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SERVIO PBLICO FEDERAL
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE - UFF
ESCOLA DE ENFERMAGEM AURORA DE AFONSO COSTA - EEAAC
PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENFERMAGEM
SUBCONJUNTO DE CONCEITOS DA CLASSIFICAO INTERNACIONAL
PARA A PRTICA DE ENFERMAGEM PARA O CUIDADO AOS PACIENTES
COM MIELOMA MLTIPLO
ESTUDO DESCRITIVO
Mestrando: Luiz Fernandes Gonalves Fialho
Orientadora: Prof. Dr. Patrcia dos Santos Claro Fuly
Linha de pesquisa: O cuidado de enfermagem para os grupos humanos
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SUBCONJUNTO DE CONCEITOS DA
CLASSIFICAO INTERNACIONAL PARA A
PRTICA DE ENFERMAGEM PARA O CUIDADO AOS
PACIENTES COM MIELOMA MLTIPLO
ESTUDO DESCRITIVO
Autor: Luiz Fernandes Gonalves Fialho Orientadora: Prof. Dr. Patrcia dos Santos Claro Fuly
Dissertao apresentada ao XXXX da Universidade Federal Fluminense /UFF como parte dos requisitos para a obteno do ttulo de Mestre.
Niteri, 14 de dezembro 2012.
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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
MESTRADO PROFISSIONAL EM ENFERMAGEM ASSISTENCIAL
DISSERTAO DE MESTRADO
SUBCONJUNTO DE CONCEITOS DA CLASSIFICAO
INTERNACIONAL PARA A PRTICA DE ENFERMAGEM PARA
O CUIDADO AOS PACIENTES COM MIELOMA MLTIPLO
Linha de Pesquisa: O Cuidado de Enfermagem para Grupos Humanos
Autor: Luiz Fernandes Gonalves Fialho
Orientadora: Prof Dr Patrcia dos Santos Claro Fuly
Banca Examinadora:
___________________________________________________________
Prof Dr Patrcia dos Santos Claro Fuly / UFF - Presidente
___________________________________________________________
Prof Dr Joste Luzia Leite / UFRJ - 1 Examinadora
___________________________________________________________
Prof Dr Mauro Leonardo S. Caldeira dos Santos / UFF 2 Examinador
___________________________________________________________
Prof D Telma Ribeiro Garcia / UFPB - Suplente
___________________________________________________________
Prof Dr Dalvani Marques / UFF - Suplente
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Fialho, Luiz Fernandes Gonalves
Subconjunto de conceitos da classificao internacional para a prtica de enfermagem para o cuidado aos pacientes com mieloma mltiplo / Luiz Fernandes Gonalves Fialho. - Niteri: [s.n.], 2013.
146 f.
Orientador: Patrcia dos Santos Claro Fuly.
Dissertao (Mestrado em Enfermagem Assistencial) - Universidade Federal Fluminense, 2013.
1. Classificao em enfermagem. 2. Enfermagem prtica. 3. Cuidado de enfermagem. 4. Mieloma mltiplo. I. Ttulo.
CDD 610.730693
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F438
Fialho, Luiz Fernandes Gonalves
Subconjunto de conceitos da classificao internacional para a prtica de enfermagem para o cuidado aos pacientes com mieloma mltiplo / Luiz Fernandes Gonalves Fialho. - Niteri: [s.n.], 2013.
146 f.
Orientador: Patrcia dos Santos Claro Fuly.
Dissertao (Mestrado em Enfermagem Assistencial) - Universidade Federal Fluminense, 2013.
1. Classificao em enfermagem. 2. Enfermagem prtica. 3. Cuidado de enfermagem. 4. Mieloma mltiplo. I. Ttulo.
CDD 610.730693
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AGRADECIMENTOS
Concluir o mestrado no foi nada fcil. Aconteceram momentos de muita tenso,
ansiedade, medos e incertezas.
A ajuda de Deus, que enviou o Divino Esprito Santo, e de algumas pessoas foi
determinante para o sucesso deste empreendimento que, tenho certeza, vai continuar me
impulsionando nesta trajetria que est longe de chegar ao fim.
Agradeo sinceramente:
A Deus, a quem eu recorri em todos os momentos, principalmente nos mais
difceis. Bendito seja Deus, que no rejeitou minha orao, nem retirou de
mim sua misericrdia (Salmo 65).
A minha companheira Joana, pela pacincia nos meus dias mais difceis e por
ter acreditado que eu chegaria at aqui.
Aos meus filhos Leonardo, Leandro e Glenda, pelo apoio incondicional.
A todas as minhas colegas de turma, pela unio, companheirismo e amizade
que desenvolvemos ao longo do curso.
A todos os professores, pessoas iluminadas que participaram ativamente desta
fase da minha vida: Prof. Mauro Leonardo S. C. Santos, Prof. Lcia Helena,
Prof. Mrcia Gentil, Prof. Geilsa Soraia Valente, Prof. Silvia Maria Baslio
Lins, Prof. Joste Luzia, Prof. Telma Ribeiro Garcia e, em especial, Prof.
Patrcia dos Santos Claro Fuly, orientadora que soube cumprir o seu papel com
extrema destreza, pessoa com a qual aprendi muito e por quem tenho todo
respeito e admirao.
Obrigado a todos!
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Resumo:
Considerando a crescente incidncia do cncer, reconhecendo a necessidade de
qualificao profissional do enfermeiro para o cuidado ao paciente onco-hematolgico e
percebendo que a ausncia de uma linguagem comum na prtica de enfermagem tem sido
um obstculo para a implantao da sistematizao da assistncia de enfermagem, faz-se
necessria a construo de protocolos direcionados a essa clientela. Tais protocolos devem
ser pautados em uma linguagem de enfermagem padronizada, de que exemplo a
Classificao Internacional para a Prtica de Enfermagem (CIPE
). Baseado nessa
necessidade, este estudo tem por objetivos propor, com base no referencial conceitual de
Wanda de Aguiar Horta e nos termos da CIPE, verso 2.0, um subconjunto de conceitos
de afirmativas de diagnsticos, resultados e intervenes de enfermagem para pacientes
com mieloma mltiplo e validar, por meio de expertises na rea de onco-hematologia, o
subconjunto de conceitos CIPE. Trata-se de estudo descritivo, realizado inicialmente por
meio de reviso de literatura para levantamento de evidncias empricas e intervenes de
enfermagem relacionadas ao mieloma mltiplo, para alicerar a elaborao de declaraes
de diagnsticos, resultados e intervenes de enfermagem com base nos termos constantes
no modelo dos sete eixos, da CIPE, verso 1.1 e verso 2.0. Foi realizada a validao das
declaraes de diagnsticos, resultados e intervenes de enfermagem, por especialistas
atuantes no setor de hematologia do Hospital Universitrio Antnio Pedro. Foram
apresentados aos especialistas 34 diagnsticos de enfermagem, dos quais 28 foram
validados; 31 grupos de intervenes de enfermagem, das quais 27 foram validadas, e 34
resultados de enfermagem, dos quais 29 foram validados. Este subconjunto de conceitos de
afirmativas de diagnsticos, resultados e intervenes de enfermagem para pacientes com
mieloma mltiplo contribuir para a utilizao de uma linguagem comum na prtica de
enfermagem em onco-hematologia, uma vez que constitui uma ferramenta que vai
instrumentalizar os enfermeiros, considerando que representa um conjunto de dados
clnicos especficos, que vo fortalecer a prtica baseada em evidncias, tornando-se um
facilitador da prtica do cuidar. Ele busca preencher uma lacuna no conhecimento de
enfermagem, uma vez que existe a necessidade prtica de se construir uma ferramenta com
linguagem padronizada que oferea sustentao prtica da enfermagem oncolgica. O
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catlogo contribui para a sustentao da documentao sistemtica das atividades de
enfermagem, tornando-as visveis e ajudando a identificar o papel do enfermeiro na equipe
multidisciplinar de sade.
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SUBGROUP OF CONCEPTS OF INTERNATIONAL CLASSIFICATION FOR
NURSING PRATICE
IN PATIENTS WITH MULTIPLE MYELOMA.
Abstract:
The increasing incidence of cancer, the need for experts in onco-hematology nurse care,
and the lack of a common language in nursing practice have been emerging as an obstacle
to the implementation of the systematization in nursing care. Therefore, it is necessary to
construct protocols that target these patients. Such protocols should be guided by a
standardized nursing language, as have been showed by the International Classification for
Nursing Practice (ICNP). Based on the conceptual framework of Wanda de Aguiar Horta
and the ICNP version 1.1 and version 2.0, the aims of this study are to propose a
subgroup of concepts of diagnoses, nursing interventions and outcomes for patients with
multiple myeloma; and to validate a subgroup of ICNP concepts to experts in the field of
onco-hematology. This is a descriptive study that have been conducted, initially, through a
literature review that had the objective to show the empirical evidences and the nursing
interventions, related to multiple myeloma disease. Thus, it will be important for
describing the statements of diagnoses, the nursing interventions and the outcomes, to do it
according to terms in the model of seven axes of ICNP Version 2.0. The validation of
the statements of diagnoses, the nursing interventions and the outcomes, was performed by
expert nurses who works in the hematology field at University Hospital Antonio Pedro.
