou com certos tipo de problemasmas as vezes o morador eacute culpado porque pegam a bolsinha de lixo e natildeo quer andar ateacute a ponta aqui e depois venha aqui cobrar Mas outros natildeo querem chegar junto vocecirc sabe por que eacute porque as pessoas vatildeo se cansando e claro estas questotildees vatildeo caindo em descreacutedito entatildeo tem muitos que natildeo querem pois se

cair em descreacutedito jaacute era Eacute o que eu falei Certa vez um cidadatildeo chegou para mim - deixa eu colocar uma faixa aiacute - eu falei pocirc jaacute tem um faixa aiacute natildeo daacute natildeo - pocirc mas oacute fulano de tal vez fez aquilo na comunidade - eu falei cadecirc ele Fez a quatro cinco seis anos atraacutes mas cadecirc ele agora Para eu estar votando nele continuamente quero ver ele aqui na comunidade fazendo alguma coisa pela comunidade e tem essas obras do PAC aiacute Porque seraacute que natildeo tem ningueacutem para trazer o PAC pra caacute Trazer um centro comunitaacuterio aqui alguma coisa que possa tirar essa molecada daiacute sei laacute alguma coisa que para trazer um curso pocirc abrir a mente com esporte em vez de estar com os olhos focados nesta porcaria aiacute estar focado com outras coisas a maioria dos moradores natildeo procuram abrir a mente pra isso muita gente que tem mente pequeninha Isto eacute interessante para o poder puacuteblico com achei uma covardia de fazer aquilo a aprovaccedilatildeo automaacutetica natildeo existe isso

Me desculpe eu respeito todo mundo cada um com seu cada um mas pra mim eacute para poder manter principalmente nas comunidades pessoas sem estudo porque para ele tambeacutem eacute vantagem A pessoa da comunidade de onde for fica sem instruccedilatildeo nenhuma sem abrir a sua mente a ampliar para ver o que estaacute acontecendo num todo Por que se noacutes natildeo nos unirmos estamos ferrados porque a aprovaccedilatildeo automaacutetica sabe passou natildeo sabe tambeacutem passou entatildeo isso haacute manipulaccedilatildeo por traacutes construiu um hospital daquele ali passei saacutebado a noite por laacute olhei a fachada eacute uma coisa de primeiro mundo aquilo ali eu costumo dizer aquilo ali eacute do niacutevel de um copa drsquoor de um barra drsquoor aiacute construiacuteram sabe a quantos anos estaacute fechado Agora chega na hora das eleiccedilotildees chega o candidato dele que ele natildeo pode mais se lanccedilar aiacute a populaccedilatildeo infelizmente alguns com a mente mais fraca arrisca de ateacute votar aiacute eu te falo eu natildeo entendo muito eu natildeo sou tatildeo burro pois tento aprender umas coisinhas mas eles construiacuteram um hospital daquele ali aiacute eu pergunto um hospital daquele ali vai precisar de quecirc Funcionaacuterios tanto meacutedicos quanto enfermeiros limpeza comidapessoas para trabalhar no refeitoacuterio eu te pergunto hospitais do Rio de Janeiro tanto municipal estadual e federal tudo caindo aos pedaccedilosseraacute que eles vatildeo ter verba para investir naquilo ali seraacute que vatildeo ter interesse em investir naquilo ali Pocirc que aquilo ali eacute hospital para ter emergecircncia vinte e quatro horasvai inaugurar sim a qualquer momento Eu acredito que eles vatildeo enrolar ateacute o final do ano Aiacute eles gastam uma fortuna do dinheiro puacuteblico do dinheiro que natildeo satildeo deles aiacute se constroacutei um mundo que aquilo ali eacute um mundo seraacute que eles vatildeo querer em ter interesse em manter verba todo ano tem aquela como eacute chamado orccedilamento Um bilhatildeo oh Vamos destinar cem para a sauacutede cem para a seguranccedila puacuteblica natildeo eacute isso Por exemplo para a educaccedilatildeo seraacute que no municiacutepio vai ter interesse em enviar tantas verbas para um hospital desses Porque para comeccedilar eles vatildeo ter que os meacutedicos os profissionais muitos de repente vatildeo ficar ateacute meio assim tem profissionais que se bobear ateacute correm mas seraacute que eles tem interesse de manter o hospital vinte e quatro

horas aberto Com funcionaacuterios ali e meacutedicos pediatras emergecircncia e aiacute aquilo ali eacute uma coisa de louco Os hospitais da rede municipal estavam tudo ali caindo aos pedaccedilos numa correria daqui pessoas largadas nos chatildeo entatildeo satildeo estas questotildees Aqui em Irajaacute tem uma RF que domina geral entatildeo eu acho chegou uma eacutepoca eu na minha opiniatildeo nada contra ela mas eu acho que ta na hora de noacutes aqui nos unirmos para trazer um candidato trazer natildeo eacute puxa ele de como uma passagem como agente de um tanto e meu voto e peacute na estrada eu sou contra Pessoas que venham e que tenham compromisso realmente com a comunidade Jaacute que fizeram um plebiscito eu sou favor do plebiscito e que se vaacute ateacute o final mas se natildeo tivesse acontecido o candidato tem que ter interesse em ficar aqui na comunidade tanto amarelinho acari parque uniatildeo parque Columbia laacute pra trazbeira rio mas que desse uma assistecircncia a comunidade e procurar trazer benefiacutecios a comunidade

ENTREVISTA 3 Meio ambiente Acho que eacute tudo que envolve o lugar onde Agente vive

depende de cada lugar cada meio ambiente diferente daquele lugar Conheccedilo eacute poluiccedilatildeo agraves vezes de rios que se transformam em valotildees neacute Que coisas que pessoas antigas diziam que rios de aacuteguas potaacuteveis que havia peixes e algumas outros tipos de seres vivos que hoje em dia natildeo existem mais devido a poluiccedilatildeo Acho que a degradaccedilatildeo do meio ambiente neacute o lugar que a mateacuteria diz que o rio que tem o seu curso que por intermeacutedio do ser humano quer desviar curso desse rio Acho ruim porque se tivesse que o rio passar por onde ele deveria passar ele natildeo teria que ser mexido porque ele tem um fluxo dele tem toda uma estrutura daquele rio tem espeacutecies ali que mudando o curso daquele rio talvez essas espeacutecie natildeo vatildeo se adaptar o novo curso que ele vai ter que percorrer Acho que a sauacutede vem desde a prevenccedilatildeo Se natildeo houver prevenccedilatildeo natildeo haacute sauacutede Porque natildeo age soacute que a pessoa tem que a pessoa tem que fazer aquela prevenccedilatildeo ali pra que natildeo fique doente entendeu Pra que natildeo pegue algum tipo de viacuterus ou outra coisa Natildeo eacute soacute depois que estaacute doente cuidar daquilo Tem Tem porque se o ambiente estiver sendo bem tratado dificulta agraves vezes algum tipo de doenccedila agente pode vamos dizer assim a hepatite neacute A hepatite eacute causada em situaccedilotildees de poluiccedilatildeo de lixo poluiacutedos aquela aacutegua que a pessoa bebe e que natildeo foi tratada se de repente aquilo ali natildeo tivesse sido destruiacutedo aquele ambiente ali talvez aquela pessoa natildeo pegaria aquela doenccedila Eu acho que a conscientizaccedilatildeo que a populaccedilatildeo da comunidade mostra as pessoas pra natildeo destruir a natureza natildeo destruir os rios dentro de cada comunidade natildeo soacute a minha mas em todas entendeu Eu acho

que se forem feito um estudo desde a educaccedilatildeo principal maternal jardim ai vem primeira seacuteria assim sucessivamente que natildeo adiante depois que as pessoas estatildeo velhas que jaacute estatildeo acostumas a fazer muita coisa errada vocecirc tentar colocar aquilo na cabeccedila das pessoas vocecirc jaacute tem que vir desde quando eacute crianccedila ensinar a crianccedila a natildeo a chegar ali naquela planta do vizinho e arrancar aquela planta natildeo destruir ao ver um animal ou um paacutessaro e natildeo tacar um pedra alguma coisa desse tipo

ENTREVISTA 4 Eu gostaria que ele viesse a festa da comunidade aniversaacuterio da

comunidade Vai Comeccedilar as dezessete horas ou seja dezenove vamos ter a forccedila do Afro Reggae vem o Gabrielzinho de Irajaacute vem o Ademir da Rede Globo o ator Temos grupo Luzes o Mc Alex vai estar presente tambeacutem vai dar uma mensagem tem uma muacutesica que diz sobre o Presidente Pra gente eacute importante tambeacutem fortalecer esse jovem porque ele foi precursor da limpeza da comunidade Ele foi um dos caras que noacutes ganhamos pegamos duzentos latotildees com produtos quiacutemicos que agente natildeo sabia que era toacutexico Aiacute um belo dia a Comlurb disse assim oh retira esses latotildees que eu do todo ele cor de aboacutebora E o Alex foi a pessoa que foi o cara pra distribuir todos os latotildees na comunidade Eu tenho retrato dele ele era magrinho hoje oacute soacute vendo E noacutes tiramos e controlamos a questatildeo do lixo que a questatildeo do lixo eacute uma coisa muito forte Agora eu queria que vocecirc registrasse pra noacutes eacute a questatildeo futuramente vocecirc vai ver este cercadinho em muro vocecirc vai ver tudo isso aqui bonitinhosabeporque aiacute agente ta recebendo as pessoas ainda fazem uma criacutetica que soacute serve soacute para crescer Eu queria que ficasse bem registrado que a populaccedilatildeo devido a morte de uma crianccedila laacute um adolescente aiacute a comunidade comeccedilou morreu de meningite teve um surto de meningite

ENTREVISTA 5 somos isentos da taxa d aacutegua porque eacute do INSSe esgoto tambeacutemonde

tem favela bairro eles recebem conta de aacuteguaalguns pagam a conta de aacutegua Chegou o gaacutes aqui mas eles natildeo aprovaram natildeo natildeo foi aceito natildeo O amarelinho era o maior morro que existia aqui era o cemiteacuterio dos iacutendios e tudo isso aqui esse morro grande tinha um tal de Joatildeo de Morro que era um cara da antiga fazenda Areal que vivia aqui e ele entatildeo aiacute quando compraram esse terreno ai primeiro para construir o IAPC eacute o conjunto habitacional do IAPC ndashInstituto Nacional de

Previdecircncia dos Comerciaacuterios que era dividido assim Esse morro aqui foi entatildeo rebaixado quando tambeacutem tudo aquilo aqui foi rebaixado para fazer o CEASA aquelas maacutequinas da transamazocircnica que tem aquela boca em baixo e ela vai retirando o todo o excesso tudo que ficar vai desbastando o morro antes para aqui para a construccedilatildeo do CEASA Toda essa populaccedilatildeo foi para Senador Cacircmara O Pessoal do Furatildeo foi para Vila Kennedy Padre Miguel Essa foi a uacuteltima assembleacuteia que tivemos e falamos da reciclagem de lixo tudo agente tenta buscar e discutir com a comunidade noacutes queremos capacitaccedilatildeo para o tratamento do lixo agente da aberto para capacitaccedilatildeo e parcerias agente quer agente necessita para fazer um dos melhores Vocecirc tem aqui desorientaccedilatildeo da famiacutelia aqui e a ela eacute dura ela vai dentro se vocecirc eacute um pai negligente ela vai falar que vocecirc eacute um pai negligente aiacute vocecirc vecirc que as pessoas as vezes fazendo coisas que agente entatildeo somos os guardiotildees dos direitos das crianccedilas aqui Todos noacutes que estamos dirigindo alguma coisa qual eacute o nosso objetivo natildeo adianta fazermos as coisas sozinhos cada um tem que fazer a sua parte entatildeo eu acho que agente tem que ser assim mesmo para garantir noacutes temos valores noacutes temos essas pessoas Porque o socioacutelogo Marcos fez a histoacuteria de Acari contendo todos noacutes porque eacute importante vocecirc registrar aqueles que ainda persistem na luta noacutes temos um coroa aqui de 80 anos que ainda milita no Complexo de Acari entatildeo eacute importante eu acho que o viacutedeo pode mostrar muitas coisas mas natildeo pode ficar pela metade Ningueacutem vai filmar o esgoto ningueacutem vai ver mais o esgoto tinha vala a ceacuteu aberto agora tem saneamento baacutesico Natildeo tinha nada o conjunto natildeo tinha pavimento era puramente o quecirc Um matagal as pessoas quando vem natildeo soma com as experiecircncias que tem a rede eacute furada porque as pessoas natildeo se integram o negoacutecio eacute sentar toda a rede e discutir coisas importantes conforme eu estou dizendo Eacute fundamental de buscar o dia 4 de novembro eacute o dia da favela que todas as favelas no Rio de Janeiro tem que se mobilizar para acontecer como a proacutepria a MT que criou o dia mas temos todos que gritar numa soacute voz Sabe porque Acari era um peixe que vivia no lamaccedilal na imundice eu natildeo faccedilo de conta natildeo eu estou presente noacutes fizemos uma reportagem e aiacute nem passou eu falei o dia em que a comunidade pela violecircncia a questatildeo do apitaccedilo que a proposta aqui noacutes colocamos jaacute haacute muito tempo que a violecircncia que agente enfrenta seria desde a violecircncia a mulher e a crianccedila que vocecirc vecirc um cara matando algueacutem dentro da comunidade por exemplo vocecirc apita todo mundo sai apitando essas questotildees vatildeo parar o dia que o cara bate na mulher daacute tapa na cara soco na cara mas o dia em que as pessoas comeccedilarem a apitareu propus isso nesse documentaacuterio

jaacute queremos mudar os nomesaqui eacute Areal jaacute queremos mudar Ninho das Cobras Mangue Seco Fim do Mundotem que mudar eu botei Atalaia Maracanatilde Campo do Jordatildeo pra poder amenizar porque Ninho das Cobras pocirc pera aiacute As obras que viratildeo do Favela Bairro a audiecircncia puacuteblica noacutes vamos discutir para ver a prioridadenoacutes vamos dizer que tem que comeccedilar pelo Mangue Seco pois laacute as pessoas vivem no brejo laacute vocecirc vai ver os ratos andando

ENTREVISTA 6 - Bem estar fiacutesico e mental de cada pessoa

- eacute o bem-estar fiacutesico e mental justamente o que a doutora falou - sobre tudo condiccedilatildeo social - essa eacute a definiccedilatildeo da Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede - eacute difiacutecil vocecirc falar em cima dessas para mim essa abrange tudo natildeo tenho que acrescentar a isso Agora eu acho que vocecirc pode natildeo necessariamente estar bem psicologicamente para mim eacute o mesmo que estar psicologicamente para ela pode ser diferente Eu acho que isso pode ser nivelado eu acredito natildeo eacute a mesma coisa pra todo mundo Natildeo tem como vocecirc dizer que todo mundo vai ter o niacutevel de sauacutede igual vai achar a mesma coisa Vocecirc pode dizer a mesma coisa mas na verdade natildeo acha a mesma coisa Por exemplo nessa figura aiacute da floresta isso aqui jaacute eacute uma floresta de eucalipto eu conheccedilo o que eacute uma floresta de eucalipto Eacute a pior coisa que existe porque destroacutei o solo e a multinacionais estatildeo vindo plantando eucalipto aqui no Brasil Tirando o eucalipto vocecirc acaba com a terra e acabou aquela terra natildeo presta mais entatildeo vocecirc cria um bem estar momentacircneo que vai gerar renda vai gerar emprego na regiatildeoentatildeo durante aquele periacuteodo que vocecirc tiver o eucalipto vai ser legal e depois Quando o eucalipto for embora aquelas pessoas vatildeo viver de quecirc O cara vai laacute coloca o caminhatildeo corta o eucalipto as maacutequinas fazem tudofaz o papel eacute uma beleza e acabou aquilo vai fazer o quecirc amigo Aiacute vem as dificuldades a doenccedila Mas eacute o que eu te disse acho que tem niacuteveis diferentes de pessoa para pessoa O que eacute sauacutede para mim natildeo eacute o mesmo pra vocecirc nem pra ela nem pra ela - eacute o ambiente que circunda a todos onde a pessoa vive trabalha natildeo necessariamente o ambiente natural eacute o mundo ao redor onde se estaacute inserido e que provoca danos a nossa sauacutede desde que natildeo tratados com a devida atenccedilatildeo tanto a destruiccedilatildeo da proacutepria floresta

assoreamento industrializaccedilatildeo O ataque ao meio ambiente acaba causando danos a nossa sauacutede - o meio ambiente eacute assim vocecirc agente vai fazer visitas nas casas entatildeo agente procura ver como a pessoas vive O meio ambiente dela assim como eacute que ela se sente naquela casa pois agraves vezes agente chega em uma casa totalmente eacute desorganizada suja higiene nenhuma entendeu Natildeo tem alimentaccedilatildeo sadia vocecirc se percebe nela natildeo sei que ela estaacute bem com ela mesma Vocecirc agraves vezes quer mostrar pra ela queum outro lado mas elasabe que se vocecirc chegar para ela ela natildeo cede ela quer ficar alisabeentatildeo natildeo sei Eu acho que meio ambiente eacute isso aiacute a higiene eacute um todo eacute vocecirc se sentir bem eacute o saneamento baacutesico que na comunidade noacutes temos saneamento baacutesico se bem que ainda tem lugares ainda que estaacute furado isso - eacute tipo no fim do mundo ali tem muito mato lugar onde o gari comunitaacuterio natildeo vai quando as chuvas caem os lixos acumulados pra vocecirc ver ali em baixo estaacute um surto de dengue terriacutevel - tem uma casa que agente neacute Se vocecirc for naquela casa assim de mato vivem duas moccedilas elas acham que vivem bem porque cheia de crianccedilas Elas acham que vivem bem porque quando saem saem direitinhas arrumadinhas ningueacutem diz que elas moram ali Natildeo tem janela um abafamento - se vocecirc conversa com os moradores mais antigos vocecirc vai vendo o quanto estaacute se destruindo Soacute se destroacutei Vocecirc natildeo vecirc nada aqui vocecirc natildeo vecirc um projeto de reflorestamento ateacute chegar na beira do rio e vatildeo destruir tudo E aiacute - o governo trouxe o favela bairro o que que aconteceu A aacutegua Quando chove o esgoto volta para casa das pessoas E a aacutegua Fica difiacutecil tambeacutem a aacutegua que os moradores para ter aacutegua tem que ter bomba porque sem bomba fica sem aacutegua - o pessoal tem que acordar de madrugada para poder lavar roupa - o ideal do programa sauacutede da famiacutelia o objetivo natildeo eacute curativo uma vez que nosso objetivo eacute a prevenccedilatildeo da sauacutede e agente natildeo tem essa oportunidade porque agente soacute trabalha com cura melhoria agente ainda natildeo conseguiu definir esse objetivo de promover a sauacutedeprevenir Agente soacute parte do tratamento porque eu acho que esse conceito ainda na populaccedilatildeo a demanda eacute muito grande entatildeo o programa de sauacutede da famiacutelia aqui neste momento - um mau relacionamento familiar pais que natildeo datildeo atenccedilatildeo ao filhos natildeo moram com os filhos ou satildeo separados Uma famiacutelia mau estruturada

- tem muita gente que vem passando mau aqui porque tem tiroteio Esses que tem pressatildeo alta agraves vezes ateacute por causa disso tambeacutem vatildeo ter que tomar remeacutedio tem que tomar calmante - falta o segmento religioso tambeacutem tem muitas religiotildees tem muitas igrejas mas olha soacute - bolsa escola PAC bolsa famiacutelia CCDC unidade estadual tem o PET que ajuda as crianccedilas as para ajudar a famiacutelia essas crianccedilas natildeo teratildeo mais que trabalhar e eles vatildeo para um lugar ali eles fazem algumas atividades e ganham uma bolsa por mecircs Comeccedila de 12 anos - aqui tambeacutem tem um trabalho assim de patrulheiro que vai de 14 anos ateacute 18 anos Menino faz 14 anos e ele jaacute comeccedila ali a fazer um curso aqui tem um e ali em baixo tem outro Eles vatildeo para o quartel aprender um cursinho no quartel Patrulheiro porque eles vatildeo aprender um cursinho no quartel e dali jaacute sai trabalhando do governo acho que eacute estadual - tem um posto de sauacutede do Estado E ainda tem uma cabine da poliacutecia militar que natildeo sei se funciona natildeo - programa para gerar renda Natildeo - eles limpam o rio que eacute da limpeza tem o gari comunitaacuterio e os meninos que fazem limpeza no rio

ENTREVISTA 7 - Pra senhora o que eacute sauacutede

- Sauacutede eacute o bem estar fiacutesico e mental neacute Boa alimentaccedilatildeo higiene eacute o estado de espiacuterito perfeito neacute A pessoa sem sauacutede eacute nada entatildeo pra se ter sauacutede tem que ter boa alimentaccedilatildeo acompanhamento meacutedico - E meio ambiente o que eacute meio ambiente - Eacute um ambiente propiacutecio para se viver sobreviver limpeza neacute Sem lixo sem mosquito higiene baacutesica esgoto saneamento - Por exemplo ter dengue na comunidade eacute falta de sauacutede e falta de cuidados com o meio ambiente ou natildeo natildeo tem nada a ver - Ah tem haver principalmente com a populaccedilatildeo A populaccedilatildeo eacute o principal responsaacutevel pela Dengue tudo bem que os governantes deixam a desejar com a limpeza dos valotildees essas coisas neacute Tratamento assim mas a populaccedilatildeo ateacute hoje consegue deixar garrafa de boca pra cima caixa drsquoaacutegua destampada entatildeo isso aiacute eacute falta de educaccedilatildeo do povo Se a populaccedilatildeo se educasse natildeo estariacuteamos nesta situaccedilatildeo Depois de tantas mortes tanta coisa tanta propaganda tanta notiacutecia na televisatildeo e no raacutedio as pessoas conseguem deixar a caixa drsquoaacutegua destampada E natildeo satildeo soacute o pobre natildeo os ricos tambeacutem neacute Piscina destampadaaquela aacutegua suja que natildeo troca natildeo trata eacute isso aqui que acaba com o povoestas doenccedilas - Aqui tem muito problema relacionado ao meio ambiente

- Aqui tem sempre o pessoal tratando da sauacutede da Sucam estatildeo sempre tratando botando remeacutedio pra rato eu natildeo vejo muita coisa aqui natildeo - Por exemplo o complexo temse agente olhar a foto natildeo tem uma aacutervore soacute tem casas isso eacute problema ambiental pra senhora - A populaccedilatildeo fica sem respirar ar puro que tem que plantar aacutervores - consumismo eacute problema ambiental para a senhora - eacute mais problema do bolso A pessoa fica comprando eacute maia de grandeza - Deixa eu ver uma figura aqui O lixo por exemplo aqui a gente tem a Comlurb que tira o lixo mas deve haver pessoas que queimam o lixo - Aqui em cima natildeo laacute pra baixo na favela de ver ter que laacute eu natildeo conheccedilo mas aqui em cima natildeo O povo eacute obrigado a levar o lixo no depoacutesito aqui em cima tem como eacutechamam de reciclagementatildeo a pessoa desce com a sua bolsinha de lixo e leva pra laacuteentatildeo aqui natildeo tem esse problemaacho que por isso natildeo tem tanto rato por aiacute quando tem eles vem e combate o lixo natildeo fica jogado o esgoto natildeo fica na rua entatildeo aqui tem um saneamento baacutesico bom eu acho o que eu conheccedilo eacute bom laacute pra baixo natildeo laacute pra baixo tem muita coisa ruim

ENTREVISTA 8 - entatildeo a primeira figura eacute essa aqui pode passar se a senhora quiser falar

sobre essas figuras tambeacutem - alimentaccedilatildeo neacute A alimentaccedilatildeo eacute essencialagora meio ambiente tambeacutem eacute bom falar sobre isso - eacute bom morar em cidade - Nunca morei em cidade natildeo sempre morei aqui mas tenho famiacutelias em vaacuterios locais - Pra senhora o que eacute meio ambiente - Oacute acho que meio ambienteeacute assimaacutervores o mar o que vem a lembranccedila eacute isso Eacute acabar um pouco dessas fumaccedilas acabar um poucos das aacutervores que estatildeo empatando agente no meio da rua caiacutedas velhinhas com os caules jaacute todos resecadinhos e agraves vezes com raiacutezes todas do lado de fora quase caindo como caiu uma ali em frente a minha janela caiu ateacute em cima do carro parques e jardins natildeo vem aqui atender o nosso pedidopra ajudar aqui agenteisso aqui bem dizer - E por exemplo caso de dengue eacute problema de meio ambiente - Aqui estaacute uma epidemia jaacute morreu crianccedila adulto jovens tem muita gente internada hoje mesmo no meu trabalho a minha professora de educaccedilatildeo fiacutesica tava falando que um rapaz novinho taacute todo dia na padaria comprando patildeo tava com problema de dengue internado com problema seacuterio agente fica a parte de sauacutede principalmente agente estaacute jogado as baratas Vai pro hospital natildeo tem meacutedico vai no pan natildeo tem meacutedico e aiacute pra ficar doente passando mau - a Senhora disse que eles potildee fogo no lixo

- ah potildee fogo no lixo nas matas Essas matas balotildees depois cai numa mata daqui a pouco pega fogo em tudo - aqui dentro do complexo quais satildeo os problemas de meio ambiente que a Senhora conhece - aqui eacute mais caso de doenccedilas que estatildeo vindo muito repetitivas sabe - me lembro que algueacutem reclamou de ratos -ratos demais Ratos Aqui tem uma epidemia de rato rato mesmo subindo pelas paredes Aqui tem muito rato muita umidade tem apartamento tudo muito uacutemido

ENTREVISTA 9 Estamos sem aacutegua e sem luz haacute dias aiacute Vila esperanccedila ontem mesmo natildeo

teve nem aula na creche porque natildeo tinha aacutegua as matildees precisam trabalhar quem tem as crianccedilas na creche para poder trabalhar teve que voltar com as crianccedilas pra casa porque natildeo tinha nem aacutegua e nem luz como iam fazer comida A diretora chegou na escola natildeo tinham nem uma gota de aacutegua natildeo tinha luzsabe a luz esquece da gente a CEDAE esquece da gentechama faz pedidoagraves vezes o R tem que sair daqui para apanhar a CEDAE laacute nao caminhatildeo da CEDAE laacute napra pegar o caminhatildeo para trazer aquiaqui felicidade eacute pouco

ENTREVISTA 10 - O que o Sr Entende por sauacutedenatildeo precisa ser uma frase decorada natildeo O

que te vem a cabeccedila - ldquoEacute vocecirc estar bem neacute eacute natildeo estar doente prevenccedilatildeo meacutedico - E meio ambiente O que eacute meio ambiente para vc Olha meio ambiente eacute vocecirc tentar fazer como eacute tentar poluir menos neacute cuidado em tudo - E quais satildeo as formas de poluiccedilatildeo que vocecirc conhece - Fumaccedila de motor carro elixo jogado na rua - Lixo na rua eacute problema ambiental ou natildeo ou eacute problema de sauacutede os dois - O mosquito da dengue eacute problema de sauacutede ou problema ambiental - Eacute problema da sauacutede e problema ambiental neacute Por exemplo agente trabalha varrendo a aacuterea agente conhece a aacuterea a firma natildeo nos paga insalubridade eu acho que tenho direito a firma natildeo paga - Conhece algum problema ambiental dentro do Complexo - O uacutenico problema que acho chato eacute o proacuteprio morador que faz jogar o lixo antes do dia marcado da coleta passar por exemplo hoje eacute terccedila-feira neacute A coleta eacute quarta Jaacute tatildeo jogando lixo ali no certo eacute eles colocar a noite que o cara passa para recolher aquele lixo ajunta o quecircmosquito rato - Quais satildeo as doenccedilas que vocecirc mais conhece que o povo pega aqui - Aqui dentro Aqui o pessoal tem a

ENTREVISTA 11 - Entendo por meio ambiente assim todo o sistema que agente vive aqui

Agente depende da aacutegua do ar agente dependo do solo eu entendo assim Aqui por exemplo esta foto especiacuteficamente aqui agente entende ateacute a razatildeo mas ai jaacute eacute uma agressatildeo ao meio ambiente neacute Porque agente entende ateacute a necessidade do pessoal morar em algum lugar que tem que dormir em algum lugar mas aqui as condiccedilotildees aiacute isso aqui natildeo deve ter infra-estrutura Eacute bem complicado heacuteim aqui a foto em si eu natildeo sei Natildeo consigo ver o que tem de correlato mas esse homem tem nas matildeos aiacute o poder da caneta que pode atraveacutes de uma medida estabelecer algumas coisas que possas mudar Pelo menos ele com a usando o termo normal dando uma canetada pode mudar pode modificar muita coisa ou parte dela A sauacutede eacute vocecirc poder estar bem consigo bem vocecirc poder caminhar poder falar vocecirc poder comer o que vocecirc quiser beber o que vocecirc quiser sem saber que isso vai fazer mal se isso ou aquilo vai fazer bem e etc Tem a ver o meio ambiente pode alterar sua sauacutede a sua sauacutede depende do meio ambiente Por exemplo um ar poluiacutedo pode te afetar um coisa pocirc vocecirc comer algo que foi poluiacutedo vai afetar sua sauacutede de alguma forma Me lembra meio ambiente soacute o que agente escuta pela imprensa vocecirc usar produto orgacircnico aqui vocecirc depende da aacutegua da tua aacutegua Tem alguma coisa haver com meio ambiente a aacutegua a energia eacute gerada a aacutegua Gozado se eu for comparar duas coisas Algumas coisas melhoraram outras pioraram se for ver assim Por exemplo uma situaccedilatildeo de melhora Vou voltar o que aos anos cinquumlenta cinquumlenta e sete vamos voltarnatildeo tinha esse asfalto aqui vocecirc por exemplo quando chovia eu via muitas vezes minha matildee que tinha que trabalhar na cidade ela levava ela saia com uma galocha aquele sapato de borracha pra poder eliminar a lama e quando ela chegava no ponto de ocircnibus ela retirava aquele sapato pra poder chegar no centro da cidade sem lama Tem o asfalto Aiacute o asfalto trouxe alguns problemas que antigamente vocecirc por exemplo eu podia sair ficar na rua eu podia sair daqui se eu quisesse atravessar de uma lado para o outro eu podia atravessar tranquumlilo Agora natildeo se eu quiser atravessar por causa do asfalto muitas pessoas passam dirigindo em alta velocidade Eacute o preccedilo que agente paga Tem laacute em baixo parte do rio Acari parece que agora tem gente fazendo isso acho que a Serla natildeo sei se a Serla ou os homens da

prefeitura tem ateacute um nomenatildeo sei se eacute amigos do Acari ele agora estatildeo fazendo a limpeza e aliacute proacuteximo a praccedila Roberto Carlos quando chove aquelas chuvas intensas muita casa fica inundada muitas residecircncias vamos dizer assimmas aqui noacutes tamos mais elevados entatildeo o dia que chegar encher aqui a coisa ta mais complicada mais abaixo Inclusive tem uma obra do favela bairronatildeo sei se foi algum problema ou obra mal feita ou se natildeo foi feito Muitas coisas aiacute natildeo melhorou natildeo Acompanhei pela impressa jaacute parou natildeo serviu natildeo sabe porque o exercito essa obra eacute o exeacutercito que estaacute fazendo laacute entatildeo perdeu o sentido pra ele e o Vaticano deu ordem para parar A imprensa natildeo divulgou mas pelo que eu entendi ele recebeu uma ordem do vaticano para encerrar a greve

ENTREVISTA 12 - Aqui eacute o quecirc Amarelinho

- Aqui eacute Amarelinho - Ah mas coloca um ponto de referecircncia tem muita gente de laacute que natildeo conhece aqui eu marco e vocecirc vai laacute buscar - Natildeo conhece todos eles conhecem - Eu marco e vocecirc vai laacute buscar - Eu vou laacute buscar e pago o material todo - Que vocecirc paga mais - Ah pago tudo papelatildeo PET eacutevou aumentar de cinquenta para sessenta - Ah hoje mesmo vou te trazer um monte de coisas - Eu passo por laacute que quer passe por laacute que horas - Passa laacute quatro e meia - Eu to de carroccedila - SE tiver pouco lixo eu mesmo trago vocecirc tem telefone celular - Tenho

ENTREVISTA 13 Infelizmente natildeo acontece na nossa realidade principalmente na

comunidade natildeo eacute a realidade do nosso paiacutes e muito menos da comunidade Eu lembroateacute que ponto as pessoas chegam nesse paiacutes para chamar agrave atenccedilatildeo das autoridades em relaccedilatildeo a tanta coisa neacute Causar impacto e mobilizar mesmo neacute O sistema o governo chama atenccedilatildeo no geral por questotildees de necessidade abrangente ao paiacutes as pessoas neacute Entatildeo infelizmente neacute Um tipo de recurso que nem deveria ser usado Mas eu acho que proacuteprio abandono tanto descasoeacute do paiacutes dos governadores As pessoas ainda que inteligentes eu acho que essa greve de fome isso que acho um absurdo a pessoa ter que fazer mas se eacute uma forma de impactar de chamar agrave atenccedilatildeo eacute um recurso neacute que natildeo deveria ser usado mas ta na matildeo dele

A urbanizaccedilatildeo eacute a crescente corrida sistema imobiliaacuterio de repente num paiacutes capitalistadesenvolvimento urbano preacutedios moderniacutessimos e estradas viadutos rodovias e pontes Tem uma preocupaccedilatildeo urbana isso aqui eacute necessaacuteria Muitos descasos que tem pois paralelo a isso tem a poluiccedilatildeo do rio Tietecirc que vai passando por vaacuterios bairros de Satildeo Paulo infelizmente sou paulista e sempre acompanho a situaccedilatildeo daquilo laacute tenho parentes laacute E que eacute muito bonito de se ver neacute Assim de longe assim de cima mas se agente chegar bem perto eacute meio que decepcionante O estado como Satildeo Paulo rico neacute vivendo em quase total abandono em relaccedilatildeo as questotildees de pessoas muita comunidade abandonada em fim muita coisa a ser feita ainda Lembra conforto neacute Conforto o acesso a modernidade e as pessoas de um modo geral sonham em ter que natildeo eacute bem o caso da realidade da maioria dos brasileiros da grande maioria por sinal legal seria bom que todos tivessem acesso a isso Eu acho que natildeo eacute nenhum pecado querer ter muito conforto direito a conforto uma vida melhor entendeu Suscita esse tipo de coisa agente olha isso e eu lembro muito de disso eu como educadora isso me toca Essa eacute complicadiacutessima essa eacute muito complicada desmatamento assim desordenado que existe na amazocircnia meio que acobertado pela poliacutetica do paiacutes agente sabe pelo menos para quem se informa mais ou menos sabe que este desmatamento sempre acontece em muitas regiotildees da Amazocircnia neacute Ta muito ligada assim a poliacutetica dos grandes latifundiaacuterios desse paiacutes os poderosos quem eacute que vive desmatando poderosos donos de terra que vive plantando soja criando gado entendeu e que natildeo ta dando muita importacircncia as consequumlecircnciasele querem muito dinheiro e dinheiro suscita mais poderem fim eacute por aiacute assim neacute Eacute um desrespeito eu acho que eacute um desrespeito ao paiacutes as pessoas Eu fico com o coraccedilatildeo chocado quando eu vejo isso aqui Tenho acompanhado sempre isso aqui converso muito com a minha filha a respeito disso dessa loucura que eacute desmatar se vai acabar com a biodiversidade se estaacute tirando uma das poucas coisas que eacute das mais ricas que agente tem no nosso paiacutes que eacute o privileacutegio de ter uma mata como a amazocircnia ter fontes de riqueza naturais em termos de biodiversidadeem fime a consequecircncia disso eacute devastadora que agente sabe quando se desmata natildeo eacute soacute o que fica sobre a terra que fica fadado a acabar mas sim eacuteas proacutepriaso que tem embaixo da terra tipo os fluxos de aacutegua os aquiacuteferos em fim que tem embaixo do solo precisa muito conservado na medida que o desmatamento vai acontecendo Isso tambeacutem vai desaparecendo entatildeo estaacute o caos total que estaacute sendo imposto e eu acho que pelo poder mesmo Quem faz esse tipo de coisa eacute acobertado pelo poder Natildeo eacute o pequeno agricultor eacute gente que tem muito poder que passa desapercebido entre aspas neacute pelo Incra pelo Ibama e por aiacute afora Linda a paisagem muito bonita essa paisagem aqui deve ser de quecirc Eucalipto eu natildeo sei o que eacute Muitas plantaccedilotildees assim celulose aiacute para fabricaccedilatildeo e extraccedilatildeo de celulose Tem algumas empresas que fazem essa plantaccedilatildeo de forma equilibrada tenho acompanhado isso tenho lido alguma coisa agrave respeito Nesse sentido eu acho que eacute positivo que elas investem tambeacutem de forma social Quando se daacute

dessa forma eacute possiacutevel um entendimento e traz consequumlecircncias boas e o meio ambiente vai sendo preservado Essa aqui tambeacutem eacute muito bom enche os olhos tava pensando que deveria haver maiores eu fico pensando se deveria haver problemas maiores pequeno agricultor por exemplo porque agente tem um paiacutes e grandes dimensotildees de terra mas a grande maioria natildeo eacute plantada e muitas pessoas natildeo tem acesso No nordeste por exemplo que existe na na seca entre aspas existe gente que tabalha muito tem terra mas natildeo tem como cultivar porque natildeo tem assistecircncia O Estado os municiacutepios o proacuteprio Governo Federal que incentiva mas incentiva de uma forma muito inespeciacutefica para as pessoas que moram laacute E por isso se conseguem com essa seca incompreensiacutevel eles tem uma grande rede de afluentes de rios por exemplo e deveria ter acabado um pouco incentivado as pessoas comeccedilarem ou voltarem a ter seu sustento Nesse paiacutes que tem muitas terras precisa que tem muita gente grande por exemplo se precisa de muita alimentaccedilatildeo Que eacute o risco que o mundo corre neacute E agente tem muita terra e deveria aproveitar Agente vecirc que tem ateacute alguns estados que estatildeo investindo nisso Os estados do nordeste por exemplo no Cearaacute Piauiacute por aiacute regiotildees assim que tem muito necessidades mesma da energia eoacutelica por exemplo jaacute tem investimentos eacute cariacutessimo agente sabe que eacute caro tecnologia eacute na maioria das vezes importada mas agente tem grandes fontes para que isso aconteccedila O governo tem que incentivar isso quanto menos poluiccedilatildeo melhor Isso aqui lembra uma das piores coisas que eu considero na minha vida que eacute uma forma de tambeacutem de acabar com a natureza que eacute prender os animais tirar eles do habitat natural mas eacute uma coisa tambeacutem que estaacute paralela as pessoas que fazem isso satildeo em geral pessoas muito pobres ignorantes que eacute um paralelismo com a condiccedilatildeo social pessoas que fazem esse tipo de coisas muita das vezes fazem pra comer mesmo falta de opccedilatildeo Soacute sabem fazer isso natildeo tem opccedilatildeo de ganho natildeo tem opccedilatildeo e faz isso na forma errada mas infelizmente neacute Eacute muito triste agente vecirc isso Mosquito eacute esse distuacuterbio enorme que estaacute aqui por exemplo no Rio de Janeiro eu estava com uma filha internada durante uma semana Teve dengue e ficou internada durante o final de semana por isso que eu estou voltando a dar aula hoje tive que parar para acompanhaacute-la no hospital E aqui no Irajaacute por exemplo agente estaacute com um surto muito grande neacute Entatildeotodos os dias durante o dia inteiro estaacute se fazendo acompanhamento da massa sanguiacutenea Ta tendo muitos casos agente estaacute assim Jaacute teve oacutebito aqui e isso eacute preocupante principalmente aqui na comunidade agente sabe que tem uma relaccedilatildeo direta com a falta de saneamento com a pobreza com as condiccedilotildees sociais em que muitos bairros onde as pessoas vivem muitas comunidades principalmente na nossa regiatildeo onde agente eacute muito cercada de comunidade aqui Entendeu Provavelmente tem uma ligaccedilatildeo O lixo eacute uma forma sub-humana de sobrevivecircncia Eacute horriacutevel ver isso aqui eu acho uma das coisas mais deprimentes que se tem quando eu vejo essa reportagem aqui E por outro lado essas pessoas poderiam ateacute estar ganhando dinheiro com o lixo mas natildeo dessa forma Agente

sabe que houvesse realmente a vontade fazer com o lixo viesse a ser produtivo uma fonte de renda haveria de se investir de outra forma na reciclagem de lixo na montagem de usina para geraccedilatildeo de elementos quiacutemicos tipo gaacutes natural agente sabe que existe ateacute umas usinas mas natildeo eacute interessante para o poder puacuteblico assistir a isso aqui Interessante para mim e para vocecirc de repente Mas o poder puacuteblico acha mais interessante assistir as pessoas se lambuzando aqui nesta sujeira toda Favela e poder puacuteblicofavela eacute um problema ambiental na medida que eacute abandonada de todas as formasde saneamento aacutegua em fim entatildeo eacute um problema ambiental com certeza vocecirc for ver neste ponto de vista Eacute ambiental pela forma com que ela se constitui como ela existe como eacute abandonada Na maioria destas favelas agente sabe que natildeo tem saneamento natildeo tem rede de esgoto a aacutegua praticamente natildeo chega as pessoas temposto de sauacutedenatildeo tem uma educaccedilatildeo de coleta de lixo Poder publico dentro das favelas eu natildeo sei seja daquelas mais proacuteximas dos grandes centros De repente estaacute ateacute bem representada com projetos com a finalidade de Inglecircs ver neacute Entatildeo tem muita coisa laacute Por exemplo na Mangueira tem tudo eu conheccedilo bem a Mangueira eu jaacute estive laacute jaacute fiz trabalho laacute dentro da comunidade tem ateacute nuacutecleo de universidade particular mas aqui Aqui natildeo chega nada entatildeo eu acho que o poder publico estaacute longe de estar presente dentro das comunidadessoacute onde realmente eacute interessante neacute ele levam para o inglecircs ver estrangeiro vai visita a Rocinha Vidigal e por aiacute a fora mas no geral e resto eacute conversa fiada Violecircncia urbana eacute tudo o que agente sabe falta de atenccedilatildeo social carecircncia de todas as outras coisas onde o poder puacuteblico natildeo chega onde natildeo chega educaccedilatildeo onde natildeo chega assistecircncia social de um modo geral onde natildeo chega o apoio o trabalho o acolhimento do cidadatildeo entendeu Eacute uma consequumlecircncia onde natildeo tem representatividade do poder puacuteblico efetivamente eacute comum agente ver O consumismo eacute uma das caracteriacutesticas desse paiacutes capitalista acho que se caminha cada vez mais para isso Entatildeo eacute uma consequumlecircncia que na maioria das vezes as pessoas natildeo se datildeo conta na medida que vocecirc vai consumindo muito vai entrando no caminho da poluiccedilatildeoindustrialdos resiacuteduos industriais e tudo mais Agente natildeo pode guardar tanta coisa neacute Vai descartando cada vez mais as coisas mais novas aparelho mais novos como no caso dos celulares telefones cada vez mais modernos agente vai abandonando e se empilhando em algum lugar e isso com certeza vai ter uma consequumlecircncia agente vai pagar um preccedilo logo-logo por tudo isso Agente tem que pensar numa forma tambeacutem de se reciclar isso aqui esse tipo de coisa porque tava ateacute vendo uma reportagem em relaccedilatildeo aos computadores Os computadores satildeo reciclaacuteveis em algum lugar aiacute Moacuteveis mesas de gabinete de computador muita coisa interessante Fala da nossa energia neacute Que fala tanto do apagatildeo neacute Que agente natildeo corre o risco do apagatildeo e tal eacute um investimento que agente sabe que o governo deveria ter feito haacute muito tempo neacute Mas que natildeo foi feito e agora estaacute nessa corrida louca de se fazer hidreleacutetricas desviando

riosessas coisas Tem uma discussatildeo muito grande em cima disso agente fica propensos aos apagotildees consequumlecircncias deles eacute preocupante algumas pessoas a maioria natildeo natildeo tem consciecircncia do resultado consequumlecircncias que podem ter mais consciecircncia e o governo ta aiacute falando o tempo todo que natildeo corremos risco de apgatildeo mas de vez em quando estaacute acontecendo

ENTREVISTA 14 A aacuterea que foi descrita foi Vila Esperanccedila tem mais vila Rica Amarelinho

IAPC IAPC natildeo tem cobertura laacute natildeo eacute favela Vocecirc sabe onde eacute Satildeo aqueles apartamentos e aiacute a equipe vai pra laacute Satildeo duas equipes pra laacute mas o resto do complexo agente natildeo sabe como vai ficar Ao lado do Metrocirc eacute Vila Rica na verdade isso aqui acabou Vila Rica e Vila Esperanccedila natildeo existe mais pela uacuteltima reuniatildeo que noacutes tivemos com o representante da comunidade eles aboliram essas duas divisotildees e ficaram uma coisa soacute Soacute o amarelinho que ficou separado o resto ficou tudo com a mesma associaccedilatildeo do outro lado E a aacuterea aqui com problemas de meio ambiente eacute uma aacuterea chamada de Fim do Mundo porque natildeo tem saneamento natildeo tem coleta de lixo tu jaacute foi laacute no Fim do Mundo esgoto a ceacuteu aberto tuberculose diabetessomente trecircs equipes tem meacutedicoagente comeccedilou em julho que agente comeccedilou o PSF natildeo tinha nenhum meacutedico continua o atendimento do PS e agente tentando organizarcada enfermeiro tem 1000 famiacutelias tem 7000 famiacutelias cadastradas eu soacute sei que satildeo 7000 mil famiacutelias atendidas pelo PSF a natildeo agente natildeo se mete quem delimitou a nossa aacuterea natildeo teve nada a ver com a associaccedilatildeo de moradoresporque jaacute tinha o PAC isso veio da prefeitura teve aquele Favela Bairro e aproveitou o mapa do Favela Bairro No fim do mundo natildeo deve ter 1000 famiacutelias deve ter 700 famiacutelias eacute eu chamo porque de fato eacute tem porco tem cabra entendeu Eu chamo de aacuterea rural o fim do mundo agora que ela ta recebendo nome jaacute tem nomes porque antes no mapa estaacute sendo projetada o que ele me falou que as ruas estatildeo recebendo nomes de moradores antigos que moravamos primeiros moradores que estava tudo projetada A projetada B

ENTREVISTA 15 ldquoessa orquestra de Acari literalmente eu natildeo sei onde eles funcionam natildeo

igual ela falou as pessoas usam muito o nome quando tem um morador de Acari aiacute diz que eacute de Acari e natildeo eacute a banda de Acari pra mim eacute natildeo sei o que de Jaacute que eacute formado soacute por crianccedilas da comunidade Crianccedilas de 12 13 anos criam muacutesicas essa parte aqui natildeo estaacute urbanizada ainda eacute o que o R estava falando por questatildeo de que isso aqui foi invadido que era um terreno e se ia fazer a rua comeccedilaram a construir os barracos um ao lado do

outro desordenadamente Eu sou uma pessoa muito ceacutetica as pessoas ocupam os espaccedilo que natildeo foram ocupados Se eles estatildeo aqui tem uma razatildeo para eles estarem se vocecirc parar para perguntar eles vatildeo te dizer que o uacutenico problema que eles tem eacute quando a poliacutecia vem vou te mostrar a quadra que foi ideacuteia ldquodelesrdquo que fizeram para as crianccedilas eles estavam achando as crianccedilas muito agrave toa aiacute jaacute tinha um centro social e ldquoelesrdquo colocarama primeira quadra de footvolei Aqui eacute a quadra e ali eacute um anfiteatro que ldquoelesrdquo vatildeo tapaz e fazer um teatro para as crianccedilas para laacute eacute o fim do mundo Essa aacuterea era de uma pessoa que natildeo quer mais as pessoas tentaram colocar casas mas natildeo conseguiram e comeccedilaram a fazer de depoacutesito de lixo essa parte aqui eacute a parte que mais precisa se chama fim do mundo Vamos descer aqui que vou te mostrar o lixatildeo para vocecirc ver que aqui vocecirc quase natildeo vecirc barracas eles costumam fazer de tijolos ateacute por questotildees de vaacuterios incecircndios que tiveramessa questatildeo de barracasvocecirc natildeo vecirc mais E ateacute laacute em baixo se vocecirc for eacute lixo o rio passa laacute em baixo conduccedilatildeo por aqui por dentro natildeo passa nada nada nada aqui tem muita gente doente que natildeo sabe que estatildeo doente Outra coisa iacutendice de jovens com HIV eacute muito alto Crianccedilas fora da escola Eacute tiacutepico Escolas que natildeo funcionam tenho uma escola ali que dois meses natildeo tem aula de geografiae aiacute natildeo tem outro professor Natildeo tem Mas tambeacutem a comunidade natildeo se mobilizar Elas coloca tudo nas costas da associaccedilatildeo de moradores LAN house que chegou com uma alternativa muitos pra dentro quando digo dentro eles mudam para essa beira que eles chamam de zona sul esse espaccedilo todo aqui eacute de laacute de onde agente veio que continua ele cercou para natildeo acontecer o que aconteceu laacute em baixo Ele cercou porque o pessoal jaacute estava construindo barraco laacute em baixo que passa o rio entatildeo o pessoal acha melhor que para natildeo virar uma lixeira agente nota aqui na questatildeo urbana eacute o crescimento vertical as pessoas vatildeo tendo famiacutelia e vatildeo fazendo fazendo

ANEXO IV

GLOSSAacuteRIO

Agenda marrom eacute a agenda que relaciona urbanizaccedilatildeo industrializaccedilatildeo crescimento econocircmico e desenvolvimento social Atenccedilatildeo primaacutetia em sauacutede refere-se a um modelo de atendimento em sauacutede que foca a prevenccedilatildeo em detrimento da hospitalizaccedilatildeo promovendo atividades nas comunidades via Postos de Sauacutede ou diversos Programas de Sauacutede implementados via Ministeacuterio da Sauacutede Conhecimento cientiacutefico eacute o conjunto geneacuterico de procedimentos ordenados e disciplinados utilizados para a aquisiccedilatildeo de informaccedilotildees seguras e organizadas Cosmovisatildeo modo de olhar o mundo O Ecologismo popular eacute uma corrente do movimento ambientalista que se propotildee a lutar contra os impactos ambientais que ameaccedilam os pobres que constituem a ampla maioria da populaccedilatildeo em muitos paiacuteses Edaacutefico eacute a palavra usada para dizer que algo eacute relativo ou pertence ao solo Fenocircmeno constructo criaccedilatildeo mental simples que serve de exemplificaccedilatildeo na descriccedilatildeo de uma teoria percepccedilatildeo ou pensamento formado a partir da combinaccedilatildeo de lembranccedilas com acontecimentos atuais Favela-bairro instrumento para a integraccedilatildeo urbaniacutestica e social entre os cariocas e para reverter o quadro de degradaccedilatildeo urbana que geralmente acompanha o assentamento habitacional espontacircneo dos grupos de baixa renda Holismo eacute a ideacuteia de que as propriedades de um sistema quer se trate de seres humanos ou outros organismos natildeo podem ser explicadas apenas pela soma de seus compononentes Ice-berg termo utilizados para se referir a um problema que mesmo sendo de grandes proporccedilotildees ainda natildeo eacute conhecido ICM-Ecoloacutegico criado inicialmente pelo estado do Paranaacute onde 5 das receitas do estado satildeo repartidas entre 226 municiacutepios com mananciais de abastecimento e unidades de conservaccedilatildeo ambiental Iluminismo conceito que sintetiza diversas tradiccedilotildees filosoacuteficas correntes intelectuais e atitudes religiosas utilizados no seacuteculo XVIII Impactaccedilatildeo imapcto causado geralmente por atividades antroacutepicas ao meio ambiente Impactante medida ou atividade que leve a impactaccedilatildeo do meio ambiente Iniquumlidade o mesmo que falta de justiccedila e igualdade Know how eacute a capacidade de execuccedilatildeo e uma atividade baseada no conhecimento que se tem do assunto o conjunto de saberes sobre uma determinada atividade

Mairs nome dados aos francecircs pelos iacutendios quinhentistas Medicalizaccedilatildeo da sauacutede o tipo de atendimento privado em sauacutede onde se busca o lucro ou o retorno financeiro por praacuteticas em sauacutede Medicina Cientiacutefica medicina baseada em pesquisas cientiacuteficas para contrapor o que eacute de senso comum Metropolizaccedilatildeo da pobreza situaccedilatildeo atual em que se encontra amplamente distribuiacuteda a pobreza dentro de uma grande cidade Neonarodnismo interpretaccedilatildeo histoacuterica e movimento atual que nasce do descreacutedito poacutes-moderno da ciecircncia e do progresso social Apoacuteia-se em uma anaacutelise cientiacutefica do fluxo de energia e materiais e da conservaccedilatildeo da biodiversidade fundada na criacutetica agrave pseudo-racionalidade econocircmica Paradigma newtonianocartesiano a base do pensar racional que impulsionou toda a ciecircncia registrada ateacute o novo paradigma Peros nome dado aos portugueses pelos iacutendios quinhentistas Politeraftalato de etila poliacutemero termoplaacutestico constituintes das garrafas PET Remocionismo atividades de remoccedilatildeo dos assentamentos de baixa renda de lugares nobres durante a gestatildeo de alguns prefeitos no municiacutepio do Rio de Janeiro Resiliecircncia Eacute a capacidade de um ecossistema retornar a seu estado de equiliacutebrio dinacircmico apoacutes sofrer uma alteraccedilatildeo ou agressatildeo Zoonose eacute o nome dado as infecccedilotildees e doenccedilas que satildeo adquiridas em contato com animais podem tambeacutem ser transmitidas pela ingestatildeo de alimentos contaminados

ANEXO VII

LISTAGEM DA FAVELAS DO MUNICIacutePIO DO RIO DE JANEIRO POR AacuteREAS DE PLANEJAMENTO E OS

BAIRROS ONDE ESTAtildeO LOCALIZADAS

Mapa do Municiacutepio do Rio de Janeiro e seus bairros incluindo as ilhas de Paquetaacute

Governador e Fundatildeo

AP 3

AP 5

AP 1

AP 2 AP 4

Municiacutepio do Rio de Janeiro com suas Aacutereas de Planejamento Segundo SABREN Ilha de Paquetaacute ndash AP 1 Ilhas do Governador e do Fundatildeo ndash AP 3

Ampliaccedilatildeo da AP 1

Tabela da AP 1 com seus bairros e favelas -

Numeraccedilatildeo de acordo com o mapa acima

BAIRRO

FAVELAS INSERIDAS

1 Sauacutede - 2 Gamboa Morro da Providecircncia

Pedra Lisa 3 Santo Cristo Moreira Pinto 4 Caju Ladeira dos Funcionaacuterios

Parque Alegria Parque Boa Esperanccedila (RA-Portuaacuteria) Parque Conquista Parque Nossa Senhora da Penha Parque Satildeo Sebastiatildeo Parque Vitoacuteria Quinta do Caju

5 Centro - 6 Catumbi Catumbi 7 Rio Comprido Azevedo Lima

Bispo Comunidade de Clara Nunes Matinha Morro Santos Rodrigues Pantanal (RA-Rio Comprido) Parque Rebouccedilas Paula Ramos Rodo Rua Projetada A Santa Alexandrina Sumareacute Unidos de Santa Teresa Vila Anchieta Vila Santa Alexandrina

8 Cidade Nova - 9 Estaacutecio Rato

Satildeo Carlos 10 Satildeo Cristoacutevatildeo Marechal Jardim

Parque dos Mineiros Tuiuti

11 Mangueira Mangueir (RA-Satildeo Cristoacutevatildeo) Morro dos Teleacutegrafos Parque Candelaacuteria

12 Benfica Conjunto Ataulfo Alves Parque Hereacutedia de Saacute Parque Horaacutecio Cardoso Franco Rua Ferreira de Arauacutejo Vila Araraacute Vila Uniatildeo (RA-Satildeo Cristoacutevatildeo) Vila Vitoacuteria (RA-Satildeo Cristoacutevatildeo)

13 Paquetaacute AM do Morro do Vigaacuterio Morro do Gari Morro do PEC

14 Santa Teresa AM e Amigos de Santa Teresa AM Amigos do Vale Andreacute Cavalcanti Baronesa Coroado (AMAPOLO) Fazenda Catete Francisco de Castro Julio Otoni Ladeira Santa Isabel Luiz Marcelino Morro da Coroa Morro do Escondidinho Morro dos Prazeres Ocidental Fallet Travessa Santa Teresa Vila Elza Vila Paraiacuteso

158 Vasco da Gama Barreira do Vasco

195

Ampliaccedilatildeo da AP 2

Tabela da AP 2 com seus bairros e favelas -

Numeraccedilatildeo de acordo com o mapa acima

BAIRRO

FAVELAS INSERIDAS

15 Flamengo Morro Azul 16 Gloacuteria - 17 Laranjeiras Maloca

Vila Pereira da Silva 18 Catete Tavares Bastos

Vila Santo Amaro 19 Cosme Velho Cerro- Coraacute

Guararapes Vila Cacircndido Vila da Imaculada Conceiccedilatildeo

20 Botafogo Mangueira (RA-Botafogo) Morro Santa Marta

21 Humaitaacute Humaitaacute 22 Urca Vila Benjamin Constant 23 Leme Babilocircnia

Chapeacuteu Mangueira 24 Copacabana Ladeira dos Tabajaras

Morro dos Cabritos Pavatildeo-Pavatildeozinho

25 Ipanema Morro do Cantagalo 26 Leblom - 27 Lagoa - 28 Jardim Botacircnico Do Horto 29 Gaacutevea Vila Parque da Cidade 30 Vidigal Chaacutecara do Ceacuteu

Vidigal 31 Satildeo Conrado Vila Canoas

Vila Pedra Bonita 32 Praccedila da Bandeira - 33 Tijuca Borel

Coreacuteia (RA-Tijuca) Franccedila Junior Indiana Morro da Casa Branca Morro da Formiga Morro da Liberdade Morro do Bananal Morro do Chacrinha Salgueiro

34 Alto da Boa Vista Accedilude da Solidatildeo

196

Doutor Catrambi Estrada do Tijuaccedilu Mata Machado Siacutetio da Biquinha Vale Encantado

35 Maracanatilde 36 Vila Isabel Morro dos Macacos

Parque Vila Isabel 37 Andaraiacute Arrelia

Buraco Quente Jamelatildeo Morro do Andaraiacute Morro do Cruz

38 Grajauacute Borda do Mato Nova Divineacuteia Parque Joatildeo Paulo II

154 Rocinha Rocinha

Ampliaccedilatildeo da AP 3

Tabela da AP 3 com seus bairros e favelas -

Numeraccedilatildeo de acordo com o mapa acima

BAIRRO

FAVELAS INSERIDAS

39 Manguinhos Chp-2 Mandela de Pedra Parque Carlos Chagas Parque Oswaldo Cruz Pata Choca Vila Turismo

40 Bonsucesso Parque Proletaacuterio Monsenhor Brito Vila Satildeo Pedro

41 Ramos Igreja Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo Parque Itambeacute Ruth Ferreira Travessa Marques de Oliveira Vila Residencial Darcy Vargas Vila Santo Antonio (RA-Ramos)

42 Olaria Morro do Cariri Tenente Pimentel Vila Cruzeiro

43 Penha Morro do Caracol Parque Proletaacuterio do Grotatildeo

197

Rua Laudelino Freire Vila Proletaacuteria da Penha

44 Penha Circular Centro Social Marciacutelio Dias Mandacaru II Morrinho Morro da Caixa Drsquoaacutegua (RA-Penha) Morro da Feacute Morro do Sereno Rua Frey Gaspar 279

45 Braacutes de Pina Braacutes de Pina Mangueirinha Morro da Guaiacuteba Rua Castro Menezes 928 Vila Pequiri

46 Cordovil Batuta de Cordovil Bom Jardim de Cordovil Caminho do Rio Chega Mais Cordovil Dourados Parque Chp Parque Proletaacuterio de Cordovil Pedacinho do Ceacuteu Serra Pelada Vila Cambuci

47 Parada de Lucas Parque Jardim Beira Mar Te Contei

48 Vigaacuterio Geral Bairro Proletaacuterio do Dique Parque Furquim Mendes Parque Proletaacuterio de Vigaacuterio Geral

49 Jardim Ameacuterica Rua Rodolfo Chambelland 50 Higienoacutepolis Comunidade Agriacutecola de Higienoacutepolis

Parque Feacutelix Ferreira Vila Dom Fabio Vila Maria

51 Jacareacute Marlene Vila da Rua Viuacuteva Claacuteudio 211

52 Maria da Graccedila - 53 Del Castilho Chaacutecara de Del Castilho

Parque Uniatildeo de Del Castilho Seu Pedro

54 Inhauacutema Parque Everest Parque Proletaacuterio Aacuteguia de Ouro Relicaacuterio Rua Lagoa Redonda

55 Engenho da Rainha Morro do Engenho da Rainha Parque Proletaacuterio Engenho da Rainha Rua Seacutergio Silva

56 Tomaacutes Coelho Parque Nova Maracaacute Parque Silva Vale Rua Briacutecio de Moraes Rua Pereira Pinto Vila Caramuru Vila Itaocara

