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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO BIOMÉDICO DEPARTAMENTO DE MICROBIOLOGIA E PARASITOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MICROBIOLOGIA E PARASITOLOGIA APLICADAS JOYLSON DE JESUS PEREIRA CARACTERIZAÇÃO MOLECULAR E DETERMINAÇÃO DA CARGA VIRAL DO CALICIVÍRUS FELINO EM AMOSTRAS DE CONJUNTIVA E DE OROFARINGE DE GATOS DOMÉSTICOS NO RIO DE JANEIRO NITERÓI, RJ 201 7

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

INSTITUTO BIOMÉDICO

DEPARTAMENTO DE MICROBIOLOGIA E PARASITOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MICROBIOLOGIA E

PARASITOLOGIA APLICADAS

JOYLSON DE JESUS PEREIRA

CARACTERIZAÇÃO MOLECULAR E DETERMINAÇÃO DA CARGA VIRAL

DO CALICIVÍRUS FELINO EM AMOSTRAS DE CONJUNTIVA E DE OROFARINGE

DE GATOS DOMÉSTICOS NO RIO DE JANEIRO

NITERÓI, RJ

201 7

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JOYLSON DE JESUS PEREIRA

CARACTERIZAÇÃO MOLECULAR E DETERMINAÇÃO DA CARGA VIRAL

DO CALICIVÍRUS FELINO EM AMOSTRAS DE CONJUNTIVA E DE OROFARINGE

DE GATOS DOMÉSTICOS NO RIO DE JANEIRO.

Dissertação de mestrado apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Microbiologia e Parasitologia Aplicadas da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial à obtenção do título de mestre em microbiologia e parasitologia.

Orientadoras: Prof.ª Dr.ª Tatiana Xavier de Castro

Prof.ª Dr.ª Ana Maria Viana Pinto

Niterói, RJ

2017

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JOYLSON DE JESUS PEREIRA

CARACTERIZAÇÃO MOLECULAR E DETERMINAÇÃO DA CARGA VIRAL

DO CALICIVÍRUS FELINO EM AMOSTRAS DE CONJUNTIVA E DE OROFARINGE

DE GATOS DOMÉSTICOS NO RIO DE JANEIRO.

Dissertação de mestrado apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Microbiologia e Parasitologia Aplicadas da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial à obtenção do título de mestre em microbiologia e parasitologia.

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________________________________________

Profa Dra Tatiana Xavier de Castro – UFF

_______________________________________________________________________ Dr Túlio Machado Fumian (membro externo)

_______________________________________________________________________ Prof

a Dr Rafael Brandão Varella (membro interno)

_______________________________________________________________________ Profa Dra Adriana de Abreu Corrêa (suplente interno)

Dra Marcelle Figueira Marques da Silva (suplente externo)

Niterói, RJ

2017

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AGRADECIMENTOS

Aos deuses que me dão força para permanecer de pé nas batalhas da vida.

Aos meus pais pelo amor, cuidado e dedicação para que eu pudesse chegar

até onde cheguei.

À calopsita Joyce pelas noites em claro pousada no meu ombro estudando

sobre calicivírus felino comigo.

À minha orientadora Tatiana por nunca ter me deixado desorientado.

À minha coorientadora Ana e sua orientada, Maria Clara, pelo auxílio com o

isolamento viral.

Aos amigos que fizeram do mestrado uma etapa divertidíssima e por

reforçarem a ideia de que a vida é curta demais pra se preocupar com coisas

desnecessárias: Cinthya, Juliana, Magda e Robson.

À Laís, que me acompanha desde a época da patologia clínica, pela ajuda no

processamento das amostras.

À Natasha pela ajuda nas coletas, na qPCR e na matemática.

À Katia, minha psicóloga, por me mostrar as armas que tenho dentro de mim

e por me ensinar a usá-las para vencer.

Ana Lúcia, Carlos, Cristiane, Larissa, Mônica, Sandra, Thiago, tia Beth e tio

Tonho por me darem suporte nos momentos em que mais precisei em 2016.

Ao Victor pelo auxílio com a língua inglesa para o artigo.

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e

à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ).

À plataforma de sequenciamento de DNA da Universidade Federal

Fluminense.

À Julia Fioretti pela ajuda com a caracterização molecular e ao Túlio Fumian

pela ajuda com a qPCR.

À Professora Adriana Corrêa pela revisão do trabalho.

Aos locais de coleta por permitirem a nossa entrada.

Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO …

RESUMO

O Calicivírus felino (FCV) está associado à ulceração oral, a doenças respiratória e ocular e a quadros

sistêmicos em felinos domésticos. O vírus apresenta uma grande variabilidade genética, o que resulta em falhas

vacinais, ocorrência de animais portadores com infecção subclínica e a circulação de variantes virulentas com

elevada taxa de mortalidade. Até o momento não foram descritas as variantes e genótipos que estão em

circulação no estado do Rio de Janeiro ou se existe a associação entre carga viral do FCV e os sinais clínicos

nos animais. O objetivo deste trabalho foi, portanto, realizar o isolamento, a caracterização molecular das

variantes de FCV e a quantificação da carga viral em amostras de conjuntiva e orofaringe em gatos domésticos

no estado do Rio de Janeiro. Para o isolamento viral e caracterização molecular, foram selecionadas 26

amostras de swabs conjuntivais coletados em 2013 e 2015. Para a determinação da carga viral foram utilizadas

76 amostras (38 de conjuntiva e 38 de orofaringe) coletadas em 2015. O isolamento viral foi realizado em células

CRFK (Crandell-Reese Feline Kidney) seguido de extração do genoma e Reação de PCR precedida de

transcrição reversa (RT-PCR) para as regiões conservadas A e B e variáveis C a E do capsídeo viral. Um total

de 14 isolados apresentaram eletroferograma de qualidade para região conservada e oito para região variável do

genoma. Para a região conservada, as amostras formaram dois grupos (I, II) e o grupo I foi subdividido em Ia e

Ib com valor 1.00 de aLTR. A maioria dos isolados deste estudo agrupou no grupo Ia enquanto que a amostra

RJ120/2015 agrupou no grupo II (valor de aLTR = 1) junto com a cepa vacinal F9 e outros dois protótipos. Na

análise de região variável, as sequências também agruparam formando dois grupos (I e II) e o grupo II foi

subdividido nos subgrupos IIa e IIb (valor de aLTR = 0,88). A maioria dos isolados deste estudo agrupou no

grupo I onde a amostra RJ029/2013 agrupou num clado com o protótipo F9, dois isolados brasileiros e outros

dois protótipos. As amostras RJ029/2013 e RJ120/2015 demonstraram uma relação muito próxima com F9 e

foram consideradas variantes vacinais. Das duas, só a amostra RJ120/2015 foi oriunda de um gato vacinado. Em

relação à qRT-PCR, seis (15,78%) swabs conjuntivais e 19 (50%) swabs de orofaringe foram considerados

positivos. No momento da coleta, 22 animais apresentaram sintomatologia ocular e somente dois sintomatologia

oral; 10 apresentavam sinais respiratórios , dos quais seis foram considerados positivos. Seis dos animais

receberam, pelo menos, uma dose vacinal, dos quais dois foram considerados positivos. O número de animais

positivos para FCV foi maior em amostras de orofaringe do que em conjuntiva. Cinco animais foram positivos

tanto em swabs de conjuntiva quanto de orofaringe independente da presença de sintomatologia clínica . Quanto

ao score ocular, não foi observado variação de carga viral em nenhum score. Sabe-se que FCV não é o principal

agente causador de conjuntivite em gatos e a presença do vírus na conjuntiva poderia ser justificada pelo

grooming realizado pelos gatos. No que diz respeito ao score oral, a carga viral de orofaringe foi maior nos

únicos dois animais com score um. Seria necessário um estudo mais amplo com animais apresentando

alterações em cavidade oral para confirmar este achado. Conclui-se, então, que para uma classificação

filogenética do FCV é necessário o sequenciamento completo do genoma viral e é possível a detecção de

variantes vacinais na população onde há gatos vacinados . O vírus não foi associado a quadros de conjuntivite ou

sinais em cavidade oral, mas foi encontrado na conjuntiva e cavidade oral tanto de gatos sintomáticos quanto

assintomáticos. Tal fato associado ao grooming em felinos explica a ampla disseminação do vírus na população.

Palavras-chave: Calicivírus felino, isolamento, sequenciamento, PCR quantitativo, PCR em tempo real.

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ABSTRACT

Feline calicivirus (FCV) is associated with oral ulceration, as well as respiratory, ocular and systemic

disease in cats. The virus has a great genetic variability, which results in vaccine failures, occurrence

of subclinical and asymptomatic carriers and circulation of virulent variants with high mortality. So far,

no variants and genotypes have been reported in the state of Rio de Janeiro or if there is an

association between FCV viral load and the animals’ clinical signs. The objective of this work was to

perform the molecular characterization of FCV variants and quantification of viral load in conjunctiva

and oropharynx in cats from Rio de Janeiro. For viral isolation and molecular characterization, 26

samples of conjunctival swabs collected in 2013 and 2015 were selected. For the determination of

viral load, 76 samples (38 from conjunctiva and 38 from oropharynx) were collected in 2015. Virus

isolation was performed in CRFK cells (Crandell -Reese Feline Kidney) followed by genome extraction

and RT-PCR reaction for the conserved A and B regions and for the variable C-E regions of the viral

capsid. A total of 14 consensus sequences were of sufficient quality for conserved region and eight for

variable region of the genome. For phylogenetic analysis, a 0.80 approximate Likelihood Ratio Test

(aLTR) was considered significant. For the conserved region, samples and prototypes formed two

groups (I, II) and group I was subdivided into Ia and Ib with a 1.00 value of aLTR. Most of the isolates

from this study grouped in group Ia while the sample RJ120/2015 grouped in group II (aLTR value = 1)

together with the vaccine strain F9 and other two prototypes. In the variable region analysis, the

sequences also grouped into two groups (I and II) and group II was subdivided into subgroups IIa and

IIb (aLTR value = 0.88). Most of the isolates from this study grouped in group I where the sample

RJ029/2013 grouped in a clade with the F9 prototype, two Brazilian isolates and two other prototypes.

Samples RJ029/2013 and RJ120/2015 demonstrated a very close relationship with F9 and were

considered vaccine variants. However, only sample RJ120/2015 came from a vaccinated cat.

Regarding qRT-PCR, six (15.78%) conjunctival swabs and 19 (50%) oropharynx swabs were

considered positive. At the time of collection, 22 animals presented ocular symptomatology and only

two oral symptomatology; 10 presented respiratory signs, of which six were considered positive. Six of

the animals received at least one vaccine dose, of which two were considered positive. The number of

animals positive for FCV was greater in oropharynx than in conjunctiva. Five animals were positive in

both conjunctival and oropharynx swabs regardless of the presence of clinical symptomatology. As for

the ocular score, no variation of viral load was observed at any score. FCV is not the main causative

agent of conjunctivitis in cats and the presence of the virus in the conjunctiva could be justified by the

grooming performed by the cats. Regarding the oral score, the oropharyngeal viral load was higher for

the only two animals with score one. A larger study with animals presenting oral cavity alterations

would be necessary to confirm this finding. It is concluded that for a phylogenetic classification of FCV,

a complete sequencing of the viral genome is necessary and it is possible to detect vaccine variants in

the population where there are vaccinated cats. Virus was not associated with conjunctivitis or oral

signs, but it was found in the conjunctiva and oral cavity of both symptomatic and asymptomatic cats.

This fact associated with grooming explains the wide spread of the virus in the population.

Key-words: Feline Calicivirus, Isolation, sequencing, quantitative PCR, real-time PCR.

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO …

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Fig. 1 Estrutura do capsídeo do Norovírus por criomicroscopia eletrônica, p.19

Fig. 2 Estrutura do subdomínio P2 de VP1. Amarela - porção codificada pela região hipervariável 5’; roxo - porção codificada pela região hipervariável

3’; azul - porção codificada pela região variável C, p. 19

Fig. 3 Mapa genômico do FCV mostrando suas três sequências abertas de leitura

e as subdivisões da ORF-2, p. 21

Fig. 4 Genogrupo I (subgrupos Ia, Ib e Ic) e II do FCV, p. 23

Fig. 5 Etapas do ciclo replicativo dos Calicivírus, p. 25

Fig. 6 Fluxograma de processamento das amostras de conjuntiva para

caracterização molecular do FCV. EC = efeito citopático; n = número, p. 37

Fig. 7 Iniciadores utilizados para amplificação das regiões variável e conservada

de ORF 2 do FCV, p. 44

Fig. 8 Plasmídeo de 2.506 pb com inserto de 123 pb do gene que codifica a RdRp do FCV, p. 47

Fig. 9 (A) Monocamada de célula CRFK utilizada como controle negativo de infecção. (B) Visualização por microscopia invertida revelando EC

(destruição de tapete por lise celular), p. 49

Fig. 10

Árvore filogenética gerada pelo programa PhyML 3.0 baseada no

sequenciamento parcial do fragmento de 467 pb do gene que codifica as regiões A e B da ORF-2 de FCV, p. 54

Fig. 11 Árvore filogenética gerada pelo programa PhyML 3.0 baseada no

sequenciamento parcial do fragmento de 529 pb do gene que codifica a

região variável C a E da ORF-2 de FCV, p. 55

Fig. 12 Comparação da sequência aminoacídica das regiões A e B com a cepa F9, p. 56

Fig. 13 Comparação da sequência aminoacídica das regiões variável com a cepa F9, p. 57

Fig. 14 Curva sintética em diluição seriada de 10-6 até 10-1 (da esquerda para

direita diluição 10-6 a 10-1). Gráfico estabelecido pelo programa Step One

v2.3® , p. 58

Fig. 15 Gráfico representativo do coeficiente de regressão linear (R2) e taxa de eficiência (Eff%) do ensaio de qRT-PCR com as diferentes diluições de da curva sintética, p. 59

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 Gêneros da Família Caliciviridae com seus respectivos espectro de hospedeiros e sinais clínicos, p 17

TABELA 2 Sistema de score para categorizar os sinais oftalmológicos de conjuntivite, p. 37

TABELA 3 Sistema de score para categorizar os sinais clínicos da

orofaringe, p. 38

TABELA 4 Reagentes utilizados na síntese de cDNA, p. 40

TABELA 5 Descrição dos iniciadores utilizados neste estudo com suas

respectivas sequências, tamanho do produto, região que

amplificam e a referência, p. 40

TABELA 6 Reagentes uti lizados na reação de nRT-PCR para amplificação do gene das regiões conservadas A e B da ORF-2 de FCV utilizando os iniciadores Cali1/Cali2 – Cali3/Cali4, p. 41

TABELA 7 Reagentes uti lizados na reação de RT-PCR para amplificação da

região variável C a E da ORF-2 de FCV utilizando os iniciadores 8F/8R, p. 42

TABELA 8 Reagentes utilizados na reação de PCR para amplificação da região variável C a E da ORF-2 de FCV utilizando os iniciadores

Percp1/Percp2, p. 43

TABELA 9 Reagentes utilizados na reação de PCR para amplificação da

região variável C a E da ORF-2 de FCV utilizando os iniciadores DERG-f/DEG-r, p. 43

TABELA 10 Iniciadores, sonda e curva padrão utilizados neste estudo com

sua sequência, tamanho de produto final, região amplificada e

referências respectivas, p. 48

TABELA 11 Reagentes utilizados na reação de qPCR para amplificação do gene que codifica a RdRp do FCV, p. 48

TABELA 12 Matriz de identidade entre os isolados da região conservada A-B e o protótipo vacinal F9, p. 52

TABELA 13 Matriz de identidade entre os protótipos da região variável C-E

com o protótipo vacinal F9, p. 53

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO …

TABELA 14 Tabela estabelecida pelo programa Step One v2.3® referentes

aos dados visualizados graficamente na Figura 14. Média e Desvio Padrão de Ct da curva sintética de FCV em diluição

seriada de 10-6 até 10-1, p. 58

TABELA 15

Média e desvio padrão da carga viral de FCV em conjuntiva de

acordo com o score ocular para animais que foram considerados positivos para FCV em conjuntiva, p. 60

TABELA 16 Média e desvio padrão da carga viral de FCV em orofaringe de

acordo com o score orofaringe em animais que foram

considerados positivos para FCV em orofaringe, p. 60

TABELA 17 Animais considerados positivos para FCV tanto em conjuntiva como em orofaringe com suas respectivas cargas viral, p. 60

Page 10: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO …

LISTA DE ABREVIATURAS

Å Ångström A Adenina

C Citosina Ct Threshold cycle BLAST Basic local aligment search tool

CG/μL Cópias genômicas por mililitro conE Região conservada E

CRFK Crandell-Reese Feline Kidney DO Doença ocular DNA Ácido desoxirribonucleico

DTES Doença do trato respiratório superior EC Efeito citopático

Eff% Coeficiente de eficiência ELISA Enzyme-Linkedimmunosorbent Assay EMEM Meio Essencial Mínimo com sais de Eagle’s

