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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE EDUCAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO MARIA DA GUIA SOUZA AUTISMO E INCLUSÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL: EFEITOS DE UM PROGRAMA DE INTERVENÇÃO COLABORATIVA NAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS DOS PROFESSORES NATAL/RN 2019

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE EDUCAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO

MARIA DA GUIA SOUZA

AUTISMO E INCLUSÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL:

EFEITOS DE UM PROGRAMA DE INTERVENÇÃO COLABORATIVA NAS

PRÁTICAS PEDAGÓGICAS DOS PROFESSORES

NATAL/RN

2019

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MARIA DA GUIA SOUZA

AUTISMO E INCLUSÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL:

EFEITOS DE UM PROGRAMA DE INTERVENÇÃO COLABORATIVA NAS

PRÁTICAS PEDAGÓGICAS DOS PROFESSORES

Dissertação de Mestrado apresentada ao

Programa de Pós-graduação em Educação da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

como requisito parcial para a obtenção do grau

de Mestre em Educação.

Orientadora: Profa. Dra. Débora Regina De

Paula Nunes.

NATAL/RN

2019

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MARIA DA GUIA SOUZA

AUTISMO E INCLUSÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL:

EFEITOS DE UM PROGRAMA DE INTERVENÇÃO COLABORATIVA NAS

PRÁTICAS PEDAGÓGICAS DOS PROFESSORES

Dissertação de Mestrado apresentada ao

Programa de Pós-graduação em Educação da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

como requisito parcial para a obtenção do grau

de Mestre em Educação.

Aprovada em: ______/_______/_________.

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________________________

Profa. Dra. Débora Regina de Paula Nunes (Orientadora)

Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)

____________________________________________________________

Profa. Dra. Géssica Fabiely Fonseca (Examinadora Interna Titular)

Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)

____________________________________________________________

Profa. Dra. Lúcia de Araújo Ramos Martins (Examinadora Interna Suplente)

Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)

____________________________________________________________

Profa. Dra. Leila Regina d’Oliveira de Paula Nunes (Examinadora Externa Titular)

Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

____________________________________________________________

Profa. Dra. Cátia Crivelenti de Figueiredo (Examinadora Externa Suplente)

Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

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Dedico este trabalho ao meu pai Natanael

Belmiro de Souza (in memoriam), meu grande

amor e inspiração para a vida. Gratidão pelos

ensinamentos, pela dedicação e pela serenidade

como educou seus filhos. E a minha mãe, Rita

Araújo de Souza (in memoriam), mulher

perspicaz nos seus projetos de vida e na

educação de seus filhos. Diante de tantos

obstáculos, ela não media esforços, trabalhava

até a madrugada para vender sua arte para que

eu e meus irmãos pudéssemos estudar. Guardo

na minha memória afetiva os pormenores de

uma mãe dedicada e amorosa. Minha grande

amiga de todas as horas até o final de seus dias.

Sinto-me muito feliz por ser filha de vocês dois

e ser a pessoa que sou hoje! Dedico também a

minha irmã, Maria das Dores de Souza

Fernandes, que muitas vezes agiu como mãe

quando nossa “Ritinha” não estava por perto.

Obrigada irmã, foste minha inspiração parara

prosseguir com os meus projetos de vida.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiro a Deus pelo dom e graça concedida para a realização desta conquista.

E as bênçãos da Virgem Maria por ter me ajudado a finalizar esta etapa com paz e serenidade.

Agradeço, em especial, a minha orientadora, Débora Regina de Paula Nunes, pela

compreensão, paciência e apoio concedido. Por me guiar pelos caminhos da pesquisa e acreditar

no meu potencial no decorrer deste estudo. Obrigada pelos ensinamentos, laços afetivos,

aprendizados e pela parceria. Feliz demais por ter sido sua orientanda, só gratidão por essa

dádiva em minha vida.

À CAPES, pelo apoio concedido. Obrigada por tudo!

Aos professores do PPGEd, em especial aos que fazem parte da “Base de Pesquisa-

Educação e Inclusão Social em contextos escolares e não escolares”, pela contribuição no

decorrer desta caminhada.

Aos professores da banca examinadora pela disponibilidade e contribuição no trabalho

proposto.

A Pesquisadora Cláudia Roberto Soares de Macêdo, pela escala adaptada de Lidz: meu

muito obrigada!

À Rede Municipal de ensino de Tenente Laurentino Cruz/RN, aos participantes da

pesquisa, às professoras do ensino regular e especial, à cuidadora e aos familiares dos demais

pais da turma do Pré-1, obrigada pelo apoio nesta caminhada.

Em especial, gratidão a avó de Davi, Margarida. Obrigada pela disponibilidade e

atenção no decorrer da pesquisa.

Aos meus amigos que conquistei neste percurso acadêmico: Christiane, Débora Mara,

Elaine, Elizabeth, Lamoniara, Maíra, Márcia Bethânia, Mariane, Marcilene, Sara e Katyuscia.

Foi gratificante tudo o que vivenciamos no decorrer deste mestrado.

Aos meus amigos Flávio José de Oliveira e Divoene Pereira, pelo incentivo e apoio para

que eu prosseguisse neste sonho acadêmico. Obrigada meus amores!

Aos meus amigos e familiares que compreenderam a minha ausência no decorrer desses

dois anos distantes em certos momentos, entre Natal, Florânia e Tenente Laurentino Cruz.

Obrigada pela compreensão e amorosidade comigo nos momentos em que eu mais precisei.

É tanta gratidão que não cabe no meu coração. Transborda em todo o meu ser.

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“Existem portas que se desmancham após

serem atravessadas. Não há como retornar ao

lugar onde a nossa vida dormia antes de cruzá-

las. Da estreiteza à expansão. Da semente à flor.

Do casulo às asas, nos ensinam as borboletas. ”

(Ana Cláudia Saldanha Jácomo)

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RESUMO

Resultados de estudos conduzidos no contexto da Educação Infantil (EI) revelam limitações no

desenvolvimento acadêmico e funcional de crianças com Transtorno do Espectro Autista

(TEA). Dentre os fatores que justificam esses dados está a precária formação dos professores.

Lacunas dessa natureza justificam os sentimentos de despreparo dos docentes para atender às

demandas desse alunado. O objetivo do presente trabalho foi avaliar a eficácia de uma proposta

pedagógica de intervenção escolar, de cunho colaborativo, na escolarização de uma criança com

TEA, regularmente matriculada no Ensino Infantil na cidade de Tenente Laurentino Cruz/RN.

Além da professora e do educando, participaram da pesquisa uma cuidadora e uma consultora

de Educação Especial. Um delineamento de pesquisa quase-experimental intrassujeito foi

utilizado para mensurar os efeitos do programa de capacitação no comportamento mediador do

professor. Em seguida, foram avaliados os efeitos da mediação docente no desempenho

acadêmico e funcional do aluno. O aumento na frequência de comportamentos mediadores da

docente e as mudanças qualitativas no desempenho do aluno foram registrados após o programa

de capacitação. Conclui-se que o sucesso ou fracasso da escolarização da criança com TEA

estão condicionados ao planejamento/organização de estratégias de ensino, às adequações

realizadas na escola, bem como à formação continuada de professores.

Palavras-chave: Autismo. Educação Infantil. Práticas pedagógicas. Consultoria colaborativa.

Inclusão.

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ABSTRACT

Result of studies conducted in the context of early childhood education reveal limitations in

academic and functional development of children with Autism Spectrum Disorder (ASD).

Among factors that justify these data is precarious teacher preparation. Gaps of this nature

justify teachers' feelings of unpreparedness to meet the demands of these students. The

objective of the present study was to evaluate the effectiveness of a collaborative educational

intervention proposal in the schooling of a child with ASD, regularly enrolled in a kindergarten

class of a public school in the city of Tenente Laurentino Cruz/RN. In addition to the teacher

and the student, a caregiver and a Special Education consultant participated in the research. A

single-subject quasi experimental research design was used to evaluate the effects of the

training program on the teacher's mediating behavior. Additionally, the effects of teacher

mediation on student academic and functional performance were then evaluated. Increase in

teacher mediation and qualitative changes in student performance were registered after the

implementation of the program. The educational success or failure of children with ASD is

conditioned to planning/organizing teaching strategies, adapting resources in the schools, as

well as promoting teacher continuous education.

Keywords: Autism. Child Education. Pedagogical Practices. Collaborative consulting.

Inclusion.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Modelo de Coensino e Consultoria Colaborativa ............................................. 32

Figura 2 – Entrada da Creche Florescer ............................................................................. 47

Figura 3 – Lateral da Creche Florescer .............................................................................. 47

Figura 4 – Entrada principal da sala de aula de Davi .......................................................... 48

Figura 5 – Sala de aula de Davi .......................................................................................... 48

Figura 6 – Reunião com os pais do aluno pesquisado e demais pais da turma .................... 52

Figura 7 – Reunião com os pais e demais pais da turma ..................................................... 52

Figura 8 – Confecção do quadro de rotina de Davi ............................................................ 56

Figura 9 – Confecção de material pedagógico ................................................................... 57

Figura 10 – Nível de mediação da professora titular durante a rotina inicial ...................... 66

Figura 11 – Rotina inicial antes da intervenção ................................................................. 67

Figura 12 – Participação de Davi na rotina inicial após a intervenção ............................... 68

Figura 13 – Atividades acadêmicas: mediação docente ..................................................... 69

Figura 14 – Atividade acadêmica: a “vassoura” ................................................................ 69

Figura 15 – Davi manuseando a bandeira do Brasil ........................................................... 71

Figura 16 – Davi pintando a bandeira do Brasil ................................................................. 71

Figura 17 – Atividade adaptada do poema “Leilão de Jardim” .......................................... 73

Figura 18 – Atividade adaptada: “Quem me compra esse formigueiro? ” .......................... 73

Figura 19 – Atividade adaptada: “Quem me compra um raio de sol?” ............................... 74

Figura 20 – Atividade adaptada no quadro branco: “Quem me compra um raio de sol?” 74

Figura 21 – Atividade do poema “Caracol” ....................................................................... 75

Figura 22 – Atividade com palitos de picolé ...................................................................... 73

Figura 23 – Trabalhando com números e quantidades ....................................................... 76

Figura 24 – Confecção de uma máscara: Que bicho é esse? ............................................... 77

Figura 25 – Aula no quadro branco sobre os bichos ........................................................... 77

Figura 26 – Culminância do projeto: Que bicho é esse? ..................................................... 78

Figura 27 – Interação de Davi na música do abraço ........................................................... 78

Figura 28 – Davi em interação com os colegas .................................................................. 79

Figura 29 – Sessão de história antes da intervenção ........................................................... 79

Figura 30 – Sessão de história na intervenção .................................................................... 80

Figura 31 – Nível de mediação na sessão de história ......................................................... 81

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Figura 32 – Sessão de história na intervenção .................................................................... 81

Figura 33 – Mediação na sessão de história ....................................................................... 82

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Transtornos Invasivos do Desenvolvimento ................................................... 21

Quadro 2 – Pesquisas que tratam da escolarização de alunos com TEA na Educação

Infantil publicadas entre 2014 e 2018 ................................................................................

25

Quadro 3 – Pesquisas que tratam da Consultoria Colaborativa na Educação Infantil

publicadas entre 2014 e 2018 .............................................................................................

36

Quadro 4 – Componentes da Escala de Experiência de Aprendizagem Mediada de

acordo com Lidz ................................................................................................................

44

Quadro 5 – Diretrizes para a capacitação dos professores .................................................. 54

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AEE – Atendimento Educacional Especializado

AL – Alagoas

APA – Associação Americana de Psiquiatria

AVA – Ambiente Virtual de Aprendizagem

BNCC – Base Nacional Comum Curricular

BNCC-EI – Base Nacional Comum Curricular-Ensino Infantil

CAA – Comunicação Alternativa e Ampliada

CID – Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados a Saúde

CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento do Pessoal de Nível Superior

CARS – Childhood Autism Rating Scale

CDC – Center for Disease Control and Prevention

CEMAEE – Centro Escola Municipal de Atendimento Educacional Especializado

CMEI – Centro Municipal de Educação Infantil

DIREC – Diretoria Regional da Educação e da Cultura

DS – Distúrbios de Sono

DSM – Manual Diagnóstico e Estatístico de Doenças Mentais

EAM – Experiência de Aprendizagem Mediada

ES – Espírito Santo

EI – Educação Infantil

EJA – Educação de Jovens e Adultos

GEAA – Grupo de Estudos Aprendendo a Aprender

HUOL – Hospital Universitário Onofre Lopes

LB – Linha de Base

LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

MEC – Ministério da Educação e Cultura

PA – Pará

PECS – Picture Exchange Communication System

PEI – Plano Educacional Individualizado

PI – Piauí

RCNEI – Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil

RN – Rio Grande do Norte

SC – Santa Catarina

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SME-TLC – Secretaria Municipal de Educação de Tenente Laurentino Cruz

SP – São Paulo

SR – Síndrome de Rett

SRM – Sala de Recursos Multifuncionais

TA – Tecnologia Assistiva

TEA – Transtorno do Espectro Autista

UMEI – Unidade Municipal de Ensino Infantil

UNICEF – Fundo das Nações Unidas para a Infância

ZDP – Zona de Desenvolvimento Proximal

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 16

2 TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA .......................................................... 20

2.1 AUTISMO: HISTÓRICO ......................................................................................... 20

2.2 CARACTERÍSTICAS DO TEA ............................................................................... 23

2.3 A ESCOLARIZAÇÃO DE EDUCANDOS COM AUTISMO NA EDUCAÇÃO

INFANTIL: O QUE REVELA A LITERATURA (2014-2018) ......................................

24

3 A PARCERIA COLABORATIVA COMO ESTRATÉGIA INTERVENTIVA

PARA A INCLUSÃO ....................................................................................................

32

3.1 PARCERIA COLABORATIVA: DO QUE ESTAMOS FALANDO? ..................... 32

3.2 CONSULTORIA COLABORATIVA COMO ESTRATÉGIA PARA

CAPACITAÇÃO DE PROFESSORES DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIA NO

ENSINO INFANTIL: O QUE DIZ A LITERATURA ....................................................

34

4 METODOLOGIA ........................................................................................................ 42

4.1 PARTICIPANTES .................................................................................................... 42

4.2 DELINEAMENTO DE PESQUISA ......................................................................... 42

4.3 VARIÁVEIS ............................................................................................................. 42

4.3.1 Variável independente: o programa de capacitação .......................................... 42

4.3.2 Variável dependente ............................................................................................. 43

4.4 AGENTE DE INTERVENÇÃO ................................................................................ 46

4.5 ASSISTENTE DE PESQUISA ................................................................................. 46

4.6 LOCAL ..................................................................................................................... 46

4.7 INSTRUMENTOS .................................................................................................... 49

4.8 MATERIAIS ............................................................................................................. 50

4.9 PROCEDIMENTOS ................................................................................................. 50

4.9.1 Acordos institucionais .......................................................................................... 50

1. 4.9.2 Capacitação da assistente da pesquisa ................................................................ 52

4.9.3 Pré-linha de base ................................................................................................... 52

4.9.4 Linha de base ......................................................................................................... 53

4.9.5 Elaboração de um programa de capacitação em serviço de cunho

colaborativo ...................................................................................................................

53

4.9.6 Intervenção ........................................................................................................... 54

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5 RESULTADOS ........................................................................................................... 57

5.1 QUEM É MARIA LUÍSA, A DOCENTE ................................................................. 57

5.2 QUEM É DAVI ......................................................................................................... 59

5.3 QUEM É LETÍCIA, A CUIDADORA ...................................................................... 62

5.4 QUEM É ANGÉLICA, A PROFESSORA DO AEE ................................................. 62

5.5 QUEM É MARGARIDA, A AVÓ DE DAVI ............................................................ 64

5.6 OS EFEITOS DA PROPOSTA INTERVENTIVA NO COMPORTAMENTO DA

DÍADE (DAVI E MARIA LUÍSA) .................................................................................

65

5.6.1 Rotina inicial ......................................................................................................... 66

5.6.2 Atividades acadêmicas ......................................................................................... 68

5.6.3 Hora da história .................................................................................................... 79

5.7 VALIDADE SOCIAL ............................................................................................... 82

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 86

REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 89

APÊNDICES ................................................................................................................. 103

APÊNDICE 1 – CARTA DE ANUÊNCIA ..................................................................... 103

APÊNDICE 2 – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

(TCLE) PARA OS PAIS OU RESPONSÁVEIS .............................................................

104

APÊNDICE 3 – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

(TCLE) PARA OS DEMAIS PAIS DA TURMA ............................................................

106

APÊNDICE 4 – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

(TCLE) PARA O PROFESSOR ......................................................................................

109

ANEXOS ........................................................................................................................ 112

ANEXO 1 – OFÍCIO DE ENCAMINHAMENTO .......................................................... 112

ANEXO 2 – ESCALA DE LIDZ ..................................................................................... 113

ANEXO 3 – TERMO DE AUTORIZAÇÃO PARA USO DE IMAGENS ...................... 120

ANEXO 4 – TERMO DE AUTORIZAÇÃO PARA GRAVAÇÃO DE VOZ ................. 121

ANEXO 5 – ROTEIRO DE ENTREVISTA PARA A PROFESSORA ........................... 122

ANEXO 6 – ROTEIRO DE ENTREVISTA PARA O RESPONSÁVEL ........................ 125

ANEXO 7 – REFERÊNCIAS DOS TEXTOS UTILIZADOS NA FORMAÇÃO DOS

PROFESSORES ..............................................................................................................

128

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1 INTRODUÇÃO

O estudo do atendimento dado à criança brasileira de zero a seis anos passa pelo crivo

dos valores sociais, econômicos, políticos e morais de cada época histórica. Nessa perspectiva,

Krammer (2001) assinala duas etapas que caracterizam esse atendimento: de 1500 até 1930 e

de 1930 a 1980. Na primeira etapa, o atendimento proposto era limitado às crianças das classes

dominantes. Ele foi marcado pela gradativa valorização da infância e pelo reconhecimento da

necessidade de atendimento de suas necessidades básicas, caracterizando-se pelo progresso no

campo da higiene infantil, tanto na área médica quanto na educacional, registrando-se, então,

algumas iniciativas de caráter privado e filantrópico (KRAMMER, 2001). Na segunda etapa,

correspondente ao período de 1930 a 1980, são concretizados os trabalhos de assistência social

e educacional à infância (KRAMMER, 2001). Nesse período, quanto à responsabilidade do

atendimento à infância, a ênfase dada é ao setor público. Na realidade, o governo dividiria os

custos com os órgãos particulares, sem abrir mão da direção e do controle do atendimento.

A partir da década de 1980 são observados avanços em relação à Educação Infantil (EI).

É detectado um empenho de setores da sociedade que apontam a necessidade de que a creche e

a pré-escola sejam integradas, com o objetivo de favorecer o desenvolvimento global da criança

(GOMES, 2013). Nesse contexto, a Constituição Federal de 1988 e a Lei de Diretrizes e Bases

da Educação Nacional (LDB) nº 9.394, publicada em 1996, a definiram como primeira etapa

da Educação Básica, antecedendo o Ensino Fundamental, de caráter obrigatório. Essa

ampliação do direito à educação a todas as crianças pequenas, desde seu nascimento, representa

uma conquista importante para a sociedade brasileira.

Com essa legislação, a Educação Infantil passa a ser tratada como um dever do Estado

e como um direito da criança, não mais como um serviço oferecido pela assistência social às

populações pobres (BRASIL, 2009). Com isso, o país adere formalmente à concepção da

criança como sujeito de direitos, detentor de potencialidades a serem desenvolvidas. Esse

entendimento está em sintonia com as normativas internacionais prescritas tanto na Declaração

Universal dos Direitos da Criança (UNICEF, 1959) quanto na Convenção sobre os Direitos da

Criança (UNICEF, 1990).

Na década de 1990, foi instituída a Comissão Nacional de Educação Infantil para

subsidiar a formulação e a implementação de políticas nessa área. Ademais, o Ministério da

Educação publicou, em 1998, o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil

(RCNEI) que, em três volumes, reúne um conjunto de sugestões pedagógicas que subsidiam as

ações educativas de profissionais e professores de creches e pré-escolas (BRASIL, 2000).

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Com vistas a avaliar a qualidade da EI, o Ministério da Educação e Cultura (MEC)

publicou, em 2009, um documento intitulado Indicadores da Qualidade da Educação Infantil,

(BRASIL, 2009). Esse instrumento visa alertar os profissionais sobre os problemas mais

frequentes encontrados nas creches e pré-escolas que precisam ser levados em conta para

aprimorar a qualidade do trabalho. Dentre as dimensões de avaliação apontadas estão a

formação docente e as condições de trabalho dos professores e demais profissionais que atuam

na Educação Infantil (BRASIL, 2009; MIRANDA et al., 2013).

Nesse âmbito, a literatura registra que um dos maiores desafios da EI se constitui na

efetivação de políticas voltadas para a formação de professores, em especial, para a educação

de crianças com deficiência. Amorim, Lima e Araújo (2017), Alves e Tebet (2009), De Vitta e

Monteiro (2010), Mendes (2010), Miranda et al. (2013), Victor (2015), bem como David e

Capellini (2014) destacam que novas atribuições são delegadas às escolas, que necessitam de

mudanças e adequações em seus fazeres. De forma específica, esses autores salientam que a

Educação Especial passa a fazer parte do ensino regular, surgindo a necessidade de um trabalho

desenvolvido em equipe, contemplando o ensino comum e o ensino especial. Essa realidade

evidencia a necessidade de um atendimento educacional de qualidade com profissionais

capacitados para atuarem em parceria com o ensino comum e o especializado, além de escolas

em condições físicas adequadas à faixa etária e de currículos reformulados para atender à

demanda desse alunado. Ademais, trata-se de reconhecer que a escolarização nesse nível de

ensino é um direito para todos, isso inclui crianças com deficiência ou não (VICTOR, 2015).

O que impulsionou este trabalho foi a trajetória profissional da pesquisadora, que teve

início com um concurso público estadual prestado, em 1990, para professora polivalente do

Ensino Fundamental. Nessa ocasião, fui selecionada para trabalhar na Escola Estadual Tristão

de Barros, em Currais Novos. No ano de 2001, regressei à minha terra natal, São Vicente, para

atuar como supervisora pedagógica na Escola Estadual Joaquim Adelino de Medeiros.

No ano seguinte, em 2002, fui viver em Florânia, em decorrência da aprovação em outro

concurso, no município de Tenente Laurentino Cruz. No mesmo ano foi criado o Grupo de

Estudos Aprendendo a Aprender (GEAA), vinculado à Educação Especial, formado por

professores do Atendimento Educacional Especializado (AEE) e coordenadores que atuam nas

escolas estaduais e municipais da 9ª Diretoria Regional da Educação e da Cultura (DIREC). A

partir dessa formação, que acontecia quinzenalmente em Currais Novos, deu-se o meu encanto

pela Educação Inclusiva. Na época da criação do grupo de estudos, atuava como supervisora

pedagógica em Florânia.

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Com o passar do tempo e o convívio com os colegas de trabalho, pude registrar em

minha memória afetiva as angústias, os medos e os relatos dos docentes, que argumentavam

estar despreparados para atuar com alunos com necessidades educacionais especiais,

particularmente aqueles diagnosticados com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Essa

realidade me impulsionou a investigar que saberes estão incutidos na prática pedagógica desses

professores e qual contribuição os conhecimentos produzidos na universidade e em programas

de formação continuada contribuem para o crescimento pessoal e profissional dos professores

da Educação Infantil.

Nessa perspectiva, propus, como projeto de mestrado, a pesquisa intitulada Autismo e

inclusão na Educação Infantil: Efeitos de um programa de intervenção colaborativa nas práticas

pedagógicas dos professores. Este estudo visa descrever o perfil acadêmico de um pequeno

grupo de professores que atuam na Educação Infantil com educandos com autismo, suas

práticas e percepções sobre a escolarização desse público alvo da Educação Especial. Ademais,

o estudo visa identificar quais os saberes advindos da sua formação e de experiência de vida

que são empregados em sua prática pedagógica. Com base nesses dados, desenvolvi um

programa colaborativo de capacitação em serviço, envolvendo um professor do ensino regular

da Educação Infantil. Assim, o objetivo final dessa capacitação foi viabilizar a participação

social e acadêmica de um aluno com autismo no contexto da Educação Infantil.

Com base nessa demanda, nosso intento foi avaliar a eficácia de uma proposta

pedagógica de intervenção escolar, de cunho colaborativo, na escolarização de uma criança com

TEA, regularmente matriculada no Ensino Infantil na cidade de Tenente Laurentino Cruz/RN.

Este estudo, que envolveu uma criança de 4 anos, sua professora regular, uma cuidadora e uma

consultora da Educação Especial, teve como objetivos específicos:

- Elaborar, junto à professora regente e cuidadora, uma proposta interventiva para o

desenvolvimento de habilidades acadêmicas e funcionais do educando com TEA no contexto

da Educação Infantil;

- Avaliar os efeitos da proposta interventiva no nível de mediação da professora regente;

- Avaliar os efeitos da proposta interventiva no desenvolvimento das habilidades acadêmicas e

funcionais do aluno.

O presente texto de dissertação está dividido em quatro capítulos. O primeiro capítulo

apresenta as premissas do nosso trabalho. Já o segundo, designado “Transtorno do Espectro

Autista”, descreve o contexto histórico, a sintomatologia do autismo e a escolarização desses

sujeitos na Educação Infantil. O terceiro capítulo descreve a consultoria colaborativa como

estratégia de intervenção para a formação de professores na escolarização de alunos com

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deficiência no Ensino Infantil. O quarto capítulo descreve o percurso metodológico da pesquisa.

Nele, são apresentados os resultados e as discussões da pesquisa. E, por fim, as considerações

finais resumem os resultados alcançados, considerando os objetivos traçados.

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2 TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA

2.1 AUTISMO: HISTÓRICO

Autismo é uma palavra de origem grega (autós), que significa “em si mesmo”. Tal termo

foi usado por Bleuler pela primeira vez em 1911, para se referir aos sintomas negativos da

esquizofrenia (ORRÚ, 2012; CAVALCANTE; ROCHA, 1997). Para ele, tratava-se de um

estado de desligamento da realidade, acompanhado de uma predominância da vida interior,

condicionado à dificuldade ou à impossibilidade de se comunicar com os outros (GOMIDE,

2009).

