universidade federal do paranÁ nelly narcizo de …
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANAacute
NELLY NARCIZO DE SOUZA
INCLUSAtildeO ESCOLAR DA CRIANCcedilA PEQUENA COM NECESSIDADES
ESPECIAIS CONCEPCcedilOtildeES DE MAtildeES DE EDUCADORAS DA EDUCACcedilAtildeO
INFANTIL E DE PROFESSORAS DO ATENDIMENTO EDUCACIONAL
ESPECIALIZADO
CURITIBA
2013
2
NELLY NARCIZO DE SOUZA
INCLUSAtildeO ESCOLAR DA CRIANCcedilA PEQUENA COM
NECESSIDADESESPECIAIS CONCEPCcedilOtildeES DE MAtildeES DE EDUCADORAS DA
EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E DE PROFESSORAS DO ATENDIMENTO EDUCACIONAL
ESPECIALIZADO
Tese apresentada ao Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo do Setor de Educaccedilatildeo da Universidade Federal do Paranaacute como requisito parcial para obtenccedilatildeo do grau de Doutor em Educaccedilatildeo Aacuterea Temaacutetica Cultura e Processo de Ensino ndash Aprendizagem Linha de Pesquisa Cogniccedilatildeo Aprendizagem e Desenvolvimento Humano Orientadora Profordf Drordf Maria Augusta Bolsanello
CURITIBA
2013
Catalogaccedilatildeo na publicaccedilatildeo Fernanda Emanoeacutela Nogueira ndash CRB 91607
Biblioteca de Ciecircncias Humanas e Educaccedilatildeo - UFPR
Souza Nelly Narcizo de Inclusatildeo escolar da crianccedila pequena com necessidades especiais
concepccedilotildees de matildees de educadoras da educaccedilatildeo infantil e de professoras do atendimento educacional especializado Nelly Narcizo de Souza ndash Curitiba 2013
181 f Orientadora Profordf Drordf Maria Augusta Bolsanello
Tese (Doutorado em Educaccedilatildeo) ndash Setor de Educaccedilatildeo da Universidade Federal do Paranaacute
1 Educaccedilatildeo inclusiva 2 Educaccedilatildeo infantil 3 Inclusatildeo em
educaccedilatildeo 4 Educaccedilatildeo especial 5 Crianccedilas deficientes ndash Educaccedilatildeo ITiacutetulo
CDD 3719
3
Cada crianccedila ao nascer nos traz a mensagem de que Deus natildeo perdeu as esperanccedilas nos homens
(R Tagore)
Dedico esse trabalho a todas as crianccedilas que jaacute atendi e com as quais aprendi a ter Esperanccedila Alegria Feacute e a certeza da grandiosa e complexa necessidade de
insistirmos em construir uma Escola para Todos
4
AGRADECIMENTOS
Foram quatro anos de muitas transformaccedilotildees as quais natildeo vieram faacutecil ou
delicadamente Perante as dificuldades e desafios que a vida nos impotildee aproveito
para agradecer a todos os que de algum modo foram determinantes em momentos
preciosos dessa caminhada
Agradeccedilo imensamente a minha orientadora Profordf Drordf Maria Augusta Bolsanello pela
sensibilidade compreensatildeo e carinho com os quais sempre me guiou ao longo
desses anos todos
Especialmente agradeccedilo agraves crianccedilas que ainda pequenas jaacute nos ajudam a
transformar o que somos por meio de suas histoacuterias agraves suas matildees agraves suas
educadoras nos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil e agraves professoras do
Atendimento Educacional Especializado que gentilmente cederam as informaccedilotildees
que deram corpo ao presente estudo
Estendo meus agradecimentos agraves professoras que compuseram a Banca de
Qualificaccedilatildeo Profordf Drordf Sandra Regina Kirchner Guimaratildees Profordf Drordf Lidia Natalia
Dobriansky Weber Profordf Drordf Maria de Faacutetima Minetto Profordf Drordf Maria Helena
Baptista Cordeiro e Profordf Drordf Tania dos Santos Alvarez da Silva Obrigada pelas
informaccedilotildees e comentaacuterios pertinentes e enriquecedores que ajudaram a nortear
esse trabalho
Aos Professores Colegas e funcionaacuterios do Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em
Educaccedilatildeo da Universidade Federal do Paranaacute pela oportunidade de convivecircncia e
aprendizado Um grande abraccedilo de agradecimento para Ana Flaacutevia Hansel e
Daniele Bonamin Flores pelo tempo que passamos juntas e por tudo o que
aprendemos
Agrave minha Famiacutelia que mesmo na distacircncia foi apoio importante nos momentos que
julguei natildeo conseguir prosseguir
5
Agrave Juliana Krieger Joatildeo Fadino e Ricardo Peixoto pelas ajudas ao longo da
construccedilatildeo desse trabalho
Ao Rogger agradeccedilo por ter se colocado ao meu lado especialmente nos momentos
de maior dificuldade preocupaccedilatildeo e cansaccedilo Tambeacutem meus agradecimentos pela
revisatildeo dos textos Obrigado por tudo e principalmente por me trazer Ceciacutelia
A todos os que hoje posso chamar de Amigos e que de algum modo contribuiacuteram
com essa pesquisa deixo meus mais sinceros e profundos agradecimentos
6
A alegria natildeo chega apenas no encontro do achado mas faz parte do processo da
busca
Paulo Freire
7
RESUMO
A tese investiga as concepccedilotildees que norteiam o processo de inclusatildeo educacional da crianccedila pequena com necessidades especiais segundo suas Matildees suas Educadoras da Educaccedilatildeo Infantil e suas Professoras do Atendimento Educacional Especializado (AEE) O contexto e as participantes foram escolhidos por sua significativa influecircncia no desenvolvimento humano especialmente no que compete agrave primeira infacircncia e agrave construccedilatildeo do processo inclusivo de crianccedilas pequenas com necessidades especiais As participantes foram entrevistadas por meio de perguntas abertas elencadas em roteiros previamente estabelecidos em estudo de cunho qualitativo exploratoacuterio e comparativo Segundo os resultados as concepccedilotildees das participantes sugerem uma perspectiva inclusiva voltada para a possibilidade de socializaccedilatildeo da crianccedila pequena com necessidades especiais com outras crianccedilas sem estas necessidades e para a concepccedilatildeo de que estar em inclusatildeo eacute o cumprimento de um direito As matildees participam pouco do processo de inclusatildeo de sua crianccedila Jaacute as funccedilotildees das professoras que trabalham no Atendimento Educacional Especializado satildeo praticamente desconhecidas dentro do contexto do processo inclusivo das crianccedilas pequenas que atendem As educadoras de Educaccedilatildeo Infantil por sua vez sentem-se despreparadas para atender as necessidades educacionais das crianccedilas que satildeo foco da inclusatildeo As educadoras destacam que a relaccedilatildeo entre as crianccedilas eacute um dos elementos que mais promovem o desenvolvimento dos educandos que estatildeo em inclusatildeo Tanto as professoras do Atendimento Educacional Especializado quanto as Educadoras da Educaccedilatildeo Infantil demonstram variadas preocupaccedilotildees sobre o modo como vem acontecendo a inclusatildeo de crianccedilas pequenas com necessidades educacionais especiais e junto com as matildees chamam a atenccedilatildeo para a necessidade de transformaccedilotildees no modo como estaacute se dando a inclusatildeo de crianccedilas pequenas na Educaccedilatildeo Infantil Esta pesquisa evidencia que a inclusatildeo de crianccedilas pequenas com necessidades especiais na Educaccedilatildeo Infantil ainda reflete diversas contradiccedilotildees e desencontros mas se mostra como uma experiecircncia vaacutelida por ser uma accedilatildeo que transgride o comum pois proporciona novas reflexotildees novas necessidades duacutevidas e significados o que com certeza poderaacute gerar outras perspectivas e estrateacutegias em prol da qualidade educacional e da promoccedilatildeo do desenvolvimento humano Destaca-se a necessidade de que sejam realizados mais estudos dentro da presente temaacutetica dada sua relevacircncia
Palavras-chave Inclusatildeo Escolar Educaccedilatildeo Infantil Atendimento Educacional Especializado Necessidades Especiais Educaccedilatildeo Inclusiva
8
ABSTRACT
The thesis investigates the conceptions that guide the process of educational inclusion of the young child with special needs according with their Mothers their Early Childhood Educationrsquos educators and their Specialized Educational Servicersquos Teachers The context and the participants was chosen for itrsquos significant influence on human development specially about the concerns early childhood and the building of the inclusive process of young children with special needs The participants were interviewed through open questions chosen on pre-established lists in a qualitative exploratory and comparative study According with the results the participantrsquos conceptions suggests a inclusive perspective facing the possibility of socialization of a young child with special needs with other children without these needs and to the conception that being included is the fulfillment of a right The mothers participate little in the inclusion process of their child But the functions of the teachers that work in the Specialized Educational Service are practically unknown inside the context of the inclusive process for the young children that them treat The Early Childhood Educationrsquos educators on the other hand feel unprepared to meet the educational needs of the children that are the focus of the inclusion The educators points the relation among the children is one of the elements that promotes the most development os the learners that are in the inclusion Both the Specialized Educational Servicersquos teachers and Early Childhood Educationrsquos educators shows various concerns about the way that the inclusion is happening with young children with special educational needs and along with their mothers call the attention to the necessity of transformations in the way that is occurring the inclusion of young children in the Early Childhood Education This research shows that the inclusion of young child with special needs in the Early Childhood Education still reflects several contradictions and mismatches but displays like a valid experiment for being an action that transgresses the common for it provides new reflections new necessities doubts and meanings which for sure will generate other perspectives and strategies on the behalf of educational quality and of the promotion of human development Highlights the need of the realization of further studies inside of the present theme given its relevance
Keywords School Inclusion Early Childhood Education Care Specialized Education Special Needs Inclusive Education
9
LISTA DE QUADROS
QUADRO 01 DISTRIBUICcedilAtildeO DAS CRIANCcedilAS SEGUNDO LAUDO MEacuteDICO
E DIAGNOacuteSTICO 64
QUADRO 02 DISTRIBUICcedilAtildeO DAS CRIANCcedilAS SEGUNDO A TURMA EM
QUE ESTAtildeO MATRICULADAS ATUALMENTE E O TEMPO EM QUE
FREQUENTAM CENTROS MUNICIPAIS DE EDUCACcedilAtildeO INFANTIL ndash CMEIs
64
QUADRO 03 ndash DISTRIBUICcedilAtildeO DAS MAtildeES PARTICIPANTES CONFORME
IDADE ESCOLARIDADE E OCUPACcedilAtildeO 67
QUADRO 04 ndash DISTRIBUICcedilAtildeO DAS MAtildeES PARTICIPANTES CONFORME
COMPOSICcedilAtildeO FAMILIAR 67
QUADRO 05 ndash DISTRIBUICcedilAtildeO DAS PROFESSORAS DO ATENDIMENTO
EDUCACIONAL ESPECIALIZADO - AEE CONFORME IDADE ESTADO
CIVIL OCORREcircNCIA E QUANTIDADE DE FILHOS 69
QUADRO 06 ndash DISTRIBUICcedilAtildeO DAS PROFESSORAS DO ATENDIMENTO
EDUCACIONAL ESPECIALIZADO - AEE CONFORME SUA
ESCOLARIZACcedilAtildeO 70
QUADRO 07- DISTRIBUICcedilAtildeO DAS PROFESSORAS DO ATENDIMENTO
EDUCACIONAL ESPECIALIZADO - AEE CONFORME TEMPO DE
TRABALHO NA AacuteREA EDUCACIONAL E AacuteREAS DE ATUACcedilAtildeO DENTRO DA
EDUCACcedilAtildeO 71
10
QUADRO 08 - DISTRIBUICcedilAtildeO DAS EDUCADORAS DOS CENTROS
MUNICIPAIS DE EDUCACcedilAtildeO INFANTIL CONFORME IDADE ESTADO CIVIL
OCORREcircNCIA E QUANTIDADE DE FILHOS 72
QUADRO 09 - DISTRIBUICcedilAtildeO DAS EDUCADORAS DOS CENTROS
MUNICIPAIS DE EDUCACcedilAtildeO INFANTIL CONFORME SUA ESCOLARIDADE
73
QUADRO 10 - DISTRIBUICcedilAtildeO DAS EDUCADORAS DOS CENTROS
MUNICIPAIS DE EDUCACcedilAtildeO INFANTIL CONFORME O TEMPO DE
ATUACcedilAtildeO NA EDUCACcedilAtildeO DE MODO GERAL ESPECIFICAMENTE NA
EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E NA TURMA QUE ATENDE ATUALMENTE 75
QUADRO 11 - DISTRIBUICcedilAtildeO DAS PROFESSORAS DO ATENDIMENTO
EDUCACIONAL ESPECIALIZADO CONFORME SEU TEMPO DE ATUACcedilAtildeO
COMO AEE NO ENSINO FUNDAMENTAL E NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL 82
QUADRO 12- DISTRIBUICcedilAtildeO DAS PROFESSORAS DO ATENDIMENTO
EDUCACIONAL ESPECIALIZADO CONFORME SEU TEMPO DE ATUACcedilAtildeO
COMO AEE NO ENSINO FUNDAMENTAL E NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL 82
QUADRO 13 ndash DISTRIBUICcedilAtildeO DAS MAIORES ESPECIFICIDADES DO
ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO PARA A EDUCACcedilAtildeO
INFANTIL E PARA O ENSINO FUNDAMENTAL 83
QUADRO 14 ndash DISTRIBUICcedilAtildeO DAS PROFESSORAS DO ATENDIMENTO
EDUCACIONAL ESPECIALIZADO CONFORME TEMPO EM QUE ATENDEM
A CRIANCcedilA PEQUENA FOCO DA PESQUISA FREQUEcircNCIA E DURACcedilAtildeO
DO ATENDIMENTO AO ALUNO 84
11
QUADRO 15 ndash DISTRIBUICcedilAtildeO DAS PROFESSORAS CONFORME SUAS
CONCEPCcedilOtildeES ANTES DE ATENDER A CRIANCcedilA E APOacuteS O PERIacuteODO EM
QUE ATENDE O ALUNO QUE ESTAacute EM INCLUSAtildeO 85
QUADRO 16 ndash DISTRIBUICcedilAtildeO DAS EDUCADORAS CONFORME TURMAS
QUE ATENDEM FAIXA ETAacuteRIA DA TURMA E QUANTIDADE DE ALUNOS
POR TURMA 89
QUADRO 17 ndash DISTRIBUICcedilAtildeO DAS EDUCADORAS CONFORME O TEMPO
EM QUE ATENDEM A CRIANCcedilA QUE ESTAacute EM INCLUSAtildeO 93
QUADRO 18 - DISTRIBUICcedilAtildeO DAS EDUCADORAS CONFORME SUAS
CONCEPCcedilOtildeES ANTES DE ATENDER A CRIANCcedilA E APOacuteS O PERIacuteODO EM
QUE ATENDE O ALUNO QUE ESTAacute EM INCLUSAtildeO 93
12
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO 10
11 JUSTIFICATIVA E ABORDAGEM DO PROBLEMA 10
12 OBJETIVOS 18
121 OBJETIVO GERAL 18
122 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS 18
2 SUPORTE TEOacuteRICO 20
21 O DESENVOLVIMENTO HUMANO A PARTIR DO ESTUDO E DA
INTERACcedilAtildeO ENTRE SEUS CONTEXTOS ndash A ABORDAGEM
BIOECOLOacuteGICA 20
22 A CRIANCcedilA PEQUENA COM NECESSIDADES ESPECIAIS E A
PROMOCcedilAtildeO DO SEU DESENVOLVIMENTO 25
23 BREVE HISTOacuteRICO DA EDUCACcedilAtildeO DAS PESSOAS COM
NECESSIDADES ESPECIAIS E A EDUCACcedilAtildeO INCLUSIVA 31
24 A FAMIacuteLIA COMO UM MICROSSISTEMA DE DESENVOLVIMENTO
HUMANO E SUA RELACcedilAO COM A CRIANCcedilA COM NECESSIDADES
ESPECIAIS 39
25 A INSTITUICcedilAtildeO DE EDUCACcedilAtildeO INFANTIL COMO UM CONTEXTO DE
DESENVOLVIMENTO 49
251 CONCEPCcedilOtildeES SOBRE A PRAacuteTICA EDUCATIVA
INSTITUCIONALIZADA ASPECTOS RELEVANTES PARA A PROMOCcedilAtildeO DO
DESENVOLVIMENTO INFANTIL 51
3 MEacuteTODO 57
31 CONTEXTO 57
32 PARTICIPANTES 59
33 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS 60
13
34 PROCEDIMENTOS DE ANAacuteLISE DE DADOS 61
35 CUIDADOS EacuteTICOS 62
4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 63
41 SECcedilAtildeO 01 CARACTERIZACcedilAtildeO DAS PARTICIPANTES 63
411 CARACTERIZACcedilAtildeO DAS CRIANCcedilAS FOCO DA INCLUSAtildeO 63
412 CARACTERIZACcedilAtildeO DAS ENTREVISTADAS 66
4121 CARACTERIZACcedilAtildeO DAS MAtildeES 66
4122 CARACTERIZACcedilAtildeO DAS PROFESSORAS DO ATENDIMENTO
EDUCACIONAL ESPECIALIZADO 68
4123 CARACTERIZACcedilAtildeO DAS EDUCADORAS DOS CENTROS
MUNICIPAIS DE EDUCACcedilAtildeO INFANTIL 71
42 SECcedilAtildeO 02 CONCEPCcedilOtildeES DAS MAtildeES DAS EDUCADORAS E DAS
PROFESSORAS SOBRE A CRIANCcedilA QUE ESTAacute EM INCLUSAtildeO 75
421 AS MAtildeES E SUAS CRIANCcedilAS 75
422 AS PROFESSORAS DO ATENDIMENTO EDUCACIONAL
ESPECIALIZADO E A INCLUSAtildeO DAS CRIANCcedilAS PEQUENAS QUE ESTAtildeO
NOS CENTROS MUNICIPAIS DE EDUCACcedilAtildeO INFANTIL 80
423 AS EDUCADORAS DOS CENTROS MUNICIPAIS DE EDUCACcedilAtildeO
INFANTIL E AS CRIANCcedilAS PEQUENAS QUE ESTAtildeO EM INCLUSAtildeO 89
43 SECcedilAtildeO 03 O PROCESSO INCLUSIVO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL 96
431 CONCEPCcedilOtildeES DAS PARTICIPANTES SOBRE O PROCESSO
INCLUSIVO 97
432 PARTICIPACcedilAtildeOATUACcedilAtildeO NO PROCESSO INCLUSIVO NO CENTRO
MUNICIPAL DE EDUCACcedilAtildeO INFANTIL 104
433 REFEREcircNCIAS E APOIOS UTILIZADOS E INDICADOS PARA QUE O
PROCESSO INCLUSIVO OCORRA COM QUALIDADE 107
14
434 AVALIACcedilAtildeO DO PROCESSO INCLUSIVO 114
435 VANTAGENS E DESVANTAGENS DO PROCESSO INCLUSIVO 116
4351 AS VANTAGENS 116
4352 AS DESVANTAGENS 119
436 SUGESTOtildeES E COMENTAacuteRIOS VISANDO A MELHORIA DO
PROCESSO INCLUSIVO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL 121
44 SECcedilAtildeO 04 ndash DA NECESSIDADE DE SE OBSERVAR E ATUAR NA
INFAcircNCIA ENQUANTO ETAPA CRUCIAL DE DESENVOLVIMENTO 125
45 SECcedilAtildeO 05 - DO RECONHECIMENTO DA IMPORTAcircNCIA DOS
CONTEXTOS E SUAS INTER-RELACcedilOtildeES 128
46 SECcedilAtildeO 06 - DA CONSIDERACcedilAtildeO E DISCUSSAtildeO DAS NOVAS
CONCEPCcedilOtildeES ACERCA DA INCLUSAtildeO 129
47 SECcedilAtildeO 07 - DA CONSIDERACcedilAtildeO DAS (NECESSAacuteRIAS)
TRANSFORMACcedilOtildeES QUE VEM OCORRENDO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL
131
48 SECcedilAtildeO 08 - DA CONSIDERACcedilAtildeO DAS TRANSFORMACcedilOtildeES QUE VEM
OCORRENDO NA EDUCACcedilAtildeO ESPECIAL 133
5 CONCLUSOtildeES 135
REFEREcircNCIAS 140
ANEXOS 161
10
1 INTRODUCcedilAtildeO
11 JUSTIFICATIVA E ABORDAGEM DO PROBLEMA
Desde a eacutepoca da graduaccedilatildeo em Pedagogia o desenvolvimento humano
desperta o interesse desta pesquisadora especialmente o periacuteodo inicial da vida
com seus aspectos relacionados agraves primeiras experiecircncias e o estabelecimento de
viacutenculos Por isso e devido agraves vivecircncias e formaccedilotildees acadecircmicas pessoais e
profissionais foi se construindo a ideia de que o desenvolvimento humano eacute um
processo permanente complexo e multideterminado e que cada etapa da vida eacute
constituiacuteda por caracteriacutesticas e necessidades muito peculiares as quais devem ser
observadas e estudadas para que se possam promover condiccedilotildees de
desenvolvimento de seres humanos saudaacuteveis (BRONFRENBRENNER 1996
BRONFRENBRENNER 2011 GAT 2000 BRAZELTON e GREENSPAN 2002
ASPESI DESSEN e CHAGAS 2005 ROGOFF 2005 POLETTO e KOLLER 2008)
Nessa abordagem o presente estudo procura vincular-se ao modelo
Bioecoloacutegico de Desenvolvimento Humano por apresentar possibilidades para que o
pesquisador analise aspectos da pessoa em desenvolvimento dos contextos que
vivecircncia e dos processos interativos que a influenciam ao longo do tempo
(BRONFENBRENNER e EVANS 2000)
Este modelo de entendimento do desenvolvimento humano valoriza as
interaccedilotildees desde as fases iniciais do ciclo vital das pessoas uma vez que as
mesmas influenciam e satildeo influenciadas profundamente pelas relaccedilotildees com outros
seres objetos e siacutembolos tanto em seu ambiente imediato quanto com outros
ambientes (BRONFENBRENNER e EVANS 2000) Essas interaccedilotildees se verificam de
modo progressivamente mais complexo ao longo do ciclo vital e seu estudo permite
inferir que contextos socialmente organizados ajudem a apoiar e orientar o
desenvolvimento humano ou seja desde o nascimento As interaccedilotildees satildeo
fundamentais para a sobrevivecircncia e o desenvolvimento como um todo assim cada
etapa do crescimento pressupotildee a ampliaccedilatildeo de laccedilos afetivos sociais e tambeacutem do
repertoacuterio cognitivo do ser humano (MOLINARI SILVA E CREPALDI 2005 GOMES
e DUARTE 2009 BRONFRENBRENNER e CECI 2011)
11
Dentre as diversas fases do desenvolvimento humano destaca-se nessa
pesquisa a primeira infacircncia ou seja a faixa etaacuteria compreendida entre o
nascimento e os trecircs primeiros anos de vida em especial procurando compreender
o processo de inclusatildeo da crianccedila pequena com deficiecircncia a partir do contexto
familiar e da educaccedilatildeo infantil
Primeiramente justifica-se que o estudo e a atenccedilatildeo a esse periacuteodo do ciclo vital
eacute relevante por vaacuterios motivos entre os quais se destacam a) a comprovada
importacircncia que experiecircncias nessa eacutepoca da vida apresentam para a formaccedilatildeo dos
indiviacuteduos visto que haacute grande riqueza e intensidade nas aquisiccedilotildees
desenvolvimentais em todos os seus niacuteveis b) a relevacircncia do papel do adulto-
cuidador frente agrave promoccedilatildeo do desenvolvimento na infacircncia e da garantia de seus
direitos c) o acesso crescente da crianccedila pequena a cuidados alternativos
implicando em separaccedilotildees diaacuterias entre matildee-bebecirc desde tenra idade o que tem
gerado inuacutemeras discussotildees sobre o impacto desse fato no desenvolvimento infantil
d) a escassez de projetos pedagoacutegicos dentro da educaccedilatildeo infantil que sejam
coerentes com as especificidades de bebecircs e de crianccedilas pequenas e) o
desconhecimento dos profissionais de educaccedilatildeo infantil sobre desenvolvimento
humano e pelas condiccedilotildees de trabalho e atendimento agrave crianccedila pequena as quais
indicam a necessidade de revisotildees praacuteticas nesse acircmbito (GAT 2000 RAPOPORT
2003 ROGOFF 2005 ARNAIS 2003 ANJOS et al 2004 BARBOSA 2004
SOEJIMA 2008 SOUZA 2008 EIKMANN et al 2009 BOLSANELLO 2009
FERNANDES 2011)
Diante dos aspectos assinalados a respeito das condiccedilotildees de atendimento das
crianccedilas pequenas com desenvolvimento tiacutepico ou ldquonormalrdquo os quais claramente jaacute
se verificam como um tema de relevo entatildeo o que falar daquelas que apresentam
deficiecircncia ou necessidades especiais1 e que se encontra em situaccedilatildeo de inclusatildeo
desde tenra idade inseridas nos atendimentos de berccedilaacuterio e turmas maternais no
ensino regular
Na perspectiva da questatildeo posta acima se pode afirmar que o desafio atual da
educaccedilatildeo infantil eacute tornar seus serviccedilos inclusivos acolhendo as crianccedilas pequenas
1 Para efeitos de entendimento nesse estudo seraacute utilizado o termo necessidades especiais para designar as
condiccedilotildees que se referem agraves deficiecircncias (sensoriais intelectual neuromotora fiacutesica ou muacuteltipla) Transtornos
Globais do Desenvolvimento ou outras situaccedilotildees que tragam grandes implicaccedilotildees para o acesso e a permanecircncia
de alunos na Educaccedilatildeo Infantil e no Ensino Fundamental e que por tal os caracterizem como alunos foco da
Educaccedilatildeo Especial e Inclusiva
12
com necessidades especiais e proporcionando-lhes atenccedilatildeo e atendimento de
qualidade adequada agraves suas caracteriacutesticas e especificidades (MENDES 2010)
Ressalta-se que ao fazer referecircncia agrave crianccedila pequena com necessidades
especiais estaacute se orientando a atenccedilatildeo agravequela pessoa que possui impedimentos de
longo prazo de natureza fiacutesica intelectual ou sensorial e que por tais condiccedilotildees
comporia o alunado da Educaccedilatildeo Especial (BRASIL 2008) Ainda que se encontrem
inuacutemeras divergecircncias nas definiccedilotildees de deficiecircncia ou necessidades especiais
essas pautadas pelas diferenccedilas entre atitudes crenccedilas orientaccedilatildeo aacutereas de
estudo e cultura a definiccedilatildeo do termo eacute cabiacutevel pois implica em caracteriacutesticas de
pessoas que precisam ser vistas acolhidas respeitadas e atendidas em vaacuterias
instacircncias (SMITH 2004)
Cabe destacar ainda a respeito de questotildees sobre a educaccedilatildeo inclusiva que
desde a Declaraccedilatildeo de Salamanca em 1994 muitas experiecircncias discussotildees e
avanccedilos se deram nesse acircmbito poreacutem de modo geral a inclusatildeo no ensino
regular do alunado foco da Educaccedilatildeo Especial continua a se mostrar como um tema
polecircmico e controverso no qual de um lado se encontram as orientaccedilotildees e
legislaccedilotildees brasileiras e internacionais e do outro as escolas e as famiacutelias que tem
que aguardar pacientemente por encaminhamentos praacuteticos e orientaccedilotildees que
ajudem a dar um direcionamento ao atendimento de suas crianccedilas (FERNANDES
BOLSANELLO e MOREIRA 2008) Isso pode ser entendido na perspectiva de
Kassar (2011) quando esta recorda que no Brasil e em alguns paiacuteses da Europa o
atendimento educacional direcionado agraves pessoas com deficiecircncia foi durante muito
tempo construiacutedo de maneira separada da educaccedilatildeo oferecida agrave populaccedilatildeo que natildeo
apresentava diferenccedilas ou caracteriacutesticas expliacutecitas que a caracterizasse como
ldquoanormalrdquo Tal fato implicou segundo esta uacuteltima autora na constituiccedilatildeo da
Educaccedilatildeo Especial como um campo de atuaccedilatildeo muito especiacutefico muitas vezes sem
interlocuccedilatildeo com a educaccedilatildeo comum Esse fato se reflete materialmente nos
espaccedilos institucionais igualmente separados e nas crenccedilas e mitos sobre os
ldquodiferentesrdquo
Essa separaccedilatildeo nos atendimentos tambeacutem eacute vaacutelida no que se refere agraves
crianccedilas pequenas com necessidades especiais (MENDES 2010) Historicamente
quando uma crianccedila apresenta precocemente alteraccedilotildees em seu desenvolvimento
ou mesmo um diagnoacutestico indicando o quadro de deficiecircncia ela eacute comumente
encaminhada aos serviccedilos de Estimulaccedilatildeo Precoce ou Essencial na Educaccedilatildeo
13
Especial (PEacuteREZ-LOacutePEZ 2009) O atendimento em Estimulaccedilatildeo Precoce ou
Essencial na realidade brasileira costuma configurar-se como o primeiro programa
de atendimento destinado a atender principalmente crianccedilas de alto risco ou
portadoras de deficiecircncias (auditiva fiacutesica intelectual visual muacuteltipla) sendo
geralmente destinado agrave faixa etaacuteria de zero a trecircs anos (BOLSANELLO 1998)
Crianccedilas de alto risco satildeo aquelas que devido a causas preacute-natais perinatais ou
poacutesndashnatais de origem bioloacutegica ou ambiental podem vir a apresentar atrasos
significativos em seu desenvolvimento requerendo por isso uma abordagem de
atendimento mais apropriada (TJOSSEM 1976 ALMEIDA 2009)
No caso das crianccedilas pequenas com necessidades especiais (entenda-se
deficiecircncias ou com significativo atraso em seu desenvolvimento) segundo Vitta
(2004) haacute escassez de estudos sobre sua participaccedilatildeo na Educaccedilatildeo Infantil
especificamente nos berccedilaacuterios o que natildeo significa que elas natildeo estejam sendo
atendidas nesse contexto (VITTA 2004) Haacute muitos casos de crianccedilas com
alteraccedilotildees significativas em seu desenvolvimento e que ainda natildeo foi detectado por
seus pais ou mesmo pelos educadores que as atendem na Educaccedilatildeo Infantil o que
compromete uma das funccedilotildees destes educadores que eacute a de auxiliar na detecccedilatildeo
de deacuteficits e orientar quanto agrave prevenccedilatildeo de maiores atrasos e a promoccedilatildeo do
desenvolvimento infantil (VITTA 2004 DIacuteAZ-HERRERO e MARTINEZ-FUENTES
2009)
Contudo a presenccedila de crianccedilas pequenas com necessidades especiais em
berccedilaacuterios tem sido vista com algumas reservas conforme evidenciado pelo estudo
de VITTA (2004) Drago (2011) tambeacutem percebeu em sua pesquisa que a inclusatildeo
na Educaccedilatildeo Infantil se verifica em meio a uma confusatildeo de conceitos e praacuteticas
nas quais se revelam accedilotildees inclusivas isoladas e um processo inclusivo mal
compreendido e mal aproveitado
Logo na busca pela concretizaccedilatildeo de uma educaccedilatildeo inclusiva sem duacutevida os
papeacuteis dos educadores e da famiacutelia se destacam porque ambos satildeo fundamentais
para a trajetoacuteria de vida das pessoas tanto em termos de aprendizagem quanto de
desenvolvimento o que significa dizer que estes podem tanto ser propulsores
quanto limitadores do desenvolvimento humano (BRAZELTON 2002 GIL 2004
SCHMITERLOumlW e FERNANDEZ 2004 DRAGO 2011 BRONFENBRENNER
2011)
14
No tocante agrave famiacutelia certamente natildeo restam mais duacutevidas para a ciecircncia
psicoloacutegica a respeito da influecircncia que as praacuteticas educativas parentais tecircm para o
desenvolvimento dos filhos (WEBER 2008) Isso porque a famiacutelia por ser o primeiro
locus de desenvolvimento humano mostra-se como um contexto privilegiado cujos
objetivos conteuacutedos e meacutetodos se diferenciam do cuidado institucionalizado pois
fomenta o processo de socializaccedilatildeo a proteccedilatildeo as condiccedilotildees baacutesicas de
sobrevivecircncia o desenvolvimento de seus membros no plano social cognitivo e
afetivo e tambeacutem auxilia a estabelecer uma estrutura miacutenima de atividades e
relaccedilotildees nos quais os papeacuteis de matildee pai filho irmatildeo esposa marido e outros satildeo
evidenciados e ensinados (DESSEN e POLONIA 2007 POLETTO e KOLLER
2008 PINHEIRO e BIASOLI-ALVES 2008 ALMEIDA 2010)
Contudo dadas agraves intensas mudanccedilas que a instituiccedilatildeo familiar vem passando
ao longo das uacuteltimas deacutecadas eacute necessaacuterio um estudo mais apurado acerca de
suas caracteriacutesticas e necessidades especialmente quando se propotildee a entendecirc-la
como espaccedilo promotor de desenvolvimento ativo e dinacircmico tal como nas palavras
de Pinheiro e Biasoli-Alves (2008) ao afirmarem que conforme as transformaccedilotildees
sociais vatildeo ocorrendo surgem ao mesmo tempo elementos que afetam a dinacircmica
familiar e do casal o que permite situar as questotildees que envolvem o papel
desempenhado por cada um de seus indiviacuteduos particularmente pai e matildee ndash aqui
referidos como ldquopaisrdquo
Esses dois elementos (pai e matildee) muito embora tenham assumido novos papeacuteis
diante da sociedade e de sua proacutepria famiacutelia ainda se mantecircm como figuras
imprescindiacuteveis do contexto de transmissatildeo de valores conhecimentos regras e
noccedilotildees de convivecircncia para seus filhos (ZAMBERLAM et al 1997 CARVALHO e
ALMEIDA 2003 SILVA e BOLSANELLO 2002 PINHEIRO e BIASOLI-ALVES
2008)
Diante da temaacutetica da presente pesquisa e no que se refere agrave crianccedila pequena
em situaccedilatildeo de inclusatildeo escolar ressalta-se que satildeo poucos os estudos que
descrevem o funcionamento familiar em crianccedilas com necessidades especiais na
realidade brasileira aleacutem de que haacute resultados contraditoacuterios entre algumas
pesquisas (MINETTO 2010) Todavia Brazelton (2002) afirma que os pais
necessitam de uma ajuda profissional quando se percebe que o filho apresenta
alteraccedilotildees em seu desenvolvimento pois sem isso eles podem - por ansiedade ou
falta de orientaccedilatildeo - contribuir com o quadro de atraso ou mesmo superproteger sua
15
crianccedila deixando de estarem sensiacuteveis agraves condiccedilotildees reais do infante Tambeacutem no
que se refere ao atendimento da crianccedila com necessidades especiais ou
desenvolvimento atiacutepico eacute fundamental que se leve em consideraccedilatildeo a participaccedilatildeo
ativa da famiacutelia no processo por meio do acolhimento de suas duacutevidas e anseios e
pela promoccedilatildeo de orientaccedilotildees de quando e como interagir com sua crianccedila (GIL
2004 SHMITERLOumlW e FERNANDEZ 2004 MENDES 2010)
A atenccedilatildeo o apoio e a orientaccedilatildeo para a famiacutelia que tem uma crianccedila com
necessidades especiais justificam-se primordialmente porque esse natildeo eacute um fato
para o qual todos se preparam antecipadamente Muito menos eacute um fato que se
deseja aleacutem de que quando do diagnoacutestico de deficiecircncia atraso no
desenvolvimento ou outra necessidade especial haacute uma intensa e profunda
reorganizaccedilatildeo familiar conforme jaacute afirmado por Prado (2005) A possibilidade de um
diagnoacutestico pode corroborar com sofrimento por parte dos pais havendo em
diversos casos a apresentaccedilatildeo de estresse fiacutesico e emocional (BAILEY 2003
PEREIRA-SILVA e DESSEN 2006 CHERUBINI BOSA e BANDEIRA 2008) Diante
do exposto torna-se evidente que os programas de atendimento agrave crianccedila pequena
com deficiecircncia ou alteraccedilotildees importantes em seu desenvolvimento devem
considerar aspectos que envolvam sua famiacutelia de maneira que a preparem para a
relaccedilatildeo com seu filho (SHMITERLOumlW 2003 GIL 2004 SHMITERLOumlW e
FERNANDEZ 2004)
Jaacute a instituiccedilatildeo de Educaccedilatildeo Infantil interessa como um contexto que se mostra
cada vez mais utilizado podendo ateacute ser considerado como indispensaacutevel para a
viabilizaccedilatildeo da dupla jornada de trabalho da mulher e dos arranjos familiares
proacuteprios da modernidade o que faz com que o maior desafio desse contexto tenda a
ser o de proporcionar um ambiente que seja estimulante para a crianccedila tambeacutem
promovendo seu desenvolvimento de modo amplo e saudaacutevel (SOUZA 2008
SOEJIMA 2008 BOLSANELLO 2009 SOEJIMA e BOLSANELLO 2012)
Dessen e Polonia (2007) afirmam que a instituiccedilatildeo de educaccedilatildeo eacute um espaccedilo
fiacutesico psicoloacutegico social e cultural no qual os indiviacuteduos processam o seu
desenvolvimento global mediante atividades programadas e que tambeacutem pode se
configurar como um espaccedilo de apoio e orientaccedilatildeo para que as famiacutelias
desempenhem melhor seu papel
Perante sua relevacircncia a Educaccedilatildeo Infantil tem sido objeto de inuacutemeros estudos
inclusive a dissertaccedilatildeo de Mestrado da presente pesquisadora Os resultados desta
16
dissertaccedilatildeo evidenciaram a) a rotina extenuante dos educadores b) suas
dificuldades em planejar o atendimento das crianccedilas c) a grande quantidade de
crianccedilas por educador d) a constante necessidade de resolverem problemas
imediatos o que gera a dificuldade de darem atenccedilatildeo a aspectos mais
individualizados das crianccedilas e) a falta de apoio pedagoacutegico adequado (SOUZA
2008) Esses satildeo aspectos tambeacutem verificados por outros autores e que possibilitam
refletir profundamente sobre a funccedilatildeo da creche como um espaccedilo de
desenvolvimento (PACHECO e DUPRET 2004 CAMPOS FULGRAFF e
WIGGERS 2006 BOacuteGUS et al 2007 SOEJIMA 2008 SOUZA 2008
BOLSANELLO 2009 FERNANDES 2011 GUIMARAtildeES 2011 SOEJIMA e
BOLSANELLO 2012)
Outra questatildeo eacute acerca das concepccedilotildees de desenvolvimento infantil dos
educadores as quais refletem a falta de uma formaccedilatildeo consistente na aacuterea a falta
de oportunidades de reflexatildeo a falta de ressignificaccedilatildeo de seus conhecimentos
preacutevios a falta de sistematizaccedilatildeo de accedilotildees de atenccedilatildeo e a intervenccedilatildeo precoce
(SOEJIMA e BOLSANELLO 2012 SOUZA 2008) Tais achados geram
controveacutersias quanto agrave sua funccedilatildeo protetiva em relaccedilatildeo agraves comunidades expostas a
riscos sociais e desenvolvimentais (EIKMANN et al 2009) o que estaacute tambeacutem em
consonacircncia com as consideraccedilotildees de BALTIERI et al (2010) Estes uacuteltimos
salientam que estudos recentes trazem a preocupaccedilatildeo com as repercussotildees da
exposiccedilatildeo cotidiana ao ambienterotina das creches e que esta na realidade
brasileira tem sido crescente e apontam limitaccedilotildees quanto ao preparo dos
profissionais da infraestrutura rotinas com predomiacutenio de atividades voltadas para
alimentaccedilatildeo e higiene aleacutem de maior exposiccedilatildeo das crianccedilas a processos
infecciosos
Contraditoriamente os estudos de Boacutegus et al(2007) e Bhering e Nez (2002)
evidenciaram que as famiacutelias buscam o atendimento institucionalizado tambeacutem por
acreditarem que este seraacute um contexto de promoccedilatildeo do desenvolvimento e maior
cuidado para sua crianccedila e ateacute sentem-se privilegiadas por terem acesso a esse
serviccedilo o que parece resultar em uma menor exigecircncia na qualidade desse
atendimento Bhering e Nez (2002) relembram que a importacircncia do envolvimento
dos pais nessa fase de desenvolvimento humano eacute autoexplicativa famiacutelia e
escolacreche juntas podem promover situaccedilotildees complementares e significativas
17
de aprendizagem e convivecircncia que realmente vatildeo ao encontro das necessidades e
demandas das crianccedilas de ambas as instituiccedilotildees
Por outro lado eacute percebido que a participaccedilatildeo das famiacutelias diante da instituiccedilatildeo e
do atendimento de seus filhos eacute escassa e restrita agrave entrega da crianccedila pela manhatilde
agrave busca ao final do dia e a participaccedilatildeo em algumas reuniotildees especiacuteficas na fala
dos educadores tal participaccedilatildeo poderia ser mais efetiva (BHERING e NEZ 2002
BOgraveGUS et al 2007 SOUZA 2008) Perante esse cenaacuterio da parca participaccedilatildeo da
famiacutelia dentro da rotina da creche relembra-se que mesmo que haja o atendimento
institucionalizado como um importante recurso da sociedade contemporacircnea tal
participaccedilatildeo natildeo substitui a funccedilatildeo primordial da famiacutelia (SILVA e BOLSANELLO
2002)
Conforme os dados assinalados sobre a crianccedila pequena com necessidades
especiais sobre a importacircncia da famiacutelia e da Educaccedilatildeo Infantil como contextos de
promoccedilatildeo de desenvolvimento na primeira infacircncia2 e diante das contradiccedilotildees que
ainda permeiam os processos da educaccedilatildeo inclusiva apresenta-se como
pressuposto que a inclusatildeo da crianccedila pequena com necessidades especiais no
contexto de Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil vem sendo realizada a partir de
conceitos e praacuteticas que fortalecem principalmente os aspectos socializadores do
processo inclusivo o que implica na possibilidade de que estar no referido contexto
natildeo caracteriza uma educaccedilatildeo inclusiva
E levanta-se a questatildeo norteadora do presente estudo
Quais concepccedilotildees orientam o processo de inclusatildeo da crianccedila pequena com
necessidades especiais no contexto de Centros Municipais de Educaccedilatildeo
Infantil (CMEIs) segundo suas matildees suas educadoras na Educaccedilatildeo Infantil e
suas professoras do Atendimento Educacional Especializado
2 Para esse estudo se considera que a primeira infacircncia eacute o periacuteodo etaacuterio que corresponde aos primeiros 36
meses de vida
18
12 OBJETIVOS
121 Objetivo Geral
Investigar quais concepccedilotildees orienta o processo de inclusatildeo da crianccedila
pequena com necessidades especiais no contexto de Centros Municipais de
Educaccedilatildeo Infantil (CMEIs) especificamente em turmas de berccedilaacuterio e maternal
segundo suas matildees suas educadoras na Educaccedilatildeo Infantil e suas professoras do
Atendimento Educacional Especializado
122 Objetivos Especiacuteficos
Com a intenccedilatildeo de responder a questatildeo de pesquisa que orienta este
trabalho se estabelecem como objetivos especiacuteficos os itens abaixo indicados
a) Investigar como as matildees de crianccedilas que tecircm necessidades especiais
percebem participam e avaliam o processo de inclusatildeo de seus filhos que
frequentam os Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil
b) Investigar como educadoras de Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil que
atendem em turmas de berccedilaacuterio (I e II) e maternal (I e II) percebem atuam e
avaliam o processo de inclusatildeo das crianccedilas pequenas com necessidades
especiais nesses ambientes de desenvolvimento preacute-escolar
c) Investigar como professoras do Atendimento Educacional Especializado que
atendem e que frequentam turmas de berccedilaacuterio (I e II) e maternal (I e II) nos
Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil da regiatildeo percebem atuam e
avaliam o processo de inclusatildeo das crianccedilas pequenas com necessidades
especiais
d) Verificar quais satildeo as Diretrizes e Apoios indicados eou utilizados pelas
participantes do estudo para que o processo inclusivo ocorra com qualidade
na Educaccedilatildeo Infantil
19
e) Verificar as vantagens e desvantagens da inclusatildeo escolar de crianccedilas
pequenas com necessidades especiais segundo as concepccedilotildees de suas
matildees suas educadoras nos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil e suas
professoras do Atendimento Educacional Especializado
20
2 SUPORTE TEOacuteRICO
21 O DESENVOLVIMENTO HUMANO A PARTIR DO ESTUDO E DA INTERACcedilAtildeO
ENTRE SEUS CONTEXTOS ndash A ABORDAGEM BIOECOLOacuteGICA
Bronfenbrenner (1996) conceitua o desenvolvimento humano afirmando que
este se constitui de mudanccedilas nas formas como as pessoas percebem e interagem
com o ambiente Essas mudanccedilas ocorrem durante toda a vida do indiviacuteduo e em
sua relaccedilatildeo com o mundo
O modelo bioecoloacutegico contempla o desenvolvimento de maneira ampla e
busca focalizar as interaccedilotildees das pessoas com seus diferentes contextos
(BRONFENBRENNER 2011) Em outras palavras o ser humano se constitui como
tal na sua relaccedilatildeo com o outro e com os diversos contextos dos quais participa
direta ou indiretamente (SILVA 2011)
Para Bronfenbrenner e Morris (1998) o desenvolvimento dos seres humanos
eacute o resultado da accedilatildeo entre as caracteriacutesticas da pessoa em desenvolvimento os
processos proximais estabelecidos entre ela e outros sujeitos os contextos nos
quais a pessoa vive e a frequecircncia de tempo no qual ela encontra-se exposta a
esses elementos Esse modelo tambeacutem eacute denominado PPCT (processo-pessoa-
contexto-tempo)
O processo eacute o mecanismo do desenvolvimento visto a partir das interaccedilotildees
entre o sujeito e o ambiente imediato O indiviacuteduo humano eacute sempre considerado
nesta teoria como um ser biopsicologicamente em evoluccedilatildeo e para que suas
interaccedilotildees sejam consideradas como tal ele deve ser visto de modo ativo
(BROFENBRENNER 2011)
Os processos proximais satildeo os motores primaacuterios do desenvolvimento e satildeo
por conceito bidirecionais (BRONFENBRENNER 1999) O processo proximal pode
melhorar a competecircncia funcional e ajudar a minimizar aspectos disfuncionais do
desenvolvimento humano (BRONFENBRENNER 1999)
Para que se efetive o desenvolvimento as atividades devem ser contiacutenuas ao
longo de um tempo e devem tornar-se progressivamente mais complexas Em
acordo com esse modelo de desenvolvimento repeticcedilotildees natildeo bastam elas natildeo
21
caracterizam os processos proximais (BRONFENBRENNER e MORRIS 1998) Os
processos proximais envolvem aleacutem de pessoas tambeacutem a relaccedilatildeo com objetos e
siacutembolos E para haver reciprocidade nas relaccedilotildees os objetos e siacutembolos devem
despertar e estimular a atenccedilatildeo a exploraccedilatildeo a manipulaccedilatildeo a elaboraccedilatildeo e a
imaginaccedilatildeo da pessoa em desenvolvimento (BRONFENBRENNER 1999
AMBROZIO 2009)
Um exemplo desse padratildeo de interaccedilatildeo pode ser observado durante a
alimentaccedilatildeo do bebecirc nas brincadeiras de crianccedilas com pouca idade seja em grupo
ou individualmente (BRONFENBRENNER 2001)
Para os processos proximais disfunccedilatildeo e competecircncia satildeo dois aspectos
muito importantes pois influenciam os primeiros de modo contundente
Bronfenbrenner e Morris (1998) definem disfunccedilatildeo como a manifestaccedilatildeo recorrente
de dificuldades por parte da pessoa que estaacute em desenvolvimento Jaacute competecircncias
satildeo as aquisiccedilotildees avanccediladas no que se refere a conhecimentos e habilidades
(intelectuais fiacutesicas sociais motoras e a combinaccedilatildeo desses elementos)
Bronfenbrenner e Morris (1998) afirmam que ambientes estaacuteveis e
vantajosos propiciam menos manifestaccedilotildees de disfunccedilotildees no desenvolvimento
humano e que quanto maiores e melhores os resultados relacionados agraves
competecircncias mais elevados e complexos podem se tornar os processos proximais
e mais reduzidos seratildeo os riscos para o desenvolvimento
A pessoa eacute analisada por meio de suas caracteriacutesticas determinadas
biopsicologicamente (experiecircncias vividas habilidades por exemplo) e aquelas
construiacutedas socialmente Nesse modelo as caracteriacutesticas da pessoa satildeo tanto
produtoras como produtos do desenvolvimento pois constitui um dos elementos que
influenciam tanto a forma a forccedila o conteuacutedo quanto a direccedilatildeo do processo de
interaccedilatildeo (BRONFENBRENNER 1996 BROFENBRENNER 2011) Este modelo
destaca trecircs caracteriacutesticas da pessoa que tem influecircncia no decorrer de seu
desenvolvimento e das relaccedilotildees proximais estabelecidas as quais satildeo as
disposiccedilotildees os recursos e as demandas (BRONFENBRENNER 1999)
As disposiccedilotildees satildeo as caracteriacutesticas que podem colocar os processos
proximais em movimento lhe dando sustentaccedilatildeo ou interferindo com atrasos no
desenvolvimento humano Portanto as disposiccedilotildees podem ser as que promovem e
geram desenvolvimento e as que impedem ou atrasam o desenvolvimento
(BRONFENBRENNER 1999)
22
Segundo Bronfenbrenner (1989) satildeo disposiccedilotildees que podem gerar atrasos ou
impedimentos no desenvolvimento hostilidade apatia desatenccedilatildeo falta de
interesse inseguranccedila entre outras E como caracteriacutesticas que geram e promovem
o desenvolvimento iniciativa a curiosidade e tambeacutem a responsividade seletiva as
tendecircncias estruturantes e um sistema de crenccedilas diretivas (BRONFENBRENNER
1999)
A chamada responsividade seletiva eacute a primeira manifestaccedilatildeo dos aspectos
que geram o desenvolvimento e se refere a uma capacidade de manifestaccedilatildeo de
uma resposta diferenciada que ocasiona atraccedilatildeo e exploraccedilatildeo de elementos do
ambiente fiacutesico e social (BRONFENBRENNER 1999)
Jaacute as tendecircncias estruturantes se referem agraves capacidades de engajamento e
de persistecircncia em atividades progressivamente mais complexas Satildeo exemplos de
tendecircncias estruturantes a capacidade de elaborar reestruturar e criar novas
caracteriacutesticas em um ambiente (BRONFENBRENNER E MORRIS 1989)
A terceira disposiccedilatildeo que contribui para a promoccedilatildeo do desenvolvimento
humano eacute o que Bronfenbrenner e Morris (1998) denominam de sistema de crenccedilas
diretivas Elas se referem agrave capacidade de as pessoas demonstrarem uma
crescente tendecircncia de dar significado agraves experiecircncias agrave medida que o tempo vai
passando
Em relaccedilatildeo aos chamados recursos bioecoloacutegicos Bronfenbrenner (1989)
indicam que estes se referem agrave aptidatildeo agraves experiecircncias conhecimentos e
habilidades requeridas para o funcionamento dos processos proximais Os recursos
bioecoloacutegicos tambeacutem podem limitar os processos proximais principalmente quando
se referem a defeitos geneacuteticos ou doenccedilas crocircnicas e graves por exemplo
No que se refere agraves demandas Bronfenbrenner (1992) afirma que satildeo
aquelas caracteriacutesticas da pessoa em desenvolvimento que provocam ou
desencorajam reaccedilotildees do ambiente e que interferem de forma positiva ou negativa
nos processos proximais
A inter-relaccedilatildeo entre as caracteriacutesticas pessoais as disposiccedilotildees os recursos
bioecoloacutegicos e as demandas levam a inuacutemeras possibilidades de combinaccedilotildees e
justificam as diferenccedilas nas direccedilotildees e nas forccedilas dos processos proximais
resultantes e de seus impactos no desenvolvimento humano (BRONFENBRENNER
E MORRIS 1989)
23
Bronfenbrenner (1996) traz em seu modelo bioecoloacutegico a importacircncia e a
influecircncia que os contextos apresentam para o desenvolvimento da pessoa
O contexto eacute analisado por meio da interaccedilatildeo de quatro niacuteveis ambientais dos
mais proacuteximos aos mais distantes denominados microssistema mesossistema
exossistema e macrossistema (BRONFENBRENNER 1996 BROFENBRENNER
2011)
O microssistema eacute o ambiente em que se estabelecem relaccedilotildees diretas face
a face relaccedilotildees de intimidade (diacuteades triacuteades) Satildeo considerados como exemplos
famiacutelia escola grupo de amigos entre outros Das relaccedilotildees entre os diversos
microssistemas origina-se o mesossistema Jaacute o exossistema constitui aqueles
contextos externos agrave participaccedilatildeo direta do sujeito em desenvolvimento mas que
trazem influecircncias importantes para ele Um exemplo disso para a crianccedila em
desenvolvimento eacute o ambiente de trabalho dos pais O macrossistema eacute aquele em
que se configuram as leis normas e regras que regem uma sociedade
(BRONFENBRENNER 1996 BROFENBRENNER 2011)
As interaccedilotildees entre os diversos niacuteveis contextuais satildeo bidirecionais e trazem
grandes transformaccedilotildees no desenvolvimento humano O tipo de interaccedilatildeo mais
baacutesico eacute a chamada transiccedilatildeo ecoloacutegica o que segundo Bronfenbrenner (1977) eacute a
possibilidade de movimento de um contexto para outro diferente novo Podem ser
exemplos de transiccedilatildeo ecoloacutegica o ingresso em uma instituiccedilatildeo de ensino a
mudanccedila de residecircncia passar o dia no Centro Municipal de Educaccedilatildeo Infantil -
CMEI e ir para casa ao fim do dia entre outros
Sobre as relaccedilotildees bidirecionais ainda Bronfenbrenner (1988) cita as diacuteades e
as relaccedilotildees mais extensas a partir do sistema N+2 (triacuteades teacutetrades etc) Dentro do
processo de desenvolvimento infantil as diacuteades primaacuterias satildeo fundamentais pois o
desenvolvimento da crianccedila pequena afeta e eacute afetado por seus cuidadores
principais tais como matildee avoacute babaacute educadora etc Logo eacute recomendaacutevel que ao
se estudar o desenvolvimento na infacircncia que se busque fazecirc-lo tambeacutem
considerando esses aspectos diaacutedicos
Assim microssistemas como famiacutelia e escola tecircm influecircncias diversas e
importantes no desenvolvimento infantil Compreender ecologicamente o
desenvolvimento humano possibilita que a atenccedilatildeo investigativa seja dirigida natildeo soacute
para a pessoa e os ambientes imediatos nos quais se encontra senatildeo para suas
interaccedilotildees e transiccedilotildees em ambientes mais distantes dos quais muitas vezes
24
sequer participa diretamente O modelo bioecoloacutegico tambeacutem enfatiza o ambiente
mas propotildee que o desenvolvimento humano seja estudado por meio da interaccedilatildeo
deste nuacutecleo com outros trecircs de forma inter-relacionada o processo a pessoa e o
tempo (BRONFENBRENNER 1996 ROGOFF 2005 BROFENBRENNER 2011)
O tempo nesse modelo condiciona a efetividade dos processos proximais agrave
ocorrecircncia de uma interaccedilatildeo reciacuteproca progressivamente mais complexa em uma
base de tempo efetivamente regular natildeo podendo este funcionar efetivamente em
ambientes instaacuteveis e imprevisiacuteveis (BRONFENBRENNER 1996
BROFENBRENNER 2011)
Bronfenbrenner e Morris (1998) afirmam que o tempo enquanto categoria
bioecoloacutegica divide-se em microtempo mesotempo e macrotempo A anaacutelise do
tempo dentro desses trecircs niacuteveis deve focalizar a pessoa em relaccedilatildeo aos
acontecimentos presentes em sua vida desde os mais proacuteximos ateacute os mais
distantes (BRONFENBRENNER 1996 BROFENBRENNER 2011)
A abordagem bioecoloacutegica do desenvolvimento humano proposta por
Brofenbrenner (1996) eacute uacutetil ao permitir que o desenvolvimento possa ser entendido
de maneira contextualizada contemplando a interaccedilatildeo dinacircmica dos elementos
acima descritos Em outras palavras o estudo do desenvolvimento infantil
interpretado pelos paracircmetros do contexto bioecoloacutegico pode ser entendido como a)
a crianccedila como pessoa em contiacutenuo e progressivo desenvolvimento cujo trajeto
desenvolvimental apresenta caracteriacutesticas especiacuteficas conforme o ciclo vital se
desenrola b) a reciprocidade na qual ocorre uma interaccedilatildeo entre a crianccedila e os
contextos dos quais participa efetivamente c) as interconexotildees entre esses
ambientes e as influecircncias externas provenientes de meios mais amplos
(macrossistema e exossistema) d) o tempo como elemento necessaacuterio agraves
mudanccedilas no desenvolvimento do indiviacuteduo e de transiccedilotildees de papeacuteis dentro dos
diversos contextos dos quais participa e) continuidade e significado na qualidade
das relaccedilotildees interpessoais (BRONFENBRENNER 1996 BROFENBRENNER 2011
SPESSATO et al 2009 DINIZ e KOLLER 2010)
A interaccedilatildeo entre a crianccedila pequena com deficiecircncia sua famiacutelia a instituiccedilatildeo
de Educaccedilatildeo Infantil e a Educaccedilatildeo Especial eacute de extrema relevacircncia para que os
contextos conheccedilam melhor a crianccedila estabeleccedilam criteacuterios educativos comuns
discutam modelos de intervenccedilatildeo e relaccedilatildeo com os infantes e compreendam as
especificidades da funccedilatildeo educativa de cada um (SILVA 2011)
25
22 A CRIANCcedilA PEQUENA COM NECESSIDADES ESPECIAIS E A PROMOCcedilAtildeO
DO SEU DESENVOLVIMENTO
O presente capiacutetulo se destina a elencar aspectos relacionados agrave promoccedilatildeo
do desenvolvimento da crianccedila pequena com necessidades especiais visto que
para ela existem pelo menos trecircs contextos que podem auxiliar nesse sentido a
saber a famiacutelia a instituiccedilatildeo de Educaccedilatildeo Infantil e os centros ou programas de
Educaccedilatildeo Especial que ofertam o serviccedilo de estimulaccedilatildeo essencial
Pode se dizer que a crianccedila de modo geral se apresenta muito vulneraacutevel
agraves interferecircncias dos indiviacuteduos e dos ambientes com os quais convive e em
especial quando ela se encontra na primeira infacircncia (BRAZELTON 1990
SZYMANSKI 2004 CARVALHO 2006 BRONFENBRENNER 2011) No caso da
crianccedila com deficiecircncia (fiacutesica intelectual sensorial ou muacuteltipla) ou que apresenta
transtornos ou atrasos significativos em seu desenvolvimento agraves relaccedilotildees com
pessoas e contextos se tornam ainda mais relevantes na faixa etaacuteria indicada
Por outro lado sendo praticamente consenso entre os pesquisadores e
profissionais do desenvolvimento infantil de que este eacute um processo complexo e
multideterminado (MOLINARI et al 2005) tambeacutem deve ser considerada a crianccedila
em si como pessoa em constante desenvolver com suas caracteriacutesticas e
especificidades proacuteprias
A crianccedila no sentido de sujeito em desenvolvimento deve ser vista como
um ser integrado e natildeo uma coleccedilatildeo de habilidades e aquisiccedilotildees principalmente
porque o desenvolvimento em seus diversos niacuteveis natildeo se daacute de forma separada
contrariamente todos os niacuteveis (cognitivo emocional fiacutesico entre outros) estatildeo
inter-relacionados e constituem o sujeito como um todo (GIL 2004)
Segundo Libro Blanco (GAT 2000) importante documento espanhol sobre
atenccedilatildeo e intervenccedilatildeo precoce3 o desenvolvimento infantil nos primeiros anos se
caracteriza por uma progressiva aquisiccedilatildeo de funccedilotildees muito importantes tais como
3 No que se refere aos termos atenccedilatildeo e intervenccedilatildeo precoce eacute possiacutevel estabelecer um paralelo em
seu entendimento e relacionaacute-los ao atendimento de estimulaccedilatildeo precoce ou essencial na realidade brasileira O que significa afirmar que tanto na realidade espanhola quanto brasileira esses termos se referem aos primeiros atendimentos a crianccedilas com necessidades especiais ainda que esses sejam realizados em contextos e com abordagens distintos entre si
26
controle postural autonomia no deslocamento comunicaccedilatildeo e linguagem interaccedilatildeo
social entre outros
A evoluccedilatildeo do desenvolvimento estaacute estreitamente ligada ao processo de
maturaccedilatildeo do sistema nervoso jaacute iniciado na vida intrauterina e tambeacutem com a
organizaccedilatildeo emocional e mental Para que tais processos se verifiquem de modo
saudaacutevel eacute necessaacuteria uma estrutura geneacutetica adequada e o cumprimento das
necessidades humanas baacutesicas nos acircmbito bioloacutegico e psicoafetivo pois o
desenvolvimento infantil eacute produto da interaccedilatildeo entre fatores geneacuteticos e ambientais
(GAT 2000 GAUY e COSTA JUNIOR 2005 MADUREIRA e BRANCO 2005)
A base geneacutetica especiacutefica para cada indiviacuteduo estabelece capacidades
proacuteprias de desenvolvimento ateacute o ponto em que se possa modificaacute-la pela
interaccedilatildeo com os fatores ambientais (GAT 2000 GAUY e COSTA JUNIOR 2005
MADUREIRA e BRANCO 2005)
Os fatores ambientais vatildeo modular a possibilidade de expressatildeo ou latecircncia
de algumas caracteriacutesticas geneacuteticas Esses fatores satildeo de ordem bioloacutegica
psicoloacutegica e social (GAT 2000 GAUY e COSTA JUNIOR 2005 POLONIA
DESSEN e SILVA 2005 MADUREIRA e BRANCO 2005)
Os fatores ambientais de ordem bioloacutegica se configuram nos estados de
sauacutede ausecircncia de fatores de agressatildeo ao sistema nervoso condiccedilotildees necessaacuterias
para uma maturaccedilatildeo orgacircnica adequada Os fatores ambientais de ordem
psicoloacutegica e social satildeo os relacionados agrave interaccedilatildeo da crianccedila com o seu meio os
viacutenculos afetivos que estabelece a partir dos cuidados que recebe da percepccedilatildeo
que constroacutei em relaccedilatildeo agraves pessoas que a rodeiam (pessoas imagens sons entre
outros) Estas satildeo condiccedilotildees baacutesicas e determinantes do desenvolvimento
emocional funccedilotildees comunicativas condutas adaptativas aprendizagem entre
outros elementos constituintes da pessoa em evoluccedilatildeo (GAT 2000 GAUY e COSTA
JUNIOR 2005 MADUREIRA e BRANCO 2005)
Sobre a questatildeo de risco ao desenvolvimento os resultados negativos nesse
processo satildeo produzidos muitas vezes natildeo soacute por um mas pela combinaccedilatildeo de
diversos fatores de risco Os diferentes fatores que determinam os problemas que a
crianccedila pode apresentar ao longo de seu desenvolvimento satildeo mais dependentes da
quantidade do que da natureza dos fatores de risco reforccedilando a importacircncia de se
constatar os riscos muacuteltiplos que por sua vez tecircm efeito cumulativo causando
27
impacto maior sobre o desenvolvimento (SILVA e DESSEN 2005 MOLINARI et al
2005 AMORIM et al 2009)
Aleacutem de fatores de risco faz-se necessaacuterio lembrar que junto a eles existem
os recursos do indiviacuteduo e as accedilotildees protetoras do ambiente podem ser ativadas
para neutralizar adversidades vulnerabilidades e riscos ao desenvolvimento
adaptativo da crianccedila (FORMIGA et al 2004 POLETTO e KOLLER 2008)
E eacute nesse ponto que se destaca a funccedilatildeo dos adultos que atendem a crianccedila
pequena seja a famiacutelia ou a instituiccedilatildeo Entende-se que natildeo se deve atentar apenas
ao fato da remediaccedilatildeo de problemas mas antecipar as possibilidades gerais de
promover um desenvolvimento na primeira infacircncia com qualidade e sauacutede
(FORMIGA et al 2004 PEacuteREZ-LOPEZ MARTINEZ-FUENTES DIAZ-HERRERO
2006 MARTINEZ 2007)
Concorda-se igualmente com a afirmaccedilatildeo de Hansel (2004) quando a autora
relembra que em relaccedilatildeo agraves necessidades das crianccedilas pequenas tais como
proteccedilatildeo afetividade possibilidades de exploraccedilatildeo do meio fiacutesico e social por
exemplo haacute uma motivaccedilatildeo bioloacutegica e social para que esta se incorpore em um
grupo social poreacutem caberaacute aos genitores o papel de agentes de interaccedilatildeo e aqui
poderia se acrescentar a essa informaccedilatildeo a funccedilatildeo da estimulaccedilatildeo de ser tambeacutem
espaccedilo de promoccedilatildeo de muacuteltiplas experiecircncias e porque natildeo espaccedilo-tempo para
consolidaccedilatildeo de aspectos afetivos e de manutenccedilatildeo do viacutenculo familiar
Enfim a interaccedilatildeo entre microssistemas tais como o familiar e o educacional
(Educaccedilatildeo Infantil e Educaccedilatildeo Especial) pode ser um espaccedilo de reforccedilo de
orientaccedilatildeo direta ou indireta e de conformaccedilatildeo de uma rede de apoio primordial Por
outro lado um canal de comunicaccedilatildeo e interaccedilatildeo entre esses dois contextos que
seja inadequado pode falhar como recurso de orientaccedilatildeo motivaccedilatildeo e interesses da
famiacutelia em relaccedilatildeo agrave sua crianccedila (ORTIZ e FAacuteVARO 2004)
Devido a isso eacute que no que se refere agrave promoccedilatildeo do desenvolvimento
humano principalmente na primeira infacircncia tambeacutem eacute apropriado agrave busca pela
compreensatildeo das especificidades do atendimento na Educaccedilatildeo Infantil
Inicialmente antes de evidenciar o papel da educaccedilatildeo infantil e da famiacutelia
para a promoccedilatildeo do desenvolvimento para a crianccedila com riscos desenvolvimentais
cabe discorrer acerca do que consiste o atendimento em estimulaccedilatildeo precoce
Nas Diretrizes Educacionais sobre a Estimulaccedilatildeo Precoce publicadas em
1995 e elaboradas pela Secretaria de Educaccedilatildeo EspecialMEC haacute a explicitaccedilatildeo de
28
que a estimulaccedilatildeo precoce eacute o primeiro atendimento a ser destinado a crianccedila com
diagnoacutestico de deficiecircncia ou de atraso significativo em seu desenvolvimento na
faixa etaacuteria entre zero e 3 anos dentro dos serviccedilos da educaccedilatildeo especial
(BRASIL1995) Tambeacutem o documento orienta que haja a integraccedilatildeo entre as aacutereas
da assistecircncia social da educaccedilatildeo e da sauacutede com a integraccedilatildeo da famiacutelia e a
atuaccedilatildeo de uma equipe multidisciplinar (BRASIL 1995)
Documentos brasileiros como a Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo
Nacional - Lei 9394 (BRASIL 1996) as Diretrizes Nacionais Curriculares Nacionais
para a Educaccedilatildeo Infantil (BRASIL1998) e o Referencial Curricular para a Educaccedilatildeo
Infantil (BRASIL 2000) trazem em si as influecircncias do movimento mundial da
ldquoEscola para Todosrdquo o que implicou na promoccedilatildeo da possibilidade de que crianccedilas
com deficiecircncia desde tenra idade adentrem nos serviccedilos da educaccedilatildeo infantil no
ensino regular aleacutem de que a educaccedilatildeo especial passa a ser entendida tambeacutem
como ldquoapoiordquo para o processo de inclusatildeo desse alunado
Em especial o Referencial Curricular para a Educaccedilatildeo Infantil (BRASIL
2000) em suas instruccedilotildees evidencia vaacuterios aspectos entre os quais se destacam
aqueles relacionados agrave identificaccedilatildeo das necessidades especiais da crianccedila
elaboraccedilatildeo de estrateacutegias de avaliaccedilatildeo de risco para o desenvolvimento infantil e
atendimentos que levem em conta a singularidade do indiviacuteduo Propotildee tambeacutem o
acolhimento orientaccedilatildeo e apoio agraves famiacutelias das crianccedilas com deficiecircncia e a
integraccedilatildeo entre os diversos profissionais que atendem essa crianccedila
Esse uacuteltimo documento representa um avanccedilo sobre as orientaccedilotildees
indicadas anteriormente sobre o atendimento precoce da crianccedila com deficiecircncia
pois traz algumas atualizaccedilotildees contudo ainda assim mostra-se precaacuterio quando se
considera a especificidade das necessidades da crianccedila com deficiecircncia de suas
famiacutelias e dos profissionais que a atendem (HANSEL 2012)
Em 2008 as Diretrizes Operacionais para o Atendimento da Educaccedilatildeo
Especial na Educaccedilatildeo Baacutesica natildeo fazem alusatildeo agrave estimulaccedilatildeo precoce em si muito
embora oriente que o agora denominado Atendimento Educacional Especializado
deve contemplar as crianccedilas foco da Educaccedilatildeo Especial desde o nascimento Este
documento tambeacutem natildeo explicita de que modo o mesmo ocorreraacute na faixa etaacuteria que
compotildeem a primeira infacircncia (BRASIL 2008) O Decreto 761111 que tambeacutem
dispotildee sobre a Educaccedilatildeo Especial e orienta o Atendimento Educacional
Especializado revoga o Decreto anterior nordm 567108 e natildeo traz nenhuma
29
informaccedilatildeo especiacutefica sobre a inclusatildeo na primeira infacircncia ou mesmo sobre
intervenccedilatildeoestimulaccedilatildeo precoce
Igualmente alerta-se para o fato de a documentaccedilatildeo oficial a produccedilatildeo
cientiacutefica e a praacutetica da estimulaccedilatildeo precoce na realidade brasileira satildeo escassos
pouco difundidos e enfrentam inuacutemeros obstaacuteculos (HANSEL 2012)
De outro modo dentro do histoacuterico internacional dos programas de
estimulaccedilatildeo precoce houve grandes modificaccedilotildees no seu entendimento nas uacuteltimas
deacutecadas deixando de ser exclusividade da populaccedilatildeo infante da educaccedilatildeo especial
e passando a se constituir tambeacutem como um instrumento de inclusatildeo e de
prevenccedilatildeo de deacuteficits do desenvolvimento na faixa etaacuteria de 0 a 6 anos (GAT 2000)
Relembra-se que no iniacutecio dos anos 70 do seacuteculo passado esse serviccedilo tinha um
cunho de reabilitaccedilatildeo centrado nas questotildees relacionadas agrave patologia agrave deacuteficits e a
mensuraccedilatildeo do quociente intelectual Jaacute na metade dos anos 80 se verificou uma
discussatildeo voltando-se para a identificaccedilatildeo para a prevenccedilatildeo para o trabalho em
equipe e sobre o ambiente e sua influecircncia para o desenvolvimento Entre essas
duas deacutecadas surgiram modelos conceituais que tiveram grande repercussatildeo no
estudo e compreensatildeo do desenvolvimento humano (BROFENBRENNER 1996
GAT 2000 SAMEROFF e FIESE 2000 ROMERO 2003 CUEVAS 2003 PEacuteREZ-
LOPEZ 2003 SERRANO 2007 JUAN-VERA e PEREZ - LOPEZ 2009)
Logo a partir das concepccedilotildees Bioecoloacutegica de Brofenbrenner (1979) e da
Transacional de Sameroff e Chandler (1975) que exploram os contextos e suas
relaccedilotildees com seus partiacutecipes e destes entre si tornou-se possiacutevel evidenciar uma
nova abordagem para a promoccedilatildeo do desenvolvimento humano na infacircncia de tal
modo que as propostas de intervenccedilatildeo precoce deixaram de ter o aspecto de
ldquotratamento cliacutenicordquo e passaram a se constituir em verdadeiros apoios tanto agrave
crianccedila quanto a seus contextos de desenvolvimento - famiacutelia Educaccedilatildeo Infantil
entre outros (BROFENBRENNER 1996 GAT 2000 SAMEROFF e FIESE 2000
ROMERO 2003 CUEVAS 2003 PEacuteREZ-LOPEZ 2003 SERRANO 2007 JUAN-
VERA e PEREZ - LOPEZ 2009 MORAGAS 2009)
De tal modo eacute possiacutevel inferir que essa abordagem parece ir de acordo com a
proposta de se construir uma escola inclusiva desde a educaccedilatildeo infantil
Especialmente porque atualmente haacute a tendecircncia de que as intervenccedilotildees na
infacircncia sejam orientadas por uma concepccedilatildeo de Atenccedilatildeo Precoce a qual se refere
ao conjunto de accedilotildees orientadas para as crianccedilas com idade entre zero e seis anos
30
e que envolvem sua famiacutelia e o ambiente em que estatildeo inseridas (GAT 2000
JUAN-VERA e PEREZ - LOPEZ 2009 MORAGAS 2009) Nesse sentido tambeacutem
deixa de ser uma abordagem exclusiva para a crianccedila com deficiecircncias ou nascida
prematuramente O que segundo Caro (2003) eacute importante para todos inclusive
para aquela crianccedila viacutetima de ldquoabandono relativordquo
As condiccedilotildees de ldquoabandono relativordquo satildeo aquelas provenientes de situaccedilotildees
ocasionadas pelas ocupaccedilotildees dos pais do pouco cuidado descaso ou ainda
causadas pelo impacto de um cuidado mal estruturado com poucos estiacutemulos ndash
situaccedilotildees que podem ocasionar reflexos significativos no desenvolvimento
intelectual e emocional da crianccedila (CARO 2003)
Ao sair da seara puramente cliacutenica e passando a abarcar outros contextos
tais como o familiar e o das instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Infantil a Atenccedilatildeo Precoce
enfatiza a possibilidade de geraccedilatildeo de ambientes ricos em estiacutemulos diversos para a
aquisiccedilatildeo de funccedilotildees e capacidades que se apresentam pouco desenvolvidas ou
imaturas e tambeacutem a necessidade de que os profissionais que lidam com a infacircncia
possuam uma base soacutelida sobre os diversos modelos de prevenccedilatildeo intervenccedilatildeo e
avaliaccedilatildeo do desenvolvimento (PEREZ ndash LOPEZ 2004 DELGADO e MUELA
2004)
Portanto passa a ser uma questatildeo que acompanha a detecccedilatildeo de riscos para
o desenvolvimento a possibilidade de definir e aplicar accedilotildees de prevenccedilatildeo as quais
seguem alguns dos niacuteveis abaixo indicados (PEREZ-LOPEZ MARTINEZ-FUENTES
DIAZ-HERRERO 2006)
- prevenccedilatildeo primaacuteria satildeo todas as estrateacutegias tomadas antes que se
detecte um transtorno ou alteraccedilatildeo do desenvolvimento
- prevenccedilatildeo secundaacuteria compreende as estrateacutegias que satildeo colocadas
em praacutetica quando jaacute se evidenciam alguns sintomas de atraso no
desenvolvimento
- prevenccedilatildeo terciaacuteria quando trata de minimizar a gravidade dos efeitos
de transtornos do desenvolvimento que jaacute se instalaram
Em conformidade com Halpern et al (2000) e Formiga e Pedrazzani (2004)
pode-se afirmar que quanto mais precoce for o diagnoacutestico de atraso no
desenvolvimento e mais raacutepido o iniacutecio da intervenccedilatildeo menor seraacute o impacto de
31
atraso na vida futura da crianccedila tenha ela deficiecircncia ou natildeo o que por conseguinte
colabora em diminuir possiacuteveis impactos que possam ocorrer na relaccedilatildeo crianccedila-
famiacutelia-creche (RODRIGUES 2003)
23 BREVE HISTOacuteRICO DA EDUCACcedilAtildeO DAS PESSOAS COM NECESSIDADES
ESPECIAIS E A EDUCACcedilAtildeO INCLUSIVA
A histoacuteria do homem mostra que mesmo com a sociedade sugerindo respeito
entre seus membros e em algumas eacutepocas a valorizaccedilatildeo das diferenccedilas o que na
verdade temos eacute um ldquoestranhamento expliacutecitordquo uma separaccedilatildeo que eacute em muitos
casos velada por parte daqueles que natildeo se enquadram socialmente (SARAIVA
2008) Por isso discorrer sobre a educaccedilatildeo inclusiva requer que se retomem os
primoacuterdios da exclusatildeo e da educaccedilatildeo das pessoas com necessidades especiais
A trajetoacuteria de exclusatildeo da pessoa com necessidades especiais eacute tatildeo antiga
quanto a proacutepria evoluccedilatildeo do homem ou seja as estruturas das sociedades desde
os primoacuterdios demonstram uma concepccedilatildeo de deficiecircncia como algo relacionado agrave
inabilidade (MACIEL 2000)
Nas eacutepocas mais primitivas da histoacuteria humana dadas agraves condiccedilotildees insalubres
de vida supotildee-se que os indiviacuteduos que nasciam com qualquer tipo de deficiecircncia
teriam pouca ou nenhuma condiccedilatildeo de manutenccedilatildeo de sua vida pois que soacute os
indiviacuteduos mais fortes conseguiam sobreviver ante as intempeacuteries os ataques de
animais aos deslocamentos em busca de alimentos e de lugares mais propiacutecios
para o repouso e a permanecircncia (BIANCHETTI 1995)
Na Greacutecia Antiga as pessoas com deficiecircncia eram abandonadas ou
sacrificadas por natildeo corresponder agrave perfeiccedilatildeo do homem Na Idade Meacutedia substitui-
se o sacrifiacutecio por sentimentos ldquocristatildeosrdquo como piedade e compaixatildeo e tambeacutem pela
rejeiccedilatildeo dos diferentes Nessa eacutepoca tem iniacutecio o atendimento assistencial agraves
pessoas com deficiecircncia em igrejas e outras instituiccedilotildees de cunho religioso com o
intuito de ldquolibertaacute-lasrdquo do pecado (PESSOTI 1984 SMITH 2004 FREITAS 2008)
Desse modo a educaccedilatildeo especial soacute comeccedilou a ser traccedilada no seacuteculo XVI
com meacutedicos e pedagogos que desafiaram os conceitos vigentes na eacutepoca pois
acreditaram nas possibilidades educacionais de indiviacuteduos que ateacute entatildeo eram
32
considerados ineducaacuteveis (MENDES 2010) Ressalta-se ainda que a histoacuteria
retrate algumas experiecircncias precursoras desde o seacuteculo XVI cujas bases eram
tutoriais de fato o acesso agrave educaccedilatildeo das pessoas com deficiecircncias foi sendo muito
lentamente conquistado e essa conquista ocorreu apenas na medida em que se
ampliaram as oportunidades educacionais para a populaccedilatildeo em geral (JANNUZZI
2004 MENDES 2010)
Na Idade Moderna com o avanccedilo do pensamento cientiacutefico e da valorizaccedilatildeo da
racionalidade humana buscam-se respostas para a condiccedilatildeo das deficiecircncias Daiacute o
entendimento das mesmas no sentido de doenccedilas ou patologias iniciando-se as
pesquisas sobre como medicar e tratar as pessoas que apresentavam deficiecircncias
(PESSOTI 1984 SMITH 2004 FREITAS 2008) Na realidade brasileira em acordo
com pesquisa feita por Jannuzzi (2004) a educaccedilatildeo para pessoas com deficiecircncias
soacute surgiu de maneira institucional no conjunto das concretizaccedilotildees das ideias liberais
que tiveram divulgaccedilatildeo por aqui no fim do seacuteculo XVIII e comeccedilo do XIX
Na contemporaneidade lentamente deixa-se de lado a patologizaccedilatildeo das
deficiecircncias e evidencia-se uma abordagem de entendimento tambeacutem voltada para
os aspectos educativos desses indiviacuteduos (SMITH 2004 FREITAS 2008)
Nos anos 50 e 60 do seacuteculo passado houve um intensivo surgimento de
instituiccedilotildees educacionais especializadas (SMITH 2004 FREITAS 2008) Jaacute na
deacutecada de 70 destacam-se a reabilitaccedilatildeo e o treino de habilidades das pessoas com
deficiecircncia baseados em accedilotildees fundamentadas no modelo meacutedico-psicoloacutegico
vigente (SMITH 2004 FREITAS 2008)
As deacutecadas de 80 e de 90 desenrolaram-se com uma maior flexibilidade no que
se refere agrave consideraccedilatildeo das possibilidades e potencialidades da pessoa com
deficiecircncias Foi a partir dos anos 90 que o Brasil deu iniacutecio verdadeiramente a uma
longa e permanente luta pelos direitos das pessoas com necessidades especiais de
frequentar o ensino regular (FREITAS 2008)
Garcia (2008) lembra que a deacutecada de 1990 teve como marca maior a reforma
educacional ocorrida principalmente nos paiacuteses em desenvolvimento tal como o
Brasil e a qual foi orientada entre outros aspectos pelo discurso da inclusatildeo social
Assim vaacuterios foram os eventos que corroboraram para que essa premissa de
educaccedilatildeo inclusiva fosse se arraigando Entre eles pode-se citar
33
- a Conferecircncia Mundial de Educaccedilatildeo para Todos ocorrida em 1990 em
Jomtiem Tailacircndia
- a Conferecircncia Mundial sobre as Necessidades Educacionais Especiais
ocorrida em Salamanca na Espanha em 1994 a qual teve como produto a
chamada Declaraccedilatildeo de Salamanca importante documento orientador para a
educaccedilatildeo inclusiva
- a Convenccedilatildeo Interamericana para a Eliminaccedilatildeo de todas as formas de
Discriminaccedilatildeo contra as Pessoas Portadoras de Deficiecircncia ocorrida na
Guatemala em 1999
- e a Convenccedilatildeo sobre os Direitos das Pessoas com Deficiecircncia ndash promovida
pela ONU em Nova York em 2006
O movimento pela educaccedilatildeo inclusiva no Brasil teve um grande impacto na
discussatildeo de poliacuteticas educacionais para crianccedilas e adolescentes com necessidades
especiais uma vez que a grande maioria desta populaccedilatildeo havia sido historicamente
excluiacuteda do sistema educacional puacuteblico brasileiro (MENDES ALMEIDA e TOYODA
2011)
Durante a Conferecircncia Mundial de Educaccedilatildeo para Todos em Jomtien
Tailacircndia em 1990 o Brasil estabeleceu metas baacutesicas para melhorar o sistema
educacional brasileiro Entre esses objetivos parecia necessaacuterio melhorar a
educaccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes com necessidades especiais Como resultado
da Conferecircncia Mundial sobre necessidades educacionais especiais Acesso e
Qualidade organizada pelo governo espanhol e pela Unesco em 1994 foi aprovada
a Declaraccedilatildeo de Salamanca (MENDES ALMEIDA e TOYODA 2011)
Com a Convenccedilatildeo da Guatemala 1999 tem-se como avanccedilo a concepccedilatildeo
que pressupotildee uma ressignificaccedilatildeo da pessoa com deficiecircncia remetendo a
necessidade de se transformar as escolas de maneira que natildeo existam mais
restriccedilotildees agrave aprendizagem de nenhum aluno Isso implicou tambeacutem em uma
ressignificaccedilatildeo da proacutepria Educaccedilatildeo Especial segundo Alves (2008)
Outro marco foi a Convenccedilatildeo sobre os Direitos das Pessoas com Deficiecircncia
ndash promovida pela ONU em Nova York em 2006 Os propoacutesitos desse evento foram
essencialmente os de promover proteger e assegurar condiccedilotildees plenas de
igualdade e de gozo de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais por
todas as pessoas com deficiecircncia (ALVES 2008)
34
Jaacute a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial na Perspectiva da Educaccedilatildeo
Inclusiva proposta pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo em 2007 evidencia o movimento
mundial pela educaccedilatildeo inclusiva como uma accedilatildeo cultural pedagoacutegica poliacutetica e
social desencadeada em defesa do direito de todos os alunos de estarem
aprendendo e participando juntos sem nenhum tipo de discriminaccedilatildeo (BRASIL
2007) Portanto a educaccedilatildeo inclusiva constitui-se em um paradigma educacional
fundamentado na concepccedilatildeo de direitos humanos que conjuga igualdade e
diferenccedila como valores indissociaacuteveis e que avanccedila em relaccedilatildeo agrave ideia de equidade
formal ao contextualizar as circunstacircncias histoacutericas da produccedilatildeo da exclusatildeo dentro
e fora da escola (BRASIL 2007)
O contexto educacional inclusivo estaacute pautado portanto nas resoluccedilotildees
discutidas e propostas por esses eventos o que promove certa ldquouniversalizaccedilatildeordquo do
que seria uma ldquoeducaccedilatildeo para todosrdquo No Brasil o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo assumiu
as orientaccedilotildees contidas nesses documentos cabendo aos Estados e Muniacutecipios a
particularizaccedilatildeo do atendimento aos diversos contextos E na praacutetica a educaccedilatildeo
inclusiva vem sendo um grande desafio pois vem reorientando as redes municipais
de ensino a uma reorganizaccedilatildeo por propor novas demandas e redefinir
competecircncias e responsabilidades (GARCIA 2008)
Eacute possiacutevel dizer que o conceito de ldquoescola para todosrdquo implica no
reconhecimento dos conteuacutedos acadecircmicos e do sistema cientiacutefico e sistemaacutetico
poreacutem sem restringir os alunos ou tentar dominaacute-los a qualquer custo (MANTOAN
2006)
A inclusatildeo escolar da pessoa com necessidades educacionais especiais
tornou-se um tema de grande relevacircncia e por isso mesmo vem ganhando espaccedilo
cada vez maior em debates e discussotildees que explicitam a necessidade de a escola
atender agraves diferenccedilas intriacutensecas agrave condiccedilatildeo humana (SILVEIRA e NEVEZ 2006)
Segundo as Diretrizes da Poliacutetica Nacional da Educaccedilatildeo Especial na
Perspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva (BRASIL 2007) o acesso agrave educaccedilatildeo tem iniacutecio
na educaccedilatildeo infantil na qual se desenvolvem as bases necessaacuterias para a
construccedilatildeo do conhecimento e desenvolvimento global do aluno Nessa etapa o
luacutedico o acesso agraves formas diferenciadas de comunicaccedilatildeo a riqueza de estiacutemulos
nos aspectos fiacutesicos emocionais cognitivos psicomotores e sociais e a convivecircncia
com as diferenccedilas favorecem as relaccedilotildees interpessoais o respeito e a valorizaccedilatildeo
da crianccedila
35
Conforme o tema do presente estudo sobre a inclusatildeo da crianccedila pequena
ressalta-se que a Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo - LDB (939496) jaacute
apontava em seu paacuteragrafo 3ordm que a oferta do atendimento em Educaccedilatildeo Especial
enquanto dever do Estado tambeacutem deve ser ofertado na faixa etaacuteria de zero aos
seis anos de idade E antes disso a Declaraccedilatildeo de Salamanca (1994) indicava que
eacute necessaacuterio garantir identificaccedilatildeo das condiccedilotildees e necessidades especiais assim
como garantir procedimentos de intervenccedilatildeo o mais precoce possiacutevel
Nesse sentido do nascimento aos trecircs anos o atendimento educacional
especializado se expressa por meio de serviccedilos de estimulaccedilatildeo precoce que
objetivam o processo de desenvolvimento e aprendizagem em interface com os
serviccedilos de sauacutede e assistecircncia social (BRASIL 2007) E todas as etapas e
modalidades da educaccedilatildeo baacutesica o Atendimento Educacional Especializado deve
ser organizado para apoiar o desenvolvimento dos alunos constituindo oferta
obrigatoacuteria dos sistemas de ensino Deve ser realizado no turno inverso ao da classe
comum na proacutepria escola ou centro especializado que realize esse serviccedilo
educacional (BRASIL 2007 BRASIL 2011)
Em virtude da orientaccedilatildeo acima descrita infere-se que esta certamente
colaborou para a ampliaccedilatildeo do acesso de crianccedilas pequenas com necessidades
especiais em condiccedilatildeo de inclusatildeo no ensino regular especialmente na educaccedilatildeo
infantil o que por sua vez pressupotildee adequaccedilotildees para garantir um atendimento de
qualidade desde tenra idade
Segundo Arnais (2003) possibilitar o acesso agrave educaccedilatildeo em contextos
educacionais natildeo excludentes o mais precoce possiacutevel proporcionaria para a crianccedila
com necessidades especiais uma melhor compreensatildeo de si mesma e dos outros e
aos colegas de turma e de escola uma experiecircncia de convivecircncia harmocircnica com
as diferenccedilas
Desse modo resume-se que alguns dos fundamentais princiacutepios do ideaacuterio da
educaccedilatildeo inclusiva satildeo o direito agrave educaccedilatildeo o direito agrave igualdade de oportunidades
o que natildeo significa um lsquomodo igualrsquo de educar a todos e sim dar a cada um o que
necessita em funccedilatildeo de suas caracteriacutesticas e necessidades individuais escolas
responsivas e de boa qualidade o direito agrave aprendizagem e o direito agrave participaccedilatildeo
(CARVALHO 2009 OLIVEIRA 2010) O que estaacute consonante com a ilustraccedilatildeo de
ALVES (2008) como benefiacutecios de uma ldquoescola abertardquo a todos sentimento de
pertencimento maior qualidade da educaccedilatildeo para todos e combate a todas as
36
formas de discriminaccedilatildeo Com isso se procura garantir ocasiotildees de muacuteltiplas
interaccedilotildees nos ambientes das creches e preacute-escolas natildeo excluindo de forma
alguma a crianccedila com necessidades educacionais especiais de modo que todas as
crianccedilas tenham a oportunidade de aprender com as contribuiccedilotildees de cada um de
seus colegas em uma relaccedilatildeo de alteridade (OLIVEIRA 2010)
Poreacutem na realidade praacutetica da educaccedilatildeo inclusiva ainda existem muitos
desafios e dificuldades Ainda que nos uacuteltimos vinte anos conceitos como exclusatildeo
e inclusatildeo educacionais tenham se tornado cada vez mais recorrentes nas
pesquisas documentos oficiais e na fala de gestores e professores pode-se afirmar
que uma educaccedilatildeo que busca primar pela qualidade de todos os alunos esbarra em
desigualdades de diversas naturezas (sociais eacutetnicas raciais e de gecircnero)
presentes na sociedade brasileira que historicamente acumula um quadro de
exclusotildees e contradiccedilotildees marcado por poliacuteticas laacutebeis e inconsistentes (SEKKEL
ZANELATTO e BRANDAtildeO 2010 MOREIRA BOLSANELLO e SEGER 2011)
Souza e Batista (2008) destacam que em muitas situaccedilotildees crianccedilas pequenas
que estatildeo em inclusatildeo educacional permanecem mais isoladas especialmente as
que apresentam alteraccedilotildees fiacutesicas por serem consideradas incapazes de se
locomover e explorar ambientes e objetos Isto representa a perda de momentos
importantes de interaccedilatildeo social ficando isoladas do contato com parceiros com
semelhanccedila de idade e tendo suas interaccedilotildees restritas agrave relaccedilatildeo com o adulto
cuidador (SOUZA e BATISTA 2008)
Outrossim eacute possiacutevel verificar uma concepccedilatildeo de inclusatildeo restrita ao
atendimento de crianccedilas com deficiecircncias enquanto as necessidades das demais
crianccedilas e dos profissionais que trabalham na escola satildeo muitas vezes
desconsideradas O isolamento e o envolvimento com questotildees marginais do
trabalho pedagoacutegico satildeo pontos centrais a serem considerados no enfrentamento
das barreiras atitudinais para a construccedilatildeo de um ambiente inclusivo (SEKKEL
ZANELATTO e BRANDAtildeO 2010)
Outro aspecto que merece atenccedilatildeo eacute a formaccedilatildeo dos pedagogos e professores
que atendem agraves crianccedilas pequenas com deficiecircncia na educaccedilatildeo infantil pois
demonstram em vaacuterios estudos natildeo possuiacuterem conhecimentos suficientes para lidar
com as particularidades que envolvem as diferentes condiccedilotildees de deficiecircncia tal
como a intelectual ou a fiacutesica conforme evidenciado nos estudos de Melo e Ferreira
(2009) e de Vitta Vitta e Monteiro (2010)
37
Esse uacuteltimo estudo traz concepccedilotildees de professores de educaccedilatildeo infantil que
atendem crianccedilas com deficiecircncia e nas quais demonstram crer que a principal
contribuiccedilatildeo do processo de inclusatildeo eacute a socializaccedilatildeo destas crianccedilas (VITTAVITTA
e MONTEIRO 2010) Tambeacutem ressaltam nesse estudo terem encontrado problemas
com o espaccedilo fiacutesico recursos materiais e humanos relativos agrave formaccedilatildeo do
professor desse modo os autores consideram que eacute preciso possibilitar aos
professores uma formaccedilatildeo que abranja conhecimentos sobre as diferentes
deficiecircncias e as necessidades educacionais relativas a estas propiciando a
adequaccedilatildeo do espaccedilo fiacutesico e dos recursos materiais aleacutem de assistecircncia
educacional especiacutefica (VITTA VITTA e MONTEIRO 2010)
Drago (2005) percebeu que a inclusatildeo da crianccedila na Educaccedilatildeo Infantil ainda se
daacute como mera integraccedilatildeo ou seja baseada no princiacutepio que quem deve mudar eacute o
aluno ele eacute quem deve se adequar agrave escola e natildeo o contraacuterio No estudo de
Mendes (2010) as educadoras avaliaram que o princiacutepio da inclusatildeo eacute vaacutelido
embora difiacutecil de ser colocado em praacutetica
Desse modo eacute possiacutevel perceber dados indicando que a inclusatildeo de crianccedilas
com necessidades especiais eacute vista com reservas pelos profissionais da Educaccedilatildeo
Infantil explicitando ideias preconcebidas sobre a deficiecircncia Eles se justificam pela
falta de conhecimento do desenvolvimento infantil e dos fatores que o envolvem
bem como pelo fato de os profissionais vincularem suas atividades agraves experiecircncias
pessoais (VITTA 2004 VITTA 2010)
Vital (2012) infere em sua pesquisa com crianccedilas com idade entre quatro e seis
anos que haacute a necessidade de se discutir e promover accedilotildees que auxiliem na
identificaccedilatildeo do preconceito nessa faixa etaacuteria
Drago (2005) faz referecircncias ao papel do educador de educaccedilatildeo infantil
enquanto importante modelo no que se refere ao entendimento acolhimento e
aceitaccedilatildeo da crianccedila pequena com deficiecircncia na turma Bazon (2009) constatou
que atitudes de preconceito barreiras atitudinais e falta de informaccedilatildeo por parte de
professores afetam profundamente o processo de inclusatildeo da crianccedila pequena
Nesse sentido Bartalotti (2004) percebeu que a construccedilatildeo de histoacuterias de sucesso
na inclusatildeo de crianccedilas com necessidades especiais na Educaccedilatildeo Infantil envolve a
orientaccedilatildeo apoio e momentos de reflexatildeo e discussatildeo sobre o papel dos
educadores junto a accedilotildees inclusivas e as singularidades desse alunado
38
Jaacute Fernandes Bolsanello e Moreira (2008) indicam pelo menos dois grandes
desafios para a inclusatildeo da crianccedila pequena na educaccedilatildeo infantil a) a ainda vigente
visatildeo cliacutenico-assistencialista da deficiecircncia o que nos primeiros anos de vida faz
com que a crianccedila seja vista como enferma ou doente e b) as condiccedilotildees de
acolhimento e orientaccedilatildeo agraves famiacutelias nos primeiros meses de vida da crianccedila com
deficiecircncia o que resulta em um grande nuacutemero de vezes na dificuldade de
aceitaccedilatildeo da condiccedilatildeo de deficiecircncia da crianccedila por sua famiacutelia e na falta de
observacircncia do potencial de promoccedilatildeo do desenvolvimento dessa crianccedila desde
tenra idade
No que se refere agraves famiacutelias das crianccedilas com necessidades especiais haacute a
evidecircncia da necessidade de um acompanhamento antes durante e apoacutes a
inclusatildeo propriamente dita de modo a apoiaacute-las nos momentos de busca e escolha
da escola de adaptaccedilatildeo da crianccedila ao novo ambiente e de transiccedilatildeo dos
atendimentos oferecidos pela instituiccedilatildeo especializada para outros setores (LUIZ e
NASCIMENTO 2012)
Igualmente Benincasa (2011) destaca a) a importacircncia da articulaccedilatildeo entre
os campos da educaccedilatildeo especial e da educaccedilatildeo infantil na construccedilatildeo de propostas
pedagoacutegicas que sirvam como suporte aos diferentes sujeitos envolvidos
(professores comunidade famiacutelia e crianccedila) para a efetiva permanecircncia do aluno
com necessidades especiais no ensino comum b) a presenccedila de uma variedade de
modos de recepccedilatildeo e compreensatildeo do movimento de inclusatildeo escolar por parte dos
educadores envolvidos e c) o reconhecimento de que o local de instituiccedilatildeo
(estrutura fiacutesica e questotildees relacionadas agrave acessibilidade por exemplo) produz
impacto para se pensar os processos de escolarizaccedilatildeo de seus alunos e a tomada
de decisatildeo relativa a esses processos
Franccedila (2008) observou a influecircncia positiva da estimulaccedilatildeo assistemaacutetica
realizada por meio das interaccedilotildees sociais em sala regular para o desenvolvimento
motor e interaccedilatildeo social de crianccedilas cegas menores de cinco anos e Amaro (2004)
evidenciou a importacircncia de se observar e refletir sobre a singularidade do aluno
com necessidades especiais para que esta seja respeitada e valorizada
Assim percebe-se que educaccedilatildeo inclusiva eacute uma reforma educacional que
abarca um acircmbito bastante abrangente em diferentes niacuteveis de mudanccedilas como jaacute
afirmado por Rodrigues e Lima-Rodrigues (2011) Tal fato requer a busca constante
39
de se desvencilhar de muitas armadilhas conceituais para que a escola inclusiva
deixe de ser mera proposiccedilatildeo e passe a existir de verdade (DRAGO 2011)
Por fim segundo Mendes (2010) eacute necessaacuterio definir quem satildeo as crianccedilas
com necessidades especiais na idade entre zero e seis anos para que se possam
determinar os criteacuterios de elegibilidade para os programas de detecccedilatildeo e
intervenccedilatildeo precoce e planejar as accedilotildees necessaacuterias tais como alocar recursos
formar pessoal entre outros
24 A FAMIacuteLIA COMO UM MICROSSISTEMA DE DESENVOLVIMENTO HUMANO
E SUA RELACcedilAtildeO COM A CRIANCcedilA PEQUENA COM NECESSIDADES
ESPECIAIS
Reconhecidamente a famiacutelia eacute o contexto primordial de desenvolvimento para
qualquer ser humano Eacute portanto o locus das primeiras relaccedilotildees interaccedilotildees e
conhecimentos pelas crianccedilas espaccedilo no qual iratildeo se conformar as suas
impressotildees de mundo com base nas estruturas relacionais ali dispostas
especialmente entre seus partiacutecipes (SANCHEZ MARTINEZ e PENALVER 2003
MACEDO e MARTINS 2004 SILVA 2010) Por tal as relaccedilotildees familiares satildeo uma
aacuterea de pesquisa dentro do campo da Psicologia do Desenvolvimento que tem
despertado grande interesse dos pesquisadores e inspirando inuacutemeras questotildees
(SOEJIMA 2008)
O conceito de famiacutelia que se tem na atualidade eacute resultado de intensas
modificaccedilotildees sociais econocircmicas culturais e poliacuteticas muitas delas ocorridas nos
uacuteltimos 50 anos (PINHEIRO e BIASOLI-ALVES 2008 WEBER 2008)
Nesse acircmbito revela-se importante lembrar que as transformaccedilotildees no papel
da mulher diante agrave sociedade fizeram com que ocorressem tambeacutem profundas
modificaccedilotildees na organizaccedilatildeo e funcionamento familiar e de seus membros
(PINHEIRO e BIASOLI-ALVES 2008 DESSEN e BRAZ 2005)
As deacutecadas de 60 70 e 80 do seacuteculo passado foram marcadas pela
crescente participaccedilatildeo feminina no contexto econocircmico poliacutetico e social de nosso
paiacutes tambeacutem foi possiacutevel perceber a transiccedilatildeo das relaccedilotildees conjugais e familiares
hierarquizadas para mais igualitaacuterias a queda significativa no nuacutemero de filhos por
casal a regulamentaccedilatildeo do divoacutercio menor desigualdade entre os papeacuteis
40
masculinos e femininos o surgimento de novos valores para a criaccedilatildeo dos filhos e
mudanccedilas na distribuiccedilatildeo das tarefas do lar (RIBEIRO SABOacuteIA BRANCO e
BREGMAN 1998 VIEIRA 1998 DESSEN e TORRES 2002 DEUTSCH 2009)
A partir da deacutecada de 90 em decorrecircncia da transformaccedilatildeo do papel da
mulher diante da sociedade e das demais conjunturas histoacutericas e sociais mostram-
se igualmente importantes o aumento do nuacutemero de divoacutercios de re-casamentos de
famiacutelias monoparentais e o cuidado dos filhos passa a ser mais compartilhado com
outros grupos sociais e os filhos se tornam mais participativos nas decisotildees
familiares (ARRIAGADA 2000 GALANO 2006 DEUTSCH 2009)
Diante de tantas transformaccedilotildees na contemporaneidade estudos que
envolvam a famiacutelia assumem a premissa de que satildeo diversos os tipos e as
possibilidades de arranjos familiares e sua definiccedilatildeo deve estar mais baseada na
opiniatildeo dos membros considerando a afetividade e a proximidade entre eles do que
em variaacuteveis como consanguinidade relacionamento heterossexual divisatildeo da
mesma casa continuidade ao longo da vida por exemplo que por si soacute natildeo definem
famiacutelia (DESSEN 2010)
Portanto ao usar-se o termo famiacutelia na atualidade deve-se levar em
consideraccedilatildeo que cada vez mais o modelo familiar conjugal ndash nuclear ndash
heterossexual com sua prole bioloacutegica inspirado no modelo tradicional se modifica
e transforma o modo como se datildeo as relaccedilotildees entre seus sujeitos e a sociedade
(SILVA 2011) Deste modo ao se fazer referecircncia agrave famiacutelia estaacute se levando em
consideraccedilatildeo a rede de interaccedilotildees que envolvem aspectos cognitivos sociais
afetivos e culturais e outras variaacuteveis que tenham significado entre os sujeitos
envolvidos portanto natildeo evidenciados apenas em laccedilos de consanguinidade
(DESSEN e BRAZ 2005 DESSEN e POLOcircNIA 2007) Ou como jaacute discutido por
DESSEN e BRAZ (2005) o termo famiacutelia em tempos poacutes-modernos eacute
extremamente difiacutecil de ser definido com base no modelo tradicional
Contudo ainda que em transformaccedilatildeo a famiacutelia continua sendo um contexto
que alicerccedila a formaccedilatildeo do ser constituindo-se como matriz da aprendizagem
humana (ALMEIDA 2010)
Para Minuchin Lee e Simon (2008) uma famiacutelia se constitui por um grupo de
pessoas ligadas por laccedilos de emoccedilatildeo eou por consanguinidade e que viveu junto
tempo suficiente para que se criassem padrotildees de interaccedilatildeo entre seus membros
Nessas interaccedilotildees padronizadas os membros da famiacutelia constroem uns aos outros
41
Brofenbrenner (2011) salienta que a importacircncia da famiacutelia natildeo estaacute somente
nas accedilotildees de promoccedilatildeo das capacidades que uma crianccedila tem em aprender a
andar a falar e estudar mas pela formaccedilatildeo de uma pessoa com capacidade de
realizar seu trabalho de pensar claramente de servir a comunidade ou a sociedade
como um todo Em outras palavras Brofenbrenner (2011) define a famiacutelia como um
grupo de pessoas que possui e executa um compromisso irrestrito de bem-estar uns
com os outros
Dada a profunda influecircncia do contexto familiar na constituiccedilatildeo de seus
sujeitos pode-se inferir que haacute nas interaccedilotildees ocorridas nesse microssistema
relacional a possibilidade de que ele venha a se mostrar tanto como fator de risco
quanto de proteccedilatildeo ao desenvolvimento de seus membros Sendo assim ao longo
do tempo aspectos ambientais sociais poliacuteticos transgeracionais culturais e
econocircmicos exercem influecircncia sobre as famiacutelias e a histoacuteria de seus membros
(BRONFENBRENNER 1996 BROFENBRENNER 2011 DINIZ e KOLLER 2010)
Essas influecircncias satildeo facilmente perceptiacuteveis ao se observar o ingresso mais
frequente da mulher-matildee no mercado de trabalho e o processo de migraccedilatildeo das
pessoas que propiciam o distanciamento entre os grupos familiares Ambas as
situaccedilotildees propiciam e fortalecem a necessidade de cuidado infantil extrafamiliar
como o que hoje se entende por creche Em decorrecircncia disso percebe-se
atualmente que o cuidado a educaccedilatildeo e a promoccedilatildeo do desenvolvimento na
infacircncia passaram a ser divididos entre a instituiccedilatildeo e a famiacutelia
Estudos sobre desenvolvimento destacam que a variaacutevel de maior impacto
sobre o desenvolver da crianccedila eacute a relaccedilatildeo com sua famiacutelia e seu ambiente imediato
(ANDRADE 2005)
Os membros que compotildeem a famiacutelia satildeo todos influentes quando se fala de
desenvolvimento infantil contudo a figura paterna e a materna merecem uma
anaacutelise mais aprofundada a respeito de seus papeacuteis e as devidas inter-relaccedilotildees
Nesse sentido destaca-se que o advento proacuteprio ao surgimento de uma crianccedila
provoca muitas transformaccedilotildees tanto em homens quanto em mulheres ambos
passam por momentos de reflexatildeo e de reelaboraccedilatildeo de seus sonhos anseios e por
uma reorganizaccedilatildeo de papeacuteis agora como pais e matildees (BRAZELTON 2002)
A matildee eacute a primeira referecircncia da crianccedila em termos de cuidado afeto
nutriccedilatildeo ela estaacute em outras palavras preparada para enxergar reconhecer as
necessidades de sua crianccedila e isso eacute construiacutedo desde a ideacuteia de crianccedila que ela
42
cria antes mesmo do nascimento (BRUM e SCHERMANN 2004 FERRARI e
PICCININI 2010) Tal situaccedilatildeo faz com que esse viacutenculo tenha uma relevacircncia
ainda maior para o desenvolvimento na infacircncia e mereccedila ampla anaacutelise e maiores
estudos a respeito de seus impactos (ALT e BENETTI 2008)
Por outro lado a figura do pai no desenvolvimento da crianccedila pequena
tambeacutem eacute importante e sua vinculaccedilatildeo com o filho tambeacutem se daacute durante a
gestaccedilatildeo poreacutem com caracteriacutesticas muito proacuteprias Haacute estudos que ilustram a
busca dos pais por interagir com seus bebecircs que ainda estatildeo no ventre materno
seja por meio de cariacutecias ou mesmo conversas com a barriga da gestante e que
eles assim como as matildees podem apresentar certa dificuldade em perceber o bebecirc
como ldquorealrdquo principalmente nos meses iniciais do periacuteodo gestacional (HANSEL
2004 PICCININI et al 2004 CIA WILLIANS e AIELLO 2005) Dessa maneira o
envolvimento emocional paterno daacute-se de modo crescente e muito mais consistente
com o proacuteprio avanccedilar da gravidez em consonacircncia com a evoluccedilatildeo da interaccedilatildeo da
matildee (HANSEL 2004 PICCININI et al 2004 CIA WILLIANS e AIELLO 2005)
Como a figura paterna pode representar intenso apoio emocional e material para a
mulher eacute possiacutevel inferir que seu envolvimento positivo com o processo gestacional
eacute um aspecto importante para a vinculaccedilatildeo afetiva com a crianccedila tambeacutem apoacutes o
parto o que com certeza enriquece essa relaccedilatildeo (matildee-pai-bebecirc) Mesmo com essa
notoacuteria importacircncia da figura paterna eacute possiacutevel constatar que a figura do pai ainda
eacute pouco explorada no campo da pesquisa aspecto indicado tambeacutem em literatura
pertinente (HANSEL 2004 PICCININI et al 2004 CIA WILLIANS e AIELLO 2005)
Para a crianccedila pequena a figura dos pais eacute de suma importacircncia jaacute que eles
a auxiliaratildeo a conhecer o mundo e a reconhecer-se como sujeito Ou seja a famiacutelia
configura-se como o primeiro universo de relaccedilotildees sociais da crianccedila podendo
proporcionar-lhe um ambiente adequado de crescimento e desenvolvimento
Corroborando com esse uacuteltimo aspecto reafirma-se que os primeiros anos de vida
constituem uma importante etapa da existecircncia especialmente criacutetica pois nela
configuram-se as habilidades perceptivas motoras cognitivas linguiacutesticas e sociais
possibilitando uma equilibrada interaccedilatildeo com o externo Seraacute a partir deste primeiro
espaccedilo de relaccedilotildees sociais que a crianccedila entenderaacute o ambiente que a cerca e agiraacute
sobre os elementos do mundo (GAT 2000 BRAZELTON e CRAMER 2002
BRAZELTON e GREENSPAN 2002)
43
Importante considerar tambeacutem que quando existe uma interaccedilatildeo efetiva
entre a crianccedila e os membros de sua famiacutelia o desenvolvimento infantil eacute facilitado
pelas trocas que esta relaccedilatildeo oportuniza (HANSEL 2004)
De forma geral a valorizaccedilatildeo da relaccedilatildeo pai-matildee-crianccedila pequena eacute
importante para que todos se sintam seguros em seus papeacuteis e prosperem como
sujeitos As interaccedilotildees satildeo mutuamente alimentadas quando os sujeitos que dela
participam tecircm espaccedilo e oportunidade de responder agraves necessidades do outro e de
si mesmo Em outras palavras os indiviacuteduos em interaccedilatildeo estatildeo em muacutetua e
constante troca um monitora o outro o que implica no surgimento de respostas
emocionais diversas e interpretaccedilotildees cognitivas as quais afetam a continuidade e a
qualidade dessas interaccedilotildees bem como o comportamento futuro dos sujeitos
envolvidos (HANSEL 2004 PICCININI et al 2004 CIA WILLIANS e AIELLO 2005
DESSEN e BRAZ 2005)
Tem-se conhecimento de que tanto a figura materna quanto a paterna
influencia o processo de desenvolvimento do filho especialmente quando se trata da
crianccedila com distuacuterbios de desenvolvimento ou com deficiecircncias (HANSEL 2004
BOLSANELLO e SOUZA 2004 HANSEL e BOLSANELLO 2009)
Gineacute et al (2009) afirmam sobre a interaccedilatildeo com a famiacutelia que o objetivo
final deve ser o de alcanccedilar uma vida com qualidade lembrando que os pais satildeo os
maiores promotores do desenvolvimento de sua crianccedila No sentido de qualidade
lembra-se que o que caracteriza uma relaccedilatildeo familiar eacute a influecircncia da interaccedilatildeo
entre indiviacuteduos sobre outras interaccedilotildees tal influecircncia eacute vista no efeito cumulativo
das interaccedilotildees ou seja os indiviacuteduos natildeo precisam estar continuamente em
interaccedilatildeo para que sua relaccedilatildeo seja mantida (DESSEN e BRAZ 2005)
Dada agrave profunda influecircncia da famiacutelia na constituiccedilatildeo do sujeito-filho pode-se
inferir que haacute nas interaccedilotildees desse microssistema relacional a possibilidade de ele
mostrar-se tanto como fator de risco quanto protetivo Esta aparente ambiguidade eacute
justificada quando se considera a famiacutelia como o grupo social baacutesico do indiviacuteduo
cuja funccedilatildeo e estrutura satildeo determinantes em seu desenvolvimento As relaccedilotildees
entre pais e filhos satildeo caracterizadas por uma enorme complexidade Ao longo dos
tempos aspectos ambientais sociais poliacuteticos transgeracionais culturais e
econocircmicos exercem influecircncia sobre as famiacutelias e a histoacuteria de seus membros
(HANSEL 2004 PICCININI et al 2004 CIA WILLIANS e AIELLO 2005 DINIZ e
KOLLER 2010)
44
Na famiacutelia os objetivos conteuacutedos e meacutetodos se diferenciam fomentando o
processo de socializaccedilatildeo a proteccedilatildeo as condiccedilotildees baacutesicas de sobrevivecircncia e o
desenvolvimento de seus membros no plano social cognitivo e afetivo Esta eacute
tambeacutem a primeira mediadora entre o homem e sua cultura Portanto a famiacutelia eacute a
matriz da aprendizagem humana com significados e praacuteticas culturais proacuteprias
essas que geram modelos de relaccedilatildeo interpessoal e de construccedilatildeo individual e
coletiva (BRONFENBRENNER 1996 BRONFENBRENNER 2011 GURALNICK
2002)
Dessa maneira os acontecimentos e as experiecircncias familiares propiciam a
formaccedilatildeo de repertoacuterios comportamentais de accedilotildees e resoluccedilotildees de problemas com
significados universais e particulares (BRONFENBRENNER 1996
BRONFENBRENNER 2011 GURALNICK 2002) Essas vivecircncias integram a
experiecircncia individual e coletiva que organiza interfere e a torna uma unidade
dinacircmica que estrutura as formas de subjetivaccedilatildeo e interaccedilatildeo social de seus
membros Nesse sentido tambeacutem se pode afirmar que eacute por meio dessa unidade e
suas interaccedilotildees internas que se concretizam as transformaccedilotildees na sociedade que
por sua vez ocasionam novas influecircncias a seus membros num processo
bidirecional (BRONFENBRENNER 1996 BRONFENBRENNER 2011 GURALNICK
2002)
Igualmente pode-se afirmar que aspectos tais como a escolaridade da matildee e
o desemprego paterno podem ser considerados como preditores bastante confiaacuteveis
para explicitar alteraccedilotildees nos resultados de estudos sobre desenvolvimento infantil
(LORDELO et al 2007)
Tambeacutem a interaccedilatildeo familiar possui um caraacuteter de reciprocidade em suas
relaccedilotildees ou seja o estabelecimento de laccedilos muacutetuos mobiliza a crianccedila para o
desenvolvimento de atividades no seu meio fiacutesico social simboacutelico condutores da
sua atividade exploratoacuteria manipuladora criativa e imaginativa logo essa
capacidade comeccedila a desenvolver-se desde o nascimento do bebecirc e aprimora-se ao
longo do tempo e por outro lado o proacuteprio desenvolvimento parental eacute influenciado
pelo comportamento e desenvolvimento dos filhos o que mais uma vez reforccedila a
ideia do desenvolvimento como um processo dinacircmico influenciado pelos vaacuterios
sistemas que o constituem (BRONFENBRENNER 1996 BRONFENBRENNER
2011)
45
Sendo assim quando haacute situaccedilotildees de risco ou problemas nos quais a famiacutelia
precise contar com algum tipo de apoio pode - se afirmar que a principal rede de
apoio eacute a proacutepria interaccedilatildeo entre seus membros especialmente entre os genitores
ou cuidadores principais (BRONFENBRENNER 1996 BRONFENBRENNER 2011
DESSEN e BRAZ 2005) Isso porque o estabelecimento do viacutenculo portanto de
uma relaccedilatildeo de afeto estaacutevel e contiacutenua pode ser considerado o principal elemento
de superaccedilatildeo da mudanccedila para todos os membros dessa unidade primordial E
seratildeo tais viacutenculos que por meio do alimentar brincar ou confortar uma crianccedila
ativaratildeo sentimentos como cumplicidade ternura carinho que se verificam como
contributos para o delineamento do curso da vida Lembra-se que natildeo satildeo apenas
as experiecircncias objetivas que pesam e influenciam o desenvolvimento humano as
subjetivas igualmente auxiliam na formaccedilatildeo do repertoacuterio global dos sujeitos em
evoluccedilatildeo (BRONFENBRENNER 1996 BRONFENBRENNER 2011 DINIZ e
KOLLER 2010)
Nesse sentido a interaccedilatildeo entre microssistemas tais como famiacutelia e escola
ou a creche pode ser um espaccedilo de reforccedilo e orientaccedilatildeo direta ou indireta dessa
rede de apoio primordial (PEREIRA-SILVA e DESSEN 2004 DESSEN e POLONIA
2007) Por outro lado um canal de comunicaccedilatildeo famiacutelia-instituiccedilatildeo ruim falha como
recurso motivacional e de interesse da famiacutelia em relaccedilatildeo ao atendimento da crianccedila
(ORTIZ e FAVARO 2004)
Ressalta-se portanto que o atendimento educacional na infacircncia
especialmente o que eacute voltado agrave crianccedila pequena deve ser baseado no trabalho
colaborativo e cooperativo no compartilhamento de responsabilidades e
informaccedilotildees com a famiacutelia lhes conferindo o empoderamento necessaacuterio para
usufruiacuterem de suas capacidades e potencialidades enquanto cuidadores auxiliando-
os a lidar com os percalccedilos e limites que possam ser motivados pelas
especificidades do filho (ROMERO 2003 GINEacute et al 2009)
Tais aspectos devem ser levados em consideraccedilatildeo principalmente porque a
crianccedila na primeira infacircncia tem necessidades desenvolvimentais muito proacuteprias
as quais devem ser conhecidas e respeitadas tanto pela famiacutelia quanto pela
instituiccedilatildeo que a atende
Ao posicionar o papel da famiacutelia na concepccedilatildeo da Atenccedilatildeo Precoce retoma-
se que em uma perspectiva transacional o desenvolvimento infantil pode ser
entendido como produto de interaccedilotildees dinacircmicas entre a crianccedila a famiacutelia e o
46
contexto (SAMEROFF e FIESE 2000) Essa perspectiva amplia a visatildeo da
costumeira abordagem linear e unidirecional que modelos tradicionais de
atendimento ao desenvolvimento infantil possuem reconhecendo a influecircncia da
interaccedilatildeo de diversos fatores na conformaccedilatildeo da pessoa-crianccedila em
desenvolvimento e tambeacutem influencia profundamente o atendimento agrave crianccedila
pequena com deficiecircncia por transformar esse uacuteltimo em uma abordagem centrada
na famiacutelia (SAMEROFF E FIESE 1990 2000 SERRANO 2007)
Nesse sentido vaacuterios estudos a respeito da relaccedilatildeo entre famiacutelia e
desempenho desenvolvimental da crianccedila confirmam que os pais satildeo importantes
agentes moduladores das experiecircncias de seus filhos de tal maneira que suas
accedilotildees podem se constituir em riscos para o desenvolvimento infantil (BARROS et al
2003 MANCINI et al 2004 AMORIM et al 2009 SARTORI SACANI e VALENTINI
2010)
Em consonacircncia Amorin et al (2009) perceberam em seu
estudo que as crianccedilas que dispunham de menor tempo diaacuterio com suas matildees
apresentaram maior frequecircncia de deacuteficit em equiliacutebrio estaacutetico quando comparadas
agravequelas que permaneciam mais tempo com a matildee sugerindo a presenccedila materna
como um fator de proteccedilatildeo para a aquisiccedilatildeo dessa habilidade Igualmente Barros et
al (2003) evidenciaram em sua pesquisa que podem se constituir em fatores de
risco para o desenvolvimento da crianccedila pequenas situaccedilotildees como ausecircncia do pai
utilizaccedilatildeo de brinquedos inadequados para a faixa etaacuteria o local onde a crianccedila era
mantida em idades precoces da infacircncia a falta de orientaccedilatildeo pedagoacutegica e de
socializaccedilatildeo extrafamiliar precoce e a baixa condiccedilatildeo socioeconocircmica familiar Jaacute
os resultados do estudo de Sartori Sacani e Valentini (2010) sugerem uma diferenccedila
significativa entre o desempenho desenvolvimental dos bebecircs filhos de adolescentes
e os nascidos de matildees adultas ressaltando a possibilidade de a idade materna ser
um fator de risco para a ocorrecircncia de atrasos no desenvolvimento
Diante dos elementos acima se soma a orientaccedilatildeo de Brazelton e Cramer
(2002) na qual evidenciam que quando os pais apreciam e valorizam o repertoacuterio
comportamental de seus bebecircs estatildeo prontos a entrar em um diaacutelogo com eles
Ainda conforme esses autores os profissionais que datildeo apoio aos pais facilitando e
apresentando o repertoacuterio das crianccedilas agrave famiacutelia colaboram com o fortalecimento
dos primeiros viacutenculos e com a promoccedilatildeo do desenvolvimento na infacircncia Aleacutem de
que avaliar a estimulaccedilatildeo disponiacutevel para a crianccedila dentro de uma determinada
47
famiacutelia pode fornecer elementos importantes para as poliacuteticas de sauacutede e educaccedilatildeo
a serem programadas pelos organismos puacuteblicos (MARTINS et al 2004 )
Portanto a essecircncia da relaccedilatildeo materna e paterna com a crianccedila eacute a
reciprocidade Ou seja os cuidadores devem estar acessiacuteveis quando a crianccedila
precisa deles devendo mostrar que haacute interesse no que ela apresenta orientando
quanto a limites e possibilidades Ao demonstrar isso o bebecirc com seus recursos
responderaacute alimentando esse circuito ou sistema de comunicaccedilatildeo Nesse sentido haacute
a importacircncia de se orientar aos cuidadores o mecanismo de comunicaccedilatildeo com sua
crianccedila lembrando-lhes dos efeitos devastadores que riscos como os jaacute indicados
anteriormente podem ocasionar nesse sistema de comunicaccedilatildeo reciacuteproca com o
bebecirc (BRAZELTON 1990 BRAZELTON e CRAMER 2002)
Por esses motivos eacute que se entende como necessaacuterio destacar a
importacircncia de accedilotildees interventivas e de orientaccedilotildees que considerem o papel de pais
ou outros cuidadores principais como uma forma de propiciar prevenccedilatildeo de
possiacuteveis futuros deacuteficits no desenvolvimento infantil e mesmo de minimizar
alteraccedilotildees desenvolvimentais jaacute estabelecidas na infacircncia (BARBA MARTINEZ e
CARRASCO 2003) Pois assim como a crianccedila cuja deficiecircncia jaacute foi identificada
haacute aquele indiviacuteduo que frequenta a educaccedilatildeo infantil e que pode apresentar
alteraccedilatildeo em seu desenvolvimento seja por privaccedilatildeo de estiacutemulos adequados seja
por lesotildees agraves que quando natildeo detectadas ou natildeo atendidas podem comprometer a
maturaccedilatildeo neuropsicoloacutegica o que traz implicaccedilotildees para outras instacircncias do
desenvolvimento humano (GAT 2000)
Nessa perspectiva torna-se destaque que os programas vinculados agrave sauacutede
infantil devem estar voltados tambeacutem para o ambiente educacional da crianccedila pois
nele ela se estrutura como um ser individual e social capaz de interagir com outros
niacuteveis de amplitude e de construir espaccedilos entre os setores sociais envolvidos no
processo de construccedilatildeo de uma vida saudaacutevel (MARTINS et al 2004) Isso se
justifica tambeacutem em pesquisas que reforccedilam a importacircncia da aproximaccedilatildeo entre
famiacutelia e educadoras da educaccedilatildeo infantil como modo de auxiliar no
desenvolvimento da crianccedila pequena com ou sem deficiecircncia (CUEVAS 2003
MACARINI MARTINS e VIEIRA 2009)
Especificamente sobre a Educaccedilatildeo Infantil haacute estudos que evidenciam que
quando ocorrem accedilotildees de avaliaccedilatildeo do desenvolvimento infantil ou mesmo
intervenccedilatildeo precoce no contexto da creche haacute grandes ganhos para o
48
desenvolvimento das crianccedilas ali inseridas (BARBA MARTINEZ e CARRASCO
2003 SOEJIMA 2008 BALTIERI et al 2010) Isso posto salienta-se que a inclusatildeo
educacional natildeo se faz apenas com a adaptaccedilatildeo do espaccedilo mas tambeacutem com a
modificaccedilatildeo de conceitos e condutas sobre a pessoa com deficiecircncia (MANTOAN
2004 MAZZOTA 2003)
Por outro lado investigar como o contexto da creche se mostra diante da
atenccedilatildeo ao desenvolvimento infantil da crianccedila com e sem necessidades especiais
(elencar as dificuldades das educadoras em lidar com a promoccedilatildeo ou estimulaccedilatildeo
do desenvolvimento) auxilia na criaccedilatildeo de accedilotildees que transformem esse ambiente
tornando-o mais inclusivo ampliando a qualidade de seu atendimento e das
relaccedilotildees com a comunidade que atende (BARBA MARTINEZ e CARRASCO 2003
CUEVAS 2003 VITTA 2010 VITTA VITTA e MONTEIRO 2010)
Com base no referencial sobre o tema abordado neste trabalho verifica-se
que para a implementaccedilatildeo de programas de atendimento agrave crianccedila pequena com
necessidades especiais - seja dentro da Educaccedilatildeo Infantil ou na Educaccedilatildeo Especial
- eacute necessaacuterio que os profissionais envolvidos tomem conhecimento a respeito dos
muacuteltiplos fatores de risco e proteccedilatildeo que norteiam o desenvolvimento na infacircncia
com ecircnfase em uma perspectiva ecoloacutegica levando em consideraccedilatildeo as interaccedilotildees
transacionais entre a crianccedila e o ambiente e vice-versa Para tal torna-se
necessaacuteria tambeacutem a construccedilatildeo e o seguimento de um marco teoacuterico e conceitual
que sirva de guia para os serviccedilos de atendimento agrave infacircncia (GURALNIK 2008)
Com estes conhecimentos eacute possiacutevel colocar em praacutetica a criaccedilatildeo de programas de
intervenccedilatildeo em crianccedilas com riscos bioloacutegicos e ambientais e prevenir o surgimento
ou o agravamento de alteraccedilotildees no desenvolvimento sejam elas de origem motora
sensorial intelectual ou emocional tanto na educaccedilatildeo especial quanto na educaccedilatildeo
infantil (FORMIGA e PEDRAZZANI 2004)
Por fim ressalta-se que em virtude dos dados acima correlacionados eacute que
decorre o interesse em investigar concepccedilotildees de pais de crianccedilas com
necessidades especiais e de seus educadores acerca da inclusatildeo educacional na
primeira infacircncia tendo em vista tambeacutem as condiccedilotildees de promoccedilatildeo do
desenvolvimento infantil desse alunado dentro de Centros Municipais de Educaccedilatildeo
Infantil - CMEI
49
25 A INSTITUICcedilAtildeO DE EDUCACcedilAtildeO INFANTIL COMO UM CONTEXTO DE
DESENVOLVIMENTO
Na realidade brasileira os serviccedilos da Educaccedilatildeo Infantil vecircm se
configurando como uma opccedilatildeo de cuidado e educaccedilatildeo amplamente utilizada pelas
famiacutelias contemporacircneas Vaacuterios fatores estatildeo envolvidos entre eles o ingresso da
mulher no mercado de trabalho as novas possibilidades de arranjos familiares o
movimento migratoacuterio das pessoas do interior para cidades maiores com mais
acesso a oportunidades de trabalho e educaccedilatildeo o que faz com que nem sempre a
matildee trabalhadora tenha apoio para o cuidado da sua crianccedila e tambeacutem como
recurso para a parcela da populaccedilatildeo que possui condiccedilotildees socioeconocircmicas
desfavoraacuteveis (RAPOPORT e PICCININI 2004 CERISARA 2002 ROSSETTI-
FERREIRA RAMON e SILVA 2002 CAMPOS 1999 ROSSETTI-FERREIRA
AMORIM e VITOacuteRIA 1994 MOREIRA e LORDELO 2002)
Historicamente esse serviccedilo vem passando por vaacuterias modificaccedilotildees ao longo
dos anos Especialmente nas uacuteltimas trecircs deacutecadas a educaccedilatildeo extrafamiliar de
bebecircs e crianccedilas pequenas tem sido marcada por profundas mudanccedilas sociais
culturais poliacuteticas e econocircmicas que entre outros fatores afetaram as relaccedilotildees
sociais o mundo do trabalho as estruturas familiares os sistemas de ensino a
imagem de crianccedila e o lugar que nossos pequenos ocupam nas instituiccedilotildees
educativas e na sociedade (FERNANDES 2011) Em suma pode-se afirmar que
essas modificaccedilotildees tambeacutem contribuiacuteram para que a Educaccedilatildeo Infantil tivesse
acentuada a sua funccedilatildeo pedagoacutegica deixando para traacutes o caraacuteter assistencialista
que teve em sua origem (OLIVEIRA et al 2006 WEBER et al 2006 VERIacuteSSIMO e
FONSECA 2003)
Nessa transiccedilatildeo de entendimento de sua funccedilatildeo na medida em que se foi
ampliando o nuacutemero de matriacuteculas adquirindo maior espaccedilo em pesquisas no paiacutes
nos debates sociais suas fragilidades foram se destacando o que levou aos
resultados dos primeiros estudos sobre a qualidade desse serviccedilo os quais
indicavam uma situaccedilatildeo generalizada de precarizaccedilatildeo verificada tanto em aspectos
fiacutesicos (instalaccedilotildees ruins materiais pedagoacutegicos e equipamentos em escassez ou
completa ausecircncia) quanto em aspectos humanos (baixa escolaridade dos
profissionais falta de formaccedilatildeo dos educadores ausecircncia de projeto pedagoacutegico
50
problemas de interaccedilatildeo instituiccedilatildeondashfamiacutelia) (CAMPOS FUumlLGRAFF e WIGGERS
2006 FERNANDES 2011) Tais resultados satildeo importantes pois reforccedilam as
discussotildees sobre a necessidade de um atendimento de qualidade como parte dos
direitos da crianccedila
Ainda nesse sentido por uma concepccedilatildeo da crianccedila como um ser de direitos
foram importantes documentos como a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 o Estatuto da
Crianccedila e do Adolescente ECA ndash Lei nordm 806990 e a Lei de Diretrizes e Bases da
Educaccedilatildeo Nacional LDB ndash Lei nordm939496 (CAMPOS 1999 CAMPOS FUumlLGRAFF e
WIGGERS 2006 ROSSETIndashFERREIRA RAMON e SILVA 2002 BRASIL 2012)
Para Campos (1999) a Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional
(BRASIL 2012) eacute a que promoveu as maiores modificaccedilotildees na Educaccedilatildeo pois
influenciou vaacuterios aspectos em todos os niacuteveis educacionais do paiacutes dentre os
quais o sistema de financiamento o curriacuteculo nacional os sistemas de avaliaccedilatildeo o
uso de novas tecnologias a organizaccedilatildeo da gestatildeo e as possibilidades de se
estabelecer parcerias com organizaccedilotildees natildeo governamentais Entre os itens
indicados por essa autora haacute pelo menos dois que satildeo considerados de extrema
relevacircncia para a Educaccedilatildeo Infantil a) a definiccedilatildeo da Educaccedilatildeo Infantil como
primeira etapa da Educaccedilatildeo Baacutesica ndash fato que transfere a responsabilidade
desta para oacutergatildeos de educaccedilatildeo b) a exigecircncia de formaccedilatildeo preacutevia
(preferencialmente niacutevel superior admitindo-se ainda no miacutenimo o magisteacuterio
ndash no niacutevel de ensino meacutedio) para educadores e professores que se dedicam
ao trabalho com crianccedilas pequenas (CAMPOS FUumlLGRAFF e WIGGERS
2006 ROSSETIndashFERREIRA RAMON e SILVA 2002)
Outros documentos de impacto na organizaccedilatildeo do atendimento de crianccedilas
pequenas foram as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo Infantil
(BRASIL 2010) e o Plano Nacional de Educaccedilatildeo PNE (BRASIL 2001) O primeiro
porque ofereceu subsiacutedios para os projetos pedagoacutegicos das prefeituras e das
unidades de Educaccedilatildeo Infantil e o segundo por ter estabelecido padrotildees miacutenimos
para a infra-estrutura das instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Infantil bem como definiu
as metas de expansatildeo desse atendimento no paiacutes (CAMPOS FUumlLGRAFF e
WIGGERS 2006)
Atualmente segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo
Infantil (BRASIL 2010) o ensino infantil eacute a primeira etapa da Educaccedilatildeo Baacutesica
ofertada por espaccedilos institucionais denominados creches e preacute-escolas em caraacuteter
51
natildeo domeacutestico que constituem estabelecimentos educacionais puacuteblicos ou privados
nos quais se prima pela educaccedilatildeo e cuidado de crianccedilas de 0 a 5 anos de idade no
periacuteodo diurno em jornada integral ou parcial regulados e supervisionados por
oacutergatildeo competente do sistema de ensino e submetidos a controle social
Destaca-se que o acesso ao atendimento em Educaccedilatildeo Infantil
especialmente na faixa etaacuteria entre 0 e 3 anos vem crescendo significativamente
nas diferentes regiotildees brasileiras o que justifica a necessidade de se ampliar os
estudos e pesquisas nessa aacuterea tambeacutem como uma maneira de possibilitar
elementos que promovam a qualidade desse serviccedilo (CAMPOS et al 2011)
Poreacutem mesmo diante desse crescimento e das transformaccedilotildees no
atendimento de Educaccedilatildeo Infantil indicadas anteriormente os serviccedilos e estudos
que evidenciem a crianccedila pequena em particular na faixa etaacuteria de 0 a 3 anos tecircm
sido negligenciados (FERNANDES 2011)
Diante das especificidades da Educaccedilatildeo Infantil e sua evoluccedilatildeo poliacutetica e
histoacuterica merecem particular atenccedilatildeo os sujeitos que a compotildeem especialmente os
educadores a famiacutelia e a crianccedila
251 Concepccedilotildees Sobre A Praacutetica Educativa Institucionalizada Aspectos
Relevantes Para A Promoccedilatildeo Do Desenvolvimento Infantil e Para Uma
Proposta Inclusiva
Dentro de um panorama no qual a crianccedila pequena eacute inserida no cuidado
institucionalizado desde tenra idade e no qual passa cerca de 4 a 8 horas por dia
distante de sua famiacutelia o educador de creche adquire uma funccedilatildeo importante
perante o desenvolvimento infantil natildeo apenas de cuidar e educar senatildeo de
complementar e agraves vezes de suplementar a atenccedilatildeo familiar agrave infacircncia (SILVA e
BOLSANELLO 2002 WINNICOTT 1975 ELTINK 1999) Assim as concepccedilotildees
que permeiam o atendimento satildeo fundamentais pois podem reforccedilar e manter
determinadas accedilotildees agraves vezes distorcidas do que eacute necessaacuterio ou recomendaacutevel
para a praacutetica pedagoacutegica (SCHULTZ 2002 PACHECO E DUPRET 2004)
O cuidado de crianccedilas pequenas durante muito tempo esteve atrelado agrave
figura da mulher sensiacutevel e carinhosa que possuiacutea o perfil de ldquomatildeerdquo e gostava de
52
cuidar de crianccedilas o que fortaleceu o caraacuteter leigo e assistencialista dessa funccedilatildeo
(OLIVEIRA et al 2006 WEBER et al 2006 VERIacuteSSIMO E FONSECA 2003
CERISARA 2002)
Ainda como parte dessa concepccedilatildeo o atendimento voltado para as crianccedilas
menores ocupou - e ainda ocupa - o lugar da necessidade da desproteccedilatildeo da
fragilidade de um trabalho voltado para a alimentaccedilatildeo a higiene o abrigo e o apoio
para o caso de ausecircncia familiar (FERNANDES 2011 GUIMARAtildeES 2011 SOUZA
2008) Tal situaccedilatildeo parece ter corroborado com a desvalorizaccedilatildeo do profissional de
creche em especial o que trabalha com berccedilaacuterio e com a dificuldade em se
estabelecer uma identidade pedagoacutegica nesse serviccedilo (SOUZA 2008 OLIVEIRA et
al 2006 MELCHIORI e ALVES 2001)
Como bem lembra Ramos (2006) a Educaccedilatildeo Infantil embora sua histoacuteria
remonte mais de um seacuteculo como cuidado e educaccedilatildeo extrafamiliar somente nos
uacuteltimos anos passou a ser inserida numa perspectiva educacional em resposta aos
movimentos sociais em defesa dos direitos das crianccedilas
Como parte dessa transiccedilatildeo do assistencialismo para a funccedilatildeo pedagoacutegica
alguns temas passaram a fazer parte das discussotildees no acircmbito profissional da
Educaccedilatildeo Infantil e de pesquisas na aacuterea com mais frequecircncia os quais facilmente
se destacam formaccedilatildeo profissional desenvolvimento infantil relaccedilatildeo adulto-crianccedila
viacutenculo planejamento diversidade competecircncia infantil entre outros Nesse
sentido tambeacutem se deve levar em conta que parece ser inevitaacutevel a revisatildeo das
bases e paradigmas educacionais vigentes pois haacute que se promover um diaacutelogo
com as mudanccedilas inerentes ao mundo atual (GOMES 2009)
Com a execuccedilatildeo de pesquisas na aacuterea descortinou-se aspectos muito
relevantes e contraditoacuterios do trabalho do educador de creche os quais ajudam a
perceber concepccedilotildees e necessidades e fazem entender quais pilares vem
suportando esse atendimento
Lordelo (1995 1998) indicou em seus estudos que os educadores natildeo se
mostravam como parceiros do desenvolvimento infantil pois trabalhavam em funccedilatildeo
de responder agraves necessidades mais imediatas e predominantemente fiacutesicas das
crianccedilas atendidas Melchiori e Alves (2001) revelam que os educadores natildeo tecircm
consciecircncia de sua funccedilatildeo como promotores de desenvolvimento infantil Jaacute
Veriacutessimo e Fonseca (2003) perceberam que o atendimento de bebecircs na creche eacute
fortemente centrado na atenccedilatildeo quanto agrave higiene e alimentaccedilatildeo
53
Vitta e Emmel (2004) identificaram uma tendecircncia de que o trabalho no
berccedilaacuterio seja pautado na concepccedilatildeo e na experiecircncia de maternagem dos
educadores Jaacute no estudo de Oliveira et al (2006) os educadores demonstraram
possuir a crenccedila de que para atender crianccedilas pequenas bastava ser mulher e ter
experiecircncia com crianccedilas Alves (2006) percebeu que a ideia de cuidado estaacute
relacionada agrave funccedilatildeo de matildee e natildeo agrave funccedilatildeo de professor ou de educador Nesse
sentido Veriacutessimo (2001) identificou um sentimento contraditoacuterio entre os
educadores Enquanto eles acreditam que associar funccedilatildeo materna com a praacutetica
profissional eacute algo depreciativo por outro lado esperam que as crianccedilas nutram
afeto ldquofilialrdquo por eles
Soejima (2008) salienta que os educadores que participaram de sua
pesquisa demonstraram ter aprendido teorias sobre o desenvolvimento infantil na
graduaccedilatildeo mas que natildeo conseguiam fazer uso desse conhecimento no cotidiano da
creche Igualmente Souza (2008) verificou que os educadores possuem formaccedilatildeo
continuada sobre desenvolvimento infantil mas que encontram dificuldades em
transpor para a accedilatildeo o seu conhecimento
Tambeacutem se destacam conceitos pertinentes ao desenvolvimento humano e
especificamente voltados ao desenvolvimento da crianccedila pequena Vitta (2004)
Souza (2008) e Soejima e Bolsanello (2012) evidenciaram falta de conhecimentos
abrangentes e consistentes sobre desenvolvimento infantil por parte dos educadores
em seus estudos Estes quando aparecem satildeo mais voltados agrave priorizaccedilatildeo de
fatores ambientais logo gerando uma crenccedila ambientalista de desenvolvimento
(MELCHIORI e ALVES 2001 MELCHIORI et al 2007 SOUZA 2008)
Sobre desenvolvimento infantil Soejima e Bolsanello (2012) verificaram a
concepccedilatildeo entre os educadores de que quanto menos ativas as crianccedilas eram mais
saudaacuteveis e que quanto mais ativas mais problemaacuteticas Sob esse aspecto cabe
questionar a qualidade da formaccedilatildeo dos educadores conforme jaacute proposto por Silva
(2003) Vitta e Emmel (2004) Kramer (2006) Souza (2008) e Soejima (2008) Nesse
sentido ressaltam-se os achados de Schultz (2002) ao pesquisar a educaccedilatildeo de
crianccedilas entre 0 e 3 anos e nos quais afirma que a formaccedilatildeo dos professores dessa
faixa etaacuteria pode interferir no desenvolvimento fiacutesico e psiacutequico e no bom
desempenho da crianccedila em seu futuro jaacute que segundo a autora haacute uma relaccedilatildeo de
dependecircncia entre a formaccedilatildeo do educador e a qualidade de seu trabalho
54
Por outro lado a rotina dessas trabalhadoras mostra-se estressante com
muitas atribuiccedilotildees e com pouco ou nenhum tempo para o planejamento e reflexatildeo
sobre sua praacutetica ou mesmo para o cumprimento do que foi planejado assim como
natildeo raro haacute a precarizaccedilatildeo da estrutura fiacutesica dos ambientes com poucos materiais
e excessivo nuacutemero de crianccedilas por educadora (NAZAacuteRIO 2002 ONGARI e
MOLINA 2003 ALVES 2006 OLIVEIRA et al 2006 LORDELO et al 2007
SOUZA 2008) Haacute que se pensar que a fadiga tanto fiacutesica quanto mental a falta de
tempo a frustraccedilatildeo por suas condiccedilotildees de trabalho satildeo aspectos que impedem um
trabalho com qualidade e devem ser amplamente investigados (PEREIRA 2003
SOUZA 2008 BOLSANELLO 2009)
Guimaratildees (2011) percebeu que a rotina na creche eacute fortemente baseada no
controle e na automaccedilatildeo das atividades Segundo ela os educadores falam muito
para as crianccedilas e natildeo com as crianccedilas como citado por ela descrevendo a rotina
ldquodo colo ao chatildeo do chatildeo para a cadeira da cadeira novamente para o chatildeo o
corpo dos bebecircs eacute conduzido pelos adultos em razatildeo das necessidades
emergentes e do tempo correto para cada umardquo Tal dado corrobora com os
achados de Souza (2008) no qual um dos educadores de seu estudo analisa a
rotina de trabalho em creche como uma espeacutecie de ldquofordismordquo infantil pois natildeo eacute
possiacutevel dar conta da individualidade das crianccedilas
Diante desses estudos destaca-se que o cotidiano da Educaccedilatildeo Infantil eacute
muito mais complexo do que parece agrave primeira vista Natildeo eacute tarefa simples apreendecirc-
lo e analisaacute-lo (CARVALHO 2006) Contudo eacute a partir de discussotildees conscientes
sobre os aspectos envolvidos nos atendimentos agrave crianccedila pequena que se tornaraacute
possiacutevel ampliar a compreensatildeo sobre o que eacute preciso para que os espaccedilos da
Educaccedilatildeo Infantil se tornem contextos plenos e fomentadores do desenvolvimento
humano da capacidade de aprendizagem da socializaccedilatildeo e do exerciacutecio da
cidadania (LIMA e BHERING 2006)
Ou ainda como afirmado por Gomes (2009) pensar em educaccedilatildeo de
crianccedilas com qualidade envolve natildeo soacute considerar a travessia dos profissionais da
creche para a aacuterea de educaccedilatildeo e sua formaccedilatildeo senatildeo buscar tambeacutem natildeo
descaracterizar suas histoacuterias suas experiecircncias superando o assistencialismo
objetivando a garantia dos direitos das crianccedilas e conjuntamente os direitos dos
educadores
55
Ainda junto agraves afirmaccedilotildees de Gomes (2009) pensa-se que o que se potildee
tambeacutem como uma questatildeo importante ou seja a capacidade do educador de
produzir reflexatildeo sobre sua praacutetica podendo conceituaacute-la e transformaacute-la Entre as
reflexotildees haveria de ser integrado aleacutem dos aspectos de cuidar e educar fatores
relativos ao desenvolvimento humano Afinal ao cuidar e ao educar se estaacute lidando
com um ser em desenvolvimento intenso cujos marcos iniciais de sua constituiccedilatildeo
como indiviacuteduo estatildeo tambeacutem agrave mercecirc do olhar de quem o cuida e o educa
diariamente Sendo assim entender processos elementares e fundamentais do
desenvolvimento humano essencialmente nos primeiros anos eacute relevante tanto
para a organizaccedilatildeo e planejamento do cotidiano de atendimento quanto para o
estabelecimento de estrateacutegias na Educaccedilatildeo Infantil (CARVALHO SALLES e
GUIMARAtildeES 2002)
Logo promover a avaliaccedilatildeo do atendimento (no conjunto profissionais
ambiente interaccedilatildeo com a famiacutelia estrateacutegias de planejamento e atividades
desenvolvidas) eacute algo importante principalmente no que diz respeito ao contexto
dos primeiros anos de vida dada a sua especificidade e importacircncia no futuro do
indiviacuteduo (LIMA e BHERING 2006)
Aleacutem de questotildees como a formaccedilatildeo dos educadores e suas concepccedilotildees
tambeacutem vale a consideraccedilatildeo de como se verifica a relaccedilatildeo entre elas e as famiacutelias
das crianccedilas atendidas Afinal a interaccedilatildeo entre a famiacutelia e a instituiccedilatildeo de
Educaccedilatildeo Infantil eacute relevante para que ambos os contextos conheccedilam melhor a
crianccedila estabeleccedilam criteacuterios educativos comuns discutam modelos de intervenccedilatildeo
e relaccedilatildeo com as crianccedilas e compreendam as especificidades de cada uma (SILVA
2011) Nesse aspecto vale lembrar que eacute na relaccedilatildeo com o adulto cuidador que a
crianccedila vai desde tenra idade estabelecer ldquoelosrdquo de comunicaccedilatildeo com as demais
pessoas com quem convive E por isso mesmo eacute que as accedilotildees de cuidado e
educaccedilatildeo natildeo podem ser accedilotildees mecacircnicas de assear e alimentar apenas (ROCHA
2008)
Contudo as dificuldades dos educadores tambeacutem passam pela precaacuteria
interaccedilatildeo com as famiacutelias das crianccedilas atendidas (LORDELO et al 2007 SOUZA
2008 CAMPOS et al 2011 FERNANDES 2011)
Correa (2007) argumenta em sua pesquisa que a relaccedilatildeo famiacutelia-instituiccedilatildeo
eacute um ponto a ser considerado para a promoccedilatildeo de um atendimento de qualidade
56
Silva (2011) percebeu em seu estudo que os educadores natildeo demonstram
conhecer ao certo como se daacute o contexto familiar das crianccedilas que atendem Souza
(2008) observou que a famiacutelia natildeo participa ativamente da rotina da creche na
maioria das vezes deixando a crianccedila na porta da instituiccedilatildeo
Os projetos pedagoacutegicos analisados por Fernandes (2011) indicaram um
perfil de famiacutelia visto pela escola como um grupo que precisa de ajuda e que pode
contribuir pouco com a Instituiccedilatildeo Instituiccedilatildeo essa que convida o adulto-cuidador
mais a confraternizar que compartilhar responsabilidades A autora tambeacutem verificou
que haacute a necessidade de os pais participarem efetivamente das accedilotildees da creche
pois segundo ela ao criar espaccedilos de diaacutelogo troca parcerias pode-se favorecer e
estimular as famiacutelias a viverem experiecircncias sociais mais amplas a partilhar as
anguacutestias alegrias e inseguranccedilas advindas do cotidiano favorecendo a superaccedilatildeo
das ideias assistencialistas acerca da Educaccedilatildeo Infantil em especial da que atende
a crianccedila com idade entre zero e 3 anos Por outro lado percebe-se que os pais
nem sempre se excluem de participar tanto do cotidiano da Instituiccedilatildeo quanto da
educaccedilatildeo de seus filhos (FERNANDES 2011 SILVA 2011)
Diante dos dados apresentados acima se destaca a necessidade de se
investigar de modo mais apropriado o papel dos pais diante do cuidar do educar e
da promoccedilatildeo do desenvolvimento de seus filhos ainda bebecircs jaacute que esses uacuteltimos
estatildeo cada vez mais precocemente adentrando ao atendimento institucionalizado
que por sua vez encontra-se envolto em suas proacuteprias contradiccedilotildees necessidades
e lutas Os familiares poderiam participar colaborar contribuir de modo a Educaccedilatildeo
Infantil ter uma identidade melhor cunhada valorizando inclusive o trabalho dos
educadores Em outras palavras conforme assinalado por Fernandes (2011) a
identidade da Educaccedilatildeo Infantil para ser constituiacuteda em suas especificidades
precisa urgentemente integrar as famiacutelias
57
3 MEacuteTODO
O delineamento metodoloacutegico teve como eixo a questatildeo de pesquisa
apresentada na introduccedilatildeo do presente estudo
Quais concepccedilotildees norteiam o processo de inclusatildeo da crianccedila pequena com
necessidades especiais no contexto dos Centros Municipais de Educaccedilatildeo
Infantil (CMEIs) segundo suas Matildees suas Educadoras na Educaccedilatildeo Infantil e
suas Professoras do Atendimento Educacional Especializado
Para responder a esta questatildeo mostrou-se pertinente realizar um estudo
qualitativo exploratoacuterio e comparativo Por seu caraacuteter qualitativo seraacute realizada
anaacutelise interpretativa e contextual dos dados sem a pretensatildeo de medir numeacuterica ou
estatisticamente os fenocircmenos estudados tampouco deveratildeo ser generalizados os
resultados encontrados (SAMPIERI COLLADO e LUCIO 1998) Eacute exploratoacuterio por
se tratar de um tema ou problema de pesquisa pouco estudado e portanto com
poucas pesquisas evidenciadas na literatura destacando-se a escassez de estudos
nesse acircmbito na realidade brasileira (SAMPIERI COLLADO e LUCIO 1998)
Segundo os autores citados o estudo exploratoacuterio serve para familiarizar o
pesquisador com fenocircmenos ainda natildeo suficientemente conhecidos podendo
determinar tendecircncias identificar aacutereas ambientes contextos e situaccedilotildees de
estudo O aspecto comparativo se verificaraacute no tratamento dos dados coletados
pela busca de possiacuteveis relaccedilotildees (discrepacircncias ou aproximaccedilotildees) entre as
concepccedilotildees dos participantes do estudo especialmente acerca da inclusatildeo da
crianccedila pequena com deficiecircncia que frequenta o CMEI (SAMPIERI COLLADO e
LUCIO 1998)
31 CONTEXTO
O contexto dessa pesquisa envolveu 04 (quatro) instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo
Infantil da rede puacuteblica de um municiacutepio da regiatildeo metropolitana de Curitiba que
58
atendem crianccedilas pequenas com deficiecircncia em turmas de berccedilaacuterio e maternal
situado no Estado do Paranaacute Foram escolhidas as turmas de berccedilaacuterio e maternal
por elas abarcarem crianccedilas com a faixa etaacuteria compreendida entre zero e 36
meses
Nesse municiacutepio no ano de 2012 em turmas de berccedilaacuterio (I e II) maternal (I
II e III) e preacutendashescola (I e II) houve um total de 4315 matriculas dessas estatildeo
considerados ldquocasos de inclusatildeordquo apenas 25 crianccedilas no momento em que foi
realizada a pesquisa Desse contingente apenas 08 casos de inclusatildeo educacional
eram de educandos em turmas de berccedilaacuterio e maternal Poreacutem como os criteacuterios de
elegibilidade para a participaccedilatildeo na presente pesquisa solicitavam que as turmas de
inclusatildeo atendessem a faixa etaacuteria entre 0 e 3 anos (creche) e tambeacutem que o
educando participasse do Atendimento Educacional Especializado passaram a se
enquadrar apenas 04 alunos tidos como casos de inclusatildeo que frequentavam 04
instituiccedilotildees diferentes abaixo denominadas de Instituiccedilotildees A B C e D
A Instituiccedilatildeo A atende um total de 180 crianccedilas dividas em turmas de
maternal e preacutendashescola
A Instituiccedilatildeo B atende um total de 376 crianccedilas dividas em turmas de
berccedilaacuterio maternal e preacute-escola
A Instituiccedilatildeo C atende um total de 280 crianccedilas dividas em turmas de
berccedilaacuterio e maternal
Jaacute a Instituiccedilatildeo D atende um total de 220 crianccedilas dividas em turmas de
berccedilaacuterio maternal e preacutendashescola
Todas as instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Infantil funcionam em periacuteodo integral das
07 agraves 18h
Segundo informaccedilotildees das equipes gestoras as Instituiccedilotildees B e C atendem
tambeacutem populaccedilatildeo considerada de risco social
Destaca-se que as turmas de berccedilaacuterio satildeo divididas em berccedilaacuterio I e II e
recebem crianccedilas com faixa etaacuteria entre 4 a 11 meses e entre 12 e 18 meses
respectivamente As turmas de Maternal que satildeo divididas em I e II atendem
educandos com idade entre 18 a 24 meses e entre 24 e 36 meses (completos
durante o ano letivo) respectivamente
Tambeacutem eacute importante ressaltar que o Atendimento Educacional Especializado
ndash AEE eacute desenvolvido de modo geral nas chamadas Salas de Recursos
Multifuncionais Essas salas satildeo espaccedilos estruturados de modo a atender
59
adequadamente as necessidades dos alunos foco da Educaccedilatildeo Especial e no
contexto pesquisado estatildeo lotadas dentro de instituiccedilotildees do Ensino Regular Todas
elas atendem educandos que estatildeo em situaccedilatildeo de inclusatildeo educacional tanto no
Ensino Fundamental quanto na Educaccedilatildeo Infantil
32 PARTICIPANTES
Foram considerados participantes da pesquisa
a) Matildees (pessoas responsaacuteveis cuidadoras principais que desempenham a
funccedilatildeo materna) de crianccedilas com idade entre zero e 36 meses com
necessidades especiais que participam do Atendimento Educacional
Especializado aleacutem de frequentar turmas de berccedilaacuterio (I e II) ou maternal (I e
II) em classe regular na Educaccedilatildeo Infantil no sistema puacuteblico de um
municiacutepio da regiatildeo metropolitana de Curitiba Paranaacute
Neste estudo participaram 04 matildees cujos filhos estatildeo matriculados em uma
das seguintes turmas berccedilaacuterio II maternal I e maternal II
b) Educadoras Regentes que trabalham em turmas de berccedilaacuterio (I e II) e
maternal (I e II) e que atendam as crianccedilas cujas matildees satildeo participantes
desse estudo O grupo de educadoras participantes contou com 09
profissionais Destas 03 eram regentes de berccedilaacuterio I 04 atendem turmas de
maternal I e 02 em maternal II
c) Professoras do Atendimento Educacional Especializado que atendam as
crianccedilas cujas matildees e educadoras participam deste estudo Nesse estudo
participaram 04 Professoras do AEE
Apoacutes apresentar o projeto para a Secretaria de Educaccedilatildeo para as
Gerecircncias de Educaccedilatildeo Especial e Inclusatildeo e para a de Educaccedilatildeo Infantil desse
municiacutepio foi feito o protocolo de solicitaccedilatildeo para a realizaccedilatildeo da pesquisa Em
acordo com o aceite da solicitaccedilatildeo e com a orientaccedilatildeo das Gerecircncias foi realizado o
primeiro contato com as equipes gestoras dos CMEIs que iriam participar No
primeiro contato foi solicitado agrave pesquisadora que entregasse a todas as equipes
60
gestoras uma carta de apresentaccedilatildeo Nesta havia uma breve explicitaccedilatildeo de quem
era a pesquisadora e informaccedilotildees principais do estudo ndash estas uacuteltimas seguiram
recomendaccedilatildeo da Gerecircncia de Educaccedilatildeo Especial e Inclusatildeo Desse modo apoacutes ter
feito a apresentaccedilatildeo do projeto para as equipes gestoras com a explicitaccedilatildeo dos
objetivos do meacutetodo e do termo de consentimento livre e esclarecido (anexo) e de
obter destas a autorizaccedilatildeo para executar a pesquisa em suas unidades elas se
comprometeram a entrar em contato com as educadoras e com as matildees para
agendar novo encontro agora com as participantes da pesquisa Os encontros com
as matildees e com as educadoras participantes desse estudo foram realizados de modo
individual em dia e hora previamente marcados nas dependecircncias das Instituiccedilotildees
em que as crianccedilas eram atendidas na Educaccedilatildeo Infantil
A participaccedilatildeo destas matildees e das educadoras se deu de modo voluntaacuterio
apoacutes serem esclarecidos os pormenores da pesquisa e dirimidas possiacuteveis duacutevidas
sobre o propoacutesito e uso das informaccedilotildees Tambeacutem foi solicitado agraves participantes
para ler o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para entatildeo proceder com a
assinatura e a entrevista propriamente dita
No caso da participaccedilatildeo das professoras do Atendimento Educacional
Especializado natildeo foi necessaacuteria a mediaccedilatildeo das equipes gestoras das instituiccedilotildees
O contato foi feito diretamente entre a pesquisadora e as convidadas Da mesma
forma por meio da carta de apresentaccedilatildeo e conversa pessoal houve o
esclarecimento do conteuacutedo da pesquisa seus objetivos e meacutetodo Apoacutes a
apresentaccedilatildeo do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido foi dado
procedimento agraves entrevistas
33 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS
Com a finalidade de coletar os dados foram elaborados roteiros de
entrevistas semiestruturadas levando em consideraccedilatildeo os objetivos desse estudo
Todos os roteiros de entrevista possuiacuteam uma parte em comum para que se
pusesse coletar e organizar os dados para a anaacutelise comparativa dos mesmos
61
O roteiro de entrevista aplicado agraves matildees (Anexo A) possuiacuteam quatro partes
a) caracterizaccedilatildeo da matildee b) caracterizaccedilatildeo da famiacutelia c) caracterizaccedilatildeo da crianccedila
em desenvolvimento e d) concepccedilotildees sobre o processo inclusivo
Para as educadoras de CMEI (Anexo B) e para as professoras do
Atendimento Educacional Especializado (Anexo C) o roteiro de perguntas tambeacutem
foi dividido em quatro partes a) caracterizaccedilatildeo da entrevistada b) caracterizaccedilatildeo do
trabalho da entrevistada c) concepccedilotildees sobre a crianccedila em desenvolvimento e d)
concepccedilotildees sobre o processo inclusivo
Optou-se por roteiros de entrevistas semiestruturadas com perguntas
abertas pois possibilitam aos entrevistados maior liberdade em respondecirc-las
(LUDKE e ANDREacute 1986) As entrevistas tiveram duraccedilatildeo meacutedia de 60 minutos e
foram realizadas pela pesquisadora em ambiente reservado dentro do contexto de
pesquisa Com preacutevio consentimento das entrevistadas os dados foram gravados
posteriormente transcritos na iacutentegra e analisados agrave luz da literatura pertinente
34 PROCEDIMENTOS DE ANAacuteLISE DE DADOS
Os dados coletados foram analisados por meio de uma abordagem
qualitativa com a utilizaccedilatildeo de anaacutelise de conteuacutedo Foram seguidos na iacutentegra os
passos utilizados por Bolsanello (1998) em sua pesquisa a qual se baseou em
Bardin (1979) a seguir
Apoacutes serem transcritas as entrevistas foram lidas sem qualquer tentativa
de seleccedilatildeo de informaccedilotildees
A seguir os dados brutos das respostas de cada item das entrevistas e
das gravaccedilotildees de aacuteudio foram codificados e agregados em unidades com a
eleiccedilatildeo do tema como unidade de registro e a proximidade conceitual como
regra de enumeraccedilatildeo
Os temas obtidos na codificaccedilatildeo foram reagrupados procedendo-se a um
trabalho de definiccedilatildeo e classificaccedilatildeo de categorias que resultaram no
levantamento de um conjunto de categorias e subcategorias representativas
da totalidade das comunicaccedilotildees
62
Finalmente foi realizada a classificaccedilatildeo e a categorizaccedilatildeo que levaram a
uma descriccedilatildeo das caracteriacutesticas relevantes do conteuacutedo investigado
permitindo gerar inferecircncias e comparaccedilotildees sobre todo o processo de
comunicaccedilatildeo e levando agrave anaacutelise dos dados envolvendo o cruzamento de
todas as informaccedilotildees obtidas
35 CUIDADOS EacuteTICOS
Os procedimentos eacuteticos do presente estudo obedeceram aos criteacuterios da
Eacutetica na Pesquisa com Seres Humanos Os principais cuidados eacuteticos foram
utilizaccedilatildeo de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (ANEXOS D E e F)
permissatildeo das entrevistadas para gravaccedilatildeo das entrevistas garantia do anonimato
das participantes
Tais cuidados garantem de acordo com Cozby (2003) a participaccedilatildeo totalmente
informada e voluntaacuteria das entrevistadas
63
4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
Para a descriccedilatildeo e anaacutelise das caracteriacutesticas relevantes do conteuacutedo
investigado agruparam-se as informaccedilotildees em quatro seccedilotildees Inicialmente realizou-
se a caracterizaccedilatildeo das crianccedilas foco da inclusatildeo e a caracterizaccedilatildeo das
entrevistadas (matildees educadoras e professoras) A seguir levantaram-se as
concepccedilotildees das entrevistadas sobre a crianccedila que estaacute em inclusatildeo Por fim
buscou-se identificar as concepccedilotildees sobre o processo inclusivo na Educaccedilatildeo
Infantil propriamente dito
41 Seccedilatildeo 01 Caracterizaccedilatildeo das Participantes
411 Caracterizaccedilatildeo das crianccedilas foco da inclusatildeo
Pensando que a inclusatildeo educacional de crianccedilas pequenas com
necessidades especiais evidencia um campo sem limites nos quais natildeo se escolhe
a crianccedila que pode ou deve entrar ou natildeo na Educaccedilatildeo Infantil buscou-se identificar
quais eram esses pequenos sujeitos que estatildeo categorizados como alunos em
inclusatildeo Como diria Rodrigues (2006) no campo da educaccedilatildeo natildeo se trata de
melhor caracterizar o que eacute diversidade e quem a compotildee mas de compreender
melhor como as diferenccedilas nos constituem como humanos como somos feitos de
diferenccedilas E portanto no que se refere agrave caracterizaccedilatildeo das crianccedilas que estatildeo em
inclusatildeo pensa-se que eacute tambeacutem uma maneira de se perceber a gama de
condiccedilotildees que devem ser precoce e permanentemente vistas discutidas e
atendidas em suas necessidades e especificidades
Desse modo as matildees entrevistadas falaram sobre sua crianccedila idade
diagnoacutestico quais os serviccedilos que elas frequentam aleacutem da Educaccedilatildeo Infantil e do
Atendimento Educacional Especializado Tambeacutem informaram agrave turma que o filho
64
frequenta o Centro Municipal de Educaccedilatildeo Infantil ndash CMEI e desde quando ele estaacute
matriculado na Educaccedilatildeo Infantil
As quatro crianccedilas cujas matildees participaram da pesquisa possuiacuteam laudos
indicativos sobre seus diagnoacutesticos todos disponiacuteveis nas secretarias das
instituiccedilotildees das quais faziam parte (Quadro 01)
Quadro 01 Distribuiccedilatildeo das crianccedilas segundo laudo meacutedico e diagnoacutestico
Crianccedila Laudo meacutedico disponiacutevel
no CMEI CID ndash 10Diagnoacutestico
Crianccedila 01 Sim CID - F 840 Transtornos Globais do Desenvolvimento ndash Autismo Infantil
Crianccedila 02 Sim CID ndash G 800 Paralisia Cerebral Espaacutestica
Crianccedila 03 Sim CID - Q 870 ndash Siacutendrome de Moebius
Crianccedila 04 Sim CID ndash Q 90 ndash Sindrome de Down
Os laudos meacutedicos apresentavam as seguintes necessidades educacionais
especiais Autismo Infantil (TGD) Paralisia Cerebral Espaacutestica Siacutendrome de
Moebius e Siacutendrome de Down
Foi questionado agraves entrevistadas desde quando seus filhos estatildeo
participando de atendimento em CMEI e qual turma as crianccedilas frequentam
atualmente Nesse sentido elas indicaram o que segue no quadro 02
Quadro 02 Distribuiccedilatildeo das crianccedilas segundo a turma em que estatildeo matriculadas atualmente e o tempo em que frequentam Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil - CMEIs
A idade das crianccedilas variou entre 24 e 36 meses durante o periacuteodo da pesquisa A
crianccedila 01 eacute a mais velha de todas com 36 meses de idade as demais estatildeo na
Crianccedila Turma Atual Haacute quanto tempo frequenta CMEIS
Crianccedila 01 Maternal II Mais de 24 meses
Crianccedila 02 Berccedilaacuterio II Em torno de 8 meses
Crianccedila 03 Maternal I Em torno de 10 meses
Crianccedila 04 Maternal I Em torno de 4 meses
65
faixa etaacuteria dos 24 meses Apenas a crianccedila 02 estaacute com idade fora das indicaccedilotildees
de matriacutecula da turma estando com 24 meses frequentando uma turma para alunos
na faixa etaacuteria de 10 meses a 1 ano e 4 meses As demais estatildeo com idade de
acordo com o esperado para as turmas em que estatildeo matriculadas
Conforme o Quadro 02 eacute possiacutevel verificar que uma crianccedila estaacute matriculada
em turma de Berccedilaacuterio II duas estatildeo em turmas de Maternal I e uma estaacute no
Maternal II Tambeacutem se percebe que a crianccedila 01 eacute a que mais tempo estaacute
frequentando Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil Tendo ela 36 meses de
idade estaacute indo para os serviccedilos da Educaccedilatildeo Infantil desde os 12 meses
aproximadamente As demais crianccedilas foram matriculadas no atual ano letivo Ao
observar as demais crianccedilas eacute possiacutevel inferir que a meacutedia de idade escolhida por
essas matildees para matricularem seus filhos na Educaccedilatildeo Infantil foi de 12 meses
Sendo que de modo geral trecircs dessas crianccedilas permaneceram os primeiros 12
meses em casa aos cuidados da famiacutelia e apenas um educando frequentou Escola
Especial antes de ser matriculado no Centro de Educaccedilatildeo Infantil
O atendimento nos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil - CMEIS eacute
integral para todas as crianccedilas matriculadas contudo os educandos que estatildeo em
inclusatildeo podem ter orientaccedilatildeo para que frequentem apenas parcialmente o
atendimento na instituiccedilatildeo Nesse grupo que participou do estudo percebeu-se que
apenas duas das crianccedilas frequentam o dia todo As outras duas crianccedilas natildeo o
fazem integralmente devido a necessidade de participarem de outros atendimentos
tais como Fonoaudiologia Atendimento Educacional Especializado - AEE
Fisioterapia Nataccedilatildeo entre outros Essas duas crianccedilas que frequentam
parcialmente o CMEI fazem uma meacutedia de 06 horas diaacuterias de atendimento na
Educaccedilatildeo Infantil conforme os relatos das matildees
As participantes comentaram quais outros atendimentos o filho frequenta
aleacutem do Centro Municipal de Educaccedilatildeo Infantil - CMEI e do Atendimento
Educacional Especializado ndash AEE
- Crianccedila 01 Nataccedilatildeo atendimento em um Centro Especializado (Psicologia e
Fonoaudiologia) e Atendimento Educacional Especializado
- Crianccedila 02 Centro Especializado (Fisioterapia Motora Fisioterapia Respiratoacuteria
Terapia Ocupacional Psicologia e Fonoaudiologia) e Atendimento Educacional
Especializado
66
- Crianccedila 03 Nataccedilatildeo Fonoaudiologia Fisioterapia e Atendimento Educacional
Especializado ndash AEE
- Crianccedila 04 Atendimento Educacional Especializado - AEE (semanalmente) e
acompanhamento em hospital de referecircncia (bimestralmente)
412 Caracterizaccedilatildeo das Entrevistadas
Esse subcapiacutetulo traz dados que auxiliam a conhecer quem eram as
entrevistadas Para tal dividiu-se o mesmo em trecircs partes caracterizaccedilatildeo das matildees
caracterizaccedilatildeo das professoras do Atendimento Educacional Especializado - AEE e
caracterizaccedilatildeo das educadoras dos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil -
CMEIs
Ao se decidir por ouvir os relatos desses trecircs grupos de pessoas entendeu-
se que ao cruzar os seus olhares poderia se delinear quadros que identificassem
tendecircncias de como a inclusatildeo de crianccedilas vem ocorrendo e quais questotildees se
mostram relevantes sensiacuteveis ou mesmo mais urgentes a serem discutidas e
revistas em busca de uma praacutetica com mais qualidade O que se justifica tambeacutem
pelo fato de que pesquisas sobre inclusatildeo que levem em consideraccedilatildeo as interaccedilotildees
entre crianccedilandashcrianccedila famiacutelia ndash crianccedila professoras-crianccedila satildeo cada vez mais
importantes para que se possa perceber e problematizar as atitudes o acolhimento
os sentimentos e concepccedilotildees sobre deficiecircncia inclusatildeo e diferenccedilas (YAZLLE
AMORIM ROSSETTI-FERREIRA 2004 SIGOLO e OLIVEIRA 2008)
4121 Caracterizaccedilatildeo das Matildees
Inicialmente foram coletadas informaccedilotildees para caracterizaccedilatildeo das matildees
desse modo foram identificados dados como idade escolaridade e ocupaccedilatildeo das
mesmas (Quadro 03)
67
Quadro 03 ndash Distribuiccedilatildeo das Matildees participantes conforme idade escolaridade e ocupaccedilatildeo
Participante Idade Escolaridade Ocupaccedilatildeo
Matildee 01 31 anos Ensino Meacutedio Dona de casa
Matildee 02 28 anos Graduaccedilatildeo Pedagoga
Matildee 03 23 anos Graduaccedilatildeo Professora
Matildee 04 37 anos Ensino Fundamental Vendedora autocircnoma
A faixa etaacuteria das matildees participantes estaacute entre 23 e 37 anos Duas delas tecircm
como niacutevel de escolaridade a graduaccedilatildeo uma tem formaccedilatildeo em niacutevel Fundamental
e outra em niacutevel meacutedio Apenas uma delas eacute dona de casa as demais possuem
ocupaccedilotildees diferentes ao trabalho de cuidado domeacutestico familiar
Tambeacutem foram caracterizadas as famiacutelias das crianccedilas que estatildeo em
inclusatildeo Foram identificados os membros que compotildee a famiacutelia quem mora com a
crianccedila qual a renda meacutedia mensal da famiacutelia e outro caso de deficiecircncia no grupo
familiar (Quadro 04)
Quadro 04 ndash Distribuiccedilatildeo das Matildees participantes conforme composiccedilatildeo familiar
Participante
Composiccedilatildeo familiar
Matildee 01 Pai da crianccedila Matildee da crianccedila 02 filhos
Matildee 02 Pai da crianccedila Matildee da crianccedila 03 filhos
Matildee 03 X Matildee da crianccedila Avoacute materna avocirc materno e
01 filho
Matildee 04 Pai da crianccedila Matildee da crianccedila 03 filhos
68
Trecircs matildees moram com os pais de suas crianccedilas A matildee que natildeo mora com o
pai de seu filho afirmou que o mesmo natildeo participa de nenhum modo da criaccedilatildeo da
crianccedila No caso em que haacute a ausecircncia do pai bioloacutegico eacute interessante ressaltar
que os dados corroboram a afirmaccedilatildeo de autores como Bronfenbrenner (1996
2011) Dessen e Braz (2005) e Diniz e Koller (2010) quando estes afirmam a
importacircncia dos demais membros que compotildee a famiacutelia no que se refere a dar
sustentaccedilatildeo emocional especialmente quando ocorrem situaccedilotildees de risco para o
desenvolvimento infantil
A renda familiar meacutedia relatada pelas matildees ficou em torno de 06 e 07 salaacuterios
miacutenimos
- Matildee 01 06 salaacuterios miacutenimos
- Matildee 02 entre 06 e 07 salaacuterios miacutenimos
- Matildee 03 06 salaacuterios miacutenimos
- Matildee 04 entre 06 e 07 salaacuterios miacutenimos
Escolaridade dos genitores e renda familiar satildeo dois pontos importantes no
tocante agrave promoccedilatildeo do desenvolvimento na infacircncia pois podem indicar maiores ou
menores chances ou perspectiva de acesso a oportunidades para a ampliaccedilatildeo do
repertoacuterio cognitivo social cultural emocional dos membros que compotildeem a famiacutelia
(LORDELO et al 2007 MUELLER 2008)
Todas as matildees relataram apenas um filho com necessidades especiais na
famiacutelia
4122 Caracterizaccedilatildeo das Professoras do Atendimento Educacional
Especializado
Relembra-se que o Atendimento Educacional Especializado eacute um serviccedilo
dentro da Educaccedilatildeo Especial em conformidade com o Decreto nordm 761111 e que
esse grupo de professores realiza atendimento ao alunado foco da Educaccedilatildeo
Especial e que estatildeo em inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil e no Ensino Fundamental
69
Para tal seu trabalho e sua relaccedilatildeo com a crianccedila pequena com necessidades
especiais eacute fundamental visto que estaacute previsto que elas tambeacutem devem orientar as
famiacutelias e educadoras do CMEI sobre o processo de inclusatildeo desse alunado
Inicialmente foram coletadas informaccedilotildees para caracterizaccedilatildeo das
professoras desse modo foram identificados dados como idade estado civil e
escolaridade (Quadro 05)
Quadro 05 ndash Distribuiccedilatildeo das Professoras do Atendimento Educacional Especializado - AEE conforme idade estado civil ocorrecircncia e quantidade de filhos
Conforme eacute possiacutevel verificar no Quadro 05 a faixa etaacuteria que compotildee o grupo
de Professoras participantes estaacute entre 37 e 49 anos Todas satildeo casadas e tecircm
filhos Tambeacutem foi questionado se elas possuiacuteam alguma formaccedilatildeo especiacutefica para
trabalhar com Educaccedilatildeo Especial e Inclusiva de crianccedilas pequenas e para trabalhar
como professora do AEE Quanto agrave escolaridade das professoras do Atendimento
Educacional Especializado todas elas relataram ter feito vaacuterios cursos de formaccedilatildeo
continuada de curta duraccedilatildeo na aacuterea de Educaccedilatildeo Especial e Inclusatildeo Os dados
estatildeo organizados no Quadro 06 que segue logo abaixo
Participante Idade Estado civilfilhos
P01 45 Casada 2 filhos
P02 49 Casada 3 filhos
P03 37 Casada 2 filhas
P04 40 Casada 2 filhos
70
Quadro 06 ndash Distribuiccedilatildeo das Professoras do Atendimento Educacional
Especializado - AEE conforme sua escolarizaccedilatildeo
Participante Escolaridade
Ensino Meacutedio Graduaccedilatildeo Especializaccedilatildeo
P01 Magisteacuterio Estaacute cursando Pedagogia X
P02 Magisteacuterio Pedagogia com ecircnfase em Educaccedilatildeo Especial
Psicopedagogia
P03 Magisteacuterio Pedagogia Psicopedagogia
P04 Magisteacuterio Pedagogia Psicopedagogia
A professora P02 falou que tem formaccedilatildeo continuada em Estimulaccedilatildeo Visual
As professoras P03 e P04 informaram que estatildeo cursando Especializaccedilatildeo do AEE agrave
distacircncia ofertada pelo MEC Essas professoras que estatildeo cursando a
Especializaccedilatildeo especiacutefica para atuar no atendimento educacional especializado
apontaram que os conteuacutedos aprendidos nele estatildeo sendo muito uacuteteis
especialmente no que se refere ao ensino fundamental pois em grande parte se
baseiam em estrateacutegias praacuteticas para a atuaccedilatildeo docente Sobre Educaccedilatildeo Infantil
as entrevistadas afirmam que haacute conteuacutedos que trazem conceitos e orientaccedilotildees
sobre estimulaccedilatildeo essencial mas essas ainda se mostram um pouco distantes de
sua experiecircncia profissional Nenhuma delas tem formaccedilatildeo na aacuterea especiacutefica de
Educaccedilatildeo Infantil
Foi solicitado que relatassem um pouco de sua trajetoacuteria na aacuterea educacional
Sendo assim foi questionado haacute quanto tempo elas trabalhavam na educaccedilatildeo e se
antes de trabalhar como professora do Atendimento Educacional Especializado -
AEE tiveram outras experiecircncias na aacuterea de educaccedilatildeo (Quadro 07)
71
Quadro 07- Distribuiccedilatildeo das Professoras do Atendimento Educacional Especializado - AEE conforme tempo de trabalho na aacuterea educacional e aacutereas de atuaccedilatildeo dentro da Educaccedilatildeo
Todas informaram se tiveram outras experiecircncias como docentes fora da
Educaccedilatildeo Especial antes de serem professoras do Atendimento Educacional
Especializado - AEE P01 e P04 afirmaram que jaacute tinham tido experiecircncias com
turmas inclusivas antes de ingressarem como docentes no AEE P02 e P03
afirmaram que nunca haviam trabalhado com turmas inclusivas antes de sua
atuaccedilatildeo no AEE
A professora P01 teve um caso na famiacutelia Jaacute as professoras P02 P03 e P04
natildeo tiveram nenhuma experiecircncia marcante com pessoas com necessidades
especiais fora da aacuterea educacional Em acordo com as professoras que jaacute tiveram
alguma experiecircncia com pessoas com necessidades especiais o que se mostra
marcante eacute que esse contato anterior auxilia a como ldquover o deficienterdquo e a como
lidar com ele
4123 Caracterizaccedilatildeo das Educadoras dos Centros Municipais de Educaccedilatildeo
Infantil ndash CMEIs
Todas as entrevistadas atendem crianccedilas pequenas que estatildeo em inclusatildeo
nos Centros de Municipais de Educaccedilatildeo Infantil - CMEIs Participaram 09
Participante Tempo de trabalho na aacuterea
educacional Aacuterea de atuaccedilatildeo
P01 27 anos Educaccedilatildeo Infantil e Fundamental
P02 17 anos Educaccedilatildeo Infantil e Fundamental
P03 20 anos Ensino Fundamental
P04 20 anos Educaccedilatildeo Infantil e Fundamental
72
educadoras que trabalhavam na ocasiatildeo da entrevista com turmas de Berccedilaacuterio e
Maternal Inicialmente foram coletadas informaccedilotildees para caracterizaccedilatildeo das
educadoras desse modo foram identificados dados como idade estado civil se
tinham filhos ou natildeo (Quadro 08)
Quadro 08 - Distribuiccedilatildeo das Educadoras dos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil conforme idade estado civil ocorrecircncia e quantidade de filhos
Conforme o quadro 08 eacute possiacutevel verificar que a faixa etaacuteria das educadoras
participantes estaacute entre 21 e 42 anos 06 delas satildeo casadas 02 satildeo solteiras e uma
eacute viuacuteva Dentro desse grupo 03 das educadoras natildeo tem filhos
Quanto agrave escolaridade foi perguntado se possuiacuteam alguma formaccedilatildeo
especiacutefica para trabalhar com Educaccedilatildeo Infantil e Educaccedilatildeo Especial e Inclusiva
Quatro das educadoras apresentam o curso de magisteacuterio sete delas tem
graduaccedilatildeo em Pedagogia uma ainda estaacute cursando Pedagogia e outra Biomedicina
Participante Idade Estado civilfilhos
E01 27 Casada 2 filhos
E02 28 Casada sem filhos
E03 21 Casada 1 filho
E04 35 Casada 2 filhos
E05 27 Solteira sem filhos
E06 42 Viuacuteva 3 filhos
E07 29 Casada 2 filhos
E08 22 Solteira sem filhos
E09 32 Casada 1 filho
73
cinco das profissionais possuem especializaccedilatildeo dessas quatro na aacuterea de
Psicopedagogia e outra em Educaccedilatildeo Infantil (Quadro 09)
Quadro 09 - Distribuiccedilatildeo das Educadoras dos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil conforme sua Escolaridade
As educadoras E02 E04 E05 E06 E07 e E08 natildeo tiveram nenhuma
formaccedilatildeo especiacutefica sobre Educaccedilatildeo Especial e Inclusatildeo aleacutem das disciplinas
proacuteprias da formaccedilatildeo baacutesica (Magisteacuterio ou Pedagogia)
Jaacute as educadoras E01 E03 e E09 fizeram um curso de formaccedilatildeo continuada
no municiacutepio sobre a inclusatildeo no Ensino Fundamental Natildeo havia ateacute o momento
da coleta de dados referecircncias sobre a oferta de alguma formaccedilatildeo continuada que
evidenciasse a inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil
Foi perguntado se elas tiveram outras experiecircncias como professoras de
turmas de inclusatildeo antes dessa situaccedilatildeo atual
Participante Escolaridade
Ensino Meacutedio Graduaccedilatildeo Especializaccedilatildeo
E01 X Pedagogia Psicopedagogia
E02 X Pedagogia X
E03 Magisteacuterio Pedagogia Psicopedagogia Gestatildeo Escolar
E04 Magisteacuterio Pedagogia ndashcursando X
E05 X Pedagogia X
E06 Magisteacuterio Pedagogia Psicopedagogia
E07 X Pedagogia Educaccedilatildeo Infantil -
cursando
E08 Magisteacuterio Biomedicina ndash
cursando X
E09 X Pedagogia Psicopedagogia -
cursando
74
Quatro das educadoras (E01 E06 E07 e E08) afirmaram positivamente que
tiveram alguma outra experiecircncia com alunos de inclusatildeo antes desse caso atual e
afirmam que isso as ajuda de algum modo nessa turma
Contrariamente cinco delas (E02 E03 E04 E05 e E09) natildeo tiveram nenhum
aluno de inclusatildeo antes desse caso atual
Ainda quanto agraves experiecircncias anteriores com pessoas com necessidades
especiais elas informaram se jaacute tiveram alguma fora da aacuterea educacional
Cinco educadoras (E01 E02 E03 E07 e E08) afirmaram que tiveram
experiecircncias com pessoas com necessidades especiais fora da aacuterea educacional
As outras quatro educadoras (E04 E05 E06 e E09) natildeo tiveram nenhuma
experiecircncia com pessoas com necessidades especiais fora da Educaccedilatildeo Infantil
As participantes informaram o tempo de trabalho na Educaccedilatildeo de modo
geral especificamente na Educaccedilatildeo Infantil e tempo em que estatildeo atendendo essa
turma
Das nove participantes oito soacute tiveram experiecircncia na Educaccedilatildeo Infantil e
uma educadora jaacute trabalhou tambeacutem no Ensino Fundamental
O tempo de atuaccedilatildeo na aacuterea educacional variou de 04 meses a 10 anos No
que se refere agrave atuaccedilatildeo na Educaccedilatildeo Infantil o tempo de trabalho variou igualmente
de 04 meses a 10 anos
Quando questionadas sobre haacute quanto tempo atendem nas turmas atuais
foram obtidas as seguintes respostas 05 educadoras atendem a turma desde o
iniacutecio do ano o que equivale a algo em torno de 09 meses 01 estaacute haacute cerca de 06
meses e 03 das educadoras estatildeo atendendo a turma atual a menos de 06 meses
conforme o que estaacute organizado no Quadro 10 que segue logo abaixo
75
Quadro 10 - Distribuiccedilatildeo das Educadoras dos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil conforme o tempo de atuaccedilatildeo na Educaccedilatildeo de modo geral especificamente na Educaccedilatildeo Infantil e na turma que atende atualmente
42 Seccedilatildeo 02 Concepccedilotildees das Matildees Educadoras e Professoras sobre a
crianccedila que estaacute em inclusatildeo
Foram solicitadas as participantes que relatassem como concebem a crianccedila
pequena que tem necessidades educacionais especiais em relaccedilatildeo as suas
condiccedilotildees e seu processo de inclusatildeo
421 As Matildees e suas crianccedilas
A matildee M01 disse que jaacute desconfiava que o filho tivesse autismo e nega ter
ficado surpresa quando teve a notiacutecia poreacutem seu marido ficou muito triste Apoacutes
Participante Tempo de atuaccedilatildeo na
Educaccedilatildeo Tempo de atuaccedilatildeo na
Educaccedilatildeo Infantil Tempo que atende
essa turma
E01 08 anos 01 ano
01 mecircs
E02 04 meses 04 meses
04 meses
E03 05 anos 05 anos
09 meses
E04 04 anos 04 anos
09 meses
E05 01 ano 01 ano
03 meses
E06 10 anos 10 anos 09 meses
E07 09 anos 09 anos
09 meses
E08 02 anos 02 anos
09 meses
E09 03 anos 03 anos
06 meses
76
receber o diagnoacutestico o apoio da equipe que faz o atendimento especializado na
aacuterea de sauacutede foi fundamental para que a aceitaccedilatildeo do pai fosse sendo construiacuteda
A matildee M02 tambeacutem afirmou que jaacute estava preparada em relaccedilatildeo ao
diagnoacutestico do filho pois teve um parto prematuro com vaacuterias intercorrecircncias para a
crianccedila Desse modo desde os primeiros meses fazia um acompanhamento
rigoroso da sauacutede e do desenvolvimento da crianccedila o que culminou em um
diagnoacutestico de paralisia cerebral
Jaacute para a matildee M03 que teve uma gestaccedilatildeo tranquila a notiacutecia de que a filha
tinha uma siacutendrome veio de uma forma um pouco mais complexa
dai veio a pediatra veio e eu nunca vou esquecer a cara daquela japonesa na minha frente Ela olhava pra mim e eu perguntei ela taacute bem doutora E ela respondeu olha bem pra tua filha Ela tem cara de crianccedila normal Aquele dia foi o maior baque O baque foi porque eu tinha receacutem parido tava inchada doiacuteda e tinha tudo isso e dai eu chorei muito
A matildee M04 tambeacutem teve uma experiecircncia negativa em relaccedilatildeo agrave forma como
foi dada a notiacutecia da condiccedilatildeo da filha
foi logo depois do parto [] Fazia seis horas que ela tinha nascido aiacute a estagiaacuteria foi no quarto e perguntou pela paciente do leito tal e disse vocecirc viu que a tua neneacutem eacute deficiente matildee virou as costas e saiu
Para a matildee M04 o fato de ter dito que a filha era deficiente foi o que mais
chocou porque ela supocircs que queria dizer que a crianccedila teria muito mais
necessidade de cuidados Poreacutem quando falaram que era Siacutendrome de Down
como ela jaacute tinha um pouco de conhecimento sobre a situaccedilatildeo entatildeo se sentiu mais
aliviada quanto agraves condiccedilotildees de sua menina
O choque inicial quando os pais recebem a notiacutecia de que seu filho apresenta
alguma alteraccedilatildeo no desenvolvimento eacute natural e para que o impacto de um
diagnoacutestico ou condiccedilatildeo desconhecida possa ser minimizado eacute fundamental que
eles tenham algum tipo de apoio e orientaccedilatildeo (MINETTO 2010 SCHMITERLOumlW e
FERNANDEZ 2004 PRADO 2005)
Tambeacutem haacute que se ter em destaque que a condiccedilatildeo diferenciada do
desenvolvimento e da sauacutede do filho pode gerar tambeacutem problemas no processo de
vinculaccedilatildeo dele com seus pais e isso podem leva-los a desenvolver uma tendecircncia
77
ao isolamento social que limita as experiecircncias do filho (MINETTO 2010 DE
LINARES 2003 GURALNICK 2000)
Desse modo foi possiacutevel verificar que para todas as matildees o que parece ter
sido fundamental no entendimento da condiccedilatildeo de seus filhos foram os apoios
recebidos nos primeiros meses de vida das crianccedilas em acordo com as informaccedilotildees
logo a seguir
A matildee M01 leva o filho em um centro de apoio especializado em autismo no
qual recebe apoio e orientaccedilatildeo de neurologista e de psicoacuteloga Segundo ela
eu me sinto preparada lidando com ele Antes eu ouvia falar mas eu natildeo sabia o que fazer Hoje eu sei o que fazer com ele eu sei como cuidar dele Ele estaacute sendo bem acompanhado Estou preparada para ajuda-lo
A matildee M02 leva o filho para fazer acompanhamento com meacutedico neurologista
desde o nascimento prematuro e sempre teve apoio e orientaccedilatildeo sobre como
proceder com a crianccedila
A matildee M03 disse que logo apoacutes o diagnoacutestico da filha encontrou uma pediatra
que a apoiou logo nos primeiros meses e que indicou um centro de referencia para
os outros atendimentos que eram necessaacuterios assim como tambeacutem indicou uma
associaccedilatildeo especializada em casos como o de sua crianccedila
A matildee M04 logo apoacutes a confirmaccedilatildeo do diagnoacutestico de Sindrome de Down
tambeacutem foi convidada a participar de um centro de referecircncia para essa siacutendrome
tendo conversado com as assistentes sociais o que segundo ela fez toda a
diferenccedila para um melhor entendimento da condiccedilatildeo da filha
No presente estudo as matildees sugerem que estatildeo construindo uma percepccedilatildeo
positiva de seus filhos e mostram-se interessadas pelo desenvolvimento das
crianccedilas poreacutem haacute estudos como o de Castro (2002) que indicam que matildees de
crianccedilas com doenccedilas crocircnicas aparentavam ser menos responsivas quando na
interaccedilatildeo com seus filhos e manifestando uma tendecircncia maior de ter
comportamentos e sentimentos ambivalentes
Para Schmiterloumlw e Fernandez (2004) cada famiacutelia que tem um filho com
alteraccedilotildees em seu desenvolvimento apresenta um modo proacuteprio de lidar com as
condiccedilotildees de sua crianccedila assim como desenvolve necessidades especiacuteficas
portanto atendimentos que visem dar apoio e orientaccedilatildeo familiar natildeo devem ser
homogecircneos
78
Os trechos abaixo satildeo demonstrativos da satisfaccedilatildeo que as matildees
expressaram durante a entrevista ao falarem sobre suas crianccedilas
A matildee M01 diz que seu filho
eacute uma crianccedila feliz Apesar de ele natildeo falar ele tenta se comunicar da melhor forma que ele consegue para pedir as coisas Ele eacute muito feliz carinhoso gosta de carinho gosta de brincar
Para a matildee M02 o filho
eacute muito especial muito carinhoso bonzinho Ele eacute atento a tudo o que a gente conversa se interessa tem muita forccedila de vontade quer aprender as coisas tem muita vontade de andar
Jaacute para a matildee M03 a filha ldquoeacute muito inteligente Hoje de manhatilde eu falei pra
minha matildee como ela taacute linda Taacute espertardquo E para a matildee M04 a crianccedila ldquoeacute muito
esperta maravilha precisa ver Ela brinca se diverte aprende Nossa Ela eacute dezrdquo
Reconhecer as qualidades e potencialidades dos filhos demonstrando
satisfaccedilatildeo nas relaccedilotildees parece ser algo que auxilia a essas matildees a interessarem-se
cada vez por suas crianccedilas o que possivelmente faz essas uacuteltimas sentirem-se
cada vez mais incentivadas em novas aprendizagens (BRAZELTON 1990)
Todas as matildees indicaram que buscam tratar seus filhos como crianccedilas
normais o relato de matildee M01 e de matildee M04 exemplificam bem a posiccedilatildeo delas
Eu sempre vi ele como uma crianccedila normal tanto que eu trato ele como trato as outras filhas Eu converso eu conto as mesmas coisas pra ele nunca quis proteger ele demais porque ele tem que ser independente tambeacutem (M01)
[] desde que eu soube que ela tinha siacutendrome de Down eu pus na minha cabeccedila que eu natildeo iria tratar ela como uma crianccedila deficiente ela natildeo era uma crianccedila deficiente ao menos que realmente fosse (M04)
Em acordo com as afirmaccedilotildees oferecidas por esse grupo de matildees eacute possiacutevel inferir
que ter uma deficiecircncia eacute a falta de algo (braccedilo perna etc) ou algo que natildeo se
modifica mas elas veem que suas crianccedilas podem modificar seu comportamento
logo natildeo satildeo deficientes
As participantes tambeacutem relatam como fazem para saber se o filho estaacute se
desenvolvendo bem e nesse sentido apenas uma matildee afirma ter sido realizada
79
avaliaccedilatildeo de desenvolvimento infantil pela pediatra da crianccedila as trecircs demais o
fazem em comparaccedilatildeo com outras crianccedilas conhecidas
Mas todas consideram que seus filhos estatildeo se desenvolvendo bem para a idade
natildeo apresentando muitas diferenccedilas em relaccedilatildeo a outras crianccedilas da mesma faixa
etaacuteria
Parte dessa avaliaccedilatildeo eacute produto do que observam das transformaccedilotildees oriundas da
participaccedilatildeo das crianccedilas na Educaccedilatildeo Infantil
As matildees informaram se seus filhos participaram de alguma outra instituiccedilatildeo antes de
ir para o CMEI como por exemplo alguma escola especial ou se ficava com a
babaacute
Apenas uma crianccedila frequentou outro atendimento antes de ir para o CMEI
Segundo a matildee a crianccedila frequentou duas escolas especiais A primeira escola tinha
um horaacuterio difiacutecil de levar pois a crianccedila tinha que acordar muito cedo o que
ocasionou a mudanccedila para uma segunda escola especial mais proacutexima da
residecircncia da famiacutelia Contudo nessa segunda instituiccedilatildeo a matildee percebeu que a
crianccedila natildeo estava evoluindo em seu desenvolvimento conforme o esperado O
relato do que foi observado por essa matildee segue indicado abaixo
Dai a fulana regrediu ela soacute queria dormir Entatildeo toda vez que ia pegar ela laacute ela tava sonolenta e molenga Como se tivesse tomado algum remeacutedio Natildeo tinha tomado natildeo tinha sido dopada mas eacute de ficar isolada
A mesma matildee descreve a sala em que sua crianccedila ficava no periacuteodo de
atendimento nessa escola especial ldquo[] a sala era totalmente escura [] fedia a
mofo era toda fechada sem ventilaccedilatildeo []rdquo
Nas informaccedilotildees sobre a participaccedilatildeo da crianccedila no CMEI elas informaram qual o
motivo de ter matriculado a crianccedila na instituiccedilatildeo haacute quanto tempo agrave crianccedila estaacute
participando deste atendimento qual o motivo de ter sido nessa instituiccedilatildeo turma
que a crianccedila frequenta e qual o periacuteodo que a crianccedila permanece diariamente no
CMEI
Apenas matildee M01 e matildee M02 matricularam seus filhos na Educaccedilatildeo Infantil por
indicaccedilatildeo meacutedica as demais o fizeram por outras razotildees
A matildee M02 aleacutem da sugestatildeo meacutedica tambeacutem afirmou que precisava voltar a
trabalhar e o CMEI seria um bom auxiliar nesse sentido
80
A matildee M03 buscou a Educaccedilatildeo Infantil por acreditar que seria bom para sua filha
especialmente porque ldquoela eacute filha uacutenica pra aprender as coisas baacutesicas que a gente
agraves vezes taacute trabalhando o dia todo e dai ela natildeo tem condiccedilotildees de aprenderrdquo
Apenas a matildee M04 decidiu apoacutes a crianccedila ter tido uma experiecircncia em escola
especial que foi considerada negativa pela famiacutelia conforme indicado anteriormente
As demais crianccedilas ficavam em casa aos cuidados de suas famiacutelias antes de
entrarem na Educaccedilatildeo Infantil
Trecircs das matildees escolheram o CMEI por ser proacuteximo da residecircncia da famiacutelia e
apenas uma fez a escolha por indicaccedilatildeo da meacutedica neurologista que atende o filho
Segundo essa matildee a profissional se referiu a instituiccedilatildeo por fazer parte de um
complexo educacional no qual existem vaacuterios casos de inclusatildeo A matildee M02
escolheu pela proximidade mas tambeacutem porque era a uacutenica que tinha berccedilaacuterio
Se em situaccedilotildees como a de deficiecircncia haacute uma espeacutecie de ldquoapagamentordquo do
saber materno em relaccedilatildeo a como criar seu filho e isso pode comprometer o
desenvolvimento da crianccedila e gerar uma sensaccedilatildeo de fragilidade e impotecircncia em
seus pais (ALVES 2007) entatildeo mais do que nunca accedilotildees interventivas que
considerem a famiacutelia tornam-se fundamentais Quanto a isso Mueller (2008) afirma
que eacute necessaacuterio que essas ultrapassem a ideia de orientaccedilatildeo mas passem a
promover efetivamente a accedilatildeo dos pais Essa pesquisadora tambeacutem indica que eacute
necessaacuterio averiguar o que de fato os pais entenderam e se apropriaram das
orientaccedilotildees pois esse eacute fator que parece comprometer a accedilatildeo dos pais com seus
filhos
422 As Professoras do Atendimento Educacional Especializado ndash AEE e a
inclusatildeo das crianccedilas pequenas que estatildeo nos Centros Municipais de
Educaccedilatildeo Infantil ndash CMEIs
As professoras informaram como eacute o trabalho do AEE quanto tempo faz que
estejam trabalhando como professoras do AEE qual a carga horaacuteria que elas
cumprem semanalmente quantos alunos atendem e quais as maiores
especificidades dos atendimentos
81
De modo geral em acordo com os relatos foi possiacutevel perceber que compete
ao professor do AEE a) atender ao alunado foco Educaccedilatildeo Especial que estaacute em
inclusatildeo no ensino regular complementando a aprendizagem b) dar apoio e
orientaccedilotildees sobre o processo de inclusatildeo tanto para a famiacutelia do aluno quanto ao
seu professor no ensino regular c) buscar recursos que visem melhorar o processo
de inclusatildeo desse alunado junto a outros profissionais especialistas e na
comunidade (estabelecer redes de apoios quando necessaacuterio) O que parece estar
em conformidade com o Decreto nordm 761111 e que dispotildee sobre a Educaccedilatildeo
Especial e o Atendimento Educacional Especializado
Segundo a professora P01 a maior especificidade do Atendimento
Educacional Especializado eacute
natildeo ficar no conteuacutedo eacute atingir o desenvolvimento da crianccedila no que ela precisa e para isso precisa ir atraacutes de especialistas trabalhar todo o ambiente tanto de famiacutelia quanto da escola que ela estaacute inserida
A professora P02 afirma que o ldquoAEE trabalha cada especialidade que ela [a
crianccedila] precisa seja visual a fala o que a crianccedila precisardquo
Jaacute P03 relata que o
trabalho no AEE gira em torno entatildeo na escola realiza trabalho aqui na sala tem o apoio a professora do regular e apoio com a famiacutelia No apoio a famiacutelia chama a matildee faz toda aquela triagem preenche todos os relatoacuterios neacute Na escola regular a gente vai ateacute a escola regular conversa com a professora vecirc a dificuldade que a crianccedila tem pra que a gente possa ajuda neacute o que a professora precisa se eacute adaptaccedilatildeo de algum material para que a gente possa taacute nesse sentido
O grupo tambeacutem informou o tempo em que atua no AEE para o Ensino
Fundamental e no AEE para a Educaccedilatildeo Infantil
E desse modo antes de trazer os dados das entrevistadas eacute importante
relatar que Atendimento Educacional Especializado teve seu iniacutecio nesse municiacutepio
como apoio do Ensino Fundamental no ano de 2009 sendo que o atendimento para
a Educaccedilatildeo Infantil soacute comeccedilou em 2011 Logo eacute relevante que se considere a
precocidade do Atendimento Educacional Especializado nessa regiatildeo
82
As professoras atendem atualmente tanto o alunado do Ensino
Fundamental quanto da Educaccedilatildeo Infantil A professora P02 afirma atender a trecircs
anos no AEE e o faz em outra modalidade - especiacutefico para a Estimulaccedilatildeo Visual - e
sempre trabalhou soacute com crianccedilas de pouca idade (Quadro 11)
Quadro 11 - Distribuiccedilatildeo das Professoras do Atendimento Educacional Especializado conforme seu tempo de atuaccedilatildeo como AEE no Ensino Fundamental e na Educaccedilatildeo Infantil
Conforme o quadro acima eacute possiacutevel verificar que o tempo de atuaccedilatildeo
dessas professoras no Atendimento Educacional Especializado estaacute entre 01 e 03
anos O que condiz com o periacuteodo em que este serviccedilo foi implantado na rede de
educaccedilatildeo do municiacutepio em que ocorreu esta pesquisa
Quanto agrave carga horaacuteria que elas cumprem semanalmente e quantos alunos
atendem seguem no quadro 12
Quadro 12- Distribuiccedilatildeo das Professoras do Atendimento Educacional Especializado conforme seu tempo de atuaccedilatildeo como AEE no Ensino Fundamental e na Educaccedilatildeo Infantil
Participantes Carga horaacuteria
semanal
Nordm de Alunos Ensino
Fundamental
Nordm de Alunos Educaccedilatildeo
Infantil
Total de alunos
Faixa etaacuteria atendida
atualmente
P01 20h 01 01 02 03 a 11 anos
P02 20h 05 03 08 02 a 09 anos
P03 40h 13 01 14 02 a 15 anos
P04 40h 17 03 20 02 a 16 anos
Participantes Tempo no AEE ndash E Fundamental Tempo no AEE- Ed Infantil
P01 01 ano 01 ano
P02 03 anos 02 anos
P03 02 anos 01 ano
P04 02 anos 02 anos
83
Haacute nos grupos dos alunos atendidos por essas professoras do AEE uma
grande heterogeneidade de caracteriacutesticas e condiccedilotildees de desenvolvimento e
aprendizado Elas atendem alunos tanto do Ensino Fundamental quanto da
Educaccedilatildeo Infantil e que apresentam Autismo Siacutendrome de Asperger Paralisia
Cerebral Siacutendrome de Moebius Siacutendrome de Down Deficiecircncia Intelectual entre
outros
Quanto as maiores diferenccedilas entre o Atendimento Educacional Especializado
ndash AEE para o Ensino Fundamental e o AEE direcionado para a Educaccedilatildeo Infantil
elas indicaram (Quadro 13)
Quadro 13 ndash Distribuiccedilatildeo das maiores especificidades do Atendimento Educacional Especializado para a Educaccedilatildeo Infantil e para o Ensino Fundamental
Para a P02 as maiores diferenccedilas satildeo os materiais e o tipo de brinquedos
que satildeo usados P03 afirmou que o atendimento do AEE para a Educaccedilatildeo Infantil
se baseia em atividades de estimulaccedilatildeo essencial e que estaacute
buscando muito na internet em ver que tipo de atividade pode ajudar ele em relaccedilatildeo a material para que me ajude porque na Educaccedilatildeo Infantil eu natildeo tenho experiecircncia porque a gente a gente como professora de Ensino Fundamental a gente pensa logo no pedagoacutegico no ensinar
Participantes
Educaccedilatildeo Infantil
Ensino Fundamental
P01
Atividades voltadas ao corpo para o
desenvolvimento para a socializaccedilatildeo para o
brincar e para a fantasia
Atividades escolares mais complexas
P02 Natildeo usa laacutepis trabalha mais com o estiacutemulo
Usa mais materiais usa alguns materiais escolares
P03 Estimulaccedilatildeo Essencial Trabalha as dificuldades do aluno por meio
de jogos usa bastante o computador tambeacutem precisa adaptar material
P04
Estimulaccedilatildeo encaixes circuitos para
engatinhar jogos de imitaccedilatildeo
Aacuterea de alfabetizaccedilatildeo atividades psicomotoras e orientaccedilotildees atividades para
aprimorar o comportamento dos alunos
84
Elas caracterizaram o trabalho com a crianccedila foco da pesquisa para isso
informaram haacute quanto tempo atendiam a crianccedila foco da pesquisa no Atendimento
Educacional Especializado e como era o atendimento a esse aluno (Quadro 14)
Quadro 14 ndash Distribuiccedilatildeo das Professoras do Atendimento Educacional Especializado conforme tempo em que atendem a crianccedila pequena foco da pesquisa frequecircncia e duraccedilatildeo do atendimento ao aluno
Em termos de frequecircncia semanal ao serviccedilo de AEE percebe-se que este se
organiza em curtos momentos o que sugere duas questotildees ao menos A primeira eacute
a da necessidade de que haja um planejamento bem definido em relaccedilatildeo agraves
condiccedilotildees de cada crianccedila de modo que se aproveite ao maacuteximo esse curto espaccedilo
de tempo de atendimento E a segunda questatildeo eacute em relaccedilatildeo agrave relevacircncia que
estar na Educaccedilatildeo Infantil passa a ter para o desenvolvimento global dessas
crianccedilas pois entre os trecircs contextos relacionados no presente estudo (familiar AEE
e CMEI) eacute no CMEI que elas passam a maior parte de seu tempo
De modo geral as professoras indicam que buscam constantemente adequar
as atividades agraves necessidades individuais do alunado para tal procuram estruturar
seu planejamento em jogos e brincadeiras O caraacuteter luacutedico das atividades tambeacutem
se torna um elemento para diferenciar o AEE das aulas de reforccedilo e das aulas
regulares
Todas as professoras fazem planejamentos semanais e afirmam procurar
avaliar o desempenho da crianccedila dia a dia por meio do que foi alcanccedilado ou natildeo e
frente aos objetivos estabelecidos individualmente
Diante do aspecto novo e diferenciado que o AEE para a Educaccedilatildeo Infantil
apresenta para essas professoras foi questionado o que elas pensaram quando
souberam que iriam atender essas crianccedilas pequenas E apoacutes o periacuteodo de
Participante Tempo em que atende a crianccedila pequena foco da
pesquisa
Frequecircncia e Duraccedilatildeo do Atendimento
P01 8 meses 1x semana 2 horas
P02 7 meses 2x semana 1 hora
P03 4 meses 1 x semana 1 hora
P04 4 semanas 1 x semana 1 hora
85
atendimento e relaccedilatildeo com essas crianccedilas como se sentem ao atendecirc-las (Quadro
15)
Quadro 15 ndash Distribuiccedilatildeo das Professoras conforme suas concepccedilotildees antes de atender a crianccedila e apoacutes o periacuteodo em que atende o aluno que estaacute em inclusatildeo
Trecircs das professoras demostraram ter sentido grande preocupaccedilatildeo com o
fato de ter que atender uma crianccedila pequena
Uma delas afirmou que se sentiu feliz pois jaacute estava acostumada a atender
crianccedilas pequenas e viu no novo aluno uma oportunidade de aprender mais
Todas as professoras relataram que ao serem informadas sobre as crianccedilas
pequenas que iriam atender buscaram informaccedilotildees pertinentes agrave condiccedilatildeo da
crianccedila e sobre ideias para as atividades
A participante P03 justifica sua primeira impressatildeo
Ai com bastante medo sinceramente com bastante medo Eu natildeo tinha tido experiecircncia com crianccedila pequena ainda mais com berccedilaacuterio Minha experiecircncia toda era no Ensino Fundamental com crianccedilas maiores e que praticamente natildeo possuiacuteam dificuldade neacute
Outra professora indica o mesmo tipo de preocupaccedilatildeo ldquoAi eu fiquei
desesperada O que eu vou trabalhar Eu soacute tenho a praacutetica do Fundamentalrdquo (P04)
Apoacutes conhecer e atender a crianccedila a opiniatildeo das professoras modificou-se
Os relatos das professoras indicam que estatildeo se sentindo mais seguras muito
embora sua funccedilatildeo no AEE da Educaccedilatildeo Infantil ainda esteja sendo delineada e
restem duacutevidas e anseios
Participante Antes de atender a crianccedila Atualmente
P01 Afirma que natildeo sabia como ia
trabalhar Sente-se orgulhosa do trabalho e da
evoluccedilatildeo do aluno
P02 Sentiu-se feliz porque percebeu
que era um desafio
Sente-se feliz e diz que eacute gratificante perceber o trabalho realizado e a evoluccedilatildeo
do aluno
P03 Sentiu medo Sente-se mais segura
P04 Ficou desesperada Sente-se mais tranquila
86
O relato da professora P04 eacute muito interessante e faz lembrar que elas estatildeo
tambeacutem construindo sua identidade como professora do Atendimento Educacional
Especializado voltado para a Educaccedilatildeo Infantil o que traz questotildees e anseios muito
proacuteprios
agora estou mais tranquila porque assim ateacute entatildeo eu via assim meu Deus Eu tocirc perdendo a funccedilatildeo de professora Estou perdendo a funccedilatildeo de professora porque no AEE a gente trabalha com as habilidades natildeo eacute muito aquilo do conteuacutedo propriamente escrito ali Daiacute eu pensei tocirc perdendo minha funccedilatildeo de professora natildeo tocirc tendo minha funccedilatildeo de professora agora porque eu tenho que brincar com essa crianccedila tenho que ensinar a engatinhar tenho que estimular ela (P04)
Apoacutes perceber qual seria o seu trabalho com a crianccedila pequena sua visatildeo
modificou-se
agora natildeo agora eu tocirc mais tranquila natildeo me preocupo muito com as outras pessoas vai falar Que a minha preocupaccedilatildeo tambeacutem era assim poxa minha amiga vai falar essa professora natildeo taacute trabalhando ela taacute brincando Entatildeo eu tinha uma visatildeo assim do que os outros iam pensar do meu trabalho Hoje em dia natildeo Se entra uma pessoa assim e eu tocirc brincando ali com a crianccedila eu continuo fazendo o que tocirc fazendo Antes ateacute que eu meio que dava uma disfarccedilada (P04)
Devido agrave forma de trabalhar outra professora traacutes um relato que
complementa esse uacuteltimo
acho que o professor do AEE para Educaccedilatildeo Infantil tem que ter muita dedicaccedilatildeo mas agraves vezes a gente escuta que o professor do AEE natildeo faz nada neacute Porque cada aluno tem um horaacuterio temos muitos horaacuterios livres mas tem que ter muita dedicaccedilatildeo tem que ter empenho tem que buscar o conhecimento (P03)
Tambeacutem foi solicitado que as profissionais indicassem como fazem para
saber se a crianccedila em inclusatildeo estaacute se desenvolvendo bem E em resposta todas
as professoras relatam que buscam perceber o desenvolvimento dos alunos por
meio da comparaccedilatildeo do desempenho da crianccedila desde o momento em que iniciou
seu atendimento no AEE ateacute o presente
Usam como referecircncias as conversas com as matildees das crianccedilas com as
educadoras e seus proacuteprios apontamentos e agraves vezes orientaccedilotildees dos
especialistas que atendem as crianccedilas Tais referecircncias natildeo satildeo diferentes das
tambeacutem evidenciadas e utilizadas por educadoras de CMEIS (SOUZA 2008)
Contudo pensa-se que pelas especificidades do trabalho das professoras do
Atendimento Educacional Especializado urge que estas profissionais tenham
87
maiores recursos para avaliar acompanhar e promover o desenvolvimento de
crianccedilas com necessidades especiais
Sobre a falta de um paracircmetro para avaliar o desenvolvimento infantil a
professora P01 informa
agora diante de todo esse aprendizado a gente - todos do AEE ndash vai se juntar e vai montar dentro do Desenvolvimento Infantil o que eacute conveniente para aquela idade e o que natildeo eacute A gente natildeo tem esse paracircmetro anda porque tudo para noacutes estaacute sendo esse ano um experimento
A falta de paracircmetros para avaliar e acompanhar o desenvolvimento na
primeira infacircncia parece natildeo ser exclusividade das professoras e educadoras da
presente pesquisa conforme jaacute relatado por Souza (2008) Soejima (2008) e
Bolsanello e Soejima (2012) Contudo ao se considerar que o Atendimento
Educacional Especializado pode ser aproveitado como parte de um processo ou
programa de intervenccedilatildeo precoce para as crianccedilas que tecircm deficiecircncias entatildeo seria
indispensaacutevel que se estabelecesse meios de avaliar acompanhar e intervir no
desenvolvimento infantil conforme jaacute evidenciado por autores como Juan ndash Vera e
Peacuterez-Lopez (2009) e Moragas (2009)
Ao serem convidadas a comentar como se daacute o trabalho com essas crianccedilas
pequenas elas tambeacutem indicaram ter uma percepccedilatildeo positiva das crianccedilas que
atendem salientando em seus relatos avanccedilos e qualidades dos seus alunos
A professora P01 conta que atende uma crianccedila com autismo e pela
especificidade precisou fazer um curso para se orientar em como trabalhar Apoacutes
esse curso afirma que sua visatildeo do que a crianccedila precisava para aprender se
modificou e que conseguiu alcanccedilar mais ecircxito em seus objetivos Ela tambeacutem conta
que apoacutes a formaccedilatildeo conseguiu auxiliar mais as educadoras que atende a crianccedila
no CMEI Seu trabalho com esse aluno eacute mais voltado para a adequaccedilatildeo
comportamental pois segundo ela o mesmo passava muito tempo dormindo na
creche ainda usando fraldas chupeta praticamente natildeo fazendo atividades
dirigidas Essa professora tambeacutem construiu rotinas para a crianccedila ficar mais
orientada no que se esperava dela assim como introduziu vaacuterias atividades
pedagoacutegicas todas baseadas na proposta curricular do municiacutepio
Jaacute a professora P02 trabalha apenas com reeducaccedilatildeo e estimulaccedilatildeo visual
Segundo ela trabalha em sala escura com luzes coloridas pareamento de figuras
88
com pranchas objetos coloridos objetos musicais sempre focando nos aspectos
psicomotores
No relatado da professora P03 evidencia-se que esta fez pouco contato com a
crianccedila pois ele estava afastado por questotildees de sauacutede Mas que seu atendimento
nesse momento de desenvolvimento do aluno eacute mais voltado para a estimulaccedilatildeo
essencial
Segundo a professora P04 seu trabalho se baseia em atividades de
estimulaccedilatildeo essencial Quando questionada sobre onde ela busca embasamento
para trabalhar com estimulaccedilatildeo essencial essa professora afirmou que aleacutem de
algumas orientaccedilotildees da equipe da Educaccedilatildeo Especial fez bastante pesquisa na
internet Contudo tambeacutem demonstrou em seu relato natildeo saber muito bem como eacute
um atendimento de estimulaccedilatildeo essencial
natildeo natildeo eu natildeo tive (formaccedilatildeo sobre estimulaccedilatildeo essencial) Eu natildeo tive preparaccedilatildeo alguma para atender assim com a Educaccedilatildeo Infantil por isso que eu fiquei desesperada A gente faz curso vai se preparando mas com crianccedilas pequenas natildeo Dai eu acho que eu faccedilo estimulaccedilatildeo mas natildeo sei dizer bem certo se eacute assim Porque quando eu recebi ela (crianccedila) era pra trabalhar com ela estimulaccedilatildeo dai eu fui pesquisar peguei alguns negoacutecios nas informaccedilotildees que eu peguei na internet eacute estimulaccedilatildeo precoce Eacute o que eu sei (P04)
Conforme os relatos sobre os atendimentos percebeu-se que todas as
crianccedilas satildeo trabalhadas individualmente tendo um plano de trabalho elaborado
especificamente e de acordo com as caracteriacutesticas pessoais e cada uma
As crianccedilas que fazem parte do grupo desse estudo precisam deslocar-se do
CMEI de origem ateacute a escola em que estaacute locada a Sala de Recursos Multifuncional
(espaccedilo em que ocorre o Atendimento Educacional Especializado) De modo geral
as Salas de Recursos Multifuncionais podem ser alocadas tanto em CMEIs quanto
em Escolas Regulares No caso dessa pesquisa todas as crianccedilas frequentam
Salas que estatildeo lotadas fora de seus CMEIs
Em conformidade com informaccedilotildees jaacute fornecidas tambeacutem faz parte das
atribuiccedilotildees dessas professoras o contato com os responsaacuteveis pela crianccedila com as
educadoras que a atendem nos CMEIs e especialistas Pelos relatos entende-se
que costumeiramente todas as professoras fazem contato com as matildees e com as
educadoras da crianccedila para estabelecer as questotildees mais pertinentes no momento
apoacutes essas conversas iniciais os demais encontros satildeo realizados conforme
89
necessidade O contato com os demais especialistas que atendem a crianccedila
tambeacutem eacute estabelecido de acordo com as condiccedilotildees do aluno
423 As educadoras e as crianccedilas pequenas que estatildeo em inclusatildeo
As Educadoras entrevistadas informaram em qual turma trabalham a faixa
etaacuteria que atendem e a quantidade de alunos matriculados por turma
O quadro abaixo (Quadro 16) ilustra a distribuiccedilatildeo das Educadoras conforme
as turmas que atendem atualmente a faixa etaacuteria da turma em que trabalham e
quantidade de alunos matriculados
Quadro 16 ndash Distribuiccedilatildeo das Educadoras conforme turmas que atendem faixa etaacuteria da turma e quantidade de alunos por turma
Todas as Educadoras dividem o atendimento da turma com outras
profissionais sendo que segundo elas todas que atendem numa mesma turma tecircm
as mesmas atribuiccedilotildees e responsabilidades em relaccedilatildeo agraves crianccedilas Logo percebe-
se que a distribuiccedilatildeo das educadoras eacute
Participante Turma que
atende Faixa etaacuteria da
turma
Quantidade de
alunos por turma
E01 M1 1a e 8m a 2 anos 24
E02 M1 1a e 8m a 2 anos 24
E03 M1 1a e 8m a 2 anos 24
E04 B2 8meses a 1a e 8m 19
E05 M1 1a e 8m a 2 anos 24
E06 M2 2 a 3 anos 24
E07 M2 2 a 3 anos 24
E08 B2 8meses a 1a e 8m 19
E09 B2 8meses a 1a e 8m 19
90
- Turma de Berccedilaacuterio = 03 Educadoras por turma
- Turma de Maternal = 02 Educadoras por turma
Durante as entrevistas observou-se que natildeo eacute rara a consideraccedilatildeo de que
nas turmas em grande numero de alunos podem ocorrer limitaccedilotildees no processo de
inclusatildeo de crianccedilas pequenas com necessidades especiais
A relaccedilatildeo quantidade de crianccedilas em turma por educadora tambeacutem eacute algo a
ser considerado quando se pensa em proporcionar um serviccedilo com qualidade e com
vistas agrave promoccedilatildeo do desenvolvimento e melhor desempenho da educadora
(LORDELO et al 2007) Brazelton (2002) ao fazer referecircncia agrave relaccedilatildeo quantidade
de crianccedilas por educadora afirma que esta deveria ser a seguinte 03 a 04 crianccedilas
para cada educadora quando estiverem atendendo bebecircs de 04 crianccedilas por
educadora quando os pequenos estiverem aprendendo a andar e entre 06 a 08
crianccedilas (quando forem maiores de 03 anos) por educadora
Todas relataram que possuem horaacuterio semanal para planejamento das
atividades da turma Cada grupo de Educadora tem sua forma de organizar o
planejamento mas elas foram unacircnimes em dizer que natildeo fazem planejamento
diferenciado em decorrecircncia de terem uma crianccedila em inclusatildeo em suas turmas O
que ocorre eacute que no dia a dia cada Educadora tenta adaptar a praacutetica
anteriormente planejada Para tal levam em conta as condiccedilotildees da crianccedila no
momento da aplicaccedilatildeo da atividade
A Educadora E03 afirma que fez um curso sobre inclusatildeo e que nele foi
orientada que natildeo havia necessidade de estabelecer um planejamento com
objetivos especiacuteficos para a crianccedila foco da inclusatildeo Contudo ela diz que natildeo
saberia como mudar os objetivos
Jaacute a educadora E05 justifica que natildeo consegue fazer atividades diferenciadas
e que como se trabalha muito
com picote com colagem movimento danccedila a parte de equiliacutebrio e como ela (a crianccedila em inclusatildeo) natildeo fica em peacute entatildeo ela natildeo pode participar dessas () Entatildeo a gente tenta a gente coloca ela mas natildeo tem o resultado que a gente espera() a gente natildeo sabe como adaptar pra ela o planejamento Natildeo tem nada diferenciado pra ela
Diante desses dados pode-se inferir que o processo inclusivo da crianccedila
pequena no CMEI falha em se constituir como tal pois foge em vaacuterias instacircncias aos
91
princiacutepios baacutesicos do que se considera uma educaccedilatildeo ldquopara todosrdquo tal como
preconizado por autores como Alves (2008) Carvalho (2009) e Oliveira (2010) os
quais ilustram que promover as mesmas oportunidades para os alunos natildeo significa
que todos deveratildeo ser atendidos de forma homogecircnea Pensa-se nesse sentido
que a falta de um planejamento que seja coerente com as caracteriacutesticas das
crianccedilas que estatildeo em inclusatildeo coloca em risco a atenccedilatildeo agraves suas necessidades e
pode contribuir para que haja exclusatildeo e isolamento desse alunado
Todas as Educadoras relataram de forma geral como eacute sua rotina de
trabalho no CMEI demonstrando um cotidiano dividido entre atividades de
alimentaccedilatildeo higiene atividades com cunho pedagoacutegico e brincadeiras Mesmo natildeo
fazendo um plano de trabalho especiacutefico para as crianccedilas que estatildeo em inclusatildeo as
Educadoras afirmam que tentam na praacutetica diaacuteria aplicar algumas atividades e
brincadeiras diferenciadas em conformidade com o que percebem que eacute necessaacuterio
no momento da crianccedila mas nem sempre sabem o que eacute preciso para o aluno que
natildeo raro usam de seus ldquoinstintosrdquo
a gente faz e estaacute fazendo meio que trabalho instintivo a gente acha que eacute bom para ele (aluno) e a gente vai laacute e faz porque natildeo tem rumo ele taacute num mar e a gente tem que velejar para algum lugar (E08)
Tambeacutem ao falarem sobre a rotina de trabalho em vaacuterias situaccedilotildees ao longo
dos relatos as entrevistadas apontaram que esta eacute exaustiva e que eacute difiacutecil dar
atenccedilatildeo individualizada agrave crianccedila em inclusatildeo
entatildeo eacute bem corrido tem umas crianccedilas que natildeo se adaptaram ainda Entatildeo eacute difiacutecil duas soacute darem da inclusiva (crianccedila) mais dos natildeo adaptados mais das vinte (crianccedilas) (E05)
Seis das participantes ao falarem das crianccedilas que atendem destacam as
caracteriacutesticas positivas do aluno e seus avanccedilos Ainda ao relatarem as
especificidades demonstram saber pouco sobre as condiccedilotildees da populaccedilatildeo que
atendem e ressaltam que percebem esse alunado de inclusatildeo como ldquocrianccedilas
normaisrdquo ou ldquopouco diferentesrdquo dos demais educandos
ela eacute muito alegre muito alegre ela eacute uma crianccedila muito esperta muito atenta muito atenta mesmo[] Ela eacute normal normal natildeo eacute a palavra mas ela acompanha ela tem os mesmos interesses que as crianccedilas da mesma idade (E01)
92
Da mesma forma a Educadora E02 diz natildeo saber exatamente ldquoo grau da
siacutendrome delardquo Faz afirmaccedilotildees positivas sobre a crianccedila e afirma que natildeo haacute
diferenccedilas entre essa crianccedila e as demais da turma
a gente percebe que natildeo eacute uma siacutendrome muito grave entatildeo a gente trata ela normalmente
Trecircs das Educadoras fazem destaque para as dificuldades das crianccedilas que
atendem afirmando que tiveram evoluccedilatildeo na aprendizagem mas que haacute muitos
empecilhos no atendimento a esses alunos
A Educadora E04 ressalta as dificuldades da crianccedila e de tecirc-la em sala de
aula
ele entrou em sala e natildeo foi colocado uma professora para dar atenccedilatildeo especial para ele agraves vezes a gente natildeo consegue dar atenccedilatildeo especial para ele Ele eacute tratado como os demais
Tambeacutem a Educadora E08 descreve as dificuldades da crianccedila e afirma que
se sentiu como uma ldquomatildee de primeira viagemrdquo quando o segurou no colo pela
primeira vez Segundo ela ldquonatildeo tem muito o que fazer com elerdquo
Em face agraves informaccedilotildees dessas participantes lembra-se que Drago (2011)
ao falar em relaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo infantil considera que apesar de tantos avanccedilos
ainda eacute possiacutevel encontrar muitos entraves que a caracterizam como uma educaccedilatildeo
um tanto quanto vazia de sentido como se ainda permanecesse a ideia de
educaccedilatildeo compensatoacuteria e junto a isso se percebe que o processo de inclusatildeo
ainda eacute bastante mal compreendido nessa faixa etaacuteria Diante disso como fazer uma
turma que tem alunos em inclusatildeo tornar-se verdadeiramente inclusiva Em
resposta acredita-se necessaacuterio o que Zorteacutea (2007) afirma e leva a pensar que
viabilizar a inclusatildeo pressupotildee um espaccedilo escolar que repense seus modos e meios
de existir de forma permanente
Ainda foi perguntado agraves Educadoras haacute quanto tempo atendiam a crianccedila
que estaacute em inclusatildeo (Quadro 17)
93
Quadro 17 ndash Distribuiccedilatildeo das Educadoras conforme o tempo em que
atendem a crianccedila que estaacute em inclusatildeo
Dado o tempo em que elas as atendiam foi tambeacutem solicitado que
comentassem o que pensaram quando souberam que iriam atender uma crianccedila de
inclusatildeo e o que sentem depois de tecirc-las conhecido e atendido (Quadro 18)
Quadro 18 - Distribuiccedilatildeo das Educadoras conforme suas concepccedilotildees antes de atender a crianccedila e apoacutes o periacuteodo em que atende o aluno que estaacute em inclusatildeo
Participante
Antes de atender a crianccedila Atualmente
E01 Sentiu-se bem por jaacute conhecer o caso
Sente-se bem
E02 Sentiu-se assustada Sente-se mais tranquila
E03 Sentiu-se feliz porque percebeu que era um desafio
Sente-se ainda insegura
E04 Sentiu-se assustada Sente-se contente com a evoluccedilatildeo da crianccedila
E05 Sentiu-se apavorada Sente-se triste
E06 Sentiu-se apreensiva Sente-se gratificada com a evoluccedilatildeo da crianccedila
E07 Sentiu medo Sente-se medo e inseguranccedila
E08 Sentiu-se apavorada Sente-se mais segura
E09 Sentiu-se assustada Sente-se mais tranquila mas ainda tem medo de atender a crianccedila quando estaacute sozinha
Participantes A quanto tempo
atende essa crianccedila
E01 1 mecircs
E02 4 meses
E03 9 meses
E04 9 meses
E05 3 meses
E06 9 meses
E07 9 meses
E08 9 meses
E09 6 meses
94
A grande maioria das participantes relatou que natildeo se sentiu muito
confortaacutevel quando soube que iria atender uma crianccedila de inclusatildeo em sua turma
Sentiram-se com medo assustadas e apavoradas Foram os sentimentos mais
considerados por elas A seguir apresentam-se alguns exemplos de relatos
A Educadora E02 afirma ter ficado assustada e pensou
fiquei assim o que a gente vai fazer neacute Com todo mundo como que a gente vai desempenhar o trabalho Pedagoacutegico o que a gente vai fazer Dai depois a gente foi vendo tentando adaptar mas pelo grau de deficiecircncia dela assim que era tatildeo gritante ela se desenvolveu muito bem neacute
Outra Educadora que tambeacutem afirmou ter ficado assustada justifica esse
sentimento pelo fato de ter muitas crianccedilas na turma e por natildeo ter espaccedilo para
trabalhar com a crianccedila especial Ainda afirma
ele precisa de amparo de atenccedilatildeo especiacutefica para o desenvolvimento dele Se eu dou atenccedilatildeo pra ele eu tenho que virar as costas para outros dezoito alunos (E04)
Vale destacar a percepccedilatildeo da Educadora E06 que disse ter ficado
apreensiva porque outras Educadoras falaram que crianccedilas com autismo satildeo
agressivas e violentas
Apenas duas Educadoras afirmaram que sentiram bem uma porque jaacute
conhecia o caso e a outra porque percebeu que poderia ter uma grande
oportunidade de aprendizado
Dentre o modo como se sentem atualmente quatro Educadoras ainda se
manifestaram de alguma forma desconfortaacuteveis com o que vem acontecendo no
atendimento e por conta disso revelam sentir medo inseguranccedila tristeza As
demais afirmaram que modificaram seu pensamento em relaccedilatildeo agrave crianccedila foco da
pesquisa