Thirty four nursing diagnoses were presented and 28 were validated; 27 out of 31 groups
of nursing intervention were validated and 34 outcomes, out of 29 were also validated.
These subgroup of concepts of diagnoses, nursing interventions and outcomes for patients
with multiple myeloma contributes to the use of a common language in nursing practice in
onco-hematology, since it is a tool that will help nurses, representing a group of specific
clinical data, which will strengthen evidence-based practice, becoming a helpful tool in the
nursing practice. It seeks to fill a gap in nursing knowledge, since there is a practical need
to build a tool with standardized language, which offers support to the practice of oncology
nursing. The catalog helps to support the systematic documentation of nursing activities,
making them visible and helping to identify the role of the nurse in the multidisciplinary
health team.
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LISTA DAS FIGURAS
Figura 1 Pirmide de Maslow ...................................................................... pgina 17
LISTA DOS QUADROS
Quadro I Necessidades humanas bsicas segundo Horta ................................. 12
Quadro II Evidncias empricas e respectivas referncias ............................... 38
Quadro III ndice de concordncia dos Diagnsticos de
Enfermagem no validados ............................................................ 49
Quadro IV ndice de concordncia das Intervenes de
Enfermagem no validadas segundo o Diagnstico
de Enfermagem .............................................................................. 50
Quadro V ndice de concordncia dos Resultados de
Enfermagem no validados ............................................................. 51
Quadro VI ndice de concordncia dos diagnsticos de
Enfermagem ................................................................................. 51
Quadro VII ndice de concordncia das intervenes de
enfermagem relativas ao diagnstico de
enfermagem ................................................................................. 52
Quadro VIII ndice de concordncia dos resultados de
enfermagem .................................................................................. 53
Quadro IX Quadro descritivo de artigos selecionados nas
bases de dados ............................................................................. 138
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SUMRIO
CAPTULO I
1- Introduo ......................................................................................................... 12
CAPTULO II
2- Referencial terico ...........................................................................................16
CAPTULO III
3- Reviso da literatura
3.1- Classificao Internacional para a Prtica de Enfermagem ............................ 23
3.2- Doenas Onco-Hematolgicas Neoplasias Hematolgicas ......................... 25
3.3- Mieloma mltiplo ........................................................................................... 26
3.4- Complicaes do mieloma mltiplo ................................................................ 29
CAPTULO IV
4.0- Metodologia ...................................................................................................... 31
4.1- Abordagem e tipo de estudo ............................................................................. 31
4.2- Tcnica e instrumentos para a coleta de dados ............................................... 31
4.3- Validao das declaraes de diagnsticos, resultados e
intervenes de enfermagem ............................................................................. 33
4.4- Anlise dos dados ........................................................................................... 33
CAPTULO V
5- Resultados e discusso ............................................................................................. 36
5.1- O levantamento de evidncias na literatura e a construo
de declaraes com a CIPE
................................................................................. 36
5.2- A validao das declaraes do catlogo ............................................................. 49
CAPTULO VI
6- Consideraes finais ................................................................................................... 60
REFERNCIAS ............................................................................................................ 62
APNDICE A
Termo de consentimento livre e esclarecido ...................................................................... 66
APNDICE B
Subconjunto de conceitos da CIPE
para o cuidado aos pacientes
com mieloma mltiplo ..................................................................................................... 68
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APNDICE C
Questionrio estruturado para validao por expertises .................................................. 96
APNDICE D
Catlogo com definies para diagnsticos e resultados ............................................... 130
APNDICE E
Quadro descritivo de artigos selecionados nas bases de dados ...................................... 138
APNDICE F
Parecer do comit de tica .............................................................................................. 149
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CAPTULO I
INTRODUO
Sob a denominao de doenas crnicas, a Organizao Mundial da Sade arrolou
doena cardaca, acidente vascular cerebral, doenas respiratrias crnicas, diabetes e
cncer1. Essas doenas predominam na idade adulta e, medida que a idade mdia da
populao aumenta, crescem tambm as probabilidades de incidncia, prevalncia e
mortalidade. Caracterizam-se por apresentar uma evoluo lenta e constante, irreversvel e
so assintomticas no incio2. Essas doenas respondem por uma parcela significativa da
carga global de doenas, representando 60% de todas as mortes1.
O cncer tem sido apontado como uma das maiores causas de morte no mundo.
Hoje, no Brasil, o ndice de acometimento por essa doena muito alto. Segundo
estimativas do Instituto Nacional do Cncer3 para o ano de 2012, mas que tambm valem
para 2013, h uma previso de cerca de 518.510 casos novos de cncer para o Brasil, em
homens e mulheres, sendo assim distribudos: 257.870 para o sexo masculino e 260.640
para o sexo feminino, distribudos por regies da seguinte forma: 21.700 para a regio
Norte, 88.350 para a regio Nordeste, 44.630 para a regio Centro-Oeste, 90.940 para a
regio Sul e 272.890 para a regio Sudeste4.
A idade o fator de risco mais prevalente para o cncer; porm, o tipo de dieta
potencializa esse risco, assim como o tabagismo. O diagnstico precoce e a preveno so
eficazes na reduo da mortalidade e da morbidade de muitos cnceres3.
Trabalhando h oito anos como enfermeiro de um hospital universitrio do Rio de
Janeiro, atuando por quatro anos consecutivos na enfermaria de hematologia, inquieta-me
o crescente aumento do nmero de casos novos de cncer.
Nessa instituio, cada vez maior a procura de pacientes procedentes das cidades
circunvizinhas, que buscam tratamento especializado por intermdio do SUS. Tal procura
fundamenta-se no fato de que o direito de tratamento pelo SUS assegurado aos pacientes
com cncer pela Lei 5809, de 25 de agosto de 20105.
A crescente incidncia do cncer implica que a equipe de enfermagem seja cada
vez mais qualificada, coesa e com plena cincia de suas responsabilidades, considerando as
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novas demandas da prtica assistencial relacionadas realidade epidemiolgica do cncer
no Brasil.
A enfermagem baseia sua prtica num conhecimento complexo, sistemtico e
estruturado, em que se concretizam planos de formao exigentes, que so exclusivos
dessa profisso e que permitem a integrao de conhecimentos provenientes de vrias reas
afins6.
Reconhecendo a necessidade de qualificao profissional do enfermeiro para o
cuidado ao paciente onco-hematolgico e percebendo que a ausncia de uma linguagem
comum na prtica de enfermagem tem sido um obstculo para a implantao da
sistematizao da assistncia de enfermagem7, faz-se necessria a construo de
protocolos direcionados a essa clientela. Tais protocolos devem ser pautados em uma
linguagem de enfermagem padronizada, de que exemplo a Classificao Internacional
para a Prtica de Enfermagem (CIPE
).
A iniciativa para o desenvolvimento da CIPE foi aprovada pelo Conselho
Internacional de Enfermagem em 1989, durante o 19 congresso quadrienal realizado em
Seul, Coria do Sul. Em termos de evoluo histrica, sua primeira verso, a CIPE
verso
Alfa, data dos anos de 1996 e, sequencialmente, foi sofrendo modificaes em suas verses
Beta e Beta 2, de 1999 e 2001, respectivamente. A CIPE
verso 1 teve sua publicao em
2005, porm a obra, traduzida para a lngua portuguesa, foi publicada no Brasil em 2007.
Destaca-se ainda em 2008 a criao de um buscador de termos CIPE, o ICNP Browser,
que foi disponibilizado na pgina do Conselho Internacional de Enfermagem. A ltima
verso disponvel na lngua CIPE
, verso 2, foi publicada em 20098,9
.
A contribuio da evoluo da linguagem padronizada de enfermagem pode ser
percebida quando aplicada prtica profissional. Tal implementao oferece visibilidade
ao trabalho sistemtico da enfermagem; porm, o registro de todas as etapas do processo
de enfermagem deve ser realizado no somente para garantia da continuidade e qualidade
da assistncia, mas para que a Enfermagem seja efetivamente percebida quanto aos
resultados de suas aes.
O trabalho sistemtico ganhou fora com a Resoluo COFEN 358/200910
, que
estabelece que o processo de enfermagem deve ser realizado em todos os ambientes onde
se desenvolvam as atividades de enfermagem. Desta forma, alm da organizao da
assistncia e do atendimento de uma questo de ordem deontolgica, a implantao do
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processo de enfermagem d maior visibilidade s aes de enfermagem, propiciando
ordenao e individualizao ao cuidado11
.
As demandas emergentes se somam vivncia atual no campo da prtica em
hematologia e ao fato de que a instituio em que trabalho est iniciando um movimento
atravs de cursos e palestras, para construir condies de implantao da Sistematizao da
assistncia de enfermagem e do processo de enfermagem em todos os setores. Isso me
impulsionou a um reencontro com a perspectiva da pesquisa acadmica, considerando a
necessidade de uma aproximao com as novas tendncias do cuidar em enfermagem.