EUA Estados Unidos da América FCV Calicivírus felino

FCV-VSD FCV – virulent systemic disease FHV-1 Herpesvírus felino tipo 1 FIV Vírus da imunodeficiência felina

fJAM-A Feline junctional adhesion molecule A FPV Parvovírus felino

G Guanina g Gramas LC leader do capsídeo

kDa Kilodaltons Kb Quilobases

ME Microscopia eletrônica Mg Miligramas MIP/UFF Departamento de Microbiologia e Parasitologia da Universidade

Federal Fluminense mL Mililitros

mM Milimol µg Microgramas µL Microlitros

NCBI National Center for biotechnology information NI Não informado

Nm Namômetro nPCR Nested PCR ONG Organização não governamental

ORF Sequência aberta de leitura PCR Reação em cadeia pela polimerase

Pb Pares de base Pmol Picomoles qRT-PCR Reação em cadeia pela polimerase precedida pela transcrição

reversa em tempo real R2 Coeficiente de regressão linear

RdRp RNA polimerase RNA dependente

Page 11: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO …

RJ Rio de Janeiro

RNA Ácido ribonucleico Rpm Rotação por minutos

RT-PCR Reação em cadeia pela polimerase precedida pela transcrição reversa

RU Reino Unido

SEPDA Secretaria estadual de proteção e defesa dos animais SRSV Small round-structured viroses

T Timina TBE Tampão Tris/ácido bórico/EDTA TE Tampão Tris HCl EDTA

TM Marca registrada UI Unidades Internacionais

VP1 Proteína de capsídeo viral 3’HVR_E Região hipervariável 3’ 5’HVR_E Região hipervariável 5’

Page 12: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO …

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO p. 14

2 REVISÃO DE LITERATURA p. 16

2.1 HISTÓRICO DOS CALICIVÍRUS p. 16

2.2 ETIOLOGIA DO CALICIVÍRUS FELINO p. 16

2.3 CARACTERÍSTICAS ESTRUTURAIS DOS CALICIVÍRUS p. 18

2.4 VARIABILIDADE GENÉTICA DO CALICIVÍRUS FELINO p. 21

2.5 REPLICAÇÃO DO CALICIVÍRUS FELINO p. 23

2.6 PATOGENIA E MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DA INFECÇÃO PELO

CALICIVÍRUS FELINO

p. 25

2.7 EPIDEMIOLOGIA DO CALICIVÍRUS FELINO p. 28

2.8 DIAGNÓSTICO DA CALICIVIROSE FELINA p. 31

2.9 PREVENÇÃO E CONTROLE DO CALICIVÍRUS DE FELINO p. 32

4 OBJETIVOS p. 34

4.1 OBJETIVO GERAL p. 34

4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS p. 34

5 MATERIAL E MÉTODOS p. 35

5.1 APROVAÇÃO EM COMITÊ DE ÉTICA E ÓRGÃO PÚBLICO p. 35

5.2 COLETA E CRITÉRIO DE INCLUSÃO DE AMOSTRAS p. 35

5.3 ISOLAMENTO DO CALICIVÍRUS FELINO p. 38

5.4 AMPLIFICAÇÃO GÊNICA p. 39

5.4.1 Extração e transcrição reversa p. 39

5.4.2 Reação em cadeia pela polimerase p. 40

5.4.2.1 Nested PCR para a região conservada de ORF-2 p. 41

5.4.2.2 PCR para a região variável de ORF-2 p. 42

5.4.2.2.1 Desenho dos iniciadores degenerados DEG-f/DEG-f p. 44

5.4.3 Sequenciamento e análise filogenética p. 44

5.5 RT-PCR QUANTITATIVA EM TEMPO REAL p. 46

5.5.1 Iniciadores e sondas p. 46

5.5.2 Desenho e diluição da curva sintética p. 46

5.5.3 Protocolos de detecção e quantificação viral p. 47

5.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA p. 48

Page 13: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO …

6.RESULTADOS p. 49

6.1 ISOLAMENTO EM CULTURA DE CÉLULA E CARACTERIZAÇÃO

MOLECULAR DA ORF-2

p. 49

6.2 qRT-PCR PARA DETECÇÃO E QUANTIFICAÇÃO DE CALICIVÍRUS

FELINO

p. 58

7 DISCUSSÃO p. 62

8 CONCLUSÃO p. 68

9 BIBLIOGRAFIA p. 69

ANEXO I p. 82

ANEXO II p. 83

ANEXO III p. 84

ANEXO IV p. 85

ANEXO V p. 86

ANEXO VI p. 88

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14

1 INTRODUÇÃO

O calicivírus felino ou feline calicivirus (FCV) é um patógeno infeccioso

disseminado na população de felinos, frequentemente caracterizado como agente

etiológico em quadro clínico de doença do trato respiratório superior ou feline upper

respiratory disease complex, e processos ulcerativos de cavidade oral. Entretanto, o

FCV é também detectado em quadro de conjuntivite, artrite e doenças sistêmicas

(RADFORD et al., 2009).

A principal característica do FCV é a sua variabilidade genética (RADFORD et

al., 2007) a qual é resultante de erros da RNA polimerase RNA dependente (RdRp)

viral durante o processo replicativo (SIMON-LORIERE e HOLMES, 2011). A maior

taxa de mutação é observada nos genes que codificam a região de capsídeo,

embora mutações também sejam descritas na região que codifica a polimerase viral

(RdRp) (COYNE et al., 2006b).

A alta variabilidade genética permite que o vírus escape da resposta imune do

hospedeiro, dificultando a seleção de uma cepa vacinal que previna a reinfecção.

Por outro lado propicia o surgimento de portadores assintomáticos e a emergência

de cepas hipervirulentas responsáveis por surtos com alta mortalidade em

populações isoladas de gatos (RADFORD et al., 2007). Variantes de FCV altamente

virulentas associadas à doença sistêmica (FCV – virulent systemic disease ou FCV-

VSD) foram descritas em algumas partes do mundo e, até o momento, não existem

relatos no Brasil. A sintomatologia que se observa no caso da doença sistêmica

inclui edema subcutâneo, ulceração na boca, variáveis graus de ulceração na pele,

principalmente na pina da orelha, coxins e narinas, além de pneumonia

broncointersticial, úlceras gástricas e necrose de fígado e pâncreas (COYNE et al.,

2006b; REYNOLDS et al., 2009; BATTILANI et al., 2013).

O diagnóstico molecular é realizado através da reação em cadeia de

polimerase precedida pela transcrição reversa (RT-PCR) tendo como alvo o gene

que codifica a polimerase viral (MCMANUS et al., 2014; POLAK et al., 2014). Para a

caracterização das diferentes variantes de FCV e determinação dos genótipos, é

realizado o sequenciamento parcial da região de capsídeo (SATO et al., 2002;

COYNE et al., 2012). Além disso, a técnica de PCR quantitativa em tempo real

(qPCR) é uma nova ferramenta utilizada para diagnóstico na medicina felina (ABD-

Page 15: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO …

15

ELDAIM et al., 2009, HARTMANN et al., 2010; MCMANUS et al., 2014; POLAK et

al., 2014). Essa técnica fornece o resultado mais rápido que a PCR convencional e é

capaz de quantificar a carga de DNA ou RNA de microrganismos. A acurácia dessa

quantificação depende da reprodutibilidade de uma curva padrão de qualidade

(VIER et al, 2010).

A presença da sintomatologia compatível com a doença do trato respiratório

superior de felinos na rotina pediátrica de animais adotados de abrigos, pet shops ou

ONG’s corresponde a quase metade dos atendimentos clínicos (BAUMWORCEL et

al., 2017). Até o momento, o FCV foi detectado em 52% dos animais com doença do

trato respiratório superior no Rio Grande do Sul (HENZEL et al., 2012b). No Rio de

Janeiro, em um estudo realizado por BAUMWORCEL e colaboradores (2017), o

genoma do FCV foi detectado em 37% dos animais com conjuntivite em abrigos,

sendo o segundo agente infeccioso mais detectado nesses casos.

Ainda não existem estudos relacionados à caracterização das variantes e

genótipos de FCV em circulação na população felina do estado do Rio de Janeiro,

bem como a descrição de casos relacionados à FCV-VSD. Diante disso, é

necessária a realização de pesquisas para identificação e caracterização das

variantes de FCV circulantes, seja em populações vacinadas ou não vacinadas, em

animais sintomáticos e assintomáticos, buscando a associação entre a apresentação

clínica da infecção, carga viral e presença de variantes com maior virulência nas

amostras.

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO …

16

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 HISTÓRICO DOS CALICIVÍRUS

Acreditava-se que os Calicivírus fossem membros da família Picornaviridae e

o FCV era conhecido como Picornavírus Felino. Contudo, percebeu-se que o FCV

era diferente quanto à morfologia, organização de genoma, estratégia de replicação

e propriedades físico-químicas e, em 1979, o Comitê internacional de Taxonomia

dos Vírus criou a família Caliciviridae. A característica mais importante da família é a

proteína estrutural que forma uma depressão em formato de taça ou cálice na

superfície do vírus (GREEN et al., 2000).

A primeira doença documentada causada por Calicivírus data de 1932 nos

Estados Unidos e tratava-se de Exantema Vesicular em suínos alimentados com

carne de mamíferos marinhos. Na época, acreditou-se que se tratava de Febre

Aftosa. Em 1957, o Calicivírus felino (FCV) foi isolado na Nova Zelândia (GREEN et

al., 2000). Em 1968 ocorreu um surto de gastroenterite por Norovirus na cidade de

Norwalk em Ohio, Estados Unidos, e em 1972, vírus oriundos dessas amostras

fecais foram visualizados em Microscopia Eletrônica (ME). Nesse mesmo ano,

Calicivírus foi isolado do leão marinho em San Miguel e, em 1982, descobriu-se onze

espécies de pinípedes (focas, leões-marinhos e morsas), cetáceos (baleias, botos e

golfinhos) e peixes da espécie Girella nigricans suscetíveis ao Calicivírus. Concluiu-

se, assim, que peixes e talvez outros produtos marinhos veiculem Calicivírus

marinhos para animais terrestres (SMITH et al., 1998, GREEN et al., 2000;

SCIPIONI et al., 2008). Então, o vírus isolado em Norwalk e outros vírus entéricos

foram denominados small round-structured viruses (SRSV) devido à sua aparência

em ME. Com o avanço da biologia molecular foi possível diferenciá-los incluí-los na

família Caliciviridae (SCIPIONI et al., 2008).

2.2 ETIOLOGIA DO CALICIVÍRUS FELINO

A família Caliciviridae abrange os seguintes gêneros: Norovirus, Sapovirus,

Lagovirus, Vesivirus, Nabovirus ou Becovirus e, recentemente, foram propostos mais

três gêneros: Recovirus, Valovirus e Salovirus (tabela 1) (SCIPIONI et al., 2008;

ABRANTES et al., 2012, MIKALSEN et al., 2014).

Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO …

17

TABELA 1: Gêneros da Família Caliciviridae com seus respectivos espectro de hospedeiros e sinais

clínicos. Gêneros Espectro de hospedeiros Sinais clínicos

Vesivirus Humanos, suínos, murinos,

bovinos, cães, gatos

domésticos e leões marinhos.

Lesões vesiculares, abortos,

infecção do trato respiratório

superior.

Lagovirus Coelhos e lebres. Hepatite, doença hemorrágica.

Norovirus Humanos, suínos, felinos, cães,

bovinos e camundongos.

Hepatite, doença hemorrágica e

diarreia.

Sapovirus Humanos, bovinos e suínos. Hepatite, doença hemorrágica.

Nabovirus Bovinos. Diarreia em bezerros, anorexia

e redução das vilosidades

intestinais.

Recovirus Macaco Rhesus. Sem manifestação clínica

aparente.

Valovirus Suínos. Sem manifestação clínica

aparente.

Salovirus Salmões. Doença pancreática,

inflamação dos músculos

cardíaco e esquelético e

cardiomiopatia.

A família Caliciviridae possui um amplo espectro de hospedeiros. Os

Norovírus infectam humanos, suínos, murinos, bovinos, cães, gatos domésticos e

leões marinhos (SCIPIONI et al., 2008). Os Sapovirus infectam humanos, suínos,

minks, cães, leões marinhos e morcegos. Os Lagovirus têm como hospedeiros

coelhos e lebres, sendo conhecido como Vírus da Doença Hemorrágica dos Coelhos

(VDHC) (ABRANTES et al., 2012). Os Vesivirus causam doença em vários

hospedeiros animais: felinos domésticos e selvagens, cães, suínos, répteis, anfíbios

e várias espécies de pinípedes, focas, leões marinhos, morsas, baleias, golfinhos e,

possivelmente, humanos (SMITH et al., 1998; MIKALSEN et al., 2014).

O FCV pertence ao gênero Vesivirus e é considerado um dos principais

patógenos de gatos apresentando grande diversidade de cepas. Recentemente, há

relatos do surgimento de estirpes virulentas que causam doença sistêmica com alta

taxa de mortalidade. Essas estirpes virulentas não são bloqueadas pelos anticorpos

produzidos no hospedeiro pela amostra de FCV vacinal (COYNE et al., 2006b).

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O FCV é um vírus que se multiplica rapidamente em cultivo de célula de rim

felino e, por tanto, é utilizado como modelo de o estudo para outros Calicivírus,

inclusive o Norovírus humano. O gênero Norovirus está envolvido em quadros de

gastrenterite em humanos e são vírus fastidiosos, ou seja, não replica em cultura de

célula, dificultando o avanço nos estudos sobre o mecanismo de entrada desses

vírus nas células hospedeiras. (RADFORD et al., 2007).

2.3. CARACTERÍSTICAS ESTRUTURAIS DOS CALICIVÍRUS

O FCV é um vírus não envelopado com 27 a 35 nm de diâmetro que possui

genoma RNA fita simples linear polaridade positiva de 7 a 8 kb (SCIPIONI et al.,

2008; OSSIBOFF et al., 2010).

O capsídeo dos Calicivírus é composto de 180 cópias idênticas de uma única

proteína. Estudos de cristalografia de raio-X e crio-eletrônica da família Caliciviridae

demonstrou que essas proteínas formam 90 dímeros da principal proteína de

capsídeo (VP1) organizados em simetria icosaédrica (figura 1). A associação dessas

unidades forma 32 depressões em forma de cálice na superfície dos vírions. Cada

monômero contém três domínios estruturais: um braço N-terminal, que está voltado

para o interior da partícula viral, um domínio S (shell), que forma o assoalho do

capsídeo, e um domínio P (protruding), que forma os típicos picos em forma de arco

na superfície dos vírions, dando-lhes sua morfologia característica. O domínio P é

subdividido em subdomínios P1 e P2. O subdomínio P2 está inserido em P1,

localiza-se na face externa do capsômero e está envolvido na interação vírus-

hospedeiro (figura 2). Variações estruturais significantes estão presentes no domínio

P e o subdomínio P2 é um domínio hipervariável. A sua localização mais externa

condiz com sua função de ligante de receptor celular. Os epítopos que induzem

resposta no hospedeiro para produção de anticorpos neutralizantes descritos para o

FCV são mapeados para P2 (CHEN et al., 2006; SCIPIONI et al., 2008; BHELLA et

al., 2008; OSSIBOFF et al., 2010).

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Figura 1: Estrutura do capsídeo do Norovírus por criomicroscopia eletrônica. Fonte: Scipioni et al., 2008.

Figura 2: Estrutura do subdomínio P2 de VP1. Amarela - porção codificada pela região hipervariável 5’; roxo - porção codificada pela região hipervariável 3’; azul - porção codificada pela região variável C: Coyne et al. 2007b.

O RNA viral possui três regiões abertas de leitura (ORFs), uma proteína

ligada covalentemente ao genoma (VPg) na extremidade 5’ e, além disso, o genoma

é poliadenilado na extremidade 3’ (figura 3) (MITRA et al., 2004). A ORF-1 é

traduzida em uma poliproteína precursora de 200 kDa que, por ação da protease

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viral, sofre um processo proteolítico originando seis proteínas não estruturais. Essa

protease foi mapeada na porção C-terminal de ORF-1 (SOSNOVTSEV; GREEN,

2000). As seis proteínas não estruturais resultantes dessa clivagem são p5,6, p32,

p39, p30, VPg e p76 (figura 2). Acredita-se que p30 forme um precursor associado à

VPg (precursor p30-VPg) e que p32 possa ser análoga de uma proteína de 23 kDa

do Vírus da Febre Hemorrágica dos Coelhos que, provavelmente, tem função similar

à proteína 2B dos picornavírus como modificações de membrana que induzem

formação e rearranjo de vesículas, mudança na permeabilidade de membrana e

desmontagem do complexo de Golgi. A p39 é uma NTPase que possui uma região

amino terminal que a ancora em membranas internas e acredita-se que esteja

envolvida na replicação do genoma. A p76 corresponde à proteinase e a RNA

polimerase RNA dependente (RdRp) virais (SOSNOVTSEV et al., 2002).

