universidade federal do recÔncavo da bahia · 2018-09-25 · destarte, no primeiro capitulo...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA
CENTRO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES
ELZA SANTOS
EPISTEMOLOGIA DO AFETO
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
AMARGOSA
2017
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ELZA SANTOS
EPISTEMOLOGIA DO AFETO
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de
Licenciatura em Filosofia do Centro de Formação de
Professores da Universidade Federal do Recôncavo da
Bahia, como requisito parcial para a obtenção do título de
licenciada em Filosofia.
Orientador (a): Prof. Dr. Emanoel Roque Soares
AMARGOSA
2017
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ELZA SANTOS
EPISTEMOLOGIA DO AFETO
Este TCC foi apresentado no CFP da UFRB, em Amargosa, BA, no dia 06 de
abril de 2017.
___________________________________________________________
Prof. Dr. Emanoel Roque Soares (UFRB)
___________________________________________________________
Profª. Drª. Denise Magalhães
__________________________________________________________
Prof. Dr. Ricardo Henrique Andrade
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“Os sentimentos modificam o pensamento, a ação e o entorno; A ação modifica o
pensamento, os sentimentos e o entorno; o entorno influi nos pensamentos, nos sentimentos e
na ação; os pensamentos influem no sentimento, na ação e no entorno.”
José Antonio Marina
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AGRADECIMENTOS
À Deus,
Que nunca me deixou só nos momentos difíceis. Que através de sua presença no próximo
transmitiu a luz da sabedoria, a fé e a coragem e acima de tudo agradecer pela vossa
misericórdia derramada sobre mim para que pudesse chegar com êxito ao final de mais uma
caminhada.
À minha família,
Meu sincero agradecimento pela dedicação e pelo exemplo não saberia exprimir em palavras
o especial carinho e minha eterna gratidão.
Aos colegas e amigos,
Até aqui viajamos juntos. Passaram vilas e cidades, cachoeiras e rios, bosques e florestas. Não
faltaram os grandes obstáculos. Frequentes foram as cercas, ajudando a transpor abismos. As
subidas e descidas foram realidade sempre presente. Juntos, percorremos retas, nos apoiamos
nas curvas, descobrimos cidades. Chegou o momento de cada um seguir viagem sozinho. Que
as experiências compartilhadas no percurso até aqui sejam a alavanca para alcançarmos a
alegria de chegar ao destino projetado. A nossa saudade e a nossa esperança de um reencontro
aos que, por vários motivos, nos deixaram, seguindo outros caminhos. Obrigado a todos que
contribuíram direta e indiretamente para que este momento se tornasse real, agradeço em
especial a Daiane soares e Eliene Silva que comigo dividiram as dificuldades e os méritos
desta conquista. Meninas uma despedida é necessária antes que possamos nos encontrar
novamente. Que nossas despedidas sejam um eterno reencontro.
Aos professores,
Guardo comigo a certeza de nossa amizade e o reconhecimento pelo carinho e dedicação em
compartilharem comigo o seu saber. E de forma especial ao meu orientador Emanuel Soares.
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RESUMO
Este Trabalho de Conclusão de Curso aborda a importância da afetividade na relação
professor-aluno no contexto de sala de aula. Sabe-se que a afetividade é um dos fatores
indispensáveis ao desenvolvimento integral do aluno. A aprendizagem começa nos primeiros
momentos da vida da criança e segue por toda vida. A criança vai para escola com uma
bagagem afetiva com base no que ela vivenciou com seus pais. Portanto, a relação afetiva e a
cognitiva caminham juntas em sala de aula e o professor deve proporcionar ao aluno uma
ação educativa que favoreça o seu crescimento intelectual e emocional, tornando o processo
ensino-aprendizagem um momento de encantamento e de integração social. Assim, espera-se
que os estudos feitos aqui possam corroborar com a prática pedagógica e servir de
instrumentos ao processo educacional.
Palavras-chaves: Afetividade. Ensino-aprendizagem. Relação professor-aluno.
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO . ...................................................................................................................7
2. AFETIVIDADE EM ROUSSEAU..............................................................................10
2.1 Emilio ou Da Educação....................................................................................................12
2.2 A condição humana no estado de natureza...............................................................15
3. AFETIVIDADE EM PIAGET ...................................................................................19
3.1 A afetividade e a aprendizagem ...............................................................................19
3.2 A relação professor-aluno em sala de aula ..............................................................22
4. Considerações Finais ...............................................................................................28
5. Referências............................................................................................................... 30
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1. INTRODUÇÃO
Estamos vivenciando a era da tecnologia em que temos acessos a inúmeros serviços e
informações desenvolvidos para facilitar nossas atividades diárias. Ao mesmo tempo,
contudo, podemos perceber um maior afastamento entre as pessoas, que dão preferência ao
entretenimento virtual, ocupando o seu tempo com aparelhos eletrônicos em detrimento das
relações humanas, aquelas que verdadeiramente contribuem no nosso autoconhecimento, na
compreensão dos nossos sentimentos e conflitos interiores. Assim sendo, os espaços da
educação formal é um lugar privilegiado no que tange a interação entre os indivíduos por
instigar e proporcionar as relações interpessoais, pelo encontro diário entre pessoas que
objetivam a construção do saber, do conhecer e do dialogar. Além disso, passamos a maior
parte da nossa vida na escola, onde vivenciamos experiências extremamente significativas no
processo de construção da nossa identidade, da nossa vida social e afetiva.
Dito isto, o que pretendemos apresentar é a importância da comunicação, da relação
humana, do diálogo e, sobretudo, do afeto no desenvolvimento das nossas capacidades
cognitivas, no processo de construção do nosso conhecimento, no reconhecimento daquilo
que somos e de tudo aquilo que faz parte do mundo em que habitamos. Defenderemos ainda,
o quanto o resultado daquilo que nos tornamos pode ser influenciado pelas experiências
vividas durante o nosso processo educativo. Em outras palavras, a educação tem um papel
fundamental na formação do nosso conceito de mundo e se esse conceito será positivo ou
negativo vai depender de como vivenciamos a sociabilidade, o respeito, o acolhimento, os
estímulos, a interação entre professor e aluno, enfim se há ou não afetividade. Destarte, de
acordo com o dicionário filosófico a palavra afeto
Designa o conjunto de atos ou de atitudes como a bondade, a benevolência,
a inclinação, a devoção, a proteção, o apego, a gratidão, a ternura, etc, que,
no seu todo, podem ser caracterizados como a situação em que uma pessoa
“preocupa-se com” ou “cuida de” outra pessoa ou em que esta responde,
positivamente, aos cuidados ou a preocupação de que foi objeto
(ABBAGNANO, 2007, p. 21).
Nesse sentido, mais que uma variedade do amor, o afeto é uma necessidade, pois
sentimos sua ausência, necessitamos de proteção, acolhimento, compreensão, atenção, ou
seja, de um ambiente em que podemos sentir a segurança daqueles que estão a nossa volta,
daqueles que constituem nosso ciclo de relacionamento. É nessa perspectiva, que
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abordaremos a afetividade como possuidora de importância fundamental no
desenvolvimento cognitivo da criança.