Merece destaque especialmente a fala das Educadoras E01 E03 e E05 que
afirmam respectivamente que se sente bem em atender a crianccedila mas se percebe
um pouco desamparada e limitada em relaccedilatildeo a atender as necessidades dela diz
sentir falta de ajuda e acredita que poderia ter feito muito mais pela aluna diz que
se sente triste porque natildeo consegue fazer com que a crianccedila evolua da forma
correta
95
Acredita-se que tais sentimentos poderiam ser minimizados diante de um
trabalho efetivamente feito em conjunto com os serviccedilos do Atendimento
Educacional Especializado o qual poderia servir entre outras coisas a construccedilatildeo
de estrateacutegias que sirvam de suporte para todos os envolvidos no processo inclusivo
- crianccedilas famiacutelias educadoras professoras comunidade entre outros
(BENINCASA 2011)
Entendendo que o processo de inclusatildeo tambeacutem serve agrave promoccedilatildeo do
desenvolvimento infantil foi questionado como elas faziam para saber se essa
crianccedila estava se desenvolvendo
E nesse sentido as Educadoras trouxeram em seus relatos diferentes modos
pelos quais acompanham e avaliam o desenvolvimento das crianccedilas foco do
processo inclusivo entre os quais se destacam a comparaccedilatildeo com as demais
crianccedilas da turma (E01 e E02) em acordo com a execuccedilatildeo das atividades propostas
para a turma (E03 e E04) conforme alteraccedilotildees no comportamento ocorridas durante
o periacuteodo em que o aluno estaacute em inclusatildeo (E05 E06 e E09) e por fim seguindo
ldquoinstinto maternordquo (E04)
Merece destaque as consideraccedilotildees da Educadora E04 ao dizer que por ser
matildee percebe como seu aluno em inclusatildeo se desenvolve Ela diz que as
educadoras que natildeo satildeo matildees provavelmente natildeo percebam o desenvolvimento do
aluno como ela percebe Consideremos a afirmaccedilatildeo da Educadora E05 por
exemplo que avalia o desenvolvimento por meio da visualizaccedilatildeo das alteraccedilotildees de
comportamento que a crianccedila manifesta antes era ldquotiacutemidardquo e agora eacute ldquoagressivardquo
Mas salienta ldquoa gente natildeo tem conhecimento se 2 anos que eacute o caso dela se taacute
desenvolvido ou natildeo se taacute bem ou natildeo taacuterdquo
As Educadoras satildeo unacircnimes em falar que aplicam as mesmas atividades
para toda a turma com rariacutessimos momentos em que conseguem adequar
totalmente uma atividade exclusivamente para a crianccedila que estaacute em inclusatildeo Elas
chamam atenccedilatildeo para o fato de que esses alunos seguem a rotina da turma sem
grandes problemas e que a relaccedilatildeo com o restante da turma eacute o ponto forte da
estimulaccedilatildeo da aprendizagem desse alunado que apresenta dificuldades
Se por um lado elas se sentem bem com o fato de a crianccedila acompanhar
grande parte das atividades da turma por outro haacute relatos em que se mostram
incomodadas por natildeo poderem dar a atenccedilatildeo necessaacuteria para a individualidade dos
alunos em inclusatildeo
96
A Educadora E03 afirma que a crianccedila que estaacute em inclusatildeo entra na
atividade como as outras pois natildeo apresenta muita dificuldade em acompanhar os
demais Inclusive a Educadora sugere que a aluna aprende muito com o estiacutemulo
originado espontaneamente nas relaccedilotildees com o restante da turma e comenta
eacute na convivecircncia com as outras crianccedilas que eu tocirc vendo que ela evolui bem mais do que se eu intervir em alguma coisa
Jaacute a Educadora E08 fala que elas estatildeo bem felizes com o desenvolvimento
do aluno e que fazem um trabalho ldquomeio instintivordquo imaginam o que pode ser bom
para a crianccedila e aplicam porque segundo ela ldquonatildeo tem rumo ele estaacute num mar e a
gente tem que velejar para algum lugarrdquo E de um modo geral as atividades satildeo as
mesmas para todas as crianccedilas Ela afirma tambeacutem que percebe que o maior
estiacutemulo para o aluno que atende natildeo estaacute vindo das atividades diretamente mas
das outras crianccedilas Ela conta que
eles chamam ele pra brincar pegam o brinquedinho eles pegam o brinquedinho e levam pra ele brincar() Eles ajudam muito tanto que a parte do balbuciar (que o aluno aprendeu) eacute porque eles estatildeo falando muito eles vatildeo falam com ele e ele fala tambeacutem ele responde
43 Seccedilatildeo 03 Processo Inclusivo na Educaccedilatildeo Infantil
Esta parte do estudo tem como base o conjunto de informaccedilotildees relatadas
pelas participantes e que versam sobre a) o significado da inclusatildeo b) o motivo da
inclusatildeo c) a opiniatildeo dos participantes a respeito da inclusatildeo d) como deveriam ser
as Educadoras e os Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil - CMEIs para atender
bem ao processo inclusivo e) como a famiacutelia pode ajudar no processo de inclusatildeo
f) como a professora do Atendimento Educacional Especializado - AEE pode
contribuir para a inclusatildeo g) referecircncias e apoios utilizados e indicados para que o
processo inclusivo ocorra com qualidade h) se os Centros Municipais de Educaccedilatildeo
Infantil - CMEIs e as Educadoras estatildeo preparados para o processo inclusivo i)
como se daacute a participaccedilatildeo das famiacutelias atualmente j) vantagens e desvantagens do
processo inclusivo no Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil - CMEI e k)
97
comentaacuterio e sugestotildees para melhorar o processo inclusivo nos Centros Municipais
de Educaccedilatildeo Infantil - CMEIs
Esses dados foram organizados em seis grandes eixos em conformidade com
os objetivos especiacuteficos da pesquisa a saber 431 Concepccedilotildees dos Participantes
sobre o Processo Inclusivo 432 Participaccedilatildeo no Processo Inclusivo 433
Avaliaccedilatildeo do Processo Inclusivo 434 Referecircncias e Apoios utilizados e indicados
para que o Processo Inclusivo ocorra com qualidade 435 Vantagens e
Desvantagens do Processo Inclusivo e 436 Sugestotildees e Comentaacuterios visando a
melhoria do Processo Inclusivo na Educaccedilatildeo Infantil
431 Concepccedilotildees dos Participantes sobre o Processo Inclusivo
Quando se questiona o que significa falar que a crianccedila estaacute em inclusatildeo eacute
possiacutevel perceber que o processo em si natildeo se mostra bem claro para as
participantes do estudo
As matildees datildeo ecircnfase no sentido de que estar em inclusatildeo eacute estar com
crianccedilas normais jaacute as professoras do Atendimento Educacional Especializado -
AEE e as educadoras demonstram menos homogeneidade nas respostas
Nas informaccedilotildees ofertadas pelas matildees foi possiacutevel evidenciar que o
significado de a crianccedila estar em inclusatildeo estaacute mais relacionado a
- Chance de estar com crianccedilas da mesma idade e de aprender coisas que natildeo
aprende em casa
- Estar com crianccedilas normais
- Refere-se agrave outra escolinha (ao Atendimento Educacional Especializado)
Nas respostas maternas que indicam que estar em inclusatildeo eacute estar com os
ldquonormaisrdquo elas demonstram que eacute o mesmo que estar com crianccedilas da mesma faixa
etaacuteria O que parece reduzir em muito a amplitude do que o fato pode representar
natildeo para as matildees e profissionais da educaccedilatildeo mas e principalmente para a
crianccedila que estaacute em inclusatildeo Longe de ter uma conotaccedilatildeo pejorativa os relatos
enfatizam que ldquoestar com os normaisrdquo eacute tambeacutem poder ter acesso a aprendizagens e
98
oportunidades de experiecircncias mais proacuteximas agraves adequadas e esperadas para a
faixa etaacuteria das crianccedilas Essa percepccedilatildeo materna parecer ter sido construiacuteda junto
aos proacuteprios motivos e objetivos pelos quais elas matricularam seus filhos nos
CMEIs estar com crianccedilas da mesma idade
A Matildee 03 salienta que ldquoa gente costuma falar que o CMEI deixou de ser
depoacutesito pra ser lugar de aprendizadordquo
Jaacute a Matildee 01 reforccedila a noccedilatildeo de que estar em inclusatildeo eacute ldquoestar com pessoas
normaisrdquo ao afirmar que um dos motivos da inclusatildeo de crianccedilas pequenas eacute que
elas precisam de estiacutemulos e que eacute necessaacuterio ldquobuscar esse estiacutemulo entre os
normaisrdquo
Como jaacute afirmado acima no relato das profissionais (Educadoras dos Centros
Municipais de Educaccedilatildeo Infantil e Professoras do Atendimento Educacional
Especializado) natildeo haacute homogeneidade na percepccedilatildeo do que significa estar em
inclusatildeo
Entre as Educadoras haacute uma tendecircncia de em semelhanccedila agraves matildees
afirmarem que estar em inclusatildeo eacute ldquoestar com normaisrdquo mas tambeacutem haacute aquelas
que dizem que eacute atender a crianccedila especial em sua particularidade e aquelas que
natildeo acreditam que o que estaacute ocorrendo seja inclusatildeo pelas condiccedilotildees precaacuterias
que percebem Logo o significado de afirmar que essa crianccedila estaacute em inclusatildeo
para o grupo das Educadoras eacute
- Estar com crianccedilas da mesma faixa etaacuteria
- Que o aluno eacute visto como uma crianccedila normal
- Estar com crianccedilas normais
- Tratar a crianccedila em sua particularidade
- Que o aluno natildeo seraacute tratado como diferente
- Significa responsabilidade
- Que a crianccedila estaacute ldquomisturadardquo com os demais
A maioria dos relatos evidencia certa tendecircncia em relacionar estar em inclusatildeo com
aspectos sociais e a natildeo diferenciaccedilatildeo do atendimento a esse alunado Os relatos
em destaque ilustram essas concepccedilotildees
99
Que ele estaacute inserido na sala que ele natildeo estaacute sendo tratado diferente que ele participa das atividades e faz parte do grupo apesar das dificuldades (E04)
Que ele estaacute dentro de uma sala com crianccedilas relativamente da mesma idade participando das atividades que todas as crianccedilas podem realizar se tornando membro de uma sociedade (E08)
Que ele estaacute incluso em um ambiente da faixa etaacuteria dele com outros tipos de crianccedila (E09)
Nos relatos das educadoras ainda eacute possiacutevel perceber que haacute contradiccedilotildees
no que elas pensam ser a inclusatildeo e o que elas vivenciam como inclusatildeo no dia a
dia de trabalho tal como para as educadoras E01 e E02
Para a educadora E01 estar em inclusatildeo significa dizer que a crianccedila estaacute
ldquomisturadardquo O que segundo ela
eacute essa a realidade que a gente vecirc entende Eacute um eacute misturar neacute[] Entatildeo hoje a gente recebe a crianccedila e sem saber o que fazer com ela Isso natildeo eacute inclusatildeo pra mim
Jaacute para a E02 estar em inclusatildeo significa ldquoresponsabilidaderdquo Essa educadora
se diz assustada com o tamanho da importacircncia de ter uma crianccedila em inclusatildeo na
Educaccedilatildeo Infantil e justifica dizendo
Porque eu penso seraacute que estou desempenhando um bom trabalho com ela Seraacute que isso taacute ajudando Seraacute que isso vai ser significativo no segundo semestre ou natildeo E ao mesmo tempo em que eu sinto por intuiccedilatildeo que sim de fato eu natildeo sei se a gente estaacute fazendo um bom trabalho com ela
No caso das Professoras do Atendimento Educacional Especializado as
respostas tambeacutem natildeo parecem ter uma concordacircncia entre si Nas respostas os
significados de afirmar que essa crianccedila estaacute em inclusatildeo foram
- Natildeo vecirc sentido de se falar que ela estaacute em inclusatildeo pois eacute uma crianccedila
normal como qualquer outra
- Eacute colocar a crianccedila no conviacutevio com os demais
- Significa que estaacute ocorrendo uma mudanccedila de paracircmetro
- Significa que a crianccedila estaacute tendo um atendimento diferente
100
A professora P01 enfatiza que estar em inclusatildeo no CMEI significa que o
aluno estaacute usufruindo de um direito que eacute de todas as crianccedilas Jaacute a P02 ressalta os
aspectos da possibilidade que a inclusatildeo tem de facilitar a socializaccedilatildeo da crianccedila
pequena P03 ao sugerir que a inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil eacute uma mudanccedila de
paracircmetro tambeacutem indica que estar no CMEI eacute um direito de todas as crianccedilas e
considera que quanto mais cedo for a ldquointervenccedilatildeordquo melhor para o futuro do aluno
penso que eacute uma evoluccedilatildeo muito grande na educaccedilatildeo Que eles tecircm o mesmo direito que qualquer outra crianccedila tem acho assim quanto mais cedo buscar ajuda buscar reabilitaccedilatildeo buscar superar as dificuldades melhor para a crianccedila para o seu desenvolvimento neacute
Eacute possiacutevel perceber que no conjunto das informaccedilotildees as contradiccedilotildees do que
significa estar em inclusatildeo satildeo grandes Desse modo diante dos dados oferecidos
pelas participantes haacute que se perceber que conforme jaacute assinalado por Carvalho
(2011) os termos utilizados nesse acircmbito aleacutem de reduzirem a condiccedilatildeo de sujeito
que ali participa tambeacutem podem induzir a geraccedilatildeo de preconceitos pois implicam
em praacuteticas e experiecircncias agraves quais natildeo eacute possiacutevel mensurar o impacto nas
particularidades das pessoas Tambeacutem Rodrigues (2006) chama a atenccedilatildeo para o
fato de que no momento em que alguns alunos e natildeo outros satildeo considerados e
apontados ndash e portanto fabricados ndash como sendo os diferentes jaacute inscrevemos
nesse processo em termos de separaccedilatildeo e uma diminuiccedilatildeo do outro processo que
eacute contraditoacuterio agravequilo que os textos das reformas anunciam e enunciam
Quanto agrave percepccedilatildeo das profissionais pode-se considerar que poderia ser
mais ampliada talvez ateacute mais homogecircnea caso houvesse mais discussotildees a
respeito do assunto entre o grupo Ter essa identidade nos significados poderia ser
um passo inicial para a construccedilatildeo do processo inclusivo na rede especialmente
mais voltado para as necessidades da crianccedila pequena e da proacutepria estrutura da
Educaccedilatildeo Infantil
Foi questionado qual seria a opiniatildeo delas diante da seguinte situaccedilatildeo se
algueacutem lhe perguntasse qual eacute o motivo de crianccedilas com deficiecircncia estarem
frequentando o CMEI o que vocecirc diria
As matildees indicam perceber que para a crianccedila estar no CMEI eacute uma oportunidade
de aprendizado diferente e mais amplo em relaccedilatildeo ao outros contextos aleacutem de ser
um direito Dentro das categorias evidenciadas nas falas das matildees apenas uma natildeo
101
soube o que falar as demais colocaram como motivo o de crianccedilas pequenas com
deficiecircncia poderem frequentar o CMEI
- Porque a crianccedila com deficiecircncia faz parte da sociedade
- Porque a crianccedila precisa de estiacutemulo
- Eacute um direito de todos
- Porque eacute um lugar de aprendizado
- O Centro Municipal de Educaccedilatildeo Infantil eacute para qualquer crianccedila
- Faz parte do processo educacional da crianccedila
A Matildee 03 salienta que ldquoa gente costuma falar que o CMEI deixou de ser
depoacutesito pra ser lugar de aprendizadordquo
Jaacute a Matildee 01 reforccedila a noccedilatildeo de que estar em inclusatildeo eacute ldquoestar com pessoas
normaisrdquo ao afirmar que um dos motivos da inclusatildeo de crianccedilas pequenas eacute que
elas precisam de estiacutemulos e que eacute necessaacuterio ldquobuscar esse estiacutemulo entre os
normaisrdquo
Alves (2007) tambeacutem percebeu que para os pais a instituiccedilatildeo de educaccedilatildeo
infantil era um ldquobom lugarrdquo para o seu filho se desenvolver com condiccedilotildees e ofertas
que as famiacutelias sentem natildeo poder oferecer aos filhos Os pais da pesquisa de Alves
(2007) indicavam sentirem-se desinformados e desqualificados frente aos
profissionais que satildeo especialistas
No caso das respostas das Educadoras a socializaccedilatildeo da crianccedila com deficiecircncia
tambeacutem eacute enfatizada como a parte positiva da inclusatildeo poreacutem indicam que haacute
muitas necessidades que esse processo traz e que devem ser repensadas e
revistas Essa tendecircncia de relacionar diretamente socializaccedilatildeo e inclusatildeo tambeacutem
foi verificada no estudo de Vitta Vitta e Monteiro (2010) Foram categorias
evidenciadas nas entrevistas destas participantes sobre o motivo de crianccedilas
pequenas com deficiecircncia poderem frequentar o CMEI
- Porque todas as crianccedilas precisam das mesmas oportunidades
- Que por tem direito de participar da Escola Regular
102
- Porque eacute importante a socializaccedilatildeo
- Ela diz que eacute algo obrigatoacuterio por lei
- Elas estatildeo no CMEI para ter conviacutevio social e para o seu desenvolvimento
- Eacute uma preparaccedilatildeo da crianccedila para o Ensino Fundamental
- Que o aluno eacute uma crianccedila normal independente das suas necessidades
- Que eacute importante o aluno ver outras crianccedilas
Apenas uma Educadora afirmou que natildeo saberia o que dizer caso fosse
questionada a esse respeito
Vale ressaltar que a Educadora E04 afirma que fica chateada de natildeo
conhecer mais para poder responder quando as outras Educadoras perguntam o
que essa crianccedila estaacute fazendo ali e se natildeo deveria estar numa Escola Especial Ela
afirma tambeacutem que a inclusatildeo soacute vai fazer diferenccedila para a crianccedila se a educadora
tiver conhecimento e um trabalho aplicado ao aluno
Novamente chama-se a atenccedilatildeo para o que Jesus (2008) reflete no que tange
a formaccedilatildeo docente para a inclusatildeo dizendo que o desafio maior que se apresenta
eacute tentar instituir outras praacuteticas de potencializaccedilatildeo dos saberes-fazeres de tal modo
que a presenccedila de alunos em situaccedilatildeo de desvantagem de qualquer natureza natildeo
seja paralisadora de accedilotildees docentes
Jaacute as professoras do Atendimento Educacional Especializado falam que aleacutem
da socializaccedilatildeo da crianccedila pequena tambeacutem a inclusatildeo contribui para que haja a
superaccedilatildeo de suas dificuldades e serve agrave preparaccedilatildeo para sua trajetoacuteria como
aluno Portanto dentro de seus relatos foi possiacutevel evidenciar as seguintes
categorias sobre o motivo de crianccedilas pequenas com deficiecircncia poderem frequentar
o CMEI
- Que eacute um direito e que eacute pra ela que foi feita a escola
- Toda crianccedila tem direito de participar independente da deficiecircncia
- Eacute importante que essa crianccedila conviva com outras crianccedilas
- Eacute uma determinaccedilatildeo legal
- Eacute uma questatildeo social
- Eacute uma oportunidade de guarda da crianccedila enquanto os pais trabalham
103
De modo geral a inclusatildeo oscila entre ser uma oportunidade de socializaccedilatildeo
e o respeito a um direito que eacute de todas as crianccedilas ndash o de ter acesso agrave
escolarizaccedilatildeo
Zorteacutea (2007) questiona a afirmaccedilatildeo que eacute corrente sobre qual o maior ganho
da inclusatildeo da crianccedila com deficiecircncia que segundo ela dizer que eacute apenas
ldquosocializaccedilatildeordquo eacute ignorar o que as relaccedilotildees sociais produzem de aprendizado de
forma impliacutecita Segundo a autora natildeo eacute possiacutevel separar os aspectos afetivos
cognitivos ou psicomotores da socializaccedilatildeo em si por exemplo
Quanto agrave ecircnfase dada agrave inclusatildeo como direito de acesso a escolarizaccedilatildeo e
oportunidades diversas de aprendizado e desenvolvimento pensa-se que haacute que se
considerar profundamente o que Soares (2006) alerta ao destacar que o fato de ter
crianccedila com necessidades especiais na escola natildeo significa que seja uma instituiccedilatildeo
inclusiva Ou seja a garantia do acesso agrave instituiccedilatildeo de Educaccedilatildeo Infantil e ao
Atendimento Educacional Especializado pode seguir a mesma loacutegica
Pensa-se que diante das informaccedilotildees oferecidas pelas participantes se faz
necessaacuterio discutir a importacircncia da inclusatildeo para aleacutem da socializaccedilatildeo enquanto
parte tambeacutem de um plano de intervenccedilatildeo precoce Principalmente quando se
percebe que nem todas as crianccedilas que tem deficiecircncia ou alteraccedilatildeo no
desenvolvimento frequentam serviccedilos em centros de referecircncia ou tem no
Atendimento Educacional Especializado a complementaccedilatildeo necessaacuteria para a
garantia de promoccedilatildeo do seu desenvolvimento e apoio agrave famiacutelia
Como exemplo disso pode-se citar que entre o grupo de crianccedilas dessa
pesquisa haacute uma aluna que tem Siacutendrome de Down e que natildeo frequenta nenhum
tipo de serviccedilo especializado na aacuterea da sauacutede e que vai para o AEE apenas uma
vez na semana durante 1 hora Pode-se inferir que para essa crianccedila estar no CMEI
eacute fundamental pois o periacuteodo de oito horas diaacuterias que ela passa laacute eacute onde se
encontra o maior contingente de experiecircncias de aprendizagem e de promoccedilatildeo de
seu desenvolvimento
104
432 ParticipaccedilatildeoAtuaccedilatildeo no Processo Inclusivo no CMEI
Investigar o modo como se daacute a participaccedilatildeo das Matildees Educadoras e
Professoras no processo de inclusatildeo da crianccedila pequena se justifica pois conforme
evidenciado por Bhering e Sarkis (2009) quando uma crianccedila ingressa na creche haacute
uma ampliaccedilatildeo de suas relaccedilotildees sociais e de sua famiacutelia Esse novo complexo de
interaccedilotildees passaratildeo a interferir de algum modo para a criaccedilatildeo e re-criaccedilatildeo de
diferentes crenccedilas valores haacutebitos formas de se relacionar de fazer e assim de
perceber o desenvolvimento dessa crianccedila Essa influecircncia eacute muacutetua entre os
sujeitos que se relacionam direta ou indiretamente E eacute nesse contexto que nossas
crianccedilas pequenas na atualidade se deparam para vivenciar sua infacircncia e nesta
pesquisa sua inclusatildeo no ensino regular (BHERING e SARKIS 2009)
Duas das quatro matildees participantes demonstraram ser bastante atuantes no
que se refere ao atendimento no CMEI Segundo seus relatos elas costumam levar
orientaccedilotildees dos especialistas que atendem seus filhos para as educadoras e para as
professoras do AEE Mas essas conversas com as educadoras natildeo raro costumam
ser na entrada ou na saiacuteda das crianccedilas do CMEI Isso se reflete de modo geral em
todas as matildees Todas costumam conversar sobre suas crianccedilas nos mesmos
momentos ndash entrada e saiacuteda do CMEI Enquanto as primeiras buscam informar as
educadoras sobre as ldquonovidadesrdquo acerca de suas crianccedilas as demais conversam
apenas sobre como foi o dia dos filhos no CMEI
Nos relatos maternos natildeo aparecem momentos nos quais foram discutidos e
produzidos conceitos objetivos ou planejadas abordagens para a inclusatildeo de seus
filhos e se isso ocorreu elas natildeo conseguiram identificar e incluir em seus relatos ndash
nem com as educadoras ou com as professoras do AEE A relaccedilatildeo que elas tecircm
com as professoras do Atendimento Educacional Especializado tambeacutem natildeo parece
contribuir efetivamente para sua percepccedilatildeo e interaccedilatildeo no processo inclusivo do
filho na maioria dos casos jaacute que duas matildees natildeo souberam dizer de que forma o
AEE poderia auxiliar na inclusatildeo dos filhos sendo que uma afirmou que o
atendimento individual da crianccedila seria o suficiente para tal
A interaccedilatildeo das matildees no processo inclusivo que ocorre no CMEI aparece
em desacordo com o que se verifica na literatura pertinente e na qual se recomenda
que a famiacutelia participe o maacuteximo possiacutevel dos atendimentos seja na Educaccedilatildeo
105
Infantil ou na Educaccedilatildeo Especial (BARROS 2003 CUEVAS 2003 MANCINI et al
2004 MARTINS e VIEIRA 2009 MACARINI SARTORI SACANI e VALENTINI
2010)
De outro modo quando comparada agrave interaccedilatildeo das matildees com o CMEI
cujos filhos estatildeo em inclusatildeo com outros estudos sobre crianccedilas sem deficiecircncia
os dados satildeo bem semelhantes e as interaccedilotildees satildeo em maioria relatadas como
aligeiradas realizadas no portatildeo e nos momentos de entrada e na saiacuteda do aluno
(LORDELO et al 2007 SOUZA 2008 CAMPOS et al 2011 FERNANDES 2011)
Ou seja o fato da inclusatildeo trouxe pouca modificaccedilatildeo no que tange agrave participaccedilatildeo
das matildees no atendimento dos filhos que estatildeo no CMEI
No que se refere agrave participaccedilatildeo das professoras do Atendimento
Educacional Especializado no processo inclusivo da crianccedila pequena dentro do
CMEI esse se mostra um pouco obscuro principalmente por parte dos relatos das
matildees e das educadoras Trecircs das matildees natildeo relacionaram o processo de inclusatildeo no
CMEI ao Atendimento Educacional Especializado e quatro das educadoras natildeo
souberam o que era o AEE As demais educadoras ao falarem sobre como o
Atendimento Educacional Especializado poderia contribuir com o processo de
inclusatildeo demonstraram natildeo ter muita clareza da funccedilatildeo e da abrangecircncia desse
atendimento
Na fala das proacuteprias professoras do Atendimento Educacional Especializado
sua participaccedilatildeo estaacute mais voltada para o atendimento direto agrave crianccedila pequena
Essa posiccedilatildeo eacute justificada tambeacutem pelo fato de que essas profissionais demonstram
natildeo ter muita clareza de qual eacute o seu papel diante da inclusatildeo da crianccedila pequena
Elas mesmas destacam que atender crianccedilas tatildeo pequenas traz novas
necessidades e perspectivas do seu trabalho antes apenas realizado com os alunos
do Ensino Fundamental
Quando questionadas sobre o atendimento com a crianccedila elas tambeacutem
indicaram que isso estaacute sendo definido Mesmo quando citam que desenvolvem
atividades de estimulaccedilatildeo eacute possiacutevel perceber que esse conceito natildeo estaacute bem
estabelecido para elas
Desse modo infere-se que entre as necessidades que surgem com a
inclusatildeo da crianccedila pequena nos CMEIs estaacute primordialmente estabelecida a de
que essas profissionais precisam ter espaccedilo tempo e recursos para melhor delinear
106
qual eacute a caracteriacutestica maior do seu atendimento quando este for voltado para a
Educaccedilatildeo Infantil
No que se refere agrave atuaccedilatildeo ou participaccedilatildeo das educadoras essas
demonstram que natildeo sabem lidar com o processo inclusivo Segundo elas natildeo haacute
orientaccedilatildeo suficiente nem conhecimento para que consigam construir um
planejamento voltado para a inclusatildeo das crianccedilas pequenas Elas relatam tambeacutem
que ensaiam algumas accedilotildees isoladas no dia a dia na tentativa de dar um
atendimento um pouco diferenciado para o aluno que estaacute em inclusatildeo conforme jaacute
indicado em subcapiacutetulo anterior
Em relaccedilatildeo agraves interaccedilotildees que ocorrem no processo de inclusatildeo tambeacutem
cabe ressaltar a relevacircncia que as relaccedilotildees entre as crianccedilas pequenas tomam
frente agrave promoccedilatildeo do desenvolvimento uns dos outros
Nos relatos das Educadoras fica evidente o importante papel das outras
crianccedilas no quesito citado acima
A Educadora E01 diz que percebe um ldquosentimento de solidariedade entre as
crianccedilas que eacute muito interessanterdquo e que
eles (educadores) tecircm um sentimento de ser igual aquela pessoa (que estaacute em inclusatildeo) que agraves vezes a gente que eacute adulto e que natildeo conviveu com crianccedilas com deficiecircncia a gente natildeo tem E eles que convivem eles tecircm O sentimento eacute assim de que ela eacute igual a gente mas algueacutem tem que se preocupar com ela
A Educadora E04 tambeacutem verificou algo semelhante ldquoas crianccedilas natildeo o
excluem Eles querem levar ele para brincar se ele natildeo vem eles vatildeo ateacute ele para
brincarrdquo
O que tambeacutem eacute reforccedilado pelo relato da Educadora E08 ldquoo estiacutemulo estaacute
vindo dos colegas eles chamam ele pra brincar pegam o brinquedinho e levam para
ele brincar [] Eles ajudam muitordquo
E nesse acircmbito Zorteacutea (2007) percebeu em seu estudo que o brincar
aparece reafirmado como uma estrateacutegia que possibilita a aproximaccedilatildeo entre as
crianccedilas constituindo-se como espaccedilos de produccedilatildeo de cultura nos quais podem
experimentar o pertencimento e que na inclusatildeo educacional as interaccedilotildees entre as
crianccedilas revelam-se como um processo dinacircmico e fundamental Isso porque os
encontros entre as crianccedilas satildeo reveladores de caminhos a serem percorridos e
desencadeadores das suas potecircncias e de seus pares em que compartilham
sentidos que nem sempre se mostram facilmente para os adultos (ZORTEacuteA 2007)
107
433 Referecircncias e Apoios utilizados e indicados para que o Processo
Inclusivo ocorra com qualidade
As entrevistadas informaram quais as maiores dificuldades em relaccedilatildeo a
atender as condiccedilotildees das crianccedilas pequenas com necessidades especiais o que
fazem ou quem procuram para resolver isso
Nos relatos das matildees apenas uma disse que tinha dificuldade em atender o
filho a qual estaacute relacionada ao comportamento do mesmo As demais natildeo
indicaram nenhuma dificuldade Quando ocasionalmente surgem duacutevidas ou
dificuldades sobre a crianccedila de modo geral elas procuram os profissionais da aacuterea
de sauacutede
Na presente pesquisa tambeacutem foi possiacutevel perceber se as matildees recebem
orientaccedilotildees sobre suas crianccedilas como se organizam em sua rotina em famiacutelia e
quais as referecircncias utilizadas por essas matildees quando aparecem duacutevidas sobre
como atender o filho
As Matildees 01 02 e 03 demonstraram que a rotina da crianccedila eacute bem corrida
pela quantidade de atendimentos que ocorrem na semana As Matildees 01 e 03
comentaram que quando estatildeo com o filho em casa buscam desviar as atividades
dos aspectos corretivos terapecircuticos e orientam os programas familiares agrave interaccedilatildeo
entre os demais membros atividades corriqueiras e de lazer Jaacute as Matildees 02 e 04
afirmaram que buscam estimular o filho em casa
A Matildee 01 quando recebe orientaccedilotildees sobre o filho que costumam vir dos
profissionais dos centros especializados que a crianccedila frequenta e da professora do
AEE
No caso da Matildee 03 a fonoaudioacuteloga passa algumas sugestotildees de atividades
mas quem atende mais essas necessidades eacute o avocirc materno Essa matildee busca ter
outra conduta com a filha devido ao pouco tempo que passam juntas diariamente
A Matildee 02 costuma receber orientaccedilotildees do centro especializado que a crianccedila
frequenta entatildeo tenta fazer em casa as atividades que passam para ela A Matildee 04
tenta realizar as orientaccedilotildees que a professora do AEE passa e algumas das
atividades que as educadoras fazem no CMEI e que contam para ela Essa uacuteltima
matildee quando tem duacutevidas sobre a filha busca o centro especializado para dirimi-las
108
Por fim nesse grupo de perguntas foi solicitado que elas informassem se
recebem ou jaacute receberam orientaccedilotildees sobre como atender o filho quem passou as
orientaccedilotildees como isso ocorre e sobre o que satildeo essas orientaccedilotildees
As Matildees 01 02 e 03 afirmam que recebem orientaccedilotildees de como atender a
crianccedila e quem passa geralmente satildeo os profissionais especialistas dos centros de
atendimentos nos quais seus filhos fazem parte
Jaacute a Matildee 04 conta que jaacute recebeu orientaccedilatildeo de alguns especialistas e da
professora do AEE e que atualmente conversa com as educadoras para saber o
que elas fazem no CMEI a fim de poder fazer as atividades em casa tambeacutem
Logo segundo as Matildees cada especialista passa a sua recomendaccedilatildeo de
modo separado dos demais Elas tambeacutem informaram que natildeo costumam participar
dos atendimentos dos filhos por vaacuterios motivos entre eles pelo fato de que natildeo satildeo
convidadas considerando-se que a crianccedila ficaria mais agitada ou mesmo porque
trabalham e natildeo tendo disponibilidade para participar
Destaca-se que um trabalho de intervenccedilatildeo precoce centrado na famiacutelia deve
considerar a participaccedilatildeo efetiva e ativa desta no processo de reabilitaccedilatildeo de
educaccedilatildeo e de desenvolvimento de seu filho (GINEacute GRACIA VILASECA e
BALCELLS 2009)
No caso do grupo das professoras do Atendimento Educacional
Especializado trecircs das participantes informaram como maior dificuldade a
adequaccedilatildeo do seu trabalho agrave condiccedilatildeo da crianccedila pequena que estaacute na Educaccedilatildeo
Infantil Isso porque elas natildeo sabiam como construir esse trabalho especificamente
voltado agraves caracteriacutesticas e necessidades da Educaccedilatildeo Infantil Tais dados permitem
afirmar que se faz necessaacuterio e urgente construir uma abordagem que defina melhor
o trabalho do Atendimento Educacional Especializado voltado para a Educaccedilatildeo
Infantil e que este englobe princiacutepios que evidenciem a crianccedila - como sujeito em
desenvolvimento suas necessidades na infacircncia a importacircncia dos contextos e de
suas relaccedilotildees com a inclusatildeo (famiacutelia CMEI entre outros) e tambeacutem o papel desse
professor diante da inclusatildeo e da promoccedilatildeo do desenvolvimento infantil
As professoras do Atendimento Educacional Especializado relatam
como sendo suas maiores dificuldades
- Adequar o trabalho do AEE para a crianccedila que estaacute na Educaccedilatildeo Infantil
109
- Medo de machucar a crianccedila
A professora P01 afirma que sua maior dificuldade foi definir e se adequar ao
trabalho voltado para a Educaccedilatildeo Infantil Segundo ela
vocecirc planeja dar aula pra vocecirc e natildeo pro aluno que natildeo sabe E eacute a questatildeo tradicional da Educaccedilatildeo Fundamental de querer ensinar a ler escrever e usar caderno e que a Educaccedilatildeo Infantil natildeo tem isso
P03 tambeacutem faz afirmaccedilotildees nesse mesmo sentido justificando porque sentiu
medo quando soube que iria atender uma crianccedila pequena
ai com bastante medo sinceramente com bastante medo Eu natildeo tinha tido experiecircncia com crianccedila pequena ainda mais com berccedilaacuterio Minha experiecircncia toda era no Ensino Fundamental com crianccedilas maiores e que praticamente natildeo possuiacuteam dificuldade neacute
A professora P03 diz que tem medo de machucar a crianccedila por natildeo ter
conhecimento suficiente para atender agrave condiccedilatildeo da mesma
E a professora P04 indica que tem dificuldade em estabelecer o que vai
trabalhar com a crianccedila e como vai fazer isso
Em relaccedilatildeo ao que fazem quando surgem as duacutevidas e dificuldades todas
fizeram referecircncia agrave equipe da Educaccedilatildeo Especial do muniacutecipio afirmando que
costumam trocar informaccedilotildees com os demais membros da equipe de avaliaccedilatildeo e
com as outras professoras do AEE
Todas informaram que receberam algumas orientaccedilotildees da equipe da
Educaccedilatildeo Especial sobre as condiccedilotildees das crianccedilas que iriam atender e que essas
orientaccedilotildees acontecem conforme surgem as necessidades ao longo dos
atendimentos
Jaacute no que se refere ao grupo das educadoras nesse quesito apenas duas
Educadoras (E02 e E08) afirmaram que natildeo possuem dificuldades em atender a
crianccedila em inclusatildeo As informaccedilotildees dadas pelas demais educadoras estatildeo
descritas a seguir
Dificuldades indicadas pelas Educadoras desta pesquisa agraves categorias
indicadas abaixo
110
- Dar atenccedilatildeo individualizada para a crianccedila em inclusatildeo
- Dificuldade de se comunicar com o aluno
- Quantidade de crianccedilas por turma
- Natildeo saber lidar com comportamento estereotipado do aluno
- Falta de informaccedilatildeo sobre as condiccedilotildees da crianccedila que estaacute em inclusatildeo
- Medo de machucar a crianccedila
Vale ressaltar alguns relatos entre os quais os das educadoras E01 E03
E04 e E05
A Educadora E01 percebe que a crianccedila precisaria de uma atenccedilatildeo mais
individualizada diariamente para desenvolver determinadas habilidades contudo as
educadoras natildeo conseguem disponibilizar esse momento pois as demandas da
turma satildeo muito grandes
Para a Educadora E03 o que mais chama atenccedilatildeo satildeo as dificuldades de
comunicaccedilatildeo com a crianccedila ldquoagraves vezes fico pensando se ela taacute entendendo o que
eu tocirc falando o que ela quer falar pra mim agraves vezes eu natildeo consigo entender
direitordquo
No caso da Educadora E04 foi citada como dificuldades a falta de informaccedilatildeo
para atender crianccedilas como o caso dele e o medo de fazer algo que possa
prejudica-lo Tambeacutem reforccedila a falta de tempo para dar atenccedilatildeo especiacutefica agraves
necessidades dele e a quantidade de crianccedilas por turma
E por fim a Educadora E05 fala da sala superlotada e da falta de
conhecimento em como atender agraves necessidades da crianccedila
no momento da alimentaccedilatildeo agraves vezes a gente natildeo tem como taacute dando alimento na matildeo na boca entatildeo ela mesma tenta se alimentar e agraves vezes cai [a comida] Ela natildeo se alimenta da forma correta
As participantes tambeacutem informaram o que fazem ou quem procuram quando
tem duacutevidas ou dificuldades sobre a crianccedila
Segundo as Educadoras quando surgem duacutevidas ou dificuldades em
atender a crianccedila que estaacute em inclusatildeo elas procuram
- Pedagoga do CMEI
111
- Colega de sala e a matildee do aluno
- Professora do AEE e matildee do aluno
- Colega de sala
- Tenta resolver sozinha
- Matildee do aluno
Segundo quatro das entrevistadas (E01 E02 E05 e E09) a referecircncia na
maioria dos casos de dificuldades ou duacutevidas satildeo as pedagogas dos CMEIs Poreacutem
haacute situaccedilotildees em que as Educadoras buscam resolver suas dificuldades sozinhas
direto com a colega de sala ou com a matildee do aluno
A Educadora E03 procura a colega de sala que eacute psicopedagoga e a matildee
quando eacute necessaacuterio Indica que natildeo procura a Pedagoga do CMEI porque percebe
que essa profissional tambeacutem natildeo tem muito conhecimento sobre esse assunto
Interessante perceber que a Educadora E07 busca pesquisar a respeito de
suas duacutevidas Quando possiacutevel pergunta para a professora do AEE e para a matildee da
crianccedila Ela diz que natildeo busca as Pedagogas do CMEI por perceber que tambeacutem
lhes falta experiecircncia e conhecimento sobre a crianccedila em inclusatildeo
E por fim as Educadoras E02 e E04 desabafam
Dificilmente algueacutem vem perguntar pra gente como a Manu estaacute Desde que a gente comeccedilou a trabalhar com ela nunca ningueacutem veio perguntar pra mim natildeo sei se para as outras meninas mas enquanto estou na sala ningueacutem veio Pra mim ningueacutem veio ningueacutem perguntar da crianccedila (E02)
Na realidade a gente acaba indo na sorte porque natildeo tem uma orientaccedilatildeo mesmo Eu procurei na internet por livros e natildeo achei nada que falasse de crianccedilas pequenas com esse problema [] Parece que as crianccedilas natildeo existem nessa eacutepoca Eacute muito triste Para berccedilaacuterios natildeo encontra atividades tambeacutem (E04)
Sobre se recebem ou receberam algum tipo de orientaccedilatildeo relativo ao
atendimento da crianccedila em inclusatildeo apenas uma educadora (E05) afirmou natildeo ter
recebido qualquer tipo de orientaccedilatildeo sobre como atender a crianccedila As demais
destacam que as orientaccedilotildees natildeo satildeo frequentes mas que jaacute as receberam em
algum momento ao longo desse periacuteodo em que atendem a turma
A Educadora E01 afirma que normalmente natildeo recebe orientaccedilotildees mas que
jaacute recebeu da pedagoga do CMEI A Educadora E02 diz que costuma conversar com
112
as Educadoras e quando necessaacuterio faz pesquisas na internet ou busca orientaccedilotildees
junto agrave Pedagoga Segundo a E03 jaacute recebeu informaccedilotildees da Pedagoga logo que a
crianccedila entrou na turma e teve um contato breve com a professora do AEE e com
uma das psicoacutelogas do municiacutepio Mas segundo ela esses contatos natildeo foram
suficientes para causar modificaccedilotildees em sala e afirma ldquodaiacute eu trabalho o que eu
acho com ela o que eu trabalho com os outrosrdquo
No caso das Educadoras E06 e E07 elas recebem orientaccedilotildees da matildee da
crianccedila que estaacute em inclusatildeo e da professora do AEE
Jaacute as Educadoras E04 E08 e E09 dizem que receberam a visita de uma
fisioterapeuta que foi designada especialmente para o caso do aluno e de uma
professora que ela natildeo entendeu bem quem era
Eacute perceptiacutevel por meio dos relatos anteriores que as orientaccedilotildees que elas
indicam que jaacute receberam ou que ainda recebem natildeo parecem ser determinantes no
que diz respeito a produzir modificaccedilotildees no processo de inclusatildeo da crianccedila
pequena
Guasselli (2005) ao realizar pesquisa com professoras do Ensino
Fundamental sobre o processo inclusivo tambeacutem percebeu que as mesmas
demonstravam crer na necessidade de ampliar seus conhecimentos acerca da
condiccedilatildeo de seu aluno e tambeacutem sentiam ndash se inseguras para desempenhar seu
trabalho com essa crianccedila
Drago (2005) verificou em seu estudo que quando as educadoras apresentam
uma concepccedilatildeo de inclusatildeo mal compreendida isso parece ajudar a promover uma
praacutetica docente permeada por preconceitos e estigmas
Claramente se percebe que cada grupo (matildees educadoras e professoras do
AEE) busca a seu modo a resoluccedilatildeo de problemas e duacutevidas que envolvem a
inclusatildeo e que isso se dando de maneira isolada natildeo contribui para que todos os
envolvidos possam refletir e aprender juntos Desse modo a inclusatildeo deixa de ser
uma questatildeo de todos para ser uma questatildeo de uns poucos Cabe destacar que
incluir natildeo eacute filantropia tatildeo pouco um ato solitaacuterio individual (RODRIGUES 2006) Eacute
preciso refletir e dar novo significado para o senso de coletividade e de cooperaccedilatildeo
Em relaccedilatildeo aos apoios que seriam necessaacuterios para que o processo de
inclusatildeo se desse com qualidade as participantes foram unacircnimes em afirmar que
tanto as famiacutelias quanto a educadoras precisam disso
113
As participantes indicaram que para a famiacutelia eram apoios necessaacuterios
- grupo de pais
- apoio e orientaccedilatildeo de profissionais especializados
- incentivo para que aceite seu filho e o ldquomostrerdquo para a sociedade
- mais oportunidades de diagnoacutestico precoce
- maior acesso aos especialistas que atendem seu filho
- maior apoio das pedagogas do CMEI
- maior divulgaccedilatildeo do que satildeo as deficiecircncias
- mais apoio das professoras do AEE
Formiga e Pedrazzani (2004) em sua pesquisa trazem dados que
concordam com que foi indicado logo acima e acrescentam que tambeacutem eacute
fundamental que se estabeleccedilam programas de intervenccedilatildeo precoce de cunho
preventivo
Em outras palavras accedilotildees ou programas de atenccedilatildeo agrave infacircncia devem levar
em consideraccedilatildeo estrateacutegias de prevenccedilatildeo primaacuteria nas quais sejam evidenciadas
orientaccedilotildees de cunho educacional e informativo e tambeacutem de detecccedilatildeo precoce de
alteraccedilotildees no desenvolvimento e na sauacutede infantil (DIAZ-HERRERO e MARTINEZ-
FUENTES 2009)
Por outro lado Molinari et al (2005) consideram que na realidade brasileira
ainda haacute muito o que fazer no sentido de desenvolver accedilotildees integrais de promoccedilatildeo agrave
sauacutede infantil e que programas de vigilacircncia do desenvolvimento e promoccedilatildeo agrave
sauacutede devem contar com equipes multiprofissionais e partir de uma abordagem
ecossistecircmica Nesse sentido estrateacutegias de prevenccedilatildeo devem considerar a
importacircncia que os contextos tecircm para a promoccedilatildeo ou natildeo do desenvolvimento na
infacircncia e tambeacutem a inter-relaccedilatildeo entre tais ambientes
De outro modo as entrevistadas indicaram que as Educadoras precisariam
dos seguintes apoios
- Maior parceria com o departamento de Educaccedilatildeo Especial
- Apoio psicoterapecircutico no sentido de serem escutadas em suas dificuldades e
anseios
- Grupos de estudo sobre os casos de inclusatildeo
114
- Apoio psicopedagoacutegico no sentido de organizar melhor o trabalho com a crianccedila
- Apoio e orientaccedilatildeo constante de outros profissionais
Nos relatos das participantes houve uma incidecircncia grande em afirmarem que
as educadoras precisam de apoio e orientaccedilatildeo de profissionais especialistas tais
como psicoacutelogo terapeuta ocupacional fisioterapeuta entre outros
Para Mueller (2008) eacute importante proporcionar um conjunto de apoio social
para a famiacutelia tal como grupo de pais serviccedilo de aconselhamento familiar e
mobilizaccedilatildeo de amigos e comunidade Guasselli (2005) por sua vez percebeu o
peso que as professoras de turmas inclusivas atribuem aos especialistas Elas
deixam bem claro que satildeo os profissionais especializados que lhes indicaratildeo o
melhor caminho ou a melhor maneira de trabalhar com esse alunado
Igualmente se verifica o peso que um diagnoacutestico traz para as professoras O
diagnoacutestico e o apoio que especialistas trazem em si no discurso das professoras
com certa hierarquizaccedilatildeo na qual as uacuteltimas natildeo estatildeo no topo (GUASSELLI 2005)
Esse mesmo autor discute que as relaccedilotildees entre os profissionais especializados e
os professores em muitas situaccedilotildees vecircm baseadas em uma relaccedilatildeo de
desconhecimento e agraves vezes ateacute de desconsideraccedilatildeo do cotidiano da escola
Rodrigues (2006) questiona se eacute necessaacuterio ldquocriar reinventar e reproduzirrdquo um
discurso teacutecnico racional especializado sobre como estar preparado para receber
pessoas com necessidades educacionais especiais nas escolas
434 Avaliaccedilatildeo do Processo Inclusivo
Todas as participantes consideram a oportunidade de inclusatildeo para a crianccedila
pequena na Educaccedilatildeo Infantil algo positivo mesmo com as devidas ressalvas que
elas mesmas indicam Isso se justifica pelas modificaccedilotildees que todas percebem que
ocorreram no periacuteodo em que as crianccedilas estatildeo matriculadas E nesse sentido
pede-se atenccedilatildeo a algo que Guasselli (2005) aponta afirmando que haacute uma espeacutecie
de celebraccedilatildeo quando se tem um aluno com necessidades educacionais especiais
pois esse fato implica no ideal de que eacute politicamente correto ser uma escola
inclusiva Contudo ter um aluno com necessidade especial natildeo reflete
115
necessariamente uma accedilatildeo inclusiva de verdade Logo eacute positivo ter crianccedilas com
necessidade especial na Educaccedilatildeo Infantil e essa presenccedila parece ser o suficiente
para gerar grandes modificaccedilotildees no comportamento desse alunado mas haacute que
lembrar que soacute isso natildeo eacute suficiente para dar conta da complexa gama de
peculiaridades que o processo inclusivo traz em si
Ainda que todas afirmem que eacute positivo estar no CMEI metade das Matildees
consideraram que os CMEIs natildeo estatildeo preparados para a inclusatildeo e todas indicam
que as educadoras tambeacutem natildeo estatildeo preparadas para isso Ainda assim eacute
importantiacutessimo destacar que mesmo elas percebendo as dificuldades e o
despreparo das educadoras dos filhos as mesmas reconhecem e valorizam o
esforccedilo que essas profissionais fazem para atender as crianccedilas em inclusatildeo
As Professoras do Atendimento Educacional Especializado tambeacutem se
dividem em relaccedilatildeo aos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil estar ou natildeo
preparados Metade acredita que natildeo Jaacute sobre as educadoras trecircs das
profissionais consideram que tambeacutem natildeo estatildeo preparadas Uma das professoras
do Atendimento Educacional Especializado aponta para o fato de que as educadoras
satildeo muito ansiosas e que ainda se prioriza a crianccedila sem dificuldade dentro do
atendimento do Centro Municipal de Educaccedilatildeo Infantil
As Educadoras dos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil afirmam em
maioria que as instituiccedilotildees natildeo estatildeo preparadas para a inclusatildeo Segundo elas
falta estrutura apropriada Elas tambeacutem questionaram se estatildeo preparadas para
trabalhar com a inclusatildeo sendo que sete delas afirmam que natildeo haacute esse preparo e
duas manifestam as diferenccedilas entre as Educadoras mais jovens e as mais antigas
na profissatildeo
Todas as participantes quando falam que os Centros Municipais de
Educaccedilatildeo Infantil natildeo estatildeo preparados porque natildeo tecircm estrutura estatildeo se referindo
a adaptaccedilotildees que propiciem maior acessibilidade e menos riscos para todas as
pessoas que apresentem algum tipo de necessidade especial Entre as necessaacuterias
adaptaccedilotildees foram indicadas rampas barras de apoio portas mais largas e
brinquedos de sala e de parquinho
Quanto agraves Educadoras natildeo estarem preparadas foi indicado com muita
frequecircncia a falta de capacitaccedilatildeo especiacutefica para lidar com situaccedilotildees de inclusatildeo
Para Freitas (2006) em um grande nuacutemero de vezes o professor idealiza um aluno
sem se dar conta de que trabalhar com a diversidade eacute algo intriacutenseco agrave natureza da
116
atuaccedilatildeo docente esquecendo que natildeo faz sentido pensa-la como uma condiccedilatildeo
excepcional Segundo essa autora natildeo raro os cursos de formaccedilatildeo docente para a
inclusatildeo contribuem para a construccedilatildeo e para o fortalecimento de estereoacutetipos a
respeito da pessoa com necessidades educacionais especiais e sobre o proacuteprio
processo inclusivo
Segundo Freitas (2006) eacute necessaacuterio que as formaccedilotildees de docentes para
atuarem com inclusatildeo levem em consideraccedilatildeo a discussatildeo sobre a funccedilatildeo social da
escola sobre a importacircncia do trabalho docente orientando-os a aprender a
investigar sistematizar e produzir o conhecimento por meio da utilizaccedilatildeo de recursos
e materiais diversificados O objetivo maior eacute proporcionar a formaccedilatildeo de um
docente mais autocircnomo e consciente da complexidade de seu trabalho diante da
diversidade inegaacutevel de seu alunado especial ou natildeo
Propotildee-se que a formaccedilatildeo docente seja acima de tudo sempre voltada para
a inclusatildeo para uma escola para todos afim de que se desfaccedila ndash ainda que
lentamente ndash a ideia e o apego agrave do especialista de que sem ele natildeo haacute como
desenvolver um projeto inclusivo
435 Vantagens e Desvantagens do Processo Inclusivo
4351 As vantagens do Processo Inclusivo
Entre as concepccedilotildees maternas sobre as vantagens do processo inclusivo
foram as mais indicadas as que estatildeo listadas abaixo
- Socializaccedilatildeo da crianccedila que tem deficiecircncia
- Ajuda a diminuir o preconceito com a crianccedila que tem deficiecircncia
- Satisfaccedilatildeo da famiacutelia em ver os avanccedilos da crianccedila
- Preparaccedilatildeo para outras etapas da vida escolar da crianccedila que tem deficiecircncia
- Oportunidade de aprender coisas que em casa natildeo aprenderia
117
Consideremos que por parte dessas Matildees haacute uma supervalorizaccedilatildeo do que
o ambiente do Centro Municipal de Educaccedilatildeo Infantil oferece para sua crianccedila
quando relacionada com o que a famiacutelia pode oferecer
A Matildee 01 sugere que a inclusatildeo eacute uma oportunidade positiva afim de que
ldquoeles (pessoas de um modo geral) vejam que eacute uma crianccedila como qualquer outra
que pode estar junto com outras crianccedilas que eacute uma crianccedila boa que consegue
conviver que ele eacute bonzinhordquo
As Matildees 03 e 04 salientam que a inclusatildeo eacute uma oportunidade para que seus
filhos aprendam ldquocoisasrdquo que os pais por trabalharem o dia todo natildeo teriam
condiccedilotildees de lhes ensinar
A Matildee 03 ainda demonstra saber que o processo de inclusatildeo na atualidade
pode ocasionar dissabores para sua filha mas entende isso como algo proacuteprio para
que se evidencie um novo paradigma educacional Segundo ela
a fulana ainda pode ateacute sofrer um pouquinho mas quem vier depois dela natildeo E ela pode ateacute sofrer mas vai ser muito menos do que aquele que entrou na Escola haacute dez anos atraacutes
As Matildees datildeo vaacuterios exemplos dos aprendizados das crianccedilas sugerindo que
estatildeo satisfeitas com o fato de sua crianccedila estar no CMEI mesmo diante das
dificuldades ilustradas ao longo das entrevistas Outro ponto que merece destaque eacute
o quanto elas destacam o conviacutevio com as outras crianccedilas como um fator
fundamental para as transformaccedilotildees positivas no comportamento de seus filhos O
trecho logo abaixo ilustra bem esse posicionamento das matildees
Entatildeo ela taacute aprendendo aqui Como Vendo as outras crianccedilas Entatildeo ela procura imitar o amiguinho natildeo soacute a Educadora Ela procura o que o outro faz E isso eacute bom para os pais que trabalha neacute (Matildee 04)
Entre as Professoras do Atendimento Educacional Especializado foram
apontadas as seguintes vantagens do Processo Inclusivo
- A crianccedila vai usufruir dos seus direitos
- Socializaccedilatildeo da crianccedila que tem deficiecircncia
- Valorizaccedilatildeo da Educaccedilatildeo
- Valorizaccedilatildeo do trabalho da Educadora
118
- Ajuda a diminuir o preconceito com a crianccedila que tem deficiecircncia
- Desenvolvimento de valores nas pessoas envolvidas com a inclusatildeo (empatia
solidariedade altruiacutesmo entre outros)
- Oportunidade de aprender coisas que em casa natildeo aprenderia
- A inclusatildeo eacute fonte de informaccedilatildeo para a famiacutelia que tem uma crianccedila com
deficiecircncia
- Maior experiecircncia para as educadoras
- Para a crianccedila que tem deficiecircncia a maior vantagem eacute estar em um lugar seguro
A professora P01 destaca que a inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil ajuda as
pessoas a perceberem que ldquocom o passar do tempo a educaccedilatildeo vale a pena e daacute
certordquo
Eacute interessante destacar o comentaacuterio da P04 quando esta afirma que a
inclusatildeo pode ser um modo de se valorizar o trabalho das Educadoras
tambeacutem acredito assim que a Educadora tambeacutem vai se sentir mais uacutetil mais valorizada Porque eacute assim aquela crianccedila precisa de mim e ela vai ser mais afetiva porque ela vai ter que ter uma paciecircncia maior e vai ter que planejar mais o seu trabalho e vai ter que buscar vai ter que buscar pra poder trabalhar com aquela crianccedila
Jaacute as Educadoras dos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil
assinalaram as seguintes vantagens do processo inclusivo
- Socializaccedilatildeo da crianccedila que tem deficiecircncia
- Valorizaccedilatildeo do trabalho da Educadora
- Ajuda a diminuir o preconceito com a crianccedila que tem deficiecircncia
- Desenvolvimento de valores nas pessoas envolvidas com a inclusatildeo (empatia
solidariedade altruiacutesmo entre outros)
- Oportunidade de aprender coisas que em casa natildeo aprenderia
- Maior experiecircncia para as educadoras
- Para a crianccedila que tem deficiecircncia a maior vantagem eacute estar em um lugar seguro
enquanto os pais trabalham
A educadora E01 conta que as crianccedilas da turma criam naturalmente um
sentimento de cuidado e proteccedilatildeo em relaccedilatildeo ao aluno foco da inclusatildeo ldquoEles tem
119
um sentimento de ser igual agravequela pessoa que agraves vezes a gente que eacute adulto e que
natildeo conviveu com crianccedilas com deficiecircncia a gente natildeo tem e eles que convivem
eles temrdquo A entrevistada relatou vaacuterias situaccedilotildees em que as crianccedilas da turma
modificaram seu comportamento e demonstraram noccedilatildeo de que a outra crianccedila
precisava de apoio e proteccedilatildeo diferenciados
Segundo a educadora E05 nessa situaccedilatildeo especiacutefica natildeo haacute vantagens para
a crianccedila mas para alguns outros envolvidos
o fato dos pais natildeo terem onde deixar a crianccedila quando estatildeo trabalhando para as Educadoras terem percebido que Siacutendrome de Dow natildeo eacute um ldquomonstrordquo e para as merendeiras para as funcionaacuterias da limpeza e outros profissionais da creche eacute um aprendizado que natildeo eacute necessaacuterio ter doacute da crianccedila (E05)
As vantagens apontadas de forma comum aos trecircs grupos de participantes
(matildees professoras e educadoras) foram socializaccedilatildeo da crianccedila que tem
deficiecircncia ajuda a diminuir o preconceito com a crianccedila que tem deficiecircncia
oportunidade de aprender coisas que em casa natildeo aprenderia
Entre as profissionais da aacuterea de educaccedilatildeo (professoras e educadoras) as
vantagens que satildeo comuns aos dois grupos satildeo socializaccedilatildeo da crianccedila que tem
deficiecircncia valorizaccedilatildeo do trabalho da Educadora ajuda a diminuir o preconceito
com a crianccedila que tem deficiecircncia desenvolvimento de valores nas pessoas
envolvidas com a inclusatildeo (empatia solidariedade altruiacutesmo entre outros) ajuda a
diminuir o preconceito com a crianccedila que tem deficiecircncia oportunidade de aprender
coisas que em casa natildeo aprenderia maior experiecircncia para as educadoras e para a
crianccedila que tem deficiecircncia a maior vantagem eacute estar em um lugar seguro
4352 Desvantagens do Processo Inclusivo
Ao serem indagadas sobre se haveriam possiacuteveis desvantagens na inclusatildeo
na Educaccedilatildeo Infantil 03 Matildees responderam que sim e todas as 04 indicaram que a
inclusatildeo de crianccedilas pequenas no CMEI evidencia situaccedilotildees que se tornam
desvantagens tanto para a crianccedila quanto para as Educadoras
120
Segundo as Matildees participantes poderiam ser consideradas como
desvantagens atreladas ao Processo de Inclusatildeo da crianccedila pequena
- O fato de as educadoras natildeo saberem o que fazer com a crianccedila deixando-a
ociosa
- A educadora se sentir sobrecarregada por ter uma crianccedila especial na turma
- O fato de o atendimento na creche natildeo ser especializado faz com que a matildee
tenha receio de que a crianccedila venha a perder tempo em seu processo de
reabilitaccedilatildeo
- A rotina do Educador na sala de aula impede que se decirc atenccedilatildeo apropriada agrave
crianccedila especial
- Falta de um planejamento apropriado agrave crianccedila especial
- Falta de paracircmetros para saber o que fazer com as crianccedilas especiais
- A desvalorizaccedilatildeo do trabalho do educador
- Falta de atendentes (algueacutem que fique soacute com seu filho)
Pode-se perceber na fala das matildees que elas estatildeo de algum modo bem atentas
ao que ocorre com seus filhos dentro do CMEI
Por outro lado na concepccedilatildeo das Professoras do Atendimento Educacional
Especializado haacute uma maior incidecircncia em afirmarem que natildeo haacute desvantagens no
processo de inclusatildeo Duas das professoras afirmam que natildeo haacute nenhum tipo de
desvantagem na inclusatildeo da crianccedila pequena na Educaccedilatildeo Infantil Contudo uma
delas afirma que a ocorrecircncia de desvantagens vai depender de como a inclusatildeo
estaacute sendo realizada outra afirma que deveria ser considerado como desvantagem
o excesso de trabalho que a Educadora passa a ter quando haacute uma crianccedila com
necessidades especiais em sua turma
No conjunto de concepccedilotildees coletadas nas entrevistas das Educadoras dos
Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil 05 delas afirmam que a inclusatildeo da crianccedila
pequena natildeo apresentaria nenhum tipo de desvantagem Poreacutem uma delas defende
que a ocorrecircncia ou natildeo de desvantagens depende das condiccedilotildees nas quais se
verifica o processo inclusivo
Por fim 03 entrevistadas consideram como desvantagens oriundas da inclusatildeo
de crianccedilas pequenas com necessidades educacionais especiais
121
- Excesso de trabalho para a educadora
- O sofrimento que a crianccedila em inclusatildeo passa
- Falta de profissionais para o bom atendimento da crianccedila
- Diz que natildeo sabe se pode trazer algum tipo de desvantagem e que se preocupa
com o fato da inclusatildeo produzir algum trauma ou regressatildeo no desenvolvimento de
uma crianccedila em inclusatildeo
Desse modo percebe-se que na totalidade do grupo (17 participantes) 07
afirmaram que natildeo existem desvantagens no processo de inclusatildeo na Educaccedilatildeo
Infantil As matildees foram as que mais apontaram questotildees que podem ser
consideradas como desvantagens
Segundo Rodrigues e Lima-Rodrigues (2011) o objetivo da Educaccedilatildeo
Inclusiva natildeo se resume a uma mera mudanccedila curricular ou mesmo a permitir o
acesso de alunos com condiccedilotildees de deficiecircncia agrave Escola Regular trata-se portanto
de uma reforma mais profunda abrangendo os valores e as praacuteticas de todo o
sistema educativo tal como ele eacute comumente concebido E essa necessidade de
reforma profunda eacute possiacutevel de perceber a partir dos relatos que as entrevistadas
proporcionaram na presente pesquisa
436 Sugestotildees e Comentaacuterios visando agrave melhoria do Processo Inclusivo na
Educaccedilatildeo Infantil
Foi perguntado para as participantes se elas gostariam de deixar algum
comentaacuterio ou sugestatildeo sobre a realizaccedilatildeo da inclusatildeo da crianccedila pequena com
deficiecircncia na Educaccedilatildeo Infantil e em grande parte as sugestotildees se referem ao
atendimento da educadora no CMEI conforme eacute possiacutevel observar grupo a grupo
Entre os comentaacuterios e sugestotildees maternas elas indicam a) que as
educadoras tenham mais formaccedilatildeo especiacutefica para trabalhar com as crianccedilas de
inclusatildeo b) a criaccedilatildeo de um grupo de estudos de caso para discutir as deficiecircncias e
as experiecircncias inclusivas c) diminuir o nuacutemero de crianccedilas nas turmas de inclusatildeo
d) maior valorizaccedilatildeo do trabalho das Educadoras e) proporcionar melhor estrutura
de atendimento nos CMEIs para que a crianccedila natildeo precise sair desse espaccedilo para ir
122
a outro atendimento como acontece com o serviccedilo do AEE f) que as educadoras
tenham maior contato com os especialistas que atendem a crianccedila para que todos
falem a ldquomesma liacutenguardquo g) divulgaccedilatildeo da inclusatildeo h) disponibilizaccedilatildeo de uma
professora tutora para dar atenccedilatildeo individualizada para a crianccedila que estaacute no CMEI
e i) mais profissionais para fazer o diagnoacutestico dos filhos diminuindo o tempo de
espera para isso
A Matildee 01 afirma que agraves vezes as educadoras ficam sobrecarregadas tendo que
atender agraves necessidades da turma e ainda ter que dar conta dos comportamentos e
caracteriacutesticas da crianccedila que estaacute em inclusatildeo portanto com vistas a resumir isso
ela sugere
como todas as crianccedilas especiais natildeo conseguem ficar em sala de aula por muito tempo esperando que tenha alguma atividade como as outras crianccedilas a escola a creche poderia ver com a prefeitura se poderia estar disponibilizando uma pessoa pra ficar com essas crianccedilas
Um dos comentaacuterios da Matildee 02 destaca algo interessante e que reflete um
receio dela sobre a relaccedilatildeo crianccedila-educadora
formaccedilatildeo para essas educadoras contato com as fisioterapeutas contato com o lugar onde a crianccedila tem atendimento para atenderem em conjunto e natildeo prejudicar e natildeo atrasar a evoluccedilatildeo da crianccedila A professora estaacute lidando com vaacuterias crianccedilas em sala e se ela der um grito ou brigar com uma forma muito autoritaacuteria pode prejudicar a crianccedila que tem dificuldade que precisa de uma atenccedilatildeo especial A formaccedilatildeo vai ajudar o atendimento dela com as crianccedilas normais e as crianccedilas que estaacute em inclusatildeo
No conjunto dos comentaacuterios e sugestotildees das professoras do Atendimento
Educacional Especializado foram citados a) os profissionais da educaccedilatildeo devem
buscar mais conhecimento sobre a crianccedila pequena e sobre a sua inclusatildeo b) deve-
se construir a consciecircncia da comunidade sobre a inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil c)
deve-se divulgar mais o trabalho do Atendimento Educacional Especializado d)
divulgar mais a inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil e) divulgar mais as possibilidades de
formaccedilatildeo continuada na aacuterea f) ter mais Educadores por sala ou menos crianccedila por
turma de inclusatildeo g) apoio psicoterapecircutico para os professores do Atendimento
Educacional Especializado
A professora P01 afirma
123
acredito que a gente ainda precisa como melhoria de trabalho buscar muito mais conhecimento sobre a crianccedila e sobre a inclusatildeo Tambeacutem a gente precisa batalhar a consciecircncia da comunidade sobre a inclusatildeo na inclusatildeo infantil no ensino fundamental
Ela tambeacutem comenta que trabalha haacute muitos anos no municiacutepio e que natildeo sabia
que existiam esses serviccedilos de inclusatildeo e por conta disso destaca que eacute preciso
haver divulgaccedilatildeo dos serviccedilos das vitoacuterias
A professora P02 afirma que as educadoras tem que estar preparadas para
atender uma crianccedila com deficiecircncia e ela reforccedila ldquoaquele professor que gosta do
que faz tem que estar preparadordquo
Continuando com seus comentaacuterios a professora P02 aponta de modo simples e
certo ldquoTem profissionais que natildeo se dedicam e noacutes professores temos que dar o
melhor para os nossos alunos Quanto menor a crianccedila mais precisa de atenccedilatildeo e
carinhordquo
Jaacute a professora P04 faz um desabafo significativo quando associado a um
trabalho com qualidade
eu acho que eacute uma carga muito pesada pra noacutes professores do AEE porque assim a gente recebe da matildee aquela carga a matildee taacute cansada jaacute fez assim e tal e tal aiacute a gente vai no CMEI com as Educadoras ou nas Escolas dai a gente recebe essa carga tambeacutem Daiacute eacute a carga que a gente jaacute tem que eacute a proacutepria crianccedila e a responsabilidade puxa vida Todo mundo taacute vendo que eu sou a salvadora que eu vou dar conta de tudo dai vocecirc fica angustiada
Lembra-se que haacute muitos valores impliacutecitos no princiacutepio da inclusatildeo de pessoas
com necessidades especiais alguns amplamente conhecidos e outros por conhecer
ou pouco mencionados (CARDOSO e BUCKLEY 2011) E por isso mesmo se faz
necessaacuterio buscar perceber o que permeia esse complexo processo tal como o que
eacute relatado pela professora P04 ou mesmo pelas demais participantes desse estudo
Pois na atualidade o que se busca eacute uma revoluccedilatildeo natildeo somente na Educaccedilatildeo
Especial mas em toda a praacutetica educativa justamente porque a inclusatildeo exige
que todos recebam o apoio que eacute necessaacuterio para participaccedilatildeo na comunidade a
que pertencem (CARDOSO e BUCKLEY 2011)
Nos comentaacuterios e sugestotildees das educadoras dos Centros Municipais de
Educaccedilatildeo Infantil foram evidenciados a) formaccedilatildeo de um grupo para discutir os
casos de inclusatildeo b) maior divulgaccedilatildeo da inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil c) mais
formaccedilatildeo especiacutefica para a inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil d) necessidade de
124
melhorar o espaccedilo fiacutesico e) diminuir o nuacutemero de crianccedila por turma f) criaccedilatildeo de
campanhas de conscientizaccedilatildeo da comunidade sobre as possibilidades da inclusatildeo
na Educaccedilatildeo Infantil g) deveria haver uma pessoa que fizesse a ponte entre todos
os que atendem a crianccedila para que tivessem acesso ao mesmo niacutevel de
entendimento sobre a crianccedila
Entre as educadoras vale a pena ressaltar alguns dos comentaacuterios que foram
expressos por elas entre os quais o da E01 e no qual afirma que ldquoeu acho que a
gente tenta mas faz mais intuitivo e pouco teacutecnico saberdquo
A educadora E02 ao indicar que seria necessaacuterio haver mais divulgaccedilatildeo da
possibilidade de incluir a crianccedila pequena no CMEI justifica
eu natildeo sabia que podia trazer para o CMEI Entatildeo divulgar assim para os pais que querem desde cedo trazer assim e para que estas crianccedilas venham assim Divulgar essa ideia da inclusatildeo assim tambeacutem para as professoras para as tias dos CMEIS tambeacutem que natildeo tem muita ideia de que isso pode acontecer
E tambeacutem afirma
eu queria falar que meu trabalho eacute muito gratificante Tenho aprendido muito Desde que eu comecei a trabalhar com ela o meu olhar sobre a Siacutendrome de Down mudou completamente
A educadora E07 faz um desabafo em relaccedilatildeo ao trabalho na Educaccedilatildeo
Infantil
a Educaccedilatildeo Infantil eacute desvalorizada porque muitos acham que as crianccedilas vecircm aqui passar o tempo e como os pais vatildeo trabalhar eles ficam aqui soacute pra brincar A gente tem a funccedilatildeo de educa-los A gente contribui educa corrige no que for preciso falta reconhecimento na Educaccedilatildeo Infantil
E acrescenta em relaccedilatildeo agrave Inclusatildeo
falta a conscientizaccedilatildeo da comunidade da famiacutelia dos educadores um trabalho da secretaria com relaccedilatildeo a isso com cursos que chamem a populaccedilatildeo a comunidade toda a se interessar porque infelizmente eacute vista com maus olhos
Jaacute a educadora E09 sugere que as educadoras natildeo sintam medo como ela
sentiu no iniacutecio do atendimento que busquem conhecimento e a superaccedilatildeo das
suas dificuldades e que ldquofaccedilam seu trabalho com amor e com carinho porque a
inclusatildeo eacute uma coisa nova e diferente mas eacute muito bomrdquo
125
44 Da necessidade de se observar e atuar na infacircncia enquanto etapa crucial
de desenvolvimento
Haacute a necessidade de se discutir natildeo soacute as especificidades da crianccedila que estaacute
em inclusatildeo mas de se determinar primeiramente quais satildeo as peculiaridades de
uma crianccedila na faixa etaacuteria atendida
Portanto faz-se imprescindiacutevel rever concepccedilotildees acerca do que vem a ser o
desenvolvimento humano e os elementos que o constituem e o que nele interferem
profundamente assim como discutir e rever fatores de risco e de proteccedilatildeo E apoacutes
se ter estabelecido a ideia de crianccedila em desenvolvimento estabelecer paracircmetros
de observaccedilatildeo acompanhamento e avaliaccedilatildeo perceber e discutir quem eacute essa
crianccedila que estaacute em inclusatildeo pois na Educaccedilatildeo Inclusiva deve comprometer-se a
desenvolver uma pedagogia capaz de educar todas as crianccedilas com sucesso e
tambeacutem porque o acesso da crianccedila com necessidades especiais agrave educaccedilatildeo
infantil pode ser considerado como um ritual que marca sua condiccedilatildeo de crianccedila
(SORIANO 1999 ZORTEacuteA 2007)
Sendo reconhecidamente estabelecido que os primeiros anos de vida satildeo
fundamentais para o crescimento desenvolvimento e aprendizagem de qualquer
indiviacuteduo pensar em desenvolvimento infantil tambeacutem requer que se reflita sobre
quais as necessidades que as crianccedilas pequenas com ou sem necessidades
educacionais especiais possuem E nesse caso pode-se afirmar que na primeira
infacircncia certamente haacute a necessidade de interaccedilotildees emocionais seguras em
ambientes que proporcionem oportunidades de aprendizagem seguras e ricas
(BAZELTON e GREENSPAN 2002)
Em acordo com Bronfenbrenner e Evans (2000) para ocorrer o desenvolvimento
de uma pessoa ela precisa participar ativamente de interaccedilotildees reciacuteprocas de
complexidade crescente com pessoas com as quais desenvolve apego forte muacutetuo
e irracional e que com o tempo se comprometa com o bem-estar e
desenvolvimento dos outros Logo especialmente para a crianccedila pequena com
necessidades educacionais especiais eacute fundamental que o profissional tenha um
bom conhecimento sobre desenvolvimento humano principalmente relacionado agrave
faixa etaacuteria que atende e sobre qual eacute o seu papel diante dessa crianccedila Isso
porque eacute necessaacuterio que ele seja capaz de perceber tanto lacunas no
desenvolvimento quanto habilidades jaacute alcanccediladas e suas relaccedilotildees com a faixa
126
etaacuteria da crianccedila e com suas caracteriacutesticas pessoais orgacircnicas culturais entre
outros Aleacutem de que deve ser capaz de estabelecer planos e estrateacutegias para
intervir e avaliar seu trabalho e o desenvolvimento infantil E isso cabe tanto agraves
educadoras da Educaccedilatildeo Infantil quanto agraves professoras do Atendimento Educacional
Especializado pois ambos os grupos trabalham diretamente com o desenvolvimento
na infacircncia
O estabelecimento e a manutenccedilatildeo das interaccedilotildees entre o cuidador e a crianccedila
dependem da disponibilidade e do envolvimento de outro adulto (terceira pessoa)
que daacute apoio e encoraja a pessoa que cuida e interage com a crianccedila (BHERING e
SARKIS 2009) No caso da presente pesquisa pode-se perceber que em vaacuterios
momentos as matildees fazem esse papel de encorajamento como por exemplo ao
buscar levar informaccedilotildees para as educadoras em relaccedilatildeo aos filhos Contudo tal
funccedilatildeo natildeo eacute evidente quando se observa o papel da professora do Atendimento
Educacional Especializado nem junto agraves matildees muito menos em relaccedilatildeo agraves
educadoras
Eacute importante lembrar que o contexto assim como a pessoa tem caracteriacutesticas
que satildeo instigadoras de desenvolvimento (BHERING E SARKIS 2009) O contexto
do Centro Municipal de Educaccedilatildeo Infantil se enquadra nesse paracircmetro enquanto
ambiente distinto do familiar especialmente por conter objetos siacutembolos ambientes
e pessoas que se mostram como estiacutemulos muito diversos dos familiares Contudo
eacute algo que ocorre por si soacute sem planejamento ou adaptaccedilotildees Ou seja as proacuteprias
educadoras informam que natildeo haacute preparaccedilatildeo ou planejamento algum para que tal
ambiente se torne instigador para a crianccedila que estaacute em inclusatildeo Isso de algum
modo parece incomodar algumas profissionais pois o natildeo planejamento nem
sempre se daacute como uma escolha delas mas como uma falta de conhecimento em
como proceder
No que se refere agrave interaccedilatildeo com as outras crianccedilas da turma o que foi referido
como positivo e importante elemento promotor de desenvolvimento e de
aprendizagem das crianccedilas em inclusatildeo lembra-se que esta natildeo pode se resumir
apenas e somente a atividades e accedilotildees realizadas ao acaso Pois a relaccedilatildeo com o
outro tambeacutem crianccedila pode provocar impactos tanto positivos quanto negativos em
quem estaacute em inclusatildeo lembrando que a turma responde ao modelo de
entendimento e aceitaccedilatildeo do diferente conforme for apresentado por suas
educadoras (DRAGO 2005)
127
De todo modo Zorteacutea (2007) fala que as crianccedilas pequenas querem estar umas
com as outras e isso eacute fundamental para que se crie laccedilos e paracircmetros sociais de
pertencimento e de identidade e isso foi possiacutevel de perceber nos relatos das
educadoras Portanto cabe aos familiares educadoras e professoras de
Atendimento Educacional Especializado que levem em consideraccedilatildeo a interaccedilatildeo
com outras crianccedilas tambeacutem como elemento de construccedilatildeo do processo inclusivo
sem no entanto consolidar o estigma que jaacute existe entre os ldquonormaisrdquo e os
ldquoinclusosrdquo
Contudo haacute que se estabelecer tanto entre as famiacutelias quanto entre as
profissionais da educaccedilatildeo estrateacutegias que auxiliem a perceber acompanhar e
avaliar o processo de desenvolvimento infantil Para que assim todos possam
interagir com a crianccedila no sentido de natildeo soacute promover seus aspectos
desenvolvimentais mas tambeacutem de identificar possiacuteveis riscos e alteraccedilotildees de
forma precoce para em decorrecircncia disso intervir com qualidade e seguranccedila E
nesse sentido concorda-se com Diaz ndash Herrero e Martinez ndash Fuentes (2009)
quando essas autoras afirmam que especialmente o ambiente da escola serve
como contexto para minimizar os efeitos de atrasos e de condiccedilotildees anocircmalas do
desenvolvimento infantil Mas isso soacute vai ocorrer quando o ambiente escolar
conseguir se adequar agraves necessidades da crianccedila do contraacuterio falharaacute enquanto
fator de proteccedilatildeo agrave infacircncia (DIAZ ndash HERRERO e MARTINEZ ndash FUENTES 2009)
Para tal faz-se urgente a necessidade de estabelecer accedilotildees que visem agrave
adequaccedilatildeo estrutural das instituiccedilotildees que atendem a infacircncia para que se
constituam em ambientes seguros e promotores do desenvolvimento infantil de
qualquer crianccedila Assim como construir e aplicar programas que levem em
consideraccedilatildeo a orientaccedilatildeo e o apoio contiacutenuo agraves famiacutelias membros da comunidade
profissionais da educaccedilatildeo e demais interessados enquanto espaccedilos coletivos de
discussatildeo reflexatildeo e formaccedilatildeo acerca do desenvolvimento e seus fatores de risco e
de proteccedilatildeo
128
45 Do reconhecimento da importacircncia dos contextos e suas inter-relaccedilotildees
Bronfenbrenner (1989) tambeacutem assinala a necessidade de haver poliacuteticas
puacuteblicas e accedilotildees que funcionem como suporte agraves atividades de educar crianccedilas de
forma ampla abrangendo pais cuidadores professores parentes amigos
vizinhos parceiros de trabalho e tambeacutem as instituiccedilotildees poliacuteticas econocircmicas e
sociais da sociedade como um todo
No presente estudo em acordo com os relatos haacute a percepccedilatildeo do papel dos
contextos como elementos importantes especialmente no que se refere agrave famiacutelia e
agraves instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Infantil Contudo essa percepccedilatildeo natildeo eacute suficiente para
que se verifique uma efetiva relaccedilatildeo entre os contextos
Portanto haacute a necessidade de se discutir tanto com a famiacutelia quanto com os
profissionais e membros da comunidade a importacircncia de um trabalho coletivo e
colaborativo quando se trata de construir um processo de inclusatildeo especialmente
na primeira infacircncia para que todos se percebam como agentes mediadores da
promoccedilatildeo do desenvolvimento infantil e da inclusatildeo em si
A relaccedilatildeo entre os contextos as caracteriacutesticas da pessoa e processos proximais
eacute pertinente na medida em que ambientes especialmente preparados para as
crianccedilas satildeo vitais e as interaccedilotildees ali estabelecidas satildeo determinantes para o seu
desenvolvimento (BHERING e SARKIS 2009) Eis aqui outro aspecto que as
participantes demonstraram em seus relatos a pouca preparaccedilatildeo para atender o
alunado em inclusatildeo Diante do que foi afirmado por Bhering e Sarkis (2007) eacute
possiacutevel inferir que isso ao longo do tempo pode gerar impactos negativos no
desenvolvimento e na aprendizagem desse alunado que estaacute construindo sua
trajetoacuteria tanto como pessoa quanto como aluno
Ainda que a crianccedila permaneccedila o dia todo na instituiccedilatildeo isso natildeo invalida o
papel da famiacutelia no que se refere agrave participaccedilatildeo no processo de inclusatildeo e da
estimulaccedilatildeo do desenvolvimento do filho e deve-se lembrar que o que ocorre na
famiacutelia afeta a instituiccedilatildeo na qual a crianccedila estaacute e vice-versa (BRONFENBRENNER
1986) Portanto concorda-se com Bronfenbrenner (1989) quando esse autor propotildee
que o funcionamento efetivo do processo de educar crianccedilas no contexto familiar e
em outros contextos tais como os Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil
requer que haja padrotildees de trocas de informaccedilatildeo estabelecidos e contiacutenuos aleacutem
129
de confianccedila muacutetua entre os principais ambientes nos quais as crianccedilas e suas
famiacutelias vivem
O compartilhamento de praacuteticas educativas familiares e escolares eacute um dos
passos importantes para o sucesso das instituiccedilotildees educacionais do desempenho e
desenvolvimento dos profissionais a frente das iniciativas das relaccedilotildees entre os
responsaacuteveis pelos processos educativos formais e informais e acima de tudo
para o desenvolvimento integral das crianccedilas (BHERING e SARKIS 2009)
Lembrar-se tambeacutem que quando se trata especificamente de crianccedilas com
alteraccedilotildees no desenvolvimento ou deficiecircncia o sucesso de programas de
intervenccedilatildeo precoce depende em grande parte da integraccedilatildeo de esforccedilos da
comunidade local e da famiacutelia (MUELLER 2008)
46 Da consideraccedilatildeo e discussatildeo das novas concepccedilotildees acerca da Inclusatildeo
Conforme Sanches e Teodoro (2007) eacute preciso saber o que queremos significar
quando falamos da inclusatildeo de um aluno na escola e quais os indicadores que nos
permitem afirmar que a crianccedila estaacute incluiacuteda ou natildeo Dentro do grupo entrevistado
haacute alguns indicadores estes estabelecidos de forma intuitiva baseada no senso
comum e em pouco conhecimento sobre o tema Contudo eacute preciso dar novo
significado ao que eacute inclusatildeo de modo que deixe de ser moda e de gerar ideias
errocircneas e simplistas de sua aplicaccedilatildeo ou que justificam sua impossibilidade
(RODRIGUES 2006)
Ao se inferir que eacute necessaacuterio considerar e discutir as novas concepccedilotildees acerca
da inclusatildeo isso quer dizer que natildeo eacute mais tempo de questionar se o que se faz eacute
integraccedilatildeo normalizaccedilatildeo ou inclusatildeo Mas de partir dos conceitos que as
profissionais e as famiacutelias jaacute trazem e dar novo significado a eles sem
desconsideraacute-los Parte-se do princiacutepio que o fato da inclusatildeo natildeo eacute mais uma
ldquogranderdquo novidade pois de algum modo ela permeia nosso dia-a-dia Contudo nem
todos demonstram essa consciecircncia O que parece ocorrer eacute que a inclusatildeo em si
se tornou uma possibilidade mal divulgada e pouco discutida o que a torna uma
realidade distante ainda que natildeo seja verdade
130
Quando se diz que eacute mal divulgada eacute no sentido de que as pessoas sabem que
tem que ldquoincluir os diferentesrdquo - muito se afirma nas miacutedias que todos satildeo diferentes
que deve haver respeito e igualdade de oportunidades para todos - mas sabem elas
quem satildeo esses diferentes Sabem elas onde eles devem ser incluiacutedos Quando se
referencia que a inclusatildeo eacute uma possibilidade pouco discutida eacute que natildeo o
suficiente apenas ter informaccedilotildees sobre a inclusatildeo Faz-se necessaacuterio discutir
refletir re-significar e ampliar a concepccedilatildeo do que eacute a inclusatildeo desde quando se eacute
sujeito e qual eacute o objetivo da inclusatildeo E quando se afirma que a inclusatildeo eacute uma
possibilidade distante eacute porque ela se torna exatamente isso para determinadas
pessoas especialmente no caso das educadoras e professoras que tem em seu rol
de formaccedilatildeo dados informaccedilotildees ou experiecircncias que tratem do processo inclusivo
Diante disso eacute possiacutevel pensar que um dos aspectos que faltam agrave formaccedilatildeo eacute dar
sentido ao que os envolvidos trazem seja como experiecircncia de vida ou como
formaccedilatildeo acadecircmica
Quando se percebe que segundo as participantes a inclusatildeo serve agrave
socializaccedilatildeo que eacute um direito que eacute uma oportunidade que eacute vantajoso que eacute a
chance da crianccedila estar em um lugar seguro elas estatildeo tambeacutem indicando
concepccedilotildees que de algum modo fundamentam sua relaccedilatildeo com a crianccedila Natildeo
obstante esses fatos natildeo devem ser tomados como base se julgamento de suas
competecircncias habilidades ou eficiecircncia em compreender e buscar atender o aluno
da melhor maneira possiacutevel - ainda que essa maneira natildeo se enquadre no que
academicamente eacute desejaacutevel ou recomendaacutevel
Dentro de uma escola para todos esse ldquotodosrdquo deve envolver tambeacutem os sujeitos
que ali se envolvem seja a crianccedila com deficiecircncia matildee a professora profissionais
Fernandes Bolsanello e Ceretta (2009) apontam para o fato de que a inclusatildeo
passa necessariamente pela possibilidade de assegurar agraves crianccedilas agraves famiacutelias e
aos professores apoio formaccedilatildeo e condiccedilotildees praacuteticas pois estas satildeo questotildees
imprescindiacuteveis para que a inclusatildeo de fato aconteccedila
Concorda-se com Sanches e Teodoro (2007) quando esses autores afirmam que
haacute muitos obstaacuteculos que podem ser enunciados para natildeo ser praticada uma
educaccedilatildeo inclusiva mas o verdadeiro obstaacuteculo estaacute na forma de pensar na e sobre
a diferenccedila e da disponibilidade daiacute decorrente
131
47 Da consideraccedilatildeo das (necessaacuterias) transformaccedilotildees que vem ocorrendo na
Educaccedilatildeo Infantil
Facilmente se percebe as muacuteltiplas transformaccedilotildees que vecircm se desenrolando ao
longo das uacuteltimas deacutecadas na Educaccedilatildeo Infantil Mudanccedilas que implicam no
reconhecimento do papel da instituiccedilatildeo enquanto serviccedilo necessaacuterio agrave matildee
trabalhadora na contemporaneidade no sentido de ser espaccedilo de promoccedilatildeo do
desenvolvimento na infacircncia e alteraccedilatildeo da identidade da educadora enquanto
profissional da educaccedilatildeo agente de desenvolvimento e aprendizagem Deve-se
agregar a esses itens tambeacutem os aspectos relacionados agrave possibilidade de
inclusatildeo de bebecircs e de crianccedilas pequenas nas instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Infantil
Desse modo deve-se reconhecer que ter uma crianccedila especial na turma faz com
que a educadora da Educaccedilatildeo Infantil tenha que repensar seu papel mais uma vez
agora no que se refere a aspectos que ateacute pouco tempo atraacutes cabiam apenas ao
professor da Educaccedilatildeo Especial Junto a isso deve-se ater ao fato de que a
instituiccedilatildeo em si em termos estruturais tambeacutem deve rever seus ambientes
materiais condiccedilatildeo de acesso e permanecircncia desse alunado
Reforccedila-se que natildeo eacute mais tempo de se pensar na inclusatildeo como algo distante
fora da realidade do Ensino Regular para o momento considere-se que eacute
imprescindiacutevel ver que a inclusatildeo para ser como tal tem que ser total radical natildeo
podendo haver ldquoporeacutensrdquo E eacute nessa radicalidade que se verificam as devidas
necessidades de transformaccedilatildeo real e profunda sem preacircmbulos ou desculpas Soacute
se aprende a fazer uma escola inclusiva na accedilatildeo e discussatildeo a respeito Como
saber quais as condiccedilotildees ideais para que a inclusatildeo ocorra mantendo os diferentes
longe dessa escola Eacute preciso ver sentir experenciar conviver ouvir e ir
construindo a caminhada durante o proacuteprio percurso
Por isso merece destaque o que Mantoan (2006) afirma e para a qual a inclusatildeo
eacute produto de uma escola plural democraacutetica e transgressora o que provoca uma
crise escolar ou melhor uma crise de identidade institucional que por sua vez abala
a identidade dos professores provocando que a identidade do aluno tambeacutem seja
ressignificada
Daiacute que a figura da educadora eacute especialmente importante para que a
diversidade humana possa se fazer presente na escola porque satildeo elas que no
132
meio de suas contradiccedilotildees duacutevidas avanccedilos medos disponibilidades ansiedades
acolhimentos e possibilidades assumem os alunos em suas salas de aula (JESUS
2008)
E ao ouvi-las nesse estudo percebeu-se que entre as suas queixas estatildeo
questotildees que natildeo satildeo de exclusividade de quem atende turmas inclusivas tais
como as salas de aula numerosas em termos de alunos a dificuldade de dar
atenccedilatildeo mais individualizada agraves crianccedilas pequenas a falta de conhecimento sobre o
desenvolvimento infantil e a ocorrecircncia de ambientes que precisam ser mais bem
adaptados para todas as crianccedilas
O que possibilita inferir que a dificuldade maior de uma turma de inclusatildeo talvez
nem seja a crianccedila com necessidades educacionais especiais mas toda uma
estrutura que engloba formas de pensamento modos de agir de formaccedilatildeo docente
que natildeo proporcionam uma maior amplitude de visatildeo do profissional quanto agrave sua
funccedilatildeo junto com a proacutepria estrutura do atendimento que necessita ser modificada
Ainda no que se refere ao papel da educadora frente agrave inclusatildeo da crianccedila
pequena Camera (2006) afirma que quando se exercita o papel uma figura de
mediadora estaacute sendo delineada a construccedilatildeo de uma pedagogia da complexidade
onde deve haver espaccedilo para muacuteltiplos olhares para uma escuta sensiacutevel e para
acolher o que vai se constituindo pelo movimento das proacuteprias crianccedilas onde se
vivencia a disponibilidade ao diaacutelogo e a reciprocidade construindo assim uma
pedagogia da compreensatildeo
Desse modo urge que na formaccedilatildeo da identidade docente tambeacutem seja
considerada a sua funccedilatildeo como agente de inclusatildeo
Jaacute no que se refere agrave participaccedilatildeo da famiacutelia de crianccedilas com necessidades
educacionais especiais na Educaccedilatildeo Infantil percebe-se ndash como indicado
anteriormente - que esta natildeo vem se dando de modo diferente do que o esperado
no caso de filhos que natildeo estatildeo em inclusatildeo Mas ressalta-se novamente que eacute
fundamental que a famiacutelia que tem um filho com necessidades educacionais
especiais seja atendida em suas peculiaridades e principalmente que seja
construiacutedo com ela o processo de inclusatildeo de sua crianccedila Ateacute porque eacute sabido que
quando nasce uma crianccedila com deficiecircncia haacute normalmente uma grande
necessidade de apoiar e orientar essa famiacutelia de modo que natildeo haja perdas no
processo de aceitaccedilatildeo do filho Acredita-se que a instituiccedilatildeo de Educaccedilatildeo Infantil
tambeacutem possa servir como apoio agrave famiacutelia
133
Em acordo com Sigolo e Oliveira (2008) haacute uma vivecircncia familiar anterior agrave
escola que natildeo pode ser ignorada A entrada na escola significa um grande passo
na transiccedilatildeo da dependecircncia para a autonomia da crianccedila assim o papel da escola
junto da famiacutelia e a funccedilatildeo dos pais na escola tecircm que ser observados nesse
contexto Pois em algumas situaccedilotildees para os pais e familiares proacuteximos lidar com
a entrada de uma crianccedila pequena na crechepreacute-escola significa lidar com muitos
sentimentos que por vezes satildeo ambivalentes O que pode trazer para o contexto
familiar novas preocupaccedilotildees rotinas e adequaccedilotildees (BHERING e SARKIS 2009)
Logo a compreensatildeo desse processo pode auxiliar na definiccedilatildeo de objetivos e de
estrateacutegias de ensino para o aluno especial (SIGOLO e OLIVEIRA 2008)
Ainda que a colaboraccedilatildeo de pais de alunos com necessidades educacionais
especiais seja pensada como difiacutecil pois estes satildeo vistos como natildeo capacitados
para contribuir na elaboraccedilatildeo de programas educativos ela eacute possiacutevel e na
atualidade uma necessidade imprescindiacutevel (SIGOLO e OLIVEIRA 2008) E essa
deve ser vista sem preconceitos ou preacute-julgamentos
Portanto ressalta-se que a inclusatildeo eacute um problema de todos (RODRIGUES
2006) o que implica considerar os sujeitos que podem colaborar com ela e orientar
accedilotildees e estrateacutegias que melhor os capacitem para lidar com as condiccedilotildees da crianccedila
pequena que estaacute na Educaccedilatildeo Infantil
48 Da consideraccedilatildeo das transformaccedilotildees que vecircm ocorrendo na Educaccedilatildeo
Especial
Tambeacutem a Educaccedilatildeo Especial passou e ainda passa por profundas
transformaccedilotildees Na medida em que esse professor sai da Escola Especial e passa
a possibilidade de tambeacutem estar lotado nos espaccedilos de ensino regular atendendo
uma nova especificidade de alunos de um modo que natildeo corresponde mais agrave ideia
de turma formal mas com alguma liberdade para desenvolver sua funccedilatildeo esse
mesmo profissional se perde em sua identidade e assim novas demandas e
necessidades se criam Entre elas e natildeo diferente do que ocorre no acircmbito da
Educaccedilatildeo Infantil eacute facilmente verificado no presente estudo que as professoras
134
tambeacutem estatildeo revendo e reorganizando as especificidades do que cabe agrave sua
funccedilatildeo
O fato de terem que atender a uma gama ampla de necessidades especiais e
faixas etaacuterias diferentes exige desses profissionais um perfil mais dinacircmico e flexiacutevel
voltado para a pesquisa e estudo constante Tambeacutem se percebe que essas
professoras estatildeo sendo legalmente convidadas a saiacuterem de suas salas de aula e
auxiliarem na construccedilatildeo da inclusatildeo de seus alunos nas instituiccedilotildees do ensino
regular
No que se refere especificamente agrave crianccedila pequena outros desafios se fazem
notar Entre eles o fato de ter que lidar natildeo soacute com os conhecidos meacutetodos
pedagoacutegicos mas agora tambeacutem ter que se interar de assuntos que fazem
referecircncia ao desenvolvimento humano
Aos fazerem referecircncia de que seu trabalho com crianccedilas pequenas eacute ou seraacute
voltado para a estimulaccedilatildeo essencial e ao esclarecerem o modo como entendem
isso essas professoras demonstram que necessitam de maior embasamento teoacuterico
e praacutetico a respeito E eacute nesse sentido que se propotildee que o Atendimento
Educacional Especializado para bebecircs e crianccedilas pequenas seja construiacutedo a partir
do entendimento de que tambeacutem eacute um processo de intervenccedilatildeo precoce e de que
esse seja voltado para a valorizaccedilatildeo e inter-relaccedilatildeo dos contextos
desenvolvimentais nos quais a crianccedila pequena participa
Logo torna-se imprescindiacutevel que essas profissionais tenham condiccedilotildees teoacuterico-
metodoloacutegicas para promover o desenvolvimento na infacircncia bem como para
orientar e dar apoio agrave famiacutelia e agraves educadoras Segundo Mantoan (2006) o papel da
educaccedilatildeo especial na perspectiva inclusiva eacute muito importante e natildeo pode ser
negado mas dentro dos limites de suas atribuiccedilotildees sem que sejam extrapolados os
seus espaccedilos de atuaccedilatildeo especiacutefica Essas atribuiccedilotildees conforme jaacute foi referido
complementam e apoiam o processo de escolarizaccedilatildeo de alunos com deficiecircncia
que estatildeo regularmente matriculados nas escolas comuns
O espaccedilo criado pela possibilidade de inclusatildeo emerge sempre como um
grande elo no qual podem ser verificadas experiecircncias profundas de emancipaccedilatildeo e
valorizaccedilatildeo humana Poreacutem isso soacute vai ocorrer verdadeiramente se forem
consideradas e aceitas as necessaacuterias transformaccedilotildees tanto da Educaccedilatildeo Infantil
como na Educaccedilatildeo Especial
135
5 CONCLUSOtildeES
Com fins de realizar as consideraccedilotildees finais acerca das informaccedilotildees
percebidas durante o processo de apresentaccedilatildeo de dados retoma-se a questatildeo que
norteou esta pesquisa
Quais concepccedilotildees norteiam o processo de inclusatildeo da crianccedila pequena com
necessidades educacionais especiais no contexto do Centro Municipal de
Educaccedilatildeo Infantil segundo suas Matildees suas Educadoras na Educaccedilatildeo Infantil e
suas Professoras do Atendimento Educacional Especializado
Ao se propor a investigaccedilatildeo do processo inclusivo 18 anos apoacutes a Declaraccedilatildeo
de Salamanca inicialmente parecia que se iria discutir um tema amplamente
debatido e jaacute esgotado em possibilidades Poreacutem na medida em que se eacute possiacutevel
debruccedilar sobre leituras praacuteticas inclusivas jaacute realizadas e sobre os dados e
concepccedilotildees coletadas nessa pesquisa percebe-se que mesmo que os anos
tenham se passado e as experiecircncias nesse acircmbito se multipliquem ainda haacute
questotildees a serem debatidas e claro novas demandas se estabelecem e antigas
reflexotildees acerca do tema merecem ser resgatadas O que estaacute em consonacircncia com
o que segundo Alves (2007) ressalta nos aponta para o fato de que os casos de
inclusatildeo sempre trazem consigo uma gama de novas necessidades e duacutevidas De
algum modo vai ao encontro do que Guasselli (2005) afirma quando comenta que a
proposta da educaccedilatildeo inclusiva eacute complexa pois articula vaacuterios aspectos entre os
quais o autor faz destaque o tempo instituiacutedo e o tempo do aluno o peso da
aprendizagem formal em detrimento das habilidades do aluno e o olhar do professor
e dos demais alunos sobre as necessidades especiais
O presente estudo trouxe concepccedilotildees de inclusatildeo que muito embora a
primeira vista pareccedilam heterogecircneas possuem elementos em comum Elas
sugerem ainda uma perspectiva inclusiva voltada para a possibilidade de
socializaccedilatildeo da crianccedila pequena com necessidades educacionais especiais com
ldquocrianccedilas normaisrdquo e para a concepccedilatildeo de que estar em inclusatildeo eacute o cumprimento
de um direito O que num primeiro momento aparenta ser uma celebraccedilatildeo pode no
decorrer do tempo tornar-se a reafirmaccedilatildeo de estigmas preconceitos e de accedilotildees e
136
concepccedilotildees que banalizam reduzem e simplificam a complexidade do que eacute o
processo inclusivo especialmente para as crianccedilas pequenas
A famiacutelia participa pouco do processo de inclusatildeo de sua crianccedila isso tanto
no que se refere ao Atendimento Educacional Especializado quanto no Centro
Municipal de Educaccedilatildeo Infantil Sua participaccedilatildeo eacute reconhecida como importante
para as participantes mas os relatos sobre a praacutetica natildeo demonstram isso
O professor do Atendimento Educacional Especializado eacute uma figura
praticamente desconhecida das educadoras e para as matildees natildeo representa uma
referencia consideraacutevel quando se tem duacutevidas ou dificuldades
Os CMEIs aparecem como instituiccedilotildees ainda despreparadas para atender
com qualidade crianccedilas pequenas que estatildeo em inclusatildeo assim como as
educadoras aparentam ser profissionais sem preparo e experiecircncia para trabalhar
com crianccedilas pequenas com deficiecircncia Contudo ainda que esse despreparo seja
algo relatado pelas participantes inclusive pelas proacuteprias educadoras haacute o
reconhecimento por parte das entrevistadas que essas profissionais se esforccedilam
por fazer um bom trabalho e no decorrer do tempo em que estatildeo atendendo essas
crianccedilas jaacute indicam modificaccedilotildees em suas accedilotildees e em suas concepccedilotildees sobre a
crianccedila e sobre sua funccedilatildeo enquanto profissionais da educaccedilatildeo
No que se refere ao despreparo dos CMEIs foram indicadas pelas
participantes especialmente pelas educadoras a falta de condiccedilotildees de
acessibilidade materiais e ambientes que natildeo satildeo adaptados e condiccedilotildees que
implicam em risco inclusive para crianccedilas que natildeo tem nenhum tipo de necessidade
especial ou alteraccedilatildeo no desenvolvimento
Sobre o trabalho das educadoras chama atenccedilatildeo a queixa a respeito do
nuacutemero de crianccedilas por turma o que segundo grande parte das participantes eacute
muito grande o que dificultaria o atendimento de crianccedilas com necessidade
especial Em vaacuterios momentos foi sugerido que se mantivesse uma professora extra
especiacutefica para cuidar da crianccedila que estaacute em inclusatildeo Tambeacutem se percebe uma
grande necessidade de as educadoras terem espaccedilos para conversar e se informar
sobre a inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil e sobre as especificidades das crianccedilas que
atendem
O processo de inclusatildeo em si se mostra sendo realizado como accedilotildees isoladas
e desestruturadas com pouca relaccedilatildeo entre os diversos sujeitos envolvidos (matildees
crianccedilas educadoras especialistas professoras do AEE comunidade etc) No
137
caso especiacutefico do trabalho no Centro Municipal de Educaccedilatildeo Infantil tambeacutem eacute
possiacutevel inferir que a inclusatildeo de bebecircs e de crianccedilas pequenas natildeo seguem um
planejamento ou projeto apropriado muito menos que se considerem aspectos
como a promoccedilatildeo do desenvolvimento dessas crianccedilas a participaccedilatildeo da famiacutelia
apoio agraves educadoras relaccedilatildeo com a comunidade por exemplo O que parece
contribuir para o sentimento de desamparo e despreparo das educadoras e de
inseguranccedila por parte das matildees das crianccedilas
Quanto ao trabalho das professoras do Atendimento Educacional
Especializado tambeacutem parece ser necessaacuterio discutir e estabelecer de uma forma
mais clara e profunda quais suas atribuiccedilotildees junto ao desenvolvimento global da
crianccedila pequena e sobre o que vem a ser o atendimento em
estimulaccedilatildeointervenccedilatildeo precoce Sugere-se que isso seja realizado em equipe
interdisciplinar - se possiacutevel ndash e que seja baseado em modelos integrais de
atendimento agrave crianccedila e sendo considerada a participaccedilatildeo da famiacutelia nesse
processo de promoccedilatildeo do desenvolvimento e de minimizaccedilatildeo de riscos e impactos
Ainda que a inclusatildeo natildeo seja mais uma novidade dentro da aacuterea
educacional pois haacute muito vem sendo discutida exposta e mesmo vivenciada foi
possiacutevel perceber que as educadoras dessa pesquisa natildeo se mostraram afeitas ao
tema indicando um grande distanciamento do que venha a ser a experiecircncia
inclusiva
Mesmo com todas as dificuldades apresentadas pelas entrevistadas e a
desarticulaccedilatildeo de conceitos e accedilotildees na construccedilatildeo do processo inclusivo eacute
consenso que para a crianccedila pequena estar instituiccedilatildeo de Educaccedilatildeo Infantil eacute algo
imensamente positivo Foi indicado pelas participantes que todas as crianccedilas
ganham com o processo inclusivo em alguma instacircncia tanto as que tecircm
necessidades educacionais especiais quanto as que natildeo tecircm Contudo as
evoluccedilotildees e transformaccedilotildees positivas que facilmente satildeo vistas nas crianccedilas que
estatildeo em inclusatildeo tambeacutem aparecem em acordo com os relatos como algo
inerente ao fato de estarem na instituiccedilatildeo natildeo resultado de planejamentos
discussotildees ou accedilotildees voltadas especificamente para a qualidade do processo
inclusivo
Desse modo diante dos dados organizados na presente pesquisa foram
observadas como demandas a serem consideradas quando se pretende um
processo inclusivo com qualidade aquelas oriundas das necessidades de a) se
138
observar e atuar na infacircncia enquanto etapa crucial de desenvolvimento b) do
reconhecimento da importacircncia dos contextos e suas relaccedilotildees c) da consideraccedilatildeo e
discussatildeo das novas concepccedilotildees acerca da Inclusatildeo d) da consideraccedilatildeo das
transformaccedilotildees que vecircm ocorrendo na Educaccedilatildeo Infantil e) da consideraccedilatildeo das
transformaccedilotildees que vecircm ocorrendo na Educaccedilatildeo Especial
Por fim ainda que o tema da Educaccedilatildeo Inclusiva esteja longe de ser
esgotado especialmente no que compete agrave Educaccedilatildeo Infantil e diante de todas as
informaccedilotildees oferecidas agrave anaacutelise e discussatildeo nessa pesquisa eacute possiacutevel considerar
que esta Tese demonstrou
a) Que a inclusatildeo de crianccedilas pequenas com deficiecircncia na Educaccedilatildeo
Infantil ainda reflete diversas contradiccedilotildees e desencontros sendo
realizada de maneira simplificada no sentido do cumprimento de um
direito e tendo como foco a socializaccedilatildeo desse alunado com crianccedilas
ldquonormaisrdquo preterindo outras importantes funccedilotildees interventivas precoces
tatildeo necessaacuterias agrave promoccedilatildeo de um desenvolvimento amplo e saudaacutevel
b) Que a experiecircncia inclusiva mesmo diante da realidade exposta nos
contextos pesquisados se mostra vaacutelida por ser uma accedilatildeo que
transgride o comum pois proporciona novas reflexotildees novas
necessidades duacutevidas e significados o que com certeza poderaacute gerar
outras perspectivas e estrateacutegias em prol da qualidade educacional e da
promoccedilatildeo do desenvolvimento humano
Outrossim sugere-se que todo processo inclusivo que vise atender a crianccedila
pequena com necessidades educacionais especiais considere
a) a construccedilatildeo de uma concepccedilatildeo de crianccedila pequena ativa e em desenvolvimento
b) a discussatildeo e ampliaccedilatildeo da concepccedilatildeo de inclusatildeo especialmente no que se
refere agrave Educaccedilatildeo Infantil
c) a importacircncia de uma abordagem de atendimento baseada nas relaccedilotildees e trocas
muacutetuas entre os contextos nos quais a crianccedila participa direta ou indiretamente
d) as caracteriacutesticas e necessidades da famiacutelia da crianccedila que estaacute em inclusatildeo
tornando-a tambeacutem agente mediadora da inclusatildeo do filho
139
e) a identidade e o papel da educadora que trabalha no Centro Municipal de
Educaccedilatildeo Infantil e da professora do Atendimento Educacional Especializado
enquanto agentes mediadoras da inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil
f) a inclusatildeo tambeacutem como um modo de intervenccedilatildeo precoce na qual se previne e
minimiza riscos e dificuldades e promovendo o desenvolvimento humano
g) a adequaccedilatildeo dos espaccedilos das creches levando-se em consideraccedilatildeo a realidade
do atendimento a quantidade de crianccedilas atendidas e as especificidades do puacuteblico
infantil que estaacute em inclusatildeo
h) a criaccedilatildeo de cursos especiacuteficos que tratem da inclusatildeo na primeira infacircncia
i) que os cursos de formaccedilatildeo inicial e os de formaccedilatildeo continuada levem em conta a
inclusatildeo de uma crianccedila real e que possam ser organizados conforme a linguagem
e a realidade praacutetica profissional
j) que sejam feitas mais pesquisas para verificar como o desenvolvimento infantil
vem sendo concebido avaliado e promovido nesta faixa etaacuteria e em outros
contextos de creche especialmente no que se refere ao desenvolvimento da crianccedila
pequena com necessidades especiais
k) de se aprofundar os estudos sobre de que modo a inclusatildeo de bebecircs com
necessidades especiais vem sendo tratada pelas educadoras bem como de que
forma esta inclusatildeo contribui ou natildeo para o desenvolvimento infantil dessas mesmas
crianccedilas
l) e por fim que as Universidades contribuam com projetos de pesquisa e de
extensatildeo para que conceitos importantes sejam re-significados dentro da Educaccedilatildeo
Infantil da Educaccedilatildeo Especial e do Ensino Inclusivo
140
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161
ANEXOS
162
ANEXO A
Roteiro de Entrevistas ndash Matildees
Caracterizaccedilatildeo da Matildee da crianccedila que estaacute em inclusatildeo
1 Nome Completo
2 Idade
3 Escolaridade
4 Ocupaccedilatildeo
Caracterizaccedilatildeo da Famiacutelia da crianccedila que estaacute em inclusatildeo
1 Composiccedilatildeo familiar
Membro Idade MF Escolaridade Ocupaccedilatildeo
01
02
03
04
05
06
2 Quem mora com a crianccedila
3 Qual eacute a renda mensal meacutedia da famiacutelia
4 Haacute mais algum caso de deficiecircncia na sua famiacutelia Comente sua resposta
Caracterizaccedilatildeo da crianccedila que estaacute em inclusatildeo
1 Nome
2 Idade
3 Como eacute o seu filho
163
4 A senhora saberia me dizer qual eacute o diagnoacutestico do seu filho
5 Quando a senhora soube o diagnoacutestico dele o que pensou
6 E hoje que seu filho estaacute no CMEI como se sente
7 Como vocecirc faz para saber se seu filho estaacute se desenvolvendo bem
8 Seu filho frequentou outra instituiccedilatildeo antes de vir para esse CMEI Qual
Comente sua resposta
9 Desde quando seu filho frequenta este CMEI
10 Por que a senhora decidiu matricular seu filho no CMEI
11 Por que a senhora escolheu esse CMEI
12 Qual eacute a turma que seu filho frequenta
13 Quanto tempo por dia sua crianccedila fica no CMEI
14 Atualmente seu filho frequenta algum outro atendimento aleacutem do CMEI
Como eacute isso
15 Como costuma ser a rotina da crianccedila
16 A senhora tem alguma dificuldade em atender sua crianccedila
17 Quando aparecem duacutevidas sobre seu filho o que a senhora faz
18 A senhora recebe ou jaacute recebeu alguma orientaccedilatildeo sobre como atender seu
filho Comente sua resposta
19 Que tipo de atividades vocecirc e sua famiacutelia costumam fazer com a crianccedila
Concepccedilotildees sobre o processo inclusivo
1 Dizer que essa crianccedila estaacute em inclusatildeo o que significa para vocecirc
2 Se algueacutem lhe perguntasse qual eacute o motivo de crianccedilas com deficiecircncia
estarem frequentando o CMEI o que vocecirc diria
3 Qual eacute a sua opiniatildeo sobre a inclusatildeo nos CMEIs
4 Como deveriam ser os CMEIs para atenderem bem os casos de inclusatildeo
5 Como a famiacutelia da crianccedila que tem deficiecircncia pode ajudar na inclusatildeo de seu
filho
6 Como devem ser as educadoras de CMEI para que atendam bem as crianccedilas
que estatildeo em inclusatildeo
7 Como a professora do Atendimento Educacional Especializado pode
contribuir com a inclusatildeo no CMEI
164
8 Que tipo de apoio a famiacutelia da crianccedila que estaacute em inclusatildeo precisa para
atender bem seu filho
9 Que tipo de apoio as educadoras de CMEI precisam para atender bem os
casos de inclusatildeo
10 Vocecirc acha que os CMEIs estatildeo preparados para atender crianccedilas pequenas
em inclusatildeo Comente sua resposta
11 Vocecirc acha que as educadoras de CMEI estatildeo preparadas para atender
crianccedilas pequenas em inclusatildeo Comente sua resposta
12 Qual sua opiniatildeo sobre o trabalho das educadoras que atendem turmas de
inclusatildeo
13 De que maneira acontece a participaccedilatildeo da famiacutelia no processo de inclusatildeo
do filho que estaacute no CMEI Qual sua opiniatildeo sobre isso
14 Em sua opiniatildeo quais as maiores vantagens que a inclusatildeo na Educaccedilatildeo
Infantil traz Comente sua resposta
15 Existiriam desvantagens na inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil Comente sua
resposta
16 Vocecirc gostaria de falar mais alguma coisa sobre a inclusatildeo da crianccedila
pequena no CMEI
165
ANEXO B
Roteiro de Entrevistas ndash Educadoras de CMEI
Caracterizaccedilatildeo da Educadora
Nome Completo
Idade
Estado civil
Escolarizaccedilatildeo
Possui alguma formaccedilatildeo especiacutefica para trabalhar com crianccedilas pequenas na
Educaccedilatildeo Infantil
Possui alguma formaccedilatildeo especiacutefica na aacuterea da Educaccedilatildeo Especial e
Inclusiva
Vocecirc teve experiecircncia como professora fora da Educaccedilatildeo Infantil Comente
sua resposta
Vocecirc teve outras experiecircncias como professora de turmas de inclusatildeo antes
dessa Comente sua resposta
Vocecirc teve ou tem alguma ou experiecircncia com pessoas com deficiecircncia fora
da aacuterea educacional Como foi isso
Caracterizaccedilatildeo do Trabalho da Educadora e o processo inclusivo
1 Qual eacute o seu horaacuterio de trabalho aqui no CMEI
2 Qual eacute a turma que vocecirc atende atualmente
3 Quanto tempo faz que vocecirc estaacute atendendo essa turma
4 Vocecirc divide o atendimento da turma com algueacutem Como eacute isso
5 Como costuma ser sua rotina aqui na creche
6 Vocecirc costuma planejar o atendimento dessa turma Como eacute isso
7 Como eacute a crianccedila que estaacute em inclusatildeo na sua turma
8 Haacute quanto tempo vocecirc atende essa crianccedila
9 Quando vocecirc soube que iria atender essa crianccedila o que pensou Comente
sua resposta
166
10 E hoje que vocecirc jaacute a conhece como se sente ao atendecirc-la Comente sua
resposta
11 Como vocecirc faz para saber se essa crianccedila estaacute se desenvolvendo bem
12 Como eacute o seu trabalho com essa crianccedila que estaacute em inclusatildeo
13 Vocecirc tem alguma dificuldade em atendecirc-la Comente sua resposta
14 Quando vocecirc tem duacutevidas ou dificuldades sobre essa crianccedila o que vocecirc faz
Comente sua resposta
15 Vocecirc recebe ou recebeu algum tipo de orientaccedilatildeo sobre como atender essa
crianccedila Comente sua resposta
Concepccedilotildees sobre o processo inclusivo
16 Dizer que essa crianccedila estaacute em inclusatildeo o que significa para vocecirc
17 Se algueacutem lhe perguntasse qual eacute o motivo de crianccedilas com deficiecircncia
estarem frequentando o CMEI o que vocecirc diria
18 Qual eacute a sua opiniatildeo sobre a inclusatildeo nos CMEIs
19 Como deveriam ser os CMEIs para atenderem bem os casos de inclusatildeo
20 Como a famiacutelia da crianccedila que tem deficiecircncia pode ajudar na inclusatildeo de seu
filho
21 Como devem ser as educadoras de CMEI para que atendam bem as crianccedilas
que estatildeo em inclusatildeo
22 Como a professora do Atendimento Educacional Especializado pode
contribuir com a inclusatildeo no CMEI
23 Que tipo de apoio a famiacutelia da crianccedila que estaacute em inclusatildeo precisa para
atender bem seu filho
24 Que tipo de apoio as educadoras de CMEI precisam para atender bem os
casos de inclusatildeo
17 Vocecirc acha que os CMEIs estatildeo preparados para atender crianccedilas pequenas
em inclusatildeo Comente sua resposta
18 Vocecirc acha que as educadoras de CMEI estatildeo preparadas para atender
crianccedilas pequenas em inclusatildeo Comente sua resposta
19 Qual sua opiniatildeo sobre o trabalho das educadoras que atendem turmas de
inclusatildeo
167
20 De que maneira acontece a participaccedilatildeo da famiacutelia no processo de inclusatildeo
do filho que estaacute no CMEI Qual sua opiniatildeo sobre isso
21 Em sua opiniatildeo quais as maiores vantagens que a inclusatildeo na Educaccedilatildeo
Infantil traz Comente sua resposta
22 Existiriam desvantagens na inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil Comente sua
resposta
23 Vocecirc gostaria de falar mais alguma coisa sobre a inclusatildeo da crianccedila
pequena no CMEI
168
ANEXO C
Roteiro de Entrevistas ndash Professoras do Atendimento Educacional
Especializado (AEE)
Caracterizaccedilatildeo da Professora do AEE
Nome Completo
Idade
Estado civil
Escolarizaccedilatildeo
Possui alguma formaccedilatildeo especiacutefica para trabalhar com crianccedilas pequenas
Possui alguma formaccedilatildeo especiacutefica para trabalhar com Educaccedilatildeo Especial e
Inclusiva
Possui alguma formaccedilatildeo especiacutefica para trabalhar como professora do AEE
Haacute quanto tempo vocecirc trabalha na educaccedilatildeo
Antes de trabalhar como professora do AEE vocecirc teve outras experiecircncias na
aacuterea de Educaccedilatildeo Infantil Como foi isso
Antes de trabalhar como professora do AEE vocecirc teve outras experiecircncias na
aacuterea de Educaccedilatildeo Especial ou Inclusiva Como foi isso
Teve ou tem alguma outra experiecircncia com pessoas com deficiecircncia fora da
aacuterea educacional Como foi isso
Caracterizaccedilatildeo do Trabalho do AEE
1 Qual eacute o seu horaacuterio de trabalho no AEE
2 Quanto tempo faz que vocecirc estaacute trabalhando como professora do AEE
3 Como eacute o seu trabalho no AEE
4 Quais as maiores diferenccedilas entre o AEE para o Ensino Fundamental e o
AEE para a Educaccedilatildeo Infantil
5 Quantos alunos vocecirc atende no AEE Quantos satildeo da Educaccedilatildeo Infantil e
quantos satildeo do Ensino Fundamental
6 Quanto tempo faz que vocecirc atende essa crianccedila no AEE
7 Quando vocecirc soube que iria atender essa crianccedila pequena o que pensou
Comente sua resposta
169
8 E hoje que vocecirc jaacute a conhece como se sente ao atendecirc-la Comente sua
resposta
9 Como vocecirc faz para saber se essa crianccedila estaacute se desenvolvendo bem
10 Como eacute o seu trabalho com essa crianccedila que estaacute em inclusatildeo
11 Vocecirc tem alguma dificuldade em atendecirc-la Comente sua resposta
12 Quando vocecirc tem duacutevidas ou dificuldades sobre essa crianccedila o que vocecirc faz
Comente sua resposta
13 Vocecirc recebe ou recebeu algum tipo de orientaccedilatildeo sobre como atender essa
crianccedila Como eacute isso
14 Vocecirc sabe quais outros serviccedilos essa crianccedila frequenta aleacutem do CMEI
Concepccedilotildees sobre o processo inclusivo
15 Dizer que essa crianccedila estaacute em inclusatildeo o que significa para vocecirc
16 Se algueacutem lhe perguntasse qual eacute o motivo de crianccedilas com deficiecircncia
estarem frequentando o CMEI o que vocecirc diria
17 Qual eacute a sua opiniatildeo sobre a inclusatildeo nos CMEIs
18 Como deveriam ser os CMEIs para atenderem bem os casos de inclusatildeo
19 Como a famiacutelia da crianccedila que tem deficiecircncia pode ajudar na inclusatildeo de seu
filho
20 Como devem ser as educadoras de CMEI para que atendam bem as crianccedilas
que estatildeo em inclusatildeo
21 Como a professora do Atendimento Educacional Especializado pode
contribuir com a inclusatildeo no CMEI
22 Que tipo de apoio a famiacutelia da crianccedila que estaacute em inclusatildeo precisa para
atender bem seu filho
23 Que tipo de apoio as educadoras de CMEI precisam para atender bem os
casos de inclusatildeo
24 Vocecirc acha que os CMEIs estatildeo preparados para atender crianccedilas pequenas
em inclusatildeo Comente sua resposta
25 Vocecirc acha que as educadoras de CMEI estatildeo preparadas para atender
crianccedilas pequenas em inclusatildeo Comente sua resposta
26 Qual sua opiniatildeo sobre o trabalho das educadoras que atendem turmas de
inclusatildeo
27 De que maneira acontece a participaccedilatildeo da famiacutelia no processo de inclusatildeo
do filho que estaacute no CMEI Qual sua opiniatildeo sobre isso
170
28 Em sua opiniatildeo quais as maiores vantagens que a inclusatildeo na Educaccedilatildeo
Infantil traz Comente sua resposta
29 Existiriam desvantagens na inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil Comente sua
resposta
30 Vocecirc gostaria de falar mais alguma coisa sobre a inclusatildeo da crianccedila
pequena no CMEI
171
ANEXO D- TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ndash Matildees
Eu Nelly Narcizo de Souza aluna do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da
Universidade Federal do Paranaacute (UFPR) convido-o (a) a participar do processo de
coleta de dados de minha Tese de Doutorado sob orientaccedilatildeo da Profordf Drordf Maria
Augusta Bolsanello Esta pesquisa que tem como tiacutetuloldquoInclusatildeo Escolar da Crianccedila
Pequena com Necessidades Especiais Concepccedilotildees de Matildees de Educadoras da
Educaccedilatildeo Infantil e de Professoras do Atendimento Educacional Especializadordquo
possui como objetivo maior descrever as concepccedilotildees de pais e educadores sobre o
processo de inclusatildeo da crianccedila pequena com deficiecircncia no contexto educacional
infantil especificamente na creche A relevacircncia dessa pesquisa estaacute em contribuir
com futuros estudos e accedilotildees que tratem da inclusatildeo da crianccedila pequena com
deficiecircncia em ambiente de creche evidenciando necessidades e possibilidades
para um bom atendimento
A sua participaccedilatildeo aconteceraacute atraveacutes do seu consentimento em responder algumas
perguntas por meio de questionaacuterio e entrevista a ser gravada em aacuteudio no
ambiente da creche em dia e horaacuterio previamente marcados Responder a eles natildeo
apresenta nenhum tipo de risco agrave crianccedila a seus familiares ou a quem a atende na
Creche O seu nome bem como o da crianccedila ou quaisquer dados que possam
identificaacute-los natildeo seratildeo utilizados A sua participaccedilatildeo eacute absolutamente voluntaacuteria
natildeo remunerada e a pesquisadora estaraacute agrave disposiccedilatildeo para qualquer
esclarecimento A sua recusa em participar da pesquisa natildeo traraacute qualquer
penalidade ou prejuiacutezo ao atendimento da crianccedila Vocecirc tambeacutem poderaacute desistir da
participaccedilatildeo a qualquer momento Os resultados da presente pesquisa seratildeo
divulgados agrave instituiccedilatildeo apoacutes a defesa da Tese em data a ser agendada Apoacutes ler
este Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e aceitar participar do estudo
solicito sua assinatura em duas vias no referido Termo sendo que uma delas
permaneceraacute em seu poder Qualquer informaccedilatildeo adicional ou esclarecimento
acerca deste estudo poderaacute ser obtido com a pesquisadora principal pelos telefones
(41) XXXX XXXX e (41) XXXX XXXX
Nelly Narcizo de Souza Maria Augusta Bolsanello Dra
Pesquisadora Principal - Doutoranda Profordf Pesquisadora Orientadora
Eu
abaixo assinado declaro atraveacutes deste documento o meu consentimento em
172
participar da pesquisa intitulada ldquoInclusatildeo Escolar da Crianccedila Pequena com
Necessidades Especiais Concepccedilotildees de Matildees de Educadoras da Educaccedilatildeo Infantil
e de Professoras do Atendimento Educacional Especializadordquo
Declaro ainda que estou ciente de seu objetivo e meacutetodos bem como de meus
direitos ao anonimato e a desistir da mesma a qualquer momento
_____________________de ___________________ de 201_
RG
Assinatura participante da pesquisa
173
ANEXO E - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ndash
Educadores da Educaccedilatildeo Infantil
Eu Nelly Narcizo de Souza aluna do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da
Universidade Federal do Paranaacute (UFPR) convido-o (a) a participar do processo de
coleta de dados de minha Tese de Doutorado sob orientaccedilatildeo da Profordf Drordf Maria
Augusta Bolsanello Esta pesquisa que tem como tiacutetulo ldquoInclusatildeo Escolar da Crianccedila
Pequena com Necessidades Especiais Concepccedilotildees de Matildees de Educadoras da
Educaccedilatildeo Infantil e de Professoras do Atendimento Educacional Especializadordquo
possui como objetivo maior descrever as concepccedilotildees de pais e educadores sobre o
processo de inclusatildeo da crianccedila pequena com deficiecircncia no contexto educacional
infantil especificamente na creche A relevacircncia dessa pesquisa estaacute em contribuir
com futuros estudos e accedilotildees que tratem da inclusatildeo da crianccedila pequena com
deficiecircncia em ambiente de creche evidenciando necessidades e possibilidades
para um bom atendimento
A sua participaccedilatildeo aconteceraacute atraveacutes do seu consentimento em responder algumas
perguntas por meio de entrevista a ser gravada em aacuteudio no ambiente da creche
em dia e horaacuterio previamente marcados Responder a elas natildeo apresenta nenhum
tipo de risco agrave crianccedila agrave famiacutelia a vocecirc ou a outras pessoas que trabalham na
creche O seu nome bem como o da crianccedila ou quaisquer dados que possam
identificaacute-los natildeo seratildeo utilizados A sua participaccedilatildeo eacute absolutamente voluntaacuteria
natildeo remunerada e a pesquisadora estaraacute agrave disposiccedilatildeo para qualquer
esclarecimento A sua recusa em participar da pesquisa natildeo traraacute qualquer
penalidade ou prejuiacutezo para vocecirc ao seu trabalho ou ao atendimento da crianccedila
Vocecirc tambeacutem poderaacute desistir da participaccedilatildeo a qualquer momento Os resultados da
presente pesquisa seratildeo divulgados agrave instituiccedilatildeo apoacutes a defesa da Tese em data a
ser agendada Apoacutes ler este Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e aceitar
participar do estudo solicito sua assinatura em duas vias no referido Termo sendo
que uma delas permaneceraacute em seu poder Qualquer informaccedilatildeo adicional ou
esclarecimento acerca deste estudo poderaacute ser obtido com a pesquisadora principal
pelos telefones (41) XXXX XXXX e (41) XXXX XXXX
Nelly Narcizo de Souza Maria Augusta Bolsanello Dra
Pesquisadora Principal - Doutoranda Profordf Pesquisadora Orientadora
174
Eu
abaixo assinado declaro atraveacutes deste documento o meu consentimento em
participar da pesquisa intitulada ldquoInclusatildeo Escolar da Crianccedila Pequena com
Necessidades Especiais Concepccedilotildees de Matildees de Educadoras da Educaccedilatildeo Infantil
e de Professoras do Atendimento Educacional Especializadordquo a ser realizada nesta
instituiccedilatildeo
Declaro ainda que estou ciente de seu objetivo e meacutetodos bem como de meus
direitos ao anonimato e a desistir da mesma a qualquer momento
_____________________de ___________________ de 201_
RG
Assinatura do educador participante da pesquisa
175
ANEXO F - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ndash
Professores do Atendimento Educacional Especializado
Eu Nelly Narcizo de Souza aluna do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da
Universidade Federal do Paranaacute (UFPR) convido-o (a) a participar do processo de
coleta de dados de minha Tese de Doutorado sob orientaccedilatildeo da Profordf Drordf Maria
Augusta Bolsanello Esta pesquisa que tem como tiacutetulo ldquoInclusatildeo Escolar da Crianccedila
Pequena com Necessidades Especiais Concepccedilotildees de Matildees de Educadoras da
Educaccedilatildeo Infantil e de Professoras do Atendimento Educacional Especializadordquo
possui como objetivo maior descrever as concepccedilotildees de pais e educadores sobre o
processo de inclusatildeo da crianccedila pequena com deficiecircncia no contexto educacional
infantil especificamente na creche A relevacircncia dessa pesquisa estaacute em contribuir
com futuros estudos e accedilotildees que tratem da inclusatildeo da crianccedila pequena com
deficiecircncia em ambiente de creche evidenciando necessidades e possibilidades
para um bom atendimento
A sua participaccedilatildeo aconteceraacute atraveacutes do seu consentimento em responder algumas
perguntas por meio de entrevista a ser gravada em aacuteudio no ambiente de trabalho
em dia e horaacuterio previamente marcados Responder a elas natildeo apresenta nenhum
tipo de risco agrave crianccedila agrave famiacutelia a vocecirc ou a outras pessoas que trabalham com
vocecirc O seu nome bem como o da crianccedila ou quaisquer dados que possam
identificaacute-los natildeo seratildeo utilizados A sua participaccedilatildeo eacute absolutamente voluntaacuteria
natildeo remunerada e a pesquisadora estaraacute agrave disposiccedilatildeo para qualquer
esclarecimento A sua recusa em participar da pesquisa natildeo traraacute qualquer
penalidade ou prejuiacutezo para vocecirc ao seu trabalho ou ao atendimento da crianccedila
Vocecirc tambeacutem poderaacute desistir da participaccedilatildeo a qualquer momento Os resultados da
presente pesquisa seratildeo divulgados agrave instituiccedilatildeo apoacutes a defesa da Tese em data a
ser agendada Apoacutes ler este Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e aceitar
participar do estudo solicito sua assinatura em duas vias no referido Termo sendo
que uma delas permaneceraacute em seu poder Qualquer informaccedilatildeo adicional ou
esclarecimento acerca deste estudo poderaacute ser obtido com a pesquisadora principal
pelos telefones (41) XXXX XXXX e (41) XXXX XXXX
Nelly Narcizo de Souza Maria Augusta Bolsanello Dra
Pesquisadora Principal - Doutoranda Profordf Pesquisadora Orientadora
176
Eu
abaixo assinado declaro atraveacutes deste documento o meu consentimento em
participar da pesquisa intitulada ldquoInclusatildeo Escolar da Crianccedila Pequena com
Necessidades Especiais Concepccedilotildees de Matildees de Educadoras da Educaccedilatildeo Infantil
e de Professoras do Atendimento Educacional Especializadordquo
Declaro ainda que estou ciente de seu objetivo e meacutetodos bem como de meus
direitos ao anonimato e a desistir da mesma a qualquer momento
_____________________de ___________________ de 201_
RG
Assinatura do professor participante da pesquisa
2
NELLY NARCIZO DE SOUZA
INCLUSAtildeO ESCOLAR DA CRIANCcedilA PEQUENA COM
NECESSIDADESESPECIAIS CONCEPCcedilOtildeES DE MAtildeES DE EDUCADORAS DA
EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E DE PROFESSORAS DO ATENDIMENTO EDUCACIONAL
ESPECIALIZADO
Tese apresentada ao Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo do Setor de Educaccedilatildeo da Universidade Federal do Paranaacute como requisito parcial para obtenccedilatildeo do grau de Doutor em Educaccedilatildeo Aacuterea Temaacutetica Cultura e Processo de Ensino ndash Aprendizagem Linha de Pesquisa Cogniccedilatildeo Aprendizagem e Desenvolvimento Humano Orientadora Profordf Drordf Maria Augusta Bolsanello
CURITIBA
2013
Catalogaccedilatildeo na publicaccedilatildeo Fernanda Emanoeacutela Nogueira ndash CRB 91607
Biblioteca de Ciecircncias Humanas e Educaccedilatildeo - UFPR
Souza Nelly Narcizo de Inclusatildeo escolar da crianccedila pequena com necessidades especiais
concepccedilotildees de matildees de educadoras da educaccedilatildeo infantil e de professoras do atendimento educacional especializado Nelly Narcizo de Souza ndash Curitiba 2013
181 f Orientadora Profordf Drordf Maria Augusta Bolsanello
Tese (Doutorado em Educaccedilatildeo) ndash Setor de Educaccedilatildeo da Universidade Federal do Paranaacute
1 Educaccedilatildeo inclusiva 2 Educaccedilatildeo infantil 3 Inclusatildeo em
educaccedilatildeo 4 Educaccedilatildeo especial 5 Crianccedilas deficientes ndash Educaccedilatildeo ITiacutetulo
CDD 3719
3
Cada crianccedila ao nascer nos traz a mensagem de que Deus natildeo perdeu as esperanccedilas nos homens
(R Tagore)
Dedico esse trabalho a todas as crianccedilas que jaacute atendi e com as quais aprendi a ter Esperanccedila Alegria Feacute e a certeza da grandiosa e complexa necessidade de
insistirmos em construir uma Escola para Todos
4
AGRADECIMENTOS
Foram quatro anos de muitas transformaccedilotildees as quais natildeo vieram faacutecil ou
delicadamente Perante as dificuldades e desafios que a vida nos impotildee aproveito
para agradecer a todos os que de algum modo foram determinantes em momentos
preciosos dessa caminhada
Agradeccedilo imensamente a minha orientadora Profordf Drordf Maria Augusta Bolsanello pela
sensibilidade compreensatildeo e carinho com os quais sempre me guiou ao longo
desses anos todos
Especialmente agradeccedilo agraves crianccedilas que ainda pequenas jaacute nos ajudam a
transformar o que somos por meio de suas histoacuterias agraves suas matildees agraves suas
educadoras nos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil e agraves professoras do
Atendimento Educacional Especializado que gentilmente cederam as informaccedilotildees
que deram corpo ao presente estudo
Estendo meus agradecimentos agraves professoras que compuseram a Banca de
Qualificaccedilatildeo Profordf Drordf Sandra Regina Kirchner Guimaratildees Profordf Drordf Lidia Natalia
Dobriansky Weber Profordf Drordf Maria de Faacutetima Minetto Profordf Drordf Maria Helena
Baptista Cordeiro e Profordf Drordf Tania dos Santos Alvarez da Silva Obrigada pelas
informaccedilotildees e comentaacuterios pertinentes e enriquecedores que ajudaram a nortear
esse trabalho
Aos Professores Colegas e funcionaacuterios do Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em
Educaccedilatildeo da Universidade Federal do Paranaacute pela oportunidade de convivecircncia e
aprendizado Um grande abraccedilo de agradecimento para Ana Flaacutevia Hansel e
Daniele Bonamin Flores pelo tempo que passamos juntas e por tudo o que
aprendemos
Agrave minha Famiacutelia que mesmo na distacircncia foi apoio importante nos momentos que
julguei natildeo conseguir prosseguir
5
Agrave Juliana Krieger Joatildeo Fadino e Ricardo Peixoto pelas ajudas ao longo da
construccedilatildeo desse trabalho
Ao Rogger agradeccedilo por ter se colocado ao meu lado especialmente nos momentos
de maior dificuldade preocupaccedilatildeo e cansaccedilo Tambeacutem meus agradecimentos pela
revisatildeo dos textos Obrigado por tudo e principalmente por me trazer Ceciacutelia
A todos os que hoje posso chamar de Amigos e que de algum modo contribuiacuteram
com essa pesquisa deixo meus mais sinceros e profundos agradecimentos
6
A alegria natildeo chega apenas no encontro do achado mas faz parte do processo da
busca
Paulo Freire
7
RESUMO
A tese investiga as concepccedilotildees que norteiam o processo de inclusatildeo educacional da crianccedila pequena com necessidades especiais segundo suas Matildees suas Educadoras da Educaccedilatildeo Infantil e suas Professoras do Atendimento Educacional Especializado (AEE) O contexto e as participantes foram escolhidos por sua significativa influecircncia no desenvolvimento humano especialmente no que compete agrave primeira infacircncia e agrave construccedilatildeo do processo inclusivo de crianccedilas pequenas com necessidades especiais As participantes foram entrevistadas por meio de perguntas abertas elencadas em roteiros previamente estabelecidos em estudo de cunho qualitativo exploratoacuterio e comparativo Segundo os resultados as concepccedilotildees das participantes sugerem uma perspectiva inclusiva voltada para a possibilidade de socializaccedilatildeo da crianccedila pequena com necessidades especiais com outras crianccedilas sem estas necessidades e para a concepccedilatildeo de que estar em inclusatildeo eacute o cumprimento de um direito As matildees participam pouco do processo de inclusatildeo de sua crianccedila Jaacute as funccedilotildees das professoras que trabalham no Atendimento Educacional Especializado satildeo praticamente desconhecidas dentro do contexto do processo inclusivo das crianccedilas pequenas que atendem As educadoras de Educaccedilatildeo Infantil por sua vez sentem-se despreparadas para atender as necessidades educacionais das crianccedilas que satildeo foco da inclusatildeo As educadoras destacam que a relaccedilatildeo entre as crianccedilas eacute um dos elementos que mais promovem o desenvolvimento dos educandos que estatildeo em inclusatildeo Tanto as professoras do Atendimento Educacional Especializado quanto as Educadoras da Educaccedilatildeo Infantil demonstram variadas preocupaccedilotildees sobre o modo como vem acontecendo a inclusatildeo de crianccedilas pequenas com necessidades educacionais especiais e junto com as matildees chamam a atenccedilatildeo para a necessidade de transformaccedilotildees no modo como estaacute se dando a inclusatildeo de crianccedilas pequenas na Educaccedilatildeo Infantil Esta pesquisa evidencia que a inclusatildeo de crianccedilas pequenas com necessidades especiais na Educaccedilatildeo Infantil ainda reflete diversas contradiccedilotildees e desencontros mas se mostra como uma experiecircncia vaacutelida por ser uma accedilatildeo que transgride o comum pois proporciona novas reflexotildees novas necessidades duacutevidas e significados o que com certeza poderaacute gerar outras perspectivas e estrateacutegias em prol da qualidade educacional e da promoccedilatildeo do desenvolvimento humano Destaca-se a necessidade de que sejam realizados mais estudos dentro da presente temaacutetica dada sua relevacircncia
Palavras-chave Inclusatildeo Escolar Educaccedilatildeo Infantil Atendimento Educacional Especializado Necessidades Especiais Educaccedilatildeo Inclusiva
8
ABSTRACT
The thesis investigates the conceptions that guide the process of educational inclusion of the young child with special needs according with their Mothers their Early Childhood Educationrsquos educators and their Specialized Educational Servicersquos Teachers The context and the participants was chosen for itrsquos significant influence on human development specially about the concerns early childhood and the building of the inclusive process of young children with special needs The participants were interviewed through open questions chosen on pre-established lists in a qualitative exploratory and comparative study According with the results the participantrsquos conceptions suggests a inclusive perspective facing the possibility of socialization of a young child with special needs with other children without these needs and to the conception that being included is the fulfillment of a right The mothers participate little in the inclusion process of their child But the functions of the teachers that work in the Specialized Educational Service are practically unknown inside the context of the inclusive process for the young children that them treat The Early Childhood Educationrsquos educators on the other hand feel unprepared to meet the educational needs of the children that are the focus of the inclusion The educators points the relation among the children is one of the elements that promotes the most development os the learners that are in the inclusion Both the Specialized Educational Servicersquos teachers and Early Childhood Educationrsquos educators shows various concerns about the way that the inclusion is happening with young children with special educational needs and along with their mothers call the attention to the necessity of transformations in the way that is occurring the inclusion of young children in the Early Childhood Education This research shows that the inclusion of young child with special needs in the Early Childhood Education still reflects several contradictions and mismatches but displays like a valid experiment for being an action that transgresses the common for it provides new reflections new necessities doubts and meanings which for sure will generate other perspectives and strategies on the behalf of educational quality and of the promotion of human development Highlights the need of the realization of further studies inside of the present theme given its relevance
Keywords School Inclusion Early Childhood Education Care Specialized Education Special Needs Inclusive Education
9
LISTA DE QUADROS
QUADRO 01 DISTRIBUICcedilAtildeO DAS CRIANCcedilAS SEGUNDO LAUDO MEacuteDICO
E DIAGNOacuteSTICO 64
QUADRO 02 DISTRIBUICcedilAtildeO DAS CRIANCcedilAS SEGUNDO A TURMA EM
QUE ESTAtildeO MATRICULADAS ATUALMENTE E O TEMPO EM QUE
FREQUENTAM CENTROS MUNICIPAIS DE EDUCACcedilAtildeO INFANTIL ndash CMEIs
64
QUADRO 03 ndash DISTRIBUICcedilAtildeO DAS MAtildeES PARTICIPANTES CONFORME
IDADE ESCOLARIDADE E OCUPACcedilAtildeO 67
QUADRO 04 ndash DISTRIBUICcedilAtildeO DAS MAtildeES PARTICIPANTES CONFORME
COMPOSICcedilAtildeO FAMILIAR 67
QUADRO 05 ndash DISTRIBUICcedilAtildeO DAS PROFESSORAS DO ATENDIMENTO
EDUCACIONAL ESPECIALIZADO - AEE CONFORME IDADE ESTADO
CIVIL OCORREcircNCIA E QUANTIDADE DE FILHOS 69
QUADRO 06 ndash DISTRIBUICcedilAtildeO DAS PROFESSORAS DO ATENDIMENTO
EDUCACIONAL ESPECIALIZADO - AEE CONFORME SUA
ESCOLARIZACcedilAtildeO 70
QUADRO 07- DISTRIBUICcedilAtildeO DAS PROFESSORAS DO ATENDIMENTO
EDUCACIONAL ESPECIALIZADO - AEE CONFORME TEMPO DE
TRABALHO NA AacuteREA EDUCACIONAL E AacuteREAS DE ATUACcedilAtildeO DENTRO DA
EDUCACcedilAtildeO 71
10
QUADRO 08 - DISTRIBUICcedilAtildeO DAS EDUCADORAS DOS CENTROS
MUNICIPAIS DE EDUCACcedilAtildeO INFANTIL CONFORME IDADE ESTADO CIVIL
OCORREcircNCIA E QUANTIDADE DE FILHOS 72
QUADRO 09 - DISTRIBUICcedilAtildeO DAS EDUCADORAS DOS CENTROS
MUNICIPAIS DE EDUCACcedilAtildeO INFANTIL CONFORME SUA ESCOLARIDADE
73
QUADRO 10 - DISTRIBUICcedilAtildeO DAS EDUCADORAS DOS CENTROS
MUNICIPAIS DE EDUCACcedilAtildeO INFANTIL CONFORME O TEMPO DE
ATUACcedilAtildeO NA EDUCACcedilAtildeO DE MODO GERAL ESPECIFICAMENTE NA
EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E NA TURMA QUE ATENDE ATUALMENTE 75
QUADRO 11 - DISTRIBUICcedilAtildeO DAS PROFESSORAS DO ATENDIMENTO
EDUCACIONAL ESPECIALIZADO CONFORME SEU TEMPO DE ATUACcedilAtildeO
COMO AEE NO ENSINO FUNDAMENTAL E NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL 82
QUADRO 12- DISTRIBUICcedilAtildeO DAS PROFESSORAS DO ATENDIMENTO
EDUCACIONAL ESPECIALIZADO CONFORME SEU TEMPO DE ATUACcedilAtildeO
COMO AEE NO ENSINO FUNDAMENTAL E NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL 82
QUADRO 13 ndash DISTRIBUICcedilAtildeO DAS MAIORES ESPECIFICIDADES DO
ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO PARA A EDUCACcedilAtildeO
INFANTIL E PARA O ENSINO FUNDAMENTAL 83
QUADRO 14 ndash DISTRIBUICcedilAtildeO DAS PROFESSORAS DO ATENDIMENTO
EDUCACIONAL ESPECIALIZADO CONFORME TEMPO EM QUE ATENDEM
A CRIANCcedilA PEQUENA FOCO DA PESQUISA FREQUEcircNCIA E DURACcedilAtildeO
DO ATENDIMENTO AO ALUNO 84
11
QUADRO 15 ndash DISTRIBUICcedilAtildeO DAS PROFESSORAS CONFORME SUAS
CONCEPCcedilOtildeES ANTES DE ATENDER A CRIANCcedilA E APOacuteS O PERIacuteODO EM
QUE ATENDE O ALUNO QUE ESTAacute EM INCLUSAtildeO 85
QUADRO 16 ndash DISTRIBUICcedilAtildeO DAS EDUCADORAS CONFORME TURMAS
QUE ATENDEM FAIXA ETAacuteRIA DA TURMA E QUANTIDADE DE ALUNOS
POR TURMA 89
QUADRO 17 ndash DISTRIBUICcedilAtildeO DAS EDUCADORAS CONFORME O TEMPO
EM QUE ATENDEM A CRIANCcedilA QUE ESTAacute EM INCLUSAtildeO 93
QUADRO 18 - DISTRIBUICcedilAtildeO DAS EDUCADORAS CONFORME SUAS
CONCEPCcedilOtildeES ANTES DE ATENDER A CRIANCcedilA E APOacuteS O PERIacuteODO EM
QUE ATENDE O ALUNO QUE ESTAacute EM INCLUSAtildeO 93
12
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO 10
11 JUSTIFICATIVA E ABORDAGEM DO PROBLEMA 10
12 OBJETIVOS 18
121 OBJETIVO GERAL 18
122 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS 18
2 SUPORTE TEOacuteRICO 20
21 O DESENVOLVIMENTO HUMANO A PARTIR DO ESTUDO E DA
INTERACcedilAtildeO ENTRE SEUS CONTEXTOS ndash A ABORDAGEM
BIOECOLOacuteGICA 20
22 A CRIANCcedilA PEQUENA COM NECESSIDADES ESPECIAIS E A
PROMOCcedilAtildeO DO SEU DESENVOLVIMENTO 25
23 BREVE HISTOacuteRICO DA EDUCACcedilAtildeO DAS PESSOAS COM
NECESSIDADES ESPECIAIS E A EDUCACcedilAtildeO INCLUSIVA 31
24 A FAMIacuteLIA COMO UM MICROSSISTEMA DE DESENVOLVIMENTO
HUMANO E SUA RELACcedilAO COM A CRIANCcedilA COM NECESSIDADES
ESPECIAIS 39
25 A INSTITUICcedilAtildeO DE EDUCACcedilAtildeO INFANTIL COMO UM CONTEXTO DE
DESENVOLVIMENTO 49
251 CONCEPCcedilOtildeES SOBRE A PRAacuteTICA EDUCATIVA
INSTITUCIONALIZADA ASPECTOS RELEVANTES PARA A PROMOCcedilAtildeO DO
DESENVOLVIMENTO INFANTIL 51
3 MEacuteTODO 57
31 CONTEXTO 57
32 PARTICIPANTES 59
33 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS 60
13
34 PROCEDIMENTOS DE ANAacuteLISE DE DADOS 61
35 CUIDADOS EacuteTICOS 62
4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 63
41 SECcedilAtildeO 01 CARACTERIZACcedilAtildeO DAS PARTICIPANTES 63
411 CARACTERIZACcedilAtildeO DAS CRIANCcedilAS FOCO DA INCLUSAtildeO 63
412 CARACTERIZACcedilAtildeO DAS ENTREVISTADAS 66
4121 CARACTERIZACcedilAtildeO DAS MAtildeES 66
4122 CARACTERIZACcedilAtildeO DAS PROFESSORAS DO ATENDIMENTO
EDUCACIONAL ESPECIALIZADO 68
4123 CARACTERIZACcedilAtildeO DAS EDUCADORAS DOS CENTROS
MUNICIPAIS DE EDUCACcedilAtildeO INFANTIL 71
42 SECcedilAtildeO 02 CONCEPCcedilOtildeES DAS MAtildeES DAS EDUCADORAS E DAS
PROFESSORAS SOBRE A CRIANCcedilA QUE ESTAacute EM INCLUSAtildeO 75
421 AS MAtildeES E SUAS CRIANCcedilAS 75
422 AS PROFESSORAS DO ATENDIMENTO EDUCACIONAL
ESPECIALIZADO E A INCLUSAtildeO DAS CRIANCcedilAS PEQUENAS QUE ESTAtildeO
NOS CENTROS MUNICIPAIS DE EDUCACcedilAtildeO INFANTIL 80
423 AS EDUCADORAS DOS CENTROS MUNICIPAIS DE EDUCACcedilAtildeO
INFANTIL E AS CRIANCcedilAS PEQUENAS QUE ESTAtildeO EM INCLUSAtildeO 89
43 SECcedilAtildeO 03 O PROCESSO INCLUSIVO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL 96
431 CONCEPCcedilOtildeES DAS PARTICIPANTES SOBRE O PROCESSO
INCLUSIVO 97
432 PARTICIPACcedilAtildeOATUACcedilAtildeO NO PROCESSO INCLUSIVO NO CENTRO
MUNICIPAL DE EDUCACcedilAtildeO INFANTIL 104
433 REFEREcircNCIAS E APOIOS UTILIZADOS E INDICADOS PARA QUE O
PROCESSO INCLUSIVO OCORRA COM QUALIDADE 107
14
434 AVALIACcedilAtildeO DO PROCESSO INCLUSIVO 114
435 VANTAGENS E DESVANTAGENS DO PROCESSO INCLUSIVO 116
4351 AS VANTAGENS 116
4352 AS DESVANTAGENS 119
436 SUGESTOtildeES E COMENTAacuteRIOS VISANDO A MELHORIA DO
PROCESSO INCLUSIVO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL 121
44 SECcedilAtildeO 04 ndash DA NECESSIDADE DE SE OBSERVAR E ATUAR NA
INFAcircNCIA ENQUANTO ETAPA CRUCIAL DE DESENVOLVIMENTO 125
45 SECcedilAtildeO 05 - DO RECONHECIMENTO DA IMPORTAcircNCIA DOS
CONTEXTOS E SUAS INTER-RELACcedilOtildeES 128
46 SECcedilAtildeO 06 - DA CONSIDERACcedilAtildeO E DISCUSSAtildeO DAS NOVAS
CONCEPCcedilOtildeES ACERCA DA INCLUSAtildeO 129
47 SECcedilAtildeO 07 - DA CONSIDERACcedilAtildeO DAS (NECESSAacuteRIAS)
TRANSFORMACcedilOtildeES QUE VEM OCORRENDO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL
131
48 SECcedilAtildeO 08 - DA CONSIDERACcedilAtildeO DAS TRANSFORMACcedilOtildeES QUE VEM
OCORRENDO NA EDUCACcedilAtildeO ESPECIAL 133
5 CONCLUSOtildeES 135
REFEREcircNCIAS 140
ANEXOS 161
10
1 INTRODUCcedilAtildeO
11 JUSTIFICATIVA E ABORDAGEM DO PROBLEMA
Desde a eacutepoca da graduaccedilatildeo em Pedagogia o desenvolvimento humano
desperta o interesse desta pesquisadora especialmente o periacuteodo inicial da vida
com seus aspectos relacionados agraves primeiras experiecircncias e o estabelecimento de
viacutenculos Por isso e devido agraves vivecircncias e formaccedilotildees acadecircmicas pessoais e
profissionais foi se construindo a ideia de que o desenvolvimento humano eacute um
processo permanente complexo e multideterminado e que cada etapa da vida eacute
constituiacuteda por caracteriacutesticas e necessidades muito peculiares as quais devem ser
observadas e estudadas para que se possam promover condiccedilotildees de
desenvolvimento de seres humanos saudaacuteveis (BRONFRENBRENNER 1996
BRONFRENBRENNER 2011 GAT 2000 BRAZELTON e GREENSPAN 2002
ASPESI DESSEN e CHAGAS 2005 ROGOFF 2005 POLETTO e KOLLER 2008)
Nessa abordagem o presente estudo procura vincular-se ao modelo
Bioecoloacutegico de Desenvolvimento Humano por apresentar possibilidades para que o
pesquisador analise aspectos da pessoa em desenvolvimento dos contextos que
vivecircncia e dos processos interativos que a influenciam ao longo do tempo
(BRONFENBRENNER e EVANS 2000)
Este modelo de entendimento do desenvolvimento humano valoriza as
interaccedilotildees desde as fases iniciais do ciclo vital das pessoas uma vez que as
mesmas influenciam e satildeo influenciadas profundamente pelas relaccedilotildees com outros
seres objetos e siacutembolos tanto em seu ambiente imediato quanto com outros
ambientes (BRONFENBRENNER e EVANS 2000) Essas interaccedilotildees se verificam de
modo progressivamente mais complexo ao longo do ciclo vital e seu estudo permite
inferir que contextos socialmente organizados ajudem a apoiar e orientar o
desenvolvimento humano ou seja desde o nascimento As interaccedilotildees satildeo
fundamentais para a sobrevivecircncia e o desenvolvimento como um todo assim cada
etapa do crescimento pressupotildee a ampliaccedilatildeo de laccedilos afetivos sociais e tambeacutem do
repertoacuterio cognitivo do ser humano (MOLINARI SILVA E CREPALDI 2005 GOMES
e DUARTE 2009 BRONFRENBRENNER e CECI 2011)
11
Dentre as diversas fases do desenvolvimento humano destaca-se nessa
pesquisa a primeira infacircncia ou seja a faixa etaacuteria compreendida entre o
nascimento e os trecircs primeiros anos de vida em especial procurando compreender
o processo de inclusatildeo da crianccedila pequena com deficiecircncia a partir do contexto
familiar e da educaccedilatildeo infantil
Primeiramente justifica-se que o estudo e a atenccedilatildeo a esse periacuteodo do ciclo vital
eacute relevante por vaacuterios motivos entre os quais se destacam a) a comprovada
importacircncia que experiecircncias nessa eacutepoca da vida apresentam para a formaccedilatildeo dos
indiviacuteduos visto que haacute grande riqueza e intensidade nas aquisiccedilotildees
desenvolvimentais em todos os seus niacuteveis b) a relevacircncia do papel do adulto-
cuidador frente agrave promoccedilatildeo do desenvolvimento na infacircncia e da garantia de seus
direitos c) o acesso crescente da crianccedila pequena a cuidados alternativos
implicando em separaccedilotildees diaacuterias entre matildee-bebecirc desde tenra idade o que tem
gerado inuacutemeras discussotildees sobre o impacto desse fato no desenvolvimento infantil
d) a escassez de projetos pedagoacutegicos dentro da educaccedilatildeo infantil que sejam
coerentes com as especificidades de bebecircs e de crianccedilas pequenas e) o
desconhecimento dos profissionais de educaccedilatildeo infantil sobre desenvolvimento
humano e pelas condiccedilotildees de trabalho e atendimento agrave crianccedila pequena as quais
indicam a necessidade de revisotildees praacuteticas nesse acircmbito (GAT 2000 RAPOPORT
2003 ROGOFF 2005 ARNAIS 2003 ANJOS et al 2004 BARBOSA 2004
SOEJIMA 2008 SOUZA 2008 EIKMANN et al 2009 BOLSANELLO 2009
FERNANDES 2011)
Diante dos aspectos assinalados a respeito das condiccedilotildees de atendimento das
crianccedilas pequenas com desenvolvimento tiacutepico ou ldquonormalrdquo os quais claramente jaacute
se verificam como um tema de relevo entatildeo o que falar daquelas que apresentam
deficiecircncia ou necessidades especiais1 e que se encontra em situaccedilatildeo de inclusatildeo
desde tenra idade inseridas nos atendimentos de berccedilaacuterio e turmas maternais no
ensino regular
Na perspectiva da questatildeo posta acima se pode afirmar que o desafio atual da
educaccedilatildeo infantil eacute tornar seus serviccedilos inclusivos acolhendo as crianccedilas pequenas
1 Para efeitos de entendimento nesse estudo seraacute utilizado o termo necessidades especiais para designar as
condiccedilotildees que se referem agraves deficiecircncias (sensoriais intelectual neuromotora fiacutesica ou muacuteltipla) Transtornos
Globais do Desenvolvimento ou outras situaccedilotildees que tragam grandes implicaccedilotildees para o acesso e a permanecircncia
de alunos na Educaccedilatildeo Infantil e no Ensino Fundamental e que por tal os caracterizem como alunos foco da
Educaccedilatildeo Especial e Inclusiva
12
com necessidades especiais e proporcionando-lhes atenccedilatildeo e atendimento de
qualidade adequada agraves suas caracteriacutesticas e especificidades (MENDES 2010)
Ressalta-se que ao fazer referecircncia agrave crianccedila pequena com necessidades
especiais estaacute se orientando a atenccedilatildeo agravequela pessoa que possui impedimentos de
longo prazo de natureza fiacutesica intelectual ou sensorial e que por tais condiccedilotildees
comporia o alunado da Educaccedilatildeo Especial (BRASIL 2008) Ainda que se encontrem
inuacutemeras divergecircncias nas definiccedilotildees de deficiecircncia ou necessidades especiais
essas pautadas pelas diferenccedilas entre atitudes crenccedilas orientaccedilatildeo aacutereas de
estudo e cultura a definiccedilatildeo do termo eacute cabiacutevel pois implica em caracteriacutesticas de
pessoas que precisam ser vistas acolhidas respeitadas e atendidas em vaacuterias
instacircncias (SMITH 2004)
Cabe destacar ainda a respeito de questotildees sobre a educaccedilatildeo inclusiva que
desde a Declaraccedilatildeo de Salamanca em 1994 muitas experiecircncias discussotildees e
avanccedilos se deram nesse acircmbito poreacutem de modo geral a inclusatildeo no ensino
regular do alunado foco da Educaccedilatildeo Especial continua a se mostrar como um tema
polecircmico e controverso no qual de um lado se encontram as orientaccedilotildees e
legislaccedilotildees brasileiras e internacionais e do outro as escolas e as famiacutelias que tem
que aguardar pacientemente por encaminhamentos praacuteticos e orientaccedilotildees que
ajudem a dar um direcionamento ao atendimento de suas crianccedilas (FERNANDES
BOLSANELLO e MOREIRA 2008) Isso pode ser entendido na perspectiva de
Kassar (2011) quando esta recorda que no Brasil e em alguns paiacuteses da Europa o
atendimento educacional direcionado agraves pessoas com deficiecircncia foi durante muito
tempo construiacutedo de maneira separada da educaccedilatildeo oferecida agrave populaccedilatildeo que natildeo
apresentava diferenccedilas ou caracteriacutesticas expliacutecitas que a caracterizasse como
ldquoanormalrdquo Tal fato implicou segundo esta uacuteltima autora na constituiccedilatildeo da
Educaccedilatildeo Especial como um campo de atuaccedilatildeo muito especiacutefico muitas vezes sem
interlocuccedilatildeo com a educaccedilatildeo comum Esse fato se reflete materialmente nos
espaccedilos institucionais igualmente separados e nas crenccedilas e mitos sobre os
ldquodiferentesrdquo
Essa separaccedilatildeo nos atendimentos tambeacutem eacute vaacutelida no que se refere agraves
crianccedilas pequenas com necessidades especiais (MENDES 2010) Historicamente
quando uma crianccedila apresenta precocemente alteraccedilotildees em seu desenvolvimento
ou mesmo um diagnoacutestico indicando o quadro de deficiecircncia ela eacute comumente
encaminhada aos serviccedilos de Estimulaccedilatildeo Precoce ou Essencial na Educaccedilatildeo
13
Especial (PEacuteREZ-LOacutePEZ 2009) O atendimento em Estimulaccedilatildeo Precoce ou
Essencial na realidade brasileira costuma configurar-se como o primeiro programa
de atendimento destinado a atender principalmente crianccedilas de alto risco ou
portadoras de deficiecircncias (auditiva fiacutesica intelectual visual muacuteltipla) sendo
geralmente destinado agrave faixa etaacuteria de zero a trecircs anos (BOLSANELLO 1998)
Crianccedilas de alto risco satildeo aquelas que devido a causas preacute-natais perinatais ou
poacutesndashnatais de origem bioloacutegica ou ambiental podem vir a apresentar atrasos
significativos em seu desenvolvimento requerendo por isso uma abordagem de
atendimento mais apropriada (TJOSSEM 1976 ALMEIDA 2009)
No caso das crianccedilas pequenas com necessidades especiais (entenda-se
deficiecircncias ou com significativo atraso em seu desenvolvimento) segundo Vitta
(2004) haacute escassez de estudos sobre sua participaccedilatildeo na Educaccedilatildeo Infantil
especificamente nos berccedilaacuterios o que natildeo significa que elas natildeo estejam sendo
atendidas nesse contexto (VITTA 2004) Haacute muitos casos de crianccedilas com
alteraccedilotildees significativas em seu desenvolvimento e que ainda natildeo foi detectado por
seus pais ou mesmo pelos educadores que as atendem na Educaccedilatildeo Infantil o que
compromete uma das funccedilotildees destes educadores que eacute a de auxiliar na detecccedilatildeo
de deacuteficits e orientar quanto agrave prevenccedilatildeo de maiores atrasos e a promoccedilatildeo do
desenvolvimento infantil (VITTA 2004 DIacuteAZ-HERRERO e MARTINEZ-FUENTES
2009)
Contudo a presenccedila de crianccedilas pequenas com necessidades especiais em
berccedilaacuterios tem sido vista com algumas reservas conforme evidenciado pelo estudo
de VITTA (2004) Drago (2011) tambeacutem percebeu em sua pesquisa que a inclusatildeo
na Educaccedilatildeo Infantil se verifica em meio a uma confusatildeo de conceitos e praacuteticas
nas quais se revelam accedilotildees inclusivas isoladas e um processo inclusivo mal
compreendido e mal aproveitado
Logo na busca pela concretizaccedilatildeo de uma educaccedilatildeo inclusiva sem duacutevida os
papeacuteis dos educadores e da famiacutelia se destacam porque ambos satildeo fundamentais
para a trajetoacuteria de vida das pessoas tanto em termos de aprendizagem quanto de
desenvolvimento o que significa dizer que estes podem tanto ser propulsores
quanto limitadores do desenvolvimento humano (BRAZELTON 2002 GIL 2004
SCHMITERLOumlW e FERNANDEZ 2004 DRAGO 2011 BRONFENBRENNER
2011)
14
No tocante agrave famiacutelia certamente natildeo restam mais duacutevidas para a ciecircncia
psicoloacutegica a respeito da influecircncia que as praacuteticas educativas parentais tecircm para o
desenvolvimento dos filhos (WEBER 2008) Isso porque a famiacutelia por ser o primeiro
locus de desenvolvimento humano mostra-se como um contexto privilegiado cujos
objetivos conteuacutedos e meacutetodos se diferenciam do cuidado institucionalizado pois
fomenta o processo de socializaccedilatildeo a proteccedilatildeo as condiccedilotildees baacutesicas de
sobrevivecircncia o desenvolvimento de seus membros no plano social cognitivo e
afetivo e tambeacutem auxilia a estabelecer uma estrutura miacutenima de atividades e
relaccedilotildees nos quais os papeacuteis de matildee pai filho irmatildeo esposa marido e outros satildeo
evidenciados e ensinados (DESSEN e POLONIA 2007 POLETTO e KOLLER
2008 PINHEIRO e BIASOLI-ALVES 2008 ALMEIDA 2010)
Contudo dadas agraves intensas mudanccedilas que a instituiccedilatildeo familiar vem passando
ao longo das uacuteltimas deacutecadas eacute necessaacuterio um estudo mais apurado acerca de
suas caracteriacutesticas e necessidades especialmente quando se propotildee a entendecirc-la
como espaccedilo promotor de desenvolvimento ativo e dinacircmico tal como nas palavras
de Pinheiro e Biasoli-Alves (2008) ao afirmarem que conforme as transformaccedilotildees
sociais vatildeo ocorrendo surgem ao mesmo tempo elementos que afetam a dinacircmica
familiar e do casal o que permite situar as questotildees que envolvem o papel
desempenhado por cada um de seus indiviacuteduos particularmente pai e matildee ndash aqui
referidos como ldquopaisrdquo
Esses dois elementos (pai e matildee) muito embora tenham assumido novos papeacuteis
diante da sociedade e de sua proacutepria famiacutelia ainda se mantecircm como figuras
imprescindiacuteveis do contexto de transmissatildeo de valores conhecimentos regras e
noccedilotildees de convivecircncia para seus filhos (ZAMBERLAM et al 1997 CARVALHO e
ALMEIDA 2003 SILVA e BOLSANELLO 2002 PINHEIRO e BIASOLI-ALVES
2008)
Diante da temaacutetica da presente pesquisa e no que se refere agrave crianccedila pequena
em situaccedilatildeo de inclusatildeo escolar ressalta-se que satildeo poucos os estudos que
descrevem o funcionamento familiar em crianccedilas com necessidades especiais na
realidade brasileira aleacutem de que haacute resultados contraditoacuterios entre algumas
pesquisas (MINETTO 2010) Todavia Brazelton (2002) afirma que os pais
necessitam de uma ajuda profissional quando se percebe que o filho apresenta
alteraccedilotildees em seu desenvolvimento pois sem isso eles podem - por ansiedade ou
falta de orientaccedilatildeo - contribuir com o quadro de atraso ou mesmo superproteger sua
15
crianccedila deixando de estarem sensiacuteveis agraves condiccedilotildees reais do infante Tambeacutem no
que se refere ao atendimento da crianccedila com necessidades especiais ou
desenvolvimento atiacutepico eacute fundamental que se leve em consideraccedilatildeo a participaccedilatildeo
ativa da famiacutelia no processo por meio do acolhimento de suas duacutevidas e anseios e
pela promoccedilatildeo de orientaccedilotildees de quando e como interagir com sua crianccedila (GIL
2004 SHMITERLOumlW e FERNANDEZ 2004 MENDES 2010)
A atenccedilatildeo o apoio e a orientaccedilatildeo para a famiacutelia que tem uma crianccedila com
necessidades especiais justificam-se primordialmente porque esse natildeo eacute um fato
para o qual todos se preparam antecipadamente Muito menos eacute um fato que se
deseja aleacutem de que quando do diagnoacutestico de deficiecircncia atraso no
desenvolvimento ou outra necessidade especial haacute uma intensa e profunda
reorganizaccedilatildeo familiar conforme jaacute afirmado por Prado (2005) A possibilidade de um
diagnoacutestico pode corroborar com sofrimento por parte dos pais havendo em
diversos casos a apresentaccedilatildeo de estresse fiacutesico e emocional (BAILEY 2003
PEREIRA-SILVA e DESSEN 2006 CHERUBINI BOSA e BANDEIRA 2008) Diante
do exposto torna-se evidente que os programas de atendimento agrave crianccedila pequena
com deficiecircncia ou alteraccedilotildees importantes em seu desenvolvimento devem
considerar aspectos que envolvam sua famiacutelia de maneira que a preparem para a
relaccedilatildeo com seu filho (SHMITERLOumlW 2003 GIL 2004 SHMITERLOumlW e
FERNANDEZ 2004)
Jaacute a instituiccedilatildeo de Educaccedilatildeo Infantil interessa como um contexto que se mostra
cada vez mais utilizado podendo ateacute ser considerado como indispensaacutevel para a
viabilizaccedilatildeo da dupla jornada de trabalho da mulher e dos arranjos familiares
proacuteprios da modernidade o que faz com que o maior desafio desse contexto tenda a
ser o de proporcionar um ambiente que seja estimulante para a crianccedila tambeacutem
promovendo seu desenvolvimento de modo amplo e saudaacutevel (SOUZA 2008
SOEJIMA 2008 BOLSANELLO 2009 SOEJIMA e BOLSANELLO 2012)
Dessen e Polonia (2007) afirmam que a instituiccedilatildeo de educaccedilatildeo eacute um espaccedilo
fiacutesico psicoloacutegico social e cultural no qual os indiviacuteduos processam o seu
desenvolvimento global mediante atividades programadas e que tambeacutem pode se
configurar como um espaccedilo de apoio e orientaccedilatildeo para que as famiacutelias
desempenhem melhor seu papel
Perante sua relevacircncia a Educaccedilatildeo Infantil tem sido objeto de inuacutemeros estudos
inclusive a dissertaccedilatildeo de Mestrado da presente pesquisadora Os resultados desta
16
dissertaccedilatildeo evidenciaram a) a rotina extenuante dos educadores b) suas
dificuldades em planejar o atendimento das crianccedilas c) a grande quantidade de
crianccedilas por educador d) a constante necessidade de resolverem problemas
imediatos o que gera a dificuldade de darem atenccedilatildeo a aspectos mais
individualizados das crianccedilas e) a falta de apoio pedagoacutegico adequado (SOUZA
2008) Esses satildeo aspectos tambeacutem verificados por outros autores e que possibilitam
refletir profundamente sobre a funccedilatildeo da creche como um espaccedilo de
desenvolvimento (PACHECO e DUPRET 2004 CAMPOS FULGRAFF e
WIGGERS 2006 BOacuteGUS et al 2007 SOEJIMA 2008 SOUZA 2008
BOLSANELLO 2009 FERNANDES 2011 GUIMARAtildeES 2011 SOEJIMA e
BOLSANELLO 2012)
Outra questatildeo eacute acerca das concepccedilotildees de desenvolvimento infantil dos
educadores as quais refletem a falta de uma formaccedilatildeo consistente na aacuterea a falta
de oportunidades de reflexatildeo a falta de ressignificaccedilatildeo de seus conhecimentos
preacutevios a falta de sistematizaccedilatildeo de accedilotildees de atenccedilatildeo e a intervenccedilatildeo precoce
(SOEJIMA e BOLSANELLO 2012 SOUZA 2008) Tais achados geram
controveacutersias quanto agrave sua funccedilatildeo protetiva em relaccedilatildeo agraves comunidades expostas a
riscos sociais e desenvolvimentais (EIKMANN et al 2009) o que estaacute tambeacutem em
consonacircncia com as consideraccedilotildees de BALTIERI et al (2010) Estes uacuteltimos
salientam que estudos recentes trazem a preocupaccedilatildeo com as repercussotildees da
exposiccedilatildeo cotidiana ao ambienterotina das creches e que esta na realidade
brasileira tem sido crescente e apontam limitaccedilotildees quanto ao preparo dos
profissionais da infraestrutura rotinas com predomiacutenio de atividades voltadas para
alimentaccedilatildeo e higiene aleacutem de maior exposiccedilatildeo das crianccedilas a processos
infecciosos
Contraditoriamente os estudos de Boacutegus et al(2007) e Bhering e Nez (2002)
evidenciaram que as famiacutelias buscam o atendimento institucionalizado tambeacutem por
acreditarem que este seraacute um contexto de promoccedilatildeo do desenvolvimento e maior
cuidado para sua crianccedila e ateacute sentem-se privilegiadas por terem acesso a esse
serviccedilo o que parece resultar em uma menor exigecircncia na qualidade desse
atendimento Bhering e Nez (2002) relembram que a importacircncia do envolvimento
dos pais nessa fase de desenvolvimento humano eacute autoexplicativa famiacutelia e
escolacreche juntas podem promover situaccedilotildees complementares e significativas
17
de aprendizagem e convivecircncia que realmente vatildeo ao encontro das necessidades e
demandas das crianccedilas de ambas as instituiccedilotildees
Por outro lado eacute percebido que a participaccedilatildeo das famiacutelias diante da instituiccedilatildeo e
do atendimento de seus filhos eacute escassa e restrita agrave entrega da crianccedila pela manhatilde
agrave busca ao final do dia e a participaccedilatildeo em algumas reuniotildees especiacuteficas na fala
dos educadores tal participaccedilatildeo poderia ser mais efetiva (BHERING e NEZ 2002
BOgraveGUS et al 2007 SOUZA 2008) Perante esse cenaacuterio da parca participaccedilatildeo da
famiacutelia dentro da rotina da creche relembra-se que mesmo que haja o atendimento
institucionalizado como um importante recurso da sociedade contemporacircnea tal
participaccedilatildeo natildeo substitui a funccedilatildeo primordial da famiacutelia (SILVA e BOLSANELLO
2002)
Conforme os dados assinalados sobre a crianccedila pequena com necessidades
especiais sobre a importacircncia da famiacutelia e da Educaccedilatildeo Infantil como contextos de
promoccedilatildeo de desenvolvimento na primeira infacircncia2 e diante das contradiccedilotildees que
ainda permeiam os processos da educaccedilatildeo inclusiva apresenta-se como
pressuposto que a inclusatildeo da crianccedila pequena com necessidades especiais no
contexto de Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil vem sendo realizada a partir de
conceitos e praacuteticas que fortalecem principalmente os aspectos socializadores do
processo inclusivo o que implica na possibilidade de que estar no referido contexto
natildeo caracteriza uma educaccedilatildeo inclusiva
E levanta-se a questatildeo norteadora do presente estudo
Quais concepccedilotildees orientam o processo de inclusatildeo da crianccedila pequena com
necessidades especiais no contexto de Centros Municipais de Educaccedilatildeo
Infantil (CMEIs) segundo suas matildees suas educadoras na Educaccedilatildeo Infantil e
suas professoras do Atendimento Educacional Especializado
2 Para esse estudo se considera que a primeira infacircncia eacute o periacuteodo etaacuterio que corresponde aos primeiros 36
meses de vida
18
12 OBJETIVOS
121 Objetivo Geral
Investigar quais concepccedilotildees orienta o processo de inclusatildeo da crianccedila
pequena com necessidades especiais no contexto de Centros Municipais de
Educaccedilatildeo Infantil (CMEIs) especificamente em turmas de berccedilaacuterio e maternal
segundo suas matildees suas educadoras na Educaccedilatildeo Infantil e suas professoras do
Atendimento Educacional Especializado
122 Objetivos Especiacuteficos
Com a intenccedilatildeo de responder a questatildeo de pesquisa que orienta este
trabalho se estabelecem como objetivos especiacuteficos os itens abaixo indicados
a) Investigar como as matildees de crianccedilas que tecircm necessidades especiais
percebem participam e avaliam o processo de inclusatildeo de seus filhos que
frequentam os Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil
b) Investigar como educadoras de Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil que
atendem em turmas de berccedilaacuterio (I e II) e maternal (I e II) percebem atuam e
avaliam o processo de inclusatildeo das crianccedilas pequenas com necessidades
especiais nesses ambientes de desenvolvimento preacute-escolar
c) Investigar como professoras do Atendimento Educacional Especializado que
atendem e que frequentam turmas de berccedilaacuterio (I e II) e maternal (I e II) nos
Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil da regiatildeo percebem atuam e
avaliam o processo de inclusatildeo das crianccedilas pequenas com necessidades
especiais
d) Verificar quais satildeo as Diretrizes e Apoios indicados eou utilizados pelas
participantes do estudo para que o processo inclusivo ocorra com qualidade
na Educaccedilatildeo Infantil
19
e) Verificar as vantagens e desvantagens da inclusatildeo escolar de crianccedilas
pequenas com necessidades especiais segundo as concepccedilotildees de suas
matildees suas educadoras nos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil e suas
professoras do Atendimento Educacional Especializado
20
2 SUPORTE TEOacuteRICO
21 O DESENVOLVIMENTO HUMANO A PARTIR DO ESTUDO E DA INTERACcedilAtildeO
ENTRE SEUS CONTEXTOS ndash A ABORDAGEM BIOECOLOacuteGICA
Bronfenbrenner (1996) conceitua o desenvolvimento humano afirmando que
este se constitui de mudanccedilas nas formas como as pessoas percebem e interagem
com o ambiente Essas mudanccedilas ocorrem durante toda a vida do indiviacuteduo e em
sua relaccedilatildeo com o mundo
O modelo bioecoloacutegico contempla o desenvolvimento de maneira ampla e
busca focalizar as interaccedilotildees das pessoas com seus diferentes contextos
(BRONFENBRENNER 2011) Em outras palavras o ser humano se constitui como
tal na sua relaccedilatildeo com o outro e com os diversos contextos dos quais participa
direta ou indiretamente (SILVA 2011)
Para Bronfenbrenner e Morris (1998) o desenvolvimento dos seres humanos
eacute o resultado da accedilatildeo entre as caracteriacutesticas da pessoa em desenvolvimento os
processos proximais estabelecidos entre ela e outros sujeitos os contextos nos
quais a pessoa vive e a frequecircncia de tempo no qual ela encontra-se exposta a
esses elementos Esse modelo tambeacutem eacute denominado PPCT (processo-pessoa-
contexto-tempo)
O processo eacute o mecanismo do desenvolvimento visto a partir das interaccedilotildees
entre o sujeito e o ambiente imediato O indiviacuteduo humano eacute sempre considerado
nesta teoria como um ser biopsicologicamente em evoluccedilatildeo e para que suas
interaccedilotildees sejam consideradas como tal ele deve ser visto de modo ativo
(BROFENBRENNER 2011)
Os processos proximais satildeo os motores primaacuterios do desenvolvimento e satildeo
por conceito bidirecionais (BRONFENBRENNER 1999) O processo proximal pode
melhorar a competecircncia funcional e ajudar a minimizar aspectos disfuncionais do
desenvolvimento humano (BRONFENBRENNER 1999)
Para que se efetive o desenvolvimento as atividades devem ser contiacutenuas ao
longo de um tempo e devem tornar-se progressivamente mais complexas Em
acordo com esse modelo de desenvolvimento repeticcedilotildees natildeo bastam elas natildeo
21
caracterizam os processos proximais (BRONFENBRENNER e MORRIS 1998) Os
processos proximais envolvem aleacutem de pessoas tambeacutem a relaccedilatildeo com objetos e
siacutembolos E para haver reciprocidade nas relaccedilotildees os objetos e siacutembolos devem
despertar e estimular a atenccedilatildeo a exploraccedilatildeo a manipulaccedilatildeo a elaboraccedilatildeo e a
imaginaccedilatildeo da pessoa em desenvolvimento (BRONFENBRENNER 1999
AMBROZIO 2009)
Um exemplo desse padratildeo de interaccedilatildeo pode ser observado durante a
alimentaccedilatildeo do bebecirc nas brincadeiras de crianccedilas com pouca idade seja em grupo
ou individualmente (BRONFENBRENNER 2001)
Para os processos proximais disfunccedilatildeo e competecircncia satildeo dois aspectos
muito importantes pois influenciam os primeiros de modo contundente
Bronfenbrenner e Morris (1998) definem disfunccedilatildeo como a manifestaccedilatildeo recorrente
de dificuldades por parte da pessoa que estaacute em desenvolvimento Jaacute competecircncias
satildeo as aquisiccedilotildees avanccediladas no que se refere a conhecimentos e habilidades
(intelectuais fiacutesicas sociais motoras e a combinaccedilatildeo desses elementos)
Bronfenbrenner e Morris (1998) afirmam que ambientes estaacuteveis e
vantajosos propiciam menos manifestaccedilotildees de disfunccedilotildees no desenvolvimento
humano e que quanto maiores e melhores os resultados relacionados agraves
competecircncias mais elevados e complexos podem se tornar os processos proximais
e mais reduzidos seratildeo os riscos para o desenvolvimento
A pessoa eacute analisada por meio de suas caracteriacutesticas determinadas
biopsicologicamente (experiecircncias vividas habilidades por exemplo) e aquelas
construiacutedas socialmente Nesse modelo as caracteriacutesticas da pessoa satildeo tanto
produtoras como produtos do desenvolvimento pois constitui um dos elementos que
influenciam tanto a forma a forccedila o conteuacutedo quanto a direccedilatildeo do processo de
interaccedilatildeo (BRONFENBRENNER 1996 BROFENBRENNER 2011) Este modelo
destaca trecircs caracteriacutesticas da pessoa que tem influecircncia no decorrer de seu
desenvolvimento e das relaccedilotildees proximais estabelecidas as quais satildeo as
disposiccedilotildees os recursos e as demandas (BRONFENBRENNER 1999)
As disposiccedilotildees satildeo as caracteriacutesticas que podem colocar os processos
proximais em movimento lhe dando sustentaccedilatildeo ou interferindo com atrasos no
desenvolvimento humano Portanto as disposiccedilotildees podem ser as que promovem e
geram desenvolvimento e as que impedem ou atrasam o desenvolvimento
(BRONFENBRENNER 1999)
22
Segundo Bronfenbrenner (1989) satildeo disposiccedilotildees que podem gerar atrasos ou
impedimentos no desenvolvimento hostilidade apatia desatenccedilatildeo falta de
interesse inseguranccedila entre outras E como caracteriacutesticas que geram e promovem
o desenvolvimento iniciativa a curiosidade e tambeacutem a responsividade seletiva as
tendecircncias estruturantes e um sistema de crenccedilas diretivas (BRONFENBRENNER
1999)
A chamada responsividade seletiva eacute a primeira manifestaccedilatildeo dos aspectos
que geram o desenvolvimento e se refere a uma capacidade de manifestaccedilatildeo de
uma resposta diferenciada que ocasiona atraccedilatildeo e exploraccedilatildeo de elementos do
ambiente fiacutesico e social (BRONFENBRENNER 1999)
Jaacute as tendecircncias estruturantes se referem agraves capacidades de engajamento e
de persistecircncia em atividades progressivamente mais complexas Satildeo exemplos de
tendecircncias estruturantes a capacidade de elaborar reestruturar e criar novas
caracteriacutesticas em um ambiente (BRONFENBRENNER E MORRIS 1989)
A terceira disposiccedilatildeo que contribui para a promoccedilatildeo do desenvolvimento
humano eacute o que Bronfenbrenner e Morris (1998) denominam de sistema de crenccedilas
diretivas Elas se referem agrave capacidade de as pessoas demonstrarem uma
crescente tendecircncia de dar significado agraves experiecircncias agrave medida que o tempo vai
passando
Em relaccedilatildeo aos chamados recursos bioecoloacutegicos Bronfenbrenner (1989)
indicam que estes se referem agrave aptidatildeo agraves experiecircncias conhecimentos e
habilidades requeridas para o funcionamento dos processos proximais Os recursos
bioecoloacutegicos tambeacutem podem limitar os processos proximais principalmente quando
se referem a defeitos geneacuteticos ou doenccedilas crocircnicas e graves por exemplo
No que se refere agraves demandas Bronfenbrenner (1992) afirma que satildeo
aquelas caracteriacutesticas da pessoa em desenvolvimento que provocam ou
desencorajam reaccedilotildees do ambiente e que interferem de forma positiva ou negativa
nos processos proximais
A inter-relaccedilatildeo entre as caracteriacutesticas pessoais as disposiccedilotildees os recursos
bioecoloacutegicos e as demandas levam a inuacutemeras possibilidades de combinaccedilotildees e
justificam as diferenccedilas nas direccedilotildees e nas forccedilas dos processos proximais
resultantes e de seus impactos no desenvolvimento humano (BRONFENBRENNER
E MORRIS 1989)
23
Bronfenbrenner (1996) traz em seu modelo bioecoloacutegico a importacircncia e a
influecircncia que os contextos apresentam para o desenvolvimento da pessoa
O contexto eacute analisado por meio da interaccedilatildeo de quatro niacuteveis ambientais dos
mais proacuteximos aos mais distantes denominados microssistema mesossistema
exossistema e macrossistema (BRONFENBRENNER 1996 BROFENBRENNER
2011)
O microssistema eacute o ambiente em que se estabelecem relaccedilotildees diretas face
a face relaccedilotildees de intimidade (diacuteades triacuteades) Satildeo considerados como exemplos
famiacutelia escola grupo de amigos entre outros Das relaccedilotildees entre os diversos
microssistemas origina-se o mesossistema Jaacute o exossistema constitui aqueles
contextos externos agrave participaccedilatildeo direta do sujeito em desenvolvimento mas que
trazem influecircncias importantes para ele Um exemplo disso para a crianccedila em
desenvolvimento eacute o ambiente de trabalho dos pais O macrossistema eacute aquele em
que se configuram as leis normas e regras que regem uma sociedade
(BRONFENBRENNER 1996 BROFENBRENNER 2011)
As interaccedilotildees entre os diversos niacuteveis contextuais satildeo bidirecionais e trazem
grandes transformaccedilotildees no desenvolvimento humano O tipo de interaccedilatildeo mais
baacutesico eacute a chamada transiccedilatildeo ecoloacutegica o que segundo Bronfenbrenner (1977) eacute a
possibilidade de movimento de um contexto para outro diferente novo Podem ser
exemplos de transiccedilatildeo ecoloacutegica o ingresso em uma instituiccedilatildeo de ensino a
mudanccedila de residecircncia passar o dia no Centro Municipal de Educaccedilatildeo Infantil -
CMEI e ir para casa ao fim do dia entre outros
Sobre as relaccedilotildees bidirecionais ainda Bronfenbrenner (1988) cita as diacuteades e
as relaccedilotildees mais extensas a partir do sistema N+2 (triacuteades teacutetrades etc) Dentro do
processo de desenvolvimento infantil as diacuteades primaacuterias satildeo fundamentais pois o
desenvolvimento da crianccedila pequena afeta e eacute afetado por seus cuidadores
principais tais como matildee avoacute babaacute educadora etc Logo eacute recomendaacutevel que ao
se estudar o desenvolvimento na infacircncia que se busque fazecirc-lo tambeacutem
considerando esses aspectos diaacutedicos
Assim microssistemas como famiacutelia e escola tecircm influecircncias diversas e
importantes no desenvolvimento infantil Compreender ecologicamente o
desenvolvimento humano possibilita que a atenccedilatildeo investigativa seja dirigida natildeo soacute
para a pessoa e os ambientes imediatos nos quais se encontra senatildeo para suas
interaccedilotildees e transiccedilotildees em ambientes mais distantes dos quais muitas vezes
24
sequer participa diretamente O modelo bioecoloacutegico tambeacutem enfatiza o ambiente
mas propotildee que o desenvolvimento humano seja estudado por meio da interaccedilatildeo
deste nuacutecleo com outros trecircs de forma inter-relacionada o processo a pessoa e o
tempo (BRONFENBRENNER 1996 ROGOFF 2005 BROFENBRENNER 2011)
O tempo nesse modelo condiciona a efetividade dos processos proximais agrave
ocorrecircncia de uma interaccedilatildeo reciacuteproca progressivamente mais complexa em uma
base de tempo efetivamente regular natildeo podendo este funcionar efetivamente em
ambientes instaacuteveis e imprevisiacuteveis (BRONFENBRENNER 1996
BROFENBRENNER 2011)
Bronfenbrenner e Morris (1998) afirmam que o tempo enquanto categoria
bioecoloacutegica divide-se em microtempo mesotempo e macrotempo A anaacutelise do
tempo dentro desses trecircs niacuteveis deve focalizar a pessoa em relaccedilatildeo aos
acontecimentos presentes em sua vida desde os mais proacuteximos ateacute os mais
distantes (BRONFENBRENNER 1996 BROFENBRENNER 2011)
A abordagem bioecoloacutegica do desenvolvimento humano proposta por
Brofenbrenner (1996) eacute uacutetil ao permitir que o desenvolvimento possa ser entendido
de maneira contextualizada contemplando a interaccedilatildeo dinacircmica dos elementos
acima descritos Em outras palavras o estudo do desenvolvimento infantil
interpretado pelos paracircmetros do contexto bioecoloacutegico pode ser entendido como a)
a crianccedila como pessoa em contiacutenuo e progressivo desenvolvimento cujo trajeto
desenvolvimental apresenta caracteriacutesticas especiacuteficas conforme o ciclo vital se
desenrola b) a reciprocidade na qual ocorre uma interaccedilatildeo entre a crianccedila e os
contextos dos quais participa efetivamente c) as interconexotildees entre esses
ambientes e as influecircncias externas provenientes de meios mais amplos
(macrossistema e exossistema) d) o tempo como elemento necessaacuterio agraves
mudanccedilas no desenvolvimento do indiviacuteduo e de transiccedilotildees de papeacuteis dentro dos
diversos contextos dos quais participa e) continuidade e significado na qualidade
das relaccedilotildees interpessoais (BRONFENBRENNER 1996 BROFENBRENNER 2011
SPESSATO et al 2009 DINIZ e KOLLER 2010)
A interaccedilatildeo entre a crianccedila pequena com deficiecircncia sua famiacutelia a instituiccedilatildeo
de Educaccedilatildeo Infantil e a Educaccedilatildeo Especial eacute de extrema relevacircncia para que os
contextos conheccedilam melhor a crianccedila estabeleccedilam criteacuterios educativos comuns
discutam modelos de intervenccedilatildeo e relaccedilatildeo com os infantes e compreendam as
especificidades da funccedilatildeo educativa de cada um (SILVA 2011)
25
22 A CRIANCcedilA PEQUENA COM NECESSIDADES ESPECIAIS E A PROMOCcedilAtildeO
DO SEU DESENVOLVIMENTO
O presente capiacutetulo se destina a elencar aspectos relacionados agrave promoccedilatildeo
do desenvolvimento da crianccedila pequena com necessidades especiais visto que
para ela existem pelo menos trecircs contextos que podem auxiliar nesse sentido a
saber a famiacutelia a instituiccedilatildeo de Educaccedilatildeo Infantil e os centros ou programas de
Educaccedilatildeo Especial que ofertam o serviccedilo de estimulaccedilatildeo essencial
Pode se dizer que a crianccedila de modo geral se apresenta muito vulneraacutevel
agraves interferecircncias dos indiviacuteduos e dos ambientes com os quais convive e em
especial quando ela se encontra na primeira infacircncia (BRAZELTON 1990
SZYMANSKI 2004 CARVALHO 2006 BRONFENBRENNER 2011) No caso da
crianccedila com deficiecircncia (fiacutesica intelectual sensorial ou muacuteltipla) ou que apresenta
transtornos ou atrasos significativos em seu desenvolvimento agraves relaccedilotildees com
pessoas e contextos se tornam ainda mais relevantes na faixa etaacuteria indicada
Por outro lado sendo praticamente consenso entre os pesquisadores e
profissionais do desenvolvimento infantil de que este eacute um processo complexo e
multideterminado (MOLINARI et al 2005) tambeacutem deve ser considerada a crianccedila
em si como pessoa em constante desenvolver com suas caracteriacutesticas e
especificidades proacuteprias
A crianccedila no sentido de sujeito em desenvolvimento deve ser vista como
um ser integrado e natildeo uma coleccedilatildeo de habilidades e aquisiccedilotildees principalmente
porque o desenvolvimento em seus diversos niacuteveis natildeo se daacute de forma separada
contrariamente todos os niacuteveis (cognitivo emocional fiacutesico entre outros) estatildeo
inter-relacionados e constituem o sujeito como um todo (GIL 2004)
Segundo Libro Blanco (GAT 2000) importante documento espanhol sobre
atenccedilatildeo e intervenccedilatildeo precoce3 o desenvolvimento infantil nos primeiros anos se
caracteriza por uma progressiva aquisiccedilatildeo de funccedilotildees muito importantes tais como
3 No que se refere aos termos atenccedilatildeo e intervenccedilatildeo precoce eacute possiacutevel estabelecer um paralelo em
seu entendimento e relacionaacute-los ao atendimento de estimulaccedilatildeo precoce ou essencial na realidade brasileira O que significa afirmar que tanto na realidade espanhola quanto brasileira esses termos se referem aos primeiros atendimentos a crianccedilas com necessidades especiais ainda que esses sejam realizados em contextos e com abordagens distintos entre si
26
controle postural autonomia no deslocamento comunicaccedilatildeo e linguagem interaccedilatildeo
social entre outros
A evoluccedilatildeo do desenvolvimento estaacute estreitamente ligada ao processo de
maturaccedilatildeo do sistema nervoso jaacute iniciado na vida intrauterina e tambeacutem com a
organizaccedilatildeo emocional e mental Para que tais processos se verifiquem de modo
saudaacutevel eacute necessaacuteria uma estrutura geneacutetica adequada e o cumprimento das
necessidades humanas baacutesicas nos acircmbito bioloacutegico e psicoafetivo pois o
desenvolvimento infantil eacute produto da interaccedilatildeo entre fatores geneacuteticos e ambientais
(GAT 2000 GAUY e COSTA JUNIOR 2005 MADUREIRA e BRANCO 2005)
A base geneacutetica especiacutefica para cada indiviacuteduo estabelece capacidades
proacuteprias de desenvolvimento ateacute o ponto em que se possa modificaacute-la pela
interaccedilatildeo com os fatores ambientais (GAT 2000 GAUY e COSTA JUNIOR 2005
MADUREIRA e BRANCO 2005)
Os fatores ambientais vatildeo modular a possibilidade de expressatildeo ou latecircncia
de algumas caracteriacutesticas geneacuteticas Esses fatores satildeo de ordem bioloacutegica
psicoloacutegica e social (GAT 2000 GAUY e COSTA JUNIOR 2005 POLONIA
DESSEN e SILVA 2005 MADUREIRA e BRANCO 2005)
Os fatores ambientais de ordem bioloacutegica se configuram nos estados de
sauacutede ausecircncia de fatores de agressatildeo ao sistema nervoso condiccedilotildees necessaacuterias
para uma maturaccedilatildeo orgacircnica adequada Os fatores ambientais de ordem
psicoloacutegica e social satildeo os relacionados agrave interaccedilatildeo da crianccedila com o seu meio os
viacutenculos afetivos que estabelece a partir dos cuidados que recebe da percepccedilatildeo
que constroacutei em relaccedilatildeo agraves pessoas que a rodeiam (pessoas imagens sons entre
outros) Estas satildeo condiccedilotildees baacutesicas e determinantes do desenvolvimento
emocional funccedilotildees comunicativas condutas adaptativas aprendizagem entre
outros elementos constituintes da pessoa em evoluccedilatildeo (GAT 2000 GAUY e COSTA
JUNIOR 2005 MADUREIRA e BRANCO 2005)
Sobre a questatildeo de risco ao desenvolvimento os resultados negativos nesse
processo satildeo produzidos muitas vezes natildeo soacute por um mas pela combinaccedilatildeo de
diversos fatores de risco Os diferentes fatores que determinam os problemas que a
crianccedila pode apresentar ao longo de seu desenvolvimento satildeo mais dependentes da
quantidade do que da natureza dos fatores de risco reforccedilando a importacircncia de se
constatar os riscos muacuteltiplos que por sua vez tecircm efeito cumulativo causando
27
impacto maior sobre o desenvolvimento (SILVA e DESSEN 2005 MOLINARI et al
2005 AMORIM et al 2009)
Aleacutem de fatores de risco faz-se necessaacuterio lembrar que junto a eles existem
os recursos do indiviacuteduo e as accedilotildees protetoras do ambiente podem ser ativadas
para neutralizar adversidades vulnerabilidades e riscos ao desenvolvimento
adaptativo da crianccedila (FORMIGA et al 2004 POLETTO e KOLLER 2008)
E eacute nesse ponto que se destaca a funccedilatildeo dos adultos que atendem a crianccedila
pequena seja a famiacutelia ou a instituiccedilatildeo Entende-se que natildeo se deve atentar apenas
ao fato da remediaccedilatildeo de problemas mas antecipar as possibilidades gerais de
promover um desenvolvimento na primeira infacircncia com qualidade e sauacutede
(FORMIGA et al 2004 PEacuteREZ-LOPEZ MARTINEZ-FUENTES DIAZ-HERRERO
2006 MARTINEZ 2007)
Concorda-se igualmente com a afirmaccedilatildeo de Hansel (2004) quando a autora
relembra que em relaccedilatildeo agraves necessidades das crianccedilas pequenas tais como
proteccedilatildeo afetividade possibilidades de exploraccedilatildeo do meio fiacutesico e social por
exemplo haacute uma motivaccedilatildeo bioloacutegica e social para que esta se incorpore em um
grupo social poreacutem caberaacute aos genitores o papel de agentes de interaccedilatildeo e aqui
poderia se acrescentar a essa informaccedilatildeo a funccedilatildeo da estimulaccedilatildeo de ser tambeacutem
espaccedilo de promoccedilatildeo de muacuteltiplas experiecircncias e porque natildeo espaccedilo-tempo para
consolidaccedilatildeo de aspectos afetivos e de manutenccedilatildeo do viacutenculo familiar
Enfim a interaccedilatildeo entre microssistemas tais como o familiar e o educacional
(Educaccedilatildeo Infantil e Educaccedilatildeo Especial) pode ser um espaccedilo de reforccedilo de
orientaccedilatildeo direta ou indireta e de conformaccedilatildeo de uma rede de apoio primordial Por
outro lado um canal de comunicaccedilatildeo e interaccedilatildeo entre esses dois contextos que
seja inadequado pode falhar como recurso de orientaccedilatildeo motivaccedilatildeo e interesses da
famiacutelia em relaccedilatildeo agrave sua crianccedila (ORTIZ e FAacuteVARO 2004)
Devido a isso eacute que no que se refere agrave promoccedilatildeo do desenvolvimento
humano principalmente na primeira infacircncia tambeacutem eacute apropriado agrave busca pela
compreensatildeo das especificidades do atendimento na Educaccedilatildeo Infantil
Inicialmente antes de evidenciar o papel da educaccedilatildeo infantil e da famiacutelia
para a promoccedilatildeo do desenvolvimento para a crianccedila com riscos desenvolvimentais
cabe discorrer acerca do que consiste o atendimento em estimulaccedilatildeo precoce
Nas Diretrizes Educacionais sobre a Estimulaccedilatildeo Precoce publicadas em
1995 e elaboradas pela Secretaria de Educaccedilatildeo EspecialMEC haacute a explicitaccedilatildeo de
28
que a estimulaccedilatildeo precoce eacute o primeiro atendimento a ser destinado a crianccedila com
diagnoacutestico de deficiecircncia ou de atraso significativo em seu desenvolvimento na
faixa etaacuteria entre zero e 3 anos dentro dos serviccedilos da educaccedilatildeo especial
(BRASIL1995) Tambeacutem o documento orienta que haja a integraccedilatildeo entre as aacutereas
da assistecircncia social da educaccedilatildeo e da sauacutede com a integraccedilatildeo da famiacutelia e a
atuaccedilatildeo de uma equipe multidisciplinar (BRASIL 1995)
Documentos brasileiros como a Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo
Nacional - Lei 9394 (BRASIL 1996) as Diretrizes Nacionais Curriculares Nacionais
para a Educaccedilatildeo Infantil (BRASIL1998) e o Referencial Curricular para a Educaccedilatildeo
Infantil (BRASIL 2000) trazem em si as influecircncias do movimento mundial da
ldquoEscola para Todosrdquo o que implicou na promoccedilatildeo da possibilidade de que crianccedilas
com deficiecircncia desde tenra idade adentrem nos serviccedilos da educaccedilatildeo infantil no
ensino regular aleacutem de que a educaccedilatildeo especial passa a ser entendida tambeacutem
como ldquoapoiordquo para o processo de inclusatildeo desse alunado
Em especial o Referencial Curricular para a Educaccedilatildeo Infantil (BRASIL
2000) em suas instruccedilotildees evidencia vaacuterios aspectos entre os quais se destacam
aqueles relacionados agrave identificaccedilatildeo das necessidades especiais da crianccedila
elaboraccedilatildeo de estrateacutegias de avaliaccedilatildeo de risco para o desenvolvimento infantil e
atendimentos que levem em conta a singularidade do indiviacuteduo Propotildee tambeacutem o
acolhimento orientaccedilatildeo e apoio agraves famiacutelias das crianccedilas com deficiecircncia e a
integraccedilatildeo entre os diversos profissionais que atendem essa crianccedila
Esse uacuteltimo documento representa um avanccedilo sobre as orientaccedilotildees
indicadas anteriormente sobre o atendimento precoce da crianccedila com deficiecircncia
pois traz algumas atualizaccedilotildees contudo ainda assim mostra-se precaacuterio quando se
considera a especificidade das necessidades da crianccedila com deficiecircncia de suas
famiacutelias e dos profissionais que a atendem (HANSEL 2012)
Em 2008 as Diretrizes Operacionais para o Atendimento da Educaccedilatildeo
Especial na Educaccedilatildeo Baacutesica natildeo fazem alusatildeo agrave estimulaccedilatildeo precoce em si muito
embora oriente que o agora denominado Atendimento Educacional Especializado
deve contemplar as crianccedilas foco da Educaccedilatildeo Especial desde o nascimento Este
documento tambeacutem natildeo explicita de que modo o mesmo ocorreraacute na faixa etaacuteria que
compotildeem a primeira infacircncia (BRASIL 2008) O Decreto 761111 que tambeacutem
dispotildee sobre a Educaccedilatildeo Especial e orienta o Atendimento Educacional
Especializado revoga o Decreto anterior nordm 567108 e natildeo traz nenhuma
29
informaccedilatildeo especiacutefica sobre a inclusatildeo na primeira infacircncia ou mesmo sobre
intervenccedilatildeoestimulaccedilatildeo precoce
Igualmente alerta-se para o fato de a documentaccedilatildeo oficial a produccedilatildeo
cientiacutefica e a praacutetica da estimulaccedilatildeo precoce na realidade brasileira satildeo escassos
pouco difundidos e enfrentam inuacutemeros obstaacuteculos (HANSEL 2012)
De outro modo dentro do histoacuterico internacional dos programas de
estimulaccedilatildeo precoce houve grandes modificaccedilotildees no seu entendimento nas uacuteltimas
deacutecadas deixando de ser exclusividade da populaccedilatildeo infante da educaccedilatildeo especial
e passando a se constituir tambeacutem como um instrumento de inclusatildeo e de
prevenccedilatildeo de deacuteficits do desenvolvimento na faixa etaacuteria de 0 a 6 anos (GAT 2000)
Relembra-se que no iniacutecio dos anos 70 do seacuteculo passado esse serviccedilo tinha um
cunho de reabilitaccedilatildeo centrado nas questotildees relacionadas agrave patologia agrave deacuteficits e a
mensuraccedilatildeo do quociente intelectual Jaacute na metade dos anos 80 se verificou uma
discussatildeo voltando-se para a identificaccedilatildeo para a prevenccedilatildeo para o trabalho em
equipe e sobre o ambiente e sua influecircncia para o desenvolvimento Entre essas
duas deacutecadas surgiram modelos conceituais que tiveram grande repercussatildeo no
estudo e compreensatildeo do desenvolvimento humano (BROFENBRENNER 1996
GAT 2000 SAMEROFF e FIESE 2000 ROMERO 2003 CUEVAS 2003 PEacuteREZ-
LOPEZ 2003 SERRANO 2007 JUAN-VERA e PEREZ - LOPEZ 2009)
Logo a partir das concepccedilotildees Bioecoloacutegica de Brofenbrenner (1979) e da
Transacional de Sameroff e Chandler (1975) que exploram os contextos e suas
relaccedilotildees com seus partiacutecipes e destes entre si tornou-se possiacutevel evidenciar uma
nova abordagem para a promoccedilatildeo do desenvolvimento humano na infacircncia de tal
modo que as propostas de intervenccedilatildeo precoce deixaram de ter o aspecto de
ldquotratamento cliacutenicordquo e passaram a se constituir em verdadeiros apoios tanto agrave
crianccedila quanto a seus contextos de desenvolvimento - famiacutelia Educaccedilatildeo Infantil
entre outros (BROFENBRENNER 1996 GAT 2000 SAMEROFF e FIESE 2000
ROMERO 2003 CUEVAS 2003 PEacuteREZ-LOPEZ 2003 SERRANO 2007 JUAN-
VERA e PEREZ - LOPEZ 2009 MORAGAS 2009)
De tal modo eacute possiacutevel inferir que essa abordagem parece ir de acordo com a
proposta de se construir uma escola inclusiva desde a educaccedilatildeo infantil
Especialmente porque atualmente haacute a tendecircncia de que as intervenccedilotildees na
infacircncia sejam orientadas por uma concepccedilatildeo de Atenccedilatildeo Precoce a qual se refere
ao conjunto de accedilotildees orientadas para as crianccedilas com idade entre zero e seis anos
30
e que envolvem sua famiacutelia e o ambiente em que estatildeo inseridas (GAT 2000
JUAN-VERA e PEREZ - LOPEZ 2009 MORAGAS 2009) Nesse sentido tambeacutem
deixa de ser uma abordagem exclusiva para a crianccedila com deficiecircncias ou nascida
prematuramente O que segundo Caro (2003) eacute importante para todos inclusive
para aquela crianccedila viacutetima de ldquoabandono relativordquo
As condiccedilotildees de ldquoabandono relativordquo satildeo aquelas provenientes de situaccedilotildees
ocasionadas pelas ocupaccedilotildees dos pais do pouco cuidado descaso ou ainda
causadas pelo impacto de um cuidado mal estruturado com poucos estiacutemulos ndash
situaccedilotildees que podem ocasionar reflexos significativos no desenvolvimento
intelectual e emocional da crianccedila (CARO 2003)
Ao sair da seara puramente cliacutenica e passando a abarcar outros contextos
tais como o familiar e o das instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Infantil a Atenccedilatildeo Precoce
enfatiza a possibilidade de geraccedilatildeo de ambientes ricos em estiacutemulos diversos para a
aquisiccedilatildeo de funccedilotildees e capacidades que se apresentam pouco desenvolvidas ou
imaturas e tambeacutem a necessidade de que os profissionais que lidam com a infacircncia
possuam uma base soacutelida sobre os diversos modelos de prevenccedilatildeo intervenccedilatildeo e
avaliaccedilatildeo do desenvolvimento (PEREZ ndash LOPEZ 2004 DELGADO e MUELA
2004)
Portanto passa a ser uma questatildeo que acompanha a detecccedilatildeo de riscos para
o desenvolvimento a possibilidade de definir e aplicar accedilotildees de prevenccedilatildeo as quais
seguem alguns dos niacuteveis abaixo indicados (PEREZ-LOPEZ MARTINEZ-FUENTES
DIAZ-HERRERO 2006)
- prevenccedilatildeo primaacuteria satildeo todas as estrateacutegias tomadas antes que se
detecte um transtorno ou alteraccedilatildeo do desenvolvimento
- prevenccedilatildeo secundaacuteria compreende as estrateacutegias que satildeo colocadas
em praacutetica quando jaacute se evidenciam alguns sintomas de atraso no
desenvolvimento
- prevenccedilatildeo terciaacuteria quando trata de minimizar a gravidade dos efeitos
de transtornos do desenvolvimento que jaacute se instalaram
Em conformidade com Halpern et al (2000) e Formiga e Pedrazzani (2004)
pode-se afirmar que quanto mais precoce for o diagnoacutestico de atraso no
desenvolvimento e mais raacutepido o iniacutecio da intervenccedilatildeo menor seraacute o impacto de
31
atraso na vida futura da crianccedila tenha ela deficiecircncia ou natildeo o que por conseguinte
colabora em diminuir possiacuteveis impactos que possam ocorrer na relaccedilatildeo crianccedila-
famiacutelia-creche (RODRIGUES 2003)
23 BREVE HISTOacuteRICO DA EDUCACcedilAtildeO DAS PESSOAS COM NECESSIDADES
ESPECIAIS E A EDUCACcedilAtildeO INCLUSIVA
A histoacuteria do homem mostra que mesmo com a sociedade sugerindo respeito
entre seus membros e em algumas eacutepocas a valorizaccedilatildeo das diferenccedilas o que na
verdade temos eacute um ldquoestranhamento expliacutecitordquo uma separaccedilatildeo que eacute em muitos
casos velada por parte daqueles que natildeo se enquadram socialmente (SARAIVA
2008) Por isso discorrer sobre a educaccedilatildeo inclusiva requer que se retomem os
primoacuterdios da exclusatildeo e da educaccedilatildeo das pessoas com necessidades especiais
A trajetoacuteria de exclusatildeo da pessoa com necessidades especiais eacute tatildeo antiga
quanto a proacutepria evoluccedilatildeo do homem ou seja as estruturas das sociedades desde
os primoacuterdios demonstram uma concepccedilatildeo de deficiecircncia como algo relacionado agrave
inabilidade (MACIEL 2000)
Nas eacutepocas mais primitivas da histoacuteria humana dadas agraves condiccedilotildees insalubres
de vida supotildee-se que os indiviacuteduos que nasciam com qualquer tipo de deficiecircncia
teriam pouca ou nenhuma condiccedilatildeo de manutenccedilatildeo de sua vida pois que soacute os
indiviacuteduos mais fortes conseguiam sobreviver ante as intempeacuteries os ataques de
animais aos deslocamentos em busca de alimentos e de lugares mais propiacutecios
para o repouso e a permanecircncia (BIANCHETTI 1995)
Na Greacutecia Antiga as pessoas com deficiecircncia eram abandonadas ou
sacrificadas por natildeo corresponder agrave perfeiccedilatildeo do homem Na Idade Meacutedia substitui-
se o sacrifiacutecio por sentimentos ldquocristatildeosrdquo como piedade e compaixatildeo e tambeacutem pela
rejeiccedilatildeo dos diferentes Nessa eacutepoca tem iniacutecio o atendimento assistencial agraves
pessoas com deficiecircncia em igrejas e outras instituiccedilotildees de cunho religioso com o
intuito de ldquolibertaacute-lasrdquo do pecado (PESSOTI 1984 SMITH 2004 FREITAS 2008)
Desse modo a educaccedilatildeo especial soacute comeccedilou a ser traccedilada no seacuteculo XVI
com meacutedicos e pedagogos que desafiaram os conceitos vigentes na eacutepoca pois
acreditaram nas possibilidades educacionais de indiviacuteduos que ateacute entatildeo eram
32
considerados ineducaacuteveis (MENDES 2010) Ressalta-se ainda que a histoacuteria
retrate algumas experiecircncias precursoras desde o seacuteculo XVI cujas bases eram
tutoriais de fato o acesso agrave educaccedilatildeo das pessoas com deficiecircncias foi sendo muito
lentamente conquistado e essa conquista ocorreu apenas na medida em que se
ampliaram as oportunidades educacionais para a populaccedilatildeo em geral (JANNUZZI
2004 MENDES 2010)
Na Idade Moderna com o avanccedilo do pensamento cientiacutefico e da valorizaccedilatildeo da
racionalidade humana buscam-se respostas para a condiccedilatildeo das deficiecircncias Daiacute o
entendimento das mesmas no sentido de doenccedilas ou patologias iniciando-se as
pesquisas sobre como medicar e tratar as pessoas que apresentavam deficiecircncias
(PESSOTI 1984 SMITH 2004 FREITAS 2008) Na realidade brasileira em acordo
com pesquisa feita por Jannuzzi (2004) a educaccedilatildeo para pessoas com deficiecircncias
soacute surgiu de maneira institucional no conjunto das concretizaccedilotildees das ideias liberais
que tiveram divulgaccedilatildeo por aqui no fim do seacuteculo XVIII e comeccedilo do XIX
Na contemporaneidade lentamente deixa-se de lado a patologizaccedilatildeo das
deficiecircncias e evidencia-se uma abordagem de entendimento tambeacutem voltada para
os aspectos educativos desses indiviacuteduos (SMITH 2004 FREITAS 2008)
Nos anos 50 e 60 do seacuteculo passado houve um intensivo surgimento de
instituiccedilotildees educacionais especializadas (SMITH 2004 FREITAS 2008) Jaacute na
deacutecada de 70 destacam-se a reabilitaccedilatildeo e o treino de habilidades das pessoas com
deficiecircncia baseados em accedilotildees fundamentadas no modelo meacutedico-psicoloacutegico
vigente (SMITH 2004 FREITAS 2008)
As deacutecadas de 80 e de 90 desenrolaram-se com uma maior flexibilidade no que
se refere agrave consideraccedilatildeo das possibilidades e potencialidades da pessoa com
deficiecircncias Foi a partir dos anos 90 que o Brasil deu iniacutecio verdadeiramente a uma
longa e permanente luta pelos direitos das pessoas com necessidades especiais de
frequentar o ensino regular (FREITAS 2008)
Garcia (2008) lembra que a deacutecada de 1990 teve como marca maior a reforma
educacional ocorrida principalmente nos paiacuteses em desenvolvimento tal como o
Brasil e a qual foi orientada entre outros aspectos pelo discurso da inclusatildeo social
Assim vaacuterios foram os eventos que corroboraram para que essa premissa de
educaccedilatildeo inclusiva fosse se arraigando Entre eles pode-se citar
33
- a Conferecircncia Mundial de Educaccedilatildeo para Todos ocorrida em 1990 em
Jomtiem Tailacircndia
- a Conferecircncia Mundial sobre as Necessidades Educacionais Especiais
ocorrida em Salamanca na Espanha em 1994 a qual teve como produto a
chamada Declaraccedilatildeo de Salamanca importante documento orientador para a
educaccedilatildeo inclusiva
- a Convenccedilatildeo Interamericana para a Eliminaccedilatildeo de todas as formas de
Discriminaccedilatildeo contra as Pessoas Portadoras de Deficiecircncia ocorrida na
Guatemala em 1999
- e a Convenccedilatildeo sobre os Direitos das Pessoas com Deficiecircncia ndash promovida
pela ONU em Nova York em 2006
O movimento pela educaccedilatildeo inclusiva no Brasil teve um grande impacto na
discussatildeo de poliacuteticas educacionais para crianccedilas e adolescentes com necessidades
especiais uma vez que a grande maioria desta populaccedilatildeo havia sido historicamente
excluiacuteda do sistema educacional puacuteblico brasileiro (MENDES ALMEIDA e TOYODA
2011)
Durante a Conferecircncia Mundial de Educaccedilatildeo para Todos em Jomtien
Tailacircndia em 1990 o Brasil estabeleceu metas baacutesicas para melhorar o sistema
educacional brasileiro Entre esses objetivos parecia necessaacuterio melhorar a
educaccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes com necessidades especiais Como resultado
da Conferecircncia Mundial sobre necessidades educacionais especiais Acesso e
Qualidade organizada pelo governo espanhol e pela Unesco em 1994 foi aprovada
a Declaraccedilatildeo de Salamanca (MENDES ALMEIDA e TOYODA 2011)
Com a Convenccedilatildeo da Guatemala 1999 tem-se como avanccedilo a concepccedilatildeo
que pressupotildee uma ressignificaccedilatildeo da pessoa com deficiecircncia remetendo a
necessidade de se transformar as escolas de maneira que natildeo existam mais
restriccedilotildees agrave aprendizagem de nenhum aluno Isso implicou tambeacutem em uma
ressignificaccedilatildeo da proacutepria Educaccedilatildeo Especial segundo Alves (2008)
Outro marco foi a Convenccedilatildeo sobre os Direitos das Pessoas com Deficiecircncia
ndash promovida pela ONU em Nova York em 2006 Os propoacutesitos desse evento foram
essencialmente os de promover proteger e assegurar condiccedilotildees plenas de
igualdade e de gozo de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais por
todas as pessoas com deficiecircncia (ALVES 2008)
34
Jaacute a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial na Perspectiva da Educaccedilatildeo
Inclusiva proposta pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo em 2007 evidencia o movimento
mundial pela educaccedilatildeo inclusiva como uma accedilatildeo cultural pedagoacutegica poliacutetica e
social desencadeada em defesa do direito de todos os alunos de estarem
aprendendo e participando juntos sem nenhum tipo de discriminaccedilatildeo (BRASIL
2007) Portanto a educaccedilatildeo inclusiva constitui-se em um paradigma educacional
fundamentado na concepccedilatildeo de direitos humanos que conjuga igualdade e
diferenccedila como valores indissociaacuteveis e que avanccedila em relaccedilatildeo agrave ideia de equidade
formal ao contextualizar as circunstacircncias histoacutericas da produccedilatildeo da exclusatildeo dentro
e fora da escola (BRASIL 2007)
O contexto educacional inclusivo estaacute pautado portanto nas resoluccedilotildees
discutidas e propostas por esses eventos o que promove certa ldquouniversalizaccedilatildeordquo do
que seria uma ldquoeducaccedilatildeo para todosrdquo No Brasil o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo assumiu
as orientaccedilotildees contidas nesses documentos cabendo aos Estados e Muniacutecipios a
particularizaccedilatildeo do atendimento aos diversos contextos E na praacutetica a educaccedilatildeo
inclusiva vem sendo um grande desafio pois vem reorientando as redes municipais
de ensino a uma reorganizaccedilatildeo por propor novas demandas e redefinir
competecircncias e responsabilidades (GARCIA 2008)
Eacute possiacutevel dizer que o conceito de ldquoescola para todosrdquo implica no
reconhecimento dos conteuacutedos acadecircmicos e do sistema cientiacutefico e sistemaacutetico
poreacutem sem restringir os alunos ou tentar dominaacute-los a qualquer custo (MANTOAN
2006)
A inclusatildeo escolar da pessoa com necessidades educacionais especiais
tornou-se um tema de grande relevacircncia e por isso mesmo vem ganhando espaccedilo
cada vez maior em debates e discussotildees que explicitam a necessidade de a escola
atender agraves diferenccedilas intriacutensecas agrave condiccedilatildeo humana (SILVEIRA e NEVEZ 2006)
Segundo as Diretrizes da Poliacutetica Nacional da Educaccedilatildeo Especial na
Perspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva (BRASIL 2007) o acesso agrave educaccedilatildeo tem iniacutecio
na educaccedilatildeo infantil na qual se desenvolvem as bases necessaacuterias para a
construccedilatildeo do conhecimento e desenvolvimento global do aluno Nessa etapa o
luacutedico o acesso agraves formas diferenciadas de comunicaccedilatildeo a riqueza de estiacutemulos
nos aspectos fiacutesicos emocionais cognitivos psicomotores e sociais e a convivecircncia
com as diferenccedilas favorecem as relaccedilotildees interpessoais o respeito e a valorizaccedilatildeo
da crianccedila
35
Conforme o tema do presente estudo sobre a inclusatildeo da crianccedila pequena
ressalta-se que a Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo - LDB (939496) jaacute
apontava em seu paacuteragrafo 3ordm que a oferta do atendimento em Educaccedilatildeo Especial
enquanto dever do Estado tambeacutem deve ser ofertado na faixa etaacuteria de zero aos
seis anos de idade E antes disso a Declaraccedilatildeo de Salamanca (1994) indicava que
eacute necessaacuterio garantir identificaccedilatildeo das condiccedilotildees e necessidades especiais assim
como garantir procedimentos de intervenccedilatildeo o mais precoce possiacutevel
Nesse sentido do nascimento aos trecircs anos o atendimento educacional
especializado se expressa por meio de serviccedilos de estimulaccedilatildeo precoce que
objetivam o processo de desenvolvimento e aprendizagem em interface com os
serviccedilos de sauacutede e assistecircncia social (BRASIL 2007) E todas as etapas e
modalidades da educaccedilatildeo baacutesica o Atendimento Educacional Especializado deve
ser organizado para apoiar o desenvolvimento dos alunos constituindo oferta
obrigatoacuteria dos sistemas de ensino Deve ser realizado no turno inverso ao da classe
comum na proacutepria escola ou centro especializado que realize esse serviccedilo
educacional (BRASIL 2007 BRASIL 2011)
Em virtude da orientaccedilatildeo acima descrita infere-se que esta certamente
colaborou para a ampliaccedilatildeo do acesso de crianccedilas pequenas com necessidades
especiais em condiccedilatildeo de inclusatildeo no ensino regular especialmente na educaccedilatildeo
infantil o que por sua vez pressupotildee adequaccedilotildees para garantir um atendimento de
qualidade desde tenra idade
Segundo Arnais (2003) possibilitar o acesso agrave educaccedilatildeo em contextos
educacionais natildeo excludentes o mais precoce possiacutevel proporcionaria para a crianccedila
com necessidades especiais uma melhor compreensatildeo de si mesma e dos outros e
aos colegas de turma e de escola uma experiecircncia de convivecircncia harmocircnica com
as diferenccedilas
Desse modo resume-se que alguns dos fundamentais princiacutepios do ideaacuterio da
educaccedilatildeo inclusiva satildeo o direito agrave educaccedilatildeo o direito agrave igualdade de oportunidades
o que natildeo significa um lsquomodo igualrsquo de educar a todos e sim dar a cada um o que
necessita em funccedilatildeo de suas caracteriacutesticas e necessidades individuais escolas
responsivas e de boa qualidade o direito agrave aprendizagem e o direito agrave participaccedilatildeo
(CARVALHO 2009 OLIVEIRA 2010) O que estaacute consonante com a ilustraccedilatildeo de
ALVES (2008) como benefiacutecios de uma ldquoescola abertardquo a todos sentimento de
pertencimento maior qualidade da educaccedilatildeo para todos e combate a todas as
36
formas de discriminaccedilatildeo Com isso se procura garantir ocasiotildees de muacuteltiplas
interaccedilotildees nos ambientes das creches e preacute-escolas natildeo excluindo de forma
alguma a crianccedila com necessidades educacionais especiais de modo que todas as
crianccedilas tenham a oportunidade de aprender com as contribuiccedilotildees de cada um de
seus colegas em uma relaccedilatildeo de alteridade (OLIVEIRA 2010)
Poreacutem na realidade praacutetica da educaccedilatildeo inclusiva ainda existem muitos
desafios e dificuldades Ainda que nos uacuteltimos vinte anos conceitos como exclusatildeo
e inclusatildeo educacionais tenham se tornado cada vez mais recorrentes nas
pesquisas documentos oficiais e na fala de gestores e professores pode-se afirmar
que uma educaccedilatildeo que busca primar pela qualidade de todos os alunos esbarra em
desigualdades de diversas naturezas (sociais eacutetnicas raciais e de gecircnero)
presentes na sociedade brasileira que historicamente acumula um quadro de
exclusotildees e contradiccedilotildees marcado por poliacuteticas laacutebeis e inconsistentes (SEKKEL
ZANELATTO e BRANDAtildeO 2010 MOREIRA BOLSANELLO e SEGER 2011)
Souza e Batista (2008) destacam que em muitas situaccedilotildees crianccedilas pequenas
que estatildeo em inclusatildeo educacional permanecem mais isoladas especialmente as
que apresentam alteraccedilotildees fiacutesicas por serem consideradas incapazes de se
locomover e explorar ambientes e objetos Isto representa a perda de momentos
importantes de interaccedilatildeo social ficando isoladas do contato com parceiros com
semelhanccedila de idade e tendo suas interaccedilotildees restritas agrave relaccedilatildeo com o adulto
cuidador (SOUZA e BATISTA 2008)
Outrossim eacute possiacutevel verificar uma concepccedilatildeo de inclusatildeo restrita ao
atendimento de crianccedilas com deficiecircncias enquanto as necessidades das demais
crianccedilas e dos profissionais que trabalham na escola satildeo muitas vezes
desconsideradas O isolamento e o envolvimento com questotildees marginais do
trabalho pedagoacutegico satildeo pontos centrais a serem considerados no enfrentamento
das barreiras atitudinais para a construccedilatildeo de um ambiente inclusivo (SEKKEL
ZANELATTO e BRANDAtildeO 2010)
Outro aspecto que merece atenccedilatildeo eacute a formaccedilatildeo dos pedagogos e professores
que atendem agraves crianccedilas pequenas com deficiecircncia na educaccedilatildeo infantil pois
demonstram em vaacuterios estudos natildeo possuiacuterem conhecimentos suficientes para lidar
com as particularidades que envolvem as diferentes condiccedilotildees de deficiecircncia tal
como a intelectual ou a fiacutesica conforme evidenciado nos estudos de Melo e Ferreira
(2009) e de Vitta Vitta e Monteiro (2010)
37
Esse uacuteltimo estudo traz concepccedilotildees de professores de educaccedilatildeo infantil que