VPg é uma proteína de 13 a 15 kDa ligada de forma covalente na terminação

5’ do RNA genômico e subgenômico. Essa proteína se liga a fatores iniciadores de

tradução celulares como eIF3 e eIF4E formando um complexo que recruta

ribossomo para a molécula de RNA. Além disso, participa do início da síntese do

RNA viral pela RdRp através de um mecanismo denominado protein priming, no qual

VPg funciona como um iniciador para a síntese (LEEN et al., 2013; ROHAYEM et al.,

2006)

A ORF-2 codifica o precursor da principal proteína de capsídeo viral de 73

kDa que é clivada pela protease em proteína de capsídeo (VP1) de 60 kDa e a

proteína leader do capsídeo (LC) de 14,2 kDa (figura 3) (SOSNOVTSEV et al.,

2002). A ORF2 é dividida em seis regiões de A a F entre as quais as regiões B, D e

F são relativamente conservadas entre os FCVs isolados enquanto que as regiões C

e E são variáveis. A região E é dividida em duas regiões hipervariáveis: a região

hipervariável 5’ (5’HVR_E) e a região hipervariável 3’ (3’HVR_E), que são separadas

por uma sequência central conservada denominada região conservada E (conE)

(SEAL et al., 1993; SEAL, 1994). A região E ainda contém os principais epítopos de

interação com a célula B e a sua variabilidade é usada como base para diferenciar

as estirpes de FCV por sequenciamento (RADFORD et al., 2007). A ORF-3 codifica

uma proteína pequena de 12.2 kDa denominada VP2 (figura 3) que corresponde ao

menor componente do vírion. Sua função não está esclarecida, mas foi proposto

que, devido a sua característica básica, a proteína interaja com o RNA viral e o

domínio interno ácido dos vírions promovendo, assim, o encapsidamento. Além

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disso, a VP2 pode proteger VP1 da ação de proteases e, provavelmente, está

envolvida na produção de novas partículas virais (SOSNOVTSEV; GREEN, 2000,

SOSNOVTSEV et al., 2005).

A figura 3 ilustra as três ORFs de Calicivírus Felino e as proteínas codificadas

por cada uma delas.

Figura 3: Mapa genômico do FCV mostrando suas três sequências abertas de leitura e as

subdivisões da ORF-2. Fonte: adaptação de HENZEL et al., 2012b e http://viralzone.expasy.org/

viralzone/all_by_species/197.html, acesso em Janeiro de 2016).

2.4. VARIABILIDADE GENÉTICA DO CALICIVÍRUS FELINO

Por ser um vírus de genoma RNA, FCV tem uma alta plasticidade genética

podendo ocorrer por recombinação genética e mutação pontual. A recombinação

ocorre quando a RdRp troca uma molécula de RNA para outra durante o processo

replicativo enquanto a cadeia de ácido nucleico recém formada permanece ligada à

ela, gerando uma nova molécula de RNA com uma ancestralidade mista. Para tanto,

é necessário coinfecção com cepas geneticamente distintas do vírus (SIMON-

LORIERE e HOLMES, 2011). A mutação pontual ocorre quando há substituições de

nucleotídeos na região do genoma que codifica o subdomínio P2 da proteína de

capsídeo (WHITE, 2014). Esses dois mecanismos proporcionam ao FCV uma maior

adaptabilidade a novos nichos ambientais e, em contrapartida, gera uma di ficuldade

na eleição de uma cepa vacinal que evite reinfecção, além da possível existência de

gatos persistentemente infectados e a emergência de cepas hipervirulentas gerando

surtos com alta mortalidade em populações felinas isoladas (RADFORD et al.,

2007). No entanto, o mecanismo responsável por essa ampla diversidade e pela

evolução de cepas mais virulentas não é bem compreendido (COYNE et al., 2006c).

Relatos mostram que os isolados de FCV semelhantes possuem distância

nucleotídica na região E do genoma de zero a 5,0%. Entretanto, entre isolados

distintos, essa distância varia de 20,7 a 38,0% e não possuem um ancestral comum

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(RADFORD et al., 2000). Radford e colaboradores (2000; 2003) também

estabeleceram um corte de 5% para vírus que possuem um ancestral comum e

posteriormente sugeriu que a distância de 5 a 16% está relacionada com um longo

período de evolução viral a partir de um ancestral mais distante. Para designar os

isolados que possuem distância acima de 20%, determinou o termo cepa em vez de

genótipo (RADFORD et al., 2003).

Povey (1974) demonstrou que os isolados de FCV são variantes sorológicas

de um único sorotipo. Para Radford e colaboradores (1998), o FCV forma

quasispecies tanto in vitro quanto no hospedeiro. Quasispecies são resultados da

rápida mutação genética dentro da região E do genoma do FCV. A mutação in vivo

na região E e a variação antigênica nos epítopos são responsáveis pela evasão do

FCV do sistema imune e o estabelecimento da infecção persistente (RADFORD et

al., 1998).

As análises filogenéticas, principalmente dos genes de capsídeo, sugerem

uma filogenia denominada star-like na qual os isolados tem uma distribuição radial

em torno de um ramo central (GLENN et al., 1999), apresentando ramos externos

curtos e ramos internos longos (COYNE et al., 2012). Essa filogenia exibe um baixo

suporte de bootstrap e não possui suporte estatístico para agrupar os isolados em

clados clínico, temporal, espacial ou para agrupá-los em subespécies (GLENN et al.,

1999; HOU et al., 2016). A taxa evolutiva do vírus é tão alta que gera uma saturação

dos sinais evolutivos levando à perda de resolução filogenética num curto período de

tempo (COYNE et al., 2012).

Contudo, embora os isolados não se agrupem em subgrupos genéticos bem

definidos, Sato e colaboradores (2002) agruparam isolados de FCV em dois

genogrupos distintos (figura 4). O genogrupo l é subdividido nos seguintes

subgrupos: la (isolados da Alemanha, Austrália, Nova Zelândia, Reino Unido,

Estados Unidos e Canadá), lb (isolados da Alemanha, Austrália, Nova Zelândia,

Reino Unido, Estados Unidos, Canadá e Japão) e lc (um isolado da Nova Zelândia).

O genogrupo ll compreende cepas exclusivamente japonesas.

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Figura 4: Genogrupo I (subgrupos Ia, Ib e Ic) e II do FCV. Fonte: Sato e colaboradores 2002.

Depois, Coyne e colaboradores (2006c) demonstraram que a análise

filogenética pode agrupar os isolados de FCV em dois grupos: um grupo principal

(Major strain) e um grupo secundário (Minor strain) tanto para a região de polimerase

como para região de capsídeo. O mesmo grupo de pesquisa também demonstrou,

pela primeira vez, um evento de recombinação entre FCVs em que um isolado teve

sua sequência de polimerase agrupada no Major strain e a sequência de capsídeo,

no Minor strain, Eles também constataram que a recombinação ocorreu entre duas

cepas diferentes na área de junção entre OFR1 e ORF2, da mesma forma como já

foi observado em recombinações nos gêneros Norovirus e Sapovirus (COYNE et al.,

2006c).

2.5 REPLICAÇÃO DO CALICIVÍRUS FELINO

Os FCV utilizam como receptores Feline junctional adhesion molecule A

(fJAM-A) e ácido siálico com ligação alfa-2,6 presente em células de felinos. Ácidos

siálicos compreendem uma família de carboidratos carregados negativamente

presentes nas extremidades de oligossacarídeos ligados a glicoproteínas,

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glicolipídeos e proteoglicanas. Geralmente estão ligados à galactose na porção

terminal de oligossacarídeos por ligações α2,3 e α2,6 ou por uma ligação interna

α2,8 (MAKINO et al., 2006; STUART e BROWN, 2007). Nos gatos, fJAM-A é

encontrada na pele (todo estrato epitelial incluindo queratinócitos superficiais

anucleados, epitélio folicular e glandular), epitélio intestinal, pâncreas (células

exócrinas e ductos), hepatócitos e canalículos biliares e endotélio do miocárdio, da

lâmina própria e submucosa intestinais, dos pulmões, da pele e no cérebro. O fJAM-

A também é encontrada em grande quantidade nos megacariócitos medulares

resultando em sua expressão nas plaquetas circulantes. fJAM-A é uma glicoproteína

transmembrana membro da superfamília das imunoglobulinas encontradas nas

junções intercelulares apicais (PESAVENTO et al., 2011).

A porção extracelular de fJAM-A é dividida em dois domínios: D1 e D2. O D1

interage com a região hipervariável do subdomínio P2 de VP1 e gera uma mudança

conformacional em VP1. O FCV penetra por endocitose mediada por receptor. O pH

ácido do endossomo favorece a ação da catepsina-L, enzima proteolítica presente

no interior do lisossomo que cliva VP1. A clivagem da proteína de capsídeo é

importante para o processo de descapsidação e liberação do RNA viral no citosol

(BHELLA et al., 2008; SHIVANNA et al., 2014).

Uma vez no citoplasma, a proteína VPg ligada ao genoma na região 5’

interage com fatores iniciadores de tradução celular como eIF3 e eIF4E formando

um complexo que recruta ribossomo para a molécula de RNA (LEEN et al., 2013;

ROHAYEM et al., 2006). Inicialmente, ocorre a tradução de ORF-1 em uma

poliproteína que é clivada, pela protease viral recém-sintetizada, em proteínas não

estruturais. Essas enzimas formam um complexo replicativo. Uma fita de RNA de

polaridade negativa (RNA antigenômico) é sintetizada e servirá de molde para a

síntese de novos RNAs virais. O RNA antigenômico também serve de molde para a

síntese do RNA subgenômico; esta é uma particularidade dos Calicivírus. Esse RNA

subgenômico contém a informação das ORFs-2 e -3 e serão traduzidas em pré-VP1

e VP2. Pré-VP1 é clivado pela protease viral em LC (leader of the capsid protein) +

VP1 (ROHAYEM ET AL., 2010). VP2 está envolvida com a montagem das partículas

virais (DI MARTINO e MARSILIO et al., 2010). Em determinado ponto do ciclo

replicativo, o genoma viral é introduzido no capsídeo. A célula infectada por FCV

sofre apoptose e lise celular, assim os vírions são liberados para o meio extracelular

(SOSNOVTSEV et al., 2003).

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Figura 5: Etapas do ciclo replicativo dos Calicivírus. Adaptado de Rohayem et al., 2010.

2.6 PATOGENIA E MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DA INFECÇÃO PELO

CALICIVÍRUS FELINO

A manifestação clínica da doença do trato respiratório superior em felinos é

similar em gatos adultos e filhotes e os sinais clínicos podem ser de brandos a

graves. Infecções bacterianas secundárias podem gerar complicações no quadro

como infecções de trato respiratório inferior. Infecções simultâneas podem agravar o

quadro da doença. Outras doenças virais como imunodeficiência felina, causada

pelo vírus da imunodeficiência felina (FIV) ou panleucopenia felina, causada pelo

parvovírus felino (FPV) podem agravar o quadro clínico do complexo respiratório

felino (REUBEL et al., 1994; COHN 2011). Os sinais mais comuns incluem: secreção

nasal serosa, mucoide ou mucopurulenta, espirros, conjuntivite e descarga nasal,

salivação, tosse, febre, letargia e inapetência (COHN 2011).

Com relação ao FCV, o primeiro sítio de replicação após o contato com a

partícula viral é a orofaringe e o hospedeiro desenvolve uma viremia transitória após

três ou quatro dias da infecção e o vírus pode ser detectado em tecidos como pele,

pulmão e pâncreas (RADFORD et al., 2007; COHN 2011). A gravidade dos si ntomas

vai depender da virulência do agente assim como da resposta imune do hospedeiro.

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Gatos com imunidade prévia ao FCV podem permanecer sem sinais clínicos

enquanto que gatos suscetíveis adoecem, por isso é mais comum filhotes

desenvolverem quadro clínico mais grave que adultos (COHN 2011).

As lesões características causadas por FCV são ulceração oral,

principalmente em língua, gerada pela necrose epitelial, e doença respiratória

branda (RADFORD et al., 2009; COHN 2011). Em quadros respiratórios mais

graves, o herpesvírus felino tipo1 (FHV-1) pode estar associado. Após um período

de incubação de 2 a 10 dias, os principais sinais são ulceração oral, espirros e

secreção nasal serosa; febre também é observada. Algumas vezes a anorexia se

manifesta junto com sialorreia decorrente das erosões localizadas na língua. Em

alguns casos graves, particularmente em filhotes jovens, pode ocorrer pneumonia

com dispneia, tosse, febre e depressão (RADFORD et al., 2009).

Glossite ulcerativa e ulceração de plano nasal, conjuntiva e pele são

sugestivos de infecção por FCV, mas nem todos os gatos infectados apresentam

comprometimento oral, alguns só apresentam secreção ocular e/ou nasal (SYKES,

2014).

O FCV pode estar associado à estomatite crônica e acredita-se que o

complexo estomatite-gengivite linfoplasmocítica crônica seja uma reação

imunomediada contra o vírus e outros agentes orais. No entanto, a exata relação do

agente no desenvolvimento da doença ainda não foi elucidada (ADDIE et al., 2003;

DOWERS, et al., 2010).

Artrite ou claudicação transitória com febre pode ocorrer em animais

infectados com FCV ou animais pós-vacinados. Na infecção natural, a artrite

observa-se poucos dias ou semanas após doença aguda (DAWSON et al., 1994;

RADFORD et al., 2009). A Síndrome da Claudicação Febril corresponde a uma

sinovite aguda com aumento de líquido sinovial dentro da articulação. As cepas de

FCV são capazes de replicar na articulação, mas nem todas são capazes de gerar

artrite (DAWSON et al., 1994).

Rice e colaboradores (2002) isolaram FCV da urina de gatos com doença

idiopática do trato urinário baixo, mas não conseguiram definir se o vírus estava

relacionado com a fisiopatogenia da doença.

FCV também foi isolado de fetos abortados apresentando petéquias cutânea

e fetos autolisados. Embora não se tenha estabelecido que o vírus tenha sido o

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causador do aborto, foi observado que o agente pode ser transmitido por via

transplacentária em gatos (van VUUREM et al., 1999).

Gatos que se recuperam da infecção aguda geralmente eliminam o vírus em

algumas semanas, mas alguns gatos eliminam o vírus no ambiente por secreções de

orofaringe por mais de trinta dias pós-infecção ou por toda a vida. Tais gatos são

considerados portadores ou carreadores do FCV (COYNE et al., 2006b; RADFORD

et al., 2007). O mecanismo de persistência do FCV ainda não foi elucidado. O

estado de portador se desenvolve após a fase aguda e o FCV se mantém na

população felina. Animais persistentemente infectados apresentam o FCV nas

tonsilas e faringe, onde o vírus replica em níveis baixos durante meses ou até anos,

mesmo na presença de anticorpos. O estresse pode participar na recrudescência da

infecção aumentando a excreção viral. Animais persistentemente infectados são

considerados a maior fonte de infecção (WARDLEY, 1976).

Coyne e colaboradores (2006a) analisaram o padrão de eliminação do FCV

em cinco colônias de gatos num período de 15 a 46 meses e identificou os animais

em três grupos: animais que eliminavam o vírus constantemente durante todo o

período do estudo, os que eliminavam intermitentemente e aqueles que nunca

eliminaram o FCV durante os meses do estudo. Coyne e colaboradores (2007a)

identificaram dois mecanismos para a persistência do FCV. O primeiro mecanismo

foi denominado Evolução Progressiva que consiste no acúmulo de mutações das

variantes de uma cepa dentro de um indivíduo. O segundo mecanismo foi

denominado Reinfecção Sequencial em que os gatos da colônia sofriam reinfecções

periódicas ou por diversas variantes de uma mesma cepa ou por cepas diferentes

que circulavam na população.

A infecção persistente com eliminação viral por um período longo de tempo

para que ocorra uma Evolução Progressiva é rara ocorrendo em um menor número

de indivíduos. A grande maioria dos possíveis carreadores sofre uma combinação

da Evolução Progressiva com Reinfecções Sequenciais. Esses poucos indivíduos

que realmente carreiam o FCV permitem que o vírus permaneça na população por

um longo período de tempo (COYNE et al., 2007b).

Acredita-se que a resistência dos felinos à infecção por FCV seja um

processo de seleção imunomediada o que permite a evasão do vírus do sistema

imune (RADFORD et al., 2009). De acordo com Coyne e colaboradores (2006a),

gatos maiores de três anos tem menos probabilidade de eliminar FCV do que os

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abaixo dessa faixa etária. Entretanto outros fatores como contínua exposição dos

animais ao vírus ou a imunidade do animal podem estar envolvidos.

Com relação à doença virulenta sistêmica associada ao FCV, a enfermidade é

caracterizada por uma síndrome da resposta inflamatória sistêmica, coagulação

intravascular disseminada, falência múltipla de órgãos com taxas de mortalidade

acima de 67% (FOLEY et al., 2006). As lesões são amplamente difundidas e

incluem: variados graus de febre, anorexia e apatia, icterícia e claudicação (COYNE

et al., 2006b).

Como um dos alvos do vírus é o endotélio, ocorre a formação de edema

subcutâneo (às vezes hemorrágico) em diversas áreas do corpo, principalmente em

membros e face com regiões de alopecia; úlceras de boca e variáveis graus de

ulceração e necrose em pele, particularmente na pina da orelha, coxins e narinas;

acometimento pulmonar com presença de trombos gerando atelectasia; pleurite e

efusão torácica estão presentes (PADRESEN et al., 2000; MEYER et al., 2011).