Nossa proposta visa defender que um ambiente baseado sob o vinculo mútuo da
benevolência, da simpatia, do apreço, da estima e da afeição, provavelmente propiciará uma
melhor integração entre os envolvidos no processo educacional e, consequentemente, um
melhor aprendizado. Não obstante, quando fazemos menção a aprendizagem não temos em
mente a transmissão de determinados conteúdos transmitidos de um indivíduo para outro,
antes nos referimos à aprendizagem no tocante as relações humanas, àquilo que somos
enquanto seres gregários, possuidores de sentimentos e emoções contraditórias que precisam
ser balanceadas no decorrer da nossa existência.
Desta forma, os educadores não podem negligenciar que o fator afetivo contribui
significativamente no crescimento, amadurecimento e adaptação do educando ao mundo
coletivo. O que significa que devemos ter em mente que nossas emoções podem se constituir
como estimulo tanto positivo, quanto negativo no decorrer do nosso percurso educacional.
Como parte integrante daquilo que somos e como nos relacionamos, o afeto é
imprescindível na construção dos vínculos que serão estabelecidos durante o processo de
ensino aprendizagem e, por conseguinte, ampliados nas demais esferas das relações
humanas.
Um ambiente educacional construído a partir de sentimentos primitivos como
hostilidade, agressividade, ameaça e constrangimentos podem inibir as aspirações daqueles
que estão em processo de construção da compreensão dos significados da vida. Assim sendo,
é vital que o ambiente educacional deva ser desenvolvido de tal forma que proporcione ao
educando a sensação de segurança, tranquilidade, proteção e cuidado. Isto posto, irá
possibilitar o pleno desenvolvimento da autoconfiança do educando, permitindo o
desbravamento do mundo a sua volta, a fim de que ele disponha dos enriquecedores
aprendizados das experiências emocionais na vivência gregária, sem ter o enriquecimento do
seu mundo interior podado ou a inibição da descoberta dos diversos sentidos que nos levam a
desejar e construir um mundo melhor.
Dito isto, tendo como base grandes pensadores como Jean Piaget e Jean-Jacques
Rousseau este trabalho monográfico apresentará o tema da afetividade, tendo como enfoque
principal a relação entre professor e aluno.
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Destarte, no primeiro capitulo apresentaremos as ideias do filósofo suíço-francês Jean-
Jacques Rousseau, no que tange a educação, buscando ver nas entrelinhas como aparece a
afetividade nos textos que tratam da educação, principalmente nos escritos do “Emilio” e
“Projeto para educação do senhor de Sainte-Marie”. Assim sendo, buscamos mostrar como
Rousseau pensa a educação com base na relação estabelecida entre o educador e o educando
tendo em vista a afetividade.
Por sua vez, no segundo capítulo da presente monografia, apresentaremos como esta
relação é apresentada pelo filósofo suíço Jean Piaget, sobretudo a base sobre a qual se
constrói o conhecimento racional dentro da realidade social em que estão inseridos e os
principais distúrbios que interferem na aprendizagem dos alunos. Segundo Piaget, a
afetividade é um dos fatores indispensáveis para o desenvolvimento intelectual. As junções
afetivas dizem respeito à necessidade de expressão e sua finalidade. Apesar de distinguir as
funções de conhecimento, da representação e da afetividade, estas se desenvolvem de forma
interdependente, indissociável e complementar. É sob este prisma que no sistema teórico de
Piaget a afetividade se apresenta.
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2. CAPÍTULO I
A AFETIVIDADE EM ROUSSEAU
Pretendemos neste capitulo apresentar as ideias do filósofo suíço-francês Jean-Jaques
Rousseau no que tange a educação. Buscamos ver nas entrelinhas como aparece a afetividade
nos textos que tratam da educação, especificamente nos escritos do Emilio e Projeto para
educação do senhor de Sainte-Marie. Nessa esteira, investigaremos como Rousseau projeta o
processo educativo que, de antemão, tem por base a relação estabelecida entre o educador e o
educando. Assim sendo, nosso caminho investigativo buscou não perder de vista o papel da
afetividade no cerne dessa relação.
É preciso ter em mente que no “Projeto para a educação do Senhor de Sainte-Marie” é
apresentado uma proposta de educação especifica para uma criança determinada, é uma
espécie de sistematização do processo educativo que será seguido para educar os filhos do Sr.
Jean Bonnot de Mably1. Nesse projeto o educador ou mestre como o filósofo prefere utilizar,
desenvolve um papel importantíssimo no desenvolvimento do educando e esse papel,
podemos observar, necessita de um relacionamento que tenha como pressuposto uma
aproximação afetiva, por assim dizer.
Assim como a relação entre pai e filho é estabelecida sob sentimentos recíprocos de
afeto e reconhecimento, por parte do filho, da autoridade da figura do pai. Da mesma forma, o
mestre e o educando devem estabelecer um relacionamento de mútua correspondência afetiva.
E igualmente deve o jovem, que está sendo educado, reconhecer no educador uma espécie de
autoridade. Disto segue que a figura do mestre exerce um papel fundamental no processo
educativo, tal como afirma Rousseau:
Um mestre deve ser temido; é preciso para tanto que o aluno esteja bem
convencido de que ele está no direito de puni-lo: mas deve sobretudo ser
amado, e que meios tem um governante de se fazer amar por uma criança a
quem ele nunca tem a propor senão ocupações contrárias ao seu gosto, se
não tiver, por outro lado, poder para conceder-lhe esporadicamente pequenos
agrados que quase nada custam em despesas ou perda de tempo, e que não
deixam , se oportunamente proporcionados , de causar profunda impressão
numa criança, e de ligá-la bastante a seu mestre (ROUSSEAU, 1994, P.23).
1 Em 1740, Rousseau foi convidado por Jean Bonnot de Mably para ser o preceptor dos seus filhos François
(Saint-Marie) de 5 anos de idade e Jean (Condillac) de 4 anos.
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O processo pedagógico elaborado aqui é rígido e com regras bem estabelecidas.
Estas regras, contudo, podem ser negociadas entre mestre e aluno. Essa negociação configura-
se, sobretudo, como uma forma de recompensar o educando pela sua dedicação aos estudos e
pela sua boa conduta. Dito de outra forma, o mestre deve ser amado, mesmo tendo que impor
regras e disciplina ao jovem e a forma como ele irá conquistar seu aluno será dosando as
regras com algumas regalias. Em outras palavras, deve-se utilizar o bom senso para equilibrar
a rigidez da disciplina com a compensação de bônus pelo cumprimento das ordens
estabelecidas.
Outro aspecto observado na obra acima citada, no que tange a proposta pedagógica
do nosso filósofo é que ele se posiciona de forma contrária ao método de maus-tratos, como
por exemplo, com palmadas. Isso pode ser observado na descrição feita por Rousseau do
relacionamento entre o educando e as pessoas que o rodeiam. O gosto pelos estudos de forma
alguma será adquirido por meios violentos. A repulsa aos estudos que por ventura venha a
surgir é proveniente do fato do momento dedicado aos estudos significar o afastamento das
crianças dos momentos de lazer. Durante a infância as brincadeiras significam a maior fonte
que proporciona satisfação e enquanto o infante estiver ocupado com as atividades educativas
estará longe das horas mais divertidas da sua vida.