Assim, vislumbrei com este estudo a possibilidade de buscar ferramentas que pudessem
instrumentalizar enfermeiros para trabalharem com pacientes com mieloma mltiplo, de
forma sistemtica, integrada e continuada.
Apesar de o cuidado ser historicamente considerado inerente prtica de
enfermagem, s recentemente as investigaes para identificar a natureza e a qualidade das
prticas de cuidar vm sendo reconhecidas como importantes e necessrias para o futuro da
profisso. Assim, torna-se imperioso compreender at que ponto conhecemos aquilo que
fazemos e que interpretaes ter o cuidado para aqueles que o recebem e para quem o
realiza. Este pensar talvez tenha movido as pesquisas acerca dos modelos tericos que,
durante anos, vm embasando a assistncia de enfermagem e orientando o enfermeiro no
planejamento das suas aes12
.
Considerando essa demanda emergente do cenrio de trabalho, o objeto desta
pesquisa refere-se construo de um subconjunto de conceitos da classificao
internacional para a prtica de enfermagem para o cuidado aos pacientes com mieloma
mltiplo. Seguindo Pereira e Silva13, o desenvolvimento deste estudo justifica-se pelas
vantagens que uma linguagem comum na Enfermagem traz consigo: proporciona uma
melhor estruturao para a documentao da prtica de enfermagem; favorece a
continuidade da assistncia, pois melhora a qualidade das informaes relativas ao paciente
quanto s necessidades apresentadas at ento e s intervenes desenvolvidas; e facilita a
obteno e utilizao de dados de medida e monitorao dos cuidados, bem como o
desenvolvimento de padres e guias da prtica de enfermagem. Na administrao, pode
favorecer a mensurao da assistncia de enfermagem prestada para fins de avaliao, para
estimativas de necessidades de enfermagem com base no planejamento, oramento e
alocao de recursos.
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Frente ao objeto desta pesquisa, apresenta-se como questo norteadora para este
estudo: quais os diagnsticos, intervenes e resultados de enfermagem que compem um
subconjunto de conceitos da classificao internacional para a prtica de enfermagem para
o cuidado aos pacientes com mieloma mltiplo?
Para responder a essa pergunta, foram traados os seguintes objetivos: propor, com
base no referencial conceitual de Wanda de Aguiar Horta e nos termos da CIPE ,
verso
2.0, um subconjunto de conceitos da classificao internacional para a prtica de
enfermagem do cuidado aos pacientes com mieloma mltiplo e validar-lo junto a
expertises na rea de onco-hematologia.
Este estudo ir contribuir para o ensino, para a pesquisa e, principalmente, para a
assistncia de enfermagem, pois, com ele, se vislumbra a possibilidade de buscar
ferramentas que possam instrumentalizar enfermeiros que trabalham com pacientes que
apresentam mieloma mltiplo, de forma sistemtica, integrada e continuada, facilitando a
gerao de informao sobre a prtica clnica e o conhecimento da Enfermagem.
No cenrio da pesquisa em enfermagem, so escassas as produes que abordam a
temtica do trabalho sistemtico, frente ao paciente com cncer, podendo este estudo
contribuir com o corpo de conhecimentos da Enfermagem.
No ensino, o estudo pode articular teoria e prtica, facilitando a compreenso de
estudantes de graduao e ps-graduao da implementao de teorias de enfermagem, do
Processo de Enfermagem e de vocabulrios de enfermagem na prtica profissional.
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CAPTULO II
REFERENCIAL TERICO
A enfermagem sempre se baseou em normas, valores, princpios e regras
tradicionais; houve, porm, com o avano das cincias e tecnologias, a necessidade de se
aumentarem as pesquisas a fim de se construir o saber. Com isso, os enfermeiros
perceberam que era necessrio desenvolver seus conhecimentos e concluram que isso s
seria possvel por meio de elaborao de teorias especficas para a enfermagem12
. O
avano do saber terico beneficiou a descentralizao do modelo biomdico e favoreceu o
foco do cuidado de enfermagem ao ser humano, e no doena. Mesmo na era da
informtica, dos avanos tecnolgicos, as polticas pblicas destacam a pessoa como foco
principal. Quando utilizadas como referencial para a sistematizao da assistncia de
enfermagem, as necessidades humanas bsicas so consideradas como fator primordial.
Por isso, neste estudo, utilizamos o modelo terico das necessidades humanas
bsicas, de Wanda de Aguiar Horta14
, que foi uma visionria em relao elaborao de
uma teoria, tendo sido a primeira enfermeira brasileira a falar de teoria no campo
profissional. Wanda iniciou seus estudos e publicaes em 1964 e se embasou na Teoria de
Motivao Humana, de Abraham Maslow, para elaborar o modelo terico das
Necessidades Humanas Bsicas.
O objetivo do modelo terico de Wanda de Aguiar Horta explicar a natureza da
enfermagem, seu campo de ao e sua metodologia cientfica. Para Horta, o ser humano se
distingue dos demais por ser capaz de pensar, simbolizar e refletir. Alm disso, est em
equilbrio dinmico com relao ao Universo e, dentro desse meio, sofre influncias
fsicas, psquicas e comportamentais, mas tambm influencia14
.
O homem um agente de mudana: ele causa equilbrios e desequilbrios em seu
prprio dinamismo. Os desequilbrios geram necessidades que devem ser atendidas, a fim
de que o equilbrio seja restabelecido. Quando as necessidades no so atendidas
satisfatoriamente, ocorre o desconforto, que, em se prolongando, gera a doena. Cabe
ressalvar que o conhecimento do ser humano sobre como atender suas necessidades bsicas
limitado, tornando-se, portanto, necessria a interveno do profissional enfermeiro.
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A enfermagem assiste o ser humano no atendimento de suas necessidades bsicas,
utilizando-se dos conhecimentos e dos princpios cientficos14
. No atendimento s
necessidades bsicas do cliente, cabe ao enfermeiro assisti-lo, ou seja, ajud-lo no
autocuidado (ou fazer por ele), alm de orient-lo e encaminh-lo, quando necessrio. Para
tanto, o enfermeiro deve prestar assistncia ao ser humano e no sua doena,
implementando o processo de enfermagem em suas etapas metodolgicas, identificando os
dficits presentes e individualizando a assistncia ao paciente14
. Deve levantar dados,
analis-los e identificar problemas (histrico de enfermagem); focalizar, junto com o
paciente, as necessidades e, ento, analisar o grau de dependncia deste (diagnstico de
enfermagem), determinar o tipo de assistncia a ser prestada (plano assistencial) e
coordenar a execuo dos cuidados bsicos e especficos (plano de cuidados), para,
posteriormente, analisar as mudanas oriundas do tratamento (evoluo) e o resultado dele
sobre o paciente, que dever estar com a sade recuperada e apto a praticar o autocuidado
(prognstico)14
.
O psiclogo Abraham Maslow baseou nas necessidades humanas bsicas sua teoria
sobre motivao humana. Criou a pirmide de Maslow, na qual as necessidades devem ser
satisfeitas, prioritariamente, do nvel mais baixo para o mais alto. Os nveis so: fisiologia,
segurana, amor/relacionamento, estima e realizao pessoal.
Figura 1: Pirmide de Maslow15
Wanda Horta utilizou a denominao de Joo Mohama: necessidades de nvel
psicobiolgico, psicossocial e psicoespiritual, na qual todas esto inter-relacionadas14
.
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O processo de enfermagem sistemtico e desenvolvido em etapas, durante as
quais o enfermeiro toma decises deliberadas para maximizar a eficincia e obter os
melhores resultados em longo prazo. dinmico, humanizado e orientado a resultados, j
que, metodologicamente, suas etapas so planejadas para manter o foco na determinao
do alcance dos melhores resultados, de forma mais eficiente, pelas pessoas que buscam
atendimento de sade6.
O sucesso do plano assistencial ser o resultado do trabalho de uma equipe bem
preparada (capaz de observar, planejar, intervir, criar, utilizar recursos, ensinar e avaliar), e
de uma satisfao, por parte do paciente, que, por fim, ter suas necessidades atendidas e
sair do hospital com mais compreenso de si prprio e capaz de se autocuidar de forma
mais eficaz e confiante.
importante ressaltar que fatores como cultura, escolaridade, ambiente fsico e
caractersticas scioeconmicas podem dificultar a satisfao das necessidades do paciente,
ainda que se saiba que nunca haver satisfao completa e permanente14
.