atendem crianccedilas com deficiecircncia e nas quais demonstram crer que a principal
contribuiccedilatildeo do processo de inclusatildeo eacute a socializaccedilatildeo destas crianccedilas (VITTAVITTA
e MONTEIRO 2010) Tambeacutem ressaltam nesse estudo terem encontrado problemas
com o espaccedilo fiacutesico recursos materiais e humanos relativos agrave formaccedilatildeo do
professor desse modo os autores consideram que eacute preciso possibilitar aos
professores uma formaccedilatildeo que abranja conhecimentos sobre as diferentes
deficiecircncias e as necessidades educacionais relativas a estas propiciando a
adequaccedilatildeo do espaccedilo fiacutesico e dos recursos materiais aleacutem de assistecircncia
educacional especiacutefica (VITTA VITTA e MONTEIRO 2010)
Drago (2005) percebeu que a inclusatildeo da crianccedila na Educaccedilatildeo Infantil ainda se
daacute como mera integraccedilatildeo ou seja baseada no princiacutepio que quem deve mudar eacute o
aluno ele eacute quem deve se adequar agrave escola e natildeo o contraacuterio No estudo de
Mendes (2010) as educadoras avaliaram que o princiacutepio da inclusatildeo eacute vaacutelido
embora difiacutecil de ser colocado em praacutetica
Desse modo eacute possiacutevel perceber dados indicando que a inclusatildeo de crianccedilas
com necessidades especiais eacute vista com reservas pelos profissionais da Educaccedilatildeo
Infantil explicitando ideias preconcebidas sobre a deficiecircncia Eles se justificam pela
falta de conhecimento do desenvolvimento infantil e dos fatores que o envolvem
bem como pelo fato de os profissionais vincularem suas atividades agraves experiecircncias
pessoais (VITTA 2004 VITTA 2010)
Vital (2012) infere em sua pesquisa com crianccedilas com idade entre quatro e seis
anos que haacute a necessidade de se discutir e promover accedilotildees que auxiliem na
identificaccedilatildeo do preconceito nessa faixa etaacuteria
Drago (2005) faz referecircncias ao papel do educador de educaccedilatildeo infantil
enquanto importante modelo no que se refere ao entendimento acolhimento e
aceitaccedilatildeo da crianccedila pequena com deficiecircncia na turma Bazon (2009) constatou
que atitudes de preconceito barreiras atitudinais e falta de informaccedilatildeo por parte de
professores afetam profundamente o processo de inclusatildeo da crianccedila pequena
Nesse sentido Bartalotti (2004) percebeu que a construccedilatildeo de histoacuterias de sucesso
na inclusatildeo de crianccedilas com necessidades especiais na Educaccedilatildeo Infantil envolve a
orientaccedilatildeo apoio e momentos de reflexatildeo e discussatildeo sobre o papel dos
educadores junto a accedilotildees inclusivas e as singularidades desse alunado
38
Jaacute Fernandes Bolsanello e Moreira (2008) indicam pelo menos dois grandes
desafios para a inclusatildeo da crianccedila pequena na educaccedilatildeo infantil a) a ainda vigente
visatildeo cliacutenico-assistencialista da deficiecircncia o que nos primeiros anos de vida faz
com que a crianccedila seja vista como enferma ou doente e b) as condiccedilotildees de
acolhimento e orientaccedilatildeo agraves famiacutelias nos primeiros meses de vida da crianccedila com
deficiecircncia o que resulta em um grande nuacutemero de vezes na dificuldade de
aceitaccedilatildeo da condiccedilatildeo de deficiecircncia da crianccedila por sua famiacutelia e na falta de
observacircncia do potencial de promoccedilatildeo do desenvolvimento dessa crianccedila desde
tenra idade
No que se refere agraves famiacutelias das crianccedilas com necessidades especiais haacute a
evidecircncia da necessidade de um acompanhamento antes durante e apoacutes a
inclusatildeo propriamente dita de modo a apoiaacute-las nos momentos de busca e escolha
da escola de adaptaccedilatildeo da crianccedila ao novo ambiente e de transiccedilatildeo dos
atendimentos oferecidos pela instituiccedilatildeo especializada para outros setores (LUIZ e
NASCIMENTO 2012)
Igualmente Benincasa (2011) destaca a) a importacircncia da articulaccedilatildeo entre
os campos da educaccedilatildeo especial e da educaccedilatildeo infantil na construccedilatildeo de propostas
pedagoacutegicas que sirvam como suporte aos diferentes sujeitos envolvidos
(professores comunidade famiacutelia e crianccedila) para a efetiva permanecircncia do aluno
com necessidades especiais no ensino comum b) a presenccedila de uma variedade de
modos de recepccedilatildeo e compreensatildeo do movimento de inclusatildeo escolar por parte dos
educadores envolvidos e c) o reconhecimento de que o local de instituiccedilatildeo
(estrutura fiacutesica e questotildees relacionadas agrave acessibilidade por exemplo) produz
impacto para se pensar os processos de escolarizaccedilatildeo de seus alunos e a tomada
de decisatildeo relativa a esses processos
Franccedila (2008) observou a influecircncia positiva da estimulaccedilatildeo assistemaacutetica
realizada por meio das interaccedilotildees sociais em sala regular para o desenvolvimento
motor e interaccedilatildeo social de crianccedilas cegas menores de cinco anos e Amaro (2004)
evidenciou a importacircncia de se observar e refletir sobre a singularidade do aluno
com necessidades especiais para que esta seja respeitada e valorizada
Assim percebe-se que educaccedilatildeo inclusiva eacute uma reforma educacional que
abarca um acircmbito bastante abrangente em diferentes niacuteveis de mudanccedilas como jaacute
afirmado por Rodrigues e Lima-Rodrigues (2011) Tal fato requer a busca constante
39
de se desvencilhar de muitas armadilhas conceituais para que a escola inclusiva
deixe de ser mera proposiccedilatildeo e passe a existir de verdade (DRAGO 2011)
Por fim segundo Mendes (2010) eacute necessaacuterio definir quem satildeo as crianccedilas
com necessidades especiais na idade entre zero e seis anos para que se possam
determinar os criteacuterios de elegibilidade para os programas de detecccedilatildeo e
intervenccedilatildeo precoce e planejar as accedilotildees necessaacuterias tais como alocar recursos
formar pessoal entre outros
24 A FAMIacuteLIA COMO UM MICROSSISTEMA DE DESENVOLVIMENTO HUMANO
E SUA RELACcedilAtildeO COM A CRIANCcedilA PEQUENA COM NECESSIDADES
ESPECIAIS
Reconhecidamente a famiacutelia eacute o contexto primordial de desenvolvimento para
qualquer ser humano Eacute portanto o locus das primeiras relaccedilotildees interaccedilotildees e
conhecimentos pelas crianccedilas espaccedilo no qual iratildeo se conformar as suas
impressotildees de mundo com base nas estruturas relacionais ali dispostas
especialmente entre seus partiacutecipes (SANCHEZ MARTINEZ e PENALVER 2003
MACEDO e MARTINS 2004 SILVA 2010) Por tal as relaccedilotildees familiares satildeo uma
aacuterea de pesquisa dentro do campo da Psicologia do Desenvolvimento que tem
despertado grande interesse dos pesquisadores e inspirando inuacutemeras questotildees
(SOEJIMA 2008)
O conceito de famiacutelia que se tem na atualidade eacute resultado de intensas
modificaccedilotildees sociais econocircmicas culturais e poliacuteticas muitas delas ocorridas nos
uacuteltimos 50 anos (PINHEIRO e BIASOLI-ALVES 2008 WEBER 2008)
Nesse acircmbito revela-se importante lembrar que as transformaccedilotildees no papel
da mulher diante agrave sociedade fizeram com que ocorressem tambeacutem profundas
modificaccedilotildees na organizaccedilatildeo e funcionamento familiar e de seus membros
(PINHEIRO e BIASOLI-ALVES 2008 DESSEN e BRAZ 2005)
As deacutecadas de 60 70 e 80 do seacuteculo passado foram marcadas pela
crescente participaccedilatildeo feminina no contexto econocircmico poliacutetico e social de nosso
paiacutes tambeacutem foi possiacutevel perceber a transiccedilatildeo das relaccedilotildees conjugais e familiares
hierarquizadas para mais igualitaacuterias a queda significativa no nuacutemero de filhos por
casal a regulamentaccedilatildeo do divoacutercio menor desigualdade entre os papeacuteis
40
masculinos e femininos o surgimento de novos valores para a criaccedilatildeo dos filhos e
mudanccedilas na distribuiccedilatildeo das tarefas do lar (RIBEIRO SABOacuteIA BRANCO e
BREGMAN 1998 VIEIRA 1998 DESSEN e TORRES 2002 DEUTSCH 2009)
A partir da deacutecada de 90 em decorrecircncia da transformaccedilatildeo do papel da
mulher diante da sociedade e das demais conjunturas histoacutericas e sociais mostram-
se igualmente importantes o aumento do nuacutemero de divoacutercios de re-casamentos de
famiacutelias monoparentais e o cuidado dos filhos passa a ser mais compartilhado com
outros grupos sociais e os filhos se tornam mais participativos nas decisotildees
familiares (ARRIAGADA 2000 GALANO 2006 DEUTSCH 2009)
Diante de tantas transformaccedilotildees na contemporaneidade estudos que
envolvam a famiacutelia assumem a premissa de que satildeo diversos os tipos e as
possibilidades de arranjos familiares e sua definiccedilatildeo deve estar mais baseada na
opiniatildeo dos membros considerando a afetividade e a proximidade entre eles do que
em variaacuteveis como consanguinidade relacionamento heterossexual divisatildeo da
mesma casa continuidade ao longo da vida por exemplo que por si soacute natildeo definem
famiacutelia (DESSEN 2010)
Portanto ao usar-se o termo famiacutelia na atualidade deve-se levar em
consideraccedilatildeo que cada vez mais o modelo familiar conjugal ndash nuclear ndash
heterossexual com sua prole bioloacutegica inspirado no modelo tradicional se modifica
e transforma o modo como se datildeo as relaccedilotildees entre seus sujeitos e a sociedade
(SILVA 2011) Deste modo ao se fazer referecircncia agrave famiacutelia estaacute se levando em
consideraccedilatildeo a rede de interaccedilotildees que envolvem aspectos cognitivos sociais
afetivos e culturais e outras variaacuteveis que tenham significado entre os sujeitos
envolvidos portanto natildeo evidenciados apenas em laccedilos de consanguinidade
(DESSEN e BRAZ 2005 DESSEN e POLOcircNIA 2007) Ou como jaacute discutido por
DESSEN e BRAZ (2005) o termo famiacutelia em tempos poacutes-modernos eacute
extremamente difiacutecil de ser definido com base no modelo tradicional
Contudo ainda que em transformaccedilatildeo a famiacutelia continua sendo um contexto
que alicerccedila a formaccedilatildeo do ser constituindo-se como matriz da aprendizagem
humana (ALMEIDA 2010)
Para Minuchin Lee e Simon (2008) uma famiacutelia se constitui por um grupo de
pessoas ligadas por laccedilos de emoccedilatildeo eou por consanguinidade e que viveu junto
tempo suficiente para que se criassem padrotildees de interaccedilatildeo entre seus membros
Nessas interaccedilotildees padronizadas os membros da famiacutelia constroem uns aos outros
41
Brofenbrenner (2011) salienta que a importacircncia da famiacutelia natildeo estaacute somente
nas accedilotildees de promoccedilatildeo das capacidades que uma crianccedila tem em aprender a
andar a falar e estudar mas pela formaccedilatildeo de uma pessoa com capacidade de
realizar seu trabalho de pensar claramente de servir a comunidade ou a sociedade
como um todo Em outras palavras Brofenbrenner (2011) define a famiacutelia como um
grupo de pessoas que possui e executa um compromisso irrestrito de bem-estar uns
com os outros
Dada a profunda influecircncia do contexto familiar na constituiccedilatildeo de seus
sujeitos pode-se inferir que haacute nas interaccedilotildees ocorridas nesse microssistema
relacional a possibilidade de que ele venha a se mostrar tanto como fator de risco
quanto de proteccedilatildeo ao desenvolvimento de seus membros Sendo assim ao longo
do tempo aspectos ambientais sociais poliacuteticos transgeracionais culturais e
econocircmicos exercem influecircncia sobre as famiacutelias e a histoacuteria de seus membros
(BRONFENBRENNER 1996 BROFENBRENNER 2011 DINIZ e KOLLER 2010)
Essas influecircncias satildeo facilmente perceptiacuteveis ao se observar o ingresso mais
frequente da mulher-matildee no mercado de trabalho e o processo de migraccedilatildeo das
pessoas que propiciam o distanciamento entre os grupos familiares Ambas as
situaccedilotildees propiciam e fortalecem a necessidade de cuidado infantil extrafamiliar
como o que hoje se entende por creche Em decorrecircncia disso percebe-se
atualmente que o cuidado a educaccedilatildeo e a promoccedilatildeo do desenvolvimento na
infacircncia passaram a ser divididos entre a instituiccedilatildeo e a famiacutelia
Estudos sobre desenvolvimento destacam que a variaacutevel de maior impacto
sobre o desenvolver da crianccedila eacute a relaccedilatildeo com sua famiacutelia e seu ambiente imediato
(ANDRADE 2005)
Os membros que compotildeem a famiacutelia satildeo todos influentes quando se fala de
desenvolvimento infantil contudo a figura paterna e a materna merecem uma
anaacutelise mais aprofundada a respeito de seus papeacuteis e as devidas inter-relaccedilotildees
Nesse sentido destaca-se que o advento proacuteprio ao surgimento de uma crianccedila
provoca muitas transformaccedilotildees tanto em homens quanto em mulheres ambos
passam por momentos de reflexatildeo e de reelaboraccedilatildeo de seus sonhos anseios e por
uma reorganizaccedilatildeo de papeacuteis agora como pais e matildees (BRAZELTON 2002)
A matildee eacute a primeira referecircncia da crianccedila em termos de cuidado afeto
nutriccedilatildeo ela estaacute em outras palavras preparada para enxergar reconhecer as
necessidades de sua crianccedila e isso eacute construiacutedo desde a ideacuteia de crianccedila que ela
42
cria antes mesmo do nascimento (BRUM e SCHERMANN 2004 FERRARI e
PICCININI 2010) Tal situaccedilatildeo faz com que esse viacutenculo tenha uma relevacircncia
ainda maior para o desenvolvimento na infacircncia e mereccedila ampla anaacutelise e maiores
estudos a respeito de seus impactos (ALT e BENETTI 2008)
Por outro lado a figura do pai no desenvolvimento da crianccedila pequena
tambeacutem eacute importante e sua vinculaccedilatildeo com o filho tambeacutem se daacute durante a
gestaccedilatildeo poreacutem com caracteriacutesticas muito proacuteprias Haacute estudos que ilustram a
busca dos pais por interagir com seus bebecircs que ainda estatildeo no ventre materno
seja por meio de cariacutecias ou mesmo conversas com a barriga da gestante e que
eles assim como as matildees podem apresentar certa dificuldade em perceber o bebecirc
como ldquorealrdquo principalmente nos meses iniciais do periacuteodo gestacional (HANSEL
2004 PICCININI et al 2004 CIA WILLIANS e AIELLO 2005) Dessa maneira o
envolvimento emocional paterno daacute-se de modo crescente e muito mais consistente
com o proacuteprio avanccedilar da gravidez em consonacircncia com a evoluccedilatildeo da interaccedilatildeo da
matildee (HANSEL 2004 PICCININI et al 2004 CIA WILLIANS e AIELLO 2005)
Como a figura paterna pode representar intenso apoio emocional e material para a
mulher eacute possiacutevel inferir que seu envolvimento positivo com o processo gestacional
eacute um aspecto importante para a vinculaccedilatildeo afetiva com a crianccedila tambeacutem apoacutes o
parto o que com certeza enriquece essa relaccedilatildeo (matildee-pai-bebecirc) Mesmo com essa
notoacuteria importacircncia da figura paterna eacute possiacutevel constatar que a figura do pai ainda
eacute pouco explorada no campo da pesquisa aspecto indicado tambeacutem em literatura
pertinente (HANSEL 2004 PICCININI et al 2004 CIA WILLIANS e AIELLO 2005)
Para a crianccedila pequena a figura dos pais eacute de suma importacircncia jaacute que eles
a auxiliaratildeo a conhecer o mundo e a reconhecer-se como sujeito Ou seja a famiacutelia
configura-se como o primeiro universo de relaccedilotildees sociais da crianccedila podendo
proporcionar-lhe um ambiente adequado de crescimento e desenvolvimento
Corroborando com esse uacuteltimo aspecto reafirma-se que os primeiros anos de vida
constituem uma importante etapa da existecircncia especialmente criacutetica pois nela
configuram-se as habilidades perceptivas motoras cognitivas linguiacutesticas e sociais
possibilitando uma equilibrada interaccedilatildeo com o externo Seraacute a partir deste primeiro
espaccedilo de relaccedilotildees sociais que a crianccedila entenderaacute o ambiente que a cerca e agiraacute
sobre os elementos do mundo (GAT 2000 BRAZELTON e CRAMER 2002
BRAZELTON e GREENSPAN 2002)
43
Importante considerar tambeacutem que quando existe uma interaccedilatildeo efetiva
entre a crianccedila e os membros de sua famiacutelia o desenvolvimento infantil eacute facilitado
pelas trocas que esta relaccedilatildeo oportuniza (HANSEL 2004)
De forma geral a valorizaccedilatildeo da relaccedilatildeo pai-matildee-crianccedila pequena eacute
importante para que todos se sintam seguros em seus papeacuteis e prosperem como
sujeitos As interaccedilotildees satildeo mutuamente alimentadas quando os sujeitos que dela
participam tecircm espaccedilo e oportunidade de responder agraves necessidades do outro e de
si mesmo Em outras palavras os indiviacuteduos em interaccedilatildeo estatildeo em muacutetua e
constante troca um monitora o outro o que implica no surgimento de respostas
emocionais diversas e interpretaccedilotildees cognitivas as quais afetam a continuidade e a
qualidade dessas interaccedilotildees bem como o comportamento futuro dos sujeitos
envolvidos (HANSEL 2004 PICCININI et al 2004 CIA WILLIANS e AIELLO 2005
DESSEN e BRAZ 2005)
Tem-se conhecimento de que tanto a figura materna quanto a paterna
influencia o processo de desenvolvimento do filho especialmente quando se trata da
crianccedila com distuacuterbios de desenvolvimento ou com deficiecircncias (HANSEL 2004
BOLSANELLO e SOUZA 2004 HANSEL e BOLSANELLO 2009)
Gineacute et al (2009) afirmam sobre a interaccedilatildeo com a famiacutelia que o objetivo
final deve ser o de alcanccedilar uma vida com qualidade lembrando que os pais satildeo os
maiores promotores do desenvolvimento de sua crianccedila No sentido de qualidade
lembra-se que o que caracteriza uma relaccedilatildeo familiar eacute a influecircncia da interaccedilatildeo
entre indiviacuteduos sobre outras interaccedilotildees tal influecircncia eacute vista no efeito cumulativo
das interaccedilotildees ou seja os indiviacuteduos natildeo precisam estar continuamente em
interaccedilatildeo para que sua relaccedilatildeo seja mantida (DESSEN e BRAZ 2005)
Dada agrave profunda influecircncia da famiacutelia na constituiccedilatildeo do sujeito-filho pode-se
inferir que haacute nas interaccedilotildees desse microssistema relacional a possibilidade de ele
mostrar-se tanto como fator de risco quanto protetivo Esta aparente ambiguidade eacute
justificada quando se considera a famiacutelia como o grupo social baacutesico do indiviacuteduo
cuja funccedilatildeo e estrutura satildeo determinantes em seu desenvolvimento As relaccedilotildees
entre pais e filhos satildeo caracterizadas por uma enorme complexidade Ao longo dos
tempos aspectos ambientais sociais poliacuteticos transgeracionais culturais e
econocircmicos exercem influecircncia sobre as famiacutelias e a histoacuteria de seus membros
(HANSEL 2004 PICCININI et al 2004 CIA WILLIANS e AIELLO 2005 DINIZ e
KOLLER 2010)
44
Na famiacutelia os objetivos conteuacutedos e meacutetodos se diferenciam fomentando o
processo de socializaccedilatildeo a proteccedilatildeo as condiccedilotildees baacutesicas de sobrevivecircncia e o
desenvolvimento de seus membros no plano social cognitivo e afetivo Esta eacute
tambeacutem a primeira mediadora entre o homem e sua cultura Portanto a famiacutelia eacute a
matriz da aprendizagem humana com significados e praacuteticas culturais proacuteprias
essas que geram modelos de relaccedilatildeo interpessoal e de construccedilatildeo individual e
coletiva (BRONFENBRENNER 1996 BRONFENBRENNER 2011 GURALNICK
2002)
Dessa maneira os acontecimentos e as experiecircncias familiares propiciam a
formaccedilatildeo de repertoacuterios comportamentais de accedilotildees e resoluccedilotildees de problemas com
significados universais e particulares (BRONFENBRENNER 1996
BRONFENBRENNER 2011 GURALNICK 2002) Essas vivecircncias integram a
experiecircncia individual e coletiva que organiza interfere e a torna uma unidade
dinacircmica que estrutura as formas de subjetivaccedilatildeo e interaccedilatildeo social de seus
membros Nesse sentido tambeacutem se pode afirmar que eacute por meio dessa unidade e
suas interaccedilotildees internas que se concretizam as transformaccedilotildees na sociedade que
por sua vez ocasionam novas influecircncias a seus membros num processo
bidirecional (BRONFENBRENNER 1996 BRONFENBRENNER 2011 GURALNICK
2002)
Igualmente pode-se afirmar que aspectos tais como a escolaridade da matildee e
o desemprego paterno podem ser considerados como preditores bastante confiaacuteveis
para explicitar alteraccedilotildees nos resultados de estudos sobre desenvolvimento infantil
(LORDELO et al 2007)
Tambeacutem a interaccedilatildeo familiar possui um caraacuteter de reciprocidade em suas
relaccedilotildees ou seja o estabelecimento de laccedilos muacutetuos mobiliza a crianccedila para o
desenvolvimento de atividades no seu meio fiacutesico social simboacutelico condutores da
sua atividade exploratoacuteria manipuladora criativa e imaginativa logo essa
capacidade comeccedila a desenvolver-se desde o nascimento do bebecirc e aprimora-se ao
longo do tempo e por outro lado o proacuteprio desenvolvimento parental eacute influenciado
pelo comportamento e desenvolvimento dos filhos o que mais uma vez reforccedila a
ideia do desenvolvimento como um processo dinacircmico influenciado pelos vaacuterios
sistemas que o constituem (BRONFENBRENNER 1996 BRONFENBRENNER
2011)
45
Sendo assim quando haacute situaccedilotildees de risco ou problemas nos quais a famiacutelia
precise contar com algum tipo de apoio pode - se afirmar que a principal rede de
apoio eacute a proacutepria interaccedilatildeo entre seus membros especialmente entre os genitores
ou cuidadores principais (BRONFENBRENNER 1996 BRONFENBRENNER 2011
DESSEN e BRAZ 2005) Isso porque o estabelecimento do viacutenculo portanto de
uma relaccedilatildeo de afeto estaacutevel e contiacutenua pode ser considerado o principal elemento
de superaccedilatildeo da mudanccedila para todos os membros dessa unidade primordial E
seratildeo tais viacutenculos que por meio do alimentar brincar ou confortar uma crianccedila
ativaratildeo sentimentos como cumplicidade ternura carinho que se verificam como
contributos para o delineamento do curso da vida Lembra-se que natildeo satildeo apenas
as experiecircncias objetivas que pesam e influenciam o desenvolvimento humano as
subjetivas igualmente auxiliam na formaccedilatildeo do repertoacuterio global dos sujeitos em
evoluccedilatildeo (BRONFENBRENNER 1996 BRONFENBRENNER 2011 DINIZ e
KOLLER 2010)
Nesse sentido a interaccedilatildeo entre microssistemas tais como famiacutelia e escola
ou a creche pode ser um espaccedilo de reforccedilo e orientaccedilatildeo direta ou indireta dessa
rede de apoio primordial (PEREIRA-SILVA e DESSEN 2004 DESSEN e POLONIA
2007) Por outro lado um canal de comunicaccedilatildeo famiacutelia-instituiccedilatildeo ruim falha como
recurso motivacional e de interesse da famiacutelia em relaccedilatildeo ao atendimento da crianccedila
(ORTIZ e FAVARO 2004)
Ressalta-se portanto que o atendimento educacional na infacircncia
especialmente o que eacute voltado agrave crianccedila pequena deve ser baseado no trabalho
colaborativo e cooperativo no compartilhamento de responsabilidades e
informaccedilotildees com a famiacutelia lhes conferindo o empoderamento necessaacuterio para
usufruiacuterem de suas capacidades e potencialidades enquanto cuidadores auxiliando-
os a lidar com os percalccedilos e limites que possam ser motivados pelas
especificidades do filho (ROMERO 2003 GINEacute et al 2009)
Tais aspectos devem ser levados em consideraccedilatildeo principalmente porque a
crianccedila na primeira infacircncia tem necessidades desenvolvimentais muito proacuteprias
as quais devem ser conhecidas e respeitadas tanto pela famiacutelia quanto pela
instituiccedilatildeo que a atende
Ao posicionar o papel da famiacutelia na concepccedilatildeo da Atenccedilatildeo Precoce retoma-
se que em uma perspectiva transacional o desenvolvimento infantil pode ser
entendido como produto de interaccedilotildees dinacircmicas entre a crianccedila a famiacutelia e o
46
contexto (SAMEROFF e FIESE 2000) Essa perspectiva amplia a visatildeo da
costumeira abordagem linear e unidirecional que modelos tradicionais de
atendimento ao desenvolvimento infantil possuem reconhecendo a influecircncia da
interaccedilatildeo de diversos fatores na conformaccedilatildeo da pessoa-crianccedila em
desenvolvimento e tambeacutem influencia profundamente o atendimento agrave crianccedila
pequena com deficiecircncia por transformar esse uacuteltimo em uma abordagem centrada
na famiacutelia (SAMEROFF E FIESE 1990 2000 SERRANO 2007)
Nesse sentido vaacuterios estudos a respeito da relaccedilatildeo entre famiacutelia e
desempenho desenvolvimental da crianccedila confirmam que os pais satildeo importantes
agentes moduladores das experiecircncias de seus filhos de tal maneira que suas
accedilotildees podem se constituir em riscos para o desenvolvimento infantil (BARROS et al
2003 MANCINI et al 2004 AMORIM et al 2009 SARTORI SACANI e VALENTINI
2010)
Em consonacircncia Amorin et al (2009) perceberam em seu
estudo que as crianccedilas que dispunham de menor tempo diaacuterio com suas matildees
apresentaram maior frequecircncia de deacuteficit em equiliacutebrio estaacutetico quando comparadas
agravequelas que permaneciam mais tempo com a matildee sugerindo a presenccedila materna
como um fator de proteccedilatildeo para a aquisiccedilatildeo dessa habilidade Igualmente Barros et
al (2003) evidenciaram em sua pesquisa que podem se constituir em fatores de
risco para o desenvolvimento da crianccedila pequenas situaccedilotildees como ausecircncia do pai
utilizaccedilatildeo de brinquedos inadequados para a faixa etaacuteria o local onde a crianccedila era
mantida em idades precoces da infacircncia a falta de orientaccedilatildeo pedagoacutegica e de
socializaccedilatildeo extrafamiliar precoce e a baixa condiccedilatildeo socioeconocircmica familiar Jaacute
os resultados do estudo de Sartori Sacani e Valentini (2010) sugerem uma diferenccedila
significativa entre o desempenho desenvolvimental dos bebecircs filhos de adolescentes
e os nascidos de matildees adultas ressaltando a possibilidade de a idade materna ser
um fator de risco para a ocorrecircncia de atrasos no desenvolvimento
Diante dos elementos acima se soma a orientaccedilatildeo de Brazelton e Cramer
(2002) na qual evidenciam que quando os pais apreciam e valorizam o repertoacuterio
comportamental de seus bebecircs estatildeo prontos a entrar em um diaacutelogo com eles
Ainda conforme esses autores os profissionais que datildeo apoio aos pais facilitando e
apresentando o repertoacuterio das crianccedilas agrave famiacutelia colaboram com o fortalecimento
dos primeiros viacutenculos e com a promoccedilatildeo do desenvolvimento na infacircncia Aleacutem de
que avaliar a estimulaccedilatildeo disponiacutevel para a crianccedila dentro de uma determinada
47
famiacutelia pode fornecer elementos importantes para as poliacuteticas de sauacutede e educaccedilatildeo
a serem programadas pelos organismos puacuteblicos (MARTINS et al 2004 )
Portanto a essecircncia da relaccedilatildeo materna e paterna com a crianccedila eacute a
reciprocidade Ou seja os cuidadores devem estar acessiacuteveis quando a crianccedila
precisa deles devendo mostrar que haacute interesse no que ela apresenta orientando
quanto a limites e possibilidades Ao demonstrar isso o bebecirc com seus recursos
responderaacute alimentando esse circuito ou sistema de comunicaccedilatildeo Nesse sentido haacute
a importacircncia de se orientar aos cuidadores o mecanismo de comunicaccedilatildeo com sua
crianccedila lembrando-lhes dos efeitos devastadores que riscos como os jaacute indicados
anteriormente podem ocasionar nesse sistema de comunicaccedilatildeo reciacuteproca com o
bebecirc (BRAZELTON 1990 BRAZELTON e CRAMER 2002)
Por esses motivos eacute que se entende como necessaacuterio destacar a
importacircncia de accedilotildees interventivas e de orientaccedilotildees que considerem o papel de pais
ou outros cuidadores principais como uma forma de propiciar prevenccedilatildeo de
possiacuteveis futuros deacuteficits no desenvolvimento infantil e mesmo de minimizar
alteraccedilotildees desenvolvimentais jaacute estabelecidas na infacircncia (BARBA MARTINEZ e
CARRASCO 2003) Pois assim como a crianccedila cuja deficiecircncia jaacute foi identificada
haacute aquele indiviacuteduo que frequenta a educaccedilatildeo infantil e que pode apresentar
alteraccedilatildeo em seu desenvolvimento seja por privaccedilatildeo de estiacutemulos adequados seja
por lesotildees agraves que quando natildeo detectadas ou natildeo atendidas podem comprometer a
maturaccedilatildeo neuropsicoloacutegica o que traz implicaccedilotildees para outras instacircncias do
desenvolvimento humano (GAT 2000)
Nessa perspectiva torna-se destaque que os programas vinculados agrave sauacutede
infantil devem estar voltados tambeacutem para o ambiente educacional da crianccedila pois
nele ela se estrutura como um ser individual e social capaz de interagir com outros
niacuteveis de amplitude e de construir espaccedilos entre os setores sociais envolvidos no
processo de construccedilatildeo de uma vida saudaacutevel (MARTINS et al 2004) Isso se
justifica tambeacutem em pesquisas que reforccedilam a importacircncia da aproximaccedilatildeo entre
famiacutelia e educadoras da educaccedilatildeo infantil como modo de auxiliar no
desenvolvimento da crianccedila pequena com ou sem deficiecircncia (CUEVAS 2003
MACARINI MARTINS e VIEIRA 2009)
Especificamente sobre a Educaccedilatildeo Infantil haacute estudos que evidenciam que
quando ocorrem accedilotildees de avaliaccedilatildeo do desenvolvimento infantil ou mesmo
intervenccedilatildeo precoce no contexto da creche haacute grandes ganhos para o
48
desenvolvimento das crianccedilas ali inseridas (BARBA MARTINEZ e CARRASCO
2003 SOEJIMA 2008 BALTIERI et al 2010) Isso posto salienta-se que a inclusatildeo
educacional natildeo se faz apenas com a adaptaccedilatildeo do espaccedilo mas tambeacutem com a
modificaccedilatildeo de conceitos e condutas sobre a pessoa com deficiecircncia (MANTOAN
2004 MAZZOTA 2003)
Por outro lado investigar como o contexto da creche se mostra diante da
atenccedilatildeo ao desenvolvimento infantil da crianccedila com e sem necessidades especiais
(elencar as dificuldades das educadoras em lidar com a promoccedilatildeo ou estimulaccedilatildeo
do desenvolvimento) auxilia na criaccedilatildeo de accedilotildees que transformem esse ambiente
tornando-o mais inclusivo ampliando a qualidade de seu atendimento e das
relaccedilotildees com a comunidade que atende (BARBA MARTINEZ e CARRASCO 2003
CUEVAS 2003 VITTA 2010 VITTA VITTA e MONTEIRO 2010)
Com base no referencial sobre o tema abordado neste trabalho verifica-se
que para a implementaccedilatildeo de programas de atendimento agrave crianccedila pequena com
necessidades especiais - seja dentro da Educaccedilatildeo Infantil ou na Educaccedilatildeo Especial
- eacute necessaacuterio que os profissionais envolvidos tomem conhecimento a respeito dos
muacuteltiplos fatores de risco e proteccedilatildeo que norteiam o desenvolvimento na infacircncia
com ecircnfase em uma perspectiva ecoloacutegica levando em consideraccedilatildeo as interaccedilotildees
transacionais entre a crianccedila e o ambiente e vice-versa Para tal torna-se
necessaacuteria tambeacutem a construccedilatildeo e o seguimento de um marco teoacuterico e conceitual
que sirva de guia para os serviccedilos de atendimento agrave infacircncia (GURALNIK 2008)
Com estes conhecimentos eacute possiacutevel colocar em praacutetica a criaccedilatildeo de programas de
intervenccedilatildeo em crianccedilas com riscos bioloacutegicos e ambientais e prevenir o surgimento
ou o agravamento de alteraccedilotildees no desenvolvimento sejam elas de origem motora
sensorial intelectual ou emocional tanto na educaccedilatildeo especial quanto na educaccedilatildeo
infantil (FORMIGA e PEDRAZZANI 2004)
Por fim ressalta-se que em virtude dos dados acima correlacionados eacute que
decorre o interesse em investigar concepccedilotildees de pais de crianccedilas com
necessidades especiais e de seus educadores acerca da inclusatildeo educacional na
primeira infacircncia tendo em vista tambeacutem as condiccedilotildees de promoccedilatildeo do
desenvolvimento infantil desse alunado dentro de Centros Municipais de Educaccedilatildeo
Infantil - CMEI
49
25 A INSTITUICcedilAtildeO DE EDUCACcedilAtildeO INFANTIL COMO UM CONTEXTO DE
DESENVOLVIMENTO
Na realidade brasileira os serviccedilos da Educaccedilatildeo Infantil vecircm se
configurando como uma opccedilatildeo de cuidado e educaccedilatildeo amplamente utilizada pelas
famiacutelias contemporacircneas Vaacuterios fatores estatildeo envolvidos entre eles o ingresso da
mulher no mercado de trabalho as novas possibilidades de arranjos familiares o
movimento migratoacuterio das pessoas do interior para cidades maiores com mais
acesso a oportunidades de trabalho e educaccedilatildeo o que faz com que nem sempre a
matildee trabalhadora tenha apoio para o cuidado da sua crianccedila e tambeacutem como
recurso para a parcela da populaccedilatildeo que possui condiccedilotildees socioeconocircmicas
desfavoraacuteveis (RAPOPORT e PICCININI 2004 CERISARA 2002 ROSSETTI-
FERREIRA RAMON e SILVA 2002 CAMPOS 1999 ROSSETTI-FERREIRA
AMORIM e VITOacuteRIA 1994 MOREIRA e LORDELO 2002)
Historicamente esse serviccedilo vem passando por vaacuterias modificaccedilotildees ao longo
dos anos Especialmente nas uacuteltimas trecircs deacutecadas a educaccedilatildeo extrafamiliar de
bebecircs e crianccedilas pequenas tem sido marcada por profundas mudanccedilas sociais
culturais poliacuteticas e econocircmicas que entre outros fatores afetaram as relaccedilotildees
sociais o mundo do trabalho as estruturas familiares os sistemas de ensino a
imagem de crianccedila e o lugar que nossos pequenos ocupam nas instituiccedilotildees
educativas e na sociedade (FERNANDES 2011) Em suma pode-se afirmar que
essas modificaccedilotildees tambeacutem contribuiacuteram para que a Educaccedilatildeo Infantil tivesse
acentuada a sua funccedilatildeo pedagoacutegica deixando para traacutes o caraacuteter assistencialista
que teve em sua origem (OLIVEIRA et al 2006 WEBER et al 2006 VERIacuteSSIMO e
FONSECA 2003)
Nessa transiccedilatildeo de entendimento de sua funccedilatildeo na medida em que se foi
ampliando o nuacutemero de matriacuteculas adquirindo maior espaccedilo em pesquisas no paiacutes
nos debates sociais suas fragilidades foram se destacando o que levou aos
resultados dos primeiros estudos sobre a qualidade desse serviccedilo os quais
indicavam uma situaccedilatildeo generalizada de precarizaccedilatildeo verificada tanto em aspectos
fiacutesicos (instalaccedilotildees ruins materiais pedagoacutegicos e equipamentos em escassez ou
completa ausecircncia) quanto em aspectos humanos (baixa escolaridade dos
profissionais falta de formaccedilatildeo dos educadores ausecircncia de projeto pedagoacutegico
50
problemas de interaccedilatildeo instituiccedilatildeondashfamiacutelia) (CAMPOS FUumlLGRAFF e WIGGERS
2006 FERNANDES 2011) Tais resultados satildeo importantes pois reforccedilam as
discussotildees sobre a necessidade de um atendimento de qualidade como parte dos
direitos da crianccedila
Ainda nesse sentido por uma concepccedilatildeo da crianccedila como um ser de direitos
foram importantes documentos como a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 o Estatuto da
Crianccedila e do Adolescente ECA ndash Lei nordm 806990 e a Lei de Diretrizes e Bases da
Educaccedilatildeo Nacional LDB ndash Lei nordm939496 (CAMPOS 1999 CAMPOS FUumlLGRAFF e
WIGGERS 2006 ROSSETIndashFERREIRA RAMON e SILVA 2002 BRASIL 2012)
Para Campos (1999) a Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional
(BRASIL 2012) eacute a que promoveu as maiores modificaccedilotildees na Educaccedilatildeo pois
influenciou vaacuterios aspectos em todos os niacuteveis educacionais do paiacutes dentre os
quais o sistema de financiamento o curriacuteculo nacional os sistemas de avaliaccedilatildeo o
uso de novas tecnologias a organizaccedilatildeo da gestatildeo e as possibilidades de se
estabelecer parcerias com organizaccedilotildees natildeo governamentais Entre os itens
indicados por essa autora haacute pelo menos dois que satildeo considerados de extrema
relevacircncia para a Educaccedilatildeo Infantil a) a definiccedilatildeo da Educaccedilatildeo Infantil como
primeira etapa da Educaccedilatildeo Baacutesica ndash fato que transfere a responsabilidade
desta para oacutergatildeos de educaccedilatildeo b) a exigecircncia de formaccedilatildeo preacutevia
(preferencialmente niacutevel superior admitindo-se ainda no miacutenimo o magisteacuterio
ndash no niacutevel de ensino meacutedio) para educadores e professores que se dedicam
ao trabalho com crianccedilas pequenas (CAMPOS FUumlLGRAFF e WIGGERS
2006 ROSSETIndashFERREIRA RAMON e SILVA 2002)
Outros documentos de impacto na organizaccedilatildeo do atendimento de crianccedilas
pequenas foram as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo Infantil
(BRASIL 2010) e o Plano Nacional de Educaccedilatildeo PNE (BRASIL 2001) O primeiro
porque ofereceu subsiacutedios para os projetos pedagoacutegicos das prefeituras e das
unidades de Educaccedilatildeo Infantil e o segundo por ter estabelecido padrotildees miacutenimos
para a infra-estrutura das instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Infantil bem como definiu
as metas de expansatildeo desse atendimento no paiacutes (CAMPOS FUumlLGRAFF e
WIGGERS 2006)
Atualmente segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo
Infantil (BRASIL 2010) o ensino infantil eacute a primeira etapa da Educaccedilatildeo Baacutesica
ofertada por espaccedilos institucionais denominados creches e preacute-escolas em caraacuteter
51
natildeo domeacutestico que constituem estabelecimentos educacionais puacuteblicos ou privados
nos quais se prima pela educaccedilatildeo e cuidado de crianccedilas de 0 a 5 anos de idade no
periacuteodo diurno em jornada integral ou parcial regulados e supervisionados por
oacutergatildeo competente do sistema de ensino e submetidos a controle social
Destaca-se que o acesso ao atendimento em Educaccedilatildeo Infantil
especialmente na faixa etaacuteria entre 0 e 3 anos vem crescendo significativamente
nas diferentes regiotildees brasileiras o que justifica a necessidade de se ampliar os
estudos e pesquisas nessa aacuterea tambeacutem como uma maneira de possibilitar
elementos que promovam a qualidade desse serviccedilo (CAMPOS et al 2011)
Poreacutem mesmo diante desse crescimento e das transformaccedilotildees no
atendimento de Educaccedilatildeo Infantil indicadas anteriormente os serviccedilos e estudos
que evidenciem a crianccedila pequena em particular na faixa etaacuteria de 0 a 3 anos tecircm
sido negligenciados (FERNANDES 2011)
Diante das especificidades da Educaccedilatildeo Infantil e sua evoluccedilatildeo poliacutetica e
histoacuterica merecem particular atenccedilatildeo os sujeitos que a compotildeem especialmente os
educadores a famiacutelia e a crianccedila
251 Concepccedilotildees Sobre A Praacutetica Educativa Institucionalizada Aspectos
Relevantes Para A Promoccedilatildeo Do Desenvolvimento Infantil e Para Uma
Proposta Inclusiva
Dentro de um panorama no qual a crianccedila pequena eacute inserida no cuidado
institucionalizado desde tenra idade e no qual passa cerca de 4 a 8 horas por dia
distante de sua famiacutelia o educador de creche adquire uma funccedilatildeo importante
perante o desenvolvimento infantil natildeo apenas de cuidar e educar senatildeo de
complementar e agraves vezes de suplementar a atenccedilatildeo familiar agrave infacircncia (SILVA e
BOLSANELLO 2002 WINNICOTT 1975 ELTINK 1999) Assim as concepccedilotildees
que permeiam o atendimento satildeo fundamentais pois podem reforccedilar e manter
determinadas accedilotildees agraves vezes distorcidas do que eacute necessaacuterio ou recomendaacutevel
para a praacutetica pedagoacutegica (SCHULTZ 2002 PACHECO E DUPRET 2004)
O cuidado de crianccedilas pequenas durante muito tempo esteve atrelado agrave
figura da mulher sensiacutevel e carinhosa que possuiacutea o perfil de ldquomatildeerdquo e gostava de
52
cuidar de crianccedilas o que fortaleceu o caraacuteter leigo e assistencialista dessa funccedilatildeo
(OLIVEIRA et al 2006 WEBER et al 2006 VERIacuteSSIMO E FONSECA 2003
CERISARA 2002)
Ainda como parte dessa concepccedilatildeo o atendimento voltado para as crianccedilas
menores ocupou - e ainda ocupa - o lugar da necessidade da desproteccedilatildeo da
fragilidade de um trabalho voltado para a alimentaccedilatildeo a higiene o abrigo e o apoio
para o caso de ausecircncia familiar (FERNANDES 2011 GUIMARAtildeES 2011 SOUZA
2008) Tal situaccedilatildeo parece ter corroborado com a desvalorizaccedilatildeo do profissional de
creche em especial o que trabalha com berccedilaacuterio e com a dificuldade em se
estabelecer uma identidade pedagoacutegica nesse serviccedilo (SOUZA 2008 OLIVEIRA et
al 2006 MELCHIORI e ALVES 2001)
Como bem lembra Ramos (2006) a Educaccedilatildeo Infantil embora sua histoacuteria
remonte mais de um seacuteculo como cuidado e educaccedilatildeo extrafamiliar somente nos
uacuteltimos anos passou a ser inserida numa perspectiva educacional em resposta aos
movimentos sociais em defesa dos direitos das crianccedilas
Como parte dessa transiccedilatildeo do assistencialismo para a funccedilatildeo pedagoacutegica
alguns temas passaram a fazer parte das discussotildees no acircmbito profissional da
Educaccedilatildeo Infantil e de pesquisas na aacuterea com mais frequecircncia os quais facilmente
se destacam formaccedilatildeo profissional desenvolvimento infantil relaccedilatildeo adulto-crianccedila
viacutenculo planejamento diversidade competecircncia infantil entre outros Nesse
sentido tambeacutem se deve levar em conta que parece ser inevitaacutevel a revisatildeo das
bases e paradigmas educacionais vigentes pois haacute que se promover um diaacutelogo
com as mudanccedilas inerentes ao mundo atual (GOMES 2009)
Com a execuccedilatildeo de pesquisas na aacuterea descortinou-se aspectos muito
relevantes e contraditoacuterios do trabalho do educador de creche os quais ajudam a
perceber concepccedilotildees e necessidades e fazem entender quais pilares vem
suportando esse atendimento
Lordelo (1995 1998) indicou em seus estudos que os educadores natildeo se
mostravam como parceiros do desenvolvimento infantil pois trabalhavam em funccedilatildeo
de responder agraves necessidades mais imediatas e predominantemente fiacutesicas das
crianccedilas atendidas Melchiori e Alves (2001) revelam que os educadores natildeo tecircm
consciecircncia de sua funccedilatildeo como promotores de desenvolvimento infantil Jaacute
Veriacutessimo e Fonseca (2003) perceberam que o atendimento de bebecircs na creche eacute
fortemente centrado na atenccedilatildeo quanto agrave higiene e alimentaccedilatildeo
53
Vitta e Emmel (2004) identificaram uma tendecircncia de que o trabalho no
berccedilaacuterio seja pautado na concepccedilatildeo e na experiecircncia de maternagem dos
educadores Jaacute no estudo de Oliveira et al (2006) os educadores demonstraram
possuir a crenccedila de que para atender crianccedilas pequenas bastava ser mulher e ter
experiecircncia com crianccedilas Alves (2006) percebeu que a ideia de cuidado estaacute
relacionada agrave funccedilatildeo de matildee e natildeo agrave funccedilatildeo de professor ou de educador Nesse
sentido Veriacutessimo (2001) identificou um sentimento contraditoacuterio entre os
educadores Enquanto eles acreditam que associar funccedilatildeo materna com a praacutetica
profissional eacute algo depreciativo por outro lado esperam que as crianccedilas nutram
afeto ldquofilialrdquo por eles
Soejima (2008) salienta que os educadores que participaram de sua
pesquisa demonstraram ter aprendido teorias sobre o desenvolvimento infantil na
graduaccedilatildeo mas que natildeo conseguiam fazer uso desse conhecimento no cotidiano da
creche Igualmente Souza (2008) verificou que os educadores possuem formaccedilatildeo
continuada sobre desenvolvimento infantil mas que encontram dificuldades em
transpor para a accedilatildeo o seu conhecimento
Tambeacutem se destacam conceitos pertinentes ao desenvolvimento humano e
especificamente voltados ao desenvolvimento da crianccedila pequena Vitta (2004)
Souza (2008) e Soejima e Bolsanello (2012) evidenciaram falta de conhecimentos
abrangentes e consistentes sobre desenvolvimento infantil por parte dos educadores
em seus estudos Estes quando aparecem satildeo mais voltados agrave priorizaccedilatildeo de
fatores ambientais logo gerando uma crenccedila ambientalista de desenvolvimento
(MELCHIORI e ALVES 2001 MELCHIORI et al 2007 SOUZA 2008)
Sobre desenvolvimento infantil Soejima e Bolsanello (2012) verificaram a
concepccedilatildeo entre os educadores de que quanto menos ativas as crianccedilas eram mais
saudaacuteveis e que quanto mais ativas mais problemaacuteticas Sob esse aspecto cabe
questionar a qualidade da formaccedilatildeo dos educadores conforme jaacute proposto por Silva
(2003) Vitta e Emmel (2004) Kramer (2006) Souza (2008) e Soejima (2008) Nesse
sentido ressaltam-se os achados de Schultz (2002) ao pesquisar a educaccedilatildeo de
crianccedilas entre 0 e 3 anos e nos quais afirma que a formaccedilatildeo dos professores dessa
faixa etaacuteria pode interferir no desenvolvimento fiacutesico e psiacutequico e no bom
desempenho da crianccedila em seu futuro jaacute que segundo a autora haacute uma relaccedilatildeo de
dependecircncia entre a formaccedilatildeo do educador e a qualidade de seu trabalho
54
Por outro lado a rotina dessas trabalhadoras mostra-se estressante com
muitas atribuiccedilotildees e com pouco ou nenhum tempo para o planejamento e reflexatildeo
sobre sua praacutetica ou mesmo para o cumprimento do que foi planejado assim como
natildeo raro haacute a precarizaccedilatildeo da estrutura fiacutesica dos ambientes com poucos materiais
e excessivo nuacutemero de crianccedilas por educadora (NAZAacuteRIO 2002 ONGARI e
MOLINA 2003 ALVES 2006 OLIVEIRA et al 2006 LORDELO et al 2007
SOUZA 2008) Haacute que se pensar que a fadiga tanto fiacutesica quanto mental a falta de
tempo a frustraccedilatildeo por suas condiccedilotildees de trabalho satildeo aspectos que impedem um
trabalho com qualidade e devem ser amplamente investigados (PEREIRA 2003
SOUZA 2008 BOLSANELLO 2009)
Guimaratildees (2011) percebeu que a rotina na creche eacute fortemente baseada no
controle e na automaccedilatildeo das atividades Segundo ela os educadores falam muito
para as crianccedilas e natildeo com as crianccedilas como citado por ela descrevendo a rotina
ldquodo colo ao chatildeo do chatildeo para a cadeira da cadeira novamente para o chatildeo o
corpo dos bebecircs eacute conduzido pelos adultos em razatildeo das necessidades
emergentes e do tempo correto para cada umardquo Tal dado corrobora com os
achados de Souza (2008) no qual um dos educadores de seu estudo analisa a
rotina de trabalho em creche como uma espeacutecie de ldquofordismordquo infantil pois natildeo eacute
possiacutevel dar conta da individualidade das crianccedilas
Diante desses estudos destaca-se que o cotidiano da Educaccedilatildeo Infantil eacute
muito mais complexo do que parece agrave primeira vista Natildeo eacute tarefa simples apreendecirc-
lo e analisaacute-lo (CARVALHO 2006) Contudo eacute a partir de discussotildees conscientes
sobre os aspectos envolvidos nos atendimentos agrave crianccedila pequena que se tornaraacute
possiacutevel ampliar a compreensatildeo sobre o que eacute preciso para que os espaccedilos da
Educaccedilatildeo Infantil se tornem contextos plenos e fomentadores do desenvolvimento
humano da capacidade de aprendizagem da socializaccedilatildeo e do exerciacutecio da
cidadania (LIMA e BHERING 2006)
Ou ainda como afirmado por Gomes (2009) pensar em educaccedilatildeo de
crianccedilas com qualidade envolve natildeo soacute considerar a travessia dos profissionais da
creche para a aacuterea de educaccedilatildeo e sua formaccedilatildeo senatildeo buscar tambeacutem natildeo
descaracterizar suas histoacuterias suas experiecircncias superando o assistencialismo
objetivando a garantia dos direitos das crianccedilas e conjuntamente os direitos dos
educadores
55
Ainda junto agraves afirmaccedilotildees de Gomes (2009) pensa-se que o que se potildee
tambeacutem como uma questatildeo importante ou seja a capacidade do educador de
produzir reflexatildeo sobre sua praacutetica podendo conceituaacute-la e transformaacute-la Entre as
reflexotildees haveria de ser integrado aleacutem dos aspectos de cuidar e educar fatores
relativos ao desenvolvimento humano Afinal ao cuidar e ao educar se estaacute lidando
com um ser em desenvolvimento intenso cujos marcos iniciais de sua constituiccedilatildeo
como indiviacuteduo estatildeo tambeacutem agrave mercecirc do olhar de quem o cuida e o educa
diariamente Sendo assim entender processos elementares e fundamentais do
desenvolvimento humano essencialmente nos primeiros anos eacute relevante tanto
para a organizaccedilatildeo e planejamento do cotidiano de atendimento quanto para o
estabelecimento de estrateacutegias na Educaccedilatildeo Infantil (CARVALHO SALLES e
GUIMARAtildeES 2002)
Logo promover a avaliaccedilatildeo do atendimento (no conjunto profissionais
ambiente interaccedilatildeo com a famiacutelia estrateacutegias de planejamento e atividades
desenvolvidas) eacute algo importante principalmente no que diz respeito ao contexto
dos primeiros anos de vida dada a sua especificidade e importacircncia no futuro do
indiviacuteduo (LIMA e BHERING 2006)
Aleacutem de questotildees como a formaccedilatildeo dos educadores e suas concepccedilotildees
tambeacutem vale a consideraccedilatildeo de como se verifica a relaccedilatildeo entre elas e as famiacutelias
das crianccedilas atendidas Afinal a interaccedilatildeo entre a famiacutelia e a instituiccedilatildeo de
Educaccedilatildeo Infantil eacute relevante para que ambos os contextos conheccedilam melhor a
crianccedila estabeleccedilam criteacuterios educativos comuns discutam modelos de intervenccedilatildeo
e relaccedilatildeo com as crianccedilas e compreendam as especificidades de cada uma (SILVA
2011) Nesse aspecto vale lembrar que eacute na relaccedilatildeo com o adulto cuidador que a
crianccedila vai desde tenra idade estabelecer ldquoelosrdquo de comunicaccedilatildeo com as demais
pessoas com quem convive E por isso mesmo eacute que as accedilotildees de cuidado e
educaccedilatildeo natildeo podem ser accedilotildees mecacircnicas de assear e alimentar apenas (ROCHA
2008)
Contudo as dificuldades dos educadores tambeacutem passam pela precaacuteria
interaccedilatildeo com as famiacutelias das crianccedilas atendidas (LORDELO et al 2007 SOUZA
2008 CAMPOS et al 2011 FERNANDES 2011)
Correa (2007) argumenta em sua pesquisa que a relaccedilatildeo famiacutelia-instituiccedilatildeo
eacute um ponto a ser considerado para a promoccedilatildeo de um atendimento de qualidade
56
Silva (2011) percebeu em seu estudo que os educadores natildeo demonstram
conhecer ao certo como se daacute o contexto familiar das crianccedilas que atendem Souza
(2008) observou que a famiacutelia natildeo participa ativamente da rotina da creche na
maioria das vezes deixando a crianccedila na porta da instituiccedilatildeo
Os projetos pedagoacutegicos analisados por Fernandes (2011) indicaram um
perfil de famiacutelia visto pela escola como um grupo que precisa de ajuda e que pode
contribuir pouco com a Instituiccedilatildeo Instituiccedilatildeo essa que convida o adulto-cuidador
mais a confraternizar que compartilhar responsabilidades A autora tambeacutem verificou
que haacute a necessidade de os pais participarem efetivamente das accedilotildees da creche
pois segundo ela ao criar espaccedilos de diaacutelogo troca parcerias pode-se favorecer e
estimular as famiacutelias a viverem experiecircncias sociais mais amplas a partilhar as
anguacutestias alegrias e inseguranccedilas advindas do cotidiano favorecendo a superaccedilatildeo
das ideias assistencialistas acerca da Educaccedilatildeo Infantil em especial da que atende
a crianccedila com idade entre zero e 3 anos Por outro lado percebe-se que os pais
nem sempre se excluem de participar tanto do cotidiano da Instituiccedilatildeo quanto da
educaccedilatildeo de seus filhos (FERNANDES 2011 SILVA 2011)
Diante dos dados apresentados acima se destaca a necessidade de se
investigar de modo mais apropriado o papel dos pais diante do cuidar do educar e
da promoccedilatildeo do desenvolvimento de seus filhos ainda bebecircs jaacute que esses uacuteltimos
estatildeo cada vez mais precocemente adentrando ao atendimento institucionalizado
que por sua vez encontra-se envolto em suas proacuteprias contradiccedilotildees necessidades
e lutas Os familiares poderiam participar colaborar contribuir de modo a Educaccedilatildeo
Infantil ter uma identidade melhor cunhada valorizando inclusive o trabalho dos
educadores Em outras palavras conforme assinalado por Fernandes (2011) a
identidade da Educaccedilatildeo Infantil para ser constituiacuteda em suas especificidades
precisa urgentemente integrar as famiacutelias
57
3 MEacuteTODO
O delineamento metodoloacutegico teve como eixo a questatildeo de pesquisa
apresentada na introduccedilatildeo do presente estudo
Quais concepccedilotildees norteiam o processo de inclusatildeo da crianccedila pequena com
necessidades especiais no contexto dos Centros Municipais de Educaccedilatildeo
Infantil (CMEIs) segundo suas Matildees suas Educadoras na Educaccedilatildeo Infantil e
suas Professoras do Atendimento Educacional Especializado
Para responder a esta questatildeo mostrou-se pertinente realizar um estudo
qualitativo exploratoacuterio e comparativo Por seu caraacuteter qualitativo seraacute realizada
anaacutelise interpretativa e contextual dos dados sem a pretensatildeo de medir numeacuterica ou
estatisticamente os fenocircmenos estudados tampouco deveratildeo ser generalizados os
resultados encontrados (SAMPIERI COLLADO e LUCIO 1998) Eacute exploratoacuterio por
se tratar de um tema ou problema de pesquisa pouco estudado e portanto com
poucas pesquisas evidenciadas na literatura destacando-se a escassez de estudos
nesse acircmbito na realidade brasileira (SAMPIERI COLLADO e LUCIO 1998)
Segundo os autores citados o estudo exploratoacuterio serve para familiarizar o
pesquisador com fenocircmenos ainda natildeo suficientemente conhecidos podendo
determinar tendecircncias identificar aacutereas ambientes contextos e situaccedilotildees de
estudo O aspecto comparativo se verificaraacute no tratamento dos dados coletados
pela busca de possiacuteveis relaccedilotildees (discrepacircncias ou aproximaccedilotildees) entre as
concepccedilotildees dos participantes do estudo especialmente acerca da inclusatildeo da
crianccedila pequena com deficiecircncia que frequenta o CMEI (SAMPIERI COLLADO e
LUCIO 1998)
31 CONTEXTO
O contexto dessa pesquisa envolveu 04 (quatro) instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo
Infantil da rede puacuteblica de um municiacutepio da regiatildeo metropolitana de Curitiba que
58
atendem crianccedilas pequenas com deficiecircncia em turmas de berccedilaacuterio e maternal
situado no Estado do Paranaacute Foram escolhidas as turmas de berccedilaacuterio e maternal
por elas abarcarem crianccedilas com a faixa etaacuteria compreendida entre zero e 36
meses
Nesse municiacutepio no ano de 2012 em turmas de berccedilaacuterio (I e II) maternal (I
II e III) e preacutendashescola (I e II) houve um total de 4315 matriculas dessas estatildeo
considerados ldquocasos de inclusatildeordquo apenas 25 crianccedilas no momento em que foi
realizada a pesquisa Desse contingente apenas 08 casos de inclusatildeo educacional
eram de educandos em turmas de berccedilaacuterio e maternal Poreacutem como os criteacuterios de
elegibilidade para a participaccedilatildeo na presente pesquisa solicitavam que as turmas de
inclusatildeo atendessem a faixa etaacuteria entre 0 e 3 anos (creche) e tambeacutem que o
educando participasse do Atendimento Educacional Especializado passaram a se
enquadrar apenas 04 alunos tidos como casos de inclusatildeo que frequentavam 04
instituiccedilotildees diferentes abaixo denominadas de Instituiccedilotildees A B C e D
A Instituiccedilatildeo A atende um total de 180 crianccedilas dividas em turmas de
maternal e preacutendashescola
A Instituiccedilatildeo B atende um total de 376 crianccedilas dividas em turmas de
berccedilaacuterio maternal e preacute-escola
A Instituiccedilatildeo C atende um total de 280 crianccedilas dividas em turmas de
berccedilaacuterio e maternal
Jaacute a Instituiccedilatildeo D atende um total de 220 crianccedilas dividas em turmas de
berccedilaacuterio maternal e preacutendashescola
Todas as instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Infantil funcionam em periacuteodo integral das
07 agraves 18h
Segundo informaccedilotildees das equipes gestoras as Instituiccedilotildees B e C atendem
tambeacutem populaccedilatildeo considerada de risco social
Destaca-se que as turmas de berccedilaacuterio satildeo divididas em berccedilaacuterio I e II e
recebem crianccedilas com faixa etaacuteria entre 4 a 11 meses e entre 12 e 18 meses
respectivamente As turmas de Maternal que satildeo divididas em I e II atendem
educandos com idade entre 18 a 24 meses e entre 24 e 36 meses (completos
durante o ano letivo) respectivamente
Tambeacutem eacute importante ressaltar que o Atendimento Educacional Especializado
ndash AEE eacute desenvolvido de modo geral nas chamadas Salas de Recursos
Multifuncionais Essas salas satildeo espaccedilos estruturados de modo a atender
59
adequadamente as necessidades dos alunos foco da Educaccedilatildeo Especial e no
contexto pesquisado estatildeo lotadas dentro de instituiccedilotildees do Ensino Regular Todas
elas atendem educandos que estatildeo em situaccedilatildeo de inclusatildeo educacional tanto no
Ensino Fundamental quanto na Educaccedilatildeo Infantil
32 PARTICIPANTES
Foram considerados participantes da pesquisa
a) Matildees (pessoas responsaacuteveis cuidadoras principais que desempenham a
funccedilatildeo materna) de crianccedilas com idade entre zero e 36 meses com
necessidades especiais que participam do Atendimento Educacional
Especializado aleacutem de frequentar turmas de berccedilaacuterio (I e II) ou maternal (I e
II) em classe regular na Educaccedilatildeo Infantil no sistema puacuteblico de um
municiacutepio da regiatildeo metropolitana de Curitiba Paranaacute
Neste estudo participaram 04 matildees cujos filhos estatildeo matriculados em uma
das seguintes turmas berccedilaacuterio II maternal I e maternal II
b) Educadoras Regentes que trabalham em turmas de berccedilaacuterio (I e II) e
maternal (I e II) e que atendam as crianccedilas cujas matildees satildeo participantes
desse estudo O grupo de educadoras participantes contou com 09
profissionais Destas 03 eram regentes de berccedilaacuterio I 04 atendem turmas de
maternal I e 02 em maternal II
c) Professoras do Atendimento Educacional Especializado que atendam as
crianccedilas cujas matildees e educadoras participam deste estudo Nesse estudo
participaram 04 Professoras do AEE
Apoacutes apresentar o projeto para a Secretaria de Educaccedilatildeo para as
Gerecircncias de Educaccedilatildeo Especial e Inclusatildeo e para a de Educaccedilatildeo Infantil desse
municiacutepio foi feito o protocolo de solicitaccedilatildeo para a realizaccedilatildeo da pesquisa Em
acordo com o aceite da solicitaccedilatildeo e com a orientaccedilatildeo das Gerecircncias foi realizado o
primeiro contato com as equipes gestoras dos CMEIs que iriam participar No
primeiro contato foi solicitado agrave pesquisadora que entregasse a todas as equipes
60
gestoras uma carta de apresentaccedilatildeo Nesta havia uma breve explicitaccedilatildeo de quem
era a pesquisadora e informaccedilotildees principais do estudo ndash estas uacuteltimas seguiram
recomendaccedilatildeo da Gerecircncia de Educaccedilatildeo Especial e Inclusatildeo Desse modo apoacutes ter
feito a apresentaccedilatildeo do projeto para as equipes gestoras com a explicitaccedilatildeo dos
objetivos do meacutetodo e do termo de consentimento livre e esclarecido (anexo) e de
obter destas a autorizaccedilatildeo para executar a pesquisa em suas unidades elas se
comprometeram a entrar em contato com as educadoras e com as matildees para
agendar novo encontro agora com as participantes da pesquisa Os encontros com
as matildees e com as educadoras participantes desse estudo foram realizados de modo
individual em dia e hora previamente marcados nas dependecircncias das Instituiccedilotildees
em que as crianccedilas eram atendidas na Educaccedilatildeo Infantil
A participaccedilatildeo destas matildees e das educadoras se deu de modo voluntaacuterio
apoacutes serem esclarecidos os pormenores da pesquisa e dirimidas possiacuteveis duacutevidas
sobre o propoacutesito e uso das informaccedilotildees Tambeacutem foi solicitado agraves participantes
para ler o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para entatildeo proceder com a
assinatura e a entrevista propriamente dita
No caso da participaccedilatildeo das professoras do Atendimento Educacional
Especializado natildeo foi necessaacuteria a mediaccedilatildeo das equipes gestoras das instituiccedilotildees
O contato foi feito diretamente entre a pesquisadora e as convidadas Da mesma
forma por meio da carta de apresentaccedilatildeo e conversa pessoal houve o
esclarecimento do conteuacutedo da pesquisa seus objetivos e meacutetodo Apoacutes a
apresentaccedilatildeo do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido foi dado
procedimento agraves entrevistas
33 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS
Com a finalidade de coletar os dados foram elaborados roteiros de
entrevistas semiestruturadas levando em consideraccedilatildeo os objetivos desse estudo
Todos os roteiros de entrevista possuiacuteam uma parte em comum para que se
pusesse coletar e organizar os dados para a anaacutelise comparativa dos mesmos
61
O roteiro de entrevista aplicado agraves matildees (Anexo A) possuiacuteam quatro partes
a) caracterizaccedilatildeo da matildee b) caracterizaccedilatildeo da famiacutelia c) caracterizaccedilatildeo da crianccedila
em desenvolvimento e d) concepccedilotildees sobre o processo inclusivo
Para as educadoras de CMEI (Anexo B) e para as professoras do
Atendimento Educacional Especializado (Anexo C) o roteiro de perguntas tambeacutem
foi dividido em quatro partes a) caracterizaccedilatildeo da entrevistada b) caracterizaccedilatildeo do
trabalho da entrevistada c) concepccedilotildees sobre a crianccedila em desenvolvimento e d)
concepccedilotildees sobre o processo inclusivo
Optou-se por roteiros de entrevistas semiestruturadas com perguntas
abertas pois possibilitam aos entrevistados maior liberdade em respondecirc-las
(LUDKE e ANDREacute 1986) As entrevistas tiveram duraccedilatildeo meacutedia de 60 minutos e
foram realizadas pela pesquisadora em ambiente reservado dentro do contexto de
pesquisa Com preacutevio consentimento das entrevistadas os dados foram gravados
posteriormente transcritos na iacutentegra e analisados agrave luz da literatura pertinente
34 PROCEDIMENTOS DE ANAacuteLISE DE DADOS
Os dados coletados foram analisados por meio de uma abordagem
qualitativa com a utilizaccedilatildeo de anaacutelise de conteuacutedo Foram seguidos na iacutentegra os
passos utilizados por Bolsanello (1998) em sua pesquisa a qual se baseou em
Bardin (1979) a seguir
Apoacutes serem transcritas as entrevistas foram lidas sem qualquer tentativa
de seleccedilatildeo de informaccedilotildees
A seguir os dados brutos das respostas de cada item das entrevistas e
das gravaccedilotildees de aacuteudio foram codificados e agregados em unidades com a
eleiccedilatildeo do tema como unidade de registro e a proximidade conceitual como
regra de enumeraccedilatildeo
Os temas obtidos na codificaccedilatildeo foram reagrupados procedendo-se a um
trabalho de definiccedilatildeo e classificaccedilatildeo de categorias que resultaram no
levantamento de um conjunto de categorias e subcategorias representativas
da totalidade das comunicaccedilotildees
62
Finalmente foi realizada a classificaccedilatildeo e a categorizaccedilatildeo que levaram a
uma descriccedilatildeo das caracteriacutesticas relevantes do conteuacutedo investigado
permitindo gerar inferecircncias e comparaccedilotildees sobre todo o processo de
comunicaccedilatildeo e levando agrave anaacutelise dos dados envolvendo o cruzamento de
todas as informaccedilotildees obtidas
35 CUIDADOS EacuteTICOS
Os procedimentos eacuteticos do presente estudo obedeceram aos criteacuterios da
Eacutetica na Pesquisa com Seres Humanos Os principais cuidados eacuteticos foram
utilizaccedilatildeo de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (ANEXOS D E e F)
permissatildeo das entrevistadas para gravaccedilatildeo das entrevistas garantia do anonimato
das participantes
Tais cuidados garantem de acordo com Cozby (2003) a participaccedilatildeo totalmente
informada e voluntaacuteria das entrevistadas
63
4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
Para a descriccedilatildeo e anaacutelise das caracteriacutesticas relevantes do conteuacutedo
investigado agruparam-se as informaccedilotildees em quatro seccedilotildees Inicialmente realizou-
se a caracterizaccedilatildeo das crianccedilas foco da inclusatildeo e a caracterizaccedilatildeo das
entrevistadas (matildees educadoras e professoras) A seguir levantaram-se as
concepccedilotildees das entrevistadas sobre a crianccedila que estaacute em inclusatildeo Por fim
buscou-se identificar as concepccedilotildees sobre o processo inclusivo na Educaccedilatildeo
Infantil propriamente dito
41 Seccedilatildeo 01 Caracterizaccedilatildeo das Participantes
411 Caracterizaccedilatildeo das crianccedilas foco da inclusatildeo
Pensando que a inclusatildeo educacional de crianccedilas pequenas com
necessidades especiais evidencia um campo sem limites nos quais natildeo se escolhe
a crianccedila que pode ou deve entrar ou natildeo na Educaccedilatildeo Infantil buscou-se identificar
quais eram esses pequenos sujeitos que estatildeo categorizados como alunos em
inclusatildeo Como diria Rodrigues (2006) no campo da educaccedilatildeo natildeo se trata de
melhor caracterizar o que eacute diversidade e quem a compotildee mas de compreender
melhor como as diferenccedilas nos constituem como humanos como somos feitos de
diferenccedilas E portanto no que se refere agrave caracterizaccedilatildeo das crianccedilas que estatildeo em
inclusatildeo pensa-se que eacute tambeacutem uma maneira de se perceber a gama de
condiccedilotildees que devem ser precoce e permanentemente vistas discutidas e
atendidas em suas necessidades e especificidades
Desse modo as matildees entrevistadas falaram sobre sua crianccedila idade
diagnoacutestico quais os serviccedilos que elas frequentam aleacutem da Educaccedilatildeo Infantil e do
Atendimento Educacional Especializado Tambeacutem informaram agrave turma que o filho
64
frequenta o Centro Municipal de Educaccedilatildeo Infantil ndash CMEI e desde quando ele estaacute
matriculado na Educaccedilatildeo Infantil
As quatro crianccedilas cujas matildees participaram da pesquisa possuiacuteam laudos
indicativos sobre seus diagnoacutesticos todos disponiacuteveis nas secretarias das
instituiccedilotildees das quais faziam parte (Quadro 01)
Quadro 01 Distribuiccedilatildeo das crianccedilas segundo laudo meacutedico e diagnoacutestico
Crianccedila Laudo meacutedico disponiacutevel
no CMEI CID ndash 10Diagnoacutestico
Crianccedila 01 Sim CID - F 840 Transtornos Globais do Desenvolvimento ndash Autismo Infantil
Crianccedila 02 Sim CID ndash G 800 Paralisia Cerebral Espaacutestica
Crianccedila 03 Sim CID - Q 870 ndash Siacutendrome de Moebius
Crianccedila 04 Sim CID ndash Q 90 ndash Sindrome de Down
Os laudos meacutedicos apresentavam as seguintes necessidades educacionais
especiais Autismo Infantil (TGD) Paralisia Cerebral Espaacutestica Siacutendrome de
Moebius e Siacutendrome de Down
Foi questionado agraves entrevistadas desde quando seus filhos estatildeo
participando de atendimento em CMEI e qual turma as crianccedilas frequentam
atualmente Nesse sentido elas indicaram o que segue no quadro 02
Quadro 02 Distribuiccedilatildeo das crianccedilas segundo a turma em que estatildeo matriculadas atualmente e o tempo em que frequentam Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil - CMEIs
A idade das crianccedilas variou entre 24 e 36 meses durante o periacuteodo da pesquisa A
crianccedila 01 eacute a mais velha de todas com 36 meses de idade as demais estatildeo na
Crianccedila Turma Atual Haacute quanto tempo frequenta CMEIS
Crianccedila 01 Maternal II Mais de 24 meses
Crianccedila 02 Berccedilaacuterio II Em torno de 8 meses
Crianccedila 03 Maternal I Em torno de 10 meses
Crianccedila 04 Maternal I Em torno de 4 meses
65
faixa etaacuteria dos 24 meses Apenas a crianccedila 02 estaacute com idade fora das indicaccedilotildees
de matriacutecula da turma estando com 24 meses frequentando uma turma para alunos
na faixa etaacuteria de 10 meses a 1 ano e 4 meses As demais estatildeo com idade de
acordo com o esperado para as turmas em que estatildeo matriculadas
Conforme o Quadro 02 eacute possiacutevel verificar que uma crianccedila estaacute matriculada
em turma de Berccedilaacuterio II duas estatildeo em turmas de Maternal I e uma estaacute no
Maternal II Tambeacutem se percebe que a crianccedila 01 eacute a que mais tempo estaacute
frequentando Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil Tendo ela 36 meses de
idade estaacute indo para os serviccedilos da Educaccedilatildeo Infantil desde os 12 meses
aproximadamente As demais crianccedilas foram matriculadas no atual ano letivo Ao
observar as demais crianccedilas eacute possiacutevel inferir que a meacutedia de idade escolhida por
essas matildees para matricularem seus filhos na Educaccedilatildeo Infantil foi de 12 meses
Sendo que de modo geral trecircs dessas crianccedilas permaneceram os primeiros 12
meses em casa aos cuidados da famiacutelia e apenas um educando frequentou Escola
Especial antes de ser matriculado no Centro de Educaccedilatildeo Infantil
O atendimento nos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil - CMEIS eacute
integral para todas as crianccedilas matriculadas contudo os educandos que estatildeo em
inclusatildeo podem ter orientaccedilatildeo para que frequentem apenas parcialmente o
atendimento na instituiccedilatildeo Nesse grupo que participou do estudo percebeu-se que
apenas duas das crianccedilas frequentam o dia todo As outras duas crianccedilas natildeo o
fazem integralmente devido a necessidade de participarem de outros atendimentos
tais como Fonoaudiologia Atendimento Educacional Especializado - AEE
Fisioterapia Nataccedilatildeo entre outros Essas duas crianccedilas que frequentam
parcialmente o CMEI fazem uma meacutedia de 06 horas diaacuterias de atendimento na
Educaccedilatildeo Infantil conforme os relatos das matildees
As participantes comentaram quais outros atendimentos o filho frequenta
aleacutem do Centro Municipal de Educaccedilatildeo Infantil - CMEI e do Atendimento
Educacional Especializado ndash AEE
- Crianccedila 01 Nataccedilatildeo atendimento em um Centro Especializado (Psicologia e
Fonoaudiologia) e Atendimento Educacional Especializado
- Crianccedila 02 Centro Especializado (Fisioterapia Motora Fisioterapia Respiratoacuteria
Terapia Ocupacional Psicologia e Fonoaudiologia) e Atendimento Educacional
Especializado
66
- Crianccedila 03 Nataccedilatildeo Fonoaudiologia Fisioterapia e Atendimento Educacional
Especializado ndash AEE
- Crianccedila 04 Atendimento Educacional Especializado - AEE (semanalmente) e
acompanhamento em hospital de referecircncia (bimestralmente)
412 Caracterizaccedilatildeo das Entrevistadas
Esse subcapiacutetulo traz dados que auxiliam a conhecer quem eram as
entrevistadas Para tal dividiu-se o mesmo em trecircs partes caracterizaccedilatildeo das matildees
caracterizaccedilatildeo das professoras do Atendimento Educacional Especializado - AEE e
caracterizaccedilatildeo das educadoras dos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil -
CMEIs
Ao se decidir por ouvir os relatos desses trecircs grupos de pessoas entendeu-
se que ao cruzar os seus olhares poderia se delinear quadros que identificassem
tendecircncias de como a inclusatildeo de crianccedilas vem ocorrendo e quais questotildees se
mostram relevantes sensiacuteveis ou mesmo mais urgentes a serem discutidas e
revistas em busca de uma praacutetica com mais qualidade O que se justifica tambeacutem
pelo fato de que pesquisas sobre inclusatildeo que levem em consideraccedilatildeo as interaccedilotildees
entre crianccedilandashcrianccedila famiacutelia ndash crianccedila professoras-crianccedila satildeo cada vez mais
importantes para que se possa perceber e problematizar as atitudes o acolhimento
os sentimentos e concepccedilotildees sobre deficiecircncia inclusatildeo e diferenccedilas (YAZLLE
AMORIM ROSSETTI-FERREIRA 2004 SIGOLO e OLIVEIRA 2008)
4121 Caracterizaccedilatildeo das Matildees
Inicialmente foram coletadas informaccedilotildees para caracterizaccedilatildeo das matildees
desse modo foram identificados dados como idade escolaridade e ocupaccedilatildeo das
mesmas (Quadro 03)
67
Quadro 03 ndash Distribuiccedilatildeo das Matildees participantes conforme idade escolaridade e ocupaccedilatildeo
Participante Idade Escolaridade Ocupaccedilatildeo
Matildee 01 31 anos Ensino Meacutedio Dona de casa
Matildee 02 28 anos Graduaccedilatildeo Pedagoga
Matildee 03 23 anos Graduaccedilatildeo Professora
Matildee 04 37 anos Ensino Fundamental Vendedora autocircnoma
A faixa etaacuteria das matildees participantes estaacute entre 23 e 37 anos Duas delas tecircm
como niacutevel de escolaridade a graduaccedilatildeo uma tem formaccedilatildeo em niacutevel Fundamental
e outra em niacutevel meacutedio Apenas uma delas eacute dona de casa as demais possuem
ocupaccedilotildees diferentes ao trabalho de cuidado domeacutestico familiar
Tambeacutem foram caracterizadas as famiacutelias das crianccedilas que estatildeo em
inclusatildeo Foram identificados os membros que compotildee a famiacutelia quem mora com a
crianccedila qual a renda meacutedia mensal da famiacutelia e outro caso de deficiecircncia no grupo
familiar (Quadro 04)
Quadro 04 ndash Distribuiccedilatildeo das Matildees participantes conforme composiccedilatildeo familiar
Participante
Composiccedilatildeo familiar
Matildee 01 Pai da crianccedila Matildee da crianccedila 02 filhos
Matildee 02 Pai da crianccedila Matildee da crianccedila 03 filhos
Matildee 03 X Matildee da crianccedila Avoacute materna avocirc materno e
01 filho
Matildee 04 Pai da crianccedila Matildee da crianccedila 03 filhos
68
Trecircs matildees moram com os pais de suas crianccedilas A matildee que natildeo mora com o
pai de seu filho afirmou que o mesmo natildeo participa de nenhum modo da criaccedilatildeo da
crianccedila No caso em que haacute a ausecircncia do pai bioloacutegico eacute interessante ressaltar
que os dados corroboram a afirmaccedilatildeo de autores como Bronfenbrenner (1996
2011) Dessen e Braz (2005) e Diniz e Koller (2010) quando estes afirmam a
importacircncia dos demais membros que compotildee a famiacutelia no que se refere a dar
sustentaccedilatildeo emocional especialmente quando ocorrem situaccedilotildees de risco para o
desenvolvimento infantil
A renda familiar meacutedia relatada pelas matildees ficou em torno de 06 e 07 salaacuterios
miacutenimos
- Matildee 01 06 salaacuterios miacutenimos
- Matildee 02 entre 06 e 07 salaacuterios miacutenimos
- Matildee 03 06 salaacuterios miacutenimos
- Matildee 04 entre 06 e 07 salaacuterios miacutenimos
Escolaridade dos genitores e renda familiar satildeo dois pontos importantes no
tocante agrave promoccedilatildeo do desenvolvimento na infacircncia pois podem indicar maiores ou
menores chances ou perspectiva de acesso a oportunidades para a ampliaccedilatildeo do
repertoacuterio cognitivo social cultural emocional dos membros que compotildeem a famiacutelia
(LORDELO et al 2007 MUELLER 2008)
Todas as matildees relataram apenas um filho com necessidades especiais na
famiacutelia
4122 Caracterizaccedilatildeo das Professoras do Atendimento Educacional
Especializado
Relembra-se que o Atendimento Educacional Especializado eacute um serviccedilo
dentro da Educaccedilatildeo Especial em conformidade com o Decreto nordm 761111 e que
esse grupo de professores realiza atendimento ao alunado foco da Educaccedilatildeo
Especial e que estatildeo em inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil e no Ensino Fundamental
69
Para tal seu trabalho e sua relaccedilatildeo com a crianccedila pequena com necessidades
especiais eacute fundamental visto que estaacute previsto que elas tambeacutem devem orientar as
famiacutelias e educadoras do CMEI sobre o processo de inclusatildeo desse alunado
Inicialmente foram coletadas informaccedilotildees para caracterizaccedilatildeo das
professoras desse modo foram identificados dados como idade estado civil e
escolaridade (Quadro 05)
Quadro 05 ndash Distribuiccedilatildeo das Professoras do Atendimento Educacional Especializado - AEE conforme idade estado civil ocorrecircncia e quantidade de filhos
Conforme eacute possiacutevel verificar no Quadro 05 a faixa etaacuteria que compotildee o grupo
de Professoras participantes estaacute entre 37 e 49 anos Todas satildeo casadas e tecircm
filhos Tambeacutem foi questionado se elas possuiacuteam alguma formaccedilatildeo especiacutefica para
trabalhar com Educaccedilatildeo Especial e Inclusiva de crianccedilas pequenas e para trabalhar
como professora do AEE Quanto agrave escolaridade das professoras do Atendimento
Educacional Especializado todas elas relataram ter feito vaacuterios cursos de formaccedilatildeo
continuada de curta duraccedilatildeo na aacuterea de Educaccedilatildeo Especial e Inclusatildeo Os dados
estatildeo organizados no Quadro 06 que segue logo abaixo
Participante Idade Estado civilfilhos
P01 45 Casada 2 filhos
P02 49 Casada 3 filhos
P03 37 Casada 2 filhas
P04 40 Casada 2 filhos
70
Quadro 06 ndash Distribuiccedilatildeo das Professoras do Atendimento Educacional
Especializado - AEE conforme sua escolarizaccedilatildeo
Participante Escolaridade
Ensino Meacutedio Graduaccedilatildeo Especializaccedilatildeo
P01 Magisteacuterio Estaacute cursando Pedagogia X
P02 Magisteacuterio Pedagogia com ecircnfase em Educaccedilatildeo Especial
Psicopedagogia
P03 Magisteacuterio Pedagogia Psicopedagogia
P04 Magisteacuterio Pedagogia Psicopedagogia
A professora P02 falou que tem formaccedilatildeo continuada em Estimulaccedilatildeo Visual
As professoras P03 e P04 informaram que estatildeo cursando Especializaccedilatildeo do AEE agrave
distacircncia ofertada pelo MEC Essas professoras que estatildeo cursando a
Especializaccedilatildeo especiacutefica para atuar no atendimento educacional especializado
apontaram que os conteuacutedos aprendidos nele estatildeo sendo muito uacuteteis
especialmente no que se refere ao ensino fundamental pois em grande parte se
baseiam em estrateacutegias praacuteticas para a atuaccedilatildeo docente Sobre Educaccedilatildeo Infantil
as entrevistadas afirmam que haacute conteuacutedos que trazem conceitos e orientaccedilotildees
sobre estimulaccedilatildeo essencial mas essas ainda se mostram um pouco distantes de
sua experiecircncia profissional Nenhuma delas tem formaccedilatildeo na aacuterea especiacutefica de
Educaccedilatildeo Infantil
Foi solicitado que relatassem um pouco de sua trajetoacuteria na aacuterea educacional
Sendo assim foi questionado haacute quanto tempo elas trabalhavam na educaccedilatildeo e se
antes de trabalhar como professora do Atendimento Educacional Especializado -
AEE tiveram outras experiecircncias na aacuterea de educaccedilatildeo (Quadro 07)
71
Quadro 07- Distribuiccedilatildeo das Professoras do Atendimento Educacional Especializado - AEE conforme tempo de trabalho na aacuterea educacional e aacutereas de atuaccedilatildeo dentro da Educaccedilatildeo
Todas informaram se tiveram outras experiecircncias como docentes fora da
Educaccedilatildeo Especial antes de serem professoras do Atendimento Educacional
Especializado - AEE P01 e P04 afirmaram que jaacute tinham tido experiecircncias com
turmas inclusivas antes de ingressarem como docentes no AEE P02 e P03
afirmaram que nunca haviam trabalhado com turmas inclusivas antes de sua
atuaccedilatildeo no AEE
A professora P01 teve um caso na famiacutelia Jaacute as professoras P02 P03 e P04
natildeo tiveram nenhuma experiecircncia marcante com pessoas com necessidades
especiais fora da aacuterea educacional Em acordo com as professoras que jaacute tiveram
alguma experiecircncia com pessoas com necessidades especiais o que se mostra
marcante eacute que esse contato anterior auxilia a como ldquover o deficienterdquo e a como
lidar com ele
4123 Caracterizaccedilatildeo das Educadoras dos Centros Municipais de Educaccedilatildeo
Infantil ndash CMEIs
Todas as entrevistadas atendem crianccedilas pequenas que estatildeo em inclusatildeo
nos Centros de Municipais de Educaccedilatildeo Infantil - CMEIs Participaram 09
Participante Tempo de trabalho na aacuterea
educacional Aacuterea de atuaccedilatildeo
P01 27 anos Educaccedilatildeo Infantil e Fundamental
P02 17 anos Educaccedilatildeo Infantil e Fundamental
P03 20 anos Ensino Fundamental
P04 20 anos Educaccedilatildeo Infantil e Fundamental
72
educadoras que trabalhavam na ocasiatildeo da entrevista com turmas de Berccedilaacuterio e
Maternal Inicialmente foram coletadas informaccedilotildees para caracterizaccedilatildeo das
educadoras desse modo foram identificados dados como idade estado civil se
tinham filhos ou natildeo (Quadro 08)
Quadro 08 - Distribuiccedilatildeo das Educadoras dos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil conforme idade estado civil ocorrecircncia e quantidade de filhos
Conforme o quadro 08 eacute possiacutevel verificar que a faixa etaacuteria das educadoras
participantes estaacute entre 21 e 42 anos 06 delas satildeo casadas 02 satildeo solteiras e uma
eacute viuacuteva Dentro desse grupo 03 das educadoras natildeo tem filhos
Quanto agrave escolaridade foi perguntado se possuiacuteam alguma formaccedilatildeo
especiacutefica para trabalhar com Educaccedilatildeo Infantil e Educaccedilatildeo Especial e Inclusiva
Quatro das educadoras apresentam o curso de magisteacuterio sete delas tem
graduaccedilatildeo em Pedagogia uma ainda estaacute cursando Pedagogia e outra Biomedicina
Participante Idade Estado civilfilhos
E01 27 Casada 2 filhos
E02 28 Casada sem filhos
E03 21 Casada 1 filho
E04 35 Casada 2 filhos
E05 27 Solteira sem filhos
E06 42 Viuacuteva 3 filhos
E07 29 Casada 2 filhos
E08 22 Solteira sem filhos
E09 32 Casada 1 filho
73
cinco das profissionais possuem especializaccedilatildeo dessas quatro na aacuterea de
Psicopedagogia e outra em Educaccedilatildeo Infantil (Quadro 09)
Quadro 09 - Distribuiccedilatildeo das Educadoras dos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil conforme sua Escolaridade
As educadoras E02 E04 E05 E06 E07 e E08 natildeo tiveram nenhuma
formaccedilatildeo especiacutefica sobre Educaccedilatildeo Especial e Inclusatildeo aleacutem das disciplinas
proacuteprias da formaccedilatildeo baacutesica (Magisteacuterio ou Pedagogia)
Jaacute as educadoras E01 E03 e E09 fizeram um curso de formaccedilatildeo continuada
no municiacutepio sobre a inclusatildeo no Ensino Fundamental Natildeo havia ateacute o momento
da coleta de dados referecircncias sobre a oferta de alguma formaccedilatildeo continuada que
evidenciasse a inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil
Foi perguntado se elas tiveram outras experiecircncias como professoras de
turmas de inclusatildeo antes dessa situaccedilatildeo atual
Participante Escolaridade
Ensino Meacutedio Graduaccedilatildeo Especializaccedilatildeo
E01 X Pedagogia Psicopedagogia
E02 X Pedagogia X
E03 Magisteacuterio Pedagogia Psicopedagogia Gestatildeo Escolar
E04 Magisteacuterio Pedagogia ndashcursando X
E05 X Pedagogia X
E06 Magisteacuterio Pedagogia Psicopedagogia
E07 X Pedagogia Educaccedilatildeo Infantil -
cursando
E08 Magisteacuterio Biomedicina ndash
cursando X
E09 X Pedagogia Psicopedagogia -
cursando
74
Quatro das educadoras (E01 E06 E07 e E08) afirmaram positivamente que
tiveram alguma outra experiecircncia com alunos de inclusatildeo antes desse caso atual e
afirmam que isso as ajuda de algum modo nessa turma
Contrariamente cinco delas (E02 E03 E04 E05 e E09) natildeo tiveram nenhum
aluno de inclusatildeo antes desse caso atual
Ainda quanto agraves experiecircncias anteriores com pessoas com necessidades
especiais elas informaram se jaacute tiveram alguma fora da aacuterea educacional
Cinco educadoras (E01 E02 E03 E07 e E08) afirmaram que tiveram
experiecircncias com pessoas com necessidades especiais fora da aacuterea educacional
As outras quatro educadoras (E04 E05 E06 e E09) natildeo tiveram nenhuma
experiecircncia com pessoas com necessidades especiais fora da Educaccedilatildeo Infantil
As participantes informaram o tempo de trabalho na Educaccedilatildeo de modo
geral especificamente na Educaccedilatildeo Infantil e tempo em que estatildeo atendendo essa
turma
Das nove participantes oito soacute tiveram experiecircncia na Educaccedilatildeo Infantil e
uma educadora jaacute trabalhou tambeacutem no Ensino Fundamental
O tempo de atuaccedilatildeo na aacuterea educacional variou de 04 meses a 10 anos No
que se refere agrave atuaccedilatildeo na Educaccedilatildeo Infantil o tempo de trabalho variou igualmente
de 04 meses a 10 anos
Quando questionadas sobre haacute quanto tempo atendem nas turmas atuais
foram obtidas as seguintes respostas 05 educadoras atendem a turma desde o
iniacutecio do ano o que equivale a algo em torno de 09 meses 01 estaacute haacute cerca de 06
meses e 03 das educadoras estatildeo atendendo a turma atual a menos de 06 meses
conforme o que estaacute organizado no Quadro 10 que segue logo abaixo
75
Quadro 10 - Distribuiccedilatildeo das Educadoras dos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil conforme o tempo de atuaccedilatildeo na Educaccedilatildeo de modo geral especificamente na Educaccedilatildeo Infantil e na turma que atende atualmente
42 Seccedilatildeo 02 Concepccedilotildees das Matildees Educadoras e Professoras sobre a
crianccedila que estaacute em inclusatildeo
Foram solicitadas as participantes que relatassem como concebem a crianccedila
pequena que tem necessidades educacionais especiais em relaccedilatildeo as suas
condiccedilotildees e seu processo de inclusatildeo
421 As Matildees e suas crianccedilas
A matildee M01 disse que jaacute desconfiava que o filho tivesse autismo e nega ter
ficado surpresa quando teve a notiacutecia poreacutem seu marido ficou muito triste Apoacutes
Participante Tempo de atuaccedilatildeo na
Educaccedilatildeo Tempo de atuaccedilatildeo na
Educaccedilatildeo Infantil Tempo que atende
essa turma
E01 08 anos 01 ano
01 mecircs
E02 04 meses 04 meses
04 meses
E03 05 anos 05 anos
09 meses
E04 04 anos 04 anos
09 meses
E05 01 ano 01 ano
03 meses
E06 10 anos 10 anos 09 meses
E07 09 anos 09 anos
09 meses
E08 02 anos 02 anos
09 meses
E09 03 anos 03 anos
06 meses
76
receber o diagnoacutestico o apoio da equipe que faz o atendimento especializado na
aacuterea de sauacutede foi fundamental para que a aceitaccedilatildeo do pai fosse sendo construiacuteda
A matildee M02 tambeacutem afirmou que jaacute estava preparada em relaccedilatildeo ao
diagnoacutestico do filho pois teve um parto prematuro com vaacuterias intercorrecircncias para a
crianccedila Desse modo desde os primeiros meses fazia um acompanhamento
rigoroso da sauacutede e do desenvolvimento da crianccedila o que culminou em um
diagnoacutestico de paralisia cerebral
Jaacute para a matildee M03 que teve uma gestaccedilatildeo tranquila a notiacutecia de que a filha
tinha uma siacutendrome veio de uma forma um pouco mais complexa
dai veio a pediatra veio e eu nunca vou esquecer a cara daquela japonesa na minha frente Ela olhava pra mim e eu perguntei ela taacute bem doutora E ela respondeu olha bem pra tua filha Ela tem cara de crianccedila normal Aquele dia foi o maior baque O baque foi porque eu tinha receacutem parido tava inchada doiacuteda e tinha tudo isso e dai eu chorei muito
A matildee M04 tambeacutem teve uma experiecircncia negativa em relaccedilatildeo agrave forma como
foi dada a notiacutecia da condiccedilatildeo da filha
foi logo depois do parto [] Fazia seis horas que ela tinha nascido aiacute a estagiaacuteria foi no quarto e perguntou pela paciente do leito tal e disse vocecirc viu que a tua neneacutem eacute deficiente matildee virou as costas e saiu
Para a matildee M04 o fato de ter dito que a filha era deficiente foi o que mais
chocou porque ela supocircs que queria dizer que a crianccedila teria muito mais
necessidade de cuidados Poreacutem quando falaram que era Siacutendrome de Down
como ela jaacute tinha um pouco de conhecimento sobre a situaccedilatildeo entatildeo se sentiu mais
aliviada quanto agraves condiccedilotildees de sua menina
O choque inicial quando os pais recebem a notiacutecia de que seu filho apresenta
alguma alteraccedilatildeo no desenvolvimento eacute natural e para que o impacto de um
diagnoacutestico ou condiccedilatildeo desconhecida possa ser minimizado eacute fundamental que
eles tenham algum tipo de apoio e orientaccedilatildeo (MINETTO 2010 SCHMITERLOumlW e
FERNANDEZ 2004 PRADO 2005)
Tambeacutem haacute que se ter em destaque que a condiccedilatildeo diferenciada do
desenvolvimento e da sauacutede do filho pode gerar tambeacutem problemas no processo de
vinculaccedilatildeo dele com seus pais e isso podem leva-los a desenvolver uma tendecircncia
77
ao isolamento social que limita as experiecircncias do filho (MINETTO 2010 DE
LINARES 2003 GURALNICK 2000)
Desse modo foi possiacutevel verificar que para todas as matildees o que parece ter
sido fundamental no entendimento da condiccedilatildeo de seus filhos foram os apoios
recebidos nos primeiros meses de vida das crianccedilas em acordo com as informaccedilotildees
logo a seguir
A matildee M01 leva o filho em um centro de apoio especializado em autismo no
qual recebe apoio e orientaccedilatildeo de neurologista e de psicoacuteloga Segundo ela
eu me sinto preparada lidando com ele Antes eu ouvia falar mas eu natildeo sabia o que fazer Hoje eu sei o que fazer com ele eu sei como cuidar dele Ele estaacute sendo bem acompanhado Estou preparada para ajuda-lo
A matildee M02 leva o filho para fazer acompanhamento com meacutedico neurologista
desde o nascimento prematuro e sempre teve apoio e orientaccedilatildeo sobre como
proceder com a crianccedila
A matildee M03 disse que logo apoacutes o diagnoacutestico da filha encontrou uma pediatra
que a apoiou logo nos primeiros meses e que indicou um centro de referencia para
os outros atendimentos que eram necessaacuterios assim como tambeacutem indicou uma
associaccedilatildeo especializada em casos como o de sua crianccedila
A matildee M04 logo apoacutes a confirmaccedilatildeo do diagnoacutestico de Sindrome de Down
tambeacutem foi convidada a participar de um centro de referecircncia para essa siacutendrome
tendo conversado com as assistentes sociais o que segundo ela fez toda a
diferenccedila para um melhor entendimento da condiccedilatildeo da filha
No presente estudo as matildees sugerem que estatildeo construindo uma percepccedilatildeo
positiva de seus filhos e mostram-se interessadas pelo desenvolvimento das
crianccedilas poreacutem haacute estudos como o de Castro (2002) que indicam que matildees de
crianccedilas com doenccedilas crocircnicas aparentavam ser menos responsivas quando na
interaccedilatildeo com seus filhos e manifestando uma tendecircncia maior de ter
comportamentos e sentimentos ambivalentes
Para Schmiterloumlw e Fernandez (2004) cada famiacutelia que tem um filho com
alteraccedilotildees em seu desenvolvimento apresenta um modo proacuteprio de lidar com as
condiccedilotildees de sua crianccedila assim como desenvolve necessidades especiacuteficas
portanto atendimentos que visem dar apoio e orientaccedilatildeo familiar natildeo devem ser
homogecircneos
78
Os trechos abaixo satildeo demonstrativos da satisfaccedilatildeo que as matildees
expressaram durante a entrevista ao falarem sobre suas crianccedilas
A matildee M01 diz que seu filho
eacute uma crianccedila feliz Apesar de ele natildeo falar ele tenta se comunicar da melhor forma que ele consegue para pedir as coisas Ele eacute muito feliz carinhoso gosta de carinho gosta de brincar
Para a matildee M02 o filho
eacute muito especial muito carinhoso bonzinho Ele eacute atento a tudo o que a gente conversa se interessa tem muita forccedila de vontade quer aprender as coisas tem muita vontade de andar
Jaacute para a matildee M03 a filha ldquoeacute muito inteligente Hoje de manhatilde eu falei pra
minha matildee como ela taacute linda Taacute espertardquo E para a matildee M04 a crianccedila ldquoeacute muito
esperta maravilha precisa ver Ela brinca se diverte aprende Nossa Ela eacute dezrdquo
Reconhecer as qualidades e potencialidades dos filhos demonstrando
satisfaccedilatildeo nas relaccedilotildees parece ser algo que auxilia a essas matildees a interessarem-se
cada vez por suas crianccedilas o que possivelmente faz essas uacuteltimas sentirem-se
cada vez mais incentivadas em novas aprendizagens (BRAZELTON 1990)
Todas as matildees indicaram que buscam tratar seus filhos como crianccedilas
normais o relato de matildee M01 e de matildee M04 exemplificam bem a posiccedilatildeo delas
Eu sempre vi ele como uma crianccedila normal tanto que eu trato ele como trato as outras filhas Eu converso eu conto as mesmas coisas pra ele nunca quis proteger ele demais porque ele tem que ser independente tambeacutem (M01)
[] desde que eu soube que ela tinha siacutendrome de Down eu pus na minha cabeccedila que eu natildeo iria tratar ela como uma crianccedila deficiente ela natildeo era uma crianccedila deficiente ao menos que realmente fosse (M04)
Em acordo com as afirmaccedilotildees oferecidas por esse grupo de matildees eacute possiacutevel inferir
que ter uma deficiecircncia eacute a falta de algo (braccedilo perna etc) ou algo que natildeo se
modifica mas elas veem que suas crianccedilas podem modificar seu comportamento
logo natildeo satildeo deficientes
As participantes tambeacutem relatam como fazem para saber se o filho estaacute se
desenvolvendo bem e nesse sentido apenas uma matildee afirma ter sido realizada
79
avaliaccedilatildeo de desenvolvimento infantil pela pediatra da crianccedila as trecircs demais o
fazem em comparaccedilatildeo com outras crianccedilas conhecidas
Mas todas consideram que seus filhos estatildeo se desenvolvendo bem para a idade
natildeo apresentando muitas diferenccedilas em relaccedilatildeo a outras crianccedilas da mesma faixa
etaacuteria
Parte dessa avaliaccedilatildeo eacute produto do que observam das transformaccedilotildees oriundas da
participaccedilatildeo das crianccedilas na Educaccedilatildeo Infantil
As matildees informaram se seus filhos participaram de alguma outra instituiccedilatildeo antes de
ir para o CMEI como por exemplo alguma escola especial ou se ficava com a
babaacute
Apenas uma crianccedila frequentou outro atendimento antes de ir para o CMEI
Segundo a matildee a crianccedila frequentou duas escolas especiais A primeira escola tinha
um horaacuterio difiacutecil de levar pois a crianccedila tinha que acordar muito cedo o que
ocasionou a mudanccedila para uma segunda escola especial mais proacutexima da
residecircncia da famiacutelia Contudo nessa segunda instituiccedilatildeo a matildee percebeu que a
crianccedila natildeo estava evoluindo em seu desenvolvimento conforme o esperado O
relato do que foi observado por essa matildee segue indicado abaixo
Dai a fulana regrediu ela soacute queria dormir Entatildeo toda vez que ia pegar ela laacute ela tava sonolenta e molenga Como se tivesse tomado algum remeacutedio Natildeo tinha tomado natildeo tinha sido dopada mas eacute de ficar isolada
A mesma matildee descreve a sala em que sua crianccedila ficava no periacuteodo de
atendimento nessa escola especial ldquo[] a sala era totalmente escura [] fedia a
mofo era toda fechada sem ventilaccedilatildeo []rdquo
Nas informaccedilotildees sobre a participaccedilatildeo da crianccedila no CMEI elas informaram qual o
motivo de ter matriculado a crianccedila na instituiccedilatildeo haacute quanto tempo agrave crianccedila estaacute
participando deste atendimento qual o motivo de ter sido nessa instituiccedilatildeo turma
que a crianccedila frequenta e qual o periacuteodo que a crianccedila permanece diariamente no
CMEI
Apenas matildee M01 e matildee M02 matricularam seus filhos na Educaccedilatildeo Infantil por
indicaccedilatildeo meacutedica as demais o fizeram por outras razotildees
A matildee M02 aleacutem da sugestatildeo meacutedica tambeacutem afirmou que precisava voltar a
trabalhar e o CMEI seria um bom auxiliar nesse sentido
80
A matildee M03 buscou a Educaccedilatildeo Infantil por acreditar que seria bom para sua filha
especialmente porque ldquoela eacute filha uacutenica pra aprender as coisas baacutesicas que a gente
agraves vezes taacute trabalhando o dia todo e dai ela natildeo tem condiccedilotildees de aprenderrdquo
Apenas a matildee M04 decidiu apoacutes a crianccedila ter tido uma experiecircncia em escola
especial que foi considerada negativa pela famiacutelia conforme indicado anteriormente
As demais crianccedilas ficavam em casa aos cuidados de suas famiacutelias antes de
entrarem na Educaccedilatildeo Infantil
Trecircs das matildees escolheram o CMEI por ser proacuteximo da residecircncia da famiacutelia e
apenas uma fez a escolha por indicaccedilatildeo da meacutedica neurologista que atende o filho
Segundo essa matildee a profissional se referiu a instituiccedilatildeo por fazer parte de um
complexo educacional no qual existem vaacuterios casos de inclusatildeo A matildee M02
escolheu pela proximidade mas tambeacutem porque era a uacutenica que tinha berccedilaacuterio
Se em situaccedilotildees como a de deficiecircncia haacute uma espeacutecie de ldquoapagamentordquo do
saber materno em relaccedilatildeo a como criar seu filho e isso pode comprometer o
desenvolvimento da crianccedila e gerar uma sensaccedilatildeo de fragilidade e impotecircncia em
seus pais (ALVES 2007) entatildeo mais do que nunca accedilotildees interventivas que
considerem a famiacutelia tornam-se fundamentais Quanto a isso Mueller (2008) afirma
que eacute necessaacuterio que essas ultrapassem a ideia de orientaccedilatildeo mas passem a
promover efetivamente a accedilatildeo dos pais Essa pesquisadora tambeacutem indica que eacute
necessaacuterio averiguar o que de fato os pais entenderam e se apropriaram das
orientaccedilotildees pois esse eacute fator que parece comprometer a accedilatildeo dos pais com seus
filhos
422 As Professoras do Atendimento Educacional Especializado ndash AEE e a
inclusatildeo das crianccedilas pequenas que estatildeo nos Centros Municipais de
Educaccedilatildeo Infantil ndash CMEIs
As professoras informaram como eacute o trabalho do AEE quanto tempo faz que
estejam trabalhando como professoras do AEE qual a carga horaacuteria que elas
cumprem semanalmente quantos alunos atendem e quais as maiores
especificidades dos atendimentos
81
De modo geral em acordo com os relatos foi possiacutevel perceber que compete
ao professor do AEE a) atender ao alunado foco Educaccedilatildeo Especial que estaacute em
inclusatildeo no ensino regular complementando a aprendizagem b) dar apoio e
orientaccedilotildees sobre o processo de inclusatildeo tanto para a famiacutelia do aluno quanto ao
seu professor no ensino regular c) buscar recursos que visem melhorar o processo
de inclusatildeo desse alunado junto a outros profissionais especialistas e na
comunidade (estabelecer redes de apoios quando necessaacuterio) O que parece estar
em conformidade com o Decreto nordm 761111 e que dispotildee sobre a Educaccedilatildeo
Especial e o Atendimento Educacional Especializado
Segundo a professora P01 a maior especificidade do Atendimento
Educacional Especializado eacute
natildeo ficar no conteuacutedo eacute atingir o desenvolvimento da crianccedila no que ela precisa e para isso precisa ir atraacutes de especialistas trabalhar todo o ambiente tanto de famiacutelia quanto da escola que ela estaacute inserida
A professora P02 afirma que o ldquoAEE trabalha cada especialidade que ela [a
crianccedila] precisa seja visual a fala o que a crianccedila precisardquo
Jaacute P03 relata que o
trabalho no AEE gira em torno entatildeo na escola realiza trabalho aqui na sala tem o apoio a professora do regular e apoio com a famiacutelia No apoio a famiacutelia chama a matildee faz toda aquela triagem preenche todos os relatoacuterios neacute Na escola regular a gente vai ateacute a escola regular conversa com a professora vecirc a dificuldade que a crianccedila tem pra que a gente possa ajuda neacute o que a professora precisa se eacute adaptaccedilatildeo de algum material para que a gente possa taacute nesse sentido
O grupo tambeacutem informou o tempo em que atua no AEE para o Ensino
Fundamental e no AEE para a Educaccedilatildeo Infantil
E desse modo antes de trazer os dados das entrevistadas eacute importante
relatar que Atendimento Educacional Especializado teve seu iniacutecio nesse municiacutepio
como apoio do Ensino Fundamental no ano de 2009 sendo que o atendimento para
a Educaccedilatildeo Infantil soacute comeccedilou em 2011 Logo eacute relevante que se considere a
precocidade do Atendimento Educacional Especializado nessa regiatildeo
82
As professoras atendem atualmente tanto o alunado do Ensino
Fundamental quanto da Educaccedilatildeo Infantil A professora P02 afirma atender a trecircs
anos no AEE e o faz em outra modalidade - especiacutefico para a Estimulaccedilatildeo Visual - e
sempre trabalhou soacute com crianccedilas de pouca idade (Quadro 11)
Quadro 11 - Distribuiccedilatildeo das Professoras do Atendimento Educacional Especializado conforme seu tempo de atuaccedilatildeo como AEE no Ensino Fundamental e na Educaccedilatildeo Infantil
Conforme o quadro acima eacute possiacutevel verificar que o tempo de atuaccedilatildeo
dessas professoras no Atendimento Educacional Especializado estaacute entre 01 e 03
anos O que condiz com o periacuteodo em que este serviccedilo foi implantado na rede de
educaccedilatildeo do municiacutepio em que ocorreu esta pesquisa
Quanto agrave carga horaacuteria que elas cumprem semanalmente e quantos alunos
atendem seguem no quadro 12
Quadro 12- Distribuiccedilatildeo das Professoras do Atendimento Educacional Especializado conforme seu tempo de atuaccedilatildeo como AEE no Ensino Fundamental e na Educaccedilatildeo Infantil
Participantes Carga horaacuteria
semanal
Nordm de Alunos Ensino
Fundamental
Nordm de Alunos Educaccedilatildeo
Infantil
Total de alunos
Faixa etaacuteria atendida
atualmente
P01 20h 01 01 02 03 a 11 anos
P02 20h 05 03 08 02 a 09 anos
P03 40h 13 01 14 02 a 15 anos
P04 40h 17 03 20 02 a 16 anos
Participantes Tempo no AEE ndash E Fundamental Tempo no AEE- Ed Infantil
P01 01 ano 01 ano
P02 03 anos 02 anos
P03 02 anos 01 ano
P04 02 anos 02 anos
83
Haacute nos grupos dos alunos atendidos por essas professoras do AEE uma
grande heterogeneidade de caracteriacutesticas e condiccedilotildees de desenvolvimento e
aprendizado Elas atendem alunos tanto do Ensino Fundamental quanto da
Educaccedilatildeo Infantil e que apresentam Autismo Siacutendrome de Asperger Paralisia
Cerebral Siacutendrome de Moebius Siacutendrome de Down Deficiecircncia Intelectual entre
outros
Quanto as maiores diferenccedilas entre o Atendimento Educacional Especializado
ndash AEE para o Ensino Fundamental e o AEE direcionado para a Educaccedilatildeo Infantil
elas indicaram (Quadro 13)
Quadro 13 ndash Distribuiccedilatildeo das maiores especificidades do Atendimento Educacional Especializado para a Educaccedilatildeo Infantil e para o Ensino Fundamental
Para a P02 as maiores diferenccedilas satildeo os materiais e o tipo de brinquedos
que satildeo usados P03 afirmou que o atendimento do AEE para a Educaccedilatildeo Infantil
se baseia em atividades de estimulaccedilatildeo essencial e que estaacute
buscando muito na internet em ver que tipo de atividade pode ajudar ele em relaccedilatildeo a material para que me ajude porque na Educaccedilatildeo Infantil eu natildeo tenho experiecircncia porque a gente a gente como professora de Ensino Fundamental a gente pensa logo no pedagoacutegico no ensinar
Participantes
Educaccedilatildeo Infantil
Ensino Fundamental
P01
Atividades voltadas ao corpo para o
desenvolvimento para a socializaccedilatildeo para o
brincar e para a fantasia
Atividades escolares mais complexas
P02 Natildeo usa laacutepis trabalha mais com o estiacutemulo
Usa mais materiais usa alguns materiais escolares
P03 Estimulaccedilatildeo Essencial Trabalha as dificuldades do aluno por meio
de jogos usa bastante o computador tambeacutem precisa adaptar material
P04
Estimulaccedilatildeo encaixes circuitos para
engatinhar jogos de imitaccedilatildeo
Aacuterea de alfabetizaccedilatildeo atividades psicomotoras e orientaccedilotildees atividades para
aprimorar o comportamento dos alunos
84
Elas caracterizaram o trabalho com a crianccedila foco da pesquisa para isso
informaram haacute quanto tempo atendiam a crianccedila foco da pesquisa no Atendimento
Educacional Especializado e como era o atendimento a esse aluno (Quadro 14)
Quadro 14 ndash Distribuiccedilatildeo das Professoras do Atendimento Educacional Especializado conforme tempo em que atendem a crianccedila pequena foco da pesquisa frequecircncia e duraccedilatildeo do atendimento ao aluno
Em termos de frequecircncia semanal ao serviccedilo de AEE percebe-se que este se
organiza em curtos momentos o que sugere duas questotildees ao menos A primeira eacute
a da necessidade de que haja um planejamento bem definido em relaccedilatildeo agraves
condiccedilotildees de cada crianccedila de modo que se aproveite ao maacuteximo esse curto espaccedilo
de tempo de atendimento E a segunda questatildeo eacute em relaccedilatildeo agrave relevacircncia que
estar na Educaccedilatildeo Infantil passa a ter para o desenvolvimento global dessas
crianccedilas pois entre os trecircs contextos relacionados no presente estudo (familiar AEE
e CMEI) eacute no CMEI que elas passam a maior parte de seu tempo
De modo geral as professoras indicam que buscam constantemente adequar
as atividades agraves necessidades individuais do alunado para tal procuram estruturar
seu planejamento em jogos e brincadeiras O caraacuteter luacutedico das atividades tambeacutem
se torna um elemento para diferenciar o AEE das aulas de reforccedilo e das aulas
regulares
Todas as professoras fazem planejamentos semanais e afirmam procurar
avaliar o desempenho da crianccedila dia a dia por meio do que foi alcanccedilado ou natildeo e
frente aos objetivos estabelecidos individualmente
Diante do aspecto novo e diferenciado que o AEE para a Educaccedilatildeo Infantil
apresenta para essas professoras foi questionado o que elas pensaram quando
souberam que iriam atender essas crianccedilas pequenas E apoacutes o periacuteodo de
Participante Tempo em que atende a crianccedila pequena foco da
pesquisa
Frequecircncia e Duraccedilatildeo do Atendimento
P01 8 meses 1x semana 2 horas
P02 7 meses 2x semana 1 hora
P03 4 meses 1 x semana 1 hora
P04 4 semanas 1 x semana 1 hora
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atendimento e relaccedilatildeo com essas crianccedilas como se sentem ao atendecirc-las (Quadro
15)
Quadro 15 ndash Distribuiccedilatildeo das Professoras conforme suas concepccedilotildees antes de atender a crianccedila e apoacutes o periacuteodo em que atende o aluno que estaacute em inclusatildeo
Trecircs das professoras demostraram ter sentido grande preocupaccedilatildeo com o
fato de ter que atender uma crianccedila pequena
Uma delas afirmou que se sentiu feliz pois jaacute estava acostumada a atender
crianccedilas pequenas e viu no novo aluno uma oportunidade de aprender mais
Todas as professoras relataram que ao serem informadas sobre as crianccedilas
pequenas que iriam atender buscaram informaccedilotildees pertinentes agrave condiccedilatildeo da
crianccedila e sobre ideias para as atividades
A participante P03 justifica sua primeira impressatildeo
Ai com bastante medo sinceramente com bastante medo Eu natildeo tinha tido experiecircncia com crianccedila pequena ainda mais com berccedilaacuterio Minha experiecircncia toda era no Ensino Fundamental com crianccedilas maiores e que praticamente natildeo possuiacuteam dificuldade neacute
Outra professora indica o mesmo tipo de preocupaccedilatildeo ldquoAi eu fiquei
desesperada O que eu vou trabalhar Eu soacute tenho a praacutetica do Fundamentalrdquo (P04)
Apoacutes conhecer e atender a crianccedila a opiniatildeo das professoras modificou-se
Os relatos das professoras indicam que estatildeo se sentindo mais seguras muito
embora sua funccedilatildeo no AEE da Educaccedilatildeo Infantil ainda esteja sendo delineada e
restem duacutevidas e anseios
Participante Antes de atender a crianccedila Atualmente
P01 Afirma que natildeo sabia como ia
trabalhar Sente-se orgulhosa do trabalho e da
evoluccedilatildeo do aluno
P02 Sentiu-se feliz porque percebeu
que era um desafio
Sente-se feliz e diz que eacute gratificante perceber o trabalho realizado e a evoluccedilatildeo
do aluno
P03 Sentiu medo Sente-se mais segura
P04 Ficou desesperada Sente-se mais tranquila
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O relato da professora P04 eacute muito interessante e faz lembrar que elas estatildeo
tambeacutem construindo sua identidade como professora do Atendimento Educacional
Especializado voltado para a Educaccedilatildeo Infantil o que traz questotildees e anseios muito
proacuteprios
agora estou mais tranquila porque assim ateacute entatildeo eu via assim meu Deus Eu tocirc perdendo a funccedilatildeo de professora Estou perdendo a funccedilatildeo de professora porque no AEE a gente trabalha com as habilidades natildeo eacute muito aquilo do conteuacutedo propriamente escrito ali Daiacute eu pensei tocirc perdendo minha funccedilatildeo de professora natildeo tocirc tendo minha funccedilatildeo de professora agora porque eu tenho que brincar com essa crianccedila tenho que ensinar a engatinhar tenho que estimular ela (P04)
Apoacutes perceber qual seria o seu trabalho com a crianccedila pequena sua visatildeo
modificou-se
agora natildeo agora eu tocirc mais tranquila natildeo me preocupo muito com as outras pessoas vai falar Que a minha preocupaccedilatildeo tambeacutem era assim poxa minha amiga vai falar essa professora natildeo taacute trabalhando ela taacute brincando Entatildeo eu tinha uma visatildeo assim do que os outros iam pensar do meu trabalho Hoje em dia natildeo Se entra uma pessoa assim e eu tocirc brincando ali com a crianccedila eu continuo fazendo o que tocirc fazendo Antes ateacute que eu meio que dava uma disfarccedilada (P04)
Devido agrave forma de trabalhar outra professora traacutes um relato que
complementa esse uacuteltimo
acho que o professor do AEE para Educaccedilatildeo Infantil tem que ter muita dedicaccedilatildeo mas agraves vezes a gente escuta que o professor do AEE natildeo faz nada neacute Porque cada aluno tem um horaacuterio temos muitos horaacuterios livres mas tem que ter muita dedicaccedilatildeo tem que ter empenho tem que buscar o conhecimento (P03)
Tambeacutem foi solicitado que as profissionais indicassem como fazem para
saber se a crianccedila em inclusatildeo estaacute se desenvolvendo bem E em resposta todas
as professoras relatam que buscam perceber o desenvolvimento dos alunos por
meio da comparaccedilatildeo do desempenho da crianccedila desde o momento em que iniciou
seu atendimento no AEE ateacute o presente
Usam como referecircncias as conversas com as matildees das crianccedilas com as
educadoras e seus proacuteprios apontamentos e agraves vezes orientaccedilotildees dos
especialistas que atendem as crianccedilas Tais referecircncias natildeo satildeo diferentes das
tambeacutem evidenciadas e utilizadas por educadoras de CMEIS (SOUZA 2008)
Contudo pensa-se que pelas especificidades do trabalho das professoras do
Atendimento Educacional Especializado urge que estas profissionais tenham
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maiores recursos para avaliar acompanhar e promover o desenvolvimento de
crianccedilas com necessidades especiais
Sobre a falta de um paracircmetro para avaliar o desenvolvimento infantil a
professora P01 informa
agora diante de todo esse aprendizado a gente - todos do AEE ndash vai se juntar e vai montar dentro do Desenvolvimento Infantil o que eacute conveniente para aquela idade e o que natildeo eacute A gente natildeo tem esse paracircmetro anda porque tudo para noacutes estaacute sendo esse ano um experimento
A falta de paracircmetros para avaliar e acompanhar o desenvolvimento na
primeira infacircncia parece natildeo ser exclusividade das professoras e educadoras da
presente pesquisa conforme jaacute relatado por Souza (2008) Soejima (2008) e
Bolsanello e Soejima (2012) Contudo ao se considerar que o Atendimento
Educacional Especializado pode ser aproveitado como parte de um processo ou
programa de intervenccedilatildeo precoce para as crianccedilas que tecircm deficiecircncias entatildeo seria
indispensaacutevel que se estabelecesse meios de avaliar acompanhar e intervir no
desenvolvimento infantil conforme jaacute evidenciado por autores como Juan ndash Vera e
Peacuterez-Lopez (2009) e Moragas (2009)
Ao serem convidadas a comentar como se daacute o trabalho com essas crianccedilas
pequenas elas tambeacutem indicaram ter uma percepccedilatildeo positiva das crianccedilas que
atendem salientando em seus relatos avanccedilos e qualidades dos seus alunos
A professora P01 conta que atende uma crianccedila com autismo e pela
especificidade precisou fazer um curso para se orientar em como trabalhar Apoacutes
esse curso afirma que sua visatildeo do que a crianccedila precisava para aprender se
modificou e que conseguiu alcanccedilar mais ecircxito em seus objetivos Ela tambeacutem conta
que apoacutes a formaccedilatildeo conseguiu auxiliar mais as educadoras que atende a crianccedila
no CMEI Seu trabalho com esse aluno eacute mais voltado para a adequaccedilatildeo
comportamental pois segundo ela o mesmo passava muito tempo dormindo na
creche ainda usando fraldas chupeta praticamente natildeo fazendo atividades
dirigidas Essa professora tambeacutem construiu rotinas para a crianccedila ficar mais
orientada no que se esperava dela assim como introduziu vaacuterias atividades
pedagoacutegicas todas baseadas na proposta curricular do municiacutepio
Jaacute a professora P02 trabalha apenas com reeducaccedilatildeo e estimulaccedilatildeo visual
Segundo ela trabalha em sala escura com luzes coloridas pareamento de figuras
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com pranchas objetos coloridos objetos musicais sempre focando nos aspectos
psicomotores
No relatado da professora P03 evidencia-se que esta fez pouco contato com a
crianccedila pois ele estava afastado por questotildees de sauacutede Mas que seu atendimento
nesse momento de desenvolvimento do aluno eacute mais voltado para a estimulaccedilatildeo
essencial
Segundo a professora P04 seu trabalho se baseia em atividades de
estimulaccedilatildeo essencial Quando questionada sobre onde ela busca embasamento
para trabalhar com estimulaccedilatildeo essencial essa professora afirmou que aleacutem de
algumas orientaccedilotildees da equipe da Educaccedilatildeo Especial fez bastante pesquisa na
internet Contudo tambeacutem demonstrou em seu relato natildeo saber muito bem como eacute
um atendimento de estimulaccedilatildeo essencial
natildeo natildeo eu natildeo tive (formaccedilatildeo sobre estimulaccedilatildeo essencial) Eu natildeo tive preparaccedilatildeo alguma para atender assim com a Educaccedilatildeo Infantil por isso que eu fiquei desesperada A gente faz curso vai se preparando mas com crianccedilas pequenas natildeo Dai eu acho que eu faccedilo estimulaccedilatildeo mas natildeo sei dizer bem certo se eacute assim Porque quando eu recebi ela (crianccedila) era pra trabalhar com ela estimulaccedilatildeo dai eu fui pesquisar peguei alguns negoacutecios nas informaccedilotildees que eu peguei na internet eacute estimulaccedilatildeo precoce Eacute o que eu sei (P04)
Conforme os relatos sobre os atendimentos percebeu-se que todas as
crianccedilas satildeo trabalhadas individualmente tendo um plano de trabalho elaborado
especificamente e de acordo com as caracteriacutesticas pessoais e cada uma
As crianccedilas que fazem parte do grupo desse estudo precisam deslocar-se do
CMEI de origem ateacute a escola em que estaacute locada a Sala de Recursos Multifuncional
(espaccedilo em que ocorre o Atendimento Educacional Especializado) De modo geral
as Salas de Recursos Multifuncionais podem ser alocadas tanto em CMEIs quanto
em Escolas Regulares No caso dessa pesquisa todas as crianccedilas frequentam
Salas que estatildeo lotadas fora de seus CMEIs
Em conformidade com informaccedilotildees jaacute fornecidas tambeacutem faz parte das
atribuiccedilotildees dessas professoras o contato com os responsaacuteveis pela crianccedila com as
educadoras que a atendem nos CMEIs e especialistas Pelos relatos entende-se
que costumeiramente todas as professoras fazem contato com as matildees e com as
educadoras da crianccedila para estabelecer as questotildees mais pertinentes no momento
apoacutes essas conversas iniciais os demais encontros satildeo realizados conforme
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necessidade O contato com os demais especialistas que atendem a crianccedila
tambeacutem eacute estabelecido de acordo com as condiccedilotildees do aluno
423 As educadoras e as crianccedilas pequenas que estatildeo em inclusatildeo
As Educadoras entrevistadas informaram em qual turma trabalham a faixa
etaacuteria que atendem e a quantidade de alunos matriculados por turma
O quadro abaixo (Quadro 16) ilustra a distribuiccedilatildeo das Educadoras conforme
as turmas que atendem atualmente a faixa etaacuteria da turma em que trabalham e
quantidade de alunos matriculados
Quadro 16 ndash Distribuiccedilatildeo das Educadoras conforme turmas que atendem faixa etaacuteria da turma e quantidade de alunos por turma
Todas as Educadoras dividem o atendimento da turma com outras
profissionais sendo que segundo elas todas que atendem numa mesma turma tecircm
as mesmas atribuiccedilotildees e responsabilidades em relaccedilatildeo agraves crianccedilas Logo percebe-
se que a distribuiccedilatildeo das educadoras eacute
Participante Turma que
atende Faixa etaacuteria da
turma
Quantidade de
alunos por turma
E01 M1 1a e 8m a 2 anos 24
E02 M1 1a e 8m a 2 anos 24
E03 M1 1a e 8m a 2 anos 24
E04 B2 8meses a 1a e 8m 19
E05 M1 1a e 8m a 2 anos 24
E06 M2 2 a 3 anos 24
E07 M2 2 a 3 anos 24
E08 B2 8meses a 1a e 8m 19
E09 B2 8meses a 1a e 8m 19
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- Turma de Berccedilaacuterio = 03 Educadoras por turma
- Turma de Maternal = 02 Educadoras por turma
Durante as entrevistas observou-se que natildeo eacute rara a consideraccedilatildeo de que
nas turmas em grande numero de alunos podem ocorrer limitaccedilotildees no processo de
inclusatildeo de crianccedilas pequenas com necessidades especiais
A relaccedilatildeo quantidade de crianccedilas em turma por educadora tambeacutem eacute algo a
ser considerado quando se pensa em proporcionar um serviccedilo com qualidade e com
vistas agrave promoccedilatildeo do desenvolvimento e melhor desempenho da educadora
(LORDELO et al 2007) Brazelton (2002) ao fazer referecircncia agrave relaccedilatildeo quantidade
de crianccedilas por educadora afirma que esta deveria ser a seguinte 03 a 04 crianccedilas
para cada educadora quando estiverem atendendo bebecircs de 04 crianccedilas por
educadora quando os pequenos estiverem aprendendo a andar e entre 06 a 08
crianccedilas (quando forem maiores de 03 anos) por educadora
Todas relataram que possuem horaacuterio semanal para planejamento das
atividades da turma Cada grupo de Educadora tem sua forma de organizar o
planejamento mas elas foram unacircnimes em dizer que natildeo fazem planejamento
diferenciado em decorrecircncia de terem uma crianccedila em inclusatildeo em suas turmas O
que ocorre eacute que no dia a dia cada Educadora tenta adaptar a praacutetica
anteriormente planejada Para tal levam em conta as condiccedilotildees da crianccedila no
momento da aplicaccedilatildeo da atividade
A Educadora E03 afirma que fez um curso sobre inclusatildeo e que nele foi
orientada que natildeo havia necessidade de estabelecer um planejamento com
objetivos especiacuteficos para a crianccedila foco da inclusatildeo Contudo ela diz que natildeo
saberia como mudar os objetivos
Jaacute a educadora E05 justifica que natildeo consegue fazer atividades diferenciadas
e que como se trabalha muito
com picote com colagem movimento danccedila a parte de equiliacutebrio e como ela (a crianccedila em inclusatildeo) natildeo fica em peacute entatildeo ela natildeo pode participar dessas () Entatildeo a gente tenta a gente coloca ela mas natildeo tem o resultado que a gente espera() a gente natildeo sabe como adaptar pra ela o planejamento Natildeo tem nada diferenciado pra ela
Diante desses dados pode-se inferir que o processo inclusivo da crianccedila
pequena no CMEI falha em se constituir como tal pois foge em vaacuterias instacircncias aos
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princiacutepios baacutesicos do que se considera uma educaccedilatildeo ldquopara todosrdquo tal como
preconizado por autores como Alves (2008) Carvalho (2009) e Oliveira (2010) os
quais ilustram que promover as mesmas oportunidades para os alunos natildeo significa
que todos deveratildeo ser atendidos de forma homogecircnea Pensa-se nesse sentido
que a falta de um planejamento que seja coerente com as caracteriacutesticas das
crianccedilas que estatildeo em inclusatildeo coloca em risco a atenccedilatildeo agraves suas necessidades e
pode contribuir para que haja exclusatildeo e isolamento desse alunado
Todas as Educadoras relataram de forma geral como eacute sua rotina de
trabalho no CMEI demonstrando um cotidiano dividido entre atividades de
alimentaccedilatildeo higiene atividades com cunho pedagoacutegico e brincadeiras Mesmo natildeo
fazendo um plano de trabalho especiacutefico para as crianccedilas que estatildeo em inclusatildeo as
Educadoras afirmam que tentam na praacutetica diaacuteria aplicar algumas atividades e
brincadeiras diferenciadas em conformidade com o que percebem que eacute necessaacuterio
no momento da crianccedila mas nem sempre sabem o que eacute preciso para o aluno que
natildeo raro usam de seus ldquoinstintosrdquo
a gente faz e estaacute fazendo meio que trabalho instintivo a gente acha que eacute bom para ele (aluno) e a gente vai laacute e faz porque natildeo tem rumo ele taacute num mar e a gente tem que velejar para algum lugar (E08)
Tambeacutem ao falarem sobre a rotina de trabalho em vaacuterias situaccedilotildees ao longo
dos relatos as entrevistadas apontaram que esta eacute exaustiva e que eacute difiacutecil dar
atenccedilatildeo individualizada agrave crianccedila em inclusatildeo
entatildeo eacute bem corrido tem umas crianccedilas que natildeo se adaptaram ainda Entatildeo eacute difiacutecil duas soacute darem da inclusiva (crianccedila) mais dos natildeo adaptados mais das vinte (crianccedilas) (E05)
Seis das participantes ao falarem das crianccedilas que atendem destacam as
caracteriacutesticas positivas do aluno e seus avanccedilos Ainda ao relatarem as
especificidades demonstram saber pouco sobre as condiccedilotildees da populaccedilatildeo que
atendem e ressaltam que percebem esse alunado de inclusatildeo como ldquocrianccedilas
normaisrdquo ou ldquopouco diferentesrdquo dos demais educandos
ela eacute muito alegre muito alegre ela eacute uma crianccedila muito esperta muito atenta muito atenta mesmo[] Ela eacute normal normal natildeo eacute a palavra mas ela acompanha ela tem os mesmos interesses que as crianccedilas da mesma idade (E01)
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Da mesma forma a Educadora E02 diz natildeo saber exatamente ldquoo grau da
siacutendrome delardquo Faz afirmaccedilotildees positivas sobre a crianccedila e afirma que natildeo haacute
diferenccedilas entre essa crianccedila e as demais da turma
a gente percebe que natildeo eacute uma siacutendrome muito grave entatildeo a gente trata ela normalmente
Trecircs das Educadoras fazem destaque para as dificuldades das crianccedilas que
atendem afirmando que tiveram evoluccedilatildeo na aprendizagem mas que haacute muitos
empecilhos no atendimento a esses alunos
A Educadora E04 ressalta as dificuldades da crianccedila e de tecirc-la em sala de
aula
ele entrou em sala e natildeo foi colocado uma professora para dar atenccedilatildeo especial para ele agraves vezes a gente natildeo consegue dar atenccedilatildeo especial para ele Ele eacute tratado como os demais
Tambeacutem a Educadora E08 descreve as dificuldades da crianccedila e afirma que
se sentiu como uma ldquomatildee de primeira viagemrdquo quando o segurou no colo pela
primeira vez Segundo ela ldquonatildeo tem muito o que fazer com elerdquo
Em face agraves informaccedilotildees dessas participantes lembra-se que Drago (2011)
ao falar em relaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo infantil considera que apesar de tantos avanccedilos
ainda eacute possiacutevel encontrar muitos entraves que a caracterizam como uma educaccedilatildeo
um tanto quanto vazia de sentido como se ainda permanecesse a ideia de
educaccedilatildeo compensatoacuteria e junto a isso se percebe que o processo de inclusatildeo
ainda eacute bastante mal compreendido nessa faixa etaacuteria Diante disso como fazer uma
turma que tem alunos em inclusatildeo tornar-se verdadeiramente inclusiva Em
resposta acredita-se necessaacuterio o que Zorteacutea (2007) afirma e leva a pensar que
viabilizar a inclusatildeo pressupotildee um espaccedilo escolar que repense seus modos e meios
de existir de forma permanente
Ainda foi perguntado agraves Educadoras haacute quanto tempo atendiam a crianccedila
que estaacute em inclusatildeo (Quadro 17)
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Quadro 17 ndash Distribuiccedilatildeo das Educadoras conforme o tempo em que
atendem a crianccedila que estaacute em inclusatildeo
Dado o tempo em que elas as atendiam foi tambeacutem solicitado que
comentassem o que pensaram quando souberam que iriam atender uma crianccedila de
inclusatildeo e o que sentem depois de tecirc-las conhecido e atendido (Quadro 18)
Quadro 18 - Distribuiccedilatildeo das Educadoras conforme suas concepccedilotildees antes de atender a crianccedila e apoacutes o periacuteodo em que atende o aluno que estaacute em inclusatildeo
Participante
Antes de atender a crianccedila Atualmente
E01 Sentiu-se bem por jaacute conhecer o caso
Sente-se bem
E02 Sentiu-se assustada Sente-se mais tranquila
E03 Sentiu-se feliz porque percebeu que era um desafio
Sente-se ainda insegura
E04 Sentiu-se assustada Sente-se contente com a evoluccedilatildeo da crianccedila
E05 Sentiu-se apavorada Sente-se triste
E06 Sentiu-se apreensiva Sente-se gratificada com a evoluccedilatildeo da crianccedila
E07 Sentiu medo Sente-se medo e inseguranccedila
E08 Sentiu-se apavorada Sente-se mais segura
E09 Sentiu-se assustada Sente-se mais tranquila mas ainda tem medo de atender a crianccedila quando estaacute sozinha
Participantes A quanto tempo
atende essa crianccedila
E01 1 mecircs
E02 4 meses
E03 9 meses
E04 9 meses
E05 3 meses
E06 9 meses
E07 9 meses
E08 9 meses
E09 6 meses
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A grande maioria das participantes relatou que natildeo se sentiu muito
confortaacutevel quando soube que iria atender uma crianccedila de inclusatildeo em sua turma
Sentiram-se com medo assustadas e apavoradas Foram os sentimentos mais
considerados por elas A seguir apresentam-se alguns exemplos de relatos
A Educadora E02 afirma ter ficado assustada e pensou
fiquei assim o que a gente vai fazer neacute Com todo mundo como que a gente vai desempenhar o trabalho Pedagoacutegico o que a gente vai fazer Dai depois a gente foi vendo tentando adaptar mas pelo grau de deficiecircncia dela assim que era tatildeo gritante ela se desenvolveu muito bem neacute
Outra Educadora que tambeacutem afirmou ter ficado assustada justifica esse
sentimento pelo fato de ter muitas crianccedilas na turma e por natildeo ter espaccedilo para
trabalhar com a crianccedila especial Ainda afirma
ele precisa de amparo de atenccedilatildeo especiacutefica para o desenvolvimento dele Se eu dou atenccedilatildeo pra ele eu tenho que virar as costas para outros dezoito alunos (E04)
Vale destacar a percepccedilatildeo da Educadora E06 que disse ter ficado
apreensiva porque outras Educadoras falaram que crianccedilas com autismo satildeo
agressivas e violentas
Apenas duas Educadoras afirmaram que sentiram bem uma porque jaacute
conhecia o caso e a outra porque percebeu que poderia ter uma grande
oportunidade de aprendizado
Dentre o modo como se sentem atualmente quatro Educadoras ainda se
manifestaram de alguma forma desconfortaacuteveis com o que vem acontecendo no
atendimento e por conta disso revelam sentir medo inseguranccedila tristeza As
demais afirmaram que modificaram seu pensamento em relaccedilatildeo agrave crianccedila foco da
pesquisa
Merece destaque especialmente a fala das Educadoras E01 E03 e E05 que
afirmam respectivamente que se sente bem em atender a crianccedila mas se percebe
um pouco desamparada e limitada em relaccedilatildeo a atender as necessidades dela diz
sentir falta de ajuda e acredita que poderia ter feito muito mais pela aluna diz que
se sente triste porque natildeo consegue fazer com que a crianccedila evolua da forma
correta
95
Acredita-se que tais sentimentos poderiam ser minimizados diante de um
trabalho efetivamente feito em conjunto com os serviccedilos do Atendimento
Educacional Especializado o qual poderia servir entre outras coisas a construccedilatildeo
de estrateacutegias que sirvam de suporte para todos os envolvidos no processo inclusivo
- crianccedilas famiacutelias educadoras professoras comunidade entre outros
(BENINCASA 2011)
Entendendo que o processo de inclusatildeo tambeacutem serve agrave promoccedilatildeo do
desenvolvimento infantil foi questionado como elas faziam para saber se essa
crianccedila estava se desenvolvendo
E nesse sentido as Educadoras trouxeram em seus relatos diferentes modos
pelos quais acompanham e avaliam o desenvolvimento das crianccedilas foco do
processo inclusivo entre os quais se destacam a comparaccedilatildeo com as demais
crianccedilas da turma (E01 e E02) em acordo com a execuccedilatildeo das atividades propostas
para a turma (E03 e E04) conforme alteraccedilotildees no comportamento ocorridas durante
o periacuteodo em que o aluno estaacute em inclusatildeo (E05 E06 e E09) e por fim seguindo
ldquoinstinto maternordquo (E04)
Merece destaque as consideraccedilotildees da Educadora E04 ao dizer que por ser
matildee percebe como seu aluno em inclusatildeo se desenvolve Ela diz que as
educadoras que natildeo satildeo matildees provavelmente natildeo percebam o desenvolvimento do
aluno como ela percebe Consideremos a afirmaccedilatildeo da Educadora E05 por
exemplo que avalia o desenvolvimento por meio da visualizaccedilatildeo das alteraccedilotildees de
comportamento que a crianccedila manifesta antes era ldquotiacutemidardquo e agora eacute ldquoagressivardquo
Mas salienta ldquoa gente natildeo tem conhecimento se 2 anos que eacute o caso dela se taacute
desenvolvido ou natildeo se taacute bem ou natildeo taacuterdquo
As Educadoras satildeo unacircnimes em falar que aplicam as mesmas atividades
para toda a turma com rariacutessimos momentos em que conseguem adequar
totalmente uma atividade exclusivamente para a crianccedila que estaacute em inclusatildeo Elas
chamam atenccedilatildeo para o fato de que esses alunos seguem a rotina da turma sem
grandes problemas e que a relaccedilatildeo com o restante da turma eacute o ponto forte da
estimulaccedilatildeo da aprendizagem desse alunado que apresenta dificuldades
Se por um lado elas se sentem bem com o fato de a crianccedila acompanhar
grande parte das atividades da turma por outro haacute relatos em que se mostram
incomodadas por natildeo poderem dar a atenccedilatildeo necessaacuteria para a individualidade dos
alunos em inclusatildeo
96
A Educadora E03 afirma que a crianccedila que estaacute em inclusatildeo entra na
atividade como as outras pois natildeo apresenta muita dificuldade em acompanhar os
demais Inclusive a Educadora sugere que a aluna aprende muito com o estiacutemulo
originado espontaneamente nas relaccedilotildees com o restante da turma e comenta
eacute na convivecircncia com as outras crianccedilas que eu tocirc vendo que ela evolui bem mais do que se eu intervir em alguma coisa
Jaacute a Educadora E08 fala que elas estatildeo bem felizes com o desenvolvimento
do aluno e que fazem um trabalho ldquomeio instintivordquo imaginam o que pode ser bom
para a crianccedila e aplicam porque segundo ela ldquonatildeo tem rumo ele estaacute num mar e a
gente tem que velejar para algum lugarrdquo E de um modo geral as atividades satildeo as
mesmas para todas as crianccedilas Ela afirma tambeacutem que percebe que o maior
estiacutemulo para o aluno que atende natildeo estaacute vindo das atividades diretamente mas
das outras crianccedilas Ela conta que
eles chamam ele pra brincar pegam o brinquedinho eles pegam o brinquedinho e levam pra ele brincar() Eles ajudam muito tanto que a parte do balbuciar (que o aluno aprendeu) eacute porque eles estatildeo falando muito eles vatildeo falam com ele e ele fala tambeacutem ele responde
43 Seccedilatildeo 03 Processo Inclusivo na Educaccedilatildeo Infantil
Esta parte do estudo tem como base o conjunto de informaccedilotildees relatadas
pelas participantes e que versam sobre a) o significado da inclusatildeo b) o motivo da
inclusatildeo c) a opiniatildeo dos participantes a respeito da inclusatildeo d) como deveriam ser
as Educadoras e os Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil - CMEIs para atender
bem ao processo inclusivo e) como a famiacutelia pode ajudar no processo de inclusatildeo
f) como a professora do Atendimento Educacional Especializado - AEE pode
contribuir para a inclusatildeo g) referecircncias e apoios utilizados e indicados para que o
processo inclusivo ocorra com qualidade h) se os Centros Municipais de Educaccedilatildeo
Infantil - CMEIs e as Educadoras estatildeo preparados para o processo inclusivo i)
como se daacute a participaccedilatildeo das famiacutelias atualmente j) vantagens e desvantagens do
processo inclusivo no Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil - CMEI e k)
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comentaacuterio e sugestotildees para melhorar o processo inclusivo nos Centros Municipais
de Educaccedilatildeo Infantil - CMEIs
Esses dados foram organizados em seis grandes eixos em conformidade com
os objetivos especiacuteficos da pesquisa a saber 431 Concepccedilotildees dos Participantes
sobre o Processo Inclusivo 432 Participaccedilatildeo no Processo Inclusivo 433
Avaliaccedilatildeo do Processo Inclusivo 434 Referecircncias e Apoios utilizados e indicados
para que o Processo Inclusivo ocorra com qualidade 435 Vantagens e
Desvantagens do Processo Inclusivo e 436 Sugestotildees e Comentaacuterios visando a
melhoria do Processo Inclusivo na Educaccedilatildeo Infantil
431 Concepccedilotildees dos Participantes sobre o Processo Inclusivo
Quando se questiona o que significa falar que a crianccedila estaacute em inclusatildeo eacute
possiacutevel perceber que o processo em si natildeo se mostra bem claro para as
participantes do estudo
As matildees datildeo ecircnfase no sentido de que estar em inclusatildeo eacute estar com
crianccedilas normais jaacute as professoras do Atendimento Educacional Especializado -
AEE e as educadoras demonstram menos homogeneidade nas respostas
Nas informaccedilotildees ofertadas pelas matildees foi possiacutevel evidenciar que o
significado de a crianccedila estar em inclusatildeo estaacute mais relacionado a
- Chance de estar com crianccedilas da mesma idade e de aprender coisas que natildeo
aprende em casa
- Estar com crianccedilas normais
- Refere-se agrave outra escolinha (ao Atendimento Educacional Especializado)
Nas respostas maternas que indicam que estar em inclusatildeo eacute estar com os
ldquonormaisrdquo elas demonstram que eacute o mesmo que estar com crianccedilas da mesma faixa
etaacuteria O que parece reduzir em muito a amplitude do que o fato pode representar
natildeo para as matildees e profissionais da educaccedilatildeo mas e principalmente para a
crianccedila que estaacute em inclusatildeo Longe de ter uma conotaccedilatildeo pejorativa os relatos
enfatizam que ldquoestar com os normaisrdquo eacute tambeacutem poder ter acesso a aprendizagens e
98
oportunidades de experiecircncias mais proacuteximas agraves adequadas e esperadas para a
faixa etaacuteria das crianccedilas Essa percepccedilatildeo materna parecer ter sido construiacuteda junto
aos proacuteprios motivos e objetivos pelos quais elas matricularam seus filhos nos
CMEIs estar com crianccedilas da mesma idade
A Matildee 03 salienta que ldquoa gente costuma falar que o CMEI deixou de ser
depoacutesito pra ser lugar de aprendizadordquo
Jaacute a Matildee 01 reforccedila a noccedilatildeo de que estar em inclusatildeo eacute ldquoestar com pessoas
normaisrdquo ao afirmar que um dos motivos da inclusatildeo de crianccedilas pequenas eacute que
elas precisam de estiacutemulos e que eacute necessaacuterio ldquobuscar esse estiacutemulo entre os
normaisrdquo
Como jaacute afirmado acima no relato das profissionais (Educadoras dos Centros
Municipais de Educaccedilatildeo Infantil e Professoras do Atendimento Educacional
Especializado) natildeo haacute homogeneidade na percepccedilatildeo do que significa estar em
inclusatildeo
Entre as Educadoras haacute uma tendecircncia de em semelhanccedila agraves matildees
afirmarem que estar em inclusatildeo eacute ldquoestar com normaisrdquo mas tambeacutem haacute aquelas
que dizem que eacute atender a crianccedila especial em sua particularidade e aquelas que
natildeo acreditam que o que estaacute ocorrendo seja inclusatildeo pelas condiccedilotildees precaacuterias
que percebem Logo o significado de afirmar que essa crianccedila estaacute em inclusatildeo
para o grupo das Educadoras eacute
- Estar com crianccedilas da mesma faixa etaacuteria
- Que o aluno eacute visto como uma crianccedila normal
- Estar com crianccedilas normais
- Tratar a crianccedila em sua particularidade
- Que o aluno natildeo seraacute tratado como diferente
- Significa responsabilidade
- Que a crianccedila estaacute ldquomisturadardquo com os demais
A maioria dos relatos evidencia certa tendecircncia em relacionar estar em inclusatildeo com
aspectos sociais e a natildeo diferenciaccedilatildeo do atendimento a esse alunado Os relatos
em destaque ilustram essas concepccedilotildees
99
Que ele estaacute inserido na sala que ele natildeo estaacute sendo tratado diferente que ele participa das atividades e faz parte do grupo apesar das dificuldades (E04)
Que ele estaacute dentro de uma sala com crianccedilas relativamente da mesma idade participando das atividades que todas as crianccedilas podem realizar se tornando membro de uma sociedade (E08)
Que ele estaacute incluso em um ambiente da faixa etaacuteria dele com outros tipos de crianccedila (E09)
Nos relatos das educadoras ainda eacute possiacutevel perceber que haacute contradiccedilotildees
no que elas pensam ser a inclusatildeo e o que elas vivenciam como inclusatildeo no dia a
dia de trabalho tal como para as educadoras E01 e E02
Para a educadora E01 estar em inclusatildeo significa dizer que a crianccedila estaacute
ldquomisturadardquo O que segundo ela
eacute essa a realidade que a gente vecirc entende Eacute um eacute misturar neacute[] Entatildeo hoje a gente recebe a crianccedila e sem saber o que fazer com ela Isso natildeo eacute inclusatildeo pra mim
Jaacute para a E02 estar em inclusatildeo significa ldquoresponsabilidaderdquo Essa educadora
se diz assustada com o tamanho da importacircncia de ter uma crianccedila em inclusatildeo na
Educaccedilatildeo Infantil e justifica dizendo
Porque eu penso seraacute que estou desempenhando um bom trabalho com ela Seraacute que isso taacute ajudando Seraacute que isso vai ser significativo no segundo semestre ou natildeo E ao mesmo tempo em que eu sinto por intuiccedilatildeo que sim de fato eu natildeo sei se a gente estaacute fazendo um bom trabalho com ela
No caso das Professoras do Atendimento Educacional Especializado as
respostas tambeacutem natildeo parecem ter uma concordacircncia entre si Nas respostas os
significados de afirmar que essa crianccedila estaacute em inclusatildeo foram
- Natildeo vecirc sentido de se falar que ela estaacute em inclusatildeo pois eacute uma crianccedila
normal como qualquer outra
- Eacute colocar a crianccedila no conviacutevio com os demais
- Significa que estaacute ocorrendo uma mudanccedila de paracircmetro
- Significa que a crianccedila estaacute tendo um atendimento diferente
100
A professora P01 enfatiza que estar em inclusatildeo no CMEI significa que o
aluno estaacute usufruindo de um direito que eacute de todas as crianccedilas Jaacute a P02 ressalta os
aspectos da possibilidade que a inclusatildeo tem de facilitar a socializaccedilatildeo da crianccedila
pequena P03 ao sugerir que a inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil eacute uma mudanccedila de
paracircmetro tambeacutem indica que estar no CMEI eacute um direito de todas as crianccedilas e
considera que quanto mais cedo for a ldquointervenccedilatildeordquo melhor para o futuro do aluno
penso que eacute uma evoluccedilatildeo muito grande na educaccedilatildeo Que eles tecircm o mesmo direito que qualquer outra crianccedila tem acho assim quanto mais cedo buscar ajuda buscar reabilitaccedilatildeo buscar superar as dificuldades melhor para a crianccedila para o seu desenvolvimento neacute
Eacute possiacutevel perceber que no conjunto das informaccedilotildees as contradiccedilotildees do que
significa estar em inclusatildeo satildeo grandes Desse modo diante dos dados oferecidos
pelas participantes haacute que se perceber que conforme jaacute assinalado por Carvalho
(2011) os termos utilizados nesse acircmbito aleacutem de reduzirem a condiccedilatildeo de sujeito
que ali participa tambeacutem podem induzir a geraccedilatildeo de preconceitos pois implicam
em praacuteticas e experiecircncias agraves quais natildeo eacute possiacutevel mensurar o impacto nas
particularidades das pessoas Tambeacutem Rodrigues (2006) chama a atenccedilatildeo para o
fato de que no momento em que alguns alunos e natildeo outros satildeo considerados e
apontados ndash e portanto fabricados ndash como sendo os diferentes jaacute inscrevemos
nesse processo em termos de separaccedilatildeo e uma diminuiccedilatildeo do outro processo que
eacute contraditoacuterio agravequilo que os textos das reformas anunciam e enunciam
Quanto agrave percepccedilatildeo das profissionais pode-se considerar que poderia ser
mais ampliada talvez ateacute mais homogecircnea caso houvesse mais discussotildees a
respeito do assunto entre o grupo Ter essa identidade nos significados poderia ser
um passo inicial para a construccedilatildeo do processo inclusivo na rede especialmente
mais voltado para as necessidades da crianccedila pequena e da proacutepria estrutura da
Educaccedilatildeo Infantil
Foi questionado qual seria a opiniatildeo delas diante da seguinte situaccedilatildeo se
algueacutem lhe perguntasse qual eacute o motivo de crianccedilas com deficiecircncia estarem
frequentando o CMEI o que vocecirc diria
As matildees indicam perceber que para a crianccedila estar no CMEI eacute uma oportunidade
de aprendizado diferente e mais amplo em relaccedilatildeo ao outros contextos aleacutem de ser
um direito Dentro das categorias evidenciadas nas falas das matildees apenas uma natildeo
101
soube o que falar as demais colocaram como motivo o de crianccedilas pequenas com
deficiecircncia poderem frequentar o CMEI
- Porque a crianccedila com deficiecircncia faz parte da sociedade
- Porque a crianccedila precisa de estiacutemulo
- Eacute um direito de todos
- Porque eacute um lugar de aprendizado
- O Centro Municipal de Educaccedilatildeo Infantil eacute para qualquer crianccedila
- Faz parte do processo educacional da crianccedila
A Matildee 03 salienta que ldquoa gente costuma falar que o CMEI deixou de ser
depoacutesito pra ser lugar de aprendizadordquo
Jaacute a Matildee 01 reforccedila a noccedilatildeo de que estar em inclusatildeo eacute ldquoestar com pessoas
normaisrdquo ao afirmar que um dos motivos da inclusatildeo de crianccedilas pequenas eacute que
elas precisam de estiacutemulos e que eacute necessaacuterio ldquobuscar esse estiacutemulo entre os
normaisrdquo
Alves (2007) tambeacutem percebeu que para os pais a instituiccedilatildeo de educaccedilatildeo
infantil era um ldquobom lugarrdquo para o seu filho se desenvolver com condiccedilotildees e ofertas
que as famiacutelias sentem natildeo poder oferecer aos filhos Os pais da pesquisa de Alves
(2007) indicavam sentirem-se desinformados e desqualificados frente aos
profissionais que satildeo especialistas
No caso das respostas das Educadoras a socializaccedilatildeo da crianccedila com deficiecircncia
tambeacutem eacute enfatizada como a parte positiva da inclusatildeo poreacutem indicam que haacute
muitas necessidades que esse processo traz e que devem ser repensadas e
revistas Essa tendecircncia de relacionar diretamente socializaccedilatildeo e inclusatildeo tambeacutem
foi verificada no estudo de Vitta Vitta e Monteiro (2010) Foram categorias
evidenciadas nas entrevistas destas participantes sobre o motivo de crianccedilas
pequenas com deficiecircncia poderem frequentar o CMEI
- Porque todas as crianccedilas precisam das mesmas oportunidades
- Que por tem direito de participar da Escola Regular
102
- Porque eacute importante a socializaccedilatildeo
- Ela diz que eacute algo obrigatoacuterio por lei
- Elas estatildeo no CMEI para ter conviacutevio social e para o seu desenvolvimento
- Eacute uma preparaccedilatildeo da crianccedila para o Ensino Fundamental
- Que o aluno eacute uma crianccedila normal independente das suas necessidades
- Que eacute importante o aluno ver outras crianccedilas
Apenas uma Educadora afirmou que natildeo saberia o que dizer caso fosse
questionada a esse respeito
Vale ressaltar que a Educadora E04 afirma que fica chateada de natildeo
conhecer mais para poder responder quando as outras Educadoras perguntam o
que essa crianccedila estaacute fazendo ali e se natildeo deveria estar numa Escola Especial Ela
afirma tambeacutem que a inclusatildeo soacute vai fazer diferenccedila para a crianccedila se a educadora
tiver conhecimento e um trabalho aplicado ao aluno
Novamente chama-se a atenccedilatildeo para o que Jesus (2008) reflete no que tange
a formaccedilatildeo docente para a inclusatildeo dizendo que o desafio maior que se apresenta
eacute tentar instituir outras praacuteticas de potencializaccedilatildeo dos saberes-fazeres de tal modo
que a presenccedila de alunos em situaccedilatildeo de desvantagem de qualquer natureza natildeo
seja paralisadora de accedilotildees docentes
Jaacute as professoras do Atendimento Educacional Especializado falam que aleacutem
da socializaccedilatildeo da crianccedila pequena tambeacutem a inclusatildeo contribui para que haja a
superaccedilatildeo de suas dificuldades e serve agrave preparaccedilatildeo para sua trajetoacuteria como
aluno Portanto dentro de seus relatos foi possiacutevel evidenciar as seguintes
categorias sobre o motivo de crianccedilas pequenas com deficiecircncia poderem frequentar
o CMEI
- Que eacute um direito e que eacute pra ela que foi feita a escola
- Toda crianccedila tem direito de participar independente da deficiecircncia
- Eacute importante que essa crianccedila conviva com outras crianccedilas
- Eacute uma determinaccedilatildeo legal
- Eacute uma questatildeo social
- Eacute uma oportunidade de guarda da crianccedila enquanto os pais trabalham
103
De modo geral a inclusatildeo oscila entre ser uma oportunidade de socializaccedilatildeo
e o respeito a um direito que eacute de todas as crianccedilas ndash o de ter acesso agrave
escolarizaccedilatildeo
Zorteacutea (2007) questiona a afirmaccedilatildeo que eacute corrente sobre qual o maior ganho
da inclusatildeo da crianccedila com deficiecircncia que segundo ela dizer que eacute apenas
ldquosocializaccedilatildeordquo eacute ignorar o que as relaccedilotildees sociais produzem de aprendizado de
forma impliacutecita Segundo a autora natildeo eacute possiacutevel separar os aspectos afetivos
cognitivos ou psicomotores da socializaccedilatildeo em si por exemplo
Quanto agrave ecircnfase dada agrave inclusatildeo como direito de acesso a escolarizaccedilatildeo e
oportunidades diversas de aprendizado e desenvolvimento pensa-se que haacute que se
considerar profundamente o que Soares (2006) alerta ao destacar que o fato de ter
crianccedila com necessidades especiais na escola natildeo significa que seja uma instituiccedilatildeo
inclusiva Ou seja a garantia do acesso agrave instituiccedilatildeo de Educaccedilatildeo Infantil e ao
Atendimento Educacional Especializado pode seguir a mesma loacutegica
Pensa-se que diante das informaccedilotildees oferecidas pelas participantes se faz
necessaacuterio discutir a importacircncia da inclusatildeo para aleacutem da socializaccedilatildeo enquanto
parte tambeacutem de um plano de intervenccedilatildeo precoce Principalmente quando se
percebe que nem todas as crianccedilas que tem deficiecircncia ou alteraccedilatildeo no
desenvolvimento frequentam serviccedilos em centros de referecircncia ou tem no
Atendimento Educacional Especializado a complementaccedilatildeo necessaacuteria para a
garantia de promoccedilatildeo do seu desenvolvimento e apoio agrave famiacutelia
Como exemplo disso pode-se citar que entre o grupo de crianccedilas dessa
pesquisa haacute uma aluna que tem Siacutendrome de Down e que natildeo frequenta nenhum
tipo de serviccedilo especializado na aacuterea da sauacutede e que vai para o AEE apenas uma
vez na semana durante 1 hora Pode-se inferir que para essa crianccedila estar no CMEI
eacute fundamental pois o periacuteodo de oito horas diaacuterias que ela passa laacute eacute onde se
encontra o maior contingente de experiecircncias de aprendizagem e de promoccedilatildeo de
seu desenvolvimento
104
432 ParticipaccedilatildeoAtuaccedilatildeo no Processo Inclusivo no CMEI
Investigar o modo como se daacute a participaccedilatildeo das Matildees Educadoras e
Professoras no processo de inclusatildeo da crianccedila pequena se justifica pois conforme
evidenciado por Bhering e Sarkis (2009) quando uma crianccedila ingressa na creche haacute
uma ampliaccedilatildeo de suas relaccedilotildees sociais e de sua famiacutelia Esse novo complexo de
interaccedilotildees passaratildeo a interferir de algum modo para a criaccedilatildeo e re-criaccedilatildeo de
diferentes crenccedilas valores haacutebitos formas de se relacionar de fazer e assim de
perceber o desenvolvimento dessa crianccedila Essa influecircncia eacute muacutetua entre os
sujeitos que se relacionam direta ou indiretamente E eacute nesse contexto que nossas
crianccedilas pequenas na atualidade se deparam para vivenciar sua infacircncia e nesta
pesquisa sua inclusatildeo no ensino regular (BHERING e SARKIS 2009)
Duas das quatro matildees participantes demonstraram ser bastante atuantes no
que se refere ao atendimento no CMEI Segundo seus relatos elas costumam levar
orientaccedilotildees dos especialistas que atendem seus filhos para as educadoras e para as
professoras do AEE Mas essas conversas com as educadoras natildeo raro costumam
ser na entrada ou na saiacuteda das crianccedilas do CMEI Isso se reflete de modo geral em
todas as matildees Todas costumam conversar sobre suas crianccedilas nos mesmos
momentos ndash entrada e saiacuteda do CMEI Enquanto as primeiras buscam informar as
educadoras sobre as ldquonovidadesrdquo acerca de suas crianccedilas as demais conversam
apenas sobre como foi o dia dos filhos no CMEI
Nos relatos maternos natildeo aparecem momentos nos quais foram discutidos e
produzidos conceitos objetivos ou planejadas abordagens para a inclusatildeo de seus
filhos e se isso ocorreu elas natildeo conseguiram identificar e incluir em seus relatos ndash
nem com as educadoras ou com as professoras do AEE A relaccedilatildeo que elas tecircm
com as professoras do Atendimento Educacional Especializado tambeacutem natildeo parece
contribuir efetivamente para sua percepccedilatildeo e interaccedilatildeo no processo inclusivo do
filho na maioria dos casos jaacute que duas matildees natildeo souberam dizer de que forma o
AEE poderia auxiliar na inclusatildeo dos filhos sendo que uma afirmou que o
atendimento individual da crianccedila seria o suficiente para tal
A interaccedilatildeo das matildees no processo inclusivo que ocorre no CMEI aparece
em desacordo com o que se verifica na literatura pertinente e na qual se recomenda
que a famiacutelia participe o maacuteximo possiacutevel dos atendimentos seja na Educaccedilatildeo
105
Infantil ou na Educaccedilatildeo Especial (BARROS 2003 CUEVAS 2003 MANCINI et al
2004 MARTINS e VIEIRA 2009 MACARINI SARTORI SACANI e VALENTINI
2010)
De outro modo quando comparada agrave interaccedilatildeo das matildees com o CMEI
cujos filhos estatildeo em inclusatildeo com outros estudos sobre crianccedilas sem deficiecircncia
os dados satildeo bem semelhantes e as interaccedilotildees satildeo em maioria relatadas como
aligeiradas realizadas no portatildeo e nos momentos de entrada e na saiacuteda do aluno
(LORDELO et al 2007 SOUZA 2008 CAMPOS et al 2011 FERNANDES 2011)
Ou seja o fato da inclusatildeo trouxe pouca modificaccedilatildeo no que tange agrave participaccedilatildeo
das matildees no atendimento dos filhos que estatildeo no CMEI
No que se refere agrave participaccedilatildeo das professoras do Atendimento
Educacional Especializado no processo inclusivo da crianccedila pequena dentro do
CMEI esse se mostra um pouco obscuro principalmente por parte dos relatos das
matildees e das educadoras Trecircs das matildees natildeo relacionaram o processo de inclusatildeo no
CMEI ao Atendimento Educacional Especializado e quatro das educadoras natildeo
souberam o que era o AEE As demais educadoras ao falarem sobre como o
Atendimento Educacional Especializado poderia contribuir com o processo de
inclusatildeo demonstraram natildeo ter muita clareza da funccedilatildeo e da abrangecircncia desse
atendimento
Na fala das proacuteprias professoras do Atendimento Educacional Especializado
sua participaccedilatildeo estaacute mais voltada para o atendimento direto agrave crianccedila pequena
Essa posiccedilatildeo eacute justificada tambeacutem pelo fato de que essas profissionais demonstram
natildeo ter muita clareza de qual eacute o seu papel diante da inclusatildeo da crianccedila pequena
Elas mesmas destacam que atender crianccedilas tatildeo pequenas traz novas
necessidades e perspectivas do seu trabalho antes apenas realizado com os alunos
do Ensino Fundamental
Quando questionadas sobre o atendimento com a crianccedila elas tambeacutem
indicaram que isso estaacute sendo definido Mesmo quando citam que desenvolvem
atividades de estimulaccedilatildeo eacute possiacutevel perceber que esse conceito natildeo estaacute bem
estabelecido para elas
Desse modo infere-se que entre as necessidades que surgem com a
inclusatildeo da crianccedila pequena nos CMEIs estaacute primordialmente estabelecida a de
que essas profissionais precisam ter espaccedilo tempo e recursos para melhor delinear
106
qual eacute a caracteriacutestica maior do seu atendimento quando este for voltado para a
Educaccedilatildeo Infantil
No que se refere agrave atuaccedilatildeo ou participaccedilatildeo das educadoras essas
demonstram que natildeo sabem lidar com o processo inclusivo Segundo elas natildeo haacute
orientaccedilatildeo suficiente nem conhecimento para que consigam construir um
planejamento voltado para a inclusatildeo das crianccedilas pequenas Elas relatam tambeacutem
que ensaiam algumas accedilotildees isoladas no dia a dia na tentativa de dar um
atendimento um pouco diferenciado para o aluno que estaacute em inclusatildeo conforme jaacute
indicado em subcapiacutetulo anterior
Em relaccedilatildeo agraves interaccedilotildees que ocorrem no processo de inclusatildeo tambeacutem
cabe ressaltar a relevacircncia que as relaccedilotildees entre as crianccedilas pequenas tomam
frente agrave promoccedilatildeo do desenvolvimento uns dos outros
Nos relatos das Educadoras fica evidente o importante papel das outras
crianccedilas no quesito citado acima
A Educadora E01 diz que percebe um ldquosentimento de solidariedade entre as
crianccedilas que eacute muito interessanterdquo e que
eles (educadores) tecircm um sentimento de ser igual aquela pessoa (que estaacute em inclusatildeo) que agraves vezes a gente que eacute adulto e que natildeo conviveu com crianccedilas com deficiecircncia a gente natildeo tem E eles que convivem eles tecircm O sentimento eacute assim de que ela eacute igual a gente mas algueacutem tem que se preocupar com ela
A Educadora E04 tambeacutem verificou algo semelhante ldquoas crianccedilas natildeo o
excluem Eles querem levar ele para brincar se ele natildeo vem eles vatildeo ateacute ele para
brincarrdquo
O que tambeacutem eacute reforccedilado pelo relato da Educadora E08 ldquoo estiacutemulo estaacute
vindo dos colegas eles chamam ele pra brincar pegam o brinquedinho e levam para
ele brincar [] Eles ajudam muitordquo
E nesse acircmbito Zorteacutea (2007) percebeu em seu estudo que o brincar
aparece reafirmado como uma estrateacutegia que possibilita a aproximaccedilatildeo entre as
crianccedilas constituindo-se como espaccedilos de produccedilatildeo de cultura nos quais podem
experimentar o pertencimento e que na inclusatildeo educacional as interaccedilotildees entre as
crianccedilas revelam-se como um processo dinacircmico e fundamental Isso porque os
encontros entre as crianccedilas satildeo reveladores de caminhos a serem percorridos e
desencadeadores das suas potecircncias e de seus pares em que compartilham
sentidos que nem sempre se mostram facilmente para os adultos (ZORTEacuteA 2007)
107
433 Referecircncias e Apoios utilizados e indicados para que o Processo
Inclusivo ocorra com qualidade
As entrevistadas informaram quais as maiores dificuldades em relaccedilatildeo a
atender as condiccedilotildees das crianccedilas pequenas com necessidades especiais o que
fazem ou quem procuram para resolver isso
Nos relatos das matildees apenas uma disse que tinha dificuldade em atender o
filho a qual estaacute relacionada ao comportamento do mesmo As demais natildeo
indicaram nenhuma dificuldade Quando ocasionalmente surgem duacutevidas ou
dificuldades sobre a crianccedila de modo geral elas procuram os profissionais da aacuterea
de sauacutede
Na presente pesquisa tambeacutem foi possiacutevel perceber se as matildees recebem
orientaccedilotildees sobre suas crianccedilas como se organizam em sua rotina em famiacutelia e
quais as referecircncias utilizadas por essas matildees quando aparecem duacutevidas sobre
como atender o filho
As Matildees 01 02 e 03 demonstraram que a rotina da crianccedila eacute bem corrida
pela quantidade de atendimentos que ocorrem na semana As Matildees 01 e 03
comentaram que quando estatildeo com o filho em casa buscam desviar as atividades
dos aspectos corretivos terapecircuticos e orientam os programas familiares agrave interaccedilatildeo
entre os demais membros atividades corriqueiras e de lazer Jaacute as Matildees 02 e 04
afirmaram que buscam estimular o filho em casa
A Matildee 01 quando recebe orientaccedilotildees sobre o filho que costumam vir dos
profissionais dos centros especializados que a crianccedila frequenta e da professora do
AEE
No caso da Matildee 03 a fonoaudioacuteloga passa algumas sugestotildees de atividades
mas quem atende mais essas necessidades eacute o avocirc materno Essa matildee busca ter
outra conduta com a filha devido ao pouco tempo que passam juntas diariamente
A Matildee 02 costuma receber orientaccedilotildees do centro especializado que a crianccedila
frequenta entatildeo tenta fazer em casa as atividades que passam para ela A Matildee 04
tenta realizar as orientaccedilotildees que a professora do AEE passa e algumas das
atividades que as educadoras fazem no CMEI e que contam para ela Essa uacuteltima
matildee quando tem duacutevidas sobre a filha busca o centro especializado para dirimi-las
108
Por fim nesse grupo de perguntas foi solicitado que elas informassem se
recebem ou jaacute receberam orientaccedilotildees sobre como atender o filho quem passou as
orientaccedilotildees como isso ocorre e sobre o que satildeo essas orientaccedilotildees
As Matildees 01 02 e 03 afirmam que recebem orientaccedilotildees de como atender a
crianccedila e quem passa geralmente satildeo os profissionais especialistas dos centros de
atendimentos nos quais seus filhos fazem parte
Jaacute a Matildee 04 conta que jaacute recebeu orientaccedilatildeo de alguns especialistas e da
professora do AEE e que atualmente conversa com as educadoras para saber o
que elas fazem no CMEI a fim de poder fazer as atividades em casa tambeacutem
Logo segundo as Matildees cada especialista passa a sua recomendaccedilatildeo de
modo separado dos demais Elas tambeacutem informaram que natildeo costumam participar
dos atendimentos dos filhos por vaacuterios motivos entre eles pelo fato de que natildeo satildeo
convidadas considerando-se que a crianccedila ficaria mais agitada ou mesmo porque
trabalham e natildeo tendo disponibilidade para participar
Destaca-se que um trabalho de intervenccedilatildeo precoce centrado na famiacutelia deve
considerar a participaccedilatildeo efetiva e ativa desta no processo de reabilitaccedilatildeo de
educaccedilatildeo e de desenvolvimento de seu filho (GINEacute GRACIA VILASECA e
BALCELLS 2009)
No caso do grupo das professoras do Atendimento Educacional
Especializado trecircs das participantes informaram como maior dificuldade a
adequaccedilatildeo do seu trabalho agrave condiccedilatildeo da crianccedila pequena que estaacute na Educaccedilatildeo
Infantil Isso porque elas natildeo sabiam como construir esse trabalho especificamente
voltado agraves caracteriacutesticas e necessidades da Educaccedilatildeo Infantil Tais dados permitem
afirmar que se faz necessaacuterio e urgente construir uma abordagem que defina melhor
o trabalho do Atendimento Educacional Especializado voltado para a Educaccedilatildeo
Infantil e que este englobe princiacutepios que evidenciem a crianccedila - como sujeito em
desenvolvimento suas necessidades na infacircncia a importacircncia dos contextos e de
suas relaccedilotildees com a inclusatildeo (famiacutelia CMEI entre outros) e tambeacutem o papel desse
professor diante da inclusatildeo e da promoccedilatildeo do desenvolvimento infantil
As professoras do Atendimento Educacional Especializado relatam
como sendo suas maiores dificuldades
- Adequar o trabalho do AEE para a crianccedila que estaacute na Educaccedilatildeo Infantil
109
- Medo de machucar a crianccedila
A professora P01 afirma que sua maior dificuldade foi definir e se adequar ao
trabalho voltado para a Educaccedilatildeo Infantil Segundo ela
vocecirc planeja dar aula pra vocecirc e natildeo pro aluno que natildeo sabe E eacute a questatildeo tradicional da Educaccedilatildeo Fundamental de querer ensinar a ler escrever e usar caderno e que a Educaccedilatildeo Infantil natildeo tem isso
P03 tambeacutem faz afirmaccedilotildees nesse mesmo sentido justificando porque sentiu
medo quando soube que iria atender uma crianccedila pequena
ai com bastante medo sinceramente com bastante medo Eu natildeo tinha tido experiecircncia com crianccedila pequena ainda mais com berccedilaacuterio Minha experiecircncia toda era no Ensino Fundamental com crianccedilas maiores e que praticamente natildeo possuiacuteam dificuldade neacute
A professora P03 diz que tem medo de machucar a crianccedila por natildeo ter
conhecimento suficiente para atender agrave condiccedilatildeo da mesma
E a professora P04 indica que tem dificuldade em estabelecer o que vai
trabalhar com a crianccedila e como vai fazer isso
Em relaccedilatildeo ao que fazem quando surgem as duacutevidas e dificuldades todas
fizeram referecircncia agrave equipe da Educaccedilatildeo Especial do muniacutecipio afirmando que
costumam trocar informaccedilotildees com os demais membros da equipe de avaliaccedilatildeo e
com as outras professoras do AEE
Todas informaram que receberam algumas orientaccedilotildees da equipe da
Educaccedilatildeo Especial sobre as condiccedilotildees das crianccedilas que iriam atender e que essas
orientaccedilotildees acontecem conforme surgem as necessidades ao longo dos
atendimentos
Jaacute no que se refere ao grupo das educadoras nesse quesito apenas duas
Educadoras (E02 e E08) afirmaram que natildeo possuem dificuldades em atender a
crianccedila em inclusatildeo As informaccedilotildees dadas pelas demais educadoras estatildeo
descritas a seguir
Dificuldades indicadas pelas Educadoras desta pesquisa agraves categorias
indicadas abaixo
110
- Dar atenccedilatildeo individualizada para a crianccedila em inclusatildeo
- Dificuldade de se comunicar com o aluno
- Quantidade de crianccedilas por turma
- Natildeo saber lidar com comportamento estereotipado do aluno
- Falta de informaccedilatildeo sobre as condiccedilotildees da crianccedila que estaacute em inclusatildeo
- Medo de machucar a crianccedila
Vale ressaltar alguns relatos entre os quais os das educadoras E01 E03
E04 e E05
A Educadora E01 percebe que a crianccedila precisaria de uma atenccedilatildeo mais
individualizada diariamente para desenvolver determinadas habilidades contudo as
educadoras natildeo conseguem disponibilizar esse momento pois as demandas da
turma satildeo muito grandes
Para a Educadora E03 o que mais chama atenccedilatildeo satildeo as dificuldades de
comunicaccedilatildeo com a crianccedila ldquoagraves vezes fico pensando se ela taacute entendendo o que
eu tocirc falando o que ela quer falar pra mim agraves vezes eu natildeo consigo entender
direitordquo
No caso da Educadora E04 foi citada como dificuldades a falta de informaccedilatildeo
para atender crianccedilas como o caso dele e o medo de fazer algo que possa
prejudica-lo Tambeacutem reforccedila a falta de tempo para dar atenccedilatildeo especiacutefica agraves
necessidades dele e a quantidade de crianccedilas por turma
E por fim a Educadora E05 fala da sala superlotada e da falta de
conhecimento em como atender agraves necessidades da crianccedila
no momento da alimentaccedilatildeo agraves vezes a gente natildeo tem como taacute dando alimento na matildeo na boca entatildeo ela mesma tenta se alimentar e agraves vezes cai [a comida] Ela natildeo se alimenta da forma correta
As participantes tambeacutem informaram o que fazem ou quem procuram quando
tem duacutevidas ou dificuldades sobre a crianccedila
Segundo as Educadoras quando surgem duacutevidas ou dificuldades em
atender a crianccedila que estaacute em inclusatildeo elas procuram
- Pedagoga do CMEI
111
- Colega de sala e a matildee do aluno
- Professora do AEE e matildee do aluno
- Colega de sala
- Tenta resolver sozinha
- Matildee do aluno
Segundo quatro das entrevistadas (E01 E02 E05 e E09) a referecircncia na
maioria dos casos de dificuldades ou duacutevidas satildeo as pedagogas dos CMEIs Poreacutem
haacute situaccedilotildees em que as Educadoras buscam resolver suas dificuldades sozinhas
direto com a colega de sala ou com a matildee do aluno
A Educadora E03 procura a colega de sala que eacute psicopedagoga e a matildee
quando eacute necessaacuterio Indica que natildeo procura a Pedagoga do CMEI porque percebe
que essa profissional tambeacutem natildeo tem muito conhecimento sobre esse assunto
Interessante perceber que a Educadora E07 busca pesquisar a respeito de
suas duacutevidas Quando possiacutevel pergunta para a professora do AEE e para a matildee da
crianccedila Ela diz que natildeo busca as Pedagogas do CMEI por perceber que tambeacutem
lhes falta experiecircncia e conhecimento sobre a crianccedila em inclusatildeo
E por fim as Educadoras E02 e E04 desabafam
Dificilmente algueacutem vem perguntar pra gente como a Manu estaacute Desde que a gente comeccedilou a trabalhar com ela nunca ningueacutem veio perguntar pra mim natildeo sei se para as outras meninas mas enquanto estou na sala ningueacutem veio Pra mim ningueacutem veio ningueacutem perguntar da crianccedila (E02)
Na realidade a gente acaba indo na sorte porque natildeo tem uma orientaccedilatildeo mesmo Eu procurei na internet por livros e natildeo achei nada que falasse de crianccedilas pequenas com esse problema [] Parece que as crianccedilas natildeo existem nessa eacutepoca Eacute muito triste Para berccedilaacuterios natildeo encontra atividades tambeacutem (E04)
Sobre se recebem ou receberam algum tipo de orientaccedilatildeo relativo ao
atendimento da crianccedila em inclusatildeo apenas uma educadora (E05) afirmou natildeo ter
recebido qualquer tipo de orientaccedilatildeo sobre como atender a crianccedila As demais
destacam que as orientaccedilotildees natildeo satildeo frequentes mas que jaacute as receberam em
algum momento ao longo desse periacuteodo em que atendem a turma
A Educadora E01 afirma que normalmente natildeo recebe orientaccedilotildees mas que
jaacute recebeu da pedagoga do CMEI A Educadora E02 diz que costuma conversar com
112
as Educadoras e quando necessaacuterio faz pesquisas na internet ou busca orientaccedilotildees
junto agrave Pedagoga Segundo a E03 jaacute recebeu informaccedilotildees da Pedagoga logo que a
crianccedila entrou na turma e teve um contato breve com a professora do AEE e com
uma das psicoacutelogas do municiacutepio Mas segundo ela esses contatos natildeo foram
suficientes para causar modificaccedilotildees em sala e afirma ldquodaiacute eu trabalho o que eu
acho com ela o que eu trabalho com os outrosrdquo
No caso das Educadoras E06 e E07 elas recebem orientaccedilotildees da matildee da
crianccedila que estaacute em inclusatildeo e da professora do AEE
Jaacute as Educadoras E04 E08 e E09 dizem que receberam a visita de uma
fisioterapeuta que foi designada especialmente para o caso do aluno e de uma
professora que ela natildeo entendeu bem quem era
Eacute perceptiacutevel por meio dos relatos anteriores que as orientaccedilotildees que elas
indicam que jaacute receberam ou que ainda recebem natildeo parecem ser determinantes no
que diz respeito a produzir modificaccedilotildees no processo de inclusatildeo da crianccedila
pequena
Guasselli (2005) ao realizar pesquisa com professoras do Ensino
Fundamental sobre o processo inclusivo tambeacutem percebeu que as mesmas
demonstravam crer na necessidade de ampliar seus conhecimentos acerca da
condiccedilatildeo de seu aluno e tambeacutem sentiam ndash se inseguras para desempenhar seu
trabalho com essa crianccedila
Drago (2005) verificou em seu estudo que quando as educadoras apresentam
uma concepccedilatildeo de inclusatildeo mal compreendida isso parece ajudar a promover uma
praacutetica docente permeada por preconceitos e estigmas
Claramente se percebe que cada grupo (matildees educadoras e professoras do
AEE) busca a seu modo a resoluccedilatildeo de problemas e duacutevidas que envolvem a
inclusatildeo e que isso se dando de maneira isolada natildeo contribui para que todos os
envolvidos possam refletir e aprender juntos Desse modo a inclusatildeo deixa de ser
uma questatildeo de todos para ser uma questatildeo de uns poucos Cabe destacar que
incluir natildeo eacute filantropia tatildeo pouco um ato solitaacuterio individual (RODRIGUES 2006) Eacute
preciso refletir e dar novo significado para o senso de coletividade e de cooperaccedilatildeo
Em relaccedilatildeo aos apoios que seriam necessaacuterios para que o processo de
inclusatildeo se desse com qualidade as participantes foram unacircnimes em afirmar que
tanto as famiacutelias quanto a educadoras precisam disso
113
As participantes indicaram que para a famiacutelia eram apoios necessaacuterios
- grupo de pais
- apoio e orientaccedilatildeo de profissionais especializados
- incentivo para que aceite seu filho e o ldquomostrerdquo para a sociedade
- mais oportunidades de diagnoacutestico precoce
- maior acesso aos especialistas que atendem seu filho
- maior apoio das pedagogas do CMEI
- maior divulgaccedilatildeo do que satildeo as deficiecircncias
- mais apoio das professoras do AEE
Formiga e Pedrazzani (2004) em sua pesquisa trazem dados que
concordam com que foi indicado logo acima e acrescentam que tambeacutem eacute
fundamental que se estabeleccedilam programas de intervenccedilatildeo precoce de cunho
preventivo
Em outras palavras accedilotildees ou programas de atenccedilatildeo agrave infacircncia devem levar
em consideraccedilatildeo estrateacutegias de prevenccedilatildeo primaacuteria nas quais sejam evidenciadas
orientaccedilotildees de cunho educacional e informativo e tambeacutem de detecccedilatildeo precoce de
alteraccedilotildees no desenvolvimento e na sauacutede infantil (DIAZ-HERRERO e MARTINEZ-
FUENTES 2009)
Por outro lado Molinari et al (2005) consideram que na realidade brasileira
ainda haacute muito o que fazer no sentido de desenvolver accedilotildees integrais de promoccedilatildeo agrave
sauacutede infantil e que programas de vigilacircncia do desenvolvimento e promoccedilatildeo agrave
sauacutede devem contar com equipes multiprofissionais e partir de uma abordagem
ecossistecircmica Nesse sentido estrateacutegias de prevenccedilatildeo devem considerar a
importacircncia que os contextos tecircm para a promoccedilatildeo ou natildeo do desenvolvimento na
infacircncia e tambeacutem a inter-relaccedilatildeo entre tais ambientes
De outro modo as entrevistadas indicaram que as Educadoras precisariam
dos seguintes apoios
- Maior parceria com o departamento de Educaccedilatildeo Especial
- Apoio psicoterapecircutico no sentido de serem escutadas em suas dificuldades e
anseios
- Grupos de estudo sobre os casos de inclusatildeo
114
- Apoio psicopedagoacutegico no sentido de organizar melhor o trabalho com a crianccedila
- Apoio e orientaccedilatildeo constante de outros profissionais
Nos relatos das participantes houve uma incidecircncia grande em afirmarem que
as educadoras precisam de apoio e orientaccedilatildeo de profissionais especialistas tais
como psicoacutelogo terapeuta ocupacional fisioterapeuta entre outros
Para Mueller (2008) eacute importante proporcionar um conjunto de apoio social
para a famiacutelia tal como grupo de pais serviccedilo de aconselhamento familiar e
mobilizaccedilatildeo de amigos e comunidade Guasselli (2005) por sua vez percebeu o
peso que as professoras de turmas inclusivas atribuem aos especialistas Elas
deixam bem claro que satildeo os profissionais especializados que lhes indicaratildeo o
melhor caminho ou a melhor maneira de trabalhar com esse alunado
Igualmente se verifica o peso que um diagnoacutestico traz para as professoras O
diagnoacutestico e o apoio que especialistas trazem em si no discurso das professoras
com certa hierarquizaccedilatildeo na qual as uacuteltimas natildeo estatildeo no topo (GUASSELLI 2005)
Esse mesmo autor discute que as relaccedilotildees entre os profissionais especializados e
os professores em muitas situaccedilotildees vecircm baseadas em uma relaccedilatildeo de
desconhecimento e agraves vezes ateacute de desconsideraccedilatildeo do cotidiano da escola
Rodrigues (2006) questiona se eacute necessaacuterio ldquocriar reinventar e reproduzirrdquo um
discurso teacutecnico racional especializado sobre como estar preparado para receber
pessoas com necessidades educacionais especiais nas escolas
434 Avaliaccedilatildeo do Processo Inclusivo
Todas as participantes consideram a oportunidade de inclusatildeo para a crianccedila
pequena na Educaccedilatildeo Infantil algo positivo mesmo com as devidas ressalvas que
elas mesmas indicam Isso se justifica pelas modificaccedilotildees que todas percebem que
ocorreram no periacuteodo em que as crianccedilas estatildeo matriculadas E nesse sentido
pede-se atenccedilatildeo a algo que Guasselli (2005) aponta afirmando que haacute uma espeacutecie
de celebraccedilatildeo quando se tem um aluno com necessidades educacionais especiais
pois esse fato implica no ideal de que eacute politicamente correto ser uma escola
inclusiva Contudo ter um aluno com necessidade especial natildeo reflete
115
necessariamente uma accedilatildeo inclusiva de verdade Logo eacute positivo ter crianccedilas com
necessidade especial na Educaccedilatildeo Infantil e essa presenccedila parece ser o suficiente
para gerar grandes modificaccedilotildees no comportamento desse alunado mas haacute que
lembrar que soacute isso natildeo eacute suficiente para dar conta da complexa gama de
peculiaridades que o processo inclusivo traz em si
Ainda que todas afirmem que eacute positivo estar no CMEI metade das Matildees
consideraram que os CMEIs natildeo estatildeo preparados para a inclusatildeo e todas indicam
que as educadoras tambeacutem natildeo estatildeo preparadas para isso Ainda assim eacute
importantiacutessimo destacar que mesmo elas percebendo as dificuldades e o
despreparo das educadoras dos filhos as mesmas reconhecem e valorizam o
esforccedilo que essas profissionais fazem para atender as crianccedilas em inclusatildeo
As Professoras do Atendimento Educacional Especializado tambeacutem se
dividem em relaccedilatildeo aos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil estar ou natildeo
preparados Metade acredita que natildeo Jaacute sobre as educadoras trecircs das
profissionais consideram que tambeacutem natildeo estatildeo preparadas Uma das professoras
do Atendimento Educacional Especializado aponta para o fato de que as educadoras
satildeo muito ansiosas e que ainda se prioriza a crianccedila sem dificuldade dentro do
atendimento do Centro Municipal de Educaccedilatildeo Infantil
As Educadoras dos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil afirmam em
maioria que as instituiccedilotildees natildeo estatildeo preparadas para a inclusatildeo Segundo elas
falta estrutura apropriada Elas tambeacutem questionaram se estatildeo preparadas para
trabalhar com a inclusatildeo sendo que sete delas afirmam que natildeo haacute esse preparo e
duas manifestam as diferenccedilas entre as Educadoras mais jovens e as mais antigas
na profissatildeo
Todas as participantes quando falam que os Centros Municipais de
Educaccedilatildeo Infantil natildeo estatildeo preparados porque natildeo tecircm estrutura estatildeo se referindo
a adaptaccedilotildees que propiciem maior acessibilidade e menos riscos para todas as
pessoas que apresentem algum tipo de necessidade especial Entre as necessaacuterias
adaptaccedilotildees foram indicadas rampas barras de apoio portas mais largas e
brinquedos de sala e de parquinho
Quanto agraves Educadoras natildeo estarem preparadas foi indicado com muita
frequecircncia a falta de capacitaccedilatildeo especiacutefica para lidar com situaccedilotildees de inclusatildeo
Para Freitas (2006) em um grande nuacutemero de vezes o professor idealiza um aluno
sem se dar conta de que trabalhar com a diversidade eacute algo intriacutenseco agrave natureza da
116
atuaccedilatildeo docente esquecendo que natildeo faz sentido pensa-la como uma condiccedilatildeo
excepcional Segundo essa autora natildeo raro os cursos de formaccedilatildeo docente para a
inclusatildeo contribuem para a construccedilatildeo e para o fortalecimento de estereoacutetipos a
respeito da pessoa com necessidades educacionais especiais e sobre o proacuteprio
processo inclusivo
Segundo Freitas (2006) eacute necessaacuterio que as formaccedilotildees de docentes para
atuarem com inclusatildeo levem em consideraccedilatildeo a discussatildeo sobre a funccedilatildeo social da
escola sobre a importacircncia do trabalho docente orientando-os a aprender a
investigar sistematizar e produzir o conhecimento por meio da utilizaccedilatildeo de recursos
e materiais diversificados O objetivo maior eacute proporcionar a formaccedilatildeo de um
docente mais autocircnomo e consciente da complexidade de seu trabalho diante da
diversidade inegaacutevel de seu alunado especial ou natildeo
Propotildee-se que a formaccedilatildeo docente seja acima de tudo sempre voltada para
a inclusatildeo para uma escola para todos afim de que se desfaccedila ndash ainda que
lentamente ndash a ideia e o apego agrave do especialista de que sem ele natildeo haacute como
desenvolver um projeto inclusivo
435 Vantagens e Desvantagens do Processo Inclusivo
4351 As vantagens do Processo Inclusivo
Entre as concepccedilotildees maternas sobre as vantagens do processo inclusivo
foram as mais indicadas as que estatildeo listadas abaixo
- Socializaccedilatildeo da crianccedila que tem deficiecircncia
- Ajuda a diminuir o preconceito com a crianccedila que tem deficiecircncia
- Satisfaccedilatildeo da famiacutelia em ver os avanccedilos da crianccedila
- Preparaccedilatildeo para outras etapas da vida escolar da crianccedila que tem deficiecircncia
- Oportunidade de aprender coisas que em casa natildeo aprenderia
117
Consideremos que por parte dessas Matildees haacute uma supervalorizaccedilatildeo do que
o ambiente do Centro Municipal de Educaccedilatildeo Infantil oferece para sua crianccedila
quando relacionada com o que a famiacutelia pode oferecer
A Matildee 01 sugere que a inclusatildeo eacute uma oportunidade positiva afim de que
ldquoeles (pessoas de um modo geral) vejam que eacute uma crianccedila como qualquer outra
que pode estar junto com outras crianccedilas que eacute uma crianccedila boa que consegue
conviver que ele eacute bonzinhordquo
As Matildees 03 e 04 salientam que a inclusatildeo eacute uma oportunidade para que seus
filhos aprendam ldquocoisasrdquo que os pais por trabalharem o dia todo natildeo teriam
condiccedilotildees de lhes ensinar
A Matildee 03 ainda demonstra saber que o processo de inclusatildeo na atualidade
pode ocasionar dissabores para sua filha mas entende isso como algo proacuteprio para
que se evidencie um novo paradigma educacional Segundo ela
a fulana ainda pode ateacute sofrer um pouquinho mas quem vier depois dela natildeo E ela pode ateacute sofrer mas vai ser muito menos do que aquele que entrou na Escola haacute dez anos atraacutes
As Matildees datildeo vaacuterios exemplos dos aprendizados das crianccedilas sugerindo que
estatildeo satisfeitas com o fato de sua crianccedila estar no CMEI mesmo diante das
dificuldades ilustradas ao longo das entrevistas Outro ponto que merece destaque eacute
o quanto elas destacam o conviacutevio com as outras crianccedilas como um fator
fundamental para as transformaccedilotildees positivas no comportamento de seus filhos O
trecho logo abaixo ilustra bem esse posicionamento das matildees
Entatildeo ela taacute aprendendo aqui Como Vendo as outras crianccedilas Entatildeo ela procura imitar o amiguinho natildeo soacute a Educadora Ela procura o que o outro faz E isso eacute bom para os pais que trabalha neacute (Matildee 04)
Entre as Professoras do Atendimento Educacional Especializado foram
apontadas as seguintes vantagens do Processo Inclusivo
- A crianccedila vai usufruir dos seus direitos
- Socializaccedilatildeo da crianccedila que tem deficiecircncia
- Valorizaccedilatildeo da Educaccedilatildeo
- Valorizaccedilatildeo do trabalho da Educadora
118
- Ajuda a diminuir o preconceito com a crianccedila que tem deficiecircncia
- Desenvolvimento de valores nas pessoas envolvidas com a inclusatildeo (empatia
solidariedade altruiacutesmo entre outros)
- Oportunidade de aprender coisas que em casa natildeo aprenderia
- A inclusatildeo eacute fonte de informaccedilatildeo para a famiacutelia que tem uma crianccedila com
deficiecircncia
- Maior experiecircncia para as educadoras
- Para a crianccedila que tem deficiecircncia a maior vantagem eacute estar em um lugar seguro
A professora P01 destaca que a inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil ajuda as
pessoas a perceberem que ldquocom o passar do tempo a educaccedilatildeo vale a pena e daacute
certordquo
Eacute interessante destacar o comentaacuterio da P04 quando esta afirma que a
inclusatildeo pode ser um modo de se valorizar o trabalho das Educadoras
tambeacutem acredito assim que a Educadora tambeacutem vai se sentir mais uacutetil mais valorizada Porque eacute assim aquela crianccedila precisa de mim e ela vai ser mais afetiva porque ela vai ter que ter uma paciecircncia maior e vai ter que planejar mais o seu trabalho e vai ter que buscar vai ter que buscar pra poder trabalhar com aquela crianccedila
Jaacute as Educadoras dos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil
assinalaram as seguintes vantagens do processo inclusivo
- Socializaccedilatildeo da crianccedila que tem deficiecircncia
- Valorizaccedilatildeo do trabalho da Educadora
- Ajuda a diminuir o preconceito com a crianccedila que tem deficiecircncia
- Desenvolvimento de valores nas pessoas envolvidas com a inclusatildeo (empatia
solidariedade altruiacutesmo entre outros)
- Oportunidade de aprender coisas que em casa natildeo aprenderia
- Maior experiecircncia para as educadoras
- Para a crianccedila que tem deficiecircncia a maior vantagem eacute estar em um lugar seguro
enquanto os pais trabalham
A educadora E01 conta que as crianccedilas da turma criam naturalmente um
sentimento de cuidado e proteccedilatildeo em relaccedilatildeo ao aluno foco da inclusatildeo ldquoEles tem
119
um sentimento de ser igual agravequela pessoa que agraves vezes a gente que eacute adulto e que
natildeo conviveu com crianccedilas com deficiecircncia a gente natildeo tem e eles que convivem
eles temrdquo A entrevistada relatou vaacuterias situaccedilotildees em que as crianccedilas da turma
modificaram seu comportamento e demonstraram noccedilatildeo de que a outra crianccedila
precisava de apoio e proteccedilatildeo diferenciados
Segundo a educadora E05 nessa situaccedilatildeo especiacutefica natildeo haacute vantagens para
a crianccedila mas para alguns outros envolvidos
o fato dos pais natildeo terem onde deixar a crianccedila quando estatildeo trabalhando para as Educadoras terem percebido que Siacutendrome de Dow natildeo eacute um ldquomonstrordquo e para as merendeiras para as funcionaacuterias da limpeza e outros profissionais da creche eacute um aprendizado que natildeo eacute necessaacuterio ter doacute da crianccedila (E05)
As vantagens apontadas de forma comum aos trecircs grupos de participantes
(matildees professoras e educadoras) foram socializaccedilatildeo da crianccedila que tem
deficiecircncia ajuda a diminuir o preconceito com a crianccedila que tem deficiecircncia
oportunidade de aprender coisas que em casa natildeo aprenderia
Entre as profissionais da aacuterea de educaccedilatildeo (professoras e educadoras) as
vantagens que satildeo comuns aos dois grupos satildeo socializaccedilatildeo da crianccedila que tem
deficiecircncia valorizaccedilatildeo do trabalho da Educadora ajuda a diminuir o preconceito
com a crianccedila que tem deficiecircncia desenvolvimento de valores nas pessoas
envolvidas com a inclusatildeo (empatia solidariedade altruiacutesmo entre outros) ajuda a
diminuir o preconceito com a crianccedila que tem deficiecircncia oportunidade de aprender
coisas que em casa natildeo aprenderia maior experiecircncia para as educadoras e para a
crianccedila que tem deficiecircncia a maior vantagem eacute estar em um lugar seguro
4352 Desvantagens do Processo Inclusivo
Ao serem indagadas sobre se haveriam possiacuteveis desvantagens na inclusatildeo
na Educaccedilatildeo Infantil 03 Matildees responderam que sim e todas as 04 indicaram que a
inclusatildeo de crianccedilas pequenas no CMEI evidencia situaccedilotildees que se tornam
desvantagens tanto para a crianccedila quanto para as Educadoras
120
Segundo as Matildees participantes poderiam ser consideradas como
desvantagens atreladas ao Processo de Inclusatildeo da crianccedila pequena
- O fato de as educadoras natildeo saberem o que fazer com a crianccedila deixando-a
ociosa
- A educadora se sentir sobrecarregada por ter uma crianccedila especial na turma
- O fato de o atendimento na creche natildeo ser especializado faz com que a matildee
tenha receio de que a crianccedila venha a perder tempo em seu processo de
reabilitaccedilatildeo
- A rotina do Educador na sala de aula impede que se decirc atenccedilatildeo apropriada agrave
crianccedila especial
- Falta de um planejamento apropriado agrave crianccedila especial
- Falta de paracircmetros para saber o que fazer com as crianccedilas especiais
- A desvalorizaccedilatildeo do trabalho do educador
- Falta de atendentes (algueacutem que fique soacute com seu filho)
Pode-se perceber na fala das matildees que elas estatildeo de algum modo bem atentas
ao que ocorre com seus filhos dentro do CMEI
Por outro lado na concepccedilatildeo das Professoras do Atendimento Educacional
Especializado haacute uma maior incidecircncia em afirmarem que natildeo haacute desvantagens no
processo de inclusatildeo Duas das professoras afirmam que natildeo haacute nenhum tipo de
desvantagem na inclusatildeo da crianccedila pequena na Educaccedilatildeo Infantil Contudo uma
delas afirma que a ocorrecircncia de desvantagens vai depender de como a inclusatildeo
estaacute sendo realizada outra afirma que deveria ser considerado como desvantagem
o excesso de trabalho que a Educadora passa a ter quando haacute uma crianccedila com
necessidades especiais em sua turma
No conjunto de concepccedilotildees coletadas nas entrevistas das Educadoras dos
Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil 05 delas afirmam que a inclusatildeo da crianccedila
pequena natildeo apresentaria nenhum tipo de desvantagem Poreacutem uma delas defende
que a ocorrecircncia ou natildeo de desvantagens depende das condiccedilotildees nas quais se
verifica o processo inclusivo
Por fim 03 entrevistadas consideram como desvantagens oriundas da inclusatildeo
de crianccedilas pequenas com necessidades educacionais especiais
121
- Excesso de trabalho para a educadora
- O sofrimento que a crianccedila em inclusatildeo passa
- Falta de profissionais para o bom atendimento da crianccedila
- Diz que natildeo sabe se pode trazer algum tipo de desvantagem e que se preocupa
com o fato da inclusatildeo produzir algum trauma ou regressatildeo no desenvolvimento de
uma crianccedila em inclusatildeo
Desse modo percebe-se que na totalidade do grupo (17 participantes) 07
afirmaram que natildeo existem desvantagens no processo de inclusatildeo na Educaccedilatildeo
Infantil As matildees foram as que mais apontaram questotildees que podem ser
consideradas como desvantagens
Segundo Rodrigues e Lima-Rodrigues (2011) o objetivo da Educaccedilatildeo
Inclusiva natildeo se resume a uma mera mudanccedila curricular ou mesmo a permitir o
acesso de alunos com condiccedilotildees de deficiecircncia agrave Escola Regular trata-se portanto
de uma reforma mais profunda abrangendo os valores e as praacuteticas de todo o
sistema educativo tal como ele eacute comumente concebido E essa necessidade de
reforma profunda eacute possiacutevel de perceber a partir dos relatos que as entrevistadas
proporcionaram na presente pesquisa
436 Sugestotildees e Comentaacuterios visando agrave melhoria do Processo Inclusivo na
Educaccedilatildeo Infantil
Foi perguntado para as participantes se elas gostariam de deixar algum
comentaacuterio ou sugestatildeo sobre a realizaccedilatildeo da inclusatildeo da crianccedila pequena com
deficiecircncia na Educaccedilatildeo Infantil e em grande parte as sugestotildees se referem ao
atendimento da educadora no CMEI conforme eacute possiacutevel observar grupo a grupo
Entre os comentaacuterios e sugestotildees maternas elas indicam a) que as
educadoras tenham mais formaccedilatildeo especiacutefica para trabalhar com as crianccedilas de
inclusatildeo b) a criaccedilatildeo de um grupo de estudos de caso para discutir as deficiecircncias e
as experiecircncias inclusivas c) diminuir o nuacutemero de crianccedilas nas turmas de inclusatildeo
d) maior valorizaccedilatildeo do trabalho das Educadoras e) proporcionar melhor estrutura
de atendimento nos CMEIs para que a crianccedila natildeo precise sair desse espaccedilo para ir
122
a outro atendimento como acontece com o serviccedilo do AEE f) que as educadoras
tenham maior contato com os especialistas que atendem a crianccedila para que todos
falem a ldquomesma liacutenguardquo g) divulgaccedilatildeo da inclusatildeo h) disponibilizaccedilatildeo de uma
professora tutora para dar atenccedilatildeo individualizada para a crianccedila que estaacute no CMEI
e i) mais profissionais para fazer o diagnoacutestico dos filhos diminuindo o tempo de
espera para isso
A Matildee 01 afirma que agraves vezes as educadoras ficam sobrecarregadas tendo que
atender agraves necessidades da turma e ainda ter que dar conta dos comportamentos e
caracteriacutesticas da crianccedila que estaacute em inclusatildeo portanto com vistas a resumir isso
ela sugere
como todas as crianccedilas especiais natildeo conseguem ficar em sala de aula por muito tempo esperando que tenha alguma atividade como as outras crianccedilas a escola a creche poderia ver com a prefeitura se poderia estar disponibilizando uma pessoa pra ficar com essas crianccedilas
Um dos comentaacuterios da Matildee 02 destaca algo interessante e que reflete um
receio dela sobre a relaccedilatildeo crianccedila-educadora
formaccedilatildeo para essas educadoras contato com as fisioterapeutas contato com o lugar onde a crianccedila tem atendimento para atenderem em conjunto e natildeo prejudicar e natildeo atrasar a evoluccedilatildeo da crianccedila A professora estaacute lidando com vaacuterias crianccedilas em sala e se ela der um grito ou brigar com uma forma muito autoritaacuteria pode prejudicar a crianccedila que tem dificuldade que precisa de uma atenccedilatildeo especial A formaccedilatildeo vai ajudar o atendimento dela com as crianccedilas normais e as crianccedilas que estaacute em inclusatildeo
No conjunto dos comentaacuterios e sugestotildees das professoras do Atendimento
Educacional Especializado foram citados a) os profissionais da educaccedilatildeo devem
buscar mais conhecimento sobre a crianccedila pequena e sobre a sua inclusatildeo b) deve-
se construir a consciecircncia da comunidade sobre a inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil c)
deve-se divulgar mais o trabalho do Atendimento Educacional Especializado d)
divulgar mais a inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil e) divulgar mais as possibilidades de
formaccedilatildeo continuada na aacuterea f) ter mais Educadores por sala ou menos crianccedila por
turma de inclusatildeo g) apoio psicoterapecircutico para os professores do Atendimento
Educacional Especializado
A professora P01 afirma
123
acredito que a gente ainda precisa como melhoria de trabalho buscar muito mais conhecimento sobre a crianccedila e sobre a inclusatildeo Tambeacutem a gente precisa batalhar a consciecircncia da comunidade sobre a inclusatildeo na inclusatildeo infantil no ensino fundamental
Ela tambeacutem comenta que trabalha haacute muitos anos no municiacutepio e que natildeo sabia
que existiam esses serviccedilos de inclusatildeo e por conta disso destaca que eacute preciso
haver divulgaccedilatildeo dos serviccedilos das vitoacuterias
A professora P02 afirma que as educadoras tem que estar preparadas para
atender uma crianccedila com deficiecircncia e ela reforccedila ldquoaquele professor que gosta do
que faz tem que estar preparadordquo
Continuando com seus comentaacuterios a professora P02 aponta de modo simples e
certo ldquoTem profissionais que natildeo se dedicam e noacutes professores temos que dar o
melhor para os nossos alunos Quanto menor a crianccedila mais precisa de atenccedilatildeo e
carinhordquo
Jaacute a professora P04 faz um desabafo significativo quando associado a um
trabalho com qualidade
eu acho que eacute uma carga muito pesada pra noacutes professores do AEE porque assim a gente recebe da matildee aquela carga a matildee taacute cansada jaacute fez assim e tal e tal aiacute a gente vai no CMEI com as Educadoras ou nas Escolas dai a gente recebe essa carga tambeacutem Daiacute eacute a carga que a gente jaacute tem que eacute a proacutepria crianccedila e a responsabilidade puxa vida Todo mundo taacute vendo que eu sou a salvadora que eu vou dar conta de tudo dai vocecirc fica angustiada
Lembra-se que haacute muitos valores impliacutecitos no princiacutepio da inclusatildeo de pessoas
com necessidades especiais alguns amplamente conhecidos e outros por conhecer
ou pouco mencionados (CARDOSO e BUCKLEY 2011) E por isso mesmo se faz
necessaacuterio buscar perceber o que permeia esse complexo processo tal como o que
eacute relatado pela professora P04 ou mesmo pelas demais participantes desse estudo
Pois na atualidade o que se busca eacute uma revoluccedilatildeo natildeo somente na Educaccedilatildeo
Especial mas em toda a praacutetica educativa justamente porque a inclusatildeo exige
que todos recebam o apoio que eacute necessaacuterio para participaccedilatildeo na comunidade a
que pertencem (CARDOSO e BUCKLEY 2011)
Nos comentaacuterios e sugestotildees das educadoras dos Centros Municipais de
Educaccedilatildeo Infantil foram evidenciados a) formaccedilatildeo de um grupo para discutir os
casos de inclusatildeo b) maior divulgaccedilatildeo da inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil c) mais
formaccedilatildeo especiacutefica para a inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil d) necessidade de
124
melhorar o espaccedilo fiacutesico e) diminuir o nuacutemero de crianccedila por turma f) criaccedilatildeo de
campanhas de conscientizaccedilatildeo da comunidade sobre as possibilidades da inclusatildeo
na Educaccedilatildeo Infantil g) deveria haver uma pessoa que fizesse a ponte entre todos
os que atendem a crianccedila para que tivessem acesso ao mesmo niacutevel de
entendimento sobre a crianccedila
Entre as educadoras vale a pena ressaltar alguns dos comentaacuterios que foram
expressos por elas entre os quais o da E01 e no qual afirma que ldquoeu acho que a
gente tenta mas faz mais intuitivo e pouco teacutecnico saberdquo
A educadora E02 ao indicar que seria necessaacuterio haver mais divulgaccedilatildeo da
possibilidade de incluir a crianccedila pequena no CMEI justifica
eu natildeo sabia que podia trazer para o CMEI Entatildeo divulgar assim para os pais que querem desde cedo trazer assim e para que estas crianccedilas venham assim Divulgar essa ideia da inclusatildeo assim tambeacutem para as professoras para as tias dos CMEIS tambeacutem que natildeo tem muita ideia de que isso pode acontecer
E tambeacutem afirma
eu queria falar que meu trabalho eacute muito gratificante Tenho aprendido muito Desde que eu comecei a trabalhar com ela o meu olhar sobre a Siacutendrome de Down mudou completamente
A educadora E07 faz um desabafo em relaccedilatildeo ao trabalho na Educaccedilatildeo
Infantil
a Educaccedilatildeo Infantil eacute desvalorizada porque muitos acham que as crianccedilas vecircm aqui passar o tempo e como os pais vatildeo trabalhar eles ficam aqui soacute pra brincar A gente tem a funccedilatildeo de educa-los A gente contribui educa corrige no que for preciso falta reconhecimento na Educaccedilatildeo Infantil
E acrescenta em relaccedilatildeo agrave Inclusatildeo
falta a conscientizaccedilatildeo da comunidade da famiacutelia dos educadores um trabalho da secretaria com relaccedilatildeo a isso com cursos que chamem a populaccedilatildeo a comunidade toda a se interessar porque infelizmente eacute vista com maus olhos
Jaacute a educadora E09 sugere que as educadoras natildeo sintam medo como ela
sentiu no iniacutecio do atendimento que busquem conhecimento e a superaccedilatildeo das
suas dificuldades e que ldquofaccedilam seu trabalho com amor e com carinho porque a
inclusatildeo eacute uma coisa nova e diferente mas eacute muito bomrdquo
125
44 Da necessidade de se observar e atuar na infacircncia enquanto etapa crucial
de desenvolvimento
Haacute a necessidade de se discutir natildeo soacute as especificidades da crianccedila que estaacute
em inclusatildeo mas de se determinar primeiramente quais satildeo as peculiaridades de
uma crianccedila na faixa etaacuteria atendida
Portanto faz-se imprescindiacutevel rever concepccedilotildees acerca do que vem a ser o
desenvolvimento humano e os elementos que o constituem e o que nele interferem
profundamente assim como discutir e rever fatores de risco e de proteccedilatildeo E apoacutes
se ter estabelecido a ideia de crianccedila em desenvolvimento estabelecer paracircmetros
de observaccedilatildeo acompanhamento e avaliaccedilatildeo perceber e discutir quem eacute essa
crianccedila que estaacute em inclusatildeo pois na Educaccedilatildeo Inclusiva deve comprometer-se a
desenvolver uma pedagogia capaz de educar todas as crianccedilas com sucesso e
tambeacutem porque o acesso da crianccedila com necessidades especiais agrave educaccedilatildeo
infantil pode ser considerado como um ritual que marca sua condiccedilatildeo de crianccedila
(SORIANO 1999 ZORTEacuteA 2007)
Sendo reconhecidamente estabelecido que os primeiros anos de vida satildeo
fundamentais para o crescimento desenvolvimento e aprendizagem de qualquer
indiviacuteduo pensar em desenvolvimento infantil tambeacutem requer que se reflita sobre
quais as necessidades que as crianccedilas pequenas com ou sem necessidades
educacionais especiais possuem E nesse caso pode-se afirmar que na primeira
infacircncia certamente haacute a necessidade de interaccedilotildees emocionais seguras em
ambientes que proporcionem oportunidades de aprendizagem seguras e ricas
(BAZELTON e GREENSPAN 2002)
Em acordo com Bronfenbrenner e Evans (2000) para ocorrer o desenvolvimento
de uma pessoa ela precisa participar ativamente de interaccedilotildees reciacuteprocas de
complexidade crescente com pessoas com as quais desenvolve apego forte muacutetuo
e irracional e que com o tempo se comprometa com o bem-estar e
desenvolvimento dos outros Logo especialmente para a crianccedila pequena com
necessidades educacionais especiais eacute fundamental que o profissional tenha um
bom conhecimento sobre desenvolvimento humano principalmente relacionado agrave
faixa etaacuteria que atende e sobre qual eacute o seu papel diante dessa crianccedila Isso
porque eacute necessaacuterio que ele seja capaz de perceber tanto lacunas no
desenvolvimento quanto habilidades jaacute alcanccediladas e suas relaccedilotildees com a faixa
126
etaacuteria da crianccedila e com suas caracteriacutesticas pessoais orgacircnicas culturais entre
outros Aleacutem de que deve ser capaz de estabelecer planos e estrateacutegias para
intervir e avaliar seu trabalho e o desenvolvimento infantil E isso cabe tanto agraves
educadoras da Educaccedilatildeo Infantil quanto agraves professoras do Atendimento Educacional
Especializado pois ambos os grupos trabalham diretamente com o desenvolvimento
na infacircncia
O estabelecimento e a manutenccedilatildeo das interaccedilotildees entre o cuidador e a crianccedila
dependem da disponibilidade e do envolvimento de outro adulto (terceira pessoa)
que daacute apoio e encoraja a pessoa que cuida e interage com a crianccedila (BHERING e
SARKIS 2009) No caso da presente pesquisa pode-se perceber que em vaacuterios
momentos as matildees fazem esse papel de encorajamento como por exemplo ao
buscar levar informaccedilotildees para as educadoras em relaccedilatildeo aos filhos Contudo tal
funccedilatildeo natildeo eacute evidente quando se observa o papel da professora do Atendimento
Educacional Especializado nem junto agraves matildees muito menos em relaccedilatildeo agraves
educadoras
Eacute importante lembrar que o contexto assim como a pessoa tem caracteriacutesticas
que satildeo instigadoras de desenvolvimento (BHERING E SARKIS 2009) O contexto
do Centro Municipal de Educaccedilatildeo Infantil se enquadra nesse paracircmetro enquanto
ambiente distinto do familiar especialmente por conter objetos siacutembolos ambientes
e pessoas que se mostram como estiacutemulos muito diversos dos familiares Contudo
eacute algo que ocorre por si soacute sem planejamento ou adaptaccedilotildees Ou seja as proacuteprias
educadoras informam que natildeo haacute preparaccedilatildeo ou planejamento algum para que tal
ambiente se torne instigador para a crianccedila que estaacute em inclusatildeo Isso de algum
modo parece incomodar algumas profissionais pois o natildeo planejamento nem
sempre se daacute como uma escolha delas mas como uma falta de conhecimento em
como proceder
No que se refere agrave interaccedilatildeo com as outras crianccedilas da turma o que foi referido
como positivo e importante elemento promotor de desenvolvimento e de
aprendizagem das crianccedilas em inclusatildeo lembra-se que esta natildeo pode se resumir
apenas e somente a atividades e accedilotildees realizadas ao acaso Pois a relaccedilatildeo com o
outro tambeacutem crianccedila pode provocar impactos tanto positivos quanto negativos em
quem estaacute em inclusatildeo lembrando que a turma responde ao modelo de
entendimento e aceitaccedilatildeo do diferente conforme for apresentado por suas
educadoras (DRAGO 2005)
127
De todo modo Zorteacutea (2007) fala que as crianccedilas pequenas querem estar umas
com as outras e isso eacute fundamental para que se crie laccedilos e paracircmetros sociais de
pertencimento e de identidade e isso foi possiacutevel de perceber nos relatos das
educadoras Portanto cabe aos familiares educadoras e professoras de
Atendimento Educacional Especializado que levem em consideraccedilatildeo a interaccedilatildeo
com outras crianccedilas tambeacutem como elemento de construccedilatildeo do processo inclusivo
sem no entanto consolidar o estigma que jaacute existe entre os ldquonormaisrdquo e os
ldquoinclusosrdquo
Contudo haacute que se estabelecer tanto entre as famiacutelias quanto entre as
profissionais da educaccedilatildeo estrateacutegias que auxiliem a perceber acompanhar e
avaliar o processo de desenvolvimento infantil Para que assim todos possam
interagir com a crianccedila no sentido de natildeo soacute promover seus aspectos
desenvolvimentais mas tambeacutem de identificar possiacuteveis riscos e alteraccedilotildees de
forma precoce para em decorrecircncia disso intervir com qualidade e seguranccedila E
nesse sentido concorda-se com Diaz ndash Herrero e Martinez ndash Fuentes (2009)
quando essas autoras afirmam que especialmente o ambiente da escola serve
como contexto para minimizar os efeitos de atrasos e de condiccedilotildees anocircmalas do
desenvolvimento infantil Mas isso soacute vai ocorrer quando o ambiente escolar
conseguir se adequar agraves necessidades da crianccedila do contraacuterio falharaacute enquanto
fator de proteccedilatildeo agrave infacircncia (DIAZ ndash HERRERO e MARTINEZ ndash FUENTES 2009)
Para tal faz-se urgente a necessidade de estabelecer accedilotildees que visem agrave
adequaccedilatildeo estrutural das instituiccedilotildees que atendem a infacircncia para que se
constituam em ambientes seguros e promotores do desenvolvimento infantil de
qualquer crianccedila Assim como construir e aplicar programas que levem em
consideraccedilatildeo a orientaccedilatildeo e o apoio contiacutenuo agraves famiacutelias membros da comunidade
profissionais da educaccedilatildeo e demais interessados enquanto espaccedilos coletivos de
discussatildeo reflexatildeo e formaccedilatildeo acerca do desenvolvimento e seus fatores de risco e
de proteccedilatildeo
128
45 Do reconhecimento da importacircncia dos contextos e suas inter-relaccedilotildees
Bronfenbrenner (1989) tambeacutem assinala a necessidade de haver poliacuteticas
puacuteblicas e accedilotildees que funcionem como suporte agraves atividades de educar crianccedilas de
forma ampla abrangendo pais cuidadores professores parentes amigos
vizinhos parceiros de trabalho e tambeacutem as instituiccedilotildees poliacuteticas econocircmicas e
sociais da sociedade como um todo
No presente estudo em acordo com os relatos haacute a percepccedilatildeo do papel dos
contextos como elementos importantes especialmente no que se refere agrave famiacutelia e
agraves instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Infantil Contudo essa percepccedilatildeo natildeo eacute suficiente para
que se verifique uma efetiva relaccedilatildeo entre os contextos
Portanto haacute a necessidade de se discutir tanto com a famiacutelia quanto com os
profissionais e membros da comunidade a importacircncia de um trabalho coletivo e
colaborativo quando se trata de construir um processo de inclusatildeo especialmente
na primeira infacircncia para que todos se percebam como agentes mediadores da
promoccedilatildeo do desenvolvimento infantil e da inclusatildeo em si
A relaccedilatildeo entre os contextos as caracteriacutesticas da pessoa e processos proximais
eacute pertinente na medida em que ambientes especialmente preparados para as
crianccedilas satildeo vitais e as interaccedilotildees ali estabelecidas satildeo determinantes para o seu
desenvolvimento (BHERING e SARKIS 2009) Eis aqui outro aspecto que as
participantes demonstraram em seus relatos a pouca preparaccedilatildeo para atender o
alunado em inclusatildeo Diante do que foi afirmado por Bhering e Sarkis (2007) eacute
possiacutevel inferir que isso ao longo do tempo pode gerar impactos negativos no
desenvolvimento e na aprendizagem desse alunado que estaacute construindo sua
trajetoacuteria tanto como pessoa quanto como aluno
Ainda que a crianccedila permaneccedila o dia todo na instituiccedilatildeo isso natildeo invalida o
papel da famiacutelia no que se refere agrave participaccedilatildeo no processo de inclusatildeo e da
estimulaccedilatildeo do desenvolvimento do filho e deve-se lembrar que o que ocorre na
famiacutelia afeta a instituiccedilatildeo na qual a crianccedila estaacute e vice-versa (BRONFENBRENNER
1986) Portanto concorda-se com Bronfenbrenner (1989) quando esse autor propotildee
que o funcionamento efetivo do processo de educar crianccedilas no contexto familiar e
em outros contextos tais como os Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil
requer que haja padrotildees de trocas de informaccedilatildeo estabelecidos e contiacutenuos aleacutem
129
de confianccedila muacutetua entre os principais ambientes nos quais as crianccedilas e suas
famiacutelias vivem
O compartilhamento de praacuteticas educativas familiares e escolares eacute um dos
passos importantes para o sucesso das instituiccedilotildees educacionais do desempenho e
desenvolvimento dos profissionais a frente das iniciativas das relaccedilotildees entre os
responsaacuteveis pelos processos educativos formais e informais e acima de tudo
para o desenvolvimento integral das crianccedilas (BHERING e SARKIS 2009)
Lembrar-se tambeacutem que quando se trata especificamente de crianccedilas com
alteraccedilotildees no desenvolvimento ou deficiecircncia o sucesso de programas de
intervenccedilatildeo precoce depende em grande parte da integraccedilatildeo de esforccedilos da
comunidade local e da famiacutelia (MUELLER 2008)
46 Da consideraccedilatildeo e discussatildeo das novas concepccedilotildees acerca da Inclusatildeo
Conforme Sanches e Teodoro (2007) eacute preciso saber o que queremos significar
quando falamos da inclusatildeo de um aluno na escola e quais os indicadores que nos
permitem afirmar que a crianccedila estaacute incluiacuteda ou natildeo Dentro do grupo entrevistado
haacute alguns indicadores estes estabelecidos de forma intuitiva baseada no senso
comum e em pouco conhecimento sobre o tema Contudo eacute preciso dar novo
significado ao que eacute inclusatildeo de modo que deixe de ser moda e de gerar ideias
errocircneas e simplistas de sua aplicaccedilatildeo ou que justificam sua impossibilidade
(RODRIGUES 2006)
Ao se inferir que eacute necessaacuterio considerar e discutir as novas concepccedilotildees acerca
da inclusatildeo isso quer dizer que natildeo eacute mais tempo de questionar se o que se faz eacute
integraccedilatildeo normalizaccedilatildeo ou inclusatildeo Mas de partir dos conceitos que as
profissionais e as famiacutelias jaacute trazem e dar novo significado a eles sem
desconsideraacute-los Parte-se do princiacutepio que o fato da inclusatildeo natildeo eacute mais uma
ldquogranderdquo novidade pois de algum modo ela permeia nosso dia-a-dia Contudo nem
todos demonstram essa consciecircncia O que parece ocorrer eacute que a inclusatildeo em si
se tornou uma possibilidade mal divulgada e pouco discutida o que a torna uma
realidade distante ainda que natildeo seja verdade
130
Quando se diz que eacute mal divulgada eacute no sentido de que as pessoas sabem que
tem que ldquoincluir os diferentesrdquo - muito se afirma nas miacutedias que todos satildeo diferentes
que deve haver respeito e igualdade de oportunidades para todos - mas sabem elas
quem satildeo esses diferentes Sabem elas onde eles devem ser incluiacutedos Quando se
referencia que a inclusatildeo eacute uma possibilidade pouco discutida eacute que natildeo o
suficiente apenas ter informaccedilotildees sobre a inclusatildeo Faz-se necessaacuterio discutir
refletir re-significar e ampliar a concepccedilatildeo do que eacute a inclusatildeo desde quando se eacute
sujeito e qual eacute o objetivo da inclusatildeo E quando se afirma que a inclusatildeo eacute uma
possibilidade distante eacute porque ela se torna exatamente isso para determinadas
pessoas especialmente no caso das educadoras e professoras que tem em seu rol
de formaccedilatildeo dados informaccedilotildees ou experiecircncias que tratem do processo inclusivo
Diante disso eacute possiacutevel pensar que um dos aspectos que faltam agrave formaccedilatildeo eacute dar
sentido ao que os envolvidos trazem seja como experiecircncia de vida ou como
formaccedilatildeo acadecircmica
Quando se percebe que segundo as participantes a inclusatildeo serve agrave
socializaccedilatildeo que eacute um direito que eacute uma oportunidade que eacute vantajoso que eacute a
chance da crianccedila estar em um lugar seguro elas estatildeo tambeacutem indicando