57 Satildeo Francisco Xavier Comunidade Estaccedilatildeo da Mangueira (Amcema) Vila Triagem

58 Rocha - 59 Riachuelo - 60 Sampaio Dois de Maio

Morro do Queto 61 Engenho Novo Barro Preto

Barro Vermelho Ceacuteu Azul Morro da Bacia Morro da Matriz Morro do Encontro Morro Satildeo Joatildeo Vila Cabuccedilu

62 Lins de Vasconcelos Cachoeirinha Bairro Ouro Preto Dona Francisca Morro da Cachoeira Grande Morro da Cotia

198

Morro do Amor Morro do Ceacuteu Morro Nossa Senhora da Guia Pretos Forros Santa Terezinha

63 Meacuteier Joaquim Meacuteier 64 Todos os Santos Santos Titara 65 Cachambi Malvinas

Pica Pau amarelo 66 Engenho de Dentro Beleacutem-Beleacutem

Conjunto Residencial Fernatildeo Cardin Outeiro (RA-Meier) Rua Camarista Meacuteier 914 Teixeira Bastos

67 Aacutegua Santa Cardoso de Mesquita28 Fazendinha da Aacutegua Santa Serra do Padilha

68 Encantado Beco do Vitorino Morro do Pau Ferro Travessa Bernardo

69 Piedade Comunidade dos Marianos Engenheiro Alfredo Gonccedilales Jardim Piedade Joaquim Martins 378-Fundos Morro da Caixa Drsquoaacutegua (RA-Meacuteier) Morro dos Mineiros Morro Inaacutecio Dias Rua Engenheiro Cloacutevis Daubt 340 Vila da Amizade Vila dos Mineiros

70 Aboliccedilatildeo - 71 Pilares Morro do Trajano

Morro do Urubu Rua Itabirito

72 Vila Cosmos Jardim do Carmo 73 Vicente de Carvalho Morro do Juramento 74 Vila da Penha - 75 Vista Alegre - 76 Irajaacute Avenida Meriti 4483

Parque Bom Menino Parque jardim Metrocirc de Irajaacute Parque Rio Drsquoouro Rua Miguel Dibo

77 Coleacutegio Avenida Automoacutevel Clube 8340 Vila Satildeo Jorge (RA-Irajaacute)

78 Campinho Comendador Pinto Rua Joseacute Feacutelix de Maris

79 Quintino Bocaiuacuteva Padre Manuel da Noacutebrega Parque Arauacutena Rua Lemos de Brito Rua Saccedilu

80 Cavalcanti Rua Baleares172 ndash Rua Amaacutelia 286 Vila Primavera Visconde de Saboacuteia

81 Engenho Leal Rua Iguaccedilu 360 casa 23 Sanatoacuterio

82 Cascadura Beco da Amizade Fazenca da Bica Morro da Iguaiacuteba Morro do Bacalhau Morro do Fubaacute Morro do Juca Vila Campinho

83 Madureira Buriti-Congonhas Comunidade de Satildeo Miguel Arcanjo Grota Morro do Sossego Morro Satildeo Joseacute Negratildeo de Lima Serrinha Vila das Torres

84 Vaz Lobo Rua Professor Burlamaacutequi 85 Turiaccediluacute Rua Pereira Leitatildeo

Vila Santa

199

86 Rocha Miranda Faz Quem Quer (RA-Madureira) 87 Honoacuterio Gurgel Barreira do Juca

Parque Bela Vista Praccedila Cacircndido Vargas Rua Cocircnego Boucher Pinto Vila Operaacuteria Diamantes

88 Oswaldo Cruz Parque Vila Nova Travessa Antocircnio Avelino

89 Bento Ribeiro Avenida do Tenente Monte Carmelo Nabuco de Arauacutejo228

90 Marechal Hermes Assis Martins Caminho da Reta Cristo Rei Oliveira Junqueira Rua do Canal Rua do Encanamento Sociedade Beneficente e Social Frei Sampaio Vitoacuteria da Conquista Vila Eugecircnia Vila Nossa Senhora da Gloacuteria

91 Ribeira - 92 Zumbi - 93 Cacuia Colocircnia de Pescadores Almirante Gomes

Pereira Rua Jerocircnimo Ornelas 490

94 Pitangueiras Bairro Nossa Senhora das Graccedilas 95 Praia da Bandeira - 96 Cocotaacute Rua Guariuacuteba

Rua Marques de Muritiba 609 97 Bancaacuterios Jardim duas Praias

Luiza Regadas Parque Proletaacuterio dos Bancaacuterios Tremembeacute

98 Freguesia Bela Vista da Pichuna Magno Martins Morro das Araras Rua Budapeste 66 Rua Professor Silva Campos

99 Jardim Guanabara Serra Morena 100 Jardim Carioca Guarabu

Rua Rodano lote 22 quadra 31 101 Tauaacute Bairro da Sapucaia

Conjunto Residencial dos Servidores Municipais Maestro Arturo Toscanini Morro do Dendecirc Morro do Querosene Praia da Rosa

102 Moneroacute - 103 Portuguesa Parque Royal 104 Galeatildeo Aacuteguia Dourada

Caricoacute Travessa Estrada Grande 1397 Vila Joaniza Vila Nova Canaatilde

105 Cidade Universitaacuteria - 106 Guadalupe Faz Quem Quer (RA-Anchieta)

Maranata Morro do Mata Quatro Parque Crianccedila Esperanccedila Parque Rafael de Oliveira Parque Raio do Sol Rafael de Oliveira Vila Esperanccedila de Guadalupe

107 Anchieta Associaccedilatildeo Comunitaacuteria Vila Alvorada Avenida Beira Rio- Rua Arnaldo Murineli (RA-Anchieta) Caminho do Padre Comunidade Aramari Fazenda Velha Final Feliz Oito de Dezembro

200

Oliveira Bueno Parque Anchieta Parque Esperanccedila Planalto Rua Adalberto Tanajura Rua Itatiba Rua Oliveira Bueno 832 Rua Tenente Lassance Travessa Maria Joseacute Vila Beriti Vila Satildeo Sebastiatildeo

108 Parque Anchieta Feacute em Deus 109 Ricardo de Albuquerque Forccedila do Povo

Parque Tiradentes 110 Coelho Neto Furatildeo

Morro Uniatildeo Rua Parnaiacuteba

111 Acari Beira Rio ndash Rua Matura (RA-Pavuna) Parque Acari Vila Rica de Irajaacute Vila Esperanccedila

112 Barros Filho Centro Social Uniatildeo de Costa Barros Gleba I da antiga Fazenda Botafogo Jardim Baacuterbara Margem da Linha Almirante Tamandareacute Parque Satildeo Joseacute

113 Costa Barros Chico Mendes (Morro do Chapadatildeo) Fazenda BotafogoMargem da Linha Grotatildeo de Costa Barros Parque Boa Esperanccedila (RA-Pavuna) Quitanda

114 Pavuna Araguatina Bairro da Pedreira Batistinha Caminho do Job Final Feliz II Nova Olinda Parque Columbia Parque Nova Cidade de Acari Parque Nova Jerusaleacutem Parque Unidos Rua Embauacute 349 Rua Embauacute 427 Sossego - Alegria Vila Amaral Vila Beira Rio Vila Nova da Pavuna

155 Jacarezinho Carlos Drumond de Andrade Jacarezinho Praccedila Marimba 60 (fundos) Rua Matinoreacute 163 (fundos) Rua Satildeo Joatildeo Tancredo Never (RA-Jcarezinho) Tautaacute Vila Jandira Vila Matinoreacute

156 Complexo do Alematildeo Itarareacute Joaquim de Queiroz Morro da Baiana Morro das Palmeiras Morro do Adeus Morro do Alematildeo Morro do Piancoacute Mouratildeo Filho Nova Brasiacutelia (RA-Alematildeo) Parque Alvorada Rua Armando Sodreacute Vila Matinha

157 Complexo da Mareacute Baixada do Sapateiro Joana Nascimento Nova Holanda Paraibuna Parque Mareacute Parque Roquete Pinto

201

Parque Rubens Vaz Parque Uniatildeo Ramos Timbau

159 Parque Coluacutembia Rua da Escadinha Rua do Barro Rua Madagascar

Ampliaccedilatildeo da AP 4

Tabela da AP 4 com seus bairros e favelas - 150 Favelas

Numeraccedilatildeo de acordo com o mapa acima

BAIRRO

FAVELAS INSERIDAS

115 Jacarepaguaacute Asa Branca Canal do Arroio da Pavuna Comunidade Satildeo Francisco de Assis Condomiacutenio vila Darcy Vargas Outeiro Parque da Pedra Branca Parque Dois Irmatildeos Rio das Pedras Santa Maria Santa Maura Satildeo Gonccedilalo do Amarante Vila Calmete Vila Getuacutelio Vargas Vila Pitimbu Vila Sapecirc Virgolacircndia

116 Anil Araticum 117 Gardecircnia Azul Avenida das Lagoas

Vila Nova Esperanccedila 118 Cidade de Deus Beirada do Rio

Loteamento Josueacute Praccedila da Biacuteblia Santa Efigecircnia

119 Curicica AM do Vale do Curicica Antiga Creche

202

Vila Uniatildeo de Curicica 120 Freguesia Associaccedilatildeo Belfast Satildeo Geraldo

Inaacutecio do Amaral Pantanal I (RA-Jacarepaguaacute) Quintanilha Rua Agostinho Gama Rua Daniel Rua Satildeo Jorge Rua Sargento Paulo Moreira Tirol

121 Pechincha Condomiacutenio Paco do Lumiar Rua Monsenhor Marques 277 Vila Nossa Senhora da Paz

122 Taquara AM e Comunidade Nossa Senhora de Faacutetima Andreacute Rocha Estrada do Catonho Estrada do Meringuava Jardim Boiuacutena Loteamento Satildeo Sebastiatildeo Nova Aurora Rua Andreacute Rocha 2630 B Rua Mirataia Santa Anastaacutecia Shangrilaacute Vacaria Vila Santa Clara Vila Santa mocircnica Vilar Satildeo Sebastiatildeo Vinte e sete de Setembro

123 Tanque Caminho do Valdemar Caxangaacute Ladeira da Reuniatildeo

124 Praccedila Seca Baratildeo Bela Vista do Mato Alto Chaacutecara Flora Chacrinha do Mato Alto Comandante Luiz Souto Morro da Boa Esperanccedila Vila Joseacute de Anchieta

125 Vila Valqueire Rua Urucaia 570 126 Joaacute - 127 Itanhangaacute Agriacutecola

Angu Duro Cambalacho Fazenda Floresta da Barra da Tijuca Furnas Muzema Siacutetio do Pai Joatildeo Tijuquinha Vila da Paz Vila Santa Terezinha

128 Barra da Tijuca Associaccedilatildeo de Moradores Barra Ameacuterica Ilha da Gigoacuteia ndash Lote 500 (RA-Barra da Tijuca) Lagoa da Barra Rua Satildeo Tilon Vila Uniatildeo (RA-Barra da Tijuca)

129 Camorim Morro do Camorim 130 Vargem Pequena Bosque Mont Serrat

Heacutelio Oiticica Palmares Santa Luzia

131 Vargem Grande Associaccedilatildeo dos Moradores do Rio Bonito Cascatinha Comunidade Bandeirantes Estrada dos Bandeirantes 29192 Rio Morto Vila dos Crentes

132 Recreio dos Bandeirantes AM e Amigos do Fontela Avenida dos Eucaliptos 28 Caeteacute Canal das Tachas Canal do Cortado

203

Estrada do Pontal (Caiteacute) Grota Funda Restinga Servidatildeo DVila Doutor Crespo Vila Harmonia Vila Nova (RA-Barra da Tijuca) Vila Alegre do Recreio

133 Grumari

Ampliaccedilatildeo da AP 5

Tabela da AP 5 com seus bairros e favelas - 173 Favelas

Numeraccedilatildeo de acordo com o mapa

acima

BAIRRO

FAVELAS INSERIDAS

134 Deodoro Fazenda Sapopemba 135 Vila Militar Comunidade Sobral 136 Campo dos Afonsos - 137 Jardim Sulacap - 138 Magalhatildees Bastos Quatorze de Julho

Rua jabaquara Rua Santo Expedito Vila Brasil Vila Capelinha Vila Satildeo Miguel

139 Realengo Alameda da Creche Bairro Carumbeacute Batam Beira Rio (RA-Realengo) Birigui Cosme e Damiatildeo Do laguinho Frederico faulhaber Morro Satildeo Sebastiatildeo Nilo Parque das nogueiras

204

Rua Bernardo Vasconcelos e Adjacecircncias Vila 133 Vila do Almirante Vila Jardim Novo Realengo Vila Joatildeo Lopes Vila Jurema (RA-Realengo) Vila Jurema I (RA-Realengo) Vila Leacutelio Boaventura Vila Nova (RA-Realengo) Vila Santa Luzia Vila Santo Antonio (RA-Realengo)

140 Padre Miguel (4) Murundu Vila Abrolhos Vila das Rosas Vila do Vinteacutem

141 Bangu (26) Alto Kennedy Avenida Santa Cruz 3556 Bairro Nova Alianccedila Beco da Usina Boqueiratildeo Caminho do Borges Caminho do Lucio Castor de Andrade Estrada da Saudade Estrada Sargento Miguel Filho 164 Jardim Satildeo Bento Minha Deusa Nova Kennedy Parque Nossa Senhora de Faacutetima Parque Real Retiro das Mangueiras Rua Congo 147 Rua da Feira 1220 Satildeo Bento Tibagi Vila Catiri Vila Moreti Vila Oliacutempia Vila Piquirobi Vila Progresso Vila Uniatildeo da Paz

142 Senador Cacircmara Bairro Santo Andreacute Coreacuteia (RA-Bangu) Falange Fazenda Coqueiro Jardim Clarice Morro do Sossego (RA-Bangu) Primeiro de Abril Rua Santo Amoacutes Saibreira Tancredo Neves (RA-Bangu) Tiquiaacute Verde eacute Vida

143 Santiacutessimo Anes Dias Morro da Esperanccedila Nova Esperanccedila (RA-Campo Grande) Professora Justina Marques Retiro do Lameiratildeo Rua sem Nome Rua Teixeira Campos 642 Rua Teixeira Campos 96102 Vila Verde (RA-Campo Grande)

144 Campo Grande Bairro Agulhas Negras Bairro Fernatildeo Magalhatildees Bairro Nova Aguiar Beco do Genipapo Beco sem Nome Beira Rio ndash Lot Jardim Bela Vista (RA-Campo Grande) Cabuis (RA-Campo Grande) Caminho do Morro Caminho dos Nunes Conjunto Minas de Prata Estrada da Caroba Estrada do Guandu

205

Jardim Nossa Senhora das Graccedilas Jardim Nossa Senhora das Graccedilas II Joaquim Magalhatildees Novo Tinguumliacute Parque Esperanccedila (RA-Campo Grande) Prolongamento Senhora Rua Doutor Fernando Satildeo Jerocircnimo Vila Comari Vila Mangueiral Vila Vitoacuteria (RA-Campo Grande)

145 Senador Vasconcelos Jardim Moriccedilaba Vale dos Eucaliptos Vasconcelos

146 Inhoaiacuteba Nova Cidade Parque Proletaacuterio Vila Esperanccedila Vila Uniatildeo (RA-Campo Grande) Vila Carioca

147 Cosmos Nova Conquista Parque Resplendor Vila do Ceacuteu Vila Satildeo Jorge (RA-Campo Grande)

148 Paciecircncia Beco do Brizola Beco do Carcaraacute Colorado Comunidade Jardim Paulista Divineacuteia Fazenda Cassiana Jacareacute Linha de Austin Nova Jeacutersei Roberto Morena Rua Iconha Saguaccedilu Vinte e Nove de Marccedilo

149 Santa Cruz Avenida Joatildeo XXIII 300 Barreira Beco do Coqueiral Coreacuteia (RA-Santa Cruz) Luis Fernando Victor Filho Margem do Canal de Satildeo Francisco Margem do Canal do Caccedilatildeo Vermelho Nova Brasiacutelia ndash Trecircs Poderes (RA-Santa Cruz) Nova Camaratildeo Pantanal (RA-Santa Cruz) Parque horto florestal Rua 66 (Cesaratildeo) Satildeo Gomaacuterio Trecircs Pontes Vale do Sangue Vila Verde (RA-Santa Cruz)

150 Sepetiba Beco da Guarda Rua Heacutelio Correa

151 Guaratiba AM da Ilha de Guaratiba AM da Matriz AM Morada dp Magarccedila AM Pro-Melhoramento Olava Gama e Adjacecircncias Areal (RA-Guarativa) Avenida das Ameacutericas km 37 Bairro Satildeo Pedro Beco do Rato Cabuis (RA-Guaratiba) Caminho da Uniatildeo Gaspar Lemos Jardim Guaratiba Jardim Luana Largo do Correcirca (RA-Guaratiba) Largo do Correcirca 1(RA- Guaratiba) Novo Jardim Maravilha Recanto dos Motoristas Rio Piraquecirc Rua Vale Verde

206

Santa Clara Travessa Magarccedila Vila Jurari Ziza

152 Barra de Guaratiba Caminho do Abreu Rua Samauacutena

153 Pedra de Guaratiba -

207

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JOSE LUIZ ALVES DE SOUZA

O HOMEM SUA SAUacuteDE E O AMBIENTE ONDE VIVE A crise ecoloacutegica na busca por cidadania e as realidades entre Sauacutede e o Poder Puacuteblico

no Complexo de Favelas de Acari - RJ

Dissertaccedilatildeo apresentada ao Curso de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncia Ambiental da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial para obtenccedilatildeo do Grau de Mestre Aacuterea de Concentraccedilatildeo Anaacutelise de processos soacutecio-ambientais

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________________________________ Prof Dr CEacuteLIO MAURO VIANAndash Orientador UFF

_____________________________________________________________________ Prof Dra JANIE GARCIA DA SILVA - UFF

_____________________________________________________________________ Prof Dr SEacuteRGIO CORREcircA MARQUES - UERJ

Niteroacutei Abril de 2008

A duas pessoas muito amadas ndash Eloir e Michael pela forccedila e incentivo que me deram durante todos esses anos por serem sofredores de algumas ausecircncias e por estarem comigo nas presenccedilas

As pessoas que de uma forma ou de outra seratildeo herdeiros do que fazemos nestes dias

AGRADECIMENTOS

Ao Professor Ceacutelio Mauro Viana por ter acreditado neste trabalho pela sua paciecircncia e ensinamentos sem o qual natildeo teria concluiacutedo esta dissertaccedilatildeo Ao Professor Alphonse Kelecom ndash colega e conhecido de muitos e longos anos pelos ensinamentos absorvidos e por ter acreditado tambeacutem neste trabalho Aos colegas mestres da turma 2006 pelo apoio companheirismo e consideraccedilatildeo demonstrados A comunidade do Complexo de Acari Robson Santos Doracy Eich Ariacutecia Valle que prontamente se dispuseram a serem entrevistados que me receberam que me trouxeram seguranccedila com as suas presenccedilas e que se dispuseram a me levar pelas ruas e vielas do complexo Ao Enfermeiro Leonardo Correa pela forma com que me recebeu e se dispocircs a conversar um pouco sobre sauacutede envolvendo sua equipe

EPIacuteGRAFE ldquoA crise ambiental natildeo soacute se manifesta na

destruiccedilatildeo do meio fiacutesico e bioloacutegico mas tambeacutem

na degradaccedilatildeo da qualidade de vida tanto no

acircmbito rural como no urbanordquo

Enrique Leff

SUMAacuteRIO

Lista de abreveturas e siglas xResumo xiiAbstract xiii Introduccedilatildeo 14Objetivos 16Metodologia 17 Parte I 20Construindo o objeto Capiacutetulo 1 ndash CIEcircNCIA AMBIENTAL PESQUISA E CONTEXTO 11 A Interdisciplinaridade da ciecircncia ambiental 21 12 Necessidade da ciecircncia e seus meacutetodos 23 13 Diferentes tipos de pesquisa e a pesquisa em ciecircncia social 25 14 A vivecircncia e algumas interrogaccedilotildees 28 Capiacutetulo 2 ndash A CRISE ECOLOacuteGICA

21 Crise Ecoloacutegia e Capitalismo 3422 A Economia Ecoloacutegica 3823 O que eacute a Crise Ecoloacutegica 4024 O papel da sociedade na busca por soluccedilotildees da crise 4125 A Agenda 21 43

Capiacutetulo 3 - PRERROGATIVAS SOCIAIS BAacuteSICAS DA POPULACcedilAtildeO 31 Sauacutede e cidadania 45 32 Poliacuteticas puacuteblicas 46 33 A sauacutede nas constituiccedilotildees brasileiras 48 34 Sistema uacutenico de sauacutede 49 Capiacutetulo 4 ndash PROBLEMAS SOacuteCIO-AMBIENTAIS

41 Cidadania 5342 Meio ambiente 5543 Favelizaccedilatildeo 61

Parte II 72Caracteriacutesticas da aacuterea de estudo Capiacutetulo 5 - O COMPLEXO DE FAVELAS DE ACARI 73

51 A ldquofavela de Acarirdquo 7352 Espacialidade do Complexo dentro do contexto municipal 74521 Vila Esperanccedila 75

(Sumaacuterio ndash continua)

(Sumaacuterio ndash continuaccedilatildeo)

522 Vila Rica de Irajaacute 77523 Parque Acari 78524 Beira Rio 7853 Atores Sociais dentro do complexo 7954 Representatividade do Estado 79

a) Programa Favela-bairro 80 b) O programa Bairrinho 81 c) A regularizaccedilatildeo fundiaacuteria 81 d) Os equipamentos puacuteblicos 81

Capiacutetulo 6 ndash REPRESENTACcedilAtildeO SOCIAL 8361 Representaccedilatildeo Social 8362 Representaccedilatildeo social dos atores entrevistados no Complexo de Favelas de Acari 85621 Cultura representando sua inter-relaccedilatildeo com o real 87622 Representando a sauacutede e o meio ambiente 99623 A Crise Ecoloacutegica na busca por Cidadania 114624 A realidade entre sauacutede e o poder puacuteblico 117

Conclusatildeo 126Bibliografia 130 Anexo 1 ndash Fotos aeacutereas e localizaccedilatildeo do Complexo de favelas 137Anexo 2 ndash Tabelas 144Anexo 3 ndash Graacuteficos e Figuras 149Anexo 4 ndash Figuras utilizadas na entrevista 156Anexo 5 ndash Transcriccedilatildeo das entrevistas 165Anexo 6 ndash Glossaacuterio 187Anexo 7 ndash Listagem das favelas cariocas 190

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANVISA Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria

BNH Banco Nacional da Habitaccedilatildeo

CCDC Centro Comunitaacuterio de Defesa da Cidadania

CEASA Centrais de Abastecimento do Rio de Janeiro

CEDAE Companhia Estadual de Aacuteguas e Esgotos

CHISAM Coordenaccedilatildeo da Habitaccedilatildeo de Interesse Social da Aacuterea Metropolitana do Rio de Janeiro

COHAB Companhia de Habitaccedilatildeo

CODESCO Companhia de Desenvolvimento de Comunidades

Comlurb Companhia Municipal de Limpeza Urbana

CPMF Contribuiccedilatildeo Provisoacuteria sobre Movimentaccedilatildeo Financeira

CPDS Comissatildeo de Poliacuteticas de Desenvolvimento Sustentaacutevel

Crvcc Centro de reconhecimento validaccedilatildeo e certificaccedilatildeo de Competecircncias

Datasus Banco de Dados do Sistema Uacutenico de Sauacutede

ETE Estaccedilatildeo de Tratamento de Esgotos

IDH Iacutendice de Desenvolvimento Humano

FEEMA Fundaccedilatildeo Estadual de Engenharia do Meio Ambiente

IAP Instituto de Aposentadoria de Previdecircncia

IAPI Instituto de Aposentadorias dos Industriaacuterios IAPM Instituto de Aposentadoria e Pensotildees dos Mariacutetimos IAPTEC Instituto de Aposentadorias e Pensotildees dos Estivadores e

Transporte de Cargas LATEC Laboratoacuterio de Tecnologia Gestatildeo de Negocoacutecios amp Meio

Ambiente Light Concessionaacuteria de energia eleacutetrica para cidades do estado do

Rio de Janeiro OMS Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede

ONG Organizaccedilatildeo Natildeo-governamental

ONU Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas

OPAS Organizaccedilatildeo Pan-Americana da Sauacutede

PET Politeraftalato de etila

PIB Produto Interno Bruto

x

PGCA Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncia Ambiental

PNUD Programa das Naccedilotildees Unidas para o Desenvolvimento

PPA Plano Plurianual

PPC Paridade do Poder de Compra

PSF Programa de Sauacutede da Famiacutelia

PSOL Partido Socialismo e Liberdade

RDC Resoluccedilatildeo da Diretoria Colegiada

Rvcc Reconhecimento Validaccedilatildeo Certificaccedilatildeo de Competecircncias

SAGMACS Sociedade de Anaacutelise Graacuteficas e Mecanograacuteficas Aplicadas aos Complexos Sociais

SBPE Sociedade Brasileira de Planejamento Energeacutetico

SFH Sistema Financeiro de Habitaccedilatildeo

SINAN Sistema de Notificaccedilotildees de Agravos de Notificaccedilatildeo

SUS Sistema Uacutenico de Sauacutede

WWF World Wide Fundation

xi

RESUMO Em um contexto envolvendo meio ambiente globalizaccedilatildeo e modernidade depara-se inevitavelmente com termos que tecircm na sua grande maioria importacircncia vital para se entender o mundo em que se vive Esses termos envolvem populaccedilatildeo economia emprego disposiccedilatildeo poliacutetica ativismo social moradia etc A Cidade sendo o local para onde atualmente se converge toda a atenccedilatildeo onde a batalha diaacuteria pela sobrevivecircncia e pelo exerciacutecio cidadania eacute travada pelos diversos atores sociais envolvidos Mas haacute um hiato entre ter e viver a cidadania esta eacute muita das vezes dificultada pelas barreiras que se impuseram no desenvolvimento do tipo de vida que se leva atualmente Para se ter a cidadania a maior barreira instalada entre ela e o povo eacute a crise ambiental decorrente do tipo do tipo de viva que se aprendeu a ter da industrializaccedilatildeo degradaccedilatildeo do espaccedilo geograacutefico degradaccedilatildeo do ser humano poluiccedilatildeo do ar dos corpos hiacutedricos e no fundo estaacute o ser humano compactuando de algum forma Neste contexto se insere o Estado como o grande ente capaz de salvaguardar o cidadatildeo e a sauacutede implementando accedilotildees que promovam a qualidade de vida um termo corrente para o repensar da cidade Discutem-se cidades sustentaacuteveis tendo por base as ideacuteias contidas na agenda 21 que tomou forma depois da ECO-92 Problemas da cidade a poliacutetica habitacional fomentada ao longo dos anos que associada com a poliacutetica econocircmica estabelecida como prioridade pelo Estado empurraram milhares de pessoas ao processo de favelizaccedilatildeo A remedia-se atraveacutes de vaacuterios programas institucionais como Favela-Bairro Programa Bairrinho PAC e congecircneres Na busca pela cidadania os moradores do Complexo de favelas de Acari vivenciam uma contradiccedilatildeo entre os saberes construiacutedos e executados pelo Estado e os saberes vividos na comunidade Este trabalho mostra onde reside a contradiccedilatildeo no citado Complexo e principalmente como ela eacute percebida no imaginaacuterio da populaccedilatildeo pesquisada aleacutem de contribuir ao estudo dos fenocircmenos sociais direta e indiretamente implicados na formaccedilatildeo deste imaginaacuterio Atraveacutes de entrevistas abertas com lideranccedilas e com moradores dentro do Complexo de Favelas de Acari mostrou-se pelo vieacutes sauacutede e meio ambiente o viver e principalmente as realidades entre o saber e o fazer do Estado Para tanto as entrevistas foram gravadas e seu conteuacutedo transcrito e analisado utilizando-se a Teoria das Representaccedilotildees Sociais de Moscovici O resultado eacute um painel onde se constata-se que meio ambiente e sauacutede satildeo dois termos que natildeo-excludentes e principalmente tecircm uma interdependecircncia com importantes desdobramentos para o cotidiano desses atores sociais No habitar em um Complexo de Favelas estaacute as formas da lida com a realidade com a sobrevivecircncia do dia-a-dia trata-se de vida tanto para o ser humano quanto para a natureza que eacute o lar desse ser humano e que seraacute o lar tambeacutem de geraccedilotildees futuras O Complexo de Favelas de Acari foi trazido para dentro da Ciecircncia Ambiental entendendo-se as relaccedilotildees estabelecidas no seu contexto e o quanto podem ser potencialmente nocivas Ao fim constata-se este argumento do ambiente urbano como local pouco adequado para vida

xii

ABSTRACT

In a context that involves environment globalization and modernization there are terms that are important for to understand this world These terms involves population economy job opportunities social policies activities residence etc for the city that the some attention are on focus there is a diary battle for survival and for the real citizenship and his battle if fighted for everybody inside this place There is a hiatus between to have and to live the citizenship this is frequently stopped for the barriers that exist in middle of the way of develop of the type of life that people is the environment crisis that came from the type of life these humans has learned the industrialization the geographic space degradation human degradation air pollution water pollution so the human king and certainly they are responsible for that In this context there is the Government as the big personality able to defense the citizen and their health doing actions that can bring promotion to the life quality that is a new word necessary to think again the cities and his geographical context There are some discussions about city and his sustentability based in ideas from the Agenda 21 that has formed after ECO-92 The critic problem for the city is his dwelling and economic policies that came over the years both as a priority for the Government practices It has pushed thousands of people to the slums development process Nowadays there are many policies that to try to bring some resolutions for the general problematical as Favela-Bairro Bairrinho Program PAC and so on In a search for citizenship the people of Acari Slums Complex livening in a real contradiction between Government knowledge ad what is happening and what the people knows This work show where this contradiction is inside the Complex besides this one brought the contribution to the social phenomena studies direct or no to the knowledge construction about this reality Throughout open interviews with leathers and dwellers it has found that over environment and health angle that nature and to live mainly the realities between what the Government has done These interviews were recorded and analyzed and all phrases were transcribed by the Moscovicirsquos Social Representations The result is a panel where environment and health are no opposite terms an mainly they are going together with important unfold for the day-by-day of social actors Inside Acari Slums Complex there are some styles of life that can be considered crucial into reality as a survival It is life either to human and for the nature that is the home for his human and will be what the next generations will have as a home The Acari Slums Complex was brought to the environment Sciences because the relations inside in this context and how many this relations can be problematic so this cityrsquos piece is a non save place to spend a good life

xiii

INTRODUCcedilAtildeO

ldquoA sauacutede eacute um direito de todos e um dever do Estadordquo Esta frase cunhada na atual

Constituiccedilatildeo Brasileira pode ser considerada como a representaccedilatildeo de uma das maiores

conquistas da sociedade brasileira no campo das poliacuteticas sociais

Com a chegada do ano de 1988 houve uma real conquista da cidadania pelo ponto de

vista da sauacutede onde esta passou a ser um direito de todos e suprida pelo Estado

Mas ateacute os dias de hoje esta cidadania natildeo foi alcanccedilada completamente ou totalmente

integralizada E por que natildeo Haacute diversos outros entrementes que por natildeo serem conhecidos

ou por natildeo terem sido levados em consideraccedilatildeo faz com que o que se acredita ser sauacutede seja

apenas atribuiacutedo agrave ausecircncia de doenccedila o que eacute facilmente comprovado em diversos discursos

Sauacutede eacute um processo dinacircmico sofrendo impacto diretamente do meio ambiente das

condiccedilotildees econocircmicas da percepccedilatildeo que o indiviacuteduo tem do que seja a sauacutede

Sauacutede e meio ambiente se articulam sim Aquela depende desta para que aconteccedila de

fato Por exemplo eacute notoacuterio ver que muitas doenccedilas do campo estatildeo relacionadas agrave maneira

com que as pessoas desenvolvem suas atividades diaacuterias Com isso haacute leis que regulamentam

as atividades naquele setor Eacute notoacuterio que muitas das doenccedilas das aacutereas urbanizadas inclusive

a violecircncia tem a ver com o meio ambiente constituindo um todo influenciando esse todo

Como sauacutede se relaciona com o ambiente em que se vive Hoje o boom da expansatildeo

urbana estaacute relacionado agrave poliacutetica internacional A cidade no processo geograacutefico tem cada

vez mais peso do que o campo Com isso a cidade se manteacutem como um atrativo para que

pessoas a busquem para conseguir alcanccedilar a realizaccedilatildeo dos seus sonhos Com isso haacute o que

se pode chamar de expansatildeo urbana urbanizaccedilatildeo trazendo seacuterios problemas que se

perpetuam por anos

Estamos em um momento de falar dos problemas ambientais e das possiacuteveis soluccedilotildees

deles Tem por certo que eles se adensam cada vez mais e talvez a perspectiva de soluccedilatildeo agrave

curto prazo seja desalentador O positivo eacute que se busca encontrar e implementar as soluccedilotildees

referidas e dentro deste contexto problema-soluccedilatildeo fica registrado com este trabalho

atividades de se compreender e como fazer para que uma pequena parte do real se some ao

grupo de conhecimentos que forma a ciecircncia ambiental Para isso esta dissertaccedilatildeo foi

desenvolvida em cinco capiacutetulos que satildeo apresentados em num crescendo e que por

necessidade da pesquisa veio trazer luz ao problema investigado e mostrar que as

resolutividades para o problema ambiental natildeo exclui a sauacutede e o fazer das pessoas e nem

muito menos do Estado Cada um com sua participaccedilatildeo na trama da existecircncia

14

O capiacutetulo 1 inter-relaciona a Ciecircncia Ambiental com o seu contexto levando em

consideraccedilatildeo a necessidade da ciecircncia e de seus meacutetodos para a percepccedilatildeo do que se chama

problema ambiental que estaacute levando o planeta Terra a sua exaustatildeo Este capiacutetulo tambeacutem eacute

ilustrado com a vivecircncia do autor e algumas interrogaccedilotildees curiosas agrave respeito do tema O

capiacutetulo 2 aborda a Crise Ecoloacutegica que se abate sobre a existecircncia do planeta e busca

relacionar esta crise com o capitalismo com a economia e com o papel das sociedades na

busca por soluccedilotildees para esta crise Ainda no crescendo tem-se o capiacutetulo 3 que fala de sauacutede

cidadania poliacuteticas puacuteblicas e Sistema Uacutenico de Sauacutede Jaacute no capiacutetulo 4 eacute abordado assuntos

referentes agrave cidadania meio ambiente e o processo favelizatoacuterio que marca profundamente a

paisagem da cidade

Na segunda parte da dissertaccedilatildeo se encontra as realidades entre sauacutede sociedade e

poder puacuteblico Mediante o uso da Teoria das Representaccedilotildees Sociais de Moscovici tentou-se

estabelecer um quadro do que eacute representado e o que estaacute no imaginaacuterio social de uma

comunidade especiacutefica do que seja meio ambiente e sauacutede E eacute montado um grande painel dos

problemas ambientais que afligem as pessoas menos favorecidas problemas estes que

incluem a real integralizaccedilatildeo da sauacutede via meio ambiente adequado para se reproduzir essa

integralizaccedilatildeo da sauacutede

15

OBJETIVOS

Demonstrar a importacircncia que assume os conceitos de Sauacutede e Meio Ambiente

dentro do contexto da crise ambiental provocada pelo homem em face da necessidade de se

discutir os modos de vida a impactaccedilatildeo do meio ambiente e a participaccedilatildeo do Estado no

Complexo de Favelas de Acarai com vistas a uma melhor qualidade de vida e contribuiccedilatildeo

para as poliacuteticas de desenvolvimento sustentaacutevel

Como objetivos especiacuteficos

a) Mostrar a defasagem entre a percepccedilatildeo dos conceitos de sauacutede meio

ambiente e suas apropriaccedilotildees sua ligaccedilatildeo com o real vivido e buscado no

cotidiano das comunidades

b) Desvelar o executar do Estado dentro do contexto da crise ambiental a niacutevel

local atraveacutes da participaccedilatildeo na comunidade

c) Analisar a importacircncia da participaccedilatildeo comunitaacuteria no desenvolvimento de

um ambiente saudaacutevel

d) Esclarecer que os processos sociais satildeo mateacuteria da Ciecircncia Ambiental

abarcando a falta de condiccedilotildees miacutenimas de existecircncia dignidade

cidadania sauacutede moradia entre outros fazem parte de um desequiliacutebrio

maior com consequumlecircncias graves ao ser humano e ao meio ambiente natural

16

METODOLOGIA

Este eacute um estudo exploratoacuterio realizado a partir de abordagem qualitativa A opccedilatildeo

feita por este tipo de pesquisa decorre da necessidade de se trabalhar dados tanto subjetivos

quanto objetivos

A parte qualitativa da pesquisa estudou universo de motivos significados aspiraccedilotildees

valores e atitudes o que correspondeu a um espaccedilo mais profundo das relaccedilotildees dos processos

que natildeo podem ser reduzidos agrave operacionalizaccedilatildeo de variaacuteveis Esta abordagem procura captar

os significados atribuiacutedos aos eventos

A parte quantitativa utilizada para corroborar e mostrar o mosaico de interaccedilotildees a que

os sujeitos da pesquisa estatildeo inseridos envolvem dados numeacutericos ao longo do tempo

A intenccedilatildeo foi realizar uma pesquisa de campo que segundo as palavras de LUumlDKE e

ANDREgrave (1986) eacute aquela que estuda os problemas no ambiente nos quais ocorrem

naturalmente sem intenccedilatildeo de qualquer manipulaccedilatildeo intencional pressupondo um contato

direto do pesquisador com o ambiente e a situaccedilatildeo que estaacute sendo investigada

1 A descriccedilatildeo do campo de estudo

Tanto pela necessidade de se abordar o assunto quanto pela caracteriacutestica do mesmo

buscou-se selecionar como sujeitos desta pesquisa grupos de pessoas que compartilham em

tese do mesmo estilo de vida e que estatildeo sob o mesmo impacto de pressotildees ambiental

econocircmica social e poliacutetica

Para isso foi selecionado o estudo da favela que segundo ZALUAR e ALVITO (1998)

satildeo espaccedilos que uma vez apropriados pelos seus moradores permitem a reivindicaccedilatildeo do

atendimento emergencial de suas demandas - ambiental

Optou-se por estudar o Complexo de Favelas de Acari no Municiacutepio de Rio de

Janeiro onde as diversas camadas ldquopoliacuteticasrdquo ofereceram boa receptividade a esta pesquisa

Para a realizaccedilatildeo da mesma foi utilizada a entrevista semi-estruturada onde os

questionamentos baacutesicos apoiados em teorias e hipoacuteteses ofereceram campo amplo de

interrogativas produzindo assim novas hipoacuteteses que foram surgindo agrave medida em que os

entrevistados relatavam seu universo

17

2 Os participantes da pesquisa

O primeiro contato foi formalizado com a CUFA ndash Central Uacutenica de Favelas que

facilitou o acesso agrave Associaccedilatildeo de Moradores do Conjunto Residencial do Areal parte do

complexo de favelas chamado de Acari na zona norte do Municiacutepio de Rio de Janeiro O seu

Presidente forneceu muitos subsiacutedios para o desenvolvimento desta pesquisa

Na abordagem inicial foram realizadas duas entrevistas uma com a CUFA e outra

com a Associaccedilatildeo de Moradores do Areal Para essas entrevistas foi utilizado um questionaacuterio

com perguntas abertas Nesse momento inicial priorizou-se a liberdade das respostas e o

conteuacutedo das mesmas uma vez que o entrevistador natildeo vive naquela realidade social As

entrevistas foram gravadas com autorizaccedilatildeo expressa dos entrevistados para posterior anaacutelise

da transcriccedilatildeo na iacutentegra

Em segundo momento conforme planejamento foram realizadas entrevistas diretas

com moradores Para essas utilizou-se um segundo questionaacuterio tambeacutem aberto com

liberdade de respostas A justificativa para esse modelo deve-se ao fato de cada morador ter a

sua percepccedilatildeo dos problemas ambientais vividos e isso os privilegia pelo fato de terem uma

participaccedilatildeo direta na pesquisa sem a mediaccedilatildeo de qualquer interventor As entrevistas

tambeacutem foram gravadas com autorizaccedilatildeo dos entrevistados e submetidos a transcriccedilatildeo para

posterior anaacutelise

Para essas buscou-se outro artifiacutecio cada entrevistado e antes da aplicaccedilatildeo do

questionaacuterio foi mostrado um conjunto de figuras que abordavam a temaacutetica proposta

A utilizaccedilatildeo de figuras eacute um meio auxiliar para a obtenccedilatildeo de respostas quando da

interrogaccedilatildeo direta Elas funcionam como uma forma de introduzir o assunto que se quer

abordar dando uma certa ludicidade ao evento Deixando que os sujeitos vejam reflitam

relaxem e se introduza ao objetivo do questionamento

Esse meacutetodo tem uma particularidade positiva quando se precisa trabalhar com sujeito

que no universo desta pesquisa pode ter um iacutendice baixo de escolaridade ou pouca

participaccedilatildeo poliacutetica ou que natildeo disponha de muito tempo para responder a questionamentos

extensos Aleacutem de estar sobre pressatildeo de outras variaacuteveis como por exemplo a violecircncia

diaacuteria

As entrevistas se deram entre os meses de setembro de 2007 a fevereiro de 2008 em

diversos locais do Complexo de Favelas do Acari As primeiras entrevistas aconteceram nas

sedes tanto da CUFA quanto da AMA A primeira na localidade chamada de ldquoRua do

Campordquo e a segunda na localidade chamada de Conjunto Amarelinho As demais entrevistas

aconteceram nas localidades Vila Esperanccedila proacuteximo ao Hospital de Acari e ainda no Areal

18

O universo da pesquisa eacute composto por 30 moradores A grande maioria deles

moradores do Complexo diretamente envolvidos politicamente com alguma produccedilatildeo social

dentro da comunidade - liacutederes e com outros natildeo-liacutederes que tambeacutem tecircm algum percentual de

participaccedilatildeo na produccedilatildeo social do Complexo mais moradores sem participaccedilatildeo ativa na

produccedilatildeo social (que participam em lideranccedilas dentro da comunidade) Este nuacutemero foi preacute-

estabelecido porque em termos de anaacutelise das entrevistas e com a teoria proposta para o

embasamento da pesquisa eacute um nuacutemero suficiente para a viabilidade do estudo Tambeacutem

foram entrevistados alguns liacutederes que estatildeo inseridos dentro do contexto do Complexo mas

que ali natildeo residem

3 Levantamento bibliograacutefico e de dados

Para esta pesquisa foram acessadas as bibliotecas das seguintes instituiccedilotildees

Universidade Federal Fluminense Escola Nacional de Sauacutede Puacuteblica Universidade Federal

do Rio de Janeiro e pesquisas em bases de dados do Ministeacuterio da Sauacutede da Prefeitura

Municipal do Rio de Janeiro bem como a rede internacional de computadores

4 Anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados

Para anaacutelise dos dados subjetivos optou-se usar a Teoria das Representaccedilotildees Socais de

MOSCOVICI (1961) Essa teoria revela que as representaccedilotildees sociais satildeo formas de

conhecimentos socialmente elaborados e partilhados tendo uma visatildeo praacutetica e concorrendo

para a construccedilatildeo de uma realidade comum a um conjunto social Ela diz que o conteuacutedo

revelado na oralidade eacute um processo de mediaccedilatildeo na relaccedilatildeo homem-mundo onde os

indiviacuteduos explicam e afirmam sobre sua realidade e satildeo desveladas as ambiguumlidades

encontradas nas palavras que tecircm material ideoloacutegico e servem de trama a todas as relaccedilotildees

sociais Com vista nisso os atores sociais constroem suas realidades suas interaccedilotildees suas

tomadas de decisotildees E porque meio ambiente para as pessoas em questatildeo eacute um conceito

social que elas apreendem principalmente pelos veiacuteculos de comunicaccedilatildeo Aleacutem das

definiccedilotildees em sauacutede que jaacute as leva a um tipo de comportamento social podem estar se

utilizando tambeacutem do termo meio ambiente no seu cotidiano de praacuteticas sociais

19

PARTE I

CONSTRUINDO O OBJETO

20

CAPIacuteTULO UM

CIEcircNCIA AMBIENTAL PESQUISA E CONTEXTO

11 A INTERDISCIPLINARIDADE DA CIEcircNCIA AMBIENTAL

Conforme nota-se em HERCULANO (2000) haacute algo errado no mundo em que

vivemos justamente pela forma de como vivemos Fala-se de sustentabilidade fala-se sobre a

percepccedilatildeo mundial que se tem da degradaccedilatildeo ambiental da tomada de decisatildeo por parte das

autoridades mundiais e a sociedade das atividades propostas em busca de uma correccedilatildeo para

os processos antroacutepicos impactantes

ldquo E quem vai fazer tudo isto Como se constroem parcerias

Como superar antagonismos entre sujeitos em conflito e criar

novos atores coletivos Como capacitar os cidadatildeos para que

estes ultrapassem seu isolamento e efetivamente se

associemrdquo

Nas entrelinhas se percebe que haacute muito por fazer e este muito pode comeccedilar aqui e

agora Ter a percepccedilatildeo de que haacute algo errado na relaccedilatildeo do binocircmio homem-natureza e que

urge a necessidade de se estudar esta relaccedilatildeo e as consequumlecircncias dela eacute o primeiro passo para

a contribuiccedilatildeo da melhoria da qualidade de vida embasada na melhoria do proacuteprio ambiente

em que se vive Essa contribuiccedilatildeo esse discutir o meio ambiente eacute importante porque se

busca encontrar medidas mitigadoras para o problema ambiental este deve iniciar com uma

grande participaccedilatildeo tanto dos profissionais diversos que militam nesta aacuterea como da

sociedade como um todo Por vezes os problemas impactantes satildeo tatildeo cruciais que se revelam

natildeo claramente pela destruiccedilatildeo de vegetaccedilatildeo ou do solo mas sim a perversa degradaccedilatildeo

social com todos os seus desdobramentos

O homem produz degrada polui extrai ocupa Natildeo percebe claramente o que eacute este

fazer muito menos nas suas consequumlecircncias Desde eacutepocas mais remotas passando pela

revoluccedilatildeo industrial o homem tem desempenhado atividades que puderam ser absorvidas

21

pelo planeta Mas o que se discute atualmente eacute justamente isso ndash o quanto mais o planeta

pode absorver desses impactos que o homem tem causado pela suas atividades modificadoras

ao meio ambiente

O grande motor dos tempos atuais eacute a percepccedilatildeo de que esta capacidade de absorccedilatildeo

dos impactos produzidos pelo homem chamada de resiliecircncia jaacute ultrapassou seu limite

Beiramos uma eacutepoca em que natildeo podemos nos dar ao luxo de desperdiccedilar poluir ocupar

degradar sem termos em troca agrave paga

Desde haacute algum tempo homens tecircm se levantado para conclamar uma soluccedilatildeo para os

problemas ambientais problemas estes produzidos no atual momento de existecircncia do planeta

como os foram produzimos haacute seacuteculos atraacutes - desperdiacutecio desmatamento extinccedilatildeo da

biodiversidade iniquumlidade entre o ser humano O caminho obrigatoacuterio para a preservaccedilatildeo -

que pode ser da proacutepria espeacutecie humana - passa por rever todas essas falhas e tentar suplantaacute-

las por novo comportamento

Eacute neste contexto que se insere a ciecircncia ambiental Esta eacute um veiacuteculo para o

desenvolvimento e difusatildeo do saber ambiental que tem congregado no seu seio profissionais

de diversos campos do conhecimento e atraveacutes deles e de suas pesquisas tem se entendido-se

como o nosso planeta funciona Esses profissionais tecircm trazido agrave luz questotildees que

contribuem tanto para a formaccedilatildeo dessa ciecircncia como para o processo de conscientizaccedilatildeo

sobre a necessidade de se pensar o meio ambiente que cerca a espeacutecie humana dentre outras

e como esta lidaraacute com o que sobrou do meio ambiente em geraccedilotildees futuras

A Ciecircncia Ambiental natildeo pode ser dar ao luxo de se resumir a um grupo de

profissionais especiacuteficos em ecologia Ela tem que abranger profissionais das diversas aacutereas

contribuindo para uma anaacutelise mais ampla do funcionamento o meio ambiente nos dias atuais

para que por seus estudos haja um direcionamento de o que fazer e como fazer Nisso se

insere o profissional Enfermeiro no contexto de Ciecircncia Ambiental tentando mostrar que na

relaccedilatildeo Sauacutede-Ser Humano um campo especiacutefico e novo do saber em Ciecircncia Ambiental haacute

uma gama de problemas que podem ser identificados e analisados

Segundo LEFF (2000) ldquoA crise ambiental natildeo soacute se manifesta na destruiccedilatildeo do meio

fiacutesico e bioloacutegico mas tambeacutem na degradaccedilatildeo da qualidade de vida tanto no acircmbito rural

como no urbanordquo

22

12 NECESSIDADE DA CIEcircNCIA E SEUS MEacuteTODOS

Com o advento da ciecircncia os fenocircmenos que sempre intrigaram o ser humano

passaram a ser estudados e clarificados atraveacutes de processos de pesquisa

Com o avanccedilo das investigaccedilotildees haacute tambeacutem o avanccedilo do espiacuterito de curiosidade O

homem busca sempre uma consequumlecircncia para uma causa ou natildeo necessariamente nesta

ordem

Resolver duacutevidas muito intrincadas sobre certos fenocircmenos tem movido criado

aperfeiccediloado o pensar humano e cada vez mais contribuido para separaacute-lo do restante dos

animais que o cercam levando a um lugar comum privilegiado na evoluccedilatildeo das espeacutecies

Segundo MINAYO (1998) a ciecircncia tornou-se hegemocircnica na construccedilatildeo da realidade

por ter a pretensatildeo de ser o uacutenico promotor e tambeacutem por ser criteacuterio da verdade

Nela reside duas razotildees a possibilidade de responder a questotildees teacutecnicas e

tecnoloacutegicas postas pelo desenvolvimento industrial e outra consiste no fato dos cientistas

terem conseguido estabelecer uma linguagem fundamentada em conceitos meacutetodos e teacutecnicas

para compreensatildeo do mundo das coisas dos fenocircmenos dos processos e das relaccedilotildees

O conhecimento cientiacutefico eacute conseguido mediante e o que se chama de Meacutetodo

cientiacutefico Mas haacute ainda no campo da avaliaccedilatildeo de conhecimento de sua reproduccedilatildeo e sua

manipulaccedilatildeo algumas categorias que mais ou menos tentam ser mantenedoras do saber cada

uma na sua esfera de atuaccedilatildeo e por si revelam como o homem se comporta diante da

construccedilatildeo do saber Essas categorias satildeo

1 A tradiccedilatildeo onde certas crenccedilas satildeo aceitas como verdades onde por vezes pode

apresentar-se como obstaacuteculo agrave indagaccedilatildeo humana uma vez que as crenccedilas

encontram-se tatildeo arraigadas agrave nossa cultura que sua validade ou utilidade jamais

foram desafiadas ou validadas

2 Autoridade - a confianccedila nas autoridades eacute de certa forma inevitaacutevel porque natildeo pode

se tornar especialistas em cada problema confrontado

3 Experiecircncia pessoal onde se resolve os problemas com base em observaccedilotildees e

experiecircncias anteriores o que eacute um meacutetodo importante e funcional A capacidade de

generalizar reconhecer irregularidades e fazer previsotildees com base em observaccedilotildees

constitui uma marca da mente humana Mas a experiecircncia pessoal apresenta limitaccedilotildees

23

fundamentais como uma base agrave compreensatildeo pois a experiecircncia de cada pessoa pode

ser muito restrita para fazer generalizaccedilotildees vaacutelidas acerca de situaccedilotildees novas e as

experiecircncias pessoais tecircm as cores dos valores e preconceitos subjetivos

4 Tentativa e erro - por vezes se trata de algum problema tentando soluccedilotildees alternativas

Ainda que esse meacutetodo possa ser praacutetico em alguns casos eacute passiacutevel de falhas aleacutem

de ser ineficiente Ele tende a ser desorganizado e as soluccedilotildees satildeo em muitos casos

imprevisiacuteveis

5 Raciociacutenio loacutegico ndash costuma-se resolver problemas confiando nos processos de

pensamento loacutegico De fato o raciociacutenio loacutegico eacute um componente importante de

meacutetodo cientiacutefico mas em si e de si eacute limitado porque a validade da loacutegica dedutiva

depende da precisatildeo das informaccedilotildees com que iniciamos o processo e o raciociacutenio

em si pode constituir uma base insuficiente para avaliar a precisatildeo

Analisando os processos da indagaccedilatildeo e descobrimento supracitados chegamos a

conclusatildeo de que o conhecimento cientiacutefico eacute o meacutetodo mais sofisticado Ele combina

aspectos do raciociacutenio loacutegico com outros aspectos para criar um sistema de soluccedilatildeo de

problemas que embora faliacutevel eacute mais confiaacutevel do que os outros juntos Eacute um conjunto

geneacuterico de procedimentos ordenados e disciplinados utilizados para a aquisiccedilatildeo de

informaccedilotildees seguras e organizadas

Em um estudo cientiacutefico o pesquisador movimenta-se de uma forma ordenada e

sistemaacutetica a partir da definiccedilatildeo de um problema atraveacutes do delineamento do estudo e coleta

de informaccedilotildees ateacute a soluccedilatildeo do problema Usa a sistemaacutetica para poder chegar as conclusotildees

que se quer evidenciar Sistemaacutetica refere-se agrave forma com que o investigador evolui de uma

maneira loacutegica atraveacutes de uma seacuterie de etapas de acordo com um plano de accedilatildeo preacute-

estabelecido

A pesquisa cientiacutefica tem alguns propoacutesitos

A descriccedilatildeo em que se realiza uma investigaccedilatildeo descritiva onde se observa descreve

e classifica Quando natildeo haacute a necessidade de se descrever vaacuterios fenocircmenos

Outro propoacutesito eacute a exploraccedilatildeo onde se inicia por algum fenocircmeno de interesse

Busca explorar as dimensotildees desse fenocircmeno a maneira pela qual ele se manifesta e os outros

fatores com os quais ele se relaciona

A explicaccedilatildeo que busca encontrar o porquecirc de fenocircmenos naturais especiacuteficos

24

E por fim a previsatildeo e controle que no entanto costuma fazer-se previsotildees e

controlar fenocircmenos com base nas descobertas das investigaccedilotildees cientiacuteficas ateacute mesmo na

mais absoluta ausecircncia de compreensatildeo total

13 DIFERENTES TIPOS DE PESQUISA E A PESQUISA EM CIEcircNCIA SOCIAL

Profissionais de todas as aacutereas necessitam de uma base de conhecimentos a partir da

qual possam exercer sua praacutetica e o conhecimento cientiacutefico proporciona uma base

especialmente soacutelida

Costuma-se fazer a distinccedilatildeo entre dois grandes meacutetodos de coleta de informaccedilotildees

cientiacuteficas A pesquisa quantitativa com anaacutelise utilizando procedimentos estatiacutesticos e a

pesquisa qualitativa com anaacutelise de material narrativo subjetivo

O paradigma do positivismo loacutegico estaacute associado com maior frequumlecircncia aos meacutetodos

quantitativos onde se tende a enfatizar o raciociacutenio dedutivo as regras da loacutegica e os atributos

mensuraacuteveis da experiecircncia humana

Segundo POLIT e HUNGLER (1996) em geral a pesquisa quantitativa

bull Focaliza uma quantidade relativamente pequena de conceitos especiacuteficos

bull Inicia com ideacuteias preacute-concebidas acerca da maneira pela qual os conceitos estatildeo

inter-relacionados

bull Utiliza procedimentos estruturados e instrumentos formais para coletar

informaccedilotildees

bull Coleta as informaccedilotildees mediante condiccedilotildees de controle

bull Enfatiza a objetividade na coleta e anaacutelise das informaccedilotildees

bull Analisa as informaccedilotildees numeacutericas atraveacutes de procedimentos estatiacutesticos

Jaacute a pesquisa qualitativa salienta os aspectos dinacircmicos holiacutesticos e individuais da

experiecircncia humana tentando apreender tais aspectos em sua totalidade no contexto daqueles

que os estatildeo vivenciando

bull Tentando compreender a totalidade de determinados fenocircmeno mas do que focalizar

conceitos especiacuteficos

25

bull Possui poucas ideacuteias preacute-concebidas e salienta a importacircncia das interpretaccedilotildees dos

eventos e circunstacircncias pelas pessoas mais do que a interpretaccedilatildeo do pesquisador

bull Coleta informaccedilotildees sem instrumentos formais e estruturados

bull Natildeo tenta controlar o contexto da pesquisa e sim captar o contexto em sua

totalidade

bull Tenta capitalizar o subjetivo com um meio de compreender e interpretar as

experiecircncias pessoais

bull Analisa as informaccedilotildees narradas de uma forma organizada mas intuitiva

Praticamente toda pesquisa cientiacutefica parte de pressupostos do pesquisador sobre o que

quer e se costuma chamar de fenocircmeno

Esse eacute considerado o moto do trabalho cientiacutefico e sobre ele se debruccedilam as

interrogaccedilotildees que iratildeo levar o pesquisador as etapas do meacutetodo cientiacutefico POLIT e

HUNGLER (idem) o chama de construto E segundo essas autoras construto refere-se a uma

abstraccedilatildeo ou representaccedilatildeo mental inferidas a partir de situaccedilotildees acontecimentos ou

comportamentos

Esta dissertaccedilatildeo eacute uma pesquisa quanti-qualitativa de cunho social e tem uma

implicaccedilatildeo tanto na pesquisa social quanto na natildeo-social

MINAYO (1998) relata que haacute uma frequumlecircncia de debates quanto agrave cientificidade da

proacutepria ciecircncia social Haacute quem busca uniformizaccedilatildeo dos procedimentos para compreender

o natural e o social como condiccedilatildeo para atribuir o estatuto de ciecircncia ao campo social E

haacute quem reivindica a total diferenccedila e especificidade do campo humano

Essa cientificidade eacute levada agrave prova quando se pesquisa e se revela que de todas as

variaacuteveis empregadas conjuntas ou isoladamente revelam universos que soacute mesmo em

ciecircncias sociais poderia ser estudado e clarificado que foge das interpretaccedilotildees habituais das

ciecircncias naturais por ter incluso nela a subjetividade que a ciecircncia natural natildeo acompanha E

dessa discussatildeo surgem vaacuterias questotildees que segundo a autora citada envolve a possibilidade

concreta de pesquisar uma realidade da qual o proacuteprio pesquisador faz parte e eacute agente E faz-

se a pergunta Essa ordem de conhecimento natildeo escaparia radicalmente a toda possibilidade

de objetivaccedilatildeo

Eacute pertinente fazer outra pergunta Buscando a objetivaccedilatildeo proacutepria das ciecircncias

naturais natildeo se estaria descaracterizando o que haacute de essencial nos fenocircmenos e processos

sociais ou seja o profundo sentido dado pela subjetividade Uma terceira indagaccedilatildeo aborda

26

qual o melhor tipo de meacutetodo que serviria para explorar uma realidade muito marcada pela

especificidade e pela diferenciaccedilatildeo

MINAYO (idem) refere-se agraves caracteriacutesticas peculiares que envolvem os agentes

objetos da pesquisa social pois os fenocircmenos produzidos por eles podem ter uma

inconstacircncia profunda ou pode ser repetir no espaccedilo e no tempo mas certamente de modo

bem diferente da anterior Defende que a cientificidade tem que ser pensada como uma ideacuteia

reguladora de alta abstraccedilatildeo natildeo como sinocircnimo de modelos e normas a serem seguidos e

que a histoacuteria da ciecircncia revela natildeo um a priori mas o que foi produzido em determinado

momento histoacuterico com toda a relatividade do processo de conhecimento

Vale enumerar alguns objetivos das Ciecircncias Sociais

bull Historicidade e consciecircncia histoacuterica Eacute necessaacuterio dizer que objeto de estudo das

ciecircncias sociais possui consciecircncia histoacuterica Ou seja natildeo eacute apenas o investigador que

daacute sentido ao seu trabalho intelectual mas os seres humanos os grupos e as

sociedades

bull Nas ciecircncias sociais existe uma identidade entre sujeito e objeto A pesquisa nessa

aacuterea lida com seres humanos e esses tecircm um substrato comum de identificaccedilatildeo com o

investigador Segundo LEacuteVI STRAUSS (1975) apud MINAYO (1989)

Numa ciecircncia onde o observador eacute da mesma natureza que o objeto o observador

ele mesmo eacute uma parte de sua observaccedilatildeordquo

A ciecircncia social possui instrumentos e teorias capazes de fazer uma aproximaccedilatildeo da suntuosidade que eacute a vida dos seres humanos em sociedades ainda que de forma incompleta imperfeita e insatisfatoacuteria Para isso ela aborda o conjunto de expressotildees humanas constantes nas estruturas nos processos nos sujeitos nos significados e nas representaccedilotildees