Ocorre também pneumonia intersticial e fusão de lobos pulmonares; diferentes focos

de necrose em fígado, pâncreas e gordura peripancreática; úlceras com focos de

necrose em criptas gástricas; efusão abdominal; úlceras em bexiga. Achados

laboratoriais incluem anemia, trombocitopenia, hipoproteinemia, hiperbilirrubinemia,

linfopenia (REYNOLDS et al., 2009) e aumento da atividade de creatina

fosfoquinase indicando mionecrose (PADRESEN et al., 2000). Coyne e

colaboradores (2006b) relatam perda de voz.

2.7 EPIDEMIOLOGIA DO CALICIVÍRUS FELINO

A doença do trato respiratório superior em felinos é causada pelos agentes

FHV-1, FCV, Chlamydophila felis, Bordetella bronchiseptica e Mycoplasma spp. As

manifestações agudas são extremamente raras em gatos que não têm acesso à rua,

contudo é o principal problema de animais de abrigos, colônias com acesso à rua e

ocasionalmente em gatis, lares de proprietários com muitos gatos, instalações de

embarque ou gatos que viajam para exposições. Apesar dos patógenos, a doença

pode ser agravada por fatores relacionados ao ambiente e ao hospedeiro como a

qualidade do ar, falta de higiene e imunossupressão relacionada ao estresse ou

outros agentes (HELPS et al., 2005; COHN, 2011; BATTILANI et al., 2013).

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O FCV é ubíquo na população geral de gatos domésticos em todo o mundo e

a prevalência elevada do vírus é proporcional ao número de gatos nas habitações.

Nessas condições, várias cepas podem estar presentes. Contudo, lares de

proprietários com um número reduzido de felinos apresentam a prevalência de FCV

reduzida entre os animais com uma única ou poucas cepas circulantes (WARDLEY

et al., 1974; RADFORD et al., 2003 HELPS et al., 2005; COYNE et al., 2007a).

Filhotes são mais suscetíveis ao vírus e desenvolvem doença grave (COHN 2011). A

taxa de isolamento de FCV é maior em gatos de zero a um ano de idade enquanto

que em animais mais velhos há um declínio dessa taxa (WARDLEY et al., 1974).

Apesar de o FCV ser considerado um patógeno da cavidade oral e trato respiratório

superior, ele pode ser detectado no trato intestinal de felinos domésticos

(PESAVENTO et al., 2008; CASTRO et al., 2015).

Gatos com infecção aguda e portadores assintomáticos eliminam o vírus

pelas secreções corpóreas, principalmente em secreções ocular, nasal e saliva

(COHN 2011), além de sangue, urina e fezes (HURLEY et al., 2004) e a principal

forma de transmissão ocorre por contato direto com as secreções de gatos com

infecção aguda e de gatos portadores, que eliminam grande quantidade de vírus

pela cavidade oral (SCHORR-EVANS et al., 2003). A transmissão indireta ocorre em

locais de confinamento como gatis onde as secreções podem contaminar as jaulas,

alimentos, fômites ou serem carreados em roupas e calçados de funcionários. Alta

densidade populacional de gatos gera um ambiente favorável para a transmissão do

vírus e favorece a reinfecção dos animais por cepas diferentes de FCV (BINNS et

al., 2000; COYNE et al., 2007a; RADFORD et al., 2009). Relatos sugerem que as

pulgas podem estar envolvidas na transmissão do vírus (MENCKE et al., 2009). O

vírus pode persistir no ambiente e permanecer infeccioso por um mês ou mais em

superfícies secas à temperatura ambiente e por mais tempo em temperaturas mais

baixas (CLAY et al., 2006).

Atualmente, cepas altamente virulentas de FCV são detectadas associadas a

surtos em que os animais apresentaram sinais clínicos novos e com taxa elevada de

mortalidade. Tais cepas apresentam tropismo por endotélio e células epiteliais da

pele e outros órgãos parenquimais. A região hipervariável do capsídeo contém

epítopos neutralizáveis por anticorpos e interagem com o receptor fJAM-A e ácido

siálico contendo ligação 2,6 (MAKINO et al., 2006; STUART e BROWN, 2007).

Esse tropismo de FCV virulento por endotélio pode ser resultado da utilização

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alterada de receptor associada a mudanças específicas na região hipervariável

(REYNOLDS et al., 2009).

A enfermidade, previamente, foi denominada Febre Hemorrágica (HURLEY et

al., 2004; PESAVENTO et al 2004) e, atualmente, é conhecida como Doença

Sistêmica Virulenta Associada ao Calicivírus Felino (FCV-VSD, sigla em inglês). O

período de incubação da FCV-VSD em infecções hospitalares é de 1 a 5 dias e no

ambiente doméstico se estende por mais de 12 dias (HURLEY; SYKES, 2003). Os

surtos associados à doença já foram relatados nos Estados Unidos (PEDERSEN et

al., 2000; SCHORR-EVANS et al., 2003; HURLEY et al., 2004), Reino Unido

(COYNE et al., 2006b), França (REYNOLDS et al., 2009), Alemanha (MEYER et al.,

2011) e Itália (BATTILANI et al., 2013).

Mutações no genoma são necessárias para o aparecimento do fenótipo

altamente virulento. Assim, as cepas de Calicivírus isoladas de cada surto de FCV-

VSD relatado são diferentes entre si, sugerindo que esses fenótipos hipervirulentos

evoluam independentes em cada surto (COYNE et al.,2006b; FOLEY et al. 2006).

Animais vacinados e não vacinados são suscetíveis ao FCV-VSD, pois a cepa

vacinal amplamente uti lizada atualmente (cepa F9) não gera imunidade contra as

cepas hipervirulentas de campo (COYNE et al.,2006b). A doença é mais grave em

gatos adultos que em filhotes (HURLEY; SYKES 2003).

Os surtos estão relacionados com a introdução de gatos oriundos de abrigos

numa nova população de felinos (HURLEY; SYKES, 2003). Acredita-se que alta e

rápida taxa de replicação de uma cepa normal de FCV em uma gra nde densidade

populacional de gatos, como um abrigo ou gatil, facilite a disseminação viral e

promova a condição necessária para o surgimento da cepa hipervirulenta. Dentro da

população original, a resposta imune contra o vírus pode prevenir essa alta taxa de

replicação, individualmente em cada gato, assim as formas mais virulentas não se

manifestam. No entanto, quando uma cepa viral circulante em uma população

dissemina-se para uma população de gatos que nunca foi exposta a essa cepa em

particular, pode ocorrer replicação excessiva de FVC levando ao surgimento da

manifestação clínica da FCV-VSD (COYNE et al 2006b; RADFORD et al., 2007).

Geralmente, cepas de FCV-VSD são descritas como altamente contagiosas

afetando uma alta porcentagem de gatos que possuem estreito contato numa

população caracterizando uma epizootia (PESAVENTO et al., 2004; REYNOLDS et

al., 2009), mas a ocorrência da doença em um único gato que convivia com outros

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31

seis que não manifestaram sintomatologia clínica foi demonstrada sugerindo que

FCV-VSD também pode ocorrer como um caso isolado (MEYER et al., 2011).

A transmissão das cepas hipervirulentas também pode ocorrer por contato

com fômites contaminados, pelos veterinários e funcionários de hospitais

veterinários (contenção de um gato para exame físico, roupas contaminadas) e por

contato direto ou indireto com pacientes de ambulatório com infecção subclínica.

(HURLEY; SYKES 2003; MEYER et al., 2011).

2.8 DIAGNÓSTICO DA CALICIVIROSE FELINA

O diagnóstico da doença do trato respiratório superior em felinos pode ser

baseado nos sinais clínicos em que o predomínio de úlceras poderia indicar infecção

por FCV enquanto que a presença de espirros com sinais respiratórios e conjuntivais

mais grave sugere infecção por FHV-1 (GASKELL et al., 2012). Para o diagnóstico

de calicivirose felina, pode-se fazer isolamento viral, nested PCR (nPCR) precedida

pela transcrição reversa e PCR em tempo real precedida pela transcrição reversa

(qRT-PCR) (REED, 2014). Para triagem, amplifica-se a região do genoma que

codifica a RdRp (MARSILIO et al., 2005) e para sequenciamento genético para

genotipagem de isolados de FCV, a região de capsídeo (SATO et al., 2002; COYNE

et al., 2006c; HENZEL et al., 2012b;).

As técnicas de biologia molecular possuem altas sensibilidade e

especificidade e a qRT-PCR é considerada mais sensível que a RT-PCR

convencional graças ao uso da sonda fluorescente para detecção de produto

amplificado e também por não ser necessária uma avaliação pós amplificação

reduzindo, assim, a probabilidade de contaminação (ABD-ELDAIM et al., 2009; VEIR

et al.,2010). Para a RT-PCR e para a qRT-PCR, pode-se usar swab oral, nasal ou

conjuntival, sangue, raspado de pele e tecido pulmonar. A sensibilidade do

diagnóstico vai depender dos iniciadores utilizados e da cepa viral devido à alta

variabilidade do genoma viral (MARSILIO et al., 2005; ABD-ELDAIM et al., 2009).

Um kit de qPCR comercial (IDEXX Laboratories, FelineUpper Respiratory Disease

RealPCR Panel) está disponível para diagnóstico dos cinco agentes envolvidos na

doença do trato respiratório superior em felinos (FHV-1, FCV, C. felis, B.

bronchiseptica e Mycoplasma spp) (LITSTER et al., 2015).

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32

Para o isolamento viral, as amostras podem ser swabs de conjuntiva, narina e

orofaringe (HENZEL et al., 2012a). O FCV replica em célula de rim de felino

(Crandell-Rees Feline Kidney - CRFK) A replicação do FCV promove apoptose

levando à destruição do tapete celular (ALVAREZ-SANCHEZ et al., 2015).

Anticorpos anti-FCV podem ser detectados por técnicas sorológicas como

soroneutralização e ELISA (Enzyme-linked immunosorbent assay), no entanto, tais

testes não são considerados eficazes já que a soroprevalência é alta graças à

infecção natural e à vacinação (VEIR et al., 2010).

2.9 PREVENÇÃO E CONTROLE DO CALICIVÍRUS DE FELINO

De acordo com Helps e colaboradores (2005), a alta prevalência dos

patógenos envolvidos na doença do trato respiratório superior de felinos está

relacionada com a falta de higiene nos locais onde os gatos se encontram. Uma

maneira de interromper o ciclo de transmissão é realizar desinfecção de todas as

superfícies e itens que frequentemente são manuseados, lavar ou descartar itens

contaminados e sujos e estipular um período de quarentena de sete a 14 dias se

novos casos continuarem ocorrendo após descontaminação do local (SCHORR-

EVANS et al., 2003). FCV pode permanecer no ambiente por até um mês e os

desinfetantes que podem ser usados são hipoclorito de sódio (5% de água sanitária

diluída em 1:32), peroximonossulfato de potássio, dióxido de cloro e produtos

comerciais aprovados para inactivação de Calicivírus (RADFORD et al., 2009). No

entanto, Coyne e colaboradores (2007a) demonstraram que mesmo com ótimas

medidas de biossegurança, a transmissão de FCV ainda ocorre.

Em abrigos e gatis, os animais devem ser alojados individualmente, a não ser

que venham de um mesmo local. No caso de criadouros, a vacinação das fêmeas

garante a transmissão de anticorpos maternos para a ninhada. Não é recomendado

vacinar a fêmea durante a gestação e, se for necessário, recomenda-se uma vacina

inativada. A mesma deve ser vacinada antes do acasalamento. Após o nascimento,

a ninhada de uma fêmea não deve ter contato com a de outra até que todas as

doses vacinais tenham sido administradas (DAY et al., 2016).

Pelo fato de o FCV ser um agente ubíquo e causador de doença grave, a

vacinação é recomendada para todos os gatos (RADFORD et al., 2007). As cepas

mais utilizadas em vacinas são a F9 (isolada na década de 1950) e a FCV 225 e,

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33

atualmente, as cepas G1 e 431; algumas empresas não divulgam as cepas

presentes em suas vacinas. No entanto, as cepas vacinais não conferem uma

imunização adequada contra os isolados de campo (RADFORD et al., 2006).

A vacinação proporciona proteção moderada contra doença oral aguda e do

trato respiratório superior na maioria dos casos, contudo não previne a infecção por

diferentes cepas de FCV ou sua eliminação no ambiente pelos gatos infectados

(WARDLEY, 1976; WARDLEY et al., 1974; COYNE et al., 2007a). Assim, gatos

vacinados sofrem reinfecções e eliminam o vírus no ambiente (COYNE et al.,

2006a). As mutações que FCV sofre proporcionam sua evasão dos anticorpos

neutralizantes pré-existentes no hospedeiro. Isso permite que os isolados de campo

também escapem da resposta imune induzida por vacina (RADFORD et al., 2000;

RADFORD et al., 2009). E há evidências de que o vírus vacinal pode ser eliminado

pela orofaringe de dois a cinco dias pós-vacinação subcutânea, embora seja um

evento raro (PEDERSEN; HAWKINS, 1995), e de que o vírus vacinal pode persistir e

evoluir dentro da população felina (RADFORD et al., 2001; COYNE et al., 2006a).

A primeira vacinação deve ser dada em torno de nove semanas de idade e

uma segunda vacinação, duas a quatro semanas depois. Se o animal estiver em

área de risco, uma terceira dose em dezesseis semanas deve ser levada em

consideração. O reforço vacinal deve ser feito a cada três anos em animais que não

têm acesso à rua e que não tenha contato com muitos gatos. Felinos em áreas de

alto risco, como gatis e abrigos, devem ser revacinados anualmente (RADFORD et

al., 2009).

Com relação aos surtos de FCV-VSD, animais vacinados desenvolveram a

doença, sugerindo que as vacinas atuais não imunizam contra as cepas virulentas.

Uma vez que cada cepa envolvida na manifestação virulenta do FCV seja muito

diferente entre si, a seleção de uma cepa que imunize contra FCV-VSD torna-se

difícil (COYNE et al., 2006b). Contudo, Rong e colaboradores (2014) demonstraram

que a cepa FCV-21, isolada de um gato que não apresentava sintomatologia clínica,

tem um amplo potencial protetor contra cepas emergentes e contra cepas

hipervirulentas.

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34

4 OBJETIVOS

4.1 OBJETIVO GERAL

Realizar a caracterização molecular dos genes que codificam a região de

capsídeo do calicivírus felino (FCV) e realizar o diagnóstico e a determinação da

carga viral de FCV a partir de amostras de conjuntiva e orofaringe em gatos

domésticos do Rio de Janeiro.

4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Realizar o Isolamento das amostras de FCV em células de linhagem CRFK.

Realizar o sequenciamento genômico e análise filogenética das amostras

positivas tanto para região conservada quanto para região variável da ORF-2

do FCV e comparar as sequências de nucleotídeos obtidas com protótipos

disponíveis no GenBank;

Implementar a técnica de qPCR no Laboratório de Virologia para detecção de

FCV em swabs de conjuntiva e orofaringe de felinos domésticos;

Determinar da carga viral do FCV nas amostras de conjuntiva e orofaringe de

felinos domésticos através da qRT-PCR;

Correlacionar a carga viral com a sintomatologia clínica dos animais deste

estudo.

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35

5 MATERIAL E MÉTODOS

5.1. APROVAÇÃO EM COMITÊ DE ÉTICA E ÓRGÃO PÚBLICO

Este projeto foi aprovado pela Comissão de Ética no Uso de Animais da

Universidade Federal Fluminense com o número de protocolo 708 em 13 de outubro

de 2016 (Anexo III). Este estudo também tem autorização da Secretaria Estadual de

Proteção e Defesa dos Animais (SEPDA) (Anexo I) do Rio de Janeiro para coleta de

amostras dos animais não domiciliados.

5.2 COLETA E CRITÉRIO DE INCLUSÃO DE AMOSTRAS

Neste trabalho foram realizados dois estudos. O primeiro foi o isolamento viral

e a caracterização molecular de ORF-2 das amostras positivas para FCV. O

segundo foi a quantificação da carga viral em conjuntiva e orofaringe de felinos

domésticos.

Para a etapa de isolamento em cultura de células e caracterização molecular

foram selecionadas 26 amostras de swabs conjuntival de gatos sabidamente

positivas pela técnica de RT-PCR. Dezoito dessas 26 amostras foram coletadas em

2013 para um estudo anterior realizado no Rio de Janeiro envolvendo também

outros patógenos associados à conjuntivite em felinos: FHV-1, C. felis e Mycoplasma

spp. (BAUWORCEL et al., 2016) e oito amostras foram coletadas no decorrer desse

estudo em 2015 (figura 6). Somente amostras consideradas negativas para FHV-1

através da RT-PCR foram incluídas nessa etapa para evitar a replicação de mais de

um agente viral na cultura de células.

Para a determinação da carga viral, foram utilizadas 76 swabs coletados de

38 felinos domésticos em 2015, sendo 38 de conjuntiva e 38 de orofaringe. As

amostras foram coletadas de felinos domésticos mantidos em dois modelos distintos

de manejo: casas de proprietários com um grande número de animais (mais de 10

animais por casa) e abrigos públicos.