O mérito das primeiras descrições sobre autismo infantil, enquanto psicopatologia

independente, é atribuído a Leo Kanner que, em seu artigo inaugural Autistict Disturbances of

Affective Contact (Distúrbios Autísticos de Contato Afetivo), de 1943, descreveu os casos de

oito meninos e três meninas acompanhados por ele durante alguns anos (JORGE, 2003). Essas

crianças apresentavam características comportamentais peculiares, como a incapacidade para

estabelecer relações com as pessoas, as alterações na aquisição e no uso da linguagem, a solidão

extrema e os comportamentos ritualísticos. Eram dotadas, no entanto, de aspecto físico normal

e boas potencialidades cognitivas. De acordo com os seus registros, o distúrbio tinha início

precoce e a incidência era predominante no sexo masculino (TAMANAHA; PERISSINOTO;

CHIARI, 2008).

Posteriormente, Hans Asperger, no ano de 1944, identificou um distúrbio similar, a que

denominou de Psicopatia Autística. Semelhante ao descrito por Kanner, essa condição era

caracterizada por transtorno severo na interação social. Tratava-se de um distúrbio que, em sua

concepção, acometia apenas indivíduos do sexo masculino (ALMEIDA, 2005; ASSUMPÇÃO

JR.; PIMENTEL, 2000).

Nessa direção, Martins (2012) relata que havia duas áreas nos quais Kanner e Asperger

divergiam. A primeira, a capacidade linguística das crianças: enquanto os pacientes de Asperger

falavam fluentemente, os pacientes de Kanner não falavam ou não utilizavam a linguagem

como recurso de comunicação. A segunda característica referia-se às capacidades de

aprendizagem: para Kanner, essas crianças se sentiam estimuladas a aprender através de rotinas

e mecanizações enquanto Asperger descreveu que os seus pacientes aprendiam mais facilmente

se criassem algo espontaneamente (MARQUES, 2000 apud MARTINS, 2012).

Subsequente aos apontamentos de Kanner e Asperger, outros estudiosos ressaltaram

características distintas evidentes no mesmo distúrbio. Ritvo, em 1976, e Rutter, em 1983, por

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exemplo, falaram da possibilidade da existência de déficits cognitivos, enquanto Lorna Wing

(1979) defendeu que essa população poderia apresentar diferentes níveis de performance em

testes de inteligência. De acordo com essa autora, as diferenças nos padrões de

comprometimentos poderiam ser atribuídas à interação dos sintomas de autismo com outros

distúrbios (cegueira, surdez, paralisia cerebral, dentre outros).

Alguns anos mais tarde, Rutter propôs uma definição do autismo com base em quatro

critérios: 1) atraso e desvio sociais não só como função de retardo mental; 2) problemas de

comunicação, não só em função de retardo mental associado; 3) comportamentos incomuns,

tais como movimentos estereotipados e maneirismos; e 4) início antes dos 30 meses de idade

(KLIN, 2006). Na mesma época, Wing e Gould (1979) sumarizaram os sintomas em uma tríade

que incluía o severo prejuízo social, as significativas dificuldades nas comunicações – tanto

verbais como não verbais – e a ausência de atividades imaginativas, incluindo o brincar de faz

de conta, substituídas pelos comportamentos repetitivos.

Os critérios assinalados por esses pesquisadores foram decisivos para influenciar a

Associação Americana de Psiquiatria (APA) que, em 1980, introduziu o autismo como um tipo

de Transtorno Global do Desenvolvimento no Manual Diagnóstico e Estatístico de Doenças

Mentais (DSM III). Nessa edição, o autismo passa a ser descrito como uma condição

caracterizada por déficits sociais difusos, amplas alterações no desenvolvimento da linguagem,

padrões incomuns da fala, respostas bizarras ao ambiente e ausência de delírios ou alucinações

típicas da esquizofrenia (KLIN, 2006).

Em1994, a APA publicou uma nova versão do manual, o Diagnostic and Statistical

Manual of Mental Disorders (DSM IV). Nesse documento, o autismo passa a compor, junto

com outras quatro síndromes1, os “Transtornos Invasivos do Desenvolvimento”, caracterizados

por prejuízos nas habilidades da interação social recíproca e de comunicação, bem como na

presença de comportamentos, nos interesses e nas atividades estereotipadas (ARAÚJO; NETO,

2014; ORRÚ, 2012).

O Quadro 1 abaixo apresenta as características principais dos Transtornos Invasivos do

Desenvolvimento (APA, 1994; JUNHO; CUNHA, 2010).

Quadro 1 – Transtornos Invasivos do Desenvolvimento

Categorias Características principais Idade de

manifestação

1 O Transtorno Autista, o Transtorno de Rett, o Transtorno Desintegrativo da Infância e o Transtorno de Asperger.

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Transtorno

Autista

Prejuízo no desenvolvimento da interação social

e da comunicação. Pode haver atraso ou ausência

do desenvolvimento da linguagem, uso

estereotipado e repetitivo ou uma linguagem

idiossincrática. Repertório restrito de interesses e

atividades. Interesse por rotinas e rituais não

funcionais.

Antes dos 3 anos de idade.

Síndrome de

Rett (SR)

Desenvolvimento de múltiplos déficits

específicos após um período de funcionamento

normal nos primeiros meses de vida.

Desaceleração do crescimento do perímetro

cefálico. Perda das habilidades voluntárias das

mãos e posterior desenvolvimento de

movimentos estereotipados (semelhantes a lavar

ou torcer as mãos). Prejuízo severo do

desenvolvimento da linguagem expressiva ou

receptiva. Prejuízo severo do desenvolvimento

da linguagem expressiva ou receptiva.

Primeiras manifestações

após os primeiros 6 a 12

meses de vida. Prejuízos

funcionais do

desenvolvimento dos 6

meses aos primeiros anos de

vida.

Transtorno

Desintegrativo

da Infância

Regressão pronunciada em múltiplas áreas do

funcionamento, após um desenvolvimento

normal constituído de comunicação verbal e não

verbal. Apresenta déficits sociais e

comunicativos e aspectos comportamentais

geralmente observados no Autismo.

Após 2 anos e antes dos 10

anos de idade.

Transtorno de

Asperger

Prejuízo persistente na interação social.

Desenvolvimento de padrões restritos e

repetitivos de comportamento, interesses e

atividades

Percebe-se entre 3 e 5 anos.

Atrasos motores ou falta de

destreza motora podem ser

percebidos antes

dos 6 anos.

Fonte: Junho e Cunha (2010, p. 14).

O DSM IV assinala uma mudança na forma de conceber o autismo, passando da

condição de “doença”, com identidade definida e distinta dos quadros envolvendo problemas

orgânicos, para a de “síndrome”, tratando-se de um conjunto de sintomas. Dessa forma,

designa-se uma “tríade de comprometimentos”, independentemente da sua associação com

aspectos orgânicos. Em outras palavras, a síndrome do autismo passou a identificar um perfil

comportamental com diferentes etiologias (GILLBERT, 1990 apud BOSA; CALLIAS, 2000).

Em 2013, o autismo volta a ser compreendido como um único transtorno, mas com graus

variados de comprometimento. Alcunhado de “Transtorno do Espectro Autista” pelo DSM V,

ele é descrito como um distúrbio do neurodesenvolvimento com sintomas que representam um

continuum único de prejuízos com intensidades que vão de leve a grave nos domínios de

comunicação social e de comportamentos restritivos e repetitivos (APA, 2013 apud FARIA,

2017).

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2.2 CARACTERÍSTICAS DO TEA

Os sintomas do autismo são diversos e manifestam-se precocemente desde a tenra idade.

Os déficits de comprometimento desses sujeitos são identificados nas áreas de interação social,

de comunicação e na manifestação de comportamento atípicos. Essas dificuldades presentes

nas áreas identificadas tendem a comprometer o desenvolvimento do indivíduo com esse

Transtorno ao longo de sua vida. De acordo com o Center for Disease Control and Prevention

(CDC) (2018), 1% da população mundial tem autismo, a incidência está mais presente nos

homens do que em mulheres, em uma proporção de 4,5:1.

O primeiro estudo epidemiológico sobre o autismo foi coordenado por Victor Lotter,

em 1966. Nesse trabalho foi registrado um índice de prevalência de 4,5 em 10.000 crianças em

toda a população de 8 a 10 anos de Middlesex, um condado ao noroeste de Londres (KLIN,

2006). No decorrer dos anos, esse distúrbio tornou-se mais prevalente. De fato, estudos mais

recentes publicados pelo CDC, em 2012, descreve a prevalência de 14,7 por 1000 (1:68 em

crianças com 8 anos de idade, sendo 1 em cada 189 meninas e 1 em cada 42 meninos) (CDC,

2014 apud NORTE, 2017).

Os indivíduos com autismo tendem a apresentar estereotipias motoras, verbais e

repertórios com padrões restritos de interesses. No que se refere à estereotipia verbal, Steiner

(1998) enfatiza que algumas crianças podem permanecer funcionalmente mudas ao logo de suas

vidas, outras apresentam tardiamente a fala. Uma boa parte desses sujeitos demonstram

estruturas incorretas da fala ou do uso de jargões. Nesses casos, a ecolalia pode se fazer

presente, podendo ser tardia ou imediata. Na comunicação não verbal manifestam prejuízos na

utilização de gestos ou pantomimas para comunicar o que desejam.

As pessoas com o TEA apresentam muitas dificuldades na interação social, que pode

manifestar-se em isolamento social ou dificuldades em participar de atividades em grupo

(RIESGO, 2016). De acordo com o DSM V (APA, 2013), os prejuízos na interação social são

amplos, podendo interferir nos comportamentos não verbais (contato visual direto, expressão

facial, gestos corporais) que regulam a interação social (JÚNIOR; CUNHA, 2010). Ademais,

desenvolvem déficit na reciprocidade socioemocional, ou seja, sentem uma dificuldade

acentuada em desenvolver relações interpessoais. Nesse sentido, não conseguem compartilhar

sentimentos e emoções com o outro. (MARTINS, 2012). Por fim, tendem a não compreender

as pistas sociais e perceber as regras sociais implícitas.

Ainda estão presentes nesses sujeitos o repertório restrito de atividades e interesses, a

inflexibilidade nas rotinas, os padrões comportamentais ritualizados, a hiper ou

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hiporreatividade a estímulos sensoriais e/ou os interesses incomuns em aspectos sensoriais do

ambiente, que afetam a qualidade das brincadeiras (APA, 2013 apud BOSA; ZANON, 2016).

Ademais, tipicamente, apresentam prejuízos nas brincadeiras simbólicas, tal qual jogos de faz

de conta ou imitação social (SCHULER, 2003 apud NORTE, 2017). Suas brincadeiras tendem

a não ser criativas e os brinquedos podem ser manuseados aleatoriamente, caprichosamente ou

jogados ao longe sem nenhum interesse (RIESGO, 2016). Nessa direção, Martins (2012)

enfatiza que esses sujeitos, quando brincam, tipicamente falham em utilizar o jogo social ou o

do faz de conta. Para eles, um carro pode ser um instrumento de arremesso e não um brinquedo

na sua função própria, ou uma boneca pode servir para desmanchar e partir, mas não para

embalar.

2.3 A ESCOLARIZAÇÃO DE EDUCANDOS COM AUTISMO NA EDUCAÇÃO

INFANTIL: O QUE REVELA A LITERATURA (2014-2018)

Estima-se que mais de 25.000 educandos com TEA estejam matriculados em classes

regulares da Educação Básica (NUNES; AZEVEDO; SCHMIDT, 2013). Desse contingente,

uma parcela expressiva ocupa as salas da Educação Infantil (BRASIL, 2018). Nessa

perspectiva, é importante constatar o que a literatura científica tem elaborado sobre o processo

de escolarização de educandos com autismo nessa etapa da vida escolar.

Dessa maneira, com vistas a identificar o que a literatura científica tem produzido sobre

o processo de escolarização de educandos com autismo na Educação Infantil, foi realizada uma

revisão descritiva compreendendo artigos revisados por pares publicados entre 2014 e 2018. A

base de pesquisa consultada foi o portal de periódicos CAPES, que reúne periódicos, livros,

dissertações e teses. O período selecionado teve como objetivo apontar apenas publicações mais

recentes. Não foram feitas restrições em relação ao tipo de delineamento de pesquisa (estudos

empíricos, pesquisa experimental, estudo de caso, entre outros), nem a abordagem teórica.

Foram levadas em consideração as combinações dos termos de busca: “educação infantil”

associado a “educação inclusiva”, “formação de professores e educação infantil”, “educação

infantil e autismo”. Dessa busca foram encontrados doze estudos, descritos no Quadro 2 abaixo:

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Quadro 2 – Pesquisas que tratam da escolarização de alunos com TEA na Educação Infantil publicadas entre 2014 e 2018

Autor

(Data)

Objetivos Participantes Resultados

Castro e

Gifoni

(2017)

Analisar o perfil acadêmico e o nível de

conhecimento de TEA de professores da EI.

98 professores da rede pública

municipal da cidade de Paulínia/SP.

A despeito da formação acadêmica e do nível de conhecimento

das características do TEA, os professores sentem-se pouco

preparados para lidar com as demandas desses educandos. São

destacadas a importância da troca de experiências, dos grupos

de estudos e das orientações técnicas de especialistas para a

sala de aula.

Costa

(2015)

Investigar a prática pedagógica dos

professores de alunos com TEA no contexto

da EI.

1°momento: 89 professores;

2° momento: 02 docentes; 01

criança com TEA; e 01 cuidadora de

uma cidade do interior do Estado de

São Paulo.

A participação do aluno com TEA é prejudicada devido a: (a)

carência de adaptações curriculares; (b) precária formação

docente; (c) falta de tempo dos professores para realizar

planejamentos junto a professores especializados; e (d)

carência de materiais.

Favoretto e

Lamônica

(2014)

Utilizar recursos de teleducação como

estratégia de ação para prover informações

aos professores do EI visando à inclusão de

crianças com Transtornos do Espectro

Autístico (TEA) na rede regular de ensino.

38 professores de Ensino Infantil da

rede pública municipal de Bauru/SP.

Para os professores entrevistados, as aulas do curso de

teleducação devem abordar: a definição e classificação do

TEA; a legislação educacional; o papel da escola e do professor

na vida da criança; a caracterização das alterações de

comportamento, socialização e comunicação; e,

principalmente, as estratégias educacionais que favoreçam o

aprendizado do aluno com TEA.

Ferreira

(2017)

Analisar a formação inicial e continuada de

professoras de uma Unidade Municipal de

EI. Além de avaliar, na perspectiva das

docentes, os efeitos da formação para

trabalhar com educandos com TEA.

6 professoras que atuam em uma

UMEI, na Região Norte de Belo

Horizonte, sendo 4 professoras

regentes e 2 professoras de apoio

das turmas.

Poucos professores participaram de cursos de formação

continuada, particularmente na área do autismo. Lacunas dessa

natureza justificam os sentimentos de despreparo dos docentes.

Fiorini

(2017)

Descrever uma prática pedagógica (a rotina

de atividades do aluno com TEA no

contexto da EI).

7 alunos com diagnóstico de TEA,

suas professoras e suas cuidadoras

da rede municipal de ensino de uma

cidade do interior de São Paulo.

Protocolos de observação foram utilizados para identificar o

grau de participação do aluno com autismo nas rotinas

escolares, assim como o nível de mediação dos professores. Os

resultados apontam para a importância de caracterizar a rotina

escolar como estratégia para a identificação de potencialidades

e

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demandas educacionais do aluno com TEA.

Gonring

(2014)

Identificar as ações pedagógicas

implementadas por uma unidade municipal

de ensino de Vitória/ES, visando a inclusão

de uma criança com síndrome de Asperger.

1 professora regular; 1 professora de

Educação Física; 1 professora de

Educação Especial (AEE); 1

estagiária; 1 mãe; 1 pedagoga; 1

diretora; 1 criança com síndrome de

Asperger uma unidade municipal de

ensino de Vitória/ ES.

As ações implementadas foram: (a) a reformulação do Plano

Político Pedagógico da escola, priorizando a escolarização de

crianças com deficiência; (b) o acompanhamento por parte da

coordenadora no planejamento escolar da professora regular e

especial; e (c) as ações pedagógicas articuladas entre

professora do AEE e professores regulares com atividades de

colaboração e acompanhamento em sala regular. Os dados

revelam a necessidade de: (a) investir na formação inicial e

continuada de professores; (b) reconhecer o cenário da EI como

contexto de desenvolvimento de crianças com necessidades

educacionais especiais.

Luz, Gomes

e Lira

(2017)

Identificar os desafios da prática docente no

acompanhamento de uma criança com

autismo.

1 auxiliar pedagógica; 1 professora

regente; e 1 aluno com TEA, de uma

instituição privada de Brasília.

O estudo sinaliza a necessidade da preparação da escola para

receber o educando com autismo. A inclusão escolar é

fragilizada pela falta de preparo dos profissionais, fato oriundo

da precariedade da formação inicial e continuada.

Marques e

Giroto

(2016)

Analisar o trabalho docente, na EI, com

alunos com deficiência, incluindo educando

com TEA.

1 professora da rede municipal de

uma cidade do interior do Estado de

São Paulo.

O trabalho pedagógico é prejudicado devido a: (a) as barreiras

atitudinais; (b) as confusões conceituais sobre o perfil dos

educandos; e (c) a necessidade de adoção de práticas

colaborativas que envolvam o professor que atua na sala

regular, o especialista, responsável pela oferta de AEE, a

família e demais profissionais envolvidos.

Pereira

(2014)

Analisar os efeitos de uma prática

pedagógica (o Plano Educacional

Individualizado) no desenvolvimento

acadêmico e funcional de um aluno com

autismo.

1 criança com diagnóstico de TEA;

2 pais do estudante;

3 professoras; 4 auxiliares; 1

profissional de apoio pedagógico de

uma escola particular de Natal/RN.

Os resultados indicaram mudanças qualitativas e quantitativas

na participação do estudante nas tarefas acadêmicas e

funcionais após o programa de intervenção.

Sanini e

Bosa

(2015)

Investigar as crenças de uma educadora

sobre o desenvolvimento de seu aluno com

autismo.

1 professora e 1 criança com TEA. A docente evidenciava baixa expectativa de autoeficácia;

pouco valorização de sua formação acadêmica; e apresentava

sentimento de insegurança.

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Santos e

Diniz

(2018)

Analisar o processo histórico da pessoa com

autismo e as singularidades da deficiência,

de modo a construir, com uma equipe

multidisciplinar, atividades pedagógicas e

biblioteconômicas que viabilizem o acesso à

informação e ao conhecimento.

Alunos autistas da Educação Infantil

e Ensino Fundamental que

frequentam a biblioteca escolar.

Destaca a importância da prática do letramento informacional

na biblioteca escolar para o aluno com Transtorno do Espectro

Autista e que é necessário repensar os serviços, com os

conceitos do desenho universal como um guia de

possibilidades.

Solonca

(2017)

Analisar os desafios do professor no

convívio com educando com TEA na EI.

11 professores da rede municipal de

ensino da cidade de

Florianópolis/SC.

Os docentes revelam, em um primeiro momento, sentirem

angústia e incerteza de como lidar com educandos com TEA.

Com a convivência, passam a perceber possibilidades de

incluí-los nas atividades da EI. O estudo retrata a dificuldade

de definir as funções do professor auxiliar no contexto regular

de ensino e a importância de estabelecer parcerias com famílias

e profissionais especializados.

Fonte: autoria própria (2019).

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Os estudos de Gonring (2014), Marques e Giroto (2016), Luz et al. (2016), Sanini e

Bosa (2015) e Solonca (2017) trataram, dentre outras questões, da percepção docente frente às

demandas educacionais do educando com TEA no contexto da EI. Na primeira investigação,

caracterizada como um estudo de caso etnográfico, a autora analisou as concepções de inclusão

de uma professora regente, uma de Educação Física e uma de Educação Especial que atuavam

com um aluno (de 5 anos) diagnosticado com Síndrome de Asperger, em uma escola municipal

de EI, localizada em Vitória/ES. Por meio de entrevistas, as docentes revelaram estarem de

acordo com o modelo da Educação Inclusiva e cientes da legislação que o suporta. A viabilidade

de atender às necessidades do aluno em turmas numerosas, a falta de capacitação profissional

e a carência de ações colaborativas foram sinalizadas, pelas participantes, como desafios nesse

processo.

Em contrapartida, a professora participante do estudo de caso de Marques e Giroto

(2016) afirmou que a escola especializada seria o contexto mais adequado de ensino para o

público-alvo da Educação Especial. Nessa pesquisa, conduzida em uma escola municipal

paulista, a docente, que tinha em sua sala um aluno diagnosticado com TEA, declarou sentir-se

despreparada para atender às demandas do educando.

De maneira análoga, os 11 docentes da rede municipal de ensino de Florianópolis/SC,

investigados por Solonca (2017) revelaram, por meio de questionários, a angústia de lidar com

educandos com TEA na sala da EI. Assim como na pesquisa de Marques e Giroto (2016), esses

sentimentos provinham, essencialmente, do conhecimento deficitário sobre o Transtorno e da

falta de formação para lidar com as demandas do aluno.

Resultados semelhantes foram identificados no estudo de caso único conduzido por

Sanini e Bosa (2015), envolvendo uma professora da EI de uma escola particular. Os dados

gerados pela entrevista revelaram uma deficitária confiança no próprio trabalho, enquanto a

educadora (com baixa expectativa de autoeficácia) evidenciada pela pouca valorização de sua

formação acadêmica. Nesse contexto, os sentimentos de insegurança quanto à adequação das

práticas pedagógicas implementadas eram prevalentes.

O objetivo do estudo de Luz et al. (2016) foi identificar, através de um estudo de caso,

os desafios da prática docente no acompanhamento de um aluno com autismo (de 4 anos) em

uma sala da EI. Ao longo de três meses, os autores realizaram observações em loco, assim como

entrevistas com a professora regente e a auxiliar responsável pelo aluno. Os resultados do

estudo revelaram que a presença da auxiliar é relevante, mas sua função é sobreposta à da

professora regente. Fragilidades são identificadas na formação e prática das educadoras.

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Ademais, o estudo retrata o despreparo da escola em incluir a criança e a não aceitação dos pais,

que findam por transferir a responsabilidade da educação para a professora.

Interessados em compreender as lacunas do conhecimento docente explicitadas em

estudos dessa natureza, Ferreira (2017) analisou a formação acadêmica de professores que

atuam com alunos com TEA na EI. Na primeira investigação, Ferreira (2017) analisou o tipo

de capacitação que professoras de uma Unidade Municipal de Educação Infantil, no município

de Belo Horizonte, receberam para atuar com esses educandos. Dados da referida pesquisa

indicaram deficitária preparação, em cursos de formação inicial e continuada, para lidar com as

demandas educacionais desse alunado. Esses resultados, segundo os autores, justificam o

sentimento de despreparo dos docentes que revelaram desconhecer as especificidades do TEA

e estratégias pedagógicas a utilizar em sala de aula.

O estudo conduzido por Favoretto e Lamônica (2014) teve como objetivo utilizar

recursos de teleducação como estratégia de ação para prover formação aos professores do

Ensino Infantil visando à inclusão de crianças com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA)

na rede regular de ensino. Esse trabalho constou da aplicação e análise de um questionário,

realizado com 38 professores de Ensino Infantil da rede pública municipal de Bauru para

investigar as experiências dos professores em relação ao autismo e às necessidades de

conteúdos sobre a temática. Os resultados evidenciaram a premência de formação continuada

dos professores entrevistados em relação aos conhecimentos sobre o TEA e revelaram os

interesses de atualização de conteúdos referentes à temática desse grupo de docentes.

No segundo estudo, Castro e Gifone (2017) examinaram, por meio de questionários, a

formação acadêmica e o nível de conhecimento do TEA de 98 professores da EI em uma cidade

no Estado de São Paulo. Os resultados indicaram que mais de 30% da amostra era pós-graduada,

ao passo que um pouco mais de 20% tinham apenas o Ensino Médio. Esse nível de escolarização

pareceu influir no tipo de apoio demandado. Segundo dados da pesquisa, os docentes com

Ensino Médio e graduação em Pedagogia julgaram que o que os prepararia para o trabalho com

crianças com TEA seria a especialização seguida do apoio pedagógico. Em contrapartida, para

os pós-graduados, o apoio pedagógico era o mais importante. Embora 62% dos professores

revelassem conhecer as principais características do TEA, mais de 90% sentiam-se

despreparados para o trabalho com esse alunado. As limitações na comunicação e os problemas

de comportamento foram considerados os fatores mais difíceis.

As práticas pedagógicas desenvolvidas pelos docentes foi foco de quatro dos dez

estudos analisados nesta pesquisa (COSTA, 2015; FIORINI, 2017; GONRING, 2014;

PEREIRA, 2014). Por meio de questionários e registros observacionais, Costa (2015)

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investigou as estratégias interventivas de 89 professores da rede municipal de ensino de uma

cidade do interior paulista. Os dados revelaram que a maior parte das atividades lúdicas

desenvolvidas no contexto da EI eram relacionadas a brincadeiras que envolviam o faz de conta,

os jogos de armar, e a atividades que abarcavam a área do movimento. Muitos professores

apresentavam dificuldades em adaptar tais práticas para os educandos com TEA.

No estudo de Gonring (2014) foram investigadas as práticas interventivas que

favoreciam a escolarização de um aluno com Asperger na sala comum. Registros

observacionais e entrevistas com os professores indicaram que mudanças no Plano Político

Pedagógico da escola, as práticas colaborativas entre professores da sala regular e da SRM, o

uso de currículos mais flexíveis, a adoção de recursos adaptados, assim como de materiais que

fossem de interesse do aluno eram promissores. Nesse cenário foram descritos os efeitos

positivos do uso de um computador pelo aluno alvo da pesquisa. A inserção dessa ferramenta,

em sala, justificou-se por ser de grande interesse do aluno, assim como por favorecer a sua

produção escrita.

Na pesquisa de Pereira (2014), a elaboração de um Plano Educacional Individualizado

(PEI) foi essencial para garantir a efetiva participação de um aluno de 5 anos em atividades

acadêmicas e funcionais. Por meio de um delineamento de pesquisa quase-experimental, a

autora revelou os efeitos promissores do uso de recursos da comunicação alternativa e ampliada

(CAA) e da adaptação de atividades pedagógicas no desempenho do educando.

Fiorini (2017), por sua vez, avaliou, por meio de entrevistas com professores e de

registros observacionais, a participação de 7 alunos com TEA em atividades internas e externas

à sala de aula. De forma mais refinada, ele considerou o grau de participação em rotinas

escolares dirigidas, adaptadas, cotidianas e lúdicas, assim como o grau de mediação dos

professores durante a realização de cada atividade. Os resultados indicaram que o envolvimento

do educando nas atividades conduzidas na escola é favorecido pela mediação docente, assim

como por meio da organização do ambiente escolar. Nesse contexto, a autora destaca a

relevância de caracterizar as rotinas escolares para identificar práticas interventivas na EI. Por

fim, salienta a falta de formação docente para adaptar atividades de forma mais efetiva, assim

como prover sistemas alternativos de comunicação aos alunos com TEA, desprovidos de fala

funcional.