Já a violência não deve ajudar em nada, expliquei anteriormente o motivo:
mas para que isto volte a ele naturalmente, é preciso remontar até às raízes
desta antipatia. Essas raízes estão no gosto excessivo pela indisciplina que
ele adquiriu brincando com seus irmãos e sua irmã, que faz com que ele não
possa suportar ser afastado deles um instante sequer, e que tome aversão a
tudo o que produza este efeito: pois , por outro lado , estou convencido de
que ele não sente nenhum ódio pelo estudo em si, e que até existem nele
aptidões que prometem muito (ROUSSEAU, 1994, p. 75).
De antemão, podemos afirmar que a educação elaborada por Rousseau não é
conteudista, mas disciplinadora. A sua eficiência não está ancorada no acúmulo de
conhecimentos enciclopédicos, mas sim na conservação dos bons costumes e,
consequentemente, na repreensão dos maus hábitos adquiridos no convívio social. Nesse
“Projeto para educação do senhor de Sainte-Marie”, o filósofo aduz que o processo
pedagógico deve pretender o pleno desenvolvimento da dimensão humana, e assim, propõe
para a educação de um jovem formar-lhe o coração, o juízo, e o espírito seguindo essa ordem
respectivamente.
As primeiras aprendizagens acontecem no contato direto com a natureza que, por
assim dizer, é o primeiro mestre. É nesse momento que começa o processo de formação do
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coração, o que significa que é preciso preservar as virtudes da criança dos possíveis danos
causados pelo contato com ações humanas corruptíveis. Essa fase também inclui o processo
de autoconhecimento e controle das paixões. Contudo, a convivência social igualmente é
essencial, até porque a sua proposta é de preparar o jovem para ser integrado a sociedade, ou
seja, para ser cidadão. Apesar de ressaltar a importância do aprendizado com a natureza, a
razão é um elemento essencial na formação do jovem:
A retidão do coração, quando fortalecida pelo raciocínio, é a fonte da justeza
do espírito; um homem de bem quase sempre pensa justamente, e quando se
é acostumado desde a infância a não desconsiderar a reflexão e a só se
entregar ao prazer presente depois de ter ponderado suas conseqüências e
pesado as vantagens e os inconvenientes, se possui, com um pouco de
experiência, quase todo o cabedal necessário para formar o entendimento.
Parece, com efeito, que o bom senso depende mais ainda dos sentimentos do
coração do que das luzes do espírito, e constata-se que as pessoas mais
sábias e mais esclarecidas nem sempre são aquelas que se comportam
melhor nos assuntos da vida (ROUSSEAU,1994, p.60).
2.1 Emilio ou Da Educação
No Emilio por sua vez, temos uma obra elaborada, abrangente e universal, vale
ressaltar que Emilio é um personagem imaginário, e que não é nosso objetivo descrever
detalhadamente todos os passos do processo educativo desse tratado, mas tão somente elencar
alguns aspectos de sua proposta de educação. Assim como “Projeto para educação do senhor
de Sainte-Marie”, no “Emilio” ou “Da Educação”, o filósofo fala do cuidado em não tornar o
mestre, diante do educando, uma autoridade despótica, além disso, as regras e disciplina
necessárias para o processo formativo não deve retirar da criança o prazer e o gozo
proveniente dessa fase da vida, qual seja, a infância.
Amai a infância; favorecei suas brincadeiras, seus prazeres, seu amável
instinto. Quem de nós não teve alguma vez saudade da sua época em que o
riso está sempre nos lábios, e a alma está sempre em paz? Por que quereis
retirar desses pequenos inocentes o gozo de um tempo tão curto que se lhes
foge, de um bem tão precioso, de que não poderiam abusar? Por que quereis
encher de amargura e de dores esses primeiras anos tão velozes, que não
mais voltarão para ele, assim como não voltarão para vós? (ROUSSEAU,
2004, p.72)
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A partir desse momento faremos um breve panorama das fases trabalhadas por
Rousseau na sua proposta de educação, destacando as características que distinguem cada fase
da vida de Emílio.
Dito isto, a primeira frase descrita é a que vai do nascimento aos dois anos de idade;
sendo assim, de acordo com as características biológicas a criança nasce plena de bondade e,
desta forma, ela necessita de cuidados e proteção para que seu desenvolvimento ocorra de
maneira saudável, contudo, esses cuidados devem ser dosados de tal forma que não
comprometa o seu desenvolvimento espontâneo e natural. Para que isso ocorra o adulto, que
tem a função de ser o mediador deve suprir as necessidades da criança, a fim de evitar o
surgimento dos vícios que podem prejudicar sua formação.
Nascemos sensíveis e, desde o nascimento, somos afetados de diversas
maneiras pelos objetos que nos cercam. Assim que adquirimos, por assim
dizer, a consciência de nossas sensações, estamos dispostos a procurar ou a
evitar os objetos que as produzem, em primeiro lugar conforme elas sejam
agradáveis ou desagradáveis, depois, conforme a conveniência ou
inconveniência que encontramos entre nós e esses objetos e, enfim,
conforme os juízos que fazemos sobre a ideia de felicidade ou de perfeição
que a razão nos dá (ROUSSEAU, 2004, p.10).
O papel da educação, na idade da natureza ou segunda infância, é favorecer o contato
direto com a natureza sensível onde a criança poderá exercitar livremente o seu corpo estando
em contato direto com as provações da natureza. Feito dessa forma, o desenvolvimento de
suas habilidades ocorrerá adequadamente através de sua própria experiência onde ela adquire
consciência de suas capacidades e limitações. A criança deve conhecer suas fraquezas sem,
contudo, sofrer; uma vez que seu desenvolvimento cognitivo deve ser constituído segundo
tais capacidades. Em contato direto com a natureza a criança vivenciará as provações e
diversidades que lhes tornará preparada para enfrentar tais dificuldades, assim aprenderá a
cultivar as boas coisas. O objetivo dessa fase é aprimorar os sentidos e fortalecer o corpo, a
fim de que a criança possa vivenciar suas capacidades naturais, desfrutando cada momento
dessa etapa da vida que possui manifestações particulares.
Já na idade da força que é dos 12 aos 15 anos a imaginação está em pleno
desenvolvimento, assim sendo, por meio dos efeitos do contato direto com natureza, a criança
conhece a relação existente entre necessidade, sentidos e sentimentos que serão os meios para
a educação intelectual onde será capaz de transpor da necessidade para a utilidade.
No “Emílio” o mestre aparece como um governante, uma vez que Rousseau prefere
esse termo ao invés de preceptor, pois trata-se mais de conduzir do que instruir. Nessa obra
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podemos perceber que o filósofo é enfático ao demonstrar que a relação entre o educador e o
educando é mais importante do que uma dita transmissão de saber. Em outras palavras, no
relacionamento diário entre professor e aluno o que deve ser tratado é antes o relacionamento
em si e não um conteúdo a ser transferido para aquele que é “despossuído de conhecimento”.
Nas etapas finais do processo educativo descrito pelo filósofo é dos 15 aos 20 anos,
onde a formação pedagógica, que até então tinha como pressuposto fortalecer o corpo e
refinar os sentidos, assume nessa fase, que é a idade da razão, o compromisso com as questões
dos sentimentos e das paixões que constituem a base da racionalidade e da moralidade. Assim
sendo, a educação deve proporcionar estruturas que favoreçam que o educando assuma a
responsabilidade para que alcance autonomia e assim possa exercer suas capacidades morais,
tais como, a bondade e a justiça.