concepccedilotildees que de algum modo fundamentam sua relaccedilatildeo com a crianccedila Natildeo
obstante esses fatos natildeo devem ser tomados como base se julgamento de suas
competecircncias habilidades ou eficiecircncia em compreender e buscar atender o aluno
da melhor maneira possiacutevel - ainda que essa maneira natildeo se enquadre no que
academicamente eacute desejaacutevel ou recomendaacutevel
Dentro de uma escola para todos esse ldquotodosrdquo deve envolver tambeacutem os sujeitos
que ali se envolvem seja a crianccedila com deficiecircncia matildee a professora profissionais
Fernandes Bolsanello e Ceretta (2009) apontam para o fato de que a inclusatildeo
passa necessariamente pela possibilidade de assegurar agraves crianccedilas agraves famiacutelias e
aos professores apoio formaccedilatildeo e condiccedilotildees praacuteticas pois estas satildeo questotildees
imprescindiacuteveis para que a inclusatildeo de fato aconteccedila
Concorda-se com Sanches e Teodoro (2007) quando esses autores afirmam que
haacute muitos obstaacuteculos que podem ser enunciados para natildeo ser praticada uma
educaccedilatildeo inclusiva mas o verdadeiro obstaacuteculo estaacute na forma de pensar na e sobre
a diferenccedila e da disponibilidade daiacute decorrente
131
47 Da consideraccedilatildeo das (necessaacuterias) transformaccedilotildees que vem ocorrendo na
Educaccedilatildeo Infantil
Facilmente se percebe as muacuteltiplas transformaccedilotildees que vecircm se desenrolando ao
longo das uacuteltimas deacutecadas na Educaccedilatildeo Infantil Mudanccedilas que implicam no
reconhecimento do papel da instituiccedilatildeo enquanto serviccedilo necessaacuterio agrave matildee
trabalhadora na contemporaneidade no sentido de ser espaccedilo de promoccedilatildeo do
desenvolvimento na infacircncia e alteraccedilatildeo da identidade da educadora enquanto
profissional da educaccedilatildeo agente de desenvolvimento e aprendizagem Deve-se
agregar a esses itens tambeacutem os aspectos relacionados agrave possibilidade de
inclusatildeo de bebecircs e de crianccedilas pequenas nas instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Infantil
Desse modo deve-se reconhecer que ter uma crianccedila especial na turma faz com
que a educadora da Educaccedilatildeo Infantil tenha que repensar seu papel mais uma vez
agora no que se refere a aspectos que ateacute pouco tempo atraacutes cabiam apenas ao
professor da Educaccedilatildeo Especial Junto a isso deve-se ater ao fato de que a
instituiccedilatildeo em si em termos estruturais tambeacutem deve rever seus ambientes
materiais condiccedilatildeo de acesso e permanecircncia desse alunado
Reforccedila-se que natildeo eacute mais tempo de se pensar na inclusatildeo como algo distante
fora da realidade do Ensino Regular para o momento considere-se que eacute
imprescindiacutevel ver que a inclusatildeo para ser como tal tem que ser total radical natildeo
podendo haver ldquoporeacutensrdquo E eacute nessa radicalidade que se verificam as devidas
necessidades de transformaccedilatildeo real e profunda sem preacircmbulos ou desculpas Soacute
se aprende a fazer uma escola inclusiva na accedilatildeo e discussatildeo a respeito Como
saber quais as condiccedilotildees ideais para que a inclusatildeo ocorra mantendo os diferentes
longe dessa escola Eacute preciso ver sentir experenciar conviver ouvir e ir
construindo a caminhada durante o proacuteprio percurso
Por isso merece destaque o que Mantoan (2006) afirma e para a qual a inclusatildeo
eacute produto de uma escola plural democraacutetica e transgressora o que provoca uma
crise escolar ou melhor uma crise de identidade institucional que por sua vez abala
a identidade dos professores provocando que a identidade do aluno tambeacutem seja
ressignificada
Daiacute que a figura da educadora eacute especialmente importante para que a
diversidade humana possa se fazer presente na escola porque satildeo elas que no
132
meio de suas contradiccedilotildees duacutevidas avanccedilos medos disponibilidades ansiedades
acolhimentos e possibilidades assumem os alunos em suas salas de aula (JESUS
2008)
E ao ouvi-las nesse estudo percebeu-se que entre as suas queixas estatildeo
questotildees que natildeo satildeo de exclusividade de quem atende turmas inclusivas tais
como as salas de aula numerosas em termos de alunos a dificuldade de dar
atenccedilatildeo mais individualizada agraves crianccedilas pequenas a falta de conhecimento sobre o
desenvolvimento infantil e a ocorrecircncia de ambientes que precisam ser mais bem
adaptados para todas as crianccedilas
O que possibilita inferir que a dificuldade maior de uma turma de inclusatildeo talvez
nem seja a crianccedila com necessidades educacionais especiais mas toda uma
estrutura que engloba formas de pensamento modos de agir de formaccedilatildeo docente
que natildeo proporcionam uma maior amplitude de visatildeo do profissional quanto agrave sua
funccedilatildeo junto com a proacutepria estrutura do atendimento que necessita ser modificada
Ainda no que se refere ao papel da educadora frente agrave inclusatildeo da crianccedila
pequena Camera (2006) afirma que quando se exercita o papel uma figura de
mediadora estaacute sendo delineada a construccedilatildeo de uma pedagogia da complexidade
onde deve haver espaccedilo para muacuteltiplos olhares para uma escuta sensiacutevel e para
acolher o que vai se constituindo pelo movimento das proacuteprias crianccedilas onde se
vivencia a disponibilidade ao diaacutelogo e a reciprocidade construindo assim uma
pedagogia da compreensatildeo
Desse modo urge que na formaccedilatildeo da identidade docente tambeacutem seja
considerada a sua funccedilatildeo como agente de inclusatildeo
Jaacute no que se refere agrave participaccedilatildeo da famiacutelia de crianccedilas com necessidades
educacionais especiais na Educaccedilatildeo Infantil percebe-se ndash como indicado
anteriormente - que esta natildeo vem se dando de modo diferente do que o esperado
no caso de filhos que natildeo estatildeo em inclusatildeo Mas ressalta-se novamente que eacute
fundamental que a famiacutelia que tem um filho com necessidades educacionais
especiais seja atendida em suas peculiaridades e principalmente que seja
construiacutedo com ela o processo de inclusatildeo de sua crianccedila Ateacute porque eacute sabido que
quando nasce uma crianccedila com deficiecircncia haacute normalmente uma grande
necessidade de apoiar e orientar essa famiacutelia de modo que natildeo haja perdas no
processo de aceitaccedilatildeo do filho Acredita-se que a instituiccedilatildeo de Educaccedilatildeo Infantil
tambeacutem possa servir como apoio agrave famiacutelia
133
Em acordo com Sigolo e Oliveira (2008) haacute uma vivecircncia familiar anterior agrave
escola que natildeo pode ser ignorada A entrada na escola significa um grande passo
na transiccedilatildeo da dependecircncia para a autonomia da crianccedila assim o papel da escola
junto da famiacutelia e a funccedilatildeo dos pais na escola tecircm que ser observados nesse
contexto Pois em algumas situaccedilotildees para os pais e familiares proacuteximos lidar com
a entrada de uma crianccedila pequena na crechepreacute-escola significa lidar com muitos
sentimentos que por vezes satildeo ambivalentes O que pode trazer para o contexto
familiar novas preocupaccedilotildees rotinas e adequaccedilotildees (BHERING e SARKIS 2009)
Logo a compreensatildeo desse processo pode auxiliar na definiccedilatildeo de objetivos e de
estrateacutegias de ensino para o aluno especial (SIGOLO e OLIVEIRA 2008)
Ainda que a colaboraccedilatildeo de pais de alunos com necessidades educacionais
especiais seja pensada como difiacutecil pois estes satildeo vistos como natildeo capacitados
para contribuir na elaboraccedilatildeo de programas educativos ela eacute possiacutevel e na
atualidade uma necessidade imprescindiacutevel (SIGOLO e OLIVEIRA 2008) E essa
deve ser vista sem preconceitos ou preacute-julgamentos
Portanto ressalta-se que a inclusatildeo eacute um problema de todos (RODRIGUES
2006) o que implica considerar os sujeitos que podem colaborar com ela e orientar
accedilotildees e estrateacutegias que melhor os capacitem para lidar com as condiccedilotildees da crianccedila
pequena que estaacute na Educaccedilatildeo Infantil
48 Da consideraccedilatildeo das transformaccedilotildees que vecircm ocorrendo na Educaccedilatildeo
Especial
Tambeacutem a Educaccedilatildeo Especial passou e ainda passa por profundas
transformaccedilotildees Na medida em que esse professor sai da Escola Especial e passa
a possibilidade de tambeacutem estar lotado nos espaccedilos de ensino regular atendendo
uma nova especificidade de alunos de um modo que natildeo corresponde mais agrave ideia
de turma formal mas com alguma liberdade para desenvolver sua funccedilatildeo esse
mesmo profissional se perde em sua identidade e assim novas demandas e
necessidades se criam Entre elas e natildeo diferente do que ocorre no acircmbito da
Educaccedilatildeo Infantil eacute facilmente verificado no presente estudo que as professoras
134
tambeacutem estatildeo revendo e reorganizando as especificidades do que cabe agrave sua
funccedilatildeo
O fato de terem que atender a uma gama ampla de necessidades especiais e
faixas etaacuterias diferentes exige desses profissionais um perfil mais dinacircmico e flexiacutevel
voltado para a pesquisa e estudo constante Tambeacutem se percebe que essas
professoras estatildeo sendo legalmente convidadas a saiacuterem de suas salas de aula e
auxiliarem na construccedilatildeo da inclusatildeo de seus alunos nas instituiccedilotildees do ensino
regular
No que se refere especificamente agrave crianccedila pequena outros desafios se fazem
notar Entre eles o fato de ter que lidar natildeo soacute com os conhecidos meacutetodos
pedagoacutegicos mas agora tambeacutem ter que se interar de assuntos que fazem
referecircncia ao desenvolvimento humano
Aos fazerem referecircncia de que seu trabalho com crianccedilas pequenas eacute ou seraacute
voltado para a estimulaccedilatildeo essencial e ao esclarecerem o modo como entendem
isso essas professoras demonstram que necessitam de maior embasamento teoacuterico
e praacutetico a respeito E eacute nesse sentido que se propotildee que o Atendimento
Educacional Especializado para bebecircs e crianccedilas pequenas seja construiacutedo a partir
do entendimento de que tambeacutem eacute um processo de intervenccedilatildeo precoce e de que
esse seja voltado para a valorizaccedilatildeo e inter-relaccedilatildeo dos contextos
desenvolvimentais nos quais a crianccedila pequena participa
Logo torna-se imprescindiacutevel que essas profissionais tenham condiccedilotildees teoacuterico-
metodoloacutegicas para promover o desenvolvimento na infacircncia bem como para
orientar e dar apoio agrave famiacutelia e agraves educadoras Segundo Mantoan (2006) o papel da
educaccedilatildeo especial na perspectiva inclusiva eacute muito importante e natildeo pode ser
negado mas dentro dos limites de suas atribuiccedilotildees sem que sejam extrapolados os
seus espaccedilos de atuaccedilatildeo especiacutefica Essas atribuiccedilotildees conforme jaacute foi referido
complementam e apoiam o processo de escolarizaccedilatildeo de alunos com deficiecircncia
que estatildeo regularmente matriculados nas escolas comuns
O espaccedilo criado pela possibilidade de inclusatildeo emerge sempre como um
grande elo no qual podem ser verificadas experiecircncias profundas de emancipaccedilatildeo e
valorizaccedilatildeo humana Poreacutem isso soacute vai ocorrer verdadeiramente se forem
consideradas e aceitas as necessaacuterias transformaccedilotildees tanto da Educaccedilatildeo Infantil
como na Educaccedilatildeo Especial
135
5 CONCLUSOtildeES
Com fins de realizar as consideraccedilotildees finais acerca das informaccedilotildees
percebidas durante o processo de apresentaccedilatildeo de dados retoma-se a questatildeo que
norteou esta pesquisa
Quais concepccedilotildees norteiam o processo de inclusatildeo da crianccedila pequena com
necessidades educacionais especiais no contexto do Centro Municipal de
Educaccedilatildeo Infantil segundo suas Matildees suas Educadoras na Educaccedilatildeo Infantil e
suas Professoras do Atendimento Educacional Especializado
Ao se propor a investigaccedilatildeo do processo inclusivo 18 anos apoacutes a Declaraccedilatildeo
de Salamanca inicialmente parecia que se iria discutir um tema amplamente
debatido e jaacute esgotado em possibilidades Poreacutem na medida em que se eacute possiacutevel
debruccedilar sobre leituras praacuteticas inclusivas jaacute realizadas e sobre os dados e
concepccedilotildees coletadas nessa pesquisa percebe-se que mesmo que os anos
tenham se passado e as experiecircncias nesse acircmbito se multipliquem ainda haacute
questotildees a serem debatidas e claro novas demandas se estabelecem e antigas
reflexotildees acerca do tema merecem ser resgatadas O que estaacute em consonacircncia com
o que segundo Alves (2007) ressalta nos aponta para o fato de que os casos de
inclusatildeo sempre trazem consigo uma gama de novas necessidades e duacutevidas De
algum modo vai ao encontro do que Guasselli (2005) afirma quando comenta que a
proposta da educaccedilatildeo inclusiva eacute complexa pois articula vaacuterios aspectos entre os
quais o autor faz destaque o tempo instituiacutedo e o tempo do aluno o peso da
aprendizagem formal em detrimento das habilidades do aluno e o olhar do professor
e dos demais alunos sobre as necessidades especiais
O presente estudo trouxe concepccedilotildees de inclusatildeo que muito embora a
primeira vista pareccedilam heterogecircneas possuem elementos em comum Elas
sugerem ainda uma perspectiva inclusiva voltada para a possibilidade de
socializaccedilatildeo da crianccedila pequena com necessidades educacionais especiais com
ldquocrianccedilas normaisrdquo e para a concepccedilatildeo de que estar em inclusatildeo eacute o cumprimento
de um direito O que num primeiro momento aparenta ser uma celebraccedilatildeo pode no
decorrer do tempo tornar-se a reafirmaccedilatildeo de estigmas preconceitos e de accedilotildees e
136
concepccedilotildees que banalizam reduzem e simplificam a complexidade do que eacute o
processo inclusivo especialmente para as crianccedilas pequenas
A famiacutelia participa pouco do processo de inclusatildeo de sua crianccedila isso tanto
no que se refere ao Atendimento Educacional Especializado quanto no Centro
Municipal de Educaccedilatildeo Infantil Sua participaccedilatildeo eacute reconhecida como importante
para as participantes mas os relatos sobre a praacutetica natildeo demonstram isso
O professor do Atendimento Educacional Especializado eacute uma figura
praticamente desconhecida das educadoras e para as matildees natildeo representa uma
referencia consideraacutevel quando se tem duacutevidas ou dificuldades
Os CMEIs aparecem como instituiccedilotildees ainda despreparadas para atender
com qualidade crianccedilas pequenas que estatildeo em inclusatildeo assim como as
educadoras aparentam ser profissionais sem preparo e experiecircncia para trabalhar
com crianccedilas pequenas com deficiecircncia Contudo ainda que esse despreparo seja
algo relatado pelas participantes inclusive pelas proacuteprias educadoras haacute o
reconhecimento por parte das entrevistadas que essas profissionais se esforccedilam
por fazer um bom trabalho e no decorrer do tempo em que estatildeo atendendo essas
crianccedilas jaacute indicam modificaccedilotildees em suas accedilotildees e em suas concepccedilotildees sobre a
crianccedila e sobre sua funccedilatildeo enquanto profissionais da educaccedilatildeo
No que se refere ao despreparo dos CMEIs foram indicadas pelas
participantes especialmente pelas educadoras a falta de condiccedilotildees de
acessibilidade materiais e ambientes que natildeo satildeo adaptados e condiccedilotildees que
implicam em risco inclusive para crianccedilas que natildeo tem nenhum tipo de necessidade
especial ou alteraccedilatildeo no desenvolvimento
Sobre o trabalho das educadoras chama atenccedilatildeo a queixa a respeito do
nuacutemero de crianccedilas por turma o que segundo grande parte das participantes eacute
muito grande o que dificultaria o atendimento de crianccedilas com necessidade
especial Em vaacuterios momentos foi sugerido que se mantivesse uma professora extra
especiacutefica para cuidar da crianccedila que estaacute em inclusatildeo Tambeacutem se percebe uma
grande necessidade de as educadoras terem espaccedilos para conversar e se informar
sobre a inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil e sobre as especificidades das crianccedilas que
atendem
O processo de inclusatildeo em si se mostra sendo realizado como accedilotildees isoladas
e desestruturadas com pouca relaccedilatildeo entre os diversos sujeitos envolvidos (matildees
crianccedilas educadoras especialistas professoras do AEE comunidade etc) No
137
caso especiacutefico do trabalho no Centro Municipal de Educaccedilatildeo Infantil tambeacutem eacute
possiacutevel inferir que a inclusatildeo de bebecircs e de crianccedilas pequenas natildeo seguem um
planejamento ou projeto apropriado muito menos que se considerem aspectos
como a promoccedilatildeo do desenvolvimento dessas crianccedilas a participaccedilatildeo da famiacutelia
apoio agraves educadoras relaccedilatildeo com a comunidade por exemplo O que parece
contribuir para o sentimento de desamparo e despreparo das educadoras e de
inseguranccedila por parte das matildees das crianccedilas
Quanto ao trabalho das professoras do Atendimento Educacional
Especializado tambeacutem parece ser necessaacuterio discutir e estabelecer de uma forma
mais clara e profunda quais suas atribuiccedilotildees junto ao desenvolvimento global da
crianccedila pequena e sobre o que vem a ser o atendimento em
estimulaccedilatildeointervenccedilatildeo precoce Sugere-se que isso seja realizado em equipe
interdisciplinar - se possiacutevel ndash e que seja baseado em modelos integrais de
atendimento agrave crianccedila e sendo considerada a participaccedilatildeo da famiacutelia nesse
processo de promoccedilatildeo do desenvolvimento e de minimizaccedilatildeo de riscos e impactos
Ainda que a inclusatildeo natildeo seja mais uma novidade dentro da aacuterea
educacional pois haacute muito vem sendo discutida exposta e mesmo vivenciada foi
possiacutevel perceber que as educadoras dessa pesquisa natildeo se mostraram afeitas ao
tema indicando um grande distanciamento do que venha a ser a experiecircncia
inclusiva
Mesmo com todas as dificuldades apresentadas pelas entrevistadas e a
desarticulaccedilatildeo de conceitos e accedilotildees na construccedilatildeo do processo inclusivo eacute
consenso que para a crianccedila pequena estar instituiccedilatildeo de Educaccedilatildeo Infantil eacute algo
imensamente positivo Foi indicado pelas participantes que todas as crianccedilas
ganham com o processo inclusivo em alguma instacircncia tanto as que tecircm
necessidades educacionais especiais quanto as que natildeo tecircm Contudo as
evoluccedilotildees e transformaccedilotildees positivas que facilmente satildeo vistas nas crianccedilas que
estatildeo em inclusatildeo tambeacutem aparecem em acordo com os relatos como algo
inerente ao fato de estarem na instituiccedilatildeo natildeo resultado de planejamentos
discussotildees ou accedilotildees voltadas especificamente para a qualidade do processo
inclusivo
Desse modo diante dos dados organizados na presente pesquisa foram
observadas como demandas a serem consideradas quando se pretende um
processo inclusivo com qualidade aquelas oriundas das necessidades de a) se
138
observar e atuar na infacircncia enquanto etapa crucial de desenvolvimento b) do
reconhecimento da importacircncia dos contextos e suas relaccedilotildees c) da consideraccedilatildeo e
discussatildeo das novas concepccedilotildees acerca da Inclusatildeo d) da consideraccedilatildeo das
transformaccedilotildees que vecircm ocorrendo na Educaccedilatildeo Infantil e) da consideraccedilatildeo das
transformaccedilotildees que vecircm ocorrendo na Educaccedilatildeo Especial
Por fim ainda que o tema da Educaccedilatildeo Inclusiva esteja longe de ser
esgotado especialmente no que compete agrave Educaccedilatildeo Infantil e diante de todas as
informaccedilotildees oferecidas agrave anaacutelise e discussatildeo nessa pesquisa eacute possiacutevel considerar
que esta Tese demonstrou
a) Que a inclusatildeo de crianccedilas pequenas com deficiecircncia na Educaccedilatildeo
Infantil ainda reflete diversas contradiccedilotildees e desencontros sendo
realizada de maneira simplificada no sentido do cumprimento de um
direito e tendo como foco a socializaccedilatildeo desse alunado com crianccedilas
ldquonormaisrdquo preterindo outras importantes funccedilotildees interventivas precoces
tatildeo necessaacuterias agrave promoccedilatildeo de um desenvolvimento amplo e saudaacutevel
b) Que a experiecircncia inclusiva mesmo diante da realidade exposta nos
contextos pesquisados se mostra vaacutelida por ser uma accedilatildeo que
transgride o comum pois proporciona novas reflexotildees novas
necessidades duacutevidas e significados o que com certeza poderaacute gerar
outras perspectivas e estrateacutegias em prol da qualidade educacional e da
promoccedilatildeo do desenvolvimento humano
Outrossim sugere-se que todo processo inclusivo que vise atender a crianccedila
pequena com necessidades educacionais especiais considere
a) a construccedilatildeo de uma concepccedilatildeo de crianccedila pequena ativa e em desenvolvimento
b) a discussatildeo e ampliaccedilatildeo da concepccedilatildeo de inclusatildeo especialmente no que se
refere agrave Educaccedilatildeo Infantil
c) a importacircncia de uma abordagem de atendimento baseada nas relaccedilotildees e trocas
muacutetuas entre os contextos nos quais a crianccedila participa direta ou indiretamente
d) as caracteriacutesticas e necessidades da famiacutelia da crianccedila que estaacute em inclusatildeo
tornando-a tambeacutem agente mediadora da inclusatildeo do filho
139
e) a identidade e o papel da educadora que trabalha no Centro Municipal de
Educaccedilatildeo Infantil e da professora do Atendimento Educacional Especializado
enquanto agentes mediadoras da inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil
f) a inclusatildeo tambeacutem como um modo de intervenccedilatildeo precoce na qual se previne e
minimiza riscos e dificuldades e promovendo o desenvolvimento humano
g) a adequaccedilatildeo dos espaccedilos das creches levando-se em consideraccedilatildeo a realidade
do atendimento a quantidade de crianccedilas atendidas e as especificidades do puacuteblico
infantil que estaacute em inclusatildeo
h) a criaccedilatildeo de cursos especiacuteficos que tratem da inclusatildeo na primeira infacircncia
i) que os cursos de formaccedilatildeo inicial e os de formaccedilatildeo continuada levem em conta a
inclusatildeo de uma crianccedila real e que possam ser organizados conforme a linguagem
e a realidade praacutetica profissional
j) que sejam feitas mais pesquisas para verificar como o desenvolvimento infantil
vem sendo concebido avaliado e promovido nesta faixa etaacuteria e em outros
contextos de creche especialmente no que se refere ao desenvolvimento da crianccedila
pequena com necessidades especiais
k) de se aprofundar os estudos sobre de que modo a inclusatildeo de bebecircs com
necessidades especiais vem sendo tratada pelas educadoras bem como de que
forma esta inclusatildeo contribui ou natildeo para o desenvolvimento infantil dessas mesmas
crianccedilas
l) e por fim que as Universidades contribuam com projetos de pesquisa e de
extensatildeo para que conceitos importantes sejam re-significados dentro da Educaccedilatildeo
Infantil da Educaccedilatildeo Especial e do Ensino Inclusivo
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ANEXO A
Roteiro de Entrevistas ndash Matildees
Caracterizaccedilatildeo da Matildee da crianccedila que estaacute em inclusatildeo
1 Nome Completo
2 Idade
3 Escolaridade
4 Ocupaccedilatildeo
Caracterizaccedilatildeo da Famiacutelia da crianccedila que estaacute em inclusatildeo
1 Composiccedilatildeo familiar
Membro Idade MF Escolaridade Ocupaccedilatildeo
01
02
03
04
05
06
2 Quem mora com a crianccedila
3 Qual eacute a renda mensal meacutedia da famiacutelia
4 Haacute mais algum caso de deficiecircncia na sua famiacutelia Comente sua resposta
Caracterizaccedilatildeo da crianccedila que estaacute em inclusatildeo
1 Nome
2 Idade
3 Como eacute o seu filho
163
4 A senhora saberia me dizer qual eacute o diagnoacutestico do seu filho
5 Quando a senhora soube o diagnoacutestico dele o que pensou
6 E hoje que seu filho estaacute no CMEI como se sente
7 Como vocecirc faz para saber se seu filho estaacute se desenvolvendo bem
8 Seu filho frequentou outra instituiccedilatildeo antes de vir para esse CMEI Qual
Comente sua resposta
9 Desde quando seu filho frequenta este CMEI
10 Por que a senhora decidiu matricular seu filho no CMEI
11 Por que a senhora escolheu esse CMEI
12 Qual eacute a turma que seu filho frequenta
13 Quanto tempo por dia sua crianccedila fica no CMEI
14 Atualmente seu filho frequenta algum outro atendimento aleacutem do CMEI
Como eacute isso
15 Como costuma ser a rotina da crianccedila
16 A senhora tem alguma dificuldade em atender sua crianccedila
17 Quando aparecem duacutevidas sobre seu filho o que a senhora faz
18 A senhora recebe ou jaacute recebeu alguma orientaccedilatildeo sobre como atender seu
filho Comente sua resposta
19 Que tipo de atividades vocecirc e sua famiacutelia costumam fazer com a crianccedila
Concepccedilotildees sobre o processo inclusivo
1 Dizer que essa crianccedila estaacute em inclusatildeo o que significa para vocecirc
2 Se algueacutem lhe perguntasse qual eacute o motivo de crianccedilas com deficiecircncia
estarem frequentando o CMEI o que vocecirc diria
3 Qual eacute a sua opiniatildeo sobre a inclusatildeo nos CMEIs
4 Como deveriam ser os CMEIs para atenderem bem os casos de inclusatildeo
5 Como a famiacutelia da crianccedila que tem deficiecircncia pode ajudar na inclusatildeo de seu
filho
6 Como devem ser as educadoras de CMEI para que atendam bem as crianccedilas
que estatildeo em inclusatildeo
7 Como a professora do Atendimento Educacional Especializado pode
contribuir com a inclusatildeo no CMEI
164
8 Que tipo de apoio a famiacutelia da crianccedila que estaacute em inclusatildeo precisa para
atender bem seu filho
9 Que tipo de apoio as educadoras de CMEI precisam para atender bem os
casos de inclusatildeo
10 Vocecirc acha que os CMEIs estatildeo preparados para atender crianccedilas pequenas
em inclusatildeo Comente sua resposta
11 Vocecirc acha que as educadoras de CMEI estatildeo preparadas para atender
crianccedilas pequenas em inclusatildeo Comente sua resposta
12 Qual sua opiniatildeo sobre o trabalho das educadoras que atendem turmas de
inclusatildeo
13 De que maneira acontece a participaccedilatildeo da famiacutelia no processo de inclusatildeo
do filho que estaacute no CMEI Qual sua opiniatildeo sobre isso
14 Em sua opiniatildeo quais as maiores vantagens que a inclusatildeo na Educaccedilatildeo
Infantil traz Comente sua resposta
15 Existiriam desvantagens na inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil Comente sua
resposta
16 Vocecirc gostaria de falar mais alguma coisa sobre a inclusatildeo da crianccedila
pequena no CMEI
165
ANEXO B
Roteiro de Entrevistas ndash Educadoras de CMEI
Caracterizaccedilatildeo da Educadora
Nome Completo
Idade
Estado civil
Escolarizaccedilatildeo
Possui alguma formaccedilatildeo especiacutefica para trabalhar com crianccedilas pequenas na
Educaccedilatildeo Infantil
Possui alguma formaccedilatildeo especiacutefica na aacuterea da Educaccedilatildeo Especial e
Inclusiva
Vocecirc teve experiecircncia como professora fora da Educaccedilatildeo Infantil Comente
sua resposta
Vocecirc teve outras experiecircncias como professora de turmas de inclusatildeo antes
dessa Comente sua resposta
Vocecirc teve ou tem alguma ou experiecircncia com pessoas com deficiecircncia fora
da aacuterea educacional Como foi isso
Caracterizaccedilatildeo do Trabalho da Educadora e o processo inclusivo
1 Qual eacute o seu horaacuterio de trabalho aqui no CMEI
2 Qual eacute a turma que vocecirc atende atualmente
3 Quanto tempo faz que vocecirc estaacute atendendo essa turma
4 Vocecirc divide o atendimento da turma com algueacutem Como eacute isso
5 Como costuma ser sua rotina aqui na creche
6 Vocecirc costuma planejar o atendimento dessa turma Como eacute isso
7 Como eacute a crianccedila que estaacute em inclusatildeo na sua turma
8 Haacute quanto tempo vocecirc atende essa crianccedila
9 Quando vocecirc soube que iria atender essa crianccedila o que pensou Comente
sua resposta
166
10 E hoje que vocecirc jaacute a conhece como se sente ao atendecirc-la Comente sua
resposta
11 Como vocecirc faz para saber se essa crianccedila estaacute se desenvolvendo bem
12 Como eacute o seu trabalho com essa crianccedila que estaacute em inclusatildeo
13 Vocecirc tem alguma dificuldade em atendecirc-la Comente sua resposta
14 Quando vocecirc tem duacutevidas ou dificuldades sobre essa crianccedila o que vocecirc faz
Comente sua resposta
15 Vocecirc recebe ou recebeu algum tipo de orientaccedilatildeo sobre como atender essa
crianccedila Comente sua resposta
Concepccedilotildees sobre o processo inclusivo
16 Dizer que essa crianccedila estaacute em inclusatildeo o que significa para vocecirc
17 Se algueacutem lhe perguntasse qual eacute o motivo de crianccedilas com deficiecircncia
estarem frequentando o CMEI o que vocecirc diria
18 Qual eacute a sua opiniatildeo sobre a inclusatildeo nos CMEIs
19 Como deveriam ser os CMEIs para atenderem bem os casos de inclusatildeo
20 Como a famiacutelia da crianccedila que tem deficiecircncia pode ajudar na inclusatildeo de seu
filho
21 Como devem ser as educadoras de CMEI para que atendam bem as crianccedilas
que estatildeo em inclusatildeo
22 Como a professora do Atendimento Educacional Especializado pode
contribuir com a inclusatildeo no CMEI
23 Que tipo de apoio a famiacutelia da crianccedila que estaacute em inclusatildeo precisa para
atender bem seu filho
24 Que tipo de apoio as educadoras de CMEI precisam para atender bem os
casos de inclusatildeo
17 Vocecirc acha que os CMEIs estatildeo preparados para atender crianccedilas pequenas
em inclusatildeo Comente sua resposta
18 Vocecirc acha que as educadoras de CMEI estatildeo preparadas para atender
crianccedilas pequenas em inclusatildeo Comente sua resposta
19 Qual sua opiniatildeo sobre o trabalho das educadoras que atendem turmas de
inclusatildeo
167
20 De que maneira acontece a participaccedilatildeo da famiacutelia no processo de inclusatildeo
do filho que estaacute no CMEI Qual sua opiniatildeo sobre isso
21 Em sua opiniatildeo quais as maiores vantagens que a inclusatildeo na Educaccedilatildeo
Infantil traz Comente sua resposta
22 Existiriam desvantagens na inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil Comente sua
resposta
23 Vocecirc gostaria de falar mais alguma coisa sobre a inclusatildeo da crianccedila
pequena no CMEI
168
ANEXO C
Roteiro de Entrevistas ndash Professoras do Atendimento Educacional
Especializado (AEE)
Caracterizaccedilatildeo da Professora do AEE
Nome Completo
Idade
Estado civil
Escolarizaccedilatildeo
Possui alguma formaccedilatildeo especiacutefica para trabalhar com crianccedilas pequenas
Possui alguma formaccedilatildeo especiacutefica para trabalhar com Educaccedilatildeo Especial e
Inclusiva
Possui alguma formaccedilatildeo especiacutefica para trabalhar como professora do AEE
Haacute quanto tempo vocecirc trabalha na educaccedilatildeo
Antes de trabalhar como professora do AEE vocecirc teve outras experiecircncias na
aacuterea de Educaccedilatildeo Infantil Como foi isso
Antes de trabalhar como professora do AEE vocecirc teve outras experiecircncias na
aacuterea de Educaccedilatildeo Especial ou Inclusiva Como foi isso
Teve ou tem alguma outra experiecircncia com pessoas com deficiecircncia fora da
aacuterea educacional Como foi isso
Caracterizaccedilatildeo do Trabalho do AEE
1 Qual eacute o seu horaacuterio de trabalho no AEE
2 Quanto tempo faz que vocecirc estaacute trabalhando como professora do AEE
3 Como eacute o seu trabalho no AEE
4 Quais as maiores diferenccedilas entre o AEE para o Ensino Fundamental e o
AEE para a Educaccedilatildeo Infantil
5 Quantos alunos vocecirc atende no AEE Quantos satildeo da Educaccedilatildeo Infantil e
quantos satildeo do Ensino Fundamental
6 Quanto tempo faz que vocecirc atende essa crianccedila no AEE
7 Quando vocecirc soube que iria atender essa crianccedila pequena o que pensou
Comente sua resposta
169
8 E hoje que vocecirc jaacute a conhece como se sente ao atendecirc-la Comente sua
resposta
9 Como vocecirc faz para saber se essa crianccedila estaacute se desenvolvendo bem
10 Como eacute o seu trabalho com essa crianccedila que estaacute em inclusatildeo
11 Vocecirc tem alguma dificuldade em atendecirc-la Comente sua resposta
12 Quando vocecirc tem duacutevidas ou dificuldades sobre essa crianccedila o que vocecirc faz
Comente sua resposta
13 Vocecirc recebe ou recebeu algum tipo de orientaccedilatildeo sobre como atender essa
crianccedila Como eacute isso
14 Vocecirc sabe quais outros serviccedilos essa crianccedila frequenta aleacutem do CMEI
Concepccedilotildees sobre o processo inclusivo
15 Dizer que essa crianccedila estaacute em inclusatildeo o que significa para vocecirc
16 Se algueacutem lhe perguntasse qual eacute o motivo de crianccedilas com deficiecircncia
estarem frequentando o CMEI o que vocecirc diria
17 Qual eacute a sua opiniatildeo sobre a inclusatildeo nos CMEIs
18 Como deveriam ser os CMEIs para atenderem bem os casos de inclusatildeo
19 Como a famiacutelia da crianccedila que tem deficiecircncia pode ajudar na inclusatildeo de seu
filho
20 Como devem ser as educadoras de CMEI para que atendam bem as crianccedilas
que estatildeo em inclusatildeo
21 Como a professora do Atendimento Educacional Especializado pode
contribuir com a inclusatildeo no CMEI
22 Que tipo de apoio a famiacutelia da crianccedila que estaacute em inclusatildeo precisa para
atender bem seu filho
23 Que tipo de apoio as educadoras de CMEI precisam para atender bem os
casos de inclusatildeo
24 Vocecirc acha que os CMEIs estatildeo preparados para atender crianccedilas pequenas
em inclusatildeo Comente sua resposta
25 Vocecirc acha que as educadoras de CMEI estatildeo preparadas para atender
crianccedilas pequenas em inclusatildeo Comente sua resposta
26 Qual sua opiniatildeo sobre o trabalho das educadoras que atendem turmas de
inclusatildeo
27 De que maneira acontece a participaccedilatildeo da famiacutelia no processo de inclusatildeo
do filho que estaacute no CMEI Qual sua opiniatildeo sobre isso
170
28 Em sua opiniatildeo quais as maiores vantagens que a inclusatildeo na Educaccedilatildeo
Infantil traz Comente sua resposta
29 Existiriam desvantagens na inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil Comente sua
resposta
30 Vocecirc gostaria de falar mais alguma coisa sobre a inclusatildeo da crianccedila
pequena no CMEI
171
ANEXO D- TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ndash Matildees
Eu Nelly Narcizo de Souza aluna do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da
Universidade Federal do Paranaacute (UFPR) convido-o (a) a participar do processo de
coleta de dados de minha Tese de Doutorado sob orientaccedilatildeo da Profordf Drordf Maria
Augusta Bolsanello Esta pesquisa que tem como tiacutetuloldquoInclusatildeo Escolar da Crianccedila
Pequena com Necessidades Especiais Concepccedilotildees de Matildees de Educadoras da
Educaccedilatildeo Infantil e de Professoras do Atendimento Educacional Especializadordquo
possui como objetivo maior descrever as concepccedilotildees de pais e educadores sobre o
processo de inclusatildeo da crianccedila pequena com deficiecircncia no contexto educacional
infantil especificamente na creche A relevacircncia dessa pesquisa estaacute em contribuir
com futuros estudos e accedilotildees que tratem da inclusatildeo da crianccedila pequena com
deficiecircncia em ambiente de creche evidenciando necessidades e possibilidades
para um bom atendimento
A sua participaccedilatildeo aconteceraacute atraveacutes do seu consentimento em responder algumas
perguntas por meio de questionaacuterio e entrevista a ser gravada em aacuteudio no
ambiente da creche em dia e horaacuterio previamente marcados Responder a eles natildeo
apresenta nenhum tipo de risco agrave crianccedila a seus familiares ou a quem a atende na
Creche O seu nome bem como o da crianccedila ou quaisquer dados que possam
identificaacute-los natildeo seratildeo utilizados A sua participaccedilatildeo eacute absolutamente voluntaacuteria
natildeo remunerada e a pesquisadora estaraacute agrave disposiccedilatildeo para qualquer
esclarecimento A sua recusa em participar da pesquisa natildeo traraacute qualquer
penalidade ou prejuiacutezo ao atendimento da crianccedila Vocecirc tambeacutem poderaacute desistir da
participaccedilatildeo a qualquer momento Os resultados da presente pesquisa seratildeo
divulgados agrave instituiccedilatildeo apoacutes a defesa da Tese em data a ser agendada Apoacutes ler
este Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e aceitar participar do estudo
solicito sua assinatura em duas vias no referido Termo sendo que uma delas
permaneceraacute em seu poder Qualquer informaccedilatildeo adicional ou esclarecimento
acerca deste estudo poderaacute ser obtido com a pesquisadora principal pelos telefones
(41) XXXX XXXX e (41) XXXX XXXX
Nelly Narcizo de Souza Maria Augusta Bolsanello Dra
Pesquisadora Principal - Doutoranda Profordf Pesquisadora Orientadora
Eu
abaixo assinado declaro atraveacutes deste documento o meu consentimento em
172
participar da pesquisa intitulada ldquoInclusatildeo Escolar da Crianccedila Pequena com
Necessidades Especiais Concepccedilotildees de Matildees de Educadoras da Educaccedilatildeo Infantil
e de Professoras do Atendimento Educacional Especializadordquo
Declaro ainda que estou ciente de seu objetivo e meacutetodos bem como de meus
direitos ao anonimato e a desistir da mesma a qualquer momento
_____________________de ___________________ de 201_
RG
Assinatura participante da pesquisa
173
ANEXO E - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ndash
Educadores da Educaccedilatildeo Infantil
Eu Nelly Narcizo de Souza aluna do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da
Universidade Federal do Paranaacute (UFPR) convido-o (a) a participar do processo de
coleta de dados de minha Tese de Doutorado sob orientaccedilatildeo da Profordf Drordf Maria
Augusta Bolsanello Esta pesquisa que tem como tiacutetulo ldquoInclusatildeo Escolar da Crianccedila
Pequena com Necessidades Especiais Concepccedilotildees de Matildees de Educadoras da
Educaccedilatildeo Infantil e de Professoras do Atendimento Educacional Especializadordquo
possui como objetivo maior descrever as concepccedilotildees de pais e educadores sobre o
processo de inclusatildeo da crianccedila pequena com deficiecircncia no contexto educacional
infantil especificamente na creche A relevacircncia dessa pesquisa estaacute em contribuir
com futuros estudos e accedilotildees que tratem da inclusatildeo da crianccedila pequena com
deficiecircncia em ambiente de creche evidenciando necessidades e possibilidades
para um bom atendimento
A sua participaccedilatildeo aconteceraacute atraveacutes do seu consentimento em responder algumas
perguntas por meio de entrevista a ser gravada em aacuteudio no ambiente da creche
em dia e horaacuterio previamente marcados Responder a elas natildeo apresenta nenhum
tipo de risco agrave crianccedila agrave famiacutelia a vocecirc ou a outras pessoas que trabalham na
creche O seu nome bem como o da crianccedila ou quaisquer dados que possam
identificaacute-los natildeo seratildeo utilizados A sua participaccedilatildeo eacute absolutamente voluntaacuteria
natildeo remunerada e a pesquisadora estaraacute agrave disposiccedilatildeo para qualquer
esclarecimento A sua recusa em participar da pesquisa natildeo traraacute qualquer
penalidade ou prejuiacutezo para vocecirc ao seu trabalho ou ao atendimento da crianccedila
Vocecirc tambeacutem poderaacute desistir da participaccedilatildeo a qualquer momento Os resultados da
presente pesquisa seratildeo divulgados agrave instituiccedilatildeo apoacutes a defesa da Tese em data a
ser agendada Apoacutes ler este Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e aceitar
participar do estudo solicito sua assinatura em duas vias no referido Termo sendo
que uma delas permaneceraacute em seu poder Qualquer informaccedilatildeo adicional ou
esclarecimento acerca deste estudo poderaacute ser obtido com a pesquisadora principal
pelos telefones (41) XXXX XXXX e (41) XXXX XXXX
Nelly Narcizo de Souza Maria Augusta Bolsanello Dra
Pesquisadora Principal - Doutoranda Profordf Pesquisadora Orientadora
174
Eu
abaixo assinado declaro atraveacutes deste documento o meu consentimento em
participar da pesquisa intitulada ldquoInclusatildeo Escolar da Crianccedila Pequena com
Necessidades Especiais Concepccedilotildees de Matildees de Educadoras da Educaccedilatildeo Infantil
e de Professoras do Atendimento Educacional Especializadordquo a ser realizada nesta
instituiccedilatildeo
Declaro ainda que estou ciente de seu objetivo e meacutetodos bem como de meus
direitos ao anonimato e a desistir da mesma a qualquer momento
_____________________de ___________________ de 201_
RG
Assinatura do educador participante da pesquisa
175
ANEXO F - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ndash
Professores do Atendimento Educacional Especializado
Eu Nelly Narcizo de Souza aluna do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da
Universidade Federal do Paranaacute (UFPR) convido-o (a) a participar do processo de
coleta de dados de minha Tese de Doutorado sob orientaccedilatildeo da Profordf Drordf Maria
Augusta Bolsanello Esta pesquisa que tem como tiacutetulo ldquoInclusatildeo Escolar da Crianccedila
Pequena com Necessidades Especiais Concepccedilotildees de Matildees de Educadoras da
Educaccedilatildeo Infantil e de Professoras do Atendimento Educacional Especializadordquo
possui como objetivo maior descrever as concepccedilotildees de pais e educadores sobre o
processo de inclusatildeo da crianccedila pequena com deficiecircncia no contexto educacional
infantil especificamente na creche A relevacircncia dessa pesquisa estaacute em contribuir
com futuros estudos e accedilotildees que tratem da inclusatildeo da crianccedila pequena com
deficiecircncia em ambiente de creche evidenciando necessidades e possibilidades
para um bom atendimento
A sua participaccedilatildeo aconteceraacute atraveacutes do seu consentimento em responder algumas
perguntas por meio de entrevista a ser gravada em aacuteudio no ambiente de trabalho
em dia e horaacuterio previamente marcados Responder a elas natildeo apresenta nenhum
tipo de risco agrave crianccedila agrave famiacutelia a vocecirc ou a outras pessoas que trabalham com
vocecirc O seu nome bem como o da crianccedila ou quaisquer dados que possam
identificaacute-los natildeo seratildeo utilizados A sua participaccedilatildeo eacute absolutamente voluntaacuteria
natildeo remunerada e a pesquisadora estaraacute agrave disposiccedilatildeo para qualquer
esclarecimento A sua recusa em participar da pesquisa natildeo traraacute qualquer
penalidade ou prejuiacutezo para vocecirc ao seu trabalho ou ao atendimento da crianccedila
Vocecirc tambeacutem poderaacute desistir da participaccedilatildeo a qualquer momento Os resultados da
presente pesquisa seratildeo divulgados agrave instituiccedilatildeo apoacutes a defesa da Tese em data a
ser agendada Apoacutes ler este Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e aceitar
participar do estudo solicito sua assinatura em duas vias no referido Termo sendo
que uma delas permaneceraacute em seu poder Qualquer informaccedilatildeo adicional ou
esclarecimento acerca deste estudo poderaacute ser obtido com a pesquisadora principal
pelos telefones (41) XXXX XXXX e (41) XXXX XXXX
Nelly Narcizo de Souza Maria Augusta Bolsanello Dra
Pesquisadora Principal - Doutoranda Profordf Pesquisadora Orientadora
176
Eu
abaixo assinado declaro atraveacutes deste documento o meu consentimento em
participar da pesquisa intitulada ldquoInclusatildeo Escolar da Crianccedila Pequena com
Necessidades Especiais Concepccedilotildees de Matildees de Educadoras da Educaccedilatildeo Infantil
e de Professoras do Atendimento Educacional Especializadordquo
Declaro ainda que estou ciente de seu objetivo e meacutetodos bem como de meus
direitos ao anonimato e a desistir da mesma a qualquer momento
_____________________de ___________________ de 201_
RG
Assinatura do professor participante da pesquisa
Catalogaccedilatildeo na publicaccedilatildeo Fernanda Emanoeacutela Nogueira ndash CRB 91607
Biblioteca de Ciecircncias Humanas e Educaccedilatildeo - UFPR
Souza Nelly Narcizo de Inclusatildeo escolar da crianccedila pequena com necessidades especiais
concepccedilotildees de matildees de educadoras da educaccedilatildeo infantil e de professoras do atendimento educacional especializado Nelly Narcizo de Souza ndash Curitiba 2013
181 f Orientadora Profordf Drordf Maria Augusta Bolsanello
Tese (Doutorado em Educaccedilatildeo) ndash Setor de Educaccedilatildeo da Universidade Federal do Paranaacute
1 Educaccedilatildeo inclusiva 2 Educaccedilatildeo infantil 3 Inclusatildeo em
educaccedilatildeo 4 Educaccedilatildeo especial 5 Crianccedilas deficientes ndash Educaccedilatildeo ITiacutetulo
CDD 3719
3
Cada crianccedila ao nascer nos traz a mensagem de que Deus natildeo perdeu as esperanccedilas nos homens
(R Tagore)
Dedico esse trabalho a todas as crianccedilas que jaacute atendi e com as quais aprendi a ter Esperanccedila Alegria Feacute e a certeza da grandiosa e complexa necessidade de
insistirmos em construir uma Escola para Todos
4
AGRADECIMENTOS
Foram quatro anos de muitas transformaccedilotildees as quais natildeo vieram faacutecil ou
delicadamente Perante as dificuldades e desafios que a vida nos impotildee aproveito
para agradecer a todos os que de algum modo foram determinantes em momentos
preciosos dessa caminhada
Agradeccedilo imensamente a minha orientadora Profordf Drordf Maria Augusta Bolsanello pela
sensibilidade compreensatildeo e carinho com os quais sempre me guiou ao longo
desses anos todos
Especialmente agradeccedilo agraves crianccedilas que ainda pequenas jaacute nos ajudam a
transformar o que somos por meio de suas histoacuterias agraves suas matildees agraves suas
educadoras nos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil e agraves professoras do
Atendimento Educacional Especializado que gentilmente cederam as informaccedilotildees
que deram corpo ao presente estudo
Estendo meus agradecimentos agraves professoras que compuseram a Banca de
Qualificaccedilatildeo Profordf Drordf Sandra Regina Kirchner Guimaratildees Profordf Drordf Lidia Natalia
Dobriansky Weber Profordf Drordf Maria de Faacutetima Minetto Profordf Drordf Maria Helena
Baptista Cordeiro e Profordf Drordf Tania dos Santos Alvarez da Silva Obrigada pelas
informaccedilotildees e comentaacuterios pertinentes e enriquecedores que ajudaram a nortear
esse trabalho
Aos Professores Colegas e funcionaacuterios do Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em
Educaccedilatildeo da Universidade Federal do Paranaacute pela oportunidade de convivecircncia e
aprendizado Um grande abraccedilo de agradecimento para Ana Flaacutevia Hansel e
Daniele Bonamin Flores pelo tempo que passamos juntas e por tudo o que
aprendemos
Agrave minha Famiacutelia que mesmo na distacircncia foi apoio importante nos momentos que
julguei natildeo conseguir prosseguir
5
Agrave Juliana Krieger Joatildeo Fadino e Ricardo Peixoto pelas ajudas ao longo da
construccedilatildeo desse trabalho
Ao Rogger agradeccedilo por ter se colocado ao meu lado especialmente nos momentos
de maior dificuldade preocupaccedilatildeo e cansaccedilo Tambeacutem meus agradecimentos pela
revisatildeo dos textos Obrigado por tudo e principalmente por me trazer Ceciacutelia
A todos os que hoje posso chamar de Amigos e que de algum modo contribuiacuteram
com essa pesquisa deixo meus mais sinceros e profundos agradecimentos
6
A alegria natildeo chega apenas no encontro do achado mas faz parte do processo da
busca
Paulo Freire
7
RESUMO
A tese investiga as concepccedilotildees que norteiam o processo de inclusatildeo educacional da crianccedila pequena com necessidades especiais segundo suas Matildees suas Educadoras da Educaccedilatildeo Infantil e suas Professoras do Atendimento Educacional Especializado (AEE) O contexto e as participantes foram escolhidos por sua significativa influecircncia no desenvolvimento humano especialmente no que compete agrave primeira infacircncia e agrave construccedilatildeo do processo inclusivo de crianccedilas pequenas com necessidades especiais As participantes foram entrevistadas por meio de perguntas abertas elencadas em roteiros previamente estabelecidos em estudo de cunho qualitativo exploratoacuterio e comparativo Segundo os resultados as concepccedilotildees das participantes sugerem uma perspectiva inclusiva voltada para a possibilidade de socializaccedilatildeo da crianccedila pequena com necessidades especiais com outras crianccedilas sem estas necessidades e para a concepccedilatildeo de que estar em inclusatildeo eacute o cumprimento de um direito As matildees participam pouco do processo de inclusatildeo de sua crianccedila Jaacute as funccedilotildees das professoras que trabalham no Atendimento Educacional Especializado satildeo praticamente desconhecidas dentro do contexto do processo inclusivo das crianccedilas pequenas que atendem As educadoras de Educaccedilatildeo Infantil por sua vez sentem-se despreparadas para atender as necessidades educacionais das crianccedilas que satildeo foco da inclusatildeo As educadoras destacam que a relaccedilatildeo entre as crianccedilas eacute um dos elementos que mais promovem o desenvolvimento dos educandos que estatildeo em inclusatildeo Tanto as professoras do Atendimento Educacional Especializado quanto as Educadoras da Educaccedilatildeo Infantil demonstram variadas preocupaccedilotildees sobre o modo como vem acontecendo a inclusatildeo de crianccedilas pequenas com necessidades educacionais especiais e junto com as matildees chamam a atenccedilatildeo para a necessidade de transformaccedilotildees no modo como estaacute se dando a inclusatildeo de crianccedilas pequenas na Educaccedilatildeo Infantil Esta pesquisa evidencia que a inclusatildeo de crianccedilas pequenas com necessidades especiais na Educaccedilatildeo Infantil ainda reflete diversas contradiccedilotildees e desencontros mas se mostra como uma experiecircncia vaacutelida por ser uma accedilatildeo que transgride o comum pois proporciona novas reflexotildees novas necessidades duacutevidas e significados o que com certeza poderaacute gerar outras perspectivas e estrateacutegias em prol da qualidade educacional e da promoccedilatildeo do desenvolvimento humano Destaca-se a necessidade de que sejam realizados mais estudos dentro da presente temaacutetica dada sua relevacircncia
Palavras-chave Inclusatildeo Escolar Educaccedilatildeo Infantil Atendimento Educacional Especializado Necessidades Especiais Educaccedilatildeo Inclusiva
8
ABSTRACT
The thesis investigates the conceptions that guide the process of educational inclusion of the young child with special needs according with their Mothers their Early Childhood Educationrsquos educators and their Specialized Educational Servicersquos Teachers The context and the participants was chosen for itrsquos significant influence on human development specially about the concerns early childhood and the building of the inclusive process of young children with special needs The participants were interviewed through open questions chosen on pre-established lists in a qualitative exploratory and comparative study According with the results the participantrsquos conceptions suggests a inclusive perspective facing the possibility of socialization of a young child with special needs with other children without these needs and to the conception that being included is the fulfillment of a right The mothers participate little in the inclusion process of their child But the functions of the teachers that work in the Specialized Educational Service are practically unknown inside the context of the inclusive process for the young children that them treat The Early Childhood Educationrsquos educators on the other hand feel unprepared to meet the educational needs of the children that are the focus of the inclusion The educators points the relation among the children is one of the elements that promotes the most development os the learners that are in the inclusion Both the Specialized Educational Servicersquos teachers and Early Childhood Educationrsquos educators shows various concerns about the way that the inclusion is happening with young children with special educational needs and along with their mothers call the attention to the necessity of transformations in the way that is occurring the inclusion of young children in the Early Childhood Education This research shows that the inclusion of young child with special needs in the Early Childhood Education still reflects several contradictions and mismatches but displays like a valid experiment for being an action that transgresses the common for it provides new reflections new necessities doubts and meanings which for sure will generate other perspectives and strategies on the behalf of educational quality and of the promotion of human development Highlights the need of the realization of further studies inside of the present theme given its relevance
Keywords School Inclusion Early Childhood Education Care Specialized Education Special Needs Inclusive Education
9
LISTA DE QUADROS
QUADRO 01 DISTRIBUICcedilAtildeO DAS CRIANCcedilAS SEGUNDO LAUDO MEacuteDICO
E DIAGNOacuteSTICO 64
QUADRO 02 DISTRIBUICcedilAtildeO DAS CRIANCcedilAS SEGUNDO A TURMA EM
QUE ESTAtildeO MATRICULADAS ATUALMENTE E O TEMPO EM QUE
FREQUENTAM CENTROS MUNICIPAIS DE EDUCACcedilAtildeO INFANTIL ndash CMEIs
64
QUADRO 03 ndash DISTRIBUICcedilAtildeO DAS MAtildeES PARTICIPANTES CONFORME
IDADE ESCOLARIDADE E OCUPACcedilAtildeO 67
QUADRO 04 ndash DISTRIBUICcedilAtildeO DAS MAtildeES PARTICIPANTES CONFORME
COMPOSICcedilAtildeO FAMILIAR 67
QUADRO 05 ndash DISTRIBUICcedilAtildeO DAS PROFESSORAS DO ATENDIMENTO
EDUCACIONAL ESPECIALIZADO - AEE CONFORME IDADE ESTADO
CIVIL OCORREcircNCIA E QUANTIDADE DE FILHOS 69
QUADRO 06 ndash DISTRIBUICcedilAtildeO DAS PROFESSORAS DO ATENDIMENTO
EDUCACIONAL ESPECIALIZADO - AEE CONFORME SUA
ESCOLARIZACcedilAtildeO 70
QUADRO 07- DISTRIBUICcedilAtildeO DAS PROFESSORAS DO ATENDIMENTO
EDUCACIONAL ESPECIALIZADO - AEE CONFORME TEMPO DE
TRABALHO NA AacuteREA EDUCACIONAL E AacuteREAS DE ATUACcedilAtildeO DENTRO DA
EDUCACcedilAtildeO 71
10
QUADRO 08 - DISTRIBUICcedilAtildeO DAS EDUCADORAS DOS CENTROS
MUNICIPAIS DE EDUCACcedilAtildeO INFANTIL CONFORME IDADE ESTADO CIVIL
OCORREcircNCIA E QUANTIDADE DE FILHOS 72
QUADRO 09 - DISTRIBUICcedilAtildeO DAS EDUCADORAS DOS CENTROS
MUNICIPAIS DE EDUCACcedilAtildeO INFANTIL CONFORME SUA ESCOLARIDADE
73
QUADRO 10 - DISTRIBUICcedilAtildeO DAS EDUCADORAS DOS CENTROS
MUNICIPAIS DE EDUCACcedilAtildeO INFANTIL CONFORME O TEMPO DE
ATUACcedilAtildeO NA EDUCACcedilAtildeO DE MODO GERAL ESPECIFICAMENTE NA
EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E NA TURMA QUE ATENDE ATUALMENTE 75
QUADRO 11 - DISTRIBUICcedilAtildeO DAS PROFESSORAS DO ATENDIMENTO
EDUCACIONAL ESPECIALIZADO CONFORME SEU TEMPO DE ATUACcedilAtildeO
COMO AEE NO ENSINO FUNDAMENTAL E NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL 82
QUADRO 12- DISTRIBUICcedilAtildeO DAS PROFESSORAS DO ATENDIMENTO
EDUCACIONAL ESPECIALIZADO CONFORME SEU TEMPO DE ATUACcedilAtildeO
COMO AEE NO ENSINO FUNDAMENTAL E NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL 82
QUADRO 13 ndash DISTRIBUICcedilAtildeO DAS MAIORES ESPECIFICIDADES DO
ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO PARA A EDUCACcedilAtildeO
INFANTIL E PARA O ENSINO FUNDAMENTAL 83
QUADRO 14 ndash DISTRIBUICcedilAtildeO DAS PROFESSORAS DO ATENDIMENTO
EDUCACIONAL ESPECIALIZADO CONFORME TEMPO EM QUE ATENDEM
A CRIANCcedilA PEQUENA FOCO DA PESQUISA FREQUEcircNCIA E DURACcedilAtildeO
DO ATENDIMENTO AO ALUNO 84
11
QUADRO 15 ndash DISTRIBUICcedilAtildeO DAS PROFESSORAS CONFORME SUAS
CONCEPCcedilOtildeES ANTES DE ATENDER A CRIANCcedilA E APOacuteS O PERIacuteODO EM
QUE ATENDE O ALUNO QUE ESTAacute EM INCLUSAtildeO 85
QUADRO 16 ndash DISTRIBUICcedilAtildeO DAS EDUCADORAS CONFORME TURMAS
QUE ATENDEM FAIXA ETAacuteRIA DA TURMA E QUANTIDADE DE ALUNOS
POR TURMA 89
QUADRO 17 ndash DISTRIBUICcedilAtildeO DAS EDUCADORAS CONFORME O TEMPO
EM QUE ATENDEM A CRIANCcedilA QUE ESTAacute EM INCLUSAtildeO 93
QUADRO 18 - DISTRIBUICcedilAtildeO DAS EDUCADORAS CONFORME SUAS
CONCEPCcedilOtildeES ANTES DE ATENDER A CRIANCcedilA E APOacuteS O PERIacuteODO EM
QUE ATENDE O ALUNO QUE ESTAacute EM INCLUSAtildeO 93
12
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO 10
11 JUSTIFICATIVA E ABORDAGEM DO PROBLEMA 10
12 OBJETIVOS 18
121 OBJETIVO GERAL 18
122 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS 18
2 SUPORTE TEOacuteRICO 20
21 O DESENVOLVIMENTO HUMANO A PARTIR DO ESTUDO E DA
INTERACcedilAtildeO ENTRE SEUS CONTEXTOS ndash A ABORDAGEM
BIOECOLOacuteGICA 20
22 A CRIANCcedilA PEQUENA COM NECESSIDADES ESPECIAIS E A
PROMOCcedilAtildeO DO SEU DESENVOLVIMENTO 25
23 BREVE HISTOacuteRICO DA EDUCACcedilAtildeO DAS PESSOAS COM
NECESSIDADES ESPECIAIS E A EDUCACcedilAtildeO INCLUSIVA 31
24 A FAMIacuteLIA COMO UM MICROSSISTEMA DE DESENVOLVIMENTO
HUMANO E SUA RELACcedilAO COM A CRIANCcedilA COM NECESSIDADES
ESPECIAIS 39
25 A INSTITUICcedilAtildeO DE EDUCACcedilAtildeO INFANTIL COMO UM CONTEXTO DE
DESENVOLVIMENTO 49
251 CONCEPCcedilOtildeES SOBRE A PRAacuteTICA EDUCATIVA
INSTITUCIONALIZADA ASPECTOS RELEVANTES PARA A PROMOCcedilAtildeO DO
DESENVOLVIMENTO INFANTIL 51
3 MEacuteTODO 57
31 CONTEXTO 57
32 PARTICIPANTES 59
33 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS 60
13
34 PROCEDIMENTOS DE ANAacuteLISE DE DADOS 61
35 CUIDADOS EacuteTICOS 62
4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 63
41 SECcedilAtildeO 01 CARACTERIZACcedilAtildeO DAS PARTICIPANTES 63
411 CARACTERIZACcedilAtildeO DAS CRIANCcedilAS FOCO DA INCLUSAtildeO 63
412 CARACTERIZACcedilAtildeO DAS ENTREVISTADAS 66
4121 CARACTERIZACcedilAtildeO DAS MAtildeES 66
4122 CARACTERIZACcedilAtildeO DAS PROFESSORAS DO ATENDIMENTO
EDUCACIONAL ESPECIALIZADO 68
4123 CARACTERIZACcedilAtildeO DAS EDUCADORAS DOS CENTROS
MUNICIPAIS DE EDUCACcedilAtildeO INFANTIL 71
42 SECcedilAtildeO 02 CONCEPCcedilOtildeES DAS MAtildeES DAS EDUCADORAS E DAS
PROFESSORAS SOBRE A CRIANCcedilA QUE ESTAacute EM INCLUSAtildeO 75
421 AS MAtildeES E SUAS CRIANCcedilAS 75
422 AS PROFESSORAS DO ATENDIMENTO EDUCACIONAL
ESPECIALIZADO E A INCLUSAtildeO DAS CRIANCcedilAS PEQUENAS QUE ESTAtildeO
NOS CENTROS MUNICIPAIS DE EDUCACcedilAtildeO INFANTIL 80
423 AS EDUCADORAS DOS CENTROS MUNICIPAIS DE EDUCACcedilAtildeO
INFANTIL E AS CRIANCcedilAS PEQUENAS QUE ESTAtildeO EM INCLUSAtildeO 89
43 SECcedilAtildeO 03 O PROCESSO INCLUSIVO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL 96
431 CONCEPCcedilOtildeES DAS PARTICIPANTES SOBRE O PROCESSO
INCLUSIVO 97
432 PARTICIPACcedilAtildeOATUACcedilAtildeO NO PROCESSO INCLUSIVO NO CENTRO
MUNICIPAL DE EDUCACcedilAtildeO INFANTIL 104
433 REFEREcircNCIAS E APOIOS UTILIZADOS E INDICADOS PARA QUE O
PROCESSO INCLUSIVO OCORRA COM QUALIDADE 107
14
434 AVALIACcedilAtildeO DO PROCESSO INCLUSIVO 114
435 VANTAGENS E DESVANTAGENS DO PROCESSO INCLUSIVO 116
4351 AS VANTAGENS 116
4352 AS DESVANTAGENS 119
436 SUGESTOtildeES E COMENTAacuteRIOS VISANDO A MELHORIA DO
PROCESSO INCLUSIVO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL 121
44 SECcedilAtildeO 04 ndash DA NECESSIDADE DE SE OBSERVAR E ATUAR NA
INFAcircNCIA ENQUANTO ETAPA CRUCIAL DE DESENVOLVIMENTO 125
45 SECcedilAtildeO 05 - DO RECONHECIMENTO DA IMPORTAcircNCIA DOS
CONTEXTOS E SUAS INTER-RELACcedilOtildeES 128
46 SECcedilAtildeO 06 - DA CONSIDERACcedilAtildeO E DISCUSSAtildeO DAS NOVAS
CONCEPCcedilOtildeES ACERCA DA INCLUSAtildeO 129
47 SECcedilAtildeO 07 - DA CONSIDERACcedilAtildeO DAS (NECESSAacuteRIAS)
TRANSFORMACcedilOtildeES QUE VEM OCORRENDO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL
131
48 SECcedilAtildeO 08 - DA CONSIDERACcedilAtildeO DAS TRANSFORMACcedilOtildeES QUE VEM
OCORRENDO NA EDUCACcedilAtildeO ESPECIAL 133
5 CONCLUSOtildeES 135
REFEREcircNCIAS 140
ANEXOS 161
10
1 INTRODUCcedilAtildeO
11 JUSTIFICATIVA E ABORDAGEM DO PROBLEMA
Desde a eacutepoca da graduaccedilatildeo em Pedagogia o desenvolvimento humano
desperta o interesse desta pesquisadora especialmente o periacuteodo inicial da vida
com seus aspectos relacionados agraves primeiras experiecircncias e o estabelecimento de
viacutenculos Por isso e devido agraves vivecircncias e formaccedilotildees acadecircmicas pessoais e
profissionais foi se construindo a ideia de que o desenvolvimento humano eacute um
processo permanente complexo e multideterminado e que cada etapa da vida eacute
constituiacuteda por caracteriacutesticas e necessidades muito peculiares as quais devem ser
observadas e estudadas para que se possam promover condiccedilotildees de
desenvolvimento de seres humanos saudaacuteveis (BRONFRENBRENNER 1996
BRONFRENBRENNER 2011 GAT 2000 BRAZELTON e GREENSPAN 2002
ASPESI DESSEN e CHAGAS 2005 ROGOFF 2005 POLETTO e KOLLER 2008)
Nessa abordagem o presente estudo procura vincular-se ao modelo
Bioecoloacutegico de Desenvolvimento Humano por apresentar possibilidades para que o
pesquisador analise aspectos da pessoa em desenvolvimento dos contextos que
vivecircncia e dos processos interativos que a influenciam ao longo do tempo
(BRONFENBRENNER e EVANS 2000)
Este modelo de entendimento do desenvolvimento humano valoriza as
interaccedilotildees desde as fases iniciais do ciclo vital das pessoas uma vez que as
mesmas influenciam e satildeo influenciadas profundamente pelas relaccedilotildees com outros
seres objetos e siacutembolos tanto em seu ambiente imediato quanto com outros
ambientes (BRONFENBRENNER e EVANS 2000) Essas interaccedilotildees se verificam de
modo progressivamente mais complexo ao longo do ciclo vital e seu estudo permite
inferir que contextos socialmente organizados ajudem a apoiar e orientar o
desenvolvimento humano ou seja desde o nascimento As interaccedilotildees satildeo
fundamentais para a sobrevivecircncia e o desenvolvimento como um todo assim cada
etapa do crescimento pressupotildee a ampliaccedilatildeo de laccedilos afetivos sociais e tambeacutem do
repertoacuterio cognitivo do ser humano (MOLINARI SILVA E CREPALDI 2005 GOMES
e DUARTE 2009 BRONFRENBRENNER e CECI 2011)
11
Dentre as diversas fases do desenvolvimento humano destaca-se nessa
pesquisa a primeira infacircncia ou seja a faixa etaacuteria compreendida entre o
nascimento e os trecircs primeiros anos de vida em especial procurando compreender
o processo de inclusatildeo da crianccedila pequena com deficiecircncia a partir do contexto
familiar e da educaccedilatildeo infantil
Primeiramente justifica-se que o estudo e a atenccedilatildeo a esse periacuteodo do ciclo vital
eacute relevante por vaacuterios motivos entre os quais se destacam a) a comprovada
importacircncia que experiecircncias nessa eacutepoca da vida apresentam para a formaccedilatildeo dos
indiviacuteduos visto que haacute grande riqueza e intensidade nas aquisiccedilotildees
desenvolvimentais em todos os seus niacuteveis b) a relevacircncia do papel do adulto-
cuidador frente agrave promoccedilatildeo do desenvolvimento na infacircncia e da garantia de seus
direitos c) o acesso crescente da crianccedila pequena a cuidados alternativos
implicando em separaccedilotildees diaacuterias entre matildee-bebecirc desde tenra idade o que tem
gerado inuacutemeras discussotildees sobre o impacto desse fato no desenvolvimento infantil
d) a escassez de projetos pedagoacutegicos dentro da educaccedilatildeo infantil que sejam
coerentes com as especificidades de bebecircs e de crianccedilas pequenas e) o
desconhecimento dos profissionais de educaccedilatildeo infantil sobre desenvolvimento
humano e pelas condiccedilotildees de trabalho e atendimento agrave crianccedila pequena as quais
indicam a necessidade de revisotildees praacuteticas nesse acircmbito (GAT 2000 RAPOPORT
2003 ROGOFF 2005 ARNAIS 2003 ANJOS et al 2004 BARBOSA 2004
SOEJIMA 2008 SOUZA 2008 EIKMANN et al 2009 BOLSANELLO 2009
FERNANDES 2011)
Diante dos aspectos assinalados a respeito das condiccedilotildees de atendimento das
crianccedilas pequenas com desenvolvimento tiacutepico ou ldquonormalrdquo os quais claramente jaacute
se verificam como um tema de relevo entatildeo o que falar daquelas que apresentam
deficiecircncia ou necessidades especiais1 e que se encontra em situaccedilatildeo de inclusatildeo
desde tenra idade inseridas nos atendimentos de berccedilaacuterio e turmas maternais no
ensino regular
Na perspectiva da questatildeo posta acima se pode afirmar que o desafio atual da
educaccedilatildeo infantil eacute tornar seus serviccedilos inclusivos acolhendo as crianccedilas pequenas
1 Para efeitos de entendimento nesse estudo seraacute utilizado o termo necessidades especiais para designar as
condiccedilotildees que se referem agraves deficiecircncias (sensoriais intelectual neuromotora fiacutesica ou muacuteltipla) Transtornos
Globais do Desenvolvimento ou outras situaccedilotildees que tragam grandes implicaccedilotildees para o acesso e a permanecircncia
de alunos na Educaccedilatildeo Infantil e no Ensino Fundamental e que por tal os caracterizem como alunos foco da
Educaccedilatildeo Especial e Inclusiva
12
com necessidades especiais e proporcionando-lhes atenccedilatildeo e atendimento de
qualidade adequada agraves suas caracteriacutesticas e especificidades (MENDES 2010)
Ressalta-se que ao fazer referecircncia agrave crianccedila pequena com necessidades
especiais estaacute se orientando a atenccedilatildeo agravequela pessoa que possui impedimentos de
longo prazo de natureza fiacutesica intelectual ou sensorial e que por tais condiccedilotildees
comporia o alunado da Educaccedilatildeo Especial (BRASIL 2008) Ainda que se encontrem
inuacutemeras divergecircncias nas definiccedilotildees de deficiecircncia ou necessidades especiais
essas pautadas pelas diferenccedilas entre atitudes crenccedilas orientaccedilatildeo aacutereas de
estudo e cultura a definiccedilatildeo do termo eacute cabiacutevel pois implica em caracteriacutesticas de
pessoas que precisam ser vistas acolhidas respeitadas e atendidas em vaacuterias
instacircncias (SMITH 2004)
Cabe destacar ainda a respeito de questotildees sobre a educaccedilatildeo inclusiva que
desde a Declaraccedilatildeo de Salamanca em 1994 muitas experiecircncias discussotildees e
avanccedilos se deram nesse acircmbito poreacutem de modo geral a inclusatildeo no ensino
regular do alunado foco da Educaccedilatildeo Especial continua a se mostrar como um tema
polecircmico e controverso no qual de um lado se encontram as orientaccedilotildees e
legislaccedilotildees brasileiras e internacionais e do outro as escolas e as famiacutelias que tem
que aguardar pacientemente por encaminhamentos praacuteticos e orientaccedilotildees que
ajudem a dar um direcionamento ao atendimento de suas crianccedilas (FERNANDES
BOLSANELLO e MOREIRA 2008) Isso pode ser entendido na perspectiva de
Kassar (2011) quando esta recorda que no Brasil e em alguns paiacuteses da Europa o
atendimento educacional direcionado agraves pessoas com deficiecircncia foi durante muito
tempo construiacutedo de maneira separada da educaccedilatildeo oferecida agrave populaccedilatildeo que natildeo
apresentava diferenccedilas ou caracteriacutesticas expliacutecitas que a caracterizasse como
ldquoanormalrdquo Tal fato implicou segundo esta uacuteltima autora na constituiccedilatildeo da
Educaccedilatildeo Especial como um campo de atuaccedilatildeo muito especiacutefico muitas vezes sem
interlocuccedilatildeo com a educaccedilatildeo comum Esse fato se reflete materialmente nos
espaccedilos institucionais igualmente separados e nas crenccedilas e mitos sobre os
ldquodiferentesrdquo
Essa separaccedilatildeo nos atendimentos tambeacutem eacute vaacutelida no que se refere agraves
crianccedilas pequenas com necessidades especiais (MENDES 2010) Historicamente
quando uma crianccedila apresenta precocemente alteraccedilotildees em seu desenvolvimento
ou mesmo um diagnoacutestico indicando o quadro de deficiecircncia ela eacute comumente
encaminhada aos serviccedilos de Estimulaccedilatildeo Precoce ou Essencial na Educaccedilatildeo
13
Especial (PEacuteREZ-LOacutePEZ 2009) O atendimento em Estimulaccedilatildeo Precoce ou
Essencial na realidade brasileira costuma configurar-se como o primeiro programa
de atendimento destinado a atender principalmente crianccedilas de alto risco ou
portadoras de deficiecircncias (auditiva fiacutesica intelectual visual muacuteltipla) sendo
geralmente destinado agrave faixa etaacuteria de zero a trecircs anos (BOLSANELLO 1998)
Crianccedilas de alto risco satildeo aquelas que devido a causas preacute-natais perinatais ou
poacutesndashnatais de origem bioloacutegica ou ambiental podem vir a apresentar atrasos
significativos em seu desenvolvimento requerendo por isso uma abordagem de
atendimento mais apropriada (TJOSSEM 1976 ALMEIDA 2009)
No caso das crianccedilas pequenas com necessidades especiais (entenda-se
deficiecircncias ou com significativo atraso em seu desenvolvimento) segundo Vitta
(2004) haacute escassez de estudos sobre sua participaccedilatildeo na Educaccedilatildeo Infantil
especificamente nos berccedilaacuterios o que natildeo significa que elas natildeo estejam sendo
atendidas nesse contexto (VITTA 2004) Haacute muitos casos de crianccedilas com
alteraccedilotildees significativas em seu desenvolvimento e que ainda natildeo foi detectado por
seus pais ou mesmo pelos educadores que as atendem na Educaccedilatildeo Infantil o que
compromete uma das funccedilotildees destes educadores que eacute a de auxiliar na detecccedilatildeo
de deacuteficits e orientar quanto agrave prevenccedilatildeo de maiores atrasos e a promoccedilatildeo do
desenvolvimento infantil (VITTA 2004 DIacuteAZ-HERRERO e MARTINEZ-FUENTES
2009)
Contudo a presenccedila de crianccedilas pequenas com necessidades especiais em
berccedilaacuterios tem sido vista com algumas reservas conforme evidenciado pelo estudo
de VITTA (2004) Drago (2011) tambeacutem percebeu em sua pesquisa que a inclusatildeo
na Educaccedilatildeo Infantil se verifica em meio a uma confusatildeo de conceitos e praacuteticas
nas quais se revelam accedilotildees inclusivas isoladas e um processo inclusivo mal
compreendido e mal aproveitado
Logo na busca pela concretizaccedilatildeo de uma educaccedilatildeo inclusiva sem duacutevida os
papeacuteis dos educadores e da famiacutelia se destacam porque ambos satildeo fundamentais
para a trajetoacuteria de vida das pessoas tanto em termos de aprendizagem quanto de
desenvolvimento o que significa dizer que estes podem tanto ser propulsores
quanto limitadores do desenvolvimento humano (BRAZELTON 2002 GIL 2004
SCHMITERLOumlW e FERNANDEZ 2004 DRAGO 2011 BRONFENBRENNER
2011)
14
No tocante agrave famiacutelia certamente natildeo restam mais duacutevidas para a ciecircncia
psicoloacutegica a respeito da influecircncia que as praacuteticas educativas parentais tecircm para o
desenvolvimento dos filhos (WEBER 2008) Isso porque a famiacutelia por ser o primeiro
locus de desenvolvimento humano mostra-se como um contexto privilegiado cujos
objetivos conteuacutedos e meacutetodos se diferenciam do cuidado institucionalizado pois
fomenta o processo de socializaccedilatildeo a proteccedilatildeo as condiccedilotildees baacutesicas de
sobrevivecircncia o desenvolvimento de seus membros no plano social cognitivo e
afetivo e tambeacutem auxilia a estabelecer uma estrutura miacutenima de atividades e
relaccedilotildees nos quais os papeacuteis de matildee pai filho irmatildeo esposa marido e outros satildeo
evidenciados e ensinados (DESSEN e POLONIA 2007 POLETTO e KOLLER
2008 PINHEIRO e BIASOLI-ALVES 2008 ALMEIDA 2010)
Contudo dadas agraves intensas mudanccedilas que a instituiccedilatildeo familiar vem passando
ao longo das uacuteltimas deacutecadas eacute necessaacuterio um estudo mais apurado acerca de
suas caracteriacutesticas e necessidades especialmente quando se propotildee a entendecirc-la
como espaccedilo promotor de desenvolvimento ativo e dinacircmico tal como nas palavras
de Pinheiro e Biasoli-Alves (2008) ao afirmarem que conforme as transformaccedilotildees
sociais vatildeo ocorrendo surgem ao mesmo tempo elementos que afetam a dinacircmica
familiar e do casal o que permite situar as questotildees que envolvem o papel
desempenhado por cada um de seus indiviacuteduos particularmente pai e matildee ndash aqui
referidos como ldquopaisrdquo
Esses dois elementos (pai e matildee) muito embora tenham assumido novos papeacuteis
diante da sociedade e de sua proacutepria famiacutelia ainda se mantecircm como figuras
imprescindiacuteveis do contexto de transmissatildeo de valores conhecimentos regras e
noccedilotildees de convivecircncia para seus filhos (ZAMBERLAM et al 1997 CARVALHO e
ALMEIDA 2003 SILVA e BOLSANELLO 2002 PINHEIRO e BIASOLI-ALVES
2008)
Diante da temaacutetica da presente pesquisa e no que se refere agrave crianccedila pequena
em situaccedilatildeo de inclusatildeo escolar ressalta-se que satildeo poucos os estudos que
descrevem o funcionamento familiar em crianccedilas com necessidades especiais na
realidade brasileira aleacutem de que haacute resultados contraditoacuterios entre algumas
pesquisas (MINETTO 2010) Todavia Brazelton (2002) afirma que os pais
necessitam de uma ajuda profissional quando se percebe que o filho apresenta
alteraccedilotildees em seu desenvolvimento pois sem isso eles podem - por ansiedade ou
falta de orientaccedilatildeo - contribuir com o quadro de atraso ou mesmo superproteger sua
15
crianccedila deixando de estarem sensiacuteveis agraves condiccedilotildees reais do infante Tambeacutem no
que se refere ao atendimento da crianccedila com necessidades especiais ou
desenvolvimento atiacutepico eacute fundamental que se leve em consideraccedilatildeo a participaccedilatildeo
ativa da famiacutelia no processo por meio do acolhimento de suas duacutevidas e anseios e
pela promoccedilatildeo de orientaccedilotildees de quando e como interagir com sua crianccedila (GIL
2004 SHMITERLOumlW e FERNANDEZ 2004 MENDES 2010)
A atenccedilatildeo o apoio e a orientaccedilatildeo para a famiacutelia que tem uma crianccedila com
necessidades especiais justificam-se primordialmente porque esse natildeo eacute um fato
para o qual todos se preparam antecipadamente Muito menos eacute um fato que se
deseja aleacutem de que quando do diagnoacutestico de deficiecircncia atraso no
desenvolvimento ou outra necessidade especial haacute uma intensa e profunda
reorganizaccedilatildeo familiar conforme jaacute afirmado por Prado (2005) A possibilidade de um
diagnoacutestico pode corroborar com sofrimento por parte dos pais havendo em
diversos casos a apresentaccedilatildeo de estresse fiacutesico e emocional (BAILEY 2003
PEREIRA-SILVA e DESSEN 2006 CHERUBINI BOSA e BANDEIRA 2008) Diante
do exposto torna-se evidente que os programas de atendimento agrave crianccedila pequena
com deficiecircncia ou alteraccedilotildees importantes em seu desenvolvimento devem
considerar aspectos que envolvam sua famiacutelia de maneira que a preparem para a
relaccedilatildeo com seu filho (SHMITERLOumlW 2003 GIL 2004 SHMITERLOumlW e
FERNANDEZ 2004)
Jaacute a instituiccedilatildeo de Educaccedilatildeo Infantil interessa como um contexto que se mostra
cada vez mais utilizado podendo ateacute ser considerado como indispensaacutevel para a
viabilizaccedilatildeo da dupla jornada de trabalho da mulher e dos arranjos familiares
proacuteprios da modernidade o que faz com que o maior desafio desse contexto tenda a
ser o de proporcionar um ambiente que seja estimulante para a crianccedila tambeacutem
promovendo seu desenvolvimento de modo amplo e saudaacutevel (SOUZA 2008
SOEJIMA 2008 BOLSANELLO 2009 SOEJIMA e BOLSANELLO 2012)
Dessen e Polonia (2007) afirmam que a instituiccedilatildeo de educaccedilatildeo eacute um espaccedilo
fiacutesico psicoloacutegico social e cultural no qual os indiviacuteduos processam o seu
desenvolvimento global mediante atividades programadas e que tambeacutem pode se
configurar como um espaccedilo de apoio e orientaccedilatildeo para que as famiacutelias
desempenhem melhor seu papel
Perante sua relevacircncia a Educaccedilatildeo Infantil tem sido objeto de inuacutemeros estudos
inclusive a dissertaccedilatildeo de Mestrado da presente pesquisadora Os resultados desta
16
dissertaccedilatildeo evidenciaram a) a rotina extenuante dos educadores b) suas
dificuldades em planejar o atendimento das crianccedilas c) a grande quantidade de
crianccedilas por educador d) a constante necessidade de resolverem problemas
imediatos o que gera a dificuldade de darem atenccedilatildeo a aspectos mais
individualizados das crianccedilas e) a falta de apoio pedagoacutegico adequado (SOUZA
2008) Esses satildeo aspectos tambeacutem verificados por outros autores e que possibilitam
refletir profundamente sobre a funccedilatildeo da creche como um espaccedilo de
desenvolvimento (PACHECO e DUPRET 2004 CAMPOS FULGRAFF e
WIGGERS 2006 BOacuteGUS et al 2007 SOEJIMA 2008 SOUZA 2008
BOLSANELLO 2009 FERNANDES 2011 GUIMARAtildeES 2011 SOEJIMA e
BOLSANELLO 2012)
Outra questatildeo eacute acerca das concepccedilotildees de desenvolvimento infantil dos
educadores as quais refletem a falta de uma formaccedilatildeo consistente na aacuterea a falta
de oportunidades de reflexatildeo a falta de ressignificaccedilatildeo de seus conhecimentos
preacutevios a falta de sistematizaccedilatildeo de accedilotildees de atenccedilatildeo e a intervenccedilatildeo precoce
(SOEJIMA e BOLSANELLO 2012 SOUZA 2008) Tais achados geram
controveacutersias quanto agrave sua funccedilatildeo protetiva em relaccedilatildeo agraves comunidades expostas a
riscos sociais e desenvolvimentais (EIKMANN et al 2009) o que estaacute tambeacutem em
consonacircncia com as consideraccedilotildees de BALTIERI et al (2010) Estes uacuteltimos
salientam que estudos recentes trazem a preocupaccedilatildeo com as repercussotildees da
exposiccedilatildeo cotidiana ao ambienterotina das creches e que esta na realidade
brasileira tem sido crescente e apontam limitaccedilotildees quanto ao preparo dos
profissionais da infraestrutura rotinas com predomiacutenio de atividades voltadas para
alimentaccedilatildeo e higiene aleacutem de maior exposiccedilatildeo das crianccedilas a processos
infecciosos
Contraditoriamente os estudos de Boacutegus et al(2007) e Bhering e Nez (2002)
evidenciaram que as famiacutelias buscam o atendimento institucionalizado tambeacutem por
acreditarem que este seraacute um contexto de promoccedilatildeo do desenvolvimento e maior
cuidado para sua crianccedila e ateacute sentem-se privilegiadas por terem acesso a esse
serviccedilo o que parece resultar em uma menor exigecircncia na qualidade desse
atendimento Bhering e Nez (2002) relembram que a importacircncia do envolvimento
dos pais nessa fase de desenvolvimento humano eacute autoexplicativa famiacutelia e
escolacreche juntas podem promover situaccedilotildees complementares e significativas
17
de aprendizagem e convivecircncia que realmente vatildeo ao encontro das necessidades e
demandas das crianccedilas de ambas as instituiccedilotildees
Por outro lado eacute percebido que a participaccedilatildeo das famiacutelias diante da instituiccedilatildeo e
do atendimento de seus filhos eacute escassa e restrita agrave entrega da crianccedila pela manhatilde
agrave busca ao final do dia e a participaccedilatildeo em algumas reuniotildees especiacuteficas na fala
dos educadores tal participaccedilatildeo poderia ser mais efetiva (BHERING e NEZ 2002
BOgraveGUS et al 2007 SOUZA 2008) Perante esse cenaacuterio da parca participaccedilatildeo da
famiacutelia dentro da rotina da creche relembra-se que mesmo que haja o atendimento
institucionalizado como um importante recurso da sociedade contemporacircnea tal
participaccedilatildeo natildeo substitui a funccedilatildeo primordial da famiacutelia (SILVA e BOLSANELLO
2002)
Conforme os dados assinalados sobre a crianccedila pequena com necessidades
especiais sobre a importacircncia da famiacutelia e da Educaccedilatildeo Infantil como contextos de
promoccedilatildeo de desenvolvimento na primeira infacircncia2 e diante das contradiccedilotildees que
ainda permeiam os processos da educaccedilatildeo inclusiva apresenta-se como
pressuposto que a inclusatildeo da crianccedila pequena com necessidades especiais no
contexto de Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil vem sendo realizada a partir de
conceitos e praacuteticas que fortalecem principalmente os aspectos socializadores do
processo inclusivo o que implica na possibilidade de que estar no referido contexto
natildeo caracteriza uma educaccedilatildeo inclusiva
E levanta-se a questatildeo norteadora do presente estudo
Quais concepccedilotildees orientam o processo de inclusatildeo da crianccedila pequena com
necessidades especiais no contexto de Centros Municipais de Educaccedilatildeo
Infantil (CMEIs) segundo suas matildees suas educadoras na Educaccedilatildeo Infantil e
suas professoras do Atendimento Educacional Especializado
2 Para esse estudo se considera que a primeira infacircncia eacute o periacuteodo etaacuterio que corresponde aos primeiros 36
meses de vida
18
12 OBJETIVOS
121 Objetivo Geral
Investigar quais concepccedilotildees orienta o processo de inclusatildeo da crianccedila
pequena com necessidades especiais no contexto de Centros Municipais de
Educaccedilatildeo Infantil (CMEIs) especificamente em turmas de berccedilaacuterio e maternal
segundo suas matildees suas educadoras na Educaccedilatildeo Infantil e suas professoras do
Atendimento Educacional Especializado
122 Objetivos Especiacuteficos
Com a intenccedilatildeo de responder a questatildeo de pesquisa que orienta este
trabalho se estabelecem como objetivos especiacuteficos os itens abaixo indicados
a) Investigar como as matildees de crianccedilas que tecircm necessidades especiais
percebem participam e avaliam o processo de inclusatildeo de seus filhos que
frequentam os Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil
b) Investigar como educadoras de Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil que
atendem em turmas de berccedilaacuterio (I e II) e maternal (I e II) percebem atuam e
avaliam o processo de inclusatildeo das crianccedilas pequenas com necessidades
especiais nesses ambientes de desenvolvimento preacute-escolar
c) Investigar como professoras do Atendimento Educacional Especializado que
atendem e que frequentam turmas de berccedilaacuterio (I e II) e maternal (I e II) nos
Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil da regiatildeo percebem atuam e
avaliam o processo de inclusatildeo das crianccedilas pequenas com necessidades
especiais
d) Verificar quais satildeo as Diretrizes e Apoios indicados eou utilizados pelas
participantes do estudo para que o processo inclusivo ocorra com qualidade
na Educaccedilatildeo Infantil
19
e) Verificar as vantagens e desvantagens da inclusatildeo escolar de crianccedilas
pequenas com necessidades especiais segundo as concepccedilotildees de suas
matildees suas educadoras nos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil e suas
professoras do Atendimento Educacional Especializado
20
2 SUPORTE TEOacuteRICO
21 O DESENVOLVIMENTO HUMANO A PARTIR DO ESTUDO E DA INTERACcedilAtildeO
ENTRE SEUS CONTEXTOS ndash A ABORDAGEM BIOECOLOacuteGICA
Bronfenbrenner (1996) conceitua o desenvolvimento humano afirmando que
este se constitui de mudanccedilas nas formas como as pessoas percebem e interagem
com o ambiente Essas mudanccedilas ocorrem durante toda a vida do indiviacuteduo e em
sua relaccedilatildeo com o mundo
O modelo bioecoloacutegico contempla o desenvolvimento de maneira ampla e
busca focalizar as interaccedilotildees das pessoas com seus diferentes contextos
(BRONFENBRENNER 2011) Em outras palavras o ser humano se constitui como
tal na sua relaccedilatildeo com o outro e com os diversos contextos dos quais participa
direta ou indiretamente (SILVA 2011)
Para Bronfenbrenner e Morris (1998) o desenvolvimento dos seres humanos
eacute o resultado da accedilatildeo entre as caracteriacutesticas da pessoa em desenvolvimento os
processos proximais estabelecidos entre ela e outros sujeitos os contextos nos
quais a pessoa vive e a frequecircncia de tempo no qual ela encontra-se exposta a
esses elementos Esse modelo tambeacutem eacute denominado PPCT (processo-pessoa-
contexto-tempo)
O processo eacute o mecanismo do desenvolvimento visto a partir das interaccedilotildees
entre o sujeito e o ambiente imediato O indiviacuteduo humano eacute sempre considerado
nesta teoria como um ser biopsicologicamente em evoluccedilatildeo e para que suas
interaccedilotildees sejam consideradas como tal ele deve ser visto de modo ativo
(BROFENBRENNER 2011)
Os processos proximais satildeo os motores primaacuterios do desenvolvimento e satildeo
por conceito bidirecionais (BRONFENBRENNER 1999) O processo proximal pode
melhorar a competecircncia funcional e ajudar a minimizar aspectos disfuncionais do
desenvolvimento humano (BRONFENBRENNER 1999)
Para que se efetive o desenvolvimento as atividades devem ser contiacutenuas ao
longo de um tempo e devem tornar-se progressivamente mais complexas Em
acordo com esse modelo de desenvolvimento repeticcedilotildees natildeo bastam elas natildeo
21
caracterizam os processos proximais (BRONFENBRENNER e MORRIS 1998) Os
processos proximais envolvem aleacutem de pessoas tambeacutem a relaccedilatildeo com objetos e
siacutembolos E para haver reciprocidade nas relaccedilotildees os objetos e siacutembolos devem
despertar e estimular a atenccedilatildeo a exploraccedilatildeo a manipulaccedilatildeo a elaboraccedilatildeo e a
imaginaccedilatildeo da pessoa em desenvolvimento (BRONFENBRENNER 1999
AMBROZIO 2009)
Um exemplo desse padratildeo de interaccedilatildeo pode ser observado durante a
alimentaccedilatildeo do bebecirc nas brincadeiras de crianccedilas com pouca idade seja em grupo
ou individualmente (BRONFENBRENNER 2001)
Para os processos proximais disfunccedilatildeo e competecircncia satildeo dois aspectos
muito importantes pois influenciam os primeiros de modo contundente
Bronfenbrenner e Morris (1998) definem disfunccedilatildeo como a manifestaccedilatildeo recorrente
de dificuldades por parte da pessoa que estaacute em desenvolvimento Jaacute competecircncias
satildeo as aquisiccedilotildees avanccediladas no que se refere a conhecimentos e habilidades
(intelectuais fiacutesicas sociais motoras e a combinaccedilatildeo desses elementos)
Bronfenbrenner e Morris (1998) afirmam que ambientes estaacuteveis e
vantajosos propiciam menos manifestaccedilotildees de disfunccedilotildees no desenvolvimento
humano e que quanto maiores e melhores os resultados relacionados agraves
competecircncias mais elevados e complexos podem se tornar os processos proximais
e mais reduzidos seratildeo os riscos para o desenvolvimento
A pessoa eacute analisada por meio de suas caracteriacutesticas determinadas
biopsicologicamente (experiecircncias vividas habilidades por exemplo) e aquelas
construiacutedas socialmente Nesse modelo as caracteriacutesticas da pessoa satildeo tanto
produtoras como produtos do desenvolvimento pois constitui um dos elementos que
influenciam tanto a forma a forccedila o conteuacutedo quanto a direccedilatildeo do processo de
interaccedilatildeo (BRONFENBRENNER 1996 BROFENBRENNER 2011) Este modelo
destaca trecircs caracteriacutesticas da pessoa que tem influecircncia no decorrer de seu
desenvolvimento e das relaccedilotildees proximais estabelecidas as quais satildeo as
disposiccedilotildees os recursos e as demandas (BRONFENBRENNER 1999)
As disposiccedilotildees satildeo as caracteriacutesticas que podem colocar os processos
proximais em movimento lhe dando sustentaccedilatildeo ou interferindo com atrasos no
desenvolvimento humano Portanto as disposiccedilotildees podem ser as que promovem e
geram desenvolvimento e as que impedem ou atrasam o desenvolvimento
(BRONFENBRENNER 1999)
22
Segundo Bronfenbrenner (1989) satildeo disposiccedilotildees que podem gerar atrasos ou
impedimentos no desenvolvimento hostilidade apatia desatenccedilatildeo falta de
interesse inseguranccedila entre outras E como caracteriacutesticas que geram e promovem
o desenvolvimento iniciativa a curiosidade e tambeacutem a responsividade seletiva as
tendecircncias estruturantes e um sistema de crenccedilas diretivas (BRONFENBRENNER
1999)
A chamada responsividade seletiva eacute a primeira manifestaccedilatildeo dos aspectos
que geram o desenvolvimento e se refere a uma capacidade de manifestaccedilatildeo de
uma resposta diferenciada que ocasiona atraccedilatildeo e exploraccedilatildeo de elementos do
ambiente fiacutesico e social (BRONFENBRENNER 1999)
Jaacute as tendecircncias estruturantes se referem agraves capacidades de engajamento e
de persistecircncia em atividades progressivamente mais complexas Satildeo exemplos de
tendecircncias estruturantes a capacidade de elaborar reestruturar e criar novas
caracteriacutesticas em um ambiente (BRONFENBRENNER E MORRIS 1989)
A terceira disposiccedilatildeo que contribui para a promoccedilatildeo do desenvolvimento
humano eacute o que Bronfenbrenner e Morris (1998) denominam de sistema de crenccedilas
diretivas Elas se referem agrave capacidade de as pessoas demonstrarem uma
crescente tendecircncia de dar significado agraves experiecircncias agrave medida que o tempo vai
passando
Em relaccedilatildeo aos chamados recursos bioecoloacutegicos Bronfenbrenner (1989)
indicam que estes se referem agrave aptidatildeo agraves experiecircncias conhecimentos e
habilidades requeridas para o funcionamento dos processos proximais Os recursos
bioecoloacutegicos tambeacutem podem limitar os processos proximais principalmente quando
se referem a defeitos geneacuteticos ou doenccedilas crocircnicas e graves por exemplo
No que se refere agraves demandas Bronfenbrenner (1992) afirma que satildeo
aquelas caracteriacutesticas da pessoa em desenvolvimento que provocam ou
desencorajam reaccedilotildees do ambiente e que interferem de forma positiva ou negativa
nos processos proximais
A inter-relaccedilatildeo entre as caracteriacutesticas pessoais as disposiccedilotildees os recursos
bioecoloacutegicos e as demandas levam a inuacutemeras possibilidades de combinaccedilotildees e
justificam as diferenccedilas nas direccedilotildees e nas forccedilas dos processos proximais
resultantes e de seus impactos no desenvolvimento humano (BRONFENBRENNER
E MORRIS 1989)
23
Bronfenbrenner (1996) traz em seu modelo bioecoloacutegico a importacircncia e a
influecircncia que os contextos apresentam para o desenvolvimento da pessoa
O contexto eacute analisado por meio da interaccedilatildeo de quatro niacuteveis ambientais dos
mais proacuteximos aos mais distantes denominados microssistema mesossistema
exossistema e macrossistema (BRONFENBRENNER 1996 BROFENBRENNER
2011)
O microssistema eacute o ambiente em que se estabelecem relaccedilotildees diretas face
a face relaccedilotildees de intimidade (diacuteades triacuteades) Satildeo considerados como exemplos
famiacutelia escola grupo de amigos entre outros Das relaccedilotildees entre os diversos
microssistemas origina-se o mesossistema Jaacute o exossistema constitui aqueles
contextos externos agrave participaccedilatildeo direta do sujeito em desenvolvimento mas que
trazem influecircncias importantes para ele Um exemplo disso para a crianccedila em
desenvolvimento eacute o ambiente de trabalho dos pais O macrossistema eacute aquele em
que se configuram as leis normas e regras que regem uma sociedade
(BRONFENBRENNER 1996 BROFENBRENNER 2011)
As interaccedilotildees entre os diversos niacuteveis contextuais satildeo bidirecionais e trazem
grandes transformaccedilotildees no desenvolvimento humano O tipo de interaccedilatildeo mais
baacutesico eacute a chamada transiccedilatildeo ecoloacutegica o que segundo Bronfenbrenner (1977) eacute a
possibilidade de movimento de um contexto para outro diferente novo Podem ser
exemplos de transiccedilatildeo ecoloacutegica o ingresso em uma instituiccedilatildeo de ensino a
mudanccedila de residecircncia passar o dia no Centro Municipal de Educaccedilatildeo Infantil -
CMEI e ir para casa ao fim do dia entre outros
Sobre as relaccedilotildees bidirecionais ainda Bronfenbrenner (1988) cita as diacuteades e
as relaccedilotildees mais extensas a partir do sistema N+2 (triacuteades teacutetrades etc) Dentro do
processo de desenvolvimento infantil as diacuteades primaacuterias satildeo fundamentais pois o
desenvolvimento da crianccedila pequena afeta e eacute afetado por seus cuidadores
principais tais como matildee avoacute babaacute educadora etc Logo eacute recomendaacutevel que ao
se estudar o desenvolvimento na infacircncia que se busque fazecirc-lo tambeacutem
considerando esses aspectos diaacutedicos
Assim microssistemas como famiacutelia e escola tecircm influecircncias diversas e
importantes no desenvolvimento infantil Compreender ecologicamente o
desenvolvimento humano possibilita que a atenccedilatildeo investigativa seja dirigida natildeo soacute
para a pessoa e os ambientes imediatos nos quais se encontra senatildeo para suas
interaccedilotildees e transiccedilotildees em ambientes mais distantes dos quais muitas vezes
24
sequer participa diretamente O modelo bioecoloacutegico tambeacutem enfatiza o ambiente
mas propotildee que o desenvolvimento humano seja estudado por meio da interaccedilatildeo
deste nuacutecleo com outros trecircs de forma inter-relacionada o processo a pessoa e o
tempo (BRONFENBRENNER 1996 ROGOFF 2005 BROFENBRENNER 2011)
O tempo nesse modelo condiciona a efetividade dos processos proximais agrave
ocorrecircncia de uma interaccedilatildeo reciacuteproca progressivamente mais complexa em uma
base de tempo efetivamente regular natildeo podendo este funcionar efetivamente em
ambientes instaacuteveis e imprevisiacuteveis (BRONFENBRENNER 1996
BROFENBRENNER 2011)
Bronfenbrenner e Morris (1998) afirmam que o tempo enquanto categoria
bioecoloacutegica divide-se em microtempo mesotempo e macrotempo A anaacutelise do
tempo dentro desses trecircs niacuteveis deve focalizar a pessoa em relaccedilatildeo aos
acontecimentos presentes em sua vida desde os mais proacuteximos ateacute os mais
distantes (BRONFENBRENNER 1996 BROFENBRENNER 2011)
A abordagem bioecoloacutegica do desenvolvimento humano proposta por
Brofenbrenner (1996) eacute uacutetil ao permitir que o desenvolvimento possa ser entendido
de maneira contextualizada contemplando a interaccedilatildeo dinacircmica dos elementos
acima descritos Em outras palavras o estudo do desenvolvimento infantil
interpretado pelos paracircmetros do contexto bioecoloacutegico pode ser entendido como a)
a crianccedila como pessoa em contiacutenuo e progressivo desenvolvimento cujo trajeto
desenvolvimental apresenta caracteriacutesticas especiacuteficas conforme o ciclo vital se
desenrola b) a reciprocidade na qual ocorre uma interaccedilatildeo entre a crianccedila e os
contextos dos quais participa efetivamente c) as interconexotildees entre esses
ambientes e as influecircncias externas provenientes de meios mais amplos
(macrossistema e exossistema) d) o tempo como elemento necessaacuterio agraves
mudanccedilas no desenvolvimento do indiviacuteduo e de transiccedilotildees de papeacuteis dentro dos
diversos contextos dos quais participa e) continuidade e significado na qualidade
das relaccedilotildees interpessoais (BRONFENBRENNER 1996 BROFENBRENNER 2011
SPESSATO et al 2009 DINIZ e KOLLER 2010)
A interaccedilatildeo entre a crianccedila pequena com deficiecircncia sua famiacutelia a instituiccedilatildeo
de Educaccedilatildeo Infantil e a Educaccedilatildeo Especial eacute de extrema relevacircncia para que os
contextos conheccedilam melhor a crianccedila estabeleccedilam criteacuterios educativos comuns
discutam modelos de intervenccedilatildeo e relaccedilatildeo com os infantes e compreendam as
especificidades da funccedilatildeo educativa de cada um (SILVA 2011)
25
22 A CRIANCcedilA PEQUENA COM NECESSIDADES ESPECIAIS E A PROMOCcedilAtildeO
DO SEU DESENVOLVIMENTO
O presente capiacutetulo se destina a elencar aspectos relacionados agrave promoccedilatildeo
do desenvolvimento da crianccedila pequena com necessidades especiais visto que
para ela existem pelo menos trecircs contextos que podem auxiliar nesse sentido a
saber a famiacutelia a instituiccedilatildeo de Educaccedilatildeo Infantil e os centros ou programas de
Educaccedilatildeo Especial que ofertam o serviccedilo de estimulaccedilatildeo essencial
Pode se dizer que a crianccedila de modo geral se apresenta muito vulneraacutevel
agraves interferecircncias dos indiviacuteduos e dos ambientes com os quais convive e em
especial quando ela se encontra na primeira infacircncia (BRAZELTON 1990
SZYMANSKI 2004 CARVALHO 2006 BRONFENBRENNER 2011) No caso da
crianccedila com deficiecircncia (fiacutesica intelectual sensorial ou muacuteltipla) ou que apresenta
transtornos ou atrasos significativos em seu desenvolvimento agraves relaccedilotildees com
pessoas e contextos se tornam ainda mais relevantes na faixa etaacuteria indicada
Por outro lado sendo praticamente consenso entre os pesquisadores e
profissionais do desenvolvimento infantil de que este eacute um processo complexo e
multideterminado (MOLINARI et al 2005) tambeacutem deve ser considerada a crianccedila
em si como pessoa em constante desenvolver com suas caracteriacutesticas e
especificidades proacuteprias
A crianccedila no sentido de sujeito em desenvolvimento deve ser vista como
um ser integrado e natildeo uma coleccedilatildeo de habilidades e aquisiccedilotildees principalmente
porque o desenvolvimento em seus diversos niacuteveis natildeo se daacute de forma separada
contrariamente todos os niacuteveis (cognitivo emocional fiacutesico entre outros) estatildeo
inter-relacionados e constituem o sujeito como um todo (GIL 2004)
Segundo Libro Blanco (GAT 2000) importante documento espanhol sobre
atenccedilatildeo e intervenccedilatildeo precoce3 o desenvolvimento infantil nos primeiros anos se
caracteriza por uma progressiva aquisiccedilatildeo de funccedilotildees muito importantes tais como
3 No que se refere aos termos atenccedilatildeo e intervenccedilatildeo precoce eacute possiacutevel estabelecer um paralelo em
seu entendimento e relacionaacute-los ao atendimento de estimulaccedilatildeo precoce ou essencial na realidade brasileira O que significa afirmar que tanto na realidade espanhola quanto brasileira esses termos se referem aos primeiros atendimentos a crianccedilas com necessidades especiais ainda que esses sejam realizados em contextos e com abordagens distintos entre si
26
controle postural autonomia no deslocamento comunicaccedilatildeo e linguagem interaccedilatildeo
social entre outros
A evoluccedilatildeo do desenvolvimento estaacute estreitamente ligada ao processo de
maturaccedilatildeo do sistema nervoso jaacute iniciado na vida intrauterina e tambeacutem com a
organizaccedilatildeo emocional e mental Para que tais processos se verifiquem de modo
saudaacutevel eacute necessaacuteria uma estrutura geneacutetica adequada e o cumprimento das
necessidades humanas baacutesicas nos acircmbito bioloacutegico e psicoafetivo pois o
desenvolvimento infantil eacute produto da interaccedilatildeo entre fatores geneacuteticos e ambientais
(GAT 2000 GAUY e COSTA JUNIOR 2005 MADUREIRA e BRANCO 2005)
A base geneacutetica especiacutefica para cada indiviacuteduo estabelece capacidades
proacuteprias de desenvolvimento ateacute o ponto em que se possa modificaacute-la pela
interaccedilatildeo com os fatores ambientais (GAT 2000 GAUY e COSTA JUNIOR 2005
MADUREIRA e BRANCO 2005)
Os fatores ambientais vatildeo modular a possibilidade de expressatildeo ou latecircncia
de algumas caracteriacutesticas geneacuteticas Esses fatores satildeo de ordem bioloacutegica
psicoloacutegica e social (GAT 2000 GAUY e COSTA JUNIOR 2005 POLONIA
DESSEN e SILVA 2005 MADUREIRA e BRANCO 2005)
Os fatores ambientais de ordem bioloacutegica se configuram nos estados de
sauacutede ausecircncia de fatores de agressatildeo ao sistema nervoso condiccedilotildees necessaacuterias
para uma maturaccedilatildeo orgacircnica adequada Os fatores ambientais de ordem
psicoloacutegica e social satildeo os relacionados agrave interaccedilatildeo da crianccedila com o seu meio os
viacutenculos afetivos que estabelece a partir dos cuidados que recebe da percepccedilatildeo
que constroacutei em relaccedilatildeo agraves pessoas que a rodeiam (pessoas imagens sons entre
outros) Estas satildeo condiccedilotildees baacutesicas e determinantes do desenvolvimento
emocional funccedilotildees comunicativas condutas adaptativas aprendizagem entre
outros elementos constituintes da pessoa em evoluccedilatildeo (GAT 2000 GAUY e COSTA
JUNIOR 2005 MADUREIRA e BRANCO 2005)
Sobre a questatildeo de risco ao desenvolvimento os resultados negativos nesse
processo satildeo produzidos muitas vezes natildeo soacute por um mas pela combinaccedilatildeo de
diversos fatores de risco Os diferentes fatores que determinam os problemas que a
crianccedila pode apresentar ao longo de seu desenvolvimento satildeo mais dependentes da
quantidade do que da natureza dos fatores de risco reforccedilando a importacircncia de se
constatar os riscos muacuteltiplos que por sua vez tecircm efeito cumulativo causando
27
impacto maior sobre o desenvolvimento (SILVA e DESSEN 2005 MOLINARI et al
2005 AMORIM et al 2009)
Aleacutem de fatores de risco faz-se necessaacuterio lembrar que junto a eles existem
os recursos do indiviacuteduo e as accedilotildees protetoras do ambiente podem ser ativadas
para neutralizar adversidades vulnerabilidades e riscos ao desenvolvimento
adaptativo da crianccedila (FORMIGA et al 2004 POLETTO e KOLLER 2008)
E eacute nesse ponto que se destaca a funccedilatildeo dos adultos que atendem a crianccedila
pequena seja a famiacutelia ou a instituiccedilatildeo Entende-se que natildeo se deve atentar apenas
ao fato da remediaccedilatildeo de problemas mas antecipar as possibilidades gerais de
promover um desenvolvimento na primeira infacircncia com qualidade e sauacutede
(FORMIGA et al 2004 PEacuteREZ-LOPEZ MARTINEZ-FUENTES DIAZ-HERRERO
2006 MARTINEZ 2007)
Concorda-se igualmente com a afirmaccedilatildeo de Hansel (2004) quando a autora
relembra que em relaccedilatildeo agraves necessidades das crianccedilas pequenas tais como
proteccedilatildeo afetividade possibilidades de exploraccedilatildeo do meio fiacutesico e social por
exemplo haacute uma motivaccedilatildeo bioloacutegica e social para que esta se incorpore em um
grupo social poreacutem caberaacute aos genitores o papel de agentes de interaccedilatildeo e aqui
poderia se acrescentar a essa informaccedilatildeo a funccedilatildeo da estimulaccedilatildeo de ser tambeacutem
espaccedilo de promoccedilatildeo de muacuteltiplas experiecircncias e porque natildeo espaccedilo-tempo para
consolidaccedilatildeo de aspectos afetivos e de manutenccedilatildeo do viacutenculo familiar
Enfim a interaccedilatildeo entre microssistemas tais como o familiar e o educacional
(Educaccedilatildeo Infantil e Educaccedilatildeo Especial) pode ser um espaccedilo de reforccedilo de
orientaccedilatildeo direta ou indireta e de conformaccedilatildeo de uma rede de apoio primordial Por
outro lado um canal de comunicaccedilatildeo e interaccedilatildeo entre esses dois contextos que
seja inadequado pode falhar como recurso de orientaccedilatildeo motivaccedilatildeo e interesses da
famiacutelia em relaccedilatildeo agrave sua crianccedila (ORTIZ e FAacuteVARO 2004)
Devido a isso eacute que no que se refere agrave promoccedilatildeo do desenvolvimento
humano principalmente na primeira infacircncia tambeacutem eacute apropriado agrave busca pela
compreensatildeo das especificidades do atendimento na Educaccedilatildeo Infantil
Inicialmente antes de evidenciar o papel da educaccedilatildeo infantil e da famiacutelia
para a promoccedilatildeo do desenvolvimento para a crianccedila com riscos desenvolvimentais
cabe discorrer acerca do que consiste o atendimento em estimulaccedilatildeo precoce
Nas Diretrizes Educacionais sobre a Estimulaccedilatildeo Precoce publicadas em
1995 e elaboradas pela Secretaria de Educaccedilatildeo EspecialMEC haacute a explicitaccedilatildeo de
28
que a estimulaccedilatildeo precoce eacute o primeiro atendimento a ser destinado a crianccedila com
diagnoacutestico de deficiecircncia ou de atraso significativo em seu desenvolvimento na
faixa etaacuteria entre zero e 3 anos dentro dos serviccedilos da educaccedilatildeo especial
(BRASIL1995) Tambeacutem o documento orienta que haja a integraccedilatildeo entre as aacutereas
da assistecircncia social da educaccedilatildeo e da sauacutede com a integraccedilatildeo da famiacutelia e a
atuaccedilatildeo de uma equipe multidisciplinar (BRASIL 1995)
Documentos brasileiros como a Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo
Nacional - Lei 9394 (BRASIL 1996) as Diretrizes Nacionais Curriculares Nacionais
para a Educaccedilatildeo Infantil (BRASIL1998) e o Referencial Curricular para a Educaccedilatildeo
Infantil (BRASIL 2000) trazem em si as influecircncias do movimento mundial da
ldquoEscola para Todosrdquo o que implicou na promoccedilatildeo da possibilidade de que crianccedilas
com deficiecircncia desde tenra idade adentrem nos serviccedilos da educaccedilatildeo infantil no
ensino regular aleacutem de que a educaccedilatildeo especial passa a ser entendida tambeacutem
como ldquoapoiordquo para o processo de inclusatildeo desse alunado
Em especial o Referencial Curricular para a Educaccedilatildeo Infantil (BRASIL
2000) em suas instruccedilotildees evidencia vaacuterios aspectos entre os quais se destacam
aqueles relacionados agrave identificaccedilatildeo das necessidades especiais da crianccedila
elaboraccedilatildeo de estrateacutegias de avaliaccedilatildeo de risco para o desenvolvimento infantil e
atendimentos que levem em conta a singularidade do indiviacuteduo Propotildee tambeacutem o
acolhimento orientaccedilatildeo e apoio agraves famiacutelias das crianccedilas com deficiecircncia e a
integraccedilatildeo entre os diversos profissionais que atendem essa crianccedila
Esse uacuteltimo documento representa um avanccedilo sobre as orientaccedilotildees
indicadas anteriormente sobre o atendimento precoce da crianccedila com deficiecircncia
pois traz algumas atualizaccedilotildees contudo ainda assim mostra-se precaacuterio quando se
considera a especificidade das necessidades da crianccedila com deficiecircncia de suas
famiacutelias e dos profissionais que a atendem (HANSEL 2012)
Em 2008 as Diretrizes Operacionais para o Atendimento da Educaccedilatildeo
Especial na Educaccedilatildeo Baacutesica natildeo fazem alusatildeo agrave estimulaccedilatildeo precoce em si muito
embora oriente que o agora denominado Atendimento Educacional Especializado
deve contemplar as crianccedilas foco da Educaccedilatildeo Especial desde o nascimento Este
documento tambeacutem natildeo explicita de que modo o mesmo ocorreraacute na faixa etaacuteria que
compotildeem a primeira infacircncia (BRASIL 2008) O Decreto 761111 que tambeacutem
dispotildee sobre a Educaccedilatildeo Especial e orienta o Atendimento Educacional
Especializado revoga o Decreto anterior nordm 567108 e natildeo traz nenhuma
29
informaccedilatildeo especiacutefica sobre a inclusatildeo na primeira infacircncia ou mesmo sobre
intervenccedilatildeoestimulaccedilatildeo precoce
Igualmente alerta-se para o fato de a documentaccedilatildeo oficial a produccedilatildeo
cientiacutefica e a praacutetica da estimulaccedilatildeo precoce na realidade brasileira satildeo escassos
pouco difundidos e enfrentam inuacutemeros obstaacuteculos (HANSEL 2012)
De outro modo dentro do histoacuterico internacional dos programas de
estimulaccedilatildeo precoce houve grandes modificaccedilotildees no seu entendimento nas uacuteltimas
deacutecadas deixando de ser exclusividade da populaccedilatildeo infante da educaccedilatildeo especial
e passando a se constituir tambeacutem como um instrumento de inclusatildeo e de
prevenccedilatildeo de deacuteficits do desenvolvimento na faixa etaacuteria de 0 a 6 anos (GAT 2000)
Relembra-se que no iniacutecio dos anos 70 do seacuteculo passado esse serviccedilo tinha um
cunho de reabilitaccedilatildeo centrado nas questotildees relacionadas agrave patologia agrave deacuteficits e a
mensuraccedilatildeo do quociente intelectual Jaacute na metade dos anos 80 se verificou uma
discussatildeo voltando-se para a identificaccedilatildeo para a prevenccedilatildeo para o trabalho em
equipe e sobre o ambiente e sua influecircncia para o desenvolvimento Entre essas
duas deacutecadas surgiram modelos conceituais que tiveram grande repercussatildeo no
estudo e compreensatildeo do desenvolvimento humano (BROFENBRENNER 1996
GAT 2000 SAMEROFF e FIESE 2000 ROMERO 2003 CUEVAS 2003 PEacuteREZ-
LOPEZ 2003 SERRANO 2007 JUAN-VERA e PEREZ - LOPEZ 2009)
Logo a partir das concepccedilotildees Bioecoloacutegica de Brofenbrenner (1979) e da
Transacional de Sameroff e Chandler (1975) que exploram os contextos e suas
relaccedilotildees com seus partiacutecipes e destes entre si tornou-se possiacutevel evidenciar uma
nova abordagem para a promoccedilatildeo do desenvolvimento humano na infacircncia de tal
modo que as propostas de intervenccedilatildeo precoce deixaram de ter o aspecto de
ldquotratamento cliacutenicordquo e passaram a se constituir em verdadeiros apoios tanto agrave
crianccedila quanto a seus contextos de desenvolvimento - famiacutelia Educaccedilatildeo Infantil
entre outros (BROFENBRENNER 1996 GAT 2000 SAMEROFF e FIESE 2000
ROMERO 2003 CUEVAS 2003 PEacuteREZ-LOPEZ 2003 SERRANO 2007 JUAN-
VERA e PEREZ - LOPEZ 2009 MORAGAS 2009)
De tal modo eacute possiacutevel inferir que essa abordagem parece ir de acordo com a
proposta de se construir uma escola inclusiva desde a educaccedilatildeo infantil
Especialmente porque atualmente haacute a tendecircncia de que as intervenccedilotildees na
infacircncia sejam orientadas por uma concepccedilatildeo de Atenccedilatildeo Precoce a qual se refere
ao conjunto de accedilotildees orientadas para as crianccedilas com idade entre zero e seis anos
30
e que envolvem sua famiacutelia e o ambiente em que estatildeo inseridas (GAT 2000
JUAN-VERA e PEREZ - LOPEZ 2009 MORAGAS 2009) Nesse sentido tambeacutem
deixa de ser uma abordagem exclusiva para a crianccedila com deficiecircncias ou nascida
prematuramente O que segundo Caro (2003) eacute importante para todos inclusive
para aquela crianccedila viacutetima de ldquoabandono relativordquo
As condiccedilotildees de ldquoabandono relativordquo satildeo aquelas provenientes de situaccedilotildees
ocasionadas pelas ocupaccedilotildees dos pais do pouco cuidado descaso ou ainda
causadas pelo impacto de um cuidado mal estruturado com poucos estiacutemulos ndash
situaccedilotildees que podem ocasionar reflexos significativos no desenvolvimento
intelectual e emocional da crianccedila (CARO 2003)
Ao sair da seara puramente cliacutenica e passando a abarcar outros contextos
tais como o familiar e o das instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Infantil a Atenccedilatildeo Precoce
enfatiza a possibilidade de geraccedilatildeo de ambientes ricos em estiacutemulos diversos para a
aquisiccedilatildeo de funccedilotildees e capacidades que se apresentam pouco desenvolvidas ou
imaturas e tambeacutem a necessidade de que os profissionais que lidam com a infacircncia
possuam uma base soacutelida sobre os diversos modelos de prevenccedilatildeo intervenccedilatildeo e
avaliaccedilatildeo do desenvolvimento (PEREZ ndash LOPEZ 2004 DELGADO e MUELA
2004)
Portanto passa a ser uma questatildeo que acompanha a detecccedilatildeo de riscos para
o desenvolvimento a possibilidade de definir e aplicar accedilotildees de prevenccedilatildeo as quais
seguem alguns dos niacuteveis abaixo indicados (PEREZ-LOPEZ MARTINEZ-FUENTES
DIAZ-HERRERO 2006)
- prevenccedilatildeo primaacuteria satildeo todas as estrateacutegias tomadas antes que se
detecte um transtorno ou alteraccedilatildeo do desenvolvimento
- prevenccedilatildeo secundaacuteria compreende as estrateacutegias que satildeo colocadas
em praacutetica quando jaacute se evidenciam alguns sintomas de atraso no
desenvolvimento
- prevenccedilatildeo terciaacuteria quando trata de minimizar a gravidade dos efeitos
de transtornos do desenvolvimento que jaacute se instalaram
Em conformidade com Halpern et al (2000) e Formiga e Pedrazzani (2004)
pode-se afirmar que quanto mais precoce for o diagnoacutestico de atraso no
desenvolvimento e mais raacutepido o iniacutecio da intervenccedilatildeo menor seraacute o impacto de
31
atraso na vida futura da crianccedila tenha ela deficiecircncia ou natildeo o que por conseguinte
colabora em diminuir possiacuteveis impactos que possam ocorrer na relaccedilatildeo crianccedila-
famiacutelia-creche (RODRIGUES 2003)
23 BREVE HISTOacuteRICO DA EDUCACcedilAtildeO DAS PESSOAS COM NECESSIDADES
ESPECIAIS E A EDUCACcedilAtildeO INCLUSIVA
A histoacuteria do homem mostra que mesmo com a sociedade sugerindo respeito
entre seus membros e em algumas eacutepocas a valorizaccedilatildeo das diferenccedilas o que na
verdade temos eacute um ldquoestranhamento expliacutecitordquo uma separaccedilatildeo que eacute em muitos
casos velada por parte daqueles que natildeo se enquadram socialmente (SARAIVA
2008) Por isso discorrer sobre a educaccedilatildeo inclusiva requer que se retomem os
primoacuterdios da exclusatildeo e da educaccedilatildeo das pessoas com necessidades especiais
A trajetoacuteria de exclusatildeo da pessoa com necessidades especiais eacute tatildeo antiga
quanto a proacutepria evoluccedilatildeo do homem ou seja as estruturas das sociedades desde
os primoacuterdios demonstram uma concepccedilatildeo de deficiecircncia como algo relacionado agrave
inabilidade (MACIEL 2000)
Nas eacutepocas mais primitivas da histoacuteria humana dadas agraves condiccedilotildees insalubres
de vida supotildee-se que os indiviacuteduos que nasciam com qualquer tipo de deficiecircncia
teriam pouca ou nenhuma condiccedilatildeo de manutenccedilatildeo de sua vida pois que soacute os
indiviacuteduos mais fortes conseguiam sobreviver ante as intempeacuteries os ataques de
animais aos deslocamentos em busca de alimentos e de lugares mais propiacutecios
para o repouso e a permanecircncia (BIANCHETTI 1995)
Na Greacutecia Antiga as pessoas com deficiecircncia eram abandonadas ou
sacrificadas por natildeo corresponder agrave perfeiccedilatildeo do homem Na Idade Meacutedia substitui-
se o sacrifiacutecio por sentimentos ldquocristatildeosrdquo como piedade e compaixatildeo e tambeacutem pela
rejeiccedilatildeo dos diferentes Nessa eacutepoca tem iniacutecio o atendimento assistencial agraves
pessoas com deficiecircncia em igrejas e outras instituiccedilotildees de cunho religioso com o
intuito de ldquolibertaacute-lasrdquo do pecado (PESSOTI 1984 SMITH 2004 FREITAS 2008)
Desse modo a educaccedilatildeo especial soacute comeccedilou a ser traccedilada no seacuteculo XVI
com meacutedicos e pedagogos que desafiaram os conceitos vigentes na eacutepoca pois
acreditaram nas possibilidades educacionais de indiviacuteduos que ateacute entatildeo eram
32
considerados ineducaacuteveis (MENDES 2010) Ressalta-se ainda que a histoacuteria
retrate algumas experiecircncias precursoras desde o seacuteculo XVI cujas bases eram
tutoriais de fato o acesso agrave educaccedilatildeo das pessoas com deficiecircncias foi sendo muito
lentamente conquistado e essa conquista ocorreu apenas na medida em que se
ampliaram as oportunidades educacionais para a populaccedilatildeo em geral (JANNUZZI
2004 MENDES 2010)
Na Idade Moderna com o avanccedilo do pensamento cientiacutefico e da valorizaccedilatildeo da
racionalidade humana buscam-se respostas para a condiccedilatildeo das deficiecircncias Daiacute o
entendimento das mesmas no sentido de doenccedilas ou patologias iniciando-se as
pesquisas sobre como medicar e tratar as pessoas que apresentavam deficiecircncias
(PESSOTI 1984 SMITH 2004 FREITAS 2008) Na realidade brasileira em acordo
com pesquisa feita por Jannuzzi (2004) a educaccedilatildeo para pessoas com deficiecircncias
soacute surgiu de maneira institucional no conjunto das concretizaccedilotildees das ideias liberais
que tiveram divulgaccedilatildeo por aqui no fim do seacuteculo XVIII e comeccedilo do XIX
Na contemporaneidade lentamente deixa-se de lado a patologizaccedilatildeo das
deficiecircncias e evidencia-se uma abordagem de entendimento tambeacutem voltada para
os aspectos educativos desses indiviacuteduos (SMITH 2004 FREITAS 2008)
Nos anos 50 e 60 do seacuteculo passado houve um intensivo surgimento de
instituiccedilotildees educacionais especializadas (SMITH 2004 FREITAS 2008) Jaacute na
deacutecada de 70 destacam-se a reabilitaccedilatildeo e o treino de habilidades das pessoas com
deficiecircncia baseados em accedilotildees fundamentadas no modelo meacutedico-psicoloacutegico
vigente (SMITH 2004 FREITAS 2008)
As deacutecadas de 80 e de 90 desenrolaram-se com uma maior flexibilidade no que
se refere agrave consideraccedilatildeo das possibilidades e potencialidades da pessoa com
deficiecircncias Foi a partir dos anos 90 que o Brasil deu iniacutecio verdadeiramente a uma
longa e permanente luta pelos direitos das pessoas com necessidades especiais de
frequentar o ensino regular (FREITAS 2008)
Garcia (2008) lembra que a deacutecada de 1990 teve como marca maior a reforma
educacional ocorrida principalmente nos paiacuteses em desenvolvimento tal como o
Brasil e a qual foi orientada entre outros aspectos pelo discurso da inclusatildeo social
Assim vaacuterios foram os eventos que corroboraram para que essa premissa de
educaccedilatildeo inclusiva fosse se arraigando Entre eles pode-se citar
33
- a Conferecircncia Mundial de Educaccedilatildeo para Todos ocorrida em 1990 em
Jomtiem Tailacircndia
- a Conferecircncia Mundial sobre as Necessidades Educacionais Especiais
ocorrida em Salamanca na Espanha em 1994 a qual teve como produto a
chamada Declaraccedilatildeo de Salamanca importante documento orientador para a
educaccedilatildeo inclusiva
- a Convenccedilatildeo Interamericana para a Eliminaccedilatildeo de todas as formas de
Discriminaccedilatildeo contra as Pessoas Portadoras de Deficiecircncia ocorrida na
Guatemala em 1999
- e a Convenccedilatildeo sobre os Direitos das Pessoas com Deficiecircncia ndash promovida
pela ONU em Nova York em 2006
O movimento pela educaccedilatildeo inclusiva no Brasil teve um grande impacto na
discussatildeo de poliacuteticas educacionais para crianccedilas e adolescentes com necessidades
especiais uma vez que a grande maioria desta populaccedilatildeo havia sido historicamente
excluiacuteda do sistema educacional puacuteblico brasileiro (MENDES ALMEIDA e TOYODA
2011)
Durante a Conferecircncia Mundial de Educaccedilatildeo para Todos em Jomtien
Tailacircndia em 1990 o Brasil estabeleceu metas baacutesicas para melhorar o sistema
educacional brasileiro Entre esses objetivos parecia necessaacuterio melhorar a
educaccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes com necessidades especiais Como resultado
da Conferecircncia Mundial sobre necessidades educacionais especiais Acesso e
Qualidade organizada pelo governo espanhol e pela Unesco em 1994 foi aprovada
a Declaraccedilatildeo de Salamanca (MENDES ALMEIDA e TOYODA 2011)
Com a Convenccedilatildeo da Guatemala 1999 tem-se como avanccedilo a concepccedilatildeo
que pressupotildee uma ressignificaccedilatildeo da pessoa com deficiecircncia remetendo a
necessidade de se transformar as escolas de maneira que natildeo existam mais
restriccedilotildees agrave aprendizagem de nenhum aluno Isso implicou tambeacutem em uma
ressignificaccedilatildeo da proacutepria Educaccedilatildeo Especial segundo Alves (2008)
Outro marco foi a Convenccedilatildeo sobre os Direitos das Pessoas com Deficiecircncia
ndash promovida pela ONU em Nova York em 2006 Os propoacutesitos desse evento foram
essencialmente os de promover proteger e assegurar condiccedilotildees plenas de
igualdade e de gozo de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais por
todas as pessoas com deficiecircncia (ALVES 2008)
34
Jaacute a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial na Perspectiva da Educaccedilatildeo
Inclusiva proposta pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo em 2007 evidencia o movimento
mundial pela educaccedilatildeo inclusiva como uma accedilatildeo cultural pedagoacutegica poliacutetica e
social desencadeada em defesa do direito de todos os alunos de estarem
aprendendo e participando juntos sem nenhum tipo de discriminaccedilatildeo (BRASIL
2007) Portanto a educaccedilatildeo inclusiva constitui-se em um paradigma educacional
fundamentado na concepccedilatildeo de direitos humanos que conjuga igualdade e
diferenccedila como valores indissociaacuteveis e que avanccedila em relaccedilatildeo agrave ideia de equidade
formal ao contextualizar as circunstacircncias histoacutericas da produccedilatildeo da exclusatildeo dentro
e fora da escola (BRASIL 2007)
O contexto educacional inclusivo estaacute pautado portanto nas resoluccedilotildees
discutidas e propostas por esses eventos o que promove certa ldquouniversalizaccedilatildeordquo do
que seria uma ldquoeducaccedilatildeo para todosrdquo No Brasil o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo assumiu
as orientaccedilotildees contidas nesses documentos cabendo aos Estados e Muniacutecipios a
particularizaccedilatildeo do atendimento aos diversos contextos E na praacutetica a educaccedilatildeo
inclusiva vem sendo um grande desafio pois vem reorientando as redes municipais
de ensino a uma reorganizaccedilatildeo por propor novas demandas e redefinir
competecircncias e responsabilidades (GARCIA 2008)
Eacute possiacutevel dizer que o conceito de ldquoescola para todosrdquo implica no
reconhecimento dos conteuacutedos acadecircmicos e do sistema cientiacutefico e sistemaacutetico
poreacutem sem restringir os alunos ou tentar dominaacute-los a qualquer custo (MANTOAN
2006)
A inclusatildeo escolar da pessoa com necessidades educacionais especiais
tornou-se um tema de grande relevacircncia e por isso mesmo vem ganhando espaccedilo
cada vez maior em debates e discussotildees que explicitam a necessidade de a escola
atender agraves diferenccedilas intriacutensecas agrave condiccedilatildeo humana (SILVEIRA e NEVEZ 2006)
Segundo as Diretrizes da Poliacutetica Nacional da Educaccedilatildeo Especial na
Perspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva (BRASIL 2007) o acesso agrave educaccedilatildeo tem iniacutecio
na educaccedilatildeo infantil na qual se desenvolvem as bases necessaacuterias para a
construccedilatildeo do conhecimento e desenvolvimento global do aluno Nessa etapa o
luacutedico o acesso agraves formas diferenciadas de comunicaccedilatildeo a riqueza de estiacutemulos
nos aspectos fiacutesicos emocionais cognitivos psicomotores e sociais e a convivecircncia
com as diferenccedilas favorecem as relaccedilotildees interpessoais o respeito e a valorizaccedilatildeo
da crianccedila
35
Conforme o tema do presente estudo sobre a inclusatildeo da crianccedila pequena
ressalta-se que a Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo - LDB (939496) jaacute
apontava em seu paacuteragrafo 3ordm que a oferta do atendimento em Educaccedilatildeo Especial
enquanto dever do Estado tambeacutem deve ser ofertado na faixa etaacuteria de zero aos
seis anos de idade E antes disso a Declaraccedilatildeo de Salamanca (1994) indicava que
eacute necessaacuterio garantir identificaccedilatildeo das condiccedilotildees e necessidades especiais assim
como garantir procedimentos de intervenccedilatildeo o mais precoce possiacutevel
Nesse sentido do nascimento aos trecircs anos o atendimento educacional
especializado se expressa por meio de serviccedilos de estimulaccedilatildeo precoce que
objetivam o processo de desenvolvimento e aprendizagem em interface com os
serviccedilos de sauacutede e assistecircncia social (BRASIL 2007) E todas as etapas e
modalidades da educaccedilatildeo baacutesica o Atendimento Educacional Especializado deve
ser organizado para apoiar o desenvolvimento dos alunos constituindo oferta
obrigatoacuteria dos sistemas de ensino Deve ser realizado no turno inverso ao da classe
comum na proacutepria escola ou centro especializado que realize esse serviccedilo
educacional (BRASIL 2007 BRASIL 2011)
Em virtude da orientaccedilatildeo acima descrita infere-se que esta certamente
colaborou para a ampliaccedilatildeo do acesso de crianccedilas pequenas com necessidades
especiais em condiccedilatildeo de inclusatildeo no ensino regular especialmente na educaccedilatildeo
infantil o que por sua vez pressupotildee adequaccedilotildees para garantir um atendimento de
qualidade desde tenra idade
Segundo Arnais (2003) possibilitar o acesso agrave educaccedilatildeo em contextos
educacionais natildeo excludentes o mais precoce possiacutevel proporcionaria para a crianccedila
com necessidades especiais uma melhor compreensatildeo de si mesma e dos outros e
aos colegas de turma e de escola uma experiecircncia de convivecircncia harmocircnica com
as diferenccedilas
Desse modo resume-se que alguns dos fundamentais princiacutepios do ideaacuterio da
educaccedilatildeo inclusiva satildeo o direito agrave educaccedilatildeo o direito agrave igualdade de oportunidades
o que natildeo significa um lsquomodo igualrsquo de educar a todos e sim dar a cada um o que
necessita em funccedilatildeo de suas caracteriacutesticas e necessidades individuais escolas
responsivas e de boa qualidade o direito agrave aprendizagem e o direito agrave participaccedilatildeo
(CARVALHO 2009 OLIVEIRA 2010) O que estaacute consonante com a ilustraccedilatildeo de
ALVES (2008) como benefiacutecios de uma ldquoescola abertardquo a todos sentimento de
pertencimento maior qualidade da educaccedilatildeo para todos e combate a todas as
36
formas de discriminaccedilatildeo Com isso se procura garantir ocasiotildees de muacuteltiplas
interaccedilotildees nos ambientes das creches e preacute-escolas natildeo excluindo de forma
alguma a crianccedila com necessidades educacionais especiais de modo que todas as
crianccedilas tenham a oportunidade de aprender com as contribuiccedilotildees de cada um de
seus colegas em uma relaccedilatildeo de alteridade (OLIVEIRA 2010)
Poreacutem na realidade praacutetica da educaccedilatildeo inclusiva ainda existem muitos
desafios e dificuldades Ainda que nos uacuteltimos vinte anos conceitos como exclusatildeo
e inclusatildeo educacionais tenham se tornado cada vez mais recorrentes nas
pesquisas documentos oficiais e na fala de gestores e professores pode-se afirmar
que uma educaccedilatildeo que busca primar pela qualidade de todos os alunos esbarra em
desigualdades de diversas naturezas (sociais eacutetnicas raciais e de gecircnero)
presentes na sociedade brasileira que historicamente acumula um quadro de
exclusotildees e contradiccedilotildees marcado por poliacuteticas laacutebeis e inconsistentes (SEKKEL
ZANELATTO e BRANDAtildeO 2010 MOREIRA BOLSANELLO e SEGER 2011)
Souza e Batista (2008) destacam que em muitas situaccedilotildees crianccedilas pequenas
que estatildeo em inclusatildeo educacional permanecem mais isoladas especialmente as
que apresentam alteraccedilotildees fiacutesicas por serem consideradas incapazes de se
locomover e explorar ambientes e objetos Isto representa a perda de momentos
importantes de interaccedilatildeo social ficando isoladas do contato com parceiros com
semelhanccedila de idade e tendo suas interaccedilotildees restritas agrave relaccedilatildeo com o adulto
cuidador (SOUZA e BATISTA 2008)
Outrossim eacute possiacutevel verificar uma concepccedilatildeo de inclusatildeo restrita ao
atendimento de crianccedilas com deficiecircncias enquanto as necessidades das demais
crianccedilas e dos profissionais que trabalham na escola satildeo muitas vezes
desconsideradas O isolamento e o envolvimento com questotildees marginais do
trabalho pedagoacutegico satildeo pontos centrais a serem considerados no enfrentamento
das barreiras atitudinais para a construccedilatildeo de um ambiente inclusivo (SEKKEL
ZANELATTO e BRANDAtildeO 2010)
Outro aspecto que merece atenccedilatildeo eacute a formaccedilatildeo dos pedagogos e professores
que atendem agraves crianccedilas pequenas com deficiecircncia na educaccedilatildeo infantil pois
demonstram em vaacuterios estudos natildeo possuiacuterem conhecimentos suficientes para lidar
com as particularidades que envolvem as diferentes condiccedilotildees de deficiecircncia tal
como a intelectual ou a fiacutesica conforme evidenciado nos estudos de Melo e Ferreira
(2009) e de Vitta Vitta e Monteiro (2010)
37
Esse uacuteltimo estudo traz concepccedilotildees de professores de educaccedilatildeo infantil que
atendem crianccedilas com deficiecircncia e nas quais demonstram crer que a principal
contribuiccedilatildeo do processo de inclusatildeo eacute a socializaccedilatildeo destas crianccedilas (VITTAVITTA
e MONTEIRO 2010) Tambeacutem ressaltam nesse estudo terem encontrado problemas
com o espaccedilo fiacutesico recursos materiais e humanos relativos agrave formaccedilatildeo do
professor desse modo os autores consideram que eacute preciso possibilitar aos
professores uma formaccedilatildeo que abranja conhecimentos sobre as diferentes
deficiecircncias e as necessidades educacionais relativas a estas propiciando a
adequaccedilatildeo do espaccedilo fiacutesico e dos recursos materiais aleacutem de assistecircncia
educacional especiacutefica (VITTA VITTA e MONTEIRO 2010)
Drago (2005) percebeu que a inclusatildeo da crianccedila na Educaccedilatildeo Infantil ainda se
daacute como mera integraccedilatildeo ou seja baseada no princiacutepio que quem deve mudar eacute o
aluno ele eacute quem deve se adequar agrave escola e natildeo o contraacuterio No estudo de
Mendes (2010) as educadoras avaliaram que o princiacutepio da inclusatildeo eacute vaacutelido
embora difiacutecil de ser colocado em praacutetica
Desse modo eacute possiacutevel perceber dados indicando que a inclusatildeo de crianccedilas
com necessidades especiais eacute vista com reservas pelos profissionais da Educaccedilatildeo
Infantil explicitando ideias preconcebidas sobre a deficiecircncia Eles se justificam pela
falta de conhecimento do desenvolvimento infantil e dos fatores que o envolvem
bem como pelo fato de os profissionais vincularem suas atividades agraves experiecircncias
pessoais (VITTA 2004 VITTA 2010)
Vital (2012) infere em sua pesquisa com crianccedilas com idade entre quatro e seis
anos que haacute a necessidade de se discutir e promover accedilotildees que auxiliem na
identificaccedilatildeo do preconceito nessa faixa etaacuteria
Drago (2005) faz referecircncias ao papel do educador de educaccedilatildeo infantil
enquanto importante modelo no que se refere ao entendimento acolhimento e
aceitaccedilatildeo da crianccedila pequena com deficiecircncia na turma Bazon (2009) constatou
que atitudes de preconceito barreiras atitudinais e falta de informaccedilatildeo por parte de
professores afetam profundamente o processo de inclusatildeo da crianccedila pequena
Nesse sentido Bartalotti (2004) percebeu que a construccedilatildeo de histoacuterias de sucesso
na inclusatildeo de crianccedilas com necessidades especiais na Educaccedilatildeo Infantil envolve a
orientaccedilatildeo apoio e momentos de reflexatildeo e discussatildeo sobre o papel dos
educadores junto a accedilotildees inclusivas e as singularidades desse alunado
38
Jaacute Fernandes Bolsanello e Moreira (2008) indicam pelo menos dois grandes
desafios para a inclusatildeo da crianccedila pequena na educaccedilatildeo infantil a) a ainda vigente
visatildeo cliacutenico-assistencialista da deficiecircncia o que nos primeiros anos de vida faz
com que a crianccedila seja vista como enferma ou doente e b) as condiccedilotildees de
acolhimento e orientaccedilatildeo agraves famiacutelias nos primeiros meses de vida da crianccedila com
deficiecircncia o que resulta em um grande nuacutemero de vezes na dificuldade de
aceitaccedilatildeo da condiccedilatildeo de deficiecircncia da crianccedila por sua famiacutelia e na falta de
observacircncia do potencial de promoccedilatildeo do desenvolvimento dessa crianccedila desde
tenra idade
No que se refere agraves famiacutelias das crianccedilas com necessidades especiais haacute a
evidecircncia da necessidade de um acompanhamento antes durante e apoacutes a
inclusatildeo propriamente dita de modo a apoiaacute-las nos momentos de busca e escolha
da escola de adaptaccedilatildeo da crianccedila ao novo ambiente e de transiccedilatildeo dos
atendimentos oferecidos pela instituiccedilatildeo especializada para outros setores (LUIZ e
NASCIMENTO 2012)
Igualmente Benincasa (2011) destaca a) a importacircncia da articulaccedilatildeo entre
os campos da educaccedilatildeo especial e da educaccedilatildeo infantil na construccedilatildeo de propostas
pedagoacutegicas que sirvam como suporte aos diferentes sujeitos envolvidos
(professores comunidade famiacutelia e crianccedila) para a efetiva permanecircncia do aluno
com necessidades especiais no ensino comum b) a presenccedila de uma variedade de
modos de recepccedilatildeo e compreensatildeo do movimento de inclusatildeo escolar por parte dos
educadores envolvidos e c) o reconhecimento de que o local de instituiccedilatildeo
(estrutura fiacutesica e questotildees relacionadas agrave acessibilidade por exemplo) produz
impacto para se pensar os processos de escolarizaccedilatildeo de seus alunos e a tomada
de decisatildeo relativa a esses processos
Franccedila (2008) observou a influecircncia positiva da estimulaccedilatildeo assistemaacutetica
realizada por meio das interaccedilotildees sociais em sala regular para o desenvolvimento
motor e interaccedilatildeo social de crianccedilas cegas menores de cinco anos e Amaro (2004)
evidenciou a importacircncia de se observar e refletir sobre a singularidade do aluno
com necessidades especiais para que esta seja respeitada e valorizada
Assim percebe-se que educaccedilatildeo inclusiva eacute uma reforma educacional que
abarca um acircmbito bastante abrangente em diferentes niacuteveis de mudanccedilas como jaacute
afirmado por Rodrigues e Lima-Rodrigues (2011) Tal fato requer a busca constante
39
de se desvencilhar de muitas armadilhas conceituais para que a escola inclusiva
deixe de ser mera proposiccedilatildeo e passe a existir de verdade (DRAGO 2011)
Por fim segundo Mendes (2010) eacute necessaacuterio definir quem satildeo as crianccedilas
com necessidades especiais na idade entre zero e seis anos para que se possam
determinar os criteacuterios de elegibilidade para os programas de detecccedilatildeo e
intervenccedilatildeo precoce e planejar as accedilotildees necessaacuterias tais como alocar recursos
formar pessoal entre outros
24 A FAMIacuteLIA COMO UM MICROSSISTEMA DE DESENVOLVIMENTO HUMANO
E SUA RELACcedilAtildeO COM A CRIANCcedilA PEQUENA COM NECESSIDADES
ESPECIAIS
Reconhecidamente a famiacutelia eacute o contexto primordial de desenvolvimento para
qualquer ser humano Eacute portanto o locus das primeiras relaccedilotildees interaccedilotildees e
conhecimentos pelas crianccedilas espaccedilo no qual iratildeo se conformar as suas
impressotildees de mundo com base nas estruturas relacionais ali dispostas
especialmente entre seus partiacutecipes (SANCHEZ MARTINEZ e PENALVER 2003
MACEDO e MARTINS 2004 SILVA 2010) Por tal as relaccedilotildees familiares satildeo uma
aacuterea de pesquisa dentro do campo da Psicologia do Desenvolvimento que tem
despertado grande interesse dos pesquisadores e inspirando inuacutemeras questotildees
(SOEJIMA 2008)
O conceito de famiacutelia que se tem na atualidade eacute resultado de intensas
modificaccedilotildees sociais econocircmicas culturais e poliacuteticas muitas delas ocorridas nos
uacuteltimos 50 anos (PINHEIRO e BIASOLI-ALVES 2008 WEBER 2008)
Nesse acircmbito revela-se importante lembrar que as transformaccedilotildees no papel
da mulher diante agrave sociedade fizeram com que ocorressem tambeacutem profundas
modificaccedilotildees na organizaccedilatildeo e funcionamento familiar e de seus membros
(PINHEIRO e BIASOLI-ALVES 2008 DESSEN e BRAZ 2005)
As deacutecadas de 60 70 e 80 do seacuteculo passado foram marcadas pela
crescente participaccedilatildeo feminina no contexto econocircmico poliacutetico e social de nosso
paiacutes tambeacutem foi possiacutevel perceber a transiccedilatildeo das relaccedilotildees conjugais e familiares
hierarquizadas para mais igualitaacuterias a queda significativa no nuacutemero de filhos por
casal a regulamentaccedilatildeo do divoacutercio menor desigualdade entre os papeacuteis
40
masculinos e femininos o surgimento de novos valores para a criaccedilatildeo dos filhos e
mudanccedilas na distribuiccedilatildeo das tarefas do lar (RIBEIRO SABOacuteIA BRANCO e
BREGMAN 1998 VIEIRA 1998 DESSEN e TORRES 2002 DEUTSCH 2009)
A partir da deacutecada de 90 em decorrecircncia da transformaccedilatildeo do papel da
mulher diante da sociedade e das demais conjunturas histoacutericas e sociais mostram-
se igualmente importantes o aumento do nuacutemero de divoacutercios de re-casamentos de
famiacutelias monoparentais e o cuidado dos filhos passa a ser mais compartilhado com
outros grupos sociais e os filhos se tornam mais participativos nas decisotildees
familiares (ARRIAGADA 2000 GALANO 2006 DEUTSCH 2009)
Diante de tantas transformaccedilotildees na contemporaneidade estudos que
envolvam a famiacutelia assumem a premissa de que satildeo diversos os tipos e as
possibilidades de arranjos familiares e sua definiccedilatildeo deve estar mais baseada na
opiniatildeo dos membros considerando a afetividade e a proximidade entre eles do que
em variaacuteveis como consanguinidade relacionamento heterossexual divisatildeo da
mesma casa continuidade ao longo da vida por exemplo que por si soacute natildeo definem
famiacutelia (DESSEN 2010)
Portanto ao usar-se o termo famiacutelia na atualidade deve-se levar em
consideraccedilatildeo que cada vez mais o modelo familiar conjugal ndash nuclear ndash
heterossexual com sua prole bioloacutegica inspirado no modelo tradicional se modifica
e transforma o modo como se datildeo as relaccedilotildees entre seus sujeitos e a sociedade
(SILVA 2011) Deste modo ao se fazer referecircncia agrave famiacutelia estaacute se levando em
consideraccedilatildeo a rede de interaccedilotildees que envolvem aspectos cognitivos sociais
afetivos e culturais e outras variaacuteveis que tenham significado entre os sujeitos
envolvidos portanto natildeo evidenciados apenas em laccedilos de consanguinidade
(DESSEN e BRAZ 2005 DESSEN e POLOcircNIA 2007) Ou como jaacute discutido por
DESSEN e BRAZ (2005) o termo famiacutelia em tempos poacutes-modernos eacute
extremamente difiacutecil de ser definido com base no modelo tradicional
Contudo ainda que em transformaccedilatildeo a famiacutelia continua sendo um contexto
que alicerccedila a formaccedilatildeo do ser constituindo-se como matriz da aprendizagem
humana (ALMEIDA 2010)
Para Minuchin Lee e Simon (2008) uma famiacutelia se constitui por um grupo de
pessoas ligadas por laccedilos de emoccedilatildeo eou por consanguinidade e que viveu junto
tempo suficiente para que se criassem padrotildees de interaccedilatildeo entre seus membros
Nessas interaccedilotildees padronizadas os membros da famiacutelia constroem uns aos outros
41
Brofenbrenner (2011) salienta que a importacircncia da famiacutelia natildeo estaacute somente
nas accedilotildees de promoccedilatildeo das capacidades que uma crianccedila tem em aprender a
andar a falar e estudar mas pela formaccedilatildeo de uma pessoa com capacidade de
realizar seu trabalho de pensar claramente de servir a comunidade ou a sociedade
como um todo Em outras palavras Brofenbrenner (2011) define a famiacutelia como um
grupo de pessoas que possui e executa um compromisso irrestrito de bem-estar uns
com os outros
Dada a profunda influecircncia do contexto familiar na constituiccedilatildeo de seus
sujeitos pode-se inferir que haacute nas interaccedilotildees ocorridas nesse microssistema
relacional a possibilidade de que ele venha a se mostrar tanto como fator de risco
quanto de proteccedilatildeo ao desenvolvimento de seus membros Sendo assim ao longo
do tempo aspectos ambientais sociais poliacuteticos transgeracionais culturais e
econocircmicos exercem influecircncia sobre as famiacutelias e a histoacuteria de seus membros
(BRONFENBRENNER 1996 BROFENBRENNER 2011 DINIZ e KOLLER 2010)
Essas influecircncias satildeo facilmente perceptiacuteveis ao se observar o ingresso mais
frequente da mulher-matildee no mercado de trabalho e o processo de migraccedilatildeo das
pessoas que propiciam o distanciamento entre os grupos familiares Ambas as
situaccedilotildees propiciam e fortalecem a necessidade de cuidado infantil extrafamiliar
como o que hoje se entende por creche Em decorrecircncia disso percebe-se
atualmente que o cuidado a educaccedilatildeo e a promoccedilatildeo do desenvolvimento na
infacircncia passaram a ser divididos entre a instituiccedilatildeo e a famiacutelia
Estudos sobre desenvolvimento destacam que a variaacutevel de maior impacto
sobre o desenvolver da crianccedila eacute a relaccedilatildeo com sua famiacutelia e seu ambiente imediato
(ANDRADE 2005)
Os membros que compotildeem a famiacutelia satildeo todos influentes quando se fala de
desenvolvimento infantil contudo a figura paterna e a materna merecem uma
anaacutelise mais aprofundada a respeito de seus papeacuteis e as devidas inter-relaccedilotildees
Nesse sentido destaca-se que o advento proacuteprio ao surgimento de uma crianccedila
provoca muitas transformaccedilotildees tanto em homens quanto em mulheres ambos
passam por momentos de reflexatildeo e de reelaboraccedilatildeo de seus sonhos anseios e por
uma reorganizaccedilatildeo de papeacuteis agora como pais e matildees (BRAZELTON 2002)
A matildee eacute a primeira referecircncia da crianccedila em termos de cuidado afeto
nutriccedilatildeo ela estaacute em outras palavras preparada para enxergar reconhecer as
necessidades de sua crianccedila e isso eacute construiacutedo desde a ideacuteia de crianccedila que ela
42
cria antes mesmo do nascimento (BRUM e SCHERMANN 2004 FERRARI e
PICCININI 2010) Tal situaccedilatildeo faz com que esse viacutenculo tenha uma relevacircncia
ainda maior para o desenvolvimento na infacircncia e mereccedila ampla anaacutelise e maiores
estudos a respeito de seus impactos (ALT e BENETTI 2008)
Por outro lado a figura do pai no desenvolvimento da crianccedila pequena
tambeacutem eacute importante e sua vinculaccedilatildeo com o filho tambeacutem se daacute durante a
gestaccedilatildeo poreacutem com caracteriacutesticas muito proacuteprias Haacute estudos que ilustram a
busca dos pais por interagir com seus bebecircs que ainda estatildeo no ventre materno
seja por meio de cariacutecias ou mesmo conversas com a barriga da gestante e que
eles assim como as matildees podem apresentar certa dificuldade em perceber o bebecirc
como ldquorealrdquo principalmente nos meses iniciais do periacuteodo gestacional (HANSEL
2004 PICCININI et al 2004 CIA WILLIANS e AIELLO 2005) Dessa maneira o
envolvimento emocional paterno daacute-se de modo crescente e muito mais consistente
com o proacuteprio avanccedilar da gravidez em consonacircncia com a evoluccedilatildeo da interaccedilatildeo da
matildee (HANSEL 2004 PICCININI et al 2004 CIA WILLIANS e AIELLO 2005)
Como a figura paterna pode representar intenso apoio emocional e material para a
mulher eacute possiacutevel inferir que seu envolvimento positivo com o processo gestacional
eacute um aspecto importante para a vinculaccedilatildeo afetiva com a crianccedila tambeacutem apoacutes o
parto o que com certeza enriquece essa relaccedilatildeo (matildee-pai-bebecirc) Mesmo com essa
notoacuteria importacircncia da figura paterna eacute possiacutevel constatar que a figura do pai ainda
eacute pouco explorada no campo da pesquisa aspecto indicado tambeacutem em literatura
pertinente (HANSEL 2004 PICCININI et al 2004 CIA WILLIANS e AIELLO 2005)
Para a crianccedila pequena a figura dos pais eacute de suma importacircncia jaacute que eles
a auxiliaratildeo a conhecer o mundo e a reconhecer-se como sujeito Ou seja a famiacutelia
configura-se como o primeiro universo de relaccedilotildees sociais da crianccedila podendo
proporcionar-lhe um ambiente adequado de crescimento e desenvolvimento
Corroborando com esse uacuteltimo aspecto reafirma-se que os primeiros anos de vida
constituem uma importante etapa da existecircncia especialmente criacutetica pois nela
configuram-se as habilidades perceptivas motoras cognitivas linguiacutesticas e sociais
possibilitando uma equilibrada interaccedilatildeo com o externo Seraacute a partir deste primeiro
espaccedilo de relaccedilotildees sociais que a crianccedila entenderaacute o ambiente que a cerca e agiraacute
sobre os elementos do mundo (GAT 2000 BRAZELTON e CRAMER 2002
BRAZELTON e GREENSPAN 2002)
43
Importante considerar tambeacutem que quando existe uma interaccedilatildeo efetiva
entre a crianccedila e os membros de sua famiacutelia o desenvolvimento infantil eacute facilitado
pelas trocas que esta relaccedilatildeo oportuniza (HANSEL 2004)
De forma geral a valorizaccedilatildeo da relaccedilatildeo pai-matildee-crianccedila pequena eacute
importante para que todos se sintam seguros em seus papeacuteis e prosperem como
sujeitos As interaccedilotildees satildeo mutuamente alimentadas quando os sujeitos que dela
participam tecircm espaccedilo e oportunidade de responder agraves necessidades do outro e de
si mesmo Em outras palavras os indiviacuteduos em interaccedilatildeo estatildeo em muacutetua e
constante troca um monitora o outro o que implica no surgimento de respostas
emocionais diversas e interpretaccedilotildees cognitivas as quais afetam a continuidade e a
qualidade dessas interaccedilotildees bem como o comportamento futuro dos sujeitos
envolvidos (HANSEL 2004 PICCININI et al 2004 CIA WILLIANS e AIELLO 2005
DESSEN e BRAZ 2005)
Tem-se conhecimento de que tanto a figura materna quanto a paterna
influencia o processo de desenvolvimento do filho especialmente quando se trata da
crianccedila com distuacuterbios de desenvolvimento ou com deficiecircncias (HANSEL 2004
BOLSANELLO e SOUZA 2004 HANSEL e BOLSANELLO 2009)
Gineacute et al (2009) afirmam sobre a interaccedilatildeo com a famiacutelia que o objetivo
final deve ser o de alcanccedilar uma vida com qualidade lembrando que os pais satildeo os
maiores promotores do desenvolvimento de sua crianccedila No sentido de qualidade
lembra-se que o que caracteriza uma relaccedilatildeo familiar eacute a influecircncia da interaccedilatildeo
entre indiviacuteduos sobre outras interaccedilotildees tal influecircncia eacute vista no efeito cumulativo
das interaccedilotildees ou seja os indiviacuteduos natildeo precisam estar continuamente em
interaccedilatildeo para que sua relaccedilatildeo seja mantida (DESSEN e BRAZ 2005)
Dada agrave profunda influecircncia da famiacutelia na constituiccedilatildeo do sujeito-filho pode-se
inferir que haacute nas interaccedilotildees desse microssistema relacional a possibilidade de ele
mostrar-se tanto como fator de risco quanto protetivo Esta aparente ambiguidade eacute
justificada quando se considera a famiacutelia como o grupo social baacutesico do indiviacuteduo
cuja funccedilatildeo e estrutura satildeo determinantes em seu desenvolvimento As relaccedilotildees
entre pais e filhos satildeo caracterizadas por uma enorme complexidade Ao longo dos
tempos aspectos ambientais sociais poliacuteticos transgeracionais culturais e
econocircmicos exercem influecircncia sobre as famiacutelias e a histoacuteria de seus membros
(HANSEL 2004 PICCININI et al 2004 CIA WILLIANS e AIELLO 2005 DINIZ e
KOLLER 2010)
44
Na famiacutelia os objetivos conteuacutedos e meacutetodos se diferenciam fomentando o
processo de socializaccedilatildeo a proteccedilatildeo as condiccedilotildees baacutesicas de sobrevivecircncia e o
desenvolvimento de seus membros no plano social cognitivo e afetivo Esta eacute
tambeacutem a primeira mediadora entre o homem e sua cultura Portanto a famiacutelia eacute a
matriz da aprendizagem humana com significados e praacuteticas culturais proacuteprias
essas que geram modelos de relaccedilatildeo interpessoal e de construccedilatildeo individual e
coletiva (BRONFENBRENNER 1996 BRONFENBRENNER 2011 GURALNICK
2002)
Dessa maneira os acontecimentos e as experiecircncias familiares propiciam a
formaccedilatildeo de repertoacuterios comportamentais de accedilotildees e resoluccedilotildees de problemas com
significados universais e particulares (BRONFENBRENNER 1996
BRONFENBRENNER 2011 GURALNICK 2002) Essas vivecircncias integram a
experiecircncia individual e coletiva que organiza interfere e a torna uma unidade
dinacircmica que estrutura as formas de subjetivaccedilatildeo e interaccedilatildeo social de seus
membros Nesse sentido tambeacutem se pode afirmar que eacute por meio dessa unidade e
suas interaccedilotildees internas que se concretizam as transformaccedilotildees na sociedade que
por sua vez ocasionam novas influecircncias a seus membros num processo
bidirecional (BRONFENBRENNER 1996 BRONFENBRENNER 2011 GURALNICK
2002)
Igualmente pode-se afirmar que aspectos tais como a escolaridade da matildee e
o desemprego paterno podem ser considerados como preditores bastante confiaacuteveis
para explicitar alteraccedilotildees nos resultados de estudos sobre desenvolvimento infantil
(LORDELO et al 2007)
Tambeacutem a interaccedilatildeo familiar possui um caraacuteter de reciprocidade em suas
relaccedilotildees ou seja o estabelecimento de laccedilos muacutetuos mobiliza a crianccedila para o
desenvolvimento de atividades no seu meio fiacutesico social simboacutelico condutores da
sua atividade exploratoacuteria manipuladora criativa e imaginativa logo essa
capacidade comeccedila a desenvolver-se desde o nascimento do bebecirc e aprimora-se ao
longo do tempo e por outro lado o proacuteprio desenvolvimento parental eacute influenciado
pelo comportamento e desenvolvimento dos filhos o que mais uma vez reforccedila a
ideia do desenvolvimento como um processo dinacircmico influenciado pelos vaacuterios
sistemas que o constituem (BRONFENBRENNER 1996 BRONFENBRENNER
2011)
45
Sendo assim quando haacute situaccedilotildees de risco ou problemas nos quais a famiacutelia
precise contar com algum tipo de apoio pode - se afirmar que a principal rede de
apoio eacute a proacutepria interaccedilatildeo entre seus membros especialmente entre os genitores
ou cuidadores principais (BRONFENBRENNER 1996 BRONFENBRENNER 2011
DESSEN e BRAZ 2005) Isso porque o estabelecimento do viacutenculo portanto de
uma relaccedilatildeo de afeto estaacutevel e contiacutenua pode ser considerado o principal elemento
de superaccedilatildeo da mudanccedila para todos os membros dessa unidade primordial E
seratildeo tais viacutenculos que por meio do alimentar brincar ou confortar uma crianccedila
ativaratildeo sentimentos como cumplicidade ternura carinho que se verificam como
contributos para o delineamento do curso da vida Lembra-se que natildeo satildeo apenas
as experiecircncias objetivas que pesam e influenciam o desenvolvimento humano as
subjetivas igualmente auxiliam na formaccedilatildeo do repertoacuterio global dos sujeitos em
evoluccedilatildeo (BRONFENBRENNER 1996 BRONFENBRENNER 2011 DINIZ e
KOLLER 2010)
Nesse sentido a interaccedilatildeo entre microssistemas tais como famiacutelia e escola
ou a creche pode ser um espaccedilo de reforccedilo e orientaccedilatildeo direta ou indireta dessa
rede de apoio primordial (PEREIRA-SILVA e DESSEN 2004 DESSEN e POLONIA
2007) Por outro lado um canal de comunicaccedilatildeo famiacutelia-instituiccedilatildeo ruim falha como
recurso motivacional e de interesse da famiacutelia em relaccedilatildeo ao atendimento da crianccedila
(ORTIZ e FAVARO 2004)
Ressalta-se portanto que o atendimento educacional na infacircncia
especialmente o que eacute voltado agrave crianccedila pequena deve ser baseado no trabalho
colaborativo e cooperativo no compartilhamento de responsabilidades e
informaccedilotildees com a famiacutelia lhes conferindo o empoderamento necessaacuterio para
usufruiacuterem de suas capacidades e potencialidades enquanto cuidadores auxiliando-
os a lidar com os percalccedilos e limites que possam ser motivados pelas
especificidades do filho (ROMERO 2003 GINEacute et al 2009)
Tais aspectos devem ser levados em consideraccedilatildeo principalmente porque a
crianccedila na primeira infacircncia tem necessidades desenvolvimentais muito proacuteprias
as quais devem ser conhecidas e respeitadas tanto pela famiacutelia quanto pela
instituiccedilatildeo que a atende
Ao posicionar o papel da famiacutelia na concepccedilatildeo da Atenccedilatildeo Precoce retoma-
se que em uma perspectiva transacional o desenvolvimento infantil pode ser
entendido como produto de interaccedilotildees dinacircmicas entre a crianccedila a famiacutelia e o
46
contexto (SAMEROFF e FIESE 2000) Essa perspectiva amplia a visatildeo da
costumeira abordagem linear e unidirecional que modelos tradicionais de
atendimento ao desenvolvimento infantil possuem reconhecendo a influecircncia da
interaccedilatildeo de diversos fatores na conformaccedilatildeo da pessoa-crianccedila em
desenvolvimento e tambeacutem influencia profundamente o atendimento agrave crianccedila
pequena com deficiecircncia por transformar esse uacuteltimo em uma abordagem centrada
na famiacutelia (SAMEROFF E FIESE 1990 2000 SERRANO 2007)
Nesse sentido vaacuterios estudos a respeito da relaccedilatildeo entre famiacutelia e
desempenho desenvolvimental da crianccedila confirmam que os pais satildeo importantes
agentes moduladores das experiecircncias de seus filhos de tal maneira que suas
accedilotildees podem se constituir em riscos para o desenvolvimento infantil (BARROS et al
2003 MANCINI et al 2004 AMORIM et al 2009 SARTORI SACANI e VALENTINI
2010)
Em consonacircncia Amorin et al (2009) perceberam em seu
estudo que as crianccedilas que dispunham de menor tempo diaacuterio com suas matildees
apresentaram maior frequecircncia de deacuteficit em equiliacutebrio estaacutetico quando comparadas
agravequelas que permaneciam mais tempo com a matildee sugerindo a presenccedila materna
como um fator de proteccedilatildeo para a aquisiccedilatildeo dessa habilidade Igualmente Barros et
al (2003) evidenciaram em sua pesquisa que podem se constituir em fatores de
risco para o desenvolvimento da crianccedila pequenas situaccedilotildees como ausecircncia do pai
utilizaccedilatildeo de brinquedos inadequados para a faixa etaacuteria o local onde a crianccedila era
mantida em idades precoces da infacircncia a falta de orientaccedilatildeo pedagoacutegica e de
socializaccedilatildeo extrafamiliar precoce e a baixa condiccedilatildeo socioeconocircmica familiar Jaacute
os resultados do estudo de Sartori Sacani e Valentini (2010) sugerem uma diferenccedila
significativa entre o desempenho desenvolvimental dos bebecircs filhos de adolescentes
e os nascidos de matildees adultas ressaltando a possibilidade de a idade materna ser
um fator de risco para a ocorrecircncia de atrasos no desenvolvimento
Diante dos elementos acima se soma a orientaccedilatildeo de Brazelton e Cramer
(2002) na qual evidenciam que quando os pais apreciam e valorizam o repertoacuterio
comportamental de seus bebecircs estatildeo prontos a entrar em um diaacutelogo com eles
Ainda conforme esses autores os profissionais que datildeo apoio aos pais facilitando e
apresentando o repertoacuterio das crianccedilas agrave famiacutelia colaboram com o fortalecimento
dos primeiros viacutenculos e com a promoccedilatildeo do desenvolvimento na infacircncia Aleacutem de
que avaliar a estimulaccedilatildeo disponiacutevel para a crianccedila dentro de uma determinada
47
famiacutelia pode fornecer elementos importantes para as poliacuteticas de sauacutede e educaccedilatildeo
a serem programadas pelos organismos puacuteblicos (MARTINS et al 2004 )
Portanto a essecircncia da relaccedilatildeo materna e paterna com a crianccedila eacute a
reciprocidade Ou seja os cuidadores devem estar acessiacuteveis quando a crianccedila
precisa deles devendo mostrar que haacute interesse no que ela apresenta orientando
quanto a limites e possibilidades Ao demonstrar isso o bebecirc com seus recursos
responderaacute alimentando esse circuito ou sistema de comunicaccedilatildeo Nesse sentido haacute
a importacircncia de se orientar aos cuidadores o mecanismo de comunicaccedilatildeo com sua
crianccedila lembrando-lhes dos efeitos devastadores que riscos como os jaacute indicados
anteriormente podem ocasionar nesse sistema de comunicaccedilatildeo reciacuteproca com o
bebecirc (BRAZELTON 1990 BRAZELTON e CRAMER 2002)
Por esses motivos eacute que se entende como necessaacuterio destacar a
importacircncia de accedilotildees interventivas e de orientaccedilotildees que considerem o papel de pais
ou outros cuidadores principais como uma forma de propiciar prevenccedilatildeo de
possiacuteveis futuros deacuteficits no desenvolvimento infantil e mesmo de minimizar
alteraccedilotildees desenvolvimentais jaacute estabelecidas na infacircncia (BARBA MARTINEZ e
CARRASCO 2003) Pois assim como a crianccedila cuja deficiecircncia jaacute foi identificada
haacute aquele indiviacuteduo que frequenta a educaccedilatildeo infantil e que pode apresentar
alteraccedilatildeo em seu desenvolvimento seja por privaccedilatildeo de estiacutemulos adequados seja
por lesotildees agraves que quando natildeo detectadas ou natildeo atendidas podem comprometer a
maturaccedilatildeo neuropsicoloacutegica o que traz implicaccedilotildees para outras instacircncias do
desenvolvimento humano (GAT 2000)
Nessa perspectiva torna-se destaque que os programas vinculados agrave sauacutede
infantil devem estar voltados tambeacutem para o ambiente educacional da crianccedila pois
nele ela se estrutura como um ser individual e social capaz de interagir com outros
niacuteveis de amplitude e de construir espaccedilos entre os setores sociais envolvidos no
processo de construccedilatildeo de uma vida saudaacutevel (MARTINS et al 2004) Isso se
justifica tambeacutem em pesquisas que reforccedilam a importacircncia da aproximaccedilatildeo entre
famiacutelia e educadoras da educaccedilatildeo infantil como modo de auxiliar no
desenvolvimento da crianccedila pequena com ou sem deficiecircncia (CUEVAS 2003
MACARINI MARTINS e VIEIRA 2009)
Especificamente sobre a Educaccedilatildeo Infantil haacute estudos que evidenciam que
quando ocorrem accedilotildees de avaliaccedilatildeo do desenvolvimento infantil ou mesmo
intervenccedilatildeo precoce no contexto da creche haacute grandes ganhos para o
48
desenvolvimento das crianccedilas ali inseridas (BARBA MARTINEZ e CARRASCO
2003 SOEJIMA 2008 BALTIERI et al 2010) Isso posto salienta-se que a inclusatildeo
educacional natildeo se faz apenas com a adaptaccedilatildeo do espaccedilo mas tambeacutem com a
modificaccedilatildeo de conceitos e condutas sobre a pessoa com deficiecircncia (MANTOAN
2004 MAZZOTA 2003)
Por outro lado investigar como o contexto da creche se mostra diante da
atenccedilatildeo ao desenvolvimento infantil da crianccedila com e sem necessidades especiais
(elencar as dificuldades das educadoras em lidar com a promoccedilatildeo ou estimulaccedilatildeo
do desenvolvimento) auxilia na criaccedilatildeo de accedilotildees que transformem esse ambiente
tornando-o mais inclusivo ampliando a qualidade de seu atendimento e das
relaccedilotildees com a comunidade que atende (BARBA MARTINEZ e CARRASCO 2003
CUEVAS 2003 VITTA 2010 VITTA VITTA e MONTEIRO 2010)
Com base no referencial sobre o tema abordado neste trabalho verifica-se
que para a implementaccedilatildeo de programas de atendimento agrave crianccedila pequena com
necessidades especiais - seja dentro da Educaccedilatildeo Infantil ou na Educaccedilatildeo Especial
- eacute necessaacuterio que os profissionais envolvidos tomem conhecimento a respeito dos
muacuteltiplos fatores de risco e proteccedilatildeo que norteiam o desenvolvimento na infacircncia
com ecircnfase em uma perspectiva ecoloacutegica levando em consideraccedilatildeo as interaccedilotildees
transacionais entre a crianccedila e o ambiente e vice-versa Para tal torna-se
necessaacuteria tambeacutem a construccedilatildeo e o seguimento de um marco teoacuterico e conceitual
que sirva de guia para os serviccedilos de atendimento agrave infacircncia (GURALNIK 2008)
Com estes conhecimentos eacute possiacutevel colocar em praacutetica a criaccedilatildeo de programas de
intervenccedilatildeo em crianccedilas com riscos bioloacutegicos e ambientais e prevenir o surgimento
ou o agravamento de alteraccedilotildees no desenvolvimento sejam elas de origem motora
sensorial intelectual ou emocional tanto na educaccedilatildeo especial quanto na educaccedilatildeo
infantil (FORMIGA e PEDRAZZANI 2004)
Por fim ressalta-se que em virtude dos dados acima correlacionados eacute que
decorre o interesse em investigar concepccedilotildees de pais de crianccedilas com
necessidades especiais e de seus educadores acerca da inclusatildeo educacional na
primeira infacircncia tendo em vista tambeacutem as condiccedilotildees de promoccedilatildeo do
desenvolvimento infantil desse alunado dentro de Centros Municipais de Educaccedilatildeo
Infantil - CMEI
49
25 A INSTITUICcedilAtildeO DE EDUCACcedilAtildeO INFANTIL COMO UM CONTEXTO DE
DESENVOLVIMENTO
Na realidade brasileira os serviccedilos da Educaccedilatildeo Infantil vecircm se
configurando como uma opccedilatildeo de cuidado e educaccedilatildeo amplamente utilizada pelas
famiacutelias contemporacircneas Vaacuterios fatores estatildeo envolvidos entre eles o ingresso da
mulher no mercado de trabalho as novas possibilidades de arranjos familiares o
movimento migratoacuterio das pessoas do interior para cidades maiores com mais
acesso a oportunidades de trabalho e educaccedilatildeo o que faz com que nem sempre a
matildee trabalhadora tenha apoio para o cuidado da sua crianccedila e tambeacutem como
recurso para a parcela da populaccedilatildeo que possui condiccedilotildees socioeconocircmicas
desfavoraacuteveis (RAPOPORT e PICCININI 2004 CERISARA 2002 ROSSETTI-
FERREIRA RAMON e SILVA 2002 CAMPOS 1999 ROSSETTI-FERREIRA
AMORIM e VITOacuteRIA 1994 MOREIRA e LORDELO 2002)
Historicamente esse serviccedilo vem passando por vaacuterias modificaccedilotildees ao longo
dos anos Especialmente nas uacuteltimas trecircs deacutecadas a educaccedilatildeo extrafamiliar de
bebecircs e crianccedilas pequenas tem sido marcada por profundas mudanccedilas sociais
culturais poliacuteticas e econocircmicas que entre outros fatores afetaram as relaccedilotildees
sociais o mundo do trabalho as estruturas familiares os sistemas de ensino a
imagem de crianccedila e o lugar que nossos pequenos ocupam nas instituiccedilotildees
educativas e na sociedade (FERNANDES 2011) Em suma pode-se afirmar que
essas modificaccedilotildees tambeacutem contribuiacuteram para que a Educaccedilatildeo Infantil tivesse
acentuada a sua funccedilatildeo pedagoacutegica deixando para traacutes o caraacuteter assistencialista
que teve em sua origem (OLIVEIRA et al 2006 WEBER et al 2006 VERIacuteSSIMO e
FONSECA 2003)
Nessa transiccedilatildeo de entendimento de sua funccedilatildeo na medida em que se foi
ampliando o nuacutemero de matriacuteculas adquirindo maior espaccedilo em pesquisas no paiacutes
nos debates sociais suas fragilidades foram se destacando o que levou aos
resultados dos primeiros estudos sobre a qualidade desse serviccedilo os quais
indicavam uma situaccedilatildeo generalizada de precarizaccedilatildeo verificada tanto em aspectos
fiacutesicos (instalaccedilotildees ruins materiais pedagoacutegicos e equipamentos em escassez ou
completa ausecircncia) quanto em aspectos humanos (baixa escolaridade dos
profissionais falta de formaccedilatildeo dos educadores ausecircncia de projeto pedagoacutegico
50
problemas de interaccedilatildeo instituiccedilatildeondashfamiacutelia) (CAMPOS FUumlLGRAFF e WIGGERS
2006 FERNANDES 2011) Tais resultados satildeo importantes pois reforccedilam as
discussotildees sobre a necessidade de um atendimento de qualidade como parte dos
direitos da crianccedila
Ainda nesse sentido por uma concepccedilatildeo da crianccedila como um ser de direitos
foram importantes documentos como a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 o Estatuto da
Crianccedila e do Adolescente ECA ndash Lei nordm 806990 e a Lei de Diretrizes e Bases da
Educaccedilatildeo Nacional LDB ndash Lei nordm939496 (CAMPOS 1999 CAMPOS FUumlLGRAFF e
WIGGERS 2006 ROSSETIndashFERREIRA RAMON e SILVA 2002 BRASIL 2012)
Para Campos (1999) a Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional
(BRASIL 2012) eacute a que promoveu as maiores modificaccedilotildees na Educaccedilatildeo pois
influenciou vaacuterios aspectos em todos os niacuteveis educacionais do paiacutes dentre os
quais o sistema de financiamento o curriacuteculo nacional os sistemas de avaliaccedilatildeo o
uso de novas tecnologias a organizaccedilatildeo da gestatildeo e as possibilidades de se
estabelecer parcerias com organizaccedilotildees natildeo governamentais Entre os itens
indicados por essa autora haacute pelo menos dois que satildeo considerados de extrema
relevacircncia para a Educaccedilatildeo Infantil a) a definiccedilatildeo da Educaccedilatildeo Infantil como
primeira etapa da Educaccedilatildeo Baacutesica ndash fato que transfere a responsabilidade
desta para oacutergatildeos de educaccedilatildeo b) a exigecircncia de formaccedilatildeo preacutevia
(preferencialmente niacutevel superior admitindo-se ainda no miacutenimo o magisteacuterio
ndash no niacutevel de ensino meacutedio) para educadores e professores que se dedicam
ao trabalho com crianccedilas pequenas (CAMPOS FUumlLGRAFF e WIGGERS
2006 ROSSETIndashFERREIRA RAMON e SILVA 2002)
Outros documentos de impacto na organizaccedilatildeo do atendimento de crianccedilas
pequenas foram as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo Infantil
(BRASIL 2010) e o Plano Nacional de Educaccedilatildeo PNE (BRASIL 2001) O primeiro
porque ofereceu subsiacutedios para os projetos pedagoacutegicos das prefeituras e das
unidades de Educaccedilatildeo Infantil e o segundo por ter estabelecido padrotildees miacutenimos
para a infra-estrutura das instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Infantil bem como definiu
as metas de expansatildeo desse atendimento no paiacutes (CAMPOS FUumlLGRAFF e
WIGGERS 2006)
Atualmente segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo
Infantil (BRASIL 2010) o ensino infantil eacute a primeira etapa da Educaccedilatildeo Baacutesica
ofertada por espaccedilos institucionais denominados creches e preacute-escolas em caraacuteter
51
natildeo domeacutestico que constituem estabelecimentos educacionais puacuteblicos ou privados
nos quais se prima pela educaccedilatildeo e cuidado de crianccedilas de 0 a 5 anos de idade no
periacuteodo diurno em jornada integral ou parcial regulados e supervisionados por
oacutergatildeo competente do sistema de ensino e submetidos a controle social
Destaca-se que o acesso ao atendimento em Educaccedilatildeo Infantil
especialmente na faixa etaacuteria entre 0 e 3 anos vem crescendo significativamente
nas diferentes regiotildees brasileiras o que justifica a necessidade de se ampliar os
estudos e pesquisas nessa aacuterea tambeacutem como uma maneira de possibilitar
elementos que promovam a qualidade desse serviccedilo (CAMPOS et al 2011)
Poreacutem mesmo diante desse crescimento e das transformaccedilotildees no
atendimento de Educaccedilatildeo Infantil indicadas anteriormente os serviccedilos e estudos
que evidenciem a crianccedila pequena em particular na faixa etaacuteria de 0 a 3 anos tecircm
sido negligenciados (FERNANDES 2011)
Diante das especificidades da Educaccedilatildeo Infantil e sua evoluccedilatildeo poliacutetica e
histoacuterica merecem particular atenccedilatildeo os sujeitos que a compotildeem especialmente os
educadores a famiacutelia e a crianccedila
251 Concepccedilotildees Sobre A Praacutetica Educativa Institucionalizada Aspectos
Relevantes Para A Promoccedilatildeo Do Desenvolvimento Infantil e Para Uma
Proposta Inclusiva
Dentro de um panorama no qual a crianccedila pequena eacute inserida no cuidado
institucionalizado desde tenra idade e no qual passa cerca de 4 a 8 horas por dia
distante de sua famiacutelia o educador de creche adquire uma funccedilatildeo importante
perante o desenvolvimento infantil natildeo apenas de cuidar e educar senatildeo de
complementar e agraves vezes de suplementar a atenccedilatildeo familiar agrave infacircncia (SILVA e
BOLSANELLO 2002 WINNICOTT 1975 ELTINK 1999) Assim as concepccedilotildees
que permeiam o atendimento satildeo fundamentais pois podem reforccedilar e manter
determinadas accedilotildees agraves vezes distorcidas do que eacute necessaacuterio ou recomendaacutevel
para a praacutetica pedagoacutegica (SCHULTZ 2002 PACHECO E DUPRET 2004)
O cuidado de crianccedilas pequenas durante muito tempo esteve atrelado agrave
figura da mulher sensiacutevel e carinhosa que possuiacutea o perfil de ldquomatildeerdquo e gostava de
52
cuidar de crianccedilas o que fortaleceu o caraacuteter leigo e assistencialista dessa funccedilatildeo
(OLIVEIRA et al 2006 WEBER et al 2006 VERIacuteSSIMO E FONSECA 2003
CERISARA 2002)
Ainda como parte dessa concepccedilatildeo o atendimento voltado para as crianccedilas
menores ocupou - e ainda ocupa - o lugar da necessidade da desproteccedilatildeo da
fragilidade de um trabalho voltado para a alimentaccedilatildeo a higiene o abrigo e o apoio
para o caso de ausecircncia familiar (FERNANDES 2011 GUIMARAtildeES 2011 SOUZA
2008) Tal situaccedilatildeo parece ter corroborado com a desvalorizaccedilatildeo do profissional de
creche em especial o que trabalha com berccedilaacuterio e com a dificuldade em se
estabelecer uma identidade pedagoacutegica nesse serviccedilo (SOUZA 2008 OLIVEIRA et
al 2006 MELCHIORI e ALVES 2001)
Como bem lembra Ramos (2006) a Educaccedilatildeo Infantil embora sua histoacuteria
remonte mais de um seacuteculo como cuidado e educaccedilatildeo extrafamiliar somente nos
uacuteltimos anos passou a ser inserida numa perspectiva educacional em resposta aos
movimentos sociais em defesa dos direitos das crianccedilas
Como parte dessa transiccedilatildeo do assistencialismo para a funccedilatildeo pedagoacutegica
alguns temas passaram a fazer parte das discussotildees no acircmbito profissional da
Educaccedilatildeo Infantil e de pesquisas na aacuterea com mais frequecircncia os quais facilmente
se destacam formaccedilatildeo profissional desenvolvimento infantil relaccedilatildeo adulto-crianccedila
viacutenculo planejamento diversidade competecircncia infantil entre outros Nesse
sentido tambeacutem se deve levar em conta que parece ser inevitaacutevel a revisatildeo das
bases e paradigmas educacionais vigentes pois haacute que se promover um diaacutelogo
com as mudanccedilas inerentes ao mundo atual (GOMES 2009)
Com a execuccedilatildeo de pesquisas na aacuterea descortinou-se aspectos muito
relevantes e contraditoacuterios do trabalho do educador de creche os quais ajudam a
perceber concepccedilotildees e necessidades e fazem entender quais pilares vem
suportando esse atendimento
Lordelo (1995 1998) indicou em seus estudos que os educadores natildeo se
mostravam como parceiros do desenvolvimento infantil pois trabalhavam em funccedilatildeo
de responder agraves necessidades mais imediatas e predominantemente fiacutesicas das
crianccedilas atendidas Melchiori e Alves (2001) revelam que os educadores natildeo tecircm
consciecircncia de sua funccedilatildeo como promotores de desenvolvimento infantil Jaacute
Veriacutessimo e Fonseca (2003) perceberam que o atendimento de bebecircs na creche eacute
fortemente centrado na atenccedilatildeo quanto agrave higiene e alimentaccedilatildeo
53
Vitta e Emmel (2004) identificaram uma tendecircncia de que o trabalho no
berccedilaacuterio seja pautado na concepccedilatildeo e na experiecircncia de maternagem dos
educadores Jaacute no estudo de Oliveira et al (2006) os educadores demonstraram
possuir a crenccedila de que para atender crianccedilas pequenas bastava ser mulher e ter
experiecircncia com crianccedilas Alves (2006) percebeu que a ideia de cuidado estaacute
relacionada agrave funccedilatildeo de matildee e natildeo agrave funccedilatildeo de professor ou de educador Nesse
sentido Veriacutessimo (2001) identificou um sentimento contraditoacuterio entre os
educadores Enquanto eles acreditam que associar funccedilatildeo materna com a praacutetica
profissional eacute algo depreciativo por outro lado esperam que as crianccedilas nutram
afeto ldquofilialrdquo por eles
Soejima (2008) salienta que os educadores que participaram de sua
pesquisa demonstraram ter aprendido teorias sobre o desenvolvimento infantil na
graduaccedilatildeo mas que natildeo conseguiam fazer uso desse conhecimento no cotidiano da
creche Igualmente Souza (2008) verificou que os educadores possuem formaccedilatildeo
continuada sobre desenvolvimento infantil mas que encontram dificuldades em
transpor para a accedilatildeo o seu conhecimento
Tambeacutem se destacam conceitos pertinentes ao desenvolvimento humano e
especificamente voltados ao desenvolvimento da crianccedila pequena Vitta (2004)
Souza (2008) e Soejima e Bolsanello (2012) evidenciaram falta de conhecimentos
abrangentes e consistentes sobre desenvolvimento infantil por parte dos educadores
em seus estudos Estes quando aparecem satildeo mais voltados agrave priorizaccedilatildeo de
fatores ambientais logo gerando uma crenccedila ambientalista de desenvolvimento
(MELCHIORI e ALVES 2001 MELCHIORI et al 2007 SOUZA 2008)
Sobre desenvolvimento infantil Soejima e Bolsanello (2012) verificaram a
concepccedilatildeo entre os educadores de que quanto menos ativas as crianccedilas eram mais
saudaacuteveis e que quanto mais ativas mais problemaacuteticas Sob esse aspecto cabe
questionar a qualidade da formaccedilatildeo dos educadores conforme jaacute proposto por Silva
(2003) Vitta e Emmel (2004) Kramer (2006) Souza (2008) e Soejima (2008) Nesse
sentido ressaltam-se os achados de Schultz (2002) ao pesquisar a educaccedilatildeo de
crianccedilas entre 0 e 3 anos e nos quais afirma que a formaccedilatildeo dos professores dessa
faixa etaacuteria pode interferir no desenvolvimento fiacutesico e psiacutequico e no bom
desempenho da crianccedila em seu futuro jaacute que segundo a autora haacute uma relaccedilatildeo de
dependecircncia entre a formaccedilatildeo do educador e a qualidade de seu trabalho
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Por outro lado a rotina dessas trabalhadoras mostra-se estressante com
muitas atribuiccedilotildees e com pouco ou nenhum tempo para o planejamento e reflexatildeo
sobre sua praacutetica ou mesmo para o cumprimento do que foi planejado assim como
natildeo raro haacute a precarizaccedilatildeo da estrutura fiacutesica dos ambientes com poucos materiais
e excessivo nuacutemero de crianccedilas por educadora (NAZAacuteRIO 2002 ONGARI e
MOLINA 2003 ALVES 2006 OLIVEIRA et al 2006 LORDELO et al 2007
SOUZA 2008) Haacute que se pensar que a fadiga tanto fiacutesica quanto mental a falta de
tempo a frustraccedilatildeo por suas condiccedilotildees de trabalho satildeo aspectos que impedem um
trabalho com qualidade e devem ser amplamente investigados (PEREIRA 2003
SOUZA 2008 BOLSANELLO 2009)
Guimaratildees (2011) percebeu que a rotina na creche eacute fortemente baseada no
controle e na automaccedilatildeo das atividades Segundo ela os educadores falam muito
para as crianccedilas e natildeo com as crianccedilas como citado por ela descrevendo a rotina
ldquodo colo ao chatildeo do chatildeo para a cadeira da cadeira novamente para o chatildeo o
corpo dos bebecircs eacute conduzido pelos adultos em razatildeo das necessidades
emergentes e do tempo correto para cada umardquo Tal dado corrobora com os
achados de Souza (2008) no qual um dos educadores de seu estudo analisa a
rotina de trabalho em creche como uma espeacutecie de ldquofordismordquo infantil pois natildeo eacute
possiacutevel dar conta da individualidade das crianccedilas
Diante desses estudos destaca-se que o cotidiano da Educaccedilatildeo Infantil eacute
muito mais complexo do que parece agrave primeira vista Natildeo eacute tarefa simples apreendecirc-
lo e analisaacute-lo (CARVALHO 2006) Contudo eacute a partir de discussotildees conscientes
sobre os aspectos envolvidos nos atendimentos agrave crianccedila pequena que se tornaraacute
possiacutevel ampliar a compreensatildeo sobre o que eacute preciso para que os espaccedilos da
Educaccedilatildeo Infantil se tornem contextos plenos e fomentadores do desenvolvimento
humano da capacidade de aprendizagem da socializaccedilatildeo e do exerciacutecio da
cidadania (LIMA e BHERING 2006)
Ou ainda como afirmado por Gomes (2009) pensar em educaccedilatildeo de
crianccedilas com qualidade envolve natildeo soacute considerar a travessia dos profissionais da
creche para a aacuterea de educaccedilatildeo e sua formaccedilatildeo senatildeo buscar tambeacutem natildeo
descaracterizar suas histoacuterias suas experiecircncias superando o assistencialismo
objetivando a garantia dos direitos das crianccedilas e conjuntamente os direitos dos
educadores
55
Ainda junto agraves afirmaccedilotildees de Gomes (2009) pensa-se que o que se potildee
tambeacutem como uma questatildeo importante ou seja a capacidade do educador de
produzir reflexatildeo sobre sua praacutetica podendo conceituaacute-la e transformaacute-la Entre as
reflexotildees haveria de ser integrado aleacutem dos aspectos de cuidar e educar fatores
relativos ao desenvolvimento humano Afinal ao cuidar e ao educar se estaacute lidando
com um ser em desenvolvimento intenso cujos marcos iniciais de sua constituiccedilatildeo
como indiviacuteduo estatildeo tambeacutem agrave mercecirc do olhar de quem o cuida e o educa
diariamente Sendo assim entender processos elementares e fundamentais do
desenvolvimento humano essencialmente nos primeiros anos eacute relevante tanto
para a organizaccedilatildeo e planejamento do cotidiano de atendimento quanto para o
estabelecimento de estrateacutegias na Educaccedilatildeo Infantil (CARVALHO SALLES e
GUIMARAtildeES 2002)
Logo promover a avaliaccedilatildeo do atendimento (no conjunto profissionais
ambiente interaccedilatildeo com a famiacutelia estrateacutegias de planejamento e atividades
desenvolvidas) eacute algo importante principalmente no que diz respeito ao contexto
dos primeiros anos de vida dada a sua especificidade e importacircncia no futuro do
indiviacuteduo (LIMA e BHERING 2006)
Aleacutem de questotildees como a formaccedilatildeo dos educadores e suas concepccedilotildees
tambeacutem vale a consideraccedilatildeo de como se verifica a relaccedilatildeo entre elas e as famiacutelias
das crianccedilas atendidas Afinal a interaccedilatildeo entre a famiacutelia e a instituiccedilatildeo de
Educaccedilatildeo Infantil eacute relevante para que ambos os contextos conheccedilam melhor a
crianccedila estabeleccedilam criteacuterios educativos comuns discutam modelos de intervenccedilatildeo
e relaccedilatildeo com as crianccedilas e compreendam as especificidades de cada uma (SILVA
2011) Nesse aspecto vale lembrar que eacute na relaccedilatildeo com o adulto cuidador que a
crianccedila vai desde tenra idade estabelecer ldquoelosrdquo de comunicaccedilatildeo com as demais
pessoas com quem convive E por isso mesmo eacute que as accedilotildees de cuidado e
educaccedilatildeo natildeo podem ser accedilotildees mecacircnicas de assear e alimentar apenas (ROCHA
2008)
Contudo as dificuldades dos educadores tambeacutem passam pela precaacuteria
interaccedilatildeo com as famiacutelias das crianccedilas atendidas (LORDELO et al 2007 SOUZA
2008 CAMPOS et al 2011 FERNANDES 2011)
Correa (2007) argumenta em sua pesquisa que a relaccedilatildeo famiacutelia-instituiccedilatildeo
eacute um ponto a ser considerado para a promoccedilatildeo de um atendimento de qualidade
56
Silva (2011) percebeu em seu estudo que os educadores natildeo demonstram
conhecer ao certo como se daacute o contexto familiar das crianccedilas que atendem Souza
(2008) observou que a famiacutelia natildeo participa ativamente da rotina da creche na
maioria das vezes deixando a crianccedila na porta da instituiccedilatildeo
Os projetos pedagoacutegicos analisados por Fernandes (2011) indicaram um
perfil de famiacutelia visto pela escola como um grupo que precisa de ajuda e que pode
contribuir pouco com a Instituiccedilatildeo Instituiccedilatildeo essa que convida o adulto-cuidador
mais a confraternizar que compartilhar responsabilidades A autora tambeacutem verificou
que haacute a necessidade de os pais participarem efetivamente das accedilotildees da creche
pois segundo ela ao criar espaccedilos de diaacutelogo troca parcerias pode-se favorecer e
estimular as famiacutelias a viverem experiecircncias sociais mais amplas a partilhar as
anguacutestias alegrias e inseguranccedilas advindas do cotidiano favorecendo a superaccedilatildeo
das ideias assistencialistas acerca da Educaccedilatildeo Infantil em especial da que atende
a crianccedila com idade entre zero e 3 anos Por outro lado percebe-se que os pais
nem sempre se excluem de participar tanto do cotidiano da Instituiccedilatildeo quanto da
educaccedilatildeo de seus filhos (FERNANDES 2011 SILVA 2011)
Diante dos dados apresentados acima se destaca a necessidade de se
investigar de modo mais apropriado o papel dos pais diante do cuidar do educar e
da promoccedilatildeo do desenvolvimento de seus filhos ainda bebecircs jaacute que esses uacuteltimos
estatildeo cada vez mais precocemente adentrando ao atendimento institucionalizado
que por sua vez encontra-se envolto em suas proacuteprias contradiccedilotildees necessidades
e lutas Os familiares poderiam participar colaborar contribuir de modo a Educaccedilatildeo
Infantil ter uma identidade melhor cunhada valorizando inclusive o trabalho dos
educadores Em outras palavras conforme assinalado por Fernandes (2011) a
identidade da Educaccedilatildeo Infantil para ser constituiacuteda em suas especificidades
precisa urgentemente integrar as famiacutelias
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3 MEacuteTODO
O delineamento metodoloacutegico teve como eixo a questatildeo de pesquisa
apresentada na introduccedilatildeo do presente estudo
Quais concepccedilotildees norteiam o processo de inclusatildeo da crianccedila pequena com
necessidades especiais no contexto dos Centros Municipais de Educaccedilatildeo
Infantil (CMEIs) segundo suas Matildees suas Educadoras na Educaccedilatildeo Infantil e
suas Professoras do Atendimento Educacional Especializado
Para responder a esta questatildeo mostrou-se pertinente realizar um estudo
qualitativo exploratoacuterio e comparativo Por seu caraacuteter qualitativo seraacute realizada
anaacutelise interpretativa e contextual dos dados sem a pretensatildeo de medir numeacuterica ou
estatisticamente os fenocircmenos estudados tampouco deveratildeo ser generalizados os
resultados encontrados (SAMPIERI COLLADO e LUCIO 1998) Eacute exploratoacuterio por
se tratar de um tema ou problema de pesquisa pouco estudado e portanto com
poucas pesquisas evidenciadas na literatura destacando-se a escassez de estudos
nesse acircmbito na realidade brasileira (SAMPIERI COLLADO e LUCIO 1998)
Segundo os autores citados o estudo exploratoacuterio serve para familiarizar o
pesquisador com fenocircmenos ainda natildeo suficientemente conhecidos podendo
determinar tendecircncias identificar aacutereas ambientes contextos e situaccedilotildees de
estudo O aspecto comparativo se verificaraacute no tratamento dos dados coletados
pela busca de possiacuteveis relaccedilotildees (discrepacircncias ou aproximaccedilotildees) entre as
concepccedilotildees dos participantes do estudo especialmente acerca da inclusatildeo da
crianccedila pequena com deficiecircncia que frequenta o CMEI (SAMPIERI COLLADO e
LUCIO 1998)
31 CONTEXTO
O contexto dessa pesquisa envolveu 04 (quatro) instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo
Infantil da rede puacuteblica de um municiacutepio da regiatildeo metropolitana de Curitiba que
58
atendem crianccedilas pequenas com deficiecircncia em turmas de berccedilaacuterio e maternal
situado no Estado do Paranaacute Foram escolhidas as turmas de berccedilaacuterio e maternal
por elas abarcarem crianccedilas com a faixa etaacuteria compreendida entre zero e 36
meses
Nesse municiacutepio no ano de 2012 em turmas de berccedilaacuterio (I e II) maternal (I
II e III) e preacutendashescola (I e II) houve um total de 4315 matriculas dessas estatildeo
considerados ldquocasos de inclusatildeordquo apenas 25 crianccedilas no momento em que foi
realizada a pesquisa Desse contingente apenas 08 casos de inclusatildeo educacional
eram de educandos em turmas de berccedilaacuterio e maternal Poreacutem como os criteacuterios de
elegibilidade para a participaccedilatildeo na presente pesquisa solicitavam que as turmas de
inclusatildeo atendessem a faixa etaacuteria entre 0 e 3 anos (creche) e tambeacutem que o
educando participasse do Atendimento Educacional Especializado passaram a se
enquadrar apenas 04 alunos tidos como casos de inclusatildeo que frequentavam 04
instituiccedilotildees diferentes abaixo denominadas de Instituiccedilotildees A B C e D
A Instituiccedilatildeo A atende um total de 180 crianccedilas dividas em turmas de
maternal e preacutendashescola
A Instituiccedilatildeo B atende um total de 376 crianccedilas dividas em turmas de
berccedilaacuterio maternal e preacute-escola
A Instituiccedilatildeo C atende um total de 280 crianccedilas dividas em turmas de
berccedilaacuterio e maternal
Jaacute a Instituiccedilatildeo D atende um total de 220 crianccedilas dividas em turmas de
berccedilaacuterio maternal e preacutendashescola
Todas as instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Infantil funcionam em periacuteodo integral das
07 agraves 18h
Segundo informaccedilotildees das equipes gestoras as Instituiccedilotildees B e C atendem
tambeacutem populaccedilatildeo considerada de risco social
Destaca-se que as turmas de berccedilaacuterio satildeo divididas em berccedilaacuterio I e II e
recebem crianccedilas com faixa etaacuteria entre 4 a 11 meses e entre 12 e 18 meses
respectivamente As turmas de Maternal que satildeo divididas em I e II atendem
educandos com idade entre 18 a 24 meses e entre 24 e 36 meses (completos
durante o ano letivo) respectivamente
Tambeacutem eacute importante ressaltar que o Atendimento Educacional Especializado
ndash AEE eacute desenvolvido de modo geral nas chamadas Salas de Recursos
Multifuncionais Essas salas satildeo espaccedilos estruturados de modo a atender
59
adequadamente as necessidades dos alunos foco da Educaccedilatildeo Especial e no
contexto pesquisado estatildeo lotadas dentro de instituiccedilotildees do Ensino Regular Todas
elas atendem educandos que estatildeo em situaccedilatildeo de inclusatildeo educacional tanto no
Ensino Fundamental quanto na Educaccedilatildeo Infantil
32 PARTICIPANTES
Foram considerados participantes da pesquisa
a) Matildees (pessoas responsaacuteveis cuidadoras principais que desempenham a
funccedilatildeo materna) de crianccedilas com idade entre zero e 36 meses com
necessidades especiais que participam do Atendimento Educacional
Especializado aleacutem de frequentar turmas de berccedilaacuterio (I e II) ou maternal (I e
II) em classe regular na Educaccedilatildeo Infantil no sistema puacuteblico de um
municiacutepio da regiatildeo metropolitana de Curitiba Paranaacute
Neste estudo participaram 04 matildees cujos filhos estatildeo matriculados em uma
das seguintes turmas berccedilaacuterio II maternal I e maternal II
b) Educadoras Regentes que trabalham em turmas de berccedilaacuterio (I e II) e
maternal (I e II) e que atendam as crianccedilas cujas matildees satildeo participantes
desse estudo O grupo de educadoras participantes contou com 09
profissionais Destas 03 eram regentes de berccedilaacuterio I 04 atendem turmas de
maternal I e 02 em maternal II
c) Professoras do Atendimento Educacional Especializado que atendam as
crianccedilas cujas matildees e educadoras participam deste estudo Nesse estudo
participaram 04 Professoras do AEE
Apoacutes apresentar o projeto para a Secretaria de Educaccedilatildeo para as
Gerecircncias de Educaccedilatildeo Especial e Inclusatildeo e para a de Educaccedilatildeo Infantil desse
municiacutepio foi feito o protocolo de solicitaccedilatildeo para a realizaccedilatildeo da pesquisa Em
acordo com o aceite da solicitaccedilatildeo e com a orientaccedilatildeo das Gerecircncias foi realizado o
primeiro contato com as equipes gestoras dos CMEIs que iriam participar No
primeiro contato foi solicitado agrave pesquisadora que entregasse a todas as equipes
60
gestoras uma carta de apresentaccedilatildeo Nesta havia uma breve explicitaccedilatildeo de quem
era a pesquisadora e informaccedilotildees principais do estudo ndash estas uacuteltimas seguiram
recomendaccedilatildeo da Gerecircncia de Educaccedilatildeo Especial e Inclusatildeo Desse modo apoacutes ter
feito a apresentaccedilatildeo do projeto para as equipes gestoras com a explicitaccedilatildeo dos
objetivos do meacutetodo e do termo de consentimento livre e esclarecido (anexo) e de
obter destas a autorizaccedilatildeo para executar a pesquisa em suas unidades elas se
comprometeram a entrar em contato com as educadoras e com as matildees para
agendar novo encontro agora com as participantes da pesquisa Os encontros com
as matildees e com as educadoras participantes desse estudo foram realizados de modo
individual em dia e hora previamente marcados nas dependecircncias das Instituiccedilotildees
em que as crianccedilas eram atendidas na Educaccedilatildeo Infantil
A participaccedilatildeo destas matildees e das educadoras se deu de modo voluntaacuterio
apoacutes serem esclarecidos os pormenores da pesquisa e dirimidas possiacuteveis duacutevidas
sobre o propoacutesito e uso das informaccedilotildees Tambeacutem foi solicitado agraves participantes
para ler o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para entatildeo proceder com a
assinatura e a entrevista propriamente dita
No caso da participaccedilatildeo das professoras do Atendimento Educacional
Especializado natildeo foi necessaacuteria a mediaccedilatildeo das equipes gestoras das instituiccedilotildees
O contato foi feito diretamente entre a pesquisadora e as convidadas Da mesma
forma por meio da carta de apresentaccedilatildeo e conversa pessoal houve o
esclarecimento do conteuacutedo da pesquisa seus objetivos e meacutetodo Apoacutes a
apresentaccedilatildeo do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido foi dado
procedimento agraves entrevistas
33 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS
Com a finalidade de coletar os dados foram elaborados roteiros de
entrevistas semiestruturadas levando em consideraccedilatildeo os objetivos desse estudo
Todos os roteiros de entrevista possuiacuteam uma parte em comum para que se
pusesse coletar e organizar os dados para a anaacutelise comparativa dos mesmos
61
O roteiro de entrevista aplicado agraves matildees (Anexo A) possuiacuteam quatro partes
a) caracterizaccedilatildeo da matildee b) caracterizaccedilatildeo da famiacutelia c) caracterizaccedilatildeo da crianccedila
em desenvolvimento e d) concepccedilotildees sobre o processo inclusivo
Para as educadoras de CMEI (Anexo B) e para as professoras do
Atendimento Educacional Especializado (Anexo C) o roteiro de perguntas tambeacutem
foi dividido em quatro partes a) caracterizaccedilatildeo da entrevistada b) caracterizaccedilatildeo do
trabalho da entrevistada c) concepccedilotildees sobre a crianccedila em desenvolvimento e d)
concepccedilotildees sobre o processo inclusivo
Optou-se por roteiros de entrevistas semiestruturadas com perguntas
abertas pois possibilitam aos entrevistados maior liberdade em respondecirc-las
(LUDKE e ANDREacute 1986) As entrevistas tiveram duraccedilatildeo meacutedia de 60 minutos e
foram realizadas pela pesquisadora em ambiente reservado dentro do contexto de
pesquisa Com preacutevio consentimento das entrevistadas os dados foram gravados
posteriormente transcritos na iacutentegra e analisados agrave luz da literatura pertinente
34 PROCEDIMENTOS DE ANAacuteLISE DE DADOS
Os dados coletados foram analisados por meio de uma abordagem
qualitativa com a utilizaccedilatildeo de anaacutelise de conteuacutedo Foram seguidos na iacutentegra os
passos utilizados por Bolsanello (1998) em sua pesquisa a qual se baseou em
Bardin (1979) a seguir
Apoacutes serem transcritas as entrevistas foram lidas sem qualquer tentativa
de seleccedilatildeo de informaccedilotildees
A seguir os dados brutos das respostas de cada item das entrevistas e
das gravaccedilotildees de aacuteudio foram codificados e agregados em unidades com a
eleiccedilatildeo do tema como unidade de registro e a proximidade conceitual como
regra de enumeraccedilatildeo
Os temas obtidos na codificaccedilatildeo foram reagrupados procedendo-se a um
trabalho de definiccedilatildeo e classificaccedilatildeo de categorias que resultaram no
levantamento de um conjunto de categorias e subcategorias representativas
da totalidade das comunicaccedilotildees
62
Finalmente foi realizada a classificaccedilatildeo e a categorizaccedilatildeo que levaram a
uma descriccedilatildeo das caracteriacutesticas relevantes do conteuacutedo investigado
permitindo gerar inferecircncias e comparaccedilotildees sobre todo o processo de
comunicaccedilatildeo e levando agrave anaacutelise dos dados envolvendo o cruzamento de
todas as informaccedilotildees obtidas
35 CUIDADOS EacuteTICOS
Os procedimentos eacuteticos do presente estudo obedeceram aos criteacuterios da
Eacutetica na Pesquisa com Seres Humanos Os principais cuidados eacuteticos foram
utilizaccedilatildeo de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (ANEXOS D E e F)
permissatildeo das entrevistadas para gravaccedilatildeo das entrevistas garantia do anonimato
das participantes
Tais cuidados garantem de acordo com Cozby (2003) a participaccedilatildeo totalmente
informada e voluntaacuteria das entrevistadas
63
4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
Para a descriccedilatildeo e anaacutelise das caracteriacutesticas relevantes do conteuacutedo
investigado agruparam-se as informaccedilotildees em quatro seccedilotildees Inicialmente realizou-
se a caracterizaccedilatildeo das crianccedilas foco da inclusatildeo e a caracterizaccedilatildeo das
entrevistadas (matildees educadoras e professoras) A seguir levantaram-se as
concepccedilotildees das entrevistadas sobre a crianccedila que estaacute em inclusatildeo Por fim
buscou-se identificar as concepccedilotildees sobre o processo inclusivo na Educaccedilatildeo
Infantil propriamente dito
41 Seccedilatildeo 01 Caracterizaccedilatildeo das Participantes
411 Caracterizaccedilatildeo das crianccedilas foco da inclusatildeo
Pensando que a inclusatildeo educacional de crianccedilas pequenas com
necessidades especiais evidencia um campo sem limites nos quais natildeo se escolhe
a crianccedila que pode ou deve entrar ou natildeo na Educaccedilatildeo Infantil buscou-se identificar
quais eram esses pequenos sujeitos que estatildeo categorizados como alunos em
inclusatildeo Como diria Rodrigues (2006) no campo da educaccedilatildeo natildeo se trata de
melhor caracterizar o que eacute diversidade e quem a compotildee mas de compreender
melhor como as diferenccedilas nos constituem como humanos como somos feitos de
diferenccedilas E portanto no que se refere agrave caracterizaccedilatildeo das crianccedilas que estatildeo em
inclusatildeo pensa-se que eacute tambeacutem uma maneira de se perceber a gama de
condiccedilotildees que devem ser precoce e permanentemente vistas discutidas e
atendidas em suas necessidades e especificidades
Desse modo as matildees entrevistadas falaram sobre sua crianccedila idade
diagnoacutestico quais os serviccedilos que elas frequentam aleacutem da Educaccedilatildeo Infantil e do
Atendimento Educacional Especializado Tambeacutem informaram agrave turma que o filho
64
frequenta o Centro Municipal de Educaccedilatildeo Infantil ndash CMEI e desde quando ele estaacute
matriculado na Educaccedilatildeo Infantil
As quatro crianccedilas cujas matildees participaram da pesquisa possuiacuteam laudos
indicativos sobre seus diagnoacutesticos todos disponiacuteveis nas secretarias das
instituiccedilotildees das quais faziam parte (Quadro 01)
Quadro 01 Distribuiccedilatildeo das crianccedilas segundo laudo meacutedico e diagnoacutestico
Crianccedila Laudo meacutedico disponiacutevel
no CMEI CID ndash 10Diagnoacutestico
Crianccedila 01 Sim CID - F 840 Transtornos Globais do Desenvolvimento ndash Autismo Infantil
Crianccedila 02 Sim CID ndash G 800 Paralisia Cerebral Espaacutestica
Crianccedila 03 Sim CID - Q 870 ndash Siacutendrome de Moebius
Crianccedila 04 Sim CID ndash Q 90 ndash Sindrome de Down
Os laudos meacutedicos apresentavam as seguintes necessidades educacionais
especiais Autismo Infantil (TGD) Paralisia Cerebral Espaacutestica Siacutendrome de
Moebius e Siacutendrome de Down
Foi questionado agraves entrevistadas desde quando seus filhos estatildeo
participando de atendimento em CMEI e qual turma as crianccedilas frequentam
atualmente Nesse sentido elas indicaram o que segue no quadro 02
Quadro 02 Distribuiccedilatildeo das crianccedilas segundo a turma em que estatildeo matriculadas atualmente e o tempo em que frequentam Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil - CMEIs
A idade das crianccedilas variou entre 24 e 36 meses durante o periacuteodo da pesquisa A
crianccedila 01 eacute a mais velha de todas com 36 meses de idade as demais estatildeo na
Crianccedila Turma Atual Haacute quanto tempo frequenta CMEIS
Crianccedila 01 Maternal II Mais de 24 meses
Crianccedila 02 Berccedilaacuterio II Em torno de 8 meses
Crianccedila 03 Maternal I Em torno de 10 meses
Crianccedila 04 Maternal I Em torno de 4 meses
65
faixa etaacuteria dos 24 meses Apenas a crianccedila 02 estaacute com idade fora das indicaccedilotildees
de matriacutecula da turma estando com 24 meses frequentando uma turma para alunos
na faixa etaacuteria de 10 meses a 1 ano e 4 meses As demais estatildeo com idade de
acordo com o esperado para as turmas em que estatildeo matriculadas
Conforme o Quadro 02 eacute possiacutevel verificar que uma crianccedila estaacute matriculada
em turma de Berccedilaacuterio II duas estatildeo em turmas de Maternal I e uma estaacute no
Maternal II Tambeacutem se percebe que a crianccedila 01 eacute a que mais tempo estaacute
frequentando Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil Tendo ela 36 meses de
idade estaacute indo para os serviccedilos da Educaccedilatildeo Infantil desde os 12 meses
aproximadamente As demais crianccedilas foram matriculadas no atual ano letivo Ao
observar as demais crianccedilas eacute possiacutevel inferir que a meacutedia de idade escolhida por
essas matildees para matricularem seus filhos na Educaccedilatildeo Infantil foi de 12 meses
Sendo que de modo geral trecircs dessas crianccedilas permaneceram os primeiros 12
meses em casa aos cuidados da famiacutelia e apenas um educando frequentou Escola
Especial antes de ser matriculado no Centro de Educaccedilatildeo Infantil
O atendimento nos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil - CMEIS eacute
integral para todas as crianccedilas matriculadas contudo os educandos que estatildeo em
inclusatildeo podem ter orientaccedilatildeo para que frequentem apenas parcialmente o
atendimento na instituiccedilatildeo Nesse grupo que participou do estudo percebeu-se que
apenas duas das crianccedilas frequentam o dia todo As outras duas crianccedilas natildeo o
fazem integralmente devido a necessidade de participarem de outros atendimentos
tais como Fonoaudiologia Atendimento Educacional Especializado - AEE
Fisioterapia Nataccedilatildeo entre outros Essas duas crianccedilas que frequentam
parcialmente o CMEI fazem uma meacutedia de 06 horas diaacuterias de atendimento na
Educaccedilatildeo Infantil conforme os relatos das matildees
As participantes comentaram quais outros atendimentos o filho frequenta
aleacutem do Centro Municipal de Educaccedilatildeo Infantil - CMEI e do Atendimento
Educacional Especializado ndash AEE
- Crianccedila 01 Nataccedilatildeo atendimento em um Centro Especializado (Psicologia e
Fonoaudiologia) e Atendimento Educacional Especializado
- Crianccedila 02 Centro Especializado (Fisioterapia Motora Fisioterapia Respiratoacuteria
Terapia Ocupacional Psicologia e Fonoaudiologia) e Atendimento Educacional
Especializado
66
- Crianccedila 03 Nataccedilatildeo Fonoaudiologia Fisioterapia e Atendimento Educacional
Especializado ndash AEE
- Crianccedila 04 Atendimento Educacional Especializado - AEE (semanalmente) e
acompanhamento em hospital de referecircncia (bimestralmente)
412 Caracterizaccedilatildeo das Entrevistadas
Esse subcapiacutetulo traz dados que auxiliam a conhecer quem eram as
entrevistadas Para tal dividiu-se o mesmo em trecircs partes caracterizaccedilatildeo das matildees
caracterizaccedilatildeo das professoras do Atendimento Educacional Especializado - AEE e
caracterizaccedilatildeo das educadoras dos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil -
CMEIs
Ao se decidir por ouvir os relatos desses trecircs grupos de pessoas entendeu-
se que ao cruzar os seus olhares poderia se delinear quadros que identificassem
tendecircncias de como a inclusatildeo de crianccedilas vem ocorrendo e quais questotildees se
mostram relevantes sensiacuteveis ou mesmo mais urgentes a serem discutidas e
revistas em busca de uma praacutetica com mais qualidade O que se justifica tambeacutem
pelo fato de que pesquisas sobre inclusatildeo que levem em consideraccedilatildeo as interaccedilotildees
entre crianccedilandashcrianccedila famiacutelia ndash crianccedila professoras-crianccedila satildeo cada vez mais
importantes para que se possa perceber e problematizar as atitudes o acolhimento
os sentimentos e concepccedilotildees sobre deficiecircncia inclusatildeo e diferenccedilas (YAZLLE
AMORIM ROSSETTI-FERREIRA 2004 SIGOLO e OLIVEIRA 2008)
4121 Caracterizaccedilatildeo das Matildees
Inicialmente foram coletadas informaccedilotildees para caracterizaccedilatildeo das matildees
desse modo foram identificados dados como idade escolaridade e ocupaccedilatildeo das
mesmas (Quadro 03)
67
Quadro 03 ndash Distribuiccedilatildeo das Matildees participantes conforme idade escolaridade e ocupaccedilatildeo
Participante Idade Escolaridade Ocupaccedilatildeo
Matildee 01 31 anos Ensino Meacutedio Dona de casa
Matildee 02 28 anos Graduaccedilatildeo Pedagoga
Matildee 03 23 anos Graduaccedilatildeo Professora
Matildee 04 37 anos Ensino Fundamental Vendedora autocircnoma
A faixa etaacuteria das matildees participantes estaacute entre 23 e 37 anos Duas delas tecircm
como niacutevel de escolaridade a graduaccedilatildeo uma tem formaccedilatildeo em niacutevel Fundamental
e outra em niacutevel meacutedio Apenas uma delas eacute dona de casa as demais possuem
ocupaccedilotildees diferentes ao trabalho de cuidado domeacutestico familiar
Tambeacutem foram caracterizadas as famiacutelias das crianccedilas que estatildeo em
inclusatildeo Foram identificados os membros que compotildee a famiacutelia quem mora com a
crianccedila qual a renda meacutedia mensal da famiacutelia e outro caso de deficiecircncia no grupo
familiar (Quadro 04)
Quadro 04 ndash Distribuiccedilatildeo das Matildees participantes conforme composiccedilatildeo familiar
Participante
Composiccedilatildeo familiar
Matildee 01 Pai da crianccedila Matildee da crianccedila 02 filhos
Matildee 02 Pai da crianccedila Matildee da crianccedila 03 filhos
Matildee 03 X Matildee da crianccedila Avoacute materna avocirc materno e
01 filho
Matildee 04 Pai da crianccedila Matildee da crianccedila 03 filhos
68
Trecircs matildees moram com os pais de suas crianccedilas A matildee que natildeo mora com o
pai de seu filho afirmou que o mesmo natildeo participa de nenhum modo da criaccedilatildeo da
crianccedila No caso em que haacute a ausecircncia do pai bioloacutegico eacute interessante ressaltar
que os dados corroboram a afirmaccedilatildeo de autores como Bronfenbrenner (1996
2011) Dessen e Braz (2005) e Diniz e Koller (2010) quando estes afirmam a
importacircncia dos demais membros que compotildee a famiacutelia no que se refere a dar
sustentaccedilatildeo emocional especialmente quando ocorrem situaccedilotildees de risco para o
desenvolvimento infantil
A renda familiar meacutedia relatada pelas matildees ficou em torno de 06 e 07 salaacuterios
miacutenimos
- Matildee 01 06 salaacuterios miacutenimos
- Matildee 02 entre 06 e 07 salaacuterios miacutenimos
- Matildee 03 06 salaacuterios miacutenimos
- Matildee 04 entre 06 e 07 salaacuterios miacutenimos
Escolaridade dos genitores e renda familiar satildeo dois pontos importantes no
tocante agrave promoccedilatildeo do desenvolvimento na infacircncia pois podem indicar maiores ou
menores chances ou perspectiva de acesso a oportunidades para a ampliaccedilatildeo do
repertoacuterio cognitivo social cultural emocional dos membros que compotildeem a famiacutelia
(LORDELO et al 2007 MUELLER 2008)
Todas as matildees relataram apenas um filho com necessidades especiais na
famiacutelia
4122 Caracterizaccedilatildeo das Professoras do Atendimento Educacional
Especializado
Relembra-se que o Atendimento Educacional Especializado eacute um serviccedilo
dentro da Educaccedilatildeo Especial em conformidade com o Decreto nordm 761111 e que
esse grupo de professores realiza atendimento ao alunado foco da Educaccedilatildeo
Especial e que estatildeo em inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil e no Ensino Fundamental
69
Para tal seu trabalho e sua relaccedilatildeo com a crianccedila pequena com necessidades
especiais eacute fundamental visto que estaacute previsto que elas tambeacutem devem orientar as
famiacutelias e educadoras do CMEI sobre o processo de inclusatildeo desse alunado
Inicialmente foram coletadas informaccedilotildees para caracterizaccedilatildeo das
professoras desse modo foram identificados dados como idade estado civil e
escolaridade (Quadro 05)
Quadro 05 ndash Distribuiccedilatildeo das Professoras do Atendimento Educacional Especializado - AEE conforme idade estado civil ocorrecircncia e quantidade de filhos
Conforme eacute possiacutevel verificar no Quadro 05 a faixa etaacuteria que compotildee o grupo
de Professoras participantes estaacute entre 37 e 49 anos Todas satildeo casadas e tecircm
filhos Tambeacutem foi questionado se elas possuiacuteam alguma formaccedilatildeo especiacutefica para
trabalhar com Educaccedilatildeo Especial e Inclusiva de crianccedilas pequenas e para trabalhar
como professora do AEE Quanto agrave escolaridade das professoras do Atendimento
Educacional Especializado todas elas relataram ter feito vaacuterios cursos de formaccedilatildeo
continuada de curta duraccedilatildeo na aacuterea de Educaccedilatildeo Especial e Inclusatildeo Os dados
estatildeo organizados no Quadro 06 que segue logo abaixo
Participante Idade Estado civilfilhos
P01 45 Casada 2 filhos
P02 49 Casada 3 filhos
P03 37 Casada 2 filhas
P04 40 Casada 2 filhos
70
Quadro 06 ndash Distribuiccedilatildeo das Professoras do Atendimento Educacional
Especializado - AEE conforme sua escolarizaccedilatildeo
Participante Escolaridade
Ensino Meacutedio Graduaccedilatildeo Especializaccedilatildeo
P01 Magisteacuterio Estaacute cursando Pedagogia X
P02 Magisteacuterio Pedagogia com ecircnfase em Educaccedilatildeo Especial
Psicopedagogia
P03 Magisteacuterio Pedagogia Psicopedagogia
P04 Magisteacuterio Pedagogia Psicopedagogia
A professora P02 falou que tem formaccedilatildeo continuada em Estimulaccedilatildeo Visual
As professoras P03 e P04 informaram que estatildeo cursando Especializaccedilatildeo do AEE agrave
distacircncia ofertada pelo MEC Essas professoras que estatildeo cursando a
Especializaccedilatildeo especiacutefica para atuar no atendimento educacional especializado
apontaram que os conteuacutedos aprendidos nele estatildeo sendo muito uacuteteis
especialmente no que se refere ao ensino fundamental pois em grande parte se
baseiam em estrateacutegias praacuteticas para a atuaccedilatildeo docente Sobre Educaccedilatildeo Infantil
as entrevistadas afirmam que haacute conteuacutedos que trazem conceitos e orientaccedilotildees
sobre estimulaccedilatildeo essencial mas essas ainda se mostram um pouco distantes de
sua experiecircncia profissional Nenhuma delas tem formaccedilatildeo na aacuterea especiacutefica de
Educaccedilatildeo Infantil
Foi solicitado que relatassem um pouco de sua trajetoacuteria na aacuterea educacional
Sendo assim foi questionado haacute quanto tempo elas trabalhavam na educaccedilatildeo e se
antes de trabalhar como professora do Atendimento Educacional Especializado -
AEE tiveram outras experiecircncias na aacuterea de educaccedilatildeo (Quadro 07)
71
Quadro 07- Distribuiccedilatildeo das Professoras do Atendimento Educacional Especializado - AEE conforme tempo de trabalho na aacuterea educacional e aacutereas de atuaccedilatildeo dentro da Educaccedilatildeo
Todas informaram se tiveram outras experiecircncias como docentes fora da
Educaccedilatildeo Especial antes de serem professoras do Atendimento Educacional
Especializado - AEE P01 e P04 afirmaram que jaacute tinham tido experiecircncias com
turmas inclusivas antes de ingressarem como docentes no AEE P02 e P03
afirmaram que nunca haviam trabalhado com turmas inclusivas antes de sua
atuaccedilatildeo no AEE
A professora P01 teve um caso na famiacutelia Jaacute as professoras P02 P03 e P04
natildeo tiveram nenhuma experiecircncia marcante com pessoas com necessidades
especiais fora da aacuterea educacional Em acordo com as professoras que jaacute tiveram
alguma experiecircncia com pessoas com necessidades especiais o que se mostra
marcante eacute que esse contato anterior auxilia a como ldquover o deficienterdquo e a como
lidar com ele
4123 Caracterizaccedilatildeo das Educadoras dos Centros Municipais de Educaccedilatildeo
Infantil ndash CMEIs
Todas as entrevistadas atendem crianccedilas pequenas que estatildeo em inclusatildeo
nos Centros de Municipais de Educaccedilatildeo Infantil - CMEIs Participaram 09
Participante Tempo de trabalho na aacuterea
educacional Aacuterea de atuaccedilatildeo
P01 27 anos Educaccedilatildeo Infantil e Fundamental
P02 17 anos Educaccedilatildeo Infantil e Fundamental
P03 20 anos Ensino Fundamental
P04 20 anos Educaccedilatildeo Infantil e Fundamental
72
educadoras que trabalhavam na ocasiatildeo da entrevista com turmas de Berccedilaacuterio e
Maternal Inicialmente foram coletadas informaccedilotildees para caracterizaccedilatildeo das
educadoras desse modo foram identificados dados como idade estado civil se
tinham filhos ou natildeo (Quadro 08)
Quadro 08 - Distribuiccedilatildeo das Educadoras dos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil conforme idade estado civil ocorrecircncia e quantidade de filhos
Conforme o quadro 08 eacute possiacutevel verificar que a faixa etaacuteria das educadoras
participantes estaacute entre 21 e 42 anos 06 delas satildeo casadas 02 satildeo solteiras e uma
eacute viuacuteva Dentro desse grupo 03 das educadoras natildeo tem filhos
Quanto agrave escolaridade foi perguntado se possuiacuteam alguma formaccedilatildeo
especiacutefica para trabalhar com Educaccedilatildeo Infantil e Educaccedilatildeo Especial e Inclusiva
Quatro das educadoras apresentam o curso de magisteacuterio sete delas tem
graduaccedilatildeo em Pedagogia uma ainda estaacute cursando Pedagogia e outra Biomedicina
Participante Idade Estado civilfilhos
E01 27 Casada 2 filhos
E02 28 Casada sem filhos
E03 21 Casada 1 filho
E04 35 Casada 2 filhos
E05 27 Solteira sem filhos
E06 42 Viuacuteva 3 filhos
E07 29 Casada 2 filhos
E08 22 Solteira sem filhos
E09 32 Casada 1 filho
73
cinco das profissionais possuem especializaccedilatildeo dessas quatro na aacuterea de
Psicopedagogia e outra em Educaccedilatildeo Infantil (Quadro 09)
Quadro 09 - Distribuiccedilatildeo das Educadoras dos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil conforme sua Escolaridade
As educadoras E02 E04 E05 E06 E07 e E08 natildeo tiveram nenhuma
formaccedilatildeo especiacutefica sobre Educaccedilatildeo Especial e Inclusatildeo aleacutem das disciplinas
proacuteprias da formaccedilatildeo baacutesica (Magisteacuterio ou Pedagogia)
Jaacute as educadoras E01 E03 e E09 fizeram um curso de formaccedilatildeo continuada
no municiacutepio sobre a inclusatildeo no Ensino Fundamental Natildeo havia ateacute o momento
da coleta de dados referecircncias sobre a oferta de alguma formaccedilatildeo continuada que
evidenciasse a inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil
Foi perguntado se elas tiveram outras experiecircncias como professoras de
turmas de inclusatildeo antes dessa situaccedilatildeo atual
Participante Escolaridade
Ensino Meacutedio Graduaccedilatildeo Especializaccedilatildeo
E01 X Pedagogia Psicopedagogia
E02 X Pedagogia X
E03 Magisteacuterio Pedagogia Psicopedagogia Gestatildeo Escolar
E04 Magisteacuterio Pedagogia ndashcursando X
E05 X Pedagogia X
E06 Magisteacuterio Pedagogia Psicopedagogia
E07 X Pedagogia Educaccedilatildeo Infantil -
cursando
E08 Magisteacuterio Biomedicina ndash
cursando X
E09 X Pedagogia Psicopedagogia -
cursando
74
Quatro das educadoras (E01 E06 E07 e E08) afirmaram positivamente que
tiveram alguma outra experiecircncia com alunos de inclusatildeo antes desse caso atual e
afirmam que isso as ajuda de algum modo nessa turma
Contrariamente cinco delas (E02 E03 E04 E05 e E09) natildeo tiveram nenhum
aluno de inclusatildeo antes desse caso atual
Ainda quanto agraves experiecircncias anteriores com pessoas com necessidades
especiais elas informaram se jaacute tiveram alguma fora da aacuterea educacional
Cinco educadoras (E01 E02 E03 E07 e E08) afirmaram que tiveram
experiecircncias com pessoas com necessidades especiais fora da aacuterea educacional
As outras quatro educadoras (E04 E05 E06 e E09) natildeo tiveram nenhuma
experiecircncia com pessoas com necessidades especiais fora da Educaccedilatildeo Infantil
As participantes informaram o tempo de trabalho na Educaccedilatildeo de modo
geral especificamente na Educaccedilatildeo Infantil e tempo em que estatildeo atendendo essa
turma
Das nove participantes oito soacute tiveram experiecircncia na Educaccedilatildeo Infantil e