MINAYO (1998)

27

14 A VIVEcircNCIA E ALGUMAS INTERROGACcedilOtildeES

A aacuterea de sauacutede como uma das grandes aacutereas do conhecimento humano eacute uma das

que recebe um aporte significante de valoraccedilatildeo econocircmica com isso faz movimentar a

economia e que com o passar dos anos incorporou uma nova modalidade ndash a ldquomedicalizaccedilatildeordquo

da sauacutede

Nela se inserem tanto instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas Do outro lado encontram-se os

clientes pessoas que satildeo usuaacuterias dos serviccedilos de sauacutede Satildeo elas de vaacuterias classes sociais

com as necessidades mais diversas

Nessa aacuterea satildeo produzidas grandes descobertas e a cada dia esperanccedilas satildeo renovadas

na espera de uma cura de uma soluccedilatildeo para os problemas do corpo A aacuterea da sauacutede eacute

fundamentalmente uma aacuterea que presta serviccedilos aos seus usuaacuterios Por ser uma aacuterea

fascinante interessei-me em adentrar e mergulhar nos seus conhecimentos A Enfermagem

permitiu-me esta inserccedilatildeo

Uma vez estudando o escopo dessa categoria profissional tive contato com vaacuterios

temas e vaacuterias teorias A enfermagem natildeo vecirc o usuaacuterio (o que ela chama de cliente) como

peccedila anatocircmica defeituosa precisando de reparos Ela encara o usuaacuterio como um indiviacuteduo

um ser dentro de um contexto fiacutesico quiacutemico psicoloacutegico social com uma histoacuteria de vida

que direciona o seu potencial de existecircncia e porque natildeo dizer seu comportamento Ser este

que precisa de alguma orientaccedilatildeo para que encontre um equiliacutebrio entre o seu eu e o meio

ambiente

Com a perda do Humano pela a praacutetica cotidiana da sauacutede muito se tem perdido no

entendimento de que esse o ser humano funciona Ele natildeo eacute simplesmente e pontualmente um

oacutergatildeo doente precisando de reparos mas sim um ser que estaacute inserido em um contexto soacutecio-

ambiental dinacircmico influenciando e pelo meio sendo influenciado Por isso a necessidade

atual de se considerar o homem como um todo e a promoccedilatildeo desse conhecimento

Essa promoccedilatildeo do todo estaacute diretamente relacionada com o meio ambiente Eacute o meio

ambiente que por abrigar o ser humano o objeto da enfermagem proporciona as condiccedilotildees de

existecircncia aacutegua luz alimentaccedilatildeo oxigenaccedilatildeo habitaccedilatildeo em termos concretos e por outro

lado socializaccedilatildeo integridade sauacutede mental felicidade amor gregaacuteria e etc em termos

abstratos O conjunto dos termos supracitados concretos etc abstratos formam os

condicionantes em sauacutede e porque natildeo dizer na existecircncia humana

28

ldquoO ciclo sauacutede-doenccedila que tambeacutem eacute conhecido como processo sauacutede-doenccedila pode ser definido como resposta dinacircmica que as classes sociais manifestam de forma diferenciada de acordo com a sua inserccedilatildeo no sistema de produccedilatildeo frente aos determinantes sociais resposta esta dada pelas caracteriacutesticas de risco e de potencialidades que satildeo reflexos do processo bioloacutegico de desgasterdquo

EGRY (1996)

O ser humano eacute um ser indivisiacutevel que vive entre o estar ou natildeo doente por

intermeacutedio da interaccedilatildeo meio-corpo-mente como muito apropriadamente afirma DILTHEY

(1991) apud BRANDAtildeO (1991) haver uma continuidade entre natureza e histoacuteria homem e

mundo e a compreensatildeo da vida atraveacutes do relacionamento do todo com suas partes o

significado da parte encontra-se no todo e o todo se forma a partir da compreensatildeo das partes

LEVINE (1967) apud HORTA (1979) uma teoacuterica de enfermagem desenvolveu a

Teoria Holiacutestica de Enfermagem em que coloca o homem como um todo dinacircmico em

constante interaccedilatildeo com o ambiente dinacircmico Sua teoria reconhece que o homem natildeo pode

ser dividido salientando a certeza que temos de que todas as funccedilotildees do corpo humano estatildeo

interligadas inclusive com o meio ambiente

ldquoO holismo ou a visatildeo holiacutestica eacute uma maneira de ver o mundo o Homem e a vida em

si como entidades uacutenicas completas e intimamente associadas Esta palavra vem do grego

holos que significa inteiro ou todo como em holograma grama=figura Holos=inteira

e representa um novo paradigma cientiacutefico e filosoacutefico que surgiu como resposta ao mal-estar

da poacutes-modernidade que eacute em grande parte causado pela cisatildeo dos aspectos humanos e

naturis trazida pelo antigo paradigma

Sendo uma forma de tentar unir o homem ao universo (natureza) onde estaacute inserido o

holismo visa agrave integraccedilatildeo dos seus aspectos fiacutesicos emocionais mentais etc O ser humano

natildeo eacute somente mateacuteria fiacutesica nem somente consciecircncia nem apenas emoccedilotildees logo levar em

consideraccedilatildeo apenas alguns desses aspectos isoladamente eacute perder de vista a sua inteireza

(neologismo para wholeness) sua integridade GUIA-JEU (2007)

Resgatando o conceito de holiacutestico para aplicarmos no campo da sauacutede atraveacutes da

enfermagem temos teoacutericos como Brian Swimme Stanley Krippner Jan Smuts Leonardo

Boff dentre outros que abordam como o ser humano eacute constituiacutedo por sistemas inclusive

sistemas externos a esse indiviacuteduo ndash meio ambiente

29

Nas palavras de BOFF (1980)

ldquoA ecologia integral procura acostumar o ser humano com esta visatildeo global e holiacutestica O holismo natildeo significa a soma das partes mas a captaccedilatildeo da totalidade orgacircnica uma e diversa em suas partes mas sempre articuladas entre si dentro da totalidade e constituindo esta totalidade Esta cosmovisatildeo desperta no ser humano a consciecircncia de sua funcionalidade dentro desta imensa totalidade Ele eacute um ser que pode captar todas estas dimensotildees alegrar-se com elas louvar e agradecer aquela Inteligecircncia que tudo ordena e aquele Amor que tudo move sentir-se um ser eacutetico responsaacutevel ela parte do universo que lhe cabe habitar a Terra Ela a Terra eacute segundo notaacuteveis cientistas um superorganismo vivo denominado GAIA com calibragens muito refinadas de elementos fiacutesico-quiacutemicos e auto-organizacionais que somente um ser vivo pode ter importa fazermos as pazes e natildeo apenas uma treacutegua com a Terra Cumpre refazermos uma alianccedila de fraternidadesororidade e de respeito para com elardquo

Para promover a adoccedilatildeo de um novo paradigma para a ciecircncia autores como WEIL

(2000) afirmam que nosso mundo estaacute em crise provocada por lacunas e falhas do paradigma

newtonianocartesiano e suas extrapolaccedilotildees Daiacute a necessidade de um novo paradigma ndash o

holismo Ele parte da tese de que a felicidade prometida pelas aplicaccedilotildees indiscriminadas da

ciecircncia moderna sob forma de tecnologia estaacute se transformando no seu contraacuterio e

ocasionando um impacto ambiental sem que haja uma renovaccedilatildeo raacutepida e suficiente dos

ecossistemas

A prerrogativa para a construccedilatildeo desta pesquisa e o interesse em sediaacute-la no Programa

de Mestrado em Ciecircncia Ambiental partiu da necessidade de se construir um diaacutelogo entre o

saber desta ciecircncia e a tomada da consciecircncia de que a manutenccedilatildeo de um meio ambiente

adequado eacute vital para a sobrevivecircncia da espeacutecie humana Aleacutem disso resgata para estudo a

necessidade de se encarar que sauacutede ndash ser humano ndash desenvolvimento sustentaacutevel satildeo termos

intercambiaacuteveis e natildeo excludentes

Nesses anos de praacutetica profissional lidando com sauacutede se percebe que sauacutede natildeo eacute

somente a ausecircncia de doenccedila mas sim um conjunto de fatores Disto resulta a percepccedilatildeo de

que ateacute Poliacuteticas Puacuteblicas Poliacuteticas Econocircmicas e o Meio Ambiente estatildeo diretamente

implicados na busca pela sauacutede Em um universo social onde os atores sociais se encontram

para representar o grande papel de suas vidas que eacute a existecircncia a compreensatildeo do conceito

de CIDADANIA eacute fundamental

30

Dentro do contexto cidadania e sua vivecircncia se percebe que a cidadania eacute um bem

escasso ou por outro acircngulo uma experiecircncia natildeo plenamente alcanccedilada para grande parcela

da populaccedilatildeo especialmente populaccedilatildeo de baixa renda Esta inacessibilidade traz

consequumlecircncias graves para a vida social

Cidadania encarada como a possibilidade de ter dignidade de moradia de alimentaccedilatildeo

de transporte de trabalho de salaacuterio digno de ser socialmente aceito de educaccedilatildeo de ser

amado ou querido de ter liberdade lazer de ter SAUacuteDE O conceito de sauacutede eacute dinacircmico eacute

vivido e construiacutedo ao longo do tempo e depende de variaacuteveis um tanto dinacircmicas para ser

alcanccedilado Uma populaccedilatildeo qualquer depende do Estado para a concretizaccedilatildeo do viver sauacutede

o que tem uma ligaccedilatildeo muito forte com meio ambiente economia etc Ficaria faacutecil uma

visualizaccedilatildeo do que se quer dizer se for tomar um grupo especiacutefico para um estudo Eacute

justamente esta a proposta empregada no desenvolvimento desta pesquisa Questotildees como A

sauacutede do ser humano estaacute relacionada agraves condiccedilotildees de vida e de meio ambiente no qual ele

estaacute inserido Como os problemas de sauacutede do ser humano satildeo influenciados e influenciam o

meio ambiente Como o ser humano percebe meio ambiente e sauacutede Seraacute que haacute realmente

de fato para eles uma inter-relaccedilatildeo seacuteria e restrita desses dois conceitos Eles satildeo percebidos

pelas populaccedilotildees Satildeo questotildees chaves na construccedilatildeo de um entendimento do processo

dinacircmico que se estabelece no contexto social

Talvez termos como violecircncia desnutriccedilatildeo ocupaccedilatildeo de encostas desmatamento

degradaccedilatildeo da qualidade de vida cacircncer AIDS derramamento de oacuteleo pesca predatoacuteria

extinccedilatildeo da biodiversidade etc sejam a pequena ponta de um ice-berg que ainda estaacute

totalmente desconhecido sob outro acircngulo um desequiliacutebrio que o proacuteprio homem causou e

vem causando ao meio ambiente

Uma curiosidade do sistema brasileiro de sauacutede se revela no paradoxo existente entre a

populaccedilatildeo e o Estado este mesmo tendo um tom autoritaacuterio compulsoacuterio emprega um forte

paternalismo quando o assunto eacute sauacutede e mais paradoxal ainda tem um descaso

conhecidamente famoso quando se trata de meio ambiente

O Governo Federal emprega cifras astronocircmicas para o fomento desenvolvimento e

execuccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas inclusive poliacuteticas de sauacutede O ldquogrossordquo da destinaccedilatildeo dos

recursos em sauacutede satildeo utilizados pelo setor terciaacuterio em sauacutede - o ldquosetor curativordquo Os gastos

em sauacutede primaacuteria apesar de serem sem duacutevida alguma importantes natildeo criam condiccedilotildees

para que haja um real fomento construccedilatildeo execuccedilatildeo de poliacuteticas preventivas Neste campo o

Brasil precisa crescer e muito

31

Apesar do grande avanccedilo nacional em termos de programas de sauacutede nenhum deles

satisfaz a necessidade aqui de se colocar em evidecircncia o meio ambiente e ou fomenta uma

preocupaccedilatildeo com o mesmo

As estatiacutesticas do Datasus mostram que muitas patologias poderiam ter sido

plenamente descobertas e tratadas a niacutevel primaacuterio poderiam aliviar os custos econocircmicos e

sociais que se estaacute a operar em solo brasileiro na atualidade

Talvez nem toda culpa deva recair somente sobre o Estado Os brasileiros tecircm a sua

parcela na medida em que atraveacutes do miacutenimo acesso que tem agrave informaccedilatildeo natildeo satildeo capazes

de assumir um comportamento favoraacutevel ou reduzir os riscos

Seraacute que o grande eixo encontra-se no que a populaccedilatildeo sabe sobre o processo sauacutede-

doenccedila O que habita seu imaginaacuterio Como eles incorporam sauacutede as suas vidas O que

sabem de cidadania Sobre o meio ambiente que as cerca

Traccedilando um perfil do montante de pacientes que procura os serviccedilos hospitalares a

grande maioria deles satildeo oriundos da sociedade de entorno e que varia quantitativa e

qualitativamente de acordo com o local onde o hospital estaacute instalado Desses pode-se

perceber a urgecircncia de doenccedilas que seriam plenamente prevenidas e tratadas a niacutevel primaacuterio

em sauacutede mas se natildeo descobertas e tratadas tornam-se verdadeiros marcos na vida tanto do

paciente quanto da sua famiacutelia

A medicalizaccedilatildeo do serviccedilo de sauacutede torna-se irreversiacutevel dentro de um contexto de

expansatildeo capitalista e estabelece uma relaccedilatildeo perversa entre o acesso ao atendimento em

sauacutede e a sua demanda Para um paiacutes continental que eacute o Brasil deveria haver tambeacutem uma

expansatildeo do atendimento puacuteblico e gratuito em sauacutede para que houvesse a satisfaccedilatildeo da

tamanha demanda por estes serviccedilos Deveria haver uma maior acreditaccedilatildeo na dinacircmica

homem-natureza

A medicalizaccedilatildeo do serviccedilo de sauacutede se deve ao modelo em sauacutede estabelecido na

deacutecada de 30 onde o hospital tornou-se no imaginaacuterio social o grande interventor em sauacutede

Com isto houve um detrimento da atenccedilatildeo primaacuteria em sauacutede que foi um modelo renegado

quase que completamente ateacute haacute alguns anos atraacutes Mas esse modelo vem sobressaindo com a

intervenccedilatildeo do Estado pois chegou-se a conclusatildeo que para o acesso a sauacutede as pessoas natildeo

poderiam somente ter acesso ao hospital mas sim a atenccedilatildeo baacutesica onde satildeo desenvolvidos

programas que em uacuteltima anaacutelise evitam que os usuaacuterios busquem o hospital Satildeo programas

como alto poder de impacto que uma vez desenvolvido com os usuaacuterios podem ser capazes

de reduzir a morbidade e mortalidade de muitas doenccedilas pois partem do princiacutepio de que

32

educaccedilatildeo vacinaccedilatildeo iniacutecio de diagnoacutestico entre outros eacute importante para a prevenccedilatildeo de

doenccedilas

Mas ainda hoje o acesso tambeacutem a essa intervenccedilatildeo primaacuteria em sauacutede natildeo eacute

totalmente distribuiacuteda e nem eacute tambeacutem compreendida Quando se fala em crise ambiental

vaacuterios fatores que levam o indiviacuteduo e a coletividade adoecerem satildeo imediatamente postos em

questatildeo essas doenccedilas e mortes satildeo custos satildeo externalidades graves irreversiacuteveis e

irreparaacuteveis Eacute um problema ambiental sim na medida em que o que estaacute em jogo eacute a espeacutecie

Homo sapiens na sua interaccedilatildeo com o seu meio Eacute problema ambiental porque se natildeo o fosse

a populaccedilatildeo desvelaria uma nova forma de formar e se conduzir frente as diversas atrocidades

que acontece com o planeta e que o ser humano tem que ser inserido natildeo somente como um

depredador do meio mas como viacutetima tambeacutem dessa depredaccedilatildeo

A sociedade haacute que encarar seriamente as necessidades prementes de alimentaccedilatildeo

educaccedilatildeo moradia produccedilatildeo de divisas encarar a pobreza como entrave para a

sustentabilidade do planeta e encarar que o ser humano tambeacutem estaacute padecendo assim como

as florestas assim como a poluiccedilatildeo exponencialmente crescente

33

CAPIacuteTULO DOIS

A CRISE ECOLOacuteGICA

21 CRISE ECOLOacuteGIA E CAPITALISMO

Uma vez que na evoluccedilatildeo das sociedades modernas alguns fatores foram criacuteticos na

busca de um motivo para a existecircncia Deste resultou praticamente a necessidade de lucro

Daiacute deriva-se todo o empreendimento humano no sentido de trocas que por seu fim

simbolizavam o lucro

A crise ecoloacutegica eacute real e se manifesta de diversas formas que vatildeo desde os grandes

desmatamentos ateacute a luta por sobrevivecircncia da proacutepria espeacutecie humana A crise ambiental eacute o

centro das atividades antroacutepicas e torna-se irremediaacutevel na medida em que o limiar de

resiliecircncia do planeta eacute ultrapassado advindas de todo o avanccedilo que as sociedades humanas

tecircm estabelecido sobre a superfiacutecie do planeta

Eacute de fato alarmante perceber que na evoluccedilatildeo do ser humano para cada passo dado agrave

diante dois satildeo dados em sentido contraacuterio Isto porque mesmo com todo o avanccedilo cientiacutefico-

tecnoloacutegico pessoas ainda natildeo tecircm acesso a vida digna sendo explorados de alguma forma

por este sistema cruel que aumenta mais e mais o fosso entre quem tem recursos financeiros

adequados e entre aqueles que sobrevivem da migalha

De acordo com Relatoacuterio Siacutentese da Avaliaccedilatildeo Ecossistecircmica do Milecircnio (2005)

Nos uacuteltimos 50 anos o homem modificou os ecossistemas mais raacutepida e extensivamente que em qualquer intervalo de tempo equivalente na historia da humanidade na maioria das vezes para suprir rapidamente a crescente demanda por alimentos aacutegua potaacutevel madeira fibras e combustiacutevel Isto acarretou uma perda substancial e em grande medida irreversiacutevel para a diversidade da vida no planetardquo

34

Eacute possiacutevel falar em crise ambiental pois esta eacute de fato um produto da atividade

humana de todo o impacto que as tecnologias inventadas tem proporcionado ao planeta de

uma irracionalidade visivelmente embasada na exploraccedilatildeo do meio ambiente com

consequumlente impactaccedilatildeo e a conversatildeo dos recursos naturais em capital Esta crise comeccedila

justamente com a ilusatildeo de domiacutenio sobre a natureza e a exacerbaccedilatildeo do ter sobre o ser

Para falar de crise ambiental haacute que se traccedilar um percurso que tome o capitalismo

como seu centro nervoso Ele evoluiu e se ramificou no seio da sociedade mundial nestes

uacuteltimos seacuteculos com o fim do modo de produccedilatildeo feudal e mudando-se ldquonaturalmenterdquo para o

modo de produccedilatildeo capitalista com a crescente urbanizaccedilatildeo bem como o crescimento

exorbitante da populaccedilatildeo a mudanccedila da noccedilatildeo de distacircncia e o poderio do mercado em

detrimento da sociedade A natureza eacute transformada em recurso natural

Percorrendo um caminho histoacuterico da capitalizaccedilatildeo dos recursos naturais haacute relatos de

LEacuteRY (1972) que fala da devastaccedilatildeo das matas brasileiras agrave eacutepoca do periacuteodo quinhentista

pelos portugueses e franceses

ldquoUma vez um velho perguntou-me por que vindes voacutes outros mairs e peroacutes buscar lenha de tatildeo longe para vos aquecer Natildeo tendes madeira em vossa terra Respondi que tiacutenhamos muita mas natildeo daquela quantidade e que natildeo a queimaacutevamos como ele supunha mas dela extraiacuteamos tinta para tingir tal qual o faziam eles com seus cordotildees de algodatildeo e suas plumas

Retrucou o velho imediatamente e por ventura precisas de muito ndash sim respondi-lhe pois em nosso paiacutes existem negociantes que possuem mais panos facas tesouras espelhos e outras mercadorias do que poderias imaginar e um soacute deles compra todo o pau-brasil com que muitos navios voltam carregados agora vejo que voacutes outros mairs sois grandes loucos pois atravessais o mar e sofreis grandes incocircmodos como dizeis quando aqui chegais e trabalhais tanto para amontoar riquezas para vossos filhos ou parar aqueles que vos sobrevivem Natildeo seraacute a terra que vos nutriu suficiente para alimentaacute-los tambeacutem

Natildeo haacute necessidades naturais para o ser humano Toda sociedade cria um conjunto de

necessidades para seus membros e lhes ensina que a vida natildeo vale a pena ser vivida a natildeo ser

que estas necessidades sejam bem ou mal satisfeitas e surge o capitalismo colocando no

centro de tudo as necessidades econocircmicas Assim comeccedila a triste histoacuteria do surgimento da

uma crise ambiental que se intensifica ateacute os dias atuais e que hoje em pleno seacuteculo XXI eacute

35

alvo de movimento de conscientizaccedilatildeo por quase todo o planeta que mobiliza cientistas

centros universitaacuterios empresas e a sociedade civil organizada

KRUGER (2001) afirma

ldquoEm um estaacutegio inicial a Natureza domina o Homem Entre 50 e 40 mil anos atraacutes caccediladores e coletores apresentavam teacutecnicas rudimentares tendo o nomadismo sem acumulaccedilatildeo de bens como principal modo de vida A organizaccedilatildeo tanto das pequenas comunidades como do tempo era primitiva Com o surgimento da agricultura (10 mil anos atraacutes) haacute o domiacutenio das teacutecnicas por todos os membros da comunidade O modo de vida torna-se sedentaacuterio havendo o aparecimento de regras chefias com organizaccedilatildeo poliacutetica e temporal marcada por periacuteodos de plantio e colheita A era do ferro fundido (3 a 4 mil anos atraacutes) marca o iniacutecio da especializaccedilatildeo do trabalho com uma estratificaccedilatildeo da sociedade e do conhecimento e uma consequumlente perda individual do domiacutenio do conhecimento Soacute a partir do seacuteculo XVII com o surgimento da ciecircncia moderna eacute que aparece a tecnologia como eacute entendida hoje em dia isto eacute um saber fazer baseado em teoria e experimentaccedilatildeo cientiacutefica natildeo sendo possiacutevel separar nitidamente as duas Com a Revoluccedilatildeo Industrial do seacuteculo XVIII daacute-se a alianccedila entre ciecircncia e teacutecnica Indiretamente a ciecircncia teve uma presenccedila marcante sobretudo atraveacutes do meacutetodo e do espiacuterito cientiacutefico no meio teacutecnico e artesanal O ideal da ciecircncia se disseminou entre os artesatildeos manufatureiros mormente no Norte da Inglaterra MOTOYAMA (1995 apud KRUGER 2001) A reuniatildeo da teacutecnica com a disciplina cientiacutefica atinge um alto niacutevel de generalidade e de sistematizaccedilatildeo quando se desenvolvem processos proacuteprios de trabalho apresentando uma grande importacircncia para alguns intelectuais franceses contemporacircneos que nela vecircem exatamente a transiccedilatildeo da teacutecnica para a tecnologia GAMA (1986 apud KRUGER 2001)rdquo

Na histoacuteria da crise ambiental o excedente ainda no Modo de Produccedilatildeo Comunal

Primitivo permitiu a especializaccedilatildeo e as trocas e levou a uma contiacutenua e crescente

exploraccedilatildeo da natureza pelo homem bem como do proacuteprio homem pelo homem Essa

exploraccedilatildeo teve seu grande impulso com o surgimento de ideologias que pretendiam libertar

o homem de qualquer tradicionalismo eou costumes arcaicos normalmente ligados agrave vida

rural e agrave terra

POLANYI (1980) discute o processo histoacuterico que transformou a terra em mercado e

mercadoria elucidando a diferenccedila entre o uso e a propriedade privada dessa terra que foi

36

convertida pela economia em ldquorecurso naturalrdquo Ele compara esse processo ao anaacutelogo por

que passou o trabalho que levou o homem a se tornar ldquorecurso humanordquo ressaltando que essa

transformaccedilatildeo se deu mais rapidamente e mais facilmente do que a da terra Fechando uma

primeira etapa na evoluccedilatildeo da crise ambiental

Essa exploraccedilatildeo do ldquorecurso naturalrdquo e do ldquorecurso humanordquo foi ideologicamente

justificado O Iluminismo foi um avanccedilo cultural a partir da ciecircncia e o domiacutenio sobre a

natureza foi considerado vital para a ciecircncia para a teacutecnica e muita das vezes sob uma eacutetica

especiacutefica O que eacute embasado por HOBSBAWM (1988) que descrevendo-o no contexto

histoacuterico mostrando que pelo iluminismo houve uma libertaccedilatildeo da Idade Meacutedia para tempo

modernos Vale lembrar que o iluminismo se situa em uma eacutepoca onde Franccedila e Inglaterra

passaram por suas revoluccedilotildees com isso pregava como sociedade livre aquela comandada pela

razatildeo e pelo capitalismo Logo o objetivo do capitalismo era de libertar todos os seres

humanos Todas as ideologias humanistas racionalistas e progressistas estatildeo impliacutecitas

nele e de fato surgiram dele

Desde entatildeo o capitalismo eacute visto entatildeo como o libertador O filoacutesofo Locke por

exemplo diz que a propriedade privada ldquolibertardquo

Esse eacute um processo muito semelhante ao que acontece hoje com o conceito de

desenvolvimento sustentaacutevel apropriado pelo discurso poliacutetico como uma palavra maacutegica

que abre portas consegue recursos e tudo justifica HAYWARD (1994) lembra que o

iluminismo eacute a emergecircncia do ser racional livre (Muumlndigkeit = autonomia madura a

liberdade de tomar uma responsabilidade e a capacidade de usar a proacutepria liberdade) Ele

surge com o intuito de libertar o homem do encantamento dos mitos (da Idade Meacutedia) mas

acaba levando a um novo culto o culto agrave razatildeo Assim o domiacutenio sobre a natureza aparece

dentro de um contexto moral determinado pela razatildeo que tudo justificaria Fazendo par com

as ideacuteias iluministas estatildeo as ideacuteias do Liberalismo econocircmico base modo de produccedilatildeo

capitalista tambeacutem inspiradas na razatildeo e na loacutegica simples Para essa questatildeo jaacute existe uma

resposta conhecida eacute a resposta capitalista A mais bela e concisa formulaccedilatildeo do espiacuterito do

capitalismo eacute o enunciado pragmaacutetico de Descartes Atingir o saber e a verdade para nos

tornarmos senhores e possuidores da natureza

O homem julgando-se acima de tudo e de todos amparado pelo racionalismo e pelas

descobertas da ciecircncia depositou seus principais desejos e aspiraccedilotildees na busca do sucesso

econocircmico pela vontade de ter acumular cada vez mais riquezas e por conseguinte mais

poder sobre seus iguais esquecendo-se assim da sua real condiccedilatildeo de ser da parceria com a

natureza

37

Tornou-se banal usar a natureza devastando-a em prol do progresso econocircmico que

seria a uacutenica forma de gerar felicidade para todos convencendo-se de que um dia ele seraacute

recompensado com a felicidade pelo seu progresso econocircmico

Mas natildeo bastou somente dominar a natureza O homem tambeacutem foi dominado

escravizado tornou-se moeda de troca e assim assumiu um valor econocircmico

TAYRA (2004) afirma que a explosatildeo demograacutefica ocorrida ao longo dos uacuteltimos

seacuteculos eacute o principal fator de causa do processo da crise isto devido tambeacutem ao grande

avanccedilo dos meios de produccedilatildeo para suprir as necessidades dessa demanda crescente

Agora no seacuteculo XXI natildeo eacute mais possiacutevel minimizar os efeitos da crise Essa inserida

dramaticamente no conceito de globalizaccedilatildeo traz a escassez ecoloacutegica e retrata como a

acumulaccedilatildeo capitalista eacute perversa intensificando os movimentos de expansatildeo territoriais e

subordinaccedilatildeo das formas de trabalho trazendo tambeacutem as implicaccedilotildees econocircmicas sociais e

poliacuteticas do processo de globalizaccedilatildeo ndash distribuiccedilatildeo ecoloacutegica de conflitos

22 A ECONOMIA ECOLOacuteGICA

O moderno processo civilizatoacuterio que funda-se em princiacutepios de racionalidade

econocircmica e instrumental acabou por moldar as diversas esferas da sociedade atraveacutes dos

padrotildees tecnoloacutegicos as praacuteticas de produccedilatildeo a organizaccedilatildeo burocraacutetica e os aparelhos

ideoloacutegicos do Estado onde haacute muito se comeccedila a questionar os custos soacutecio-ambientais

derivados da racionalidade produtiva fundada no caacutelculo econocircmico na eficaacutecia dos sistemas

de seus meios tecnoloacutegicos

As mudanccedilas que ocorreram nos ecossistemas e vem ocorrendo contribuiacuteram com

ganhos finais substanciais para o bem-estar humano e o desenvolvimento econocircmico mas

esses ganhos foram obtidos a um custo crescente que incluiu a degradaccedilatildeo de muitos serviccedilos

dos ecossistemas trazendo maior risco de mudanccedilas atmosfeacutericas a exacerbaccedilatildeo da pobreza

para alguns grupos da populaccedilatildeo etc

Por que eacute importante descrever a economia ecoloacutegica no contexto da crise ambiental

Porque aquela tem uma participaccedilatildeo e funccedilatildeo de economicamente mitigar alguns processos

deleteacuterios da crise e eacute uma das soluccedilotildees encontradas para que atraveacutes da loacutegica mercantilista

no meio ambiente cursando assim como a boa vontade poliacutetica que alguns governos tem se

engajados Atraveacutes de medidas econocircmicas trazer valoraccedilatildeo natildeo somente aos recursos

naturais em si mas tambeacutem a forma com que esses recursos estatildeo sendo utilizados na sua

38

impactaccedilatildeo e na sua demanda Essa questatildeo pode ser exemplificada no caso do ICMS-

Ecoloacutegico nas gestotildees dos comitecircs de bacia hidrograacutefica De uma forma os recursos gerados

chegam agraves populaccedilotildees mediante recursos disponiacuteveis para que seja executado medidas

compensatoacuterias

ldquoOs economistas modernos vatildeo fundar a economia no conceito de escassez que paradoxalmente eacute o contraacuterio da riqueza Tanto eacute assim que os bens abundantes ndash ideacuteia central da riqueza ndash natildeo satildeo considerados como bens econocircmicos e sim como naturais Somente agrave medida que a aacutegua e o ar se tornam escassos eacute que a economia passa a se interessar em incorporaacute-los como bens no sentido econocircmico modernordquo

PORTO-GONCcedilALVES (2006)

CAVALCANTI (1998) afirma natildeo se poder mais aceitar que a loacutegica do

desenvolvimento da economia entre em conflito com a loacutegica e governe a evoluccedilatildeo da

biosfera Ele ressalta ainda que o grande desafio da economia da sustentabilidade como eacute

chamado algumas praacuteticas de repensar a crise ambiental e fazer algo para sua reversatildeo eacute

exatamente desenvolver meacutetodos para integrar princiacutepios ecoloacutegicos e limites fiacutesicos no

formalismo dos modelos econocircmicos prevalecentes Assim passou-se a incluir ao nosso

vocabulaacuterio termos como compensaccedilatildeo ambiental internalizaccedilatildeo do dano princiacutepio do

poluidor pagador certificados negociaacuteveis de poluiccedilatildeo comitecircs gestores de bacia dentre

outros termos

Apesar de a valoraccedilatildeo econocircmica ainda natildeo ter sido aplicada em todas as possiacuteveis

aacutereas a sociedade tem se mobilizado e contribuindo de forma incisiva Autores como

MOTTA (2004) afirmam que as variaccedilotildees de bem-estar das famiacutelias estatildeo relacionadas por

decisotildees dos investimentos puacuteblicos e que na valorizaccedilatildeo do meio ambiente atraveacutes da

praacutetica econocircmica os valores sociais dos bens e serviccedilos satildeo considerados de forma a refletir

variaccedilotildees de bem-estar e natildeo somente seus respectivos valores de mercado O lixo por

exemplo eacute um produto de uma sociedade cada vez mais consumista e por gerar grandes

volumes necessita de locais finais para a sua destinaccedilatildeo que consequentemente grandes aacutereas

ambientais para sua recepccedilatildeo Nesse caso a valoraccedilatildeo poderia ser usada para permitir um

fluxo real de volume que sem duacutevida reduziria a problemaacutetica da destinaccedilatildeo final Talvez a

valorizaccedilatildeo econocircmica deveria ser melhor entendida na sua ampla capacidade em benefiacutecio

39

tanto para o meio ambiente como para as pessoas diretamente natildeo excluindo com isso as

comunidades que hoje se chamam favela

23 O QUE Eacute A CRISE ECOLOacuteGICA

A crise ecoloacutegica eacute tambeacutem uma crise de percepccedilatildeo que coloca em duacutevida todo o

processo civilizatoacuterio vivido ateacute aqui A materializaccedilatildeo de necessidades e desejos natildeo

significou a felicidade pretendida para todos mas sim um movimento cada vez mais forte de

exclusatildeo e miseacuteria de escala planetaacuteria que se faz sentir em uma parcela cada vez maior da

populaccedilatildeo

Essa crise natildeo eacute soacute ecoloacutegico-ambiental mas tambeacutem eacute social moral e econocircmica Eacute

uma resultante da irresponsabilidade da humanidade perante si mesma pela sua incapacidade

de olhar o passado e de olhar-se no presente ficando cega para o que pode vir depois como

consequumlecircncia de seus atos ou pela falta deles

Eacute uma crise de toda a sociedade crise da energia

ENZENSBERGER (1976) diz que antes de ter uma explicaccedilatildeo eminentemente

natural ela eacute resultado de um processo social ligado intimamente ao modo de produccedilatildeo

capitalista O autor defende a seguinte hipoacutetese central levantada pela ecologia As

sociedades industriais produzem contradiccedilotildees ecoloacutegicas que deveratildeo conduzi-las agrave sua

ruiacutena em um tempo previsiacutevel

PORTO-GONCcedilALVES (2006) um dos mais atilados ecologistas poliacuteticos da

atualidade nos situa de forma ainda mais precisa na atual crise planetaacuteria quando afirma que

o desafio ambiental se coloca no centro do debate geopoliacutetico contemporacircneo enquanto

questatildeo territorial na medida em que potildee em questatildeo a proacutepria relaccedilatildeo da sociedade com a

natureza ou melhor a relaccedilatildeo da humanidade na sua diversidade com o planeta nas suas

diferentes qualidadesrdquo

Existe uma aparente ruptura entre a dimensatildeo soacutecio-cultural-econocircmica e as variaacuteveis

ambientais Entretanto a cada dia mais se percebe a necessidade da inserccedilatildeo ambiental nestes

processos sob pena de se ampliarem as desigualdades sociais entre povos e regiotildees

conduzindo agravequilo que vem sendo denominado de desenvolvimento sustentaacutevel A

humanidade parece perdida a vagar por entre as consequumlecircncias de uma crise de percepccedilatildeo

que coloca em duacutevida todo o processo civilizatoacuterio vivido ateacute aqui

40

Eacute possiacutevel superar a crise ambiental nos marcos do sistema capitalista Como eacute que

isto se relaciona com as causas sociais e que soluccedilotildees sociais podem ser oferecidas em

resposta tornaram-se as questotildees mais urgentes com que a humanidade se defronta ndash questatildeo

de sobrevivecircncia Haacute a clara necessidade de ser superada a dicotomia entre o desenvolvimento

econocircmico e o direito a um ambiente saudaacutevel A isso tambeacutem relacionam-se as questotildees de

justiccedila social e justiccedila ambiental jaacute que em se reduzindo a qualidade ambiental afeta-se

tambeacutem a qualidade de vida com o surgimento dos impactos sociais culturais sanitaacuterios etc

Segundo POLANYI (1980) ldquoimaginar a vida do homem sem terra eacute o mesmo que imaginaacute-lo

nascendo sem matildeos e peacutesrdquo

24 O PAPEL DA SOCIEDADE NA BUSCA POR SOLUCcedilOtildeES DA CRISE

Para buscar a resoluccedilatildeo da crise ecoloacutegica haacute que se fazer um esforccedilo conjunto de

toda a sociedade civil organizada Deve haver projetos seacuterios que satisfaccedilam as demandas

sociais e naturais Haacute que se ter leis poliacuteticas puacuteblicas boa vontade dos gerentes do Estado

participaccedilatildeo social e principalmente o homem se ver como espeacutecie ameaccedilada

Certamente natildeo existem soluccedilotildees maacutegicas capazes de reverter no curto prazo seacuteculos

de degradaccedilatildeo ambiental e de reproduccedilatildeo de um modelo de dominaccedilatildeo social excludente e

explorador Contudo a tomada de consciecircncia de cada um deve ser imediata

Soacute haveraacute possibilidade de mudanccedila real a partir de uma transformaccedilatildeo profunda no

pensar e no agir da humanidade substituindo o ter pelo ser em sua ordem de prioridade Esse

eacute um ideal perfeitamente alcanccedilaacutevel no entanto para se chegar ateacute ele eacute preciso uma mudanccedila

radical na forma de sentir do ser humano para que se possa entatildeo perceber o seu entorno e

renovar as relaccedilotildees na Terra e com a terra promovendo um modo de vida mais digno e eacutetico

Alguns autores abordam a necessidade de reduccedilatildeo do consumo ter poliacuteticas claras de

natalidade ampliar a participaccedilatildeo econocircmica dos paiacuteses desenvolvidos na busca pela reduccedilatildeo

da pobreza a reduccedilatildeo da degradaccedilatildeo ambiental como o desmatamento a poluiccedilatildeo dos corpos

hiacutedricos etc Eacute juntar-se agrave luta que pode se iniciar pela educaccedilatildeo ambiental

Importa construir a relaccedilatildeo entre as lutas sociais e as ambientais pois aquelas satildeo na

sua grande maioria advindas das lutas destas e elas concordam unidas ao redor de objetivos

comuns

Este eacute o teor que ALIER (1998) tem produzido como tese e que segundo ele o

ecologismo dos pobres ou ecologismo popular tem como eixo fundamental o interesse

41

pelo meio ambiente como fonte de condiccedilatildeo para a subsistecircncia e como fundamento eacutetico a

demanda por justiccedila social (e ambiental acrescentaria) contemporacircnea entre os humanos

O ecologismo popular eacute uma corrente do movimento ambientalista que se propotildee a

lutar contra os impactos ambientais que ameaccedilam os pobres que constituem a ampla maioria

da populaccedilatildeo em muitos paiacuteses Eacute a presenccedila do preconceito ambiental que eacute relegado agrave

periferia a vizinhanccedila com as induacutestrias poluidoras lixotildees ou mesmo bairros bastante

degradados em potencial humano

Dessa maneira os principais problemas soacutecio-ambientais que por exemplo assolam

as cidades da modernidade estatildeo intimamente associados agrave complexa relaccedilatildeo entre pobreza e

o natildeo-acesso aos serviccedilos de consumo coletivo Entatildeo a luta pelo fim da crise ambiental seraacute

mostra atraveacutes de uma tomada de conscientizaccedilatildeo a soma de esforccedilos o entendimento entre

Estado e sociedade e ateacute mesmo entre Estado e Estado Comeccedila em se reconhecer humano

reconhecer as falhas e mudar de atitude que prejudique mais o meio ambiente eacute a praacutetica do

desenvolvimento realmente sustentaacutevel que requer que se removam as principais fontes de

privaccedilotildees de liberdade ldquopobreza e tirania carecircncia de oportunidades econocircmicas e

destruiccedilatildeo social sistemaacutetica negligecircncia dos serviccedilos puacuteblicos e intoleracircncia excessiva de

Estados repressivosrdquo SEN (2000)

O papel da sociedade eacute vital para a a busca da resoluccedilatildeo da crise ambiental Ela pode

se manifestar por diversas formas algumas dessas lidando diretamente com o problemas e

tantas outras de forma indireta Hoje em dia essa participaccedilatildeo pode se manifestar dentre

outras nas seguintes formas

1 Na representatividade poliacutetica ndash onde grupos de pessoas com formaccedilatildeo teacutecnica ou

apenas poliacuteticos engajam-se na formulaccedilatildeo de leis que pleiteiam melhorias ambientais e

manutenccedilatildeo do que haacute ainda de recursos naturais como eacute o caso do Misteacuterio do Meio

Ambiente de deputados dentro das diversas camadas da estrutura poliacutetico

administrativa brasileira

2 acordos poliacuteticos unilaterais e bilaterais como por exemplo foi a Eco-92 e atualmente

o Foacuterum de Mudanccedilas Climaacuteticas

3 participaccedilatildeo de organizaccedilatildeo natildeo-governamentais ndash mais ligadas ao conservacionismo

como eacute o caso do greenpeace WWF Onda Azul dentre outros

4 participaccedilatildeo educacional ndash onde cada professor capacitado eacute um multiplicador de

conhecimento e fomento de uma busca pela melhoria como por exemplo a inclusatildeo da

educaccedilatildeo ambiental nos curriacuteculo educacional brasileiro do ensino fundamental e

meacutedio

42

5 A academia com o desenvolvimento de cursos ligados ao meio ambiente e poliacutetica

ambiental com exemplo PGCA LATEC etc

6 A luta popular por moradia por educaccedilatildeo por representatividade poliacutetica

7 campanhas governamentais que envolvam diretamente a populaccedilatildeo como por

exemplo O Dia D campanha nacional de vacinaccedilatildeo

8 As atividades das diversas prefeituras inaugurando projetos fomentando o

conservacionismo instituindo a agenda 21 local o estabelecimento dos planos diretores

etc

25 A AGENDA 21

A Agenda 21 que foi um dos principais resultados da Eco-92 onde estabeleceu a

importacircncia de cada paiacutes se prometer a refletir global e localmente sobre a forma pela qual

governos empresas organizaccedilotildees natildeo-governamentias e todos os setores da sociedade

poderiam cooperar no estudo de soluccedilotildees para os problemas soacutecio-ambientais Com esse

documento cada paiacutes desenvolve sua Agenda 21 onde no Brasil se descute no acircmbito da

Comissatildeo de Poliacuteticas de Desenvolvimento Sustentaacutevel e da Agenda 21 Nacional ndash CPDS

A agenda 21 se constitui num poderoso instrumento de reconversatildeo da sociedade

industrial rumo a um novo paradigma que exige a reinterpretaccedilatildeo do conceito de progreso

contemplando maior harmonia e equiliacutebrio holiacutestico entre o todo e as partes promovendo a

qualidade natildeo apenas a quantidade do crescimento Assuntos como cooperaccedilatildeo internacional

para acelerar o desenvolvimento sustentaacutevel dos paiacuteses em desenvolvimento e poliacuteticas

internar correlatas combate agrave pobreza mudanccedila dos padrotildees de consumo dinacircmica

demograacutefica e sustentabilidade proteccedilatildeo e promoccedilatildeo das codiccedilotildees da sauacutede humana

promoccedilatildeo do desenvolvimento sustentaacutevel dos assentamentos humanos integraccedilatildeo entre meio

ambiente e desenvolvimento na tomada de decisotildees conservaccedilatildeo e manejo dos recursos para

o desenvolvimento proteccedilatildeo da atmosfera abordagem integrada do planejamento e do

gerenciamento dos recursos terrestres manejo dos ecossistemas fraacutegeis conservaccedilatildeo da

diversidade bioloacutegica manejo ambientalmente saudaacutevel da biotecnologia proteccedilatildeo dos

oceanos de todos os tipos de mares uso racional e desenvolvimento de seus recursos vivos

proteccedilatildeo da qualidade e do abastecimentodos recursos hiacutedricos manejo ambientalmente

saudaacutevel dos resiacuteduos soacutelidos e questotildees relacionadas com os esgotos fortalecimento do

43

papel dos grupos principais comunicaccedilatildeo cientiacutefica e tecnoloacutegica transferecircncia de

tecnologia e etc

No Brasil a Agenda 21 assume uma coloraccedilatildeo baseada nos programas de inclusatildeo

social (acesso de toda a populaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo sauacutede e distribuiccedilatildeo de renda) a

sustentabilidade urbana e rural a preservaccedilatildeo dos recursos naturais e minerais e a eacutetica

poliacutetica para o planejamento rumo ao desenvolvimento sustentaacutevel

Segundo dados do Minsteacuterio do Meio Ambiente a Agenda 21 brasileira iniciou-se em

1996 e terminando a sua primeira fase em 2002 onde em cima de aacutereas temaacuteticas se

determinou a forma de consulta e construccedilatildeo do documento brasileiro estas foram

agricultura sustentaacutevel cidades sustentaacuteveis infra-estrutura e integraccedilatildeo regional gestatildeo dos

recursos naturais reduccedilatildeo das desigualdades sociais e ciecircncia e tecnologia para o

desenvolvimento sustentaacutevel

A partir de 2003 a Agenda 21 brasileira aleacutem da fase de implementaccedilatildeo assistida pelo

CPDS foi elevada agrave condiccedilatildeo de Programa do Plano Plurianual Assume assim maior forccedila

poliacutetica e institucional passando a ser instrumento fundamental para a construccedilatildeo da

sustentabilidade em solo brasileiro tendo adotado referenciais importantes como a Carta da

Terra

O Plano Plurianual - PPA eacute o principal instrumento do Estado para a promoccedilatildeo do

desenvolvimento econocircmico e social de forma sustentaacutevel Eacute composto de programas e accedilotildees

Programas satildeo instrumentos de organizaccedilatildeo da atuaccedilatildeo governamental que articula um

conjunto de accedilotildees para o alcance de um objetivo comum preestabelecido mensurado por

indicadores de um problema ou atendimento de demanda da sociedade ou aproveitamento de

uma oportunidade de investimento E accedilotildees satildeos instrumentos de programaccedilatildeo para alcanccedilar o

objetivo de um programa

O PPA eacute eleborado pelas secretarias estaduais segundo as diretrizes estabelecidas pela

atual gestatildeo Aleacutem disso o PPA orienta duas outras leis a de Diretrizes Orccedilamentaacuterias e a

Orccedilamentaacuteria Anual que especificam onde e como os recursos do Estado seratildeo aplicados a

cada ano

A participaccedilatildeo social nos projetos da agenda 21 eacute fundamental para a o ecircxito da

empreitada e essa representatividade compartilha com o Estado o desenvolvimento de

atividades includentes reduzindo a verticalizaccedilatildeo E como participar Atraveacutes de iniciativas

comunitaacuterias (no bairro escola empresa sindicato) atraveacutes do Foacuterum da Agenda 21 e dos

grupos de trabalho

44

CAPIacuteTULO TREcircS

PRERROGATIVAS SOCIAIS BAacuteSICAS DA POPULACcedilAtildeO

31 SAUacuteDE E CIDADANIA

Para falar de meio ambiente crise e sociedade natildeo se pode deixar de lado suas

especializaccedilotildees no contexto de sauacutede Inicia-se este capiacutetulo discutindo sobre a imprecisatildeo do

conceito de sauacutede associado com outra grande imprecisatildeo que reside no conceito de direito agrave

sauacutede

A Sauacutede eacute o produto de condiccedilotildees objetivas de existecircncia resultante de condiccedilotildees de

vida bioloacutegica social e cultural e tambeacutem das relaccedilotildees que os homens estabelecem entre si e

com a natureza atraveacutes do trabalho Ter e promover sauacutede implica em conhecer como se

apresentam as condiccedilotildees de vida e de trabalho para que seja possiacutevel intervir socialmente na

sua modificaccedilatildeo

A sauacutede como um direito de todos deve ser posta ao alcance do indiviacuteduo deve ser

considerada como um objetivo do desenvolvimento econocircmico (e aqui haacute uma tangecircncia entre

a formulaccedilatildeo do conceito e a agenda 21) e natildeo soacute como um meio de alcanccedilaacute-lo Sauacutede natildeo

aborda somente a ausecircncia de doenccedila mas tambeacutem o completo bem estar fiacutesico mental e

social tornando-se assim uma definiccedilatildeo ampla e nebulosa

Agora quanto ao direito agrave sauacutede ZUCCHI (1997) diz que a sociedade brasileira hoje

em dia tem um conceito equivocado Parte-se do pressuposto de que muito desse decorre da

proacutepria imprecisatildeo do conceito de sauacutede ou seja a definiccedilatildeo de sauacutede natildeo estaacute

suficientemente clara Este forma equivocada de pensar eacute embasada no contexto histoacuterico do

papel do Estado dentro da sociedade brasileira ndash um tanto paternalista na grande maioria das

vezes

Para se entender o direito agrave sauacutede deve-se perceber que haacute dois componentes

fundamentais da construccedilatildeo do conceito de sauacutede o primeiro componente eacute o caraacuteter

individual Esse privilegia a liberdade As pessoas devem ser livres para escolher qual o tipo

de relaccedilatildeo que pretendem ter com o meio onde elas estatildeo inseridas qual o recurso meacutedico-

sanitaacuterio a ser usado e mesmo qual o profissional a ser procurado

45

O segundo componente eacute o componente social onde o direito agrave sauacutede privilegia a

igualdade visto que sauacutede torna-se diluiacuteda e difundida entre os cidadatildeos Nesta para que a

sauacutede de todos seja preservada faz-se necessaacuteria a vacinaccedilatildeo a notificaccedilatildeo o tratamento e

mesmo o isolamento de certas doenccedilas a de alimentos contaminados o controle do meio

ambiente do trabalho e a garantia da oferta equacircnime de assistecircncia agrave sauacutede DALARI (1998)

Talvez o que mais surpreende eacute que dessas definiccedilotildees amplas e imprecisas autores

como ZUCCHI (1997) ainda afirmam que natildeo se deve confundir o direito agrave sauacutede com o

direito aos serviccedilos de sauacutede ou mesmo com o direito agrave assistecircncia meacutedica e nem considerar a

assistecircncia meacutedica como o principal fator determinante do niacutevel de sauacutede

Apesar da expansatildeo da universalizaccedilatildeo do Serviccedilo Uacutenico de Sauacutede ndash SUS haacute

ainda os resquiacutecios das relaccedilotildees de compadrio tatildeo caracteriacutestico da sociedade brasileira onde

em bolsotildees poliacuteticos que exigem comprovaccedilatildeo de residecircncia ou sufraacutegio na falta de vagas e

ou leitos na falta de profissionais para o atendimento essa proposta de universalizaccedilatildeo

esbarra e se torna cruelmente excludente dentro de determinadas situaccedilotildees mesmo sabendo

que o direito agrave sauacutede eacute um ato cidadatildeo amparado pela Constituiccedilatildeo Federal de 1988 Todo

cidadatildeo brasileiro tem direito a atendimento em sauacutede de forma igualitaacuteria e sem custo direto

independentemente do grau de intervenccedilatildeo em sauacutede ou seja se vai simplesmente a uma

consulta ou uma cirurgia de grande porte

32 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS

BOURDIEUR (1997) em ldquoEacute possiacutevel um ato desinteressadordquo Discute que uma das

dificuldades da luta poliacutetica atualmente reside no fato dos dominantes tecnocratas tanto de

direita quanto de esquerda serem partidaacuterios da razatildeo e do universal Esse universal foi

inventado por eles mesmos para se manter em dominaccedilatildeo ldquoA dominaccedilatildeo em nome do

universal para aceder agrave dominaccedilatildeordquo

A formulaccedilatildeo das poliacuteticas sociais baseia-se na economia de mercado que existe no

seio de um paiacutes Essa economia de mercado tem sido difundida desde o seacuteculo XVIII e tem

originado um grande nuacutemero de demandas relacionadas com a sobrevivecircncia das pessoas

Tem ainda dissociado o mundo do trabalho das condiccedilotildees materiais objetivas de existecircncia

A intervenccedilatildeo do Estado na economia se faz tanto por meio de medidas de tributaccedilatildeo

quanto pela alocaccedilatildeo de recursos Utilizando os instrumentos de intervenccedilatildeo econocircmica -

46

poliacutetica cambial a fiscal e monetaacuteria ndash as projeccedilotildees estabelecidas pelo governo satildeo

alcanccediladas no territoacuterio chamado de macroeconomia

A alocaccedilatildeo de recursos objetiva distribuir recursos puacuteblicos a fim de promover o

ajustamento em razatildeo das imperfeiccedilotildees do mercado A alocaccedilatildeo oferece determinados bens e

serviccedilos agrave populaccedilatildeo que seratildeo oferecidos pelo setor privado

Poliacutetica puacuteblica natildeo eacute o mesmo que Decisatildeo Poliacutetica pois poliacutetica puacuteblica envolve

mais que uma decisatildeo poliacutetica e requer diversas accedilotildees estrategicamente selecionadas para

implementar as decisotildees tomadas

Segundo SANTOS JR (2003) as poliacuteticas puacuteblicas podem ter diversos

objetivos e diferentes caracteriacutesticas e formatos institucionais Este autor mostra os tipos de

poliacuteticas mais comumente encontradas na sociedade brasileira

ldquoPoliacutetica puacuteblica eacute tudo o que um governo faz e deixar de fazer com todos os

impactos de suas accedilotildees e de suas omissotildees elas definem normas para a accedilatildeo e para a

resoluccedilatildeo dos eventuais conflitos entre os diversos indiviacuteduos e agentes sociaisrdquo

As poliacuteticas puacuteblicas satildeo caracterizadas como

a) Poliacuteticas regulatoacuterias ndash estas visam regular determinado setor Elas se

caracterizam por atingirem as pessoas enquanto indiviacuteduos ou pequenos

grupos elas cortam transversalmente a sociedade afetando de maneira

diferenciada pessoas pertencentes a um mesmo segmento social

b) Poliacuteticas distributivas ndash que tem objetivos pontuais ligados agrave oferta de

equipamentos e serviccedilos puacuteblicos Eacute a sociedade como um todo atraveacutes do

orccedilamento puacuteblico quem financia sua implementaccedilatildeo enquanto os

beneficiaacuterios satildeo pequenos grupos ou indiviacuteduos de diferentes estratos

sociais

c) Poliacuteticas puacuteblicas redistributivas ndash onde haacute uma redistribuiccedilatildeo de renda na

forma de recursos eou de financiamento de equipamentos e serviccedilos

puacuteblicos onde o financiamento pode ser garantido atraveacutes dos recursos

orccedilamentaacuterios compostos majoritariamente pela contribuiccedilatildeo dos estratos

de meacutedia e alta renda

ldquoPara se tornar viaacutevel a sobrevivecircncia individual e familiar a populaccedilatildeo se vecirc compelida a

barganhar as condiccedilotildees de venda de sua capacidade de trabalhordquoENSP-FIOCRUZ (2001)

O padratildeo de vida tornou-se parcialmente dependente do valor de renda direta gerada

pelo trabalho assalariado

47

Questotildees como sauacutede e educaccedilatildeo adquirem contornos puacuteblicos e dependem de accedilotildees

governamentais para seu equacionamento e natildeo se resolvem apenas na esfera de mercado Haacute

um conjunto de necessidades sociais que exigem poliacuteticas direcionadas a um beneficiaacuterio

individual ou grupo

O sistema de sauacutede brasileiro vigente e amparado pela Constituiccedilatildeo toma a forma de

um tipo de poliacutetica puacuteblica pois tem caracteriacutesticas dos trecircs tipos supracitado Como

regulatoacuterio o SUS passa ter vida na Lei 808090 Como distributivo mesmo que natildeo

oficialmente e por isso esta dissertaccedilatildeo foi desenvolvida a sauacutede e porque natildeo dizer meio

ambiente tem servido a algumas parcelas da populaccedilatildeo E finalmente como redistributiva

notamos o caraacuteter universal do papel do SUS com consequumlente contribuiccedilatildeo nacional ao

desenvolvimento e implementaccedilatildeo do referido Sistema

33 A SAacuteUDE NAS CONSITITUICcedilOtildeES BRASILEIRAS

A constituiccedilatildeo eacute a lei fundamental escrita do Estado a base de todas as demais e

perante ela todas as demais leis devem estar de acordo com a Constituiccedilatildeo

O desenvolvimento dos direitos sociais no Brasil segue um padratildeo autoritaacuterio no qual

a conquista da cidadania se daacute de forma a fragmentar a classe trabalhadora concedendo

benefiacutecios como privileacutegios de certas fraccedilotildees como parte de um projeto de ldquocorporatizaccedilatildeordquo

do movimento social

Segundo ZUCCHI (1997) ldquoO Brasil eximiu-se de formalizar o reconhecimento do

direito agrave sauacutede na Constituiccedilatildeo do Impeacuterio do Brasil de 1824 e nas Constituiccedilotildees de 1891 de

1934 de 1937 de 1946 de 1967 e de 1969 Explicita no maacuteximo a assistecircncia meacutedico-

sanitaacuteria ao trabalhador atraveacutes da previdecircncia social e a competecircncia de planos nacionais de

sauacutederdquo

Foi a partir dos anos 30 que efetivamente se consolidou um projeto social estatal Na

Constituiccedilatildeo de 1934 promugada a 16 de julho impotildee-se uma niacutetida separaccedilatildeo do Estado

liberal para a democracia social DIAS (1986) Essa Constituiccedilatildeo limitava-se a declarar que a

legislaccedilatildeo do trabalho deveria observar preceitos quanto agrave assistecircncia meacutedica e sanitaacuteria ao

trabalhador Ela definia as responsabilidades do Estado no que se refere a legislar sobre

normas de assistecircncia social e assistecircncia meacutedico-sanitaacuteria ao trabalhador e agrave gestante

Por volta desses anos houve um incremento da industrializaccedilatildeo no paiacutes e o

crescimento da massa de trabalhadores urbanos que comeccedilam a reivindicar poliacuteticas

48

previdenciaacuterias e assistecircncia agrave sauacutede O Estado interveio e foram criadas os IAPrsquos ( IAPI

IAPTEC IAPM etc) Esses institutos organizaram uma rede de ambulatoacuterios e hospitais para

assistecircncia em sauacutede

A Constituiccedilatildeo de 1937 decretada durante o Estado Novo restringiu-se a competecircncia

da Constituiccedilatildeo anterior determinando agrave Uniatildeo a legislar sobre normas de defesa de proteccedilatildeo

de sauacutede Descentraliza e direciona aos Municiacutepios a possibilidade de legislar para suprir

deficiecircncias locais em assistecircncia puacuteblica obras de higiene casas de sauacutede cliacutenicas estaccedilotildees

de clima e fontes medicinais

A Constituiccedilatildeo de 1946 veio assegurar o direito agrave assistecircncia sanitaacuteria inclusive

hospitalar e preventiva ao trabalhador e agrave gestante higiene e seguranccedila do trabalho direito da

gestante a descanso antes e depois do parto sem prejuiacutezo do emprego nem do salaacuterio

A Constituiccedilatildeo de 1967 legislou agrave propoacutesito de assegurar assistecircncia sanitaacuteria

hospitalar e meacutedica preventiva atraveacutes de planos nacionais de sauacutede ZUCCHI (1997) afirma

que o legislador constitucional natildeo teve maior criatividade no que concerne ao direito agrave sauacutede

apenas repetiu o que haacute havia sido feito na Constituiccedilatildeo de 1946

Ateacute a constituiccedilatildeo de 1967 a assistecircncia meacutedica foi apenas garantida aos trabalhadores

e dependentes vinculados ao sistema previdenciaacuterio

O direito agrave sauacutede como se eacute percebido hoje como um direito de todos e dever do

Estado foi estabelecido na Constituiccedilatildeo de 1988

34 SISTEMA UacuteNICO DE SAUacuteDE

Segundo SILVA JR (1996) na deacutecada de 70 a medicina cientiacutefica foi muito criticada

nos paiacuteses desenvolvidos devido aos seus custos progressivos e sua baixa eficaacutecia relativa no

enfrentamento de problemas da populaccedilatildeo Dessas criacuteticas surgiram propostas que a

racionalizavam integrando-a com a sauacutede puacuteblica Logo os grupos de oposiccedilatildeo ao governo

militar por terem interesses em redemocratizar o paiacutes colocaram-se contra a medicina

cientiacutefica A partir de entatildeo vaacuterios municiacutepios organizaram uma rede de Unidades de Sauacutede

para a atenccedilatildeo primaacuteria em sauacutede Essas experiecircncias formaram a base para o movimento de

reforma sanitaacuteria que segundo SILVA JR (1996) culminou na 8ordf Conferecircncia Nacional de

Sauacutede As diretrizes dessa conferecircncia ganharam texto legal na Constituiccedilatildeo de 1988 e na Lei