As necessidades humanas foram agrupadas por Horta em domnios dentro de trs
grandes grupos, conforme o quadro abaixo:
Quadro I Necessidades humanas bsicas segundo Horta14
Necessidades Psicobiolgicas Necessidades Psicossociais Necessidades Psicoespirituais
Oxigenao
Hidratao
Nutrio
Eliminao
Sono e repouso
Exerccios e atividades fsicas
Sexualidade
Abrigo
Mecnica corporal
Motricidade
Cuidado corporal
Integridade cutneo-mucosa
Integridade fsica
Regulao: trmica, hormonal, neurolgica,
hidrossalina, eletroltica, imunolgica,
crescimento celular, vascular, Locomoo
Percepo: olfativa, visual, auditiva, ttil,
Segurana
Amor
Liberdade
Comunicao
Criatividade
Aprendizagem (educao
sade)
Gregria
Educao
Lazer
Espao
Orientao no tempo e no
espao
Aceitao
Autoestima
Autorrealizao
Participao
Religiosa ou teolgica
tica ou filosofia de vida
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gustativa, dolorosa.
Ambiente
Teraputica
Autoimagem
Ateno
Necessidades Psicobiolgicas:
Oxigenao O ser humano no vive sem oxignio. Oxigenao a necessidade do
organismo de obter oxignio. O ar do meio ambiente inspirado para os pulmes e, o
oxignio difundido atravs dos alvolos pulmonares passando para o sangue, que o
transporta at os tecidos, de onde retira o gs carbnico para ser eliminado atravs dos
pulmes15
.
Hidratao a necessidade de manter em nvel equilibrado os lquidos corporais,
compostos essencialmente pela gua, visando favorecer o metabolismo corporal17
.
Nutrio a necessidade de o indivduo obter alimentos em quantidade suficiente para
nutrir o organismo e manter a vida16
.
Eliminao a necessidade de o indivduo eliminar do organismo substncias
indesejveis ou que estejam em excesso, com o objetivo de manter a homeostase
corporal16
.
Sono e repouso So necessrios ao organismo para que mantenha, durante um certo
perodo dirio, a suspenso natural, peridica e relativa da conscincia; corpo e mente em
estado de imobilidade parcial ou completa e as funes corporais parcialmente diminudas
com o objetivo de obter restaurao16
.
Exerccios e atividades fsicas caracterizam a necessidade de o indivduo mover-se
intencionalmente sob determinadas circunstncias atravs do uso da capacidade de controle
e relaxamento dos grupos musculares com o objetivo de evitar leses tissulares
(vasculares, musculares, osteoarticulares), exercitar-se, trabalhar, satisfazer outras
necessidades, realizar desejos, sentir-se bem16
.
Sexualidade a necessidade de integrar aspectos somticos, emocionais, intelectuais e
sociais do ser, com o objetivo de obter prazer, consumando o relacionamento sexual com
um parceiro ou parceira, e procriar16
.
Abrigo No mundo violento em que vivemos, procuramos por abrigo, segurana e
proteo. O abrigo nos protege do frio, do calor, dos perigos.
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Mecnica corporal o esforo coordenado dos sistemas musculoesquelticos e
nervosos para manter o equilbrio adequado, postura e alinhamento postural durante a
inclinao, movimentao, o levantamento de carga e a execuo das atividades dirias.
Motricidade a necessidade de movimentao do corpo humano.
Cuidado corporal a necessidade do indivduo para, deliberada, responsvel e
eficazmente, realizar atividades com o objetivo de preservar seu asseio corporal15
.
Integridade cutaneomucosa a necessidade de se ter pele e mucosas ntegras,
perfeitas, sem soluo de continuidade.
Integridade fsica a necessidade de o organismo manter caractersticas como:
elasticidade, sensibilidade, vascularizao, umidade e colorao do tecido epitelial,
subcutneo e mucoso, com o objetivo de proteger o corpo15
.
Regulao trmica a necessidade do organismo em manter a temperatura corporal
interna entre 36 e 37,3 C16
.
Regulao hormonal a necessidade de manter normal a atividade hormonal do
organismo.
Regulao neurolgica a necessidade de o indivduo preservar e/ou restabelecer o
funcionamento do sistema nervoso com o objetivo de coordenar as funes e atividades do
corpo e alguns aspectos do comportamento15
.
Regulao hidrossalina a necessidade de manter em equilbrio a quantidade de gua e
sais no organismo, proporcionando condies harmnicas para a manuteno da vida.
Regulao eletroltica a necessidade de manter normal a quantidade de eletrlitos do
organismo.
Regulao imunolgica a necessidade de manter em equilbrio a quantidade de
agentes imunolgicos necessrios manuteno da vida.
Regulao vascular a necessidade do organismo de transportar e distribuir nutrientes
vitais atravs do sangue para os tecidos e remover substncias desnecessrias, com o
objetivo de manter a homeostase dos lquidos corporais e a sobrevivncia do organismo15
.
Crescimento celular a necessidade de manter em equilbrio a quantidade de clulas
do organismo a fim de manter a vida.
-
22
Necessidades Psicossociais
Segurana a necessidade de confiar nos sentimentos e emoes dos outros em relao
a si com o objetivo de sentir-se seguro emocionalmente16
.
Amor a necessidade de ter sentimentos e emoes em relao s pessoas em geral,
com o objetivo de ser aceito e integrado aos grupos, de ter amigos e famlia16
.
Liberdade a necessidade que cada um tem de agir conforme a sua prpria
determinao dentro de uma sociedade organizada, respeitando os limites impostos por
normas definidas.
Comunicao a necessidade de troca de informao entre indivduos atravs da fala,
da escrita, de um cdigo comum ou do prprio comportamento.
Criatividade a necessidade de encontrar solues diferentes e originais face a novas
situaes.
Aprendizagem (educao sade) a necessidade de adquirir conhecimento e/ou
habilidade para responder a uma situao nova ou j conhecida, com o objetivo de adquirir
comportamentos saudveis e manter a sade15
.
Gregria a necessidade de viver em grupo com o objetivo de interagir com os outros e
realizar trocas sociais16
.
Educao a necessidade de desenvolvimento harmnico do ser humano, nos seus
aspectos intelectual, moral e fsico, e a sua insero na sociedade.
Lazer a necessidade de utilizar a criatividade para produzir e reproduzir ideias e coisas
com o objetivo de entreter-se, distrair-se e divertir-se15
.
Espao a necessidade de delimitar-se no ambiente fsico, ou seja, expandir-se ou
retrair-se com o objetivo de preservar a individualidade e a privacidade15
.
Orientao no tempo e no espao a necessidade de termos conscincia de nossa vida,
da situao real em que nos encontramos.
Aceitao a necessidade de ser acolhido, aceito no meio, na sociedade.
Autoestima a necessidade de sentir-se adequado para enfrentar os desafios da vida, de
ter confiana em suas prprias ideias, de ter respeito por si prprio, de se valorizar, de se
reconhecer merecedor de amor e felicidade, de no ter medo de expor seus pensamentos,
desejos e necessidades, com o objetivo de obter controle sobre a prpria vida, de sentir
bem-estar psicolgico e de perceber-se como o centro vital da prpria existncia16
.
-
23
Autorrealizao a necessidade de realizar o mximo com suas capacidades fsicas,
mentais, emocionais e sociais, com o objetivo de ser o tipo de pessoa que deseja ser16
.
Participao a necessidade de tomar parte da comunidade ou famlia, ou, ainda, a
capacidade de um cidado se envolver nas decises polticas ou religiosas de um pas.
Autoimagem a necessidade de se descrever a si mesmo. a imagem que a pessoa tem
de si, de seu corpo.
Ateno O ser humano tem necessidade de requerer ateno por parte de outras pessoas:
quando criana, requer ateno dos pais; quando adulto, de seu cnjuge, geralmente. A
necessidade de ateno muitas vezes vem com a enfermidade, que nos faz querer que
algum cuide de ns.
Necessidades psicoespirituais
Religiosa ou teolgica uma necessidade inerente aos seres humanos e est vinculada
queles fatores necessrios para que se estabelea um relacionamento dinmico entre as
pessoas e um ser ou entidade superior, com o objetivo de sentir bem-estar espiritual.
Exemplo: ter crenas relativas ao significado da vida. Cabe ressaltar que espiritualidade
no o mesmo que religio15
.
tica (filosofia de vida) A tica uma caracterstica inerente a toda ao humana e, por
esta razo, um elemento vital na produo da realidade social. Todo homem possui um
senso tico, uma espcie de "conscincia moral", avaliando e julgando constantemente suas
aes para saber se so boas ou ms, certas ou erradas, justas ou injustas18
.
-
24
CAPTULO III
REVISO DE LITERATURA
Classificao Internacional para a Prtica de Enfermagem - CIPE
A necessidade de um sistema de classificao internacional para a prtica de
enfermagem surgiu de uma reconhecida necessidade para descrever os fenmenos dos
pacientes pelos quais os enfermeiros so responsveis e as intervenes de enfermagem
com seus respectivos resultados22
. No Congresso quadrienal do Conselho Internacional de
Enfermagem (CIE), realizado em 1989, em Seul - Coria, foi aprovada a resoluo para
iniciar o trabalho da CIPE.