Por sua vez, dos 20 aos 25 anos caracteriza-se por ser a idade da sabedoria, Emílio
alcançando a fase adulta já deve ter desenvolvido as habilidades corporais e intelectuais
necessárias para alcançar a independência e prover de seu próprio sustento. Nessa fase está
apto para fazer uso dos juízos e julgamentos morais, políticos e sociais, ou seja, está
preparado para assumir o seu papel de cidadão podendo construir laços matrimoniais com
Sofia2 para juntos formarem uma família.
Do que foi exposto podemos afirmar que de acordo com Rousseau a educação deve
ter em vista a vida da própria criança – e isso justifica-se uma vez que é ela o objeto e a fonte
da educação -, e não deve objetivar prepará-la ou modelá-la para a vida futura, pois uma vez
que os educadores tem essas pretensões isso poderá ser danoso ao desenvolvimento do
educando. Aquilo que a criança poderá se tornar deve ser o resultado de um processo,
auxiliado pelo mestre, que visa o seu desenvolvimento a partir da sua vivencia concreta, o que
perpassa as suas necessidades, os seus sentimentos, pensamentos e impulsos.
Não obstante, não prega que é necessário abandonar o educando à mercê dos
instintos. O processo educativo é o acompanhamento de todas as fases da vida do educando.
Destarte, a educação é permanente, é um processo de desenvolvimento, físico e intelectivo,
sentimental e racional. De forma alguma, o aluno deverá ser visto como um adulto em
2 O livro V do “Emílio” é dedicado a educação feminina que é representada pela figura de Sofia. A esta cabe o
papel de ser a mãe zelosa que faz o elo entre o pai e os filhos, além disso, os costumes, paixões, gostos, prazeres
e felicidade dos filhos são atributos provenientes dela. A proposta educacional para Sofia é diferenciada da de
Emílio, enquanto ele é educado pelos preceitos da razão, ela é considerada como despossuída de capacidade para
se envolver com as coisas da ciência. Em suma, seu papel social é meramente de esposa e mãe.
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miniatura, todas as fases da sua vida deve ser respeitada, a brincadeira, o contato com a
natureza, as suas primeiras descobertas são tão importantes quanto as responsabilidades da
vida adulta. Tudo dependerá, para ocorrer na medida certa, da forma como será conduzido
pelo orientador.
2.2 A condição humana no estado de natureza
Chegamos a um ponto em que achamos necessário apresentar alguns elementos
conhecidos que caracterizam a filosofia de Jean-Jacques Rousseau para melhor
fundamentarmos nosso tema de pesquisa. Para tanto, faremos uso de algumas afirmações que
podem ser encontradas na obra “O Contrato Social”, em que Rousseau afirma que “o homem
nasce livre e por toda parte ele está agrilhoado (ROUSSEAU, 1999, p.9)”. Afirmação essa
que evidencia seu pensamento filosófico no que diz respeito a dicotomia em que o homem se
encontra em estado de natureza e vivendo em estado social.
O filósofo genebrino nos conduz a pensar, hipoteticamente, um estado natural em
que o homem se encontrava antes da convivência em sociedade, portanto contrário à História.
Nesse estado, ele concebe o homem privado de toda e qualquer característica adquirida na
vida em sociedade. Assim, descreve o homem natural como sendo solitário, independente,
preocupado apenas com o minuto presente, levando uma vida de ociosidade, tranquilidade e
inocência. Em suma, no estado de natureza o homem é um animal que vive em perfeita
harmonia com a natureza, sendo a mesma fonte de tudo que é necessário para sua
conservação.
Entretanto, é preciso salientar que há duas características que distingue o homem dos
outros animais, qual seja, a perfectibilidade e a liberdade. A primeira diz respeito a
capacidade da pessoa humana de se aperfeiçoar, aprender e evoluir; ela se desenvolve através
das circunstâncias e é acionada inconscientemente. A liberdade por sua vez, é a faculdade que
confere ao homem o poder de escolher, desejar e querer.
Assim sendo, podemos perceber que no estado natural não há leis ou qualquer tipo de
convenção, o homem vive livre, sem regras, acordos, laços afetivos ou qualquer tipo de
consciência moral. É guiado apenas pelo instinto de auto conservação, que por sua vez é
denominado por Rousseau como amor de si. Aqui podemos questionar se esse instinto não
levaria os homens a entrarem num estado de guerra de todos contra todos. Contudo, Rousseau
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argumenta que o amor de si não é uma aptidão egoísta, porque esta é regulada pelo princípio
de piedade que se caracteriza pela repulsa em ver o sofrimento alheio.
Ao sair do estado natural, saída esta que ocorre quando a perfectibilidade é posta em
ação, a condição humana é alterada decorrendo daí todos os males que afligem a humanidade.
O amor de si perde espaço para o amor-próprio. Este último, por sua vez, prevalecerá na
vivencia em comunidade, dando espaço para surgir os conflitos, as desigualdades e todos os
tipos de infortúnios existentes.
A partir deste momento faz-se necessário, para manter a ordem e a boa convivência,
o surgimento de leis que regulem a vida em sociedade para que o caos não se estabeleça. Por
isso é necessário que haja o contrato social para garantir a existência da liberdade no estado
civil.
Disto segue que a corrupção no coração do homem é atribuída tão somente à
sociedade. Pois, em estado natural o coração humano está livre de todo tipo de perversidade.
Nesse contexto o papel da educação é preparar o homem para o convívio em sociedade,
buscando afastá-lo dos comportamentos indesejáveis. E isso comporta a educação integral,
tanto no que diz respeito à razão, quanto aos sentimentos, tanto a parte física, quanto ao que
diz respeito ao intelecto.
Nesse sentido a liberdade a pouco mencionada deve ser bem orientada para que não
sucumba a uma liberdade desordenada. A criança deve ser bem conduzida através das leis
estabelecidas na sociedade, a fim de evitar que ela se corrompa a qualquer vício. Se bem
orientada a criança terá todas as suas potencialidades direcionada ao caminho que conduzirá
ao amor pela conservação do bom convívio em sociedade, os seus instintos terá o devido
amadurecimento e, consequentemente, o pleno desenvolvimento da razão, que por sua vez
deve ser a principal responsável para conduzir a vida social.
Em síntese, a educação na proposta de Rousseau tem por objetivo evidenciar a
superioridade da razão. Esta em nada tem a ver com transmissão de informações ou com
moldar a natureza da criança, enquadrá-la em padrões de formas de pensamento, de ação e
sentimento. Antes, é um misto de natureza e vida social, em que uma deve trabalhar em
beneficio da outra, ambas devem formar um conjunto presente em todos os momentos do
desenvolvimento humano de forma uníssona. O que irá culminar no homem integral, em que
razão e sentimento estão bem orientados para o mantenimento do bem comum, para a boa
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condução da ordem dos pilares da sociedade civil. Ou seja, é o caminho para uma sociedade
harmônica, livre de competições egoístas e disputas caóticas.