As casas de proprietários com grande número de animais se caracterizam por

possuírem uma elevada densidade populacional de gatos na habitação que podem

ter acesso à rua ou não. O ambiente, muitas vezes, carece dos cuidados básicos de

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36

higiene, há o compartilhamento dos fômites, a rotatividade de animais é baixa e

estes podem ser vacinados ou não.

Já nos abrigos públicos (Fazenda Modelo – SEPDA – e uma Organização não

Governamental em Sepetiba), os animais ficavam alojados em pequenos grupos em

gaiolas e a rotatividade dos animais era alta. Eles não eram vacinados, entretanto

algumas medidas básicas de higiene eram tomadas. Os dois abrigos visitados

também abrigavam cães, mas estes não tinham contato direto com os gatos.

Foram selecionados animais até um ano de idade. Eles foram avaliados

quanto à presença ou ausência de sinais oftálmicos, orais e respiratórios,

estabelecendo-se assim scores ocular (tabela 2) e oral (tabela 3). Os sinais

oftalmológicos de conjuntivite foram categorizados conforme o score estabelecido

previamente por Hartmann e colaboradores (2010) e o score oral foi adaptado de

Healey e colaboradores (2007). Os animais foram cadastrados em fichas próprias

(Anexo II) contendo informações como: estado vacinal, origem (casa, apartamento

ou abrigo), raça, idade e sexo, sinais respiratórios (secreção nasal mucosa ou

purulenta, espirros, dispneia e tosse).

Em sequência, coletou-se material de conjuntiva ocular com o uso de escova

citobrush® (Cytobrush PlusR, Medscand Medical, CooperSurgical Inc., Trumbull, CT,

USA) que foi rolada pela conjuntiva palpebral como descrito por Hillström e

colaboradores (2012). Para coleta de amostras de orofaringe, foi utilizado swab de

algodão, rolado na porção final no palato mole conforme descrito por Henzel e

colaboradores (2012a).

Cada amostra foi identificada com número de forma sequencial (120 a 158) e

ano de coleta (2015), acondicionadas em microtubos estéreis de 1,5 mL contendo 1

mL de meio Essencial Mínimo contendo sais de Eagle´s (MEM) com Gentamicina

(1mg/mL), Estreptomicina (200µg/ml), Penicilina (200UI/mL) e Fungizona (2,5

µg/mL). As amostras foram mantidas resfriadas (4°C) até o seu envio ao laboratório

onde foram armazenadas em freezer (- 20°C) até processamento para isolamento

viral e extração do genoma.

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Figura 6: Fluxograma de processamento das amostras de conjuntiva para caracterização molecular do FCV. EC = efeito citopático; n = número.

TABELA 2: Sistema de score para categorizar os sinais oftalmológicos de conjuntivite. Score Sinais Clínicos Oculares

0 Ausência de sinais clínicos

1 Hiperemia conjuntival leve

2 Hiperemia conjuntival moderada e quemose leve

3 Hiperemia conjuntival moderada a grave e quemose moderada

4 Hiperemia conjuntival grave e quemose grave (simbléfaro)

Fonte: Hartmann e colaboradores (2010).

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38

TABELA 3: Sistema de score para categorizar os sinais clínicos da orofaringe.

Score Sinais Clínicos de Orofaringe

0 Sem sinais clínicos

1 Hiperemia leve em mucosa oral/gengival

2 Hiperemia moderada a grave em mucosa oral/gengival

3 Presença de úlceras em cavidade oral

Fonte: adaptado de Healey e colaboradores (2007).

5.3 ISOLAMENTO DO CALICIVÍRUS FELINO

O isolamento do FCV foi realizado no Laboratório de Isolamento Viral da

Universidade Federal Fluminense. As células de linhagem originalmente obtida de

rim de felino CRFK ATCC® CCL-94™ originária de córtex de rim felino normal. As

células foram cultivadas em meio Mínimo Essencial de Eagle’s (EMEM)

suplementado com gentamicina (50 μg/l), fungizona (2,5 μg/L) e 5% de soro bovino

(Invitrogen®). O modo de preparo dos meios e soluções utilizados no cultivo celular

está listado no Anexo VI.

Para o isolamento do FCV, 200 µl da suspensão de cada amostra pré-tratada

com dez vezes a concentração de antibióticos contidos no meio de cultivo foram

inoculados em cultivo de células CRFK contendo aproximadamente 1x104

células/mL com 24-48 horas de crescimento em tubos e incubados por uma hora a

37ºC para adsorção do FCV. Após este período, os inóculos foram removidos e as

células foram lavadas três vezes com meio sem soro e adicionados 2 mL de meio de

manutenção (EMEM contendo 2% de soro fetal bovino). Tubos de cultivos de CRFK

foram inoculados com meio de manutenção e utilizados como controle de células.

Os tubos foram incubados em estufa a temperatura de 37ºC por oito dias com

observação diária para detecção de EC.

Para a realização da segunda e terceira passagens das amostras em cultivo

celular, os tubos inoculados contendo EC ou não foram congelados a 70ºC e

descongelados a 37ºC por três vezes, centrifugados a 5000 rpm por 10 minutos para

remoção de debris celulares. Após a terceira passagem, as amostras que

apresentaram EC foram amplificadas, aliquotadas, identificadas e armazenadas a

-70ºC. O genoma viral foi extraído de todas as amostras independente do

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39

aparecimento do EC e submetido à confirmação de positivo ou negativo por RT-

PCR.

Para titulação das amostras de FCV por ensaio de placa de lise, as

suspensões foram diluídas serialmente (10-1-10-12). 200 µL adicionados a cultivo

celular em placas de 24 poços e após período de adsorção (1 hora a 37ºC em

atmosfera de 5% de CO2) o inóculo foi removido para adição do meio de cobertura

(agarose 2% em MEM a 2% em proporção de 1:1 contendo) seguido de reincubação

das placas por mais 72 horas p.i. quando as monocamadas foram fixadas e coradas

com solução de cristal violeta a 0,2% em formaldeído 10% e o título da amostra

determinado, como unidades formadoras de placas (P.F.U) de acordo com a

formula:

P. F. U / mL = Total de placas de lise contadas x Recíproca da diluição.

Volume x 5

5.4 AMPLIFICAÇÃO GÊNICA

5.4.1 Extração e transcrição reversa

Após descongelamento, os microtubos contendo o material oriundo da cultura

de células foram submetidos à agitação em vórtex e centrifugados a 10.000 x g por

30 segundos. A partir do sobrenadante, o genoma viral foi extraído com o PureLink®

Spin Column-Based Kit (Invitrogen® Life Technologies, U.S.A), conforme orientações

do fabricante. Este método é baseado na extração do ácido nucleico (DNA/RNA) em

minicolunas. O DNA complementar (cDNA) foi sintetizado imediatamente após o

término da extração.

A síntese de cDNA foi realizada a partir do RNA extraído utilizando-se

iniciadores reversos de cada par de primer (tabela 5). Para obtenção do cDNA,

adicionou-se 5 μL do RNA das amostras a 20 μL da mistura de reação de

transcrição reversa (tabela 4), totalizando um volume final de 25 μL. A mistura foi

colocada em termociclador (Esco Healthcare Swift MaxPro®) a 25° C por 5 minutos,

seguido de 50° C por 60 minutos e 70° C por 20 minutos. O cDNA obtido foi

estocado a –20° C.

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TABELA 4: Reagentes utilizados na síntese de cDNA.

Reagentes Volume da Reação (1x)

H2O DNAse/RNAse free (Gibco®) 12,25 µL

5X First-Strand Buffer (Invitrogen®) 2 µL

DTT 0,1 M (Invitrogen®) 0,5 µL

RNAse OUT (40U/ μL) (Invitrogen®) 0,5 µL

dXTP (dATP, dTTP, dCTP e dGTP) 2,5 mM (Invitrogen®) 2 µL

MgCl2 50 mM (Invitrogen®) 1,25 µL

SuperScript III Reverse Transcriptase (200U/ μL) (Invitrogen®) 0,5 µL

Iniciadores reversos (20 pM/µL) 1 µL

Volume Final 20 µL

5.4.2 Reação em cadeia pela polimerase

A partir do cDNA, foi realizada PCR para as regiões conservada e variável da

ORF-2 com os iniciadores listados na tabela 5. Como controle positivo para as

reações de amplificação, foi utilizada vacina atenuada para FCV Felocell CVR-C

(Pfizer Animal Health, USA), disponível comercialmente. Como controle negativo foi

utilizado água bidestilada deionizada MilliQ.

TABELA 5: Descrição dos iniciadores utilizados neste estudo com suas respectivas sequências,

tamanho do produto, região que amplificam e a referência.

Iniciadores Sequência Produto Região Referência

Cali 1

Cali2

AACCTGCGCTAACGTGCTTA

CAGTGACAATACACCCAGAAG

924 pb

ORF-2 de

FCV

Marsilio et

al., 2005 Cali3

Cali4

TGGTGATGATGAATGGGCATC

ACACCAGAGCCAGAGATAGA

467 pb

F8

R8

CACSTTATGTCYGACACTGA

CTRGADGTRTGCARRATTT

955 pb

Ohe et al.,

2006

Percp1

Percp2

CCGTTTGTGTTTCAAGCAAACCG

CCTCACCTATACCAGTGTAACC

529 pb

Coyne et al.,

2006c

DEG-f

DEG-r

GGCCWGAYACMACMATHCC

GCTYCYTCHCCAATKCCAGT

460 pb

Este estudo

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41

5.4.2.1 Nested PCR para a região conservada da ORF-2

Para a regiões conservadas A e B, foi realizada a nPCR com os iniciadores

Cali1 (posição 5322–5341 nt) e Cali2 (posição 6225–6246 nt) que amplificam um

fragmento de 924 pb. Utilizou-se 5 μL do cDNA adicionados a 20 μL da mistura de

reagentes de PCR com os iniciadores Cali1/ Cali2. A mistura foi colocada em

termociclador onde houve uma desnaturação inicial a 94° C por 5 minutos e em

seguida foram realizados 35 ciclos a 94º C por 1 minuto, 57º C por 45 segundos e

72º C por 1 minuto e uma extensão final de 72º C por 7 minutos (Tabela 5).

A reação de nPCR foi realizada com iniciadores internos Cali3 (posição 5514–

5535) e Cali4 (posição 5971–5991) gerando um fragmento de 467 pb. Utilizou-se 5

μL do produto da primeira PCR adicionados a 45 μL da mistura de reagentes de

PCR com os iniciadores Cali3/ Cali4 (Tabela 6). A reação de amplificação foi

realizada em 35 ciclos nas condições previamente descritas por Marsilio e

colaboradores (2005).

TABELA 6: Reagentes utilizados na reação de nRT-PCR para amplificação do gene das regiões conservadas A e B da ORF-2 de FCV utilizando os iniciadores Cali1/Cali2 – Cali3/Cali4.

Reagentes Volume por Reação

Cali1/Cali2 Cali3/Cali4

H2O DNAse/RNAse free (Gibco®) 11,7μL 30,4μL

10X PCR Buffer (Invitrogen®) 2,5 μL 5,0 μL

dXTP (dATP, dTTP, dCTP e dGTP) 2,5mM (Invitrogen®) 2,0 μL 4,0 μL

MgCl2 50mM (Invitrogen®) 1,5 μL 3,0 μL

Iniciador F20 pmol (Invitrogen®) 1,0 μL 1,0 μL

Iniciador R20 pmol (Invitrogen®) 1,0 μL 1,0 μL

Platinum Taq DNA Polymerase II (5U/μL) (Invitrogen®) 0,3 μL 0,6 μL

Volume Final 20,0 μL 45 μL

Os produtos da nPCR foram submetidos à eletroforese em gel de agarose a

0,5% em tampão TBE 0,5 X. Utilizou-se como padrão de corrida o 100 pb DNA

Ladder (Invitrogen® Life Technologies, U.S.A). O gel foi corado em solução de

brometo de etídio a 0,5 μg/mL e os produtos amplificados foram visualizados através

de fotodocumentador L-Pix Ex (Loccus Biotecnologia).

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42

5.4.2.2 PCR para a região variável da ORF-2

Para a região variável C a E da ORF-2, foram utilizados três pares de

iniciadores: 8F/8R, Percp1/Percp2 e DEG-f/DEG-r. Somente as amostras que não

amplificaram para um iniciador foram submetidas à RT-PCR utilizando o iniciador

seguinte.

Os iniciadores 8F (posição 6142 região B) e 8R (posição 7097 região F)

amplificam um fragmento de 679 pb. São degenerados e as letras S, Y, R e D

correspondem a C/G, T/C, A/G e A/C/T respectivamente. Uti lizou-se 10 µL de cDNA

adicionados a 40 µL da mistura de reagentes da PCR com os iniciadores 8F/8R

(tabela 7). As condições utilizadas na PCR são: 94° C por 5 minutos para a

desnaturação inicial seguida de 35 ciclos de 94° C por 45 segundos, 48° C por 45

segundos, 72° C por 45 segundos e uma extensão final de 7 minutos a 72º C,

conforme descrito por Ohe e colaboradores (2016).

TABELA 7: Reagentes utilizados na reação de RT-PCR para amplificação da região variável C a E da

ORF-2 de FCV utilizando os iniciadores 8F/8R.

Reagentes Voluma da Reação (1x)

H2O DNAse/RNAse free (Gibco®) 25,5 µL

dXTP (dATP, dTTP, dCTP e dGTP) 2,5mM (Invitrogen®) 4 µL

10X PCR Buffer (Invitrogen®) 5 µL

MgCl2 50mM (Invitrogen®) 3 µL

Iniciador 8F 20 pmol (Invitrogen®) 1 µL

Iniciador 8R 20 pmol (Invitrogen®) 1 µL

Platinum Taq DNA Polymerase II (5U/μL) (Invitrogen®) 0,5 µL

Volume Final 40 µL

Os iniciadores Percp1 (posição 6406–6428) e Percp2 (posição 6934–6913)

amplificam um fragmento de 529 pb. Utilizou-se 5 µL de cDNA adicionados a 45 µL

da mistura de reagentes da PCR com os iniciadores Percp1/Percp2 (tabela 8). As

condições utilizadas na PCR são: 95° C por 2 minutos para a desnaturação inicial

seguida de 40 ciclos de 95° C por 30 segundos, 50° C por 30 segundos, 72° C por

90 segundos e uma extensão final de 5 minutos a 72º C conforme, descrito por

Coyne et al. (2006c).

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TABELA 8: Reagentes utilizados na reação de PCR para amplificação da região variável C a E da

ORF-2 de FCV utilizando os iniciadores Percp1/Percp2.

Reagentes Voluma da Reação (1x)

H2O DNAse/RNAse free (Gibco®) 36,5 µL

dXTP (dATP, dTTP, dCTP e dGTP) 2,5mM (Invitrogen®) 2 µL

10X PCR Buffer (Invitrogen®) 2,5 µL

MgCl2 50mM (Invitrogen®) 1,5 µL

Iniciador Percp1 20 pmol (Invitrogen®) 1 µL

Iniciador Percip2 20 pmol (Invitrogen®) 1 µL

Platinum Taq DNA Polymerase II (5U/μL) (Invitrogen®) 0,5 µL

Volume Final 45 µL

Os iniciadores DEG-f (posição 6572–6592) e DEG-r (posição 6922–6902)

amplificam um fragmento de 460 pb. Utilizou-se 5 µL de cDNA adicionados a 20 µL

da mistura de reagentes da PCR com os iniciadores DEG-f/DEG-r (tabela 9). As

condições utilizadas na PCR são: 94° C por 2 minutos para a desnaturação inicial

seguida de 35 ciclos de 94° C por 30 segundos, 54° C por 45 segundos, 72° C por

45 segundos e uma extensão final de 5 minutos a 72º C.

TABELA 9: Reagentes utilizados na reação de PCR para amplificação da região variável C a E da ORF-2 de FCV utilizando os iniciadores DERG-f/DEG-r.

Reagentes Voluma da Reação (1x)

H2O DNAse/RNAse free (Gibco®) 11,75 µL

dXTP (dATP, dTTP, dCTP e dGTP) 2,5mM (Invitrogen®) 2 µL

10X PCR Buffer (Invitrogen®) 2,5 µL

MgCl2 50mM (Invitrogen®) 1,5 µL

Iniciador DERG-f 20 pmol (Invitrogen®) 1 µL

Iniciador DEG-r 20 pmol (Invitrogen®) 1 µL

Platinum Taq DNA Polymerase II (5U/μL) (Invitrogen®) 0,25 µL

Volume Final 20 µL

Todos os iniciadores e suas respectivas posições e tamanho de fragmento

aparecem na figura 7. Os produtos da PCR foram submetidos à eletroforese em gel

de agarose a 0,5% em tampão TBE 0,5 X. Utilizou-se como padrão de corrida o 100

bp DNA Ladder (Invitrogen® Life Technologies, U.S.A). O gel foi corado em solução

de brometo de etídio a 0,5 μg/mL, e os produtos amplificados foram visualizados

através de fotodocumentador L-Pix Ex (Loccus Biotecnologia).