O objetivo do estudo de Santos e Diniz (2018) foi discutir o letramento informacional

para alunos autistas que frequentam a biblioteca escolar desde a Educação Infantil até o Ensino

Fundamental da escola pública, considerando a adequação dos serviços oferecidos por meio

dos conceitos do desenho universal. O sujeito da pesquisa é o aluno autista que frequenta ou

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não a biblioteca escolar, quanto aos serviços oferecidos ao usuário com Transtorno de Espectro

Autista (TEA).

Deve-se levar em consideração nesse projeto a comunicação verbal e não verbal. A

linguagem verbal deve ser estimulada para aumentar o repertório de linguagem. O estudo

enfatiza que os profissionais da biblioteca escolar em ações multidisciplinar com os demais do

sistema educacional necessitam criar práticas de letramento informacional que visem superar

as barreiras arquitetônicas e atitudinais na escola e na própria biblioteca escolar, possibilitando

um olhar atento para os alunos com autismo, procurando interagir nas dificuldades e

potencialidades desses estudantes para que o trabalho seja direcionado e atento às necessidades

específicas de aprendizagem de cada indivíduo.

Os doze estudos analisados apresentam contribuições relevantes à literatura, assim como

evidenciam lacunas a serem investigadas. Inicialmente são destacadas as experiências exitosas

descritas nas pesquisas, como: a) o emprego de práticas colaborativas, que possibilitam a

integração do serviço da Educação Especial e regular; b) o uso de protocolos de observação das

rotinas escolares e do PEI, que favorecem a identificação das demandas educacionais dos

alunos; c) a incorporação de recursos de interesse do educando e a adoção de sistemas de CAA,

que viabilizam a participação acadêmica da criança; d) a prática de recursos de teleducação

como estratégia de ação para prover formação aos professores do Ensino Infantil; e) a prática

do letramento informacional na biblioteca escolar para o aluno com Transtorno do Espectro

Autista, e a necessidade de repensar os serviços, com os conceitos do desenho universal como

um guia de possibilidades.

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32

3 A PARCERIA COLABORATIVA COMO ESTRATÉGIA INTERVENTIVA PARA

A INCLUSÃO

3.1 PARCERIA COLABORATIVA: DO QUE ESTAMOS FALANDO?

De acordo com Almeida, Vail e Machado (2015), o modelo de ensino que envolve a

parceria colaborativa entre um professor de Educação Especial e da comum pode ser constituído

de duas formas: o Coensino e a Consultoria Colaborativa, conforme ilustrado na Figura 1.

Figura 1 – Modelo de Coensino e Consultoria Colaborativa

Fonte: autoria própria (2019).

No Coensino, também denominado de Ensino Colaborativo, os educadores especialistas

trabalham com os professores do ensino regular, prestando serviços diretos na sala de aula

comum. Trata-se, portanto, de um serviço de apoio à escolarização de alunos com deficiência,

que envolve um professor regular e outro da educação especial (VILARONGA; MENDES;

ZERBATO, 2016). Esse compartilhar de tarefas – que vai desde o planejamento até a avaliação

entre o especialista e o professor do ensino comum – tem sido apontado com um dos

componentes para uma escolarização bem-sucedida das pessoas com deficiência (ARAÚJO;

ALMEIDA, 2014).

Par

ceri

a C

ola

bo

rati

va

Coensino (ensino colaborativo)

Educadores especiais e professores do ensino regular

Prestação de serviços diretos na sala de aula

Consultoria Colaborativa

Consultores de educação (profissionais e saúde ou

educação)

Atribuições do consultor

prestação de serviços dentro do ensino comum

Prestação de serviços a outros professores e à

comunidade escolar como um todo.

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O trabalho colaborativo desses docentes se constrói no diálogo frequente, na elaboração

conjunta de adequações nos procedimentos de ensino, nas adaptações curriculares, na seleção

de recursos acessíveis e na avaliação individualizada, com vistas a garantir o aprendizado do

aluno com deficiência na sala de aula comum (CABRAL; POSTALLI; ORLANDO;

GONÇALVES, 2014). Nessa perspectiva, Almeida e colaboradores (2015) enfatizam que é

primordial que o professor da Educação Especial investigue os processos de aprendizagem dos

alunos com deficiência juntamente com o professor do ensino de sala de aula comum. Nesse

contexto, a parceria colaborativa reestrutura a definição dos papéis entre o professor do Ensino

Especial e o professor da classe comum, bem como o pensar coletivo, possibilitando o

desenvolvimento profissional e pessoal de ambos (MARTINELLI, 2016).

O modelo de Consultoria Colaborativa, por sua vez, é apontando por Vilaronga e

Mendes (2014) como uma prestação de serviços em que um consultor da Educação Especial –

que na literatura são referenciados como psicólogos, fisioterapeutas, terapeutas educacionais,

fonoaudiólogos, pedagogos e outros – promovem uma interação pedagógica no apoio aos

professores do ensino regular e serviços indiretos com alunos com deficiências. A finalidade é

que auxiliem no aprimoramento das estratégias pedagógicas implementadas em sala de aula

com vistas a favorecer a aprendizagem dos alunos com deficiência.

O modelo de Consultoria Colaborativa tem sido discutido desde a década de 1990 na

literatura educacional (MENDES et al., 2014). Ele contempla, essencialmente, um processo de

resolução de problemas, envolvendo um sujeito que recebe ajuda e alguém (o consultor) que

fornece a ajuda e se responsabiliza pelo bem-estar de um favorecido, o aluno. Nesse sentido, as

atribuições desse consultor vão desde a prestação de serviços dentro do ensino comum até a

prestação de serviços a outros professores e à comunidade escolar como um todo. No primeiro

caso, o consultor assiste o professor para maximizar o desenvolvimento educacional dos

estudantes no contexto da sala de aula. A colaboração entre consultor e professor de sala de

aula comum tem de ser recíproca de interação e cooperação, uma vez que o intercâmbio é

colaborativo e o professor do ensino comum está livre para aceitar ou rejeitar as soluções

recomendadas durante a consultoria (MENDES; ALMEIDA; TOYODA, 2011).

Rabelo (2012) aponta que, nos estudos conduzidos no país sobre a parceria colaborativa,

o pesquisador tem atuado como um parceiro nas pesquisas interventivas, tanto nas modalidades

de coensino como nas de consultoria colaborativa. Nesse contexto, Vilaronga e Mendes (2017)

enfatizam que a universidade exerce um papel importante na formação continuada dos

professores para o serviço do coensino ou modelo de consultoria colaborativa. Esses autores

defendem que o processo formativo pode acontecer via “triângulo acadêmico”: ensino, pesquisa

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e extensão, sendo a pesquisa/formação baseada no contexto escolar dos professores, inseridos

em uma rica proposta de aprendizado mútuo entre o cotidiano escolar/do professor e o contexto

universitário. Nesse sentido, é importante que a consultoria colaborativa envolva escola e

universidade, conhecimento prático e teórico.

Vilaronga, Mendes e Zerbato (2016) destacam que, para a efetivação das modalidades

do Coensino e Consultoria Colaborativa, é preciso que sejam ofertados aos professores dos

alunos com deficiências cursos de formação inicial e continuada de qualidade. Nessas

formações é primordial abordar tópicos que atendam às demandas reais dos docentes. Assim, é

fundamental a inclusão de temáticas como estratégias curriculares, serviço de apoio,

colaboração da comunidade escolar e família.

3.2 CONSULTORIA COLABORATIVA COMO ESTRATÉGIA PARA A CAPACITAÇÃO DE

PROFESSORES DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIA NO ENSINO INFANTIL: O QUE DIZ A

LITERATURA

Como salientado anteriormente, o trabalho colaborativo pode ser um caminho promissor

para a capacitação de professores no contexto da Educação Infantil, tendo em vista que essa

consultoria se configura como uma parceria estabelecida entre o professor regular e um

consultor da educação especial. Nessa perspectiva, a Consultoria Colaborativa é uma modelo

de ensino em que tanto o consultor (profissional) quanto o consultado (professor regular)

compartilham saberes com o intuito de encontrar uma solução no contexto escolar

(MACHADO; ALMEIDA, 2013). Nessa direção, o modelo de Consultoria Colaborativa

apresenta-se como uma resposta alternativa à prestação de serviços compatíveis com os

propósitos da Educação Inclusiva (SANTOS; LIBRA, 2016).

Com vistas a identificar o que a literatura nacional tem produzido sobre a Consultoria

Colaborativa no contexto da Educação Infantil, foi realizada uma revisão da literatura.

Considerando os descritores “consultoria colaborativa”, “autismo” e “educação infantil”, foram

incluídos estudos publicados em periódicos revisados por pares disponibilizados nos últimos 5

anos (de 2014 a 2018). Como critério de inclusão foram considerados apenas estudos

envolvendo professores do Ensino Infantil com alunos com autismo e exclusão de estudos que

não tratavam dessa temática.

Com base no portal de periódicos CAPES, que reúne periódicos, livros, dissertações e

teses, especificamente na Educação Infantil, foi encontrado um único estudo com os descritores

Consultoria Colaborativa, Autismo e Educação Infantil. Assim, foram empregados os termos

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“consultoria colaborativa” e “inclusão escolar”. Com esses descritores foram identificadas 20

pesquisas revisadas por pares. Em seguida, foram eliminados os estudos que não relatavam a

parceria de consultores do Ensino Especial e regular em colaboração em classe comum com

alunos com deficiências no período de 2014 a 2018, com base nos títulos e resumos os trabalhos

que não versavam sobre a escolarização nesses contextos regulares de ensino. Sete trabalhos,

descritos no Quadro 3, foram considerados:

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36

Quadro 3 – Pesquisas que tratam da Consultoria Colaborativa na Educação Infantil publicadas entre 2014 e 2018

Autor (Data) Objetivos Participantes Resultados

Baleotti e

Zafani

(2017)

Descrever o processo de inclusão escolar

de alunos com deficiência física inseridos

em classes regulares da Educação Infantil

do município de Marília/SP, por meio da

colaboração entre saúde e educação.

Alunos com deficiência física do Ensino

Infantil, professores das salas regulares e do

AEE dos alunos inseridos na pesquisa do

município de Marília/SP.

Os resultados apontam que o vínculo estabelecido

entre o terapeuta e os professores foi muito importante

para a implementação dos recursos da Tecnologia

Assistiva via conexão saúde e educação através da

consultoria colaborativa escolar.

Calheiros e

Mendes

(2016)

Avaliar um serviço de consultoria

colaborativa a distância em Tecnologia

Assistiva para professores, utilizando

abordagem qualitativa do tipo

exploratório.

Seis professoras da SRM do município de

Maceió/AL, e Rio Claro/SP

três consultoras em Tecnologia Assistiva.

Os resultados indicam a consultoria colaborativa

como propicia na atuação das consultoras e das

professoras de alunos com paralisia cerebral.

Calheiros,

Mendes,

Lourenço,

Gonçalves,

Manzini

(2019)

Planejar, implementar e avaliar um serviço

de consultoria colaborativa a distância em

Tecnologia Assistiva (TA), para duas

professoras de SRM.

Duas professoras da Sala de Recursos

Multifuncionais da Secretaria de Educação

do município de Rio Claro/SP e três

consultoras da área de TA.

Os resultados evidenciam que é possível desenvolver

uma parceria entre os profissionais da área da

educação e da equipe multidisciplinar na

escolarização de crianças e jovens com paralisia

cerebral que requeiram o uso de recursos de TA.

Caneguim

(2016)

Planejar, implementar e avaliar um

trabalho em formato de consultoria

colaborativa voltado para o planejamento,

execução e análise de situações de ensino

de habilidades pré-aritméticas.

Uma professora de Educação Infantil da

rede municipal de uma cidade do interior de

São Paulo em colaboração com uma

consultora de Psicologia.

Os resultados indicam como pontos positivos a

interação da pesquisadora e a professora: a docente

contribuiu descrevendo práticas para o ensino de

habilidades pré-aritméticas com a intervenção da

pesquisadora (a avaliação funcional descritiva é vista

como uma ferramenta com potencial para trabalhos

colaborativos com professores). Como ponto negativo,

a corresponsabilidade pelo trabalho foi apontada como

ausente na interação do trabalho colaborativo.

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Folha e

Monteiro

(2017)

Analisar os efeitos de ações de prevenção

e promoção na saúde do escolar com

dificuldade de aprendizagem pelo

terapeuta ocupacional, por meio da

consultoria colaborativa com professores.

Cinco alunos e três professoras. Dois alunos

frequentavam o 1º ano do Ensino

Fundamental e três frequentavam a

Educação Infantil. Cada turma era

acompanhada por uma professora. Os

alunos encontravam-se na faixa etária de

cinco a seis anos.

O modelo de Consultoria Colaborativa resultou no

provimento de recursos e estratégias de suporte a fim

de minimizar os impactos das dificuldades de

aprendizagem no desempenho escolar dos alunos,

contribuindo assim para a promoção e prevenção da

saúde do educando, bem como prevenindo possíveis

agravos à saúde do estudante.

Sant’anna e

Manzini

(2018)

Identificar as necessidades iniciais para

uma formação continuada em serviço para

professores da Educação Infantil, focando

as brincadeiras de crianças.

Seis professoras de duas crianças com

Transtornos Globais do Desenvolvimento

no Centro Municipal de Educação Infantil

(CMEI), em São Paulo.

Os resultados indicam o desconhecimento dos

professores das reais competências e necessidades dos

alunos alvo, seus interesses, dentre outros aspectos.

Concluiu-se que conhecer e identificar as

necessidades do público-alvo da Educação Especial é

elemento fundamental para alicerçar a formação.

Olmedo e

Walter (2015)

Elaborar, implementar e avaliar um

programa de formação de professores e

mediadores da Educação Infantil no uso da

comunicação alternativa, especificamente

o PECS Adaptado, para crianças com

TEA, não orais ou sem fala funcional

incluídos em uma creche.

Nove participantes, sendo quatro crianças

três professoras e duas mediadoras, com

idade entre dois e cinco anos e onze meses,

não orais ou sem fala funcional e que

possuíam diagnóstico (TEA), numa cidade

de médio porte do sul do estado do Rio de

Janeiro.

Os resultados apontam a capacitação, a estrutura do

programa, os encontros e o material como sendo

satisfatórios, assim como o formador fonoaudiólogo e

a participação deles no programa. Os professores

destacaram que a formação conseguiu modificar sua

prática e interação com as crianças em sala de aula e

que a orientação e intervenção do fonoaudiólogo é de

suma importância na creche.

Fonte: autoria própria (2019).

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Baleotti e Zafani (2017) descrevem a experiência de um projeto de extensão

desenvolvido por meio da cooperação entre a universidade e o Centro Escola Municipal de

Atendimento Educacional Especializado (CEMAEE), vinculado à Secretaria Municipal de

Educação de Marília/SP. Esse projeto teve como objetivo contribuir no processo de

escolarização de alunos com deficiência física inseridos em classes regulares do Ensino Infantil

do município de Marília/SP, por meio da colaboração entre saúde e educação. A interação dos

profissionais da saúde com a escola se deu por meio da implementação dos recursos da

Tecnologia Assistiva através da consultoria colaborativa escolar. O projeto foi desenvolvido

em seis estágios de intervenção. No primeiro, foram identificados os professores que seriam

convidados a participar do projeto, ou seja, os que atendiam alunos com deficiência física e

recebiam atendimento no estágio supervisionado de Terapia Ocupacional em Neuropediatria.

Na segunda etapa foi feito um levantamento, por meio de entrevista com o educador, a fim de

identificar as necessidades vivenciadas pelo professor em contexto educacional. Em seguida foi

feita a análise dos dados advindos da entrevista e dos registros videografados. Na quarta fase

foi ofertado aos alunos com deficiência física e seus professores recursos da TA como uma das

possibilidades para o Ensino Inclusivo e a participação desses alunos no contexto escolar. No

quinto e sexto estágios foi realizada uma avaliação por meio de um protocolo da eficácia do

uso da TA. Os resultados apontam que tal projeto proporcionou um vínculo entre o terapeuta

ocupacional e os educadores, estabelecendo uma interação entre as áreas de saúde e educação

como suporte à inclusão e à participação efetiva de alunos com deficiências em contextos

educacionais inclusivos.

Calheiros e Mendes (2016) investigaram os limites e as possibilidades da Consultoria

Colaborativa escolar entre os profissionais de equipe multiprofissional, os terapeutas

ocupacionais e os fisioterapeutas, para apoiar a implementação de recursos de TA. Em

sequência, um ambiente virtual de aprendizagem foi construído para prestar consultoria e

coletar os dados na forma de respostas a questionários para consultores e professores. As ações

centraram-se na acessibilidade dos estudantes à escola (ambiente, material escolar, atividades)

e na capacitação específica das professoras. Os resultados obtidos indicaram que todas as

professoras foram favorecidas em suas atuações profissionais por meio da consultoria

colaborativa a distância. Entre os benefícios assinalados, destacam-se: possibilidades de tirar

dúvidas sobre o processo de escolarização de estudantes público-alvo da Educação Especial,

possibilidades de reflexão profissional, oportunidades de vivenciar novas propostas de

intervenção envolvendo o uso da TA em colaboração com profissionais de áreas distintas e

aprofundamento teórico sobre o campo da TA.

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A pesquisa Calheiros et al. (2019) teve como proposta avaliar um serviço de consultoria

colaborativa a distância em Tecnologia Assistiva para duas professores de sala de recursos

multifuncionais em um estudo de caso (LÜDKE; ANDRÉ, 1986 apud CALHEIROS, 2019).

Os direcionamentos da formação ocorreram na plataforma Moodle, um Ambiente Virtual de

Aprendizagem (AVA), que foi adaptado às características dessa pesquisa, que presumia

ferramentas de comunicação/colaboração entre as professoras e as consultoras, visando garantir

o uso dos recursos de TA no processo de inclusão escolar. A investigação contou também com

a assessoria de uma designer instrucional, responsável por desenvolver o AVA e resolver os

problemas técnicos relacionados a esse ambiente. De modo geral, pode-se dizer que o estudo

produziu resultados positivos sobre os procedimentos empregados, evidenciando: 1) a

importância do suporte oferecido às professoras por meio da consultoria colaborativa escolar

em TA com a participação de profissionais capacitados realizando orientações virtuais; e 2) as

melhorias no desempenho acadêmico do estudante alvo da pesquisa, a partir das recomendações

fornecidas pelos profissionais especializados na área da TA.

O estudo de Caneguim (2016) teve como objetivo planejar, implementar e avaliar um

trabalho em formato de consultoria colaborativa voltado para o planejamento, a execução e a

análise de situações de ensino de habilidades pré-aritméticas, bem como identificar princípios

e procedimentos descritos pela Análise do Comportamento que contribuiriam com um ensino

efetivo na Educação Infantil. A pesquisa foi dividida em seis etapas. A primeira fase consistia

na gravação e observação de duas aulas sobre as práticas usadas pela professora para o ensino

de habilidades pré-aritméticas. Na segunda etapa foram realizadas entrevistas semiestruturadas

e aplicação do programa de ensino de habilidades pré-aritméticas com a professora do EI. Na

terceira foram elaborados os planejamentos de aulas para trabalhar habilidades pré-aritméticas.

Na quarta foi realizada uma gravação e observação de aula com o objetivo de analisar os

procedimentos de ensino utilizados pela professora para a prática de habilidades pré-

aritméticas. Na última fase, a pesquisadora analisou duas aulas da primeira etapa e duas aulas

da segunda para investigar as relações funcionais entre as práticas da professora e os padrões

de desempenho dos alunos que interagiram com essas práticas. Por fim, observou-se que,

através da Consultoria Colaborativa, é possível haver aproximações entre a avaliação funcional

descritiva e procedimentos descritos pela Análise do Comportamento sobre ensino, saberes e

necessidades de docentes de diferentes ciclos educacionais.

O estudo de Folha e Monteiro (2017) teve como foco avaliar os efeitos educacionais da

Consultoria Colaborativa prestada pelo terapeuta ocupacional, por meio de ações de prevenção

e promoção na saúde de escolares com dificuldade de aprendizagem, a partir da identificação

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de demandas apresentadas por professores do Ensino Infantil. Foram oferecidas orientações

sobre os tipos de atividades e recursos a serem utilizados, bem como sobre a possível adequação

deles, a forma de abordagem e a adequação ambiental. As sugestões dessas estratégias foram

registradas e disponibilizadas à professora para que pudesse consultá-las sempre que

necessário. Os resultados da pesquisa apontam a Consultoria Colaborativa como uma prática

promissora no trabalho desenvolvido pelo profissional da saúde (terapeuta ocupacional) e a

escola, considerando também importante o envolvimento dos pais dos alunos nesse processo.

Além disso, essa ação conferiu destaque para as ações desse profissional no ambiente escolar,

indicando a viabilidade e a necessidade de maior inserção desses profissionais no campo da

educação no município de Belém/PA.

O estudo de Sant’anna e Manzini (2018) teve como objetivo identificar e descrever as

necessidades iniciais para uma formação continuada em serviço para professores da Educação

Infantil, focando as brincadeiras de crianças com deficiências. Participaram dessa pesquisa seis

professoras de duas crianças com Transtornos Globais do Desenvolvimento. Na primeira fase

do estudo foram realizadas entrevistas para diagnosticar as principais dificuldades com os

professores, pais, mais a filmagem da atuação do professor em três tipos de brincadeira: com o

brinquedo trazido de casa, na sala e no pátio do CMEI com brinquedos diversos. Foram

evidenciadas nessa fase: 1) a falta de conhecimento do professor em relação às necessidades e

potencialidades dos alunos com deficiências; 2) a ausência de estratégias e recursos pedagógico

para envolver os alunos nas brincadeiras; 3) a ausência de um planejamento direcionado para

as reais necessidades do grupo. Ao final dessa primeira fase, percebeu-se a necessidade de

formação continuada em serviço através de uma Consultoria Colaborativa entre o terapeuta

ocupacional, o professor, o aluno e a família, com a finalidade de subsidiar os professores nas

estratégias e recursos pedagógicos das brincadeiras dos alunos com deficiências.

O objetivo do estudo de Olmedo e Walter (2015) foi analisar a eficácia de uma proposta

pedagógica de intervenção escolar, de cunho colaborativo, na escolarização de crianças com

autismo (não orais ou sem fala funcional) incluídos em uma creche. Como procedimento

metodológico foi utilizado o modelo de Consultoria Colaborativa. Os dados, coletados ao longo

de sete meses, versaram sobre a formação desenvolvida em colaboração com professores e

mediadores que atuavam com as crianças com autismos matriculados na creche. Os resultados

revelaram pontos positivos e negativos no programa de formação. Quanto aos pontos positivos,

a Consultoria Colaborativa foi uma estratégia eficaz e satisfatória para o processo de inclusão

dos alunos na creche, melhorando não só a interação comunicativa entre os educadores e a

criança, bem como a inclusão dessas crianças no ambiente da creche. Quantos aos negativos,

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41

foram elencados como insatisfatórios o local e o tempo destinado à formação prática. Além

disso, foi constatado que, após a saída da pesquisadora do estudo, diminuíram tanto as

interações comunicativas da criança com a educadora quanto as iniciativas de comunicação da

professora com a criança.

Os estudos acima revisados salientam os resultados promissores da realização de

capacitações em serviço de professores do Ensino Infantil, empregando o modelo da consultoria

colaborativa. A despeito desses achados, a literatura registra uma carência de pesquisas

envolvendo participantes com TEA. Nessa perspectiva, diante das lacunas salientadas, foram

estabelecidos, para a presente dissertação, os objetivos descritos a seguir.

Como objetivo geral, vamos avaliar a eficácia de uma proposta pedagógica de

intervenção escolar, de cunho colaborativo, na escolarização de uma criança com TEA,

regularmente matriculada no Ensino Infantil na cidade de Tenente Laurentino Cruz/RN. Assim,

nossos objetivos específicos são: 1) elaborar, junto à professora regente e cuidadora, uma

proposta interventiva para o desenvolvimento de habilidades acadêmicas e funcionais do

educando com TEA no contexto da Educação Infantil; 2) avaliar os efeitos da proposta

interventiva no nível de mediação da professora regente; e 3) avaliar os efeitos da proposta

interventiva no desenvolvimento das habilidades acadêmicas e funcionais do aluno.

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4 METODOLOGIA

4.1 PARTICIPANTES

Participaram da pesquisa: Davi, Maria Luísa, Letícia, Margarida e Angélica (para

preservar a privacidade dos participantes, atribuímos nomes fictícios). Davi tinha quatro anos

de idade e diagnóstico de Transtorno do Espectro do Autismo. Maria Luísa, a professora regente

de Davi, tinha 38 anos, habilitação em Pedagogia há 18 anos e pós-graduação lato sensu em

Psicopedagogia. Atuava há 15 anos no Ensino Infantil. Letícia atuava como cuidadora de Davi

na sala de aula. Ela tinha, no período do estudo, 29 anos e estava cursando o sexto período de

Pedagogia. Por fim, Angélica, professora do AEE, tinha 45 anos, habilitação em Pedagogia e

pós-graduação em Psicopedagogia e um curso de aperfeiçoamento em AEE. Atuava na

docência há 15 anos e no AEE há dois anos. Margarida, avó do aluno, tinha 38 anos no período

da pesquisa. Ela tinha Ensino Fundamental incompleto, tendo concluído o 8º ano do Educação

de Jovens e Adultos.

4.2 DELINEAMENTO DE PESQUISA

A presente investigação sugere que a abordagem do objeto de estudo seja do tipo quase

experimental intrasujeito. Nessa abordagem, dois níveis de intervenção são identificados: no

primeiro momento, o programa de capacitação foi analisado como variável independente e seus

efeitos avaliados no repertório do professor regente (variável dependente); em seguida, foram

avaliados os efeitos do comportamento mediador do professor (variável independente) no

repertório do aluno (variável dependente).

Esta pesquisa também pode ser classificada como uma investigação de natureza

qualitativa, visto que a pesquisadora fez uso de observação, diário de campo, filmagens e ações

envolvendo os participantes nesse delineamento.