Orgacircnica de Sauacutede de 1990

49

O Sistema Uacutenico de Sauacutede ndash SUS foi criado na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e

regulamentado na Lei 8080 de 1990 e Lei 8142 de 1990 Constitui-se em accedilotildees e serviccedilos

puacuteblicos de sauacutede integrados em uma rede regionalizada e hierarquizada e com os seguintes

princiacutepios

1) Universalidade ndash todo cidadatildeo tem direito ao acesso a todos os tipos de serviccedilos

puacuteblicos (estatais ou privados conveniados ou contratados) e o sistema deve garantir

esse direito

2) Equumlidade ndash igualdade com justiccedila onde as diferenccedilas satildeo consideradas e recebem

tratamento igualitaacuterio acesso de todos natildeo importando o estrato social ou condiccedilatildeo

econocircmica

3) integralidade ndash a pessoa deve ser percebida como um todo e integrante de uma

comunidade de um meio ambiente e as unidades prestadoras de serviccedilos devem ser

capazes de prestar assistecircncia integral

Este princiacutepio do SUS tem uma relevacircncia digna de comentario Atualmente muito se

fala em meio ambiente e por certo a espeacutecie Homo sapiens estaacute inserida nesta discussatildeo pois

dentre a todas as espeacutecies que habitam o planeta eacute a uacutenica que traz consequumlecircncias marcantes

para a continuidade de vida na Terra Usuaacuterio de inteligecircncia forccedila e poder exerce crescente

impacto nos ecossistemas Analisando-se esse princiacutepio do SUS pode-se ver que a

integralidade que leva em consideraccedilatildeo o homem como pessoa natildeo o dissocia do seu eu

interno seu trabalho e sua cultura Logo o considera como individuo que faz parte do seu

meio e eacute tambeacutem produto do meio que o cerca Nem que seja apenas agrave niacutevel psicoloacutegico e

comportamental

Retomando o SUS LEITE (1997) diz que a atenccedilatildeo agrave sauacutede da populaccedilatildeo compreende

trecircs grandes campos

1) Assistecircncia ndash atividades dirigidas agraves pessoas individual ou coletivamente e que satildeo

prestadas no acircmbito domiciliar ambulatorial e hospitalar

2) Intervenccedilotildees ambientais ndash monitoramento das relaccedilotildees interpessoais e das condiccedilotildees

sanitaacuterias nos ambientes de vida e de trabalho controle de vetores e hospedeiros

operaccedilatildeo de sistemas de saneamento ambiental

3) Poliacuteticas puacuteblicas ndash poliacuteticas externas ao setor de sauacutede que podem provocar

mudanccedilas nos determinantes sociais do processo sauacutede-doenccedila das coletividades

questotildees relativas agraves poliacuteticas macroeconocircmicas ao emprego agrave habitaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo

ao lazer e agrave disponibilidade e qualidade dos alimentos

50

Em contraponto agrave sauacutede nas demais Constituiccedilotildees anteriores na de 1988 as trecircs

esferas de governo Uniatildeo Estados e Municiacutepios tecircm igual responsabilidade de garantir o

direito que LEITE (1997) chama de direito de cidadania

As diretrizes baacutesicas do Sistema Uacutenico de Sauacutede

1) Descentralizaccedilatildeo ndash teacutecnica administrativa e financeira da gestatildeo Os serviccedilos de sauacutede

tecircm que estar sob gestatildeo municipal ficando o a Uniatildeo com os grandes serviccedilos de

referecircncia em articulaccedilatildeo extremas e com a coordenaccedilatildeo das poliacuteticas formar bancos

de dados etc

2) Financiamento ndash Tem que haver garantias de recursos puacuteblicos para o financiamento

Para isso o SUS eacute financiado por toda a sociedade de forma direta e indireta mediante

recursos proveniente dos orccedilamentos da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal dos

Municiacutepios e das seguintes contribuiccedilotildees sociais

a) Dos empregadores incidente sobre a folha de salaacuterios o faturamento e

o lucro

b) Dos trabalhadores

c) Sobre a receita de concurso de prognoacutesticos

3) Participaccedilatildeo social ndash atraveacutes das conferecircncias e conselhos de sauacutede onde a populaccedilatildeo

pode participar atraveacutes de

a) Processos de comunicaccedilatildeo e educaccedilatildeo

b) Utilizaccedilatildeo dos meios de comunicaccedilatildeo

c) Atividades comunitaacuterias

d) Conselhos locais

4) Fundo de sauacutede ndash Uma conta especial onde satildeo creditados todos os recursos recebidos

do proacuteprio municiacutepio do Estado da Uniatildeo ou de qualquer outra fonte de recurso ateacute

mesmo doaccedilotildees Esta eacute uma forma exclusiva controlar o uso dos recursos para

destinaccedilatildeo e gestatildeo do proacuteprio SUS garantindo que natildeo haja utilizaccedilatildeo ou desvio de

verbas para outra aacuterea social

5) Conselho de sauacutede ndash Tambeacutem como exigecircncia legal prevecirc a participaccedilatildeo das pessoas

nas decisotildees levando a um controle social dos serviccedilos puacuteblicos

6) Conferecircncia de sauacutede ndash Cada esfera de governo deve realizar a cada quatro anos no

miacutenimo uma conferecircncia de sauacutede e nesta se reuacutenem pessoas representantes de todos

os segmentos da sociedade juntamente com os teacutecnicos os profissionais de sauacutede as

instituiccedilotildees de sauacutede e os administradores puacuteblicos para discutir a situaccedilatildeo de sauacutede

de uma cidade ou estado ou do Brasil

51

7) Plano diretor de sauacutede ndash onde satildeo norteadas questotildees como

a) Levantamento da situaccedilatildeo em sauacutede com determinaccedilatildeo dos problemas

b) Definiccedilatildeo de accedilotildees

c) Anaacutelise dos obstaacuteculos para implementar o plano e estabelecimento de

estrateacutegias

d) Implementaccedilatildeo acompanhamento e avaliaccedilatildeo das accedilotildees

8) Comissatildeo de Plano de cargos carreiras e salaacuterios ndash Uma prefeitura tem como

atividade principal a prestaccedilatildeo de serviccedilos e o recurso que deve ser mais valorizado

satildeo seus funcionaacuterios

9) Relatoacuterios de gestatildeo ndash Servem para avaliar o que se tem conseguido e retratar as

metas Neles incluem a quantidade de serviccedilos produzidos e tambeacutem a sua qualidade

Com este comentaacuterio sobre o SUS tenta-se mostrar um pouco do que ele eacute para que

haja uma compreensatildeo maior quando da abordagem do problema da crise ambiental e o meio

ambiente que o homem vive Meio ambiente sob o prisma que se olha leva em consideraccedilatildeo

o SUS uma vez que eacute no seu contexto que os atores desta pesquisa tecircm suas interaccedilotildees

sociais e fundamentam sua existecircncia em relaccedilatildeo ao meio ambiente que os cerca

52

CAPIacuteTULO QUATRO

PROBLEMAS SOacuteCIO-AMBIENTAIS

41 CIDADANIA

ALIER (1998) eacute feliz na sua afirmaccedilatildeo quando vincula degradaccedilatildeo da qualidade de

vida tanto no acircmbito rural como no urbano agrave crise ambiental Esta crise eacute uma crise

planetaacuteria e com suas particularidades de regiatildeo em regiatildeo estaacute sendo sentida e percebida

pelos povos A sociedade se levanta mundialmente em buscar da qualidade de vida sauacutede

educaccedilatildeo participaccedilatildeo social etc A luta pelo meio ambiente e as condiccedilotildees de vida do ser

humano da atualidade eacute um exemplo de que as mudanccedilas tecircm afetado o planeta Terra como

um todo

Uma das mais expressivas transformaccedilotildees ambientais da atualidade eacute o avanccedilo do

processo de favelizaccedilatildeo que segundo DAVIS (2006) a favelas seratildeo as cidades do futuro

que em vez de serem feitas de vidro e accedilo seratildeo construiacutedas em grande parte de tijolo

aparente palha plaacutestico reciclado blocos de cimento e restos de madeira

Satildeo transformaccedilotildees ambientais na medida em que ao ocuparem parcelas consideraacuteveis

do solo urbano o fazem sem criteacuterio de ocupaccedilatildeo onde a propriedade natildeo eacute levada em

consideraccedilatildeo Eacute transformaccedilatildeo ambiental pois afeta o microclima local sendo difiacutecil se pensar

em arborizaccedilatildeo em favela Eacute problema ambiental pois as habitaccedilotildees ocupam aacutereas de

encostas beira de rios terrenos baixos e alagaacuteveis satildeo zonas onde a violecircncia explode

continuamente onde existe hora para se chegar para se viver onde constantemente a vida

corre risco de existecircncia e paradoxalmente onde a vida pulsa sem se cansar

Mal servida de aacutervores faltam favelas que tenha uma boa distribuiccedilatildeo de aacutervores Sem

duacutevida eacute uma luta por existir uma luta por fincar raiacutezes por pertencer a um lugar Mesmo que

encorajados pela falta de poliacuteticas Estatais com relaccedilatildeo a moradia e porque eacute mais perto do

local de trabalho ou porque algueacutem da famiacutelia jaacute ocupa algum imoacutevel ou porque o poder

aquisitivo permite a aquisiccedilatildeo de um imoacutevel justamente naquele espaccedilo Eacute transformaccedilatildeo

ambiental pois a favela eacute uma cidade dentro da cidade onde o Poder Puacuteblico demora a chegar

ou quando se chega Eacute problema ambiental pois as pessoas que ali residem tecircm dificuldades

53

de manter e preservar sua cidadania eacute um lugar onde existe altas taxas de excluiacutedos sociais

com baixos iacutendices de escolaridade onde trabalhadores tem que sustentar famiacutelia de 3 a 5

pessoas ou mais

Com isso tem-se visto que natildeo soacute o movimento civil organizado (pesquisadores

poliacuteticos paiacuteses) tem se levantado em busca de alguma soluccedilatildeo mas tambeacutem as massas

mediante participaccedilatildeo em ONG e pequenos grupos que estatildeo se inserindo no movimento

organizado Eacute a busca pela qualidade do ar da aacutegua pela renda pelo transporte a busca pelo

direito de amamentar seus filhos enquanto ainda em tenra idade A busca pelo direito de ter

direito ou seja porque natildeo dizer em CIDADANIA

O que eacute cidadania Fazendo uma leitura atenta deste termo entre os diversos autores

que o abordam dentro de suas linguagens se extrai o entendimento de que a cidadania eacute um

processo em execuccedilatildeo

Segundo VIEIRA (2001) a Repuacuteblica moderna natildeo inventou a cidadania Esta se

origina na Repuacuteblica Velha isto eacute ainda na eacutepoca romana que naquela eacutepoca tinha um

contexto de pertencimento a uma cidade ser membro pleno com direitos individuais

Nos anos de 1776 e 1789 durante as Revoluccedilotildees Americana e Francesa com o retorno

ao ideal republicano da Antiguidade promovido pelo renascimento a construccedilatildeo da cidadania

enfrentou trecircs problemas que a levou a se diferenciar da cidadania antiga O primeiro

problema foi a edificaccedilatildeo do Estado com as separaccedilotildees das instituiccedilotildees poliacuteticas e da

sociedade civil no interior de territoacuterios O segundo problema foi o regime de governo Onde

jaacute no renascimento houve um pensamento coletivo sobre o ideal republicano que leva a

inseparaacutevel ideacuteia de isonomia e de igualdade E o terceiro problema foi a sociedade ateacute entatildeo

natildeo ter direitos Natildeo havia direitos humanos

Com uma expressatildeo forte de teoacutericos como Rousseau Constant dentre outros foi-se

construindo o termo cidadania e seu campo de abrangecircncia Obviamente influenciada pela

nova formaccedilatildeo cultural comercial pela dinacircmica da sociedade em que viviam

Jaacute no seacuteculo XVIII e XIX a cidadania ficou restrita ao espaccedilo territorial da Naccedilatildeo onde

seria composta dos direitos civis e poliacuteticos e dos direitos sociais

Falar em cidadania eacute pensar que existem dentro deste conceito direitos de primeira

segunda terceira e quarta geraccedilatildeo Os direitos de primeira geraccedilatildeo satildeo exemplificados como

direitos civis e poliacuteticos os de segunda geraccedilatildeo com os direitos sociais A partir dos direitos

de terceira geraccedilatildeo haacute um deslocamento para a coletividade para grupos de pessoas que

compotildee a sociedade como por exemplo a autodeterminaccedilatildeo dos povos direito ao

desenvolvimento direito agrave paz AO MEIO AMBIENTE e estes satildeo direitos difusos

54

Os direitos de quarta geraccedilatildeo estatildeo relacionados agrave bioeacutetica que satildeo verdadeiros

entraves para impedir a destruiccedilatildeo da vida e regular a criaccedilatildeo de novas formas de vida em

laboratoacuterio pela engenharia geneacutetica

Segundo VIEIRA (2001)

ldquoA cidadania surge como uma nova forma de definiccedilatildeo da ideacuteia de direitos onde o cidadatildeo passa a ter o direito de ter direitos Incluindo o surgimento de direitos como a autonomia sobre o proacuteprio corpo a moradia e a PROTECcedilAtildeO AMBIENTAL direitos indispensaacuteveis numa sociedade moderna mas que natildeo vigoram dentro do nosso Estadordquo

Segundo o mesmo autor

ldquoA nova cidadania natildeo deseja ser apenas uma forma de integraccedilatildeo social indispensaacutevel para a manutenccedilatildeo do capitalismo ela deseja a constituiccedilatildeo de sujeitos sociais ativos que definam quais satildeo os seus direitos a nova cidadania exige uma nova sociedade onde eacute necessaacuteria uma maior igualdade nas relaccedilotildees sociais novas regras de convivecircncia social e um novo sentido de responsabilidade puacuteblica onde os cidadatildeos satildeo reconhecidos como sujeitos de interesses vaacutelidos de aspiraccedilotildees pertinentes e direitos legiacutetimosrdquo

42 MEIO AMBIENTE

Nesta seccedilatildeo para falar de meio ambiente opta-se por escrever um pouco sobre o que eacute

ecologia visto que satildeo assuntos intimamente relacionados no contexto deste trabalho

Comeccedilando entatildeo com ecologia vecirc-se que esta entra em pauta jaacute em 1866 com um

trabalho de Haeckel LAGO et al (1985) intitulado Morfologia Geral dos Organismos

Obviamente haacute uma grande distacircncia que separa a proposta desse autor ao que hoje em dia

trata-se de ecologia com desdobramento em meio ambiente

Ecologia eacute o estudo da interaccedilatildeo dos organismos interagem uns com os outros e com

seu ambiente natildeo-vivo Examina as conexotildees na natureza tentando entender as interaccedilotildees

entre organismos populaccedilotildees comunidades ecossistemas e biosfera

55

Houve uma evoluccedilatildeo no que refere a utilizaccedilatildeo da ecologia ateacute os dias atuais O

mundo passou a usar o termo ecologia para identificar um amplo e variado movimento social

Ecologia natildeo eacute usada somente para designar uma disciplina cientiacutefica mas tambeacutem para

nomear um amplo e variado movimento social Logo tem-se hoje em dia algumas divisotildees da

ecologia e dentro de cada divisatildeo uma variedade imensa de atividades a serem desenvolvidas

e as que jaacute foram feitas Esses campos satildeo sumariamente

a) A Ecologia Natural que procura entender as leis que regem a dinacircmica de vida

da natureza E se utiliza da Fiacutesica Quiacutemica Geologia etc Ao investigar o sistema

de relacionamento que forma o ecossistema a Ecologia Natural procura perceber

quais satildeo as regras do seu funcionamento

b) A Ecologia Social que surge a partir da constataccedilatildeo de que os efeitos da

degradaccedilatildeo ambiental provocam sobre os trabalhadores diversas consequumlecircncias

nefandas colocando em relaccedilatildeo o industrialismo e os limites naturais inclusive o

impacto humano sobre as outras espeacutecies Este grande potencial desequilibrador

ameaccedila a proacutepria permanecircncia dos sistemas naturais A accedilatildeo humana sobre o meio

eacute socialmente diferenciada e se baseia em motivaccedilotildees altamente complexas

ldquoA construccedilatildeo de um luxuoso palaacutecio por exemplo que consome um grande potencial de recursos naturais natildeo tem como motivo apenas a satisfaccedilatildeo da necessidade de abrigo para algueacutem A determinaccedilatildeo de construiacute-lo envolve um conjunto de fatores sociais complexos como por exemplo os padrotildees culturais o sistema poliacutetico os mecanismos de dominaccedilatildeo social os siacutembolos de status etc eacute o conjunto desse tipo de fatores que faz com que o impacto humano sobre o meio seja muito mais intenso do que aquele que seria determinado pelas meras necessidades fiacutesicasrdquo

LAGO et al (2000)

c) O Conservacionismo que nasce da percepccedilatildeo da capacidade de o homem

destruir o meio ambiente E nessa linha haacute algumas ONGrsquos importantes inseridas

com vasta produtividade e presenccedila nos veiacuteculos de comunicaccedilatildeo Ex Greenpeace

SOS Mata Atlacircntica WWF etc

56

d) Por uacuteltimo eacute o Ecologismo segundo ALIER (1998)

ldquoEacute um projeto poliacutetico de transformaccedilatildeo social calcado em princiacutepios ecoloacutegicos e no ideal de uma sociedade natildeo opressiva e comunitaacuteria A ideacuteia central do ecologismo eacute de que a resoluccedilatildeo da atual crise ecoloacutegica natildeo poderaacute ser concretizada apenas com medidas parciais de conservaccedilatildeo ambiental mas sim atraveacutes de uma ampla mudanccedila na economia na cultura e na proacutepria maneira de os homens se relacionarem entre si e com a naturezardquo

O Ecologismo natildeo tem apenas a preocupaccedilatildeo em garantir a sobrevivecircncia da espeacutecie

humana mas sim em ldquoGarantir a sobrevivecircncia pela construccedilatildeo de formas sociais e

culturais que permitam a existecircncia de uma sociedade natildeo-opressiva igualitaacuteria fraterna e

libertaacuteriardquo ALIER (1998)

O Ecologismo eacute um projeto poliacutetico e filosoacutefico abrindo um diaacutelogo com a sociedade

em geral desvelando inclusive partidos poliacuteticos de tendecircncia verde Mas isso nem sempre eacute

visiacutevel Ele eacute uma via de soluccedilatildeo para os conflitos distributivos econocircmico-ecoloacutegico O

Ecologismo tem sua origem como uma benesse de classes ldquomais favorecidasrdquo e estava

totalmente desvinculado da tradiccedilatildeo de solidariedade universal que tem hoje Jaacute o Ecologismo

que ALIER (1998) chama de ldquoEcologismo dos Pobresrdquo nasce da contradiccedilatildeo entre e

economia de valor de uso e a economia do lucro da expansatildeo do crescimento Em um

mesmo paiacutes pode haver uma reuniatildeo dos dois tipos de ecologismos interagindo mutuamente

O referido autor eacute agrave favor de uma escola a qual denomina Neonarodnismo Ecoloacutegico

Essa escola analisa contribuiccedilotildees que versam sobre Ecologia como ciecircncia implicada no

manejo dos recursos naturais conservaccedilatildeo da biodiversidade Nele afirma-se que o sujeito

potencial do ecologismo natildeo eacute somente o campesinato com tambeacutem os habitantes das cidades

Segundo um ensaio escrito para o Banco Mundial em 1988 e reescrito para a

Conferecircncia sobre Sociedade e Meio Ambiente El Coleacutegio de Michoacaacuten 1991

ldquoAgrave primeira vista os conservacionistaslutam para que os ursinhos panda ou as baleias azuis natildeo desapareccedilam Por muito simpaacutetico que pareccedilam agraves pessoas comuns estas consideram que haacute coisas mais importantes com que se preocupar por exemplo como conseguir o patildeo de cada diardquo

57

Por mais que extremista que uma afirmaccedilatildeo desta pode ser ela natildeo deixa de revelar

um conteuacutedo real quanto a uma gama imensa de seres humanos cidadatildeos ou natildeo que estatildeo agrave

margem de qualquer processo econocircmico revela um vieacutes de que natildeo se deve cair no conto de

que o pobre polui e degrada mais do que um rico O pobre tem sua participaccedilatildeo sim na

destruiccedilatildeo do meio ambiente e deveria se conscientizar disso Mas um fato natildeo deixa mentir

que por ser dono dos instrumentos de trabalho da manipulaccedilatildeo da economia a seu favor

tendo meio teacutecnicos adequados para isso os ricos tecircm uma capacidade maior de trazer

destruiccedilatildeo ao meio ambiente E muita das vezes estes vivem bem longe de onde as

atrocidades ambientais estatildeo acontecendo

E meio ambiente o que venha a ser

Segundo o Vocabulaacuterio baacutesico de meio ambiente haacute definiccedilotildees acadecircmicas e

definiccedilotildees legais para meio ambiente e algumas delas bastante limitadas outras nem tanto

Definiccedilatildeo acadecircmica

1) ldquoAs condiccedilotildees influecircncia ou forccedilas que envolvem e influem ou modificam o

complexo de fatores climaacuteticos edaacuteficos e bioacuteticos que atuam sobre um organismo

vivo ou uma comunidade ecoloacutegica e acaba por determinar sua forma e sua

sobrevivecircncia a agregaccedilatildeo das condiccedilotildees sociais e culturais (costumes leis idioma

religiatildeo e organizaccedilatildeo poliacutetica e econocircmica) que influenciam a vida de um indiviacuteduo

ou de uma comunidaderdquo (Websterrsquos 1976 in FEEMA 1992)

2) O conjunto dos agentes fiacutesicos quiacutemicos bioloacutegicos e dos fatores sociais

susceptiacuteveis de terem um efeito direto ou indireto imediato ou a termo sobre os

seres vivos e as atividades humanasrdquo (Poutrel amp Wasserman 1977 in FEEMA

1992)

3) ldquoA soma das condiccedilotildees externas e influecircncias que afetam a vida o desenvolvimento

e em uacuteltima anaacutelise a sobrevivecircncia de um organismordquo (The World Bank 1978 in

FEEMA 1992)

4) ldquoO conjunto do sistema externo fiacutesico e bioloacutegico no qual vivem o homem e os

outros organismosrdquo (PNUMA apud SAHOP 1978 in FEEMA 1992)

5) ldquoO ambiente fiacutesico-natural e suas sucessivas transformaccedilotildees artificiais assim como

seu desdobramento espacialrdquo (Sunkel apud Carrizosa 1981 in FEEMA 1992)

58

6) ldquoO conjunto de todos os fatores fiacutesicos quiacutemicos bioloacutegicos e soacutecio-econocircmicos que

atuam sobre um indiviacuteduo uma populaccedilatildeo ou uma comunidaderdquo (Iacutenterim Mekong

Committee 1982 in FEEMA 1992)

E as definiccedilotildees legais satildeo

1) ldquoConsideram-se como meio ambiente todas as aacuteguas interiores ou costeiras

superficiais e subterracircneas o ar e o solordquo (Decreto-lei ndeg 13475 ndash Estado do Rio de

Janeiro in FEEMA 1992)

2) ldquoMeio ambiente ndash o conjunto de condiccedilotildees leis influecircncias e interaccedilotildees de ordem

fiacutesica quiacutemica e bioloacutegica que permite abriga e rege a vida em todas as suas

formasrdquo (Lei 693881 ndash Brasil in FEEMA 1992)

3) ldquoConsidera-se ambiente tudo o que envolve e condiciona o homem constituindo o seu

mundo e daacute suporte material para a sua vida biopsicossocialSeratildeo considerados

sob esta denominaccedilatildeo para efeito deste regulamento o ar a atmosfera o clima o

solo e o subsolo as aacuteguas interiores e costeiras superficiais e subterracircneas e o mar

territorial bem como a paisagem fauna a flora e outros fatores condicionantes agrave

salubridade fiacutesica e social da populaccedilatildeordquo (Decreto ndeg 2868782 ndash Estado da Bahia in

FEEMA 1992)

4) ldquoEntende por meio ambiente o espaccedilo onde se desenvolvem as atividades humanas e

a vida dos animais e vegetais (Lei 777280 ndash Estado de Minas Gerais in FEEMA

1992

5) ldquoEacute o sistema de elementos bioacuteticos abioacuteticos e soacutecio-econocircmicos com o qual

interage o homeme de vez eu se adapta ao mesmo o transforma e o utiliza para

satisfazer suas necessidadesrdquo (Lei 3380 ndash Repuacuteblica de Cuba in FEEMA 1992)

6) ldquoAs condiccedilotildees fiacutesicas que existem numa aacuterea incluindo o solo a aacutegua o ar os

minerais a flora a fauna o ruiacutedo e os elementos de significado histoacuterico ou esteacuteticordquo

(California Environmental Quality Act 1981)

59

7) ldquoTodos os aspectos do ambiente do homem que o afetem como indiviacuteduo ou que

afetem os grupos sociaisrdquo (Environmental Protection Act 1975 Austraacutelia)

8) ldquoO conjunto de elementos naturais artificiais ou induzidos pelo homem fiacutesicos

quiacutemicos e bioloacutegicos que propiciem a sobrevivecircncia transformaccedilatildeo e

desenvolvimento de organismos vivosrdquo (Ley Federal de Proteccioacuten al Ambiente de

82 Meacutexico)

9) ldquoMeio ambiente significa (1) o ar o solo a aacutegua (2) as plantas e os animais

inclusive o homem (3) as condiccedilotildees econocircmicas e sociais que influenciam a vida do

homem e da comunidade (4) qualquer construccedilatildeo maacutequina estrutura ou objeto e

coisas feitas pelo homem (5) qualquer soacutelido liacutequido gaacutes odor calor som vibraccedilatildeo

ou radiaccedilatildeo resultantes direta e indiretamente das atividades do homem (6) qualquer

parte ou cominaccedilatildeo dos itens anteriores e as inter-relaccedilotildees de quaisquer dois ou mais

delesrdquo (Bill ndeg 14 ndash Ontaacuterio Canadaacute)

A Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil de 1988 dispotildee

ldquoTodos tem direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado bem de uso comum do povo e essencial agrave sadia qualidade de vida impondo-se ao Poder Puacuteblico o dever de defendecirc-lo e agrave coletividades o de preservaacute-lo para as presentes e futuras geraccedilotildeesrdquo

A constituiccedilatildeo do Estado do Rio de Janeiro de 1989 dispotildee no Artigo 258

ldquoTodos tecircm direito ao meio ambiente ecologicamente saudaacutevel e equilibrado bem de uso comum do povo e essencial agrave qualidade de vida impondo-se a todos em especial ao Poder Puacuteblico o dever de defendecirc-lo zelar por sua recuperaccedilatildeo e proteccedilatildeo em benefiacutecio das geraccedilotildees atuais e futurasrdquo

Essas satildeo as definiccedilotildees pelo menos oficiais para a palavra meio ambiente Mas na

verdade o que ocorre nos dias atuais eacute que cada aacuterea do conhecimento estaacute se apossando do

termo meio ambiente ou desenvolvimento sustentaacutevel e ao se utilizarem o levam para seus

60

campos de atuaccedilatildeo Isto pode ser tornar um problema para a ciecircncia ambiental uma vez que

ainda e de fato educaccedilatildeo ambiental eacute virtual para a grande maioria da populaccedilatildeo e estas satildeo

manipuladas pela massificaccedilatildeo contiacutenua dos meios de comunicaccedilatildeo de massa E o espaccedilo

nesses sendo um produto vendaacutevel A populaccedilatildeo fica agrave mercecirc de uma construccedilatildeo fictiacutecia do

termo sustentabilidade e meio ambiente

Esse reclame da palavra meio ambiente pelas diversas categorias profissionais traz no

fundo uma verdadeira confusatildeo para o leigo ou pessoas formadoras de opiniatildeo e com isso

podem atrasar atividades que possam ser cruciais para o estabelecimento de prioridades em

meio ambiente do qual tem-se conhecimento e falamos

Por isso que as decisotildees precisam ser tomadas e encaminhadas por pessoas com ldquoknow

howrdquo na aacuterea ou seja por teacutecnicos com soacutelida formaccedilatildeo em ciecircncia ambiental como um todo

para que natildeo aja vaacutecuos no conteuacutedo de meio ambiente a ser veiculado e muito menos em leis

e resoluccedilotildees que muito prejudicam o entendimento e execuccedilatildeo de atividades em sua proteccedilatildeo

4 3 A FAVELIZACcedilAtildeO

O que eacute favela Parece oportuno defini-la e eacute certamente mais faacutecil fazecirc-lo a partir do

que ela natildeo eacute ou pelo que ela natildeo tem Haacute um consenso de que eacute um espaccedilo destituiacutedo de

infra-estrutura urbana como diz SOUZA e SILVA (2008) ldquoSem aacutegua luz esgoto coleta de

lixo sem arruamento globalmente miseraacutevel sem ordem sem lei sem regras sem moral

enfim a expressatildeo do caosrdquo Mas certamente favela natildeo eacute soacute isso talvez o seja no imaginaacuterio

social da populaccedilatildeo que vive fora daquela realidade ou de repente das diversas instituiccedilotildees do

Estado

Segundo o censo de 1950 satildeo consideradas favelas todos os aglomerados urbanos que

possuam total ou parcialmente as seguintes caracteriacutesticas

a) Proporccedilotildees miacutenimas agrupamentos prediais ou residenciais formados com unidades

de nuacutemero geralmente superior a 50

b) Tipo de habitaccedilatildeo predominacircncia no agrupamento de casebres ou barracotildees de

aspecto ruacutestico construiacutedos principalmente de folhas de flandres chapas zincadas

taacutebuas ou materiais semelhantes

c) Condiccedilatildeo juriacutedica de ocupaccedilatildeo construccedilotildees sem licenciamento e sem fiscalizaccedilatildeo em

terrenos de terceiros ou de propriedade desconhecida

61

d) Melhoramentos puacuteblicos ausecircncia no todo ou em parte de rede sanitaacuteria luz

telefone e aacutegua encanada

e) Urbanizaccedilatildeo aacuterea natildeo urbanizada com falta de arruamento numeraccedilatildeo ou

sinalizaccedilatildeo

Desde essa eacutepoca muito tem se modificado e o conceito tem tornado-se mais amplo

hoje em dia alguns toacutepicos que levavam a pensar o conceito modificou completamente por

exemplo hoje com alguns programas do Estado tem-se favelas com arruamento numeraccedilatildeo

Umas tecircm rede sanitaacuteria luz telefone e aacutegua encanada Haacute mais o predomiacutenio de residecircncia

de alvenarias ao inveacutes de taacutebuas e folhas zincadas etc

Para o Censo de 2000 favela eacute definida como

ldquoAglomerado subnormal constituiacutedo de no miacutenimo 51 unidades habitacionais ocupando ou tendo ocupado ateacute periacuteodo recente terreno de propriedade alheia dispostas em geral de forma desordenada e densa bem como carentes em sua maioria de serviccedilos puacuteblicos essenciaisrdquo

DAVIS (2006) afirma que o Brasil eacute terceiro paiacutes em nuacutemero de favelas e eacute triste

reconhecer que apesar desta colocaccedilatildeo o IBGE mostra que as iniciativas puacuteblicas para

enfrentar o problema satildeo cada vez mais escassas Por exemplo no ano de 2004 81 dos

municiacutepios informaram ter projetos de investimento na aacuterea de habitaccedilatildeo e em 2005 foram

apenas 675 Ou seja essa taxa vem caindo vertiginosamente ao longo dos anos E isso

soma-se ao fato da populaccedilatildeo que vive em favelas ter crescido em 45 entre 1991 e 2000

que foi trecircs vezes superior a meacutedia de crescimento demograacutefico do paiacutes As previsotildees satildeo

bastante sombrias estimando o IBGE estima que para o ano de 2020 o paiacutes teraacute 55 milhotildees

de pessoas morando em favelas

Conceituar favela natildeo eacute uma tarefa tatildeo faacutecil assim segundo o Ministeacuterio das Cidades a

categorizaccedilatildeo do que seja favela para o IBGE eacute ainda restrito uma vez que deixa de fora

pessoas vivendo de outras formas como por exemplo ocupaccedilotildees loteamentos irregulares e

clandestinos E faz um alerta de que soacute estas categorias aleacutem do que se eacute considerado

formalmente como favela aumentam em muito estatisticamente o nuacutemero de pessoas com

consequumlente reflexo nas poliacuteticas puacuteblicas Logo a tomada de decisotildees poliacutetico-econocircmicas

baseadas no consenso do que seja favela pelo IBGE eacute estar trabalhando com um universo

restrito da realidade brasileira Para TORRES e MARQUES (2008) a grandeza dos nuacutemeros

62

envolvidos eacute de suma importacircncia pois na maioria das vezes os dados produzidos implicam

nuacutemeros subestimados das populaccedilotildees

O conceito de favela vai aleacutem dessas definiccedilotildees por vezes um tanto eletistas

confeccionadas por pessoas que natildeo tecircm vivecircncia alguma com o mundo da favela Essas

definiccedilotildees satildeo oacutetimas para deixar de lado o potencial social que ela constitui Segundo

RIBEIRO e LAGO (2008) a utilizaccedilatildeo frequumlente pela miacutedia de metaacuteforas ldquocidade partidardquo

ldquodesordem urbanardquo vem dotando a concepccedilatildeo dualista da favela de legitimidade social

A favela com um dinamismo caracteriacutestico tem um ordenamento espacial proacuteprio

Vaacuterias satildeo as ldquoLeisrdquo que preenchem espaccedilos deixados pelo Poder Puacuteblico Essas Leis

referem-se ao horaacuterio de circulaccedilatildeo sobre o direito de ir e vir sobre a definiccedilatildeo de quem eacute

morador de fato sobre a transferecircncia de titularidade de imoacuteveis Funciona como se houvesse

uma cidade dentro da cidade como se houvesse um poder paralelo de fato que gerencia mas

natildeo congrega e muito menos eacute paternalista

Um exemplo eacute a distribuiccedilatildeo de tipos de moradias segundo um zoneamento natildeo muito

claro e tatildeo pouco regulamentado oficialmente nas favelas verticais eacute costume encontrar

moradores mais antigos migrando para as partes mais baixas da favela e os receacutem chegados

ocupando moradias nas partes mais altas Ou no caso de favelas horizontais haacute as ldquoaacutereas

nobresrdquo mais proacuteximas da malhas viaacuterias urbana O que eacute praticamente influenciado pelo

poder aquisitivo desses moradores quanto pelas pressotildees externas aos mesmos Nas favelas

verticais haacute ainda mais um agravante aacutereas decididamente de risco e insalubres satildeo divididas

e ocupadas por uacuteltimo e por pessoas sem qualquer forma econocircmica de sobrevivecircncia digna

Ali encontram-se verdadeiramente os barracos de madeira sem revestimento e tendo o chatildeo

ldquobatidordquo como de piso onde a umidade e a lama satildeo o dia-a-dia dos seus moradores

Esse eacute um zoneamento definidor de grande segregaccedilatildeo Nele a solidariedade eacute o

uacuteltimo recurso com que seus moradores podem contar

Pesquisando-se o termo favela uma curiosidade natildeo pocircde passar sem ser percebida eacute

um termo que migrou com os soldados combatentes na guerra de Canudos no interior da

Bahia e que se difundiu no Rio de Janeiro a partir da ocupaccedilatildeo do morro da Providecircncia Os

soldados em campanha contra Antonio Conselheiro passaram a chamar o morro da

Previdecircncia de morro da Favela Segundo CRUZ (1941) apud Cabral (1996)

ldquoterminara a luta na Bahia Regressavam as tropas () Muitos soldados vieram acompanhados de suas lsquocabrochasrsquo Eles tiveram que arranjar moradas () As cabrochas eram naturais de uma serra chamada Favela no municiacutepio de

63

Monte Santo naquele estado Falavam muito sempre da sua Bahia do seu morro E ficou a Favela nos morros cariocas Primeiro na aba da Providecircncia morro em que jaacute morava uma numerosa populaccedilatildeo depois foi subindo virou para o outro lado para o Livramento Nascera a Favela 1897

A existecircncia de favela em solo brasileiro e especificamente no Rio de Janeiro apesar

de ser um evento com mais de cem anos tem sofrido um boom de disseminaccedilatildeo a partir da

deacutecada de 80 com o esgotamento do padratildeo de financiamento da economia brasileira que

havia se consolidado nos anos 40 Esse financiamento se assentava em trecircs supostos

a) Investimento direto dos oligopoacutelios dos paiacuteses centrais

b) O padratildeo de financiamento se assentava num conjunto de fundos puacuteblicos que foram

montados durante o poacutes-guerra com mecanismos diversos de ampliaccedilatildeo das bases

fiscais do Estado brasileiro

c) O acesso ao mercado internacional de creacutedito que emergiu nos fins dos anos 60 e se

expandiu aceleradamente nos 70

Ateacute 1940 a presenccedila da favela natildeo chama a atenccedilatildeo De acordo com o plano Agache

ela natildeo ocupa um lugar importante De acordo como inqueacuterito da SAGMACS ldquoNa estatiacutestica

predial do Distrito Federal de 1933 o crescimento da populaccedilatildeo dos morros natildeo dava para

impressionar soacute a partir de 1933 a favela comeccedila a marcar a paisagem cariocardquo E com isso

passa a emergir como espaccedilo de habitaccedilatildeo precaacuteria e improvisada do predomiacutenio do ruacutestico

sobre o duraacutevel da ausecircncia de arruamento da escassez de serviccedilos puacuteblicos E soacute aiacute e a

partir daquele momento a favela passa a fazer parte das execuccedilotildees de poliacuteticas puacuteblicas

impostas pelo oacutergatildeo gestores municipais

O Rio de Janeiro se apresenta como o foco principal do processo de favelizaccedilatildeo por ter

sido a primeira cidade do Paiacutes primeiro mercado nacional e internacional primeiro centro

industrial Por ter sido a Capital Federal o Rio de Janeiro e por ter sido um dos maiores

mercados de trabalho do Brasil Onde agrave eacutepoca canalizou grande parte do fluxo das migraccedilotildees

internas O ecircxodo rural despejou aproximadamente 400000 pessoas das quais metade veio do

proacuteprio estado e o restante do resto do paiacutes Segundo estatiacutesticas da eacutepoca a populaccedilatildeo urbana

aumentou 516 enquanto a rural diminui em 697

Um dos fatores que justifica essa imigraccedilatildeo de moradores do proacuteprio estado do Rio de

Janeiro para engrossas as fileiras de moradores das favelas cariocas veio da decadecircncia da

64

citricultura que florescia na Baixada Fluminense Com a segunda Guerra Mundial em que as

exportaccedilotildees praticamente pararam o mercado interno natildeo pode absorver essa produccedilatildeo

conformando uma verdadeira crise agriacutecola Esses imigrantes eram compostos na sua grande

maioria de uma classe pobre que se empregaram na construccedilatildeo civil constituindo-se assim o

primeiro elemento determinante da multiplicaccedilatildeo das favelas na deacutecada de 40 Eram pessoas

que natildeo podiam construir uma casa em um terreno proacuteprio nem pagar um aluguel

assalariadas que natildeo podiam resistir as consequumlecircncias da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria e ao

aumento crescente do custo de vida

Em 1945 tornou-se puacuteblico a urgecircncia e gravidade da presenccedila das favelas Com isso

os gestores promoveram um estudo sistemaacutetico sobre as favelas seu recenseamento sua

localizaccedilatildeo natureza das construccedilotildees as condiccedilotildees de vida dos moradores Aquele fora um

ano eleitoral Descobriu-se o potencial de voto naquelas pessoas e a favela passa a ser vista

por um curto periacuteodo de tempo como uma massa eleitoral numerosa concentrada em aacutereas

determinadas e de interesses definidos

Os anos 60 e 70 foram anos muito difiacuteceis para os moradores das favelas Para

CORREIA (2008) naquela eacutepoca dois atores sociais tinham poliacuteticas antagocircnicas que

influenciaram o habitar nas favelas De um lado existia a CODESCO uma integraccedilatildeo entre

governo universidade e comunidade que demonstrava um reconhecimento dos diretos da

populaccedilatildeo favelada e de baixa renda Atraveacutes de alternativas visava integrar as favelas agrave

cidade formal Por outro lado existia a CHISAM do Governo Federal que tinha a missatildeo de

restabelecer o remocionismo como tratamento dominante agraves favelas e contava com parceria

da COHAB e do Governador da eacutepoca Negratildeo de Lima onde 114 favelas foram afetadas

A tabela 2 mostra a evoluccedilatildeo do crescimento do nuacutemero de favelas no municiacutepio do

Rio de Janeiro segundo o Censo 2000

ACSELRAD (2006) mostra que o regime de acumulaccedilatildeo da modernidade eacute baseado

na presenccedila da cidade elo entre a economia local e os fluxos globais satildeo maacutequinas de

crescimento promotoras da competitividade internacional Nos anos 80 as praacuteticas poliacuteticas

sociais foram substituiacutedas por um empreendedorismo urbano e com isso o governo propocircs

novas condiccedilotildees para os processos urbanos passando a envolver tambeacutem atores natildeo-

governamentais privados e semipuacuteblicos

A economia da velocidade e da incerteza associada a uma demanda cada vez menos

previsiacutevel destroacutei e recria em permanecircncia o territoacuterio social Essa nova regulaccedilatildeo urbana

compatiacutevel com a acumulaccedilatildeo flexiacutevel movida pela alta mobilidade espacial do capital

atualiza o papel da cidade como ldquomaacutequina de crescimentordquo

65

Mas em contra-ponto os imperativos de desregulaccedilatildeo requeridos pela acumulaccedilatildeo

flexiacutevel fragmentou o tecido institucional e social urbano tanto numa fragmentaccedilatildeo por

baixo como numa fragmentaccedilatildeo por cima A desregulaccedilatildeo por baixo promoveu um

parcelamento na gestatildeo dos bairros pobres numa descontinuidade fiacutesica gerando competiccedilatildeo

entre as comunidades e no interior das mesmas por recursos escassos

O perfil das cidades na deacutecada de 80 era um espelho do investimento por parte do

estado na deacutecada anterior onde a base fiscal foi sustentada pela criaccedilatildeo de fundos setoriais e

um fundo patrimonial o FGTS eacute um exemplo desse fundo

Com o esfacelamento e desaceleraccedilatildeo econocircmica sobre os fundos setorial e

patrimonial houve uma dependecircncia maior aos financiamentos externos Com o quadro que

emerge na deacutecada em que se denominou de metropolizaccedilatildeo da pobreza com isso houve um

acentuado desenvolvimento urbano desigual que ao inveacutes de eliminar a heranccedila do atraso

reproduziu-a e deu-lhe novas conformaccedilotildees

Eacute um contexto seguido de boons Um deles o da violecircncia urbana seguido do

aprofundamento da desigualdade atraveacutes da reproduccedilatildeo e do engendramento de formas

modernas e arcaicas como exemplo pode-se citar o SFH e BNH que foram criados pelo

regime militar e foram absolutamente fundamentais para a estruturaccedilatildeo e consolidaccedilatildeo do

mercado imobiliaacuterio urbano capitalista

Essa violecircncia que eclodiu no final dos anos 80 e iniacutecio dos 90 com mais visibilidade

na cidade do Rio de Janeiro atraiu atenccedilatildeo para a imensa massa de excluiacutedos do mercado de

trabalho e do mercado de consumo regular aleacutem dos serviccedilos e infra-estrutura urbanos O

desempenho recessivo da economia brasileira durante os anos 80 promoveu uma nova

realidade do que seja cidade e espaccedilo urbano

O investimento de uma vultosa soma de recursos (FGTS e SBPE) no financiamento agrave

habitaccedilatildeo saneamento baacutesico e infra-estrutura urbanos mudou a face das cidades brasileiras

verticalizando aacutereas centrais aumentando o preccedilo da terra dinamizando a promoccedilatildeo e

construccedilatildeo de imoacuteveis diversificando a induacutestria de materiais de construccedilatildeo subsidiando

apartamentos modernos para a classe meacutedia emergente e patrocinando a formaccedilatildeo ou a

consolidaccedilatildeo de grandes empresas nacionais de construccedilatildeo pesada

Apesar de o SFH ter financiado 48 milhotildees de moradias ou praticamente 25 do

incremento do nuacutemero de habitaccedilotildees construiacutedas no Brasil entre 64 e 86 o nuacutemero de

moradores de favelas cresceu acentuadamente no periacuteodo e continua a crescer

A Lei Federal 676679 estabeleceu regras pra o parcelamento solo tambeacutem trouxe

significativa restriccedilatildeo da oferta de moradias para a populaccedilatildeo trabalhadora Fruto da luta de

66

movimentos de moradores de loteamentos irregulares a nova lei atende a uma reivindicaccedilatildeo

popular criminalizaccedilatildeo do loteador ldquoclandestinordquo possibilidade da suspensatildeo do pagamento

para efeito de viabilizar a execuccedilatildeo de obras urbaniacutesticas e atribuiccedilatildeo ao municiacutepio ou o

Ministeacuterio Puacuteblico da representaccedilatildeo das comunidades atraveacutes do interesse difuso

A acentuada concentraccedilatildeo e centralizaccedilatildeo das poliacuteticas e da definiccedilatildeo dos

investimentos em habitaccedilatildeo saneamento e infra-estrutura urbanos durante o regime militar

tiveram consequumlecircncias para a realidade que hoje se vecirc como uma malha ou colcha de retalhos

por sobre o espaccedilo urbano

a) Programas idecircnticos para todo o paiacutes que desconheceram especificidades

ambientais urbanas regionais sociais culturais etc

b) Enfraquecimento do poder local a diretriz de saneamento foi contraacuteria agrave

autonomia municipal reforccedilando empresas puacuteblicas estaduais muitas das quais sob

influecircncia das grandes empreiteiras

c) Projetos faraocircnicos (saneamento) superfaturados e maacute qualidade das construccedilotildees

(habitaccedilatildeo) alimentando o clientelismo e a corrupccedilatildeo

A falecircncia do SFH promoveu o recuo dos investimentos nas aacutereas de habitaccedilatildeo e

saneamento baacutesico durante os anos 80

A conquista da abertura poliacutetica com o fim do regime militar pelos emergentes

movimentos operaacuterios camponecircs e popular urbano natildeo significou a conquista da democracia

econocircmica

A democracia eacute tatildeo somente um meacutetodo de escolha coletiva cujos resultados satildeo

abertos e incertos Ela pode reproduzir efeitos perversos ndash e mesmo potencializar interesses

particulares A expansatildeo do mercado poliacutetico no paiacutes ndash via reiteraccedilatildeo de eleiccedilotildees livres ndash natildeo

foi acompanhada de uma expansatildeo do controle social e da institucionalizaccedilatildeo do sistema

poliacutetico e certamente do ponto de vista agregado parece ter levado a uma expansatildeo do

clientelismo e da ineficiecircncia administrativa

Natildeo eacute surpresa alguma o fato de que a democracia natildeo produziu maior bem-estar ou

equidade nem tampouco produziu poliacuteticas puacuteblicas que revertessem as patologias sociais

associadas com a ordem poliacutetica anterior Por outro lado assiste-se na chamada nova

repuacuteblica a um processo agudo de fragmentaccedilatildeo institucional e agrave paralisia decisoacuteria que

produzem um quadro de cinismo ciacutevico generalizado

A percepccedilatildeo eacute de que o Estado pode ser responsabilizado em larga medida por

empurrar parcela significativa da populaccedilatildeo agrave adotar praacuteticas classificaacuteveis como ilegais que

ele mesmo institui como ilegais sob certa pressatildeo Acselrad (2006) eacute um dos autores que

67

abordam o regime de acumulaccedilatildeo da modernidade que foi endossado pelas poliacuteticas do

Estado

Logo favela eacute um centro soacutecio-habitacional dinacircmico influenciado por suas

demandas e pelo imaginaacuterio dos seus habitantes Nem seu proacuteprio conceito escapa da

dinamicidade que veio se sobrepondo a ela ao longo desses 100 anos de existecircncia E para

ilustrar transcreve-se aqui a expressatildeo artiacutestica de alguns compositores da Muacutesica Popular

Brasileira que atraveacutes das suas letras trouxeram uma documentaccedilatildeo do que seja favela

segundo as formas de verem esta realidade

Favela

Numa vasta extensatildeo Onde natildeo haacute plantaccedilatildeo

Nem ningueacutem morando laacute Cada um pobre que passa por laacute

Soacute pensa em construir seu lar E quando o primeiro comeccedila

Os outros depressa Procuram marcar

Seu pedacinho de terra pra morar () Eacute ali que o lugar entatildeo

Passa a se chamar favela Jorginho e Padeirinho (1966)

Barraco de taacutebua

O morro era um presente de Deus Vivia no abandono

Agora morro tem dono Adeus Salgueiro adeus Desccedilo a ladeira chorando Sem ter a quem reclamar

Se o morro eacute um presente do ceacuteu Deus natildeo tem imposto a cobrar

Inveacutes de barracos destruiacutedos Roupa nova para os morros mal vestidos

Herivelto Martins e Viacutetor Simon (1952)

68

Nestas letras fica patente a percepccedilatildeo que o morador o favelado encara a imensidatildeo de

terra que sem exploraccedilatildeo econocircmica direta serviria de espaccedilo para a construccedilatildeo de moradias

Ou seja a demanda era um pedaccedilo de solo para fincar suas raiacutezes sendo brasileiros e melhor

dizendo moradores da Capital

Em outro ponto se percebe a maneira perversa que o Sistema tinha de fazer com que os

favelados natildeo tornassem dependentes sendo eles mesmos os construtores de suas proacuteprias

residecircncias

E em terceiro momento a poliacutetica empreendida pela a administraccedilatildeo puacuteblica da Capital

que mediante iniciativas desmantela algumas favelas e removem seus moradores para outras

localidades Perdendo talvez sua identidade local

Santuaacuterio no Morro

() Barraco grudado no morro Eacute mais forte drsquoaacutegua ateacute

Barraco na hora do aperto Eacute santuaacuterio de Joseacute Por isso minha nega

Natildeo chora mais em vatildeo Barraco eacute santuaacuterio

Deus natildeo vai jogar no chatildeo

Adilson Godoy (1966)

E exemplificando a dinacircmica social dentro do contexto favela trecircs canccedilotildees escritas na

mesma deacutecada revelam o que se podia esperar sendo um favelado Haacute nitidamente as

carecircncias Mas quem se disporia a dar conta daquela realidade

69

O meu guri

Quando seu moccedilo nasceu meu rebento Natildeo era o momento dele rebentar Jaacute foi nascendo com cara de fome

E eu natildeo tinha nem nome pra lhe dar Como fui levando natildeo sei lhe explicar

Fui assim levando ele e me levar E na sua meninice ele um dia me disse

Que chegava laacute Olha aiacute olha aiacute olha aiacute

Olha aiacute eacute o meu guri Chega no morro com carregamento

Pulseira cimento reloacutegio pneu gravador Rezo ateacute ele chegar caacute no algo

Essa onda de assalto ta um horror Eu consolo ele ele me consola

Boto ele no colo pra ele me ninar De repente acordo olho pro lado

E o danado jaacute foi trabalhar Olha aiacute

Olha aiacute olha aiacute olha aiacute Olha aiacute ai eacute o meu guri

Ele chega Chega estampado manchete retrato

Com venda nos olhos legenda e as iniciais Eu natildeo entendo essa gente seu moccedilo

Fazendo alvoroccedilo demais O guri no mato acho que ta rindo Acho que ta lindo de papo pro ar

Desde o comeccedilo eu natildeo disse seu moccedilo Ele disse que chegava laacute Olha aiacute olha aiacute olha aiacute Olha aiacute ai eacute o meu guri

Chico Buarque 1981

70

Alagados

() Palafitas tristes farrapos Filhos da mesma agonia

E a cidade de braccedilos abertos num cartatildeo postal Com os punhos fechados da vida real

Lhes nega a oportunidade Mostra a face dura do mal

Alagados trench town favela da Mareacute A esperanccedila natildeo vem do mar nem das antenas de TV

A arte eacute de viver da feacute Soacute natildeo se sabe feacute em quecirc

Herbert Vianna Bi Ribeiro e Joatildeo Barone (1986)

Nos barracos da cidade

Nos barracos da cidade Ningueacutem mais tem ilusatildeo No poder da autoridade

De tomar a decisatildeo E o poder da autoridade Se pode natildeo faz questatildeo

Se faz questatildeo natildeo consegue Enfrentar o tubaratildeo

Ocirc ocirc ocirc ocirc ocirc Gente estuacutepida

Ocirc ocirc ocirc ocirc ocirc Gente hipoacutecrita

Liminha e Gilberto Gil 1986

71

PARTE II

CARACTERIacuteSTICAS DA AacuteREA DE ESTUDO

72

CAPIacuteTULO CINCO

O COMPLEXO DE FAVELAS DE ACARI

51 A ldquoFAVELA DE ACARIrdquo Natildeo existe simplesmente a ldquofavela do Acarirdquo mas sim um complexo de favelas que ao

longo dos anos adensaram e tornaram-se administrativamente um complexo Ateacute para os seus

moradores essa distinccedilatildeo eacute hoje em dia real e traz alguns dos benefiacutecios e malefiacutecios

propostos pelo tipo de administraccedilatildeo puacuteblica do momento

O Complexo de Acari eacute formado pelas comunidades de Vila Esperanccedila Vila Rica de

Irajaacute e Parque Acari com cerca de 25 mil habitantes segundo dados do censo de 2000 do

Instituto Pereira Passos ndash IPP e do IBGE Estas trecircs comunidades satildeo na verdade trecircs

grandes favelas que juntas ocupam uma aacuterea aproximada de 537880 msup2

Localizado agraves margens da Avenida Brasil o Complexo de Favelas de Acari tem como

vizinhos contiacuteguos os bairros da Pavuna de Coelho Neto de Irajaacute de Jardim Ameacuterica e

Parque Coluacutembia O bairro de Acari situado na XXV Regiatildeo Administrativa eacute separado do

bairro de Coelho Neto pela linha 2 do Metrocirc

Eacute uma regiatildeo servida por diversas linhas de ocircnibus e delimitada pela linha dois do

metrocirc no seu lado oeste pela BR-116 ndash Rodovia presidente Dutra pelo seu lado leste pela

Avenida Brasil pelo lado sul e pelo Rio Acari pelo lado norte

Esta regiatildeo comeccedilou a ser ocupada na deacutecada de 40 apoacutes a abertura da Avenida das

Bandeiras depois chamada de Avenida Brasil Com exceccedilatildeo do conjunto Areal tambeacutem

denominado de Amarelinho e da Olaria toda a parte plana era um manguezal que foi aterrado

aos poucos Segundo alguns moradores que estatildeo na comunidade haacute pelo menos 50 anos o

iniacutecio da ocupaccedilatildeo foi marcado pela ausecircncia de luz eleacutetrica e de aacutegua potaacutevel que era

colhida do outro lado da Avenida Brasil no conjunto habitacional de Coelho Neto Haacute quem

diga que o lugar era cheio de caranguejos ratildes cobras e jacareacutes

Somente na deacutecada de 70 os moradores comeccedilaram a ser organizar para legalizar a

ocupaccedilatildeo Para isso depois de uma uniatildeo com os trabalhadores da olaria os moradores

73

reuniram-se com alguns oacutergatildeos puacuteblicos Depois de 25 anos os moradores receberam o tiacutetulo

de propriedade e em 1981 a comunidade consegui estruturar sua associaccedilatildeo de moradores

52 ESPACIALIDADE DO COMPLEXO DENTRO DO CONTEXTO MUNICIPAL

Ao longo dos anos o Conjunto Acari expandiu-se no entorno de suas vias de acesso

principalmente da Rua Enora Como os centros comerciais ficavam longe da comunidade

comeccedilaram a surgir nas imediaccedilotildees lojas de material de construccedilatildeo o que facilitou aos

moradores a substituiccedilatildeo da madeira pela alvenaria em suas casas Das trecircs comunidades do

Conjunto Acari Vila Rica de Irajaacute foi a uacutenica a ocupar um terreno jaacute explorado que pertencia

a uma olaria e ao INSS A prefeitura do Rio de Janeiro natildeo dispotildee de dados precisos de

quando a ocupaccedilatildeo comeccedilou mas segundo alguns moradores o lugar que havia se chamado

de Areal teria sido batizado de Coroado devido agrave semelhanccedila com a cidade de Coroado

onde na ocasiatildeo se desenrolava a novela Irmatildeos Coragem Em 1979 com a ocupaccedilatildeo

consolidada foi fundada a Associaccedilatildeo de Moradores e a comunidade passou a se chamar

Parque Vila Rica Na deacutecada de 80 um projeto de urbanizaccedilatildeo levou aos moradores a

implantaccedilatildeo das redes de aacutegua e esgoto Nessa eacutepoca as trecircs comunidades de Acari uniram

esforccedilos para cobrar do poder puacuteblico mais investimentos na regiatildeo A expansatildeo da

comunidade soacute era possiacutevel com aterro de aacutereas alagadas e de manguezais Com isso o

escoamento de aacuteguas pluviais ficava cada vez mais difiacutecil ateacute que em 1986 uma tempestade

provocou uma grande inundaccedilatildeo que deixou o interior da maioria das casas com cerca de um

metro de aacutegua Atualmente Vila Rica de Irajaacute eacute dividida em sete setores o Central formado

pela Rua Olaria a principal da comunidade que concentra os serviccedilos e o comeacutercio do lugar

o Cruzeiro que fica na parte alta do conjunto o Portinho cujo acesso eacute difiacutecil o Marginal da

Avenida Brasil com uma faixa de cerca de 100 metros junto agrave avenida com intenso fluxo de

veiacuteculos e de pedestres o do Vale com acesso apenas para pedestres e o marginal ao canal

que concentra serviccedilos comunitaacuterios como o Centro Dom Bosco e o Centro Cultural Areal

Livre

A ocupaccedilatildeo do Parque Acari tambeacutem data de 1940 e tem em seu histoacuterico confrontos

de moradores com policiais militares que vaacuterias vezes derrubaram os barracos erguidos na

comunidade Segundo os moradores apoacutes vaacuterias tentativas frustradas de remoccedilatildeo das

famiacutelias Ernesto Lima de Souza suposto proprietaacuterio do terreno tentou fechar o lugar

Entretanto diante de resistecircncia dos moradores desistiu da accedilatildeo e retirou-se definitivamente

74

Apesar de feito pelos proacuteprios moradores o processo de ocupaccedilatildeo do Parque Acari deu-se de

forma ordenada com a construccedilatildeo das casas devidamente alinhadas seguindo caracteriacutesticas

de um loteamento Desde o iniacutecio da ocupaccedilatildeo os moradores contaram com ajuda de norte-

americanos da Igreja Presbiteriana que entre outras accedilotildees ergueram o preacutedio da associaccedilatildeo

de moradores No final dos anos 60 a comunidade teve sua proacutepria escola de samba a

Impeacuterio de Acari que chegou a desfilar no grupo principal em 1968 e 1969 A quadra ficava

onde hoje fica a Travessa Braule e o Beco Leandro em homenagem ao fundador da escola

Os nomes de ruas e becos homenageiam antigos moradores da comunidade

Atualmente o Parque Acari tem quatro sub-setores O principal deles eacute formado pelas vias de

acesso agrave comunidade as ruas Pantoja Edgar Soutello e Piracambu Os outros satildeo a Travessa

Piracambu limite da comunidade com a Faacutebrica da Esperanccedila a aacuterea central que fica entre a

Travessa Piracambu e Edgar Soutello e a Rua Uniatildeo A vida social dos moradores da

Comunidade do Conjunto Acari mudou nos anos 90 quando um grupo de adolescentes foi

alvo da violecircncia Agraves matildees destes jovens juntaram-se outras que formaram o grupo Matildees de

Acari Com apoio de entidades da sociedade civil ONGs e voluntaacuterios a comunidade buscou

proteccedilatildeo para os jovens da comunidade Dentre as accedilotildees estabelecidas a que mais chamou a

atenccedilatildeo foi o Projeto Faacutebrica da Esperanccedila implantado nas antigas instalaccedilotildees da Formiplac

Assim os jovens da comunidade passaram a ter acesso a cursos profissionalizantes atividades

esportivas e soacutecio-recreativas A Faacutebrica da Esperanccedila entretanto por falhas em sua

administraccedilatildeo natildeo teve vida longa e acabou sendo fechada

521 VILA ESPERANCcedilA

A favela Vila Esperanccedila eacute uma das muitas favelas cariocas a ser beneficiada pelo

programa Favela Bairro da Prefeitura Municipal Sua data de cadastramento junto a Prefeitura

do Rio de Janeiro eacute de 08031982 Esta favela tem Regularizaccedilatildeo urbaniacutestica fundiaacuteria

baseada na Lei de Aacuterea de Especial Interesse Social nuacutemero 384604 PREFEITURA MUN

DO RIO DE JANEIRO

Aleacutem de Vila Esperanccedila esta favela recebe outros nomes

a) Para a SMU ela se chama Ninho de Cobras

b) Para o IBGE Parque Vila Rica de Irajaacute e

c) Para seus moradores - Coroado

75

Pelo que se nota estes nomes tornam peculiar a forma com que se classificam os

moradores pelo espaccedilo do municiacutepio do Rio de Janeiro Isto tem implicaccedilotildees poliacuteticas

econocircmicas e culturais para eles Segundo entrevista com o Presidente da Associaccedilatildeo do