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44

Figura 7: Iniciadores utilizados para amplificação das regiões variável e conservada de ORF 2 do FCV. Fonte: adaptado de Ohe e colaboradores (2006).

5.4.2.2.1 Desenho dos iniciadores degenerados DEG-f/DEG-r

Para a elaboração de um iniciador degenerado, foi utilizado como protótipo a

sequência da cepa vacinal F9 (número de acesso GenBank M86379). O desenho do

iniciador foi feito no programa Primer-BLAST disponível no site

https://blast.ncbi.nlm.nih.gov/Blast.cgi e o mesmo foi, posteriormente, alinhado com

todos os protótipos de FCV correspondentes à região alvo disponíveis no GenBank,

incluindo protótipos brasileiros (HENSEL et al., 2012b). A confirmação da

especificidade do fragmento alvo foi feita por sequenciamento e uso da ferramenta

BLAST, também disponível no site https://blast.ncbi.nlm.nih.gov/Blast.cgi.

Os iniciadores DEG-f (posição 6572–6592) e DEG-r (posição 6922–6902)

amplificam um fragmento de 460 pb da ORF2 do FCV (região C-F). Eles são

degenerados e as letras W, Y, M, H, K correspondem a A/T, C/T, A/C, A/C/T e G/T

respectivamente (tabela 4).

5.4.3 Sequenciamento e análise filogenética

Os fragmentos obtidos a partir da reação de RT-PCR e RT nPCR de amostras

consideradas positivas foram purificados com o uso do kit QIAquick® Gel Extraction

kit (Quagen, Inc, Valência, CA, EUA) seguindo recomendações do fabricante.

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45

O sequenciamento direto das amostras positivas para FCV foi realizado

através do kit comercial Big Dye Terminator® v 3.1 Cycle Sequencing Kit (Applied

Biosystems®, CA, USA), conforme orientação do fabricante. Foram utilizados os

mesmos iniciadores descritos na reação de PCR para o sequenciamento das

amostras. O fluxograma de processamento das amostras pode ser observado na

figura 4.

Os eletroferogramas das sequências foram obtidos a partir do sequenciador

automático ABI Prism 3130 Genetic Analyzer (Applied Biosystems, Foster City, CA,

USA) do Laboratório de Equipamentos de Alta Complexidade localizado no

MIP/UFF. Todas as amostras foram sequenciadas nas duas direções (5’→ 3’e 3’→

5’) (figura 7).

As sequências nucleotídicas foram alinhadas utilizando o método CLUSTAL

W, contido no programa BioEdit® (HALL, 1999). Para realização da análise

filogenética, foram selecionados 104 protótipos que compreendiam a ORF 2 do FCV.

As sequências dos protótipos foram obtidas no site do NCBI (National Center for

Biotechnology Information) (http://www.ncbi.nlm.nih.gov) através dos seus números

de acesso ou mediante a utilização da ferramenta BLAST (Basic Local Aligment

Search Tool), disponível no GenBank. Os 104 protótipos foram analisados no

software DAMBE (XIA; XIE, 2001) para exclusão das sequências idênticas (anexo

V).

A análise filogenética entre as diferentes sequências foi realizada mediante a

utilização do programa PhyML 3.0 (GUINDON; GASCUEL, 2003) utilizando um

servidor online (GUINDON et al., 2005) disponível no site http://www.atgc-

montpellier.fr/phyml que estabelece a distância genética entre os isolados. Um valor

de 0,80 de approximate Likelihood Ratio Test (aLTR) foi considerado significante. A

árvore fi logenética gerada que foi analisada no programa FigTree v1.4.2

(RAMBAUT, 2009).

Foi realizada análise de aminoácidos das regiões conservada e variável com

MEGA 5.1 (TAMURA et al., 2011) entre a cepa vacinal F9 e os isolados este estudo.

Para a região variável, foram adicionados 13 isolados brasileiros (HENZEL et al.,

2012b) disponíveis no GenBank até o momento.

A sequência nucleotídica gerada neste estudo estão depositadas no GenBank

com os seguintes números de acesso: KY427039 – KY427052 para as regiões

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46

variáveis A e B e KY427032 – KY427038 e KY427053 para as regiões variáveis C a

E.

5.5 RT-PCR QUANTITATIVA EM TEMPO REAL

Foram realizados ensaios de qRT-PCR utilizando sistema de sondas de

hidrólise TaqMan® para detecção e quantificação de FCV nas amostras clínicas

oculares e de orofaringe. Todos os ensaios incluíram controles negativos e foi

utilizada uma curva sintética padrão. Todas as amostras, curva padrão e controles

negativos foram testadas em duplicata. O protocolo de detecção e quantificação foi

implementado no Laboratório de Virologia nesta dissertação.

5.5.1 Iniciadores e sondas

Os iniciadores e sondas utilizados para a padronização da qRT-PCR foram

direcionados para a região do gene que codifica a RdRp dos FCV conforme descrito

por Helps e colaboradores (2005) (tabela 10).

5.5.2 Desenho e diluição da curva sintética

Para o estabelecimento da curva padrão, foi utilizada uma curva sintética

desenhada utilizando-se o programa GeneArt disponível no site http://www.

lifetechnology.com/genesynthesis sob assessoria daa Aplied System. A curva

padrão foi sintetizado em um segmento de DNA plasmidial de 2.506 pb com um

inserto de 123 pb (Figura 8). Como modelo foi utilizada a sequência que codifica o

gene da RdRp disponível no Genbank através do número de acesso M86379.

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Figura 8: Plasmídeo de 2.506 pb com inserto de 132 pb do gene que codifica a RdRp do FCV

Os 5 µg de DNA plasmidial liofilizado foram diluídos em 200 µL de tampão TE

pH8,0. O número de cópias genômicas (CG/μl) foi calculado a partir da concentração

de DNA medida previamente no aparelho Nanodrop 2000® (Thermo Scientific, EUA)

conforme os cálculos do programa http://cels.uri.edu/gsc/cndna.html:

Número de cópias-alvo (moléculas/μl) = [concentração em g/μl / (número de pares

de bases x peso molecular médio de um par de bases)] x número de Avogadro

A partir do título obtido, foram realizadas diluições seriadas na base 10 de 10-1

a 10-6.

5.5.3 Protocolos de detecção e quantificação viral

Os protocolos de qPCR utilizados nesta dissertação para detecção e

quantificação viral basearam-se em iniciadores e sondas previamente publicados

(HELPS et al. 2005) (Tabela 10). Os protocolos foram realizados com o conjunto de

reagentes TaqMan® Universal Master Mix ll with UNG (Applyed System®) conforme

orientação do fabricante (tabela 11). As reações foram realizadas em plataforma

Step One Software v2.3®.

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TABELA 10: Iniciadores, sonda e curva padrão utilizados neste estudo com sua sequência, tamanho

de produto final, região amplificada e referências.

Iniciador/

sonda/Curva sintética

Sequência

Produto

Região

Referência

Forward

Reverse

Sonda

GTTGGATGAACTACCCGCCAATC

CATATGCGGCTCTGATGGCTTGAAACTG

FQ Hex TCGGTGTTTGATTTGGCCTG BHQ1

121 pb

ORF1

Helps et al., 2005

Curva sintética

GTTAGGTTGGATGAACTACCCGCCAATC

AGCATGTGGTAACCGTTAATTCGGTGTTTGATTTGGCCTGGGCTGTTCGTCGTCATCTCACACTGGCAGGGCAGTTTCAAGCT

ATCAGAGCCGCATATGATGTG

132 pb

ORF1

Este estudo

TABELA 11: Reagentes utilizados na reação de qPCR para amplificação do gene que codifica a

RdRp do FCV. Reagentes Voluma da Reação (1x)

TaqMan® Universal Master Mix ll with UNG (Applyed System

®) 12,5µL

Primer FCVr (10µM) 1µL

Primer FCVf (10µM) 1µL

Sonda FCVp (FAM-QSY) (10µM) 0,5µL

Água 5µL

Volume Final 20µL

As condições da qPCR foram: 50º C por 2 min, um ciclo de 40 x a 95º C por

10 min, 95º C por 15 segundos e 60º C por 1 min.

Os valores de Ct de cada diluição foram então comparados com o número de

cópias alvo, de forma a construir uma curva padrão a ser utilizada. Essas diluições

foram aliquotadas e armazenadas a -20oC.

5.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA

A associação entre a presença de FCV e sintomatologia clínica, vacinação e

modelo de manejo foi realizada utilizando o teste qui-quadrado (X2) com correção de

Yates ou teste exato de Fisher através da StatCalc do programa Epi info 7. O valor-p

inferior a 0,05 (p<0,05) foi considerado significativo.

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49

6 RESULTADOS

6.1 ISOLAMENTO EM CULTURA DE CÉLULA E CARACTERIZAÇÃO MOLECULAR

DA ORF2

Das 26 amostras que foram submetidas ao isolamento em cultivo celular, 12

(46,14%) apresentaram EC com lise total de tapete celular (Figura 9B). Contudo,

independente de apresentarem EC ou não, todas as 26 amostras foram submetidas

à extração do genoma viral e às técnicas de PCR para regiões conservada e variável

de FCV (tabela 12).

Figura 9: (A) Monocamada de célula CRFK utilizada como controle negativo de infecção. (B) Visualização por microscopia invertida revelando EC (destruição de tapete por lise celular).

Das 26 amostras analisadas, 22 (84,61%) apresentaram amplificação com

iniciadores Cali1/Cali2 e Cali3/Cali4 que possuem como alvo as regiões conservadas

A e B dos FCV e foram submetidas ao sequenciamento. Catorze apresentaram um

eletroferograma com qualidade para realização da análise filogenética. O

sequenciamento demonstrou uma identidade nucleotídica de 73,4% a 74,3% entre

13 isolados e o protótipo vacinal F9. Somente uma amostra (RJ120/2015) teve uma

identidade de 96,1% com F9 sendo considerada uma F9-like virus (variante da cepa

vacinal) conforme descrito por Radford e colaboradores (1997) (tabela 13).

Das 26 amostras analisadas, oito (30,76%) apresentaram amplificação para

os iniciadores 8F/8R, doze (46,15%) para os iniciadores Percp1/Percp2 e sete

(26,92%) para os iniciadores DEG-f/DEG-r. Os amplicons foram sequenciados e

apenas oito apresentaram eletroferograma com qualidade para realização da análise

filogenética. O sequenciamento parcial do gene que compreende a região variável

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50

demonstrou uma identidade nucleotídica de 71,2 a 71,4% entre sete isolados e o

protótipo vacinal F9. Somente uma amostra (RJ029/2013) teve uma identidade de

99,0% com F9 também sendo considerada uma variante da cepa vacinal

(RADFORD et al.,1997) (tabela 14).

Com relação ao local de coleta, a análise de similaridade dentro de cada

grupo baseada na região variável revelou que a semelhança entre isolados de gatos

oriundos de abrigos foi de 84,6% e entre isolados coletados em casa de

proprietários com um grande número de animais foi de 100%.

A análise filogenética de parte do gene que codifica a região conservada A e

B evidenciou a formação de dois grupos (I e II). (figura 10). O grupo I revelou uma

subdivisão em dois subgrupos (Ia e Ib) com valor 1.00 de aLTR. A maioria das

amostras agrupou no grupo Ia enquanto que a amostra RJ120/2015 agrupou no

grupo II (valor de aLTR = 1) junto com a cepa vacinal e outros dois protótipos

(UTCVM-NH2 e UTCVM-NH6). Essa amostra foi coletada de um gato que recebeu

pelo menos uma dose vacinal, mas não foi possível obter o seu histórico vacinal.

A árvore gerada para a região variável também evidenciou a formação de dois

grupos (I e II) (figura 11). Baseada nessa análise, foi possível evidenciar uma

subdivisão em outros cinco subgrupos dentro do grupo I, mas essa subdivisão não

teve suporte filogenético (valor de aLTR <0.8). O grupo II revelou uma subdivisão em

dois subgrupos (IIa e IIb) com valor 0,88 de aLTR. A maioria das amostras

brasileiras agrupou no subgrupo I, com exceção do protótipo sv520/2009 que

agrupou no grupo II. A amostra RJ029/2013 agrupou junto com a cepa vacinal F9 e

os protótipos UTCVM-NH2 e UTCVM-NH6 oriundos dos Estados Unidos e outros

dois isolados brasileiros (sv1425/1993 e sv160/2002) (aLTR value 1.00). Não foi

possível observar uma associação entre sinais clínicos ou distribuição geográfica e a

distribuição dos isolados nas duas árvores.

A análise da sequência de aminoácidos das regiões conservadas A e B dos

isolados deste estudo revelou que ambas as regiões são bem conservadas entre os

isolados (figura 12). Entretanto, é diferente das sequências de aminoácidos nas

regiões conservadas A e B da cepa vacinal F9, principalmente onde foram

observadas mudanças de 26 resíduos de aminoácidos na região A e de seis

resíduos na região B. Somente a amostra RJ120/2015 mostrou uma relação muito

próxima com F9 sendo considerada variante da cepa vaci nal. A amostra RJ057/2013

revelou a presença de um aminoácido (V) na posição 101 e a maioria dos isolados

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51

não apresentavam nenhum aminoácido nessa posição. Além disso, os isolados

revelaram a presença de dois aminoácidos (G e D) nas posições 127 e 128, com

exceção da amostra RJ120/2015 que não tinha aminoácidos nessa posição.

A análise da sequência de aminoácidos das regiões variáveis C a E dos

isolados deste estudo com a cepa F9 e os 13 isolados brasileiros revelou uma

grande variabilidade nessa região. Foram observadas mudanças de cinco resíduos

de aminoácidos na região C e de 45 resíduos na região hipervariável E (figura 13). A

região D é mais conservada entre os isolados e a região ConE apresentou pouca

variabilidade. Os isolados sv1425/1993, sv160/2002 e RJ029/2013 demonstraram

uma relação muito próxima com F9 e foram considerados variantes da cepa vacinal.

Eles exibiram substituições aminoacídicas nas posições 397, 398, 480 e 524. Além

disso, nos isolados deste estudo revelaram a ausência de três aminoácidos nas

posições 495, 496 a 497 na HVR 3’ comparados à F9. O isolado RJ029/2013

possuía os mesmos aminoácidos que a cepa vacinal.

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TABELA 12: Matriz de identidade nucleotídica entre os isolados da região conservada A-B e o protótipo vacinal F9.

Seq-> F9 RJ043/2013

RJ051/2013

RJ060/2013

RJ062/2013

RJ063/2013

RJ102/2013

RJ029/2013

RJ049/2013

RJ050/2013

RJ057/2013

RJ059/2013

RJ065/2013

RJ120/2015

RJ121/2015

F9 ID 0,738 0,738 0,738 0,738 0,738 0,738 0,738 0,734 0,738 0,738 0,738 0,738 0,961 0,738

RJ043/2013 0,738 ID 1 1 1 1 1 1 0,995 1 1 1 1 0,76 1

RJ051/2013 0,738 1 ID 1 1 1 1 1 0,995 1 1 1 1 0,76 1 RJ060/2013 0,738 1 1 ID 1 1 1 1 0,995 1 1 1 1 0,76 1 RJ062/2013 0,738 1 1 1 ID 1 1 1 0,995 1 1 1 1 0,76 1

RJ063/2013 0,738 1 1 1 1 ID 1 1 0,995 1 1 1 1 0,76 1 RJ102/2013 0,738 1 1 1 1 1 ID 1 0,995 1 1 1 1 0,76 1 RJ029/2013 0,738 1 1 1 1 1 1 ID 0,995 1 1 1 1 0,76 1

RJ049/2013 0,734 0,995 0,995 0,995 0,995 0,995 0,995 0,995 ID 0,995 0,995 0,995 0,995 0,756 0,995

RJ050/2013 0,738 1 1 1 1 1 1 1 0,995 ID 1 1 1 0,76 1 RJ057/2013 0,738 1 1 1 1 1 1 1 0,995 1 ID 1 1 0,76 1 RJ059/2013 0,738 1 1 1 1 1 1 1 0,995 1 1 ID 1 0,76 1

RJ065/2013 0,738 1 1 1 1 1 1 1 0,995 1 1 1 ID 0,76 1

RJ120/2015 0,961 0,76 0,76 0,76 0,76 0,76 0,76 0,76 0,756 0,76 0,76 0,76 0,76 ID 0,76 RJ121/2015 0,738 1 1 1 1 1 1 1 0,995 1 1 1 1 0,76 ID

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TABELA 13: Matriz de identidade nucleotídica entre os protótipos da região variável C-E com o protótipo vacinal F9.

