universidade federal do paranÁ nelly narcizo de …

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ NELLY NARCIZO DE SOUZA INCLUSÃO ESCOLAR DA CRIANÇA PEQUENA COM NECESSIDADES ESPECIAIS: CONCEPÇÕES DE MÃES, DE EDUCADORAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL E DE PROFESSORAS DO ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO CURITIBA 2013

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1

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANAacute

NELLY NARCIZO DE SOUZA

INCLUSAtildeO ESCOLAR DA CRIANCcedilA PEQUENA COM NECESSIDADES

ESPECIAIS CONCEPCcedilOtildeES DE MAtildeES DE EDUCADORAS DA EDUCACcedilAtildeO

INFANTIL E DE PROFESSORAS DO ATENDIMENTO EDUCACIONAL

ESPECIALIZADO

CURITIBA

2013

2

NELLY NARCIZO DE SOUZA

INCLUSAtildeO ESCOLAR DA CRIANCcedilA PEQUENA COM

NECESSIDADESESPECIAIS CONCEPCcedilOtildeES DE MAtildeES DE EDUCADORAS DA

EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E DE PROFESSORAS DO ATENDIMENTO EDUCACIONAL

ESPECIALIZADO

Tese apresentada ao Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo do Setor de Educaccedilatildeo da Universidade Federal do Paranaacute como requisito parcial para obtenccedilatildeo do grau de Doutor em Educaccedilatildeo Aacuterea Temaacutetica Cultura e Processo de Ensino ndash Aprendizagem Linha de Pesquisa Cogniccedilatildeo Aprendizagem e Desenvolvimento Humano Orientadora Profordf Drordf Maria Augusta Bolsanello

CURITIBA

2013

Catalogaccedilatildeo na publicaccedilatildeo Fernanda Emanoeacutela Nogueira ndash CRB 91607

Biblioteca de Ciecircncias Humanas e Educaccedilatildeo - UFPR

Souza Nelly Narcizo de Inclusatildeo escolar da crianccedila pequena com necessidades especiais

concepccedilotildees de matildees de educadoras da educaccedilatildeo infantil e de professoras do atendimento educacional especializado Nelly Narcizo de Souza ndash Curitiba 2013

181 f Orientadora Profordf Drordf Maria Augusta Bolsanello

Tese (Doutorado em Educaccedilatildeo) ndash Setor de Educaccedilatildeo da Universidade Federal do Paranaacute

1 Educaccedilatildeo inclusiva 2 Educaccedilatildeo infantil 3 Inclusatildeo em

educaccedilatildeo 4 Educaccedilatildeo especial 5 Crianccedilas deficientes ndash Educaccedilatildeo ITiacutetulo

CDD 3719

3

Cada crianccedila ao nascer nos traz a mensagem de que Deus natildeo perdeu as esperanccedilas nos homens

(R Tagore)

Dedico esse trabalho a todas as crianccedilas que jaacute atendi e com as quais aprendi a ter Esperanccedila Alegria Feacute e a certeza da grandiosa e complexa necessidade de

insistirmos em construir uma Escola para Todos

4

AGRADECIMENTOS

Foram quatro anos de muitas transformaccedilotildees as quais natildeo vieram faacutecil ou

delicadamente Perante as dificuldades e desafios que a vida nos impotildee aproveito

para agradecer a todos os que de algum modo foram determinantes em momentos

preciosos dessa caminhada

Agradeccedilo imensamente a minha orientadora Profordf Drordf Maria Augusta Bolsanello pela

sensibilidade compreensatildeo e carinho com os quais sempre me guiou ao longo

desses anos todos

Especialmente agradeccedilo agraves crianccedilas que ainda pequenas jaacute nos ajudam a

transformar o que somos por meio de suas histoacuterias agraves suas matildees agraves suas

educadoras nos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil e agraves professoras do

Atendimento Educacional Especializado que gentilmente cederam as informaccedilotildees

que deram corpo ao presente estudo

Estendo meus agradecimentos agraves professoras que compuseram a Banca de

Qualificaccedilatildeo Profordf Drordf Sandra Regina Kirchner Guimaratildees Profordf Drordf Lidia Natalia

Dobriansky Weber Profordf Drordf Maria de Faacutetima Minetto Profordf Drordf Maria Helena

Baptista Cordeiro e Profordf Drordf Tania dos Santos Alvarez da Silva Obrigada pelas

informaccedilotildees e comentaacuterios pertinentes e enriquecedores que ajudaram a nortear

esse trabalho

Aos Professores Colegas e funcionaacuterios do Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em

Educaccedilatildeo da Universidade Federal do Paranaacute pela oportunidade de convivecircncia e

aprendizado Um grande abraccedilo de agradecimento para Ana Flaacutevia Hansel e

Daniele Bonamin Flores pelo tempo que passamos juntas e por tudo o que

aprendemos

Agrave minha Famiacutelia que mesmo na distacircncia foi apoio importante nos momentos que

julguei natildeo conseguir prosseguir

5

Agrave Juliana Krieger Joatildeo Fadino e Ricardo Peixoto pelas ajudas ao longo da

construccedilatildeo desse trabalho

Ao Rogger agradeccedilo por ter se colocado ao meu lado especialmente nos momentos

de maior dificuldade preocupaccedilatildeo e cansaccedilo Tambeacutem meus agradecimentos pela

revisatildeo dos textos Obrigado por tudo e principalmente por me trazer Ceciacutelia

A todos os que hoje posso chamar de Amigos e que de algum modo contribuiacuteram

com essa pesquisa deixo meus mais sinceros e profundos agradecimentos

6

A alegria natildeo chega apenas no encontro do achado mas faz parte do processo da

busca

Paulo Freire

7

RESUMO

A tese investiga as concepccedilotildees que norteiam o processo de inclusatildeo educacional da crianccedila pequena com necessidades especiais segundo suas Matildees suas Educadoras da Educaccedilatildeo Infantil e suas Professoras do Atendimento Educacional Especializado (AEE) O contexto e as participantes foram escolhidos por sua significativa influecircncia no desenvolvimento humano especialmente no que compete agrave primeira infacircncia e agrave construccedilatildeo do processo inclusivo de crianccedilas pequenas com necessidades especiais As participantes foram entrevistadas por meio de perguntas abertas elencadas em roteiros previamente estabelecidos em estudo de cunho qualitativo exploratoacuterio e comparativo Segundo os resultados as concepccedilotildees das participantes sugerem uma perspectiva inclusiva voltada para a possibilidade de socializaccedilatildeo da crianccedila pequena com necessidades especiais com outras crianccedilas sem estas necessidades e para a concepccedilatildeo de que estar em inclusatildeo eacute o cumprimento de um direito As matildees participam pouco do processo de inclusatildeo de sua crianccedila Jaacute as funccedilotildees das professoras que trabalham no Atendimento Educacional Especializado satildeo praticamente desconhecidas dentro do contexto do processo inclusivo das crianccedilas pequenas que atendem As educadoras de Educaccedilatildeo Infantil por sua vez sentem-se despreparadas para atender as necessidades educacionais das crianccedilas que satildeo foco da inclusatildeo As educadoras destacam que a relaccedilatildeo entre as crianccedilas eacute um dos elementos que mais promovem o desenvolvimento dos educandos que estatildeo em inclusatildeo Tanto as professoras do Atendimento Educacional Especializado quanto as Educadoras da Educaccedilatildeo Infantil demonstram variadas preocupaccedilotildees sobre o modo como vem acontecendo a inclusatildeo de crianccedilas pequenas com necessidades educacionais especiais e junto com as matildees chamam a atenccedilatildeo para a necessidade de transformaccedilotildees no modo como estaacute se dando a inclusatildeo de crianccedilas pequenas na Educaccedilatildeo Infantil Esta pesquisa evidencia que a inclusatildeo de crianccedilas pequenas com necessidades especiais na Educaccedilatildeo Infantil ainda reflete diversas contradiccedilotildees e desencontros mas se mostra como uma experiecircncia vaacutelida por ser uma accedilatildeo que transgride o comum pois proporciona novas reflexotildees novas necessidades duacutevidas e significados o que com certeza poderaacute gerar outras perspectivas e estrateacutegias em prol da qualidade educacional e da promoccedilatildeo do desenvolvimento humano Destaca-se a necessidade de que sejam realizados mais estudos dentro da presente temaacutetica dada sua relevacircncia

Palavras-chave Inclusatildeo Escolar Educaccedilatildeo Infantil Atendimento Educacional Especializado Necessidades Especiais Educaccedilatildeo Inclusiva

8

ABSTRACT

The thesis investigates the conceptions that guide the process of educational inclusion of the young child with special needs according with their Mothers their Early Childhood Educationrsquos educators and their Specialized Educational Servicersquos Teachers The context and the participants was chosen for itrsquos significant influence on human development specially about the concerns early childhood and the building of the inclusive process of young children with special needs The participants were interviewed through open questions chosen on pre-established lists in a qualitative exploratory and comparative study According with the results the participantrsquos conceptions suggests a inclusive perspective facing the possibility of socialization of a young child with special needs with other children without these needs and to the conception that being included is the fulfillment of a right The mothers participate little in the inclusion process of their child But the functions of the teachers that work in the Specialized Educational Service are practically unknown inside the context of the inclusive process for the young children that them treat The Early Childhood Educationrsquos educators on the other hand feel unprepared to meet the educational needs of the children that are the focus of the inclusion The educators points the relation among the children is one of the elements that promotes the most development os the learners that are in the inclusion Both the Specialized Educational Servicersquos teachers and Early Childhood Educationrsquos educators shows various concerns about the way that the inclusion is happening with young children with special educational needs and along with their mothers call the attention to the necessity of transformations in the way that is occurring the inclusion of young children in the Early Childhood Education This research shows that the inclusion of young child with special needs in the Early Childhood Education still reflects several contradictions and mismatches but displays like a valid experiment for being an action that transgresses the common for it provides new reflections new necessities doubts and meanings which for sure will generate other perspectives and strategies on the behalf of educational quality and of the promotion of human development Highlights the need of the realization of further studies inside of the present theme given its relevance

Keywords School Inclusion Early Childhood Education Care Specialized Education Special Needs Inclusive Education

9

LISTA DE QUADROS

QUADRO 01 DISTRIBUICcedilAtildeO DAS CRIANCcedilAS SEGUNDO LAUDO MEacuteDICO

E DIAGNOacuteSTICO 64

QUADRO 02 DISTRIBUICcedilAtildeO DAS CRIANCcedilAS SEGUNDO A TURMA EM

QUE ESTAtildeO MATRICULADAS ATUALMENTE E O TEMPO EM QUE

FREQUENTAM CENTROS MUNICIPAIS DE EDUCACcedilAtildeO INFANTIL ndash CMEIs

64

QUADRO 03 ndash DISTRIBUICcedilAtildeO DAS MAtildeES PARTICIPANTES CONFORME

IDADE ESCOLARIDADE E OCUPACcedilAtildeO 67

QUADRO 04 ndash DISTRIBUICcedilAtildeO DAS MAtildeES PARTICIPANTES CONFORME

COMPOSICcedilAtildeO FAMILIAR 67

QUADRO 05 ndash DISTRIBUICcedilAtildeO DAS PROFESSORAS DO ATENDIMENTO

EDUCACIONAL ESPECIALIZADO - AEE CONFORME IDADE ESTADO

CIVIL OCORREcircNCIA E QUANTIDADE DE FILHOS 69

QUADRO 06 ndash DISTRIBUICcedilAtildeO DAS PROFESSORAS DO ATENDIMENTO

EDUCACIONAL ESPECIALIZADO - AEE CONFORME SUA

ESCOLARIZACcedilAtildeO 70

QUADRO 07- DISTRIBUICcedilAtildeO DAS PROFESSORAS DO ATENDIMENTO

EDUCACIONAL ESPECIALIZADO - AEE CONFORME TEMPO DE

TRABALHO NA AacuteREA EDUCACIONAL E AacuteREAS DE ATUACcedilAtildeO DENTRO DA

EDUCACcedilAtildeO 71

10

QUADRO 08 - DISTRIBUICcedilAtildeO DAS EDUCADORAS DOS CENTROS

MUNICIPAIS DE EDUCACcedilAtildeO INFANTIL CONFORME IDADE ESTADO CIVIL

OCORREcircNCIA E QUANTIDADE DE FILHOS 72

QUADRO 09 - DISTRIBUICcedilAtildeO DAS EDUCADORAS DOS CENTROS

MUNICIPAIS DE EDUCACcedilAtildeO INFANTIL CONFORME SUA ESCOLARIDADE

73

QUADRO 10 - DISTRIBUICcedilAtildeO DAS EDUCADORAS DOS CENTROS

MUNICIPAIS DE EDUCACcedilAtildeO INFANTIL CONFORME O TEMPO DE

ATUACcedilAtildeO NA EDUCACcedilAtildeO DE MODO GERAL ESPECIFICAMENTE NA

EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E NA TURMA QUE ATENDE ATUALMENTE 75

QUADRO 11 - DISTRIBUICcedilAtildeO DAS PROFESSORAS DO ATENDIMENTO

EDUCACIONAL ESPECIALIZADO CONFORME SEU TEMPO DE ATUACcedilAtildeO

COMO AEE NO ENSINO FUNDAMENTAL E NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL 82

QUADRO 12- DISTRIBUICcedilAtildeO DAS PROFESSORAS DO ATENDIMENTO

EDUCACIONAL ESPECIALIZADO CONFORME SEU TEMPO DE ATUACcedilAtildeO

COMO AEE NO ENSINO FUNDAMENTAL E NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL 82

QUADRO 13 ndash DISTRIBUICcedilAtildeO DAS MAIORES ESPECIFICIDADES DO

ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO PARA A EDUCACcedilAtildeO

INFANTIL E PARA O ENSINO FUNDAMENTAL 83

QUADRO 14 ndash DISTRIBUICcedilAtildeO DAS PROFESSORAS DO ATENDIMENTO

EDUCACIONAL ESPECIALIZADO CONFORME TEMPO EM QUE ATENDEM

A CRIANCcedilA PEQUENA FOCO DA PESQUISA FREQUEcircNCIA E DURACcedilAtildeO

DO ATENDIMENTO AO ALUNO 84

11

QUADRO 15 ndash DISTRIBUICcedilAtildeO DAS PROFESSORAS CONFORME SUAS

CONCEPCcedilOtildeES ANTES DE ATENDER A CRIANCcedilA E APOacuteS O PERIacuteODO EM

QUE ATENDE O ALUNO QUE ESTAacute EM INCLUSAtildeO 85

QUADRO 16 ndash DISTRIBUICcedilAtildeO DAS EDUCADORAS CONFORME TURMAS

QUE ATENDEM FAIXA ETAacuteRIA DA TURMA E QUANTIDADE DE ALUNOS

POR TURMA 89

QUADRO 17 ndash DISTRIBUICcedilAtildeO DAS EDUCADORAS CONFORME O TEMPO

EM QUE ATENDEM A CRIANCcedilA QUE ESTAacute EM INCLUSAtildeO 93

QUADRO 18 - DISTRIBUICcedilAtildeO DAS EDUCADORAS CONFORME SUAS

CONCEPCcedilOtildeES ANTES DE ATENDER A CRIANCcedilA E APOacuteS O PERIacuteODO EM

QUE ATENDE O ALUNO QUE ESTAacute EM INCLUSAtildeO 93

12

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 10

11 JUSTIFICATIVA E ABORDAGEM DO PROBLEMA 10

12 OBJETIVOS 18

121 OBJETIVO GERAL 18

122 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS 18

2 SUPORTE TEOacuteRICO 20

21 O DESENVOLVIMENTO HUMANO A PARTIR DO ESTUDO E DA

INTERACcedilAtildeO ENTRE SEUS CONTEXTOS ndash A ABORDAGEM

BIOECOLOacuteGICA 20

22 A CRIANCcedilA PEQUENA COM NECESSIDADES ESPECIAIS E A

PROMOCcedilAtildeO DO SEU DESENVOLVIMENTO 25

23 BREVE HISTOacuteRICO DA EDUCACcedilAtildeO DAS PESSOAS COM

NECESSIDADES ESPECIAIS E A EDUCACcedilAtildeO INCLUSIVA 31

24 A FAMIacuteLIA COMO UM MICROSSISTEMA DE DESENVOLVIMENTO

HUMANO E SUA RELACcedilAO COM A CRIANCcedilA COM NECESSIDADES

ESPECIAIS 39

25 A INSTITUICcedilAtildeO DE EDUCACcedilAtildeO INFANTIL COMO UM CONTEXTO DE

DESENVOLVIMENTO 49

251 CONCEPCcedilOtildeES SOBRE A PRAacuteTICA EDUCATIVA

INSTITUCIONALIZADA ASPECTOS RELEVANTES PARA A PROMOCcedilAtildeO DO

DESENVOLVIMENTO INFANTIL 51

3 MEacuteTODO 57

31 CONTEXTO 57

32 PARTICIPANTES 59

33 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS 60

13

34 PROCEDIMENTOS DE ANAacuteLISE DE DADOS 61

35 CUIDADOS EacuteTICOS 62

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 63

41 SECcedilAtildeO 01 CARACTERIZACcedilAtildeO DAS PARTICIPANTES 63

411 CARACTERIZACcedilAtildeO DAS CRIANCcedilAS FOCO DA INCLUSAtildeO 63

412 CARACTERIZACcedilAtildeO DAS ENTREVISTADAS 66

4121 CARACTERIZACcedilAtildeO DAS MAtildeES 66

4122 CARACTERIZACcedilAtildeO DAS PROFESSORAS DO ATENDIMENTO

EDUCACIONAL ESPECIALIZADO 68

4123 CARACTERIZACcedilAtildeO DAS EDUCADORAS DOS CENTROS

MUNICIPAIS DE EDUCACcedilAtildeO INFANTIL 71

42 SECcedilAtildeO 02 CONCEPCcedilOtildeES DAS MAtildeES DAS EDUCADORAS E DAS

PROFESSORAS SOBRE A CRIANCcedilA QUE ESTAacute EM INCLUSAtildeO 75

421 AS MAtildeES E SUAS CRIANCcedilAS 75

422 AS PROFESSORAS DO ATENDIMENTO EDUCACIONAL

ESPECIALIZADO E A INCLUSAtildeO DAS CRIANCcedilAS PEQUENAS QUE ESTAtildeO

NOS CENTROS MUNICIPAIS DE EDUCACcedilAtildeO INFANTIL 80

423 AS EDUCADORAS DOS CENTROS MUNICIPAIS DE EDUCACcedilAtildeO

INFANTIL E AS CRIANCcedilAS PEQUENAS QUE ESTAtildeO EM INCLUSAtildeO 89

43 SECcedilAtildeO 03 O PROCESSO INCLUSIVO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL 96

431 CONCEPCcedilOtildeES DAS PARTICIPANTES SOBRE O PROCESSO

INCLUSIVO 97

432 PARTICIPACcedilAtildeOATUACcedilAtildeO NO PROCESSO INCLUSIVO NO CENTRO

MUNICIPAL DE EDUCACcedilAtildeO INFANTIL 104

433 REFEREcircNCIAS E APOIOS UTILIZADOS E INDICADOS PARA QUE O

PROCESSO INCLUSIVO OCORRA COM QUALIDADE 107

14

434 AVALIACcedilAtildeO DO PROCESSO INCLUSIVO 114

435 VANTAGENS E DESVANTAGENS DO PROCESSO INCLUSIVO 116

4351 AS VANTAGENS 116

4352 AS DESVANTAGENS 119

436 SUGESTOtildeES E COMENTAacuteRIOS VISANDO A MELHORIA DO

PROCESSO INCLUSIVO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL 121

44 SECcedilAtildeO 04 ndash DA NECESSIDADE DE SE OBSERVAR E ATUAR NA

INFAcircNCIA ENQUANTO ETAPA CRUCIAL DE DESENVOLVIMENTO 125

45 SECcedilAtildeO 05 - DO RECONHECIMENTO DA IMPORTAcircNCIA DOS

CONTEXTOS E SUAS INTER-RELACcedilOtildeES 128

46 SECcedilAtildeO 06 - DA CONSIDERACcedilAtildeO E DISCUSSAtildeO DAS NOVAS

CONCEPCcedilOtildeES ACERCA DA INCLUSAtildeO 129

47 SECcedilAtildeO 07 - DA CONSIDERACcedilAtildeO DAS (NECESSAacuteRIAS)

TRANSFORMACcedilOtildeES QUE VEM OCORRENDO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL

131

48 SECcedilAtildeO 08 - DA CONSIDERACcedilAtildeO DAS TRANSFORMACcedilOtildeES QUE VEM

OCORRENDO NA EDUCACcedilAtildeO ESPECIAL 133

5 CONCLUSOtildeES 135

REFEREcircNCIAS 140

ANEXOS 161

10

1 INTRODUCcedilAtildeO

11 JUSTIFICATIVA E ABORDAGEM DO PROBLEMA

Desde a eacutepoca da graduaccedilatildeo em Pedagogia o desenvolvimento humano

desperta o interesse desta pesquisadora especialmente o periacuteodo inicial da vida

com seus aspectos relacionados agraves primeiras experiecircncias e o estabelecimento de

viacutenculos Por isso e devido agraves vivecircncias e formaccedilotildees acadecircmicas pessoais e

profissionais foi se construindo a ideia de que o desenvolvimento humano eacute um

processo permanente complexo e multideterminado e que cada etapa da vida eacute

constituiacuteda por caracteriacutesticas e necessidades muito peculiares as quais devem ser

observadas e estudadas para que se possam promover condiccedilotildees de

desenvolvimento de seres humanos saudaacuteveis (BRONFRENBRENNER 1996

BRONFRENBRENNER 2011 GAT 2000 BRAZELTON e GREENSPAN 2002

ASPESI DESSEN e CHAGAS 2005 ROGOFF 2005 POLETTO e KOLLER 2008)

Nessa abordagem o presente estudo procura vincular-se ao modelo

Bioecoloacutegico de Desenvolvimento Humano por apresentar possibilidades para que o

pesquisador analise aspectos da pessoa em desenvolvimento dos contextos que

vivecircncia e dos processos interativos que a influenciam ao longo do tempo

(BRONFENBRENNER e EVANS 2000)

Este modelo de entendimento do desenvolvimento humano valoriza as

interaccedilotildees desde as fases iniciais do ciclo vital das pessoas uma vez que as

mesmas influenciam e satildeo influenciadas profundamente pelas relaccedilotildees com outros

seres objetos e siacutembolos tanto em seu ambiente imediato quanto com outros

ambientes (BRONFENBRENNER e EVANS 2000) Essas interaccedilotildees se verificam de

modo progressivamente mais complexo ao longo do ciclo vital e seu estudo permite

inferir que contextos socialmente organizados ajudem a apoiar e orientar o

desenvolvimento humano ou seja desde o nascimento As interaccedilotildees satildeo

fundamentais para a sobrevivecircncia e o desenvolvimento como um todo assim cada

etapa do crescimento pressupotildee a ampliaccedilatildeo de laccedilos afetivos sociais e tambeacutem do

repertoacuterio cognitivo do ser humano (MOLINARI SILVA E CREPALDI 2005 GOMES

e DUARTE 2009 BRONFRENBRENNER e CECI 2011)

11

Dentre as diversas fases do desenvolvimento humano destaca-se nessa

pesquisa a primeira infacircncia ou seja a faixa etaacuteria compreendida entre o

nascimento e os trecircs primeiros anos de vida em especial procurando compreender

o processo de inclusatildeo da crianccedila pequena com deficiecircncia a partir do contexto

familiar e da educaccedilatildeo infantil

Primeiramente justifica-se que o estudo e a atenccedilatildeo a esse periacuteodo do ciclo vital

eacute relevante por vaacuterios motivos entre os quais se destacam a) a comprovada

importacircncia que experiecircncias nessa eacutepoca da vida apresentam para a formaccedilatildeo dos

indiviacuteduos visto que haacute grande riqueza e intensidade nas aquisiccedilotildees

desenvolvimentais em todos os seus niacuteveis b) a relevacircncia do papel do adulto-

cuidador frente agrave promoccedilatildeo do desenvolvimento na infacircncia e da garantia de seus

direitos c) o acesso crescente da crianccedila pequena a cuidados alternativos

implicando em separaccedilotildees diaacuterias entre matildee-bebecirc desde tenra idade o que tem

gerado inuacutemeras discussotildees sobre o impacto desse fato no desenvolvimento infantil

d) a escassez de projetos pedagoacutegicos dentro da educaccedilatildeo infantil que sejam

coerentes com as especificidades de bebecircs e de crianccedilas pequenas e) o

desconhecimento dos profissionais de educaccedilatildeo infantil sobre desenvolvimento

humano e pelas condiccedilotildees de trabalho e atendimento agrave crianccedila pequena as quais

indicam a necessidade de revisotildees praacuteticas nesse acircmbito (GAT 2000 RAPOPORT

2003 ROGOFF 2005 ARNAIS 2003 ANJOS et al 2004 BARBOSA 2004

SOEJIMA 2008 SOUZA 2008 EIKMANN et al 2009 BOLSANELLO 2009

FERNANDES 2011)

Diante dos aspectos assinalados a respeito das condiccedilotildees de atendimento das

crianccedilas pequenas com desenvolvimento tiacutepico ou ldquonormalrdquo os quais claramente jaacute

se verificam como um tema de relevo entatildeo o que falar daquelas que apresentam

deficiecircncia ou necessidades especiais1 e que se encontra em situaccedilatildeo de inclusatildeo

desde tenra idade inseridas nos atendimentos de berccedilaacuterio e turmas maternais no

ensino regular

Na perspectiva da questatildeo posta acima se pode afirmar que o desafio atual da

educaccedilatildeo infantil eacute tornar seus serviccedilos inclusivos acolhendo as crianccedilas pequenas

1 Para efeitos de entendimento nesse estudo seraacute utilizado o termo necessidades especiais para designar as

condiccedilotildees que se referem agraves deficiecircncias (sensoriais intelectual neuromotora fiacutesica ou muacuteltipla) Transtornos

Globais do Desenvolvimento ou outras situaccedilotildees que tragam grandes implicaccedilotildees para o acesso e a permanecircncia

de alunos na Educaccedilatildeo Infantil e no Ensino Fundamental e que por tal os caracterizem como alunos foco da

Educaccedilatildeo Especial e Inclusiva

12

com necessidades especiais e proporcionando-lhes atenccedilatildeo e atendimento de

qualidade adequada agraves suas caracteriacutesticas e especificidades (MENDES 2010)

Ressalta-se que ao fazer referecircncia agrave crianccedila pequena com necessidades

especiais estaacute se orientando a atenccedilatildeo agravequela pessoa que possui impedimentos de

longo prazo de natureza fiacutesica intelectual ou sensorial e que por tais condiccedilotildees

comporia o alunado da Educaccedilatildeo Especial (BRASIL 2008) Ainda que se encontrem

inuacutemeras divergecircncias nas definiccedilotildees de deficiecircncia ou necessidades especiais

essas pautadas pelas diferenccedilas entre atitudes crenccedilas orientaccedilatildeo aacutereas de

estudo e cultura a definiccedilatildeo do termo eacute cabiacutevel pois implica em caracteriacutesticas de

pessoas que precisam ser vistas acolhidas respeitadas e atendidas em vaacuterias

instacircncias (SMITH 2004)

Cabe destacar ainda a respeito de questotildees sobre a educaccedilatildeo inclusiva que

desde a Declaraccedilatildeo de Salamanca em 1994 muitas experiecircncias discussotildees e

avanccedilos se deram nesse acircmbito poreacutem de modo geral a inclusatildeo no ensino

regular do alunado foco da Educaccedilatildeo Especial continua a se mostrar como um tema

polecircmico e controverso no qual de um lado se encontram as orientaccedilotildees e

legislaccedilotildees brasileiras e internacionais e do outro as escolas e as famiacutelias que tem

que aguardar pacientemente por encaminhamentos praacuteticos e orientaccedilotildees que

ajudem a dar um direcionamento ao atendimento de suas crianccedilas (FERNANDES

BOLSANELLO e MOREIRA 2008) Isso pode ser entendido na perspectiva de

Kassar (2011) quando esta recorda que no Brasil e em alguns paiacuteses da Europa o

atendimento educacional direcionado agraves pessoas com deficiecircncia foi durante muito

tempo construiacutedo de maneira separada da educaccedilatildeo oferecida agrave populaccedilatildeo que natildeo

apresentava diferenccedilas ou caracteriacutesticas expliacutecitas que a caracterizasse como

ldquoanormalrdquo Tal fato implicou segundo esta uacuteltima autora na constituiccedilatildeo da

Educaccedilatildeo Especial como um campo de atuaccedilatildeo muito especiacutefico muitas vezes sem

interlocuccedilatildeo com a educaccedilatildeo comum Esse fato se reflete materialmente nos

espaccedilos institucionais igualmente separados e nas crenccedilas e mitos sobre os

ldquodiferentesrdquo

Essa separaccedilatildeo nos atendimentos tambeacutem eacute vaacutelida no que se refere agraves

crianccedilas pequenas com necessidades especiais (MENDES 2010) Historicamente

quando uma crianccedila apresenta precocemente alteraccedilotildees em seu desenvolvimento

ou mesmo um diagnoacutestico indicando o quadro de deficiecircncia ela eacute comumente

encaminhada aos serviccedilos de Estimulaccedilatildeo Precoce ou Essencial na Educaccedilatildeo

13

Especial (PEacuteREZ-LOacutePEZ 2009) O atendimento em Estimulaccedilatildeo Precoce ou

Essencial na realidade brasileira costuma configurar-se como o primeiro programa

de atendimento destinado a atender principalmente crianccedilas de alto risco ou

portadoras de deficiecircncias (auditiva fiacutesica intelectual visual muacuteltipla) sendo

geralmente destinado agrave faixa etaacuteria de zero a trecircs anos (BOLSANELLO 1998)

Crianccedilas de alto risco satildeo aquelas que devido a causas preacute-natais perinatais ou

poacutesndashnatais de origem bioloacutegica ou ambiental podem vir a apresentar atrasos

significativos em seu desenvolvimento requerendo por isso uma abordagem de

atendimento mais apropriada (TJOSSEM 1976 ALMEIDA 2009)

No caso das crianccedilas pequenas com necessidades especiais (entenda-se

deficiecircncias ou com significativo atraso em seu desenvolvimento) segundo Vitta

(2004) haacute escassez de estudos sobre sua participaccedilatildeo na Educaccedilatildeo Infantil

especificamente nos berccedilaacuterios o que natildeo significa que elas natildeo estejam sendo

atendidas nesse contexto (VITTA 2004) Haacute muitos casos de crianccedilas com

alteraccedilotildees significativas em seu desenvolvimento e que ainda natildeo foi detectado por

seus pais ou mesmo pelos educadores que as atendem na Educaccedilatildeo Infantil o que

compromete uma das funccedilotildees destes educadores que eacute a de auxiliar na detecccedilatildeo

de deacuteficits e orientar quanto agrave prevenccedilatildeo de maiores atrasos e a promoccedilatildeo do

desenvolvimento infantil (VITTA 2004 DIacuteAZ-HERRERO e MARTINEZ-FUENTES

2009)

Contudo a presenccedila de crianccedilas pequenas com necessidades especiais em

berccedilaacuterios tem sido vista com algumas reservas conforme evidenciado pelo estudo

de VITTA (2004) Drago (2011) tambeacutem percebeu em sua pesquisa que a inclusatildeo

na Educaccedilatildeo Infantil se verifica em meio a uma confusatildeo de conceitos e praacuteticas

nas quais se revelam accedilotildees inclusivas isoladas e um processo inclusivo mal

compreendido e mal aproveitado

Logo na busca pela concretizaccedilatildeo de uma educaccedilatildeo inclusiva sem duacutevida os

papeacuteis dos educadores e da famiacutelia se destacam porque ambos satildeo fundamentais

para a trajetoacuteria de vida das pessoas tanto em termos de aprendizagem quanto de

desenvolvimento o que significa dizer que estes podem tanto ser propulsores

quanto limitadores do desenvolvimento humano (BRAZELTON 2002 GIL 2004

SCHMITERLOumlW e FERNANDEZ 2004 DRAGO 2011 BRONFENBRENNER

2011)

14

No tocante agrave famiacutelia certamente natildeo restam mais duacutevidas para a ciecircncia

psicoloacutegica a respeito da influecircncia que as praacuteticas educativas parentais tecircm para o

desenvolvimento dos filhos (WEBER 2008) Isso porque a famiacutelia por ser o primeiro

locus de desenvolvimento humano mostra-se como um contexto privilegiado cujos

objetivos conteuacutedos e meacutetodos se diferenciam do cuidado institucionalizado pois

fomenta o processo de socializaccedilatildeo a proteccedilatildeo as condiccedilotildees baacutesicas de

sobrevivecircncia o desenvolvimento de seus membros no plano social cognitivo e

afetivo e tambeacutem auxilia a estabelecer uma estrutura miacutenima de atividades e

relaccedilotildees nos quais os papeacuteis de matildee pai filho irmatildeo esposa marido e outros satildeo

evidenciados e ensinados (DESSEN e POLONIA 2007 POLETTO e KOLLER

2008 PINHEIRO e BIASOLI-ALVES 2008 ALMEIDA 2010)

Contudo dadas agraves intensas mudanccedilas que a instituiccedilatildeo familiar vem passando

ao longo das uacuteltimas deacutecadas eacute necessaacuterio um estudo mais apurado acerca de

suas caracteriacutesticas e necessidades especialmente quando se propotildee a entendecirc-la

como espaccedilo promotor de desenvolvimento ativo e dinacircmico tal como nas palavras

de Pinheiro e Biasoli-Alves (2008) ao afirmarem que conforme as transformaccedilotildees

sociais vatildeo ocorrendo surgem ao mesmo tempo elementos que afetam a dinacircmica

familiar e do casal o que permite situar as questotildees que envolvem o papel

desempenhado por cada um de seus indiviacuteduos particularmente pai e matildee ndash aqui

referidos como ldquopaisrdquo

Esses dois elementos (pai e matildee) muito embora tenham assumido novos papeacuteis

diante da sociedade e de sua proacutepria famiacutelia ainda se mantecircm como figuras

imprescindiacuteveis do contexto de transmissatildeo de valores conhecimentos regras e

noccedilotildees de convivecircncia para seus filhos (ZAMBERLAM et al 1997 CARVALHO e

ALMEIDA 2003 SILVA e BOLSANELLO 2002 PINHEIRO e BIASOLI-ALVES

2008)

Diante da temaacutetica da presente pesquisa e no que se refere agrave crianccedila pequena

em situaccedilatildeo de inclusatildeo escolar ressalta-se que satildeo poucos os estudos que

descrevem o funcionamento familiar em crianccedilas com necessidades especiais na

realidade brasileira aleacutem de que haacute resultados contraditoacuterios entre algumas

pesquisas (MINETTO 2010) Todavia Brazelton (2002) afirma que os pais

necessitam de uma ajuda profissional quando se percebe que o filho apresenta

alteraccedilotildees em seu desenvolvimento pois sem isso eles podem - por ansiedade ou

falta de orientaccedilatildeo - contribuir com o quadro de atraso ou mesmo superproteger sua

15

crianccedila deixando de estarem sensiacuteveis agraves condiccedilotildees reais do infante Tambeacutem no

que se refere ao atendimento da crianccedila com necessidades especiais ou

desenvolvimento atiacutepico eacute fundamental que se leve em consideraccedilatildeo a participaccedilatildeo

ativa da famiacutelia no processo por meio do acolhimento de suas duacutevidas e anseios e

pela promoccedilatildeo de orientaccedilotildees de quando e como interagir com sua crianccedila (GIL

2004 SHMITERLOumlW e FERNANDEZ 2004 MENDES 2010)

A atenccedilatildeo o apoio e a orientaccedilatildeo para a famiacutelia que tem uma crianccedila com

necessidades especiais justificam-se primordialmente porque esse natildeo eacute um fato

para o qual todos se preparam antecipadamente Muito menos eacute um fato que se

deseja aleacutem de que quando do diagnoacutestico de deficiecircncia atraso no

desenvolvimento ou outra necessidade especial haacute uma intensa e profunda

reorganizaccedilatildeo familiar conforme jaacute afirmado por Prado (2005) A possibilidade de um

diagnoacutestico pode corroborar com sofrimento por parte dos pais havendo em

diversos casos a apresentaccedilatildeo de estresse fiacutesico e emocional (BAILEY 2003

PEREIRA-SILVA e DESSEN 2006 CHERUBINI BOSA e BANDEIRA 2008) Diante

do exposto torna-se evidente que os programas de atendimento agrave crianccedila pequena

com deficiecircncia ou alteraccedilotildees importantes em seu desenvolvimento devem

considerar aspectos que envolvam sua famiacutelia de maneira que a preparem para a

relaccedilatildeo com seu filho (SHMITERLOumlW 2003 GIL 2004 SHMITERLOumlW e

FERNANDEZ 2004)

Jaacute a instituiccedilatildeo de Educaccedilatildeo Infantil interessa como um contexto que se mostra

cada vez mais utilizado podendo ateacute ser considerado como indispensaacutevel para a

viabilizaccedilatildeo da dupla jornada de trabalho da mulher e dos arranjos familiares

proacuteprios da modernidade o que faz com que o maior desafio desse contexto tenda a

ser o de proporcionar um ambiente que seja estimulante para a crianccedila tambeacutem

promovendo seu desenvolvimento de modo amplo e saudaacutevel (SOUZA 2008

SOEJIMA 2008 BOLSANELLO 2009 SOEJIMA e BOLSANELLO 2012)

Dessen e Polonia (2007) afirmam que a instituiccedilatildeo de educaccedilatildeo eacute um espaccedilo

fiacutesico psicoloacutegico social e cultural no qual os indiviacuteduos processam o seu

desenvolvimento global mediante atividades programadas e que tambeacutem pode se

configurar como um espaccedilo de apoio e orientaccedilatildeo para que as famiacutelias

desempenhem melhor seu papel

Perante sua relevacircncia a Educaccedilatildeo Infantil tem sido objeto de inuacutemeros estudos

inclusive a dissertaccedilatildeo de Mestrado da presente pesquisadora Os resultados desta

16

dissertaccedilatildeo evidenciaram a) a rotina extenuante dos educadores b) suas

dificuldades em planejar o atendimento das crianccedilas c) a grande quantidade de

crianccedilas por educador d) a constante necessidade de resolverem problemas

imediatos o que gera a dificuldade de darem atenccedilatildeo a aspectos mais

individualizados das crianccedilas e) a falta de apoio pedagoacutegico adequado (SOUZA

2008) Esses satildeo aspectos tambeacutem verificados por outros autores e que possibilitam

refletir profundamente sobre a funccedilatildeo da creche como um espaccedilo de

desenvolvimento (PACHECO e DUPRET 2004 CAMPOS FULGRAFF e

WIGGERS 2006 BOacuteGUS et al 2007 SOEJIMA 2008 SOUZA 2008

BOLSANELLO 2009 FERNANDES 2011 GUIMARAtildeES 2011 SOEJIMA e

BOLSANELLO 2012)

Outra questatildeo eacute acerca das concepccedilotildees de desenvolvimento infantil dos

educadores as quais refletem a falta de uma formaccedilatildeo consistente na aacuterea a falta

de oportunidades de reflexatildeo a falta de ressignificaccedilatildeo de seus conhecimentos

preacutevios a falta de sistematizaccedilatildeo de accedilotildees de atenccedilatildeo e a intervenccedilatildeo precoce

(SOEJIMA e BOLSANELLO 2012 SOUZA 2008) Tais achados geram

controveacutersias quanto agrave sua funccedilatildeo protetiva em relaccedilatildeo agraves comunidades expostas a

riscos sociais e desenvolvimentais (EIKMANN et al 2009) o que estaacute tambeacutem em

consonacircncia com as consideraccedilotildees de BALTIERI et al (2010) Estes uacuteltimos

salientam que estudos recentes trazem a preocupaccedilatildeo com as repercussotildees da

exposiccedilatildeo cotidiana ao ambienterotina das creches e que esta na realidade

brasileira tem sido crescente e apontam limitaccedilotildees quanto ao preparo dos

profissionais da infraestrutura rotinas com predomiacutenio de atividades voltadas para

alimentaccedilatildeo e higiene aleacutem de maior exposiccedilatildeo das crianccedilas a processos

infecciosos

Contraditoriamente os estudos de Boacutegus et al(2007) e Bhering e Nez (2002)

evidenciaram que as famiacutelias buscam o atendimento institucionalizado tambeacutem por

acreditarem que este seraacute um contexto de promoccedilatildeo do desenvolvimento e maior

cuidado para sua crianccedila e ateacute sentem-se privilegiadas por terem acesso a esse

serviccedilo o que parece resultar em uma menor exigecircncia na qualidade desse

atendimento Bhering e Nez (2002) relembram que a importacircncia do envolvimento

dos pais nessa fase de desenvolvimento humano eacute autoexplicativa famiacutelia e

escolacreche juntas podem promover situaccedilotildees complementares e significativas

17

de aprendizagem e convivecircncia que realmente vatildeo ao encontro das necessidades e

demandas das crianccedilas de ambas as instituiccedilotildees

Por outro lado eacute percebido que a participaccedilatildeo das famiacutelias diante da instituiccedilatildeo e

do atendimento de seus filhos eacute escassa e restrita agrave entrega da crianccedila pela manhatilde

agrave busca ao final do dia e a participaccedilatildeo em algumas reuniotildees especiacuteficas na fala

dos educadores tal participaccedilatildeo poderia ser mais efetiva (BHERING e NEZ 2002

BOgraveGUS et al 2007 SOUZA 2008) Perante esse cenaacuterio da parca participaccedilatildeo da

famiacutelia dentro da rotina da creche relembra-se que mesmo que haja o atendimento

institucionalizado como um importante recurso da sociedade contemporacircnea tal

participaccedilatildeo natildeo substitui a funccedilatildeo primordial da famiacutelia (SILVA e BOLSANELLO

2002)

Conforme os dados assinalados sobre a crianccedila pequena com necessidades

especiais sobre a importacircncia da famiacutelia e da Educaccedilatildeo Infantil como contextos de

promoccedilatildeo de desenvolvimento na primeira infacircncia2 e diante das contradiccedilotildees que

ainda permeiam os processos da educaccedilatildeo inclusiva apresenta-se como

pressuposto que a inclusatildeo da crianccedila pequena com necessidades especiais no

contexto de Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil vem sendo realizada a partir de

conceitos e praacuteticas que fortalecem principalmente os aspectos socializadores do

processo inclusivo o que implica na possibilidade de que estar no referido contexto

natildeo caracteriza uma educaccedilatildeo inclusiva

E levanta-se a questatildeo norteadora do presente estudo

Quais concepccedilotildees orientam o processo de inclusatildeo da crianccedila pequena com

necessidades especiais no contexto de Centros Municipais de Educaccedilatildeo

Infantil (CMEIs) segundo suas matildees suas educadoras na Educaccedilatildeo Infantil e

suas professoras do Atendimento Educacional Especializado

2 Para esse estudo se considera que a primeira infacircncia eacute o periacuteodo etaacuterio que corresponde aos primeiros 36

meses de vida

18

12 OBJETIVOS

121 Objetivo Geral

Investigar quais concepccedilotildees orienta o processo de inclusatildeo da crianccedila

pequena com necessidades especiais no contexto de Centros Municipais de

Educaccedilatildeo Infantil (CMEIs) especificamente em turmas de berccedilaacuterio e maternal

segundo suas matildees suas educadoras na Educaccedilatildeo Infantil e suas professoras do

Atendimento Educacional Especializado

122 Objetivos Especiacuteficos

Com a intenccedilatildeo de responder a questatildeo de pesquisa que orienta este

trabalho se estabelecem como objetivos especiacuteficos os itens abaixo indicados

a) Investigar como as matildees de crianccedilas que tecircm necessidades especiais

percebem participam e avaliam o processo de inclusatildeo de seus filhos que

frequentam os Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil

b) Investigar como educadoras de Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil que

atendem em turmas de berccedilaacuterio (I e II) e maternal (I e II) percebem atuam e

avaliam o processo de inclusatildeo das crianccedilas pequenas com necessidades

especiais nesses ambientes de desenvolvimento preacute-escolar

c) Investigar como professoras do Atendimento Educacional Especializado que

atendem e que frequentam turmas de berccedilaacuterio (I e II) e maternal (I e II) nos

Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil da regiatildeo percebem atuam e

avaliam o processo de inclusatildeo das crianccedilas pequenas com necessidades

especiais

d) Verificar quais satildeo as Diretrizes e Apoios indicados eou utilizados pelas

participantes do estudo para que o processo inclusivo ocorra com qualidade

na Educaccedilatildeo Infantil

19

e) Verificar as vantagens e desvantagens da inclusatildeo escolar de crianccedilas

pequenas com necessidades especiais segundo as concepccedilotildees de suas

matildees suas educadoras nos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil e suas

professoras do Atendimento Educacional Especializado

20

2 SUPORTE TEOacuteRICO

21 O DESENVOLVIMENTO HUMANO A PARTIR DO ESTUDO E DA INTERACcedilAtildeO

ENTRE SEUS CONTEXTOS ndash A ABORDAGEM BIOECOLOacuteGICA

Bronfenbrenner (1996) conceitua o desenvolvimento humano afirmando que

este se constitui de mudanccedilas nas formas como as pessoas percebem e interagem

com o ambiente Essas mudanccedilas ocorrem durante toda a vida do indiviacuteduo e em

sua relaccedilatildeo com o mundo

O modelo bioecoloacutegico contempla o desenvolvimento de maneira ampla e

busca focalizar as interaccedilotildees das pessoas com seus diferentes contextos

(BRONFENBRENNER 2011) Em outras palavras o ser humano se constitui como

tal na sua relaccedilatildeo com o outro e com os diversos contextos dos quais participa

direta ou indiretamente (SILVA 2011)

Para Bronfenbrenner e Morris (1998) o desenvolvimento dos seres humanos

eacute o resultado da accedilatildeo entre as caracteriacutesticas da pessoa em desenvolvimento os

processos proximais estabelecidos entre ela e outros sujeitos os contextos nos

quais a pessoa vive e a frequecircncia de tempo no qual ela encontra-se exposta a

esses elementos Esse modelo tambeacutem eacute denominado PPCT (processo-pessoa-

contexto-tempo)

O processo eacute o mecanismo do desenvolvimento visto a partir das interaccedilotildees

entre o sujeito e o ambiente imediato O indiviacuteduo humano eacute sempre considerado

nesta teoria como um ser biopsicologicamente em evoluccedilatildeo e para que suas

interaccedilotildees sejam consideradas como tal ele deve ser visto de modo ativo

(BROFENBRENNER 2011)

Os processos proximais satildeo os motores primaacuterios do desenvolvimento e satildeo

por conceito bidirecionais (BRONFENBRENNER 1999) O processo proximal pode

melhorar a competecircncia funcional e ajudar a minimizar aspectos disfuncionais do

desenvolvimento humano (BRONFENBRENNER 1999)

Para que se efetive o desenvolvimento as atividades devem ser contiacutenuas ao

longo de um tempo e devem tornar-se progressivamente mais complexas Em

acordo com esse modelo de desenvolvimento repeticcedilotildees natildeo bastam elas natildeo

21

caracterizam os processos proximais (BRONFENBRENNER e MORRIS 1998) Os

processos proximais envolvem aleacutem de pessoas tambeacutem a relaccedilatildeo com objetos e

siacutembolos E para haver reciprocidade nas relaccedilotildees os objetos e siacutembolos devem

despertar e estimular a atenccedilatildeo a exploraccedilatildeo a manipulaccedilatildeo a elaboraccedilatildeo e a

imaginaccedilatildeo da pessoa em desenvolvimento (BRONFENBRENNER 1999

AMBROZIO 2009)

Um exemplo desse padratildeo de interaccedilatildeo pode ser observado durante a

alimentaccedilatildeo do bebecirc nas brincadeiras de crianccedilas com pouca idade seja em grupo

ou individualmente (BRONFENBRENNER 2001)

Para os processos proximais disfunccedilatildeo e competecircncia satildeo dois aspectos

muito importantes pois influenciam os primeiros de modo contundente

Bronfenbrenner e Morris (1998) definem disfunccedilatildeo como a manifestaccedilatildeo recorrente

de dificuldades por parte da pessoa que estaacute em desenvolvimento Jaacute competecircncias

satildeo as aquisiccedilotildees avanccediladas no que se refere a conhecimentos e habilidades

(intelectuais fiacutesicas sociais motoras e a combinaccedilatildeo desses elementos)

Bronfenbrenner e Morris (1998) afirmam que ambientes estaacuteveis e

vantajosos propiciam menos manifestaccedilotildees de disfunccedilotildees no desenvolvimento

humano e que quanto maiores e melhores os resultados relacionados agraves

competecircncias mais elevados e complexos podem se tornar os processos proximais

e mais reduzidos seratildeo os riscos para o desenvolvimento

A pessoa eacute analisada por meio de suas caracteriacutesticas determinadas

biopsicologicamente (experiecircncias vividas habilidades por exemplo) e aquelas

construiacutedas socialmente Nesse modelo as caracteriacutesticas da pessoa satildeo tanto

produtoras como produtos do desenvolvimento pois constitui um dos elementos que

influenciam tanto a forma a forccedila o conteuacutedo quanto a direccedilatildeo do processo de

interaccedilatildeo (BRONFENBRENNER 1996 BROFENBRENNER 2011) Este modelo

destaca trecircs caracteriacutesticas da pessoa que tem influecircncia no decorrer de seu

desenvolvimento e das relaccedilotildees proximais estabelecidas as quais satildeo as

disposiccedilotildees os recursos e as demandas (BRONFENBRENNER 1999)

As disposiccedilotildees satildeo as caracteriacutesticas que podem colocar os processos

proximais em movimento lhe dando sustentaccedilatildeo ou interferindo com atrasos no

desenvolvimento humano Portanto as disposiccedilotildees podem ser as que promovem e

geram desenvolvimento e as que impedem ou atrasam o desenvolvimento

(BRONFENBRENNER 1999)

22

Segundo Bronfenbrenner (1989) satildeo disposiccedilotildees que podem gerar atrasos ou

impedimentos no desenvolvimento hostilidade apatia desatenccedilatildeo falta de

interesse inseguranccedila entre outras E como caracteriacutesticas que geram e promovem

o desenvolvimento iniciativa a curiosidade e tambeacutem a responsividade seletiva as

tendecircncias estruturantes e um sistema de crenccedilas diretivas (BRONFENBRENNER

1999)

A chamada responsividade seletiva eacute a primeira manifestaccedilatildeo dos aspectos

que geram o desenvolvimento e se refere a uma capacidade de manifestaccedilatildeo de

uma resposta diferenciada que ocasiona atraccedilatildeo e exploraccedilatildeo de elementos do

ambiente fiacutesico e social (BRONFENBRENNER 1999)

Jaacute as tendecircncias estruturantes se referem agraves capacidades de engajamento e

de persistecircncia em atividades progressivamente mais complexas Satildeo exemplos de

tendecircncias estruturantes a capacidade de elaborar reestruturar e criar novas

caracteriacutesticas em um ambiente (BRONFENBRENNER E MORRIS 1989)

A terceira disposiccedilatildeo que contribui para a promoccedilatildeo do desenvolvimento

humano eacute o que Bronfenbrenner e Morris (1998) denominam de sistema de crenccedilas

diretivas Elas se referem agrave capacidade de as pessoas demonstrarem uma

crescente tendecircncia de dar significado agraves experiecircncias agrave medida que o tempo vai

passando

Em relaccedilatildeo aos chamados recursos bioecoloacutegicos Bronfenbrenner (1989)

indicam que estes se referem agrave aptidatildeo agraves experiecircncias conhecimentos e

habilidades requeridas para o funcionamento dos processos proximais Os recursos

bioecoloacutegicos tambeacutem podem limitar os processos proximais principalmente quando

se referem a defeitos geneacuteticos ou doenccedilas crocircnicas e graves por exemplo

No que se refere agraves demandas Bronfenbrenner (1992) afirma que satildeo

aquelas caracteriacutesticas da pessoa em desenvolvimento que provocam ou

desencorajam reaccedilotildees do ambiente e que interferem de forma positiva ou negativa

nos processos proximais

A inter-relaccedilatildeo entre as caracteriacutesticas pessoais as disposiccedilotildees os recursos

bioecoloacutegicos e as demandas levam a inuacutemeras possibilidades de combinaccedilotildees e

justificam as diferenccedilas nas direccedilotildees e nas forccedilas dos processos proximais

resultantes e de seus impactos no desenvolvimento humano (BRONFENBRENNER

E MORRIS 1989)

23

Bronfenbrenner (1996) traz em seu modelo bioecoloacutegico a importacircncia e a

influecircncia que os contextos apresentam para o desenvolvimento da pessoa

O contexto eacute analisado por meio da interaccedilatildeo de quatro niacuteveis ambientais dos

mais proacuteximos aos mais distantes denominados microssistema mesossistema

exossistema e macrossistema (BRONFENBRENNER 1996 BROFENBRENNER

2011)

O microssistema eacute o ambiente em que se estabelecem relaccedilotildees diretas face

a face relaccedilotildees de intimidade (diacuteades triacuteades) Satildeo considerados como exemplos

famiacutelia escola grupo de amigos entre outros Das relaccedilotildees entre os diversos

microssistemas origina-se o mesossistema Jaacute o exossistema constitui aqueles

contextos externos agrave participaccedilatildeo direta do sujeito em desenvolvimento mas que

trazem influecircncias importantes para ele Um exemplo disso para a crianccedila em

desenvolvimento eacute o ambiente de trabalho dos pais O macrossistema eacute aquele em

que se configuram as leis normas e regras que regem uma sociedade

(BRONFENBRENNER 1996 BROFENBRENNER 2011)

As interaccedilotildees entre os diversos niacuteveis contextuais satildeo bidirecionais e trazem

grandes transformaccedilotildees no desenvolvimento humano O tipo de interaccedilatildeo mais

baacutesico eacute a chamada transiccedilatildeo ecoloacutegica o que segundo Bronfenbrenner (1977) eacute a

possibilidade de movimento de um contexto para outro diferente novo Podem ser

exemplos de transiccedilatildeo ecoloacutegica o ingresso em uma instituiccedilatildeo de ensino a

mudanccedila de residecircncia passar o dia no Centro Municipal de Educaccedilatildeo Infantil -

CMEI e ir para casa ao fim do dia entre outros

Sobre as relaccedilotildees bidirecionais ainda Bronfenbrenner (1988) cita as diacuteades e

as relaccedilotildees mais extensas a partir do sistema N+2 (triacuteades teacutetrades etc) Dentro do

processo de desenvolvimento infantil as diacuteades primaacuterias satildeo fundamentais pois o

desenvolvimento da crianccedila pequena afeta e eacute afetado por seus cuidadores

principais tais como matildee avoacute babaacute educadora etc Logo eacute recomendaacutevel que ao

se estudar o desenvolvimento na infacircncia que se busque fazecirc-lo tambeacutem

considerando esses aspectos diaacutedicos

Assim microssistemas como famiacutelia e escola tecircm influecircncias diversas e

importantes no desenvolvimento infantil Compreender ecologicamente o

desenvolvimento humano possibilita que a atenccedilatildeo investigativa seja dirigida natildeo soacute

para a pessoa e os ambientes imediatos nos quais se encontra senatildeo para suas

interaccedilotildees e transiccedilotildees em ambientes mais distantes dos quais muitas vezes

24

sequer participa diretamente O modelo bioecoloacutegico tambeacutem enfatiza o ambiente

mas propotildee que o desenvolvimento humano seja estudado por meio da interaccedilatildeo

deste nuacutecleo com outros trecircs de forma inter-relacionada o processo a pessoa e o

tempo (BRONFENBRENNER 1996 ROGOFF 2005 BROFENBRENNER 2011)

O tempo nesse modelo condiciona a efetividade dos processos proximais agrave

ocorrecircncia de uma interaccedilatildeo reciacuteproca progressivamente mais complexa em uma

base de tempo efetivamente regular natildeo podendo este funcionar efetivamente em

ambientes instaacuteveis e imprevisiacuteveis (BRONFENBRENNER 1996

BROFENBRENNER 2011)

Bronfenbrenner e Morris (1998) afirmam que o tempo enquanto categoria

bioecoloacutegica divide-se em microtempo mesotempo e macrotempo A anaacutelise do

tempo dentro desses trecircs niacuteveis deve focalizar a pessoa em relaccedilatildeo aos

acontecimentos presentes em sua vida desde os mais proacuteximos ateacute os mais

distantes (BRONFENBRENNER 1996 BROFENBRENNER 2011)

A abordagem bioecoloacutegica do desenvolvimento humano proposta por

Brofenbrenner (1996) eacute uacutetil ao permitir que o desenvolvimento possa ser entendido

de maneira contextualizada contemplando a interaccedilatildeo dinacircmica dos elementos

acima descritos Em outras palavras o estudo do desenvolvimento infantil

interpretado pelos paracircmetros do contexto bioecoloacutegico pode ser entendido como a)

a crianccedila como pessoa em contiacutenuo e progressivo desenvolvimento cujo trajeto

desenvolvimental apresenta caracteriacutesticas especiacuteficas conforme o ciclo vital se

desenrola b) a reciprocidade na qual ocorre uma interaccedilatildeo entre a crianccedila e os

contextos dos quais participa efetivamente c) as interconexotildees entre esses

ambientes e as influecircncias externas provenientes de meios mais amplos

(macrossistema e exossistema) d) o tempo como elemento necessaacuterio agraves

mudanccedilas no desenvolvimento do indiviacuteduo e de transiccedilotildees de papeacuteis dentro dos

diversos contextos dos quais participa e) continuidade e significado na qualidade

das relaccedilotildees interpessoais (BRONFENBRENNER 1996 BROFENBRENNER 2011

SPESSATO et al 2009 DINIZ e KOLLER 2010)

A interaccedilatildeo entre a crianccedila pequena com deficiecircncia sua famiacutelia a instituiccedilatildeo

de Educaccedilatildeo Infantil e a Educaccedilatildeo Especial eacute de extrema relevacircncia para que os

contextos conheccedilam melhor a crianccedila estabeleccedilam criteacuterios educativos comuns

discutam modelos de intervenccedilatildeo e relaccedilatildeo com os infantes e compreendam as

especificidades da funccedilatildeo educativa de cada um (SILVA 2011)

25

22 A CRIANCcedilA PEQUENA COM NECESSIDADES ESPECIAIS E A PROMOCcedilAtildeO

DO SEU DESENVOLVIMENTO

O presente capiacutetulo se destina a elencar aspectos relacionados agrave promoccedilatildeo

do desenvolvimento da crianccedila pequena com necessidades especiais visto que

para ela existem pelo menos trecircs contextos que podem auxiliar nesse sentido a

saber a famiacutelia a instituiccedilatildeo de Educaccedilatildeo Infantil e os centros ou programas de

Educaccedilatildeo Especial que ofertam o serviccedilo de estimulaccedilatildeo essencial

Pode se dizer que a crianccedila de modo geral se apresenta muito vulneraacutevel

agraves interferecircncias dos indiviacuteduos e dos ambientes com os quais convive e em

especial quando ela se encontra na primeira infacircncia (BRAZELTON 1990

SZYMANSKI 2004 CARVALHO 2006 BRONFENBRENNER 2011) No caso da

crianccedila com deficiecircncia (fiacutesica intelectual sensorial ou muacuteltipla) ou que apresenta

transtornos ou atrasos significativos em seu desenvolvimento agraves relaccedilotildees com

pessoas e contextos se tornam ainda mais relevantes na faixa etaacuteria indicada

Por outro lado sendo praticamente consenso entre os pesquisadores e

profissionais do desenvolvimento infantil de que este eacute um processo complexo e

multideterminado (MOLINARI et al 2005) tambeacutem deve ser considerada a crianccedila

em si como pessoa em constante desenvolver com suas caracteriacutesticas e

especificidades proacuteprias

A crianccedila no sentido de sujeito em desenvolvimento deve ser vista como

um ser integrado e natildeo uma coleccedilatildeo de habilidades e aquisiccedilotildees principalmente

porque o desenvolvimento em seus diversos niacuteveis natildeo se daacute de forma separada

contrariamente todos os niacuteveis (cognitivo emocional fiacutesico entre outros) estatildeo

inter-relacionados e constituem o sujeito como um todo (GIL 2004)

Segundo Libro Blanco (GAT 2000) importante documento espanhol sobre

atenccedilatildeo e intervenccedilatildeo precoce3 o desenvolvimento infantil nos primeiros anos se

caracteriza por uma progressiva aquisiccedilatildeo de funccedilotildees muito importantes tais como

3 No que se refere aos termos atenccedilatildeo e intervenccedilatildeo precoce eacute possiacutevel estabelecer um paralelo em

seu entendimento e relacionaacute-los ao atendimento de estimulaccedilatildeo precoce ou essencial na realidade brasileira O que significa afirmar que tanto na realidade espanhola quanto brasileira esses termos se referem aos primeiros atendimentos a crianccedilas com necessidades especiais ainda que esses sejam realizados em contextos e com abordagens distintos entre si

26

controle postural autonomia no deslocamento comunicaccedilatildeo e linguagem interaccedilatildeo

social entre outros

A evoluccedilatildeo do desenvolvimento estaacute estreitamente ligada ao processo de

maturaccedilatildeo do sistema nervoso jaacute iniciado na vida intrauterina e tambeacutem com a

organizaccedilatildeo emocional e mental Para que tais processos se verifiquem de modo

saudaacutevel eacute necessaacuteria uma estrutura geneacutetica adequada e o cumprimento das

necessidades humanas baacutesicas nos acircmbito bioloacutegico e psicoafetivo pois o

desenvolvimento infantil eacute produto da interaccedilatildeo entre fatores geneacuteticos e ambientais

(GAT 2000 GAUY e COSTA JUNIOR 2005 MADUREIRA e BRANCO 2005)

A base geneacutetica especiacutefica para cada indiviacuteduo estabelece capacidades

proacuteprias de desenvolvimento ateacute o ponto em que se possa modificaacute-la pela

interaccedilatildeo com os fatores ambientais (GAT 2000 GAUY e COSTA JUNIOR 2005

MADUREIRA e BRANCO 2005)

Os fatores ambientais vatildeo modular a possibilidade de expressatildeo ou latecircncia

de algumas caracteriacutesticas geneacuteticas Esses fatores satildeo de ordem bioloacutegica

psicoloacutegica e social (GAT 2000 GAUY e COSTA JUNIOR 2005 POLONIA

DESSEN e SILVA 2005 MADUREIRA e BRANCO 2005)

Os fatores ambientais de ordem bioloacutegica se configuram nos estados de

sauacutede ausecircncia de fatores de agressatildeo ao sistema nervoso condiccedilotildees necessaacuterias

para uma maturaccedilatildeo orgacircnica adequada Os fatores ambientais de ordem

psicoloacutegica e social satildeo os relacionados agrave interaccedilatildeo da crianccedila com o seu meio os

viacutenculos afetivos que estabelece a partir dos cuidados que recebe da percepccedilatildeo

que constroacutei em relaccedilatildeo agraves pessoas que a rodeiam (pessoas imagens sons entre

outros) Estas satildeo condiccedilotildees baacutesicas e determinantes do desenvolvimento

emocional funccedilotildees comunicativas condutas adaptativas aprendizagem entre

outros elementos constituintes da pessoa em evoluccedilatildeo (GAT 2000 GAUY e COSTA

JUNIOR 2005 MADUREIRA e BRANCO 2005)

Sobre a questatildeo de risco ao desenvolvimento os resultados negativos nesse

processo satildeo produzidos muitas vezes natildeo soacute por um mas pela combinaccedilatildeo de

diversos fatores de risco Os diferentes fatores que determinam os problemas que a

crianccedila pode apresentar ao longo de seu desenvolvimento satildeo mais dependentes da

quantidade do que da natureza dos fatores de risco reforccedilando a importacircncia de se

constatar os riscos muacuteltiplos que por sua vez tecircm efeito cumulativo causando

27

impacto maior sobre o desenvolvimento (SILVA e DESSEN 2005 MOLINARI et al

2005 AMORIM et al 2009)

Aleacutem de fatores de risco faz-se necessaacuterio lembrar que junto a eles existem

os recursos do indiviacuteduo e as accedilotildees protetoras do ambiente podem ser ativadas

para neutralizar adversidades vulnerabilidades e riscos ao desenvolvimento

adaptativo da crianccedila (FORMIGA et al 2004 POLETTO e KOLLER 2008)

E eacute nesse ponto que se destaca a funccedilatildeo dos adultos que atendem a crianccedila

pequena seja a famiacutelia ou a instituiccedilatildeo Entende-se que natildeo se deve atentar apenas

ao fato da remediaccedilatildeo de problemas mas antecipar as possibilidades gerais de

promover um desenvolvimento na primeira infacircncia com qualidade e sauacutede

(FORMIGA et al 2004 PEacuteREZ-LOPEZ MARTINEZ-FUENTES DIAZ-HERRERO

2006 MARTINEZ 2007)

Concorda-se igualmente com a afirmaccedilatildeo de Hansel (2004) quando a autora

relembra que em relaccedilatildeo agraves necessidades das crianccedilas pequenas tais como

proteccedilatildeo afetividade possibilidades de exploraccedilatildeo do meio fiacutesico e social por

exemplo haacute uma motivaccedilatildeo bioloacutegica e social para que esta se incorpore em um

grupo social poreacutem caberaacute aos genitores o papel de agentes de interaccedilatildeo e aqui

poderia se acrescentar a essa informaccedilatildeo a funccedilatildeo da estimulaccedilatildeo de ser tambeacutem

espaccedilo de promoccedilatildeo de muacuteltiplas experiecircncias e porque natildeo espaccedilo-tempo para

consolidaccedilatildeo de aspectos afetivos e de manutenccedilatildeo do viacutenculo familiar

Enfim a interaccedilatildeo entre microssistemas tais como o familiar e o educacional

(Educaccedilatildeo Infantil e Educaccedilatildeo Especial) pode ser um espaccedilo de reforccedilo de

orientaccedilatildeo direta ou indireta e de conformaccedilatildeo de uma rede de apoio primordial Por

outro lado um canal de comunicaccedilatildeo e interaccedilatildeo entre esses dois contextos que

seja inadequado pode falhar como recurso de orientaccedilatildeo motivaccedilatildeo e interesses da

famiacutelia em relaccedilatildeo agrave sua crianccedila (ORTIZ e FAacuteVARO 2004)

Devido a isso eacute que no que se refere agrave promoccedilatildeo do desenvolvimento

humano principalmente na primeira infacircncia tambeacutem eacute apropriado agrave busca pela

compreensatildeo das especificidades do atendimento na Educaccedilatildeo Infantil

Inicialmente antes de evidenciar o papel da educaccedilatildeo infantil e da famiacutelia

para a promoccedilatildeo do desenvolvimento para a crianccedila com riscos desenvolvimentais

cabe discorrer acerca do que consiste o atendimento em estimulaccedilatildeo precoce

Nas Diretrizes Educacionais sobre a Estimulaccedilatildeo Precoce publicadas em

1995 e elaboradas pela Secretaria de Educaccedilatildeo EspecialMEC haacute a explicitaccedilatildeo de

28

que a estimulaccedilatildeo precoce eacute o primeiro atendimento a ser destinado a crianccedila com

diagnoacutestico de deficiecircncia ou de atraso significativo em seu desenvolvimento na

faixa etaacuteria entre zero e 3 anos dentro dos serviccedilos da educaccedilatildeo especial

(BRASIL1995) Tambeacutem o documento orienta que haja a integraccedilatildeo entre as aacutereas

da assistecircncia social da educaccedilatildeo e da sauacutede com a integraccedilatildeo da famiacutelia e a

atuaccedilatildeo de uma equipe multidisciplinar (BRASIL 1995)

Documentos brasileiros como a Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo

Nacional - Lei 9394 (BRASIL 1996) as Diretrizes Nacionais Curriculares Nacionais

para a Educaccedilatildeo Infantil (BRASIL1998) e o Referencial Curricular para a Educaccedilatildeo

Infantil (BRASIL 2000) trazem em si as influecircncias do movimento mundial da

ldquoEscola para Todosrdquo o que implicou na promoccedilatildeo da possibilidade de que crianccedilas

com deficiecircncia desde tenra idade adentrem nos serviccedilos da educaccedilatildeo infantil no

ensino regular aleacutem de que a educaccedilatildeo especial passa a ser entendida tambeacutem

como ldquoapoiordquo para o processo de inclusatildeo desse alunado

Em especial o Referencial Curricular para a Educaccedilatildeo Infantil (BRASIL

2000) em suas instruccedilotildees evidencia vaacuterios aspectos entre os quais se destacam

aqueles relacionados agrave identificaccedilatildeo das necessidades especiais da crianccedila

elaboraccedilatildeo de estrateacutegias de avaliaccedilatildeo de risco para o desenvolvimento infantil e

atendimentos que levem em conta a singularidade do indiviacuteduo Propotildee tambeacutem o

acolhimento orientaccedilatildeo e apoio agraves famiacutelias das crianccedilas com deficiecircncia e a

integraccedilatildeo entre os diversos profissionais que atendem essa crianccedila

Esse uacuteltimo documento representa um avanccedilo sobre as orientaccedilotildees

indicadas anteriormente sobre o atendimento precoce da crianccedila com deficiecircncia

pois traz algumas atualizaccedilotildees contudo ainda assim mostra-se precaacuterio quando se

considera a especificidade das necessidades da crianccedila com deficiecircncia de suas

famiacutelias e dos profissionais que a atendem (HANSEL 2012)

Em 2008 as Diretrizes Operacionais para o Atendimento da Educaccedilatildeo

Especial na Educaccedilatildeo Baacutesica natildeo fazem alusatildeo agrave estimulaccedilatildeo precoce em si muito

embora oriente que o agora denominado Atendimento Educacional Especializado

deve contemplar as crianccedilas foco da Educaccedilatildeo Especial desde o nascimento Este

documento tambeacutem natildeo explicita de que modo o mesmo ocorreraacute na faixa etaacuteria que

compotildeem a primeira infacircncia (BRASIL 2008) O Decreto 761111 que tambeacutem

dispotildee sobre a Educaccedilatildeo Especial e orienta o Atendimento Educacional

Especializado revoga o Decreto anterior nordm 567108 e natildeo traz nenhuma

29

informaccedilatildeo especiacutefica sobre a inclusatildeo na primeira infacircncia ou mesmo sobre

intervenccedilatildeoestimulaccedilatildeo precoce

Igualmente alerta-se para o fato de a documentaccedilatildeo oficial a produccedilatildeo

cientiacutefica e a praacutetica da estimulaccedilatildeo precoce na realidade brasileira satildeo escassos

pouco difundidos e enfrentam inuacutemeros obstaacuteculos (HANSEL 2012)

De outro modo dentro do histoacuterico internacional dos programas de

estimulaccedilatildeo precoce houve grandes modificaccedilotildees no seu entendimento nas uacuteltimas

deacutecadas deixando de ser exclusividade da populaccedilatildeo infante da educaccedilatildeo especial

e passando a se constituir tambeacutem como um instrumento de inclusatildeo e de

prevenccedilatildeo de deacuteficits do desenvolvimento na faixa etaacuteria de 0 a 6 anos (GAT 2000)

Relembra-se que no iniacutecio dos anos 70 do seacuteculo passado esse serviccedilo tinha um

cunho de reabilitaccedilatildeo centrado nas questotildees relacionadas agrave patologia agrave deacuteficits e a

mensuraccedilatildeo do quociente intelectual Jaacute na metade dos anos 80 se verificou uma

discussatildeo voltando-se para a identificaccedilatildeo para a prevenccedilatildeo para o trabalho em

equipe e sobre o ambiente e sua influecircncia para o desenvolvimento Entre essas

duas deacutecadas surgiram modelos conceituais que tiveram grande repercussatildeo no

estudo e compreensatildeo do desenvolvimento humano (BROFENBRENNER 1996

GAT 2000 SAMEROFF e FIESE 2000 ROMERO 2003 CUEVAS 2003 PEacuteREZ-

LOPEZ 2003 SERRANO 2007 JUAN-VERA e PEREZ - LOPEZ 2009)

Logo a partir das concepccedilotildees Bioecoloacutegica de Brofenbrenner (1979) e da

Transacional de Sameroff e Chandler (1975) que exploram os contextos e suas

relaccedilotildees com seus partiacutecipes e destes entre si tornou-se possiacutevel evidenciar uma

nova abordagem para a promoccedilatildeo do desenvolvimento humano na infacircncia de tal

modo que as propostas de intervenccedilatildeo precoce deixaram de ter o aspecto de

ldquotratamento cliacutenicordquo e passaram a se constituir em verdadeiros apoios tanto agrave

crianccedila quanto a seus contextos de desenvolvimento - famiacutelia Educaccedilatildeo Infantil

entre outros (BROFENBRENNER 1996 GAT 2000 SAMEROFF e FIESE 2000

ROMERO 2003 CUEVAS 2003 PEacuteREZ-LOPEZ 2003 SERRANO 2007 JUAN-

VERA e PEREZ - LOPEZ 2009 MORAGAS 2009)

De tal modo eacute possiacutevel inferir que essa abordagem parece ir de acordo com a

proposta de se construir uma escola inclusiva desde a educaccedilatildeo infantil

Especialmente porque atualmente haacute a tendecircncia de que as intervenccedilotildees na

infacircncia sejam orientadas por uma concepccedilatildeo de Atenccedilatildeo Precoce a qual se refere

ao conjunto de accedilotildees orientadas para as crianccedilas com idade entre zero e seis anos

30

e que envolvem sua famiacutelia e o ambiente em que estatildeo inseridas (GAT 2000

JUAN-VERA e PEREZ - LOPEZ 2009 MORAGAS 2009) Nesse sentido tambeacutem

deixa de ser uma abordagem exclusiva para a crianccedila com deficiecircncias ou nascida

prematuramente O que segundo Caro (2003) eacute importante para todos inclusive

para aquela crianccedila viacutetima de ldquoabandono relativordquo

As condiccedilotildees de ldquoabandono relativordquo satildeo aquelas provenientes de situaccedilotildees

ocasionadas pelas ocupaccedilotildees dos pais do pouco cuidado descaso ou ainda

causadas pelo impacto de um cuidado mal estruturado com poucos estiacutemulos ndash

situaccedilotildees que podem ocasionar reflexos significativos no desenvolvimento

intelectual e emocional da crianccedila (CARO 2003)

Ao sair da seara puramente cliacutenica e passando a abarcar outros contextos

tais como o familiar e o das instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Infantil a Atenccedilatildeo Precoce

enfatiza a possibilidade de geraccedilatildeo de ambientes ricos em estiacutemulos diversos para a

aquisiccedilatildeo de funccedilotildees e capacidades que se apresentam pouco desenvolvidas ou

imaturas e tambeacutem a necessidade de que os profissionais que lidam com a infacircncia

possuam uma base soacutelida sobre os diversos modelos de prevenccedilatildeo intervenccedilatildeo e

avaliaccedilatildeo do desenvolvimento (PEREZ ndash LOPEZ 2004 DELGADO e MUELA

2004)

Portanto passa a ser uma questatildeo que acompanha a detecccedilatildeo de riscos para

o desenvolvimento a possibilidade de definir e aplicar accedilotildees de prevenccedilatildeo as quais

seguem alguns dos niacuteveis abaixo indicados (PEREZ-LOPEZ MARTINEZ-FUENTES

DIAZ-HERRERO 2006)

- prevenccedilatildeo primaacuteria satildeo todas as estrateacutegias tomadas antes que se

detecte um transtorno ou alteraccedilatildeo do desenvolvimento

- prevenccedilatildeo secundaacuteria compreende as estrateacutegias que satildeo colocadas

em praacutetica quando jaacute se evidenciam alguns sintomas de atraso no

desenvolvimento

- prevenccedilatildeo terciaacuteria quando trata de minimizar a gravidade dos efeitos

de transtornos do desenvolvimento que jaacute se instalaram

Em conformidade com Halpern et al (2000) e Formiga e Pedrazzani (2004)

pode-se afirmar que quanto mais precoce for o diagnoacutestico de atraso no

desenvolvimento e mais raacutepido o iniacutecio da intervenccedilatildeo menor seraacute o impacto de

31

atraso na vida futura da crianccedila tenha ela deficiecircncia ou natildeo o que por conseguinte

colabora em diminuir possiacuteveis impactos que possam ocorrer na relaccedilatildeo crianccedila-

famiacutelia-creche (RODRIGUES 2003)

23 BREVE HISTOacuteRICO DA EDUCACcedilAtildeO DAS PESSOAS COM NECESSIDADES

ESPECIAIS E A EDUCACcedilAtildeO INCLUSIVA

A histoacuteria do homem mostra que mesmo com a sociedade sugerindo respeito

entre seus membros e em algumas eacutepocas a valorizaccedilatildeo das diferenccedilas o que na

verdade temos eacute um ldquoestranhamento expliacutecitordquo uma separaccedilatildeo que eacute em muitos

casos velada por parte daqueles que natildeo se enquadram socialmente (SARAIVA

2008) Por isso discorrer sobre a educaccedilatildeo inclusiva requer que se retomem os

primoacuterdios da exclusatildeo e da educaccedilatildeo das pessoas com necessidades especiais

A trajetoacuteria de exclusatildeo da pessoa com necessidades especiais eacute tatildeo antiga

quanto a proacutepria evoluccedilatildeo do homem ou seja as estruturas das sociedades desde

os primoacuterdios demonstram uma concepccedilatildeo de deficiecircncia como algo relacionado agrave

inabilidade (MACIEL 2000)

Nas eacutepocas mais primitivas da histoacuteria humana dadas agraves condiccedilotildees insalubres

de vida supotildee-se que os indiviacuteduos que nasciam com qualquer tipo de deficiecircncia

teriam pouca ou nenhuma condiccedilatildeo de manutenccedilatildeo de sua vida pois que soacute os

indiviacuteduos mais fortes conseguiam sobreviver ante as intempeacuteries os ataques de

animais aos deslocamentos em busca de alimentos e de lugares mais propiacutecios

para o repouso e a permanecircncia (BIANCHETTI 1995)

Na Greacutecia Antiga as pessoas com deficiecircncia eram abandonadas ou

sacrificadas por natildeo corresponder agrave perfeiccedilatildeo do homem Na Idade Meacutedia substitui-

se o sacrifiacutecio por sentimentos ldquocristatildeosrdquo como piedade e compaixatildeo e tambeacutem pela

rejeiccedilatildeo dos diferentes Nessa eacutepoca tem iniacutecio o atendimento assistencial agraves

pessoas com deficiecircncia em igrejas e outras instituiccedilotildees de cunho religioso com o

intuito de ldquolibertaacute-lasrdquo do pecado (PESSOTI 1984 SMITH 2004 FREITAS 2008)

Desse modo a educaccedilatildeo especial soacute comeccedilou a ser traccedilada no seacuteculo XVI

com meacutedicos e pedagogos que desafiaram os conceitos vigentes na eacutepoca pois

acreditaram nas possibilidades educacionais de indiviacuteduos que ateacute entatildeo eram

32

considerados ineducaacuteveis (MENDES 2010) Ressalta-se ainda que a histoacuteria

retrate algumas experiecircncias precursoras desde o seacuteculo XVI cujas bases eram

tutoriais de fato o acesso agrave educaccedilatildeo das pessoas com deficiecircncias foi sendo muito

lentamente conquistado e essa conquista ocorreu apenas na medida em que se

ampliaram as oportunidades educacionais para a populaccedilatildeo em geral (JANNUZZI

2004 MENDES 2010)

Na Idade Moderna com o avanccedilo do pensamento cientiacutefico e da valorizaccedilatildeo da

racionalidade humana buscam-se respostas para a condiccedilatildeo das deficiecircncias Daiacute o

entendimento das mesmas no sentido de doenccedilas ou patologias iniciando-se as

pesquisas sobre como medicar e tratar as pessoas que apresentavam deficiecircncias

(PESSOTI 1984 SMITH 2004 FREITAS 2008) Na realidade brasileira em acordo

com pesquisa feita por Jannuzzi (2004) a educaccedilatildeo para pessoas com deficiecircncias

soacute surgiu de maneira institucional no conjunto das concretizaccedilotildees das ideias liberais

que tiveram divulgaccedilatildeo por aqui no fim do seacuteculo XVIII e comeccedilo do XIX

Na contemporaneidade lentamente deixa-se de lado a patologizaccedilatildeo das

deficiecircncias e evidencia-se uma abordagem de entendimento tambeacutem voltada para

os aspectos educativos desses indiviacuteduos (SMITH 2004 FREITAS 2008)

Nos anos 50 e 60 do seacuteculo passado houve um intensivo surgimento de

instituiccedilotildees educacionais especializadas (SMITH 2004 FREITAS 2008) Jaacute na

deacutecada de 70 destacam-se a reabilitaccedilatildeo e o treino de habilidades das pessoas com

deficiecircncia baseados em accedilotildees fundamentadas no modelo meacutedico-psicoloacutegico

vigente (SMITH 2004 FREITAS 2008)

As deacutecadas de 80 e de 90 desenrolaram-se com uma maior flexibilidade no que

se refere agrave consideraccedilatildeo das possibilidades e potencialidades da pessoa com

deficiecircncias Foi a partir dos anos 90 que o Brasil deu iniacutecio verdadeiramente a uma

longa e permanente luta pelos direitos das pessoas com necessidades especiais de

frequentar o ensino regular (FREITAS 2008)

Garcia (2008) lembra que a deacutecada de 1990 teve como marca maior a reforma

educacional ocorrida principalmente nos paiacuteses em desenvolvimento tal como o

Brasil e a qual foi orientada entre outros aspectos pelo discurso da inclusatildeo social

Assim vaacuterios foram os eventos que corroboraram para que essa premissa de

educaccedilatildeo inclusiva fosse se arraigando Entre eles pode-se citar

33

- a Conferecircncia Mundial de Educaccedilatildeo para Todos ocorrida em 1990 em

Jomtiem Tailacircndia

- a Conferecircncia Mundial sobre as Necessidades Educacionais Especiais

ocorrida em Salamanca na Espanha em 1994 a qual teve como produto a

chamada Declaraccedilatildeo de Salamanca importante documento orientador para a

educaccedilatildeo inclusiva

- a Convenccedilatildeo Interamericana para a Eliminaccedilatildeo de todas as formas de

Discriminaccedilatildeo contra as Pessoas Portadoras de Deficiecircncia ocorrida na

Guatemala em 1999

- e a Convenccedilatildeo sobre os Direitos das Pessoas com Deficiecircncia ndash promovida

pela ONU em Nova York em 2006

O movimento pela educaccedilatildeo inclusiva no Brasil teve um grande impacto na

discussatildeo de poliacuteticas educacionais para crianccedilas e adolescentes com necessidades

especiais uma vez que a grande maioria desta populaccedilatildeo havia sido historicamente

excluiacuteda do sistema educacional puacuteblico brasileiro (MENDES ALMEIDA e TOYODA

2011)

Durante a Conferecircncia Mundial de Educaccedilatildeo para Todos em Jomtien

Tailacircndia em 1990 o Brasil estabeleceu metas baacutesicas para melhorar o sistema

educacional brasileiro Entre esses objetivos parecia necessaacuterio melhorar a

educaccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes com necessidades especiais Como resultado

da Conferecircncia Mundial sobre necessidades educacionais especiais Acesso e

Qualidade organizada pelo governo espanhol e pela Unesco em 1994 foi aprovada

a Declaraccedilatildeo de Salamanca (MENDES ALMEIDA e TOYODA 2011)

Com a Convenccedilatildeo da Guatemala 1999 tem-se como avanccedilo a concepccedilatildeo

que pressupotildee uma ressignificaccedilatildeo da pessoa com deficiecircncia remetendo a

necessidade de se transformar as escolas de maneira que natildeo existam mais

restriccedilotildees agrave aprendizagem de nenhum aluno Isso implicou tambeacutem em uma

ressignificaccedilatildeo da proacutepria Educaccedilatildeo Especial segundo Alves (2008)

Outro marco foi a Convenccedilatildeo sobre os Direitos das Pessoas com Deficiecircncia

ndash promovida pela ONU em Nova York em 2006 Os propoacutesitos desse evento foram

essencialmente os de promover proteger e assegurar condiccedilotildees plenas de

igualdade e de gozo de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais por

todas as pessoas com deficiecircncia (ALVES 2008)

34

Jaacute a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial na Perspectiva da Educaccedilatildeo

Inclusiva proposta pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo em 2007 evidencia o movimento

mundial pela educaccedilatildeo inclusiva como uma accedilatildeo cultural pedagoacutegica poliacutetica e

social desencadeada em defesa do direito de todos os alunos de estarem

aprendendo e participando juntos sem nenhum tipo de discriminaccedilatildeo (BRASIL

2007) Portanto a educaccedilatildeo inclusiva constitui-se em um paradigma educacional

fundamentado na concepccedilatildeo de direitos humanos que conjuga igualdade e

diferenccedila como valores indissociaacuteveis e que avanccedila em relaccedilatildeo agrave ideia de equidade

formal ao contextualizar as circunstacircncias histoacutericas da produccedilatildeo da exclusatildeo dentro

e fora da escola (BRASIL 2007)

O contexto educacional inclusivo estaacute pautado portanto nas resoluccedilotildees

discutidas e propostas por esses eventos o que promove certa ldquouniversalizaccedilatildeordquo do

que seria uma ldquoeducaccedilatildeo para todosrdquo No Brasil o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo assumiu

as orientaccedilotildees contidas nesses documentos cabendo aos Estados e Muniacutecipios a

particularizaccedilatildeo do atendimento aos diversos contextos E na praacutetica a educaccedilatildeo

inclusiva vem sendo um grande desafio pois vem reorientando as redes municipais

de ensino a uma reorganizaccedilatildeo por propor novas demandas e redefinir

competecircncias e responsabilidades (GARCIA 2008)