4.3 VARIÁVEIS

4.3.1 Variável independente: o programa de capacitação

A capacitação ofertada à professora do ensino regular ocorreu num período de quatro

meses, totalizando 16 encontros formativos. Cada encontro de formação teve duração de duas

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horas, totalizando 32 horas. Os conteúdos abordados na capacitação tiveram como base as

demandas sinalizadas pela docente na fase de pré-linha de base. Assim, foram consideradas a

percepção da professora sobre a sintomatologia do autismo, bem como as características do

autismo e algumas estratégias interventivas a serem utilizadas com a criança investigada.

Nesse percurso da investigação foi realizada uma formação em serviço. A intervenção

foi baseada no modelo de Consultoria Colaborativa conduzida pela pesquisadora para a

professora Maria Luísa, professora de uma sala regular da EI de uma escola da rede pública do

interior do RN. O programa de formação através da Consultoria Colaborativa envolveu a leitura

de textos, a exposição de vídeos sobre o TEA, as discussões, a construção de material didático

e a análise de sessões videografadas das aulas observadas. A metodologia utilizada na

formação, denominada autoscopia ou registro de vídeo, é um procedimento metodológico

utilizado no campo da investigação que objetiva autoavaliação dos sujeitos envolvidos através

da videogravação. A técnica da autoscopia, numa dada situação, visa a posterior autoanálise

dos sujeitos investigados (SADALLA; LAROCCA, 2004). Esses momentos videografados

eram analisados e mostrados a Maria Luísa nos encontros de formação para que ela fizesse sua

autoanálise. Nos encontros de capacitação da professora e cuidadora, as sessões videografadas

da rotina inicial, a hora da história e a atividade acadêmica eram analisados com a professora

para que ela refletisse sobre sua prática pedagógica com o educando com autismo.

4.3.2 Variável dependente

Como variável dependente, foram selecionados os comportamentos mediadores da

professora Maria Luísa durante a interação com Davi (nome fictício dado ao aluno com

autismo). Esses comportamentos foram avaliados por meio da Escala de Experiência de

Aprendizagem Mediada desenvolvida por Lidz (1991). Nessa fase, a pesquisadora registrou os

comportamentos da professora Maria Luísa em interação com Davi, desprezando a interação

dela com os demais alunos no momento da pontuação da escala. O comportamento da

professora foi analisado em três rotinas alvo: roda inicial, hora da história e atividade

acadêmica.

A mediação, na perspectiva de Feurnstein (1997), implica na organização, seleção e

interpretação de estímulos por meio de estratégias interativas que promovam situações de

aprendizagem de forma dinâmica e produtiva (TURRA, 2007). Nessa perspectiva, o

comportamento mediador, intitulado de Experiência de Aprendizagem Mediada (EAM), é

composto por três parâmetros: intencionalidade/reciprocidade, significado e transcendência. O

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44

primeiro diz respeito ao mediador deliberadamente interagir com o sujeito, selecionando,

interpretando e interferindo no processo de construção do conhecimento. O segundo, a

significação, implica no mediador demonstrar interesse e envolvimento emocional e explicitar

o entendimento do motivo para a realização da atividade. Por fim, a transcendência exige do

mediador o desenvolvimento do pensamento reflexivo sobre o que está subjacente na situação,

de modo a estender para outros contextos o conhecimento adquirido (FEURNSTEIN, 1997

apud TURRA, 2007).

Lidz (1991), baseada nos estudos de Feuerstein, propôs a Escala de Avaliação da

Experiência de Aprendizagem Mediada (EAM), composta por 12 componentes e elaborada

com o intuito de avaliar o comportamento do mediador no processo de interação entre pares.

Essa escala tem sido amplamente empregada em estudos nacionais e internacionais envolvendo

populações com deficiência. Nos estudos nacionais, destacam-se os trabalhos de Cunha e

colaboradores (2006); Farias, Maranhão e Cunha (2008); Dias, Paula e Enumo (2009);

Nascimento (2012); e Félix (2013). Já nos estudos internacionais, as pesquisas de Haywood e

Tzuriel (2002); Carrillo e Thompson (2002 apud DIAS; PAULA; ENUMO, 2009); Kok Siat

Yeow (2011); e Bailini (2012).

A EAM avalia 36 comportamentos mediadores sinalizados por Feurstein. Eles incluem:

intencionalidade, significação, transcendência, atenção partilhada, experiência partilhada,

regulação na tarefa, elogiar, desafiar, diferenciação psicológica, responsividade contingente,

envolvimento afetivo, mudança. A definição de cada um desses componentes é apresentada no

Quadro 4.

Quadro 4 – Componentes da Escala de Experiência de Aprendizagem Mediada de acordo com

Lidz

Componente Definição Exemplo

Intencionalidade Capacidade do mediador para envolver

a criança na interação. Isso inclui dar à

criança uma mensagem clara da

intenção do mediador para interagir.

Despertar a atenção e comunicação da

criança, como: “vamos prestar mais

atenção?”

Significação Capacidade do mediador de despertar a

percepção do estudante para a

atividade.

Comunicar o que é importante perceber, lhe

atribuir sentido (bom ou mau), e usar voz

gesto e expressão afetiva para realce, como:

“olhe isso! (apontando com o dedo)”.

Transcendência Habilidade do mediador para fornecer

uma ponte entre o que pode ser visto,

sentido e ouvido na situação em que só

pode ser concebida mentalmente.

O mediador pode lembrar à criança algo ou

alguém que ela se relaciona com o que ela

esteja fazendo, como: “não é como o que

você tem em casa?”

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45

Atenção

partilhada

Envolve a habilidade do mediador para

ver a situação do ponto de vista da

criança.

A relação conjunta ultrapassa o simples uso

da palavra “nós”, como: “vamos fazer

juntos?”

Experiência

partilhada

Capacidade de compartilhar seus

pensamentos ou experiências que se

relacionam com o que esteja ocorrendo

na interação com a criança.

O compartilhamento deve servir a propósito

de melhorar a base de conhecimento ou

experiência da criança, como: “você sabe,

quando eu era pequena, eu tinha um mais

ou menos assim...”.

Regulação na

tarefa

Trata-se da forma real da tarefa: como é

apresentada à criança e envolve as

instruções que são oferecidas, a forma

como os materiais são fornecidos e a

maneira pela qual a tarefa é ajustada

para a promoção do conhecimento da

criança.

O mediador pode sugerir “como vamos

fazer isso?” e ajuda a criança a desenvolver

a tarefa.

Elogiar O mediador deve ofertar informação de

feedback para a criança sobre o que

funcionou ou não funcionou.

Dar feedback positivo ou negativo, como:

“muito bem!”

Desafiar Capacidade do mediador para manter as

exigências da interação dentro da ZDP.

Trata-se de instruções e seleção de

tarefas para além do que a criança é

capaz de fazer de forma independente –

não muito fácil nem muito difícil.

É importante que algum desafio seja

construído na interação.

Diferenciação

psicológica

O foco deve ser em ajudar a criança a

ter uma boa experiência para aprender

algo mais do que o produto a ser feito.

Enfocar uma boa experiência de

aprendizagem para a criança em detrimento

do seu próprio objetivo em finalizar a

tarefa, como: “você entendeu a tarefa?”.

Responsividade

contingente

Esse componente refere-se à dança não

verbal entre dois participantes,

especificamente, a habilidade do

mediador para responder de uma forma

atempada e adequada para a criança.

O importante é observar a resposta da

criança, particularmente no que diz respeito

ao grau de resposta: “a criança tem que

começar a chorar para ter a atenção

necessária?”.

Envolvimento

afetivo

Esse é o fator calor e novamente não

precisa ser verbal. Isso representa o

sentido ou expressão de afeto que o

mediador transmite para a criança.

O que se procura aqui é demostrar uma

sensação de prazer em estar com a criança,

bem como a expressão afetiva positiva.

Mudança Mudança envolve a comunicação para a

criança, que aprendeu com sucesso

como resultado dessa interação.

A realização de uma avaliação dinâmica,

real, pode ser revista com a criança para

demostrar o crescimento e a mudança. Isso

fornece evidências de competência

crescente da criança e ajuda as crianças a

desenvolverem o sentimento de que elas

podem aprender.

Fonte: Macêdo (2015, p. 42).

A pesquisadora filmou a intervenção da professora com o aluno durante a realização de

três rotinas acadêmicas: a rotina inicial, a atividade acadêmica e a hora da história no decorrer

de uma semana. A duração média de cada uma dessas rotinas era de 10 a 15 minutos. Em

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seguida, foram analisados os primeiros 5 minutos de interação, considerando o comportamento

mediador da docente, utilizando a escala EAM, previamente descrita. Quanto ao

comportamento da criança, foram avaliados os dados qualitativos referentes à participação de

Davi na rotina inicial, hora da história e atividade acadêmica.

4.4 AGENTE DE INTERVENÇÃO

A pesquisadora (de 49 anos) é formada em Pedagogia, com habilitação em Supervisão

Escolar e especialista em Psicologia das Emoções e Psicologia da Aprendizagem. No decorrer

da investigação, estava afastada de suas funções como professora da rede pública de ensino em

sala de Recursos Multifuncionais – Atendimento Educacional Especializado (AEE).

4.5 ASSISTENTE DE PESQUISA

A assistente de pesquisa (de 38 anos) é formada em Terapia Ocupacional e é aluna do

curso de Pedagogia. Durante a investigação, cursava o 7º período e estava como bolsista de

Iniciação Cientifica da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

(CAPES).

4.6 LOCAL

A presente pesquisa foi realizada em uma escola da rede pública do município de

Tenente Laurentino Cruz/RN. O estudo aconteceu em uma turma do Pré-I “B”, no turno

vespertino de uma sala regular da Educação Infantil.

O funcionamento da escola ocorre em dois turnos: o matutino no horário de 7h às 11h

com as turmas de creche e o vespertino das 13h às 17h com as turmas de pré-escolar. Atende,

segundo o censo escolar de 2017, um total de 196 crianças. A escola conta com cinco salas de

aula e doze professores. Possui dois banheiros; uma cozinha; um depósito; uma sala de

coordenação; um escovódromo (local de escovar os dentes); um corredor e uma

diretoria/secretaria. A instituição não tem um pátio para recreação – essas aulas são realizadas

no ginásio de esportes ao lado da instituição.

A escola em que o aluno pesquisado estudava era uma casa que foi adaptada para ser

uma unidade escolar enquanto se construía a creche municipal de Tenente Laurentino Cruz. A

instituição é ilustrada nas Figuras 2 e 3 abaixo.

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Figura 2 – Entrada da Creche Florescer

Fonte: autoria própria (2019).

Figura 3 – Lateral da Creche Florescer

Fonte: autoria própria (2019).

Para Lemos et al. (2014), a escola se destaca como um espaço de interação no

desenvolvimento infantil, tanto pela oportunidade de convivência com outras crianças quanto

pelo importante papel do professor, cujas mediações favorecem a aquisição de diferentes

habilidades nas crianças. Dessa forma, ao planejar as atividades e projetos no EI é pertinente a

reorganização dos espaços escolares e tempos pedagógicos, de modo que esses ambientes sejam

propícios de aprendizagens significativas (SOUZA; HERNANDES; SILVA, 2016).

A turma de Davi era composta por 19 alunos. Quanto ao mobiliário de sala de aula,

existiam duas mesas grandes, três pequenas e vinte e cinco cadeiras de cores azuis, verdes,

vermelhas e amarelas. A sala de aula possuía também um birô e uma cadeira para a professora,

além de uma lousa, um ventilador de teto, um filtro com água mineral, uma lixeira grande, um

armário com as pastas dos alunos e o material escolar, jogos e livros. Na parede estavam fixados

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alguns cartazes (letras do alfabeto, calendário, números de 1 a 10, o cantinho da leitura,

calendário de aniversariantes). A sala de aula está apresentada nas Figuras 4 e 5.

Figura 4 – Entrada principal da sala de aula de Davi

Fonte: autoria própria (2019).

Figura 5 – Sala de aula de Davi

Fonte: autoria própria (2019).

As salas de aulas não tinham janelas, por isso as portas não eram fechadas durante as

aulas e as bandeirolas das portas ficavam abertas para ventilar.

A capacitação da professora Maria Luísa foi realizada na Secretaria de Educação do

município, uma vez que a escola não tinha salas disponíveis. A Secretaria Municipal de

Educação de Tenente Laurentino Cruz (SME-TLC), possui cinco salas pequenas: sala da

psicóloga educacional; sala da nutricionista e técnicos; sala da secretaria de Educação; sala da

coordenadora; e sala da psicopedagoga, onde foi realizada a formação no horário de 8h às 10h.

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A SME-TLC também possui um banheiro e uma cozinha. A sala da formação possui birô,

cadeiras, almofadas, tapete, brinquedos, um armário com livros didáticos e material escolar.

4.7 INSTRUMENTOS

Os instrumentos de pesquisa utilizados incluíram dois roteiros de entrevista, um diário

de campo – o Childhood Autism Rating Scale (CARS) (PEREIRA et al., 2007) – e a Escala de

avaliação de Experiência Mediada, adaptada por Macêdo (2015) – conferir no Anexo 2 (LIDZ,

1991).

O primeiro roteiro de entrevista (conferir Anexo 5), destinado à professora, continha

vinte e cinco perguntas semiestruturadas abordando cinco tópicos: 1) formação inicial e

continuada dos professores; 2) prática pedagógica do professor com crianças autistas; 3)

inclusão escolar e ensino regular; 4) Plano de Ensino Individualizado do Aluno; 5) adaptações

e adequações curriculares.

O segundo roteiro (conferir Anexo 6), destinada à avó do estudante, incluía 20 perguntas

semiestruturadas. As perguntas tinham como objetivo abordar as características do aluno e as

expectativas da avó com relação à escolarização da criança no ano de 2018.

O diário de campo foi utilizado para registrar as impressões da pesquisadora no decorrer

de toda a pesquisa. Tal instrumento se faz presente no cotidiano da investigação como reflexão

e suporte pedagógico na coleta e análise de dados das experiências vivenciadas em todo o

percurso investigativo. Nessa direção, Khaoule e Carvalho (2013) apontam que o registro do

pesquisador é uma ferramenta importante nesse cenário, permitindo a ele pontuar observações

detalhadas e relevantes do que foi observado no campo de pesquisa.

A escala CARS (PEREIRA et al., 2007) foi utilizada para avaliar o grau de severidade

do autismo da criança pesquisada. Ela foi aplicada em colaboração com a avó de Davi, a

professora da sala regular e a professora do AEE no decorrer da pré-linha de base. Nessa escala

são avaliados quinze comportamentos, incluindo: as relações pessoais, o grau de imitação, a

resposta emocional, o uso corporal e de objetos, as respostas às mudanças de rotina e sensoriais

(visual, auditiva, paladar, olfato e tato), o comportamento com relação ao medo ou nervosismo,

a comunicação verbal e não verbal, o nível de atividade e a consistência da resposta intelectual,

finalizando com as impressões gerais da escala.

A escala de EAM, previamente descrita, foi empregada para avaliar o grau de mediação

da professora de Davi nos três momentos selecionados na linha de base: rotina inicial, hora da

história e atividade acadêmica. Conforme observado no Anexo 2, nesse instrumento os 36

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comportamentos mediadores são avaliados por meio de uma escala likert, de quatro níveis, com

um escore total máximo possível de 36 pontos que variam do nível 0 (ausência de mediação)

até o nível 3 (nível máximo ou nível ótimo de mediação). O nível “ótimo” de mediação diz

respeito aos resultados esperados de um funcionamento cognitivo (LIDZ, 1991 apud CUNHA;

ENUMO; CANAL, 2006).

4.8 MATERIAIS

Foram utilizados: Notebook DELL 14 polegadas; Câmera filmadora Nikon 42x Wide

Optical Zoom Ed VR 4.3-180mm 1:3-5.9; Gravador de voz digital Sony Icd-Px 240 4gb;

material escolar (tesoura, cola, EVA, papeis, lápis coloridos etc.); board maker; e pictogramas.

No decorrer da pesquisa foram utilizados registros fotográficos da produção do aluno,

assim como de sua interação com os professores e alunos na sala de aula. Nesse aspecto, Rios,

Costa e Mendes (2016) descrevem que as imagens são fundamentais como técnica e análise na

coleta de dados, de modo a contextualizá-la como fonte para estudo/objeto no contexto da

pesquisa.

No decorrer da formação com os professores foram utilizados seis artigos, cujas

referências estão incluídas no Anexo 7.

4.9 PROCEDIMENTOS

O projeto de pesquisa foi submetido e aprovado pelo Hospital Universitário Onofre

Lopes (HUOL) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – CAAE:

97771518.5.0000.5292 (Parecer nº 3.084.417). A pesquisa foi realizada entre maio a novembro

de 2018 e foi dividida em 6 etapas: 1) acordos institucionais; 2) capacitação da assistente da

pesquisa; 3) pré-linha de base; 4) linha de base; 5) elaboração de um programa de capacitação

em serviço de cunho colaborativo; 6) intervenção.

Em sequência, a pesquisadora dirigiu-se a escola para a realização de todos os acordos

institucionais para a realização da pesquisa.

4.9.1 Acordos institucionais

Nessa etapa, a pesquisadora foi a uma instituição infantil pública no município de

Tenente Laurentino Cruz, no interior do Rio Grande do Norte e entrou em contato com a direção

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da escola por saber que na instituição havia crianças matriculadas com autismo. O objetivo era

falar do projeto de pesquisa para a gestora da escola e professores e contatar os pais dessas

crianças para selecionar quem estivesse interessado em participar da investigação. Em

sequência, o projeto de pesquisa foi aceito pela diretora e professora do Pré-1 da escola; foi

entregue o ofício de apresentação da pesquisadora à diretora da escola (Anexo 1) e a carta de

anuência (Apêndice 1). A diretora convocou os pais de uma criança que atendia aos critérios de

seleção da pesquisa para uma reunião no dia 08 de maio de 2018 com a pesquisadora. As

Figuras 6 e 7 retratam a pesquisadora na reunião com os responsáveis pelos alunos da turma de

Davi.

Figura 6 – Reunião com os pais do aluno pesquisado e demais pais da turma

Fonte: autoria própria (2019).

Figura 7 – Reunião com os pais e demais pais da turma

Fonte: autoria própria (2019).

Participaram da reunião os responsáveis (avós) da criança com TEA e os demais pais

da turma, bem como a professora da sala de aula e a diretora da escola. Os pais da criança e a

professora assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice 2) e os demais

pais da turma assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para os demais pais da

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turma (Apêndice 3), consentirem em ter seus filhos videografado. Entretanto, apenas um pai se

opôs e não assinou o termo. A posição dessa mãe foi respeitada e o seu filho não apareceu nas

filmagens e fotos em que o aluno pesquisado aparecia.

4.9.2 Capacitação da assistente da pesquisa

A pesquisadora e a assistente de pesquisa encontraram-se para estudar a Escala de

Aprendizagem Mediada elaborada por Lidz (1991), com o intuito de compreender os critérios

de mediação proposto nesse instrumento. Na sequência, pontuaram, considerando a escala de

avaliação, três sessões videografadas durante a fase de linha de base2. Não havendo dúvidas

quanto às variáveis da escala, a pesquisadora e a assistente de pesquisa analisaram, de forma

independente, nove sessões de linha de base e 27 vídeos da intervenção. Em sequência às

análises, foi avaliado o grau de concordância das variáveis. A pesquisadora e a assistente

avaliaram de forma independente o grau de concordância das sessões videografadas. O índice

de concordância nessas sessões avaliadas entre a pesquisadora e a assistente atingiu 75%. Foram

considerados os dados avaliados pela assistente de pesquisa.

4.9.3 Pré-linha de base

Foram realizadas entrevistas com a professora, a caracterização do aluno, por meio de

observação in loco (diário de campo) e entrevista semiestruturada com os responsáveis

(observação e entrevista).

Neste percurso, a pesquisadora observou o cotidiano escolar do aluno com TEA em sala

de aula em diversos momentos do convívio escolar: roda da conversa, contação de história,

atividades linguística, matemática, artes e brincadeiras e em convívio em casa com a família,

amigos e parentes durante uma semana. Em seguida, a professora Maria Luísa identificou três

rotinas que sentia maior dificuldade de engajar o aluno: a rotina inicial, a hora da história e

durante a realização da atividade acadêmica. Essas rotinas selecionadas foram escolhidas

porque aconteciam diariamente e pelo fato de Maria Luísa expressar dificuldade em se

comunicar com o aluno durante as referidas atividades.

2 Vale destacar que essas sessões não foram consideradas nas análises finais.

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4.9.4 Linha de base

Três classes de comportamento foram avaliadas nessa fase: a) o nível de mediação do

professor; b) os tipos de atividades pedagógicas propostas; c) o nível de participação do aluno

nas tarefas propostas.

A pesquisadora, em um período de 20 dias na fase de linha de base, realizou observações

do cotidiano escolar da professora Maria Luísa com o intuito de analisar o nível de mediação

da docente com Davi. No decorrer dessa etapa, foram realizados registros de campo e filmagens

de três rotinas observadas pela pesquisadora que se repetiam no decorrer das aulas.

4.9.5 Elaboração de um programa de capacitação em serviço de cunho colaborativo

As rotinas videografadas na linha de base foram apresentadas à professora que, em

colaboração com a pesquisadora, identificou aspectos positivos e negativos de interação. Com

base nas demandas levantadas pela professora e pesquisadora e os comportamentos deficitários

de mediação (identificados pela EAM), foi elaborado um programa de capacitação para Maria

Luísa, professora titular. Letícia, a cuidadora do aluno pesquisado, embora tenha participado da

capacitação direcionada para a professora regular, não teve seus comportamentos mensurados

na escala de Lidz (1991).

A capacitação aconteceu a partir do dia 13 de agosto de 2018 e foi até o dia 21 de

novembro do mesmo ano. No total, aconteceram16 encontros formativos. Cada encontro de

formação teve duração de duas horas, totalizando 32 horas.

O Quadro 5 abaixo descreve o planejamento de cada formação realizada em cada

encontro com a professora, de acordo com o diagnosticado na linha de base:

Quadro 5 – Diretrizes para a capacitação dos professores

Formação (data) Assunto Objetivo

Formação 1 e 2

(13 e 14/08/2018)

O que é autismo. Descrever as características do

Transtorno relacionando-as com a

criança pesquisada.

Formação 3

(21/08/2018)

Os benefícios da rotina na vida da criança

com TEA.

Discutir a importância da rotina no

cotidiano do sujeito com TEA.

Formação 4 e 5

(27 e 28/08/2018)

Oficina: quadro de rotina do aluno com

TEA e confecção de material para ser

utilizado pelo aluno em sala de aula

(construção da rotina) .

Confeccionar material adaptado para

que o aluno possa interagir em sala

de aula.

Formação 6

(03/09/2018)

O que é Comunicação Alternativa e

Ampliada (CAA).

Descrever a importância da CAA

como estratégia sociocomunicativa

da criança com TEA.

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Formação 7 e 8

(17 e 18/09/2018) –

o que é o Picture

Exchange

Communication

System

Confecção da pasta de Comunicação

Alternativa e material para a rotina

escolar do aluno.

Confeccionar a pasta de CAA para a

socialização e integração do aluno

em sala de aula.

Formação 9

(24/09/2018)

Como lidar com as birras e crises na

criança autista.

Diferenciar o que é crise e birra no

TEA.

Formação 10 e 11

(25/09/2018;

02/10/2018)

Estudo da EAM e Planejamento

Individualizado do Aluno.

Descrever os critérios de mediação

da EAM.

Formação 12 e 13

(22/10/2018;

30/10/2018)

O que adaptação/adequação curricular?

Oficina de jogos.

Definir o que são adaptações

curriculares.

Formação 14 e 15

(31/10/2018;

06/11/2018)

Planejamento Individualizado do aluno:

adaptar/adequar as atividades escolares

do aluno.

Discutir e elaborar o Planejamento

Individualizado de acordo com as

potencialidades e necessidades do

aluno pesquisado.

Formação 16

(21/11/2018)

Oficina: Comunicação Alternativa –

caminhos para a inclusão.

Elaborar material e recursos

acessíveis para que o aluno possa se

comunicar e interagir em sala de

aula.

Fonte: autoria própria (2019).

4.9.6 Intervenção

A professora, no decorrer da formação – que acontecia pela manhã no turno inverso de

seu horário de trabalho, em dois dias na semana (segundas e terças-feiras, das 8h às10h) – era

instruída a aplicar as estratégias interventivas planejadas e direcionadas no programa de

formação, identificadas pela pesquisadora na linha de base. As rotinas foram videografadas e,

novamente, conforme descritos na linha de base, foram avaliados o nível de mediação do

professor e os tipos de atividades pedagógicas propostas, assim como avalia a qualidade da

participação do aluno nas tarefas propostas.

O programa de capacitação foi descrito no Quadro 5, acima citado. Ele foi elaborado

com a participação da professora Maria Luísa e da cuidadora Letícia, que identificaram as

demandas formativas. As sugestões das temáticas apresentadas por Maria Luísa e Letícia foram

acatadas pela pesquisadora, que organizou os materiais a serem discutidos durante a formação.

O quadro de rotina de Davi, ilustrado na Figura 8, foi confeccionado em colaboração

com a professora Maria Luísa e a cuidadora Letícia no segundo encontro de formação

(14/08/2018). Esse quadro, que contemplava a rotina de Davi, foi elaborado com o intuito de

orientar o aluno em suas atividades diárias na sala de aula comum. Nesse sentido, Bosa (2006)

relata que crianças com TEA não orais ou sem fala funcional podem requerer alguma forma de

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Comunicação Alternativa. No caso, o uso do recurso visual (quadro com rotina) seria utilizado

para melhorar a compreensão oral do menino.

Figura 8 – Confecção do quadro de rotina de Davi

Fonte: autoria própria (2019).

Nesse contexto, Deliberato (2017) argumenta que o Ensino Infantil tem dois desafios na

sua rotina escolar. Primeiro, viabilizar recursos e estratégias para inserir o aluno com

deficiência no cotidiano escolar nas situações de interação e comunicação; segundo,

oportunizar recursos e estratégias que possibilitem a interação desses sujeitos na rotina das

atividades pedagógicas e do currículo como um todo. Assim, foi elaborado o quadro de rotina

de atividades do aluno com o intuito de orientar Davi sobre o que iria acontecer – quais

atividades seriam direcionadas no decorrer daquele dia programado na rotina escolar.

A professora titular e a cuidadora registraram, na linha de base, a escassa participação

de Davi nas atividades de rotina inicial, hora da história e atividade acadêmica. Na intervenção

foram apontadas dificuldades por Maria Luísa em se comunicar com Davi no decorrer das

atividades em sala de aula. A partir do material videografado, a professora e a pesquisadora

descreveram fatores que poderiam prejudicar a interação do menino. Assim, foi elaborado um

plano de intervenção, em que foram elencadas as dificuldades diagnosticadas do aluno em sala

de aula, suas preferências e as potencialidades que poderiam ser exploradas pela professora nas

rotinas selecionadas.