Em 1991, o Conselho Internacional de Enfermeiras(os) (CIE), iniciou estudos, com
o objetivo de viabilizar a construo de uma nomenclatura compartilhada pelas
enfermeiras de todo o mundo, ou seja, um sistema de Classificao Internacional para a
Prtica de Enfermagem. Os pressupostos estabelecidos pelo CIE para o desenvolvimento
dessa classificao buscaram a construo de um sistema a ser utilizado por profissionais
de enfermagem de diferentes pases, simples o bastante para ser visto como uma descrio
significativa da prtica de enfermagem e como uma forma til para estruturar o cuidado, de
maneira consistente, com uma estrutura conceitual claramente definida, mas no
dependente de uma estrutura terica ou um modelo de enfermagem particular. Alm disso,
esse sistema de classificao deveria ser baseado em uma referncia central, permitindo
adies por meio de um processo contnuo de desenvolvimento e refinamento; sensvel s
variveis culturais; reflexo do sistema de valores da enfermagem ao redor do mundo e
utilizvel de uma forma complementar ou integrada aos sistemas classificatrios de doena
e sade desenvolvidos pela Organizao Mundial da Sade (OMS), cujo ncleo central a
Classificao Internacional de Doenas 10 (CID10)20
.
Durante a reunio da cpula do CIE, em junho de 2001, foram estabelecidos a
viso, a misso e os objetivos estratgicos da Classificao Internacional para a prtica de
enfermagem. A viso ter dados de enfermagem prontamente disponveis e utilizveis nos
sistemas de informao de sade do mundo. A misso desenvolver e manter relevante,
til e atualizada a CIPE. Os objetivos estratgicos articulados so: desenvolver um
programa CIPE com componentes e produtos especficos, mant-la atualizada para que
-
25
continue a refletir a prtica de enfermagem, obter a utilizao da CIPE por comunidades
nacionais e internacionais e assegurar que a estrutura da CIPE seja compatvel com outras
classificaes amplamente usadas e com o trabalho de grupos de padronizao na sade e
em enfermagem22
.
A CIPE
foi definida como uma terminologia combinatorial para a prtica de
enfermagem, que favorece o mapeamento cruzado dos termos e as existentes
classificaes. um instrumento representativo que descreve a prtica de enfermagem por
meio de uma combinao de termos descritos em seus sete eixos fundamentais: Foco,
Julgamento, Cliente, Ao, Meios, Localizao e Tempo22
.
Os eixos foram assim definidos:
Foco: a rea e (de) ateno que relevante para a enfermagem.
Julgamento: opinio clnica ou determinao relacionada ao foco da prtica de
enfermagem.
Cliente: sujeito ao qual o diagnstico se refere e que o recipiente de uma
interveno.
Ao: um processo intencional aplicado a um cliente.
Meios: *um modo ou um mtodo de desempenhar uma interveno.
Localizao: orientao anatmica e espacial de um diagnstico ou intervenes.
Tempo: momento, perodo, instante, intervalo ou durao de uma ocorrncia.
A CIPE configura-se em um instrumento de informao para: descrever os
elementos da prtica de enfermagem, ou seja, os diagnsticos, as aes e os resultados de
enfermagem; prover dados que identifiquem a contribuio da enfermagem no cuidado da
sade; promover mudanas na prtica de enfermagem por meio da educao,
administrao e pesquisa22
.
Essa classificao vem sendo desenvolvida desde 1991, quando o CIE iniciou
estudos objetivando a sua concretizao. Desde ento j recebeu vrias verses.
Com a publicao da CIPE
Verso 1.1, em 2008, foi institudo o guia para
desenvolvimento de catlogos. Esses catlogos consistem em subconjuntos de
diagnsticos, intervenes e resultados de enfermagem para uma rea prtica especfica,
nesse contexto, rea de oncologia22
. Os catlogos CIPE fornecem um subconjunto da
Classificao Internacional de Enfermagem para enfermeiros que trabalham com
clientes
com prioridades de sade especficas23
. -
-
26
As prioridades de sade para os catlogos CIPE enquadram-se em uma das trs
reas: condies de sade, especialidades de sade ou contexto de cuidados e fenmenos
de enfermagem. Nas condies de sade situam-se tuberculose, diabetes, HIV/AIDS,
gripe, depresso; nos fenmenos de enfermagem encontram-se: dor, fadiga, autocuidado,
incontinncia urinria e adeso ao tratamento e, no contexto de cuidados, enquadram-se:
sade da mulher, enfermagem materna e obsttrica, enfermagem na comunidade,
enfermagem na famlia, cuidados no fim da vida (paliativos) e cuidados oncolgicos22
.
Diagnstico de enfermagem um rtulo atribudo por um enfermeiro que toma uma
deciso acerca do doente aps t-lo avaliado. Resultados de enfermagem so os resultados
presumidos das intervenes de enfermagem medidas ao longo do tempo, enquanto
mudanas efetuadas no diagnstico de enfermagem23
. Para criar declarao de diagnstico
de enfermagem e resultados de enfermagem usando o modelo sete eixos da CIPE,
devemos incluir um termo do eixo Foco e um termo do eixo Julgamento. Podemos incluir
termos adicionais, caso necessrio, utilizando termos de qualquer eixo23
.
Uma interveno de enfermagem uma ao voltada para um diagnstico de
enfermagem de modo a originar um resultado de enfermagem. Para elaborar as
intervenes de enfermagem usando o modelo de sete eixos da CIPE recomenda-se que
se insira um termo do eixo Ao e um termo-alvo, que pode ser um termo de qualquer
eixo, exceto do eixo Julgamento. Podem ser includos termos adicionais de qualquer eixo.
Doenas Onco-Hematolgicas Neoplasias Hematolgicas
O cncer um conjunto de mais de cem doenas que tm em comum o crescimento
desordenado (maligno) de clulas que invadem os tecidos e rgos, podendo espalhar-se
(metstase) para outras regies do corpo. Resulta da transformao das clulas no
momento do processo de diviso celular no qual passa a crescer e se dividir com mais
rapidez do que o normal, perdendo suas funes.
As neoplasias hematolgicas incluem as leucemias, os linfomas e as duas
gamopatias monoclonais, a macroglobulinemia de Waidenstrm e o mieloma mltiplo24
.
Esta ltima foi escolhida para este estudo, pretendendo-se elaborar, com base na Teoria das
Necessidades Humanas Bsicas e na CIPE verso 2.0, um catlogo de procedimentos de
enfermagem para pacientes com essa patologia.
-
27
Mieloma Mltiplo
O mieloma mltiplo, tambm conhecido como doena de Kahler,24,25,26
no princpio
era classificado como cncer sseo. Porm, devido sua proximidade com as doenas
hematolgicas, tais como linfomas e leucemias, foi includo entre as doenas onco-
hematolgicas.26
uma neoplasia plasmocitria que representa 10% dos cnceres hematolgicos e
aproximadamente 1% dos cnceres24,27,28,29
. mais frequente em negros do que em
brancos, em estudos realizados nos Estados Unidos, porm no confirmado em outros
pases, e tem maior predileo por homens, na proporo de 3/228,29
.
uma neoplasia maligna, originada da expanso monoclonal de plasmcitos na
medula ssea, que ocorre principalmente entre a sexta e a stima dcada de vida18
. Tem
como caractersticas a proliferao desregulada e clonal de clulas plasmticas na medula
ssea, a presena de uma paraprotena, componente M, no soro e/ou na urina, leses sseas
destrutivas em mltiplos locais, insuficincia ssea e produo de protena
monoclonal24,30,31,32
. Essas caractersticas se devem expanso dos plasmcitos e dos
fatores produzidos por eles, tais como imunoglobulina monoclonal, protena de Bence-
Jones e fatores ativadores de osteoclastos24,33
. uma doena incurvel, e o paciente
assintomtico no deve receber tratamento ao diagnstico, sendo a mediana de progresso
para doena sintomtica de dois a trs anos34
. O tratamento indicado nos casos
sintomticos e dever ser institudo rapidamente 31,32, 35,36
. Os pacientes so divididos em
dois grupos: os que so elegveis para receber quimioterapia em elevadas doses, seguida de
transplante de clulas-tronco hematopoiticas (transplante autlogo); e os que no devem
receber altas doses de quimioterapia. Os critrios que designam em qual grupo o paciente
deve ser colocado so: idade, desempenho, status e presena de comorbidades24,34
.
Em termos de prevalncia, o mieloma mltiplo a segunda doena hematolgica
maligna26,27
, com uma estimativa de 86.000 casos novos por ano, sendo o Linfoma No-
Hodgkin a primeira24,33
. O registro no aumento da sua incidncia deve-se a vrios fatores: a
expectativa de vida humana aumentou no mundo, os agentes poluentes a que as pessoas
so expostas cronicamente tambm aumentaram, os laboratrios melhoram seus recursos
para diagnsticos, assim como melhoram os conhecimentos da medicina sobre a doena e
sua patognese32
.