Eacute possiacutevel dizer que o conceito de ldquoescola para todosrdquo implica no

reconhecimento dos conteuacutedos acadecircmicos e do sistema cientiacutefico e sistemaacutetico

poreacutem sem restringir os alunos ou tentar dominaacute-los a qualquer custo (MANTOAN

2006)

A inclusatildeo escolar da pessoa com necessidades educacionais especiais

tornou-se um tema de grande relevacircncia e por isso mesmo vem ganhando espaccedilo

cada vez maior em debates e discussotildees que explicitam a necessidade de a escola

atender agraves diferenccedilas intriacutensecas agrave condiccedilatildeo humana (SILVEIRA e NEVEZ 2006)

Segundo as Diretrizes da Poliacutetica Nacional da Educaccedilatildeo Especial na

Perspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva (BRASIL 2007) o acesso agrave educaccedilatildeo tem iniacutecio

na educaccedilatildeo infantil na qual se desenvolvem as bases necessaacuterias para a

construccedilatildeo do conhecimento e desenvolvimento global do aluno Nessa etapa o

luacutedico o acesso agraves formas diferenciadas de comunicaccedilatildeo a riqueza de estiacutemulos

nos aspectos fiacutesicos emocionais cognitivos psicomotores e sociais e a convivecircncia

com as diferenccedilas favorecem as relaccedilotildees interpessoais o respeito e a valorizaccedilatildeo

da crianccedila

35

Conforme o tema do presente estudo sobre a inclusatildeo da crianccedila pequena

ressalta-se que a Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo - LDB (939496) jaacute

apontava em seu paacuteragrafo 3ordm que a oferta do atendimento em Educaccedilatildeo Especial

enquanto dever do Estado tambeacutem deve ser ofertado na faixa etaacuteria de zero aos

seis anos de idade E antes disso a Declaraccedilatildeo de Salamanca (1994) indicava que

eacute necessaacuterio garantir identificaccedilatildeo das condiccedilotildees e necessidades especiais assim

como garantir procedimentos de intervenccedilatildeo o mais precoce possiacutevel

Nesse sentido do nascimento aos trecircs anos o atendimento educacional

especializado se expressa por meio de serviccedilos de estimulaccedilatildeo precoce que

objetivam o processo de desenvolvimento e aprendizagem em interface com os

serviccedilos de sauacutede e assistecircncia social (BRASIL 2007) E todas as etapas e

modalidades da educaccedilatildeo baacutesica o Atendimento Educacional Especializado deve

ser organizado para apoiar o desenvolvimento dos alunos constituindo oferta

obrigatoacuteria dos sistemas de ensino Deve ser realizado no turno inverso ao da classe

comum na proacutepria escola ou centro especializado que realize esse serviccedilo

educacional (BRASIL 2007 BRASIL 2011)

Em virtude da orientaccedilatildeo acima descrita infere-se que esta certamente

colaborou para a ampliaccedilatildeo do acesso de crianccedilas pequenas com necessidades

especiais em condiccedilatildeo de inclusatildeo no ensino regular especialmente na educaccedilatildeo

infantil o que por sua vez pressupotildee adequaccedilotildees para garantir um atendimento de

qualidade desde tenra idade

Segundo Arnais (2003) possibilitar o acesso agrave educaccedilatildeo em contextos

educacionais natildeo excludentes o mais precoce possiacutevel proporcionaria para a crianccedila

com necessidades especiais uma melhor compreensatildeo de si mesma e dos outros e

aos colegas de turma e de escola uma experiecircncia de convivecircncia harmocircnica com

as diferenccedilas

Desse modo resume-se que alguns dos fundamentais princiacutepios do ideaacuterio da

educaccedilatildeo inclusiva satildeo o direito agrave educaccedilatildeo o direito agrave igualdade de oportunidades

o que natildeo significa um lsquomodo igualrsquo de educar a todos e sim dar a cada um o que

necessita em funccedilatildeo de suas caracteriacutesticas e necessidades individuais escolas

responsivas e de boa qualidade o direito agrave aprendizagem e o direito agrave participaccedilatildeo

(CARVALHO 2009 OLIVEIRA 2010) O que estaacute consonante com a ilustraccedilatildeo de

ALVES (2008) como benefiacutecios de uma ldquoescola abertardquo a todos sentimento de

pertencimento maior qualidade da educaccedilatildeo para todos e combate a todas as

36

formas de discriminaccedilatildeo Com isso se procura garantir ocasiotildees de muacuteltiplas

interaccedilotildees nos ambientes das creches e preacute-escolas natildeo excluindo de forma

alguma a crianccedila com necessidades educacionais especiais de modo que todas as

crianccedilas tenham a oportunidade de aprender com as contribuiccedilotildees de cada um de

seus colegas em uma relaccedilatildeo de alteridade (OLIVEIRA 2010)

Poreacutem na realidade praacutetica da educaccedilatildeo inclusiva ainda existem muitos

desafios e dificuldades Ainda que nos uacuteltimos vinte anos conceitos como exclusatildeo

e inclusatildeo educacionais tenham se tornado cada vez mais recorrentes nas

pesquisas documentos oficiais e na fala de gestores e professores pode-se afirmar

que uma educaccedilatildeo que busca primar pela qualidade de todos os alunos esbarra em

desigualdades de diversas naturezas (sociais eacutetnicas raciais e de gecircnero)

presentes na sociedade brasileira que historicamente acumula um quadro de

exclusotildees e contradiccedilotildees marcado por poliacuteticas laacutebeis e inconsistentes (SEKKEL

ZANELATTO e BRANDAtildeO 2010 MOREIRA BOLSANELLO e SEGER 2011)

Souza e Batista (2008) destacam que em muitas situaccedilotildees crianccedilas pequenas

que estatildeo em inclusatildeo educacional permanecem mais isoladas especialmente as

que apresentam alteraccedilotildees fiacutesicas por serem consideradas incapazes de se

locomover e explorar ambientes e objetos Isto representa a perda de momentos

importantes de interaccedilatildeo social ficando isoladas do contato com parceiros com

semelhanccedila de idade e tendo suas interaccedilotildees restritas agrave relaccedilatildeo com o adulto

cuidador (SOUZA e BATISTA 2008)

Outrossim eacute possiacutevel verificar uma concepccedilatildeo de inclusatildeo restrita ao

atendimento de crianccedilas com deficiecircncias enquanto as necessidades das demais

crianccedilas e dos profissionais que trabalham na escola satildeo muitas vezes

desconsideradas O isolamento e o envolvimento com questotildees marginais do

trabalho pedagoacutegico satildeo pontos centrais a serem considerados no enfrentamento

das barreiras atitudinais para a construccedilatildeo de um ambiente inclusivo (SEKKEL

ZANELATTO e BRANDAtildeO 2010)

Outro aspecto que merece atenccedilatildeo eacute a formaccedilatildeo dos pedagogos e professores

que atendem agraves crianccedilas pequenas com deficiecircncia na educaccedilatildeo infantil pois

demonstram em vaacuterios estudos natildeo possuiacuterem conhecimentos suficientes para lidar

com as particularidades que envolvem as diferentes condiccedilotildees de deficiecircncia tal

como a intelectual ou a fiacutesica conforme evidenciado nos estudos de Melo e Ferreira

(2009) e de Vitta Vitta e Monteiro (2010)

37

Esse uacuteltimo estudo traz concepccedilotildees de professores de educaccedilatildeo infantil que

atendem crianccedilas com deficiecircncia e nas quais demonstram crer que a principal

contribuiccedilatildeo do processo de inclusatildeo eacute a socializaccedilatildeo destas crianccedilas (VITTAVITTA

e MONTEIRO 2010) Tambeacutem ressaltam nesse estudo terem encontrado problemas

com o espaccedilo fiacutesico recursos materiais e humanos relativos agrave formaccedilatildeo do

professor desse modo os autores consideram que eacute preciso possibilitar aos

professores uma formaccedilatildeo que abranja conhecimentos sobre as diferentes

deficiecircncias e as necessidades educacionais relativas a estas propiciando a

adequaccedilatildeo do espaccedilo fiacutesico e dos recursos materiais aleacutem de assistecircncia

educacional especiacutefica (VITTA VITTA e MONTEIRO 2010)

Drago (2005) percebeu que a inclusatildeo da crianccedila na Educaccedilatildeo Infantil ainda se

daacute como mera integraccedilatildeo ou seja baseada no princiacutepio que quem deve mudar eacute o

aluno ele eacute quem deve se adequar agrave escola e natildeo o contraacuterio No estudo de

Mendes (2010) as educadoras avaliaram que o princiacutepio da inclusatildeo eacute vaacutelido

embora difiacutecil de ser colocado em praacutetica

Desse modo eacute possiacutevel perceber dados indicando que a inclusatildeo de crianccedilas

com necessidades especiais eacute vista com reservas pelos profissionais da Educaccedilatildeo

Infantil explicitando ideias preconcebidas sobre a deficiecircncia Eles se justificam pela

falta de conhecimento do desenvolvimento infantil e dos fatores que o envolvem

bem como pelo fato de os profissionais vincularem suas atividades agraves experiecircncias

pessoais (VITTA 2004 VITTA 2010)

Vital (2012) infere em sua pesquisa com crianccedilas com idade entre quatro e seis

anos que haacute a necessidade de se discutir e promover accedilotildees que auxiliem na

identificaccedilatildeo do preconceito nessa faixa etaacuteria

Drago (2005) faz referecircncias ao papel do educador de educaccedilatildeo infantil

enquanto importante modelo no que se refere ao entendimento acolhimento e

aceitaccedilatildeo da crianccedila pequena com deficiecircncia na turma Bazon (2009) constatou

que atitudes de preconceito barreiras atitudinais e falta de informaccedilatildeo por parte de

professores afetam profundamente o processo de inclusatildeo da crianccedila pequena

Nesse sentido Bartalotti (2004) percebeu que a construccedilatildeo de histoacuterias de sucesso

na inclusatildeo de crianccedilas com necessidades especiais na Educaccedilatildeo Infantil envolve a

orientaccedilatildeo apoio e momentos de reflexatildeo e discussatildeo sobre o papel dos

educadores junto a accedilotildees inclusivas e as singularidades desse alunado

38

Jaacute Fernandes Bolsanello e Moreira (2008) indicam pelo menos dois grandes

desafios para a inclusatildeo da crianccedila pequena na educaccedilatildeo infantil a) a ainda vigente

visatildeo cliacutenico-assistencialista da deficiecircncia o que nos primeiros anos de vida faz

com que a crianccedila seja vista como enferma ou doente e b) as condiccedilotildees de

acolhimento e orientaccedilatildeo agraves famiacutelias nos primeiros meses de vida da crianccedila com

deficiecircncia o que resulta em um grande nuacutemero de vezes na dificuldade de

aceitaccedilatildeo da condiccedilatildeo de deficiecircncia da crianccedila por sua famiacutelia e na falta de

observacircncia do potencial de promoccedilatildeo do desenvolvimento dessa crianccedila desde

tenra idade

No que se refere agraves famiacutelias das crianccedilas com necessidades especiais haacute a

evidecircncia da necessidade de um acompanhamento antes durante e apoacutes a

inclusatildeo propriamente dita de modo a apoiaacute-las nos momentos de busca e escolha

da escola de adaptaccedilatildeo da crianccedila ao novo ambiente e de transiccedilatildeo dos

atendimentos oferecidos pela instituiccedilatildeo especializada para outros setores (LUIZ e

NASCIMENTO 2012)

Igualmente Benincasa (2011) destaca a) a importacircncia da articulaccedilatildeo entre

os campos da educaccedilatildeo especial e da educaccedilatildeo infantil na construccedilatildeo de propostas

pedagoacutegicas que sirvam como suporte aos diferentes sujeitos envolvidos

(professores comunidade famiacutelia e crianccedila) para a efetiva permanecircncia do aluno

com necessidades especiais no ensino comum b) a presenccedila de uma variedade de

modos de recepccedilatildeo e compreensatildeo do movimento de inclusatildeo escolar por parte dos

educadores envolvidos e c) o reconhecimento de que o local de instituiccedilatildeo

(estrutura fiacutesica e questotildees relacionadas agrave acessibilidade por exemplo) produz

impacto para se pensar os processos de escolarizaccedilatildeo de seus alunos e a tomada

de decisatildeo relativa a esses processos

Franccedila (2008) observou a influecircncia positiva da estimulaccedilatildeo assistemaacutetica

realizada por meio das interaccedilotildees sociais em sala regular para o desenvolvimento

motor e interaccedilatildeo social de crianccedilas cegas menores de cinco anos e Amaro (2004)

evidenciou a importacircncia de se observar e refletir sobre a singularidade do aluno

com necessidades especiais para que esta seja respeitada e valorizada

Assim percebe-se que educaccedilatildeo inclusiva eacute uma reforma educacional que

abarca um acircmbito bastante abrangente em diferentes niacuteveis de mudanccedilas como jaacute

afirmado por Rodrigues e Lima-Rodrigues (2011) Tal fato requer a busca constante

39

de se desvencilhar de muitas armadilhas conceituais para que a escola inclusiva

deixe de ser mera proposiccedilatildeo e passe a existir de verdade (DRAGO 2011)

Por fim segundo Mendes (2010) eacute necessaacuterio definir quem satildeo as crianccedilas

com necessidades especiais na idade entre zero e seis anos para que se possam

determinar os criteacuterios de elegibilidade para os programas de detecccedilatildeo e

intervenccedilatildeo precoce e planejar as accedilotildees necessaacuterias tais como alocar recursos

formar pessoal entre outros

24 A FAMIacuteLIA COMO UM MICROSSISTEMA DE DESENVOLVIMENTO HUMANO

E SUA RELACcedilAtildeO COM A CRIANCcedilA PEQUENA COM NECESSIDADES

ESPECIAIS

Reconhecidamente a famiacutelia eacute o contexto primordial de desenvolvimento para

qualquer ser humano Eacute portanto o locus das primeiras relaccedilotildees interaccedilotildees e

conhecimentos pelas crianccedilas espaccedilo no qual iratildeo se conformar as suas

impressotildees de mundo com base nas estruturas relacionais ali dispostas

especialmente entre seus partiacutecipes (SANCHEZ MARTINEZ e PENALVER 2003

MACEDO e MARTINS 2004 SILVA 2010) Por tal as relaccedilotildees familiares satildeo uma

aacuterea de pesquisa dentro do campo da Psicologia do Desenvolvimento que tem

despertado grande interesse dos pesquisadores e inspirando inuacutemeras questotildees

(SOEJIMA 2008)

O conceito de famiacutelia que se tem na atualidade eacute resultado de intensas

modificaccedilotildees sociais econocircmicas culturais e poliacuteticas muitas delas ocorridas nos

uacuteltimos 50 anos (PINHEIRO e BIASOLI-ALVES 2008 WEBER 2008)

Nesse acircmbito revela-se importante lembrar que as transformaccedilotildees no papel

da mulher diante agrave sociedade fizeram com que ocorressem tambeacutem profundas

modificaccedilotildees na organizaccedilatildeo e funcionamento familiar e de seus membros

(PINHEIRO e BIASOLI-ALVES 2008 DESSEN e BRAZ 2005)

As deacutecadas de 60 70 e 80 do seacuteculo passado foram marcadas pela

crescente participaccedilatildeo feminina no contexto econocircmico poliacutetico e social de nosso

paiacutes tambeacutem foi possiacutevel perceber a transiccedilatildeo das relaccedilotildees conjugais e familiares

hierarquizadas para mais igualitaacuterias a queda significativa no nuacutemero de filhos por

casal a regulamentaccedilatildeo do divoacutercio menor desigualdade entre os papeacuteis

40

masculinos e femininos o surgimento de novos valores para a criaccedilatildeo dos filhos e

mudanccedilas na distribuiccedilatildeo das tarefas do lar (RIBEIRO SABOacuteIA BRANCO e

BREGMAN 1998 VIEIRA 1998 DESSEN e TORRES 2002 DEUTSCH 2009)

A partir da deacutecada de 90 em decorrecircncia da transformaccedilatildeo do papel da

mulher diante da sociedade e das demais conjunturas histoacutericas e sociais mostram-

se igualmente importantes o aumento do nuacutemero de divoacutercios de re-casamentos de

famiacutelias monoparentais e o cuidado dos filhos passa a ser mais compartilhado com

outros grupos sociais e os filhos se tornam mais participativos nas decisotildees

familiares (ARRIAGADA 2000 GALANO 2006 DEUTSCH 2009)

Diante de tantas transformaccedilotildees na contemporaneidade estudos que

envolvam a famiacutelia assumem a premissa de que satildeo diversos os tipos e as

possibilidades de arranjos familiares e sua definiccedilatildeo deve estar mais baseada na

opiniatildeo dos membros considerando a afetividade e a proximidade entre eles do que

em variaacuteveis como consanguinidade relacionamento heterossexual divisatildeo da

mesma casa continuidade ao longo da vida por exemplo que por si soacute natildeo definem

famiacutelia (DESSEN 2010)

Portanto ao usar-se o termo famiacutelia na atualidade deve-se levar em

consideraccedilatildeo que cada vez mais o modelo familiar conjugal ndash nuclear ndash

heterossexual com sua prole bioloacutegica inspirado no modelo tradicional se modifica

e transforma o modo como se datildeo as relaccedilotildees entre seus sujeitos e a sociedade

(SILVA 2011) Deste modo ao se fazer referecircncia agrave famiacutelia estaacute se levando em

consideraccedilatildeo a rede de interaccedilotildees que envolvem aspectos cognitivos sociais

afetivos e culturais e outras variaacuteveis que tenham significado entre os sujeitos

envolvidos portanto natildeo evidenciados apenas em laccedilos de consanguinidade

(DESSEN e BRAZ 2005 DESSEN e POLOcircNIA 2007) Ou como jaacute discutido por

DESSEN e BRAZ (2005) o termo famiacutelia em tempos poacutes-modernos eacute

extremamente difiacutecil de ser definido com base no modelo tradicional

Contudo ainda que em transformaccedilatildeo a famiacutelia continua sendo um contexto

que alicerccedila a formaccedilatildeo do ser constituindo-se como matriz da aprendizagem

humana (ALMEIDA 2010)

Para Minuchin Lee e Simon (2008) uma famiacutelia se constitui por um grupo de

pessoas ligadas por laccedilos de emoccedilatildeo eou por consanguinidade e que viveu junto

tempo suficiente para que se criassem padrotildees de interaccedilatildeo entre seus membros

Nessas interaccedilotildees padronizadas os membros da famiacutelia constroem uns aos outros

41

Brofenbrenner (2011) salienta que a importacircncia da famiacutelia natildeo estaacute somente

nas accedilotildees de promoccedilatildeo das capacidades que uma crianccedila tem em aprender a

andar a falar e estudar mas pela formaccedilatildeo de uma pessoa com capacidade de

realizar seu trabalho de pensar claramente de servir a comunidade ou a sociedade

como um todo Em outras palavras Brofenbrenner (2011) define a famiacutelia como um

grupo de pessoas que possui e executa um compromisso irrestrito de bem-estar uns

com os outros

Dada a profunda influecircncia do contexto familiar na constituiccedilatildeo de seus

sujeitos pode-se inferir que haacute nas interaccedilotildees ocorridas nesse microssistema

relacional a possibilidade de que ele venha a se mostrar tanto como fator de risco

quanto de proteccedilatildeo ao desenvolvimento de seus membros Sendo assim ao longo

do tempo aspectos ambientais sociais poliacuteticos transgeracionais culturais e

econocircmicos exercem influecircncia sobre as famiacutelias e a histoacuteria de seus membros

(BRONFENBRENNER 1996 BROFENBRENNER 2011 DINIZ e KOLLER 2010)

Essas influecircncias satildeo facilmente perceptiacuteveis ao se observar o ingresso mais

frequente da mulher-matildee no mercado de trabalho e o processo de migraccedilatildeo das

pessoas que propiciam o distanciamento entre os grupos familiares Ambas as

situaccedilotildees propiciam e fortalecem a necessidade de cuidado infantil extrafamiliar

como o que hoje se entende por creche Em decorrecircncia disso percebe-se

atualmente que o cuidado a educaccedilatildeo e a promoccedilatildeo do desenvolvimento na

infacircncia passaram a ser divididos entre a instituiccedilatildeo e a famiacutelia

Estudos sobre desenvolvimento destacam que a variaacutevel de maior impacto

sobre o desenvolver da crianccedila eacute a relaccedilatildeo com sua famiacutelia e seu ambiente imediato

(ANDRADE 2005)

Os membros que compotildeem a famiacutelia satildeo todos influentes quando se fala de

desenvolvimento infantil contudo a figura paterna e a materna merecem uma

anaacutelise mais aprofundada a respeito de seus papeacuteis e as devidas inter-relaccedilotildees

Nesse sentido destaca-se que o advento proacuteprio ao surgimento de uma crianccedila

provoca muitas transformaccedilotildees tanto em homens quanto em mulheres ambos

passam por momentos de reflexatildeo e de reelaboraccedilatildeo de seus sonhos anseios e por

uma reorganizaccedilatildeo de papeacuteis agora como pais e matildees (BRAZELTON 2002)

A matildee eacute a primeira referecircncia da crianccedila em termos de cuidado afeto

nutriccedilatildeo ela estaacute em outras palavras preparada para enxergar reconhecer as

necessidades de sua crianccedila e isso eacute construiacutedo desde a ideacuteia de crianccedila que ela

42

cria antes mesmo do nascimento (BRUM e SCHERMANN 2004 FERRARI e

PICCININI 2010) Tal situaccedilatildeo faz com que esse viacutenculo tenha uma relevacircncia

ainda maior para o desenvolvimento na infacircncia e mereccedila ampla anaacutelise e maiores

estudos a respeito de seus impactos (ALT e BENETTI 2008)

Por outro lado a figura do pai no desenvolvimento da crianccedila pequena

tambeacutem eacute importante e sua vinculaccedilatildeo com o filho tambeacutem se daacute durante a

gestaccedilatildeo poreacutem com caracteriacutesticas muito proacuteprias Haacute estudos que ilustram a

busca dos pais por interagir com seus bebecircs que ainda estatildeo no ventre materno

seja por meio de cariacutecias ou mesmo conversas com a barriga da gestante e que

eles assim como as matildees podem apresentar certa dificuldade em perceber o bebecirc

como ldquorealrdquo principalmente nos meses iniciais do periacuteodo gestacional (HANSEL

2004 PICCININI et al 2004 CIA WILLIANS e AIELLO 2005) Dessa maneira o

envolvimento emocional paterno daacute-se de modo crescente e muito mais consistente

com o proacuteprio avanccedilar da gravidez em consonacircncia com a evoluccedilatildeo da interaccedilatildeo da

matildee (HANSEL 2004 PICCININI et al 2004 CIA WILLIANS e AIELLO 2005)

Como a figura paterna pode representar intenso apoio emocional e material para a

mulher eacute possiacutevel inferir que seu envolvimento positivo com o processo gestacional

eacute um aspecto importante para a vinculaccedilatildeo afetiva com a crianccedila tambeacutem apoacutes o

parto o que com certeza enriquece essa relaccedilatildeo (matildee-pai-bebecirc) Mesmo com essa

notoacuteria importacircncia da figura paterna eacute possiacutevel constatar que a figura do pai ainda

eacute pouco explorada no campo da pesquisa aspecto indicado tambeacutem em literatura

pertinente (HANSEL 2004 PICCININI et al 2004 CIA WILLIANS e AIELLO 2005)

Para a crianccedila pequena a figura dos pais eacute de suma importacircncia jaacute que eles

a auxiliaratildeo a conhecer o mundo e a reconhecer-se como sujeito Ou seja a famiacutelia

configura-se como o primeiro universo de relaccedilotildees sociais da crianccedila podendo

proporcionar-lhe um ambiente adequado de crescimento e desenvolvimento

Corroborando com esse uacuteltimo aspecto reafirma-se que os primeiros anos de vida

constituem uma importante etapa da existecircncia especialmente criacutetica pois nela

configuram-se as habilidades perceptivas motoras cognitivas linguiacutesticas e sociais

possibilitando uma equilibrada interaccedilatildeo com o externo Seraacute a partir deste primeiro

espaccedilo de relaccedilotildees sociais que a crianccedila entenderaacute o ambiente que a cerca e agiraacute

sobre os elementos do mundo (GAT 2000 BRAZELTON e CRAMER 2002

BRAZELTON e GREENSPAN 2002)

43

Importante considerar tambeacutem que quando existe uma interaccedilatildeo efetiva

entre a crianccedila e os membros de sua famiacutelia o desenvolvimento infantil eacute facilitado

pelas trocas que esta relaccedilatildeo oportuniza (HANSEL 2004)

De forma geral a valorizaccedilatildeo da relaccedilatildeo pai-matildee-crianccedila pequena eacute

importante para que todos se sintam seguros em seus papeacuteis e prosperem como

sujeitos As interaccedilotildees satildeo mutuamente alimentadas quando os sujeitos que dela

participam tecircm espaccedilo e oportunidade de responder agraves necessidades do outro e de

si mesmo Em outras palavras os indiviacuteduos em interaccedilatildeo estatildeo em muacutetua e

constante troca um monitora o outro o que implica no surgimento de respostas

emocionais diversas e interpretaccedilotildees cognitivas as quais afetam a continuidade e a

qualidade dessas interaccedilotildees bem como o comportamento futuro dos sujeitos

envolvidos (HANSEL 2004 PICCININI et al 2004 CIA WILLIANS e AIELLO 2005

DESSEN e BRAZ 2005)

Tem-se conhecimento de que tanto a figura materna quanto a paterna

influencia o processo de desenvolvimento do filho especialmente quando se trata da

crianccedila com distuacuterbios de desenvolvimento ou com deficiecircncias (HANSEL 2004

BOLSANELLO e SOUZA 2004 HANSEL e BOLSANELLO 2009)

Gineacute et al (2009) afirmam sobre a interaccedilatildeo com a famiacutelia que o objetivo

final deve ser o de alcanccedilar uma vida com qualidade lembrando que os pais satildeo os

maiores promotores do desenvolvimento de sua crianccedila No sentido de qualidade

lembra-se que o que caracteriza uma relaccedilatildeo familiar eacute a influecircncia da interaccedilatildeo

entre indiviacuteduos sobre outras interaccedilotildees tal influecircncia eacute vista no efeito cumulativo

das interaccedilotildees ou seja os indiviacuteduos natildeo precisam estar continuamente em

interaccedilatildeo para que sua relaccedilatildeo seja mantida (DESSEN e BRAZ 2005)

Dada agrave profunda influecircncia da famiacutelia na constituiccedilatildeo do sujeito-filho pode-se

inferir que haacute nas interaccedilotildees desse microssistema relacional a possibilidade de ele

mostrar-se tanto como fator de risco quanto protetivo Esta aparente ambiguidade eacute

justificada quando se considera a famiacutelia como o grupo social baacutesico do indiviacuteduo

cuja funccedilatildeo e estrutura satildeo determinantes em seu desenvolvimento As relaccedilotildees

entre pais e filhos satildeo caracterizadas por uma enorme complexidade Ao longo dos

tempos aspectos ambientais sociais poliacuteticos transgeracionais culturais e

econocircmicos exercem influecircncia sobre as famiacutelias e a histoacuteria de seus membros

(HANSEL 2004 PICCININI et al 2004 CIA WILLIANS e AIELLO 2005 DINIZ e

KOLLER 2010)

44

Na famiacutelia os objetivos conteuacutedos e meacutetodos se diferenciam fomentando o

processo de socializaccedilatildeo a proteccedilatildeo as condiccedilotildees baacutesicas de sobrevivecircncia e o

desenvolvimento de seus membros no plano social cognitivo e afetivo Esta eacute

tambeacutem a primeira mediadora entre o homem e sua cultura Portanto a famiacutelia eacute a

matriz da aprendizagem humana com significados e praacuteticas culturais proacuteprias

essas que geram modelos de relaccedilatildeo interpessoal e de construccedilatildeo individual e

coletiva (BRONFENBRENNER 1996 BRONFENBRENNER 2011 GURALNICK

2002)

Dessa maneira os acontecimentos e as experiecircncias familiares propiciam a

formaccedilatildeo de repertoacuterios comportamentais de accedilotildees e resoluccedilotildees de problemas com

significados universais e particulares (BRONFENBRENNER 1996

BRONFENBRENNER 2011 GURALNICK 2002) Essas vivecircncias integram a

experiecircncia individual e coletiva que organiza interfere e a torna uma unidade

dinacircmica que estrutura as formas de subjetivaccedilatildeo e interaccedilatildeo social de seus

membros Nesse sentido tambeacutem se pode afirmar que eacute por meio dessa unidade e

suas interaccedilotildees internas que se concretizam as transformaccedilotildees na sociedade que

por sua vez ocasionam novas influecircncias a seus membros num processo

bidirecional (BRONFENBRENNER 1996 BRONFENBRENNER 2011 GURALNICK

2002)

Igualmente pode-se afirmar que aspectos tais como a escolaridade da matildee e

o desemprego paterno podem ser considerados como preditores bastante confiaacuteveis

para explicitar alteraccedilotildees nos resultados de estudos sobre desenvolvimento infantil

(LORDELO et al 2007)

Tambeacutem a interaccedilatildeo familiar possui um caraacuteter de reciprocidade em suas

relaccedilotildees ou seja o estabelecimento de laccedilos muacutetuos mobiliza a crianccedila para o

desenvolvimento de atividades no seu meio fiacutesico social simboacutelico condutores da

sua atividade exploratoacuteria manipuladora criativa e imaginativa logo essa

capacidade comeccedila a desenvolver-se desde o nascimento do bebecirc e aprimora-se ao

longo do tempo e por outro lado o proacuteprio desenvolvimento parental eacute influenciado

pelo comportamento e desenvolvimento dos filhos o que mais uma vez reforccedila a

ideia do desenvolvimento como um processo dinacircmico influenciado pelos vaacuterios

sistemas que o constituem (BRONFENBRENNER 1996 BRONFENBRENNER

2011)

45

Sendo assim quando haacute situaccedilotildees de risco ou problemas nos quais a famiacutelia

precise contar com algum tipo de apoio pode - se afirmar que a principal rede de

apoio eacute a proacutepria interaccedilatildeo entre seus membros especialmente entre os genitores

ou cuidadores principais (BRONFENBRENNER 1996 BRONFENBRENNER 2011

DESSEN e BRAZ 2005) Isso porque o estabelecimento do viacutenculo portanto de

uma relaccedilatildeo de afeto estaacutevel e contiacutenua pode ser considerado o principal elemento

de superaccedilatildeo da mudanccedila para todos os membros dessa unidade primordial E

seratildeo tais viacutenculos que por meio do alimentar brincar ou confortar uma crianccedila

ativaratildeo sentimentos como cumplicidade ternura carinho que se verificam como

contributos para o delineamento do curso da vida Lembra-se que natildeo satildeo apenas

as experiecircncias objetivas que pesam e influenciam o desenvolvimento humano as

subjetivas igualmente auxiliam na formaccedilatildeo do repertoacuterio global dos sujeitos em

evoluccedilatildeo (BRONFENBRENNER 1996 BRONFENBRENNER 2011 DINIZ e

KOLLER 2010)

Nesse sentido a interaccedilatildeo entre microssistemas tais como famiacutelia e escola

ou a creche pode ser um espaccedilo de reforccedilo e orientaccedilatildeo direta ou indireta dessa

rede de apoio primordial (PEREIRA-SILVA e DESSEN 2004 DESSEN e POLONIA

2007) Por outro lado um canal de comunicaccedilatildeo famiacutelia-instituiccedilatildeo ruim falha como

recurso motivacional e de interesse da famiacutelia em relaccedilatildeo ao atendimento da crianccedila

(ORTIZ e FAVARO 2004)

Ressalta-se portanto que o atendimento educacional na infacircncia

especialmente o que eacute voltado agrave crianccedila pequena deve ser baseado no trabalho

colaborativo e cooperativo no compartilhamento de responsabilidades e

informaccedilotildees com a famiacutelia lhes conferindo o empoderamento necessaacuterio para

usufruiacuterem de suas capacidades e potencialidades enquanto cuidadores auxiliando-

os a lidar com os percalccedilos e limites que possam ser motivados pelas

especificidades do filho (ROMERO 2003 GINEacute et al 2009)

Tais aspectos devem ser levados em consideraccedilatildeo principalmente porque a

crianccedila na primeira infacircncia tem necessidades desenvolvimentais muito proacuteprias

as quais devem ser conhecidas e respeitadas tanto pela famiacutelia quanto pela

instituiccedilatildeo que a atende

Ao posicionar o papel da famiacutelia na concepccedilatildeo da Atenccedilatildeo Precoce retoma-

se que em uma perspectiva transacional o desenvolvimento infantil pode ser

entendido como produto de interaccedilotildees dinacircmicas entre a crianccedila a famiacutelia e o

46

contexto (SAMEROFF e FIESE 2000) Essa perspectiva amplia a visatildeo da

costumeira abordagem linear e unidirecional que modelos tradicionais de

atendimento ao desenvolvimento infantil possuem reconhecendo a influecircncia da

interaccedilatildeo de diversos fatores na conformaccedilatildeo da pessoa-crianccedila em

desenvolvimento e tambeacutem influencia profundamente o atendimento agrave crianccedila

pequena com deficiecircncia por transformar esse uacuteltimo em uma abordagem centrada

na famiacutelia (SAMEROFF E FIESE 1990 2000 SERRANO 2007)

Nesse sentido vaacuterios estudos a respeito da relaccedilatildeo entre famiacutelia e

desempenho desenvolvimental da crianccedila confirmam que os pais satildeo importantes

agentes moduladores das experiecircncias de seus filhos de tal maneira que suas

accedilotildees podem se constituir em riscos para o desenvolvimento infantil (BARROS et al

2003 MANCINI et al 2004 AMORIM et al 2009 SARTORI SACANI e VALENTINI

2010)

Em consonacircncia Amorin et al (2009) perceberam em seu

estudo que as crianccedilas que dispunham de menor tempo diaacuterio com suas matildees

apresentaram maior frequecircncia de deacuteficit em equiliacutebrio estaacutetico quando comparadas

agravequelas que permaneciam mais tempo com a matildee sugerindo a presenccedila materna

como um fator de proteccedilatildeo para a aquisiccedilatildeo dessa habilidade Igualmente Barros et

al (2003) evidenciaram em sua pesquisa que podem se constituir em fatores de

risco para o desenvolvimento da crianccedila pequenas situaccedilotildees como ausecircncia do pai

utilizaccedilatildeo de brinquedos inadequados para a faixa etaacuteria o local onde a crianccedila era

mantida em idades precoces da infacircncia a falta de orientaccedilatildeo pedagoacutegica e de

socializaccedilatildeo extrafamiliar precoce e a baixa condiccedilatildeo socioeconocircmica familiar Jaacute

os resultados do estudo de Sartori Sacani e Valentini (2010) sugerem uma diferenccedila

significativa entre o desempenho desenvolvimental dos bebecircs filhos de adolescentes

e os nascidos de matildees adultas ressaltando a possibilidade de a idade materna ser

um fator de risco para a ocorrecircncia de atrasos no desenvolvimento

Diante dos elementos acima se soma a orientaccedilatildeo de Brazelton e Cramer

(2002) na qual evidenciam que quando os pais apreciam e valorizam o repertoacuterio

comportamental de seus bebecircs estatildeo prontos a entrar em um diaacutelogo com eles

Ainda conforme esses autores os profissionais que datildeo apoio aos pais facilitando e

apresentando o repertoacuterio das crianccedilas agrave famiacutelia colaboram com o fortalecimento

dos primeiros viacutenculos e com a promoccedilatildeo do desenvolvimento na infacircncia Aleacutem de

que avaliar a estimulaccedilatildeo disponiacutevel para a crianccedila dentro de uma determinada

47

famiacutelia pode fornecer elementos importantes para as poliacuteticas de sauacutede e educaccedilatildeo

a serem programadas pelos organismos puacuteblicos (MARTINS et al 2004 )

Portanto a essecircncia da relaccedilatildeo materna e paterna com a crianccedila eacute a

reciprocidade Ou seja os cuidadores devem estar acessiacuteveis quando a crianccedila

precisa deles devendo mostrar que haacute interesse no que ela apresenta orientando

quanto a limites e possibilidades Ao demonstrar isso o bebecirc com seus recursos

responderaacute alimentando esse circuito ou sistema de comunicaccedilatildeo Nesse sentido haacute

a importacircncia de se orientar aos cuidadores o mecanismo de comunicaccedilatildeo com sua

crianccedila lembrando-lhes dos efeitos devastadores que riscos como os jaacute indicados

anteriormente podem ocasionar nesse sistema de comunicaccedilatildeo reciacuteproca com o

bebecirc (BRAZELTON 1990 BRAZELTON e CRAMER 2002)

Por esses motivos eacute que se entende como necessaacuterio destacar a

importacircncia de accedilotildees interventivas e de orientaccedilotildees que considerem o papel de pais

ou outros cuidadores principais como uma forma de propiciar prevenccedilatildeo de

possiacuteveis futuros deacuteficits no desenvolvimento infantil e mesmo de minimizar

alteraccedilotildees desenvolvimentais jaacute estabelecidas na infacircncia (BARBA MARTINEZ e

CARRASCO 2003) Pois assim como a crianccedila cuja deficiecircncia jaacute foi identificada

haacute aquele indiviacuteduo que frequenta a educaccedilatildeo infantil e que pode apresentar

alteraccedilatildeo em seu desenvolvimento seja por privaccedilatildeo de estiacutemulos adequados seja

por lesotildees agraves que quando natildeo detectadas ou natildeo atendidas podem comprometer a

maturaccedilatildeo neuropsicoloacutegica o que traz implicaccedilotildees para outras instacircncias do

desenvolvimento humano (GAT 2000)

Nessa perspectiva torna-se destaque que os programas vinculados agrave sauacutede

infantil devem estar voltados tambeacutem para o ambiente educacional da crianccedila pois

nele ela se estrutura como um ser individual e social capaz de interagir com outros

niacuteveis de amplitude e de construir espaccedilos entre os setores sociais envolvidos no

processo de construccedilatildeo de uma vida saudaacutevel (MARTINS et al 2004) Isso se

justifica tambeacutem em pesquisas que reforccedilam a importacircncia da aproximaccedilatildeo entre

famiacutelia e educadoras da educaccedilatildeo infantil como modo de auxiliar no

desenvolvimento da crianccedila pequena com ou sem deficiecircncia (CUEVAS 2003

MACARINI MARTINS e VIEIRA 2009)

Especificamente sobre a Educaccedilatildeo Infantil haacute estudos que evidenciam que

quando ocorrem accedilotildees de avaliaccedilatildeo do desenvolvimento infantil ou mesmo

intervenccedilatildeo precoce no contexto da creche haacute grandes ganhos para o

48

desenvolvimento das crianccedilas ali inseridas (BARBA MARTINEZ e CARRASCO

2003 SOEJIMA 2008 BALTIERI et al 2010) Isso posto salienta-se que a inclusatildeo

educacional natildeo se faz apenas com a adaptaccedilatildeo do espaccedilo mas tambeacutem com a

modificaccedilatildeo de conceitos e condutas sobre a pessoa com deficiecircncia (MANTOAN

2004 MAZZOTA 2003)

Por outro lado investigar como o contexto da creche se mostra diante da

atenccedilatildeo ao desenvolvimento infantil da crianccedila com e sem necessidades especiais

(elencar as dificuldades das educadoras em lidar com a promoccedilatildeo ou estimulaccedilatildeo

do desenvolvimento) auxilia na criaccedilatildeo de accedilotildees que transformem esse ambiente

tornando-o mais inclusivo ampliando a qualidade de seu atendimento e das

relaccedilotildees com a comunidade que atende (BARBA MARTINEZ e CARRASCO 2003

CUEVAS 2003 VITTA 2010 VITTA VITTA e MONTEIRO 2010)

Com base no referencial sobre o tema abordado neste trabalho verifica-se

que para a implementaccedilatildeo de programas de atendimento agrave crianccedila pequena com

necessidades especiais - seja dentro da Educaccedilatildeo Infantil ou na Educaccedilatildeo Especial

- eacute necessaacuterio que os profissionais envolvidos tomem conhecimento a respeito dos

muacuteltiplos fatores de risco e proteccedilatildeo que norteiam o desenvolvimento na infacircncia

com ecircnfase em uma perspectiva ecoloacutegica levando em consideraccedilatildeo as interaccedilotildees

transacionais entre a crianccedila e o ambiente e vice-versa Para tal torna-se

necessaacuteria tambeacutem a construccedilatildeo e o seguimento de um marco teoacuterico e conceitual

que sirva de guia para os serviccedilos de atendimento agrave infacircncia (GURALNIK 2008)

Com estes conhecimentos eacute possiacutevel colocar em praacutetica a criaccedilatildeo de programas de

intervenccedilatildeo em crianccedilas com riscos bioloacutegicos e ambientais e prevenir o surgimento

ou o agravamento de alteraccedilotildees no desenvolvimento sejam elas de origem motora

sensorial intelectual ou emocional tanto na educaccedilatildeo especial quanto na educaccedilatildeo

infantil (FORMIGA e PEDRAZZANI 2004)

Por fim ressalta-se que em virtude dos dados acima correlacionados eacute que

decorre o interesse em investigar concepccedilotildees de pais de crianccedilas com

necessidades especiais e de seus educadores acerca da inclusatildeo educacional na

primeira infacircncia tendo em vista tambeacutem as condiccedilotildees de promoccedilatildeo do

desenvolvimento infantil desse alunado dentro de Centros Municipais de Educaccedilatildeo

Infantil - CMEI

49

25 A INSTITUICcedilAtildeO DE EDUCACcedilAtildeO INFANTIL COMO UM CONTEXTO DE

DESENVOLVIMENTO

Na realidade brasileira os serviccedilos da Educaccedilatildeo Infantil vecircm se

configurando como uma opccedilatildeo de cuidado e educaccedilatildeo amplamente utilizada pelas

famiacutelias contemporacircneas Vaacuterios fatores estatildeo envolvidos entre eles o ingresso da

mulher no mercado de trabalho as novas possibilidades de arranjos familiares o

movimento migratoacuterio das pessoas do interior para cidades maiores com mais

acesso a oportunidades de trabalho e educaccedilatildeo o que faz com que nem sempre a

matildee trabalhadora tenha apoio para o cuidado da sua crianccedila e tambeacutem como

recurso para a parcela da populaccedilatildeo que possui condiccedilotildees socioeconocircmicas

desfavoraacuteveis (RAPOPORT e PICCININI 2004 CERISARA 2002 ROSSETTI-

FERREIRA RAMON e SILVA 2002 CAMPOS 1999 ROSSETTI-FERREIRA

AMORIM e VITOacuteRIA 1994 MOREIRA e LORDELO 2002)

Historicamente esse serviccedilo vem passando por vaacuterias modificaccedilotildees ao longo

dos anos Especialmente nas uacuteltimas trecircs deacutecadas a educaccedilatildeo extrafamiliar de

bebecircs e crianccedilas pequenas tem sido marcada por profundas mudanccedilas sociais

culturais poliacuteticas e econocircmicas que entre outros fatores afetaram as relaccedilotildees

sociais o mundo do trabalho as estruturas familiares os sistemas de ensino a

imagem de crianccedila e o lugar que nossos pequenos ocupam nas instituiccedilotildees

educativas e na sociedade (FERNANDES 2011) Em suma pode-se afirmar que

essas modificaccedilotildees tambeacutem contribuiacuteram para que a Educaccedilatildeo Infantil tivesse

acentuada a sua funccedilatildeo pedagoacutegica deixando para traacutes o caraacuteter assistencialista

que teve em sua origem (OLIVEIRA et al 2006 WEBER et al 2006 VERIacuteSSIMO e

FONSECA 2003)

Nessa transiccedilatildeo de entendimento de sua funccedilatildeo na medida em que se foi

ampliando o nuacutemero de matriacuteculas adquirindo maior espaccedilo em pesquisas no paiacutes

nos debates sociais suas fragilidades foram se destacando o que levou aos

resultados dos primeiros estudos sobre a qualidade desse serviccedilo os quais

indicavam uma situaccedilatildeo generalizada de precarizaccedilatildeo verificada tanto em aspectos

fiacutesicos (instalaccedilotildees ruins materiais pedagoacutegicos e equipamentos em escassez ou

completa ausecircncia) quanto em aspectos humanos (baixa escolaridade dos

profissionais falta de formaccedilatildeo dos educadores ausecircncia de projeto pedagoacutegico

50

problemas de interaccedilatildeo instituiccedilatildeondashfamiacutelia) (CAMPOS FUumlLGRAFF e WIGGERS

2006 FERNANDES 2011) Tais resultados satildeo importantes pois reforccedilam as

discussotildees sobre a necessidade de um atendimento de qualidade como parte dos

direitos da crianccedila

Ainda nesse sentido por uma concepccedilatildeo da crianccedila como um ser de direitos

foram importantes documentos como a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 o Estatuto da

Crianccedila e do Adolescente ECA ndash Lei nordm 806990 e a Lei de Diretrizes e Bases da

Educaccedilatildeo Nacional LDB ndash Lei nordm939496 (CAMPOS 1999 CAMPOS FUumlLGRAFF e

WIGGERS 2006 ROSSETIndashFERREIRA RAMON e SILVA 2002 BRASIL 2012)

Para Campos (1999) a Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional

(BRASIL 2012) eacute a que promoveu as maiores modificaccedilotildees na Educaccedilatildeo pois

influenciou vaacuterios aspectos em todos os niacuteveis educacionais do paiacutes dentre os

quais o sistema de financiamento o curriacuteculo nacional os sistemas de avaliaccedilatildeo o

uso de novas tecnologias a organizaccedilatildeo da gestatildeo e as possibilidades de se

estabelecer parcerias com organizaccedilotildees natildeo governamentais Entre os itens

indicados por essa autora haacute pelo menos dois que satildeo considerados de extrema

relevacircncia para a Educaccedilatildeo Infantil a) a definiccedilatildeo da Educaccedilatildeo Infantil como

primeira etapa da Educaccedilatildeo Baacutesica ndash fato que transfere a responsabilidade

desta para oacutergatildeos de educaccedilatildeo b) a exigecircncia de formaccedilatildeo preacutevia

(preferencialmente niacutevel superior admitindo-se ainda no miacutenimo o magisteacuterio

ndash no niacutevel de ensino meacutedio) para educadores e professores que se dedicam

ao trabalho com crianccedilas pequenas (CAMPOS FUumlLGRAFF e WIGGERS

2006 ROSSETIndashFERREIRA RAMON e SILVA 2002)

Outros documentos de impacto na organizaccedilatildeo do atendimento de crianccedilas

pequenas foram as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo Infantil

(BRASIL 2010) e o Plano Nacional de Educaccedilatildeo PNE (BRASIL 2001) O primeiro

porque ofereceu subsiacutedios para os projetos pedagoacutegicos das prefeituras e das

unidades de Educaccedilatildeo Infantil e o segundo por ter estabelecido padrotildees miacutenimos

para a infra-estrutura das instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Infantil bem como definiu

as metas de expansatildeo desse atendimento no paiacutes (CAMPOS FUumlLGRAFF e

WIGGERS 2006)

Atualmente segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo

Infantil (BRASIL 2010) o ensino infantil eacute a primeira etapa da Educaccedilatildeo Baacutesica

ofertada por espaccedilos institucionais denominados creches e preacute-escolas em caraacuteter

51

natildeo domeacutestico que constituem estabelecimentos educacionais puacuteblicos ou privados

nos quais se prima pela educaccedilatildeo e cuidado de crianccedilas de 0 a 5 anos de idade no

periacuteodo diurno em jornada integral ou parcial regulados e supervisionados por

oacutergatildeo competente do sistema de ensino e submetidos a controle social

Destaca-se que o acesso ao atendimento em Educaccedilatildeo Infantil

especialmente na faixa etaacuteria entre 0 e 3 anos vem crescendo significativamente

nas diferentes regiotildees brasileiras o que justifica a necessidade de se ampliar os

estudos e pesquisas nessa aacuterea tambeacutem como uma maneira de possibilitar

elementos que promovam a qualidade desse serviccedilo (CAMPOS et al 2011)

Poreacutem mesmo diante desse crescimento e das transformaccedilotildees no

atendimento de Educaccedilatildeo Infantil indicadas anteriormente os serviccedilos e estudos

que evidenciem a crianccedila pequena em particular na faixa etaacuteria de 0 a 3 anos tecircm

sido negligenciados (FERNANDES 2011)

Diante das especificidades da Educaccedilatildeo Infantil e sua evoluccedilatildeo poliacutetica e

histoacuterica merecem particular atenccedilatildeo os sujeitos que a compotildeem especialmente os

educadores a famiacutelia e a crianccedila

251 Concepccedilotildees Sobre A Praacutetica Educativa Institucionalizada Aspectos

Relevantes Para A Promoccedilatildeo Do Desenvolvimento Infantil e Para Uma

Proposta Inclusiva

Dentro de um panorama no qual a crianccedila pequena eacute inserida no cuidado

institucionalizado desde tenra idade e no qual passa cerca de 4 a 8 horas por dia

distante de sua famiacutelia o educador de creche adquire uma funccedilatildeo importante

perante o desenvolvimento infantil natildeo apenas de cuidar e educar senatildeo de

complementar e agraves vezes de suplementar a atenccedilatildeo familiar agrave infacircncia (SILVA e

BOLSANELLO 2002 WINNICOTT 1975 ELTINK 1999) Assim as concepccedilotildees

que permeiam o atendimento satildeo fundamentais pois podem reforccedilar e manter

determinadas accedilotildees agraves vezes distorcidas do que eacute necessaacuterio ou recomendaacutevel

para a praacutetica pedagoacutegica (SCHULTZ 2002 PACHECO E DUPRET 2004)

O cuidado de crianccedilas pequenas durante muito tempo esteve atrelado agrave

figura da mulher sensiacutevel e carinhosa que possuiacutea o perfil de ldquomatildeerdquo e gostava de

52

cuidar de crianccedilas o que fortaleceu o caraacuteter leigo e assistencialista dessa funccedilatildeo

(OLIVEIRA et al 2006 WEBER et al 2006 VERIacuteSSIMO E FONSECA 2003

CERISARA 2002)

Ainda como parte dessa concepccedilatildeo o atendimento voltado para as crianccedilas

menores ocupou - e ainda ocupa - o lugar da necessidade da desproteccedilatildeo da

fragilidade de um trabalho voltado para a alimentaccedilatildeo a higiene o abrigo e o apoio

para o caso de ausecircncia familiar (FERNANDES 2011 GUIMARAtildeES 2011 SOUZA

2008) Tal situaccedilatildeo parece ter corroborado com a desvalorizaccedilatildeo do profissional de

creche em especial o que trabalha com berccedilaacuterio e com a dificuldade em se

estabelecer uma identidade pedagoacutegica nesse serviccedilo (SOUZA 2008 OLIVEIRA et

al 2006 MELCHIORI e ALVES 2001)

Como bem lembra Ramos (2006) a Educaccedilatildeo Infantil embora sua histoacuteria

remonte mais de um seacuteculo como cuidado e educaccedilatildeo extrafamiliar somente nos

uacuteltimos anos passou a ser inserida numa perspectiva educacional em resposta aos

movimentos sociais em defesa dos direitos das crianccedilas

Como parte dessa transiccedilatildeo do assistencialismo para a funccedilatildeo pedagoacutegica

alguns temas passaram a fazer parte das discussotildees no acircmbito profissional da

Educaccedilatildeo Infantil e de pesquisas na aacuterea com mais frequecircncia os quais facilmente

se destacam formaccedilatildeo profissional desenvolvimento infantil relaccedilatildeo adulto-crianccedila

viacutenculo planejamento diversidade competecircncia infantil entre outros Nesse

sentido tambeacutem se deve levar em conta que parece ser inevitaacutevel a revisatildeo das

bases e paradigmas educacionais vigentes pois haacute que se promover um diaacutelogo

com as mudanccedilas inerentes ao mundo atual (GOMES 2009)

Com a execuccedilatildeo de pesquisas na aacuterea descortinou-se aspectos muito

relevantes e contraditoacuterios do trabalho do educador de creche os quais ajudam a

perceber concepccedilotildees e necessidades e fazem entender quais pilares vem

suportando esse atendimento

Lordelo (1995 1998) indicou em seus estudos que os educadores natildeo se

mostravam como parceiros do desenvolvimento infantil pois trabalhavam em funccedilatildeo

de responder agraves necessidades mais imediatas e predominantemente fiacutesicas das

crianccedilas atendidas Melchiori e Alves (2001) revelam que os educadores natildeo tecircm

consciecircncia de sua funccedilatildeo como promotores de desenvolvimento infantil Jaacute

Veriacutessimo e Fonseca (2003) perceberam que o atendimento de bebecircs na creche eacute

fortemente centrado na atenccedilatildeo quanto agrave higiene e alimentaccedilatildeo

53

Vitta e Emmel (2004) identificaram uma tendecircncia de que o trabalho no

berccedilaacuterio seja pautado na concepccedilatildeo e na experiecircncia de maternagem dos

educadores Jaacute no estudo de Oliveira et al (2006) os educadores demonstraram

possuir a crenccedila de que para atender crianccedilas pequenas bastava ser mulher e ter

experiecircncia com crianccedilas Alves (2006) percebeu que a ideia de cuidado estaacute

relacionada agrave funccedilatildeo de matildee e natildeo agrave funccedilatildeo de professor ou de educador Nesse

sentido Veriacutessimo (2001) identificou um sentimento contraditoacuterio entre os

educadores Enquanto eles acreditam que associar funccedilatildeo materna com a praacutetica

profissional eacute algo depreciativo por outro lado esperam que as crianccedilas nutram

afeto ldquofilialrdquo por eles

Soejima (2008) salienta que os educadores que participaram de sua

pesquisa demonstraram ter aprendido teorias sobre o desenvolvimento infantil na

graduaccedilatildeo mas que natildeo conseguiam fazer uso desse conhecimento no cotidiano da

creche Igualmente Souza (2008) verificou que os educadores possuem formaccedilatildeo

continuada sobre desenvolvimento infantil mas que encontram dificuldades em

transpor para a accedilatildeo o seu conhecimento

Tambeacutem se destacam conceitos pertinentes ao desenvolvimento humano e

especificamente voltados ao desenvolvimento da crianccedila pequena Vitta (2004)

Souza (2008) e Soejima e Bolsanello (2012) evidenciaram falta de conhecimentos

abrangentes e consistentes sobre desenvolvimento infantil por parte dos educadores

em seus estudos Estes quando aparecem satildeo mais voltados agrave priorizaccedilatildeo de

fatores ambientais logo gerando uma crenccedila ambientalista de desenvolvimento

(MELCHIORI e ALVES 2001 MELCHIORI et al 2007 SOUZA 2008)

Sobre desenvolvimento infantil Soejima e Bolsanello (2012) verificaram a

concepccedilatildeo entre os educadores de que quanto menos ativas as crianccedilas eram mais

saudaacuteveis e que quanto mais ativas mais problemaacuteticas Sob esse aspecto cabe

questionar a qualidade da formaccedilatildeo dos educadores conforme jaacute proposto por Silva

(2003) Vitta e Emmel (2004) Kramer (2006) Souza (2008) e Soejima (2008) Nesse

sentido ressaltam-se os achados de Schultz (2002) ao pesquisar a educaccedilatildeo de

crianccedilas entre 0 e 3 anos e nos quais afirma que a formaccedilatildeo dos professores dessa

faixa etaacuteria pode interferir no desenvolvimento fiacutesico e psiacutequico e no bom

desempenho da crianccedila em seu futuro jaacute que segundo a autora haacute uma relaccedilatildeo de

dependecircncia entre a formaccedilatildeo do educador e a qualidade de seu trabalho

54

Por outro lado a rotina dessas trabalhadoras mostra-se estressante com

muitas atribuiccedilotildees e com pouco ou nenhum tempo para o planejamento e reflexatildeo

sobre sua praacutetica ou mesmo para o cumprimento do que foi planejado assim como

natildeo raro haacute a precarizaccedilatildeo da estrutura fiacutesica dos ambientes com poucos materiais

e excessivo nuacutemero de crianccedilas por educadora (NAZAacuteRIO 2002 ONGARI e

MOLINA 2003 ALVES 2006 OLIVEIRA et al 2006 LORDELO et al 2007

SOUZA 2008) Haacute que se pensar que a fadiga tanto fiacutesica quanto mental a falta de

tempo a frustraccedilatildeo por suas condiccedilotildees de trabalho satildeo aspectos que impedem um

trabalho com qualidade e devem ser amplamente investigados (PEREIRA 2003

SOUZA 2008 BOLSANELLO 2009)

Guimaratildees (2011) percebeu que a rotina na creche eacute fortemente baseada no

controle e na automaccedilatildeo das atividades Segundo ela os educadores falam muito

para as crianccedilas e natildeo com as crianccedilas como citado por ela descrevendo a rotina

ldquodo colo ao chatildeo do chatildeo para a cadeira da cadeira novamente para o chatildeo o

corpo dos bebecircs eacute conduzido pelos adultos em razatildeo das necessidades

emergentes e do tempo correto para cada umardquo Tal dado corrobora com os

achados de Souza (2008) no qual um dos educadores de seu estudo analisa a

rotina de trabalho em creche como uma espeacutecie de ldquofordismordquo infantil pois natildeo eacute

possiacutevel dar conta da individualidade das crianccedilas

Diante desses estudos destaca-se que o cotidiano da Educaccedilatildeo Infantil eacute

muito mais complexo do que parece agrave primeira vista Natildeo eacute tarefa simples apreendecirc-

lo e analisaacute-lo (CARVALHO 2006) Contudo eacute a partir de discussotildees conscientes

sobre os aspectos envolvidos nos atendimentos agrave crianccedila pequena que se tornaraacute

possiacutevel ampliar a compreensatildeo sobre o que eacute preciso para que os espaccedilos da

Educaccedilatildeo Infantil se tornem contextos plenos e fomentadores do desenvolvimento

humano da capacidade de aprendizagem da socializaccedilatildeo e do exerciacutecio da

cidadania (LIMA e BHERING 2006)

Ou ainda como afirmado por Gomes (2009) pensar em educaccedilatildeo de

crianccedilas com qualidade envolve natildeo soacute considerar a travessia dos profissionais da

creche para a aacuterea de educaccedilatildeo e sua formaccedilatildeo senatildeo buscar tambeacutem natildeo

descaracterizar suas histoacuterias suas experiecircncias superando o assistencialismo

objetivando a garantia dos direitos das crianccedilas e conjuntamente os direitos dos

educadores

55

Ainda junto agraves afirmaccedilotildees de Gomes (2009) pensa-se que o que se potildee

tambeacutem como uma questatildeo importante ou seja a capacidade do educador de

produzir reflexatildeo sobre sua praacutetica podendo conceituaacute-la e transformaacute-la Entre as

reflexotildees haveria de ser integrado aleacutem dos aspectos de cuidar e educar fatores

relativos ao desenvolvimento humano Afinal ao cuidar e ao educar se estaacute lidando

com um ser em desenvolvimento intenso cujos marcos iniciais de sua constituiccedilatildeo

como indiviacuteduo estatildeo tambeacutem agrave mercecirc do olhar de quem o cuida e o educa

diariamente Sendo assim entender processos elementares e fundamentais do

desenvolvimento humano essencialmente nos primeiros anos eacute relevante tanto

para a organizaccedilatildeo e planejamento do cotidiano de atendimento quanto para o

estabelecimento de estrateacutegias na Educaccedilatildeo Infantil (CARVALHO SALLES e

GUIMARAtildeES 2002)

Logo promover a avaliaccedilatildeo do atendimento (no conjunto profissionais

ambiente interaccedilatildeo com a famiacutelia estrateacutegias de planejamento e atividades

desenvolvidas) eacute algo importante principalmente no que diz respeito ao contexto

dos primeiros anos de vida dada a sua especificidade e importacircncia no futuro do

indiviacuteduo (LIMA e BHERING 2006)

Aleacutem de questotildees como a formaccedilatildeo dos educadores e suas concepccedilotildees

tambeacutem vale a consideraccedilatildeo de como se verifica a relaccedilatildeo entre elas e as famiacutelias

das crianccedilas atendidas Afinal a interaccedilatildeo entre a famiacutelia e a instituiccedilatildeo de

Educaccedilatildeo Infantil eacute relevante para que ambos os contextos conheccedilam melhor a

crianccedila estabeleccedilam criteacuterios educativos comuns discutam modelos de intervenccedilatildeo

e relaccedilatildeo com as crianccedilas e compreendam as especificidades de cada uma (SILVA

2011) Nesse aspecto vale lembrar que eacute na relaccedilatildeo com o adulto cuidador que a

crianccedila vai desde tenra idade estabelecer ldquoelosrdquo de comunicaccedilatildeo com as demais

pessoas com quem convive E por isso mesmo eacute que as accedilotildees de cuidado e

educaccedilatildeo natildeo podem ser accedilotildees mecacircnicas de assear e alimentar apenas (ROCHA

2008)

Contudo as dificuldades dos educadores tambeacutem passam pela precaacuteria

interaccedilatildeo com as famiacutelias das crianccedilas atendidas (LORDELO et al 2007 SOUZA

2008 CAMPOS et al 2011 FERNANDES 2011)

Correa (2007) argumenta em sua pesquisa que a relaccedilatildeo famiacutelia-instituiccedilatildeo

eacute um ponto a ser considerado para a promoccedilatildeo de um atendimento de qualidade

56

Silva (2011) percebeu em seu estudo que os educadores natildeo demonstram

conhecer ao certo como se daacute o contexto familiar das crianccedilas que atendem Souza

(2008) observou que a famiacutelia natildeo participa ativamente da rotina da creche na

maioria das vezes deixando a crianccedila na porta da instituiccedilatildeo

Os projetos pedagoacutegicos analisados por Fernandes (2011) indicaram um

perfil de famiacutelia visto pela escola como um grupo que precisa de ajuda e que pode

contribuir pouco com a Instituiccedilatildeo Instituiccedilatildeo essa que convida o adulto-cuidador

mais a confraternizar que compartilhar responsabilidades A autora tambeacutem verificou

que haacute a necessidade de os pais participarem efetivamente das accedilotildees da creche

pois segundo ela ao criar espaccedilos de diaacutelogo troca parcerias pode-se favorecer e

estimular as famiacutelias a viverem experiecircncias sociais mais amplas a partilhar as

anguacutestias alegrias e inseguranccedilas advindas do cotidiano favorecendo a superaccedilatildeo

das ideias assistencialistas acerca da Educaccedilatildeo Infantil em especial da que atende

a crianccedila com idade entre zero e 3 anos Por outro lado percebe-se que os pais

nem sempre se excluem de participar tanto do cotidiano da Instituiccedilatildeo quanto da

educaccedilatildeo de seus filhos (FERNANDES 2011 SILVA 2011)

Diante dos dados apresentados acima se destaca a necessidade de se

investigar de modo mais apropriado o papel dos pais diante do cuidar do educar e

da promoccedilatildeo do desenvolvimento de seus filhos ainda bebecircs jaacute que esses uacuteltimos

estatildeo cada vez mais precocemente adentrando ao atendimento institucionalizado

que por sua vez encontra-se envolto em suas proacuteprias contradiccedilotildees necessidades

e lutas Os familiares poderiam participar colaborar contribuir de modo a Educaccedilatildeo

Infantil ter uma identidade melhor cunhada valorizando inclusive o trabalho dos

educadores Em outras palavras conforme assinalado por Fernandes (2011) a

identidade da Educaccedilatildeo Infantil para ser constituiacuteda em suas especificidades

precisa urgentemente integrar as famiacutelias

57

3 MEacuteTODO

O delineamento metodoloacutegico teve como eixo a questatildeo de pesquisa

apresentada na introduccedilatildeo do presente estudo

Quais concepccedilotildees norteiam o processo de inclusatildeo da crianccedila pequena com

necessidades especiais no contexto dos Centros Municipais de Educaccedilatildeo

Infantil (CMEIs) segundo suas Matildees suas Educadoras na Educaccedilatildeo Infantil e

suas Professoras do Atendimento Educacional Especializado

Para responder a esta questatildeo mostrou-se pertinente realizar um estudo

qualitativo exploratoacuterio e comparativo Por seu caraacuteter qualitativo seraacute realizada

anaacutelise interpretativa e contextual dos dados sem a pretensatildeo de medir numeacuterica ou

estatisticamente os fenocircmenos estudados tampouco deveratildeo ser generalizados os

resultados encontrados (SAMPIERI COLLADO e LUCIO 1998) Eacute exploratoacuterio por

se tratar de um tema ou problema de pesquisa pouco estudado e portanto com

poucas pesquisas evidenciadas na literatura destacando-se a escassez de estudos

nesse acircmbito na realidade brasileira (SAMPIERI COLLADO e LUCIO 1998)

Segundo os autores citados o estudo exploratoacuterio serve para familiarizar o

pesquisador com fenocircmenos ainda natildeo suficientemente conhecidos podendo

determinar tendecircncias identificar aacutereas ambientes contextos e situaccedilotildees de

estudo O aspecto comparativo se verificaraacute no tratamento dos dados coletados

pela busca de possiacuteveis relaccedilotildees (discrepacircncias ou aproximaccedilotildees) entre as

concepccedilotildees dos participantes do estudo especialmente acerca da inclusatildeo da

crianccedila pequena com deficiecircncia que frequenta o CMEI (SAMPIERI COLLADO e

LUCIO 1998)

31 CONTEXTO

O contexto dessa pesquisa envolveu 04 (quatro) instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo

Infantil da rede puacuteblica de um municiacutepio da regiatildeo metropolitana de Curitiba que

58

atendem crianccedilas pequenas com deficiecircncia em turmas de berccedilaacuterio e maternal

situado no Estado do Paranaacute Foram escolhidas as turmas de berccedilaacuterio e maternal

por elas abarcarem crianccedilas com a faixa etaacuteria compreendida entre zero e 36

meses

Nesse municiacutepio no ano de 2012 em turmas de berccedilaacuterio (I e II) maternal (I

II e III) e preacutendashescola (I e II) houve um total de 4315 matriculas dessas estatildeo

considerados ldquocasos de inclusatildeordquo apenas 25 crianccedilas no momento em que foi

realizada a pesquisa Desse contingente apenas 08 casos de inclusatildeo educacional

eram de educandos em turmas de berccedilaacuterio e maternal Poreacutem como os criteacuterios de

elegibilidade para a participaccedilatildeo na presente pesquisa solicitavam que as turmas de

inclusatildeo atendessem a faixa etaacuteria entre 0 e 3 anos (creche) e tambeacutem que o

educando participasse do Atendimento Educacional Especializado passaram a se

enquadrar apenas 04 alunos tidos como casos de inclusatildeo que frequentavam 04

instituiccedilotildees diferentes abaixo denominadas de Instituiccedilotildees A B C e D

A Instituiccedilatildeo A atende um total de 180 crianccedilas dividas em turmas de

maternal e preacutendashescola

A Instituiccedilatildeo B atende um total de 376 crianccedilas dividas em turmas de

berccedilaacuterio maternal e preacute-escola

A Instituiccedilatildeo C atende um total de 280 crianccedilas dividas em turmas de

berccedilaacuterio e maternal

Jaacute a Instituiccedilatildeo D atende um total de 220 crianccedilas dividas em turmas de

berccedilaacuterio maternal e preacutendashescola

Todas as instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Infantil funcionam em periacuteodo integral das

07 agraves 18h

Segundo informaccedilotildees das equipes gestoras as Instituiccedilotildees B e C atendem

tambeacutem populaccedilatildeo considerada de risco social

Destaca-se que as turmas de berccedilaacuterio satildeo divididas em berccedilaacuterio I e II e

recebem crianccedilas com faixa etaacuteria entre 4 a 11 meses e entre 12 e 18 meses

respectivamente As turmas de Maternal que satildeo divididas em I e II atendem

educandos com idade entre 18 a 24 meses e entre 24 e 36 meses (completos

durante o ano letivo) respectivamente

Tambeacutem eacute importante ressaltar que o Atendimento Educacional Especializado

ndash AEE eacute desenvolvido de modo geral nas chamadas Salas de Recursos

Multifuncionais Essas salas satildeo espaccedilos estruturados de modo a atender

59

adequadamente as necessidades dos alunos foco da Educaccedilatildeo Especial e no

contexto pesquisado estatildeo lotadas dentro de instituiccedilotildees do Ensino Regular Todas

elas atendem educandos que estatildeo em situaccedilatildeo de inclusatildeo educacional tanto no

Ensino Fundamental quanto na Educaccedilatildeo Infantil

32 PARTICIPANTES

Foram considerados participantes da pesquisa

a) Matildees (pessoas responsaacuteveis cuidadoras principais que desempenham a

funccedilatildeo materna) de crianccedilas com idade entre zero e 36 meses com

necessidades especiais que participam do Atendimento Educacional

Especializado aleacutem de frequentar turmas de berccedilaacuterio (I e II) ou maternal (I e

II) em classe regular na Educaccedilatildeo Infantil no sistema puacuteblico de um

municiacutepio da regiatildeo metropolitana de Curitiba Paranaacute

Neste estudo participaram 04 matildees cujos filhos estatildeo matriculados em uma

das seguintes turmas berccedilaacuterio II maternal I e maternal II

b) Educadoras Regentes que trabalham em turmas de berccedilaacuterio (I e II) e

maternal (I e II) e que atendam as crianccedilas cujas matildees satildeo participantes

desse estudo O grupo de educadoras participantes contou com 09

profissionais Destas 03 eram regentes de berccedilaacuterio I 04 atendem turmas de

maternal I e 02 em maternal II

c) Professoras do Atendimento Educacional Especializado que atendam as

crianccedilas cujas matildees e educadoras participam deste estudo Nesse estudo

participaram 04 Professoras do AEE

Apoacutes apresentar o projeto para a Secretaria de Educaccedilatildeo para as

Gerecircncias de Educaccedilatildeo Especial e Inclusatildeo e para a de Educaccedilatildeo Infantil desse

municiacutepio foi feito o protocolo de solicitaccedilatildeo para a realizaccedilatildeo da pesquisa Em

acordo com o aceite da solicitaccedilatildeo e com a orientaccedilatildeo das Gerecircncias foi realizado o

primeiro contato com as equipes gestoras dos CMEIs que iriam participar No

primeiro contato foi solicitado agrave pesquisadora que entregasse a todas as equipes

60

gestoras uma carta de apresentaccedilatildeo Nesta havia uma breve explicitaccedilatildeo de quem

era a pesquisadora e informaccedilotildees principais do estudo ndash estas uacuteltimas seguiram

recomendaccedilatildeo da Gerecircncia de Educaccedilatildeo Especial e Inclusatildeo Desse modo apoacutes ter

feito a apresentaccedilatildeo do projeto para as equipes gestoras com a explicitaccedilatildeo dos

objetivos do meacutetodo e do termo de consentimento livre e esclarecido (anexo) e de

obter destas a autorizaccedilatildeo para executar a pesquisa em suas unidades elas se

comprometeram a entrar em contato com as educadoras e com as matildees para

agendar novo encontro agora com as participantes da pesquisa Os encontros com

as matildees e com as educadoras participantes desse estudo foram realizados de modo

individual em dia e hora previamente marcados nas dependecircncias das Instituiccedilotildees

em que as crianccedilas eram atendidas na Educaccedilatildeo Infantil

A participaccedilatildeo destas matildees e das educadoras se deu de modo voluntaacuterio

apoacutes serem esclarecidos os pormenores da pesquisa e dirimidas possiacuteveis duacutevidas

sobre o propoacutesito e uso das informaccedilotildees Tambeacutem foi solicitado agraves participantes

para ler o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para entatildeo proceder com a

assinatura e a entrevista propriamente dita

No caso da participaccedilatildeo das professoras do Atendimento Educacional

Especializado natildeo foi necessaacuteria a mediaccedilatildeo das equipes gestoras das instituiccedilotildees

O contato foi feito diretamente entre a pesquisadora e as convidadas Da mesma

forma por meio da carta de apresentaccedilatildeo e conversa pessoal houve o

esclarecimento do conteuacutedo da pesquisa seus objetivos e meacutetodo Apoacutes a

apresentaccedilatildeo do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido foi dado

procedimento agraves entrevistas

33 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS

Com a finalidade de coletar os dados foram elaborados roteiros de

entrevistas semiestruturadas levando em consideraccedilatildeo os objetivos desse estudo

Todos os roteiros de entrevista possuiacuteam uma parte em comum para que se

pusesse coletar e organizar os dados para a anaacutelise comparativa dos mesmos

61

O roteiro de entrevista aplicado agraves matildees (Anexo A) possuiacuteam quatro partes

a) caracterizaccedilatildeo da matildee b) caracterizaccedilatildeo da famiacutelia c) caracterizaccedilatildeo da crianccedila

em desenvolvimento e d) concepccedilotildees sobre o processo inclusivo

Para as educadoras de CMEI (Anexo B) e para as professoras do

Atendimento Educacional Especializado (Anexo C) o roteiro de perguntas tambeacutem

foi dividido em quatro partes a) caracterizaccedilatildeo da entrevistada b) caracterizaccedilatildeo do

trabalho da entrevistada c) concepccedilotildees sobre a crianccedila em desenvolvimento e d)

concepccedilotildees sobre o processo inclusivo

Optou-se por roteiros de entrevistas semiestruturadas com perguntas

abertas pois possibilitam aos entrevistados maior liberdade em respondecirc-las

(LUDKE e ANDREacute 1986) As entrevistas tiveram duraccedilatildeo meacutedia de 60 minutos e

foram realizadas pela pesquisadora em ambiente reservado dentro do contexto de

pesquisa Com preacutevio consentimento das entrevistadas os dados foram gravados

posteriormente transcritos na iacutentegra e analisados agrave luz da literatura pertinente

34 PROCEDIMENTOS DE ANAacuteLISE DE DADOS

Os dados coletados foram analisados por meio de uma abordagem

qualitativa com a utilizaccedilatildeo de anaacutelise de conteuacutedo Foram seguidos na iacutentegra os

passos utilizados por Bolsanello (1998) em sua pesquisa a qual se baseou em

Bardin (1979) a seguir

Apoacutes serem transcritas as entrevistas foram lidas sem qualquer tentativa

de seleccedilatildeo de informaccedilotildees

A seguir os dados brutos das respostas de cada item das entrevistas e

das gravaccedilotildees de aacuteudio foram codificados e agregados em unidades com a

eleiccedilatildeo do tema como unidade de registro e a proximidade conceitual como

regra de enumeraccedilatildeo

Os temas obtidos na codificaccedilatildeo foram reagrupados procedendo-se a um

trabalho de definiccedilatildeo e classificaccedilatildeo de categorias que resultaram no

levantamento de um conjunto de categorias e subcategorias representativas

da totalidade das comunicaccedilotildees

62

Finalmente foi realizada a classificaccedilatildeo e a categorizaccedilatildeo que levaram a

uma descriccedilatildeo das caracteriacutesticas relevantes do conteuacutedo investigado

permitindo gerar inferecircncias e comparaccedilotildees sobre todo o processo de

comunicaccedilatildeo e levando agrave anaacutelise dos dados envolvendo o cruzamento de

todas as informaccedilotildees obtidas

35 CUIDADOS EacuteTICOS

Os procedimentos eacuteticos do presente estudo obedeceram aos criteacuterios da

Eacutetica na Pesquisa com Seres Humanos Os principais cuidados eacuteticos foram

utilizaccedilatildeo de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (ANEXOS D E e F)

permissatildeo das entrevistadas para gravaccedilatildeo das entrevistas garantia do anonimato

das participantes

Tais cuidados garantem de acordo com Cozby (2003) a participaccedilatildeo totalmente

informada e voluntaacuteria das entrevistadas

63

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

Para a descriccedilatildeo e anaacutelise das caracteriacutesticas relevantes do conteuacutedo

investigado agruparam-se as informaccedilotildees em quatro seccedilotildees Inicialmente realizou-

se a caracterizaccedilatildeo das crianccedilas foco da inclusatildeo e a caracterizaccedilatildeo das

entrevistadas (matildees educadoras e professoras) A seguir levantaram-se as

concepccedilotildees das entrevistadas sobre a crianccedila que estaacute em inclusatildeo Por fim

buscou-se identificar as concepccedilotildees sobre o processo inclusivo na Educaccedilatildeo

Infantil propriamente dito

41 Seccedilatildeo 01 Caracterizaccedilatildeo das Participantes

411 Caracterizaccedilatildeo das crianccedilas foco da inclusatildeo

Pensando que a inclusatildeo educacional de crianccedilas pequenas com

necessidades especiais evidencia um campo sem limites nos quais natildeo se escolhe

a crianccedila que pode ou deve entrar ou natildeo na Educaccedilatildeo Infantil buscou-se identificar

quais eram esses pequenos sujeitos que estatildeo categorizados como alunos em

inclusatildeo Como diria Rodrigues (2006) no campo da educaccedilatildeo natildeo se trata de

melhor caracterizar o que eacute diversidade e quem a compotildee mas de compreender

melhor como as diferenccedilas nos constituem como humanos como somos feitos de

diferenccedilas E portanto no que se refere agrave caracterizaccedilatildeo das crianccedilas que estatildeo em

inclusatildeo pensa-se que eacute tambeacutem uma maneira de se perceber a gama de

condiccedilotildees que devem ser precoce e permanentemente vistas discutidas e

atendidas em suas necessidades e especificidades

Desse modo as matildees entrevistadas falaram sobre sua crianccedila idade

diagnoacutestico quais os serviccedilos que elas frequentam aleacutem da Educaccedilatildeo Infantil e do

Atendimento Educacional Especializado Tambeacutem informaram agrave turma que o filho

64

frequenta o Centro Municipal de Educaccedilatildeo Infantil ndash CMEI e desde quando ele estaacute

matriculado na Educaccedilatildeo Infantil

As quatro crianccedilas cujas matildees participaram da pesquisa possuiacuteam laudos

indicativos sobre seus diagnoacutesticos todos disponiacuteveis nas secretarias das

instituiccedilotildees das quais faziam parte (Quadro 01)

Quadro 01 Distribuiccedilatildeo das crianccedilas segundo laudo meacutedico e diagnoacutestico

Crianccedila Laudo meacutedico disponiacutevel

no CMEI CID ndash 10Diagnoacutestico

Crianccedila 01 Sim CID - F 840 Transtornos Globais do Desenvolvimento ndash Autismo Infantil

Crianccedila 02 Sim CID ndash G 800 Paralisia Cerebral Espaacutestica

Crianccedila 03 Sim CID - Q 870 ndash Siacutendrome de Moebius

Crianccedila 04 Sim CID ndash Q 90 ndash Sindrome de Down

Os laudos meacutedicos apresentavam as seguintes necessidades educacionais

especiais Autismo Infantil (TGD) Paralisia Cerebral Espaacutestica Siacutendrome de

Moebius e Siacutendrome de Down

Foi questionado agraves entrevistadas desde quando seus filhos estatildeo

participando de atendimento em CMEI e qual turma as crianccedilas frequentam

atualmente Nesse sentido elas indicaram o que segue no quadro 02

Quadro 02 Distribuiccedilatildeo das crianccedilas segundo a turma em que estatildeo matriculadas atualmente e o tempo em que frequentam Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil - CMEIs

A idade das crianccedilas variou entre 24 e 36 meses durante o periacuteodo da pesquisa A

crianccedila 01 eacute a mais velha de todas com 36 meses de idade as demais estatildeo na

Crianccedila Turma Atual Haacute quanto tempo frequenta CMEIS

Crianccedila 01 Maternal II Mais de 24 meses

Crianccedila 02 Berccedilaacuterio II Em torno de 8 meses

Crianccedila 03 Maternal I Em torno de 10 meses

Crianccedila 04 Maternal I Em torno de 4 meses

65

faixa etaacuteria dos 24 meses Apenas a crianccedila 02 estaacute com idade fora das indicaccedilotildees

de matriacutecula da turma estando com 24 meses frequentando uma turma para alunos

na faixa etaacuteria de 10 meses a 1 ano e 4 meses As demais estatildeo com idade de

acordo com o esperado para as turmas em que estatildeo matriculadas

Conforme o Quadro 02 eacute possiacutevel verificar que uma crianccedila estaacute matriculada

em turma de Berccedilaacuterio II duas estatildeo em turmas de Maternal I e uma estaacute no

Maternal II Tambeacutem se percebe que a crianccedila 01 eacute a que mais tempo estaacute

frequentando Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil Tendo ela 36 meses de

idade estaacute indo para os serviccedilos da Educaccedilatildeo Infantil desde os 12 meses

aproximadamente As demais crianccedilas foram matriculadas no atual ano letivo Ao

observar as demais crianccedilas eacute possiacutevel inferir que a meacutedia de idade escolhida por

essas matildees para matricularem seus filhos na Educaccedilatildeo Infantil foi de 12 meses

Sendo que de modo geral trecircs dessas crianccedilas permaneceram os primeiros 12

meses em casa aos cuidados da famiacutelia e apenas um educando frequentou Escola

Especial antes de ser matriculado no Centro de Educaccedilatildeo Infantil

O atendimento nos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil - CMEIS eacute

integral para todas as crianccedilas matriculadas contudo os educandos que estatildeo em

inclusatildeo podem ter orientaccedilatildeo para que frequentem apenas parcialmente o

atendimento na instituiccedilatildeo Nesse grupo que participou do estudo percebeu-se que

apenas duas das crianccedilas frequentam o dia todo As outras duas crianccedilas natildeo o

fazem integralmente devido a necessidade de participarem de outros atendimentos

tais como Fonoaudiologia Atendimento Educacional Especializado - AEE

Fisioterapia Nataccedilatildeo entre outros Essas duas crianccedilas que frequentam

parcialmente o CMEI fazem uma meacutedia de 06 horas diaacuterias de atendimento na

Educaccedilatildeo Infantil conforme os relatos das matildees

As participantes comentaram quais outros atendimentos o filho frequenta

aleacutem do Centro Municipal de Educaccedilatildeo Infantil - CMEI e do Atendimento

Educacional Especializado ndash AEE

- Crianccedila 01 Nataccedilatildeo atendimento em um Centro Especializado (Psicologia e

Fonoaudiologia) e Atendimento Educacional Especializado

- Crianccedila 02 Centro Especializado (Fisioterapia Motora Fisioterapia Respiratoacuteria

Terapia Ocupacional Psicologia e Fonoaudiologia) e Atendimento Educacional

Especializado

66

- Crianccedila 03 Nataccedilatildeo Fonoaudiologia Fisioterapia e Atendimento Educacional

Especializado ndash AEE

- Crianccedila 04 Atendimento Educacional Especializado - AEE (semanalmente) e

acompanhamento em hospital de referecircncia (bimestralmente)

412 Caracterizaccedilatildeo das Entrevistadas

Esse subcapiacutetulo traz dados que auxiliam a conhecer quem eram as

entrevistadas Para tal dividiu-se o mesmo em trecircs partes caracterizaccedilatildeo das matildees

caracterizaccedilatildeo das professoras do Atendimento Educacional Especializado - AEE e

caracterizaccedilatildeo das educadoras dos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil -

CMEIs

Ao se decidir por ouvir os relatos desses trecircs grupos de pessoas entendeu-

se que ao cruzar os seus olhares poderia se delinear quadros que identificassem

tendecircncias de como a inclusatildeo de crianccedilas vem ocorrendo e quais questotildees se

mostram relevantes sensiacuteveis ou mesmo mais urgentes a serem discutidas e

revistas em busca de uma praacutetica com mais qualidade O que se justifica tambeacutem

pelo fato de que pesquisas sobre inclusatildeo que levem em consideraccedilatildeo as interaccedilotildees

entre crianccedilandashcrianccedila famiacutelia ndash crianccedila professoras-crianccedila satildeo cada vez mais

importantes para que se possa perceber e problematizar as atitudes o acolhimento

os sentimentos e concepccedilotildees sobre deficiecircncia inclusatildeo e diferenccedilas (YAZLLE

AMORIM ROSSETTI-FERREIRA 2004 SIGOLO e OLIVEIRA 2008)

4121 Caracterizaccedilatildeo das Matildees

Inicialmente foram coletadas informaccedilotildees para caracterizaccedilatildeo das matildees

desse modo foram identificados dados como idade escolaridade e ocupaccedilatildeo das

mesmas (Quadro 03)

67

Quadro 03 ndash Distribuiccedilatildeo das Matildees participantes conforme idade escolaridade e ocupaccedilatildeo

Participante Idade Escolaridade Ocupaccedilatildeo

Matildee 01 31 anos Ensino Meacutedio Dona de casa

Matildee 02 28 anos Graduaccedilatildeo Pedagoga

Matildee 03 23 anos Graduaccedilatildeo Professora

Matildee 04 37 anos Ensino Fundamental Vendedora autocircnoma

A faixa etaacuteria das matildees participantes estaacute entre 23 e 37 anos Duas delas tecircm

como niacutevel de escolaridade a graduaccedilatildeo uma tem formaccedilatildeo em niacutevel Fundamental

e outra em niacutevel meacutedio Apenas uma delas eacute dona de casa as demais possuem

ocupaccedilotildees diferentes ao trabalho de cuidado domeacutestico familiar

Tambeacutem foram caracterizadas as famiacutelias das crianccedilas que estatildeo em

inclusatildeo Foram identificados os membros que compotildee a famiacutelia quem mora com a

crianccedila qual a renda meacutedia mensal da famiacutelia e outro caso de deficiecircncia no grupo

familiar (Quadro 04)

Quadro 04 ndash Distribuiccedilatildeo das Matildees participantes conforme composiccedilatildeo familiar

Participante

Composiccedilatildeo familiar

Matildee 01 Pai da crianccedila Matildee da crianccedila 02 filhos

Matildee 02 Pai da crianccedila Matildee da crianccedila 03 filhos

Matildee 03 X Matildee da crianccedila Avoacute materna avocirc materno e

01 filho

Matildee 04 Pai da crianccedila Matildee da crianccedila 03 filhos

68

Trecircs matildees moram com os pais de suas crianccedilas A matildee que natildeo mora com o

pai de seu filho afirmou que o mesmo natildeo participa de nenhum modo da criaccedilatildeo da

crianccedila No caso em que haacute a ausecircncia do pai bioloacutegico eacute interessante ressaltar

que os dados corroboram a afirmaccedilatildeo de autores como Bronfenbrenner (1996