Areal os moradores satildeo estigmatizados perante outras comunidades e nas empresas quando

precisam dizer o nome do local onde vivem Entatildeo segundo o Presidente da Associaccedilatildeo muito

se tem lutado para reconhecer esta comunidade com o bairro e o avanccedilo disso foi a inclusatildeo

da aacuterea no Programa de Favela Bairro que trouxe alguns avanccedilos importantes na aacuterea de

saneamento e coleta de aacutegua potaacutevel mas que ainda assim natildeo se concretizou plenamente

ficando ainda obras por serem realizadas Algumas casas mesmo dentro da aacuterea de

planejamento do Programa Favela Bairro natildeo foram contempladas mantendo ainda o grau de

insalubridade a que outras aacutereas excluiacutedas do programa estatildeo ateacute hoje vivenciando

No imaginaacuterio da populaccedilatildeo ser morador da Vila Esperanccedila difere socialmente de ser

morador do Ninho de Cobras apesar de ser o mesmo lugar Deveria haver um avanccedilo da

administraccedilatildeo puacuteblica com relaccedilatildeo a esta preocupaccedilatildeo da populaccedilatildeo Bem ou mal ali eacute o local

onde habitam onde fincaram raiacutezes e onde criam seus filhos Urge uma unificaccedilatildeo de nomes

para que com isso haja um aumento no niacutevel de auto-estima para seus habitantes

Os nomes que trazem conotaccedilatildeo jocosa para a comunidade estatildeo em processo de

mudanccedila e segundo o Presidente da Associaccedilatildeo de Moradores natildeo soacute Ninho de Cobras mas

outros nomes como Fim do Mundo Mangue Seco Beco do Zeacute do Porco estatildeo em processo

de troca por respectivamente Moinho de Ouro Primeiro Mundo Atalaia Vila Satildeo Luiz

Junto a Vila Esperanccedila se encontra o conjunto habitacional do Areal (Amarelinho) A

histoacuteria deste conjunto remonta aos anos de 1949 e 1951 Seus moradores satildeo originaacuterios das

regiotildees hoje conhecidas como Catacumba Praia do Pinto que atualmente pertencem a aacutereas

nobres dentro do Municiacutepio O conjunto foi construiacutedo depois que houve um remodelamento

de um morro por terraplenagem e com isso proporcionou um platocirc para a construccedilatildeo do

conjunto O terreno que na eacutepoca era de propriedade do Ministeacuterio da Agricultura hoje faz

parte dos espoacutelios do CEASA e a alvenaria do Conjunto tem o INSS como proprietaacuterio ateacute

que seus moradores regularizem sua aquisiccedilatildeo junto a este oacutergatildeo

Segundo o IPP IBGE (censo de 2000) a populaccedilatildeo da Vila Esperanccedila eacute de 5666

pessoas distribuiacutedas por 1258 domiciacutelios Vila Esperanccedila compartilha na verdade suas escolas com alunos de outras favelas do

complexo Essas escolas satildeo

Casa da Crianccedila Amarelinho

Ciep Doutor Adatildeo Pereira Nunes

76

Escola Municipal Conde Pereira Carneiro

Escola Municipal Corneacutelio Pena

Escola Municipal Oliacutempia do Couto e

Escola Municipal Sebastiatildeo Lacerda

Aleacutem dessas escolas e ainda tambeacutem usadas pelos moradores das outras duas favelas

que compotildeem o complexo tem-se

Creche Municipal Major Celestino Santos

Centro de Referecircncia da Assistecircncia Social de Acari

Centro de Referecircncia da Assistecircncia Social Joseacute Carlos Campos

Posto de Assistecircncia Meacutedica Francisco da Silva Telles

Posto de Sauacutede Edma Valadatildeo e

Posto de Sauacutede Prof Carlos Cruz Lima

522 VILA RICA DE IRAJAacute

A favela Vila Rica de Irajaacute se encontra inserida entre duas outras que satildeo a Vila

Esperanccedila e o Parque Acari sendo tambeacutem uma favela beneficiada pelo programa Favela

Bairro Sua data de cadastramento junto a Prefeitura do Rio de Janeiro eacute de 18021982

anterior agrave favela de Vila Esperanccedila Segundo a Prefeitura Municipal do Rio de janeiro Vila

Rica de Irajaacute se encontra ainda sem informaccedilotildees disponiacuteveis quanto a regularizaccedilatildeo

urbaniacutestica fundiaacuteria

Aleacutem de Vila Esperanccedila esta favela recebe outros nomes

a) Para a LIGHT ela se chama Vila Rica

b) Para alguns moradores tambeacutem se chama Coroado mesmo nome dado a favela de

Vila Esperanccedila

Sua populaccedilatildeo segundo o censo de 2000 encontrava-se em 9664 pessoas divididas

entre 2659 domiciacutelios Assim como a favela de Vila Esperanccedila Vila Rica tem como

equipamento puacuteblico adicional

Ciep Antonio Candeia Filho

Escola Municipal General Osoacuterio

Escola Municipal Monte Castelo

Escola Municipal Oliacutempia do Couto

Escola Municipal Jardim de Infacircncia Ana de Barros Cacircmara

77

Centro de Referecircncia da Assistecircncia Social Francisco Sales de Mesquita e

Posto de Sauacutede Sylvio Brauner

523 PARQUE ACARI

A favela Parque Acari encontra-se adjacente ao Hospital de Acari Tambeacutem assim

como as outras duas do complexo esta eacute uma favela beneficiada pelo Programa Favela

Bairro Sua data de cadastramento junto a Prefeitura do Rio de Janeiro eacute de 08021982 Sua

Regularizaccedilatildeo urbaniacutestica fundiaacuteria encontra-se tambeacutem sem dados disponiacuteveis pela

Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro

Outras instituiccedilotildees como o IBGE denominam de Parque Vila Rica de Irajaacute e a

Secretaria Municipal de Urbanismo a chama de Ninho de Cobras que como foi abordado

anteriormente traz uma conotaccedilatildeo pejorativa para a localidade

Sua populaccedilatildeo segundo o censo de 2000 se encontrava em 6638 pessoas divididas

entre 1767 domiciacutelios Ressalta-se que esses dados tecircm oito anos de defasagem

Quanto aos equipamentos puacuteblicos esta favela dispotildee dos mesmos utilizados pelas

outras duas favelas Do outro lado da linha 2 do metrocirc haacute tambeacutem outras escolas tanto

puacuteblicas quanto particulares que absorvem a demanda ali gerada

A aacuterea ocupada desta favela eacute de aproximadamente 154186 msup2

52 4 BEIRA RIO

A favela Beira Rio se encontra ao longo do Rio Acari por uma extensatildeo de 380 metros

aproximadamente Eacute uma comunidade tipicamente ldquoribeirinhardquo mas infelizmente esta

denominaccedilatildeo natildeo tem o romantismo das outras que se conhece pois o Rio Acari tornou um

esgoto agrave ceacuteu aberto haacute muito tempo

Por pertencer ao Complexo esta eacute tambeacutem um favela beneficiada pelo Programa

Favela Bairro Sua data de cadastramento junto a Prefeitura do Rio de Janeiro eacute de

21091981 Sua Regularizaccedilatildeo urbaniacutestica fundiaacuteria encontra-se tambeacutem sem dados

disponiacuteveis pela Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro

Outras insituiccedilotildees como o IBGE a chama de Beira Rio a Light a chama de Parque

Novo Rio e os proacuteprios moradores tambeacutem a chamam de Matura

78

Sua populaccedilatildeo segundo o Censo de 2000 se encontrava em 141 pessoas divididas entre

42 domiciacutelios

Quanto a equipamentos puacuteblicos esta favela dispotildee aleacutem dos mesmos utilizados pelas

outras duas favelas Natildeo foi abordado anteriormente que do outro lado da linha 2 do metrocirc haacute

tambeacutem outras escolas tanto puacuteblicas quanto particulares que absorvem a demanda gerada por

aquele lado

A aacuterea ocupada desta favela eacute de aproximadamente 15464 msup2 segundo dados fornecidos

pela Prefeitura do Rio de Janeiro Durante muito tempo esta favela viveu praticamente vizinha

da Liquid Carbonic que foi extinta em 2002 Empresa que produzia CO2 para refrigerantes

53 ATORES SOCIAIS DENTRO DO COMPLEXO Os atores sociais que podem ser encontrados dentro do complexo de favelas de Acari

variam desde moradores comuns sem nenhuma atividade poliacutetica expressiva que satildeo como

eles mesmos dizem beneficiaacuterios das atividades fomentadas e desenvolvidas por outros ou

que trazidos em forma de poliacutetica puacuteblica Ateacute representantes eleitos direta e indiretamente

pelo povo ou por assumirem um posto de ldquochefiardquo ou coordenaccedilatildeo de algum oacutergatildeo oficial do

Estado ou por ser os responsaacuteveis pelas diversas ONGrsquos espalhadas pelo Complexo Aleacutem eacute

claro dos diversos frequumlentadores que povoam a realidade diaacuteria do Conjunto de Favelas

54 REPRESENTACcedilAtildeO DO ESTADO O Estado atraveacutes das suas instituiccedilotildees deve ser o responsaacutevel pelo o fomento da

melhoria da qualidade de vida e acesso a cidadania Deve permitir um diaacutelogo entre a

sociedade dando chance para que ela pratique dos seus direitos e deveres Deve instruir o

cidadatildeo na sua capacidade de ter e participar por meio das poliacuteticas puacuteblicas

As poliacuteticas puacuteblicas mais expressivas que estatildeo relacionadas diretamente ao

complexo satildeo os Programas de Urbanizaccedilatildeo tanto a niacutevel municipal quanto Estadual e

Federal que podem ser geridos com verbas proacuteprias ou financiamento por outras grandes

instituiccedilotildees da esfera puacuteblica

Dentro do contexto do complexo de favelas de Acari os exemplos que se pode citar

neste trabalho satildeo

79

a) PROGRAMA FAVELA-BAIRRO

O programa favela-bairro foi criado como instrumento para a integraccedilatildeo urbaniacutestica e

social entre os cariocas e para reverter o quadro de degradaccedilatildeo urbana que geralmente

acompanha o desenvolvimento dos grandes centros urbanos

No seio da grande cidade e com o atrativo que desperta em regiotildees vizinhas e devido

ao grande aporte de migraccedilatildeo em busca de melhores condiccedilotildees de vida de melhor

remuneraccedilatildeo pessoas acabam neste trajeto sujeitando-se a morar em ambientes degradados

ou totalmente inapropriados e compatiacuteveis com a vida digna tanto com relaccedilatildeo agrave unidade

residencial como quanto agrave insuficiecircncia em maior ou menor grau de infra-estrutura bens e

serviccedilos puacuteblicos que constituem o padratildeo de cidade contemporacircnea

O programa favela-bairro foi instituiacutedo em 1993 com o objetivo principal de

implementar melhorias urbaniacutesticas atraveacutes de obras de infra-estrutura urbana acessibilidade

e criaccedilatildeo de equipamentos urbanos que visam ganhos sociais promoccedilatildeo social integraccedilatildeo

com a transformaccedilatildeo daquele tipo de dispersatildeo habitacional em bairro

Junto com o Favela-Bairro outras atividades do estado foram necessaacuterias para a

implementaccedilatildeo do programa que se somaram com o mesmo objetivo Estas atividades foram

a regularizaccedilatildeo fundiaacuteria e a geraccedilatildeo de renda Para o caso do complexo de Acari houve uma

parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento - BID que foi co-financiador

Segundo a Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro as principais accedilotildees para integrar as

aacutereas de favela ao tecido urbano da cidade formal foram

bull Oferecer condiccedilotildees ambientais para a leitura da favela como um bairro da cidade

bull Introduzir os valores urbaniacutesticos da cidade formal como signo de sua identificaccedilatildeo

como bairro ndash ruas praccedila

bull Mobiliaacuterio e serviccedilos puacuteblicos

bull Consolidar a inserccedilatildeo das favelas no processo de planejamento da cidade

bull Implementar accedilotildees de caraacuteter social implantando creches programas de geraccedilatildeo de

renda e capacitaccedilatildeo profissional e atividades esportivas culturais e de lazer

80

b) O PROGRAMA BAIRRINHO

O programa Bairrinho eacute um favela-bairro nas comunidades de pequeno porte (de 100 a

500 domiciacutelios) Com o objetivo de integrar essas aacutereas agrave cidade o programa implanta infra-

estruturam equipamentos e serviccedilos puacuteblicos ao mesmo tempo que incentiva a participaccedilatildeo

comunitaacuteria e estimula a geraccedilatildeo de emprego e renda

Entre as intervenccedilotildees do Programa estatildeo a abertura e pavimentaccedilatildeo de ruas

construccedilatildeo de redes de aacutegua esgoto e drenagem iluminaccedilatildeo puacuteblica creches quadras

poliesportivas praccedilas aacutereas de lazer criaccedilatildeo de serviccedilos de limpeza urbana aleacutem de

reflorestamento e remoccedilatildeo de famiacutelias que vivem em aacutereas de risco com reassentamento na

proacutepria comunidade e demarcaccedilatildeo dos limites com objetivo de evitar a expansatildeo da aacuterea

c) A REGULARIZACcedilAtildeO FUNDIAacuteRIA

Segundo a Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro a regularizaccedilatildeo fundiaacuteria viabilizou

o direito agrave propriedade ao mesmo tempo em que ampliou a base da cidade legal beneficiando

as famiacutelias - a maioria de baixa renda - e a cidade que passou a ter o controle urbaniacutestico e

tributaacuterio do local A prefeitura para essa regularizaccedilatildeo utilizou-se de instrumentos legais

como o usucapiatildeo urbano concessatildeo do direito real de uso termos de doaccedilatildeo (quando se

tratou de aacutereas municipais) e a transferecircncia da propriedade por acordo entre o proprietaacuterio e

os ocupantes dos imoacuteveis Haacute ainda no seio do complexo aacutereas federais que estatildeo sendo

negociadas como eacute o caso do conjunto do amarelinho

d) OS EQUIPAMENTOS PUacuteBLICOS

- Escolas Estaduais

- Escolas Municipais Escola Municipal Olimpia do Couto Escola Municipal Conde

Pereira Carneiro Escola Municipal Corneacutelio Pena Escola Municipal Sebastiatildeo de Lacerda

Ciep Doutor Adatildeo Pereira Nunes

- Creches Casa da Crianccedila Creche Municipal Major Celestino R dos Santos

81

- Centro de referecircncia da assistecircncia Social Centro de Referecircncia da Assistecircncia Social

Joseacute Carlos Campos

- Centro Comunitaacuterio de defesa da cidadania

- Unidades de Sauacutede Posto de Assistecircncia Meacutedica Francisco da Silva Telles Posto de

Sauacutede Edma Valadatildeo Posto de Sauacutede Prof Carlos Cruz Lima e o Hospital Ronaldo Gazolla

(Hospital do Acari) que se encontra fechado

82

CAPIacuteTULO SEIS

REPRESENTACcedilAtildeO SOCIAL

61 REPRESENTACcedilAtildeO SOCIAL

Para se estudar os fenocircmenos que permeiam a realidade do Complexo de Favelas de

Acari optou-se por utilizar a Teoria das Representaccedilotildees Sociais para tentar trazer agrave luz a

maneira pela qual os diversos atores envolvidos na realidade daquele complexo interagem

entre si produzindo material de convivecircncia de luta fomentando a produccedilatildeo social do espaccedilo

urbano

Mas o que satildeo Representaccedilotildees Sociais Elas satildeo reconhecidas como fenocircmenos

psicossociais histoacutericos e culturalmente condicionados Sua explicaccedilatildeo deve se dar

necessariamente aos niacuteveis de anaacutelise posicional pois as representaccedilotildees como diz FARR

(1992) apud SAacute 1996 ldquoestatildeo tanto na cultura quanto na cogniccedilatildeordquo As representaccedilotildees sociais

designam tanto um conjunto de fenocircmenos quanto o conceito que os engloba e a teoria

construiacuteda para explicaacute-los Foi inaugurado por Serge Moscovici em 1961

Segundo JODELET (1989) apud SAacute (1996) eacute uma forma de conhecimento

socialmente elaborada e partilhada que tem um objetivo praacutetico e concorre para a construccedilatildeo

de uma realidade comum a um conjunto social Uma forma de saber praacutetico que liga um

sujeito a um objeto Para DOISE (1990) apud SAacute (1996) satildeo princiacutepios geradores de

tomadas de posiccedilatildeo ligadas a inserccedilotildees especiacuteficas em um conjunto de relaccedilotildees sociais e que

organizam os processos simboacutelicos que intervecircm nessas relaccedilotildees Para ABRIC (1994) apud

SAacute (1996) eacute o produto de uma atividade mental pela qual um indiviacuteduo ou um grupo

reconstitui o real com que se confronta e lhe atribui uma significaccedilatildeo especiacutefica

Esta teoria tem algumas vantagens pois daacute conta dos significados sociais construiacutedos e

partilhados atraveacutes da comunicaccedilatildeo A populaccedilatildeo do complexo de Acari tem suas

necessidades que satildeo baseadas no que conhecem da realidade e do que jaacute foi internalizado

cognitivamente de uma realidade natildeo vivida Com isso fica faacutecil ler nos seus discursos

construccedilotildees coletivas do fazer sendo esse bom ou mau As representaccedilotildees sociais

83

representam por excelecircncia o espaccedilo do sujeito social lutando para dar sentido interpretar e

construir um mundo em que ele se encontra

O agir baseado nas representaccedilotildees daacute-se atraveacutes da transformaccedilatildeo das atividades

mentais em objeto que por si soacute eacute possiacutevel dentro de um dado quadro social constituiacutendo

assim uma heranccedila social comum Natildeo haacute nada real que natildeo seja construiacutedo pelo sujeito

apoiando-se em sistema de valores e implicados em um contexto social e ideoloacutegico Segundo

ANADON e MACHADO (2001) ldquoa partir da heranccedila social o indiviacuteduo desempenha um

papel natildeo negligenciaacutevel em suas tomadas de decisatildeo ele eacute ao mesmo tempo produto e

produtor da sociedade e esta existe somente atraveacutes das suas praacuteticasrdquo

VALA (1993) apud SAacute (1996) eacute um teoacuterico que descreve o contexto fenomenal das

representaccedilotildees sociais distinguindo trecircs campos de significaccedilatildeo

a) Conhecimento vulgar de ideacuteias cientiacuteficas popularizadas

b) Objetos culturalmente construiacutedos atraveacutes de uma longa histoacuteria e seus equivalentes

modernos

c) Condiccedilotildees e acontecimentos sociais e poliacuteticos onde as representaccedilotildees que

prevalecem tecircm um curto prazo de significaccedilatildeo para a vida social

De acordo com IBANtildeEZ (1988) apud SAacute (1996) grande parte do material que se

constroacutei uma representaccedilatildeo social proveacutem do fundo cultural acumulado na sociedade ao longo

de sua histoacuteria Esse fundo circula atraveacutes de toda a sociedade sob forma de crenccedilas

amplamente compartilhadas de valores considerados como baacutesicos e de referecircncias histoacutericas

e culturais que conformam a memoacuteria coletiva e ateacute a identidade da proacutepria sociedade

Na formaccedilatildeo de uma representaccedilatildeo social o material cognitivo se torna social atraveacutes

da dependecircncia entre os membros do grupo social As representaccedilotildees com isso podem ser

hegemocircnicas ndash as que satildeo partilhadas por todos os membros de um grupo altamente

estruturado podem ser emancipadas ndash que satildeo consequumlentes da circulaccedilatildeo do conhecimento e

das ideacuteias pertencentes a subgrupos que se encontram em contato mais ou menos estreito e

por fim haacute as chamadas de polecircmicas que satildeo geradas no curso de conflitos sociais de

controveacutersias sociais e a sociedade como um todo natildeo as compartilha MOSCOVICI (1988)

Logo representaccedilatildeo social eacute a modalidade de conhecimento particular que tem por

funccedilatildeo exclusiva a elaboraccedilatildeo de comportamentos e a comunicaccedilatildeo entre indiviacuteduos no

quadro da vida cotidiana

ABRIC (ibidem) relata as finalidades proacuteprias das representaccedilotildees sociais

a) Funccedilatildeo de saber ndash onde elas permitem compreender e explicar a realidade facilitando

a comunicaccedilatildeo social

84

b) Funccedilatildeo identitaacuterias ndash onde definem a identidade e permitem a salvaguarda da

especificidade dos grupos

c) Funccedilatildeo de orientaccedilatildeo ndash onde guiam os comportamentos e as praacuteticas Produzindo

tambeacutem um sistema de antecipaccedilotildees e de expectativas

d) Funccedilatildeo justificatoacuteria ndash onde permite justificar a posteriori as tomadas de posiccedilatildeo e os

comportamentos

E por que utilizar-se das Representaccedilotildees Sociais Porque entendendo o impacto delas

no contexto social eacute que se pode questionar esse contexto transformar o curso dado da vida e

ajudar na construccedilatildeo de uma nova histoacuteria JOVCHELOVICH (2000)

62 REPRESENTACcedilAtildeO SOCIAL DOS ATORES ENTREVISTADOS NO

COMPLEXO DE FAVELAS DE ACARI

ldquoQuando as condiccedilotildees sociais eou o ambiente natural afetam o indiviacuteduo a intensidade dos efeitos na qualidade da sua experiecircncia humana dependeraacute da sua capacidade em perceber essa influecircncia uma vez que a percepccedilatildeo eacute uma variaacutevel culturalrdquo

BOYDEN et al (1981) apud DIAS (1997)

Segundo JOVCHELOVICH (2000) uma forma de se interpretar o que foi produzido

pelos entrevistados eacute utilizar-se de um sistema de codificaccedilatildeo onde mediante ele as unidades

de sentido e modalidades discursivas associadas ao conteuacutedo que emergiu das entrevistas

seja trabalhado em termos de Representaccedilatildeo Social A Representaccedilatildeo Social como um

veiacuteculo de tentar desvelar a realidade social eacute um veiacuteculo em que se busca reconstruir a partir

das falas tomadas de decisatildeo ou indignaccedilatildeo por parte do interlocutor Para suas construccedilotildees

cognitivas haacute sempre uma correlaccedilatildeo com o tom de voz e expressividade ou mesmo

participaccedilatildeo atraveacutes do fazer objetivo

Foi utilizado um sistema de codificaccedilatildeo procurando classificar os conteuacutedos a partir

das modalidades discursivas em que estas aparecem descriccedilotildees explicaccedilotildees e causas das

vaacuterias realidades descritas pelos entrevistados e efeitos e estrateacutegias de enfrentamento

85

associadas com as descriccedilotildees e explicaccedilotildees Trata-se de a partir de palavras chaves comuns

montar um entendimento da heterogeneidade aparente nas falas e trazecirc-la para um marco

comum

As modalidades discursivas expressas no conteuacutedo gravado das entrevistas estatildeo

ligadas a unidades de sentido que constituem o sistema geral de codificaccedilatildeo da fala e foram

reorganizadas em niacuteveis maiores de abstraccedilatildeo de modo a gerar unidades temaacuteticas Essas falas

satildeo um reflexo da realidade em que vivem e ao mesmo tempo dita e questionada pelos

proacuteprios O que natildeo se pode deixar de lado eacute o individualismo que mesmo dentro das

Representaccedilotildees Sociais parece ser uma constante

Eacute vaacutelida a metodologia da narrativa para se estudar as Representaccedilotildees Sociais

RICOEUR (1980) apud JOVCHELOVITCH (2000) afirma que

ldquoO tempo da narrativa eacute desde o iniacutecio tempo de ser-com-outros () a arte de contar estoacuterias reteacutem o caraacuteter publico do tempo e ao mesmo tempo natildeo o deixa deslizar para o anonimato ndash ela o faz um tempo comum aos atores um tempo tecido pela sua interaccedilatildeo Agrave niacutevel da narrativa naturalmente lsquooutrosrsquo existemrdquo

O quadro 1 mostra os temas e a organizaccedilatildeo das unidades de sentido as unidades de

sentido

CULTURA

FATALIDADE

INDIVIDUALISMO

MEIO

AMBIENTE

NECESSIDADES

PODER

PUacuteBLICO

SAUacuteDE

Educaccedilatildeo Mente pequeninha

Favela Valor individual Biodiversidade Orientar Gari comunitaacuterio

Sentir-se saudaacutevel

Reciclagem Violecircncia urbana Conflitos

Despreocupaccedilatildeo Aacutegua Ar Limpeza Natildeo melhorou natildeo

Viver bem

IDH Desmatamento Participaccedilatildeo individual

Esgoto Saneamento Vala negra

Conscientizaccedilatildeo Guardiotildees do Rio

Melhoria do espaccedilo limitado

Prevenccedilatildeo Doenccedilas repetitivas

Sistema de vida

Urbanizaccedilatildeo Verbas destinadas

Espaccedilo fiacutesico de lazer

Consumismo Epidemia Defesa do espaccedilo fiacutesico

Equiliacutebrio fiacutesico-mental

Insalubridade Limpeza Lixo

Educaccedilatildeo

Limpeza de onde se vive

Vala negra Mosquito Dengue

Incapacidade Casa Poluiccedilatildeo Comunidade

Lugar onde vive

Quadro 1 de modalidades discursivas e suas representaccedilotildees sociais

86

As modalidades discursivas satildeo toacutepicos nos quais foram incluiacutedas as representaccedilotildees

sociais Elas separam os diversos temas em unidades afins menores dando com isso melhor

entendimento para o processo de construccedilatildeo da representaccedilatildeo social As modalidades

discursivas forma eixos que subjazem e dos quais fica mais faacutecil a construccedilatildeo e interpretaccedilatildeo

das representaccedilotildees dos entrevistados

Da tabela pode-se destacar cultura fatalidade individualismo meio ambiente

necessidades poder puacuteblico e sauacutede Estas retiradas do conteuacutedo entrevistado ao longo da

pesquisa de campo logo a tabela mostra as diversas modalidades discursivas e suas

representaccedilotildees sociais associadas

621 CULTURA REPRESENTANDO SUA INTER-RELACcedilAtildeO COM O REAL

A cultura de uma populaccedilatildeo eacute uma tomada de posiccedilatildeo frente agraves realidades que se vive

e as Representaccedilotildees Sociais advindas daiacute satildeo diversas Pode haver uma faceta de repeticcedilatildeo do

que outros jaacute tecircm feito e pode tambeacutem gerar o novo numa mistura que enriquece o dia-a-dia

A cultura pode vir a ser tudo o que eacute aprendido e partilhado pelos indiviacuteduos de um

determinado grupo e que lhes confere identidade dentro do grupo a que pertence A cultura eacute

o conjunto de manifestaccedilotildees humanas que contrastam com a natureza ou comportamento

natural

Das entrevistas percebe-se que para a boa convivecircncia os moradores devem ter

determinados tipos de atitudes devem ter um fazer com valor positivo socialmente Das

modalidades discursivas emerge a necessidade de educaccedilatildeo como miacutenimo paracircmetro para se

ter educaccedilatildeo e para se viver em sociedade

Educaccedilatildeo eacute tida como uma forma de se perpetuar agraves geraccedilotildees que se seguem dos meio

culturais necessaacuterios agrave convivecircncia em sociedade Eacute um tipo de conhecimento que uma vez

aprendido internalizado capacita o indiviacuteduo a contextualizar sua realidade e este indiviacuteduo

tem a oportunidade de partilhar o conteuacutedo apreendido atraveacutes de redes de multiplicaccedilatildeo A

grande dificuldade especialmente para os moradores deste Complexo eacute justamente delimitar o

que seja educaccedilatildeo Natildeo se pode por si soacute dizer que estes natildeo a tenham O que natildeo se consegue

precisar eacute o niacutevel de educaccedilatildeo que eles tecircm natildeo querendo cair no discurso do que eacute melhor ou

pior mas sim qual o niacutevel eacute satisfatoacuterio para a convivecircncia em sociedade

Como base a educaccedilatildeo eacute necessaacuteria para moldar a personalidade do indiviacuteduo para

mostrar o caminho agraves pessoas para que se consiga abstrair o que eacute certo o que eacute errado

87

mediante os siacutembolos e signos sociais Certamente cada habitante tem uma histoacuteria de vida

herdam conceitos sabem sobre o fazer Sabem dos direito deveres Talvez tenham recebido

um resquiacutecio da educaccedilatildeo formalizada em algum momento de suas vidas atraveacutes da escola

Talvez a tenham percebido pelo debate social travado continuamente na esfera puacuteblica

tambeacutem fora da escola ndash a educaccedilatildeo eacute um continum

Como se sabe natildeo eacute somente a educaccedilatildeo bancaacuteria ou tradicional que educa ou

deseduca A escola apesar de ser a primeira entrada no mundo natildeo eacute de modo algum o mundo

e muito menos deve pretender a secirc-lo A escola eacute antes a instituiccedilatildeo que se interpotildee entre o

mundo privado do lar e o mundo de modo a tornar possiacutevel a transiccedilatildeo da famiacutelia para o

mundo

Em diversas entrevistas a palavra educaccedilatildeo apareceu com um tom de reclame pelo o

que tem acontecido no interior daquela comunidade e ela estaacute vinculada fortemente agrave palavra

lixo A educaccedilatildeo dos moradores eacute questionada por exemplo quanto agrave destinaccedilatildeo final dos

seus resiacuteduos soacutelidos Ela eacute cobrada continuamente porque muitos moradores jogam lixo em

todo e qualquer lugar Satildeo praacuteticas difiacuteceis de se coibir As pessoas jogam lixo pelo chatildeo e

natildeo se importam com que outros vatildeo dizer Natildeo satildeo simples papeacuteis de bala ou papeizinhos

amassados mas sim bolsas de mercado com o produto das suas atividades diaacuterias que fica

emoldurando esquinas agrave mercecirc de catildees e principalmente insetos e roedores Muitos dos

moradores natildeo se importam e natildeo tecircm a visatildeo de que aquele ato poderaacute trazer doenccedilas

ldquo e outra coisa eacute noacutes temos o lixo aqui as pessoas natildeo educadas eles

natildeo eles jogam o lixo toda vez eacute garrafa pet para um lado viacutescera de

peixe pra um lado viacutescera de galinha para um lado entatildeo eles natildeo sabem

separar isso eacute falta de educaccedilatildeo ambiental e natildeo eacute feito na comunidade as

escolas que estatildeo comeccedilando agora a fazer issordquo

ENTREVISTA 1

Jogar lixo no chatildeo ou pela janela dos veiacuteculos de transporte passa a ser normal dentro

de uma realidade que envolve problemas educacionais deficiecircncia de se internalizar o

discurso da higiene e da qualidade de vida Eacute ainda mais evidente quando se tem um serviccedilo

puacuteblico e regular de limpeza urbana

88

ldquo ah se vocecirc se andar nas ruas becos vocecirc vecirc muita sujeira os garis

acabam de limpar e se eles voltarem duas horas depois estaacute tudo sujo

ENTREVISTA 1

A educaccedilatildeo ou a deseducaccedilatildeo de os moradores de modo a natildeo dispersarem o lixo em

lugares inapropriados e fora do periacuteodo de coleta acaba tornando um problema coletivo

importante Esse comportamento natildeo se justifica em qualquer hipoacutetese mas tudo fica mais

faacutecil quando se dispotildee de algueacutem para retirar esse lixo do meio do caminho no caso a

presenccedila dos garis Eacute como se as pessoas se sentissem no direito de dar trabalho a eles Afinal

segundo a oacutetica desses moradores os garis estatildeo ali para aquilo (Figs 1-B e 2-B)

ldquo mas as vezes o morador eacute culpado porque pegam a bolsinha de lixo e

natildeo quer andar ateacute a ponta aqui e depois venha aqui cobrarrdquo

ENTREVISTA 2

Soacute muito recentemente eacute que as questotildees ambientais tecircm entrado na pauta educacional

do Sistema Brasileiro de Educaccedilatildeo Em 1946 foi incluiacutedo no curriacuteculo escolar questotildees

relativas agrave higiene e agraves ciecircncias naturais (os primoacuterdios da educaccedilatildeo ambiental) Por ter

havido uma ruptura com o modelo agraacuterio-exportador a educaccedilatildeo passa a responder agraves

necessidades criadas pela industrializaccedilatildeo do paiacutes ZOTTI (2008)

TRAVASSOS (2001) afirma que devido agrave fragilidade dos ambientes naturais com a

questatildeo da sobrevivecircncia humana em cheque com o aumento dos movimentos ambientalistas

e agraves preocupaccedilotildees ecoloacutegicas criou-se as condiccedilotildees para a inclusatildeo curricular de assuntos

relacionados ao meio ambiente que jaacute em 1977 com a I Conferecircncia Nacional de Educaccedilatildeo

Ambiental realizada em Brasiacutelia pelo Ministeacuterio do Meio Ambiente que produziu os seguintes

resultados

ldquoOs trecircs temas mais abordados nos projetos foram Problemas da Realidade Local 472 Educaccedilatildeo Ambiental no Contexto Escolar 451 e LixoReciclagem 326 A orientaccedilatildeo presente no processo educacional de ter como ponto de partida a busca da percepccedilatildeo da realidade mais proacutexima relacionando-se com as preocupaccedilotildees comunitaacuterias eacute uma constante nos projetos que participam desta pesquisa Do mesmo modo a Educaccedilatildeo Ambiental no Contexto Escolar reafirma os dados

89

anteriores nas inter-relaccedilotildees que estabelecem assim como a incidecircncia tatildeo importante do tema LixoReciclagem se relaciona com a quantidade de projetos que se desenvolvem em aacutereas urbanasrdquo

Foi possiacutevel observar concordacircncia dos resultados do presente trabalho e as

afirmaccedilotildees de PHILIPPI JR et ali (2004) quando apresenta o problema da articulaccedilatildeo da

educaccedilatildeo ambiental voltado ao uso dos recursos naturais e do equiliacutebrio dos ecossistemas em

detrimento do meio ambiente urbano O que eacute corroborado por DIAS (1992)

De qualquer forma a evoluccedilatildeo dos conceitos de Educaccedilatildeo Ambiental tem sido vinculada ao conceito de meio ambiente e ao modo como este era percebido O conceito de meio ambiente reduzido exclusivamente a seus aspectos naturais natildeo permitia apreciar as interdependecircncias nem a contribuiccedilatildeo das consciecircncias sociais agrave compreensatildeo e melhoria do meio ambiente humano

A Educaccedilatildeo Ambiental fomentada pela Lei 693881 toma forma com a Lei Ndeg 9795

de 27 de abril de 1999 no seu Art 2o em que passa a ser um componente essencial e

permanente da educaccedilatildeo nacional devendo estar presente de forma articulada em todos os

niacuteveis e modalidades do processo educativo em caraacuteter formal e natildeo-formal Mas apesar

disso segundo TRAVASSOS (idem) ldquo as escolas puacuteblicas e particulares ainda natildeo

assimilaram ou natildeo entenderam como devem implementar a educaccedilatildeo ambiental em seus

programasrdquo Para as escolas que utilizam livros didaacuteticos comerciais o conteuacutedo de meio

ambiente vem como capiacutetulo especiacutefico e tambeacutem diluiacutedo em outros assuntos Mas para

escolas que tecircm uma certa flexibilidade de conteuacutedo dentro do que eacute proposto pelas

Secretarias de Educaccedilatildeo Municipal e Estadual a educaccedilatildeo ambiental corre o risco de ser

como afirma TRAVASSOS (ibdem) ldquo uma educaccedilatildeo conservacionista apenas lembrada na

Semana do Meio Ambienterdquo

De acordo com o graacutefico 1-B a regiatildeo sudeste fica em segundo lugar na oferta da

Educaccedilatildeo Ambiental para as escolas de niacutevel fundamental perdendo apenas para a regiatildeo

nordeste Estes dados do MEC revelam a preocupaccedilatildeo recente por parte do Estado em

colocar na agenda da educaccedilatildeo brasileira a necessidade de se abstrair o que seja o meio

ambiente e o universo em que a crianccedilas estaacute situada

90

Obviamente haacute menccedilotildees sobre o meio ambiente em datas ateacute muito anteriores as das

acima citadas mas nenhuma delas trouxe uma modificaccedilatildeo direta e envolvente no plano

educacional do ensino baacutesico Dentre essas o Decreto Legislativo Federal nordm 03 de 13 de

fevereiro de 1948 e o Coacutedigo Florestal - lei federal nordm 4771 de 15 de setembro de 1965

ldquo apesar de ter os garis que varrem as pessoas continuam jogando lixo na

rua entatildeo eacute preciso passar por um processo de educaccedilatildeo ecoloacutegica Se

vocecirc procurar nos becos da favela se andar por aiacute se vecirc muito coco de

animais natildeo que eu quero exterminar ateacute adoro neacute Mas eu ando e vejo em

outros lugares as pessoas com a bolsinha quando faz coco na rua as

pessoas botam saquinho plaacutestico e joga na lata de lixo Aqui natildeo se vecirc

crianccedila eacute porco cabrito gato cachorro tudo faz por aiacute e as crianccedilas

brincandordquo

ENTREVISTA 1

Existe a evidecircncia da necessidade de Educaccedilatildeo Ambiental para todos os moradores do

complexo o que foi evidenciado pelo seguinte entrevistado

ldquoEu acho que se forem feito estudos desde a educaccedilatildeo principal maternal

jardim ai vem primeira seacuterie assim sucessivamente natildeo adiante depois

que as pessoas estatildeo velhas que jaacute estatildeo acostumadas a fazer muita coisa

errada vocecirc tentar colocar aquilo na cabeccedila das pessoas vocecirc jaacute tem que

vir desde quando eacute crianccedila ensinar a crianccedilardquo

ENTREVISTA 3

Mas como implementar accedilotildees que envolvam a populaccedilatildeo para a tomada de

consciecircncia desse tipo errocircneo de comportamento que por fim faz onerar a vida dos proacuteprios

moradores com a disseminaccedilatildeo de doenccedilas e o custo do seu tratamento Talvez a resposta

esteja nas lideranccedilas comunitaacuterias

ldquo porque eu sou a favor de que ele venha eu estou confiando nele e

espero que porque haacute esse descaso que vocecirc falou ateacute mesmo da lideranccedila e

descaso da proacutepria comunidade que se acostumou com certos tipos de

91

problemas mas agraves vezes o morador eacute culpado porque pegam a bolsinha de

lixo e natildeo quer andar ateacute a ponta aqui e depois venha aqui cobrar Mas

outro natildeo querem chegar junto vocecirc sabe por que eacute porque as pessoas vatildeo

se cansando e claro estas questotildees vatildeo caindo em descreacutedito entatildeo tem

muitos que natildeo querem pois se cair em descreacutedito jaacute erardquo

ENTREVISTA 2

Mesmo que haja as lideranccedilas comunitaacuterias e que estas consigam organizar a

contextualizaccedilatildeo do habitar dentro da comunidade nem sempre sua abrangecircncia tem uma

cobertura satisfatoacuteria E eacute aiacute que reside o espaccedilo para a oposiccedilatildeo que traz criacutetica e funciona

como verdadeiro termocircmetro na avaliaccedilatildeo do desempenho das lideranccedilas Uma coisa eacute certa

as lideranccedilas tecircm consciecircncia da necessidade de capacitaccedilatildeo e parcerias para a implementaccedilatildeo

de atividades relacionadas ao lixo produzido e sua manipulaccedilatildeo (figuras 3-B e 4-B)

ldquo pegamos duzentos latotildees de produtos quiacutemicos que agente natildeo sabia que

era toacutexico Aiacute um belo dia a Comlurb disse assim oh retira esses latotildees que

eu dou todo ele cor de aboacutebora que a questatildeo do lixo eacute uma coisa muito

forterdquo

ldquoEssa foi a uacuteltima assembleacuteia que tivemos e falamos da reciclagem de lixo

tudo agente tenta buscar e discutir com a comunidade noacutes queremos

capacitaccedilatildeo para o tratamento do lixo agente estaacute aberto para capacitaccedilatildeo

e parcerias agente quer agente necessita para fazer melhorrdquo

ENTREVISTA 4

Em apenas uma das entrevistas o Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) foi

lembrado e apesar de natildeo ser uma Representaccedilatildeo Social eacute oportuno abordar um pouco do que

seja esse iacutendice O IDH eacute uma medida comparativa de riqueza alfabetizaccedilatildeo educaccedilatildeo

esperanccedila de vida natalidade e outros fatores para os diversos paiacuteses do mundo Eacute uma

maneira padronizada de avaliaccedilatildeo e medida do bem-estar de uma populaccedilatildeo especialmente

bem-estar infantil O iacutendice foi desenvolvido em 1990 pelo economista paquistanecircs Mahbub

92

Haq e vem sendo usado desde 1993 pelo Programa das Naccedilotildees Unidas para o

Desenvolvimento ndash PNUD em seu relatoacuterio anual

Os paiacuteses membros da ONU satildeo classificados de acordo com essas medidas Os paiacuteses

com uma classificaccedilatildeo elevada frequumlentemente divulgam a informaccedilatildeo a fim de atrair

imigrantes qualificados ou desencorajar a emigraccedilatildeo

Os criteacuterios de avaliaccedilatildeo do IDH satildeo

bull Educaccedilatildeo Para avaliar a dimensatildeo da educaccedilatildeo o caacutelculo do IDH considera dois

indicadores O primeiro eacute a taxa de alfabetizaccedilatildeo considerando o percentual de

pessoas acima de 15 anos de idade esse indicador tem peso dois O Ministeacuterio da

Educaccedilatildeo indica que se a crianccedila natildeo se atrasar na escola ela termina o principal ciclo

de estudos (Ensino Fundamental) aos 14 anos de idade Por isso a mediccedilatildeo do

analfabetismo se daacute a partir dos 15 anos O segundo indicador eacute o somatoacuterio das

pessoas independentemente da idade que frequumlentam algum curso seja ele

fundamental meacutedio ou superior dividido pelo total de pessoas entre 7 e 22 anos da

localidade Tambeacutem entram na contagem os alunos supletivos de classes de

aceleraccedilatildeo e de poacutes-graduaccedilatildeo universitaacuteria nessa aacuterea tambeacutem estaacute incluiacutedo o sistema

de equivalecircncias Rvcc ou Crvcc apenas classes especiais de alfabetizaccedilatildeo satildeo

descartadas para efeito do caacutelculo

bull Longevidade O item longevidade eacute avalidado considerando a esperanccedila de vida ao

nascer que eacute vaacutelida tanto para o IDH municipal quanto para o IDH de paiacuteses Esse

indicador mostra a quantidade de anos que uma pessoa nascida em uma localidade em

um ano de referecircncia deve viver Ocultamente haacute uma sintetizaccedilatildeo das condiccedilotildees de

sauacutede e de salubridade no local jaacute que a expectativa de vida eacute diretamente

proporcional e diretamente relacionada ao nuacutemero de mortes precoces

bull Renda A renda eacute calculada tendo como base o PIB per capita do paiacutes ou municiacutepio

Como existem diferenccedilas entre o custo de vida de um paiacutes para o outro a renda

medida pelo IDH eacute em doacutelar PPC (Paridade do Poder de Compra) que elimina essas

diferenccedilas

93

Para calcular o IDH de uma localidade faz-se a seguinte meacutedia aritmeacutetica

(onde L = Longevidade E = Educaccedilatildeo e R = Renda)

nota pode-se utilizar tambeacutem a renda per capita (ou PNB per capita)

Legenda

bull EV = Expectativa de vida

bull TA = Taxa de Alfabetizaccedilatildeo

bull TE = Taxa de Escolarizaccedilatildeo

bull log PIBpc10 = logaritmo decimal do PIB per capita

O IDH varia de zero (nenhum desenvolvimento humano) ateacute 1 (desenvolvimento

humano total) sendo os paiacuteses classificados deste modo

bull Quando o IDH de um paiacutes estaacute entre 0 e 0499 eacute considerado baixo

bull Quando o IDH de um paiacutes estaacute entre 0500 e 0799 eacute considerado meacutedio

bull Quando o IDH de um paiacutes estaacute entre 0800 e 1 eacute considerado alto

Para o bairro de Acari onde o Complexo estaacute situado o PNUD tem tabulado os

seguintes dados para o uacuteltimo Censo de 2000

Ordem

segundo IDH

Bairro Esperanccedila de

vida ao nascer

(em anos)

Taxa de alfabetizaccedilatildeo de adultos ()

Taxa bruta de frequecircncia escolar ()

Renda per

capita (em R$ de 2000)

Iacutendice de Longevidade

(IDH-L

Iacutendice de Educaccedilatildeo

(IDH-E

Iacutendice de Renda (IDH-R)

Iacutendice de Desenvolvimento

Humano Municipal (IDH)

124 Acari 6393 9168 7944 17412 0649 0876 0634 0720

94

O que representa o IDH para o Bairro de Acari Representa a oferta de subsiacutedios para

que o Estado concentre seus investimentos em poliacuteticas puacuteblicas Que segundo BODSTEIN amp

ZANCA (2008)

ldquofornecer dados para o combate a pobreza e o enfrentamento dos problemas sociais atraveacutes da comparaccedilatildeo das condiccedilotildees de vida enfatizando a relaccedilatildeo entre pobreza e ausecircncia de acesso da populaccedilatildeo aos bens e serviccedilos essenciais para a qualidade de vidardquo

Representa tambeacutem a chance de se dispor de dados confiaacuteveis para o investimento

real Mas como todo indicador o IDH tem as suas falhas Por exemplo em Sauacutede ldquonatildeo basta

saber o quanto cada paiacutes aloca no setor sauacutede como percentual de seu PIB o mais

importante eacute quatildeo eficientemente esses recursos tecircm sido empregadosrdquo CICONELLI et ali

(2005)

Na modalidade discursiva ndash Prevenccedilatildeo a Representaccedilatildeo Social que mais se destaca

estaacute ainda inserida no contexto de lixo e educaccedilatildeo conforme as seguintes entrevistas

ldquo vocecirc tiver o espaccedilo fiacutesico de lazer compatiacutevel com as nossas moradias eacute

favoraacutevel o crescimento da crianccedila do adolescente e o adulto saudaacutevel

seja dentro da nossa casa seja na comunidade seja no espaccedilo de lazer seja

onde noacutes tivermos se tiver limpeza agente vai ter uma sauacutede equilibrada se

agente tiver sujeira e imundiacutecie agente natildeo vai ter sauacutederdquo

ldquo se todo mundo em favela viver em um ambiente limpo e saudaacutevel vai ter

com certeza sauacutede saudaacutevel Mas se agente viver na comunidade esse espaccedilo

fiacutesico se natildeo for bem tratado saneamento baacutesico com certeza vatildeo ter essa

comunidade esse espaccedilo ecoloacutegico uma vivecircncia ruimrdquo

ENTREVISTA 1

Talvez o relato mais crucial para a questatildeo que envolve sauacutede e o ambiente onde se

vive fique a cargo da Equipe do Programa de Sauacutede da Famiacutelia

95

ldquo o ideal do programa sauacutede da famiacutelia o objetivo natildeo eacute curativo uma vez

que nosso objetivo eacute a prevenccedilatildeo da sauacutede e agente natildeo tem essa

oportunidade porque agente soacute trabalha com cura melhoria agente ainda

natildeo conseguiu definir esse objetivo de promover a sauacutede prevenir Agente

soacute parte do tratamento porque eu acho que esse conceito ainda falta na

populaccedilatildeo a demanda eacute muito grande entatildeo o programa de sauacutede da

famiacutelia aqui neste momentordquo

ENTREVISTA 6

A prevenccedilatildeo deveria ser uma palavra mais corrente natildeo soacute na aacuterea da sauacutede com

tambeacutem na aacuterea ambiental A expressatildeo ldquoprevenir eacute melhor do que remediarrdquo eacute quase sempre

aceita sem questionamento pois todos concordam que medidas preventivas simples devam

ser tomadas se puderem evitar consequumlecircncias graves ou de difiacutecil reparaccedilatildeo No entanto nem

todas as medidas preventivas mesmo que eficazes satildeo realizadas seja por serem de difiacutecil

implementaccedilatildeo praacutetica ou porque o risco do evento que destinam a prevenir eacute baixo Esta

afirmaccedilatildeo pode causar alguma estranheza mas eacute de faacutecil compreensatildeo ao nos depararmos

com situaccedilotildees fora da aacuterea da sauacutede

Um dos principais objetivos ao se estabelecer procedimentos preventivos eacute portanto

verificar se haacute uma boa relaccedilatildeo entre os benefiacutecios alcanccedilados na prevenccedilatildeo e os custos

envolvidos (natildeo apenas financeiros) Pode-se falar em vaacuterios niacuteveis diferentes de prevenccedilatildeo

na praacutetica em sauacutede

bull A prevenccedilatildeo primaacuteria refere-se a medidas para reduzir ou evitar a exposiccedilatildeo a

fatores de risco que satildeo associados com doenccedilas Inclui modificaccedilotildees de

haacutebitos de vida diretamente ligados agraves principais causas de mortalidade e

inclui uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e balanceada a praacutetica regular de atividade

fiacutesica evitar o consumo excessivo de aacutelcool e o tabagismo

bull A prevenccedilatildeo secundaacuteria refere-se agrave detecccedilatildeo precoce de doenccedilas em

programas de rastreamento

bull A prevenccedilatildeo terciaacuteria que satildeo as medidas que visam prevenir complicaccedilotildees

durante o tratamento de doenccedilas e que se confunde com o proacuteprio tratamento

96

Em sauacutede eacute fundamental se pensar em prevenccedilatildeo Ela facilita a vida dos usuaacuterios

inclusive evitando que as unidades hospitalares entrem em colapso devido agrave grande procura

Mas apesar da ciecircncia desse termo a sua apropriaccedilatildeo pelo brasileiro ainda eacute restrita e haacute uma

lacuna de investigaccedilatildeo do por que ainda eacute indevida O brasileiro aceita com mais agrado a

prevenccedilatildeo terciaacuteria em sauacutede em detrimento da primaacuteria

Um bom exemplo eacute o problema da Dengue Esta jaacute eacute endecircmica e potencialmente

prevenida uma vez que limitando os criadouros do Aedes aegypt se reduz a frequumlecircncia de

casos A prevenccedilatildeo no caso da dengue mesmo que conhecida natildeo eacute efetuada e quando o

veratildeo chega milhares de pessoas datildeo entradas nos serviccedilos de sauacutede para o tratamento

curativo que representa custos imensos para os usuaacuterios quanto maior for o seu descaso com

a prevenccedilatildeo

Eacute um item para se colocar sob a eacutegide da educaccedilatildeo Sim o eacute Mas a populaccedilatildeo

permanece em um letaacutergico e irritante movimento que nunca iraacute acontecer e com isso nunca

se previne E todo ano a histoacuteria se repete A dengue eacute um problema ambiental seu ciclo de

existecircncia envolve o homem e o ambiente onde vive e tem o meso como sua principal viacutetima

ldquo ah tem haver principalmente com a populaccedilatildeo A populaccedilatildeo eacute o

principal responsaacutevel pela Dengue tudo bem que os governantes deixam a

desejar com a limpeza dos valotildees essas coisas neacute Tratamento assim mas a

populaccedilatildeo ateacute hoje consegue deixar garrafa de boca pra cima caixa drsquoaacutegua

destampada entatildeo isso aiacute eacute falta de educaccedilatildeo do povo Se a populaccedilatildeo se

educasse natildeo estariacuteamos nesta situaccedilatildeo Depois de tantas mortes tanta

coisa tanta propaganda tanta notiacutecia na televisatildeo e no raacutedio as pessoas

conseguem deixar a caixa drsquoaacutegua destampada E natildeo satildeo soacute o pobre natildeo os

ricos tambeacutem neacuterdquo

ENTREVISTA 7

ldquoAqui estaacute uma epidemia jaacute morreu crianccedila adulto jovens tem muita gente

internada hoje mesmo no meu trabalho a minha professora de educaccedilatildeo

fiacutesica tava falando que um rapaz novinho taacute todo dia na padaria comprando

patildeo tava com problema de dengue internado com problema seacuterio agente

fica a parte de sauacutede principalmente agente estaacute jogado as baratas Vai

97

pro hospital natildeo tem meacutedico vai no pan natildeo tem meacutedico e aiacute pra ficar

doente passando mau

ENTREVISTA 8

ldquoAcho que a sauacutede vem desde a prevenccedilatildeo Se natildeo houver prevenccedilatildeo natildeo

haacute sauacutede Porque natildeo age soacute que a pessoa tem que a pessoa tem que fazer

aquela prevenccedilatildeo ali pra que natildeo fique doente entendeu Pra que natildeo

pegue algum tipo de viacuterus ou outra coisa Natildeo eacute soacute depois que estaacute doente

cuidar daquilordquo

ENTREVISTA 3

Jaacute o consumismo foi abordado de diversas formas

ldquoO carro eu acho assim noacutes necessitamos dele acho que o carro nos

traz mais conforto eu acho que carro eacute necessidade mas no meio ambiente

ele danifica salta gaacutes polui o ar

ldquoA mesma coisa ai satildeo celulares aparelhos que vocecirc usa pilha usa coisa

que ele danifica tambeacutem o meio ambiente por exemplo eu li uma vez por

exemplo que a ldquoguimbardquo de cigarro se vocecirc colocar ele demora para a

natureza a terra absorver duzentos anos neacute Vi tambeacutem que a garrafa

plaacutestica demora mais de 300 anos para danificar isso plaacutestico entatildeo isso eacute

ENTREVISTA 1

O consumismo eacute tratado com reservas primeiro porque as condiccedilotildees econocircmicas no

contexto deste Complexo natildeo permitem o gasto excessivo com bens materiais ou

investimentos imediatos como melhorias nas habitaccedilotildees ou itens de luxo Mesmo assim

pessoas manifestaram a necessidade de um determinado bem Articularam atraveacutes das suas

falas que conforto e consumismo podem ser dependentes E uma vez generalizando

98

sublimam as paixotildees por determinados produtos tecnoloacutegicos de ponta Mas mesmo com esse

olhar tiacutemido foi comum encontrar o consumismo associado tambeacutem agrave poluiccedilatildeo e agrave produccedilatildeo

de resiacuteduos Exemplos como o carro pilhas plaacutestico e o cigarro vecircm corroborar a ideacuteia de que

o meio ambiente sofre tambeacutem com a produccedilatildeo industrial com o consumismo mais

diretamente relacionado agrave regulaccedilatildeo do seu uso implicando seu descarte na natureza (o

ambiente da favela)

Atualmente se discute por exemplo o destino que os beneficiados pelo Programa

Bolsa Famiacutelia datildeo ao provento que recebem do Governo Federal Inclusive dentro do

Complexo onde muitas famiacutelias aderiram ao consumismo neoliberal para o qual o Governo

se propotildee como alternativa MARTINS (2008)

622 REPRESENTANDO A SAUacuteDE E O MEIO AMBIENTE

Meio ambiente e Sauacutede satildeo temas absolutamente indissociaacuteveis O ser humano eacute parte

da natureza e precisa do meio ambiente saudaacutevel para ter uma vida salubre Os danos

causados ao meio ambiente provocam prejuiacutezos agrave sauacutede e vice-versa e a existecircncia de um eacute a

proacutepria condiccedilatildeo da existecircncia do outro GRANZIERA amp DALLARI (2005)

Segundo CUNHA (2005)

O artigo 225 da Constituiccedilatildeo Federal do Brasil estipula que Todos tecircm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado bem de uso comum do povo e essencial agrave sadia qualidade de vida impondo-se ao Poder Puacuteblico e agrave coletividade o dever de defendecirc-lo e preservaacute-lo para as presentes e futuras geraccedilotildees Nota-se que o dispositivo em foco eacute categoacuterico ao afirmar que o meio ambiente ecologicamente equilibrado eacute essencial agrave sadia qualidade de vida ou seja agrave proacutepria sauacutede

Ainda no artigo 200 que trata das atribuiccedilotildees do SUS no inciso VIII a colaboraccedilatildeo e

a proteccedilatildeo do meio ambiente satildeo citados Jaacute na Lei 693881 conhecida como Poliacutetica

Nacional do Meio Ambiente que tem por objetivo a preservaccedilatildeo melhoria e recuperaccedilatildeo da

qualidade ambiental favoraacutevel agrave vida e portanto agrave sauacutede visa a assegurar condiccedilotildees ao

desenvolvimento soacutecio-econocircmico e agrave proteccedilatildeo da dignidade humana Com isso

99

juridicamente as inter-relaccedilotildees entre sauacutede e meio ambiente deixam de ser atos exclusivos de

cada esfera para tornar a ser e se perceber como natildeo excludentes

CUNHA (idem) ainda cita o art 3ordm inciso III aliacutenea a ldquopoluiccedilatildeo como a

degradaccedilatildeo da qualidade ambiental resultante das atividades que direta ou indiretamente

prejudiquem a sauacutede a seguranccedila e o bem-estar da populaccedilatildeordquo e a Lei 808090 prevecirc uma

seacuterie de accedilotildees integradas relacionadas agrave sauacutede meio ambiente e saneamento baacutesico via

consignaccedilatildeo do meio ambiente como fator condicionante para a sauacutede

A sauacutede eacute resultante das condiccedilotildees objetivas de existecircncia resulta das condiccedilotildees de

vida bioloacutegica social e cultural e particularmente das relaccedilotildees que os homens estabelecem

entre si e com a natureza Portanto ela deve ser mantida atraveacutes de mecanismos que

incrementem a qualidade de vida e natildeo somente da assistecircncia Isso exige a articulaccedilatildeo de

todos os setores sociais e econocircmicos e desta forma o direito agrave sauacutede natildeo seria o pressuposto

que apenas nortearia as poliacuteticas setoriais de sauacutede mas um elo integrador que teria de

permear todas as poliacuteticas sociais do Estado balizadas pela participaccedilatildeo inclusive de poliacuteticas

econocircmicas

Segundo a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede a sauacutede eacute um estado de completo bem estar

fiacutesico mental e social e natildeo apenas a ausecircncia de afecccedilatildeo ou doenccedila Mas nas interaccedilotildees

sociais que ocorrem na esfera social de um espaccedilo citadino esta definiccedilatildeo ainda eacute restrita

pois sauacutede tambeacutem se correlaciona com ecologia aleacutem disso sauacutede eacute um ldquoprocesso dinacircmico

que se alcanccedila na medida em que os atores sociais se articulem ou natildeo com todas as

variaacuteveis implicadas para este processordquo FIOCRUZ (2001)

O tema ldquoO homem sua sauacutede e o ambiente em que ser viverdquo eacute oportuno pois fornece

uma reflexatildeo a respeito desta faceta ambiental que envolve sauacutede e o ser humano como

objeto de estudo ainda mais quando natildeo se nega a sua participaccedilatildeo social como fator

limitante da sua sauacutede

Para Sauacutede e Meio ambiente as representaccedilotildees sociais foram

bull Equiliacutebrio Fiacutesico-Mental sentir-se saudaacutevel viver bem limpeza de onde se vive

bull Esgoto saneamento vala negra lixo casa lugar onde se vive aacutegua e Ar

desde as lideranccedilas ateacute moradores comuns a definiccedilatildeo claacutessica de sauacutede foi percebida

quase que unacircnime como revelada nas falas

100

ldquoEquiliacutebrio fiacutesico e mental pra mim sauacutede eacute isso equiliacutebrio fiacutesico e

mental Quando eu falo fiacutesico e mental vocecirc eacute uma pessoa saudaacutevel se vocecirc

tem um equiliacutebrio fiacutesico neacute Eu to bem fisicamente mentalmente eu to bemrdquo

ENTREVISTA 1

- Sauacutede eacute o bem estar fiacutesico e mental neacute Boa alimentaccedilatildeo higiene eacute o

estado de espiacuterito perfeito neacute A pessoa sem sauacutede eacute nada entatildeo pra se ter

sauacutede tem que ter boa alimentaccedilatildeo acompanhamento meacutedico

ENTREVISTA 7

ldquo Bem estar fiacutesico e mental de cada pessoardquo

ENTREVISTA 6

ldquosobre tudo condiccedilatildeo socialrdquo

ENTREVISTA 6

ldquoeacute difiacutecil vocecirc falar em cima dessas para mim essa abrange tudo natildeo tenho

que acrescentar a isso Agora eu acho que vocecirc pode natildeo necessariamente

estar bem psicologicamente para mim eacute o mesmo que estar psicologicamente

para ela pode ser diferente Eu acho que isso pode ser nivelado eu acredito

natildeo eacute a mesma coisa pra todo mundo Natildeo tem como vocecirc dizer que todo

mundo vai ter o niacutevel de sauacutede igual vai achar a mesma coisa Vocecirc pode

dizer a mesma coisa mas na verdade natildeo acha a mesma coisardquo

ENTREVISTA 6

O que seria equiliacutebrio fiacutesico-mental para aquelas pessoas Primeiramente um termo

usado com frequumlecircncia na definiccedilatildeo claacutessica de sauacutede Mas natildeo eacute soacute isso pois haacute um

entendimento de que sauacutede natildeo se liga somente ao estado fiacutesico Os processos de cogniccedilatildeo

tambeacutem satildeo passiacuteveis de serem caracterizados por serem ou natildeo saudaacuteveis onde se inclui