-
28
uma doena de pacientes mais idosos, cuja mediana de idade ao diagnstico est
entre 60 e 65 anos24,37
. As alteraes encontradas no mieloma mltiplo decorrem de dois
fatores:
1- O crescimento indiscriminado de plasmcitos na medula ssea, que sobrecarrega
e suprime a produo das demais clulas, causando anemia por reduo na produo de
hemcias, hemorragia por reduo na produo de plaquetas e queda da imunidade por
reduo na produo de leuccitos. Esses plasmcitos produzem e secretam
imunoglobulina24
.
2- O acmulo de imunoglobulina ou fragmentos dela no sangue perifrico torna o
sangue muito viscoso, circulando mais vagarosamente. Essa protena chamada protena
mielomatosa ou protena monoclonal, ou simplesmente protena M. Imunoglobulinas
incompletas, chamadas protenas de Bence-Jones, podem ser excretadas na urina,
sobrecarregando, assim, os rins, causando leses renais24
.
O mieloma mltiplo uma neoplasia invariavelmente fatal, na qual os plasmcitos
neoplsicos proliferam em ndulos ou difusamente em toda a medula ssea. O aumento
indiscriminado dos plasmcitos origina a formao de um tumor que geralmente se inicia
na medula, mas pode se instalar fora dela, como, por exemplo, no bao, no fgado,
linfonodos etc. As consequncias fisiopatolgicas do avano da doena proporcionam
destruio ssea, falncia renal, supresso da hematopoese e aumento na possibilidade de
infeco24,32
.
No se tem uma causa determinante para ele, mas existem tentativas de associ-lo a
radiao ionizante, tendo em vista a sua aumentada incidncia entre os sobreviventes da
bomba atmica. Estudos o associam a pesticidas, agentes patolgicos, raa, ao sexo33
.
Dor ssea, fadiga e anemia constituem a trade mais sugestiva do mieloma mltiplo,
sendo a dor ssea o sintoma mais prevalente, embora outros, tais como hipercalcemia,
proteinria de Bence-Jones, hiperglobulinemia e insuficincia renal, tambm possam
sugerir a doena24,38
.
Conforme os avanos da doena, surgem vrias manifestaes clnicas:
Dor ssea - a manifestao clnica mais frequente, ocorrendo em 50 a 90% dos casos, e
est relacionada destruio ssea. Ocorre devido ao aumento da atividade osteoclstica
provocada pelos fatores ativadores produzidos pelas clulas mielomatosas, levando a
intensa reabsoro ssea, com perda ssea disseminada, leses lticas e fraturas. Essas
-
29
fraturas comprometem significativamente a qualidade de vida, causando incapacidades
motoras. As dores so muito comuns nas costas e coluna dorsal. Elas confirmam que a
doena est em plena atividade e confirmam um estgio clnico mais avanado da
doena32,38
.
Anemia A anemia normoctica e normocrmica ocorre em mais de 2/3 dos pacientes ao
diagnstico. H estudos que afirmam sua ocorrncia em 72% dos casos24,27,38
. Seu
desenvolvimento no mieloma mltiplo est relacionado a um conjunto de fatores:
infiltrao da medula ssea por clulas mielomatosas; efeito supressivo e nefrotxico da
quimioterapia; efeito nefrotxico e sangramento digestivo provocado por anti-
inflamatrios no hormonais; insuficincia renal; hemlise; deficincia de ferro, vitamina
B12 e cido flico; radioterapia. Somando-se a tudo isso, ainda temos a anemia de doena
crnica, uma sndrome clnica que acomete pacientes que apresentam doena neoplsica,
infecciosa crnica ou inflamatria. Est associada diminuio da concentrao de ferro
srico e da saturao de ferrina, porm com a quantidade de ferro na medula normal ou
aumentada28,29
.
Tambm pode ocorrer devido a hemlise, a febre que lese a parede da hemcia, a
toxinas bacterianas, ou a resposta medular inadequada em consequncia da pouca
quantidade de eritropoetina, ou de ferro, ou por ao supressora exercida pelas citocinas
inflamatrias27
.
Dependendo da intensidade da anemia, outros sinais e sintomas podem surgir:
taquicardia, palpitao, sopro sistlico, dispneia, hipertrofia ventricular, insuficincia
cardaca, palidez, hipotermia, vertigem, confuso mental, anorexia, nusea, diminuio da
libido, alteraes menstruais, diminuio das funes dos macrfagos e das clulas T. A
ocorrncia e a intensidade desses sinais e sintomas diretamente proporcional
intensidade da anemia27
.
Comprometimento renal A insuficincia renal pode estar presente em 35% dos
pacientes com mieloma mltiplo ao diagnstico e 50% durante a evoluo da doena33
. A
excreo de cadeias leves, proteinria de Bence-Jones, a principal causa da insuficincia
renal, pois elas so produzidas em larga escala, tornando-se excessivas no organismo,
fazendo com que o organismo se utilize dos rins para elimin-las atravs da urina.
Contudo, ocorre uma alterao renal devido ao fato de as cadeias monoclonais filtradas se
precipitarem e provocarem uma disfuno tubular com consequente obstruo renal.
-
30
Hipercalcemia, desidratao e infeco so os fatores mais importantes no
desenvolvimento da insuficincia renal. Alguns fatores podem determinar ou agravar a
insuficincia renal: hipercalcemia, hiperuricemia, desidratao, infeco, hiperviscosidade,
anti-inflamatrios no hormonais38,39
.
O mieloma mltiplo uma neoplasia incurvel e invariavelmente fatal; nele os
plasmcitos neoplsicos proliferam em ndulos ou difusamente em toda a medula ssea.
Os plasmcitos tambm proliferam no bao, no fgado e linfonodos, apesar de tais rgos
nem sempre estarem clinicamente aumentados. Uma queixa inicial comum a dor
esqueltica, como, por exemplo, dor severa nas costas, de incio sbito, aps uma fratura
de compresso do corpo vertebral. O paciente tambm pode procurar assistncia mdica
por causa de patologia em outros ossos32,35,36
.
Complicaes do mieloma mltiplo
A grande variedade de complicaes inclui:
Infeco A infeco a principal causa de mortalidade nos pacientes com mieloma
mltiplo. A susceptibilidade aumentada para infeces se deve principalmente
combinao e sntese de imunoglobulinas normais prejudicada, neutropenia e
imobilizao. Isso se deve imunossupresso cumulativa aos diversos tratamentos
recebidos ao longo do curso da doena, por ser uma doena crnica com muitas recadas e
terapias de induo e resgates para muitos pacientes, como resultado de tratamentos mais
contundentes, com doses altas de bortezomide, dexametasona, lenalidomida, bortizomida,
transplante autlogo e alognico. Essas terapias provocam imunossupresso cumulativa,
oferecendo oportunidade para patgenos que no eram comuns, tais como: varicella-zoster
vrus, citomegalovirus, fusarium PP. e aspergillus spp.28,30
.
Leso renal A insuficincia renal pode estar presente em 35% dos pacientes com
mieloma mltiplo ao diagnstico e em 50% durante a evoluo da doena.
Hipercalcemia: o resultado da destruio ssea. Os sintomas so: fraqueza, fadiga,
confuso mental, obstipao, polidipsia, oligria, nusea severa, vmitos, desidratao
com poliria e um estado semicomatoso flutuante.24, 38,39.
Sndrome da hiperviscosidade O excesso de imunoglobulina no sangue perifrico
torna-o muito viscoso, fazendo com que circule com mais morosidade, dando origem,
consequentemente, aos seguintes sintomas: sangramento anormal, distrbios visuais e
-
31
distrbios do sistema nervoso central, tais como: sonolncia, vertigem, sncope, cefaleia e
convulso.24,38
O mieloma mltiplo uma doena incurvel, e o tratamento tem o objetivo de
aumentar a sobrevida e a qualidade de vida do cliente. Utiliza-se a quimioterapia e/ou o
transplante autlogo ou heterlogo. Nos ltimos anos aumentou a disponibilidade de
drogas antimieloma, o que causou maiores expectativas quanto aos resultados. A
talidomida e o bertezomibe so as drogas disponveis no Brasil, mas, no exterior, os
medicamentos lenalidomida (revlimide) e bortezomibe so utilizados em mais de oitenta
pases, porm ainda no tiveram autorizao da ANVISA para ser incorporados aos
medicamentos j utilizados no Brasil.38,39,40
-
32
CAPTULO IV
METODOLOGIA
4.1 Abordagem e Tipo de estudo
Trata-se de estudo descritivo desenvolvido com a construo de um subconjunto de
conceitos da classificao internacional para a prtica de enfermagem no cuidado aos
pacientes com mieloma mltiplo.
Os estudos descritivos coletam descries detalhadas das variveis existentes e
usam os dados para justificar e avaliar condies e prticas correntes ou fazer planos mais
inteligentes para melhorar as prticas de ateno sade41
. Eles tm como propsito
observar, descrever e documentar aspectos de uma situao42
.