2011) Dessen e Braz (2005) e Diniz e Koller (2010) quando estes afirmam a

importacircncia dos demais membros que compotildee a famiacutelia no que se refere a dar

sustentaccedilatildeo emocional especialmente quando ocorrem situaccedilotildees de risco para o

desenvolvimento infantil

A renda familiar meacutedia relatada pelas matildees ficou em torno de 06 e 07 salaacuterios

miacutenimos

- Matildee 01 06 salaacuterios miacutenimos

- Matildee 02 entre 06 e 07 salaacuterios miacutenimos

- Matildee 03 06 salaacuterios miacutenimos

- Matildee 04 entre 06 e 07 salaacuterios miacutenimos

Escolaridade dos genitores e renda familiar satildeo dois pontos importantes no

tocante agrave promoccedilatildeo do desenvolvimento na infacircncia pois podem indicar maiores ou

menores chances ou perspectiva de acesso a oportunidades para a ampliaccedilatildeo do

repertoacuterio cognitivo social cultural emocional dos membros que compotildeem a famiacutelia

(LORDELO et al 2007 MUELLER 2008)

Todas as matildees relataram apenas um filho com necessidades especiais na

famiacutelia

4122 Caracterizaccedilatildeo das Professoras do Atendimento Educacional

Especializado

Relembra-se que o Atendimento Educacional Especializado eacute um serviccedilo

dentro da Educaccedilatildeo Especial em conformidade com o Decreto nordm 761111 e que

esse grupo de professores realiza atendimento ao alunado foco da Educaccedilatildeo

Especial e que estatildeo em inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil e no Ensino Fundamental

69

Para tal seu trabalho e sua relaccedilatildeo com a crianccedila pequena com necessidades

especiais eacute fundamental visto que estaacute previsto que elas tambeacutem devem orientar as

famiacutelias e educadoras do CMEI sobre o processo de inclusatildeo desse alunado

Inicialmente foram coletadas informaccedilotildees para caracterizaccedilatildeo das

professoras desse modo foram identificados dados como idade estado civil e

escolaridade (Quadro 05)

Quadro 05 ndash Distribuiccedilatildeo das Professoras do Atendimento Educacional Especializado - AEE conforme idade estado civil ocorrecircncia e quantidade de filhos

Conforme eacute possiacutevel verificar no Quadro 05 a faixa etaacuteria que compotildee o grupo

de Professoras participantes estaacute entre 37 e 49 anos Todas satildeo casadas e tecircm

filhos Tambeacutem foi questionado se elas possuiacuteam alguma formaccedilatildeo especiacutefica para

trabalhar com Educaccedilatildeo Especial e Inclusiva de crianccedilas pequenas e para trabalhar

como professora do AEE Quanto agrave escolaridade das professoras do Atendimento

Educacional Especializado todas elas relataram ter feito vaacuterios cursos de formaccedilatildeo

continuada de curta duraccedilatildeo na aacuterea de Educaccedilatildeo Especial e Inclusatildeo Os dados

estatildeo organizados no Quadro 06 que segue logo abaixo

Participante Idade Estado civilfilhos

P01 45 Casada 2 filhos

P02 49 Casada 3 filhos

P03 37 Casada 2 filhas

P04 40 Casada 2 filhos

70

Quadro 06 ndash Distribuiccedilatildeo das Professoras do Atendimento Educacional

Especializado - AEE conforme sua escolarizaccedilatildeo

Participante Escolaridade

Ensino Meacutedio Graduaccedilatildeo Especializaccedilatildeo

P01 Magisteacuterio Estaacute cursando Pedagogia X

P02 Magisteacuterio Pedagogia com ecircnfase em Educaccedilatildeo Especial

Psicopedagogia

P03 Magisteacuterio Pedagogia Psicopedagogia

P04 Magisteacuterio Pedagogia Psicopedagogia

A professora P02 falou que tem formaccedilatildeo continuada em Estimulaccedilatildeo Visual

As professoras P03 e P04 informaram que estatildeo cursando Especializaccedilatildeo do AEE agrave

distacircncia ofertada pelo MEC Essas professoras que estatildeo cursando a

Especializaccedilatildeo especiacutefica para atuar no atendimento educacional especializado

apontaram que os conteuacutedos aprendidos nele estatildeo sendo muito uacuteteis

especialmente no que se refere ao ensino fundamental pois em grande parte se

baseiam em estrateacutegias praacuteticas para a atuaccedilatildeo docente Sobre Educaccedilatildeo Infantil

as entrevistadas afirmam que haacute conteuacutedos que trazem conceitos e orientaccedilotildees

sobre estimulaccedilatildeo essencial mas essas ainda se mostram um pouco distantes de

sua experiecircncia profissional Nenhuma delas tem formaccedilatildeo na aacuterea especiacutefica de

Educaccedilatildeo Infantil

Foi solicitado que relatassem um pouco de sua trajetoacuteria na aacuterea educacional

Sendo assim foi questionado haacute quanto tempo elas trabalhavam na educaccedilatildeo e se

antes de trabalhar como professora do Atendimento Educacional Especializado -

AEE tiveram outras experiecircncias na aacuterea de educaccedilatildeo (Quadro 07)

71

Quadro 07- Distribuiccedilatildeo das Professoras do Atendimento Educacional Especializado - AEE conforme tempo de trabalho na aacuterea educacional e aacutereas de atuaccedilatildeo dentro da Educaccedilatildeo

Todas informaram se tiveram outras experiecircncias como docentes fora da

Educaccedilatildeo Especial antes de serem professoras do Atendimento Educacional

Especializado - AEE P01 e P04 afirmaram que jaacute tinham tido experiecircncias com

turmas inclusivas antes de ingressarem como docentes no AEE P02 e P03

afirmaram que nunca haviam trabalhado com turmas inclusivas antes de sua

atuaccedilatildeo no AEE

A professora P01 teve um caso na famiacutelia Jaacute as professoras P02 P03 e P04

natildeo tiveram nenhuma experiecircncia marcante com pessoas com necessidades

especiais fora da aacuterea educacional Em acordo com as professoras que jaacute tiveram

alguma experiecircncia com pessoas com necessidades especiais o que se mostra

marcante eacute que esse contato anterior auxilia a como ldquover o deficienterdquo e a como

lidar com ele

4123 Caracterizaccedilatildeo das Educadoras dos Centros Municipais de Educaccedilatildeo

Infantil ndash CMEIs

Todas as entrevistadas atendem crianccedilas pequenas que estatildeo em inclusatildeo

nos Centros de Municipais de Educaccedilatildeo Infantil - CMEIs Participaram 09

Participante Tempo de trabalho na aacuterea

educacional Aacuterea de atuaccedilatildeo

P01 27 anos Educaccedilatildeo Infantil e Fundamental

P02 17 anos Educaccedilatildeo Infantil e Fundamental

P03 20 anos Ensino Fundamental

P04 20 anos Educaccedilatildeo Infantil e Fundamental

72

educadoras que trabalhavam na ocasiatildeo da entrevista com turmas de Berccedilaacuterio e

Maternal Inicialmente foram coletadas informaccedilotildees para caracterizaccedilatildeo das

educadoras desse modo foram identificados dados como idade estado civil se

tinham filhos ou natildeo (Quadro 08)

Quadro 08 - Distribuiccedilatildeo das Educadoras dos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil conforme idade estado civil ocorrecircncia e quantidade de filhos

Conforme o quadro 08 eacute possiacutevel verificar que a faixa etaacuteria das educadoras

participantes estaacute entre 21 e 42 anos 06 delas satildeo casadas 02 satildeo solteiras e uma

eacute viuacuteva Dentro desse grupo 03 das educadoras natildeo tem filhos

Quanto agrave escolaridade foi perguntado se possuiacuteam alguma formaccedilatildeo

especiacutefica para trabalhar com Educaccedilatildeo Infantil e Educaccedilatildeo Especial e Inclusiva

Quatro das educadoras apresentam o curso de magisteacuterio sete delas tem

graduaccedilatildeo em Pedagogia uma ainda estaacute cursando Pedagogia e outra Biomedicina

Participante Idade Estado civilfilhos

E01 27 Casada 2 filhos

E02 28 Casada sem filhos

E03 21 Casada 1 filho

E04 35 Casada 2 filhos

E05 27 Solteira sem filhos

E06 42 Viuacuteva 3 filhos

E07 29 Casada 2 filhos

E08 22 Solteira sem filhos

E09 32 Casada 1 filho

73

cinco das profissionais possuem especializaccedilatildeo dessas quatro na aacuterea de

Psicopedagogia e outra em Educaccedilatildeo Infantil (Quadro 09)

Quadro 09 - Distribuiccedilatildeo das Educadoras dos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil conforme sua Escolaridade

As educadoras E02 E04 E05 E06 E07 e E08 natildeo tiveram nenhuma

formaccedilatildeo especiacutefica sobre Educaccedilatildeo Especial e Inclusatildeo aleacutem das disciplinas

proacuteprias da formaccedilatildeo baacutesica (Magisteacuterio ou Pedagogia)

Jaacute as educadoras E01 E03 e E09 fizeram um curso de formaccedilatildeo continuada

no municiacutepio sobre a inclusatildeo no Ensino Fundamental Natildeo havia ateacute o momento

da coleta de dados referecircncias sobre a oferta de alguma formaccedilatildeo continuada que

evidenciasse a inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil

Foi perguntado se elas tiveram outras experiecircncias como professoras de

turmas de inclusatildeo antes dessa situaccedilatildeo atual

Participante Escolaridade

Ensino Meacutedio Graduaccedilatildeo Especializaccedilatildeo

E01 X Pedagogia Psicopedagogia

E02 X Pedagogia X

E03 Magisteacuterio Pedagogia Psicopedagogia Gestatildeo Escolar

E04 Magisteacuterio Pedagogia ndashcursando X

E05 X Pedagogia X

E06 Magisteacuterio Pedagogia Psicopedagogia

E07 X Pedagogia Educaccedilatildeo Infantil -

cursando

E08 Magisteacuterio Biomedicina ndash

cursando X

E09 X Pedagogia Psicopedagogia -

cursando

74

Quatro das educadoras (E01 E06 E07 e E08) afirmaram positivamente que

tiveram alguma outra experiecircncia com alunos de inclusatildeo antes desse caso atual e

afirmam que isso as ajuda de algum modo nessa turma

Contrariamente cinco delas (E02 E03 E04 E05 e E09) natildeo tiveram nenhum

aluno de inclusatildeo antes desse caso atual

Ainda quanto agraves experiecircncias anteriores com pessoas com necessidades

especiais elas informaram se jaacute tiveram alguma fora da aacuterea educacional

Cinco educadoras (E01 E02 E03 E07 e E08) afirmaram que tiveram

experiecircncias com pessoas com necessidades especiais fora da aacuterea educacional

As outras quatro educadoras (E04 E05 E06 e E09) natildeo tiveram nenhuma

experiecircncia com pessoas com necessidades especiais fora da Educaccedilatildeo Infantil

As participantes informaram o tempo de trabalho na Educaccedilatildeo de modo

geral especificamente na Educaccedilatildeo Infantil e tempo em que estatildeo atendendo essa

turma

Das nove participantes oito soacute tiveram experiecircncia na Educaccedilatildeo Infantil e

uma educadora jaacute trabalhou tambeacutem no Ensino Fundamental

O tempo de atuaccedilatildeo na aacuterea educacional variou de 04 meses a 10 anos No

que se refere agrave atuaccedilatildeo na Educaccedilatildeo Infantil o tempo de trabalho variou igualmente

de 04 meses a 10 anos

Quando questionadas sobre haacute quanto tempo atendem nas turmas atuais

foram obtidas as seguintes respostas 05 educadoras atendem a turma desde o

iniacutecio do ano o que equivale a algo em torno de 09 meses 01 estaacute haacute cerca de 06

meses e 03 das educadoras estatildeo atendendo a turma atual a menos de 06 meses

conforme o que estaacute organizado no Quadro 10 que segue logo abaixo

75

Quadro 10 - Distribuiccedilatildeo das Educadoras dos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil conforme o tempo de atuaccedilatildeo na Educaccedilatildeo de modo geral especificamente na Educaccedilatildeo Infantil e na turma que atende atualmente

42 Seccedilatildeo 02 Concepccedilotildees das Matildees Educadoras e Professoras sobre a

crianccedila que estaacute em inclusatildeo

Foram solicitadas as participantes que relatassem como concebem a crianccedila

pequena que tem necessidades educacionais especiais em relaccedilatildeo as suas

condiccedilotildees e seu processo de inclusatildeo

421 As Matildees e suas crianccedilas

A matildee M01 disse que jaacute desconfiava que o filho tivesse autismo e nega ter

ficado surpresa quando teve a notiacutecia poreacutem seu marido ficou muito triste Apoacutes

Participante Tempo de atuaccedilatildeo na

Educaccedilatildeo Tempo de atuaccedilatildeo na

Educaccedilatildeo Infantil Tempo que atende

essa turma

E01 08 anos 01 ano

01 mecircs

E02 04 meses 04 meses

04 meses

E03 05 anos 05 anos

09 meses

E04 04 anos 04 anos

09 meses

E05 01 ano 01 ano

03 meses

E06 10 anos 10 anos 09 meses

E07 09 anos 09 anos

09 meses

E08 02 anos 02 anos

09 meses

E09 03 anos 03 anos

06 meses

76

receber o diagnoacutestico o apoio da equipe que faz o atendimento especializado na

aacuterea de sauacutede foi fundamental para que a aceitaccedilatildeo do pai fosse sendo construiacuteda

A matildee M02 tambeacutem afirmou que jaacute estava preparada em relaccedilatildeo ao

diagnoacutestico do filho pois teve um parto prematuro com vaacuterias intercorrecircncias para a

crianccedila Desse modo desde os primeiros meses fazia um acompanhamento

rigoroso da sauacutede e do desenvolvimento da crianccedila o que culminou em um

diagnoacutestico de paralisia cerebral

Jaacute para a matildee M03 que teve uma gestaccedilatildeo tranquila a notiacutecia de que a filha

tinha uma siacutendrome veio de uma forma um pouco mais complexa

dai veio a pediatra veio e eu nunca vou esquecer a cara daquela japonesa na minha frente Ela olhava pra mim e eu perguntei ela taacute bem doutora E ela respondeu olha bem pra tua filha Ela tem cara de crianccedila normal Aquele dia foi o maior baque O baque foi porque eu tinha receacutem parido tava inchada doiacuteda e tinha tudo isso e dai eu chorei muito

A matildee M04 tambeacutem teve uma experiecircncia negativa em relaccedilatildeo agrave forma como

foi dada a notiacutecia da condiccedilatildeo da filha

foi logo depois do parto [] Fazia seis horas que ela tinha nascido aiacute a estagiaacuteria foi no quarto e perguntou pela paciente do leito tal e disse vocecirc viu que a tua neneacutem eacute deficiente matildee virou as costas e saiu

Para a matildee M04 o fato de ter dito que a filha era deficiente foi o que mais

chocou porque ela supocircs que queria dizer que a crianccedila teria muito mais

necessidade de cuidados Poreacutem quando falaram que era Siacutendrome de Down

como ela jaacute tinha um pouco de conhecimento sobre a situaccedilatildeo entatildeo se sentiu mais

aliviada quanto agraves condiccedilotildees de sua menina

O choque inicial quando os pais recebem a notiacutecia de que seu filho apresenta

alguma alteraccedilatildeo no desenvolvimento eacute natural e para que o impacto de um

diagnoacutestico ou condiccedilatildeo desconhecida possa ser minimizado eacute fundamental que

eles tenham algum tipo de apoio e orientaccedilatildeo (MINETTO 2010 SCHMITERLOumlW e

FERNANDEZ 2004 PRADO 2005)

Tambeacutem haacute que se ter em destaque que a condiccedilatildeo diferenciada do

desenvolvimento e da sauacutede do filho pode gerar tambeacutem problemas no processo de

vinculaccedilatildeo dele com seus pais e isso podem leva-los a desenvolver uma tendecircncia

77

ao isolamento social que limita as experiecircncias do filho (MINETTO 2010 DE

LINARES 2003 GURALNICK 2000)

Desse modo foi possiacutevel verificar que para todas as matildees o que parece ter

sido fundamental no entendimento da condiccedilatildeo de seus filhos foram os apoios

recebidos nos primeiros meses de vida das crianccedilas em acordo com as informaccedilotildees

logo a seguir

A matildee M01 leva o filho em um centro de apoio especializado em autismo no

qual recebe apoio e orientaccedilatildeo de neurologista e de psicoacuteloga Segundo ela

eu me sinto preparada lidando com ele Antes eu ouvia falar mas eu natildeo sabia o que fazer Hoje eu sei o que fazer com ele eu sei como cuidar dele Ele estaacute sendo bem acompanhado Estou preparada para ajuda-lo

A matildee M02 leva o filho para fazer acompanhamento com meacutedico neurologista

desde o nascimento prematuro e sempre teve apoio e orientaccedilatildeo sobre como

proceder com a crianccedila

A matildee M03 disse que logo apoacutes o diagnoacutestico da filha encontrou uma pediatra

que a apoiou logo nos primeiros meses e que indicou um centro de referencia para

os outros atendimentos que eram necessaacuterios assim como tambeacutem indicou uma

associaccedilatildeo especializada em casos como o de sua crianccedila

A matildee M04 logo apoacutes a confirmaccedilatildeo do diagnoacutestico de Sindrome de Down

tambeacutem foi convidada a participar de um centro de referecircncia para essa siacutendrome

tendo conversado com as assistentes sociais o que segundo ela fez toda a

diferenccedila para um melhor entendimento da condiccedilatildeo da filha

No presente estudo as matildees sugerem que estatildeo construindo uma percepccedilatildeo

positiva de seus filhos e mostram-se interessadas pelo desenvolvimento das

crianccedilas poreacutem haacute estudos como o de Castro (2002) que indicam que matildees de

crianccedilas com doenccedilas crocircnicas aparentavam ser menos responsivas quando na

interaccedilatildeo com seus filhos e manifestando uma tendecircncia maior de ter

comportamentos e sentimentos ambivalentes

Para Schmiterloumlw e Fernandez (2004) cada famiacutelia que tem um filho com

alteraccedilotildees em seu desenvolvimento apresenta um modo proacuteprio de lidar com as

condiccedilotildees de sua crianccedila assim como desenvolve necessidades especiacuteficas

portanto atendimentos que visem dar apoio e orientaccedilatildeo familiar natildeo devem ser

homogecircneos

78

Os trechos abaixo satildeo demonstrativos da satisfaccedilatildeo que as matildees

expressaram durante a entrevista ao falarem sobre suas crianccedilas

A matildee M01 diz que seu filho

eacute uma crianccedila feliz Apesar de ele natildeo falar ele tenta se comunicar da melhor forma que ele consegue para pedir as coisas Ele eacute muito feliz carinhoso gosta de carinho gosta de brincar

Para a matildee M02 o filho

eacute muito especial muito carinhoso bonzinho Ele eacute atento a tudo o que a gente conversa se interessa tem muita forccedila de vontade quer aprender as coisas tem muita vontade de andar

Jaacute para a matildee M03 a filha ldquoeacute muito inteligente Hoje de manhatilde eu falei pra

minha matildee como ela taacute linda Taacute espertardquo E para a matildee M04 a crianccedila ldquoeacute muito

esperta maravilha precisa ver Ela brinca se diverte aprende Nossa Ela eacute dezrdquo

Reconhecer as qualidades e potencialidades dos filhos demonstrando

satisfaccedilatildeo nas relaccedilotildees parece ser algo que auxilia a essas matildees a interessarem-se

cada vez por suas crianccedilas o que possivelmente faz essas uacuteltimas sentirem-se

cada vez mais incentivadas em novas aprendizagens (BRAZELTON 1990)

Todas as matildees indicaram que buscam tratar seus filhos como crianccedilas

normais o relato de matildee M01 e de matildee M04 exemplificam bem a posiccedilatildeo delas

Eu sempre vi ele como uma crianccedila normal tanto que eu trato ele como trato as outras filhas Eu converso eu conto as mesmas coisas pra ele nunca quis proteger ele demais porque ele tem que ser independente tambeacutem (M01)

[] desde que eu soube que ela tinha siacutendrome de Down eu pus na minha cabeccedila que eu natildeo iria tratar ela como uma crianccedila deficiente ela natildeo era uma crianccedila deficiente ao menos que realmente fosse (M04)

Em acordo com as afirmaccedilotildees oferecidas por esse grupo de matildees eacute possiacutevel inferir

que ter uma deficiecircncia eacute a falta de algo (braccedilo perna etc) ou algo que natildeo se

modifica mas elas veem que suas crianccedilas podem modificar seu comportamento

logo natildeo satildeo deficientes

As participantes tambeacutem relatam como fazem para saber se o filho estaacute se

desenvolvendo bem e nesse sentido apenas uma matildee afirma ter sido realizada

79

avaliaccedilatildeo de desenvolvimento infantil pela pediatra da crianccedila as trecircs demais o

fazem em comparaccedilatildeo com outras crianccedilas conhecidas

Mas todas consideram que seus filhos estatildeo se desenvolvendo bem para a idade

natildeo apresentando muitas diferenccedilas em relaccedilatildeo a outras crianccedilas da mesma faixa

etaacuteria

Parte dessa avaliaccedilatildeo eacute produto do que observam das transformaccedilotildees oriundas da

participaccedilatildeo das crianccedilas na Educaccedilatildeo Infantil

As matildees informaram se seus filhos participaram de alguma outra instituiccedilatildeo antes de

ir para o CMEI como por exemplo alguma escola especial ou se ficava com a

babaacute

Apenas uma crianccedila frequentou outro atendimento antes de ir para o CMEI

Segundo a matildee a crianccedila frequentou duas escolas especiais A primeira escola tinha

um horaacuterio difiacutecil de levar pois a crianccedila tinha que acordar muito cedo o que

ocasionou a mudanccedila para uma segunda escola especial mais proacutexima da

residecircncia da famiacutelia Contudo nessa segunda instituiccedilatildeo a matildee percebeu que a

crianccedila natildeo estava evoluindo em seu desenvolvimento conforme o esperado O

relato do que foi observado por essa matildee segue indicado abaixo

Dai a fulana regrediu ela soacute queria dormir Entatildeo toda vez que ia pegar ela laacute ela tava sonolenta e molenga Como se tivesse tomado algum remeacutedio Natildeo tinha tomado natildeo tinha sido dopada mas eacute de ficar isolada

A mesma matildee descreve a sala em que sua crianccedila ficava no periacuteodo de

atendimento nessa escola especial ldquo[] a sala era totalmente escura [] fedia a

mofo era toda fechada sem ventilaccedilatildeo []rdquo

Nas informaccedilotildees sobre a participaccedilatildeo da crianccedila no CMEI elas informaram qual o

motivo de ter matriculado a crianccedila na instituiccedilatildeo haacute quanto tempo agrave crianccedila estaacute

participando deste atendimento qual o motivo de ter sido nessa instituiccedilatildeo turma

que a crianccedila frequenta e qual o periacuteodo que a crianccedila permanece diariamente no

CMEI

Apenas matildee M01 e matildee M02 matricularam seus filhos na Educaccedilatildeo Infantil por

indicaccedilatildeo meacutedica as demais o fizeram por outras razotildees

A matildee M02 aleacutem da sugestatildeo meacutedica tambeacutem afirmou que precisava voltar a

trabalhar e o CMEI seria um bom auxiliar nesse sentido

80

A matildee M03 buscou a Educaccedilatildeo Infantil por acreditar que seria bom para sua filha

especialmente porque ldquoela eacute filha uacutenica pra aprender as coisas baacutesicas que a gente

agraves vezes taacute trabalhando o dia todo e dai ela natildeo tem condiccedilotildees de aprenderrdquo

Apenas a matildee M04 decidiu apoacutes a crianccedila ter tido uma experiecircncia em escola

especial que foi considerada negativa pela famiacutelia conforme indicado anteriormente

As demais crianccedilas ficavam em casa aos cuidados de suas famiacutelias antes de

entrarem na Educaccedilatildeo Infantil

Trecircs das matildees escolheram o CMEI por ser proacuteximo da residecircncia da famiacutelia e

apenas uma fez a escolha por indicaccedilatildeo da meacutedica neurologista que atende o filho

Segundo essa matildee a profissional se referiu a instituiccedilatildeo por fazer parte de um

complexo educacional no qual existem vaacuterios casos de inclusatildeo A matildee M02

escolheu pela proximidade mas tambeacutem porque era a uacutenica que tinha berccedilaacuterio

Se em situaccedilotildees como a de deficiecircncia haacute uma espeacutecie de ldquoapagamentordquo do

saber materno em relaccedilatildeo a como criar seu filho e isso pode comprometer o

desenvolvimento da crianccedila e gerar uma sensaccedilatildeo de fragilidade e impotecircncia em

seus pais (ALVES 2007) entatildeo mais do que nunca accedilotildees interventivas que

considerem a famiacutelia tornam-se fundamentais Quanto a isso Mueller (2008) afirma

que eacute necessaacuterio que essas ultrapassem a ideia de orientaccedilatildeo mas passem a

promover efetivamente a accedilatildeo dos pais Essa pesquisadora tambeacutem indica que eacute

necessaacuterio averiguar o que de fato os pais entenderam e se apropriaram das

orientaccedilotildees pois esse eacute fator que parece comprometer a accedilatildeo dos pais com seus

filhos

422 As Professoras do Atendimento Educacional Especializado ndash AEE e a

inclusatildeo das crianccedilas pequenas que estatildeo nos Centros Municipais de

Educaccedilatildeo Infantil ndash CMEIs

As professoras informaram como eacute o trabalho do AEE quanto tempo faz que

estejam trabalhando como professoras do AEE qual a carga horaacuteria que elas

cumprem semanalmente quantos alunos atendem e quais as maiores

especificidades dos atendimentos

81

De modo geral em acordo com os relatos foi possiacutevel perceber que compete

ao professor do AEE a) atender ao alunado foco Educaccedilatildeo Especial que estaacute em

inclusatildeo no ensino regular complementando a aprendizagem b) dar apoio e

orientaccedilotildees sobre o processo de inclusatildeo tanto para a famiacutelia do aluno quanto ao

seu professor no ensino regular c) buscar recursos que visem melhorar o processo

de inclusatildeo desse alunado junto a outros profissionais especialistas e na

comunidade (estabelecer redes de apoios quando necessaacuterio) O que parece estar

em conformidade com o Decreto nordm 761111 e que dispotildee sobre a Educaccedilatildeo

Especial e o Atendimento Educacional Especializado

Segundo a professora P01 a maior especificidade do Atendimento

Educacional Especializado eacute

natildeo ficar no conteuacutedo eacute atingir o desenvolvimento da crianccedila no que ela precisa e para isso precisa ir atraacutes de especialistas trabalhar todo o ambiente tanto de famiacutelia quanto da escola que ela estaacute inserida

A professora P02 afirma que o ldquoAEE trabalha cada especialidade que ela [a

crianccedila] precisa seja visual a fala o que a crianccedila precisardquo

Jaacute P03 relata que o

trabalho no AEE gira em torno entatildeo na escola realiza trabalho aqui na sala tem o apoio a professora do regular e apoio com a famiacutelia No apoio a famiacutelia chama a matildee faz toda aquela triagem preenche todos os relatoacuterios neacute Na escola regular a gente vai ateacute a escola regular conversa com a professora vecirc a dificuldade que a crianccedila tem pra que a gente possa ajuda neacute o que a professora precisa se eacute adaptaccedilatildeo de algum material para que a gente possa taacute nesse sentido

O grupo tambeacutem informou o tempo em que atua no AEE para o Ensino

Fundamental e no AEE para a Educaccedilatildeo Infantil

E desse modo antes de trazer os dados das entrevistadas eacute importante

relatar que Atendimento Educacional Especializado teve seu iniacutecio nesse municiacutepio

como apoio do Ensino Fundamental no ano de 2009 sendo que o atendimento para

a Educaccedilatildeo Infantil soacute comeccedilou em 2011 Logo eacute relevante que se considere a

precocidade do Atendimento Educacional Especializado nessa regiatildeo

82

As professoras atendem atualmente tanto o alunado do Ensino

Fundamental quanto da Educaccedilatildeo Infantil A professora P02 afirma atender a trecircs

anos no AEE e o faz em outra modalidade - especiacutefico para a Estimulaccedilatildeo Visual - e

sempre trabalhou soacute com crianccedilas de pouca idade (Quadro 11)

Quadro 11 - Distribuiccedilatildeo das Professoras do Atendimento Educacional Especializado conforme seu tempo de atuaccedilatildeo como AEE no Ensino Fundamental e na Educaccedilatildeo Infantil

Conforme o quadro acima eacute possiacutevel verificar que o tempo de atuaccedilatildeo

dessas professoras no Atendimento Educacional Especializado estaacute entre 01 e 03

anos O que condiz com o periacuteodo em que este serviccedilo foi implantado na rede de

educaccedilatildeo do municiacutepio em que ocorreu esta pesquisa

Quanto agrave carga horaacuteria que elas cumprem semanalmente e quantos alunos

atendem seguem no quadro 12

Quadro 12- Distribuiccedilatildeo das Professoras do Atendimento Educacional Especializado conforme seu tempo de atuaccedilatildeo como AEE no Ensino Fundamental e na Educaccedilatildeo Infantil

Participantes Carga horaacuteria

semanal

Nordm de Alunos Ensino

Fundamental

Nordm de Alunos Educaccedilatildeo

Infantil

Total de alunos

Faixa etaacuteria atendida

atualmente

P01 20h 01 01 02 03 a 11 anos

P02 20h 05 03 08 02 a 09 anos

P03 40h 13 01 14 02 a 15 anos

P04 40h 17 03 20 02 a 16 anos

Participantes Tempo no AEE ndash E Fundamental Tempo no AEE- Ed Infantil

P01 01 ano 01 ano

P02 03 anos 02 anos

P03 02 anos 01 ano

P04 02 anos 02 anos

83

Haacute nos grupos dos alunos atendidos por essas professoras do AEE uma

grande heterogeneidade de caracteriacutesticas e condiccedilotildees de desenvolvimento e

aprendizado Elas atendem alunos tanto do Ensino Fundamental quanto da

Educaccedilatildeo Infantil e que apresentam Autismo Siacutendrome de Asperger Paralisia

Cerebral Siacutendrome de Moebius Siacutendrome de Down Deficiecircncia Intelectual entre

outros

Quanto as maiores diferenccedilas entre o Atendimento Educacional Especializado

ndash AEE para o Ensino Fundamental e o AEE direcionado para a Educaccedilatildeo Infantil

elas indicaram (Quadro 13)

Quadro 13 ndash Distribuiccedilatildeo das maiores especificidades do Atendimento Educacional Especializado para a Educaccedilatildeo Infantil e para o Ensino Fundamental

Para a P02 as maiores diferenccedilas satildeo os materiais e o tipo de brinquedos

que satildeo usados P03 afirmou que o atendimento do AEE para a Educaccedilatildeo Infantil

se baseia em atividades de estimulaccedilatildeo essencial e que estaacute

buscando muito na internet em ver que tipo de atividade pode ajudar ele em relaccedilatildeo a material para que me ajude porque na Educaccedilatildeo Infantil eu natildeo tenho experiecircncia porque a gente a gente como professora de Ensino Fundamental a gente pensa logo no pedagoacutegico no ensinar

Participantes

Educaccedilatildeo Infantil

Ensino Fundamental

P01

Atividades voltadas ao corpo para o

desenvolvimento para a socializaccedilatildeo para o

brincar e para a fantasia

Atividades escolares mais complexas

P02 Natildeo usa laacutepis trabalha mais com o estiacutemulo

Usa mais materiais usa alguns materiais escolares

P03 Estimulaccedilatildeo Essencial Trabalha as dificuldades do aluno por meio

de jogos usa bastante o computador tambeacutem precisa adaptar material

P04

Estimulaccedilatildeo encaixes circuitos para

engatinhar jogos de imitaccedilatildeo

Aacuterea de alfabetizaccedilatildeo atividades psicomotoras e orientaccedilotildees atividades para

aprimorar o comportamento dos alunos

84

Elas caracterizaram o trabalho com a crianccedila foco da pesquisa para isso

informaram haacute quanto tempo atendiam a crianccedila foco da pesquisa no Atendimento

Educacional Especializado e como era o atendimento a esse aluno (Quadro 14)

Quadro 14 ndash Distribuiccedilatildeo das Professoras do Atendimento Educacional Especializado conforme tempo em que atendem a crianccedila pequena foco da pesquisa frequecircncia e duraccedilatildeo do atendimento ao aluno

Em termos de frequecircncia semanal ao serviccedilo de AEE percebe-se que este se

organiza em curtos momentos o que sugere duas questotildees ao menos A primeira eacute

a da necessidade de que haja um planejamento bem definido em relaccedilatildeo agraves

condiccedilotildees de cada crianccedila de modo que se aproveite ao maacuteximo esse curto espaccedilo

de tempo de atendimento E a segunda questatildeo eacute em relaccedilatildeo agrave relevacircncia que

estar na Educaccedilatildeo Infantil passa a ter para o desenvolvimento global dessas

crianccedilas pois entre os trecircs contextos relacionados no presente estudo (familiar AEE

e CMEI) eacute no CMEI que elas passam a maior parte de seu tempo

De modo geral as professoras indicam que buscam constantemente adequar

as atividades agraves necessidades individuais do alunado para tal procuram estruturar

seu planejamento em jogos e brincadeiras O caraacuteter luacutedico das atividades tambeacutem

se torna um elemento para diferenciar o AEE das aulas de reforccedilo e das aulas

regulares

Todas as professoras fazem planejamentos semanais e afirmam procurar

avaliar o desempenho da crianccedila dia a dia por meio do que foi alcanccedilado ou natildeo e

frente aos objetivos estabelecidos individualmente

Diante do aspecto novo e diferenciado que o AEE para a Educaccedilatildeo Infantil

apresenta para essas professoras foi questionado o que elas pensaram quando

souberam que iriam atender essas crianccedilas pequenas E apoacutes o periacuteodo de

Participante Tempo em que atende a crianccedila pequena foco da

pesquisa

Frequecircncia e Duraccedilatildeo do Atendimento

P01 8 meses 1x semana 2 horas

P02 7 meses 2x semana 1 hora

P03 4 meses 1 x semana 1 hora

P04 4 semanas 1 x semana 1 hora

85

atendimento e relaccedilatildeo com essas crianccedilas como se sentem ao atendecirc-las (Quadro

15)

Quadro 15 ndash Distribuiccedilatildeo das Professoras conforme suas concepccedilotildees antes de atender a crianccedila e apoacutes o periacuteodo em que atende o aluno que estaacute em inclusatildeo

Trecircs das professoras demostraram ter sentido grande preocupaccedilatildeo com o

fato de ter que atender uma crianccedila pequena

Uma delas afirmou que se sentiu feliz pois jaacute estava acostumada a atender

crianccedilas pequenas e viu no novo aluno uma oportunidade de aprender mais

Todas as professoras relataram que ao serem informadas sobre as crianccedilas

pequenas que iriam atender buscaram informaccedilotildees pertinentes agrave condiccedilatildeo da

crianccedila e sobre ideias para as atividades

A participante P03 justifica sua primeira impressatildeo

Ai com bastante medo sinceramente com bastante medo Eu natildeo tinha tido experiecircncia com crianccedila pequena ainda mais com berccedilaacuterio Minha experiecircncia toda era no Ensino Fundamental com crianccedilas maiores e que praticamente natildeo possuiacuteam dificuldade neacute

Outra professora indica o mesmo tipo de preocupaccedilatildeo ldquoAi eu fiquei

desesperada O que eu vou trabalhar Eu soacute tenho a praacutetica do Fundamentalrdquo (P04)

Apoacutes conhecer e atender a crianccedila a opiniatildeo das professoras modificou-se

Os relatos das professoras indicam que estatildeo se sentindo mais seguras muito

embora sua funccedilatildeo no AEE da Educaccedilatildeo Infantil ainda esteja sendo delineada e

restem duacutevidas e anseios

Participante Antes de atender a crianccedila Atualmente

P01 Afirma que natildeo sabia como ia

trabalhar Sente-se orgulhosa do trabalho e da

evoluccedilatildeo do aluno

P02 Sentiu-se feliz porque percebeu

que era um desafio

Sente-se feliz e diz que eacute gratificante perceber o trabalho realizado e a evoluccedilatildeo

do aluno

P03 Sentiu medo Sente-se mais segura

P04 Ficou desesperada Sente-se mais tranquila

86

O relato da professora P04 eacute muito interessante e faz lembrar que elas estatildeo

tambeacutem construindo sua identidade como professora do Atendimento Educacional

Especializado voltado para a Educaccedilatildeo Infantil o que traz questotildees e anseios muito

proacuteprios

agora estou mais tranquila porque assim ateacute entatildeo eu via assim meu Deus Eu tocirc perdendo a funccedilatildeo de professora Estou perdendo a funccedilatildeo de professora porque no AEE a gente trabalha com as habilidades natildeo eacute muito aquilo do conteuacutedo propriamente escrito ali Daiacute eu pensei tocirc perdendo minha funccedilatildeo de professora natildeo tocirc tendo minha funccedilatildeo de professora agora porque eu tenho que brincar com essa crianccedila tenho que ensinar a engatinhar tenho que estimular ela (P04)

Apoacutes perceber qual seria o seu trabalho com a crianccedila pequena sua visatildeo

modificou-se

agora natildeo agora eu tocirc mais tranquila natildeo me preocupo muito com as outras pessoas vai falar Que a minha preocupaccedilatildeo tambeacutem era assim poxa minha amiga vai falar essa professora natildeo taacute trabalhando ela taacute brincando Entatildeo eu tinha uma visatildeo assim do que os outros iam pensar do meu trabalho Hoje em dia natildeo Se entra uma pessoa assim e eu tocirc brincando ali com a crianccedila eu continuo fazendo o que tocirc fazendo Antes ateacute que eu meio que dava uma disfarccedilada (P04)

Devido agrave forma de trabalhar outra professora traacutes um relato que

complementa esse uacuteltimo

acho que o professor do AEE para Educaccedilatildeo Infantil tem que ter muita dedicaccedilatildeo mas agraves vezes a gente escuta que o professor do AEE natildeo faz nada neacute Porque cada aluno tem um horaacuterio temos muitos horaacuterios livres mas tem que ter muita dedicaccedilatildeo tem que ter empenho tem que buscar o conhecimento (P03)

Tambeacutem foi solicitado que as profissionais indicassem como fazem para

saber se a crianccedila em inclusatildeo estaacute se desenvolvendo bem E em resposta todas

as professoras relatam que buscam perceber o desenvolvimento dos alunos por

meio da comparaccedilatildeo do desempenho da crianccedila desde o momento em que iniciou

seu atendimento no AEE ateacute o presente

Usam como referecircncias as conversas com as matildees das crianccedilas com as

educadoras e seus proacuteprios apontamentos e agraves vezes orientaccedilotildees dos

especialistas que atendem as crianccedilas Tais referecircncias natildeo satildeo diferentes das

tambeacutem evidenciadas e utilizadas por educadoras de CMEIS (SOUZA 2008)

Contudo pensa-se que pelas especificidades do trabalho das professoras do

Atendimento Educacional Especializado urge que estas profissionais tenham

87

maiores recursos para avaliar acompanhar e promover o desenvolvimento de

crianccedilas com necessidades especiais

Sobre a falta de um paracircmetro para avaliar o desenvolvimento infantil a

professora P01 informa

agora diante de todo esse aprendizado a gente - todos do AEE ndash vai se juntar e vai montar dentro do Desenvolvimento Infantil o que eacute conveniente para aquela idade e o que natildeo eacute A gente natildeo tem esse paracircmetro anda porque tudo para noacutes estaacute sendo esse ano um experimento

A falta de paracircmetros para avaliar e acompanhar o desenvolvimento na

primeira infacircncia parece natildeo ser exclusividade das professoras e educadoras da

presente pesquisa conforme jaacute relatado por Souza (2008) Soejima (2008) e

Bolsanello e Soejima (2012) Contudo ao se considerar que o Atendimento

Educacional Especializado pode ser aproveitado como parte de um processo ou

programa de intervenccedilatildeo precoce para as crianccedilas que tecircm deficiecircncias entatildeo seria

indispensaacutevel que se estabelecesse meios de avaliar acompanhar e intervir no

desenvolvimento infantil conforme jaacute evidenciado por autores como Juan ndash Vera e

Peacuterez-Lopez (2009) e Moragas (2009)

Ao serem convidadas a comentar como se daacute o trabalho com essas crianccedilas

pequenas elas tambeacutem indicaram ter uma percepccedilatildeo positiva das crianccedilas que

atendem salientando em seus relatos avanccedilos e qualidades dos seus alunos

A professora P01 conta que atende uma crianccedila com autismo e pela

especificidade precisou fazer um curso para se orientar em como trabalhar Apoacutes

esse curso afirma que sua visatildeo do que a crianccedila precisava para aprender se

modificou e que conseguiu alcanccedilar mais ecircxito em seus objetivos Ela tambeacutem conta

que apoacutes a formaccedilatildeo conseguiu auxiliar mais as educadoras que atende a crianccedila

no CMEI Seu trabalho com esse aluno eacute mais voltado para a adequaccedilatildeo

comportamental pois segundo ela o mesmo passava muito tempo dormindo na

creche ainda usando fraldas chupeta praticamente natildeo fazendo atividades

dirigidas Essa professora tambeacutem construiu rotinas para a crianccedila ficar mais

orientada no que se esperava dela assim como introduziu vaacuterias atividades

pedagoacutegicas todas baseadas na proposta curricular do municiacutepio

Jaacute a professora P02 trabalha apenas com reeducaccedilatildeo e estimulaccedilatildeo visual

Segundo ela trabalha em sala escura com luzes coloridas pareamento de figuras

88

com pranchas objetos coloridos objetos musicais sempre focando nos aspectos

psicomotores

No relatado da professora P03 evidencia-se que esta fez pouco contato com a

crianccedila pois ele estava afastado por questotildees de sauacutede Mas que seu atendimento

nesse momento de desenvolvimento do aluno eacute mais voltado para a estimulaccedilatildeo

essencial

Segundo a professora P04 seu trabalho se baseia em atividades de

estimulaccedilatildeo essencial Quando questionada sobre onde ela busca embasamento

para trabalhar com estimulaccedilatildeo essencial essa professora afirmou que aleacutem de

algumas orientaccedilotildees da equipe da Educaccedilatildeo Especial fez bastante pesquisa na

internet Contudo tambeacutem demonstrou em seu relato natildeo saber muito bem como eacute

um atendimento de estimulaccedilatildeo essencial

natildeo natildeo eu natildeo tive (formaccedilatildeo sobre estimulaccedilatildeo essencial) Eu natildeo tive preparaccedilatildeo alguma para atender assim com a Educaccedilatildeo Infantil por isso que eu fiquei desesperada A gente faz curso vai se preparando mas com crianccedilas pequenas natildeo Dai eu acho que eu faccedilo estimulaccedilatildeo mas natildeo sei dizer bem certo se eacute assim Porque quando eu recebi ela (crianccedila) era pra trabalhar com ela estimulaccedilatildeo dai eu fui pesquisar peguei alguns negoacutecios nas informaccedilotildees que eu peguei na internet eacute estimulaccedilatildeo precoce Eacute o que eu sei (P04)

Conforme os relatos sobre os atendimentos percebeu-se que todas as

crianccedilas satildeo trabalhadas individualmente tendo um plano de trabalho elaborado

especificamente e de acordo com as caracteriacutesticas pessoais e cada uma

As crianccedilas que fazem parte do grupo desse estudo precisam deslocar-se do

CMEI de origem ateacute a escola em que estaacute locada a Sala de Recursos Multifuncional

(espaccedilo em que ocorre o Atendimento Educacional Especializado) De modo geral

as Salas de Recursos Multifuncionais podem ser alocadas tanto em CMEIs quanto

em Escolas Regulares No caso dessa pesquisa todas as crianccedilas frequentam

Salas que estatildeo lotadas fora de seus CMEIs

Em conformidade com informaccedilotildees jaacute fornecidas tambeacutem faz parte das

atribuiccedilotildees dessas professoras o contato com os responsaacuteveis pela crianccedila com as

educadoras que a atendem nos CMEIs e especialistas Pelos relatos entende-se

que costumeiramente todas as professoras fazem contato com as matildees e com as

educadoras da crianccedila para estabelecer as questotildees mais pertinentes no momento

apoacutes essas conversas iniciais os demais encontros satildeo realizados conforme

89

necessidade O contato com os demais especialistas que atendem a crianccedila

tambeacutem eacute estabelecido de acordo com as condiccedilotildees do aluno

423 As educadoras e as crianccedilas pequenas que estatildeo em inclusatildeo

As Educadoras entrevistadas informaram em qual turma trabalham a faixa

etaacuteria que atendem e a quantidade de alunos matriculados por turma

O quadro abaixo (Quadro 16) ilustra a distribuiccedilatildeo das Educadoras conforme

as turmas que atendem atualmente a faixa etaacuteria da turma em que trabalham e

quantidade de alunos matriculados

Quadro 16 ndash Distribuiccedilatildeo das Educadoras conforme turmas que atendem faixa etaacuteria da turma e quantidade de alunos por turma

Todas as Educadoras dividem o atendimento da turma com outras

profissionais sendo que segundo elas todas que atendem numa mesma turma tecircm

as mesmas atribuiccedilotildees e responsabilidades em relaccedilatildeo agraves crianccedilas Logo percebe-

se que a distribuiccedilatildeo das educadoras eacute

Participante Turma que

atende Faixa etaacuteria da

turma

Quantidade de

alunos por turma

E01 M1 1a e 8m a 2 anos 24

E02 M1 1a e 8m a 2 anos 24

E03 M1 1a e 8m a 2 anos 24

E04 B2 8meses a 1a e 8m 19

E05 M1 1a e 8m a 2 anos 24

E06 M2 2 a 3 anos 24

E07 M2 2 a 3 anos 24

E08 B2 8meses a 1a e 8m 19

E09 B2 8meses a 1a e 8m 19

90

- Turma de Berccedilaacuterio = 03 Educadoras por turma

- Turma de Maternal = 02 Educadoras por turma

Durante as entrevistas observou-se que natildeo eacute rara a consideraccedilatildeo de que

nas turmas em grande numero de alunos podem ocorrer limitaccedilotildees no processo de

inclusatildeo de crianccedilas pequenas com necessidades especiais

A relaccedilatildeo quantidade de crianccedilas em turma por educadora tambeacutem eacute algo a

ser considerado quando se pensa em proporcionar um serviccedilo com qualidade e com

vistas agrave promoccedilatildeo do desenvolvimento e melhor desempenho da educadora

(LORDELO et al 2007) Brazelton (2002) ao fazer referecircncia agrave relaccedilatildeo quantidade

de crianccedilas por educadora afirma que esta deveria ser a seguinte 03 a 04 crianccedilas

para cada educadora quando estiverem atendendo bebecircs de 04 crianccedilas por

educadora quando os pequenos estiverem aprendendo a andar e entre 06 a 08

crianccedilas (quando forem maiores de 03 anos) por educadora

Todas relataram que possuem horaacuterio semanal para planejamento das

atividades da turma Cada grupo de Educadora tem sua forma de organizar o

planejamento mas elas foram unacircnimes em dizer que natildeo fazem planejamento

diferenciado em decorrecircncia de terem uma crianccedila em inclusatildeo em suas turmas O

que ocorre eacute que no dia a dia cada Educadora tenta adaptar a praacutetica

anteriormente planejada Para tal levam em conta as condiccedilotildees da crianccedila no

momento da aplicaccedilatildeo da atividade

A Educadora E03 afirma que fez um curso sobre inclusatildeo e que nele foi

orientada que natildeo havia necessidade de estabelecer um planejamento com

objetivos especiacuteficos para a crianccedila foco da inclusatildeo Contudo ela diz que natildeo

saberia como mudar os objetivos

Jaacute a educadora E05 justifica que natildeo consegue fazer atividades diferenciadas

e que como se trabalha muito

com picote com colagem movimento danccedila a parte de equiliacutebrio e como ela (a crianccedila em inclusatildeo) natildeo fica em peacute entatildeo ela natildeo pode participar dessas () Entatildeo a gente tenta a gente coloca ela mas natildeo tem o resultado que a gente espera() a gente natildeo sabe como adaptar pra ela o planejamento Natildeo tem nada diferenciado pra ela

Diante desses dados pode-se inferir que o processo inclusivo da crianccedila

pequena no CMEI falha em se constituir como tal pois foge em vaacuterias instacircncias aos

91

princiacutepios baacutesicos do que se considera uma educaccedilatildeo ldquopara todosrdquo tal como

preconizado por autores como Alves (2008) Carvalho (2009) e Oliveira (2010) os

quais ilustram que promover as mesmas oportunidades para os alunos natildeo significa

que todos deveratildeo ser atendidos de forma homogecircnea Pensa-se nesse sentido

que a falta de um planejamento que seja coerente com as caracteriacutesticas das

crianccedilas que estatildeo em inclusatildeo coloca em risco a atenccedilatildeo agraves suas necessidades e

pode contribuir para que haja exclusatildeo e isolamento desse alunado

Todas as Educadoras relataram de forma geral como eacute sua rotina de

trabalho no CMEI demonstrando um cotidiano dividido entre atividades de

alimentaccedilatildeo higiene atividades com cunho pedagoacutegico e brincadeiras Mesmo natildeo

fazendo um plano de trabalho especiacutefico para as crianccedilas que estatildeo em inclusatildeo as

Educadoras afirmam que tentam na praacutetica diaacuteria aplicar algumas atividades e

brincadeiras diferenciadas em conformidade com o que percebem que eacute necessaacuterio

no momento da crianccedila mas nem sempre sabem o que eacute preciso para o aluno que

natildeo raro usam de seus ldquoinstintosrdquo

a gente faz e estaacute fazendo meio que trabalho instintivo a gente acha que eacute bom para ele (aluno) e a gente vai laacute e faz porque natildeo tem rumo ele taacute num mar e a gente tem que velejar para algum lugar (E08)

Tambeacutem ao falarem sobre a rotina de trabalho em vaacuterias situaccedilotildees ao longo

dos relatos as entrevistadas apontaram que esta eacute exaustiva e que eacute difiacutecil dar

atenccedilatildeo individualizada agrave crianccedila em inclusatildeo

entatildeo eacute bem corrido tem umas crianccedilas que natildeo se adaptaram ainda Entatildeo eacute difiacutecil duas soacute darem da inclusiva (crianccedila) mais dos natildeo adaptados mais das vinte (crianccedilas) (E05)

Seis das participantes ao falarem das crianccedilas que atendem destacam as

caracteriacutesticas positivas do aluno e seus avanccedilos Ainda ao relatarem as

especificidades demonstram saber pouco sobre as condiccedilotildees da populaccedilatildeo que

atendem e ressaltam que percebem esse alunado de inclusatildeo como ldquocrianccedilas

normaisrdquo ou ldquopouco diferentesrdquo dos demais educandos

ela eacute muito alegre muito alegre ela eacute uma crianccedila muito esperta muito atenta muito atenta mesmo[] Ela eacute normal normal natildeo eacute a palavra mas ela acompanha ela tem os mesmos interesses que as crianccedilas da mesma idade (E01)

92

Da mesma forma a Educadora E02 diz natildeo saber exatamente ldquoo grau da

siacutendrome delardquo Faz afirmaccedilotildees positivas sobre a crianccedila e afirma que natildeo haacute

diferenccedilas entre essa crianccedila e as demais da turma

a gente percebe que natildeo eacute uma siacutendrome muito grave entatildeo a gente trata ela normalmente

Trecircs das Educadoras fazem destaque para as dificuldades das crianccedilas que

atendem afirmando que tiveram evoluccedilatildeo na aprendizagem mas que haacute muitos

empecilhos no atendimento a esses alunos

A Educadora E04 ressalta as dificuldades da crianccedila e de tecirc-la em sala de

aula

ele entrou em sala e natildeo foi colocado uma professora para dar atenccedilatildeo especial para ele agraves vezes a gente natildeo consegue dar atenccedilatildeo especial para ele Ele eacute tratado como os demais

Tambeacutem a Educadora E08 descreve as dificuldades da crianccedila e afirma que

se sentiu como uma ldquomatildee de primeira viagemrdquo quando o segurou no colo pela

primeira vez Segundo ela ldquonatildeo tem muito o que fazer com elerdquo

Em face agraves informaccedilotildees dessas participantes lembra-se que Drago (2011)

ao falar em relaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo infantil considera que apesar de tantos avanccedilos

ainda eacute possiacutevel encontrar muitos entraves que a caracterizam como uma educaccedilatildeo

um tanto quanto vazia de sentido como se ainda permanecesse a ideia de

educaccedilatildeo compensatoacuteria e junto a isso se percebe que o processo de inclusatildeo

ainda eacute bastante mal compreendido nessa faixa etaacuteria Diante disso como fazer uma

turma que tem alunos em inclusatildeo tornar-se verdadeiramente inclusiva Em

resposta acredita-se necessaacuterio o que Zorteacutea (2007) afirma e leva a pensar que

viabilizar a inclusatildeo pressupotildee um espaccedilo escolar que repense seus modos e meios

de existir de forma permanente

Ainda foi perguntado agraves Educadoras haacute quanto tempo atendiam a crianccedila

que estaacute em inclusatildeo (Quadro 17)

93

Quadro 17 ndash Distribuiccedilatildeo das Educadoras conforme o tempo em que

atendem a crianccedila que estaacute em inclusatildeo

Dado o tempo em que elas as atendiam foi tambeacutem solicitado que

comentassem o que pensaram quando souberam que iriam atender uma crianccedila de

inclusatildeo e o que sentem depois de tecirc-las conhecido e atendido (Quadro 18)

Quadro 18 - Distribuiccedilatildeo das Educadoras conforme suas concepccedilotildees antes de atender a crianccedila e apoacutes o periacuteodo em que atende o aluno que estaacute em inclusatildeo

Participante

Antes de atender a crianccedila Atualmente

E01 Sentiu-se bem por jaacute conhecer o caso

Sente-se bem

E02 Sentiu-se assustada Sente-se mais tranquila

E03 Sentiu-se feliz porque percebeu que era um desafio

Sente-se ainda insegura

E04 Sentiu-se assustada Sente-se contente com a evoluccedilatildeo da crianccedila

E05 Sentiu-se apavorada Sente-se triste

E06 Sentiu-se apreensiva Sente-se gratificada com a evoluccedilatildeo da crianccedila

E07 Sentiu medo Sente-se medo e inseguranccedila

E08 Sentiu-se apavorada Sente-se mais segura

E09 Sentiu-se assustada Sente-se mais tranquila mas ainda tem medo de atender a crianccedila quando estaacute sozinha

Participantes A quanto tempo

atende essa crianccedila

E01 1 mecircs

E02 4 meses

E03 9 meses

E04 9 meses

E05 3 meses

E06 9 meses

E07 9 meses

E08 9 meses

E09 6 meses

94

A grande maioria das participantes relatou que natildeo se sentiu muito

confortaacutevel quando soube que iria atender uma crianccedila de inclusatildeo em sua turma

Sentiram-se com medo assustadas e apavoradas Foram os sentimentos mais

considerados por elas A seguir apresentam-se alguns exemplos de relatos

A Educadora E02 afirma ter ficado assustada e pensou

fiquei assim o que a gente vai fazer neacute Com todo mundo como que a gente vai desempenhar o trabalho Pedagoacutegico o que a gente vai fazer Dai depois a gente foi vendo tentando adaptar mas pelo grau de deficiecircncia dela assim que era tatildeo gritante ela se desenvolveu muito bem neacute

Outra Educadora que tambeacutem afirmou ter ficado assustada justifica esse

sentimento pelo fato de ter muitas crianccedilas na turma e por natildeo ter espaccedilo para

trabalhar com a crianccedila especial Ainda afirma

ele precisa de amparo de atenccedilatildeo especiacutefica para o desenvolvimento dele Se eu dou atenccedilatildeo pra ele eu tenho que virar as costas para outros dezoito alunos (E04)

Vale destacar a percepccedilatildeo da Educadora E06 que disse ter ficado

apreensiva porque outras Educadoras falaram que crianccedilas com autismo satildeo

agressivas e violentas

Apenas duas Educadoras afirmaram que sentiram bem uma porque jaacute

conhecia o caso e a outra porque percebeu que poderia ter uma grande

oportunidade de aprendizado

Dentre o modo como se sentem atualmente quatro Educadoras ainda se

manifestaram de alguma forma desconfortaacuteveis com o que vem acontecendo no

atendimento e por conta disso revelam sentir medo inseguranccedila tristeza As

demais afirmaram que modificaram seu pensamento em relaccedilatildeo agrave crianccedila foco da

pesquisa

Merece destaque especialmente a fala das Educadoras E01 E03 e E05 que

afirmam respectivamente que se sente bem em atender a crianccedila mas se percebe

um pouco desamparada e limitada em relaccedilatildeo a atender as necessidades dela diz

sentir falta de ajuda e acredita que poderia ter feito muito mais pela aluna diz que

se sente triste porque natildeo consegue fazer com que a crianccedila evolua da forma

correta

95

Acredita-se que tais sentimentos poderiam ser minimizados diante de um

trabalho efetivamente feito em conjunto com os serviccedilos do Atendimento

Educacional Especializado o qual poderia servir entre outras coisas a construccedilatildeo

de estrateacutegias que sirvam de suporte para todos os envolvidos no processo inclusivo

- crianccedilas famiacutelias educadoras professoras comunidade entre outros

(BENINCASA 2011)

Entendendo que o processo de inclusatildeo tambeacutem serve agrave promoccedilatildeo do

desenvolvimento infantil foi questionado como elas faziam para saber se essa

crianccedila estava se desenvolvendo

E nesse sentido as Educadoras trouxeram em seus relatos diferentes modos

pelos quais acompanham e avaliam o desenvolvimento das crianccedilas foco do

processo inclusivo entre os quais se destacam a comparaccedilatildeo com as demais

crianccedilas da turma (E01 e E02) em acordo com a execuccedilatildeo das atividades propostas

para a turma (E03 e E04) conforme alteraccedilotildees no comportamento ocorridas durante

o periacuteodo em que o aluno estaacute em inclusatildeo (E05 E06 e E09) e por fim seguindo

ldquoinstinto maternordquo (E04)

Merece destaque as consideraccedilotildees da Educadora E04 ao dizer que por ser

matildee percebe como seu aluno em inclusatildeo se desenvolve Ela diz que as

educadoras que natildeo satildeo matildees provavelmente natildeo percebam o desenvolvimento do

aluno como ela percebe Consideremos a afirmaccedilatildeo da Educadora E05 por

exemplo que avalia o desenvolvimento por meio da visualizaccedilatildeo das alteraccedilotildees de

comportamento que a crianccedila manifesta antes era ldquotiacutemidardquo e agora eacute ldquoagressivardquo

Mas salienta ldquoa gente natildeo tem conhecimento se 2 anos que eacute o caso dela se taacute

desenvolvido ou natildeo se taacute bem ou natildeo taacuterdquo

As Educadoras satildeo unacircnimes em falar que aplicam as mesmas atividades

para toda a turma com rariacutessimos momentos em que conseguem adequar

totalmente uma atividade exclusivamente para a crianccedila que estaacute em inclusatildeo Elas

chamam atenccedilatildeo para o fato de que esses alunos seguem a rotina da turma sem

grandes problemas e que a relaccedilatildeo com o restante da turma eacute o ponto forte da

estimulaccedilatildeo da aprendizagem desse alunado que apresenta dificuldades

Se por um lado elas se sentem bem com o fato de a crianccedila acompanhar

grande parte das atividades da turma por outro haacute relatos em que se mostram

incomodadas por natildeo poderem dar a atenccedilatildeo necessaacuteria para a individualidade dos

alunos em inclusatildeo

96

A Educadora E03 afirma que a crianccedila que estaacute em inclusatildeo entra na

atividade como as outras pois natildeo apresenta muita dificuldade em acompanhar os

demais Inclusive a Educadora sugere que a aluna aprende muito com o estiacutemulo

originado espontaneamente nas relaccedilotildees com o restante da turma e comenta

eacute na convivecircncia com as outras crianccedilas que eu tocirc vendo que ela evolui bem mais do que se eu intervir em alguma coisa

Jaacute a Educadora E08 fala que elas estatildeo bem felizes com o desenvolvimento

do aluno e que fazem um trabalho ldquomeio instintivordquo imaginam o que pode ser bom

para a crianccedila e aplicam porque segundo ela ldquonatildeo tem rumo ele estaacute num mar e a

gente tem que velejar para algum lugarrdquo E de um modo geral as atividades satildeo as

mesmas para todas as crianccedilas Ela afirma tambeacutem que percebe que o maior

estiacutemulo para o aluno que atende natildeo estaacute vindo das atividades diretamente mas

das outras crianccedilas Ela conta que

eles chamam ele pra brincar pegam o brinquedinho eles pegam o brinquedinho e levam pra ele brincar() Eles ajudam muito tanto que a parte do balbuciar (que o aluno aprendeu) eacute porque eles estatildeo falando muito eles vatildeo falam com ele e ele fala tambeacutem ele responde

43 Seccedilatildeo 03 Processo Inclusivo na Educaccedilatildeo Infantil

Esta parte do estudo tem como base o conjunto de informaccedilotildees relatadas

pelas participantes e que versam sobre a) o significado da inclusatildeo b) o motivo da

inclusatildeo c) a opiniatildeo dos participantes a respeito da inclusatildeo d) como deveriam ser

as Educadoras e os Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil - CMEIs para atender

bem ao processo inclusivo e) como a famiacutelia pode ajudar no processo de inclusatildeo

f) como a professora do Atendimento Educacional Especializado - AEE pode

contribuir para a inclusatildeo g) referecircncias e apoios utilizados e indicados para que o

processo inclusivo ocorra com qualidade h) se os Centros Municipais de Educaccedilatildeo

Infantil - CMEIs e as Educadoras estatildeo preparados para o processo inclusivo i)

como se daacute a participaccedilatildeo das famiacutelias atualmente j) vantagens e desvantagens do

processo inclusivo no Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil - CMEI e k)

97

comentaacuterio e sugestotildees para melhorar o processo inclusivo nos Centros Municipais

de Educaccedilatildeo Infantil - CMEIs

Esses dados foram organizados em seis grandes eixos em conformidade com

os objetivos especiacuteficos da pesquisa a saber 431 Concepccedilotildees dos Participantes

sobre o Processo Inclusivo 432 Participaccedilatildeo no Processo Inclusivo 433

Avaliaccedilatildeo do Processo Inclusivo 434 Referecircncias e Apoios utilizados e indicados

para que o Processo Inclusivo ocorra com qualidade 435 Vantagens e

Desvantagens do Processo Inclusivo e 436 Sugestotildees e Comentaacuterios visando a

melhoria do Processo Inclusivo na Educaccedilatildeo Infantil

431 Concepccedilotildees dos Participantes sobre o Processo Inclusivo

Quando se questiona o que significa falar que a crianccedila estaacute em inclusatildeo eacute

possiacutevel perceber que o processo em si natildeo se mostra bem claro para as

participantes do estudo

As matildees datildeo ecircnfase no sentido de que estar em inclusatildeo eacute estar com

crianccedilas normais jaacute as professoras do Atendimento Educacional Especializado -

AEE e as educadoras demonstram menos homogeneidade nas respostas

Nas informaccedilotildees ofertadas pelas matildees foi possiacutevel evidenciar que o

significado de a crianccedila estar em inclusatildeo estaacute mais relacionado a

- Chance de estar com crianccedilas da mesma idade e de aprender coisas que natildeo

aprende em casa

- Estar com crianccedilas normais

- Refere-se agrave outra escolinha (ao Atendimento Educacional Especializado)

Nas respostas maternas que indicam que estar em inclusatildeo eacute estar com os

ldquonormaisrdquo elas demonstram que eacute o mesmo que estar com crianccedilas da mesma faixa

etaacuteria O que parece reduzir em muito a amplitude do que o fato pode representar

natildeo para as matildees e profissionais da educaccedilatildeo mas e principalmente para a

crianccedila que estaacute em inclusatildeo Longe de ter uma conotaccedilatildeo pejorativa os relatos

enfatizam que ldquoestar com os normaisrdquo eacute tambeacutem poder ter acesso a aprendizagens e

98

oportunidades de experiecircncias mais proacuteximas agraves adequadas e esperadas para a

faixa etaacuteria das crianccedilas Essa percepccedilatildeo materna parecer ter sido construiacuteda junto

aos proacuteprios motivos e objetivos pelos quais elas matricularam seus filhos nos

CMEIs estar com crianccedilas da mesma idade

A Matildee 03 salienta que ldquoa gente costuma falar que o CMEI deixou de ser

depoacutesito pra ser lugar de aprendizadordquo

Jaacute a Matildee 01 reforccedila a noccedilatildeo de que estar em inclusatildeo eacute ldquoestar com pessoas

normaisrdquo ao afirmar que um dos motivos da inclusatildeo de crianccedilas pequenas eacute que

elas precisam de estiacutemulos e que eacute necessaacuterio ldquobuscar esse estiacutemulo entre os

normaisrdquo

Como jaacute afirmado acima no relato das profissionais (Educadoras dos Centros

Municipais de Educaccedilatildeo Infantil e Professoras do Atendimento Educacional

Especializado) natildeo haacute homogeneidade na percepccedilatildeo do que significa estar em

inclusatildeo

Entre as Educadoras haacute uma tendecircncia de em semelhanccedila agraves matildees

afirmarem que estar em inclusatildeo eacute ldquoestar com normaisrdquo mas tambeacutem haacute aquelas

que dizem que eacute atender a crianccedila especial em sua particularidade e aquelas que

natildeo acreditam que o que estaacute ocorrendo seja inclusatildeo pelas condiccedilotildees precaacuterias

que percebem Logo o significado de afirmar que essa crianccedila estaacute em inclusatildeo

para o grupo das Educadoras eacute

- Estar com crianccedilas da mesma faixa etaacuteria

- Que o aluno eacute visto como uma crianccedila normal

- Estar com crianccedilas normais

- Tratar a crianccedila em sua particularidade

- Que o aluno natildeo seraacute tratado como diferente

- Significa responsabilidade

- Que a crianccedila estaacute ldquomisturadardquo com os demais

A maioria dos relatos evidencia certa tendecircncia em relacionar estar em inclusatildeo com

aspectos sociais e a natildeo diferenciaccedilatildeo do atendimento a esse alunado Os relatos

em destaque ilustram essas concepccedilotildees

99

Que ele estaacute inserido na sala que ele natildeo estaacute sendo tratado diferente que ele participa das atividades e faz parte do grupo apesar das dificuldades (E04)

Que ele estaacute dentro de uma sala com crianccedilas relativamente da mesma idade participando das atividades que todas as crianccedilas podem realizar se tornando membro de uma sociedade (E08)

Que ele estaacute incluso em um ambiente da faixa etaacuteria dele com outros tipos de crianccedila (E09)

Nos relatos das educadoras ainda eacute possiacutevel perceber que haacute contradiccedilotildees

no que elas pensam ser a inclusatildeo e o que elas vivenciam como inclusatildeo no dia a

dia de trabalho tal como para as educadoras E01 e E02

Para a educadora E01 estar em inclusatildeo significa dizer que a crianccedila estaacute

ldquomisturadardquo O que segundo ela

eacute essa a realidade que a gente vecirc entende Eacute um eacute misturar neacute[] Entatildeo hoje a gente recebe a crianccedila e sem saber o que fazer com ela Isso natildeo eacute inclusatildeo pra mim

Jaacute para a E02 estar em inclusatildeo significa ldquoresponsabilidaderdquo Essa educadora

se diz assustada com o tamanho da importacircncia de ter uma crianccedila em inclusatildeo na

Educaccedilatildeo Infantil e justifica dizendo

Porque eu penso seraacute que estou desempenhando um bom trabalho com ela Seraacute que isso taacute ajudando Seraacute que isso vai ser significativo no segundo semestre ou natildeo E ao mesmo tempo em que eu sinto por intuiccedilatildeo que sim de fato eu natildeo sei se a gente estaacute fazendo um bom trabalho com ela

No caso das Professoras do Atendimento Educacional Especializado as

respostas tambeacutem natildeo parecem ter uma concordacircncia entre si Nas respostas os

significados de afirmar que essa crianccedila estaacute em inclusatildeo foram

- Natildeo vecirc sentido de se falar que ela estaacute em inclusatildeo pois eacute uma crianccedila

normal como qualquer outra

- Eacute colocar a crianccedila no conviacutevio com os demais

- Significa que estaacute ocorrendo uma mudanccedila de paracircmetro

- Significa que a crianccedila estaacute tendo um atendimento diferente

100

A professora P01 enfatiza que estar em inclusatildeo no CMEI significa que o

aluno estaacute usufruindo de um direito que eacute de todas as crianccedilas Jaacute a P02 ressalta os

aspectos da possibilidade que a inclusatildeo tem de facilitar a socializaccedilatildeo da crianccedila

pequena P03 ao sugerir que a inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil eacute uma mudanccedila de

paracircmetro tambeacutem indica que estar no CMEI eacute um direito de todas as crianccedilas e

considera que quanto mais cedo for a ldquointervenccedilatildeordquo melhor para o futuro do aluno

penso que eacute uma evoluccedilatildeo muito grande na educaccedilatildeo Que eles tecircm o mesmo direito que qualquer outra crianccedila tem acho assim quanto mais cedo buscar ajuda buscar reabilitaccedilatildeo buscar superar as dificuldades melhor para a crianccedila para o seu desenvolvimento neacute

Eacute possiacutevel perceber que no conjunto das informaccedilotildees as contradiccedilotildees do que

significa estar em inclusatildeo satildeo grandes Desse modo diante dos dados oferecidos

pelas participantes haacute que se perceber que conforme jaacute assinalado por Carvalho

(2011) os termos utilizados nesse acircmbito aleacutem de reduzirem a condiccedilatildeo de sujeito

que ali participa tambeacutem podem induzir a geraccedilatildeo de preconceitos pois implicam

em praacuteticas e experiecircncias agraves quais natildeo eacute possiacutevel mensurar o impacto nas

particularidades das pessoas Tambeacutem Rodrigues (2006) chama a atenccedilatildeo para o

fato de que no momento em que alguns alunos e natildeo outros satildeo considerados e

apontados ndash e portanto fabricados ndash como sendo os diferentes jaacute inscrevemos

nesse processo em termos de separaccedilatildeo e uma diminuiccedilatildeo do outro processo que

eacute contraditoacuterio agravequilo que os textos das reformas anunciam e enunciam

Quanto agrave percepccedilatildeo das profissionais pode-se considerar que poderia ser

mais ampliada talvez ateacute mais homogecircnea caso houvesse mais discussotildees a

respeito do assunto entre o grupo Ter essa identidade nos significados poderia ser

um passo inicial para a construccedilatildeo do processo inclusivo na rede especialmente

mais voltado para as necessidades da crianccedila pequena e da proacutepria estrutura da

Educaccedilatildeo Infantil

Foi questionado qual seria a opiniatildeo delas diante da seguinte situaccedilatildeo se

algueacutem lhe perguntasse qual eacute o motivo de crianccedilas com deficiecircncia estarem

frequentando o CMEI o que vocecirc diria

As matildees indicam perceber que para a crianccedila estar no CMEI eacute uma oportunidade

de aprendizado diferente e mais amplo em relaccedilatildeo ao outros contextos aleacutem de ser

um direito Dentro das categorias evidenciadas nas falas das matildees apenas uma natildeo

101

soube o que falar as demais colocaram como motivo o de crianccedilas pequenas com

deficiecircncia poderem frequentar o CMEI

- Porque a crianccedila com deficiecircncia faz parte da sociedade

- Porque a crianccedila precisa de estiacutemulo

- Eacute um direito de todos

- Porque eacute um lugar de aprendizado

- O Centro Municipal de Educaccedilatildeo Infantil eacute para qualquer crianccedila

- Faz parte do processo educacional da crianccedila

A Matildee 03 salienta que ldquoa gente costuma falar que o CMEI deixou de ser

depoacutesito pra ser lugar de aprendizadordquo

Jaacute a Matildee 01 reforccedila a noccedilatildeo de que estar em inclusatildeo eacute ldquoestar com pessoas

normaisrdquo ao afirmar que um dos motivos da inclusatildeo de crianccedilas pequenas eacute que

elas precisam de estiacutemulos e que eacute necessaacuterio ldquobuscar esse estiacutemulo entre os

normaisrdquo

Alves (2007) tambeacutem percebeu que para os pais a instituiccedilatildeo de educaccedilatildeo

infantil era um ldquobom lugarrdquo para o seu filho se desenvolver com condiccedilotildees e ofertas

que as famiacutelias sentem natildeo poder oferecer aos filhos Os pais da pesquisa de Alves

(2007) indicavam sentirem-se desinformados e desqualificados frente aos

profissionais que satildeo especialistas

No caso das respostas das Educadoras a socializaccedilatildeo da crianccedila com deficiecircncia

tambeacutem eacute enfatizada como a parte positiva da inclusatildeo poreacutem indicam que haacute

muitas necessidades que esse processo traz e que devem ser repensadas e

revistas Essa tendecircncia de relacionar diretamente socializaccedilatildeo e inclusatildeo tambeacutem

foi verificada no estudo de Vitta Vitta e Monteiro (2010) Foram categorias

evidenciadas nas entrevistas destas participantes sobre o motivo de crianccedilas

pequenas com deficiecircncia poderem frequentar o CMEI

- Porque todas as crianccedilas precisam das mesmas oportunidades

- Que por tem direito de participar da Escola Regular

102

- Porque eacute importante a socializaccedilatildeo

- Ela diz que eacute algo obrigatoacuterio por lei

- Elas estatildeo no CMEI para ter conviacutevio social e para o seu desenvolvimento

- Eacute uma preparaccedilatildeo da crianccedila para o Ensino Fundamental

- Que o aluno eacute uma crianccedila normal independente das suas necessidades

- Que eacute importante o aluno ver outras crianccedilas

Apenas uma Educadora afirmou que natildeo saberia o que dizer caso fosse

questionada a esse respeito

Vale ressaltar que a Educadora E04 afirma que fica chateada de natildeo

conhecer mais para poder responder quando as outras Educadoras perguntam o

que essa crianccedila estaacute fazendo ali e se natildeo deveria estar numa Escola Especial Ela

afirma tambeacutem que a inclusatildeo soacute vai fazer diferenccedila para a crianccedila se a educadora

tiver conhecimento e um trabalho aplicado ao aluno

Novamente chama-se a atenccedilatildeo para o que Jesus (2008) reflete no que tange

a formaccedilatildeo docente para a inclusatildeo dizendo que o desafio maior que se apresenta

eacute tentar instituir outras praacuteticas de potencializaccedilatildeo dos saberes-fazeres de tal modo

que a presenccedila de alunos em situaccedilatildeo de desvantagem de qualquer natureza natildeo

seja paralisadora de accedilotildees docentes

Jaacute as professoras do Atendimento Educacional Especializado falam que aleacutem

da socializaccedilatildeo da crianccedila pequena tambeacutem a inclusatildeo contribui para que haja a

superaccedilatildeo de suas dificuldades e serve agrave preparaccedilatildeo para sua trajetoacuteria como

aluno Portanto dentro de seus relatos foi possiacutevel evidenciar as seguintes

categorias sobre o motivo de crianccedilas pequenas com deficiecircncia poderem frequentar

o CMEI

- Que eacute um direito e que eacute pra ela que foi feita a escola

- Toda crianccedila tem direito de participar independente da deficiecircncia

- Eacute importante que essa crianccedila conviva com outras crianccedilas

- Eacute uma determinaccedilatildeo legal

- Eacute uma questatildeo social

- Eacute uma oportunidade de guarda da crianccedila enquanto os pais trabalham

103

De modo geral a inclusatildeo oscila entre ser uma oportunidade de socializaccedilatildeo

e o respeito a um direito que eacute de todas as crianccedilas ndash o de ter acesso agrave

escolarizaccedilatildeo

Zorteacutea (2007) questiona a afirmaccedilatildeo que eacute corrente sobre qual o maior ganho

da inclusatildeo da crianccedila com deficiecircncia que segundo ela dizer que eacute apenas

ldquosocializaccedilatildeordquo eacute ignorar o que as relaccedilotildees sociais produzem de aprendizado de

forma impliacutecita Segundo a autora natildeo eacute possiacutevel separar os aspectos afetivos

cognitivos ou psicomotores da socializaccedilatildeo em si por exemplo

Quanto agrave ecircnfase dada agrave inclusatildeo como direito de acesso a escolarizaccedilatildeo e

oportunidades diversas de aprendizado e desenvolvimento pensa-se que haacute que se

considerar profundamente o que Soares (2006) alerta ao destacar que o fato de ter

crianccedila com necessidades especiais na escola natildeo significa que seja uma instituiccedilatildeo

inclusiva Ou seja a garantia do acesso agrave instituiccedilatildeo de Educaccedilatildeo Infantil e ao

Atendimento Educacional Especializado pode seguir a mesma loacutegica

Pensa-se que diante das informaccedilotildees oferecidas pelas participantes se faz

necessaacuterio discutir a importacircncia da inclusatildeo para aleacutem da socializaccedilatildeo enquanto

parte tambeacutem de um plano de intervenccedilatildeo precoce Principalmente quando se

percebe que nem todas as crianccedilas que tem deficiecircncia ou alteraccedilatildeo no

desenvolvimento frequentam serviccedilos em centros de referecircncia ou tem no

Atendimento Educacional Especializado a complementaccedilatildeo necessaacuteria para a

garantia de promoccedilatildeo do seu desenvolvimento e apoio agrave famiacutelia

Como exemplo disso pode-se citar que entre o grupo de crianccedilas dessa

pesquisa haacute uma aluna que tem Siacutendrome de Down e que natildeo frequenta nenhum

tipo de serviccedilo especializado na aacuterea da sauacutede e que vai para o AEE apenas uma

vez na semana durante 1 hora Pode-se inferir que para essa crianccedila estar no CMEI

eacute fundamental pois o periacuteodo de oito horas diaacuterias que ela passa laacute eacute onde se

encontra o maior contingente de experiecircncias de aprendizagem e de promoccedilatildeo de

seu desenvolvimento

104

432 ParticipaccedilatildeoAtuaccedilatildeo no Processo Inclusivo no CMEI

Investigar o modo como se daacute a participaccedilatildeo das Matildees Educadoras e

Professoras no processo de inclusatildeo da crianccedila pequena se justifica pois conforme

evidenciado por Bhering e Sarkis (2009) quando uma crianccedila ingressa na creche haacute

uma ampliaccedilatildeo de suas relaccedilotildees sociais e de sua famiacutelia Esse novo complexo de

interaccedilotildees passaratildeo a interferir de algum modo para a criaccedilatildeo e re-criaccedilatildeo de

diferentes crenccedilas valores haacutebitos formas de se relacionar de fazer e assim de

perceber o desenvolvimento dessa crianccedila Essa influecircncia eacute muacutetua entre os

sujeitos que se relacionam direta ou indiretamente E eacute nesse contexto que nossas

crianccedilas pequenas na atualidade se deparam para vivenciar sua infacircncia e nesta

pesquisa sua inclusatildeo no ensino regular (BHERING e SARKIS 2009)

Duas das quatro matildees participantes demonstraram ser bastante atuantes no

que se refere ao atendimento no CMEI Segundo seus relatos elas costumam levar

orientaccedilotildees dos especialistas que atendem seus filhos para as educadoras e para as

professoras do AEE Mas essas conversas com as educadoras natildeo raro costumam

ser na entrada ou na saiacuteda das crianccedilas do CMEI Isso se reflete de modo geral em

todas as matildees Todas costumam conversar sobre suas crianccedilas nos mesmos

momentos ndash entrada e saiacuteda do CMEI Enquanto as primeiras buscam informar as

educadoras sobre as ldquonovidadesrdquo acerca de suas crianccedilas as demais conversam

apenas sobre como foi o dia dos filhos no CMEI

Nos relatos maternos natildeo aparecem momentos nos quais foram discutidos e

produzidos conceitos objetivos ou planejadas abordagens para a inclusatildeo de seus

filhos e se isso ocorreu elas natildeo conseguiram identificar e incluir em seus relatos ndash

nem com as educadoras ou com as professoras do AEE A relaccedilatildeo que elas tecircm

com as professoras do Atendimento Educacional Especializado tambeacutem natildeo parece

contribuir efetivamente para sua percepccedilatildeo e interaccedilatildeo no processo inclusivo do

filho na maioria dos casos jaacute que duas matildees natildeo souberam dizer de que forma o

AEE poderia auxiliar na inclusatildeo dos filhos sendo que uma afirmou que o

atendimento individual da crianccedila seria o suficiente para tal

A interaccedilatildeo das matildees no processo inclusivo que ocorre no CMEI aparece

em desacordo com o que se verifica na literatura pertinente e na qual se recomenda

que a famiacutelia participe o maacuteximo possiacutevel dos atendimentos seja na Educaccedilatildeo

105

Infantil ou na Educaccedilatildeo Especial (BARROS 2003 CUEVAS 2003 MANCINI et al

2004 MARTINS e VIEIRA 2009 MACARINI SARTORI SACANI e VALENTINI

2010)

De outro modo quando comparada agrave interaccedilatildeo das matildees com o CMEI

cujos filhos estatildeo em inclusatildeo com outros estudos sobre crianccedilas sem deficiecircncia

os dados satildeo bem semelhantes e as interaccedilotildees satildeo em maioria relatadas como

aligeiradas realizadas no portatildeo e nos momentos de entrada e na saiacuteda do aluno

(LORDELO et al 2007 SOUZA 2008 CAMPOS et al 2011 FERNANDES 2011)

Ou seja o fato da inclusatildeo trouxe pouca modificaccedilatildeo no que tange agrave participaccedilatildeo

das matildees no atendimento dos filhos que estatildeo no CMEI

No que se refere agrave participaccedilatildeo das professoras do Atendimento

Educacional Especializado no processo inclusivo da crianccedila pequena dentro do

CMEI esse se mostra um pouco obscuro principalmente por parte dos relatos das

matildees e das educadoras Trecircs das matildees natildeo relacionaram o processo de inclusatildeo no

CMEI ao Atendimento Educacional Especializado e quatro das educadoras natildeo

souberam o que era o AEE As demais educadoras ao falarem sobre como o

Atendimento Educacional Especializado poderia contribuir com o processo de

inclusatildeo demonstraram natildeo ter muita clareza da funccedilatildeo e da abrangecircncia desse

atendimento

Na fala das proacuteprias professoras do Atendimento Educacional Especializado

sua participaccedilatildeo estaacute mais voltada para o atendimento direto agrave crianccedila pequena

Essa posiccedilatildeo eacute justificada tambeacutem pelo fato de que essas profissionais demonstram

natildeo ter muita clareza de qual eacute o seu papel diante da inclusatildeo da crianccedila pequena

Elas mesmas destacam que atender crianccedilas tatildeo pequenas traz novas

necessidades e perspectivas do seu trabalho antes apenas realizado com os alunos

do Ensino Fundamental

Quando questionadas sobre o atendimento com a crianccedila elas tambeacutem

indicaram que isso estaacute sendo definido Mesmo quando citam que desenvolvem

atividades de estimulaccedilatildeo eacute possiacutevel perceber que esse conceito natildeo estaacute bem

estabelecido para elas

Desse modo infere-se que entre as necessidades que surgem com a

inclusatildeo da crianccedila pequena nos CMEIs estaacute primordialmente estabelecida a de

que essas profissionais precisam ter espaccedilo tempo e recursos para melhor delinear

106

qual eacute a caracteriacutestica maior do seu atendimento quando este for voltado para a

Educaccedilatildeo Infantil

No que se refere agrave atuaccedilatildeo ou participaccedilatildeo das educadoras essas

demonstram que natildeo sabem lidar com o processo inclusivo Segundo elas natildeo haacute

orientaccedilatildeo suficiente nem conhecimento para que consigam construir um

planejamento voltado para a inclusatildeo das crianccedilas pequenas Elas relatam tambeacutem

que ensaiam algumas accedilotildees isoladas no dia a dia na tentativa de dar um

atendimento um pouco diferenciado para o aluno que estaacute em inclusatildeo conforme jaacute

indicado em subcapiacutetulo anterior

Em relaccedilatildeo agraves interaccedilotildees que ocorrem no processo de inclusatildeo tambeacutem

cabe ressaltar a relevacircncia que as relaccedilotildees entre as crianccedilas pequenas tomam

frente agrave promoccedilatildeo do desenvolvimento uns dos outros

Nos relatos das Educadoras fica evidente o importante papel das outras

crianccedilas no quesito citado acima

A Educadora E01 diz que percebe um ldquosentimento de solidariedade entre as

crianccedilas que eacute muito interessanterdquo e que

eles (educadores) tecircm um sentimento de ser igual aquela pessoa (que estaacute em inclusatildeo) que agraves vezes a gente que eacute adulto e que natildeo conviveu com crianccedilas com deficiecircncia a gente natildeo tem E eles que convivem eles tecircm O sentimento eacute assim de que ela eacute igual a gente mas algueacutem tem que se preocupar com ela