uma educadora jaacute trabalhou tambeacutem no Ensino Fundamental
O tempo de atuaccedilatildeo na aacuterea educacional variou de 04 meses a 10 anos No
que se refere agrave atuaccedilatildeo na Educaccedilatildeo Infantil o tempo de trabalho variou igualmente
de 04 meses a 10 anos
Quando questionadas sobre haacute quanto tempo atendem nas turmas atuais
foram obtidas as seguintes respostas 05 educadoras atendem a turma desde o
iniacutecio do ano o que equivale a algo em torno de 09 meses 01 estaacute haacute cerca de 06
meses e 03 das educadoras estatildeo atendendo a turma atual a menos de 06 meses
conforme o que estaacute organizado no Quadro 10 que segue logo abaixo
75
Quadro 10 - Distribuiccedilatildeo das Educadoras dos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil conforme o tempo de atuaccedilatildeo na Educaccedilatildeo de modo geral especificamente na Educaccedilatildeo Infantil e na turma que atende atualmente
42 Seccedilatildeo 02 Concepccedilotildees das Matildees Educadoras e Professoras sobre a
crianccedila que estaacute em inclusatildeo
Foram solicitadas as participantes que relatassem como concebem a crianccedila
pequena que tem necessidades educacionais especiais em relaccedilatildeo as suas
condiccedilotildees e seu processo de inclusatildeo
421 As Matildees e suas crianccedilas
A matildee M01 disse que jaacute desconfiava que o filho tivesse autismo e nega ter
ficado surpresa quando teve a notiacutecia poreacutem seu marido ficou muito triste Apoacutes
Participante Tempo de atuaccedilatildeo na
Educaccedilatildeo Tempo de atuaccedilatildeo na
Educaccedilatildeo Infantil Tempo que atende
essa turma
E01 08 anos 01 ano
01 mecircs
E02 04 meses 04 meses
04 meses
E03 05 anos 05 anos
09 meses
E04 04 anos 04 anos
09 meses
E05 01 ano 01 ano
03 meses
E06 10 anos 10 anos 09 meses
E07 09 anos 09 anos
09 meses
E08 02 anos 02 anos
09 meses
E09 03 anos 03 anos
06 meses
76
receber o diagnoacutestico o apoio da equipe que faz o atendimento especializado na
aacuterea de sauacutede foi fundamental para que a aceitaccedilatildeo do pai fosse sendo construiacuteda
A matildee M02 tambeacutem afirmou que jaacute estava preparada em relaccedilatildeo ao
diagnoacutestico do filho pois teve um parto prematuro com vaacuterias intercorrecircncias para a
crianccedila Desse modo desde os primeiros meses fazia um acompanhamento
rigoroso da sauacutede e do desenvolvimento da crianccedila o que culminou em um
diagnoacutestico de paralisia cerebral
Jaacute para a matildee M03 que teve uma gestaccedilatildeo tranquila a notiacutecia de que a filha
tinha uma siacutendrome veio de uma forma um pouco mais complexa
dai veio a pediatra veio e eu nunca vou esquecer a cara daquela japonesa na minha frente Ela olhava pra mim e eu perguntei ela taacute bem doutora E ela respondeu olha bem pra tua filha Ela tem cara de crianccedila normal Aquele dia foi o maior baque O baque foi porque eu tinha receacutem parido tava inchada doiacuteda e tinha tudo isso e dai eu chorei muito
A matildee M04 tambeacutem teve uma experiecircncia negativa em relaccedilatildeo agrave forma como
foi dada a notiacutecia da condiccedilatildeo da filha
foi logo depois do parto [] Fazia seis horas que ela tinha nascido aiacute a estagiaacuteria foi no quarto e perguntou pela paciente do leito tal e disse vocecirc viu que a tua neneacutem eacute deficiente matildee virou as costas e saiu
Para a matildee M04 o fato de ter dito que a filha era deficiente foi o que mais
chocou porque ela supocircs que queria dizer que a crianccedila teria muito mais
necessidade de cuidados Poreacutem quando falaram que era Siacutendrome de Down
como ela jaacute tinha um pouco de conhecimento sobre a situaccedilatildeo entatildeo se sentiu mais
aliviada quanto agraves condiccedilotildees de sua menina
O choque inicial quando os pais recebem a notiacutecia de que seu filho apresenta
alguma alteraccedilatildeo no desenvolvimento eacute natural e para que o impacto de um
diagnoacutestico ou condiccedilatildeo desconhecida possa ser minimizado eacute fundamental que
eles tenham algum tipo de apoio e orientaccedilatildeo (MINETTO 2010 SCHMITERLOumlW e
FERNANDEZ 2004 PRADO 2005)
Tambeacutem haacute que se ter em destaque que a condiccedilatildeo diferenciada do
desenvolvimento e da sauacutede do filho pode gerar tambeacutem problemas no processo de
vinculaccedilatildeo dele com seus pais e isso podem leva-los a desenvolver uma tendecircncia
77
ao isolamento social que limita as experiecircncias do filho (MINETTO 2010 DE
LINARES 2003 GURALNICK 2000)
Desse modo foi possiacutevel verificar que para todas as matildees o que parece ter
sido fundamental no entendimento da condiccedilatildeo de seus filhos foram os apoios
recebidos nos primeiros meses de vida das crianccedilas em acordo com as informaccedilotildees
logo a seguir
A matildee M01 leva o filho em um centro de apoio especializado em autismo no
qual recebe apoio e orientaccedilatildeo de neurologista e de psicoacuteloga Segundo ela
eu me sinto preparada lidando com ele Antes eu ouvia falar mas eu natildeo sabia o que fazer Hoje eu sei o que fazer com ele eu sei como cuidar dele Ele estaacute sendo bem acompanhado Estou preparada para ajuda-lo
A matildee M02 leva o filho para fazer acompanhamento com meacutedico neurologista
desde o nascimento prematuro e sempre teve apoio e orientaccedilatildeo sobre como
proceder com a crianccedila
A matildee M03 disse que logo apoacutes o diagnoacutestico da filha encontrou uma pediatra
que a apoiou logo nos primeiros meses e que indicou um centro de referencia para
os outros atendimentos que eram necessaacuterios assim como tambeacutem indicou uma
associaccedilatildeo especializada em casos como o de sua crianccedila
A matildee M04 logo apoacutes a confirmaccedilatildeo do diagnoacutestico de Sindrome de Down
tambeacutem foi convidada a participar de um centro de referecircncia para essa siacutendrome
tendo conversado com as assistentes sociais o que segundo ela fez toda a
diferenccedila para um melhor entendimento da condiccedilatildeo da filha
No presente estudo as matildees sugerem que estatildeo construindo uma percepccedilatildeo
positiva de seus filhos e mostram-se interessadas pelo desenvolvimento das
crianccedilas poreacutem haacute estudos como o de Castro (2002) que indicam que matildees de
crianccedilas com doenccedilas crocircnicas aparentavam ser menos responsivas quando na
interaccedilatildeo com seus filhos e manifestando uma tendecircncia maior de ter
comportamentos e sentimentos ambivalentes
Para Schmiterloumlw e Fernandez (2004) cada famiacutelia que tem um filho com
alteraccedilotildees em seu desenvolvimento apresenta um modo proacuteprio de lidar com as
condiccedilotildees de sua crianccedila assim como desenvolve necessidades especiacuteficas
portanto atendimentos que visem dar apoio e orientaccedilatildeo familiar natildeo devem ser
homogecircneos
78
Os trechos abaixo satildeo demonstrativos da satisfaccedilatildeo que as matildees
expressaram durante a entrevista ao falarem sobre suas crianccedilas
A matildee M01 diz que seu filho
eacute uma crianccedila feliz Apesar de ele natildeo falar ele tenta se comunicar da melhor forma que ele consegue para pedir as coisas Ele eacute muito feliz carinhoso gosta de carinho gosta de brincar
Para a matildee M02 o filho
eacute muito especial muito carinhoso bonzinho Ele eacute atento a tudo o que a gente conversa se interessa tem muita forccedila de vontade quer aprender as coisas tem muita vontade de andar
Jaacute para a matildee M03 a filha ldquoeacute muito inteligente Hoje de manhatilde eu falei pra
minha matildee como ela taacute linda Taacute espertardquo E para a matildee M04 a crianccedila ldquoeacute muito
esperta maravilha precisa ver Ela brinca se diverte aprende Nossa Ela eacute dezrdquo
Reconhecer as qualidades e potencialidades dos filhos demonstrando
satisfaccedilatildeo nas relaccedilotildees parece ser algo que auxilia a essas matildees a interessarem-se
cada vez por suas crianccedilas o que possivelmente faz essas uacuteltimas sentirem-se
cada vez mais incentivadas em novas aprendizagens (BRAZELTON 1990)
Todas as matildees indicaram que buscam tratar seus filhos como crianccedilas
normais o relato de matildee M01 e de matildee M04 exemplificam bem a posiccedilatildeo delas
Eu sempre vi ele como uma crianccedila normal tanto que eu trato ele como trato as outras filhas Eu converso eu conto as mesmas coisas pra ele nunca quis proteger ele demais porque ele tem que ser independente tambeacutem (M01)
[] desde que eu soube que ela tinha siacutendrome de Down eu pus na minha cabeccedila que eu natildeo iria tratar ela como uma crianccedila deficiente ela natildeo era uma crianccedila deficiente ao menos que realmente fosse (M04)
Em acordo com as afirmaccedilotildees oferecidas por esse grupo de matildees eacute possiacutevel inferir
que ter uma deficiecircncia eacute a falta de algo (braccedilo perna etc) ou algo que natildeo se
modifica mas elas veem que suas crianccedilas podem modificar seu comportamento
logo natildeo satildeo deficientes
As participantes tambeacutem relatam como fazem para saber se o filho estaacute se
desenvolvendo bem e nesse sentido apenas uma matildee afirma ter sido realizada
79
avaliaccedilatildeo de desenvolvimento infantil pela pediatra da crianccedila as trecircs demais o
fazem em comparaccedilatildeo com outras crianccedilas conhecidas
Mas todas consideram que seus filhos estatildeo se desenvolvendo bem para a idade
natildeo apresentando muitas diferenccedilas em relaccedilatildeo a outras crianccedilas da mesma faixa
etaacuteria
Parte dessa avaliaccedilatildeo eacute produto do que observam das transformaccedilotildees oriundas da
participaccedilatildeo das crianccedilas na Educaccedilatildeo Infantil
As matildees informaram se seus filhos participaram de alguma outra instituiccedilatildeo antes de
ir para o CMEI como por exemplo alguma escola especial ou se ficava com a
babaacute
Apenas uma crianccedila frequentou outro atendimento antes de ir para o CMEI
Segundo a matildee a crianccedila frequentou duas escolas especiais A primeira escola tinha
um horaacuterio difiacutecil de levar pois a crianccedila tinha que acordar muito cedo o que
ocasionou a mudanccedila para uma segunda escola especial mais proacutexima da
residecircncia da famiacutelia Contudo nessa segunda instituiccedilatildeo a matildee percebeu que a
crianccedila natildeo estava evoluindo em seu desenvolvimento conforme o esperado O
relato do que foi observado por essa matildee segue indicado abaixo
Dai a fulana regrediu ela soacute queria dormir Entatildeo toda vez que ia pegar ela laacute ela tava sonolenta e molenga Como se tivesse tomado algum remeacutedio Natildeo tinha tomado natildeo tinha sido dopada mas eacute de ficar isolada
A mesma matildee descreve a sala em que sua crianccedila ficava no periacuteodo de
atendimento nessa escola especial ldquo[] a sala era totalmente escura [] fedia a
mofo era toda fechada sem ventilaccedilatildeo []rdquo
Nas informaccedilotildees sobre a participaccedilatildeo da crianccedila no CMEI elas informaram qual o
motivo de ter matriculado a crianccedila na instituiccedilatildeo haacute quanto tempo agrave crianccedila estaacute
participando deste atendimento qual o motivo de ter sido nessa instituiccedilatildeo turma
que a crianccedila frequenta e qual o periacuteodo que a crianccedila permanece diariamente no
CMEI
Apenas matildee M01 e matildee M02 matricularam seus filhos na Educaccedilatildeo Infantil por
indicaccedilatildeo meacutedica as demais o fizeram por outras razotildees
A matildee M02 aleacutem da sugestatildeo meacutedica tambeacutem afirmou que precisava voltar a
trabalhar e o CMEI seria um bom auxiliar nesse sentido
80
A matildee M03 buscou a Educaccedilatildeo Infantil por acreditar que seria bom para sua filha
especialmente porque ldquoela eacute filha uacutenica pra aprender as coisas baacutesicas que a gente
agraves vezes taacute trabalhando o dia todo e dai ela natildeo tem condiccedilotildees de aprenderrdquo
Apenas a matildee M04 decidiu apoacutes a crianccedila ter tido uma experiecircncia em escola
especial que foi considerada negativa pela famiacutelia conforme indicado anteriormente
As demais crianccedilas ficavam em casa aos cuidados de suas famiacutelias antes de
entrarem na Educaccedilatildeo Infantil
Trecircs das matildees escolheram o CMEI por ser proacuteximo da residecircncia da famiacutelia e
apenas uma fez a escolha por indicaccedilatildeo da meacutedica neurologista que atende o filho
Segundo essa matildee a profissional se referiu a instituiccedilatildeo por fazer parte de um
complexo educacional no qual existem vaacuterios casos de inclusatildeo A matildee M02
escolheu pela proximidade mas tambeacutem porque era a uacutenica que tinha berccedilaacuterio
Se em situaccedilotildees como a de deficiecircncia haacute uma espeacutecie de ldquoapagamentordquo do
saber materno em relaccedilatildeo a como criar seu filho e isso pode comprometer o
desenvolvimento da crianccedila e gerar uma sensaccedilatildeo de fragilidade e impotecircncia em
seus pais (ALVES 2007) entatildeo mais do que nunca accedilotildees interventivas que
considerem a famiacutelia tornam-se fundamentais Quanto a isso Mueller (2008) afirma
que eacute necessaacuterio que essas ultrapassem a ideia de orientaccedilatildeo mas passem a
promover efetivamente a accedilatildeo dos pais Essa pesquisadora tambeacutem indica que eacute
necessaacuterio averiguar o que de fato os pais entenderam e se apropriaram das
orientaccedilotildees pois esse eacute fator que parece comprometer a accedilatildeo dos pais com seus
filhos
422 As Professoras do Atendimento Educacional Especializado ndash AEE e a
inclusatildeo das crianccedilas pequenas que estatildeo nos Centros Municipais de
Educaccedilatildeo Infantil ndash CMEIs
As professoras informaram como eacute o trabalho do AEE quanto tempo faz que
estejam trabalhando como professoras do AEE qual a carga horaacuteria que elas
cumprem semanalmente quantos alunos atendem e quais as maiores
especificidades dos atendimentos
81
De modo geral em acordo com os relatos foi possiacutevel perceber que compete
ao professor do AEE a) atender ao alunado foco Educaccedilatildeo Especial que estaacute em
inclusatildeo no ensino regular complementando a aprendizagem b) dar apoio e
orientaccedilotildees sobre o processo de inclusatildeo tanto para a famiacutelia do aluno quanto ao
seu professor no ensino regular c) buscar recursos que visem melhorar o processo
de inclusatildeo desse alunado junto a outros profissionais especialistas e na
comunidade (estabelecer redes de apoios quando necessaacuterio) O que parece estar
em conformidade com o Decreto nordm 761111 e que dispotildee sobre a Educaccedilatildeo
Especial e o Atendimento Educacional Especializado
Segundo a professora P01 a maior especificidade do Atendimento
Educacional Especializado eacute
natildeo ficar no conteuacutedo eacute atingir o desenvolvimento da crianccedila no que ela precisa e para isso precisa ir atraacutes de especialistas trabalhar todo o ambiente tanto de famiacutelia quanto da escola que ela estaacute inserida
A professora P02 afirma que o ldquoAEE trabalha cada especialidade que ela [a
crianccedila] precisa seja visual a fala o que a crianccedila precisardquo
Jaacute P03 relata que o
trabalho no AEE gira em torno entatildeo na escola realiza trabalho aqui na sala tem o apoio a professora do regular e apoio com a famiacutelia No apoio a famiacutelia chama a matildee faz toda aquela triagem preenche todos os relatoacuterios neacute Na escola regular a gente vai ateacute a escola regular conversa com a professora vecirc a dificuldade que a crianccedila tem pra que a gente possa ajuda neacute o que a professora precisa se eacute adaptaccedilatildeo de algum material para que a gente possa taacute nesse sentido
O grupo tambeacutem informou o tempo em que atua no AEE para o Ensino
Fundamental e no AEE para a Educaccedilatildeo Infantil
E desse modo antes de trazer os dados das entrevistadas eacute importante
relatar que Atendimento Educacional Especializado teve seu iniacutecio nesse municiacutepio
como apoio do Ensino Fundamental no ano de 2009 sendo que o atendimento para
a Educaccedilatildeo Infantil soacute comeccedilou em 2011 Logo eacute relevante que se considere a
precocidade do Atendimento Educacional Especializado nessa regiatildeo
82
As professoras atendem atualmente tanto o alunado do Ensino
Fundamental quanto da Educaccedilatildeo Infantil A professora P02 afirma atender a trecircs
anos no AEE e o faz em outra modalidade - especiacutefico para a Estimulaccedilatildeo Visual - e
sempre trabalhou soacute com crianccedilas de pouca idade (Quadro 11)
Quadro 11 - Distribuiccedilatildeo das Professoras do Atendimento Educacional Especializado conforme seu tempo de atuaccedilatildeo como AEE no Ensino Fundamental e na Educaccedilatildeo Infantil
Conforme o quadro acima eacute possiacutevel verificar que o tempo de atuaccedilatildeo
dessas professoras no Atendimento Educacional Especializado estaacute entre 01 e 03
anos O que condiz com o periacuteodo em que este serviccedilo foi implantado na rede de
educaccedilatildeo do municiacutepio em que ocorreu esta pesquisa
Quanto agrave carga horaacuteria que elas cumprem semanalmente e quantos alunos
atendem seguem no quadro 12
Quadro 12- Distribuiccedilatildeo das Professoras do Atendimento Educacional Especializado conforme seu tempo de atuaccedilatildeo como AEE no Ensino Fundamental e na Educaccedilatildeo Infantil
Participantes Carga horaacuteria
semanal
Nordm de Alunos Ensino
Fundamental
Nordm de Alunos Educaccedilatildeo
Infantil
Total de alunos
Faixa etaacuteria atendida
atualmente
P01 20h 01 01 02 03 a 11 anos
P02 20h 05 03 08 02 a 09 anos
P03 40h 13 01 14 02 a 15 anos
P04 40h 17 03 20 02 a 16 anos
Participantes Tempo no AEE ndash E Fundamental Tempo no AEE- Ed Infantil
P01 01 ano 01 ano
P02 03 anos 02 anos
P03 02 anos 01 ano
P04 02 anos 02 anos
83
Haacute nos grupos dos alunos atendidos por essas professoras do AEE uma
grande heterogeneidade de caracteriacutesticas e condiccedilotildees de desenvolvimento e
aprendizado Elas atendem alunos tanto do Ensino Fundamental quanto da
Educaccedilatildeo Infantil e que apresentam Autismo Siacutendrome de Asperger Paralisia
Cerebral Siacutendrome de Moebius Siacutendrome de Down Deficiecircncia Intelectual entre
outros
Quanto as maiores diferenccedilas entre o Atendimento Educacional Especializado
ndash AEE para o Ensino Fundamental e o AEE direcionado para a Educaccedilatildeo Infantil
elas indicaram (Quadro 13)
Quadro 13 ndash Distribuiccedilatildeo das maiores especificidades do Atendimento Educacional Especializado para a Educaccedilatildeo Infantil e para o Ensino Fundamental
Para a P02 as maiores diferenccedilas satildeo os materiais e o tipo de brinquedos
que satildeo usados P03 afirmou que o atendimento do AEE para a Educaccedilatildeo Infantil
se baseia em atividades de estimulaccedilatildeo essencial e que estaacute
buscando muito na internet em ver que tipo de atividade pode ajudar ele em relaccedilatildeo a material para que me ajude porque na Educaccedilatildeo Infantil eu natildeo tenho experiecircncia porque a gente a gente como professora de Ensino Fundamental a gente pensa logo no pedagoacutegico no ensinar
Participantes
Educaccedilatildeo Infantil
Ensino Fundamental
P01
Atividades voltadas ao corpo para o
desenvolvimento para a socializaccedilatildeo para o
brincar e para a fantasia
Atividades escolares mais complexas
P02 Natildeo usa laacutepis trabalha mais com o estiacutemulo
Usa mais materiais usa alguns materiais escolares
P03 Estimulaccedilatildeo Essencial Trabalha as dificuldades do aluno por meio
de jogos usa bastante o computador tambeacutem precisa adaptar material
P04
Estimulaccedilatildeo encaixes circuitos para
engatinhar jogos de imitaccedilatildeo
Aacuterea de alfabetizaccedilatildeo atividades psicomotoras e orientaccedilotildees atividades para
aprimorar o comportamento dos alunos
84
Elas caracterizaram o trabalho com a crianccedila foco da pesquisa para isso
informaram haacute quanto tempo atendiam a crianccedila foco da pesquisa no Atendimento
Educacional Especializado e como era o atendimento a esse aluno (Quadro 14)
Quadro 14 ndash Distribuiccedilatildeo das Professoras do Atendimento Educacional Especializado conforme tempo em que atendem a crianccedila pequena foco da pesquisa frequecircncia e duraccedilatildeo do atendimento ao aluno
Em termos de frequecircncia semanal ao serviccedilo de AEE percebe-se que este se
organiza em curtos momentos o que sugere duas questotildees ao menos A primeira eacute
a da necessidade de que haja um planejamento bem definido em relaccedilatildeo agraves
condiccedilotildees de cada crianccedila de modo que se aproveite ao maacuteximo esse curto espaccedilo
de tempo de atendimento E a segunda questatildeo eacute em relaccedilatildeo agrave relevacircncia que
estar na Educaccedilatildeo Infantil passa a ter para o desenvolvimento global dessas
crianccedilas pois entre os trecircs contextos relacionados no presente estudo (familiar AEE
e CMEI) eacute no CMEI que elas passam a maior parte de seu tempo
De modo geral as professoras indicam que buscam constantemente adequar
as atividades agraves necessidades individuais do alunado para tal procuram estruturar
seu planejamento em jogos e brincadeiras O caraacuteter luacutedico das atividades tambeacutem
se torna um elemento para diferenciar o AEE das aulas de reforccedilo e das aulas
regulares
Todas as professoras fazem planejamentos semanais e afirmam procurar
avaliar o desempenho da crianccedila dia a dia por meio do que foi alcanccedilado ou natildeo e
frente aos objetivos estabelecidos individualmente
Diante do aspecto novo e diferenciado que o AEE para a Educaccedilatildeo Infantil
apresenta para essas professoras foi questionado o que elas pensaram quando
souberam que iriam atender essas crianccedilas pequenas E apoacutes o periacuteodo de
Participante Tempo em que atende a crianccedila pequena foco da
pesquisa
Frequecircncia e Duraccedilatildeo do Atendimento
P01 8 meses 1x semana 2 horas
P02 7 meses 2x semana 1 hora
P03 4 meses 1 x semana 1 hora
P04 4 semanas 1 x semana 1 hora
85
atendimento e relaccedilatildeo com essas crianccedilas como se sentem ao atendecirc-las (Quadro
15)
Quadro 15 ndash Distribuiccedilatildeo das Professoras conforme suas concepccedilotildees antes de atender a crianccedila e apoacutes o periacuteodo em que atende o aluno que estaacute em inclusatildeo
Trecircs das professoras demostraram ter sentido grande preocupaccedilatildeo com o
fato de ter que atender uma crianccedila pequena
Uma delas afirmou que se sentiu feliz pois jaacute estava acostumada a atender
crianccedilas pequenas e viu no novo aluno uma oportunidade de aprender mais
Todas as professoras relataram que ao serem informadas sobre as crianccedilas
pequenas que iriam atender buscaram informaccedilotildees pertinentes agrave condiccedilatildeo da
crianccedila e sobre ideias para as atividades
A participante P03 justifica sua primeira impressatildeo
Ai com bastante medo sinceramente com bastante medo Eu natildeo tinha tido experiecircncia com crianccedila pequena ainda mais com berccedilaacuterio Minha experiecircncia toda era no Ensino Fundamental com crianccedilas maiores e que praticamente natildeo possuiacuteam dificuldade neacute
Outra professora indica o mesmo tipo de preocupaccedilatildeo ldquoAi eu fiquei
desesperada O que eu vou trabalhar Eu soacute tenho a praacutetica do Fundamentalrdquo (P04)
Apoacutes conhecer e atender a crianccedila a opiniatildeo das professoras modificou-se
Os relatos das professoras indicam que estatildeo se sentindo mais seguras muito
embora sua funccedilatildeo no AEE da Educaccedilatildeo Infantil ainda esteja sendo delineada e
restem duacutevidas e anseios
Participante Antes de atender a crianccedila Atualmente
P01 Afirma que natildeo sabia como ia
trabalhar Sente-se orgulhosa do trabalho e da
evoluccedilatildeo do aluno
P02 Sentiu-se feliz porque percebeu
que era um desafio
Sente-se feliz e diz que eacute gratificante perceber o trabalho realizado e a evoluccedilatildeo
do aluno
P03 Sentiu medo Sente-se mais segura
P04 Ficou desesperada Sente-se mais tranquila
86
O relato da professora P04 eacute muito interessante e faz lembrar que elas estatildeo
tambeacutem construindo sua identidade como professora do Atendimento Educacional
Especializado voltado para a Educaccedilatildeo Infantil o que traz questotildees e anseios muito
proacuteprios
agora estou mais tranquila porque assim ateacute entatildeo eu via assim meu Deus Eu tocirc perdendo a funccedilatildeo de professora Estou perdendo a funccedilatildeo de professora porque no AEE a gente trabalha com as habilidades natildeo eacute muito aquilo do conteuacutedo propriamente escrito ali Daiacute eu pensei tocirc perdendo minha funccedilatildeo de professora natildeo tocirc tendo minha funccedilatildeo de professora agora porque eu tenho que brincar com essa crianccedila tenho que ensinar a engatinhar tenho que estimular ela (P04)
Apoacutes perceber qual seria o seu trabalho com a crianccedila pequena sua visatildeo
modificou-se
agora natildeo agora eu tocirc mais tranquila natildeo me preocupo muito com as outras pessoas vai falar Que a minha preocupaccedilatildeo tambeacutem era assim poxa minha amiga vai falar essa professora natildeo taacute trabalhando ela taacute brincando Entatildeo eu tinha uma visatildeo assim do que os outros iam pensar do meu trabalho Hoje em dia natildeo Se entra uma pessoa assim e eu tocirc brincando ali com a crianccedila eu continuo fazendo o que tocirc fazendo Antes ateacute que eu meio que dava uma disfarccedilada (P04)
Devido agrave forma de trabalhar outra professora traacutes um relato que
complementa esse uacuteltimo
acho que o professor do AEE para Educaccedilatildeo Infantil tem que ter muita dedicaccedilatildeo mas agraves vezes a gente escuta que o professor do AEE natildeo faz nada neacute Porque cada aluno tem um horaacuterio temos muitos horaacuterios livres mas tem que ter muita dedicaccedilatildeo tem que ter empenho tem que buscar o conhecimento (P03)
Tambeacutem foi solicitado que as profissionais indicassem como fazem para
saber se a crianccedila em inclusatildeo estaacute se desenvolvendo bem E em resposta todas
as professoras relatam que buscam perceber o desenvolvimento dos alunos por
meio da comparaccedilatildeo do desempenho da crianccedila desde o momento em que iniciou
seu atendimento no AEE ateacute o presente
Usam como referecircncias as conversas com as matildees das crianccedilas com as
educadoras e seus proacuteprios apontamentos e agraves vezes orientaccedilotildees dos
especialistas que atendem as crianccedilas Tais referecircncias natildeo satildeo diferentes das
tambeacutem evidenciadas e utilizadas por educadoras de CMEIS (SOUZA 2008)
Contudo pensa-se que pelas especificidades do trabalho das professoras do
Atendimento Educacional Especializado urge que estas profissionais tenham
87
maiores recursos para avaliar acompanhar e promover o desenvolvimento de
crianccedilas com necessidades especiais
Sobre a falta de um paracircmetro para avaliar o desenvolvimento infantil a
professora P01 informa
agora diante de todo esse aprendizado a gente - todos do AEE ndash vai se juntar e vai montar dentro do Desenvolvimento Infantil o que eacute conveniente para aquela idade e o que natildeo eacute A gente natildeo tem esse paracircmetro anda porque tudo para noacutes estaacute sendo esse ano um experimento
A falta de paracircmetros para avaliar e acompanhar o desenvolvimento na
primeira infacircncia parece natildeo ser exclusividade das professoras e educadoras da
presente pesquisa conforme jaacute relatado por Souza (2008) Soejima (2008) e
Bolsanello e Soejima (2012) Contudo ao se considerar que o Atendimento
Educacional Especializado pode ser aproveitado como parte de um processo ou
programa de intervenccedilatildeo precoce para as crianccedilas que tecircm deficiecircncias entatildeo seria
indispensaacutevel que se estabelecesse meios de avaliar acompanhar e intervir no
desenvolvimento infantil conforme jaacute evidenciado por autores como Juan ndash Vera e
Peacuterez-Lopez (2009) e Moragas (2009)
Ao serem convidadas a comentar como se daacute o trabalho com essas crianccedilas
pequenas elas tambeacutem indicaram ter uma percepccedilatildeo positiva das crianccedilas que
atendem salientando em seus relatos avanccedilos e qualidades dos seus alunos
A professora P01 conta que atende uma crianccedila com autismo e pela
especificidade precisou fazer um curso para se orientar em como trabalhar Apoacutes
esse curso afirma que sua visatildeo do que a crianccedila precisava para aprender se
modificou e que conseguiu alcanccedilar mais ecircxito em seus objetivos Ela tambeacutem conta
que apoacutes a formaccedilatildeo conseguiu auxiliar mais as educadoras que atende a crianccedila
no CMEI Seu trabalho com esse aluno eacute mais voltado para a adequaccedilatildeo
comportamental pois segundo ela o mesmo passava muito tempo dormindo na
creche ainda usando fraldas chupeta praticamente natildeo fazendo atividades
dirigidas Essa professora tambeacutem construiu rotinas para a crianccedila ficar mais
orientada no que se esperava dela assim como introduziu vaacuterias atividades
pedagoacutegicas todas baseadas na proposta curricular do municiacutepio
Jaacute a professora P02 trabalha apenas com reeducaccedilatildeo e estimulaccedilatildeo visual
Segundo ela trabalha em sala escura com luzes coloridas pareamento de figuras
88
com pranchas objetos coloridos objetos musicais sempre focando nos aspectos
psicomotores
No relatado da professora P03 evidencia-se que esta fez pouco contato com a
crianccedila pois ele estava afastado por questotildees de sauacutede Mas que seu atendimento
nesse momento de desenvolvimento do aluno eacute mais voltado para a estimulaccedilatildeo
essencial
Segundo a professora P04 seu trabalho se baseia em atividades de
estimulaccedilatildeo essencial Quando questionada sobre onde ela busca embasamento
para trabalhar com estimulaccedilatildeo essencial essa professora afirmou que aleacutem de
algumas orientaccedilotildees da equipe da Educaccedilatildeo Especial fez bastante pesquisa na
internet Contudo tambeacutem demonstrou em seu relato natildeo saber muito bem como eacute
um atendimento de estimulaccedilatildeo essencial
natildeo natildeo eu natildeo tive (formaccedilatildeo sobre estimulaccedilatildeo essencial) Eu natildeo tive preparaccedilatildeo alguma para atender assim com a Educaccedilatildeo Infantil por isso que eu fiquei desesperada A gente faz curso vai se preparando mas com crianccedilas pequenas natildeo Dai eu acho que eu faccedilo estimulaccedilatildeo mas natildeo sei dizer bem certo se eacute assim Porque quando eu recebi ela (crianccedila) era pra trabalhar com ela estimulaccedilatildeo dai eu fui pesquisar peguei alguns negoacutecios nas informaccedilotildees que eu peguei na internet eacute estimulaccedilatildeo precoce Eacute o que eu sei (P04)
Conforme os relatos sobre os atendimentos percebeu-se que todas as
crianccedilas satildeo trabalhadas individualmente tendo um plano de trabalho elaborado
especificamente e de acordo com as caracteriacutesticas pessoais e cada uma
As crianccedilas que fazem parte do grupo desse estudo precisam deslocar-se do
CMEI de origem ateacute a escola em que estaacute locada a Sala de Recursos Multifuncional
(espaccedilo em que ocorre o Atendimento Educacional Especializado) De modo geral
as Salas de Recursos Multifuncionais podem ser alocadas tanto em CMEIs quanto
em Escolas Regulares No caso dessa pesquisa todas as crianccedilas frequentam
Salas que estatildeo lotadas fora de seus CMEIs
Em conformidade com informaccedilotildees jaacute fornecidas tambeacutem faz parte das
atribuiccedilotildees dessas professoras o contato com os responsaacuteveis pela crianccedila com as
educadoras que a atendem nos CMEIs e especialistas Pelos relatos entende-se
que costumeiramente todas as professoras fazem contato com as matildees e com as
educadoras da crianccedila para estabelecer as questotildees mais pertinentes no momento
apoacutes essas conversas iniciais os demais encontros satildeo realizados conforme
89
necessidade O contato com os demais especialistas que atendem a crianccedila
tambeacutem eacute estabelecido de acordo com as condiccedilotildees do aluno
423 As educadoras e as crianccedilas pequenas que estatildeo em inclusatildeo
As Educadoras entrevistadas informaram em qual turma trabalham a faixa
etaacuteria que atendem e a quantidade de alunos matriculados por turma
O quadro abaixo (Quadro 16) ilustra a distribuiccedilatildeo das Educadoras conforme
as turmas que atendem atualmente a faixa etaacuteria da turma em que trabalham e
quantidade de alunos matriculados
Quadro 16 ndash Distribuiccedilatildeo das Educadoras conforme turmas que atendem faixa etaacuteria da turma e quantidade de alunos por turma
Todas as Educadoras dividem o atendimento da turma com outras
profissionais sendo que segundo elas todas que atendem numa mesma turma tecircm
as mesmas atribuiccedilotildees e responsabilidades em relaccedilatildeo agraves crianccedilas Logo percebe-
se que a distribuiccedilatildeo das educadoras eacute
Participante Turma que
atende Faixa etaacuteria da
turma
Quantidade de
alunos por turma
E01 M1 1a e 8m a 2 anos 24
E02 M1 1a e 8m a 2 anos 24
E03 M1 1a e 8m a 2 anos 24
E04 B2 8meses a 1a e 8m 19
E05 M1 1a e 8m a 2 anos 24
E06 M2 2 a 3 anos 24
E07 M2 2 a 3 anos 24
E08 B2 8meses a 1a e 8m 19
E09 B2 8meses a 1a e 8m 19
90
- Turma de Berccedilaacuterio = 03 Educadoras por turma
- Turma de Maternal = 02 Educadoras por turma
Durante as entrevistas observou-se que natildeo eacute rara a consideraccedilatildeo de que
nas turmas em grande numero de alunos podem ocorrer limitaccedilotildees no processo de
inclusatildeo de crianccedilas pequenas com necessidades especiais
A relaccedilatildeo quantidade de crianccedilas em turma por educadora tambeacutem eacute algo a
ser considerado quando se pensa em proporcionar um serviccedilo com qualidade e com
vistas agrave promoccedilatildeo do desenvolvimento e melhor desempenho da educadora
(LORDELO et al 2007) Brazelton (2002) ao fazer referecircncia agrave relaccedilatildeo quantidade
de crianccedilas por educadora afirma que esta deveria ser a seguinte 03 a 04 crianccedilas
para cada educadora quando estiverem atendendo bebecircs de 04 crianccedilas por
educadora quando os pequenos estiverem aprendendo a andar e entre 06 a 08
crianccedilas (quando forem maiores de 03 anos) por educadora
Todas relataram que possuem horaacuterio semanal para planejamento das
atividades da turma Cada grupo de Educadora tem sua forma de organizar o
planejamento mas elas foram unacircnimes em dizer que natildeo fazem planejamento
diferenciado em decorrecircncia de terem uma crianccedila em inclusatildeo em suas turmas O
que ocorre eacute que no dia a dia cada Educadora tenta adaptar a praacutetica
anteriormente planejada Para tal levam em conta as condiccedilotildees da crianccedila no
momento da aplicaccedilatildeo da atividade
A Educadora E03 afirma que fez um curso sobre inclusatildeo e que nele foi
orientada que natildeo havia necessidade de estabelecer um planejamento com
objetivos especiacuteficos para a crianccedila foco da inclusatildeo Contudo ela diz que natildeo
saberia como mudar os objetivos
Jaacute a educadora E05 justifica que natildeo consegue fazer atividades diferenciadas
e que como se trabalha muito
com picote com colagem movimento danccedila a parte de equiliacutebrio e como ela (a crianccedila em inclusatildeo) natildeo fica em peacute entatildeo ela natildeo pode participar dessas () Entatildeo a gente tenta a gente coloca ela mas natildeo tem o resultado que a gente espera() a gente natildeo sabe como adaptar pra ela o planejamento Natildeo tem nada diferenciado pra ela
Diante desses dados pode-se inferir que o processo inclusivo da crianccedila
pequena no CMEI falha em se constituir como tal pois foge em vaacuterias instacircncias aos
91
princiacutepios baacutesicos do que se considera uma educaccedilatildeo ldquopara todosrdquo tal como
preconizado por autores como Alves (2008) Carvalho (2009) e Oliveira (2010) os
quais ilustram que promover as mesmas oportunidades para os alunos natildeo significa
que todos deveratildeo ser atendidos de forma homogecircnea Pensa-se nesse sentido
que a falta de um planejamento que seja coerente com as caracteriacutesticas das
crianccedilas que estatildeo em inclusatildeo coloca em risco a atenccedilatildeo agraves suas necessidades e
pode contribuir para que haja exclusatildeo e isolamento desse alunado
Todas as Educadoras relataram de forma geral como eacute sua rotina de
trabalho no CMEI demonstrando um cotidiano dividido entre atividades de
alimentaccedilatildeo higiene atividades com cunho pedagoacutegico e brincadeiras Mesmo natildeo
fazendo um plano de trabalho especiacutefico para as crianccedilas que estatildeo em inclusatildeo as
Educadoras afirmam que tentam na praacutetica diaacuteria aplicar algumas atividades e
brincadeiras diferenciadas em conformidade com o que percebem que eacute necessaacuterio
no momento da crianccedila mas nem sempre sabem o que eacute preciso para o aluno que
natildeo raro usam de seus ldquoinstintosrdquo
a gente faz e estaacute fazendo meio que trabalho instintivo a gente acha que eacute bom para ele (aluno) e a gente vai laacute e faz porque natildeo tem rumo ele taacute num mar e a gente tem que velejar para algum lugar (E08)
Tambeacutem ao falarem sobre a rotina de trabalho em vaacuterias situaccedilotildees ao longo
dos relatos as entrevistadas apontaram que esta eacute exaustiva e que eacute difiacutecil dar
atenccedilatildeo individualizada agrave crianccedila em inclusatildeo
entatildeo eacute bem corrido tem umas crianccedilas que natildeo se adaptaram ainda Entatildeo eacute difiacutecil duas soacute darem da inclusiva (crianccedila) mais dos natildeo adaptados mais das vinte (crianccedilas) (E05)
Seis das participantes ao falarem das crianccedilas que atendem destacam as
caracteriacutesticas positivas do aluno e seus avanccedilos Ainda ao relatarem as
especificidades demonstram saber pouco sobre as condiccedilotildees da populaccedilatildeo que
atendem e ressaltam que percebem esse alunado de inclusatildeo como ldquocrianccedilas
normaisrdquo ou ldquopouco diferentesrdquo dos demais educandos
ela eacute muito alegre muito alegre ela eacute uma crianccedila muito esperta muito atenta muito atenta mesmo[] Ela eacute normal normal natildeo eacute a palavra mas ela acompanha ela tem os mesmos interesses que as crianccedilas da mesma idade (E01)
92
Da mesma forma a Educadora E02 diz natildeo saber exatamente ldquoo grau da
siacutendrome delardquo Faz afirmaccedilotildees positivas sobre a crianccedila e afirma que natildeo haacute
diferenccedilas entre essa crianccedila e as demais da turma
a gente percebe que natildeo eacute uma siacutendrome muito grave entatildeo a gente trata ela normalmente
Trecircs das Educadoras fazem destaque para as dificuldades das crianccedilas que
atendem afirmando que tiveram evoluccedilatildeo na aprendizagem mas que haacute muitos
empecilhos no atendimento a esses alunos
A Educadora E04 ressalta as dificuldades da crianccedila e de tecirc-la em sala de
aula
ele entrou em sala e natildeo foi colocado uma professora para dar atenccedilatildeo especial para ele agraves vezes a gente natildeo consegue dar atenccedilatildeo especial para ele Ele eacute tratado como os demais
Tambeacutem a Educadora E08 descreve as dificuldades da crianccedila e afirma que
se sentiu como uma ldquomatildee de primeira viagemrdquo quando o segurou no colo pela
primeira vez Segundo ela ldquonatildeo tem muito o que fazer com elerdquo
Em face agraves informaccedilotildees dessas participantes lembra-se que Drago (2011)
ao falar em relaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo infantil considera que apesar de tantos avanccedilos
ainda eacute possiacutevel encontrar muitos entraves que a caracterizam como uma educaccedilatildeo
um tanto quanto vazia de sentido como se ainda permanecesse a ideia de
educaccedilatildeo compensatoacuteria e junto a isso se percebe que o processo de inclusatildeo
ainda eacute bastante mal compreendido nessa faixa etaacuteria Diante disso como fazer uma
turma que tem alunos em inclusatildeo tornar-se verdadeiramente inclusiva Em
resposta acredita-se necessaacuterio o que Zorteacutea (2007) afirma e leva a pensar que
viabilizar a inclusatildeo pressupotildee um espaccedilo escolar que repense seus modos e meios
de existir de forma permanente
Ainda foi perguntado agraves Educadoras haacute quanto tempo atendiam a crianccedila
que estaacute em inclusatildeo (Quadro 17)
93
Quadro 17 ndash Distribuiccedilatildeo das Educadoras conforme o tempo em que
atendem a crianccedila que estaacute em inclusatildeo
Dado o tempo em que elas as atendiam foi tambeacutem solicitado que
comentassem o que pensaram quando souberam que iriam atender uma crianccedila de
inclusatildeo e o que sentem depois de tecirc-las conhecido e atendido (Quadro 18)
Quadro 18 - Distribuiccedilatildeo das Educadoras conforme suas concepccedilotildees antes de atender a crianccedila e apoacutes o periacuteodo em que atende o aluno que estaacute em inclusatildeo
Participante
Antes de atender a crianccedila Atualmente
E01 Sentiu-se bem por jaacute conhecer o caso
Sente-se bem
E02 Sentiu-se assustada Sente-se mais tranquila
E03 Sentiu-se feliz porque percebeu que era um desafio
Sente-se ainda insegura
E04 Sentiu-se assustada Sente-se contente com a evoluccedilatildeo da crianccedila
E05 Sentiu-se apavorada Sente-se triste
E06 Sentiu-se apreensiva Sente-se gratificada com a evoluccedilatildeo da crianccedila
E07 Sentiu medo Sente-se medo e inseguranccedila
E08 Sentiu-se apavorada Sente-se mais segura
E09 Sentiu-se assustada Sente-se mais tranquila mas ainda tem medo de atender a crianccedila quando estaacute sozinha
Participantes A quanto tempo
atende essa crianccedila
E01 1 mecircs
E02 4 meses
E03 9 meses
E04 9 meses
E05 3 meses
E06 9 meses
E07 9 meses
E08 9 meses
E09 6 meses
94
A grande maioria das participantes relatou que natildeo se sentiu muito
confortaacutevel quando soube que iria atender uma crianccedila de inclusatildeo em sua turma
Sentiram-se com medo assustadas e apavoradas Foram os sentimentos mais
considerados por elas A seguir apresentam-se alguns exemplos de relatos
A Educadora E02 afirma ter ficado assustada e pensou
fiquei assim o que a gente vai fazer neacute Com todo mundo como que a gente vai desempenhar o trabalho Pedagoacutegico o que a gente vai fazer Dai depois a gente foi vendo tentando adaptar mas pelo grau de deficiecircncia dela assim que era tatildeo gritante ela se desenvolveu muito bem neacute
Outra Educadora que tambeacutem afirmou ter ficado assustada justifica esse
sentimento pelo fato de ter muitas crianccedilas na turma e por natildeo ter espaccedilo para
trabalhar com a crianccedila especial Ainda afirma
ele precisa de amparo de atenccedilatildeo especiacutefica para o desenvolvimento dele Se eu dou atenccedilatildeo pra ele eu tenho que virar as costas para outros dezoito alunos (E04)
Vale destacar a percepccedilatildeo da Educadora E06 que disse ter ficado
apreensiva porque outras Educadoras falaram que crianccedilas com autismo satildeo
agressivas e violentas
Apenas duas Educadoras afirmaram que sentiram bem uma porque jaacute
conhecia o caso e a outra porque percebeu que poderia ter uma grande
oportunidade de aprendizado
Dentre o modo como se sentem atualmente quatro Educadoras ainda se
manifestaram de alguma forma desconfortaacuteveis com o que vem acontecendo no
atendimento e por conta disso revelam sentir medo inseguranccedila tristeza As
demais afirmaram que modificaram seu pensamento em relaccedilatildeo agrave crianccedila foco da
pesquisa
Merece destaque especialmente a fala das Educadoras E01 E03 e E05 que
afirmam respectivamente que se sente bem em atender a crianccedila mas se percebe
um pouco desamparada e limitada em relaccedilatildeo a atender as necessidades dela diz
sentir falta de ajuda e acredita que poderia ter feito muito mais pela aluna diz que
se sente triste porque natildeo consegue fazer com que a crianccedila evolua da forma
correta
95
Acredita-se que tais sentimentos poderiam ser minimizados diante de um
trabalho efetivamente feito em conjunto com os serviccedilos do Atendimento
Educacional Especializado o qual poderia servir entre outras coisas a construccedilatildeo
de estrateacutegias que sirvam de suporte para todos os envolvidos no processo inclusivo
- crianccedilas famiacutelias educadoras professoras comunidade entre outros
(BENINCASA 2011)
Entendendo que o processo de inclusatildeo tambeacutem serve agrave promoccedilatildeo do
desenvolvimento infantil foi questionado como elas faziam para saber se essa
crianccedila estava se desenvolvendo
E nesse sentido as Educadoras trouxeram em seus relatos diferentes modos
pelos quais acompanham e avaliam o desenvolvimento das crianccedilas foco do
processo inclusivo entre os quais se destacam a comparaccedilatildeo com as demais
crianccedilas da turma (E01 e E02) em acordo com a execuccedilatildeo das atividades propostas
para a turma (E03 e E04) conforme alteraccedilotildees no comportamento ocorridas durante
o periacuteodo em que o aluno estaacute em inclusatildeo (E05 E06 e E09) e por fim seguindo
ldquoinstinto maternordquo (E04)
Merece destaque as consideraccedilotildees da Educadora E04 ao dizer que por ser
matildee percebe como seu aluno em inclusatildeo se desenvolve Ela diz que as
educadoras que natildeo satildeo matildees provavelmente natildeo percebam o desenvolvimento do
aluno como ela percebe Consideremos a afirmaccedilatildeo da Educadora E05 por
exemplo que avalia o desenvolvimento por meio da visualizaccedilatildeo das alteraccedilotildees de
comportamento que a crianccedila manifesta antes era ldquotiacutemidardquo e agora eacute ldquoagressivardquo
Mas salienta ldquoa gente natildeo tem conhecimento se 2 anos que eacute o caso dela se taacute
desenvolvido ou natildeo se taacute bem ou natildeo taacuterdquo
As Educadoras satildeo unacircnimes em falar que aplicam as mesmas atividades
para toda a turma com rariacutessimos momentos em que conseguem adequar
totalmente uma atividade exclusivamente para a crianccedila que estaacute em inclusatildeo Elas
chamam atenccedilatildeo para o fato de que esses alunos seguem a rotina da turma sem
grandes problemas e que a relaccedilatildeo com o restante da turma eacute o ponto forte da
estimulaccedilatildeo da aprendizagem desse alunado que apresenta dificuldades
Se por um lado elas se sentem bem com o fato de a crianccedila acompanhar
grande parte das atividades da turma por outro haacute relatos em que se mostram
incomodadas por natildeo poderem dar a atenccedilatildeo necessaacuteria para a individualidade dos
alunos em inclusatildeo
96
A Educadora E03 afirma que a crianccedila que estaacute em inclusatildeo entra na
atividade como as outras pois natildeo apresenta muita dificuldade em acompanhar os
demais Inclusive a Educadora sugere que a aluna aprende muito com o estiacutemulo
originado espontaneamente nas relaccedilotildees com o restante da turma e comenta
eacute na convivecircncia com as outras crianccedilas que eu tocirc vendo que ela evolui bem mais do que se eu intervir em alguma coisa
Jaacute a Educadora E08 fala que elas estatildeo bem felizes com o desenvolvimento
do aluno e que fazem um trabalho ldquomeio instintivordquo imaginam o que pode ser bom
para a crianccedila e aplicam porque segundo ela ldquonatildeo tem rumo ele estaacute num mar e a
gente tem que velejar para algum lugarrdquo E de um modo geral as atividades satildeo as
mesmas para todas as crianccedilas Ela afirma tambeacutem que percebe que o maior
estiacutemulo para o aluno que atende natildeo estaacute vindo das atividades diretamente mas
das outras crianccedilas Ela conta que
eles chamam ele pra brincar pegam o brinquedinho eles pegam o brinquedinho e levam pra ele brincar() Eles ajudam muito tanto que a parte do balbuciar (que o aluno aprendeu) eacute porque eles estatildeo falando muito eles vatildeo falam com ele e ele fala tambeacutem ele responde
43 Seccedilatildeo 03 Processo Inclusivo na Educaccedilatildeo Infantil
Esta parte do estudo tem como base o conjunto de informaccedilotildees relatadas
pelas participantes e que versam sobre a) o significado da inclusatildeo b) o motivo da
inclusatildeo c) a opiniatildeo dos participantes a respeito da inclusatildeo d) como deveriam ser
as Educadoras e os Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil - CMEIs para atender
bem ao processo inclusivo e) como a famiacutelia pode ajudar no processo de inclusatildeo
f) como a professora do Atendimento Educacional Especializado - AEE pode
contribuir para a inclusatildeo g) referecircncias e apoios utilizados e indicados para que o
processo inclusivo ocorra com qualidade h) se os Centros Municipais de Educaccedilatildeo
Infantil - CMEIs e as Educadoras estatildeo preparados para o processo inclusivo i)
como se daacute a participaccedilatildeo das famiacutelias atualmente j) vantagens e desvantagens do
processo inclusivo no Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil - CMEI e k)
97
comentaacuterio e sugestotildees para melhorar o processo inclusivo nos Centros Municipais
de Educaccedilatildeo Infantil - CMEIs
Esses dados foram organizados em seis grandes eixos em conformidade com
os objetivos especiacuteficos da pesquisa a saber 431 Concepccedilotildees dos Participantes
sobre o Processo Inclusivo 432 Participaccedilatildeo no Processo Inclusivo 433
Avaliaccedilatildeo do Processo Inclusivo 434 Referecircncias e Apoios utilizados e indicados
para que o Processo Inclusivo ocorra com qualidade 435 Vantagens e
Desvantagens do Processo Inclusivo e 436 Sugestotildees e Comentaacuterios visando a
melhoria do Processo Inclusivo na Educaccedilatildeo Infantil
431 Concepccedilotildees dos Participantes sobre o Processo Inclusivo
Quando se questiona o que significa falar que a crianccedila estaacute em inclusatildeo eacute
possiacutevel perceber que o processo em si natildeo se mostra bem claro para as
participantes do estudo
As matildees datildeo ecircnfase no sentido de que estar em inclusatildeo eacute estar com
crianccedilas normais jaacute as professoras do Atendimento Educacional Especializado -
AEE e as educadoras demonstram menos homogeneidade nas respostas
Nas informaccedilotildees ofertadas pelas matildees foi possiacutevel evidenciar que o
significado de a crianccedila estar em inclusatildeo estaacute mais relacionado a
- Chance de estar com crianccedilas da mesma idade e de aprender coisas que natildeo
aprende em casa
- Estar com crianccedilas normais
- Refere-se agrave outra escolinha (ao Atendimento Educacional Especializado)
Nas respostas maternas que indicam que estar em inclusatildeo eacute estar com os
ldquonormaisrdquo elas demonstram que eacute o mesmo que estar com crianccedilas da mesma faixa
etaacuteria O que parece reduzir em muito a amplitude do que o fato pode representar
natildeo para as matildees e profissionais da educaccedilatildeo mas e principalmente para a
crianccedila que estaacute em inclusatildeo Longe de ter uma conotaccedilatildeo pejorativa os relatos
enfatizam que ldquoestar com os normaisrdquo eacute tambeacutem poder ter acesso a aprendizagens e
98
oportunidades de experiecircncias mais proacuteximas agraves adequadas e esperadas para a
faixa etaacuteria das crianccedilas Essa percepccedilatildeo materna parecer ter sido construiacuteda junto
aos proacuteprios motivos e objetivos pelos quais elas matricularam seus filhos nos
CMEIs estar com crianccedilas da mesma idade
A Matildee 03 salienta que ldquoa gente costuma falar que o CMEI deixou de ser
depoacutesito pra ser lugar de aprendizadordquo
Jaacute a Matildee 01 reforccedila a noccedilatildeo de que estar em inclusatildeo eacute ldquoestar com pessoas
normaisrdquo ao afirmar que um dos motivos da inclusatildeo de crianccedilas pequenas eacute que
elas precisam de estiacutemulos e que eacute necessaacuterio ldquobuscar esse estiacutemulo entre os
normaisrdquo
Como jaacute afirmado acima no relato das profissionais (Educadoras dos Centros
Municipais de Educaccedilatildeo Infantil e Professoras do Atendimento Educacional
Especializado) natildeo haacute homogeneidade na percepccedilatildeo do que significa estar em
inclusatildeo
Entre as Educadoras haacute uma tendecircncia de em semelhanccedila agraves matildees
afirmarem que estar em inclusatildeo eacute ldquoestar com normaisrdquo mas tambeacutem haacute aquelas
que dizem que eacute atender a crianccedila especial em sua particularidade e aquelas que
natildeo acreditam que o que estaacute ocorrendo seja inclusatildeo pelas condiccedilotildees precaacuterias
que percebem Logo o significado de afirmar que essa crianccedila estaacute em inclusatildeo
para o grupo das Educadoras eacute
- Estar com crianccedilas da mesma faixa etaacuteria
- Que o aluno eacute visto como uma crianccedila normal
- Estar com crianccedilas normais
- Tratar a crianccedila em sua particularidade
- Que o aluno natildeo seraacute tratado como diferente
- Significa responsabilidade
- Que a crianccedila estaacute ldquomisturadardquo com os demais
A maioria dos relatos evidencia certa tendecircncia em relacionar estar em inclusatildeo com
aspectos sociais e a natildeo diferenciaccedilatildeo do atendimento a esse alunado Os relatos
em destaque ilustram essas concepccedilotildees
99
Que ele estaacute inserido na sala que ele natildeo estaacute sendo tratado diferente que ele participa das atividades e faz parte do grupo apesar das dificuldades (E04)
Que ele estaacute dentro de uma sala com crianccedilas relativamente da mesma idade participando das atividades que todas as crianccedilas podem realizar se tornando membro de uma sociedade (E08)
Que ele estaacute incluso em um ambiente da faixa etaacuteria dele com outros tipos de crianccedila (E09)
Nos relatos das educadoras ainda eacute possiacutevel perceber que haacute contradiccedilotildees
no que elas pensam ser a inclusatildeo e o que elas vivenciam como inclusatildeo no dia a
dia de trabalho tal como para as educadoras E01 e E02
Para a educadora E01 estar em inclusatildeo significa dizer que a crianccedila estaacute
ldquomisturadardquo O que segundo ela
eacute essa a realidade que a gente vecirc entende Eacute um eacute misturar neacute[] Entatildeo hoje a gente recebe a crianccedila e sem saber o que fazer com ela Isso natildeo eacute inclusatildeo pra mim
Jaacute para a E02 estar em inclusatildeo significa ldquoresponsabilidaderdquo Essa educadora
se diz assustada com o tamanho da importacircncia de ter uma crianccedila em inclusatildeo na
Educaccedilatildeo Infantil e justifica dizendo
Porque eu penso seraacute que estou desempenhando um bom trabalho com ela Seraacute que isso taacute ajudando Seraacute que isso vai ser significativo no segundo semestre ou natildeo E ao mesmo tempo em que eu sinto por intuiccedilatildeo que sim de fato eu natildeo sei se a gente estaacute fazendo um bom trabalho com ela
No caso das Professoras do Atendimento Educacional Especializado as
respostas tambeacutem natildeo parecem ter uma concordacircncia entre si Nas respostas os
significados de afirmar que essa crianccedila estaacute em inclusatildeo foram
- Natildeo vecirc sentido de se falar que ela estaacute em inclusatildeo pois eacute uma crianccedila
normal como qualquer outra
- Eacute colocar a crianccedila no conviacutevio com os demais
- Significa que estaacute ocorrendo uma mudanccedila de paracircmetro
- Significa que a crianccedila estaacute tendo um atendimento diferente
100
A professora P01 enfatiza que estar em inclusatildeo no CMEI significa que o
aluno estaacute usufruindo de um direito que eacute de todas as crianccedilas Jaacute a P02 ressalta os
aspectos da possibilidade que a inclusatildeo tem de facilitar a socializaccedilatildeo da crianccedila
pequena P03 ao sugerir que a inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil eacute uma mudanccedila de
paracircmetro tambeacutem indica que estar no CMEI eacute um direito de todas as crianccedilas e
considera que quanto mais cedo for a ldquointervenccedilatildeordquo melhor para o futuro do aluno
penso que eacute uma evoluccedilatildeo muito grande na educaccedilatildeo Que eles tecircm o mesmo direito que qualquer outra crianccedila tem acho assim quanto mais cedo buscar ajuda buscar reabilitaccedilatildeo buscar superar as dificuldades melhor para a crianccedila para o seu desenvolvimento neacute
Eacute possiacutevel perceber que no conjunto das informaccedilotildees as contradiccedilotildees do que
significa estar em inclusatildeo satildeo grandes Desse modo diante dos dados oferecidos
pelas participantes haacute que se perceber que conforme jaacute assinalado por Carvalho
(2011) os termos utilizados nesse acircmbito aleacutem de reduzirem a condiccedilatildeo de sujeito
que ali participa tambeacutem podem induzir a geraccedilatildeo de preconceitos pois implicam
em praacuteticas e experiecircncias agraves quais natildeo eacute possiacutevel mensurar o impacto nas
particularidades das pessoas Tambeacutem Rodrigues (2006) chama a atenccedilatildeo para o
fato de que no momento em que alguns alunos e natildeo outros satildeo considerados e
apontados ndash e portanto fabricados ndash como sendo os diferentes jaacute inscrevemos
nesse processo em termos de separaccedilatildeo e uma diminuiccedilatildeo do outro processo que
eacute contraditoacuterio agravequilo que os textos das reformas anunciam e enunciam
Quanto agrave percepccedilatildeo das profissionais pode-se considerar que poderia ser
mais ampliada talvez ateacute mais homogecircnea caso houvesse mais discussotildees a
respeito do assunto entre o grupo Ter essa identidade nos significados poderia ser
um passo inicial para a construccedilatildeo do processo inclusivo na rede especialmente
mais voltado para as necessidades da crianccedila pequena e da proacutepria estrutura da
Educaccedilatildeo Infantil
Foi questionado qual seria a opiniatildeo delas diante da seguinte situaccedilatildeo se
algueacutem lhe perguntasse qual eacute o motivo de crianccedilas com deficiecircncia estarem
frequentando o CMEI o que vocecirc diria
As matildees indicam perceber que para a crianccedila estar no CMEI eacute uma oportunidade
de aprendizado diferente e mais amplo em relaccedilatildeo ao outros contextos aleacutem de ser
um direito Dentro das categorias evidenciadas nas falas das matildees apenas uma natildeo
101
soube o que falar as demais colocaram como motivo o de crianccedilas pequenas com
deficiecircncia poderem frequentar o CMEI
- Porque a crianccedila com deficiecircncia faz parte da sociedade
- Porque a crianccedila precisa de estiacutemulo
- Eacute um direito de todos
- Porque eacute um lugar de aprendizado
- O Centro Municipal de Educaccedilatildeo Infantil eacute para qualquer crianccedila
- Faz parte do processo educacional da crianccedila
A Matildee 03 salienta que ldquoa gente costuma falar que o CMEI deixou de ser
depoacutesito pra ser lugar de aprendizadordquo
Jaacute a Matildee 01 reforccedila a noccedilatildeo de que estar em inclusatildeo eacute ldquoestar com pessoas
normaisrdquo ao afirmar que um dos motivos da inclusatildeo de crianccedilas pequenas eacute que
elas precisam de estiacutemulos e que eacute necessaacuterio ldquobuscar esse estiacutemulo entre os
normaisrdquo
Alves (2007) tambeacutem percebeu que para os pais a instituiccedilatildeo de educaccedilatildeo
infantil era um ldquobom lugarrdquo para o seu filho se desenvolver com condiccedilotildees e ofertas
que as famiacutelias sentem natildeo poder oferecer aos filhos Os pais da pesquisa de Alves
(2007) indicavam sentirem-se desinformados e desqualificados frente aos
profissionais que satildeo especialistas
No caso das respostas das Educadoras a socializaccedilatildeo da crianccedila com deficiecircncia
tambeacutem eacute enfatizada como a parte positiva da inclusatildeo poreacutem indicam que haacute
muitas necessidades que esse processo traz e que devem ser repensadas e
revistas Essa tendecircncia de relacionar diretamente socializaccedilatildeo e inclusatildeo tambeacutem
foi verificada no estudo de Vitta Vitta e Monteiro (2010) Foram categorias
evidenciadas nas entrevistas destas participantes sobre o motivo de crianccedilas
pequenas com deficiecircncia poderem frequentar o CMEI
- Porque todas as crianccedilas precisam das mesmas oportunidades
- Que por tem direito de participar da Escola Regular
102
- Porque eacute importante a socializaccedilatildeo
- Ela diz que eacute algo obrigatoacuterio por lei
- Elas estatildeo no CMEI para ter conviacutevio social e para o seu desenvolvimento
- Eacute uma preparaccedilatildeo da crianccedila para o Ensino Fundamental
- Que o aluno eacute uma crianccedila normal independente das suas necessidades
- Que eacute importante o aluno ver outras crianccedilas
Apenas uma Educadora afirmou que natildeo saberia o que dizer caso fosse
questionada a esse respeito
Vale ressaltar que a Educadora E04 afirma que fica chateada de natildeo
conhecer mais para poder responder quando as outras Educadoras perguntam o
que essa crianccedila estaacute fazendo ali e se natildeo deveria estar numa Escola Especial Ela
afirma tambeacutem que a inclusatildeo soacute vai fazer diferenccedila para a crianccedila se a educadora
tiver conhecimento e um trabalho aplicado ao aluno
Novamente chama-se a atenccedilatildeo para o que Jesus (2008) reflete no que tange
a formaccedilatildeo docente para a inclusatildeo dizendo que o desafio maior que se apresenta
eacute tentar instituir outras praacuteticas de potencializaccedilatildeo dos saberes-fazeres de tal modo
que a presenccedila de alunos em situaccedilatildeo de desvantagem de qualquer natureza natildeo
seja paralisadora de accedilotildees docentes
Jaacute as professoras do Atendimento Educacional Especializado falam que aleacutem
da socializaccedilatildeo da crianccedila pequena tambeacutem a inclusatildeo contribui para que haja a
superaccedilatildeo de suas dificuldades e serve agrave preparaccedilatildeo para sua trajetoacuteria como
aluno Portanto dentro de seus relatos foi possiacutevel evidenciar as seguintes
categorias sobre o motivo de crianccedilas pequenas com deficiecircncia poderem frequentar
o CMEI
- Que eacute um direito e que eacute pra ela que foi feita a escola
- Toda crianccedila tem direito de participar independente da deficiecircncia
- Eacute importante que essa crianccedila conviva com outras crianccedilas
- Eacute uma determinaccedilatildeo legal
- Eacute uma questatildeo social
- Eacute uma oportunidade de guarda da crianccedila enquanto os pais trabalham
103
De modo geral a inclusatildeo oscila entre ser uma oportunidade de socializaccedilatildeo
e o respeito a um direito que eacute de todas as crianccedilas ndash o de ter acesso agrave
escolarizaccedilatildeo
Zorteacutea (2007) questiona a afirmaccedilatildeo que eacute corrente sobre qual o maior ganho
da inclusatildeo da crianccedila com deficiecircncia que segundo ela dizer que eacute apenas
ldquosocializaccedilatildeordquo eacute ignorar o que as relaccedilotildees sociais produzem de aprendizado de
forma impliacutecita Segundo a autora natildeo eacute possiacutevel separar os aspectos afetivos
cognitivos ou psicomotores da socializaccedilatildeo em si por exemplo
Quanto agrave ecircnfase dada agrave inclusatildeo como direito de acesso a escolarizaccedilatildeo e
oportunidades diversas de aprendizado e desenvolvimento pensa-se que haacute que se
considerar profundamente o que Soares (2006) alerta ao destacar que o fato de ter
crianccedila com necessidades especiais na escola natildeo significa que seja uma instituiccedilatildeo
inclusiva Ou seja a garantia do acesso agrave instituiccedilatildeo de Educaccedilatildeo Infantil e ao
Atendimento Educacional Especializado pode seguir a mesma loacutegica
Pensa-se que diante das informaccedilotildees oferecidas pelas participantes se faz
necessaacuterio discutir a importacircncia da inclusatildeo para aleacutem da socializaccedilatildeo enquanto
parte tambeacutem de um plano de intervenccedilatildeo precoce Principalmente quando se
percebe que nem todas as crianccedilas que tem deficiecircncia ou alteraccedilatildeo no
desenvolvimento frequentam serviccedilos em centros de referecircncia ou tem no
Atendimento Educacional Especializado a complementaccedilatildeo necessaacuteria para a
garantia de promoccedilatildeo do seu desenvolvimento e apoio agrave famiacutelia
Como exemplo disso pode-se citar que entre o grupo de crianccedilas dessa
pesquisa haacute uma aluna que tem Siacutendrome de Down e que natildeo frequenta nenhum
tipo de serviccedilo especializado na aacuterea da sauacutede e que vai para o AEE apenas uma
vez na semana durante 1 hora Pode-se inferir que para essa crianccedila estar no CMEI
eacute fundamental pois o periacuteodo de oito horas diaacuterias que ela passa laacute eacute onde se
encontra o maior contingente de experiecircncias de aprendizagem e de promoccedilatildeo de
seu desenvolvimento
104
432 ParticipaccedilatildeoAtuaccedilatildeo no Processo Inclusivo no CMEI
Investigar o modo como se daacute a participaccedilatildeo das Matildees Educadoras e
Professoras no processo de inclusatildeo da crianccedila pequena se justifica pois conforme
evidenciado por Bhering e Sarkis (2009) quando uma crianccedila ingressa na creche haacute
uma ampliaccedilatildeo de suas relaccedilotildees sociais e de sua famiacutelia Esse novo complexo de
interaccedilotildees passaratildeo a interferir de algum modo para a criaccedilatildeo e re-criaccedilatildeo de
diferentes crenccedilas valores haacutebitos formas de se relacionar de fazer e assim de
perceber o desenvolvimento dessa crianccedila Essa influecircncia eacute muacutetua entre os
sujeitos que se relacionam direta ou indiretamente E eacute nesse contexto que nossas
crianccedilas pequenas na atualidade se deparam para vivenciar sua infacircncia e nesta
pesquisa sua inclusatildeo no ensino regular (BHERING e SARKIS 2009)
Duas das quatro matildees participantes demonstraram ser bastante atuantes no
que se refere ao atendimento no CMEI Segundo seus relatos elas costumam levar
orientaccedilotildees dos especialistas que atendem seus filhos para as educadoras e para as
professoras do AEE Mas essas conversas com as educadoras natildeo raro costumam
ser na entrada ou na saiacuteda das crianccedilas do CMEI Isso se reflete de modo geral em
todas as matildees Todas costumam conversar sobre suas crianccedilas nos mesmos
momentos ndash entrada e saiacuteda do CMEI Enquanto as primeiras buscam informar as
educadoras sobre as ldquonovidadesrdquo acerca de suas crianccedilas as demais conversam
apenas sobre como foi o dia dos filhos no CMEI
Nos relatos maternos natildeo aparecem momentos nos quais foram discutidos e
produzidos conceitos objetivos ou planejadas abordagens para a inclusatildeo de seus
filhos e se isso ocorreu elas natildeo conseguiram identificar e incluir em seus relatos ndash
nem com as educadoras ou com as professoras do AEE A relaccedilatildeo que elas tecircm
com as professoras do Atendimento Educacional Especializado tambeacutem natildeo parece
contribuir efetivamente para sua percepccedilatildeo e interaccedilatildeo no processo inclusivo do
filho na maioria dos casos jaacute que duas matildees natildeo souberam dizer de que forma o
AEE poderia auxiliar na inclusatildeo dos filhos sendo que uma afirmou que o
atendimento individual da crianccedila seria o suficiente para tal
A interaccedilatildeo das matildees no processo inclusivo que ocorre no CMEI aparece
em desacordo com o que se verifica na literatura pertinente e na qual se recomenda
que a famiacutelia participe o maacuteximo possiacutevel dos atendimentos seja na Educaccedilatildeo
105
Infantil ou na Educaccedilatildeo Especial (BARROS 2003 CUEVAS 2003 MANCINI et al
2004 MARTINS e VIEIRA 2009 MACARINI SARTORI SACANI e VALENTINI
2010)
De outro modo quando comparada agrave interaccedilatildeo das matildees com o CMEI
cujos filhos estatildeo em inclusatildeo com outros estudos sobre crianccedilas sem deficiecircncia
os dados satildeo bem semelhantes e as interaccedilotildees satildeo em maioria relatadas como
aligeiradas realizadas no portatildeo e nos momentos de entrada e na saiacuteda do aluno
(LORDELO et al 2007 SOUZA 2008 CAMPOS et al 2011 FERNANDES 2011)
Ou seja o fato da inclusatildeo trouxe pouca modificaccedilatildeo no que tange agrave participaccedilatildeo
das matildees no atendimento dos filhos que estatildeo no CMEI
No que se refere agrave participaccedilatildeo das professoras do Atendimento
Educacional Especializado no processo inclusivo da crianccedila pequena dentro do
CMEI esse se mostra um pouco obscuro principalmente por parte dos relatos das
matildees e das educadoras Trecircs das matildees natildeo relacionaram o processo de inclusatildeo no
CMEI ao Atendimento Educacional Especializado e quatro das educadoras natildeo
souberam o que era o AEE As demais educadoras ao falarem sobre como o
Atendimento Educacional Especializado poderia contribuir com o processo de
inclusatildeo demonstraram natildeo ter muita clareza da funccedilatildeo e da abrangecircncia desse
atendimento
Na fala das proacuteprias professoras do Atendimento Educacional Especializado
sua participaccedilatildeo estaacute mais voltada para o atendimento direto agrave crianccedila pequena
Essa posiccedilatildeo eacute justificada tambeacutem pelo fato de que essas profissionais demonstram
natildeo ter muita clareza de qual eacute o seu papel diante da inclusatildeo da crianccedila pequena
Elas mesmas destacam que atender crianccedilas tatildeo pequenas traz novas
necessidades e perspectivas do seu trabalho antes apenas realizado com os alunos
do Ensino Fundamental
Quando questionadas sobre o atendimento com a crianccedila elas tambeacutem
indicaram que isso estaacute sendo definido Mesmo quando citam que desenvolvem
atividades de estimulaccedilatildeo eacute possiacutevel perceber que esse conceito natildeo estaacute bem
estabelecido para elas
Desse modo infere-se que entre as necessidades que surgem com a
inclusatildeo da crianccedila pequena nos CMEIs estaacute primordialmente estabelecida a de
que essas profissionais precisam ter espaccedilo tempo e recursos para melhor delinear
106
qual eacute a caracteriacutestica maior do seu atendimento quando este for voltado para a
Educaccedilatildeo Infantil
No que se refere agrave atuaccedilatildeo ou participaccedilatildeo das educadoras essas
demonstram que natildeo sabem lidar com o processo inclusivo Segundo elas natildeo haacute
orientaccedilatildeo suficiente nem conhecimento para que consigam construir um
planejamento voltado para a inclusatildeo das crianccedilas pequenas Elas relatam tambeacutem
que ensaiam algumas accedilotildees isoladas no dia a dia na tentativa de dar um
atendimento um pouco diferenciado para o aluno que estaacute em inclusatildeo conforme jaacute
indicado em subcapiacutetulo anterior
Em relaccedilatildeo agraves interaccedilotildees que ocorrem no processo de inclusatildeo tambeacutem
cabe ressaltar a relevacircncia que as relaccedilotildees entre as crianccedilas pequenas tomam
frente agrave promoccedilatildeo do desenvolvimento uns dos outros
Nos relatos das Educadoras fica evidente o importante papel das outras
crianccedilas no quesito citado acima
A Educadora E01 diz que percebe um ldquosentimento de solidariedade entre as
crianccedilas que eacute muito interessanterdquo e que
eles (educadores) tecircm um sentimento de ser igual aquela pessoa (que estaacute em inclusatildeo) que agraves vezes a gente que eacute adulto e que natildeo conviveu com crianccedilas com deficiecircncia a gente natildeo tem E eles que convivem eles tecircm O sentimento eacute assim de que ela eacute igual a gente mas algueacutem tem que se preocupar com ela
A Educadora E04 tambeacutem verificou algo semelhante ldquoas crianccedilas natildeo o
excluem Eles querem levar ele para brincar se ele natildeo vem eles vatildeo ateacute ele para
brincarrdquo
O que tambeacutem eacute reforccedilado pelo relato da Educadora E08 ldquoo estiacutemulo estaacute
vindo dos colegas eles chamam ele pra brincar pegam o brinquedinho e levam para
ele brincar [] Eles ajudam muitordquo
E nesse acircmbito Zorteacutea (2007) percebeu em seu estudo que o brincar
aparece reafirmado como uma estrateacutegia que possibilita a aproximaccedilatildeo entre as
crianccedilas constituindo-se como espaccedilos de produccedilatildeo de cultura nos quais podem
experimentar o pertencimento e que na inclusatildeo educacional as interaccedilotildees entre as
crianccedilas revelam-se como um processo dinacircmico e fundamental Isso porque os
encontros entre as crianccedilas satildeo reveladores de caminhos a serem percorridos e
desencadeadores das suas potecircncias e de seus pares em que compartilham
sentidos que nem sempre se mostram facilmente para os adultos (ZORTEacuteA 2007)
107
433 Referecircncias e Apoios utilizados e indicados para que o Processo
Inclusivo ocorra com qualidade
As entrevistadas informaram quais as maiores dificuldades em relaccedilatildeo a
atender as condiccedilotildees das crianccedilas pequenas com necessidades especiais o que
fazem ou quem procuram para resolver isso
Nos relatos das matildees apenas uma disse que tinha dificuldade em atender o
filho a qual estaacute relacionada ao comportamento do mesmo As demais natildeo
indicaram nenhuma dificuldade Quando ocasionalmente surgem duacutevidas ou
dificuldades sobre a crianccedila de modo geral elas procuram os profissionais da aacuterea
de sauacutede
Na presente pesquisa tambeacutem foi possiacutevel perceber se as matildees recebem
orientaccedilotildees sobre suas crianccedilas como se organizam em sua rotina em famiacutelia e
quais as referecircncias utilizadas por essas matildees quando aparecem duacutevidas sobre
como atender o filho
As Matildees 01 02 e 03 demonstraram que a rotina da crianccedila eacute bem corrida
pela quantidade de atendimentos que ocorrem na semana As Matildees 01 e 03
comentaram que quando estatildeo com o filho em casa buscam desviar as atividades
dos aspectos corretivos terapecircuticos e orientam os programas familiares agrave interaccedilatildeo
entre os demais membros atividades corriqueiras e de lazer Jaacute as Matildees 02 e 04
afirmaram que buscam estimular o filho em casa
A Matildee 01 quando recebe orientaccedilotildees sobre o filho que costumam vir dos
profissionais dos centros especializados que a crianccedila frequenta e da professora do
AEE
No caso da Matildee 03 a fonoaudioacuteloga passa algumas sugestotildees de atividades
mas quem atende mais essas necessidades eacute o avocirc materno Essa matildee busca ter
outra conduta com a filha devido ao pouco tempo que passam juntas diariamente
A Matildee 02 costuma receber orientaccedilotildees do centro especializado que a crianccedila
frequenta entatildeo tenta fazer em casa as atividades que passam para ela A Matildee 04
tenta realizar as orientaccedilotildees que a professora do AEE passa e algumas das
atividades que as educadoras fazem no CMEI e que contam para ela Essa uacuteltima
matildee quando tem duacutevidas sobre a filha busca o centro especializado para dirimi-las
108
Por fim nesse grupo de perguntas foi solicitado que elas informassem se
recebem ou jaacute receberam orientaccedilotildees sobre como atender o filho quem passou as
orientaccedilotildees como isso ocorre e sobre o que satildeo essas orientaccedilotildees
As Matildees 01 02 e 03 afirmam que recebem orientaccedilotildees de como atender a
crianccedila e quem passa geralmente satildeo os profissionais especialistas dos centros de
atendimentos nos quais seus filhos fazem parte
Jaacute a Matildee 04 conta que jaacute recebeu orientaccedilatildeo de alguns especialistas e da
professora do AEE e que atualmente conversa com as educadoras para saber o
que elas fazem no CMEI a fim de poder fazer as atividades em casa tambeacutem
Logo segundo as Matildees cada especialista passa a sua recomendaccedilatildeo de
modo separado dos demais Elas tambeacutem informaram que natildeo costumam participar
dos atendimentos dos filhos por vaacuterios motivos entre eles pelo fato de que natildeo satildeo
convidadas considerando-se que a crianccedila ficaria mais agitada ou mesmo porque
trabalham e natildeo tendo disponibilidade para participar
Destaca-se que um trabalho de intervenccedilatildeo precoce centrado na famiacutelia deve
considerar a participaccedilatildeo efetiva e ativa desta no processo de reabilitaccedilatildeo de
educaccedilatildeo e de desenvolvimento de seu filho (GINEacute GRACIA VILASECA e
BALCELLS 2009)
No caso do grupo das professoras do Atendimento Educacional
Especializado trecircs das participantes informaram como maior dificuldade a
adequaccedilatildeo do seu trabalho agrave condiccedilatildeo da crianccedila pequena que estaacute na Educaccedilatildeo
Infantil Isso porque elas natildeo sabiam como construir esse trabalho especificamente
voltado agraves caracteriacutesticas e necessidades da Educaccedilatildeo Infantil Tais dados permitem
afirmar que se faz necessaacuterio e urgente construir uma abordagem que defina melhor
o trabalho do Atendimento Educacional Especializado voltado para a Educaccedilatildeo
Infantil e que este englobe princiacutepios que evidenciem a crianccedila - como sujeito em
desenvolvimento suas necessidades na infacircncia a importacircncia dos contextos e de
suas relaccedilotildees com a inclusatildeo (famiacutelia CMEI entre outros) e tambeacutem o papel desse
professor diante da inclusatildeo e da promoccedilatildeo do desenvolvimento infantil
As professoras do Atendimento Educacional Especializado relatam
como sendo suas maiores dificuldades
- Adequar o trabalho do AEE para a crianccedila que estaacute na Educaccedilatildeo Infantil
109
- Medo de machucar a crianccedila
A professora P01 afirma que sua maior dificuldade foi definir e se adequar ao
trabalho voltado para a Educaccedilatildeo Infantil Segundo ela
vocecirc planeja dar aula pra vocecirc e natildeo pro aluno que natildeo sabe E eacute a questatildeo tradicional da Educaccedilatildeo Fundamental de querer ensinar a ler escrever e usar caderno e que a Educaccedilatildeo Infantil natildeo tem isso
P03 tambeacutem faz afirmaccedilotildees nesse mesmo sentido justificando porque sentiu
medo quando soube que iria atender uma crianccedila pequena
ai com bastante medo sinceramente com bastante medo Eu natildeo tinha tido experiecircncia com crianccedila pequena ainda mais com berccedilaacuterio Minha experiecircncia toda era no Ensino Fundamental com crianccedilas maiores e que praticamente natildeo possuiacuteam dificuldade neacute
A professora P03 diz que tem medo de machucar a crianccedila por natildeo ter
conhecimento suficiente para atender agrave condiccedilatildeo da mesma
E a professora P04 indica que tem dificuldade em estabelecer o que vai
trabalhar com a crianccedila e como vai fazer isso
Em relaccedilatildeo ao que fazem quando surgem as duacutevidas e dificuldades todas
fizeram referecircncia agrave equipe da Educaccedilatildeo Especial do muniacutecipio afirmando que
costumam trocar informaccedilotildees com os demais membros da equipe de avaliaccedilatildeo e
com as outras professoras do AEE
Todas informaram que receberam algumas orientaccedilotildees da equipe da
Educaccedilatildeo Especial sobre as condiccedilotildees das crianccedilas que iriam atender e que essas
orientaccedilotildees acontecem conforme surgem as necessidades ao longo dos
atendimentos
Jaacute no que se refere ao grupo das educadoras nesse quesito apenas duas
Educadoras (E02 e E08) afirmaram que natildeo possuem dificuldades em atender a
crianccedila em inclusatildeo As informaccedilotildees dadas pelas demais educadoras estatildeo
descritas a seguir
Dificuldades indicadas pelas Educadoras desta pesquisa agraves categorias
indicadas abaixo
110
- Dar atenccedilatildeo individualizada para a crianccedila em inclusatildeo
- Dificuldade de se comunicar com o aluno
- Quantidade de crianccedilas por turma
- Natildeo saber lidar com comportamento estereotipado do aluno
- Falta de informaccedilatildeo sobre as condiccedilotildees da crianccedila que estaacute em inclusatildeo
- Medo de machucar a crianccedila
Vale ressaltar alguns relatos entre os quais os das educadoras E01 E03
E04 e E05
A Educadora E01 percebe que a crianccedila precisaria de uma atenccedilatildeo mais
individualizada diariamente para desenvolver determinadas habilidades contudo as
educadoras natildeo conseguem disponibilizar esse momento pois as demandas da
turma satildeo muito grandes
Para a Educadora E03 o que mais chama atenccedilatildeo satildeo as dificuldades de
comunicaccedilatildeo com a crianccedila ldquoagraves vezes fico pensando se ela taacute entendendo o que
eu tocirc falando o que ela quer falar pra mim agraves vezes eu natildeo consigo entender
direitordquo
No caso da Educadora E04 foi citada como dificuldades a falta de informaccedilatildeo
para atender crianccedilas como o caso dele e o medo de fazer algo que possa
prejudica-lo Tambeacutem reforccedila a falta de tempo para dar atenccedilatildeo especiacutefica agraves
necessidades dele e a quantidade de crianccedilas por turma
E por fim a Educadora E05 fala da sala superlotada e da falta de
conhecimento em como atender agraves necessidades da crianccedila
no momento da alimentaccedilatildeo agraves vezes a gente natildeo tem como taacute dando alimento na matildeo na boca entatildeo ela mesma tenta se alimentar e agraves vezes cai [a comida] Ela natildeo se alimenta da forma correta
As participantes tambeacutem informaram o que fazem ou quem procuram quando
tem duacutevidas ou dificuldades sobre a crianccedila
Segundo as Educadoras quando surgem duacutevidas ou dificuldades em
atender a crianccedila que estaacute em inclusatildeo elas procuram
- Pedagoga do CMEI
111
- Colega de sala e a matildee do aluno
- Professora do AEE e matildee do aluno
- Colega de sala
- Tenta resolver sozinha
- Matildee do aluno
Segundo quatro das entrevistadas (E01 E02 E05 e E09) a referecircncia na
maioria dos casos de dificuldades ou duacutevidas satildeo as pedagogas dos CMEIs Poreacutem
haacute situaccedilotildees em que as Educadoras buscam resolver suas dificuldades sozinhas
direto com a colega de sala ou com a matildee do aluno
A Educadora E03 procura a colega de sala que eacute psicopedagoga e a matildee
quando eacute necessaacuterio Indica que natildeo procura a Pedagoga do CMEI porque percebe
que essa profissional tambeacutem natildeo tem muito conhecimento sobre esse assunto
Interessante perceber que a Educadora E07 busca pesquisar a respeito de
suas duacutevidas Quando possiacutevel pergunta para a professora do AEE e para a matildee da
crianccedila Ela diz que natildeo busca as Pedagogas do CMEI por perceber que tambeacutem
lhes falta experiecircncia e conhecimento sobre a crianccedila em inclusatildeo
E por fim as Educadoras E02 e E04 desabafam
Dificilmente algueacutem vem perguntar pra gente como a Manu estaacute Desde que a gente comeccedilou a trabalhar com ela nunca ningueacutem veio perguntar pra mim natildeo sei se para as outras meninas mas enquanto estou na sala ningueacutem veio Pra mim ningueacutem veio ningueacutem perguntar da crianccedila (E02)
Na realidade a gente acaba indo na sorte porque natildeo tem uma orientaccedilatildeo mesmo Eu procurei na internet por livros e natildeo achei nada que falasse de crianccedilas pequenas com esse problema [] Parece que as crianccedilas natildeo existem nessa eacutepoca Eacute muito triste Para berccedilaacuterios natildeo encontra atividades tambeacutem (E04)
Sobre se recebem ou receberam algum tipo de orientaccedilatildeo relativo ao
atendimento da crianccedila em inclusatildeo apenas uma educadora (E05) afirmou natildeo ter
recebido qualquer tipo de orientaccedilatildeo sobre como atender a crianccedila As demais
destacam que as orientaccedilotildees natildeo satildeo frequentes mas que jaacute as receberam em
algum momento ao longo desse periacuteodo em que atendem a turma
A Educadora E01 afirma que normalmente natildeo recebe orientaccedilotildees mas que
jaacute recebeu da pedagoga do CMEI A Educadora E02 diz que costuma conversar com
112
as Educadoras e quando necessaacuterio faz pesquisas na internet ou busca orientaccedilotildees
junto agrave Pedagoga Segundo a E03 jaacute recebeu informaccedilotildees da Pedagoga logo que a
crianccedila entrou na turma e teve um contato breve com a professora do AEE e com
uma das psicoacutelogas do municiacutepio Mas segundo ela esses contatos natildeo foram
suficientes para causar modificaccedilotildees em sala e afirma ldquodaiacute eu trabalho o que eu
acho com ela o que eu trabalho com os outrosrdquo
No caso das Educadoras E06 e E07 elas recebem orientaccedilotildees da matildee da
crianccedila que estaacute em inclusatildeo e da professora do AEE
Jaacute as Educadoras E04 E08 e E09 dizem que receberam a visita de uma
fisioterapeuta que foi designada especialmente para o caso do aluno e de uma
professora que ela natildeo entendeu bem quem era
Eacute perceptiacutevel por meio dos relatos anteriores que as orientaccedilotildees que elas
indicam que jaacute receberam ou que ainda recebem natildeo parecem ser determinantes no
que diz respeito a produzir modificaccedilotildees no processo de inclusatildeo da crianccedila
pequena
Guasselli (2005) ao realizar pesquisa com professoras do Ensino
Fundamental sobre o processo inclusivo tambeacutem percebeu que as mesmas
demonstravam crer na necessidade de ampliar seus conhecimentos acerca da
condiccedilatildeo de seu aluno e tambeacutem sentiam ndash se inseguras para desempenhar seu
trabalho com essa crianccedila
Drago (2005) verificou em seu estudo que quando as educadoras apresentam
uma concepccedilatildeo de inclusatildeo mal compreendida isso parece ajudar a promover uma
praacutetica docente permeada por preconceitos e estigmas
Claramente se percebe que cada grupo (matildees educadoras e professoras do
AEE) busca a seu modo a resoluccedilatildeo de problemas e duacutevidas que envolvem a
inclusatildeo e que isso se dando de maneira isolada natildeo contribui para que todos os
envolvidos possam refletir e aprender juntos Desse modo a inclusatildeo deixa de ser
uma questatildeo de todos para ser uma questatildeo de uns poucos Cabe destacar que
incluir natildeo eacute filantropia tatildeo pouco um ato solitaacuterio individual (RODRIGUES 2006) Eacute
preciso refletir e dar novo significado para o senso de coletividade e de cooperaccedilatildeo
Em relaccedilatildeo aos apoios que seriam necessaacuterios para que o processo de
inclusatildeo se desse com qualidade as participantes foram unacircnimes em afirmar que
tanto as famiacutelias quanto a educadoras precisam disso
113
As participantes indicaram que para a famiacutelia eram apoios necessaacuterios
- grupo de pais
- apoio e orientaccedilatildeo de profissionais especializados
- incentivo para que aceite seu filho e o ldquomostrerdquo para a sociedade
- mais oportunidades de diagnoacutestico precoce
- maior acesso aos especialistas que atendem seu filho
- maior apoio das pedagogas do CMEI
- maior divulgaccedilatildeo do que satildeo as deficiecircncias
- mais apoio das professoras do AEE
Formiga e Pedrazzani (2004) em sua pesquisa trazem dados que
concordam com que foi indicado logo acima e acrescentam que tambeacutem eacute
fundamental que se estabeleccedilam programas de intervenccedilatildeo precoce de cunho
preventivo
Em outras palavras accedilotildees ou programas de atenccedilatildeo agrave infacircncia devem levar
em consideraccedilatildeo estrateacutegias de prevenccedilatildeo primaacuteria nas quais sejam evidenciadas
orientaccedilotildees de cunho educacional e informativo e tambeacutem de detecccedilatildeo precoce de
alteraccedilotildees no desenvolvimento e na sauacutede infantil (DIAZ-HERRERO e MARTINEZ-
FUENTES 2009)
Por outro lado Molinari et al (2005) consideram que na realidade brasileira
ainda haacute muito o que fazer no sentido de desenvolver accedilotildees integrais de promoccedilatildeo agrave
sauacutede infantil e que programas de vigilacircncia do desenvolvimento e promoccedilatildeo agrave
sauacutede devem contar com equipes multiprofissionais e partir de uma abordagem
ecossistecircmica Nesse sentido estrateacutegias de prevenccedilatildeo devem considerar a
importacircncia que os contextos tecircm para a promoccedilatildeo ou natildeo do desenvolvimento na
infacircncia e tambeacutem a inter-relaccedilatildeo entre tais ambientes
De outro modo as entrevistadas indicaram que as Educadoras precisariam
dos seguintes apoios
- Maior parceria com o departamento de Educaccedilatildeo Especial
- Apoio psicoterapecircutico no sentido de serem escutadas em suas dificuldades e
anseios
- Grupos de estudo sobre os casos de inclusatildeo
114
- Apoio psicopedagoacutegico no sentido de organizar melhor o trabalho com a crianccedila
- Apoio e orientaccedilatildeo constante de outros profissionais
Nos relatos das participantes houve uma incidecircncia grande em afirmarem que
as educadoras precisam de apoio e orientaccedilatildeo de profissionais especialistas tais
como psicoacutelogo terapeuta ocupacional fisioterapeuta entre outros
Para Mueller (2008) eacute importante proporcionar um conjunto de apoio social
para a famiacutelia tal como grupo de pais serviccedilo de aconselhamento familiar e
mobilizaccedilatildeo de amigos e comunidade Guasselli (2005) por sua vez percebeu o
peso que as professoras de turmas inclusivas atribuem aos especialistas Elas
deixam bem claro que satildeo os profissionais especializados que lhes indicaratildeo o
melhor caminho ou a melhor maneira de trabalhar com esse alunado
Igualmente se verifica o peso que um diagnoacutestico traz para as professoras O
diagnoacutestico e o apoio que especialistas trazem em si no discurso das professoras
com certa hierarquizaccedilatildeo na qual as uacuteltimas natildeo estatildeo no topo (GUASSELLI 2005)
Esse mesmo autor discute que as relaccedilotildees entre os profissionais especializados e
os professores em muitas situaccedilotildees vecircm baseadas em uma relaccedilatildeo de
desconhecimento e agraves vezes ateacute de desconsideraccedilatildeo do cotidiano da escola
Rodrigues (2006) questiona se eacute necessaacuterio ldquocriar reinventar e reproduzirrdquo um
discurso teacutecnico racional especializado sobre como estar preparado para receber
pessoas com necessidades educacionais especiais nas escolas
434 Avaliaccedilatildeo do Processo Inclusivo
Todas as participantes consideram a oportunidade de inclusatildeo para a crianccedila
pequena na Educaccedilatildeo Infantil algo positivo mesmo com as devidas ressalvas que
elas mesmas indicam Isso se justifica pelas modificaccedilotildees que todas percebem que
ocorreram no periacuteodo em que as crianccedilas estatildeo matriculadas E nesse sentido
pede-se atenccedilatildeo a algo que Guasselli (2005) aponta afirmando que haacute uma espeacutecie
de celebraccedilatildeo quando se tem um aluno com necessidades educacionais especiais
pois esse fato implica no ideal de que eacute politicamente correto ser uma escola
inclusiva Contudo ter um aluno com necessidade especial natildeo reflete
115
necessariamente uma accedilatildeo inclusiva de verdade Logo eacute positivo ter crianccedilas com
necessidade especial na Educaccedilatildeo Infantil e essa presenccedila parece ser o suficiente
para gerar grandes modificaccedilotildees no comportamento desse alunado mas haacute que
lembrar que soacute isso natildeo eacute suficiente para dar conta da complexa gama de
peculiaridades que o processo inclusivo traz em si
Ainda que todas afirmem que eacute positivo estar no CMEI metade das Matildees
consideraram que os CMEIs natildeo estatildeo preparados para a inclusatildeo e todas indicam
que as educadoras tambeacutem natildeo estatildeo preparadas para isso Ainda assim eacute
importantiacutessimo destacar que mesmo elas percebendo as dificuldades e o
despreparo das educadoras dos filhos as mesmas reconhecem e valorizam o
esforccedilo que essas profissionais fazem para atender as crianccedilas em inclusatildeo
As Professoras do Atendimento Educacional Especializado tambeacutem se
dividem em relaccedilatildeo aos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil estar ou natildeo
preparados Metade acredita que natildeo Jaacute sobre as educadoras trecircs das
profissionais consideram que tambeacutem natildeo estatildeo preparadas Uma das professoras
do Atendimento Educacional Especializado aponta para o fato de que as educadoras
satildeo muito ansiosas e que ainda se prioriza a crianccedila sem dificuldade dentro do
atendimento do Centro Municipal de Educaccedilatildeo Infantil
As Educadoras dos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil afirmam em
maioria que as instituiccedilotildees natildeo estatildeo preparadas para a inclusatildeo Segundo elas
falta estrutura apropriada Elas tambeacutem questionaram se estatildeo preparadas para
trabalhar com a inclusatildeo sendo que sete delas afirmam que natildeo haacute esse preparo e
duas manifestam as diferenccedilas entre as Educadoras mais jovens e as mais antigas
na profissatildeo
Todas as participantes quando falam que os Centros Municipais de
Educaccedilatildeo Infantil natildeo estatildeo preparados porque natildeo tecircm estrutura estatildeo se referindo
a adaptaccedilotildees que propiciem maior acessibilidade e menos riscos para todas as
pessoas que apresentem algum tipo de necessidade especial Entre as necessaacuterias
adaptaccedilotildees foram indicadas rampas barras de apoio portas mais largas e
brinquedos de sala e de parquinho
Quanto agraves Educadoras natildeo estarem preparadas foi indicado com muita
frequecircncia a falta de capacitaccedilatildeo especiacutefica para lidar com situaccedilotildees de inclusatildeo
Para Freitas (2006) em um grande nuacutemero de vezes o professor idealiza um aluno
sem se dar conta de que trabalhar com a diversidade eacute algo intriacutenseco agrave natureza da
116
atuaccedilatildeo docente esquecendo que natildeo faz sentido pensa-la como uma condiccedilatildeo
excepcional Segundo essa autora natildeo raro os cursos de formaccedilatildeo docente para a
inclusatildeo contribuem para a construccedilatildeo e para o fortalecimento de estereoacutetipos a
respeito da pessoa com necessidades educacionais especiais e sobre o proacuteprio
processo inclusivo
Segundo Freitas (2006) eacute necessaacuterio que as formaccedilotildees de docentes para
atuarem com inclusatildeo levem em consideraccedilatildeo a discussatildeo sobre a funccedilatildeo social da
escola sobre a importacircncia do trabalho docente orientando-os a aprender a
investigar sistematizar e produzir o conhecimento por meio da utilizaccedilatildeo de recursos
e materiais diversificados O objetivo maior eacute proporcionar a formaccedilatildeo de um
docente mais autocircnomo e consciente da complexidade de seu trabalho diante da
diversidade inegaacutevel de seu alunado especial ou natildeo
Propotildee-se que a formaccedilatildeo docente seja acima de tudo sempre voltada para
a inclusatildeo para uma escola para todos afim de que se desfaccedila ndash ainda que
lentamente ndash a ideia e o apego agrave do especialista de que sem ele natildeo haacute como
desenvolver um projeto inclusivo
435 Vantagens e Desvantagens do Processo Inclusivo
4351 As vantagens do Processo Inclusivo
Entre as concepccedilotildees maternas sobre as vantagens do processo inclusivo
foram as mais indicadas as que estatildeo listadas abaixo
- Socializaccedilatildeo da crianccedila que tem deficiecircncia
- Ajuda a diminuir o preconceito com a crianccedila que tem deficiecircncia
- Satisfaccedilatildeo da famiacutelia em ver os avanccedilos da crianccedila
- Preparaccedilatildeo para outras etapas da vida escolar da crianccedila que tem deficiecircncia
- Oportunidade de aprender coisas que em casa natildeo aprenderia
117
Consideremos que por parte dessas Matildees haacute uma supervalorizaccedilatildeo do que
o ambiente do Centro Municipal de Educaccedilatildeo Infantil oferece para sua crianccedila
quando relacionada com o que a famiacutelia pode oferecer
A Matildee 01 sugere que a inclusatildeo eacute uma oportunidade positiva afim de que
ldquoeles (pessoas de um modo geral) vejam que eacute uma crianccedila como qualquer outra
que pode estar junto com outras crianccedilas que eacute uma crianccedila boa que consegue
conviver que ele eacute bonzinhordquo
As Matildees 03 e 04 salientam que a inclusatildeo eacute uma oportunidade para que seus
filhos aprendam ldquocoisasrdquo que os pais por trabalharem o dia todo natildeo teriam
condiccedilotildees de lhes ensinar
A Matildee 03 ainda demonstra saber que o processo de inclusatildeo na atualidade
pode ocasionar dissabores para sua filha mas entende isso como algo proacuteprio para
que se evidencie um novo paradigma educacional Segundo ela
a fulana ainda pode ateacute sofrer um pouquinho mas quem vier depois dela natildeo E ela pode ateacute sofrer mas vai ser muito menos do que aquele que entrou na Escola haacute dez anos atraacutes
As Matildees datildeo vaacuterios exemplos dos aprendizados das crianccedilas sugerindo que
estatildeo satisfeitas com o fato de sua crianccedila estar no CMEI mesmo diante das
dificuldades ilustradas ao longo das entrevistas Outro ponto que merece destaque eacute
o quanto elas destacam o conviacutevio com as outras crianccedilas como um fator
fundamental para as transformaccedilotildees positivas no comportamento de seus filhos O
trecho logo abaixo ilustra bem esse posicionamento das matildees
Entatildeo ela taacute aprendendo aqui Como Vendo as outras crianccedilas Entatildeo ela procura imitar o amiguinho natildeo soacute a Educadora Ela procura o que o outro faz E isso eacute bom para os pais que trabalha neacute (Matildee 04)
Entre as Professoras do Atendimento Educacional Especializado foram
apontadas as seguintes vantagens do Processo Inclusivo
- A crianccedila vai usufruir dos seus direitos
- Socializaccedilatildeo da crianccedila que tem deficiecircncia
- Valorizaccedilatildeo da Educaccedilatildeo
- Valorizaccedilatildeo do trabalho da Educadora
118
- Ajuda a diminuir o preconceito com a crianccedila que tem deficiecircncia
- Desenvolvimento de valores nas pessoas envolvidas com a inclusatildeo (empatia
solidariedade altruiacutesmo entre outros)
- Oportunidade de aprender coisas que em casa natildeo aprenderia
- A inclusatildeo eacute fonte de informaccedilatildeo para a famiacutelia que tem uma crianccedila com
deficiecircncia
- Maior experiecircncia para as educadoras
- Para a crianccedila que tem deficiecircncia a maior vantagem eacute estar em um lugar seguro
A professora P01 destaca que a inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil ajuda as
pessoas a perceberem que ldquocom o passar do tempo a educaccedilatildeo vale a pena e daacute
certordquo
Eacute interessante destacar o comentaacuterio da P04 quando esta afirma que a
inclusatildeo pode ser um modo de se valorizar o trabalho das Educadoras
tambeacutem acredito assim que a Educadora tambeacutem vai se sentir mais uacutetil mais valorizada Porque eacute assim aquela crianccedila precisa de mim e ela vai ser mais afetiva porque ela vai ter que ter uma paciecircncia maior e vai ter que planejar mais o seu trabalho e vai ter que buscar vai ter que buscar pra poder trabalhar com aquela crianccedila
Jaacute as Educadoras dos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil
assinalaram as seguintes vantagens do processo inclusivo
- Socializaccedilatildeo da crianccedila que tem deficiecircncia
- Valorizaccedilatildeo do trabalho da Educadora
- Ajuda a diminuir o preconceito com a crianccedila que tem deficiecircncia
- Desenvolvimento de valores nas pessoas envolvidas com a inclusatildeo (empatia
solidariedade altruiacutesmo entre outros)
- Oportunidade de aprender coisas que em casa natildeo aprenderia
- Maior experiecircncia para as educadoras
- Para a crianccedila que tem deficiecircncia a maior vantagem eacute estar em um lugar seguro
enquanto os pais trabalham
A educadora E01 conta que as crianccedilas da turma criam naturalmente um
sentimento de cuidado e proteccedilatildeo em relaccedilatildeo ao aluno foco da inclusatildeo ldquoEles tem
119
um sentimento de ser igual agravequela pessoa que agraves vezes a gente que eacute adulto e que
natildeo conviveu com crianccedilas com deficiecircncia a gente natildeo tem e eles que convivem
eles temrdquo A entrevistada relatou vaacuterias situaccedilotildees em que as crianccedilas da turma
modificaram seu comportamento e demonstraram noccedilatildeo de que a outra crianccedila
precisava de apoio e proteccedilatildeo diferenciados
Segundo a educadora E05 nessa situaccedilatildeo especiacutefica natildeo haacute vantagens para
a crianccedila mas para alguns outros envolvidos
o fato dos pais natildeo terem onde deixar a crianccedila quando estatildeo trabalhando para as Educadoras terem percebido que Siacutendrome de Dow natildeo eacute um ldquomonstrordquo e para as merendeiras para as funcionaacuterias da limpeza e outros profissionais da creche eacute um aprendizado que natildeo eacute necessaacuterio ter doacute da crianccedila (E05)
As vantagens apontadas de forma comum aos trecircs grupos de participantes
(matildees professoras e educadoras) foram socializaccedilatildeo da crianccedila que tem
deficiecircncia ajuda a diminuir o preconceito com a crianccedila que tem deficiecircncia
oportunidade de aprender coisas que em casa natildeo aprenderia
Entre as profissionais da aacuterea de educaccedilatildeo (professoras e educadoras) as
vantagens que satildeo comuns aos dois grupos satildeo socializaccedilatildeo da crianccedila que tem
deficiecircncia valorizaccedilatildeo do trabalho da Educadora ajuda a diminuir o preconceito
com a crianccedila que tem deficiecircncia desenvolvimento de valores nas pessoas
envolvidas com a inclusatildeo (empatia solidariedade altruiacutesmo entre outros) ajuda a
diminuir o preconceito com a crianccedila que tem deficiecircncia oportunidade de aprender
coisas que em casa natildeo aprenderia maior experiecircncia para as educadoras e para a
crianccedila que tem deficiecircncia a maior vantagem eacute estar em um lugar seguro
4352 Desvantagens do Processo Inclusivo
Ao serem indagadas sobre se haveriam possiacuteveis desvantagens na inclusatildeo
na Educaccedilatildeo Infantil 03 Matildees responderam que sim e todas as 04 indicaram que a
inclusatildeo de crianccedilas pequenas no CMEI evidencia situaccedilotildees que se tornam
desvantagens tanto para a crianccedila quanto para as Educadoras
120
Segundo as Matildees participantes poderiam ser consideradas como
desvantagens atreladas ao Processo de Inclusatildeo da crianccedila pequena
- O fato de as educadoras natildeo saberem o que fazer com a crianccedila deixando-a
ociosa
- A educadora se sentir sobrecarregada por ter uma crianccedila especial na turma
- O fato de o atendimento na creche natildeo ser especializado faz com que a matildee
tenha receio de que a crianccedila venha a perder tempo em seu processo de
reabilitaccedilatildeo
- A rotina do Educador na sala de aula impede que se decirc atenccedilatildeo apropriada agrave
crianccedila especial
- Falta de um planejamento apropriado agrave crianccedila especial
- Falta de paracircmetros para saber o que fazer com as crianccedilas especiais
- A desvalorizaccedilatildeo do trabalho do educador
- Falta de atendentes (algueacutem que fique soacute com seu filho)
Pode-se perceber na fala das matildees que elas estatildeo de algum modo bem atentas
ao que ocorre com seus filhos dentro do CMEI
Por outro lado na concepccedilatildeo das Professoras do Atendimento Educacional
Especializado haacute uma maior incidecircncia em afirmarem que natildeo haacute desvantagens no
processo de inclusatildeo Duas das professoras afirmam que natildeo haacute nenhum tipo de
desvantagem na inclusatildeo da crianccedila pequena na Educaccedilatildeo Infantil Contudo uma
delas afirma que a ocorrecircncia de desvantagens vai depender de como a inclusatildeo
estaacute sendo realizada outra afirma que deveria ser considerado como desvantagem
o excesso de trabalho que a Educadora passa a ter quando haacute uma crianccedila com
necessidades especiais em sua turma
No conjunto de concepccedilotildees coletadas nas entrevistas das Educadoras dos
Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil 05 delas afirmam que a inclusatildeo da crianccedila
pequena natildeo apresentaria nenhum tipo de desvantagem Poreacutem uma delas defende
que a ocorrecircncia ou natildeo de desvantagens depende das condiccedilotildees nas quais se
verifica o processo inclusivo
Por fim 03 entrevistadas consideram como desvantagens oriundas da inclusatildeo
de crianccedilas pequenas com necessidades educacionais especiais
121
- Excesso de trabalho para a educadora
- O sofrimento que a crianccedila em inclusatildeo passa
- Falta de profissionais para o bom atendimento da crianccedila
- Diz que natildeo sabe se pode trazer algum tipo de desvantagem e que se preocupa
com o fato da inclusatildeo produzir algum trauma ou regressatildeo no desenvolvimento de
uma crianccedila em inclusatildeo
Desse modo percebe-se que na totalidade do grupo (17 participantes) 07
afirmaram que natildeo existem desvantagens no processo de inclusatildeo na Educaccedilatildeo
Infantil As matildees foram as que mais apontaram questotildees que podem ser
consideradas como desvantagens
Segundo Rodrigues e Lima-Rodrigues (2011) o objetivo da Educaccedilatildeo
Inclusiva natildeo se resume a uma mera mudanccedila curricular ou mesmo a permitir o
acesso de alunos com condiccedilotildees de deficiecircncia agrave Escola Regular trata-se portanto
de uma reforma mais profunda abrangendo os valores e as praacuteticas de todo o
sistema educativo tal como ele eacute comumente concebido E essa necessidade de
reforma profunda eacute possiacutevel de perceber a partir dos relatos que as entrevistadas
proporcionaram na presente pesquisa
436 Sugestotildees e Comentaacuterios visando agrave melhoria do Processo Inclusivo na
Educaccedilatildeo Infantil
Foi perguntado para as participantes se elas gostariam de deixar algum
comentaacuterio ou sugestatildeo sobre a realizaccedilatildeo da inclusatildeo da crianccedila pequena com
deficiecircncia na Educaccedilatildeo Infantil e em grande parte as sugestotildees se referem ao
atendimento da educadora no CMEI conforme eacute possiacutevel observar grupo a grupo
Entre os comentaacuterios e sugestotildees maternas elas indicam a) que as
educadoras tenham mais formaccedilatildeo especiacutefica para trabalhar com as crianccedilas de
inclusatildeo b) a criaccedilatildeo de um grupo de estudos de caso para discutir as deficiecircncias e
as experiecircncias inclusivas c) diminuir o nuacutemero de crianccedilas nas turmas de inclusatildeo
d) maior valorizaccedilatildeo do trabalho das Educadoras e) proporcionar melhor estrutura
de atendimento nos CMEIs para que a crianccedila natildeo precise sair desse espaccedilo para ir
122
a outro atendimento como acontece com o serviccedilo do AEE f) que as educadoras
tenham maior contato com os especialistas que atendem a crianccedila para que todos
falem a ldquomesma liacutenguardquo g) divulgaccedilatildeo da inclusatildeo h) disponibilizaccedilatildeo de uma
professora tutora para dar atenccedilatildeo individualizada para a crianccedila que estaacute no CMEI
e i) mais profissionais para fazer o diagnoacutestico dos filhos diminuindo o tempo de
espera para isso
A Matildee 01 afirma que agraves vezes as educadoras ficam sobrecarregadas tendo que
atender agraves necessidades da turma e ainda ter que dar conta dos comportamentos e
caracteriacutesticas da crianccedila que estaacute em inclusatildeo portanto com vistas a resumir isso
ela sugere
como todas as crianccedilas especiais natildeo conseguem ficar em sala de aula por muito tempo esperando que tenha alguma atividade como as outras crianccedilas a escola a creche poderia ver com a prefeitura se poderia estar disponibilizando uma pessoa pra ficar com essas crianccedilas
Um dos comentaacuterios da Matildee 02 destaca algo interessante e que reflete um
receio dela sobre a relaccedilatildeo crianccedila-educadora
formaccedilatildeo para essas educadoras contato com as fisioterapeutas contato com o lugar onde a crianccedila tem atendimento para atenderem em conjunto e natildeo prejudicar e natildeo atrasar a evoluccedilatildeo da crianccedila A professora estaacute lidando com vaacuterias crianccedilas em sala e se ela der um grito ou brigar com uma forma muito autoritaacuteria pode prejudicar a crianccedila que tem dificuldade que precisa de uma atenccedilatildeo especial A formaccedilatildeo vai ajudar o atendimento dela com as crianccedilas normais e as crianccedilas que estaacute em inclusatildeo
No conjunto dos comentaacuterios e sugestotildees das professoras do Atendimento
Educacional Especializado foram citados a) os profissionais da educaccedilatildeo devem
buscar mais conhecimento sobre a crianccedila pequena e sobre a sua inclusatildeo b) deve-
se construir a consciecircncia da comunidade sobre a inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil c)
deve-se divulgar mais o trabalho do Atendimento Educacional Especializado d)
divulgar mais a inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil e) divulgar mais as possibilidades de
formaccedilatildeo continuada na aacuterea f) ter mais Educadores por sala ou menos crianccedila por
turma de inclusatildeo g) apoio psicoterapecircutico para os professores do Atendimento
Educacional Especializado
A professora P01 afirma
123
acredito que a gente ainda precisa como melhoria de trabalho buscar muito mais conhecimento sobre a crianccedila e sobre a inclusatildeo Tambeacutem a gente precisa batalhar a consciecircncia da comunidade sobre a inclusatildeo na inclusatildeo infantil no ensino fundamental
Ela tambeacutem comenta que trabalha haacute muitos anos no municiacutepio e que natildeo sabia
que existiam esses serviccedilos de inclusatildeo e por conta disso destaca que eacute preciso
haver divulgaccedilatildeo dos serviccedilos das vitoacuterias
A professora P02 afirma que as educadoras tem que estar preparadas para
atender uma crianccedila com deficiecircncia e ela reforccedila ldquoaquele professor que gosta do
que faz tem que estar preparadordquo
Continuando com seus comentaacuterios a professora P02 aponta de modo simples e
certo ldquoTem profissionais que natildeo se dedicam e noacutes professores temos que dar o
melhor para os nossos alunos Quanto menor a crianccedila mais precisa de atenccedilatildeo e
carinhordquo
Jaacute a professora P04 faz um desabafo significativo quando associado a um
trabalho com qualidade
eu acho que eacute uma carga muito pesada pra noacutes professores do AEE porque assim a gente recebe da matildee aquela carga a matildee taacute cansada jaacute fez assim e tal e tal aiacute a gente vai no CMEI com as Educadoras ou nas Escolas dai a gente recebe essa carga tambeacutem Daiacute eacute a carga que a gente jaacute tem que eacute a proacutepria crianccedila e a responsabilidade puxa vida Todo mundo taacute vendo que eu sou a salvadora que eu vou dar conta de tudo dai vocecirc fica angustiada
Lembra-se que haacute muitos valores impliacutecitos no princiacutepio da inclusatildeo de pessoas
com necessidades especiais alguns amplamente conhecidos e outros por conhecer
ou pouco mencionados (CARDOSO e BUCKLEY 2011) E por isso mesmo se faz
necessaacuterio buscar perceber o que permeia esse complexo processo tal como o que
eacute relatado pela professora P04 ou mesmo pelas demais participantes desse estudo
Pois na atualidade o que se busca eacute uma revoluccedilatildeo natildeo somente na Educaccedilatildeo
Especial mas em toda a praacutetica educativa justamente porque a inclusatildeo exige
que todos recebam o apoio que eacute necessaacuterio para participaccedilatildeo na comunidade a
que pertencem (CARDOSO e BUCKLEY 2011)
Nos comentaacuterios e sugestotildees das educadoras dos Centros Municipais de
Educaccedilatildeo Infantil foram evidenciados a) formaccedilatildeo de um grupo para discutir os
casos de inclusatildeo b) maior divulgaccedilatildeo da inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil c) mais
formaccedilatildeo especiacutefica para a inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil d) necessidade de
124
melhorar o espaccedilo fiacutesico e) diminuir o nuacutemero de crianccedila por turma f) criaccedilatildeo de
campanhas de conscientizaccedilatildeo da comunidade sobre as possibilidades da inclusatildeo
na Educaccedilatildeo Infantil g) deveria haver uma pessoa que fizesse a ponte entre todos
os que atendem a crianccedila para que tivessem acesso ao mesmo niacutevel de
entendimento sobre a crianccedila
Entre as educadoras vale a pena ressaltar alguns dos comentaacuterios que foram
expressos por elas entre os quais o da E01 e no qual afirma que ldquoeu acho que a
gente tenta mas faz mais intuitivo e pouco teacutecnico saberdquo
A educadora E02 ao indicar que seria necessaacuterio haver mais divulgaccedilatildeo da
possibilidade de incluir a crianccedila pequena no CMEI justifica
eu natildeo sabia que podia trazer para o CMEI Entatildeo divulgar assim para os pais que querem desde cedo trazer assim e para que estas crianccedilas venham assim Divulgar essa ideia da inclusatildeo assim tambeacutem para as professoras para as tias dos CMEIS tambeacutem que natildeo tem muita ideia de que isso pode acontecer
E tambeacutem afirma
eu queria falar que meu trabalho eacute muito gratificante Tenho aprendido muito Desde que eu comecei a trabalhar com ela o meu olhar sobre a Siacutendrome de Down mudou completamente
A educadora E07 faz um desabafo em relaccedilatildeo ao trabalho na Educaccedilatildeo
Infantil
a Educaccedilatildeo Infantil eacute desvalorizada porque muitos acham que as crianccedilas vecircm aqui passar o tempo e como os pais vatildeo trabalhar eles ficam aqui soacute pra brincar A gente tem a funccedilatildeo de educa-los A gente contribui educa corrige no que for preciso falta reconhecimento na Educaccedilatildeo Infantil
E acrescenta em relaccedilatildeo agrave Inclusatildeo
falta a conscientizaccedilatildeo da comunidade da famiacutelia dos educadores um trabalho da secretaria com relaccedilatildeo a isso com cursos que chamem a populaccedilatildeo a comunidade toda a se interessar porque infelizmente eacute vista com maus olhos
Jaacute a educadora E09 sugere que as educadoras natildeo sintam medo como ela
sentiu no iniacutecio do atendimento que busquem conhecimento e a superaccedilatildeo das
suas dificuldades e que ldquofaccedilam seu trabalho com amor e com carinho porque a
inclusatildeo eacute uma coisa nova e diferente mas eacute muito bomrdquo
125
44 Da necessidade de se observar e atuar na infacircncia enquanto etapa crucial
de desenvolvimento
Haacute a necessidade de se discutir natildeo soacute as especificidades da crianccedila que estaacute
em inclusatildeo mas de se determinar primeiramente quais satildeo as peculiaridades de
uma crianccedila na faixa etaacuteria atendida
Portanto faz-se imprescindiacutevel rever concepccedilotildees acerca do que vem a ser o
desenvolvimento humano e os elementos que o constituem e o que nele interferem
profundamente assim como discutir e rever fatores de risco e de proteccedilatildeo E apoacutes
se ter estabelecido a ideia de crianccedila em desenvolvimento estabelecer paracircmetros
de observaccedilatildeo acompanhamento e avaliaccedilatildeo perceber e discutir quem eacute essa
crianccedila que estaacute em inclusatildeo pois na Educaccedilatildeo Inclusiva deve comprometer-se a
desenvolver uma pedagogia capaz de educar todas as crianccedilas com sucesso e
tambeacutem porque o acesso da crianccedila com necessidades especiais agrave educaccedilatildeo
infantil pode ser considerado como um ritual que marca sua condiccedilatildeo de crianccedila
(SORIANO 1999 ZORTEacuteA 2007)
Sendo reconhecidamente estabelecido que os primeiros anos de vida satildeo
fundamentais para o crescimento desenvolvimento e aprendizagem de qualquer
indiviacuteduo pensar em desenvolvimento infantil tambeacutem requer que se reflita sobre
quais as necessidades que as crianccedilas pequenas com ou sem necessidades
educacionais especiais possuem E nesse caso pode-se afirmar que na primeira
infacircncia certamente haacute a necessidade de interaccedilotildees emocionais seguras em
ambientes que proporcionem oportunidades de aprendizagem seguras e ricas
(BAZELTON e GREENSPAN 2002)
Em acordo com Bronfenbrenner e Evans (2000) para ocorrer o desenvolvimento
de uma pessoa ela precisa participar ativamente de interaccedilotildees reciacuteprocas de
complexidade crescente com pessoas com as quais desenvolve apego forte muacutetuo
e irracional e que com o tempo se comprometa com o bem-estar e
desenvolvimento dos outros Logo especialmente para a crianccedila pequena com
necessidades educacionais especiais eacute fundamental que o profissional tenha um
bom conhecimento sobre desenvolvimento humano principalmente relacionado agrave
faixa etaacuteria que atende e sobre qual eacute o seu papel diante dessa crianccedila Isso
porque eacute necessaacuterio que ele seja capaz de perceber tanto lacunas no
desenvolvimento quanto habilidades jaacute alcanccediladas e suas relaccedilotildees com a faixa
126
etaacuteria da crianccedila e com suas caracteriacutesticas pessoais orgacircnicas culturais entre
outros Aleacutem de que deve ser capaz de estabelecer planos e estrateacutegias para
intervir e avaliar seu trabalho e o desenvolvimento infantil E isso cabe tanto agraves
educadoras da Educaccedilatildeo Infantil quanto agraves professoras do Atendimento Educacional
Especializado pois ambos os grupos trabalham diretamente com o desenvolvimento
na infacircncia
O estabelecimento e a manutenccedilatildeo das interaccedilotildees entre o cuidador e a crianccedila
dependem da disponibilidade e do envolvimento de outro adulto (terceira pessoa)
que daacute apoio e encoraja a pessoa que cuida e interage com a crianccedila (BHERING e
SARKIS 2009) No caso da presente pesquisa pode-se perceber que em vaacuterios
momentos as matildees fazem esse papel de encorajamento como por exemplo ao
buscar levar informaccedilotildees para as educadoras em relaccedilatildeo aos filhos Contudo tal
funccedilatildeo natildeo eacute evidente quando se observa o papel da professora do Atendimento
Educacional Especializado nem junto agraves matildees muito menos em relaccedilatildeo agraves
educadoras
Eacute importante lembrar que o contexto assim como a pessoa tem caracteriacutesticas
que satildeo instigadoras de desenvolvimento (BHERING E SARKIS 2009) O contexto
do Centro Municipal de Educaccedilatildeo Infantil se enquadra nesse paracircmetro enquanto
ambiente distinto do familiar especialmente por conter objetos siacutembolos ambientes
e pessoas que se mostram como estiacutemulos muito diversos dos familiares Contudo
eacute algo que ocorre por si soacute sem planejamento ou adaptaccedilotildees Ou seja as proacuteprias
educadoras informam que natildeo haacute preparaccedilatildeo ou planejamento algum para que tal
ambiente se torne instigador para a crianccedila que estaacute em inclusatildeo Isso de algum
modo parece incomodar algumas profissionais pois o natildeo planejamento nem
sempre se daacute como uma escolha delas mas como uma falta de conhecimento em
como proceder
No que se refere agrave interaccedilatildeo com as outras crianccedilas da turma o que foi referido
como positivo e importante elemento promotor de desenvolvimento e de
aprendizagem das crianccedilas em inclusatildeo lembra-se que esta natildeo pode se resumir
apenas e somente a atividades e accedilotildees realizadas ao acaso Pois a relaccedilatildeo com o
outro tambeacutem crianccedila pode provocar impactos tanto positivos quanto negativos em
quem estaacute em inclusatildeo lembrando que a turma responde ao modelo de
entendimento e aceitaccedilatildeo do diferente conforme for apresentado por suas
educadoras (DRAGO 2005)
127
De todo modo Zorteacutea (2007) fala que as crianccedilas pequenas querem estar umas
com as outras e isso eacute fundamental para que se crie laccedilos e paracircmetros sociais de
pertencimento e de identidade e isso foi possiacutevel de perceber nos relatos das
educadoras Portanto cabe aos familiares educadoras e professoras de
Atendimento Educacional Especializado que levem em consideraccedilatildeo a interaccedilatildeo
com outras crianccedilas tambeacutem como elemento de construccedilatildeo do processo inclusivo
sem no entanto consolidar o estigma que jaacute existe entre os ldquonormaisrdquo e os
ldquoinclusosrdquo
Contudo haacute que se estabelecer tanto entre as famiacutelias quanto entre as
profissionais da educaccedilatildeo estrateacutegias que auxiliem a perceber acompanhar e
avaliar o processo de desenvolvimento infantil Para que assim todos possam
interagir com a crianccedila no sentido de natildeo soacute promover seus aspectos
desenvolvimentais mas tambeacutem de identificar possiacuteveis riscos e alteraccedilotildees de
forma precoce para em decorrecircncia disso intervir com qualidade e seguranccedila E
nesse sentido concorda-se com Diaz ndash Herrero e Martinez ndash Fuentes (2009)
quando essas autoras afirmam que especialmente o ambiente da escola serve
como contexto para minimizar os efeitos de atrasos e de condiccedilotildees anocircmalas do
desenvolvimento infantil Mas isso soacute vai ocorrer quando o ambiente escolar
conseguir se adequar agraves necessidades da crianccedila do contraacuterio falharaacute enquanto
fator de proteccedilatildeo agrave infacircncia (DIAZ ndash HERRERO e MARTINEZ ndash FUENTES 2009)
Para tal faz-se urgente a necessidade de estabelecer accedilotildees que visem agrave
adequaccedilatildeo estrutural das instituiccedilotildees que atendem a infacircncia para que se
constituam em ambientes seguros e promotores do desenvolvimento infantil de
qualquer crianccedila Assim como construir e aplicar programas que levem em
consideraccedilatildeo a orientaccedilatildeo e o apoio contiacutenuo agraves famiacutelias membros da comunidade
profissionais da educaccedilatildeo e demais interessados enquanto espaccedilos coletivos de
discussatildeo reflexatildeo e formaccedilatildeo acerca do desenvolvimento e seus fatores de risco e
de proteccedilatildeo
128
45 Do reconhecimento da importacircncia dos contextos e suas inter-relaccedilotildees
Bronfenbrenner (1989) tambeacutem assinala a necessidade de haver poliacuteticas
puacuteblicas e accedilotildees que funcionem como suporte agraves atividades de educar crianccedilas de
forma ampla abrangendo pais cuidadores professores parentes amigos
vizinhos parceiros de trabalho e tambeacutem as instituiccedilotildees poliacuteticas econocircmicas e
sociais da sociedade como um todo
No presente estudo em acordo com os relatos haacute a percepccedilatildeo do papel dos
contextos como elementos importantes especialmente no que se refere agrave famiacutelia e
agraves instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Infantil Contudo essa percepccedilatildeo natildeo eacute suficiente para
que se verifique uma efetiva relaccedilatildeo entre os contextos
Portanto haacute a necessidade de se discutir tanto com a famiacutelia quanto com os
profissionais e membros da comunidade a importacircncia de um trabalho coletivo e
colaborativo quando se trata de construir um processo de inclusatildeo especialmente
na primeira infacircncia para que todos se percebam como agentes mediadores da
promoccedilatildeo do desenvolvimento infantil e da inclusatildeo em si
A relaccedilatildeo entre os contextos as caracteriacutesticas da pessoa e processos proximais
eacute pertinente na medida em que ambientes especialmente preparados para as
crianccedilas satildeo vitais e as interaccedilotildees ali estabelecidas satildeo determinantes para o seu
desenvolvimento (BHERING e SARKIS 2009) Eis aqui outro aspecto que as
participantes demonstraram em seus relatos a pouca preparaccedilatildeo para atender o
alunado em inclusatildeo Diante do que foi afirmado por Bhering e Sarkis (2007) eacute
possiacutevel inferir que isso ao longo do tempo pode gerar impactos negativos no
desenvolvimento e na aprendizagem desse alunado que estaacute construindo sua
trajetoacuteria tanto como pessoa quanto como aluno
Ainda que a crianccedila permaneccedila o dia todo na instituiccedilatildeo isso natildeo invalida o
papel da famiacutelia no que se refere agrave participaccedilatildeo no processo de inclusatildeo e da
estimulaccedilatildeo do desenvolvimento do filho e deve-se lembrar que o que ocorre na
famiacutelia afeta a instituiccedilatildeo na qual a crianccedila estaacute e vice-versa (BRONFENBRENNER
1986) Portanto concorda-se com Bronfenbrenner (1989) quando esse autor propotildee
que o funcionamento efetivo do processo de educar crianccedilas no contexto familiar e
em outros contextos tais como os Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil
requer que haja padrotildees de trocas de informaccedilatildeo estabelecidos e contiacutenuos aleacutem
129
de confianccedila muacutetua entre os principais ambientes nos quais as crianccedilas e suas
famiacutelias vivem
O compartilhamento de praacuteticas educativas familiares e escolares eacute um dos
passos importantes para o sucesso das instituiccedilotildees educacionais do desempenho e
desenvolvimento dos profissionais a frente das iniciativas das relaccedilotildees entre os
responsaacuteveis pelos processos educativos formais e informais e acima de tudo
para o desenvolvimento integral das crianccedilas (BHERING e SARKIS 2009)
Lembrar-se tambeacutem que quando se trata especificamente de crianccedilas com
alteraccedilotildees no desenvolvimento ou deficiecircncia o sucesso de programas de
intervenccedilatildeo precoce depende em grande parte da integraccedilatildeo de esforccedilos da
comunidade local e da famiacutelia (MUELLER 2008)
46 Da consideraccedilatildeo e discussatildeo das novas concepccedilotildees acerca da Inclusatildeo
Conforme Sanches e Teodoro (2007) eacute preciso saber o que queremos significar
quando falamos da inclusatildeo de um aluno na escola e quais os indicadores que nos
permitem afirmar que a crianccedila estaacute incluiacuteda ou natildeo Dentro do grupo entrevistado
haacute alguns indicadores estes estabelecidos de forma intuitiva baseada no senso
comum e em pouco conhecimento sobre o tema Contudo eacute preciso dar novo
significado ao que eacute inclusatildeo de modo que deixe de ser moda e de gerar ideias
errocircneas e simplistas de sua aplicaccedilatildeo ou que justificam sua impossibilidade
(RODRIGUES 2006)
Ao se inferir que eacute necessaacuterio considerar e discutir as novas concepccedilotildees acerca
da inclusatildeo isso quer dizer que natildeo eacute mais tempo de questionar se o que se faz eacute
integraccedilatildeo normalizaccedilatildeo ou inclusatildeo Mas de partir dos conceitos que as
profissionais e as famiacutelias jaacute trazem e dar novo significado a eles sem
desconsideraacute-los Parte-se do princiacutepio que o fato da inclusatildeo natildeo eacute mais uma
ldquogranderdquo novidade pois de algum modo ela permeia nosso dia-a-dia Contudo nem
todos demonstram essa consciecircncia O que parece ocorrer eacute que a inclusatildeo em si
se tornou uma possibilidade mal divulgada e pouco discutida o que a torna uma
realidade distante ainda que natildeo seja verdade
130
Quando se diz que eacute mal divulgada eacute no sentido de que as pessoas sabem que
tem que ldquoincluir os diferentesrdquo - muito se afirma nas miacutedias que todos satildeo diferentes
que deve haver respeito e igualdade de oportunidades para todos - mas sabem elas
quem satildeo esses diferentes Sabem elas onde eles devem ser incluiacutedos Quando se
referencia que a inclusatildeo eacute uma possibilidade pouco discutida eacute que natildeo o
suficiente apenas ter informaccedilotildees sobre a inclusatildeo Faz-se necessaacuterio discutir
refletir re-significar e ampliar a concepccedilatildeo do que eacute a inclusatildeo desde quando se eacute
sujeito e qual eacute o objetivo da inclusatildeo E quando se afirma que a inclusatildeo eacute uma
possibilidade distante eacute porque ela se torna exatamente isso para determinadas
pessoas especialmente no caso das educadoras e professoras que tem em seu rol
de formaccedilatildeo dados informaccedilotildees ou experiecircncias que tratem do processo inclusivo
Diante disso eacute possiacutevel pensar que um dos aspectos que faltam agrave formaccedilatildeo eacute dar
sentido ao que os envolvidos trazem seja como experiecircncia de vida ou como
formaccedilatildeo acadecircmica
Quando se percebe que segundo as participantes a inclusatildeo serve agrave
socializaccedilatildeo que eacute um direito que eacute uma oportunidade que eacute vantajoso que eacute a
chance da crianccedila estar em um lugar seguro elas estatildeo tambeacutem indicando
concepccedilotildees que de algum modo fundamentam sua relaccedilatildeo com a crianccedila Natildeo
obstante esses fatos natildeo devem ser tomados como base se julgamento de suas
competecircncias habilidades ou eficiecircncia em compreender e buscar atender o aluno
da melhor maneira possiacutevel - ainda que essa maneira natildeo se enquadre no que
academicamente eacute desejaacutevel ou recomendaacutevel
Dentro de uma escola para todos esse ldquotodosrdquo deve envolver tambeacutem os sujeitos
que ali se envolvem seja a crianccedila com deficiecircncia matildee a professora profissionais
Fernandes Bolsanello e Ceretta (2009) apontam para o fato de que a inclusatildeo
passa necessariamente pela possibilidade de assegurar agraves crianccedilas agraves famiacutelias e
aos professores apoio formaccedilatildeo e condiccedilotildees praacuteticas pois estas satildeo questotildees
imprescindiacuteveis para que a inclusatildeo de fato aconteccedila
Concorda-se com Sanches e Teodoro (2007) quando esses autores afirmam que
haacute muitos obstaacuteculos que podem ser enunciados para natildeo ser praticada uma
educaccedilatildeo inclusiva mas o verdadeiro obstaacuteculo estaacute na forma de pensar na e sobre
a diferenccedila e da disponibilidade daiacute decorrente
131
47 Da consideraccedilatildeo das (necessaacuterias) transformaccedilotildees que vem ocorrendo na
Educaccedilatildeo Infantil
Facilmente se percebe as muacuteltiplas transformaccedilotildees que vecircm se desenrolando ao
longo das uacuteltimas deacutecadas na Educaccedilatildeo Infantil Mudanccedilas que implicam no
reconhecimento do papel da instituiccedilatildeo enquanto serviccedilo necessaacuterio agrave matildee
trabalhadora na contemporaneidade no sentido de ser espaccedilo de promoccedilatildeo do
desenvolvimento na infacircncia e alteraccedilatildeo da identidade da educadora enquanto
profissional da educaccedilatildeo agente de desenvolvimento e aprendizagem Deve-se
agregar a esses itens tambeacutem os aspectos relacionados agrave possibilidade de
inclusatildeo de bebecircs e de crianccedilas pequenas nas instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Infantil
Desse modo deve-se reconhecer que ter uma crianccedila especial na turma faz com
que a educadora da Educaccedilatildeo Infantil tenha que repensar seu papel mais uma vez
agora no que se refere a aspectos que ateacute pouco tempo atraacutes cabiam apenas ao
professor da Educaccedilatildeo Especial Junto a isso deve-se ater ao fato de que a
instituiccedilatildeo em si em termos estruturais tambeacutem deve rever seus ambientes
materiais condiccedilatildeo de acesso e permanecircncia desse alunado
Reforccedila-se que natildeo eacute mais tempo de se pensar na inclusatildeo como algo distante
fora da realidade do Ensino Regular para o momento considere-se que eacute
imprescindiacutevel ver que a inclusatildeo para ser como tal tem que ser total radical natildeo
podendo haver ldquoporeacutensrdquo E eacute nessa radicalidade que se verificam as devidas
necessidades de transformaccedilatildeo real e profunda sem preacircmbulos ou desculpas Soacute
se aprende a fazer uma escola inclusiva na accedilatildeo e discussatildeo a respeito Como
saber quais as condiccedilotildees ideais para que a inclusatildeo ocorra mantendo os diferentes
longe dessa escola Eacute preciso ver sentir experenciar conviver ouvir e ir
construindo a caminhada durante o proacuteprio percurso
Por isso merece destaque o que Mantoan (2006) afirma e para a qual a inclusatildeo
eacute produto de uma escola plural democraacutetica e transgressora o que provoca uma
crise escolar ou melhor uma crise de identidade institucional que por sua vez abala
a identidade dos professores provocando que a identidade do aluno tambeacutem seja
ressignificada
Daiacute que a figura da educadora eacute especialmente importante para que a
diversidade humana possa se fazer presente na escola porque satildeo elas que no
132
meio de suas contradiccedilotildees duacutevidas avanccedilos medos disponibilidades ansiedades
acolhimentos e possibilidades assumem os alunos em suas salas de aula (JESUS
2008)
E ao ouvi-las nesse estudo percebeu-se que entre as suas queixas estatildeo
questotildees que natildeo satildeo de exclusividade de quem atende turmas inclusivas tais
como as salas de aula numerosas em termos de alunos a dificuldade de dar
atenccedilatildeo mais individualizada agraves crianccedilas pequenas a falta de conhecimento sobre o
desenvolvimento infantil e a ocorrecircncia de ambientes que precisam ser mais bem
adaptados para todas as crianccedilas
O que possibilita inferir que a dificuldade maior de uma turma de inclusatildeo talvez
nem seja a crianccedila com necessidades educacionais especiais mas toda uma
estrutura que engloba formas de pensamento modos de agir de formaccedilatildeo docente
que natildeo proporcionam uma maior amplitude de visatildeo do profissional quanto agrave sua
funccedilatildeo junto com a proacutepria estrutura do atendimento que necessita ser modificada
Ainda no que se refere ao papel da educadora frente agrave inclusatildeo da crianccedila
pequena Camera (2006) afirma que quando se exercita o papel uma figura de
mediadora estaacute sendo delineada a construccedilatildeo de uma pedagogia da complexidade
onde deve haver espaccedilo para muacuteltiplos olhares para uma escuta sensiacutevel e para
acolher o que vai se constituindo pelo movimento das proacuteprias crianccedilas onde se
vivencia a disponibilidade ao diaacutelogo e a reciprocidade construindo assim uma
pedagogia da compreensatildeo
Desse modo urge que na formaccedilatildeo da identidade docente tambeacutem seja
considerada a sua funccedilatildeo como agente de inclusatildeo
Jaacute no que se refere agrave participaccedilatildeo da famiacutelia de crianccedilas com necessidades
educacionais especiais na Educaccedilatildeo Infantil percebe-se ndash como indicado
anteriormente - que esta natildeo vem se dando de modo diferente do que o esperado
no caso de filhos que natildeo estatildeo em inclusatildeo Mas ressalta-se novamente que eacute
fundamental que a famiacutelia que tem um filho com necessidades educacionais
especiais seja atendida em suas peculiaridades e principalmente que seja
construiacutedo com ela o processo de inclusatildeo de sua crianccedila Ateacute porque eacute sabido que
quando nasce uma crianccedila com deficiecircncia haacute normalmente uma grande
necessidade de apoiar e orientar essa famiacutelia de modo que natildeo haja perdas no
processo de aceitaccedilatildeo do filho Acredita-se que a instituiccedilatildeo de Educaccedilatildeo Infantil
tambeacutem possa servir como apoio agrave famiacutelia
133
Em acordo com Sigolo e Oliveira (2008) haacute uma vivecircncia familiar anterior agrave
escola que natildeo pode ser ignorada A entrada na escola significa um grande passo
na transiccedilatildeo da dependecircncia para a autonomia da crianccedila assim o papel da escola
junto da famiacutelia e a funccedilatildeo dos pais na escola tecircm que ser observados nesse
contexto Pois em algumas situaccedilotildees para os pais e familiares proacuteximos lidar com
a entrada de uma crianccedila pequena na crechepreacute-escola significa lidar com muitos
sentimentos que por vezes satildeo ambivalentes O que pode trazer para o contexto
familiar novas preocupaccedilotildees rotinas e adequaccedilotildees (BHERING e SARKIS 2009)
Logo a compreensatildeo desse processo pode auxiliar na definiccedilatildeo de objetivos e de
estrateacutegias de ensino para o aluno especial (SIGOLO e OLIVEIRA 2008)
Ainda que a colaboraccedilatildeo de pais de alunos com necessidades educacionais
especiais seja pensada como difiacutecil pois estes satildeo vistos como natildeo capacitados
para contribuir na elaboraccedilatildeo de programas educativos ela eacute possiacutevel e na
atualidade uma necessidade imprescindiacutevel (SIGOLO e OLIVEIRA 2008) E essa
deve ser vista sem preconceitos ou preacute-julgamentos
Portanto ressalta-se que a inclusatildeo eacute um problema de todos (RODRIGUES
2006) o que implica considerar os sujeitos que podem colaborar com ela e orientar
accedilotildees e estrateacutegias que melhor os capacitem para lidar com as condiccedilotildees da crianccedila
pequena que estaacute na Educaccedilatildeo Infantil
48 Da consideraccedilatildeo das transformaccedilotildees que vecircm ocorrendo na Educaccedilatildeo
Especial
Tambeacutem a Educaccedilatildeo Especial passou e ainda passa por profundas
transformaccedilotildees Na medida em que esse professor sai da Escola Especial e passa
a possibilidade de tambeacutem estar lotado nos espaccedilos de ensino regular atendendo
uma nova especificidade de alunos de um modo que natildeo corresponde mais agrave ideia
de turma formal mas com alguma liberdade para desenvolver sua funccedilatildeo esse
mesmo profissional se perde em sua identidade e assim novas demandas e
necessidades se criam Entre elas e natildeo diferente do que ocorre no acircmbito da
Educaccedilatildeo Infantil eacute facilmente verificado no presente estudo que as professoras
134
tambeacutem estatildeo revendo e reorganizando as especificidades do que cabe agrave sua
funccedilatildeo
O fato de terem que atender a uma gama ampla de necessidades especiais e
faixas etaacuterias diferentes exige desses profissionais um perfil mais dinacircmico e flexiacutevel
voltado para a pesquisa e estudo constante Tambeacutem se percebe que essas
professoras estatildeo sendo legalmente convidadas a saiacuterem de suas salas de aula e
auxiliarem na construccedilatildeo da inclusatildeo de seus alunos nas instituiccedilotildees do ensino
regular
No que se refere especificamente agrave crianccedila pequena outros desafios se fazem
notar Entre eles o fato de ter que lidar natildeo soacute com os conhecidos meacutetodos
pedagoacutegicos mas agora tambeacutem ter que se interar de assuntos que fazem
referecircncia ao desenvolvimento humano
Aos fazerem referecircncia de que seu trabalho com crianccedilas pequenas eacute ou seraacute
voltado para a estimulaccedilatildeo essencial e ao esclarecerem o modo como entendem
isso essas professoras demonstram que necessitam de maior embasamento teoacuterico
e praacutetico a respeito E eacute nesse sentido que se propotildee que o Atendimento
Educacional Especializado para bebecircs e crianccedilas pequenas seja construiacutedo a partir
do entendimento de que tambeacutem eacute um processo de intervenccedilatildeo precoce e de que
esse seja voltado para a valorizaccedilatildeo e inter-relaccedilatildeo dos contextos
desenvolvimentais nos quais a crianccedila pequena participa
Logo torna-se imprescindiacutevel que essas profissionais tenham condiccedilotildees teoacuterico-
metodoloacutegicas para promover o desenvolvimento na infacircncia bem como para
orientar e dar apoio agrave famiacutelia e agraves educadoras Segundo Mantoan (2006) o papel da
educaccedilatildeo especial na perspectiva inclusiva eacute muito importante e natildeo pode ser
negado mas dentro dos limites de suas atribuiccedilotildees sem que sejam extrapolados os
seus espaccedilos de atuaccedilatildeo especiacutefica Essas atribuiccedilotildees conforme jaacute foi referido
complementam e apoiam o processo de escolarizaccedilatildeo de alunos com deficiecircncia
que estatildeo regularmente matriculados nas escolas comuns
O espaccedilo criado pela possibilidade de inclusatildeo emerge sempre como um
grande elo no qual podem ser verificadas experiecircncias profundas de emancipaccedilatildeo e
valorizaccedilatildeo humana Poreacutem isso soacute vai ocorrer verdadeiramente se forem
consideradas e aceitas as necessaacuterias transformaccedilotildees tanto da Educaccedilatildeo Infantil
como na Educaccedilatildeo Especial
135
5 CONCLUSOtildeES
Com fins de realizar as consideraccedilotildees finais acerca das informaccedilotildees
percebidas durante o processo de apresentaccedilatildeo de dados retoma-se a questatildeo que
norteou esta pesquisa
Quais concepccedilotildees norteiam o processo de inclusatildeo da crianccedila pequena com
necessidades educacionais especiais no contexto do Centro Municipal de
Educaccedilatildeo Infantil segundo suas Matildees suas Educadoras na Educaccedilatildeo Infantil e
suas Professoras do Atendimento Educacional Especializado
Ao se propor a investigaccedilatildeo do processo inclusivo 18 anos apoacutes a Declaraccedilatildeo
de Salamanca inicialmente parecia que se iria discutir um tema amplamente
debatido e jaacute esgotado em possibilidades Poreacutem na medida em que se eacute possiacutevel
debruccedilar sobre leituras praacuteticas inclusivas jaacute realizadas e sobre os dados e
concepccedilotildees coletadas nessa pesquisa percebe-se que mesmo que os anos
tenham se passado e as experiecircncias nesse acircmbito se multipliquem ainda haacute
questotildees a serem debatidas e claro novas demandas se estabelecem e antigas
reflexotildees acerca do tema merecem ser resgatadas O que estaacute em consonacircncia com
o que segundo Alves (2007) ressalta nos aponta para o fato de que os casos de
inclusatildeo sempre trazem consigo uma gama de novas necessidades e duacutevidas De
algum modo vai ao encontro do que Guasselli (2005) afirma quando comenta que a
proposta da educaccedilatildeo inclusiva eacute complexa pois articula vaacuterios aspectos entre os
quais o autor faz destaque o tempo instituiacutedo e o tempo do aluno o peso da
aprendizagem formal em detrimento das habilidades do aluno e o olhar do professor
e dos demais alunos sobre as necessidades especiais
O presente estudo trouxe concepccedilotildees de inclusatildeo que muito embora a
primeira vista pareccedilam heterogecircneas possuem elementos em comum Elas
sugerem ainda uma perspectiva inclusiva voltada para a possibilidade de
socializaccedilatildeo da crianccedila pequena com necessidades educacionais especiais com
ldquocrianccedilas normaisrdquo e para a concepccedilatildeo de que estar em inclusatildeo eacute o cumprimento
de um direito O que num primeiro momento aparenta ser uma celebraccedilatildeo pode no
decorrer do tempo tornar-se a reafirmaccedilatildeo de estigmas preconceitos e de accedilotildees e
136
concepccedilotildees que banalizam reduzem e simplificam a complexidade do que eacute o
processo inclusivo especialmente para as crianccedilas pequenas
A famiacutelia participa pouco do processo de inclusatildeo de sua crianccedila isso tanto
no que se refere ao Atendimento Educacional Especializado quanto no Centro
Municipal de Educaccedilatildeo Infantil Sua participaccedilatildeo eacute reconhecida como importante
para as participantes mas os relatos sobre a praacutetica natildeo demonstram isso
O professor do Atendimento Educacional Especializado eacute uma figura
praticamente desconhecida das educadoras e para as matildees natildeo representa uma
referencia consideraacutevel quando se tem duacutevidas ou dificuldades
Os CMEIs aparecem como instituiccedilotildees ainda despreparadas para atender
com qualidade crianccedilas pequenas que estatildeo em inclusatildeo assim como as
educadoras aparentam ser profissionais sem preparo e experiecircncia para trabalhar
com crianccedilas pequenas com deficiecircncia Contudo ainda que esse despreparo seja
algo relatado pelas participantes inclusive pelas proacuteprias educadoras haacute o
reconhecimento por parte das entrevistadas que essas profissionais se esforccedilam
por fazer um bom trabalho e no decorrer do tempo em que estatildeo atendendo essas
crianccedilas jaacute indicam modificaccedilotildees em suas accedilotildees e em suas concepccedilotildees sobre a
crianccedila e sobre sua funccedilatildeo enquanto profissionais da educaccedilatildeo
No que se refere ao despreparo dos CMEIs foram indicadas pelas
participantes especialmente pelas educadoras a falta de condiccedilotildees de
acessibilidade materiais e ambientes que natildeo satildeo adaptados e condiccedilotildees que
implicam em risco inclusive para crianccedilas que natildeo tem nenhum tipo de necessidade
especial ou alteraccedilatildeo no desenvolvimento
Sobre o trabalho das educadoras chama atenccedilatildeo a queixa a respeito do
nuacutemero de crianccedilas por turma o que segundo grande parte das participantes eacute
muito grande o que dificultaria o atendimento de crianccedilas com necessidade
especial Em vaacuterios momentos foi sugerido que se mantivesse uma professora extra
especiacutefica para cuidar da crianccedila que estaacute em inclusatildeo Tambeacutem se percebe uma
grande necessidade de as educadoras terem espaccedilos para conversar e se informar
sobre a inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil e sobre as especificidades das crianccedilas que
atendem
O processo de inclusatildeo em si se mostra sendo realizado como accedilotildees isoladas
e desestruturadas com pouca relaccedilatildeo entre os diversos sujeitos envolvidos (matildees
crianccedilas educadoras especialistas professoras do AEE comunidade etc) No
137
caso especiacutefico do trabalho no Centro Municipal de Educaccedilatildeo Infantil tambeacutem eacute
possiacutevel inferir que a inclusatildeo de bebecircs e de crianccedilas pequenas natildeo seguem um
planejamento ou projeto apropriado muito menos que se considerem aspectos
como a promoccedilatildeo do desenvolvimento dessas crianccedilas a participaccedilatildeo da famiacutelia
apoio agraves educadoras relaccedilatildeo com a comunidade por exemplo O que parece
contribuir para o sentimento de desamparo e despreparo das educadoras e de
inseguranccedila por parte das matildees das crianccedilas
Quanto ao trabalho das professoras do Atendimento Educacional
Especializado tambeacutem parece ser necessaacuterio discutir e estabelecer de uma forma
mais clara e profunda quais suas atribuiccedilotildees junto ao desenvolvimento global da
crianccedila pequena e sobre o que vem a ser o atendimento em
estimulaccedilatildeointervenccedilatildeo precoce Sugere-se que isso seja realizado em equipe
interdisciplinar - se possiacutevel ndash e que seja baseado em modelos integrais de
atendimento agrave crianccedila e sendo considerada a participaccedilatildeo da famiacutelia nesse
processo de promoccedilatildeo do desenvolvimento e de minimizaccedilatildeo de riscos e impactos
Ainda que a inclusatildeo natildeo seja mais uma novidade dentro da aacuterea
educacional pois haacute muito vem sendo discutida exposta e mesmo vivenciada foi
possiacutevel perceber que as educadoras dessa pesquisa natildeo se mostraram afeitas ao
tema indicando um grande distanciamento do que venha a ser a experiecircncia
inclusiva
Mesmo com todas as dificuldades apresentadas pelas entrevistadas e a
desarticulaccedilatildeo de conceitos e accedilotildees na construccedilatildeo do processo inclusivo eacute
consenso que para a crianccedila pequena estar instituiccedilatildeo de Educaccedilatildeo Infantil eacute algo
imensamente positivo Foi indicado pelas participantes que todas as crianccedilas
ganham com o processo inclusivo em alguma instacircncia tanto as que tecircm
necessidades educacionais especiais quanto as que natildeo tecircm Contudo as
evoluccedilotildees e transformaccedilotildees positivas que facilmente satildeo vistas nas crianccedilas que
estatildeo em inclusatildeo tambeacutem aparecem em acordo com os relatos como algo
inerente ao fato de estarem na instituiccedilatildeo natildeo resultado de planejamentos
discussotildees ou accedilotildees voltadas especificamente para a qualidade do processo
inclusivo
Desse modo diante dos dados organizados na presente pesquisa foram
observadas como demandas a serem consideradas quando se pretende um
processo inclusivo com qualidade aquelas oriundas das necessidades de a) se
138
observar e atuar na infacircncia enquanto etapa crucial de desenvolvimento b) do
reconhecimento da importacircncia dos contextos e suas relaccedilotildees c) da consideraccedilatildeo e
discussatildeo das novas concepccedilotildees acerca da Inclusatildeo d) da consideraccedilatildeo das
transformaccedilotildees que vecircm ocorrendo na Educaccedilatildeo Infantil e) da consideraccedilatildeo das
transformaccedilotildees que vecircm ocorrendo na Educaccedilatildeo Especial
Por fim ainda que o tema da Educaccedilatildeo Inclusiva esteja longe de ser
esgotado especialmente no que compete agrave Educaccedilatildeo Infantil e diante de todas as
informaccedilotildees oferecidas agrave anaacutelise e discussatildeo nessa pesquisa eacute possiacutevel considerar
que esta Tese demonstrou
a) Que a inclusatildeo de crianccedilas pequenas com deficiecircncia na Educaccedilatildeo
Infantil ainda reflete diversas contradiccedilotildees e desencontros sendo
realizada de maneira simplificada no sentido do cumprimento de um
direito e tendo como foco a socializaccedilatildeo desse alunado com crianccedilas
ldquonormaisrdquo preterindo outras importantes funccedilotildees interventivas precoces
tatildeo necessaacuterias agrave promoccedilatildeo de um desenvolvimento amplo e saudaacutevel
b) Que a experiecircncia inclusiva mesmo diante da realidade exposta nos
contextos pesquisados se mostra vaacutelida por ser uma accedilatildeo que
transgride o comum pois proporciona novas reflexotildees novas
necessidades duacutevidas e significados o que com certeza poderaacute gerar
outras perspectivas e estrateacutegias em prol da qualidade educacional e da
promoccedilatildeo do desenvolvimento humano
Outrossim sugere-se que todo processo inclusivo que vise atender a crianccedila
pequena com necessidades educacionais especiais considere
a) a construccedilatildeo de uma concepccedilatildeo de crianccedila pequena ativa e em desenvolvimento
b) a discussatildeo e ampliaccedilatildeo da concepccedilatildeo de inclusatildeo especialmente no que se
refere agrave Educaccedilatildeo Infantil
c) a importacircncia de uma abordagem de atendimento baseada nas relaccedilotildees e trocas
muacutetuas entre os contextos nos quais a crianccedila participa direta ou indiretamente
d) as caracteriacutesticas e necessidades da famiacutelia da crianccedila que estaacute em inclusatildeo
tornando-a tambeacutem agente mediadora da inclusatildeo do filho
139
e) a identidade e o papel da educadora que trabalha no Centro Municipal de
Educaccedilatildeo Infantil e da professora do Atendimento Educacional Especializado
enquanto agentes mediadoras da inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil
f) a inclusatildeo tambeacutem como um modo de intervenccedilatildeo precoce na qual se previne e
minimiza riscos e dificuldades e promovendo o desenvolvimento humano
g) a adequaccedilatildeo dos espaccedilos das creches levando-se em consideraccedilatildeo a realidade
do atendimento a quantidade de crianccedilas atendidas e as especificidades do puacuteblico
infantil que estaacute em inclusatildeo
h) a criaccedilatildeo de cursos especiacuteficos que tratem da inclusatildeo na primeira infacircncia
i) que os cursos de formaccedilatildeo inicial e os de formaccedilatildeo continuada levem em conta a
inclusatildeo de uma crianccedila real e que possam ser organizados conforme a linguagem
e a realidade praacutetica profissional
j) que sejam feitas mais pesquisas para verificar como o desenvolvimento infantil
vem sendo concebido avaliado e promovido nesta faixa etaacuteria e em outros
contextos de creche especialmente no que se refere ao desenvolvimento da crianccedila
pequena com necessidades especiais
k) de se aprofundar os estudos sobre de que modo a inclusatildeo de bebecircs com
necessidades especiais vem sendo tratada pelas educadoras bem como de que
forma esta inclusatildeo contribui ou natildeo para o desenvolvimento infantil dessas mesmas
crianccedilas
l) e por fim que as Universidades contribuam com projetos de pesquisa e de
extensatildeo para que conceitos importantes sejam re-significados dentro da Educaccedilatildeo
Infantil da Educaccedilatildeo Especial e do Ensino Inclusivo
140
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161
ANEXOS
162
ANEXO A
Roteiro de Entrevistas ndash Matildees
Caracterizaccedilatildeo da Matildee da crianccedila que estaacute em inclusatildeo
1 Nome Completo
2 Idade
3 Escolaridade
4 Ocupaccedilatildeo
Caracterizaccedilatildeo da Famiacutelia da crianccedila que estaacute em inclusatildeo
1 Composiccedilatildeo familiar
Membro Idade MF Escolaridade Ocupaccedilatildeo
01
02
03
04
05
06
2 Quem mora com a crianccedila
3 Qual eacute a renda mensal meacutedia da famiacutelia
4 Haacute mais algum caso de deficiecircncia na sua famiacutelia Comente sua resposta
Caracterizaccedilatildeo da crianccedila que estaacute em inclusatildeo
1 Nome
2 Idade
3 Como eacute o seu filho
163
4 A senhora saberia me dizer qual eacute o diagnoacutestico do seu filho
5 Quando a senhora soube o diagnoacutestico dele o que pensou
6 E hoje que seu filho estaacute no CMEI como se sente
7 Como vocecirc faz para saber se seu filho estaacute se desenvolvendo bem
8 Seu filho frequentou outra instituiccedilatildeo antes de vir para esse CMEI Qual
Comente sua resposta
9 Desde quando seu filho frequenta este CMEI
10 Por que a senhora decidiu matricular seu filho no CMEI
11 Por que a senhora escolheu esse CMEI
12 Qual eacute a turma que seu filho frequenta
13 Quanto tempo por dia sua crianccedila fica no CMEI
14 Atualmente seu filho frequenta algum outro atendimento aleacutem do CMEI
Como eacute isso
15 Como costuma ser a rotina da crianccedila
16 A senhora tem alguma dificuldade em atender sua crianccedila
17 Quando aparecem duacutevidas sobre seu filho o que a senhora faz
18 A senhora recebe ou jaacute recebeu alguma orientaccedilatildeo sobre como atender seu
filho Comente sua resposta
19 Que tipo de atividades vocecirc e sua famiacutelia costumam fazer com a crianccedila
Concepccedilotildees sobre o processo inclusivo
1 Dizer que essa crianccedila estaacute em inclusatildeo o que significa para vocecirc
2 Se algueacutem lhe perguntasse qual eacute o motivo de crianccedilas com deficiecircncia
estarem frequentando o CMEI o que vocecirc diria
3 Qual eacute a sua opiniatildeo sobre a inclusatildeo nos CMEIs
4 Como deveriam ser os CMEIs para atenderem bem os casos de inclusatildeo
5 Como a famiacutelia da crianccedila que tem deficiecircncia pode ajudar na inclusatildeo de seu
filho
6 Como devem ser as educadoras de CMEI para que atendam bem as crianccedilas
que estatildeo em inclusatildeo
7 Como a professora do Atendimento Educacional Especializado pode
contribuir com a inclusatildeo no CMEI
164
8 Que tipo de apoio a famiacutelia da crianccedila que estaacute em inclusatildeo precisa para
atender bem seu filho
9 Que tipo de apoio as educadoras de CMEI precisam para atender bem os
casos de inclusatildeo
10 Vocecirc acha que os CMEIs estatildeo preparados para atender crianccedilas pequenas
em inclusatildeo Comente sua resposta
11 Vocecirc acha que as educadoras de CMEI estatildeo preparadas para atender
crianccedilas pequenas em inclusatildeo Comente sua resposta
12 Qual sua opiniatildeo sobre o trabalho das educadoras que atendem turmas de
inclusatildeo
13 De que maneira acontece a participaccedilatildeo da famiacutelia no processo de inclusatildeo
do filho que estaacute no CMEI Qual sua opiniatildeo sobre isso
14 Em sua opiniatildeo quais as maiores vantagens que a inclusatildeo na Educaccedilatildeo
Infantil traz Comente sua resposta
15 Existiriam desvantagens na inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil Comente sua
resposta
16 Vocecirc gostaria de falar mais alguma coisa sobre a inclusatildeo da crianccedila
pequena no CMEI
165
ANEXO B
Roteiro de Entrevistas ndash Educadoras de CMEI
Caracterizaccedilatildeo da Educadora
Nome Completo
Idade
Estado civil
Escolarizaccedilatildeo
Possui alguma formaccedilatildeo especiacutefica para trabalhar com crianccedilas pequenas na
Educaccedilatildeo Infantil
Possui alguma formaccedilatildeo especiacutefica na aacuterea da Educaccedilatildeo Especial e
Inclusiva
Vocecirc teve experiecircncia como professora fora da Educaccedilatildeo Infantil Comente
sua resposta
Vocecirc teve outras experiecircncias como professora de turmas de inclusatildeo antes
dessa Comente sua resposta
Vocecirc teve ou tem alguma ou experiecircncia com pessoas com deficiecircncia fora
da aacuterea educacional Como foi isso
Caracterizaccedilatildeo do Trabalho da Educadora e o processo inclusivo
1 Qual eacute o seu horaacuterio de trabalho aqui no CMEI
2 Qual eacute a turma que vocecirc atende atualmente
3 Quanto tempo faz que vocecirc estaacute atendendo essa turma
4 Vocecirc divide o atendimento da turma com algueacutem Como eacute isso
5 Como costuma ser sua rotina aqui na creche
6 Vocecirc costuma planejar o atendimento dessa turma Como eacute isso
7 Como eacute a crianccedila que estaacute em inclusatildeo na sua turma
8 Haacute quanto tempo vocecirc atende essa crianccedila
9 Quando vocecirc soube que iria atender essa crianccedila o que pensou Comente
sua resposta
166
10 E hoje que vocecirc jaacute a conhece como se sente ao atendecirc-la Comente sua
resposta
11 Como vocecirc faz para saber se essa crianccedila estaacute se desenvolvendo bem
12 Como eacute o seu trabalho com essa crianccedila que estaacute em inclusatildeo
13 Vocecirc tem alguma dificuldade em atendecirc-la Comente sua resposta
14 Quando vocecirc tem duacutevidas ou dificuldades sobre essa crianccedila o que vocecirc faz
Comente sua resposta
15 Vocecirc recebe ou recebeu algum tipo de orientaccedilatildeo sobre como atender essa
crianccedila Comente sua resposta
Concepccedilotildees sobre o processo inclusivo
16 Dizer que essa crianccedila estaacute em inclusatildeo o que significa para vocecirc
17 Se algueacutem lhe perguntasse qual eacute o motivo de crianccedilas com deficiecircncia
estarem frequentando o CMEI o que vocecirc diria
18 Qual eacute a sua opiniatildeo sobre a inclusatildeo nos CMEIs
19 Como deveriam ser os CMEIs para atenderem bem os casos de inclusatildeo
20 Como a famiacutelia da crianccedila que tem deficiecircncia pode ajudar na inclusatildeo de seu
filho
21 Como devem ser as educadoras de CMEI para que atendam bem as crianccedilas
que estatildeo em inclusatildeo
22 Como a professora do Atendimento Educacional Especializado pode
contribuir com a inclusatildeo no CMEI
23 Que tipo de apoio a famiacutelia da crianccedila que estaacute em inclusatildeo precisa para
atender bem seu filho
24 Que tipo de apoio as educadoras de CMEI precisam para atender bem os
casos de inclusatildeo
17 Vocecirc acha que os CMEIs estatildeo preparados para atender crianccedilas pequenas
em inclusatildeo Comente sua resposta
18 Vocecirc acha que as educadoras de CMEI estatildeo preparadas para atender
crianccedilas pequenas em inclusatildeo Comente sua resposta
19 Qual sua opiniatildeo sobre o trabalho das educadoras que atendem turmas de
inclusatildeo
167
20 De que maneira acontece a participaccedilatildeo da famiacutelia no processo de inclusatildeo
do filho que estaacute no CMEI Qual sua opiniatildeo sobre isso
21 Em sua opiniatildeo quais as maiores vantagens que a inclusatildeo na Educaccedilatildeo
Infantil traz Comente sua resposta
22 Existiriam desvantagens na inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil Comente sua
resposta
23 Vocecirc gostaria de falar mais alguma coisa sobre a inclusatildeo da crianccedila
pequena no CMEI
168
ANEXO C
Roteiro de Entrevistas ndash Professoras do Atendimento Educacional
Especializado (AEE)
Caracterizaccedilatildeo da Professora do AEE
Nome Completo
Idade
Estado civil
Escolarizaccedilatildeo
Possui alguma formaccedilatildeo especiacutefica para trabalhar com crianccedilas pequenas
Possui alguma formaccedilatildeo especiacutefica para trabalhar com Educaccedilatildeo Especial e
Inclusiva
Possui alguma formaccedilatildeo especiacutefica para trabalhar como professora do AEE
Haacute quanto tempo vocecirc trabalha na educaccedilatildeo
Antes de trabalhar como professora do AEE vocecirc teve outras experiecircncias na
aacuterea de Educaccedilatildeo Infantil Como foi isso
Antes de trabalhar como professora do AEE vocecirc teve outras experiecircncias na
aacuterea de Educaccedilatildeo Especial ou Inclusiva Como foi isso
Teve ou tem alguma outra experiecircncia com pessoas com deficiecircncia fora da
aacuterea educacional Como foi isso
Caracterizaccedilatildeo do Trabalho do AEE
1 Qual eacute o seu horaacuterio de trabalho no AEE
2 Quanto tempo faz que vocecirc estaacute trabalhando como professora do AEE
3 Como eacute o seu trabalho no AEE
4 Quais as maiores diferenccedilas entre o AEE para o Ensino Fundamental e o
AEE para a Educaccedilatildeo Infantil
5 Quantos alunos vocecirc atende no AEE Quantos satildeo da Educaccedilatildeo Infantil e
quantos satildeo do Ensino Fundamental
6 Quanto tempo faz que vocecirc atende essa crianccedila no AEE
7 Quando vocecirc soube que iria atender essa crianccedila pequena o que pensou
Comente sua resposta
169
8 E hoje que vocecirc jaacute a conhece como se sente ao atendecirc-la Comente sua
resposta
9 Como vocecirc faz para saber se essa crianccedila estaacute se desenvolvendo bem
10 Como eacute o seu trabalho com essa crianccedila que estaacute em inclusatildeo
11 Vocecirc tem alguma dificuldade em atendecirc-la Comente sua resposta
12 Quando vocecirc tem duacutevidas ou dificuldades sobre essa crianccedila o que vocecirc faz
Comente sua resposta
13 Vocecirc recebe ou recebeu algum tipo de orientaccedilatildeo sobre como atender essa
crianccedila Como eacute isso
14 Vocecirc sabe quais outros serviccedilos essa crianccedila frequenta aleacutem do CMEI
Concepccedilotildees sobre o processo inclusivo
15 Dizer que essa crianccedila estaacute em inclusatildeo o que significa para vocecirc
16 Se algueacutem lhe perguntasse qual eacute o motivo de crianccedilas com deficiecircncia
estarem frequentando o CMEI o que vocecirc diria
17 Qual eacute a sua opiniatildeo sobre a inclusatildeo nos CMEIs
18 Como deveriam ser os CMEIs para atenderem bem os casos de inclusatildeo
19 Como a famiacutelia da crianccedila que tem deficiecircncia pode ajudar na inclusatildeo de seu
filho
20 Como devem ser as educadoras de CMEI para que atendam bem as crianccedilas
que estatildeo em inclusatildeo
21 Como a professora do Atendimento Educacional Especializado pode
contribuir com a inclusatildeo no CMEI
22 Que tipo de apoio a famiacutelia da crianccedila que estaacute em inclusatildeo precisa para
atender bem seu filho
23 Que tipo de apoio as educadoras de CMEI precisam para atender bem os
casos de inclusatildeo
24 Vocecirc acha que os CMEIs estatildeo preparados para atender crianccedilas pequenas
em inclusatildeo Comente sua resposta
25 Vocecirc acha que as educadoras de CMEI estatildeo preparadas para atender
crianccedilas pequenas em inclusatildeo Comente sua resposta
26 Qual sua opiniatildeo sobre o trabalho das educadoras que atendem turmas de
inclusatildeo
27 De que maneira acontece a participaccedilatildeo da famiacutelia no processo de inclusatildeo
do filho que estaacute no CMEI Qual sua opiniatildeo sobre isso
170
28 Em sua opiniatildeo quais as maiores vantagens que a inclusatildeo na Educaccedilatildeo
Infantil traz Comente sua resposta
29 Existiriam desvantagens na inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil Comente sua
resposta
30 Vocecirc gostaria de falar mais alguma coisa sobre a inclusatildeo da crianccedila
pequena no CMEI
171
ANEXO D- TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ndash Matildees
Eu Nelly Narcizo de Souza aluna do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da
Universidade Federal do Paranaacute (UFPR) convido-o (a) a participar do processo de
coleta de dados de minha Tese de Doutorado sob orientaccedilatildeo da Profordf Drordf Maria
Augusta Bolsanello Esta pesquisa que tem como tiacutetuloldquoInclusatildeo Escolar da Crianccedila
Pequena com Necessidades Especiais Concepccedilotildees de Matildees de Educadoras da
Educaccedilatildeo Infantil e de Professoras do Atendimento Educacional Especializadordquo
possui como objetivo maior descrever as concepccedilotildees de pais e educadores sobre o
processo de inclusatildeo da crianccedila pequena com deficiecircncia no contexto educacional
infantil especificamente na creche A relevacircncia dessa pesquisa estaacute em contribuir
com futuros estudos e accedilotildees que tratem da inclusatildeo da crianccedila pequena com
deficiecircncia em ambiente de creche evidenciando necessidades e possibilidades
para um bom atendimento
A sua participaccedilatildeo aconteceraacute atraveacutes do seu consentimento em responder algumas
perguntas por meio de questionaacuterio e entrevista a ser gravada em aacuteudio no
ambiente da creche em dia e horaacuterio previamente marcados Responder a eles natildeo
apresenta nenhum tipo de risco agrave crianccedila a seus familiares ou a quem a atende na
Creche O seu nome bem como o da crianccedila ou quaisquer dados que possam
identificaacute-los natildeo seratildeo utilizados A sua participaccedilatildeo eacute absolutamente voluntaacuteria
natildeo remunerada e a pesquisadora estaraacute agrave disposiccedilatildeo para qualquer
esclarecimento A sua recusa em participar da pesquisa natildeo traraacute qualquer
penalidade ou prejuiacutezo ao atendimento da crianccedila Vocecirc tambeacutem poderaacute desistir da
participaccedilatildeo a qualquer momento Os resultados da presente pesquisa seratildeo
divulgados agrave instituiccedilatildeo apoacutes a defesa da Tese em data a ser agendada Apoacutes ler
este Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e aceitar participar do estudo
solicito sua assinatura em duas vias no referido Termo sendo que uma delas
permaneceraacute em seu poder Qualquer informaccedilatildeo adicional ou esclarecimento
acerca deste estudo poderaacute ser obtido com a pesquisadora principal pelos telefones
(41) XXXX XXXX e (41) XXXX XXXX
Nelly Narcizo de Souza Maria Augusta Bolsanello Dra
Pesquisadora Principal - Doutoranda Profordf Pesquisadora Orientadora
Eu
abaixo assinado declaro atraveacutes deste documento o meu consentimento em
172
participar da pesquisa intitulada ldquoInclusatildeo Escolar da Crianccedila Pequena com
Necessidades Especiais Concepccedilotildees de Matildees de Educadoras da Educaccedilatildeo Infantil
e de Professoras do Atendimento Educacional Especializadordquo
Declaro ainda que estou ciente de seu objetivo e meacutetodos bem como de meus
direitos ao anonimato e a desistir da mesma a qualquer momento
_____________________de ___________________ de 201_
RG
Assinatura participante da pesquisa
173
ANEXO E - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ndash
Educadores da Educaccedilatildeo Infantil
Eu Nelly Narcizo de Souza aluna do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da
Universidade Federal do Paranaacute (UFPR) convido-o (a) a participar do processo de
coleta de dados de minha Tese de Doutorado sob orientaccedilatildeo da Profordf Drordf Maria
Augusta Bolsanello Esta pesquisa que tem como tiacutetulo ldquoInclusatildeo Escolar da Crianccedila
Pequena com Necessidades Especiais Concepccedilotildees de Matildees de Educadoras da
Educaccedilatildeo Infantil e de Professoras do Atendimento Educacional Especializadordquo
possui como objetivo maior descrever as concepccedilotildees de pais e educadores sobre o
processo de inclusatildeo da crianccedila pequena com deficiecircncia no contexto educacional
infantil especificamente na creche A relevacircncia dessa pesquisa estaacute em contribuir
com futuros estudos e accedilotildees que tratem da inclusatildeo da crianccedila pequena com
deficiecircncia em ambiente de creche evidenciando necessidades e possibilidades
para um bom atendimento
A sua participaccedilatildeo aconteceraacute atraveacutes do seu consentimento em responder algumas
perguntas por meio de entrevista a ser gravada em aacuteudio no ambiente da creche
em dia e horaacuterio previamente marcados Responder a elas natildeo apresenta nenhum
tipo de risco agrave crianccedila agrave famiacutelia a vocecirc ou a outras pessoas que trabalham na
creche O seu nome bem como o da crianccedila ou quaisquer dados que possam
identificaacute-los natildeo seratildeo utilizados A sua participaccedilatildeo eacute absolutamente voluntaacuteria
natildeo remunerada e a pesquisadora estaraacute agrave disposiccedilatildeo para qualquer
esclarecimento A sua recusa em participar da pesquisa natildeo traraacute qualquer
penalidade ou prejuiacutezo para vocecirc ao seu trabalho ou ao atendimento da crianccedila
Vocecirc tambeacutem poderaacute desistir da participaccedilatildeo a qualquer momento Os resultados da
presente pesquisa seratildeo divulgados agrave instituiccedilatildeo apoacutes a defesa da Tese em data a
ser agendada Apoacutes ler este Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e aceitar
participar do estudo solicito sua assinatura em duas vias no referido Termo sendo
que uma delas permaneceraacute em seu poder Qualquer informaccedilatildeo adicional ou
esclarecimento acerca deste estudo poderaacute ser obtido com a pesquisadora principal
pelos telefones (41) XXXX XXXX e (41) XXXX XXXX
Nelly Narcizo de Souza Maria Augusta Bolsanello Dra
Pesquisadora Principal - Doutoranda Profordf Pesquisadora Orientadora
174
Eu
abaixo assinado declaro atraveacutes deste documento o meu consentimento em
participar da pesquisa intitulada ldquoInclusatildeo Escolar da Crianccedila Pequena com
Necessidades Especiais Concepccedilotildees de Matildees de Educadoras da Educaccedilatildeo Infantil
e de Professoras do Atendimento Educacional Especializadordquo a ser realizada nesta
instituiccedilatildeo
Declaro ainda que estou ciente de seu objetivo e meacutetodos bem como de meus
direitos ao anonimato e a desistir da mesma a qualquer momento
_____________________de ___________________ de 201_
RG
Assinatura do educador participante da pesquisa
175
ANEXO F - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ndash
Professores do Atendimento Educacional Especializado
Eu Nelly Narcizo de Souza aluna do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da
Universidade Federal do Paranaacute (UFPR) convido-o (a) a participar do processo de
coleta de dados de minha Tese de Doutorado sob orientaccedilatildeo da Profordf Drordf Maria
Augusta Bolsanello Esta pesquisa que tem como tiacutetulo ldquoInclusatildeo Escolar da Crianccedila
Pequena com Necessidades Especiais Concepccedilotildees de Matildees de Educadoras da
Educaccedilatildeo Infantil e de Professoras do Atendimento Educacional Especializadordquo
possui como objetivo maior descrever as concepccedilotildees de pais e educadores sobre o
processo de inclusatildeo da crianccedila pequena com deficiecircncia no contexto educacional
infantil especificamente na creche A relevacircncia dessa pesquisa estaacute em contribuir
com futuros estudos e accedilotildees que tratem da inclusatildeo da crianccedila pequena com
deficiecircncia em ambiente de creche evidenciando necessidades e possibilidades
para um bom atendimento
A sua participaccedilatildeo aconteceraacute atraveacutes do seu consentimento em responder algumas
perguntas por meio de entrevista a ser gravada em aacuteudio no ambiente de trabalho
em dia e horaacuterio previamente marcados Responder a elas natildeo apresenta nenhum
tipo de risco agrave crianccedila agrave famiacutelia a vocecirc ou a outras pessoas que trabalham com
vocecirc O seu nome bem como o da crianccedila ou quaisquer dados que possam
identificaacute-los natildeo seratildeo utilizados A sua participaccedilatildeo eacute absolutamente voluntaacuteria
natildeo remunerada e a pesquisadora estaraacute agrave disposiccedilatildeo para qualquer
esclarecimento A sua recusa em participar da pesquisa natildeo traraacute qualquer
penalidade ou prejuiacutezo para vocecirc ao seu trabalho ou ao atendimento da crianccedila
Vocecirc tambeacutem poderaacute desistir da participaccedilatildeo a qualquer momento Os resultados da
presente pesquisa seratildeo divulgados agrave instituiccedilatildeo apoacutes a defesa da Tese em data a
ser agendada Apoacutes ler este Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e aceitar
participar do estudo solicito sua assinatura em duas vias no referido Termo sendo
que uma delas permaneceraacute em seu poder Qualquer informaccedilatildeo adicional ou
esclarecimento acerca deste estudo poderaacute ser obtido com a pesquisadora principal
pelos telefones (41) XXXX XXXX e (41) XXXX XXXX
Nelly Narcizo de Souza Maria Augusta Bolsanello Dra
Pesquisadora Principal - Doutoranda Profordf Pesquisadora Orientadora
176
Eu
abaixo assinado declaro atraveacutes deste documento o meu consentimento em
participar da pesquisa intitulada ldquoInclusatildeo Escolar da Crianccedila Pequena com
Necessidades Especiais Concepccedilotildees de Matildees de Educadoras da Educaccedilatildeo Infantil
e de Professoras do Atendimento Educacional Especializadordquo
Declaro ainda que estou ciente de seu objetivo e meacutetodos bem como de meus
direitos ao anonimato e a desistir da mesma a qualquer momento
_____________________de ___________________ de 201_
RG
Assinatura do professor participante da pesquisa
3
Cada crianccedila ao nascer nos traz a mensagem de que Deus natildeo perdeu as esperanccedilas nos homens
(R Tagore)
Dedico esse trabalho a todas as crianccedilas que jaacute atendi e com as quais aprendi a ter Esperanccedila Alegria Feacute e a certeza da grandiosa e complexa necessidade de
insistirmos em construir uma Escola para Todos
4
AGRADECIMENTOS
Foram quatro anos de muitas transformaccedilotildees as quais natildeo vieram faacutecil ou
delicadamente Perante as dificuldades e desafios que a vida nos impotildee aproveito
para agradecer a todos os que de algum modo foram determinantes em momentos
preciosos dessa caminhada
Agradeccedilo imensamente a minha orientadora Profordf Drordf Maria Augusta Bolsanello pela
sensibilidade compreensatildeo e carinho com os quais sempre me guiou ao longo
desses anos todos
Especialmente agradeccedilo agraves crianccedilas que ainda pequenas jaacute nos ajudam a
transformar o que somos por meio de suas histoacuterias agraves suas matildees agraves suas
educadoras nos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil e agraves professoras do
Atendimento Educacional Especializado que gentilmente cederam as informaccedilotildees
que deram corpo ao presente estudo
Estendo meus agradecimentos agraves professoras que compuseram a Banca de
Qualificaccedilatildeo Profordf Drordf Sandra Regina Kirchner Guimaratildees Profordf Drordf Lidia Natalia
Dobriansky Weber Profordf Drordf Maria de Faacutetima Minetto Profordf Drordf Maria Helena
Baptista Cordeiro e Profordf Drordf Tania dos Santos Alvarez da Silva Obrigada pelas
informaccedilotildees e comentaacuterios pertinentes e enriquecedores que ajudaram a nortear
esse trabalho
Aos Professores Colegas e funcionaacuterios do Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em
Educaccedilatildeo da Universidade Federal do Paranaacute pela oportunidade de convivecircncia e
aprendizado Um grande abraccedilo de agradecimento para Ana Flaacutevia Hansel e
Daniele Bonamin Flores pelo tempo que passamos juntas e por tudo o que
aprendemos
Agrave minha Famiacutelia que mesmo na distacircncia foi apoio importante nos momentos que
julguei natildeo conseguir prosseguir
5
Agrave Juliana Krieger Joatildeo Fadino e Ricardo Peixoto pelas ajudas ao longo da
construccedilatildeo desse trabalho
Ao Rogger agradeccedilo por ter se colocado ao meu lado especialmente nos momentos
de maior dificuldade preocupaccedilatildeo e cansaccedilo Tambeacutem meus agradecimentos pela
revisatildeo dos textos Obrigado por tudo e principalmente por me trazer Ceciacutelia
A todos os que hoje posso chamar de Amigos e que de algum modo contribuiacuteram
com essa pesquisa deixo meus mais sinceros e profundos agradecimentos
6
A alegria natildeo chega apenas no encontro do achado mas faz parte do processo da
busca
Paulo Freire
7
RESUMO
A tese investiga as concepccedilotildees que norteiam o processo de inclusatildeo educacional da crianccedila pequena com necessidades especiais segundo suas Matildees suas Educadoras da Educaccedilatildeo Infantil e suas Professoras do Atendimento Educacional Especializado (AEE) O contexto e as participantes foram escolhidos por sua significativa influecircncia no desenvolvimento humano especialmente no que compete agrave primeira infacircncia e agrave construccedilatildeo do processo inclusivo de crianccedilas pequenas com necessidades especiais As participantes foram entrevistadas por meio de perguntas abertas elencadas em roteiros previamente estabelecidos em estudo de cunho qualitativo exploratoacuterio e comparativo Segundo os resultados as concepccedilotildees das participantes sugerem uma perspectiva inclusiva voltada para a possibilidade de socializaccedilatildeo da crianccedila pequena com necessidades especiais com outras crianccedilas sem estas necessidades e para a concepccedilatildeo de que estar em inclusatildeo eacute o cumprimento de um direito As matildees participam pouco do processo de inclusatildeo de sua crianccedila Jaacute as funccedilotildees das professoras que trabalham no Atendimento Educacional Especializado satildeo praticamente desconhecidas dentro do contexto do processo inclusivo das crianccedilas pequenas que atendem As educadoras de Educaccedilatildeo Infantil por sua vez sentem-se despreparadas para atender as necessidades educacionais das crianccedilas que satildeo foco da inclusatildeo As educadoras destacam que a relaccedilatildeo entre as crianccedilas eacute um dos elementos que mais promovem o desenvolvimento dos educandos que estatildeo em inclusatildeo Tanto as professoras do Atendimento Educacional Especializado quanto as Educadoras da Educaccedilatildeo Infantil demonstram variadas preocupaccedilotildees sobre o modo como vem acontecendo a inclusatildeo de crianccedilas pequenas com necessidades educacionais especiais e junto com as matildees chamam a atenccedilatildeo para a necessidade de transformaccedilotildees no modo como estaacute se dando a inclusatildeo de crianccedilas pequenas na Educaccedilatildeo Infantil Esta pesquisa evidencia que a inclusatildeo de crianccedilas pequenas com necessidades especiais na Educaccedilatildeo Infantil ainda reflete diversas contradiccedilotildees e desencontros mas se mostra como uma experiecircncia vaacutelida por ser uma accedilatildeo que transgride o comum pois proporciona novas reflexotildees novas necessidades duacutevidas e significados o que com certeza poderaacute gerar outras perspectivas e estrateacutegias em prol da qualidade educacional e da promoccedilatildeo do desenvolvimento humano Destaca-se a necessidade de que sejam realizados mais estudos dentro da presente temaacutetica dada sua relevacircncia
Palavras-chave Inclusatildeo Escolar Educaccedilatildeo Infantil Atendimento Educacional Especializado Necessidades Especiais Educaccedilatildeo Inclusiva
8
ABSTRACT
The thesis investigates the conceptions that guide the process of educational inclusion of the young child with special needs according with their Mothers their Early Childhood Educationrsquos educators and their Specialized Educational Servicersquos Teachers The context and the participants was chosen for itrsquos significant influence on human development specially about the concerns early childhood and the building of the inclusive process of young children with special needs The participants were interviewed through open questions chosen on pre-established lists in a qualitative exploratory and comparative study According with the results the participantrsquos conceptions suggests a inclusive perspective facing the possibility of socialization of a young child with special needs with other children without these needs and to the conception that being included is the fulfillment of a right The mothers participate little in the inclusion process of their child But the functions of the teachers that work in the Specialized Educational Service are practically unknown inside the context of the inclusive process for the young children that them treat The Early Childhood Educationrsquos educators on the other hand feel unprepared to meet the educational needs of the children that are the focus of the inclusion The educators points the relation among the children is one of the elements that promotes the most development os the learners that are in the inclusion Both the Specialized Educational Servicersquos teachers and Early Childhood Educationrsquos educators shows various concerns about the way that the inclusion is happening with young children with special educational needs and along with their mothers call the attention to the necessity of transformations in the way that is occurring the inclusion of young children in the Early Childhood Education This research shows that the inclusion of young child with special needs in the Early Childhood Education still reflects several contradictions and mismatches but displays like a valid experiment for being an action that transgresses the common for it provides new reflections new necessities doubts and meanings which for sure will generate other perspectives and strategies on the behalf of educational quality and of the promotion of human development Highlights the need of the realization of further studies inside of the present theme given its relevance
Keywords School Inclusion Early Childhood Education Care Specialized Education Special Needs Inclusive Education
9
LISTA DE QUADROS
QUADRO 01 DISTRIBUICcedilAtildeO DAS CRIANCcedilAS SEGUNDO LAUDO MEacuteDICO
E DIAGNOacuteSTICO 64
QUADRO 02 DISTRIBUICcedilAtildeO DAS CRIANCcedilAS SEGUNDO A TURMA EM
QUE ESTAtildeO MATRICULADAS ATUALMENTE E O TEMPO EM QUE
FREQUENTAM CENTROS MUNICIPAIS DE EDUCACcedilAtildeO INFANTIL ndash CMEIs
64
QUADRO 03 ndash DISTRIBUICcedilAtildeO DAS MAtildeES PARTICIPANTES CONFORME
IDADE ESCOLARIDADE E OCUPACcedilAtildeO 67
QUADRO 04 ndash DISTRIBUICcedilAtildeO DAS MAtildeES PARTICIPANTES CONFORME
COMPOSICcedilAtildeO FAMILIAR 67
QUADRO 05 ndash DISTRIBUICcedilAtildeO DAS PROFESSORAS DO ATENDIMENTO
EDUCACIONAL ESPECIALIZADO - AEE CONFORME IDADE ESTADO
CIVIL OCORREcircNCIA E QUANTIDADE DE FILHOS 69
QUADRO 06 ndash DISTRIBUICcedilAtildeO DAS PROFESSORAS DO ATENDIMENTO
EDUCACIONAL ESPECIALIZADO - AEE CONFORME SUA
ESCOLARIZACcedilAtildeO 70
QUADRO 07- DISTRIBUICcedilAtildeO DAS PROFESSORAS DO ATENDIMENTO
EDUCACIONAL ESPECIALIZADO - AEE CONFORME TEMPO DE
TRABALHO NA AacuteREA EDUCACIONAL E AacuteREAS DE ATUACcedilAtildeO DENTRO DA
EDUCACcedilAtildeO 71
10
QUADRO 08 - DISTRIBUICcedilAtildeO DAS EDUCADORAS DOS CENTROS
MUNICIPAIS DE EDUCACcedilAtildeO INFANTIL CONFORME IDADE ESTADO CIVIL
OCORREcircNCIA E QUANTIDADE DE FILHOS 72
QUADRO 09 - DISTRIBUICcedilAtildeO DAS EDUCADORAS DOS CENTROS
MUNICIPAIS DE EDUCACcedilAtildeO INFANTIL CONFORME SUA ESCOLARIDADE
73
QUADRO 10 - DISTRIBUICcedilAtildeO DAS EDUCADORAS DOS CENTROS
MUNICIPAIS DE EDUCACcedilAtildeO INFANTIL CONFORME O TEMPO DE
ATUACcedilAtildeO NA EDUCACcedilAtildeO DE MODO GERAL ESPECIFICAMENTE NA
EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E NA TURMA QUE ATENDE ATUALMENTE 75
QUADRO 11 - DISTRIBUICcedilAtildeO DAS PROFESSORAS DO ATENDIMENTO
EDUCACIONAL ESPECIALIZADO CONFORME SEU TEMPO DE ATUACcedilAtildeO
COMO AEE NO ENSINO FUNDAMENTAL E NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL 82
QUADRO 12- DISTRIBUICcedilAtildeO DAS PROFESSORAS DO ATENDIMENTO
EDUCACIONAL ESPECIALIZADO CONFORME SEU TEMPO DE ATUACcedilAtildeO
COMO AEE NO ENSINO FUNDAMENTAL E NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL 82
QUADRO 13 ndash DISTRIBUICcedilAtildeO DAS MAIORES ESPECIFICIDADES DO
ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO PARA A EDUCACcedilAtildeO
INFANTIL E PARA O ENSINO FUNDAMENTAL 83
QUADRO 14 ndash DISTRIBUICcedilAtildeO DAS PROFESSORAS DO ATENDIMENTO
EDUCACIONAL ESPECIALIZADO CONFORME TEMPO EM QUE ATENDEM
A CRIANCcedilA PEQUENA FOCO DA PESQUISA FREQUEcircNCIA E DURACcedilAtildeO
DO ATENDIMENTO AO ALUNO 84
11
QUADRO 15 ndash DISTRIBUICcedilAtildeO DAS PROFESSORAS CONFORME SUAS
CONCEPCcedilOtildeES ANTES DE ATENDER A CRIANCcedilA E APOacuteS O PERIacuteODO EM
QUE ATENDE O ALUNO QUE ESTAacute EM INCLUSAtildeO 85
QUADRO 16 ndash DISTRIBUICcedilAtildeO DAS EDUCADORAS CONFORME TURMAS
QUE ATENDEM FAIXA ETAacuteRIA DA TURMA E QUANTIDADE DE ALUNOS
POR TURMA 89
QUADRO 17 ndash DISTRIBUICcedilAtildeO DAS EDUCADORAS CONFORME O TEMPO
EM QUE ATENDEM A CRIANCcedilA QUE ESTAacute EM INCLUSAtildeO 93
QUADRO 18 - DISTRIBUICcedilAtildeO DAS EDUCADORAS CONFORME SUAS
CONCEPCcedilOtildeES ANTES DE ATENDER A CRIANCcedilA E APOacuteS O PERIacuteODO EM
QUE ATENDE O ALUNO QUE ESTAacute EM INCLUSAtildeO 93
12
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO 10
11 JUSTIFICATIVA E ABORDAGEM DO PROBLEMA 10
12 OBJETIVOS 18
121 OBJETIVO GERAL 18
122 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS 18
2 SUPORTE TEOacuteRICO 20
21 O DESENVOLVIMENTO HUMANO A PARTIR DO ESTUDO E DA
INTERACcedilAtildeO ENTRE SEUS CONTEXTOS ndash A ABORDAGEM
BIOECOLOacuteGICA 20
22 A CRIANCcedilA PEQUENA COM NECESSIDADES ESPECIAIS E A
PROMOCcedilAtildeO DO SEU DESENVOLVIMENTO 25
23 BREVE HISTOacuteRICO DA EDUCACcedilAtildeO DAS PESSOAS COM
NECESSIDADES ESPECIAIS E A EDUCACcedilAtildeO INCLUSIVA 31
24 A FAMIacuteLIA COMO UM MICROSSISTEMA DE DESENVOLVIMENTO
HUMANO E SUA RELACcedilAO COM A CRIANCcedilA COM NECESSIDADES
ESPECIAIS 39
25 A INSTITUICcedilAtildeO DE EDUCACcedilAtildeO INFANTIL COMO UM CONTEXTO DE
DESENVOLVIMENTO 49
251 CONCEPCcedilOtildeES SOBRE A PRAacuteTICA EDUCATIVA
INSTITUCIONALIZADA ASPECTOS RELEVANTES PARA A PROMOCcedilAtildeO DO
DESENVOLVIMENTO INFANTIL 51
3 MEacuteTODO 57
31 CONTEXTO 57
32 PARTICIPANTES 59
33 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS 60
13
34 PROCEDIMENTOS DE ANAacuteLISE DE DADOS 61
35 CUIDADOS EacuteTICOS 62
4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 63
41 SECcedilAtildeO 01 CARACTERIZACcedilAtildeO DAS PARTICIPANTES 63
411 CARACTERIZACcedilAtildeO DAS CRIANCcedilAS FOCO DA INCLUSAtildeO 63
412 CARACTERIZACcedilAtildeO DAS ENTREVISTADAS 66
4121 CARACTERIZACcedilAtildeO DAS MAtildeES 66
4122 CARACTERIZACcedilAtildeO DAS PROFESSORAS DO ATENDIMENTO
EDUCACIONAL ESPECIALIZADO 68
4123 CARACTERIZACcedilAtildeO DAS EDUCADORAS DOS CENTROS
MUNICIPAIS DE EDUCACcedilAtildeO INFANTIL 71
42 SECcedilAtildeO 02 CONCEPCcedilOtildeES DAS MAtildeES DAS EDUCADORAS E DAS
PROFESSORAS SOBRE A CRIANCcedilA QUE ESTAacute EM INCLUSAtildeO 75
421 AS MAtildeES E SUAS CRIANCcedilAS 75
422 AS PROFESSORAS DO ATENDIMENTO EDUCACIONAL
ESPECIALIZADO E A INCLUSAtildeO DAS CRIANCcedilAS PEQUENAS QUE ESTAtildeO
NOS CENTROS MUNICIPAIS DE EDUCACcedilAtildeO INFANTIL 80
423 AS EDUCADORAS DOS CENTROS MUNICIPAIS DE EDUCACcedilAtildeO
INFANTIL E AS CRIANCcedilAS PEQUENAS QUE ESTAtildeO EM INCLUSAtildeO 89
43 SECcedilAtildeO 03 O PROCESSO INCLUSIVO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL 96
431 CONCEPCcedilOtildeES DAS PARTICIPANTES SOBRE O PROCESSO
INCLUSIVO 97
432 PARTICIPACcedilAtildeOATUACcedilAtildeO NO PROCESSO INCLUSIVO NO CENTRO
MUNICIPAL DE EDUCACcedilAtildeO INFANTIL 104
433 REFEREcircNCIAS E APOIOS UTILIZADOS E INDICADOS PARA QUE O
PROCESSO INCLUSIVO OCORRA COM QUALIDADE 107
14
434 AVALIACcedilAtildeO DO PROCESSO INCLUSIVO 114
435 VANTAGENS E DESVANTAGENS DO PROCESSO INCLUSIVO 116
4351 AS VANTAGENS 116
4352 AS DESVANTAGENS 119
436 SUGESTOtildeES E COMENTAacuteRIOS VISANDO A MELHORIA DO
PROCESSO INCLUSIVO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL 121
44 SECcedilAtildeO 04 ndash DA NECESSIDADE DE SE OBSERVAR E ATUAR NA
INFAcircNCIA ENQUANTO ETAPA CRUCIAL DE DESENVOLVIMENTO 125
45 SECcedilAtildeO 05 - DO RECONHECIMENTO DA IMPORTAcircNCIA DOS
CONTEXTOS E SUAS INTER-RELACcedilOtildeES 128
46 SECcedilAtildeO 06 - DA CONSIDERACcedilAtildeO E DISCUSSAtildeO DAS NOVAS
CONCEPCcedilOtildeES ACERCA DA INCLUSAtildeO 129
47 SECcedilAtildeO 07 - DA CONSIDERACcedilAtildeO DAS (NECESSAacuteRIAS)
TRANSFORMACcedilOtildeES QUE VEM OCORRENDO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL
131
48 SECcedilAtildeO 08 - DA CONSIDERACcedilAtildeO DAS TRANSFORMACcedilOtildeES QUE VEM
OCORRENDO NA EDUCACcedilAtildeO ESPECIAL 133
5 CONCLUSOtildeES 135
REFEREcircNCIAS 140
ANEXOS 161
10
1 INTRODUCcedilAtildeO
11 JUSTIFICATIVA E ABORDAGEM DO PROBLEMA
Desde a eacutepoca da graduaccedilatildeo em Pedagogia o desenvolvimento humano
desperta o interesse desta pesquisadora especialmente o periacuteodo inicial da vida
com seus aspectos relacionados agraves primeiras experiecircncias e o estabelecimento de
viacutenculos Por isso e devido agraves vivecircncias e formaccedilotildees acadecircmicas pessoais e
profissionais foi se construindo a ideia de que o desenvolvimento humano eacute um
processo permanente complexo e multideterminado e que cada etapa da vida eacute
constituiacuteda por caracteriacutesticas e necessidades muito peculiares as quais devem ser
observadas e estudadas para que se possam promover condiccedilotildees de
desenvolvimento de seres humanos saudaacuteveis (BRONFRENBRENNER 1996
BRONFRENBRENNER 2011 GAT 2000 BRAZELTON e GREENSPAN 2002
ASPESI DESSEN e CHAGAS 2005 ROGOFF 2005 POLETTO e KOLLER 2008)
Nessa abordagem o presente estudo procura vincular-se ao modelo
Bioecoloacutegico de Desenvolvimento Humano por apresentar possibilidades para que o
pesquisador analise aspectos da pessoa em desenvolvimento dos contextos que
vivecircncia e dos processos interativos que a influenciam ao longo do tempo
(BRONFENBRENNER e EVANS 2000)
Este modelo de entendimento do desenvolvimento humano valoriza as
interaccedilotildees desde as fases iniciais do ciclo vital das pessoas uma vez que as
mesmas influenciam e satildeo influenciadas profundamente pelas relaccedilotildees com outros
seres objetos e siacutembolos tanto em seu ambiente imediato quanto com outros
ambientes (BRONFENBRENNER e EVANS 2000) Essas interaccedilotildees se verificam de
modo progressivamente mais complexo ao longo do ciclo vital e seu estudo permite
inferir que contextos socialmente organizados ajudem a apoiar e orientar o
desenvolvimento humano ou seja desde o nascimento As interaccedilotildees satildeo
fundamentais para a sobrevivecircncia e o desenvolvimento como um todo assim cada
etapa do crescimento pressupotildee a ampliaccedilatildeo de laccedilos afetivos sociais e tambeacutem do
repertoacuterio cognitivo do ser humano (MOLINARI SILVA E CREPALDI 2005 GOMES
e DUARTE 2009 BRONFRENBRENNER e CECI 2011)
11
Dentre as diversas fases do desenvolvimento humano destaca-se nessa
pesquisa a primeira infacircncia ou seja a faixa etaacuteria compreendida entre o
nascimento e os trecircs primeiros anos de vida em especial procurando compreender
o processo de inclusatildeo da crianccedila pequena com deficiecircncia a partir do contexto
familiar e da educaccedilatildeo infantil
Primeiramente justifica-se que o estudo e a atenccedilatildeo a esse periacuteodo do ciclo vital
eacute relevante por vaacuterios motivos entre os quais se destacam a) a comprovada
importacircncia que experiecircncias nessa eacutepoca da vida apresentam para a formaccedilatildeo dos
indiviacuteduos visto que haacute grande riqueza e intensidade nas aquisiccedilotildees
desenvolvimentais em todos os seus niacuteveis b) a relevacircncia do papel do adulto-
cuidador frente agrave promoccedilatildeo do desenvolvimento na infacircncia e da garantia de seus
direitos c) o acesso crescente da crianccedila pequena a cuidados alternativos
implicando em separaccedilotildees diaacuterias entre matildee-bebecirc desde tenra idade o que tem
gerado inuacutemeras discussotildees sobre o impacto desse fato no desenvolvimento infantil
d) a escassez de projetos pedagoacutegicos dentro da educaccedilatildeo infantil que sejam
coerentes com as especificidades de bebecircs e de crianccedilas pequenas e) o
desconhecimento dos profissionais de educaccedilatildeo infantil sobre desenvolvimento
humano e pelas condiccedilotildees de trabalho e atendimento agrave crianccedila pequena as quais
indicam a necessidade de revisotildees praacuteticas nesse acircmbito (GAT 2000 RAPOPORT
2003 ROGOFF 2005 ARNAIS 2003 ANJOS et al 2004 BARBOSA 2004
SOEJIMA 2008 SOUZA 2008 EIKMANN et al 2009 BOLSANELLO 2009
FERNANDES 2011)
Diante dos aspectos assinalados a respeito das condiccedilotildees de atendimento das
crianccedilas pequenas com desenvolvimento tiacutepico ou ldquonormalrdquo os quais claramente jaacute
se verificam como um tema de relevo entatildeo o que falar daquelas que apresentam
deficiecircncia ou necessidades especiais1 e que se encontra em situaccedilatildeo de inclusatildeo
desde tenra idade inseridas nos atendimentos de berccedilaacuterio e turmas maternais no
ensino regular
Na perspectiva da questatildeo posta acima se pode afirmar que o desafio atual da
educaccedilatildeo infantil eacute tornar seus serviccedilos inclusivos acolhendo as crianccedilas pequenas
1 Para efeitos de entendimento nesse estudo seraacute utilizado o termo necessidades especiais para designar as
condiccedilotildees que se referem agraves deficiecircncias (sensoriais intelectual neuromotora fiacutesica ou muacuteltipla) Transtornos
Globais do Desenvolvimento ou outras situaccedilotildees que tragam grandes implicaccedilotildees para o acesso e a permanecircncia
de alunos na Educaccedilatildeo Infantil e no Ensino Fundamental e que por tal os caracterizem como alunos foco da
Educaccedilatildeo Especial e Inclusiva
12
com necessidades especiais e proporcionando-lhes atenccedilatildeo e atendimento de
qualidade adequada agraves suas caracteriacutesticas e especificidades (MENDES 2010)
Ressalta-se que ao fazer referecircncia agrave crianccedila pequena com necessidades
especiais estaacute se orientando a atenccedilatildeo agravequela pessoa que possui impedimentos de
longo prazo de natureza fiacutesica intelectual ou sensorial e que por tais condiccedilotildees
comporia o alunado da Educaccedilatildeo Especial (BRASIL 2008) Ainda que se encontrem
inuacutemeras divergecircncias nas definiccedilotildees de deficiecircncia ou necessidades especiais
essas pautadas pelas diferenccedilas entre atitudes crenccedilas orientaccedilatildeo aacutereas de
estudo e cultura a definiccedilatildeo do termo eacute cabiacutevel pois implica em caracteriacutesticas de
pessoas que precisam ser vistas acolhidas respeitadas e atendidas em vaacuterias
instacircncias (SMITH 2004)
Cabe destacar ainda a respeito de questotildees sobre a educaccedilatildeo inclusiva que
desde a Declaraccedilatildeo de Salamanca em 1994 muitas experiecircncias discussotildees e
avanccedilos se deram nesse acircmbito poreacutem de modo geral a inclusatildeo no ensino
regular do alunado foco da Educaccedilatildeo Especial continua a se mostrar como um tema
polecircmico e controverso no qual de um lado se encontram as orientaccedilotildees e
legislaccedilotildees brasileiras e internacionais e do outro as escolas e as famiacutelias que tem
que aguardar pacientemente por encaminhamentos praacuteticos e orientaccedilotildees que
ajudem a dar um direcionamento ao atendimento de suas crianccedilas (FERNANDES
BOLSANELLO e MOREIRA 2008) Isso pode ser entendido na perspectiva de
Kassar (2011) quando esta recorda que no Brasil e em alguns paiacuteses da Europa o
atendimento educacional direcionado agraves pessoas com deficiecircncia foi durante muito
tempo construiacutedo de maneira separada da educaccedilatildeo oferecida agrave populaccedilatildeo que natildeo
apresentava diferenccedilas ou caracteriacutesticas expliacutecitas que a caracterizasse como
ldquoanormalrdquo Tal fato implicou segundo esta uacuteltima autora na constituiccedilatildeo da
Educaccedilatildeo Especial como um campo de atuaccedilatildeo muito especiacutefico muitas vezes sem
interlocuccedilatildeo com a educaccedilatildeo comum Esse fato se reflete materialmente nos
espaccedilos institucionais igualmente separados e nas crenccedilas e mitos sobre os
ldquodiferentesrdquo
Essa separaccedilatildeo nos atendimentos tambeacutem eacute vaacutelida no que se refere agraves
crianccedilas pequenas com necessidades especiais (MENDES 2010) Historicamente
quando uma crianccedila apresenta precocemente alteraccedilotildees em seu desenvolvimento
ou mesmo um diagnoacutestico indicando o quadro de deficiecircncia ela eacute comumente
encaminhada aos serviccedilos de Estimulaccedilatildeo Precoce ou Essencial na Educaccedilatildeo
13
Especial (PEacuteREZ-LOacutePEZ 2009) O atendimento em Estimulaccedilatildeo Precoce ou
Essencial na realidade brasileira costuma configurar-se como o primeiro programa
de atendimento destinado a atender principalmente crianccedilas de alto risco ou
portadoras de deficiecircncias (auditiva fiacutesica intelectual visual muacuteltipla) sendo
geralmente destinado agrave faixa etaacuteria de zero a trecircs anos (BOLSANELLO 1998)
Crianccedilas de alto risco satildeo aquelas que devido a causas preacute-natais perinatais ou
poacutesndashnatais de origem bioloacutegica ou ambiental podem vir a apresentar atrasos
significativos em seu desenvolvimento requerendo por isso uma abordagem de
atendimento mais apropriada (TJOSSEM 1976 ALMEIDA 2009)
No caso das crianccedilas pequenas com necessidades especiais (entenda-se
deficiecircncias ou com significativo atraso em seu desenvolvimento) segundo Vitta
(2004) haacute escassez de estudos sobre sua participaccedilatildeo na Educaccedilatildeo Infantil
especificamente nos berccedilaacuterios o que natildeo significa que elas natildeo estejam sendo
atendidas nesse contexto (VITTA 2004) Haacute muitos casos de crianccedilas com
alteraccedilotildees significativas em seu desenvolvimento e que ainda natildeo foi detectado por
seus pais ou mesmo pelos educadores que as atendem na Educaccedilatildeo Infantil o que
compromete uma das funccedilotildees destes educadores que eacute a de auxiliar na detecccedilatildeo
de deacuteficits e orientar quanto agrave prevenccedilatildeo de maiores atrasos e a promoccedilatildeo do
desenvolvimento infantil (VITTA 2004 DIacuteAZ-HERRERO e MARTINEZ-FUENTES
2009)
Contudo a presenccedila de crianccedilas pequenas com necessidades especiais em
berccedilaacuterios tem sido vista com algumas reservas conforme evidenciado pelo estudo
de VITTA (2004) Drago (2011) tambeacutem percebeu em sua pesquisa que a inclusatildeo
na Educaccedilatildeo Infantil se verifica em meio a uma confusatildeo de conceitos e praacuteticas
nas quais se revelam accedilotildees inclusivas isoladas e um processo inclusivo mal
compreendido e mal aproveitado
Logo na busca pela concretizaccedilatildeo de uma educaccedilatildeo inclusiva sem duacutevida os
papeacuteis dos educadores e da famiacutelia se destacam porque ambos satildeo fundamentais
para a trajetoacuteria de vida das pessoas tanto em termos de aprendizagem quanto de
desenvolvimento o que significa dizer que estes podem tanto ser propulsores
quanto limitadores do desenvolvimento humano (BRAZELTON 2002 GIL 2004
SCHMITERLOumlW e FERNANDEZ 2004 DRAGO 2011 BRONFENBRENNER
2011)
14
No tocante agrave famiacutelia certamente natildeo restam mais duacutevidas para a ciecircncia
psicoloacutegica a respeito da influecircncia que as praacuteticas educativas parentais tecircm para o
desenvolvimento dos filhos (WEBER 2008) Isso porque a famiacutelia por ser o primeiro
locus de desenvolvimento humano mostra-se como um contexto privilegiado cujos
objetivos conteuacutedos e meacutetodos se diferenciam do cuidado institucionalizado pois
fomenta o processo de socializaccedilatildeo a proteccedilatildeo as condiccedilotildees baacutesicas de
sobrevivecircncia o desenvolvimento de seus membros no plano social cognitivo e
afetivo e tambeacutem auxilia a estabelecer uma estrutura miacutenima de atividades e
relaccedilotildees nos quais os papeacuteis de matildee pai filho irmatildeo esposa marido e outros satildeo
evidenciados e ensinados (DESSEN e POLONIA 2007 POLETTO e KOLLER
2008 PINHEIRO e BIASOLI-ALVES 2008 ALMEIDA 2010)
Contudo dadas agraves intensas mudanccedilas que a instituiccedilatildeo familiar vem passando
ao longo das uacuteltimas deacutecadas eacute necessaacuterio um estudo mais apurado acerca de
suas caracteriacutesticas e necessidades especialmente quando se propotildee a entendecirc-la
como espaccedilo promotor de desenvolvimento ativo e dinacircmico tal como nas palavras
de Pinheiro e Biasoli-Alves (2008) ao afirmarem que conforme as transformaccedilotildees
sociais vatildeo ocorrendo surgem ao mesmo tempo elementos que afetam a dinacircmica
familiar e do casal o que permite situar as questotildees que envolvem o papel
desempenhado por cada um de seus indiviacuteduos particularmente pai e matildee ndash aqui
referidos como ldquopaisrdquo
Esses dois elementos (pai e matildee) muito embora tenham assumido novos papeacuteis
diante da sociedade e de sua proacutepria famiacutelia ainda se mantecircm como figuras
imprescindiacuteveis do contexto de transmissatildeo de valores conhecimentos regras e
noccedilotildees de convivecircncia para seus filhos (ZAMBERLAM et al 1997 CARVALHO e
ALMEIDA 2003 SILVA e BOLSANELLO 2002 PINHEIRO e BIASOLI-ALVES
2008)
Diante da temaacutetica da presente pesquisa e no que se refere agrave crianccedila pequena
em situaccedilatildeo de inclusatildeo escolar ressalta-se que satildeo poucos os estudos que
descrevem o funcionamento familiar em crianccedilas com necessidades especiais na
realidade brasileira aleacutem de que haacute resultados contraditoacuterios entre algumas
pesquisas (MINETTO 2010) Todavia Brazelton (2002) afirma que os pais
necessitam de uma ajuda profissional quando se percebe que o filho apresenta
alteraccedilotildees em seu desenvolvimento pois sem isso eles podem - por ansiedade ou
falta de orientaccedilatildeo - contribuir com o quadro de atraso ou mesmo superproteger sua
15
crianccedila deixando de estarem sensiacuteveis agraves condiccedilotildees reais do infante Tambeacutem no
que se refere ao atendimento da crianccedila com necessidades especiais ou
desenvolvimento atiacutepico eacute fundamental que se leve em consideraccedilatildeo a participaccedilatildeo
ativa da famiacutelia no processo por meio do acolhimento de suas duacutevidas e anseios e
pela promoccedilatildeo de orientaccedilotildees de quando e como interagir com sua crianccedila (GIL
2004 SHMITERLOumlW e FERNANDEZ 2004 MENDES 2010)
A atenccedilatildeo o apoio e a orientaccedilatildeo para a famiacutelia que tem uma crianccedila com
necessidades especiais justificam-se primordialmente porque esse natildeo eacute um fato
para o qual todos se preparam antecipadamente Muito menos eacute um fato que se
deseja aleacutem de que quando do diagnoacutestico de deficiecircncia atraso no
desenvolvimento ou outra necessidade especial haacute uma intensa e profunda
reorganizaccedilatildeo familiar conforme jaacute afirmado por Prado (2005) A possibilidade de um
diagnoacutestico pode corroborar com sofrimento por parte dos pais havendo em
diversos casos a apresentaccedilatildeo de estresse fiacutesico e emocional (BAILEY 2003
PEREIRA-SILVA e DESSEN 2006 CHERUBINI BOSA e BANDEIRA 2008) Diante
do exposto torna-se evidente que os programas de atendimento agrave crianccedila pequena
com deficiecircncia ou alteraccedilotildees importantes em seu desenvolvimento devem
considerar aspectos que envolvam sua famiacutelia de maneira que a preparem para a
relaccedilatildeo com seu filho (SHMITERLOumlW 2003 GIL 2004 SHMITERLOumlW e
FERNANDEZ 2004)
Jaacute a instituiccedilatildeo de Educaccedilatildeo Infantil interessa como um contexto que se mostra
cada vez mais utilizado podendo ateacute ser considerado como indispensaacutevel para a
viabilizaccedilatildeo da dupla jornada de trabalho da mulher e dos arranjos familiares
proacuteprios da modernidade o que faz com que o maior desafio desse contexto tenda a
ser o de proporcionar um ambiente que seja estimulante para a crianccedila tambeacutem
promovendo seu desenvolvimento de modo amplo e saudaacutevel (SOUZA 2008
SOEJIMA 2008 BOLSANELLO 2009 SOEJIMA e BOLSANELLO 2012)
Dessen e Polonia (2007) afirmam que a instituiccedilatildeo de educaccedilatildeo eacute um espaccedilo
fiacutesico psicoloacutegico social e cultural no qual os indiviacuteduos processam o seu
desenvolvimento global mediante atividades programadas e que tambeacutem pode se
configurar como um espaccedilo de apoio e orientaccedilatildeo para que as famiacutelias
desempenhem melhor seu papel
Perante sua relevacircncia a Educaccedilatildeo Infantil tem sido objeto de inuacutemeros estudos
inclusive a dissertaccedilatildeo de Mestrado da presente pesquisadora Os resultados desta
16
dissertaccedilatildeo evidenciaram a) a rotina extenuante dos educadores b) suas
dificuldades em planejar o atendimento das crianccedilas c) a grande quantidade de
crianccedilas por educador d) a constante necessidade de resolverem problemas
imediatos o que gera a dificuldade de darem atenccedilatildeo a aspectos mais
individualizados das crianccedilas e) a falta de apoio pedagoacutegico adequado (SOUZA
2008) Esses satildeo aspectos tambeacutem verificados por outros autores e que possibilitam
refletir profundamente sobre a funccedilatildeo da creche como um espaccedilo de
desenvolvimento (PACHECO e DUPRET 2004 CAMPOS FULGRAFF e
WIGGERS 2006 BOacuteGUS et al 2007 SOEJIMA 2008 SOUZA 2008
BOLSANELLO 2009 FERNANDES 2011 GUIMARAtildeES 2011 SOEJIMA e
BOLSANELLO 2012)
Outra questatildeo eacute acerca das concepccedilotildees de desenvolvimento infantil dos
educadores as quais refletem a falta de uma formaccedilatildeo consistente na aacuterea a falta
de oportunidades de reflexatildeo a falta de ressignificaccedilatildeo de seus conhecimentos
preacutevios a falta de sistematizaccedilatildeo de accedilotildees de atenccedilatildeo e a intervenccedilatildeo precoce
(SOEJIMA e BOLSANELLO 2012 SOUZA 2008) Tais achados geram
controveacutersias quanto agrave sua funccedilatildeo protetiva em relaccedilatildeo agraves comunidades expostas a
riscos sociais e desenvolvimentais (EIKMANN et al 2009) o que estaacute tambeacutem em
consonacircncia com as consideraccedilotildees de BALTIERI et al (2010) Estes uacuteltimos
salientam que estudos recentes trazem a preocupaccedilatildeo com as repercussotildees da
exposiccedilatildeo cotidiana ao ambienterotina das creches e que esta na realidade
brasileira tem sido crescente e apontam limitaccedilotildees quanto ao preparo dos
profissionais da infraestrutura rotinas com predomiacutenio de atividades voltadas para
alimentaccedilatildeo e higiene aleacutem de maior exposiccedilatildeo das crianccedilas a processos
infecciosos
Contraditoriamente os estudos de Boacutegus et al(2007) e Bhering e Nez (2002)
evidenciaram que as famiacutelias buscam o atendimento institucionalizado tambeacutem por
acreditarem que este seraacute um contexto de promoccedilatildeo do desenvolvimento e maior
cuidado para sua crianccedila e ateacute sentem-se privilegiadas por terem acesso a esse
serviccedilo o que parece resultar em uma menor exigecircncia na qualidade desse
atendimento Bhering e Nez (2002) relembram que a importacircncia do envolvimento
dos pais nessa fase de desenvolvimento humano eacute autoexplicativa famiacutelia e
escolacreche juntas podem promover situaccedilotildees complementares e significativas
17
de aprendizagem e convivecircncia que realmente vatildeo ao encontro das necessidades e
demandas das crianccedilas de ambas as instituiccedilotildees
Por outro lado eacute percebido que a participaccedilatildeo das famiacutelias diante da instituiccedilatildeo e
do atendimento de seus filhos eacute escassa e restrita agrave entrega da crianccedila pela manhatilde
agrave busca ao final do dia e a participaccedilatildeo em algumas reuniotildees especiacuteficas na fala
dos educadores tal participaccedilatildeo poderia ser mais efetiva (BHERING e NEZ 2002
BOgraveGUS et al 2007 SOUZA 2008) Perante esse cenaacuterio da parca participaccedilatildeo da
famiacutelia dentro da rotina da creche relembra-se que mesmo que haja o atendimento
institucionalizado como um importante recurso da sociedade contemporacircnea tal
participaccedilatildeo natildeo substitui a funccedilatildeo primordial da famiacutelia (SILVA e BOLSANELLO
2002)
Conforme os dados assinalados sobre a crianccedila pequena com necessidades
especiais sobre a importacircncia da famiacutelia e da Educaccedilatildeo Infantil como contextos de
promoccedilatildeo de desenvolvimento na primeira infacircncia2 e diante das contradiccedilotildees que
ainda permeiam os processos da educaccedilatildeo inclusiva apresenta-se como
pressuposto que a inclusatildeo da crianccedila pequena com necessidades especiais no
contexto de Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil vem sendo realizada a partir de
conceitos e praacuteticas que fortalecem principalmente os aspectos socializadores do
processo inclusivo o que implica na possibilidade de que estar no referido contexto
natildeo caracteriza uma educaccedilatildeo inclusiva
E levanta-se a questatildeo norteadora do presente estudo
Quais concepccedilotildees orientam o processo de inclusatildeo da crianccedila pequena com
necessidades especiais no contexto de Centros Municipais de Educaccedilatildeo
Infantil (CMEIs) segundo suas matildees suas educadoras na Educaccedilatildeo Infantil e
suas professoras do Atendimento Educacional Especializado
2 Para esse estudo se considera que a primeira infacircncia eacute o periacuteodo etaacuterio que corresponde aos primeiros 36
meses de vida
18
12 OBJETIVOS
121 Objetivo Geral
Investigar quais concepccedilotildees orienta o processo de inclusatildeo da crianccedila
pequena com necessidades especiais no contexto de Centros Municipais de
Educaccedilatildeo Infantil (CMEIs) especificamente em turmas de berccedilaacuterio e maternal
segundo suas matildees suas educadoras na Educaccedilatildeo Infantil e suas professoras do
Atendimento Educacional Especializado
122 Objetivos Especiacuteficos
Com a intenccedilatildeo de responder a questatildeo de pesquisa que orienta este
trabalho se estabelecem como objetivos especiacuteficos os itens abaixo indicados
a) Investigar como as matildees de crianccedilas que tecircm necessidades especiais
percebem participam e avaliam o processo de inclusatildeo de seus filhos que
frequentam os Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil
b) Investigar como educadoras de Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil que
atendem em turmas de berccedilaacuterio (I e II) e maternal (I e II) percebem atuam e
avaliam o processo de inclusatildeo das crianccedilas pequenas com necessidades
especiais nesses ambientes de desenvolvimento preacute-escolar
c) Investigar como professoras do Atendimento Educacional Especializado que
atendem e que frequentam turmas de berccedilaacuterio (I e II) e maternal (I e II) nos
Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil da regiatildeo percebem atuam e
avaliam o processo de inclusatildeo das crianccedilas pequenas com necessidades
especiais
d) Verificar quais satildeo as Diretrizes e Apoios indicados eou utilizados pelas
participantes do estudo para que o processo inclusivo ocorra com qualidade
na Educaccedilatildeo Infantil
19
e) Verificar as vantagens e desvantagens da inclusatildeo escolar de crianccedilas
pequenas com necessidades especiais segundo as concepccedilotildees de suas
matildees suas educadoras nos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil e suas
professoras do Atendimento Educacional Especializado
20
2 SUPORTE TEOacuteRICO
21 O DESENVOLVIMENTO HUMANO A PARTIR DO ESTUDO E DA INTERACcedilAtildeO
ENTRE SEUS CONTEXTOS ndash A ABORDAGEM BIOECOLOacuteGICA
Bronfenbrenner (1996) conceitua o desenvolvimento humano afirmando que
este se constitui de mudanccedilas nas formas como as pessoas percebem e interagem
com o ambiente Essas mudanccedilas ocorrem durante toda a vida do indiviacuteduo e em
sua relaccedilatildeo com o mundo
O modelo bioecoloacutegico contempla o desenvolvimento de maneira ampla e
busca focalizar as interaccedilotildees das pessoas com seus diferentes contextos
(BRONFENBRENNER 2011) Em outras palavras o ser humano se constitui como
tal na sua relaccedilatildeo com o outro e com os diversos contextos dos quais participa
direta ou indiretamente (SILVA 2011)
Para Bronfenbrenner e Morris (1998) o desenvolvimento dos seres humanos
eacute o resultado da accedilatildeo entre as caracteriacutesticas da pessoa em desenvolvimento os
processos proximais estabelecidos entre ela e outros sujeitos os contextos nos
quais a pessoa vive e a frequecircncia de tempo no qual ela encontra-se exposta a
esses elementos Esse modelo tambeacutem eacute denominado PPCT (processo-pessoa-
contexto-tempo)
O processo eacute o mecanismo do desenvolvimento visto a partir das interaccedilotildees
entre o sujeito e o ambiente imediato O indiviacuteduo humano eacute sempre considerado
nesta teoria como um ser biopsicologicamente em evoluccedilatildeo e para que suas
interaccedilotildees sejam consideradas como tal ele deve ser visto de modo ativo
(BROFENBRENNER 2011)
Os processos proximais satildeo os motores primaacuterios do desenvolvimento e satildeo
por conceito bidirecionais (BRONFENBRENNER 1999) O processo proximal pode
melhorar a competecircncia funcional e ajudar a minimizar aspectos disfuncionais do
desenvolvimento humano (BRONFENBRENNER 1999)
Para que se efetive o desenvolvimento as atividades devem ser contiacutenuas ao
longo de um tempo e devem tornar-se progressivamente mais complexas Em
acordo com esse modelo de desenvolvimento repeticcedilotildees natildeo bastam elas natildeo
21
caracterizam os processos proximais (BRONFENBRENNER e MORRIS 1998) Os
processos proximais envolvem aleacutem de pessoas tambeacutem a relaccedilatildeo com objetos e
siacutembolos E para haver reciprocidade nas relaccedilotildees os objetos e siacutembolos devem
despertar e estimular a atenccedilatildeo a exploraccedilatildeo a manipulaccedilatildeo a elaboraccedilatildeo e a
imaginaccedilatildeo da pessoa em desenvolvimento (BRONFENBRENNER 1999
AMBROZIO 2009)
Um exemplo desse padratildeo de interaccedilatildeo pode ser observado durante a
alimentaccedilatildeo do bebecirc nas brincadeiras de crianccedilas com pouca idade seja em grupo
ou individualmente (BRONFENBRENNER 2001)
Para os processos proximais disfunccedilatildeo e competecircncia satildeo dois aspectos
muito importantes pois influenciam os primeiros de modo contundente
Bronfenbrenner e Morris (1998) definem disfunccedilatildeo como a manifestaccedilatildeo recorrente
de dificuldades por parte da pessoa que estaacute em desenvolvimento Jaacute competecircncias
satildeo as aquisiccedilotildees avanccediladas no que se refere a conhecimentos e habilidades