Seq-> F9 RJ029/2013 RJ060/2013 RJ031/2013 RJ051/2013 RJ062/2013 RJ063/2013 RJ057/2013

F9 ID 0,99 0,714 0,714 0,712 0,714 0,714 0,714

RJ029/2013 0,99 ID 0,714 0,714 0,712 0,714 0,714 0,714

RJ060/2013 0,714 0,714 ID 1 0,997 1 1 1

RJ031/2013 0,714 0,714 1 ID 0,997 1 1 1

RJ051/2013 0,712 0,712 0,997 0,997 ID 0,997 0,997 0,997

RJ062/2013 0,714 0,714 1 1 0,997 ID 1 1

RJ063/2013 0,714 0,714 1 1 0,997 1 ID 1

RJ057/2013 0,714 0,714 1 1 0,997 1 1 ID

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Figura 10: Árvore filogenética gerada pelo programa PhyML 3.0 baseada no sequenciamento parcial

do fragmento de 467 pb do gene que codifica as regiões A e B da ORF-2 de FCV. Os isolados deste estudo estão indicados com pontos pretos.

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Figura 11: Árvore filogenética gerada pelo programa PhyML 3.0 baseada no sequenciamento parcial

do fragmento de 529 pb do gene que codifica a região variável C a E da ORF-2 de FCV. Os isolados deste estudo estão indicados com pontos pretos e outros isolados brasileiros com *.

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Figura 12: Comparação da sequência aminoacídica das regiões A e B com a cepa F9. A numeração

da sequência está de acordo com o proposto por Seal e colaboradores (1993). Somente estão

presentes na imagem os sítios com divergência entre as sequências. Isolados com mesma sequência

aminoacídica estão na mesma linha.

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Figura 13: Comparação da sequência aminoacídica das regiões variável com a cepa F9. A

numeração da sequência está de acordo com o proposto por Seal e colaboradores (1993). Somente

estão presentes na imagem os sítios com divergência entre as sequências. Isolados com mesma

sequência aminoacídica estão na mesma linha. Sítios onde não há sequência estão indicados com

um traço.

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6.2 qRT-PCR PARA DETECÇÃO E QUANTIFICAÇÃO DE CALICIVÍRUS FELINO

A partir das diluições seriadas da curva sintética, estabeleceu-se o

valor do ciclo de quantificação (Ct) para cada carga viral nas concentrações entre

8,9x 101 até 8,9x106 cópias genômicas por 25 µl de solução. (Figura 14 e tabela 15).

O coeficiente de regressão linear (R2) e taxa de eficiência (Eff%) do ensaio de qRT-

PCR realizado com a curva padrão sintética está na figura 15.

Figura 14: Curva sintética em diluição seriada de 10-6

até 10-1

(da esquerda para direita diluição 10-6

a 10

-1). Gráfico estabelecido pelo programa Step One v2.3

®.

TABELA 14: Tabela estabelecida pelo programa Step One v2.3® referentes aos dados visualizados

graficamente na Figura 14. Média e Desvio Padrão de Ct da curva sintética de FCV em diluição

seriada de 10-6

até 10-1

.

*DP= Desvio Padrão dos resultados da diluição seriada da curva padrão realizada em duplicata

Quantidade Ct Médio DP Ct

8,9x10 34,48 4,49E-01

8,9x 102 32,03 1,10E-02

8,9x 103 28,00 5,83E-02

8,9x 104 25,09 1,01E-01

8,9x 105 20,84 1,09E-01

8,9x 106 17,00 1,81E-01

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Figura 15: Gráfico representativo do coeficiente de regressão linear (R

2) e taxa de eficiência (Eff%) do

ensaio de qRT-PCR com as diferentes diluições de da curva sintética.

Foram consideradas positivas amostras com Ct inferior a 38,00 (figura 15).

Dos 38 swabs conjuntivais processados, seis (15,78%) foram considerados positivos

para FCV e, dos 38 swabs de orofaringe, 19 (50%) foram considerados positivos.

Dentre os animais selecionados para a coleta, 22 (57,89%) apresentaram

sintomatologia ocular e somente dois (5,26%), sintomatologia oral.

Com relação ao score ocular, 16 animais apresentaram score zero; nove,

score 1; sete, score 2 e seis, score 3. Quanto ao score oral, 36 animais

apresentaram score zero e dois animais score 1. Nenhum apresentou score 2, 3 ou

4 em cavidade oral. As tabelas 15 e 16 demonstram a relação de cada score

ocular/oral com média e desvio padrão da carga viral de FCV presente em

conjuntiva e orofaringe respectivamente. Não foi observada associação

estatisticamente significativa entre ocorrência de sintomatologia ocular ou oral e a

presença de FCV (p = 0,5818 e p = 0,2618 respectivamente).

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TABELA 15: Média e desvio padrão da carga viral de FCV em conjuntiva de acordo com o score

ocular para animais que foram considerados positivos para FCV em conjuntiva. Score ocular

(positivos/testados)

Carga viral conjuntiva (CG/µL)

Média Desvio Padrão

0 (2/16) 8,84E+02 1,37E+02

1 (1/9) 8,89E+02 -

2 (2/7) 8,81E+02 2,59E+02

3 (1/6) 6,80E+02 -

CG/µL = Cópias Genômicas por μL

TABELA 16: Média e desvio padrão da carga viral de FCV em orofaringe de acordo com o score orofaringe em animais que foram considerados positivos para FCV em orofaringe.

Score oral

(positivos/testados)

Carga viral orofaringe (CG/µL)

Média Desvio Padrão

0 (18/36) 1,07E+03 3,41E+03

1 (1/2) 2,08E+04 -

CG/µL = Cópias Genômicas por µL

Cinco (13,15%) animais foram considerados positivos tanto em amostras de

conjuntiva quanto de orofaringe (tabela 18) com cargas virais muito próximas.

Destes, três apresentaram sintomatologia ocular (animais 140, 150 e 155) e

sintomatologia respiratória (animal 155) e dois animais (149 e 152) eram

assintomáticos.

TABELA 17: Animais considerados positivos para FCV tanto em conjuntiva como em orofaringe com suas respectivas cargas viral.

Amostras Carga conjuntiva

(CG/µL)

Carga orofaringe

(CG/µL)

Sinal clínico

140 8,89E+02 7,77E+02 SO = 2

149 9,49E+02 6,51E+02 -

150 6,80E+02 8,22E+02 SO = 3

152 9,43E+02 7,12E+02 -

155 6,72E+02 7,16E+02 SO = 2 + SR

CG/µL = Cópias genômicas por μL; so = score ocular

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Dos 38 animais do estudo, 10 (26,31%) apresentavam sinais respiratórios no

momento da coleta da amostra clinica dos quais cinco foram considerados positivos

em orofaringe e um nos dois sítios de coleta. Não foi observada associação

estatisticamente significativa entre ocorrência de sintomatologia respiratória e a

presença de FCV (p = 0,9123).

Dos 38 animais deste estudo, seis (15,78%) receberam, pelo menos, uma

dose vacinal, dos quais dois foram considerados positivos para FCV em orofaringe

com cargas virais de 2,08x104 (RJ123/2015) e 6,46x102 (RJ124/2015). Apenas o

animal 123 apresentava sintomatologia respiratória, score ocular 3 e score oral 1.

Não foi observada associação estatisticamente significativa entre vacinação e a

presença de FCV (p = 0,7605).

Com relação ao modelo de manejo, a grande maioria dos animais do estudo

veio de abrigos (30 animais) e 53,3% foram positivos para FCV. Somente oito

amostras foram obtidas de casas de proprietários com grande número de animais e

50,0% foram positivos. Destas, quatro foram positivos para FCV. Não foi observada

associação estatisticamente significativa entre o modelo de manejo e a presença do

agente (p = 0,5710).

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62

7 DISCUSSÃO

Das 26 amostras que foram submetidas ao isolamento em cultura de célula,

apenas doze apresentaram EC. Entretanto 22 amostras foram consideradas

positivas para FCV pela técnica de nRT-PCR. É importante destacar que a formação

de complexos imunes do vírus com anticorpos presentes na lágrima gere a redução

do vírion na amostra clínica (BURGESSER et al., 1999) justificando, assim, a

ausência de EC na cultura de células. Os achados desse estudo sugerem que,

mesmo amostras que não apresentem EC, devem ser submetidas ao RT-PCR.

Das 14 amostras que amplificaram para a região conservada, não foi possível

obter produtos de PCR da região variável para todos os mesmos 14 isolados,

mesmo utilizando três pares de iniciadores diferentes. A mesma dificuldade foi

relatada por Coyne e colaboradores (2012) e Hou e colaboradores (2016). Essa

situação é comum quando se estuda vírus de genoma RNA, especialmente quando

se tenta amplificar a região mais variável do genoma do vírus, como é o caso da

região C e das regiões HVR 5’ e 3’ (HOU et al., 2016).

A primeira caracterização molecular de FCV no Brasil foi realizada por Henzel

e colaboradores (2012b) no Rio Grande do Sul cuja árvore filogenética da região C-

E revelou um formato star-like. A segunda foi realizada por Castro e colaboradores

(2015) com FCV isolado de amostras fecais de felinos com diarreia. A terceira

caracterização molecular de FCV no Brasil foi realizada neste estudo.

Até o momento, vários estudos tentam classificar as diferentes variantes de

FCV em genótipos com base na região hipervariável da ORF-2. No entanto, somente

dois estudos sugeriram uma classificação para FCV. Um deles foram Sato e

colaboradores (2002) que conseguiram demonstrar que os isolados se agruparam

em dois genogrupos distintos no qual o genogrupo I incluiu isolados globais e o

genogrupo II incluiu somente isolados japoneses. O outro foram Coyne e

colaboradores (2006) que demonstraram que os isolados de FCV podem se agrupar

em dois grupos: um grupo principal (Major strain) e um grupo secundário (Minor

strain) tanto para a região de polimerase como para região de capsídeo. Os demais

estudos sugerem uma filogenia no formato star-like. Esse tipo de filogenia é comum

entre os isolados e exibe baixo suporte estatístico para agrupar os isolados de

acordo com sintomatologia clínica, localização geográfica, subespécies ou ordem

cronológica de emergência dos isolados (GLENN et al., 1999; HENZEL et al., 2012b;

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COYNE et al., 2012; RADFORD et al., 2007; POULET et al., 2016; HOU et al.,

2016). De acordo com Coyne e colaboradores (2012), a taxa evolutiva do FCV é tão

alta que gera uma saturação dos sinais evolutivos levando à perda de resolução

filogenética num curto período de tempo.

A análise filogenética realizada com amostras brasileiras e protótipos neste

estudo permitiu a observação da formação de dois grupos para a região variável do

capsídeo e a formação de subgrupos com baixo suporte estatístico. Em função

disso, não foi possível estabelecer uma classificação em genogrupos. Spiri e

colaboradores (2016) sequenciaram o gene completo de ORF-2 e isso permitiu o

estabelecimento de duas linhagens de FCV por meio de análise Bayesiana.

Entretanto, mesmo a análise completa da ORF-2 não permitiu o estabelecimento de

uma classificação filogenética para o vírus. Uma solução para esse problema seria a

análise do genoma completo do vírus para evitar essa perda de resolução

filogenética (COYNE et al., 2012).

Neste estudo, não houve uma distribuição entre os isolados na árvore

baseada na distribuição geográfica ou nos sinais clínicos. Ossiboff e colaboradores

(2007); Prokhodko e colaboradores (2014) e Willi e colaboradores (2016) também

relataram que os isolados de FCV oriundos de animais apresentando sinais clínicos

clássicos, bem como isolados associados à FCV-VSD não se agrupam em clados

com sintomatologias semelhantes.

Os isolados RJ029/2013 e RJ120/2015 agruparam num clado com a cepa

vacinal F9 na análise de região variável e de região conservada respectivamente. O

animal cuja amostra RJ120/2015 foi coletada recebeu pelo menos uma dose de

vacina, mas não foi possível obter o histórico vacinal. O animal cuja amostra

RJ029/2015 foi coletada não era vacinado. Radford e colaboradores (2001) e Coyne

e colaboradores (2012) já relataram a ocorrência de variantes da F9 vacinal

circulando em populações felinas. No entanto, esse evento é considerado raro

(PEDERSEN; HAWKINS, 1995). Variantes vacinais geralmente aparecem em baixo

nível na população felina e o seu potencial de transmissão é limitado (HOU et al.,

2016). Vírus semelhantes à cepa F9 só foram identificados no ambiente pós o uso

de vacina atenuada (RADFORD et al., 2001). Não foi possível determinar se a

vacina administrada no animal RJ120 foi atenuada ou inativada, embora grande

parte das empresas de vacinas no Brasil uti lize na sua composição a forma

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atenuada F9 o que nos leva especular uma possível mutação do vírus vacinal na

população felina vacinada.

A amostra RJ029/2013 foi obtida de um gato de quatro meses e a amostra

RJ120/2015, de um gato de oito meses e ambos apresentaram no momento da

coleta hiperemia conjuntival leve. O segundo animal também apresentou sinal

respiratório. As duas amostras agruparam com cepas isoladas de gatos com

sintomatologia respiratória (UTCVM-NH6 e UTCVM-NH11) e lesão ocular e

sintomatologia respiratória (UTCVM-NH2) (ABD-ELDAIM et al., 2006). Além disso,

dois protótipos brasileiros (sv160/2002 e sv1425/1993) agruparam com a amostra

RJ029/2013, porém os sinais clínicos destes protótipos não foram informados

(HENZEL et al., 2012b). Por causa da grande variabilidade genética dos isolados de

FCV, a imunidade gerada pela vacinação não neutraliza a infeção por vírus

selvagem (RADFORD et al., 2000; RADFORD et al., 2006), mesmo que ele pertença

ao mesmo genogrupo da cepa vacinal (SATO et al., 2002; OHE et al., 2006). Assim

sendo, os gatos podem se infectar com cepas selvagens e não desenvolver doença

ou apresentar uma sintomatologia branda (RADFORD et al., 2006). Relatos de

surtos associados à infecção por FCV estão, geralmente, relacionados com falha

vacinal (COYNE et al., 2012) e FCV-SVD pode ocorrer em animais vacinados

(COYNE et al., 2006b).

A região variável C e as regiões HVR 5’ e 3’ dos isolados brasileiros

apresentaram grande variabilidade. Os aminoácidos codificados pela HVR 5’ são os

alvos dos anticorpos neutralizantes (GEISSLER et al., 2002). Além disso, os isolados

deste estudo revelaram a ausência de três aminoácidos (GDN) na HVR 3’, exceto a

amostra RJ029/2013. Henzel e colaboradores (2012b) relataram que a ausência

desses três aminoácidos poderia estar relacionada com uma evolução dos isolados

de campo em relação à cepa vacinal F9. Outros estudos relatam que as variantes de

FCV tendem a se manter confinadas em regiões geográficas próximas sugerindo

que o vírus possui baixa capacidade de disseminação em longas distâncias (COYNE

et al., 2012; HOU et al., 2016; SPIRI et al., 2016). Uma vez que a ausência de

aminoácidos nessa região só foi encontrada em amostras brasileiras, isso poderia

caracterizar um marcador geográfico das regiões Sul e Sudeste.

Quanto às regiões A e B, elas são bem conservadas entre os isolados deste

estudo, porém consideravelmente distintas do protótipo F9, principalmente a região

A. O sítio que corresponde à junção da região A com a região B é o sítio de clivagem

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do precursor de proteína de capsídeo (SEAL et al., 1993) e essa região é altamente

conservada (GLEN et al., 1999). Entre os isolados deste estudo, a região se

manteve conservada e a sequência é semelhante à sequência F9 (RLE/AD). Além

disso, a amostra RJ057/2013 apresentou a presença de um aminoácido (V) na

posição 101 e a maioria dos isolado apresentaram dois aminoácidos (G e D) nas

posições 127 e 128. Somente a amostra RJ120/2015 não possuía aminoácidos

nessas posições, mantendo-se semelhante ao protótipo vacinal. Assim como a

ausência de três aminoácidos na HVR 3’ significa uma evolução dos isolados

(HENZEL et al., 2012b), a presença desses aminoácidos poderia ter o mesmo

significado. Porém, não existe até o momento sequências das regiões A e B de

isolados brasileiros disponíveis para serem comparadas com nossos protótipos.

O uso da qRT-PCR com sondas de hidrólise e curva padrão sintética no

diagnóstico e quantificação do FCV se mostrou executável no Laboratório de

Virologia. Em um estudo anterior realizado por BAUMWORCEL (2017) no mesmo

laboratório, 37% dos animais testados foram consideradas positivas para FCV pela

técnica de nRT-PCR com iniciadores que amplificam parcialmente o gene que

codifica a região conservada A-B da ORF 2.

Neste estudo, 52,63% dos animais foram considerados positivos pela técnica

de qRT-PCR com iniciadores que amplificam parcialmente o gene que codifica a

polimerase viral. As técnicas de biologia molecular possuem altas sensibilidade e

especificidade e a qRT-PCR é considerada mais sensível que a PCR convencional

graças ao uso da sonda fluorescente para detecção de amplificação do produto e

também por não ser necessária uma avaliação pós amplificação reduzindo, assim, a

probabilidade de contaminação (ABD-ELDAIM et al., 2009). Dessa forma a PCR

quantitativa utilizando a região RdRp como alvo se mostrou ser mais eficiente na

triagem dos animais infectados por FCV que a RT nPCR.