A Educadora E04 tambeacutem verificou algo semelhante ldquoas crianccedilas natildeo o

excluem Eles querem levar ele para brincar se ele natildeo vem eles vatildeo ateacute ele para

brincarrdquo

O que tambeacutem eacute reforccedilado pelo relato da Educadora E08 ldquoo estiacutemulo estaacute

vindo dos colegas eles chamam ele pra brincar pegam o brinquedinho e levam para

ele brincar [] Eles ajudam muitordquo

E nesse acircmbito Zorteacutea (2007) percebeu em seu estudo que o brincar

aparece reafirmado como uma estrateacutegia que possibilita a aproximaccedilatildeo entre as

crianccedilas constituindo-se como espaccedilos de produccedilatildeo de cultura nos quais podem

experimentar o pertencimento e que na inclusatildeo educacional as interaccedilotildees entre as

crianccedilas revelam-se como um processo dinacircmico e fundamental Isso porque os

encontros entre as crianccedilas satildeo reveladores de caminhos a serem percorridos e

desencadeadores das suas potecircncias e de seus pares em que compartilham

sentidos que nem sempre se mostram facilmente para os adultos (ZORTEacuteA 2007)

107

433 Referecircncias e Apoios utilizados e indicados para que o Processo

Inclusivo ocorra com qualidade

As entrevistadas informaram quais as maiores dificuldades em relaccedilatildeo a

atender as condiccedilotildees das crianccedilas pequenas com necessidades especiais o que

fazem ou quem procuram para resolver isso

Nos relatos das matildees apenas uma disse que tinha dificuldade em atender o

filho a qual estaacute relacionada ao comportamento do mesmo As demais natildeo

indicaram nenhuma dificuldade Quando ocasionalmente surgem duacutevidas ou

dificuldades sobre a crianccedila de modo geral elas procuram os profissionais da aacuterea

de sauacutede

Na presente pesquisa tambeacutem foi possiacutevel perceber se as matildees recebem

orientaccedilotildees sobre suas crianccedilas como se organizam em sua rotina em famiacutelia e

quais as referecircncias utilizadas por essas matildees quando aparecem duacutevidas sobre

como atender o filho

As Matildees 01 02 e 03 demonstraram que a rotina da crianccedila eacute bem corrida

pela quantidade de atendimentos que ocorrem na semana As Matildees 01 e 03

comentaram que quando estatildeo com o filho em casa buscam desviar as atividades

dos aspectos corretivos terapecircuticos e orientam os programas familiares agrave interaccedilatildeo

entre os demais membros atividades corriqueiras e de lazer Jaacute as Matildees 02 e 04

afirmaram que buscam estimular o filho em casa

A Matildee 01 quando recebe orientaccedilotildees sobre o filho que costumam vir dos

profissionais dos centros especializados que a crianccedila frequenta e da professora do

AEE

No caso da Matildee 03 a fonoaudioacuteloga passa algumas sugestotildees de atividades

mas quem atende mais essas necessidades eacute o avocirc materno Essa matildee busca ter

outra conduta com a filha devido ao pouco tempo que passam juntas diariamente

A Matildee 02 costuma receber orientaccedilotildees do centro especializado que a crianccedila

frequenta entatildeo tenta fazer em casa as atividades que passam para ela A Matildee 04

tenta realizar as orientaccedilotildees que a professora do AEE passa e algumas das

atividades que as educadoras fazem no CMEI e que contam para ela Essa uacuteltima

matildee quando tem duacutevidas sobre a filha busca o centro especializado para dirimi-las

108

Por fim nesse grupo de perguntas foi solicitado que elas informassem se

recebem ou jaacute receberam orientaccedilotildees sobre como atender o filho quem passou as

orientaccedilotildees como isso ocorre e sobre o que satildeo essas orientaccedilotildees

As Matildees 01 02 e 03 afirmam que recebem orientaccedilotildees de como atender a

crianccedila e quem passa geralmente satildeo os profissionais especialistas dos centros de

atendimentos nos quais seus filhos fazem parte

Jaacute a Matildee 04 conta que jaacute recebeu orientaccedilatildeo de alguns especialistas e da

professora do AEE e que atualmente conversa com as educadoras para saber o

que elas fazem no CMEI a fim de poder fazer as atividades em casa tambeacutem

Logo segundo as Matildees cada especialista passa a sua recomendaccedilatildeo de

modo separado dos demais Elas tambeacutem informaram que natildeo costumam participar

dos atendimentos dos filhos por vaacuterios motivos entre eles pelo fato de que natildeo satildeo

convidadas considerando-se que a crianccedila ficaria mais agitada ou mesmo porque

trabalham e natildeo tendo disponibilidade para participar

Destaca-se que um trabalho de intervenccedilatildeo precoce centrado na famiacutelia deve

considerar a participaccedilatildeo efetiva e ativa desta no processo de reabilitaccedilatildeo de

educaccedilatildeo e de desenvolvimento de seu filho (GINEacute GRACIA VILASECA e

BALCELLS 2009)

No caso do grupo das professoras do Atendimento Educacional

Especializado trecircs das participantes informaram como maior dificuldade a

adequaccedilatildeo do seu trabalho agrave condiccedilatildeo da crianccedila pequena que estaacute na Educaccedilatildeo

Infantil Isso porque elas natildeo sabiam como construir esse trabalho especificamente

voltado agraves caracteriacutesticas e necessidades da Educaccedilatildeo Infantil Tais dados permitem

afirmar que se faz necessaacuterio e urgente construir uma abordagem que defina melhor

o trabalho do Atendimento Educacional Especializado voltado para a Educaccedilatildeo

Infantil e que este englobe princiacutepios que evidenciem a crianccedila - como sujeito em

desenvolvimento suas necessidades na infacircncia a importacircncia dos contextos e de

suas relaccedilotildees com a inclusatildeo (famiacutelia CMEI entre outros) e tambeacutem o papel desse

professor diante da inclusatildeo e da promoccedilatildeo do desenvolvimento infantil

As professoras do Atendimento Educacional Especializado relatam

como sendo suas maiores dificuldades

- Adequar o trabalho do AEE para a crianccedila que estaacute na Educaccedilatildeo Infantil

109

- Medo de machucar a crianccedila

A professora P01 afirma que sua maior dificuldade foi definir e se adequar ao

trabalho voltado para a Educaccedilatildeo Infantil Segundo ela

vocecirc planeja dar aula pra vocecirc e natildeo pro aluno que natildeo sabe E eacute a questatildeo tradicional da Educaccedilatildeo Fundamental de querer ensinar a ler escrever e usar caderno e que a Educaccedilatildeo Infantil natildeo tem isso

P03 tambeacutem faz afirmaccedilotildees nesse mesmo sentido justificando porque sentiu

medo quando soube que iria atender uma crianccedila pequena

ai com bastante medo sinceramente com bastante medo Eu natildeo tinha tido experiecircncia com crianccedila pequena ainda mais com berccedilaacuterio Minha experiecircncia toda era no Ensino Fundamental com crianccedilas maiores e que praticamente natildeo possuiacuteam dificuldade neacute

A professora P03 diz que tem medo de machucar a crianccedila por natildeo ter

conhecimento suficiente para atender agrave condiccedilatildeo da mesma

E a professora P04 indica que tem dificuldade em estabelecer o que vai

trabalhar com a crianccedila e como vai fazer isso

Em relaccedilatildeo ao que fazem quando surgem as duacutevidas e dificuldades todas

fizeram referecircncia agrave equipe da Educaccedilatildeo Especial do muniacutecipio afirmando que

costumam trocar informaccedilotildees com os demais membros da equipe de avaliaccedilatildeo e

com as outras professoras do AEE

Todas informaram que receberam algumas orientaccedilotildees da equipe da

Educaccedilatildeo Especial sobre as condiccedilotildees das crianccedilas que iriam atender e que essas

orientaccedilotildees acontecem conforme surgem as necessidades ao longo dos

atendimentos

Jaacute no que se refere ao grupo das educadoras nesse quesito apenas duas

Educadoras (E02 e E08) afirmaram que natildeo possuem dificuldades em atender a

crianccedila em inclusatildeo As informaccedilotildees dadas pelas demais educadoras estatildeo

descritas a seguir

Dificuldades indicadas pelas Educadoras desta pesquisa agraves categorias

indicadas abaixo

110

- Dar atenccedilatildeo individualizada para a crianccedila em inclusatildeo

- Dificuldade de se comunicar com o aluno

- Quantidade de crianccedilas por turma

- Natildeo saber lidar com comportamento estereotipado do aluno

- Falta de informaccedilatildeo sobre as condiccedilotildees da crianccedila que estaacute em inclusatildeo

- Medo de machucar a crianccedila

Vale ressaltar alguns relatos entre os quais os das educadoras E01 E03

E04 e E05

A Educadora E01 percebe que a crianccedila precisaria de uma atenccedilatildeo mais

individualizada diariamente para desenvolver determinadas habilidades contudo as

educadoras natildeo conseguem disponibilizar esse momento pois as demandas da

turma satildeo muito grandes

Para a Educadora E03 o que mais chama atenccedilatildeo satildeo as dificuldades de

comunicaccedilatildeo com a crianccedila ldquoagraves vezes fico pensando se ela taacute entendendo o que

eu tocirc falando o que ela quer falar pra mim agraves vezes eu natildeo consigo entender

direitordquo

No caso da Educadora E04 foi citada como dificuldades a falta de informaccedilatildeo

para atender crianccedilas como o caso dele e o medo de fazer algo que possa

prejudica-lo Tambeacutem reforccedila a falta de tempo para dar atenccedilatildeo especiacutefica agraves

necessidades dele e a quantidade de crianccedilas por turma

E por fim a Educadora E05 fala da sala superlotada e da falta de

conhecimento em como atender agraves necessidades da crianccedila

no momento da alimentaccedilatildeo agraves vezes a gente natildeo tem como taacute dando alimento na matildeo na boca entatildeo ela mesma tenta se alimentar e agraves vezes cai [a comida] Ela natildeo se alimenta da forma correta

As participantes tambeacutem informaram o que fazem ou quem procuram quando

tem duacutevidas ou dificuldades sobre a crianccedila

Segundo as Educadoras quando surgem duacutevidas ou dificuldades em

atender a crianccedila que estaacute em inclusatildeo elas procuram

- Pedagoga do CMEI

111

- Colega de sala e a matildee do aluno

- Professora do AEE e matildee do aluno

- Colega de sala

- Tenta resolver sozinha

- Matildee do aluno

Segundo quatro das entrevistadas (E01 E02 E05 e E09) a referecircncia na

maioria dos casos de dificuldades ou duacutevidas satildeo as pedagogas dos CMEIs Poreacutem

haacute situaccedilotildees em que as Educadoras buscam resolver suas dificuldades sozinhas

direto com a colega de sala ou com a matildee do aluno

A Educadora E03 procura a colega de sala que eacute psicopedagoga e a matildee

quando eacute necessaacuterio Indica que natildeo procura a Pedagoga do CMEI porque percebe

que essa profissional tambeacutem natildeo tem muito conhecimento sobre esse assunto

Interessante perceber que a Educadora E07 busca pesquisar a respeito de

suas duacutevidas Quando possiacutevel pergunta para a professora do AEE e para a matildee da

crianccedila Ela diz que natildeo busca as Pedagogas do CMEI por perceber que tambeacutem

lhes falta experiecircncia e conhecimento sobre a crianccedila em inclusatildeo

E por fim as Educadoras E02 e E04 desabafam

Dificilmente algueacutem vem perguntar pra gente como a Manu estaacute Desde que a gente comeccedilou a trabalhar com ela nunca ningueacutem veio perguntar pra mim natildeo sei se para as outras meninas mas enquanto estou na sala ningueacutem veio Pra mim ningueacutem veio ningueacutem perguntar da crianccedila (E02)

Na realidade a gente acaba indo na sorte porque natildeo tem uma orientaccedilatildeo mesmo Eu procurei na internet por livros e natildeo achei nada que falasse de crianccedilas pequenas com esse problema [] Parece que as crianccedilas natildeo existem nessa eacutepoca Eacute muito triste Para berccedilaacuterios natildeo encontra atividades tambeacutem (E04)

Sobre se recebem ou receberam algum tipo de orientaccedilatildeo relativo ao

atendimento da crianccedila em inclusatildeo apenas uma educadora (E05) afirmou natildeo ter

recebido qualquer tipo de orientaccedilatildeo sobre como atender a crianccedila As demais

destacam que as orientaccedilotildees natildeo satildeo frequentes mas que jaacute as receberam em

algum momento ao longo desse periacuteodo em que atendem a turma

A Educadora E01 afirma que normalmente natildeo recebe orientaccedilotildees mas que

jaacute recebeu da pedagoga do CMEI A Educadora E02 diz que costuma conversar com

112

as Educadoras e quando necessaacuterio faz pesquisas na internet ou busca orientaccedilotildees

junto agrave Pedagoga Segundo a E03 jaacute recebeu informaccedilotildees da Pedagoga logo que a

crianccedila entrou na turma e teve um contato breve com a professora do AEE e com

uma das psicoacutelogas do municiacutepio Mas segundo ela esses contatos natildeo foram

suficientes para causar modificaccedilotildees em sala e afirma ldquodaiacute eu trabalho o que eu

acho com ela o que eu trabalho com os outrosrdquo

No caso das Educadoras E06 e E07 elas recebem orientaccedilotildees da matildee da

crianccedila que estaacute em inclusatildeo e da professora do AEE

Jaacute as Educadoras E04 E08 e E09 dizem que receberam a visita de uma

fisioterapeuta que foi designada especialmente para o caso do aluno e de uma

professora que ela natildeo entendeu bem quem era

Eacute perceptiacutevel por meio dos relatos anteriores que as orientaccedilotildees que elas

indicam que jaacute receberam ou que ainda recebem natildeo parecem ser determinantes no

que diz respeito a produzir modificaccedilotildees no processo de inclusatildeo da crianccedila

pequena

Guasselli (2005) ao realizar pesquisa com professoras do Ensino

Fundamental sobre o processo inclusivo tambeacutem percebeu que as mesmas

demonstravam crer na necessidade de ampliar seus conhecimentos acerca da

condiccedilatildeo de seu aluno e tambeacutem sentiam ndash se inseguras para desempenhar seu

trabalho com essa crianccedila

Drago (2005) verificou em seu estudo que quando as educadoras apresentam

uma concepccedilatildeo de inclusatildeo mal compreendida isso parece ajudar a promover uma

praacutetica docente permeada por preconceitos e estigmas

Claramente se percebe que cada grupo (matildees educadoras e professoras do

AEE) busca a seu modo a resoluccedilatildeo de problemas e duacutevidas que envolvem a

inclusatildeo e que isso se dando de maneira isolada natildeo contribui para que todos os

envolvidos possam refletir e aprender juntos Desse modo a inclusatildeo deixa de ser

uma questatildeo de todos para ser uma questatildeo de uns poucos Cabe destacar que

incluir natildeo eacute filantropia tatildeo pouco um ato solitaacuterio individual (RODRIGUES 2006) Eacute

preciso refletir e dar novo significado para o senso de coletividade e de cooperaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo aos apoios que seriam necessaacuterios para que o processo de

inclusatildeo se desse com qualidade as participantes foram unacircnimes em afirmar que

tanto as famiacutelias quanto a educadoras precisam disso

113

As participantes indicaram que para a famiacutelia eram apoios necessaacuterios

- grupo de pais

- apoio e orientaccedilatildeo de profissionais especializados

- incentivo para que aceite seu filho e o ldquomostrerdquo para a sociedade

- mais oportunidades de diagnoacutestico precoce

- maior acesso aos especialistas que atendem seu filho

- maior apoio das pedagogas do CMEI

- maior divulgaccedilatildeo do que satildeo as deficiecircncias

- mais apoio das professoras do AEE

Formiga e Pedrazzani (2004) em sua pesquisa trazem dados que

concordam com que foi indicado logo acima e acrescentam que tambeacutem eacute

fundamental que se estabeleccedilam programas de intervenccedilatildeo precoce de cunho

preventivo

Em outras palavras accedilotildees ou programas de atenccedilatildeo agrave infacircncia devem levar

em consideraccedilatildeo estrateacutegias de prevenccedilatildeo primaacuteria nas quais sejam evidenciadas

orientaccedilotildees de cunho educacional e informativo e tambeacutem de detecccedilatildeo precoce de

alteraccedilotildees no desenvolvimento e na sauacutede infantil (DIAZ-HERRERO e MARTINEZ-

FUENTES 2009)

Por outro lado Molinari et al (2005) consideram que na realidade brasileira

ainda haacute muito o que fazer no sentido de desenvolver accedilotildees integrais de promoccedilatildeo agrave

sauacutede infantil e que programas de vigilacircncia do desenvolvimento e promoccedilatildeo agrave

sauacutede devem contar com equipes multiprofissionais e partir de uma abordagem

ecossistecircmica Nesse sentido estrateacutegias de prevenccedilatildeo devem considerar a

importacircncia que os contextos tecircm para a promoccedilatildeo ou natildeo do desenvolvimento na

infacircncia e tambeacutem a inter-relaccedilatildeo entre tais ambientes

De outro modo as entrevistadas indicaram que as Educadoras precisariam

dos seguintes apoios

- Maior parceria com o departamento de Educaccedilatildeo Especial

- Apoio psicoterapecircutico no sentido de serem escutadas em suas dificuldades e

anseios

- Grupos de estudo sobre os casos de inclusatildeo

114

- Apoio psicopedagoacutegico no sentido de organizar melhor o trabalho com a crianccedila

- Apoio e orientaccedilatildeo constante de outros profissionais

Nos relatos das participantes houve uma incidecircncia grande em afirmarem que

as educadoras precisam de apoio e orientaccedilatildeo de profissionais especialistas tais

como psicoacutelogo terapeuta ocupacional fisioterapeuta entre outros

Para Mueller (2008) eacute importante proporcionar um conjunto de apoio social

para a famiacutelia tal como grupo de pais serviccedilo de aconselhamento familiar e

mobilizaccedilatildeo de amigos e comunidade Guasselli (2005) por sua vez percebeu o

peso que as professoras de turmas inclusivas atribuem aos especialistas Elas

deixam bem claro que satildeo os profissionais especializados que lhes indicaratildeo o

melhor caminho ou a melhor maneira de trabalhar com esse alunado

Igualmente se verifica o peso que um diagnoacutestico traz para as professoras O

diagnoacutestico e o apoio que especialistas trazem em si no discurso das professoras

com certa hierarquizaccedilatildeo na qual as uacuteltimas natildeo estatildeo no topo (GUASSELLI 2005)

Esse mesmo autor discute que as relaccedilotildees entre os profissionais especializados e

os professores em muitas situaccedilotildees vecircm baseadas em uma relaccedilatildeo de

desconhecimento e agraves vezes ateacute de desconsideraccedilatildeo do cotidiano da escola

Rodrigues (2006) questiona se eacute necessaacuterio ldquocriar reinventar e reproduzirrdquo um

discurso teacutecnico racional especializado sobre como estar preparado para receber

pessoas com necessidades educacionais especiais nas escolas

434 Avaliaccedilatildeo do Processo Inclusivo

Todas as participantes consideram a oportunidade de inclusatildeo para a crianccedila

pequena na Educaccedilatildeo Infantil algo positivo mesmo com as devidas ressalvas que

elas mesmas indicam Isso se justifica pelas modificaccedilotildees que todas percebem que

ocorreram no periacuteodo em que as crianccedilas estatildeo matriculadas E nesse sentido

pede-se atenccedilatildeo a algo que Guasselli (2005) aponta afirmando que haacute uma espeacutecie

de celebraccedilatildeo quando se tem um aluno com necessidades educacionais especiais

pois esse fato implica no ideal de que eacute politicamente correto ser uma escola

inclusiva Contudo ter um aluno com necessidade especial natildeo reflete

115

necessariamente uma accedilatildeo inclusiva de verdade Logo eacute positivo ter crianccedilas com

necessidade especial na Educaccedilatildeo Infantil e essa presenccedila parece ser o suficiente

para gerar grandes modificaccedilotildees no comportamento desse alunado mas haacute que

lembrar que soacute isso natildeo eacute suficiente para dar conta da complexa gama de

peculiaridades que o processo inclusivo traz em si

Ainda que todas afirmem que eacute positivo estar no CMEI metade das Matildees

consideraram que os CMEIs natildeo estatildeo preparados para a inclusatildeo e todas indicam

que as educadoras tambeacutem natildeo estatildeo preparadas para isso Ainda assim eacute

importantiacutessimo destacar que mesmo elas percebendo as dificuldades e o

despreparo das educadoras dos filhos as mesmas reconhecem e valorizam o

esforccedilo que essas profissionais fazem para atender as crianccedilas em inclusatildeo

As Professoras do Atendimento Educacional Especializado tambeacutem se

dividem em relaccedilatildeo aos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil estar ou natildeo

preparados Metade acredita que natildeo Jaacute sobre as educadoras trecircs das

profissionais consideram que tambeacutem natildeo estatildeo preparadas Uma das professoras

do Atendimento Educacional Especializado aponta para o fato de que as educadoras

satildeo muito ansiosas e que ainda se prioriza a crianccedila sem dificuldade dentro do

atendimento do Centro Municipal de Educaccedilatildeo Infantil

As Educadoras dos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil afirmam em

maioria que as instituiccedilotildees natildeo estatildeo preparadas para a inclusatildeo Segundo elas

falta estrutura apropriada Elas tambeacutem questionaram se estatildeo preparadas para

trabalhar com a inclusatildeo sendo que sete delas afirmam que natildeo haacute esse preparo e

duas manifestam as diferenccedilas entre as Educadoras mais jovens e as mais antigas

na profissatildeo

Todas as participantes quando falam que os Centros Municipais de

Educaccedilatildeo Infantil natildeo estatildeo preparados porque natildeo tecircm estrutura estatildeo se referindo

a adaptaccedilotildees que propiciem maior acessibilidade e menos riscos para todas as

pessoas que apresentem algum tipo de necessidade especial Entre as necessaacuterias

adaptaccedilotildees foram indicadas rampas barras de apoio portas mais largas e

brinquedos de sala e de parquinho

Quanto agraves Educadoras natildeo estarem preparadas foi indicado com muita

frequecircncia a falta de capacitaccedilatildeo especiacutefica para lidar com situaccedilotildees de inclusatildeo

Para Freitas (2006) em um grande nuacutemero de vezes o professor idealiza um aluno

sem se dar conta de que trabalhar com a diversidade eacute algo intriacutenseco agrave natureza da

116

atuaccedilatildeo docente esquecendo que natildeo faz sentido pensa-la como uma condiccedilatildeo

excepcional Segundo essa autora natildeo raro os cursos de formaccedilatildeo docente para a

inclusatildeo contribuem para a construccedilatildeo e para o fortalecimento de estereoacutetipos a

respeito da pessoa com necessidades educacionais especiais e sobre o proacuteprio

processo inclusivo

Segundo Freitas (2006) eacute necessaacuterio que as formaccedilotildees de docentes para

atuarem com inclusatildeo levem em consideraccedilatildeo a discussatildeo sobre a funccedilatildeo social da

escola sobre a importacircncia do trabalho docente orientando-os a aprender a

investigar sistematizar e produzir o conhecimento por meio da utilizaccedilatildeo de recursos

e materiais diversificados O objetivo maior eacute proporcionar a formaccedilatildeo de um

docente mais autocircnomo e consciente da complexidade de seu trabalho diante da

diversidade inegaacutevel de seu alunado especial ou natildeo

Propotildee-se que a formaccedilatildeo docente seja acima de tudo sempre voltada para

a inclusatildeo para uma escola para todos afim de que se desfaccedila ndash ainda que

lentamente ndash a ideia e o apego agrave do especialista de que sem ele natildeo haacute como

desenvolver um projeto inclusivo

435 Vantagens e Desvantagens do Processo Inclusivo

4351 As vantagens do Processo Inclusivo

Entre as concepccedilotildees maternas sobre as vantagens do processo inclusivo

foram as mais indicadas as que estatildeo listadas abaixo

- Socializaccedilatildeo da crianccedila que tem deficiecircncia

- Ajuda a diminuir o preconceito com a crianccedila que tem deficiecircncia

- Satisfaccedilatildeo da famiacutelia em ver os avanccedilos da crianccedila

- Preparaccedilatildeo para outras etapas da vida escolar da crianccedila que tem deficiecircncia

- Oportunidade de aprender coisas que em casa natildeo aprenderia

117

Consideremos que por parte dessas Matildees haacute uma supervalorizaccedilatildeo do que

o ambiente do Centro Municipal de Educaccedilatildeo Infantil oferece para sua crianccedila

quando relacionada com o que a famiacutelia pode oferecer

A Matildee 01 sugere que a inclusatildeo eacute uma oportunidade positiva afim de que

ldquoeles (pessoas de um modo geral) vejam que eacute uma crianccedila como qualquer outra

que pode estar junto com outras crianccedilas que eacute uma crianccedila boa que consegue

conviver que ele eacute bonzinhordquo

As Matildees 03 e 04 salientam que a inclusatildeo eacute uma oportunidade para que seus

filhos aprendam ldquocoisasrdquo que os pais por trabalharem o dia todo natildeo teriam

condiccedilotildees de lhes ensinar

A Matildee 03 ainda demonstra saber que o processo de inclusatildeo na atualidade

pode ocasionar dissabores para sua filha mas entende isso como algo proacuteprio para

que se evidencie um novo paradigma educacional Segundo ela

a fulana ainda pode ateacute sofrer um pouquinho mas quem vier depois dela natildeo E ela pode ateacute sofrer mas vai ser muito menos do que aquele que entrou na Escola haacute dez anos atraacutes

As Matildees datildeo vaacuterios exemplos dos aprendizados das crianccedilas sugerindo que

estatildeo satisfeitas com o fato de sua crianccedila estar no CMEI mesmo diante das

dificuldades ilustradas ao longo das entrevistas Outro ponto que merece destaque eacute

o quanto elas destacam o conviacutevio com as outras crianccedilas como um fator

fundamental para as transformaccedilotildees positivas no comportamento de seus filhos O

trecho logo abaixo ilustra bem esse posicionamento das matildees

Entatildeo ela taacute aprendendo aqui Como Vendo as outras crianccedilas Entatildeo ela procura imitar o amiguinho natildeo soacute a Educadora Ela procura o que o outro faz E isso eacute bom para os pais que trabalha neacute (Matildee 04)

Entre as Professoras do Atendimento Educacional Especializado foram

apontadas as seguintes vantagens do Processo Inclusivo

- A crianccedila vai usufruir dos seus direitos

- Socializaccedilatildeo da crianccedila que tem deficiecircncia

- Valorizaccedilatildeo da Educaccedilatildeo

- Valorizaccedilatildeo do trabalho da Educadora

118

- Ajuda a diminuir o preconceito com a crianccedila que tem deficiecircncia

- Desenvolvimento de valores nas pessoas envolvidas com a inclusatildeo (empatia

solidariedade altruiacutesmo entre outros)

- Oportunidade de aprender coisas que em casa natildeo aprenderia

- A inclusatildeo eacute fonte de informaccedilatildeo para a famiacutelia que tem uma crianccedila com

deficiecircncia

- Maior experiecircncia para as educadoras

- Para a crianccedila que tem deficiecircncia a maior vantagem eacute estar em um lugar seguro

A professora P01 destaca que a inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil ajuda as

pessoas a perceberem que ldquocom o passar do tempo a educaccedilatildeo vale a pena e daacute

certordquo

Eacute interessante destacar o comentaacuterio da P04 quando esta afirma que a

inclusatildeo pode ser um modo de se valorizar o trabalho das Educadoras

tambeacutem acredito assim que a Educadora tambeacutem vai se sentir mais uacutetil mais valorizada Porque eacute assim aquela crianccedila precisa de mim e ela vai ser mais afetiva porque ela vai ter que ter uma paciecircncia maior e vai ter que planejar mais o seu trabalho e vai ter que buscar vai ter que buscar pra poder trabalhar com aquela crianccedila

Jaacute as Educadoras dos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil

assinalaram as seguintes vantagens do processo inclusivo

- Socializaccedilatildeo da crianccedila que tem deficiecircncia

- Valorizaccedilatildeo do trabalho da Educadora

- Ajuda a diminuir o preconceito com a crianccedila que tem deficiecircncia

- Desenvolvimento de valores nas pessoas envolvidas com a inclusatildeo (empatia

solidariedade altruiacutesmo entre outros)

- Oportunidade de aprender coisas que em casa natildeo aprenderia

- Maior experiecircncia para as educadoras

- Para a crianccedila que tem deficiecircncia a maior vantagem eacute estar em um lugar seguro

enquanto os pais trabalham

A educadora E01 conta que as crianccedilas da turma criam naturalmente um

sentimento de cuidado e proteccedilatildeo em relaccedilatildeo ao aluno foco da inclusatildeo ldquoEles tem

119

um sentimento de ser igual agravequela pessoa que agraves vezes a gente que eacute adulto e que

natildeo conviveu com crianccedilas com deficiecircncia a gente natildeo tem e eles que convivem

eles temrdquo A entrevistada relatou vaacuterias situaccedilotildees em que as crianccedilas da turma

modificaram seu comportamento e demonstraram noccedilatildeo de que a outra crianccedila

precisava de apoio e proteccedilatildeo diferenciados

Segundo a educadora E05 nessa situaccedilatildeo especiacutefica natildeo haacute vantagens para

a crianccedila mas para alguns outros envolvidos

o fato dos pais natildeo terem onde deixar a crianccedila quando estatildeo trabalhando para as Educadoras terem percebido que Siacutendrome de Dow natildeo eacute um ldquomonstrordquo e para as merendeiras para as funcionaacuterias da limpeza e outros profissionais da creche eacute um aprendizado que natildeo eacute necessaacuterio ter doacute da crianccedila (E05)

As vantagens apontadas de forma comum aos trecircs grupos de participantes

(matildees professoras e educadoras) foram socializaccedilatildeo da crianccedila que tem

deficiecircncia ajuda a diminuir o preconceito com a crianccedila que tem deficiecircncia

oportunidade de aprender coisas que em casa natildeo aprenderia

Entre as profissionais da aacuterea de educaccedilatildeo (professoras e educadoras) as

vantagens que satildeo comuns aos dois grupos satildeo socializaccedilatildeo da crianccedila que tem

deficiecircncia valorizaccedilatildeo do trabalho da Educadora ajuda a diminuir o preconceito

com a crianccedila que tem deficiecircncia desenvolvimento de valores nas pessoas

envolvidas com a inclusatildeo (empatia solidariedade altruiacutesmo entre outros) ajuda a

diminuir o preconceito com a crianccedila que tem deficiecircncia oportunidade de aprender

coisas que em casa natildeo aprenderia maior experiecircncia para as educadoras e para a

crianccedila que tem deficiecircncia a maior vantagem eacute estar em um lugar seguro

4352 Desvantagens do Processo Inclusivo

Ao serem indagadas sobre se haveriam possiacuteveis desvantagens na inclusatildeo

na Educaccedilatildeo Infantil 03 Matildees responderam que sim e todas as 04 indicaram que a

inclusatildeo de crianccedilas pequenas no CMEI evidencia situaccedilotildees que se tornam

desvantagens tanto para a crianccedila quanto para as Educadoras

120

Segundo as Matildees participantes poderiam ser consideradas como

desvantagens atreladas ao Processo de Inclusatildeo da crianccedila pequena

- O fato de as educadoras natildeo saberem o que fazer com a crianccedila deixando-a

ociosa

- A educadora se sentir sobrecarregada por ter uma crianccedila especial na turma

- O fato de o atendimento na creche natildeo ser especializado faz com que a matildee

tenha receio de que a crianccedila venha a perder tempo em seu processo de

reabilitaccedilatildeo

- A rotina do Educador na sala de aula impede que se decirc atenccedilatildeo apropriada agrave

crianccedila especial

- Falta de um planejamento apropriado agrave crianccedila especial

- Falta de paracircmetros para saber o que fazer com as crianccedilas especiais

- A desvalorizaccedilatildeo do trabalho do educador

- Falta de atendentes (algueacutem que fique soacute com seu filho)

Pode-se perceber na fala das matildees que elas estatildeo de algum modo bem atentas

ao que ocorre com seus filhos dentro do CMEI

Por outro lado na concepccedilatildeo das Professoras do Atendimento Educacional

Especializado haacute uma maior incidecircncia em afirmarem que natildeo haacute desvantagens no

processo de inclusatildeo Duas das professoras afirmam que natildeo haacute nenhum tipo de

desvantagem na inclusatildeo da crianccedila pequena na Educaccedilatildeo Infantil Contudo uma

delas afirma que a ocorrecircncia de desvantagens vai depender de como a inclusatildeo

estaacute sendo realizada outra afirma que deveria ser considerado como desvantagem

o excesso de trabalho que a Educadora passa a ter quando haacute uma crianccedila com

necessidades especiais em sua turma

No conjunto de concepccedilotildees coletadas nas entrevistas das Educadoras dos

Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil 05 delas afirmam que a inclusatildeo da crianccedila

pequena natildeo apresentaria nenhum tipo de desvantagem Poreacutem uma delas defende

que a ocorrecircncia ou natildeo de desvantagens depende das condiccedilotildees nas quais se

verifica o processo inclusivo

Por fim 03 entrevistadas consideram como desvantagens oriundas da inclusatildeo

de crianccedilas pequenas com necessidades educacionais especiais

121

- Excesso de trabalho para a educadora

- O sofrimento que a crianccedila em inclusatildeo passa

- Falta de profissionais para o bom atendimento da crianccedila

- Diz que natildeo sabe se pode trazer algum tipo de desvantagem e que se preocupa

com o fato da inclusatildeo produzir algum trauma ou regressatildeo no desenvolvimento de

uma crianccedila em inclusatildeo

Desse modo percebe-se que na totalidade do grupo (17 participantes) 07

afirmaram que natildeo existem desvantagens no processo de inclusatildeo na Educaccedilatildeo

Infantil As matildees foram as que mais apontaram questotildees que podem ser

consideradas como desvantagens

Segundo Rodrigues e Lima-Rodrigues (2011) o objetivo da Educaccedilatildeo

Inclusiva natildeo se resume a uma mera mudanccedila curricular ou mesmo a permitir o

acesso de alunos com condiccedilotildees de deficiecircncia agrave Escola Regular trata-se portanto

de uma reforma mais profunda abrangendo os valores e as praacuteticas de todo o

sistema educativo tal como ele eacute comumente concebido E essa necessidade de

reforma profunda eacute possiacutevel de perceber a partir dos relatos que as entrevistadas

proporcionaram na presente pesquisa

436 Sugestotildees e Comentaacuterios visando agrave melhoria do Processo Inclusivo na

Educaccedilatildeo Infantil

Foi perguntado para as participantes se elas gostariam de deixar algum

comentaacuterio ou sugestatildeo sobre a realizaccedilatildeo da inclusatildeo da crianccedila pequena com

deficiecircncia na Educaccedilatildeo Infantil e em grande parte as sugestotildees se referem ao

atendimento da educadora no CMEI conforme eacute possiacutevel observar grupo a grupo

Entre os comentaacuterios e sugestotildees maternas elas indicam a) que as

educadoras tenham mais formaccedilatildeo especiacutefica para trabalhar com as crianccedilas de

inclusatildeo b) a criaccedilatildeo de um grupo de estudos de caso para discutir as deficiecircncias e

as experiecircncias inclusivas c) diminuir o nuacutemero de crianccedilas nas turmas de inclusatildeo

d) maior valorizaccedilatildeo do trabalho das Educadoras e) proporcionar melhor estrutura

de atendimento nos CMEIs para que a crianccedila natildeo precise sair desse espaccedilo para ir

122

a outro atendimento como acontece com o serviccedilo do AEE f) que as educadoras

tenham maior contato com os especialistas que atendem a crianccedila para que todos

falem a ldquomesma liacutenguardquo g) divulgaccedilatildeo da inclusatildeo h) disponibilizaccedilatildeo de uma

professora tutora para dar atenccedilatildeo individualizada para a crianccedila que estaacute no CMEI

e i) mais profissionais para fazer o diagnoacutestico dos filhos diminuindo o tempo de

espera para isso

A Matildee 01 afirma que agraves vezes as educadoras ficam sobrecarregadas tendo que

atender agraves necessidades da turma e ainda ter que dar conta dos comportamentos e

caracteriacutesticas da crianccedila que estaacute em inclusatildeo portanto com vistas a resumir isso

ela sugere

como todas as crianccedilas especiais natildeo conseguem ficar em sala de aula por muito tempo esperando que tenha alguma atividade como as outras crianccedilas a escola a creche poderia ver com a prefeitura se poderia estar disponibilizando uma pessoa pra ficar com essas crianccedilas

Um dos comentaacuterios da Matildee 02 destaca algo interessante e que reflete um

receio dela sobre a relaccedilatildeo crianccedila-educadora

formaccedilatildeo para essas educadoras contato com as fisioterapeutas contato com o lugar onde a crianccedila tem atendimento para atenderem em conjunto e natildeo prejudicar e natildeo atrasar a evoluccedilatildeo da crianccedila A professora estaacute lidando com vaacuterias crianccedilas em sala e se ela der um grito ou brigar com uma forma muito autoritaacuteria pode prejudicar a crianccedila que tem dificuldade que precisa de uma atenccedilatildeo especial A formaccedilatildeo vai ajudar o atendimento dela com as crianccedilas normais e as crianccedilas que estaacute em inclusatildeo

No conjunto dos comentaacuterios e sugestotildees das professoras do Atendimento

Educacional Especializado foram citados a) os profissionais da educaccedilatildeo devem

buscar mais conhecimento sobre a crianccedila pequena e sobre a sua inclusatildeo b) deve-

se construir a consciecircncia da comunidade sobre a inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil c)

deve-se divulgar mais o trabalho do Atendimento Educacional Especializado d)

divulgar mais a inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil e) divulgar mais as possibilidades de

formaccedilatildeo continuada na aacuterea f) ter mais Educadores por sala ou menos crianccedila por

turma de inclusatildeo g) apoio psicoterapecircutico para os professores do Atendimento

Educacional Especializado

A professora P01 afirma

123

acredito que a gente ainda precisa como melhoria de trabalho buscar muito mais conhecimento sobre a crianccedila e sobre a inclusatildeo Tambeacutem a gente precisa batalhar a consciecircncia da comunidade sobre a inclusatildeo na inclusatildeo infantil no ensino fundamental

Ela tambeacutem comenta que trabalha haacute muitos anos no municiacutepio e que natildeo sabia

que existiam esses serviccedilos de inclusatildeo e por conta disso destaca que eacute preciso

haver divulgaccedilatildeo dos serviccedilos das vitoacuterias

A professora P02 afirma que as educadoras tem que estar preparadas para

atender uma crianccedila com deficiecircncia e ela reforccedila ldquoaquele professor que gosta do

que faz tem que estar preparadordquo

Continuando com seus comentaacuterios a professora P02 aponta de modo simples e

certo ldquoTem profissionais que natildeo se dedicam e noacutes professores temos que dar o

melhor para os nossos alunos Quanto menor a crianccedila mais precisa de atenccedilatildeo e

carinhordquo

Jaacute a professora P04 faz um desabafo significativo quando associado a um

trabalho com qualidade

eu acho que eacute uma carga muito pesada pra noacutes professores do AEE porque assim a gente recebe da matildee aquela carga a matildee taacute cansada jaacute fez assim e tal e tal aiacute a gente vai no CMEI com as Educadoras ou nas Escolas dai a gente recebe essa carga tambeacutem Daiacute eacute a carga que a gente jaacute tem que eacute a proacutepria crianccedila e a responsabilidade puxa vida Todo mundo taacute vendo que eu sou a salvadora que eu vou dar conta de tudo dai vocecirc fica angustiada

Lembra-se que haacute muitos valores impliacutecitos no princiacutepio da inclusatildeo de pessoas

com necessidades especiais alguns amplamente conhecidos e outros por conhecer

ou pouco mencionados (CARDOSO e BUCKLEY 2011) E por isso mesmo se faz

necessaacuterio buscar perceber o que permeia esse complexo processo tal como o que

eacute relatado pela professora P04 ou mesmo pelas demais participantes desse estudo

Pois na atualidade o que se busca eacute uma revoluccedilatildeo natildeo somente na Educaccedilatildeo

Especial mas em toda a praacutetica educativa justamente porque a inclusatildeo exige

que todos recebam o apoio que eacute necessaacuterio para participaccedilatildeo na comunidade a

que pertencem (CARDOSO e BUCKLEY 2011)

Nos comentaacuterios e sugestotildees das educadoras dos Centros Municipais de

Educaccedilatildeo Infantil foram evidenciados a) formaccedilatildeo de um grupo para discutir os

casos de inclusatildeo b) maior divulgaccedilatildeo da inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil c) mais

formaccedilatildeo especiacutefica para a inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil d) necessidade de

124

melhorar o espaccedilo fiacutesico e) diminuir o nuacutemero de crianccedila por turma f) criaccedilatildeo de

campanhas de conscientizaccedilatildeo da comunidade sobre as possibilidades da inclusatildeo

na Educaccedilatildeo Infantil g) deveria haver uma pessoa que fizesse a ponte entre todos

os que atendem a crianccedila para que tivessem acesso ao mesmo niacutevel de

entendimento sobre a crianccedila

Entre as educadoras vale a pena ressaltar alguns dos comentaacuterios que foram

expressos por elas entre os quais o da E01 e no qual afirma que ldquoeu acho que a

gente tenta mas faz mais intuitivo e pouco teacutecnico saberdquo

A educadora E02 ao indicar que seria necessaacuterio haver mais divulgaccedilatildeo da

possibilidade de incluir a crianccedila pequena no CMEI justifica

eu natildeo sabia que podia trazer para o CMEI Entatildeo divulgar assim para os pais que querem desde cedo trazer assim e para que estas crianccedilas venham assim Divulgar essa ideia da inclusatildeo assim tambeacutem para as professoras para as tias dos CMEIS tambeacutem que natildeo tem muita ideia de que isso pode acontecer

E tambeacutem afirma

eu queria falar que meu trabalho eacute muito gratificante Tenho aprendido muito Desde que eu comecei a trabalhar com ela o meu olhar sobre a Siacutendrome de Down mudou completamente

A educadora E07 faz um desabafo em relaccedilatildeo ao trabalho na Educaccedilatildeo

Infantil

a Educaccedilatildeo Infantil eacute desvalorizada porque muitos acham que as crianccedilas vecircm aqui passar o tempo e como os pais vatildeo trabalhar eles ficam aqui soacute pra brincar A gente tem a funccedilatildeo de educa-los A gente contribui educa corrige no que for preciso falta reconhecimento na Educaccedilatildeo Infantil

E acrescenta em relaccedilatildeo agrave Inclusatildeo

falta a conscientizaccedilatildeo da comunidade da famiacutelia dos educadores um trabalho da secretaria com relaccedilatildeo a isso com cursos que chamem a populaccedilatildeo a comunidade toda a se interessar porque infelizmente eacute vista com maus olhos

Jaacute a educadora E09 sugere que as educadoras natildeo sintam medo como ela

sentiu no iniacutecio do atendimento que busquem conhecimento e a superaccedilatildeo das

suas dificuldades e que ldquofaccedilam seu trabalho com amor e com carinho porque a

inclusatildeo eacute uma coisa nova e diferente mas eacute muito bomrdquo

125

44 Da necessidade de se observar e atuar na infacircncia enquanto etapa crucial

de desenvolvimento

Haacute a necessidade de se discutir natildeo soacute as especificidades da crianccedila que estaacute

em inclusatildeo mas de se determinar primeiramente quais satildeo as peculiaridades de

uma crianccedila na faixa etaacuteria atendida

Portanto faz-se imprescindiacutevel rever concepccedilotildees acerca do que vem a ser o

desenvolvimento humano e os elementos que o constituem e o que nele interferem

profundamente assim como discutir e rever fatores de risco e de proteccedilatildeo E apoacutes

se ter estabelecido a ideia de crianccedila em desenvolvimento estabelecer paracircmetros

de observaccedilatildeo acompanhamento e avaliaccedilatildeo perceber e discutir quem eacute essa

crianccedila que estaacute em inclusatildeo pois na Educaccedilatildeo Inclusiva deve comprometer-se a

desenvolver uma pedagogia capaz de educar todas as crianccedilas com sucesso e

tambeacutem porque o acesso da crianccedila com necessidades especiais agrave educaccedilatildeo

infantil pode ser considerado como um ritual que marca sua condiccedilatildeo de crianccedila

(SORIANO 1999 ZORTEacuteA 2007)

Sendo reconhecidamente estabelecido que os primeiros anos de vida satildeo

fundamentais para o crescimento desenvolvimento e aprendizagem de qualquer

indiviacuteduo pensar em desenvolvimento infantil tambeacutem requer que se reflita sobre

quais as necessidades que as crianccedilas pequenas com ou sem necessidades

educacionais especiais possuem E nesse caso pode-se afirmar que na primeira

infacircncia certamente haacute a necessidade de interaccedilotildees emocionais seguras em

ambientes que proporcionem oportunidades de aprendizagem seguras e ricas

(BAZELTON e GREENSPAN 2002)

Em acordo com Bronfenbrenner e Evans (2000) para ocorrer o desenvolvimento

de uma pessoa ela precisa participar ativamente de interaccedilotildees reciacuteprocas de

complexidade crescente com pessoas com as quais desenvolve apego forte muacutetuo

e irracional e que com o tempo se comprometa com o bem-estar e

desenvolvimento dos outros Logo especialmente para a crianccedila pequena com

necessidades educacionais especiais eacute fundamental que o profissional tenha um

bom conhecimento sobre desenvolvimento humano principalmente relacionado agrave

faixa etaacuteria que atende e sobre qual eacute o seu papel diante dessa crianccedila Isso

porque eacute necessaacuterio que ele seja capaz de perceber tanto lacunas no

desenvolvimento quanto habilidades jaacute alcanccediladas e suas relaccedilotildees com a faixa

126

etaacuteria da crianccedila e com suas caracteriacutesticas pessoais orgacircnicas culturais entre

outros Aleacutem de que deve ser capaz de estabelecer planos e estrateacutegias para

intervir e avaliar seu trabalho e o desenvolvimento infantil E isso cabe tanto agraves

educadoras da Educaccedilatildeo Infantil quanto agraves professoras do Atendimento Educacional

Especializado pois ambos os grupos trabalham diretamente com o desenvolvimento

na infacircncia

O estabelecimento e a manutenccedilatildeo das interaccedilotildees entre o cuidador e a crianccedila

dependem da disponibilidade e do envolvimento de outro adulto (terceira pessoa)

que daacute apoio e encoraja a pessoa que cuida e interage com a crianccedila (BHERING e

SARKIS 2009) No caso da presente pesquisa pode-se perceber que em vaacuterios

momentos as matildees fazem esse papel de encorajamento como por exemplo ao

buscar levar informaccedilotildees para as educadoras em relaccedilatildeo aos filhos Contudo tal

funccedilatildeo natildeo eacute evidente quando se observa o papel da professora do Atendimento

Educacional Especializado nem junto agraves matildees muito menos em relaccedilatildeo agraves

educadoras

Eacute importante lembrar que o contexto assim como a pessoa tem caracteriacutesticas

que satildeo instigadoras de desenvolvimento (BHERING E SARKIS 2009) O contexto

do Centro Municipal de Educaccedilatildeo Infantil se enquadra nesse paracircmetro enquanto

ambiente distinto do familiar especialmente por conter objetos siacutembolos ambientes

e pessoas que se mostram como estiacutemulos muito diversos dos familiares Contudo

eacute algo que ocorre por si soacute sem planejamento ou adaptaccedilotildees Ou seja as proacuteprias

educadoras informam que natildeo haacute preparaccedilatildeo ou planejamento algum para que tal

ambiente se torne instigador para a crianccedila que estaacute em inclusatildeo Isso de algum

modo parece incomodar algumas profissionais pois o natildeo planejamento nem

sempre se daacute como uma escolha delas mas como uma falta de conhecimento em

como proceder

No que se refere agrave interaccedilatildeo com as outras crianccedilas da turma o que foi referido

como positivo e importante elemento promotor de desenvolvimento e de

aprendizagem das crianccedilas em inclusatildeo lembra-se que esta natildeo pode se resumir

apenas e somente a atividades e accedilotildees realizadas ao acaso Pois a relaccedilatildeo com o

outro tambeacutem crianccedila pode provocar impactos tanto positivos quanto negativos em

quem estaacute em inclusatildeo lembrando que a turma responde ao modelo de

entendimento e aceitaccedilatildeo do diferente conforme for apresentado por suas

educadoras (DRAGO 2005)

127

De todo modo Zorteacutea (2007) fala que as crianccedilas pequenas querem estar umas

com as outras e isso eacute fundamental para que se crie laccedilos e paracircmetros sociais de

pertencimento e de identidade e isso foi possiacutevel de perceber nos relatos das

educadoras Portanto cabe aos familiares educadoras e professoras de

Atendimento Educacional Especializado que levem em consideraccedilatildeo a interaccedilatildeo

com outras crianccedilas tambeacutem como elemento de construccedilatildeo do processo inclusivo

sem no entanto consolidar o estigma que jaacute existe entre os ldquonormaisrdquo e os

ldquoinclusosrdquo

Contudo haacute que se estabelecer tanto entre as famiacutelias quanto entre as

profissionais da educaccedilatildeo estrateacutegias que auxiliem a perceber acompanhar e

avaliar o processo de desenvolvimento infantil Para que assim todos possam

interagir com a crianccedila no sentido de natildeo soacute promover seus aspectos

desenvolvimentais mas tambeacutem de identificar possiacuteveis riscos e alteraccedilotildees de

forma precoce para em decorrecircncia disso intervir com qualidade e seguranccedila E

nesse sentido concorda-se com Diaz ndash Herrero e Martinez ndash Fuentes (2009)

quando essas autoras afirmam que especialmente o ambiente da escola serve

como contexto para minimizar os efeitos de atrasos e de condiccedilotildees anocircmalas do

desenvolvimento infantil Mas isso soacute vai ocorrer quando o ambiente escolar

conseguir se adequar agraves necessidades da crianccedila do contraacuterio falharaacute enquanto

fator de proteccedilatildeo agrave infacircncia (DIAZ ndash HERRERO e MARTINEZ ndash FUENTES 2009)

Para tal faz-se urgente a necessidade de estabelecer accedilotildees que visem agrave

adequaccedilatildeo estrutural das instituiccedilotildees que atendem a infacircncia para que se

constituam em ambientes seguros e promotores do desenvolvimento infantil de

qualquer crianccedila Assim como construir e aplicar programas que levem em

consideraccedilatildeo a orientaccedilatildeo e o apoio contiacutenuo agraves famiacutelias membros da comunidade

profissionais da educaccedilatildeo e demais interessados enquanto espaccedilos coletivos de

discussatildeo reflexatildeo e formaccedilatildeo acerca do desenvolvimento e seus fatores de risco e

de proteccedilatildeo

128

45 Do reconhecimento da importacircncia dos contextos e suas inter-relaccedilotildees

Bronfenbrenner (1989) tambeacutem assinala a necessidade de haver poliacuteticas

puacuteblicas e accedilotildees que funcionem como suporte agraves atividades de educar crianccedilas de

forma ampla abrangendo pais cuidadores professores parentes amigos

vizinhos parceiros de trabalho e tambeacutem as instituiccedilotildees poliacuteticas econocircmicas e

sociais da sociedade como um todo

No presente estudo em acordo com os relatos haacute a percepccedilatildeo do papel dos

contextos como elementos importantes especialmente no que se refere agrave famiacutelia e

agraves instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Infantil Contudo essa percepccedilatildeo natildeo eacute suficiente para

que se verifique uma efetiva relaccedilatildeo entre os contextos

Portanto haacute a necessidade de se discutir tanto com a famiacutelia quanto com os

profissionais e membros da comunidade a importacircncia de um trabalho coletivo e

colaborativo quando se trata de construir um processo de inclusatildeo especialmente

na primeira infacircncia para que todos se percebam como agentes mediadores da

promoccedilatildeo do desenvolvimento infantil e da inclusatildeo em si

A relaccedilatildeo entre os contextos as caracteriacutesticas da pessoa e processos proximais

eacute pertinente na medida em que ambientes especialmente preparados para as

crianccedilas satildeo vitais e as interaccedilotildees ali estabelecidas satildeo determinantes para o seu

desenvolvimento (BHERING e SARKIS 2009) Eis aqui outro aspecto que as

participantes demonstraram em seus relatos a pouca preparaccedilatildeo para atender o

alunado em inclusatildeo Diante do que foi afirmado por Bhering e Sarkis (2007) eacute

possiacutevel inferir que isso ao longo do tempo pode gerar impactos negativos no

desenvolvimento e na aprendizagem desse alunado que estaacute construindo sua

trajetoacuteria tanto como pessoa quanto como aluno

Ainda que a crianccedila permaneccedila o dia todo na instituiccedilatildeo isso natildeo invalida o

papel da famiacutelia no que se refere agrave participaccedilatildeo no processo de inclusatildeo e da

estimulaccedilatildeo do desenvolvimento do filho e deve-se lembrar que o que ocorre na

famiacutelia afeta a instituiccedilatildeo na qual a crianccedila estaacute e vice-versa (BRONFENBRENNER

1986) Portanto concorda-se com Bronfenbrenner (1989) quando esse autor propotildee

que o funcionamento efetivo do processo de educar crianccedilas no contexto familiar e

em outros contextos tais como os Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil

requer que haja padrotildees de trocas de informaccedilatildeo estabelecidos e contiacutenuos aleacutem

129

de confianccedila muacutetua entre os principais ambientes nos quais as crianccedilas e suas

famiacutelias vivem

O compartilhamento de praacuteticas educativas familiares e escolares eacute um dos

passos importantes para o sucesso das instituiccedilotildees educacionais do desempenho e

desenvolvimento dos profissionais a frente das iniciativas das relaccedilotildees entre os

responsaacuteveis pelos processos educativos formais e informais e acima de tudo

para o desenvolvimento integral das crianccedilas (BHERING e SARKIS 2009)

Lembrar-se tambeacutem que quando se trata especificamente de crianccedilas com

alteraccedilotildees no desenvolvimento ou deficiecircncia o sucesso de programas de

intervenccedilatildeo precoce depende em grande parte da integraccedilatildeo de esforccedilos da

comunidade local e da famiacutelia (MUELLER 2008)

46 Da consideraccedilatildeo e discussatildeo das novas concepccedilotildees acerca da Inclusatildeo

Conforme Sanches e Teodoro (2007) eacute preciso saber o que queremos significar

quando falamos da inclusatildeo de um aluno na escola e quais os indicadores que nos

permitem afirmar que a crianccedila estaacute incluiacuteda ou natildeo Dentro do grupo entrevistado

haacute alguns indicadores estes estabelecidos de forma intuitiva baseada no senso

comum e em pouco conhecimento sobre o tema Contudo eacute preciso dar novo

significado ao que eacute inclusatildeo de modo que deixe de ser moda e de gerar ideias

errocircneas e simplistas de sua aplicaccedilatildeo ou que justificam sua impossibilidade

(RODRIGUES 2006)

Ao se inferir que eacute necessaacuterio considerar e discutir as novas concepccedilotildees acerca

da inclusatildeo isso quer dizer que natildeo eacute mais tempo de questionar se o que se faz eacute

integraccedilatildeo normalizaccedilatildeo ou inclusatildeo Mas de partir dos conceitos que as

profissionais e as famiacutelias jaacute trazem e dar novo significado a eles sem

desconsideraacute-los Parte-se do princiacutepio que o fato da inclusatildeo natildeo eacute mais uma

ldquogranderdquo novidade pois de algum modo ela permeia nosso dia-a-dia Contudo nem

todos demonstram essa consciecircncia O que parece ocorrer eacute que a inclusatildeo em si

se tornou uma possibilidade mal divulgada e pouco discutida o que a torna uma

realidade distante ainda que natildeo seja verdade

130

Quando se diz que eacute mal divulgada eacute no sentido de que as pessoas sabem que

tem que ldquoincluir os diferentesrdquo - muito se afirma nas miacutedias que todos satildeo diferentes

que deve haver respeito e igualdade de oportunidades para todos - mas sabem elas

quem satildeo esses diferentes Sabem elas onde eles devem ser incluiacutedos Quando se

referencia que a inclusatildeo eacute uma possibilidade pouco discutida eacute que natildeo o

suficiente apenas ter informaccedilotildees sobre a inclusatildeo Faz-se necessaacuterio discutir

refletir re-significar e ampliar a concepccedilatildeo do que eacute a inclusatildeo desde quando se eacute

sujeito e qual eacute o objetivo da inclusatildeo E quando se afirma que a inclusatildeo eacute uma

possibilidade distante eacute porque ela se torna exatamente isso para determinadas

pessoas especialmente no caso das educadoras e professoras que tem em seu rol

de formaccedilatildeo dados informaccedilotildees ou experiecircncias que tratem do processo inclusivo

Diante disso eacute possiacutevel pensar que um dos aspectos que faltam agrave formaccedilatildeo eacute dar

sentido ao que os envolvidos trazem seja como experiecircncia de vida ou como

formaccedilatildeo acadecircmica

Quando se percebe que segundo as participantes a inclusatildeo serve agrave

socializaccedilatildeo que eacute um direito que eacute uma oportunidade que eacute vantajoso que eacute a

chance da crianccedila estar em um lugar seguro elas estatildeo tambeacutem indicando

concepccedilotildees que de algum modo fundamentam sua relaccedilatildeo com a crianccedila Natildeo

obstante esses fatos natildeo devem ser tomados como base se julgamento de suas

competecircncias habilidades ou eficiecircncia em compreender e buscar atender o aluno

da melhor maneira possiacutevel - ainda que essa maneira natildeo se enquadre no que

academicamente eacute desejaacutevel ou recomendaacutevel

Dentro de uma escola para todos esse ldquotodosrdquo deve envolver tambeacutem os sujeitos

que ali se envolvem seja a crianccedila com deficiecircncia matildee a professora profissionais

Fernandes Bolsanello e Ceretta (2009) apontam para o fato de que a inclusatildeo

passa necessariamente pela possibilidade de assegurar agraves crianccedilas agraves famiacutelias e

aos professores apoio formaccedilatildeo e condiccedilotildees praacuteticas pois estas satildeo questotildees

imprescindiacuteveis para que a inclusatildeo de fato aconteccedila

Concorda-se com Sanches e Teodoro (2007) quando esses autores afirmam que

haacute muitos obstaacuteculos que podem ser enunciados para natildeo ser praticada uma

educaccedilatildeo inclusiva mas o verdadeiro obstaacuteculo estaacute na forma de pensar na e sobre

a diferenccedila e da disponibilidade daiacute decorrente

131

47 Da consideraccedilatildeo das (necessaacuterias) transformaccedilotildees que vem ocorrendo na

Educaccedilatildeo Infantil

Facilmente se percebe as muacuteltiplas transformaccedilotildees que vecircm se desenrolando ao

longo das uacuteltimas deacutecadas na Educaccedilatildeo Infantil Mudanccedilas que implicam no

reconhecimento do papel da instituiccedilatildeo enquanto serviccedilo necessaacuterio agrave matildee

trabalhadora na contemporaneidade no sentido de ser espaccedilo de promoccedilatildeo do

desenvolvimento na infacircncia e alteraccedilatildeo da identidade da educadora enquanto

profissional da educaccedilatildeo agente de desenvolvimento e aprendizagem Deve-se

agregar a esses itens tambeacutem os aspectos relacionados agrave possibilidade de

inclusatildeo de bebecircs e de crianccedilas pequenas nas instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Infantil

Desse modo deve-se reconhecer que ter uma crianccedila especial na turma faz com

que a educadora da Educaccedilatildeo Infantil tenha que repensar seu papel mais uma vez

agora no que se refere a aspectos que ateacute pouco tempo atraacutes cabiam apenas ao

professor da Educaccedilatildeo Especial Junto a isso deve-se ater ao fato de que a

instituiccedilatildeo em si em termos estruturais tambeacutem deve rever seus ambientes

materiais condiccedilatildeo de acesso e permanecircncia desse alunado

Reforccedila-se que natildeo eacute mais tempo de se pensar na inclusatildeo como algo distante

fora da realidade do Ensino Regular para o momento considere-se que eacute

imprescindiacutevel ver que a inclusatildeo para ser como tal tem que ser total radical natildeo

podendo haver ldquoporeacutensrdquo E eacute nessa radicalidade que se verificam as devidas

necessidades de transformaccedilatildeo real e profunda sem preacircmbulos ou desculpas Soacute

se aprende a fazer uma escola inclusiva na accedilatildeo e discussatildeo a respeito Como

saber quais as condiccedilotildees ideais para que a inclusatildeo ocorra mantendo os diferentes

longe dessa escola Eacute preciso ver sentir experenciar conviver ouvir e ir

construindo a caminhada durante o proacuteprio percurso

Por isso merece destaque o que Mantoan (2006) afirma e para a qual a inclusatildeo

eacute produto de uma escola plural democraacutetica e transgressora o que provoca uma

crise escolar ou melhor uma crise de identidade institucional que por sua vez abala

a identidade dos professores provocando que a identidade do aluno tambeacutem seja

ressignificada

Daiacute que a figura da educadora eacute especialmente importante para que a

diversidade humana possa se fazer presente na escola porque satildeo elas que no

132

meio de suas contradiccedilotildees duacutevidas avanccedilos medos disponibilidades ansiedades

acolhimentos e possibilidades assumem os alunos em suas salas de aula (JESUS

2008)

E ao ouvi-las nesse estudo percebeu-se que entre as suas queixas estatildeo

questotildees que natildeo satildeo de exclusividade de quem atende turmas inclusivas tais

como as salas de aula numerosas em termos de alunos a dificuldade de dar

atenccedilatildeo mais individualizada agraves crianccedilas pequenas a falta de conhecimento sobre o

desenvolvimento infantil e a ocorrecircncia de ambientes que precisam ser mais bem

adaptados para todas as crianccedilas

O que possibilita inferir que a dificuldade maior de uma turma de inclusatildeo talvez

nem seja a crianccedila com necessidades educacionais especiais mas toda uma

estrutura que engloba formas de pensamento modos de agir de formaccedilatildeo docente

que natildeo proporcionam uma maior amplitude de visatildeo do profissional quanto agrave sua

funccedilatildeo junto com a proacutepria estrutura do atendimento que necessita ser modificada

Ainda no que se refere ao papel da educadora frente agrave inclusatildeo da crianccedila

pequena Camera (2006) afirma que quando se exercita o papel uma figura de

mediadora estaacute sendo delineada a construccedilatildeo de uma pedagogia da complexidade

onde deve haver espaccedilo para muacuteltiplos olhares para uma escuta sensiacutevel e para

acolher o que vai se constituindo pelo movimento das proacuteprias crianccedilas onde se

vivencia a disponibilidade ao diaacutelogo e a reciprocidade construindo assim uma

pedagogia da compreensatildeo

Desse modo urge que na formaccedilatildeo da identidade docente tambeacutem seja

considerada a sua funccedilatildeo como agente de inclusatildeo

Jaacute no que se refere agrave participaccedilatildeo da famiacutelia de crianccedilas com necessidades

educacionais especiais na Educaccedilatildeo Infantil percebe-se ndash como indicado

anteriormente - que esta natildeo vem se dando de modo diferente do que o esperado

no caso de filhos que natildeo estatildeo em inclusatildeo Mas ressalta-se novamente que eacute

fundamental que a famiacutelia que tem um filho com necessidades educacionais

especiais seja atendida em suas peculiaridades e principalmente que seja

construiacutedo com ela o processo de inclusatildeo de sua crianccedila Ateacute porque eacute sabido que

quando nasce uma crianccedila com deficiecircncia haacute normalmente uma grande

necessidade de apoiar e orientar essa famiacutelia de modo que natildeo haja perdas no

processo de aceitaccedilatildeo do filho Acredita-se que a instituiccedilatildeo de Educaccedilatildeo Infantil

tambeacutem possa servir como apoio agrave famiacutelia

133

Em acordo com Sigolo e Oliveira (2008) haacute uma vivecircncia familiar anterior agrave

escola que natildeo pode ser ignorada A entrada na escola significa um grande passo

na transiccedilatildeo da dependecircncia para a autonomia da crianccedila assim o papel da escola

junto da famiacutelia e a funccedilatildeo dos pais na escola tecircm que ser observados nesse

contexto Pois em algumas situaccedilotildees para os pais e familiares proacuteximos lidar com

a entrada de uma crianccedila pequena na crechepreacute-escola significa lidar com muitos

sentimentos que por vezes satildeo ambivalentes O que pode trazer para o contexto

familiar novas preocupaccedilotildees rotinas e adequaccedilotildees (BHERING e SARKIS 2009)

Logo a compreensatildeo desse processo pode auxiliar na definiccedilatildeo de objetivos e de

estrateacutegias de ensino para o aluno especial (SIGOLO e OLIVEIRA 2008)

Ainda que a colaboraccedilatildeo de pais de alunos com necessidades educacionais

especiais seja pensada como difiacutecil pois estes satildeo vistos como natildeo capacitados

para contribuir na elaboraccedilatildeo de programas educativos ela eacute possiacutevel e na

atualidade uma necessidade imprescindiacutevel (SIGOLO e OLIVEIRA 2008) E essa

deve ser vista sem preconceitos ou preacute-julgamentos

Portanto ressalta-se que a inclusatildeo eacute um problema de todos (RODRIGUES

2006) o que implica considerar os sujeitos que podem colaborar com ela e orientar

accedilotildees e estrateacutegias que melhor os capacitem para lidar com as condiccedilotildees da crianccedila

pequena que estaacute na Educaccedilatildeo Infantil

48 Da consideraccedilatildeo das transformaccedilotildees que vecircm ocorrendo na Educaccedilatildeo

Especial

Tambeacutem a Educaccedilatildeo Especial passou e ainda passa por profundas

transformaccedilotildees Na medida em que esse professor sai da Escola Especial e passa

a possibilidade de tambeacutem estar lotado nos espaccedilos de ensino regular atendendo

uma nova especificidade de alunos de um modo que natildeo corresponde mais agrave ideia

de turma formal mas com alguma liberdade para desenvolver sua funccedilatildeo esse

mesmo profissional se perde em sua identidade e assim novas demandas e

necessidades se criam Entre elas e natildeo diferente do que ocorre no acircmbito da

Educaccedilatildeo Infantil eacute facilmente verificado no presente estudo que as professoras

134

tambeacutem estatildeo revendo e reorganizando as especificidades do que cabe agrave sua

funccedilatildeo

O fato de terem que atender a uma gama ampla de necessidades especiais e

faixas etaacuterias diferentes exige desses profissionais um perfil mais dinacircmico e flexiacutevel

voltado para a pesquisa e estudo constante Tambeacutem se percebe que essas

professoras estatildeo sendo legalmente convidadas a saiacuterem de suas salas de aula e

auxiliarem na construccedilatildeo da inclusatildeo de seus alunos nas instituiccedilotildees do ensino

regular

No que se refere especificamente agrave crianccedila pequena outros desafios se fazem

notar Entre eles o fato de ter que lidar natildeo soacute com os conhecidos meacutetodos

pedagoacutegicos mas agora tambeacutem ter que se interar de assuntos que fazem

referecircncia ao desenvolvimento humano

Aos fazerem referecircncia de que seu trabalho com crianccedilas pequenas eacute ou seraacute

voltado para a estimulaccedilatildeo essencial e ao esclarecerem o modo como entendem

isso essas professoras demonstram que necessitam de maior embasamento teoacuterico

e praacutetico a respeito E eacute nesse sentido que se propotildee que o Atendimento

Educacional Especializado para bebecircs e crianccedilas pequenas seja construiacutedo a partir

do entendimento de que tambeacutem eacute um processo de intervenccedilatildeo precoce e de que

esse seja voltado para a valorizaccedilatildeo e inter-relaccedilatildeo dos contextos

desenvolvimentais nos quais a crianccedila pequena participa

Logo torna-se imprescindiacutevel que essas profissionais tenham condiccedilotildees teoacuterico-

metodoloacutegicas para promover o desenvolvimento na infacircncia bem como para

orientar e dar apoio agrave famiacutelia e agraves educadoras Segundo Mantoan (2006) o papel da

educaccedilatildeo especial na perspectiva inclusiva eacute muito importante e natildeo pode ser

negado mas dentro dos limites de suas atribuiccedilotildees sem que sejam extrapolados os

seus espaccedilos de atuaccedilatildeo especiacutefica Essas atribuiccedilotildees conforme jaacute foi referido

complementam e apoiam o processo de escolarizaccedilatildeo de alunos com deficiecircncia

que estatildeo regularmente matriculados nas escolas comuns

O espaccedilo criado pela possibilidade de inclusatildeo emerge sempre como um

grande elo no qual podem ser verificadas experiecircncias profundas de emancipaccedilatildeo e

valorizaccedilatildeo humana Poreacutem isso soacute vai ocorrer verdadeiramente se forem

consideradas e aceitas as necessaacuterias transformaccedilotildees tanto da Educaccedilatildeo Infantil

como na Educaccedilatildeo Especial

135

5 CONCLUSOtildeES

Com fins de realizar as consideraccedilotildees finais acerca das informaccedilotildees

percebidas durante o processo de apresentaccedilatildeo de dados retoma-se a questatildeo que

norteou esta pesquisa

Quais concepccedilotildees norteiam o processo de inclusatildeo da crianccedila pequena com

necessidades educacionais especiais no contexto do Centro Municipal de

Educaccedilatildeo Infantil segundo suas Matildees suas Educadoras na Educaccedilatildeo Infantil e

suas Professoras do Atendimento Educacional Especializado

Ao se propor a investigaccedilatildeo do processo inclusivo 18 anos apoacutes a Declaraccedilatildeo

de Salamanca inicialmente parecia que se iria discutir um tema amplamente

debatido e jaacute esgotado em possibilidades Poreacutem na medida em que se eacute possiacutevel

debruccedilar sobre leituras praacuteticas inclusivas jaacute realizadas e sobre os dados e

concepccedilotildees coletadas nessa pesquisa percebe-se que mesmo que os anos

tenham se passado e as experiecircncias nesse acircmbito se multipliquem ainda haacute

questotildees a serem debatidas e claro novas demandas se estabelecem e antigas

reflexotildees acerca do tema merecem ser resgatadas O que estaacute em consonacircncia com

o que segundo Alves (2007) ressalta nos aponta para o fato de que os casos de

inclusatildeo sempre trazem consigo uma gama de novas necessidades e duacutevidas De

algum modo vai ao encontro do que Guasselli (2005) afirma quando comenta que a

proposta da educaccedilatildeo inclusiva eacute complexa pois articula vaacuterios aspectos entre os

quais o autor faz destaque o tempo instituiacutedo e o tempo do aluno o peso da

aprendizagem formal em detrimento das habilidades do aluno e o olhar do professor

e dos demais alunos sobre as necessidades especiais

O presente estudo trouxe concepccedilotildees de inclusatildeo que muito embora a

primeira vista pareccedilam heterogecircneas possuem elementos em comum Elas

sugerem ainda uma perspectiva inclusiva voltada para a possibilidade de

socializaccedilatildeo da crianccedila pequena com necessidades educacionais especiais com

ldquocrianccedilas normaisrdquo e para a concepccedilatildeo de que estar em inclusatildeo eacute o cumprimento

de um direito O que num primeiro momento aparenta ser uma celebraccedilatildeo pode no

decorrer do tempo tornar-se a reafirmaccedilatildeo de estigmas preconceitos e de accedilotildees e

136

concepccedilotildees que banalizam reduzem e simplificam a complexidade do que eacute o

processo inclusivo especialmente para as crianccedilas pequenas

A famiacutelia participa pouco do processo de inclusatildeo de sua crianccedila isso tanto

no que se refere ao Atendimento Educacional Especializado quanto no Centro

Municipal de Educaccedilatildeo Infantil Sua participaccedilatildeo eacute reconhecida como importante

para as participantes mas os relatos sobre a praacutetica natildeo demonstram isso

O professor do Atendimento Educacional Especializado eacute uma figura

praticamente desconhecida das educadoras e para as matildees natildeo representa uma

referencia consideraacutevel quando se tem duacutevidas ou dificuldades

Os CMEIs aparecem como instituiccedilotildees ainda despreparadas para atender

com qualidade crianccedilas pequenas que estatildeo em inclusatildeo assim como as

educadoras aparentam ser profissionais sem preparo e experiecircncia para trabalhar

com crianccedilas pequenas com deficiecircncia Contudo ainda que esse despreparo seja

algo relatado pelas participantes inclusive pelas proacuteprias educadoras haacute o

reconhecimento por parte das entrevistadas que essas profissionais se esforccedilam

por fazer um bom trabalho e no decorrer do tempo em que estatildeo atendendo essas

crianccedilas jaacute indicam modificaccedilotildees em suas accedilotildees e em suas concepccedilotildees sobre a

crianccedila e sobre sua funccedilatildeo enquanto profissionais da educaccedilatildeo

No que se refere ao despreparo dos CMEIs foram indicadas pelas

participantes especialmente pelas educadoras a falta de condiccedilotildees de

acessibilidade materiais e ambientes que natildeo satildeo adaptados e condiccedilotildees que

implicam em risco inclusive para crianccedilas que natildeo tem nenhum tipo de necessidade

especial ou alteraccedilatildeo no desenvolvimento

Sobre o trabalho das educadoras chama atenccedilatildeo a queixa a respeito do

nuacutemero de crianccedilas por turma o que segundo grande parte das participantes eacute

muito grande o que dificultaria o atendimento de crianccedilas com necessidade

especial Em vaacuterios momentos foi sugerido que se mantivesse uma professora extra

especiacutefica para cuidar da crianccedila que estaacute em inclusatildeo Tambeacutem se percebe uma

grande necessidade de as educadoras terem espaccedilos para conversar e se informar

sobre a inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil e sobre as especificidades das crianccedilas que

atendem

O processo de inclusatildeo em si se mostra sendo realizado como accedilotildees isoladas

e desestruturadas com pouca relaccedilatildeo entre os diversos sujeitos envolvidos (matildees

crianccedilas educadoras especialistas professoras do AEE comunidade etc) No

137

caso especiacutefico do trabalho no Centro Municipal de Educaccedilatildeo Infantil tambeacutem eacute

possiacutevel inferir que a inclusatildeo de bebecircs e de crianccedilas pequenas natildeo seguem um

planejamento ou projeto apropriado muito menos que se considerem aspectos

como a promoccedilatildeo do desenvolvimento dessas crianccedilas a participaccedilatildeo da famiacutelia

apoio agraves educadoras relaccedilatildeo com a comunidade por exemplo O que parece

contribuir para o sentimento de desamparo e despreparo das educadoras e de

inseguranccedila por parte das matildees das crianccedilas

Quanto ao trabalho das professoras do Atendimento Educacional

Especializado tambeacutem parece ser necessaacuterio discutir e estabelecer de uma forma

mais clara e profunda quais suas atribuiccedilotildees junto ao desenvolvimento global da

crianccedila pequena e sobre o que vem a ser o atendimento em

estimulaccedilatildeointervenccedilatildeo precoce Sugere-se que isso seja realizado em equipe

interdisciplinar - se possiacutevel ndash e que seja baseado em modelos integrais de

atendimento agrave crianccedila e sendo considerada a participaccedilatildeo da famiacutelia nesse

processo de promoccedilatildeo do desenvolvimento e de minimizaccedilatildeo de riscos e impactos

Ainda que a inclusatildeo natildeo seja mais uma novidade dentro da aacuterea

educacional pois haacute muito vem sendo discutida exposta e mesmo vivenciada foi

possiacutevel perceber que as educadoras dessa pesquisa natildeo se mostraram afeitas ao

tema indicando um grande distanciamento do que venha a ser a experiecircncia

inclusiva

Mesmo com todas as dificuldades apresentadas pelas entrevistadas e a

desarticulaccedilatildeo de conceitos e accedilotildees na construccedilatildeo do processo inclusivo eacute

consenso que para a crianccedila pequena estar instituiccedilatildeo de Educaccedilatildeo Infantil eacute algo

imensamente positivo Foi indicado pelas participantes que todas as crianccedilas

ganham com o processo inclusivo em alguma instacircncia tanto as que tecircm

necessidades educacionais especiais quanto as que natildeo tecircm Contudo as

evoluccedilotildees e transformaccedilotildees positivas que facilmente satildeo vistas nas crianccedilas que

estatildeo em inclusatildeo tambeacutem aparecem em acordo com os relatos como algo

inerente ao fato de estarem na instituiccedilatildeo natildeo resultado de planejamentos

discussotildees ou accedilotildees voltadas especificamente para a qualidade do processo

inclusivo

Desse modo diante dos dados organizados na presente pesquisa foram

observadas como demandas a serem consideradas quando se pretende um

processo inclusivo com qualidade aquelas oriundas das necessidades de a) se

138

observar e atuar na infacircncia enquanto etapa crucial de desenvolvimento b) do

reconhecimento da importacircncia dos contextos e suas relaccedilotildees c) da consideraccedilatildeo e

discussatildeo das novas concepccedilotildees acerca da Inclusatildeo d) da consideraccedilatildeo das

transformaccedilotildees que vecircm ocorrendo na Educaccedilatildeo Infantil e) da consideraccedilatildeo das

transformaccedilotildees que vecircm ocorrendo na Educaccedilatildeo Especial

Por fim ainda que o tema da Educaccedilatildeo Inclusiva esteja longe de ser

esgotado especialmente no que compete agrave Educaccedilatildeo Infantil e diante de todas as

informaccedilotildees oferecidas agrave anaacutelise e discussatildeo nessa pesquisa eacute possiacutevel considerar

que esta Tese demonstrou

a) Que a inclusatildeo de crianccedilas pequenas com deficiecircncia na Educaccedilatildeo

Infantil ainda reflete diversas contradiccedilotildees e desencontros sendo

realizada de maneira simplificada no sentido do cumprimento de um

direito e tendo como foco a socializaccedilatildeo desse alunado com crianccedilas

ldquonormaisrdquo preterindo outras importantes funccedilotildees interventivas precoces

tatildeo necessaacuterias agrave promoccedilatildeo de um desenvolvimento amplo e saudaacutevel

b) Que a experiecircncia inclusiva mesmo diante da realidade exposta nos

contextos pesquisados se mostra vaacutelida por ser uma accedilatildeo que

transgride o comum pois proporciona novas reflexotildees novas

necessidades duacutevidas e significados o que com certeza poderaacute gerar

outras perspectivas e estrateacutegias em prol da qualidade educacional e da

promoccedilatildeo do desenvolvimento humano

Outrossim sugere-se que todo processo inclusivo que vise atender a crianccedila

pequena com necessidades educacionais especiais considere

a) a construccedilatildeo de uma concepccedilatildeo de crianccedila pequena ativa e em desenvolvimento

b) a discussatildeo e ampliaccedilatildeo da concepccedilatildeo de inclusatildeo especialmente no que se

refere agrave Educaccedilatildeo Infantil

c) a importacircncia de uma abordagem de atendimento baseada nas relaccedilotildees e trocas

muacutetuas entre os contextos nos quais a crianccedila participa direta ou indiretamente

d) as caracteriacutesticas e necessidades da famiacutelia da crianccedila que estaacute em inclusatildeo

tornando-a tambeacutem agente mediadora da inclusatildeo do filho

139

e) a identidade e o papel da educadora que trabalha no Centro Municipal de

Educaccedilatildeo Infantil e da professora do Atendimento Educacional Especializado

enquanto agentes mediadoras da inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil

f) a inclusatildeo tambeacutem como um modo de intervenccedilatildeo precoce na qual se previne e

minimiza riscos e dificuldades e promovendo o desenvolvimento humano

g) a adequaccedilatildeo dos espaccedilos das creches levando-se em consideraccedilatildeo a realidade

do atendimento a quantidade de crianccedilas atendidas e as especificidades do puacuteblico

infantil que estaacute em inclusatildeo

h) a criaccedilatildeo de cursos especiacuteficos que tratem da inclusatildeo na primeira infacircncia

i) que os cursos de formaccedilatildeo inicial e os de formaccedilatildeo continuada levem em conta a

inclusatildeo de uma crianccedila real e que possam ser organizados conforme a linguagem

e a realidade praacutetica profissional

j) que sejam feitas mais pesquisas para verificar como o desenvolvimento infantil

vem sendo concebido avaliado e promovido nesta faixa etaacuteria e em outros

contextos de creche especialmente no que se refere ao desenvolvimento da crianccedila

pequena com necessidades especiais

k) de se aprofundar os estudos sobre de que modo a inclusatildeo de bebecircs com

necessidades especiais vem sendo tratada pelas educadoras bem como de que

forma esta inclusatildeo contribui ou natildeo para o desenvolvimento infantil dessas mesmas

crianccedilas

l) e por fim que as Universidades contribuam com projetos de pesquisa e de

extensatildeo para que conceitos importantes sejam re-significados dentro da Educaccedilatildeo

Infantil da Educaccedilatildeo Especial e do Ensino Inclusivo

140

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161

ANEXOS

162

ANEXO A

Roteiro de Entrevistas ndash Matildees

Caracterizaccedilatildeo da Matildee da crianccedila que estaacute em inclusatildeo

1 Nome Completo

2 Idade

3 Escolaridade

4 Ocupaccedilatildeo

Caracterizaccedilatildeo da Famiacutelia da crianccedila que estaacute em inclusatildeo

1 Composiccedilatildeo familiar

Membro Idade MF Escolaridade Ocupaccedilatildeo

01

02

03

04

05

06

2 Quem mora com a crianccedila

3 Qual eacute a renda mensal meacutedia da famiacutelia

4 Haacute mais algum caso de deficiecircncia na sua famiacutelia Comente sua resposta

Caracterizaccedilatildeo da crianccedila que estaacute em inclusatildeo

1 Nome

2 Idade

3 Como eacute o seu filho

163

4 A senhora saberia me dizer qual eacute o diagnoacutestico do seu filho

5 Quando a senhora soube o diagnoacutestico dele o que pensou

6 E hoje que seu filho estaacute no CMEI como se sente

7 Como vocecirc faz para saber se seu filho estaacute se desenvolvendo bem

8 Seu filho frequentou outra instituiccedilatildeo antes de vir para esse CMEI Qual

Comente sua resposta

9 Desde quando seu filho frequenta este CMEI

10 Por que a senhora decidiu matricular seu filho no CMEI

11 Por que a senhora escolheu esse CMEI

12 Qual eacute a turma que seu filho frequenta

13 Quanto tempo por dia sua crianccedila fica no CMEI

14 Atualmente seu filho frequenta algum outro atendimento aleacutem do CMEI

Como eacute isso

15 Como costuma ser a rotina da crianccedila

16 A senhora tem alguma dificuldade em atender sua crianccedila

17 Quando aparecem duacutevidas sobre seu filho o que a senhora faz

18 A senhora recebe ou jaacute recebeu alguma orientaccedilatildeo sobre como atender seu

filho Comente sua resposta

19 Que tipo de atividades vocecirc e sua famiacutelia costumam fazer com a crianccedila

Concepccedilotildees sobre o processo inclusivo

1 Dizer que essa crianccedila estaacute em inclusatildeo o que significa para vocecirc

2 Se algueacutem lhe perguntasse qual eacute o motivo de crianccedilas com deficiecircncia

estarem frequentando o CMEI o que vocecirc diria

3 Qual eacute a sua opiniatildeo sobre a inclusatildeo nos CMEIs

4 Como deveriam ser os CMEIs para atenderem bem os casos de inclusatildeo

5 Como a famiacutelia da crianccedila que tem deficiecircncia pode ajudar na inclusatildeo de seu

filho

6 Como devem ser as educadoras de CMEI para que atendam bem as crianccedilas

que estatildeo em inclusatildeo

7 Como a professora do Atendimento Educacional Especializado pode

contribuir com a inclusatildeo no CMEI

164

8 Que tipo de apoio a famiacutelia da crianccedila que estaacute em inclusatildeo precisa para

atender bem seu filho

9 Que tipo de apoio as educadoras de CMEI precisam para atender bem os

casos de inclusatildeo

10 Vocecirc acha que os CMEIs estatildeo preparados para atender crianccedilas pequenas

em inclusatildeo Comente sua resposta

11 Vocecirc acha que as educadoras de CMEI estatildeo preparadas para atender

crianccedilas pequenas em inclusatildeo Comente sua resposta

12 Qual sua opiniatildeo sobre o trabalho das educadoras que atendem turmas de

inclusatildeo

13 De que maneira acontece a participaccedilatildeo da famiacutelia no processo de inclusatildeo

do filho que estaacute no CMEI Qual sua opiniatildeo sobre isso

14 Em sua opiniatildeo quais as maiores vantagens que a inclusatildeo na Educaccedilatildeo

Infantil traz Comente sua resposta

15 Existiriam desvantagens na inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil Comente sua

resposta

16 Vocecirc gostaria de falar mais alguma coisa sobre a inclusatildeo da crianccedila

pequena no CMEI

165

ANEXO B

Roteiro de Entrevistas ndash Educadoras de CMEI

Caracterizaccedilatildeo da Educadora

Nome Completo

Idade

Estado civil

Escolarizaccedilatildeo

Possui alguma formaccedilatildeo especiacutefica para trabalhar com crianccedilas pequenas na

Educaccedilatildeo Infantil

Possui alguma formaccedilatildeo especiacutefica na aacuterea da Educaccedilatildeo Especial e