Após as discussões sobre o uso do PECS (WALTER, 2017), foi construído um painel

de comunicação representado na Figura 9, caracterizando a rotina em sala de aula da criança,

construído pelas colaboradoras com a intervenção da pesquisadora. O material utilizado na

confecção do painel de comunicação foi cartolina, com revestimento em velcro para facilitar o

manuseio da criança com o material.

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Esse quadro contemplava a construção da rotina de atividades de Davi, como também

produção de um recurso didático para o aluno. A confecção desse material teve como objetivo

estimular a comunicação do aluno no contexto escolar nas rotinas alvo, ampliando sua

autonomia e interação com a professora e colegas de turma.

Figura 9 – Confecção de material pedagógico

Fonte: autoria própria (2019).

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5 RESULTADOS

O objetivo geral do presente estudo foi avaliar a eficácia de uma proposta pedagógica

de intervenção escolar, de cunho colaborativo, na escolarização de uma criança com TEA,

regularmente matriculada no Ensino Infantil na cidade de Tenente Laurentino Cruz/RN.

Os resultados do estudo serão expostos em seis tópicos: a) quem é a Maria Luísa,

docente; b) quem é Davi; c) quem é Letícia, a cuidadora; d) quem é Angélica, a professora do

AEE; e) quem é Margarida, avó do menino; e f) efeitos da proposta interventiva no

comportamento da díade professora-criança.

5.1 QUEM É MARIA LUÍSA, A DOCENTE

A professora Maria Luísa (nome fictício) possui habilitação em Pedagogia no ano de

2005, especialização em Psicopedagogia em 2012 e Docência em Educação Infantil no ano de

2015. Possui 15 anos na docência. Trabalha 30 horas pela escola Florescer e não possui curso

na área de Educação Especial. Esse ano é a primeira vez que ela atua com uma criança com

autismo.

Dados da entrevista conduzida pela pesquisadora com Maria Luísa, a professora regente,

revelaram que Davi era o segundo aluno com deficiência em sua prática docente. Ela não tinha

formação em Educação Especial, como revela o seguinte fragmento: “eu nunca fiz nenhum

curso sobre a inclusão, o autismo para mim é novo. Eu nunca tinha tido contato com uma

criança autista, eu já tinha visto em alguns programas de TV. Já faz 15 anos que sou professora

do Ensino Infantil e eu nunca tinha tido essa experiência” (Maria Luísa, 30/04/2018).

Durante a entrevista, ficou evidente que o nível de conhecimento que Maria Luísa tinha

sobre o TEA era precário, conforme ela declara: “os conhecimentos teóricos eu não sei, eu só

tenho conhecimento de ouvi falar. Eu entendo assim, que ele nasceu com essa deficiência de

autista, eles têm dificuldade no convívio social e principalmente que eles não gostam de

interagir” (Maria Luísa, 30/04/2018).

O desconhecimento da síndrome evidenciado na fala da professora é congruente aos

achados da literatura. De fato, Solonca (2017) revela que os professores do Ensino Infantil se

sentem inseguros e despreparados, uma vez que não tiveram uma formação adequada tanto a

nível inicial quanto a continuada para atuar diante de certos acontecimentos no cotidiano escolar

no que se refere a crianças com autismo.

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Na fala da professora são identificadas lacunas na formação docente, e o

desconhecimento das características dos educandos com TEA é visível. Isso é evidenciado no

seguinte trecho da entrevista conduzida no início da pesquisa: “agora, quando ele se estressa,

ele chora, ele esperneia, ele quer alguma coisa, mas a gente não sabe o que ele quer, porque

ele não fala, não pede e nós temos que manter essa criança quatro horas em sala de aula sem

formação” (Maria Luísa, 30/04/2018). Nesse contexto, de acordo com Lemos, Salomão e

Agripino-Ramos (2014), os professores necessitam conhecer os comportamentos dos

educandos com TEA e em que frequência esses episódios acontecem para que, sendo instruídos,

possam desenvolver estratégias e intervenções apropriadas que favoreçam a aprendizagem

desses educandos.

Em relação à percepção da escolarização da criança com autismo, a professora regular

revelou que: “eu acho que é de extrema importância, porque antes essas crianças ficavam em

casa e não tinham contato com ninguém, só com a família. Hoje, as outras crianças aceitam a

deficiência e eles juntos se desenvolvem também. De alguma forma eles aprendem, avançam.

Então, para mim é importante. Deve sim, isso acontecer” (Maria Luísa, 30/04/2018).

Costa, Zanata e Capellini (2018) destacam que a inclusão da criança com TEA no

Ensino Infantil está vinculada aos recursos pedagógicos, adaptações e adequações propostas

mobilizadas pela escola. Para isso, é necessário investimento na formação de toda a equipe

escolar e parceiros do atendimento multidisciplinar para que as potencialidades e necessidades

da criança com TEA possam ser contempladas na sala de aula comum.

Costa e colaboradores (2018) destacam a relevância em se considerar o Referencial

Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI), publicado pelo Ministério da

Educação (2000), como um norteador para o planejamento de atividades a serem desenvolvidas

pelas crianças com deficiências no ensino comum. Essa obra foi elaborada com o objetivo de

subsidiar a prática educativa de crianças com deficiências na faixa etária de zero a seis anos

(BRASIL, 2000). Diante do que é referenciado no documento, vale destacar que ações precisam

ser desenvolvidas no EI com o intuito de proporcionar aos alunos com deficiência, nessa

modalidade de ensino, condições para que esses educandos possam se desenvolver como

cidadãos de fato e de direito (CARNEIRO, 2012).

Na atualidade, surge a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) (BRASIL, 2018): um

documento normativo que veio complementar o RCNEI, com o intuito de direcionar as ações e

práticas pedagógicas da Educação Básica. Para tanto, concordamos com Monteiro e Ribeiro

(2019) quando descrevem que a BNCC surgiu com a proposta de reverter a exclusão de alunos

com deficiências. As autoras enfatizam que é preciso haver mudanças na postura dos

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educadores, priorizando práticas pedagógicas inclusivas e de diferenciação curricular. Elas

destacam também que a meta da inclusão escolar no Ensino Infantil é transformar as instituições

em espaços de formação para proporcionar um ensino de qualidade para todos. Entretanto, na

prática isso não acontece, conforme depoimento da professora em questão: “no planejamento,

a gente nunca parou para pensar sobre o aluno com autismo. O planejamento direcionado a

ele não acontece, fica a critério da cuidadora procurar alguma coisa para fazer com o aluno.

A gente não está sabendo o que fazer com essa criança, porque não temos apoio, não tem

material adequado, trabalhamos com poucos recursos pedagógicos, então, a gente quer uma

luz para ajudar” (Maria Luísa, 30/04/2018).

Ao questionar a docente sobre a interação da sala de aula comum e AEE, Maria Luísa

revelou: “eu conheço o trabalho das meninas do AEE, mas não existe a interação da escola

regular com o AEE. A gente sabe que ele participa lá, mas não existe a interação” (Maria

Luísa, 28/05/2018). Essa fala de Maria Luísa ressalta o desconhecimento da prática pedagógica

desenvolvida pela professora Angélica na sala do AEE com o aluno pesquisado. Dessa forma,

para que a educação do aluno com TEA seja significativa é preciso que Maria Luísa

disponibilize um tempo com a professora do Ensino Especial, para que elas possam

compartilhar o planejamento, as dificuldades e as possíveis adaptações curriculares para o aluno

com TEA.

Esses resultados são semelhantes aos achados por Marques e Duarte (2013), que

mostraram que os professores da rede municipal de uma cidade de médio porte do Estado de

São Paulo encontram dificuldades em estabelecer uma parceria colaborativa devido ao pouco

tempo para planejarem os conteúdos e as estratégias didáticas a serem trabalhados nas aulas.

De acordo com os relatos dos docentes participantes desse estudo, tanto os do ensino regular

quanto os do especial, quando os professores dedicam tempo e disponibilidade entre eles para

planejar as atividades, o ensino colaborativo acontece.

5.2 QUEM É DAVI

Os dados sobre Davi (nome fictício) foram produzidos por meio de entrevistas

conduzidas com a avó e com a professora, e através de registros observacionais da pesquisadora.

No período em que o estudo foi realizado, o menino residia com os avós numa cidade serrana

do interior do Rio Grande do Norte. Segundo a avó, Davi frequentava a creche onde a pesquisa

foi conduzida há dois anos. Ele era atendido, a cada dois meses, por uma fonoaudióloga em

uma instituição pública de um município vizinho. A família de Davi era de baixa renda. O pai

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biológico era agricultor, a mãe era estudante, a avó era dona de casa e o avô, mecânico. A mãe,

quando teve o menino, tinha 14 anos e sua gestação foi bastante complicada. A gravidez da

criança, segundo dados fornecidos pela avó, foi muito conturbada. A mãe não tinha horários

para dormir, frequentava festas e barzinhos, fumava muito, dormia mal e não tinha um bom

relacionamento com o pai da criança – de acordo com a avó, eles brigavam muito e se separam

depois do nascimento do menino. No decorrer da gestação, ela se internou várias vezes para

não perder o bebê e tomou injeções como prevenção contra o aborto. Ademais, no decorrer da

gestação, adquiriu toxoplasmose. Nessa fase, estava com seis meses de gestação e, no período,

não tomou qualquer medicação para combater a doença. O parto da criança foi cesariano. A

criança, ao nascer, não chorou e sua aparência era bem escura. O menino teve que receber

estimulação para chorar. Após a criança completar um ano, a mãe biológica a deixou sob os

cuidados da avó e viajou para Teresina/PI a procura de trabalho.

Com base na escala CARS, aplicada pela pesquisadora, pela professora do ensino

comum, Maria Luísa, e pela avó de Davi, Margarida, o menino apresentava grau de autismo

grave, evidenciado pelos 45 pontos da escala.

Nas relações pessoais, de acordo com a avó e a professora regular, o aluno às vezes

demonstrava indiferença à presença dos demais, sendo necessárias tentativas persistentes para

se conseguir a atenção da criança. Permanecia, na maior parte do tempo, isolado, engajado em

brincadeiras estereotipadas e não sociais. Esse comportamento era observado quando o menino

parecia não se interessar em brincar com os colegas de sala. De fato, a avó salientou que Davi

não interagia com crianças que moravam em sua rua. Limitava-se a brincar com uma tia que

tinha, na época, dois anos de idade. Em crianças com autismo, evidencia-se um prejuízo na

capacidade simbólica e no desenvolvimento de atividades lúdica, resultando em um brincar

estereotipado, sem variações – que se expressam por atividades repetitivas e monótonas

(LEITE; ABRÃO, 2015). Nessa direção, Cipriano e Almeida (2016) destacam que os sujeitos

com TEA podem apresentar comportamento característico de rigidez, repetição de movimentos

e escolhas e apresentam um brincar com baixo potencial imaginativo.

Em termos de linguagem, não se comunicava verbalmente e tinha dificuldades de ser

compreendido de forma não verbal. Algumas vezes, no decorrer da pesquisa, o aluno emitia

gritos estridentes quando queria algo e não conseguia se expressar. Especificamente sobre a

linguagem, Backes, Zanon e Bosa (2013) apontam que as crianças com TEA podem apresentar

atrasos na aquisição dessa habilidade. Esses mesmos autores destacaram algumas pesquisas que

apontam a linguagem oral como a habilidade mais prejudicada pela regressão, afetando cerca

de 20% dos sujeitos com TEA. Esse retrocesso está associado à perda de habilidades sociais.

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Vale destacar que a presença de déficit no desenvolvimento da linguagem e habilidades

comunicativas nos sujeitos com TEA é evidente desde os primeiros meses de vida (NUNES,

2016).

No que se refere ao uso do corpo, o aluno exibia movimentos estranhos com os dedos,

beliscava o corpo ou batia intensamente a cabeça na parede. Os episódios de autoagressão eram

mais frequentes quando desapontado. Nessas ocasiões, era impulsivo e colocava-se em

situações que poderiam ser perigosas, como jogar cadeira, mesa e tudo o que encontrava pela

frente. Apresentava movimentos repetitivos, corria várias vezes na mesma direção por alguns

minutos e balançava-se por um longo tempo. As estereotipias motoras são frequentes no

autismo. Nesse contexto, o CID 10 (apud BARROS; FONTE, 2016) aponta as estereotipias

motoras como uma categoria nosográfica, que se manifesta com movimentos intencionais,

repetitivos, estereotipados, ritmados, desprovidos de finalidade e sem relação a um transtorno

psiquiátrico ou neurológico identificado. Baseando-se nesse pressuposto teórico,

compreendem-se como comportamentos estereotipadas no autismo: reproduzir um padrão fixo

de atividade, movimento ou vocalização; permanecer sem pausas num tempo próprio fora do

domínio exterior; e, aparentemente, não ter um objetivo determinado ou não responder a algum

estímulo do meio (BARROS; FONTE, 2016).

Em termos comportamentais, apresentava dificuldade em dormir e, quando acordava de

madrugada, sentia muita dificuldade em voltar a dormir. Segundo a avó, o menino dormia entre

7 e 9 horas diárias. Os Distúrbios de Sono (DS) têm sido amplamente discutidos na literatura

de autismo. Para Nunes e Bruni (2015), o DS é caracterizado como a dificuldade de iniciar ou

manter o sono e é comum se manifestar nos sujeitos com TEA. O DS se manifesta por um

determinado período e os sujeitos com insônia demonstram resistência para dormir. No decorrer

desses episódios da latência do sono, acontecem despertares noturnos. A prevalência de insônia

nesses sujeitos tem sido associada a maior frequência de estereotipias e piores escores de

gravidade. Esse comportamento é registrado, segundo os autores, com maior frequência nas

crianças menores.

O comportamento diário de Davi era assistir a seus programas favoritos na televisão, os

desenhos animados. Com relação à sua alimentação, ao seu apetite, a avó descreveu-o com um

apetite excessivo, tinha que fazer de tudo para retirar as coisas que ele não podia comer da

geladeira. De acordo com Caetano e Gurgel (2018), as crianças com autismo podem ser

acometidas de uma série de transtornos gastrointestinais, como a diminuída produção de

enzimas digestivas, inflamações da parede intestinal e permeabilidade intestinal alterada.

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Davi parecia não compreender a rotina escolar e as regras desse ambiente. Ele tinha

preferência pelos carrinhos e gostava de enfileirar e empilhar cadeiras (em forma de trem) ou

mochilas, na sala de aula. Tipicamente se zangava quando tentava tirar os colegas das cadeiras

para empilhá-las.

5.3 QUEM É LETÍCIA, A CUIDADORA

Letícia (de 29 anos), nome fictício, estava cursando o sexto período do curso de

Pedagogia em uma universidade privada. A cuidadora, no período da pesquisa, estava no

primeiro ano de atividade com Davi e dois anos como bolsista no município pesquisado – que

atua com cuidadores no contexto da Educação Especial.

Dados da entrevista conduzida pela pesquisadora revelam que sua motivação principal

na formação era conhecer mais sobre o autismo, sua expectativa era ajudar o aluno em todas as

dificuldades que ele tivesse. O relato abaixo, salienta esse aspecto: “quero aprender mais ainda,

é o que está me motivando! Como eu sou cuidadora, o meu objetivo é continuar aprendendo

cada vez mais sobre essas crianças que têm autismo e poder ajudar de qualquer forma, seja na

aprendizagem e em todos os momentos em sala de aula” (Letícia, 30/04/2018).

A presença do cuidador nas instituições escolares como apoio à inclusão das pessoas

com deficiência é de fundamental importância para que o processo de escolarização desses

sujeitos seja efetivado na rede regular de ensino (BRASIL, 2014).

Assim, no trabalho de parceria colaborativa, Calheiros e Mendes (2016) destacam que,

para os professores que atuam na prestação de serviços de consultoria colaborativa, essa

parceria não só vem sendo considerada como um facilitador na inclusão de indivíduos com

deficiências, mas também oportuniza a formação em serviço e a construção de habilidades

profissionais de todos os envolvidos.

5.4 QUEM É ANGÉLICA, A PROFESSORA DO AEE

A professora Angélica, nome fictício, tem habilitação em Pedagogia no ano de 2005 e

especialização em Psicopedagogia no ano de 2012. No ano de 2015 fez um curso de

aperfeiçoamento em Atendimento Educacional Especializado. Possui vinte e quatro anos de

docência e 30 horas no município da pesquisa. Trabalha há cerca de dois anos com crianças

com autismo no AEE. A docente não participou da capacitação, apenas da avaliação do CARS

e da pesquisa.

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Em relação aos conhecimentos da professora sobre o autismo, evidenciou-se lacunas na

formação inicial e continuada: “eu acho o autismo cheio de interrogações. Na verdade, a gente

não sabe o que está ali naquele ser, o que vem a surgir. Cada momento é único, e às vezes, a

gente se surpreende. Não é fácil trabalhar com autismo, tem dias que ele [o aluno] não aceita

interagir. Às vezes, você vai com um objetivo e acaba sendo outra coisa longe do seu objetivo.

Então, é difícil” (Angélica, 28/05/2018). Esse resultado corrobora com o estudo conduzido por

Favoretto e Lamônica (2014), que descrevem o escasso conhecimento dos professores sobre a

síndrome, além das lacunas na formação inicial e continuada. As autoras destacam que a

formação continuada, a obtenção de material didático diversificado, o apoio de uma equipe

multidisciplinar e a atenção direcionada aos familiares são apontados como caminhos

promissores para a efetivação de práticas inclusivas na escolarização das crianças com TEA.

No nosso caso, esse é um possível norte já em desenvolvimento: “no planejamento, a gente

senta eu e minha colega do outro turno, planeja em conjunto para dar sequência às atividades.

Discutimos sobre as dúvidas e acabamos conversando sobre os casos que temos. Eu acabo

ajudando-a, como ela a mim” (Angélica, 30/05/2018).

Em relação a interação sala de aula regular e o AEE, Angélica descreveu que:

“infelizmente, há uma distância muito grande dessa interação. Talvez a carga horária, o

trabalho, as ocupações... A professora às vezes tem dois vínculos. Eu sei, é muita coisa que

deixa despercebida nessa interação” (Angélica, 30/05/2018). Ao analisar o relato da professora

do AEE, são identificados empecilhos que podem interferir na parceria do professor do Ensino

Especial e regular. Dentre esses empecilhos, apontam-se a ausência de horário livre para os

professores do AEE para se encontrarem com os docentes do ensino regular; a falta de estudos

e planejamento das atividades; e a precária capacitação em serviço envolvendo Ensino Especial

e regular. Nessa direção, o trabalho das SRM espalhadas por todo o país é apontado como

deficitário. Cumpre destacar, nessa perspectiva, que são necessárias mudanças na organização

escolar de modo a torná-la mais inclusiva e aberta à diversidade (MENDES; VILARONGA;

ZERBATO, 2014).

Quando a professora Angélica foi questionada sobre suas maiores dificuldades e

desafios enfrentados em sala da SRM, ela falou: “é conseguir fazer com que a criança se

desenvolva, esse é meu grande desafio. Fazer com que ela me dê respostas de acordo com o

meu objetivo. A possibilidade é lenta, mas não é impossível! Eu acredito que eu vou obter

algum resultado” (Angélica, 28/05/2018). A respeito desse aspecto, Caramori, Mendes,

Picharillo (2018) defendem que os professores do Ensino Especial, apesar de saber a sua função

enquanto medidor e articulador entre o Ensino Especial e comum, se limitam em compartilhar

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o planejamento, a elaboração de atividades e a desenvolver a parceria colaborativa (JESUS;

ALVES, 2011; MENDES; VILARONGA; ZERBATO, 2014 apud CARAMORI; MENDES;

PICHARILLO, 2018). Ademais, a literatura aponta que o partilhar do planejamento, das

estratégias pedagógicas e da avaliação entre um profissional do Ensino Especial e do comum

tem sido apontado como um caminho promissor para a escolarização dos alunos com

deficiência (ARAÚJO; ALMEIDA, 2014).

5.5 QUEM É MARGARIDA, A AVÓ DE DAVI

Margarida, (nome fictício) avó do aluno, tinha 38 anos no período da pesquisa, com nível

de Ensino Fundamental incompleto, fez até o 8º ano da Educação de Jovens e Adultos.

Relatos da avó descrevem que ela percebeu comportamentos diferenciados em Davi

quando ele estava vendo um programa infantil na televisão, especificamente “Galinha

Pintadinha”, conforme fragmento: “eu percebi quando eu estava arrumando a casa e Davi

estava assistindo televisão e eu tinha colocado ‘Galinha Pintadinha’, enquanto eu arrumava a

casa dava uma olhadinha nele. Foi quando eu percebi que ele estava assistindo o desenho

infantil e imitando, mas não saia o som. Eu até achei interessante: ‘Davi está brincando de

imitar e ele entende?’. Foi a partir daí que a gente viu que ele não falava, que eu procurei

ajuda para saber o que era ele tinha, porque eu não sabia desse negócio de autismo. Em

primeiro lugar tive a ajuda da pediatra do centro Primavera que encaminhou para uma

neuropediatra em Macaíba” (Margarida, 30/04/2018).

Após o diagnóstico, as famílias das crianças com TEA terão que lidar com o impacto e

a organização familiar muda decorrente desse resultado. A busca por escolas e atendimento

médico especializado ao seu filho é um fator preocupante para as famílias, assim como a

ausência de informação sobre a síndrome é uma das maiores queixas relatada pelos familiares

(NOGUEIRA; RIO, 2011 apud OLIVEIRA et al., 2014).

De acordo com a avó, Davi foi matriculado na creche municipal com três anos de idade,

como também no AEE de outra escola do município. A Escola Florescer não disponibilizava

de atendimento especializado. Conforme seu depoimento, essa preocupação era para que o

menino pudesse se desenvolver mais e conviver com outras crianças.

Quando perguntado sobre o comportamento, a interação social e a comunicação de Davi

em casa e na escola e como lida com tudo isso, ela respondeu: “quanto a socialização é muito

difícil, ele é na dele, ele só brinca com a pequeninha, com a tia dele. A gente quer que ele faça

uma coisa, ele não faz, tem que ser do jeito dele. Eu digo sempre, eu tenho que entrar no mundo

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dele, não tem como eu trazer para o meu mundo. Quando ele quer uma coisa é por gesto, ele

vem até a mim e pega na minha mão e vai até o objeto que ele quer e me mostra, ele não mostra

com a mão dele, ele mostra com a minha. Quando ele mostra fica fácil de descobrir. Mas

quando não, então fica difícil, ele se estressa atrás do objeto. Quanto ao comportamento, é

difícil, tem horas que ele está bem e do nada, ele se transforma e quando ele muda a gente quer

saber o porquê ele mudou de atitude e não tem como saber porque ele não fala para dizer o

que ele quer, você tem que tentar adivinhar, enrolar ele com alguma coisa até você descobrir

o que ele quer” (Margarida, 30/04/2018). Mapelli et al. (2018) revelam que os déficits na

comunicação e na interação social dos sujeitos com TEA são os primeiros sinais a serem

percebidos pelos familiares antes dos dois anos de idade. As limitações nesses sujeitos

dificultam sua comunicação com familiares e a comunidade em que eles estão inseridos, no

caso, a escola. Esses resultados corroboram com pesquisas que confirmam que há ausência de

comunicação nas interações sociais entre o autista, sua família e o meio de convívio (ZANON;

BACKES; BOSA, 2014).

Quanto à percepção de Margarida com relação a inclusão de Davi na instituição, ela

destaca: “a inclusão está acontecendo em partes, porque na escola ele não interage com os

colegas e nem com a professora, só com a cuidadora, se não fosse ela, aí pronto, ele não

deixava ninguém fazer nada. No geral, na escola, ele é muito querido por todos. Desde o vigia,

as merendeiras até as professoras (pontos positivos). Esse ano a escola melhorou muito com

relação ao ano anterior, ele fugia muito. Esse ano todos da escola tem uma atenção especial,

tem cuidados para que ele não fuja, dão uma atenção para que os erros do ano passado não

se repitam” (Margarida, 30/04/2018). Brandão e Ferreira (2013) defendem que a família exerce

um papel importante na parceria de aprendizagem da criança com TEA na escola,

disponibilizando informações primordiais sobre as dificuldades de seu filho, indicando as

necessidade e potencialidades da criança. Os autores destacam que os educadores devem criar

um vínculo afetivo com os pais dos alunos para uma efetiva inclusão, fornecendo informações

das deficiências e de como lidar com essas situações no âmbito familiar, compartilhando

estratégias pedagógicas inclusivas e ensinando os pais a lidar com a frustração e o conflito no

dia a dia.

5.6 OS EFEITOS DA PROPOSTA INTERVENTIVA NO COMPORTAMENTO DA

DÍADE (DAVI E MARIA LUÍSA)

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Na intervenção, foram contabilizados 27 vídeos, perfazendo um total de 270 minutos,

um total de três horas e 20 minutos. Com base nessas filmagens, foi avaliado o padrão de

mediação da professora Maria Luísa por meio da escala EAM (LIDZ, 1991). Adicionalmente,

foi feita uma análise qualitativa das atividades pedagógicas realizadas por Davi, considerando-

se os Parâmetros Nacionais de qualidade para Educação Infantil (2006). O comportamento da

díade nas três rotinas alvo é apresentado a seguir.

5.6.1 Rotina inicial

Com o objetivo de avaliar os efeitos do programa de capacitação no comportamento

mediador da professora Maria Luísa, foi utilizada a EAM proposta por Lidz (1991). A Figura

10 abaixo ilustra o nível de mediação da professora titular durante a rotina inicial. Esse nível

de mediação, conforme previamente descrito, refere-se aos comportamentos mediadores de

Maria Luísa com Davi. O escore de mediação da docente com Davi inicia com 12 pontos no

gráfico abaixo e finaliza com 28,3.

Figura 10 – Nível de mediação da professora titular durante a rotina inicial

Fonte: autoria própria (2019).

Conforme observado na Figura 10 acima, os registros de linha de base sugerem que a

professora Maria Luísa não interagia com Davi no cotidiano de sala de aula. Isso é evidenciado

pela pontuação mínima da escala, de 12 pontos. Na rotina inicial, Davi, tipicamente, permanecia

em um canto da sala com um jogo ou massa de modelar, conforme ilustrado na Figura 11

abaixo.