Essa é o primeiro estudo de determinação de carga viral de FCV em amostras

de conjuntiva e orofaringe no Brasil e os resultados obtidos sugerem que tal

metodologia pode ser utilizada na rotina do diagnostico clínico com o objetivo de

identificar animais portadores e interromper a disseminação da infecção em gatis e

abrigos. Com 52,63% dos animais sendo positivos, é possível perceber que o FCV

está disseminado na população felina do Rio de Janeiro.

Maior positividade foi detectada em swabs de cavidade oral em comparação

aos swabs de conjuntiva. Contudo, um maior número de animais apresentou

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sintomatologia ocular (57,89%) em comparação com sinais de orofaringe (5,26%) no

momento da coleta. Portanto, um grande número de animais disseminaria partículas

virais através da saliva independente da presença de sintomatologia oral.

Sabe-se que patógenos respiratórios como FHV-1, C. felis, B. bronchiseptica,

M. felis e, inclusive, o FCV têm uma ampla distribuição em ambientes de

superpopulação felina com pouca higiene e falhas sanitárias (HELPS et al., 2005;

BATTILANI et al., 2013; MCMANUS et al., 2014; POLAK et al., 2014) como os locais

selecionados para as coletas deste estudo. Esses locais com grandes aglomerações

de gatos são o ambiente ideal para evolução viral e reinfecção com diversas

variantes de FCV (COYNE et al., 2007; MCMANUS et al., 2014). E de acordo com

Coyne e colaboradores (2006a), gatos clinicamente saudáveis podem se infectar e

eliminar o vírus no ambiente de forma constante ou intermitente permitindo que o

mesmo permaneça circulando na população felina.

Quanto aos sinais oculares, não foi observado variação de carga viral nos

scores zero, um, dois e três. Tal achado poderia ser justificado pelo fato de o FCV

não ser o principal agente associado à conjuntivite em felinos (SCHULZ et al., 2015).

Sintomas oculares podem ser causados, principalmente, por FHV-1 e agentes

bacterianos com C. felis, B. bronchiseptica, Mycoplasma spp (COHN, 2011). No que

diz respeito ao score oral, a carga viral de orofaringe foi maior nos dois únicos

animais com score um. Contudo, um estudo mais amplo com animais apresentando

alterações em cavidade oral seria necessário para confirmar este achado.

Cinco animais foram considerados positivos tanto em amostras de conjuntiva

como de orofaringe, dos quais três eram sintomáticos e dois, assintomáticos e

apresentavam cargas virais próximas para os dois sítios de coleta. Uma justificativa

para esse achado seria o gooming que é o hábito de os felinos domésticos

lamberem uns aos outros. Sabe-se que o principal sítio replicativo do FCV é a

orofaringe (COHN et al., 2011; LOMMER et al., 2013) e quando, um gato lambe o

olho do outro, o vírus é carreado da cavidade oral de um animal para a conjuntiva do

outro.

Dos animais coletados, seis receberam pelo menos uma dose vacinal dos

quais três foram considerados positivos para FCV. Destes, apenas o animal 123

apresentava sintomatologia respiratória, score ocular 3 e score oral 1. Embora não

se saiba o tipo de vacina administrada, as vacinas atuais não conferem proteção

contra as cepas emergentes de FCV, assim sendo, gatos vacinados sofrem

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reinfecções e eliminam vírus no ambiente (WARDLEY, 1976; WARDLEY et al., 1974;

COYNE et al., 2006a; RADFORD et al., 2006; COYNE et al., 2007a). Surtos de

infecção por FCV e quadros de FCV-VSD são frequentemente descritos em gatos

vacinados (COYNE et al., 2006b e 2012).

Diante do exposto, novos estudos são necessários para se estabelecer uma

classificação filogenética das variantes de FCV na população felina. Uma alternativa

seria o sequenciamento completo do genoma viral em vez de sequenciar somente a

região de capsídeo. Além disso, a qRT-PCR é uma técnica que pode ser utilizada

para o diagnóstico de FCV na medicina felina e também possibilita o identificação da

quantidade de vírus presente em populações felinas de abrigos, gatis ou lares com

grande número de animais.

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8 CONCLUSÕES

A ausência de efeito citopático na cultura celular não está associada à

ausência de genoma viral na amostra.

Vírus que evoluíram a parir da cepa vacinal F9 foram caracterizados em

animais vacinados e não vacinados, sugerindo a circulação dessas variantes

na população estudada.

A técnica de qRT-PCR pra diagnóstico e determinação de carga viral de FCV

com o uso de sonda de hidrólise e curva padrão sintética é uma ferramenta

útil que pode ser utilizada na rotina de diagnóstico clínico das infecções por

esse agente em felinos domésticos.

O FCV não foi associado à quadros de conjuntivite ou sinais em cavidade

oral, mas foi encontrado na conjuntiva e cavidade oral tanto de gatos

sintomáticos quanto assintomáticos. Tal fato associado ao hábito de

lambedura (grooming) em felinos explica a ampla disseminação do vírus na

população.

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69

9 BIBLIOGRAFIA

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Page 82: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO …

82

ANEXO I

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83

ANEXO II

Universidade Federal Fluminense

INSTITUTO BIOMÉDICO

DEPARTAMENTO DE MICROBIOLOGIA E PARASITOLOGIA

Fichas clínicas de amostras

Amostra nº___________ LOCAL:_______________ Data:__________

Sexo:( )M ( )F Idade aproximada:___________ Convive com outros animais? ( ) S ( )N

Vacinado? ( )S ( )N Sinais Resp ( ) ausente ( ) presente

Score Ocular ( )0 ( )1 ( )2 ( )3 Score Oral ( )0 ( )1 ( )2 ( )3

Amostra nº___________ LOCAL:_______________ Data:__________

Sexo:( )M ( )F Idade aproximada:___________ Convive com outros animais? ( ) S ( )N

Vacinado? ( )S ( )N Sinais Resp ( ) ausente ( ) presente

Score Ocular ( )0 ( )1 ( )2 ( )3 Score Oral ( )0 ( )1 ( )2 ( )3

Amostra nº___________ LOCAL:_______________ Data:__________

Sexo:( )M ( )F Idade aproximada:___________ Convive com outros animais? ( ) S ( )N

Vacinado? ( )S ( )N Sinais Resp ( ) ausente ( ) presente

Score Ocular ( )0 ( )1 ( )2 ( )3 Score Oral ( )0 ( )1 ( )2 ( )3

Amostra nº___________ LOCAL:_______________ Data:__________

Sexo:( )M ( )F Idade aproximada:___________ Convive com outros animais? ( ) S ( )N

Vacinado? ( )S ( )N Sinais Resp ( ) ausente ( ) presente

Score Ocular ( )0 ( )1 ( )2 ( )3 Score Oral ( )0 ( )1 ( )2 ( )3

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84

ANEXO III

Page 85: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO …

85

Anexo IV: Animais que forneceram amostras para isolamento e caracterização

molecular com suas respectivas idades, scores ocular, presença ou ausência de

sinal respiratório, estado vacinal, local de realização de coleta e região da ORF 2

amplificada.

Animal Idade Região ORF 2

amplificada

Score ocular

Score oral

Sinais respiratórios

Estado vacinal

Local

RJ029/2013 4 meses A-B/C-F 1 0 não não Abrigo

RJ030/2013 2 meses * 1 0 não não Abrigo

RJ031/2013 11 meses C-F 0 0 não não Abrigo

RJ043/2013 8 meses A-B/C-F 3 0 sim não Abrigo

RJ049/2013 10 meses A-B 0 0 não não Abrigo

RJ050/2013 2 meses A-B 4 0 não não Abrigo

RJ051/2013 2 meses A-B/C-F 4 0 não não Abrigo

RJ057/2013 3 meses A-B/C-F 4 0 sim não Abrigo

RJ059/2013 2 meses A-B 2 0 não não Casa

RJ060/2013 2 meses A-B/C-F 2 0 não não Casa

RJ062/2013 1 mês A-B/C-F 4 0 não não Casa

RJ063/2013 1 mês A-B/C-F 2 0 não não Casa

RJ065/2013 NI A-B 0 0 não não Abrigo

RJ080/2013 2 meses * 2 0 não não Casa

RJ102/2013 3 meses A-B 0 0 não não Abrigo

RJ113/2013 8 meses * 0 1 sim não Abrigo

RJ114/2013 7 meses * 0 2 sim não Abrigo

RJ117/2013 6 meses * 0 0 não não Abrigo

RJ120/2015 8 meses A-B 1 0 sim sim Casa

RJ121/2015 8 meses A-B 1 1 sim sim Casa RJ122/2015 5 meses * 1 0 sim não Casa RJ123/2015 8 meses * 3 1 sim sim Casa RJ124/2015 7 meses * 0 0 não sim Casa RJ125/2015 NI * 0 0 não sim Casa RJ126/2015 3 meses * 0 0 não sim Casa RJ127/2015 9 meses * 0 0 não não Casa

*Não tiveram eletroferograma de qualidade.

NI = não informado.

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86

Anexo V: Protótipos utilizados na análise filogenética com seus ano de descrição,

local de isolamento, doença relacionada e número de acesso no GenBank. Protótipos País Clínica Genbank

ND35/unknown Japão NI AB055461

KCD/1957 NZ Doença Respiratória Aguda L09719

F9/1958 EUA Doença Respiratória e Oral Agudas M86379

Urbana/1960 EUA Doença Respiratória Aguda L40021

CFI/68/1960 EUA Doença Respiratória Aguda E Rigidez U13992

V83/1970 Austrália Pneumonia AF031876

FCV 255/1970 EUA Pneumonia e Lesões Orais U07130

A4/1973 RU Doença do Trato Respiratório Superior AF109468

v77/1975 Austrália Aborto, Úlceras em Garganta AF038126

F4/1971 Japão Doença Respiratória Aguda D90357

182cvs5A/1980 Austrália Conjuntivite e Doença Oreal AF031875

82857/1982 Canadá NI X99445

2280/1983 Canadá Claudicação x99445

LLK/1983 Canadá Claudicação U07131

LS012/1985 RU Estomatite Crônica AF109467

JOK63/1985 RU Doença do Trato Respiratório Superior e Oral AF109466

LS015/1985 RU Estomatite Crônica AF109464

v274/1989 Austrália Doença Oral e Respiratória AF031877

v276/1989 Austrália Doença Oral e Respiratória AF032106

FCV-65/1990 RU Claudicação e Lesão Oral AF109465

FCV-B-3/1993 Japão NI AB190192

sv1425/1993 Brasil NI HQ260663

UTCVM-NH1/1993 EUA Depressão, Febre Alta e Úlcera Oral AY560113

NADC/1993 EUA Doença Respiratória Aguda L09718

KS20/1994 Alemanha Estomatite Crônica x99447

KS40/1995 Alemanha Doença Respiratória Aguda x99448

KS109/1995 Alemanha Estomatite Crônica x99446

21223/1995 EUA Pneumonia JX519212

20879/1996 EUA Doença do Trato Respiratório Superior JX519211

3786/1996 EUA Assintomático JX519209

5789/1996 EUA Gengivite Estomatite Crônica JX519210

21749/1996 EUA Gengivite Estomatite Crônica JX519213

1874/1996 EUA NI JX19214

ML1/1996 Japão NI AB055454

ML6/1997 Japão NI AB055459

Ari/1998 EUA Fcv-Vsd DQ910794

UTCVM-NH2/1998 EUA Lesão Ocular e Sinal Respiratório AY560114

UTCVM-H1/1999 EUA Fcv-Vsd AY560116

213-95/1999 Itália Cão Com Enterite AF283778

H10-2/1999 Japão Doença Respiratória AB190201

C01/2000 EUA Assintomático AF260320

UTCVM-NH3/2000 EUA

Edema Subcutâneo, Febre, Vômito e Secreção

Nasal AY560115

FCV-5/2001 EUA FCV-VSD DQ910790

K2/2001 Japão NI AB058650

H1/2001 Japão NI AB055453

IJ-F-7-2/2001 Japão NI AB058663

K9-4/2001 Japão NI AB058656

IJ-F-9-4/2001 Japão NI AB058664

K4-3/2001 Japão NI AB058652

Ao198-1/2001 Japão Oriundo de Um Surto de FCV numa Casa AB190197

IJ-F-4-32/2001 Japão NI AB058661

KAOS/2002 EUA NI DQ910795

JENGO/2002 EUA FCV-VSD DQ910793

Page 87: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO …

87

SH/2002 China Isolado de um Guepardo KP987265

UTCVM-H2/2002 EUA FCV-VSD AY560117

ML89-6/2002 Japão NI AB190190

ML89-5/2002 Japão NI AB190189

2024/2002 NI NI AF479590

sv160/2002 Brasil NI HQ260662

FCV1-12/2003 Japão NI AB100687

IBARAKI 1-10/2003 Japão NI AB100689

ML14/2003 Japão NI AB100692

ML12/2003 Japão NI AB100690

TOKIO1-2/2003 Japão NI AB100694

Georgie/2003 EUA FCV-VSD DQ910791

GD/2004 China Isolado de um Guepardo GU214989

Deuce/2004 EUA Fcv-Vsd DQ910789

USDA/2005 EUA NI AY560118

DD/2006 Alemanha NI DQ424892

SV368/06 Brasil Doença Respiratória Aguda HQ260664

V024/2006 RU NI DQ182628

V037/2006 RU NI DQ182629

w104/2006 RU NI DQ182630

s298/2006 RU NI DQ182631

w112/2006 RU NI DQ182632

10/Te/2007 Itália Cão Filhote com Diarreia eu980610

FCV-131/2007 EUA Oriundo de um Abrigo com Surto de FCV-VS DQ910787

4b/2007 França FCV-VSD EU202915

SV127/07 Brasil Ausente HQ260665

SV142/07 Brasil Doença Respiratória Aguda HQ260666

SV56/08 Brasil Ausente HQ260669

SV55/08 Brasil Ausente HQ260668

SV38/08 Brasil Sinal Respiratório Agudo/ Teve Pneumonia HQ260667

SV57/08 Brasil Ausente HQ260670

SV306/08 Brasil Doença Oral, Úlcera Labial HQ260671

SV45/09 Brasil Ausente HQ260672

SV147/09 Brasil Doença Respiratória Aguda HQ260673

SV520/09 Brasil Estomatite HQ260661

UTCVM-NH4/2009 EUA NI AY996855

UTCVM-NH5/2009 EUA NI AY996856

UTCVM-NH6/2009 EUA Doença Respiratória Superior AY996857

UTCVM-NH7/2009 EUA NI AY996858

UTCVM-NH8/2009 EUA NI AY996859

UTCVM-NH9/2009 EUA NI AY996860

UTCVM-NH10/2009 EUA NI AY996861

UTCVM-NH11/2009 EUA Doença Respiratória Superior AY996862

12Q087-5/2012 CS Isolado Intestinal KJ572401

UTCVM-NH12/2009 EUA NI AY996863

12Q087-1/2012 CS Isolado Intestinal KJ572400

HRB-SS/2014 China Secreção Ocular e Nasal KM016908

CS = Coreia do Sul; EUA = Estados Unidos da América; NI = não i nformado; NZ = Nova Zelândia; RU = Reino Unido.

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Anexo VI: Soluções e meios para cultivo celular

Solução de antibióticos (penicilina + estreptomicina)

Penicilina sódica cristalina ...............................................................1.000.000 UI

Água destilada q.s.p ........................................ ........................................50,0 mL

Sulfato de estreptomicina ...........................................................................1,0 g

H2O destilada q.s.p . ........................................ ........................................50,0 mL

Preparar assepticamente as duas soluções. Misturar volumes iguais das soluções de penicilina e

estreptomicina (penicilina = 10.000 U/mL, estreptomicina =10 mg/mL). Distribuir alíquotas de 5mL e

congelar a –20oC. Usar 1mL da mistura para cada 100 mL de meio de cultivo celular.

Fungizona

Anfotericina B ...........................................................................................50,0 mg

H2O destilada q.s.p. ................................................................................50,0 mL

Solução de Glutamina a 2%

Glutamina ...................................................................................................2,0 g

H2O destilada q.s.p. ...............................................................................100,0 mL

Ajustar o pH para 7,3 com solução de NaOH 1N. Filtrar com filtro de membrana 0,22 µm. Estocar a -

20oC.

Solução de Bicarbonato de sódio 4,4%

Bicarbonato de sódio ...............................................................................22,0 g

H2O destilada q.s.p. ...............................................................................500,0 mL

Adicionar 0,5 ml de vermelho de fenol 1% e ajustar o pH para 7,0 com CO2. Aliquotar e autoclavar a

121°C, durante 15 minutos. Estocar a 4°C.

Meio de Cultivo Celular (para passagem das células)

MEM EARL´S autoclavável q.s.p. ..........................................................500,0 mL

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Solução Glutamina 2%................................................................................7,0 mL

Solução Fungizona .....................................................................................0,5 mL

Solução Antibióticos ...................................................... .............................5,0 mL

Soro fetal bovino* .......................................................................................5,0 mL

Bicarbonato de sódio gaseificado 4,4%. ..................................................12,5 mL

* A concentração de soro fetal bovino no meio para manutenção das células é de 2% e no meio para

congelamento é de 20%.

Tripsina

EDTA 4 % ...................................................................................................0,5 mL

Tripsina q.s.p............................................................................................ 80,0 mL