Podemos pensar com a atualização do pensamento de Rousseau, aprender com seus
ensinamentos pedagógicos e filosóficos que a educação em nada tem a ver com a
mecanização institucional do conhecimento, antes o significado que deve ser atribuído ao ato
de educar diz respeito a construção de sentidos direcionados a formação humana, a existência
integral do homem enquanto ser social e gregário. Com seus escritos aprendemos a
importância de refletir as dimensões humanas que devem ser o cerne da formação de cada
indivíduo.
As contribuições da sua proposta educacional para os dias de hoje são extremamente
significativas e necessárias. Chama a nossa atenção para as especificidades e complexidade do
ser homem em constante desenvolvimento físico e psíquico, e, por isso necessita de um
acompanhamento adequado para que este possa expandir suas potencialidades da melhor
maneira, tanto no âmbito do individuo quanto no âmbito do coletivo.
Assim sendo, o ato de educar deve se constituir a todo o momento como um processo
livre e natural que precisa de condução, a fim de proporcionar as condições adequadas para
um desenvolvimento que possa se aproximar cada vez mais da perfeição. Nesse sentido, o
papel da afetividade funciona como elemento que confere sentido ao trabalho pedagógico,
uma vez que educar é cuidar, regar, acompanhar, seguir, estimular. É dessa maneira que
percebemos que o afeto está presente na contribuição do processo formativo do indivíduo e,
por conseguinte, é indispensável na prática daqueles que educam.
Por conseguinte, nosso objetivo foi elencar alguns aspectos que podem evidenciar
que o projeto de educação proposto por Rousseau, nos textos aqui citados, estabelecem regras
rígidas que exigem que o mestre imponha disciplina a seus educandos, mas ao mesmo tempo
mostra, mesmo que de maneira implícita, que esse relacionamento entre professor e aluno
deve ser mantido sob uma base afetiva. O aluno deve reconhecer a autoridade daquele que é
responsável pela sua educação formal, mas deve também reconhecer o bem a que as lições do
mestre visam. E ao ser contra qualquer tipo de violência, maus-tratos e sofrimento no decorrer
do processo educativo, deixa brechas para pensarmos que os sentimentos afetivos são
fundamentais para o pleno desenvolvimento do cidadão.
Além disso, acreditamos que a interação entre o educador e o educando será mais
eficiente e significativa se ocorrer num ambiente prazeroso, rico em diálogo e de afetividade
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recíproca. Da mesma forma, a depender do contexto criado, a relação entre mestre e aluno
poderá se estabelecer com afastamento e criar uma resistência intransponível para o diálogo, o
que dificultará qualquer tentativa de comunicação.
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3. CAPÍTULO II
A AFETIVIDADE EM PIAGET
Criador da Epistemologia Genética, Piaget foi um pesquisador cuja principal
preocupação era o desenvolvimento humano e seu objeto de estudo centrava-se no
pensamento lógico-matemático, também entendido como sinônimo da inteligência e de
estrutura cognitiva, reconhecendo que a afetividade é o agente motivador da mesma. Não há
comportamento cognitivo puro, como não há comportamento afetivo puro. Em cada caso, o
comportamento tem influencia da afetividade.3
Pretendemos neste capítulo mostrar que o conhecimento implica a ação sobre os
objetos, mas essa ação nunca é puramente cognitiva, pois nela intervêm em graus diversos a
afetividade, os interesses e os valores. No ato de conhecer e em todo comportamento humano,
a afetividade e a inteligência estão sempre presentes. Para Piaget, a afetividade e inteligência
são dois aspectos indissociáveis de uma mesma ação. Assim, quando se trata de avaliar o
domínio dos afetos, nada parece haver de muito enigmático: a afetividade é comumente
interpretada como uma “energia”, portanto como algo que estimula as ações. O
desenvolvimento da inteligência permite, sem dúvida, que a motivação possa ser despertada
por um número cada vez maior de objetos ou situações. Todavia, ao longo desse
desenvolvimento, o principio básico permanece o mesmo: a afetividade é a mola propulsora
das ações.4
3.1 A Afetividade e a aprendizagem
Piaget, sempre direcionou estudos que enfatizavam a importância da relação de
afetividade entre pais, educadores e educandos para o desenvolvimento de processos
construtivos como mediadores para um desenvolvimento cognitivo afetivo das crianças.
Pretendemos mostrar, aqui, que tais práticas em sala de aula podem contribuir para que a
criança ou o jovem tenha uma vida social com interação e relação com a comunidade que está
3 Conf. PIAGET, 1999, p.30
4 Conf. LA TAILLE, 1992, p.65
20
inserida. A inserção nas atividades sociais, tornarão mais interessantes e eficazes as relações
humanas na sociedade em que se vivi, pois são fundamentais na relação comportamental do
indivíduo com relação ao aprender. Dirá-nos então Piaget que:
A vida afetiva, como a vida intelectual é uma adaptação contínua e as duas
adaptações são, não somente paralelas, mas interdependentes, pois os
sentimentos exprimem os interesses e os valores das ações, das quais a
inteligência constitui a estrutura. (PIAGET, 1999, p. 27)
Ainda em diálogo com Piaget podemos dizer que é o relacionamento interpessoal
que fará do indivíduo um ser social. Assim, é indispensável a troca de valores sociais e
afetivos entre as crianças e aqueles com os quais elas convivem, pois tanto as emoções,
quanto os sentimentos e os desejos, são revelações da vida afetiva e devem ser estimulados.
O processo de aprendizagem se dá por meio de interações interpessoais constantes,
ou seja, é por meio do contato com o outro que o indivíduo molda seus pensamentos e ações,
construindo assim novos conhecimentos. Aqui é importante salientar o fato de que a questão
da afetividade irá aparecer em Piaget relacionada com a inteligência, sendo impossível pensa-
las separadamente, pois incidem mutuamente no desenvolvimento psicológico. Assim, não é
possível explicar os comportamentos através da separação de ambas. Isso, no entanto, não
quer dizer que a afetividade e a inteligência possuem a mesma natureza, pelo contrário,
segundo Piaget, a afetividade não está direcionada apenas aos sentimentos ou emoções, mas
também possui relação direta com as tendências e a vontade. Assim somos levados a inferir
que:
A inteligência e a afetividade são diferentes em natureza, mas indissociáveis
na conduta concreta da criança, o que significa que não há conduta
unicamente afetiva, bem como não existe conduta unicamente cognitiva. A
afetividade interfere constantemente no funcionamento da inteligência,
estimulando-o ou perturbando-o, acelerando-o ou retardando-o. (PIAGET
apud SOUZA, 2003, pag. 57)
A afetividade não modifica as estruturas da inteligência, sendo somente o elemento
energético das condutas. Em todo processo de relação afetiva o sujeito precisa do auxilio da
cognição. Assim torna-se evidente que com a ausência do afeto não haverá interesses e
pensamentos, em vista disto o afeto é a mola propulsora das ações. O desenvolvimento da
inteligência e da afetividade é sem duvida a motivação que será despertada por objetos ou
situações de desejos e sentimentos. Compreende-se que o individuo é um ente sociável, que
interage entre si:
21
Relações entre afetividade da primeira inteligência e o desenvolvimento
metal da criança a principio a inteligência estabelece os sentimentos próprios
do individuo que segue os processos dos mesmos; a segunda estabelecem
relações reciprocas afetivas entre sujeitos. (PIAGET, 1990, p. 61)
Em vista disto, os sentimentos amor-afetividade alicerçado deste o nascimento entre
mãe e filho. O desenvolvimento que constitui o enriquecimento afetivo da criança fazendo
notar-se que este desenvolvimento afetivo é continuado, onde a constituição dos sentimentos
está de modo direto ligado aos valores e aperfeiçoamento á sociedade. De acordo com Piaget,
os sentimentos interindividuais são edificados com a colaboração do outro e os
interindividuais são processados com o auxilio dos outros seres, sendo a permutação entre si.