4.2 A Construo de catlogos/subconjuntos pelo CIE
Na construo do subconjunto foram seguidos alguns dos passos propostos pelo
CIE no Guia para Desenvolvimento de Catlogos CIPE43
. O Conselho preconiza dez
passos para a construo de catlogos/subconjuntos. Esses passos so descritos abaixo, em
sequncia:
O primeiro passo trata da identificao da clientela na qual se prope o catlogo e a
prioridade de sade. J o segundo passo refere-se documentao da significncia para a
enfermagem. Conforme a justificativa j apresentada para o estudo, a clientela prevista
para a implementao do subconjunto composta por possveis pacientes com mieloma
mltiplo, devido relevncia do problema para a sade pblica e a significncia para a
enfermagem.
O terceiro passo previsto pelo CIE consiste no contato com o prprio rgo, no
sentido de verificar se j existem outros grupos trabalhando com a prioridade de sade
eleita e para estabelecer trabalho em rede com outros e orientao para o seu trabalho.
Nesse sentido, foi realizado um contato inicial com o escritrio da CIPE da Paraba, para
informao sobre a realizao da pesquisa.
O quarto passo proposto consiste na utilizao do browser e do modelo de 7 eixos,
juntamente com as linhas de orientao para a composio de enunciados CIPE, para
desenvolver enunciados de diagnstico, resultado e interveno. O quinto passo trata da
identificao de evidncias e literatura que consigam ajudar a encontrar os enunciados
-
33
pertinentes de diagnstico, resultado e interveno de Enfermagem. O modelo dos 7 eixos
foi utilizado para elaborao do subconjunto; destaca-se, porm, que foram inicialmente
localizadas evidncias na literatura para subsidiar o mapeamento cruzado dos termos, com
vistas composio das declaraes de diagnsticos, intervenes e resultados. Tal ao
auxilia sobremaneira na construo das declaraes.
O levantamento de evidncias clnicas na literatura, relacionadas ao mieloma
mltiplo, foi realizado em busca por evidncias empricas em livros didticos de relevncia
na rea da onco-hematologia e em artigos nacionais e internacionais publicados na base de
dados LILACS e MEDLINE, utilizando os descritores mieloma mltiplo e enfermagem.
Cabe relatar que nesse levantamento foram estabelecidos como critrios de incluso
na pesquisa: aderncia temtica, o recorte temporal de cinco anos, as publicaes nos
idiomas ingls, espanhol e portugus, e a disponibilidade on-line na ntegra. Foram
critrios de excluso: teses e artigos que no apresentassem manifestaes clnicas do
mieloma mltiplo.
O resultado dessa etapa apresentado no quadro II, das evidncias empricas e
respectivas referncias.
A partir das evidncias empricas foram elaboradas as declaraes de diagnsticos,
resultados e intervenes de enfermagem, com base nos termos constantes no modelo dos
sete eixos, da CIPE,verso 1.0 e verso 2.0, na literatura e na experincia profissional do
autor.
As intervenes de enfermagem foram criadas com base na literatura, fazendo
mapeamento cruzado com utilizao da CIPE. Foi
exigida a utilizao de um termo do
eixo- alvo e um termo do eixo Ao (qualquer um dos sete eixos, menos Julgamento); os
demais termos so opcionais22
.
As declaraes de resultados foram criadas utilizando-se tambm experincia
profissional do autor e termos constantes nos eixos Foco e Julgamento do modelo de sete
eixos da CIPE.
O sexto passo proposto demanda o desenvolvimento de aplicaes de
suporte ou instrumentos de documentao para a populao de clientes e problemas de
sade do catlogo. Esta documentao pode incluir estudos de caso e instrumentos de
avaliao. Tambm podem utilizar-se os padres e linhas de orientao da prtica baseada
-
34
na investigao para clarificar e comunicar o contexto para os enunciados refletidos no
catlogo. Para essa etapa foram desenvolvidos os Apndices D e B, que tratam
respectivamente de um formulrio com orientaes sobre os diagnsticos de enfermagem
do subconjunto e do subconjunto trabalhado, na tica do referencial de Wanda Horta, para
uso cotidiano pelos enfermeiros. Para a construo desse formulrio, destaca-se que, de
posse da listagem das afirmativas de diagnsticos, resultados e intervenes de
enfermagem, inicialmente organizada, foi realizada a distribuio de acordo com as
necessidades humanas bsicas, como proposto por Wanda de Aguiar Horta, em
psicobiolgicas e seus 16 subgrupos, psicossociais e seus 11 subgrupos e psicoespirituais e
seus dois subgrupos.
O stimo passo trata da validao dos enunciados do catlogo CIPE com a
populao especificada de clientes (em papel ou sistema eletrnico) e com enfermeiros
peritos na prioridade de sade selecionada. Tal etapa foi cumprida com a validao dos
contedos das declaraes de diagnsticos, resultados e intervenes de enfermagem em
conjunto com os enfermeiros expertises na rea especfica. Ser descrita, detalhadamente,
mais adiante.
O oitavo passo trata da adio, eliminao ou reviso dos enunciados do catlogo
CIPE, conforme necessrio. Aps a validao por expertises, houve incluso, excluso
ou reviso das declaraes de diagnsticos, intervenes e resultados de enfermagem,
conforme necessrio.
Trabalhar com o CIE para desenvolver um texto final do catlogo CIPE, aps a
submisso do catlogo provisrio para avaliao e codificao na CIPE e para auxili-lo,
conforme o apropriado, na divulgao do catlogo CIPE - isso constitui as etapas nove e
dez, porm essas etapas sero desenvolvidas em outro momento, considerando-se que o
catlogo ainda necessita de uma validao clnica, para testar sua aplicabilidade entre a
clientela, antes de sua divulgao.
4.3 Validao das declaraes de diagnsticos, resultados e intervenes de
enfermagem, por especialistas
Com o catlogo pronto, passamos para a etapa de validao das declaraes entre
os enfermeiros expertises na rea especfica, com incluso, excluso ou reviso das
-
35
declaraes de diagnsticos, intervenes e resultados de enfermagem conforme
necessrio.
O subconjunto foi validado no Hospital Universitrio Antnio Pedro, localizado na
cidade de Niteri, no Estado do Rio de Janeiro. Foram includos neste estudo os
enfermeiros da enfermaria de hematologia e do ambulatrio de quimioterapia, totalizando
09 profissionais da assistncia. Foram critrios de incluso na amostra: profissionais de
enfermagem com, no mnimo, cinco anos de experincia com pacientes oncolgicos e a
assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (APNDICE A), atestando sua
participao voluntria e a cincia da possibilidade de desistncia em qualquer momento
do estudo, em conformidade com a Resoluo 196/96.
Foi entregue aos nove enfermeiros o material contendo 92 folhas encadernadas em
espiral com: apndice A: termo de consentimento livre e esclarecido; apndice B:
subconjunto CIPE para pacientes com mieloma mltiplo; apndice C: questionrio
estruturado para validao por expertises; e apndice D: catlogo com definies para
diagnsticos e resultados.
As afirmativas de diagnstico de enfermagem, intervenes de enfermagem e de
resultados de enfermagem foram submetidas validao de contedo por especialistas. Tal
modelo til para se compreender se o contedo proposto em um formulrio, a ser
aplicado na prtica, corresponde experincia de expertises na rea44
. No caso deste
estudo, a inteno verificar se as declaraes propostas de diagnsticos, intervenes e
resultados de enfermagem refletem as demandas dos pacientes com mieloma mltiplo.
Baseado no modelo de validao de contedo diagnstico de Fehring45
, estas
declaraes foram apresentadas no catlogo (APNDICE B) aos participantes voluntrios
da pesquisa e eles avaliaram seu grau de concordncia com cada declarao proposta
(APNDICE C). Os diagnsticos, intervenes e resultados de enfermagem foram
apresentados, e o participante atribuiu uma nota que variou de 1 a 5. Nota 1 a declarao
de diagnstico, interveno e resultado no se aplica. Nota 2 a declarao de diagnstico,
interveno e resultado se aplica muito pouco. Nota 3 a declarao de diagnstico,
interveno e resultado se aplica de algum modo. Nota 4 a declarao de
diagnstico/interveno/resultado se aplica consideravelmente. Nota 5 a declarao de
diagnstico, interveno e resultado muito caracterstica dos pacientes com mieloma
mltiplo45
.
-
36
Cada nota recebeu um peso: 1 = 0; 2 = 0,25; 3 = 0,50; 4 = 0,75 e 5 = 1. Foram ento
realizadas as mdias ponderadas dos valores atribudos por todos os participantes da
pesquisa e consideradas vlidas as afirmaes de diagnsticos, resultados e intervenes
que obtiverem um ndice de concordncia 0,75.
-
37
CAPTULO V
RESULTADOS E DISCUSSO
O levantamento de evidncias na literatura e a construo de declaraes com a
CIPE
A etapa inicial para o desenvolvimento do Catlogo para pacientes com mieloma
foi o levantamento de evidncias, j descrito no captulo de metodologia. Essa busca por
evidncias comprovou oitenta e um artigos, dos quais trinta atendiam aos critrios
estabelecidos. No primeiro momento, foram listados cento e vinte e trs manifestaes
clnicas nos artigos selecionados. Com isso, foi criado um quadro contendo as
manifestaes clnicas do mieloma mltiplo, agrupadas em ordem alfabtica, tendo ao lado
os artigos onde foram encontradas. A partir da fez-se a juno das evidncias que tinham o
mesmo significado, reduzindo-se, assim, para um total de quarenta e seis manifestaes
clnicas.