Inclusiva

Vocecirc teve experiecircncia como professora fora da Educaccedilatildeo Infantil Comente

sua resposta

Vocecirc teve outras experiecircncias como professora de turmas de inclusatildeo antes

dessa Comente sua resposta

Vocecirc teve ou tem alguma ou experiecircncia com pessoas com deficiecircncia fora

da aacuterea educacional Como foi isso

Caracterizaccedilatildeo do Trabalho da Educadora e o processo inclusivo

1 Qual eacute o seu horaacuterio de trabalho aqui no CMEI

2 Qual eacute a turma que vocecirc atende atualmente

3 Quanto tempo faz que vocecirc estaacute atendendo essa turma

4 Vocecirc divide o atendimento da turma com algueacutem Como eacute isso

5 Como costuma ser sua rotina aqui na creche

6 Vocecirc costuma planejar o atendimento dessa turma Como eacute isso

7 Como eacute a crianccedila que estaacute em inclusatildeo na sua turma

8 Haacute quanto tempo vocecirc atende essa crianccedila

9 Quando vocecirc soube que iria atender essa crianccedila o que pensou Comente

sua resposta

166

10 E hoje que vocecirc jaacute a conhece como se sente ao atendecirc-la Comente sua

resposta

11 Como vocecirc faz para saber se essa crianccedila estaacute se desenvolvendo bem

12 Como eacute o seu trabalho com essa crianccedila que estaacute em inclusatildeo

13 Vocecirc tem alguma dificuldade em atendecirc-la Comente sua resposta

14 Quando vocecirc tem duacutevidas ou dificuldades sobre essa crianccedila o que vocecirc faz

Comente sua resposta

15 Vocecirc recebe ou recebeu algum tipo de orientaccedilatildeo sobre como atender essa

crianccedila Comente sua resposta

Concepccedilotildees sobre o processo inclusivo

16 Dizer que essa crianccedila estaacute em inclusatildeo o que significa para vocecirc

17 Se algueacutem lhe perguntasse qual eacute o motivo de crianccedilas com deficiecircncia

estarem frequentando o CMEI o que vocecirc diria

18 Qual eacute a sua opiniatildeo sobre a inclusatildeo nos CMEIs

19 Como deveriam ser os CMEIs para atenderem bem os casos de inclusatildeo

20 Como a famiacutelia da crianccedila que tem deficiecircncia pode ajudar na inclusatildeo de seu

filho

21 Como devem ser as educadoras de CMEI para que atendam bem as crianccedilas

que estatildeo em inclusatildeo

22 Como a professora do Atendimento Educacional Especializado pode

contribuir com a inclusatildeo no CMEI

23 Que tipo de apoio a famiacutelia da crianccedila que estaacute em inclusatildeo precisa para

atender bem seu filho

24 Que tipo de apoio as educadoras de CMEI precisam para atender bem os

casos de inclusatildeo

17 Vocecirc acha que os CMEIs estatildeo preparados para atender crianccedilas pequenas

em inclusatildeo Comente sua resposta

18 Vocecirc acha que as educadoras de CMEI estatildeo preparadas para atender

crianccedilas pequenas em inclusatildeo Comente sua resposta

19 Qual sua opiniatildeo sobre o trabalho das educadoras que atendem turmas de

inclusatildeo

167

20 De que maneira acontece a participaccedilatildeo da famiacutelia no processo de inclusatildeo

do filho que estaacute no CMEI Qual sua opiniatildeo sobre isso

21 Em sua opiniatildeo quais as maiores vantagens que a inclusatildeo na Educaccedilatildeo

Infantil traz Comente sua resposta

22 Existiriam desvantagens na inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil Comente sua

resposta

23 Vocecirc gostaria de falar mais alguma coisa sobre a inclusatildeo da crianccedila

pequena no CMEI

168

ANEXO C

Roteiro de Entrevistas ndash Professoras do Atendimento Educacional

Especializado (AEE)

Caracterizaccedilatildeo da Professora do AEE

Nome Completo

Idade

Estado civil

Escolarizaccedilatildeo

Possui alguma formaccedilatildeo especiacutefica para trabalhar com crianccedilas pequenas

Possui alguma formaccedilatildeo especiacutefica para trabalhar com Educaccedilatildeo Especial e

Inclusiva

Possui alguma formaccedilatildeo especiacutefica para trabalhar como professora do AEE

Haacute quanto tempo vocecirc trabalha na educaccedilatildeo

Antes de trabalhar como professora do AEE vocecirc teve outras experiecircncias na

aacuterea de Educaccedilatildeo Infantil Como foi isso

Antes de trabalhar como professora do AEE vocecirc teve outras experiecircncias na

aacuterea de Educaccedilatildeo Especial ou Inclusiva Como foi isso

Teve ou tem alguma outra experiecircncia com pessoas com deficiecircncia fora da

aacuterea educacional Como foi isso

Caracterizaccedilatildeo do Trabalho do AEE

1 Qual eacute o seu horaacuterio de trabalho no AEE

2 Quanto tempo faz que vocecirc estaacute trabalhando como professora do AEE

3 Como eacute o seu trabalho no AEE

4 Quais as maiores diferenccedilas entre o AEE para o Ensino Fundamental e o

AEE para a Educaccedilatildeo Infantil

5 Quantos alunos vocecirc atende no AEE Quantos satildeo da Educaccedilatildeo Infantil e

quantos satildeo do Ensino Fundamental

6 Quanto tempo faz que vocecirc atende essa crianccedila no AEE

7 Quando vocecirc soube que iria atender essa crianccedila pequena o que pensou

Comente sua resposta

169

8 E hoje que vocecirc jaacute a conhece como se sente ao atendecirc-la Comente sua

resposta

9 Como vocecirc faz para saber se essa crianccedila estaacute se desenvolvendo bem

10 Como eacute o seu trabalho com essa crianccedila que estaacute em inclusatildeo

11 Vocecirc tem alguma dificuldade em atendecirc-la Comente sua resposta

12 Quando vocecirc tem duacutevidas ou dificuldades sobre essa crianccedila o que vocecirc faz

Comente sua resposta

13 Vocecirc recebe ou recebeu algum tipo de orientaccedilatildeo sobre como atender essa

crianccedila Como eacute isso

14 Vocecirc sabe quais outros serviccedilos essa crianccedila frequenta aleacutem do CMEI

Concepccedilotildees sobre o processo inclusivo

15 Dizer que essa crianccedila estaacute em inclusatildeo o que significa para vocecirc

16 Se algueacutem lhe perguntasse qual eacute o motivo de crianccedilas com deficiecircncia

estarem frequentando o CMEI o que vocecirc diria

17 Qual eacute a sua opiniatildeo sobre a inclusatildeo nos CMEIs

18 Como deveriam ser os CMEIs para atenderem bem os casos de inclusatildeo

19 Como a famiacutelia da crianccedila que tem deficiecircncia pode ajudar na inclusatildeo de seu

filho

20 Como devem ser as educadoras de CMEI para que atendam bem as crianccedilas

que estatildeo em inclusatildeo

21 Como a professora do Atendimento Educacional Especializado pode

contribuir com a inclusatildeo no CMEI

22 Que tipo de apoio a famiacutelia da crianccedila que estaacute em inclusatildeo precisa para

atender bem seu filho

23 Que tipo de apoio as educadoras de CMEI precisam para atender bem os

casos de inclusatildeo

24 Vocecirc acha que os CMEIs estatildeo preparados para atender crianccedilas pequenas

em inclusatildeo Comente sua resposta

25 Vocecirc acha que as educadoras de CMEI estatildeo preparadas para atender

crianccedilas pequenas em inclusatildeo Comente sua resposta

26 Qual sua opiniatildeo sobre o trabalho das educadoras que atendem turmas de

inclusatildeo

27 De que maneira acontece a participaccedilatildeo da famiacutelia no processo de inclusatildeo

do filho que estaacute no CMEI Qual sua opiniatildeo sobre isso

170

28 Em sua opiniatildeo quais as maiores vantagens que a inclusatildeo na Educaccedilatildeo

Infantil traz Comente sua resposta

29 Existiriam desvantagens na inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil Comente sua

resposta

30 Vocecirc gostaria de falar mais alguma coisa sobre a inclusatildeo da crianccedila

pequena no CMEI

171

ANEXO D- TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ndash Matildees

Eu Nelly Narcizo de Souza aluna do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da

Universidade Federal do Paranaacute (UFPR) convido-o (a) a participar do processo de

coleta de dados de minha Tese de Doutorado sob orientaccedilatildeo da Profordf Drordf Maria

Augusta Bolsanello Esta pesquisa que tem como tiacutetuloldquoInclusatildeo Escolar da Crianccedila

Pequena com Necessidades Especiais Concepccedilotildees de Matildees de Educadoras da

Educaccedilatildeo Infantil e de Professoras do Atendimento Educacional Especializadordquo

possui como objetivo maior descrever as concepccedilotildees de pais e educadores sobre o

processo de inclusatildeo da crianccedila pequena com deficiecircncia no contexto educacional

infantil especificamente na creche A relevacircncia dessa pesquisa estaacute em contribuir

com futuros estudos e accedilotildees que tratem da inclusatildeo da crianccedila pequena com

deficiecircncia em ambiente de creche evidenciando necessidades e possibilidades

para um bom atendimento

A sua participaccedilatildeo aconteceraacute atraveacutes do seu consentimento em responder algumas

perguntas por meio de questionaacuterio e entrevista a ser gravada em aacuteudio no

ambiente da creche em dia e horaacuterio previamente marcados Responder a eles natildeo

apresenta nenhum tipo de risco agrave crianccedila a seus familiares ou a quem a atende na

Creche O seu nome bem como o da crianccedila ou quaisquer dados que possam

identificaacute-los natildeo seratildeo utilizados A sua participaccedilatildeo eacute absolutamente voluntaacuteria

natildeo remunerada e a pesquisadora estaraacute agrave disposiccedilatildeo para qualquer

esclarecimento A sua recusa em participar da pesquisa natildeo traraacute qualquer

penalidade ou prejuiacutezo ao atendimento da crianccedila Vocecirc tambeacutem poderaacute desistir da

participaccedilatildeo a qualquer momento Os resultados da presente pesquisa seratildeo

divulgados agrave instituiccedilatildeo apoacutes a defesa da Tese em data a ser agendada Apoacutes ler

este Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e aceitar participar do estudo

solicito sua assinatura em duas vias no referido Termo sendo que uma delas

permaneceraacute em seu poder Qualquer informaccedilatildeo adicional ou esclarecimento

acerca deste estudo poderaacute ser obtido com a pesquisadora principal pelos telefones

(41) XXXX XXXX e (41) XXXX XXXX

Nelly Narcizo de Souza Maria Augusta Bolsanello Dra

Pesquisadora Principal - Doutoranda Profordf Pesquisadora Orientadora

Eu

abaixo assinado declaro atraveacutes deste documento o meu consentimento em

172

participar da pesquisa intitulada ldquoInclusatildeo Escolar da Crianccedila Pequena com

Necessidades Especiais Concepccedilotildees de Matildees de Educadoras da Educaccedilatildeo Infantil

e de Professoras do Atendimento Educacional Especializadordquo

Declaro ainda que estou ciente de seu objetivo e meacutetodos bem como de meus

direitos ao anonimato e a desistir da mesma a qualquer momento

_____________________de ___________________ de 201_

RG

Assinatura participante da pesquisa

173

ANEXO E - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ndash

Educadores da Educaccedilatildeo Infantil

Eu Nelly Narcizo de Souza aluna do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da

Universidade Federal do Paranaacute (UFPR) convido-o (a) a participar do processo de

coleta de dados de minha Tese de Doutorado sob orientaccedilatildeo da Profordf Drordf Maria

Augusta Bolsanello Esta pesquisa que tem como tiacutetulo ldquoInclusatildeo Escolar da Crianccedila

Pequena com Necessidades Especiais Concepccedilotildees de Matildees de Educadoras da

Educaccedilatildeo Infantil e de Professoras do Atendimento Educacional Especializadordquo

possui como objetivo maior descrever as concepccedilotildees de pais e educadores sobre o

processo de inclusatildeo da crianccedila pequena com deficiecircncia no contexto educacional

infantil especificamente na creche A relevacircncia dessa pesquisa estaacute em contribuir

com futuros estudos e accedilotildees que tratem da inclusatildeo da crianccedila pequena com

deficiecircncia em ambiente de creche evidenciando necessidades e possibilidades

para um bom atendimento

A sua participaccedilatildeo aconteceraacute atraveacutes do seu consentimento em responder algumas

perguntas por meio de entrevista a ser gravada em aacuteudio no ambiente da creche

em dia e horaacuterio previamente marcados Responder a elas natildeo apresenta nenhum

tipo de risco agrave crianccedila agrave famiacutelia a vocecirc ou a outras pessoas que trabalham na

creche O seu nome bem como o da crianccedila ou quaisquer dados que possam

identificaacute-los natildeo seratildeo utilizados A sua participaccedilatildeo eacute absolutamente voluntaacuteria

natildeo remunerada e a pesquisadora estaraacute agrave disposiccedilatildeo para qualquer

esclarecimento A sua recusa em participar da pesquisa natildeo traraacute qualquer

penalidade ou prejuiacutezo para vocecirc ao seu trabalho ou ao atendimento da crianccedila

Vocecirc tambeacutem poderaacute desistir da participaccedilatildeo a qualquer momento Os resultados da

presente pesquisa seratildeo divulgados agrave instituiccedilatildeo apoacutes a defesa da Tese em data a

ser agendada Apoacutes ler este Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e aceitar

participar do estudo solicito sua assinatura em duas vias no referido Termo sendo

que uma delas permaneceraacute em seu poder Qualquer informaccedilatildeo adicional ou

esclarecimento acerca deste estudo poderaacute ser obtido com a pesquisadora principal

pelos telefones (41) XXXX XXXX e (41) XXXX XXXX

Nelly Narcizo de Souza Maria Augusta Bolsanello Dra

Pesquisadora Principal - Doutoranda Profordf Pesquisadora Orientadora

174

Eu

abaixo assinado declaro atraveacutes deste documento o meu consentimento em

participar da pesquisa intitulada ldquoInclusatildeo Escolar da Crianccedila Pequena com

Necessidades Especiais Concepccedilotildees de Matildees de Educadoras da Educaccedilatildeo Infantil

e de Professoras do Atendimento Educacional Especializadordquo a ser realizada nesta

instituiccedilatildeo

Declaro ainda que estou ciente de seu objetivo e meacutetodos bem como de meus

direitos ao anonimato e a desistir da mesma a qualquer momento

_____________________de ___________________ de 201_

RG

Assinatura do educador participante da pesquisa

175

ANEXO F - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ndash

Professores do Atendimento Educacional Especializado

Eu Nelly Narcizo de Souza aluna do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da

Universidade Federal do Paranaacute (UFPR) convido-o (a) a participar do processo de

coleta de dados de minha Tese de Doutorado sob orientaccedilatildeo da Profordf Drordf Maria

Augusta Bolsanello Esta pesquisa que tem como tiacutetulo ldquoInclusatildeo Escolar da Crianccedila

Pequena com Necessidades Especiais Concepccedilotildees de Matildees de Educadoras da

Educaccedilatildeo Infantil e de Professoras do Atendimento Educacional Especializadordquo

possui como objetivo maior descrever as concepccedilotildees de pais e educadores sobre o

processo de inclusatildeo da crianccedila pequena com deficiecircncia no contexto educacional

infantil especificamente na creche A relevacircncia dessa pesquisa estaacute em contribuir

com futuros estudos e accedilotildees que tratem da inclusatildeo da crianccedila pequena com

deficiecircncia em ambiente de creche evidenciando necessidades e possibilidades

para um bom atendimento

A sua participaccedilatildeo aconteceraacute atraveacutes do seu consentimento em responder algumas

perguntas por meio de entrevista a ser gravada em aacuteudio no ambiente de trabalho

em dia e horaacuterio previamente marcados Responder a elas natildeo apresenta nenhum

tipo de risco agrave crianccedila agrave famiacutelia a vocecirc ou a outras pessoas que trabalham com

vocecirc O seu nome bem como o da crianccedila ou quaisquer dados que possam

identificaacute-los natildeo seratildeo utilizados A sua participaccedilatildeo eacute absolutamente voluntaacuteria

natildeo remunerada e a pesquisadora estaraacute agrave disposiccedilatildeo para qualquer

esclarecimento A sua recusa em participar da pesquisa natildeo traraacute qualquer

penalidade ou prejuiacutezo para vocecirc ao seu trabalho ou ao atendimento da crianccedila

Vocecirc tambeacutem poderaacute desistir da participaccedilatildeo a qualquer momento Os resultados da

presente pesquisa seratildeo divulgados agrave instituiccedilatildeo apoacutes a defesa da Tese em data a

ser agendada Apoacutes ler este Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e aceitar

participar do estudo solicito sua assinatura em duas vias no referido Termo sendo

que uma delas permaneceraacute em seu poder Qualquer informaccedilatildeo adicional ou

esclarecimento acerca deste estudo poderaacute ser obtido com a pesquisadora principal

pelos telefones (41) XXXX XXXX e (41) XXXX XXXX

Nelly Narcizo de Souza Maria Augusta Bolsanello Dra

Pesquisadora Principal - Doutoranda Profordf Pesquisadora Orientadora

176

Eu

abaixo assinado declaro atraveacutes deste documento o meu consentimento em

participar da pesquisa intitulada ldquoInclusatildeo Escolar da Crianccedila Pequena com

Necessidades Especiais Concepccedilotildees de Matildees de Educadoras da Educaccedilatildeo Infantil

e de Professoras do Atendimento Educacional Especializadordquo

Declaro ainda que estou ciente de seu objetivo e meacutetodos bem como de meus

direitos ao anonimato e a desistir da mesma a qualquer momento

_____________________de ___________________ de 201_

RG

Assinatura do professor participante da pesquisa

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ NELLY NARCIZO DE …

2

NELLY NARCIZO DE SOUZA

INCLUSAtildeO ESCOLAR DA CRIANCcedilA PEQUENA COM

NECESSIDADESESPECIAIS CONCEPCcedilOtildeES DE MAtildeES DE EDUCADORAS DA

EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E DE PROFESSORAS DO ATENDIMENTO EDUCACIONAL

ESPECIALIZADO

Tese apresentada ao Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo do Setor de Educaccedilatildeo da Universidade Federal do Paranaacute como requisito parcial para obtenccedilatildeo do grau de Doutor em Educaccedilatildeo Aacuterea Temaacutetica Cultura e Processo de Ensino ndash Aprendizagem Linha de Pesquisa Cogniccedilatildeo Aprendizagem e Desenvolvimento Humano Orientadora Profordf Drordf Maria Augusta Bolsanello

CURITIBA

2013

Catalogaccedilatildeo na publicaccedilatildeo Fernanda Emanoeacutela Nogueira ndash CRB 91607

Biblioteca de Ciecircncias Humanas e Educaccedilatildeo - UFPR

Souza Nelly Narcizo de Inclusatildeo escolar da crianccedila pequena com necessidades especiais

concepccedilotildees de matildees de educadoras da educaccedilatildeo infantil e de professoras do atendimento educacional especializado Nelly Narcizo de Souza ndash Curitiba 2013

181 f Orientadora Profordf Drordf Maria Augusta Bolsanello

Tese (Doutorado em Educaccedilatildeo) ndash Setor de Educaccedilatildeo da Universidade Federal do Paranaacute

1 Educaccedilatildeo inclusiva 2 Educaccedilatildeo infantil 3 Inclusatildeo em

educaccedilatildeo 4 Educaccedilatildeo especial 5 Crianccedilas deficientes ndash Educaccedilatildeo ITiacutetulo

CDD 3719

3

Cada crianccedila ao nascer nos traz a mensagem de que Deus natildeo perdeu as esperanccedilas nos homens

(R Tagore)

Dedico esse trabalho a todas as crianccedilas que jaacute atendi e com as quais aprendi a ter Esperanccedila Alegria Feacute e a certeza da grandiosa e complexa necessidade de

insistirmos em construir uma Escola para Todos

4

AGRADECIMENTOS

Foram quatro anos de muitas transformaccedilotildees as quais natildeo vieram faacutecil ou

delicadamente Perante as dificuldades e desafios que a vida nos impotildee aproveito

para agradecer a todos os que de algum modo foram determinantes em momentos

preciosos dessa caminhada

Agradeccedilo imensamente a minha orientadora Profordf Drordf Maria Augusta Bolsanello pela

sensibilidade compreensatildeo e carinho com os quais sempre me guiou ao longo

desses anos todos

Especialmente agradeccedilo agraves crianccedilas que ainda pequenas jaacute nos ajudam a

transformar o que somos por meio de suas histoacuterias agraves suas matildees agraves suas

educadoras nos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil e agraves professoras do

Atendimento Educacional Especializado que gentilmente cederam as informaccedilotildees

que deram corpo ao presente estudo

Estendo meus agradecimentos agraves professoras que compuseram a Banca de

Qualificaccedilatildeo Profordf Drordf Sandra Regina Kirchner Guimaratildees Profordf Drordf Lidia Natalia

Dobriansky Weber Profordf Drordf Maria de Faacutetima Minetto Profordf Drordf Maria Helena

Baptista Cordeiro e Profordf Drordf Tania dos Santos Alvarez da Silva Obrigada pelas

informaccedilotildees e comentaacuterios pertinentes e enriquecedores que ajudaram a nortear

esse trabalho

Aos Professores Colegas e funcionaacuterios do Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em

Educaccedilatildeo da Universidade Federal do Paranaacute pela oportunidade de convivecircncia e

aprendizado Um grande abraccedilo de agradecimento para Ana Flaacutevia Hansel e

Daniele Bonamin Flores pelo tempo que passamos juntas e por tudo o que

aprendemos

Agrave minha Famiacutelia que mesmo na distacircncia foi apoio importante nos momentos que

julguei natildeo conseguir prosseguir

5

Agrave Juliana Krieger Joatildeo Fadino e Ricardo Peixoto pelas ajudas ao longo da

construccedilatildeo desse trabalho

Ao Rogger agradeccedilo por ter se colocado ao meu lado especialmente nos momentos

de maior dificuldade preocupaccedilatildeo e cansaccedilo Tambeacutem meus agradecimentos pela

revisatildeo dos textos Obrigado por tudo e principalmente por me trazer Ceciacutelia

A todos os que hoje posso chamar de Amigos e que de algum modo contribuiacuteram

com essa pesquisa deixo meus mais sinceros e profundos agradecimentos

6

A alegria natildeo chega apenas no encontro do achado mas faz parte do processo da

busca

Paulo Freire

7

RESUMO

A tese investiga as concepccedilotildees que norteiam o processo de inclusatildeo educacional da crianccedila pequena com necessidades especiais segundo suas Matildees suas Educadoras da Educaccedilatildeo Infantil e suas Professoras do Atendimento Educacional Especializado (AEE) O contexto e as participantes foram escolhidos por sua significativa influecircncia no desenvolvimento humano especialmente no que compete agrave primeira infacircncia e agrave construccedilatildeo do processo inclusivo de crianccedilas pequenas com necessidades especiais As participantes foram entrevistadas por meio de perguntas abertas elencadas em roteiros previamente estabelecidos em estudo de cunho qualitativo exploratoacuterio e comparativo Segundo os resultados as concepccedilotildees das participantes sugerem uma perspectiva inclusiva voltada para a possibilidade de socializaccedilatildeo da crianccedila pequena com necessidades especiais com outras crianccedilas sem estas necessidades e para a concepccedilatildeo de que estar em inclusatildeo eacute o cumprimento de um direito As matildees participam pouco do processo de inclusatildeo de sua crianccedila Jaacute as funccedilotildees das professoras que trabalham no Atendimento Educacional Especializado satildeo praticamente desconhecidas dentro do contexto do processo inclusivo das crianccedilas pequenas que atendem As educadoras de Educaccedilatildeo Infantil por sua vez sentem-se despreparadas para atender as necessidades educacionais das crianccedilas que satildeo foco da inclusatildeo As educadoras destacam que a relaccedilatildeo entre as crianccedilas eacute um dos elementos que mais promovem o desenvolvimento dos educandos que estatildeo em inclusatildeo Tanto as professoras do Atendimento Educacional Especializado quanto as Educadoras da Educaccedilatildeo Infantil demonstram variadas preocupaccedilotildees sobre o modo como vem acontecendo a inclusatildeo de crianccedilas pequenas com necessidades educacionais especiais e junto com as matildees chamam a atenccedilatildeo para a necessidade de transformaccedilotildees no modo como estaacute se dando a inclusatildeo de crianccedilas pequenas na Educaccedilatildeo Infantil Esta pesquisa evidencia que a inclusatildeo de crianccedilas pequenas com necessidades especiais na Educaccedilatildeo Infantil ainda reflete diversas contradiccedilotildees e desencontros mas se mostra como uma experiecircncia vaacutelida por ser uma accedilatildeo que transgride o comum pois proporciona novas reflexotildees novas necessidades duacutevidas e significados o que com certeza poderaacute gerar outras perspectivas e estrateacutegias em prol da qualidade educacional e da promoccedilatildeo do desenvolvimento humano Destaca-se a necessidade de que sejam realizados mais estudos dentro da presente temaacutetica dada sua relevacircncia

Palavras-chave Inclusatildeo Escolar Educaccedilatildeo Infantil Atendimento Educacional Especializado Necessidades Especiais Educaccedilatildeo Inclusiva

8

ABSTRACT

The thesis investigates the conceptions that guide the process of educational inclusion of the young child with special needs according with their Mothers their Early Childhood Educationrsquos educators and their Specialized Educational Servicersquos Teachers The context and the participants was chosen for itrsquos significant influence on human development specially about the concerns early childhood and the building of the inclusive process of young children with special needs The participants were interviewed through open questions chosen on pre-established lists in a qualitative exploratory and comparative study According with the results the participantrsquos conceptions suggests a inclusive perspective facing the possibility of socialization of a young child with special needs with other children without these needs and to the conception that being included is the fulfillment of a right The mothers participate little in the inclusion process of their child But the functions of the teachers that work in the Specialized Educational Service are practically unknown inside the context of the inclusive process for the young children that them treat The Early Childhood Educationrsquos educators on the other hand feel unprepared to meet the educational needs of the children that are the focus of the inclusion The educators points the relation among the children is one of the elements that promotes the most development os the learners that are in the inclusion Both the Specialized Educational Servicersquos teachers and Early Childhood Educationrsquos educators shows various concerns about the way that the inclusion is happening with young children with special educational needs and along with their mothers call the attention to the necessity of transformations in the way that is occurring the inclusion of young children in the Early Childhood Education This research shows that the inclusion of young child with special needs in the Early Childhood Education still reflects several contradictions and mismatches but displays like a valid experiment for being an action that transgresses the common for it provides new reflections new necessities doubts and meanings which for sure will generate other perspectives and strategies on the behalf of educational quality and of the promotion of human development Highlights the need of the realization of further studies inside of the present theme given its relevance

Keywords School Inclusion Early Childhood Education Care Specialized Education Special Needs Inclusive Education

9

LISTA DE QUADROS

QUADRO 01 DISTRIBUICcedilAtildeO DAS CRIANCcedilAS SEGUNDO LAUDO MEacuteDICO

E DIAGNOacuteSTICO 64

QUADRO 02 DISTRIBUICcedilAtildeO DAS CRIANCcedilAS SEGUNDO A TURMA EM

QUE ESTAtildeO MATRICULADAS ATUALMENTE E O TEMPO EM QUE

FREQUENTAM CENTROS MUNICIPAIS DE EDUCACcedilAtildeO INFANTIL ndash CMEIs

64

QUADRO 03 ndash DISTRIBUICcedilAtildeO DAS MAtildeES PARTICIPANTES CONFORME

IDADE ESCOLARIDADE E OCUPACcedilAtildeO 67

QUADRO 04 ndash DISTRIBUICcedilAtildeO DAS MAtildeES PARTICIPANTES CONFORME

COMPOSICcedilAtildeO FAMILIAR 67

QUADRO 05 ndash DISTRIBUICcedilAtildeO DAS PROFESSORAS DO ATENDIMENTO

EDUCACIONAL ESPECIALIZADO - AEE CONFORME IDADE ESTADO

CIVIL OCORREcircNCIA E QUANTIDADE DE FILHOS 69

QUADRO 06 ndash DISTRIBUICcedilAtildeO DAS PROFESSORAS DO ATENDIMENTO

EDUCACIONAL ESPECIALIZADO - AEE CONFORME SUA

ESCOLARIZACcedilAtildeO 70

QUADRO 07- DISTRIBUICcedilAtildeO DAS PROFESSORAS DO ATENDIMENTO

EDUCACIONAL ESPECIALIZADO - AEE CONFORME TEMPO DE

TRABALHO NA AacuteREA EDUCACIONAL E AacuteREAS DE ATUACcedilAtildeO DENTRO DA

EDUCACcedilAtildeO 71

10

QUADRO 08 - DISTRIBUICcedilAtildeO DAS EDUCADORAS DOS CENTROS

MUNICIPAIS DE EDUCACcedilAtildeO INFANTIL CONFORME IDADE ESTADO CIVIL

OCORREcircNCIA E QUANTIDADE DE FILHOS 72

QUADRO 09 - DISTRIBUICcedilAtildeO DAS EDUCADORAS DOS CENTROS

MUNICIPAIS DE EDUCACcedilAtildeO INFANTIL CONFORME SUA ESCOLARIDADE

73

QUADRO 10 - DISTRIBUICcedilAtildeO DAS EDUCADORAS DOS CENTROS

MUNICIPAIS DE EDUCACcedilAtildeO INFANTIL CONFORME O TEMPO DE

ATUACcedilAtildeO NA EDUCACcedilAtildeO DE MODO GERAL ESPECIFICAMENTE NA

EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E NA TURMA QUE ATENDE ATUALMENTE 75

QUADRO 11 - DISTRIBUICcedilAtildeO DAS PROFESSORAS DO ATENDIMENTO

EDUCACIONAL ESPECIALIZADO CONFORME SEU TEMPO DE ATUACcedilAtildeO

COMO AEE NO ENSINO FUNDAMENTAL E NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL 82

QUADRO 12- DISTRIBUICcedilAtildeO DAS PROFESSORAS DO ATENDIMENTO

EDUCACIONAL ESPECIALIZADO CONFORME SEU TEMPO DE ATUACcedilAtildeO

COMO AEE NO ENSINO FUNDAMENTAL E NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL 82

QUADRO 13 ndash DISTRIBUICcedilAtildeO DAS MAIORES ESPECIFICIDADES DO

ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO PARA A EDUCACcedilAtildeO

INFANTIL E PARA O ENSINO FUNDAMENTAL 83

QUADRO 14 ndash DISTRIBUICcedilAtildeO DAS PROFESSORAS DO ATENDIMENTO

EDUCACIONAL ESPECIALIZADO CONFORME TEMPO EM QUE ATENDEM

A CRIANCcedilA PEQUENA FOCO DA PESQUISA FREQUEcircNCIA E DURACcedilAtildeO

DO ATENDIMENTO AO ALUNO 84

11

QUADRO 15 ndash DISTRIBUICcedilAtildeO DAS PROFESSORAS CONFORME SUAS

CONCEPCcedilOtildeES ANTES DE ATENDER A CRIANCcedilA E APOacuteS O PERIacuteODO EM

QUE ATENDE O ALUNO QUE ESTAacute EM INCLUSAtildeO 85

QUADRO 16 ndash DISTRIBUICcedilAtildeO DAS EDUCADORAS CONFORME TURMAS

QUE ATENDEM FAIXA ETAacuteRIA DA TURMA E QUANTIDADE DE ALUNOS

POR TURMA 89

QUADRO 17 ndash DISTRIBUICcedilAtildeO DAS EDUCADORAS CONFORME O TEMPO

EM QUE ATENDEM A CRIANCcedilA QUE ESTAacute EM INCLUSAtildeO 93

QUADRO 18 - DISTRIBUICcedilAtildeO DAS EDUCADORAS CONFORME SUAS

CONCEPCcedilOtildeES ANTES DE ATENDER A CRIANCcedilA E APOacuteS O PERIacuteODO EM

QUE ATENDE O ALUNO QUE ESTAacute EM INCLUSAtildeO 93

12

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 10

11 JUSTIFICATIVA E ABORDAGEM DO PROBLEMA 10

12 OBJETIVOS 18

121 OBJETIVO GERAL 18

122 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS 18

2 SUPORTE TEOacuteRICO 20

21 O DESENVOLVIMENTO HUMANO A PARTIR DO ESTUDO E DA

INTERACcedilAtildeO ENTRE SEUS CONTEXTOS ndash A ABORDAGEM

BIOECOLOacuteGICA 20

22 A CRIANCcedilA PEQUENA COM NECESSIDADES ESPECIAIS E A

PROMOCcedilAtildeO DO SEU DESENVOLVIMENTO 25

23 BREVE HISTOacuteRICO DA EDUCACcedilAtildeO DAS PESSOAS COM

NECESSIDADES ESPECIAIS E A EDUCACcedilAtildeO INCLUSIVA 31

24 A FAMIacuteLIA COMO UM MICROSSISTEMA DE DESENVOLVIMENTO

HUMANO E SUA RELACcedilAO COM A CRIANCcedilA COM NECESSIDADES

ESPECIAIS 39

25 A INSTITUICcedilAtildeO DE EDUCACcedilAtildeO INFANTIL COMO UM CONTEXTO DE

DESENVOLVIMENTO 49

251 CONCEPCcedilOtildeES SOBRE A PRAacuteTICA EDUCATIVA

INSTITUCIONALIZADA ASPECTOS RELEVANTES PARA A PROMOCcedilAtildeO DO

DESENVOLVIMENTO INFANTIL 51

3 MEacuteTODO 57

31 CONTEXTO 57

32 PARTICIPANTES 59

33 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS 60

13

34 PROCEDIMENTOS DE ANAacuteLISE DE DADOS 61

35 CUIDADOS EacuteTICOS 62

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 63

41 SECcedilAtildeO 01 CARACTERIZACcedilAtildeO DAS PARTICIPANTES 63

411 CARACTERIZACcedilAtildeO DAS CRIANCcedilAS FOCO DA INCLUSAtildeO 63

412 CARACTERIZACcedilAtildeO DAS ENTREVISTADAS 66

4121 CARACTERIZACcedilAtildeO DAS MAtildeES 66

4122 CARACTERIZACcedilAtildeO DAS PROFESSORAS DO ATENDIMENTO

EDUCACIONAL ESPECIALIZADO 68

4123 CARACTERIZACcedilAtildeO DAS EDUCADORAS DOS CENTROS

MUNICIPAIS DE EDUCACcedilAtildeO INFANTIL 71

42 SECcedilAtildeO 02 CONCEPCcedilOtildeES DAS MAtildeES DAS EDUCADORAS E DAS

PROFESSORAS SOBRE A CRIANCcedilA QUE ESTAacute EM INCLUSAtildeO 75

421 AS MAtildeES E SUAS CRIANCcedilAS 75

422 AS PROFESSORAS DO ATENDIMENTO EDUCACIONAL

ESPECIALIZADO E A INCLUSAtildeO DAS CRIANCcedilAS PEQUENAS QUE ESTAtildeO

NOS CENTROS MUNICIPAIS DE EDUCACcedilAtildeO INFANTIL 80

423 AS EDUCADORAS DOS CENTROS MUNICIPAIS DE EDUCACcedilAtildeO

INFANTIL E AS CRIANCcedilAS PEQUENAS QUE ESTAtildeO EM INCLUSAtildeO 89

43 SECcedilAtildeO 03 O PROCESSO INCLUSIVO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL 96

431 CONCEPCcedilOtildeES DAS PARTICIPANTES SOBRE O PROCESSO

INCLUSIVO 97

432 PARTICIPACcedilAtildeOATUACcedilAtildeO NO PROCESSO INCLUSIVO NO CENTRO

MUNICIPAL DE EDUCACcedilAtildeO INFANTIL 104

433 REFEREcircNCIAS E APOIOS UTILIZADOS E INDICADOS PARA QUE O

PROCESSO INCLUSIVO OCORRA COM QUALIDADE 107

14

434 AVALIACcedilAtildeO DO PROCESSO INCLUSIVO 114

435 VANTAGENS E DESVANTAGENS DO PROCESSO INCLUSIVO 116

4351 AS VANTAGENS 116

4352 AS DESVANTAGENS 119

436 SUGESTOtildeES E COMENTAacuteRIOS VISANDO A MELHORIA DO

PROCESSO INCLUSIVO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL 121

44 SECcedilAtildeO 04 ndash DA NECESSIDADE DE SE OBSERVAR E ATUAR NA

INFAcircNCIA ENQUANTO ETAPA CRUCIAL DE DESENVOLVIMENTO 125

45 SECcedilAtildeO 05 - DO RECONHECIMENTO DA IMPORTAcircNCIA DOS

CONTEXTOS E SUAS INTER-RELACcedilOtildeES 128

46 SECcedilAtildeO 06 - DA CONSIDERACcedilAtildeO E DISCUSSAtildeO DAS NOVAS

CONCEPCcedilOtildeES ACERCA DA INCLUSAtildeO 129

47 SECcedilAtildeO 07 - DA CONSIDERACcedilAtildeO DAS (NECESSAacuteRIAS)

TRANSFORMACcedilOtildeES QUE VEM OCORRENDO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL

131

48 SECcedilAtildeO 08 - DA CONSIDERACcedilAtildeO DAS TRANSFORMACcedilOtildeES QUE VEM

OCORRENDO NA EDUCACcedilAtildeO ESPECIAL 133

5 CONCLUSOtildeES 135

REFEREcircNCIAS 140

ANEXOS 161

10

1 INTRODUCcedilAtildeO

11 JUSTIFICATIVA E ABORDAGEM DO PROBLEMA

Desde a eacutepoca da graduaccedilatildeo em Pedagogia o desenvolvimento humano

desperta o interesse desta pesquisadora especialmente o periacuteodo inicial da vida

com seus aspectos relacionados agraves primeiras experiecircncias e o estabelecimento de

viacutenculos Por isso e devido agraves vivecircncias e formaccedilotildees acadecircmicas pessoais e

profissionais foi se construindo a ideia de que o desenvolvimento humano eacute um

processo permanente complexo e multideterminado e que cada etapa da vida eacute

constituiacuteda por caracteriacutesticas e necessidades muito peculiares as quais devem ser

observadas e estudadas para que se possam promover condiccedilotildees de

desenvolvimento de seres humanos saudaacuteveis (BRONFRENBRENNER 1996

BRONFRENBRENNER 2011 GAT 2000 BRAZELTON e GREENSPAN 2002

ASPESI DESSEN e CHAGAS 2005 ROGOFF 2005 POLETTO e KOLLER 2008)

Nessa abordagem o presente estudo procura vincular-se ao modelo

Bioecoloacutegico de Desenvolvimento Humano por apresentar possibilidades para que o

pesquisador analise aspectos da pessoa em desenvolvimento dos contextos que

vivecircncia e dos processos interativos que a influenciam ao longo do tempo

(BRONFENBRENNER e EVANS 2000)

Este modelo de entendimento do desenvolvimento humano valoriza as

interaccedilotildees desde as fases iniciais do ciclo vital das pessoas uma vez que as

mesmas influenciam e satildeo influenciadas profundamente pelas relaccedilotildees com outros

seres objetos e siacutembolos tanto em seu ambiente imediato quanto com outros

ambientes (BRONFENBRENNER e EVANS 2000) Essas interaccedilotildees se verificam de

modo progressivamente mais complexo ao longo do ciclo vital e seu estudo permite

inferir que contextos socialmente organizados ajudem a apoiar e orientar o

desenvolvimento humano ou seja desde o nascimento As interaccedilotildees satildeo

fundamentais para a sobrevivecircncia e o desenvolvimento como um todo assim cada

etapa do crescimento pressupotildee a ampliaccedilatildeo de laccedilos afetivos sociais e tambeacutem do

repertoacuterio cognitivo do ser humano (MOLINARI SILVA E CREPALDI 2005 GOMES

e DUARTE 2009 BRONFRENBRENNER e CECI 2011)

11

Dentre as diversas fases do desenvolvimento humano destaca-se nessa

pesquisa a primeira infacircncia ou seja a faixa etaacuteria compreendida entre o

nascimento e os trecircs primeiros anos de vida em especial procurando compreender

o processo de inclusatildeo da crianccedila pequena com deficiecircncia a partir do contexto

familiar e da educaccedilatildeo infantil

Primeiramente justifica-se que o estudo e a atenccedilatildeo a esse periacuteodo do ciclo vital

eacute relevante por vaacuterios motivos entre os quais se destacam a) a comprovada

importacircncia que experiecircncias nessa eacutepoca da vida apresentam para a formaccedilatildeo dos

indiviacuteduos visto que haacute grande riqueza e intensidade nas aquisiccedilotildees

desenvolvimentais em todos os seus niacuteveis b) a relevacircncia do papel do adulto-

cuidador frente agrave promoccedilatildeo do desenvolvimento na infacircncia e da garantia de seus

direitos c) o acesso crescente da crianccedila pequena a cuidados alternativos

implicando em separaccedilotildees diaacuterias entre matildee-bebecirc desde tenra idade o que tem

gerado inuacutemeras discussotildees sobre o impacto desse fato no desenvolvimento infantil

d) a escassez de projetos pedagoacutegicos dentro da educaccedilatildeo infantil que sejam

coerentes com as especificidades de bebecircs e de crianccedilas pequenas e) o

desconhecimento dos profissionais de educaccedilatildeo infantil sobre desenvolvimento

humano e pelas condiccedilotildees de trabalho e atendimento agrave crianccedila pequena as quais

indicam a necessidade de revisotildees praacuteticas nesse acircmbito (GAT 2000 RAPOPORT

2003 ROGOFF 2005 ARNAIS 2003 ANJOS et al 2004 BARBOSA 2004

SOEJIMA 2008 SOUZA 2008 EIKMANN et al 2009 BOLSANELLO 2009

FERNANDES 2011)

Diante dos aspectos assinalados a respeito das condiccedilotildees de atendimento das

crianccedilas pequenas com desenvolvimento tiacutepico ou ldquonormalrdquo os quais claramente jaacute

se verificam como um tema de relevo entatildeo o que falar daquelas que apresentam

deficiecircncia ou necessidades especiais1 e que se encontra em situaccedilatildeo de inclusatildeo

desde tenra idade inseridas nos atendimentos de berccedilaacuterio e turmas maternais no

ensino regular

Na perspectiva da questatildeo posta acima se pode afirmar que o desafio atual da

educaccedilatildeo infantil eacute tornar seus serviccedilos inclusivos acolhendo as crianccedilas pequenas

1 Para efeitos de entendimento nesse estudo seraacute utilizado o termo necessidades especiais para designar as

condiccedilotildees que se referem agraves deficiecircncias (sensoriais intelectual neuromotora fiacutesica ou muacuteltipla) Transtornos

Globais do Desenvolvimento ou outras situaccedilotildees que tragam grandes implicaccedilotildees para o acesso e a permanecircncia

de alunos na Educaccedilatildeo Infantil e no Ensino Fundamental e que por tal os caracterizem como alunos foco da

Educaccedilatildeo Especial e Inclusiva

12

com necessidades especiais e proporcionando-lhes atenccedilatildeo e atendimento de

qualidade adequada agraves suas caracteriacutesticas e especificidades (MENDES 2010)

Ressalta-se que ao fazer referecircncia agrave crianccedila pequena com necessidades

especiais estaacute se orientando a atenccedilatildeo agravequela pessoa que possui impedimentos de

longo prazo de natureza fiacutesica intelectual ou sensorial e que por tais condiccedilotildees

comporia o alunado da Educaccedilatildeo Especial (BRASIL 2008) Ainda que se encontrem

inuacutemeras divergecircncias nas definiccedilotildees de deficiecircncia ou necessidades especiais

essas pautadas pelas diferenccedilas entre atitudes crenccedilas orientaccedilatildeo aacutereas de

estudo e cultura a definiccedilatildeo do termo eacute cabiacutevel pois implica em caracteriacutesticas de

pessoas que precisam ser vistas acolhidas respeitadas e atendidas em vaacuterias

instacircncias (SMITH 2004)

Cabe destacar ainda a respeito de questotildees sobre a educaccedilatildeo inclusiva que

desde a Declaraccedilatildeo de Salamanca em 1994 muitas experiecircncias discussotildees e

avanccedilos se deram nesse acircmbito poreacutem de modo geral a inclusatildeo no ensino

regular do alunado foco da Educaccedilatildeo Especial continua a se mostrar como um tema

polecircmico e controverso no qual de um lado se encontram as orientaccedilotildees e

legislaccedilotildees brasileiras e internacionais e do outro as escolas e as famiacutelias que tem

que aguardar pacientemente por encaminhamentos praacuteticos e orientaccedilotildees que

ajudem a dar um direcionamento ao atendimento de suas crianccedilas (FERNANDES

BOLSANELLO e MOREIRA 2008) Isso pode ser entendido na perspectiva de

Kassar (2011) quando esta recorda que no Brasil e em alguns paiacuteses da Europa o

atendimento educacional direcionado agraves pessoas com deficiecircncia foi durante muito

tempo construiacutedo de maneira separada da educaccedilatildeo oferecida agrave populaccedilatildeo que natildeo

apresentava diferenccedilas ou caracteriacutesticas expliacutecitas que a caracterizasse como

ldquoanormalrdquo Tal fato implicou segundo esta uacuteltima autora na constituiccedilatildeo da

Educaccedilatildeo Especial como um campo de atuaccedilatildeo muito especiacutefico muitas vezes sem

interlocuccedilatildeo com a educaccedilatildeo comum Esse fato se reflete materialmente nos

espaccedilos institucionais igualmente separados e nas crenccedilas e mitos sobre os

ldquodiferentesrdquo

Essa separaccedilatildeo nos atendimentos tambeacutem eacute vaacutelida no que se refere agraves

crianccedilas pequenas com necessidades especiais (MENDES 2010) Historicamente

quando uma crianccedila apresenta precocemente alteraccedilotildees em seu desenvolvimento

ou mesmo um diagnoacutestico indicando o quadro de deficiecircncia ela eacute comumente

encaminhada aos serviccedilos de Estimulaccedilatildeo Precoce ou Essencial na Educaccedilatildeo

13

Especial (PEacuteREZ-LOacutePEZ 2009) O atendimento em Estimulaccedilatildeo Precoce ou

Essencial na realidade brasileira costuma configurar-se como o primeiro programa

de atendimento destinado a atender principalmente crianccedilas de alto risco ou

portadoras de deficiecircncias (auditiva fiacutesica intelectual visual muacuteltipla) sendo

geralmente destinado agrave faixa etaacuteria de zero a trecircs anos (BOLSANELLO 1998)

Crianccedilas de alto risco satildeo aquelas que devido a causas preacute-natais perinatais ou

poacutesndashnatais de origem bioloacutegica ou ambiental podem vir a apresentar atrasos

significativos em seu desenvolvimento requerendo por isso uma abordagem de

atendimento mais apropriada (TJOSSEM 1976 ALMEIDA 2009)

No caso das crianccedilas pequenas com necessidades especiais (entenda-se

deficiecircncias ou com significativo atraso em seu desenvolvimento) segundo Vitta

(2004) haacute escassez de estudos sobre sua participaccedilatildeo na Educaccedilatildeo Infantil

especificamente nos berccedilaacuterios o que natildeo significa que elas natildeo estejam sendo

atendidas nesse contexto (VITTA 2004) Haacute muitos casos de crianccedilas com

alteraccedilotildees significativas em seu desenvolvimento e que ainda natildeo foi detectado por

seus pais ou mesmo pelos educadores que as atendem na Educaccedilatildeo Infantil o que

compromete uma das funccedilotildees destes educadores que eacute a de auxiliar na detecccedilatildeo

de deacuteficits e orientar quanto agrave prevenccedilatildeo de maiores atrasos e a promoccedilatildeo do

desenvolvimento infantil (VITTA 2004 DIacuteAZ-HERRERO e MARTINEZ-FUENTES

2009)

Contudo a presenccedila de crianccedilas pequenas com necessidades especiais em

berccedilaacuterios tem sido vista com algumas reservas conforme evidenciado pelo estudo

de VITTA (2004) Drago (2011) tambeacutem percebeu em sua pesquisa que a inclusatildeo

na Educaccedilatildeo Infantil se verifica em meio a uma confusatildeo de conceitos e praacuteticas

nas quais se revelam accedilotildees inclusivas isoladas e um processo inclusivo mal

compreendido e mal aproveitado

Logo na busca pela concretizaccedilatildeo de uma educaccedilatildeo inclusiva sem duacutevida os

papeacuteis dos educadores e da famiacutelia se destacam porque ambos satildeo fundamentais

para a trajetoacuteria de vida das pessoas tanto em termos de aprendizagem quanto de

desenvolvimento o que significa dizer que estes podem tanto ser propulsores

quanto limitadores do desenvolvimento humano (BRAZELTON 2002 GIL 2004

SCHMITERLOumlW e FERNANDEZ 2004 DRAGO 2011 BRONFENBRENNER

2011)

14

No tocante agrave famiacutelia certamente natildeo restam mais duacutevidas para a ciecircncia

psicoloacutegica a respeito da influecircncia que as praacuteticas educativas parentais tecircm para o

desenvolvimento dos filhos (WEBER 2008) Isso porque a famiacutelia por ser o primeiro

locus de desenvolvimento humano mostra-se como um contexto privilegiado cujos

objetivos conteuacutedos e meacutetodos se diferenciam do cuidado institucionalizado pois

fomenta o processo de socializaccedilatildeo a proteccedilatildeo as condiccedilotildees baacutesicas de

sobrevivecircncia o desenvolvimento de seus membros no plano social cognitivo e

afetivo e tambeacutem auxilia a estabelecer uma estrutura miacutenima de atividades e

relaccedilotildees nos quais os papeacuteis de matildee pai filho irmatildeo esposa marido e outros satildeo

evidenciados e ensinados (DESSEN e POLONIA 2007 POLETTO e KOLLER

2008 PINHEIRO e BIASOLI-ALVES 2008 ALMEIDA 2010)

Contudo dadas agraves intensas mudanccedilas que a instituiccedilatildeo familiar vem passando

ao longo das uacuteltimas deacutecadas eacute necessaacuterio um estudo mais apurado acerca de

suas caracteriacutesticas e necessidades especialmente quando se propotildee a entendecirc-la

como espaccedilo promotor de desenvolvimento ativo e dinacircmico tal como nas palavras

de Pinheiro e Biasoli-Alves (2008) ao afirmarem que conforme as transformaccedilotildees

sociais vatildeo ocorrendo surgem ao mesmo tempo elementos que afetam a dinacircmica

familiar e do casal o que permite situar as questotildees que envolvem o papel

desempenhado por cada um de seus indiviacuteduos particularmente pai e matildee ndash aqui

referidos como ldquopaisrdquo

Esses dois elementos (pai e matildee) muito embora tenham assumido novos papeacuteis

diante da sociedade e de sua proacutepria famiacutelia ainda se mantecircm como figuras

imprescindiacuteveis do contexto de transmissatildeo de valores conhecimentos regras e

noccedilotildees de convivecircncia para seus filhos (ZAMBERLAM et al 1997 CARVALHO e

ALMEIDA 2003 SILVA e BOLSANELLO 2002 PINHEIRO e BIASOLI-ALVES

2008)

Diante da temaacutetica da presente pesquisa e no que se refere agrave crianccedila pequena

em situaccedilatildeo de inclusatildeo escolar ressalta-se que satildeo poucos os estudos que

descrevem o funcionamento familiar em crianccedilas com necessidades especiais na

realidade brasileira aleacutem de que haacute resultados contraditoacuterios entre algumas

pesquisas (MINETTO 2010) Todavia Brazelton (2002) afirma que os pais

necessitam de uma ajuda profissional quando se percebe que o filho apresenta

alteraccedilotildees em seu desenvolvimento pois sem isso eles podem - por ansiedade ou

falta de orientaccedilatildeo - contribuir com o quadro de atraso ou mesmo superproteger sua

15

crianccedila deixando de estarem sensiacuteveis agraves condiccedilotildees reais do infante Tambeacutem no

que se refere ao atendimento da crianccedila com necessidades especiais ou

desenvolvimento atiacutepico eacute fundamental que se leve em consideraccedilatildeo a participaccedilatildeo

ativa da famiacutelia no processo por meio do acolhimento de suas duacutevidas e anseios e

pela promoccedilatildeo de orientaccedilotildees de quando e como interagir com sua crianccedila (GIL

2004 SHMITERLOumlW e FERNANDEZ 2004 MENDES 2010)

A atenccedilatildeo o apoio e a orientaccedilatildeo para a famiacutelia que tem uma crianccedila com

necessidades especiais justificam-se primordialmente porque esse natildeo eacute um fato

para o qual todos se preparam antecipadamente Muito menos eacute um fato que se

deseja aleacutem de que quando do diagnoacutestico de deficiecircncia atraso no

desenvolvimento ou outra necessidade especial haacute uma intensa e profunda

reorganizaccedilatildeo familiar conforme jaacute afirmado por Prado (2005) A possibilidade de um

diagnoacutestico pode corroborar com sofrimento por parte dos pais havendo em

diversos casos a apresentaccedilatildeo de estresse fiacutesico e emocional (BAILEY 2003

PEREIRA-SILVA e DESSEN 2006 CHERUBINI BOSA e BANDEIRA 2008) Diante

do exposto torna-se evidente que os programas de atendimento agrave crianccedila pequena

com deficiecircncia ou alteraccedilotildees importantes em seu desenvolvimento devem

considerar aspectos que envolvam sua famiacutelia de maneira que a preparem para a

relaccedilatildeo com seu filho (SHMITERLOumlW 2003 GIL 2004 SHMITERLOumlW e

FERNANDEZ 2004)

Jaacute a instituiccedilatildeo de Educaccedilatildeo Infantil interessa como um contexto que se mostra

cada vez mais utilizado podendo ateacute ser considerado como indispensaacutevel para a

viabilizaccedilatildeo da dupla jornada de trabalho da mulher e dos arranjos familiares

proacuteprios da modernidade o que faz com que o maior desafio desse contexto tenda a

ser o de proporcionar um ambiente que seja estimulante para a crianccedila tambeacutem

promovendo seu desenvolvimento de modo amplo e saudaacutevel (SOUZA 2008

SOEJIMA 2008 BOLSANELLO 2009 SOEJIMA e BOLSANELLO 2012)

Dessen e Polonia (2007) afirmam que a instituiccedilatildeo de educaccedilatildeo eacute um espaccedilo

fiacutesico psicoloacutegico social e cultural no qual os indiviacuteduos processam o seu

desenvolvimento global mediante atividades programadas e que tambeacutem pode se

configurar como um espaccedilo de apoio e orientaccedilatildeo para que as famiacutelias

desempenhem melhor seu papel

Perante sua relevacircncia a Educaccedilatildeo Infantil tem sido objeto de inuacutemeros estudos

inclusive a dissertaccedilatildeo de Mestrado da presente pesquisadora Os resultados desta

16

dissertaccedilatildeo evidenciaram a) a rotina extenuante dos educadores b) suas

dificuldades em planejar o atendimento das crianccedilas c) a grande quantidade de

crianccedilas por educador d) a constante necessidade de resolverem problemas

imediatos o que gera a dificuldade de darem atenccedilatildeo a aspectos mais

individualizados das crianccedilas e) a falta de apoio pedagoacutegico adequado (SOUZA

2008) Esses satildeo aspectos tambeacutem verificados por outros autores e que possibilitam

refletir profundamente sobre a funccedilatildeo da creche como um espaccedilo de

desenvolvimento (PACHECO e DUPRET 2004 CAMPOS FULGRAFF e

WIGGERS 2006 BOacuteGUS et al 2007 SOEJIMA 2008 SOUZA 2008

BOLSANELLO 2009 FERNANDES 2011 GUIMARAtildeES 2011 SOEJIMA e

BOLSANELLO 2012)

Outra questatildeo eacute acerca das concepccedilotildees de desenvolvimento infantil dos

educadores as quais refletem a falta de uma formaccedilatildeo consistente na aacuterea a falta

de oportunidades de reflexatildeo a falta de ressignificaccedilatildeo de seus conhecimentos

preacutevios a falta de sistematizaccedilatildeo de accedilotildees de atenccedilatildeo e a intervenccedilatildeo precoce

(SOEJIMA e BOLSANELLO 2012 SOUZA 2008) Tais achados geram

controveacutersias quanto agrave sua funccedilatildeo protetiva em relaccedilatildeo agraves comunidades expostas a

riscos sociais e desenvolvimentais (EIKMANN et al 2009) o que estaacute tambeacutem em

consonacircncia com as consideraccedilotildees de BALTIERI et al (2010) Estes uacuteltimos

salientam que estudos recentes trazem a preocupaccedilatildeo com as repercussotildees da

exposiccedilatildeo cotidiana ao ambienterotina das creches e que esta na realidade

brasileira tem sido crescente e apontam limitaccedilotildees quanto ao preparo dos

profissionais da infraestrutura rotinas com predomiacutenio de atividades voltadas para

alimentaccedilatildeo e higiene aleacutem de maior exposiccedilatildeo das crianccedilas a processos

infecciosos

Contraditoriamente os estudos de Boacutegus et al(2007) e Bhering e Nez (2002)

evidenciaram que as famiacutelias buscam o atendimento institucionalizado tambeacutem por

acreditarem que este seraacute um contexto de promoccedilatildeo do desenvolvimento e maior

cuidado para sua crianccedila e ateacute sentem-se privilegiadas por terem acesso a esse

serviccedilo o que parece resultar em uma menor exigecircncia na qualidade desse

atendimento Bhering e Nez (2002) relembram que a importacircncia do envolvimento

dos pais nessa fase de desenvolvimento humano eacute autoexplicativa famiacutelia e

escolacreche juntas podem promover situaccedilotildees complementares e significativas

17

de aprendizagem e convivecircncia que realmente vatildeo ao encontro das necessidades e

demandas das crianccedilas de ambas as instituiccedilotildees

Por outro lado eacute percebido que a participaccedilatildeo das famiacutelias diante da instituiccedilatildeo e

do atendimento de seus filhos eacute escassa e restrita agrave entrega da crianccedila pela manhatilde

agrave busca ao final do dia e a participaccedilatildeo em algumas reuniotildees especiacuteficas na fala

dos educadores tal participaccedilatildeo poderia ser mais efetiva (BHERING e NEZ 2002

BOgraveGUS et al 2007 SOUZA 2008) Perante esse cenaacuterio da parca participaccedilatildeo da

famiacutelia dentro da rotina da creche relembra-se que mesmo que haja o atendimento

institucionalizado como um importante recurso da sociedade contemporacircnea tal

participaccedilatildeo natildeo substitui a funccedilatildeo primordial da famiacutelia (SILVA e BOLSANELLO

2002)

Conforme os dados assinalados sobre a crianccedila pequena com necessidades

especiais sobre a importacircncia da famiacutelia e da Educaccedilatildeo Infantil como contextos de

promoccedilatildeo de desenvolvimento na primeira infacircncia2 e diante das contradiccedilotildees que

ainda permeiam os processos da educaccedilatildeo inclusiva apresenta-se como

pressuposto que a inclusatildeo da crianccedila pequena com necessidades especiais no

contexto de Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil vem sendo realizada a partir de

conceitos e praacuteticas que fortalecem principalmente os aspectos socializadores do

processo inclusivo o que implica na possibilidade de que estar no referido contexto

natildeo caracteriza uma educaccedilatildeo inclusiva

E levanta-se a questatildeo norteadora do presente estudo

Quais concepccedilotildees orientam o processo de inclusatildeo da crianccedila pequena com

necessidades especiais no contexto de Centros Municipais de Educaccedilatildeo

Infantil (CMEIs) segundo suas matildees suas educadoras na Educaccedilatildeo Infantil e

suas professoras do Atendimento Educacional Especializado

2 Para esse estudo se considera que a primeira infacircncia eacute o periacuteodo etaacuterio que corresponde aos primeiros 36

meses de vida

18

12 OBJETIVOS

121 Objetivo Geral

Investigar quais concepccedilotildees orienta o processo de inclusatildeo da crianccedila

pequena com necessidades especiais no contexto de Centros Municipais de

Educaccedilatildeo Infantil (CMEIs) especificamente em turmas de berccedilaacuterio e maternal

segundo suas matildees suas educadoras na Educaccedilatildeo Infantil e suas professoras do

Atendimento Educacional Especializado

122 Objetivos Especiacuteficos

Com a intenccedilatildeo de responder a questatildeo de pesquisa que orienta este

trabalho se estabelecem como objetivos especiacuteficos os itens abaixo indicados

a) Investigar como as matildees de crianccedilas que tecircm necessidades especiais

percebem participam e avaliam o processo de inclusatildeo de seus filhos que

frequentam os Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil

b) Investigar como educadoras de Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil que

atendem em turmas de berccedilaacuterio (I e II) e maternal (I e II) percebem atuam e

avaliam o processo de inclusatildeo das crianccedilas pequenas com necessidades

especiais nesses ambientes de desenvolvimento preacute-escolar

c) Investigar como professoras do Atendimento Educacional Especializado que

atendem e que frequentam turmas de berccedilaacuterio (I e II) e maternal (I e II) nos

Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil da regiatildeo percebem atuam e

avaliam o processo de inclusatildeo das crianccedilas pequenas com necessidades

especiais

d) Verificar quais satildeo as Diretrizes e Apoios indicados eou utilizados pelas

participantes do estudo para que o processo inclusivo ocorra com qualidade

na Educaccedilatildeo Infantil

19

e) Verificar as vantagens e desvantagens da inclusatildeo escolar de crianccedilas

pequenas com necessidades especiais segundo as concepccedilotildees de suas

matildees suas educadoras nos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil e suas

professoras do Atendimento Educacional Especializado

20

2 SUPORTE TEOacuteRICO

21 O DESENVOLVIMENTO HUMANO A PARTIR DO ESTUDO E DA INTERACcedilAtildeO

ENTRE SEUS CONTEXTOS ndash A ABORDAGEM BIOECOLOacuteGICA

Bronfenbrenner (1996) conceitua o desenvolvimento humano afirmando que

este se constitui de mudanccedilas nas formas como as pessoas percebem e interagem

com o ambiente Essas mudanccedilas ocorrem durante toda a vida do indiviacuteduo e em

sua relaccedilatildeo com o mundo

O modelo bioecoloacutegico contempla o desenvolvimento de maneira ampla e

busca focalizar as interaccedilotildees das pessoas com seus diferentes contextos

(BRONFENBRENNER 2011) Em outras palavras o ser humano se constitui como

tal na sua relaccedilatildeo com o outro e com os diversos contextos dos quais participa

direta ou indiretamente (SILVA 2011)

Para Bronfenbrenner e Morris (1998) o desenvolvimento dos seres humanos

eacute o resultado da accedilatildeo entre as caracteriacutesticas da pessoa em desenvolvimento os

processos proximais estabelecidos entre ela e outros sujeitos os contextos nos

quais a pessoa vive e a frequecircncia de tempo no qual ela encontra-se exposta a

esses elementos Esse modelo tambeacutem eacute denominado PPCT (processo-pessoa-

contexto-tempo)

O processo eacute o mecanismo do desenvolvimento visto a partir das interaccedilotildees

entre o sujeito e o ambiente imediato O indiviacuteduo humano eacute sempre considerado

nesta teoria como um ser biopsicologicamente em evoluccedilatildeo e para que suas

interaccedilotildees sejam consideradas como tal ele deve ser visto de modo ativo

(BROFENBRENNER 2011)

Os processos proximais satildeo os motores primaacuterios do desenvolvimento e satildeo

por conceito bidirecionais (BRONFENBRENNER 1999) O processo proximal pode

melhorar a competecircncia funcional e ajudar a minimizar aspectos disfuncionais do

desenvolvimento humano (BRONFENBRENNER 1999)

Para que se efetive o desenvolvimento as atividades devem ser contiacutenuas ao

longo de um tempo e devem tornar-se progressivamente mais complexas Em

acordo com esse modelo de desenvolvimento repeticcedilotildees natildeo bastam elas natildeo

21

caracterizam os processos proximais (BRONFENBRENNER e MORRIS 1998) Os

processos proximais envolvem aleacutem de pessoas tambeacutem a relaccedilatildeo com objetos e

siacutembolos E para haver reciprocidade nas relaccedilotildees os objetos e siacutembolos devem

despertar e estimular a atenccedilatildeo a exploraccedilatildeo a manipulaccedilatildeo a elaboraccedilatildeo e a

imaginaccedilatildeo da pessoa em desenvolvimento (BRONFENBRENNER 1999

AMBROZIO 2009)

Um exemplo desse padratildeo de interaccedilatildeo pode ser observado durante a

alimentaccedilatildeo do bebecirc nas brincadeiras de crianccedilas com pouca idade seja em grupo

ou individualmente (BRONFENBRENNER 2001)

Para os processos proximais disfunccedilatildeo e competecircncia satildeo dois aspectos

muito importantes pois influenciam os primeiros de modo contundente

Bronfenbrenner e Morris (1998) definem disfunccedilatildeo como a manifestaccedilatildeo recorrente

de dificuldades por parte da pessoa que estaacute em desenvolvimento Jaacute competecircncias

satildeo as aquisiccedilotildees avanccediladas no que se refere a conhecimentos e habilidades

(intelectuais fiacutesicas sociais motoras e a combinaccedilatildeo desses elementos)

Bronfenbrenner e Morris (1998) afirmam que ambientes estaacuteveis e

vantajosos propiciam menos manifestaccedilotildees de disfunccedilotildees no desenvolvimento

humano e que quanto maiores e melhores os resultados relacionados agraves

competecircncias mais elevados e complexos podem se tornar os processos proximais

e mais reduzidos seratildeo os riscos para o desenvolvimento

A pessoa eacute analisada por meio de suas caracteriacutesticas determinadas

biopsicologicamente (experiecircncias vividas habilidades por exemplo) e aquelas

construiacutedas socialmente Nesse modelo as caracteriacutesticas da pessoa satildeo tanto

produtoras como produtos do desenvolvimento pois constitui um dos elementos que

influenciam tanto a forma a forccedila o conteuacutedo quanto a direccedilatildeo do processo de

interaccedilatildeo (BRONFENBRENNER 1996 BROFENBRENNER 2011) Este modelo

destaca trecircs caracteriacutesticas da pessoa que tem influecircncia no decorrer de seu

desenvolvimento e das relaccedilotildees proximais estabelecidas as quais satildeo as

disposiccedilotildees os recursos e as demandas (BRONFENBRENNER 1999)

As disposiccedilotildees satildeo as caracteriacutesticas que podem colocar os processos

proximais em movimento lhe dando sustentaccedilatildeo ou interferindo com atrasos no

desenvolvimento humano Portanto as disposiccedilotildees podem ser as que promovem e

geram desenvolvimento e as que impedem ou atrasam o desenvolvimento

(BRONFENBRENNER 1999)

22

Segundo Bronfenbrenner (1989) satildeo disposiccedilotildees que podem gerar atrasos ou

impedimentos no desenvolvimento hostilidade apatia desatenccedilatildeo falta de

interesse inseguranccedila entre outras E como caracteriacutesticas que geram e promovem

o desenvolvimento iniciativa a curiosidade e tambeacutem a responsividade seletiva as

tendecircncias estruturantes e um sistema de crenccedilas diretivas (BRONFENBRENNER

1999)

A chamada responsividade seletiva eacute a primeira manifestaccedilatildeo dos aspectos

que geram o desenvolvimento e se refere a uma capacidade de manifestaccedilatildeo de

uma resposta diferenciada que ocasiona atraccedilatildeo e exploraccedilatildeo de elementos do

ambiente fiacutesico e social (BRONFENBRENNER 1999)

Jaacute as tendecircncias estruturantes se referem agraves capacidades de engajamento e

de persistecircncia em atividades progressivamente mais complexas Satildeo exemplos de

tendecircncias estruturantes a capacidade de elaborar reestruturar e criar novas

caracteriacutesticas em um ambiente (BRONFENBRENNER E MORRIS 1989)

A terceira disposiccedilatildeo que contribui para a promoccedilatildeo do desenvolvimento

humano eacute o que Bronfenbrenner e Morris (1998) denominam de sistema de crenccedilas

diretivas Elas se referem agrave capacidade de as pessoas demonstrarem uma

crescente tendecircncia de dar significado agraves experiecircncias agrave medida que o tempo vai

passando

Em relaccedilatildeo aos chamados recursos bioecoloacutegicos Bronfenbrenner (1989)

indicam que estes se referem agrave aptidatildeo agraves experiecircncias conhecimentos e

habilidades requeridas para o funcionamento dos processos proximais Os recursos

bioecoloacutegicos tambeacutem podem limitar os processos proximais principalmente quando

se referem a defeitos geneacuteticos ou doenccedilas crocircnicas e graves por exemplo

No que se refere agraves demandas Bronfenbrenner (1992) afirma que satildeo

aquelas caracteriacutesticas da pessoa em desenvolvimento que provocam ou

desencorajam reaccedilotildees do ambiente e que interferem de forma positiva ou negativa

nos processos proximais

A inter-relaccedilatildeo entre as caracteriacutesticas pessoais as disposiccedilotildees os recursos

bioecoloacutegicos e as demandas levam a inuacutemeras possibilidades de combinaccedilotildees e

justificam as diferenccedilas nas direccedilotildees e nas forccedilas dos processos proximais

resultantes e de seus impactos no desenvolvimento humano (BRONFENBRENNER

E MORRIS 1989)

23

Bronfenbrenner (1996) traz em seu modelo bioecoloacutegico a importacircncia e a

influecircncia que os contextos apresentam para o desenvolvimento da pessoa

O contexto eacute analisado por meio da interaccedilatildeo de quatro niacuteveis ambientais dos

mais proacuteximos aos mais distantes denominados microssistema mesossistema

exossistema e macrossistema (BRONFENBRENNER 1996 BROFENBRENNER

2011)

O microssistema eacute o ambiente em que se estabelecem relaccedilotildees diretas face

a face relaccedilotildees de intimidade (diacuteades triacuteades) Satildeo considerados como exemplos

famiacutelia escola grupo de amigos entre outros Das relaccedilotildees entre os diversos

microssistemas origina-se o mesossistema Jaacute o exossistema constitui aqueles

contextos externos agrave participaccedilatildeo direta do sujeito em desenvolvimento mas que

trazem influecircncias importantes para ele Um exemplo disso para a crianccedila em

desenvolvimento eacute o ambiente de trabalho dos pais O macrossistema eacute aquele em

que se configuram as leis normas e regras que regem uma sociedade

(BRONFENBRENNER 1996 BROFENBRENNER 2011)

As interaccedilotildees entre os diversos niacuteveis contextuais satildeo bidirecionais e trazem

grandes transformaccedilotildees no desenvolvimento humano O tipo de interaccedilatildeo mais

baacutesico eacute a chamada transiccedilatildeo ecoloacutegica o que segundo Bronfenbrenner (1977) eacute a

possibilidade de movimento de um contexto para outro diferente novo Podem ser

exemplos de transiccedilatildeo ecoloacutegica o ingresso em uma instituiccedilatildeo de ensino a

mudanccedila de residecircncia passar o dia no Centro Municipal de Educaccedilatildeo Infantil -

CMEI e ir para casa ao fim do dia entre outros

Sobre as relaccedilotildees bidirecionais ainda Bronfenbrenner (1988) cita as diacuteades e

as relaccedilotildees mais extensas a partir do sistema N+2 (triacuteades teacutetrades etc) Dentro do

processo de desenvolvimento infantil as diacuteades primaacuterias satildeo fundamentais pois o

desenvolvimento da crianccedila pequena afeta e eacute afetado por seus cuidadores

principais tais como matildee avoacute babaacute educadora etc Logo eacute recomendaacutevel que ao

se estudar o desenvolvimento na infacircncia que se busque fazecirc-lo tambeacutem

considerando esses aspectos diaacutedicos

Assim microssistemas como famiacutelia e escola tecircm influecircncias diversas e

importantes no desenvolvimento infantil Compreender ecologicamente o

desenvolvimento humano possibilita que a atenccedilatildeo investigativa seja dirigida natildeo soacute

para a pessoa e os ambientes imediatos nos quais se encontra senatildeo para suas

interaccedilotildees e transiccedilotildees em ambientes mais distantes dos quais muitas vezes

24

sequer participa diretamente O modelo bioecoloacutegico tambeacutem enfatiza o ambiente

mas propotildee que o desenvolvimento humano seja estudado por meio da interaccedilatildeo

deste nuacutecleo com outros trecircs de forma inter-relacionada o processo a pessoa e o

tempo (BRONFENBRENNER 1996 ROGOFF 2005 BROFENBRENNER 2011)

O tempo nesse modelo condiciona a efetividade dos processos proximais agrave

ocorrecircncia de uma interaccedilatildeo reciacuteproca progressivamente mais complexa em uma

base de tempo efetivamente regular natildeo podendo este funcionar efetivamente em

ambientes instaacuteveis e imprevisiacuteveis (BRONFENBRENNER 1996

BROFENBRENNER 2011)

Bronfenbrenner e Morris (1998) afirmam que o tempo enquanto categoria

bioecoloacutegica divide-se em microtempo mesotempo e macrotempo A anaacutelise do

tempo dentro desses trecircs niacuteveis deve focalizar a pessoa em relaccedilatildeo aos

acontecimentos presentes em sua vida desde os mais proacuteximos ateacute os mais

distantes (BRONFENBRENNER 1996 BROFENBRENNER 2011)

A abordagem bioecoloacutegica do desenvolvimento humano proposta por

Brofenbrenner (1996) eacute uacutetil ao permitir que o desenvolvimento possa ser entendido

de maneira contextualizada contemplando a interaccedilatildeo dinacircmica dos elementos

acima descritos Em outras palavras o estudo do desenvolvimento infantil

interpretado pelos paracircmetros do contexto bioecoloacutegico pode ser entendido como a)

a crianccedila como pessoa em contiacutenuo e progressivo desenvolvimento cujo trajeto

desenvolvimental apresenta caracteriacutesticas especiacuteficas conforme o ciclo vital se

desenrola b) a reciprocidade na qual ocorre uma interaccedilatildeo entre a crianccedila e os

contextos dos quais participa efetivamente c) as interconexotildees entre esses

ambientes e as influecircncias externas provenientes de meios mais amplos

(macrossistema e exossistema) d) o tempo como elemento necessaacuterio agraves

mudanccedilas no desenvolvimento do indiviacuteduo e de transiccedilotildees de papeacuteis dentro dos

diversos contextos dos quais participa e) continuidade e significado na qualidade

das relaccedilotildees interpessoais (BRONFENBRENNER 1996 BROFENBRENNER 2011

SPESSATO et al 2009 DINIZ e KOLLER 2010)

A interaccedilatildeo entre a crianccedila pequena com deficiecircncia sua famiacutelia a instituiccedilatildeo

de Educaccedilatildeo Infantil e a Educaccedilatildeo Especial eacute de extrema relevacircncia para que os

contextos conheccedilam melhor a crianccedila estabeleccedilam criteacuterios educativos comuns

discutam modelos de intervenccedilatildeo e relaccedilatildeo com os infantes e compreendam as

especificidades da funccedilatildeo educativa de cada um (SILVA 2011)

25

22 A CRIANCcedilA PEQUENA COM NECESSIDADES ESPECIAIS E A PROMOCcedilAtildeO

DO SEU DESENVOLVIMENTO

O presente capiacutetulo se destina a elencar aspectos relacionados agrave promoccedilatildeo

do desenvolvimento da crianccedila pequena com necessidades especiais visto que

para ela existem pelo menos trecircs contextos que podem auxiliar nesse sentido a

saber a famiacutelia a instituiccedilatildeo de Educaccedilatildeo Infantil e os centros ou programas de

Educaccedilatildeo Especial que ofertam o serviccedilo de estimulaccedilatildeo essencial

Pode se dizer que a crianccedila de modo geral se apresenta muito vulneraacutevel

agraves interferecircncias dos indiviacuteduos e dos ambientes com os quais convive e em

especial quando ela se encontra na primeira infacircncia (BRAZELTON 1990

SZYMANSKI 2004 CARVALHO 2006 BRONFENBRENNER 2011) No caso da

crianccedila com deficiecircncia (fiacutesica intelectual sensorial ou muacuteltipla) ou que apresenta

transtornos ou atrasos significativos em seu desenvolvimento agraves relaccedilotildees com

pessoas e contextos se tornam ainda mais relevantes na faixa etaacuteria indicada

Por outro lado sendo praticamente consenso entre os pesquisadores e

profissionais do desenvolvimento infantil de que este eacute um processo complexo e

multideterminado (MOLINARI et al 2005) tambeacutem deve ser considerada a crianccedila

em si como pessoa em constante desenvolver com suas caracteriacutesticas e

especificidades proacuteprias

A crianccedila no sentido de sujeito em desenvolvimento deve ser vista como

um ser integrado e natildeo uma coleccedilatildeo de habilidades e aquisiccedilotildees principalmente

porque o desenvolvimento em seus diversos niacuteveis natildeo se daacute de forma separada

contrariamente todos os niacuteveis (cognitivo emocional fiacutesico entre outros) estatildeo

inter-relacionados e constituem o sujeito como um todo (GIL 2004)

Segundo Libro Blanco (GAT 2000) importante documento espanhol sobre

atenccedilatildeo e intervenccedilatildeo precoce3 o desenvolvimento infantil nos primeiros anos se

caracteriza por uma progressiva aquisiccedilatildeo de funccedilotildees muito importantes tais como

3 No que se refere aos termos atenccedilatildeo e intervenccedilatildeo precoce eacute possiacutevel estabelecer um paralelo em

seu entendimento e relacionaacute-los ao atendimento de estimulaccedilatildeo precoce ou essencial na realidade brasileira O que significa afirmar que tanto na realidade espanhola quanto brasileira esses termos se referem aos primeiros atendimentos a crianccedilas com necessidades especiais ainda que esses sejam realizados em contextos e com abordagens distintos entre si

26

controle postural autonomia no deslocamento comunicaccedilatildeo e linguagem interaccedilatildeo

social entre outros

A evoluccedilatildeo do desenvolvimento estaacute estreitamente ligada ao processo de

maturaccedilatildeo do sistema nervoso jaacute iniciado na vida intrauterina e tambeacutem com a

organizaccedilatildeo emocional e mental Para que tais processos se verifiquem de modo

saudaacutevel eacute necessaacuteria uma estrutura geneacutetica adequada e o cumprimento das

necessidades humanas baacutesicas nos acircmbito bioloacutegico e psicoafetivo pois o

desenvolvimento infantil eacute produto da interaccedilatildeo entre fatores geneacuteticos e ambientais

(GAT 2000 GAUY e COSTA JUNIOR 2005 MADUREIRA e BRANCO 2005)

A base geneacutetica especiacutefica para cada indiviacuteduo estabelece capacidades

proacuteprias de desenvolvimento ateacute o ponto em que se possa modificaacute-la pela

interaccedilatildeo com os fatores ambientais (GAT 2000 GAUY e COSTA JUNIOR 2005

MADUREIRA e BRANCO 2005)

Os fatores ambientais vatildeo modular a possibilidade de expressatildeo ou latecircncia

de algumas caracteriacutesticas geneacuteticas Esses fatores satildeo de ordem bioloacutegica

psicoloacutegica e social (GAT 2000 GAUY e COSTA JUNIOR 2005 POLONIA

DESSEN e SILVA 2005 MADUREIRA e BRANCO 2005)

Os fatores ambientais de ordem bioloacutegica se configuram nos estados de

sauacutede ausecircncia de fatores de agressatildeo ao sistema nervoso condiccedilotildees necessaacuterias

para uma maturaccedilatildeo orgacircnica adequada Os fatores ambientais de ordem

psicoloacutegica e social satildeo os relacionados agrave interaccedilatildeo da crianccedila com o seu meio os

viacutenculos afetivos que estabelece a partir dos cuidados que recebe da percepccedilatildeo

que constroacutei em relaccedilatildeo agraves pessoas que a rodeiam (pessoas imagens sons entre

outros) Estas satildeo condiccedilotildees baacutesicas e determinantes do desenvolvimento

emocional funccedilotildees comunicativas condutas adaptativas aprendizagem entre

outros elementos constituintes da pessoa em evoluccedilatildeo (GAT 2000 GAUY e COSTA

JUNIOR 2005 MADUREIRA e BRANCO 2005)

Sobre a questatildeo de risco ao desenvolvimento os resultados negativos nesse

processo satildeo produzidos muitas vezes natildeo soacute por um mas pela combinaccedilatildeo de

diversos fatores de risco Os diferentes fatores que determinam os problemas que a

crianccedila pode apresentar ao longo de seu desenvolvimento satildeo mais dependentes da

quantidade do que da natureza dos fatores de risco reforccedilando a importacircncia de se

constatar os riscos muacuteltiplos que por sua vez tecircm efeito cumulativo causando

27

impacto maior sobre o desenvolvimento (SILVA e DESSEN 2005 MOLINARI et al

2005 AMORIM et al 2009)

Aleacutem de fatores de risco faz-se necessaacuterio lembrar que junto a eles existem

os recursos do indiviacuteduo e as accedilotildees protetoras do ambiente podem ser ativadas

para neutralizar adversidades vulnerabilidades e riscos ao desenvolvimento

adaptativo da crianccedila (FORMIGA et al 2004 POLETTO e KOLLER 2008)

E eacute nesse ponto que se destaca a funccedilatildeo dos adultos que atendem a crianccedila

pequena seja a famiacutelia ou a instituiccedilatildeo Entende-se que natildeo se deve atentar apenas

ao fato da remediaccedilatildeo de problemas mas antecipar as possibilidades gerais de

promover um desenvolvimento na primeira infacircncia com qualidade e sauacutede

(FORMIGA et al 2004 PEacuteREZ-LOPEZ MARTINEZ-FUENTES DIAZ-HERRERO

2006 MARTINEZ 2007)

Concorda-se igualmente com a afirmaccedilatildeo de Hansel (2004) quando a autora

relembra que em relaccedilatildeo agraves necessidades das crianccedilas pequenas tais como

proteccedilatildeo afetividade possibilidades de exploraccedilatildeo do meio fiacutesico e social por

exemplo haacute uma motivaccedilatildeo bioloacutegica e social para que esta se incorpore em um

grupo social poreacutem caberaacute aos genitores o papel de agentes de interaccedilatildeo e aqui

poderia se acrescentar a essa informaccedilatildeo a funccedilatildeo da estimulaccedilatildeo de ser tambeacutem

espaccedilo de promoccedilatildeo de muacuteltiplas experiecircncias e porque natildeo espaccedilo-tempo para

consolidaccedilatildeo de aspectos afetivos e de manutenccedilatildeo do viacutenculo familiar

Enfim a interaccedilatildeo entre microssistemas tais como o familiar e o educacional

(Educaccedilatildeo Infantil e Educaccedilatildeo Especial) pode ser um espaccedilo de reforccedilo de

orientaccedilatildeo direta ou indireta e de conformaccedilatildeo de uma rede de apoio primordial Por

outro lado um canal de comunicaccedilatildeo e interaccedilatildeo entre esses dois contextos que

seja inadequado pode falhar como recurso de orientaccedilatildeo motivaccedilatildeo e interesses da

famiacutelia em relaccedilatildeo agrave sua crianccedila (ORTIZ e FAacuteVARO 2004)

Devido a isso eacute que no que se refere agrave promoccedilatildeo do desenvolvimento

humano principalmente na primeira infacircncia tambeacutem eacute apropriado agrave busca pela

compreensatildeo das especificidades do atendimento na Educaccedilatildeo Infantil

Inicialmente antes de evidenciar o papel da educaccedilatildeo infantil e da famiacutelia

para a promoccedilatildeo do desenvolvimento para a crianccedila com riscos desenvolvimentais

cabe discorrer acerca do que consiste o atendimento em estimulaccedilatildeo precoce

Nas Diretrizes Educacionais sobre a Estimulaccedilatildeo Precoce publicadas em

1995 e elaboradas pela Secretaria de Educaccedilatildeo EspecialMEC haacute a explicitaccedilatildeo de

28

que a estimulaccedilatildeo precoce eacute o primeiro atendimento a ser destinado a crianccedila com

diagnoacutestico de deficiecircncia ou de atraso significativo em seu desenvolvimento na

faixa etaacuteria entre zero e 3 anos dentro dos serviccedilos da educaccedilatildeo especial

(BRASIL1995) Tambeacutem o documento orienta que haja a integraccedilatildeo entre as aacutereas

da assistecircncia social da educaccedilatildeo e da sauacutede com a integraccedilatildeo da famiacutelia e a

atuaccedilatildeo de uma equipe multidisciplinar (BRASIL 1995)

Documentos brasileiros como a Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo

Nacional - Lei 9394 (BRASIL 1996) as Diretrizes Nacionais Curriculares Nacionais

para a Educaccedilatildeo Infantil (BRASIL1998) e o Referencial Curricular para a Educaccedilatildeo

Infantil (BRASIL 2000) trazem em si as influecircncias do movimento mundial da

ldquoEscola para Todosrdquo o que implicou na promoccedilatildeo da possibilidade de que crianccedilas

com deficiecircncia desde tenra idade adentrem nos serviccedilos da educaccedilatildeo infantil no

ensino regular aleacutem de que a educaccedilatildeo especial passa a ser entendida tambeacutem

como ldquoapoiordquo para o processo de inclusatildeo desse alunado

Em especial o Referencial Curricular para a Educaccedilatildeo Infantil (BRASIL

2000) em suas instruccedilotildees evidencia vaacuterios aspectos entre os quais se destacam

aqueles relacionados agrave identificaccedilatildeo das necessidades especiais da crianccedila

elaboraccedilatildeo de estrateacutegias de avaliaccedilatildeo de risco para o desenvolvimento infantil e

atendimentos que levem em conta a singularidade do indiviacuteduo Propotildee tambeacutem o

acolhimento orientaccedilatildeo e apoio agraves famiacutelias das crianccedilas com deficiecircncia e a

integraccedilatildeo entre os diversos profissionais que atendem essa crianccedila

Esse uacuteltimo documento representa um avanccedilo sobre as orientaccedilotildees

indicadas anteriormente sobre o atendimento precoce da crianccedila com deficiecircncia

pois traz algumas atualizaccedilotildees contudo ainda assim mostra-se precaacuterio quando se

considera a especificidade das necessidades da crianccedila com deficiecircncia de suas

famiacutelias e dos profissionais que a atendem (HANSEL 2012)

Em 2008 as Diretrizes Operacionais para o Atendimento da Educaccedilatildeo

Especial na Educaccedilatildeo Baacutesica natildeo fazem alusatildeo agrave estimulaccedilatildeo precoce em si muito

embora oriente que o agora denominado Atendimento Educacional Especializado

deve contemplar as crianccedilas foco da Educaccedilatildeo Especial desde o nascimento Este

documento tambeacutem natildeo explicita de que modo o mesmo ocorreraacute na faixa etaacuteria que

compotildeem a primeira infacircncia (BRASIL 2008) O Decreto 761111 que tambeacutem

dispotildee sobre a Educaccedilatildeo Especial e orienta o Atendimento Educacional