(intelectuais fiacutesicas sociais motoras e a combinaccedilatildeo desses elementos)
Bronfenbrenner e Morris (1998) afirmam que ambientes estaacuteveis e
vantajosos propiciam menos manifestaccedilotildees de disfunccedilotildees no desenvolvimento
humano e que quanto maiores e melhores os resultados relacionados agraves
competecircncias mais elevados e complexos podem se tornar os processos proximais
e mais reduzidos seratildeo os riscos para o desenvolvimento
A pessoa eacute analisada por meio de suas caracteriacutesticas determinadas
biopsicologicamente (experiecircncias vividas habilidades por exemplo) e aquelas
construiacutedas socialmente Nesse modelo as caracteriacutesticas da pessoa satildeo tanto
produtoras como produtos do desenvolvimento pois constitui um dos elementos que
influenciam tanto a forma a forccedila o conteuacutedo quanto a direccedilatildeo do processo de
interaccedilatildeo (BRONFENBRENNER 1996 BROFENBRENNER 2011) Este modelo
destaca trecircs caracteriacutesticas da pessoa que tem influecircncia no decorrer de seu
desenvolvimento e das relaccedilotildees proximais estabelecidas as quais satildeo as
disposiccedilotildees os recursos e as demandas (BRONFENBRENNER 1999)
As disposiccedilotildees satildeo as caracteriacutesticas que podem colocar os processos
proximais em movimento lhe dando sustentaccedilatildeo ou interferindo com atrasos no
desenvolvimento humano Portanto as disposiccedilotildees podem ser as que promovem e
geram desenvolvimento e as que impedem ou atrasam o desenvolvimento
(BRONFENBRENNER 1999)
22
Segundo Bronfenbrenner (1989) satildeo disposiccedilotildees que podem gerar atrasos ou
impedimentos no desenvolvimento hostilidade apatia desatenccedilatildeo falta de
interesse inseguranccedila entre outras E como caracteriacutesticas que geram e promovem
o desenvolvimento iniciativa a curiosidade e tambeacutem a responsividade seletiva as
tendecircncias estruturantes e um sistema de crenccedilas diretivas (BRONFENBRENNER
1999)
A chamada responsividade seletiva eacute a primeira manifestaccedilatildeo dos aspectos
que geram o desenvolvimento e se refere a uma capacidade de manifestaccedilatildeo de
uma resposta diferenciada que ocasiona atraccedilatildeo e exploraccedilatildeo de elementos do
ambiente fiacutesico e social (BRONFENBRENNER 1999)
Jaacute as tendecircncias estruturantes se referem agraves capacidades de engajamento e
de persistecircncia em atividades progressivamente mais complexas Satildeo exemplos de
tendecircncias estruturantes a capacidade de elaborar reestruturar e criar novas
caracteriacutesticas em um ambiente (BRONFENBRENNER E MORRIS 1989)
A terceira disposiccedilatildeo que contribui para a promoccedilatildeo do desenvolvimento
humano eacute o que Bronfenbrenner e Morris (1998) denominam de sistema de crenccedilas
diretivas Elas se referem agrave capacidade de as pessoas demonstrarem uma
crescente tendecircncia de dar significado agraves experiecircncias agrave medida que o tempo vai
passando
Em relaccedilatildeo aos chamados recursos bioecoloacutegicos Bronfenbrenner (1989)
indicam que estes se referem agrave aptidatildeo agraves experiecircncias conhecimentos e
habilidades requeridas para o funcionamento dos processos proximais Os recursos
bioecoloacutegicos tambeacutem podem limitar os processos proximais principalmente quando
se referem a defeitos geneacuteticos ou doenccedilas crocircnicas e graves por exemplo
No que se refere agraves demandas Bronfenbrenner (1992) afirma que satildeo
aquelas caracteriacutesticas da pessoa em desenvolvimento que provocam ou
desencorajam reaccedilotildees do ambiente e que interferem de forma positiva ou negativa
nos processos proximais
A inter-relaccedilatildeo entre as caracteriacutesticas pessoais as disposiccedilotildees os recursos
bioecoloacutegicos e as demandas levam a inuacutemeras possibilidades de combinaccedilotildees e
justificam as diferenccedilas nas direccedilotildees e nas forccedilas dos processos proximais
resultantes e de seus impactos no desenvolvimento humano (BRONFENBRENNER
E MORRIS 1989)
23
Bronfenbrenner (1996) traz em seu modelo bioecoloacutegico a importacircncia e a
influecircncia que os contextos apresentam para o desenvolvimento da pessoa
O contexto eacute analisado por meio da interaccedilatildeo de quatro niacuteveis ambientais dos
mais proacuteximos aos mais distantes denominados microssistema mesossistema
exossistema e macrossistema (BRONFENBRENNER 1996 BROFENBRENNER
2011)
O microssistema eacute o ambiente em que se estabelecem relaccedilotildees diretas face
a face relaccedilotildees de intimidade (diacuteades triacuteades) Satildeo considerados como exemplos
famiacutelia escola grupo de amigos entre outros Das relaccedilotildees entre os diversos
microssistemas origina-se o mesossistema Jaacute o exossistema constitui aqueles
contextos externos agrave participaccedilatildeo direta do sujeito em desenvolvimento mas que
trazem influecircncias importantes para ele Um exemplo disso para a crianccedila em
desenvolvimento eacute o ambiente de trabalho dos pais O macrossistema eacute aquele em
que se configuram as leis normas e regras que regem uma sociedade
(BRONFENBRENNER 1996 BROFENBRENNER 2011)
As interaccedilotildees entre os diversos niacuteveis contextuais satildeo bidirecionais e trazem
grandes transformaccedilotildees no desenvolvimento humano O tipo de interaccedilatildeo mais
baacutesico eacute a chamada transiccedilatildeo ecoloacutegica o que segundo Bronfenbrenner (1977) eacute a
possibilidade de movimento de um contexto para outro diferente novo Podem ser
exemplos de transiccedilatildeo ecoloacutegica o ingresso em uma instituiccedilatildeo de ensino a
mudanccedila de residecircncia passar o dia no Centro Municipal de Educaccedilatildeo Infantil -
CMEI e ir para casa ao fim do dia entre outros
Sobre as relaccedilotildees bidirecionais ainda Bronfenbrenner (1988) cita as diacuteades e
as relaccedilotildees mais extensas a partir do sistema N+2 (triacuteades teacutetrades etc) Dentro do
processo de desenvolvimento infantil as diacuteades primaacuterias satildeo fundamentais pois o
desenvolvimento da crianccedila pequena afeta e eacute afetado por seus cuidadores
principais tais como matildee avoacute babaacute educadora etc Logo eacute recomendaacutevel que ao
se estudar o desenvolvimento na infacircncia que se busque fazecirc-lo tambeacutem
considerando esses aspectos diaacutedicos
Assim microssistemas como famiacutelia e escola tecircm influecircncias diversas e
importantes no desenvolvimento infantil Compreender ecologicamente o
desenvolvimento humano possibilita que a atenccedilatildeo investigativa seja dirigida natildeo soacute
para a pessoa e os ambientes imediatos nos quais se encontra senatildeo para suas
interaccedilotildees e transiccedilotildees em ambientes mais distantes dos quais muitas vezes
24
sequer participa diretamente O modelo bioecoloacutegico tambeacutem enfatiza o ambiente
mas propotildee que o desenvolvimento humano seja estudado por meio da interaccedilatildeo
deste nuacutecleo com outros trecircs de forma inter-relacionada o processo a pessoa e o
tempo (BRONFENBRENNER 1996 ROGOFF 2005 BROFENBRENNER 2011)
O tempo nesse modelo condiciona a efetividade dos processos proximais agrave
ocorrecircncia de uma interaccedilatildeo reciacuteproca progressivamente mais complexa em uma
base de tempo efetivamente regular natildeo podendo este funcionar efetivamente em
ambientes instaacuteveis e imprevisiacuteveis (BRONFENBRENNER 1996
BROFENBRENNER 2011)
Bronfenbrenner e Morris (1998) afirmam que o tempo enquanto categoria
bioecoloacutegica divide-se em microtempo mesotempo e macrotempo A anaacutelise do
tempo dentro desses trecircs niacuteveis deve focalizar a pessoa em relaccedilatildeo aos
acontecimentos presentes em sua vida desde os mais proacuteximos ateacute os mais
distantes (BRONFENBRENNER 1996 BROFENBRENNER 2011)
A abordagem bioecoloacutegica do desenvolvimento humano proposta por
Brofenbrenner (1996) eacute uacutetil ao permitir que o desenvolvimento possa ser entendido
de maneira contextualizada contemplando a interaccedilatildeo dinacircmica dos elementos
acima descritos Em outras palavras o estudo do desenvolvimento infantil
interpretado pelos paracircmetros do contexto bioecoloacutegico pode ser entendido como a)
a crianccedila como pessoa em contiacutenuo e progressivo desenvolvimento cujo trajeto
desenvolvimental apresenta caracteriacutesticas especiacuteficas conforme o ciclo vital se
desenrola b) a reciprocidade na qual ocorre uma interaccedilatildeo entre a crianccedila e os
contextos dos quais participa efetivamente c) as interconexotildees entre esses
ambientes e as influecircncias externas provenientes de meios mais amplos
(macrossistema e exossistema) d) o tempo como elemento necessaacuterio agraves
mudanccedilas no desenvolvimento do indiviacuteduo e de transiccedilotildees de papeacuteis dentro dos
diversos contextos dos quais participa e) continuidade e significado na qualidade
das relaccedilotildees interpessoais (BRONFENBRENNER 1996 BROFENBRENNER 2011
SPESSATO et al 2009 DINIZ e KOLLER 2010)
A interaccedilatildeo entre a crianccedila pequena com deficiecircncia sua famiacutelia a instituiccedilatildeo
de Educaccedilatildeo Infantil e a Educaccedilatildeo Especial eacute de extrema relevacircncia para que os
contextos conheccedilam melhor a crianccedila estabeleccedilam criteacuterios educativos comuns
discutam modelos de intervenccedilatildeo e relaccedilatildeo com os infantes e compreendam as
especificidades da funccedilatildeo educativa de cada um (SILVA 2011)
25
22 A CRIANCcedilA PEQUENA COM NECESSIDADES ESPECIAIS E A PROMOCcedilAtildeO
DO SEU DESENVOLVIMENTO
O presente capiacutetulo se destina a elencar aspectos relacionados agrave promoccedilatildeo
do desenvolvimento da crianccedila pequena com necessidades especiais visto que
para ela existem pelo menos trecircs contextos que podem auxiliar nesse sentido a
saber a famiacutelia a instituiccedilatildeo de Educaccedilatildeo Infantil e os centros ou programas de
Educaccedilatildeo Especial que ofertam o serviccedilo de estimulaccedilatildeo essencial
Pode se dizer que a crianccedila de modo geral se apresenta muito vulneraacutevel
agraves interferecircncias dos indiviacuteduos e dos ambientes com os quais convive e em
especial quando ela se encontra na primeira infacircncia (BRAZELTON 1990
SZYMANSKI 2004 CARVALHO 2006 BRONFENBRENNER 2011) No caso da
crianccedila com deficiecircncia (fiacutesica intelectual sensorial ou muacuteltipla) ou que apresenta
transtornos ou atrasos significativos em seu desenvolvimento agraves relaccedilotildees com
pessoas e contextos se tornam ainda mais relevantes na faixa etaacuteria indicada
Por outro lado sendo praticamente consenso entre os pesquisadores e
profissionais do desenvolvimento infantil de que este eacute um processo complexo e
multideterminado (MOLINARI et al 2005) tambeacutem deve ser considerada a crianccedila
em si como pessoa em constante desenvolver com suas caracteriacutesticas e
especificidades proacuteprias
A crianccedila no sentido de sujeito em desenvolvimento deve ser vista como
um ser integrado e natildeo uma coleccedilatildeo de habilidades e aquisiccedilotildees principalmente
porque o desenvolvimento em seus diversos niacuteveis natildeo se daacute de forma separada
contrariamente todos os niacuteveis (cognitivo emocional fiacutesico entre outros) estatildeo
inter-relacionados e constituem o sujeito como um todo (GIL 2004)
Segundo Libro Blanco (GAT 2000) importante documento espanhol sobre
atenccedilatildeo e intervenccedilatildeo precoce3 o desenvolvimento infantil nos primeiros anos se
caracteriza por uma progressiva aquisiccedilatildeo de funccedilotildees muito importantes tais como
3 No que se refere aos termos atenccedilatildeo e intervenccedilatildeo precoce eacute possiacutevel estabelecer um paralelo em
seu entendimento e relacionaacute-los ao atendimento de estimulaccedilatildeo precoce ou essencial na realidade brasileira O que significa afirmar que tanto na realidade espanhola quanto brasileira esses termos se referem aos primeiros atendimentos a crianccedilas com necessidades especiais ainda que esses sejam realizados em contextos e com abordagens distintos entre si
26
controle postural autonomia no deslocamento comunicaccedilatildeo e linguagem interaccedilatildeo
social entre outros
A evoluccedilatildeo do desenvolvimento estaacute estreitamente ligada ao processo de
maturaccedilatildeo do sistema nervoso jaacute iniciado na vida intrauterina e tambeacutem com a
organizaccedilatildeo emocional e mental Para que tais processos se verifiquem de modo
saudaacutevel eacute necessaacuteria uma estrutura geneacutetica adequada e o cumprimento das
necessidades humanas baacutesicas nos acircmbito bioloacutegico e psicoafetivo pois o
desenvolvimento infantil eacute produto da interaccedilatildeo entre fatores geneacuteticos e ambientais
(GAT 2000 GAUY e COSTA JUNIOR 2005 MADUREIRA e BRANCO 2005)
A base geneacutetica especiacutefica para cada indiviacuteduo estabelece capacidades
proacuteprias de desenvolvimento ateacute o ponto em que se possa modificaacute-la pela
interaccedilatildeo com os fatores ambientais (GAT 2000 GAUY e COSTA JUNIOR 2005
MADUREIRA e BRANCO 2005)
Os fatores ambientais vatildeo modular a possibilidade de expressatildeo ou latecircncia
de algumas caracteriacutesticas geneacuteticas Esses fatores satildeo de ordem bioloacutegica
psicoloacutegica e social (GAT 2000 GAUY e COSTA JUNIOR 2005 POLONIA
DESSEN e SILVA 2005 MADUREIRA e BRANCO 2005)
Os fatores ambientais de ordem bioloacutegica se configuram nos estados de
sauacutede ausecircncia de fatores de agressatildeo ao sistema nervoso condiccedilotildees necessaacuterias
para uma maturaccedilatildeo orgacircnica adequada Os fatores ambientais de ordem
psicoloacutegica e social satildeo os relacionados agrave interaccedilatildeo da crianccedila com o seu meio os
viacutenculos afetivos que estabelece a partir dos cuidados que recebe da percepccedilatildeo
que constroacutei em relaccedilatildeo agraves pessoas que a rodeiam (pessoas imagens sons entre
outros) Estas satildeo condiccedilotildees baacutesicas e determinantes do desenvolvimento
emocional funccedilotildees comunicativas condutas adaptativas aprendizagem entre
outros elementos constituintes da pessoa em evoluccedilatildeo (GAT 2000 GAUY e COSTA
JUNIOR 2005 MADUREIRA e BRANCO 2005)
Sobre a questatildeo de risco ao desenvolvimento os resultados negativos nesse
processo satildeo produzidos muitas vezes natildeo soacute por um mas pela combinaccedilatildeo de
diversos fatores de risco Os diferentes fatores que determinam os problemas que a
crianccedila pode apresentar ao longo de seu desenvolvimento satildeo mais dependentes da
quantidade do que da natureza dos fatores de risco reforccedilando a importacircncia de se
constatar os riscos muacuteltiplos que por sua vez tecircm efeito cumulativo causando
27
impacto maior sobre o desenvolvimento (SILVA e DESSEN 2005 MOLINARI et al
2005 AMORIM et al 2009)
Aleacutem de fatores de risco faz-se necessaacuterio lembrar que junto a eles existem
os recursos do indiviacuteduo e as accedilotildees protetoras do ambiente podem ser ativadas
para neutralizar adversidades vulnerabilidades e riscos ao desenvolvimento
adaptativo da crianccedila (FORMIGA et al 2004 POLETTO e KOLLER 2008)
E eacute nesse ponto que se destaca a funccedilatildeo dos adultos que atendem a crianccedila
pequena seja a famiacutelia ou a instituiccedilatildeo Entende-se que natildeo se deve atentar apenas
ao fato da remediaccedilatildeo de problemas mas antecipar as possibilidades gerais de
promover um desenvolvimento na primeira infacircncia com qualidade e sauacutede
(FORMIGA et al 2004 PEacuteREZ-LOPEZ MARTINEZ-FUENTES DIAZ-HERRERO
2006 MARTINEZ 2007)
Concorda-se igualmente com a afirmaccedilatildeo de Hansel (2004) quando a autora
relembra que em relaccedilatildeo agraves necessidades das crianccedilas pequenas tais como
proteccedilatildeo afetividade possibilidades de exploraccedilatildeo do meio fiacutesico e social por
exemplo haacute uma motivaccedilatildeo bioloacutegica e social para que esta se incorpore em um
grupo social poreacutem caberaacute aos genitores o papel de agentes de interaccedilatildeo e aqui
poderia se acrescentar a essa informaccedilatildeo a funccedilatildeo da estimulaccedilatildeo de ser tambeacutem
espaccedilo de promoccedilatildeo de muacuteltiplas experiecircncias e porque natildeo espaccedilo-tempo para
consolidaccedilatildeo de aspectos afetivos e de manutenccedilatildeo do viacutenculo familiar
Enfim a interaccedilatildeo entre microssistemas tais como o familiar e o educacional
(Educaccedilatildeo Infantil e Educaccedilatildeo Especial) pode ser um espaccedilo de reforccedilo de
orientaccedilatildeo direta ou indireta e de conformaccedilatildeo de uma rede de apoio primordial Por
outro lado um canal de comunicaccedilatildeo e interaccedilatildeo entre esses dois contextos que
seja inadequado pode falhar como recurso de orientaccedilatildeo motivaccedilatildeo e interesses da
famiacutelia em relaccedilatildeo agrave sua crianccedila (ORTIZ e FAacuteVARO 2004)
Devido a isso eacute que no que se refere agrave promoccedilatildeo do desenvolvimento
humano principalmente na primeira infacircncia tambeacutem eacute apropriado agrave busca pela
compreensatildeo das especificidades do atendimento na Educaccedilatildeo Infantil
Inicialmente antes de evidenciar o papel da educaccedilatildeo infantil e da famiacutelia
para a promoccedilatildeo do desenvolvimento para a crianccedila com riscos desenvolvimentais
cabe discorrer acerca do que consiste o atendimento em estimulaccedilatildeo precoce
Nas Diretrizes Educacionais sobre a Estimulaccedilatildeo Precoce publicadas em
1995 e elaboradas pela Secretaria de Educaccedilatildeo EspecialMEC haacute a explicitaccedilatildeo de
28
que a estimulaccedilatildeo precoce eacute o primeiro atendimento a ser destinado a crianccedila com
diagnoacutestico de deficiecircncia ou de atraso significativo em seu desenvolvimento na
faixa etaacuteria entre zero e 3 anos dentro dos serviccedilos da educaccedilatildeo especial
(BRASIL1995) Tambeacutem o documento orienta que haja a integraccedilatildeo entre as aacutereas
da assistecircncia social da educaccedilatildeo e da sauacutede com a integraccedilatildeo da famiacutelia e a
atuaccedilatildeo de uma equipe multidisciplinar (BRASIL 1995)
Documentos brasileiros como a Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo
Nacional - Lei 9394 (BRASIL 1996) as Diretrizes Nacionais Curriculares Nacionais
para a Educaccedilatildeo Infantil (BRASIL1998) e o Referencial Curricular para a Educaccedilatildeo
Infantil (BRASIL 2000) trazem em si as influecircncias do movimento mundial da
ldquoEscola para Todosrdquo o que implicou na promoccedilatildeo da possibilidade de que crianccedilas
com deficiecircncia desde tenra idade adentrem nos serviccedilos da educaccedilatildeo infantil no
ensino regular aleacutem de que a educaccedilatildeo especial passa a ser entendida tambeacutem
como ldquoapoiordquo para o processo de inclusatildeo desse alunado
Em especial o Referencial Curricular para a Educaccedilatildeo Infantil (BRASIL
2000) em suas instruccedilotildees evidencia vaacuterios aspectos entre os quais se destacam
aqueles relacionados agrave identificaccedilatildeo das necessidades especiais da crianccedila
elaboraccedilatildeo de estrateacutegias de avaliaccedilatildeo de risco para o desenvolvimento infantil e
atendimentos que levem em conta a singularidade do indiviacuteduo Propotildee tambeacutem o
acolhimento orientaccedilatildeo e apoio agraves famiacutelias das crianccedilas com deficiecircncia e a
integraccedilatildeo entre os diversos profissionais que atendem essa crianccedila
Esse uacuteltimo documento representa um avanccedilo sobre as orientaccedilotildees
indicadas anteriormente sobre o atendimento precoce da crianccedila com deficiecircncia
pois traz algumas atualizaccedilotildees contudo ainda assim mostra-se precaacuterio quando se
considera a especificidade das necessidades da crianccedila com deficiecircncia de suas
famiacutelias e dos profissionais que a atendem (HANSEL 2012)
Em 2008 as Diretrizes Operacionais para o Atendimento da Educaccedilatildeo
Especial na Educaccedilatildeo Baacutesica natildeo fazem alusatildeo agrave estimulaccedilatildeo precoce em si muito
embora oriente que o agora denominado Atendimento Educacional Especializado
deve contemplar as crianccedilas foco da Educaccedilatildeo Especial desde o nascimento Este
documento tambeacutem natildeo explicita de que modo o mesmo ocorreraacute na faixa etaacuteria que
compotildeem a primeira infacircncia (BRASIL 2008) O Decreto 761111 que tambeacutem
dispotildee sobre a Educaccedilatildeo Especial e orienta o Atendimento Educacional
Especializado revoga o Decreto anterior nordm 567108 e natildeo traz nenhuma
29
informaccedilatildeo especiacutefica sobre a inclusatildeo na primeira infacircncia ou mesmo sobre
intervenccedilatildeoestimulaccedilatildeo precoce
Igualmente alerta-se para o fato de a documentaccedilatildeo oficial a produccedilatildeo
cientiacutefica e a praacutetica da estimulaccedilatildeo precoce na realidade brasileira satildeo escassos
pouco difundidos e enfrentam inuacutemeros obstaacuteculos (HANSEL 2012)
De outro modo dentro do histoacuterico internacional dos programas de
estimulaccedilatildeo precoce houve grandes modificaccedilotildees no seu entendimento nas uacuteltimas
deacutecadas deixando de ser exclusividade da populaccedilatildeo infante da educaccedilatildeo especial
e passando a se constituir tambeacutem como um instrumento de inclusatildeo e de
prevenccedilatildeo de deacuteficits do desenvolvimento na faixa etaacuteria de 0 a 6 anos (GAT 2000)
Relembra-se que no iniacutecio dos anos 70 do seacuteculo passado esse serviccedilo tinha um
cunho de reabilitaccedilatildeo centrado nas questotildees relacionadas agrave patologia agrave deacuteficits e a
mensuraccedilatildeo do quociente intelectual Jaacute na metade dos anos 80 se verificou uma
discussatildeo voltando-se para a identificaccedilatildeo para a prevenccedilatildeo para o trabalho em
equipe e sobre o ambiente e sua influecircncia para o desenvolvimento Entre essas
duas deacutecadas surgiram modelos conceituais que tiveram grande repercussatildeo no
estudo e compreensatildeo do desenvolvimento humano (BROFENBRENNER 1996
GAT 2000 SAMEROFF e FIESE 2000 ROMERO 2003 CUEVAS 2003 PEacuteREZ-
LOPEZ 2003 SERRANO 2007 JUAN-VERA e PEREZ - LOPEZ 2009)
Logo a partir das concepccedilotildees Bioecoloacutegica de Brofenbrenner (1979) e da
Transacional de Sameroff e Chandler (1975) que exploram os contextos e suas
relaccedilotildees com seus partiacutecipes e destes entre si tornou-se possiacutevel evidenciar uma
nova abordagem para a promoccedilatildeo do desenvolvimento humano na infacircncia de tal
modo que as propostas de intervenccedilatildeo precoce deixaram de ter o aspecto de
ldquotratamento cliacutenicordquo e passaram a se constituir em verdadeiros apoios tanto agrave
crianccedila quanto a seus contextos de desenvolvimento - famiacutelia Educaccedilatildeo Infantil
entre outros (BROFENBRENNER 1996 GAT 2000 SAMEROFF e FIESE 2000
ROMERO 2003 CUEVAS 2003 PEacuteREZ-LOPEZ 2003 SERRANO 2007 JUAN-
VERA e PEREZ - LOPEZ 2009 MORAGAS 2009)
De tal modo eacute possiacutevel inferir que essa abordagem parece ir de acordo com a
proposta de se construir uma escola inclusiva desde a educaccedilatildeo infantil
Especialmente porque atualmente haacute a tendecircncia de que as intervenccedilotildees na
infacircncia sejam orientadas por uma concepccedilatildeo de Atenccedilatildeo Precoce a qual se refere
ao conjunto de accedilotildees orientadas para as crianccedilas com idade entre zero e seis anos
30
e que envolvem sua famiacutelia e o ambiente em que estatildeo inseridas (GAT 2000
JUAN-VERA e PEREZ - LOPEZ 2009 MORAGAS 2009) Nesse sentido tambeacutem
deixa de ser uma abordagem exclusiva para a crianccedila com deficiecircncias ou nascida
prematuramente O que segundo Caro (2003) eacute importante para todos inclusive
para aquela crianccedila viacutetima de ldquoabandono relativordquo
As condiccedilotildees de ldquoabandono relativordquo satildeo aquelas provenientes de situaccedilotildees
ocasionadas pelas ocupaccedilotildees dos pais do pouco cuidado descaso ou ainda
causadas pelo impacto de um cuidado mal estruturado com poucos estiacutemulos ndash
situaccedilotildees que podem ocasionar reflexos significativos no desenvolvimento
intelectual e emocional da crianccedila (CARO 2003)
Ao sair da seara puramente cliacutenica e passando a abarcar outros contextos
tais como o familiar e o das instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Infantil a Atenccedilatildeo Precoce
enfatiza a possibilidade de geraccedilatildeo de ambientes ricos em estiacutemulos diversos para a
aquisiccedilatildeo de funccedilotildees e capacidades que se apresentam pouco desenvolvidas ou
imaturas e tambeacutem a necessidade de que os profissionais que lidam com a infacircncia
possuam uma base soacutelida sobre os diversos modelos de prevenccedilatildeo intervenccedilatildeo e
avaliaccedilatildeo do desenvolvimento (PEREZ ndash LOPEZ 2004 DELGADO e MUELA
2004)
Portanto passa a ser uma questatildeo que acompanha a detecccedilatildeo de riscos para
o desenvolvimento a possibilidade de definir e aplicar accedilotildees de prevenccedilatildeo as quais
seguem alguns dos niacuteveis abaixo indicados (PEREZ-LOPEZ MARTINEZ-FUENTES
DIAZ-HERRERO 2006)
- prevenccedilatildeo primaacuteria satildeo todas as estrateacutegias tomadas antes que se
detecte um transtorno ou alteraccedilatildeo do desenvolvimento
- prevenccedilatildeo secundaacuteria compreende as estrateacutegias que satildeo colocadas
em praacutetica quando jaacute se evidenciam alguns sintomas de atraso no
desenvolvimento
- prevenccedilatildeo terciaacuteria quando trata de minimizar a gravidade dos efeitos
de transtornos do desenvolvimento que jaacute se instalaram
Em conformidade com Halpern et al (2000) e Formiga e Pedrazzani (2004)
pode-se afirmar que quanto mais precoce for o diagnoacutestico de atraso no
desenvolvimento e mais raacutepido o iniacutecio da intervenccedilatildeo menor seraacute o impacto de
31
atraso na vida futura da crianccedila tenha ela deficiecircncia ou natildeo o que por conseguinte
colabora em diminuir possiacuteveis impactos que possam ocorrer na relaccedilatildeo crianccedila-
famiacutelia-creche (RODRIGUES 2003)
23 BREVE HISTOacuteRICO DA EDUCACcedilAtildeO DAS PESSOAS COM NECESSIDADES
ESPECIAIS E A EDUCACcedilAtildeO INCLUSIVA
A histoacuteria do homem mostra que mesmo com a sociedade sugerindo respeito
entre seus membros e em algumas eacutepocas a valorizaccedilatildeo das diferenccedilas o que na
verdade temos eacute um ldquoestranhamento expliacutecitordquo uma separaccedilatildeo que eacute em muitos
casos velada por parte daqueles que natildeo se enquadram socialmente (SARAIVA
2008) Por isso discorrer sobre a educaccedilatildeo inclusiva requer que se retomem os
primoacuterdios da exclusatildeo e da educaccedilatildeo das pessoas com necessidades especiais
A trajetoacuteria de exclusatildeo da pessoa com necessidades especiais eacute tatildeo antiga
quanto a proacutepria evoluccedilatildeo do homem ou seja as estruturas das sociedades desde
os primoacuterdios demonstram uma concepccedilatildeo de deficiecircncia como algo relacionado agrave
inabilidade (MACIEL 2000)
Nas eacutepocas mais primitivas da histoacuteria humana dadas agraves condiccedilotildees insalubres
de vida supotildee-se que os indiviacuteduos que nasciam com qualquer tipo de deficiecircncia
teriam pouca ou nenhuma condiccedilatildeo de manutenccedilatildeo de sua vida pois que soacute os
indiviacuteduos mais fortes conseguiam sobreviver ante as intempeacuteries os ataques de
animais aos deslocamentos em busca de alimentos e de lugares mais propiacutecios
para o repouso e a permanecircncia (BIANCHETTI 1995)
Na Greacutecia Antiga as pessoas com deficiecircncia eram abandonadas ou
sacrificadas por natildeo corresponder agrave perfeiccedilatildeo do homem Na Idade Meacutedia substitui-
se o sacrifiacutecio por sentimentos ldquocristatildeosrdquo como piedade e compaixatildeo e tambeacutem pela
rejeiccedilatildeo dos diferentes Nessa eacutepoca tem iniacutecio o atendimento assistencial agraves
pessoas com deficiecircncia em igrejas e outras instituiccedilotildees de cunho religioso com o
intuito de ldquolibertaacute-lasrdquo do pecado (PESSOTI 1984 SMITH 2004 FREITAS 2008)
Desse modo a educaccedilatildeo especial soacute comeccedilou a ser traccedilada no seacuteculo XVI
com meacutedicos e pedagogos que desafiaram os conceitos vigentes na eacutepoca pois
acreditaram nas possibilidades educacionais de indiviacuteduos que ateacute entatildeo eram
32
considerados ineducaacuteveis (MENDES 2010) Ressalta-se ainda que a histoacuteria
retrate algumas experiecircncias precursoras desde o seacuteculo XVI cujas bases eram
tutoriais de fato o acesso agrave educaccedilatildeo das pessoas com deficiecircncias foi sendo muito
lentamente conquistado e essa conquista ocorreu apenas na medida em que se
ampliaram as oportunidades educacionais para a populaccedilatildeo em geral (JANNUZZI
2004 MENDES 2010)
Na Idade Moderna com o avanccedilo do pensamento cientiacutefico e da valorizaccedilatildeo da
racionalidade humana buscam-se respostas para a condiccedilatildeo das deficiecircncias Daiacute o
entendimento das mesmas no sentido de doenccedilas ou patologias iniciando-se as
pesquisas sobre como medicar e tratar as pessoas que apresentavam deficiecircncias
(PESSOTI 1984 SMITH 2004 FREITAS 2008) Na realidade brasileira em acordo
com pesquisa feita por Jannuzzi (2004) a educaccedilatildeo para pessoas com deficiecircncias
soacute surgiu de maneira institucional no conjunto das concretizaccedilotildees das ideias liberais
que tiveram divulgaccedilatildeo por aqui no fim do seacuteculo XVIII e comeccedilo do XIX
Na contemporaneidade lentamente deixa-se de lado a patologizaccedilatildeo das
deficiecircncias e evidencia-se uma abordagem de entendimento tambeacutem voltada para
os aspectos educativos desses indiviacuteduos (SMITH 2004 FREITAS 2008)
Nos anos 50 e 60 do seacuteculo passado houve um intensivo surgimento de
instituiccedilotildees educacionais especializadas (SMITH 2004 FREITAS 2008) Jaacute na
deacutecada de 70 destacam-se a reabilitaccedilatildeo e o treino de habilidades das pessoas com
deficiecircncia baseados em accedilotildees fundamentadas no modelo meacutedico-psicoloacutegico
vigente (SMITH 2004 FREITAS 2008)
As deacutecadas de 80 e de 90 desenrolaram-se com uma maior flexibilidade no que
se refere agrave consideraccedilatildeo das possibilidades e potencialidades da pessoa com
deficiecircncias Foi a partir dos anos 90 que o Brasil deu iniacutecio verdadeiramente a uma
longa e permanente luta pelos direitos das pessoas com necessidades especiais de
frequentar o ensino regular (FREITAS 2008)
Garcia (2008) lembra que a deacutecada de 1990 teve como marca maior a reforma
educacional ocorrida principalmente nos paiacuteses em desenvolvimento tal como o
Brasil e a qual foi orientada entre outros aspectos pelo discurso da inclusatildeo social
Assim vaacuterios foram os eventos que corroboraram para que essa premissa de
educaccedilatildeo inclusiva fosse se arraigando Entre eles pode-se citar
33
- a Conferecircncia Mundial de Educaccedilatildeo para Todos ocorrida em 1990 em
Jomtiem Tailacircndia
- a Conferecircncia Mundial sobre as Necessidades Educacionais Especiais
ocorrida em Salamanca na Espanha em 1994 a qual teve como produto a
chamada Declaraccedilatildeo de Salamanca importante documento orientador para a
educaccedilatildeo inclusiva
- a Convenccedilatildeo Interamericana para a Eliminaccedilatildeo de todas as formas de
Discriminaccedilatildeo contra as Pessoas Portadoras de Deficiecircncia ocorrida na
Guatemala em 1999
- e a Convenccedilatildeo sobre os Direitos das Pessoas com Deficiecircncia ndash promovida
pela ONU em Nova York em 2006
O movimento pela educaccedilatildeo inclusiva no Brasil teve um grande impacto na
discussatildeo de poliacuteticas educacionais para crianccedilas e adolescentes com necessidades
especiais uma vez que a grande maioria desta populaccedilatildeo havia sido historicamente
excluiacuteda do sistema educacional puacuteblico brasileiro (MENDES ALMEIDA e TOYODA
2011)
Durante a Conferecircncia Mundial de Educaccedilatildeo para Todos em Jomtien
Tailacircndia em 1990 o Brasil estabeleceu metas baacutesicas para melhorar o sistema
educacional brasileiro Entre esses objetivos parecia necessaacuterio melhorar a
educaccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes com necessidades especiais Como resultado
da Conferecircncia Mundial sobre necessidades educacionais especiais Acesso e
Qualidade organizada pelo governo espanhol e pela Unesco em 1994 foi aprovada
a Declaraccedilatildeo de Salamanca (MENDES ALMEIDA e TOYODA 2011)
Com a Convenccedilatildeo da Guatemala 1999 tem-se como avanccedilo a concepccedilatildeo
que pressupotildee uma ressignificaccedilatildeo da pessoa com deficiecircncia remetendo a
necessidade de se transformar as escolas de maneira que natildeo existam mais
restriccedilotildees agrave aprendizagem de nenhum aluno Isso implicou tambeacutem em uma
ressignificaccedilatildeo da proacutepria Educaccedilatildeo Especial segundo Alves (2008)
Outro marco foi a Convenccedilatildeo sobre os Direitos das Pessoas com Deficiecircncia
ndash promovida pela ONU em Nova York em 2006 Os propoacutesitos desse evento foram
essencialmente os de promover proteger e assegurar condiccedilotildees plenas de
igualdade e de gozo de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais por
todas as pessoas com deficiecircncia (ALVES 2008)
34
Jaacute a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial na Perspectiva da Educaccedilatildeo
Inclusiva proposta pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo em 2007 evidencia o movimento
mundial pela educaccedilatildeo inclusiva como uma accedilatildeo cultural pedagoacutegica poliacutetica e
social desencadeada em defesa do direito de todos os alunos de estarem
aprendendo e participando juntos sem nenhum tipo de discriminaccedilatildeo (BRASIL
2007) Portanto a educaccedilatildeo inclusiva constitui-se em um paradigma educacional
fundamentado na concepccedilatildeo de direitos humanos que conjuga igualdade e
diferenccedila como valores indissociaacuteveis e que avanccedila em relaccedilatildeo agrave ideia de equidade
formal ao contextualizar as circunstacircncias histoacutericas da produccedilatildeo da exclusatildeo dentro
e fora da escola (BRASIL 2007)
O contexto educacional inclusivo estaacute pautado portanto nas resoluccedilotildees
discutidas e propostas por esses eventos o que promove certa ldquouniversalizaccedilatildeordquo do
que seria uma ldquoeducaccedilatildeo para todosrdquo No Brasil o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo assumiu
as orientaccedilotildees contidas nesses documentos cabendo aos Estados e Muniacutecipios a
particularizaccedilatildeo do atendimento aos diversos contextos E na praacutetica a educaccedilatildeo
inclusiva vem sendo um grande desafio pois vem reorientando as redes municipais
de ensino a uma reorganizaccedilatildeo por propor novas demandas e redefinir
competecircncias e responsabilidades (GARCIA 2008)
Eacute possiacutevel dizer que o conceito de ldquoescola para todosrdquo implica no
reconhecimento dos conteuacutedos acadecircmicos e do sistema cientiacutefico e sistemaacutetico
poreacutem sem restringir os alunos ou tentar dominaacute-los a qualquer custo (MANTOAN
2006)
A inclusatildeo escolar da pessoa com necessidades educacionais especiais
tornou-se um tema de grande relevacircncia e por isso mesmo vem ganhando espaccedilo
cada vez maior em debates e discussotildees que explicitam a necessidade de a escola
atender agraves diferenccedilas intriacutensecas agrave condiccedilatildeo humana (SILVEIRA e NEVEZ 2006)
Segundo as Diretrizes da Poliacutetica Nacional da Educaccedilatildeo Especial na
Perspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva (BRASIL 2007) o acesso agrave educaccedilatildeo tem iniacutecio
na educaccedilatildeo infantil na qual se desenvolvem as bases necessaacuterias para a
construccedilatildeo do conhecimento e desenvolvimento global do aluno Nessa etapa o
luacutedico o acesso agraves formas diferenciadas de comunicaccedilatildeo a riqueza de estiacutemulos
nos aspectos fiacutesicos emocionais cognitivos psicomotores e sociais e a convivecircncia
com as diferenccedilas favorecem as relaccedilotildees interpessoais o respeito e a valorizaccedilatildeo
da crianccedila
35
Conforme o tema do presente estudo sobre a inclusatildeo da crianccedila pequena
ressalta-se que a Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo - LDB (939496) jaacute
apontava em seu paacuteragrafo 3ordm que a oferta do atendimento em Educaccedilatildeo Especial
enquanto dever do Estado tambeacutem deve ser ofertado na faixa etaacuteria de zero aos
seis anos de idade E antes disso a Declaraccedilatildeo de Salamanca (1994) indicava que
eacute necessaacuterio garantir identificaccedilatildeo das condiccedilotildees e necessidades especiais assim
como garantir procedimentos de intervenccedilatildeo o mais precoce possiacutevel
Nesse sentido do nascimento aos trecircs anos o atendimento educacional
especializado se expressa por meio de serviccedilos de estimulaccedilatildeo precoce que
objetivam o processo de desenvolvimento e aprendizagem em interface com os
serviccedilos de sauacutede e assistecircncia social (BRASIL 2007) E todas as etapas e
modalidades da educaccedilatildeo baacutesica o Atendimento Educacional Especializado deve
ser organizado para apoiar o desenvolvimento dos alunos constituindo oferta
obrigatoacuteria dos sistemas de ensino Deve ser realizado no turno inverso ao da classe
comum na proacutepria escola ou centro especializado que realize esse serviccedilo
educacional (BRASIL 2007 BRASIL 2011)
Em virtude da orientaccedilatildeo acima descrita infere-se que esta certamente
colaborou para a ampliaccedilatildeo do acesso de crianccedilas pequenas com necessidades
especiais em condiccedilatildeo de inclusatildeo no ensino regular especialmente na educaccedilatildeo
infantil o que por sua vez pressupotildee adequaccedilotildees para garantir um atendimento de
qualidade desde tenra idade
Segundo Arnais (2003) possibilitar o acesso agrave educaccedilatildeo em contextos
educacionais natildeo excludentes o mais precoce possiacutevel proporcionaria para a crianccedila
com necessidades especiais uma melhor compreensatildeo de si mesma e dos outros e
aos colegas de turma e de escola uma experiecircncia de convivecircncia harmocircnica com
as diferenccedilas
Desse modo resume-se que alguns dos fundamentais princiacutepios do ideaacuterio da
educaccedilatildeo inclusiva satildeo o direito agrave educaccedilatildeo o direito agrave igualdade de oportunidades
o que natildeo significa um lsquomodo igualrsquo de educar a todos e sim dar a cada um o que
necessita em funccedilatildeo de suas caracteriacutesticas e necessidades individuais escolas
responsivas e de boa qualidade o direito agrave aprendizagem e o direito agrave participaccedilatildeo
(CARVALHO 2009 OLIVEIRA 2010) O que estaacute consonante com a ilustraccedilatildeo de
ALVES (2008) como benefiacutecios de uma ldquoescola abertardquo a todos sentimento de
pertencimento maior qualidade da educaccedilatildeo para todos e combate a todas as
36
formas de discriminaccedilatildeo Com isso se procura garantir ocasiotildees de muacuteltiplas
interaccedilotildees nos ambientes das creches e preacute-escolas natildeo excluindo de forma
alguma a crianccedila com necessidades educacionais especiais de modo que todas as
crianccedilas tenham a oportunidade de aprender com as contribuiccedilotildees de cada um de
seus colegas em uma relaccedilatildeo de alteridade (OLIVEIRA 2010)
Poreacutem na realidade praacutetica da educaccedilatildeo inclusiva ainda existem muitos
desafios e dificuldades Ainda que nos uacuteltimos vinte anos conceitos como exclusatildeo
e inclusatildeo educacionais tenham se tornado cada vez mais recorrentes nas
pesquisas documentos oficiais e na fala de gestores e professores pode-se afirmar
que uma educaccedilatildeo que busca primar pela qualidade de todos os alunos esbarra em
desigualdades de diversas naturezas (sociais eacutetnicas raciais e de gecircnero)
presentes na sociedade brasileira que historicamente acumula um quadro de
exclusotildees e contradiccedilotildees marcado por poliacuteticas laacutebeis e inconsistentes (SEKKEL
ZANELATTO e BRANDAtildeO 2010 MOREIRA BOLSANELLO e SEGER 2011)
Souza e Batista (2008) destacam que em muitas situaccedilotildees crianccedilas pequenas
que estatildeo em inclusatildeo educacional permanecem mais isoladas especialmente as
que apresentam alteraccedilotildees fiacutesicas por serem consideradas incapazes de se
locomover e explorar ambientes e objetos Isto representa a perda de momentos
importantes de interaccedilatildeo social ficando isoladas do contato com parceiros com
semelhanccedila de idade e tendo suas interaccedilotildees restritas agrave relaccedilatildeo com o adulto
cuidador (SOUZA e BATISTA 2008)
Outrossim eacute possiacutevel verificar uma concepccedilatildeo de inclusatildeo restrita ao
atendimento de crianccedilas com deficiecircncias enquanto as necessidades das demais
crianccedilas e dos profissionais que trabalham na escola satildeo muitas vezes
desconsideradas O isolamento e o envolvimento com questotildees marginais do
trabalho pedagoacutegico satildeo pontos centrais a serem considerados no enfrentamento
das barreiras atitudinais para a construccedilatildeo de um ambiente inclusivo (SEKKEL
ZANELATTO e BRANDAtildeO 2010)
Outro aspecto que merece atenccedilatildeo eacute a formaccedilatildeo dos pedagogos e professores
que atendem agraves crianccedilas pequenas com deficiecircncia na educaccedilatildeo infantil pois
demonstram em vaacuterios estudos natildeo possuiacuterem conhecimentos suficientes para lidar
com as particularidades que envolvem as diferentes condiccedilotildees de deficiecircncia tal
como a intelectual ou a fiacutesica conforme evidenciado nos estudos de Melo e Ferreira
(2009) e de Vitta Vitta e Monteiro (2010)
37
Esse uacuteltimo estudo traz concepccedilotildees de professores de educaccedilatildeo infantil que
atendem crianccedilas com deficiecircncia e nas quais demonstram crer que a principal
contribuiccedilatildeo do processo de inclusatildeo eacute a socializaccedilatildeo destas crianccedilas (VITTAVITTA
e MONTEIRO 2010) Tambeacutem ressaltam nesse estudo terem encontrado problemas
com o espaccedilo fiacutesico recursos materiais e humanos relativos agrave formaccedilatildeo do
professor desse modo os autores consideram que eacute preciso possibilitar aos
professores uma formaccedilatildeo que abranja conhecimentos sobre as diferentes
deficiecircncias e as necessidades educacionais relativas a estas propiciando a
adequaccedilatildeo do espaccedilo fiacutesico e dos recursos materiais aleacutem de assistecircncia
educacional especiacutefica (VITTA VITTA e MONTEIRO 2010)
Drago (2005) percebeu que a inclusatildeo da crianccedila na Educaccedilatildeo Infantil ainda se
daacute como mera integraccedilatildeo ou seja baseada no princiacutepio que quem deve mudar eacute o
aluno ele eacute quem deve se adequar agrave escola e natildeo o contraacuterio No estudo de
Mendes (2010) as educadoras avaliaram que o princiacutepio da inclusatildeo eacute vaacutelido
embora difiacutecil de ser colocado em praacutetica
Desse modo eacute possiacutevel perceber dados indicando que a inclusatildeo de crianccedilas
com necessidades especiais eacute vista com reservas pelos profissionais da Educaccedilatildeo
Infantil explicitando ideias preconcebidas sobre a deficiecircncia Eles se justificam pela
falta de conhecimento do desenvolvimento infantil e dos fatores que o envolvem
bem como pelo fato de os profissionais vincularem suas atividades agraves experiecircncias
pessoais (VITTA 2004 VITTA 2010)
Vital (2012) infere em sua pesquisa com crianccedilas com idade entre quatro e seis
anos que haacute a necessidade de se discutir e promover accedilotildees que auxiliem na
identificaccedilatildeo do preconceito nessa faixa etaacuteria
Drago (2005) faz referecircncias ao papel do educador de educaccedilatildeo infantil
enquanto importante modelo no que se refere ao entendimento acolhimento e
aceitaccedilatildeo da crianccedila pequena com deficiecircncia na turma Bazon (2009) constatou
que atitudes de preconceito barreiras atitudinais e falta de informaccedilatildeo por parte de
professores afetam profundamente o processo de inclusatildeo da crianccedila pequena
Nesse sentido Bartalotti (2004) percebeu que a construccedilatildeo de histoacuterias de sucesso
na inclusatildeo de crianccedilas com necessidades especiais na Educaccedilatildeo Infantil envolve a
orientaccedilatildeo apoio e momentos de reflexatildeo e discussatildeo sobre o papel dos
educadores junto a accedilotildees inclusivas e as singularidades desse alunado
38
Jaacute Fernandes Bolsanello e Moreira (2008) indicam pelo menos dois grandes
desafios para a inclusatildeo da crianccedila pequena na educaccedilatildeo infantil a) a ainda vigente
visatildeo cliacutenico-assistencialista da deficiecircncia o que nos primeiros anos de vida faz
com que a crianccedila seja vista como enferma ou doente e b) as condiccedilotildees de
acolhimento e orientaccedilatildeo agraves famiacutelias nos primeiros meses de vida da crianccedila com
deficiecircncia o que resulta em um grande nuacutemero de vezes na dificuldade de
aceitaccedilatildeo da condiccedilatildeo de deficiecircncia da crianccedila por sua famiacutelia e na falta de
observacircncia do potencial de promoccedilatildeo do desenvolvimento dessa crianccedila desde
tenra idade
No que se refere agraves famiacutelias das crianccedilas com necessidades especiais haacute a
evidecircncia da necessidade de um acompanhamento antes durante e apoacutes a
inclusatildeo propriamente dita de modo a apoiaacute-las nos momentos de busca e escolha
da escola de adaptaccedilatildeo da crianccedila ao novo ambiente e de transiccedilatildeo dos
atendimentos oferecidos pela instituiccedilatildeo especializada para outros setores (LUIZ e
NASCIMENTO 2012)
Igualmente Benincasa (2011) destaca a) a importacircncia da articulaccedilatildeo entre
os campos da educaccedilatildeo especial e da educaccedilatildeo infantil na construccedilatildeo de propostas
pedagoacutegicas que sirvam como suporte aos diferentes sujeitos envolvidos
(professores comunidade famiacutelia e crianccedila) para a efetiva permanecircncia do aluno
com necessidades especiais no ensino comum b) a presenccedila de uma variedade de
modos de recepccedilatildeo e compreensatildeo do movimento de inclusatildeo escolar por parte dos
educadores envolvidos e c) o reconhecimento de que o local de instituiccedilatildeo
(estrutura fiacutesica e questotildees relacionadas agrave acessibilidade por exemplo) produz
impacto para se pensar os processos de escolarizaccedilatildeo de seus alunos e a tomada
de decisatildeo relativa a esses processos
Franccedila (2008) observou a influecircncia positiva da estimulaccedilatildeo assistemaacutetica
realizada por meio das interaccedilotildees sociais em sala regular para o desenvolvimento
motor e interaccedilatildeo social de crianccedilas cegas menores de cinco anos e Amaro (2004)
evidenciou a importacircncia de se observar e refletir sobre a singularidade do aluno
com necessidades especiais para que esta seja respeitada e valorizada
Assim percebe-se que educaccedilatildeo inclusiva eacute uma reforma educacional que
abarca um acircmbito bastante abrangente em diferentes niacuteveis de mudanccedilas como jaacute
afirmado por Rodrigues e Lima-Rodrigues (2011) Tal fato requer a busca constante
39
de se desvencilhar de muitas armadilhas conceituais para que a escola inclusiva
deixe de ser mera proposiccedilatildeo e passe a existir de verdade (DRAGO 2011)
Por fim segundo Mendes (2010) eacute necessaacuterio definir quem satildeo as crianccedilas
com necessidades especiais na idade entre zero e seis anos para que se possam
determinar os criteacuterios de elegibilidade para os programas de detecccedilatildeo e
intervenccedilatildeo precoce e planejar as accedilotildees necessaacuterias tais como alocar recursos
formar pessoal entre outros
24 A FAMIacuteLIA COMO UM MICROSSISTEMA DE DESENVOLVIMENTO HUMANO
E SUA RELACcedilAtildeO COM A CRIANCcedilA PEQUENA COM NECESSIDADES
ESPECIAIS
Reconhecidamente a famiacutelia eacute o contexto primordial de desenvolvimento para
qualquer ser humano Eacute portanto o locus das primeiras relaccedilotildees interaccedilotildees e
conhecimentos pelas crianccedilas espaccedilo no qual iratildeo se conformar as suas
impressotildees de mundo com base nas estruturas relacionais ali dispostas
especialmente entre seus partiacutecipes (SANCHEZ MARTINEZ e PENALVER 2003
MACEDO e MARTINS 2004 SILVA 2010) Por tal as relaccedilotildees familiares satildeo uma
aacuterea de pesquisa dentro do campo da Psicologia do Desenvolvimento que tem
despertado grande interesse dos pesquisadores e inspirando inuacutemeras questotildees
(SOEJIMA 2008)
O conceito de famiacutelia que se tem na atualidade eacute resultado de intensas
modificaccedilotildees sociais econocircmicas culturais e poliacuteticas muitas delas ocorridas nos
uacuteltimos 50 anos (PINHEIRO e BIASOLI-ALVES 2008 WEBER 2008)
Nesse acircmbito revela-se importante lembrar que as transformaccedilotildees no papel
da mulher diante agrave sociedade fizeram com que ocorressem tambeacutem profundas
modificaccedilotildees na organizaccedilatildeo e funcionamento familiar e de seus membros
(PINHEIRO e BIASOLI-ALVES 2008 DESSEN e BRAZ 2005)
As deacutecadas de 60 70 e 80 do seacuteculo passado foram marcadas pela
crescente participaccedilatildeo feminina no contexto econocircmico poliacutetico e social de nosso
paiacutes tambeacutem foi possiacutevel perceber a transiccedilatildeo das relaccedilotildees conjugais e familiares
hierarquizadas para mais igualitaacuterias a queda significativa no nuacutemero de filhos por
casal a regulamentaccedilatildeo do divoacutercio menor desigualdade entre os papeacuteis
40
masculinos e femininos o surgimento de novos valores para a criaccedilatildeo dos filhos e
mudanccedilas na distribuiccedilatildeo das tarefas do lar (RIBEIRO SABOacuteIA BRANCO e
BREGMAN 1998 VIEIRA 1998 DESSEN e TORRES 2002 DEUTSCH 2009)
A partir da deacutecada de 90 em decorrecircncia da transformaccedilatildeo do papel da
mulher diante da sociedade e das demais conjunturas histoacutericas e sociais mostram-
se igualmente importantes o aumento do nuacutemero de divoacutercios de re-casamentos de
famiacutelias monoparentais e o cuidado dos filhos passa a ser mais compartilhado com
outros grupos sociais e os filhos se tornam mais participativos nas decisotildees
familiares (ARRIAGADA 2000 GALANO 2006 DEUTSCH 2009)
Diante de tantas transformaccedilotildees na contemporaneidade estudos que
envolvam a famiacutelia assumem a premissa de que satildeo diversos os tipos e as
possibilidades de arranjos familiares e sua definiccedilatildeo deve estar mais baseada na
opiniatildeo dos membros considerando a afetividade e a proximidade entre eles do que
em variaacuteveis como consanguinidade relacionamento heterossexual divisatildeo da
mesma casa continuidade ao longo da vida por exemplo que por si soacute natildeo definem
famiacutelia (DESSEN 2010)
Portanto ao usar-se o termo famiacutelia na atualidade deve-se levar em
consideraccedilatildeo que cada vez mais o modelo familiar conjugal ndash nuclear ndash
heterossexual com sua prole bioloacutegica inspirado no modelo tradicional se modifica
e transforma o modo como se datildeo as relaccedilotildees entre seus sujeitos e a sociedade
(SILVA 2011) Deste modo ao se fazer referecircncia agrave famiacutelia estaacute se levando em
consideraccedilatildeo a rede de interaccedilotildees que envolvem aspectos cognitivos sociais
afetivos e culturais e outras variaacuteveis que tenham significado entre os sujeitos
envolvidos portanto natildeo evidenciados apenas em laccedilos de consanguinidade
(DESSEN e BRAZ 2005 DESSEN e POLOcircNIA 2007) Ou como jaacute discutido por
DESSEN e BRAZ (2005) o termo famiacutelia em tempos poacutes-modernos eacute
extremamente difiacutecil de ser definido com base no modelo tradicional
Contudo ainda que em transformaccedilatildeo a famiacutelia continua sendo um contexto
que alicerccedila a formaccedilatildeo do ser constituindo-se como matriz da aprendizagem
humana (ALMEIDA 2010)
Para Minuchin Lee e Simon (2008) uma famiacutelia se constitui por um grupo de
pessoas ligadas por laccedilos de emoccedilatildeo eou por consanguinidade e que viveu junto
tempo suficiente para que se criassem padrotildees de interaccedilatildeo entre seus membros
Nessas interaccedilotildees padronizadas os membros da famiacutelia constroem uns aos outros
41
Brofenbrenner (2011) salienta que a importacircncia da famiacutelia natildeo estaacute somente
nas accedilotildees de promoccedilatildeo das capacidades que uma crianccedila tem em aprender a
andar a falar e estudar mas pela formaccedilatildeo de uma pessoa com capacidade de
realizar seu trabalho de pensar claramente de servir a comunidade ou a sociedade
como um todo Em outras palavras Brofenbrenner (2011) define a famiacutelia como um
grupo de pessoas que possui e executa um compromisso irrestrito de bem-estar uns
com os outros
Dada a profunda influecircncia do contexto familiar na constituiccedilatildeo de seus
sujeitos pode-se inferir que haacute nas interaccedilotildees ocorridas nesse microssistema
relacional a possibilidade de que ele venha a se mostrar tanto como fator de risco
quanto de proteccedilatildeo ao desenvolvimento de seus membros Sendo assim ao longo
do tempo aspectos ambientais sociais poliacuteticos transgeracionais culturais e
econocircmicos exercem influecircncia sobre as famiacutelias e a histoacuteria de seus membros
(BRONFENBRENNER 1996 BROFENBRENNER 2011 DINIZ e KOLLER 2010)
Essas influecircncias satildeo facilmente perceptiacuteveis ao se observar o ingresso mais
frequente da mulher-matildee no mercado de trabalho e o processo de migraccedilatildeo das
pessoas que propiciam o distanciamento entre os grupos familiares Ambas as
situaccedilotildees propiciam e fortalecem a necessidade de cuidado infantil extrafamiliar
como o que hoje se entende por creche Em decorrecircncia disso percebe-se
atualmente que o cuidado a educaccedilatildeo e a promoccedilatildeo do desenvolvimento na
infacircncia passaram a ser divididos entre a instituiccedilatildeo e a famiacutelia
Estudos sobre desenvolvimento destacam que a variaacutevel de maior impacto
sobre o desenvolver da crianccedila eacute a relaccedilatildeo com sua famiacutelia e seu ambiente imediato
(ANDRADE 2005)
Os membros que compotildeem a famiacutelia satildeo todos influentes quando se fala de
desenvolvimento infantil contudo a figura paterna e a materna merecem uma
anaacutelise mais aprofundada a respeito de seus papeacuteis e as devidas inter-relaccedilotildees
Nesse sentido destaca-se que o advento proacuteprio ao surgimento de uma crianccedila
provoca muitas transformaccedilotildees tanto em homens quanto em mulheres ambos
passam por momentos de reflexatildeo e de reelaboraccedilatildeo de seus sonhos anseios e por
uma reorganizaccedilatildeo de papeacuteis agora como pais e matildees (BRAZELTON 2002)
A matildee eacute a primeira referecircncia da crianccedila em termos de cuidado afeto
nutriccedilatildeo ela estaacute em outras palavras preparada para enxergar reconhecer as
necessidades de sua crianccedila e isso eacute construiacutedo desde a ideacuteia de crianccedila que ela
42
cria antes mesmo do nascimento (BRUM e SCHERMANN 2004 FERRARI e
PICCININI 2010) Tal situaccedilatildeo faz com que esse viacutenculo tenha uma relevacircncia
ainda maior para o desenvolvimento na infacircncia e mereccedila ampla anaacutelise e maiores
estudos a respeito de seus impactos (ALT e BENETTI 2008)
Por outro lado a figura do pai no desenvolvimento da crianccedila pequena
tambeacutem eacute importante e sua vinculaccedilatildeo com o filho tambeacutem se daacute durante a
gestaccedilatildeo poreacutem com caracteriacutesticas muito proacuteprias Haacute estudos que ilustram a
busca dos pais por interagir com seus bebecircs que ainda estatildeo no ventre materno
seja por meio de cariacutecias ou mesmo conversas com a barriga da gestante e que
eles assim como as matildees podem apresentar certa dificuldade em perceber o bebecirc
como ldquorealrdquo principalmente nos meses iniciais do periacuteodo gestacional (HANSEL
2004 PICCININI et al 2004 CIA WILLIANS e AIELLO 2005) Dessa maneira o
envolvimento emocional paterno daacute-se de modo crescente e muito mais consistente
com o proacuteprio avanccedilar da gravidez em consonacircncia com a evoluccedilatildeo da interaccedilatildeo da
matildee (HANSEL 2004 PICCININI et al 2004 CIA WILLIANS e AIELLO 2005)
Como a figura paterna pode representar intenso apoio emocional e material para a
mulher eacute possiacutevel inferir que seu envolvimento positivo com o processo gestacional
eacute um aspecto importante para a vinculaccedilatildeo afetiva com a crianccedila tambeacutem apoacutes o
parto o que com certeza enriquece essa relaccedilatildeo (matildee-pai-bebecirc) Mesmo com essa
notoacuteria importacircncia da figura paterna eacute possiacutevel constatar que a figura do pai ainda
eacute pouco explorada no campo da pesquisa aspecto indicado tambeacutem em literatura
pertinente (HANSEL 2004 PICCININI et al 2004 CIA WILLIANS e AIELLO 2005)
Para a crianccedila pequena a figura dos pais eacute de suma importacircncia jaacute que eles
a auxiliaratildeo a conhecer o mundo e a reconhecer-se como sujeito Ou seja a famiacutelia
configura-se como o primeiro universo de relaccedilotildees sociais da crianccedila podendo
proporcionar-lhe um ambiente adequado de crescimento e desenvolvimento
Corroborando com esse uacuteltimo aspecto reafirma-se que os primeiros anos de vida
constituem uma importante etapa da existecircncia especialmente criacutetica pois nela
configuram-se as habilidades perceptivas motoras cognitivas linguiacutesticas e sociais
possibilitando uma equilibrada interaccedilatildeo com o externo Seraacute a partir deste primeiro
espaccedilo de relaccedilotildees sociais que a crianccedila entenderaacute o ambiente que a cerca e agiraacute
sobre os elementos do mundo (GAT 2000 BRAZELTON e CRAMER 2002
BRAZELTON e GREENSPAN 2002)
43
Importante considerar tambeacutem que quando existe uma interaccedilatildeo efetiva
entre a crianccedila e os membros de sua famiacutelia o desenvolvimento infantil eacute facilitado
pelas trocas que esta relaccedilatildeo oportuniza (HANSEL 2004)
De forma geral a valorizaccedilatildeo da relaccedilatildeo pai-matildee-crianccedila pequena eacute
importante para que todos se sintam seguros em seus papeacuteis e prosperem como
sujeitos As interaccedilotildees satildeo mutuamente alimentadas quando os sujeitos que dela
participam tecircm espaccedilo e oportunidade de responder agraves necessidades do outro e de
si mesmo Em outras palavras os indiviacuteduos em interaccedilatildeo estatildeo em muacutetua e
constante troca um monitora o outro o que implica no surgimento de respostas
emocionais diversas e interpretaccedilotildees cognitivas as quais afetam a continuidade e a
qualidade dessas interaccedilotildees bem como o comportamento futuro dos sujeitos
envolvidos (HANSEL 2004 PICCININI et al 2004 CIA WILLIANS e AIELLO 2005
DESSEN e BRAZ 2005)
Tem-se conhecimento de que tanto a figura materna quanto a paterna
influencia o processo de desenvolvimento do filho especialmente quando se trata da
crianccedila com distuacuterbios de desenvolvimento ou com deficiecircncias (HANSEL 2004
BOLSANELLO e SOUZA 2004 HANSEL e BOLSANELLO 2009)
Gineacute et al (2009) afirmam sobre a interaccedilatildeo com a famiacutelia que o objetivo
final deve ser o de alcanccedilar uma vida com qualidade lembrando que os pais satildeo os
maiores promotores do desenvolvimento de sua crianccedila No sentido de qualidade
lembra-se que o que caracteriza uma relaccedilatildeo familiar eacute a influecircncia da interaccedilatildeo
entre indiviacuteduos sobre outras interaccedilotildees tal influecircncia eacute vista no efeito cumulativo
das interaccedilotildees ou seja os indiviacuteduos natildeo precisam estar continuamente em
interaccedilatildeo para que sua relaccedilatildeo seja mantida (DESSEN e BRAZ 2005)
Dada agrave profunda influecircncia da famiacutelia na constituiccedilatildeo do sujeito-filho pode-se
inferir que haacute nas interaccedilotildees desse microssistema relacional a possibilidade de ele
mostrar-se tanto como fator de risco quanto protetivo Esta aparente ambiguidade eacute
justificada quando se considera a famiacutelia como o grupo social baacutesico do indiviacuteduo
cuja funccedilatildeo e estrutura satildeo determinantes em seu desenvolvimento As relaccedilotildees
entre pais e filhos satildeo caracterizadas por uma enorme complexidade Ao longo dos
tempos aspectos ambientais sociais poliacuteticos transgeracionais culturais e
econocircmicos exercem influecircncia sobre as famiacutelias e a histoacuteria de seus membros
(HANSEL 2004 PICCININI et al 2004 CIA WILLIANS e AIELLO 2005 DINIZ e
KOLLER 2010)
44
Na famiacutelia os objetivos conteuacutedos e meacutetodos se diferenciam fomentando o
processo de socializaccedilatildeo a proteccedilatildeo as condiccedilotildees baacutesicas de sobrevivecircncia e o
desenvolvimento de seus membros no plano social cognitivo e afetivo Esta eacute
tambeacutem a primeira mediadora entre o homem e sua cultura Portanto a famiacutelia eacute a
matriz da aprendizagem humana com significados e praacuteticas culturais proacuteprias
essas que geram modelos de relaccedilatildeo interpessoal e de construccedilatildeo individual e
coletiva (BRONFENBRENNER 1996 BRONFENBRENNER 2011 GURALNICK
2002)
Dessa maneira os acontecimentos e as experiecircncias familiares propiciam a
formaccedilatildeo de repertoacuterios comportamentais de accedilotildees e resoluccedilotildees de problemas com
significados universais e particulares (BRONFENBRENNER 1996
BRONFENBRENNER 2011 GURALNICK 2002) Essas vivecircncias integram a
experiecircncia individual e coletiva que organiza interfere e a torna uma unidade
dinacircmica que estrutura as formas de subjetivaccedilatildeo e interaccedilatildeo social de seus
membros Nesse sentido tambeacutem se pode afirmar que eacute por meio dessa unidade e
suas interaccedilotildees internas que se concretizam as transformaccedilotildees na sociedade que
por sua vez ocasionam novas influecircncias a seus membros num processo
bidirecional (BRONFENBRENNER 1996 BRONFENBRENNER 2011 GURALNICK
2002)
Igualmente pode-se afirmar que aspectos tais como a escolaridade da matildee e
o desemprego paterno podem ser considerados como preditores bastante confiaacuteveis
para explicitar alteraccedilotildees nos resultados de estudos sobre desenvolvimento infantil
(LORDELO et al 2007)
Tambeacutem a interaccedilatildeo familiar possui um caraacuteter de reciprocidade em suas
relaccedilotildees ou seja o estabelecimento de laccedilos muacutetuos mobiliza a crianccedila para o
desenvolvimento de atividades no seu meio fiacutesico social simboacutelico condutores da
sua atividade exploratoacuteria manipuladora criativa e imaginativa logo essa
capacidade comeccedila a desenvolver-se desde o nascimento do bebecirc e aprimora-se ao
longo do tempo e por outro lado o proacuteprio desenvolvimento parental eacute influenciado
pelo comportamento e desenvolvimento dos filhos o que mais uma vez reforccedila a
ideia do desenvolvimento como um processo dinacircmico influenciado pelos vaacuterios
sistemas que o constituem (BRONFENBRENNER 1996 BRONFENBRENNER
2011)
45
Sendo assim quando haacute situaccedilotildees de risco ou problemas nos quais a famiacutelia
precise contar com algum tipo de apoio pode - se afirmar que a principal rede de
apoio eacute a proacutepria interaccedilatildeo entre seus membros especialmente entre os genitores
ou cuidadores principais (BRONFENBRENNER 1996 BRONFENBRENNER 2011
DESSEN e BRAZ 2005) Isso porque o estabelecimento do viacutenculo portanto de
uma relaccedilatildeo de afeto estaacutevel e contiacutenua pode ser considerado o principal elemento
de superaccedilatildeo da mudanccedila para todos os membros dessa unidade primordial E
seratildeo tais viacutenculos que por meio do alimentar brincar ou confortar uma crianccedila
ativaratildeo sentimentos como cumplicidade ternura carinho que se verificam como
contributos para o delineamento do curso da vida Lembra-se que natildeo satildeo apenas
as experiecircncias objetivas que pesam e influenciam o desenvolvimento humano as
subjetivas igualmente auxiliam na formaccedilatildeo do repertoacuterio global dos sujeitos em
evoluccedilatildeo (BRONFENBRENNER 1996 BRONFENBRENNER 2011 DINIZ e
KOLLER 2010)
Nesse sentido a interaccedilatildeo entre microssistemas tais como famiacutelia e escola
ou a creche pode ser um espaccedilo de reforccedilo e orientaccedilatildeo direta ou indireta dessa
rede de apoio primordial (PEREIRA-SILVA e DESSEN 2004 DESSEN e POLONIA
2007) Por outro lado um canal de comunicaccedilatildeo famiacutelia-instituiccedilatildeo ruim falha como
recurso motivacional e de interesse da famiacutelia em relaccedilatildeo ao atendimento da crianccedila
(ORTIZ e FAVARO 2004)
Ressalta-se portanto que o atendimento educacional na infacircncia
especialmente o que eacute voltado agrave crianccedila pequena deve ser baseado no trabalho
colaborativo e cooperativo no compartilhamento de responsabilidades e
informaccedilotildees com a famiacutelia lhes conferindo o empoderamento necessaacuterio para
usufruiacuterem de suas capacidades e potencialidades enquanto cuidadores auxiliando-
os a lidar com os percalccedilos e limites que possam ser motivados pelas
especificidades do filho (ROMERO 2003 GINEacute et al 2009)
Tais aspectos devem ser levados em consideraccedilatildeo principalmente porque a
crianccedila na primeira infacircncia tem necessidades desenvolvimentais muito proacuteprias
as quais devem ser conhecidas e respeitadas tanto pela famiacutelia quanto pela
instituiccedilatildeo que a atende
Ao posicionar o papel da famiacutelia na concepccedilatildeo da Atenccedilatildeo Precoce retoma-
se que em uma perspectiva transacional o desenvolvimento infantil pode ser
entendido como produto de interaccedilotildees dinacircmicas entre a crianccedila a famiacutelia e o
46
contexto (SAMEROFF e FIESE 2000) Essa perspectiva amplia a visatildeo da
costumeira abordagem linear e unidirecional que modelos tradicionais de
atendimento ao desenvolvimento infantil possuem reconhecendo a influecircncia da
interaccedilatildeo de diversos fatores na conformaccedilatildeo da pessoa-crianccedila em
desenvolvimento e tambeacutem influencia profundamente o atendimento agrave crianccedila
pequena com deficiecircncia por transformar esse uacuteltimo em uma abordagem centrada
na famiacutelia (SAMEROFF E FIESE 1990 2000 SERRANO 2007)
Nesse sentido vaacuterios estudos a respeito da relaccedilatildeo entre famiacutelia e
desempenho desenvolvimental da crianccedila confirmam que os pais satildeo importantes
agentes moduladores das experiecircncias de seus filhos de tal maneira que suas
accedilotildees podem se constituir em riscos para o desenvolvimento infantil (BARROS et al
2003 MANCINI et al 2004 AMORIM et al 2009 SARTORI SACANI e VALENTINI
2010)
Em consonacircncia Amorin et al (2009) perceberam em seu
estudo que as crianccedilas que dispunham de menor tempo diaacuterio com suas matildees
apresentaram maior frequecircncia de deacuteficit em equiliacutebrio estaacutetico quando comparadas
agravequelas que permaneciam mais tempo com a matildee sugerindo a presenccedila materna
como um fator de proteccedilatildeo para a aquisiccedilatildeo dessa habilidade Igualmente Barros et
al (2003) evidenciaram em sua pesquisa que podem se constituir em fatores de
risco para o desenvolvimento da crianccedila pequenas situaccedilotildees como ausecircncia do pai
utilizaccedilatildeo de brinquedos inadequados para a faixa etaacuteria o local onde a crianccedila era
mantida em idades precoces da infacircncia a falta de orientaccedilatildeo pedagoacutegica e de
socializaccedilatildeo extrafamiliar precoce e a baixa condiccedilatildeo socioeconocircmica familiar Jaacute
os resultados do estudo de Sartori Sacani e Valentini (2010) sugerem uma diferenccedila
significativa entre o desempenho desenvolvimental dos bebecircs filhos de adolescentes
e os nascidos de matildees adultas ressaltando a possibilidade de a idade materna ser
um fator de risco para a ocorrecircncia de atrasos no desenvolvimento
Diante dos elementos acima se soma a orientaccedilatildeo de Brazelton e Cramer
(2002) na qual evidenciam que quando os pais apreciam e valorizam o repertoacuterio
comportamental de seus bebecircs estatildeo prontos a entrar em um diaacutelogo com eles
Ainda conforme esses autores os profissionais que datildeo apoio aos pais facilitando e
apresentando o repertoacuterio das crianccedilas agrave famiacutelia colaboram com o fortalecimento
dos primeiros viacutenculos e com a promoccedilatildeo do desenvolvimento na infacircncia Aleacutem de
que avaliar a estimulaccedilatildeo disponiacutevel para a crianccedila dentro de uma determinada
47
famiacutelia pode fornecer elementos importantes para as poliacuteticas de sauacutede e educaccedilatildeo
a serem programadas pelos organismos puacuteblicos (MARTINS et al 2004 )
Portanto a essecircncia da relaccedilatildeo materna e paterna com a crianccedila eacute a
reciprocidade Ou seja os cuidadores devem estar acessiacuteveis quando a crianccedila
precisa deles devendo mostrar que haacute interesse no que ela apresenta orientando
quanto a limites e possibilidades Ao demonstrar isso o bebecirc com seus recursos
responderaacute alimentando esse circuito ou sistema de comunicaccedilatildeo Nesse sentido haacute
a importacircncia de se orientar aos cuidadores o mecanismo de comunicaccedilatildeo com sua
crianccedila lembrando-lhes dos efeitos devastadores que riscos como os jaacute indicados
anteriormente podem ocasionar nesse sistema de comunicaccedilatildeo reciacuteproca com o
bebecirc (BRAZELTON 1990 BRAZELTON e CRAMER 2002)
Por esses motivos eacute que se entende como necessaacuterio destacar a
importacircncia de accedilotildees interventivas e de orientaccedilotildees que considerem o papel de pais
ou outros cuidadores principais como uma forma de propiciar prevenccedilatildeo de
possiacuteveis futuros deacuteficits no desenvolvimento infantil e mesmo de minimizar
alteraccedilotildees desenvolvimentais jaacute estabelecidas na infacircncia (BARBA MARTINEZ e
CARRASCO 2003) Pois assim como a crianccedila cuja deficiecircncia jaacute foi identificada
haacute aquele indiviacuteduo que frequenta a educaccedilatildeo infantil e que pode apresentar
alteraccedilatildeo em seu desenvolvimento seja por privaccedilatildeo de estiacutemulos adequados seja
por lesotildees agraves que quando natildeo detectadas ou natildeo atendidas podem comprometer a
maturaccedilatildeo neuropsicoloacutegica o que traz implicaccedilotildees para outras instacircncias do
desenvolvimento humano (GAT 2000)
Nessa perspectiva torna-se destaque que os programas vinculados agrave sauacutede
infantil devem estar voltados tambeacutem para o ambiente educacional da crianccedila pois
nele ela se estrutura como um ser individual e social capaz de interagir com outros
niacuteveis de amplitude e de construir espaccedilos entre os setores sociais envolvidos no
processo de construccedilatildeo de uma vida saudaacutevel (MARTINS et al 2004) Isso se
justifica tambeacutem em pesquisas que reforccedilam a importacircncia da aproximaccedilatildeo entre
famiacutelia e educadoras da educaccedilatildeo infantil como modo de auxiliar no
desenvolvimento da crianccedila pequena com ou sem deficiecircncia (CUEVAS 2003
MACARINI MARTINS e VIEIRA 2009)
Especificamente sobre a Educaccedilatildeo Infantil haacute estudos que evidenciam que
quando ocorrem accedilotildees de avaliaccedilatildeo do desenvolvimento infantil ou mesmo
intervenccedilatildeo precoce no contexto da creche haacute grandes ganhos para o
48
desenvolvimento das crianccedilas ali inseridas (BARBA MARTINEZ e CARRASCO
2003 SOEJIMA 2008 BALTIERI et al 2010) Isso posto salienta-se que a inclusatildeo
educacional natildeo se faz apenas com a adaptaccedilatildeo do espaccedilo mas tambeacutem com a
modificaccedilatildeo de conceitos e condutas sobre a pessoa com deficiecircncia (MANTOAN
2004 MAZZOTA 2003)
Por outro lado investigar como o contexto da creche se mostra diante da
atenccedilatildeo ao desenvolvimento infantil da crianccedila com e sem necessidades especiais
(elencar as dificuldades das educadoras em lidar com a promoccedilatildeo ou estimulaccedilatildeo
do desenvolvimento) auxilia na criaccedilatildeo de accedilotildees que transformem esse ambiente
tornando-o mais inclusivo ampliando a qualidade de seu atendimento e das
relaccedilotildees com a comunidade que atende (BARBA MARTINEZ e CARRASCO 2003
CUEVAS 2003 VITTA 2010 VITTA VITTA e MONTEIRO 2010)
Com base no referencial sobre o tema abordado neste trabalho verifica-se
que para a implementaccedilatildeo de programas de atendimento agrave crianccedila pequena com
necessidades especiais - seja dentro da Educaccedilatildeo Infantil ou na Educaccedilatildeo Especial
- eacute necessaacuterio que os profissionais envolvidos tomem conhecimento a respeito dos
muacuteltiplos fatores de risco e proteccedilatildeo que norteiam o desenvolvimento na infacircncia
com ecircnfase em uma perspectiva ecoloacutegica levando em consideraccedilatildeo as interaccedilotildees
transacionais entre a crianccedila e o ambiente e vice-versa Para tal torna-se
necessaacuteria tambeacutem a construccedilatildeo e o seguimento de um marco teoacuterico e conceitual
que sirva de guia para os serviccedilos de atendimento agrave infacircncia (GURALNIK 2008)
Com estes conhecimentos eacute possiacutevel colocar em praacutetica a criaccedilatildeo de programas de
intervenccedilatildeo em crianccedilas com riscos bioloacutegicos e ambientais e prevenir o surgimento
ou o agravamento de alteraccedilotildees no desenvolvimento sejam elas de origem motora
sensorial intelectual ou emocional tanto na educaccedilatildeo especial quanto na educaccedilatildeo
infantil (FORMIGA e PEDRAZZANI 2004)
Por fim ressalta-se que em virtude dos dados acima correlacionados eacute que
decorre o interesse em investigar concepccedilotildees de pais de crianccedilas com
necessidades especiais e de seus educadores acerca da inclusatildeo educacional na
primeira infacircncia tendo em vista tambeacutem as condiccedilotildees de promoccedilatildeo do
desenvolvimento infantil desse alunado dentro de Centros Municipais de Educaccedilatildeo
Infantil - CMEI
49
25 A INSTITUICcedilAtildeO DE EDUCACcedilAtildeO INFANTIL COMO UM CONTEXTO DE
DESENVOLVIMENTO
Na realidade brasileira os serviccedilos da Educaccedilatildeo Infantil vecircm se
configurando como uma opccedilatildeo de cuidado e educaccedilatildeo amplamente utilizada pelas
famiacutelias contemporacircneas Vaacuterios fatores estatildeo envolvidos entre eles o ingresso da
mulher no mercado de trabalho as novas possibilidades de arranjos familiares o
movimento migratoacuterio das pessoas do interior para cidades maiores com mais
acesso a oportunidades de trabalho e educaccedilatildeo o que faz com que nem sempre a
matildee trabalhadora tenha apoio para o cuidado da sua crianccedila e tambeacutem como
recurso para a parcela da populaccedilatildeo que possui condiccedilotildees socioeconocircmicas
desfavoraacuteveis (RAPOPORT e PICCININI 2004 CERISARA 2002 ROSSETTI-
FERREIRA RAMON e SILVA 2002 CAMPOS 1999 ROSSETTI-FERREIRA
AMORIM e VITOacuteRIA 1994 MOREIRA e LORDELO 2002)
Historicamente esse serviccedilo vem passando por vaacuterias modificaccedilotildees ao longo
dos anos Especialmente nas uacuteltimas trecircs deacutecadas a educaccedilatildeo extrafamiliar de
bebecircs e crianccedilas pequenas tem sido marcada por profundas mudanccedilas sociais
culturais poliacuteticas e econocircmicas que entre outros fatores afetaram as relaccedilotildees
sociais o mundo do trabalho as estruturas familiares os sistemas de ensino a
imagem de crianccedila e o lugar que nossos pequenos ocupam nas instituiccedilotildees
educativas e na sociedade (FERNANDES 2011) Em suma pode-se afirmar que
essas modificaccedilotildees tambeacutem contribuiacuteram para que a Educaccedilatildeo Infantil tivesse
acentuada a sua funccedilatildeo pedagoacutegica deixando para traacutes o caraacuteter assistencialista
que teve em sua origem (OLIVEIRA et al 2006 WEBER et al 2006 VERIacuteSSIMO e
FONSECA 2003)
Nessa transiccedilatildeo de entendimento de sua funccedilatildeo na medida em que se foi
ampliando o nuacutemero de matriacuteculas adquirindo maior espaccedilo em pesquisas no paiacutes
nos debates sociais suas fragilidades foram se destacando o que levou aos
resultados dos primeiros estudos sobre a qualidade desse serviccedilo os quais
indicavam uma situaccedilatildeo generalizada de precarizaccedilatildeo verificada tanto em aspectos
fiacutesicos (instalaccedilotildees ruins materiais pedagoacutegicos e equipamentos em escassez ou
completa ausecircncia) quanto em aspectos humanos (baixa escolaridade dos
profissionais falta de formaccedilatildeo dos educadores ausecircncia de projeto pedagoacutegico
50
problemas de interaccedilatildeo instituiccedilatildeondashfamiacutelia) (CAMPOS FUumlLGRAFF e WIGGERS
2006 FERNANDES 2011) Tais resultados satildeo importantes pois reforccedilam as
discussotildees sobre a necessidade de um atendimento de qualidade como parte dos
direitos da crianccedila
Ainda nesse sentido por uma concepccedilatildeo da crianccedila como um ser de direitos
foram importantes documentos como a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 o Estatuto da
Crianccedila e do Adolescente ECA ndash Lei nordm 806990 e a Lei de Diretrizes e Bases da
Educaccedilatildeo Nacional LDB ndash Lei nordm939496 (CAMPOS 1999 CAMPOS FUumlLGRAFF e
WIGGERS 2006 ROSSETIndashFERREIRA RAMON e SILVA 2002 BRASIL 2012)
Para Campos (1999) a Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional
(BRASIL 2012) eacute a que promoveu as maiores modificaccedilotildees na Educaccedilatildeo pois
influenciou vaacuterios aspectos em todos os niacuteveis educacionais do paiacutes dentre os
quais o sistema de financiamento o curriacuteculo nacional os sistemas de avaliaccedilatildeo o
uso de novas tecnologias a organizaccedilatildeo da gestatildeo e as possibilidades de se
estabelecer parcerias com organizaccedilotildees natildeo governamentais Entre os itens
indicados por essa autora haacute pelo menos dois que satildeo considerados de extrema
relevacircncia para a Educaccedilatildeo Infantil a) a definiccedilatildeo da Educaccedilatildeo Infantil como
primeira etapa da Educaccedilatildeo Baacutesica ndash fato que transfere a responsabilidade
desta para oacutergatildeos de educaccedilatildeo b) a exigecircncia de formaccedilatildeo preacutevia
(preferencialmente niacutevel superior admitindo-se ainda no miacutenimo o magisteacuterio
ndash no niacutevel de ensino meacutedio) para educadores e professores que se dedicam
ao trabalho com crianccedilas pequenas (CAMPOS FUumlLGRAFF e WIGGERS
2006 ROSSETIndashFERREIRA RAMON e SILVA 2002)
Outros documentos de impacto na organizaccedilatildeo do atendimento de crianccedilas
pequenas foram as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo Infantil
(BRASIL 2010) e o Plano Nacional de Educaccedilatildeo PNE (BRASIL 2001) O primeiro
porque ofereceu subsiacutedios para os projetos pedagoacutegicos das prefeituras e das
unidades de Educaccedilatildeo Infantil e o segundo por ter estabelecido padrotildees miacutenimos
para a infra-estrutura das instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Infantil bem como definiu
as metas de expansatildeo desse atendimento no paiacutes (CAMPOS FUumlLGRAFF e
WIGGERS 2006)
Atualmente segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo
Infantil (BRASIL 2010) o ensino infantil eacute a primeira etapa da Educaccedilatildeo Baacutesica
ofertada por espaccedilos institucionais denominados creches e preacute-escolas em caraacuteter
51
natildeo domeacutestico que constituem estabelecimentos educacionais puacuteblicos ou privados
nos quais se prima pela educaccedilatildeo e cuidado de crianccedilas de 0 a 5 anos de idade no
periacuteodo diurno em jornada integral ou parcial regulados e supervisionados por
oacutergatildeo competente do sistema de ensino e submetidos a controle social
Destaca-se que o acesso ao atendimento em Educaccedilatildeo Infantil
especialmente na faixa etaacuteria entre 0 e 3 anos vem crescendo significativamente
nas diferentes regiotildees brasileiras o que justifica a necessidade de se ampliar os
estudos e pesquisas nessa aacuterea tambeacutem como uma maneira de possibilitar
elementos que promovam a qualidade desse serviccedilo (CAMPOS et al 2011)
Poreacutem mesmo diante desse crescimento e das transformaccedilotildees no
atendimento de Educaccedilatildeo Infantil indicadas anteriormente os serviccedilos e estudos
que evidenciem a crianccedila pequena em particular na faixa etaacuteria de 0 a 3 anos tecircm
sido negligenciados (FERNANDES 2011)
Diante das especificidades da Educaccedilatildeo Infantil e sua evoluccedilatildeo poliacutetica e
histoacuterica merecem particular atenccedilatildeo os sujeitos que a compotildeem especialmente os
educadores a famiacutelia e a crianccedila
251 Concepccedilotildees Sobre A Praacutetica Educativa Institucionalizada Aspectos
Relevantes Para A Promoccedilatildeo Do Desenvolvimento Infantil e Para Uma
Proposta Inclusiva
Dentro de um panorama no qual a crianccedila pequena eacute inserida no cuidado
institucionalizado desde tenra idade e no qual passa cerca de 4 a 8 horas por dia
distante de sua famiacutelia o educador de creche adquire uma funccedilatildeo importante
perante o desenvolvimento infantil natildeo apenas de cuidar e educar senatildeo de
complementar e agraves vezes de suplementar a atenccedilatildeo familiar agrave infacircncia (SILVA e
BOLSANELLO 2002 WINNICOTT 1975 ELTINK 1999) Assim as concepccedilotildees
que permeiam o atendimento satildeo fundamentais pois podem reforccedilar e manter
determinadas accedilotildees agraves vezes distorcidas do que eacute necessaacuterio ou recomendaacutevel
para a praacutetica pedagoacutegica (SCHULTZ 2002 PACHECO E DUPRET 2004)
O cuidado de crianccedilas pequenas durante muito tempo esteve atrelado agrave
figura da mulher sensiacutevel e carinhosa que possuiacutea o perfil de ldquomatildeerdquo e gostava de
52
cuidar de crianccedilas o que fortaleceu o caraacuteter leigo e assistencialista dessa funccedilatildeo
(OLIVEIRA et al 2006 WEBER et al 2006 VERIacuteSSIMO E FONSECA 2003
CERISARA 2002)
Ainda como parte dessa concepccedilatildeo o atendimento voltado para as crianccedilas
menores ocupou - e ainda ocupa - o lugar da necessidade da desproteccedilatildeo da
fragilidade de um trabalho voltado para a alimentaccedilatildeo a higiene o abrigo e o apoio
para o caso de ausecircncia familiar (FERNANDES 2011 GUIMARAtildeES 2011 SOUZA
2008) Tal situaccedilatildeo parece ter corroborado com a desvalorizaccedilatildeo do profissional de
creche em especial o que trabalha com berccedilaacuterio e com a dificuldade em se
estabelecer uma identidade pedagoacutegica nesse serviccedilo (SOUZA 2008 OLIVEIRA et
al 2006 MELCHIORI e ALVES 2001)
Como bem lembra Ramos (2006) a Educaccedilatildeo Infantil embora sua histoacuteria
remonte mais de um seacuteculo como cuidado e educaccedilatildeo extrafamiliar somente nos
uacuteltimos anos passou a ser inserida numa perspectiva educacional em resposta aos
movimentos sociais em defesa dos direitos das crianccedilas
Como parte dessa transiccedilatildeo do assistencialismo para a funccedilatildeo pedagoacutegica
alguns temas passaram a fazer parte das discussotildees no acircmbito profissional da
Educaccedilatildeo Infantil e de pesquisas na aacuterea com mais frequecircncia os quais facilmente
se destacam formaccedilatildeo profissional desenvolvimento infantil relaccedilatildeo adulto-crianccedila
viacutenculo planejamento diversidade competecircncia infantil entre outros Nesse
sentido tambeacutem se deve levar em conta que parece ser inevitaacutevel a revisatildeo das
bases e paradigmas educacionais vigentes pois haacute que se promover um diaacutelogo
com as mudanccedilas inerentes ao mundo atual (GOMES 2009)
Com a execuccedilatildeo de pesquisas na aacuterea descortinou-se aspectos muito
relevantes e contraditoacuterios do trabalho do educador de creche os quais ajudam a
perceber concepccedilotildees e necessidades e fazem entender quais pilares vem
suportando esse atendimento
Lordelo (1995 1998) indicou em seus estudos que os educadores natildeo se
mostravam como parceiros do desenvolvimento infantil pois trabalhavam em funccedilatildeo
de responder agraves necessidades mais imediatas e predominantemente fiacutesicas das
crianccedilas atendidas Melchiori e Alves (2001) revelam que os educadores natildeo tecircm
consciecircncia de sua funccedilatildeo como promotores de desenvolvimento infantil Jaacute
Veriacutessimo e Fonseca (2003) perceberam que o atendimento de bebecircs na creche eacute
fortemente centrado na atenccedilatildeo quanto agrave higiene e alimentaccedilatildeo
53
Vitta e Emmel (2004) identificaram uma tendecircncia de que o trabalho no
berccedilaacuterio seja pautado na concepccedilatildeo e na experiecircncia de maternagem dos
educadores Jaacute no estudo de Oliveira et al (2006) os educadores demonstraram
possuir a crenccedila de que para atender crianccedilas pequenas bastava ser mulher e ter
experiecircncia com crianccedilas Alves (2006) percebeu que a ideia de cuidado estaacute
relacionada agrave funccedilatildeo de matildee e natildeo agrave funccedilatildeo de professor ou de educador Nesse
sentido Veriacutessimo (2001) identificou um sentimento contraditoacuterio entre os
educadores Enquanto eles acreditam que associar funccedilatildeo materna com a praacutetica
profissional eacute algo depreciativo por outro lado esperam que as crianccedilas nutram
afeto ldquofilialrdquo por eles
Soejima (2008) salienta que os educadores que participaram de sua
pesquisa demonstraram ter aprendido teorias sobre o desenvolvimento infantil na
graduaccedilatildeo mas que natildeo conseguiam fazer uso desse conhecimento no cotidiano da
creche Igualmente Souza (2008) verificou que os educadores possuem formaccedilatildeo
continuada sobre desenvolvimento infantil mas que encontram dificuldades em
transpor para a accedilatildeo o seu conhecimento
Tambeacutem se destacam conceitos pertinentes ao desenvolvimento humano e
especificamente voltados ao desenvolvimento da crianccedila pequena Vitta (2004)
Souza (2008) e Soejima e Bolsanello (2012) evidenciaram falta de conhecimentos
abrangentes e consistentes sobre desenvolvimento infantil por parte dos educadores
em seus estudos Estes quando aparecem satildeo mais voltados agrave priorizaccedilatildeo de
fatores ambientais logo gerando uma crenccedila ambientalista de desenvolvimento
(MELCHIORI e ALVES 2001 MELCHIORI et al 2007 SOUZA 2008)
Sobre desenvolvimento infantil Soejima e Bolsanello (2012) verificaram a
concepccedilatildeo entre os educadores de que quanto menos ativas as crianccedilas eram mais
saudaacuteveis e que quanto mais ativas mais problemaacuteticas Sob esse aspecto cabe
questionar a qualidade da formaccedilatildeo dos educadores conforme jaacute proposto por Silva
(2003) Vitta e Emmel (2004) Kramer (2006) Souza (2008) e Soejima (2008) Nesse
sentido ressaltam-se os achados de Schultz (2002) ao pesquisar a educaccedilatildeo de
crianccedilas entre 0 e 3 anos e nos quais afirma que a formaccedilatildeo dos professores dessa
faixa etaacuteria pode interferir no desenvolvimento fiacutesico e psiacutequico e no bom
desempenho da crianccedila em seu futuro jaacute que segundo a autora haacute uma relaccedilatildeo de
dependecircncia entre a formaccedilatildeo do educador e a qualidade de seu trabalho
54
Por outro lado a rotina dessas trabalhadoras mostra-se estressante com
muitas atribuiccedilotildees e com pouco ou nenhum tempo para o planejamento e reflexatildeo
sobre sua praacutetica ou mesmo para o cumprimento do que foi planejado assim como
natildeo raro haacute a precarizaccedilatildeo da estrutura fiacutesica dos ambientes com poucos materiais
e excessivo nuacutemero de crianccedilas por educadora (NAZAacuteRIO 2002 ONGARI e
MOLINA 2003 ALVES 2006 OLIVEIRA et al 2006 LORDELO et al 2007
SOUZA 2008) Haacute que se pensar que a fadiga tanto fiacutesica quanto mental a falta de
tempo a frustraccedilatildeo por suas condiccedilotildees de trabalho satildeo aspectos que impedem um
trabalho com qualidade e devem ser amplamente investigados (PEREIRA 2003
SOUZA 2008 BOLSANELLO 2009)
Guimaratildees (2011) percebeu que a rotina na creche eacute fortemente baseada no
controle e na automaccedilatildeo das atividades Segundo ela os educadores falam muito
para as crianccedilas e natildeo com as crianccedilas como citado por ela descrevendo a rotina
ldquodo colo ao chatildeo do chatildeo para a cadeira da cadeira novamente para o chatildeo o
corpo dos bebecircs eacute conduzido pelos adultos em razatildeo das necessidades
emergentes e do tempo correto para cada umardquo Tal dado corrobora com os
achados de Souza (2008) no qual um dos educadores de seu estudo analisa a
rotina de trabalho em creche como uma espeacutecie de ldquofordismordquo infantil pois natildeo eacute
possiacutevel dar conta da individualidade das crianccedilas
Diante desses estudos destaca-se que o cotidiano da Educaccedilatildeo Infantil eacute
muito mais complexo do que parece agrave primeira vista Natildeo eacute tarefa simples apreendecirc-
lo e analisaacute-lo (CARVALHO 2006) Contudo eacute a partir de discussotildees conscientes
sobre os aspectos envolvidos nos atendimentos agrave crianccedila pequena que se tornaraacute
possiacutevel ampliar a compreensatildeo sobre o que eacute preciso para que os espaccedilos da
Educaccedilatildeo Infantil se tornem contextos plenos e fomentadores do desenvolvimento
humano da capacidade de aprendizagem da socializaccedilatildeo e do exerciacutecio da
cidadania (LIMA e BHERING 2006)
Ou ainda como afirmado por Gomes (2009) pensar em educaccedilatildeo de
crianccedilas com qualidade envolve natildeo soacute considerar a travessia dos profissionais da
creche para a aacuterea de educaccedilatildeo e sua formaccedilatildeo senatildeo buscar tambeacutem natildeo
descaracterizar suas histoacuterias suas experiecircncias superando o assistencialismo
objetivando a garantia dos direitos das crianccedilas e conjuntamente os direitos dos
educadores
55
Ainda junto agraves afirmaccedilotildees de Gomes (2009) pensa-se que o que se potildee
tambeacutem como uma questatildeo importante ou seja a capacidade do educador de
produzir reflexatildeo sobre sua praacutetica podendo conceituaacute-la e transformaacute-la Entre as
reflexotildees haveria de ser integrado aleacutem dos aspectos de cuidar e educar fatores
relativos ao desenvolvimento humano Afinal ao cuidar e ao educar se estaacute lidando
com um ser em desenvolvimento intenso cujos marcos iniciais de sua constituiccedilatildeo
como indiviacuteduo estatildeo tambeacutem agrave mercecirc do olhar de quem o cuida e o educa
diariamente Sendo assim entender processos elementares e fundamentais do
desenvolvimento humano essencialmente nos primeiros anos eacute relevante tanto
para a organizaccedilatildeo e planejamento do cotidiano de atendimento quanto para o
estabelecimento de estrateacutegias na Educaccedilatildeo Infantil (CARVALHO SALLES e
GUIMARAtildeES 2002)
Logo promover a avaliaccedilatildeo do atendimento (no conjunto profissionais
ambiente interaccedilatildeo com a famiacutelia estrateacutegias de planejamento e atividades
desenvolvidas) eacute algo importante principalmente no que diz respeito ao contexto
dos primeiros anos de vida dada a sua especificidade e importacircncia no futuro do
indiviacuteduo (LIMA e BHERING 2006)
Aleacutem de questotildees como a formaccedilatildeo dos educadores e suas concepccedilotildees
tambeacutem vale a consideraccedilatildeo de como se verifica a relaccedilatildeo entre elas e as famiacutelias
das crianccedilas atendidas Afinal a interaccedilatildeo entre a famiacutelia e a instituiccedilatildeo de
Educaccedilatildeo Infantil eacute relevante para que ambos os contextos conheccedilam melhor a
crianccedila estabeleccedilam criteacuterios educativos comuns discutam modelos de intervenccedilatildeo
e relaccedilatildeo com as crianccedilas e compreendam as especificidades de cada uma (SILVA
2011) Nesse aspecto vale lembrar que eacute na relaccedilatildeo com o adulto cuidador que a
crianccedila vai desde tenra idade estabelecer ldquoelosrdquo de comunicaccedilatildeo com as demais
pessoas com quem convive E por isso mesmo eacute que as accedilotildees de cuidado e
educaccedilatildeo natildeo podem ser accedilotildees mecacircnicas de assear e alimentar apenas (ROCHA
2008)
Contudo as dificuldades dos educadores tambeacutem passam pela precaacuteria
interaccedilatildeo com as famiacutelias das crianccedilas atendidas (LORDELO et al 2007 SOUZA
2008 CAMPOS et al 2011 FERNANDES 2011)
Correa (2007) argumenta em sua pesquisa que a relaccedilatildeo famiacutelia-instituiccedilatildeo
eacute um ponto a ser considerado para a promoccedilatildeo de um atendimento de qualidade
56
Silva (2011) percebeu em seu estudo que os educadores natildeo demonstram
conhecer ao certo como se daacute o contexto familiar das crianccedilas que atendem Souza
(2008) observou que a famiacutelia natildeo participa ativamente da rotina da creche na
maioria das vezes deixando a crianccedila na porta da instituiccedilatildeo
Os projetos pedagoacutegicos analisados por Fernandes (2011) indicaram um
perfil de famiacutelia visto pela escola como um grupo que precisa de ajuda e que pode
contribuir pouco com a Instituiccedilatildeo Instituiccedilatildeo essa que convida o adulto-cuidador
mais a confraternizar que compartilhar responsabilidades A autora tambeacutem verificou
que haacute a necessidade de os pais participarem efetivamente das accedilotildees da creche
pois segundo ela ao criar espaccedilos de diaacutelogo troca parcerias pode-se favorecer e
estimular as famiacutelias a viverem experiecircncias sociais mais amplas a partilhar as
anguacutestias alegrias e inseguranccedilas advindas do cotidiano favorecendo a superaccedilatildeo
das ideias assistencialistas acerca da Educaccedilatildeo Infantil em especial da que atende
a crianccedila com idade entre zero e 3 anos Por outro lado percebe-se que os pais
nem sempre se excluem de participar tanto do cotidiano da Instituiccedilatildeo quanto da
educaccedilatildeo de seus filhos (FERNANDES 2011 SILVA 2011)
Diante dos dados apresentados acima se destaca a necessidade de se
investigar de modo mais apropriado o papel dos pais diante do cuidar do educar e
da promoccedilatildeo do desenvolvimento de seus filhos ainda bebecircs jaacute que esses uacuteltimos
estatildeo cada vez mais precocemente adentrando ao atendimento institucionalizado
que por sua vez encontra-se envolto em suas proacuteprias contradiccedilotildees necessidades
e lutas Os familiares poderiam participar colaborar contribuir de modo a Educaccedilatildeo
Infantil ter uma identidade melhor cunhada valorizando inclusive o trabalho dos
educadores Em outras palavras conforme assinalado por Fernandes (2011) a
identidade da Educaccedilatildeo Infantil para ser constituiacuteda em suas especificidades
precisa urgentemente integrar as famiacutelias
57
3 MEacuteTODO
O delineamento metodoloacutegico teve como eixo a questatildeo de pesquisa
apresentada na introduccedilatildeo do presente estudo
Quais concepccedilotildees norteiam o processo de inclusatildeo da crianccedila pequena com
necessidades especiais no contexto dos Centros Municipais de Educaccedilatildeo
Infantil (CMEIs) segundo suas Matildees suas Educadoras na Educaccedilatildeo Infantil e
suas Professoras do Atendimento Educacional Especializado
Para responder a esta questatildeo mostrou-se pertinente realizar um estudo
qualitativo exploratoacuterio e comparativo Por seu caraacuteter qualitativo seraacute realizada
anaacutelise interpretativa e contextual dos dados sem a pretensatildeo de medir numeacuterica ou
estatisticamente os fenocircmenos estudados tampouco deveratildeo ser generalizados os
resultados encontrados (SAMPIERI COLLADO e LUCIO 1998) Eacute exploratoacuterio por
se tratar de um tema ou problema de pesquisa pouco estudado e portanto com
poucas pesquisas evidenciadas na literatura destacando-se a escassez de estudos
nesse acircmbito na realidade brasileira (SAMPIERI COLLADO e LUCIO 1998)
Segundo os autores citados o estudo exploratoacuterio serve para familiarizar o
pesquisador com fenocircmenos ainda natildeo suficientemente conhecidos podendo
determinar tendecircncias identificar aacutereas ambientes contextos e situaccedilotildees de
estudo O aspecto comparativo se verificaraacute no tratamento dos dados coletados
pela busca de possiacuteveis relaccedilotildees (discrepacircncias ou aproximaccedilotildees) entre as
concepccedilotildees dos participantes do estudo especialmente acerca da inclusatildeo da
crianccedila pequena com deficiecircncia que frequenta o CMEI (SAMPIERI COLLADO e
LUCIO 1998)
31 CONTEXTO
O contexto dessa pesquisa envolveu 04 (quatro) instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo
Infantil da rede puacuteblica de um municiacutepio da regiatildeo metropolitana de Curitiba que
58
atendem crianccedilas pequenas com deficiecircncia em turmas de berccedilaacuterio e maternal
situado no Estado do Paranaacute Foram escolhidas as turmas de berccedilaacuterio e maternal
por elas abarcarem crianccedilas com a faixa etaacuteria compreendida entre zero e 36
meses
Nesse municiacutepio no ano de 2012 em turmas de berccedilaacuterio (I e II) maternal (I
II e III) e preacutendashescola (I e II) houve um total de 4315 matriculas dessas estatildeo
considerados ldquocasos de inclusatildeordquo apenas 25 crianccedilas no momento em que foi
realizada a pesquisa Desse contingente apenas 08 casos de inclusatildeo educacional
eram de educandos em turmas de berccedilaacuterio e maternal Poreacutem como os criteacuterios de
elegibilidade para a participaccedilatildeo na presente pesquisa solicitavam que as turmas de
inclusatildeo atendessem a faixa etaacuteria entre 0 e 3 anos (creche) e tambeacutem que o
educando participasse do Atendimento Educacional Especializado passaram a se
enquadrar apenas 04 alunos tidos como casos de inclusatildeo que frequentavam 04
instituiccedilotildees diferentes abaixo denominadas de Instituiccedilotildees A B C e D
A Instituiccedilatildeo A atende um total de 180 crianccedilas dividas em turmas de
maternal e preacutendashescola
A Instituiccedilatildeo B atende um total de 376 crianccedilas dividas em turmas de
berccedilaacuterio maternal e preacute-escola
A Instituiccedilatildeo C atende um total de 280 crianccedilas dividas em turmas de
berccedilaacuterio e maternal
Jaacute a Instituiccedilatildeo D atende um total de 220 crianccedilas dividas em turmas de
berccedilaacuterio maternal e preacutendashescola
Todas as instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Infantil funcionam em periacuteodo integral das
07 agraves 18h
Segundo informaccedilotildees das equipes gestoras as Instituiccedilotildees B e C atendem
tambeacutem populaccedilatildeo considerada de risco social
Destaca-se que as turmas de berccedilaacuterio satildeo divididas em berccedilaacuterio I e II e
recebem crianccedilas com faixa etaacuteria entre 4 a 11 meses e entre 12 e 18 meses
respectivamente As turmas de Maternal que satildeo divididas em I e II atendem
educandos com idade entre 18 a 24 meses e entre 24 e 36 meses (completos
durante o ano letivo) respectivamente
Tambeacutem eacute importante ressaltar que o Atendimento Educacional Especializado
ndash AEE eacute desenvolvido de modo geral nas chamadas Salas de Recursos
Multifuncionais Essas salas satildeo espaccedilos estruturados de modo a atender
59
adequadamente as necessidades dos alunos foco da Educaccedilatildeo Especial e no
contexto pesquisado estatildeo lotadas dentro de instituiccedilotildees do Ensino Regular Todas
elas atendem educandos que estatildeo em situaccedilatildeo de inclusatildeo educacional tanto no
Ensino Fundamental quanto na Educaccedilatildeo Infantil
32 PARTICIPANTES
Foram considerados participantes da pesquisa
a) Matildees (pessoas responsaacuteveis cuidadoras principais que desempenham a
funccedilatildeo materna) de crianccedilas com idade entre zero e 36 meses com
necessidades especiais que participam do Atendimento Educacional
Especializado aleacutem de frequentar turmas de berccedilaacuterio (I e II) ou maternal (I e
II) em classe regular na Educaccedilatildeo Infantil no sistema puacuteblico de um
municiacutepio da regiatildeo metropolitana de Curitiba Paranaacute
Neste estudo participaram 04 matildees cujos filhos estatildeo matriculados em uma
das seguintes turmas berccedilaacuterio II maternal I e maternal II
b) Educadoras Regentes que trabalham em turmas de berccedilaacuterio (I e II) e
maternal (I e II) e que atendam as crianccedilas cujas matildees satildeo participantes
desse estudo O grupo de educadoras participantes contou com 09
profissionais Destas 03 eram regentes de berccedilaacuterio I 04 atendem turmas de
maternal I e 02 em maternal II
c) Professoras do Atendimento Educacional Especializado que atendam as
crianccedilas cujas matildees e educadoras participam deste estudo Nesse estudo
participaram 04 Professoras do AEE
Apoacutes apresentar o projeto para a Secretaria de Educaccedilatildeo para as
Gerecircncias de Educaccedilatildeo Especial e Inclusatildeo e para a de Educaccedilatildeo Infantil desse
municiacutepio foi feito o protocolo de solicitaccedilatildeo para a realizaccedilatildeo da pesquisa Em
acordo com o aceite da solicitaccedilatildeo e com a orientaccedilatildeo das Gerecircncias foi realizado o
primeiro contato com as equipes gestoras dos CMEIs que iriam participar No
primeiro contato foi solicitado agrave pesquisadora que entregasse a todas as equipes
60
gestoras uma carta de apresentaccedilatildeo Nesta havia uma breve explicitaccedilatildeo de quem
era a pesquisadora e informaccedilotildees principais do estudo ndash estas uacuteltimas seguiram
recomendaccedilatildeo da Gerecircncia de Educaccedilatildeo Especial e Inclusatildeo Desse modo apoacutes ter
feito a apresentaccedilatildeo do projeto para as equipes gestoras com a explicitaccedilatildeo dos
objetivos do meacutetodo e do termo de consentimento livre e esclarecido (anexo) e de
obter destas a autorizaccedilatildeo para executar a pesquisa em suas unidades elas se
comprometeram a entrar em contato com as educadoras e com as matildees para
agendar novo encontro agora com as participantes da pesquisa Os encontros com
as matildees e com as educadoras participantes desse estudo foram realizados de modo
individual em dia e hora previamente marcados nas dependecircncias das Instituiccedilotildees
em que as crianccedilas eram atendidas na Educaccedilatildeo Infantil
A participaccedilatildeo destas matildees e das educadoras se deu de modo voluntaacuterio
apoacutes serem esclarecidos os pormenores da pesquisa e dirimidas possiacuteveis duacutevidas
sobre o propoacutesito e uso das informaccedilotildees Tambeacutem foi solicitado agraves participantes
para ler o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para entatildeo proceder com a
assinatura e a entrevista propriamente dita
No caso da participaccedilatildeo das professoras do Atendimento Educacional
Especializado natildeo foi necessaacuteria a mediaccedilatildeo das equipes gestoras das instituiccedilotildees
O contato foi feito diretamente entre a pesquisadora e as convidadas Da mesma
forma por meio da carta de apresentaccedilatildeo e conversa pessoal houve o
esclarecimento do conteuacutedo da pesquisa seus objetivos e meacutetodo Apoacutes a
apresentaccedilatildeo do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido foi dado
procedimento agraves entrevistas
33 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS
Com a finalidade de coletar os dados foram elaborados roteiros de
entrevistas semiestruturadas levando em consideraccedilatildeo os objetivos desse estudo
Todos os roteiros de entrevista possuiacuteam uma parte em comum para que se
pusesse coletar e organizar os dados para a anaacutelise comparativa dos mesmos
61
O roteiro de entrevista aplicado agraves matildees (Anexo A) possuiacuteam quatro partes
a) caracterizaccedilatildeo da matildee b) caracterizaccedilatildeo da famiacutelia c) caracterizaccedilatildeo da crianccedila
em desenvolvimento e d) concepccedilotildees sobre o processo inclusivo
Para as educadoras de CMEI (Anexo B) e para as professoras do
Atendimento Educacional Especializado (Anexo C) o roteiro de perguntas tambeacutem
foi dividido em quatro partes a) caracterizaccedilatildeo da entrevistada b) caracterizaccedilatildeo do
trabalho da entrevistada c) concepccedilotildees sobre a crianccedila em desenvolvimento e d)
concepccedilotildees sobre o processo inclusivo
Optou-se por roteiros de entrevistas semiestruturadas com perguntas
abertas pois possibilitam aos entrevistados maior liberdade em respondecirc-las
(LUDKE e ANDREacute 1986) As entrevistas tiveram duraccedilatildeo meacutedia de 60 minutos e
foram realizadas pela pesquisadora em ambiente reservado dentro do contexto de
pesquisa Com preacutevio consentimento das entrevistadas os dados foram gravados
posteriormente transcritos na iacutentegra e analisados agrave luz da literatura pertinente
34 PROCEDIMENTOS DE ANAacuteLISE DE DADOS
Os dados coletados foram analisados por meio de uma abordagem
qualitativa com a utilizaccedilatildeo de anaacutelise de conteuacutedo Foram seguidos na iacutentegra os
passos utilizados por Bolsanello (1998) em sua pesquisa a qual se baseou em
Bardin (1979) a seguir
Apoacutes serem transcritas as entrevistas foram lidas sem qualquer tentativa
de seleccedilatildeo de informaccedilotildees
A seguir os dados brutos das respostas de cada item das entrevistas e
das gravaccedilotildees de aacuteudio foram codificados e agregados em unidades com a
eleiccedilatildeo do tema como unidade de registro e a proximidade conceitual como
regra de enumeraccedilatildeo
Os temas obtidos na codificaccedilatildeo foram reagrupados procedendo-se a um
trabalho de definiccedilatildeo e classificaccedilatildeo de categorias que resultaram no
levantamento de um conjunto de categorias e subcategorias representativas
da totalidade das comunicaccedilotildees
62
Finalmente foi realizada a classificaccedilatildeo e a categorizaccedilatildeo que levaram a
uma descriccedilatildeo das caracteriacutesticas relevantes do conteuacutedo investigado
permitindo gerar inferecircncias e comparaccedilotildees sobre todo o processo de
comunicaccedilatildeo e levando agrave anaacutelise dos dados envolvendo o cruzamento de
todas as informaccedilotildees obtidas
35 CUIDADOS EacuteTICOS
Os procedimentos eacuteticos do presente estudo obedeceram aos criteacuterios da
Eacutetica na Pesquisa com Seres Humanos Os principais cuidados eacuteticos foram
utilizaccedilatildeo de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (ANEXOS D E e F)
permissatildeo das entrevistadas para gravaccedilatildeo das entrevistas garantia do anonimato
das participantes
Tais cuidados garantem de acordo com Cozby (2003) a participaccedilatildeo totalmente
informada e voluntaacuteria das entrevistadas
63
4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
Para a descriccedilatildeo e anaacutelise das caracteriacutesticas relevantes do conteuacutedo
investigado agruparam-se as informaccedilotildees em quatro seccedilotildees Inicialmente realizou-
se a caracterizaccedilatildeo das crianccedilas foco da inclusatildeo e a caracterizaccedilatildeo das
entrevistadas (matildees educadoras e professoras) A seguir levantaram-se as
concepccedilotildees das entrevistadas sobre a crianccedila que estaacute em inclusatildeo Por fim
buscou-se identificar as concepccedilotildees sobre o processo inclusivo na Educaccedilatildeo
Infantil propriamente dito
41 Seccedilatildeo 01 Caracterizaccedilatildeo das Participantes
411 Caracterizaccedilatildeo das crianccedilas foco da inclusatildeo
Pensando que a inclusatildeo educacional de crianccedilas pequenas com
necessidades especiais evidencia um campo sem limites nos quais natildeo se escolhe
a crianccedila que pode ou deve entrar ou natildeo na Educaccedilatildeo Infantil buscou-se identificar
quais eram esses pequenos sujeitos que estatildeo categorizados como alunos em
inclusatildeo Como diria Rodrigues (2006) no campo da educaccedilatildeo natildeo se trata de
melhor caracterizar o que eacute diversidade e quem a compotildee mas de compreender
melhor como as diferenccedilas nos constituem como humanos como somos feitos de
diferenccedilas E portanto no que se refere agrave caracterizaccedilatildeo das crianccedilas que estatildeo em
inclusatildeo pensa-se que eacute tambeacutem uma maneira de se perceber a gama de
condiccedilotildees que devem ser precoce e permanentemente vistas discutidas e
atendidas em suas necessidades e especificidades
Desse modo as matildees entrevistadas falaram sobre sua crianccedila idade
diagnoacutestico quais os serviccedilos que elas frequentam aleacutem da Educaccedilatildeo Infantil e do
Atendimento Educacional Especializado Tambeacutem informaram agrave turma que o filho
64
frequenta o Centro Municipal de Educaccedilatildeo Infantil ndash CMEI e desde quando ele estaacute
matriculado na Educaccedilatildeo Infantil
As quatro crianccedilas cujas matildees participaram da pesquisa possuiacuteam laudos
indicativos sobre seus diagnoacutesticos todos disponiacuteveis nas secretarias das
instituiccedilotildees das quais faziam parte (Quadro 01)
Quadro 01 Distribuiccedilatildeo das crianccedilas segundo laudo meacutedico e diagnoacutestico
Crianccedila Laudo meacutedico disponiacutevel
no CMEI CID ndash 10Diagnoacutestico
Crianccedila 01 Sim CID - F 840 Transtornos Globais do Desenvolvimento ndash Autismo Infantil
Crianccedila 02 Sim CID ndash G 800 Paralisia Cerebral Espaacutestica
Crianccedila 03 Sim CID - Q 870 ndash Siacutendrome de Moebius
Crianccedila 04 Sim CID ndash Q 90 ndash Sindrome de Down
Os laudos meacutedicos apresentavam as seguintes necessidades educacionais
especiais Autismo Infantil (TGD) Paralisia Cerebral Espaacutestica Siacutendrome de
Moebius e Siacutendrome de Down
Foi questionado agraves entrevistadas desde quando seus filhos estatildeo
participando de atendimento em CMEI e qual turma as crianccedilas frequentam
atualmente Nesse sentido elas indicaram o que segue no quadro 02
Quadro 02 Distribuiccedilatildeo das crianccedilas segundo a turma em que estatildeo matriculadas atualmente e o tempo em que frequentam Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil - CMEIs
A idade das crianccedilas variou entre 24 e 36 meses durante o periacuteodo da pesquisa A
crianccedila 01 eacute a mais velha de todas com 36 meses de idade as demais estatildeo na
Crianccedila Turma Atual Haacute quanto tempo frequenta CMEIS
Crianccedila 01 Maternal II Mais de 24 meses
Crianccedila 02 Berccedilaacuterio II Em torno de 8 meses
Crianccedila 03 Maternal I Em torno de 10 meses
Crianccedila 04 Maternal I Em torno de 4 meses
65
faixa etaacuteria dos 24 meses Apenas a crianccedila 02 estaacute com idade fora das indicaccedilotildees
de matriacutecula da turma estando com 24 meses frequentando uma turma para alunos
na faixa etaacuteria de 10 meses a 1 ano e 4 meses As demais estatildeo com idade de
acordo com o esperado para as turmas em que estatildeo matriculadas
Conforme o Quadro 02 eacute possiacutevel verificar que uma crianccedila estaacute matriculada
em turma de Berccedilaacuterio II duas estatildeo em turmas de Maternal I e uma estaacute no
Maternal II Tambeacutem se percebe que a crianccedila 01 eacute a que mais tempo estaacute
frequentando Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil Tendo ela 36 meses de
idade estaacute indo para os serviccedilos da Educaccedilatildeo Infantil desde os 12 meses
aproximadamente As demais crianccedilas foram matriculadas no atual ano letivo Ao
observar as demais crianccedilas eacute possiacutevel inferir que a meacutedia de idade escolhida por
essas matildees para matricularem seus filhos na Educaccedilatildeo Infantil foi de 12 meses
Sendo que de modo geral trecircs dessas crianccedilas permaneceram os primeiros 12
meses em casa aos cuidados da famiacutelia e apenas um educando frequentou Escola
Especial antes de ser matriculado no Centro de Educaccedilatildeo Infantil
O atendimento nos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil - CMEIS eacute
integral para todas as crianccedilas matriculadas contudo os educandos que estatildeo em
inclusatildeo podem ter orientaccedilatildeo para que frequentem apenas parcialmente o
atendimento na instituiccedilatildeo Nesse grupo que participou do estudo percebeu-se que
apenas duas das crianccedilas frequentam o dia todo As outras duas crianccedilas natildeo o
fazem integralmente devido a necessidade de participarem de outros atendimentos
tais como Fonoaudiologia Atendimento Educacional Especializado - AEE
Fisioterapia Nataccedilatildeo entre outros Essas duas crianccedilas que frequentam
parcialmente o CMEI fazem uma meacutedia de 06 horas diaacuterias de atendimento na
Educaccedilatildeo Infantil conforme os relatos das matildees
As participantes comentaram quais outros atendimentos o filho frequenta
aleacutem do Centro Municipal de Educaccedilatildeo Infantil - CMEI e do Atendimento
Educacional Especializado ndash AEE
- Crianccedila 01 Nataccedilatildeo atendimento em um Centro Especializado (Psicologia e
Fonoaudiologia) e Atendimento Educacional Especializado
- Crianccedila 02 Centro Especializado (Fisioterapia Motora Fisioterapia Respiratoacuteria
Terapia Ocupacional Psicologia e Fonoaudiologia) e Atendimento Educacional
Especializado
66
- Crianccedila 03 Nataccedilatildeo Fonoaudiologia Fisioterapia e Atendimento Educacional
Especializado ndash AEE
- Crianccedila 04 Atendimento Educacional Especializado - AEE (semanalmente) e
acompanhamento em hospital de referecircncia (bimestralmente)
412 Caracterizaccedilatildeo das Entrevistadas
Esse subcapiacutetulo traz dados que auxiliam a conhecer quem eram as
entrevistadas Para tal dividiu-se o mesmo em trecircs partes caracterizaccedilatildeo das matildees
caracterizaccedilatildeo das professoras do Atendimento Educacional Especializado - AEE e
caracterizaccedilatildeo das educadoras dos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil -
CMEIs
Ao se decidir por ouvir os relatos desses trecircs grupos de pessoas entendeu-
se que ao cruzar os seus olhares poderia se delinear quadros que identificassem
tendecircncias de como a inclusatildeo de crianccedilas vem ocorrendo e quais questotildees se
mostram relevantes sensiacuteveis ou mesmo mais urgentes a serem discutidas e
revistas em busca de uma praacutetica com mais qualidade O que se justifica tambeacutem
pelo fato de que pesquisas sobre inclusatildeo que levem em consideraccedilatildeo as interaccedilotildees
entre crianccedilandashcrianccedila famiacutelia ndash crianccedila professoras-crianccedila satildeo cada vez mais
importantes para que se possa perceber e problematizar as atitudes o acolhimento
os sentimentos e concepccedilotildees sobre deficiecircncia inclusatildeo e diferenccedilas (YAZLLE
AMORIM ROSSETTI-FERREIRA 2004 SIGOLO e OLIVEIRA 2008)
4121 Caracterizaccedilatildeo das Matildees
Inicialmente foram coletadas informaccedilotildees para caracterizaccedilatildeo das matildees
desse modo foram identificados dados como idade escolaridade e ocupaccedilatildeo das
mesmas (Quadro 03)
67
Quadro 03 ndash Distribuiccedilatildeo das Matildees participantes conforme idade escolaridade e ocupaccedilatildeo
Participante Idade Escolaridade Ocupaccedilatildeo
Matildee 01 31 anos Ensino Meacutedio Dona de casa
Matildee 02 28 anos Graduaccedilatildeo Pedagoga
Matildee 03 23 anos Graduaccedilatildeo Professora
Matildee 04 37 anos Ensino Fundamental Vendedora autocircnoma
A faixa etaacuteria das matildees participantes estaacute entre 23 e 37 anos Duas delas tecircm
como niacutevel de escolaridade a graduaccedilatildeo uma tem formaccedilatildeo em niacutevel Fundamental
e outra em niacutevel meacutedio Apenas uma delas eacute dona de casa as demais possuem
ocupaccedilotildees diferentes ao trabalho de cuidado domeacutestico familiar
Tambeacutem foram caracterizadas as famiacutelias das crianccedilas que estatildeo em
inclusatildeo Foram identificados os membros que compotildee a famiacutelia quem mora com a
crianccedila qual a renda meacutedia mensal da famiacutelia e outro caso de deficiecircncia no grupo
familiar (Quadro 04)
Quadro 04 ndash Distribuiccedilatildeo das Matildees participantes conforme composiccedilatildeo familiar
Participante
Composiccedilatildeo familiar
Matildee 01 Pai da crianccedila Matildee da crianccedila 02 filhos
Matildee 02 Pai da crianccedila Matildee da crianccedila 03 filhos
Matildee 03 X Matildee da crianccedila Avoacute materna avocirc materno e
01 filho
Matildee 04 Pai da crianccedila Matildee da crianccedila 03 filhos
68
Trecircs matildees moram com os pais de suas crianccedilas A matildee que natildeo mora com o
pai de seu filho afirmou que o mesmo natildeo participa de nenhum modo da criaccedilatildeo da
crianccedila No caso em que haacute a ausecircncia do pai bioloacutegico eacute interessante ressaltar
que os dados corroboram a afirmaccedilatildeo de autores como Bronfenbrenner (1996
2011) Dessen e Braz (2005) e Diniz e Koller (2010) quando estes afirmam a
importacircncia dos demais membros que compotildee a famiacutelia no que se refere a dar
sustentaccedilatildeo emocional especialmente quando ocorrem situaccedilotildees de risco para o
desenvolvimento infantil
A renda familiar meacutedia relatada pelas matildees ficou em torno de 06 e 07 salaacuterios
miacutenimos
- Matildee 01 06 salaacuterios miacutenimos
- Matildee 02 entre 06 e 07 salaacuterios miacutenimos
- Matildee 03 06 salaacuterios miacutenimos
- Matildee 04 entre 06 e 07 salaacuterios miacutenimos
Escolaridade dos genitores e renda familiar satildeo dois pontos importantes no
tocante agrave promoccedilatildeo do desenvolvimento na infacircncia pois podem indicar maiores ou
menores chances ou perspectiva de acesso a oportunidades para a ampliaccedilatildeo do
repertoacuterio cognitivo social cultural emocional dos membros que compotildeem a famiacutelia
(LORDELO et al 2007 MUELLER 2008)
Todas as matildees relataram apenas um filho com necessidades especiais na
famiacutelia
4122 Caracterizaccedilatildeo das Professoras do Atendimento Educacional
Especializado
Relembra-se que o Atendimento Educacional Especializado eacute um serviccedilo
dentro da Educaccedilatildeo Especial em conformidade com o Decreto nordm 761111 e que
esse grupo de professores realiza atendimento ao alunado foco da Educaccedilatildeo
Especial e que estatildeo em inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil e no Ensino Fundamental
69
Para tal seu trabalho e sua relaccedilatildeo com a crianccedila pequena com necessidades
especiais eacute fundamental visto que estaacute previsto que elas tambeacutem devem orientar as
famiacutelias e educadoras do CMEI sobre o processo de inclusatildeo desse alunado
Inicialmente foram coletadas informaccedilotildees para caracterizaccedilatildeo das
professoras desse modo foram identificados dados como idade estado civil e
escolaridade (Quadro 05)
Quadro 05 ndash Distribuiccedilatildeo das Professoras do Atendimento Educacional Especializado - AEE conforme idade estado civil ocorrecircncia e quantidade de filhos
Conforme eacute possiacutevel verificar no Quadro 05 a faixa etaacuteria que compotildee o grupo
de Professoras participantes estaacute entre 37 e 49 anos Todas satildeo casadas e tecircm
filhos Tambeacutem foi questionado se elas possuiacuteam alguma formaccedilatildeo especiacutefica para
trabalhar com Educaccedilatildeo Especial e Inclusiva de crianccedilas pequenas e para trabalhar
como professora do AEE Quanto agrave escolaridade das professoras do Atendimento
Educacional Especializado todas elas relataram ter feito vaacuterios cursos de formaccedilatildeo
continuada de curta duraccedilatildeo na aacuterea de Educaccedilatildeo Especial e Inclusatildeo Os dados
estatildeo organizados no Quadro 06 que segue logo abaixo
Participante Idade Estado civilfilhos
P01 45 Casada 2 filhos
P02 49 Casada 3 filhos
P03 37 Casada 2 filhas
P04 40 Casada 2 filhos
70
Quadro 06 ndash Distribuiccedilatildeo das Professoras do Atendimento Educacional
Especializado - AEE conforme sua escolarizaccedilatildeo
Participante Escolaridade
Ensino Meacutedio Graduaccedilatildeo Especializaccedilatildeo
P01 Magisteacuterio Estaacute cursando Pedagogia X
P02 Magisteacuterio Pedagogia com ecircnfase em Educaccedilatildeo Especial
Psicopedagogia
P03 Magisteacuterio Pedagogia Psicopedagogia
P04 Magisteacuterio Pedagogia Psicopedagogia
A professora P02 falou que tem formaccedilatildeo continuada em Estimulaccedilatildeo Visual
As professoras P03 e P04 informaram que estatildeo cursando Especializaccedilatildeo do AEE agrave
distacircncia ofertada pelo MEC Essas professoras que estatildeo cursando a
Especializaccedilatildeo especiacutefica para atuar no atendimento educacional especializado
apontaram que os conteuacutedos aprendidos nele estatildeo sendo muito uacuteteis
especialmente no que se refere ao ensino fundamental pois em grande parte se
baseiam em estrateacutegias praacuteticas para a atuaccedilatildeo docente Sobre Educaccedilatildeo Infantil
as entrevistadas afirmam que haacute conteuacutedos que trazem conceitos e orientaccedilotildees
sobre estimulaccedilatildeo essencial mas essas ainda se mostram um pouco distantes de
sua experiecircncia profissional Nenhuma delas tem formaccedilatildeo na aacuterea especiacutefica de
Educaccedilatildeo Infantil
Foi solicitado que relatassem um pouco de sua trajetoacuteria na aacuterea educacional
Sendo assim foi questionado haacute quanto tempo elas trabalhavam na educaccedilatildeo e se
antes de trabalhar como professora do Atendimento Educacional Especializado -
AEE tiveram outras experiecircncias na aacuterea de educaccedilatildeo (Quadro 07)
71
Quadro 07- Distribuiccedilatildeo das Professoras do Atendimento Educacional Especializado - AEE conforme tempo de trabalho na aacuterea educacional e aacutereas de atuaccedilatildeo dentro da Educaccedilatildeo
Todas informaram se tiveram outras experiecircncias como docentes fora da
Educaccedilatildeo Especial antes de serem professoras do Atendimento Educacional
Especializado - AEE P01 e P04 afirmaram que jaacute tinham tido experiecircncias com
turmas inclusivas antes de ingressarem como docentes no AEE P02 e P03
afirmaram que nunca haviam trabalhado com turmas inclusivas antes de sua
atuaccedilatildeo no AEE
A professora P01 teve um caso na famiacutelia Jaacute as professoras P02 P03 e P04
natildeo tiveram nenhuma experiecircncia marcante com pessoas com necessidades
especiais fora da aacuterea educacional Em acordo com as professoras que jaacute tiveram
alguma experiecircncia com pessoas com necessidades especiais o que se mostra
marcante eacute que esse contato anterior auxilia a como ldquover o deficienterdquo e a como
lidar com ele
4123 Caracterizaccedilatildeo das Educadoras dos Centros Municipais de Educaccedilatildeo
Infantil ndash CMEIs
Todas as entrevistadas atendem crianccedilas pequenas que estatildeo em inclusatildeo
nos Centros de Municipais de Educaccedilatildeo Infantil - CMEIs Participaram 09
Participante Tempo de trabalho na aacuterea
educacional Aacuterea de atuaccedilatildeo
P01 27 anos Educaccedilatildeo Infantil e Fundamental
P02 17 anos Educaccedilatildeo Infantil e Fundamental
P03 20 anos Ensino Fundamental
P04 20 anos Educaccedilatildeo Infantil e Fundamental
72
educadoras que trabalhavam na ocasiatildeo da entrevista com turmas de Berccedilaacuterio e
Maternal Inicialmente foram coletadas informaccedilotildees para caracterizaccedilatildeo das
educadoras desse modo foram identificados dados como idade estado civil se
tinham filhos ou natildeo (Quadro 08)
Quadro 08 - Distribuiccedilatildeo das Educadoras dos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil conforme idade estado civil ocorrecircncia e quantidade de filhos
Conforme o quadro 08 eacute possiacutevel verificar que a faixa etaacuteria das educadoras
participantes estaacute entre 21 e 42 anos 06 delas satildeo casadas 02 satildeo solteiras e uma
eacute viuacuteva Dentro desse grupo 03 das educadoras natildeo tem filhos
Quanto agrave escolaridade foi perguntado se possuiacuteam alguma formaccedilatildeo
especiacutefica para trabalhar com Educaccedilatildeo Infantil e Educaccedilatildeo Especial e Inclusiva
Quatro das educadoras apresentam o curso de magisteacuterio sete delas tem
graduaccedilatildeo em Pedagogia uma ainda estaacute cursando Pedagogia e outra Biomedicina
Participante Idade Estado civilfilhos
E01 27 Casada 2 filhos
E02 28 Casada sem filhos
E03 21 Casada 1 filho
E04 35 Casada 2 filhos
E05 27 Solteira sem filhos
E06 42 Viuacuteva 3 filhos
E07 29 Casada 2 filhos
E08 22 Solteira sem filhos
E09 32 Casada 1 filho
73
cinco das profissionais possuem especializaccedilatildeo dessas quatro na aacuterea de
Psicopedagogia e outra em Educaccedilatildeo Infantil (Quadro 09)
Quadro 09 - Distribuiccedilatildeo das Educadoras dos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil conforme sua Escolaridade
As educadoras E02 E04 E05 E06 E07 e E08 natildeo tiveram nenhuma
formaccedilatildeo especiacutefica sobre Educaccedilatildeo Especial e Inclusatildeo aleacutem das disciplinas
proacuteprias da formaccedilatildeo baacutesica (Magisteacuterio ou Pedagogia)
Jaacute as educadoras E01 E03 e E09 fizeram um curso de formaccedilatildeo continuada
no municiacutepio sobre a inclusatildeo no Ensino Fundamental Natildeo havia ateacute o momento
da coleta de dados referecircncias sobre a oferta de alguma formaccedilatildeo continuada que
evidenciasse a inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil
Foi perguntado se elas tiveram outras experiecircncias como professoras de
turmas de inclusatildeo antes dessa situaccedilatildeo atual
Participante Escolaridade
Ensino Meacutedio Graduaccedilatildeo Especializaccedilatildeo
E01 X Pedagogia Psicopedagogia
E02 X Pedagogia X
E03 Magisteacuterio Pedagogia Psicopedagogia Gestatildeo Escolar
E04 Magisteacuterio Pedagogia ndashcursando X
E05 X Pedagogia X
E06 Magisteacuterio Pedagogia Psicopedagogia
E07 X Pedagogia Educaccedilatildeo Infantil -
cursando
E08 Magisteacuterio Biomedicina ndash
cursando X
E09 X Pedagogia Psicopedagogia -
cursando
74
Quatro das educadoras (E01 E06 E07 e E08) afirmaram positivamente que
tiveram alguma outra experiecircncia com alunos de inclusatildeo antes desse caso atual e
afirmam que isso as ajuda de algum modo nessa turma
Contrariamente cinco delas (E02 E03 E04 E05 e E09) natildeo tiveram nenhum
aluno de inclusatildeo antes desse caso atual
Ainda quanto agraves experiecircncias anteriores com pessoas com necessidades
especiais elas informaram se jaacute tiveram alguma fora da aacuterea educacional
Cinco educadoras (E01 E02 E03 E07 e E08) afirmaram que tiveram
experiecircncias com pessoas com necessidades especiais fora da aacuterea educacional
As outras quatro educadoras (E04 E05 E06 e E09) natildeo tiveram nenhuma
experiecircncia com pessoas com necessidades especiais fora da Educaccedilatildeo Infantil
As participantes informaram o tempo de trabalho na Educaccedilatildeo de modo
geral especificamente na Educaccedilatildeo Infantil e tempo em que estatildeo atendendo essa
turma
Das nove participantes oito soacute tiveram experiecircncia na Educaccedilatildeo Infantil e
uma educadora jaacute trabalhou tambeacutem no Ensino Fundamental
O tempo de atuaccedilatildeo na aacuterea educacional variou de 04 meses a 10 anos No
que se refere agrave atuaccedilatildeo na Educaccedilatildeo Infantil o tempo de trabalho variou igualmente
de 04 meses a 10 anos
Quando questionadas sobre haacute quanto tempo atendem nas turmas atuais
foram obtidas as seguintes respostas 05 educadoras atendem a turma desde o
iniacutecio do ano o que equivale a algo em torno de 09 meses 01 estaacute haacute cerca de 06
meses e 03 das educadoras estatildeo atendendo a turma atual a menos de 06 meses
conforme o que estaacute organizado no Quadro 10 que segue logo abaixo
75
Quadro 10 - Distribuiccedilatildeo das Educadoras dos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil conforme o tempo de atuaccedilatildeo na Educaccedilatildeo de modo geral especificamente na Educaccedilatildeo Infantil e na turma que atende atualmente
42 Seccedilatildeo 02 Concepccedilotildees das Matildees Educadoras e Professoras sobre a
crianccedila que estaacute em inclusatildeo
Foram solicitadas as participantes que relatassem como concebem a crianccedila
pequena que tem necessidades educacionais especiais em relaccedilatildeo as suas
condiccedilotildees e seu processo de inclusatildeo
421 As Matildees e suas crianccedilas
A matildee M01 disse que jaacute desconfiava que o filho tivesse autismo e nega ter
ficado surpresa quando teve a notiacutecia poreacutem seu marido ficou muito triste Apoacutes
Participante Tempo de atuaccedilatildeo na
Educaccedilatildeo Tempo de atuaccedilatildeo na
Educaccedilatildeo Infantil Tempo que atende
essa turma
E01 08 anos 01 ano
01 mecircs
E02 04 meses 04 meses
04 meses
E03 05 anos 05 anos
09 meses
E04 04 anos 04 anos
09 meses
E05 01 ano 01 ano
03 meses
E06 10 anos 10 anos 09 meses
E07 09 anos 09 anos
09 meses
E08 02 anos 02 anos
09 meses
E09 03 anos 03 anos
06 meses
76
receber o diagnoacutestico o apoio da equipe que faz o atendimento especializado na
aacuterea de sauacutede foi fundamental para que a aceitaccedilatildeo do pai fosse sendo construiacuteda
A matildee M02 tambeacutem afirmou que jaacute estava preparada em relaccedilatildeo ao
diagnoacutestico do filho pois teve um parto prematuro com vaacuterias intercorrecircncias para a
crianccedila Desse modo desde os primeiros meses fazia um acompanhamento
rigoroso da sauacutede e do desenvolvimento da crianccedila o que culminou em um
diagnoacutestico de paralisia cerebral
Jaacute para a matildee M03 que teve uma gestaccedilatildeo tranquila a notiacutecia de que a filha
tinha uma siacutendrome veio de uma forma um pouco mais complexa
dai veio a pediatra veio e eu nunca vou esquecer a cara daquela japonesa na minha frente Ela olhava pra mim e eu perguntei ela taacute bem doutora E ela respondeu olha bem pra tua filha Ela tem cara de crianccedila normal Aquele dia foi o maior baque O baque foi porque eu tinha receacutem parido tava inchada doiacuteda e tinha tudo isso e dai eu chorei muito
A matildee M04 tambeacutem teve uma experiecircncia negativa em relaccedilatildeo agrave forma como
foi dada a notiacutecia da condiccedilatildeo da filha
foi logo depois do parto [] Fazia seis horas que ela tinha nascido aiacute a estagiaacuteria foi no quarto e perguntou pela paciente do leito tal e disse vocecirc viu que a tua neneacutem eacute deficiente matildee virou as costas e saiu
Para a matildee M04 o fato de ter dito que a filha era deficiente foi o que mais
chocou porque ela supocircs que queria dizer que a crianccedila teria muito mais
necessidade de cuidados Poreacutem quando falaram que era Siacutendrome de Down
como ela jaacute tinha um pouco de conhecimento sobre a situaccedilatildeo entatildeo se sentiu mais
aliviada quanto agraves condiccedilotildees de sua menina
O choque inicial quando os pais recebem a notiacutecia de que seu filho apresenta
alguma alteraccedilatildeo no desenvolvimento eacute natural e para que o impacto de um
diagnoacutestico ou condiccedilatildeo desconhecida possa ser minimizado eacute fundamental que
eles tenham algum tipo de apoio e orientaccedilatildeo (MINETTO 2010 SCHMITERLOumlW e
FERNANDEZ 2004 PRADO 2005)
Tambeacutem haacute que se ter em destaque que a condiccedilatildeo diferenciada do
desenvolvimento e da sauacutede do filho pode gerar tambeacutem problemas no processo de
vinculaccedilatildeo dele com seus pais e isso podem leva-los a desenvolver uma tendecircncia
77
ao isolamento social que limita as experiecircncias do filho (MINETTO 2010 DE
LINARES 2003 GURALNICK 2000)
Desse modo foi possiacutevel verificar que para todas as matildees o que parece ter
sido fundamental no entendimento da condiccedilatildeo de seus filhos foram os apoios
recebidos nos primeiros meses de vida das crianccedilas em acordo com as informaccedilotildees
logo a seguir
A matildee M01 leva o filho em um centro de apoio especializado em autismo no
qual recebe apoio e orientaccedilatildeo de neurologista e de psicoacuteloga Segundo ela
eu me sinto preparada lidando com ele Antes eu ouvia falar mas eu natildeo sabia o que fazer Hoje eu sei o que fazer com ele eu sei como cuidar dele Ele estaacute sendo bem acompanhado Estou preparada para ajuda-lo
A matildee M02 leva o filho para fazer acompanhamento com meacutedico neurologista
desde o nascimento prematuro e sempre teve apoio e orientaccedilatildeo sobre como
proceder com a crianccedila
A matildee M03 disse que logo apoacutes o diagnoacutestico da filha encontrou uma pediatra
que a apoiou logo nos primeiros meses e que indicou um centro de referencia para
os outros atendimentos que eram necessaacuterios assim como tambeacutem indicou uma
associaccedilatildeo especializada em casos como o de sua crianccedila
A matildee M04 logo apoacutes a confirmaccedilatildeo do diagnoacutestico de Sindrome de Down
tambeacutem foi convidada a participar de um centro de referecircncia para essa siacutendrome
tendo conversado com as assistentes sociais o que segundo ela fez toda a
diferenccedila para um melhor entendimento da condiccedilatildeo da filha
No presente estudo as matildees sugerem que estatildeo construindo uma percepccedilatildeo
positiva de seus filhos e mostram-se interessadas pelo desenvolvimento das
crianccedilas poreacutem haacute estudos como o de Castro (2002) que indicam que matildees de
crianccedilas com doenccedilas crocircnicas aparentavam ser menos responsivas quando na
interaccedilatildeo com seus filhos e manifestando uma tendecircncia maior de ter
comportamentos e sentimentos ambivalentes
Para Schmiterloumlw e Fernandez (2004) cada famiacutelia que tem um filho com
alteraccedilotildees em seu desenvolvimento apresenta um modo proacuteprio de lidar com as
condiccedilotildees de sua crianccedila assim como desenvolve necessidades especiacuteficas
portanto atendimentos que visem dar apoio e orientaccedilatildeo familiar natildeo devem ser
homogecircneos
78
Os trechos abaixo satildeo demonstrativos da satisfaccedilatildeo que as matildees
expressaram durante a entrevista ao falarem sobre suas crianccedilas
A matildee M01 diz que seu filho
eacute uma crianccedila feliz Apesar de ele natildeo falar ele tenta se comunicar da melhor forma que ele consegue para pedir as coisas Ele eacute muito feliz carinhoso gosta de carinho gosta de brincar
Para a matildee M02 o filho
eacute muito especial muito carinhoso bonzinho Ele eacute atento a tudo o que a gente conversa se interessa tem muita forccedila de vontade quer aprender as coisas tem muita vontade de andar
Jaacute para a matildee M03 a filha ldquoeacute muito inteligente Hoje de manhatilde eu falei pra
minha matildee como ela taacute linda Taacute espertardquo E para a matildee M04 a crianccedila ldquoeacute muito
esperta maravilha precisa ver Ela brinca se diverte aprende Nossa Ela eacute dezrdquo
Reconhecer as qualidades e potencialidades dos filhos demonstrando
satisfaccedilatildeo nas relaccedilotildees parece ser algo que auxilia a essas matildees a interessarem-se
cada vez por suas crianccedilas o que possivelmente faz essas uacuteltimas sentirem-se
cada vez mais incentivadas em novas aprendizagens (BRAZELTON 1990)
Todas as matildees indicaram que buscam tratar seus filhos como crianccedilas
normais o relato de matildee M01 e de matildee M04 exemplificam bem a posiccedilatildeo delas
Eu sempre vi ele como uma crianccedila normal tanto que eu trato ele como trato as outras filhas Eu converso eu conto as mesmas coisas pra ele nunca quis proteger ele demais porque ele tem que ser independente tambeacutem (M01)
[] desde que eu soube que ela tinha siacutendrome de Down eu pus na minha cabeccedila que eu natildeo iria tratar ela como uma crianccedila deficiente ela natildeo era uma crianccedila deficiente ao menos que realmente fosse (M04)
Em acordo com as afirmaccedilotildees oferecidas por esse grupo de matildees eacute possiacutevel inferir
que ter uma deficiecircncia eacute a falta de algo (braccedilo perna etc) ou algo que natildeo se
modifica mas elas veem que suas crianccedilas podem modificar seu comportamento
logo natildeo satildeo deficientes
As participantes tambeacutem relatam como fazem para saber se o filho estaacute se
desenvolvendo bem e nesse sentido apenas uma matildee afirma ter sido realizada
79
avaliaccedilatildeo de desenvolvimento infantil pela pediatra da crianccedila as trecircs demais o
fazem em comparaccedilatildeo com outras crianccedilas conhecidas
Mas todas consideram que seus filhos estatildeo se desenvolvendo bem para a idade
natildeo apresentando muitas diferenccedilas em relaccedilatildeo a outras crianccedilas da mesma faixa
etaacuteria
Parte dessa avaliaccedilatildeo eacute produto do que observam das transformaccedilotildees oriundas da
participaccedilatildeo das crianccedilas na Educaccedilatildeo Infantil
As matildees informaram se seus filhos participaram de alguma outra instituiccedilatildeo antes de
ir para o CMEI como por exemplo alguma escola especial ou se ficava com a
babaacute
Apenas uma crianccedila frequentou outro atendimento antes de ir para o CMEI
Segundo a matildee a crianccedila frequentou duas escolas especiais A primeira escola tinha
um horaacuterio difiacutecil de levar pois a crianccedila tinha que acordar muito cedo o que
ocasionou a mudanccedila para uma segunda escola especial mais proacutexima da
residecircncia da famiacutelia Contudo nessa segunda instituiccedilatildeo a matildee percebeu que a
crianccedila natildeo estava evoluindo em seu desenvolvimento conforme o esperado O
relato do que foi observado por essa matildee segue indicado abaixo
Dai a fulana regrediu ela soacute queria dormir Entatildeo toda vez que ia pegar ela laacute ela tava sonolenta e molenga Como se tivesse tomado algum remeacutedio Natildeo tinha tomado natildeo tinha sido dopada mas eacute de ficar isolada
A mesma matildee descreve a sala em que sua crianccedila ficava no periacuteodo de
atendimento nessa escola especial ldquo[] a sala era totalmente escura [] fedia a
mofo era toda fechada sem ventilaccedilatildeo []rdquo
Nas informaccedilotildees sobre a participaccedilatildeo da crianccedila no CMEI elas informaram qual o
motivo de ter matriculado a crianccedila na instituiccedilatildeo haacute quanto tempo agrave crianccedila estaacute
participando deste atendimento qual o motivo de ter sido nessa instituiccedilatildeo turma
que a crianccedila frequenta e qual o periacuteodo que a crianccedila permanece diariamente no
CMEI
Apenas matildee M01 e matildee M02 matricularam seus filhos na Educaccedilatildeo Infantil por
indicaccedilatildeo meacutedica as demais o fizeram por outras razotildees
A matildee M02 aleacutem da sugestatildeo meacutedica tambeacutem afirmou que precisava voltar a
trabalhar e o CMEI seria um bom auxiliar nesse sentido
80
A matildee M03 buscou a Educaccedilatildeo Infantil por acreditar que seria bom para sua filha
especialmente porque ldquoela eacute filha uacutenica pra aprender as coisas baacutesicas que a gente
agraves vezes taacute trabalhando o dia todo e dai ela natildeo tem condiccedilotildees de aprenderrdquo
Apenas a matildee M04 decidiu apoacutes a crianccedila ter tido uma experiecircncia em escola
especial que foi considerada negativa pela famiacutelia conforme indicado anteriormente
As demais crianccedilas ficavam em casa aos cuidados de suas famiacutelias antes de
entrarem na Educaccedilatildeo Infantil
Trecircs das matildees escolheram o CMEI por ser proacuteximo da residecircncia da famiacutelia e
apenas uma fez a escolha por indicaccedilatildeo da meacutedica neurologista que atende o filho
Segundo essa matildee a profissional se referiu a instituiccedilatildeo por fazer parte de um
complexo educacional no qual existem vaacuterios casos de inclusatildeo A matildee M02
escolheu pela proximidade mas tambeacutem porque era a uacutenica que tinha berccedilaacuterio
Se em situaccedilotildees como a de deficiecircncia haacute uma espeacutecie de ldquoapagamentordquo do
saber materno em relaccedilatildeo a como criar seu filho e isso pode comprometer o
desenvolvimento da crianccedila e gerar uma sensaccedilatildeo de fragilidade e impotecircncia em
seus pais (ALVES 2007) entatildeo mais do que nunca accedilotildees interventivas que
considerem a famiacutelia tornam-se fundamentais Quanto a isso Mueller (2008) afirma
que eacute necessaacuterio que essas ultrapassem a ideia de orientaccedilatildeo mas passem a
promover efetivamente a accedilatildeo dos pais Essa pesquisadora tambeacutem indica que eacute
necessaacuterio averiguar o que de fato os pais entenderam e se apropriaram das
orientaccedilotildees pois esse eacute fator que parece comprometer a accedilatildeo dos pais com seus
filhos
422 As Professoras do Atendimento Educacional Especializado ndash AEE e a
inclusatildeo das crianccedilas pequenas que estatildeo nos Centros Municipais de
Educaccedilatildeo Infantil ndash CMEIs
As professoras informaram como eacute o trabalho do AEE quanto tempo faz que
estejam trabalhando como professoras do AEE qual a carga horaacuteria que elas
cumprem semanalmente quantos alunos atendem e quais as maiores
especificidades dos atendimentos
81
De modo geral em acordo com os relatos foi possiacutevel perceber que compete
ao professor do AEE a) atender ao alunado foco Educaccedilatildeo Especial que estaacute em
inclusatildeo no ensino regular complementando a aprendizagem b) dar apoio e
orientaccedilotildees sobre o processo de inclusatildeo tanto para a famiacutelia do aluno quanto ao
seu professor no ensino regular c) buscar recursos que visem melhorar o processo
de inclusatildeo desse alunado junto a outros profissionais especialistas e na
comunidade (estabelecer redes de apoios quando necessaacuterio) O que parece estar
em conformidade com o Decreto nordm 761111 e que dispotildee sobre a Educaccedilatildeo
Especial e o Atendimento Educacional Especializado
Segundo a professora P01 a maior especificidade do Atendimento
Educacional Especializado eacute
natildeo ficar no conteuacutedo eacute atingir o desenvolvimento da crianccedila no que ela precisa e para isso precisa ir atraacutes de especialistas trabalhar todo o ambiente tanto de famiacutelia quanto da escola que ela estaacute inserida
A professora P02 afirma que o ldquoAEE trabalha cada especialidade que ela [a
crianccedila] precisa seja visual a fala o que a crianccedila precisardquo
Jaacute P03 relata que o
trabalho no AEE gira em torno entatildeo na escola realiza trabalho aqui na sala tem o apoio a professora do regular e apoio com a famiacutelia No apoio a famiacutelia chama a matildee faz toda aquela triagem preenche todos os relatoacuterios neacute Na escola regular a gente vai ateacute a escola regular conversa com a professora vecirc a dificuldade que a crianccedila tem pra que a gente possa ajuda neacute o que a professora precisa se eacute adaptaccedilatildeo de algum material para que a gente possa taacute nesse sentido
O grupo tambeacutem informou o tempo em que atua no AEE para o Ensino
Fundamental e no AEE para a Educaccedilatildeo Infantil
E desse modo antes de trazer os dados das entrevistadas eacute importante
relatar que Atendimento Educacional Especializado teve seu iniacutecio nesse municiacutepio
como apoio do Ensino Fundamental no ano de 2009 sendo que o atendimento para
a Educaccedilatildeo Infantil soacute comeccedilou em 2011 Logo eacute relevante que se considere a
precocidade do Atendimento Educacional Especializado nessa regiatildeo
82
As professoras atendem atualmente tanto o alunado do Ensino
Fundamental quanto da Educaccedilatildeo Infantil A professora P02 afirma atender a trecircs
anos no AEE e o faz em outra modalidade - especiacutefico para a Estimulaccedilatildeo Visual - e
sempre trabalhou soacute com crianccedilas de pouca idade (Quadro 11)
Quadro 11 - Distribuiccedilatildeo das Professoras do Atendimento Educacional Especializado conforme seu tempo de atuaccedilatildeo como AEE no Ensino Fundamental e na Educaccedilatildeo Infantil
Conforme o quadro acima eacute possiacutevel verificar que o tempo de atuaccedilatildeo
dessas professoras no Atendimento Educacional Especializado estaacute entre 01 e 03
anos O que condiz com o periacuteodo em que este serviccedilo foi implantado na rede de
educaccedilatildeo do municiacutepio em que ocorreu esta pesquisa
Quanto agrave carga horaacuteria que elas cumprem semanalmente e quantos alunos
atendem seguem no quadro 12
Quadro 12- Distribuiccedilatildeo das Professoras do Atendimento Educacional Especializado conforme seu tempo de atuaccedilatildeo como AEE no Ensino Fundamental e na Educaccedilatildeo Infantil
Participantes Carga horaacuteria
semanal
Nordm de Alunos Ensino
Fundamental
Nordm de Alunos Educaccedilatildeo
Infantil
Total de alunos
Faixa etaacuteria atendida
atualmente
P01 20h 01 01 02 03 a 11 anos
P02 20h 05 03 08 02 a 09 anos
P03 40h 13 01 14 02 a 15 anos
P04 40h 17 03 20 02 a 16 anos
Participantes Tempo no AEE ndash E Fundamental Tempo no AEE- Ed Infantil
P01 01 ano 01 ano
P02 03 anos 02 anos
P03 02 anos 01 ano
P04 02 anos 02 anos
83
Haacute nos grupos dos alunos atendidos por essas professoras do AEE uma
grande heterogeneidade de caracteriacutesticas e condiccedilotildees de desenvolvimento e
aprendizado Elas atendem alunos tanto do Ensino Fundamental quanto da
Educaccedilatildeo Infantil e que apresentam Autismo Siacutendrome de Asperger Paralisia
Cerebral Siacutendrome de Moebius Siacutendrome de Down Deficiecircncia Intelectual entre
outros
Quanto as maiores diferenccedilas entre o Atendimento Educacional Especializado
ndash AEE para o Ensino Fundamental e o AEE direcionado para a Educaccedilatildeo Infantil
elas indicaram (Quadro 13)
Quadro 13 ndash Distribuiccedilatildeo das maiores especificidades do Atendimento Educacional Especializado para a Educaccedilatildeo Infantil e para o Ensino Fundamental
Para a P02 as maiores diferenccedilas satildeo os materiais e o tipo de brinquedos
que satildeo usados P03 afirmou que o atendimento do AEE para a Educaccedilatildeo Infantil
se baseia em atividades de estimulaccedilatildeo essencial e que estaacute
buscando muito na internet em ver que tipo de atividade pode ajudar ele em relaccedilatildeo a material para que me ajude porque na Educaccedilatildeo Infantil eu natildeo tenho experiecircncia porque a gente a gente como professora de Ensino Fundamental a gente pensa logo no pedagoacutegico no ensinar
Participantes
Educaccedilatildeo Infantil
Ensino Fundamental
P01
Atividades voltadas ao corpo para o
desenvolvimento para a socializaccedilatildeo para o
brincar e para a fantasia
Atividades escolares mais complexas
P02 Natildeo usa laacutepis trabalha mais com o estiacutemulo
Usa mais materiais usa alguns materiais escolares
P03 Estimulaccedilatildeo Essencial Trabalha as dificuldades do aluno por meio
de jogos usa bastante o computador tambeacutem precisa adaptar material
P04
Estimulaccedilatildeo encaixes circuitos para
engatinhar jogos de imitaccedilatildeo
Aacuterea de alfabetizaccedilatildeo atividades psicomotoras e orientaccedilotildees atividades para
aprimorar o comportamento dos alunos
84
Elas caracterizaram o trabalho com a crianccedila foco da pesquisa para isso
informaram haacute quanto tempo atendiam a crianccedila foco da pesquisa no Atendimento
Educacional Especializado e como era o atendimento a esse aluno (Quadro 14)
Quadro 14 ndash Distribuiccedilatildeo das Professoras do Atendimento Educacional Especializado conforme tempo em que atendem a crianccedila pequena foco da pesquisa frequecircncia e duraccedilatildeo do atendimento ao aluno
Em termos de frequecircncia semanal ao serviccedilo de AEE percebe-se que este se
organiza em curtos momentos o que sugere duas questotildees ao menos A primeira eacute
a da necessidade de que haja um planejamento bem definido em relaccedilatildeo agraves
condiccedilotildees de cada crianccedila de modo que se aproveite ao maacuteximo esse curto espaccedilo
de tempo de atendimento E a segunda questatildeo eacute em relaccedilatildeo agrave relevacircncia que
estar na Educaccedilatildeo Infantil passa a ter para o desenvolvimento global dessas
crianccedilas pois entre os trecircs contextos relacionados no presente estudo (familiar AEE
e CMEI) eacute no CMEI que elas passam a maior parte de seu tempo
De modo geral as professoras indicam que buscam constantemente adequar
as atividades agraves necessidades individuais do alunado para tal procuram estruturar
seu planejamento em jogos e brincadeiras O caraacuteter luacutedico das atividades tambeacutem
se torna um elemento para diferenciar o AEE das aulas de reforccedilo e das aulas
regulares
Todas as professoras fazem planejamentos semanais e afirmam procurar
avaliar o desempenho da crianccedila dia a dia por meio do que foi alcanccedilado ou natildeo e
frente aos objetivos estabelecidos individualmente
Diante do aspecto novo e diferenciado que o AEE para a Educaccedilatildeo Infantil
apresenta para essas professoras foi questionado o que elas pensaram quando
souberam que iriam atender essas crianccedilas pequenas E apoacutes o periacuteodo de
Participante Tempo em que atende a crianccedila pequena foco da
pesquisa
Frequecircncia e Duraccedilatildeo do Atendimento
P01 8 meses 1x semana 2 horas
P02 7 meses 2x semana 1 hora
P03 4 meses 1 x semana 1 hora
P04 4 semanas 1 x semana 1 hora
85
atendimento e relaccedilatildeo com essas crianccedilas como se sentem ao atendecirc-las (Quadro
15)
Quadro 15 ndash Distribuiccedilatildeo das Professoras conforme suas concepccedilotildees antes de atender a crianccedila e apoacutes o periacuteodo em que atende o aluno que estaacute em inclusatildeo
Trecircs das professoras demostraram ter sentido grande preocupaccedilatildeo com o
fato de ter que atender uma crianccedila pequena
Uma delas afirmou que se sentiu feliz pois jaacute estava acostumada a atender
crianccedilas pequenas e viu no novo aluno uma oportunidade de aprender mais
Todas as professoras relataram que ao serem informadas sobre as crianccedilas
pequenas que iriam atender buscaram informaccedilotildees pertinentes agrave condiccedilatildeo da
crianccedila e sobre ideias para as atividades
A participante P03 justifica sua primeira impressatildeo
Ai com bastante medo sinceramente com bastante medo Eu natildeo tinha tido experiecircncia com crianccedila pequena ainda mais com berccedilaacuterio Minha experiecircncia toda era no Ensino Fundamental com crianccedilas maiores e que praticamente natildeo possuiacuteam dificuldade neacute
Outra professora indica o mesmo tipo de preocupaccedilatildeo ldquoAi eu fiquei
desesperada O que eu vou trabalhar Eu soacute tenho a praacutetica do Fundamentalrdquo (P04)
Apoacutes conhecer e atender a crianccedila a opiniatildeo das professoras modificou-se
Os relatos das professoras indicam que estatildeo se sentindo mais seguras muito
embora sua funccedilatildeo no AEE da Educaccedilatildeo Infantil ainda esteja sendo delineada e
restem duacutevidas e anseios
Participante Antes de atender a crianccedila Atualmente
P01 Afirma que natildeo sabia como ia
trabalhar Sente-se orgulhosa do trabalho e da
evoluccedilatildeo do aluno
P02 Sentiu-se feliz porque percebeu
que era um desafio
Sente-se feliz e diz que eacute gratificante perceber o trabalho realizado e a evoluccedilatildeo
do aluno
P03 Sentiu medo Sente-se mais segura
P04 Ficou desesperada Sente-se mais tranquila
86
O relato da professora P04 eacute muito interessante e faz lembrar que elas estatildeo
tambeacutem construindo sua identidade como professora do Atendimento Educacional
Especializado voltado para a Educaccedilatildeo Infantil o que traz questotildees e anseios muito
proacuteprios
agora estou mais tranquila porque assim ateacute entatildeo eu via assim meu Deus Eu tocirc perdendo a funccedilatildeo de professora Estou perdendo a funccedilatildeo de professora porque no AEE a gente trabalha com as habilidades natildeo eacute muito aquilo do conteuacutedo propriamente escrito ali Daiacute eu pensei tocirc perdendo minha funccedilatildeo de professora natildeo tocirc tendo minha funccedilatildeo de professora agora porque eu tenho que brincar com essa crianccedila tenho que ensinar a engatinhar tenho que estimular ela (P04)
Apoacutes perceber qual seria o seu trabalho com a crianccedila pequena sua visatildeo
modificou-se
agora natildeo agora eu tocirc mais tranquila natildeo me preocupo muito com as outras pessoas vai falar Que a minha preocupaccedilatildeo tambeacutem era assim poxa minha amiga vai falar essa professora natildeo taacute trabalhando ela taacute brincando Entatildeo eu tinha uma visatildeo assim do que os outros iam pensar do meu trabalho Hoje em dia natildeo Se entra uma pessoa assim e eu tocirc brincando ali com a crianccedila eu continuo fazendo o que tocirc fazendo Antes ateacute que eu meio que dava uma disfarccedilada (P04)
Devido agrave forma de trabalhar outra professora traacutes um relato que
complementa esse uacuteltimo
acho que o professor do AEE para Educaccedilatildeo Infantil tem que ter muita dedicaccedilatildeo mas agraves vezes a gente escuta que o professor do AEE natildeo faz nada neacute Porque cada aluno tem um horaacuterio temos muitos horaacuterios livres mas tem que ter muita dedicaccedilatildeo tem que ter empenho tem que buscar o conhecimento (P03)
Tambeacutem foi solicitado que as profissionais indicassem como fazem para
saber se a crianccedila em inclusatildeo estaacute se desenvolvendo bem E em resposta todas
as professoras relatam que buscam perceber o desenvolvimento dos alunos por
meio da comparaccedilatildeo do desempenho da crianccedila desde o momento em que iniciou
seu atendimento no AEE ateacute o presente
Usam como referecircncias as conversas com as matildees das crianccedilas com as
educadoras e seus proacuteprios apontamentos e agraves vezes orientaccedilotildees dos
especialistas que atendem as crianccedilas Tais referecircncias natildeo satildeo diferentes das
tambeacutem evidenciadas e utilizadas por educadoras de CMEIS (SOUZA 2008)
Contudo pensa-se que pelas especificidades do trabalho das professoras do
Atendimento Educacional Especializado urge que estas profissionais tenham
87
maiores recursos para avaliar acompanhar e promover o desenvolvimento de
crianccedilas com necessidades especiais
Sobre a falta de um paracircmetro para avaliar o desenvolvimento infantil a
professora P01 informa
agora diante de todo esse aprendizado a gente - todos do AEE ndash vai se juntar e vai montar dentro do Desenvolvimento Infantil o que eacute conveniente para aquela idade e o que natildeo eacute A gente natildeo tem esse paracircmetro anda porque tudo para noacutes estaacute sendo esse ano um experimento
A falta de paracircmetros para avaliar e acompanhar o desenvolvimento na
primeira infacircncia parece natildeo ser exclusividade das professoras e educadoras da
presente pesquisa conforme jaacute relatado por Souza (2008) Soejima (2008) e
Bolsanello e Soejima (2012) Contudo ao se considerar que o Atendimento
Educacional Especializado pode ser aproveitado como parte de um processo ou
programa de intervenccedilatildeo precoce para as crianccedilas que tecircm deficiecircncias entatildeo seria
indispensaacutevel que se estabelecesse meios de avaliar acompanhar e intervir no
desenvolvimento infantil conforme jaacute evidenciado por autores como Juan ndash Vera e
Peacuterez-Lopez (2009) e Moragas (2009)
Ao serem convidadas a comentar como se daacute o trabalho com essas crianccedilas
pequenas elas tambeacutem indicaram ter uma percepccedilatildeo positiva das crianccedilas que
atendem salientando em seus relatos avanccedilos e qualidades dos seus alunos
A professora P01 conta que atende uma crianccedila com autismo e pela
especificidade precisou fazer um curso para se orientar em como trabalhar Apoacutes
esse curso afirma que sua visatildeo do que a crianccedila precisava para aprender se
modificou e que conseguiu alcanccedilar mais ecircxito em seus objetivos Ela tambeacutem conta
que apoacutes a formaccedilatildeo conseguiu auxiliar mais as educadoras que atende a crianccedila
no CMEI Seu trabalho com esse aluno eacute mais voltado para a adequaccedilatildeo
comportamental pois segundo ela o mesmo passava muito tempo dormindo na
creche ainda usando fraldas chupeta praticamente natildeo fazendo atividades
dirigidas Essa professora tambeacutem construiu rotinas para a crianccedila ficar mais
orientada no que se esperava dela assim como introduziu vaacuterias atividades
pedagoacutegicas todas baseadas na proposta curricular do municiacutepio
Jaacute a professora P02 trabalha apenas com reeducaccedilatildeo e estimulaccedilatildeo visual
Segundo ela trabalha em sala escura com luzes coloridas pareamento de figuras
88
com pranchas objetos coloridos objetos musicais sempre focando nos aspectos
psicomotores
No relatado da professora P03 evidencia-se que esta fez pouco contato com a
crianccedila pois ele estava afastado por questotildees de sauacutede Mas que seu atendimento
nesse momento de desenvolvimento do aluno eacute mais voltado para a estimulaccedilatildeo
essencial
Segundo a professora P04 seu trabalho se baseia em atividades de
estimulaccedilatildeo essencial Quando questionada sobre onde ela busca embasamento
para trabalhar com estimulaccedilatildeo essencial essa professora afirmou que aleacutem de
algumas orientaccedilotildees da equipe da Educaccedilatildeo Especial fez bastante pesquisa na
internet Contudo tambeacutem demonstrou em seu relato natildeo saber muito bem como eacute
um atendimento de estimulaccedilatildeo essencial
natildeo natildeo eu natildeo tive (formaccedilatildeo sobre estimulaccedilatildeo essencial) Eu natildeo tive preparaccedilatildeo alguma para atender assim com a Educaccedilatildeo Infantil por isso que eu fiquei desesperada A gente faz curso vai se preparando mas com crianccedilas pequenas natildeo Dai eu acho que eu faccedilo estimulaccedilatildeo mas natildeo sei dizer bem certo se eacute assim Porque quando eu recebi ela (crianccedila) era pra trabalhar com ela estimulaccedilatildeo dai eu fui pesquisar peguei alguns negoacutecios nas informaccedilotildees que eu peguei na internet eacute estimulaccedilatildeo precoce Eacute o que eu sei (P04)
Conforme os relatos sobre os atendimentos percebeu-se que todas as
crianccedilas satildeo trabalhadas individualmente tendo um plano de trabalho elaborado
especificamente e de acordo com as caracteriacutesticas pessoais e cada uma
As crianccedilas que fazem parte do grupo desse estudo precisam deslocar-se do
CMEI de origem ateacute a escola em que estaacute locada a Sala de Recursos Multifuncional
(espaccedilo em que ocorre o Atendimento Educacional Especializado) De modo geral
as Salas de Recursos Multifuncionais podem ser alocadas tanto em CMEIs quanto
em Escolas Regulares No caso dessa pesquisa todas as crianccedilas frequentam
Salas que estatildeo lotadas fora de seus CMEIs
Em conformidade com informaccedilotildees jaacute fornecidas tambeacutem faz parte das
atribuiccedilotildees dessas professoras o contato com os responsaacuteveis pela crianccedila com as
educadoras que a atendem nos CMEIs e especialistas Pelos relatos entende-se
que costumeiramente todas as professoras fazem contato com as matildees e com as
educadoras da crianccedila para estabelecer as questotildees mais pertinentes no momento
apoacutes essas conversas iniciais os demais encontros satildeo realizados conforme
89
necessidade O contato com os demais especialistas que atendem a crianccedila
tambeacutem eacute estabelecido de acordo com as condiccedilotildees do aluno
423 As educadoras e as crianccedilas pequenas que estatildeo em inclusatildeo
As Educadoras entrevistadas informaram em qual turma trabalham a faixa
etaacuteria que atendem e a quantidade de alunos matriculados por turma
O quadro abaixo (Quadro 16) ilustra a distribuiccedilatildeo das Educadoras conforme
as turmas que atendem atualmente a faixa etaacuteria da turma em que trabalham e
quantidade de alunos matriculados
Quadro 16 ndash Distribuiccedilatildeo das Educadoras conforme turmas que atendem faixa etaacuteria da turma e quantidade de alunos por turma
Todas as Educadoras dividem o atendimento da turma com outras
profissionais sendo que segundo elas todas que atendem numa mesma turma tecircm
as mesmas atribuiccedilotildees e responsabilidades em relaccedilatildeo agraves crianccedilas Logo percebe-
se que a distribuiccedilatildeo das educadoras eacute
Participante Turma que
atende Faixa etaacuteria da
turma
Quantidade de
alunos por turma
E01 M1 1a e 8m a 2 anos 24
E02 M1 1a e 8m a 2 anos 24
E03 M1 1a e 8m a 2 anos 24
E04 B2 8meses a 1a e 8m 19
E05 M1 1a e 8m a 2 anos 24
E06 M2 2 a 3 anos 24
E07 M2 2 a 3 anos 24
E08 B2 8meses a 1a e 8m 19
E09 B2 8meses a 1a e 8m 19
90
- Turma de Berccedilaacuterio = 03 Educadoras por turma
- Turma de Maternal = 02 Educadoras por turma
Durante as entrevistas observou-se que natildeo eacute rara a consideraccedilatildeo de que
nas turmas em grande numero de alunos podem ocorrer limitaccedilotildees no processo de
inclusatildeo de crianccedilas pequenas com necessidades especiais
A relaccedilatildeo quantidade de crianccedilas em turma por educadora tambeacutem eacute algo a
ser considerado quando se pensa em proporcionar um serviccedilo com qualidade e com
vistas agrave promoccedilatildeo do desenvolvimento e melhor desempenho da educadora
(LORDELO et al 2007) Brazelton (2002) ao fazer referecircncia agrave relaccedilatildeo quantidade
de crianccedilas por educadora afirma que esta deveria ser a seguinte 03 a 04 crianccedilas
para cada educadora quando estiverem atendendo bebecircs de 04 crianccedilas por
educadora quando os pequenos estiverem aprendendo a andar e entre 06 a 08
crianccedilas (quando forem maiores de 03 anos) por educadora
Todas relataram que possuem horaacuterio semanal para planejamento das
atividades da turma Cada grupo de Educadora tem sua forma de organizar o
planejamento mas elas foram unacircnimes em dizer que natildeo fazem planejamento
diferenciado em decorrecircncia de terem uma crianccedila em inclusatildeo em suas turmas O
que ocorre eacute que no dia a dia cada Educadora tenta adaptar a praacutetica
anteriormente planejada Para tal levam em conta as condiccedilotildees da crianccedila no
momento da aplicaccedilatildeo da atividade
A Educadora E03 afirma que fez um curso sobre inclusatildeo e que nele foi
orientada que natildeo havia necessidade de estabelecer um planejamento com
objetivos especiacuteficos para a crianccedila foco da inclusatildeo Contudo ela diz que natildeo
saberia como mudar os objetivos
Jaacute a educadora E05 justifica que natildeo consegue fazer atividades diferenciadas
e que como se trabalha muito
com picote com colagem movimento danccedila a parte de equiliacutebrio e como ela (a crianccedila em inclusatildeo) natildeo fica em peacute entatildeo ela natildeo pode participar dessas () Entatildeo a gente tenta a gente coloca ela mas natildeo tem o resultado que a gente espera() a gente natildeo sabe como adaptar pra ela o planejamento Natildeo tem nada diferenciado pra ela
Diante desses dados pode-se inferir que o processo inclusivo da crianccedila
pequena no CMEI falha em se constituir como tal pois foge em vaacuterias instacircncias aos
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princiacutepios baacutesicos do que se considera uma educaccedilatildeo ldquopara todosrdquo tal como
preconizado por autores como Alves (2008) Carvalho (2009) e Oliveira (2010) os
quais ilustram que promover as mesmas oportunidades para os alunos natildeo significa
que todos deveratildeo ser atendidos de forma homogecircnea Pensa-se nesse sentido
que a falta de um planejamento que seja coerente com as caracteriacutesticas das
crianccedilas que estatildeo em inclusatildeo coloca em risco a atenccedilatildeo agraves suas necessidades e
pode contribuir para que haja exclusatildeo e isolamento desse alunado
Todas as Educadoras relataram de forma geral como eacute sua rotina de
trabalho no CMEI demonstrando um cotidiano dividido entre atividades de
alimentaccedilatildeo higiene atividades com cunho pedagoacutegico e brincadeiras Mesmo natildeo
fazendo um plano de trabalho especiacutefico para as crianccedilas que estatildeo em inclusatildeo as
Educadoras afirmam que tentam na praacutetica diaacuteria aplicar algumas atividades e
brincadeiras diferenciadas em conformidade com o que percebem que eacute necessaacuterio
no momento da crianccedila mas nem sempre sabem o que eacute preciso para o aluno que
natildeo raro usam de seus ldquoinstintosrdquo
a gente faz e estaacute fazendo meio que trabalho instintivo a gente acha que eacute bom para ele (aluno) e a gente vai laacute e faz porque natildeo tem rumo ele taacute num mar e a gente tem que velejar para algum lugar (E08)
Tambeacutem ao falarem sobre a rotina de trabalho em vaacuterias situaccedilotildees ao longo
dos relatos as entrevistadas apontaram que esta eacute exaustiva e que eacute difiacutecil dar
atenccedilatildeo individualizada agrave crianccedila em inclusatildeo
entatildeo eacute bem corrido tem umas crianccedilas que natildeo se adaptaram ainda Entatildeo eacute difiacutecil duas soacute darem da inclusiva (crianccedila) mais dos natildeo adaptados mais das vinte (crianccedilas) (E05)
Seis das participantes ao falarem das crianccedilas que atendem destacam as
caracteriacutesticas positivas do aluno e seus avanccedilos Ainda ao relatarem as
especificidades demonstram saber pouco sobre as condiccedilotildees da populaccedilatildeo que
atendem e ressaltam que percebem esse alunado de inclusatildeo como ldquocrianccedilas
normaisrdquo ou ldquopouco diferentesrdquo dos demais educandos
ela eacute muito alegre muito alegre ela eacute uma crianccedila muito esperta muito atenta muito atenta mesmo[] Ela eacute normal normal natildeo eacute a palavra mas ela acompanha ela tem os mesmos interesses que as crianccedilas da mesma idade (E01)
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Da mesma forma a Educadora E02 diz natildeo saber exatamente ldquoo grau da
siacutendrome delardquo Faz afirmaccedilotildees positivas sobre a crianccedila e afirma que natildeo haacute
diferenccedilas entre essa crianccedila e as demais da turma
a gente percebe que natildeo eacute uma siacutendrome muito grave entatildeo a gente trata ela normalmente
Trecircs das Educadoras fazem destaque para as dificuldades das crianccedilas que
atendem afirmando que tiveram evoluccedilatildeo na aprendizagem mas que haacute muitos
empecilhos no atendimento a esses alunos
A Educadora E04 ressalta as dificuldades da crianccedila e de tecirc-la em sala de
aula
ele entrou em sala e natildeo foi colocado uma professora para dar atenccedilatildeo especial para ele agraves vezes a gente natildeo consegue dar atenccedilatildeo especial para ele Ele eacute tratado como os demais
Tambeacutem a Educadora E08 descreve as dificuldades da crianccedila e afirma que
se sentiu como uma ldquomatildee de primeira viagemrdquo quando o segurou no colo pela
primeira vez Segundo ela ldquonatildeo tem muito o que fazer com elerdquo
Em face agraves informaccedilotildees dessas participantes lembra-se que Drago (2011)
ao falar em relaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo infantil considera que apesar de tantos avanccedilos
ainda eacute possiacutevel encontrar muitos entraves que a caracterizam como uma educaccedilatildeo
um tanto quanto vazia de sentido como se ainda permanecesse a ideia de
educaccedilatildeo compensatoacuteria e junto a isso se percebe que o processo de inclusatildeo
ainda eacute bastante mal compreendido nessa faixa etaacuteria Diante disso como fazer uma
turma que tem alunos em inclusatildeo tornar-se verdadeiramente inclusiva Em
resposta acredita-se necessaacuterio o que Zorteacutea (2007) afirma e leva a pensar que
viabilizar a inclusatildeo pressupotildee um espaccedilo escolar que repense seus modos e meios
de existir de forma permanente
Ainda foi perguntado agraves Educadoras haacute quanto tempo atendiam a crianccedila
que estaacute em inclusatildeo (Quadro 17)
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Quadro 17 ndash Distribuiccedilatildeo das Educadoras conforme o tempo em que
atendem a crianccedila que estaacute em inclusatildeo
Dado o tempo em que elas as atendiam foi tambeacutem solicitado que
comentassem o que pensaram quando souberam que iriam atender uma crianccedila de
inclusatildeo e o que sentem depois de tecirc-las conhecido e atendido (Quadro 18)
Quadro 18 - Distribuiccedilatildeo das Educadoras conforme suas concepccedilotildees antes de atender a crianccedila e apoacutes o periacuteodo em que atende o aluno que estaacute em inclusatildeo
Participante
Antes de atender a crianccedila Atualmente
E01 Sentiu-se bem por jaacute conhecer o caso
Sente-se bem
E02 Sentiu-se assustada Sente-se mais tranquila
E03 Sentiu-se feliz porque percebeu que era um desafio
Sente-se ainda insegura
E04 Sentiu-se assustada Sente-se contente com a evoluccedilatildeo da crianccedila
E05 Sentiu-se apavorada Sente-se triste
E06 Sentiu-se apreensiva Sente-se gratificada com a evoluccedilatildeo da crianccedila
E07 Sentiu medo Sente-se medo e inseguranccedila
E08 Sentiu-se apavorada Sente-se mais segura
E09 Sentiu-se assustada Sente-se mais tranquila mas ainda tem medo de atender a crianccedila quando estaacute sozinha
Participantes A quanto tempo
atende essa crianccedila
E01 1 mecircs
E02 4 meses
E03 9 meses
E04 9 meses
E05 3 meses
E06 9 meses
E07 9 meses
E08 9 meses
E09 6 meses
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A grande maioria das participantes relatou que natildeo se sentiu muito
confortaacutevel quando soube que iria atender uma crianccedila de inclusatildeo em sua turma
Sentiram-se com medo assustadas e apavoradas Foram os sentimentos mais
considerados por elas A seguir apresentam-se alguns exemplos de relatos
A Educadora E02 afirma ter ficado assustada e pensou
fiquei assim o que a gente vai fazer neacute Com todo mundo como que a gente vai desempenhar o trabalho Pedagoacutegico o que a gente vai fazer Dai depois a gente foi vendo tentando adaptar mas pelo grau de deficiecircncia dela assim que era tatildeo gritante ela se desenvolveu muito bem neacute
Outra Educadora que tambeacutem afirmou ter ficado assustada justifica esse
sentimento pelo fato de ter muitas crianccedilas na turma e por natildeo ter espaccedilo para
trabalhar com a crianccedila especial Ainda afirma
ele precisa de amparo de atenccedilatildeo especiacutefica para o desenvolvimento dele Se eu dou atenccedilatildeo pra ele eu tenho que virar as costas para outros dezoito alunos (E04)
Vale destacar a percepccedilatildeo da Educadora E06 que disse ter ficado
apreensiva porque outras Educadoras falaram que crianccedilas com autismo satildeo
agressivas e violentas
Apenas duas Educadoras afirmaram que sentiram bem uma porque jaacute
conhecia o caso e a outra porque percebeu que poderia ter uma grande
oportunidade de aprendizado
Dentre o modo como se sentem atualmente quatro Educadoras ainda se
manifestaram de alguma forma desconfortaacuteveis com o que vem acontecendo no
atendimento e por conta disso revelam sentir medo inseguranccedila tristeza As
demais afirmaram que modificaram seu pensamento em relaccedilatildeo agrave crianccedila foco da
pesquisa
Merece destaque especialmente a fala das Educadoras E01 E03 e E05 que
afirmam respectivamente que se sente bem em atender a crianccedila mas se percebe
um pouco desamparada e limitada em relaccedilatildeo a atender as necessidades dela diz
sentir falta de ajuda e acredita que poderia ter feito muito mais pela aluna diz que
se sente triste porque natildeo consegue fazer com que a crianccedila evolua da forma
correta
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Acredita-se que tais sentimentos poderiam ser minimizados diante de um
trabalho efetivamente feito em conjunto com os serviccedilos do Atendimento
Educacional Especializado o qual poderia servir entre outras coisas a construccedilatildeo
de estrateacutegias que sirvam de suporte para todos os envolvidos no processo inclusivo
- crianccedilas famiacutelias educadoras professoras comunidade entre outros
(BENINCASA 2011)
Entendendo que o processo de inclusatildeo tambeacutem serve agrave promoccedilatildeo do
desenvolvimento infantil foi questionado como elas faziam para saber se essa
crianccedila estava se desenvolvendo
E nesse sentido as Educadoras trouxeram em seus relatos diferentes modos
pelos quais acompanham e avaliam o desenvolvimento das crianccedilas foco do
processo inclusivo entre os quais se destacam a comparaccedilatildeo com as demais
crianccedilas da turma (E01 e E02) em acordo com a execuccedilatildeo das atividades propostas
para a turma (E03 e E04) conforme alteraccedilotildees no comportamento ocorridas durante
o periacuteodo em que o aluno estaacute em inclusatildeo (E05 E06 e E09) e por fim seguindo
ldquoinstinto maternordquo (E04)
Merece destaque as consideraccedilotildees da Educadora E04 ao dizer que por ser
matildee percebe como seu aluno em inclusatildeo se desenvolve Ela diz que as
educadoras que natildeo satildeo matildees provavelmente natildeo percebam o desenvolvimento do
aluno como ela percebe Consideremos a afirmaccedilatildeo da Educadora E05 por
exemplo que avalia o desenvolvimento por meio da visualizaccedilatildeo das alteraccedilotildees de
comportamento que a crianccedila manifesta antes era ldquotiacutemidardquo e agora eacute ldquoagressivardquo
Mas salienta ldquoa gente natildeo tem conhecimento se 2 anos que eacute o caso dela se taacute
desenvolvido ou natildeo se taacute bem ou natildeo taacuterdquo
As Educadoras satildeo unacircnimes em falar que aplicam as mesmas atividades
para toda a turma com rariacutessimos momentos em que conseguem adequar
totalmente uma atividade exclusivamente para a crianccedila que estaacute em inclusatildeo Elas
chamam atenccedilatildeo para o fato de que esses alunos seguem a rotina da turma sem
grandes problemas e que a relaccedilatildeo com o restante da turma eacute o ponto forte da
estimulaccedilatildeo da aprendizagem desse alunado que apresenta dificuldades
Se por um lado elas se sentem bem com o fato de a crianccedila acompanhar
grande parte das atividades da turma por outro haacute relatos em que se mostram
incomodadas por natildeo poderem dar a atenccedilatildeo necessaacuteria para a individualidade dos
alunos em inclusatildeo
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A Educadora E03 afirma que a crianccedila que estaacute em inclusatildeo entra na
atividade como as outras pois natildeo apresenta muita dificuldade em acompanhar os
demais Inclusive a Educadora sugere que a aluna aprende muito com o estiacutemulo
originado espontaneamente nas relaccedilotildees com o restante da turma e comenta
eacute na convivecircncia com as outras crianccedilas que eu tocirc vendo que ela evolui bem mais do que se eu intervir em alguma coisa
Jaacute a Educadora E08 fala que elas estatildeo bem felizes com o desenvolvimento
do aluno e que fazem um trabalho ldquomeio instintivordquo imaginam o que pode ser bom
para a crianccedila e aplicam porque segundo ela ldquonatildeo tem rumo ele estaacute num mar e a
gente tem que velejar para algum lugarrdquo E de um modo geral as atividades satildeo as
mesmas para todas as crianccedilas Ela afirma tambeacutem que percebe que o maior
estiacutemulo para o aluno que atende natildeo estaacute vindo das atividades diretamente mas
das outras crianccedilas Ela conta que
eles chamam ele pra brincar pegam o brinquedinho eles pegam o brinquedinho e levam pra ele brincar() Eles ajudam muito tanto que a parte do balbuciar (que o aluno aprendeu) eacute porque eles estatildeo falando muito eles vatildeo falam com ele e ele fala tambeacutem ele responde
43 Seccedilatildeo 03 Processo Inclusivo na Educaccedilatildeo Infantil
Esta parte do estudo tem como base o conjunto de informaccedilotildees relatadas
pelas participantes e que versam sobre a) o significado da inclusatildeo b) o motivo da
inclusatildeo c) a opiniatildeo dos participantes a respeito da inclusatildeo d) como deveriam ser
as Educadoras e os Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil - CMEIs para atender
bem ao processo inclusivo e) como a famiacutelia pode ajudar no processo de inclusatildeo
f) como a professora do Atendimento Educacional Especializado - AEE pode
contribuir para a inclusatildeo g) referecircncias e apoios utilizados e indicados para que o
processo inclusivo ocorra com qualidade h) se os Centros Municipais de Educaccedilatildeo
Infantil - CMEIs e as Educadoras estatildeo preparados para o processo inclusivo i)
como se daacute a participaccedilatildeo das famiacutelias atualmente j) vantagens e desvantagens do
processo inclusivo no Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil - CMEI e k)
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comentaacuterio e sugestotildees para melhorar o processo inclusivo nos Centros Municipais
de Educaccedilatildeo Infantil - CMEIs
Esses dados foram organizados em seis grandes eixos em conformidade com
os objetivos especiacuteficos da pesquisa a saber 431 Concepccedilotildees dos Participantes
sobre o Processo Inclusivo 432 Participaccedilatildeo no Processo Inclusivo 433
Avaliaccedilatildeo do Processo Inclusivo 434 Referecircncias e Apoios utilizados e indicados
para que o Processo Inclusivo ocorra com qualidade 435 Vantagens e
Desvantagens do Processo Inclusivo e 436 Sugestotildees e Comentaacuterios visando a
melhoria do Processo Inclusivo na Educaccedilatildeo Infantil
431 Concepccedilotildees dos Participantes sobre o Processo Inclusivo
Quando se questiona o que significa falar que a crianccedila estaacute em inclusatildeo eacute
possiacutevel perceber que o processo em si natildeo se mostra bem claro para as
participantes do estudo
As matildees datildeo ecircnfase no sentido de que estar em inclusatildeo eacute estar com
crianccedilas normais jaacute as professoras do Atendimento Educacional Especializado -
AEE e as educadoras demonstram menos homogeneidade nas respostas
Nas informaccedilotildees ofertadas pelas matildees foi possiacutevel evidenciar que o
significado de a crianccedila estar em inclusatildeo estaacute mais relacionado a
- Chance de estar com crianccedilas da mesma idade e de aprender coisas que natildeo
aprende em casa
- Estar com crianccedilas normais
- Refere-se agrave outra escolinha (ao Atendimento Educacional Especializado)
Nas respostas maternas que indicam que estar em inclusatildeo eacute estar com os
ldquonormaisrdquo elas demonstram que eacute o mesmo que estar com crianccedilas da mesma faixa
etaacuteria O que parece reduzir em muito a amplitude do que o fato pode representar
natildeo para as matildees e profissionais da educaccedilatildeo mas e principalmente para a
crianccedila que estaacute em inclusatildeo Longe de ter uma conotaccedilatildeo pejorativa os relatos
enfatizam que ldquoestar com os normaisrdquo eacute tambeacutem poder ter acesso a aprendizagens e
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oportunidades de experiecircncias mais proacuteximas agraves adequadas e esperadas para a
faixa etaacuteria das crianccedilas Essa percepccedilatildeo materna parecer ter sido construiacuteda junto
aos proacuteprios motivos e objetivos pelos quais elas matricularam seus filhos nos
CMEIs estar com crianccedilas da mesma idade
A Matildee 03 salienta que ldquoa gente costuma falar que o CMEI deixou de ser
depoacutesito pra ser lugar de aprendizadordquo
Jaacute a Matildee 01 reforccedila a noccedilatildeo de que estar em inclusatildeo eacute ldquoestar com pessoas
normaisrdquo ao afirmar que um dos motivos da inclusatildeo de crianccedilas pequenas eacute que
elas precisam de estiacutemulos e que eacute necessaacuterio ldquobuscar esse estiacutemulo entre os
normaisrdquo
Como jaacute afirmado acima no relato das profissionais (Educadoras dos Centros
Municipais de Educaccedilatildeo Infantil e Professoras do Atendimento Educacional
Especializado) natildeo haacute homogeneidade na percepccedilatildeo do que significa estar em
inclusatildeo
Entre as Educadoras haacute uma tendecircncia de em semelhanccedila agraves matildees
afirmarem que estar em inclusatildeo eacute ldquoestar com normaisrdquo mas tambeacutem haacute aquelas
que dizem que eacute atender a crianccedila especial em sua particularidade e aquelas que
natildeo acreditam que o que estaacute ocorrendo seja inclusatildeo pelas condiccedilotildees precaacuterias
que percebem Logo o significado de afirmar que essa crianccedila estaacute em inclusatildeo
para o grupo das Educadoras eacute
- Estar com crianccedilas da mesma faixa etaacuteria
- Que o aluno eacute visto como uma crianccedila normal
- Estar com crianccedilas normais
- Tratar a crianccedila em sua particularidade
- Que o aluno natildeo seraacute tratado como diferente
- Significa responsabilidade
- Que a crianccedila estaacute ldquomisturadardquo com os demais
A maioria dos relatos evidencia certa tendecircncia em relacionar estar em inclusatildeo com
aspectos sociais e a natildeo diferenciaccedilatildeo do atendimento a esse alunado Os relatos
em destaque ilustram essas concepccedilotildees
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Que ele estaacute inserido na sala que ele natildeo estaacute sendo tratado diferente que ele participa das atividades e faz parte do grupo apesar das dificuldades (E04)
Que ele estaacute dentro de uma sala com crianccedilas relativamente da mesma idade participando das atividades que todas as crianccedilas podem realizar se tornando membro de uma sociedade (E08)
Que ele estaacute incluso em um ambiente da faixa etaacuteria dele com outros tipos de crianccedila (E09)
Nos relatos das educadoras ainda eacute possiacutevel perceber que haacute contradiccedilotildees
no que elas pensam ser a inclusatildeo e o que elas vivenciam como inclusatildeo no dia a
dia de trabalho tal como para as educadoras E01 e E02
Para a educadora E01 estar em inclusatildeo significa dizer que a crianccedila estaacute
ldquomisturadardquo O que segundo ela
eacute essa a realidade que a gente vecirc entende Eacute um eacute misturar neacute[] Entatildeo hoje a gente recebe a crianccedila e sem saber o que fazer com ela Isso natildeo eacute inclusatildeo pra mim
Jaacute para a E02 estar em inclusatildeo significa ldquoresponsabilidaderdquo Essa educadora
se diz assustada com o tamanho da importacircncia de ter uma crianccedila em inclusatildeo na
Educaccedilatildeo Infantil e justifica dizendo
Porque eu penso seraacute que estou desempenhando um bom trabalho com ela Seraacute que isso taacute ajudando Seraacute que isso vai ser significativo no segundo semestre ou natildeo E ao mesmo tempo em que eu sinto por intuiccedilatildeo que sim de fato eu natildeo sei se a gente estaacute fazendo um bom trabalho com ela
No caso das Professoras do Atendimento Educacional Especializado as
respostas tambeacutem natildeo parecem ter uma concordacircncia entre si Nas respostas os
significados de afirmar que essa crianccedila estaacute em inclusatildeo foram
- Natildeo vecirc sentido de se falar que ela estaacute em inclusatildeo pois eacute uma crianccedila
normal como qualquer outra
- Eacute colocar a crianccedila no conviacutevio com os demais
- Significa que estaacute ocorrendo uma mudanccedila de paracircmetro
- Significa que a crianccedila estaacute tendo um atendimento diferente
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A professora P01 enfatiza que estar em inclusatildeo no CMEI significa que o
aluno estaacute usufruindo de um direito que eacute de todas as crianccedilas Jaacute a P02 ressalta os
aspectos da possibilidade que a inclusatildeo tem de facilitar a socializaccedilatildeo da crianccedila
pequena P03 ao sugerir que a inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil eacute uma mudanccedila de
paracircmetro tambeacutem indica que estar no CMEI eacute um direito de todas as crianccedilas e
considera que quanto mais cedo for a ldquointervenccedilatildeordquo melhor para o futuro do aluno
penso que eacute uma evoluccedilatildeo muito grande na educaccedilatildeo Que eles tecircm o mesmo direito que qualquer outra crianccedila tem acho assim quanto mais cedo buscar ajuda buscar reabilitaccedilatildeo buscar superar as dificuldades melhor para a crianccedila para o seu desenvolvimento neacute
Eacute possiacutevel perceber que no conjunto das informaccedilotildees as contradiccedilotildees do que
significa estar em inclusatildeo satildeo grandes Desse modo diante dos dados oferecidos
pelas participantes haacute que se perceber que conforme jaacute assinalado por Carvalho
(2011) os termos utilizados nesse acircmbito aleacutem de reduzirem a condiccedilatildeo de sujeito
que ali participa tambeacutem podem induzir a geraccedilatildeo de preconceitos pois implicam
em praacuteticas e experiecircncias agraves quais natildeo eacute possiacutevel mensurar o impacto nas
particularidades das pessoas Tambeacutem Rodrigues (2006) chama a atenccedilatildeo para o
fato de que no momento em que alguns alunos e natildeo outros satildeo considerados e
apontados ndash e portanto fabricados ndash como sendo os diferentes jaacute inscrevemos
nesse processo em termos de separaccedilatildeo e uma diminuiccedilatildeo do outro processo que
eacute contraditoacuterio agravequilo que os textos das reformas anunciam e enunciam
Quanto agrave percepccedilatildeo das profissionais pode-se considerar que poderia ser
mais ampliada talvez ateacute mais homogecircnea caso houvesse mais discussotildees a
respeito do assunto entre o grupo Ter essa identidade nos significados poderia ser
um passo inicial para a construccedilatildeo do processo inclusivo na rede especialmente
mais voltado para as necessidades da crianccedila pequena e da proacutepria estrutura da
Educaccedilatildeo Infantil
Foi questionado qual seria a opiniatildeo delas diante da seguinte situaccedilatildeo se
algueacutem lhe perguntasse qual eacute o motivo de crianccedilas com deficiecircncia estarem
frequentando o CMEI o que vocecirc diria
As matildees indicam perceber que para a crianccedila estar no CMEI eacute uma oportunidade
de aprendizado diferente e mais amplo em relaccedilatildeo ao outros contextos aleacutem de ser
um direito Dentro das categorias evidenciadas nas falas das matildees apenas uma natildeo
101
soube o que falar as demais colocaram como motivo o de crianccedilas pequenas com
deficiecircncia poderem frequentar o CMEI
- Porque a crianccedila com deficiecircncia faz parte da sociedade
- Porque a crianccedila precisa de estiacutemulo
- Eacute um direito de todos
- Porque eacute um lugar de aprendizado
- O Centro Municipal de Educaccedilatildeo Infantil eacute para qualquer crianccedila
- Faz parte do processo educacional da crianccedila
A Matildee 03 salienta que ldquoa gente costuma falar que o CMEI deixou de ser
depoacutesito pra ser lugar de aprendizadordquo
Jaacute a Matildee 01 reforccedila a noccedilatildeo de que estar em inclusatildeo eacute ldquoestar com pessoas
normaisrdquo ao afirmar que um dos motivos da inclusatildeo de crianccedilas pequenas eacute que
elas precisam de estiacutemulos e que eacute necessaacuterio ldquobuscar esse estiacutemulo entre os
normaisrdquo
Alves (2007) tambeacutem percebeu que para os pais a instituiccedilatildeo de educaccedilatildeo
infantil era um ldquobom lugarrdquo para o seu filho se desenvolver com condiccedilotildees e ofertas
que as famiacutelias sentem natildeo poder oferecer aos filhos Os pais da pesquisa de Alves
(2007) indicavam sentirem-se desinformados e desqualificados frente aos
profissionais que satildeo especialistas
No caso das respostas das Educadoras a socializaccedilatildeo da crianccedila com deficiecircncia
tambeacutem eacute enfatizada como a parte positiva da inclusatildeo poreacutem indicam que haacute
muitas necessidades que esse processo traz e que devem ser repensadas e
revistas Essa tendecircncia de relacionar diretamente socializaccedilatildeo e inclusatildeo tambeacutem
foi verificada no estudo de Vitta Vitta e Monteiro (2010) Foram categorias
evidenciadas nas entrevistas destas participantes sobre o motivo de crianccedilas
pequenas com deficiecircncia poderem frequentar o CMEI
- Porque todas as crianccedilas precisam das mesmas oportunidades
- Que por tem direito de participar da Escola Regular
102
- Porque eacute importante a socializaccedilatildeo
- Ela diz que eacute algo obrigatoacuterio por lei
- Elas estatildeo no CMEI para ter conviacutevio social e para o seu desenvolvimento
- Eacute uma preparaccedilatildeo da crianccedila para o Ensino Fundamental
- Que o aluno eacute uma crianccedila normal independente das suas necessidades
- Que eacute importante o aluno ver outras crianccedilas
Apenas uma Educadora afirmou que natildeo saberia o que dizer caso fosse
questionada a esse respeito
Vale ressaltar que a Educadora E04 afirma que fica chateada de natildeo
conhecer mais para poder responder quando as outras Educadoras perguntam o
que essa crianccedila estaacute fazendo ali e se natildeo deveria estar numa Escola Especial Ela
afirma tambeacutem que a inclusatildeo soacute vai fazer diferenccedila para a crianccedila se a educadora
tiver conhecimento e um trabalho aplicado ao aluno
Novamente chama-se a atenccedilatildeo para o que Jesus (2008) reflete no que tange
a formaccedilatildeo docente para a inclusatildeo dizendo que o desafio maior que se apresenta
eacute tentar instituir outras praacuteticas de potencializaccedilatildeo dos saberes-fazeres de tal modo
que a presenccedila de alunos em situaccedilatildeo de desvantagem de qualquer natureza natildeo
seja paralisadora de accedilotildees docentes
Jaacute as professoras do Atendimento Educacional Especializado falam que aleacutem
da socializaccedilatildeo da crianccedila pequena tambeacutem a inclusatildeo contribui para que haja a
superaccedilatildeo de suas dificuldades e serve agrave preparaccedilatildeo para sua trajetoacuteria como
aluno Portanto dentro de seus relatos foi possiacutevel evidenciar as seguintes
categorias sobre o motivo de crianccedilas pequenas com deficiecircncia poderem frequentar
o CMEI
- Que eacute um direito e que eacute pra ela que foi feita a escola
- Toda crianccedila tem direito de participar independente da deficiecircncia
- Eacute importante que essa crianccedila conviva com outras crianccedilas
- Eacute uma determinaccedilatildeo legal
- Eacute uma questatildeo social
- Eacute uma oportunidade de guarda da crianccedila enquanto os pais trabalham
103
De modo geral a inclusatildeo oscila entre ser uma oportunidade de socializaccedilatildeo
e o respeito a um direito que eacute de todas as crianccedilas ndash o de ter acesso agrave
escolarizaccedilatildeo
Zorteacutea (2007) questiona a afirmaccedilatildeo que eacute corrente sobre qual o maior ganho
da inclusatildeo da crianccedila com deficiecircncia que segundo ela dizer que eacute apenas
ldquosocializaccedilatildeordquo eacute ignorar o que as relaccedilotildees sociais produzem de aprendizado de
forma impliacutecita Segundo a autora natildeo eacute possiacutevel separar os aspectos afetivos
cognitivos ou psicomotores da socializaccedilatildeo em si por exemplo
Quanto agrave ecircnfase dada agrave inclusatildeo como direito de acesso a escolarizaccedilatildeo e
oportunidades diversas de aprendizado e desenvolvimento pensa-se que haacute que se
considerar profundamente o que Soares (2006) alerta ao destacar que o fato de ter
crianccedila com necessidades especiais na escola natildeo significa que seja uma instituiccedilatildeo
inclusiva Ou seja a garantia do acesso agrave instituiccedilatildeo de Educaccedilatildeo Infantil e ao
Atendimento Educacional Especializado pode seguir a mesma loacutegica
Pensa-se que diante das informaccedilotildees oferecidas pelas participantes se faz
necessaacuterio discutir a importacircncia da inclusatildeo para aleacutem da socializaccedilatildeo enquanto
parte tambeacutem de um plano de intervenccedilatildeo precoce Principalmente quando se
percebe que nem todas as crianccedilas que tem deficiecircncia ou alteraccedilatildeo no
desenvolvimento frequentam serviccedilos em centros de referecircncia ou tem no
Atendimento Educacional Especializado a complementaccedilatildeo necessaacuteria para a
garantia de promoccedilatildeo do seu desenvolvimento e apoio agrave famiacutelia
Como exemplo disso pode-se citar que entre o grupo de crianccedilas dessa
pesquisa haacute uma aluna que tem Siacutendrome de Down e que natildeo frequenta nenhum
tipo de serviccedilo especializado na aacuterea da sauacutede e que vai para o AEE apenas uma
vez na semana durante 1 hora Pode-se inferir que para essa crianccedila estar no CMEI
eacute fundamental pois o periacuteodo de oito horas diaacuterias que ela passa laacute eacute onde se
encontra o maior contingente de experiecircncias de aprendizagem e de promoccedilatildeo de
seu desenvolvimento
104
432 ParticipaccedilatildeoAtuaccedilatildeo no Processo Inclusivo no CMEI
Investigar o modo como se daacute a participaccedilatildeo das Matildees Educadoras e
Professoras no processo de inclusatildeo da crianccedila pequena se justifica pois conforme
evidenciado por Bhering e Sarkis (2009) quando uma crianccedila ingressa na creche haacute
uma ampliaccedilatildeo de suas relaccedilotildees sociais e de sua famiacutelia Esse novo complexo de
interaccedilotildees passaratildeo a interferir de algum modo para a criaccedilatildeo e re-criaccedilatildeo de
diferentes crenccedilas valores haacutebitos formas de se relacionar de fazer e assim de
perceber o desenvolvimento dessa crianccedila Essa influecircncia eacute muacutetua entre os
sujeitos que se relacionam direta ou indiretamente E eacute nesse contexto que nossas
crianccedilas pequenas na atualidade se deparam para vivenciar sua infacircncia e nesta
pesquisa sua inclusatildeo no ensino regular (BHERING e SARKIS 2009)
Duas das quatro matildees participantes demonstraram ser bastante atuantes no
que se refere ao atendimento no CMEI Segundo seus relatos elas costumam levar
orientaccedilotildees dos especialistas que atendem seus filhos para as educadoras e para as
professoras do AEE Mas essas conversas com as educadoras natildeo raro costumam
ser na entrada ou na saiacuteda das crianccedilas do CMEI Isso se reflete de modo geral em
todas as matildees Todas costumam conversar sobre suas crianccedilas nos mesmos
momentos ndash entrada e saiacuteda do CMEI Enquanto as primeiras buscam informar as
educadoras sobre as ldquonovidadesrdquo acerca de suas crianccedilas as demais conversam
apenas sobre como foi o dia dos filhos no CMEI
Nos relatos maternos natildeo aparecem momentos nos quais foram discutidos e
produzidos conceitos objetivos ou planejadas abordagens para a inclusatildeo de seus
filhos e se isso ocorreu elas natildeo conseguiram identificar e incluir em seus relatos ndash
nem com as educadoras ou com as professoras do AEE A relaccedilatildeo que elas tecircm
com as professoras do Atendimento Educacional Especializado tambeacutem natildeo parece
contribuir efetivamente para sua percepccedilatildeo e interaccedilatildeo no processo inclusivo do
filho na maioria dos casos jaacute que duas matildees natildeo souberam dizer de que forma o
AEE poderia auxiliar na inclusatildeo dos filhos sendo que uma afirmou que o
atendimento individual da crianccedila seria o suficiente para tal
A interaccedilatildeo das matildees no processo inclusivo que ocorre no CMEI aparece
em desacordo com o que se verifica na literatura pertinente e na qual se recomenda
que a famiacutelia participe o maacuteximo possiacutevel dos atendimentos seja na Educaccedilatildeo
105
Infantil ou na Educaccedilatildeo Especial (BARROS 2003 CUEVAS 2003 MANCINI et al
2004 MARTINS e VIEIRA 2009 MACARINI SARTORI SACANI e VALENTINI
2010)
De outro modo quando comparada agrave interaccedilatildeo das matildees com o CMEI
cujos filhos estatildeo em inclusatildeo com outros estudos sobre crianccedilas sem deficiecircncia
os dados satildeo bem semelhantes e as interaccedilotildees satildeo em maioria relatadas como
aligeiradas realizadas no portatildeo e nos momentos de entrada e na saiacuteda do aluno
(LORDELO et al 2007 SOUZA 2008 CAMPOS et al 2011 FERNANDES 2011)
Ou seja o fato da inclusatildeo trouxe pouca modificaccedilatildeo no que tange agrave participaccedilatildeo
das matildees no atendimento dos filhos que estatildeo no CMEI
No que se refere agrave participaccedilatildeo das professoras do Atendimento
Educacional Especializado no processo inclusivo da crianccedila pequena dentro do
CMEI esse se mostra um pouco obscuro principalmente por parte dos relatos das
matildees e das educadoras Trecircs das matildees natildeo relacionaram o processo de inclusatildeo no
CMEI ao Atendimento Educacional Especializado e quatro das educadoras natildeo
souberam o que era o AEE As demais educadoras ao falarem sobre como o
Atendimento Educacional Especializado poderia contribuir com o processo de
inclusatildeo demonstraram natildeo ter muita clareza da funccedilatildeo e da abrangecircncia desse
atendimento
Na fala das proacuteprias professoras do Atendimento Educacional Especializado
sua participaccedilatildeo estaacute mais voltada para o atendimento direto agrave crianccedila pequena
Essa posiccedilatildeo eacute justificada tambeacutem pelo fato de que essas profissionais demonstram
natildeo ter muita clareza de qual eacute o seu papel diante da inclusatildeo da crianccedila pequena
Elas mesmas destacam que atender crianccedilas tatildeo pequenas traz novas
necessidades e perspectivas do seu trabalho antes apenas realizado com os alunos
do Ensino Fundamental
Quando questionadas sobre o atendimento com a crianccedila elas tambeacutem
indicaram que isso estaacute sendo definido Mesmo quando citam que desenvolvem
atividades de estimulaccedilatildeo eacute possiacutevel perceber que esse conceito natildeo estaacute bem
estabelecido para elas
Desse modo infere-se que entre as necessidades que surgem com a
inclusatildeo da crianccedila pequena nos CMEIs estaacute primordialmente estabelecida a de
que essas profissionais precisam ter espaccedilo tempo e recursos para melhor delinear
106
qual eacute a caracteriacutestica maior do seu atendimento quando este for voltado para a
Educaccedilatildeo Infantil
No que se refere agrave atuaccedilatildeo ou participaccedilatildeo das educadoras essas
demonstram que natildeo sabem lidar com o processo inclusivo Segundo elas natildeo haacute
orientaccedilatildeo suficiente nem conhecimento para que consigam construir um
planejamento voltado para a inclusatildeo das crianccedilas pequenas Elas relatam tambeacutem
que ensaiam algumas accedilotildees isoladas no dia a dia na tentativa de dar um
atendimento um pouco diferenciado para o aluno que estaacute em inclusatildeo conforme jaacute
indicado em subcapiacutetulo anterior
Em relaccedilatildeo agraves interaccedilotildees que ocorrem no processo de inclusatildeo tambeacutem
cabe ressaltar a relevacircncia que as relaccedilotildees entre as crianccedilas pequenas tomam
frente agrave promoccedilatildeo do desenvolvimento uns dos outros
Nos relatos das Educadoras fica evidente o importante papel das outras
crianccedilas no quesito citado acima
A Educadora E01 diz que percebe um ldquosentimento de solidariedade entre as
crianccedilas que eacute muito interessanterdquo e que
eles (educadores) tecircm um sentimento de ser igual aquela pessoa (que estaacute em inclusatildeo) que agraves vezes a gente que eacute adulto e que natildeo conviveu com crianccedilas com deficiecircncia a gente natildeo tem E eles que convivem eles tecircm O sentimento eacute assim de que ela eacute igual a gente mas algueacutem tem que se preocupar com ela
A Educadora E04 tambeacutem verificou algo semelhante ldquoas crianccedilas natildeo o
excluem Eles querem levar ele para brincar se ele natildeo vem eles vatildeo ateacute ele para
brincarrdquo
O que tambeacutem eacute reforccedilado pelo relato da Educadora E08 ldquoo estiacutemulo estaacute
vindo dos colegas eles chamam ele pra brincar pegam o brinquedinho e levam para
ele brincar [] Eles ajudam muitordquo
E nesse acircmbito Zorteacutea (2007) percebeu em seu estudo que o brincar
aparece reafirmado como uma estrateacutegia que possibilita a aproximaccedilatildeo entre as
crianccedilas constituindo-se como espaccedilos de produccedilatildeo de cultura nos quais podem
experimentar o pertencimento e que na inclusatildeo educacional as interaccedilotildees entre as
crianccedilas revelam-se como um processo dinacircmico e fundamental Isso porque os
encontros entre as crianccedilas satildeo reveladores de caminhos a serem percorridos e
desencadeadores das suas potecircncias e de seus pares em que compartilham
sentidos que nem sempre se mostram facilmente para os adultos (ZORTEacuteA 2007)
107
433 Referecircncias e Apoios utilizados e indicados para que o Processo
Inclusivo ocorra com qualidade
As entrevistadas informaram quais as maiores dificuldades em relaccedilatildeo a
atender as condiccedilotildees das crianccedilas pequenas com necessidades especiais o que
fazem ou quem procuram para resolver isso
Nos relatos das matildees apenas uma disse que tinha dificuldade em atender o
filho a qual estaacute relacionada ao comportamento do mesmo As demais natildeo
indicaram nenhuma dificuldade Quando ocasionalmente surgem duacutevidas ou
dificuldades sobre a crianccedila de modo geral elas procuram os profissionais da aacuterea
de sauacutede
Na presente pesquisa tambeacutem foi possiacutevel perceber se as matildees recebem
orientaccedilotildees sobre suas crianccedilas como se organizam em sua rotina em famiacutelia e
quais as referecircncias utilizadas por essas matildees quando aparecem duacutevidas sobre
como atender o filho
As Matildees 01 02 e 03 demonstraram que a rotina da crianccedila eacute bem corrida
pela quantidade de atendimentos que ocorrem na semana As Matildees 01 e 03
comentaram que quando estatildeo com o filho em casa buscam desviar as atividades
dos aspectos corretivos terapecircuticos e orientam os programas familiares agrave interaccedilatildeo
entre os demais membros atividades corriqueiras e de lazer Jaacute as Matildees 02 e 04
afirmaram que buscam estimular o filho em casa
A Matildee 01 quando recebe orientaccedilotildees sobre o filho que costumam vir dos
profissionais dos centros especializados que a crianccedila frequenta e da professora do
AEE
No caso da Matildee 03 a fonoaudioacuteloga passa algumas sugestotildees de atividades
mas quem atende mais essas necessidades eacute o avocirc materno Essa matildee busca ter
outra conduta com a filha devido ao pouco tempo que passam juntas diariamente
A Matildee 02 costuma receber orientaccedilotildees do centro especializado que a crianccedila
frequenta entatildeo tenta fazer em casa as atividades que passam para ela A Matildee 04
tenta realizar as orientaccedilotildees que a professora do AEE passa e algumas das
atividades que as educadoras fazem no CMEI e que contam para ela Essa uacuteltima
matildee quando tem duacutevidas sobre a filha busca o centro especializado para dirimi-las
108
Por fim nesse grupo de perguntas foi solicitado que elas informassem se
recebem ou jaacute receberam orientaccedilotildees sobre como atender o filho quem passou as
orientaccedilotildees como isso ocorre e sobre o que satildeo essas orientaccedilotildees
As Matildees 01 02 e 03 afirmam que recebem orientaccedilotildees de como atender a
crianccedila e quem passa geralmente satildeo os profissionais especialistas dos centros de
atendimentos nos quais seus filhos fazem parte
Jaacute a Matildee 04 conta que jaacute recebeu orientaccedilatildeo de alguns especialistas e da
professora do AEE e que atualmente conversa com as educadoras para saber o
que elas fazem no CMEI a fim de poder fazer as atividades em casa tambeacutem
Logo segundo as Matildees cada especialista passa a sua recomendaccedilatildeo de
modo separado dos demais Elas tambeacutem informaram que natildeo costumam participar
dos atendimentos dos filhos por vaacuterios motivos entre eles pelo fato de que natildeo satildeo
convidadas considerando-se que a crianccedila ficaria mais agitada ou mesmo porque
trabalham e natildeo tendo disponibilidade para participar
Destaca-se que um trabalho de intervenccedilatildeo precoce centrado na famiacutelia deve
considerar a participaccedilatildeo efetiva e ativa desta no processo de reabilitaccedilatildeo de
educaccedilatildeo e de desenvolvimento de seu filho (GINEacute GRACIA VILASECA e
BALCELLS 2009)
No caso do grupo das professoras do Atendimento Educacional
Especializado trecircs das participantes informaram como maior dificuldade a
adequaccedilatildeo do seu trabalho agrave condiccedilatildeo da crianccedila pequena que estaacute na Educaccedilatildeo
Infantil Isso porque elas natildeo sabiam como construir esse trabalho especificamente
voltado agraves caracteriacutesticas e necessidades da Educaccedilatildeo Infantil Tais dados permitem
afirmar que se faz necessaacuterio e urgente construir uma abordagem que defina melhor
o trabalho do Atendimento Educacional Especializado voltado para a Educaccedilatildeo
Infantil e que este englobe princiacutepios que evidenciem a crianccedila - como sujeito em
desenvolvimento suas necessidades na infacircncia a importacircncia dos contextos e de
suas relaccedilotildees com a inclusatildeo (famiacutelia CMEI entre outros) e tambeacutem o papel desse
professor diante da inclusatildeo e da promoccedilatildeo do desenvolvimento infantil
As professoras do Atendimento Educacional Especializado relatam
como sendo suas maiores dificuldades
- Adequar o trabalho do AEE para a crianccedila que estaacute na Educaccedilatildeo Infantil
109
- Medo de machucar a crianccedila
A professora P01 afirma que sua maior dificuldade foi definir e se adequar ao
trabalho voltado para a Educaccedilatildeo Infantil Segundo ela
vocecirc planeja dar aula pra vocecirc e natildeo pro aluno que natildeo sabe E eacute a questatildeo tradicional da Educaccedilatildeo Fundamental de querer ensinar a ler escrever e usar caderno e que a Educaccedilatildeo Infantil natildeo tem isso
P03 tambeacutem faz afirmaccedilotildees nesse mesmo sentido justificando porque sentiu
medo quando soube que iria atender uma crianccedila pequena
ai com bastante medo sinceramente com bastante medo Eu natildeo tinha tido experiecircncia com crianccedila pequena ainda mais com berccedilaacuterio Minha experiecircncia toda era no Ensino Fundamental com crianccedilas maiores e que praticamente natildeo possuiacuteam dificuldade neacute
A professora P03 diz que tem medo de machucar a crianccedila por natildeo ter
conhecimento suficiente para atender agrave condiccedilatildeo da mesma
E a professora P04 indica que tem dificuldade em estabelecer o que vai
trabalhar com a crianccedila e como vai fazer isso
Em relaccedilatildeo ao que fazem quando surgem as duacutevidas e dificuldades todas
fizeram referecircncia agrave equipe da Educaccedilatildeo Especial do muniacutecipio afirmando que
costumam trocar informaccedilotildees com os demais membros da equipe de avaliaccedilatildeo e
com as outras professoras do AEE
Todas informaram que receberam algumas orientaccedilotildees da equipe da
Educaccedilatildeo Especial sobre as condiccedilotildees das crianccedilas que iriam atender e que essas
orientaccedilotildees acontecem conforme surgem as necessidades ao longo dos
atendimentos
Jaacute no que se refere ao grupo das educadoras nesse quesito apenas duas
Educadoras (E02 e E08) afirmaram que natildeo possuem dificuldades em atender a
crianccedila em inclusatildeo As informaccedilotildees dadas pelas demais educadoras estatildeo
descritas a seguir
Dificuldades indicadas pelas Educadoras desta pesquisa agraves categorias
indicadas abaixo
110
- Dar atenccedilatildeo individualizada para a crianccedila em inclusatildeo
- Dificuldade de se comunicar com o aluno
- Quantidade de crianccedilas por turma
- Natildeo saber lidar com comportamento estereotipado do aluno
- Falta de informaccedilatildeo sobre as condiccedilotildees da crianccedila que estaacute em inclusatildeo
- Medo de machucar a crianccedila
Vale ressaltar alguns relatos entre os quais os das educadoras E01 E03
E04 e E05
A Educadora E01 percebe que a crianccedila precisaria de uma atenccedilatildeo mais
individualizada diariamente para desenvolver determinadas habilidades contudo as
educadoras natildeo conseguem disponibilizar esse momento pois as demandas da
turma satildeo muito grandes
Para a Educadora E03 o que mais chama atenccedilatildeo satildeo as dificuldades de
comunicaccedilatildeo com a crianccedila ldquoagraves vezes fico pensando se ela taacute entendendo o que
eu tocirc falando o que ela quer falar pra mim agraves vezes eu natildeo consigo entender
direitordquo
No caso da Educadora E04 foi citada como dificuldades a falta de informaccedilatildeo
para atender crianccedilas como o caso dele e o medo de fazer algo que possa
prejudica-lo Tambeacutem reforccedila a falta de tempo para dar atenccedilatildeo especiacutefica agraves
necessidades dele e a quantidade de crianccedilas por turma
E por fim a Educadora E05 fala da sala superlotada e da falta de
conhecimento em como atender agraves necessidades da crianccedila
no momento da alimentaccedilatildeo agraves vezes a gente natildeo tem como taacute dando alimento na matildeo na boca entatildeo ela mesma tenta se alimentar e agraves vezes cai [a comida] Ela natildeo se alimenta da forma correta
As participantes tambeacutem informaram o que fazem ou quem procuram quando
tem duacutevidas ou dificuldades sobre a crianccedila
Segundo as Educadoras quando surgem duacutevidas ou dificuldades em
atender a crianccedila que estaacute em inclusatildeo elas procuram
- Pedagoga do CMEI
111
- Colega de sala e a matildee do aluno
- Professora do AEE e matildee do aluno
- Colega de sala
- Tenta resolver sozinha
- Matildee do aluno
Segundo quatro das entrevistadas (E01 E02 E05 e E09) a referecircncia na
maioria dos casos de dificuldades ou duacutevidas satildeo as pedagogas dos CMEIs Poreacutem
haacute situaccedilotildees em que as Educadoras buscam resolver suas dificuldades sozinhas
direto com a colega de sala ou com a matildee do aluno
A Educadora E03 procura a colega de sala que eacute psicopedagoga e a matildee
quando eacute necessaacuterio Indica que natildeo procura a Pedagoga do CMEI porque percebe
que essa profissional tambeacutem natildeo tem muito conhecimento sobre esse assunto
Interessante perceber que a Educadora E07 busca pesquisar a respeito de
suas duacutevidas Quando possiacutevel pergunta para a professora do AEE e para a matildee da
crianccedila Ela diz que natildeo busca as Pedagogas do CMEI por perceber que tambeacutem
lhes falta experiecircncia e conhecimento sobre a crianccedila em inclusatildeo
E por fim as Educadoras E02 e E04 desabafam
Dificilmente algueacutem vem perguntar pra gente como a Manu estaacute Desde que a gente comeccedilou a trabalhar com ela nunca ningueacutem veio perguntar pra mim natildeo sei se para as outras meninas mas enquanto estou na sala ningueacutem veio Pra mim ningueacutem veio ningueacutem perguntar da crianccedila (E02)
Na realidade a gente acaba indo na sorte porque natildeo tem uma orientaccedilatildeo mesmo Eu procurei na internet por livros e natildeo achei nada que falasse de crianccedilas pequenas com esse problema [] Parece que as crianccedilas natildeo existem nessa eacutepoca Eacute muito triste Para berccedilaacuterios natildeo encontra atividades tambeacutem (E04)
Sobre se recebem ou receberam algum tipo de orientaccedilatildeo relativo ao
atendimento da crianccedila em inclusatildeo apenas uma educadora (E05) afirmou natildeo ter
recebido qualquer tipo de orientaccedilatildeo sobre como atender a crianccedila As demais
destacam que as orientaccedilotildees natildeo satildeo frequentes mas que jaacute as receberam em
algum momento ao longo desse periacuteodo em que atendem a turma
A Educadora E01 afirma que normalmente natildeo recebe orientaccedilotildees mas que
jaacute recebeu da pedagoga do CMEI A Educadora E02 diz que costuma conversar com
112
as Educadoras e quando necessaacuterio faz pesquisas na internet ou busca orientaccedilotildees
junto agrave Pedagoga Segundo a E03 jaacute recebeu informaccedilotildees da Pedagoga logo que a
crianccedila entrou na turma e teve um contato breve com a professora do AEE e com
uma das psicoacutelogas do municiacutepio Mas segundo ela esses contatos natildeo foram
suficientes para causar modificaccedilotildees em sala e afirma ldquodaiacute eu trabalho o que eu
acho com ela o que eu trabalho com os outrosrdquo
No caso das Educadoras E06 e E07 elas recebem orientaccedilotildees da matildee da
crianccedila que estaacute em inclusatildeo e da professora do AEE
Jaacute as Educadoras E04 E08 e E09 dizem que receberam a visita de uma
fisioterapeuta que foi designada especialmente para o caso do aluno e de uma
professora que ela natildeo entendeu bem quem era
Eacute perceptiacutevel por meio dos relatos anteriores que as orientaccedilotildees que elas
indicam que jaacute receberam ou que ainda recebem natildeo parecem ser determinantes no
que diz respeito a produzir modificaccedilotildees no processo de inclusatildeo da crianccedila
pequena
Guasselli (2005) ao realizar pesquisa com professoras do Ensino
Fundamental sobre o processo inclusivo tambeacutem percebeu que as mesmas
demonstravam crer na necessidade de ampliar seus conhecimentos acerca da
condiccedilatildeo de seu aluno e tambeacutem sentiam ndash se inseguras para desempenhar seu
trabalho com essa crianccedila
Drago (2005) verificou em seu estudo que quando as educadoras apresentam
uma concepccedilatildeo de inclusatildeo mal compreendida isso parece ajudar a promover uma
praacutetica docente permeada por preconceitos e estigmas
Claramente se percebe que cada grupo (matildees educadoras e professoras do
AEE) busca a seu modo a resoluccedilatildeo de problemas e duacutevidas que envolvem a
inclusatildeo e que isso se dando de maneira isolada natildeo contribui para que todos os
envolvidos possam refletir e aprender juntos Desse modo a inclusatildeo deixa de ser
uma questatildeo de todos para ser uma questatildeo de uns poucos Cabe destacar que
incluir natildeo eacute filantropia tatildeo pouco um ato solitaacuterio individual (RODRIGUES 2006) Eacute
preciso refletir e dar novo significado para o senso de coletividade e de cooperaccedilatildeo
Em relaccedilatildeo aos apoios que seriam necessaacuterios para que o processo de