Intervenção Linha de base

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Figura 11 – Rotina inicial antes da intervenção

Fonte: autoria própria (2019).

Nessa imagem, o menino brinca com massa de modelar enquanto os demais alunos

participam da atividade de roda proposto pela professora titular.

Durante a capacitação foram identificadas estratégias pedagógicas que favorecem a

participação de Davi nas atividades. Após a capacitação, percebe-se mudanças no

comportamento da professora titular com Davi. Como primeiro estratégia, Maria Luísa procura

se aproximar e criar um vínculo afetivo com o menino na sala de aula desde a sua chegada até

a ida para casa. Em seguida, convoca todos os alunos para colocar as cadeiras na roda e chamar

a atenção de Davi para ajudar a compor esse círculo, colocando a sua cadeira também.

Conversando com o menino, ela explica a Davi o que irá acontecer na roda, mostra a rotina

visual e o convoca para a atividade. A docente elabora a rotina inicial respeitando a proposta

curricular para o EI, bem como as dificuldades e as potencialidades de Davi.

Quanto às estratégias direcionadas para envolver Davi nessa atividade, a professora

prepara atividades lúdicas envolvendo brincadeiras e músicas que chamassem a atenção e o

motivassem para ficar na roda inicial até o final da atividade – que durava, aproximadamente,

de dez a 15 minutos. Com a adoção dessas práticas, foram observadas mudanças no nível de

mediação da professora, durante a roda inicial, de 12 pontos na primeira sessão de linha de base

para 28,3 na última sessão de intervenção. A atividade ilustrada na Figura 12 abaixo se refere

a uma dinâmica de grupo envolvendo uma cantiga de roda intitulada “Quem veio hoje, qual é

o seu nome?”. O objetivo da dinâmica era a socialização das crianças e trabalhar seus nomes,

enfatizando a letra inicial do nome de cada um que estivesse na roda naquele dia. A Figura 12

ilustra a participação do aluno nessa atividade após a consultoria colaborativa ser efetivada.

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Figura 12 – Participação de Davi na rotina inicial após a intervenção

Fonte: autoria própria (2019).

Meier e Garcia (2011) destacam, a função do mediador não é apenas a de levar o

indivíduo a perceber e registrar os estímulos, mas direcionar certas mudanças na maneira de

compreender e utilizar a informação no decorrer do processo de aprendizagem. A ampliação da

mediação está expressa nessa atividade em que Maria Luísa procura aumentar a frequência de

participação do aluno na tarefa “Quem veio hoje, qual é o seu nome?”. A professora propicia a

Davi momentos de interação social através da brincadeira musical. De acordo com Camargo e

Bosa (2012), o ambiente escolar é rico em interações sociais favoráveis para o desenvolvimento

de habilidades acadêmicas e funcionais da criança com autismo, como das demais crianças que

aprendem e convivem com as diferenças (LEMOS et al., 2014).

5.6.2 Atividades acadêmicas

Com relação às atividades acadêmicas de Davi, observou-se que, antes da intervenção,

a professora Maria Luísa não realizava adaptações e adequações curriculares para o aluno.

Diante dessa realidade, ele quase sempre não realizava atividades acadêmicas com o grupo.

Preeenchia o seu tempo escolar das 13h até ás 16h com jogos de encaixe, brinquedos ou

empilhando cadeiras. Essa não interação é observada na fase de linha de base, em que a

mediação da professora foi nula – conforme ilustra a figura abaixo:

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Figura 13 – Atividades acadêmicas: mediação docente

Fonte: autoria própria (2019).

Nessa seção serão selecionados alguns fragmentos que ilustram as atividades

desenvolvidas por Davi antes e depois da capacitação. A primeira, desenvolvida na fase de linha

de base, foi proposta pela professora titular. Nessa tarefa, ilustrada na Figura 14, os alunos

deveriam pintar os desenhos que iniciavam com a mesma letra da palavra “vassoura” e escrever

o nome de cada desenho abaixo de acordo com o nome em destaque.

Figura 14 – Atividade acadêmica: a “vassoura”

Fonte: autoria própria (2019).

Linha de base Intervenção

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70

O objetivo dessa tarefa era associar o nome do desenho a imagem e identificar a letra

inicial, assim adquirindo conhecimento sobre o sistema alfabético. A tarefa é condizente com

o objetivo proposto pela a BNCC-EI (2018): expressar ideias, desejos e sentimentos sobre suas

vivências, por meio da linguagem oral e escrita (escrita espontânea), de fotos, desenhos e outras

formas de expressão. Considerando que Davi e alguns colegas não eram alfabetizados, era

preciso adaptar a atividade. Nessa direção, Capellini, Shibukawa e Rinaldo (2018) apontam

que, na alfabetização, cada criança tem seu ritmo de aprendizagem, aprende de uma forma

particular. Com as crianças com deficiências não é diferente: elas aprendem de acordo com suas

necessidades e potencialidades.

Considerando os déficits apresentados por Davi, seria preciso realizar alguns ajustes

para a sua participação na tarefa da vassoura (Figura 14). Davi poderia, por exemplo, recortar

os desenhos e colar ao lado de cada palavra sugerida na atividade da turma ou pesquisar com a

professora em revistas ou livros didáticos figuras com os mesmos nomes da atividade proposta,

recortando as figuras e colando-as em seu caderno. O objetivo acadêmico proposto para Davi

seria recortar as figuras associadas ao nome “vassoura” e colar no caderno. No entanto,

adaptações dessa natureza não foram feitas.

A falta de adaptação pode ser atribuída, dentre outros motivos, à falta de formação das

docentes. De fato, no decorrer das discussões na formação sobre adaptações e adequações a

professora descreveu que, na escola, a coordenação não orienta as adaptações curriculares e os

processos de alfabetização adequadamente por não ter formação adequada para isso. Segundo

ela: “a gente não tem estrutura pedagógica, não sabe nem o que fazer com essa criança.

Durante esses dois para três meses de ensino, a gente não adequou e nem adaptou com a

coordenadora nada diferente para ele. Ele chega na sala, a gente tenta acalmá-lo, dar um

brinquedo, um jogo, mas, como fazer a tarefa específica para o aluno com autismo, nunca

existiu essa conversa, nem essa atitude” (Maria Luísa, 30/04/2018).

Sobre esta questão, Farias et al. (2008) enfatizam que o professor é uma das pessoas

responsáveis pela prática educativa, mas a ação educativa não é ocasional: ela tem uma

intenção, que é efetivar a aprendizagem. Nesse sentido, o planejamento se apresenta como

espaço em que ele exerce seu poder de intervenção sobre seus contornos e rumos pedagógico e

didático. p ós Após o programa de capacitação foram observadas mudanças nas tarefas propostas a

Davi. Uma das atividades registradas se referiu a da semana da pátria, desenvolvida com a

turma, que consistiu em pintar com giz de cera as cores da bandeira do Brasil. Essa atividade

está condizente com o currículo proposto pelos Parâmetros Nacionais de Qualidade para a

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Educação Infantil (BRASIL, 2018), que apontam que os professores devem planejar e propor

contextos de aprendizagens ou promover experiências nas quais crianças sejam desafiadas a

ampliar seus conhecimentos a respeito da cultura. O objetivo acadêmico dessa atividade para

Davi consistia em despertar o conhecimento sobre os símbolos nacionais, a bandeira do nosso

país e, através dessa competência, trabalhar outras habilidades como: pintura, cores e formas.

Através dessa expressão artística, o aluno pode vivenciar diversas formas de expressão e

linguagens através das artes visuais (pintura, modelagem, colagem, fotografia etc.) (BNCC-EI

2018). Para Davi, a estratégia direcionada foi a de pintar a bandeira com tinta guache conforme

ilustrado nas Figuras 15 e 16.

Figura 15 – Davi manuseando a bandeira do Brasil

Fonte: autoria própria (2019).

Figura 16 – Davi pintando a bandeira do Brasil

Fonte: autoria própria (2019).

Toda e qualquer ação pedagógica que tenha a intenção de flexibilizar o currículo para

oferecer respostas educativas às necessidades especiais dos alunos no contexto escolar

classifica-se como adaptações curriculares e essas adaptações constituem possibilidades

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pedagógicas de atuar frente às dificuldades de aprendizagem desses alunos (HEREDERO,

2010).

Nessa direção, Maria Luísa faz uma reflexão sobre a importância da adaptação

curricular: “a orientação de como mediar o aluno com autismo em sala de aula foi muito

importante para a minha prática pedagógica. Aprendi que as atividades têm de ser

significativas e ter sentido para a vida da criança com autismo, para que ele não esteja fazendo

aquela tarefa só para preencher o tempo. É importante que o aluno esteja incluso em tudo o

que está acontecendo em sala de aula. Antes da capacitação, eu e a cuidadora não fazíamos a

‘tarefinha’ com ele em parceria. Hoje, a gente já está tendo esse cuidado de trazer ele para

fazer a tarefa que todos estão trabalhando. A atividade é feita de uma forma diferenciada, mas

adaptada para ele. A gente está tendo esse cuidado da mediação nas tarefas, sempre mediando

e orientando” (Maria Luísa, 03/09/2018).

Após a capacitação, Maria Luísa relata a importância da mediação em sua prática

pedagógica: “com a capacitação, aprendi que tenho que fazer um trabalho de mediação com o

aluno para que ele possa desenvolver habilidades de aprendizagem e que realmente eu possa

integrar a criança na rotina de sala de aula. Antes da formação, eu atuava com a turma e

sempre deixava Davi aos cuidados da cuidadora. Eu fazia algumas coisas que antes da

formação não levava em consideração. Após as discussões sobre as rotinas e atividades em

sala de aula com Davi, percebi que tinha que mudar a minha prática para que o aluno com

deficiência e, no nosso caso, o aluno com autismo, possa aprender e participar de tudo que

está acontecendo em sala de aula e não ficar uma criança isolada” (Maria Luísa, 17/09/2018).

As atividades seguintes, ilustradas nas Figuras 17 e 18, dizem respeito a um projeto

intitulado “Leilão de jardim”, desenvolvido do mês de julho e agosto de 2018. O objetivo da

atividade era conhecer os pequenos animais, citados no poema “Leilão de jardim”, de Cecília

Meireles, assim como identificar questões sobre a natureza. Essas metas são condizentes com

o currículo da EI que visa oportunizar as crianças, através de suas experiências de

aprendizagem, a identificação e a seleção de fontes de informações para responder a questões

sobre a natureza, seus fenômenos e sua conservação. Essa atividade teve como objetivo criar

situações em que as crianças da turma percebessem os animais que compartilham o mesmo

espaço que elas.

Os insetos, a formiga e a cigarra foram o foco da tarefa. Os alunos deveriam diferenciar

os insetos dos demais animais. Ademais, foram instruídos a colar um formigueiro de papel,

confeccionado pelas professoras, em uma folha de papel. Para Davi, conforme ilustrado nas

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Figuras 17 e 18, foi proposto que pintasse a cigarra e a formiga no primeiro momento da aula

e, no segundo momento, que colasse a grama, o formigueiro, a formiga e as nuvens.

Nessa direção, de acordo com BNCC-EI (2018), desde muito cedo em convívio com a

natureza, as crianças demonstram também curiosidade sobre o mundo físico (seu próprio corpo,

os fenômenos atmosféricos, os animais, as plantas, as transformações da natureza, os diferentes

tipos de materiais e as possibilidades de sua manipulação etc.).

Figura 17 – Atividade adaptada do poema “Leilão de Jardim”

Fonte: autoria própria (2019).

Figura 18 – Atividade adaptada: “Quem me compra esse formigueiro?”

Fonte: autoria própria (2019).

A atividade abaixo diz respeito ao poema “Leilão de Jardim”, de Cecília Meireles,

descrito nas Figuras 19 e 20, representado pela atividade do trecho da poesia: “quem me compra

um raio de sol?”. A estratégia pedagógica da professora para mediar a interação de Davi na

atividade foi colar no desenho do sol um círculo com a forma de sol no desenho xerocado. O

círculo foi confeccionado pela professora com papel laminado. Davi teria que colar o círculo

amarelo, representando o sol, e depois colocar ao seu redor a cola colorida. Na segunda foto,

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representada pela Figura 20, Maria Luísa desenhou um sol no quadro e pediu que Davi

desenhasse olhos no sol. Assim ele o fez. O objetivo dessa atividade era trabalhar o trecho do

poema “Leilão de Jardim” que enfatizava as características do sol, as cores e a forma geométrica

círculo.

Vale destacar que a turma de Davi também trabalhou a mesma atividade, como o

adicional objetivo de pintar o sol com lápis de cor e colocar a letra “S” no espaço pontilhado ,

para completar a palavra “sol” que estava sem a letra inicial.

Figura 19 – Atividade adaptada: “Quem me compra um raio de sol?”

Fonte: autoria própria (2019).

Figura 20 – Atividade adaptada no quadro branco: “Quem me compra um raio de sol?”

Fonte: autoria própria (2019).

A tarefa seguinte, ilustrada pela Figura 21, versa sobre uma atividade adaptada sobre os

animais (o caracol) do poema “Caracol”, de Isabel Furini. Nessa atividade, Davi foi instruído a

pintar o animal e depois amassar pedacinhos de papel colorido e por sobre o caracol. O objetivo

era trabalhar a coordenação motora, cores, arte, poesia e adquirir conhecimento sobre os

animais. O desafio proposto para o restante da turma seria pintar o caracol e escrever a letra

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inicial do nome do animal. Essa atividade está condizente com os objetivos da BNCC (2018),

que propõe para o aluno momentos em que ele possa expressar-se livremente por meio de

desenho, pintura, colagem, dobradura e escultura, criando produções bidimensionais e

tridimensionais.

Figura 21 – Atividade do poema “Caracol”

Fonte: autoria própria (2019).

Para tanto, urge promover vivências e práticas enriquecedoras, pois é na participação

em conversas com colegas, nas narrativas construídas individualmente ou em grupo que a

criança se constitui ativamente como sujeito singular e pertencente a um grupo social. Esse

período é rico em interações, as crianças vivenciam conhecimento matemáticos (contagem,

ordenação, relações entre quantidades, dimensões, medidas, comparação de pesos e de

comprimentos, avaliação de distâncias, reconhecimento de formas geométricas, conhecimento

e reconhecimento de numerais cardinais e ordinais etc.) que estimulam a sua curiosidade, sua

aprendizagem. Para que atendam e assegurem os direitos da aprendizagem e desenvolvimento

das crianças efetivamente, a Educação Infantil precisa desenvolver experiências nas quais elas

extrapolem suas curiosidades, questionamentos, potencialidades e possam aplicá-los em seu

cotidiano (BNCC-EI, 2018).

Essa premissa foi observada nas atividades de matemática proposta pela professora do

presente estudo. Na Figura 22, a professora Maria Luísa realiza uma atividade sobre números

e quantidades com Davi no projeto de matemática de novembro de 2018. A professora

aproveitou um recurso didático acessível (palito de picolé) para explorar a matemática de uma

forma lúdica. Essa atividade teve como objetivo vivenciar situações com quantidade, espaço e

formas. A função social dessa competência matemática para Davi seria, através da ludicidade,

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manipular palitos de picolé agrupando e contando cada unidade associando ao numeral

correspondente.

Figura 22 – Atividade com palitos de picolé

Fonte: autoria própria (2019).

De acordo com Silva (2015), a utilização de materiais acessíveis no cotidiano escolar

não só beneficia alunos com deficiências, mas contempla os alunos de uma forma geral,

desafiando e potencializando suas competências na construção do conhecimento.

As habilidades de matemática foram, também, trabalhadas na atividade de matemática

ilustrada na Figura 23. Nessa tarefa, destinada a todos os alunos, incluindo Davi, o objetivo era

trabalhar o conceito de número/quantidade, representada por números de um a cinco associando

cada numeral a sua representação de elementos.

Figura 23 – Trabalhando com números e quantidades

Fonte: autoria própria (2019).

Azevedo (2012) considera o planejamento escolar um norteador das ações educativas

em sala de aula e defende que os projetos construídos no contexto infantil podem ser guiados

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por resoluções de problemas, músicas, jogos, brincadeiras e outras estratégias pedagógicas que

podem ser intercaladas com outras áreas do saber. Nessa direção, Moraes, Arrais, Moya e

Lazaretti (2017) defendem que o papel do professor no Ensino Infantil é proporcionar vivências

matemáticas enriquecedoras relacionadas com os conceitos cotidianos que as crianças trazem

para a escola.

Maria Luísa descreve a importância do planejamento escolar após a formação ofertada:

“após a capacitação, pude enxergar o planejamento com outros olhos. Não estávamos

planejando as aulas vendo aquele aluno com necessidade especial, vendo o nosso aluno com

autismo. Após a intervenção, procuro juntamente com a cuidadora pensar em sequências

didáticas incluindo a criança com autismo em todas as ações do dia na sala de aula” (Maria

Luísa, 24/09/2018).

As Figuras 24, 25 e 26 ilustram a culminância do projeto “Que bicho é esse”,

desenvolvido no mês de outubro de 2019. Como previamente assinalado, ele teve como objetivo

o conhecimento sobre o mundo natural e animal de uma forma lúdica e significativa.

Figura 24 – Confecção de uma máscara: Que bicho é esse?

Fonte: autoria própria (2019).

Figura 25 – Aula no quadro branco sobre os bichos

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Fonte: autoria própria (2019).

Figura 26 – Culminância do projeto: Que bicho é esse?

Fonte: autoria própria (2019).

É importante ressaltar que as atividades acadêmicas coletivas, como a culminância do

projeto dos animais, favoreceram a interação de Davi com os seus pares. De fato, no decorrer

da intervenção, Maria Luísa se aproximou de Davi e, consequentemente, o menino pareceu

alargar os seus laços afetivos com a professora e colegas da turma. Esse comportamento foi

observado em distintas atividades, conforme ilustradas nas Figuras 27 e 28, em que o menino

participa de uma atividade da rotina inicial com a música do abraço. Esse comportamento

enfatiza a importância da intervenção nas habilidades acadêmicas e sociais dos alunos com

autismo.

Figura 27 – Interação de Davi na música do abraço

Fonte: autoria própria (2019).

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Figura 28 – Davi em interação com os colegas

Fonte: autoria própria (2019).

Conforme observado nas figuras acima, todos os alunos abraçam a professora, inclusive

Davi. Nessa direção, Camargo e Bosa (2009) apontam que oportunizar momentos de

convivência dos alunos com autismo com outras crianças da mesma faixa etária possibilita o

estímulo às suas capacidades interativas, impedindo o isolamento contínuo.

5.6.3 Hora da história

Antes da formação, Maria Luísa não incluía Davi no círculo de sessões de contação de

histórias. Nesses momentos, a cuidadora Letícia levava, por vezes, o aluno, com seus

brinquedos, para o centro da roda. Isso não garantia, no entanto, a participação do menino,

conforme ilustra a Figura 29.

Figura 29 – Sessão de história antes da intervenção

Fonte: autoria própria (2019).

Davi, como mostra na ilustração da Figura 29, está no círculo da roda no horário da

contação de história com um brinquedo de sua preferência. A professora prossegue com a

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história, como se o menino não estivesse no círculo. Ela não o envolve nessa tarefa. O aluno

permanece por um bom tempo nessa cena, deitado ao seu lado manipulando, de forma

estereotipada, um brinquedo.

Nas sessões de história, Maria Luísa foi orientada para direcionar cada conto infantil de

uma forma mais lúdica e que chamasse atenção de Davi. Primeiro, a professora antecipava o

momento da história com a exposição do livro que seria contado para a turma, fazendo

inferências do que seria exposto naquela história. Caso Davi não estivesse no centro da roda na

exposição da história, todos os alunos, juntamente com Maria Luísa, o chamavam. Em segundo

lugar, a professora procurava narrar com detalhes os episódios do conto infantil com gestos e

músicas, procurando mostrar a imagem de cada cena à turma e, em especial, para Davi. Quando

o menino não queria se sentar na cadeira e ficava no chão, Maria Luísa também se sentava no

chão e mostrava as figuras a Davi para que ele se inteirasse do contexto dos fatos narrados. No

final da sessão, a professora fazia uma síntese da história com uma música ou dinâmica e sempre

envolvia Davi nessa mediação. Algumas vezes teve que usar como estratégia (para chamar a

atenção do menino) colocá-lo no colo para que ele não se dispersasse na história e ficasse até o

fim da exposição da narração, conforme exibe a Figura 30.

Figura 30 – Sessão de história na intervenção

Fonte: autoria própria (2019).

Nesse contexto, Figueiredo (2011) enfatiza que o professor comprometido com a

aprendizagem do aluno deve ter consciência de que o ensino tradicional deverá ser substituído

por uma pedagogia de atenção à diversidade. Como ilustrado na Figura 30 acima, a mudança

no comportamento do professor favoreceu o engajamento de Davi, que pareceu mais atento ao

que estava ocorrendo ao redor.

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A cada escolha de um conto infantil, Maria Luísa o selecionava de acordo com o plano

de ensino proposto para cada aula, respeitando as necessidades e potencialidades de cada

criança da turma e, em especial, o aluno com TEA. Esse comportamento de mediação registrado

na prática pedagógica da professora na contação de história de uma forma individualizada está

representado na Figura 33. As mudanças no comportamento da docente são refletidas na Figura

31, que ilustra o nível de mediação da professora no momento de contação de histórias.

Figura 31 – Nível de mediação na sessão de história

Fonte: autoria própria (2019).

Após o programa de capacitação, o nível de participação do aluno foi aumentando

gradualmente. Maria Luísa, no decorrer da contação de história, parou algumas vezes para fazer

inferências visuais da história contada, como mostra a Figura 32 em que Davi está no colo da

professora titular.

Figura 32 – Sessão de história na intervenção

Fonte: autoria própria (2019).

Intervenção Linha de base

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O dia 06 de novembro de 2018, representado na Figura 33 abaixo, foi bastante

significativo entre a professora regular e Davi. Nesse dia, o menino, ao chegar na sala de aula,

não pegou um jogo nem um brinquedo como de costume, mas um livro de história no armário

com o título “Manhê”, de Guilherme Karsten e Ilan Brenman, que havia sido contado na tarde

anterior e começou a folhear. Esse episódio representa os avanços de Davi após a formação

ofertada.

Com as mudanças no comportamento da docente, o nível de interesse de Davi pelas

histórias aumentou. De fato, como ilustrado na Figura 33, o aluno passou a, espontaneamente,

explorar os livros.

Figura 33 – Mediação na sessão de história

Fonte: autoria própria (2019).

A professora regente (Maria Luísa) aproveitou e interagiu nesse contexto envolvendo-

o na contação de história. Nessa direção, é importante enfatizar que é na Educação Infantil que

a criança vai construindo sua concepção de língua escrita, reconhecendo diferentes usos sociais

da escrita, dos gêneros, dos suportes e portadores. Ademais, a Educação Infantil precisa

promover vivências e práticas da oralidade, pois é na escuta de histórias, na participação em

conversas com colegas, nas narrativas construídas individualmente ou em grupo que a criança

se constitui ativamente como sujeito pertencente a um grupo social (BNCC-EI, 2018).

5.7 VALIDADE SOCIAL

No final da pesquisa foram realizadas entrevistas com a professora regular do Ensino

Infantil, a cuidadora e a professora do AEE do aluno pesquisado, com o objetivo de analisar a

validade social deste estudo. Por validade social, compreende-se as análises dos resultados do

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estudo pelas pessoas envolvidas, se a pesquisa teve um efeito significativo para a sociedade

como um todo (BARREIRA, 2006).

Ao término do projeto, ao ser questinada sobre a formação Maria Luísa fala: “esse curso

para mim foi de suma importância. Tinha um aluno na minha sala com autismo, realmente ele

estava lá, só que não estava incluso na sala. Ele estava mais com a cuidadora, mas ficava só

por ficar. Durante o curso a gente foi vendo, estudando maneiras de como ajudar essa criança

a interagir na sala, a participar, a se envolver com a turma, a socializar. E vimos também

coisas para que ele possa evoluir, aprender de alguma forma para ser utilizado no seu

cotidiano, na sua vida essa aprendizagem. E, fizemos oficinas aqui, duas oficinas maravilhosas

com materiais para ser utilizado com o aluno autista, muita coisa: alfabeto, números,

comunicação alternativa. Tudo o que a gente viu foi maravilhoso, para mim foi excelente.

Antes, o que eu sabia sobre o autismo é o que eu ouvia fala. Agora eu sei e vou saber trabalhar

com um aluno essa deficiência, isso vai me ajudar para minha vida toda. Gostei demais!”

(Maria Luísa, 21/11/2018).

No depoimento da professora regular é descrita a importância da formação para prática

pedagógica. Nesses termos, é enfatizada a relevância da Consultoria Colaborativa como

estratégia que auxilou na compreensão das demandas do aluno com autismo. São enfatizadas

as oficinas e a produção de materiais para uso em sala de aula. A Comunicação Alternativa

mencionada pela professora regente foi utilizada com Davi para estimular as habilidades de

higiene e desenvolver na criança com TEA o aumento da capacidade de autocuidados na sua

higienização. O depoimento sugere que a professora sentia-se mais segura para atuar com essa

população.

Entretanto, cabe ressaltar que a formação para a Educação Inclusiva, seja ela inicial ou

continuada, exige dos educadores mudanças de postura, uma prática pedagógica vinculada à

diversidade (CARAMORI, 2016). Favoretto e Lamônica (2014) destacam que é primordial que

o professor prime pela sua formação profissional para atender às demandas de seus alunos, pois

ele é responsável pela transmissão dos conhecimentos acadêmicos, pelo acompanhamento

infantil e integração de seus alunos num ambiente propício a aprendizagem.

A mesma pergunta dirigida a Letícia, a cuidadora, recebeu a seguinte resposta: “como

cuidadora, não sabia como agir diante de um autista. Eu sabia que tinha que pensar na

aprendizagem dele, mas não sabia como agir. Eu só sabia mesmo cuidar. Então, através dessa

intervenção e das oficinas que foram repassadas para gente, aprendi muita coisa. Tive bastante

ajuda da professora, através da intervenção... Ela se esforçou ao máximo em me ajudar e o

que a gente aprendeu nessa intervenção foi colocar em prática. Adorei, e se fosse para fazer

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outra intervenção como essa, eu faria, porque é pensando no aluno e na aprendizagem dele.

Ele se desenvolveu bastante através dos trabalhos desenvolvidos que a gente (eu, como

cuidadora, juntamente com a professora) colocou em prática. Essa formação vai me ajudar

bastante daqui para frente para trabalhar com ele ou com outro autista” (Letícia, 21/11/2018).