Especializado revoga o Decreto anterior nordm 567108 e natildeo traz nenhuma

29

informaccedilatildeo especiacutefica sobre a inclusatildeo na primeira infacircncia ou mesmo sobre

intervenccedilatildeoestimulaccedilatildeo precoce

Igualmente alerta-se para o fato de a documentaccedilatildeo oficial a produccedilatildeo

cientiacutefica e a praacutetica da estimulaccedilatildeo precoce na realidade brasileira satildeo escassos

pouco difundidos e enfrentam inuacutemeros obstaacuteculos (HANSEL 2012)

De outro modo dentro do histoacuterico internacional dos programas de

estimulaccedilatildeo precoce houve grandes modificaccedilotildees no seu entendimento nas uacuteltimas

deacutecadas deixando de ser exclusividade da populaccedilatildeo infante da educaccedilatildeo especial

e passando a se constituir tambeacutem como um instrumento de inclusatildeo e de

prevenccedilatildeo de deacuteficits do desenvolvimento na faixa etaacuteria de 0 a 6 anos (GAT 2000)

Relembra-se que no iniacutecio dos anos 70 do seacuteculo passado esse serviccedilo tinha um

cunho de reabilitaccedilatildeo centrado nas questotildees relacionadas agrave patologia agrave deacuteficits e a

mensuraccedilatildeo do quociente intelectual Jaacute na metade dos anos 80 se verificou uma

discussatildeo voltando-se para a identificaccedilatildeo para a prevenccedilatildeo para o trabalho em

equipe e sobre o ambiente e sua influecircncia para o desenvolvimento Entre essas

duas deacutecadas surgiram modelos conceituais que tiveram grande repercussatildeo no

estudo e compreensatildeo do desenvolvimento humano (BROFENBRENNER 1996

GAT 2000 SAMEROFF e FIESE 2000 ROMERO 2003 CUEVAS 2003 PEacuteREZ-

LOPEZ 2003 SERRANO 2007 JUAN-VERA e PEREZ - LOPEZ 2009)

Logo a partir das concepccedilotildees Bioecoloacutegica de Brofenbrenner (1979) e da

Transacional de Sameroff e Chandler (1975) que exploram os contextos e suas

relaccedilotildees com seus partiacutecipes e destes entre si tornou-se possiacutevel evidenciar uma

nova abordagem para a promoccedilatildeo do desenvolvimento humano na infacircncia de tal

modo que as propostas de intervenccedilatildeo precoce deixaram de ter o aspecto de

ldquotratamento cliacutenicordquo e passaram a se constituir em verdadeiros apoios tanto agrave

crianccedila quanto a seus contextos de desenvolvimento - famiacutelia Educaccedilatildeo Infantil

entre outros (BROFENBRENNER 1996 GAT 2000 SAMEROFF e FIESE 2000

ROMERO 2003 CUEVAS 2003 PEacuteREZ-LOPEZ 2003 SERRANO 2007 JUAN-

VERA e PEREZ - LOPEZ 2009 MORAGAS 2009)

De tal modo eacute possiacutevel inferir que essa abordagem parece ir de acordo com a

proposta de se construir uma escola inclusiva desde a educaccedilatildeo infantil

Especialmente porque atualmente haacute a tendecircncia de que as intervenccedilotildees na

infacircncia sejam orientadas por uma concepccedilatildeo de Atenccedilatildeo Precoce a qual se refere

ao conjunto de accedilotildees orientadas para as crianccedilas com idade entre zero e seis anos

30

e que envolvem sua famiacutelia e o ambiente em que estatildeo inseridas (GAT 2000

JUAN-VERA e PEREZ - LOPEZ 2009 MORAGAS 2009) Nesse sentido tambeacutem

deixa de ser uma abordagem exclusiva para a crianccedila com deficiecircncias ou nascida

prematuramente O que segundo Caro (2003) eacute importante para todos inclusive

para aquela crianccedila viacutetima de ldquoabandono relativordquo

As condiccedilotildees de ldquoabandono relativordquo satildeo aquelas provenientes de situaccedilotildees

ocasionadas pelas ocupaccedilotildees dos pais do pouco cuidado descaso ou ainda

causadas pelo impacto de um cuidado mal estruturado com poucos estiacutemulos ndash

situaccedilotildees que podem ocasionar reflexos significativos no desenvolvimento

intelectual e emocional da crianccedila (CARO 2003)

Ao sair da seara puramente cliacutenica e passando a abarcar outros contextos

tais como o familiar e o das instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Infantil a Atenccedilatildeo Precoce

enfatiza a possibilidade de geraccedilatildeo de ambientes ricos em estiacutemulos diversos para a

aquisiccedilatildeo de funccedilotildees e capacidades que se apresentam pouco desenvolvidas ou

imaturas e tambeacutem a necessidade de que os profissionais que lidam com a infacircncia

possuam uma base soacutelida sobre os diversos modelos de prevenccedilatildeo intervenccedilatildeo e

avaliaccedilatildeo do desenvolvimento (PEREZ ndash LOPEZ 2004 DELGADO e MUELA

2004)

Portanto passa a ser uma questatildeo que acompanha a detecccedilatildeo de riscos para

o desenvolvimento a possibilidade de definir e aplicar accedilotildees de prevenccedilatildeo as quais

seguem alguns dos niacuteveis abaixo indicados (PEREZ-LOPEZ MARTINEZ-FUENTES

DIAZ-HERRERO 2006)

- prevenccedilatildeo primaacuteria satildeo todas as estrateacutegias tomadas antes que se

detecte um transtorno ou alteraccedilatildeo do desenvolvimento

- prevenccedilatildeo secundaacuteria compreende as estrateacutegias que satildeo colocadas

em praacutetica quando jaacute se evidenciam alguns sintomas de atraso no

desenvolvimento

- prevenccedilatildeo terciaacuteria quando trata de minimizar a gravidade dos efeitos

de transtornos do desenvolvimento que jaacute se instalaram

Em conformidade com Halpern et al (2000) e Formiga e Pedrazzani (2004)

pode-se afirmar que quanto mais precoce for o diagnoacutestico de atraso no

desenvolvimento e mais raacutepido o iniacutecio da intervenccedilatildeo menor seraacute o impacto de

31

atraso na vida futura da crianccedila tenha ela deficiecircncia ou natildeo o que por conseguinte

colabora em diminuir possiacuteveis impactos que possam ocorrer na relaccedilatildeo crianccedila-

famiacutelia-creche (RODRIGUES 2003)

23 BREVE HISTOacuteRICO DA EDUCACcedilAtildeO DAS PESSOAS COM NECESSIDADES

ESPECIAIS E A EDUCACcedilAtildeO INCLUSIVA

A histoacuteria do homem mostra que mesmo com a sociedade sugerindo respeito

entre seus membros e em algumas eacutepocas a valorizaccedilatildeo das diferenccedilas o que na

verdade temos eacute um ldquoestranhamento expliacutecitordquo uma separaccedilatildeo que eacute em muitos

casos velada por parte daqueles que natildeo se enquadram socialmente (SARAIVA

2008) Por isso discorrer sobre a educaccedilatildeo inclusiva requer que se retomem os

primoacuterdios da exclusatildeo e da educaccedilatildeo das pessoas com necessidades especiais

A trajetoacuteria de exclusatildeo da pessoa com necessidades especiais eacute tatildeo antiga

quanto a proacutepria evoluccedilatildeo do homem ou seja as estruturas das sociedades desde

os primoacuterdios demonstram uma concepccedilatildeo de deficiecircncia como algo relacionado agrave

inabilidade (MACIEL 2000)

Nas eacutepocas mais primitivas da histoacuteria humana dadas agraves condiccedilotildees insalubres

de vida supotildee-se que os indiviacuteduos que nasciam com qualquer tipo de deficiecircncia

teriam pouca ou nenhuma condiccedilatildeo de manutenccedilatildeo de sua vida pois que soacute os

indiviacuteduos mais fortes conseguiam sobreviver ante as intempeacuteries os ataques de

animais aos deslocamentos em busca de alimentos e de lugares mais propiacutecios

para o repouso e a permanecircncia (BIANCHETTI 1995)

Na Greacutecia Antiga as pessoas com deficiecircncia eram abandonadas ou

sacrificadas por natildeo corresponder agrave perfeiccedilatildeo do homem Na Idade Meacutedia substitui-

se o sacrifiacutecio por sentimentos ldquocristatildeosrdquo como piedade e compaixatildeo e tambeacutem pela

rejeiccedilatildeo dos diferentes Nessa eacutepoca tem iniacutecio o atendimento assistencial agraves

pessoas com deficiecircncia em igrejas e outras instituiccedilotildees de cunho religioso com o

intuito de ldquolibertaacute-lasrdquo do pecado (PESSOTI 1984 SMITH 2004 FREITAS 2008)

Desse modo a educaccedilatildeo especial soacute comeccedilou a ser traccedilada no seacuteculo XVI

com meacutedicos e pedagogos que desafiaram os conceitos vigentes na eacutepoca pois

acreditaram nas possibilidades educacionais de indiviacuteduos que ateacute entatildeo eram

32

considerados ineducaacuteveis (MENDES 2010) Ressalta-se ainda que a histoacuteria

retrate algumas experiecircncias precursoras desde o seacuteculo XVI cujas bases eram

tutoriais de fato o acesso agrave educaccedilatildeo das pessoas com deficiecircncias foi sendo muito

lentamente conquistado e essa conquista ocorreu apenas na medida em que se

ampliaram as oportunidades educacionais para a populaccedilatildeo em geral (JANNUZZI

2004 MENDES 2010)

Na Idade Moderna com o avanccedilo do pensamento cientiacutefico e da valorizaccedilatildeo da

racionalidade humana buscam-se respostas para a condiccedilatildeo das deficiecircncias Daiacute o

entendimento das mesmas no sentido de doenccedilas ou patologias iniciando-se as

pesquisas sobre como medicar e tratar as pessoas que apresentavam deficiecircncias

(PESSOTI 1984 SMITH 2004 FREITAS 2008) Na realidade brasileira em acordo

com pesquisa feita por Jannuzzi (2004) a educaccedilatildeo para pessoas com deficiecircncias

soacute surgiu de maneira institucional no conjunto das concretizaccedilotildees das ideias liberais

que tiveram divulgaccedilatildeo por aqui no fim do seacuteculo XVIII e comeccedilo do XIX

Na contemporaneidade lentamente deixa-se de lado a patologizaccedilatildeo das

deficiecircncias e evidencia-se uma abordagem de entendimento tambeacutem voltada para

os aspectos educativos desses indiviacuteduos (SMITH 2004 FREITAS 2008)

Nos anos 50 e 60 do seacuteculo passado houve um intensivo surgimento de

instituiccedilotildees educacionais especializadas (SMITH 2004 FREITAS 2008) Jaacute na

deacutecada de 70 destacam-se a reabilitaccedilatildeo e o treino de habilidades das pessoas com

deficiecircncia baseados em accedilotildees fundamentadas no modelo meacutedico-psicoloacutegico

vigente (SMITH 2004 FREITAS 2008)

As deacutecadas de 80 e de 90 desenrolaram-se com uma maior flexibilidade no que

se refere agrave consideraccedilatildeo das possibilidades e potencialidades da pessoa com

deficiecircncias Foi a partir dos anos 90 que o Brasil deu iniacutecio verdadeiramente a uma

longa e permanente luta pelos direitos das pessoas com necessidades especiais de

frequentar o ensino regular (FREITAS 2008)

Garcia (2008) lembra que a deacutecada de 1990 teve como marca maior a reforma

educacional ocorrida principalmente nos paiacuteses em desenvolvimento tal como o

Brasil e a qual foi orientada entre outros aspectos pelo discurso da inclusatildeo social

Assim vaacuterios foram os eventos que corroboraram para que essa premissa de

educaccedilatildeo inclusiva fosse se arraigando Entre eles pode-se citar

33

- a Conferecircncia Mundial de Educaccedilatildeo para Todos ocorrida em 1990 em

Jomtiem Tailacircndia

- a Conferecircncia Mundial sobre as Necessidades Educacionais Especiais

ocorrida em Salamanca na Espanha em 1994 a qual teve como produto a

chamada Declaraccedilatildeo de Salamanca importante documento orientador para a

educaccedilatildeo inclusiva

- a Convenccedilatildeo Interamericana para a Eliminaccedilatildeo de todas as formas de

Discriminaccedilatildeo contra as Pessoas Portadoras de Deficiecircncia ocorrida na

Guatemala em 1999

- e a Convenccedilatildeo sobre os Direitos das Pessoas com Deficiecircncia ndash promovida

pela ONU em Nova York em 2006

O movimento pela educaccedilatildeo inclusiva no Brasil teve um grande impacto na

discussatildeo de poliacuteticas educacionais para crianccedilas e adolescentes com necessidades

especiais uma vez que a grande maioria desta populaccedilatildeo havia sido historicamente

excluiacuteda do sistema educacional puacuteblico brasileiro (MENDES ALMEIDA e TOYODA

2011)

Durante a Conferecircncia Mundial de Educaccedilatildeo para Todos em Jomtien

Tailacircndia em 1990 o Brasil estabeleceu metas baacutesicas para melhorar o sistema

educacional brasileiro Entre esses objetivos parecia necessaacuterio melhorar a

educaccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes com necessidades especiais Como resultado

da Conferecircncia Mundial sobre necessidades educacionais especiais Acesso e

Qualidade organizada pelo governo espanhol e pela Unesco em 1994 foi aprovada

a Declaraccedilatildeo de Salamanca (MENDES ALMEIDA e TOYODA 2011)

Com a Convenccedilatildeo da Guatemala 1999 tem-se como avanccedilo a concepccedilatildeo

que pressupotildee uma ressignificaccedilatildeo da pessoa com deficiecircncia remetendo a

necessidade de se transformar as escolas de maneira que natildeo existam mais

restriccedilotildees agrave aprendizagem de nenhum aluno Isso implicou tambeacutem em uma

ressignificaccedilatildeo da proacutepria Educaccedilatildeo Especial segundo Alves (2008)

Outro marco foi a Convenccedilatildeo sobre os Direitos das Pessoas com Deficiecircncia

ndash promovida pela ONU em Nova York em 2006 Os propoacutesitos desse evento foram

essencialmente os de promover proteger e assegurar condiccedilotildees plenas de

igualdade e de gozo de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais por

todas as pessoas com deficiecircncia (ALVES 2008)

34

Jaacute a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial na Perspectiva da Educaccedilatildeo

Inclusiva proposta pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo em 2007 evidencia o movimento

mundial pela educaccedilatildeo inclusiva como uma accedilatildeo cultural pedagoacutegica poliacutetica e

social desencadeada em defesa do direito de todos os alunos de estarem

aprendendo e participando juntos sem nenhum tipo de discriminaccedilatildeo (BRASIL

2007) Portanto a educaccedilatildeo inclusiva constitui-se em um paradigma educacional

fundamentado na concepccedilatildeo de direitos humanos que conjuga igualdade e

diferenccedila como valores indissociaacuteveis e que avanccedila em relaccedilatildeo agrave ideia de equidade

formal ao contextualizar as circunstacircncias histoacutericas da produccedilatildeo da exclusatildeo dentro

e fora da escola (BRASIL 2007)

O contexto educacional inclusivo estaacute pautado portanto nas resoluccedilotildees

discutidas e propostas por esses eventos o que promove certa ldquouniversalizaccedilatildeordquo do

que seria uma ldquoeducaccedilatildeo para todosrdquo No Brasil o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo assumiu

as orientaccedilotildees contidas nesses documentos cabendo aos Estados e Muniacutecipios a

particularizaccedilatildeo do atendimento aos diversos contextos E na praacutetica a educaccedilatildeo

inclusiva vem sendo um grande desafio pois vem reorientando as redes municipais

de ensino a uma reorganizaccedilatildeo por propor novas demandas e redefinir

competecircncias e responsabilidades (GARCIA 2008)

Eacute possiacutevel dizer que o conceito de ldquoescola para todosrdquo implica no

reconhecimento dos conteuacutedos acadecircmicos e do sistema cientiacutefico e sistemaacutetico

poreacutem sem restringir os alunos ou tentar dominaacute-los a qualquer custo (MANTOAN

2006)

A inclusatildeo escolar da pessoa com necessidades educacionais especiais

tornou-se um tema de grande relevacircncia e por isso mesmo vem ganhando espaccedilo

cada vez maior em debates e discussotildees que explicitam a necessidade de a escola

atender agraves diferenccedilas intriacutensecas agrave condiccedilatildeo humana (SILVEIRA e NEVEZ 2006)

Segundo as Diretrizes da Poliacutetica Nacional da Educaccedilatildeo Especial na

Perspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva (BRASIL 2007) o acesso agrave educaccedilatildeo tem iniacutecio

na educaccedilatildeo infantil na qual se desenvolvem as bases necessaacuterias para a

construccedilatildeo do conhecimento e desenvolvimento global do aluno Nessa etapa o

luacutedico o acesso agraves formas diferenciadas de comunicaccedilatildeo a riqueza de estiacutemulos

nos aspectos fiacutesicos emocionais cognitivos psicomotores e sociais e a convivecircncia

com as diferenccedilas favorecem as relaccedilotildees interpessoais o respeito e a valorizaccedilatildeo

da crianccedila

35

Conforme o tema do presente estudo sobre a inclusatildeo da crianccedila pequena

ressalta-se que a Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo - LDB (939496) jaacute

apontava em seu paacuteragrafo 3ordm que a oferta do atendimento em Educaccedilatildeo Especial

enquanto dever do Estado tambeacutem deve ser ofertado na faixa etaacuteria de zero aos

seis anos de idade E antes disso a Declaraccedilatildeo de Salamanca (1994) indicava que

eacute necessaacuterio garantir identificaccedilatildeo das condiccedilotildees e necessidades especiais assim

como garantir procedimentos de intervenccedilatildeo o mais precoce possiacutevel

Nesse sentido do nascimento aos trecircs anos o atendimento educacional

especializado se expressa por meio de serviccedilos de estimulaccedilatildeo precoce que

objetivam o processo de desenvolvimento e aprendizagem em interface com os

serviccedilos de sauacutede e assistecircncia social (BRASIL 2007) E todas as etapas e

modalidades da educaccedilatildeo baacutesica o Atendimento Educacional Especializado deve

ser organizado para apoiar o desenvolvimento dos alunos constituindo oferta

obrigatoacuteria dos sistemas de ensino Deve ser realizado no turno inverso ao da classe

comum na proacutepria escola ou centro especializado que realize esse serviccedilo

educacional (BRASIL 2007 BRASIL 2011)

Em virtude da orientaccedilatildeo acima descrita infere-se que esta certamente

colaborou para a ampliaccedilatildeo do acesso de crianccedilas pequenas com necessidades

especiais em condiccedilatildeo de inclusatildeo no ensino regular especialmente na educaccedilatildeo

infantil o que por sua vez pressupotildee adequaccedilotildees para garantir um atendimento de

qualidade desde tenra idade

Segundo Arnais (2003) possibilitar o acesso agrave educaccedilatildeo em contextos

educacionais natildeo excludentes o mais precoce possiacutevel proporcionaria para a crianccedila

com necessidades especiais uma melhor compreensatildeo de si mesma e dos outros e

aos colegas de turma e de escola uma experiecircncia de convivecircncia harmocircnica com

as diferenccedilas

Desse modo resume-se que alguns dos fundamentais princiacutepios do ideaacuterio da

educaccedilatildeo inclusiva satildeo o direito agrave educaccedilatildeo o direito agrave igualdade de oportunidades

o que natildeo significa um lsquomodo igualrsquo de educar a todos e sim dar a cada um o que

necessita em funccedilatildeo de suas caracteriacutesticas e necessidades individuais escolas

responsivas e de boa qualidade o direito agrave aprendizagem e o direito agrave participaccedilatildeo

(CARVALHO 2009 OLIVEIRA 2010) O que estaacute consonante com a ilustraccedilatildeo de

ALVES (2008) como benefiacutecios de uma ldquoescola abertardquo a todos sentimento de

pertencimento maior qualidade da educaccedilatildeo para todos e combate a todas as

36

formas de discriminaccedilatildeo Com isso se procura garantir ocasiotildees de muacuteltiplas

interaccedilotildees nos ambientes das creches e preacute-escolas natildeo excluindo de forma

alguma a crianccedila com necessidades educacionais especiais de modo que todas as

crianccedilas tenham a oportunidade de aprender com as contribuiccedilotildees de cada um de

seus colegas em uma relaccedilatildeo de alteridade (OLIVEIRA 2010)

Poreacutem na realidade praacutetica da educaccedilatildeo inclusiva ainda existem muitos

desafios e dificuldades Ainda que nos uacuteltimos vinte anos conceitos como exclusatildeo

e inclusatildeo educacionais tenham se tornado cada vez mais recorrentes nas

pesquisas documentos oficiais e na fala de gestores e professores pode-se afirmar

que uma educaccedilatildeo que busca primar pela qualidade de todos os alunos esbarra em

desigualdades de diversas naturezas (sociais eacutetnicas raciais e de gecircnero)

presentes na sociedade brasileira que historicamente acumula um quadro de

exclusotildees e contradiccedilotildees marcado por poliacuteticas laacutebeis e inconsistentes (SEKKEL

ZANELATTO e BRANDAtildeO 2010 MOREIRA BOLSANELLO e SEGER 2011)

Souza e Batista (2008) destacam que em muitas situaccedilotildees crianccedilas pequenas

que estatildeo em inclusatildeo educacional permanecem mais isoladas especialmente as

que apresentam alteraccedilotildees fiacutesicas por serem consideradas incapazes de se

locomover e explorar ambientes e objetos Isto representa a perda de momentos

importantes de interaccedilatildeo social ficando isoladas do contato com parceiros com

semelhanccedila de idade e tendo suas interaccedilotildees restritas agrave relaccedilatildeo com o adulto

cuidador (SOUZA e BATISTA 2008)

Outrossim eacute possiacutevel verificar uma concepccedilatildeo de inclusatildeo restrita ao

atendimento de crianccedilas com deficiecircncias enquanto as necessidades das demais

crianccedilas e dos profissionais que trabalham na escola satildeo muitas vezes

desconsideradas O isolamento e o envolvimento com questotildees marginais do

trabalho pedagoacutegico satildeo pontos centrais a serem considerados no enfrentamento

das barreiras atitudinais para a construccedilatildeo de um ambiente inclusivo (SEKKEL

ZANELATTO e BRANDAtildeO 2010)

Outro aspecto que merece atenccedilatildeo eacute a formaccedilatildeo dos pedagogos e professores

que atendem agraves crianccedilas pequenas com deficiecircncia na educaccedilatildeo infantil pois

demonstram em vaacuterios estudos natildeo possuiacuterem conhecimentos suficientes para lidar

com as particularidades que envolvem as diferentes condiccedilotildees de deficiecircncia tal

como a intelectual ou a fiacutesica conforme evidenciado nos estudos de Melo e Ferreira

(2009) e de Vitta Vitta e Monteiro (2010)

37

Esse uacuteltimo estudo traz concepccedilotildees de professores de educaccedilatildeo infantil que

atendem crianccedilas com deficiecircncia e nas quais demonstram crer que a principal

contribuiccedilatildeo do processo de inclusatildeo eacute a socializaccedilatildeo destas crianccedilas (VITTAVITTA

e MONTEIRO 2010) Tambeacutem ressaltam nesse estudo terem encontrado problemas

com o espaccedilo fiacutesico recursos materiais e humanos relativos agrave formaccedilatildeo do

professor desse modo os autores consideram que eacute preciso possibilitar aos

professores uma formaccedilatildeo que abranja conhecimentos sobre as diferentes

deficiecircncias e as necessidades educacionais relativas a estas propiciando a

adequaccedilatildeo do espaccedilo fiacutesico e dos recursos materiais aleacutem de assistecircncia

educacional especiacutefica (VITTA VITTA e MONTEIRO 2010)

Drago (2005) percebeu que a inclusatildeo da crianccedila na Educaccedilatildeo Infantil ainda se

daacute como mera integraccedilatildeo ou seja baseada no princiacutepio que quem deve mudar eacute o

aluno ele eacute quem deve se adequar agrave escola e natildeo o contraacuterio No estudo de

Mendes (2010) as educadoras avaliaram que o princiacutepio da inclusatildeo eacute vaacutelido

embora difiacutecil de ser colocado em praacutetica

Desse modo eacute possiacutevel perceber dados indicando que a inclusatildeo de crianccedilas

com necessidades especiais eacute vista com reservas pelos profissionais da Educaccedilatildeo

Infantil explicitando ideias preconcebidas sobre a deficiecircncia Eles se justificam pela

falta de conhecimento do desenvolvimento infantil e dos fatores que o envolvem

bem como pelo fato de os profissionais vincularem suas atividades agraves experiecircncias

pessoais (VITTA 2004 VITTA 2010)

Vital (2012) infere em sua pesquisa com crianccedilas com idade entre quatro e seis

anos que haacute a necessidade de se discutir e promover accedilotildees que auxiliem na

identificaccedilatildeo do preconceito nessa faixa etaacuteria

Drago (2005) faz referecircncias ao papel do educador de educaccedilatildeo infantil

enquanto importante modelo no que se refere ao entendimento acolhimento e

aceitaccedilatildeo da crianccedila pequena com deficiecircncia na turma Bazon (2009) constatou

que atitudes de preconceito barreiras atitudinais e falta de informaccedilatildeo por parte de

professores afetam profundamente o processo de inclusatildeo da crianccedila pequena

Nesse sentido Bartalotti (2004) percebeu que a construccedilatildeo de histoacuterias de sucesso

na inclusatildeo de crianccedilas com necessidades especiais na Educaccedilatildeo Infantil envolve a

orientaccedilatildeo apoio e momentos de reflexatildeo e discussatildeo sobre o papel dos

educadores junto a accedilotildees inclusivas e as singularidades desse alunado

38

Jaacute Fernandes Bolsanello e Moreira (2008) indicam pelo menos dois grandes

desafios para a inclusatildeo da crianccedila pequena na educaccedilatildeo infantil a) a ainda vigente

visatildeo cliacutenico-assistencialista da deficiecircncia o que nos primeiros anos de vida faz

com que a crianccedila seja vista como enferma ou doente e b) as condiccedilotildees de

acolhimento e orientaccedilatildeo agraves famiacutelias nos primeiros meses de vida da crianccedila com

deficiecircncia o que resulta em um grande nuacutemero de vezes na dificuldade de

aceitaccedilatildeo da condiccedilatildeo de deficiecircncia da crianccedila por sua famiacutelia e na falta de

observacircncia do potencial de promoccedilatildeo do desenvolvimento dessa crianccedila desde

tenra idade

No que se refere agraves famiacutelias das crianccedilas com necessidades especiais haacute a

evidecircncia da necessidade de um acompanhamento antes durante e apoacutes a

inclusatildeo propriamente dita de modo a apoiaacute-las nos momentos de busca e escolha

da escola de adaptaccedilatildeo da crianccedila ao novo ambiente e de transiccedilatildeo dos

atendimentos oferecidos pela instituiccedilatildeo especializada para outros setores (LUIZ e

NASCIMENTO 2012)

Igualmente Benincasa (2011) destaca a) a importacircncia da articulaccedilatildeo entre

os campos da educaccedilatildeo especial e da educaccedilatildeo infantil na construccedilatildeo de propostas

pedagoacutegicas que sirvam como suporte aos diferentes sujeitos envolvidos

(professores comunidade famiacutelia e crianccedila) para a efetiva permanecircncia do aluno

com necessidades especiais no ensino comum b) a presenccedila de uma variedade de

modos de recepccedilatildeo e compreensatildeo do movimento de inclusatildeo escolar por parte dos

educadores envolvidos e c) o reconhecimento de que o local de instituiccedilatildeo

(estrutura fiacutesica e questotildees relacionadas agrave acessibilidade por exemplo) produz

impacto para se pensar os processos de escolarizaccedilatildeo de seus alunos e a tomada

de decisatildeo relativa a esses processos

Franccedila (2008) observou a influecircncia positiva da estimulaccedilatildeo assistemaacutetica

realizada por meio das interaccedilotildees sociais em sala regular para o desenvolvimento

motor e interaccedilatildeo social de crianccedilas cegas menores de cinco anos e Amaro (2004)

evidenciou a importacircncia de se observar e refletir sobre a singularidade do aluno

com necessidades especiais para que esta seja respeitada e valorizada

Assim percebe-se que educaccedilatildeo inclusiva eacute uma reforma educacional que

abarca um acircmbito bastante abrangente em diferentes niacuteveis de mudanccedilas como jaacute

afirmado por Rodrigues e Lima-Rodrigues (2011) Tal fato requer a busca constante

39

de se desvencilhar de muitas armadilhas conceituais para que a escola inclusiva

deixe de ser mera proposiccedilatildeo e passe a existir de verdade (DRAGO 2011)

Por fim segundo Mendes (2010) eacute necessaacuterio definir quem satildeo as crianccedilas

com necessidades especiais na idade entre zero e seis anos para que se possam

determinar os criteacuterios de elegibilidade para os programas de detecccedilatildeo e

intervenccedilatildeo precoce e planejar as accedilotildees necessaacuterias tais como alocar recursos

formar pessoal entre outros

24 A FAMIacuteLIA COMO UM MICROSSISTEMA DE DESENVOLVIMENTO HUMANO

E SUA RELACcedilAtildeO COM A CRIANCcedilA PEQUENA COM NECESSIDADES

ESPECIAIS

Reconhecidamente a famiacutelia eacute o contexto primordial de desenvolvimento para

qualquer ser humano Eacute portanto o locus das primeiras relaccedilotildees interaccedilotildees e

conhecimentos pelas crianccedilas espaccedilo no qual iratildeo se conformar as suas

impressotildees de mundo com base nas estruturas relacionais ali dispostas

especialmente entre seus partiacutecipes (SANCHEZ MARTINEZ e PENALVER 2003

MACEDO e MARTINS 2004 SILVA 2010) Por tal as relaccedilotildees familiares satildeo uma

aacuterea de pesquisa dentro do campo da Psicologia do Desenvolvimento que tem

despertado grande interesse dos pesquisadores e inspirando inuacutemeras questotildees

(SOEJIMA 2008)

O conceito de famiacutelia que se tem na atualidade eacute resultado de intensas

modificaccedilotildees sociais econocircmicas culturais e poliacuteticas muitas delas ocorridas nos

uacuteltimos 50 anos (PINHEIRO e BIASOLI-ALVES 2008 WEBER 2008)

Nesse acircmbito revela-se importante lembrar que as transformaccedilotildees no papel

da mulher diante agrave sociedade fizeram com que ocorressem tambeacutem profundas

modificaccedilotildees na organizaccedilatildeo e funcionamento familiar e de seus membros

(PINHEIRO e BIASOLI-ALVES 2008 DESSEN e BRAZ 2005)

As deacutecadas de 60 70 e 80 do seacuteculo passado foram marcadas pela

crescente participaccedilatildeo feminina no contexto econocircmico poliacutetico e social de nosso

paiacutes tambeacutem foi possiacutevel perceber a transiccedilatildeo das relaccedilotildees conjugais e familiares

hierarquizadas para mais igualitaacuterias a queda significativa no nuacutemero de filhos por

casal a regulamentaccedilatildeo do divoacutercio menor desigualdade entre os papeacuteis

40

masculinos e femininos o surgimento de novos valores para a criaccedilatildeo dos filhos e

mudanccedilas na distribuiccedilatildeo das tarefas do lar (RIBEIRO SABOacuteIA BRANCO e

BREGMAN 1998 VIEIRA 1998 DESSEN e TORRES 2002 DEUTSCH 2009)

A partir da deacutecada de 90 em decorrecircncia da transformaccedilatildeo do papel da

mulher diante da sociedade e das demais conjunturas histoacutericas e sociais mostram-

se igualmente importantes o aumento do nuacutemero de divoacutercios de re-casamentos de

famiacutelias monoparentais e o cuidado dos filhos passa a ser mais compartilhado com

outros grupos sociais e os filhos se tornam mais participativos nas decisotildees

familiares (ARRIAGADA 2000 GALANO 2006 DEUTSCH 2009)

Diante de tantas transformaccedilotildees na contemporaneidade estudos que

envolvam a famiacutelia assumem a premissa de que satildeo diversos os tipos e as

possibilidades de arranjos familiares e sua definiccedilatildeo deve estar mais baseada na

opiniatildeo dos membros considerando a afetividade e a proximidade entre eles do que

em variaacuteveis como consanguinidade relacionamento heterossexual divisatildeo da

mesma casa continuidade ao longo da vida por exemplo que por si soacute natildeo definem

famiacutelia (DESSEN 2010)

Portanto ao usar-se o termo famiacutelia na atualidade deve-se levar em

consideraccedilatildeo que cada vez mais o modelo familiar conjugal ndash nuclear ndash

heterossexual com sua prole bioloacutegica inspirado no modelo tradicional se modifica

e transforma o modo como se datildeo as relaccedilotildees entre seus sujeitos e a sociedade

(SILVA 2011) Deste modo ao se fazer referecircncia agrave famiacutelia estaacute se levando em

consideraccedilatildeo a rede de interaccedilotildees que envolvem aspectos cognitivos sociais

afetivos e culturais e outras variaacuteveis que tenham significado entre os sujeitos

envolvidos portanto natildeo evidenciados apenas em laccedilos de consanguinidade

(DESSEN e BRAZ 2005 DESSEN e POLOcircNIA 2007) Ou como jaacute discutido por

DESSEN e BRAZ (2005) o termo famiacutelia em tempos poacutes-modernos eacute

extremamente difiacutecil de ser definido com base no modelo tradicional

Contudo ainda que em transformaccedilatildeo a famiacutelia continua sendo um contexto

que alicerccedila a formaccedilatildeo do ser constituindo-se como matriz da aprendizagem

humana (ALMEIDA 2010)

Para Minuchin Lee e Simon (2008) uma famiacutelia se constitui por um grupo de

pessoas ligadas por laccedilos de emoccedilatildeo eou por consanguinidade e que viveu junto

tempo suficiente para que se criassem padrotildees de interaccedilatildeo entre seus membros

Nessas interaccedilotildees padronizadas os membros da famiacutelia constroem uns aos outros

41

Brofenbrenner (2011) salienta que a importacircncia da famiacutelia natildeo estaacute somente

nas accedilotildees de promoccedilatildeo das capacidades que uma crianccedila tem em aprender a

andar a falar e estudar mas pela formaccedilatildeo de uma pessoa com capacidade de

realizar seu trabalho de pensar claramente de servir a comunidade ou a sociedade

como um todo Em outras palavras Brofenbrenner (2011) define a famiacutelia como um

grupo de pessoas que possui e executa um compromisso irrestrito de bem-estar uns

com os outros

Dada a profunda influecircncia do contexto familiar na constituiccedilatildeo de seus

sujeitos pode-se inferir que haacute nas interaccedilotildees ocorridas nesse microssistema

relacional a possibilidade de que ele venha a se mostrar tanto como fator de risco

quanto de proteccedilatildeo ao desenvolvimento de seus membros Sendo assim ao longo

do tempo aspectos ambientais sociais poliacuteticos transgeracionais culturais e

econocircmicos exercem influecircncia sobre as famiacutelias e a histoacuteria de seus membros

(BRONFENBRENNER 1996 BROFENBRENNER 2011 DINIZ e KOLLER 2010)

Essas influecircncias satildeo facilmente perceptiacuteveis ao se observar o ingresso mais

frequente da mulher-matildee no mercado de trabalho e o processo de migraccedilatildeo das

pessoas que propiciam o distanciamento entre os grupos familiares Ambas as

situaccedilotildees propiciam e fortalecem a necessidade de cuidado infantil extrafamiliar

como o que hoje se entende por creche Em decorrecircncia disso percebe-se

atualmente que o cuidado a educaccedilatildeo e a promoccedilatildeo do desenvolvimento na

infacircncia passaram a ser divididos entre a instituiccedilatildeo e a famiacutelia

Estudos sobre desenvolvimento destacam que a variaacutevel de maior impacto

sobre o desenvolver da crianccedila eacute a relaccedilatildeo com sua famiacutelia e seu ambiente imediato

(ANDRADE 2005)

Os membros que compotildeem a famiacutelia satildeo todos influentes quando se fala de

desenvolvimento infantil contudo a figura paterna e a materna merecem uma

anaacutelise mais aprofundada a respeito de seus papeacuteis e as devidas inter-relaccedilotildees

Nesse sentido destaca-se que o advento proacuteprio ao surgimento de uma crianccedila

provoca muitas transformaccedilotildees tanto em homens quanto em mulheres ambos

passam por momentos de reflexatildeo e de reelaboraccedilatildeo de seus sonhos anseios e por

uma reorganizaccedilatildeo de papeacuteis agora como pais e matildees (BRAZELTON 2002)

A matildee eacute a primeira referecircncia da crianccedila em termos de cuidado afeto

nutriccedilatildeo ela estaacute em outras palavras preparada para enxergar reconhecer as

necessidades de sua crianccedila e isso eacute construiacutedo desde a ideacuteia de crianccedila que ela

42

cria antes mesmo do nascimento (BRUM e SCHERMANN 2004 FERRARI e

PICCININI 2010) Tal situaccedilatildeo faz com que esse viacutenculo tenha uma relevacircncia

ainda maior para o desenvolvimento na infacircncia e mereccedila ampla anaacutelise e maiores

estudos a respeito de seus impactos (ALT e BENETTI 2008)

Por outro lado a figura do pai no desenvolvimento da crianccedila pequena

tambeacutem eacute importante e sua vinculaccedilatildeo com o filho tambeacutem se daacute durante a

gestaccedilatildeo poreacutem com caracteriacutesticas muito proacuteprias Haacute estudos que ilustram a

busca dos pais por interagir com seus bebecircs que ainda estatildeo no ventre materno

seja por meio de cariacutecias ou mesmo conversas com a barriga da gestante e que

eles assim como as matildees podem apresentar certa dificuldade em perceber o bebecirc

como ldquorealrdquo principalmente nos meses iniciais do periacuteodo gestacional (HANSEL

2004 PICCININI et al 2004 CIA WILLIANS e AIELLO 2005) Dessa maneira o

envolvimento emocional paterno daacute-se de modo crescente e muito mais consistente

com o proacuteprio avanccedilar da gravidez em consonacircncia com a evoluccedilatildeo da interaccedilatildeo da

matildee (HANSEL 2004 PICCININI et al 2004 CIA WILLIANS e AIELLO 2005)

Como a figura paterna pode representar intenso apoio emocional e material para a

mulher eacute possiacutevel inferir que seu envolvimento positivo com o processo gestacional

eacute um aspecto importante para a vinculaccedilatildeo afetiva com a crianccedila tambeacutem apoacutes o

parto o que com certeza enriquece essa relaccedilatildeo (matildee-pai-bebecirc) Mesmo com essa

notoacuteria importacircncia da figura paterna eacute possiacutevel constatar que a figura do pai ainda

eacute pouco explorada no campo da pesquisa aspecto indicado tambeacutem em literatura

pertinente (HANSEL 2004 PICCININI et al 2004 CIA WILLIANS e AIELLO 2005)

Para a crianccedila pequena a figura dos pais eacute de suma importacircncia jaacute que eles

a auxiliaratildeo a conhecer o mundo e a reconhecer-se como sujeito Ou seja a famiacutelia

configura-se como o primeiro universo de relaccedilotildees sociais da crianccedila podendo

proporcionar-lhe um ambiente adequado de crescimento e desenvolvimento

Corroborando com esse uacuteltimo aspecto reafirma-se que os primeiros anos de vida

constituem uma importante etapa da existecircncia especialmente criacutetica pois nela

configuram-se as habilidades perceptivas motoras cognitivas linguiacutesticas e sociais

possibilitando uma equilibrada interaccedilatildeo com o externo Seraacute a partir deste primeiro

espaccedilo de relaccedilotildees sociais que a crianccedila entenderaacute o ambiente que a cerca e agiraacute

sobre os elementos do mundo (GAT 2000 BRAZELTON e CRAMER 2002

BRAZELTON e GREENSPAN 2002)

43

Importante considerar tambeacutem que quando existe uma interaccedilatildeo efetiva

entre a crianccedila e os membros de sua famiacutelia o desenvolvimento infantil eacute facilitado

pelas trocas que esta relaccedilatildeo oportuniza (HANSEL 2004)

De forma geral a valorizaccedilatildeo da relaccedilatildeo pai-matildee-crianccedila pequena eacute

importante para que todos se sintam seguros em seus papeacuteis e prosperem como

sujeitos As interaccedilotildees satildeo mutuamente alimentadas quando os sujeitos que dela

participam tecircm espaccedilo e oportunidade de responder agraves necessidades do outro e de

si mesmo Em outras palavras os indiviacuteduos em interaccedilatildeo estatildeo em muacutetua e

constante troca um monitora o outro o que implica no surgimento de respostas

emocionais diversas e interpretaccedilotildees cognitivas as quais afetam a continuidade e a

qualidade dessas interaccedilotildees bem como o comportamento futuro dos sujeitos

envolvidos (HANSEL 2004 PICCININI et al 2004 CIA WILLIANS e AIELLO 2005

DESSEN e BRAZ 2005)

Tem-se conhecimento de que tanto a figura materna quanto a paterna

influencia o processo de desenvolvimento do filho especialmente quando se trata da

crianccedila com distuacuterbios de desenvolvimento ou com deficiecircncias (HANSEL 2004

BOLSANELLO e SOUZA 2004 HANSEL e BOLSANELLO 2009)

Gineacute et al (2009) afirmam sobre a interaccedilatildeo com a famiacutelia que o objetivo

final deve ser o de alcanccedilar uma vida com qualidade lembrando que os pais satildeo os

maiores promotores do desenvolvimento de sua crianccedila No sentido de qualidade

lembra-se que o que caracteriza uma relaccedilatildeo familiar eacute a influecircncia da interaccedilatildeo

entre indiviacuteduos sobre outras interaccedilotildees tal influecircncia eacute vista no efeito cumulativo

das interaccedilotildees ou seja os indiviacuteduos natildeo precisam estar continuamente em

interaccedilatildeo para que sua relaccedilatildeo seja mantida (DESSEN e BRAZ 2005)

Dada agrave profunda influecircncia da famiacutelia na constituiccedilatildeo do sujeito-filho pode-se

inferir que haacute nas interaccedilotildees desse microssistema relacional a possibilidade de ele

mostrar-se tanto como fator de risco quanto protetivo Esta aparente ambiguidade eacute

justificada quando se considera a famiacutelia como o grupo social baacutesico do indiviacuteduo

cuja funccedilatildeo e estrutura satildeo determinantes em seu desenvolvimento As relaccedilotildees

entre pais e filhos satildeo caracterizadas por uma enorme complexidade Ao longo dos

tempos aspectos ambientais sociais poliacuteticos transgeracionais culturais e

econocircmicos exercem influecircncia sobre as famiacutelias e a histoacuteria de seus membros

(HANSEL 2004 PICCININI et al 2004 CIA WILLIANS e AIELLO 2005 DINIZ e

KOLLER 2010)

44

Na famiacutelia os objetivos conteuacutedos e meacutetodos se diferenciam fomentando o

processo de socializaccedilatildeo a proteccedilatildeo as condiccedilotildees baacutesicas de sobrevivecircncia e o

desenvolvimento de seus membros no plano social cognitivo e afetivo Esta eacute

tambeacutem a primeira mediadora entre o homem e sua cultura Portanto a famiacutelia eacute a

matriz da aprendizagem humana com significados e praacuteticas culturais proacuteprias

essas que geram modelos de relaccedilatildeo interpessoal e de construccedilatildeo individual e

coletiva (BRONFENBRENNER 1996 BRONFENBRENNER 2011 GURALNICK

2002)

Dessa maneira os acontecimentos e as experiecircncias familiares propiciam a

formaccedilatildeo de repertoacuterios comportamentais de accedilotildees e resoluccedilotildees de problemas com

significados universais e particulares (BRONFENBRENNER 1996

BRONFENBRENNER 2011 GURALNICK 2002) Essas vivecircncias integram a

experiecircncia individual e coletiva que organiza interfere e a torna uma unidade

dinacircmica que estrutura as formas de subjetivaccedilatildeo e interaccedilatildeo social de seus

membros Nesse sentido tambeacutem se pode afirmar que eacute por meio dessa unidade e

suas interaccedilotildees internas que se concretizam as transformaccedilotildees na sociedade que

por sua vez ocasionam novas influecircncias a seus membros num processo

bidirecional (BRONFENBRENNER 1996 BRONFENBRENNER 2011 GURALNICK

2002)

Igualmente pode-se afirmar que aspectos tais como a escolaridade da matildee e

o desemprego paterno podem ser considerados como preditores bastante confiaacuteveis

para explicitar alteraccedilotildees nos resultados de estudos sobre desenvolvimento infantil

(LORDELO et al 2007)

Tambeacutem a interaccedilatildeo familiar possui um caraacuteter de reciprocidade em suas

relaccedilotildees ou seja o estabelecimento de laccedilos muacutetuos mobiliza a crianccedila para o

desenvolvimento de atividades no seu meio fiacutesico social simboacutelico condutores da

sua atividade exploratoacuteria manipuladora criativa e imaginativa logo essa

capacidade comeccedila a desenvolver-se desde o nascimento do bebecirc e aprimora-se ao

longo do tempo e por outro lado o proacuteprio desenvolvimento parental eacute influenciado

pelo comportamento e desenvolvimento dos filhos o que mais uma vez reforccedila a

ideia do desenvolvimento como um processo dinacircmico influenciado pelos vaacuterios

sistemas que o constituem (BRONFENBRENNER 1996 BRONFENBRENNER

2011)

45

Sendo assim quando haacute situaccedilotildees de risco ou problemas nos quais a famiacutelia

precise contar com algum tipo de apoio pode - se afirmar que a principal rede de

apoio eacute a proacutepria interaccedilatildeo entre seus membros especialmente entre os genitores

ou cuidadores principais (BRONFENBRENNER 1996 BRONFENBRENNER 2011

DESSEN e BRAZ 2005) Isso porque o estabelecimento do viacutenculo portanto de

uma relaccedilatildeo de afeto estaacutevel e contiacutenua pode ser considerado o principal elemento

de superaccedilatildeo da mudanccedila para todos os membros dessa unidade primordial E

seratildeo tais viacutenculos que por meio do alimentar brincar ou confortar uma crianccedila

ativaratildeo sentimentos como cumplicidade ternura carinho que se verificam como

contributos para o delineamento do curso da vida Lembra-se que natildeo satildeo apenas

as experiecircncias objetivas que pesam e influenciam o desenvolvimento humano as

subjetivas igualmente auxiliam na formaccedilatildeo do repertoacuterio global dos sujeitos em

evoluccedilatildeo (BRONFENBRENNER 1996 BRONFENBRENNER 2011 DINIZ e

KOLLER 2010)

Nesse sentido a interaccedilatildeo entre microssistemas tais como famiacutelia e escola

ou a creche pode ser um espaccedilo de reforccedilo e orientaccedilatildeo direta ou indireta dessa

rede de apoio primordial (PEREIRA-SILVA e DESSEN 2004 DESSEN e POLONIA

2007) Por outro lado um canal de comunicaccedilatildeo famiacutelia-instituiccedilatildeo ruim falha como

recurso motivacional e de interesse da famiacutelia em relaccedilatildeo ao atendimento da crianccedila

(ORTIZ e FAVARO 2004)

Ressalta-se portanto que o atendimento educacional na infacircncia

especialmente o que eacute voltado agrave crianccedila pequena deve ser baseado no trabalho

colaborativo e cooperativo no compartilhamento de responsabilidades e

informaccedilotildees com a famiacutelia lhes conferindo o empoderamento necessaacuterio para

usufruiacuterem de suas capacidades e potencialidades enquanto cuidadores auxiliando-

os a lidar com os percalccedilos e limites que possam ser motivados pelas

especificidades do filho (ROMERO 2003 GINEacute et al 2009)

Tais aspectos devem ser levados em consideraccedilatildeo principalmente porque a

crianccedila na primeira infacircncia tem necessidades desenvolvimentais muito proacuteprias

as quais devem ser conhecidas e respeitadas tanto pela famiacutelia quanto pela

instituiccedilatildeo que a atende

Ao posicionar o papel da famiacutelia na concepccedilatildeo da Atenccedilatildeo Precoce retoma-

se que em uma perspectiva transacional o desenvolvimento infantil pode ser

entendido como produto de interaccedilotildees dinacircmicas entre a crianccedila a famiacutelia e o

46

contexto (SAMEROFF e FIESE 2000) Essa perspectiva amplia a visatildeo da

costumeira abordagem linear e unidirecional que modelos tradicionais de

atendimento ao desenvolvimento infantil possuem reconhecendo a influecircncia da

interaccedilatildeo de diversos fatores na conformaccedilatildeo da pessoa-crianccedila em

desenvolvimento e tambeacutem influencia profundamente o atendimento agrave crianccedila

pequena com deficiecircncia por transformar esse uacuteltimo em uma abordagem centrada

na famiacutelia (SAMEROFF E FIESE 1990 2000 SERRANO 2007)

Nesse sentido vaacuterios estudos a respeito da relaccedilatildeo entre famiacutelia e

desempenho desenvolvimental da crianccedila confirmam que os pais satildeo importantes

agentes moduladores das experiecircncias de seus filhos de tal maneira que suas

accedilotildees podem se constituir em riscos para o desenvolvimento infantil (BARROS et al

2003 MANCINI et al 2004 AMORIM et al 2009 SARTORI SACANI e VALENTINI

2010)

Em consonacircncia Amorin et al (2009) perceberam em seu

estudo que as crianccedilas que dispunham de menor tempo diaacuterio com suas matildees

apresentaram maior frequecircncia de deacuteficit em equiliacutebrio estaacutetico quando comparadas

agravequelas que permaneciam mais tempo com a matildee sugerindo a presenccedila materna

como um fator de proteccedilatildeo para a aquisiccedilatildeo dessa habilidade Igualmente Barros et

al (2003) evidenciaram em sua pesquisa que podem se constituir em fatores de

risco para o desenvolvimento da crianccedila pequenas situaccedilotildees como ausecircncia do pai

utilizaccedilatildeo de brinquedos inadequados para a faixa etaacuteria o local onde a crianccedila era

mantida em idades precoces da infacircncia a falta de orientaccedilatildeo pedagoacutegica e de

socializaccedilatildeo extrafamiliar precoce e a baixa condiccedilatildeo socioeconocircmica familiar Jaacute

os resultados do estudo de Sartori Sacani e Valentini (2010) sugerem uma diferenccedila

significativa entre o desempenho desenvolvimental dos bebecircs filhos de adolescentes

e os nascidos de matildees adultas ressaltando a possibilidade de a idade materna ser

um fator de risco para a ocorrecircncia de atrasos no desenvolvimento

Diante dos elementos acima se soma a orientaccedilatildeo de Brazelton e Cramer

(2002) na qual evidenciam que quando os pais apreciam e valorizam o repertoacuterio

comportamental de seus bebecircs estatildeo prontos a entrar em um diaacutelogo com eles

Ainda conforme esses autores os profissionais que datildeo apoio aos pais facilitando e

apresentando o repertoacuterio das crianccedilas agrave famiacutelia colaboram com o fortalecimento

dos primeiros viacutenculos e com a promoccedilatildeo do desenvolvimento na infacircncia Aleacutem de

que avaliar a estimulaccedilatildeo disponiacutevel para a crianccedila dentro de uma determinada

47

famiacutelia pode fornecer elementos importantes para as poliacuteticas de sauacutede e educaccedilatildeo

a serem programadas pelos organismos puacuteblicos (MARTINS et al 2004 )

Portanto a essecircncia da relaccedilatildeo materna e paterna com a crianccedila eacute a

reciprocidade Ou seja os cuidadores devem estar acessiacuteveis quando a crianccedila

precisa deles devendo mostrar que haacute interesse no que ela apresenta orientando

quanto a limites e possibilidades Ao demonstrar isso o bebecirc com seus recursos

responderaacute alimentando esse circuito ou sistema de comunicaccedilatildeo Nesse sentido haacute

a importacircncia de se orientar aos cuidadores o mecanismo de comunicaccedilatildeo com sua

crianccedila lembrando-lhes dos efeitos devastadores que riscos como os jaacute indicados

anteriormente podem ocasionar nesse sistema de comunicaccedilatildeo reciacuteproca com o

bebecirc (BRAZELTON 1990 BRAZELTON e CRAMER 2002)

Por esses motivos eacute que se entende como necessaacuterio destacar a

importacircncia de accedilotildees interventivas e de orientaccedilotildees que considerem o papel de pais

ou outros cuidadores principais como uma forma de propiciar prevenccedilatildeo de

possiacuteveis futuros deacuteficits no desenvolvimento infantil e mesmo de minimizar

alteraccedilotildees desenvolvimentais jaacute estabelecidas na infacircncia (BARBA MARTINEZ e

CARRASCO 2003) Pois assim como a crianccedila cuja deficiecircncia jaacute foi identificada

haacute aquele indiviacuteduo que frequenta a educaccedilatildeo infantil e que pode apresentar

alteraccedilatildeo em seu desenvolvimento seja por privaccedilatildeo de estiacutemulos adequados seja

por lesotildees agraves que quando natildeo detectadas ou natildeo atendidas podem comprometer a

maturaccedilatildeo neuropsicoloacutegica o que traz implicaccedilotildees para outras instacircncias do

desenvolvimento humano (GAT 2000)

Nessa perspectiva torna-se destaque que os programas vinculados agrave sauacutede

infantil devem estar voltados tambeacutem para o ambiente educacional da crianccedila pois

nele ela se estrutura como um ser individual e social capaz de interagir com outros

niacuteveis de amplitude e de construir espaccedilos entre os setores sociais envolvidos no

processo de construccedilatildeo de uma vida saudaacutevel (MARTINS et al 2004) Isso se

justifica tambeacutem em pesquisas que reforccedilam a importacircncia da aproximaccedilatildeo entre

famiacutelia e educadoras da educaccedilatildeo infantil como modo de auxiliar no

desenvolvimento da crianccedila pequena com ou sem deficiecircncia (CUEVAS 2003

MACARINI MARTINS e VIEIRA 2009)

Especificamente sobre a Educaccedilatildeo Infantil haacute estudos que evidenciam que

quando ocorrem accedilotildees de avaliaccedilatildeo do desenvolvimento infantil ou mesmo

intervenccedilatildeo precoce no contexto da creche haacute grandes ganhos para o

48

desenvolvimento das crianccedilas ali inseridas (BARBA MARTINEZ e CARRASCO

2003 SOEJIMA 2008 BALTIERI et al 2010) Isso posto salienta-se que a inclusatildeo

educacional natildeo se faz apenas com a adaptaccedilatildeo do espaccedilo mas tambeacutem com a

modificaccedilatildeo de conceitos e condutas sobre a pessoa com deficiecircncia (MANTOAN

2004 MAZZOTA 2003)

Por outro lado investigar como o contexto da creche se mostra diante da

atenccedilatildeo ao desenvolvimento infantil da crianccedila com e sem necessidades especiais

(elencar as dificuldades das educadoras em lidar com a promoccedilatildeo ou estimulaccedilatildeo

do desenvolvimento) auxilia na criaccedilatildeo de accedilotildees que transformem esse ambiente

tornando-o mais inclusivo ampliando a qualidade de seu atendimento e das

relaccedilotildees com a comunidade que atende (BARBA MARTINEZ e CARRASCO 2003

CUEVAS 2003 VITTA 2010 VITTA VITTA e MONTEIRO 2010)

Com base no referencial sobre o tema abordado neste trabalho verifica-se

que para a implementaccedilatildeo de programas de atendimento agrave crianccedila pequena com

necessidades especiais - seja dentro da Educaccedilatildeo Infantil ou na Educaccedilatildeo Especial

- eacute necessaacuterio que os profissionais envolvidos tomem conhecimento a respeito dos

muacuteltiplos fatores de risco e proteccedilatildeo que norteiam o desenvolvimento na infacircncia

com ecircnfase em uma perspectiva ecoloacutegica levando em consideraccedilatildeo as interaccedilotildees

transacionais entre a crianccedila e o ambiente e vice-versa Para tal torna-se

necessaacuteria tambeacutem a construccedilatildeo e o seguimento de um marco teoacuterico e conceitual

que sirva de guia para os serviccedilos de atendimento agrave infacircncia (GURALNIK 2008)

Com estes conhecimentos eacute possiacutevel colocar em praacutetica a criaccedilatildeo de programas de

intervenccedilatildeo em crianccedilas com riscos bioloacutegicos e ambientais e prevenir o surgimento

ou o agravamento de alteraccedilotildees no desenvolvimento sejam elas de origem motora

sensorial intelectual ou emocional tanto na educaccedilatildeo especial quanto na educaccedilatildeo

infantil (FORMIGA e PEDRAZZANI 2004)

Por fim ressalta-se que em virtude dos dados acima correlacionados eacute que

decorre o interesse em investigar concepccedilotildees de pais de crianccedilas com

necessidades especiais e de seus educadores acerca da inclusatildeo educacional na

primeira infacircncia tendo em vista tambeacutem as condiccedilotildees de promoccedilatildeo do

desenvolvimento infantil desse alunado dentro de Centros Municipais de Educaccedilatildeo

Infantil - CMEI

49

25 A INSTITUICcedilAtildeO DE EDUCACcedilAtildeO INFANTIL COMO UM CONTEXTO DE

DESENVOLVIMENTO

Na realidade brasileira os serviccedilos da Educaccedilatildeo Infantil vecircm se

configurando como uma opccedilatildeo de cuidado e educaccedilatildeo amplamente utilizada pelas

famiacutelias contemporacircneas Vaacuterios fatores estatildeo envolvidos entre eles o ingresso da

mulher no mercado de trabalho as novas possibilidades de arranjos familiares o

movimento migratoacuterio das pessoas do interior para cidades maiores com mais

acesso a oportunidades de trabalho e educaccedilatildeo o que faz com que nem sempre a

matildee trabalhadora tenha apoio para o cuidado da sua crianccedila e tambeacutem como

recurso para a parcela da populaccedilatildeo que possui condiccedilotildees socioeconocircmicas

desfavoraacuteveis (RAPOPORT e PICCININI 2004 CERISARA 2002 ROSSETTI-

FERREIRA RAMON e SILVA 2002 CAMPOS 1999 ROSSETTI-FERREIRA

AMORIM e VITOacuteRIA 1994 MOREIRA e LORDELO 2002)

Historicamente esse serviccedilo vem passando por vaacuterias modificaccedilotildees ao longo

dos anos Especialmente nas uacuteltimas trecircs deacutecadas a educaccedilatildeo extrafamiliar de

bebecircs e crianccedilas pequenas tem sido marcada por profundas mudanccedilas sociais

culturais poliacuteticas e econocircmicas que entre outros fatores afetaram as relaccedilotildees

sociais o mundo do trabalho as estruturas familiares os sistemas de ensino a

imagem de crianccedila e o lugar que nossos pequenos ocupam nas instituiccedilotildees

educativas e na sociedade (FERNANDES 2011) Em suma pode-se afirmar que

essas modificaccedilotildees tambeacutem contribuiacuteram para que a Educaccedilatildeo Infantil tivesse

acentuada a sua funccedilatildeo pedagoacutegica deixando para traacutes o caraacuteter assistencialista

que teve em sua origem (OLIVEIRA et al 2006 WEBER et al 2006 VERIacuteSSIMO e

FONSECA 2003)

Nessa transiccedilatildeo de entendimento de sua funccedilatildeo na medida em que se foi

ampliando o nuacutemero de matriacuteculas adquirindo maior espaccedilo em pesquisas no paiacutes

nos debates sociais suas fragilidades foram se destacando o que levou aos

resultados dos primeiros estudos sobre a qualidade desse serviccedilo os quais

indicavam uma situaccedilatildeo generalizada de precarizaccedilatildeo verificada tanto em aspectos

fiacutesicos (instalaccedilotildees ruins materiais pedagoacutegicos e equipamentos em escassez ou

completa ausecircncia) quanto em aspectos humanos (baixa escolaridade dos

profissionais falta de formaccedilatildeo dos educadores ausecircncia de projeto pedagoacutegico

50

problemas de interaccedilatildeo instituiccedilatildeondashfamiacutelia) (CAMPOS FUumlLGRAFF e WIGGERS

2006 FERNANDES 2011) Tais resultados satildeo importantes pois reforccedilam as

discussotildees sobre a necessidade de um atendimento de qualidade como parte dos

direitos da crianccedila

Ainda nesse sentido por uma concepccedilatildeo da crianccedila como um ser de direitos

foram importantes documentos como a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 o Estatuto da

Crianccedila e do Adolescente ECA ndash Lei nordm 806990 e a Lei de Diretrizes e Bases da

Educaccedilatildeo Nacional LDB ndash Lei nordm939496 (CAMPOS 1999 CAMPOS FUumlLGRAFF e

WIGGERS 2006 ROSSETIndashFERREIRA RAMON e SILVA 2002 BRASIL 2012)

Para Campos (1999) a Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional

(BRASIL 2012) eacute a que promoveu as maiores modificaccedilotildees na Educaccedilatildeo pois

influenciou vaacuterios aspectos em todos os niacuteveis educacionais do paiacutes dentre os

quais o sistema de financiamento o curriacuteculo nacional os sistemas de avaliaccedilatildeo o

uso de novas tecnologias a organizaccedilatildeo da gestatildeo e as possibilidades de se

estabelecer parcerias com organizaccedilotildees natildeo governamentais Entre os itens

indicados por essa autora haacute pelo menos dois que satildeo considerados de extrema

relevacircncia para a Educaccedilatildeo Infantil a) a definiccedilatildeo da Educaccedilatildeo Infantil como

primeira etapa da Educaccedilatildeo Baacutesica ndash fato que transfere a responsabilidade

desta para oacutergatildeos de educaccedilatildeo b) a exigecircncia de formaccedilatildeo preacutevia

(preferencialmente niacutevel superior admitindo-se ainda no miacutenimo o magisteacuterio

ndash no niacutevel de ensino meacutedio) para educadores e professores que se dedicam

ao trabalho com crianccedilas pequenas (CAMPOS FUumlLGRAFF e WIGGERS

2006 ROSSETIndashFERREIRA RAMON e SILVA 2002)

Outros documentos de impacto na organizaccedilatildeo do atendimento de crianccedilas

pequenas foram as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo Infantil

(BRASIL 2010) e o Plano Nacional de Educaccedilatildeo PNE (BRASIL 2001) O primeiro

porque ofereceu subsiacutedios para os projetos pedagoacutegicos das prefeituras e das

unidades de Educaccedilatildeo Infantil e o segundo por ter estabelecido padrotildees miacutenimos

para a infra-estrutura das instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Infantil bem como definiu

as metas de expansatildeo desse atendimento no paiacutes (CAMPOS FUumlLGRAFF e

WIGGERS 2006)

Atualmente segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo

Infantil (BRASIL 2010) o ensino infantil eacute a primeira etapa da Educaccedilatildeo Baacutesica

ofertada por espaccedilos institucionais denominados creches e preacute-escolas em caraacuteter

51

natildeo domeacutestico que constituem estabelecimentos educacionais puacuteblicos ou privados

nos quais se prima pela educaccedilatildeo e cuidado de crianccedilas de 0 a 5 anos de idade no

periacuteodo diurno em jornada integral ou parcial regulados e supervisionados por

oacutergatildeo competente do sistema de ensino e submetidos a controle social

Destaca-se que o acesso ao atendimento em Educaccedilatildeo Infantil

especialmente na faixa etaacuteria entre 0 e 3 anos vem crescendo significativamente

nas diferentes regiotildees brasileiras o que justifica a necessidade de se ampliar os

estudos e pesquisas nessa aacuterea tambeacutem como uma maneira de possibilitar

elementos que promovam a qualidade desse serviccedilo (CAMPOS et al 2011)

Poreacutem mesmo diante desse crescimento e das transformaccedilotildees no

atendimento de Educaccedilatildeo Infantil indicadas anteriormente os serviccedilos e estudos

que evidenciem a crianccedila pequena em particular na faixa etaacuteria de 0 a 3 anos tecircm

sido negligenciados (FERNANDES 2011)

Diante das especificidades da Educaccedilatildeo Infantil e sua evoluccedilatildeo poliacutetica e

histoacuterica merecem particular atenccedilatildeo os sujeitos que a compotildeem especialmente os

educadores a famiacutelia e a crianccedila

251 Concepccedilotildees Sobre A Praacutetica Educativa Institucionalizada Aspectos

Relevantes Para A Promoccedilatildeo Do Desenvolvimento Infantil e Para Uma

Proposta Inclusiva

Dentro de um panorama no qual a crianccedila pequena eacute inserida no cuidado

institucionalizado desde tenra idade e no qual passa cerca de 4 a 8 horas por dia

distante de sua famiacutelia o educador de creche adquire uma funccedilatildeo importante

perante o desenvolvimento infantil natildeo apenas de cuidar e educar senatildeo de

complementar e agraves vezes de suplementar a atenccedilatildeo familiar agrave infacircncia (SILVA e

BOLSANELLO 2002 WINNICOTT 1975 ELTINK 1999) Assim as concepccedilotildees

que permeiam o atendimento satildeo fundamentais pois podem reforccedilar e manter

determinadas accedilotildees agraves vezes distorcidas do que eacute necessaacuterio ou recomendaacutevel

para a praacutetica pedagoacutegica (SCHULTZ 2002 PACHECO E DUPRET 2004)

O cuidado de crianccedilas pequenas durante muito tempo esteve atrelado agrave

figura da mulher sensiacutevel e carinhosa que possuiacutea o perfil de ldquomatildeerdquo e gostava de

52

cuidar de crianccedilas o que fortaleceu o caraacuteter leigo e assistencialista dessa funccedilatildeo

(OLIVEIRA et al 2006 WEBER et al 2006 VERIacuteSSIMO E FONSECA 2003

CERISARA 2002)

Ainda como parte dessa concepccedilatildeo o atendimento voltado para as crianccedilas

menores ocupou - e ainda ocupa - o lugar da necessidade da desproteccedilatildeo da

fragilidade de um trabalho voltado para a alimentaccedilatildeo a higiene o abrigo e o apoio

para o caso de ausecircncia familiar (FERNANDES 2011 GUIMARAtildeES 2011 SOUZA

2008) Tal situaccedilatildeo parece ter corroborado com a desvalorizaccedilatildeo do profissional de

creche em especial o que trabalha com berccedilaacuterio e com a dificuldade em se

estabelecer uma identidade pedagoacutegica nesse serviccedilo (SOUZA 2008 OLIVEIRA et

al 2006 MELCHIORI e ALVES 2001)

Como bem lembra Ramos (2006) a Educaccedilatildeo Infantil embora sua histoacuteria

remonte mais de um seacuteculo como cuidado e educaccedilatildeo extrafamiliar somente nos

uacuteltimos anos passou a ser inserida numa perspectiva educacional em resposta aos

movimentos sociais em defesa dos direitos das crianccedilas

Como parte dessa transiccedilatildeo do assistencialismo para a funccedilatildeo pedagoacutegica

alguns temas passaram a fazer parte das discussotildees no acircmbito profissional da

Educaccedilatildeo Infantil e de pesquisas na aacuterea com mais frequecircncia os quais facilmente

se destacam formaccedilatildeo profissional desenvolvimento infantil relaccedilatildeo adulto-crianccedila

viacutenculo planejamento diversidade competecircncia infantil entre outros Nesse

sentido tambeacutem se deve levar em conta que parece ser inevitaacutevel a revisatildeo das

bases e paradigmas educacionais vigentes pois haacute que se promover um diaacutelogo

com as mudanccedilas inerentes ao mundo atual (GOMES 2009)

Com a execuccedilatildeo de pesquisas na aacuterea descortinou-se aspectos muito

relevantes e contraditoacuterios do trabalho do educador de creche os quais ajudam a

perceber concepccedilotildees e necessidades e fazem entender quais pilares vem

suportando esse atendimento

Lordelo (1995 1998) indicou em seus estudos que os educadores natildeo se

mostravam como parceiros do desenvolvimento infantil pois trabalhavam em funccedilatildeo

de responder agraves necessidades mais imediatas e predominantemente fiacutesicas das

crianccedilas atendidas Melchiori e Alves (2001) revelam que os educadores natildeo tecircm

consciecircncia de sua funccedilatildeo como promotores de desenvolvimento infantil Jaacute

Veriacutessimo e Fonseca (2003) perceberam que o atendimento de bebecircs na creche eacute

fortemente centrado na atenccedilatildeo quanto agrave higiene e alimentaccedilatildeo

53

Vitta e Emmel (2004) identificaram uma tendecircncia de que o trabalho no

berccedilaacuterio seja pautado na concepccedilatildeo e na experiecircncia de maternagem dos

educadores Jaacute no estudo de Oliveira et al (2006) os educadores demonstraram

possuir a crenccedila de que para atender crianccedilas pequenas bastava ser mulher e ter

experiecircncia com crianccedilas Alves (2006) percebeu que a ideia de cuidado estaacute

relacionada agrave funccedilatildeo de matildee e natildeo agrave funccedilatildeo de professor ou de educador Nesse

sentido Veriacutessimo (2001) identificou um sentimento contraditoacuterio entre os

educadores Enquanto eles acreditam que associar funccedilatildeo materna com a praacutetica

profissional eacute algo depreciativo por outro lado esperam que as crianccedilas nutram

afeto ldquofilialrdquo por eles

Soejima (2008) salienta que os educadores que participaram de sua

pesquisa demonstraram ter aprendido teorias sobre o desenvolvimento infantil na

graduaccedilatildeo mas que natildeo conseguiam fazer uso desse conhecimento no cotidiano da

creche Igualmente Souza (2008) verificou que os educadores possuem formaccedilatildeo

continuada sobre desenvolvimento infantil mas que encontram dificuldades em

transpor para a accedilatildeo o seu conhecimento

Tambeacutem se destacam conceitos pertinentes ao desenvolvimento humano e

especificamente voltados ao desenvolvimento da crianccedila pequena Vitta (2004)

Souza (2008) e Soejima e Bolsanello (2012) evidenciaram falta de conhecimentos

abrangentes e consistentes sobre desenvolvimento infantil por parte dos educadores

em seus estudos Estes quando aparecem satildeo mais voltados agrave priorizaccedilatildeo de

fatores ambientais logo gerando uma crenccedila ambientalista de desenvolvimento

(MELCHIORI e ALVES 2001 MELCHIORI et al 2007 SOUZA 2008)

Sobre desenvolvimento infantil Soejima e Bolsanello (2012) verificaram a

concepccedilatildeo entre os educadores de que quanto menos ativas as crianccedilas eram mais

saudaacuteveis e que quanto mais ativas mais problemaacuteticas Sob esse aspecto cabe

questionar a qualidade da formaccedilatildeo dos educadores conforme jaacute proposto por Silva

(2003) Vitta e Emmel (2004) Kramer (2006) Souza (2008) e Soejima (2008) Nesse

sentido ressaltam-se os achados de Schultz (2002) ao pesquisar a educaccedilatildeo de

crianccedilas entre 0 e 3 anos e nos quais afirma que a formaccedilatildeo dos professores dessa

faixa etaacuteria pode interferir no desenvolvimento fiacutesico e psiacutequico e no bom

desempenho da crianccedila em seu futuro jaacute que segundo a autora haacute uma relaccedilatildeo de

dependecircncia entre a formaccedilatildeo do educador e a qualidade de seu trabalho

54

Por outro lado a rotina dessas trabalhadoras mostra-se estressante com

muitas atribuiccedilotildees e com pouco ou nenhum tempo para o planejamento e reflexatildeo

sobre sua praacutetica ou mesmo para o cumprimento do que foi planejado assim como

natildeo raro haacute a precarizaccedilatildeo da estrutura fiacutesica dos ambientes com poucos materiais

e excessivo nuacutemero de crianccedilas por educadora (NAZAacuteRIO 2002 ONGARI e

MOLINA 2003 ALVES 2006 OLIVEIRA et al 2006 LORDELO et al 2007

SOUZA 2008) Haacute que se pensar que a fadiga tanto fiacutesica quanto mental a falta de

tempo a frustraccedilatildeo por suas condiccedilotildees de trabalho satildeo aspectos que impedem um

trabalho com qualidade e devem ser amplamente investigados (PEREIRA 2003

SOUZA 2008 BOLSANELLO 2009)

Guimaratildees (2011) percebeu que a rotina na creche eacute fortemente baseada no

controle e na automaccedilatildeo das atividades Segundo ela os educadores falam muito

para as crianccedilas e natildeo com as crianccedilas como citado por ela descrevendo a rotina

ldquodo colo ao chatildeo do chatildeo para a cadeira da cadeira novamente para o chatildeo o

corpo dos bebecircs eacute conduzido pelos adultos em razatildeo das necessidades

emergentes e do tempo correto para cada umardquo Tal dado corrobora com os

achados de Souza (2008) no qual um dos educadores de seu estudo analisa a

rotina de trabalho em creche como uma espeacutecie de ldquofordismordquo infantil pois natildeo eacute

possiacutevel dar conta da individualidade das crianccedilas

Diante desses estudos destaca-se que o cotidiano da Educaccedilatildeo Infantil eacute

muito mais complexo do que parece agrave primeira vista Natildeo eacute tarefa simples apreendecirc-

lo e analisaacute-lo (CARVALHO 2006) Contudo eacute a partir de discussotildees conscientes

sobre os aspectos envolvidos nos atendimentos agrave crianccedila pequena que se tornaraacute

possiacutevel ampliar a compreensatildeo sobre o que eacute preciso para que os espaccedilos da

Educaccedilatildeo Infantil se tornem contextos plenos e fomentadores do desenvolvimento

humano da capacidade de aprendizagem da socializaccedilatildeo e do exerciacutecio da

cidadania (LIMA e BHERING 2006)

Ou ainda como afirmado por Gomes (2009) pensar em educaccedilatildeo de

crianccedilas com qualidade envolve natildeo soacute considerar a travessia dos profissionais da

creche para a aacuterea de educaccedilatildeo e sua formaccedilatildeo senatildeo buscar tambeacutem natildeo

descaracterizar suas histoacuterias suas experiecircncias superando o assistencialismo

objetivando a garantia dos direitos das crianccedilas e conjuntamente os direitos dos

educadores

55

Ainda junto agraves afirmaccedilotildees de Gomes (2009) pensa-se que o que se potildee

tambeacutem como uma questatildeo importante ou seja a capacidade do educador de

produzir reflexatildeo sobre sua praacutetica podendo conceituaacute-la e transformaacute-la Entre as

reflexotildees haveria de ser integrado aleacutem dos aspectos de cuidar e educar fatores

relativos ao desenvolvimento humano Afinal ao cuidar e ao educar se estaacute lidando

com um ser em desenvolvimento intenso cujos marcos iniciais de sua constituiccedilatildeo

como indiviacuteduo estatildeo tambeacutem agrave mercecirc do olhar de quem o cuida e o educa

diariamente Sendo assim entender processos elementares e fundamentais do

desenvolvimento humano essencialmente nos primeiros anos eacute relevante tanto

para a organizaccedilatildeo e planejamento do cotidiano de atendimento quanto para o

estabelecimento de estrateacutegias na Educaccedilatildeo Infantil (CARVALHO SALLES e

GUIMARAtildeES 2002)

Logo promover a avaliaccedilatildeo do atendimento (no conjunto profissionais

ambiente interaccedilatildeo com a famiacutelia estrateacutegias de planejamento e atividades

desenvolvidas) eacute algo importante principalmente no que diz respeito ao contexto

dos primeiros anos de vida dada a sua especificidade e importacircncia no futuro do

indiviacuteduo (LIMA e BHERING 2006)

Aleacutem de questotildees como a formaccedilatildeo dos educadores e suas concepccedilotildees

tambeacutem vale a consideraccedilatildeo de como se verifica a relaccedilatildeo entre elas e as famiacutelias

das crianccedilas atendidas Afinal a interaccedilatildeo entre a famiacutelia e a instituiccedilatildeo de

Educaccedilatildeo Infantil eacute relevante para que ambos os contextos conheccedilam melhor a

crianccedila estabeleccedilam criteacuterios educativos comuns discutam modelos de intervenccedilatildeo

e relaccedilatildeo com as crianccedilas e compreendam as especificidades de cada uma (SILVA

2011) Nesse aspecto vale lembrar que eacute na relaccedilatildeo com o adulto cuidador que a

crianccedila vai desde tenra idade estabelecer ldquoelosrdquo de comunicaccedilatildeo com as demais

pessoas com quem convive E por isso mesmo eacute que as accedilotildees de cuidado e

educaccedilatildeo natildeo podem ser accedilotildees mecacircnicas de assear e alimentar apenas (ROCHA

2008)

Contudo as dificuldades dos educadores tambeacutem passam pela precaacuteria

interaccedilatildeo com as famiacutelias das crianccedilas atendidas (LORDELO et al 2007 SOUZA

2008 CAMPOS et al 2011 FERNANDES 2011)

Correa (2007) argumenta em sua pesquisa que a relaccedilatildeo famiacutelia-instituiccedilatildeo

eacute um ponto a ser considerado para a promoccedilatildeo de um atendimento de qualidade

56

Silva (2011) percebeu em seu estudo que os educadores natildeo demonstram

conhecer ao certo como se daacute o contexto familiar das crianccedilas que atendem Souza

(2008) observou que a famiacutelia natildeo participa ativamente da rotina da creche na

maioria das vezes deixando a crianccedila na porta da instituiccedilatildeo

Os projetos pedagoacutegicos analisados por Fernandes (2011) indicaram um

perfil de famiacutelia visto pela escola como um grupo que precisa de ajuda e que pode

contribuir pouco com a Instituiccedilatildeo Instituiccedilatildeo essa que convida o adulto-cuidador

mais a confraternizar que compartilhar responsabilidades A autora tambeacutem verificou

que haacute a necessidade de os pais participarem efetivamente das accedilotildees da creche

pois segundo ela ao criar espaccedilos de diaacutelogo troca parcerias pode-se favorecer e

estimular as famiacutelias a viverem experiecircncias sociais mais amplas a partilhar as

anguacutestias alegrias e inseguranccedilas advindas do cotidiano favorecendo a superaccedilatildeo

das ideias assistencialistas acerca da Educaccedilatildeo Infantil em especial da que atende

a crianccedila com idade entre zero e 3 anos Por outro lado percebe-se que os pais

nem sempre se excluem de participar tanto do cotidiano da Instituiccedilatildeo quanto da

educaccedilatildeo de seus filhos (FERNANDES 2011 SILVA 2011)

Diante dos dados apresentados acima se destaca a necessidade de se

investigar de modo mais apropriado o papel dos pais diante do cuidar do educar e

da promoccedilatildeo do desenvolvimento de seus filhos ainda bebecircs jaacute que esses uacuteltimos

estatildeo cada vez mais precocemente adentrando ao atendimento institucionalizado

que por sua vez encontra-se envolto em suas proacuteprias contradiccedilotildees necessidades

e lutas Os familiares poderiam participar colaborar contribuir de modo a Educaccedilatildeo

Infantil ter uma identidade melhor cunhada valorizando inclusive o trabalho dos

educadores Em outras palavras conforme assinalado por Fernandes (2011) a

identidade da Educaccedilatildeo Infantil para ser constituiacuteda em suas especificidades

precisa urgentemente integrar as famiacutelias

57

3 MEacuteTODO

O delineamento metodoloacutegico teve como eixo a questatildeo de pesquisa

apresentada na introduccedilatildeo do presente estudo

Quais concepccedilotildees norteiam o processo de inclusatildeo da crianccedila pequena com

necessidades especiais no contexto dos Centros Municipais de Educaccedilatildeo

Infantil (CMEIs) segundo suas Matildees suas Educadoras na Educaccedilatildeo Infantil e

suas Professoras do Atendimento Educacional Especializado

Para responder a esta questatildeo mostrou-se pertinente realizar um estudo

qualitativo exploratoacuterio e comparativo Por seu caraacuteter qualitativo seraacute realizada

anaacutelise interpretativa e contextual dos dados sem a pretensatildeo de medir numeacuterica ou

estatisticamente os fenocircmenos estudados tampouco deveratildeo ser generalizados os

resultados encontrados (SAMPIERI COLLADO e LUCIO 1998) Eacute exploratoacuterio por

se tratar de um tema ou problema de pesquisa pouco estudado e portanto com

poucas pesquisas evidenciadas na literatura destacando-se a escassez de estudos

nesse acircmbito na realidade brasileira (SAMPIERI COLLADO e LUCIO 1998)

Segundo os autores citados o estudo exploratoacuterio serve para familiarizar o

pesquisador com fenocircmenos ainda natildeo suficientemente conhecidos podendo

determinar tendecircncias identificar aacutereas ambientes contextos e situaccedilotildees de

estudo O aspecto comparativo se verificaraacute no tratamento dos dados coletados

pela busca de possiacuteveis relaccedilotildees (discrepacircncias ou aproximaccedilotildees) entre as

concepccedilotildees dos participantes do estudo especialmente acerca da inclusatildeo da

crianccedila pequena com deficiecircncia que frequenta o CMEI (SAMPIERI COLLADO e

LUCIO 1998)

31 CONTEXTO

O contexto dessa pesquisa envolveu 04 (quatro) instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo

Infantil da rede puacuteblica de um municiacutepio da regiatildeo metropolitana de Curitiba que

58

atendem crianccedilas pequenas com deficiecircncia em turmas de berccedilaacuterio e maternal

situado no Estado do Paranaacute Foram escolhidas as turmas de berccedilaacuterio e maternal

por elas abarcarem crianccedilas com a faixa etaacuteria compreendida entre zero e 36

meses

Nesse municiacutepio no ano de 2012 em turmas de berccedilaacuterio (I e II) maternal (I

II e III) e preacutendashescola (I e II) houve um total de 4315 matriculas dessas estatildeo

considerados ldquocasos de inclusatildeordquo apenas 25 crianccedilas no momento em que foi

realizada a pesquisa Desse contingente apenas 08 casos de inclusatildeo educacional

eram de educandos em turmas de berccedilaacuterio e maternal Poreacutem como os criteacuterios de

elegibilidade para a participaccedilatildeo na presente pesquisa solicitavam que as turmas de

inclusatildeo atendessem a faixa etaacuteria entre 0 e 3 anos (creche) e tambeacutem que o

educando participasse do Atendimento Educacional Especializado passaram a se

enquadrar apenas 04 alunos tidos como casos de inclusatildeo que frequentavam 04

instituiccedilotildees diferentes abaixo denominadas de Instituiccedilotildees A B C e D

A Instituiccedilatildeo A atende um total de 180 crianccedilas dividas em turmas de

maternal e preacutendashescola

A Instituiccedilatildeo B atende um total de 376 crianccedilas dividas em turmas de

berccedilaacuterio maternal e preacute-escola

A Instituiccedilatildeo C atende um total de 280 crianccedilas dividas em turmas de

berccedilaacuterio e maternal

Jaacute a Instituiccedilatildeo D atende um total de 220 crianccedilas dividas em turmas de

berccedilaacuterio maternal e preacutendashescola

Todas as instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Infantil funcionam em periacuteodo integral das

07 agraves 18h

Segundo informaccedilotildees das equipes gestoras as Instituiccedilotildees B e C atendem

tambeacutem populaccedilatildeo considerada de risco social

Destaca-se que as turmas de berccedilaacuterio satildeo divididas em berccedilaacuterio I e II e

recebem crianccedilas com faixa etaacuteria entre 4 a 11 meses e entre 12 e 18 meses

respectivamente As turmas de Maternal que satildeo divididas em I e II atendem

educandos com idade entre 18 a 24 meses e entre 24 e 36 meses (completos

durante o ano letivo) respectivamente

Tambeacutem eacute importante ressaltar que o Atendimento Educacional Especializado

ndash AEE eacute desenvolvido de modo geral nas chamadas Salas de Recursos

Multifuncionais Essas salas satildeo espaccedilos estruturados de modo a atender

59

adequadamente as necessidades dos alunos foco da Educaccedilatildeo Especial e no

contexto pesquisado estatildeo lotadas dentro de instituiccedilotildees do Ensino Regular Todas

elas atendem educandos que estatildeo em situaccedilatildeo de inclusatildeo educacional tanto no

Ensino Fundamental quanto na Educaccedilatildeo Infantil

32 PARTICIPANTES

Foram considerados participantes da pesquisa

a) Matildees (pessoas responsaacuteveis cuidadoras principais que desempenham a

funccedilatildeo materna) de crianccedilas com idade entre zero e 36 meses com

necessidades especiais que participam do Atendimento Educacional

Especializado aleacutem de frequentar turmas de berccedilaacuterio (I e II) ou maternal (I e

II) em classe regular na Educaccedilatildeo Infantil no sistema puacuteblico de um

municiacutepio da regiatildeo metropolitana de Curitiba Paranaacute

Neste estudo participaram 04 matildees cujos filhos estatildeo matriculados em uma

das seguintes turmas berccedilaacuterio II maternal I e maternal II

b) Educadoras Regentes que trabalham em turmas de berccedilaacuterio (I e II) e

maternal (I e II) e que atendam as crianccedilas cujas matildees satildeo participantes

desse estudo O grupo de educadoras participantes contou com 09

profissionais Destas 03 eram regentes de berccedilaacuterio I 04 atendem turmas de

maternal I e 02 em maternal II

c) Professoras do Atendimento Educacional Especializado que atendam as

crianccedilas cujas matildees e educadoras participam deste estudo Nesse estudo

participaram 04 Professoras do AEE

Apoacutes apresentar o projeto para a Secretaria de Educaccedilatildeo para as

Gerecircncias de Educaccedilatildeo Especial e Inclusatildeo e para a de Educaccedilatildeo Infantil desse

municiacutepio foi feito o protocolo de solicitaccedilatildeo para a realizaccedilatildeo da pesquisa Em

acordo com o aceite da solicitaccedilatildeo e com a orientaccedilatildeo das Gerecircncias foi realizado o

primeiro contato com as equipes gestoras dos CMEIs que iriam participar No

primeiro contato foi solicitado agrave pesquisadora que entregasse a todas as equipes