inclusatildeo se desse com qualidade as participantes foram unacircnimes em afirmar que
tanto as famiacutelias quanto a educadoras precisam disso
113
As participantes indicaram que para a famiacutelia eram apoios necessaacuterios
- grupo de pais
- apoio e orientaccedilatildeo de profissionais especializados
- incentivo para que aceite seu filho e o ldquomostrerdquo para a sociedade
- mais oportunidades de diagnoacutestico precoce
- maior acesso aos especialistas que atendem seu filho
- maior apoio das pedagogas do CMEI
- maior divulgaccedilatildeo do que satildeo as deficiecircncias
- mais apoio das professoras do AEE
Formiga e Pedrazzani (2004) em sua pesquisa trazem dados que
concordam com que foi indicado logo acima e acrescentam que tambeacutem eacute
fundamental que se estabeleccedilam programas de intervenccedilatildeo precoce de cunho
preventivo
Em outras palavras accedilotildees ou programas de atenccedilatildeo agrave infacircncia devem levar
em consideraccedilatildeo estrateacutegias de prevenccedilatildeo primaacuteria nas quais sejam evidenciadas
orientaccedilotildees de cunho educacional e informativo e tambeacutem de detecccedilatildeo precoce de
alteraccedilotildees no desenvolvimento e na sauacutede infantil (DIAZ-HERRERO e MARTINEZ-
FUENTES 2009)
Por outro lado Molinari et al (2005) consideram que na realidade brasileira
ainda haacute muito o que fazer no sentido de desenvolver accedilotildees integrais de promoccedilatildeo agrave
sauacutede infantil e que programas de vigilacircncia do desenvolvimento e promoccedilatildeo agrave
sauacutede devem contar com equipes multiprofissionais e partir de uma abordagem
ecossistecircmica Nesse sentido estrateacutegias de prevenccedilatildeo devem considerar a
importacircncia que os contextos tecircm para a promoccedilatildeo ou natildeo do desenvolvimento na
infacircncia e tambeacutem a inter-relaccedilatildeo entre tais ambientes
De outro modo as entrevistadas indicaram que as Educadoras precisariam
dos seguintes apoios
- Maior parceria com o departamento de Educaccedilatildeo Especial
- Apoio psicoterapecircutico no sentido de serem escutadas em suas dificuldades e
anseios
- Grupos de estudo sobre os casos de inclusatildeo
114
- Apoio psicopedagoacutegico no sentido de organizar melhor o trabalho com a crianccedila
- Apoio e orientaccedilatildeo constante de outros profissionais
Nos relatos das participantes houve uma incidecircncia grande em afirmarem que
as educadoras precisam de apoio e orientaccedilatildeo de profissionais especialistas tais
como psicoacutelogo terapeuta ocupacional fisioterapeuta entre outros
Para Mueller (2008) eacute importante proporcionar um conjunto de apoio social
para a famiacutelia tal como grupo de pais serviccedilo de aconselhamento familiar e
mobilizaccedilatildeo de amigos e comunidade Guasselli (2005) por sua vez percebeu o
peso que as professoras de turmas inclusivas atribuem aos especialistas Elas
deixam bem claro que satildeo os profissionais especializados que lhes indicaratildeo o
melhor caminho ou a melhor maneira de trabalhar com esse alunado
Igualmente se verifica o peso que um diagnoacutestico traz para as professoras O
diagnoacutestico e o apoio que especialistas trazem em si no discurso das professoras
com certa hierarquizaccedilatildeo na qual as uacuteltimas natildeo estatildeo no topo (GUASSELLI 2005)
Esse mesmo autor discute que as relaccedilotildees entre os profissionais especializados e
os professores em muitas situaccedilotildees vecircm baseadas em uma relaccedilatildeo de
desconhecimento e agraves vezes ateacute de desconsideraccedilatildeo do cotidiano da escola
Rodrigues (2006) questiona se eacute necessaacuterio ldquocriar reinventar e reproduzirrdquo um
discurso teacutecnico racional especializado sobre como estar preparado para receber
pessoas com necessidades educacionais especiais nas escolas
434 Avaliaccedilatildeo do Processo Inclusivo
Todas as participantes consideram a oportunidade de inclusatildeo para a crianccedila
pequena na Educaccedilatildeo Infantil algo positivo mesmo com as devidas ressalvas que
elas mesmas indicam Isso se justifica pelas modificaccedilotildees que todas percebem que
ocorreram no periacuteodo em que as crianccedilas estatildeo matriculadas E nesse sentido
pede-se atenccedilatildeo a algo que Guasselli (2005) aponta afirmando que haacute uma espeacutecie
de celebraccedilatildeo quando se tem um aluno com necessidades educacionais especiais
pois esse fato implica no ideal de que eacute politicamente correto ser uma escola
inclusiva Contudo ter um aluno com necessidade especial natildeo reflete
115
necessariamente uma accedilatildeo inclusiva de verdade Logo eacute positivo ter crianccedilas com
necessidade especial na Educaccedilatildeo Infantil e essa presenccedila parece ser o suficiente
para gerar grandes modificaccedilotildees no comportamento desse alunado mas haacute que
lembrar que soacute isso natildeo eacute suficiente para dar conta da complexa gama de
peculiaridades que o processo inclusivo traz em si
Ainda que todas afirmem que eacute positivo estar no CMEI metade das Matildees
consideraram que os CMEIs natildeo estatildeo preparados para a inclusatildeo e todas indicam
que as educadoras tambeacutem natildeo estatildeo preparadas para isso Ainda assim eacute
importantiacutessimo destacar que mesmo elas percebendo as dificuldades e o
despreparo das educadoras dos filhos as mesmas reconhecem e valorizam o
esforccedilo que essas profissionais fazem para atender as crianccedilas em inclusatildeo
As Professoras do Atendimento Educacional Especializado tambeacutem se
dividem em relaccedilatildeo aos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil estar ou natildeo
preparados Metade acredita que natildeo Jaacute sobre as educadoras trecircs das
profissionais consideram que tambeacutem natildeo estatildeo preparadas Uma das professoras
do Atendimento Educacional Especializado aponta para o fato de que as educadoras
satildeo muito ansiosas e que ainda se prioriza a crianccedila sem dificuldade dentro do
atendimento do Centro Municipal de Educaccedilatildeo Infantil
As Educadoras dos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil afirmam em
maioria que as instituiccedilotildees natildeo estatildeo preparadas para a inclusatildeo Segundo elas
falta estrutura apropriada Elas tambeacutem questionaram se estatildeo preparadas para
trabalhar com a inclusatildeo sendo que sete delas afirmam que natildeo haacute esse preparo e
duas manifestam as diferenccedilas entre as Educadoras mais jovens e as mais antigas
na profissatildeo
Todas as participantes quando falam que os Centros Municipais de
Educaccedilatildeo Infantil natildeo estatildeo preparados porque natildeo tecircm estrutura estatildeo se referindo
a adaptaccedilotildees que propiciem maior acessibilidade e menos riscos para todas as
pessoas que apresentem algum tipo de necessidade especial Entre as necessaacuterias
adaptaccedilotildees foram indicadas rampas barras de apoio portas mais largas e
brinquedos de sala e de parquinho
Quanto agraves Educadoras natildeo estarem preparadas foi indicado com muita
frequecircncia a falta de capacitaccedilatildeo especiacutefica para lidar com situaccedilotildees de inclusatildeo
Para Freitas (2006) em um grande nuacutemero de vezes o professor idealiza um aluno
sem se dar conta de que trabalhar com a diversidade eacute algo intriacutenseco agrave natureza da
116
atuaccedilatildeo docente esquecendo que natildeo faz sentido pensa-la como uma condiccedilatildeo
excepcional Segundo essa autora natildeo raro os cursos de formaccedilatildeo docente para a
inclusatildeo contribuem para a construccedilatildeo e para o fortalecimento de estereoacutetipos a
respeito da pessoa com necessidades educacionais especiais e sobre o proacuteprio
processo inclusivo
Segundo Freitas (2006) eacute necessaacuterio que as formaccedilotildees de docentes para
atuarem com inclusatildeo levem em consideraccedilatildeo a discussatildeo sobre a funccedilatildeo social da
escola sobre a importacircncia do trabalho docente orientando-os a aprender a
investigar sistematizar e produzir o conhecimento por meio da utilizaccedilatildeo de recursos
e materiais diversificados O objetivo maior eacute proporcionar a formaccedilatildeo de um
docente mais autocircnomo e consciente da complexidade de seu trabalho diante da
diversidade inegaacutevel de seu alunado especial ou natildeo
Propotildee-se que a formaccedilatildeo docente seja acima de tudo sempre voltada para
a inclusatildeo para uma escola para todos afim de que se desfaccedila ndash ainda que
lentamente ndash a ideia e o apego agrave do especialista de que sem ele natildeo haacute como
desenvolver um projeto inclusivo
435 Vantagens e Desvantagens do Processo Inclusivo
4351 As vantagens do Processo Inclusivo
Entre as concepccedilotildees maternas sobre as vantagens do processo inclusivo
foram as mais indicadas as que estatildeo listadas abaixo
- Socializaccedilatildeo da crianccedila que tem deficiecircncia
- Ajuda a diminuir o preconceito com a crianccedila que tem deficiecircncia
- Satisfaccedilatildeo da famiacutelia em ver os avanccedilos da crianccedila
- Preparaccedilatildeo para outras etapas da vida escolar da crianccedila que tem deficiecircncia
- Oportunidade de aprender coisas que em casa natildeo aprenderia
117
Consideremos que por parte dessas Matildees haacute uma supervalorizaccedilatildeo do que
o ambiente do Centro Municipal de Educaccedilatildeo Infantil oferece para sua crianccedila
quando relacionada com o que a famiacutelia pode oferecer
A Matildee 01 sugere que a inclusatildeo eacute uma oportunidade positiva afim de que
ldquoeles (pessoas de um modo geral) vejam que eacute uma crianccedila como qualquer outra
que pode estar junto com outras crianccedilas que eacute uma crianccedila boa que consegue
conviver que ele eacute bonzinhordquo
As Matildees 03 e 04 salientam que a inclusatildeo eacute uma oportunidade para que seus
filhos aprendam ldquocoisasrdquo que os pais por trabalharem o dia todo natildeo teriam
condiccedilotildees de lhes ensinar
A Matildee 03 ainda demonstra saber que o processo de inclusatildeo na atualidade
pode ocasionar dissabores para sua filha mas entende isso como algo proacuteprio para
que se evidencie um novo paradigma educacional Segundo ela
a fulana ainda pode ateacute sofrer um pouquinho mas quem vier depois dela natildeo E ela pode ateacute sofrer mas vai ser muito menos do que aquele que entrou na Escola haacute dez anos atraacutes
As Matildees datildeo vaacuterios exemplos dos aprendizados das crianccedilas sugerindo que
estatildeo satisfeitas com o fato de sua crianccedila estar no CMEI mesmo diante das
dificuldades ilustradas ao longo das entrevistas Outro ponto que merece destaque eacute
o quanto elas destacam o conviacutevio com as outras crianccedilas como um fator
fundamental para as transformaccedilotildees positivas no comportamento de seus filhos O
trecho logo abaixo ilustra bem esse posicionamento das matildees
Entatildeo ela taacute aprendendo aqui Como Vendo as outras crianccedilas Entatildeo ela procura imitar o amiguinho natildeo soacute a Educadora Ela procura o que o outro faz E isso eacute bom para os pais que trabalha neacute (Matildee 04)
Entre as Professoras do Atendimento Educacional Especializado foram
apontadas as seguintes vantagens do Processo Inclusivo
- A crianccedila vai usufruir dos seus direitos
- Socializaccedilatildeo da crianccedila que tem deficiecircncia
- Valorizaccedilatildeo da Educaccedilatildeo
- Valorizaccedilatildeo do trabalho da Educadora
118
- Ajuda a diminuir o preconceito com a crianccedila que tem deficiecircncia
- Desenvolvimento de valores nas pessoas envolvidas com a inclusatildeo (empatia
solidariedade altruiacutesmo entre outros)
- Oportunidade de aprender coisas que em casa natildeo aprenderia
- A inclusatildeo eacute fonte de informaccedilatildeo para a famiacutelia que tem uma crianccedila com
deficiecircncia
- Maior experiecircncia para as educadoras
- Para a crianccedila que tem deficiecircncia a maior vantagem eacute estar em um lugar seguro
A professora P01 destaca que a inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil ajuda as
pessoas a perceberem que ldquocom o passar do tempo a educaccedilatildeo vale a pena e daacute
certordquo
Eacute interessante destacar o comentaacuterio da P04 quando esta afirma que a
inclusatildeo pode ser um modo de se valorizar o trabalho das Educadoras
tambeacutem acredito assim que a Educadora tambeacutem vai se sentir mais uacutetil mais valorizada Porque eacute assim aquela crianccedila precisa de mim e ela vai ser mais afetiva porque ela vai ter que ter uma paciecircncia maior e vai ter que planejar mais o seu trabalho e vai ter que buscar vai ter que buscar pra poder trabalhar com aquela crianccedila
Jaacute as Educadoras dos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil
assinalaram as seguintes vantagens do processo inclusivo
- Socializaccedilatildeo da crianccedila que tem deficiecircncia
- Valorizaccedilatildeo do trabalho da Educadora
- Ajuda a diminuir o preconceito com a crianccedila que tem deficiecircncia
- Desenvolvimento de valores nas pessoas envolvidas com a inclusatildeo (empatia
solidariedade altruiacutesmo entre outros)
- Oportunidade de aprender coisas que em casa natildeo aprenderia
- Maior experiecircncia para as educadoras
- Para a crianccedila que tem deficiecircncia a maior vantagem eacute estar em um lugar seguro
enquanto os pais trabalham
A educadora E01 conta que as crianccedilas da turma criam naturalmente um
sentimento de cuidado e proteccedilatildeo em relaccedilatildeo ao aluno foco da inclusatildeo ldquoEles tem
119
um sentimento de ser igual agravequela pessoa que agraves vezes a gente que eacute adulto e que
natildeo conviveu com crianccedilas com deficiecircncia a gente natildeo tem e eles que convivem
eles temrdquo A entrevistada relatou vaacuterias situaccedilotildees em que as crianccedilas da turma
modificaram seu comportamento e demonstraram noccedilatildeo de que a outra crianccedila
precisava de apoio e proteccedilatildeo diferenciados
Segundo a educadora E05 nessa situaccedilatildeo especiacutefica natildeo haacute vantagens para
a crianccedila mas para alguns outros envolvidos
o fato dos pais natildeo terem onde deixar a crianccedila quando estatildeo trabalhando para as Educadoras terem percebido que Siacutendrome de Dow natildeo eacute um ldquomonstrordquo e para as merendeiras para as funcionaacuterias da limpeza e outros profissionais da creche eacute um aprendizado que natildeo eacute necessaacuterio ter doacute da crianccedila (E05)
As vantagens apontadas de forma comum aos trecircs grupos de participantes
(matildees professoras e educadoras) foram socializaccedilatildeo da crianccedila que tem
deficiecircncia ajuda a diminuir o preconceito com a crianccedila que tem deficiecircncia
oportunidade de aprender coisas que em casa natildeo aprenderia
Entre as profissionais da aacuterea de educaccedilatildeo (professoras e educadoras) as
vantagens que satildeo comuns aos dois grupos satildeo socializaccedilatildeo da crianccedila que tem
deficiecircncia valorizaccedilatildeo do trabalho da Educadora ajuda a diminuir o preconceito
com a crianccedila que tem deficiecircncia desenvolvimento de valores nas pessoas
envolvidas com a inclusatildeo (empatia solidariedade altruiacutesmo entre outros) ajuda a
diminuir o preconceito com a crianccedila que tem deficiecircncia oportunidade de aprender
coisas que em casa natildeo aprenderia maior experiecircncia para as educadoras e para a
crianccedila que tem deficiecircncia a maior vantagem eacute estar em um lugar seguro
4352 Desvantagens do Processo Inclusivo
Ao serem indagadas sobre se haveriam possiacuteveis desvantagens na inclusatildeo
na Educaccedilatildeo Infantil 03 Matildees responderam que sim e todas as 04 indicaram que a
inclusatildeo de crianccedilas pequenas no CMEI evidencia situaccedilotildees que se tornam
desvantagens tanto para a crianccedila quanto para as Educadoras
120
Segundo as Matildees participantes poderiam ser consideradas como
desvantagens atreladas ao Processo de Inclusatildeo da crianccedila pequena
- O fato de as educadoras natildeo saberem o que fazer com a crianccedila deixando-a
ociosa
- A educadora se sentir sobrecarregada por ter uma crianccedila especial na turma
- O fato de o atendimento na creche natildeo ser especializado faz com que a matildee
tenha receio de que a crianccedila venha a perder tempo em seu processo de
reabilitaccedilatildeo
- A rotina do Educador na sala de aula impede que se decirc atenccedilatildeo apropriada agrave
crianccedila especial
- Falta de um planejamento apropriado agrave crianccedila especial
- Falta de paracircmetros para saber o que fazer com as crianccedilas especiais
- A desvalorizaccedilatildeo do trabalho do educador
- Falta de atendentes (algueacutem que fique soacute com seu filho)
Pode-se perceber na fala das matildees que elas estatildeo de algum modo bem atentas
ao que ocorre com seus filhos dentro do CMEI
Por outro lado na concepccedilatildeo das Professoras do Atendimento Educacional
Especializado haacute uma maior incidecircncia em afirmarem que natildeo haacute desvantagens no
processo de inclusatildeo Duas das professoras afirmam que natildeo haacute nenhum tipo de
desvantagem na inclusatildeo da crianccedila pequena na Educaccedilatildeo Infantil Contudo uma
delas afirma que a ocorrecircncia de desvantagens vai depender de como a inclusatildeo
estaacute sendo realizada outra afirma que deveria ser considerado como desvantagem
o excesso de trabalho que a Educadora passa a ter quando haacute uma crianccedila com
necessidades especiais em sua turma
No conjunto de concepccedilotildees coletadas nas entrevistas das Educadoras dos
Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil 05 delas afirmam que a inclusatildeo da crianccedila
pequena natildeo apresentaria nenhum tipo de desvantagem Poreacutem uma delas defende
que a ocorrecircncia ou natildeo de desvantagens depende das condiccedilotildees nas quais se
verifica o processo inclusivo
Por fim 03 entrevistadas consideram como desvantagens oriundas da inclusatildeo
de crianccedilas pequenas com necessidades educacionais especiais
121
- Excesso de trabalho para a educadora
- O sofrimento que a crianccedila em inclusatildeo passa
- Falta de profissionais para o bom atendimento da crianccedila
- Diz que natildeo sabe se pode trazer algum tipo de desvantagem e que se preocupa
com o fato da inclusatildeo produzir algum trauma ou regressatildeo no desenvolvimento de
uma crianccedila em inclusatildeo
Desse modo percebe-se que na totalidade do grupo (17 participantes) 07
afirmaram que natildeo existem desvantagens no processo de inclusatildeo na Educaccedilatildeo
Infantil As matildees foram as que mais apontaram questotildees que podem ser
consideradas como desvantagens
Segundo Rodrigues e Lima-Rodrigues (2011) o objetivo da Educaccedilatildeo
Inclusiva natildeo se resume a uma mera mudanccedila curricular ou mesmo a permitir o
acesso de alunos com condiccedilotildees de deficiecircncia agrave Escola Regular trata-se portanto
de uma reforma mais profunda abrangendo os valores e as praacuteticas de todo o
sistema educativo tal como ele eacute comumente concebido E essa necessidade de
reforma profunda eacute possiacutevel de perceber a partir dos relatos que as entrevistadas
proporcionaram na presente pesquisa
436 Sugestotildees e Comentaacuterios visando agrave melhoria do Processo Inclusivo na
Educaccedilatildeo Infantil
Foi perguntado para as participantes se elas gostariam de deixar algum
comentaacuterio ou sugestatildeo sobre a realizaccedilatildeo da inclusatildeo da crianccedila pequena com
deficiecircncia na Educaccedilatildeo Infantil e em grande parte as sugestotildees se referem ao
atendimento da educadora no CMEI conforme eacute possiacutevel observar grupo a grupo
Entre os comentaacuterios e sugestotildees maternas elas indicam a) que as
educadoras tenham mais formaccedilatildeo especiacutefica para trabalhar com as crianccedilas de
inclusatildeo b) a criaccedilatildeo de um grupo de estudos de caso para discutir as deficiecircncias e
as experiecircncias inclusivas c) diminuir o nuacutemero de crianccedilas nas turmas de inclusatildeo
d) maior valorizaccedilatildeo do trabalho das Educadoras e) proporcionar melhor estrutura
de atendimento nos CMEIs para que a crianccedila natildeo precise sair desse espaccedilo para ir
122
a outro atendimento como acontece com o serviccedilo do AEE f) que as educadoras
tenham maior contato com os especialistas que atendem a crianccedila para que todos
falem a ldquomesma liacutenguardquo g) divulgaccedilatildeo da inclusatildeo h) disponibilizaccedilatildeo de uma
professora tutora para dar atenccedilatildeo individualizada para a crianccedila que estaacute no CMEI
e i) mais profissionais para fazer o diagnoacutestico dos filhos diminuindo o tempo de
espera para isso
A Matildee 01 afirma que agraves vezes as educadoras ficam sobrecarregadas tendo que
atender agraves necessidades da turma e ainda ter que dar conta dos comportamentos e
caracteriacutesticas da crianccedila que estaacute em inclusatildeo portanto com vistas a resumir isso
ela sugere
como todas as crianccedilas especiais natildeo conseguem ficar em sala de aula por muito tempo esperando que tenha alguma atividade como as outras crianccedilas a escola a creche poderia ver com a prefeitura se poderia estar disponibilizando uma pessoa pra ficar com essas crianccedilas
Um dos comentaacuterios da Matildee 02 destaca algo interessante e que reflete um
receio dela sobre a relaccedilatildeo crianccedila-educadora
formaccedilatildeo para essas educadoras contato com as fisioterapeutas contato com o lugar onde a crianccedila tem atendimento para atenderem em conjunto e natildeo prejudicar e natildeo atrasar a evoluccedilatildeo da crianccedila A professora estaacute lidando com vaacuterias crianccedilas em sala e se ela der um grito ou brigar com uma forma muito autoritaacuteria pode prejudicar a crianccedila que tem dificuldade que precisa de uma atenccedilatildeo especial A formaccedilatildeo vai ajudar o atendimento dela com as crianccedilas normais e as crianccedilas que estaacute em inclusatildeo
No conjunto dos comentaacuterios e sugestotildees das professoras do Atendimento
Educacional Especializado foram citados a) os profissionais da educaccedilatildeo devem
buscar mais conhecimento sobre a crianccedila pequena e sobre a sua inclusatildeo b) deve-
se construir a consciecircncia da comunidade sobre a inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil c)
deve-se divulgar mais o trabalho do Atendimento Educacional Especializado d)
divulgar mais a inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil e) divulgar mais as possibilidades de
formaccedilatildeo continuada na aacuterea f) ter mais Educadores por sala ou menos crianccedila por
turma de inclusatildeo g) apoio psicoterapecircutico para os professores do Atendimento
Educacional Especializado
A professora P01 afirma
123
acredito que a gente ainda precisa como melhoria de trabalho buscar muito mais conhecimento sobre a crianccedila e sobre a inclusatildeo Tambeacutem a gente precisa batalhar a consciecircncia da comunidade sobre a inclusatildeo na inclusatildeo infantil no ensino fundamental
Ela tambeacutem comenta que trabalha haacute muitos anos no municiacutepio e que natildeo sabia
que existiam esses serviccedilos de inclusatildeo e por conta disso destaca que eacute preciso
haver divulgaccedilatildeo dos serviccedilos das vitoacuterias
A professora P02 afirma que as educadoras tem que estar preparadas para
atender uma crianccedila com deficiecircncia e ela reforccedila ldquoaquele professor que gosta do
que faz tem que estar preparadordquo
Continuando com seus comentaacuterios a professora P02 aponta de modo simples e
certo ldquoTem profissionais que natildeo se dedicam e noacutes professores temos que dar o
melhor para os nossos alunos Quanto menor a crianccedila mais precisa de atenccedilatildeo e
carinhordquo
Jaacute a professora P04 faz um desabafo significativo quando associado a um
trabalho com qualidade
eu acho que eacute uma carga muito pesada pra noacutes professores do AEE porque assim a gente recebe da matildee aquela carga a matildee taacute cansada jaacute fez assim e tal e tal aiacute a gente vai no CMEI com as Educadoras ou nas Escolas dai a gente recebe essa carga tambeacutem Daiacute eacute a carga que a gente jaacute tem que eacute a proacutepria crianccedila e a responsabilidade puxa vida Todo mundo taacute vendo que eu sou a salvadora que eu vou dar conta de tudo dai vocecirc fica angustiada
Lembra-se que haacute muitos valores impliacutecitos no princiacutepio da inclusatildeo de pessoas
com necessidades especiais alguns amplamente conhecidos e outros por conhecer
ou pouco mencionados (CARDOSO e BUCKLEY 2011) E por isso mesmo se faz
necessaacuterio buscar perceber o que permeia esse complexo processo tal como o que
eacute relatado pela professora P04 ou mesmo pelas demais participantes desse estudo
Pois na atualidade o que se busca eacute uma revoluccedilatildeo natildeo somente na Educaccedilatildeo
Especial mas em toda a praacutetica educativa justamente porque a inclusatildeo exige
que todos recebam o apoio que eacute necessaacuterio para participaccedilatildeo na comunidade a
que pertencem (CARDOSO e BUCKLEY 2011)
Nos comentaacuterios e sugestotildees das educadoras dos Centros Municipais de
Educaccedilatildeo Infantil foram evidenciados a) formaccedilatildeo de um grupo para discutir os
casos de inclusatildeo b) maior divulgaccedilatildeo da inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil c) mais
formaccedilatildeo especiacutefica para a inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil d) necessidade de
124
melhorar o espaccedilo fiacutesico e) diminuir o nuacutemero de crianccedila por turma f) criaccedilatildeo de
campanhas de conscientizaccedilatildeo da comunidade sobre as possibilidades da inclusatildeo
na Educaccedilatildeo Infantil g) deveria haver uma pessoa que fizesse a ponte entre todos
os que atendem a crianccedila para que tivessem acesso ao mesmo niacutevel de
entendimento sobre a crianccedila
Entre as educadoras vale a pena ressaltar alguns dos comentaacuterios que foram
expressos por elas entre os quais o da E01 e no qual afirma que ldquoeu acho que a
gente tenta mas faz mais intuitivo e pouco teacutecnico saberdquo
A educadora E02 ao indicar que seria necessaacuterio haver mais divulgaccedilatildeo da
possibilidade de incluir a crianccedila pequena no CMEI justifica
eu natildeo sabia que podia trazer para o CMEI Entatildeo divulgar assim para os pais que querem desde cedo trazer assim e para que estas crianccedilas venham assim Divulgar essa ideia da inclusatildeo assim tambeacutem para as professoras para as tias dos CMEIS tambeacutem que natildeo tem muita ideia de que isso pode acontecer
E tambeacutem afirma
eu queria falar que meu trabalho eacute muito gratificante Tenho aprendido muito Desde que eu comecei a trabalhar com ela o meu olhar sobre a Siacutendrome de Down mudou completamente
A educadora E07 faz um desabafo em relaccedilatildeo ao trabalho na Educaccedilatildeo
Infantil
a Educaccedilatildeo Infantil eacute desvalorizada porque muitos acham que as crianccedilas vecircm aqui passar o tempo e como os pais vatildeo trabalhar eles ficam aqui soacute pra brincar A gente tem a funccedilatildeo de educa-los A gente contribui educa corrige no que for preciso falta reconhecimento na Educaccedilatildeo Infantil
E acrescenta em relaccedilatildeo agrave Inclusatildeo
falta a conscientizaccedilatildeo da comunidade da famiacutelia dos educadores um trabalho da secretaria com relaccedilatildeo a isso com cursos que chamem a populaccedilatildeo a comunidade toda a se interessar porque infelizmente eacute vista com maus olhos
Jaacute a educadora E09 sugere que as educadoras natildeo sintam medo como ela
sentiu no iniacutecio do atendimento que busquem conhecimento e a superaccedilatildeo das
suas dificuldades e que ldquofaccedilam seu trabalho com amor e com carinho porque a
inclusatildeo eacute uma coisa nova e diferente mas eacute muito bomrdquo
125
44 Da necessidade de se observar e atuar na infacircncia enquanto etapa crucial
de desenvolvimento
Haacute a necessidade de se discutir natildeo soacute as especificidades da crianccedila que estaacute
em inclusatildeo mas de se determinar primeiramente quais satildeo as peculiaridades de
uma crianccedila na faixa etaacuteria atendida
Portanto faz-se imprescindiacutevel rever concepccedilotildees acerca do que vem a ser o
desenvolvimento humano e os elementos que o constituem e o que nele interferem
profundamente assim como discutir e rever fatores de risco e de proteccedilatildeo E apoacutes
se ter estabelecido a ideia de crianccedila em desenvolvimento estabelecer paracircmetros
de observaccedilatildeo acompanhamento e avaliaccedilatildeo perceber e discutir quem eacute essa
crianccedila que estaacute em inclusatildeo pois na Educaccedilatildeo Inclusiva deve comprometer-se a
desenvolver uma pedagogia capaz de educar todas as crianccedilas com sucesso e
tambeacutem porque o acesso da crianccedila com necessidades especiais agrave educaccedilatildeo
infantil pode ser considerado como um ritual que marca sua condiccedilatildeo de crianccedila
(SORIANO 1999 ZORTEacuteA 2007)
Sendo reconhecidamente estabelecido que os primeiros anos de vida satildeo
fundamentais para o crescimento desenvolvimento e aprendizagem de qualquer
indiviacuteduo pensar em desenvolvimento infantil tambeacutem requer que se reflita sobre
quais as necessidades que as crianccedilas pequenas com ou sem necessidades
educacionais especiais possuem E nesse caso pode-se afirmar que na primeira
infacircncia certamente haacute a necessidade de interaccedilotildees emocionais seguras em
ambientes que proporcionem oportunidades de aprendizagem seguras e ricas
(BAZELTON e GREENSPAN 2002)
Em acordo com Bronfenbrenner e Evans (2000) para ocorrer o desenvolvimento
de uma pessoa ela precisa participar ativamente de interaccedilotildees reciacuteprocas de
complexidade crescente com pessoas com as quais desenvolve apego forte muacutetuo
e irracional e que com o tempo se comprometa com o bem-estar e
desenvolvimento dos outros Logo especialmente para a crianccedila pequena com
necessidades educacionais especiais eacute fundamental que o profissional tenha um
bom conhecimento sobre desenvolvimento humano principalmente relacionado agrave
faixa etaacuteria que atende e sobre qual eacute o seu papel diante dessa crianccedila Isso
porque eacute necessaacuterio que ele seja capaz de perceber tanto lacunas no
desenvolvimento quanto habilidades jaacute alcanccediladas e suas relaccedilotildees com a faixa
126
etaacuteria da crianccedila e com suas caracteriacutesticas pessoais orgacircnicas culturais entre
outros Aleacutem de que deve ser capaz de estabelecer planos e estrateacutegias para
intervir e avaliar seu trabalho e o desenvolvimento infantil E isso cabe tanto agraves
educadoras da Educaccedilatildeo Infantil quanto agraves professoras do Atendimento Educacional
Especializado pois ambos os grupos trabalham diretamente com o desenvolvimento
na infacircncia
O estabelecimento e a manutenccedilatildeo das interaccedilotildees entre o cuidador e a crianccedila
dependem da disponibilidade e do envolvimento de outro adulto (terceira pessoa)
que daacute apoio e encoraja a pessoa que cuida e interage com a crianccedila (BHERING e
SARKIS 2009) No caso da presente pesquisa pode-se perceber que em vaacuterios
momentos as matildees fazem esse papel de encorajamento como por exemplo ao
buscar levar informaccedilotildees para as educadoras em relaccedilatildeo aos filhos Contudo tal
funccedilatildeo natildeo eacute evidente quando se observa o papel da professora do Atendimento
Educacional Especializado nem junto agraves matildees muito menos em relaccedilatildeo agraves
educadoras
Eacute importante lembrar que o contexto assim como a pessoa tem caracteriacutesticas
que satildeo instigadoras de desenvolvimento (BHERING E SARKIS 2009) O contexto
do Centro Municipal de Educaccedilatildeo Infantil se enquadra nesse paracircmetro enquanto
ambiente distinto do familiar especialmente por conter objetos siacutembolos ambientes
e pessoas que se mostram como estiacutemulos muito diversos dos familiares Contudo
eacute algo que ocorre por si soacute sem planejamento ou adaptaccedilotildees Ou seja as proacuteprias
educadoras informam que natildeo haacute preparaccedilatildeo ou planejamento algum para que tal
ambiente se torne instigador para a crianccedila que estaacute em inclusatildeo Isso de algum
modo parece incomodar algumas profissionais pois o natildeo planejamento nem
sempre se daacute como uma escolha delas mas como uma falta de conhecimento em
como proceder
No que se refere agrave interaccedilatildeo com as outras crianccedilas da turma o que foi referido
como positivo e importante elemento promotor de desenvolvimento e de
aprendizagem das crianccedilas em inclusatildeo lembra-se que esta natildeo pode se resumir
apenas e somente a atividades e accedilotildees realizadas ao acaso Pois a relaccedilatildeo com o
outro tambeacutem crianccedila pode provocar impactos tanto positivos quanto negativos em
quem estaacute em inclusatildeo lembrando que a turma responde ao modelo de
entendimento e aceitaccedilatildeo do diferente conforme for apresentado por suas
educadoras (DRAGO 2005)
127
De todo modo Zorteacutea (2007) fala que as crianccedilas pequenas querem estar umas
com as outras e isso eacute fundamental para que se crie laccedilos e paracircmetros sociais de
pertencimento e de identidade e isso foi possiacutevel de perceber nos relatos das
educadoras Portanto cabe aos familiares educadoras e professoras de
Atendimento Educacional Especializado que levem em consideraccedilatildeo a interaccedilatildeo
com outras crianccedilas tambeacutem como elemento de construccedilatildeo do processo inclusivo
sem no entanto consolidar o estigma que jaacute existe entre os ldquonormaisrdquo e os
ldquoinclusosrdquo
Contudo haacute que se estabelecer tanto entre as famiacutelias quanto entre as
profissionais da educaccedilatildeo estrateacutegias que auxiliem a perceber acompanhar e
avaliar o processo de desenvolvimento infantil Para que assim todos possam
interagir com a crianccedila no sentido de natildeo soacute promover seus aspectos
desenvolvimentais mas tambeacutem de identificar possiacuteveis riscos e alteraccedilotildees de
forma precoce para em decorrecircncia disso intervir com qualidade e seguranccedila E
nesse sentido concorda-se com Diaz ndash Herrero e Martinez ndash Fuentes (2009)
quando essas autoras afirmam que especialmente o ambiente da escola serve
como contexto para minimizar os efeitos de atrasos e de condiccedilotildees anocircmalas do
desenvolvimento infantil Mas isso soacute vai ocorrer quando o ambiente escolar
conseguir se adequar agraves necessidades da crianccedila do contraacuterio falharaacute enquanto
fator de proteccedilatildeo agrave infacircncia (DIAZ ndash HERRERO e MARTINEZ ndash FUENTES 2009)
Para tal faz-se urgente a necessidade de estabelecer accedilotildees que visem agrave
adequaccedilatildeo estrutural das instituiccedilotildees que atendem a infacircncia para que se
constituam em ambientes seguros e promotores do desenvolvimento infantil de
qualquer crianccedila Assim como construir e aplicar programas que levem em
consideraccedilatildeo a orientaccedilatildeo e o apoio contiacutenuo agraves famiacutelias membros da comunidade
profissionais da educaccedilatildeo e demais interessados enquanto espaccedilos coletivos de
discussatildeo reflexatildeo e formaccedilatildeo acerca do desenvolvimento e seus fatores de risco e
de proteccedilatildeo
128
45 Do reconhecimento da importacircncia dos contextos e suas inter-relaccedilotildees
Bronfenbrenner (1989) tambeacutem assinala a necessidade de haver poliacuteticas
puacuteblicas e accedilotildees que funcionem como suporte agraves atividades de educar crianccedilas de
forma ampla abrangendo pais cuidadores professores parentes amigos
vizinhos parceiros de trabalho e tambeacutem as instituiccedilotildees poliacuteticas econocircmicas e
sociais da sociedade como um todo
No presente estudo em acordo com os relatos haacute a percepccedilatildeo do papel dos
contextos como elementos importantes especialmente no que se refere agrave famiacutelia e
agraves instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Infantil Contudo essa percepccedilatildeo natildeo eacute suficiente para
que se verifique uma efetiva relaccedilatildeo entre os contextos
Portanto haacute a necessidade de se discutir tanto com a famiacutelia quanto com os
profissionais e membros da comunidade a importacircncia de um trabalho coletivo e
colaborativo quando se trata de construir um processo de inclusatildeo especialmente
na primeira infacircncia para que todos se percebam como agentes mediadores da
promoccedilatildeo do desenvolvimento infantil e da inclusatildeo em si
A relaccedilatildeo entre os contextos as caracteriacutesticas da pessoa e processos proximais
eacute pertinente na medida em que ambientes especialmente preparados para as
crianccedilas satildeo vitais e as interaccedilotildees ali estabelecidas satildeo determinantes para o seu
desenvolvimento (BHERING e SARKIS 2009) Eis aqui outro aspecto que as
participantes demonstraram em seus relatos a pouca preparaccedilatildeo para atender o
alunado em inclusatildeo Diante do que foi afirmado por Bhering e Sarkis (2007) eacute
possiacutevel inferir que isso ao longo do tempo pode gerar impactos negativos no
desenvolvimento e na aprendizagem desse alunado que estaacute construindo sua
trajetoacuteria tanto como pessoa quanto como aluno
Ainda que a crianccedila permaneccedila o dia todo na instituiccedilatildeo isso natildeo invalida o
papel da famiacutelia no que se refere agrave participaccedilatildeo no processo de inclusatildeo e da
estimulaccedilatildeo do desenvolvimento do filho e deve-se lembrar que o que ocorre na
famiacutelia afeta a instituiccedilatildeo na qual a crianccedila estaacute e vice-versa (BRONFENBRENNER
1986) Portanto concorda-se com Bronfenbrenner (1989) quando esse autor propotildee
que o funcionamento efetivo do processo de educar crianccedilas no contexto familiar e
em outros contextos tais como os Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil
requer que haja padrotildees de trocas de informaccedilatildeo estabelecidos e contiacutenuos aleacutem
129
de confianccedila muacutetua entre os principais ambientes nos quais as crianccedilas e suas
famiacutelias vivem
O compartilhamento de praacuteticas educativas familiares e escolares eacute um dos
passos importantes para o sucesso das instituiccedilotildees educacionais do desempenho e
desenvolvimento dos profissionais a frente das iniciativas das relaccedilotildees entre os
responsaacuteveis pelos processos educativos formais e informais e acima de tudo
para o desenvolvimento integral das crianccedilas (BHERING e SARKIS 2009)
Lembrar-se tambeacutem que quando se trata especificamente de crianccedilas com
alteraccedilotildees no desenvolvimento ou deficiecircncia o sucesso de programas de
intervenccedilatildeo precoce depende em grande parte da integraccedilatildeo de esforccedilos da
comunidade local e da famiacutelia (MUELLER 2008)
46 Da consideraccedilatildeo e discussatildeo das novas concepccedilotildees acerca da Inclusatildeo
Conforme Sanches e Teodoro (2007) eacute preciso saber o que queremos significar
quando falamos da inclusatildeo de um aluno na escola e quais os indicadores que nos
permitem afirmar que a crianccedila estaacute incluiacuteda ou natildeo Dentro do grupo entrevistado
haacute alguns indicadores estes estabelecidos de forma intuitiva baseada no senso
comum e em pouco conhecimento sobre o tema Contudo eacute preciso dar novo
significado ao que eacute inclusatildeo de modo que deixe de ser moda e de gerar ideias
errocircneas e simplistas de sua aplicaccedilatildeo ou que justificam sua impossibilidade
(RODRIGUES 2006)
Ao se inferir que eacute necessaacuterio considerar e discutir as novas concepccedilotildees acerca
da inclusatildeo isso quer dizer que natildeo eacute mais tempo de questionar se o que se faz eacute
integraccedilatildeo normalizaccedilatildeo ou inclusatildeo Mas de partir dos conceitos que as
profissionais e as famiacutelias jaacute trazem e dar novo significado a eles sem
desconsideraacute-los Parte-se do princiacutepio que o fato da inclusatildeo natildeo eacute mais uma
ldquogranderdquo novidade pois de algum modo ela permeia nosso dia-a-dia Contudo nem
todos demonstram essa consciecircncia O que parece ocorrer eacute que a inclusatildeo em si
se tornou uma possibilidade mal divulgada e pouco discutida o que a torna uma
realidade distante ainda que natildeo seja verdade
130
Quando se diz que eacute mal divulgada eacute no sentido de que as pessoas sabem que
tem que ldquoincluir os diferentesrdquo - muito se afirma nas miacutedias que todos satildeo diferentes
que deve haver respeito e igualdade de oportunidades para todos - mas sabem elas
quem satildeo esses diferentes Sabem elas onde eles devem ser incluiacutedos Quando se
referencia que a inclusatildeo eacute uma possibilidade pouco discutida eacute que natildeo o
suficiente apenas ter informaccedilotildees sobre a inclusatildeo Faz-se necessaacuterio discutir
refletir re-significar e ampliar a concepccedilatildeo do que eacute a inclusatildeo desde quando se eacute
sujeito e qual eacute o objetivo da inclusatildeo E quando se afirma que a inclusatildeo eacute uma
possibilidade distante eacute porque ela se torna exatamente isso para determinadas
pessoas especialmente no caso das educadoras e professoras que tem em seu rol
de formaccedilatildeo dados informaccedilotildees ou experiecircncias que tratem do processo inclusivo
Diante disso eacute possiacutevel pensar que um dos aspectos que faltam agrave formaccedilatildeo eacute dar
sentido ao que os envolvidos trazem seja como experiecircncia de vida ou como
formaccedilatildeo acadecircmica
Quando se percebe que segundo as participantes a inclusatildeo serve agrave
socializaccedilatildeo que eacute um direito que eacute uma oportunidade que eacute vantajoso que eacute a
chance da crianccedila estar em um lugar seguro elas estatildeo tambeacutem indicando
concepccedilotildees que de algum modo fundamentam sua relaccedilatildeo com a crianccedila Natildeo
obstante esses fatos natildeo devem ser tomados como base se julgamento de suas
competecircncias habilidades ou eficiecircncia em compreender e buscar atender o aluno
da melhor maneira possiacutevel - ainda que essa maneira natildeo se enquadre no que
academicamente eacute desejaacutevel ou recomendaacutevel
Dentro de uma escola para todos esse ldquotodosrdquo deve envolver tambeacutem os sujeitos
que ali se envolvem seja a crianccedila com deficiecircncia matildee a professora profissionais
Fernandes Bolsanello e Ceretta (2009) apontam para o fato de que a inclusatildeo
passa necessariamente pela possibilidade de assegurar agraves crianccedilas agraves famiacutelias e
aos professores apoio formaccedilatildeo e condiccedilotildees praacuteticas pois estas satildeo questotildees
imprescindiacuteveis para que a inclusatildeo de fato aconteccedila
Concorda-se com Sanches e Teodoro (2007) quando esses autores afirmam que
haacute muitos obstaacuteculos que podem ser enunciados para natildeo ser praticada uma
educaccedilatildeo inclusiva mas o verdadeiro obstaacuteculo estaacute na forma de pensar na e sobre
a diferenccedila e da disponibilidade daiacute decorrente
131
47 Da consideraccedilatildeo das (necessaacuterias) transformaccedilotildees que vem ocorrendo na
Educaccedilatildeo Infantil
Facilmente se percebe as muacuteltiplas transformaccedilotildees que vecircm se desenrolando ao
longo das uacuteltimas deacutecadas na Educaccedilatildeo Infantil Mudanccedilas que implicam no
reconhecimento do papel da instituiccedilatildeo enquanto serviccedilo necessaacuterio agrave matildee
trabalhadora na contemporaneidade no sentido de ser espaccedilo de promoccedilatildeo do
desenvolvimento na infacircncia e alteraccedilatildeo da identidade da educadora enquanto
profissional da educaccedilatildeo agente de desenvolvimento e aprendizagem Deve-se
agregar a esses itens tambeacutem os aspectos relacionados agrave possibilidade de
inclusatildeo de bebecircs e de crianccedilas pequenas nas instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Infantil
Desse modo deve-se reconhecer que ter uma crianccedila especial na turma faz com
que a educadora da Educaccedilatildeo Infantil tenha que repensar seu papel mais uma vez
agora no que se refere a aspectos que ateacute pouco tempo atraacutes cabiam apenas ao
professor da Educaccedilatildeo Especial Junto a isso deve-se ater ao fato de que a
instituiccedilatildeo em si em termos estruturais tambeacutem deve rever seus ambientes
materiais condiccedilatildeo de acesso e permanecircncia desse alunado
Reforccedila-se que natildeo eacute mais tempo de se pensar na inclusatildeo como algo distante
fora da realidade do Ensino Regular para o momento considere-se que eacute
imprescindiacutevel ver que a inclusatildeo para ser como tal tem que ser total radical natildeo
podendo haver ldquoporeacutensrdquo E eacute nessa radicalidade que se verificam as devidas
necessidades de transformaccedilatildeo real e profunda sem preacircmbulos ou desculpas Soacute
se aprende a fazer uma escola inclusiva na accedilatildeo e discussatildeo a respeito Como
saber quais as condiccedilotildees ideais para que a inclusatildeo ocorra mantendo os diferentes
longe dessa escola Eacute preciso ver sentir experenciar conviver ouvir e ir
construindo a caminhada durante o proacuteprio percurso
Por isso merece destaque o que Mantoan (2006) afirma e para a qual a inclusatildeo
eacute produto de uma escola plural democraacutetica e transgressora o que provoca uma
crise escolar ou melhor uma crise de identidade institucional que por sua vez abala
a identidade dos professores provocando que a identidade do aluno tambeacutem seja
ressignificada
Daiacute que a figura da educadora eacute especialmente importante para que a
diversidade humana possa se fazer presente na escola porque satildeo elas que no
132
meio de suas contradiccedilotildees duacutevidas avanccedilos medos disponibilidades ansiedades
acolhimentos e possibilidades assumem os alunos em suas salas de aula (JESUS
2008)
E ao ouvi-las nesse estudo percebeu-se que entre as suas queixas estatildeo
questotildees que natildeo satildeo de exclusividade de quem atende turmas inclusivas tais
como as salas de aula numerosas em termos de alunos a dificuldade de dar
atenccedilatildeo mais individualizada agraves crianccedilas pequenas a falta de conhecimento sobre o
desenvolvimento infantil e a ocorrecircncia de ambientes que precisam ser mais bem
adaptados para todas as crianccedilas
O que possibilita inferir que a dificuldade maior de uma turma de inclusatildeo talvez
nem seja a crianccedila com necessidades educacionais especiais mas toda uma
estrutura que engloba formas de pensamento modos de agir de formaccedilatildeo docente
que natildeo proporcionam uma maior amplitude de visatildeo do profissional quanto agrave sua
funccedilatildeo junto com a proacutepria estrutura do atendimento que necessita ser modificada
Ainda no que se refere ao papel da educadora frente agrave inclusatildeo da crianccedila
pequena Camera (2006) afirma que quando se exercita o papel uma figura de
mediadora estaacute sendo delineada a construccedilatildeo de uma pedagogia da complexidade
onde deve haver espaccedilo para muacuteltiplos olhares para uma escuta sensiacutevel e para
acolher o que vai se constituindo pelo movimento das proacuteprias crianccedilas onde se
vivencia a disponibilidade ao diaacutelogo e a reciprocidade construindo assim uma
pedagogia da compreensatildeo
Desse modo urge que na formaccedilatildeo da identidade docente tambeacutem seja
considerada a sua funccedilatildeo como agente de inclusatildeo
Jaacute no que se refere agrave participaccedilatildeo da famiacutelia de crianccedilas com necessidades
educacionais especiais na Educaccedilatildeo Infantil percebe-se ndash como indicado
anteriormente - que esta natildeo vem se dando de modo diferente do que o esperado
no caso de filhos que natildeo estatildeo em inclusatildeo Mas ressalta-se novamente que eacute
fundamental que a famiacutelia que tem um filho com necessidades educacionais
especiais seja atendida em suas peculiaridades e principalmente que seja
construiacutedo com ela o processo de inclusatildeo de sua crianccedila Ateacute porque eacute sabido que
quando nasce uma crianccedila com deficiecircncia haacute normalmente uma grande
necessidade de apoiar e orientar essa famiacutelia de modo que natildeo haja perdas no
processo de aceitaccedilatildeo do filho Acredita-se que a instituiccedilatildeo de Educaccedilatildeo Infantil
tambeacutem possa servir como apoio agrave famiacutelia
133
Em acordo com Sigolo e Oliveira (2008) haacute uma vivecircncia familiar anterior agrave
escola que natildeo pode ser ignorada A entrada na escola significa um grande passo
na transiccedilatildeo da dependecircncia para a autonomia da crianccedila assim o papel da escola
junto da famiacutelia e a funccedilatildeo dos pais na escola tecircm que ser observados nesse
contexto Pois em algumas situaccedilotildees para os pais e familiares proacuteximos lidar com
a entrada de uma crianccedila pequena na crechepreacute-escola significa lidar com muitos
sentimentos que por vezes satildeo ambivalentes O que pode trazer para o contexto
familiar novas preocupaccedilotildees rotinas e adequaccedilotildees (BHERING e SARKIS 2009)
Logo a compreensatildeo desse processo pode auxiliar na definiccedilatildeo de objetivos e de
estrateacutegias de ensino para o aluno especial (SIGOLO e OLIVEIRA 2008)
Ainda que a colaboraccedilatildeo de pais de alunos com necessidades educacionais
especiais seja pensada como difiacutecil pois estes satildeo vistos como natildeo capacitados
para contribuir na elaboraccedilatildeo de programas educativos ela eacute possiacutevel e na
atualidade uma necessidade imprescindiacutevel (SIGOLO e OLIVEIRA 2008) E essa
deve ser vista sem preconceitos ou preacute-julgamentos
Portanto ressalta-se que a inclusatildeo eacute um problema de todos (RODRIGUES
2006) o que implica considerar os sujeitos que podem colaborar com ela e orientar
accedilotildees e estrateacutegias que melhor os capacitem para lidar com as condiccedilotildees da crianccedila
pequena que estaacute na Educaccedilatildeo Infantil
48 Da consideraccedilatildeo das transformaccedilotildees que vecircm ocorrendo na Educaccedilatildeo
Especial
Tambeacutem a Educaccedilatildeo Especial passou e ainda passa por profundas
transformaccedilotildees Na medida em que esse professor sai da Escola Especial e passa
a possibilidade de tambeacutem estar lotado nos espaccedilos de ensino regular atendendo
uma nova especificidade de alunos de um modo que natildeo corresponde mais agrave ideia
de turma formal mas com alguma liberdade para desenvolver sua funccedilatildeo esse
mesmo profissional se perde em sua identidade e assim novas demandas e
necessidades se criam Entre elas e natildeo diferente do que ocorre no acircmbito da
Educaccedilatildeo Infantil eacute facilmente verificado no presente estudo que as professoras
134
tambeacutem estatildeo revendo e reorganizando as especificidades do que cabe agrave sua
funccedilatildeo
O fato de terem que atender a uma gama ampla de necessidades especiais e
faixas etaacuterias diferentes exige desses profissionais um perfil mais dinacircmico e flexiacutevel
voltado para a pesquisa e estudo constante Tambeacutem se percebe que essas
professoras estatildeo sendo legalmente convidadas a saiacuterem de suas salas de aula e
auxiliarem na construccedilatildeo da inclusatildeo de seus alunos nas instituiccedilotildees do ensino
regular
No que se refere especificamente agrave crianccedila pequena outros desafios se fazem
notar Entre eles o fato de ter que lidar natildeo soacute com os conhecidos meacutetodos
pedagoacutegicos mas agora tambeacutem ter que se interar de assuntos que fazem
referecircncia ao desenvolvimento humano
Aos fazerem referecircncia de que seu trabalho com crianccedilas pequenas eacute ou seraacute
voltado para a estimulaccedilatildeo essencial e ao esclarecerem o modo como entendem
isso essas professoras demonstram que necessitam de maior embasamento teoacuterico
e praacutetico a respeito E eacute nesse sentido que se propotildee que o Atendimento
Educacional Especializado para bebecircs e crianccedilas pequenas seja construiacutedo a partir
do entendimento de que tambeacutem eacute um processo de intervenccedilatildeo precoce e de que
esse seja voltado para a valorizaccedilatildeo e inter-relaccedilatildeo dos contextos
desenvolvimentais nos quais a crianccedila pequena participa
Logo torna-se imprescindiacutevel que essas profissionais tenham condiccedilotildees teoacuterico-
metodoloacutegicas para promover o desenvolvimento na infacircncia bem como para
orientar e dar apoio agrave famiacutelia e agraves educadoras Segundo Mantoan (2006) o papel da
educaccedilatildeo especial na perspectiva inclusiva eacute muito importante e natildeo pode ser
negado mas dentro dos limites de suas atribuiccedilotildees sem que sejam extrapolados os
seus espaccedilos de atuaccedilatildeo especiacutefica Essas atribuiccedilotildees conforme jaacute foi referido
complementam e apoiam o processo de escolarizaccedilatildeo de alunos com deficiecircncia
que estatildeo regularmente matriculados nas escolas comuns
O espaccedilo criado pela possibilidade de inclusatildeo emerge sempre como um
grande elo no qual podem ser verificadas experiecircncias profundas de emancipaccedilatildeo e
valorizaccedilatildeo humana Poreacutem isso soacute vai ocorrer verdadeiramente se forem
consideradas e aceitas as necessaacuterias transformaccedilotildees tanto da Educaccedilatildeo Infantil
como na Educaccedilatildeo Especial
135
5 CONCLUSOtildeES
Com fins de realizar as consideraccedilotildees finais acerca das informaccedilotildees
percebidas durante o processo de apresentaccedilatildeo de dados retoma-se a questatildeo que
norteou esta pesquisa
Quais concepccedilotildees norteiam o processo de inclusatildeo da crianccedila pequena com
necessidades educacionais especiais no contexto do Centro Municipal de
Educaccedilatildeo Infantil segundo suas Matildees suas Educadoras na Educaccedilatildeo Infantil e
suas Professoras do Atendimento Educacional Especializado
Ao se propor a investigaccedilatildeo do processo inclusivo 18 anos apoacutes a Declaraccedilatildeo
de Salamanca inicialmente parecia que se iria discutir um tema amplamente
debatido e jaacute esgotado em possibilidades Poreacutem na medida em que se eacute possiacutevel
debruccedilar sobre leituras praacuteticas inclusivas jaacute realizadas e sobre os dados e
concepccedilotildees coletadas nessa pesquisa percebe-se que mesmo que os anos
tenham se passado e as experiecircncias nesse acircmbito se multipliquem ainda haacute
questotildees a serem debatidas e claro novas demandas se estabelecem e antigas
reflexotildees acerca do tema merecem ser resgatadas O que estaacute em consonacircncia com
o que segundo Alves (2007) ressalta nos aponta para o fato de que os casos de
inclusatildeo sempre trazem consigo uma gama de novas necessidades e duacutevidas De
algum modo vai ao encontro do que Guasselli (2005) afirma quando comenta que a
proposta da educaccedilatildeo inclusiva eacute complexa pois articula vaacuterios aspectos entre os
quais o autor faz destaque o tempo instituiacutedo e o tempo do aluno o peso da
aprendizagem formal em detrimento das habilidades do aluno e o olhar do professor
e dos demais alunos sobre as necessidades especiais
O presente estudo trouxe concepccedilotildees de inclusatildeo que muito embora a
primeira vista pareccedilam heterogecircneas possuem elementos em comum Elas
sugerem ainda uma perspectiva inclusiva voltada para a possibilidade de
socializaccedilatildeo da crianccedila pequena com necessidades educacionais especiais com
ldquocrianccedilas normaisrdquo e para a concepccedilatildeo de que estar em inclusatildeo eacute o cumprimento
de um direito O que num primeiro momento aparenta ser uma celebraccedilatildeo pode no
decorrer do tempo tornar-se a reafirmaccedilatildeo de estigmas preconceitos e de accedilotildees e
136
concepccedilotildees que banalizam reduzem e simplificam a complexidade do que eacute o
processo inclusivo especialmente para as crianccedilas pequenas
A famiacutelia participa pouco do processo de inclusatildeo de sua crianccedila isso tanto
no que se refere ao Atendimento Educacional Especializado quanto no Centro
Municipal de Educaccedilatildeo Infantil Sua participaccedilatildeo eacute reconhecida como importante
para as participantes mas os relatos sobre a praacutetica natildeo demonstram isso
O professor do Atendimento Educacional Especializado eacute uma figura
praticamente desconhecida das educadoras e para as matildees natildeo representa uma
referencia consideraacutevel quando se tem duacutevidas ou dificuldades
Os CMEIs aparecem como instituiccedilotildees ainda despreparadas para atender
com qualidade crianccedilas pequenas que estatildeo em inclusatildeo assim como as
educadoras aparentam ser profissionais sem preparo e experiecircncia para trabalhar
com crianccedilas pequenas com deficiecircncia Contudo ainda que esse despreparo seja
algo relatado pelas participantes inclusive pelas proacuteprias educadoras haacute o
reconhecimento por parte das entrevistadas que essas profissionais se esforccedilam
por fazer um bom trabalho e no decorrer do tempo em que estatildeo atendendo essas
crianccedilas jaacute indicam modificaccedilotildees em suas accedilotildees e em suas concepccedilotildees sobre a
crianccedila e sobre sua funccedilatildeo enquanto profissionais da educaccedilatildeo
No que se refere ao despreparo dos CMEIs foram indicadas pelas
participantes especialmente pelas educadoras a falta de condiccedilotildees de
acessibilidade materiais e ambientes que natildeo satildeo adaptados e condiccedilotildees que
implicam em risco inclusive para crianccedilas que natildeo tem nenhum tipo de necessidade
especial ou alteraccedilatildeo no desenvolvimento
Sobre o trabalho das educadoras chama atenccedilatildeo a queixa a respeito do
nuacutemero de crianccedilas por turma o que segundo grande parte das participantes eacute
muito grande o que dificultaria o atendimento de crianccedilas com necessidade
especial Em vaacuterios momentos foi sugerido que se mantivesse uma professora extra
especiacutefica para cuidar da crianccedila que estaacute em inclusatildeo Tambeacutem se percebe uma
grande necessidade de as educadoras terem espaccedilos para conversar e se informar
sobre a inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil e sobre as especificidades das crianccedilas que
atendem
O processo de inclusatildeo em si se mostra sendo realizado como accedilotildees isoladas
e desestruturadas com pouca relaccedilatildeo entre os diversos sujeitos envolvidos (matildees
crianccedilas educadoras especialistas professoras do AEE comunidade etc) No
137
caso especiacutefico do trabalho no Centro Municipal de Educaccedilatildeo Infantil tambeacutem eacute
possiacutevel inferir que a inclusatildeo de bebecircs e de crianccedilas pequenas natildeo seguem um
planejamento ou projeto apropriado muito menos que se considerem aspectos
como a promoccedilatildeo do desenvolvimento dessas crianccedilas a participaccedilatildeo da famiacutelia
apoio agraves educadoras relaccedilatildeo com a comunidade por exemplo O que parece
contribuir para o sentimento de desamparo e despreparo das educadoras e de
inseguranccedila por parte das matildees das crianccedilas
Quanto ao trabalho das professoras do Atendimento Educacional
Especializado tambeacutem parece ser necessaacuterio discutir e estabelecer de uma forma
mais clara e profunda quais suas atribuiccedilotildees junto ao desenvolvimento global da
crianccedila pequena e sobre o que vem a ser o atendimento em
estimulaccedilatildeointervenccedilatildeo precoce Sugere-se que isso seja realizado em equipe
interdisciplinar - se possiacutevel ndash e que seja baseado em modelos integrais de
atendimento agrave crianccedila e sendo considerada a participaccedilatildeo da famiacutelia nesse
processo de promoccedilatildeo do desenvolvimento e de minimizaccedilatildeo de riscos e impactos
Ainda que a inclusatildeo natildeo seja mais uma novidade dentro da aacuterea
educacional pois haacute muito vem sendo discutida exposta e mesmo vivenciada foi
possiacutevel perceber que as educadoras dessa pesquisa natildeo se mostraram afeitas ao
tema indicando um grande distanciamento do que venha a ser a experiecircncia
inclusiva
Mesmo com todas as dificuldades apresentadas pelas entrevistadas e a
desarticulaccedilatildeo de conceitos e accedilotildees na construccedilatildeo do processo inclusivo eacute
consenso que para a crianccedila pequena estar instituiccedilatildeo de Educaccedilatildeo Infantil eacute algo
imensamente positivo Foi indicado pelas participantes que todas as crianccedilas
ganham com o processo inclusivo em alguma instacircncia tanto as que tecircm
necessidades educacionais especiais quanto as que natildeo tecircm Contudo as
evoluccedilotildees e transformaccedilotildees positivas que facilmente satildeo vistas nas crianccedilas que
estatildeo em inclusatildeo tambeacutem aparecem em acordo com os relatos como algo
inerente ao fato de estarem na instituiccedilatildeo natildeo resultado de planejamentos
discussotildees ou accedilotildees voltadas especificamente para a qualidade do processo
inclusivo
Desse modo diante dos dados organizados na presente pesquisa foram
observadas como demandas a serem consideradas quando se pretende um
processo inclusivo com qualidade aquelas oriundas das necessidades de a) se
138
observar e atuar na infacircncia enquanto etapa crucial de desenvolvimento b) do
reconhecimento da importacircncia dos contextos e suas relaccedilotildees c) da consideraccedilatildeo e
discussatildeo das novas concepccedilotildees acerca da Inclusatildeo d) da consideraccedilatildeo das
transformaccedilotildees que vecircm ocorrendo na Educaccedilatildeo Infantil e) da consideraccedilatildeo das
transformaccedilotildees que vecircm ocorrendo na Educaccedilatildeo Especial
Por fim ainda que o tema da Educaccedilatildeo Inclusiva esteja longe de ser
esgotado especialmente no que compete agrave Educaccedilatildeo Infantil e diante de todas as
informaccedilotildees oferecidas agrave anaacutelise e discussatildeo nessa pesquisa eacute possiacutevel considerar
que esta Tese demonstrou
a) Que a inclusatildeo de crianccedilas pequenas com deficiecircncia na Educaccedilatildeo
Infantil ainda reflete diversas contradiccedilotildees e desencontros sendo
realizada de maneira simplificada no sentido do cumprimento de um
direito e tendo como foco a socializaccedilatildeo desse alunado com crianccedilas
ldquonormaisrdquo preterindo outras importantes funccedilotildees interventivas precoces
tatildeo necessaacuterias agrave promoccedilatildeo de um desenvolvimento amplo e saudaacutevel
b) Que a experiecircncia inclusiva mesmo diante da realidade exposta nos
contextos pesquisados se mostra vaacutelida por ser uma accedilatildeo que
transgride o comum pois proporciona novas reflexotildees novas
necessidades duacutevidas e significados o que com certeza poderaacute gerar
outras perspectivas e estrateacutegias em prol da qualidade educacional e da
promoccedilatildeo do desenvolvimento humano
Outrossim sugere-se que todo processo inclusivo que vise atender a crianccedila
pequena com necessidades educacionais especiais considere
a) a construccedilatildeo de uma concepccedilatildeo de crianccedila pequena ativa e em desenvolvimento
b) a discussatildeo e ampliaccedilatildeo da concepccedilatildeo de inclusatildeo especialmente no que se
refere agrave Educaccedilatildeo Infantil
c) a importacircncia de uma abordagem de atendimento baseada nas relaccedilotildees e trocas
muacutetuas entre os contextos nos quais a crianccedila participa direta ou indiretamente
d) as caracteriacutesticas e necessidades da famiacutelia da crianccedila que estaacute em inclusatildeo
tornando-a tambeacutem agente mediadora da inclusatildeo do filho
139
e) a identidade e o papel da educadora que trabalha no Centro Municipal de
Educaccedilatildeo Infantil e da professora do Atendimento Educacional Especializado
enquanto agentes mediadoras da inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil
f) a inclusatildeo tambeacutem como um modo de intervenccedilatildeo precoce na qual se previne e
minimiza riscos e dificuldades e promovendo o desenvolvimento humano
g) a adequaccedilatildeo dos espaccedilos das creches levando-se em consideraccedilatildeo a realidade
do atendimento a quantidade de crianccedilas atendidas e as especificidades do puacuteblico
infantil que estaacute em inclusatildeo
h) a criaccedilatildeo de cursos especiacuteficos que tratem da inclusatildeo na primeira infacircncia
i) que os cursos de formaccedilatildeo inicial e os de formaccedilatildeo continuada levem em conta a
inclusatildeo de uma crianccedila real e que possam ser organizados conforme a linguagem
e a realidade praacutetica profissional
j) que sejam feitas mais pesquisas para verificar como o desenvolvimento infantil
vem sendo concebido avaliado e promovido nesta faixa etaacuteria e em outros
contextos de creche especialmente no que se refere ao desenvolvimento da crianccedila
pequena com necessidades especiais
k) de se aprofundar os estudos sobre de que modo a inclusatildeo de bebecircs com
necessidades especiais vem sendo tratada pelas educadoras bem como de que
forma esta inclusatildeo contribui ou natildeo para o desenvolvimento infantil dessas mesmas
crianccedilas
l) e por fim que as Universidades contribuam com projetos de pesquisa e de
extensatildeo para que conceitos importantes sejam re-significados dentro da Educaccedilatildeo
Infantil da Educaccedilatildeo Especial e do Ensino Inclusivo
140
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161
ANEXOS
162
ANEXO A
Roteiro de Entrevistas ndash Matildees
Caracterizaccedilatildeo da Matildee da crianccedila que estaacute em inclusatildeo
1 Nome Completo
2 Idade
3 Escolaridade
4 Ocupaccedilatildeo
Caracterizaccedilatildeo da Famiacutelia da crianccedila que estaacute em inclusatildeo
1 Composiccedilatildeo familiar
Membro Idade MF Escolaridade Ocupaccedilatildeo
01
02
03
04
05
06
2 Quem mora com a crianccedila
3 Qual eacute a renda mensal meacutedia da famiacutelia
4 Haacute mais algum caso de deficiecircncia na sua famiacutelia Comente sua resposta
Caracterizaccedilatildeo da crianccedila que estaacute em inclusatildeo
1 Nome
2 Idade
3 Como eacute o seu filho
163
4 A senhora saberia me dizer qual eacute o diagnoacutestico do seu filho
5 Quando a senhora soube o diagnoacutestico dele o que pensou
6 E hoje que seu filho estaacute no CMEI como se sente
7 Como vocecirc faz para saber se seu filho estaacute se desenvolvendo bem
8 Seu filho frequentou outra instituiccedilatildeo antes de vir para esse CMEI Qual
Comente sua resposta
9 Desde quando seu filho frequenta este CMEI
10 Por que a senhora decidiu matricular seu filho no CMEI
11 Por que a senhora escolheu esse CMEI
12 Qual eacute a turma que seu filho frequenta
13 Quanto tempo por dia sua crianccedila fica no CMEI
14 Atualmente seu filho frequenta algum outro atendimento aleacutem do CMEI
Como eacute isso
15 Como costuma ser a rotina da crianccedila
16 A senhora tem alguma dificuldade em atender sua crianccedila
17 Quando aparecem duacutevidas sobre seu filho o que a senhora faz
18 A senhora recebe ou jaacute recebeu alguma orientaccedilatildeo sobre como atender seu
filho Comente sua resposta
19 Que tipo de atividades vocecirc e sua famiacutelia costumam fazer com a crianccedila
Concepccedilotildees sobre o processo inclusivo
1 Dizer que essa crianccedila estaacute em inclusatildeo o que significa para vocecirc
2 Se algueacutem lhe perguntasse qual eacute o motivo de crianccedilas com deficiecircncia
estarem frequentando o CMEI o que vocecirc diria
3 Qual eacute a sua opiniatildeo sobre a inclusatildeo nos CMEIs
4 Como deveriam ser os CMEIs para atenderem bem os casos de inclusatildeo
5 Como a famiacutelia da crianccedila que tem deficiecircncia pode ajudar na inclusatildeo de seu
filho
6 Como devem ser as educadoras de CMEI para que atendam bem as crianccedilas
que estatildeo em inclusatildeo
7 Como a professora do Atendimento Educacional Especializado pode
contribuir com a inclusatildeo no CMEI
164
8 Que tipo de apoio a famiacutelia da crianccedila que estaacute em inclusatildeo precisa para
atender bem seu filho
9 Que tipo de apoio as educadoras de CMEI precisam para atender bem os
casos de inclusatildeo
10 Vocecirc acha que os CMEIs estatildeo preparados para atender crianccedilas pequenas
em inclusatildeo Comente sua resposta
11 Vocecirc acha que as educadoras de CMEI estatildeo preparadas para atender
crianccedilas pequenas em inclusatildeo Comente sua resposta
12 Qual sua opiniatildeo sobre o trabalho das educadoras que atendem turmas de
inclusatildeo
13 De que maneira acontece a participaccedilatildeo da famiacutelia no processo de inclusatildeo
do filho que estaacute no CMEI Qual sua opiniatildeo sobre isso
14 Em sua opiniatildeo quais as maiores vantagens que a inclusatildeo na Educaccedilatildeo
Infantil traz Comente sua resposta
15 Existiriam desvantagens na inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil Comente sua
resposta
16 Vocecirc gostaria de falar mais alguma coisa sobre a inclusatildeo da crianccedila
pequena no CMEI
165
ANEXO B
Roteiro de Entrevistas ndash Educadoras de CMEI
Caracterizaccedilatildeo da Educadora
Nome Completo
Idade
Estado civil
Escolarizaccedilatildeo
Possui alguma formaccedilatildeo especiacutefica para trabalhar com crianccedilas pequenas na
Educaccedilatildeo Infantil
Possui alguma formaccedilatildeo especiacutefica na aacuterea da Educaccedilatildeo Especial e
Inclusiva
Vocecirc teve experiecircncia como professora fora da Educaccedilatildeo Infantil Comente
sua resposta
Vocecirc teve outras experiecircncias como professora de turmas de inclusatildeo antes
dessa Comente sua resposta
Vocecirc teve ou tem alguma ou experiecircncia com pessoas com deficiecircncia fora
da aacuterea educacional Como foi isso
Caracterizaccedilatildeo do Trabalho da Educadora e o processo inclusivo
1 Qual eacute o seu horaacuterio de trabalho aqui no CMEI
2 Qual eacute a turma que vocecirc atende atualmente
3 Quanto tempo faz que vocecirc estaacute atendendo essa turma
4 Vocecirc divide o atendimento da turma com algueacutem Como eacute isso
5 Como costuma ser sua rotina aqui na creche
6 Vocecirc costuma planejar o atendimento dessa turma Como eacute isso
7 Como eacute a crianccedila que estaacute em inclusatildeo na sua turma
8 Haacute quanto tempo vocecirc atende essa crianccedila
9 Quando vocecirc soube que iria atender essa crianccedila o que pensou Comente
sua resposta
166
10 E hoje que vocecirc jaacute a conhece como se sente ao atendecirc-la Comente sua
resposta
11 Como vocecirc faz para saber se essa crianccedila estaacute se desenvolvendo bem
12 Como eacute o seu trabalho com essa crianccedila que estaacute em inclusatildeo
13 Vocecirc tem alguma dificuldade em atendecirc-la Comente sua resposta
14 Quando vocecirc tem duacutevidas ou dificuldades sobre essa crianccedila o que vocecirc faz
Comente sua resposta
15 Vocecirc recebe ou recebeu algum tipo de orientaccedilatildeo sobre como atender essa
crianccedila Comente sua resposta
Concepccedilotildees sobre o processo inclusivo
16 Dizer que essa crianccedila estaacute em inclusatildeo o que significa para vocecirc
17 Se algueacutem lhe perguntasse qual eacute o motivo de crianccedilas com deficiecircncia
estarem frequentando o CMEI o que vocecirc diria
18 Qual eacute a sua opiniatildeo sobre a inclusatildeo nos CMEIs
19 Como deveriam ser os CMEIs para atenderem bem os casos de inclusatildeo
20 Como a famiacutelia da crianccedila que tem deficiecircncia pode ajudar na inclusatildeo de seu
filho
21 Como devem ser as educadoras de CMEI para que atendam bem as crianccedilas
que estatildeo em inclusatildeo
22 Como a professora do Atendimento Educacional Especializado pode
contribuir com a inclusatildeo no CMEI
23 Que tipo de apoio a famiacutelia da crianccedila que estaacute em inclusatildeo precisa para
atender bem seu filho
24 Que tipo de apoio as educadoras de CMEI precisam para atender bem os
casos de inclusatildeo
17 Vocecirc acha que os CMEIs estatildeo preparados para atender crianccedilas pequenas
em inclusatildeo Comente sua resposta
18 Vocecirc acha que as educadoras de CMEI estatildeo preparadas para atender
crianccedilas pequenas em inclusatildeo Comente sua resposta
19 Qual sua opiniatildeo sobre o trabalho das educadoras que atendem turmas de
inclusatildeo
167
20 De que maneira acontece a participaccedilatildeo da famiacutelia no processo de inclusatildeo
do filho que estaacute no CMEI Qual sua opiniatildeo sobre isso
21 Em sua opiniatildeo quais as maiores vantagens que a inclusatildeo na Educaccedilatildeo
Infantil traz Comente sua resposta
22 Existiriam desvantagens na inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil Comente sua
resposta
23 Vocecirc gostaria de falar mais alguma coisa sobre a inclusatildeo da crianccedila
pequena no CMEI
168
ANEXO C
Roteiro de Entrevistas ndash Professoras do Atendimento Educacional
Especializado (AEE)
Caracterizaccedilatildeo da Professora do AEE
Nome Completo
Idade
Estado civil
Escolarizaccedilatildeo
Possui alguma formaccedilatildeo especiacutefica para trabalhar com crianccedilas pequenas
Possui alguma formaccedilatildeo especiacutefica para trabalhar com Educaccedilatildeo Especial e
Inclusiva
Possui alguma formaccedilatildeo especiacutefica para trabalhar como professora do AEE
Haacute quanto tempo vocecirc trabalha na educaccedilatildeo
Antes de trabalhar como professora do AEE vocecirc teve outras experiecircncias na
aacuterea de Educaccedilatildeo Infantil Como foi isso
Antes de trabalhar como professora do AEE vocecirc teve outras experiecircncias na
aacuterea de Educaccedilatildeo Especial ou Inclusiva Como foi isso
Teve ou tem alguma outra experiecircncia com pessoas com deficiecircncia fora da
aacuterea educacional Como foi isso
Caracterizaccedilatildeo do Trabalho do AEE
1 Qual eacute o seu horaacuterio de trabalho no AEE
2 Quanto tempo faz que vocecirc estaacute trabalhando como professora do AEE
3 Como eacute o seu trabalho no AEE
4 Quais as maiores diferenccedilas entre o AEE para o Ensino Fundamental e o
AEE para a Educaccedilatildeo Infantil
5 Quantos alunos vocecirc atende no AEE Quantos satildeo da Educaccedilatildeo Infantil e
quantos satildeo do Ensino Fundamental
6 Quanto tempo faz que vocecirc atende essa crianccedila no AEE
7 Quando vocecirc soube que iria atender essa crianccedila pequena o que pensou
Comente sua resposta
169
8 E hoje que vocecirc jaacute a conhece como se sente ao atendecirc-la Comente sua
resposta
9 Como vocecirc faz para saber se essa crianccedila estaacute se desenvolvendo bem
10 Como eacute o seu trabalho com essa crianccedila que estaacute em inclusatildeo
11 Vocecirc tem alguma dificuldade em atendecirc-la Comente sua resposta
12 Quando vocecirc tem duacutevidas ou dificuldades sobre essa crianccedila o que vocecirc faz
Comente sua resposta
13 Vocecirc recebe ou recebeu algum tipo de orientaccedilatildeo sobre como atender essa
crianccedila Como eacute isso
14 Vocecirc sabe quais outros serviccedilos essa crianccedila frequenta aleacutem do CMEI
Concepccedilotildees sobre o processo inclusivo
15 Dizer que essa crianccedila estaacute em inclusatildeo o que significa para vocecirc
16 Se algueacutem lhe perguntasse qual eacute o motivo de crianccedilas com deficiecircncia
estarem frequentando o CMEI o que vocecirc diria
17 Qual eacute a sua opiniatildeo sobre a inclusatildeo nos CMEIs
18 Como deveriam ser os CMEIs para atenderem bem os casos de inclusatildeo
19 Como a famiacutelia da crianccedila que tem deficiecircncia pode ajudar na inclusatildeo de seu
filho
20 Como devem ser as educadoras de CMEI para que atendam bem as crianccedilas
que estatildeo em inclusatildeo
21 Como a professora do Atendimento Educacional Especializado pode
contribuir com a inclusatildeo no CMEI
22 Que tipo de apoio a famiacutelia da crianccedila que estaacute em inclusatildeo precisa para
atender bem seu filho
23 Que tipo de apoio as educadoras de CMEI precisam para atender bem os
casos de inclusatildeo
24 Vocecirc acha que os CMEIs estatildeo preparados para atender crianccedilas pequenas
em inclusatildeo Comente sua resposta
25 Vocecirc acha que as educadoras de CMEI estatildeo preparadas para atender
crianccedilas pequenas em inclusatildeo Comente sua resposta
26 Qual sua opiniatildeo sobre o trabalho das educadoras que atendem turmas de
inclusatildeo
27 De que maneira acontece a participaccedilatildeo da famiacutelia no processo de inclusatildeo
do filho que estaacute no CMEI Qual sua opiniatildeo sobre isso
170
28 Em sua opiniatildeo quais as maiores vantagens que a inclusatildeo na Educaccedilatildeo
Infantil traz Comente sua resposta
29 Existiriam desvantagens na inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil Comente sua
resposta
30 Vocecirc gostaria de falar mais alguma coisa sobre a inclusatildeo da crianccedila
pequena no CMEI
171
ANEXO D- TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ndash Matildees
Eu Nelly Narcizo de Souza aluna do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da
Universidade Federal do Paranaacute (UFPR) convido-o (a) a participar do processo de
coleta de dados de minha Tese de Doutorado sob orientaccedilatildeo da Profordf Drordf Maria
Augusta Bolsanello Esta pesquisa que tem como tiacutetuloldquoInclusatildeo Escolar da Crianccedila
Pequena com Necessidades Especiais Concepccedilotildees de Matildees de Educadoras da
Educaccedilatildeo Infantil e de Professoras do Atendimento Educacional Especializadordquo
possui como objetivo maior descrever as concepccedilotildees de pais e educadores sobre o
processo de inclusatildeo da crianccedila pequena com deficiecircncia no contexto educacional
infantil especificamente na creche A relevacircncia dessa pesquisa estaacute em contribuir
com futuros estudos e accedilotildees que tratem da inclusatildeo da crianccedila pequena com
deficiecircncia em ambiente de creche evidenciando necessidades e possibilidades
para um bom atendimento
A sua participaccedilatildeo aconteceraacute atraveacutes do seu consentimento em responder algumas
perguntas por meio de questionaacuterio e entrevista a ser gravada em aacuteudio no
ambiente da creche em dia e horaacuterio previamente marcados Responder a eles natildeo
apresenta nenhum tipo de risco agrave crianccedila a seus familiares ou a quem a atende na
Creche O seu nome bem como o da crianccedila ou quaisquer dados que possam
identificaacute-los natildeo seratildeo utilizados A sua participaccedilatildeo eacute absolutamente voluntaacuteria
natildeo remunerada e a pesquisadora estaraacute agrave disposiccedilatildeo para qualquer
esclarecimento A sua recusa em participar da pesquisa natildeo traraacute qualquer
penalidade ou prejuiacutezo ao atendimento da crianccedila Vocecirc tambeacutem poderaacute desistir da
participaccedilatildeo a qualquer momento Os resultados da presente pesquisa seratildeo
divulgados agrave instituiccedilatildeo apoacutes a defesa da Tese em data a ser agendada Apoacutes ler
este Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e aceitar participar do estudo
solicito sua assinatura em duas vias no referido Termo sendo que uma delas
permaneceraacute em seu poder Qualquer informaccedilatildeo adicional ou esclarecimento
acerca deste estudo poderaacute ser obtido com a pesquisadora principal pelos telefones
(41) XXXX XXXX e (41) XXXX XXXX
Nelly Narcizo de Souza Maria Augusta Bolsanello Dra
Pesquisadora Principal - Doutoranda Profordf Pesquisadora Orientadora
Eu
abaixo assinado declaro atraveacutes deste documento o meu consentimento em
172
participar da pesquisa intitulada ldquoInclusatildeo Escolar da Crianccedila Pequena com
Necessidades Especiais Concepccedilotildees de Matildees de Educadoras da Educaccedilatildeo Infantil
e de Professoras do Atendimento Educacional Especializadordquo
Declaro ainda que estou ciente de seu objetivo e meacutetodos bem como de meus
direitos ao anonimato e a desistir da mesma a qualquer momento
_____________________de ___________________ de 201_
RG
Assinatura participante da pesquisa
173
ANEXO E - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ndash
Educadores da Educaccedilatildeo Infantil
Eu Nelly Narcizo de Souza aluna do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da
Universidade Federal do Paranaacute (UFPR) convido-o (a) a participar do processo de
coleta de dados de minha Tese de Doutorado sob orientaccedilatildeo da Profordf Drordf Maria
Augusta Bolsanello Esta pesquisa que tem como tiacutetulo ldquoInclusatildeo Escolar da Crianccedila
Pequena com Necessidades Especiais Concepccedilotildees de Matildees de Educadoras da
Educaccedilatildeo Infantil e de Professoras do Atendimento Educacional Especializadordquo
possui como objetivo maior descrever as concepccedilotildees de pais e educadores sobre o
processo de inclusatildeo da crianccedila pequena com deficiecircncia no contexto educacional
infantil especificamente na creche A relevacircncia dessa pesquisa estaacute em contribuir
com futuros estudos e accedilotildees que tratem da inclusatildeo da crianccedila pequena com
deficiecircncia em ambiente de creche evidenciando necessidades e possibilidades
para um bom atendimento
A sua participaccedilatildeo aconteceraacute atraveacutes do seu consentimento em responder algumas
perguntas por meio de entrevista a ser gravada em aacuteudio no ambiente da creche
em dia e horaacuterio previamente marcados Responder a elas natildeo apresenta nenhum
tipo de risco agrave crianccedila agrave famiacutelia a vocecirc ou a outras pessoas que trabalham na
creche O seu nome bem como o da crianccedila ou quaisquer dados que possam
identificaacute-los natildeo seratildeo utilizados A sua participaccedilatildeo eacute absolutamente voluntaacuteria
natildeo remunerada e a pesquisadora estaraacute agrave disposiccedilatildeo para qualquer
esclarecimento A sua recusa em participar da pesquisa natildeo traraacute qualquer
penalidade ou prejuiacutezo para vocecirc ao seu trabalho ou ao atendimento da crianccedila
Vocecirc tambeacutem poderaacute desistir da participaccedilatildeo a qualquer momento Os resultados da
presente pesquisa seratildeo divulgados agrave instituiccedilatildeo apoacutes a defesa da Tese em data a
ser agendada Apoacutes ler este Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e aceitar
participar do estudo solicito sua assinatura em duas vias no referido Termo sendo
que uma delas permaneceraacute em seu poder Qualquer informaccedilatildeo adicional ou
esclarecimento acerca deste estudo poderaacute ser obtido com a pesquisadora principal
pelos telefones (41) XXXX XXXX e (41) XXXX XXXX
Nelly Narcizo de Souza Maria Augusta Bolsanello Dra
Pesquisadora Principal - Doutoranda Profordf Pesquisadora Orientadora
174
Eu
abaixo assinado declaro atraveacutes deste documento o meu consentimento em
participar da pesquisa intitulada ldquoInclusatildeo Escolar da Crianccedila Pequena com
Necessidades Especiais Concepccedilotildees de Matildees de Educadoras da Educaccedilatildeo Infantil
e de Professoras do Atendimento Educacional Especializadordquo a ser realizada nesta
instituiccedilatildeo
Declaro ainda que estou ciente de seu objetivo e meacutetodos bem como de meus
direitos ao anonimato e a desistir da mesma a qualquer momento
_____________________de ___________________ de 201_
RG
Assinatura do educador participante da pesquisa
175
ANEXO F - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ndash
Professores do Atendimento Educacional Especializado
Eu Nelly Narcizo de Souza aluna do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da
Universidade Federal do Paranaacute (UFPR) convido-o (a) a participar do processo de
coleta de dados de minha Tese de Doutorado sob orientaccedilatildeo da Profordf Drordf Maria
Augusta Bolsanello Esta pesquisa que tem como tiacutetulo ldquoInclusatildeo Escolar da Crianccedila
Pequena com Necessidades Especiais Concepccedilotildees de Matildees de Educadoras da
Educaccedilatildeo Infantil e de Professoras do Atendimento Educacional Especializadordquo
possui como objetivo maior descrever as concepccedilotildees de pais e educadores sobre o
processo de inclusatildeo da crianccedila pequena com deficiecircncia no contexto educacional
infantil especificamente na creche A relevacircncia dessa pesquisa estaacute em contribuir
com futuros estudos e accedilotildees que tratem da inclusatildeo da crianccedila pequena com
deficiecircncia em ambiente de creche evidenciando necessidades e possibilidades
para um bom atendimento
A sua participaccedilatildeo aconteceraacute atraveacutes do seu consentimento em responder algumas
perguntas por meio de entrevista a ser gravada em aacuteudio no ambiente de trabalho
em dia e horaacuterio previamente marcados Responder a elas natildeo apresenta nenhum
tipo de risco agrave crianccedila agrave famiacutelia a vocecirc ou a outras pessoas que trabalham com
vocecirc O seu nome bem como o da crianccedila ou quaisquer dados que possam
identificaacute-los natildeo seratildeo utilizados A sua participaccedilatildeo eacute absolutamente voluntaacuteria
natildeo remunerada e a pesquisadora estaraacute agrave disposiccedilatildeo para qualquer
esclarecimento A sua recusa em participar da pesquisa natildeo traraacute qualquer
penalidade ou prejuiacutezo para vocecirc ao seu trabalho ou ao atendimento da crianccedila
Vocecirc tambeacutem poderaacute desistir da participaccedilatildeo a qualquer momento Os resultados da
presente pesquisa seratildeo divulgados agrave instituiccedilatildeo apoacutes a defesa da Tese em data a
ser agendada Apoacutes ler este Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e aceitar
participar do estudo solicito sua assinatura em duas vias no referido Termo sendo
que uma delas permaneceraacute em seu poder Qualquer informaccedilatildeo adicional ou
esclarecimento acerca deste estudo poderaacute ser obtido com a pesquisadora principal
pelos telefones (41) XXXX XXXX e (41) XXXX XXXX
Nelly Narcizo de Souza Maria Augusta Bolsanello Dra
Pesquisadora Principal - Doutoranda Profordf Pesquisadora Orientadora
176
Eu
abaixo assinado declaro atraveacutes deste documento o meu consentimento em
participar da pesquisa intitulada ldquoInclusatildeo Escolar da Crianccedila Pequena com
Necessidades Especiais Concepccedilotildees de Matildees de Educadoras da Educaccedilatildeo Infantil
e de Professoras do Atendimento Educacional Especializadordquo
Declaro ainda que estou ciente de seu objetivo e meacutetodos bem como de meus
direitos ao anonimato e a desistir da mesma a qualquer momento
_____________________de ___________________ de 201_
RG
Assinatura do professor participante da pesquisa
4
AGRADECIMENTOS
Foram quatro anos de muitas transformaccedilotildees as quais natildeo vieram faacutecil ou
delicadamente Perante as dificuldades e desafios que a vida nos impotildee aproveito
para agradecer a todos os que de algum modo foram determinantes em momentos
preciosos dessa caminhada
Agradeccedilo imensamente a minha orientadora Profordf Drordf Maria Augusta Bolsanello pela
sensibilidade compreensatildeo e carinho com os quais sempre me guiou ao longo
desses anos todos
Especialmente agradeccedilo agraves crianccedilas que ainda pequenas jaacute nos ajudam a
transformar o que somos por meio de suas histoacuterias agraves suas matildees agraves suas
educadoras nos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil e agraves professoras do
Atendimento Educacional Especializado que gentilmente cederam as informaccedilotildees
que deram corpo ao presente estudo
Estendo meus agradecimentos agraves professoras que compuseram a Banca de
Qualificaccedilatildeo Profordf Drordf Sandra Regina Kirchner Guimaratildees Profordf Drordf Lidia Natalia
Dobriansky Weber Profordf Drordf Maria de Faacutetima Minetto Profordf Drordf Maria Helena
Baptista Cordeiro e Profordf Drordf Tania dos Santos Alvarez da Silva Obrigada pelas
informaccedilotildees e comentaacuterios pertinentes e enriquecedores que ajudaram a nortear
esse trabalho
Aos Professores Colegas e funcionaacuterios do Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em
Educaccedilatildeo da Universidade Federal do Paranaacute pela oportunidade de convivecircncia e
aprendizado Um grande abraccedilo de agradecimento para Ana Flaacutevia Hansel e
Daniele Bonamin Flores pelo tempo que passamos juntas e por tudo o que
aprendemos
Agrave minha Famiacutelia que mesmo na distacircncia foi apoio importante nos momentos que
julguei natildeo conseguir prosseguir
5
Agrave Juliana Krieger Joatildeo Fadino e Ricardo Peixoto pelas ajudas ao longo da
construccedilatildeo desse trabalho
Ao Rogger agradeccedilo por ter se colocado ao meu lado especialmente nos momentos
de maior dificuldade preocupaccedilatildeo e cansaccedilo Tambeacutem meus agradecimentos pela
revisatildeo dos textos Obrigado por tudo e principalmente por me trazer Ceciacutelia
A todos os que hoje posso chamar de Amigos e que de algum modo contribuiacuteram
com essa pesquisa deixo meus mais sinceros e profundos agradecimentos
6
A alegria natildeo chega apenas no encontro do achado mas faz parte do processo da
busca
Paulo Freire
7
RESUMO
A tese investiga as concepccedilotildees que norteiam o processo de inclusatildeo educacional da crianccedila pequena com necessidades especiais segundo suas Matildees suas Educadoras da Educaccedilatildeo Infantil e suas Professoras do Atendimento Educacional Especializado (AEE) O contexto e as participantes foram escolhidos por sua significativa influecircncia no desenvolvimento humano especialmente no que compete agrave primeira infacircncia e agrave construccedilatildeo do processo inclusivo de crianccedilas pequenas com necessidades especiais As participantes foram entrevistadas por meio de perguntas abertas elencadas em roteiros previamente estabelecidos em estudo de cunho qualitativo exploratoacuterio e comparativo Segundo os resultados as concepccedilotildees das participantes sugerem uma perspectiva inclusiva voltada para a possibilidade de socializaccedilatildeo da crianccedila pequena com necessidades especiais com outras crianccedilas sem estas necessidades e para a concepccedilatildeo de que estar em inclusatildeo eacute o cumprimento de um direito As matildees participam pouco do processo de inclusatildeo de sua crianccedila Jaacute as funccedilotildees das professoras que trabalham no Atendimento Educacional Especializado satildeo praticamente desconhecidas dentro do contexto do processo inclusivo das crianccedilas pequenas que atendem As educadoras de Educaccedilatildeo Infantil por sua vez sentem-se despreparadas para atender as necessidades educacionais das crianccedilas que satildeo foco da inclusatildeo As educadoras destacam que a relaccedilatildeo entre as crianccedilas eacute um dos elementos que mais promovem o desenvolvimento dos educandos que estatildeo em inclusatildeo Tanto as professoras do Atendimento Educacional Especializado quanto as Educadoras da Educaccedilatildeo Infantil demonstram variadas preocupaccedilotildees sobre o modo como vem acontecendo a inclusatildeo de crianccedilas pequenas com necessidades educacionais especiais e junto com as matildees chamam a atenccedilatildeo para a necessidade de transformaccedilotildees no modo como estaacute se dando a inclusatildeo de crianccedilas pequenas na Educaccedilatildeo Infantil Esta pesquisa evidencia que a inclusatildeo de crianccedilas pequenas com necessidades especiais na Educaccedilatildeo Infantil ainda reflete diversas contradiccedilotildees e desencontros mas se mostra como uma experiecircncia vaacutelida por ser uma accedilatildeo que transgride o comum pois proporciona novas reflexotildees novas necessidades duacutevidas e significados o que com certeza poderaacute gerar outras perspectivas e estrateacutegias em prol da qualidade educacional e da promoccedilatildeo do desenvolvimento humano Destaca-se a necessidade de que sejam realizados mais estudos dentro da presente temaacutetica dada sua relevacircncia
Palavras-chave Inclusatildeo Escolar Educaccedilatildeo Infantil Atendimento Educacional Especializado Necessidades Especiais Educaccedilatildeo Inclusiva
8
ABSTRACT
The thesis investigates the conceptions that guide the process of educational inclusion of the young child with special needs according with their Mothers their Early Childhood Educationrsquos educators and their Specialized Educational Servicersquos Teachers The context and the participants was chosen for itrsquos significant influence on human development specially about the concerns early childhood and the building of the inclusive process of young children with special needs The participants were interviewed through open questions chosen on pre-established lists in a qualitative exploratory and comparative study According with the results the participantrsquos conceptions suggests a inclusive perspective facing the possibility of socialization of a young child with special needs with other children without these needs and to the conception that being included is the fulfillment of a right The mothers participate little in the inclusion process of their child But the functions of the teachers that work in the Specialized Educational Service are practically unknown inside the context of the inclusive process for the young children that them treat The Early Childhood Educationrsquos educators on the other hand feel unprepared to meet the educational needs of the children that are the focus of the inclusion The educators points the relation among the children is one of the elements that promotes the most development os the learners that are in the inclusion Both the Specialized Educational Servicersquos teachers and Early Childhood Educationrsquos educators shows various concerns about the way that the inclusion is happening with young children with special educational needs and along with their mothers call the attention to the necessity of transformations in the way that is occurring the inclusion of young children in the Early Childhood Education This research shows that the inclusion of young child with special needs in the Early Childhood Education still reflects several contradictions and mismatches but displays like a valid experiment for being an action that transgresses the common for it provides new reflections new necessities doubts and meanings which for sure will generate other perspectives and strategies on the behalf of educational quality and of the promotion of human development Highlights the need of the realization of further studies inside of the present theme given its relevance
Keywords School Inclusion Early Childhood Education Care Specialized Education Special Needs Inclusive Education
9
LISTA DE QUADROS
QUADRO 01 DISTRIBUICcedilAtildeO DAS CRIANCcedilAS SEGUNDO LAUDO MEacuteDICO
E DIAGNOacuteSTICO 64
QUADRO 02 DISTRIBUICcedilAtildeO DAS CRIANCcedilAS SEGUNDO A TURMA EM
QUE ESTAtildeO MATRICULADAS ATUALMENTE E O TEMPO EM QUE
FREQUENTAM CENTROS MUNICIPAIS DE EDUCACcedilAtildeO INFANTIL ndash CMEIs
64
QUADRO 03 ndash DISTRIBUICcedilAtildeO DAS MAtildeES PARTICIPANTES CONFORME
IDADE ESCOLARIDADE E OCUPACcedilAtildeO 67
QUADRO 04 ndash DISTRIBUICcedilAtildeO DAS MAtildeES PARTICIPANTES CONFORME
COMPOSICcedilAtildeO FAMILIAR 67
QUADRO 05 ndash DISTRIBUICcedilAtildeO DAS PROFESSORAS DO ATENDIMENTO
EDUCACIONAL ESPECIALIZADO - AEE CONFORME IDADE ESTADO
CIVIL OCORREcircNCIA E QUANTIDADE DE FILHOS 69
QUADRO 06 ndash DISTRIBUICcedilAtildeO DAS PROFESSORAS DO ATENDIMENTO
EDUCACIONAL ESPECIALIZADO - AEE CONFORME SUA
ESCOLARIZACcedilAtildeO 70
QUADRO 07- DISTRIBUICcedilAtildeO DAS PROFESSORAS DO ATENDIMENTO
EDUCACIONAL ESPECIALIZADO - AEE CONFORME TEMPO DE
TRABALHO NA AacuteREA EDUCACIONAL E AacuteREAS DE ATUACcedilAtildeO DENTRO DA
EDUCACcedilAtildeO 71
10
QUADRO 08 - DISTRIBUICcedilAtildeO DAS EDUCADORAS DOS CENTROS
MUNICIPAIS DE EDUCACcedilAtildeO INFANTIL CONFORME IDADE ESTADO CIVIL
OCORREcircNCIA E QUANTIDADE DE FILHOS 72
QUADRO 09 - DISTRIBUICcedilAtildeO DAS EDUCADORAS DOS CENTROS
MUNICIPAIS DE EDUCACcedilAtildeO INFANTIL CONFORME SUA ESCOLARIDADE
73
QUADRO 10 - DISTRIBUICcedilAtildeO DAS EDUCADORAS DOS CENTROS
MUNICIPAIS DE EDUCACcedilAtildeO INFANTIL CONFORME O TEMPO DE
ATUACcedilAtildeO NA EDUCACcedilAtildeO DE MODO GERAL ESPECIFICAMENTE NA
EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E NA TURMA QUE ATENDE ATUALMENTE 75
QUADRO 11 - DISTRIBUICcedilAtildeO DAS PROFESSORAS DO ATENDIMENTO
EDUCACIONAL ESPECIALIZADO CONFORME SEU TEMPO DE ATUACcedilAtildeO
COMO AEE NO ENSINO FUNDAMENTAL E NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL 82
QUADRO 12- DISTRIBUICcedilAtildeO DAS PROFESSORAS DO ATENDIMENTO
EDUCACIONAL ESPECIALIZADO CONFORME SEU TEMPO DE ATUACcedilAtildeO
COMO AEE NO ENSINO FUNDAMENTAL E NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL 82
QUADRO 13 ndash DISTRIBUICcedilAtildeO DAS MAIORES ESPECIFICIDADES DO
ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO PARA A EDUCACcedilAtildeO
INFANTIL E PARA O ENSINO FUNDAMENTAL 83
QUADRO 14 ndash DISTRIBUICcedilAtildeO DAS PROFESSORAS DO ATENDIMENTO
EDUCACIONAL ESPECIALIZADO CONFORME TEMPO EM QUE ATENDEM
A CRIANCcedilA PEQUENA FOCO DA PESQUISA FREQUEcircNCIA E DURACcedilAtildeO
DO ATENDIMENTO AO ALUNO 84
11
QUADRO 15 ndash DISTRIBUICcedilAtildeO DAS PROFESSORAS CONFORME SUAS
CONCEPCcedilOtildeES ANTES DE ATENDER A CRIANCcedilA E APOacuteS O PERIacuteODO EM
QUE ATENDE O ALUNO QUE ESTAacute EM INCLUSAtildeO 85
QUADRO 16 ndash DISTRIBUICcedilAtildeO DAS EDUCADORAS CONFORME TURMAS
QUE ATENDEM FAIXA ETAacuteRIA DA TURMA E QUANTIDADE DE ALUNOS
POR TURMA 89
QUADRO 17 ndash DISTRIBUICcedilAtildeO DAS EDUCADORAS CONFORME O TEMPO
EM QUE ATENDEM A CRIANCcedilA QUE ESTAacute EM INCLUSAtildeO 93
QUADRO 18 - DISTRIBUICcedilAtildeO DAS EDUCADORAS CONFORME SUAS
CONCEPCcedilOtildeES ANTES DE ATENDER A CRIANCcedilA E APOacuteS O PERIacuteODO EM
QUE ATENDE O ALUNO QUE ESTAacute EM INCLUSAtildeO 93
12
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO 10
11 JUSTIFICATIVA E ABORDAGEM DO PROBLEMA 10
12 OBJETIVOS 18
121 OBJETIVO GERAL 18
122 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS 18
2 SUPORTE TEOacuteRICO 20
21 O DESENVOLVIMENTO HUMANO A PARTIR DO ESTUDO E DA
INTERACcedilAtildeO ENTRE SEUS CONTEXTOS ndash A ABORDAGEM
BIOECOLOacuteGICA 20
22 A CRIANCcedilA PEQUENA COM NECESSIDADES ESPECIAIS E A
PROMOCcedilAtildeO DO SEU DESENVOLVIMENTO 25
23 BREVE HISTOacuteRICO DA EDUCACcedilAtildeO DAS PESSOAS COM
NECESSIDADES ESPECIAIS E A EDUCACcedilAtildeO INCLUSIVA 31
24 A FAMIacuteLIA COMO UM MICROSSISTEMA DE DESENVOLVIMENTO
HUMANO E SUA RELACcedilAO COM A CRIANCcedilA COM NECESSIDADES
ESPECIAIS 39
25 A INSTITUICcedilAtildeO DE EDUCACcedilAtildeO INFANTIL COMO UM CONTEXTO DE
DESENVOLVIMENTO 49
251 CONCEPCcedilOtildeES SOBRE A PRAacuteTICA EDUCATIVA
INSTITUCIONALIZADA ASPECTOS RELEVANTES PARA A PROMOCcedilAtildeO DO
DESENVOLVIMENTO INFANTIL 51
3 MEacuteTODO 57
31 CONTEXTO 57
32 PARTICIPANTES 59
33 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS 60
13
34 PROCEDIMENTOS DE ANAacuteLISE DE DADOS 61
35 CUIDADOS EacuteTICOS 62
4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 63
41 SECcedilAtildeO 01 CARACTERIZACcedilAtildeO DAS PARTICIPANTES 63
411 CARACTERIZACcedilAtildeO DAS CRIANCcedilAS FOCO DA INCLUSAtildeO 63
412 CARACTERIZACcedilAtildeO DAS ENTREVISTADAS 66
4121 CARACTERIZACcedilAtildeO DAS MAtildeES 66
4122 CARACTERIZACcedilAtildeO DAS PROFESSORAS DO ATENDIMENTO
EDUCACIONAL ESPECIALIZADO 68
4123 CARACTERIZACcedilAtildeO DAS EDUCADORAS DOS CENTROS
MUNICIPAIS DE EDUCACcedilAtildeO INFANTIL 71
42 SECcedilAtildeO 02 CONCEPCcedilOtildeES DAS MAtildeES DAS EDUCADORAS E DAS
PROFESSORAS SOBRE A CRIANCcedilA QUE ESTAacute EM INCLUSAtildeO 75
421 AS MAtildeES E SUAS CRIANCcedilAS 75
422 AS PROFESSORAS DO ATENDIMENTO EDUCACIONAL
ESPECIALIZADO E A INCLUSAtildeO DAS CRIANCcedilAS PEQUENAS QUE ESTAtildeO
NOS CENTROS MUNICIPAIS DE EDUCACcedilAtildeO INFANTIL 80
423 AS EDUCADORAS DOS CENTROS MUNICIPAIS DE EDUCACcedilAtildeO
INFANTIL E AS CRIANCcedilAS PEQUENAS QUE ESTAtildeO EM INCLUSAtildeO 89
43 SECcedilAtildeO 03 O PROCESSO INCLUSIVO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL 96
431 CONCEPCcedilOtildeES DAS PARTICIPANTES SOBRE O PROCESSO
INCLUSIVO 97
432 PARTICIPACcedilAtildeOATUACcedilAtildeO NO PROCESSO INCLUSIVO NO CENTRO
MUNICIPAL DE EDUCACcedilAtildeO INFANTIL 104
433 REFEREcircNCIAS E APOIOS UTILIZADOS E INDICADOS PARA QUE O
PROCESSO INCLUSIVO OCORRA COM QUALIDADE 107
14
434 AVALIACcedilAtildeO DO PROCESSO INCLUSIVO 114
435 VANTAGENS E DESVANTAGENS DO PROCESSO INCLUSIVO 116
4351 AS VANTAGENS 116
4352 AS DESVANTAGENS 119
436 SUGESTOtildeES E COMENTAacuteRIOS VISANDO A MELHORIA DO
PROCESSO INCLUSIVO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL 121
44 SECcedilAtildeO 04 ndash DA NECESSIDADE DE SE OBSERVAR E ATUAR NA
INFAcircNCIA ENQUANTO ETAPA CRUCIAL DE DESENVOLVIMENTO 125
45 SECcedilAtildeO 05 - DO RECONHECIMENTO DA IMPORTAcircNCIA DOS
CONTEXTOS E SUAS INTER-RELACcedilOtildeES 128
46 SECcedilAtildeO 06 - DA CONSIDERACcedilAtildeO E DISCUSSAtildeO DAS NOVAS
CONCEPCcedilOtildeES ACERCA DA INCLUSAtildeO 129
47 SECcedilAtildeO 07 - DA CONSIDERACcedilAtildeO DAS (NECESSAacuteRIAS)
TRANSFORMACcedilOtildeES QUE VEM OCORRENDO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL
131
48 SECcedilAtildeO 08 - DA CONSIDERACcedilAtildeO DAS TRANSFORMACcedilOtildeES QUE VEM
OCORRENDO NA EDUCACcedilAtildeO ESPECIAL 133
5 CONCLUSOtildeES 135
REFEREcircNCIAS 140
ANEXOS 161
10
1 INTRODUCcedilAtildeO
11 JUSTIFICATIVA E ABORDAGEM DO PROBLEMA
Desde a eacutepoca da graduaccedilatildeo em Pedagogia o desenvolvimento humano
desperta o interesse desta pesquisadora especialmente o periacuteodo inicial da vida
com seus aspectos relacionados agraves primeiras experiecircncias e o estabelecimento de
viacutenculos Por isso e devido agraves vivecircncias e formaccedilotildees acadecircmicas pessoais e
profissionais foi se construindo a ideia de que o desenvolvimento humano eacute um
processo permanente complexo e multideterminado e que cada etapa da vida eacute
constituiacuteda por caracteriacutesticas e necessidades muito peculiares as quais devem ser
observadas e estudadas para que se possam promover condiccedilotildees de
desenvolvimento de seres humanos saudaacuteveis (BRONFRENBRENNER 1996
BRONFRENBRENNER 2011 GAT 2000 BRAZELTON e GREENSPAN 2002
ASPESI DESSEN e CHAGAS 2005 ROGOFF 2005 POLETTO e KOLLER 2008)
Nessa abordagem o presente estudo procura vincular-se ao modelo
Bioecoloacutegico de Desenvolvimento Humano por apresentar possibilidades para que o
pesquisador analise aspectos da pessoa em desenvolvimento dos contextos que
vivecircncia e dos processos interativos que a influenciam ao longo do tempo
(BRONFENBRENNER e EVANS 2000)
Este modelo de entendimento do desenvolvimento humano valoriza as
interaccedilotildees desde as fases iniciais do ciclo vital das pessoas uma vez que as
mesmas influenciam e satildeo influenciadas profundamente pelas relaccedilotildees com outros
seres objetos e siacutembolos tanto em seu ambiente imediato quanto com outros
ambientes (BRONFENBRENNER e EVANS 2000) Essas interaccedilotildees se verificam de
modo progressivamente mais complexo ao longo do ciclo vital e seu estudo permite
inferir que contextos socialmente organizados ajudem a apoiar e orientar o
desenvolvimento humano ou seja desde o nascimento As interaccedilotildees satildeo
fundamentais para a sobrevivecircncia e o desenvolvimento como um todo assim cada
etapa do crescimento pressupotildee a ampliaccedilatildeo de laccedilos afetivos sociais e tambeacutem do
repertoacuterio cognitivo do ser humano (MOLINARI SILVA E CREPALDI 2005 GOMES
e DUARTE 2009 BRONFRENBRENNER e CECI 2011)
11
Dentre as diversas fases do desenvolvimento humano destaca-se nessa
pesquisa a primeira infacircncia ou seja a faixa etaacuteria compreendida entre o
nascimento e os trecircs primeiros anos de vida em especial procurando compreender
o processo de inclusatildeo da crianccedila pequena com deficiecircncia a partir do contexto
familiar e da educaccedilatildeo infantil
Primeiramente justifica-se que o estudo e a atenccedilatildeo a esse periacuteodo do ciclo vital
eacute relevante por vaacuterios motivos entre os quais se destacam a) a comprovada
importacircncia que experiecircncias nessa eacutepoca da vida apresentam para a formaccedilatildeo dos
indiviacuteduos visto que haacute grande riqueza e intensidade nas aquisiccedilotildees
desenvolvimentais em todos os seus niacuteveis b) a relevacircncia do papel do adulto-
cuidador frente agrave promoccedilatildeo do desenvolvimento na infacircncia e da garantia de seus
direitos c) o acesso crescente da crianccedila pequena a cuidados alternativos
implicando em separaccedilotildees diaacuterias entre matildee-bebecirc desde tenra idade o que tem
gerado inuacutemeras discussotildees sobre o impacto desse fato no desenvolvimento infantil
d) a escassez de projetos pedagoacutegicos dentro da educaccedilatildeo infantil que sejam
coerentes com as especificidades de bebecircs e de crianccedilas pequenas e) o
desconhecimento dos profissionais de educaccedilatildeo infantil sobre desenvolvimento
humano e pelas condiccedilotildees de trabalho e atendimento agrave crianccedila pequena as quais
indicam a necessidade de revisotildees praacuteticas nesse acircmbito (GAT 2000 RAPOPORT
2003 ROGOFF 2005 ARNAIS 2003 ANJOS et al 2004 BARBOSA 2004
SOEJIMA 2008 SOUZA 2008 EIKMANN et al 2009 BOLSANELLO 2009
FERNANDES 2011)
Diante dos aspectos assinalados a respeito das condiccedilotildees de atendimento das
crianccedilas pequenas com desenvolvimento tiacutepico ou ldquonormalrdquo os quais claramente jaacute
se verificam como um tema de relevo entatildeo o que falar daquelas que apresentam
deficiecircncia ou necessidades especiais1 e que se encontra em situaccedilatildeo de inclusatildeo
desde tenra idade inseridas nos atendimentos de berccedilaacuterio e turmas maternais no
ensino regular
Na perspectiva da questatildeo posta acima se pode afirmar que o desafio atual da
educaccedilatildeo infantil eacute tornar seus serviccedilos inclusivos acolhendo as crianccedilas pequenas
1 Para efeitos de entendimento nesse estudo seraacute utilizado o termo necessidades especiais para designar as
condiccedilotildees que se referem agraves deficiecircncias (sensoriais intelectual neuromotora fiacutesica ou muacuteltipla) Transtornos
Globais do Desenvolvimento ou outras situaccedilotildees que tragam grandes implicaccedilotildees para o acesso e a permanecircncia
de alunos na Educaccedilatildeo Infantil e no Ensino Fundamental e que por tal os caracterizem como alunos foco da
Educaccedilatildeo Especial e Inclusiva
12
com necessidades especiais e proporcionando-lhes atenccedilatildeo e atendimento de
qualidade adequada agraves suas caracteriacutesticas e especificidades (MENDES 2010)
Ressalta-se que ao fazer referecircncia agrave crianccedila pequena com necessidades
especiais estaacute se orientando a atenccedilatildeo agravequela pessoa que possui impedimentos de
longo prazo de natureza fiacutesica intelectual ou sensorial e que por tais condiccedilotildees
comporia o alunado da Educaccedilatildeo Especial (BRASIL 2008) Ainda que se encontrem
inuacutemeras divergecircncias nas definiccedilotildees de deficiecircncia ou necessidades especiais
essas pautadas pelas diferenccedilas entre atitudes crenccedilas orientaccedilatildeo aacutereas de
estudo e cultura a definiccedilatildeo do termo eacute cabiacutevel pois implica em caracteriacutesticas de
pessoas que precisam ser vistas acolhidas respeitadas e atendidas em vaacuterias
instacircncias (SMITH 2004)
Cabe destacar ainda a respeito de questotildees sobre a educaccedilatildeo inclusiva que
desde a Declaraccedilatildeo de Salamanca em 1994 muitas experiecircncias discussotildees e
avanccedilos se deram nesse acircmbito poreacutem de modo geral a inclusatildeo no ensino
regular do alunado foco da Educaccedilatildeo Especial continua a se mostrar como um tema
polecircmico e controverso no qual de um lado se encontram as orientaccedilotildees e
legislaccedilotildees brasileiras e internacionais e do outro as escolas e as famiacutelias que tem
que aguardar pacientemente por encaminhamentos praacuteticos e orientaccedilotildees que
ajudem a dar um direcionamento ao atendimento de suas crianccedilas (FERNANDES
BOLSANELLO e MOREIRA 2008) Isso pode ser entendido na perspectiva de
Kassar (2011) quando esta recorda que no Brasil e em alguns paiacuteses da Europa o
atendimento educacional direcionado agraves pessoas com deficiecircncia foi durante muito
tempo construiacutedo de maneira separada da educaccedilatildeo oferecida agrave populaccedilatildeo que natildeo
apresentava diferenccedilas ou caracteriacutesticas expliacutecitas que a caracterizasse como
ldquoanormalrdquo Tal fato implicou segundo esta uacuteltima autora na constituiccedilatildeo da
Educaccedilatildeo Especial como um campo de atuaccedilatildeo muito especiacutefico muitas vezes sem
interlocuccedilatildeo com a educaccedilatildeo comum Esse fato se reflete materialmente nos
espaccedilos institucionais igualmente separados e nas crenccedilas e mitos sobre os
ldquodiferentesrdquo
Essa separaccedilatildeo nos atendimentos tambeacutem eacute vaacutelida no que se refere agraves
crianccedilas pequenas com necessidades especiais (MENDES 2010) Historicamente
quando uma crianccedila apresenta precocemente alteraccedilotildees em seu desenvolvimento
ou mesmo um diagnoacutestico indicando o quadro de deficiecircncia ela eacute comumente
encaminhada aos serviccedilos de Estimulaccedilatildeo Precoce ou Essencial na Educaccedilatildeo
13
Especial (PEacuteREZ-LOacutePEZ 2009) O atendimento em Estimulaccedilatildeo Precoce ou
Essencial na realidade brasileira costuma configurar-se como o primeiro programa
de atendimento destinado a atender principalmente crianccedilas de alto risco ou
portadoras de deficiecircncias (auditiva fiacutesica intelectual visual muacuteltipla) sendo
geralmente destinado agrave faixa etaacuteria de zero a trecircs anos (BOLSANELLO 1998)
Crianccedilas de alto risco satildeo aquelas que devido a causas preacute-natais perinatais ou
poacutesndashnatais de origem bioloacutegica ou ambiental podem vir a apresentar atrasos
significativos em seu desenvolvimento requerendo por isso uma abordagem de
atendimento mais apropriada (TJOSSEM 1976 ALMEIDA 2009)
No caso das crianccedilas pequenas com necessidades especiais (entenda-se
deficiecircncias ou com significativo atraso em seu desenvolvimento) segundo Vitta
(2004) haacute escassez de estudos sobre sua participaccedilatildeo na Educaccedilatildeo Infantil
especificamente nos berccedilaacuterios o que natildeo significa que elas natildeo estejam sendo
atendidas nesse contexto (VITTA 2004) Haacute muitos casos de crianccedilas com
alteraccedilotildees significativas em seu desenvolvimento e que ainda natildeo foi detectado por
seus pais ou mesmo pelos educadores que as atendem na Educaccedilatildeo Infantil o que
compromete uma das funccedilotildees destes educadores que eacute a de auxiliar na detecccedilatildeo
de deacuteficits e orientar quanto agrave prevenccedilatildeo de maiores atrasos e a promoccedilatildeo do
desenvolvimento infantil (VITTA 2004 DIacuteAZ-HERRERO e MARTINEZ-FUENTES
2009)
Contudo a presenccedila de crianccedilas pequenas com necessidades especiais em
berccedilaacuterios tem sido vista com algumas reservas conforme evidenciado pelo estudo
de VITTA (2004) Drago (2011) tambeacutem percebeu em sua pesquisa que a inclusatildeo
na Educaccedilatildeo Infantil se verifica em meio a uma confusatildeo de conceitos e praacuteticas
nas quais se revelam accedilotildees inclusivas isoladas e um processo inclusivo mal
compreendido e mal aproveitado
Logo na busca pela concretizaccedilatildeo de uma educaccedilatildeo inclusiva sem duacutevida os
papeacuteis dos educadores e da famiacutelia se destacam porque ambos satildeo fundamentais
para a trajetoacuteria de vida das pessoas tanto em termos de aprendizagem quanto de
desenvolvimento o que significa dizer que estes podem tanto ser propulsores
quanto limitadores do desenvolvimento humano (BRAZELTON 2002 GIL 2004
SCHMITERLOumlW e FERNANDEZ 2004 DRAGO 2011 BRONFENBRENNER
2011)
14
No tocante agrave famiacutelia certamente natildeo restam mais duacutevidas para a ciecircncia
psicoloacutegica a respeito da influecircncia que as praacuteticas educativas parentais tecircm para o
desenvolvimento dos filhos (WEBER 2008) Isso porque a famiacutelia por ser o primeiro
locus de desenvolvimento humano mostra-se como um contexto privilegiado cujos
objetivos conteuacutedos e meacutetodos se diferenciam do cuidado institucionalizado pois
fomenta o processo de socializaccedilatildeo a proteccedilatildeo as condiccedilotildees baacutesicas de
sobrevivecircncia o desenvolvimento de seus membros no plano social cognitivo e
afetivo e tambeacutem auxilia a estabelecer uma estrutura miacutenima de atividades e
relaccedilotildees nos quais os papeacuteis de matildee pai filho irmatildeo esposa marido e outros satildeo
evidenciados e ensinados (DESSEN e POLONIA 2007 POLETTO e KOLLER
2008 PINHEIRO e BIASOLI-ALVES 2008 ALMEIDA 2010)
Contudo dadas agraves intensas mudanccedilas que a instituiccedilatildeo familiar vem passando
ao longo das uacuteltimas deacutecadas eacute necessaacuterio um estudo mais apurado acerca de
suas caracteriacutesticas e necessidades especialmente quando se propotildee a entendecirc-la
como espaccedilo promotor de desenvolvimento ativo e dinacircmico tal como nas palavras
de Pinheiro e Biasoli-Alves (2008) ao afirmarem que conforme as transformaccedilotildees
sociais vatildeo ocorrendo surgem ao mesmo tempo elementos que afetam a dinacircmica
familiar e do casal o que permite situar as questotildees que envolvem o papel
desempenhado por cada um de seus indiviacuteduos particularmente pai e matildee ndash aqui
referidos como ldquopaisrdquo
Esses dois elementos (pai e matildee) muito embora tenham assumido novos papeacuteis
diante da sociedade e de sua proacutepria famiacutelia ainda se mantecircm como figuras
imprescindiacuteveis do contexto de transmissatildeo de valores conhecimentos regras e
noccedilotildees de convivecircncia para seus filhos (ZAMBERLAM et al 1997 CARVALHO e
ALMEIDA 2003 SILVA e BOLSANELLO 2002 PINHEIRO e BIASOLI-ALVES
2008)
Diante da temaacutetica da presente pesquisa e no que se refere agrave crianccedila pequena
em situaccedilatildeo de inclusatildeo escolar ressalta-se que satildeo poucos os estudos que
descrevem o funcionamento familiar em crianccedilas com necessidades especiais na
realidade brasileira aleacutem de que haacute resultados contraditoacuterios entre algumas
pesquisas (MINETTO 2010) Todavia Brazelton (2002) afirma que os pais
necessitam de uma ajuda profissional quando se percebe que o filho apresenta
alteraccedilotildees em seu desenvolvimento pois sem isso eles podem - por ansiedade ou
falta de orientaccedilatildeo - contribuir com o quadro de atraso ou mesmo superproteger sua
15
crianccedila deixando de estarem sensiacuteveis agraves condiccedilotildees reais do infante Tambeacutem no
que se refere ao atendimento da crianccedila com necessidades especiais ou
desenvolvimento atiacutepico eacute fundamental que se leve em consideraccedilatildeo a participaccedilatildeo
ativa da famiacutelia no processo por meio do acolhimento de suas duacutevidas e anseios e
pela promoccedilatildeo de orientaccedilotildees de quando e como interagir com sua crianccedila (GIL
2004 SHMITERLOumlW e FERNANDEZ 2004 MENDES 2010)
A atenccedilatildeo o apoio e a orientaccedilatildeo para a famiacutelia que tem uma crianccedila com
necessidades especiais justificam-se primordialmente porque esse natildeo eacute um fato
para o qual todos se preparam antecipadamente Muito menos eacute um fato que se
deseja aleacutem de que quando do diagnoacutestico de deficiecircncia atraso no
desenvolvimento ou outra necessidade especial haacute uma intensa e profunda
reorganizaccedilatildeo familiar conforme jaacute afirmado por Prado (2005) A possibilidade de um
diagnoacutestico pode corroborar com sofrimento por parte dos pais havendo em
diversos casos a apresentaccedilatildeo de estresse fiacutesico e emocional (BAILEY 2003
PEREIRA-SILVA e DESSEN 2006 CHERUBINI BOSA e BANDEIRA 2008) Diante
do exposto torna-se evidente que os programas de atendimento agrave crianccedila pequena
com deficiecircncia ou alteraccedilotildees importantes em seu desenvolvimento devem
considerar aspectos que envolvam sua famiacutelia de maneira que a preparem para a
relaccedilatildeo com seu filho (SHMITERLOumlW 2003 GIL 2004 SHMITERLOumlW e
FERNANDEZ 2004)
Jaacute a instituiccedilatildeo de Educaccedilatildeo Infantil interessa como um contexto que se mostra
cada vez mais utilizado podendo ateacute ser considerado como indispensaacutevel para a
viabilizaccedilatildeo da dupla jornada de trabalho da mulher e dos arranjos familiares
proacuteprios da modernidade o que faz com que o maior desafio desse contexto tenda a
ser o de proporcionar um ambiente que seja estimulante para a crianccedila tambeacutem
promovendo seu desenvolvimento de modo amplo e saudaacutevel (SOUZA 2008
SOEJIMA 2008 BOLSANELLO 2009 SOEJIMA e BOLSANELLO 2012)
Dessen e Polonia (2007) afirmam que a instituiccedilatildeo de educaccedilatildeo eacute um espaccedilo
fiacutesico psicoloacutegico social e cultural no qual os indiviacuteduos processam o seu
desenvolvimento global mediante atividades programadas e que tambeacutem pode se
configurar como um espaccedilo de apoio e orientaccedilatildeo para que as famiacutelias
desempenhem melhor seu papel
Perante sua relevacircncia a Educaccedilatildeo Infantil tem sido objeto de inuacutemeros estudos
inclusive a dissertaccedilatildeo de Mestrado da presente pesquisadora Os resultados desta
16
dissertaccedilatildeo evidenciaram a) a rotina extenuante dos educadores b) suas
dificuldades em planejar o atendimento das crianccedilas c) a grande quantidade de
crianccedilas por educador d) a constante necessidade de resolverem problemas
imediatos o que gera a dificuldade de darem atenccedilatildeo a aspectos mais
individualizados das crianccedilas e) a falta de apoio pedagoacutegico adequado (SOUZA
2008) Esses satildeo aspectos tambeacutem verificados por outros autores e que possibilitam
refletir profundamente sobre a funccedilatildeo da creche como um espaccedilo de
desenvolvimento (PACHECO e DUPRET 2004 CAMPOS FULGRAFF e
WIGGERS 2006 BOacuteGUS et al 2007 SOEJIMA 2008 SOUZA 2008
BOLSANELLO 2009 FERNANDES 2011 GUIMARAtildeES 2011 SOEJIMA e
BOLSANELLO 2012)
Outra questatildeo eacute acerca das concepccedilotildees de desenvolvimento infantil dos
educadores as quais refletem a falta de uma formaccedilatildeo consistente na aacuterea a falta
de oportunidades de reflexatildeo a falta de ressignificaccedilatildeo de seus conhecimentos
preacutevios a falta de sistematizaccedilatildeo de accedilotildees de atenccedilatildeo e a intervenccedilatildeo precoce
(SOEJIMA e BOLSANELLO 2012 SOUZA 2008) Tais achados geram
controveacutersias quanto agrave sua funccedilatildeo protetiva em relaccedilatildeo agraves comunidades expostas a
riscos sociais e desenvolvimentais (EIKMANN et al 2009) o que estaacute tambeacutem em
consonacircncia com as consideraccedilotildees de BALTIERI et al (2010) Estes uacuteltimos
salientam que estudos recentes trazem a preocupaccedilatildeo com as repercussotildees da
exposiccedilatildeo cotidiana ao ambienterotina das creches e que esta na realidade
brasileira tem sido crescente e apontam limitaccedilotildees quanto ao preparo dos
profissionais da infraestrutura rotinas com predomiacutenio de atividades voltadas para
alimentaccedilatildeo e higiene aleacutem de maior exposiccedilatildeo das crianccedilas a processos
infecciosos
Contraditoriamente os estudos de Boacutegus et al(2007) e Bhering e Nez (2002)
evidenciaram que as famiacutelias buscam o atendimento institucionalizado tambeacutem por
acreditarem que este seraacute um contexto de promoccedilatildeo do desenvolvimento e maior
cuidado para sua crianccedila e ateacute sentem-se privilegiadas por terem acesso a esse
serviccedilo o que parece resultar em uma menor exigecircncia na qualidade desse
atendimento Bhering e Nez (2002) relembram que a importacircncia do envolvimento
dos pais nessa fase de desenvolvimento humano eacute autoexplicativa famiacutelia e
escolacreche juntas podem promover situaccedilotildees complementares e significativas
17
de aprendizagem e convivecircncia que realmente vatildeo ao encontro das necessidades e
demandas das crianccedilas de ambas as instituiccedilotildees
Por outro lado eacute percebido que a participaccedilatildeo das famiacutelias diante da instituiccedilatildeo e
do atendimento de seus filhos eacute escassa e restrita agrave entrega da crianccedila pela manhatilde
agrave busca ao final do dia e a participaccedilatildeo em algumas reuniotildees especiacuteficas na fala
dos educadores tal participaccedilatildeo poderia ser mais efetiva (BHERING e NEZ 2002
BOgraveGUS et al 2007 SOUZA 2008) Perante esse cenaacuterio da parca participaccedilatildeo da
famiacutelia dentro da rotina da creche relembra-se que mesmo que haja o atendimento
institucionalizado como um importante recurso da sociedade contemporacircnea tal
participaccedilatildeo natildeo substitui a funccedilatildeo primordial da famiacutelia (SILVA e BOLSANELLO
2002)
Conforme os dados assinalados sobre a crianccedila pequena com necessidades
especiais sobre a importacircncia da famiacutelia e da Educaccedilatildeo Infantil como contextos de
promoccedilatildeo de desenvolvimento na primeira infacircncia2 e diante das contradiccedilotildees que
ainda permeiam os processos da educaccedilatildeo inclusiva apresenta-se como
pressuposto que a inclusatildeo da crianccedila pequena com necessidades especiais no
contexto de Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil vem sendo realizada a partir de
conceitos e praacuteticas que fortalecem principalmente os aspectos socializadores do
processo inclusivo o que implica na possibilidade de que estar no referido contexto
natildeo caracteriza uma educaccedilatildeo inclusiva
E levanta-se a questatildeo norteadora do presente estudo
Quais concepccedilotildees orientam o processo de inclusatildeo da crianccedila pequena com
necessidades especiais no contexto de Centros Municipais de Educaccedilatildeo
Infantil (CMEIs) segundo suas matildees suas educadoras na Educaccedilatildeo Infantil e
suas professoras do Atendimento Educacional Especializado
2 Para esse estudo se considera que a primeira infacircncia eacute o periacuteodo etaacuterio que corresponde aos primeiros 36
meses de vida
18
12 OBJETIVOS
121 Objetivo Geral
Investigar quais concepccedilotildees orienta o processo de inclusatildeo da crianccedila
pequena com necessidades especiais no contexto de Centros Municipais de
Educaccedilatildeo Infantil (CMEIs) especificamente em turmas de berccedilaacuterio e maternal
segundo suas matildees suas educadoras na Educaccedilatildeo Infantil e suas professoras do
Atendimento Educacional Especializado
122 Objetivos Especiacuteficos
Com a intenccedilatildeo de responder a questatildeo de pesquisa que orienta este
trabalho se estabelecem como objetivos especiacuteficos os itens abaixo indicados
a) Investigar como as matildees de crianccedilas que tecircm necessidades especiais
percebem participam e avaliam o processo de inclusatildeo de seus filhos que
frequentam os Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil
b) Investigar como educadoras de Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil que
atendem em turmas de berccedilaacuterio (I e II) e maternal (I e II) percebem atuam e
avaliam o processo de inclusatildeo das crianccedilas pequenas com necessidades
especiais nesses ambientes de desenvolvimento preacute-escolar
c) Investigar como professoras do Atendimento Educacional Especializado que
atendem e que frequentam turmas de berccedilaacuterio (I e II) e maternal (I e II) nos
Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil da regiatildeo percebem atuam e
avaliam o processo de inclusatildeo das crianccedilas pequenas com necessidades
especiais
d) Verificar quais satildeo as Diretrizes e Apoios indicados eou utilizados pelas
participantes do estudo para que o processo inclusivo ocorra com qualidade
na Educaccedilatildeo Infantil
19
e) Verificar as vantagens e desvantagens da inclusatildeo escolar de crianccedilas
pequenas com necessidades especiais segundo as concepccedilotildees de suas
matildees suas educadoras nos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil e suas
professoras do Atendimento Educacional Especializado
20
2 SUPORTE TEOacuteRICO
21 O DESENVOLVIMENTO HUMANO A PARTIR DO ESTUDO E DA INTERACcedilAtildeO
ENTRE SEUS CONTEXTOS ndash A ABORDAGEM BIOECOLOacuteGICA
Bronfenbrenner (1996) conceitua o desenvolvimento humano afirmando que
este se constitui de mudanccedilas nas formas como as pessoas percebem e interagem
com o ambiente Essas mudanccedilas ocorrem durante toda a vida do indiviacuteduo e em
sua relaccedilatildeo com o mundo
O modelo bioecoloacutegico contempla o desenvolvimento de maneira ampla e
busca focalizar as interaccedilotildees das pessoas com seus diferentes contextos
(BRONFENBRENNER 2011) Em outras palavras o ser humano se constitui como
tal na sua relaccedilatildeo com o outro e com os diversos contextos dos quais participa
direta ou indiretamente (SILVA 2011)
Para Bronfenbrenner e Morris (1998) o desenvolvimento dos seres humanos
eacute o resultado da accedilatildeo entre as caracteriacutesticas da pessoa em desenvolvimento os
processos proximais estabelecidos entre ela e outros sujeitos os contextos nos
quais a pessoa vive e a frequecircncia de tempo no qual ela encontra-se exposta a
esses elementos Esse modelo tambeacutem eacute denominado PPCT (processo-pessoa-
contexto-tempo)
O processo eacute o mecanismo do desenvolvimento visto a partir das interaccedilotildees
entre o sujeito e o ambiente imediato O indiviacuteduo humano eacute sempre considerado
nesta teoria como um ser biopsicologicamente em evoluccedilatildeo e para que suas
interaccedilotildees sejam consideradas como tal ele deve ser visto de modo ativo
(BROFENBRENNER 2011)
Os processos proximais satildeo os motores primaacuterios do desenvolvimento e satildeo
por conceito bidirecionais (BRONFENBRENNER 1999) O processo proximal pode
melhorar a competecircncia funcional e ajudar a minimizar aspectos disfuncionais do
desenvolvimento humano (BRONFENBRENNER 1999)
Para que se efetive o desenvolvimento as atividades devem ser contiacutenuas ao
longo de um tempo e devem tornar-se progressivamente mais complexas Em
acordo com esse modelo de desenvolvimento repeticcedilotildees natildeo bastam elas natildeo
21
caracterizam os processos proximais (BRONFENBRENNER e MORRIS 1998) Os
processos proximais envolvem aleacutem de pessoas tambeacutem a relaccedilatildeo com objetos e
siacutembolos E para haver reciprocidade nas relaccedilotildees os objetos e siacutembolos devem
despertar e estimular a atenccedilatildeo a exploraccedilatildeo a manipulaccedilatildeo a elaboraccedilatildeo e a
imaginaccedilatildeo da pessoa em desenvolvimento (BRONFENBRENNER 1999
AMBROZIO 2009)
Um exemplo desse padratildeo de interaccedilatildeo pode ser observado durante a
alimentaccedilatildeo do bebecirc nas brincadeiras de crianccedilas com pouca idade seja em grupo
ou individualmente (BRONFENBRENNER 2001)
Para os processos proximais disfunccedilatildeo e competecircncia satildeo dois aspectos
muito importantes pois influenciam os primeiros de modo contundente
Bronfenbrenner e Morris (1998) definem disfunccedilatildeo como a manifestaccedilatildeo recorrente
de dificuldades por parte da pessoa que estaacute em desenvolvimento Jaacute competecircncias
satildeo as aquisiccedilotildees avanccediladas no que se refere a conhecimentos e habilidades
(intelectuais fiacutesicas sociais motoras e a combinaccedilatildeo desses elementos)
Bronfenbrenner e Morris (1998) afirmam que ambientes estaacuteveis e
vantajosos propiciam menos manifestaccedilotildees de disfunccedilotildees no desenvolvimento
humano e que quanto maiores e melhores os resultados relacionados agraves
competecircncias mais elevados e complexos podem se tornar os processos proximais
e mais reduzidos seratildeo os riscos para o desenvolvimento
A pessoa eacute analisada por meio de suas caracteriacutesticas determinadas
biopsicologicamente (experiecircncias vividas habilidades por exemplo) e aquelas
construiacutedas socialmente Nesse modelo as caracteriacutesticas da pessoa satildeo tanto
produtoras como produtos do desenvolvimento pois constitui um dos elementos que
influenciam tanto a forma a forccedila o conteuacutedo quanto a direccedilatildeo do processo de
interaccedilatildeo (BRONFENBRENNER 1996 BROFENBRENNER 2011) Este modelo
destaca trecircs caracteriacutesticas da pessoa que tem influecircncia no decorrer de seu
desenvolvimento e das relaccedilotildees proximais estabelecidas as quais satildeo as
disposiccedilotildees os recursos e as demandas (BRONFENBRENNER 1999)
As disposiccedilotildees satildeo as caracteriacutesticas que podem colocar os processos
proximais em movimento lhe dando sustentaccedilatildeo ou interferindo com atrasos no
desenvolvimento humano Portanto as disposiccedilotildees podem ser as que promovem e
geram desenvolvimento e as que impedem ou atrasam o desenvolvimento
(BRONFENBRENNER 1999)
22
Segundo Bronfenbrenner (1989) satildeo disposiccedilotildees que podem gerar atrasos ou
impedimentos no desenvolvimento hostilidade apatia desatenccedilatildeo falta de
interesse inseguranccedila entre outras E como caracteriacutesticas que geram e promovem
o desenvolvimento iniciativa a curiosidade e tambeacutem a responsividade seletiva as
tendecircncias estruturantes e um sistema de crenccedilas diretivas (BRONFENBRENNER
1999)
A chamada responsividade seletiva eacute a primeira manifestaccedilatildeo dos aspectos
que geram o desenvolvimento e se refere a uma capacidade de manifestaccedilatildeo de
uma resposta diferenciada que ocasiona atraccedilatildeo e exploraccedilatildeo de elementos do
ambiente fiacutesico e social (BRONFENBRENNER 1999)
Jaacute as tendecircncias estruturantes se referem agraves capacidades de engajamento e
de persistecircncia em atividades progressivamente mais complexas Satildeo exemplos de
tendecircncias estruturantes a capacidade de elaborar reestruturar e criar novas
caracteriacutesticas em um ambiente (BRONFENBRENNER E MORRIS 1989)
A terceira disposiccedilatildeo que contribui para a promoccedilatildeo do desenvolvimento
humano eacute o que Bronfenbrenner e Morris (1998) denominam de sistema de crenccedilas
diretivas Elas se referem agrave capacidade de as pessoas demonstrarem uma
crescente tendecircncia de dar significado agraves experiecircncias agrave medida que o tempo vai
passando
Em relaccedilatildeo aos chamados recursos bioecoloacutegicos Bronfenbrenner (1989)
indicam que estes se referem agrave aptidatildeo agraves experiecircncias conhecimentos e
habilidades requeridas para o funcionamento dos processos proximais Os recursos
bioecoloacutegicos tambeacutem podem limitar os processos proximais principalmente quando
se referem a defeitos geneacuteticos ou doenccedilas crocircnicas e graves por exemplo
No que se refere agraves demandas Bronfenbrenner (1992) afirma que satildeo
aquelas caracteriacutesticas da pessoa em desenvolvimento que provocam ou
desencorajam reaccedilotildees do ambiente e que interferem de forma positiva ou negativa
nos processos proximais
A inter-relaccedilatildeo entre as caracteriacutesticas pessoais as disposiccedilotildees os recursos
bioecoloacutegicos e as demandas levam a inuacutemeras possibilidades de combinaccedilotildees e
justificam as diferenccedilas nas direccedilotildees e nas forccedilas dos processos proximais
resultantes e de seus impactos no desenvolvimento humano (BRONFENBRENNER
E MORRIS 1989)
23
Bronfenbrenner (1996) traz em seu modelo bioecoloacutegico a importacircncia e a
influecircncia que os contextos apresentam para o desenvolvimento da pessoa
O contexto eacute analisado por meio da interaccedilatildeo de quatro niacuteveis ambientais dos
mais proacuteximos aos mais distantes denominados microssistema mesossistema
exossistema e macrossistema (BRONFENBRENNER 1996 BROFENBRENNER
2011)
O microssistema eacute o ambiente em que se estabelecem relaccedilotildees diretas face
a face relaccedilotildees de intimidade (diacuteades triacuteades) Satildeo considerados como exemplos
famiacutelia escola grupo de amigos entre outros Das relaccedilotildees entre os diversos
microssistemas origina-se o mesossistema Jaacute o exossistema constitui aqueles
contextos externos agrave participaccedilatildeo direta do sujeito em desenvolvimento mas que
trazem influecircncias importantes para ele Um exemplo disso para a crianccedila em
desenvolvimento eacute o ambiente de trabalho dos pais O macrossistema eacute aquele em
que se configuram as leis normas e regras que regem uma sociedade
(BRONFENBRENNER 1996 BROFENBRENNER 2011)
As interaccedilotildees entre os diversos niacuteveis contextuais satildeo bidirecionais e trazem
grandes transformaccedilotildees no desenvolvimento humano O tipo de interaccedilatildeo mais
baacutesico eacute a chamada transiccedilatildeo ecoloacutegica o que segundo Bronfenbrenner (1977) eacute a
possibilidade de movimento de um contexto para outro diferente novo Podem ser
exemplos de transiccedilatildeo ecoloacutegica o ingresso em uma instituiccedilatildeo de ensino a
mudanccedila de residecircncia passar o dia no Centro Municipal de Educaccedilatildeo Infantil -
CMEI e ir para casa ao fim do dia entre outros
Sobre as relaccedilotildees bidirecionais ainda Bronfenbrenner (1988) cita as diacuteades e
as relaccedilotildees mais extensas a partir do sistema N+2 (triacuteades teacutetrades etc) Dentro do
processo de desenvolvimento infantil as diacuteades primaacuterias satildeo fundamentais pois o
desenvolvimento da crianccedila pequena afeta e eacute afetado por seus cuidadores
principais tais como matildee avoacute babaacute educadora etc Logo eacute recomendaacutevel que ao
se estudar o desenvolvimento na infacircncia que se busque fazecirc-lo tambeacutem
considerando esses aspectos diaacutedicos
Assim microssistemas como famiacutelia e escola tecircm influecircncias diversas e
importantes no desenvolvimento infantil Compreender ecologicamente o
desenvolvimento humano possibilita que a atenccedilatildeo investigativa seja dirigida natildeo soacute
para a pessoa e os ambientes imediatos nos quais se encontra senatildeo para suas
interaccedilotildees e transiccedilotildees em ambientes mais distantes dos quais muitas vezes
24
sequer participa diretamente O modelo bioecoloacutegico tambeacutem enfatiza o ambiente
mas propotildee que o desenvolvimento humano seja estudado por meio da interaccedilatildeo
deste nuacutecleo com outros trecircs de forma inter-relacionada o processo a pessoa e o
tempo (BRONFENBRENNER 1996 ROGOFF 2005 BROFENBRENNER 2011)
O tempo nesse modelo condiciona a efetividade dos processos proximais agrave
ocorrecircncia de uma interaccedilatildeo reciacuteproca progressivamente mais complexa em uma
base de tempo efetivamente regular natildeo podendo este funcionar efetivamente em
ambientes instaacuteveis e imprevisiacuteveis (BRONFENBRENNER 1996
BROFENBRENNER 2011)
Bronfenbrenner e Morris (1998) afirmam que o tempo enquanto categoria
bioecoloacutegica divide-se em microtempo mesotempo e macrotempo A anaacutelise do
tempo dentro desses trecircs niacuteveis deve focalizar a pessoa em relaccedilatildeo aos
acontecimentos presentes em sua vida desde os mais proacuteximos ateacute os mais
distantes (BRONFENBRENNER 1996 BROFENBRENNER 2011)
A abordagem bioecoloacutegica do desenvolvimento humano proposta por
Brofenbrenner (1996) eacute uacutetil ao permitir que o desenvolvimento possa ser entendido
de maneira contextualizada contemplando a interaccedilatildeo dinacircmica dos elementos
acima descritos Em outras palavras o estudo do desenvolvimento infantil
interpretado pelos paracircmetros do contexto bioecoloacutegico pode ser entendido como a)
a crianccedila como pessoa em contiacutenuo e progressivo desenvolvimento cujo trajeto
desenvolvimental apresenta caracteriacutesticas especiacuteficas conforme o ciclo vital se
desenrola b) a reciprocidade na qual ocorre uma interaccedilatildeo entre a crianccedila e os
contextos dos quais participa efetivamente c) as interconexotildees entre esses
ambientes e as influecircncias externas provenientes de meios mais amplos
(macrossistema e exossistema) d) o tempo como elemento necessaacuterio agraves
mudanccedilas no desenvolvimento do indiviacuteduo e de transiccedilotildees de papeacuteis dentro dos
diversos contextos dos quais participa e) continuidade e significado na qualidade
das relaccedilotildees interpessoais (BRONFENBRENNER 1996 BROFENBRENNER 2011
SPESSATO et al 2009 DINIZ e KOLLER 2010)
A interaccedilatildeo entre a crianccedila pequena com deficiecircncia sua famiacutelia a instituiccedilatildeo
de Educaccedilatildeo Infantil e a Educaccedilatildeo Especial eacute de extrema relevacircncia para que os
contextos conheccedilam melhor a crianccedila estabeleccedilam criteacuterios educativos comuns
discutam modelos de intervenccedilatildeo e relaccedilatildeo com os infantes e compreendam as
especificidades da funccedilatildeo educativa de cada um (SILVA 2011)
25
22 A CRIANCcedilA PEQUENA COM NECESSIDADES ESPECIAIS E A PROMOCcedilAtildeO
DO SEU DESENVOLVIMENTO
O presente capiacutetulo se destina a elencar aspectos relacionados agrave promoccedilatildeo
do desenvolvimento da crianccedila pequena com necessidades especiais visto que
para ela existem pelo menos trecircs contextos que podem auxiliar nesse sentido a
saber a famiacutelia a instituiccedilatildeo de Educaccedilatildeo Infantil e os centros ou programas de
Educaccedilatildeo Especial que ofertam o serviccedilo de estimulaccedilatildeo essencial
Pode se dizer que a crianccedila de modo geral se apresenta muito vulneraacutevel
agraves interferecircncias dos indiviacuteduos e dos ambientes com os quais convive e em
especial quando ela se encontra na primeira infacircncia (BRAZELTON 1990
SZYMANSKI 2004 CARVALHO 2006 BRONFENBRENNER 2011) No caso da
crianccedila com deficiecircncia (fiacutesica intelectual sensorial ou muacuteltipla) ou que apresenta
transtornos ou atrasos significativos em seu desenvolvimento agraves relaccedilotildees com
pessoas e contextos se tornam ainda mais relevantes na faixa etaacuteria indicada
Por outro lado sendo praticamente consenso entre os pesquisadores e
profissionais do desenvolvimento infantil de que este eacute um processo complexo e
multideterminado (MOLINARI et al 2005) tambeacutem deve ser considerada a crianccedila
em si como pessoa em constante desenvolver com suas caracteriacutesticas e
especificidades proacuteprias
A crianccedila no sentido de sujeito em desenvolvimento deve ser vista como
um ser integrado e natildeo uma coleccedilatildeo de habilidades e aquisiccedilotildees principalmente
porque o desenvolvimento em seus diversos niacuteveis natildeo se daacute de forma separada
contrariamente todos os niacuteveis (cognitivo emocional fiacutesico entre outros) estatildeo
inter-relacionados e constituem o sujeito como um todo (GIL 2004)
Segundo Libro Blanco (GAT 2000) importante documento espanhol sobre
atenccedilatildeo e intervenccedilatildeo precoce3 o desenvolvimento infantil nos primeiros anos se
caracteriza por uma progressiva aquisiccedilatildeo de funccedilotildees muito importantes tais como
3 No que se refere aos termos atenccedilatildeo e intervenccedilatildeo precoce eacute possiacutevel estabelecer um paralelo em
seu entendimento e relacionaacute-los ao atendimento de estimulaccedilatildeo precoce ou essencial na realidade brasileira O que significa afirmar que tanto na realidade espanhola quanto brasileira esses termos se referem aos primeiros atendimentos a crianccedilas com necessidades especiais ainda que esses sejam realizados em contextos e com abordagens distintos entre si
26
controle postural autonomia no deslocamento comunicaccedilatildeo e linguagem interaccedilatildeo
social entre outros
A evoluccedilatildeo do desenvolvimento estaacute estreitamente ligada ao processo de
maturaccedilatildeo do sistema nervoso jaacute iniciado na vida intrauterina e tambeacutem com a
organizaccedilatildeo emocional e mental Para que tais processos se verifiquem de modo
saudaacutevel eacute necessaacuteria uma estrutura geneacutetica adequada e o cumprimento das
necessidades humanas baacutesicas nos acircmbito bioloacutegico e psicoafetivo pois o
desenvolvimento infantil eacute produto da interaccedilatildeo entre fatores geneacuteticos e ambientais
(GAT 2000 GAUY e COSTA JUNIOR 2005 MADUREIRA e BRANCO 2005)
A base geneacutetica especiacutefica para cada indiviacuteduo estabelece capacidades
proacuteprias de desenvolvimento ateacute o ponto em que se possa modificaacute-la pela
interaccedilatildeo com os fatores ambientais (GAT 2000 GAUY e COSTA JUNIOR 2005
MADUREIRA e BRANCO 2005)
Os fatores ambientais vatildeo modular a possibilidade de expressatildeo ou latecircncia
de algumas caracteriacutesticas geneacuteticas Esses fatores satildeo de ordem bioloacutegica
psicoloacutegica e social (GAT 2000 GAUY e COSTA JUNIOR 2005 POLONIA
DESSEN e SILVA 2005 MADUREIRA e BRANCO 2005)
Os fatores ambientais de ordem bioloacutegica se configuram nos estados de
sauacutede ausecircncia de fatores de agressatildeo ao sistema nervoso condiccedilotildees necessaacuterias
para uma maturaccedilatildeo orgacircnica adequada Os fatores ambientais de ordem
psicoloacutegica e social satildeo os relacionados agrave interaccedilatildeo da crianccedila com o seu meio os
viacutenculos afetivos que estabelece a partir dos cuidados que recebe da percepccedilatildeo
que constroacutei em relaccedilatildeo agraves pessoas que a rodeiam (pessoas imagens sons entre
outros) Estas satildeo condiccedilotildees baacutesicas e determinantes do desenvolvimento
emocional funccedilotildees comunicativas condutas adaptativas aprendizagem entre
outros elementos constituintes da pessoa em evoluccedilatildeo (GAT 2000 GAUY e COSTA
JUNIOR 2005 MADUREIRA e BRANCO 2005)
Sobre a questatildeo de risco ao desenvolvimento os resultados negativos nesse
processo satildeo produzidos muitas vezes natildeo soacute por um mas pela combinaccedilatildeo de
diversos fatores de risco Os diferentes fatores que determinam os problemas que a
crianccedila pode apresentar ao longo de seu desenvolvimento satildeo mais dependentes da
quantidade do que da natureza dos fatores de risco reforccedilando a importacircncia de se
constatar os riscos muacuteltiplos que por sua vez tecircm efeito cumulativo causando
27
impacto maior sobre o desenvolvimento (SILVA e DESSEN 2005 MOLINARI et al
2005 AMORIM et al 2009)
Aleacutem de fatores de risco faz-se necessaacuterio lembrar que junto a eles existem
os recursos do indiviacuteduo e as accedilotildees protetoras do ambiente podem ser ativadas
para neutralizar adversidades vulnerabilidades e riscos ao desenvolvimento
adaptativo da crianccedila (FORMIGA et al 2004 POLETTO e KOLLER 2008)
E eacute nesse ponto que se destaca a funccedilatildeo dos adultos que atendem a crianccedila
pequena seja a famiacutelia ou a instituiccedilatildeo Entende-se que natildeo se deve atentar apenas
ao fato da remediaccedilatildeo de problemas mas antecipar as possibilidades gerais de
promover um desenvolvimento na primeira infacircncia com qualidade e sauacutede
(FORMIGA et al 2004 PEacuteREZ-LOPEZ MARTINEZ-FUENTES DIAZ-HERRERO
2006 MARTINEZ 2007)
Concorda-se igualmente com a afirmaccedilatildeo de Hansel (2004) quando a autora
relembra que em relaccedilatildeo agraves necessidades das crianccedilas pequenas tais como
proteccedilatildeo afetividade possibilidades de exploraccedilatildeo do meio fiacutesico e social por
exemplo haacute uma motivaccedilatildeo bioloacutegica e social para que esta se incorpore em um
grupo social poreacutem caberaacute aos genitores o papel de agentes de interaccedilatildeo e aqui
poderia se acrescentar a essa informaccedilatildeo a funccedilatildeo da estimulaccedilatildeo de ser tambeacutem
espaccedilo de promoccedilatildeo de muacuteltiplas experiecircncias e porque natildeo espaccedilo-tempo para
consolidaccedilatildeo de aspectos afetivos e de manutenccedilatildeo do viacutenculo familiar
Enfim a interaccedilatildeo entre microssistemas tais como o familiar e o educacional
(Educaccedilatildeo Infantil e Educaccedilatildeo Especial) pode ser um espaccedilo de reforccedilo de
orientaccedilatildeo direta ou indireta e de conformaccedilatildeo de uma rede de apoio primordial Por
outro lado um canal de comunicaccedilatildeo e interaccedilatildeo entre esses dois contextos que
seja inadequado pode falhar como recurso de orientaccedilatildeo motivaccedilatildeo e interesses da
famiacutelia em relaccedilatildeo agrave sua crianccedila (ORTIZ e FAacuteVARO 2004)
Devido a isso eacute que no que se refere agrave promoccedilatildeo do desenvolvimento
humano principalmente na primeira infacircncia tambeacutem eacute apropriado agrave busca pela
compreensatildeo das especificidades do atendimento na Educaccedilatildeo Infantil
Inicialmente antes de evidenciar o papel da educaccedilatildeo infantil e da famiacutelia
para a promoccedilatildeo do desenvolvimento para a crianccedila com riscos desenvolvimentais
cabe discorrer acerca do que consiste o atendimento em estimulaccedilatildeo precoce
Nas Diretrizes Educacionais sobre a Estimulaccedilatildeo Precoce publicadas em
1995 e elaboradas pela Secretaria de Educaccedilatildeo EspecialMEC haacute a explicitaccedilatildeo de
28
que a estimulaccedilatildeo precoce eacute o primeiro atendimento a ser destinado a crianccedila com
diagnoacutestico de deficiecircncia ou de atraso significativo em seu desenvolvimento na
faixa etaacuteria entre zero e 3 anos dentro dos serviccedilos da educaccedilatildeo especial
(BRASIL1995) Tambeacutem o documento orienta que haja a integraccedilatildeo entre as aacutereas
da assistecircncia social da educaccedilatildeo e da sauacutede com a integraccedilatildeo da famiacutelia e a
atuaccedilatildeo de uma equipe multidisciplinar (BRASIL 1995)
Documentos brasileiros como a Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo
Nacional - Lei 9394 (BRASIL 1996) as Diretrizes Nacionais Curriculares Nacionais
para a Educaccedilatildeo Infantil (BRASIL1998) e o Referencial Curricular para a Educaccedilatildeo
Infantil (BRASIL 2000) trazem em si as influecircncias do movimento mundial da
ldquoEscola para Todosrdquo o que implicou na promoccedilatildeo da possibilidade de que crianccedilas
com deficiecircncia desde tenra idade adentrem nos serviccedilos da educaccedilatildeo infantil no
ensino regular aleacutem de que a educaccedilatildeo especial passa a ser entendida tambeacutem
como ldquoapoiordquo para o processo de inclusatildeo desse alunado
Em especial o Referencial Curricular para a Educaccedilatildeo Infantil (BRASIL
2000) em suas instruccedilotildees evidencia vaacuterios aspectos entre os quais se destacam
aqueles relacionados agrave identificaccedilatildeo das necessidades especiais da crianccedila
elaboraccedilatildeo de estrateacutegias de avaliaccedilatildeo de risco para o desenvolvimento infantil e
atendimentos que levem em conta a singularidade do indiviacuteduo Propotildee tambeacutem o
acolhimento orientaccedilatildeo e apoio agraves famiacutelias das crianccedilas com deficiecircncia e a
integraccedilatildeo entre os diversos profissionais que atendem essa crianccedila
Esse uacuteltimo documento representa um avanccedilo sobre as orientaccedilotildees
indicadas anteriormente sobre o atendimento precoce da crianccedila com deficiecircncia
pois traz algumas atualizaccedilotildees contudo ainda assim mostra-se precaacuterio quando se
considera a especificidade das necessidades da crianccedila com deficiecircncia de suas
famiacutelias e dos profissionais que a atendem (HANSEL 2012)
Em 2008 as Diretrizes Operacionais para o Atendimento da Educaccedilatildeo
Especial na Educaccedilatildeo Baacutesica natildeo fazem alusatildeo agrave estimulaccedilatildeo precoce em si muito
embora oriente que o agora denominado Atendimento Educacional Especializado
deve contemplar as crianccedilas foco da Educaccedilatildeo Especial desde o nascimento Este
documento tambeacutem natildeo explicita de que modo o mesmo ocorreraacute na faixa etaacuteria que
compotildeem a primeira infacircncia (BRASIL 2008) O Decreto 761111 que tambeacutem
dispotildee sobre a Educaccedilatildeo Especial e orienta o Atendimento Educacional
Especializado revoga o Decreto anterior nordm 567108 e natildeo traz nenhuma
29
informaccedilatildeo especiacutefica sobre a inclusatildeo na primeira infacircncia ou mesmo sobre
intervenccedilatildeoestimulaccedilatildeo precoce
Igualmente alerta-se para o fato de a documentaccedilatildeo oficial a produccedilatildeo
cientiacutefica e a praacutetica da estimulaccedilatildeo precoce na realidade brasileira satildeo escassos
pouco difundidos e enfrentam inuacutemeros obstaacuteculos (HANSEL 2012)
De outro modo dentro do histoacuterico internacional dos programas de
estimulaccedilatildeo precoce houve grandes modificaccedilotildees no seu entendimento nas uacuteltimas
deacutecadas deixando de ser exclusividade da populaccedilatildeo infante da educaccedilatildeo especial
e passando a se constituir tambeacutem como um instrumento de inclusatildeo e de
prevenccedilatildeo de deacuteficits do desenvolvimento na faixa etaacuteria de 0 a 6 anos (GAT 2000)
Relembra-se que no iniacutecio dos anos 70 do seacuteculo passado esse serviccedilo tinha um
cunho de reabilitaccedilatildeo centrado nas questotildees relacionadas agrave patologia agrave deacuteficits e a
mensuraccedilatildeo do quociente intelectual Jaacute na metade dos anos 80 se verificou uma
discussatildeo voltando-se para a identificaccedilatildeo para a prevenccedilatildeo para o trabalho em
equipe e sobre o ambiente e sua influecircncia para o desenvolvimento Entre essas
duas deacutecadas surgiram modelos conceituais que tiveram grande repercussatildeo no
estudo e compreensatildeo do desenvolvimento humano (BROFENBRENNER 1996
GAT 2000 SAMEROFF e FIESE 2000 ROMERO 2003 CUEVAS 2003 PEacuteREZ-
LOPEZ 2003 SERRANO 2007 JUAN-VERA e PEREZ - LOPEZ 2009)
Logo a partir das concepccedilotildees Bioecoloacutegica de Brofenbrenner (1979) e da
Transacional de Sameroff e Chandler (1975) que exploram os contextos e suas
relaccedilotildees com seus partiacutecipes e destes entre si tornou-se possiacutevel evidenciar uma
nova abordagem para a promoccedilatildeo do desenvolvimento humano na infacircncia de tal
modo que as propostas de intervenccedilatildeo precoce deixaram de ter o aspecto de
ldquotratamento cliacutenicordquo e passaram a se constituir em verdadeiros apoios tanto agrave
crianccedila quanto a seus contextos de desenvolvimento - famiacutelia Educaccedilatildeo Infantil
entre outros (BROFENBRENNER 1996 GAT 2000 SAMEROFF e FIESE 2000
ROMERO 2003 CUEVAS 2003 PEacuteREZ-LOPEZ 2003 SERRANO 2007 JUAN-
VERA e PEREZ - LOPEZ 2009 MORAGAS 2009)
De tal modo eacute possiacutevel inferir que essa abordagem parece ir de acordo com a
proposta de se construir uma escola inclusiva desde a educaccedilatildeo infantil
Especialmente porque atualmente haacute a tendecircncia de que as intervenccedilotildees na
infacircncia sejam orientadas por uma concepccedilatildeo de Atenccedilatildeo Precoce a qual se refere
ao conjunto de accedilotildees orientadas para as crianccedilas com idade entre zero e seis anos
30
e que envolvem sua famiacutelia e o ambiente em que estatildeo inseridas (GAT 2000
JUAN-VERA e PEREZ - LOPEZ 2009 MORAGAS 2009) Nesse sentido tambeacutem
deixa de ser uma abordagem exclusiva para a crianccedila com deficiecircncias ou nascida
prematuramente O que segundo Caro (2003) eacute importante para todos inclusive
para aquela crianccedila viacutetima de ldquoabandono relativordquo
As condiccedilotildees de ldquoabandono relativordquo satildeo aquelas provenientes de situaccedilotildees
ocasionadas pelas ocupaccedilotildees dos pais do pouco cuidado descaso ou ainda
causadas pelo impacto de um cuidado mal estruturado com poucos estiacutemulos ndash
situaccedilotildees que podem ocasionar reflexos significativos no desenvolvimento
intelectual e emocional da crianccedila (CARO 2003)
Ao sair da seara puramente cliacutenica e passando a abarcar outros contextos
tais como o familiar e o das instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Infantil a Atenccedilatildeo Precoce
enfatiza a possibilidade de geraccedilatildeo de ambientes ricos em estiacutemulos diversos para a
aquisiccedilatildeo de funccedilotildees e capacidades que se apresentam pouco desenvolvidas ou
imaturas e tambeacutem a necessidade de que os profissionais que lidam com a infacircncia
possuam uma base soacutelida sobre os diversos modelos de prevenccedilatildeo intervenccedilatildeo e
avaliaccedilatildeo do desenvolvimento (PEREZ ndash LOPEZ 2004 DELGADO e MUELA
2004)
Portanto passa a ser uma questatildeo que acompanha a detecccedilatildeo de riscos para
o desenvolvimento a possibilidade de definir e aplicar accedilotildees de prevenccedilatildeo as quais
seguem alguns dos niacuteveis abaixo indicados (PEREZ-LOPEZ MARTINEZ-FUENTES
DIAZ-HERRERO 2006)
- prevenccedilatildeo primaacuteria satildeo todas as estrateacutegias tomadas antes que se
detecte um transtorno ou alteraccedilatildeo do desenvolvimento
- prevenccedilatildeo secundaacuteria compreende as estrateacutegias que satildeo colocadas
em praacutetica quando jaacute se evidenciam alguns sintomas de atraso no
desenvolvimento
- prevenccedilatildeo terciaacuteria quando trata de minimizar a gravidade dos efeitos
de transtornos do desenvolvimento que jaacute se instalaram
Em conformidade com Halpern et al (2000) e Formiga e Pedrazzani (2004)
pode-se afirmar que quanto mais precoce for o diagnoacutestico de atraso no
desenvolvimento e mais raacutepido o iniacutecio da intervenccedilatildeo menor seraacute o impacto de
31
atraso na vida futura da crianccedila tenha ela deficiecircncia ou natildeo o que por conseguinte
colabora em diminuir possiacuteveis impactos que possam ocorrer na relaccedilatildeo crianccedila-
famiacutelia-creche (RODRIGUES 2003)
23 BREVE HISTOacuteRICO DA EDUCACcedilAtildeO DAS PESSOAS COM NECESSIDADES
ESPECIAIS E A EDUCACcedilAtildeO INCLUSIVA
A histoacuteria do homem mostra que mesmo com a sociedade sugerindo respeito
entre seus membros e em algumas eacutepocas a valorizaccedilatildeo das diferenccedilas o que na
verdade temos eacute um ldquoestranhamento expliacutecitordquo uma separaccedilatildeo que eacute em muitos
casos velada por parte daqueles que natildeo se enquadram socialmente (SARAIVA
2008) Por isso discorrer sobre a educaccedilatildeo inclusiva requer que se retomem os
primoacuterdios da exclusatildeo e da educaccedilatildeo das pessoas com necessidades especiais
A trajetoacuteria de exclusatildeo da pessoa com necessidades especiais eacute tatildeo antiga
quanto a proacutepria evoluccedilatildeo do homem ou seja as estruturas das sociedades desde
os primoacuterdios demonstram uma concepccedilatildeo de deficiecircncia como algo relacionado agrave
inabilidade (MACIEL 2000)
Nas eacutepocas mais primitivas da histoacuteria humana dadas agraves condiccedilotildees insalubres
de vida supotildee-se que os indiviacuteduos que nasciam com qualquer tipo de deficiecircncia
teriam pouca ou nenhuma condiccedilatildeo de manutenccedilatildeo de sua vida pois que soacute os
indiviacuteduos mais fortes conseguiam sobreviver ante as intempeacuteries os ataques de
animais aos deslocamentos em busca de alimentos e de lugares mais propiacutecios
para o repouso e a permanecircncia (BIANCHETTI 1995)
Na Greacutecia Antiga as pessoas com deficiecircncia eram abandonadas ou
sacrificadas por natildeo corresponder agrave perfeiccedilatildeo do homem Na Idade Meacutedia substitui-
se o sacrifiacutecio por sentimentos ldquocristatildeosrdquo como piedade e compaixatildeo e tambeacutem pela
rejeiccedilatildeo dos diferentes Nessa eacutepoca tem iniacutecio o atendimento assistencial agraves
pessoas com deficiecircncia em igrejas e outras instituiccedilotildees de cunho religioso com o
intuito de ldquolibertaacute-lasrdquo do pecado (PESSOTI 1984 SMITH 2004 FREITAS 2008)
Desse modo a educaccedilatildeo especial soacute comeccedilou a ser traccedilada no seacuteculo XVI
com meacutedicos e pedagogos que desafiaram os conceitos vigentes na eacutepoca pois
acreditaram nas possibilidades educacionais de indiviacuteduos que ateacute entatildeo eram
32
considerados ineducaacuteveis (MENDES 2010) Ressalta-se ainda que a histoacuteria
retrate algumas experiecircncias precursoras desde o seacuteculo XVI cujas bases eram
tutoriais de fato o acesso agrave educaccedilatildeo das pessoas com deficiecircncias foi sendo muito
lentamente conquistado e essa conquista ocorreu apenas na medida em que se
ampliaram as oportunidades educacionais para a populaccedilatildeo em geral (JANNUZZI
2004 MENDES 2010)
Na Idade Moderna com o avanccedilo do pensamento cientiacutefico e da valorizaccedilatildeo da
racionalidade humana buscam-se respostas para a condiccedilatildeo das deficiecircncias Daiacute o
entendimento das mesmas no sentido de doenccedilas ou patologias iniciando-se as
pesquisas sobre como medicar e tratar as pessoas que apresentavam deficiecircncias
(PESSOTI 1984 SMITH 2004 FREITAS 2008) Na realidade brasileira em acordo
com pesquisa feita por Jannuzzi (2004) a educaccedilatildeo para pessoas com deficiecircncias
soacute surgiu de maneira institucional no conjunto das concretizaccedilotildees das ideias liberais
que tiveram divulgaccedilatildeo por aqui no fim do seacuteculo XVIII e comeccedilo do XIX
Na contemporaneidade lentamente deixa-se de lado a patologizaccedilatildeo das
deficiecircncias e evidencia-se uma abordagem de entendimento tambeacutem voltada para
os aspectos educativos desses indiviacuteduos (SMITH 2004 FREITAS 2008)
Nos anos 50 e 60 do seacuteculo passado houve um intensivo surgimento de
instituiccedilotildees educacionais especializadas (SMITH 2004 FREITAS 2008) Jaacute na
deacutecada de 70 destacam-se a reabilitaccedilatildeo e o treino de habilidades das pessoas com
deficiecircncia baseados em accedilotildees fundamentadas no modelo meacutedico-psicoloacutegico
vigente (SMITH 2004 FREITAS 2008)
As deacutecadas de 80 e de 90 desenrolaram-se com uma maior flexibilidade no que
se refere agrave consideraccedilatildeo das possibilidades e potencialidades da pessoa com
deficiecircncias Foi a partir dos anos 90 que o Brasil deu iniacutecio verdadeiramente a uma
longa e permanente luta pelos direitos das pessoas com necessidades especiais de
frequentar o ensino regular (FREITAS 2008)
Garcia (2008) lembra que a deacutecada de 1990 teve como marca maior a reforma
educacional ocorrida principalmente nos paiacuteses em desenvolvimento tal como o
Brasil e a qual foi orientada entre outros aspectos pelo discurso da inclusatildeo social
Assim vaacuterios foram os eventos que corroboraram para que essa premissa de
educaccedilatildeo inclusiva fosse se arraigando Entre eles pode-se citar
33
- a Conferecircncia Mundial de Educaccedilatildeo para Todos ocorrida em 1990 em
Jomtiem Tailacircndia
- a Conferecircncia Mundial sobre as Necessidades Educacionais Especiais
ocorrida em Salamanca na Espanha em 1994 a qual teve como produto a
chamada Declaraccedilatildeo de Salamanca importante documento orientador para a
educaccedilatildeo inclusiva
- a Convenccedilatildeo Interamericana para a Eliminaccedilatildeo de todas as formas de
Discriminaccedilatildeo contra as Pessoas Portadoras de Deficiecircncia ocorrida na
Guatemala em 1999
- e a Convenccedilatildeo sobre os Direitos das Pessoas com Deficiecircncia ndash promovida
pela ONU em Nova York em 2006
O movimento pela educaccedilatildeo inclusiva no Brasil teve um grande impacto na
discussatildeo de poliacuteticas educacionais para crianccedilas e adolescentes com necessidades
especiais uma vez que a grande maioria desta populaccedilatildeo havia sido historicamente
excluiacuteda do sistema educacional puacuteblico brasileiro (MENDES ALMEIDA e TOYODA
2011)
Durante a Conferecircncia Mundial de Educaccedilatildeo para Todos em Jomtien
Tailacircndia em 1990 o Brasil estabeleceu metas baacutesicas para melhorar o sistema
educacional brasileiro Entre esses objetivos parecia necessaacuterio melhorar a
educaccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes com necessidades especiais Como resultado
da Conferecircncia Mundial sobre necessidades educacionais especiais Acesso e
Qualidade organizada pelo governo espanhol e pela Unesco em 1994 foi aprovada
a Declaraccedilatildeo de Salamanca (MENDES ALMEIDA e TOYODA 2011)
Com a Convenccedilatildeo da Guatemala 1999 tem-se como avanccedilo a concepccedilatildeo
que pressupotildee uma ressignificaccedilatildeo da pessoa com deficiecircncia remetendo a
necessidade de se transformar as escolas de maneira que natildeo existam mais
restriccedilotildees agrave aprendizagem de nenhum aluno Isso implicou tambeacutem em uma
ressignificaccedilatildeo da proacutepria Educaccedilatildeo Especial segundo Alves (2008)
Outro marco foi a Convenccedilatildeo sobre os Direitos das Pessoas com Deficiecircncia
ndash promovida pela ONU em Nova York em 2006 Os propoacutesitos desse evento foram
essencialmente os de promover proteger e assegurar condiccedilotildees plenas de
igualdade e de gozo de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais por
todas as pessoas com deficiecircncia (ALVES 2008)
34
Jaacute a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial na Perspectiva da Educaccedilatildeo
Inclusiva proposta pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo em 2007 evidencia o movimento
mundial pela educaccedilatildeo inclusiva como uma accedilatildeo cultural pedagoacutegica poliacutetica e
social desencadeada em defesa do direito de todos os alunos de estarem
aprendendo e participando juntos sem nenhum tipo de discriminaccedilatildeo (BRASIL
2007) Portanto a educaccedilatildeo inclusiva constitui-se em um paradigma educacional
fundamentado na concepccedilatildeo de direitos humanos que conjuga igualdade e
diferenccedila como valores indissociaacuteveis e que avanccedila em relaccedilatildeo agrave ideia de equidade
formal ao contextualizar as circunstacircncias histoacutericas da produccedilatildeo da exclusatildeo dentro
e fora da escola (BRASIL 2007)
O contexto educacional inclusivo estaacute pautado portanto nas resoluccedilotildees
discutidas e propostas por esses eventos o que promove certa ldquouniversalizaccedilatildeordquo do
que seria uma ldquoeducaccedilatildeo para todosrdquo No Brasil o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo assumiu
as orientaccedilotildees contidas nesses documentos cabendo aos Estados e Muniacutecipios a
particularizaccedilatildeo do atendimento aos diversos contextos E na praacutetica a educaccedilatildeo
inclusiva vem sendo um grande desafio pois vem reorientando as redes municipais
de ensino a uma reorganizaccedilatildeo por propor novas demandas e redefinir
competecircncias e responsabilidades (GARCIA 2008)
Eacute possiacutevel dizer que o conceito de ldquoescola para todosrdquo implica no
reconhecimento dos conteuacutedos acadecircmicos e do sistema cientiacutefico e sistemaacutetico
poreacutem sem restringir os alunos ou tentar dominaacute-los a qualquer custo (MANTOAN
2006)
A inclusatildeo escolar da pessoa com necessidades educacionais especiais
tornou-se um tema de grande relevacircncia e por isso mesmo vem ganhando espaccedilo
cada vez maior em debates e discussotildees que explicitam a necessidade de a escola
atender agraves diferenccedilas intriacutensecas agrave condiccedilatildeo humana (SILVEIRA e NEVEZ 2006)
Segundo as Diretrizes da Poliacutetica Nacional da Educaccedilatildeo Especial na
Perspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva (BRASIL 2007) o acesso agrave educaccedilatildeo tem iniacutecio
na educaccedilatildeo infantil na qual se desenvolvem as bases necessaacuterias para a
construccedilatildeo do conhecimento e desenvolvimento global do aluno Nessa etapa o
luacutedico o acesso agraves formas diferenciadas de comunicaccedilatildeo a riqueza de estiacutemulos
nos aspectos fiacutesicos emocionais cognitivos psicomotores e sociais e a convivecircncia
com as diferenccedilas favorecem as relaccedilotildees interpessoais o respeito e a valorizaccedilatildeo
da crianccedila
35
Conforme o tema do presente estudo sobre a inclusatildeo da crianccedila pequena
ressalta-se que a Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo - LDB (939496) jaacute
apontava em seu paacuteragrafo 3ordm que a oferta do atendimento em Educaccedilatildeo Especial
enquanto dever do Estado tambeacutem deve ser ofertado na faixa etaacuteria de zero aos
seis anos de idade E antes disso a Declaraccedilatildeo de Salamanca (1994) indicava que
eacute necessaacuterio garantir identificaccedilatildeo das condiccedilotildees e necessidades especiais assim
como garantir procedimentos de intervenccedilatildeo o mais precoce possiacutevel
Nesse sentido do nascimento aos trecircs anos o atendimento educacional
especializado se expressa por meio de serviccedilos de estimulaccedilatildeo precoce que
objetivam o processo de desenvolvimento e aprendizagem em interface com os
serviccedilos de sauacutede e assistecircncia social (BRASIL 2007) E todas as etapas e
modalidades da educaccedilatildeo baacutesica o Atendimento Educacional Especializado deve
ser organizado para apoiar o desenvolvimento dos alunos constituindo oferta
obrigatoacuteria dos sistemas de ensino Deve ser realizado no turno inverso ao da classe
comum na proacutepria escola ou centro especializado que realize esse serviccedilo
educacional (BRASIL 2007 BRASIL 2011)
Em virtude da orientaccedilatildeo acima descrita infere-se que esta certamente
colaborou para a ampliaccedilatildeo do acesso de crianccedilas pequenas com necessidades
especiais em condiccedilatildeo de inclusatildeo no ensino regular especialmente na educaccedilatildeo
infantil o que por sua vez pressupotildee adequaccedilotildees para garantir um atendimento de
qualidade desde tenra idade
Segundo Arnais (2003) possibilitar o acesso agrave educaccedilatildeo em contextos
educacionais natildeo excludentes o mais precoce possiacutevel proporcionaria para a crianccedila
com necessidades especiais uma melhor compreensatildeo de si mesma e dos outros e
aos colegas de turma e de escola uma experiecircncia de convivecircncia harmocircnica com
as diferenccedilas
Desse modo resume-se que alguns dos fundamentais princiacutepios do ideaacuterio da
educaccedilatildeo inclusiva satildeo o direito agrave educaccedilatildeo o direito agrave igualdade de oportunidades
o que natildeo significa um lsquomodo igualrsquo de educar a todos e sim dar a cada um o que
necessita em funccedilatildeo de suas caracteriacutesticas e necessidades individuais escolas
responsivas e de boa qualidade o direito agrave aprendizagem e o direito agrave participaccedilatildeo
(CARVALHO 2009 OLIVEIRA 2010) O que estaacute consonante com a ilustraccedilatildeo de
ALVES (2008) como benefiacutecios de uma ldquoescola abertardquo a todos sentimento de
pertencimento maior qualidade da educaccedilatildeo para todos e combate a todas as
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formas de discriminaccedilatildeo Com isso se procura garantir ocasiotildees de muacuteltiplas
interaccedilotildees nos ambientes das creches e preacute-escolas natildeo excluindo de forma
alguma a crianccedila com necessidades educacionais especiais de modo que todas as
crianccedilas tenham a oportunidade de aprender com as contribuiccedilotildees de cada um de
seus colegas em uma relaccedilatildeo de alteridade (OLIVEIRA 2010)
Poreacutem na realidade praacutetica da educaccedilatildeo inclusiva ainda existem muitos
desafios e dificuldades Ainda que nos uacuteltimos vinte anos conceitos como exclusatildeo
e inclusatildeo educacionais tenham se tornado cada vez mais recorrentes nas
pesquisas documentos oficiais e na fala de gestores e professores pode-se afirmar
que uma educaccedilatildeo que busca primar pela qualidade de todos os alunos esbarra em
desigualdades de diversas naturezas (sociais eacutetnicas raciais e de gecircnero)
presentes na sociedade brasileira que historicamente acumula um quadro de
exclusotildees e contradiccedilotildees marcado por poliacuteticas laacutebeis e inconsistentes (SEKKEL
ZANELATTO e BRANDAtildeO 2010 MOREIRA BOLSANELLO e SEGER 2011)
Souza e Batista (2008) destacam que em muitas situaccedilotildees crianccedilas pequenas
que estatildeo em inclusatildeo educacional permanecem mais isoladas especialmente as
que apresentam alteraccedilotildees fiacutesicas por serem consideradas incapazes de se
locomover e explorar ambientes e objetos Isto representa a perda de momentos
importantes de interaccedilatildeo social ficando isoladas do contato com parceiros com
semelhanccedila de idade e tendo suas interaccedilotildees restritas agrave relaccedilatildeo com o adulto
cuidador (SOUZA e BATISTA 2008)
Outrossim eacute possiacutevel verificar uma concepccedilatildeo de inclusatildeo restrita ao
atendimento de crianccedilas com deficiecircncias enquanto as necessidades das demais
crianccedilas e dos profissionais que trabalham na escola satildeo muitas vezes
desconsideradas O isolamento e o envolvimento com questotildees marginais do
trabalho pedagoacutegico satildeo pontos centrais a serem considerados no enfrentamento
das barreiras atitudinais para a construccedilatildeo de um ambiente inclusivo (SEKKEL
ZANELATTO e BRANDAtildeO 2010)
Outro aspecto que merece atenccedilatildeo eacute a formaccedilatildeo dos pedagogos e professores
que atendem agraves crianccedilas pequenas com deficiecircncia na educaccedilatildeo infantil pois
demonstram em vaacuterios estudos natildeo possuiacuterem conhecimentos suficientes para lidar
com as particularidades que envolvem as diferentes condiccedilotildees de deficiecircncia tal
como a intelectual ou a fiacutesica conforme evidenciado nos estudos de Melo e Ferreira
(2009) e de Vitta Vitta e Monteiro (2010)
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Esse uacuteltimo estudo traz concepccedilotildees de professores de educaccedilatildeo infantil que
atendem crianccedilas com deficiecircncia e nas quais demonstram crer que a principal
contribuiccedilatildeo do processo de inclusatildeo eacute a socializaccedilatildeo destas crianccedilas (VITTAVITTA
e MONTEIRO 2010) Tambeacutem ressaltam nesse estudo terem encontrado problemas
com o espaccedilo fiacutesico recursos materiais e humanos relativos agrave formaccedilatildeo do
professor desse modo os autores consideram que eacute preciso possibilitar aos
professores uma formaccedilatildeo que abranja conhecimentos sobre as diferentes
deficiecircncias e as necessidades educacionais relativas a estas propiciando a
adequaccedilatildeo do espaccedilo fiacutesico e dos recursos materiais aleacutem de assistecircncia
educacional especiacutefica (VITTA VITTA e MONTEIRO 2010)
Drago (2005) percebeu que a inclusatildeo da crianccedila na Educaccedilatildeo Infantil ainda se
daacute como mera integraccedilatildeo ou seja baseada no princiacutepio que quem deve mudar eacute o
aluno ele eacute quem deve se adequar agrave escola e natildeo o contraacuterio No estudo de
Mendes (2010) as educadoras avaliaram que o princiacutepio da inclusatildeo eacute vaacutelido
embora difiacutecil de ser colocado em praacutetica
Desse modo eacute possiacutevel perceber dados indicando que a inclusatildeo de crianccedilas
com necessidades especiais eacute vista com reservas pelos profissionais da Educaccedilatildeo
Infantil explicitando ideias preconcebidas sobre a deficiecircncia Eles se justificam pela
falta de conhecimento do desenvolvimento infantil e dos fatores que o envolvem
bem como pelo fato de os profissionais vincularem suas atividades agraves experiecircncias
pessoais (VITTA 2004 VITTA 2010)
Vital (2012) infere em sua pesquisa com crianccedilas com idade entre quatro e seis
anos que haacute a necessidade de se discutir e promover accedilotildees que auxiliem na
identificaccedilatildeo do preconceito nessa faixa etaacuteria
Drago (2005) faz referecircncias ao papel do educador de educaccedilatildeo infantil
enquanto importante modelo no que se refere ao entendimento acolhimento e
aceitaccedilatildeo da crianccedila pequena com deficiecircncia na turma Bazon (2009) constatou
que atitudes de preconceito barreiras atitudinais e falta de informaccedilatildeo por parte de
professores afetam profundamente o processo de inclusatildeo da crianccedila pequena
Nesse sentido Bartalotti (2004) percebeu que a construccedilatildeo de histoacuterias de sucesso
na inclusatildeo de crianccedilas com necessidades especiais na Educaccedilatildeo Infantil envolve a
orientaccedilatildeo apoio e momentos de reflexatildeo e discussatildeo sobre o papel dos
educadores junto a accedilotildees inclusivas e as singularidades desse alunado
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Jaacute Fernandes Bolsanello e Moreira (2008) indicam pelo menos dois grandes
desafios para a inclusatildeo da crianccedila pequena na educaccedilatildeo infantil a) a ainda vigente
visatildeo cliacutenico-assistencialista da deficiecircncia o que nos primeiros anos de vida faz
com que a crianccedila seja vista como enferma ou doente e b) as condiccedilotildees de
acolhimento e orientaccedilatildeo agraves famiacutelias nos primeiros meses de vida da crianccedila com
deficiecircncia o que resulta em um grande nuacutemero de vezes na dificuldade de
aceitaccedilatildeo da condiccedilatildeo de deficiecircncia da crianccedila por sua famiacutelia e na falta de
observacircncia do potencial de promoccedilatildeo do desenvolvimento dessa crianccedila desde
tenra idade
No que se refere agraves famiacutelias das crianccedilas com necessidades especiais haacute a
evidecircncia da necessidade de um acompanhamento antes durante e apoacutes a
inclusatildeo propriamente dita de modo a apoiaacute-las nos momentos de busca e escolha
da escola de adaptaccedilatildeo da crianccedila ao novo ambiente e de transiccedilatildeo dos
atendimentos oferecidos pela instituiccedilatildeo especializada para outros setores (LUIZ e
NASCIMENTO 2012)
Igualmente Benincasa (2011) destaca a) a importacircncia da articulaccedilatildeo entre
os campos da educaccedilatildeo especial e da educaccedilatildeo infantil na construccedilatildeo de propostas
pedagoacutegicas que sirvam como suporte aos diferentes sujeitos envolvidos
(professores comunidade famiacutelia e crianccedila) para a efetiva permanecircncia do aluno
com necessidades especiais no ensino comum b) a presenccedila de uma variedade de
modos de recepccedilatildeo e compreensatildeo do movimento de inclusatildeo escolar por parte dos
educadores envolvidos e c) o reconhecimento de que o local de instituiccedilatildeo
(estrutura fiacutesica e questotildees relacionadas agrave acessibilidade por exemplo) produz
impacto para se pensar os processos de escolarizaccedilatildeo de seus alunos e a tomada
de decisatildeo relativa a esses processos
Franccedila (2008) observou a influecircncia positiva da estimulaccedilatildeo assistemaacutetica
realizada por meio das interaccedilotildees sociais em sala regular para o desenvolvimento
motor e interaccedilatildeo social de crianccedilas cegas menores de cinco anos e Amaro (2004)
evidenciou a importacircncia de se observar e refletir sobre a singularidade do aluno
com necessidades especiais para que esta seja respeitada e valorizada
Assim percebe-se que educaccedilatildeo inclusiva eacute uma reforma educacional que
abarca um acircmbito bastante abrangente em diferentes niacuteveis de mudanccedilas como jaacute
afirmado por Rodrigues e Lima-Rodrigues (2011) Tal fato requer a busca constante
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de se desvencilhar de muitas armadilhas conceituais para que a escola inclusiva
deixe de ser mera proposiccedilatildeo e passe a existir de verdade (DRAGO 2011)
Por fim segundo Mendes (2010) eacute necessaacuterio definir quem satildeo as crianccedilas
com necessidades especiais na idade entre zero e seis anos para que se possam
determinar os criteacuterios de elegibilidade para os programas de detecccedilatildeo e
intervenccedilatildeo precoce e planejar as accedilotildees necessaacuterias tais como alocar recursos
formar pessoal entre outros
24 A FAMIacuteLIA COMO UM MICROSSISTEMA DE DESENVOLVIMENTO HUMANO
E SUA RELACcedilAtildeO COM A CRIANCcedilA PEQUENA COM NECESSIDADES
ESPECIAIS
Reconhecidamente a famiacutelia eacute o contexto primordial de desenvolvimento para
qualquer ser humano Eacute portanto o locus das primeiras relaccedilotildees interaccedilotildees e
conhecimentos pelas crianccedilas espaccedilo no qual iratildeo se conformar as suas
impressotildees de mundo com base nas estruturas relacionais ali dispostas
especialmente entre seus partiacutecipes (SANCHEZ MARTINEZ e PENALVER 2003
MACEDO e MARTINS 2004 SILVA 2010) Por tal as relaccedilotildees familiares satildeo uma
aacuterea de pesquisa dentro do campo da Psicologia do Desenvolvimento que tem
despertado grande interesse dos pesquisadores e inspirando inuacutemeras questotildees
(SOEJIMA 2008)
O conceito de famiacutelia que se tem na atualidade eacute resultado de intensas
modificaccedilotildees sociais econocircmicas culturais e poliacuteticas muitas delas ocorridas nos
uacuteltimos 50 anos (PINHEIRO e BIASOLI-ALVES 2008 WEBER 2008)
Nesse acircmbito revela-se importante lembrar que as transformaccedilotildees no papel
da mulher diante agrave sociedade fizeram com que ocorressem tambeacutem profundas
modificaccedilotildees na organizaccedilatildeo e funcionamento familiar e de seus membros
(PINHEIRO e BIASOLI-ALVES 2008 DESSEN e BRAZ 2005)
As deacutecadas de 60 70 e 80 do seacuteculo passado foram marcadas pela
crescente participaccedilatildeo feminina no contexto econocircmico poliacutetico e social de nosso
paiacutes tambeacutem foi possiacutevel perceber a transiccedilatildeo das relaccedilotildees conjugais e familiares
hierarquizadas para mais igualitaacuterias a queda significativa no nuacutemero de filhos por
casal a regulamentaccedilatildeo do divoacutercio menor desigualdade entre os papeacuteis
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masculinos e femininos o surgimento de novos valores para a criaccedilatildeo dos filhos e
mudanccedilas na distribuiccedilatildeo das tarefas do lar (RIBEIRO SABOacuteIA BRANCO e
BREGMAN 1998 VIEIRA 1998 DESSEN e TORRES 2002 DEUTSCH 2009)
A partir da deacutecada de 90 em decorrecircncia da transformaccedilatildeo do papel da
mulher diante da sociedade e das demais conjunturas histoacutericas e sociais mostram-
se igualmente importantes o aumento do nuacutemero de divoacutercios de re-casamentos de
famiacutelias monoparentais e o cuidado dos filhos passa a ser mais compartilhado com
outros grupos sociais e os filhos se tornam mais participativos nas decisotildees
familiares (ARRIAGADA 2000 GALANO 2006 DEUTSCH 2009)
Diante de tantas transformaccedilotildees na contemporaneidade estudos que
envolvam a famiacutelia assumem a premissa de que satildeo diversos os tipos e as
possibilidades de arranjos familiares e sua definiccedilatildeo deve estar mais baseada na
opiniatildeo dos membros considerando a afetividade e a proximidade entre eles do que
em variaacuteveis como consanguinidade relacionamento heterossexual divisatildeo da
mesma casa continuidade ao longo da vida por exemplo que por si soacute natildeo definem
famiacutelia (DESSEN 2010)
Portanto ao usar-se o termo famiacutelia na atualidade deve-se levar em
consideraccedilatildeo que cada vez mais o modelo familiar conjugal ndash nuclear ndash
heterossexual com sua prole bioloacutegica inspirado no modelo tradicional se modifica
e transforma o modo como se datildeo as relaccedilotildees entre seus sujeitos e a sociedade
(SILVA 2011) Deste modo ao se fazer referecircncia agrave famiacutelia estaacute se levando em
consideraccedilatildeo a rede de interaccedilotildees que envolvem aspectos cognitivos sociais
afetivos e culturais e outras variaacuteveis que tenham significado entre os sujeitos
envolvidos portanto natildeo evidenciados apenas em laccedilos de consanguinidade
(DESSEN e BRAZ 2005 DESSEN e POLOcircNIA 2007) Ou como jaacute discutido por
DESSEN e BRAZ (2005) o termo famiacutelia em tempos poacutes-modernos eacute
extremamente difiacutecil de ser definido com base no modelo tradicional
Contudo ainda que em transformaccedilatildeo a famiacutelia continua sendo um contexto
que alicerccedila a formaccedilatildeo do ser constituindo-se como matriz da aprendizagem
humana (ALMEIDA 2010)
Para Minuchin Lee e Simon (2008) uma famiacutelia se constitui por um grupo de
pessoas ligadas por laccedilos de emoccedilatildeo eou por consanguinidade e que viveu junto
tempo suficiente para que se criassem padrotildees de interaccedilatildeo entre seus membros
Nessas interaccedilotildees padronizadas os membros da famiacutelia constroem uns aos outros
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Brofenbrenner (2011) salienta que a importacircncia da famiacutelia natildeo estaacute somente
nas accedilotildees de promoccedilatildeo das capacidades que uma crianccedila tem em aprender a
andar a falar e estudar mas pela formaccedilatildeo de uma pessoa com capacidade de
realizar seu trabalho de pensar claramente de servir a comunidade ou a sociedade
como um todo Em outras palavras Brofenbrenner (2011) define a famiacutelia como um
grupo de pessoas que possui e executa um compromisso irrestrito de bem-estar uns
com os outros
Dada a profunda influecircncia do contexto familiar na constituiccedilatildeo de seus
sujeitos pode-se inferir que haacute nas interaccedilotildees ocorridas nesse microssistema
relacional a possibilidade de que ele venha a se mostrar tanto como fator de risco
quanto de proteccedilatildeo ao desenvolvimento de seus membros Sendo assim ao longo
do tempo aspectos ambientais sociais poliacuteticos transgeracionais culturais e
econocircmicos exercem influecircncia sobre as famiacutelias e a histoacuteria de seus membros
(BRONFENBRENNER 1996 BROFENBRENNER 2011 DINIZ e KOLLER 2010)
Essas influecircncias satildeo facilmente perceptiacuteveis ao se observar o ingresso mais
frequente da mulher-matildee no mercado de trabalho e o processo de migraccedilatildeo das
pessoas que propiciam o distanciamento entre os grupos familiares Ambas as
situaccedilotildees propiciam e fortalecem a necessidade de cuidado infantil extrafamiliar
como o que hoje se entende por creche Em decorrecircncia disso percebe-se
atualmente que o cuidado a educaccedilatildeo e a promoccedilatildeo do desenvolvimento na
infacircncia passaram a ser divididos entre a instituiccedilatildeo e a famiacutelia
Estudos sobre desenvolvimento destacam que a variaacutevel de maior impacto
sobre o desenvolver da crianccedila eacute a relaccedilatildeo com sua famiacutelia e seu ambiente imediato
(ANDRADE 2005)
Os membros que compotildeem a famiacutelia satildeo todos influentes quando se fala de
desenvolvimento infantil contudo a figura paterna e a materna merecem uma
anaacutelise mais aprofundada a respeito de seus papeacuteis e as devidas inter-relaccedilotildees
Nesse sentido destaca-se que o advento proacuteprio ao surgimento de uma crianccedila
provoca muitas transformaccedilotildees tanto em homens quanto em mulheres ambos
passam por momentos de reflexatildeo e de reelaboraccedilatildeo de seus sonhos anseios e por
uma reorganizaccedilatildeo de papeacuteis agora como pais e matildees (BRAZELTON 2002)
A matildee eacute a primeira referecircncia da crianccedila em termos de cuidado afeto
nutriccedilatildeo ela estaacute em outras palavras preparada para enxergar reconhecer as
necessidades de sua crianccedila e isso eacute construiacutedo desde a ideacuteia de crianccedila que ela
42
cria antes mesmo do nascimento (BRUM e SCHERMANN 2004 FERRARI e
PICCININI 2010) Tal situaccedilatildeo faz com que esse viacutenculo tenha uma relevacircncia
ainda maior para o desenvolvimento na infacircncia e mereccedila ampla anaacutelise e maiores
estudos a respeito de seus impactos (ALT e BENETTI 2008)
Por outro lado a figura do pai no desenvolvimento da crianccedila pequena
tambeacutem eacute importante e sua vinculaccedilatildeo com o filho tambeacutem se daacute durante a
gestaccedilatildeo poreacutem com caracteriacutesticas muito proacuteprias Haacute estudos que ilustram a
busca dos pais por interagir com seus bebecircs que ainda estatildeo no ventre materno
seja por meio de cariacutecias ou mesmo conversas com a barriga da gestante e que
eles assim como as matildees podem apresentar certa dificuldade em perceber o bebecirc
como ldquorealrdquo principalmente nos meses iniciais do periacuteodo gestacional (HANSEL
2004 PICCININI et al 2004 CIA WILLIANS e AIELLO 2005) Dessa maneira o
envolvimento emocional paterno daacute-se de modo crescente e muito mais consistente
com o proacuteprio avanccedilar da gravidez em consonacircncia com a evoluccedilatildeo da interaccedilatildeo da
matildee (HANSEL 2004 PICCININI et al 2004 CIA WILLIANS e AIELLO 2005)
Como a figura paterna pode representar intenso apoio emocional e material para a
mulher eacute possiacutevel inferir que seu envolvimento positivo com o processo gestacional
eacute um aspecto importante para a vinculaccedilatildeo afetiva com a crianccedila tambeacutem apoacutes o
parto o que com certeza enriquece essa relaccedilatildeo (matildee-pai-bebecirc) Mesmo com essa
notoacuteria importacircncia da figura paterna eacute possiacutevel constatar que a figura do pai ainda
eacute pouco explorada no campo da pesquisa aspecto indicado tambeacutem em literatura
pertinente (HANSEL 2004 PICCININI et al 2004 CIA WILLIANS e AIELLO 2005)
Para a crianccedila pequena a figura dos pais eacute de suma importacircncia jaacute que eles
a auxiliaratildeo a conhecer o mundo e a reconhecer-se como sujeito Ou seja a famiacutelia
configura-se como o primeiro universo de relaccedilotildees sociais da crianccedila podendo
proporcionar-lhe um ambiente adequado de crescimento e desenvolvimento
Corroborando com esse uacuteltimo aspecto reafirma-se que os primeiros anos de vida
constituem uma importante etapa da existecircncia especialmente criacutetica pois nela
configuram-se as habilidades perceptivas motoras cognitivas linguiacutesticas e sociais
possibilitando uma equilibrada interaccedilatildeo com o externo Seraacute a partir deste primeiro
espaccedilo de relaccedilotildees sociais que a crianccedila entenderaacute o ambiente que a cerca e agiraacute
sobre os elementos do mundo (GAT 2000 BRAZELTON e CRAMER 2002
BRAZELTON e GREENSPAN 2002)
43
Importante considerar tambeacutem que quando existe uma interaccedilatildeo efetiva
entre a crianccedila e os membros de sua famiacutelia o desenvolvimento infantil eacute facilitado
pelas trocas que esta relaccedilatildeo oportuniza (HANSEL 2004)
De forma geral a valorizaccedilatildeo da relaccedilatildeo pai-matildee-crianccedila pequena eacute
importante para que todos se sintam seguros em seus papeacuteis e prosperem como
sujeitos As interaccedilotildees satildeo mutuamente alimentadas quando os sujeitos que dela
participam tecircm espaccedilo e oportunidade de responder agraves necessidades do outro e de
si mesmo Em outras palavras os indiviacuteduos em interaccedilatildeo estatildeo em muacutetua e
constante troca um monitora o outro o que implica no surgimento de respostas
emocionais diversas e interpretaccedilotildees cognitivas as quais afetam a continuidade e a
qualidade dessas interaccedilotildees bem como o comportamento futuro dos sujeitos
envolvidos (HANSEL 2004 PICCININI et al 2004 CIA WILLIANS e AIELLO 2005
DESSEN e BRAZ 2005)
Tem-se conhecimento de que tanto a figura materna quanto a paterna
influencia o processo de desenvolvimento do filho especialmente quando se trata da
crianccedila com distuacuterbios de desenvolvimento ou com deficiecircncias (HANSEL 2004
BOLSANELLO e SOUZA 2004 HANSEL e BOLSANELLO 2009)
Gineacute et al (2009) afirmam sobre a interaccedilatildeo com a famiacutelia que o objetivo
final deve ser o de alcanccedilar uma vida com qualidade lembrando que os pais satildeo os
maiores promotores do desenvolvimento de sua crianccedila No sentido de qualidade
lembra-se que o que caracteriza uma relaccedilatildeo familiar eacute a influecircncia da interaccedilatildeo
entre indiviacuteduos sobre outras interaccedilotildees tal influecircncia eacute vista no efeito cumulativo
das interaccedilotildees ou seja os indiviacuteduos natildeo precisam estar continuamente em
interaccedilatildeo para que sua relaccedilatildeo seja mantida (DESSEN e BRAZ 2005)
Dada agrave profunda influecircncia da famiacutelia na constituiccedilatildeo do sujeito-filho pode-se
inferir que haacute nas interaccedilotildees desse microssistema relacional a possibilidade de ele
mostrar-se tanto como fator de risco quanto protetivo Esta aparente ambiguidade eacute
justificada quando se considera a famiacutelia como o grupo social baacutesico do indiviacuteduo
cuja funccedilatildeo e estrutura satildeo determinantes em seu desenvolvimento As relaccedilotildees
entre pais e filhos satildeo caracterizadas por uma enorme complexidade Ao longo dos
tempos aspectos ambientais sociais poliacuteticos transgeracionais culturais e
econocircmicos exercem influecircncia sobre as famiacutelias e a histoacuteria de seus membros
(HANSEL 2004 PICCININI et al 2004 CIA WILLIANS e AIELLO 2005 DINIZ e
KOLLER 2010)
44
Na famiacutelia os objetivos conteuacutedos e meacutetodos se diferenciam fomentando o
processo de socializaccedilatildeo a proteccedilatildeo as condiccedilotildees baacutesicas de sobrevivecircncia e o
desenvolvimento de seus membros no plano social cognitivo e afetivo Esta eacute
tambeacutem a primeira mediadora entre o homem e sua cultura Portanto a famiacutelia eacute a
matriz da aprendizagem humana com significados e praacuteticas culturais proacuteprias
essas que geram modelos de relaccedilatildeo interpessoal e de construccedilatildeo individual e
coletiva (BRONFENBRENNER 1996 BRONFENBRENNER 2011 GURALNICK
2002)
Dessa maneira os acontecimentos e as experiecircncias familiares propiciam a
formaccedilatildeo de repertoacuterios comportamentais de accedilotildees e resoluccedilotildees de problemas com
significados universais e particulares (BRONFENBRENNER 1996
BRONFENBRENNER 2011 GURALNICK 2002) Essas vivecircncias integram a
experiecircncia individual e coletiva que organiza interfere e a torna uma unidade
dinacircmica que estrutura as formas de subjetivaccedilatildeo e interaccedilatildeo social de seus
membros Nesse sentido tambeacutem se pode afirmar que eacute por meio dessa unidade e
suas interaccedilotildees internas que se concretizam as transformaccedilotildees na sociedade que
por sua vez ocasionam novas influecircncias a seus membros num processo
bidirecional (BRONFENBRENNER 1996 BRONFENBRENNER 2011 GURALNICK
2002)
Igualmente pode-se afirmar que aspectos tais como a escolaridade da matildee e
o desemprego paterno podem ser considerados como preditores bastante confiaacuteveis
para explicitar alteraccedilotildees nos resultados de estudos sobre desenvolvimento infantil
(LORDELO et al 2007)
Tambeacutem a interaccedilatildeo familiar possui um caraacuteter de reciprocidade em suas
relaccedilotildees ou seja o estabelecimento de laccedilos muacutetuos mobiliza a crianccedila para o
desenvolvimento de atividades no seu meio fiacutesico social simboacutelico condutores da
sua atividade exploratoacuteria manipuladora criativa e imaginativa logo essa
capacidade comeccedila a desenvolver-se desde o nascimento do bebecirc e aprimora-se ao
longo do tempo e por outro lado o proacuteprio desenvolvimento parental eacute influenciado
pelo comportamento e desenvolvimento dos filhos o que mais uma vez reforccedila a
ideia do desenvolvimento como um processo dinacircmico influenciado pelos vaacuterios
sistemas que o constituem (BRONFENBRENNER 1996 BRONFENBRENNER
2011)
45
Sendo assim quando haacute situaccedilotildees de risco ou problemas nos quais a famiacutelia
precise contar com algum tipo de apoio pode - se afirmar que a principal rede de
apoio eacute a proacutepria interaccedilatildeo entre seus membros especialmente entre os genitores
ou cuidadores principais (BRONFENBRENNER 1996 BRONFENBRENNER 2011
DESSEN e BRAZ 2005) Isso porque o estabelecimento do viacutenculo portanto de
uma relaccedilatildeo de afeto estaacutevel e contiacutenua pode ser considerado o principal elemento
de superaccedilatildeo da mudanccedila para todos os membros dessa unidade primordial E
seratildeo tais viacutenculos que por meio do alimentar brincar ou confortar uma crianccedila
ativaratildeo sentimentos como cumplicidade ternura carinho que se verificam como
contributos para o delineamento do curso da vida Lembra-se que natildeo satildeo apenas
as experiecircncias objetivas que pesam e influenciam o desenvolvimento humano as
subjetivas igualmente auxiliam na formaccedilatildeo do repertoacuterio global dos sujeitos em
evoluccedilatildeo (BRONFENBRENNER 1996 BRONFENBRENNER 2011 DINIZ e
KOLLER 2010)
Nesse sentido a interaccedilatildeo entre microssistemas tais como famiacutelia e escola
ou a creche pode ser um espaccedilo de reforccedilo e orientaccedilatildeo direta ou indireta dessa
rede de apoio primordial (PEREIRA-SILVA e DESSEN 2004 DESSEN e POLONIA
2007) Por outro lado um canal de comunicaccedilatildeo famiacutelia-instituiccedilatildeo ruim falha como
recurso motivacional e de interesse da famiacutelia em relaccedilatildeo ao atendimento da crianccedila
(ORTIZ e FAVARO 2004)
Ressalta-se portanto que o atendimento educacional na infacircncia
especialmente o que eacute voltado agrave crianccedila pequena deve ser baseado no trabalho
colaborativo e cooperativo no compartilhamento de responsabilidades e
informaccedilotildees com a famiacutelia lhes conferindo o empoderamento necessaacuterio para
usufruiacuterem de suas capacidades e potencialidades enquanto cuidadores auxiliando-
os a lidar com os percalccedilos e limites que possam ser motivados pelas
especificidades do filho (ROMERO 2003 GINEacute et al 2009)
Tais aspectos devem ser levados em consideraccedilatildeo principalmente porque a
crianccedila na primeira infacircncia tem necessidades desenvolvimentais muito proacuteprias
as quais devem ser conhecidas e respeitadas tanto pela famiacutelia quanto pela
instituiccedilatildeo que a atende
Ao posicionar o papel da famiacutelia na concepccedilatildeo da Atenccedilatildeo Precoce retoma-
se que em uma perspectiva transacional o desenvolvimento infantil pode ser
entendido como produto de interaccedilotildees dinacircmicas entre a crianccedila a famiacutelia e o
46
contexto (SAMEROFF e FIESE 2000) Essa perspectiva amplia a visatildeo da
costumeira abordagem linear e unidirecional que modelos tradicionais de
atendimento ao desenvolvimento infantil possuem reconhecendo a influecircncia da
interaccedilatildeo de diversos fatores na conformaccedilatildeo da pessoa-crianccedila em
desenvolvimento e tambeacutem influencia profundamente o atendimento agrave crianccedila
pequena com deficiecircncia por transformar esse uacuteltimo em uma abordagem centrada
na famiacutelia (SAMEROFF E FIESE 1990 2000 SERRANO 2007)
Nesse sentido vaacuterios estudos a respeito da relaccedilatildeo entre famiacutelia e
desempenho desenvolvimental da crianccedila confirmam que os pais satildeo importantes
agentes moduladores das experiecircncias de seus filhos de tal maneira que suas
accedilotildees podem se constituir em riscos para o desenvolvimento infantil (BARROS et al
2003 MANCINI et al 2004 AMORIM et al 2009 SARTORI SACANI e VALENTINI
2010)
Em consonacircncia Amorin et al (2009) perceberam em seu
estudo que as crianccedilas que dispunham de menor tempo diaacuterio com suas matildees
apresentaram maior frequecircncia de deacuteficit em equiliacutebrio estaacutetico quando comparadas
agravequelas que permaneciam mais tempo com a matildee sugerindo a presenccedila materna
como um fator de proteccedilatildeo para a aquisiccedilatildeo dessa habilidade Igualmente Barros et
al (2003) evidenciaram em sua pesquisa que podem se constituir em fatores de
risco para o desenvolvimento da crianccedila pequenas situaccedilotildees como ausecircncia do pai
utilizaccedilatildeo de brinquedos inadequados para a faixa etaacuteria o local onde a crianccedila era
mantida em idades precoces da infacircncia a falta de orientaccedilatildeo pedagoacutegica e de
socializaccedilatildeo extrafamiliar precoce e a baixa condiccedilatildeo socioeconocircmica familiar Jaacute
os resultados do estudo de Sartori Sacani e Valentini (2010) sugerem uma diferenccedila
significativa entre o desempenho desenvolvimental dos bebecircs filhos de adolescentes
e os nascidos de matildees adultas ressaltando a possibilidade de a idade materna ser
um fator de risco para a ocorrecircncia de atrasos no desenvolvimento
Diante dos elementos acima se soma a orientaccedilatildeo de Brazelton e Cramer
(2002) na qual evidenciam que quando os pais apreciam e valorizam o repertoacuterio
comportamental de seus bebecircs estatildeo prontos a entrar em um diaacutelogo com eles
Ainda conforme esses autores os profissionais que datildeo apoio aos pais facilitando e
apresentando o repertoacuterio das crianccedilas agrave famiacutelia colaboram com o fortalecimento
dos primeiros viacutenculos e com a promoccedilatildeo do desenvolvimento na infacircncia Aleacutem de
que avaliar a estimulaccedilatildeo disponiacutevel para a crianccedila dentro de uma determinada
47
famiacutelia pode fornecer elementos importantes para as poliacuteticas de sauacutede e educaccedilatildeo
a serem programadas pelos organismos puacuteblicos (MARTINS et al 2004 )
Portanto a essecircncia da relaccedilatildeo materna e paterna com a crianccedila eacute a
reciprocidade Ou seja os cuidadores devem estar acessiacuteveis quando a crianccedila
precisa deles devendo mostrar que haacute interesse no que ela apresenta orientando
quanto a limites e possibilidades Ao demonstrar isso o bebecirc com seus recursos
responderaacute alimentando esse circuito ou sistema de comunicaccedilatildeo Nesse sentido haacute
a importacircncia de se orientar aos cuidadores o mecanismo de comunicaccedilatildeo com sua
crianccedila lembrando-lhes dos efeitos devastadores que riscos como os jaacute indicados
anteriormente podem ocasionar nesse sistema de comunicaccedilatildeo reciacuteproca com o
bebecirc (BRAZELTON 1990 BRAZELTON e CRAMER 2002)
Por esses motivos eacute que se entende como necessaacuterio destacar a
importacircncia de accedilotildees interventivas e de orientaccedilotildees que considerem o papel de pais
ou outros cuidadores principais como uma forma de propiciar prevenccedilatildeo de
possiacuteveis futuros deacuteficits no desenvolvimento infantil e mesmo de minimizar
alteraccedilotildees desenvolvimentais jaacute estabelecidas na infacircncia (BARBA MARTINEZ e
CARRASCO 2003) Pois assim como a crianccedila cuja deficiecircncia jaacute foi identificada
haacute aquele indiviacuteduo que frequenta a educaccedilatildeo infantil e que pode apresentar
alteraccedilatildeo em seu desenvolvimento seja por privaccedilatildeo de estiacutemulos adequados seja
por lesotildees agraves que quando natildeo detectadas ou natildeo atendidas podem comprometer a
maturaccedilatildeo neuropsicoloacutegica o que traz implicaccedilotildees para outras instacircncias do
desenvolvimento humano (GAT 2000)
Nessa perspectiva torna-se destaque que os programas vinculados agrave sauacutede
infantil devem estar voltados tambeacutem para o ambiente educacional da crianccedila pois
nele ela se estrutura como um ser individual e social capaz de interagir com outros
niacuteveis de amplitude e de construir espaccedilos entre os setores sociais envolvidos no
processo de construccedilatildeo de uma vida saudaacutevel (MARTINS et al 2004) Isso se
justifica tambeacutem em pesquisas que reforccedilam a importacircncia da aproximaccedilatildeo entre
famiacutelia e educadoras da educaccedilatildeo infantil como modo de auxiliar no
desenvolvimento da crianccedila pequena com ou sem deficiecircncia (CUEVAS 2003
MACARINI MARTINS e VIEIRA 2009)
Especificamente sobre a Educaccedilatildeo Infantil haacute estudos que evidenciam que
quando ocorrem accedilotildees de avaliaccedilatildeo do desenvolvimento infantil ou mesmo
intervenccedilatildeo precoce no contexto da creche haacute grandes ganhos para o
48
desenvolvimento das crianccedilas ali inseridas (BARBA MARTINEZ e CARRASCO
2003 SOEJIMA 2008 BALTIERI et al 2010) Isso posto salienta-se que a inclusatildeo
educacional natildeo se faz apenas com a adaptaccedilatildeo do espaccedilo mas tambeacutem com a
modificaccedilatildeo de conceitos e condutas sobre a pessoa com deficiecircncia (MANTOAN
2004 MAZZOTA 2003)
Por outro lado investigar como o contexto da creche se mostra diante da
atenccedilatildeo ao desenvolvimento infantil da crianccedila com e sem necessidades especiais
(elencar as dificuldades das educadoras em lidar com a promoccedilatildeo ou estimulaccedilatildeo
do desenvolvimento) auxilia na criaccedilatildeo de accedilotildees que transformem esse ambiente
tornando-o mais inclusivo ampliando a qualidade de seu atendimento e das
relaccedilotildees com a comunidade que atende (BARBA MARTINEZ e CARRASCO 2003
CUEVAS 2003 VITTA 2010 VITTA VITTA e MONTEIRO 2010)
Com base no referencial sobre o tema abordado neste trabalho verifica-se
que para a implementaccedilatildeo de programas de atendimento agrave crianccedila pequena com
necessidades especiais - seja dentro da Educaccedilatildeo Infantil ou na Educaccedilatildeo Especial
- eacute necessaacuterio que os profissionais envolvidos tomem conhecimento a respeito dos
muacuteltiplos fatores de risco e proteccedilatildeo que norteiam o desenvolvimento na infacircncia
com ecircnfase em uma perspectiva ecoloacutegica levando em consideraccedilatildeo as interaccedilotildees
transacionais entre a crianccedila e o ambiente e vice-versa Para tal torna-se
necessaacuteria tambeacutem a construccedilatildeo e o seguimento de um marco teoacuterico e conceitual
que sirva de guia para os serviccedilos de atendimento agrave infacircncia (GURALNIK 2008)
Com estes conhecimentos eacute possiacutevel colocar em praacutetica a criaccedilatildeo de programas de
intervenccedilatildeo em crianccedilas com riscos bioloacutegicos e ambientais e prevenir o surgimento
ou o agravamento de alteraccedilotildees no desenvolvimento sejam elas de origem motora
sensorial intelectual ou emocional tanto na educaccedilatildeo especial quanto na educaccedilatildeo
infantil (FORMIGA e PEDRAZZANI 2004)
Por fim ressalta-se que em virtude dos dados acima correlacionados eacute que
decorre o interesse em investigar concepccedilotildees de pais de crianccedilas com
necessidades especiais e de seus educadores acerca da inclusatildeo educacional na
primeira infacircncia tendo em vista tambeacutem as condiccedilotildees de promoccedilatildeo do
desenvolvimento infantil desse alunado dentro de Centros Municipais de Educaccedilatildeo
Infantil - CMEI
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25 A INSTITUICcedilAtildeO DE EDUCACcedilAtildeO INFANTIL COMO UM CONTEXTO DE
DESENVOLVIMENTO
Na realidade brasileira os serviccedilos da Educaccedilatildeo Infantil vecircm se
configurando como uma opccedilatildeo de cuidado e educaccedilatildeo amplamente utilizada pelas
famiacutelias contemporacircneas Vaacuterios fatores estatildeo envolvidos entre eles o ingresso da
mulher no mercado de trabalho as novas possibilidades de arranjos familiares o
movimento migratoacuterio das pessoas do interior para cidades maiores com mais
acesso a oportunidades de trabalho e educaccedilatildeo o que faz com que nem sempre a
matildee trabalhadora tenha apoio para o cuidado da sua crianccedila e tambeacutem como
recurso para a parcela da populaccedilatildeo que possui condiccedilotildees socioeconocircmicas
desfavoraacuteveis (RAPOPORT e PICCININI 2004 CERISARA 2002 ROSSETTI-
FERREIRA RAMON e SILVA 2002 CAMPOS 1999 ROSSETTI-FERREIRA
AMORIM e VITOacuteRIA 1994 MOREIRA e LORDELO 2002)
Historicamente esse serviccedilo vem passando por vaacuterias modificaccedilotildees ao longo
dos anos Especialmente nas uacuteltimas trecircs deacutecadas a educaccedilatildeo extrafamiliar de
bebecircs e crianccedilas pequenas tem sido marcada por profundas mudanccedilas sociais
culturais poliacuteticas e econocircmicas que entre outros fatores afetaram as relaccedilotildees
sociais o mundo do trabalho as estruturas familiares os sistemas de ensino a
imagem de crianccedila e o lugar que nossos pequenos ocupam nas instituiccedilotildees
educativas e na sociedade (FERNANDES 2011) Em suma pode-se afirmar que
essas modificaccedilotildees tambeacutem contribuiacuteram para que a Educaccedilatildeo Infantil tivesse
acentuada a sua funccedilatildeo pedagoacutegica deixando para traacutes o caraacuteter assistencialista
que teve em sua origem (OLIVEIRA et al 2006 WEBER et al 2006 VERIacuteSSIMO e
FONSECA 2003)
Nessa transiccedilatildeo de entendimento de sua funccedilatildeo na medida em que se foi
ampliando o nuacutemero de matriacuteculas adquirindo maior espaccedilo em pesquisas no paiacutes
nos debates sociais suas fragilidades foram se destacando o que levou aos
resultados dos primeiros estudos sobre a qualidade desse serviccedilo os quais
indicavam uma situaccedilatildeo generalizada de precarizaccedilatildeo verificada tanto em aspectos
fiacutesicos (instalaccedilotildees ruins materiais pedagoacutegicos e equipamentos em escassez ou
completa ausecircncia) quanto em aspectos humanos (baixa escolaridade dos
profissionais falta de formaccedilatildeo dos educadores ausecircncia de projeto pedagoacutegico
50
problemas de interaccedilatildeo instituiccedilatildeondashfamiacutelia) (CAMPOS FUumlLGRAFF e WIGGERS
2006 FERNANDES 2011) Tais resultados satildeo importantes pois reforccedilam as
discussotildees sobre a necessidade de um atendimento de qualidade como parte dos
direitos da crianccedila
Ainda nesse sentido por uma concepccedilatildeo da crianccedila como um ser de direitos
foram importantes documentos como a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 o Estatuto da
Crianccedila e do Adolescente ECA ndash Lei nordm 806990 e a Lei de Diretrizes e Bases da
Educaccedilatildeo Nacional LDB ndash Lei nordm939496 (CAMPOS 1999 CAMPOS FUumlLGRAFF e
WIGGERS 2006 ROSSETIndashFERREIRA RAMON e SILVA 2002 BRASIL 2012)
Para Campos (1999) a Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional
(BRASIL 2012) eacute a que promoveu as maiores modificaccedilotildees na Educaccedilatildeo pois
influenciou vaacuterios aspectos em todos os niacuteveis educacionais do paiacutes dentre os
quais o sistema de financiamento o curriacuteculo nacional os sistemas de avaliaccedilatildeo o
uso de novas tecnologias a organizaccedilatildeo da gestatildeo e as possibilidades de se
estabelecer parcerias com organizaccedilotildees natildeo governamentais Entre os itens
indicados por essa autora haacute pelo menos dois que satildeo considerados de extrema
relevacircncia para a Educaccedilatildeo Infantil a) a definiccedilatildeo da Educaccedilatildeo Infantil como
primeira etapa da Educaccedilatildeo Baacutesica ndash fato que transfere a responsabilidade
desta para oacutergatildeos de educaccedilatildeo b) a exigecircncia de formaccedilatildeo preacutevia
(preferencialmente niacutevel superior admitindo-se ainda no miacutenimo o magisteacuterio
ndash no niacutevel de ensino meacutedio) para educadores e professores que se dedicam
ao trabalho com crianccedilas pequenas (CAMPOS FUumlLGRAFF e WIGGERS
2006 ROSSETIndashFERREIRA RAMON e SILVA 2002)
Outros documentos de impacto na organizaccedilatildeo do atendimento de crianccedilas
pequenas foram as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo Infantil
(BRASIL 2010) e o Plano Nacional de Educaccedilatildeo PNE (BRASIL 2001) O primeiro
porque ofereceu subsiacutedios para os projetos pedagoacutegicos das prefeituras e das
unidades de Educaccedilatildeo Infantil e o segundo por ter estabelecido padrotildees miacutenimos
para a infra-estrutura das instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Infantil bem como definiu
as metas de expansatildeo desse atendimento no paiacutes (CAMPOS FUumlLGRAFF e
WIGGERS 2006)
Atualmente segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo
Infantil (BRASIL 2010) o ensino infantil eacute a primeira etapa da Educaccedilatildeo Baacutesica
ofertada por espaccedilos institucionais denominados creches e preacute-escolas em caraacuteter
51
natildeo domeacutestico que constituem estabelecimentos educacionais puacuteblicos ou privados
nos quais se prima pela educaccedilatildeo e cuidado de crianccedilas de 0 a 5 anos de idade no
periacuteodo diurno em jornada integral ou parcial regulados e supervisionados por
oacutergatildeo competente do sistema de ensino e submetidos a controle social
Destaca-se que o acesso ao atendimento em Educaccedilatildeo Infantil
especialmente na faixa etaacuteria entre 0 e 3 anos vem crescendo significativamente
nas diferentes regiotildees brasileiras o que justifica a necessidade de se ampliar os
estudos e pesquisas nessa aacuterea tambeacutem como uma maneira de possibilitar
elementos que promovam a qualidade desse serviccedilo (CAMPOS et al 2011)
Poreacutem mesmo diante desse crescimento e das transformaccedilotildees no
atendimento de Educaccedilatildeo Infantil indicadas anteriormente os serviccedilos e estudos
que evidenciem a crianccedila pequena em particular na faixa etaacuteria de 0 a 3 anos tecircm
sido negligenciados (FERNANDES 2011)
Diante das especificidades da Educaccedilatildeo Infantil e sua evoluccedilatildeo poliacutetica e
histoacuterica merecem particular atenccedilatildeo os sujeitos que a compotildeem especialmente os
educadores a famiacutelia e a crianccedila
251 Concepccedilotildees Sobre A Praacutetica Educativa Institucionalizada Aspectos
Relevantes Para A Promoccedilatildeo Do Desenvolvimento Infantil e Para Uma
Proposta Inclusiva
Dentro de um panorama no qual a crianccedila pequena eacute inserida no cuidado
institucionalizado desde tenra idade e no qual passa cerca de 4 a 8 horas por dia
distante de sua famiacutelia o educador de creche adquire uma funccedilatildeo importante
perante o desenvolvimento infantil natildeo apenas de cuidar e educar senatildeo de
complementar e agraves vezes de suplementar a atenccedilatildeo familiar agrave infacircncia (SILVA e
BOLSANELLO 2002 WINNICOTT 1975 ELTINK 1999) Assim as concepccedilotildees
que permeiam o atendimento satildeo fundamentais pois podem reforccedilar e manter
determinadas accedilotildees agraves vezes distorcidas do que eacute necessaacuterio ou recomendaacutevel
para a praacutetica pedagoacutegica (SCHULTZ 2002 PACHECO E DUPRET 2004)
O cuidado de crianccedilas pequenas durante muito tempo esteve atrelado agrave
figura da mulher sensiacutevel e carinhosa que possuiacutea o perfil de ldquomatildeerdquo e gostava de
52
cuidar de crianccedilas o que fortaleceu o caraacuteter leigo e assistencialista dessa funccedilatildeo
(OLIVEIRA et al 2006 WEBER et al 2006 VERIacuteSSIMO E FONSECA 2003
CERISARA 2002)
Ainda como parte dessa concepccedilatildeo o atendimento voltado para as crianccedilas
menores ocupou - e ainda ocupa - o lugar da necessidade da desproteccedilatildeo da
fragilidade de um trabalho voltado para a alimentaccedilatildeo a higiene o abrigo e o apoio
para o caso de ausecircncia familiar (FERNANDES 2011 GUIMARAtildeES 2011 SOUZA
2008) Tal situaccedilatildeo parece ter corroborado com a desvalorizaccedilatildeo do profissional de
creche em especial o que trabalha com berccedilaacuterio e com a dificuldade em se
estabelecer uma identidade pedagoacutegica nesse serviccedilo (SOUZA 2008 OLIVEIRA et
al 2006 MELCHIORI e ALVES 2001)
Como bem lembra Ramos (2006) a Educaccedilatildeo Infantil embora sua histoacuteria
remonte mais de um seacuteculo como cuidado e educaccedilatildeo extrafamiliar somente nos
uacuteltimos anos passou a ser inserida numa perspectiva educacional em resposta aos
movimentos sociais em defesa dos direitos das crianccedilas
Como parte dessa transiccedilatildeo do assistencialismo para a funccedilatildeo pedagoacutegica
alguns temas passaram a fazer parte das discussotildees no acircmbito profissional da
Educaccedilatildeo Infantil e de pesquisas na aacuterea com mais frequecircncia os quais facilmente
se destacam formaccedilatildeo profissional desenvolvimento infantil relaccedilatildeo adulto-crianccedila
viacutenculo planejamento diversidade competecircncia infantil entre outros Nesse
sentido tambeacutem se deve levar em conta que parece ser inevitaacutevel a revisatildeo das
bases e paradigmas educacionais vigentes pois haacute que se promover um diaacutelogo
com as mudanccedilas inerentes ao mundo atual (GOMES 2009)
Com a execuccedilatildeo de pesquisas na aacuterea descortinou-se aspectos muito
relevantes e contraditoacuterios do trabalho do educador de creche os quais ajudam a
perceber concepccedilotildees e necessidades e fazem entender quais pilares vem
suportando esse atendimento
Lordelo (1995 1998) indicou em seus estudos que os educadores natildeo se
mostravam como parceiros do desenvolvimento infantil pois trabalhavam em funccedilatildeo
de responder agraves necessidades mais imediatas e predominantemente fiacutesicas das
crianccedilas atendidas Melchiori e Alves (2001) revelam que os educadores natildeo tecircm
consciecircncia de sua funccedilatildeo como promotores de desenvolvimento infantil Jaacute
Veriacutessimo e Fonseca (2003) perceberam que o atendimento de bebecircs na creche eacute
fortemente centrado na atenccedilatildeo quanto agrave higiene e alimentaccedilatildeo
53
Vitta e Emmel (2004) identificaram uma tendecircncia de que o trabalho no
berccedilaacuterio seja pautado na concepccedilatildeo e na experiecircncia de maternagem dos
educadores Jaacute no estudo de Oliveira et al (2006) os educadores demonstraram
possuir a crenccedila de que para atender crianccedilas pequenas bastava ser mulher e ter
experiecircncia com crianccedilas Alves (2006) percebeu que a ideia de cuidado estaacute
relacionada agrave funccedilatildeo de matildee e natildeo agrave funccedilatildeo de professor ou de educador Nesse
sentido Veriacutessimo (2001) identificou um sentimento contraditoacuterio entre os
educadores Enquanto eles acreditam que associar funccedilatildeo materna com a praacutetica
profissional eacute algo depreciativo por outro lado esperam que as crianccedilas nutram
afeto ldquofilialrdquo por eles
Soejima (2008) salienta que os educadores que participaram de sua
pesquisa demonstraram ter aprendido teorias sobre o desenvolvimento infantil na
graduaccedilatildeo mas que natildeo conseguiam fazer uso desse conhecimento no cotidiano da