101

tambeacutem o humor e o estado de espiacuterito A fala deste entrevistado natildeo eacute muito definidora mas

revela a importacircncia de se estar bem mentalmente para se ter sauacutede

ldquoEu to bem fisicamente mentalmente eu to bemrdquo

ENTREVISTA 1

A construccedilatildeo do ldquoestar bem mentalmenterdquo tambeacutem subsidiada pela dinamicidade do

processo que eacute a sauacutede eacute na verdade um equiliacutebrio dinacircmico tanto mais precaacuterio quanto

maiores forem agraves necessidades baacutesicas incompletas

Aleacutem do ldquoestar bem mentalmente e estar bem fisicamenterdquo sauacutede eacute tambeacutem saber

gerir seu local de moradia que envolva cuidado higiene ldquolimpezardquo e o cuidado com o

proacuteximo (depoimento sobre a dengue)

Segundo as entrevistas a participaccedilatildeo social eacute precaacuteria apesar de as associaccedilotildees de

moradores tentarem congregar todo o Complexo muito dos seus moradores ainda continuam

sem participaccedilatildeo E a dinacircmica dessa participaccedilatildeo eacute um universo que varia desde oposiccedilatildeo

direta aos representantes nomeados pelas associaccedilotildees agrave aquele morador que natildeo participa e

natildeo se fazer ouvir mas assim acaba beneficiando se passivamente das poliacuteticas puacuteblicas e

das tomadas de decisotildees

Ter sauacutede eacute tambeacutem ocupar os espaccedilos puacuteblicos Eacute ter garantido o direito de ir e vir

uma vez que moram ao lado de grandes linhas de deslocamento como eacute o caso da Avenida

Brasil e a Linha 2 do Metrocirc

Ter sauacutede eacute contar com a participaccedilatildeo de ONGrsquos que promovem o cuidado dentro das

suas aacutereas de atividades Muitas delas funcionam como se fosse uma extensatildeo da famiacutelia pois

pelo conviacutevio e aceitaccedilatildeo muitas crianccedilas tecircm a oportunidade de aprender alguma cultura de

massa e preparar-se para o mercado de trabalho Como eacute o caso das atividades do Centro de

Estudos e Atendimento Satildeo Domingos Saacutevio e o Centro Social Futuro Feliz ambos situados

no Complexo

Ter sauacutede eacute tambeacutem depender do poder puacuteblico para que se limpem as ruas vielas e o

rio para que se cortem as aacutervores que estatildeo caindo sobre as casas para que se decirc uma soluccedilatildeo

para a questatildeo da dengue disponibilizado leitos hospitalares e meacutedicos

Em uma das visitas de campo foi possiacutevel deparar-se com uma equipe de combate a

dengue Em conversa com um membro da equipe foi perguntado sobre a demanda Foi

informado que a quantidade de focos para o desenvolvimento da larva do mosquito eacute

102

absurdamente elevado e que piorando a situaccedilatildeo os moradores natildeo se importam em combatecirc-

los por vezes impedindo o acesso da equipe a estes focos

Ter sauacutede eacute tambeacutem ter emprego ter salaacuterios dignos meios de transportes comida

abrigo de sol e chuva de ter raiacutezes seus iacutedolos sua muacutesica eacute ter uma referecircncia

A experiecircncia deste autor em sauacutede somada a alguns anos de praacutetica hospitalar fez ver

a correlaccedilatildeo entre doenccedilas e o ambiente Vaacuterias satildeo as doenccedilas capazes de incidir sobre as

populaccedilotildees a grande maioria delas estaacute relacionada com a degradaccedilatildeo humana e ambiental

das localidades onde se vive

As doenccedilas podem ter curso raacutepido e fatal como tambeacutem podem levar a cronicidade

Exemplo de doenccedila de raacutepida evoluccedilatildeo eacute a Meningite bacteriana e no oposto a ela a

Hanseniacutease ou o diabetes Haacute doenccedilas que satildeo transmitidas por via hiacutedrica outras por via oro-

fecal outras provocadas pela poluiccedilatildeo do ar tantas outras por inalaccedilatildeo de produtos quiacutemicos

causadoras alteraccedilotildees geneacuteticas Algumas se relacionam ao trabalho ao descuido com

equipamentos de proteccedilatildeo Muitas favorecidas pela deficiecircncia alimentar ou a ignoracircncia Mas

todas tecircm uma linha em comum usam o espaccedilo geograacutefico para acontecerem

Um grande nuacutemero de pessoas vive hoje em dia em aacutereas degradadas Estas podem ser

por desmatamento contaminaccedilatildeo do ar ou do solo aacuterea densamente povoadas com

problemas relativos agrave violecircncia ou a seguranccedila puacuteblica Outras aacutereas podem ter industrias

poluentes no entorno ou rios ou lagos eutrofizados estes ambientes de moradia tambeacutem

podem estar nas margens das rodovias ou ferrovias Pela caracterizaccedilatildeo geograacutefica do

Complexo de Favelas Acari eacute significativo o impacto desses paracircmetros agrave sauacutede do morador

A pressatildeo do aumento populacional e da exploraccedilatildeo imobiliaacuteria associada agrave rede

deficitaacuteria de transportes puacuteblicos ou as oportunidades de mercado de trabalho tecircm levado

uma grande maioria de pessoas a habitar aacutereas degradadas Isto pode revelar uma faceta cruel

para esses habitantes

O ambiente degradado por natildeo oferecer vantagem econocircmica e muito menos ser

atraente agrave exploraccedilatildeo imobiliaacuteria tem um preccedilo de uso do solo muito menor do que outras

aacutereas da cidade Geralmente eacute para laacute que parcelas significativas da populaccedilatildeo migram e

estabelecem residecircncia pois encontram casas barracos terrenos em condiccedilotildees que podem

comprar alugar ou mesmo ocupar Muitas das vezes satildeo preacutedios abandonados natildeo chegando a

constituir favela e sim invasotildees

Esses espaccedilos ambientais escondem uma dura rotina Falta saneamento transporte

espaccedilo e seguranccedila para lazer escola e atendimento em sauacutede Por vezes satildeo aacutereas

alagadiccedilas

103

A faceta cruel da realidade eacute o custo social que seus moradores tecircm quando pertencem

a esse espaccedilo ambiental Um dos entrevistados mostrou sua indignaccedilatildeo ante a degradaccedilatildeo

ambiental em que vive uma realidade vivencia do mesmo Complexo

ldquoEntatildeo vou dizer laacute da beirada do rio se vocecirc for a beirada do rio de Acari

depois do hospital vocecirc vai dizer que poliacutetico eacute esse que temos nesse

municiacutepio se entra laacute eu tava com chinelo de dedo e fui laacute procurar um

menino aconteceu um acidente uma rato mordeu aqui nele (no rosto) na

mulher tambeacutem (braccedilo) eu fui laacute entrei nos meus dedos tinha aquela lama

preta e dentro de casa natildeo eacute cimento natildeo eacute chatildeo batido uacutemido que as

pessoas botam tapete que eles encontram no lixo taacutebua ou papelatildeo Levo

quem quiser laacute eu falo pra poliacutetico eu levo laacute eu levo aquilo tudo imundo

cheio de verminose as crianccedilas descalccedilas eu vejo isso no meio do complexo

de Acari se vocecirc procurar nos becos da favela se anda aiacute se vecirc muito coco

de animais aqui natildeo se vecirc crianccedilaeacute porco cabrito gato cachorro tudo

faz por aiacute e as crianccedilas brincando mesmo com a favela bairro mal feita

ainda tem lugares que ta faltando aacutegua natildeo tem aacutegua potaacutevel na hora que

fez favela bairro tirou um cano novo botou um velho soacute que o velho neacute O

novo natildeo passa aacutegua e o velho tambeacutem Umas pessoas tecircm aacutegua outros

lugares aqui na rua do viaduto cansam de reclamar isso e os proacuteprios

bueiros mal feitos neacute Quando tem uma chuva bem forte os bueiros natildeo satildeo

limpos que o gari daqui vocecirc sabe limpar as ruas eu que vejo os garis de

outros lugares que eles limpam os bueiros tambeacutem de outro lugar vocecirc em

outro lugar a diferenccedila limpam as ruas do Meacuteier lavam as ruas aqui nem

em dia de feira lavam as ruasentatildeo vocecirc vecirc a diferenccedila disso tudo Se vocecirc

andar no conjunto de manhatilde esse conjunto aqui vocecirc vai ver de copo

descartaacutevel papel que jogamah se vocecirc se andar nas ruas becos vocecirc vecirc

muita sujeira os gari acabam de limpar e se eles voltarem duas horas

depois estaacute tudo sujo

ENTREVISTA 1

Dentre as diversas doenccedilas em curso hoje solo brasileiro o Ministeacuterio da Sauacutede

pontua algumas como doenccedilas de notificaccedilatildeo compulsoacuteria E para isso se utiliza do SINAN ndash

104

Sistema Nacional de Agravos de Notificaccedilatildeo onde atraveacutes dele armazena e processa os dados

referentes a essas doenccedilas O SINAN tem a finalidade de com as informaccedilotildees geradas

contribuir para orientar e monitorar as intervenccedilotildees dos serviccedilos e reduzir a transmissatildeo e

aquisiccedilatildeo das doenccedilas Trabalha com a detecccedilatildeo de agravos coletivos em condiccedilotildees especiais

de risco e vulnerabilidade A porta de entrada para esses dados satildeo as unidades de sauacutede

como postos de sauacutede hospitais e o Programa de Sauacutede da Comunidade quando natildeo

campanhas de sauacutede na proacutepria comunidade

Segundo o SINAN deve ser preenchido um formulaacuterio especiacutefico para cada doenccedila e

essa notificaccedilatildeo eacute obrigatoacuteria As doenccedilas de notificaccedilatildeo obrigatoacuterias satildeo

Fonte Centro Nacional de Epidemiologia

Fica a cargo da Secretaria Municipal de Sauacutede gerir os dados relativos a essas e muitas

outras doenccedilas e repassaacute-los ao Ministeacuterio da Sauacutede Como exemplo se utilizou de dados do

Serviccedilo de Epidemiologia da Secretaria Municipal de Sauacutede do Rio de Janeiro

A proacutepria Secretaria em seu site fornece algumas tabulaccedilotildees de dados Eles estatildeo

atualizados ateacute o ano de 2006 Os anos de 2007 e 2008 apesar de jaacute terem dados suficientes

descoberta de novos casos natildeo estatildeo disponiacutevel pois se encontram ainda em fechamento

As tabelas de 2-B a 7-B mostram em niacuteveis a incidecircncia da doenccedila ou agravo O

primeiro niacutevel eacute o Municiacutepio do Rio de Janeiro seguido da aacuterea de planejamento da sub-aacuterea

e por fim o bairro Porque mostrar desta forma Para que haja uma comparaccedilatildeo dos casos da

doenccedila ou agravo levando em conta o contexto e as aacutereas no entorno Assim se consegue

105

perceber se a doenccedila ou agravo eacute local ou haacute casos espalhados pelo extenso territoacuterio do

Municiacutepio

A aacuterea de planejamento eacute uma definiccedilatildeo organizacional caracteriacutestico de cada

Secretaria em Sauacutede o Municiacutepio do Rio de Janeiro eacute dividido em cinco aacutereas Jaacute a aacuterea de

planejamento eacute subdividida em aacutereas menores ficando o bairro Acari pertencendo a AP 33

dentro da sub-aacuterea XXV que eacute Pavuna Entatildeo por esta estratificaccedilatildeo tenta-se mostrar a

incidecircncia de algumas doenccedilas ou agravos

A tabela 8-B mostra tambeacutem que a quantidade de casos de agressatildeo por animais

domeacutesticos eacute elevada para aquela comunidade Isto se deve ao fato de que haacute uma expressiva

populaccedilatildeo destes animais naquela comunidade muitos dos quais vivem nas ruas A

permissibilidade de se ter catildees ou gatos sem nenhuma responsabilidade do proacuteprio dono eacute

caracteriacutestico de aacutereas de baixo poder aquisitivo O que no final acaba promovendo episoacutedios

de agressatildeo principalmente agraves crianccedilas Pois se sabe que os casos notificados natildeo

correspondem agrave realidade uma vez que os adultos satildeo muito refrataacuterios na notificaccedilatildeo dos

casos de mordedura ou ateacute mesmo um arranhatildeo com animais domeacutesticos Como o Complexo

como um todo tem muitos problemas de higiene e controle da sua populaccedilatildeo de animais a

questatildeo ndash animal domeacutestico tem que ser estudada com atenccedilatildeo ainda mais que natildeo satildeo soacute

estes animais os privilegiados para dividirem o restrito espaccedilo com o ser humano haacute outros

como caprinos e suiacutenos que foram mencionados nas entrevistas Logo disponibilizar dados

referentes a estes ldquomoradoresrdquo tambeacutem assume uma importacircncia de modo que sejam

executadas intervenccedilotildees como a remoccedilatildeo do agravo

Um grande problema de difiacutecil resoluccedilatildeo para os moradores do Complexo de Acari eacute a

reduccedilatildeo da sua populaccedilatildeo de roedores ndash rattus sp Estes animais assim como mosquitos

moscas e as baratas tornaram-se bem adaptados por encontrarem alimento em abundacircncia

que proveacutem do desperdiacutecio e da sujidade Consequumlentemente o ambiente urbano tem uma

imensa populaccedilatildeo que traz tantos outros problemas para o ser humano A convivecircncia com

estes animais natildeo eacute nem de longe uma ato saudaacutevel

Um grande problema enfrentado eacute a leptospirose Uma vez que o rato esteja infectado

com a bacteacuteria Leptospira sp ele pode liberaacute-la atraveacutes da urina no ambiente O ambiente

mais comum de se encontrar ratos satildeo os esgotos forros de teto dentro de colchotildees dentro de

fogotildees torna-se faacutecil com isto relacionar a probabilidade que o ser humano tem de ser

contaminar-se e adoecer de leptospirose ndash uma zoonose Haacute risco de ocorrecircncia ampliado

quando haacute enchentes produzidas por chuvas intensas Pois por soluccedilatildeo de continuidade a

106

aacutegua do esgoto que pode estar contaminada eacute a mesma aacutegua que iraacute invadir as ruas e ateacute

mesmo as casas

O controle das populaccedilotildees de vetores eacute feito pela Vigilacircncia Sanitaacuteria Municipal O

municiacutepio do Rio de Janeiro atraveacutes do Decreto Municipal nordm 6235 de 30 de outubro de

1986 aprova o Regulamento da Defesa e Proteccedilatildeo da Sauacutede no tocante a alimentos e agrave

higiene habitacional e ambiental Mas natildeo trata diretamente quando o assunto eacute o rattus sp

Em 2007 estava tramitando na cacircmara dos vereadores um Projeto de Lei que enfocava

diretamente o rattus spcomo um animal portador de doenccedilas e causador de prejuiacutezos para a

economia local Nesta proposta de Lei Municipal houve uma tentativa de instituir a 3ordf semana

do mecircs de maio como a Semana de Combate aos ratos Este Projeto de Lei foi sancionado e

publicado no Diaacuterio Oficial do Municiacutepio no dia 08 de janeiro de 2008 criou-se entatildeo a Lei

Municipal nordm 474208 que institui no calendaacuterio oficial do municiacutepio do Rio de Janeiro a

semana de combate aos ratos

Para os moradores do Complexo de Acari

Ratos Aqui tem uma epidemia de rato rato mesmo subindo pelas paredes

Aqui tem muito rato muita umidade tem apartamento muito uacutemidordquo

ENTREVISTA 8

ldquoJaacute tatildeo jogando lixo ali no certo eacute eles colocar a noite que o cara passa

para recolher aquele lixo ajunta o quecircmosquito ratordquo

ENTREVISTA 10

ldquoE ali proacuteximo a Praccedila Roberto Carlos quando chove aquelas chuvas

intensas muitas casas ficam inundadas muitas residecircncias vamos dizer

assimrdquo

ENTREVISTA 11

As representaccedilotildees sociais ldquoesgoto e saneamentordquo se abordaraacute ao mesmo tempo pois

nas suas falas haacute uma linha tecircnue que faz deslocar a temaacutetica para um mesmo objeto A

107

percepccedilatildeo que se tem do esgoto e do saneamento se mescla com a proposta de o Estado

intervir levando melhorias urbaniacutesticas atraveacutes de uma das suas poliacuteticas puacuteblicas

intervencionistas ndash o Favela-Bairro

Segundo um entrevistado o Complexo de Acarai era

ldquoAcari era um peixe que vivia no lamaccedilal na imundicerdquo

ENTREVISTA 5

Entatildeo chegou o Favela-Bairro e com ele a modificaccedilatildeo do ambiente com a abertura de

ruas as vielas foram pavimentadas houve a proposta de centralizaccedilatildeo do despejo do lixo a

instituiccedilatildeo do Gari Comunitaacuterio a participaccedilatildeo dos Guardiotildees do Rio e a transformaccedilatildeo de

um posto de sauacutede em Programa de Sauacutede da Famiacutelia Mas infelizmente quanto a essa

iniciativa do Estado alguns moradores entrevistados deixam transparecer suas criacuteticas

ldquoO governo trouxe o favela bairro o que aconteceu A aacutegua Quando chove

o esgoto volta para casa das pessoas E a aacutegua Fica difiacutecil tambeacutem a aacutegua

que os moradores para ter aacutegua tem que ter bomba porque sem bomba fica

sem aacuteguardquo

ENTREVISTA 6 O problema da aacutegua no complexo de Acari assume uma importacircncia fundamental para

a manutenccedilatildeo do seu meio ambiente de modo a satisfazer suas necessidades baacutesicas Para uma

comunidade que tem forte histoacuteria de racionamento de aacutegua mesmo com as obras do favela-

bairro ainda se encontra pelas diversas casas o estoque de aacutegua em latotildees muita das vezes

bastante enferrujados baldes e bacias Isso prejudica na lavagem da louccedila dos forros de

cama no asseio do corpo no preparo dos alimentos e na ingestatildeo de aacutegua potaacutevel

ldquoPorque conscientizaccedilatildeo se demora muito neacute Vocecirc conscientiza uma

pessoa a pessoa entender isso Que agente pode ter divergecircncia de ideacuteia ou

achar que temos que beber aacutegua filtrada e a moradora dizer pra mim natildeo

eu bebo a aacutegua do latatildeo haacute vinte anosrdquo

ENTREVISTA 1

108

Ambientalmente o problema das aacuteguas estaacute se tornando um pesadelo para os seus

moradores Primeiro porque assim como qualquer outro lugar no Rio de Janeiro estatildeo

enfrentando um surto de dengue que com uma ajuda substancial das chuvas tem gerado um

boom na proliferaccedilatildeo de mosquitos Segundo porque a aacutegua tratada e distribuiacuteda pela

CEDAE natildeo chega para todos obrigando-os agrave estocagem

ldquo tem lugares que ta faltando aacutegua natildeo tem aacutegua potaacutevel na hora que fez

favela bairro tirou um cano novo botou um velho soacute que o velho neacute O

novo natildeo passa aacutegua e o velho tambeacutem Umas pessoas tecircm aacutegua outros

lugares natildeo Aqui na rua do viaduto cansam de reclamar issordquo

ENTREVISTA 1

ldquoO pessoal tem que acordar de madrugada para poder lavar roupardquo

ENTREVISTA 6

ldquoEstamos sem aacutegua ontem mesmo natildeo teve nem aula na creche porque

natildeo tinha aacutegua as matildees precisam trabalhar quem tem as crianccedilas na

creche para poder trabalhar teve que voltar com as crianccedilas pra casa

porque natildeo tinha nem aacutegua como iam fazer comida A diretora chegou na

escola natildeo tinham nem uma gota de aacutegua a CEDAE esquece da

gentechama faz pedidoagraves vezes o R tem que sair daqui para apanhar a

CEDAE laacute nao caminhatildeo da CEDAE laacute napra pegar o caminhatildeo para

trazer aquiaqui felicidade eacute poucordquo

ENTREVISTA 9

O Rio Acari eacute o curso drsquoaacutegua que separa os bairros de Acari e Parque Coluacutembia cursa

os bairros de Marechal Hermes Barros Filho Coelho Neto Pavuna Acari Parque Columbia

e Jardim Ameacuterica onde desaacutegua no rio Pavuna Seus afluentes satildeo rio Marangaacute rio

Sapopemba rio das Pedras e Arroio dos Afonso Este rio faz parte da Bacia Hidrograacutefica do

rio Meriti contribuinte agrave bacia da baiacutea de Guanabara

109

A drenagem do esgoto do bairro de Acari inclusive do Complexo eacute feito atraveacutes de

ligaccedilotildees diretas encaminhadas para o rio principalmente na favela Beira Rio como tambeacutem

pela Vala da Favela do Acari que eacute um curso drsquoaacutegua com 750 metros de extensatildeo que cursa

junto a Rua Uniatildeo Uma outra parte eacute escoada pelo Canal do CEASA

Pelo crescente processo de urbanizaccedilatildeo daquela regiatildeo ao longo dos anos o ambiente

natural foi praticamente modificado pela accedilatildeo antroacutepica que contribuiu e causou quadros

graviacutessimos de degradaccedilatildeo ambiental Inclusive pela permissividade do Estado por lhe faltar

mecanismos coibitivos seguros capazes de organizar a ocupaccedilatildeo e uso do solo A praacutetica da

degradaccedilatildeo ambiental tem causado problemas como

1) Ocorrecircncia de enchentes catastroacuteficas

2) Ocorrecircncia de inuacutemeros surtos de doenccedilas de veiculaccedilatildeo hiacutedrica

3) Erosatildeo das margens assoreamento e obstruccedilatildeo dos cursos daacutegua pelo

lanccedilamento de resiacuteduos soacutelidos e uso indevido do solo ateacute mesmo a ocupaccedilatildeo

dos terrenos marginais e a construccedilatildeo de aterros para instalaccedilatildeo de moradias

inclusive do tipo palafitas

4) Conflitos de uso da aacutegua

O sistema de drenagem pluvial eacute deficitaacuterio mesmo com a obra do Programa Favela-

bairro pois segundo seus moradores

ldquo e aliacute proacuteximo a praccedila Roberto Carlos quando chove aquelas chuvas

intensas muita casa fica inundada muitas residecircncias vamos dizer assimrdquo

ENTREVISTA 11

Um problema relacionado a essa drenagem ineficiente eacute o proacuteprio uso indiscriminado

do solo Haacute tantas moradias construiacutedas uma ao lado da outra que praticamente natildeo haacute solo

disponiacutevel para drenagem causando uma impermeabilizaccedilatildeo do solo Algumas das ruas pelo

menos as de maior circulaccedilatildeo pavimentadas contribuem para o acuacutemulo da aacutegua com

consequumlente inundaccedilatildeo das casas

Ateacute mesmo na Vala da Favela de Acari o fenocircmeno do transbordamento do seu leito eacute

bastante comum quando chove muito causando transtorno e prejuiacutezo para os moradores

daquela localidade

110

Outro grave problema ambiental percebido nas suas representaccedilotildees foi o descarte de

lixo no proacuteprio rio Acari e na Vala da Favela de Acari Os resiacuteduos soacutelidos natildeo escoam

facilmente com o volume de aacutegua encontrado em periacuteodos natildeo chuvosos Isto eacute devido agrave

baixa vazatildeo do rio assim o lixo vai se acumulando e formando ldquoilhasrdquo Com a vazatildeo

aumentada por conta das chuvas o lixo acumulado obstrui a circulaccedilatildeo da aacutegua alagando as

residecircncia no seu entorno e impedindo a drenagem da aacutegua da Vala da Favela de Acari

levando esta a seu transbordamento

ldquoEu ateacute discuto isso muito em que tem que orientar os moradores a natildeo

jogar as coisas que eles natildeo usam mais no rio e eles acabam jogando e daacute

enchente e enchente vaacuterios barracos na beirada do rio vatildeo ser levadas

vaacuterias famiacutelias eacuteflageladas sem onde morar vocecirc vecirc que baixa a enchente

as pessoas voltam a morar a fazer seus barracos e continuam jogando seus

detritosrdquo

ENTREVISTA 1

Os Guardiotildees do Rio satildeo moradores da proacutepria comunidade satildeo recrutados pela

Secretaria Municipal de Meio Ambiente atraveacutes do Programa de Valorizaccedilatildeo Ambiental de

Rios e Lagoas com a finalidade de recuperaccedilatildeo dos corpos drsquoaacutegua do Municiacutepio No

Complexo de Acari eles tecircm realizado a limpeza do rio retirando o lixo que uma vez

depositado viram barreiras ao escoamento da aacutegua inclusive carcaccedila de carros

ldquoVocecirc vecirc o rio Acari hoje melhorou um pouco por que existe os guardiotildees

do rio Satildeo homens que satildeo pagos pela prefeitura pela meio ambiente que eacute

da secretaria do meio ambiente que eacute daqui da prefeitura que faz a limpeza

do rio dos detritos que os proacuteprios moradores jogam no riordquo

ENTREVISTA 1

Natildeo haacute tratamento de aacutegua o esgoto do Complexo de Acari eacute todo lanccedilado ldquoin naturardquo

para dentro do rio Acari Este recebe esgoto sanitaacuterio ainda dos seus afluentes e na regiatildeo do

Distrito Industrial de Honoacuterio Gurgel e Coelho Neto passa a captar efluentes industriais

111

Logo depois de desaguar no Rio Pavuna 1600m a jusante encontra-se a Estaccedilatildeo de

Tratamento e Esgoto Pavuna jaacute na altura do Jardim Ameacuterica Esta estaccedilatildeo tem capacidade

para processar 1000 ls com 400 km de rede (Fig 5-B)

Natildeo se pode deixar de enunciar aqui a presenccedila de um grande hospital dentro do

Complexo Chamado de Hospital Ronaldo Gazolla ainda se encontra fechado Eacute ma imensa

estrutura que promete atendimento secundaacuterio e terciaacuterio em sauacutede Mas tamanha capacidade

de procedimentos traz consequumlentemente grandes impactos ambientais Este hospital tem

capacidade de congregar moradores tanto das regiotildees norte e oeste do Municiacutepio do Rio de

Janeiro quanto da Baixada Fluminense assim gerando problemas com o aumento de

circulaccedilatildeo humana na localidade

Outra situaccedilatildeo eacute o aumento da carga de dejetos provenientes do hospital para dentro

do Rio Acari Muitos desses aleacutem de serem dejetos humanos com alta carga bacteriana multi-

droga resistentes satildeo constituiacutedos tambeacutem por aacutegua de lavagem de materiais contaminados

dejetos de limpeza de superfiacutecies e pisos misturados a soluccedilotildees desinfetantes aacutegua de

lavanderia aacuteguas das caldeiras os resiacuteduos de procedimentos do centro ciruacutergico dos

ambulatoacuterios do laboratoacuterio de anaacutelises cliacutenicas e anatomopatoloacutegico Soacute desses dois uacuteltimos

devido a grande quantidade de substacircncias reagentes empregadas apresentam quantidades

consideraacuteveis de fenoacuteis aacutecidos e produtos enzimaacuteticos gerados nas reaccedilotildees bioquiacutemicas

BRATFICH (2008)

A RDC 5002 da ANVISA dispotildee sobre o Regulamento Teacutecnico para planejamento

elaboraccedilatildeo e avaliaccedilatildeo de projetos fiacutesicos de estabelecimentos assistenciais de sauacutede Ela

normatiza inclusive o esgoto hospitalar orientando a natildeo descarga do esgoto hospitalar ldquoin

naturardquo nos corpos hiacutedricos que no caso do Hospital Ronaldo Gazolla o rio Acari Dentre os

itens a RDC aborda as Caixas de Separaccedilotildees de mateacuterias usuais e as especiacuteficas para material

quiacutemico em atividade como gordura produtos de lavagem separaccedilatildeo de gesso fixadores e

reveladores de equipamentos de imagem Esta RDC prevecirc que uma vez o esgoto sendo

tratado poderaacute ser lanccedilado na rede de esgoto implantada normalmente

A Lei 943397 institui a Poliacutetica Nacional de Recursos Hiacutedricos cria o Sistema

Nacional de Gerenciamento de Recursos Hiacutedricos e regula o inciso XIX do art 21 da

Constituiccedilatildeo Federal e altera o art 1ordm da Lei 800190 que modificou a Lei 799089 Ela

estabelece que a aacutegua eacute de domiacutenio puacuteblico limitado dotado de valoraccedilatildeo econocircmica Esta

Lei estabelece a outorga pelo uso dos recursos hiacutedricos inclusive usos que alterem a

quantidade e a qualidade da aacutegua existente em um corpo de aacutegua

112

Aleacutem desta lei federal lei estadual 323999 institui a poliacutetica estadual de Recursos

Hiacutedricos criando assim o sistema estadual de gerenciamento de recursos hiacutedricos

regulamentando o artigo 261 paraacutegrafo 1ordm inciso VII Como nota-se o Brasil eacute eficiente em

sua legislaccedilatildeo ambiental mas o que se torna preocupando eacute a fiscalizaccedilatildeo que se tem emabasa

em todos os dispositivos coibitivos e organizacionais de que dispotildee o sistema juriacutedico

ambiental brasileiro

Existem outras formas de poluiccedilatildeo que podem alterar a qualidade de vida dos

moradores do Complexo e estas podem ter origem no seu ambiente externo tais como a

degradaccedilatildeo da qualidade do ar

O limite sul do Complexo de Acari se situa nas margens da Avenida Brasil que

diariamente tem um fluxo da ordem de 200000 veiacuteculos por dia Esse fluxo intenso impacta

tambeacutem o meio ambiente causando problemas sobre as populaccedilotildees do entorno Eacute estimado

que 60 da poluiccedilatildeo atmosfeacuterica na regiatildeo das grandes cidades satildeo decorrentes dos veiacuteculos

automotores de acordo com o site AMBIENTEBRASIL e que apesar dos dispositivos na

resoluccedilatildeo CONAMA 00390 a Lei 253996 das campanhas governamentais da participaccedilatildeo

das empresas fabricantes de combustiacuteveis o Brasil tem ainda uma frota de carro bastante

antiga com motores de baixo rendimento e problemas como de escapamento

Associado ao produto do escapamento dos motores automotivos que circulam pela

Avenida Brasil e pela Avenida Automoacutevel Clube os moradores do Complexo tambeacutem sofrem

com a poluiccedilatildeo industrial promovida pelas induacutestrias localizadas no parque industrial de

Honoacuterio Gurgel

Segundo o site SITEENGENHARIA o Municiacutepio do Rio de Janeiro fica em segundo

lugar de um ranking de 15 cidades que mais libera material particulado na atmosfera

perdendo somente para a cidade de Satildeo Paulo

A resoluccedilatildeo supracitada do CONAMA estabelece alguns conceitos para a poluiccedilatildeo do

ar

ldquoPara os efeitos desta Resoluccedilatildeo ficam estabelecidos os seguintes conceitos I ndash Padrotildees Primaacuterios de Qualidade do Ar satildeo as concentraccedilotildees de poluente que ultrapassadas poderatildeo afetar a sauacutede da populaccedilatildeo II ndash Padrotildees Secundaacuterios de Qualidade do Ar satildeo as concentraccedilotildees de poluentes abaixo das quais se prevecirc o miacutenimo efeito adverso sobre o bem-estar da populaccedilatildeo assim como o miacutenimo dano agrave fauna agrave flora aos materiais e ao meio ambiente em geralrdquo

113

Essa poluiccedilatildeo faz com que durante os meses mais frios por exemplo de maio a

setembro haja a incidecircncia de diversas doenccedilas respiratoacuterias e os gastos com a sauacutede atingem

cifras de milhotildees de reais Autores como MOTTA et ali (1998) propuseram algumas formas

de se valorar os impactos causados pela poluiccedilatildeo atmosfeacuterica na sauacutede humana onde utilizou

metodologias como o Meacutetodo de Valoraccedilatildeo Contingente na busca por estimar a disposiccedilatildeo a

pagar pela reduccedilatildeo da incidecircncia de doenccedilas e do risco de morte o da produtividade marginal

na qual se estima a produccedilatildeo sacrificada do trabalhador associada ao dano ambiental o

mercado de bens substitutos onde se faz uma avaliaccedilatildeo com base em recursos econocircmicos

que foram direcionados para mitigar os problemas causados pela degradaccedilatildeo ambiental a

abordagem da produccedilatildeo sacrificada dos anos e vida perdidos que eacute baseada na teoria do

capital humano

Outro problema que reflete na sauacutede dos seus moradores eacute a elevada temperatura

ambiental por falta de aacutereas verdes e ruas arborizadas Em um complexo de favelas este fato

eacute tiacutepico pois haacute um aglomerado de casas que como jaacute foi dito anteriormente natildeo sobra

espaccedilo para se ter quintal As aacutereas de lazer dentro do Complexo satildeo basicamente formadas

por concreto (Figs 6-B e 7-B) Haacute um predomiacutenio de vielas em lugar de ruas E isso

associado agrave falta de espaccedilo impede programas de arborizaccedilatildeo

A elevada temperatura aumenta o metabolismo corporal acelera as funccedilotildees

enzimaacuteticas e traz desconforto para e exacerbaccedilatildeo de doenccedilas crocircnicas como a Hipertensatildeo

Arterial o Diabetes Mellitus Aleacutem disso aumenta o nuacutemero de insetos e promove a

proliferaccedilatildeo bacteriana em locais sujos e sem cuidado Inclusive torna-se um problema

alimentar para aqueles que natildeo dispotildeem de refrigerador para conservar seus alimentos

63 A CRISE ECOLOacuteGICA NA BUSCA POR CIDADANIA

A crise ecoloacutegica hoje em curso eacute produto de uma cultura global desenvolvida e

aceita mesma que natildeo unacircnime Envolve as diversas sociedades trazendo problemas

globalmente localizados que ao longo dos anos tecircm se tornado entraves para a

autodeterminaccedilatildeo dos povos Em seu bojo encontram-se as contradiccedilotildees que levam agrave

associaccedilatildeo de ideacuteias e dos conceitos dominantes que segundo DIAS (1996) funciona como

um pacto chamado ndash modelo de desenvolvimento pelos altos requerimentos energeacutetico

114

materiais A crise ecoloacutegica eacute perversa em se tratando de meio ambiente urbano A Fig 9-b

traz uma percepccedilatildeo das aacutereas de interseccedilatildeo que a crise ecoloacutegica estaacute representada

A cidade no contexto do presente trabalho eacute o constituinte principal eacute onde se

desenvolve-se toda a gama de conflitos envolvendo seus moradores e seu entorno Satildeo

milhares de pessoas afetadas diariamente na troca que estabelecem consigo mesmas e com o

exterior que por sua vez tambeacutem o eacute de outro O campo tambeacutem tem problemas parecidos

mas se optou aqui trabalhar com o segmento ndash cidade

DIAS (idem) afirma que as cidades estatildeo doentes para ele a desordem nas cidades

que eacute acoplada a modelos de desenvolvimento predatoacuterios e autofaacutegicos conduz pessoas agrave

fome e a condiccedilotildees deploraacuteveis Pobreza desemprego doenccedila crime poluiccedilatildeo etc sempre

estiveram presentes nos centros urbanos desde o surgimento das primeiras cidades mas nos

paiacuteses em desenvolvimento o crescimento populacional eacute explosivo o planejamento eacute pontual

e natildeo abrange a todos a industrializaccedilatildeo eacute desestruturada e poluidora haacute incompetecircncia

administrativa haacute corrupccedilatildeo tudo desemboca no caos que hoje se vive

Para ele um dos esforccedilos agraves intervenccedilotildees eficazes no ambiente urbano eacute entender a

sua dinacircmica sob a oacutetica ecoloacutegica com a participaccedilatildeo interdisciplinar Cita ODUM (1993)

ao afirmar que a cidade moderna eacute em relaccedilatildeo agrave natureza um parasita do ambiente porque

produz pouco ou nenhum alimento polui o ar e recicla pouco ou nenhuma aacutegua e materiais

inorgacircnicos Funcionando simbioticamente quando produz e exporta mercadorias serviccedilos

dinheiro e cultura para o ambiente (Fig 8-B)

Para a ecologia as relaccedilotildees de alimentaccedilatildeo consumo produccedilatildeo de resiacuteduos fazem

com que o chamado sistema soacutecio-ecossistema urbano ndash a cidade ndash afete a biosfera e por ela

seja afetado As mudanccedilas induzidas pelo ser humano ocorrem mais rapidamente e

geralmente satildeo mais difiacuteceis de serem revertidas SUTTON e HARMONN (1993) apud

DIAS (1996) ponderam que as necessidades e desejos de expansatildeo da populaccedilatildeo mundial

requerem intenso manejo ambiental criando ambientes novos chamados de ecossistemas

humanos Este manejo se revela na outra face ainda mais pessimista a necessidade de

energia Agrave medida que as populaccedilotildees crescem o consumo de energia aumenta levando a

hierarquizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de bens e serviccedilos a conversatildeo dos serviccedilos e bens naturais em

dinheiro Logo o dinheiro eacute o fluxo em sentido oposto ao fluxo energeacutetico pois sai das aacutereas

urbanizadas em troca de energia serviccedilos e recursos diversos

O soacutecio-ecossistema eacute amparado legalmente pela representatividade Eacute a cidadania e a

democracia que satildeo tomadas como base para essa representatividade A democracia

representativa constitui uma instituiccedilatildeo produtora de um tipo de compromisso de interesses

115

ligados com vocaccedilatildeo hegemocircnica Onde os governantes eleitos representariam os

ldquointeressesrdquo as ldquoaspiraccedilotildeesrdquo e a ldquovontaderdquo dos cidadatildeos Mas com isso o Estado natildeo

encarna a comunidade e funciona assim como uma maacutequina especializada na produccedilatildeo de

generalidade que eacute condiccedilatildeo ideoloacutegica fundamental agrave uma submissatildeo real Formando um

ldquomercado poliacuteticordquo onde o eleitor compra atraveacutes do voto um determinado ldquoproduto poliacuteticordquo

que corresponde a sua necessidade

ldquoEacute tempo de novas oportunidades Eu na minha opiniatildeo sou a favor de que

a comunidade num todo apoacuteie ele para que noacutes venhamos trazer um

candidato para que este candidato da mesma forma que noacutes o colocamos laacute

por ele ser da aacuterea criado na comunidade conhecendo os problemasrdquo

ENTREVISTA 2

A praacutetica da cidadania depende da reativaccedilatildeo da esfera puacuteblica onde indiviacuteduos podem

agir coletivamente constituindo assim a identidade poliacutetica baseada em valores de

solidariedade autonomia e do reconhecimento da diferenccedila Mas haacute muitos ldquomasrdquo e levando

ao verdadeiro paradoxo com o sentido ldquolatordquo da representatividade onde as pessoas natildeo

pertencentes agrave classe dominante natildeo satildeo consideradas capazes de dirigir a economia ou o

ldquopoderrdquo de decisatildeo cabendo pois agrave classe dominante a melhor opccedilatildeo forjando o

consentimento uma pseudo participaccedilatildeo Eacute uma triste contestaccedilatildeo para a cidadania via

representatividade E agravando para que se tenha cidadania o brasileiro precisa passar pela

crise ambiental em todo o seu contexto natildeo haacute outros caminhos (Fig 9-B)

Eacute uma busca Busca pela cidadania que haacute muito foi reduzida a um mero status legal

Nela por um lado se vecirc uma parcela significativa da populaccedilatildeo vivendo em favelas ndash natildeo soacute

no Complexo de Favelas de Acari mas em tantos outros Complexos espalhados pela cidade ndash

em condiccedilotildees soacutecio-culturais de extrema carecircncia Por outro lado a poliacutetica virando uma

profissatildeo tomando decisotildees de acordo com seus proacuteprios interesses e dos grupos de pressatildeo

poderosos em vez de levar em conta os interesses da comunidade mais ampla VIEIRA amp

BREDARIOL (1998)

A violecircncia urbana associada ao uso indiscriminado de drogas iliacutecitas eacute um problema

ambiental que reduz drasticamente a qualidade de vida da populaccedilatildeo A cidade do Rio de

Janeiro eacute praticamente toda partida em zonas de influecircncia e de atuaccedilatildeo de grupos sociais

116

armados que para conseguirem o que querem praticam a violecircncia como um modo de fazer

valer seu poder E no imaginaacuterio social as favelas passaram a ser o reduto para esses grupos

que formam verdadeiro Estado paralelo com a forccedila do Estado de direito A histoacuteria se

repete onde haacute o traacutefico de entorpecentes haacute uma batida policial associada onde muita das

vezes haacute viacutetimas e entre elas estatildeo crianccedilas e jovens

A agressividade intoleracircncia preconceito exclusatildeo social satildeo comuns aos dois lados

Fica interessantemente pior quando os proacuteprios gestores do serviccedilo puacuteblico natildeo conseguem

dar conta do real problema que eacute o traacutefico de entorpecentes e quando publicamente fazem a

tentativa de relativizar a favela seus moradores e o crime como foi o caso de uma declaraccedilatildeo

feita em outubro de 2007 pelo atual governador do Estado do Rio de Janeiro ldquoo

governador afirmou que as altas taxas de natalidade em localidades pobres satildeo

verdadeiras faacutebricas de marginaisrdquo EXTRA (2007) E quando um Secretaacuterio Estadual de

Seguranccedila diz ldquoUm tiro em Copacabana eacute uma coisa Um tiro na Coreacuteia (Favela da Coreacuteia

no Complexo do Alematildeo) eacute outrardquo Por outro lado as favelas satildeo um reduto onde o acesso

natildeo eacute tatildeo faacutecil como fora dela A favela estaacute ligada diretamente agrave degradaccedilatildeo ambiental pelo

seguinte vieacutes geralmente laacute satildeo os espaccedilos urbanos que tecircm menos apoio ou atenccedilatildeo do poder

puacuteblico como faz valer a declaraccedilatildeo do Secretaacuterio de Seguranccedila acima pois entende-se que

se a poliacutecia promover uma incursatildeo em uma favela na zona sul do Rio deve se ter todo o

cuidado com o entorno pois nessa regiatildeo eacute que moram as classes meacutedia e alta dos cariocas e

jaacute na periferia a vida passa ter outro valor

64 A REALIDADE ENTRE SAUacuteDE E O PODER PUacuteBLICO

Para se entender um pouco da realidade entre sauacutede e o poder puacuteblico haacute que se voltar

um pouco para a conhecida palavra ndash Globalizaccedilatildeo

Segundo SABATINI (1999) apud ASCELRAD (1996) ldquoOs conflitos ambientais nas

cidades que se multiplicam nas uacuteltimas deacutecadas representam reaccedilotildees de defesa da qualidade

de vida ameaccedilada pela globalizaccedilatildeo econocircmicardquo

A globalizaccedilatildeo eacute um fenocircmeno multifacetado com dimensotildees econocircmicas sociais

poliacuteticas culturais religiosas e juriacutedicas interligadas de modo complexo Ela parece combinar

a universalizaccedilatildeo e a eliminaccedilatildeo das fronteiras nacionais por um lado Por outro parece

combinar o particularismo e a diversidade local a identidade eacutetnica e o regresso ao

comunitarismo Aleacutem disso interage de modo muito diversificado com outras transformaccedilotildees

117

no sistema mundial que lhe satildeo concomitantes tais como o aumento dramaacutetico das

desigualdades entre paiacuteses ricos e pobres e no interior de cada paiacutes entre ricos e pobres a

sobrepopulaccedilatildeo a cataacutestrofe ambiental os conflitos eacutetnicos a migraccedilatildeo internacional

massiva a emergecircncia de novos estados e a falecircncia ou implosatildeo de outros a proliferaccedilatildeo de

guerras civis o crime globalmente organizado a democracia formal como condiccedilatildeo poliacutetica

para a assistecircncia internacional SANTOS (2002)

Para NATAL (2006) a crise ou as crises que a globalizaccedilatildeo desencadeou no Brasil

jaacute dura mais de vinte anos Um dos entes mais afetados com o processo de globalizaccedilatildeo eacute o

Estado ele sofre

a) Desnacionalizaccedilatildeo com um certo esvaziamento do aparelho do Estado nacional que decorre do fato de as velhas e novas capacidades do Estado estarem a ser reorganizadas

b) A desestatizaccedilatildeo dos regimes poliacuteticos refletida na transiccedilatildeo do conceito de governos para o de governaccedilatildeo ou seja de um modelo de regulaccedilatildeo social e econocircmica assente no papel central do Estado para um outro assente em parcerias e outras formas de associaccedilatildeo entre organizaccedilotildees governamentias para-governamentais e natildeo-goverrnamentais nas quais o aparelho de Estado tem apenas tarefas de coordenaccedilatildeo enquanto primus inter pares

c) Tendecircncia para a internacionalizaccedilatildeo do estado nacional expressa no aumento do impacto estrateacutegico do contexto interrnacioonal na atuaccedilatildeo do Estado o que pode envolver a expansatildeo do campo de accedilatildeo do Estado nacional sempre que for necessaacuterio adequar as condiccedilotildees internas agraves exigecircncias extraterritoriais ou transnacionaisrdquo

SANTOS (idem)

Com a globalizaccedilatildeo as poliacuteticas sociais ficaram dessa forma duplamente

atingidas Pelo lado da demanda houve um agravamento da situaccedilatildeo social causada pelo

ajuste e este causou verdadeira sobrecarga nos jaacute fragilizados serviccedilos sociais

particularmente aqueles de acesso universal

Pelo lado da oferta de serviccedilos e benefiacutecios as poliacuteticas sociais ficam restringidas

tanto pelo corte de recursos como pela reestruturaccedilatildeo do seu perfil adotando estrateacutegias de

focalizaccedilatildeo de seus serviccedilos Para SOARES (2008) o Brasil natildeo eacute um paiacutes com uma pobreza

118

residual que podia ser combatida com programas focalizados passageiros e com poucos

recursos

Ocorreu tambeacutem uma submissatildeo de determinados princiacutepios como equumlidade e

universalidade agraves chamadas restriccedilotildees econocircmicas Essa postura reduziu as prioridades e

poliacuteticas sociais a algo toacutepico e residual priorizando as chamadas inovaccedilotildees gerenciais quase

sempre associadas a estrateacutegias do tipo auto-ajuda que nos dias de hoje passaram a se chamar

solidariedade participaccedilatildeo comunitaacuteria etc

Para a aacuterea de sauacutede assistiu-se ao discurso de que a sauacutede seria um bem privado que

o setor puacuteblico seria ineficiente por definiccedilatildeo pela proacutepria natureza e que os recursos

puacuteblicos para a sauacutede seriam escassos e continuariam a ser Este uacuteltimo toacutepico ainda eacute

cogitado pela grande discussatildeo que gerou o final da cobranccedila do imposto sobre as

movimentaccedilotildees bancaacuterias ndash CPMF E que tambeacutem foi revelado na seguinte entrevista

ldquoAiacute eles gastam uma fortuna do dinheiro puacuteblico do dinheiro que natildeo satildeo

deles aiacute se constroacutei um mundo que aquilo ali eacute um mundo seraacute que eles vatildeo

querer em ter interesse em manter verba todo ano tem aquela como eacute

chamado Orccedilamento um bilhatildeo Oh vamos destinar cem para a sauacutede

cem para a seguranccedila puacuteblica natildeo eacute isso por exemplo para a educaccedilatildeo

seraacute que no municiacutepio vatildeo ter interesse em enviar tantas verbas para um

hospital desses Porque para comeccedilar eles vatildeo ter que os meacutedicos os

profissionais muitos de repente vatildeo ficar ateacute meio assim mas seraacute que

eles tem interesse de manter o hospital vinte e quatro horas aberto Com

funcionaacuterios ali e meacutedicos pediatrasemergecircncia e aiacute aquilo ali eacute uma

coisa de louco Os hospitais da rede municipal estavam tudo ali caindo aos

pedaccedilos numa correria daqui pessoas largadas nos chatildeo entatildeo satildeo estas

questotildeesrdquo

ENTREVISTA 2

O discurso desta entrevista revela a preocupaccedilatildeo que se tem da disponibilidade dos

recursos puacuteblicos Do percentual que eacute e que seraacute disponibilizado para os serviccedilos de sauacutede

Para o entrevistado isto assume importacircncia especiacutefica pois eacute revelado em sua representaccedilatildeo

sobre sauacutede Os moradores de Acari vivem assim como o restante da populaccedilatildeo carioca de

um tipo de acesso aos tratamentos em sauacutede de maneira precaacuteria Haacute uma superlotaccedilatildeo nos

119

serviccedilos de sauacutede quando natildeo precisam fazer uma peregrinaccedilatildeo para aquela unidade que os

possa receber Situado no proacuteprio complexo haacute um grande hospital puacuteblico com capacidade

para atendimento de qualidade mas as representaccedilotildees dos moradores se direcionam a

preocupaccedilatildeo quanto a gestatildeo Para eles haacute uma dicotomia entre a disponibilidade de o Estado

oferecer uma estrutura e o manter com o que jaacute estatildeo acostumados pois nos seus

imaginaacuterios o desmantelamento do serviccedilo puacuteblico eacute um processo que se corporifica na

atualidade

Um grande movimento dentro do Estado na atualidade eacute a reproduccedilatildeo do capital

fazendo com que a cidade seja o elo entre a economia local e os fluxos globais passando a ser

objeto de competitividade internacional Nisto se insere os programas governamentais

direcionados agrave melhoria das condiccedilotildees de vida e redistribuiccedilatildeo de renda Parece pessimista

olhar por este acircngulo mas haacute uma grande verdade nas palavras de VIEIRA e BREDARIOL

(ibdem) quando afirmam que a poliacutetica se profissionaliza a natildeo ser que os poliacuteticos sejam

pessoas de excepcional altruiacutesmo eles iratildeo sempre encarar a tentaccedilatildeo de tomar decisotildees de

acordo com seus proacuteprios interesses PEREIRA (2008) afirma que as obras sociais satildeo

geralmente impulsionadas pela poliacutetica setorial e que muita das vezes satildeo feitas no reduto da

oposiccedilatildeo como eacute o caso do Programa de Aceleraccedilatildeo do Crescimento no Complexo do

Alematildeo

Uma outra faceta da temaacutetica sauacutede e poder puacuteblico se revela na necessidade atual de

se repensar as cidades Haacute em curso uma ldquonovardquo maneira de se pensar as cidades o que natildeo eacute

totalmente novo Desde a deacutecada de 60 com o governo de Castelo Branco e a promulgaccedilatildeo da

Lei 450464 ndash o Estatuto da Terra e Plano Doxiadis se discute sobre uma cidade ideal

acessiacutevel a todos Isto fez com que o legislador entendesse a necessidade de incluir a cidade

em um capiacutetulo especiacutefico na Constituiccedilatildeo de 1988

Da Constituiccedilatildeo ateacute os dias atuais o que se tem discutido no tocante ao assunto cidade

eacute a Lei 1025701 chamada de Estatuto da Cidade foi ldquoinstitucionalizadardquo atraveacutes do

documento ldquoCidades Sustentaacuteveis da Agenda 21 Brasileirardquo Nessa Lei haacute a previsatildeo e a

fomentaccedilatildeo do que se veio a chamar - Cidades Sustentaacuteveis mediante a formulaccedilatildeo de planos

diretores A cidade certamente tem uma particularidade uacutenica para cada localidade pois

vaacuterios fatores podem influenciar o seu desenvolvimento e manutenccedilatildeo

A preocupaccedilatildeo se estar colocando em pauta este ldquorepensar a cidaderdquo tem por base

DIAS (ibdem) que diz ldquoO ambiente urbano uma das maiores criaccedilotildees do ser humano e o

lugar onde vive a maioria das pessoas do mundo atual estaacute de vaacuterias formas tornando-se

menos adequado para a vida humana

120

Mas o que eacute enfim uma cidade sustentaacutevel Uma cidade sustentaacutevel eacute aquela que tenta

se aproximar o maacuteximo possiacutevel dos ideais propostos na agenda 21 e seus desdobramentos

SATTERTHWAITE (2004) pontua algumas categorias gerais de accedilatildeo ambiental para avaliar

o desempenho das cidades na busca de uma melhor cidadania e qualidade de vida ndash cidade

sustentaacutevel

1) ldquoControle de doenccedilas contagiosas e parasitaacuterias ndash agenda marrom 2) Reduccedilatildeo dos perigos quiacutemicos e fiacutesicos no lar ndash eacute o que acontece na maioria das vezes quando se colocam produtos quiacutemicos como por exemplo hipoclorito de soacutedio ou outros detergentes em garrafas de PET de refrigerantes 3) Universalizaccedilatildeo de um ambiente urbano de boa qualidade para todos ndash com poliacuteticas claras de reduccedilatildeo de ruiacutedos tratamento de efluentes industriais inclusive melhoria da qualidade do ar reduccedilatildeo da degradaccedilatildeo ambiental controle da violecircncia urbana 4) Minimizaccedilatildeo dos cursos ambientais da transferecircncia de custos ambientais para os habitantes e ecossistemas do entorno da cidade 5) Incentivo ao consumo sustentaacutevel

Para que haja uma otimizaccedilatildeo das accedilotildees supracitadas haacute que se respeitar algumas metas

1) Econocircmicas ndash acesso agrave uma renda adequada ou meios de produccedilatildeo 2) Sociais culturais e de sauacutede ndash habitaccedilatildeo saneamento respeito agrave diversidade cultural trabalho transporte etc 3) Poliacuteticas ndash liberdade de participaccedilatildeo na poliacutetica na gestatildeo no desenvolvimento cidadania etc 4) Minimizaccedilatildeo do uso ou desperdiacutecio dos recursos natildeo-renovaacuteveis ndash combustiacuteveis foacutesseis reutilizar reciclar recuperar etc 5) Uso sustentaacutevel dos recursos renovaacuteveis finitos ndash aacutegua potaacutevel combustiacuteveis baseados em biomassa etc 6) Uso de resiacuteduos biodegradaacuteveis ndash natildeo sobrecarga de corpos hiacutedricos receptores 7) Uso de resiacuteduos ou emissotildees natildeo-biodegradaacuteveis ndash natildeo poluiccedilatildeo ou descarte excessivo respeitando os limites bioloacutegicosrdquo

Sem parecer utoacutepico acredita-se que se houver disponibilidade poliacutetica para se pensar

e realizar os projetos para a implementaccedilatildeo de cidade sustentaacutevel ela natildeo estaacute muito aleacutem do

121

que vivenciamos hoje O Brasil tem um poderoso arcabouccedilo de Leis que favorecem

grandemente a essa ideacuteia aleacutem do que meio ambiente tem comeccedilado a se despontar como

assunto de pauta Vaacuterios municiacutepios brasileiros jaacute tecircm suas secretarias de meio ambiente as

empresas pelo menos as grandes tecircm discutido meio ambiente e responsabilidade ambiental

MENEGAT e ALMEIDA (2004) salientam que a condiccedilatildeo imperativa para o gerenciamento

do sistema urbano-socio-ambiental com vista a um sustentabilidade das cidades passa pelo

exerciacutecio da gestatildeo ambiental integrada que por si tem quatro esferas

1) ldquoConhecimento do ambiente ndash entender e diagnosticar o sistema urbano-socio-ambiental e suas relaccedilotildees locais e globais com o sistema natural 2) Gestatildeo urbana-socio-ambiental puacuteblica ndash essa gestatildeo necessita de oacutergatildeos com boa capacidade teacutecnica capazes de desenvolver programas estrateacutegicos e integrados com a sociedade e a economia 3) Educaccedilatildeo e informaccedilatildeo ndash que deve ajudar a abrir os horizontes em relaccedilatildeo ao complexidade do sistema urbano-socio-ambiental 4) Participaccedilatildeo dos cidadatildeos ndash a sociedade deve ser chamada a construir a gestatildeo do sistema Essa participaccedilatildeo e um dos pontos mais importantes da agenda 21rdquo

A partir deste ponto eacute uacutetil discutir o que seja qualidade de vida Para MINAYO et ali

(2000) qualidade de vida boa ou excelente eacute aquela que ofereccedila um miacutenimo de condiccedilotildees para

que os indiviacuteduos nela inseridos possam desenvolver o maacuteximo de suas potencialidades ndash

viver sentir ou amar trabalhar produzir bens e serviccedilos fazer ciecircncia ou arte

Qualidade de vida estaacute ligada a satisfaccedilatildeo das necessidades mais elementares da vida

humana alimentaccedilatildeo acesso a aacutegua potaacutevel habitaccedilatildeo trabalho educaccedilatildeo sauacutede e lazer que

estatildeo associados agraves noccedilotildees relativas de conforto bem-estar e realizaccedilatildeo individual e coletiva

Qualidade de vida segundo esses autores eacute polissecircmico ou seja estaacute relacionado ao modo de

vida incluem ideacuteias de desenvolvimento sustentaacutevel e ecologia humana e por fim relaciona-

se a democracia do desenvolvimento e dos direitos humanos e sociais ndash cidadania A

qualidade de vida quando se trata da sauacutede implica a promoccedilatildeo de sauacutede Olhando-a mais

focalmente implica na capacidade de viver sem doenccedilas ou de superar as dificuldades das

condiccedilotildees de morbidade

ldquoO movimento Cidade Sustentaacutevel surge para operacionalizar os fundamentos da

promoccedilatildeo da sauacutede no seu contexto localrdquo ADRIANO et al (2000) Um municiacutepio saudaacutevel

122

eacute aquele em que as autoridades poliacuteticas e civis as instituiccedilotildees e organizaccedilotildees puacuteblicas e

privadas os proprietaacuterios empresaacuterios trabalhadores e a sociedade dedicam constantes

esforccedilos para melhorar as condiccedilotildees de vida trabalho e cultura da populaccedilatildeo estabelecem

uma relaccedilatildeo harmoniosa com o meio ambiente fiacutesico e natural e expandem os recursos

comunitaacuterios para melhorar a convivecircncia desenvolver a solidariedade a co-gestatildeo e a

democracia

ldquoPara que uma cidade se torne saudaacutevel ela deve se esforccedilar para proporcionar

1) Um ambiente fiacutesico limpo e seguro

2) Um ecossistema estaacutevel e sustentaacutevel

3) Alto suporte social sem exploraccedilatildeo

4) Alto grau de participaccedilatildeo social

5) Necessidades baacutesicas satisfeitas

6) Acesso a experiecircncias recursos contatos interaccedilotildees e comunicaccedilotildees

7) Economia local diversificada e inovativa

8) Orgulho e respeito pela heranccedila bioloacutegica e cultural

9) Serviccedilos de sauacutede acessiacuteveis a todos e alto niacutevel de sauacutederdquo

O Estado fomenta muito de suas poliacuteticas publicas mediante Programas e

dentro do Complexo de Acari os seus moradores tecircm a oportunidade de estar se inserindo e

sendo contemplados dentro desses

O principal programa que aquela comunidade se beneficia eacute o Bolsa Famiacutelia criado

por meio da Medida Provisoacuteria nordm 132 e posteriormente convertida na Lei 1083604 os

benefiacutecios satildeo

a) Remuneraccedilatildeo baacutesica no valor de R$ 5800 concedidos agraves famiacutelias em situaccedilatildeo de

extrema pobreza independente da composiccedilatildeo e do nuacutemero de membros do grupo familiar

b) Remuneraccedilatildeo variaacutevel no valor de R$ 1800 por crianccedilaadolescente concedido agraves

famiacutelias pobres e extremamente pobres cuja composiccedilatildeo apresente crianccedilas e adolescente na

faixa de 0 a 16 anos incompletos sob sua responsabilidade

c) as famiacutelias em situaccedilatildeo de extrema pobreza poderatildeo acumular o benefiacutecio e o

variaacutevel ateacute o maacuteximo de 3 benefiacutecios por famiacutelia totalizando R$ 11200 por mecircs

123

Outro programa eacute o PSF ndash Programa Sauacutede da Famiacutelia que se propotildee a reorganizar a

praacutetica da atenccedilatildeo agrave sauacutede em novas bases e substituir o modelo tradicional levando a sauacutede

para mais perto da famiacutelia e com isso melhorar a qualidade de vida

Aleacutem desses Programas o Estado estaacute presente dentro do Complexo atraveacutes das

seguintes instituiccedilotildees

bull Guardiotildees dos Rios ndash onde a Secretaria Municipal de Meio ambiente se utiliza dos

proacuteprios moradores da comunidade para executarem serviccedilos de limpeza dos rios que

no caso o principal eacute o Acari

bull Gari Comunitaacuterio ndash tambeacutem beneficiando moradores do proacuteprio Complexo nos

serviccedilos de limpeza varredura das ruas e acondicionamento adequado dos resiacuteduos

soacutelidos

bull CCDC ndash Centro Comunitaacuterio de Defesa da Cidadania ndash onde se executa serviccedilos de

cartoacuterio como expediccedilatildeo de segunda via de RG certidotildees de nascimento casamento

busca de certidotildees em outros estados sepultamento gratuito

bull As diversas escolas Ciep Adatildeo Pereira Nunes Escola Municipal Erico Veriacutessimo

Escola Municipal Casa da Crianccedila Escola Municipal General Osoacuterio Escola

Municipal Jardim da Infacircncia Ana de Barros Cacircmara Escola Municipal Monte

Castelo Escola Municipal Conde Pereira Careiro Escola Municipal Corneacutelio Pena

Escola Municipal Oliacutempia do Couto Escola Municipal Sebastiatildeo de Lacerda Escola