O desenvolvimento da inteligência permite, sem dúvida, que a Motivação
possa ser despertada por um número cada vez maior de objetivos ou
situações. Todavia, ao longo desse Desenvolvimento, o princípio básico
permanece o mesmo: a afetividade é a mola propulsora das ações, e a razão
está ao seu serviço (DE LA TAILLE, 1992, p:65).
A partir desta citação somos levados a inferir que a afetividade constitui uma
importante parte funcional do nosso psicológico e da estrutura dos conhecimentos cognitivos;
as construções intelectuais são permeadas simultaneamente pelo aspecto afetivo. Piaget
salienta o quanto os nossos afetos podem se manifestar em forma de emoções ou sentimentos.
Piaget demonstra em sua teoria que a afetividade pode levar a aceleração ou
retardamento das estruturas cognitivas, mas não é a causa da formação delas. O presente
afetivo é determinado pelo histórico emocional vivido pelo sujeito e considera todas as ações
da criança inteligentes, independentemente dos níveis de desenvolvimento. Então, pode-se
dizer que toda criança é capaz de executar, de estabelecer relações com o outro a partir de sua
habilidade estrutural. O termo estruturado dentro desta teoria refere-se aos níveis de
desenvolvimento que a criança estabelece no percurso de sua maturação biológica em
consonância com a estruturação cognitiva. A afetividade, portanto, assume uma notável
dimensão neste complexo processo estrutural da inteligência. De acordo com Piaget as
estruturas,
[...] são variáveis e serão as formas de organização da atividade mental, sob
um duplo aspecto: motor ou intelectual de uma parte, e afetivo de outra, com
suas dimensões individual e social. (PIAGET, 1999, p. 13)
No livro “Psicologia na Educação” (1994), as autoras Claudia Davis e Zilma de
Oliveira fazem alusão à importância das ligações afetivas para o desenvolvimento e
aprendizado sadio da criança. Segunda as autoras, ao nascer, um bebê traz consigo
predisposições para interação e estruturas orgânicas que levam a privilegiar estímulos do
22
meio. Deste cedo o recém-nascido consegue distinguir a voz de outros sons presentes no
ambiente, além de orientar-se pelos traços do rosto humano colocado á sua frente. Porém, as
estruturas perceptuais são ativadas pelas ações dos adultos, ocasionando assim, uma
interdependência comportamental entre o adulto e o bebê.
É nessa relação com os adultos que se inicia a construção dos esquemas (perceptuais,
motores, cognitivos, linguísticos) e de sua afetividade. Portanto, é através da interação com os
indivíduos mais experientes no seu meio social que a criança constrói suas funções mentais
superiores e forma sua personalidade.
3.2 A Afetividade na Relação Professor-aluno
Sabemos que o processo de aprendizagem se dá através do interesse mútuo, de
forma contextualizada. Quando essa aprendizagem se dá num contexto de imaginação e
ludicidade, os ganhos para a educação são enormes, visto que o processo educativo fica
completo: o aluno apreende os conhecimentos e o professor é respeitado e admirado.
Quando a relação é sadia ambos saem ganhando, pois sedimenta o conhecimento sob
uma base de relação prazerosa. No entanto, uma relação entre professor e aluno pode também
ocorrer de forma negativa. Quando isso ocorre, os prejuízos são visíveis, tanto no contexto de
sala de aula quanto nos resultados finais da aprendizagem. Com isso a sociedade sai perdendo
porque o processo de formação do cidadão pleno fica comprometido e isso influirá na sua
vida futura no meio social.
Uma aprendizagem afetiva favorece o relacionamento entre professor e aluno que,
num processo de interação do aprendizado, possibilita o desenvolvimento intelectual dos
alunos com mais interesse e responsabilidade. A sala de aula é o espaço onde acontecem todas
as experiências vivenciadas pelos alunos e professores, é onde se dá traços mútuos de carinho
e afeto. Esses desafios causam grande impacto na aprendizagem de aluno, pois promovem
uma barreira no processo ensino-aprendizagem.
A maneira como o assunto é abordado pelo professor e a sua postura em sala de aula
tem grande importância para o aprendizado. Muitos professores se preocupam apenas em
passar o conteúdo esquecendo-se da importância da relação professor aluno. Tal forma
equivocada de ensinar tem levado a um fracasso muito grande na educação. Muito têm se
23
dito que a relação afetiva tem grandes efeitos na auto-estima com o aluno. O aluno, ao
perceber que os professores têm afetividade por eles, torna-se interessado e progridem nos
estudos. Já as aulas mal planejadas levam os alunos ao fracasso, e por conseqüências sua
baixa auto-estima.5
Outro fator determinante é a relação familiar. A criança vai para escola com uma
bagagem efetiva com base no que ela vivenciou com seus pais. Assim, uma criança que é
amada, terá mais facilidade para desenvolver um bom aprendizado. Por isso, essa carência
deve ser observada e corrigida na sala de aula. O aluno, que já não encontra carinho na família
tende a ser um ser desajustado na escola para chamar atenção dos professores. Portanto, a
escola deve ser o porto-seguro para elas, suprindo as carências afetivas negadas pelas pessoas
do convívio extra-escolar. Sobre isso Piaget nos dirá que:
[...] o educador deve respeitar e compreender a criança, considerando o
referencial dela, o seu modo de pensar sobre si, sobre os outros e sobre sua
realidade.( PIAGET, apud DE LA TAILLE, 1992, p. 17)
A criança que tem dificuldade para o aprendizado e para pensar pode ter passado por
algumas discriminações ou pode ter sido desvalorizada pelos familiares ou professores. Como
resultado, ela perde a vontade de aprender. Assim, para reverter esse quadro é preciso que a
criança seja valorizada, receba estímulos e afeto para fortalecer o seu ego. Educar é uma arte e
os artistas principais são pais e professores. A estes, cabem a tarefa de fazer das crianças
pessoas felizes e realizadas, capazes de resolver seus conflitos sem dramas.
Qual seria então o método mais apropriado para abordar os sentimentos humanos
como um conteúdo escolar, de forma sistematizada uma vez que isto é visto de forma insólita
em nossa realidade educacional? Como trabalhar na sala de aula os conteúdos tradicionais e
conteúdos do cotidiano, como os sentimentos? A princípio nós educadores podemos achar
que isso é muito difícil de ser realizado. Mas, se nos desprendermos das formas tradicionais
de educação de acordo com os quais fomos acostumados a pensar, quem sabe isso deixasse de
ser tão utópico como parece.