creche Igualmente Souza (2008) verificou que os educadores possuem formaccedilatildeo
continuada sobre desenvolvimento infantil mas que encontram dificuldades em
transpor para a accedilatildeo o seu conhecimento
Tambeacutem se destacam conceitos pertinentes ao desenvolvimento humano e
especificamente voltados ao desenvolvimento da crianccedila pequena Vitta (2004)
Souza (2008) e Soejima e Bolsanello (2012) evidenciaram falta de conhecimentos
abrangentes e consistentes sobre desenvolvimento infantil por parte dos educadores
em seus estudos Estes quando aparecem satildeo mais voltados agrave priorizaccedilatildeo de
fatores ambientais logo gerando uma crenccedila ambientalista de desenvolvimento
(MELCHIORI e ALVES 2001 MELCHIORI et al 2007 SOUZA 2008)
Sobre desenvolvimento infantil Soejima e Bolsanello (2012) verificaram a
concepccedilatildeo entre os educadores de que quanto menos ativas as crianccedilas eram mais
saudaacuteveis e que quanto mais ativas mais problemaacuteticas Sob esse aspecto cabe
questionar a qualidade da formaccedilatildeo dos educadores conforme jaacute proposto por Silva
(2003) Vitta e Emmel (2004) Kramer (2006) Souza (2008) e Soejima (2008) Nesse
sentido ressaltam-se os achados de Schultz (2002) ao pesquisar a educaccedilatildeo de
crianccedilas entre 0 e 3 anos e nos quais afirma que a formaccedilatildeo dos professores dessa
faixa etaacuteria pode interferir no desenvolvimento fiacutesico e psiacutequico e no bom
desempenho da crianccedila em seu futuro jaacute que segundo a autora haacute uma relaccedilatildeo de
dependecircncia entre a formaccedilatildeo do educador e a qualidade de seu trabalho
54
Por outro lado a rotina dessas trabalhadoras mostra-se estressante com
muitas atribuiccedilotildees e com pouco ou nenhum tempo para o planejamento e reflexatildeo
sobre sua praacutetica ou mesmo para o cumprimento do que foi planejado assim como
natildeo raro haacute a precarizaccedilatildeo da estrutura fiacutesica dos ambientes com poucos materiais
e excessivo nuacutemero de crianccedilas por educadora (NAZAacuteRIO 2002 ONGARI e
MOLINA 2003 ALVES 2006 OLIVEIRA et al 2006 LORDELO et al 2007
SOUZA 2008) Haacute que se pensar que a fadiga tanto fiacutesica quanto mental a falta de
tempo a frustraccedilatildeo por suas condiccedilotildees de trabalho satildeo aspectos que impedem um
trabalho com qualidade e devem ser amplamente investigados (PEREIRA 2003
SOUZA 2008 BOLSANELLO 2009)
Guimaratildees (2011) percebeu que a rotina na creche eacute fortemente baseada no
controle e na automaccedilatildeo das atividades Segundo ela os educadores falam muito
para as crianccedilas e natildeo com as crianccedilas como citado por ela descrevendo a rotina
ldquodo colo ao chatildeo do chatildeo para a cadeira da cadeira novamente para o chatildeo o
corpo dos bebecircs eacute conduzido pelos adultos em razatildeo das necessidades
emergentes e do tempo correto para cada umardquo Tal dado corrobora com os
achados de Souza (2008) no qual um dos educadores de seu estudo analisa a
rotina de trabalho em creche como uma espeacutecie de ldquofordismordquo infantil pois natildeo eacute
possiacutevel dar conta da individualidade das crianccedilas
Diante desses estudos destaca-se que o cotidiano da Educaccedilatildeo Infantil eacute
muito mais complexo do que parece agrave primeira vista Natildeo eacute tarefa simples apreendecirc-
lo e analisaacute-lo (CARVALHO 2006) Contudo eacute a partir de discussotildees conscientes
sobre os aspectos envolvidos nos atendimentos agrave crianccedila pequena que se tornaraacute
possiacutevel ampliar a compreensatildeo sobre o que eacute preciso para que os espaccedilos da
Educaccedilatildeo Infantil se tornem contextos plenos e fomentadores do desenvolvimento
humano da capacidade de aprendizagem da socializaccedilatildeo e do exerciacutecio da
cidadania (LIMA e BHERING 2006)
Ou ainda como afirmado por Gomes (2009) pensar em educaccedilatildeo de
crianccedilas com qualidade envolve natildeo soacute considerar a travessia dos profissionais da
creche para a aacuterea de educaccedilatildeo e sua formaccedilatildeo senatildeo buscar tambeacutem natildeo
descaracterizar suas histoacuterias suas experiecircncias superando o assistencialismo
objetivando a garantia dos direitos das crianccedilas e conjuntamente os direitos dos
educadores
55
Ainda junto agraves afirmaccedilotildees de Gomes (2009) pensa-se que o que se potildee
tambeacutem como uma questatildeo importante ou seja a capacidade do educador de
produzir reflexatildeo sobre sua praacutetica podendo conceituaacute-la e transformaacute-la Entre as
reflexotildees haveria de ser integrado aleacutem dos aspectos de cuidar e educar fatores
relativos ao desenvolvimento humano Afinal ao cuidar e ao educar se estaacute lidando
com um ser em desenvolvimento intenso cujos marcos iniciais de sua constituiccedilatildeo
como indiviacuteduo estatildeo tambeacutem agrave mercecirc do olhar de quem o cuida e o educa
diariamente Sendo assim entender processos elementares e fundamentais do
desenvolvimento humano essencialmente nos primeiros anos eacute relevante tanto
para a organizaccedilatildeo e planejamento do cotidiano de atendimento quanto para o
estabelecimento de estrateacutegias na Educaccedilatildeo Infantil (CARVALHO SALLES e
GUIMARAtildeES 2002)
Logo promover a avaliaccedilatildeo do atendimento (no conjunto profissionais
ambiente interaccedilatildeo com a famiacutelia estrateacutegias de planejamento e atividades
desenvolvidas) eacute algo importante principalmente no que diz respeito ao contexto
dos primeiros anos de vida dada a sua especificidade e importacircncia no futuro do
indiviacuteduo (LIMA e BHERING 2006)
Aleacutem de questotildees como a formaccedilatildeo dos educadores e suas concepccedilotildees
tambeacutem vale a consideraccedilatildeo de como se verifica a relaccedilatildeo entre elas e as famiacutelias
das crianccedilas atendidas Afinal a interaccedilatildeo entre a famiacutelia e a instituiccedilatildeo de
Educaccedilatildeo Infantil eacute relevante para que ambos os contextos conheccedilam melhor a
crianccedila estabeleccedilam criteacuterios educativos comuns discutam modelos de intervenccedilatildeo
e relaccedilatildeo com as crianccedilas e compreendam as especificidades de cada uma (SILVA
2011) Nesse aspecto vale lembrar que eacute na relaccedilatildeo com o adulto cuidador que a
crianccedila vai desde tenra idade estabelecer ldquoelosrdquo de comunicaccedilatildeo com as demais
pessoas com quem convive E por isso mesmo eacute que as accedilotildees de cuidado e
educaccedilatildeo natildeo podem ser accedilotildees mecacircnicas de assear e alimentar apenas (ROCHA
2008)
Contudo as dificuldades dos educadores tambeacutem passam pela precaacuteria
interaccedilatildeo com as famiacutelias das crianccedilas atendidas (LORDELO et al 2007 SOUZA
2008 CAMPOS et al 2011 FERNANDES 2011)
Correa (2007) argumenta em sua pesquisa que a relaccedilatildeo famiacutelia-instituiccedilatildeo
eacute um ponto a ser considerado para a promoccedilatildeo de um atendimento de qualidade
56
Silva (2011) percebeu em seu estudo que os educadores natildeo demonstram
conhecer ao certo como se daacute o contexto familiar das crianccedilas que atendem Souza
(2008) observou que a famiacutelia natildeo participa ativamente da rotina da creche na
maioria das vezes deixando a crianccedila na porta da instituiccedilatildeo
Os projetos pedagoacutegicos analisados por Fernandes (2011) indicaram um
perfil de famiacutelia visto pela escola como um grupo que precisa de ajuda e que pode
contribuir pouco com a Instituiccedilatildeo Instituiccedilatildeo essa que convida o adulto-cuidador
mais a confraternizar que compartilhar responsabilidades A autora tambeacutem verificou
que haacute a necessidade de os pais participarem efetivamente das accedilotildees da creche
pois segundo ela ao criar espaccedilos de diaacutelogo troca parcerias pode-se favorecer e
estimular as famiacutelias a viverem experiecircncias sociais mais amplas a partilhar as
anguacutestias alegrias e inseguranccedilas advindas do cotidiano favorecendo a superaccedilatildeo
das ideias assistencialistas acerca da Educaccedilatildeo Infantil em especial da que atende
a crianccedila com idade entre zero e 3 anos Por outro lado percebe-se que os pais
nem sempre se excluem de participar tanto do cotidiano da Instituiccedilatildeo quanto da
educaccedilatildeo de seus filhos (FERNANDES 2011 SILVA 2011)
Diante dos dados apresentados acima se destaca a necessidade de se
investigar de modo mais apropriado o papel dos pais diante do cuidar do educar e
da promoccedilatildeo do desenvolvimento de seus filhos ainda bebecircs jaacute que esses uacuteltimos
estatildeo cada vez mais precocemente adentrando ao atendimento institucionalizado
que por sua vez encontra-se envolto em suas proacuteprias contradiccedilotildees necessidades
e lutas Os familiares poderiam participar colaborar contribuir de modo a Educaccedilatildeo
Infantil ter uma identidade melhor cunhada valorizando inclusive o trabalho dos
educadores Em outras palavras conforme assinalado por Fernandes (2011) a
identidade da Educaccedilatildeo Infantil para ser constituiacuteda em suas especificidades
precisa urgentemente integrar as famiacutelias
57
3 MEacuteTODO
O delineamento metodoloacutegico teve como eixo a questatildeo de pesquisa
apresentada na introduccedilatildeo do presente estudo
Quais concepccedilotildees norteiam o processo de inclusatildeo da crianccedila pequena com
necessidades especiais no contexto dos Centros Municipais de Educaccedilatildeo
Infantil (CMEIs) segundo suas Matildees suas Educadoras na Educaccedilatildeo Infantil e
suas Professoras do Atendimento Educacional Especializado
Para responder a esta questatildeo mostrou-se pertinente realizar um estudo
qualitativo exploratoacuterio e comparativo Por seu caraacuteter qualitativo seraacute realizada
anaacutelise interpretativa e contextual dos dados sem a pretensatildeo de medir numeacuterica ou
estatisticamente os fenocircmenos estudados tampouco deveratildeo ser generalizados os
resultados encontrados (SAMPIERI COLLADO e LUCIO 1998) Eacute exploratoacuterio por
se tratar de um tema ou problema de pesquisa pouco estudado e portanto com
poucas pesquisas evidenciadas na literatura destacando-se a escassez de estudos
nesse acircmbito na realidade brasileira (SAMPIERI COLLADO e LUCIO 1998)
Segundo os autores citados o estudo exploratoacuterio serve para familiarizar o
pesquisador com fenocircmenos ainda natildeo suficientemente conhecidos podendo
determinar tendecircncias identificar aacutereas ambientes contextos e situaccedilotildees de
estudo O aspecto comparativo se verificaraacute no tratamento dos dados coletados
pela busca de possiacuteveis relaccedilotildees (discrepacircncias ou aproximaccedilotildees) entre as
concepccedilotildees dos participantes do estudo especialmente acerca da inclusatildeo da
crianccedila pequena com deficiecircncia que frequenta o CMEI (SAMPIERI COLLADO e
LUCIO 1998)
31 CONTEXTO
O contexto dessa pesquisa envolveu 04 (quatro) instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo
Infantil da rede puacuteblica de um municiacutepio da regiatildeo metropolitana de Curitiba que
58
atendem crianccedilas pequenas com deficiecircncia em turmas de berccedilaacuterio e maternal
situado no Estado do Paranaacute Foram escolhidas as turmas de berccedilaacuterio e maternal
por elas abarcarem crianccedilas com a faixa etaacuteria compreendida entre zero e 36
meses
Nesse municiacutepio no ano de 2012 em turmas de berccedilaacuterio (I e II) maternal (I
II e III) e preacutendashescola (I e II) houve um total de 4315 matriculas dessas estatildeo
considerados ldquocasos de inclusatildeordquo apenas 25 crianccedilas no momento em que foi
realizada a pesquisa Desse contingente apenas 08 casos de inclusatildeo educacional
eram de educandos em turmas de berccedilaacuterio e maternal Poreacutem como os criteacuterios de
elegibilidade para a participaccedilatildeo na presente pesquisa solicitavam que as turmas de
inclusatildeo atendessem a faixa etaacuteria entre 0 e 3 anos (creche) e tambeacutem que o
educando participasse do Atendimento Educacional Especializado passaram a se
enquadrar apenas 04 alunos tidos como casos de inclusatildeo que frequentavam 04
instituiccedilotildees diferentes abaixo denominadas de Instituiccedilotildees A B C e D
A Instituiccedilatildeo A atende um total de 180 crianccedilas dividas em turmas de
maternal e preacutendashescola
A Instituiccedilatildeo B atende um total de 376 crianccedilas dividas em turmas de
berccedilaacuterio maternal e preacute-escola
A Instituiccedilatildeo C atende um total de 280 crianccedilas dividas em turmas de
berccedilaacuterio e maternal
Jaacute a Instituiccedilatildeo D atende um total de 220 crianccedilas dividas em turmas de
berccedilaacuterio maternal e preacutendashescola
Todas as instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Infantil funcionam em periacuteodo integral das
07 agraves 18h
Segundo informaccedilotildees das equipes gestoras as Instituiccedilotildees B e C atendem
tambeacutem populaccedilatildeo considerada de risco social
Destaca-se que as turmas de berccedilaacuterio satildeo divididas em berccedilaacuterio I e II e
recebem crianccedilas com faixa etaacuteria entre 4 a 11 meses e entre 12 e 18 meses
respectivamente As turmas de Maternal que satildeo divididas em I e II atendem
educandos com idade entre 18 a 24 meses e entre 24 e 36 meses (completos
durante o ano letivo) respectivamente
Tambeacutem eacute importante ressaltar que o Atendimento Educacional Especializado
ndash AEE eacute desenvolvido de modo geral nas chamadas Salas de Recursos
Multifuncionais Essas salas satildeo espaccedilos estruturados de modo a atender
59
adequadamente as necessidades dos alunos foco da Educaccedilatildeo Especial e no
contexto pesquisado estatildeo lotadas dentro de instituiccedilotildees do Ensino Regular Todas
elas atendem educandos que estatildeo em situaccedilatildeo de inclusatildeo educacional tanto no
Ensino Fundamental quanto na Educaccedilatildeo Infantil
32 PARTICIPANTES
Foram considerados participantes da pesquisa
a) Matildees (pessoas responsaacuteveis cuidadoras principais que desempenham a
funccedilatildeo materna) de crianccedilas com idade entre zero e 36 meses com
necessidades especiais que participam do Atendimento Educacional
Especializado aleacutem de frequentar turmas de berccedilaacuterio (I e II) ou maternal (I e
II) em classe regular na Educaccedilatildeo Infantil no sistema puacuteblico de um
municiacutepio da regiatildeo metropolitana de Curitiba Paranaacute
Neste estudo participaram 04 matildees cujos filhos estatildeo matriculados em uma
das seguintes turmas berccedilaacuterio II maternal I e maternal II
b) Educadoras Regentes que trabalham em turmas de berccedilaacuterio (I e II) e
maternal (I e II) e que atendam as crianccedilas cujas matildees satildeo participantes
desse estudo O grupo de educadoras participantes contou com 09
profissionais Destas 03 eram regentes de berccedilaacuterio I 04 atendem turmas de
maternal I e 02 em maternal II
c) Professoras do Atendimento Educacional Especializado que atendam as
crianccedilas cujas matildees e educadoras participam deste estudo Nesse estudo
participaram 04 Professoras do AEE
Apoacutes apresentar o projeto para a Secretaria de Educaccedilatildeo para as
Gerecircncias de Educaccedilatildeo Especial e Inclusatildeo e para a de Educaccedilatildeo Infantil desse
municiacutepio foi feito o protocolo de solicitaccedilatildeo para a realizaccedilatildeo da pesquisa Em
acordo com o aceite da solicitaccedilatildeo e com a orientaccedilatildeo das Gerecircncias foi realizado o
primeiro contato com as equipes gestoras dos CMEIs que iriam participar No
primeiro contato foi solicitado agrave pesquisadora que entregasse a todas as equipes
60
gestoras uma carta de apresentaccedilatildeo Nesta havia uma breve explicitaccedilatildeo de quem
era a pesquisadora e informaccedilotildees principais do estudo ndash estas uacuteltimas seguiram
recomendaccedilatildeo da Gerecircncia de Educaccedilatildeo Especial e Inclusatildeo Desse modo apoacutes ter
feito a apresentaccedilatildeo do projeto para as equipes gestoras com a explicitaccedilatildeo dos
objetivos do meacutetodo e do termo de consentimento livre e esclarecido (anexo) e de
obter destas a autorizaccedilatildeo para executar a pesquisa em suas unidades elas se
comprometeram a entrar em contato com as educadoras e com as matildees para
agendar novo encontro agora com as participantes da pesquisa Os encontros com
as matildees e com as educadoras participantes desse estudo foram realizados de modo
individual em dia e hora previamente marcados nas dependecircncias das Instituiccedilotildees
em que as crianccedilas eram atendidas na Educaccedilatildeo Infantil
A participaccedilatildeo destas matildees e das educadoras se deu de modo voluntaacuterio
apoacutes serem esclarecidos os pormenores da pesquisa e dirimidas possiacuteveis duacutevidas
sobre o propoacutesito e uso das informaccedilotildees Tambeacutem foi solicitado agraves participantes
para ler o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para entatildeo proceder com a
assinatura e a entrevista propriamente dita
No caso da participaccedilatildeo das professoras do Atendimento Educacional
Especializado natildeo foi necessaacuteria a mediaccedilatildeo das equipes gestoras das instituiccedilotildees
O contato foi feito diretamente entre a pesquisadora e as convidadas Da mesma
forma por meio da carta de apresentaccedilatildeo e conversa pessoal houve o
esclarecimento do conteuacutedo da pesquisa seus objetivos e meacutetodo Apoacutes a
apresentaccedilatildeo do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido foi dado
procedimento agraves entrevistas
33 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS
Com a finalidade de coletar os dados foram elaborados roteiros de
entrevistas semiestruturadas levando em consideraccedilatildeo os objetivos desse estudo
Todos os roteiros de entrevista possuiacuteam uma parte em comum para que se
pusesse coletar e organizar os dados para a anaacutelise comparativa dos mesmos
61
O roteiro de entrevista aplicado agraves matildees (Anexo A) possuiacuteam quatro partes
a) caracterizaccedilatildeo da matildee b) caracterizaccedilatildeo da famiacutelia c) caracterizaccedilatildeo da crianccedila
em desenvolvimento e d) concepccedilotildees sobre o processo inclusivo
Para as educadoras de CMEI (Anexo B) e para as professoras do
Atendimento Educacional Especializado (Anexo C) o roteiro de perguntas tambeacutem
foi dividido em quatro partes a) caracterizaccedilatildeo da entrevistada b) caracterizaccedilatildeo do
trabalho da entrevistada c) concepccedilotildees sobre a crianccedila em desenvolvimento e d)
concepccedilotildees sobre o processo inclusivo
Optou-se por roteiros de entrevistas semiestruturadas com perguntas
abertas pois possibilitam aos entrevistados maior liberdade em respondecirc-las
(LUDKE e ANDREacute 1986) As entrevistas tiveram duraccedilatildeo meacutedia de 60 minutos e
foram realizadas pela pesquisadora em ambiente reservado dentro do contexto de
pesquisa Com preacutevio consentimento das entrevistadas os dados foram gravados
posteriormente transcritos na iacutentegra e analisados agrave luz da literatura pertinente
34 PROCEDIMENTOS DE ANAacuteLISE DE DADOS
Os dados coletados foram analisados por meio de uma abordagem
qualitativa com a utilizaccedilatildeo de anaacutelise de conteuacutedo Foram seguidos na iacutentegra os
passos utilizados por Bolsanello (1998) em sua pesquisa a qual se baseou em
Bardin (1979) a seguir
Apoacutes serem transcritas as entrevistas foram lidas sem qualquer tentativa
de seleccedilatildeo de informaccedilotildees
A seguir os dados brutos das respostas de cada item das entrevistas e
das gravaccedilotildees de aacuteudio foram codificados e agregados em unidades com a
eleiccedilatildeo do tema como unidade de registro e a proximidade conceitual como
regra de enumeraccedilatildeo
Os temas obtidos na codificaccedilatildeo foram reagrupados procedendo-se a um
trabalho de definiccedilatildeo e classificaccedilatildeo de categorias que resultaram no
levantamento de um conjunto de categorias e subcategorias representativas
da totalidade das comunicaccedilotildees
62
Finalmente foi realizada a classificaccedilatildeo e a categorizaccedilatildeo que levaram a
uma descriccedilatildeo das caracteriacutesticas relevantes do conteuacutedo investigado
permitindo gerar inferecircncias e comparaccedilotildees sobre todo o processo de
comunicaccedilatildeo e levando agrave anaacutelise dos dados envolvendo o cruzamento de
todas as informaccedilotildees obtidas
35 CUIDADOS EacuteTICOS
Os procedimentos eacuteticos do presente estudo obedeceram aos criteacuterios da
Eacutetica na Pesquisa com Seres Humanos Os principais cuidados eacuteticos foram
utilizaccedilatildeo de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (ANEXOS D E e F)
permissatildeo das entrevistadas para gravaccedilatildeo das entrevistas garantia do anonimato
das participantes
Tais cuidados garantem de acordo com Cozby (2003) a participaccedilatildeo totalmente
informada e voluntaacuteria das entrevistadas
63
4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
Para a descriccedilatildeo e anaacutelise das caracteriacutesticas relevantes do conteuacutedo
investigado agruparam-se as informaccedilotildees em quatro seccedilotildees Inicialmente realizou-
se a caracterizaccedilatildeo das crianccedilas foco da inclusatildeo e a caracterizaccedilatildeo das
entrevistadas (matildees educadoras e professoras) A seguir levantaram-se as
concepccedilotildees das entrevistadas sobre a crianccedila que estaacute em inclusatildeo Por fim
buscou-se identificar as concepccedilotildees sobre o processo inclusivo na Educaccedilatildeo
Infantil propriamente dito
41 Seccedilatildeo 01 Caracterizaccedilatildeo das Participantes
411 Caracterizaccedilatildeo das crianccedilas foco da inclusatildeo
Pensando que a inclusatildeo educacional de crianccedilas pequenas com
necessidades especiais evidencia um campo sem limites nos quais natildeo se escolhe
a crianccedila que pode ou deve entrar ou natildeo na Educaccedilatildeo Infantil buscou-se identificar
quais eram esses pequenos sujeitos que estatildeo categorizados como alunos em
inclusatildeo Como diria Rodrigues (2006) no campo da educaccedilatildeo natildeo se trata de
melhor caracterizar o que eacute diversidade e quem a compotildee mas de compreender
melhor como as diferenccedilas nos constituem como humanos como somos feitos de
diferenccedilas E portanto no que se refere agrave caracterizaccedilatildeo das crianccedilas que estatildeo em
inclusatildeo pensa-se que eacute tambeacutem uma maneira de se perceber a gama de
condiccedilotildees que devem ser precoce e permanentemente vistas discutidas e
atendidas em suas necessidades e especificidades
Desse modo as matildees entrevistadas falaram sobre sua crianccedila idade
diagnoacutestico quais os serviccedilos que elas frequentam aleacutem da Educaccedilatildeo Infantil e do
Atendimento Educacional Especializado Tambeacutem informaram agrave turma que o filho
64
frequenta o Centro Municipal de Educaccedilatildeo Infantil ndash CMEI e desde quando ele estaacute
matriculado na Educaccedilatildeo Infantil
As quatro crianccedilas cujas matildees participaram da pesquisa possuiacuteam laudos
indicativos sobre seus diagnoacutesticos todos disponiacuteveis nas secretarias das
instituiccedilotildees das quais faziam parte (Quadro 01)
Quadro 01 Distribuiccedilatildeo das crianccedilas segundo laudo meacutedico e diagnoacutestico
Crianccedila Laudo meacutedico disponiacutevel
no CMEI CID ndash 10Diagnoacutestico
Crianccedila 01 Sim CID - F 840 Transtornos Globais do Desenvolvimento ndash Autismo Infantil
Crianccedila 02 Sim CID ndash G 800 Paralisia Cerebral Espaacutestica
Crianccedila 03 Sim CID - Q 870 ndash Siacutendrome de Moebius
Crianccedila 04 Sim CID ndash Q 90 ndash Sindrome de Down
Os laudos meacutedicos apresentavam as seguintes necessidades educacionais
especiais Autismo Infantil (TGD) Paralisia Cerebral Espaacutestica Siacutendrome de
Moebius e Siacutendrome de Down
Foi questionado agraves entrevistadas desde quando seus filhos estatildeo
participando de atendimento em CMEI e qual turma as crianccedilas frequentam
atualmente Nesse sentido elas indicaram o que segue no quadro 02
Quadro 02 Distribuiccedilatildeo das crianccedilas segundo a turma em que estatildeo matriculadas atualmente e o tempo em que frequentam Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil - CMEIs
A idade das crianccedilas variou entre 24 e 36 meses durante o periacuteodo da pesquisa A
crianccedila 01 eacute a mais velha de todas com 36 meses de idade as demais estatildeo na
Crianccedila Turma Atual Haacute quanto tempo frequenta CMEIS
Crianccedila 01 Maternal II Mais de 24 meses
Crianccedila 02 Berccedilaacuterio II Em torno de 8 meses
Crianccedila 03 Maternal I Em torno de 10 meses
Crianccedila 04 Maternal I Em torno de 4 meses
65
faixa etaacuteria dos 24 meses Apenas a crianccedila 02 estaacute com idade fora das indicaccedilotildees
de matriacutecula da turma estando com 24 meses frequentando uma turma para alunos
na faixa etaacuteria de 10 meses a 1 ano e 4 meses As demais estatildeo com idade de
acordo com o esperado para as turmas em que estatildeo matriculadas
Conforme o Quadro 02 eacute possiacutevel verificar que uma crianccedila estaacute matriculada
em turma de Berccedilaacuterio II duas estatildeo em turmas de Maternal I e uma estaacute no
Maternal II Tambeacutem se percebe que a crianccedila 01 eacute a que mais tempo estaacute
frequentando Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil Tendo ela 36 meses de
idade estaacute indo para os serviccedilos da Educaccedilatildeo Infantil desde os 12 meses
aproximadamente As demais crianccedilas foram matriculadas no atual ano letivo Ao
observar as demais crianccedilas eacute possiacutevel inferir que a meacutedia de idade escolhida por
essas matildees para matricularem seus filhos na Educaccedilatildeo Infantil foi de 12 meses
Sendo que de modo geral trecircs dessas crianccedilas permaneceram os primeiros 12
meses em casa aos cuidados da famiacutelia e apenas um educando frequentou Escola
Especial antes de ser matriculado no Centro de Educaccedilatildeo Infantil
O atendimento nos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil - CMEIS eacute
integral para todas as crianccedilas matriculadas contudo os educandos que estatildeo em
inclusatildeo podem ter orientaccedilatildeo para que frequentem apenas parcialmente o
atendimento na instituiccedilatildeo Nesse grupo que participou do estudo percebeu-se que
apenas duas das crianccedilas frequentam o dia todo As outras duas crianccedilas natildeo o
fazem integralmente devido a necessidade de participarem de outros atendimentos
tais como Fonoaudiologia Atendimento Educacional Especializado - AEE
Fisioterapia Nataccedilatildeo entre outros Essas duas crianccedilas que frequentam
parcialmente o CMEI fazem uma meacutedia de 06 horas diaacuterias de atendimento na
Educaccedilatildeo Infantil conforme os relatos das matildees
As participantes comentaram quais outros atendimentos o filho frequenta
aleacutem do Centro Municipal de Educaccedilatildeo Infantil - CMEI e do Atendimento
Educacional Especializado ndash AEE
- Crianccedila 01 Nataccedilatildeo atendimento em um Centro Especializado (Psicologia e
Fonoaudiologia) e Atendimento Educacional Especializado
- Crianccedila 02 Centro Especializado (Fisioterapia Motora Fisioterapia Respiratoacuteria
Terapia Ocupacional Psicologia e Fonoaudiologia) e Atendimento Educacional
Especializado
66
- Crianccedila 03 Nataccedilatildeo Fonoaudiologia Fisioterapia e Atendimento Educacional
Especializado ndash AEE
- Crianccedila 04 Atendimento Educacional Especializado - AEE (semanalmente) e
acompanhamento em hospital de referecircncia (bimestralmente)
412 Caracterizaccedilatildeo das Entrevistadas
Esse subcapiacutetulo traz dados que auxiliam a conhecer quem eram as
entrevistadas Para tal dividiu-se o mesmo em trecircs partes caracterizaccedilatildeo das matildees
caracterizaccedilatildeo das professoras do Atendimento Educacional Especializado - AEE e
caracterizaccedilatildeo das educadoras dos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil -
CMEIs
Ao se decidir por ouvir os relatos desses trecircs grupos de pessoas entendeu-
se que ao cruzar os seus olhares poderia se delinear quadros que identificassem
tendecircncias de como a inclusatildeo de crianccedilas vem ocorrendo e quais questotildees se
mostram relevantes sensiacuteveis ou mesmo mais urgentes a serem discutidas e
revistas em busca de uma praacutetica com mais qualidade O que se justifica tambeacutem
pelo fato de que pesquisas sobre inclusatildeo que levem em consideraccedilatildeo as interaccedilotildees
entre crianccedilandashcrianccedila famiacutelia ndash crianccedila professoras-crianccedila satildeo cada vez mais
importantes para que se possa perceber e problematizar as atitudes o acolhimento
os sentimentos e concepccedilotildees sobre deficiecircncia inclusatildeo e diferenccedilas (YAZLLE
AMORIM ROSSETTI-FERREIRA 2004 SIGOLO e OLIVEIRA 2008)
4121 Caracterizaccedilatildeo das Matildees
Inicialmente foram coletadas informaccedilotildees para caracterizaccedilatildeo das matildees
desse modo foram identificados dados como idade escolaridade e ocupaccedilatildeo das
mesmas (Quadro 03)
67
Quadro 03 ndash Distribuiccedilatildeo das Matildees participantes conforme idade escolaridade e ocupaccedilatildeo
Participante Idade Escolaridade Ocupaccedilatildeo
Matildee 01 31 anos Ensino Meacutedio Dona de casa
Matildee 02 28 anos Graduaccedilatildeo Pedagoga
Matildee 03 23 anos Graduaccedilatildeo Professora
Matildee 04 37 anos Ensino Fundamental Vendedora autocircnoma
A faixa etaacuteria das matildees participantes estaacute entre 23 e 37 anos Duas delas tecircm
como niacutevel de escolaridade a graduaccedilatildeo uma tem formaccedilatildeo em niacutevel Fundamental
e outra em niacutevel meacutedio Apenas uma delas eacute dona de casa as demais possuem
ocupaccedilotildees diferentes ao trabalho de cuidado domeacutestico familiar
Tambeacutem foram caracterizadas as famiacutelias das crianccedilas que estatildeo em
inclusatildeo Foram identificados os membros que compotildee a famiacutelia quem mora com a
crianccedila qual a renda meacutedia mensal da famiacutelia e outro caso de deficiecircncia no grupo
familiar (Quadro 04)
Quadro 04 ndash Distribuiccedilatildeo das Matildees participantes conforme composiccedilatildeo familiar
Participante
Composiccedilatildeo familiar
Matildee 01 Pai da crianccedila Matildee da crianccedila 02 filhos
Matildee 02 Pai da crianccedila Matildee da crianccedila 03 filhos
Matildee 03 X Matildee da crianccedila Avoacute materna avocirc materno e
01 filho
Matildee 04 Pai da crianccedila Matildee da crianccedila 03 filhos
68
Trecircs matildees moram com os pais de suas crianccedilas A matildee que natildeo mora com o
pai de seu filho afirmou que o mesmo natildeo participa de nenhum modo da criaccedilatildeo da
crianccedila No caso em que haacute a ausecircncia do pai bioloacutegico eacute interessante ressaltar
que os dados corroboram a afirmaccedilatildeo de autores como Bronfenbrenner (1996
2011) Dessen e Braz (2005) e Diniz e Koller (2010) quando estes afirmam a
importacircncia dos demais membros que compotildee a famiacutelia no que se refere a dar
sustentaccedilatildeo emocional especialmente quando ocorrem situaccedilotildees de risco para o
desenvolvimento infantil
A renda familiar meacutedia relatada pelas matildees ficou em torno de 06 e 07 salaacuterios
miacutenimos
- Matildee 01 06 salaacuterios miacutenimos
- Matildee 02 entre 06 e 07 salaacuterios miacutenimos
- Matildee 03 06 salaacuterios miacutenimos
- Matildee 04 entre 06 e 07 salaacuterios miacutenimos
Escolaridade dos genitores e renda familiar satildeo dois pontos importantes no
tocante agrave promoccedilatildeo do desenvolvimento na infacircncia pois podem indicar maiores ou
menores chances ou perspectiva de acesso a oportunidades para a ampliaccedilatildeo do
repertoacuterio cognitivo social cultural emocional dos membros que compotildeem a famiacutelia
(LORDELO et al 2007 MUELLER 2008)
Todas as matildees relataram apenas um filho com necessidades especiais na
famiacutelia
4122 Caracterizaccedilatildeo das Professoras do Atendimento Educacional
Especializado
Relembra-se que o Atendimento Educacional Especializado eacute um serviccedilo
dentro da Educaccedilatildeo Especial em conformidade com o Decreto nordm 761111 e que
esse grupo de professores realiza atendimento ao alunado foco da Educaccedilatildeo
Especial e que estatildeo em inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil e no Ensino Fundamental
69
Para tal seu trabalho e sua relaccedilatildeo com a crianccedila pequena com necessidades
especiais eacute fundamental visto que estaacute previsto que elas tambeacutem devem orientar as
famiacutelias e educadoras do CMEI sobre o processo de inclusatildeo desse alunado
Inicialmente foram coletadas informaccedilotildees para caracterizaccedilatildeo das
professoras desse modo foram identificados dados como idade estado civil e
escolaridade (Quadro 05)
Quadro 05 ndash Distribuiccedilatildeo das Professoras do Atendimento Educacional Especializado - AEE conforme idade estado civil ocorrecircncia e quantidade de filhos
Conforme eacute possiacutevel verificar no Quadro 05 a faixa etaacuteria que compotildee o grupo
de Professoras participantes estaacute entre 37 e 49 anos Todas satildeo casadas e tecircm
filhos Tambeacutem foi questionado se elas possuiacuteam alguma formaccedilatildeo especiacutefica para
trabalhar com Educaccedilatildeo Especial e Inclusiva de crianccedilas pequenas e para trabalhar
como professora do AEE Quanto agrave escolaridade das professoras do Atendimento
Educacional Especializado todas elas relataram ter feito vaacuterios cursos de formaccedilatildeo
continuada de curta duraccedilatildeo na aacuterea de Educaccedilatildeo Especial e Inclusatildeo Os dados
estatildeo organizados no Quadro 06 que segue logo abaixo
Participante Idade Estado civilfilhos
P01 45 Casada 2 filhos
P02 49 Casada 3 filhos
P03 37 Casada 2 filhas
P04 40 Casada 2 filhos
70
Quadro 06 ndash Distribuiccedilatildeo das Professoras do Atendimento Educacional
Especializado - AEE conforme sua escolarizaccedilatildeo
Participante Escolaridade
Ensino Meacutedio Graduaccedilatildeo Especializaccedilatildeo
P01 Magisteacuterio Estaacute cursando Pedagogia X
P02 Magisteacuterio Pedagogia com ecircnfase em Educaccedilatildeo Especial
Psicopedagogia
P03 Magisteacuterio Pedagogia Psicopedagogia
P04 Magisteacuterio Pedagogia Psicopedagogia
A professora P02 falou que tem formaccedilatildeo continuada em Estimulaccedilatildeo Visual
As professoras P03 e P04 informaram que estatildeo cursando Especializaccedilatildeo do AEE agrave
distacircncia ofertada pelo MEC Essas professoras que estatildeo cursando a
Especializaccedilatildeo especiacutefica para atuar no atendimento educacional especializado
apontaram que os conteuacutedos aprendidos nele estatildeo sendo muito uacuteteis
especialmente no que se refere ao ensino fundamental pois em grande parte se
baseiam em estrateacutegias praacuteticas para a atuaccedilatildeo docente Sobre Educaccedilatildeo Infantil
as entrevistadas afirmam que haacute conteuacutedos que trazem conceitos e orientaccedilotildees
sobre estimulaccedilatildeo essencial mas essas ainda se mostram um pouco distantes de
sua experiecircncia profissional Nenhuma delas tem formaccedilatildeo na aacuterea especiacutefica de
Educaccedilatildeo Infantil
Foi solicitado que relatassem um pouco de sua trajetoacuteria na aacuterea educacional
Sendo assim foi questionado haacute quanto tempo elas trabalhavam na educaccedilatildeo e se
antes de trabalhar como professora do Atendimento Educacional Especializado -
AEE tiveram outras experiecircncias na aacuterea de educaccedilatildeo (Quadro 07)
71
Quadro 07- Distribuiccedilatildeo das Professoras do Atendimento Educacional Especializado - AEE conforme tempo de trabalho na aacuterea educacional e aacutereas de atuaccedilatildeo dentro da Educaccedilatildeo
Todas informaram se tiveram outras experiecircncias como docentes fora da
Educaccedilatildeo Especial antes de serem professoras do Atendimento Educacional
Especializado - AEE P01 e P04 afirmaram que jaacute tinham tido experiecircncias com
turmas inclusivas antes de ingressarem como docentes no AEE P02 e P03
afirmaram que nunca haviam trabalhado com turmas inclusivas antes de sua
atuaccedilatildeo no AEE
A professora P01 teve um caso na famiacutelia Jaacute as professoras P02 P03 e P04
natildeo tiveram nenhuma experiecircncia marcante com pessoas com necessidades
especiais fora da aacuterea educacional Em acordo com as professoras que jaacute tiveram
alguma experiecircncia com pessoas com necessidades especiais o que se mostra
marcante eacute que esse contato anterior auxilia a como ldquover o deficienterdquo e a como
lidar com ele
4123 Caracterizaccedilatildeo das Educadoras dos Centros Municipais de Educaccedilatildeo
Infantil ndash CMEIs
Todas as entrevistadas atendem crianccedilas pequenas que estatildeo em inclusatildeo
nos Centros de Municipais de Educaccedilatildeo Infantil - CMEIs Participaram 09
Participante Tempo de trabalho na aacuterea
educacional Aacuterea de atuaccedilatildeo
P01 27 anos Educaccedilatildeo Infantil e Fundamental
P02 17 anos Educaccedilatildeo Infantil e Fundamental
P03 20 anos Ensino Fundamental
P04 20 anos Educaccedilatildeo Infantil e Fundamental
72
educadoras que trabalhavam na ocasiatildeo da entrevista com turmas de Berccedilaacuterio e
Maternal Inicialmente foram coletadas informaccedilotildees para caracterizaccedilatildeo das
educadoras desse modo foram identificados dados como idade estado civil se
tinham filhos ou natildeo (Quadro 08)
Quadro 08 - Distribuiccedilatildeo das Educadoras dos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil conforme idade estado civil ocorrecircncia e quantidade de filhos
Conforme o quadro 08 eacute possiacutevel verificar que a faixa etaacuteria das educadoras
participantes estaacute entre 21 e 42 anos 06 delas satildeo casadas 02 satildeo solteiras e uma
eacute viuacuteva Dentro desse grupo 03 das educadoras natildeo tem filhos
Quanto agrave escolaridade foi perguntado se possuiacuteam alguma formaccedilatildeo
especiacutefica para trabalhar com Educaccedilatildeo Infantil e Educaccedilatildeo Especial e Inclusiva
Quatro das educadoras apresentam o curso de magisteacuterio sete delas tem
graduaccedilatildeo em Pedagogia uma ainda estaacute cursando Pedagogia e outra Biomedicina
Participante Idade Estado civilfilhos
E01 27 Casada 2 filhos
E02 28 Casada sem filhos
E03 21 Casada 1 filho
E04 35 Casada 2 filhos
E05 27 Solteira sem filhos
E06 42 Viuacuteva 3 filhos
E07 29 Casada 2 filhos
E08 22 Solteira sem filhos
E09 32 Casada 1 filho
73
cinco das profissionais possuem especializaccedilatildeo dessas quatro na aacuterea de
Psicopedagogia e outra em Educaccedilatildeo Infantil (Quadro 09)
Quadro 09 - Distribuiccedilatildeo das Educadoras dos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil conforme sua Escolaridade
As educadoras E02 E04 E05 E06 E07 e E08 natildeo tiveram nenhuma
formaccedilatildeo especiacutefica sobre Educaccedilatildeo Especial e Inclusatildeo aleacutem das disciplinas
proacuteprias da formaccedilatildeo baacutesica (Magisteacuterio ou Pedagogia)
Jaacute as educadoras E01 E03 e E09 fizeram um curso de formaccedilatildeo continuada
no municiacutepio sobre a inclusatildeo no Ensino Fundamental Natildeo havia ateacute o momento
da coleta de dados referecircncias sobre a oferta de alguma formaccedilatildeo continuada que
evidenciasse a inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil
Foi perguntado se elas tiveram outras experiecircncias como professoras de
turmas de inclusatildeo antes dessa situaccedilatildeo atual
Participante Escolaridade
Ensino Meacutedio Graduaccedilatildeo Especializaccedilatildeo
E01 X Pedagogia Psicopedagogia
E02 X Pedagogia X
E03 Magisteacuterio Pedagogia Psicopedagogia Gestatildeo Escolar
E04 Magisteacuterio Pedagogia ndashcursando X
E05 X Pedagogia X
E06 Magisteacuterio Pedagogia Psicopedagogia
E07 X Pedagogia Educaccedilatildeo Infantil -
cursando
E08 Magisteacuterio Biomedicina ndash
cursando X
E09 X Pedagogia Psicopedagogia -
cursando
74
Quatro das educadoras (E01 E06 E07 e E08) afirmaram positivamente que
tiveram alguma outra experiecircncia com alunos de inclusatildeo antes desse caso atual e
afirmam que isso as ajuda de algum modo nessa turma
Contrariamente cinco delas (E02 E03 E04 E05 e E09) natildeo tiveram nenhum
aluno de inclusatildeo antes desse caso atual
Ainda quanto agraves experiecircncias anteriores com pessoas com necessidades
especiais elas informaram se jaacute tiveram alguma fora da aacuterea educacional
Cinco educadoras (E01 E02 E03 E07 e E08) afirmaram que tiveram
experiecircncias com pessoas com necessidades especiais fora da aacuterea educacional
As outras quatro educadoras (E04 E05 E06 e E09) natildeo tiveram nenhuma
experiecircncia com pessoas com necessidades especiais fora da Educaccedilatildeo Infantil
As participantes informaram o tempo de trabalho na Educaccedilatildeo de modo
geral especificamente na Educaccedilatildeo Infantil e tempo em que estatildeo atendendo essa
turma
Das nove participantes oito soacute tiveram experiecircncia na Educaccedilatildeo Infantil e
uma educadora jaacute trabalhou tambeacutem no Ensino Fundamental
O tempo de atuaccedilatildeo na aacuterea educacional variou de 04 meses a 10 anos No
que se refere agrave atuaccedilatildeo na Educaccedilatildeo Infantil o tempo de trabalho variou igualmente
de 04 meses a 10 anos
Quando questionadas sobre haacute quanto tempo atendem nas turmas atuais
foram obtidas as seguintes respostas 05 educadoras atendem a turma desde o
iniacutecio do ano o que equivale a algo em torno de 09 meses 01 estaacute haacute cerca de 06
meses e 03 das educadoras estatildeo atendendo a turma atual a menos de 06 meses
conforme o que estaacute organizado no Quadro 10 que segue logo abaixo
75
Quadro 10 - Distribuiccedilatildeo das Educadoras dos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil conforme o tempo de atuaccedilatildeo na Educaccedilatildeo de modo geral especificamente na Educaccedilatildeo Infantil e na turma que atende atualmente
42 Seccedilatildeo 02 Concepccedilotildees das Matildees Educadoras e Professoras sobre a
crianccedila que estaacute em inclusatildeo
Foram solicitadas as participantes que relatassem como concebem a crianccedila
pequena que tem necessidades educacionais especiais em relaccedilatildeo as suas
condiccedilotildees e seu processo de inclusatildeo
421 As Matildees e suas crianccedilas
A matildee M01 disse que jaacute desconfiava que o filho tivesse autismo e nega ter
ficado surpresa quando teve a notiacutecia poreacutem seu marido ficou muito triste Apoacutes
Participante Tempo de atuaccedilatildeo na
Educaccedilatildeo Tempo de atuaccedilatildeo na
Educaccedilatildeo Infantil Tempo que atende
essa turma
E01 08 anos 01 ano
01 mecircs
E02 04 meses 04 meses
04 meses
E03 05 anos 05 anos
09 meses
E04 04 anos 04 anos
09 meses
E05 01 ano 01 ano
03 meses
E06 10 anos 10 anos 09 meses
E07 09 anos 09 anos
09 meses
E08 02 anos 02 anos
09 meses
E09 03 anos 03 anos
06 meses
76
receber o diagnoacutestico o apoio da equipe que faz o atendimento especializado na
aacuterea de sauacutede foi fundamental para que a aceitaccedilatildeo do pai fosse sendo construiacuteda
A matildee M02 tambeacutem afirmou que jaacute estava preparada em relaccedilatildeo ao
diagnoacutestico do filho pois teve um parto prematuro com vaacuterias intercorrecircncias para a
crianccedila Desse modo desde os primeiros meses fazia um acompanhamento
rigoroso da sauacutede e do desenvolvimento da crianccedila o que culminou em um
diagnoacutestico de paralisia cerebral
Jaacute para a matildee M03 que teve uma gestaccedilatildeo tranquila a notiacutecia de que a filha
tinha uma siacutendrome veio de uma forma um pouco mais complexa
dai veio a pediatra veio e eu nunca vou esquecer a cara daquela japonesa na minha frente Ela olhava pra mim e eu perguntei ela taacute bem doutora E ela respondeu olha bem pra tua filha Ela tem cara de crianccedila normal Aquele dia foi o maior baque O baque foi porque eu tinha receacutem parido tava inchada doiacuteda e tinha tudo isso e dai eu chorei muito
A matildee M04 tambeacutem teve uma experiecircncia negativa em relaccedilatildeo agrave forma como
foi dada a notiacutecia da condiccedilatildeo da filha
foi logo depois do parto [] Fazia seis horas que ela tinha nascido aiacute a estagiaacuteria foi no quarto e perguntou pela paciente do leito tal e disse vocecirc viu que a tua neneacutem eacute deficiente matildee virou as costas e saiu
Para a matildee M04 o fato de ter dito que a filha era deficiente foi o que mais
chocou porque ela supocircs que queria dizer que a crianccedila teria muito mais
necessidade de cuidados Poreacutem quando falaram que era Siacutendrome de Down
como ela jaacute tinha um pouco de conhecimento sobre a situaccedilatildeo entatildeo se sentiu mais
aliviada quanto agraves condiccedilotildees de sua menina
O choque inicial quando os pais recebem a notiacutecia de que seu filho apresenta
alguma alteraccedilatildeo no desenvolvimento eacute natural e para que o impacto de um
diagnoacutestico ou condiccedilatildeo desconhecida possa ser minimizado eacute fundamental que
eles tenham algum tipo de apoio e orientaccedilatildeo (MINETTO 2010 SCHMITERLOumlW e
FERNANDEZ 2004 PRADO 2005)
Tambeacutem haacute que se ter em destaque que a condiccedilatildeo diferenciada do
desenvolvimento e da sauacutede do filho pode gerar tambeacutem problemas no processo de
vinculaccedilatildeo dele com seus pais e isso podem leva-los a desenvolver uma tendecircncia
77
ao isolamento social que limita as experiecircncias do filho (MINETTO 2010 DE
LINARES 2003 GURALNICK 2000)
Desse modo foi possiacutevel verificar que para todas as matildees o que parece ter
sido fundamental no entendimento da condiccedilatildeo de seus filhos foram os apoios
recebidos nos primeiros meses de vida das crianccedilas em acordo com as informaccedilotildees
logo a seguir
A matildee M01 leva o filho em um centro de apoio especializado em autismo no
qual recebe apoio e orientaccedilatildeo de neurologista e de psicoacuteloga Segundo ela
eu me sinto preparada lidando com ele Antes eu ouvia falar mas eu natildeo sabia o que fazer Hoje eu sei o que fazer com ele eu sei como cuidar dele Ele estaacute sendo bem acompanhado Estou preparada para ajuda-lo
A matildee M02 leva o filho para fazer acompanhamento com meacutedico neurologista
desde o nascimento prematuro e sempre teve apoio e orientaccedilatildeo sobre como
proceder com a crianccedila
A matildee M03 disse que logo apoacutes o diagnoacutestico da filha encontrou uma pediatra
que a apoiou logo nos primeiros meses e que indicou um centro de referencia para
os outros atendimentos que eram necessaacuterios assim como tambeacutem indicou uma
associaccedilatildeo especializada em casos como o de sua crianccedila
A matildee M04 logo apoacutes a confirmaccedilatildeo do diagnoacutestico de Sindrome de Down
tambeacutem foi convidada a participar de um centro de referecircncia para essa siacutendrome
tendo conversado com as assistentes sociais o que segundo ela fez toda a
diferenccedila para um melhor entendimento da condiccedilatildeo da filha
No presente estudo as matildees sugerem que estatildeo construindo uma percepccedilatildeo
positiva de seus filhos e mostram-se interessadas pelo desenvolvimento das
crianccedilas poreacutem haacute estudos como o de Castro (2002) que indicam que matildees de
crianccedilas com doenccedilas crocircnicas aparentavam ser menos responsivas quando na
interaccedilatildeo com seus filhos e manifestando uma tendecircncia maior de ter
comportamentos e sentimentos ambivalentes
Para Schmiterloumlw e Fernandez (2004) cada famiacutelia que tem um filho com
alteraccedilotildees em seu desenvolvimento apresenta um modo proacuteprio de lidar com as
condiccedilotildees de sua crianccedila assim como desenvolve necessidades especiacuteficas
portanto atendimentos que visem dar apoio e orientaccedilatildeo familiar natildeo devem ser
homogecircneos
78
Os trechos abaixo satildeo demonstrativos da satisfaccedilatildeo que as matildees
expressaram durante a entrevista ao falarem sobre suas crianccedilas
A matildee M01 diz que seu filho
eacute uma crianccedila feliz Apesar de ele natildeo falar ele tenta se comunicar da melhor forma que ele consegue para pedir as coisas Ele eacute muito feliz carinhoso gosta de carinho gosta de brincar
Para a matildee M02 o filho
eacute muito especial muito carinhoso bonzinho Ele eacute atento a tudo o que a gente conversa se interessa tem muita forccedila de vontade quer aprender as coisas tem muita vontade de andar
Jaacute para a matildee M03 a filha ldquoeacute muito inteligente Hoje de manhatilde eu falei pra
minha matildee como ela taacute linda Taacute espertardquo E para a matildee M04 a crianccedila ldquoeacute muito
esperta maravilha precisa ver Ela brinca se diverte aprende Nossa Ela eacute dezrdquo
Reconhecer as qualidades e potencialidades dos filhos demonstrando
satisfaccedilatildeo nas relaccedilotildees parece ser algo que auxilia a essas matildees a interessarem-se
cada vez por suas crianccedilas o que possivelmente faz essas uacuteltimas sentirem-se
cada vez mais incentivadas em novas aprendizagens (BRAZELTON 1990)
Todas as matildees indicaram que buscam tratar seus filhos como crianccedilas
normais o relato de matildee M01 e de matildee M04 exemplificam bem a posiccedilatildeo delas
Eu sempre vi ele como uma crianccedila normal tanto que eu trato ele como trato as outras filhas Eu converso eu conto as mesmas coisas pra ele nunca quis proteger ele demais porque ele tem que ser independente tambeacutem (M01)
[] desde que eu soube que ela tinha siacutendrome de Down eu pus na minha cabeccedila que eu natildeo iria tratar ela como uma crianccedila deficiente ela natildeo era uma crianccedila deficiente ao menos que realmente fosse (M04)
Em acordo com as afirmaccedilotildees oferecidas por esse grupo de matildees eacute possiacutevel inferir
que ter uma deficiecircncia eacute a falta de algo (braccedilo perna etc) ou algo que natildeo se
modifica mas elas veem que suas crianccedilas podem modificar seu comportamento
logo natildeo satildeo deficientes
As participantes tambeacutem relatam como fazem para saber se o filho estaacute se
desenvolvendo bem e nesse sentido apenas uma matildee afirma ter sido realizada
79
avaliaccedilatildeo de desenvolvimento infantil pela pediatra da crianccedila as trecircs demais o
fazem em comparaccedilatildeo com outras crianccedilas conhecidas
Mas todas consideram que seus filhos estatildeo se desenvolvendo bem para a idade
natildeo apresentando muitas diferenccedilas em relaccedilatildeo a outras crianccedilas da mesma faixa
etaacuteria
Parte dessa avaliaccedilatildeo eacute produto do que observam das transformaccedilotildees oriundas da
participaccedilatildeo das crianccedilas na Educaccedilatildeo Infantil
As matildees informaram se seus filhos participaram de alguma outra instituiccedilatildeo antes de
ir para o CMEI como por exemplo alguma escola especial ou se ficava com a
babaacute
Apenas uma crianccedila frequentou outro atendimento antes de ir para o CMEI
Segundo a matildee a crianccedila frequentou duas escolas especiais A primeira escola tinha
um horaacuterio difiacutecil de levar pois a crianccedila tinha que acordar muito cedo o que
ocasionou a mudanccedila para uma segunda escola especial mais proacutexima da
residecircncia da famiacutelia Contudo nessa segunda instituiccedilatildeo a matildee percebeu que a
crianccedila natildeo estava evoluindo em seu desenvolvimento conforme o esperado O
relato do que foi observado por essa matildee segue indicado abaixo
Dai a fulana regrediu ela soacute queria dormir Entatildeo toda vez que ia pegar ela laacute ela tava sonolenta e molenga Como se tivesse tomado algum remeacutedio Natildeo tinha tomado natildeo tinha sido dopada mas eacute de ficar isolada
A mesma matildee descreve a sala em que sua crianccedila ficava no periacuteodo de
atendimento nessa escola especial ldquo[] a sala era totalmente escura [] fedia a
mofo era toda fechada sem ventilaccedilatildeo []rdquo
Nas informaccedilotildees sobre a participaccedilatildeo da crianccedila no CMEI elas informaram qual o
motivo de ter matriculado a crianccedila na instituiccedilatildeo haacute quanto tempo agrave crianccedila estaacute
participando deste atendimento qual o motivo de ter sido nessa instituiccedilatildeo turma
que a crianccedila frequenta e qual o periacuteodo que a crianccedila permanece diariamente no
CMEI
Apenas matildee M01 e matildee M02 matricularam seus filhos na Educaccedilatildeo Infantil por
indicaccedilatildeo meacutedica as demais o fizeram por outras razotildees
A matildee M02 aleacutem da sugestatildeo meacutedica tambeacutem afirmou que precisava voltar a
trabalhar e o CMEI seria um bom auxiliar nesse sentido
80
A matildee M03 buscou a Educaccedilatildeo Infantil por acreditar que seria bom para sua filha
especialmente porque ldquoela eacute filha uacutenica pra aprender as coisas baacutesicas que a gente
agraves vezes taacute trabalhando o dia todo e dai ela natildeo tem condiccedilotildees de aprenderrdquo
Apenas a matildee M04 decidiu apoacutes a crianccedila ter tido uma experiecircncia em escola
especial que foi considerada negativa pela famiacutelia conforme indicado anteriormente
As demais crianccedilas ficavam em casa aos cuidados de suas famiacutelias antes de
entrarem na Educaccedilatildeo Infantil
Trecircs das matildees escolheram o CMEI por ser proacuteximo da residecircncia da famiacutelia e
apenas uma fez a escolha por indicaccedilatildeo da meacutedica neurologista que atende o filho
Segundo essa matildee a profissional se referiu a instituiccedilatildeo por fazer parte de um
complexo educacional no qual existem vaacuterios casos de inclusatildeo A matildee M02
escolheu pela proximidade mas tambeacutem porque era a uacutenica que tinha berccedilaacuterio
Se em situaccedilotildees como a de deficiecircncia haacute uma espeacutecie de ldquoapagamentordquo do
saber materno em relaccedilatildeo a como criar seu filho e isso pode comprometer o
desenvolvimento da crianccedila e gerar uma sensaccedilatildeo de fragilidade e impotecircncia em
seus pais (ALVES 2007) entatildeo mais do que nunca accedilotildees interventivas que
considerem a famiacutelia tornam-se fundamentais Quanto a isso Mueller (2008) afirma
que eacute necessaacuterio que essas ultrapassem a ideia de orientaccedilatildeo mas passem a
promover efetivamente a accedilatildeo dos pais Essa pesquisadora tambeacutem indica que eacute
necessaacuterio averiguar o que de fato os pais entenderam e se apropriaram das
orientaccedilotildees pois esse eacute fator que parece comprometer a accedilatildeo dos pais com seus
filhos
422 As Professoras do Atendimento Educacional Especializado ndash AEE e a
inclusatildeo das crianccedilas pequenas que estatildeo nos Centros Municipais de
Educaccedilatildeo Infantil ndash CMEIs
As professoras informaram como eacute o trabalho do AEE quanto tempo faz que
estejam trabalhando como professoras do AEE qual a carga horaacuteria que elas
cumprem semanalmente quantos alunos atendem e quais as maiores
especificidades dos atendimentos
81
De modo geral em acordo com os relatos foi possiacutevel perceber que compete
ao professor do AEE a) atender ao alunado foco Educaccedilatildeo Especial que estaacute em
inclusatildeo no ensino regular complementando a aprendizagem b) dar apoio e
orientaccedilotildees sobre o processo de inclusatildeo tanto para a famiacutelia do aluno quanto ao
seu professor no ensino regular c) buscar recursos que visem melhorar o processo
de inclusatildeo desse alunado junto a outros profissionais especialistas e na
comunidade (estabelecer redes de apoios quando necessaacuterio) O que parece estar
em conformidade com o Decreto nordm 761111 e que dispotildee sobre a Educaccedilatildeo
Especial e o Atendimento Educacional Especializado
Segundo a professora P01 a maior especificidade do Atendimento
Educacional Especializado eacute
natildeo ficar no conteuacutedo eacute atingir o desenvolvimento da crianccedila no que ela precisa e para isso precisa ir atraacutes de especialistas trabalhar todo o ambiente tanto de famiacutelia quanto da escola que ela estaacute inserida
A professora P02 afirma que o ldquoAEE trabalha cada especialidade que ela [a
crianccedila] precisa seja visual a fala o que a crianccedila precisardquo
Jaacute P03 relata que o
trabalho no AEE gira em torno entatildeo na escola realiza trabalho aqui na sala tem o apoio a professora do regular e apoio com a famiacutelia No apoio a famiacutelia chama a matildee faz toda aquela triagem preenche todos os relatoacuterios neacute Na escola regular a gente vai ateacute a escola regular conversa com a professora vecirc a dificuldade que a crianccedila tem pra que a gente possa ajuda neacute o que a professora precisa se eacute adaptaccedilatildeo de algum material para que a gente possa taacute nesse sentido
O grupo tambeacutem informou o tempo em que atua no AEE para o Ensino
Fundamental e no AEE para a Educaccedilatildeo Infantil
E desse modo antes de trazer os dados das entrevistadas eacute importante
relatar que Atendimento Educacional Especializado teve seu iniacutecio nesse municiacutepio
como apoio do Ensino Fundamental no ano de 2009 sendo que o atendimento para
a Educaccedilatildeo Infantil soacute comeccedilou em 2011 Logo eacute relevante que se considere a
precocidade do Atendimento Educacional Especializado nessa regiatildeo
82
As professoras atendem atualmente tanto o alunado do Ensino
Fundamental quanto da Educaccedilatildeo Infantil A professora P02 afirma atender a trecircs
anos no AEE e o faz em outra modalidade - especiacutefico para a Estimulaccedilatildeo Visual - e
sempre trabalhou soacute com crianccedilas de pouca idade (Quadro 11)
Quadro 11 - Distribuiccedilatildeo das Professoras do Atendimento Educacional Especializado conforme seu tempo de atuaccedilatildeo como AEE no Ensino Fundamental e na Educaccedilatildeo Infantil
Conforme o quadro acima eacute possiacutevel verificar que o tempo de atuaccedilatildeo
dessas professoras no Atendimento Educacional Especializado estaacute entre 01 e 03
anos O que condiz com o periacuteodo em que este serviccedilo foi implantado na rede de
educaccedilatildeo do municiacutepio em que ocorreu esta pesquisa
Quanto agrave carga horaacuteria que elas cumprem semanalmente e quantos alunos
atendem seguem no quadro 12
Quadro 12- Distribuiccedilatildeo das Professoras do Atendimento Educacional Especializado conforme seu tempo de atuaccedilatildeo como AEE no Ensino Fundamental e na Educaccedilatildeo Infantil
Participantes Carga horaacuteria
semanal
Nordm de Alunos Ensino
Fundamental
Nordm de Alunos Educaccedilatildeo
Infantil
Total de alunos
Faixa etaacuteria atendida
atualmente
P01 20h 01 01 02 03 a 11 anos
P02 20h 05 03 08 02 a 09 anos
P03 40h 13 01 14 02 a 15 anos
P04 40h 17 03 20 02 a 16 anos
Participantes Tempo no AEE ndash E Fundamental Tempo no AEE- Ed Infantil
P01 01 ano 01 ano
P02 03 anos 02 anos
P03 02 anos 01 ano
P04 02 anos 02 anos
83
Haacute nos grupos dos alunos atendidos por essas professoras do AEE uma
grande heterogeneidade de caracteriacutesticas e condiccedilotildees de desenvolvimento e
aprendizado Elas atendem alunos tanto do Ensino Fundamental quanto da
Educaccedilatildeo Infantil e que apresentam Autismo Siacutendrome de Asperger Paralisia
Cerebral Siacutendrome de Moebius Siacutendrome de Down Deficiecircncia Intelectual entre
outros
Quanto as maiores diferenccedilas entre o Atendimento Educacional Especializado
ndash AEE para o Ensino Fundamental e o AEE direcionado para a Educaccedilatildeo Infantil
elas indicaram (Quadro 13)
Quadro 13 ndash Distribuiccedilatildeo das maiores especificidades do Atendimento Educacional Especializado para a Educaccedilatildeo Infantil e para o Ensino Fundamental
Para a P02 as maiores diferenccedilas satildeo os materiais e o tipo de brinquedos
que satildeo usados P03 afirmou que o atendimento do AEE para a Educaccedilatildeo Infantil
se baseia em atividades de estimulaccedilatildeo essencial e que estaacute
buscando muito na internet em ver que tipo de atividade pode ajudar ele em relaccedilatildeo a material para que me ajude porque na Educaccedilatildeo Infantil eu natildeo tenho experiecircncia porque a gente a gente como professora de Ensino Fundamental a gente pensa logo no pedagoacutegico no ensinar
Participantes
Educaccedilatildeo Infantil
Ensino Fundamental
P01
Atividades voltadas ao corpo para o
desenvolvimento para a socializaccedilatildeo para o
brincar e para a fantasia
Atividades escolares mais complexas
P02 Natildeo usa laacutepis trabalha mais com o estiacutemulo
Usa mais materiais usa alguns materiais escolares
P03 Estimulaccedilatildeo Essencial Trabalha as dificuldades do aluno por meio
de jogos usa bastante o computador tambeacutem precisa adaptar material
P04
Estimulaccedilatildeo encaixes circuitos para
engatinhar jogos de imitaccedilatildeo
Aacuterea de alfabetizaccedilatildeo atividades psicomotoras e orientaccedilotildees atividades para
aprimorar o comportamento dos alunos
84
Elas caracterizaram o trabalho com a crianccedila foco da pesquisa para isso
informaram haacute quanto tempo atendiam a crianccedila foco da pesquisa no Atendimento
Educacional Especializado e como era o atendimento a esse aluno (Quadro 14)
Quadro 14 ndash Distribuiccedilatildeo das Professoras do Atendimento Educacional Especializado conforme tempo em que atendem a crianccedila pequena foco da pesquisa frequecircncia e duraccedilatildeo do atendimento ao aluno
Em termos de frequecircncia semanal ao serviccedilo de AEE percebe-se que este se
organiza em curtos momentos o que sugere duas questotildees ao menos A primeira eacute
a da necessidade de que haja um planejamento bem definido em relaccedilatildeo agraves
condiccedilotildees de cada crianccedila de modo que se aproveite ao maacuteximo esse curto espaccedilo
de tempo de atendimento E a segunda questatildeo eacute em relaccedilatildeo agrave relevacircncia que
estar na Educaccedilatildeo Infantil passa a ter para o desenvolvimento global dessas
crianccedilas pois entre os trecircs contextos relacionados no presente estudo (familiar AEE
e CMEI) eacute no CMEI que elas passam a maior parte de seu tempo
De modo geral as professoras indicam que buscam constantemente adequar
as atividades agraves necessidades individuais do alunado para tal procuram estruturar
seu planejamento em jogos e brincadeiras O caraacuteter luacutedico das atividades tambeacutem
se torna um elemento para diferenciar o AEE das aulas de reforccedilo e das aulas
regulares
Todas as professoras fazem planejamentos semanais e afirmam procurar
avaliar o desempenho da crianccedila dia a dia por meio do que foi alcanccedilado ou natildeo e
frente aos objetivos estabelecidos individualmente
Diante do aspecto novo e diferenciado que o AEE para a Educaccedilatildeo Infantil
apresenta para essas professoras foi questionado o que elas pensaram quando
souberam que iriam atender essas crianccedilas pequenas E apoacutes o periacuteodo de
Participante Tempo em que atende a crianccedila pequena foco da
pesquisa
Frequecircncia e Duraccedilatildeo do Atendimento
P01 8 meses 1x semana 2 horas
P02 7 meses 2x semana 1 hora
P03 4 meses 1 x semana 1 hora
P04 4 semanas 1 x semana 1 hora
85
atendimento e relaccedilatildeo com essas crianccedilas como se sentem ao atendecirc-las (Quadro
15)
Quadro 15 ndash Distribuiccedilatildeo das Professoras conforme suas concepccedilotildees antes de atender a crianccedila e apoacutes o periacuteodo em que atende o aluno que estaacute em inclusatildeo
Trecircs das professoras demostraram ter sentido grande preocupaccedilatildeo com o
fato de ter que atender uma crianccedila pequena
Uma delas afirmou que se sentiu feliz pois jaacute estava acostumada a atender
crianccedilas pequenas e viu no novo aluno uma oportunidade de aprender mais
Todas as professoras relataram que ao serem informadas sobre as crianccedilas
pequenas que iriam atender buscaram informaccedilotildees pertinentes agrave condiccedilatildeo da
crianccedila e sobre ideias para as atividades
A participante P03 justifica sua primeira impressatildeo
Ai com bastante medo sinceramente com bastante medo Eu natildeo tinha tido experiecircncia com crianccedila pequena ainda mais com berccedilaacuterio Minha experiecircncia toda era no Ensino Fundamental com crianccedilas maiores e que praticamente natildeo possuiacuteam dificuldade neacute
Outra professora indica o mesmo tipo de preocupaccedilatildeo ldquoAi eu fiquei
desesperada O que eu vou trabalhar Eu soacute tenho a praacutetica do Fundamentalrdquo (P04)
Apoacutes conhecer e atender a crianccedila a opiniatildeo das professoras modificou-se
Os relatos das professoras indicam que estatildeo se sentindo mais seguras muito
embora sua funccedilatildeo no AEE da Educaccedilatildeo Infantil ainda esteja sendo delineada e
restem duacutevidas e anseios
Participante Antes de atender a crianccedila Atualmente
P01 Afirma que natildeo sabia como ia
trabalhar Sente-se orgulhosa do trabalho e da
evoluccedilatildeo do aluno
P02 Sentiu-se feliz porque percebeu
que era um desafio
Sente-se feliz e diz que eacute gratificante perceber o trabalho realizado e a evoluccedilatildeo
do aluno
P03 Sentiu medo Sente-se mais segura
P04 Ficou desesperada Sente-se mais tranquila
86
O relato da professora P04 eacute muito interessante e faz lembrar que elas estatildeo
tambeacutem construindo sua identidade como professora do Atendimento Educacional
Especializado voltado para a Educaccedilatildeo Infantil o que traz questotildees e anseios muito
proacuteprios
agora estou mais tranquila porque assim ateacute entatildeo eu via assim meu Deus Eu tocirc perdendo a funccedilatildeo de professora Estou perdendo a funccedilatildeo de professora porque no AEE a gente trabalha com as habilidades natildeo eacute muito aquilo do conteuacutedo propriamente escrito ali Daiacute eu pensei tocirc perdendo minha funccedilatildeo de professora natildeo tocirc tendo minha funccedilatildeo de professora agora porque eu tenho que brincar com essa crianccedila tenho que ensinar a engatinhar tenho que estimular ela (P04)
Apoacutes perceber qual seria o seu trabalho com a crianccedila pequena sua visatildeo
modificou-se
agora natildeo agora eu tocirc mais tranquila natildeo me preocupo muito com as outras pessoas vai falar Que a minha preocupaccedilatildeo tambeacutem era assim poxa minha amiga vai falar essa professora natildeo taacute trabalhando ela taacute brincando Entatildeo eu tinha uma visatildeo assim do que os outros iam pensar do meu trabalho Hoje em dia natildeo Se entra uma pessoa assim e eu tocirc brincando ali com a crianccedila eu continuo fazendo o que tocirc fazendo Antes ateacute que eu meio que dava uma disfarccedilada (P04)
Devido agrave forma de trabalhar outra professora traacutes um relato que
complementa esse uacuteltimo
acho que o professor do AEE para Educaccedilatildeo Infantil tem que ter muita dedicaccedilatildeo mas agraves vezes a gente escuta que o professor do AEE natildeo faz nada neacute Porque cada aluno tem um horaacuterio temos muitos horaacuterios livres mas tem que ter muita dedicaccedilatildeo tem que ter empenho tem que buscar o conhecimento (P03)
Tambeacutem foi solicitado que as profissionais indicassem como fazem para
saber se a crianccedila em inclusatildeo estaacute se desenvolvendo bem E em resposta todas
as professoras relatam que buscam perceber o desenvolvimento dos alunos por
meio da comparaccedilatildeo do desempenho da crianccedila desde o momento em que iniciou
seu atendimento no AEE ateacute o presente
Usam como referecircncias as conversas com as matildees das crianccedilas com as
educadoras e seus proacuteprios apontamentos e agraves vezes orientaccedilotildees dos
especialistas que atendem as crianccedilas Tais referecircncias natildeo satildeo diferentes das
tambeacutem evidenciadas e utilizadas por educadoras de CMEIS (SOUZA 2008)
Contudo pensa-se que pelas especificidades do trabalho das professoras do
Atendimento Educacional Especializado urge que estas profissionais tenham
87
maiores recursos para avaliar acompanhar e promover o desenvolvimento de
crianccedilas com necessidades especiais
Sobre a falta de um paracircmetro para avaliar o desenvolvimento infantil a
professora P01 informa
agora diante de todo esse aprendizado a gente - todos do AEE ndash vai se juntar e vai montar dentro do Desenvolvimento Infantil o que eacute conveniente para aquela idade e o que natildeo eacute A gente natildeo tem esse paracircmetro anda porque tudo para noacutes estaacute sendo esse ano um experimento
A falta de paracircmetros para avaliar e acompanhar o desenvolvimento na
primeira infacircncia parece natildeo ser exclusividade das professoras e educadoras da
presente pesquisa conforme jaacute relatado por Souza (2008) Soejima (2008) e
Bolsanello e Soejima (2012) Contudo ao se considerar que o Atendimento
Educacional Especializado pode ser aproveitado como parte de um processo ou
programa de intervenccedilatildeo precoce para as crianccedilas que tecircm deficiecircncias entatildeo seria
indispensaacutevel que se estabelecesse meios de avaliar acompanhar e intervir no
desenvolvimento infantil conforme jaacute evidenciado por autores como Juan ndash Vera e
Peacuterez-Lopez (2009) e Moragas (2009)
Ao serem convidadas a comentar como se daacute o trabalho com essas crianccedilas
pequenas elas tambeacutem indicaram ter uma percepccedilatildeo positiva das crianccedilas que
atendem salientando em seus relatos avanccedilos e qualidades dos seus alunos
A professora P01 conta que atende uma crianccedila com autismo e pela
especificidade precisou fazer um curso para se orientar em como trabalhar Apoacutes
esse curso afirma que sua visatildeo do que a crianccedila precisava para aprender se
modificou e que conseguiu alcanccedilar mais ecircxito em seus objetivos Ela tambeacutem conta
que apoacutes a formaccedilatildeo conseguiu auxiliar mais as educadoras que atende a crianccedila
no CMEI Seu trabalho com esse aluno eacute mais voltado para a adequaccedilatildeo
comportamental pois segundo ela o mesmo passava muito tempo dormindo na
creche ainda usando fraldas chupeta praticamente natildeo fazendo atividades
dirigidas Essa professora tambeacutem construiu rotinas para a crianccedila ficar mais
orientada no que se esperava dela assim como introduziu vaacuterias atividades
pedagoacutegicas todas baseadas na proposta curricular do municiacutepio
Jaacute a professora P02 trabalha apenas com reeducaccedilatildeo e estimulaccedilatildeo visual
Segundo ela trabalha em sala escura com luzes coloridas pareamento de figuras
88
com pranchas objetos coloridos objetos musicais sempre focando nos aspectos
psicomotores
No relatado da professora P03 evidencia-se que esta fez pouco contato com a
crianccedila pois ele estava afastado por questotildees de sauacutede Mas que seu atendimento
nesse momento de desenvolvimento do aluno eacute mais voltado para a estimulaccedilatildeo
essencial
Segundo a professora P04 seu trabalho se baseia em atividades de
estimulaccedilatildeo essencial Quando questionada sobre onde ela busca embasamento
para trabalhar com estimulaccedilatildeo essencial essa professora afirmou que aleacutem de
algumas orientaccedilotildees da equipe da Educaccedilatildeo Especial fez bastante pesquisa na
internet Contudo tambeacutem demonstrou em seu relato natildeo saber muito bem como eacute
um atendimento de estimulaccedilatildeo essencial
natildeo natildeo eu natildeo tive (formaccedilatildeo sobre estimulaccedilatildeo essencial) Eu natildeo tive preparaccedilatildeo alguma para atender assim com a Educaccedilatildeo Infantil por isso que eu fiquei desesperada A gente faz curso vai se preparando mas com crianccedilas pequenas natildeo Dai eu acho que eu faccedilo estimulaccedilatildeo mas natildeo sei dizer bem certo se eacute assim Porque quando eu recebi ela (crianccedila) era pra trabalhar com ela estimulaccedilatildeo dai eu fui pesquisar peguei alguns negoacutecios nas informaccedilotildees que eu peguei na internet eacute estimulaccedilatildeo precoce Eacute o que eu sei (P04)
Conforme os relatos sobre os atendimentos percebeu-se que todas as
crianccedilas satildeo trabalhadas individualmente tendo um plano de trabalho elaborado
especificamente e de acordo com as caracteriacutesticas pessoais e cada uma
As crianccedilas que fazem parte do grupo desse estudo precisam deslocar-se do
CMEI de origem ateacute a escola em que estaacute locada a Sala de Recursos Multifuncional
(espaccedilo em que ocorre o Atendimento Educacional Especializado) De modo geral
as Salas de Recursos Multifuncionais podem ser alocadas tanto em CMEIs quanto
em Escolas Regulares No caso dessa pesquisa todas as crianccedilas frequentam
Salas que estatildeo lotadas fora de seus CMEIs
Em conformidade com informaccedilotildees jaacute fornecidas tambeacutem faz parte das
atribuiccedilotildees dessas professoras o contato com os responsaacuteveis pela crianccedila com as
educadoras que a atendem nos CMEIs e especialistas Pelos relatos entende-se
que costumeiramente todas as professoras fazem contato com as matildees e com as
educadoras da crianccedila para estabelecer as questotildees mais pertinentes no momento
apoacutes essas conversas iniciais os demais encontros satildeo realizados conforme
89
necessidade O contato com os demais especialistas que atendem a crianccedila
tambeacutem eacute estabelecido de acordo com as condiccedilotildees do aluno
423 As educadoras e as crianccedilas pequenas que estatildeo em inclusatildeo
As Educadoras entrevistadas informaram em qual turma trabalham a faixa
etaacuteria que atendem e a quantidade de alunos matriculados por turma
O quadro abaixo (Quadro 16) ilustra a distribuiccedilatildeo das Educadoras conforme
as turmas que atendem atualmente a faixa etaacuteria da turma em que trabalham e
quantidade de alunos matriculados
Quadro 16 ndash Distribuiccedilatildeo das Educadoras conforme turmas que atendem faixa etaacuteria da turma e quantidade de alunos por turma
Todas as Educadoras dividem o atendimento da turma com outras
profissionais sendo que segundo elas todas que atendem numa mesma turma tecircm
as mesmas atribuiccedilotildees e responsabilidades em relaccedilatildeo agraves crianccedilas Logo percebe-
se que a distribuiccedilatildeo das educadoras eacute
Participante Turma que
atende Faixa etaacuteria da
turma
Quantidade de
alunos por turma
E01 M1 1a e 8m a 2 anos 24
E02 M1 1a e 8m a 2 anos 24
E03 M1 1a e 8m a 2 anos 24
E04 B2 8meses a 1a e 8m 19
E05 M1 1a e 8m a 2 anos 24
E06 M2 2 a 3 anos 24
E07 M2 2 a 3 anos 24
E08 B2 8meses a 1a e 8m 19
E09 B2 8meses a 1a e 8m 19
90
- Turma de Berccedilaacuterio = 03 Educadoras por turma
- Turma de Maternal = 02 Educadoras por turma
Durante as entrevistas observou-se que natildeo eacute rara a consideraccedilatildeo de que
nas turmas em grande numero de alunos podem ocorrer limitaccedilotildees no processo de
inclusatildeo de crianccedilas pequenas com necessidades especiais
A relaccedilatildeo quantidade de crianccedilas em turma por educadora tambeacutem eacute algo a
ser considerado quando se pensa em proporcionar um serviccedilo com qualidade e com
vistas agrave promoccedilatildeo do desenvolvimento e melhor desempenho da educadora
(LORDELO et al 2007) Brazelton (2002) ao fazer referecircncia agrave relaccedilatildeo quantidade
de crianccedilas por educadora afirma que esta deveria ser a seguinte 03 a 04 crianccedilas
para cada educadora quando estiverem atendendo bebecircs de 04 crianccedilas por
educadora quando os pequenos estiverem aprendendo a andar e entre 06 a 08
crianccedilas (quando forem maiores de 03 anos) por educadora
Todas relataram que possuem horaacuterio semanal para planejamento das
atividades da turma Cada grupo de Educadora tem sua forma de organizar o
planejamento mas elas foram unacircnimes em dizer que natildeo fazem planejamento
diferenciado em decorrecircncia de terem uma crianccedila em inclusatildeo em suas turmas O
que ocorre eacute que no dia a dia cada Educadora tenta adaptar a praacutetica
anteriormente planejada Para tal levam em conta as condiccedilotildees da crianccedila no
momento da aplicaccedilatildeo da atividade
A Educadora E03 afirma que fez um curso sobre inclusatildeo e que nele foi
orientada que natildeo havia necessidade de estabelecer um planejamento com
objetivos especiacuteficos para a crianccedila foco da inclusatildeo Contudo ela diz que natildeo
saberia como mudar os objetivos
Jaacute a educadora E05 justifica que natildeo consegue fazer atividades diferenciadas
e que como se trabalha muito
com picote com colagem movimento danccedila a parte de equiliacutebrio e como ela (a crianccedila em inclusatildeo) natildeo fica em peacute entatildeo ela natildeo pode participar dessas () Entatildeo a gente tenta a gente coloca ela mas natildeo tem o resultado que a gente espera() a gente natildeo sabe como adaptar pra ela o planejamento Natildeo tem nada diferenciado pra ela
Diante desses dados pode-se inferir que o processo inclusivo da crianccedila
pequena no CMEI falha em se constituir como tal pois foge em vaacuterias instacircncias aos
91
princiacutepios baacutesicos do que se considera uma educaccedilatildeo ldquopara todosrdquo tal como
preconizado por autores como Alves (2008) Carvalho (2009) e Oliveira (2010) os
quais ilustram que promover as mesmas oportunidades para os alunos natildeo significa
que todos deveratildeo ser atendidos de forma homogecircnea Pensa-se nesse sentido
que a falta de um planejamento que seja coerente com as caracteriacutesticas das
crianccedilas que estatildeo em inclusatildeo coloca em risco a atenccedilatildeo agraves suas necessidades e
pode contribuir para que haja exclusatildeo e isolamento desse alunado
Todas as Educadoras relataram de forma geral como eacute sua rotina de
trabalho no CMEI demonstrando um cotidiano dividido entre atividades de
alimentaccedilatildeo higiene atividades com cunho pedagoacutegico e brincadeiras Mesmo natildeo
fazendo um plano de trabalho especiacutefico para as crianccedilas que estatildeo em inclusatildeo as
Educadoras afirmam que tentam na praacutetica diaacuteria aplicar algumas atividades e
brincadeiras diferenciadas em conformidade com o que percebem que eacute necessaacuterio
no momento da crianccedila mas nem sempre sabem o que eacute preciso para o aluno que
natildeo raro usam de seus ldquoinstintosrdquo
a gente faz e estaacute fazendo meio que trabalho instintivo a gente acha que eacute bom para ele (aluno) e a gente vai laacute e faz porque natildeo tem rumo ele taacute num mar e a gente tem que velejar para algum lugar (E08)
Tambeacutem ao falarem sobre a rotina de trabalho em vaacuterias situaccedilotildees ao longo
dos relatos as entrevistadas apontaram que esta eacute exaustiva e que eacute difiacutecil dar
atenccedilatildeo individualizada agrave crianccedila em inclusatildeo
entatildeo eacute bem corrido tem umas crianccedilas que natildeo se adaptaram ainda Entatildeo eacute difiacutecil duas soacute darem da inclusiva (crianccedila) mais dos natildeo adaptados mais das vinte (crianccedilas) (E05)
Seis das participantes ao falarem das crianccedilas que atendem destacam as
caracteriacutesticas positivas do aluno e seus avanccedilos Ainda ao relatarem as
especificidades demonstram saber pouco sobre as condiccedilotildees da populaccedilatildeo que
atendem e ressaltam que percebem esse alunado de inclusatildeo como ldquocrianccedilas
normaisrdquo ou ldquopouco diferentesrdquo dos demais educandos
ela eacute muito alegre muito alegre ela eacute uma crianccedila muito esperta muito atenta muito atenta mesmo[] Ela eacute normal normal natildeo eacute a palavra mas ela acompanha ela tem os mesmos interesses que as crianccedilas da mesma idade (E01)
92
Da mesma forma a Educadora E02 diz natildeo saber exatamente ldquoo grau da
siacutendrome delardquo Faz afirmaccedilotildees positivas sobre a crianccedila e afirma que natildeo haacute
diferenccedilas entre essa crianccedila e as demais da turma
a gente percebe que natildeo eacute uma siacutendrome muito grave entatildeo a gente trata ela normalmente
Trecircs das Educadoras fazem destaque para as dificuldades das crianccedilas que
atendem afirmando que tiveram evoluccedilatildeo na aprendizagem mas que haacute muitos
empecilhos no atendimento a esses alunos
A Educadora E04 ressalta as dificuldades da crianccedila e de tecirc-la em sala de
aula
ele entrou em sala e natildeo foi colocado uma professora para dar atenccedilatildeo especial para ele agraves vezes a gente natildeo consegue dar atenccedilatildeo especial para ele Ele eacute tratado como os demais
Tambeacutem a Educadora E08 descreve as dificuldades da crianccedila e afirma que
se sentiu como uma ldquomatildee de primeira viagemrdquo quando o segurou no colo pela
primeira vez Segundo ela ldquonatildeo tem muito o que fazer com elerdquo
Em face agraves informaccedilotildees dessas participantes lembra-se que Drago (2011)
ao falar em relaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo infantil considera que apesar de tantos avanccedilos
ainda eacute possiacutevel encontrar muitos entraves que a caracterizam como uma educaccedilatildeo
um tanto quanto vazia de sentido como se ainda permanecesse a ideia de
educaccedilatildeo compensatoacuteria e junto a isso se percebe que o processo de inclusatildeo
ainda eacute bastante mal compreendido nessa faixa etaacuteria Diante disso como fazer uma
turma que tem alunos em inclusatildeo tornar-se verdadeiramente inclusiva Em
resposta acredita-se necessaacuterio o que Zorteacutea (2007) afirma e leva a pensar que
viabilizar a inclusatildeo pressupotildee um espaccedilo escolar que repense seus modos e meios
de existir de forma permanente
Ainda foi perguntado agraves Educadoras haacute quanto tempo atendiam a crianccedila
que estaacute em inclusatildeo (Quadro 17)
93
Quadro 17 ndash Distribuiccedilatildeo das Educadoras conforme o tempo em que
atendem a crianccedila que estaacute em inclusatildeo
Dado o tempo em que elas as atendiam foi tambeacutem solicitado que
comentassem o que pensaram quando souberam que iriam atender uma crianccedila de
inclusatildeo e o que sentem depois de tecirc-las conhecido e atendido (Quadro 18)
Quadro 18 - Distribuiccedilatildeo das Educadoras conforme suas concepccedilotildees antes de atender a crianccedila e apoacutes o periacuteodo em que atende o aluno que estaacute em inclusatildeo
Participante
Antes de atender a crianccedila Atualmente
E01 Sentiu-se bem por jaacute conhecer o caso
Sente-se bem
E02 Sentiu-se assustada Sente-se mais tranquila
E03 Sentiu-se feliz porque percebeu que era um desafio
Sente-se ainda insegura
E04 Sentiu-se assustada Sente-se contente com a evoluccedilatildeo da crianccedila
E05 Sentiu-se apavorada Sente-se triste
E06 Sentiu-se apreensiva Sente-se gratificada com a evoluccedilatildeo da crianccedila
E07 Sentiu medo Sente-se medo e inseguranccedila
E08 Sentiu-se apavorada Sente-se mais segura
E09 Sentiu-se assustada Sente-se mais tranquila mas ainda tem medo de atender a crianccedila quando estaacute sozinha
Participantes A quanto tempo
atende essa crianccedila
E01 1 mecircs
E02 4 meses
E03 9 meses
E04 9 meses
E05 3 meses
E06 9 meses
E07 9 meses
E08 9 meses
E09 6 meses
94
A grande maioria das participantes relatou que natildeo se sentiu muito
confortaacutevel quando soube que iria atender uma crianccedila de inclusatildeo em sua turma
Sentiram-se com medo assustadas e apavoradas Foram os sentimentos mais
considerados por elas A seguir apresentam-se alguns exemplos de relatos
A Educadora E02 afirma ter ficado assustada e pensou
fiquei assim o que a gente vai fazer neacute Com todo mundo como que a gente vai desempenhar o trabalho Pedagoacutegico o que a gente vai fazer Dai depois a gente foi vendo tentando adaptar mas pelo grau de deficiecircncia dela assim que era tatildeo gritante ela se desenvolveu muito bem neacute
Outra Educadora que tambeacutem afirmou ter ficado assustada justifica esse
sentimento pelo fato de ter muitas crianccedilas na turma e por natildeo ter espaccedilo para
trabalhar com a crianccedila especial Ainda afirma
ele precisa de amparo de atenccedilatildeo especiacutefica para o desenvolvimento dele Se eu dou atenccedilatildeo pra ele eu tenho que virar as costas para outros dezoito alunos (E04)
Vale destacar a percepccedilatildeo da Educadora E06 que disse ter ficado
apreensiva porque outras Educadoras falaram que crianccedilas com autismo satildeo
agressivas e violentas
Apenas duas Educadoras afirmaram que sentiram bem uma porque jaacute
conhecia o caso e a outra porque percebeu que poderia ter uma grande
oportunidade de aprendizado
Dentre o modo como se sentem atualmente quatro Educadoras ainda se
manifestaram de alguma forma desconfortaacuteveis com o que vem acontecendo no
atendimento e por conta disso revelam sentir medo inseguranccedila tristeza As
demais afirmaram que modificaram seu pensamento em relaccedilatildeo agrave crianccedila foco da
pesquisa
Merece destaque especialmente a fala das Educadoras E01 E03 e E05 que
afirmam respectivamente que se sente bem em atender a crianccedila mas se percebe
um pouco desamparada e limitada em relaccedilatildeo a atender as necessidades dela diz
sentir falta de ajuda e acredita que poderia ter feito muito mais pela aluna diz que
se sente triste porque natildeo consegue fazer com que a crianccedila evolua da forma
correta
95
Acredita-se que tais sentimentos poderiam ser minimizados diante de um
trabalho efetivamente feito em conjunto com os serviccedilos do Atendimento
Educacional Especializado o qual poderia servir entre outras coisas a construccedilatildeo
de estrateacutegias que sirvam de suporte para todos os envolvidos no processo inclusivo
- crianccedilas famiacutelias educadoras professoras comunidade entre outros
(BENINCASA 2011)
Entendendo que o processo de inclusatildeo tambeacutem serve agrave promoccedilatildeo do
desenvolvimento infantil foi questionado como elas faziam para saber se essa
crianccedila estava se desenvolvendo
E nesse sentido as Educadoras trouxeram em seus relatos diferentes modos
pelos quais acompanham e avaliam o desenvolvimento das crianccedilas foco do
processo inclusivo entre os quais se destacam a comparaccedilatildeo com as demais
crianccedilas da turma (E01 e E02) em acordo com a execuccedilatildeo das atividades propostas
para a turma (E03 e E04) conforme alteraccedilotildees no comportamento ocorridas durante
o periacuteodo em que o aluno estaacute em inclusatildeo (E05 E06 e E09) e por fim seguindo
ldquoinstinto maternordquo (E04)
Merece destaque as consideraccedilotildees da Educadora E04 ao dizer que por ser
matildee percebe como seu aluno em inclusatildeo se desenvolve Ela diz que as
educadoras que natildeo satildeo matildees provavelmente natildeo percebam o desenvolvimento do
aluno como ela percebe Consideremos a afirmaccedilatildeo da Educadora E05 por
exemplo que avalia o desenvolvimento por meio da visualizaccedilatildeo das alteraccedilotildees de
comportamento que a crianccedila manifesta antes era ldquotiacutemidardquo e agora eacute ldquoagressivardquo
Mas salienta ldquoa gente natildeo tem conhecimento se 2 anos que eacute o caso dela se taacute
desenvolvido ou natildeo se taacute bem ou natildeo taacuterdquo
As Educadoras satildeo unacircnimes em falar que aplicam as mesmas atividades
para toda a turma com rariacutessimos momentos em que conseguem adequar
totalmente uma atividade exclusivamente para a crianccedila que estaacute em inclusatildeo Elas
chamam atenccedilatildeo para o fato de que esses alunos seguem a rotina da turma sem
grandes problemas e que a relaccedilatildeo com o restante da turma eacute o ponto forte da
estimulaccedilatildeo da aprendizagem desse alunado que apresenta dificuldades
Se por um lado elas se sentem bem com o fato de a crianccedila acompanhar
grande parte das atividades da turma por outro haacute relatos em que se mostram
incomodadas por natildeo poderem dar a atenccedilatildeo necessaacuteria para a individualidade dos
alunos em inclusatildeo
96
A Educadora E03 afirma que a crianccedila que estaacute em inclusatildeo entra na
atividade como as outras pois natildeo apresenta muita dificuldade em acompanhar os
demais Inclusive a Educadora sugere que a aluna aprende muito com o estiacutemulo
originado espontaneamente nas relaccedilotildees com o restante da turma e comenta
eacute na convivecircncia com as outras crianccedilas que eu tocirc vendo que ela evolui bem mais do que se eu intervir em alguma coisa
Jaacute a Educadora E08 fala que elas estatildeo bem felizes com o desenvolvimento
do aluno e que fazem um trabalho ldquomeio instintivordquo imaginam o que pode ser bom
para a crianccedila e aplicam porque segundo ela ldquonatildeo tem rumo ele estaacute num mar e a
gente tem que velejar para algum lugarrdquo E de um modo geral as atividades satildeo as
mesmas para todas as crianccedilas Ela afirma tambeacutem que percebe que o maior
estiacutemulo para o aluno que atende natildeo estaacute vindo das atividades diretamente mas
das outras crianccedilas Ela conta que
eles chamam ele pra brincar pegam o brinquedinho eles pegam o brinquedinho e levam pra ele brincar() Eles ajudam muito tanto que a parte do balbuciar (que o aluno aprendeu) eacute porque eles estatildeo falando muito eles vatildeo falam com ele e ele fala tambeacutem ele responde
43 Seccedilatildeo 03 Processo Inclusivo na Educaccedilatildeo Infantil
Esta parte do estudo tem como base o conjunto de informaccedilotildees relatadas
pelas participantes e que versam sobre a) o significado da inclusatildeo b) o motivo da
inclusatildeo c) a opiniatildeo dos participantes a respeito da inclusatildeo d) como deveriam ser
as Educadoras e os Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil - CMEIs para atender
bem ao processo inclusivo e) como a famiacutelia pode ajudar no processo de inclusatildeo
f) como a professora do Atendimento Educacional Especializado - AEE pode
contribuir para a inclusatildeo g) referecircncias e apoios utilizados e indicados para que o
processo inclusivo ocorra com qualidade h) se os Centros Municipais de Educaccedilatildeo
Infantil - CMEIs e as Educadoras estatildeo preparados para o processo inclusivo i)
como se daacute a participaccedilatildeo das famiacutelias atualmente j) vantagens e desvantagens do
processo inclusivo no Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil - CMEI e k)
97
comentaacuterio e sugestotildees para melhorar o processo inclusivo nos Centros Municipais
de Educaccedilatildeo Infantil - CMEIs
Esses dados foram organizados em seis grandes eixos em conformidade com
os objetivos especiacuteficos da pesquisa a saber 431 Concepccedilotildees dos Participantes
sobre o Processo Inclusivo 432 Participaccedilatildeo no Processo Inclusivo 433
Avaliaccedilatildeo do Processo Inclusivo 434 Referecircncias e Apoios utilizados e indicados
para que o Processo Inclusivo ocorra com qualidade 435 Vantagens e
Desvantagens do Processo Inclusivo e 436 Sugestotildees e Comentaacuterios visando a
melhoria do Processo Inclusivo na Educaccedilatildeo Infantil
431 Concepccedilotildees dos Participantes sobre o Processo Inclusivo
Quando se questiona o que significa falar que a crianccedila estaacute em inclusatildeo eacute
possiacutevel perceber que o processo em si natildeo se mostra bem claro para as
participantes do estudo
As matildees datildeo ecircnfase no sentido de que estar em inclusatildeo eacute estar com
crianccedilas normais jaacute as professoras do Atendimento Educacional Especializado -
AEE e as educadoras demonstram menos homogeneidade nas respostas
Nas informaccedilotildees ofertadas pelas matildees foi possiacutevel evidenciar que o
significado de a crianccedila estar em inclusatildeo estaacute mais relacionado a
- Chance de estar com crianccedilas da mesma idade e de aprender coisas que natildeo
aprende em casa
- Estar com crianccedilas normais
- Refere-se agrave outra escolinha (ao Atendimento Educacional Especializado)
Nas respostas maternas que indicam que estar em inclusatildeo eacute estar com os
ldquonormaisrdquo elas demonstram que eacute o mesmo que estar com crianccedilas da mesma faixa
etaacuteria O que parece reduzir em muito a amplitude do que o fato pode representar
natildeo para as matildees e profissionais da educaccedilatildeo mas e principalmente para a
crianccedila que estaacute em inclusatildeo Longe de ter uma conotaccedilatildeo pejorativa os relatos
enfatizam que ldquoestar com os normaisrdquo eacute tambeacutem poder ter acesso a aprendizagens e
98
oportunidades de experiecircncias mais proacuteximas agraves adequadas e esperadas para a
faixa etaacuteria das crianccedilas Essa percepccedilatildeo materna parecer ter sido construiacuteda junto
aos proacuteprios motivos e objetivos pelos quais elas matricularam seus filhos nos
CMEIs estar com crianccedilas da mesma idade
A Matildee 03 salienta que ldquoa gente costuma falar que o CMEI deixou de ser
depoacutesito pra ser lugar de aprendizadordquo
Jaacute a Matildee 01 reforccedila a noccedilatildeo de que estar em inclusatildeo eacute ldquoestar com pessoas
normaisrdquo ao afirmar que um dos motivos da inclusatildeo de crianccedilas pequenas eacute que
elas precisam de estiacutemulos e que eacute necessaacuterio ldquobuscar esse estiacutemulo entre os
normaisrdquo
Como jaacute afirmado acima no relato das profissionais (Educadoras dos Centros
Municipais de Educaccedilatildeo Infantil e Professoras do Atendimento Educacional
Especializado) natildeo haacute homogeneidade na percepccedilatildeo do que significa estar em
inclusatildeo
Entre as Educadoras haacute uma tendecircncia de em semelhanccedila agraves matildees
afirmarem que estar em inclusatildeo eacute ldquoestar com normaisrdquo mas tambeacutem haacute aquelas
que dizem que eacute atender a crianccedila especial em sua particularidade e aquelas que
natildeo acreditam que o que estaacute ocorrendo seja inclusatildeo pelas condiccedilotildees precaacuterias
que percebem Logo o significado de afirmar que essa crianccedila estaacute em inclusatildeo
para o grupo das Educadoras eacute
- Estar com crianccedilas da mesma faixa etaacuteria
- Que o aluno eacute visto como uma crianccedila normal
- Estar com crianccedilas normais
- Tratar a crianccedila em sua particularidade
- Que o aluno natildeo seraacute tratado como diferente
- Significa responsabilidade
- Que a crianccedila estaacute ldquomisturadardquo com os demais
A maioria dos relatos evidencia certa tendecircncia em relacionar estar em inclusatildeo com
aspectos sociais e a natildeo diferenciaccedilatildeo do atendimento a esse alunado Os relatos
em destaque ilustram essas concepccedilotildees
99
Que ele estaacute inserido na sala que ele natildeo estaacute sendo tratado diferente que ele participa das atividades e faz parte do grupo apesar das dificuldades (E04)
Que ele estaacute dentro de uma sala com crianccedilas relativamente da mesma idade participando das atividades que todas as crianccedilas podem realizar se tornando membro de uma sociedade (E08)
Que ele estaacute incluso em um ambiente da faixa etaacuteria dele com outros tipos de crianccedila (E09)
Nos relatos das educadoras ainda eacute possiacutevel perceber que haacute contradiccedilotildees
no que elas pensam ser a inclusatildeo e o que elas vivenciam como inclusatildeo no dia a
dia de trabalho tal como para as educadoras E01 e E02
Para a educadora E01 estar em inclusatildeo significa dizer que a crianccedila estaacute
ldquomisturadardquo O que segundo ela
eacute essa a realidade que a gente vecirc entende Eacute um eacute misturar neacute[] Entatildeo hoje a gente recebe a crianccedila e sem saber o que fazer com ela Isso natildeo eacute inclusatildeo pra mim
Jaacute para a E02 estar em inclusatildeo significa ldquoresponsabilidaderdquo Essa educadora
se diz assustada com o tamanho da importacircncia de ter uma crianccedila em inclusatildeo na
Educaccedilatildeo Infantil e justifica dizendo
Porque eu penso seraacute que estou desempenhando um bom trabalho com ela Seraacute que isso taacute ajudando Seraacute que isso vai ser significativo no segundo semestre ou natildeo E ao mesmo tempo em que eu sinto por intuiccedilatildeo que sim de fato eu natildeo sei se a gente estaacute fazendo um bom trabalho com ela
No caso das Professoras do Atendimento Educacional Especializado as
respostas tambeacutem natildeo parecem ter uma concordacircncia entre si Nas respostas os
significados de afirmar que essa crianccedila estaacute em inclusatildeo foram
- Natildeo vecirc sentido de se falar que ela estaacute em inclusatildeo pois eacute uma crianccedila
normal como qualquer outra
- Eacute colocar a crianccedila no conviacutevio com os demais
- Significa que estaacute ocorrendo uma mudanccedila de paracircmetro
- Significa que a crianccedila estaacute tendo um atendimento diferente
100
A professora P01 enfatiza que estar em inclusatildeo no CMEI significa que o
aluno estaacute usufruindo de um direito que eacute de todas as crianccedilas Jaacute a P02 ressalta os
aspectos da possibilidade que a inclusatildeo tem de facilitar a socializaccedilatildeo da crianccedila
pequena P03 ao sugerir que a inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil eacute uma mudanccedila de
paracircmetro tambeacutem indica que estar no CMEI eacute um direito de todas as crianccedilas e
considera que quanto mais cedo for a ldquointervenccedilatildeordquo melhor para o futuro do aluno
penso que eacute uma evoluccedilatildeo muito grande na educaccedilatildeo Que eles tecircm o mesmo direito que qualquer outra crianccedila tem acho assim quanto mais cedo buscar ajuda buscar reabilitaccedilatildeo buscar superar as dificuldades melhor para a crianccedila para o seu desenvolvimento neacute
Eacute possiacutevel perceber que no conjunto das informaccedilotildees as contradiccedilotildees do que
significa estar em inclusatildeo satildeo grandes Desse modo diante dos dados oferecidos
pelas participantes haacute que se perceber que conforme jaacute assinalado por Carvalho
(2011) os termos utilizados nesse acircmbito aleacutem de reduzirem a condiccedilatildeo de sujeito
que ali participa tambeacutem podem induzir a geraccedilatildeo de preconceitos pois implicam
em praacuteticas e experiecircncias agraves quais natildeo eacute possiacutevel mensurar o impacto nas
particularidades das pessoas Tambeacutem Rodrigues (2006) chama a atenccedilatildeo para o
fato de que no momento em que alguns alunos e natildeo outros satildeo considerados e
apontados ndash e portanto fabricados ndash como sendo os diferentes jaacute inscrevemos
nesse processo em termos de separaccedilatildeo e uma diminuiccedilatildeo do outro processo que
eacute contraditoacuterio agravequilo que os textos das reformas anunciam e enunciam
Quanto agrave percepccedilatildeo das profissionais pode-se considerar que poderia ser
mais ampliada talvez ateacute mais homogecircnea caso houvesse mais discussotildees a
respeito do assunto entre o grupo Ter essa identidade nos significados poderia ser
um passo inicial para a construccedilatildeo do processo inclusivo na rede especialmente
mais voltado para as necessidades da crianccedila pequena e da proacutepria estrutura da
Educaccedilatildeo Infantil
Foi questionado qual seria a opiniatildeo delas diante da seguinte situaccedilatildeo se
algueacutem lhe perguntasse qual eacute o motivo de crianccedilas com deficiecircncia estarem
frequentando o CMEI o que vocecirc diria
As matildees indicam perceber que para a crianccedila estar no CMEI eacute uma oportunidade
de aprendizado diferente e mais amplo em relaccedilatildeo ao outros contextos aleacutem de ser
um direito Dentro das categorias evidenciadas nas falas das matildees apenas uma natildeo
101
soube o que falar as demais colocaram como motivo o de crianccedilas pequenas com
deficiecircncia poderem frequentar o CMEI
- Porque a crianccedila com deficiecircncia faz parte da sociedade
- Porque a crianccedila precisa de estiacutemulo
- Eacute um direito de todos
- Porque eacute um lugar de aprendizado
- O Centro Municipal de Educaccedilatildeo Infantil eacute para qualquer crianccedila
- Faz parte do processo educacional da crianccedila
A Matildee 03 salienta que ldquoa gente costuma falar que o CMEI deixou de ser
depoacutesito pra ser lugar de aprendizadordquo
Jaacute a Matildee 01 reforccedila a noccedilatildeo de que estar em inclusatildeo eacute ldquoestar com pessoas
normaisrdquo ao afirmar que um dos motivos da inclusatildeo de crianccedilas pequenas eacute que
elas precisam de estiacutemulos e que eacute necessaacuterio ldquobuscar esse estiacutemulo entre os
normaisrdquo
Alves (2007) tambeacutem percebeu que para os pais a instituiccedilatildeo de educaccedilatildeo
infantil era um ldquobom lugarrdquo para o seu filho se desenvolver com condiccedilotildees e ofertas
que as famiacutelias sentem natildeo poder oferecer aos filhos Os pais da pesquisa de Alves
(2007) indicavam sentirem-se desinformados e desqualificados frente aos
profissionais que satildeo especialistas
No caso das respostas das Educadoras a socializaccedilatildeo da crianccedila com deficiecircncia
tambeacutem eacute enfatizada como a parte positiva da inclusatildeo poreacutem indicam que haacute
muitas necessidades que esse processo traz e que devem ser repensadas e
revistas Essa tendecircncia de relacionar diretamente socializaccedilatildeo e inclusatildeo tambeacutem
foi verificada no estudo de Vitta Vitta e Monteiro (2010) Foram categorias
evidenciadas nas entrevistas destas participantes sobre o motivo de crianccedilas
pequenas com deficiecircncia poderem frequentar o CMEI
- Porque todas as crianccedilas precisam das mesmas oportunidades
- Que por tem direito de participar da Escola Regular
102
- Porque eacute importante a socializaccedilatildeo
- Ela diz que eacute algo obrigatoacuterio por lei
- Elas estatildeo no CMEI para ter conviacutevio social e para o seu desenvolvimento
- Eacute uma preparaccedilatildeo da crianccedila para o Ensino Fundamental
- Que o aluno eacute uma crianccedila normal independente das suas necessidades
- Que eacute importante o aluno ver outras crianccedilas
Apenas uma Educadora afirmou que natildeo saberia o que dizer caso fosse
questionada a esse respeito
Vale ressaltar que a Educadora E04 afirma que fica chateada de natildeo
conhecer mais para poder responder quando as outras Educadoras perguntam o
que essa crianccedila estaacute fazendo ali e se natildeo deveria estar numa Escola Especial Ela
afirma tambeacutem que a inclusatildeo soacute vai fazer diferenccedila para a crianccedila se a educadora
tiver conhecimento e um trabalho aplicado ao aluno
Novamente chama-se a atenccedilatildeo para o que Jesus (2008) reflete no que tange
a formaccedilatildeo docente para a inclusatildeo dizendo que o desafio maior que se apresenta
eacute tentar instituir outras praacuteticas de potencializaccedilatildeo dos saberes-fazeres de tal modo
que a presenccedila de alunos em situaccedilatildeo de desvantagem de qualquer natureza natildeo
seja paralisadora de accedilotildees docentes
Jaacute as professoras do Atendimento Educacional Especializado falam que aleacutem
da socializaccedilatildeo da crianccedila pequena tambeacutem a inclusatildeo contribui para que haja a
superaccedilatildeo de suas dificuldades e serve agrave preparaccedilatildeo para sua trajetoacuteria como
aluno Portanto dentro de seus relatos foi possiacutevel evidenciar as seguintes
categorias sobre o motivo de crianccedilas pequenas com deficiecircncia poderem frequentar
o CMEI
- Que eacute um direito e que eacute pra ela que foi feita a escola
- Toda crianccedila tem direito de participar independente da deficiecircncia
- Eacute importante que essa crianccedila conviva com outras crianccedilas
- Eacute uma determinaccedilatildeo legal
- Eacute uma questatildeo social
- Eacute uma oportunidade de guarda da crianccedila enquanto os pais trabalham
103
De modo geral a inclusatildeo oscila entre ser uma oportunidade de socializaccedilatildeo
e o respeito a um direito que eacute de todas as crianccedilas ndash o de ter acesso agrave
escolarizaccedilatildeo
Zorteacutea (2007) questiona a afirmaccedilatildeo que eacute corrente sobre qual o maior ganho
da inclusatildeo da crianccedila com deficiecircncia que segundo ela dizer que eacute apenas
ldquosocializaccedilatildeordquo eacute ignorar o que as relaccedilotildees sociais produzem de aprendizado de
forma impliacutecita Segundo a autora natildeo eacute possiacutevel separar os aspectos afetivos
cognitivos ou psicomotores da socializaccedilatildeo em si por exemplo
Quanto agrave ecircnfase dada agrave inclusatildeo como direito de acesso a escolarizaccedilatildeo e
oportunidades diversas de aprendizado e desenvolvimento pensa-se que haacute que se
considerar profundamente o que Soares (2006) alerta ao destacar que o fato de ter
crianccedila com necessidades especiais na escola natildeo significa que seja uma instituiccedilatildeo
inclusiva Ou seja a garantia do acesso agrave instituiccedilatildeo de Educaccedilatildeo Infantil e ao
Atendimento Educacional Especializado pode seguir a mesma loacutegica
Pensa-se que diante das informaccedilotildees oferecidas pelas participantes se faz
necessaacuterio discutir a importacircncia da inclusatildeo para aleacutem da socializaccedilatildeo enquanto
parte tambeacutem de um plano de intervenccedilatildeo precoce Principalmente quando se
percebe que nem todas as crianccedilas que tem deficiecircncia ou alteraccedilatildeo no
desenvolvimento frequentam serviccedilos em centros de referecircncia ou tem no
Atendimento Educacional Especializado a complementaccedilatildeo necessaacuteria para a
garantia de promoccedilatildeo do seu desenvolvimento e apoio agrave famiacutelia
Como exemplo disso pode-se citar que entre o grupo de crianccedilas dessa
pesquisa haacute uma aluna que tem Siacutendrome de Down e que natildeo frequenta nenhum
tipo de serviccedilo especializado na aacuterea da sauacutede e que vai para o AEE apenas uma
vez na semana durante 1 hora Pode-se inferir que para essa crianccedila estar no CMEI
eacute fundamental pois o periacuteodo de oito horas diaacuterias que ela passa laacute eacute onde se
encontra o maior contingente de experiecircncias de aprendizagem e de promoccedilatildeo de
seu desenvolvimento
104
432 ParticipaccedilatildeoAtuaccedilatildeo no Processo Inclusivo no CMEI
Investigar o modo como se daacute a participaccedilatildeo das Matildees Educadoras e
Professoras no processo de inclusatildeo da crianccedila pequena se justifica pois conforme
evidenciado por Bhering e Sarkis (2009) quando uma crianccedila ingressa na creche haacute
uma ampliaccedilatildeo de suas relaccedilotildees sociais e de sua famiacutelia Esse novo complexo de
interaccedilotildees passaratildeo a interferir de algum modo para a criaccedilatildeo e re-criaccedilatildeo de
diferentes crenccedilas valores haacutebitos formas de se relacionar de fazer e assim de
perceber o desenvolvimento dessa crianccedila Essa influecircncia eacute muacutetua entre os
sujeitos que se relacionam direta ou indiretamente E eacute nesse contexto que nossas
crianccedilas pequenas na atualidade se deparam para vivenciar sua infacircncia e nesta
pesquisa sua inclusatildeo no ensino regular (BHERING e SARKIS 2009)
Duas das quatro matildees participantes demonstraram ser bastante atuantes no
que se refere ao atendimento no CMEI Segundo seus relatos elas costumam levar
orientaccedilotildees dos especialistas que atendem seus filhos para as educadoras e para as
professoras do AEE Mas essas conversas com as educadoras natildeo raro costumam
ser na entrada ou na saiacuteda das crianccedilas do CMEI Isso se reflete de modo geral em
todas as matildees Todas costumam conversar sobre suas crianccedilas nos mesmos
momentos ndash entrada e saiacuteda do CMEI Enquanto as primeiras buscam informar as
educadoras sobre as ldquonovidadesrdquo acerca de suas crianccedilas as demais conversam
apenas sobre como foi o dia dos filhos no CMEI
Nos relatos maternos natildeo aparecem momentos nos quais foram discutidos e
produzidos conceitos objetivos ou planejadas abordagens para a inclusatildeo de seus
filhos e se isso ocorreu elas natildeo conseguiram identificar e incluir em seus relatos ndash
nem com as educadoras ou com as professoras do AEE A relaccedilatildeo que elas tecircm
com as professoras do Atendimento Educacional Especializado tambeacutem natildeo parece
contribuir efetivamente para sua percepccedilatildeo e interaccedilatildeo no processo inclusivo do
filho na maioria dos casos jaacute que duas matildees natildeo souberam dizer de que forma o
AEE poderia auxiliar na inclusatildeo dos filhos sendo que uma afirmou que o
atendimento individual da crianccedila seria o suficiente para tal
A interaccedilatildeo das matildees no processo inclusivo que ocorre no CMEI aparece
em desacordo com o que se verifica na literatura pertinente e na qual se recomenda
que a famiacutelia participe o maacuteximo possiacutevel dos atendimentos seja na Educaccedilatildeo
105
Infantil ou na Educaccedilatildeo Especial (BARROS 2003 CUEVAS 2003 MANCINI et al
2004 MARTINS e VIEIRA 2009 MACARINI SARTORI SACANI e VALENTINI
2010)
De outro modo quando comparada agrave interaccedilatildeo das matildees com o CMEI
cujos filhos estatildeo em inclusatildeo com outros estudos sobre crianccedilas sem deficiecircncia
os dados satildeo bem semelhantes e as interaccedilotildees satildeo em maioria relatadas como
aligeiradas realizadas no portatildeo e nos momentos de entrada e na saiacuteda do aluno
(LORDELO et al 2007 SOUZA 2008 CAMPOS et al 2011 FERNANDES 2011)
Ou seja o fato da inclusatildeo trouxe pouca modificaccedilatildeo no que tange agrave participaccedilatildeo
das matildees no atendimento dos filhos que estatildeo no CMEI
No que se refere agrave participaccedilatildeo das professoras do Atendimento
Educacional Especializado no processo inclusivo da crianccedila pequena dentro do
CMEI esse se mostra um pouco obscuro principalmente por parte dos relatos das
matildees e das educadoras Trecircs das matildees natildeo relacionaram o processo de inclusatildeo no
CMEI ao Atendimento Educacional Especializado e quatro das educadoras natildeo
souberam o que era o AEE As demais educadoras ao falarem sobre como o
Atendimento Educacional Especializado poderia contribuir com o processo de
inclusatildeo demonstraram natildeo ter muita clareza da funccedilatildeo e da abrangecircncia desse
atendimento
Na fala das proacuteprias professoras do Atendimento Educacional Especializado
sua participaccedilatildeo estaacute mais voltada para o atendimento direto agrave crianccedila pequena
Essa posiccedilatildeo eacute justificada tambeacutem pelo fato de que essas profissionais demonstram
natildeo ter muita clareza de qual eacute o seu papel diante da inclusatildeo da crianccedila pequena
Elas mesmas destacam que atender crianccedilas tatildeo pequenas traz novas
necessidades e perspectivas do seu trabalho antes apenas realizado com os alunos
do Ensino Fundamental
Quando questionadas sobre o atendimento com a crianccedila elas tambeacutem
indicaram que isso estaacute sendo definido Mesmo quando citam que desenvolvem
atividades de estimulaccedilatildeo eacute possiacutevel perceber que esse conceito natildeo estaacute bem
estabelecido para elas
Desse modo infere-se que entre as necessidades que surgem com a
inclusatildeo da crianccedila pequena nos CMEIs estaacute primordialmente estabelecida a de
que essas profissionais precisam ter espaccedilo tempo e recursos para melhor delinear
106
qual eacute a caracteriacutestica maior do seu atendimento quando este for voltado para a
Educaccedilatildeo Infantil
No que se refere agrave atuaccedilatildeo ou participaccedilatildeo das educadoras essas
demonstram que natildeo sabem lidar com o processo inclusivo Segundo elas natildeo haacute
orientaccedilatildeo suficiente nem conhecimento para que consigam construir um
planejamento voltado para a inclusatildeo das crianccedilas pequenas Elas relatam tambeacutem
que ensaiam algumas accedilotildees isoladas no dia a dia na tentativa de dar um
atendimento um pouco diferenciado para o aluno que estaacute em inclusatildeo conforme jaacute
indicado em subcapiacutetulo anterior
Em relaccedilatildeo agraves interaccedilotildees que ocorrem no processo de inclusatildeo tambeacutem
cabe ressaltar a relevacircncia que as relaccedilotildees entre as crianccedilas pequenas tomam
frente agrave promoccedilatildeo do desenvolvimento uns dos outros
Nos relatos das Educadoras fica evidente o importante papel das outras
crianccedilas no quesito citado acima
A Educadora E01 diz que percebe um ldquosentimento de solidariedade entre as
crianccedilas que eacute muito interessanterdquo e que
eles (educadores) tecircm um sentimento de ser igual aquela pessoa (que estaacute em inclusatildeo) que agraves vezes a gente que eacute adulto e que natildeo conviveu com crianccedilas com deficiecircncia a gente natildeo tem E eles que convivem eles tecircm O sentimento eacute assim de que ela eacute igual a gente mas algueacutem tem que se preocupar com ela
A Educadora E04 tambeacutem verificou algo semelhante ldquoas crianccedilas natildeo o
excluem Eles querem levar ele para brincar se ele natildeo vem eles vatildeo ateacute ele para
brincarrdquo
O que tambeacutem eacute reforccedilado pelo relato da Educadora E08 ldquoo estiacutemulo estaacute
vindo dos colegas eles chamam ele pra brincar pegam o brinquedinho e levam para
ele brincar [] Eles ajudam muitordquo
E nesse acircmbito Zorteacutea (2007) percebeu em seu estudo que o brincar
aparece reafirmado como uma estrateacutegia que possibilita a aproximaccedilatildeo entre as
crianccedilas constituindo-se como espaccedilos de produccedilatildeo de cultura nos quais podem
experimentar o pertencimento e que na inclusatildeo educacional as interaccedilotildees entre as
crianccedilas revelam-se como um processo dinacircmico e fundamental Isso porque os
encontros entre as crianccedilas satildeo reveladores de caminhos a serem percorridos e
desencadeadores das suas potecircncias e de seus pares em que compartilham
sentidos que nem sempre se mostram facilmente para os adultos (ZORTEacuteA 2007)
107
433 Referecircncias e Apoios utilizados e indicados para que o Processo
Inclusivo ocorra com qualidade
As entrevistadas informaram quais as maiores dificuldades em relaccedilatildeo a
atender as condiccedilotildees das crianccedilas pequenas com necessidades especiais o que
fazem ou quem procuram para resolver isso
Nos relatos das matildees apenas uma disse que tinha dificuldade em atender o
filho a qual estaacute relacionada ao comportamento do mesmo As demais natildeo
indicaram nenhuma dificuldade Quando ocasionalmente surgem duacutevidas ou
dificuldades sobre a crianccedila de modo geral elas procuram os profissionais da aacuterea
de sauacutede
Na presente pesquisa tambeacutem foi possiacutevel perceber se as matildees recebem
orientaccedilotildees sobre suas crianccedilas como se organizam em sua rotina em famiacutelia e
quais as referecircncias utilizadas por essas matildees quando aparecem duacutevidas sobre
como atender o filho
As Matildees 01 02 e 03 demonstraram que a rotina da crianccedila eacute bem corrida
pela quantidade de atendimentos que ocorrem na semana As Matildees 01 e 03
comentaram que quando estatildeo com o filho em casa buscam desviar as atividades
dos aspectos corretivos terapecircuticos e orientam os programas familiares agrave interaccedilatildeo
entre os demais membros atividades corriqueiras e de lazer Jaacute as Matildees 02 e 04
afirmaram que buscam estimular o filho em casa
A Matildee 01 quando recebe orientaccedilotildees sobre o filho que costumam vir dos
profissionais dos centros especializados que a crianccedila frequenta e da professora do
AEE
No caso da Matildee 03 a fonoaudioacuteloga passa algumas sugestotildees de atividades
mas quem atende mais essas necessidades eacute o avocirc materno Essa matildee busca ter
outra conduta com a filha devido ao pouco tempo que passam juntas diariamente
A Matildee 02 costuma receber orientaccedilotildees do centro especializado que a crianccedila
frequenta entatildeo tenta fazer em casa as atividades que passam para ela A Matildee 04
tenta realizar as orientaccedilotildees que a professora do AEE passa e algumas das
atividades que as educadoras fazem no CMEI e que contam para ela Essa uacuteltima
matildee quando tem duacutevidas sobre a filha busca o centro especializado para dirimi-las
108
Por fim nesse grupo de perguntas foi solicitado que elas informassem se
recebem ou jaacute receberam orientaccedilotildees sobre como atender o filho quem passou as
orientaccedilotildees como isso ocorre e sobre o que satildeo essas orientaccedilotildees
As Matildees 01 02 e 03 afirmam que recebem orientaccedilotildees de como atender a
crianccedila e quem passa geralmente satildeo os profissionais especialistas dos centros de
atendimentos nos quais seus filhos fazem parte
Jaacute a Matildee 04 conta que jaacute recebeu orientaccedilatildeo de alguns especialistas e da
professora do AEE e que atualmente conversa com as educadoras para saber o
que elas fazem no CMEI a fim de poder fazer as atividades em casa tambeacutem
Logo segundo as Matildees cada especialista passa a sua recomendaccedilatildeo de
modo separado dos demais Elas tambeacutem informaram que natildeo costumam participar
dos atendimentos dos filhos por vaacuterios motivos entre eles pelo fato de que natildeo satildeo
convidadas considerando-se que a crianccedila ficaria mais agitada ou mesmo porque
trabalham e natildeo tendo disponibilidade para participar
Destaca-se que um trabalho de intervenccedilatildeo precoce centrado na famiacutelia deve
considerar a participaccedilatildeo efetiva e ativa desta no processo de reabilitaccedilatildeo de
educaccedilatildeo e de desenvolvimento de seu filho (GINEacute GRACIA VILASECA e
BALCELLS 2009)
No caso do grupo das professoras do Atendimento Educacional
Especializado trecircs das participantes informaram como maior dificuldade a
adequaccedilatildeo do seu trabalho agrave condiccedilatildeo da crianccedila pequena que estaacute na Educaccedilatildeo
Infantil Isso porque elas natildeo sabiam como construir esse trabalho especificamente
voltado agraves caracteriacutesticas e necessidades da Educaccedilatildeo Infantil Tais dados permitem
afirmar que se faz necessaacuterio e urgente construir uma abordagem que defina melhor
o trabalho do Atendimento Educacional Especializado voltado para a Educaccedilatildeo
Infantil e que este englobe princiacutepios que evidenciem a crianccedila - como sujeito em
desenvolvimento suas necessidades na infacircncia a importacircncia dos contextos e de
suas relaccedilotildees com a inclusatildeo (famiacutelia CMEI entre outros) e tambeacutem o papel desse
professor diante da inclusatildeo e da promoccedilatildeo do desenvolvimento infantil
As professoras do Atendimento Educacional Especializado relatam
como sendo suas maiores dificuldades
- Adequar o trabalho do AEE para a crianccedila que estaacute na Educaccedilatildeo Infantil
109
- Medo de machucar a crianccedila
A professora P01 afirma que sua maior dificuldade foi definir e se adequar ao
trabalho voltado para a Educaccedilatildeo Infantil Segundo ela
vocecirc planeja dar aula pra vocecirc e natildeo pro aluno que natildeo sabe E eacute a questatildeo tradicional da Educaccedilatildeo Fundamental de querer ensinar a ler escrever e usar caderno e que a Educaccedilatildeo Infantil natildeo tem isso
P03 tambeacutem faz afirmaccedilotildees nesse mesmo sentido justificando porque sentiu
medo quando soube que iria atender uma crianccedila pequena
ai com bastante medo sinceramente com bastante medo Eu natildeo tinha tido experiecircncia com crianccedila pequena ainda mais com berccedilaacuterio Minha experiecircncia toda era no Ensino Fundamental com crianccedilas maiores e que praticamente natildeo possuiacuteam dificuldade neacute
A professora P03 diz que tem medo de machucar a crianccedila por natildeo ter
conhecimento suficiente para atender agrave condiccedilatildeo da mesma
E a professora P04 indica que tem dificuldade em estabelecer o que vai
trabalhar com a crianccedila e como vai fazer isso
Em relaccedilatildeo ao que fazem quando surgem as duacutevidas e dificuldades todas
fizeram referecircncia agrave equipe da Educaccedilatildeo Especial do muniacutecipio afirmando que
costumam trocar informaccedilotildees com os demais membros da equipe de avaliaccedilatildeo e
com as outras professoras do AEE
Todas informaram que receberam algumas orientaccedilotildees da equipe da
Educaccedilatildeo Especial sobre as condiccedilotildees das crianccedilas que iriam atender e que essas
orientaccedilotildees acontecem conforme surgem as necessidades ao longo dos
atendimentos
Jaacute no que se refere ao grupo das educadoras nesse quesito apenas duas
Educadoras (E02 e E08) afirmaram que natildeo possuem dificuldades em atender a
crianccedila em inclusatildeo As informaccedilotildees dadas pelas demais educadoras estatildeo
descritas a seguir
Dificuldades indicadas pelas Educadoras desta pesquisa agraves categorias
indicadas abaixo
110
- Dar atenccedilatildeo individualizada para a crianccedila em inclusatildeo
- Dificuldade de se comunicar com o aluno
- Quantidade de crianccedilas por turma
- Natildeo saber lidar com comportamento estereotipado do aluno
- Falta de informaccedilatildeo sobre as condiccedilotildees da crianccedila que estaacute em inclusatildeo
- Medo de machucar a crianccedila
Vale ressaltar alguns relatos entre os quais os das educadoras E01 E03
E04 e E05
A Educadora E01 percebe que a crianccedila precisaria de uma atenccedilatildeo mais
individualizada diariamente para desenvolver determinadas habilidades contudo as
educadoras natildeo conseguem disponibilizar esse momento pois as demandas da
turma satildeo muito grandes
Para a Educadora E03 o que mais chama atenccedilatildeo satildeo as dificuldades de
comunicaccedilatildeo com a crianccedila ldquoagraves vezes fico pensando se ela taacute entendendo o que
eu tocirc falando o que ela quer falar pra mim agraves vezes eu natildeo consigo entender
direitordquo
No caso da Educadora E04 foi citada como dificuldades a falta de informaccedilatildeo
para atender crianccedilas como o caso dele e o medo de fazer algo que possa
prejudica-lo Tambeacutem reforccedila a falta de tempo para dar atenccedilatildeo especiacutefica agraves
necessidades dele e a quantidade de crianccedilas por turma
E por fim a Educadora E05 fala da sala superlotada e da falta de
conhecimento em como atender agraves necessidades da crianccedila
no momento da alimentaccedilatildeo agraves vezes a gente natildeo tem como taacute dando alimento na matildeo na boca entatildeo ela mesma tenta se alimentar e agraves vezes cai [a comida] Ela natildeo se alimenta da forma correta
As participantes tambeacutem informaram o que fazem ou quem procuram quando
tem duacutevidas ou dificuldades sobre a crianccedila
Segundo as Educadoras quando surgem duacutevidas ou dificuldades em
atender a crianccedila que estaacute em inclusatildeo elas procuram
- Pedagoga do CMEI
111
- Colega de sala e a matildee do aluno
- Professora do AEE e matildee do aluno
- Colega de sala
- Tenta resolver sozinha
- Matildee do aluno
Segundo quatro das entrevistadas (E01 E02 E05 e E09) a referecircncia na
maioria dos casos de dificuldades ou duacutevidas satildeo as pedagogas dos CMEIs Poreacutem
haacute situaccedilotildees em que as Educadoras buscam resolver suas dificuldades sozinhas
direto com a colega de sala ou com a matildee do aluno
A Educadora E03 procura a colega de sala que eacute psicopedagoga e a matildee
quando eacute necessaacuterio Indica que natildeo procura a Pedagoga do CMEI porque percebe
que essa profissional tambeacutem natildeo tem muito conhecimento sobre esse assunto
Interessante perceber que a Educadora E07 busca pesquisar a respeito de
suas duacutevidas Quando possiacutevel pergunta para a professora do AEE e para a matildee da
crianccedila Ela diz que natildeo busca as Pedagogas do CMEI por perceber que tambeacutem
lhes falta experiecircncia e conhecimento sobre a crianccedila em inclusatildeo
E por fim as Educadoras E02 e E04 desabafam
Dificilmente algueacutem vem perguntar pra gente como a Manu estaacute Desde que a gente comeccedilou a trabalhar com ela nunca ningueacutem veio perguntar pra mim natildeo sei se para as outras meninas mas enquanto estou na sala ningueacutem veio Pra mim ningueacutem veio ningueacutem perguntar da crianccedila (E02)
Na realidade a gente acaba indo na sorte porque natildeo tem uma orientaccedilatildeo mesmo Eu procurei na internet por livros e natildeo achei nada que falasse de crianccedilas pequenas com esse problema [] Parece que as crianccedilas natildeo existem nessa eacutepoca Eacute muito triste Para berccedilaacuterios natildeo encontra atividades tambeacutem (E04)
Sobre se recebem ou receberam algum tipo de orientaccedilatildeo relativo ao
atendimento da crianccedila em inclusatildeo apenas uma educadora (E05) afirmou natildeo ter
recebido qualquer tipo de orientaccedilatildeo sobre como atender a crianccedila As demais
destacam que as orientaccedilotildees natildeo satildeo frequentes mas que jaacute as receberam em
algum momento ao longo desse periacuteodo em que atendem a turma
A Educadora E01 afirma que normalmente natildeo recebe orientaccedilotildees mas que
jaacute recebeu da pedagoga do CMEI A Educadora E02 diz que costuma conversar com
112
as Educadoras e quando necessaacuterio faz pesquisas na internet ou busca orientaccedilotildees
junto agrave Pedagoga Segundo a E03 jaacute recebeu informaccedilotildees da Pedagoga logo que a
crianccedila entrou na turma e teve um contato breve com a professora do AEE e com
uma das psicoacutelogas do municiacutepio Mas segundo ela esses contatos natildeo foram
suficientes para causar modificaccedilotildees em sala e afirma ldquodaiacute eu trabalho o que eu
acho com ela o que eu trabalho com os outrosrdquo
No caso das Educadoras E06 e E07 elas recebem orientaccedilotildees da matildee da
crianccedila que estaacute em inclusatildeo e da professora do AEE
Jaacute as Educadoras E04 E08 e E09 dizem que receberam a visita de uma
fisioterapeuta que foi designada especialmente para o caso do aluno e de uma
professora que ela natildeo entendeu bem quem era
Eacute perceptiacutevel por meio dos relatos anteriores que as orientaccedilotildees que elas
indicam que jaacute receberam ou que ainda recebem natildeo parecem ser determinantes no
que diz respeito a produzir modificaccedilotildees no processo de inclusatildeo da crianccedila
pequena
Guasselli (2005) ao realizar pesquisa com professoras do Ensino
Fundamental sobre o processo inclusivo tambeacutem percebeu que as mesmas
demonstravam crer na necessidade de ampliar seus conhecimentos acerca da
condiccedilatildeo de seu aluno e tambeacutem sentiam ndash se inseguras para desempenhar seu
trabalho com essa crianccedila
Drago (2005) verificou em seu estudo que quando as educadoras apresentam
uma concepccedilatildeo de inclusatildeo mal compreendida isso parece ajudar a promover uma
praacutetica docente permeada por preconceitos e estigmas
Claramente se percebe que cada grupo (matildees educadoras e professoras do
AEE) busca a seu modo a resoluccedilatildeo de problemas e duacutevidas que envolvem a
inclusatildeo e que isso se dando de maneira isolada natildeo contribui para que todos os
envolvidos possam refletir e aprender juntos Desse modo a inclusatildeo deixa de ser
uma questatildeo de todos para ser uma questatildeo de uns poucos Cabe destacar que
incluir natildeo eacute filantropia tatildeo pouco um ato solitaacuterio individual (RODRIGUES 2006) Eacute
preciso refletir e dar novo significado para o senso de coletividade e de cooperaccedilatildeo
Em relaccedilatildeo aos apoios que seriam necessaacuterios para que o processo de
inclusatildeo se desse com qualidade as participantes foram unacircnimes em afirmar que
tanto as famiacutelias quanto a educadoras precisam disso
113
As participantes indicaram que para a famiacutelia eram apoios necessaacuterios
- grupo de pais
- apoio e orientaccedilatildeo de profissionais especializados
- incentivo para que aceite seu filho e o ldquomostrerdquo para a sociedade
- mais oportunidades de diagnoacutestico precoce
- maior acesso aos especialistas que atendem seu filho
- maior apoio das pedagogas do CMEI
- maior divulgaccedilatildeo do que satildeo as deficiecircncias
- mais apoio das professoras do AEE
Formiga e Pedrazzani (2004) em sua pesquisa trazem dados que
concordam com que foi indicado logo acima e acrescentam que tambeacutem eacute
fundamental que se estabeleccedilam programas de intervenccedilatildeo precoce de cunho
preventivo
Em outras palavras accedilotildees ou programas de atenccedilatildeo agrave infacircncia devem levar
em consideraccedilatildeo estrateacutegias de prevenccedilatildeo primaacuteria nas quais sejam evidenciadas
orientaccedilotildees de cunho educacional e informativo e tambeacutem de detecccedilatildeo precoce de
alteraccedilotildees no desenvolvimento e na sauacutede infantil (DIAZ-HERRERO e MARTINEZ-
FUENTES 2009)
Por outro lado Molinari et al (2005) consideram que na realidade brasileira
ainda haacute muito o que fazer no sentido de desenvolver accedilotildees integrais de promoccedilatildeo agrave
sauacutede infantil e que programas de vigilacircncia do desenvolvimento e promoccedilatildeo agrave
sauacutede devem contar com equipes multiprofissionais e partir de uma abordagem
ecossistecircmica Nesse sentido estrateacutegias de prevenccedilatildeo devem considerar a
importacircncia que os contextos tecircm para a promoccedilatildeo ou natildeo do desenvolvimento na
infacircncia e tambeacutem a inter-relaccedilatildeo entre tais ambientes
De outro modo as entrevistadas indicaram que as Educadoras precisariam
dos seguintes apoios
- Maior parceria com o departamento de Educaccedilatildeo Especial
- Apoio psicoterapecircutico no sentido de serem escutadas em suas dificuldades e
anseios
- Grupos de estudo sobre os casos de inclusatildeo
114
- Apoio psicopedagoacutegico no sentido de organizar melhor o trabalho com a crianccedila
- Apoio e orientaccedilatildeo constante de outros profissionais
Nos relatos das participantes houve uma incidecircncia grande em afirmarem que
as educadoras precisam de apoio e orientaccedilatildeo de profissionais especialistas tais
como psicoacutelogo terapeuta ocupacional fisioterapeuta entre outros
Para Mueller (2008) eacute importante proporcionar um conjunto de apoio social
para a famiacutelia tal como grupo de pais serviccedilo de aconselhamento familiar e
mobilizaccedilatildeo de amigos e comunidade Guasselli (2005) por sua vez percebeu o
peso que as professoras de turmas inclusivas atribuem aos especialistas Elas
deixam bem claro que satildeo os profissionais especializados que lhes indicaratildeo o
melhor caminho ou a melhor maneira de trabalhar com esse alunado
Igualmente se verifica o peso que um diagnoacutestico traz para as professoras O
diagnoacutestico e o apoio que especialistas trazem em si no discurso das professoras
com certa hierarquizaccedilatildeo na qual as uacuteltimas natildeo estatildeo no topo (GUASSELLI 2005)
Esse mesmo autor discute que as relaccedilotildees entre os profissionais especializados e
os professores em muitas situaccedilotildees vecircm baseadas em uma relaccedilatildeo de
desconhecimento e agraves vezes ateacute de desconsideraccedilatildeo do cotidiano da escola
Rodrigues (2006) questiona se eacute necessaacuterio ldquocriar reinventar e reproduzirrdquo um
discurso teacutecnico racional especializado sobre como estar preparado para receber
pessoas com necessidades educacionais especiais nas escolas
434 Avaliaccedilatildeo do Processo Inclusivo
Todas as participantes consideram a oportunidade de inclusatildeo para a crianccedila
pequena na Educaccedilatildeo Infantil algo positivo mesmo com as devidas ressalvas que
elas mesmas indicam Isso se justifica pelas modificaccedilotildees que todas percebem que
ocorreram no periacuteodo em que as crianccedilas estatildeo matriculadas E nesse sentido
pede-se atenccedilatildeo a algo que Guasselli (2005) aponta afirmando que haacute uma espeacutecie
de celebraccedilatildeo quando se tem um aluno com necessidades educacionais especiais
pois esse fato implica no ideal de que eacute politicamente correto ser uma escola
inclusiva Contudo ter um aluno com necessidade especial natildeo reflete
115
necessariamente uma accedilatildeo inclusiva de verdade Logo eacute positivo ter crianccedilas com
necessidade especial na Educaccedilatildeo Infantil e essa presenccedila parece ser o suficiente
para gerar grandes modificaccedilotildees no comportamento desse alunado mas haacute que
lembrar que soacute isso natildeo eacute suficiente para dar conta da complexa gama de
peculiaridades que o processo inclusivo traz em si
Ainda que todas afirmem que eacute positivo estar no CMEI metade das Matildees
consideraram que os CMEIs natildeo estatildeo preparados para a inclusatildeo e todas indicam
que as educadoras tambeacutem natildeo estatildeo preparadas para isso Ainda assim eacute
importantiacutessimo destacar que mesmo elas percebendo as dificuldades e o
despreparo das educadoras dos filhos as mesmas reconhecem e valorizam o
esforccedilo que essas profissionais fazem para atender as crianccedilas em inclusatildeo
As Professoras do Atendimento Educacional Especializado tambeacutem se
dividem em relaccedilatildeo aos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil estar ou natildeo
preparados Metade acredita que natildeo Jaacute sobre as educadoras trecircs das
profissionais consideram que tambeacutem natildeo estatildeo preparadas Uma das professoras
do Atendimento Educacional Especializado aponta para o fato de que as educadoras
satildeo muito ansiosas e que ainda se prioriza a crianccedila sem dificuldade dentro do
atendimento do Centro Municipal de Educaccedilatildeo Infantil
As Educadoras dos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil afirmam em
maioria que as instituiccedilotildees natildeo estatildeo preparadas para a inclusatildeo Segundo elas
falta estrutura apropriada Elas tambeacutem questionaram se estatildeo preparadas para
trabalhar com a inclusatildeo sendo que sete delas afirmam que natildeo haacute esse preparo e
duas manifestam as diferenccedilas entre as Educadoras mais jovens e as mais antigas
na profissatildeo
Todas as participantes quando falam que os Centros Municipais de
Educaccedilatildeo Infantil natildeo estatildeo preparados porque natildeo tecircm estrutura estatildeo se referindo
a adaptaccedilotildees que propiciem maior acessibilidade e menos riscos para todas as
pessoas que apresentem algum tipo de necessidade especial Entre as necessaacuterias
adaptaccedilotildees foram indicadas rampas barras de apoio portas mais largas e
brinquedos de sala e de parquinho
Quanto agraves Educadoras natildeo estarem preparadas foi indicado com muita
frequecircncia a falta de capacitaccedilatildeo especiacutefica para lidar com situaccedilotildees de inclusatildeo
Para Freitas (2006) em um grande nuacutemero de vezes o professor idealiza um aluno
sem se dar conta de que trabalhar com a diversidade eacute algo intriacutenseco agrave natureza da
116
atuaccedilatildeo docente esquecendo que natildeo faz sentido pensa-la como uma condiccedilatildeo
excepcional Segundo essa autora natildeo raro os cursos de formaccedilatildeo docente para a
inclusatildeo contribuem para a construccedilatildeo e para o fortalecimento de estereoacutetipos a
respeito da pessoa com necessidades educacionais especiais e sobre o proacuteprio
processo inclusivo
Segundo Freitas (2006) eacute necessaacuterio que as formaccedilotildees de docentes para
atuarem com inclusatildeo levem em consideraccedilatildeo a discussatildeo sobre a funccedilatildeo social da
escola sobre a importacircncia do trabalho docente orientando-os a aprender a
investigar sistematizar e produzir o conhecimento por meio da utilizaccedilatildeo de recursos
e materiais diversificados O objetivo maior eacute proporcionar a formaccedilatildeo de um
docente mais autocircnomo e consciente da complexidade de seu trabalho diante da
diversidade inegaacutevel de seu alunado especial ou natildeo
Propotildee-se que a formaccedilatildeo docente seja acima de tudo sempre voltada para
a inclusatildeo para uma escola para todos afim de que se desfaccedila ndash ainda que
lentamente ndash a ideia e o apego agrave do especialista de que sem ele natildeo haacute como
desenvolver um projeto inclusivo
435 Vantagens e Desvantagens do Processo Inclusivo
4351 As vantagens do Processo Inclusivo
Entre as concepccedilotildees maternas sobre as vantagens do processo inclusivo
foram as mais indicadas as que estatildeo listadas abaixo
- Socializaccedilatildeo da crianccedila que tem deficiecircncia
- Ajuda a diminuir o preconceito com a crianccedila que tem deficiecircncia
- Satisfaccedilatildeo da famiacutelia em ver os avanccedilos da crianccedila
- Preparaccedilatildeo para outras etapas da vida escolar da crianccedila que tem deficiecircncia
- Oportunidade de aprender coisas que em casa natildeo aprenderia
117
Consideremos que por parte dessas Matildees haacute uma supervalorizaccedilatildeo do que
o ambiente do Centro Municipal de Educaccedilatildeo Infantil oferece para sua crianccedila
quando relacionada com o que a famiacutelia pode oferecer
A Matildee 01 sugere que a inclusatildeo eacute uma oportunidade positiva afim de que
ldquoeles (pessoas de um modo geral) vejam que eacute uma crianccedila como qualquer outra
que pode estar junto com outras crianccedilas que eacute uma crianccedila boa que consegue
conviver que ele eacute bonzinhordquo
As Matildees 03 e 04 salientam que a inclusatildeo eacute uma oportunidade para que seus
filhos aprendam ldquocoisasrdquo que os pais por trabalharem o dia todo natildeo teriam
condiccedilotildees de lhes ensinar
A Matildee 03 ainda demonstra saber que o processo de inclusatildeo na atualidade
pode ocasionar dissabores para sua filha mas entende isso como algo proacuteprio para
que se evidencie um novo paradigma educacional Segundo ela
a fulana ainda pode ateacute sofrer um pouquinho mas quem vier depois dela natildeo E ela pode ateacute sofrer mas vai ser muito menos do que aquele que entrou na Escola haacute dez anos atraacutes
As Matildees datildeo vaacuterios exemplos dos aprendizados das crianccedilas sugerindo que
estatildeo satisfeitas com o fato de sua crianccedila estar no CMEI mesmo diante das
dificuldades ilustradas ao longo das entrevistas Outro ponto que merece destaque eacute
o quanto elas destacam o conviacutevio com as outras crianccedilas como um fator
fundamental para as transformaccedilotildees positivas no comportamento de seus filhos O
trecho logo abaixo ilustra bem esse posicionamento das matildees
Entatildeo ela taacute aprendendo aqui Como Vendo as outras crianccedilas Entatildeo ela procura imitar o amiguinho natildeo soacute a Educadora Ela procura o que o outro faz E isso eacute bom para os pais que trabalha neacute (Matildee 04)
Entre as Professoras do Atendimento Educacional Especializado foram
apontadas as seguintes vantagens do Processo Inclusivo
- A crianccedila vai usufruir dos seus direitos
- Socializaccedilatildeo da crianccedila que tem deficiecircncia
- Valorizaccedilatildeo da Educaccedilatildeo
- Valorizaccedilatildeo do trabalho da Educadora
118
- Ajuda a diminuir o preconceito com a crianccedila que tem deficiecircncia
- Desenvolvimento de valores nas pessoas envolvidas com a inclusatildeo (empatia
solidariedade altruiacutesmo entre outros)
- Oportunidade de aprender coisas que em casa natildeo aprenderia
- A inclusatildeo eacute fonte de informaccedilatildeo para a famiacutelia que tem uma crianccedila com
deficiecircncia
- Maior experiecircncia para as educadoras
- Para a crianccedila que tem deficiecircncia a maior vantagem eacute estar em um lugar seguro
A professora P01 destaca que a inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil ajuda as
pessoas a perceberem que ldquocom o passar do tempo a educaccedilatildeo vale a pena e daacute
certordquo
Eacute interessante destacar o comentaacuterio da P04 quando esta afirma que a
inclusatildeo pode ser um modo de se valorizar o trabalho das Educadoras
tambeacutem acredito assim que a Educadora tambeacutem vai se sentir mais uacutetil mais valorizada Porque eacute assim aquela crianccedila precisa de mim e ela vai ser mais afetiva porque ela vai ter que ter uma paciecircncia maior e vai ter que planejar mais o seu trabalho e vai ter que buscar vai ter que buscar pra poder trabalhar com aquela crianccedila
Jaacute as Educadoras dos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil
assinalaram as seguintes vantagens do processo inclusivo
- Socializaccedilatildeo da crianccedila que tem deficiecircncia
- Valorizaccedilatildeo do trabalho da Educadora
- Ajuda a diminuir o preconceito com a crianccedila que tem deficiecircncia
- Desenvolvimento de valores nas pessoas envolvidas com a inclusatildeo (empatia
solidariedade altruiacutesmo entre outros)
- Oportunidade de aprender coisas que em casa natildeo aprenderia
- Maior experiecircncia para as educadoras
- Para a crianccedila que tem deficiecircncia a maior vantagem eacute estar em um lugar seguro
enquanto os pais trabalham
A educadora E01 conta que as crianccedilas da turma criam naturalmente um
sentimento de cuidado e proteccedilatildeo em relaccedilatildeo ao aluno foco da inclusatildeo ldquoEles tem
119
um sentimento de ser igual agravequela pessoa que agraves vezes a gente que eacute adulto e que
natildeo conviveu com crianccedilas com deficiecircncia a gente natildeo tem e eles que convivem
eles temrdquo A entrevistada relatou vaacuterias situaccedilotildees em que as crianccedilas da turma
modificaram seu comportamento e demonstraram noccedilatildeo de que a outra crianccedila
precisava de apoio e proteccedilatildeo diferenciados
Segundo a educadora E05 nessa situaccedilatildeo especiacutefica natildeo haacute vantagens para
a crianccedila mas para alguns outros envolvidos
o fato dos pais natildeo terem onde deixar a crianccedila quando estatildeo trabalhando para as Educadoras terem percebido que Siacutendrome de Dow natildeo eacute um ldquomonstrordquo e para as merendeiras para as funcionaacuterias da limpeza e outros profissionais da creche eacute um aprendizado que natildeo eacute necessaacuterio ter doacute da crianccedila (E05)
As vantagens apontadas de forma comum aos trecircs grupos de participantes
(matildees professoras e educadoras) foram socializaccedilatildeo da crianccedila que tem
deficiecircncia ajuda a diminuir o preconceito com a crianccedila que tem deficiecircncia
oportunidade de aprender coisas que em casa natildeo aprenderia
Entre as profissionais da aacuterea de educaccedilatildeo (professoras e educadoras) as
vantagens que satildeo comuns aos dois grupos satildeo socializaccedilatildeo da crianccedila que tem
deficiecircncia valorizaccedilatildeo do trabalho da Educadora ajuda a diminuir o preconceito
com a crianccedila que tem deficiecircncia desenvolvimento de valores nas pessoas
envolvidas com a inclusatildeo (empatia solidariedade altruiacutesmo entre outros) ajuda a
diminuir o preconceito com a crianccedila que tem deficiecircncia oportunidade de aprender
coisas que em casa natildeo aprenderia maior experiecircncia para as educadoras e para a
crianccedila que tem deficiecircncia a maior vantagem eacute estar em um lugar seguro
4352 Desvantagens do Processo Inclusivo
Ao serem indagadas sobre se haveriam possiacuteveis desvantagens na inclusatildeo
na Educaccedilatildeo Infantil 03 Matildees responderam que sim e todas as 04 indicaram que a
inclusatildeo de crianccedilas pequenas no CMEI evidencia situaccedilotildees que se tornam
desvantagens tanto para a crianccedila quanto para as Educadoras
120
Segundo as Matildees participantes poderiam ser consideradas como
desvantagens atreladas ao Processo de Inclusatildeo da crianccedila pequena
- O fato de as educadoras natildeo saberem o que fazer com a crianccedila deixando-a
ociosa
- A educadora se sentir sobrecarregada por ter uma crianccedila especial na turma
- O fato de o atendimento na creche natildeo ser especializado faz com que a matildee
tenha receio de que a crianccedila venha a perder tempo em seu processo de
reabilitaccedilatildeo
- A rotina do Educador na sala de aula impede que se decirc atenccedilatildeo apropriada agrave
crianccedila especial
- Falta de um planejamento apropriado agrave crianccedila especial
- Falta de paracircmetros para saber o que fazer com as crianccedilas especiais
- A desvalorizaccedilatildeo do trabalho do educador
- Falta de atendentes (algueacutem que fique soacute com seu filho)
Pode-se perceber na fala das matildees que elas estatildeo de algum modo bem atentas
ao que ocorre com seus filhos dentro do CMEI
Por outro lado na concepccedilatildeo das Professoras do Atendimento Educacional
Especializado haacute uma maior incidecircncia em afirmarem que natildeo haacute desvantagens no
processo de inclusatildeo Duas das professoras afirmam que natildeo haacute nenhum tipo de
desvantagem na inclusatildeo da crianccedila pequena na Educaccedilatildeo Infantil Contudo uma
delas afirma que a ocorrecircncia de desvantagens vai depender de como a inclusatildeo
estaacute sendo realizada outra afirma que deveria ser considerado como desvantagem
o excesso de trabalho que a Educadora passa a ter quando haacute uma crianccedila com
necessidades especiais em sua turma
No conjunto de concepccedilotildees coletadas nas entrevistas das Educadoras dos
Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil 05 delas afirmam que a inclusatildeo da crianccedila
pequena natildeo apresentaria nenhum tipo de desvantagem Poreacutem uma delas defende
que a ocorrecircncia ou natildeo de desvantagens depende das condiccedilotildees nas quais se
verifica o processo inclusivo
Por fim 03 entrevistadas consideram como desvantagens oriundas da inclusatildeo
de crianccedilas pequenas com necessidades educacionais especiais
121
- Excesso de trabalho para a educadora
- O sofrimento que a crianccedila em inclusatildeo passa
- Falta de profissionais para o bom atendimento da crianccedila
- Diz que natildeo sabe se pode trazer algum tipo de desvantagem e que se preocupa
com o fato da inclusatildeo produzir algum trauma ou regressatildeo no desenvolvimento de
uma crianccedila em inclusatildeo
Desse modo percebe-se que na totalidade do grupo (17 participantes) 07
afirmaram que natildeo existem desvantagens no processo de inclusatildeo na Educaccedilatildeo
Infantil As matildees foram as que mais apontaram questotildees que podem ser
consideradas como desvantagens
Segundo Rodrigues e Lima-Rodrigues (2011) o objetivo da Educaccedilatildeo
Inclusiva natildeo se resume a uma mera mudanccedila curricular ou mesmo a permitir o
acesso de alunos com condiccedilotildees de deficiecircncia agrave Escola Regular trata-se portanto
de uma reforma mais profunda abrangendo os valores e as praacuteticas de todo o
sistema educativo tal como ele eacute comumente concebido E essa necessidade de
reforma profunda eacute possiacutevel de perceber a partir dos relatos que as entrevistadas
proporcionaram na presente pesquisa
436 Sugestotildees e Comentaacuterios visando agrave melhoria do Processo Inclusivo na
Educaccedilatildeo Infantil
Foi perguntado para as participantes se elas gostariam de deixar algum
comentaacuterio ou sugestatildeo sobre a realizaccedilatildeo da inclusatildeo da crianccedila pequena com
deficiecircncia na Educaccedilatildeo Infantil e em grande parte as sugestotildees se referem ao
atendimento da educadora no CMEI conforme eacute possiacutevel observar grupo a grupo
Entre os comentaacuterios e sugestotildees maternas elas indicam a) que as
educadoras tenham mais formaccedilatildeo especiacutefica para trabalhar com as crianccedilas de
inclusatildeo b) a criaccedilatildeo de um grupo de estudos de caso para discutir as deficiecircncias e
as experiecircncias inclusivas c) diminuir o nuacutemero de crianccedilas nas turmas de inclusatildeo
d) maior valorizaccedilatildeo do trabalho das Educadoras e) proporcionar melhor estrutura
de atendimento nos CMEIs para que a crianccedila natildeo precise sair desse espaccedilo para ir
122
a outro atendimento como acontece com o serviccedilo do AEE f) que as educadoras
tenham maior contato com os especialistas que atendem a crianccedila para que todos
falem a ldquomesma liacutenguardquo g) divulgaccedilatildeo da inclusatildeo h) disponibilizaccedilatildeo de uma
professora tutora para dar atenccedilatildeo individualizada para a crianccedila que estaacute no CMEI
e i) mais profissionais para fazer o diagnoacutestico dos filhos diminuindo o tempo de
espera para isso
A Matildee 01 afirma que agraves vezes as educadoras ficam sobrecarregadas tendo que
atender agraves necessidades da turma e ainda ter que dar conta dos comportamentos e
caracteriacutesticas da crianccedila que estaacute em inclusatildeo portanto com vistas a resumir isso
ela sugere
como todas as crianccedilas especiais natildeo conseguem ficar em sala de aula por muito tempo esperando que tenha alguma atividade como as outras crianccedilas a escola a creche poderia ver com a prefeitura se poderia estar disponibilizando uma pessoa pra ficar com essas crianccedilas
Um dos comentaacuterios da Matildee 02 destaca algo interessante e que reflete um
receio dela sobre a relaccedilatildeo crianccedila-educadora
formaccedilatildeo para essas educadoras contato com as fisioterapeutas contato com o lugar onde a crianccedila tem atendimento para atenderem em conjunto e natildeo prejudicar e natildeo atrasar a evoluccedilatildeo da crianccedila A professora estaacute lidando com vaacuterias crianccedilas em sala e se ela der um grito ou brigar com uma forma muito autoritaacuteria pode prejudicar a crianccedila que tem dificuldade que precisa de uma atenccedilatildeo especial A formaccedilatildeo vai ajudar o atendimento dela com as crianccedilas normais e as crianccedilas que estaacute em inclusatildeo
No conjunto dos comentaacuterios e sugestotildees das professoras do Atendimento
Educacional Especializado foram citados a) os profissionais da educaccedilatildeo devem
buscar mais conhecimento sobre a crianccedila pequena e sobre a sua inclusatildeo b) deve-
se construir a consciecircncia da comunidade sobre a inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil c)
deve-se divulgar mais o trabalho do Atendimento Educacional Especializado d)
divulgar mais a inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil e) divulgar mais as possibilidades de
formaccedilatildeo continuada na aacuterea f) ter mais Educadores por sala ou menos crianccedila por
turma de inclusatildeo g) apoio psicoterapecircutico para os professores do Atendimento
Educacional Especializado
A professora P01 afirma
123
acredito que a gente ainda precisa como melhoria de trabalho buscar muito mais conhecimento sobre a crianccedila e sobre a inclusatildeo Tambeacutem a gente precisa batalhar a consciecircncia da comunidade sobre a inclusatildeo na inclusatildeo infantil no ensino fundamental
Ela tambeacutem comenta que trabalha haacute muitos anos no municiacutepio e que natildeo sabia
que existiam esses serviccedilos de inclusatildeo e por conta disso destaca que eacute preciso
haver divulgaccedilatildeo dos serviccedilos das vitoacuterias
A professora P02 afirma que as educadoras tem que estar preparadas para
atender uma crianccedila com deficiecircncia e ela reforccedila ldquoaquele professor que gosta do
que faz tem que estar preparadordquo
Continuando com seus comentaacuterios a professora P02 aponta de modo simples e
certo ldquoTem profissionais que natildeo se dedicam e noacutes professores temos que dar o
melhor para os nossos alunos Quanto menor a crianccedila mais precisa de atenccedilatildeo e
carinhordquo
Jaacute a professora P04 faz um desabafo significativo quando associado a um
trabalho com qualidade
eu acho que eacute uma carga muito pesada pra noacutes professores do AEE porque assim a gente recebe da matildee aquela carga a matildee taacute cansada jaacute fez assim e tal e tal aiacute a gente vai no CMEI com as Educadoras ou nas Escolas dai a gente recebe essa carga tambeacutem Daiacute eacute a carga que a gente jaacute tem que eacute a proacutepria crianccedila e a responsabilidade puxa vida Todo mundo taacute vendo que eu sou a salvadora que eu vou dar conta de tudo dai vocecirc fica angustiada
Lembra-se que haacute muitos valores impliacutecitos no princiacutepio da inclusatildeo de pessoas
com necessidades especiais alguns amplamente conhecidos e outros por conhecer
ou pouco mencionados (CARDOSO e BUCKLEY 2011) E por isso mesmo se faz
necessaacuterio buscar perceber o que permeia esse complexo processo tal como o que
eacute relatado pela professora P04 ou mesmo pelas demais participantes desse estudo
Pois na atualidade o que se busca eacute uma revoluccedilatildeo natildeo somente na Educaccedilatildeo
Especial mas em toda a praacutetica educativa justamente porque a inclusatildeo exige
que todos recebam o apoio que eacute necessaacuterio para participaccedilatildeo na comunidade a
que pertencem (CARDOSO e BUCKLEY 2011)
Nos comentaacuterios e sugestotildees das educadoras dos Centros Municipais de
Educaccedilatildeo Infantil foram evidenciados a) formaccedilatildeo de um grupo para discutir os
casos de inclusatildeo b) maior divulgaccedilatildeo da inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil c) mais
formaccedilatildeo especiacutefica para a inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil d) necessidade de
124
melhorar o espaccedilo fiacutesico e) diminuir o nuacutemero de crianccedila por turma f) criaccedilatildeo de
campanhas de conscientizaccedilatildeo da comunidade sobre as possibilidades da inclusatildeo
na Educaccedilatildeo Infantil g) deveria haver uma pessoa que fizesse a ponte entre todos
os que atendem a crianccedila para que tivessem acesso ao mesmo niacutevel de
entendimento sobre a crianccedila
Entre as educadoras vale a pena ressaltar alguns dos comentaacuterios que foram
expressos por elas entre os quais o da E01 e no qual afirma que ldquoeu acho que a
gente tenta mas faz mais intuitivo e pouco teacutecnico saberdquo
A educadora E02 ao indicar que seria necessaacuterio haver mais divulgaccedilatildeo da
possibilidade de incluir a crianccedila pequena no CMEI justifica
eu natildeo sabia que podia trazer para o CMEI Entatildeo divulgar assim para os pais que querem desde cedo trazer assim e para que estas crianccedilas venham assim Divulgar essa ideia da inclusatildeo assim tambeacutem para as professoras para as tias dos CMEIS tambeacutem que natildeo tem muita ideia de que isso pode acontecer
E tambeacutem afirma
eu queria falar que meu trabalho eacute muito gratificante Tenho aprendido muito Desde que eu comecei a trabalhar com ela o meu olhar sobre a Siacutendrome de Down mudou completamente
A educadora E07 faz um desabafo em relaccedilatildeo ao trabalho na Educaccedilatildeo
Infantil
a Educaccedilatildeo Infantil eacute desvalorizada porque muitos acham que as crianccedilas vecircm aqui passar o tempo e como os pais vatildeo trabalhar eles ficam aqui soacute pra brincar A gente tem a funccedilatildeo de educa-los A gente contribui educa corrige no que for preciso falta reconhecimento na Educaccedilatildeo Infantil
E acrescenta em relaccedilatildeo agrave Inclusatildeo
falta a conscientizaccedilatildeo da comunidade da famiacutelia dos educadores um trabalho da secretaria com relaccedilatildeo a isso com cursos que chamem a populaccedilatildeo a comunidade toda a se interessar porque infelizmente eacute vista com maus olhos
Jaacute a educadora E09 sugere que as educadoras natildeo sintam medo como ela
sentiu no iniacutecio do atendimento que busquem conhecimento e a superaccedilatildeo das
suas dificuldades e que ldquofaccedilam seu trabalho com amor e com carinho porque a
inclusatildeo eacute uma coisa nova e diferente mas eacute muito bomrdquo
125
44 Da necessidade de se observar e atuar na infacircncia enquanto etapa crucial
de desenvolvimento
Haacute a necessidade de se discutir natildeo soacute as especificidades da crianccedila que estaacute
em inclusatildeo mas de se determinar primeiramente quais satildeo as peculiaridades de
uma crianccedila na faixa etaacuteria atendida
Portanto faz-se imprescindiacutevel rever concepccedilotildees acerca do que vem a ser o
desenvolvimento humano e os elementos que o constituem e o que nele interferem
profundamente assim como discutir e rever fatores de risco e de proteccedilatildeo E apoacutes
se ter estabelecido a ideia de crianccedila em desenvolvimento estabelecer paracircmetros
de observaccedilatildeo acompanhamento e avaliaccedilatildeo perceber e discutir quem eacute essa
crianccedila que estaacute em inclusatildeo pois na Educaccedilatildeo Inclusiva deve comprometer-se a
desenvolver uma pedagogia capaz de educar todas as crianccedilas com sucesso e
tambeacutem porque o acesso da crianccedila com necessidades especiais agrave educaccedilatildeo
infantil pode ser considerado como um ritual que marca sua condiccedilatildeo de crianccedila
(SORIANO 1999 ZORTEacuteA 2007)
Sendo reconhecidamente estabelecido que os primeiros anos de vida satildeo
fundamentais para o crescimento desenvolvimento e aprendizagem de qualquer
indiviacuteduo pensar em desenvolvimento infantil tambeacutem requer que se reflita sobre
quais as necessidades que as crianccedilas pequenas com ou sem necessidades
educacionais especiais possuem E nesse caso pode-se afirmar que na primeira
infacircncia certamente haacute a necessidade de interaccedilotildees emocionais seguras em
ambientes que proporcionem oportunidades de aprendizagem seguras e ricas
(BAZELTON e GREENSPAN 2002)
Em acordo com Bronfenbrenner e Evans (2000) para ocorrer o desenvolvimento
de uma pessoa ela precisa participar ativamente de interaccedilotildees reciacuteprocas de
complexidade crescente com pessoas com as quais desenvolve apego forte muacutetuo
e irracional e que com o tempo se comprometa com o bem-estar e
desenvolvimento dos outros Logo especialmente para a crianccedila pequena com
necessidades educacionais especiais eacute fundamental que o profissional tenha um
bom conhecimento sobre desenvolvimento humano principalmente relacionado agrave
faixa etaacuteria que atende e sobre qual eacute o seu papel diante dessa crianccedila Isso
porque eacute necessaacuterio que ele seja capaz de perceber tanto lacunas no
desenvolvimento quanto habilidades jaacute alcanccediladas e suas relaccedilotildees com a faixa
126
etaacuteria da crianccedila e com suas caracteriacutesticas pessoais orgacircnicas culturais entre
outros Aleacutem de que deve ser capaz de estabelecer planos e estrateacutegias para
intervir e avaliar seu trabalho e o desenvolvimento infantil E isso cabe tanto agraves
educadoras da Educaccedilatildeo Infantil quanto agraves professoras do Atendimento Educacional
Especializado pois ambos os grupos trabalham diretamente com o desenvolvimento
na infacircncia
O estabelecimento e a manutenccedilatildeo das interaccedilotildees entre o cuidador e a crianccedila
dependem da disponibilidade e do envolvimento de outro adulto (terceira pessoa)
que daacute apoio e encoraja a pessoa que cuida e interage com a crianccedila (BHERING e
SARKIS 2009) No caso da presente pesquisa pode-se perceber que em vaacuterios
momentos as matildees fazem esse papel de encorajamento como por exemplo ao
buscar levar informaccedilotildees para as educadoras em relaccedilatildeo aos filhos Contudo tal
funccedilatildeo natildeo eacute evidente quando se observa o papel da professora do Atendimento
Educacional Especializado nem junto agraves matildees muito menos em relaccedilatildeo agraves
educadoras
Eacute importante lembrar que o contexto assim como a pessoa tem caracteriacutesticas
que satildeo instigadoras de desenvolvimento (BHERING E SARKIS 2009) O contexto
do Centro Municipal de Educaccedilatildeo Infantil se enquadra nesse paracircmetro enquanto
ambiente distinto do familiar especialmente por conter objetos siacutembolos ambientes
e pessoas que se mostram como estiacutemulos muito diversos dos familiares Contudo
eacute algo que ocorre por si soacute sem planejamento ou adaptaccedilotildees Ou seja as proacuteprias
educadoras informam que natildeo haacute preparaccedilatildeo ou planejamento algum para que tal
ambiente se torne instigador para a crianccedila que estaacute em inclusatildeo Isso de algum
modo parece incomodar algumas profissionais pois o natildeo planejamento nem
sempre se daacute como uma escolha delas mas como uma falta de conhecimento em
como proceder
No que se refere agrave interaccedilatildeo com as outras crianccedilas da turma o que foi referido
como positivo e importante elemento promotor de desenvolvimento e de
aprendizagem das crianccedilas em inclusatildeo lembra-se que esta natildeo pode se resumir
apenas e somente a atividades e accedilotildees realizadas ao acaso Pois a relaccedilatildeo com o
outro tambeacutem crianccedila pode provocar impactos tanto positivos quanto negativos em
quem estaacute em inclusatildeo lembrando que a turma responde ao modelo de
entendimento e aceitaccedilatildeo do diferente conforme for apresentado por suas
educadoras (DRAGO 2005)
127
De todo modo Zorteacutea (2007) fala que as crianccedilas pequenas querem estar umas
com as outras e isso eacute fundamental para que se crie laccedilos e paracircmetros sociais de
pertencimento e de identidade e isso foi possiacutevel de perceber nos relatos das
educadoras Portanto cabe aos familiares educadoras e professoras de
Atendimento Educacional Especializado que levem em consideraccedilatildeo a interaccedilatildeo
com outras crianccedilas tambeacutem como elemento de construccedilatildeo do processo inclusivo
sem no entanto consolidar o estigma que jaacute existe entre os ldquonormaisrdquo e os
ldquoinclusosrdquo
Contudo haacute que se estabelecer tanto entre as famiacutelias quanto entre as
profissionais da educaccedilatildeo estrateacutegias que auxiliem a perceber acompanhar e
avaliar o processo de desenvolvimento infantil Para que assim todos possam
interagir com a crianccedila no sentido de natildeo soacute promover seus aspectos
desenvolvimentais mas tambeacutem de identificar possiacuteveis riscos e alteraccedilotildees de
forma precoce para em decorrecircncia disso intervir com qualidade e seguranccedila E
nesse sentido concorda-se com Diaz ndash Herrero e Martinez ndash Fuentes (2009)
quando essas autoras afirmam que especialmente o ambiente da escola serve
como contexto para minimizar os efeitos de atrasos e de condiccedilotildees anocircmalas do
desenvolvimento infantil Mas isso soacute vai ocorrer quando o ambiente escolar
conseguir se adequar agraves necessidades da crianccedila do contraacuterio falharaacute enquanto
fator de proteccedilatildeo agrave infacircncia (DIAZ ndash HERRERO e MARTINEZ ndash FUENTES 2009)
Para tal faz-se urgente a necessidade de estabelecer accedilotildees que visem agrave
adequaccedilatildeo estrutural das instituiccedilotildees que atendem a infacircncia para que se
constituam em ambientes seguros e promotores do desenvolvimento infantil de
qualquer crianccedila Assim como construir e aplicar programas que levem em
consideraccedilatildeo a orientaccedilatildeo e o apoio contiacutenuo agraves famiacutelias membros da comunidade
profissionais da educaccedilatildeo e demais interessados enquanto espaccedilos coletivos de
discussatildeo reflexatildeo e formaccedilatildeo acerca do desenvolvimento e seus fatores de risco e
de proteccedilatildeo
128
45 Do reconhecimento da importacircncia dos contextos e suas inter-relaccedilotildees
Bronfenbrenner (1989) tambeacutem assinala a necessidade de haver poliacuteticas
puacuteblicas e accedilotildees que funcionem como suporte agraves atividades de educar crianccedilas de
forma ampla abrangendo pais cuidadores professores parentes amigos
vizinhos parceiros de trabalho e tambeacutem as instituiccedilotildees poliacuteticas econocircmicas e
sociais da sociedade como um todo
No presente estudo em acordo com os relatos haacute a percepccedilatildeo do papel dos
contextos como elementos importantes especialmente no que se refere agrave famiacutelia e
agraves instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Infantil Contudo essa percepccedilatildeo natildeo eacute suficiente para
que se verifique uma efetiva relaccedilatildeo entre os contextos
Portanto haacute a necessidade de se discutir tanto com a famiacutelia quanto com os
profissionais e membros da comunidade a importacircncia de um trabalho coletivo e
colaborativo quando se trata de construir um processo de inclusatildeo especialmente
na primeira infacircncia para que todos se percebam como agentes mediadores da
promoccedilatildeo do desenvolvimento infantil e da inclusatildeo em si
A relaccedilatildeo entre os contextos as caracteriacutesticas da pessoa e processos proximais
eacute pertinente na medida em que ambientes especialmente preparados para as
crianccedilas satildeo vitais e as interaccedilotildees ali estabelecidas satildeo determinantes para o seu
desenvolvimento (BHERING e SARKIS 2009) Eis aqui outro aspecto que as
participantes demonstraram em seus relatos a pouca preparaccedilatildeo para atender o
alunado em inclusatildeo Diante do que foi afirmado por Bhering e Sarkis (2007) eacute
possiacutevel inferir que isso ao longo do tempo pode gerar impactos negativos no
desenvolvimento e na aprendizagem desse alunado que estaacute construindo sua
trajetoacuteria tanto como pessoa quanto como aluno
Ainda que a crianccedila permaneccedila o dia todo na instituiccedilatildeo isso natildeo invalida o
papel da famiacutelia no que se refere agrave participaccedilatildeo no processo de inclusatildeo e da
estimulaccedilatildeo do desenvolvimento do filho e deve-se lembrar que o que ocorre na
famiacutelia afeta a instituiccedilatildeo na qual a crianccedila estaacute e vice-versa (BRONFENBRENNER
1986) Portanto concorda-se com Bronfenbrenner (1989) quando esse autor propotildee
que o funcionamento efetivo do processo de educar crianccedilas no contexto familiar e
em outros contextos tais como os Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil
requer que haja padrotildees de trocas de informaccedilatildeo estabelecidos e contiacutenuos aleacutem
129
de confianccedila muacutetua entre os principais ambientes nos quais as crianccedilas e suas
famiacutelias vivem
O compartilhamento de praacuteticas educativas familiares e escolares eacute um dos
passos importantes para o sucesso das instituiccedilotildees educacionais do desempenho e
desenvolvimento dos profissionais a frente das iniciativas das relaccedilotildees entre os
responsaacuteveis pelos processos educativos formais e informais e acima de tudo
para o desenvolvimento integral das crianccedilas (BHERING e SARKIS 2009)
Lembrar-se tambeacutem que quando se trata especificamente de crianccedilas com
alteraccedilotildees no desenvolvimento ou deficiecircncia o sucesso de programas de
intervenccedilatildeo precoce depende em grande parte da integraccedilatildeo de esforccedilos da
comunidade local e da famiacutelia (MUELLER 2008)
46 Da consideraccedilatildeo e discussatildeo das novas concepccedilotildees acerca da Inclusatildeo
Conforme Sanches e Teodoro (2007) eacute preciso saber o que queremos significar
quando falamos da inclusatildeo de um aluno na escola e quais os indicadores que nos
permitem afirmar que a crianccedila estaacute incluiacuteda ou natildeo Dentro do grupo entrevistado
haacute alguns indicadores estes estabelecidos de forma intuitiva baseada no senso
comum e em pouco conhecimento sobre o tema Contudo eacute preciso dar novo
significado ao que eacute inclusatildeo de modo que deixe de ser moda e de gerar ideias
errocircneas e simplistas de sua aplicaccedilatildeo ou que justificam sua impossibilidade
(RODRIGUES 2006)
Ao se inferir que eacute necessaacuterio considerar e discutir as novas concepccedilotildees acerca
da inclusatildeo isso quer dizer que natildeo eacute mais tempo de questionar se o que se faz eacute
integraccedilatildeo normalizaccedilatildeo ou inclusatildeo Mas de partir dos conceitos que as
profissionais e as famiacutelias jaacute trazem e dar novo significado a eles sem
desconsideraacute-los Parte-se do princiacutepio que o fato da inclusatildeo natildeo eacute mais uma
ldquogranderdquo novidade pois de algum modo ela permeia nosso dia-a-dia Contudo nem
todos demonstram essa consciecircncia O que parece ocorrer eacute que a inclusatildeo em si
se tornou uma possibilidade mal divulgada e pouco discutida o que a torna uma
realidade distante ainda que natildeo seja verdade
130
Quando se diz que eacute mal divulgada eacute no sentido de que as pessoas sabem que
tem que ldquoincluir os diferentesrdquo - muito se afirma nas miacutedias que todos satildeo diferentes
que deve haver respeito e igualdade de oportunidades para todos - mas sabem elas
quem satildeo esses diferentes Sabem elas onde eles devem ser incluiacutedos Quando se
referencia que a inclusatildeo eacute uma possibilidade pouco discutida eacute que natildeo o
suficiente apenas ter informaccedilotildees sobre a inclusatildeo Faz-se necessaacuterio discutir
refletir re-significar e ampliar a concepccedilatildeo do que eacute a inclusatildeo desde quando se eacute
sujeito e qual eacute o objetivo da inclusatildeo E quando se afirma que a inclusatildeo eacute uma
possibilidade distante eacute porque ela se torna exatamente isso para determinadas
pessoas especialmente no caso das educadoras e professoras que tem em seu rol
de formaccedilatildeo dados informaccedilotildees ou experiecircncias que tratem do processo inclusivo
Diante disso eacute possiacutevel pensar que um dos aspectos que faltam agrave formaccedilatildeo eacute dar
sentido ao que os envolvidos trazem seja como experiecircncia de vida ou como
formaccedilatildeo acadecircmica
Quando se percebe que segundo as participantes a inclusatildeo serve agrave
socializaccedilatildeo que eacute um direito que eacute uma oportunidade que eacute vantajoso que eacute a
chance da crianccedila estar em um lugar seguro elas estatildeo tambeacutem indicando
concepccedilotildees que de algum modo fundamentam sua relaccedilatildeo com a crianccedila Natildeo
obstante esses fatos natildeo devem ser tomados como base se julgamento de suas
competecircncias habilidades ou eficiecircncia em compreender e buscar atender o aluno
da melhor maneira possiacutevel - ainda que essa maneira natildeo se enquadre no que
academicamente eacute desejaacutevel ou recomendaacutevel
Dentro de uma escola para todos esse ldquotodosrdquo deve envolver tambeacutem os sujeitos
que ali se envolvem seja a crianccedila com deficiecircncia matildee a professora profissionais
Fernandes Bolsanello e Ceretta (2009) apontam para o fato de que a inclusatildeo
passa necessariamente pela possibilidade de assegurar agraves crianccedilas agraves famiacutelias e
aos professores apoio formaccedilatildeo e condiccedilotildees praacuteticas pois estas satildeo questotildees
imprescindiacuteveis para que a inclusatildeo de fato aconteccedila
Concorda-se com Sanches e Teodoro (2007) quando esses autores afirmam que
haacute muitos obstaacuteculos que podem ser enunciados para natildeo ser praticada uma
educaccedilatildeo inclusiva mas o verdadeiro obstaacuteculo estaacute na forma de pensar na e sobre
a diferenccedila e da disponibilidade daiacute decorrente
131
47 Da consideraccedilatildeo das (necessaacuterias) transformaccedilotildees que vem ocorrendo na
Educaccedilatildeo Infantil
Facilmente se percebe as muacuteltiplas transformaccedilotildees que vecircm se desenrolando ao
longo das uacuteltimas deacutecadas na Educaccedilatildeo Infantil Mudanccedilas que implicam no
reconhecimento do papel da instituiccedilatildeo enquanto serviccedilo necessaacuterio agrave matildee
trabalhadora na contemporaneidade no sentido de ser espaccedilo de promoccedilatildeo do
desenvolvimento na infacircncia e alteraccedilatildeo da identidade da educadora enquanto
profissional da educaccedilatildeo agente de desenvolvimento e aprendizagem Deve-se
agregar a esses itens tambeacutem os aspectos relacionados agrave possibilidade de
inclusatildeo de bebecircs e de crianccedilas pequenas nas instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Infantil
Desse modo deve-se reconhecer que ter uma crianccedila especial na turma faz com
que a educadora da Educaccedilatildeo Infantil tenha que repensar seu papel mais uma vez
agora no que se refere a aspectos que ateacute pouco tempo atraacutes cabiam apenas ao
professor da Educaccedilatildeo Especial Junto a isso deve-se ater ao fato de que a
instituiccedilatildeo em si em termos estruturais tambeacutem deve rever seus ambientes
materiais condiccedilatildeo de acesso e permanecircncia desse alunado
Reforccedila-se que natildeo eacute mais tempo de se pensar na inclusatildeo como algo distante
fora da realidade do Ensino Regular para o momento considere-se que eacute
imprescindiacutevel ver que a inclusatildeo para ser como tal tem que ser total radical natildeo
podendo haver ldquoporeacutensrdquo E eacute nessa radicalidade que se verificam as devidas
necessidades de transformaccedilatildeo real e profunda sem preacircmbulos ou desculpas Soacute
se aprende a fazer uma escola inclusiva na accedilatildeo e discussatildeo a respeito Como
saber quais as condiccedilotildees ideais para que a inclusatildeo ocorra mantendo os diferentes
longe dessa escola Eacute preciso ver sentir experenciar conviver ouvir e ir
construindo a caminhada durante o proacuteprio percurso
Por isso merece destaque o que Mantoan (2006) afirma e para a qual a inclusatildeo
eacute produto de uma escola plural democraacutetica e transgressora o que provoca uma
crise escolar ou melhor uma crise de identidade institucional que por sua vez abala
a identidade dos professores provocando que a identidade do aluno tambeacutem seja
ressignificada
Daiacute que a figura da educadora eacute especialmente importante para que a
diversidade humana possa se fazer presente na escola porque satildeo elas que no
132
meio de suas contradiccedilotildees duacutevidas avanccedilos medos disponibilidades ansiedades
acolhimentos e possibilidades assumem os alunos em suas salas de aula (JESUS
2008)
E ao ouvi-las nesse estudo percebeu-se que entre as suas queixas estatildeo
questotildees que natildeo satildeo de exclusividade de quem atende turmas inclusivas tais
como as salas de aula numerosas em termos de alunos a dificuldade de dar
atenccedilatildeo mais individualizada agraves crianccedilas pequenas a falta de conhecimento sobre o
desenvolvimento infantil e a ocorrecircncia de ambientes que precisam ser mais bem
adaptados para todas as crianccedilas
O que possibilita inferir que a dificuldade maior de uma turma de inclusatildeo talvez
nem seja a crianccedila com necessidades educacionais especiais mas toda uma
estrutura que engloba formas de pensamento modos de agir de formaccedilatildeo docente
que natildeo proporcionam uma maior amplitude de visatildeo do profissional quanto agrave sua
funccedilatildeo junto com a proacutepria estrutura do atendimento que necessita ser modificada
Ainda no que se refere ao papel da educadora frente agrave inclusatildeo da crianccedila
pequena Camera (2006) afirma que quando se exercita o papel uma figura de
mediadora estaacute sendo delineada a construccedilatildeo de uma pedagogia da complexidade
onde deve haver espaccedilo para muacuteltiplos olhares para uma escuta sensiacutevel e para
acolher o que vai se constituindo pelo movimento das proacuteprias crianccedilas onde se
vivencia a disponibilidade ao diaacutelogo e a reciprocidade construindo assim uma
pedagogia da compreensatildeo
Desse modo urge que na formaccedilatildeo da identidade docente tambeacutem seja
considerada a sua funccedilatildeo como agente de inclusatildeo
Jaacute no que se refere agrave participaccedilatildeo da famiacutelia de crianccedilas com necessidades
educacionais especiais na Educaccedilatildeo Infantil percebe-se ndash como indicado
anteriormente - que esta natildeo vem se dando de modo diferente do que o esperado
no caso de filhos que natildeo estatildeo em inclusatildeo Mas ressalta-se novamente que eacute
fundamental que a famiacutelia que tem um filho com necessidades educacionais
especiais seja atendida em suas peculiaridades e principalmente que seja
construiacutedo com ela o processo de inclusatildeo de sua crianccedila Ateacute porque eacute sabido que
quando nasce uma crianccedila com deficiecircncia haacute normalmente uma grande
necessidade de apoiar e orientar essa famiacutelia de modo que natildeo haja perdas no
processo de aceitaccedilatildeo do filho Acredita-se que a instituiccedilatildeo de Educaccedilatildeo Infantil
tambeacutem possa servir como apoio agrave famiacutelia
133
Em acordo com Sigolo e Oliveira (2008) haacute uma vivecircncia familiar anterior agrave
escola que natildeo pode ser ignorada A entrada na escola significa um grande passo
na transiccedilatildeo da dependecircncia para a autonomia da crianccedila assim o papel da escola
junto da famiacutelia e a funccedilatildeo dos pais na escola tecircm que ser observados nesse
contexto Pois em algumas situaccedilotildees para os pais e familiares proacuteximos lidar com
a entrada de uma crianccedila pequena na crechepreacute-escola significa lidar com muitos
sentimentos que por vezes satildeo ambivalentes O que pode trazer para o contexto
familiar novas preocupaccedilotildees rotinas e adequaccedilotildees (BHERING e SARKIS 2009)
Logo a compreensatildeo desse processo pode auxiliar na definiccedilatildeo de objetivos e de
estrateacutegias de ensino para o aluno especial (SIGOLO e OLIVEIRA 2008)
Ainda que a colaboraccedilatildeo de pais de alunos com necessidades educacionais
especiais seja pensada como difiacutecil pois estes satildeo vistos como natildeo capacitados
para contribuir na elaboraccedilatildeo de programas educativos ela eacute possiacutevel e na
atualidade uma necessidade imprescindiacutevel (SIGOLO e OLIVEIRA 2008) E essa
deve ser vista sem preconceitos ou preacute-julgamentos
Portanto ressalta-se que a inclusatildeo eacute um problema de todos (RODRIGUES
2006) o que implica considerar os sujeitos que podem colaborar com ela e orientar
accedilotildees e estrateacutegias que melhor os capacitem para lidar com as condiccedilotildees da crianccedila
pequena que estaacute na Educaccedilatildeo Infantil
48 Da consideraccedilatildeo das transformaccedilotildees que vecircm ocorrendo na Educaccedilatildeo
Especial
Tambeacutem a Educaccedilatildeo Especial passou e ainda passa por profundas
transformaccedilotildees Na medida em que esse professor sai da Escola Especial e passa
a possibilidade de tambeacutem estar lotado nos espaccedilos de ensino regular atendendo
uma nova especificidade de alunos de um modo que natildeo corresponde mais agrave ideia
de turma formal mas com alguma liberdade para desenvolver sua funccedilatildeo esse
mesmo profissional se perde em sua identidade e assim novas demandas e
necessidades se criam Entre elas e natildeo diferente do que ocorre no acircmbito da
Educaccedilatildeo Infantil eacute facilmente verificado no presente estudo que as professoras
134
tambeacutem estatildeo revendo e reorganizando as especificidades do que cabe agrave sua
funccedilatildeo
O fato de terem que atender a uma gama ampla de necessidades especiais e
faixas etaacuterias diferentes exige desses profissionais um perfil mais dinacircmico e flexiacutevel
voltado para a pesquisa e estudo constante Tambeacutem se percebe que essas
professoras estatildeo sendo legalmente convidadas a saiacuterem de suas salas de aula e
auxiliarem na construccedilatildeo da inclusatildeo de seus alunos nas instituiccedilotildees do ensino
regular
No que se refere especificamente agrave crianccedila pequena outros desafios se fazem
notar Entre eles o fato de ter que lidar natildeo soacute com os conhecidos meacutetodos
pedagoacutegicos mas agora tambeacutem ter que se interar de assuntos que fazem
referecircncia ao desenvolvimento humano
Aos fazerem referecircncia de que seu trabalho com crianccedilas pequenas eacute ou seraacute
voltado para a estimulaccedilatildeo essencial e ao esclarecerem o modo como entendem
isso essas professoras demonstram que necessitam de maior embasamento teoacuterico
e praacutetico a respeito E eacute nesse sentido que se propotildee que o Atendimento
Educacional Especializado para bebecircs e crianccedilas pequenas seja construiacutedo a partir
do entendimento de que tambeacutem eacute um processo de intervenccedilatildeo precoce e de que
esse seja voltado para a valorizaccedilatildeo e inter-relaccedilatildeo dos contextos
desenvolvimentais nos quais a crianccedila pequena participa
Logo torna-se imprescindiacutevel que essas profissionais tenham condiccedilotildees teoacuterico-
metodoloacutegicas para promover o desenvolvimento na infacircncia bem como para
orientar e dar apoio agrave famiacutelia e agraves educadoras Segundo Mantoan (2006) o papel da
educaccedilatildeo especial na perspectiva inclusiva eacute muito importante e natildeo pode ser
negado mas dentro dos limites de suas atribuiccedilotildees sem que sejam extrapolados os
seus espaccedilos de atuaccedilatildeo especiacutefica Essas atribuiccedilotildees conforme jaacute foi referido
complementam e apoiam o processo de escolarizaccedilatildeo de alunos com deficiecircncia
que estatildeo regularmente matriculados nas escolas comuns
O espaccedilo criado pela possibilidade de inclusatildeo emerge sempre como um
grande elo no qual podem ser verificadas experiecircncias profundas de emancipaccedilatildeo e
valorizaccedilatildeo humana Poreacutem isso soacute vai ocorrer verdadeiramente se forem
consideradas e aceitas as necessaacuterias transformaccedilotildees tanto da Educaccedilatildeo Infantil
como na Educaccedilatildeo Especial
135
5 CONCLUSOtildeES
Com fins de realizar as consideraccedilotildees finais acerca das informaccedilotildees
percebidas durante o processo de apresentaccedilatildeo de dados retoma-se a questatildeo que
norteou esta pesquisa
Quais concepccedilotildees norteiam o processo de inclusatildeo da crianccedila pequena com
necessidades educacionais especiais no contexto do Centro Municipal de
Educaccedilatildeo Infantil segundo suas Matildees suas Educadoras na Educaccedilatildeo Infantil e
suas Professoras do Atendimento Educacional Especializado
Ao se propor a investigaccedilatildeo do processo inclusivo 18 anos apoacutes a Declaraccedilatildeo
de Salamanca inicialmente parecia que se iria discutir um tema amplamente
debatido e jaacute esgotado em possibilidades Poreacutem na medida em que se eacute possiacutevel
debruccedilar sobre leituras praacuteticas inclusivas jaacute realizadas e sobre os dados e
concepccedilotildees coletadas nessa pesquisa percebe-se que mesmo que os anos
tenham se passado e as experiecircncias nesse acircmbito se multipliquem ainda haacute
questotildees a serem debatidas e claro novas demandas se estabelecem e antigas
reflexotildees acerca do tema merecem ser resgatadas O que estaacute em consonacircncia com
o que segundo Alves (2007) ressalta nos aponta para o fato de que os casos de
inclusatildeo sempre trazem consigo uma gama de novas necessidades e duacutevidas De
algum modo vai ao encontro do que Guasselli (2005) afirma quando comenta que a
proposta da educaccedilatildeo inclusiva eacute complexa pois articula vaacuterios aspectos entre os
quais o autor faz destaque o tempo instituiacutedo e o tempo do aluno o peso da
aprendizagem formal em detrimento das habilidades do aluno e o olhar do professor
e dos demais alunos sobre as necessidades especiais
O presente estudo trouxe concepccedilotildees de inclusatildeo que muito embora a
primeira vista pareccedilam heterogecircneas possuem elementos em comum Elas
sugerem ainda uma perspectiva inclusiva voltada para a possibilidade de
socializaccedilatildeo da crianccedila pequena com necessidades educacionais especiais com
ldquocrianccedilas normaisrdquo e para a concepccedilatildeo de que estar em inclusatildeo eacute o cumprimento
de um direito O que num primeiro momento aparenta ser uma celebraccedilatildeo pode no
decorrer do tempo tornar-se a reafirmaccedilatildeo de estigmas preconceitos e de accedilotildees e
136
concepccedilotildees que banalizam reduzem e simplificam a complexidade do que eacute o
processo inclusivo especialmente para as crianccedilas pequenas
A famiacutelia participa pouco do processo de inclusatildeo de sua crianccedila isso tanto
no que se refere ao Atendimento Educacional Especializado quanto no Centro
Municipal de Educaccedilatildeo Infantil Sua participaccedilatildeo eacute reconhecida como importante
para as participantes mas os relatos sobre a praacutetica natildeo demonstram isso
O professor do Atendimento Educacional Especializado eacute uma figura
praticamente desconhecida das educadoras e para as matildees natildeo representa uma
referencia consideraacutevel quando se tem duacutevidas ou dificuldades
Os CMEIs aparecem como instituiccedilotildees ainda despreparadas para atender
com qualidade crianccedilas pequenas que estatildeo em inclusatildeo assim como as
educadoras aparentam ser profissionais sem preparo e experiecircncia para trabalhar
com crianccedilas pequenas com deficiecircncia Contudo ainda que esse despreparo seja
algo relatado pelas participantes inclusive pelas proacuteprias educadoras haacute o
reconhecimento por parte das entrevistadas que essas profissionais se esforccedilam
por fazer um bom trabalho e no decorrer do tempo em que estatildeo atendendo essas
crianccedilas jaacute indicam modificaccedilotildees em suas accedilotildees e em suas concepccedilotildees sobre a
crianccedila e sobre sua funccedilatildeo enquanto profissionais da educaccedilatildeo
No que se refere ao despreparo dos CMEIs foram indicadas pelas
participantes especialmente pelas educadoras a falta de condiccedilotildees de
acessibilidade materiais e ambientes que natildeo satildeo adaptados e condiccedilotildees que
implicam em risco inclusive para crianccedilas que natildeo tem nenhum tipo de necessidade
especial ou alteraccedilatildeo no desenvolvimento
Sobre o trabalho das educadoras chama atenccedilatildeo a queixa a respeito do
nuacutemero de crianccedilas por turma o que segundo grande parte das participantes eacute
muito grande o que dificultaria o atendimento de crianccedilas com necessidade
especial Em vaacuterios momentos foi sugerido que se mantivesse uma professora extra
especiacutefica para cuidar da crianccedila que estaacute em inclusatildeo Tambeacutem se percebe uma
grande necessidade de as educadoras terem espaccedilos para conversar e se informar
sobre a inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil e sobre as especificidades das crianccedilas que
atendem
O processo de inclusatildeo em si se mostra sendo realizado como accedilotildees isoladas
e desestruturadas com pouca relaccedilatildeo entre os diversos sujeitos envolvidos (matildees
crianccedilas educadoras especialistas professoras do AEE comunidade etc) No
137
caso especiacutefico do trabalho no Centro Municipal de Educaccedilatildeo Infantil tambeacutem eacute
possiacutevel inferir que a inclusatildeo de bebecircs e de crianccedilas pequenas natildeo seguem um
planejamento ou projeto apropriado muito menos que se considerem aspectos
como a promoccedilatildeo do desenvolvimento dessas crianccedilas a participaccedilatildeo da famiacutelia
apoio agraves educadoras relaccedilatildeo com a comunidade por exemplo O que parece
contribuir para o sentimento de desamparo e despreparo das educadoras e de
inseguranccedila por parte das matildees das crianccedilas
Quanto ao trabalho das professoras do Atendimento Educacional
Especializado tambeacutem parece ser necessaacuterio discutir e estabelecer de uma forma
mais clara e profunda quais suas atribuiccedilotildees junto ao desenvolvimento global da
crianccedila pequena e sobre o que vem a ser o atendimento em
estimulaccedilatildeointervenccedilatildeo precoce Sugere-se que isso seja realizado em equipe
interdisciplinar - se possiacutevel ndash e que seja baseado em modelos integrais de
atendimento agrave crianccedila e sendo considerada a participaccedilatildeo da famiacutelia nesse
processo de promoccedilatildeo do desenvolvimento e de minimizaccedilatildeo de riscos e impactos
Ainda que a inclusatildeo natildeo seja mais uma novidade dentro da aacuterea
educacional pois haacute muito vem sendo discutida exposta e mesmo vivenciada foi
possiacutevel perceber que as educadoras dessa pesquisa natildeo se mostraram afeitas ao
tema indicando um grande distanciamento do que venha a ser a experiecircncia
inclusiva
Mesmo com todas as dificuldades apresentadas pelas entrevistadas e a
desarticulaccedilatildeo de conceitos e accedilotildees na construccedilatildeo do processo inclusivo eacute
consenso que para a crianccedila pequena estar instituiccedilatildeo de Educaccedilatildeo Infantil eacute algo
imensamente positivo Foi indicado pelas participantes que todas as crianccedilas
ganham com o processo inclusivo em alguma instacircncia tanto as que tecircm
necessidades educacionais especiais quanto as que natildeo tecircm Contudo as
evoluccedilotildees e transformaccedilotildees positivas que facilmente satildeo vistas nas crianccedilas que
estatildeo em inclusatildeo tambeacutem aparecem em acordo com os relatos como algo
inerente ao fato de estarem na instituiccedilatildeo natildeo resultado de planejamentos
discussotildees ou accedilotildees voltadas especificamente para a qualidade do processo
inclusivo
Desse modo diante dos dados organizados na presente pesquisa foram
observadas como demandas a serem consideradas quando se pretende um
processo inclusivo com qualidade aquelas oriundas das necessidades de a) se
138
observar e atuar na infacircncia enquanto etapa crucial de desenvolvimento b) do
reconhecimento da importacircncia dos contextos e suas relaccedilotildees c) da consideraccedilatildeo e
discussatildeo das novas concepccedilotildees acerca da Inclusatildeo d) da consideraccedilatildeo das
transformaccedilotildees que vecircm ocorrendo na Educaccedilatildeo Infantil e) da consideraccedilatildeo das
transformaccedilotildees que vecircm ocorrendo na Educaccedilatildeo Especial
Por fim ainda que o tema da Educaccedilatildeo Inclusiva esteja longe de ser
esgotado especialmente no que compete agrave Educaccedilatildeo Infantil e diante de todas as
informaccedilotildees oferecidas agrave anaacutelise e discussatildeo nessa pesquisa eacute possiacutevel considerar
que esta Tese demonstrou
a) Que a inclusatildeo de crianccedilas pequenas com deficiecircncia na Educaccedilatildeo
Infantil ainda reflete diversas contradiccedilotildees e desencontros sendo
realizada de maneira simplificada no sentido do cumprimento de um
direito e tendo como foco a socializaccedilatildeo desse alunado com crianccedilas
ldquonormaisrdquo preterindo outras importantes funccedilotildees interventivas precoces
tatildeo necessaacuterias agrave promoccedilatildeo de um desenvolvimento amplo e saudaacutevel
b) Que a experiecircncia inclusiva mesmo diante da realidade exposta nos
contextos pesquisados se mostra vaacutelida por ser uma accedilatildeo que
transgride o comum pois proporciona novas reflexotildees novas
necessidades duacutevidas e significados o que com certeza poderaacute gerar
outras perspectivas e estrateacutegias em prol da qualidade educacional e da
promoccedilatildeo do desenvolvimento humano
Outrossim sugere-se que todo processo inclusivo que vise atender a crianccedila
pequena com necessidades educacionais especiais considere
a) a construccedilatildeo de uma concepccedilatildeo de crianccedila pequena ativa e em desenvolvimento
b) a discussatildeo e ampliaccedilatildeo da concepccedilatildeo de inclusatildeo especialmente no que se
refere agrave Educaccedilatildeo Infantil
c) a importacircncia de uma abordagem de atendimento baseada nas relaccedilotildees e trocas
muacutetuas entre os contextos nos quais a crianccedila participa direta ou indiretamente
d) as caracteriacutesticas e necessidades da famiacutelia da crianccedila que estaacute em inclusatildeo
tornando-a tambeacutem agente mediadora da inclusatildeo do filho
139
e) a identidade e o papel da educadora que trabalha no Centro Municipal de
Educaccedilatildeo Infantil e da professora do Atendimento Educacional Especializado
enquanto agentes mediadoras da inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil
f) a inclusatildeo tambeacutem como um modo de intervenccedilatildeo precoce na qual se previne e
minimiza riscos e dificuldades e promovendo o desenvolvimento humano
g) a adequaccedilatildeo dos espaccedilos das creches levando-se em consideraccedilatildeo a realidade
do atendimento a quantidade de crianccedilas atendidas e as especificidades do puacuteblico
infantil que estaacute em inclusatildeo
h) a criaccedilatildeo de cursos especiacuteficos que tratem da inclusatildeo na primeira infacircncia
i) que os cursos de formaccedilatildeo inicial e os de formaccedilatildeo continuada levem em conta a
inclusatildeo de uma crianccedila real e que possam ser organizados conforme a linguagem
e a realidade praacutetica profissional
j) que sejam feitas mais pesquisas para verificar como o desenvolvimento infantil
vem sendo concebido avaliado e promovido nesta faixa etaacuteria e em outros
contextos de creche especialmente no que se refere ao desenvolvimento da crianccedila
pequena com necessidades especiais
k) de se aprofundar os estudos sobre de que modo a inclusatildeo de bebecircs com
necessidades especiais vem sendo tratada pelas educadoras bem como de que
forma esta inclusatildeo contribui ou natildeo para o desenvolvimento infantil dessas mesmas
crianccedilas
l) e por fim que as Universidades contribuam com projetos de pesquisa e de
extensatildeo para que conceitos importantes sejam re-significados dentro da Educaccedilatildeo
Infantil da Educaccedilatildeo Especial e do Ensino Inclusivo
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ANEXOS
162
ANEXO A
Roteiro de Entrevistas ndash Matildees
Caracterizaccedilatildeo da Matildee da crianccedila que estaacute em inclusatildeo
1 Nome Completo
2 Idade
3 Escolaridade
4 Ocupaccedilatildeo
Caracterizaccedilatildeo da Famiacutelia da crianccedila que estaacute em inclusatildeo
1 Composiccedilatildeo familiar
Membro Idade MF Escolaridade Ocupaccedilatildeo
01
02
03
04
05
06
2 Quem mora com a crianccedila
3 Qual eacute a renda mensal meacutedia da famiacutelia
4 Haacute mais algum caso de deficiecircncia na sua famiacutelia Comente sua resposta
Caracterizaccedilatildeo da crianccedila que estaacute em inclusatildeo
1 Nome
2 Idade
3 Como eacute o seu filho
163
4 A senhora saberia me dizer qual eacute o diagnoacutestico do seu filho
5 Quando a senhora soube o diagnoacutestico dele o que pensou
6 E hoje que seu filho estaacute no CMEI como se sente
7 Como vocecirc faz para saber se seu filho estaacute se desenvolvendo bem
8 Seu filho frequentou outra instituiccedilatildeo antes de vir para esse CMEI Qual
Comente sua resposta
9 Desde quando seu filho frequenta este CMEI
10 Por que a senhora decidiu matricular seu filho no CMEI
11 Por que a senhora escolheu esse CMEI
12 Qual eacute a turma que seu filho frequenta
13 Quanto tempo por dia sua crianccedila fica no CMEI
14 Atualmente seu filho frequenta algum outro atendimento aleacutem do CMEI
Como eacute isso
15 Como costuma ser a rotina da crianccedila
16 A senhora tem alguma dificuldade em atender sua crianccedila
17 Quando aparecem duacutevidas sobre seu filho o que a senhora faz
18 A senhora recebe ou jaacute recebeu alguma orientaccedilatildeo sobre como atender seu
filho Comente sua resposta
19 Que tipo de atividades vocecirc e sua famiacutelia costumam fazer com a crianccedila
Concepccedilotildees sobre o processo inclusivo
1 Dizer que essa crianccedila estaacute em inclusatildeo o que significa para vocecirc
2 Se algueacutem lhe perguntasse qual eacute o motivo de crianccedilas com deficiecircncia
estarem frequentando o CMEI o que vocecirc diria
3 Qual eacute a sua opiniatildeo sobre a inclusatildeo nos CMEIs
4 Como deveriam ser os CMEIs para atenderem bem os casos de inclusatildeo
5 Como a famiacutelia da crianccedila que tem deficiecircncia pode ajudar na inclusatildeo de seu
filho
6 Como devem ser as educadoras de CMEI para que atendam bem as crianccedilas
que estatildeo em inclusatildeo
7 Como a professora do Atendimento Educacional Especializado pode
contribuir com a inclusatildeo no CMEI
164
8 Que tipo de apoio a famiacutelia da crianccedila que estaacute em inclusatildeo precisa para
atender bem seu filho
9 Que tipo de apoio as educadoras de CMEI precisam para atender bem os
casos de inclusatildeo
10 Vocecirc acha que os CMEIs estatildeo preparados para atender crianccedilas pequenas
em inclusatildeo Comente sua resposta
11 Vocecirc acha que as educadoras de CMEI estatildeo preparadas para atender
crianccedilas pequenas em inclusatildeo Comente sua resposta
12 Qual sua opiniatildeo sobre o trabalho das educadoras que atendem turmas de
inclusatildeo
13 De que maneira acontece a participaccedilatildeo da famiacutelia no processo de inclusatildeo
do filho que estaacute no CMEI Qual sua opiniatildeo sobre isso
14 Em sua opiniatildeo quais as maiores vantagens que a inclusatildeo na Educaccedilatildeo
Infantil traz Comente sua resposta
15 Existiriam desvantagens na inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil Comente sua
resposta
16 Vocecirc gostaria de falar mais alguma coisa sobre a inclusatildeo da crianccedila
pequena no CMEI
165
ANEXO B
Roteiro de Entrevistas ndash Educadoras de CMEI
Caracterizaccedilatildeo da Educadora
Nome Completo
Idade
Estado civil
Escolarizaccedilatildeo
Possui alguma formaccedilatildeo especiacutefica para trabalhar com crianccedilas pequenas na
Educaccedilatildeo Infantil
Possui alguma formaccedilatildeo especiacutefica na aacuterea da Educaccedilatildeo Especial e
Inclusiva
Vocecirc teve experiecircncia como professora fora da Educaccedilatildeo Infantil Comente
sua resposta
Vocecirc teve outras experiecircncias como professora de turmas de inclusatildeo antes
dessa Comente sua resposta
Vocecirc teve ou tem alguma ou experiecircncia com pessoas com deficiecircncia fora
da aacuterea educacional Como foi isso
Caracterizaccedilatildeo do Trabalho da Educadora e o processo inclusivo
1 Qual eacute o seu horaacuterio de trabalho aqui no CMEI
2 Qual eacute a turma que vocecirc atende atualmente
3 Quanto tempo faz que vocecirc estaacute atendendo essa turma
4 Vocecirc divide o atendimento da turma com algueacutem Como eacute isso
5 Como costuma ser sua rotina aqui na creche
6 Vocecirc costuma planejar o atendimento dessa turma Como eacute isso
7 Como eacute a crianccedila que estaacute em inclusatildeo na sua turma
8 Haacute quanto tempo vocecirc atende essa crianccedila
9 Quando vocecirc soube que iria atender essa crianccedila o que pensou Comente
sua resposta
166
10 E hoje que vocecirc jaacute a conhece como se sente ao atendecirc-la Comente sua
resposta
11 Como vocecirc faz para saber se essa crianccedila estaacute se desenvolvendo bem
12 Como eacute o seu trabalho com essa crianccedila que estaacute em inclusatildeo
13 Vocecirc tem alguma dificuldade em atendecirc-la Comente sua resposta
14 Quando vocecirc tem duacutevidas ou dificuldades sobre essa crianccedila o que vocecirc faz
Comente sua resposta
15 Vocecirc recebe ou recebeu algum tipo de orientaccedilatildeo sobre como atender essa
crianccedila Comente sua resposta
Concepccedilotildees sobre o processo inclusivo
16 Dizer que essa crianccedila estaacute em inclusatildeo o que significa para vocecirc
17 Se algueacutem lhe perguntasse qual eacute o motivo de crianccedilas com deficiecircncia
estarem frequentando o CMEI o que vocecirc diria
18 Qual eacute a sua opiniatildeo sobre a inclusatildeo nos CMEIs
19 Como deveriam ser os CMEIs para atenderem bem os casos de inclusatildeo
20 Como a famiacutelia da crianccedila que tem deficiecircncia pode ajudar na inclusatildeo de seu
filho
21 Como devem ser as educadoras de CMEI para que atendam bem as crianccedilas
que estatildeo em inclusatildeo
22 Como a professora do Atendimento Educacional Especializado pode
contribuir com a inclusatildeo no CMEI
23 Que tipo de apoio a famiacutelia da crianccedila que estaacute em inclusatildeo precisa para
atender bem seu filho
24 Que tipo de apoio as educadoras de CMEI precisam para atender bem os
casos de inclusatildeo
17 Vocecirc acha que os CMEIs estatildeo preparados para atender crianccedilas pequenas
em inclusatildeo Comente sua resposta
18 Vocecirc acha que as educadoras de CMEI estatildeo preparadas para atender
crianccedilas pequenas em inclusatildeo Comente sua resposta
19 Qual sua opiniatildeo sobre o trabalho das educadoras que atendem turmas de
inclusatildeo
167
20 De que maneira acontece a participaccedilatildeo da famiacutelia no processo de inclusatildeo
do filho que estaacute no CMEI Qual sua opiniatildeo sobre isso
21 Em sua opiniatildeo quais as maiores vantagens que a inclusatildeo na Educaccedilatildeo
Infantil traz Comente sua resposta
22 Existiriam desvantagens na inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil Comente sua
resposta
23 Vocecirc gostaria de falar mais alguma coisa sobre a inclusatildeo da crianccedila
pequena no CMEI
168
ANEXO C
Roteiro de Entrevistas ndash Professoras do Atendimento Educacional
Especializado (AEE)
Caracterizaccedilatildeo da Professora do AEE
Nome Completo
Idade
Estado civil
Escolarizaccedilatildeo
Possui alguma formaccedilatildeo especiacutefica para trabalhar com crianccedilas pequenas
Possui alguma formaccedilatildeo especiacutefica para trabalhar com Educaccedilatildeo Especial e
Inclusiva
Possui alguma formaccedilatildeo especiacutefica para trabalhar como professora do AEE
Haacute quanto tempo vocecirc trabalha na educaccedilatildeo
Antes de trabalhar como professora do AEE vocecirc teve outras experiecircncias na
aacuterea de Educaccedilatildeo Infantil Como foi isso
Antes de trabalhar como professora do AEE vocecirc teve outras experiecircncias na
aacuterea de Educaccedilatildeo Especial ou Inclusiva Como foi isso
Teve ou tem alguma outra experiecircncia com pessoas com deficiecircncia fora da
aacuterea educacional Como foi isso
Caracterizaccedilatildeo do Trabalho do AEE
1 Qual eacute o seu horaacuterio de trabalho no AEE
2 Quanto tempo faz que vocecirc estaacute trabalhando como professora do AEE
3 Como eacute o seu trabalho no AEE
4 Quais as maiores diferenccedilas entre o AEE para o Ensino Fundamental e o
AEE para a Educaccedilatildeo Infantil
5 Quantos alunos vocecirc atende no AEE Quantos satildeo da Educaccedilatildeo Infantil e
quantos satildeo do Ensino Fundamental
6 Quanto tempo faz que vocecirc atende essa crianccedila no AEE
7 Quando vocecirc soube que iria atender essa crianccedila pequena o que pensou
Comente sua resposta
169
8 E hoje que vocecirc jaacute a conhece como se sente ao atendecirc-la Comente sua
resposta
9 Como vocecirc faz para saber se essa crianccedila estaacute se desenvolvendo bem
10 Como eacute o seu trabalho com essa crianccedila que estaacute em inclusatildeo
11 Vocecirc tem alguma dificuldade em atendecirc-la Comente sua resposta
12 Quando vocecirc tem duacutevidas ou dificuldades sobre essa crianccedila o que vocecirc faz
Comente sua resposta
13 Vocecirc recebe ou recebeu algum tipo de orientaccedilatildeo sobre como atender essa
crianccedila Como eacute isso
14 Vocecirc sabe quais outros serviccedilos essa crianccedila frequenta aleacutem do CMEI
Concepccedilotildees sobre o processo inclusivo
15 Dizer que essa crianccedila estaacute em inclusatildeo o que significa para vocecirc
16 Se algueacutem lhe perguntasse qual eacute o motivo de crianccedilas com deficiecircncia
estarem frequentando o CMEI o que vocecirc diria
17 Qual eacute a sua opiniatildeo sobre a inclusatildeo nos CMEIs
18 Como deveriam ser os CMEIs para atenderem bem os casos de inclusatildeo
19 Como a famiacutelia da crianccedila que tem deficiecircncia pode ajudar na inclusatildeo de seu
filho
20 Como devem ser as educadoras de CMEI para que atendam bem as crianccedilas
que estatildeo em inclusatildeo
21 Como a professora do Atendimento Educacional Especializado pode
contribuir com a inclusatildeo no CMEI
22 Que tipo de apoio a famiacutelia da crianccedila que estaacute em inclusatildeo precisa para
atender bem seu filho
23 Que tipo de apoio as educadoras de CMEI precisam para atender bem os
casos de inclusatildeo
24 Vocecirc acha que os CMEIs estatildeo preparados para atender crianccedilas pequenas
em inclusatildeo Comente sua resposta
25 Vocecirc acha que as educadoras de CMEI estatildeo preparadas para atender
crianccedilas pequenas em inclusatildeo Comente sua resposta
26 Qual sua opiniatildeo sobre o trabalho das educadoras que atendem turmas de
inclusatildeo
27 De que maneira acontece a participaccedilatildeo da famiacutelia no processo de inclusatildeo
do filho que estaacute no CMEI Qual sua opiniatildeo sobre isso
170
28 Em sua opiniatildeo quais as maiores vantagens que a inclusatildeo na Educaccedilatildeo
Infantil traz Comente sua resposta
29 Existiriam desvantagens na inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil Comente sua
resposta
30 Vocecirc gostaria de falar mais alguma coisa sobre a inclusatildeo da crianccedila
pequena no CMEI
171
ANEXO D- TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ndash Matildees
Eu Nelly Narcizo de Souza aluna do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da
Universidade Federal do Paranaacute (UFPR) convido-o (a) a participar do processo de
coleta de dados de minha Tese de Doutorado sob orientaccedilatildeo da Profordf Drordf Maria
Augusta Bolsanello Esta pesquisa que tem como tiacutetuloldquoInclusatildeo Escolar da Crianccedila
Pequena com Necessidades Especiais Concepccedilotildees de Matildees de Educadoras da
Educaccedilatildeo Infantil e de Professoras do Atendimento Educacional Especializadordquo
possui como objetivo maior descrever as concepccedilotildees de pais e educadores sobre o
processo de inclusatildeo da crianccedila pequena com deficiecircncia no contexto educacional
infantil especificamente na creche A relevacircncia dessa pesquisa estaacute em contribuir
com futuros estudos e accedilotildees que tratem da inclusatildeo da crianccedila pequena com
deficiecircncia em ambiente de creche evidenciando necessidades e possibilidades
para um bom atendimento
A sua participaccedilatildeo aconteceraacute atraveacutes do seu consentimento em responder algumas
perguntas por meio de questionaacuterio e entrevista a ser gravada em aacuteudio no
ambiente da creche em dia e horaacuterio previamente marcados Responder a eles natildeo
apresenta nenhum tipo de risco agrave crianccedila a seus familiares ou a quem a atende na
Creche O seu nome bem como o da crianccedila ou quaisquer dados que possam
identificaacute-los natildeo seratildeo utilizados A sua participaccedilatildeo eacute absolutamente voluntaacuteria
natildeo remunerada e a pesquisadora estaraacute agrave disposiccedilatildeo para qualquer
esclarecimento A sua recusa em participar da pesquisa natildeo traraacute qualquer
penalidade ou prejuiacutezo ao atendimento da crianccedila Vocecirc tambeacutem poderaacute desistir da
participaccedilatildeo a qualquer momento Os resultados da presente pesquisa seratildeo
divulgados agrave instituiccedilatildeo apoacutes a defesa da Tese em data a ser agendada Apoacutes ler
este Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e aceitar participar do estudo
solicito sua assinatura em duas vias no referido Termo sendo que uma delas
permaneceraacute em seu poder Qualquer informaccedilatildeo adicional ou esclarecimento
acerca deste estudo poderaacute ser obtido com a pesquisadora principal pelos telefones
(41) XXXX XXXX e (41) XXXX XXXX
Nelly Narcizo de Souza Maria Augusta Bolsanello Dra
Pesquisadora Principal - Doutoranda Profordf Pesquisadora Orientadora
Eu
abaixo assinado declaro atraveacutes deste documento o meu consentimento em
172
participar da pesquisa intitulada ldquoInclusatildeo Escolar da Crianccedila Pequena com
Necessidades Especiais Concepccedilotildees de Matildees de Educadoras da Educaccedilatildeo Infantil
e de Professoras do Atendimento Educacional Especializadordquo
Declaro ainda que estou ciente de seu objetivo e meacutetodos bem como de meus
direitos ao anonimato e a desistir da mesma a qualquer momento
_____________________de ___________________ de 201_
RG
Assinatura participante da pesquisa
173
ANEXO E - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ndash
Educadores da Educaccedilatildeo Infantil
Eu Nelly Narcizo de Souza aluna do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da
Universidade Federal do Paranaacute (UFPR) convido-o (a) a participar do processo de
coleta de dados de minha Tese de Doutorado sob orientaccedilatildeo da Profordf Drordf Maria
Augusta Bolsanello Esta pesquisa que tem como tiacutetulo ldquoInclusatildeo Escolar da Crianccedila
Pequena com Necessidades Especiais Concepccedilotildees de Matildees de Educadoras da
Educaccedilatildeo Infantil e de Professoras do Atendimento Educacional Especializadordquo
possui como objetivo maior descrever as concepccedilotildees de pais e educadores sobre o
processo de inclusatildeo da crianccedila pequena com deficiecircncia no contexto educacional
infantil especificamente na creche A relevacircncia dessa pesquisa estaacute em contribuir
com futuros estudos e accedilotildees que tratem da inclusatildeo da crianccedila pequena com
deficiecircncia em ambiente de creche evidenciando necessidades e possibilidades
para um bom atendimento
A sua participaccedilatildeo aconteceraacute atraveacutes do seu consentimento em responder algumas
perguntas por meio de entrevista a ser gravada em aacuteudio no ambiente da creche
em dia e horaacuterio previamente marcados Responder a elas natildeo apresenta nenhum
tipo de risco agrave crianccedila agrave famiacutelia a vocecirc ou a outras pessoas que trabalham na
creche O seu nome bem como o da crianccedila ou quaisquer dados que possam
identificaacute-los natildeo seratildeo utilizados A sua participaccedilatildeo eacute absolutamente voluntaacuteria
natildeo remunerada e a pesquisadora estaraacute agrave disposiccedilatildeo para qualquer
esclarecimento A sua recusa em participar da pesquisa natildeo traraacute qualquer
penalidade ou prejuiacutezo para vocecirc ao seu trabalho ou ao atendimento da crianccedila
Vocecirc tambeacutem poderaacute desistir da participaccedilatildeo a qualquer momento Os resultados da
presente pesquisa seratildeo divulgados agrave instituiccedilatildeo apoacutes a defesa da Tese em data a
ser agendada Apoacutes ler este Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e aceitar
participar do estudo solicito sua assinatura em duas vias no referido Termo sendo
que uma delas permaneceraacute em seu poder Qualquer informaccedilatildeo adicional ou
esclarecimento acerca deste estudo poderaacute ser obtido com a pesquisadora principal
pelos telefones (41) XXXX XXXX e (41) XXXX XXXX
Nelly Narcizo de Souza Maria Augusta Bolsanello Dra
Pesquisadora Principal - Doutoranda Profordf Pesquisadora Orientadora
174
Eu
abaixo assinado declaro atraveacutes deste documento o meu consentimento em
participar da pesquisa intitulada ldquoInclusatildeo Escolar da Crianccedila Pequena com
Necessidades Especiais Concepccedilotildees de Matildees de Educadoras da Educaccedilatildeo Infantil
e de Professoras do Atendimento Educacional Especializadordquo a ser realizada nesta
instituiccedilatildeo
Declaro ainda que estou ciente de seu objetivo e meacutetodos bem como de meus
direitos ao anonimato e a desistir da mesma a qualquer momento
_____________________de ___________________ de 201_
RG
Assinatura do educador participante da pesquisa
175
ANEXO F - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ndash
Professores do Atendimento Educacional Especializado
Eu Nelly Narcizo de Souza aluna do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da
Universidade Federal do Paranaacute (UFPR) convido-o (a) a participar do processo de
coleta de dados de minha Tese de Doutorado sob orientaccedilatildeo da Profordf Drordf Maria
Augusta Bolsanello Esta pesquisa que tem como tiacutetulo ldquoInclusatildeo Escolar da Crianccedila
Pequena com Necessidades Especiais Concepccedilotildees de Matildees de Educadoras da
Educaccedilatildeo Infantil e de Professoras do Atendimento Educacional Especializadordquo
possui como objetivo maior descrever as concepccedilotildees de pais e educadores sobre o
processo de inclusatildeo da crianccedila pequena com deficiecircncia no contexto educacional
infantil especificamente na creche A relevacircncia dessa pesquisa estaacute em contribuir
com futuros estudos e accedilotildees que tratem da inclusatildeo da crianccedila pequena com
deficiecircncia em ambiente de creche evidenciando necessidades e possibilidades
para um bom atendimento
A sua participaccedilatildeo aconteceraacute atraveacutes do seu consentimento em responder algumas
perguntas por meio de entrevista a ser gravada em aacuteudio no ambiente de trabalho
em dia e horaacuterio previamente marcados Responder a elas natildeo apresenta nenhum
tipo de risco agrave crianccedila agrave famiacutelia a vocecirc ou a outras pessoas que trabalham com
vocecirc O seu nome bem como o da crianccedila ou quaisquer dados que possam
identificaacute-los natildeo seratildeo utilizados A sua participaccedilatildeo eacute absolutamente voluntaacuteria
natildeo remunerada e a pesquisadora estaraacute agrave disposiccedilatildeo para qualquer
esclarecimento A sua recusa em participar da pesquisa natildeo traraacute qualquer
penalidade ou prejuiacutezo para vocecirc ao seu trabalho ou ao atendimento da crianccedila
Vocecirc tambeacutem poderaacute desistir da participaccedilatildeo a qualquer momento Os resultados da
presente pesquisa seratildeo divulgados agrave instituiccedilatildeo apoacutes a defesa da Tese em data a
ser agendada Apoacutes ler este Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e aceitar
participar do estudo solicito sua assinatura em duas vias no referido Termo sendo
que uma delas permaneceraacute em seu poder Qualquer informaccedilatildeo adicional ou
esclarecimento acerca deste estudo poderaacute ser obtido com a pesquisadora principal
pelos telefones (41) XXXX XXXX e (41) XXXX XXXX
Nelly Narcizo de Souza Maria Augusta Bolsanello Dra
Pesquisadora Principal - Doutoranda Profordf Pesquisadora Orientadora
176
Eu
abaixo assinado declaro atraveacutes deste documento o meu consentimento em
participar da pesquisa intitulada ldquoInclusatildeo Escolar da Crianccedila Pequena com
Necessidades Especiais Concepccedilotildees de Matildees de Educadoras da Educaccedilatildeo Infantil
e de Professoras do Atendimento Educacional Especializadordquo
Declaro ainda que estou ciente de seu objetivo e meacutetodos bem como de meus
direitos ao anonimato e a desistir da mesma a qualquer momento
_____________________de ___________________ de 201_
RG
Assinatura do professor participante da pesquisa