Municipal Thomas Jefferson

bull Fundaccedilatildeo Leatildeo XIII

bull Posto de Sauacutede Professor Carlos Cruz Lima

Fora estas representatividades do Estado haacute tambeacutem o trabalho de diversas outras

instituiccedilotildees natildeo-governamentais que por atuarem em outras frentes enriquecem as relaccedilotildees

no interior do Complexo Para esta comunidade o papel das diversas ONGrsquos inseridas

propotildee uma accedilatildeo imediata na resoluccedilatildeo de alguns problemas como a educaccedilatildeo do adulto a

retirada das crianccedilas das ruas a formaccedilatildeo do adolescente trazendo algumas particularidades

de cidadania Eacute enriquecedor para a educaccedilatildeo das crianccedilas o trabalho da ONG Futuro Feliz

mostrando que atraveacutes da muacutesica o contexto de ser morador no Complexo pode ser mais

dinacircmico e acima de tudo colorido atraveacutes do desenvolvimento e da habilidade com os

instrumentos musicais

124

Apesar de natildeo substituiacuterem o Estado e este se aproveitar da presenccedila delas o Estado

fomenta a poliacutetica puacuteblica e cabe agraves ONGrsquos ldquoreplicarrdquo essas poliacuteticas puacuteblicas ou seja

distribui-las

As ONGrsquos estabelecidas e em funcionamento no Complexo de Acari satildeo

bull Centro de Estudos e atendimento Satildeo Domingos Saacutevio ndash formaccedilatildeo para geraccedilatildeo de

renda e educaccedilatildeo aleacutem de serviccedilo de proteacutetico dentista e psicoacutelogo

bull Patrulheiros ndash que segundo seus moradores os rapazes de 14 a 18 anos frequumlentam

cursos e satildeo encaminhados para empresas conveniadas para estaacutegio remunerado

bull Centro Social Futuro Feliz ndash muacutesica

bull Tio Patinhas ndash creche

bull Centro Comunitaacuterio Unidos de Acari ndash creche e atividades para a terceira idade

bull Areal Livre ndash atividades com esporte e educaccedilatildeo

bull Centro Comunitaacuterio Nossa Senhora do Bonfim ndash formaccedilatildeo para geraccedilatildeo de renda e

educaccedilatildeo

bull A Associaccedilatildeo de Moradores do Areal e a Associaccedilatildeo de Moradores de Acari

Para que a realidade entre sauacutede e o Poder Puacuteblico acontece sem prejuiacutezos para a

populaccedilatildeo a grande maioria dos habitantes do Complexo tem em matildeos o voto como aparelho

selecionador de representatividade E ademais como qualquer outra localidade fica agrave mercecirc

do que essa representatividade quer representar Haacute aiacute uma falha no modelo de

representatividade com reflexos suficientemente conhecidos que satildeo revelados com os

escacircndalos com a falta de compromisso com a manutenccedilatildeo da ineacutercia do Estado na sua

atuaccedilatildeo junto agraves comunidades Mesmo os grandes projetos de poliacuteticas puacuteblicas estatildeo sob a

eacutegide das diversas governabilidades e dos seus manda-chuvas Hoje em dia fala-se muito em

redistribuiccedilatildeo de renda via o Programa oficial mas por outro lado falta poliacuteticas puacuteblicas

adequadas agrave busca pelo que se chamou aqui de promoccedilatildeo de sauacutede cidade sustentaacutevel

qualidade de vida etc

125

CONCLUSAtildeO O Meio Ambiente eacute ponto crucial para que se defina a sauacutede Estes dois termos natildeo se

excluem mutuamente eles na verdade se complementam e deveriam seguir juntos No

presente trabalho viu-se que se for tratado o meio ambiente dissociado da figura humana

muito se perde pois o homem eacute figura principal desta interaccedilatildeo Eacute para ele que se destina todo

o aparato de leis que satildeo produzidas especialmente em meio ambiente Eacute praticamente para o

seu fazer que toda a produccedilatildeo cientiacutefica gerada tambeacutem na aacuterea ambiental eacute destinada Para

que ele saiba sobre o seu entorno para que ele respeite as caracteriacutesticas da natureza se quiser

deixar para agraves geraccedilotildees futuras um planeta minimamente habitaacutevel No fundo o homem eacute ao

mesmo tempo o algoz e a proacutepria viacutetima da sua intransigecircncia via degradaccedilatildeo do meio

ambiente

Haacute uma progressiva degradaccedilatildeo ambiental no seio das grandes cidades pois estas por

natureza satildeo verdadeiros aglomerados habitacionais produtores de bens e serviccedilos que

necessitam de muita energia para o seu metabolismo As cidades retiram a energia de que

precisam do entorno promove a produccedilatildeo do que natildeo pode ser reconvertido em energia e gera

como subproduto os resiacuteduos Estes satildeo um grande problema tanto para os homens quanto

para a natureza

O projeto econocircmico usual do tipo centralizador de renda tem estabelecido como

certo o fosso entre as diversas classes sociais Eacute um tanto utoacutepico achar que na histoacuteria do

homem na terra alguma vez tenha sido diferente ou que em algum dia esta histoacuteria seja

contata de forma diferente Eacute fato que poucos tecircm muito e muitos tecircm muito pouco eacute a

origem de muitos dos problemas ambientais potencialmente reversiacuteveis

Na busca por resoluccedilatildeo de suas necessidades os cidadatildeos ficam agrave mercecirc das poliacuteticas

governamentais Um exemplo triste deste lado perverso eacute a campanha poliacutetica disfarccedilada em

programa oficial de governo aliaacutes as campanhas poliacuteticas existem para suprir a proacutepria

necessidade do governo em se manter

Recentemente em plena zona de crise de uma epidemia de dengue a figura maior do

Estado Nacional esteve de corpo presente em um municiacutepio vizinho ao que apresentava mais

casos de dengue na regiatildeo sudeste para inaugurar de palanque sua poliacutetica social ndash PAC

Deveria haver um respeito por parte do Estado a este hiato que neste momento se abate no

seio da problemaacutetica chamada ndash cidades E neste momento a vida gira entorno do binocircmio

viver ou morrer

126

Ter sauacutede e ter meio ambiente adequado agrave vida eacute ter realizada uma parcela da

cidadania que foi adquirida ao longo dos anos e firmada enquanto direito inalienaacutevel na

Constituiccedilatildeo de 1988 Por cidadania se entende o compromisso de se viver melhor de ter

direitos garantidos de ter participaccedilatildeo nas tarefas do conviacutevio Cidadania eacute para quem mora

em cidades ter um espaccedilo onde seus direitos satildeo respeitados onde haja dignidade com a

pessoa humana e onde haja poliacuteticas claras de prevenccedilatildeo de doenccedilas e melhora na qualidade

de vida

Para a cidade a inovaccedilatildeo trazida pelo modelo de cidade sustentaacutevel vem a ser mais um

veiacuteculo capaz de trazer a salubridade a esse habitar citadino respeitando as diversas nuances

do dia-a-dia dos cidadatildeos que ali vivem Cidade sustentaacutevel eacute um alvo a se alcanccedilar a partir da

agenda 21 local

Pela qualidade de vida hoje experimentada no habitar a cidade hoje em dia supotildee-se

que esta seja o pior local para se viver Habitar na cidade eacute assumir riscos com variaacuteveis de

difiacuteceis soluccedilotildees definitivas Haacute que se ter a preocupaccedilatildeo no exerciacutecio de poliacuteticas puacuteblicas

efetivas que ofereccedilam qualidade aos seus moradores e a partir daiacute uma abrangecircncia dos

conflitos comumente por eles vividos

No topo do ranking desponta a sauacutede e todo o seu aparato Meio ambiente e sauacutede

devem ser levados a seacuterio para que se perceba o valor da vida humana e a sua interaccedilatildeo com o

meio ambiente

Optou-se por fazer um estudo de algumas das caracteriacutesticas e variaacuteveis ambientais

dos habitantes do Complexo de Favelas de Acari na zona norte do Municiacutepio do Rio de

Janeiro Para esses moradores viver e sobreviver satildeo termos indissociaacuteveis pois precisam

driblar cotidianamente diversos problemas de ordem social econocircmica e ambiental O sistema

econocircmico vigente devora essa parcela de cidadatildeos os submete e os remete agraves tradicionais

tentativas tentativa de prestaccedilatildeo de serviccedilo Estatal tentativa de sobrevivecircncia via ONGrsquos e

tentativa por esforccedilos proacuteprios Aos habitantes do Complexo a sauacutede natildeo fica agrave traz ela eacute

necessaacuteria para tudo o que realizam Por habitarem um ambiente insalubre violento e sujo

esses moradores natildeo tecircm consolidada sua cidadania e vivem a crise ambiental como a pior

das suas experiecircncias E como se natildeo houvesse uma outra forma para terem cidadania eles

precisam enfrentar a dura realidade da crise ambiental em curso

A exemplo de outras comunidades o Complexo de Favelas de Acari tambeacutem vive a

mercecirc do que o Estado se interesse em fazer Eacute notoacuterio o papel dele no dia-a-dia dos seus

moradores seja na preocupaccedilatildeo com a sauacutede ndash no Complexo haacute um grande hospital puacuteblico

novo que permanceu fechado por um longo tempo e para algumas doenccedilas nem o PSF

127

instalado naquela localidade consegue quantificar seja na poliacutetica de seguranccedila e proteccedilatildeo ndash

onde o Complexo eacute um reduto do traacutefico de entorpecentes e inexiste entorno dele qualquer

policiamento seja nas poliacuteticas de educaccedilatildeo ndash onde haacute escolas mas natildeo para todos E pode-se

confrontar com o resultado de por exemplo o ENEM para se questionar a qualidade do

ensino seja em poliacuteticas de meio ambiente ndash haacute muitos problemas com a drenagem de

esgotos proliferaccedilatildeo de vetores de doenccedilas peacutessima distribuiccedilatildeo e qualidade da aacutegua que se

consome etc

A participaccedilatildeo comunitaacuteria eacute considerada pelos moradores uma funccedilatildeo decisiva na

melhoria da qualidade de sua vivecircncia Haacute a conscientizaccedilatildeo de que natildeo vale somente cuidar

do proacuteprio espaccedilo desvinculando-a do papel do vizinho Em uma comunidade onde as

habitaccedilotildees satildeo contiacuteguas o que o vizinho produz por exemplo de cultura resiacuteduos e porque

natildeo dizer seu descuido afeta diretamente um grupo de famiacutelias ao seu redor Natildeo haacute espaccedilo

para ser produtor e recebedor do seu produto somente Haacute uma troca em massa do que eacute

produzido Logo se se produz lixo violecircncia ruiacutedo insetos roedores etc haacute na verdade

uma multiplicaccedilatildeo de famiacutelias participantes desta troca gerando problemas muacuteltiplos

Para os moradores do Complexo de Favelas de Acari a percepccedilatildeo de sauacutede mesmo

que reproduzindo as palavras do conceito claacutessico natildeo tem tido uma praacutetica satisfatoacuteria A

dinamicidade deste conceito natildeo foi plenamente desvelada nos discursos dos entrevistados

Poucos deles tiveram uma contextualizaccedilatildeo mais ampla do que seja a sauacutede nos referidos

conceitos claacutessicos e conclamam que se todos os outros moradores pudessem perceber que

aleacutem de estarem bem psicologicamente ou sem doenccedilas estatildeo inseridos dentro do conceito de

sauacutede transporte lazer moradia salaacuterios dignos etc A sauacutede teria com isso uma definiccedilatildeo

mais proacutexima do que seja real natildeo soacute para eles como para qualquer outro indiacuteviduo habitante

de qualquer outro espaccedilo geograacutefico

A pesquisa revelou que sauacutede eacute um bem que urge dentro do Complexo pois as

diversas atividades de seus habitantes caminham potencialmente na contramatildeo do que seja ter

sauacutede Natildeo se sabe precisar o porquecirc deste fato mas algumas sugestotildees podem ter utilidade

para entender esse fenocircmeno Estas podem ser deficiecircncia educacional falta de mobilizaccedilatildeo

e participaccedilatildeo conjunta participaccedilatildeo das lideranccedilas comunitaacuterias em todas as accedilotildees capazes

de trazer melhorias para aquele ambiente Pelo o que foram relatados nas entrevistas atitudes

como conviver com o lixo imundiacutecie e dejetos revelam uma necessidade urgente de tomada

de posiccedilatildeo frente agrave tendecircncia de se acostumar com a realidade com que se vive ou a eterna

espera que o poliacutetico A ou B faccedila alguma coisa ou que aquilo seja normal e imutaacutevel

128

O Estado deveria ser o ente que se obriga a executar atividades para a melhoria da

populaccedilatildeo do Complexo E atraveacutes dos seus diversos programas institucionais rever

conceitos e valores repensar o habitar modificar a realidade daquelas pessoas que estatildeo

inseridas naquele contexto social

Um desses programas o PSF tem uma responsabilidade imediata na tentativa de sanar

os problemas relacionados com a sauacutede Mas infelizmente o painel que se vecirc eacute que o

Programa estaacute muito centrado no lado curativo em detrimento agrave prevenccedilatildeo em sauacutede ao qual

foi destinado A demanda eacute grande e as equipes natildeo tecircm conseguido atuar nas possiacuteveis

origens dos problemas

A aplicaccedilatildeo da sauacutede dentro da temaacutetica meio ambiente tem importacircncia elevada pois

o existir na cidade ndash ter cidadania morar trabalhar sorrir chorar se alimentar ter paz sono

ajudar etc ndash estaacute sob efeitos de variaacuteveis ambientais e de sauacutede e estas condicionam a

qualidade desse existir Foi-se o tempo em que se podia dissociar uma termo do outro O ser

humano enquanto morador e dependente de um espaccedilo geograacutefico deve entender que este

muda constantemente e que reside nessa mudanccedila os benefiacutecios e malefiacutecios do tipo de vida

em curso

Os conflitos gerados na dinamicidade deste processo fazem parte do escopo da ciecircncia

ambiental na medida em que estatildeo inseridos em um desequiliacutebrio maior ndash a crise ambiental ndash

e que esta por sua vez estaacute trazendo consequumlecircncias graves para o ser humano e para o

proacuteprio planeta que seraacute herdado pelas novas geraccedilotildees

Eacute oportuno estudar e disponibilizar dados referentes agrave percepccedilatildeo que os moradores do

Complexo de Favela acari tecircm sobre sauacutede e meio ambiente Pois nem sempre poliacuteticas

intervencionistas verticais trazem soluccedilatildeo para todos os males ndash vide o Favela-Bairro Eacute

importante presenciar o que esta comunidade em especiacutefico sabe sobre meio ambiente e que

atividades assumem perante esse conceito

O que esta pesquisa pocircde constatar e que de modo algum pode se generalizar eacute que os

moradores do Complexo de Favelas Acari encontram-se em um tipo de comportamento

passivo perante o que acontece a sua volta Nota-se no discurso dos seus moradores a feacute que

depositam em promessas poliacuteticas e em candidatos Por outro lado haacute uma briga poliacutetica entre

as associaccedilotildees de moradores sendo que algumas delas se aglutinaram sob uma mesma

direccedilatildeo pois natildeo tinham representatividade Com isto se vecirc consequumlentemente uma

expressiva parcela da populaccedilatildeo alijada em sua capacidade de mobilizaccedilatildeo e totalmente

alienada do seu potencial eou reivindicaccedilatildeo dos seus direitos Eacute como se a preocupaccedilatildeo fosse

resumida agrave sobrevivecircncia estanque do dia-a-dia

129

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130

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131

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136

ANEXO I

FOTOS AEacuteREAS E LOCALIZACcedilAtildeO DO COMPLEXO DE FAVELAS

Figura 1 Municiacutepio do Rio de Janeiro onde se vecirc destacado o bairro de Acarai na aacuterea programaacutetica 3

Fonte Instituto Pereira Passos ndash Pref Municipal do Rio de Janeiro

Mapa 1 Mapa representando a favela de Vila Esperanccedila Fonte Instituto Pereira Passos ndash Pref Municipal do Rio de Janeiro

Mapa 2 Mapa representando a favela de Vila Rica do Irajaacute Fonte Instituto Pereira Passos ndash Pref Municipal do Rio de Janeiro

Mapa 3 Mapa representando a favela de Parque Acari Fonte Instituto Pereira Passos ndash Pref Municipal do Rio de Janeiro

Mapa 4 Mapa representando a favela Beira Rio Fonte Instituto Pereira Passos ndash Pref Municipal do Rio de Janeiro

Foto 1

Foto aeacuterea da Favela de Vila Esperanccedila Fonte Instituto Pereira Passos

Foto 2

Foto aeacuterea da Favela de Vila Esperanccedila Fonte Instituto Pereira Passos

Foto 3

Foto aeacuterea da Favela de Vila Esperanccedila Fonte Instituto Pereira Passos

Foto 4

Foto aeacuterea da Favela de Vila Rica de Irajaacute Fonte Instituto Pereira Passos

Foto 5

Foto aeacuterea da Favela de Vila Rica de Irajaacute

Foto 6

Foto aeacuterea da Favela de Parque Acari Fonte Instituto Pereira Passos

Foto 7

Foto aeacuterea da Favela de Parque Acari com detalhe da presenccedila do Hospital de Acari Fonte Instituto Pereira Passos

ANEXO II

TABELAS

Teorias do ecologismo

Materialistas Natildeo-materialistas

Ecologismo nos paiacuteses ricos Reaccedilatildeo contra a contaminaccedilatildeo e esgotamento dos recursos naturais causados pela abundacircncia

Mudanccedila cultural para valores poacutes-materialistas devido aacute utilidade marginal decrescente dos abundantes bens materiais faacuteceis de obter sem custos ambientais

Ecologismo nos paiacuteses pobres Defesa do acesso comunitaacuterio aos recursos naturais contra a ameaccedila do mercado ou do Estado Reaccedilatildeo contra a degradaccedilatildeo ambiental provocada pela pobreza o excesso de populaccedilatildeo e intercacircmbio desigual

Religiotildees biocecircntricas Ecofeminismo essencialista

Tabela 1 - Teorias do ecologismo

III Popde Favelas

(a) MunPopRio

(b) ab de cresc

Pop Favelas de cresc

PopRio

1950 169305 2337451 724 - -1960 337412 3307163 1020 993 4151970 563970 4251918 1326 671 2861980 628170 5093232 1233 114 1981990 882483 5480778 1610 405 762000 1092958 5857879 1866 239 69

Tabela 2 ndash Taxa de Crescimento de Favelas no Rio de Janeiro de 1950 a 2000 Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

Tabela 8-B

Tabela 9-B Municiacutepio do Rio de Janeiro - 2003 2006Nuacutemero de Surtos de Hepatite Viral por Ano Aacuterea de Planejamento Regiatildeo Administrativa e Bairro

Aacutereas de Planejamento RegiotildeesAdministrativas e Bairros

PopulaccedilatildeoCenso 2000

Nordm deSurtos2003

Nordm deSurtos2004

Nordm deSurtos2005

Nordm deSurtos2006

Total deSurtos

TOTAL 5 857 904 5 19 61 44 129

Aacute R E A D E P L A N E JA M E N T O 3 3 928 800 0 3 9 11 23

XXV PAVUNA 197 068 0 0 5 4 9

ACARI 24 650 0 0 2 0 2 Tabela 10-B SUBASSSVSGerecircncia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica

uacutemero de Casose Oacutebitos e Taxas de Incidecircncia Mortalidade e Letalidade de Febre Hemorraacutegica do DengueSiacutendrome do Choque por Dengue por Aacutereas de Planejamento RAacutereas de Planejamento RegiotildeesAdministrativas e Bairros

PopulaccedilatildeoCenso 2000

Casos FHD1996

Casos FHD1997

Casos FHD1998

Casos FHD1999

CasosFHD2000

Casos FHD2001

Casos FHD2002

Casos FHD2003

Casos FHD2004

CasosFHD2005

Casos FHD2006

TOTAL 5 857 904 0 0 2 11 12 269 718 4 4 4 35AacuteREA DE PLANEJAMENTO 33 928 800 0 0 0 3 0 35 82 0 1 0 0ACARI 24 650 0 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 Tabela 11-B

146

Municiacutepio do Rio de Janeiro - 2000 a 2006Nuacutemero de Casos Oacutebitos Taxa de Incidecircncia Mortalidade e Letalidade de Doenccedila Meningocoacutecica por Aacuterea de Planejamento Regiatildeo Administrativa e Bairro

Aacutereas de Planejamento RegiotildeesAdministrativas e Bairros

PopulaccedilatildeoCenso 2000

Casos2000

Casos2001

Casos2002

Casos2003

Casos2004

Casos2005

Casos2006

Total CasosDM

TOTAL 5 857 904 192 184 178 172 178 231 157 1 292

Aacute R E A D E P L A N E JA M E N T O 3 3 9 28 8 00 33 27 2 6 16 28 3 2 3 5 197

XXV PAVUNA 197 068 3 8 6 2 7 9 7 42

ACARI 24 650 2 1 3 1 2 1 2 12 Tabela 12-B

Nuacutemero de Casos Oacutebitos Taxa de Incidecircncia Mortalidade e Letalidade de Dengue por Aacuterea de Planejamento Regiatildeo Administrativa e BairroMuniciacutepio do Rio de Janeiro - 1996 a 2006

Aacutereas de Planejamento RegiotildeesAdministrativas e Bairros

PopulaccedilatildeoCenso 2000 Casos 1996 Casos 1997 Casos 1998 Casos 1999 Casos 2000 Casos 2001 Casos 2002 Casos 2003 Casos 2004 Casos 2005 Casos 2006 Total Casos

de Dengue

TOTAL 5 857 904 4 102 1 024 13 477 4 132 2 279 27 671 143 723 1 610 708 1218 14 778 214 722Aacute R E A D E P L A N E JA M E N T O 3 3 928 800 477 136 1 820 555 31 9 5 109 10 351 214 118 109 754 19 962PAVUNA 90 027 64 17 445 129 10 341 578 19 5 3 53 1 664

Tabela 13-B

147

Principal fonte O que causa Escape dos veiacuteculos motorizados

Centrais termoeleacutetricas NO2 Faacutebricas de fertilizantes de explosivos ou de aacutecido niacutetrico

Problemas respiratoacuterios

Centrais termoeleacutetricas Petroacuteleo ou carvatildeo SO2 Faacutebricas de aacutecido sulfuacuterico

Problemas respiratoacuterios irritaccedilatildeo nos olhos problemas cardiovasculares

Escape dos veiacuteculos motorizados

Processos industriais Centrais termoeleacutetricas

Partiacuteculas em

suspensatildeo Reaccedilatildeo dos gases poluentes na atmosfera

Problemas respiratoacuterios irritaccedilatildeo dos olhos doenccedilas cardiovasculares

Escape dos veiacuteculos motorizados Problemas respiratoacuterios intoxicaccedilotildees problemas cardiovasculares

Alguns processos industriais CO

Fumaccedila de cigarro

Na exposiccedilatildeo prolongada aumento do volume do baccedilo hemorragias naacuteuseas

diarreacuteias pneumonia perda de memoacuteria e outros males

Escape dos veiacuteculos motorizados (gasolina com chumbo) Efeito toacutexico acumulativo Pb

(Chumbo) Incineraccedilatildeo de resiacuteduos Anemia e destruiccedilatildeo de tecido cerebral

Irritaccedilatildeo nos olhos O3 (Ozocircnio)

Formados na atmosfera devido agrave reaccedilatildeo de oacutexidos de azoto hidrocarbonetos e luz solar Problemas respiratoacuterios (reaccedilatildeo inflamatoacuteria

Tabela 14-B Gases poluentes lanccedilados na atmosfera

Tabela 15-B Comparaccedilatildeo da poluiccedilatildeo atmosfeacuterica produzida em algumas cidades

ANEXO III

GRAacuteFICOS E FIGURAS

Graacutefico 1-B

Figura 1-B

Imagem do lixatildeo no local chamado de fim de mundo

Figura 2-B

Imagem do lixatildeo no local chamado de fim de mundo

Figura 3-B

Projeto de reciclagem de lixo

Figura 4-B

Aspecto da disposiccedilatildeo do lixo recolhido na aacuterea da ldquoreciclagemrdquo

Figura 5-B

ETE Pavuna Fonte Aquacon

Figura 6-B

Exemplo de uma aacuterea de lazer

Figura 7-B

Exemplo de uma aacuterea de lazer

PESSOAS ENERGIA

ENTRETENIMENTO EDUCACcedilAtildeO INFORMACcedilAO E TECNOLOGIA

RUIacuteDO

AR POLUIacuteDO

ESGOTO

RADIACcedilAtildeO LIXO HOSPITTALAR PUacuteBLICO E RESIDENCIAL

SERVICcedilOS

BENS MANUFATURADOS

RESIacuteDUOS INUSTRIAIS

COMBUSTIacuteVEIS

MATEacuteRIA-PRIMA

Figura 8-B Esquema de trocas de uma cidade

Figura 9-B

Figura 10-B

ANEXO V

FIGURAS UTILIZADAS NAS ENTREVISTAS

ASSUNTO PRESSUPOSTO TELECOMUNICACcedilAtildeO CONSUMISMO PRODUCcedilAtildeO DE LIXO

ASSUNTO PRESSUPOSTO CONSUMISMO CONFORTO LAR LAZER

ASSUNTO PRESSUPOSTO CONSUMISMO CONFORTO LAZER POLUICcedilAtildeO ATMOSFEacuteRICA

ASSUNTO PRESSUPOSTO DESMATAMENTO MUDANCcedilA CLIMAacuteTICA PERDA DE BIODIVERSIDADE EFEITO ESTUFA

ASSUNTO PRESSUPOSTO CONSUMISMO ALIMENTACcedilAtildeO TRABALHO DIGNIDADE CIDADANIA

ASSUNTO PRESSUPOSTO PRESERVACcedilAtildeO AMBIENTAL LEIS VIOLEcircNCIA

ASSUNTO PRESSUPOSTO ALIMENTACcedilAtildeO DINHEIRO TRABALHO QUALIDADE DE VIDA

ASSUNTO PRESSUPOSTO ENERGIA CONFORTO LAR LAZER

ASSUNTO PRESSUPOSTO CONSUMISMO ALIMENTACcedilAtildeO TRABALHO FAMIacuteLIA

ASSUNTO PRESSUPOSTO PARTICIPACcedilAtildeO DO PODER PUBLICO SAUacuteDE CIDADANIA POLIacuteTICA

ASSUNTO PRESSUPOSTO LAR MORADIA TRANSPORTE LAZER SEGURANCcedilA QUALIDADE DE VIDA FUTURO

ASSUNTO PRESSUPOSTO PARTICIPACcedilAtildeO SOCIAL SAUacuteDE FAMIacuteLIA

ASSUNTO PRESSUPOSTO TELEVISAtildeO RAacuteDIO PARTICIPACcedilAtildeO SOCIAL AMBIENTALISMO

ASSUNTO PRESSUPOSTO CIDADE TRANSFORMACcedilAtildeO DA PAISAGEM POLUICcedilAtildeO TRABALHO

ASSUNTO PRESSUPOSTO MEIO AMBIENTE ENERGIA POLUICcedilAtildeO PRESERVACcedilAtildeO

ANEXO VI

TRANSCRICcedilAtildeO DAS FALAS DOS ENTREVISTADOS

TRANSCRICcedilAtildeO ENTREVISTA 1 Que eu entendo por meio ambiente eacute aonde noacutes vivemos neacute Onde

precisamos se sentir saudaacutevel neacute E que nesse saudaacutevel que agente natildeo tem as impurezas na natureza neacute Eacute que a natureza deve ser saudaacutevel porque noacutes vivemos e precisamos dela Por isso eu acho que os seres humanos devem preservar

Meio ambiente que eu vi ali por exemplo na televisatildeo que apareceu apareceu o espaccedilo o mar neacute O mar achei interessante E tambeacutem vi coisas desagradaacuteveis neacute No meio ambiente a queima das aacutervores neacute Eacute isso aiacute que eu vi vi tambeacutem que eu vi aqui Vi por exemplo que produz o meio ambiente a vi ali frutas sucos laacute tinha laranja reproduzido no meio ambientevi o que mais Vi tambeacutem o meio ambiente o homem Os conflitos entre os seres humanos em um grupo de pessoas que deviam estar vivendo bem natildeo em conflito o espaccedilo limitado dessas pessoas

O carro o meio ambiente eu acho assim noacutes necessitamos dele Ele solta gaacutes carbono impureza no meio ambiente acho que o carro nos traz conforto eu acho que carro eacute necessidade mas no meio ambiente ele danifica salta gaacutes polui o ar A mesma coisa ai satildeo celulares aparelhos que vocecirc usa pilha usa coisa que ele danifica tambeacutem o meio ambiente por exemplo eu li uma vez que a ldquoguimbardquo do cigarro se vocecirc colocar ele demora para a natureza a terra absorver duzentos anos neacute Vi tambeacutem que a garrafa plaacutestica demora mais de 300 anos para deixar de danificar isso plaacutestico entatildeo isso eacute Claro e evidente e se vocecirc jogar lixo e deixar aacutegua limpa em por exemplo em casca de ovo pneu aiacute danifica o meio ambiente eacute indiretamente sim porque temos verbas desviadas que poderia estar desenvolvendo o meio ambiente eacute desviada pelos nossos governantes puacuteblicos Tambeacutem espaccedilo fiacutesico de lazer neacute Se vocecirc tiver o espaccedilo fiacutesico de lazer compatiacutevel com as nossas moradias eacute favoraacutevel o crescimento da crianccedila o adolescente e o adulto saudaacutevel quando se pensa em meio ambiente fortalecido agente vecirc que as vezes natildeo

Equiliacutebrio fiacutesico e mental para mim sauacutede eacute isso equiliacutebrio fiacutesico e mental Quando eu falo fiacutesico e mental vocecirc eacute uma pessoa saudaacutevel se vocecirc tem um equiliacutebrio fiacutesico neacute Eu to bem fisicamente mentalmente eu to bem

Tem haver se eu viver num ambiente por exemplo onde tem lixo tem detritos tem vala abertas vai comprometer minha sauacuteda porque vai chamar ratos baratas e vai transmitir doenccedilas mosca entatildeo a sauacutede tem haver muito com a limpeza e a limpeza eacute o meio ambiente onde

vivemos seja dentro da nossa casa seja na comunidade seja no espaccedilo de lazer seja onde noacutes tivermos se tiver limpeza agente vai ter uma sauacutede equilibrada se agente tiver sujeira e imundiacutecie agente natildeo vai ter sauacutede

Favela como eacute ta dizendo em latim que eacute comum a todos mas se vocecirc tiver uma favela urbanizada e equiparada ao benefiacutecio de sauacutede puacuteblica poliacuteticas puacuteblicas com certeza esses moradores vatildeo ter uma sauacutede equilibrada e uma ecologia tambeacutem comparada com o equiliacutebrio ecoloacutegico aonde vocecirc vive Se vocecirc mora numa favela se os moradores natildeo satildeo conscientizados que eu acho mais difiacutecil mas se eles tiverem orientados que ele tem que manter o espaccedilo que ele vive que tem que pensar natildeo soacute em mim tenho que pensar no meu semelhante no meu vizinho manter No caso da dengue se eu tenho um jarro de flor que tem aacutegua meu vizinho natildeo tem entatildeo eu estou proporcionando soacute doenccedila pra mim eu estou proporcionando pro meu proacuteximo entatildeo se todo mundo em favela viver em um ambiente limpo e saudaacutevel vai ter com certeza sauacutede saudaacutevel mas se agente viver na comunidade esse espaccedilo fiacutesico se natildeo for bem tratado saneamento baacutesico com certeza vatildeo ter essa comunidade esse espaccedilo ecoloacutegico da vivecircncia ruim

Porque conscientizaccedilatildeo se demora muito neacute Vocecirc conscientiza uma pessoa a pessoa entender isso Que agente pode ter divergecircncia de ideacuteia ou achar que temos que beber aacutegua filtrada e a moradora dizer pra mim natildeo eu bebo a aacutegua do latatildeo haacute vinte anos e natildeo peguei doenccedila Entatildeo conscientizar essa pessoa demora mais eacute mais faacutecil orientar dando coisas praacuteticas Vocecirc bota no latatildeo mas no latatildeo ele traz o que ele traz ferrugem do latatildeo a aacutegua tem que ser fervida e filtra por isso por isso por isso Acho que vocecirc orientar eacute mais faacutecil do que conscientizar a pessoa as orientaccedilotildees eacute passo a passo que dizer no final ele vai se conscientizar daquilo mas leva muito mais tempo mas orientaccedilatildeo praacutetica na hora das accedilotildees imediatas surgem mais efeitos do que uma mudanccedila que leva tempo

Tem uma aacutervore caindo em cima da casa eacute uma como se chamaum abacateiro Ela veio aqui e no dia que ela veio aqui tinham um assessor da secretaacuteria do meio ambiente a R F ele disse que isso natildeo era questatildeo dele era questatildeo de defesa civil Vocecirc entendeu E ela mas a aacutervore vai cair em cima da casa dele pode causar morte vai derrubar a casa dele ela tava preocupado do risco dessa aacutervore tanto pra ela quanto pro vizinho E a pessoa ficou fria e outra coisa eacute noacutes temos o lixo aqui as pessoas natildeo educadas que o lixo como se tem que fazer o lixo eacute reciclar o lixo eles natildeo eles jogam o lixo toda vez eacute garrafa ldquopetrdquo para um lado viacutescera de peixe pra um lado viacutescera de galinha para um lado entatildeo eles natildeo sabem separar isso eacute falta de educaccedilatildeo ambiental e natildeo eacute feito na comunidade as escolas que estatildeo comeccedilando agora a fazer isso Por exemplo aqui em Acari eu fiquei boba tem vala aberta antiga vala negra se for no final do mundo se encontra vala aberta Vala aberta crianccedila andando descalccedilo

nessas valas Entatildeo o ambiente aqui do complexo do areal ta comprometido Vocecirc vecirc o rio Acari hoje melhorou um pouco por que existe os guardiotildees do rio Satildeo homens que satildeo pagos pela prefeitura pela meio ambiente que eacute da secretaria do meio ambiente que eacute daqui da prefeitura que faz a limpeza do rio dos detritos que os proacuteprios moradores jogam no rio Eu ateacute discuto isso muito em que tem que orientar os moradores a natildeo jogar as coisas que eles natildeo usam mais no rio e eles acabam jogando e daacute enchente e enchente vaacuterios barracos na beirada do rio vatildeo ser levadas vaacuterias famiacutelias eacute flageladas sem onde morar vocecirc vecirc que baixa a enchente as pessoas voltam a morar a fazer seus barracos e continuam jogando seus detritos Eu acho que as pessoas natildeo estatildeo muito preocupadas com o seu meio ambiente eles no momento pensam no momento em que satildeo atingidos depois que passa isso tudo ele continua fazendo a mesma coisa

O complexo de Acari eacute o terceiro maior complexo de favelas da Ameacuterica do Sul com IDH muito baixo pra vocecirc vecirc se muito baixo quer dizer que condiccedilatildeo ela estaacute precaacuteria de tudo saneamento baacutesico estou falando pra vocecirc que existe vala negra Entatildeo vou dizer laacute da beirada do rio se vocecirc for a beirado do rio de Acari depois do hospital vocecirc vai dizer que poliacutetico eacute esse que temos nesse municiacutepio que laacute aquelas famiacutelias de laacute Se entra laacute eu tava com chinelo de dedo e fui laacute procurar um menino aconteceu um acidente uma rato mordeu aqui nele na mulher tambeacutem eu fui laacute entre os meu dedos tinha aquela lama preta e dentro de casa natildeo eacute cimento natildeo eacute chatildeo batido uacutemido que as pessoas botam tapete que eles encontram no lixo taacutebua ou papelatildeo Levo quem quiser laacute eu falo pra poliacutetico eu levo laacute eu levo aquilo tudo imundo cheio de verminose as crianccedilas descalccedilas eu vejo no meio do complexo de Acari apesar de ter os gari que varre as pessoas continuam jogando lixo na rua entatildeo eacute precisa passar um processo de educaccedilatildeo ecoloacutegica de moradores estaacute mais atento a isso Se vocecirc procurar nos becos da favela se anda aiacute se vecirc muito coco de animais natildeo que eu quero exterminar ateacute adoro neacute mas eu ando e vejo em outros lugares as pessoas com a bolsinha quando faz cococirc na rua as pessoas bota saquinho plaacutestico e joga na lata de lixo Aqui natildeo se vecirc crianccedilaeacute porco cabrito gato cachorro tudo faz por aiacute e as crianccedilas brincando Eu acho que natildeo existe trabalho focado pra defesa deste espaccedilo fiacutesico que crianccedila adolescente jovem-adulto terceira idade tem uma sauacutede mais equilibrada porque vatildeo fazendo casa em cima da outra neacute Nesse aglomerado e mesmo com a favela bairro hoje agente tem aqui por mal feita a favela bairro ainda natildeo tem lugares que ta faltando aacutegua natildeo tem aacutegua potaacutevel na hora que fez favela bairro tirou um cano novo botou um velho soacute que o velho neacute O novo natildeo passa aacutegua e o velho tambeacutem Umas pessoas tecircm aacutegua outros lugares aqui na rua do viaduto cansam de reclamar isso e os proacuteprios bueiros mal feitos neacute Quando tem uma chuva bem forte os bueiros natildeo satildeo limpos que o gari daqui vocecirc sabe limpar as ruas eu que vejo os garis de outros lugares que eles limpam os bueiros tambeacutem

de outro lugar vocecirc em outro lugar a diferenccedila limpam as ruas do Meacuteier lavam as ruas aqui nem em dia de feira lavam as ruasentatildeo vocecirc vecirc a diferenccedila disso tudo Se vocecirc andar no conjunto de manhatilde esse conjunto aqui vocecirc vai ver de copo descartaacutevel papel que jogamah se vocecirc se andar nas ruas becos voce vecirc muita sujeira os gari acabam de limpar e se eles voltarem duas horas depois estaacute tudo sujo Acho que noacutes brasileiros natildeo somos educados para isso

Guardiatildeo do Rio Gari comunitaacuterio associaccedilatildeo centro de estudos eacute o seguinte hoje o complexo de Acari tem a Associaccedilatildeo do Parque unidos de Acarai que eacute do outro lado do Rio quem vai pra linha verde do outro lado tem centro comunitaacuterio unidos de Acari que eacute uma ONG que tem uma creche desenvolvem trabalho com laboratoacuterio de informaacutetica para os jovens e jovens adultos e terceira idade para o mercado de trabalho Vindo para este lado noacutes temos a Associaccedilatildeo de moradores do parque acari que eacute a mais antiga noacutes temos vindo pra caacute Vila Rica que hoje natildeo eacute associaccedilatildeo que juntou ao Parque Acarai a ONG Tio Patinhas que eacute uma creche que estava fechada uns trecircs anos reabriu com um convecircnio com a secretaria municipal de educaccedilatildeo A creche laacute do PAC centro comunitaacuterio tambeacutem tem um convecircnio com a prefeitura vindo mais pra cima vocecirc tem Quero Ouvir Esperanccedila com a unificaccedilatildeo Associaccedilatildeo do conjunto residencial Areal conhecido como amarelinho assumiu vila esperanccedila Que eram cinco associaccedilotildees se tornou duas agora e tem onde era a Parmalat que tem uma associaccedilatildeo que eacute de fato de natildeo de direito porque ela eacute formada e natildeo eacute registrada tentamos agora fazer essa composiccedilatildeo eu ainda acho que as associaccedilotildees tem que eacute de bom grado e bom tamanho que muita associaccedilatildeo acaba ningueacutem fazendo nada Temos aqui o Futuro Feliz que eacute uma ONG que tem um papel importante na comunidade eacute ensinar as crianccedilas adolescente e adultos muacutesica entatildeo tem aula de violatildeo bateria piano teclado vocecirc vecirc uma menina que eacute nascida aqui que tem doze anos que sabe ler partitura E tem a instituiccedilatildeo aqui que eu coordeno que eacute a Satildeo Domingos Saacutelvio e vaacuterias escola do ensino fundamental e vaacuterias creches da prefeitura e tem o posto de sauacutede enfermeira Edna Valadatildeo que hoje eacute PSF A Cufa que estaacute saindo jaacute esteve aqui no complexo de Acari e eu natildeo sei por qual motivo pelo qual motivo ela saiu voltou tem uma ano e pouco segundo a pessoas que esteve aqui ela colocou que os projetos colocado aqui natildeo teve resultados favoraacuteveis ateacute fiquei boba que eles tem condiccedilatildeo econocircmica que eu natildeo tenhonem a associaccedilatildeo de moradores tem e conseguimos fazer um trabalho e natildeo temos o projeto que eles tecircm neacute E natildeo conseguiram ter um nuacutemero de clientela favoraacutevel natildeo sei qual o erro aqui tem crianccedila noacutes estamos na terceira maior favela da Ameacuterica do Sul e natildeo ter clientela favoraacutevel pelo tipo de atividades que eles faziam que eacute de suma importacircnciapor que eu fiquei boba de quinta feira ela ter colocado pra mim que vocecircs estatildeo indo embora porque Vocecircs tem melhor dos projetos Petrobraacutes governo de estado com a prefeitura ela disse que os projetos que desenvolvia aqui a direccedilatildeo da CUFA achou que natildeo teve um resultado favoraacutevel eacute porque Clientela mas pra vocecirc ter clientela se tem que divulgar o que

vocecirc faz tem que comunicar com o povoe eu falei pra ela se vocecirc natildeo divulgaeu dou um curso aqui que preparo a dezesseis anos os adolescentes para o mercado de trabalho Eles sabem que de primeiro a quinze de dezembro primeiro a quinze de junho tem inscriccedilatildeo eu natildeo divulgo eacute um trabalho de formiguinha uma passa para o outro porque eacute bom e as pessoas vatildeo passando

ENTREVISTA 2 Meio ambiente Na verdade talvez mais pro lado do que agente costuma

dizer florestas rios Pra comunidade o meio ambiente Primeiramente higiene eu acredito assim uma limpeza uma participaccedilatildeo de todos esgoto muito esgoto entupido

Na verdade na verdade noacutes podemos ver que haacute um certo descaso com as comunidades por parte do poder puacuteblico certamente eles poderiam fazer muito mais apesar de que eu natildeo vou encobrir que muitas das vezes faz parte dos nossos proacuteprios liacutederes comunitaacuterios De um modo geral que muitas das vezes hoje se tornam uma questatildeo de repente eu consegui algo mas e a comunidade Natildeo adianta trazer um candidato para a comunidade o candidato entra ganha voto e depois vai embora e beijinho pra comunidade e de repente eu que trouxe meu candidato consigo traz alguma coisa para a comunidade mas a comunidade veda entatildeo tambeacutem haacute um descaso na minha opiniatildeo tanto de liacutederes comunitaacuterios como eu sou a favor do que estaacute para acontecer um plebiscito para eleger uma pessoa para representar as comunidades de um modo geral eu sou a favor considero as pessoas que jaacute passaram considero mas a eacutepoca para mim jaacute passou teve que aproveitar os momentos aproveitou e ficou esquecido acabou o tempo Eacute tempo de novas oportunidades

Eu na minha opiniatildeo sou a favor de que a comunidade num todo apoacuteie ele para que noacutes venhamos trazer um candidato para que este candidato da mesma forma que noacutes o colocamos laacute por ele ser da aacuterea criado na comunidade conhecendo os problemas se agente o colocar laacute e tambeacutem natildeo fizer nada da mesma forma que o colocamos laacute podemos fazer o seguinte fechamos essa Avenida Brasil aqui com faixas e cartazes e mancha e denigre a imagem dele dizendo que ele natildeo com mentiras mas com verdade e dizer o que era para ele fazer e natildeo fez eacute uma opiniatildeo minha natildeo com baderna natildeo soacute um meio de chamar agrave atenccedilatildeo porque eu sou a favor de que ele venha eu estou confiando nele e espero que porque haacute esse descaso que vocecirc falou ateacute mesmo da lideranccedila e descaso da proacutepria comunidade que se acostumou com certos tipo de problemasmas as vezes o morador eacute culpado porque pegam a bolsinha de lixo e natildeo quer andar ateacute a ponta aqui e depois venha aqui cobrar Mas outros natildeo querem chegar junto vocecirc sabe por que eacute porque as pessoas vatildeo se cansando e claro estas questotildees vatildeo caindo em descreacutedito entatildeo tem muitos que natildeo querem pois se

cair em descreacutedito jaacute era Eacute o que eu falei Certa vez um cidadatildeo chegou para mim - deixa eu colocar uma faixa aiacute - eu falei pocirc jaacute tem um faixa aiacute natildeo daacute natildeo - pocirc mas oacute fulano de tal vez fez aquilo na comunidade - eu falei cadecirc ele Fez a quatro cinco seis anos atraacutes mas cadecirc ele agora Para eu estar votando nele continuamente quero ver ele aqui na comunidade fazendo alguma coisa pela comunidade e tem essas obras do PAC aiacute Porque seraacute que natildeo tem ningueacutem para trazer o PAC pra caacute Trazer um centro comunitaacuterio aqui alguma coisa que possa tirar essa molecada daiacute sei laacute alguma coisa que para trazer um curso pocirc abrir a mente com esporte em vez de estar com os olhos focados nesta porcaria aiacute estar focado com outras coisas a maioria dos moradores natildeo procuram abrir a mente pra isso muita gente que tem mente pequeninha Isto eacute interessante para o poder puacuteblico com achei uma covardia de fazer aquilo a aprovaccedilatildeo automaacutetica natildeo existe isso

Me desculpe eu respeito todo mundo cada um com seu cada um mas pra mim eacute para poder manter principalmente nas comunidades pessoas sem estudo porque para ele tambeacutem eacute vantagem A pessoa da comunidade de onde for fica sem instruccedilatildeo nenhuma sem abrir a sua mente a ampliar para ver o que estaacute acontecendo num todo Por que se noacutes natildeo nos unirmos estamos ferrados porque a aprovaccedilatildeo automaacutetica sabe passou natildeo sabe tambeacutem passou entatildeo isso haacute manipulaccedilatildeo por traacutes construiu um hospital daquele ali passei saacutebado a noite por laacute olhei a fachada eacute uma coisa de primeiro mundo aquilo ali eu costumo dizer aquilo ali eacute do niacutevel de um copa drsquoor de um barra drsquoor aiacute construiacuteram sabe a quantos anos estaacute fechado Agora chega na hora das eleiccedilotildees chega o candidato dele que ele natildeo pode mais se lanccedilar aiacute a populaccedilatildeo infelizmente alguns com a mente mais fraca arrisca de ateacute votar aiacute eu te falo eu natildeo entendo muito eu natildeo sou tatildeo burro pois tento aprender umas coisinhas mas eles construiacuteram um hospital daquele ali aiacute eu pergunto um hospital daquele ali vai precisar de quecirc Funcionaacuterios tanto meacutedicos quanto enfermeiros limpeza comidapessoas para trabalhar no refeitoacuterio eu te pergunto hospitais do Rio de Janeiro tanto municipal estadual e federal tudo caindo aos pedaccedilosseraacute que eles vatildeo ter verba para investir naquilo ali seraacute que vatildeo ter interesse em investir naquilo ali Pocirc que aquilo ali eacute hospital para ter emergecircncia vinte e quatro horasvai inaugurar sim a qualquer momento Eu acredito que eles vatildeo enrolar ateacute o final do ano Aiacute eles gastam uma fortuna do dinheiro puacuteblico do dinheiro que natildeo satildeo deles aiacute se constroacutei um mundo que aquilo ali eacute um mundo seraacute que eles vatildeo querer em ter interesse em manter verba todo ano tem aquela como eacute chamado orccedilamento Um bilhatildeo oh Vamos destinar cem para a sauacutede cem para a seguranccedila puacuteblica natildeo eacute isso Por exemplo para a educaccedilatildeo seraacute que no municiacutepio vai ter interesse em enviar tantas verbas para um hospital desses Porque para comeccedilar eles vatildeo ter que os meacutedicos os profissionais muitos de repente vatildeo ficar ateacute meio assim tem profissionais que se bobear ateacute correm mas seraacute que eles tem interesse de manter o hospital vinte e quatro

horas aberto Com funcionaacuterios ali e meacutedicos pediatras emergecircncia e aiacute aquilo ali eacute uma coisa de louco Os hospitais da rede municipal estavam tudo ali caindo aos pedaccedilos numa correria daqui pessoas largadas nos chatildeo entatildeo satildeo estas questotildees Aqui em Irajaacute tem uma RF que domina geral entatildeo eu acho chegou uma eacutepoca eu na minha opiniatildeo nada contra ela mas eu acho que ta na hora de noacutes aqui nos unirmos para trazer um candidato trazer natildeo eacute puxa ele de como uma passagem como agente de um tanto e meu voto e peacute na estrada eu sou contra Pessoas que venham e que tenham compromisso realmente com a comunidade Jaacute que fizeram um plebiscito eu sou favor do plebiscito e que se vaacute ateacute o final mas se natildeo tivesse acontecido o candidato tem que ter interesse em ficar aqui na comunidade tanto amarelinho acari parque uniatildeo parque Columbia laacute pra trazbeira rio mas que desse uma assistecircncia a comunidade e procurar trazer benefiacutecios a comunidade

ENTREVISTA 3 Meio ambiente Acho que eacute tudo que envolve o lugar onde Agente vive

depende de cada lugar cada meio ambiente diferente daquele lugar Conheccedilo eacute poluiccedilatildeo agraves vezes de rios que se transformam em valotildees neacute Que coisas que pessoas antigas diziam que rios de aacuteguas potaacuteveis que havia peixes e algumas outros tipos de seres vivos que hoje em dia natildeo existem mais devido a poluiccedilatildeo Acho que a degradaccedilatildeo do meio ambiente neacute o lugar que a mateacuteria diz que o rio que tem o seu curso que por intermeacutedio do ser humano quer desviar curso desse rio Acho ruim porque se tivesse que o rio passar por onde ele deveria passar ele natildeo teria que ser mexido porque ele tem um fluxo dele tem toda uma estrutura daquele rio tem espeacutecies ali que mudando o curso daquele rio talvez essas espeacutecie natildeo vatildeo se adaptar o novo curso que ele vai ter que percorrer Acho que a sauacutede vem desde a prevenccedilatildeo Se natildeo houver prevenccedilatildeo natildeo haacute sauacutede Porque natildeo age soacute que a pessoa tem que a pessoa tem que fazer aquela prevenccedilatildeo ali pra que natildeo fique doente entendeu Pra que natildeo pegue algum tipo de viacuterus ou outra coisa Natildeo eacute soacute depois que estaacute doente cuidar daquilo Tem Tem porque se o ambiente estiver sendo bem tratado dificulta agraves vezes algum tipo de doenccedila agente pode vamos dizer assim a hepatite neacute A hepatite eacute causada em situaccedilotildees de poluiccedilatildeo de lixo poluiacutedos aquela aacutegua que a pessoa bebe e que natildeo foi tratada se de repente aquilo ali natildeo tivesse sido destruiacutedo aquele ambiente ali talvez aquela pessoa natildeo pegaria aquela doenccedila Eu acho que a conscientizaccedilatildeo que a populaccedilatildeo da comunidade mostra as pessoas pra natildeo destruir a natureza natildeo destruir os rios dentro de cada comunidade natildeo soacute a minha mas em todas entendeu Eu acho

que se forem feito um estudo desde a educaccedilatildeo principal maternal jardim ai vem primeira seacuteria assim sucessivamente que natildeo adiante depois que as pessoas estatildeo velhas que jaacute estatildeo acostumas a fazer muita coisa errada vocecirc tentar colocar aquilo na cabeccedila das pessoas vocecirc jaacute tem que vir desde quando eacute crianccedila ensinar a crianccedila a natildeo a chegar ali naquela planta do vizinho e arrancar aquela planta natildeo destruir ao ver um animal ou um paacutessaro e natildeo tacar um pedra alguma coisa desse tipo

ENTREVISTA 4 Eu gostaria que ele viesse a festa da comunidade aniversaacuterio da

comunidade Vai Comeccedilar as dezessete horas ou seja dezenove vamos ter a forccedila do Afro Reggae vem o Gabrielzinho de Irajaacute vem o Ademir da Rede Globo o ator Temos grupo Luzes o Mc Alex vai estar presente tambeacutem vai dar uma mensagem tem uma muacutesica que diz sobre o Presidente Pra gente eacute importante tambeacutem fortalecer esse jovem porque ele foi precursor da limpeza da comunidade Ele foi um dos caras que noacutes ganhamos pegamos duzentos latotildees com produtos quiacutemicos que agente natildeo sabia que era toacutexico Aiacute um belo dia a Comlurb disse assim oh retira esses latotildees que eu do todo ele cor de aboacutebora E o Alex foi a pessoa que foi o cara pra distribuir todos os latotildees na comunidade Eu tenho retrato dele ele era magrinho hoje oacute soacute vendo E noacutes tiramos e controlamos a questatildeo do lixo que a questatildeo do lixo eacute uma coisa muito forte Agora eu queria que vocecirc registrasse pra noacutes eacute a questatildeo futuramente vocecirc vai ver este cercadinho em muro vocecirc vai ver tudo isso aqui bonitinhosabeporque aiacute agente ta recebendo as pessoas ainda fazem uma criacutetica que soacute serve soacute para crescer Eu queria que ficasse bem registrado que a populaccedilatildeo devido a morte de uma crianccedila laacute um adolescente aiacute a comunidade comeccedilou morreu de meningite teve um surto de meningite

ENTREVISTA 5 somos isentos da taxa d aacutegua porque eacute do INSSe esgoto tambeacutemonde

tem favela bairro eles recebem conta de aacuteguaalguns pagam a conta de aacutegua Chegou o gaacutes aqui mas eles natildeo aprovaram natildeo natildeo foi aceito natildeo O amarelinho era o maior morro que existia aqui era o cemiteacuterio dos iacutendios e tudo isso aqui esse morro grande tinha um tal de Joatildeo de Morro que era um cara da antiga fazenda Areal que vivia aqui e ele entatildeo aiacute quando compraram esse terreno ai primeiro para construir o IAPC eacute o conjunto habitacional do IAPC ndashInstituto Nacional de

Previdecircncia dos Comerciaacuterios que era dividido assim Esse morro aqui foi entatildeo rebaixado quando tambeacutem tudo aquilo aqui foi rebaixado para fazer o CEASA aquelas maacutequinas da transamazocircnica que tem aquela boca em baixo e ela vai retirando o todo o excesso tudo que ficar vai desbastando o morro antes para aqui para a construccedilatildeo do CEASA Toda essa populaccedilatildeo foi para Senador Cacircmara O Pessoal do Furatildeo foi para Vila Kennedy Padre Miguel Essa foi a uacuteltima assembleacuteia que tivemos e falamos da reciclagem de lixo tudo agente tenta buscar e discutir com a comunidade noacutes queremos capacitaccedilatildeo para o tratamento do lixo agente da aberto para capacitaccedilatildeo e parcerias agente quer agente necessita para fazer um dos melhores Vocecirc tem aqui desorientaccedilatildeo da famiacutelia aqui e a ela eacute dura ela vai dentro se vocecirc eacute um pai negligente ela vai falar que vocecirc eacute um pai negligente aiacute vocecirc vecirc que as pessoas as vezes fazendo coisas que agente entatildeo somos os guardiotildees dos direitos das crianccedilas aqui Todos noacutes que estamos dirigindo alguma coisa qual eacute o nosso objetivo natildeo adianta fazermos as coisas sozinhos cada um tem que fazer a sua parte entatildeo eu acho que agente tem que ser assim mesmo para garantir noacutes temos valores noacutes temos essas pessoas Porque o socioacutelogo Marcos fez a histoacuteria de Acari contendo todos noacutes porque eacute importante vocecirc registrar aqueles que ainda persistem na luta noacutes temos um coroa aqui de 80 anos que ainda milita no Complexo de Acari entatildeo eacute importante eu acho que o viacutedeo pode mostrar muitas coisas mas natildeo pode ficar pela metade Ningueacutem vai filmar o esgoto ningueacutem vai ver mais o esgoto tinha vala a ceacuteu aberto agora tem saneamento baacutesico Natildeo tinha nada o conjunto natildeo tinha pavimento era puramente o quecirc Um matagal as pessoas quando vem natildeo soma com as experiecircncias que tem a rede eacute furada porque as pessoas natildeo se integram o negoacutecio eacute sentar toda a rede e discutir coisas importantes conforme eu estou dizendo Eacute fundamental de buscar o dia 4 de novembro eacute o dia da favela que todas as favelas no Rio de Janeiro tem que se mobilizar para acontecer como a proacutepria a MT que criou o dia mas temos todos que gritar numa soacute voz Sabe porque Acari era um peixe que vivia no lamaccedilal na imundice eu natildeo faccedilo de conta natildeo eu estou presente noacutes fizemos uma reportagem e aiacute nem passou eu falei o dia em que a comunidade pela violecircncia a questatildeo do apitaccedilo que a proposta aqui noacutes colocamos jaacute haacute muito tempo que a violecircncia que agente enfrenta seria desde a violecircncia a mulher e a crianccedila que vocecirc vecirc um cara matando algueacutem dentro da comunidade por exemplo vocecirc apita todo mundo sai apitando essas questotildees vatildeo parar o dia que o cara bate na mulher daacute tapa na cara soco na cara mas o dia em que as pessoas comeccedilarem a apitareu propus isso nesse documentaacuterio

jaacute queremos mudar os nomesaqui eacute Areal jaacute queremos mudar Ninho das Cobras Mangue Seco Fim do Mundotem que mudar eu botei Atalaia Maracanatilde Campo do Jordatildeo pra poder amenizar porque Ninho das Cobras pocirc pera aiacute As obras que viratildeo do Favela Bairro a audiecircncia puacuteblica noacutes vamos discutir para ver a prioridadenoacutes vamos dizer que tem que comeccedilar pelo Mangue Seco pois laacute as pessoas vivem no brejo laacute vocecirc vai ver os ratos andando

ENTREVISTA 6 - Bem estar fiacutesico e mental de cada pessoa

- eacute o bem-estar fiacutesico e mental justamente o que a doutora falou - sobre tudo condiccedilatildeo social - essa eacute a definiccedilatildeo da Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede - eacute difiacutecil vocecirc falar em cima dessas para mim essa abrange tudo natildeo tenho que acrescentar a isso Agora eu acho que vocecirc pode natildeo necessariamente estar bem psicologicamente para mim eacute o mesmo que estar psicologicamente para ela pode ser diferente Eu acho que isso pode ser nivelado eu acredito natildeo eacute a mesma coisa pra todo mundo Natildeo tem como vocecirc dizer que todo mundo vai ter o niacutevel de sauacutede igual vai achar a mesma coisa Vocecirc pode dizer a mesma coisa mas na verdade natildeo acha a mesma coisa Por exemplo nessa figura aiacute da floresta isso aqui jaacute eacute uma floresta de eucalipto eu conheccedilo o que eacute uma floresta de eucalipto Eacute a pior coisa que existe porque destroacutei o solo e a multinacionais estatildeo vindo plantando eucalipto aqui no Brasil Tirando o eucalipto vocecirc acaba com a terra e acabou aquela terra natildeo presta mais entatildeo vocecirc cria um bem estar momentacircneo que vai gerar renda vai gerar emprego na regiatildeoentatildeo durante aquele periacuteodo que vocecirc tiver o eucalipto vai ser legal e depois Quando o eucalipto for embora aquelas pessoas vatildeo viver de quecirc O cara vai laacute coloca o caminhatildeo corta o eucalipto as maacutequinas fazem tudofaz o papel eacute uma beleza e acabou aquilo vai fazer o quecirc amigo Aiacute vem as dificuldades a doenccedila Mas eacute o que eu te disse acho que tem niacuteveis diferentes de pessoa para pessoa O que eacute sauacutede para mim natildeo eacute o mesmo pra vocecirc nem pra ela nem pra ela - eacute o ambiente que circunda a todos onde a pessoa vive trabalha natildeo necessariamente o ambiente natural eacute o mundo ao redor onde se estaacute inserido e que provoca danos a nossa sauacutede desde que natildeo tratados com a devida atenccedilatildeo tanto a destruiccedilatildeo da proacutepria floresta

assoreamento industrializaccedilatildeo O ataque ao meio ambiente acaba causando danos a nossa sauacutede - o meio ambiente eacute assim vocecirc agente vai fazer visitas nas casas entatildeo agente procura ver como a pessoas vive O meio ambiente dela assim como eacute que ela se sente naquela casa pois agraves vezes agente chega em uma casa totalmente eacute desorganizada suja higiene nenhuma entendeu Natildeo tem alimentaccedilatildeo sadia vocecirc se percebe nela natildeo sei que ela estaacute bem com ela mesma Vocecirc agraves vezes quer mostrar pra ela queum outro lado mas elasabe que se vocecirc chegar para ela ela natildeo cede ela quer ficar alisabeentatildeo natildeo sei Eu acho que meio ambiente eacute isso aiacute a higiene eacute um todo eacute vocecirc se sentir bem eacute o saneamento baacutesico que na comunidade noacutes temos saneamento baacutesico se bem que ainda tem lugares ainda que estaacute furado isso - eacute tipo no fim do mundo ali tem muito mato lugar onde o gari comunitaacuterio natildeo vai quando as chuvas caem os lixos acumulados pra vocecirc ver ali em baixo estaacute um surto de dengue terriacutevel - tem uma casa que agente neacute Se vocecirc for naquela casa assim de mato vivem duas moccedilas elas acham que vivem bem porque cheia de crianccedilas Elas acham que vivem bem porque quando saem saem direitinhas arrumadinhas ningueacutem diz que elas moram ali Natildeo tem janela um abafamento - se vocecirc conversa com os moradores mais antigos vocecirc vai vendo o quanto estaacute se destruindo Soacute se destroacutei Vocecirc natildeo vecirc nada aqui vocecirc natildeo vecirc um projeto de reflorestamento ateacute chegar na beira do rio e vatildeo destruir tudo E aiacute - o governo trouxe o favela bairro o que que aconteceu A aacutegua Quando chove o esgoto volta para casa das pessoas E a aacutegua Fica difiacutecil tambeacutem a aacutegua que os moradores para ter aacutegua tem que ter bomba porque sem bomba fica sem aacutegua - o pessoal tem que acordar de madrugada para poder lavar roupa - o ideal do programa sauacutede da famiacutelia o objetivo natildeo eacute curativo uma vez que nosso objetivo eacute a prevenccedilatildeo da sauacutede e agente natildeo tem essa oportunidade porque agente soacute trabalha com cura melhoria agente ainda natildeo conseguiu definir esse objetivo de promover a sauacutedeprevenir Agente soacute parte do tratamento porque eu acho que esse conceito ainda na populaccedilatildeo a demanda eacute muito grande entatildeo o programa de sauacutede da famiacutelia aqui neste momento - um mau relacionamento familiar pais que natildeo datildeo atenccedilatildeo ao filhos natildeo moram com os filhos ou satildeo separados Uma famiacutelia mau estruturada