60

gestoras uma carta de apresentaccedilatildeo Nesta havia uma breve explicitaccedilatildeo de quem

era a pesquisadora e informaccedilotildees principais do estudo ndash estas uacuteltimas seguiram

recomendaccedilatildeo da Gerecircncia de Educaccedilatildeo Especial e Inclusatildeo Desse modo apoacutes ter

feito a apresentaccedilatildeo do projeto para as equipes gestoras com a explicitaccedilatildeo dos

objetivos do meacutetodo e do termo de consentimento livre e esclarecido (anexo) e de

obter destas a autorizaccedilatildeo para executar a pesquisa em suas unidades elas se

comprometeram a entrar em contato com as educadoras e com as matildees para

agendar novo encontro agora com as participantes da pesquisa Os encontros com

as matildees e com as educadoras participantes desse estudo foram realizados de modo

individual em dia e hora previamente marcados nas dependecircncias das Instituiccedilotildees

em que as crianccedilas eram atendidas na Educaccedilatildeo Infantil

A participaccedilatildeo destas matildees e das educadoras se deu de modo voluntaacuterio

apoacutes serem esclarecidos os pormenores da pesquisa e dirimidas possiacuteveis duacutevidas

sobre o propoacutesito e uso das informaccedilotildees Tambeacutem foi solicitado agraves participantes

para ler o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para entatildeo proceder com a

assinatura e a entrevista propriamente dita

No caso da participaccedilatildeo das professoras do Atendimento Educacional

Especializado natildeo foi necessaacuteria a mediaccedilatildeo das equipes gestoras das instituiccedilotildees

O contato foi feito diretamente entre a pesquisadora e as convidadas Da mesma

forma por meio da carta de apresentaccedilatildeo e conversa pessoal houve o

esclarecimento do conteuacutedo da pesquisa seus objetivos e meacutetodo Apoacutes a

apresentaccedilatildeo do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido foi dado

procedimento agraves entrevistas

33 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS

Com a finalidade de coletar os dados foram elaborados roteiros de

entrevistas semiestruturadas levando em consideraccedilatildeo os objetivos desse estudo

Todos os roteiros de entrevista possuiacuteam uma parte em comum para que se

pusesse coletar e organizar os dados para a anaacutelise comparativa dos mesmos

61

O roteiro de entrevista aplicado agraves matildees (Anexo A) possuiacuteam quatro partes

a) caracterizaccedilatildeo da matildee b) caracterizaccedilatildeo da famiacutelia c) caracterizaccedilatildeo da crianccedila

em desenvolvimento e d) concepccedilotildees sobre o processo inclusivo

Para as educadoras de CMEI (Anexo B) e para as professoras do

Atendimento Educacional Especializado (Anexo C) o roteiro de perguntas tambeacutem

foi dividido em quatro partes a) caracterizaccedilatildeo da entrevistada b) caracterizaccedilatildeo do

trabalho da entrevistada c) concepccedilotildees sobre a crianccedila em desenvolvimento e d)

concepccedilotildees sobre o processo inclusivo

Optou-se por roteiros de entrevistas semiestruturadas com perguntas

abertas pois possibilitam aos entrevistados maior liberdade em respondecirc-las

(LUDKE e ANDREacute 1986) As entrevistas tiveram duraccedilatildeo meacutedia de 60 minutos e

foram realizadas pela pesquisadora em ambiente reservado dentro do contexto de

pesquisa Com preacutevio consentimento das entrevistadas os dados foram gravados

posteriormente transcritos na iacutentegra e analisados agrave luz da literatura pertinente

34 PROCEDIMENTOS DE ANAacuteLISE DE DADOS

Os dados coletados foram analisados por meio de uma abordagem

qualitativa com a utilizaccedilatildeo de anaacutelise de conteuacutedo Foram seguidos na iacutentegra os

passos utilizados por Bolsanello (1998) em sua pesquisa a qual se baseou em

Bardin (1979) a seguir

Apoacutes serem transcritas as entrevistas foram lidas sem qualquer tentativa

de seleccedilatildeo de informaccedilotildees

A seguir os dados brutos das respostas de cada item das entrevistas e

das gravaccedilotildees de aacuteudio foram codificados e agregados em unidades com a

eleiccedilatildeo do tema como unidade de registro e a proximidade conceitual como

regra de enumeraccedilatildeo

Os temas obtidos na codificaccedilatildeo foram reagrupados procedendo-se a um

trabalho de definiccedilatildeo e classificaccedilatildeo de categorias que resultaram no

levantamento de um conjunto de categorias e subcategorias representativas

da totalidade das comunicaccedilotildees

62

Finalmente foi realizada a classificaccedilatildeo e a categorizaccedilatildeo que levaram a

uma descriccedilatildeo das caracteriacutesticas relevantes do conteuacutedo investigado

permitindo gerar inferecircncias e comparaccedilotildees sobre todo o processo de

comunicaccedilatildeo e levando agrave anaacutelise dos dados envolvendo o cruzamento de

todas as informaccedilotildees obtidas

35 CUIDADOS EacuteTICOS

Os procedimentos eacuteticos do presente estudo obedeceram aos criteacuterios da

Eacutetica na Pesquisa com Seres Humanos Os principais cuidados eacuteticos foram

utilizaccedilatildeo de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (ANEXOS D E e F)

permissatildeo das entrevistadas para gravaccedilatildeo das entrevistas garantia do anonimato

das participantes

Tais cuidados garantem de acordo com Cozby (2003) a participaccedilatildeo totalmente

informada e voluntaacuteria das entrevistadas

63

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

Para a descriccedilatildeo e anaacutelise das caracteriacutesticas relevantes do conteuacutedo

investigado agruparam-se as informaccedilotildees em quatro seccedilotildees Inicialmente realizou-

se a caracterizaccedilatildeo das crianccedilas foco da inclusatildeo e a caracterizaccedilatildeo das

entrevistadas (matildees educadoras e professoras) A seguir levantaram-se as

concepccedilotildees das entrevistadas sobre a crianccedila que estaacute em inclusatildeo Por fim

buscou-se identificar as concepccedilotildees sobre o processo inclusivo na Educaccedilatildeo

Infantil propriamente dito

41 Seccedilatildeo 01 Caracterizaccedilatildeo das Participantes

411 Caracterizaccedilatildeo das crianccedilas foco da inclusatildeo

Pensando que a inclusatildeo educacional de crianccedilas pequenas com

necessidades especiais evidencia um campo sem limites nos quais natildeo se escolhe

a crianccedila que pode ou deve entrar ou natildeo na Educaccedilatildeo Infantil buscou-se identificar

quais eram esses pequenos sujeitos que estatildeo categorizados como alunos em

inclusatildeo Como diria Rodrigues (2006) no campo da educaccedilatildeo natildeo se trata de

melhor caracterizar o que eacute diversidade e quem a compotildee mas de compreender

melhor como as diferenccedilas nos constituem como humanos como somos feitos de

diferenccedilas E portanto no que se refere agrave caracterizaccedilatildeo das crianccedilas que estatildeo em

inclusatildeo pensa-se que eacute tambeacutem uma maneira de se perceber a gama de

condiccedilotildees que devem ser precoce e permanentemente vistas discutidas e

atendidas em suas necessidades e especificidades

Desse modo as matildees entrevistadas falaram sobre sua crianccedila idade

diagnoacutestico quais os serviccedilos que elas frequentam aleacutem da Educaccedilatildeo Infantil e do

Atendimento Educacional Especializado Tambeacutem informaram agrave turma que o filho

64

frequenta o Centro Municipal de Educaccedilatildeo Infantil ndash CMEI e desde quando ele estaacute

matriculado na Educaccedilatildeo Infantil

As quatro crianccedilas cujas matildees participaram da pesquisa possuiacuteam laudos

indicativos sobre seus diagnoacutesticos todos disponiacuteveis nas secretarias das

instituiccedilotildees das quais faziam parte (Quadro 01)

Quadro 01 Distribuiccedilatildeo das crianccedilas segundo laudo meacutedico e diagnoacutestico

Crianccedila Laudo meacutedico disponiacutevel

no CMEI CID ndash 10Diagnoacutestico

Crianccedila 01 Sim CID - F 840 Transtornos Globais do Desenvolvimento ndash Autismo Infantil

Crianccedila 02 Sim CID ndash G 800 Paralisia Cerebral Espaacutestica

Crianccedila 03 Sim CID - Q 870 ndash Siacutendrome de Moebius

Crianccedila 04 Sim CID ndash Q 90 ndash Sindrome de Down

Os laudos meacutedicos apresentavam as seguintes necessidades educacionais

especiais Autismo Infantil (TGD) Paralisia Cerebral Espaacutestica Siacutendrome de

Moebius e Siacutendrome de Down

Foi questionado agraves entrevistadas desde quando seus filhos estatildeo

participando de atendimento em CMEI e qual turma as crianccedilas frequentam

atualmente Nesse sentido elas indicaram o que segue no quadro 02

Quadro 02 Distribuiccedilatildeo das crianccedilas segundo a turma em que estatildeo matriculadas atualmente e o tempo em que frequentam Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil - CMEIs

A idade das crianccedilas variou entre 24 e 36 meses durante o periacuteodo da pesquisa A

crianccedila 01 eacute a mais velha de todas com 36 meses de idade as demais estatildeo na

Crianccedila Turma Atual Haacute quanto tempo frequenta CMEIS

Crianccedila 01 Maternal II Mais de 24 meses

Crianccedila 02 Berccedilaacuterio II Em torno de 8 meses

Crianccedila 03 Maternal I Em torno de 10 meses

Crianccedila 04 Maternal I Em torno de 4 meses

65

faixa etaacuteria dos 24 meses Apenas a crianccedila 02 estaacute com idade fora das indicaccedilotildees

de matriacutecula da turma estando com 24 meses frequentando uma turma para alunos

na faixa etaacuteria de 10 meses a 1 ano e 4 meses As demais estatildeo com idade de

acordo com o esperado para as turmas em que estatildeo matriculadas

Conforme o Quadro 02 eacute possiacutevel verificar que uma crianccedila estaacute matriculada

em turma de Berccedilaacuterio II duas estatildeo em turmas de Maternal I e uma estaacute no

Maternal II Tambeacutem se percebe que a crianccedila 01 eacute a que mais tempo estaacute

frequentando Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil Tendo ela 36 meses de

idade estaacute indo para os serviccedilos da Educaccedilatildeo Infantil desde os 12 meses

aproximadamente As demais crianccedilas foram matriculadas no atual ano letivo Ao

observar as demais crianccedilas eacute possiacutevel inferir que a meacutedia de idade escolhida por

essas matildees para matricularem seus filhos na Educaccedilatildeo Infantil foi de 12 meses

Sendo que de modo geral trecircs dessas crianccedilas permaneceram os primeiros 12

meses em casa aos cuidados da famiacutelia e apenas um educando frequentou Escola

Especial antes de ser matriculado no Centro de Educaccedilatildeo Infantil

O atendimento nos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil - CMEIS eacute

integral para todas as crianccedilas matriculadas contudo os educandos que estatildeo em

inclusatildeo podem ter orientaccedilatildeo para que frequentem apenas parcialmente o

atendimento na instituiccedilatildeo Nesse grupo que participou do estudo percebeu-se que

apenas duas das crianccedilas frequentam o dia todo As outras duas crianccedilas natildeo o

fazem integralmente devido a necessidade de participarem de outros atendimentos

tais como Fonoaudiologia Atendimento Educacional Especializado - AEE

Fisioterapia Nataccedilatildeo entre outros Essas duas crianccedilas que frequentam

parcialmente o CMEI fazem uma meacutedia de 06 horas diaacuterias de atendimento na

Educaccedilatildeo Infantil conforme os relatos das matildees

As participantes comentaram quais outros atendimentos o filho frequenta

aleacutem do Centro Municipal de Educaccedilatildeo Infantil - CMEI e do Atendimento

Educacional Especializado ndash AEE

- Crianccedila 01 Nataccedilatildeo atendimento em um Centro Especializado (Psicologia e

Fonoaudiologia) e Atendimento Educacional Especializado

- Crianccedila 02 Centro Especializado (Fisioterapia Motora Fisioterapia Respiratoacuteria

Terapia Ocupacional Psicologia e Fonoaudiologia) e Atendimento Educacional

Especializado

66

- Crianccedila 03 Nataccedilatildeo Fonoaudiologia Fisioterapia e Atendimento Educacional

Especializado ndash AEE

- Crianccedila 04 Atendimento Educacional Especializado - AEE (semanalmente) e

acompanhamento em hospital de referecircncia (bimestralmente)

412 Caracterizaccedilatildeo das Entrevistadas

Esse subcapiacutetulo traz dados que auxiliam a conhecer quem eram as

entrevistadas Para tal dividiu-se o mesmo em trecircs partes caracterizaccedilatildeo das matildees

caracterizaccedilatildeo das professoras do Atendimento Educacional Especializado - AEE e

caracterizaccedilatildeo das educadoras dos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil -

CMEIs

Ao se decidir por ouvir os relatos desses trecircs grupos de pessoas entendeu-

se que ao cruzar os seus olhares poderia se delinear quadros que identificassem

tendecircncias de como a inclusatildeo de crianccedilas vem ocorrendo e quais questotildees se

mostram relevantes sensiacuteveis ou mesmo mais urgentes a serem discutidas e

revistas em busca de uma praacutetica com mais qualidade O que se justifica tambeacutem

pelo fato de que pesquisas sobre inclusatildeo que levem em consideraccedilatildeo as interaccedilotildees

entre crianccedilandashcrianccedila famiacutelia ndash crianccedila professoras-crianccedila satildeo cada vez mais

importantes para que se possa perceber e problematizar as atitudes o acolhimento

os sentimentos e concepccedilotildees sobre deficiecircncia inclusatildeo e diferenccedilas (YAZLLE

AMORIM ROSSETTI-FERREIRA 2004 SIGOLO e OLIVEIRA 2008)

4121 Caracterizaccedilatildeo das Matildees

Inicialmente foram coletadas informaccedilotildees para caracterizaccedilatildeo das matildees

desse modo foram identificados dados como idade escolaridade e ocupaccedilatildeo das

mesmas (Quadro 03)

67

Quadro 03 ndash Distribuiccedilatildeo das Matildees participantes conforme idade escolaridade e ocupaccedilatildeo

Participante Idade Escolaridade Ocupaccedilatildeo

Matildee 01 31 anos Ensino Meacutedio Dona de casa

Matildee 02 28 anos Graduaccedilatildeo Pedagoga

Matildee 03 23 anos Graduaccedilatildeo Professora

Matildee 04 37 anos Ensino Fundamental Vendedora autocircnoma

A faixa etaacuteria das matildees participantes estaacute entre 23 e 37 anos Duas delas tecircm

como niacutevel de escolaridade a graduaccedilatildeo uma tem formaccedilatildeo em niacutevel Fundamental

e outra em niacutevel meacutedio Apenas uma delas eacute dona de casa as demais possuem

ocupaccedilotildees diferentes ao trabalho de cuidado domeacutestico familiar

Tambeacutem foram caracterizadas as famiacutelias das crianccedilas que estatildeo em

inclusatildeo Foram identificados os membros que compotildee a famiacutelia quem mora com a

crianccedila qual a renda meacutedia mensal da famiacutelia e outro caso de deficiecircncia no grupo

familiar (Quadro 04)

Quadro 04 ndash Distribuiccedilatildeo das Matildees participantes conforme composiccedilatildeo familiar

Participante

Composiccedilatildeo familiar

Matildee 01 Pai da crianccedila Matildee da crianccedila 02 filhos

Matildee 02 Pai da crianccedila Matildee da crianccedila 03 filhos

Matildee 03 X Matildee da crianccedila Avoacute materna avocirc materno e

01 filho

Matildee 04 Pai da crianccedila Matildee da crianccedila 03 filhos

68

Trecircs matildees moram com os pais de suas crianccedilas A matildee que natildeo mora com o

pai de seu filho afirmou que o mesmo natildeo participa de nenhum modo da criaccedilatildeo da

crianccedila No caso em que haacute a ausecircncia do pai bioloacutegico eacute interessante ressaltar

que os dados corroboram a afirmaccedilatildeo de autores como Bronfenbrenner (1996

2011) Dessen e Braz (2005) e Diniz e Koller (2010) quando estes afirmam a

importacircncia dos demais membros que compotildee a famiacutelia no que se refere a dar

sustentaccedilatildeo emocional especialmente quando ocorrem situaccedilotildees de risco para o

desenvolvimento infantil

A renda familiar meacutedia relatada pelas matildees ficou em torno de 06 e 07 salaacuterios

miacutenimos

- Matildee 01 06 salaacuterios miacutenimos

- Matildee 02 entre 06 e 07 salaacuterios miacutenimos

- Matildee 03 06 salaacuterios miacutenimos

- Matildee 04 entre 06 e 07 salaacuterios miacutenimos

Escolaridade dos genitores e renda familiar satildeo dois pontos importantes no

tocante agrave promoccedilatildeo do desenvolvimento na infacircncia pois podem indicar maiores ou

menores chances ou perspectiva de acesso a oportunidades para a ampliaccedilatildeo do

repertoacuterio cognitivo social cultural emocional dos membros que compotildeem a famiacutelia

(LORDELO et al 2007 MUELLER 2008)

Todas as matildees relataram apenas um filho com necessidades especiais na

famiacutelia

4122 Caracterizaccedilatildeo das Professoras do Atendimento Educacional

Especializado

Relembra-se que o Atendimento Educacional Especializado eacute um serviccedilo

dentro da Educaccedilatildeo Especial em conformidade com o Decreto nordm 761111 e que

esse grupo de professores realiza atendimento ao alunado foco da Educaccedilatildeo

Especial e que estatildeo em inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil e no Ensino Fundamental

69

Para tal seu trabalho e sua relaccedilatildeo com a crianccedila pequena com necessidades

especiais eacute fundamental visto que estaacute previsto que elas tambeacutem devem orientar as

famiacutelias e educadoras do CMEI sobre o processo de inclusatildeo desse alunado

Inicialmente foram coletadas informaccedilotildees para caracterizaccedilatildeo das

professoras desse modo foram identificados dados como idade estado civil e

escolaridade (Quadro 05)

Quadro 05 ndash Distribuiccedilatildeo das Professoras do Atendimento Educacional Especializado - AEE conforme idade estado civil ocorrecircncia e quantidade de filhos

Conforme eacute possiacutevel verificar no Quadro 05 a faixa etaacuteria que compotildee o grupo

de Professoras participantes estaacute entre 37 e 49 anos Todas satildeo casadas e tecircm

filhos Tambeacutem foi questionado se elas possuiacuteam alguma formaccedilatildeo especiacutefica para

trabalhar com Educaccedilatildeo Especial e Inclusiva de crianccedilas pequenas e para trabalhar

como professora do AEE Quanto agrave escolaridade das professoras do Atendimento

Educacional Especializado todas elas relataram ter feito vaacuterios cursos de formaccedilatildeo

continuada de curta duraccedilatildeo na aacuterea de Educaccedilatildeo Especial e Inclusatildeo Os dados

estatildeo organizados no Quadro 06 que segue logo abaixo

Participante Idade Estado civilfilhos

P01 45 Casada 2 filhos

P02 49 Casada 3 filhos

P03 37 Casada 2 filhas

P04 40 Casada 2 filhos

70

Quadro 06 ndash Distribuiccedilatildeo das Professoras do Atendimento Educacional

Especializado - AEE conforme sua escolarizaccedilatildeo

Participante Escolaridade

Ensino Meacutedio Graduaccedilatildeo Especializaccedilatildeo

P01 Magisteacuterio Estaacute cursando Pedagogia X

P02 Magisteacuterio Pedagogia com ecircnfase em Educaccedilatildeo Especial

Psicopedagogia

P03 Magisteacuterio Pedagogia Psicopedagogia

P04 Magisteacuterio Pedagogia Psicopedagogia

A professora P02 falou que tem formaccedilatildeo continuada em Estimulaccedilatildeo Visual

As professoras P03 e P04 informaram que estatildeo cursando Especializaccedilatildeo do AEE agrave

distacircncia ofertada pelo MEC Essas professoras que estatildeo cursando a

Especializaccedilatildeo especiacutefica para atuar no atendimento educacional especializado

apontaram que os conteuacutedos aprendidos nele estatildeo sendo muito uacuteteis

especialmente no que se refere ao ensino fundamental pois em grande parte se

baseiam em estrateacutegias praacuteticas para a atuaccedilatildeo docente Sobre Educaccedilatildeo Infantil

as entrevistadas afirmam que haacute conteuacutedos que trazem conceitos e orientaccedilotildees

sobre estimulaccedilatildeo essencial mas essas ainda se mostram um pouco distantes de

sua experiecircncia profissional Nenhuma delas tem formaccedilatildeo na aacuterea especiacutefica de

Educaccedilatildeo Infantil

Foi solicitado que relatassem um pouco de sua trajetoacuteria na aacuterea educacional

Sendo assim foi questionado haacute quanto tempo elas trabalhavam na educaccedilatildeo e se

antes de trabalhar como professora do Atendimento Educacional Especializado -

AEE tiveram outras experiecircncias na aacuterea de educaccedilatildeo (Quadro 07)

71

Quadro 07- Distribuiccedilatildeo das Professoras do Atendimento Educacional Especializado - AEE conforme tempo de trabalho na aacuterea educacional e aacutereas de atuaccedilatildeo dentro da Educaccedilatildeo

Todas informaram se tiveram outras experiecircncias como docentes fora da

Educaccedilatildeo Especial antes de serem professoras do Atendimento Educacional

Especializado - AEE P01 e P04 afirmaram que jaacute tinham tido experiecircncias com

turmas inclusivas antes de ingressarem como docentes no AEE P02 e P03

afirmaram que nunca haviam trabalhado com turmas inclusivas antes de sua

atuaccedilatildeo no AEE

A professora P01 teve um caso na famiacutelia Jaacute as professoras P02 P03 e P04

natildeo tiveram nenhuma experiecircncia marcante com pessoas com necessidades

especiais fora da aacuterea educacional Em acordo com as professoras que jaacute tiveram

alguma experiecircncia com pessoas com necessidades especiais o que se mostra

marcante eacute que esse contato anterior auxilia a como ldquover o deficienterdquo e a como

lidar com ele

4123 Caracterizaccedilatildeo das Educadoras dos Centros Municipais de Educaccedilatildeo

Infantil ndash CMEIs

Todas as entrevistadas atendem crianccedilas pequenas que estatildeo em inclusatildeo

nos Centros de Municipais de Educaccedilatildeo Infantil - CMEIs Participaram 09

Participante Tempo de trabalho na aacuterea

educacional Aacuterea de atuaccedilatildeo

P01 27 anos Educaccedilatildeo Infantil e Fundamental

P02 17 anos Educaccedilatildeo Infantil e Fundamental

P03 20 anos Ensino Fundamental

P04 20 anos Educaccedilatildeo Infantil e Fundamental

72

educadoras que trabalhavam na ocasiatildeo da entrevista com turmas de Berccedilaacuterio e

Maternal Inicialmente foram coletadas informaccedilotildees para caracterizaccedilatildeo das

educadoras desse modo foram identificados dados como idade estado civil se

tinham filhos ou natildeo (Quadro 08)

Quadro 08 - Distribuiccedilatildeo das Educadoras dos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil conforme idade estado civil ocorrecircncia e quantidade de filhos

Conforme o quadro 08 eacute possiacutevel verificar que a faixa etaacuteria das educadoras

participantes estaacute entre 21 e 42 anos 06 delas satildeo casadas 02 satildeo solteiras e uma

eacute viuacuteva Dentro desse grupo 03 das educadoras natildeo tem filhos

Quanto agrave escolaridade foi perguntado se possuiacuteam alguma formaccedilatildeo

especiacutefica para trabalhar com Educaccedilatildeo Infantil e Educaccedilatildeo Especial e Inclusiva

Quatro das educadoras apresentam o curso de magisteacuterio sete delas tem

graduaccedilatildeo em Pedagogia uma ainda estaacute cursando Pedagogia e outra Biomedicina

Participante Idade Estado civilfilhos

E01 27 Casada 2 filhos

E02 28 Casada sem filhos

E03 21 Casada 1 filho

E04 35 Casada 2 filhos

E05 27 Solteira sem filhos

E06 42 Viuacuteva 3 filhos

E07 29 Casada 2 filhos

E08 22 Solteira sem filhos

E09 32 Casada 1 filho

73

cinco das profissionais possuem especializaccedilatildeo dessas quatro na aacuterea de

Psicopedagogia e outra em Educaccedilatildeo Infantil (Quadro 09)

Quadro 09 - Distribuiccedilatildeo das Educadoras dos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil conforme sua Escolaridade

As educadoras E02 E04 E05 E06 E07 e E08 natildeo tiveram nenhuma

formaccedilatildeo especiacutefica sobre Educaccedilatildeo Especial e Inclusatildeo aleacutem das disciplinas

proacuteprias da formaccedilatildeo baacutesica (Magisteacuterio ou Pedagogia)

Jaacute as educadoras E01 E03 e E09 fizeram um curso de formaccedilatildeo continuada

no municiacutepio sobre a inclusatildeo no Ensino Fundamental Natildeo havia ateacute o momento

da coleta de dados referecircncias sobre a oferta de alguma formaccedilatildeo continuada que

evidenciasse a inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil

Foi perguntado se elas tiveram outras experiecircncias como professoras de

turmas de inclusatildeo antes dessa situaccedilatildeo atual

Participante Escolaridade

Ensino Meacutedio Graduaccedilatildeo Especializaccedilatildeo

E01 X Pedagogia Psicopedagogia

E02 X Pedagogia X

E03 Magisteacuterio Pedagogia Psicopedagogia Gestatildeo Escolar

E04 Magisteacuterio Pedagogia ndashcursando X

E05 X Pedagogia X

E06 Magisteacuterio Pedagogia Psicopedagogia

E07 X Pedagogia Educaccedilatildeo Infantil -

cursando

E08 Magisteacuterio Biomedicina ndash

cursando X

E09 X Pedagogia Psicopedagogia -

cursando

74

Quatro das educadoras (E01 E06 E07 e E08) afirmaram positivamente que

tiveram alguma outra experiecircncia com alunos de inclusatildeo antes desse caso atual e

afirmam que isso as ajuda de algum modo nessa turma

Contrariamente cinco delas (E02 E03 E04 E05 e E09) natildeo tiveram nenhum

aluno de inclusatildeo antes desse caso atual

Ainda quanto agraves experiecircncias anteriores com pessoas com necessidades

especiais elas informaram se jaacute tiveram alguma fora da aacuterea educacional

Cinco educadoras (E01 E02 E03 E07 e E08) afirmaram que tiveram

experiecircncias com pessoas com necessidades especiais fora da aacuterea educacional

As outras quatro educadoras (E04 E05 E06 e E09) natildeo tiveram nenhuma

experiecircncia com pessoas com necessidades especiais fora da Educaccedilatildeo Infantil

As participantes informaram o tempo de trabalho na Educaccedilatildeo de modo

geral especificamente na Educaccedilatildeo Infantil e tempo em que estatildeo atendendo essa

turma

Das nove participantes oito soacute tiveram experiecircncia na Educaccedilatildeo Infantil e

uma educadora jaacute trabalhou tambeacutem no Ensino Fundamental

O tempo de atuaccedilatildeo na aacuterea educacional variou de 04 meses a 10 anos No

que se refere agrave atuaccedilatildeo na Educaccedilatildeo Infantil o tempo de trabalho variou igualmente

de 04 meses a 10 anos

Quando questionadas sobre haacute quanto tempo atendem nas turmas atuais

foram obtidas as seguintes respostas 05 educadoras atendem a turma desde o

iniacutecio do ano o que equivale a algo em torno de 09 meses 01 estaacute haacute cerca de 06

meses e 03 das educadoras estatildeo atendendo a turma atual a menos de 06 meses

conforme o que estaacute organizado no Quadro 10 que segue logo abaixo

75

Quadro 10 - Distribuiccedilatildeo das Educadoras dos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil conforme o tempo de atuaccedilatildeo na Educaccedilatildeo de modo geral especificamente na Educaccedilatildeo Infantil e na turma que atende atualmente

42 Seccedilatildeo 02 Concepccedilotildees das Matildees Educadoras e Professoras sobre a

crianccedila que estaacute em inclusatildeo

Foram solicitadas as participantes que relatassem como concebem a crianccedila

pequena que tem necessidades educacionais especiais em relaccedilatildeo as suas

condiccedilotildees e seu processo de inclusatildeo

421 As Matildees e suas crianccedilas

A matildee M01 disse que jaacute desconfiava que o filho tivesse autismo e nega ter

ficado surpresa quando teve a notiacutecia poreacutem seu marido ficou muito triste Apoacutes

Participante Tempo de atuaccedilatildeo na

Educaccedilatildeo Tempo de atuaccedilatildeo na

Educaccedilatildeo Infantil Tempo que atende

essa turma

E01 08 anos 01 ano

01 mecircs

E02 04 meses 04 meses

04 meses

E03 05 anos 05 anos

09 meses

E04 04 anos 04 anos

09 meses

E05 01 ano 01 ano

03 meses

E06 10 anos 10 anos 09 meses

E07 09 anos 09 anos

09 meses

E08 02 anos 02 anos

09 meses

E09 03 anos 03 anos

06 meses

76

receber o diagnoacutestico o apoio da equipe que faz o atendimento especializado na

aacuterea de sauacutede foi fundamental para que a aceitaccedilatildeo do pai fosse sendo construiacuteda

A matildee M02 tambeacutem afirmou que jaacute estava preparada em relaccedilatildeo ao

diagnoacutestico do filho pois teve um parto prematuro com vaacuterias intercorrecircncias para a

crianccedila Desse modo desde os primeiros meses fazia um acompanhamento

rigoroso da sauacutede e do desenvolvimento da crianccedila o que culminou em um

diagnoacutestico de paralisia cerebral

Jaacute para a matildee M03 que teve uma gestaccedilatildeo tranquila a notiacutecia de que a filha

tinha uma siacutendrome veio de uma forma um pouco mais complexa

dai veio a pediatra veio e eu nunca vou esquecer a cara daquela japonesa na minha frente Ela olhava pra mim e eu perguntei ela taacute bem doutora E ela respondeu olha bem pra tua filha Ela tem cara de crianccedila normal Aquele dia foi o maior baque O baque foi porque eu tinha receacutem parido tava inchada doiacuteda e tinha tudo isso e dai eu chorei muito

A matildee M04 tambeacutem teve uma experiecircncia negativa em relaccedilatildeo agrave forma como

foi dada a notiacutecia da condiccedilatildeo da filha

foi logo depois do parto [] Fazia seis horas que ela tinha nascido aiacute a estagiaacuteria foi no quarto e perguntou pela paciente do leito tal e disse vocecirc viu que a tua neneacutem eacute deficiente matildee virou as costas e saiu

Para a matildee M04 o fato de ter dito que a filha era deficiente foi o que mais

chocou porque ela supocircs que queria dizer que a crianccedila teria muito mais

necessidade de cuidados Poreacutem quando falaram que era Siacutendrome de Down

como ela jaacute tinha um pouco de conhecimento sobre a situaccedilatildeo entatildeo se sentiu mais

aliviada quanto agraves condiccedilotildees de sua menina

O choque inicial quando os pais recebem a notiacutecia de que seu filho apresenta

alguma alteraccedilatildeo no desenvolvimento eacute natural e para que o impacto de um

diagnoacutestico ou condiccedilatildeo desconhecida possa ser minimizado eacute fundamental que

eles tenham algum tipo de apoio e orientaccedilatildeo (MINETTO 2010 SCHMITERLOumlW e

FERNANDEZ 2004 PRADO 2005)

Tambeacutem haacute que se ter em destaque que a condiccedilatildeo diferenciada do

desenvolvimento e da sauacutede do filho pode gerar tambeacutem problemas no processo de

vinculaccedilatildeo dele com seus pais e isso podem leva-los a desenvolver uma tendecircncia

77

ao isolamento social que limita as experiecircncias do filho (MINETTO 2010 DE

LINARES 2003 GURALNICK 2000)

Desse modo foi possiacutevel verificar que para todas as matildees o que parece ter

sido fundamental no entendimento da condiccedilatildeo de seus filhos foram os apoios

recebidos nos primeiros meses de vida das crianccedilas em acordo com as informaccedilotildees

logo a seguir

A matildee M01 leva o filho em um centro de apoio especializado em autismo no

qual recebe apoio e orientaccedilatildeo de neurologista e de psicoacuteloga Segundo ela

eu me sinto preparada lidando com ele Antes eu ouvia falar mas eu natildeo sabia o que fazer Hoje eu sei o que fazer com ele eu sei como cuidar dele Ele estaacute sendo bem acompanhado Estou preparada para ajuda-lo

A matildee M02 leva o filho para fazer acompanhamento com meacutedico neurologista

desde o nascimento prematuro e sempre teve apoio e orientaccedilatildeo sobre como

proceder com a crianccedila

A matildee M03 disse que logo apoacutes o diagnoacutestico da filha encontrou uma pediatra

que a apoiou logo nos primeiros meses e que indicou um centro de referencia para

os outros atendimentos que eram necessaacuterios assim como tambeacutem indicou uma

associaccedilatildeo especializada em casos como o de sua crianccedila

A matildee M04 logo apoacutes a confirmaccedilatildeo do diagnoacutestico de Sindrome de Down

tambeacutem foi convidada a participar de um centro de referecircncia para essa siacutendrome

tendo conversado com as assistentes sociais o que segundo ela fez toda a

diferenccedila para um melhor entendimento da condiccedilatildeo da filha

No presente estudo as matildees sugerem que estatildeo construindo uma percepccedilatildeo

positiva de seus filhos e mostram-se interessadas pelo desenvolvimento das

crianccedilas poreacutem haacute estudos como o de Castro (2002) que indicam que matildees de

crianccedilas com doenccedilas crocircnicas aparentavam ser menos responsivas quando na

interaccedilatildeo com seus filhos e manifestando uma tendecircncia maior de ter

comportamentos e sentimentos ambivalentes

Para Schmiterloumlw e Fernandez (2004) cada famiacutelia que tem um filho com

alteraccedilotildees em seu desenvolvimento apresenta um modo proacuteprio de lidar com as

condiccedilotildees de sua crianccedila assim como desenvolve necessidades especiacuteficas

portanto atendimentos que visem dar apoio e orientaccedilatildeo familiar natildeo devem ser

homogecircneos

78

Os trechos abaixo satildeo demonstrativos da satisfaccedilatildeo que as matildees

expressaram durante a entrevista ao falarem sobre suas crianccedilas

A matildee M01 diz que seu filho

eacute uma crianccedila feliz Apesar de ele natildeo falar ele tenta se comunicar da melhor forma que ele consegue para pedir as coisas Ele eacute muito feliz carinhoso gosta de carinho gosta de brincar

Para a matildee M02 o filho

eacute muito especial muito carinhoso bonzinho Ele eacute atento a tudo o que a gente conversa se interessa tem muita forccedila de vontade quer aprender as coisas tem muita vontade de andar

Jaacute para a matildee M03 a filha ldquoeacute muito inteligente Hoje de manhatilde eu falei pra

minha matildee como ela taacute linda Taacute espertardquo E para a matildee M04 a crianccedila ldquoeacute muito

esperta maravilha precisa ver Ela brinca se diverte aprende Nossa Ela eacute dezrdquo

Reconhecer as qualidades e potencialidades dos filhos demonstrando

satisfaccedilatildeo nas relaccedilotildees parece ser algo que auxilia a essas matildees a interessarem-se

cada vez por suas crianccedilas o que possivelmente faz essas uacuteltimas sentirem-se

cada vez mais incentivadas em novas aprendizagens (BRAZELTON 1990)

Todas as matildees indicaram que buscam tratar seus filhos como crianccedilas

normais o relato de matildee M01 e de matildee M04 exemplificam bem a posiccedilatildeo delas

Eu sempre vi ele como uma crianccedila normal tanto que eu trato ele como trato as outras filhas Eu converso eu conto as mesmas coisas pra ele nunca quis proteger ele demais porque ele tem que ser independente tambeacutem (M01)

[] desde que eu soube que ela tinha siacutendrome de Down eu pus na minha cabeccedila que eu natildeo iria tratar ela como uma crianccedila deficiente ela natildeo era uma crianccedila deficiente ao menos que realmente fosse (M04)

Em acordo com as afirmaccedilotildees oferecidas por esse grupo de matildees eacute possiacutevel inferir

que ter uma deficiecircncia eacute a falta de algo (braccedilo perna etc) ou algo que natildeo se

modifica mas elas veem que suas crianccedilas podem modificar seu comportamento

logo natildeo satildeo deficientes

As participantes tambeacutem relatam como fazem para saber se o filho estaacute se

desenvolvendo bem e nesse sentido apenas uma matildee afirma ter sido realizada

79

avaliaccedilatildeo de desenvolvimento infantil pela pediatra da crianccedila as trecircs demais o

fazem em comparaccedilatildeo com outras crianccedilas conhecidas

Mas todas consideram que seus filhos estatildeo se desenvolvendo bem para a idade

natildeo apresentando muitas diferenccedilas em relaccedilatildeo a outras crianccedilas da mesma faixa

etaacuteria

Parte dessa avaliaccedilatildeo eacute produto do que observam das transformaccedilotildees oriundas da

participaccedilatildeo das crianccedilas na Educaccedilatildeo Infantil

As matildees informaram se seus filhos participaram de alguma outra instituiccedilatildeo antes de

ir para o CMEI como por exemplo alguma escola especial ou se ficava com a

babaacute

Apenas uma crianccedila frequentou outro atendimento antes de ir para o CMEI

Segundo a matildee a crianccedila frequentou duas escolas especiais A primeira escola tinha

um horaacuterio difiacutecil de levar pois a crianccedila tinha que acordar muito cedo o que

ocasionou a mudanccedila para uma segunda escola especial mais proacutexima da

residecircncia da famiacutelia Contudo nessa segunda instituiccedilatildeo a matildee percebeu que a

crianccedila natildeo estava evoluindo em seu desenvolvimento conforme o esperado O

relato do que foi observado por essa matildee segue indicado abaixo

Dai a fulana regrediu ela soacute queria dormir Entatildeo toda vez que ia pegar ela laacute ela tava sonolenta e molenga Como se tivesse tomado algum remeacutedio Natildeo tinha tomado natildeo tinha sido dopada mas eacute de ficar isolada

A mesma matildee descreve a sala em que sua crianccedila ficava no periacuteodo de

atendimento nessa escola especial ldquo[] a sala era totalmente escura [] fedia a

mofo era toda fechada sem ventilaccedilatildeo []rdquo

Nas informaccedilotildees sobre a participaccedilatildeo da crianccedila no CMEI elas informaram qual o

motivo de ter matriculado a crianccedila na instituiccedilatildeo haacute quanto tempo agrave crianccedila estaacute

participando deste atendimento qual o motivo de ter sido nessa instituiccedilatildeo turma

que a crianccedila frequenta e qual o periacuteodo que a crianccedila permanece diariamente no

CMEI

Apenas matildee M01 e matildee M02 matricularam seus filhos na Educaccedilatildeo Infantil por

indicaccedilatildeo meacutedica as demais o fizeram por outras razotildees

A matildee M02 aleacutem da sugestatildeo meacutedica tambeacutem afirmou que precisava voltar a

trabalhar e o CMEI seria um bom auxiliar nesse sentido

80

A matildee M03 buscou a Educaccedilatildeo Infantil por acreditar que seria bom para sua filha

especialmente porque ldquoela eacute filha uacutenica pra aprender as coisas baacutesicas que a gente

agraves vezes taacute trabalhando o dia todo e dai ela natildeo tem condiccedilotildees de aprenderrdquo

Apenas a matildee M04 decidiu apoacutes a crianccedila ter tido uma experiecircncia em escola

especial que foi considerada negativa pela famiacutelia conforme indicado anteriormente

As demais crianccedilas ficavam em casa aos cuidados de suas famiacutelias antes de

entrarem na Educaccedilatildeo Infantil

Trecircs das matildees escolheram o CMEI por ser proacuteximo da residecircncia da famiacutelia e

apenas uma fez a escolha por indicaccedilatildeo da meacutedica neurologista que atende o filho

Segundo essa matildee a profissional se referiu a instituiccedilatildeo por fazer parte de um

complexo educacional no qual existem vaacuterios casos de inclusatildeo A matildee M02

escolheu pela proximidade mas tambeacutem porque era a uacutenica que tinha berccedilaacuterio

Se em situaccedilotildees como a de deficiecircncia haacute uma espeacutecie de ldquoapagamentordquo do

saber materno em relaccedilatildeo a como criar seu filho e isso pode comprometer o

desenvolvimento da crianccedila e gerar uma sensaccedilatildeo de fragilidade e impotecircncia em

seus pais (ALVES 2007) entatildeo mais do que nunca accedilotildees interventivas que

considerem a famiacutelia tornam-se fundamentais Quanto a isso Mueller (2008) afirma

que eacute necessaacuterio que essas ultrapassem a ideia de orientaccedilatildeo mas passem a

promover efetivamente a accedilatildeo dos pais Essa pesquisadora tambeacutem indica que eacute

necessaacuterio averiguar o que de fato os pais entenderam e se apropriaram das

orientaccedilotildees pois esse eacute fator que parece comprometer a accedilatildeo dos pais com seus

filhos

422 As Professoras do Atendimento Educacional Especializado ndash AEE e a

inclusatildeo das crianccedilas pequenas que estatildeo nos Centros Municipais de

Educaccedilatildeo Infantil ndash CMEIs

As professoras informaram como eacute o trabalho do AEE quanto tempo faz que

estejam trabalhando como professoras do AEE qual a carga horaacuteria que elas

cumprem semanalmente quantos alunos atendem e quais as maiores

especificidades dos atendimentos

81

De modo geral em acordo com os relatos foi possiacutevel perceber que compete

ao professor do AEE a) atender ao alunado foco Educaccedilatildeo Especial que estaacute em

inclusatildeo no ensino regular complementando a aprendizagem b) dar apoio e

orientaccedilotildees sobre o processo de inclusatildeo tanto para a famiacutelia do aluno quanto ao

seu professor no ensino regular c) buscar recursos que visem melhorar o processo

de inclusatildeo desse alunado junto a outros profissionais especialistas e na

comunidade (estabelecer redes de apoios quando necessaacuterio) O que parece estar

em conformidade com o Decreto nordm 761111 e que dispotildee sobre a Educaccedilatildeo

Especial e o Atendimento Educacional Especializado

Segundo a professora P01 a maior especificidade do Atendimento

Educacional Especializado eacute

natildeo ficar no conteuacutedo eacute atingir o desenvolvimento da crianccedila no que ela precisa e para isso precisa ir atraacutes de especialistas trabalhar todo o ambiente tanto de famiacutelia quanto da escola que ela estaacute inserida

A professora P02 afirma que o ldquoAEE trabalha cada especialidade que ela [a

crianccedila] precisa seja visual a fala o que a crianccedila precisardquo

Jaacute P03 relata que o

trabalho no AEE gira em torno entatildeo na escola realiza trabalho aqui na sala tem o apoio a professora do regular e apoio com a famiacutelia No apoio a famiacutelia chama a matildee faz toda aquela triagem preenche todos os relatoacuterios neacute Na escola regular a gente vai ateacute a escola regular conversa com a professora vecirc a dificuldade que a crianccedila tem pra que a gente possa ajuda neacute o que a professora precisa se eacute adaptaccedilatildeo de algum material para que a gente possa taacute nesse sentido

O grupo tambeacutem informou o tempo em que atua no AEE para o Ensino

Fundamental e no AEE para a Educaccedilatildeo Infantil

E desse modo antes de trazer os dados das entrevistadas eacute importante

relatar que Atendimento Educacional Especializado teve seu iniacutecio nesse municiacutepio

como apoio do Ensino Fundamental no ano de 2009 sendo que o atendimento para

a Educaccedilatildeo Infantil soacute comeccedilou em 2011 Logo eacute relevante que se considere a

precocidade do Atendimento Educacional Especializado nessa regiatildeo

82

As professoras atendem atualmente tanto o alunado do Ensino

Fundamental quanto da Educaccedilatildeo Infantil A professora P02 afirma atender a trecircs

anos no AEE e o faz em outra modalidade - especiacutefico para a Estimulaccedilatildeo Visual - e

sempre trabalhou soacute com crianccedilas de pouca idade (Quadro 11)

Quadro 11 - Distribuiccedilatildeo das Professoras do Atendimento Educacional Especializado conforme seu tempo de atuaccedilatildeo como AEE no Ensino Fundamental e na Educaccedilatildeo Infantil

Conforme o quadro acima eacute possiacutevel verificar que o tempo de atuaccedilatildeo

dessas professoras no Atendimento Educacional Especializado estaacute entre 01 e 03

anos O que condiz com o periacuteodo em que este serviccedilo foi implantado na rede de

educaccedilatildeo do municiacutepio em que ocorreu esta pesquisa

Quanto agrave carga horaacuteria que elas cumprem semanalmente e quantos alunos

atendem seguem no quadro 12

Quadro 12- Distribuiccedilatildeo das Professoras do Atendimento Educacional Especializado conforme seu tempo de atuaccedilatildeo como AEE no Ensino Fundamental e na Educaccedilatildeo Infantil

Participantes Carga horaacuteria

semanal

Nordm de Alunos Ensino

Fundamental

Nordm de Alunos Educaccedilatildeo

Infantil

Total de alunos

Faixa etaacuteria atendida

atualmente

P01 20h 01 01 02 03 a 11 anos

P02 20h 05 03 08 02 a 09 anos

P03 40h 13 01 14 02 a 15 anos

P04 40h 17 03 20 02 a 16 anos

Participantes Tempo no AEE ndash E Fundamental Tempo no AEE- Ed Infantil

P01 01 ano 01 ano

P02 03 anos 02 anos

P03 02 anos 01 ano

P04 02 anos 02 anos

83

Haacute nos grupos dos alunos atendidos por essas professoras do AEE uma

grande heterogeneidade de caracteriacutesticas e condiccedilotildees de desenvolvimento e

aprendizado Elas atendem alunos tanto do Ensino Fundamental quanto da

Educaccedilatildeo Infantil e que apresentam Autismo Siacutendrome de Asperger Paralisia

Cerebral Siacutendrome de Moebius Siacutendrome de Down Deficiecircncia Intelectual entre

outros

Quanto as maiores diferenccedilas entre o Atendimento Educacional Especializado

ndash AEE para o Ensino Fundamental e o AEE direcionado para a Educaccedilatildeo Infantil

elas indicaram (Quadro 13)

Quadro 13 ndash Distribuiccedilatildeo das maiores especificidades do Atendimento Educacional Especializado para a Educaccedilatildeo Infantil e para o Ensino Fundamental

Para a P02 as maiores diferenccedilas satildeo os materiais e o tipo de brinquedos

que satildeo usados P03 afirmou que o atendimento do AEE para a Educaccedilatildeo Infantil

se baseia em atividades de estimulaccedilatildeo essencial e que estaacute

buscando muito na internet em ver que tipo de atividade pode ajudar ele em relaccedilatildeo a material para que me ajude porque na Educaccedilatildeo Infantil eu natildeo tenho experiecircncia porque a gente a gente como professora de Ensino Fundamental a gente pensa logo no pedagoacutegico no ensinar

Participantes

Educaccedilatildeo Infantil

Ensino Fundamental

P01

Atividades voltadas ao corpo para o

desenvolvimento para a socializaccedilatildeo para o

brincar e para a fantasia

Atividades escolares mais complexas

P02 Natildeo usa laacutepis trabalha mais com o estiacutemulo

Usa mais materiais usa alguns materiais escolares

P03 Estimulaccedilatildeo Essencial Trabalha as dificuldades do aluno por meio

de jogos usa bastante o computador tambeacutem precisa adaptar material

P04

Estimulaccedilatildeo encaixes circuitos para

engatinhar jogos de imitaccedilatildeo

Aacuterea de alfabetizaccedilatildeo atividades psicomotoras e orientaccedilotildees atividades para

aprimorar o comportamento dos alunos

84

Elas caracterizaram o trabalho com a crianccedila foco da pesquisa para isso

informaram haacute quanto tempo atendiam a crianccedila foco da pesquisa no Atendimento

Educacional Especializado e como era o atendimento a esse aluno (Quadro 14)

Quadro 14 ndash Distribuiccedilatildeo das Professoras do Atendimento Educacional Especializado conforme tempo em que atendem a crianccedila pequena foco da pesquisa frequecircncia e duraccedilatildeo do atendimento ao aluno

Em termos de frequecircncia semanal ao serviccedilo de AEE percebe-se que este se

organiza em curtos momentos o que sugere duas questotildees ao menos A primeira eacute

a da necessidade de que haja um planejamento bem definido em relaccedilatildeo agraves

condiccedilotildees de cada crianccedila de modo que se aproveite ao maacuteximo esse curto espaccedilo

de tempo de atendimento E a segunda questatildeo eacute em relaccedilatildeo agrave relevacircncia que

estar na Educaccedilatildeo Infantil passa a ter para o desenvolvimento global dessas

crianccedilas pois entre os trecircs contextos relacionados no presente estudo (familiar AEE

e CMEI) eacute no CMEI que elas passam a maior parte de seu tempo

De modo geral as professoras indicam que buscam constantemente adequar

as atividades agraves necessidades individuais do alunado para tal procuram estruturar

seu planejamento em jogos e brincadeiras O caraacuteter luacutedico das atividades tambeacutem

se torna um elemento para diferenciar o AEE das aulas de reforccedilo e das aulas

regulares

Todas as professoras fazem planejamentos semanais e afirmam procurar

avaliar o desempenho da crianccedila dia a dia por meio do que foi alcanccedilado ou natildeo e

frente aos objetivos estabelecidos individualmente

Diante do aspecto novo e diferenciado que o AEE para a Educaccedilatildeo Infantil

apresenta para essas professoras foi questionado o que elas pensaram quando

souberam que iriam atender essas crianccedilas pequenas E apoacutes o periacuteodo de

Participante Tempo em que atende a crianccedila pequena foco da

pesquisa

Frequecircncia e Duraccedilatildeo do Atendimento

P01 8 meses 1x semana 2 horas

P02 7 meses 2x semana 1 hora

P03 4 meses 1 x semana 1 hora

P04 4 semanas 1 x semana 1 hora

85

atendimento e relaccedilatildeo com essas crianccedilas como se sentem ao atendecirc-las (Quadro

15)

Quadro 15 ndash Distribuiccedilatildeo das Professoras conforme suas concepccedilotildees antes de atender a crianccedila e apoacutes o periacuteodo em que atende o aluno que estaacute em inclusatildeo

Trecircs das professoras demostraram ter sentido grande preocupaccedilatildeo com o

fato de ter que atender uma crianccedila pequena

Uma delas afirmou que se sentiu feliz pois jaacute estava acostumada a atender

crianccedilas pequenas e viu no novo aluno uma oportunidade de aprender mais

Todas as professoras relataram que ao serem informadas sobre as crianccedilas

pequenas que iriam atender buscaram informaccedilotildees pertinentes agrave condiccedilatildeo da

crianccedila e sobre ideias para as atividades

A participante P03 justifica sua primeira impressatildeo

Ai com bastante medo sinceramente com bastante medo Eu natildeo tinha tido experiecircncia com crianccedila pequena ainda mais com berccedilaacuterio Minha experiecircncia toda era no Ensino Fundamental com crianccedilas maiores e que praticamente natildeo possuiacuteam dificuldade neacute

Outra professora indica o mesmo tipo de preocupaccedilatildeo ldquoAi eu fiquei

desesperada O que eu vou trabalhar Eu soacute tenho a praacutetica do Fundamentalrdquo (P04)

Apoacutes conhecer e atender a crianccedila a opiniatildeo das professoras modificou-se

Os relatos das professoras indicam que estatildeo se sentindo mais seguras muito

embora sua funccedilatildeo no AEE da Educaccedilatildeo Infantil ainda esteja sendo delineada e

restem duacutevidas e anseios

Participante Antes de atender a crianccedila Atualmente

P01 Afirma que natildeo sabia como ia

trabalhar Sente-se orgulhosa do trabalho e da

evoluccedilatildeo do aluno

P02 Sentiu-se feliz porque percebeu

que era um desafio

Sente-se feliz e diz que eacute gratificante perceber o trabalho realizado e a evoluccedilatildeo

do aluno

P03 Sentiu medo Sente-se mais segura

P04 Ficou desesperada Sente-se mais tranquila

86

O relato da professora P04 eacute muito interessante e faz lembrar que elas estatildeo

tambeacutem construindo sua identidade como professora do Atendimento Educacional

Especializado voltado para a Educaccedilatildeo Infantil o que traz questotildees e anseios muito

proacuteprios

agora estou mais tranquila porque assim ateacute entatildeo eu via assim meu Deus Eu tocirc perdendo a funccedilatildeo de professora Estou perdendo a funccedilatildeo de professora porque no AEE a gente trabalha com as habilidades natildeo eacute muito aquilo do conteuacutedo propriamente escrito ali Daiacute eu pensei tocirc perdendo minha funccedilatildeo de professora natildeo tocirc tendo minha funccedilatildeo de professora agora porque eu tenho que brincar com essa crianccedila tenho que ensinar a engatinhar tenho que estimular ela (P04)

Apoacutes perceber qual seria o seu trabalho com a crianccedila pequena sua visatildeo

modificou-se

agora natildeo agora eu tocirc mais tranquila natildeo me preocupo muito com as outras pessoas vai falar Que a minha preocupaccedilatildeo tambeacutem era assim poxa minha amiga vai falar essa professora natildeo taacute trabalhando ela taacute brincando Entatildeo eu tinha uma visatildeo assim do que os outros iam pensar do meu trabalho Hoje em dia natildeo Se entra uma pessoa assim e eu tocirc brincando ali com a crianccedila eu continuo fazendo o que tocirc fazendo Antes ateacute que eu meio que dava uma disfarccedilada (P04)

Devido agrave forma de trabalhar outra professora traacutes um relato que

complementa esse uacuteltimo

acho que o professor do AEE para Educaccedilatildeo Infantil tem que ter muita dedicaccedilatildeo mas agraves vezes a gente escuta que o professor do AEE natildeo faz nada neacute Porque cada aluno tem um horaacuterio temos muitos horaacuterios livres mas tem que ter muita dedicaccedilatildeo tem que ter empenho tem que buscar o conhecimento (P03)

Tambeacutem foi solicitado que as profissionais indicassem como fazem para

saber se a crianccedila em inclusatildeo estaacute se desenvolvendo bem E em resposta todas

as professoras relatam que buscam perceber o desenvolvimento dos alunos por

meio da comparaccedilatildeo do desempenho da crianccedila desde o momento em que iniciou

seu atendimento no AEE ateacute o presente

Usam como referecircncias as conversas com as matildees das crianccedilas com as

educadoras e seus proacuteprios apontamentos e agraves vezes orientaccedilotildees dos

especialistas que atendem as crianccedilas Tais referecircncias natildeo satildeo diferentes das

tambeacutem evidenciadas e utilizadas por educadoras de CMEIS (SOUZA 2008)

Contudo pensa-se que pelas especificidades do trabalho das professoras do

Atendimento Educacional Especializado urge que estas profissionais tenham

87

maiores recursos para avaliar acompanhar e promover o desenvolvimento de

crianccedilas com necessidades especiais

Sobre a falta de um paracircmetro para avaliar o desenvolvimento infantil a

professora P01 informa

agora diante de todo esse aprendizado a gente - todos do AEE ndash vai se juntar e vai montar dentro do Desenvolvimento Infantil o que eacute conveniente para aquela idade e o que natildeo eacute A gente natildeo tem esse paracircmetro anda porque tudo para noacutes estaacute sendo esse ano um experimento

A falta de paracircmetros para avaliar e acompanhar o desenvolvimento na

primeira infacircncia parece natildeo ser exclusividade das professoras e educadoras da

presente pesquisa conforme jaacute relatado por Souza (2008) Soejima (2008) e

Bolsanello e Soejima (2012) Contudo ao se considerar que o Atendimento

Educacional Especializado pode ser aproveitado como parte de um processo ou

programa de intervenccedilatildeo precoce para as crianccedilas que tecircm deficiecircncias entatildeo seria

indispensaacutevel que se estabelecesse meios de avaliar acompanhar e intervir no

desenvolvimento infantil conforme jaacute evidenciado por autores como Juan ndash Vera e

Peacuterez-Lopez (2009) e Moragas (2009)

Ao serem convidadas a comentar como se daacute o trabalho com essas crianccedilas

pequenas elas tambeacutem indicaram ter uma percepccedilatildeo positiva das crianccedilas que

atendem salientando em seus relatos avanccedilos e qualidades dos seus alunos

A professora P01 conta que atende uma crianccedila com autismo e pela

especificidade precisou fazer um curso para se orientar em como trabalhar Apoacutes

esse curso afirma que sua visatildeo do que a crianccedila precisava para aprender se

modificou e que conseguiu alcanccedilar mais ecircxito em seus objetivos Ela tambeacutem conta

que apoacutes a formaccedilatildeo conseguiu auxiliar mais as educadoras que atende a crianccedila

no CMEI Seu trabalho com esse aluno eacute mais voltado para a adequaccedilatildeo

comportamental pois segundo ela o mesmo passava muito tempo dormindo na

creche ainda usando fraldas chupeta praticamente natildeo fazendo atividades

dirigidas Essa professora tambeacutem construiu rotinas para a crianccedila ficar mais

orientada no que se esperava dela assim como introduziu vaacuterias atividades

pedagoacutegicas todas baseadas na proposta curricular do municiacutepio

Jaacute a professora P02 trabalha apenas com reeducaccedilatildeo e estimulaccedilatildeo visual

Segundo ela trabalha em sala escura com luzes coloridas pareamento de figuras

88

com pranchas objetos coloridos objetos musicais sempre focando nos aspectos

psicomotores

No relatado da professora P03 evidencia-se que esta fez pouco contato com a

crianccedila pois ele estava afastado por questotildees de sauacutede Mas que seu atendimento

nesse momento de desenvolvimento do aluno eacute mais voltado para a estimulaccedilatildeo

essencial

Segundo a professora P04 seu trabalho se baseia em atividades de

estimulaccedilatildeo essencial Quando questionada sobre onde ela busca embasamento

para trabalhar com estimulaccedilatildeo essencial essa professora afirmou que aleacutem de

algumas orientaccedilotildees da equipe da Educaccedilatildeo Especial fez bastante pesquisa na

internet Contudo tambeacutem demonstrou em seu relato natildeo saber muito bem como eacute

um atendimento de estimulaccedilatildeo essencial

natildeo natildeo eu natildeo tive (formaccedilatildeo sobre estimulaccedilatildeo essencial) Eu natildeo tive preparaccedilatildeo alguma para atender assim com a Educaccedilatildeo Infantil por isso que eu fiquei desesperada A gente faz curso vai se preparando mas com crianccedilas pequenas natildeo Dai eu acho que eu faccedilo estimulaccedilatildeo mas natildeo sei dizer bem certo se eacute assim Porque quando eu recebi ela (crianccedila) era pra trabalhar com ela estimulaccedilatildeo dai eu fui pesquisar peguei alguns negoacutecios nas informaccedilotildees que eu peguei na internet eacute estimulaccedilatildeo precoce Eacute o que eu sei (P04)

Conforme os relatos sobre os atendimentos percebeu-se que todas as

crianccedilas satildeo trabalhadas individualmente tendo um plano de trabalho elaborado

especificamente e de acordo com as caracteriacutesticas pessoais e cada uma

As crianccedilas que fazem parte do grupo desse estudo precisam deslocar-se do

CMEI de origem ateacute a escola em que estaacute locada a Sala de Recursos Multifuncional

(espaccedilo em que ocorre o Atendimento Educacional Especializado) De modo geral

as Salas de Recursos Multifuncionais podem ser alocadas tanto em CMEIs quanto

em Escolas Regulares No caso dessa pesquisa todas as crianccedilas frequentam

Salas que estatildeo lotadas fora de seus CMEIs

Em conformidade com informaccedilotildees jaacute fornecidas tambeacutem faz parte das

atribuiccedilotildees dessas professoras o contato com os responsaacuteveis pela crianccedila com as

educadoras que a atendem nos CMEIs e especialistas Pelos relatos entende-se

que costumeiramente todas as professoras fazem contato com as matildees e com as

educadoras da crianccedila para estabelecer as questotildees mais pertinentes no momento

apoacutes essas conversas iniciais os demais encontros satildeo realizados conforme

89

necessidade O contato com os demais especialistas que atendem a crianccedila

tambeacutem eacute estabelecido de acordo com as condiccedilotildees do aluno

423 As educadoras e as crianccedilas pequenas que estatildeo em inclusatildeo

As Educadoras entrevistadas informaram em qual turma trabalham a faixa

etaacuteria que atendem e a quantidade de alunos matriculados por turma

O quadro abaixo (Quadro 16) ilustra a distribuiccedilatildeo das Educadoras conforme

as turmas que atendem atualmente a faixa etaacuteria da turma em que trabalham e

quantidade de alunos matriculados

Quadro 16 ndash Distribuiccedilatildeo das Educadoras conforme turmas que atendem faixa etaacuteria da turma e quantidade de alunos por turma

Todas as Educadoras dividem o atendimento da turma com outras

profissionais sendo que segundo elas todas que atendem numa mesma turma tecircm

as mesmas atribuiccedilotildees e responsabilidades em relaccedilatildeo agraves crianccedilas Logo percebe-

se que a distribuiccedilatildeo das educadoras eacute

Participante Turma que

atende Faixa etaacuteria da

turma

Quantidade de

alunos por turma

E01 M1 1a e 8m a 2 anos 24

E02 M1 1a e 8m a 2 anos 24

E03 M1 1a e 8m a 2 anos 24

E04 B2 8meses a 1a e 8m 19

E05 M1 1a e 8m a 2 anos 24

E06 M2 2 a 3 anos 24

E07 M2 2 a 3 anos 24

E08 B2 8meses a 1a e 8m 19

E09 B2 8meses a 1a e 8m 19

90

- Turma de Berccedilaacuterio = 03 Educadoras por turma

- Turma de Maternal = 02 Educadoras por turma

Durante as entrevistas observou-se que natildeo eacute rara a consideraccedilatildeo de que

nas turmas em grande numero de alunos podem ocorrer limitaccedilotildees no processo de

inclusatildeo de crianccedilas pequenas com necessidades especiais

A relaccedilatildeo quantidade de crianccedilas em turma por educadora tambeacutem eacute algo a

ser considerado quando se pensa em proporcionar um serviccedilo com qualidade e com

vistas agrave promoccedilatildeo do desenvolvimento e melhor desempenho da educadora

(LORDELO et al 2007) Brazelton (2002) ao fazer referecircncia agrave relaccedilatildeo quantidade

de crianccedilas por educadora afirma que esta deveria ser a seguinte 03 a 04 crianccedilas

para cada educadora quando estiverem atendendo bebecircs de 04 crianccedilas por

educadora quando os pequenos estiverem aprendendo a andar e entre 06 a 08

crianccedilas (quando forem maiores de 03 anos) por educadora

Todas relataram que possuem horaacuterio semanal para planejamento das

atividades da turma Cada grupo de Educadora tem sua forma de organizar o

planejamento mas elas foram unacircnimes em dizer que natildeo fazem planejamento

diferenciado em decorrecircncia de terem uma crianccedila em inclusatildeo em suas turmas O

que ocorre eacute que no dia a dia cada Educadora tenta adaptar a praacutetica

anteriormente planejada Para tal levam em conta as condiccedilotildees da crianccedila no

momento da aplicaccedilatildeo da atividade

A Educadora E03 afirma que fez um curso sobre inclusatildeo e que nele foi

orientada que natildeo havia necessidade de estabelecer um planejamento com

objetivos especiacuteficos para a crianccedila foco da inclusatildeo Contudo ela diz que natildeo

saberia como mudar os objetivos

Jaacute a educadora E05 justifica que natildeo consegue fazer atividades diferenciadas

e que como se trabalha muito

com picote com colagem movimento danccedila a parte de equiliacutebrio e como ela (a crianccedila em inclusatildeo) natildeo fica em peacute entatildeo ela natildeo pode participar dessas () Entatildeo a gente tenta a gente coloca ela mas natildeo tem o resultado que a gente espera() a gente natildeo sabe como adaptar pra ela o planejamento Natildeo tem nada diferenciado pra ela

Diante desses dados pode-se inferir que o processo inclusivo da crianccedila

pequena no CMEI falha em se constituir como tal pois foge em vaacuterias instacircncias aos

91

princiacutepios baacutesicos do que se considera uma educaccedilatildeo ldquopara todosrdquo tal como

preconizado por autores como Alves (2008) Carvalho (2009) e Oliveira (2010) os

quais ilustram que promover as mesmas oportunidades para os alunos natildeo significa

que todos deveratildeo ser atendidos de forma homogecircnea Pensa-se nesse sentido

que a falta de um planejamento que seja coerente com as caracteriacutesticas das

crianccedilas que estatildeo em inclusatildeo coloca em risco a atenccedilatildeo agraves suas necessidades e

pode contribuir para que haja exclusatildeo e isolamento desse alunado

Todas as Educadoras relataram de forma geral como eacute sua rotina de

trabalho no CMEI demonstrando um cotidiano dividido entre atividades de

alimentaccedilatildeo higiene atividades com cunho pedagoacutegico e brincadeiras Mesmo natildeo

fazendo um plano de trabalho especiacutefico para as crianccedilas que estatildeo em inclusatildeo as

Educadoras afirmam que tentam na praacutetica diaacuteria aplicar algumas atividades e

brincadeiras diferenciadas em conformidade com o que percebem que eacute necessaacuterio

no momento da crianccedila mas nem sempre sabem o que eacute preciso para o aluno que

natildeo raro usam de seus ldquoinstintosrdquo

a gente faz e estaacute fazendo meio que trabalho instintivo a gente acha que eacute bom para ele (aluno) e a gente vai laacute e faz porque natildeo tem rumo ele taacute num mar e a gente tem que velejar para algum lugar (E08)

Tambeacutem ao falarem sobre a rotina de trabalho em vaacuterias situaccedilotildees ao longo

dos relatos as entrevistadas apontaram que esta eacute exaustiva e que eacute difiacutecil dar

atenccedilatildeo individualizada agrave crianccedila em inclusatildeo

entatildeo eacute bem corrido tem umas crianccedilas que natildeo se adaptaram ainda Entatildeo eacute difiacutecil duas soacute darem da inclusiva (crianccedila) mais dos natildeo adaptados mais das vinte (crianccedilas) (E05)

Seis das participantes ao falarem das crianccedilas que atendem destacam as

caracteriacutesticas positivas do aluno e seus avanccedilos Ainda ao relatarem as

especificidades demonstram saber pouco sobre as condiccedilotildees da populaccedilatildeo que

atendem e ressaltam que percebem esse alunado de inclusatildeo como ldquocrianccedilas

normaisrdquo ou ldquopouco diferentesrdquo dos demais educandos

ela eacute muito alegre muito alegre ela eacute uma crianccedila muito esperta muito atenta muito atenta mesmo[] Ela eacute normal normal natildeo eacute a palavra mas ela acompanha ela tem os mesmos interesses que as crianccedilas da mesma idade (E01)

92

Da mesma forma a Educadora E02 diz natildeo saber exatamente ldquoo grau da

siacutendrome delardquo Faz afirmaccedilotildees positivas sobre a crianccedila e afirma que natildeo haacute

diferenccedilas entre essa crianccedila e as demais da turma

a gente percebe que natildeo eacute uma siacutendrome muito grave entatildeo a gente trata ela normalmente

Trecircs das Educadoras fazem destaque para as dificuldades das crianccedilas que

atendem afirmando que tiveram evoluccedilatildeo na aprendizagem mas que haacute muitos

empecilhos no atendimento a esses alunos

A Educadora E04 ressalta as dificuldades da crianccedila e de tecirc-la em sala de

aula

ele entrou em sala e natildeo foi colocado uma professora para dar atenccedilatildeo especial para ele agraves vezes a gente natildeo consegue dar atenccedilatildeo especial para ele Ele eacute tratado como os demais

Tambeacutem a Educadora E08 descreve as dificuldades da crianccedila e afirma que

se sentiu como uma ldquomatildee de primeira viagemrdquo quando o segurou no colo pela

primeira vez Segundo ela ldquonatildeo tem muito o que fazer com elerdquo

Em face agraves informaccedilotildees dessas participantes lembra-se que Drago (2011)

ao falar em relaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo infantil considera que apesar de tantos avanccedilos

ainda eacute possiacutevel encontrar muitos entraves que a caracterizam como uma educaccedilatildeo

um tanto quanto vazia de sentido como se ainda permanecesse a ideia de

educaccedilatildeo compensatoacuteria e junto a isso se percebe que o processo de inclusatildeo

ainda eacute bastante mal compreendido nessa faixa etaacuteria Diante disso como fazer uma

turma que tem alunos em inclusatildeo tornar-se verdadeiramente inclusiva Em

resposta acredita-se necessaacuterio o que Zorteacutea (2007) afirma e leva a pensar que

viabilizar a inclusatildeo pressupotildee um espaccedilo escolar que repense seus modos e meios

de existir de forma permanente

Ainda foi perguntado agraves Educadoras haacute quanto tempo atendiam a crianccedila

que estaacute em inclusatildeo (Quadro 17)

93

Quadro 17 ndash Distribuiccedilatildeo das Educadoras conforme o tempo em que

atendem a crianccedila que estaacute em inclusatildeo

Dado o tempo em que elas as atendiam foi tambeacutem solicitado que

comentassem o que pensaram quando souberam que iriam atender uma crianccedila de

inclusatildeo e o que sentem depois de tecirc-las conhecido e atendido (Quadro 18)

Quadro 18 - Distribuiccedilatildeo das Educadoras conforme suas concepccedilotildees antes de atender a crianccedila e apoacutes o periacuteodo em que atende o aluno que estaacute em inclusatildeo

Participante

Antes de atender a crianccedila Atualmente

E01 Sentiu-se bem por jaacute conhecer o caso

Sente-se bem

E02 Sentiu-se assustada Sente-se mais tranquila

E03 Sentiu-se feliz porque percebeu que era um desafio

Sente-se ainda insegura

E04 Sentiu-se assustada Sente-se contente com a evoluccedilatildeo da crianccedila

E05 Sentiu-se apavorada Sente-se triste

E06 Sentiu-se apreensiva Sente-se gratificada com a evoluccedilatildeo da crianccedila

E07 Sentiu medo Sente-se medo e inseguranccedila

E08 Sentiu-se apavorada Sente-se mais segura

E09 Sentiu-se assustada Sente-se mais tranquila mas ainda tem medo de atender a crianccedila quando estaacute sozinha

Participantes A quanto tempo

atende essa crianccedila

E01 1 mecircs

E02 4 meses

E03 9 meses

E04 9 meses

E05 3 meses

E06 9 meses

E07 9 meses

E08 9 meses

E09 6 meses

94

A grande maioria das participantes relatou que natildeo se sentiu muito

confortaacutevel quando soube que iria atender uma crianccedila de inclusatildeo em sua turma

Sentiram-se com medo assustadas e apavoradas Foram os sentimentos mais

considerados por elas A seguir apresentam-se alguns exemplos de relatos

A Educadora E02 afirma ter ficado assustada e pensou

fiquei assim o que a gente vai fazer neacute Com todo mundo como que a gente vai desempenhar o trabalho Pedagoacutegico o que a gente vai fazer Dai depois a gente foi vendo tentando adaptar mas pelo grau de deficiecircncia dela assim que era tatildeo gritante ela se desenvolveu muito bem neacute

Outra Educadora que tambeacutem afirmou ter ficado assustada justifica esse

sentimento pelo fato de ter muitas crianccedilas na turma e por natildeo ter espaccedilo para

trabalhar com a crianccedila especial Ainda afirma

ele precisa de amparo de atenccedilatildeo especiacutefica para o desenvolvimento dele Se eu dou atenccedilatildeo pra ele eu tenho que virar as costas para outros dezoito alunos (E04)

Vale destacar a percepccedilatildeo da Educadora E06 que disse ter ficado

apreensiva porque outras Educadoras falaram que crianccedilas com autismo satildeo

agressivas e violentas

Apenas duas Educadoras afirmaram que sentiram bem uma porque jaacute

conhecia o caso e a outra porque percebeu que poderia ter uma grande

oportunidade de aprendizado

Dentre o modo como se sentem atualmente quatro Educadoras ainda se

manifestaram de alguma forma desconfortaacuteveis com o que vem acontecendo no

atendimento e por conta disso revelam sentir medo inseguranccedila tristeza As

demais afirmaram que modificaram seu pensamento em relaccedilatildeo agrave crianccedila foco da

pesquisa

Merece destaque especialmente a fala das Educadoras E01 E03 e E05 que

afirmam respectivamente que se sente bem em atender a crianccedila mas se percebe

um pouco desamparada e limitada em relaccedilatildeo a atender as necessidades dela diz

sentir falta de ajuda e acredita que poderia ter feito muito mais pela aluna diz que

se sente triste porque natildeo consegue fazer com que a crianccedila evolua da forma

correta

95

Acredita-se que tais sentimentos poderiam ser minimizados diante de um

trabalho efetivamente feito em conjunto com os serviccedilos do Atendimento

Educacional Especializado o qual poderia servir entre outras coisas a construccedilatildeo

de estrateacutegias que sirvam de suporte para todos os envolvidos no processo inclusivo

- crianccedilas famiacutelias educadoras professoras comunidade entre outros

(BENINCASA 2011)

Entendendo que o processo de inclusatildeo tambeacutem serve agrave promoccedilatildeo do

desenvolvimento infantil foi questionado como elas faziam para saber se essa

crianccedila estava se desenvolvendo

E nesse sentido as Educadoras trouxeram em seus relatos diferentes modos

pelos quais acompanham e avaliam o desenvolvimento das crianccedilas foco do

processo inclusivo entre os quais se destacam a comparaccedilatildeo com as demais

crianccedilas da turma (E01 e E02) em acordo com a execuccedilatildeo das atividades propostas

para a turma (E03 e E04) conforme alteraccedilotildees no comportamento ocorridas durante

o periacuteodo em que o aluno estaacute em inclusatildeo (E05 E06 e E09) e por fim seguindo

ldquoinstinto maternordquo (E04)

Merece destaque as consideraccedilotildees da Educadora E04 ao dizer que por ser

matildee percebe como seu aluno em inclusatildeo se desenvolve Ela diz que as

educadoras que natildeo satildeo matildees provavelmente natildeo percebam o desenvolvimento do

aluno como ela percebe Consideremos a afirmaccedilatildeo da Educadora E05 por

exemplo que avalia o desenvolvimento por meio da visualizaccedilatildeo das alteraccedilotildees de

comportamento que a crianccedila manifesta antes era ldquotiacutemidardquo e agora eacute ldquoagressivardquo

Mas salienta ldquoa gente natildeo tem conhecimento se 2 anos que eacute o caso dela se taacute

desenvolvido ou natildeo se taacute bem ou natildeo taacuterdquo

As Educadoras satildeo unacircnimes em falar que aplicam as mesmas atividades

para toda a turma com rariacutessimos momentos em que conseguem adequar

totalmente uma atividade exclusivamente para a crianccedila que estaacute em inclusatildeo Elas

chamam atenccedilatildeo para o fato de que esses alunos seguem a rotina da turma sem

grandes problemas e que a relaccedilatildeo com o restante da turma eacute o ponto forte da

estimulaccedilatildeo da aprendizagem desse alunado que apresenta dificuldades

Se por um lado elas se sentem bem com o fato de a crianccedila acompanhar

grande parte das atividades da turma por outro haacute relatos em que se mostram

incomodadas por natildeo poderem dar a atenccedilatildeo necessaacuteria para a individualidade dos

alunos em inclusatildeo

96

A Educadora E03 afirma que a crianccedila que estaacute em inclusatildeo entra na

atividade como as outras pois natildeo apresenta muita dificuldade em acompanhar os

demais Inclusive a Educadora sugere que a aluna aprende muito com o estiacutemulo

originado espontaneamente nas relaccedilotildees com o restante da turma e comenta

eacute na convivecircncia com as outras crianccedilas que eu tocirc vendo que ela evolui bem mais do que se eu intervir em alguma coisa

Jaacute a Educadora E08 fala que elas estatildeo bem felizes com o desenvolvimento

do aluno e que fazem um trabalho ldquomeio instintivordquo imaginam o que pode ser bom

para a crianccedila e aplicam porque segundo ela ldquonatildeo tem rumo ele estaacute num mar e a

gente tem que velejar para algum lugarrdquo E de um modo geral as atividades satildeo as

mesmas para todas as crianccedilas Ela afirma tambeacutem que percebe que o maior

estiacutemulo para o aluno que atende natildeo estaacute vindo das atividades diretamente mas

das outras crianccedilas Ela conta que

eles chamam ele pra brincar pegam o brinquedinho eles pegam o brinquedinho e levam pra ele brincar() Eles ajudam muito tanto que a parte do balbuciar (que o aluno aprendeu) eacute porque eles estatildeo falando muito eles vatildeo falam com ele e ele fala tambeacutem ele responde

43 Seccedilatildeo 03 Processo Inclusivo na Educaccedilatildeo Infantil

Esta parte do estudo tem como base o conjunto de informaccedilotildees relatadas

pelas participantes e que versam sobre a) o significado da inclusatildeo b) o motivo da

inclusatildeo c) a opiniatildeo dos participantes a respeito da inclusatildeo d) como deveriam ser

as Educadoras e os Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil - CMEIs para atender

bem ao processo inclusivo e) como a famiacutelia pode ajudar no processo de inclusatildeo

f) como a professora do Atendimento Educacional Especializado - AEE pode

contribuir para a inclusatildeo g) referecircncias e apoios utilizados e indicados para que o

processo inclusivo ocorra com qualidade h) se os Centros Municipais de Educaccedilatildeo

Infantil - CMEIs e as Educadoras estatildeo preparados para o processo inclusivo i)

como se daacute a participaccedilatildeo das famiacutelias atualmente j) vantagens e desvantagens do

processo inclusivo no Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil - CMEI e k)

97

comentaacuterio e sugestotildees para melhorar o processo inclusivo nos Centros Municipais

de Educaccedilatildeo Infantil - CMEIs

Esses dados foram organizados em seis grandes eixos em conformidade com

os objetivos especiacuteficos da pesquisa a saber 431 Concepccedilotildees dos Participantes

sobre o Processo Inclusivo 432 Participaccedilatildeo no Processo Inclusivo 433

Avaliaccedilatildeo do Processo Inclusivo 434 Referecircncias e Apoios utilizados e indicados

para que o Processo Inclusivo ocorra com qualidade 435 Vantagens e

Desvantagens do Processo Inclusivo e 436 Sugestotildees e Comentaacuterios visando a

melhoria do Processo Inclusivo na Educaccedilatildeo Infantil

431 Concepccedilotildees dos Participantes sobre o Processo Inclusivo

Quando se questiona o que significa falar que a crianccedila estaacute em inclusatildeo eacute

possiacutevel perceber que o processo em si natildeo se mostra bem claro para as

participantes do estudo

As matildees datildeo ecircnfase no sentido de que estar em inclusatildeo eacute estar com

crianccedilas normais jaacute as professoras do Atendimento Educacional Especializado -

AEE e as educadoras demonstram menos homogeneidade nas respostas

Nas informaccedilotildees ofertadas pelas matildees foi possiacutevel evidenciar que o

significado de a crianccedila estar em inclusatildeo estaacute mais relacionado a

- Chance de estar com crianccedilas da mesma idade e de aprender coisas que natildeo

aprende em casa

- Estar com crianccedilas normais

- Refere-se agrave outra escolinha (ao Atendimento Educacional Especializado)

Nas respostas maternas que indicam que estar em inclusatildeo eacute estar com os

ldquonormaisrdquo elas demonstram que eacute o mesmo que estar com crianccedilas da mesma faixa

etaacuteria O que parece reduzir em muito a amplitude do que o fato pode representar

natildeo para as matildees e profissionais da educaccedilatildeo mas e principalmente para a

crianccedila que estaacute em inclusatildeo Longe de ter uma conotaccedilatildeo pejorativa os relatos

enfatizam que ldquoestar com os normaisrdquo eacute tambeacutem poder ter acesso a aprendizagens e

98

oportunidades de experiecircncias mais proacuteximas agraves adequadas e esperadas para a

faixa etaacuteria das crianccedilas Essa percepccedilatildeo materna parecer ter sido construiacuteda junto

aos proacuteprios motivos e objetivos pelos quais elas matricularam seus filhos nos

CMEIs estar com crianccedilas da mesma idade

A Matildee 03 salienta que ldquoa gente costuma falar que o CMEI deixou de ser

depoacutesito pra ser lugar de aprendizadordquo

Jaacute a Matildee 01 reforccedila a noccedilatildeo de que estar em inclusatildeo eacute ldquoestar com pessoas

normaisrdquo ao afirmar que um dos motivos da inclusatildeo de crianccedilas pequenas eacute que

elas precisam de estiacutemulos e que eacute necessaacuterio ldquobuscar esse estiacutemulo entre os

normaisrdquo

Como jaacute afirmado acima no relato das profissionais (Educadoras dos Centros

Municipais de Educaccedilatildeo Infantil e Professoras do Atendimento Educacional

Especializado) natildeo haacute homogeneidade na percepccedilatildeo do que significa estar em

inclusatildeo

Entre as Educadoras haacute uma tendecircncia de em semelhanccedila agraves matildees

afirmarem que estar em inclusatildeo eacute ldquoestar com normaisrdquo mas tambeacutem haacute aquelas

que dizem que eacute atender a crianccedila especial em sua particularidade e aquelas que

natildeo acreditam que o que estaacute ocorrendo seja inclusatildeo pelas condiccedilotildees precaacuterias

que percebem Logo o significado de afirmar que essa crianccedila estaacute em inclusatildeo

para o grupo das Educadoras eacute

- Estar com crianccedilas da mesma faixa etaacuteria

- Que o aluno eacute visto como uma crianccedila normal

- Estar com crianccedilas normais

- Tratar a crianccedila em sua particularidade

- Que o aluno natildeo seraacute tratado como diferente

- Significa responsabilidade

- Que a crianccedila estaacute ldquomisturadardquo com os demais

A maioria dos relatos evidencia certa tendecircncia em relacionar estar em inclusatildeo com

aspectos sociais e a natildeo diferenciaccedilatildeo do atendimento a esse alunado Os relatos

em destaque ilustram essas concepccedilotildees

99

Que ele estaacute inserido na sala que ele natildeo estaacute sendo tratado diferente que ele participa das atividades e faz parte do grupo apesar das dificuldades (E04)

Que ele estaacute dentro de uma sala com crianccedilas relativamente da mesma idade participando das atividades que todas as crianccedilas podem realizar se tornando membro de uma sociedade (E08)

Que ele estaacute incluso em um ambiente da faixa etaacuteria dele com outros tipos de crianccedila (E09)

Nos relatos das educadoras ainda eacute possiacutevel perceber que haacute contradiccedilotildees

no que elas pensam ser a inclusatildeo e o que elas vivenciam como inclusatildeo no dia a

dia de trabalho tal como para as educadoras E01 e E02

Para a educadora E01 estar em inclusatildeo significa dizer que a crianccedila estaacute

ldquomisturadardquo O que segundo ela

eacute essa a realidade que a gente vecirc entende Eacute um eacute misturar neacute[] Entatildeo hoje a gente recebe a crianccedila e sem saber o que fazer com ela Isso natildeo eacute inclusatildeo pra mim

Jaacute para a E02 estar em inclusatildeo significa ldquoresponsabilidaderdquo Essa educadora

se diz assustada com o tamanho da importacircncia de ter uma crianccedila em inclusatildeo na

Educaccedilatildeo Infantil e justifica dizendo

Porque eu penso seraacute que estou desempenhando um bom trabalho com ela Seraacute que isso taacute ajudando Seraacute que isso vai ser significativo no segundo semestre ou natildeo E ao mesmo tempo em que eu sinto por intuiccedilatildeo que sim de fato eu natildeo sei se a gente estaacute fazendo um bom trabalho com ela

No caso das Professoras do Atendimento Educacional Especializado as

respostas tambeacutem natildeo parecem ter uma concordacircncia entre si Nas respostas os

significados de afirmar que essa crianccedila estaacute em inclusatildeo foram

- Natildeo vecirc sentido de se falar que ela estaacute em inclusatildeo pois eacute uma crianccedila

normal como qualquer outra

- Eacute colocar a crianccedila no conviacutevio com os demais

- Significa que estaacute ocorrendo uma mudanccedila de paracircmetro

- Significa que a crianccedila estaacute tendo um atendimento diferente

100

A professora P01 enfatiza que estar em inclusatildeo no CMEI significa que o

aluno estaacute usufruindo de um direito que eacute de todas as crianccedilas Jaacute a P02 ressalta os

aspectos da possibilidade que a inclusatildeo tem de facilitar a socializaccedilatildeo da crianccedila

pequena P03 ao sugerir que a inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil eacute uma mudanccedila de

paracircmetro tambeacutem indica que estar no CMEI eacute um direito de todas as crianccedilas e

considera que quanto mais cedo for a ldquointervenccedilatildeordquo melhor para o futuro do aluno

penso que eacute uma evoluccedilatildeo muito grande na educaccedilatildeo Que eles tecircm o mesmo direito que qualquer outra crianccedila tem acho assim quanto mais cedo buscar ajuda buscar reabilitaccedilatildeo buscar superar as dificuldades melhor para a crianccedila para o seu desenvolvimento neacute

Eacute possiacutevel perceber que no conjunto das informaccedilotildees as contradiccedilotildees do que

significa estar em inclusatildeo satildeo grandes Desse modo diante dos dados oferecidos

pelas participantes haacute que se perceber que conforme jaacute assinalado por Carvalho