Sabemos que é muito mais difícil abandonar velhas formas de pensamento que
durante anos nos pareceram as únicas possíveis do que descobrir e praticar novas
5 Conf. Souza, 2003, p. 59-65
24
metodologias e uma forma de ensino mais acolhedora e menos discriminatória. Sobre isso
Moreno nos dirá que:
[...] mais difícil do que adquirir novos conhecimentos é conseguir
desprender-se dos velhos. Abandonar uma idéia supõe renunciar a uma parte
de nosso pensamento, é deixar-se fascinar pelo insólito, é nisso que reside o
gérmen do progresso. (MORENO, 2003, p. 144)
É importante atentarmos para o fato de que não se trata de abandonar os conteúdos
tradicionais e sim, de tentar conduzi-los de forma diferenciada. A proposta é possibilitar uma
via de aproximação entre o científico e o cotidiano, tornando o processo de ensino-
aprendizagem mais atraente e útil aos educandos e não uma obrigação, um tédio. Não se pode
falar de uma verdadeira mudança, se forem mantidos os vazios tradicionais do conhecimento
social e afetivo já que é este conhecimento que conduz às mudanças reais no comportamento
das pessoas.
Valores como a solidariedade, a ajuda mútua, a luta contra a discriminação, a
consciência ecológica podem ser aprendidas na escola. Não com grandes discursos, mas por
intermédio de ações solidárias e de reflexões sobre os próprios sentimentos e
comportamentos. A escola aqui deve ter como objetivo ajudar o homem desde a sua infância,
não somente, a interagir com os objetos e as regras do meio, mas principalmente consigo
mesmo.
A educação, por sua vez, não pode se transformar em uma simples transmissão de
conhecimento, de um saber ou até mesmo de uma conduta, mas sobretudo, uma iniciação à
vida. É o local das primeiras interações com um meio mais amplo. Um dos espaços onde a
pessoa começa a viver com os primeiros elementos simbólicos que lhe lembram o lugar de
onde veio. Um lugar onde possa se preparar para enfrentar e assimilar o contexto social. Nesta
perspectiva, é um espaço e um tempo intermediário entre o nascimento e o destino, o trabalho,
a profissão, a vida madura e adulta.
Somos emoções, e estas estão presentes quando buscamos conhecer, quando
procuramos estabelecer relações com objetos físicos, com concepções ou com outros
indivíduos. Assim:
Afeto e cognição constituem aspectos inseparáveis, presentes em qualquer
atividade, embora em proporções variáveis. A afetividade e a inteligência se
estruturam nas ações e pelas ações dos indivíduos. O afeto pode, assim, ser
entendido como a energia necessária para que a estrutura cognitiva passe a
operar. E mais: ele influencia a velocidade com que se constrói o
25
conhecimento, pois, quando as pessoas se sentem seguras, aprendem com
mais facilidade. (DAVIS, OLIVEIRA, 1990,pag. 85-86)
A partir do que foi elencado até aqui, podemos dizer que tanto a inteligência quanto a
afetividade são mecanismos de aprendizagem. Elas permitem ao indivíduo construir noções
sobre os objetos, as pessoas e as situações conferindo-lhes atributos qualidades e valores.
Contribuindo, desta forma, para a construção do próprio sujeito, sua identidade e visão de
mundo.
Para que a interação professor-aluno possa levar a construção de conhecimentos, a
interpretação que o professor faz do comportamento dos alunos é fundamental. Ele precisa
está atento ao fato de que existem muitas significações possíveis para os comportamentos
assumidos por seus alunos, buscando verificar quais delas melhor traduzem as intenções
originais. Além disso, o professor necessita compreender que aspectos da sua própria
personalidade (seus desejos, preocupações e valores) influem em seu comportamento, ao
longo de interações que ele mantém com a classe.6
A vida humana necessita das relações afetivas para seu desenvolvimento emocional e
cognitivo, que é de fundamental importância para a compreensão e aprendizado do aluno
como um todo. A afetividade e inteligência são mecanismos para a aprendizagem e adaptação
do indivíduo, que se dá na construção de noções de valores as quais são responsáveis pela a
construção do próprio eu e para uma maior visão de mundo. Dessa forma, amor, ódio, tristeza,
alegria ou medo levam o indivíduo a procurar ou evitar certas pessoas. Segundo Piaget:
A Emoção é a manifestação de um estado subjetivo com componentes
fortemente orgânicos, mais precisamente tônicos; e a expressão própria da
afetividade. Dessa forma, amor, ódio, tristeza, alegria ou medo, levam o
individuo a procurar ou evitar certas pessoas. E na interação que
professor/aluno estabelecem na escola, os fatores cognitivos de ambos
exercem influência em varias áreas e tendências cognitivas de cada
indivíduo a falta de afetividade influencia de modo significativo. (PIAGET
apud ALMEIDA, 2001, pag. 27)
A sala de aula é um espaço de vivências, de convivência e de relação pedagógicas,
espaços constituídos pela diversidade e heterogeneidade de idéias, valores e crenças. Assim,
impregnado de significados, espaço de formação humana, onde a experiência pedagógica o
ensinar e o aprender é desenvolvida no vinculo: tem uma dimensão histórica intersubjetiva e
intra-subjetiva. A afetividade e a aprendizagem andam de mãos dadas. O aprendizado é
construído a partir de uma boa relação entre os sujeitos e o contexto de interação. O bom
6 Conf. OLIVEIRA, 1990, pag. 84-87
26
relacionamento no processo de desenvolvimento e aprendizagem no terreno das emoções que
é muito complexo e varia de um ser para outro, que se desenvolve a partir do convívio entre
si.
A educação é uma arte. Não é uma mera profissão ser educador. Nós manipulamos a
educação com as duas mãos: do afeto e da lei e das regras. O afeto buscando o prazer que se
transforma em interesse e este por sua vez provoca a interação com o meio. Por que eu
aprenderia, recriaria no meu interior aquilo que não me interessa? Para educar o ser humano é
imprescindível conhecê-lo profundamente, bem como, respeitar seu desenvolvimento. É
necessário ter a percepção correta de como esse ser se desenvolve. Em vista disso:
As escolas deveriam entender mais de seres humanos e de amor do que de
conteúdos e técnicas educativas. Elas têm contribuído em demasia para a
construção de neuróticos por não entenderem de amor, de sonhos, de
fantasias, de símbolos e de dores. (SALTINI, 1997 p. 15)
O papel da escola é mediar o conhecimento que se dá com a interação entre os
sujeitos. O afeto é um componente essencial para o processo ensino aprendizagem, a criança
não aprende se não se sente estimulada para conhecer. E impossível trabalhar no espaço
escolar sem que a afetividade e suas manifestações sejam a favor da aprendizagem, pois o
afetivo e o intelectual são inseparáveis para o desenvolvimento humano.
Nós educadores, precisamos nos atentarmos ao fato de que, enquanto não voltarmos
a nossa atenção ao fator afetivo na relação educador-educando, estaremos correndo o risco de
estar só trabalhando com a constituição do real, do conhecimento, deixando de lado o trabalho
da constituição do próprio sujeito que envolve valores e o próprio caráter, necessário para o
seu desenvolvimento integral.