- tem muita gente que vem passando mau aqui porque tem tiroteio Esses que tem pressatildeo alta agraves vezes ateacute por causa disso tambeacutem vatildeo ter que tomar remeacutedio tem que tomar calmante - falta o segmento religioso tambeacutem tem muitas religiotildees tem muitas igrejas mas olha soacute - bolsa escola PAC bolsa famiacutelia CCDC unidade estadual tem o PET que ajuda as crianccedilas as para ajudar a famiacutelia essas crianccedilas natildeo teratildeo mais que trabalhar e eles vatildeo para um lugar ali eles fazem algumas atividades e ganham uma bolsa por mecircs Comeccedila de 12 anos - aqui tambeacutem tem um trabalho assim de patrulheiro que vai de 14 anos ateacute 18 anos Menino faz 14 anos e ele jaacute comeccedila ali a fazer um curso aqui tem um e ali em baixo tem outro Eles vatildeo para o quartel aprender um cursinho no quartel Patrulheiro porque eles vatildeo aprender um cursinho no quartel e dali jaacute sai trabalhando do governo acho que eacute estadual - tem um posto de sauacutede do Estado E ainda tem uma cabine da poliacutecia militar que natildeo sei se funciona natildeo - programa para gerar renda Natildeo - eles limpam o rio que eacute da limpeza tem o gari comunitaacuterio e os meninos que fazem limpeza no rio

ENTREVISTA 7 - Pra senhora o que eacute sauacutede

- Sauacutede eacute o bem estar fiacutesico e mental neacute Boa alimentaccedilatildeo higiene eacute o estado de espiacuterito perfeito neacute A pessoa sem sauacutede eacute nada entatildeo pra se ter sauacutede tem que ter boa alimentaccedilatildeo acompanhamento meacutedico - E meio ambiente o que eacute meio ambiente - Eacute um ambiente propiacutecio para se viver sobreviver limpeza neacute Sem lixo sem mosquito higiene baacutesica esgoto saneamento - Por exemplo ter dengue na comunidade eacute falta de sauacutede e falta de cuidados com o meio ambiente ou natildeo natildeo tem nada a ver - Ah tem haver principalmente com a populaccedilatildeo A populaccedilatildeo eacute o principal responsaacutevel pela Dengue tudo bem que os governantes deixam a desejar com a limpeza dos valotildees essas coisas neacute Tratamento assim mas a populaccedilatildeo ateacute hoje consegue deixar garrafa de boca pra cima caixa drsquoaacutegua destampada entatildeo isso aiacute eacute falta de educaccedilatildeo do povo Se a populaccedilatildeo se educasse natildeo estariacuteamos nesta situaccedilatildeo Depois de tantas mortes tanta coisa tanta propaganda tanta notiacutecia na televisatildeo e no raacutedio as pessoas conseguem deixar a caixa drsquoaacutegua destampada E natildeo satildeo soacute o pobre natildeo os ricos tambeacutem neacute Piscina destampadaaquela aacutegua suja que natildeo troca natildeo trata eacute isso aqui que acaba com o povoestas doenccedilas - Aqui tem muito problema relacionado ao meio ambiente

- Aqui tem sempre o pessoal tratando da sauacutede da Sucam estatildeo sempre tratando botando remeacutedio pra rato eu natildeo vejo muita coisa aqui natildeo - Por exemplo o complexo temse agente olhar a foto natildeo tem uma aacutervore soacute tem casas isso eacute problema ambiental pra senhora - A populaccedilatildeo fica sem respirar ar puro que tem que plantar aacutervores - consumismo eacute problema ambiental para a senhora - eacute mais problema do bolso A pessoa fica comprando eacute maia de grandeza - Deixa eu ver uma figura aqui O lixo por exemplo aqui a gente tem a Comlurb que tira o lixo mas deve haver pessoas que queimam o lixo - Aqui em cima natildeo laacute pra baixo na favela de ver ter que laacute eu natildeo conheccedilo mas aqui em cima natildeo O povo eacute obrigado a levar o lixo no depoacutesito aqui em cima tem como eacutechamam de reciclagementatildeo a pessoa desce com a sua bolsinha de lixo e leva pra laacuteentatildeo aqui natildeo tem esse problemaacho que por isso natildeo tem tanto rato por aiacute quando tem eles vem e combate o lixo natildeo fica jogado o esgoto natildeo fica na rua entatildeo aqui tem um saneamento baacutesico bom eu acho o que eu conheccedilo eacute bom laacute pra baixo natildeo laacute pra baixo tem muita coisa ruim

ENTREVISTA 8 - entatildeo a primeira figura eacute essa aqui pode passar se a senhora quiser falar

sobre essas figuras tambeacutem - alimentaccedilatildeo neacute A alimentaccedilatildeo eacute essencialagora meio ambiente tambeacutem eacute bom falar sobre isso - eacute bom morar em cidade - Nunca morei em cidade natildeo sempre morei aqui mas tenho famiacutelias em vaacuterios locais - Pra senhora o que eacute meio ambiente - Oacute acho que meio ambienteeacute assimaacutervores o mar o que vem a lembranccedila eacute isso Eacute acabar um pouco dessas fumaccedilas acabar um poucos das aacutervores que estatildeo empatando agente no meio da rua caiacutedas velhinhas com os caules jaacute todos resecadinhos e agraves vezes com raiacutezes todas do lado de fora quase caindo como caiu uma ali em frente a minha janela caiu ateacute em cima do carro parques e jardins natildeo vem aqui atender o nosso pedidopra ajudar aqui agenteisso aqui bem dizer - E por exemplo caso de dengue eacute problema de meio ambiente - Aqui estaacute uma epidemia jaacute morreu crianccedila adulto jovens tem muita gente internada hoje mesmo no meu trabalho a minha professora de educaccedilatildeo fiacutesica tava falando que um rapaz novinho taacute todo dia na padaria comprando patildeo tava com problema de dengue internado com problema seacuterio agente fica a parte de sauacutede principalmente agente estaacute jogado as baratas Vai pro hospital natildeo tem meacutedico vai no pan natildeo tem meacutedico e aiacute pra ficar doente passando mau - a Senhora disse que eles potildee fogo no lixo

- ah potildee fogo no lixo nas matas Essas matas balotildees depois cai numa mata daqui a pouco pega fogo em tudo - aqui dentro do complexo quais satildeo os problemas de meio ambiente que a Senhora conhece - aqui eacute mais caso de doenccedilas que estatildeo vindo muito repetitivas sabe - me lembro que algueacutem reclamou de ratos -ratos demais Ratos Aqui tem uma epidemia de rato rato mesmo subindo pelas paredes Aqui tem muito rato muita umidade tem apartamento tudo muito uacutemido

ENTREVISTA 9 Estamos sem aacutegua e sem luz haacute dias aiacute Vila esperanccedila ontem mesmo natildeo

teve nem aula na creche porque natildeo tinha aacutegua as matildees precisam trabalhar quem tem as crianccedilas na creche para poder trabalhar teve que voltar com as crianccedilas pra casa porque natildeo tinha nem aacutegua e nem luz como iam fazer comida A diretora chegou na escola natildeo tinham nem uma gota de aacutegua natildeo tinha luzsabe a luz esquece da gente a CEDAE esquece da gentechama faz pedidoagraves vezes o R tem que sair daqui para apanhar a CEDAE laacute nao caminhatildeo da CEDAE laacute napra pegar o caminhatildeo para trazer aquiaqui felicidade eacute pouco

ENTREVISTA 10 - O que o Sr Entende por sauacutedenatildeo precisa ser uma frase decorada natildeo O

que te vem a cabeccedila - ldquoEacute vocecirc estar bem neacute eacute natildeo estar doente prevenccedilatildeo meacutedico - E meio ambiente O que eacute meio ambiente para vc Olha meio ambiente eacute vocecirc tentar fazer como eacute tentar poluir menos neacute cuidado em tudo - E quais satildeo as formas de poluiccedilatildeo que vocecirc conhece - Fumaccedila de motor carro elixo jogado na rua - Lixo na rua eacute problema ambiental ou natildeo ou eacute problema de sauacutede os dois - O mosquito da dengue eacute problema de sauacutede ou problema ambiental - Eacute problema da sauacutede e problema ambiental neacute Por exemplo agente trabalha varrendo a aacuterea agente conhece a aacuterea a firma natildeo nos paga insalubridade eu acho que tenho direito a firma natildeo paga - Conhece algum problema ambiental dentro do Complexo - O uacutenico problema que acho chato eacute o proacuteprio morador que faz jogar o lixo antes do dia marcado da coleta passar por exemplo hoje eacute terccedila-feira neacute A coleta eacute quarta Jaacute tatildeo jogando lixo ali no certo eacute eles colocar a noite que o cara passa para recolher aquele lixo ajunta o quecircmosquito rato - Quais satildeo as doenccedilas que vocecirc mais conhece que o povo pega aqui - Aqui dentro Aqui o pessoal tem a

ENTREVISTA 11 - Entendo por meio ambiente assim todo o sistema que agente vive aqui

Agente depende da aacutegua do ar agente dependo do solo eu entendo assim Aqui por exemplo esta foto especiacuteficamente aqui agente entende ateacute a razatildeo mas ai jaacute eacute uma agressatildeo ao meio ambiente neacute Porque agente entende ateacute a necessidade do pessoal morar em algum lugar que tem que dormir em algum lugar mas aqui as condiccedilotildees aiacute isso aqui natildeo deve ter infra-estrutura Eacute bem complicado heacuteim aqui a foto em si eu natildeo sei Natildeo consigo ver o que tem de correlato mas esse homem tem nas matildeos aiacute o poder da caneta que pode atraveacutes de uma medida estabelecer algumas coisas que possas mudar Pelo menos ele com a usando o termo normal dando uma canetada pode mudar pode modificar muita coisa ou parte dela A sauacutede eacute vocecirc poder estar bem consigo bem vocecirc poder caminhar poder falar vocecirc poder comer o que vocecirc quiser beber o que vocecirc quiser sem saber que isso vai fazer mal se isso ou aquilo vai fazer bem e etc Tem a ver o meio ambiente pode alterar sua sauacutede a sua sauacutede depende do meio ambiente Por exemplo um ar poluiacutedo pode te afetar um coisa pocirc vocecirc comer algo que foi poluiacutedo vai afetar sua sauacutede de alguma forma Me lembra meio ambiente soacute o que agente escuta pela imprensa vocecirc usar produto orgacircnico aqui vocecirc depende da aacutegua da tua aacutegua Tem alguma coisa haver com meio ambiente a aacutegua a energia eacute gerada a aacutegua Gozado se eu for comparar duas coisas Algumas coisas melhoraram outras pioraram se for ver assim Por exemplo uma situaccedilatildeo de melhora Vou voltar o que aos anos cinquumlenta cinquumlenta e sete vamos voltarnatildeo tinha esse asfalto aqui vocecirc por exemplo quando chovia eu via muitas vezes minha matildee que tinha que trabalhar na cidade ela levava ela saia com uma galocha aquele sapato de borracha pra poder eliminar a lama e quando ela chegava no ponto de ocircnibus ela retirava aquele sapato pra poder chegar no centro da cidade sem lama Tem o asfalto Aiacute o asfalto trouxe alguns problemas que antigamente vocecirc por exemplo eu podia sair ficar na rua eu podia sair daqui se eu quisesse atravessar de uma lado para o outro eu podia atravessar tranquumlilo Agora natildeo se eu quiser atravessar por causa do asfalto muitas pessoas passam dirigindo em alta velocidade Eacute o preccedilo que agente paga Tem laacute em baixo parte do rio Acari parece que agora tem gente fazendo isso acho que a Serla natildeo sei se a Serla ou os homens da

prefeitura tem ateacute um nomenatildeo sei se eacute amigos do Acari ele agora estatildeo fazendo a limpeza e aliacute proacuteximo a praccedila Roberto Carlos quando chove aquelas chuvas intensas muita casa fica inundada muitas residecircncias vamos dizer assimmas aqui noacutes tamos mais elevados entatildeo o dia que chegar encher aqui a coisa ta mais complicada mais abaixo Inclusive tem uma obra do favela bairronatildeo sei se foi algum problema ou obra mal feita ou se natildeo foi feito Muitas coisas aiacute natildeo melhorou natildeo Acompanhei pela impressa jaacute parou natildeo serviu natildeo sabe porque o exercito essa obra eacute o exeacutercito que estaacute fazendo laacute entatildeo perdeu o sentido pra ele e o Vaticano deu ordem para parar A imprensa natildeo divulgou mas pelo que eu entendi ele recebeu uma ordem do vaticano para encerrar a greve

ENTREVISTA 12 - Aqui eacute o quecirc Amarelinho

- Aqui eacute Amarelinho - Ah mas coloca um ponto de referecircncia tem muita gente de laacute que natildeo conhece aqui eu marco e vocecirc vai laacute buscar - Natildeo conhece todos eles conhecem - Eu marco e vocecirc vai laacute buscar - Eu vou laacute buscar e pago o material todo - Que vocecirc paga mais - Ah pago tudo papelatildeo PET eacutevou aumentar de cinquenta para sessenta - Ah hoje mesmo vou te trazer um monte de coisas - Eu passo por laacute que quer passe por laacute que horas - Passa laacute quatro e meia - Eu to de carroccedila - SE tiver pouco lixo eu mesmo trago vocecirc tem telefone celular - Tenho

ENTREVISTA 13 Infelizmente natildeo acontece na nossa realidade principalmente na

comunidade natildeo eacute a realidade do nosso paiacutes e muito menos da comunidade Eu lembroateacute que ponto as pessoas chegam nesse paiacutes para chamar agrave atenccedilatildeo das autoridades em relaccedilatildeo a tanta coisa neacute Causar impacto e mobilizar mesmo neacute O sistema o governo chama atenccedilatildeo no geral por questotildees de necessidade abrangente ao paiacutes as pessoas neacute Entatildeo infelizmente neacute Um tipo de recurso que nem deveria ser usado Mas eu acho que proacuteprio abandono tanto descasoeacute do paiacutes dos governadores As pessoas ainda que inteligentes eu acho que essa greve de fome isso que acho um absurdo a pessoa ter que fazer mas se eacute uma forma de impactar de chamar agrave atenccedilatildeo eacute um recurso neacute que natildeo deveria ser usado mas ta na matildeo dele

A urbanizaccedilatildeo eacute a crescente corrida sistema imobiliaacuterio de repente num paiacutes capitalistadesenvolvimento urbano preacutedios moderniacutessimos e estradas viadutos rodovias e pontes Tem uma preocupaccedilatildeo urbana isso aqui eacute necessaacuteria Muitos descasos que tem pois paralelo a isso tem a poluiccedilatildeo do rio Tietecirc que vai passando por vaacuterios bairros de Satildeo Paulo infelizmente sou paulista e sempre acompanho a situaccedilatildeo daquilo laacute tenho parentes laacute E que eacute muito bonito de se ver neacute Assim de longe assim de cima mas se agente chegar bem perto eacute meio que decepcionante O estado como Satildeo Paulo rico neacute vivendo em quase total abandono em relaccedilatildeo as questotildees de pessoas muita comunidade abandonada em fim muita coisa a ser feita ainda Lembra conforto neacute Conforto o acesso a modernidade e as pessoas de um modo geral sonham em ter que natildeo eacute bem o caso da realidade da maioria dos brasileiros da grande maioria por sinal legal seria bom que todos tivessem acesso a isso Eu acho que natildeo eacute nenhum pecado querer ter muito conforto direito a conforto uma vida melhor entendeu Suscita esse tipo de coisa agente olha isso e eu lembro muito de disso eu como educadora isso me toca Essa eacute complicadiacutessima essa eacute muito complicada desmatamento assim desordenado que existe na amazocircnia meio que acobertado pela poliacutetica do paiacutes agente sabe pelo menos para quem se informa mais ou menos sabe que este desmatamento sempre acontece em muitas regiotildees da Amazocircnia neacute Ta muito ligada assim a poliacutetica dos grandes latifundiaacuterios desse paiacutes os poderosos quem eacute que vive desmatando poderosos donos de terra que vive plantando soja criando gado entendeu e que natildeo ta dando muita importacircncia as consequumlecircnciasele querem muito dinheiro e dinheiro suscita mais poderem fim eacute por aiacute assim neacute Eacute um desrespeito eu acho que eacute um desrespeito ao paiacutes as pessoas Eu fico com o coraccedilatildeo chocado quando eu vejo isso aqui Tenho acompanhado sempre isso aqui converso muito com a minha filha a respeito disso dessa loucura que eacute desmatar se vai acabar com a biodiversidade se estaacute tirando uma das poucas coisas que eacute das mais ricas que agente tem no nosso paiacutes que eacute o privileacutegio de ter uma mata como a amazocircnia ter fontes de riqueza naturais em termos de biodiversidadeem fime a consequecircncia disso eacute devastadora que agente sabe quando se desmata natildeo eacute soacute o que fica sobre a terra que fica fadado a acabar mas sim eacuteas proacutepriaso que tem embaixo da terra tipo os fluxos de aacutegua os aquiacuteferos em fim que tem embaixo do solo precisa muito conservado na medida que o desmatamento vai acontecendo Isso tambeacutem vai desaparecendo entatildeo estaacute o caos total que estaacute sendo imposto e eu acho que pelo poder mesmo Quem faz esse tipo de coisa eacute acobertado pelo poder Natildeo eacute o pequeno agricultor eacute gente que tem muito poder que passa desapercebido entre aspas neacute pelo Incra pelo Ibama e por aiacute afora Linda a paisagem muito bonita essa paisagem aqui deve ser de quecirc Eucalipto eu natildeo sei o que eacute Muitas plantaccedilotildees assim celulose aiacute para fabricaccedilatildeo e extraccedilatildeo de celulose Tem algumas empresas que fazem essa plantaccedilatildeo de forma equilibrada tenho acompanhado isso tenho lido alguma coisa agrave respeito Nesse sentido eu acho que eacute positivo que elas investem tambeacutem de forma social Quando se daacute

dessa forma eacute possiacutevel um entendimento e traz consequumlecircncias boas e o meio ambiente vai sendo preservado Essa aqui tambeacutem eacute muito bom enche os olhos tava pensando que deveria haver maiores eu fico pensando se deveria haver problemas maiores pequeno agricultor por exemplo porque agente tem um paiacutes e grandes dimensotildees de terra mas a grande maioria natildeo eacute plantada e muitas pessoas natildeo tem acesso No nordeste por exemplo que existe na na seca entre aspas existe gente que tabalha muito tem terra mas natildeo tem como cultivar porque natildeo tem assistecircncia O Estado os municiacutepios o proacuteprio Governo Federal que incentiva mas incentiva de uma forma muito inespeciacutefica para as pessoas que moram laacute E por isso se conseguem com essa seca incompreensiacutevel eles tem uma grande rede de afluentes de rios por exemplo e deveria ter acabado um pouco incentivado as pessoas comeccedilarem ou voltarem a ter seu sustento Nesse paiacutes que tem muitas terras precisa que tem muita gente grande por exemplo se precisa de muita alimentaccedilatildeo Que eacute o risco que o mundo corre neacute E agente tem muita terra e deveria aproveitar Agente vecirc que tem ateacute alguns estados que estatildeo investindo nisso Os estados do nordeste por exemplo no Cearaacute Piauiacute por aiacute regiotildees assim que tem muito necessidades mesma da energia eoacutelica por exemplo jaacute tem investimentos eacute cariacutessimo agente sabe que eacute caro tecnologia eacute na maioria das vezes importada mas agente tem grandes fontes para que isso aconteccedila O governo tem que incentivar isso quanto menos poluiccedilatildeo melhor Isso aqui lembra uma das piores coisas que eu considero na minha vida que eacute uma forma de tambeacutem de acabar com a natureza que eacute prender os animais tirar eles do habitat natural mas eacute uma coisa tambeacutem que estaacute paralela as pessoas que fazem isso satildeo em geral pessoas muito pobres ignorantes que eacute um paralelismo com a condiccedilatildeo social pessoas que fazem esse tipo de coisas muita das vezes fazem pra comer mesmo falta de opccedilatildeo Soacute sabem fazer isso natildeo tem opccedilatildeo de ganho natildeo tem opccedilatildeo e faz isso na forma errada mas infelizmente neacute Eacute muito triste agente vecirc isso Mosquito eacute esse distuacuterbio enorme que estaacute aqui por exemplo no Rio de Janeiro eu estava com uma filha internada durante uma semana Teve dengue e ficou internada durante o final de semana por isso que eu estou voltando a dar aula hoje tive que parar para acompanhaacute-la no hospital E aqui no Irajaacute por exemplo agente estaacute com um surto muito grande neacute Entatildeotodos os dias durante o dia inteiro estaacute se fazendo acompanhamento da massa sanguiacutenea Ta tendo muitos casos agente estaacute assim Jaacute teve oacutebito aqui e isso eacute preocupante principalmente aqui na comunidade agente sabe que tem uma relaccedilatildeo direta com a falta de saneamento com a pobreza com as condiccedilotildees sociais em que muitos bairros onde as pessoas vivem muitas comunidades principalmente na nossa regiatildeo onde agente eacute muito cercada de comunidade aqui Entendeu Provavelmente tem uma ligaccedilatildeo O lixo eacute uma forma sub-humana de sobrevivecircncia Eacute horriacutevel ver isso aqui eu acho uma das coisas mais deprimentes que se tem quando eu vejo essa reportagem aqui E por outro lado essas pessoas poderiam ateacute estar ganhando dinheiro com o lixo mas natildeo dessa forma Agente

sabe que houvesse realmente a vontade fazer com o lixo viesse a ser produtivo uma fonte de renda haveria de se investir de outra forma na reciclagem de lixo na montagem de usina para geraccedilatildeo de elementos quiacutemicos tipo gaacutes natural agente sabe que existe ateacute umas usinas mas natildeo eacute interessante para o poder puacuteblico assistir a isso aqui Interessante para mim e para vocecirc de repente Mas o poder puacuteblico acha mais interessante assistir as pessoas se lambuzando aqui nesta sujeira toda Favela e poder puacuteblicofavela eacute um problema ambiental na medida que eacute abandonada de todas as formasde saneamento aacutegua em fim entatildeo eacute um problema ambiental com certeza vocecirc for ver neste ponto de vista Eacute ambiental pela forma com que ela se constitui como ela existe como eacute abandonada Na maioria destas favelas agente sabe que natildeo tem saneamento natildeo tem rede de esgoto a aacutegua praticamente natildeo chega as pessoas temposto de sauacutedenatildeo tem uma educaccedilatildeo de coleta de lixo Poder publico dentro das favelas eu natildeo sei seja daquelas mais proacuteximas dos grandes centros De repente estaacute ateacute bem representada com projetos com a finalidade de Inglecircs ver neacute Entatildeo tem muita coisa laacute Por exemplo na Mangueira tem tudo eu conheccedilo bem a Mangueira eu jaacute estive laacute jaacute fiz trabalho laacute dentro da comunidade tem ateacute nuacutecleo de universidade particular mas aqui Aqui natildeo chega nada entatildeo eu acho que o poder publico estaacute longe de estar presente dentro das comunidadessoacute onde realmente eacute interessante neacute ele levam para o inglecircs ver estrangeiro vai visita a Rocinha Vidigal e por aiacute a fora mas no geral e resto eacute conversa fiada Violecircncia urbana eacute tudo o que agente sabe falta de atenccedilatildeo social carecircncia de todas as outras coisas onde o poder puacuteblico natildeo chega onde natildeo chega educaccedilatildeo onde natildeo chega assistecircncia social de um modo geral onde natildeo chega o apoio o trabalho o acolhimento do cidadatildeo entendeu Eacute uma consequumlecircncia onde natildeo tem representatividade do poder puacuteblico efetivamente eacute comum agente ver O consumismo eacute uma das caracteriacutesticas desse paiacutes capitalista acho que se caminha cada vez mais para isso Entatildeo eacute uma consequumlecircncia que na maioria das vezes as pessoas natildeo se datildeo conta na medida que vocecirc vai consumindo muito vai entrando no caminho da poluiccedilatildeoindustrialdos resiacuteduos industriais e tudo mais Agente natildeo pode guardar tanta coisa neacute Vai descartando cada vez mais as coisas mais novas aparelho mais novos como no caso dos celulares telefones cada vez mais modernos agente vai abandonando e se empilhando em algum lugar e isso com certeza vai ter uma consequumlecircncia agente vai pagar um preccedilo logo-logo por tudo isso Agente tem que pensar numa forma tambeacutem de se reciclar isso aqui esse tipo de coisa porque tava ateacute vendo uma reportagem em relaccedilatildeo aos computadores Os computadores satildeo reciclaacuteveis em algum lugar aiacute Moacuteveis mesas de gabinete de computador muita coisa interessante Fala da nossa energia neacute Que fala tanto do apagatildeo neacute Que agente natildeo corre o risco do apagatildeo e tal eacute um investimento que agente sabe que o governo deveria ter feito haacute muito tempo neacute Mas que natildeo foi feito e agora estaacute nessa corrida louca de se fazer hidreleacutetricas desviando

riosessas coisas Tem uma discussatildeo muito grande em cima disso agente fica propensos aos apagotildees consequumlecircncias deles eacute preocupante algumas pessoas a maioria natildeo natildeo tem consciecircncia do resultado consequumlecircncias que podem ter mais consciecircncia e o governo ta aiacute falando o tempo todo que natildeo corremos risco de apgatildeo mas de vez em quando estaacute acontecendo

ENTREVISTA 14 A aacuterea que foi descrita foi Vila Esperanccedila tem mais vila Rica Amarelinho

IAPC IAPC natildeo tem cobertura laacute natildeo eacute favela Vocecirc sabe onde eacute Satildeo aqueles apartamentos e aiacute a equipe vai pra laacute Satildeo duas equipes pra laacute mas o resto do complexo agente natildeo sabe como vai ficar Ao lado do Metrocirc eacute Vila Rica na verdade isso aqui acabou Vila Rica e Vila Esperanccedila natildeo existe mais pela uacuteltima reuniatildeo que noacutes tivemos com o representante da comunidade eles aboliram essas duas divisotildees e ficaram uma coisa soacute Soacute o amarelinho que ficou separado o resto ficou tudo com a mesma associaccedilatildeo do outro lado E a aacuterea aqui com problemas de meio ambiente eacute uma aacuterea chamada de Fim do Mundo porque natildeo tem saneamento natildeo tem coleta de lixo tu jaacute foi laacute no Fim do Mundo esgoto a ceacuteu aberto tuberculose diabetessomente trecircs equipes tem meacutedicoagente comeccedilou em julho que agente comeccedilou o PSF natildeo tinha nenhum meacutedico continua o atendimento do PS e agente tentando organizarcada enfermeiro tem 1000 famiacutelias tem 7000 famiacutelias cadastradas eu soacute sei que satildeo 7000 mil famiacutelias atendidas pelo PSF a natildeo agente natildeo se mete quem delimitou a nossa aacuterea natildeo teve nada a ver com a associaccedilatildeo de moradoresporque jaacute tinha o PAC isso veio da prefeitura teve aquele Favela Bairro e aproveitou o mapa do Favela Bairro No fim do mundo natildeo deve ter 1000 famiacutelias deve ter 700 famiacutelias eacute eu chamo porque de fato eacute tem porco tem cabra entendeu Eu chamo de aacuterea rural o fim do mundo agora que ela ta recebendo nome jaacute tem nomes porque antes no mapa estaacute sendo projetada o que ele me falou que as ruas estatildeo recebendo nomes de moradores antigos que moravamos primeiros moradores que estava tudo projetada A projetada B

ENTREVISTA 15 ldquoessa orquestra de Acari literalmente eu natildeo sei onde eles funcionam natildeo

igual ela falou as pessoas usam muito o nome quando tem um morador de Acari aiacute diz que eacute de Acari e natildeo eacute a banda de Acari pra mim eacute natildeo sei o que de Jaacute que eacute formado soacute por crianccedilas da comunidade Crianccedilas de 12 13 anos criam muacutesicas essa parte aqui natildeo estaacute urbanizada ainda eacute o que o R estava falando por questatildeo de que isso aqui foi invadido que era um terreno e se ia fazer a rua comeccedilaram a construir os barracos um ao lado do

outro desordenadamente Eu sou uma pessoa muito ceacutetica as pessoas ocupam os espaccedilo que natildeo foram ocupados Se eles estatildeo aqui tem uma razatildeo para eles estarem se vocecirc parar para perguntar eles vatildeo te dizer que o uacutenico problema que eles tem eacute quando a poliacutecia vem vou te mostrar a quadra que foi ideacuteia ldquodelesrdquo que fizeram para as crianccedilas eles estavam achando as crianccedilas muito agrave toa aiacute jaacute tinha um centro social e ldquoelesrdquo colocarama primeira quadra de footvolei Aqui eacute a quadra e ali eacute um anfiteatro que ldquoelesrdquo vatildeo tapaz e fazer um teatro para as crianccedilas para laacute eacute o fim do mundo Essa aacuterea era de uma pessoa que natildeo quer mais as pessoas tentaram colocar casas mas natildeo conseguiram e comeccedilaram a fazer de depoacutesito de lixo essa parte aqui eacute a parte que mais precisa se chama fim do mundo Vamos descer aqui que vou te mostrar o lixatildeo para vocecirc ver que aqui vocecirc quase natildeo vecirc barracas eles costumam fazer de tijolos ateacute por questotildees de vaacuterios incecircndios que tiveramessa questatildeo de barracasvocecirc natildeo vecirc mais E ateacute laacute em baixo se vocecirc for eacute lixo o rio passa laacute em baixo conduccedilatildeo por aqui por dentro natildeo passa nada nada nada aqui tem muita gente doente que natildeo sabe que estatildeo doente Outra coisa iacutendice de jovens com HIV eacute muito alto Crianccedilas fora da escola Eacute tiacutepico Escolas que natildeo funcionam tenho uma escola ali que dois meses natildeo tem aula de geografiae aiacute natildeo tem outro professor Natildeo tem Mas tambeacutem a comunidade natildeo se mobilizar Elas coloca tudo nas costas da associaccedilatildeo de moradores LAN house que chegou com uma alternativa muitos pra dentro quando digo dentro eles mudam para essa beira que eles chamam de zona sul esse espaccedilo todo aqui eacute de laacute de onde agente veio que continua ele cercou para natildeo acontecer o que aconteceu laacute em baixo Ele cercou porque o pessoal jaacute estava construindo barraco laacute em baixo que passa o rio entatildeo o pessoal acha melhor que para natildeo virar uma lixeira agente nota aqui na questatildeo urbana eacute o crescimento vertical as pessoas vatildeo tendo famiacutelia e vatildeo fazendo fazendo

ANEXO IV

GLOSSAacuteRIO

Agenda marrom eacute a agenda que relaciona urbanizaccedilatildeo industrializaccedilatildeo crescimento econocircmico e desenvolvimento social Atenccedilatildeo primaacutetia em sauacutede refere-se a um modelo de atendimento em sauacutede que foca a prevenccedilatildeo em detrimento da hospitalizaccedilatildeo promovendo atividades nas comunidades via Postos de Sauacutede ou diversos Programas de Sauacutede implementados via Ministeacuterio da Sauacutede Conhecimento cientiacutefico eacute o conjunto geneacuterico de procedimentos ordenados e disciplinados utilizados para a aquisiccedilatildeo de informaccedilotildees seguras e organizadas Cosmovisatildeo modo de olhar o mundo O Ecologismo popular eacute uma corrente do movimento ambientalista que se propotildee a lutar contra os impactos ambientais que ameaccedilam os pobres que constituem a ampla maioria da populaccedilatildeo em muitos paiacuteses Edaacutefico eacute a palavra usada para dizer que algo eacute relativo ou pertence ao solo Fenocircmeno constructo criaccedilatildeo mental simples que serve de exemplificaccedilatildeo na descriccedilatildeo de uma teoria percepccedilatildeo ou pensamento formado a partir da combinaccedilatildeo de lembranccedilas com acontecimentos atuais Favela-bairro instrumento para a integraccedilatildeo urbaniacutestica e social entre os cariocas e para reverter o quadro de degradaccedilatildeo urbana que geralmente acompanha o assentamento habitacional espontacircneo dos grupos de baixa renda Holismo eacute a ideacuteia de que as propriedades de um sistema quer se trate de seres humanos ou outros organismos natildeo podem ser explicadas apenas pela soma de seus compononentes Ice-berg termo utilizados para se referir a um problema que mesmo sendo de grandes proporccedilotildees ainda natildeo eacute conhecido ICM-Ecoloacutegico criado inicialmente pelo estado do Paranaacute onde 5 das receitas do estado satildeo repartidas entre 226 municiacutepios com mananciais de abastecimento e unidades de conservaccedilatildeo ambiental Iluminismo conceito que sintetiza diversas tradiccedilotildees filosoacuteficas correntes intelectuais e atitudes religiosas utilizados no seacuteculo XVIII Impactaccedilatildeo imapcto causado geralmente por atividades antroacutepicas ao meio ambiente Impactante medida ou atividade que leve a impactaccedilatildeo do meio ambiente Iniquumlidade o mesmo que falta de justiccedila e igualdade Know how eacute a capacidade de execuccedilatildeo e uma atividade baseada no conhecimento que se tem do assunto o conjunto de saberes sobre uma determinada atividade

Mairs nome dados aos francecircs pelos iacutendios quinhentistas Medicalizaccedilatildeo da sauacutede o tipo de atendimento privado em sauacutede onde se busca o lucro ou o retorno financeiro por praacuteticas em sauacutede Medicina Cientiacutefica medicina baseada em pesquisas cientiacuteficas para contrapor o que eacute de senso comum Metropolizaccedilatildeo da pobreza situaccedilatildeo atual em que se encontra amplamente distribuiacuteda a pobreza dentro de uma grande cidade Neonarodnismo interpretaccedilatildeo histoacuterica e movimento atual que nasce do descreacutedito poacutes-moderno da ciecircncia e do progresso social Apoacuteia-se em uma anaacutelise cientiacutefica do fluxo de energia e materiais e da conservaccedilatildeo da biodiversidade fundada na criacutetica agrave pseudo-racionalidade econocircmica Paradigma newtonianocartesiano a base do pensar racional que impulsionou toda a ciecircncia registrada ateacute o novo paradigma Peros nome dado aos portugueses pelos iacutendios quinhentistas Politeraftalato de etila poliacutemero termoplaacutestico constituintes das garrafas PET Remocionismo atividades de remoccedilatildeo dos assentamentos de baixa renda de lugares nobres durante a gestatildeo de alguns prefeitos no municiacutepio do Rio de Janeiro Resiliecircncia Eacute a capacidade de um ecossistema retornar a seu estado de equiliacutebrio dinacircmico apoacutes sofrer uma alteraccedilatildeo ou agressatildeo Zoonose eacute o nome dado as infecccedilotildees e doenccedilas que satildeo adquiridas em contato com animais podem tambeacutem ser transmitidas pela ingestatildeo de alimentos contaminados

ANEXO VII

LISTAGEM DA FAVELAS DO MUNICIacutePIO DO RIO DE JANEIRO POR AacuteREAS DE PLANEJAMENTO E OS

BAIRROS ONDE ESTAtildeO LOCALIZADAS

Mapa do Municiacutepio do Rio de Janeiro e seus bairros incluindo as ilhas de Paquetaacute

Governador e Fundatildeo

AP 3

AP 5

AP 1

AP 2 AP 4

Municiacutepio do Rio de Janeiro com suas Aacutereas de Planejamento Segundo SABREN Ilha de Paquetaacute ndash AP 1 Ilhas do Governador e do Fundatildeo ndash AP 3

Ampliaccedilatildeo da AP 1

Tabela da AP 1 com seus bairros e favelas -

Numeraccedilatildeo de acordo com o mapa acima

BAIRRO

FAVELAS INSERIDAS

1 Sauacutede - 2 Gamboa Morro da Providecircncia

Pedra Lisa 3 Santo Cristo Moreira Pinto 4 Caju Ladeira dos Funcionaacuterios

Parque Alegria Parque Boa Esperanccedila (RA-Portuaacuteria) Parque Conquista Parque Nossa Senhora da Penha Parque Satildeo Sebastiatildeo Parque Vitoacuteria Quinta do Caju

5 Centro - 6 Catumbi Catumbi 7 Rio Comprido Azevedo Lima

Bispo Comunidade de Clara Nunes Matinha Morro Santos Rodrigues Pantanal (RA-Rio Comprido) Parque Rebouccedilas Paula Ramos Rodo Rua Projetada A Santa Alexandrina Sumareacute Unidos de Santa Teresa Vila Anchieta Vila Santa Alexandrina

8 Cidade Nova - 9 Estaacutecio Rato

Satildeo Carlos 10 Satildeo Cristoacutevatildeo Marechal Jardim

Parque dos Mineiros Tuiuti

11 Mangueira Mangueir (RA-Satildeo Cristoacutevatildeo) Morro dos Teleacutegrafos Parque Candelaacuteria

12 Benfica Conjunto Ataulfo Alves Parque Hereacutedia de Saacute Parque Horaacutecio Cardoso Franco Rua Ferreira de Arauacutejo Vila Araraacute Vila Uniatildeo (RA-Satildeo Cristoacutevatildeo) Vila Vitoacuteria (RA-Satildeo Cristoacutevatildeo)

13 Paquetaacute AM do Morro do Vigaacuterio Morro do Gari Morro do PEC

14 Santa Teresa AM e Amigos de Santa Teresa AM Amigos do Vale Andreacute Cavalcanti Baronesa Coroado (AMAPOLO) Fazenda Catete Francisco de Castro Julio Otoni Ladeira Santa Isabel Luiz Marcelino Morro da Coroa Morro do Escondidinho Morro dos Prazeres Ocidental Fallet Travessa Santa Teresa Vila Elza Vila Paraiacuteso

158 Vasco da Gama Barreira do Vasco

195

Ampliaccedilatildeo da AP 2

Tabela da AP 2 com seus bairros e favelas -

Numeraccedilatildeo de acordo com o mapa acima

BAIRRO

FAVELAS INSERIDAS

15 Flamengo Morro Azul 16 Gloacuteria - 17 Laranjeiras Maloca

Vila Pereira da Silva 18 Catete Tavares Bastos

Vila Santo Amaro 19 Cosme Velho Cerro- Coraacute

Guararapes Vila Cacircndido Vila da Imaculada Conceiccedilatildeo

20 Botafogo Mangueira (RA-Botafogo) Morro Santa Marta

21 Humaitaacute Humaitaacute 22 Urca Vila Benjamin Constant 23 Leme Babilocircnia

Chapeacuteu Mangueira 24 Copacabana Ladeira dos Tabajaras

Morro dos Cabritos Pavatildeo-Pavatildeozinho

25 Ipanema Morro do Cantagalo 26 Leblom - 27 Lagoa - 28 Jardim Botacircnico Do Horto 29 Gaacutevea Vila Parque da Cidade 30 Vidigal Chaacutecara do Ceacuteu

Vidigal 31 Satildeo Conrado Vila Canoas

Vila Pedra Bonita 32 Praccedila da Bandeira - 33 Tijuca Borel

Coreacuteia (RA-Tijuca) Franccedila Junior Indiana Morro da Casa Branca Morro da Formiga Morro da Liberdade Morro do Bananal Morro do Chacrinha Salgueiro

34 Alto da Boa Vista Accedilude da Solidatildeo

196

Doutor Catrambi Estrada do Tijuaccedilu Mata Machado Siacutetio da Biquinha Vale Encantado

35 Maracanatilde 36 Vila Isabel Morro dos Macacos

Parque Vila Isabel 37 Andaraiacute Arrelia

Buraco Quente Jamelatildeo Morro do Andaraiacute Morro do Cruz

38 Grajauacute Borda do Mato Nova Divineacuteia Parque Joatildeo Paulo II

154 Rocinha Rocinha

Ampliaccedilatildeo da AP 3

Tabela da AP 3 com seus bairros e favelas -

Numeraccedilatildeo de acordo com o mapa acima

BAIRRO

FAVELAS INSERIDAS

39 Manguinhos Chp-2 Mandela de Pedra Parque Carlos Chagas Parque Oswaldo Cruz Pata Choca Vila Turismo

40 Bonsucesso Parque Proletaacuterio Monsenhor Brito Vila Satildeo Pedro

41 Ramos Igreja Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo Parque Itambeacute Ruth Ferreira Travessa Marques de Oliveira Vila Residencial Darcy Vargas Vila Santo Antonio (RA-Ramos)

42 Olaria Morro do Cariri Tenente Pimentel Vila Cruzeiro

43 Penha Morro do Caracol Parque Proletaacuterio do Grotatildeo

197

Rua Laudelino Freire Vila Proletaacuteria da Penha

44 Penha Circular Centro Social Marciacutelio Dias Mandacaru II Morrinho Morro da Caixa Drsquoaacutegua (RA-Penha) Morro da Feacute Morro do Sereno Rua Frey Gaspar 279

45 Braacutes de Pina Braacutes de Pina Mangueirinha Morro da Guaiacuteba Rua Castro Menezes 928 Vila Pequiri

46 Cordovil Batuta de Cordovil Bom Jardim de Cordovil Caminho do Rio Chega Mais Cordovil Dourados Parque Chp Parque Proletaacuterio de Cordovil Pedacinho do Ceacuteu Serra Pelada Vila Cambuci

47 Parada de Lucas Parque Jardim Beira Mar Te Contei

48 Vigaacuterio Geral Bairro Proletaacuterio do Dique Parque Furquim Mendes Parque Proletaacuterio de Vigaacuterio Geral

49 Jardim Ameacuterica Rua Rodolfo Chambelland 50 Higienoacutepolis Comunidade Agriacutecola de Higienoacutepolis

Parque Feacutelix Ferreira Vila Dom Fabio Vila Maria

51 Jacareacute Marlene Vila da Rua Viuacuteva Claacuteudio 211

52 Maria da Graccedila - 53 Del Castilho Chaacutecara de Del Castilho

Parque Uniatildeo de Del Castilho Seu Pedro

54 Inhauacutema Parque Everest Parque Proletaacuterio Aacuteguia de Ouro Relicaacuterio Rua Lagoa Redonda

55 Engenho da Rainha Morro do Engenho da Rainha Parque Proletaacuterio Engenho da Rainha Rua Seacutergio Silva

56 Tomaacutes Coelho Parque Nova Maracaacute Parque Silva Vale Rua Briacutecio de Moraes Rua Pereira Pinto Vila Caramuru Vila Itaocara

57 Satildeo Francisco Xavier Comunidade Estaccedilatildeo da Mangueira (Amcema) Vila Triagem

58 Rocha - 59 Riachuelo - 60 Sampaio Dois de Maio

Morro do Queto 61 Engenho Novo Barro Preto

Barro Vermelho Ceacuteu Azul Morro da Bacia Morro da Matriz Morro do Encontro Morro Satildeo Joatildeo Vila Cabuccedilu

62 Lins de Vasconcelos Cachoeirinha Bairro Ouro Preto Dona Francisca Morro da Cachoeira Grande Morro da Cotia

198

Morro do Amor Morro do Ceacuteu Morro Nossa Senhora da Guia Pretos Forros Santa Terezinha

63 Meacuteier Joaquim Meacuteier 64 Todos os Santos Santos Titara 65 Cachambi Malvinas

Pica Pau amarelo 66 Engenho de Dentro Beleacutem-Beleacutem

Conjunto Residencial Fernatildeo Cardin Outeiro (RA-Meier) Rua Camarista Meacuteier 914 Teixeira Bastos

67 Aacutegua Santa Cardoso de Mesquita28 Fazendinha da Aacutegua Santa Serra do Padilha

68 Encantado Beco do Vitorino Morro do Pau Ferro Travessa Bernardo

69 Piedade Comunidade dos Marianos Engenheiro Alfredo Gonccedilales Jardim Piedade Joaquim Martins 378-Fundos Morro da Caixa Drsquoaacutegua (RA-Meacuteier) Morro dos Mineiros Morro Inaacutecio Dias Rua Engenheiro Cloacutevis Daubt 340 Vila da Amizade Vila dos Mineiros

70 Aboliccedilatildeo - 71 Pilares Morro do Trajano

Morro do Urubu Rua Itabirito

72 Vila Cosmos Jardim do Carmo 73 Vicente de Carvalho Morro do Juramento 74 Vila da Penha - 75 Vista Alegre - 76 Irajaacute Avenida Meriti 4483

Parque Bom Menino Parque jardim Metrocirc de Irajaacute Parque Rio Drsquoouro Rua Miguel Dibo

77 Coleacutegio Avenida Automoacutevel Clube 8340 Vila Satildeo Jorge (RA-Irajaacute)

78 Campinho Comendador Pinto Rua Joseacute Feacutelix de Maris

79 Quintino Bocaiuacuteva Padre Manuel da Noacutebrega Parque Arauacutena Rua Lemos de Brito Rua Saccedilu

80 Cavalcanti Rua Baleares172 ndash Rua Amaacutelia 286 Vila Primavera Visconde de Saboacuteia

81 Engenho Leal Rua Iguaccedilu 360 casa 23 Sanatoacuterio

82 Cascadura Beco da Amizade Fazenca da Bica Morro da Iguaiacuteba Morro do Bacalhau Morro do Fubaacute Morro do Juca Vila Campinho

83 Madureira Buriti-Congonhas Comunidade de Satildeo Miguel Arcanjo Grota Morro do Sossego Morro Satildeo Joseacute Negratildeo de Lima Serrinha Vila das Torres

84 Vaz Lobo Rua Professor Burlamaacutequi 85 Turiaccediluacute Rua Pereira Leitatildeo

Vila Santa

199

86 Rocha Miranda Faz Quem Quer (RA-Madureira) 87 Honoacuterio Gurgel Barreira do Juca

Parque Bela Vista Praccedila Cacircndido Vargas Rua Cocircnego Boucher Pinto Vila Operaacuteria Diamantes

88 Oswaldo Cruz Parque Vila Nova Travessa Antocircnio Avelino

89 Bento Ribeiro Avenida do Tenente Monte Carmelo Nabuco de Arauacutejo228

90 Marechal Hermes Assis Martins Caminho da Reta Cristo Rei Oliveira Junqueira Rua do Canal Rua do Encanamento Sociedade Beneficente e Social Frei Sampaio Vitoacuteria da Conquista Vila Eugecircnia Vila Nossa Senhora da Gloacuteria

91 Ribeira - 92 Zumbi - 93 Cacuia Colocircnia de Pescadores Almirante Gomes

Pereira Rua Jerocircnimo Ornelas 490

94 Pitangueiras Bairro Nossa Senhora das Graccedilas 95 Praia da Bandeira - 96 Cocotaacute Rua Guariuacuteba

Rua Marques de Muritiba 609 97 Bancaacuterios Jardim duas Praias

Luiza Regadas Parque Proletaacuterio dos Bancaacuterios Tremembeacute

98 Freguesia Bela Vista da Pichuna Magno Martins Morro das Araras Rua Budapeste 66 Rua Professor Silva Campos

99 Jardim Guanabara Serra Morena 100 Jardim Carioca Guarabu

Rua Rodano lote 22 quadra 31 101 Tauaacute Bairro da Sapucaia

Conjunto Residencial dos Servidores Municipais Maestro Arturo Toscanini Morro do Dendecirc Morro do Querosene Praia da Rosa

102 Moneroacute - 103 Portuguesa Parque Royal 104 Galeatildeo Aacuteguia Dourada

Caricoacute Travessa Estrada Grande 1397 Vila Joaniza Vila Nova Canaatilde

105 Cidade Universitaacuteria - 106 Guadalupe Faz Quem Quer (RA-Anchieta)

Maranata Morro do Mata Quatro Parque Crianccedila Esperanccedila Parque Rafael de Oliveira Parque Raio do Sol Rafael de Oliveira Vila Esperanccedila de Guadalupe

107 Anchieta Associaccedilatildeo Comunitaacuteria Vila Alvorada Avenida Beira Rio- Rua Arnaldo Murineli (RA-Anchieta) Caminho do Padre Comunidade Aramari Fazenda Velha Final Feliz Oito de Dezembro

200

Oliveira Bueno Parque Anchieta Parque Esperanccedila Planalto Rua Adalberto Tanajura Rua Itatiba Rua Oliveira Bueno 832 Rua Tenente Lassance Travessa Maria Joseacute Vila Beriti Vila Satildeo Sebastiatildeo

108 Parque Anchieta Feacute em Deus 109 Ricardo de Albuquerque Forccedila do Povo

Parque Tiradentes 110 Coelho Neto Furatildeo

Morro Uniatildeo Rua Parnaiacuteba

111 Acari Beira Rio ndash Rua Matura (RA-Pavuna) Parque Acari Vila Rica de Irajaacute Vila Esperanccedila

112 Barros Filho Centro Social Uniatildeo de Costa Barros Gleba I da antiga Fazenda Botafogo Jardim Baacuterbara Margem da Linha Almirante Tamandareacute Parque Satildeo Joseacute

113 Costa Barros Chico Mendes (Morro do Chapadatildeo) Fazenda BotafogoMargem da Linha Grotatildeo de Costa Barros Parque Boa Esperanccedila (RA-Pavuna) Quitanda

114 Pavuna Araguatina Bairro da Pedreira Batistinha Caminho do Job Final Feliz II Nova Olinda Parque Columbia Parque Nova Cidade de Acari Parque Nova Jerusaleacutem Parque Unidos Rua Embauacute 349 Rua Embauacute 427 Sossego - Alegria Vila Amaral Vila Beira Rio Vila Nova da Pavuna

155 Jacarezinho Carlos Drumond de Andrade Jacarezinho Praccedila Marimba 60 (fundos) Rua Matinoreacute 163 (fundos) Rua Satildeo Joatildeo Tancredo Never (RA-Jcarezinho) Tautaacute Vila Jandira Vila Matinoreacute

156 Complexo do Alematildeo Itarareacute Joaquim de Queiroz Morro da Baiana Morro das Palmeiras Morro do Adeus Morro do Alematildeo Morro do Piancoacute Mouratildeo Filho Nova Brasiacutelia (RA-Alematildeo) Parque Alvorada Rua Armando Sodreacute Vila Matinha

157 Complexo da Mareacute Baixada do Sapateiro Joana Nascimento Nova Holanda Paraibuna Parque Mareacute Parque Roquete Pinto

201

Parque Rubens Vaz Parque Uniatildeo Ramos Timbau

159 Parque Coluacutembia Rua da Escadinha Rua do Barro Rua Madagascar

Ampliaccedilatildeo da AP 4

Tabela da AP 4 com seus bairros e favelas - 150 Favelas

Numeraccedilatildeo de acordo com o mapa acima

BAIRRO

FAVELAS INSERIDAS

115 Jacarepaguaacute Asa Branca Canal do Arroio da Pavuna Comunidade Satildeo Francisco de Assis Condomiacutenio vila Darcy Vargas Outeiro Parque da Pedra Branca Parque Dois Irmatildeos Rio das Pedras Santa Maria Santa Maura Satildeo Gonccedilalo do Amarante Vila Calmete Vila Getuacutelio Vargas Vila Pitimbu Vila Sapecirc Virgolacircndia

116 Anil Araticum 117 Gardecircnia Azul Avenida das Lagoas

Vila Nova Esperanccedila 118 Cidade de Deus Beirada do Rio

Loteamento Josueacute Praccedila da Biacuteblia Santa Efigecircnia

119 Curicica AM do Vale do Curicica Antiga Creche

202

Vila Uniatildeo de Curicica 120 Freguesia Associaccedilatildeo Belfast Satildeo Geraldo

Inaacutecio do Amaral Pantanal I (RA-Jacarepaguaacute) Quintanilha Rua Agostinho Gama Rua Daniel Rua Satildeo Jorge Rua Sargento Paulo Moreira Tirol

121 Pechincha Condomiacutenio Paco do Lumiar Rua Monsenhor Marques 277 Vila Nossa Senhora da Paz

122 Taquara AM e Comunidade Nossa Senhora de Faacutetima Andreacute Rocha Estrada do Catonho Estrada do Meringuava Jardim Boiuacutena Loteamento Satildeo Sebastiatildeo Nova Aurora Rua Andreacute Rocha 2630 B Rua Mirataia Santa Anastaacutecia Shangrilaacute Vacaria Vila Santa Clara Vila Santa mocircnica Vilar Satildeo Sebastiatildeo Vinte e sete de Setembro

123 Tanque Caminho do Valdemar Caxangaacute Ladeira da Reuniatildeo

124 Praccedila Seca Baratildeo Bela Vista do Mato Alto Chaacutecara Flora Chacrinha do Mato Alto Comandante Luiz Souto Morro da Boa Esperanccedila Vila Joseacute de Anchieta

125 Vila Valqueire Rua Urucaia 570 126 Joaacute - 127 Itanhangaacute Agriacutecola

Angu Duro Cambalacho Fazenda Floresta da Barra da Tijuca Furnas Muzema Siacutetio do Pai Joatildeo Tijuquinha Vila da Paz Vila Santa Terezinha

128 Barra da Tijuca Associaccedilatildeo de Moradores Barra Ameacuterica Ilha da Gigoacuteia ndash Lote 500 (RA-Barra da Tijuca) Lagoa da Barra Rua Satildeo Tilon Vila Uniatildeo (RA-Barra da Tijuca)

129 Camorim Morro do Camorim 130 Vargem Pequena Bosque Mont Serrat

Heacutelio Oiticica Palmares Santa Luzia

131 Vargem Grande Associaccedilatildeo dos Moradores do Rio Bonito Cascatinha Comunidade Bandeirantes Estrada dos Bandeirantes 29192 Rio Morto Vila dos Crentes

132 Recreio dos Bandeirantes AM e Amigos do Fontela Avenida dos Eucaliptos 28 Caeteacute Canal das Tachas Canal do Cortado

203

Estrada do Pontal (Caiteacute) Grota Funda Restinga Servidatildeo DVila Doutor Crespo Vila Harmonia Vila Nova (RA-Barra da Tijuca) Vila Alegre do Recreio

133 Grumari

Ampliaccedilatildeo da AP 5

Tabela da AP 5 com seus bairros e favelas - 173 Favelas

Numeraccedilatildeo de acordo com o mapa

acima

BAIRRO

FAVELAS INSERIDAS

134 Deodoro Fazenda Sapopemba 135 Vila Militar Comunidade Sobral 136 Campo dos Afonsos - 137 Jardim Sulacap - 138 Magalhatildees Bastos Quatorze de Julho

Rua jabaquara Rua Santo Expedito Vila Brasil Vila Capelinha Vila Satildeo Miguel

139 Realengo Alameda da Creche Bairro Carumbeacute Batam Beira Rio (RA-Realengo) Birigui Cosme e Damiatildeo Do laguinho Frederico faulhaber Morro Satildeo Sebastiatildeo Nilo Parque das nogueiras

204

Rua Bernardo Vasconcelos e Adjacecircncias Vila 133 Vila do Almirante Vila Jardim Novo Realengo Vila Joatildeo Lopes Vila Jurema (RA-Realengo) Vila Jurema I (RA-Realengo) Vila Leacutelio Boaventura Vila Nova (RA-Realengo) Vila Santa Luzia Vila Santo Antonio (RA-Realengo)

140 Padre Miguel (4) Murundu Vila Abrolhos Vila das Rosas Vila do Vinteacutem

141 Bangu (26) Alto Kennedy Avenida Santa Cruz 3556 Bairro Nova Alianccedila Beco da Usina Boqueiratildeo Caminho do Borges Caminho do Lucio Castor de Andrade Estrada da Saudade Estrada Sargento Miguel Filho 164 Jardim Satildeo Bento Minha Deusa Nova Kennedy Parque Nossa Senhora de Faacutetima Parque Real Retiro das Mangueiras Rua Congo 147 Rua da Feira 1220 Satildeo Bento Tibagi Vila Catiri Vila Moreti Vila Oliacutempia Vila Piquirobi Vila Progresso Vila Uniatildeo da Paz

142 Senador Cacircmara Bairro Santo Andreacute Coreacuteia (RA-Bangu) Falange Fazenda Coqueiro Jardim Clarice Morro do Sossego (RA-Bangu) Primeiro de Abril Rua Santo Amoacutes Saibreira Tancredo Neves (RA-Bangu) Tiquiaacute Verde eacute Vida

143 Santiacutessimo Anes Dias Morro da Esperanccedila Nova Esperanccedila (RA-Campo Grande) Professora Justina Marques Retiro do Lameiratildeo Rua sem Nome Rua Teixeira Campos 642 Rua Teixeira Campos 96102 Vila Verde (RA-Campo Grande)

144 Campo Grande Bairro Agulhas Negras Bairro Fernatildeo Magalhatildees Bairro Nova Aguiar Beco do Genipapo Beco sem Nome Beira Rio ndash Lot Jardim Bela Vista (RA-Campo Grande) Cabuis (RA-Campo Grande) Caminho do Morro Caminho dos Nunes Conjunto Minas de Prata Estrada da Caroba Estrada do Guandu

205

Jardim Nossa Senhora das Graccedilas Jardim Nossa Senhora das Graccedilas II Joaquim Magalhatildees Novo Tinguumliacute Parque Esperanccedila (RA-Campo Grande) Prolongamento Senhora Rua Doutor Fernando Satildeo Jerocircnimo Vila Comari Vila Mangueiral Vila Vitoacuteria (RA-Campo Grande)

145 Senador Vasconcelos Jardim Moriccedilaba Vale dos Eucaliptos Vasconcelos

146 Inhoaiacuteba Nova Cidade Parque Proletaacuterio Vila Esperanccedila Vila Uniatildeo (RA-Campo Grande) Vila Carioca

147 Cosmos Nova Conquista Parque Resplendor Vila do Ceacuteu Vila Satildeo Jorge (RA-Campo Grande)

148 Paciecircncia Beco do Brizola Beco do Carcaraacute Colorado Comunidade Jardim Paulista Divineacuteia Fazenda Cassiana Jacareacute Linha de Austin Nova Jeacutersei Roberto Morena Rua Iconha Saguaccedilu Vinte e Nove de Marccedilo

149 Santa Cruz Avenida Joatildeo XXIII 300 Barreira Beco do Coqueiral Coreacuteia (RA-Santa Cruz) Luis Fernando Victor Filho Margem do Canal de Satildeo Francisco Margem do Canal do Caccedilatildeo Vermelho Nova Brasiacutelia ndash Trecircs Poderes (RA-Santa Cruz) Nova Camaratildeo Pantanal (RA-Santa Cruz) Parque horto florestal Rua 66 (Cesaratildeo) Satildeo Gomaacuterio Trecircs Pontes Vale do Sangue Vila Verde (RA-Santa Cruz)

150 Sepetiba Beco da Guarda Rua Heacutelio Correa

151 Guaratiba AM da Ilha de Guaratiba AM da Matriz AM Morada dp Magarccedila AM Pro-Melhoramento Olava Gama e Adjacecircncias Areal (RA-Guarativa) Avenida das Ameacutericas km 37 Bairro Satildeo Pedro Beco do Rato Cabuis (RA-Guaratiba) Caminho da Uniatildeo Gaspar Lemos Jardim Guaratiba Jardim Luana Largo do Correcirca (RA-Guaratiba) Largo do Correcirca 1(RA- Guaratiba) Novo Jardim Maravilha Recanto dos Motoristas Rio Piraquecirc Rua Vale Verde

206

Santa Clara Travessa Magarccedila Vila Jurari Ziza

152 Barra de Guaratiba Caminho do Abreu Rua Samauacutena

153 Pedra de Guaratiba -

207

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