O relato inicial da cuidadora reflete sobre a ausência de informação sobre o papel do

cuidador antes da formação. Em seu depoimento, a cuidadora enfatiza que, após a capacitação,

professor e cuidador passaram a trabalhar juntos em prol de objetivos comuns. Os resultados

positivos são salientados por Letícia, que destaca que a capacitação auxiliou na aprendizagem

do aluno.

Cumpre destacar que a parceria desenvolvida entre a professora Maria Luísa e Letícia

configura-se como uma tentantiva de bidocência ou coensino, uma vez que a escola não tinha

um professor especialista em Educação Especial.

Estava prevista, na estruturação do projeto, uma entrevista de validade social a ser

realizada como a professora regente e a cuidadora. No entanto, ao término do estudo, a

pesquisadora recebeu mensagens da professora do AEE sobre a proposta interventiva.

Considerando tratar-se de uma avaliação da pesquisa, foram acatadas como pertinentes a

inclusão dessas declarações neste trabalho.

A mensagem de Angélica, a professora do AEE, foi recebida cinco dias após o término

da capacitação (depoimento espontâneo via WhatsApp). Nela, o seguinte texto estava escrito:

“desde já quero agradecer o trabalho que está sendo desenvolvido no município. Esse

despertar que você veio dar na gente, nos profissionais. Foi muito importante essa conexão de

escola, família. Os resultados de Davi... É porque todos estão falando a mesma língua, né?

Não só escola, mas família também! E, aí está o resultado dele, se desenvolvendo a cada dia e

graças a você, que veio com esse trabalho para Tenente Laurentino para nos ajudar.

Muitíssimo obrigada, viu?” (Angélica, 26/11/2018).

O depoimento de Angélica expressa a importância que a parceria colaborativa veio

trazer na prática e mediação da professora do Ensino Infantil com a criança com TEA. Vale

sinalizar a importância que ela destacou da interação de todos os envolvidos nesse processo:

família, escola e professora regular. Esses dados são consonantes com os achados de Costa,

Zanata e Capellini (2018), que revelam que o sucesso ou o fracasso escolar da criança com TEA

está atrelado às condições e adequações realizadas na escola, bem como à formação continuada

de toda a equipe escolar. Ademais, é primordial que as instituições escolares desenvolvam

práticas pedagógicas visando ao atendimento das diferenças, estimulando as habilidades de

comunicação e expressão dessas crianças para que elas possam interagir em sociedade,

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amenizando as possíveis barreiras que as impedem de usufruir de uma educação de qualidade

(CAPELLINI et al., 2016).

As falas da professora regente e cuidadora descrevem que, antes da capacitação em

serviço, Maria Luísa e Letícia alegavam uma falta de preparação para atuarem com crianças

com autismo em decorrência das lacunas na formação inicial e continuada para a Educação

Inclusiva. Observou-se, ainda, nos relatos das participantes, pontos positivos que a intervenção

propocionou na prática pedagógica da professora titular. Antes da capacitação, Maria Luísa e

Letícia não atuavam juntas na escolarização do aluno com TEA. Após a intervenção, elas

passaram a planejar a rotina, a atividade acadêmica e a hora da história em parceria colaborativa,

bem como na elaboração de materiais e de recursos pedagógicos que proporcionaram a

participação com eficácia de Davi nas atividades escolares.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo deste estudo foi avaliar a eficácia de uma proposta pedagógica de intervenção

escolar, de cunho colaborativo, na escolarização de Davi, uma criança com autismo

regularmente matriculada em uma turma da Educação Infantil na cidade de Tenente Laurentino

Cruz. Tendo como participantes a professora regente de sala, uma cuidadora, a avó da criança

e uma consultora de Educação Especial, a pesquisa visou, ainda: 1) elaborar, junto à professora

regente e à cuidadora, uma proposta interventiva para o desenvolvimento de habilidades

acadêmicas e funcionais do educando com TEA no contexto da Educação Infantil; 2) avaliar os

efeitos da proposta interventiva no nível de mediação da professora regente; e 3) avaliar os

efeitos da proposta interventiva no desenvolvimento das habilidades acadêmicas e funcionais

do aluno.

O programa de intervenção foi baseado no modelo de Consultoria Colaborativa e

realizado em quatro etapas. Na primeira, denominada de pré-linha de base, foram realizadas

entrevistas com a professora regular e a cuidadora com vistas a identificar o perfil profissional

dessas docentes e a percepção que tinham sobre a escolarização de educandos com TEA,

particularmente de Davi. Em consonância com a literatura, os dados revelaram lacunas na

formação das duas docentes, que explicitaram a limitada experiência de trabalho com alunos

com deficiência (CASTRO; GIFONE, 2017; FAVORETTO; LAMÔNICA, 2014; LUZ;

GOMES; LIRA, 2016; SANINI; BOSA, 2015; SOLONCA, 2017). Da mesma forma, tinham

uma concepção inadequada do Transtorno, assim como evidenciado em outras pesquisas

(CASTRO; GIFONE, 2017; MARQUES; GIROTO, 2016). Os registros indicaram que o

menino apresentava comportamentos clássicos do Transtorno, incluindo prejuízos na

linguagem, limitada interação social e presença de comportamentos estereotipados (BACKS;

ZANON; BOSA, 2012; APA, 2013; RIESGO, 2016). A Consultoria Colaborativa mostrou-se

eficaz no processo de formação em serviço no contexto do EI pela parceria positiva do consultor

de Educação Especial com a professora regular e a cuidadora do aluno com TEA. Vale destacar

que esse modelo de ensino envolve o trabalho com diversas expressões linguísticas, uma vez

que uma das características desse público é o lúdico, as interações e as brincadeiras.

Na linha de base foram analisados, em três rotinas distintas (rotina inicial, sessão de

história e atividades acadêmicas): 1) os tipos de atividades pedagógicas propostas pela

professora regente; 2) o comportamento mediador da docente, avaliado por meio da Escala de

Experiência de Aprendizagem Mediada (LIDZ, 1991); e 3) o desempenho do aluno nas tarefas

direcionadas. Os dados revelaram que as práticas pedagógicas propostas pela professora titular

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em sala de aula com Davi eram descontextualizadas que não beneficiavam o desenvolvimento

de habilidades acadêmicas e funcionais, e nem sua interação com os outros alunos em sala de

aula. Através da análise dos dados da EAM, foi possível constatar a pouca interação da

professora com o aluno, o seu despreparo para atender às demandas da criança, bem como as

dificuldades em realizar adequações curriculares. Em termos gerais, a docente não criava

condições e estratégias interventivas que proporcionassem a participação e o engajamento do

aluno nas atividades acadêmicas e funcionais, de acordo com as suas necessidades e

potencialidades. Nesse sentido, o aluno pouco participava das atividades em grupo,

permanecendo boa parte do tempo caminhando livremente pela escola ou engajado em

atividades estereotipadas e não funcionais. Esses dados são similares a outros estudos

identificados na literatura que revelam a deficitária preparação dos profissionais do Ensino

Infantil no que tange aos mais diversos aspectos que necessitam ser considerados pelos

educadores para a escolarização dos educandos com TEA (FERREIRA, 2017; CASTRO;

GIFONE, 2017; COSTA, 2015; PIMENTEL; FERNANDES, 2014).

Em sequência aos resultados da linha de base, foi elaborado e implementado um

programa de capacitação em serviço de cunho colaborativo com a professora e a cuidadora. A

capacitação ocorreu em 16 encontros formativos, em que foram realizadas leituras de textos

sobre o autismo, confecção de material didático e adaptações/adequações de atividades e

análises de sessões videografadas no decorrer da pesquisa. Conforme apresentado nos

resultados, mudanças na prática e no nível de mediação da professora regente foram detectadas

ao término da capacitação. Esses dados sugerem que a Consultoria Colaborativa, mediada pela

pesquisadora, produziu efeitos positivos no repertório da professora regente, principalmente no

que se refere às estratégias e aos recursos didáticos. Esses resultados corroboram com estudos

que revelam os efeitos promissores da parceria colaborativa como proposta de atuação entre

educadores do ensino comum e especialistas (CANEGUIM, 2016; BALEOTTI; ZAFANI,

2017; OLMEDO; WALTER, 2015).

Embora os resultados deste estudo tenham sido positivos, é preciso ponderar sobre as

limitações da pesquisa. Primeiro, a intervenção com a professora do AEE não foi possível pelo

fato de inexistir, em seu plano de trabalho, tempo de planejamento junto aos demais docentes.

É importante destacar que essa professora seria uma peça-chave no processo de consultoria,

visto que a colaboração entre profissionais da Educação Especial e regular é apontada, na

literatura educacional, como uma estratégia essencial no processo de escolarização de pessoas

com deficiências (MENDES; ALMEIDA; TOYODA, 2011). Nesse contexto, é preciso que haja

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maior investimento na capacitação de profissionais especializados (MENDES; VILARONGA;

ZERBATO, 2014).

Em segundo lugar, a pesquisadora deveria retornar ao campo de investigação para

conduzir novos encontros de follow-up sobre a investigação, com o objetivo de avaliar se a

professora deu prosseguimento às estratégias interventivas desenvolvidas no perpassar da

pesquisa. De fato, em um processo de Consultoria Colaborativa, é fundamental avaliar a

manutenção das práticas após a intervenção. De acordo com Machado et al. (2015), após a

intervenção em um programa de consultoria, a avaliação deverá ser formativa, no decorrer de

todo o período letivo, com o intuito de verificar se os estudantes estão alcançando os objetivos

traçados pelo programa. O retorno ao campo pesquisado não foi possível devido à limitação do

tempo para realizar esta investigação.

Diante das lacunas salientadas e do número reduzido de participantes nesta pesquisa, é

necessário a condução de novos estudos envolvendo práticas colaborativas entre Educação

Especial e ensino comum com participantes com TEA. Ademais, o acesso e a permanência do

aluno dentro da sala de aula comum.

Ressalta-se a importância de propostas de projetos interdisciplinares de Consultoria

Colaborativa como uma forma de estabelecer conexão entre as áreas do Ensino Especial e do

regular.

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Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2014.

PEREIRA, A. M. Autismo Infantil: Tradução e Validação da CARS (Childhood Autism

Rating Scale) para uso no Brasil. 181 f. Dissertação (Mestrado em Pediatria) – Programa de

Pós-graduação em Ciências Médicas, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto

Alegre, 2007.

PIMENTEL, A. G. L.; FERNANDES, F. D. M. A perspectiva de professores quanto ao trabalho

com crianças com autismo. Audiol Commun Res., v. 19, n. 2, p. 171-8, 2014.

RABELO, L. C. C. Ensino colaborativo como estratégia de formação continuada de

professores para favorecer a inclusão escolar. 2012. 201 f. Dissertação (Mestrado em

Ciências Humanas) – Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2012.

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100

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RIOS, S. O.; COSTA, J. M. A.; MENDES, V. L. P. S. A fotografia como técnica e objeto de

estudo na pesquisa qualitativa. Discursos fotográficos, Londrina, v. 12, n. 20, p. 98-120,

jan./jul. 2016.

SADALLA, A. M. F. de A; LAROCCA, P. Autoscopia: um procedimento de pesquisa e de

formação. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 30, n. 3, p. 419-433, set./dez. 2004.

SANINI, C.; BOSSA, C. Autismo e inclusão na Educação Infantil: Crenças e autoeficácia da

educadora. Estudos de Psicologia, v. 20, n. 3, p. 173-183, jul./set. 2015.

SANT’ANNA, M. M. M.; MANZINI, E. J. Identificação de necessidades iniciais para a

formação continuada de professores da Educação Infantil para o público-alvo da Educação

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SANTOS, A. R. dos; LIBRA, S. Terapia ocupacional e Consultoria Colaborativa: uma revisão

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pela prática do letramento informal na biblioteca escolar. Revista ACB: Biblioteconomia em

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SILVA, K. S.; ARAÚJO, E. S. Aprendizagem Pedagógica e recursos didáticos. In: SILVA, K.

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SOUZA, R. J. de; HERNANDES, E. D. K.; SILVA, I. F. R. da. A organização do espaço escolar

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101

STEINER, C. E. Aspectos genéticos e neurológicos do autismo: proposta de abordagem

interdisciplinar na avaliação diagnóstica do autismo e distúrbios correlatos. 1998. 195 f.

Dissertação (Mestrado em Ciências Biológicas) – Universidade Estadual de Campinas, Instituto

de Biologia, Campinas/SP, 1998.

TAMANAHA, A. C.; PERISSINOTO, J.; CHIARI, B. M. Uma breve revisão histórica sobre a

construção dos conceitos do Autismo Infantil e da síndrome de Asperger. Rev. Soc. Bras.

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TURRA, N. C. Reuven Feuerstein: “Experiência de Aprendizagem Mediada: Um salto para a

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2007

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Nações Unidas – em 20 de novembro de 1989 e ratificada por Portugal em 21 de setembro de

1990. Disponível em: https://www.unicef.org/brazil/convencao-sobre-os-direitos-da-crianca.

Acesso em: 16 dez. 2018.

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Disponível em: http://www.crianca.mppr.mp.br/pagina-1069.html. Acesso em: 16 dez. 2018.

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realização do coensino. Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Especial, v. 4, n. 1, p.

19-32, 2017 (Edição Especial).

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102

VILARONGA, C. A. R.; MENDES, E. G. Ensino colaborativo para o apoio à inclusão escolar:

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VILARONGA, C. A. R.; MENDES, E. G.; ZERBATO, A. P. Interfaces da Educação. O

trabalho em colaboração para apoio da inclusão escolar: da teoria à prática docente. Interfaces

da Educ., Paraíba, v. 7, n. 19, p. 66-87, 2016.

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103

APÊNDICES

APÊNDICE 1 – CARTA DE ANUÊNCIA

CARTA DE ANUÊNCIA

Por ter sido informado verbalmente e por escrito sobre os objetivos e metodologia da

pesquisa intitulada “Autismo e Inclusão na Educação Infantil: Efeitos de um programa de

intervenção colaborativa nas práticas pedagógicas dos professores”, a ser realizada em uma

Creche Municipal de Educação Infantil, pela discente Maria da Guia Souza, mestranda do

Programa de Pós-graduação em Educação da UFRN, sob a matrícula 20171008952, na

orientação da Profa. Dra. Débora Regina de Paula Nunes, concordo em autorizar a realização

das etapas de aplicação dos elementos teóricos metodológicos: análise de documentos do lócus

da pesquisa (Creche Municipal), entrevistas semiestruturadas com os participantes, aplicação

de questionários e entrevistas.

Este estudo tem como objetivo avaliar a eficácia de uma proposta pedagógica de

intervenção escolar, de cunho colaborativo, na escolarização de uma criança com TEA,

regularmente matriculada no Ensino Infantil na cidade de Tenente Laurentino Cruz/RN.

Esta instituição está ciente de suas corresponsabilidades como instituição coparticipante

do presente projeto de pesquisa, e de seu compromisso no resguardo da segurança e bem-estar

dos sujeitos de pesquisa nela recrutados, dispondo de infraestrutura necessária para a garantia

de tal segurança e bem-estar.

Esta autorização está condicionada à aprovação prévia da pesquisa acima citada por um

Comitê de Ética em Pesquisa e ao cumprimento das determinações éticas propostas na

Resolução nº 466/12 do Conselho Nacional de Saúde – CNS e suas complementares.

O descumprimento desses condicionamentos assegura-me o direito de retirar minha

anuência a qualquer momento da pesquisa.

Natal, 29 de outubro de 2018.

Atenciosamente, Diretor ou vice-diretor da Instituição

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104

APÊNDICE 2 – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)

PARA OS PAIS OU RESPONSÁVEIS

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE EDUCAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Prezados pais,

Seu (sua) filho (a) ___________________________________ está sendo convidado a

participar da pesquisa “Autismo e Inclusão na Educação Infantil: efeitos de um programa de

intervenção colaborativa nas práticas pedagógicas dos professores”. Seu filho foi selecionado

por apresentar diagnóstico de autismo declarado por profissional da saúde e ter até 4 anos de

idade.

A participação de seu filho na pesquisa não é obrigatória, sendo que ele poderá se retirar

da pesquisa a qualquer momento, sem penalização. Dessa forma, sua recusa não trará nenhum

prejuízo em sua relação com a pesquisadora ou com a instituição. O objetivo geral desse estudo

é avaliar a eficácia de uma proposta pedagógica de intervenção escolar, de cunho colaborativo,

na escolarização de uma criança com TEA, regularmente matriculada no Ensino Infantil na

cidade de Tenente Laurentino Cruz/RN.

A participação de seu filho na pesquisa incluirá: a) a participação em rotinas em sala de

aula junto às professoras da sala comum e especial; e b) observar seu filho através da

participação em atividades acadêmicas – atividades de vida diária através da escala de avaliação

de Experiência de Aprendizagem Mediada (LIDZ, 1991 adaptada de MACÊDO, 2015). Esse

instrumento será utilizado para caracterizar o nível de interação da professora com o aluno com

autismo, na qual são avaliados os comportamentos mediadores da professora na interação com

o educando.

Sendo uma pesquisa que lida com seres humanos, o estudo pode apresentar riscos aos

participantes. Seu filho pode sentir constrangimento, intranquilidade ou ansiedade nos

momentos de observação, de aplicação dos instrumentos de avaliação (LIDZ, 1991) e de vídeo-

filmagem. Caso seu filho sinta-se afetado e talvez se se recuse a participar das sessões

necessárias para a coleta de dados, esses riscos poderão ser minimizados interrompendo a

avaliação ou a filmagem. A avaliação só será retomada, com o seu consentimento, e quando as

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105

manifestações de desgaste emocional de seu filho (como, por exemplo, choro, estereotipias

motoras ou verbais) tenham acabado.

Por outro lado, a participação de seu filho na pesquisa poderá trazer inúmeros

benefícios, como exemplo: receber uma avaliação do nível de participação do aluno nas tarefas

propostas pelo professor na escolarização da criança no Ensino Infantil. Essa participação será

avaliada considerando-se o nível de engajamento da criança na tarefa. Por engajamento,

compreende-se o tempo de permanência na atividade proposta pelos professores.

A coordenadora do projeto, assim como a instituição, compromete-se em assumir a

responsabilidade em dar assistência integral a seu filho e à sua família frente a possíveis

complicações e danos decorrentes dos riscos previstos, caso ocorram.

Para fins de registro e análise de dados, seu filho será fotografado e videografado

durante a realização das tarefas previstas no presente projeto. Todas as informações recebidas

através desta pesquisa serão confidenciais e o sigilo sobre a participação de seu filho será

assegurado. Dessa forma, os dados não serão divulgados de forma a possibilitar sua

identificação, uma vez que durante a pesquisa seu filho será identificado por um nome fictício.

Durante a realização do estudo, as imagens serão guardadas em um arquivo de

computador utilizado exclusivamente para registros de dados do projeto.

Como forma de preservar a identidade dos participantes, o arquivo contendo as imagens

da pesquisa poderá ser acessado mediante a digitação de uma senha sigilosa de acesso. É

ressaltado, ainda, que essas imagens serão apreciadas em ambiente reservado, pela equipe de

pesquisa. O arquivo contendo as imagens será apagado ao término do projeto.

Em caso de qualquer dúvida sobre a pesquisa e a participação de seu filho, você poderá

a qualquer momento se comunicar com a Orientadora e Coordenadora do Projeto: Profa. Dra.

Débora Regina de Paula Nunes – (84) 3615-4206, e-mail: [email protected] – e com a

Pesquisadora: Maria da Guia – (84) 999846580, e-mail: [email protected].

____________________________________

Profa. Dra. Débora Regina de Paula Nunes

Orientadora e Coordenadora do Projeto

____________________________________

Maria da Guia Souza

Pesquisador

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106

APÊNDICE 3 – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)

PARA OS DEMAIS PAIS DA TURMA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE EDUCAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – TCLE

(CONSELHO NACIONAL DA SAUDE, 2012 – CNS 466/12)

Prezado pai/responsável das demais crianças da turma:

Seu (sua) filho (a) ___________________________________ está sendo convidado a

participar da pesquisa: “Autismo e Inclusão na Educação Infantil: efeitos de um programa de

intervenção colaborativa nas práticas pedagógicas dos professores”. Seu filho foi selecionado

por fazer parte da turma do “Pré-1”, em que será realizada uma pesquisa sobre o autismo. A

turma é composta de 19 alunos, sendo um com TEA. A participação de seu filho na pesquisa

não é obrigatória, sendo que ele poderá se retirar dela a qualquer momento, sem penalização.

Dessa forma, sua recusa não trará nenhum prejuízo em sua relação com a pesquisadora ou com

a instituição.

Esta pesquisa pretende avaliar a eficácia de uma proposta pedagógica de intervenção

escolar, de cunho colaborativo, na escolarização de uma criança com TEA, regularmente

matriculada no Ensino Infantil na cidade de Tenente Laurentino Cruz/RN.

A participação de seu filho na pesquisa incluirá: a) a participação em rotinas em sala de

aula junto às professoras da sala comum, cuidadora e aluno com TEA; e b) a participação em

atividades acadêmicas em sala de aula junto ao aluno com TEA.

Sendo uma pesquisa que lida com seres humanos, este estudo pode apresentar riscos aos

participantes. Seu filho pode sentir constrangimento, intranquilidade ou ansiedade nos

momentos de observação realizada com a criança pesquisada, de aplicação dos instrumentos de

avaliação nessa pesquisa (LIDZ, 1991), de vídeo-filmagem com a criança com TEA. Caso seu

filho sinta-se afetado e talvez se recuse a participar das sessões necessárias para a coleta de

dados, esses riscos poderão ser minimizados interrompendo a avaliação ou a filmagem com a

saída de seu filho. A avaliação só será retomada com o seu consentimento, e quando seu filho

se sentir confortável para participar juntamente com a turma da rotina ou atividade selecionada

com a criança com autismo.

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107

Por outro lado, a participação de seu filho na pesquisa poderá trazer inúmeros

benefícios, como por exemplo: receber uma avaliação do nível de participação do aluno nas

tarefas propostas pelo professor na escolarização da criança no Ensino Infantil. Essa

participação será avaliada considerando-se o nível de engajamento da criança na tarefa. Por

engajamento, compreende-se o tempo de permanência na atividade proposta pelos professores.

A coordenadora do projeto, assim como a instituição, compromete-se em assumir a

responsabilidade em dar assistência integral a seu filho e a sua família frente a possíveis

complicações e danos decorrentes dos riscos previstos, caso ocorram.

Para fins de registro e análise de dados, seu filho será fotografado e videografado

juntamente a criança com TEA, durante a realização das tarefas previstas no presente projeto.

Todas as informações recebidas através desta pesquisa serão confidenciais e o sigilo sobre a

participação de seu filho será assegurado. Dessa forma os dados não serão divulgados de forma

a possibilitar sua identificação uma vez que durante a pesquisa seu filho será identificado por

um nome fictício.

Durante a realização do estudo, as imagens serão guardadas em um arquivo de

computador utilizado exclusivamente para registros de dados do projeto.

Como forma de preservar a identidade dos participantes, o arquivo contendo as imagens

da pesquisa poderá ser acessado mediante a digitação de uma senha sigilosa de acesso. É

ressaltado, ainda, que essas imagens serão apreciadas, em ambiente reservado, pela equipe de

pesquisa. O arquivo contendo as imagens será apagado ao término do projeto.

Em caso de qualquer dúvida sobre a pesquisa e a participação de seu filho, você poderá

a qualquer momento se comunicar com a Orientadora e Coordenadora do Projeto: Profa. Dra.

Débora Regina de Paula Nunes – (84) 3615-4206, e-mail: [email protected] – e com a

Pesquisadora: Maria da Guia – (84) 999846580, e-mail: [email protected].

Qualquer dúvida sobre a ética dessa pesquisa, você deverá ligar para o Comitê de Ética

em Pesquisa CEP/HUOL, pelo telefone (84) 3215-3135.

Este documento foi impresso em duas vias. Uma ficará com você e a outra com o

pesquisador responsável Maria da Guia Souza.

____________________________________________________________

Profa. Dra. Débora Regina de Paula Nunes

Orientadora e Coordenadora do Projeto

____________________________________________________________

Maria da Guia Souza

Pesquisadora

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108

Eu, __________________________________________________________, fui

esclarecido (a) sobre a pesquisa: “Autismo e Inclusão na Educação Infantil: efeitos de um

programa de intervenção colaborativa nas práticas pedagógicas dos professores”. Declaro que

entendi os objetivos, os riscos e os benefícios da participação de meu filho(a) na pesquisa e

concordo que ele(a) participe. Concordo que meu filho(a) seja videografado(a) durante a

realização das atividades do projeto. Estou ciente que a participação é voluntária, que não será

remunerada, que não há gastos previstos e caso haja serei ressarcido. Compreendo que posso

cancelar a participação do meu filho(a) a qualquer momento sem nenhuma implicação para sua

educação presente ou futura. Fui notificado de que todos os dados coletados serão anônimos e

ficarão protegidos.

O pesquisador me informou que o projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em

Pesquisa do Hospital Universitário Onofre Lopes – CEP/HUOL, localizado na Av. Nilo

Peçanha, nº 620. Petrópolis. CEP: 59.012-300. Natal/RN. Telefone: (84) 3342-5003. E-mail:

[email protected].

O pesquisador responsável e os demais participantes declaram conhecer as normas que

envolvem as pesquisas com seres humanos, em especial a Resolução CNS nº 466/2012 e que a

parte referente à coleta de dados somente será iniciada após a aprovação da pesquisa por parte

desse Comitê ou da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP).

____________________________________________________________

Pai/Mãe ou representante legal – Local e data

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109

APÊNDICE 4 – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)

PARA O PROFESSOR

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE EDUCAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – TCLE PROFESSOR

(CONSELHO NACIONAL DA SAÚDE, 2012 – CNS nº 466/12)

Prezado professor,

Este é um convite para você participar da pesquisa: “Autismo e Inclusão na Educação

Infantil: efeitos de um programa de intervenção colaborativa nas práticas pedagógicas dos

professores”, que tem como pesquisador responsável Maria da Guia Souza.

Esta pesquisa pretende avaliar a eficácia de uma proposta pedagógica de intervenção

escolar, de cunho colaborativo, na escolarização de uma criança com TEA, regularmente

matriculada no Ensino Infantil na cidade de Tenente Laurentino Cruz/RN.

O motivo que nos leva a fazer este estudo é a constatação, mediante a escuta de relatos

de professores do Ensino Infantil, sobre as dificuldades enfrentadas na escolarização de alunos

com Transtorno do Espectro Autista (TEA) por estarem despreparados para lidar com diferentes

desafios. Esta realidade me impulsionou a investigar que saberes estão incutidos na prática

pedagógica desses profissionais e qual contribuição os conhecimentos produzidos na

universidade e em programas de formação continuada contribuem para o crescimento pessoal

e profissional desses professores.