Os termos localizados nesse momento da pesquisa foram: adinamia, alteraes das
funes renais, anria, oligria, falncia renal, leso renal, insuficincia renal,
hiperuricemia, anemia, pele hipocorada, anorexia, perda gradativa da ingesto alimentar
por via oral, azotemia, membrana mucosa oral comprometida, candidase oral, leses
ulcerativas na gengiva, hiperemia da gengiva, necrose da mucosa bucal, caquexia,
emagrecimento, fraqueza, perda de peso, constipao, depresso, desidratao, diarreia,
dispneia, esforo respiratrio, dor musculoesqueltica, dor em antebrao direito, dor de
dente, dor mandibular, mialgia , dor ssea, alteraes sseas, dor neurognica, dor
neuroptica, edema, dor de artrite, dor na coluna vertebral, edema, exantema, eroses
corticais, fadiga, astenia, fraqueza, fratura, fratura patolgica, fratura compressiva das
vrtebras, leses osteolticas em saca-bocado, leses osteolticas na calota craniana, leses
sseas, leses sseas lticas, destruio ssea, exposio ssea, febre, hemorragia,
manifestaes hemorrgicas, sangramento, anormalidade na coagulao, hipercalcemia,
hipertenso arterial, hiperviscosidade, hiperproteinemia, hiperglicemia, hipotenso,
hipovolemia, insuficincia cardaca, aumento do volume cardaco, hipertrofia ventricular,
isolamento social, insuficincia da medula ssea, leucopenia, neutropenia,
imunossupresso, letargia, magreza, mucosite, plaquetopenia, supresso da hematopoese,
-
38
trombocitopenia, infeces, infeces secundrias, infeces recorrentes, infeco fngica,
processo infeccioso, suscetibilidade a infeco, sepse, bacteremia, onicomicose, paroquinia
em pododctilo, pneumonia, descarga purulenta, celulite de face, discite, infeco do
cateter venoso central da hemodilise, inflamao, incapacidade funcional motora,
instabilidade mecnica, nusea, palidez, pele seca, frustrao, rash cutneo, rubor cutneo
facial, risco de infeco, predisposio para infeco, risco para fratura ssea, lise ssea,
alteraes sseas, osteolise proximal, necrose de mandbula, necrose vascular de cabea de
fmur, osteopenia difusa, osteoporose, osteomielite, osteonecrose de mandbula, destruio
esqueltica, destruio ssea, fraqueza ssea, sonolncia, taquicardia, taquisfigmia,
vertigem, vmito.
Neste estudo denominamos evidncias empricas as manifestaes clnicas
encontradas na prtica clnica e/ou na literatura atual. As evidncias foram agrupadas a fim
de promover uma reduo dos termos de mesmo significado ou equivalncia.
Neste momento destacam-se os termos que foram agrupados por significado. So
eles: alteraes da funo renal, que agrupou anria, oligria, falncia renal, leso renal,
insuficincia renal e hiperuricemia; anemia agrupou pele hipocorada; anorexia agrupou
perda gradativa da ingesto alimentar; caquexia agrupou emagrecimento, fraqueza,
letargia, magreza e perda de peso; dispneia agrupou esforo respiratrio; dor
musculoesqueltica agrupou dor em antebrao direito, dor de dente, dor mandibular,
mialgia, mialgia generalizada e dor intensa em membros inferiores; dor neurognica
agrupou dor neuroptica; dor ssea agrupou alteraes sseas; dor de artrite agrupou dor
na coluna vertebral; exantema agrupou eroses corticais; fadiga agrupou astenia e
fraqueza; fratura agrupou fratura patolgica, fratura compressiva das vrtebras, leses
osteolticas em saca-bocado, leses osteolticas na calota craniana, leses sseas e leses
sseas lticas, destruio ssea e exposio ssea; hemorragia agrupou anormalidade na
coagulao, sangramento e manifestaes hemorrgicas; insuficincia cardaca agrupou
aumento do volume cardaco e hipertrofia ventricular; insuficincia da medula ssea
agrupou leucopenia, neutropenia, imunossupresso, plaquetopenia, supresso da
hematopoese e trombocitopenia; infeces agrupou infeces secundrias, infeces
recorrentes, infeco fngica, processo infeccioso, suscetibilidade a infeco, sepse,
bacteremia, onicomicose, paroquinia em pododctilo, pneumonia, descarga purulenta,
celulite de face, discite e infeco do cateter venoso central da hemodilise; membrana
-
39
mucosa oral comprometida agrupou candidase oral, mucosite, leses ulcerativas na
gengiva, hiperemia da gengiva e necrose da mucosa bucal; rash cutneo agrupou rubor
cutneo facial; risco de infeco agrupou predisposio para infeco; risco para fratura
ssea agrupou fraqueza ssea, lise ssea, alteraes sseas, osteolise proximal, necrose de
mandbula, necrose vascular de cabea de fmur, osteopenia difusa, osteoporose,
osteomielite, osteonecrose de mandbula, destruio esqueltica e destruio ssea;
taquicardia agrupou taquisfigmia.
Em sntese, as evidncias empricas que foram utilizadas na construo de
declaraes diagnsticas so: alteraes das funes renais, anemia, anorexia, azotemia,
caquexia, constipao, depresso, desidratao, diarreia, dispneia, dor musculoesqueltica,
dor neurognica, dor ssea, dor de artrite, edema, exantema, fadiga, fratura, febre,
hemorragia, hipercalcemia, hipertenso arterial, hiperviscosidade, hiperproteinemia,
hiperglicemia, hipovolemia, hipotenso, insuficincia cardaca, insuficincia da medula
ssea, isolamento social, infeces, inflamao, incapacidade funcional motora,
instabilidade mecnica, membrana mucosa oral comprometida, nuseas, palidez, pele seca,
prostao, rash cutneo, risco de infeces, risco de fratura ssea, sonolncia, taquicardia,
vertigem e vmitos. Tais evidncias e suas respectivas referncias encontram-se descritas
no Quadro II.
Quadro II: Evidncias empricas e respectivas referncias
Evidncia emprica Referncia bibliogrfica
Alteraes das funes
renais
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em hospital de referncia no sul de Santa Catarina. Rev. Brs. Clin. Med. 2010; 8(3) 216-21
-HEINEM JR; SANTOS JS. Mieloma mltiplo com fratura no colo do mero: relato de caso.
Rev. HCPA 2010; 30(1):68-72
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exibindo diferenciao plasmocitria e gamopatia monoclonal. Rev. bras. Hematol. Hemoter.
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-COLLEONI GWB. . Tratamento de primeira linha no mieloma mltiplo. Rev. Brs.
-
40
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-
41
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Caquexia -PAULA e SILVA, Roberta O. et al. Mieloma mltiplo: caractersticas clnicas e laboratoriais
ao diagnstico e estudo prognstico. Rev. Brs. Hematol. Hemoter. 2009; 31(2): 63-68.
-HEINEM JR; SANTOS JS. Mieloma mltiplo com fratura no colo do mero: relato de caso.
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diagnsticos diferenciais. Rev. bras. Hematol. Hemoter. Vol.29 n1 So Jos do Rio Preto
jan/mar 2007.
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Constipao -HEINEM JR; SANTOS JS. Mieloma mltiplo com fratura no colo do mero: relato de caso.
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Hematol. Hemoter. Vol. 29 n 1 So Jos do Rio Preto jan/mar 2007.
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Hemoter. Vol.29 n1 So Jos do Rio Preto jan/mar 2007.
-COLLEONI GWB. Tratamento de primeira linha no mieloma mltiplo. Rev. bras. Hematol.
Hemoter. Vol.29 n1 So Jos do Rio Preto jan/mar 2007.
-PAULA E SILVA et al. Mieloma mltiplo: verificao do conhecimento da doena em
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So Paulo nov/dez 2008.
Evidncia emprica Referncia bibliogrfica
Depresso - CANADO RD. Mieloma mltiplo e anemia. Rev. bras. Hematol. Hemoter. Vol.29 n1 So
Jos do Rio Preto jan/mar 2007.
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Desidratao -PAULA E SILVA et al. Mieloma mltiplo: verificao do conhecimento da doena em
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Diarreia -ATALLA, Angelo et al. Fusariose em transplante autlogo de medula ssea: relato de caso e
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42
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-HEINEM JR; SANTOS JS. Mieloma mltiplo com fratura no colo do mero: relato de caso.
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-ANDRADE VP. Aspectos morfolgicos da infiltrao da medula ssea por condies
exibindo diferenciao plasmocitria e gamopatia monoclonal. Rev. bras. Hematol. Hemoter.
Vol.31 n4 So Paulo jul/ago 2009 Epub jul 17, 2009.
-HUNGRI