A teoria de Piaget acerca da afetividade abre um vasto campo empírico que pode
servir de base, para o inicio de muitos estudos acerca das emoções. Está, portanto, mais do
que evidenciada a necessidade de se cuidar do aspecto afetivo no processo ensino-
aprendizagem, levando em conta que a criança é diferente, tanto na área cognitiva quanto na
afetiva em cada fase do seu desenvolvimento, pois a afetividade exerce um papel fundamental
nas correlações psicossomáticas básicas, além de influenciar decisivamente a percepção, a
27
memória, o pensamento, a vontade e as ações, e ser, assim, um componente essencial da
harmonia e do equilíbrio da personalidade humana.7
7 Conf. Profª Mônica Maria Baruffi- Instituto de Pós Graduação e Extensão – IPGEX- Educação Infantil, Séries
Iniciais e Gestão Escolar. texto publicado em 09/07/07.
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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por que escrever sobre afeto? Bom, desde muito pequena fui uma criança solitária
que tinha apenas amigos imaginários. Quando comecei a frequentar a escola me deparei com
situações bastante constrangedoras, fui para uma sala multisseriada onde a maioria eram
adolescentes e a professora era nada amigável, então desde já me sentia inferior as outras
crianças e esse sentimento de inferioridade me acompanhou por toda minha vida. Como era
de se esperar criei resistência ao ambiente escolar. Lá eu me sentia coagida, diminuída,
humilhada. Então sempre fui considerada uma “má aluna” e isso permaneceu latente em
minha vida desde a alfabetização até o ensino Superior.
Através das minhas terapias descobri que muitos psiquiatras acreditam que os
traumas ocorridos na infância são os principais responsáveis pelas neuroses que nos
acompanham na vida adulta. Passar por experiências emocionais desagradáveis deixou marcas
profundas na minha personalidade, o que muitas vezes impedem a realização de determinadas
atividades sociais e pessoais.
Em vista desta minha trajetória encontrei na afetividade um campo fértil para
finalmente expressar o quanto o papel da afetividade - mesmo que nos pequenos gestos e
palavras-, é peça crucial e, portanto, precisa está presente na base do processo educativo
escolar. A educação formal é uma das responsáveis pela nossa formação humana, pela
construção da nossa personalidade, pelas nossas descobertas, pela maneira como enxergamos
o mundo e o nosso semelhante e, com isso, justifica-se termos pesquisado no presente
trabalho a pedagogia do desenvolvimento de Piaget.
A forma como encaramos o mundo, as visões otimistas e/ou pessimistas que nos
acompanham durante nossas ações diárias estão intrinsecamente relacionadas com as
vivencias que fazem parte do nosso histórico de vida. A consciência daquilo que somos e
daquilo que somos capazes de realizar em nossas vidas, começam a serem construídas nas
nossas primeiras experiências, ou seja, na infância.
O que quero dizer é que, na maioria das vezes, a escola é o primeiro ambiente em
que nos é exigido conviver com pessoas desconhecidas, pessoas que estão fora do nosso
vínculo familiar habitual. Destarte, pensar na melhor forma de desbravamento desse novo
mundo de descobertas e vivencias, é pensar em um ambiente cujas bases de relacionamento
interpessoais estão enraizadas nos sentimentos acolhedores de amor, paciência, benevolência,
29
simpatia e apreço. O contrário disto talvez seja responsável por criar traumas que futuramente
podem vir a desenvolver manifestações de sintomas neuróticos inimagináveis.
Assim sendo, após estudos feitos com autores relacionados à temática da afetividade
como fator de grande importância na relação professor-aluno no contexto escolar, percebemos
que o processo ensino-aprendizagem deve está permeado por uma relação afetiva sadia entre
os envolvidos no processo educacional, visto que a afetividade proporciona a sedimentação de
valores que contribuem para a aprendizagem dos indivíduos.
Afinal, o papel da escola é mediar o conhecimento que se dá com a interação entre os
sujeitos. O afeto é um componente essencial para o processo ensino aprendizagem, pois a
criança não aprende se não se sentir estimulada para o conhecimento. É impossível trabalhar
no espaço escolar sem que a afetividade e suas manifestações sejam a favor da aprendizagem,
pois o afetivo e o racional são inseparáveis para o desenvolvimento humano.
Nesse sentido, escolhemos apresentar a visão rousseauniana a respeito da educação,
porque este nos ajudou a defender a idéia que o processo de aprendizado não deve ser
entendido como transmissão de certos conteúdos que são passados do professor para o aluno.
A educação em todas as esferas deve se referir aquilo que diz respeito ao conhecimento
humano dos sujeitos nas relações sociais.
Por fim, almejamos que este estudo sirva de introdução para um maior
aprofundamento posterior do nosso aporte teórico. Esperamos também que os educadores,
comprometidos com a educação, repensem suas práticas pedagógicas, a fim de levar em
consideração o lado emocional de seus alunos e não apenas o intelectivo. Em suma, a escola
já não pode leva em conta só as notas, o quantitativo, mas deve considerar também o espírito
de cooperação, a integração, a ajuda mútua, o auto- controle e principalmente o auto-
conhecimento. Ao ingressar na escola a criança vivencia o domínio, pelos menos, parcial, dos
impulsos negativos como a ira, a ansiedade, a melancolia e os ímpetos repressores, então para
que estas percebam emocionalmente a si mesmas e aos outros de forma positiva, o afeto deve
ser o caminho das flores.
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5. REFERÊNCIAS
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Paulo: Martins Fontes, 2007.
ALMEIDA, Ana Rita Silva. A emoção na sala de aula. São Paulo: Papiro, 2001.
ANTUNES, Celso. A Inteligência Emocional na Construção do Novo Eu. Petrópolis:
Vozes, 2003
COELHO, Maria Thereza. As Relações entre Afetividade e Inteligência no
Desenvolvimento Psicológico. Universidade de São Paulo Psicologia: Teoria e Pesquisa,
Vol. 27 n. 2, p. 249-254, 2011
DAVIS, Cláudia & OLIVEIRA, Zilma de Moraes Ramos de. Psicologia na Educação. 2ª Ed,
São Paulo: Cortez, 1994.
LA TAILLE, Y; OLIVEIRA, M. K. ; DANTAS, H. Piaget, Vygotsky, Wallon: Teorias
Psicogenéticas em discussão. 21ed. São Paulo: Summus, 1992.
MORENO, M. et. al. Falemos de sentimentos: a afetividade como um tema transversal.
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PESSOA, Vilma Sabim. A Afetividade sob a ótica Psicanalítica e Piagetiana. Publicatio
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PIAGET, J. A Psicologia da Criança. São Paulo: Difusão Européia do Livro, 1968.
__________. A Linguagem e o Pensamento da Criança. 6. ed.São Paulo: Martins Fontes,
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__________. Seis estudos em psicologia. Trad. Maria Alice Magalhães D’Amorim e Paulo
Sergio Lima Silva. Rio de Janeiro: Forense. 1999.
ROUSSEAU, Jean-Jacques. Emilio ou Da Educação. Trad.
_____________________. Projeto para a educação do senhor de Sainter-Marie. Trad.
Dorothée de Bruchard. Porto Alegre: Editora Paraula, 1994.
_____________________. O contrato Social. Trad. Antonio de Pádua Danesi. 3.ed. São
Paulo: Martins Fontes, 1999.
31
SALTINI, Cláudio J. P. Afetividade & inteligência. Rio de Janeiro: Martins Fontes, 1997.