Caso você decida participar, será realizada uma entrevista semiestrutura com você, no

intuito de conhecer e de subsidiar a construção de dados da pesquisa. Essa entrevista

semiestrutura irá durar aproximadamente uma hora e será utilizado o curso de gravação de voz,

caso permita, para respaldar os registros da pesquisa, que posteriormente serão transcritos e

apresentados a você, para aprovação. Este último, só será utilizado mediante autorização do

participante da pesquisa no termo de autorização para gravação de voz. Você não terá nenhum

custo financeiro, nem receberá qualquer dinheiro por isso.

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110

Toda a pesquisa envolvendo seres humanos envolve risco, porém, a previsão de riscos

é mínima. Caso você desista de responder as perguntas, ou também, não se sentir confortável

para respondê-las por não compreensão da questão, por desconforto, ou pela não familiarização

com a temática abordada. Caso ocorram estas situações, a pesquisadora poderá auxiliar você,

reformulando a pergunta para que ocorra uma melhor compreensão ou para dirimir o

desconforto. O participante pode se negar a responder qualquer questão – serão respeitadas a

sua decisão. Com isso, você poderá ler antecipadamente o roteiro da entrevista, estando livre

para tirar qualquer dúvida. Lembramos, ainda, que a pesquisadora atuará na mediação desta

entrevista semiestruturada, podendo auxiliá-la no esclarecimento das perguntas.

Em caso de algum problema que você possa ter relacionado com a pesquisa, você terá

a assistência gratuita que será prestada pelo Departamento de Assistência a Saúde da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), por se tratar de docentes desta

instituição e competentes para tal função.

Em caso de qualquer dúvida sobre a pesquisa e a sua participação, você poderá a

qualquer momento se comunicar com a Orientadora e Coordenadora do Projeto: Profa. Dra.

Débora Regina de Paula Nunes – (84) 3615-4206, e-mail: [email protected] – e com a

Pesquisadora: Maria da Guia – (84) 999846580, e-mail: [email protected].

A sua participação é voluntária, portanto tem o direito de se recusar a participar ou retirar

seu consentimento, em qualquer fase da pesquisa, sem nenhum prejuízo para você.

Os dados que você nos irá fornecer serão confidencias e serão divulgados apenas em

Congressos ou Publicações Científicas, não havendo divulgação de nenhum dado que possa lhe

identificar. Os resultados deste projeto estarão à sua disposição quando finalizado, na biblioteca

da UFRN.

Esses dados serão guardados pela pesquisadora responsável por essa pesquisa em local

seguro e por um período de 5 anos.

Se você tiver algum gasto pela sua participação nessa pesquisa, ele será assumido pelo

pesquisador e reembolsado para você. Se você sofrer algum dano comprovadamente decorrente

desta pesquisa, você será indenizado.

O pesquisador me informou que o projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em

Pesquisa do Hospital Universitário Onofre Lopes – CEP/HUOL, localizado na Av. Nilo

Peçanha, nº 620. Petrópolis. CEP: 59.012-300. Natal/RN. Telefone: (84) 3342-5003. E-mail:

[email protected].

Este documento foi impresso em duas vias. Uma ficará com você e a outra com o

pesquisador responsável Maria da Guia Souza.

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111

Consentimento Livre e Esclarecido

Após ter sido esclarecido sobre os objetivos, a importância e o modo como os dados

serão coletados na pesquisa, além de conhecer os riscos, desconfortos e benefícios que ela trará

para mim e ter ficado ciente de todos os meus direitos, concordo em participar da pesquisa“

Autismo e inclusão na Educação Infantil: Efeitos de um programa de intervenção colaborativa

nas práticas pedagógicas dos professores, e autorizo a divulgação das informações por mim

fornecidas em congressos e/ou publicações científicas desde que nenhum dado possa me

identificar.

Natal (data).

____________________________________________________________

Assinatura do participante da pesquisa

Declaração do pesquisador responsável

Como pesquisador responsável pelo estudo “Autismo e Inclusão na Educação Infantil:

efeitos de um programa de intervenção colaborativa nas práticas pedagógicas dos professores”,

declaro que assumo a inteira responsabilidade de cumprir fielmente os procedimentos

metodologicamente e direitos que foram esclarecidos e assegurados ao participante desse

estudo, assim como manter sigilo e confidencialidade sobre a identidade do mesmo.

Declaro ainda estar ciente que na inobservância do compromisso ora assumido estarei

infringindo as normas e diretrizes propostas pela Resolução nº 466/12 do Conselho Nacional

de Saúde – CNS, que regulamenta as pesquisas envolvendo o ser humano.

O pesquisador me informou que o projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em

Pesquisa do Hospital Universitário Onofre Lopes – CEP/HUOL, localizado na Av. Nilo

Peçanha, nº 620. Petrópolis. CEP: 59.012-300. Natal/RN. Telefone: (84) 3342-5003. E-mail:

[email protected].

Natal (data)

____________________________________________________________

Assinatura do pesquisador responsável

Maria da Guia Souza

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112

ANEXOS

ANEXO 1 – OFÍCIO DE ENCAMINHAMENTO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE EDUCAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO

À Creche São Francisco

Natal, 24 de abril de 2018.

Prezada Edneide Soares da Silva Santos,

Apresento Maria da Guia Souza, aluna regularmente matriculada no Programa de Pós-

graduação em Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, na Linha de Pesquisa

Educação e Inclusão Social em Contextos Escolares e Não Escolares. A referida aluna está, sob

a minha orientação, desenvolvendo um projeto de pesquisa intitulado: “Autismo e inclusão na

Educação Infantil: efeitos de um programa de intervenção colaborativa nas práticas

pedagógicas dos professores da Educação Infantil”.

Agradeço antecipadamente a atenção dispensada. Para qualquer esclarecimento, entre

em contato comigo pelo telefone: (84) 3342-2270 ramal (232) ou e-mail:

[email protected]. Atenciosamente,

Débora Regina de Paula Nunes

Professora Adjunta do Departamento de Fundamentos e Políticas da Educação

Centro de Educação.

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113

ANEXO 2 – ESCALA DE LIDZ

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE EDUCAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO

ESCALA DE LIDZ (1991)

Observe o professor durante todo o período de uma aula (Escreva NA se o item não se aplica).

Utilize a seguinte escala de avaliação:

EAM para professores – tradução livre autorizada por Carol Lidz (1991), a autora.

Nome do professor: ________________________________________________

Data de observação: ________________________________________________

Localização: _______________________________________________________

Observador: _______________________________________________________

Nome do aluno:

4 3 2 1

Comportamento

evidente em alto grau

Comportamento

evidente de forma

moderada

Comportamento

evidente de forma

emergente

Comportamento

não evidente

Comportamento 4 3 2 1

1. O professor fornece

mensagem clara para os

alunos com a intenção de

envolvê-los em uma lição.

2 O professor mantém,

com sucesso, a atenção dos

estudantes ao longo da aula.

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114

3. Quando os alunos

perdem o foco de atenção, o

professor, algumas vezes, vai

além de solicitar que se

concentrem, fornecendo uma

razão ou princípio básico

(por exemplo, para que você

saiba o que fazer).

4. O professor fornece

adereços tangíveis/visíveis

apropriados para dar suporte

à aula.

5. O professor faz uso

de voz, gestos e movimentos

para “animar” a apresentação

da aula.

6. O professor sinaliza

especificamente as

características e elementos

de materiais e conteúdos que

são importantes para

observar.

7. O professor vai além

da classificação do que é

apresentado aos alunos, para

fornecer elaborações que

ampliam/enriquecem as

percepções (por exemplo,

vocês sentem o ritmo desse

poema?).

8. O professor favorece

o surgimento de ideias que

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115

fazem conexões da aula com

experiências anteriores.

9. O professor favorece

o surgimento de ideias que

fazem conexões da aula com

futuras experiências.

*10. O professor favorece o

pensamento de causa-efeito

(olhando em retrospectiva a

partir da observação

presente).

11. O professor favorece

o surgimento de

pensamentos hipotéticos e

se...; então... (olhando para a

frente a partir da observação

ou pensamento presente).

12. O professor

evidencia estar ciente das

experiências ou perspectivas

dos alunos (o que o aluno

pode estar pensando ou

sentindo).

13. O professor

compartilha os próprios

pensamentos ou experiências

que são relevantes para a

aula.

14. O professor une

experiência de aprendizagem

do aluno, “como um aluno”,

falando consigo mesmo

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116

durante uma situação de

resolução de problemas.

15. O professor

comunica claramente o

propósito da lição em termos

do que é esperado do aluno,

seus resultados e processos.

16. A organização ou

plano de aula do professor é

clara.

17. O professor favorece

o pensamento estratégico nos

alunos (por exemplo,

utilizando perguntas do tipo

“como”, sugerindo

estratégias).

18. Ao fornecer

instruções sobre como

executar uma tarefa, o

professor inclui informações

sobre os princípios básicos

da tarefa.

19. O professor ajuda os

alunos que não sabem

realizar uma tarefa a

desenvolver competências

que evidenciam melhoras em

seu desempenho.

20. O professor tece

comentários positivos e

comentários encorajadores.

21. Os comentários do

professor referentes ao

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117

desempenho do aluno

incluem feedback sobre o

que funcionou (e não

funcionou), ou seja, feedback

informativo.

22. O professor estimula

o raciocínio e as respostas

dos alunos.

23. O professor consegue

criar e manter uma “zona de

desafio”, de estar um pouco à

frente, sem frustrar os

alunos.

24. O professor

compreende as pistas

comportamentais dos alunos

e é sensível aos

comportamentos e

necessidades deles,

respondendo de forma

oportuna e apropriada (ex.:

fornece adequado “tempo de

espera”).

25. O professor é capaz

de balancear as necessidades

dos alunos que evidenciam

desempenho superior com as

dos alunos com mais

necessidade.

26. O professor se

relaciona com os alunos de

forma calorosa e cuidadosa.

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118

27. O professor oferece

oportunidade para que os

alunos observem que

aprenderam com sucesso e

como eles mudaram (ex.:

usando exemplos do seu

trabalho para sinalizar

crescimento).

28. O professor fornece

oportunidades para que os

alunos reflitam sobre como

eles chegaram à resposta ou

à solução, e não apenas a

resposta certa; isso inclui

solicitações para justificar

respostas.

*29. As requisições ou

perguntas do professor

favorecem a integração de

informações de mais de uma

fonte.

30. O professor oferece

oportunidade para que os

alunos sintetizem suas

experiências de

aprendizagem.

31. O professor avalia a

aprendizagem dos alunos

sobre os objetivos de uma

lição, antes de continuar

(inclui avaliar se os alunos

têm conhecimento

necessário e habilidades para

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119

envolver-se em novas

aprendizagens).

32. As interações do

professor favorecem a

autorregulação e promoção

da responsabilidade pessoal

para ações.

33. A natureza da lição e

a seleção de materiais

favorecem a participação

ativa dos alunos.

34. O conteúdo de aula

permite respostas e soluções

alternativas.

*Não foram consideradas neste estudo.

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120

ANEXO 3 – TERMO DE AUTORIZAÇÃO PARA USO DE IMAGENS

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE EDUCAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO

TERMO DE AUTORIZAÇÃO PARA USO DE IMAGENS (FOTOS E VÍDEOS)

Eu,............................................................................................................... AUTORIZO

o(a) Prof.(a) Maria da Guia Souza , coordenador(a) da pesquisa intitulada “Autismo e Inclusão

na Educação Infantil: efeitos de um programa de intervenção colaborativa nas práticas

pedagógicas dos professores”, a fixar, armazenar e exibir a minha imagem por meio de foto,

com o fim específico de inseri-la nas informações que serão geradas na pesquisa, aqui citada, e

em outras publicações dela decorrentes, quais sejam: revistas científicas, congressos e jornais.

A presente autorização abrange, exclusivamente, o uso de minha imagem para os fins

aqui estabelecidos e deverá sempre preservar o meu anonimato. Qualquer outra forma de

utilização e/ou reprodução deverá ser por mim autorizada.

O pesquisador responsável Maria da Guia Souza, assegurou-me que os dados serão

armazenados em meio de foto sob sua responsabilidade, por 5 anos, e após esse período, serão

destruídas.

Assegurou-me, também, que serei livre para interromper minha participação na pesquisa

a qualquer momento e/ou solicitar a posse de minhas imagens.

Natal, ............ de .......................................... de ......................

____________________________________________________________

Assinatura do participante da pesquisa

Contatos do Comitê de Ética em Pesquisa do HUOL: Endereço: Av. Nilo Peçanha, nº 620, 1º

Andar do Prédio Administrativo. Espaço João Machado, Petrópolis, Natal/RN

Telefone (84) 3342-5003. E-mail: [email protected]

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121

ANEXO 4 – TERMO DE AUTORIZAÇÃO PARA GRAVAÇÃO DE VOZ

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE EDUCAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO

TERMO DE AUTORIZAÇÃO PARA GRAVAÇÃO DE VOZ

Eu,....................................................................................................................................,

depois de entender os riscos e benefícios que a pesquisa intitulada “Autismo e Inclusão na

Educação Infantil: efeitos de um programa de intervenção colaborativa nas práticas

pedagógicas dos professores” poderá trazer e, entender especialmente os métodos que serão

usados para a coleta de dados, assim como, estar ciente da necessidade da gravação de minha

entrevista, AUTORIZO, por meio deste termo, o pesquisador Maria da Guia Souza, a realizar

a gravação de minha entrevista sem custos financeiros a nenhuma parte.

Esta AUTORIZAÇÃO foi concedida mediante o compromisso dos pesquisadores acima

citados em garantir-me os seguintes direitos:

1. poderei ler a transcrição de minha gravação;

2. os dados coletados serão usados exclusivamente para gerar informações para a

pesquisa aqui relatada e outras publicações dela decorrentes, quais sejam: revistas científicas,

congressos e jornais;

3. minha identificação não será revelada em nenhuma das vias de publicação das

informações geradas;

4. qualquer outra forma de utilização dessas informações somente poderá ser feita

mediante minha autorização;

5. os dados coletados serão guardados por 5 anos, sob a responsabilidade do (a)

pesquisador (a) coordenador (a) da pesquisa Maria da Guia Souza, e após esse período, serão

destruídos e,

6. serei livre para interromper minha participação na pesquisa a qualquer momento e/ou

solicitar a posse da gravação e transcrição de minha entrevista.

Natal,

____________________________________________________________

Assinatura do participante da pesquisa

____________________________________________________________

Assinatura e carimbo do pesquisador responsável

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122

ANEXO 5 – ROTEIRO DE ENTREVISTA PARA A PROFESSORA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE EDUCAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO

ROTEIRO DE ENTREVISTA PARA A PROFESSORA

Este roteiro de entrevista semiestruturada contém 15 perguntas que será destinado a

professora do ensino regular e especial.

- Apresentação.

- Discente do Programa de Pós-graduação – Mestrado em Educação da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte.

- Finalidade da entrevista.

- Subsidiar a construção de dados da Pesquisa intitulada “Autismo e inclusão na

Educação Infantil: efeitos de um programa de intervenção colaborativa nas práticas

pedagógicas dos professores”.

- Objetivo da Pesquisa.

- Avaliar a eficácia de uma proposta pedagógica de intervenção escolar, de cunho

colaborativo, na escolarização de uma criança com TEA, regularmente matriculada no Ensino

Infantil na cidade de Tenente Laurentino Cruz RN.

- Disponibilidade.

- Data da entrevista: ____/____/____

- Duração da entrevista: ________________________

- Permissão para gravar a entrevista: ( )Sim ( )Não

Os dados da entrevista serão utilizados respeitando o anonimato do (a) entrevistado (a).

Pontos a serem discutidos na entrevista:

Formação inicial e continuada dos professores;

Prática Pedagógica do professor com crianças autistas;

Inclusão escolar e ensino regular;

Plano de Ensino Individualizado do Aluno;

Adaptações e adequações curriculares.

I – Informação Profissional:

- Caracterização – Dados de Identificação:

- Formação e ano de conclusão:

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123

- Curso de pós-graduação (maior nível): Participação de formação continuada nos

últimos 5 anos:

- Carga horária total de trabalho:

- Cursou ou cursa alguma especialização?

- Possui algum curso ou capacitação relacionada á Educação Inclusiva? Cite qual:

II – Experiência Profissional

1. Tempo de serviço na docência:

2. Tempo atuação nesta escola:

3. Você já havia trabalhado com crianças com autismo ou outras deficiências?

4. O que você pensa da inclusão de alunos com deficiências na sala de aula regular?

5. Há quanto tempo possui aluno com autismo incluído em sala de aula?

6. Qual a sua concepção sobre o autismo?

7. Como é trabalhar com uma criança com autismo?

8. Quais os desafios, possibilidades?

III – Contexto atual

9. Você conhece algum programa específico para trabalhar com alunos com autismo? Se sim, qual

programa?

10. Você fez alguma adequação/adaptação na aplicação do currículo para trabalhar com o aluno

incluso com autismo? Se sim, qual? Quais?

11. Você conhece o Plano de Desenvolvimento Individualizado do aluno (PEI) com o aluno incluso

com autismo? Se sim, como é realizado o trabalho:

12. Você enxerga comportamentos diferenciados no relacionamento do aluno com a cuidadora,

com você, ou a professora auxiliar?

13. Antes desta pesquisa, você já havia recebido algum tipo de orientação para trabalhar com o

aluno com autismo em sala de aula? Se sim, de quem e de que forma?

14. Você tem apoio da coordenação para lidar com alunos com deficiência? Se sim, como é feito

esse apoio?

15. Você conhece o trabalho do Atendimento Educacional Especializado (AEE)? Se sim, como

acontece à interação do ensino comum e especial:

16. Você tem professor auxiliar? Se sim, qual sua formação e função na sala de aula? Como você

avalia o trabalho do auxiliar com a criança autista?

17. Como o (a) aluno (a) com deficiência é visto (a) pelos colegas? E pela escola (funcionários,

professores, pais)?

18. Quais as maiores dificuldades enfrentadas da criança com autismo no convívio em sala de aula?

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124

19. Você percebe se o aluno tem preferência por algo em sala de aula? Se sim, quais são as coisas

que ele mais gosta?

20. Você acha necessário o funcionamento do AEE no contra turno, ou seria melhor que

acontecesse no mesmo turno escolar do Ensino Infantil? Justifique:

21. Você acha que os alunos com deficiências conseguem avanços na aprendizagem a partir de suas

interações sociais no ambiente regular? Se sim, como você enxerga essa interação?

22. Como acontece o planejamento escolar? E em especial, do aluno com autismo?

23. Você considera o aluno incluso em sala de aula? Por quê?

24. Você sabe diferenciar uma crise no Transtorno do Espectro do Autismo de uma birra?

25. Você sabe informar como é o comportamento de Davi em casa com os familiares?

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125

ANEXO 6 – ROTEIRO DE ENTREVISTA PARA O RESPONSÁVEL

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDEDO NORTE

CENTRO DE EDUCAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO

ROTEIRO DE ENTREVISTA PARA O RESPONSÁVEL

PESQUISA: “Autismo e inclusão na Educação Infantil: efeitos de um programa de

intervenção colaborativa nas práticas pedagógicas dos professores”.

ROTEIRO DE ENTREVISTA – RESPONSÁVEL

Este roteiro de entrevista semiestruturada contém 15 perguntas que será destinado a

professora do ensino regular e especial.

- Apresentação.

- Discente do Programa de Pós-graduação – Mestrado em Educação da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte.

- Finalidade da entrevista.

- Subsidiar a construção de dados da Pesquisa intitulada “Autismo e inclusão na

Educação Infantil: efeitos de um programa de intervenção colaborativa nas práticas

pedagógicas dos professores”.

- Objetivo da Pesquisa.

- Avaliar a eficácia de uma proposta pedagógica de intervenção escolar, de cunho

colaborativo, na escolarização de uma criança com TEA, regularmente matriculada no Ensino

Infantil na cidade de Tenente Laurentino Cruz RN.

- Disponibilidade.

- Data da entrevista: ____/____/____

- Duração da entrevista: ________________________

- Permissão para gravar a entrevista: ( )Sim ( )Não

Os dados da entrevista serão utilizados respeitando o anonimato do (a) entrevistado (a).

Pontos a serem discutidos na entrevista:

Diagnóstico sobre o TEA;

Expectativas com relação à escolarização da criança no ano de 2018;

Relação Família – Deficiência;

Relação Família – Escola.

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126

Caracterização:

- Idade do Filho (a):

- Sexo do filho:

- Modalidade

- Perguntas:

1. Seu (a) filho (a) foi diagnosticado com autismo com quantos anos? Como você percebeu e o

que fez para procurar ajuda?

2. Lista de comportamentos:

( ) Dificuldade na fala humor/ irritação ( ) Há frequentes pesadelos

( ) Dificuldade na linguagem ( ) Há dificuldade para dormir

( ) Dificuldade na visão ( ) Balança-se para frente e para trás

( ) Dificuldade na coordenação ( ) Alimenta-se mal

( ) Prefere brincar sozinho ( ) É teimoso

( ) Não se relaciona bem com os irmãos ( ) É muito agitado/ inquieto

( ) É agressivo ( ) É impulsivo

( ) ( ) Coloca-se em situações que podem ser

perigosas

( ) É lento para aprender

( ) Tem algum medo, hábito ou tic

(descreva)

( ) Desiste facilmente

3. Sono:

( ) 7-9h ( ) mais de 9 h ( ) 4-6 h ( ) menos de 4h

( ) Diagnóstico com distúrbio de sono

( ) Dificuldade em adormecer

( ) Acorda muito cedo

( ) Dificuldade em voltar a dormir, caso acorde de madrugada

( ) Muita dificuldade para acordar

4. Apetite

( ) Pouco apetite ( ) Compulsivo ( ) Excessivo apetite

5. Seu filho possui algum hábito ou tique?

6. Quais os motivos que levaram você matricular seu (a) filho (a) nessa escola?

7. Ele tem acompanhamento de algum profissional fora da escola? Se sim, quais e com que

frequência?

8. Ele (a) recebe algum atendimento especial no contra turno? Se sim, dizer qual:

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127

9. Você conhece o Atendimento Educacional Especializado na Escola? Se sim, dizer o que acha:

10. Seu filho tem alguma limitação sociocomunicativas e comportamentais? Se sim, como você

lida com isso?

11. Seu filho faz uso de algum medicamento? ( ) sim, citar: ( ) não

12. Problemas comportamentais:

13. ( ) Internalização ( ) Internalização ( ) Hiperatividade ( ) Impulsividade

14. Você percebe avanços na aprendizagem do seu (a) filho (a)? Em quais aspectos? Em casa, ele

(a) faz as atividades solicitadas? Com ou sem ajuda? Se com ajuda, quem geralmente o (a)

ajuda?

15. Você percebe que seu (a) filho (a) aprende melhor com outra criança/adulto ou sozinho?

16. O que você espera dessa escola para seu (a) filho (a):

17. Em sua opinião, quais são os pontos positivos e negativos com relação à Inclusão Social das

pessoas com deficiência?

18. Qual sua maior preocupação em relação ao seu filho?

19. Quais os gostos e interesses de seu filho?

20. Descreva as qualidades do seu filho?

21. Na sua opinião, quais as dificuldades e barreiras que podemos encontrar quando nos

deparamos com uma criança com autismo?

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128

ANEXO 7 – REFERÊNCIAS DOS TEXTOS UTILIZADOS NA FORMAÇÃO DOS

PROFESSORES

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Recursos pedagógicos

acessíveis e comunicação aumentativa e alternativa. Brasília: MEC, 2010.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Saberes e práticas da

inclusão: dificuldades acentuadas de aprendizagem – autismo. 2. ed. Brasília: MEC; SEESP,

2003.

DIAS, T. L.; PAULA, K. M. P.; ENUMO, S. R. F. Mediação de alunos especiais em programas

de criatividade. R. Educ. Públ., Cuiabá, v. 18, n. 38, p. 489-503, set./dez. 2009.

DELIBERATO, D. Comunicação Alternativa: informação básica para o professor. In:

OLIVEIRA, A. A. S. de; OMOTE, S.; GIROTO, C. R. M. (Orgs.). Inclusão Escolar: as

contribuições da Educação Especial. São Paulo: Cultura Acadêmica Editora, 2008, p. 233-250.

FIORINI, B. S. O aluno com Transtornos do Espectro do Autismo na Educação Infantil:

caracterização da rotina escolar. 2017. 147p. Dissertação (Mestrado em Educação) – Programa

de Pós-graduação em Educação, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho,

Faculdade de Filosofia e Ciências, Marília/SP, 2017.

NUNES, D. R. de P. Transtornos do Espectro Autista. Material didático da Educação a

distância da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Natal: EdUFRN, 2013.

NUNES, D. R. de P.; KRANZ, C. R. Material didático. A tecnologia assistiva como promoção

da Educação Inclusiva de alunos com deficiências e Transtornos Globais (Módulo 4). Natal:

EdUFRN, 2011.

NUNES, D. R. de P.; SANTOS, L. B. dos. Mesclando práticas em Comunicação Alternativa:

caso de uma criança com autismo. Revista Quadrimestral da Associação Brasileira de

Psicologia Escolar e Educacional, São Paulo, v. 19, n. 1, p. 59-69, jan./abr. 2015.

OLIVEIRA, A. A. S. de; OMOTE, S.; GIROTO, C. R. M. (Orgs.). Inclusão Escolar: as

contribuições da Educação Especial. São Paulo: Cultura Acadêmica Editora, 2008.

OLIVEIRA, E.; MACHADO, K. Adaptações curriculares: caminho para uma Educação

Inclusiva. In: GLAT, R. Educação Inclusiva: cultura e cotidiano escolar. Rio de Janeiro: Sete

Letras, 2007, p. 36-52.

WALTER, C. C. de F. PECS – Adaptado na sala de Atendimento Educacional Especializado.

In: NUNES, L. R. d’O. de P.; SCHIRMER, C. R. (Orgs.). Salas abertas: formação de

professores e práticas pedagógicas em comunicação alternativa e ampliada nas salas de recurso

multifuncionais. Rio de Janeiro: EDUERJ, 2017, p. 311-332.

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129

TAMANAHA, A. C.; PERISSINOTO, J.; CHIARI, B. M. Uma breve revisão histórica sobre a

construção dos conceitos do Autismo Infantil e da síndrome de Asperger. Rev. Soc. Bras.

Fonoaudiol., v. 13, n. 3, p. 296-299, 2008.