(2011) os termos utilizados nesse acircmbito aleacutem de reduzirem a condiccedilatildeo de sujeito

que ali participa tambeacutem podem induzir a geraccedilatildeo de preconceitos pois implicam

em praacuteticas e experiecircncias agraves quais natildeo eacute possiacutevel mensurar o impacto nas

particularidades das pessoas Tambeacutem Rodrigues (2006) chama a atenccedilatildeo para o

fato de que no momento em que alguns alunos e natildeo outros satildeo considerados e

apontados ndash e portanto fabricados ndash como sendo os diferentes jaacute inscrevemos

nesse processo em termos de separaccedilatildeo e uma diminuiccedilatildeo do outro processo que

eacute contraditoacuterio agravequilo que os textos das reformas anunciam e enunciam

Quanto agrave percepccedilatildeo das profissionais pode-se considerar que poderia ser

mais ampliada talvez ateacute mais homogecircnea caso houvesse mais discussotildees a

respeito do assunto entre o grupo Ter essa identidade nos significados poderia ser

um passo inicial para a construccedilatildeo do processo inclusivo na rede especialmente

mais voltado para as necessidades da crianccedila pequena e da proacutepria estrutura da

Educaccedilatildeo Infantil

Foi questionado qual seria a opiniatildeo delas diante da seguinte situaccedilatildeo se

algueacutem lhe perguntasse qual eacute o motivo de crianccedilas com deficiecircncia estarem

frequentando o CMEI o que vocecirc diria

As matildees indicam perceber que para a crianccedila estar no CMEI eacute uma oportunidade

de aprendizado diferente e mais amplo em relaccedilatildeo ao outros contextos aleacutem de ser

um direito Dentro das categorias evidenciadas nas falas das matildees apenas uma natildeo

101

soube o que falar as demais colocaram como motivo o de crianccedilas pequenas com

deficiecircncia poderem frequentar o CMEI

- Porque a crianccedila com deficiecircncia faz parte da sociedade

- Porque a crianccedila precisa de estiacutemulo

- Eacute um direito de todos

- Porque eacute um lugar de aprendizado

- O Centro Municipal de Educaccedilatildeo Infantil eacute para qualquer crianccedila

- Faz parte do processo educacional da crianccedila

A Matildee 03 salienta que ldquoa gente costuma falar que o CMEI deixou de ser

depoacutesito pra ser lugar de aprendizadordquo

Jaacute a Matildee 01 reforccedila a noccedilatildeo de que estar em inclusatildeo eacute ldquoestar com pessoas

normaisrdquo ao afirmar que um dos motivos da inclusatildeo de crianccedilas pequenas eacute que

elas precisam de estiacutemulos e que eacute necessaacuterio ldquobuscar esse estiacutemulo entre os

normaisrdquo

Alves (2007) tambeacutem percebeu que para os pais a instituiccedilatildeo de educaccedilatildeo

infantil era um ldquobom lugarrdquo para o seu filho se desenvolver com condiccedilotildees e ofertas

que as famiacutelias sentem natildeo poder oferecer aos filhos Os pais da pesquisa de Alves

(2007) indicavam sentirem-se desinformados e desqualificados frente aos

profissionais que satildeo especialistas

No caso das respostas das Educadoras a socializaccedilatildeo da crianccedila com deficiecircncia

tambeacutem eacute enfatizada como a parte positiva da inclusatildeo poreacutem indicam que haacute

muitas necessidades que esse processo traz e que devem ser repensadas e

revistas Essa tendecircncia de relacionar diretamente socializaccedilatildeo e inclusatildeo tambeacutem

foi verificada no estudo de Vitta Vitta e Monteiro (2010) Foram categorias

evidenciadas nas entrevistas destas participantes sobre o motivo de crianccedilas

pequenas com deficiecircncia poderem frequentar o CMEI

- Porque todas as crianccedilas precisam das mesmas oportunidades

- Que por tem direito de participar da Escola Regular

102

- Porque eacute importante a socializaccedilatildeo

- Ela diz que eacute algo obrigatoacuterio por lei

- Elas estatildeo no CMEI para ter conviacutevio social e para o seu desenvolvimento

- Eacute uma preparaccedilatildeo da crianccedila para o Ensino Fundamental

- Que o aluno eacute uma crianccedila normal independente das suas necessidades

- Que eacute importante o aluno ver outras crianccedilas

Apenas uma Educadora afirmou que natildeo saberia o que dizer caso fosse

questionada a esse respeito

Vale ressaltar que a Educadora E04 afirma que fica chateada de natildeo

conhecer mais para poder responder quando as outras Educadoras perguntam o

que essa crianccedila estaacute fazendo ali e se natildeo deveria estar numa Escola Especial Ela

afirma tambeacutem que a inclusatildeo soacute vai fazer diferenccedila para a crianccedila se a educadora

tiver conhecimento e um trabalho aplicado ao aluno

Novamente chama-se a atenccedilatildeo para o que Jesus (2008) reflete no que tange

a formaccedilatildeo docente para a inclusatildeo dizendo que o desafio maior que se apresenta

eacute tentar instituir outras praacuteticas de potencializaccedilatildeo dos saberes-fazeres de tal modo

que a presenccedila de alunos em situaccedilatildeo de desvantagem de qualquer natureza natildeo

seja paralisadora de accedilotildees docentes

Jaacute as professoras do Atendimento Educacional Especializado falam que aleacutem

da socializaccedilatildeo da crianccedila pequena tambeacutem a inclusatildeo contribui para que haja a

superaccedilatildeo de suas dificuldades e serve agrave preparaccedilatildeo para sua trajetoacuteria como

aluno Portanto dentro de seus relatos foi possiacutevel evidenciar as seguintes

categorias sobre o motivo de crianccedilas pequenas com deficiecircncia poderem frequentar

o CMEI

- Que eacute um direito e que eacute pra ela que foi feita a escola

- Toda crianccedila tem direito de participar independente da deficiecircncia

- Eacute importante que essa crianccedila conviva com outras crianccedilas

- Eacute uma determinaccedilatildeo legal

- Eacute uma questatildeo social

- Eacute uma oportunidade de guarda da crianccedila enquanto os pais trabalham

103

De modo geral a inclusatildeo oscila entre ser uma oportunidade de socializaccedilatildeo

e o respeito a um direito que eacute de todas as crianccedilas ndash o de ter acesso agrave

escolarizaccedilatildeo

Zorteacutea (2007) questiona a afirmaccedilatildeo que eacute corrente sobre qual o maior ganho

da inclusatildeo da crianccedila com deficiecircncia que segundo ela dizer que eacute apenas

ldquosocializaccedilatildeordquo eacute ignorar o que as relaccedilotildees sociais produzem de aprendizado de

forma impliacutecita Segundo a autora natildeo eacute possiacutevel separar os aspectos afetivos

cognitivos ou psicomotores da socializaccedilatildeo em si por exemplo

Quanto agrave ecircnfase dada agrave inclusatildeo como direito de acesso a escolarizaccedilatildeo e

oportunidades diversas de aprendizado e desenvolvimento pensa-se que haacute que se

considerar profundamente o que Soares (2006) alerta ao destacar que o fato de ter

crianccedila com necessidades especiais na escola natildeo significa que seja uma instituiccedilatildeo

inclusiva Ou seja a garantia do acesso agrave instituiccedilatildeo de Educaccedilatildeo Infantil e ao

Atendimento Educacional Especializado pode seguir a mesma loacutegica

Pensa-se que diante das informaccedilotildees oferecidas pelas participantes se faz

necessaacuterio discutir a importacircncia da inclusatildeo para aleacutem da socializaccedilatildeo enquanto

parte tambeacutem de um plano de intervenccedilatildeo precoce Principalmente quando se

percebe que nem todas as crianccedilas que tem deficiecircncia ou alteraccedilatildeo no

desenvolvimento frequentam serviccedilos em centros de referecircncia ou tem no

Atendimento Educacional Especializado a complementaccedilatildeo necessaacuteria para a

garantia de promoccedilatildeo do seu desenvolvimento e apoio agrave famiacutelia

Como exemplo disso pode-se citar que entre o grupo de crianccedilas dessa

pesquisa haacute uma aluna que tem Siacutendrome de Down e que natildeo frequenta nenhum

tipo de serviccedilo especializado na aacuterea da sauacutede e que vai para o AEE apenas uma

vez na semana durante 1 hora Pode-se inferir que para essa crianccedila estar no CMEI

eacute fundamental pois o periacuteodo de oito horas diaacuterias que ela passa laacute eacute onde se

encontra o maior contingente de experiecircncias de aprendizagem e de promoccedilatildeo de

seu desenvolvimento

104

432 ParticipaccedilatildeoAtuaccedilatildeo no Processo Inclusivo no CMEI

Investigar o modo como se daacute a participaccedilatildeo das Matildees Educadoras e

Professoras no processo de inclusatildeo da crianccedila pequena se justifica pois conforme

evidenciado por Bhering e Sarkis (2009) quando uma crianccedila ingressa na creche haacute

uma ampliaccedilatildeo de suas relaccedilotildees sociais e de sua famiacutelia Esse novo complexo de

interaccedilotildees passaratildeo a interferir de algum modo para a criaccedilatildeo e re-criaccedilatildeo de

diferentes crenccedilas valores haacutebitos formas de se relacionar de fazer e assim de

perceber o desenvolvimento dessa crianccedila Essa influecircncia eacute muacutetua entre os

sujeitos que se relacionam direta ou indiretamente E eacute nesse contexto que nossas

crianccedilas pequenas na atualidade se deparam para vivenciar sua infacircncia e nesta

pesquisa sua inclusatildeo no ensino regular (BHERING e SARKIS 2009)

Duas das quatro matildees participantes demonstraram ser bastante atuantes no

que se refere ao atendimento no CMEI Segundo seus relatos elas costumam levar

orientaccedilotildees dos especialistas que atendem seus filhos para as educadoras e para as

professoras do AEE Mas essas conversas com as educadoras natildeo raro costumam

ser na entrada ou na saiacuteda das crianccedilas do CMEI Isso se reflete de modo geral em

todas as matildees Todas costumam conversar sobre suas crianccedilas nos mesmos

momentos ndash entrada e saiacuteda do CMEI Enquanto as primeiras buscam informar as

educadoras sobre as ldquonovidadesrdquo acerca de suas crianccedilas as demais conversam

apenas sobre como foi o dia dos filhos no CMEI

Nos relatos maternos natildeo aparecem momentos nos quais foram discutidos e

produzidos conceitos objetivos ou planejadas abordagens para a inclusatildeo de seus

filhos e se isso ocorreu elas natildeo conseguiram identificar e incluir em seus relatos ndash

nem com as educadoras ou com as professoras do AEE A relaccedilatildeo que elas tecircm

com as professoras do Atendimento Educacional Especializado tambeacutem natildeo parece

contribuir efetivamente para sua percepccedilatildeo e interaccedilatildeo no processo inclusivo do

filho na maioria dos casos jaacute que duas matildees natildeo souberam dizer de que forma o

AEE poderia auxiliar na inclusatildeo dos filhos sendo que uma afirmou que o

atendimento individual da crianccedila seria o suficiente para tal

A interaccedilatildeo das matildees no processo inclusivo que ocorre no CMEI aparece

em desacordo com o que se verifica na literatura pertinente e na qual se recomenda

que a famiacutelia participe o maacuteximo possiacutevel dos atendimentos seja na Educaccedilatildeo

105

Infantil ou na Educaccedilatildeo Especial (BARROS 2003 CUEVAS 2003 MANCINI et al

2004 MARTINS e VIEIRA 2009 MACARINI SARTORI SACANI e VALENTINI

2010)

De outro modo quando comparada agrave interaccedilatildeo das matildees com o CMEI

cujos filhos estatildeo em inclusatildeo com outros estudos sobre crianccedilas sem deficiecircncia

os dados satildeo bem semelhantes e as interaccedilotildees satildeo em maioria relatadas como

aligeiradas realizadas no portatildeo e nos momentos de entrada e na saiacuteda do aluno

(LORDELO et al 2007 SOUZA 2008 CAMPOS et al 2011 FERNANDES 2011)

Ou seja o fato da inclusatildeo trouxe pouca modificaccedilatildeo no que tange agrave participaccedilatildeo

das matildees no atendimento dos filhos que estatildeo no CMEI

No que se refere agrave participaccedilatildeo das professoras do Atendimento

Educacional Especializado no processo inclusivo da crianccedila pequena dentro do

CMEI esse se mostra um pouco obscuro principalmente por parte dos relatos das

matildees e das educadoras Trecircs das matildees natildeo relacionaram o processo de inclusatildeo no

CMEI ao Atendimento Educacional Especializado e quatro das educadoras natildeo

souberam o que era o AEE As demais educadoras ao falarem sobre como o

Atendimento Educacional Especializado poderia contribuir com o processo de

inclusatildeo demonstraram natildeo ter muita clareza da funccedilatildeo e da abrangecircncia desse

atendimento

Na fala das proacuteprias professoras do Atendimento Educacional Especializado

sua participaccedilatildeo estaacute mais voltada para o atendimento direto agrave crianccedila pequena

Essa posiccedilatildeo eacute justificada tambeacutem pelo fato de que essas profissionais demonstram

natildeo ter muita clareza de qual eacute o seu papel diante da inclusatildeo da crianccedila pequena

Elas mesmas destacam que atender crianccedilas tatildeo pequenas traz novas

necessidades e perspectivas do seu trabalho antes apenas realizado com os alunos

do Ensino Fundamental

Quando questionadas sobre o atendimento com a crianccedila elas tambeacutem

indicaram que isso estaacute sendo definido Mesmo quando citam que desenvolvem

atividades de estimulaccedilatildeo eacute possiacutevel perceber que esse conceito natildeo estaacute bem

estabelecido para elas

Desse modo infere-se que entre as necessidades que surgem com a

inclusatildeo da crianccedila pequena nos CMEIs estaacute primordialmente estabelecida a de

que essas profissionais precisam ter espaccedilo tempo e recursos para melhor delinear

106

qual eacute a caracteriacutestica maior do seu atendimento quando este for voltado para a

Educaccedilatildeo Infantil

No que se refere agrave atuaccedilatildeo ou participaccedilatildeo das educadoras essas

demonstram que natildeo sabem lidar com o processo inclusivo Segundo elas natildeo haacute

orientaccedilatildeo suficiente nem conhecimento para que consigam construir um

planejamento voltado para a inclusatildeo das crianccedilas pequenas Elas relatam tambeacutem

que ensaiam algumas accedilotildees isoladas no dia a dia na tentativa de dar um

atendimento um pouco diferenciado para o aluno que estaacute em inclusatildeo conforme jaacute

indicado em subcapiacutetulo anterior

Em relaccedilatildeo agraves interaccedilotildees que ocorrem no processo de inclusatildeo tambeacutem

cabe ressaltar a relevacircncia que as relaccedilotildees entre as crianccedilas pequenas tomam

frente agrave promoccedilatildeo do desenvolvimento uns dos outros

Nos relatos das Educadoras fica evidente o importante papel das outras

crianccedilas no quesito citado acima

A Educadora E01 diz que percebe um ldquosentimento de solidariedade entre as

crianccedilas que eacute muito interessanterdquo e que

eles (educadores) tecircm um sentimento de ser igual aquela pessoa (que estaacute em inclusatildeo) que agraves vezes a gente que eacute adulto e que natildeo conviveu com crianccedilas com deficiecircncia a gente natildeo tem E eles que convivem eles tecircm O sentimento eacute assim de que ela eacute igual a gente mas algueacutem tem que se preocupar com ela

A Educadora E04 tambeacutem verificou algo semelhante ldquoas crianccedilas natildeo o

excluem Eles querem levar ele para brincar se ele natildeo vem eles vatildeo ateacute ele para

brincarrdquo

O que tambeacutem eacute reforccedilado pelo relato da Educadora E08 ldquoo estiacutemulo estaacute

vindo dos colegas eles chamam ele pra brincar pegam o brinquedinho e levam para

ele brincar [] Eles ajudam muitordquo

E nesse acircmbito Zorteacutea (2007) percebeu em seu estudo que o brincar

aparece reafirmado como uma estrateacutegia que possibilita a aproximaccedilatildeo entre as

crianccedilas constituindo-se como espaccedilos de produccedilatildeo de cultura nos quais podem

experimentar o pertencimento e que na inclusatildeo educacional as interaccedilotildees entre as

crianccedilas revelam-se como um processo dinacircmico e fundamental Isso porque os

encontros entre as crianccedilas satildeo reveladores de caminhos a serem percorridos e

desencadeadores das suas potecircncias e de seus pares em que compartilham

sentidos que nem sempre se mostram facilmente para os adultos (ZORTEacuteA 2007)

107

433 Referecircncias e Apoios utilizados e indicados para que o Processo

Inclusivo ocorra com qualidade

As entrevistadas informaram quais as maiores dificuldades em relaccedilatildeo a

atender as condiccedilotildees das crianccedilas pequenas com necessidades especiais o que

fazem ou quem procuram para resolver isso

Nos relatos das matildees apenas uma disse que tinha dificuldade em atender o

filho a qual estaacute relacionada ao comportamento do mesmo As demais natildeo

indicaram nenhuma dificuldade Quando ocasionalmente surgem duacutevidas ou

dificuldades sobre a crianccedila de modo geral elas procuram os profissionais da aacuterea

de sauacutede

Na presente pesquisa tambeacutem foi possiacutevel perceber se as matildees recebem

orientaccedilotildees sobre suas crianccedilas como se organizam em sua rotina em famiacutelia e

quais as referecircncias utilizadas por essas matildees quando aparecem duacutevidas sobre

como atender o filho

As Matildees 01 02 e 03 demonstraram que a rotina da crianccedila eacute bem corrida

pela quantidade de atendimentos que ocorrem na semana As Matildees 01 e 03

comentaram que quando estatildeo com o filho em casa buscam desviar as atividades

dos aspectos corretivos terapecircuticos e orientam os programas familiares agrave interaccedilatildeo

entre os demais membros atividades corriqueiras e de lazer Jaacute as Matildees 02 e 04

afirmaram que buscam estimular o filho em casa

A Matildee 01 quando recebe orientaccedilotildees sobre o filho que costumam vir dos

profissionais dos centros especializados que a crianccedila frequenta e da professora do

AEE

No caso da Matildee 03 a fonoaudioacuteloga passa algumas sugestotildees de atividades

mas quem atende mais essas necessidades eacute o avocirc materno Essa matildee busca ter

outra conduta com a filha devido ao pouco tempo que passam juntas diariamente

A Matildee 02 costuma receber orientaccedilotildees do centro especializado que a crianccedila

frequenta entatildeo tenta fazer em casa as atividades que passam para ela A Matildee 04

tenta realizar as orientaccedilotildees que a professora do AEE passa e algumas das

atividades que as educadoras fazem no CMEI e que contam para ela Essa uacuteltima

matildee quando tem duacutevidas sobre a filha busca o centro especializado para dirimi-las

108

Por fim nesse grupo de perguntas foi solicitado que elas informassem se

recebem ou jaacute receberam orientaccedilotildees sobre como atender o filho quem passou as

orientaccedilotildees como isso ocorre e sobre o que satildeo essas orientaccedilotildees

As Matildees 01 02 e 03 afirmam que recebem orientaccedilotildees de como atender a

crianccedila e quem passa geralmente satildeo os profissionais especialistas dos centros de

atendimentos nos quais seus filhos fazem parte

Jaacute a Matildee 04 conta que jaacute recebeu orientaccedilatildeo de alguns especialistas e da

professora do AEE e que atualmente conversa com as educadoras para saber o

que elas fazem no CMEI a fim de poder fazer as atividades em casa tambeacutem

Logo segundo as Matildees cada especialista passa a sua recomendaccedilatildeo de

modo separado dos demais Elas tambeacutem informaram que natildeo costumam participar

dos atendimentos dos filhos por vaacuterios motivos entre eles pelo fato de que natildeo satildeo

convidadas considerando-se que a crianccedila ficaria mais agitada ou mesmo porque

trabalham e natildeo tendo disponibilidade para participar

Destaca-se que um trabalho de intervenccedilatildeo precoce centrado na famiacutelia deve

considerar a participaccedilatildeo efetiva e ativa desta no processo de reabilitaccedilatildeo de

educaccedilatildeo e de desenvolvimento de seu filho (GINEacute GRACIA VILASECA e

BALCELLS 2009)

No caso do grupo das professoras do Atendimento Educacional

Especializado trecircs das participantes informaram como maior dificuldade a

adequaccedilatildeo do seu trabalho agrave condiccedilatildeo da crianccedila pequena que estaacute na Educaccedilatildeo

Infantil Isso porque elas natildeo sabiam como construir esse trabalho especificamente

voltado agraves caracteriacutesticas e necessidades da Educaccedilatildeo Infantil Tais dados permitem

afirmar que se faz necessaacuterio e urgente construir uma abordagem que defina melhor

o trabalho do Atendimento Educacional Especializado voltado para a Educaccedilatildeo

Infantil e que este englobe princiacutepios que evidenciem a crianccedila - como sujeito em

desenvolvimento suas necessidades na infacircncia a importacircncia dos contextos e de

suas relaccedilotildees com a inclusatildeo (famiacutelia CMEI entre outros) e tambeacutem o papel desse

professor diante da inclusatildeo e da promoccedilatildeo do desenvolvimento infantil

As professoras do Atendimento Educacional Especializado relatam

como sendo suas maiores dificuldades

- Adequar o trabalho do AEE para a crianccedila que estaacute na Educaccedilatildeo Infantil

109

- Medo de machucar a crianccedila

A professora P01 afirma que sua maior dificuldade foi definir e se adequar ao

trabalho voltado para a Educaccedilatildeo Infantil Segundo ela

vocecirc planeja dar aula pra vocecirc e natildeo pro aluno que natildeo sabe E eacute a questatildeo tradicional da Educaccedilatildeo Fundamental de querer ensinar a ler escrever e usar caderno e que a Educaccedilatildeo Infantil natildeo tem isso

P03 tambeacutem faz afirmaccedilotildees nesse mesmo sentido justificando porque sentiu

medo quando soube que iria atender uma crianccedila pequena

ai com bastante medo sinceramente com bastante medo Eu natildeo tinha tido experiecircncia com crianccedila pequena ainda mais com berccedilaacuterio Minha experiecircncia toda era no Ensino Fundamental com crianccedilas maiores e que praticamente natildeo possuiacuteam dificuldade neacute

A professora P03 diz que tem medo de machucar a crianccedila por natildeo ter

conhecimento suficiente para atender agrave condiccedilatildeo da mesma

E a professora P04 indica que tem dificuldade em estabelecer o que vai

trabalhar com a crianccedila e como vai fazer isso

Em relaccedilatildeo ao que fazem quando surgem as duacutevidas e dificuldades todas

fizeram referecircncia agrave equipe da Educaccedilatildeo Especial do muniacutecipio afirmando que

costumam trocar informaccedilotildees com os demais membros da equipe de avaliaccedilatildeo e

com as outras professoras do AEE

Todas informaram que receberam algumas orientaccedilotildees da equipe da

Educaccedilatildeo Especial sobre as condiccedilotildees das crianccedilas que iriam atender e que essas

orientaccedilotildees acontecem conforme surgem as necessidades ao longo dos

atendimentos

Jaacute no que se refere ao grupo das educadoras nesse quesito apenas duas

Educadoras (E02 e E08) afirmaram que natildeo possuem dificuldades em atender a

crianccedila em inclusatildeo As informaccedilotildees dadas pelas demais educadoras estatildeo

descritas a seguir

Dificuldades indicadas pelas Educadoras desta pesquisa agraves categorias

indicadas abaixo

110

- Dar atenccedilatildeo individualizada para a crianccedila em inclusatildeo

- Dificuldade de se comunicar com o aluno

- Quantidade de crianccedilas por turma

- Natildeo saber lidar com comportamento estereotipado do aluno

- Falta de informaccedilatildeo sobre as condiccedilotildees da crianccedila que estaacute em inclusatildeo

- Medo de machucar a crianccedila

Vale ressaltar alguns relatos entre os quais os das educadoras E01 E03

E04 e E05

A Educadora E01 percebe que a crianccedila precisaria de uma atenccedilatildeo mais

individualizada diariamente para desenvolver determinadas habilidades contudo as

educadoras natildeo conseguem disponibilizar esse momento pois as demandas da

turma satildeo muito grandes

Para a Educadora E03 o que mais chama atenccedilatildeo satildeo as dificuldades de

comunicaccedilatildeo com a crianccedila ldquoagraves vezes fico pensando se ela taacute entendendo o que

eu tocirc falando o que ela quer falar pra mim agraves vezes eu natildeo consigo entender

direitordquo

No caso da Educadora E04 foi citada como dificuldades a falta de informaccedilatildeo

para atender crianccedilas como o caso dele e o medo de fazer algo que possa

prejudica-lo Tambeacutem reforccedila a falta de tempo para dar atenccedilatildeo especiacutefica agraves

necessidades dele e a quantidade de crianccedilas por turma

E por fim a Educadora E05 fala da sala superlotada e da falta de

conhecimento em como atender agraves necessidades da crianccedila

no momento da alimentaccedilatildeo agraves vezes a gente natildeo tem como taacute dando alimento na matildeo na boca entatildeo ela mesma tenta se alimentar e agraves vezes cai [a comida] Ela natildeo se alimenta da forma correta

As participantes tambeacutem informaram o que fazem ou quem procuram quando

tem duacutevidas ou dificuldades sobre a crianccedila

Segundo as Educadoras quando surgem duacutevidas ou dificuldades em

atender a crianccedila que estaacute em inclusatildeo elas procuram

- Pedagoga do CMEI

111

- Colega de sala e a matildee do aluno

- Professora do AEE e matildee do aluno

- Colega de sala

- Tenta resolver sozinha

- Matildee do aluno

Segundo quatro das entrevistadas (E01 E02 E05 e E09) a referecircncia na

maioria dos casos de dificuldades ou duacutevidas satildeo as pedagogas dos CMEIs Poreacutem

haacute situaccedilotildees em que as Educadoras buscam resolver suas dificuldades sozinhas

direto com a colega de sala ou com a matildee do aluno

A Educadora E03 procura a colega de sala que eacute psicopedagoga e a matildee

quando eacute necessaacuterio Indica que natildeo procura a Pedagoga do CMEI porque percebe

que essa profissional tambeacutem natildeo tem muito conhecimento sobre esse assunto

Interessante perceber que a Educadora E07 busca pesquisar a respeito de

suas duacutevidas Quando possiacutevel pergunta para a professora do AEE e para a matildee da

crianccedila Ela diz que natildeo busca as Pedagogas do CMEI por perceber que tambeacutem

lhes falta experiecircncia e conhecimento sobre a crianccedila em inclusatildeo

E por fim as Educadoras E02 e E04 desabafam

Dificilmente algueacutem vem perguntar pra gente como a Manu estaacute Desde que a gente comeccedilou a trabalhar com ela nunca ningueacutem veio perguntar pra mim natildeo sei se para as outras meninas mas enquanto estou na sala ningueacutem veio Pra mim ningueacutem veio ningueacutem perguntar da crianccedila (E02)

Na realidade a gente acaba indo na sorte porque natildeo tem uma orientaccedilatildeo mesmo Eu procurei na internet por livros e natildeo achei nada que falasse de crianccedilas pequenas com esse problema [] Parece que as crianccedilas natildeo existem nessa eacutepoca Eacute muito triste Para berccedilaacuterios natildeo encontra atividades tambeacutem (E04)

Sobre se recebem ou receberam algum tipo de orientaccedilatildeo relativo ao

atendimento da crianccedila em inclusatildeo apenas uma educadora (E05) afirmou natildeo ter

recebido qualquer tipo de orientaccedilatildeo sobre como atender a crianccedila As demais

destacam que as orientaccedilotildees natildeo satildeo frequentes mas que jaacute as receberam em

algum momento ao longo desse periacuteodo em que atendem a turma

A Educadora E01 afirma que normalmente natildeo recebe orientaccedilotildees mas que

jaacute recebeu da pedagoga do CMEI A Educadora E02 diz que costuma conversar com

112

as Educadoras e quando necessaacuterio faz pesquisas na internet ou busca orientaccedilotildees

junto agrave Pedagoga Segundo a E03 jaacute recebeu informaccedilotildees da Pedagoga logo que a

crianccedila entrou na turma e teve um contato breve com a professora do AEE e com

uma das psicoacutelogas do municiacutepio Mas segundo ela esses contatos natildeo foram

suficientes para causar modificaccedilotildees em sala e afirma ldquodaiacute eu trabalho o que eu

acho com ela o que eu trabalho com os outrosrdquo

No caso das Educadoras E06 e E07 elas recebem orientaccedilotildees da matildee da

crianccedila que estaacute em inclusatildeo e da professora do AEE

Jaacute as Educadoras E04 E08 e E09 dizem que receberam a visita de uma

fisioterapeuta que foi designada especialmente para o caso do aluno e de uma

professora que ela natildeo entendeu bem quem era

Eacute perceptiacutevel por meio dos relatos anteriores que as orientaccedilotildees que elas

indicam que jaacute receberam ou que ainda recebem natildeo parecem ser determinantes no

que diz respeito a produzir modificaccedilotildees no processo de inclusatildeo da crianccedila

pequena

Guasselli (2005) ao realizar pesquisa com professoras do Ensino

Fundamental sobre o processo inclusivo tambeacutem percebeu que as mesmas

demonstravam crer na necessidade de ampliar seus conhecimentos acerca da

condiccedilatildeo de seu aluno e tambeacutem sentiam ndash se inseguras para desempenhar seu

trabalho com essa crianccedila

Drago (2005) verificou em seu estudo que quando as educadoras apresentam

uma concepccedilatildeo de inclusatildeo mal compreendida isso parece ajudar a promover uma

praacutetica docente permeada por preconceitos e estigmas

Claramente se percebe que cada grupo (matildees educadoras e professoras do

AEE) busca a seu modo a resoluccedilatildeo de problemas e duacutevidas que envolvem a

inclusatildeo e que isso se dando de maneira isolada natildeo contribui para que todos os

envolvidos possam refletir e aprender juntos Desse modo a inclusatildeo deixa de ser

uma questatildeo de todos para ser uma questatildeo de uns poucos Cabe destacar que

incluir natildeo eacute filantropia tatildeo pouco um ato solitaacuterio individual (RODRIGUES 2006) Eacute

preciso refletir e dar novo significado para o senso de coletividade e de cooperaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo aos apoios que seriam necessaacuterios para que o processo de

inclusatildeo se desse com qualidade as participantes foram unacircnimes em afirmar que

tanto as famiacutelias quanto a educadoras precisam disso

113

As participantes indicaram que para a famiacutelia eram apoios necessaacuterios

- grupo de pais

- apoio e orientaccedilatildeo de profissionais especializados

- incentivo para que aceite seu filho e o ldquomostrerdquo para a sociedade

- mais oportunidades de diagnoacutestico precoce

- maior acesso aos especialistas que atendem seu filho

- maior apoio das pedagogas do CMEI

- maior divulgaccedilatildeo do que satildeo as deficiecircncias

- mais apoio das professoras do AEE

Formiga e Pedrazzani (2004) em sua pesquisa trazem dados que

concordam com que foi indicado logo acima e acrescentam que tambeacutem eacute

fundamental que se estabeleccedilam programas de intervenccedilatildeo precoce de cunho

preventivo

Em outras palavras accedilotildees ou programas de atenccedilatildeo agrave infacircncia devem levar

em consideraccedilatildeo estrateacutegias de prevenccedilatildeo primaacuteria nas quais sejam evidenciadas

orientaccedilotildees de cunho educacional e informativo e tambeacutem de detecccedilatildeo precoce de

alteraccedilotildees no desenvolvimento e na sauacutede infantil (DIAZ-HERRERO e MARTINEZ-

FUENTES 2009)

Por outro lado Molinari et al (2005) consideram que na realidade brasileira

ainda haacute muito o que fazer no sentido de desenvolver accedilotildees integrais de promoccedilatildeo agrave

sauacutede infantil e que programas de vigilacircncia do desenvolvimento e promoccedilatildeo agrave

sauacutede devem contar com equipes multiprofissionais e partir de uma abordagem

ecossistecircmica Nesse sentido estrateacutegias de prevenccedilatildeo devem considerar a

importacircncia que os contextos tecircm para a promoccedilatildeo ou natildeo do desenvolvimento na

infacircncia e tambeacutem a inter-relaccedilatildeo entre tais ambientes

De outro modo as entrevistadas indicaram que as Educadoras precisariam

dos seguintes apoios

- Maior parceria com o departamento de Educaccedilatildeo Especial

- Apoio psicoterapecircutico no sentido de serem escutadas em suas dificuldades e

anseios

- Grupos de estudo sobre os casos de inclusatildeo

114

- Apoio psicopedagoacutegico no sentido de organizar melhor o trabalho com a crianccedila

- Apoio e orientaccedilatildeo constante de outros profissionais

Nos relatos das participantes houve uma incidecircncia grande em afirmarem que

as educadoras precisam de apoio e orientaccedilatildeo de profissionais especialistas tais

como psicoacutelogo terapeuta ocupacional fisioterapeuta entre outros

Para Mueller (2008) eacute importante proporcionar um conjunto de apoio social

para a famiacutelia tal como grupo de pais serviccedilo de aconselhamento familiar e

mobilizaccedilatildeo de amigos e comunidade Guasselli (2005) por sua vez percebeu o

peso que as professoras de turmas inclusivas atribuem aos especialistas Elas

deixam bem claro que satildeo os profissionais especializados que lhes indicaratildeo o

melhor caminho ou a melhor maneira de trabalhar com esse alunado

Igualmente se verifica o peso que um diagnoacutestico traz para as professoras O

diagnoacutestico e o apoio que especialistas trazem em si no discurso das professoras

com certa hierarquizaccedilatildeo na qual as uacuteltimas natildeo estatildeo no topo (GUASSELLI 2005)

Esse mesmo autor discute que as relaccedilotildees entre os profissionais especializados e

os professores em muitas situaccedilotildees vecircm baseadas em uma relaccedilatildeo de

desconhecimento e agraves vezes ateacute de desconsideraccedilatildeo do cotidiano da escola

Rodrigues (2006) questiona se eacute necessaacuterio ldquocriar reinventar e reproduzirrdquo um

discurso teacutecnico racional especializado sobre como estar preparado para receber

pessoas com necessidades educacionais especiais nas escolas

434 Avaliaccedilatildeo do Processo Inclusivo

Todas as participantes consideram a oportunidade de inclusatildeo para a crianccedila

pequena na Educaccedilatildeo Infantil algo positivo mesmo com as devidas ressalvas que

elas mesmas indicam Isso se justifica pelas modificaccedilotildees que todas percebem que

ocorreram no periacuteodo em que as crianccedilas estatildeo matriculadas E nesse sentido

pede-se atenccedilatildeo a algo que Guasselli (2005) aponta afirmando que haacute uma espeacutecie

de celebraccedilatildeo quando se tem um aluno com necessidades educacionais especiais

pois esse fato implica no ideal de que eacute politicamente correto ser uma escola

inclusiva Contudo ter um aluno com necessidade especial natildeo reflete

115

necessariamente uma accedilatildeo inclusiva de verdade Logo eacute positivo ter crianccedilas com

necessidade especial na Educaccedilatildeo Infantil e essa presenccedila parece ser o suficiente

para gerar grandes modificaccedilotildees no comportamento desse alunado mas haacute que

lembrar que soacute isso natildeo eacute suficiente para dar conta da complexa gama de

peculiaridades que o processo inclusivo traz em si

Ainda que todas afirmem que eacute positivo estar no CMEI metade das Matildees

consideraram que os CMEIs natildeo estatildeo preparados para a inclusatildeo e todas indicam

que as educadoras tambeacutem natildeo estatildeo preparadas para isso Ainda assim eacute

importantiacutessimo destacar que mesmo elas percebendo as dificuldades e o

despreparo das educadoras dos filhos as mesmas reconhecem e valorizam o

esforccedilo que essas profissionais fazem para atender as crianccedilas em inclusatildeo

As Professoras do Atendimento Educacional Especializado tambeacutem se

dividem em relaccedilatildeo aos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil estar ou natildeo

preparados Metade acredita que natildeo Jaacute sobre as educadoras trecircs das

profissionais consideram que tambeacutem natildeo estatildeo preparadas Uma das professoras

do Atendimento Educacional Especializado aponta para o fato de que as educadoras

satildeo muito ansiosas e que ainda se prioriza a crianccedila sem dificuldade dentro do

atendimento do Centro Municipal de Educaccedilatildeo Infantil

As Educadoras dos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil afirmam em

maioria que as instituiccedilotildees natildeo estatildeo preparadas para a inclusatildeo Segundo elas

falta estrutura apropriada Elas tambeacutem questionaram se estatildeo preparadas para

trabalhar com a inclusatildeo sendo que sete delas afirmam que natildeo haacute esse preparo e

duas manifestam as diferenccedilas entre as Educadoras mais jovens e as mais antigas

na profissatildeo

Todas as participantes quando falam que os Centros Municipais de

Educaccedilatildeo Infantil natildeo estatildeo preparados porque natildeo tecircm estrutura estatildeo se referindo

a adaptaccedilotildees que propiciem maior acessibilidade e menos riscos para todas as

pessoas que apresentem algum tipo de necessidade especial Entre as necessaacuterias

adaptaccedilotildees foram indicadas rampas barras de apoio portas mais largas e

brinquedos de sala e de parquinho

Quanto agraves Educadoras natildeo estarem preparadas foi indicado com muita

frequecircncia a falta de capacitaccedilatildeo especiacutefica para lidar com situaccedilotildees de inclusatildeo

Para Freitas (2006) em um grande nuacutemero de vezes o professor idealiza um aluno

sem se dar conta de que trabalhar com a diversidade eacute algo intriacutenseco agrave natureza da

116

atuaccedilatildeo docente esquecendo que natildeo faz sentido pensa-la como uma condiccedilatildeo

excepcional Segundo essa autora natildeo raro os cursos de formaccedilatildeo docente para a

inclusatildeo contribuem para a construccedilatildeo e para o fortalecimento de estereoacutetipos a

respeito da pessoa com necessidades educacionais especiais e sobre o proacuteprio

processo inclusivo

Segundo Freitas (2006) eacute necessaacuterio que as formaccedilotildees de docentes para

atuarem com inclusatildeo levem em consideraccedilatildeo a discussatildeo sobre a funccedilatildeo social da

escola sobre a importacircncia do trabalho docente orientando-os a aprender a

investigar sistematizar e produzir o conhecimento por meio da utilizaccedilatildeo de recursos

e materiais diversificados O objetivo maior eacute proporcionar a formaccedilatildeo de um

docente mais autocircnomo e consciente da complexidade de seu trabalho diante da

diversidade inegaacutevel de seu alunado especial ou natildeo

Propotildee-se que a formaccedilatildeo docente seja acima de tudo sempre voltada para

a inclusatildeo para uma escola para todos afim de que se desfaccedila ndash ainda que

lentamente ndash a ideia e o apego agrave do especialista de que sem ele natildeo haacute como

desenvolver um projeto inclusivo

435 Vantagens e Desvantagens do Processo Inclusivo

4351 As vantagens do Processo Inclusivo

Entre as concepccedilotildees maternas sobre as vantagens do processo inclusivo

foram as mais indicadas as que estatildeo listadas abaixo

- Socializaccedilatildeo da crianccedila que tem deficiecircncia

- Ajuda a diminuir o preconceito com a crianccedila que tem deficiecircncia

- Satisfaccedilatildeo da famiacutelia em ver os avanccedilos da crianccedila

- Preparaccedilatildeo para outras etapas da vida escolar da crianccedila que tem deficiecircncia

- Oportunidade de aprender coisas que em casa natildeo aprenderia

117

Consideremos que por parte dessas Matildees haacute uma supervalorizaccedilatildeo do que

o ambiente do Centro Municipal de Educaccedilatildeo Infantil oferece para sua crianccedila

quando relacionada com o que a famiacutelia pode oferecer

A Matildee 01 sugere que a inclusatildeo eacute uma oportunidade positiva afim de que

ldquoeles (pessoas de um modo geral) vejam que eacute uma crianccedila como qualquer outra

que pode estar junto com outras crianccedilas que eacute uma crianccedila boa que consegue

conviver que ele eacute bonzinhordquo

As Matildees 03 e 04 salientam que a inclusatildeo eacute uma oportunidade para que seus

filhos aprendam ldquocoisasrdquo que os pais por trabalharem o dia todo natildeo teriam

condiccedilotildees de lhes ensinar

A Matildee 03 ainda demonstra saber que o processo de inclusatildeo na atualidade

pode ocasionar dissabores para sua filha mas entende isso como algo proacuteprio para

que se evidencie um novo paradigma educacional Segundo ela

a fulana ainda pode ateacute sofrer um pouquinho mas quem vier depois dela natildeo E ela pode ateacute sofrer mas vai ser muito menos do que aquele que entrou na Escola haacute dez anos atraacutes

As Matildees datildeo vaacuterios exemplos dos aprendizados das crianccedilas sugerindo que

estatildeo satisfeitas com o fato de sua crianccedila estar no CMEI mesmo diante das

dificuldades ilustradas ao longo das entrevistas Outro ponto que merece destaque eacute

o quanto elas destacam o conviacutevio com as outras crianccedilas como um fator

fundamental para as transformaccedilotildees positivas no comportamento de seus filhos O

trecho logo abaixo ilustra bem esse posicionamento das matildees

Entatildeo ela taacute aprendendo aqui Como Vendo as outras crianccedilas Entatildeo ela procura imitar o amiguinho natildeo soacute a Educadora Ela procura o que o outro faz E isso eacute bom para os pais que trabalha neacute (Matildee 04)

Entre as Professoras do Atendimento Educacional Especializado foram

apontadas as seguintes vantagens do Processo Inclusivo

- A crianccedila vai usufruir dos seus direitos

- Socializaccedilatildeo da crianccedila que tem deficiecircncia

- Valorizaccedilatildeo da Educaccedilatildeo

- Valorizaccedilatildeo do trabalho da Educadora

118

- Ajuda a diminuir o preconceito com a crianccedila que tem deficiecircncia

- Desenvolvimento de valores nas pessoas envolvidas com a inclusatildeo (empatia

solidariedade altruiacutesmo entre outros)

- Oportunidade de aprender coisas que em casa natildeo aprenderia

- A inclusatildeo eacute fonte de informaccedilatildeo para a famiacutelia que tem uma crianccedila com

deficiecircncia

- Maior experiecircncia para as educadoras

- Para a crianccedila que tem deficiecircncia a maior vantagem eacute estar em um lugar seguro

A professora P01 destaca que a inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil ajuda as

pessoas a perceberem que ldquocom o passar do tempo a educaccedilatildeo vale a pena e daacute

certordquo

Eacute interessante destacar o comentaacuterio da P04 quando esta afirma que a

inclusatildeo pode ser um modo de se valorizar o trabalho das Educadoras

tambeacutem acredito assim que a Educadora tambeacutem vai se sentir mais uacutetil mais valorizada Porque eacute assim aquela crianccedila precisa de mim e ela vai ser mais afetiva porque ela vai ter que ter uma paciecircncia maior e vai ter que planejar mais o seu trabalho e vai ter que buscar vai ter que buscar pra poder trabalhar com aquela crianccedila

Jaacute as Educadoras dos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil

assinalaram as seguintes vantagens do processo inclusivo

- Socializaccedilatildeo da crianccedila que tem deficiecircncia

- Valorizaccedilatildeo do trabalho da Educadora

- Ajuda a diminuir o preconceito com a crianccedila que tem deficiecircncia

- Desenvolvimento de valores nas pessoas envolvidas com a inclusatildeo (empatia

solidariedade altruiacutesmo entre outros)

- Oportunidade de aprender coisas que em casa natildeo aprenderia

- Maior experiecircncia para as educadoras

- Para a crianccedila que tem deficiecircncia a maior vantagem eacute estar em um lugar seguro

enquanto os pais trabalham

A educadora E01 conta que as crianccedilas da turma criam naturalmente um

sentimento de cuidado e proteccedilatildeo em relaccedilatildeo ao aluno foco da inclusatildeo ldquoEles tem

119

um sentimento de ser igual agravequela pessoa que agraves vezes a gente que eacute adulto e que

natildeo conviveu com crianccedilas com deficiecircncia a gente natildeo tem e eles que convivem

eles temrdquo A entrevistada relatou vaacuterias situaccedilotildees em que as crianccedilas da turma

modificaram seu comportamento e demonstraram noccedilatildeo de que a outra crianccedila

precisava de apoio e proteccedilatildeo diferenciados

Segundo a educadora E05 nessa situaccedilatildeo especiacutefica natildeo haacute vantagens para

a crianccedila mas para alguns outros envolvidos

o fato dos pais natildeo terem onde deixar a crianccedila quando estatildeo trabalhando para as Educadoras terem percebido que Siacutendrome de Dow natildeo eacute um ldquomonstrordquo e para as merendeiras para as funcionaacuterias da limpeza e outros profissionais da creche eacute um aprendizado que natildeo eacute necessaacuterio ter doacute da crianccedila (E05)

As vantagens apontadas de forma comum aos trecircs grupos de participantes

(matildees professoras e educadoras) foram socializaccedilatildeo da crianccedila que tem

deficiecircncia ajuda a diminuir o preconceito com a crianccedila que tem deficiecircncia

oportunidade de aprender coisas que em casa natildeo aprenderia

Entre as profissionais da aacuterea de educaccedilatildeo (professoras e educadoras) as

vantagens que satildeo comuns aos dois grupos satildeo socializaccedilatildeo da crianccedila que tem

deficiecircncia valorizaccedilatildeo do trabalho da Educadora ajuda a diminuir o preconceito

com a crianccedila que tem deficiecircncia desenvolvimento de valores nas pessoas

envolvidas com a inclusatildeo (empatia solidariedade altruiacutesmo entre outros) ajuda a

diminuir o preconceito com a crianccedila que tem deficiecircncia oportunidade de aprender

coisas que em casa natildeo aprenderia maior experiecircncia para as educadoras e para a

crianccedila que tem deficiecircncia a maior vantagem eacute estar em um lugar seguro

4352 Desvantagens do Processo Inclusivo

Ao serem indagadas sobre se haveriam possiacuteveis desvantagens na inclusatildeo

na Educaccedilatildeo Infantil 03 Matildees responderam que sim e todas as 04 indicaram que a

inclusatildeo de crianccedilas pequenas no CMEI evidencia situaccedilotildees que se tornam

desvantagens tanto para a crianccedila quanto para as Educadoras

120

Segundo as Matildees participantes poderiam ser consideradas como

desvantagens atreladas ao Processo de Inclusatildeo da crianccedila pequena

- O fato de as educadoras natildeo saberem o que fazer com a crianccedila deixando-a

ociosa

- A educadora se sentir sobrecarregada por ter uma crianccedila especial na turma

- O fato de o atendimento na creche natildeo ser especializado faz com que a matildee

tenha receio de que a crianccedila venha a perder tempo em seu processo de

reabilitaccedilatildeo

- A rotina do Educador na sala de aula impede que se decirc atenccedilatildeo apropriada agrave

crianccedila especial

- Falta de um planejamento apropriado agrave crianccedila especial

- Falta de paracircmetros para saber o que fazer com as crianccedilas especiais

- A desvalorizaccedilatildeo do trabalho do educador

- Falta de atendentes (algueacutem que fique soacute com seu filho)

Pode-se perceber na fala das matildees que elas estatildeo de algum modo bem atentas

ao que ocorre com seus filhos dentro do CMEI

Por outro lado na concepccedilatildeo das Professoras do Atendimento Educacional

Especializado haacute uma maior incidecircncia em afirmarem que natildeo haacute desvantagens no

processo de inclusatildeo Duas das professoras afirmam que natildeo haacute nenhum tipo de

desvantagem na inclusatildeo da crianccedila pequena na Educaccedilatildeo Infantil Contudo uma

delas afirma que a ocorrecircncia de desvantagens vai depender de como a inclusatildeo

estaacute sendo realizada outra afirma que deveria ser considerado como desvantagem

o excesso de trabalho que a Educadora passa a ter quando haacute uma crianccedila com

necessidades especiais em sua turma

No conjunto de concepccedilotildees coletadas nas entrevistas das Educadoras dos

Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil 05 delas afirmam que a inclusatildeo da crianccedila

pequena natildeo apresentaria nenhum tipo de desvantagem Poreacutem uma delas defende

que a ocorrecircncia ou natildeo de desvantagens depende das condiccedilotildees nas quais se

verifica o processo inclusivo

Por fim 03 entrevistadas consideram como desvantagens oriundas da inclusatildeo

de crianccedilas pequenas com necessidades educacionais especiais

121

- Excesso de trabalho para a educadora

- O sofrimento que a crianccedila em inclusatildeo passa

- Falta de profissionais para o bom atendimento da crianccedila

- Diz que natildeo sabe se pode trazer algum tipo de desvantagem e que se preocupa

com o fato da inclusatildeo produzir algum trauma ou regressatildeo no desenvolvimento de

uma crianccedila em inclusatildeo

Desse modo percebe-se que na totalidade do grupo (17 participantes) 07

afirmaram que natildeo existem desvantagens no processo de inclusatildeo na Educaccedilatildeo

Infantil As matildees foram as que mais apontaram questotildees que podem ser

consideradas como desvantagens

Segundo Rodrigues e Lima-Rodrigues (2011) o objetivo da Educaccedilatildeo

Inclusiva natildeo se resume a uma mera mudanccedila curricular ou mesmo a permitir o

acesso de alunos com condiccedilotildees de deficiecircncia agrave Escola Regular trata-se portanto

de uma reforma mais profunda abrangendo os valores e as praacuteticas de todo o

sistema educativo tal como ele eacute comumente concebido E essa necessidade de

reforma profunda eacute possiacutevel de perceber a partir dos relatos que as entrevistadas

proporcionaram na presente pesquisa

436 Sugestotildees e Comentaacuterios visando agrave melhoria do Processo Inclusivo na

Educaccedilatildeo Infantil

Foi perguntado para as participantes se elas gostariam de deixar algum

comentaacuterio ou sugestatildeo sobre a realizaccedilatildeo da inclusatildeo da crianccedila pequena com

deficiecircncia na Educaccedilatildeo Infantil e em grande parte as sugestotildees se referem ao

atendimento da educadora no CMEI conforme eacute possiacutevel observar grupo a grupo

Entre os comentaacuterios e sugestotildees maternas elas indicam a) que as

educadoras tenham mais formaccedilatildeo especiacutefica para trabalhar com as crianccedilas de

inclusatildeo b) a criaccedilatildeo de um grupo de estudos de caso para discutir as deficiecircncias e

as experiecircncias inclusivas c) diminuir o nuacutemero de crianccedilas nas turmas de inclusatildeo

d) maior valorizaccedilatildeo do trabalho das Educadoras e) proporcionar melhor estrutura

de atendimento nos CMEIs para que a crianccedila natildeo precise sair desse espaccedilo para ir

122

a outro atendimento como acontece com o serviccedilo do AEE f) que as educadoras

tenham maior contato com os especialistas que atendem a crianccedila para que todos

falem a ldquomesma liacutenguardquo g) divulgaccedilatildeo da inclusatildeo h) disponibilizaccedilatildeo de uma

professora tutora para dar atenccedilatildeo individualizada para a crianccedila que estaacute no CMEI

e i) mais profissionais para fazer o diagnoacutestico dos filhos diminuindo o tempo de

espera para isso

A Matildee 01 afirma que agraves vezes as educadoras ficam sobrecarregadas tendo que

atender agraves necessidades da turma e ainda ter que dar conta dos comportamentos e

caracteriacutesticas da crianccedila que estaacute em inclusatildeo portanto com vistas a resumir isso

ela sugere

como todas as crianccedilas especiais natildeo conseguem ficar em sala de aula por muito tempo esperando que tenha alguma atividade como as outras crianccedilas a escola a creche poderia ver com a prefeitura se poderia estar disponibilizando uma pessoa pra ficar com essas crianccedilas

Um dos comentaacuterios da Matildee 02 destaca algo interessante e que reflete um

receio dela sobre a relaccedilatildeo crianccedila-educadora

formaccedilatildeo para essas educadoras contato com as fisioterapeutas contato com o lugar onde a crianccedila tem atendimento para atenderem em conjunto e natildeo prejudicar e natildeo atrasar a evoluccedilatildeo da crianccedila A professora estaacute lidando com vaacuterias crianccedilas em sala e se ela der um grito ou brigar com uma forma muito autoritaacuteria pode prejudicar a crianccedila que tem dificuldade que precisa de uma atenccedilatildeo especial A formaccedilatildeo vai ajudar o atendimento dela com as crianccedilas normais e as crianccedilas que estaacute em inclusatildeo

No conjunto dos comentaacuterios e sugestotildees das professoras do Atendimento

Educacional Especializado foram citados a) os profissionais da educaccedilatildeo devem

buscar mais conhecimento sobre a crianccedila pequena e sobre a sua inclusatildeo b) deve-

se construir a consciecircncia da comunidade sobre a inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil c)

deve-se divulgar mais o trabalho do Atendimento Educacional Especializado d)

divulgar mais a inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil e) divulgar mais as possibilidades de

formaccedilatildeo continuada na aacuterea f) ter mais Educadores por sala ou menos crianccedila por

turma de inclusatildeo g) apoio psicoterapecircutico para os professores do Atendimento

Educacional Especializado

A professora P01 afirma

123

acredito que a gente ainda precisa como melhoria de trabalho buscar muito mais conhecimento sobre a crianccedila e sobre a inclusatildeo Tambeacutem a gente precisa batalhar a consciecircncia da comunidade sobre a inclusatildeo na inclusatildeo infantil no ensino fundamental

Ela tambeacutem comenta que trabalha haacute muitos anos no municiacutepio e que natildeo sabia

que existiam esses serviccedilos de inclusatildeo e por conta disso destaca que eacute preciso

haver divulgaccedilatildeo dos serviccedilos das vitoacuterias

A professora P02 afirma que as educadoras tem que estar preparadas para

atender uma crianccedila com deficiecircncia e ela reforccedila ldquoaquele professor que gosta do

que faz tem que estar preparadordquo

Continuando com seus comentaacuterios a professora P02 aponta de modo simples e

certo ldquoTem profissionais que natildeo se dedicam e noacutes professores temos que dar o

melhor para os nossos alunos Quanto menor a crianccedila mais precisa de atenccedilatildeo e

carinhordquo

Jaacute a professora P04 faz um desabafo significativo quando associado a um

trabalho com qualidade

eu acho que eacute uma carga muito pesada pra noacutes professores do AEE porque assim a gente recebe da matildee aquela carga a matildee taacute cansada jaacute fez assim e tal e tal aiacute a gente vai no CMEI com as Educadoras ou nas Escolas dai a gente recebe essa carga tambeacutem Daiacute eacute a carga que a gente jaacute tem que eacute a proacutepria crianccedila e a responsabilidade puxa vida Todo mundo taacute vendo que eu sou a salvadora que eu vou dar conta de tudo dai vocecirc fica angustiada

Lembra-se que haacute muitos valores impliacutecitos no princiacutepio da inclusatildeo de pessoas

com necessidades especiais alguns amplamente conhecidos e outros por conhecer

ou pouco mencionados (CARDOSO e BUCKLEY 2011) E por isso mesmo se faz

necessaacuterio buscar perceber o que permeia esse complexo processo tal como o que

eacute relatado pela professora P04 ou mesmo pelas demais participantes desse estudo

Pois na atualidade o que se busca eacute uma revoluccedilatildeo natildeo somente na Educaccedilatildeo

Especial mas em toda a praacutetica educativa justamente porque a inclusatildeo exige

que todos recebam o apoio que eacute necessaacuterio para participaccedilatildeo na comunidade a

que pertencem (CARDOSO e BUCKLEY 2011)

Nos comentaacuterios e sugestotildees das educadoras dos Centros Municipais de

Educaccedilatildeo Infantil foram evidenciados a) formaccedilatildeo de um grupo para discutir os

casos de inclusatildeo b) maior divulgaccedilatildeo da inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil c) mais

formaccedilatildeo especiacutefica para a inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil d) necessidade de

124

melhorar o espaccedilo fiacutesico e) diminuir o nuacutemero de crianccedila por turma f) criaccedilatildeo de

campanhas de conscientizaccedilatildeo da comunidade sobre as possibilidades da inclusatildeo

na Educaccedilatildeo Infantil g) deveria haver uma pessoa que fizesse a ponte entre todos

os que atendem a crianccedila para que tivessem acesso ao mesmo niacutevel de

entendimento sobre a crianccedila

Entre as educadoras vale a pena ressaltar alguns dos comentaacuterios que foram

expressos por elas entre os quais o da E01 e no qual afirma que ldquoeu acho que a

gente tenta mas faz mais intuitivo e pouco teacutecnico saberdquo

A educadora E02 ao indicar que seria necessaacuterio haver mais divulgaccedilatildeo da

possibilidade de incluir a crianccedila pequena no CMEI justifica

eu natildeo sabia que podia trazer para o CMEI Entatildeo divulgar assim para os pais que querem desde cedo trazer assim e para que estas crianccedilas venham assim Divulgar essa ideia da inclusatildeo assim tambeacutem para as professoras para as tias dos CMEIS tambeacutem que natildeo tem muita ideia de que isso pode acontecer

E tambeacutem afirma

eu queria falar que meu trabalho eacute muito gratificante Tenho aprendido muito Desde que eu comecei a trabalhar com ela o meu olhar sobre a Siacutendrome de Down mudou completamente

A educadora E07 faz um desabafo em relaccedilatildeo ao trabalho na Educaccedilatildeo

Infantil

a Educaccedilatildeo Infantil eacute desvalorizada porque muitos acham que as crianccedilas vecircm aqui passar o tempo e como os pais vatildeo trabalhar eles ficam aqui soacute pra brincar A gente tem a funccedilatildeo de educa-los A gente contribui educa corrige no que for preciso falta reconhecimento na Educaccedilatildeo Infantil

E acrescenta em relaccedilatildeo agrave Inclusatildeo

falta a conscientizaccedilatildeo da comunidade da famiacutelia dos educadores um trabalho da secretaria com relaccedilatildeo a isso com cursos que chamem a populaccedilatildeo a comunidade toda a se interessar porque infelizmente eacute vista com maus olhos

Jaacute a educadora E09 sugere que as educadoras natildeo sintam medo como ela

sentiu no iniacutecio do atendimento que busquem conhecimento e a superaccedilatildeo das

suas dificuldades e que ldquofaccedilam seu trabalho com amor e com carinho porque a

inclusatildeo eacute uma coisa nova e diferente mas eacute muito bomrdquo

125

44 Da necessidade de se observar e atuar na infacircncia enquanto etapa crucial

de desenvolvimento

Haacute a necessidade de se discutir natildeo soacute as especificidades da crianccedila que estaacute

em inclusatildeo mas de se determinar primeiramente quais satildeo as peculiaridades de

uma crianccedila na faixa etaacuteria atendida

Portanto faz-se imprescindiacutevel rever concepccedilotildees acerca do que vem a ser o

desenvolvimento humano e os elementos que o constituem e o que nele interferem

profundamente assim como discutir e rever fatores de risco e de proteccedilatildeo E apoacutes

se ter estabelecido a ideia de crianccedila em desenvolvimento estabelecer paracircmetros

de observaccedilatildeo acompanhamento e avaliaccedilatildeo perceber e discutir quem eacute essa

crianccedila que estaacute em inclusatildeo pois na Educaccedilatildeo Inclusiva deve comprometer-se a

desenvolver uma pedagogia capaz de educar todas as crianccedilas com sucesso e

tambeacutem porque o acesso da crianccedila com necessidades especiais agrave educaccedilatildeo

infantil pode ser considerado como um ritual que marca sua condiccedilatildeo de crianccedila

(SORIANO 1999 ZORTEacuteA 2007)

Sendo reconhecidamente estabelecido que os primeiros anos de vida satildeo

fundamentais para o crescimento desenvolvimento e aprendizagem de qualquer

indiviacuteduo pensar em desenvolvimento infantil tambeacutem requer que se reflita sobre

quais as necessidades que as crianccedilas pequenas com ou sem necessidades

educacionais especiais possuem E nesse caso pode-se afirmar que na primeira

infacircncia certamente haacute a necessidade de interaccedilotildees emocionais seguras em

ambientes que proporcionem oportunidades de aprendizagem seguras e ricas

(BAZELTON e GREENSPAN 2002)

Em acordo com Bronfenbrenner e Evans (2000) para ocorrer o desenvolvimento

de uma pessoa ela precisa participar ativamente de interaccedilotildees reciacuteprocas de

complexidade crescente com pessoas com as quais desenvolve apego forte muacutetuo

e irracional e que com o tempo se comprometa com o bem-estar e

desenvolvimento dos outros Logo especialmente para a crianccedila pequena com

necessidades educacionais especiais eacute fundamental que o profissional tenha um

bom conhecimento sobre desenvolvimento humano principalmente relacionado agrave

faixa etaacuteria que atende e sobre qual eacute o seu papel diante dessa crianccedila Isso

porque eacute necessaacuterio que ele seja capaz de perceber tanto lacunas no

desenvolvimento quanto habilidades jaacute alcanccediladas e suas relaccedilotildees com a faixa

126

etaacuteria da crianccedila e com suas caracteriacutesticas pessoais orgacircnicas culturais entre

outros Aleacutem de que deve ser capaz de estabelecer planos e estrateacutegias para

intervir e avaliar seu trabalho e o desenvolvimento infantil E isso cabe tanto agraves

educadoras da Educaccedilatildeo Infantil quanto agraves professoras do Atendimento Educacional

Especializado pois ambos os grupos trabalham diretamente com o desenvolvimento

na infacircncia

O estabelecimento e a manutenccedilatildeo das interaccedilotildees entre o cuidador e a crianccedila

dependem da disponibilidade e do envolvimento de outro adulto (terceira pessoa)

que daacute apoio e encoraja a pessoa que cuida e interage com a crianccedila (BHERING e

SARKIS 2009) No caso da presente pesquisa pode-se perceber que em vaacuterios

momentos as matildees fazem esse papel de encorajamento como por exemplo ao

buscar levar informaccedilotildees para as educadoras em relaccedilatildeo aos filhos Contudo tal

funccedilatildeo natildeo eacute evidente quando se observa o papel da professora do Atendimento

Educacional Especializado nem junto agraves matildees muito menos em relaccedilatildeo agraves

educadoras

Eacute importante lembrar que o contexto assim como a pessoa tem caracteriacutesticas

que satildeo instigadoras de desenvolvimento (BHERING E SARKIS 2009) O contexto

do Centro Municipal de Educaccedilatildeo Infantil se enquadra nesse paracircmetro enquanto

ambiente distinto do familiar especialmente por conter objetos siacutembolos ambientes

e pessoas que se mostram como estiacutemulos muito diversos dos familiares Contudo

eacute algo que ocorre por si soacute sem planejamento ou adaptaccedilotildees Ou seja as proacuteprias

educadoras informam que natildeo haacute preparaccedilatildeo ou planejamento algum para que tal

ambiente se torne instigador para a crianccedila que estaacute em inclusatildeo Isso de algum

modo parece incomodar algumas profissionais pois o natildeo planejamento nem

sempre se daacute como uma escolha delas mas como uma falta de conhecimento em

como proceder

No que se refere agrave interaccedilatildeo com as outras crianccedilas da turma o que foi referido

como positivo e importante elemento promotor de desenvolvimento e de

aprendizagem das crianccedilas em inclusatildeo lembra-se que esta natildeo pode se resumir

apenas e somente a atividades e accedilotildees realizadas ao acaso Pois a relaccedilatildeo com o

outro tambeacutem crianccedila pode provocar impactos tanto positivos quanto negativos em

quem estaacute em inclusatildeo lembrando que a turma responde ao modelo de

entendimento e aceitaccedilatildeo do diferente conforme for apresentado por suas

educadoras (DRAGO 2005)

127

De todo modo Zorteacutea (2007) fala que as crianccedilas pequenas querem estar umas

com as outras e isso eacute fundamental para que se crie laccedilos e paracircmetros sociais de

pertencimento e de identidade e isso foi possiacutevel de perceber nos relatos das

educadoras Portanto cabe aos familiares educadoras e professoras de

Atendimento Educacional Especializado que levem em consideraccedilatildeo a interaccedilatildeo

com outras crianccedilas tambeacutem como elemento de construccedilatildeo do processo inclusivo

sem no entanto consolidar o estigma que jaacute existe entre os ldquonormaisrdquo e os

ldquoinclusosrdquo

Contudo haacute que se estabelecer tanto entre as famiacutelias quanto entre as

profissionais da educaccedilatildeo estrateacutegias que auxiliem a perceber acompanhar e

avaliar o processo de desenvolvimento infantil Para que assim todos possam

interagir com a crianccedila no sentido de natildeo soacute promover seus aspectos

desenvolvimentais mas tambeacutem de identificar possiacuteveis riscos e alteraccedilotildees de

forma precoce para em decorrecircncia disso intervir com qualidade e seguranccedila E

nesse sentido concorda-se com Diaz ndash Herrero e Martinez ndash Fuentes (2009)

quando essas autoras afirmam que especialmente o ambiente da escola serve

como contexto para minimizar os efeitos de atrasos e de condiccedilotildees anocircmalas do

desenvolvimento infantil Mas isso soacute vai ocorrer quando o ambiente escolar

conseguir se adequar agraves necessidades da crianccedila do contraacuterio falharaacute enquanto

fator de proteccedilatildeo agrave infacircncia (DIAZ ndash HERRERO e MARTINEZ ndash FUENTES 2009)

Para tal faz-se urgente a necessidade de estabelecer accedilotildees que visem agrave

adequaccedilatildeo estrutural das instituiccedilotildees que atendem a infacircncia para que se

constituam em ambientes seguros e promotores do desenvolvimento infantil de

qualquer crianccedila Assim como construir e aplicar programas que levem em

consideraccedilatildeo a orientaccedilatildeo e o apoio contiacutenuo agraves famiacutelias membros da comunidade

profissionais da educaccedilatildeo e demais interessados enquanto espaccedilos coletivos de

discussatildeo reflexatildeo e formaccedilatildeo acerca do desenvolvimento e seus fatores de risco e

de proteccedilatildeo

128

45 Do reconhecimento da importacircncia dos contextos e suas inter-relaccedilotildees

Bronfenbrenner (1989) tambeacutem assinala a necessidade de haver poliacuteticas

puacuteblicas e accedilotildees que funcionem como suporte agraves atividades de educar crianccedilas de

forma ampla abrangendo pais cuidadores professores parentes amigos

vizinhos parceiros de trabalho e tambeacutem as instituiccedilotildees poliacuteticas econocircmicas e

sociais da sociedade como um todo

No presente estudo em acordo com os relatos haacute a percepccedilatildeo do papel dos

contextos como elementos importantes especialmente no que se refere agrave famiacutelia e

agraves instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Infantil Contudo essa percepccedilatildeo natildeo eacute suficiente para

que se verifique uma efetiva relaccedilatildeo entre os contextos

Portanto haacute a necessidade de se discutir tanto com a famiacutelia quanto com os

profissionais e membros da comunidade a importacircncia de um trabalho coletivo e

colaborativo quando se trata de construir um processo de inclusatildeo especialmente

na primeira infacircncia para que todos se percebam como agentes mediadores da

promoccedilatildeo do desenvolvimento infantil e da inclusatildeo em si

A relaccedilatildeo entre os contextos as caracteriacutesticas da pessoa e processos proximais

eacute pertinente na medida em que ambientes especialmente preparados para as

crianccedilas satildeo vitais e as interaccedilotildees ali estabelecidas satildeo determinantes para o seu

desenvolvimento (BHERING e SARKIS 2009) Eis aqui outro aspecto que as

participantes demonstraram em seus relatos a pouca preparaccedilatildeo para atender o

alunado em inclusatildeo Diante do que foi afirmado por Bhering e Sarkis (2007) eacute

possiacutevel inferir que isso ao longo do tempo pode gerar impactos negativos no

desenvolvimento e na aprendizagem desse alunado que estaacute construindo sua

trajetoacuteria tanto como pessoa quanto como aluno

Ainda que a crianccedila permaneccedila o dia todo na instituiccedilatildeo isso natildeo invalida o

papel da famiacutelia no que se refere agrave participaccedilatildeo no processo de inclusatildeo e da

estimulaccedilatildeo do desenvolvimento do filho e deve-se lembrar que o que ocorre na

famiacutelia afeta a instituiccedilatildeo na qual a crianccedila estaacute e vice-versa (BRONFENBRENNER

1986) Portanto concorda-se com Bronfenbrenner (1989) quando esse autor propotildee

que o funcionamento efetivo do processo de educar crianccedilas no contexto familiar e

em outros contextos tais como os Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil

requer que haja padrotildees de trocas de informaccedilatildeo estabelecidos e contiacutenuos aleacutem

129

de confianccedila muacutetua entre os principais ambientes nos quais as crianccedilas e suas

famiacutelias vivem

O compartilhamento de praacuteticas educativas familiares e escolares eacute um dos

passos importantes para o sucesso das instituiccedilotildees educacionais do desempenho e

desenvolvimento dos profissionais a frente das iniciativas das relaccedilotildees entre os

responsaacuteveis pelos processos educativos formais e informais e acima de tudo

para o desenvolvimento integral das crianccedilas (BHERING e SARKIS 2009)

Lembrar-se tambeacutem que quando se trata especificamente de crianccedilas com

alteraccedilotildees no desenvolvimento ou deficiecircncia o sucesso de programas de

intervenccedilatildeo precoce depende em grande parte da integraccedilatildeo de esforccedilos da

comunidade local e da famiacutelia (MUELLER 2008)

46 Da consideraccedilatildeo e discussatildeo das novas concepccedilotildees acerca da Inclusatildeo

Conforme Sanches e Teodoro (2007) eacute preciso saber o que queremos significar

quando falamos da inclusatildeo de um aluno na escola e quais os indicadores que nos

permitem afirmar que a crianccedila estaacute incluiacuteda ou natildeo Dentro do grupo entrevistado

haacute alguns indicadores estes estabelecidos de forma intuitiva baseada no senso

comum e em pouco conhecimento sobre o tema Contudo eacute preciso dar novo

significado ao que eacute inclusatildeo de modo que deixe de ser moda e de gerar ideias

errocircneas e simplistas de sua aplicaccedilatildeo ou que justificam sua impossibilidade

(RODRIGUES 2006)

Ao se inferir que eacute necessaacuterio considerar e discutir as novas concepccedilotildees acerca

da inclusatildeo isso quer dizer que natildeo eacute mais tempo de questionar se o que se faz eacute

integraccedilatildeo normalizaccedilatildeo ou inclusatildeo Mas de partir dos conceitos que as

profissionais e as famiacutelias jaacute trazem e dar novo significado a eles sem

desconsideraacute-los Parte-se do princiacutepio que o fato da inclusatildeo natildeo eacute mais uma

ldquogranderdquo novidade pois de algum modo ela permeia nosso dia-a-dia Contudo nem

todos demonstram essa consciecircncia O que parece ocorrer eacute que a inclusatildeo em si

se tornou uma possibilidade mal divulgada e pouco discutida o que a torna uma

realidade distante ainda que natildeo seja verdade

130

Quando se diz que eacute mal divulgada eacute no sentido de que as pessoas sabem que

tem que ldquoincluir os diferentesrdquo - muito se afirma nas miacutedias que todos satildeo diferentes

que deve haver respeito e igualdade de oportunidades para todos - mas sabem elas

quem satildeo esses diferentes Sabem elas onde eles devem ser incluiacutedos Quando se

referencia que a inclusatildeo eacute uma possibilidade pouco discutida eacute que natildeo o

suficiente apenas ter informaccedilotildees sobre a inclusatildeo Faz-se necessaacuterio discutir

refletir re-significar e ampliar a concepccedilatildeo do que eacute a inclusatildeo desde quando se eacute

sujeito e qual eacute o objetivo da inclusatildeo E quando se afirma que a inclusatildeo eacute uma

possibilidade distante eacute porque ela se torna exatamente isso para determinadas

pessoas especialmente no caso das educadoras e professoras que tem em seu rol

de formaccedilatildeo dados informaccedilotildees ou experiecircncias que tratem do processo inclusivo

Diante disso eacute possiacutevel pensar que um dos aspectos que faltam agrave formaccedilatildeo eacute dar

sentido ao que os envolvidos trazem seja como experiecircncia de vida ou como

formaccedilatildeo acadecircmica

Quando se percebe que segundo as participantes a inclusatildeo serve agrave

socializaccedilatildeo que eacute um direito que eacute uma oportunidade que eacute vantajoso que eacute a

chance da crianccedila estar em um lugar seguro elas estatildeo tambeacutem indicando

concepccedilotildees que de algum modo fundamentam sua relaccedilatildeo com a crianccedila Natildeo

obstante esses fatos natildeo devem ser tomados como base se julgamento de suas

competecircncias habilidades ou eficiecircncia em compreender e buscar atender o aluno

da melhor maneira possiacutevel - ainda que essa maneira natildeo se enquadre no que

academicamente eacute desejaacutevel ou recomendaacutevel

Dentro de uma escola para todos esse ldquotodosrdquo deve envolver tambeacutem os sujeitos

que ali se envolvem seja a crianccedila com deficiecircncia matildee a professora profissionais

Fernandes Bolsanello e Ceretta (2009) apontam para o fato de que a inclusatildeo

passa necessariamente pela possibilidade de assegurar agraves crianccedilas agraves famiacutelias e

aos professores apoio formaccedilatildeo e condiccedilotildees praacuteticas pois estas satildeo questotildees

imprescindiacuteveis para que a inclusatildeo de fato aconteccedila

Concorda-se com Sanches e Teodoro (2007) quando esses autores afirmam que

haacute muitos obstaacuteculos que podem ser enunciados para natildeo ser praticada uma

educaccedilatildeo inclusiva mas o verdadeiro obstaacuteculo estaacute na forma de pensar na e sobre

a diferenccedila e da disponibilidade daiacute decorrente

131

47 Da consideraccedilatildeo das (necessaacuterias) transformaccedilotildees que vem ocorrendo na

Educaccedilatildeo Infantil

Facilmente se percebe as muacuteltiplas transformaccedilotildees que vecircm se desenrolando ao

longo das uacuteltimas deacutecadas na Educaccedilatildeo Infantil Mudanccedilas que implicam no

reconhecimento do papel da instituiccedilatildeo enquanto serviccedilo necessaacuterio agrave matildee

trabalhadora na contemporaneidade no sentido de ser espaccedilo de promoccedilatildeo do

desenvolvimento na infacircncia e alteraccedilatildeo da identidade da educadora enquanto

profissional da educaccedilatildeo agente de desenvolvimento e aprendizagem Deve-se

agregar a esses itens tambeacutem os aspectos relacionados agrave possibilidade de

inclusatildeo de bebecircs e de crianccedilas pequenas nas instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Infantil

Desse modo deve-se reconhecer que ter uma crianccedila especial na turma faz com

que a educadora da Educaccedilatildeo Infantil tenha que repensar seu papel mais uma vez

agora no que se refere a aspectos que ateacute pouco tempo atraacutes cabiam apenas ao

professor da Educaccedilatildeo Especial Junto a isso deve-se ater ao fato de que a

instituiccedilatildeo em si em termos estruturais tambeacutem deve rever seus ambientes

materiais condiccedilatildeo de acesso e permanecircncia desse alunado

Reforccedila-se que natildeo eacute mais tempo de se pensar na inclusatildeo como algo distante

fora da realidade do Ensino Regular para o momento considere-se que eacute

imprescindiacutevel ver que a inclusatildeo para ser como tal tem que ser total radical natildeo

podendo haver ldquoporeacutensrdquo E eacute nessa radicalidade que se verificam as devidas

necessidades de transformaccedilatildeo real e profunda sem preacircmbulos ou desculpas Soacute

se aprende a fazer uma escola inclusiva na accedilatildeo e discussatildeo a respeito Como

saber quais as condiccedilotildees ideais para que a inclusatildeo ocorra mantendo os diferentes

longe dessa escola Eacute preciso ver sentir experenciar conviver ouvir e ir

construindo a caminhada durante o proacuteprio percurso

Por isso merece destaque o que Mantoan (2006) afirma e para a qual a inclusatildeo

eacute produto de uma escola plural democraacutetica e transgressora o que provoca uma

crise escolar ou melhor uma crise de identidade institucional que por sua vez abala

a identidade dos professores provocando que a identidade do aluno tambeacutem seja

ressignificada

Daiacute que a figura da educadora eacute especialmente importante para que a

diversidade humana possa se fazer presente na escola porque satildeo elas que no

132

meio de suas contradiccedilotildees duacutevidas avanccedilos medos disponibilidades ansiedades

acolhimentos e possibilidades assumem os alunos em suas salas de aula (JESUS

2008)

E ao ouvi-las nesse estudo percebeu-se que entre as suas queixas estatildeo

questotildees que natildeo satildeo de exclusividade de quem atende turmas inclusivas tais

como as salas de aula numerosas em termos de alunos a dificuldade de dar

atenccedilatildeo mais individualizada agraves crianccedilas pequenas a falta de conhecimento sobre o

desenvolvimento infantil e a ocorrecircncia de ambientes que precisam ser mais bem

adaptados para todas as crianccedilas

O que possibilita inferir que a dificuldade maior de uma turma de inclusatildeo talvez

nem seja a crianccedila com necessidades educacionais especiais mas toda uma

estrutura que engloba formas de pensamento modos de agir de formaccedilatildeo docente

que natildeo proporcionam uma maior amplitude de visatildeo do profissional quanto agrave sua

funccedilatildeo junto com a proacutepria estrutura do atendimento que necessita ser modificada

Ainda no que se refere ao papel da educadora frente agrave inclusatildeo da crianccedila

pequena Camera (2006) afirma que quando se exercita o papel uma figura de

mediadora estaacute sendo delineada a construccedilatildeo de uma pedagogia da complexidade

onde deve haver espaccedilo para muacuteltiplos olhares para uma escuta sensiacutevel e para

acolher o que vai se constituindo pelo movimento das proacuteprias crianccedilas onde se

vivencia a disponibilidade ao diaacutelogo e a reciprocidade construindo assim uma

pedagogia da compreensatildeo

Desse modo urge que na formaccedilatildeo da identidade docente tambeacutem seja

considerada a sua funccedilatildeo como agente de inclusatildeo

Jaacute no que se refere agrave participaccedilatildeo da famiacutelia de crianccedilas com necessidades

educacionais especiais na Educaccedilatildeo Infantil percebe-se ndash como indicado

anteriormente - que esta natildeo vem se dando de modo diferente do que o esperado

no caso de filhos que natildeo estatildeo em inclusatildeo Mas ressalta-se novamente que eacute

fundamental que a famiacutelia que tem um filho com necessidades educacionais

especiais seja atendida em suas peculiaridades e principalmente que seja

construiacutedo com ela o processo de inclusatildeo de sua crianccedila Ateacute porque eacute sabido que

quando nasce uma crianccedila com deficiecircncia haacute normalmente uma grande

necessidade de apoiar e orientar essa famiacutelia de modo que natildeo haja perdas no

processo de aceitaccedilatildeo do filho Acredita-se que a instituiccedilatildeo de Educaccedilatildeo Infantil

tambeacutem possa servir como apoio agrave famiacutelia

133

Em acordo com Sigolo e Oliveira (2008) haacute uma vivecircncia familiar anterior agrave

escola que natildeo pode ser ignorada A entrada na escola significa um grande passo

na transiccedilatildeo da dependecircncia para a autonomia da crianccedila assim o papel da escola

junto da famiacutelia e a funccedilatildeo dos pais na escola tecircm que ser observados nesse

contexto Pois em algumas situaccedilotildees para os pais e familiares proacuteximos lidar com

a entrada de uma crianccedila pequena na crechepreacute-escola significa lidar com muitos

sentimentos que por vezes satildeo ambivalentes O que pode trazer para o contexto

familiar novas preocupaccedilotildees rotinas e adequaccedilotildees (BHERING e SARKIS 2009)

Logo a compreensatildeo desse processo pode auxiliar na definiccedilatildeo de objetivos e de

estrateacutegias de ensino para o aluno especial (SIGOLO e OLIVEIRA 2008)

Ainda que a colaboraccedilatildeo de pais de alunos com necessidades educacionais

especiais seja pensada como difiacutecil pois estes satildeo vistos como natildeo capacitados

para contribuir na elaboraccedilatildeo de programas educativos ela eacute possiacutevel e na

atualidade uma necessidade imprescindiacutevel (SIGOLO e OLIVEIRA 2008) E essa

deve ser vista sem preconceitos ou preacute-julgamentos

Portanto ressalta-se que a inclusatildeo eacute um problema de todos (RODRIGUES

2006) o que implica considerar os sujeitos que podem colaborar com ela e orientar

accedilotildees e estrateacutegias que melhor os capacitem para lidar com as condiccedilotildees da crianccedila

pequena que estaacute na Educaccedilatildeo Infantil

48 Da consideraccedilatildeo das transformaccedilotildees que vecircm ocorrendo na Educaccedilatildeo

Especial

Tambeacutem a Educaccedilatildeo Especial passou e ainda passa por profundas

transformaccedilotildees Na medida em que esse professor sai da Escola Especial e passa

a possibilidade de tambeacutem estar lotado nos espaccedilos de ensino regular atendendo

uma nova especificidade de alunos de um modo que natildeo corresponde mais agrave ideia

de turma formal mas com alguma liberdade para desenvolver sua funccedilatildeo esse

mesmo profissional se perde em sua identidade e assim novas demandas e

necessidades se criam Entre elas e natildeo diferente do que ocorre no acircmbito da

Educaccedilatildeo Infantil eacute facilmente verificado no presente estudo que as professoras

134

tambeacutem estatildeo revendo e reorganizando as especificidades do que cabe agrave sua

funccedilatildeo

O fato de terem que atender a uma gama ampla de necessidades especiais e

faixas etaacuterias diferentes exige desses profissionais um perfil mais dinacircmico e flexiacutevel

voltado para a pesquisa e estudo constante Tambeacutem se percebe que essas

professoras estatildeo sendo legalmente convidadas a saiacuterem de suas salas de aula e

auxiliarem na construccedilatildeo da inclusatildeo de seus alunos nas instituiccedilotildees do ensino

regular

No que se refere especificamente agrave crianccedila pequena outros desafios se fazem

notar Entre eles o fato de ter que lidar natildeo soacute com os conhecidos meacutetodos

pedagoacutegicos mas agora tambeacutem ter que se interar de assuntos que fazem

referecircncia ao desenvolvimento humano

Aos fazerem referecircncia de que seu trabalho com crianccedilas pequenas eacute ou seraacute

voltado para a estimulaccedilatildeo essencial e ao esclarecerem o modo como entendem

isso essas professoras demonstram que necessitam de maior embasamento teoacuterico

e praacutetico a respeito E eacute nesse sentido que se propotildee que o Atendimento

Educacional Especializado para bebecircs e crianccedilas pequenas seja construiacutedo a partir

do entendimento de que tambeacutem eacute um processo de intervenccedilatildeo precoce e de que

esse seja voltado para a valorizaccedilatildeo e inter-relaccedilatildeo dos contextos

desenvolvimentais nos quais a crianccedila pequena participa

Logo torna-se imprescindiacutevel que essas profissionais tenham condiccedilotildees teoacuterico-

metodoloacutegicas para promover o desenvolvimento na infacircncia bem como para

orientar e dar apoio agrave famiacutelia e agraves educadoras Segundo Mantoan (2006) o papel da

educaccedilatildeo especial na perspectiva inclusiva eacute muito importante e natildeo pode ser

negado mas dentro dos limites de suas atribuiccedilotildees sem que sejam extrapolados os

seus espaccedilos de atuaccedilatildeo especiacutefica Essas atribuiccedilotildees conforme jaacute foi referido

complementam e apoiam o processo de escolarizaccedilatildeo de alunos com deficiecircncia

que estatildeo regularmente matriculados nas escolas comuns

O espaccedilo criado pela possibilidade de inclusatildeo emerge sempre como um

grande elo no qual podem ser verificadas experiecircncias profundas de emancipaccedilatildeo e

valorizaccedilatildeo humana Poreacutem isso soacute vai ocorrer verdadeiramente se forem

consideradas e aceitas as necessaacuterias transformaccedilotildees tanto da Educaccedilatildeo Infantil

como na Educaccedilatildeo Especial

135

5 CONCLUSOtildeES

Com fins de realizar as consideraccedilotildees finais acerca das informaccedilotildees

percebidas durante o processo de apresentaccedilatildeo de dados retoma-se a questatildeo que

norteou esta pesquisa

Quais concepccedilotildees norteiam o processo de inclusatildeo da crianccedila pequena com

necessidades educacionais especiais no contexto do Centro Municipal de

Educaccedilatildeo Infantil segundo suas Matildees suas Educadoras na Educaccedilatildeo Infantil e

suas Professoras do Atendimento Educacional Especializado

Ao se propor a investigaccedilatildeo do processo inclusivo 18 anos apoacutes a Declaraccedilatildeo

de Salamanca inicialmente parecia que se iria discutir um tema amplamente

debatido e jaacute esgotado em possibilidades Poreacutem na medida em que se eacute possiacutevel

debruccedilar sobre leituras praacuteticas inclusivas jaacute realizadas e sobre os dados e

concepccedilotildees coletadas nessa pesquisa percebe-se que mesmo que os anos

tenham se passado e as experiecircncias nesse acircmbito se multipliquem ainda haacute

questotildees a serem debatidas e claro novas demandas se estabelecem e antigas

reflexotildees acerca do tema merecem ser resgatadas O que estaacute em consonacircncia com

o que segundo Alves (2007) ressalta nos aponta para o fato de que os casos de

inclusatildeo sempre trazem consigo uma gama de novas necessidades e duacutevidas De

algum modo vai ao encontro do que Guasselli (2005) afirma quando comenta que a

proposta da educaccedilatildeo inclusiva eacute complexa pois articula vaacuterios aspectos entre os

quais o autor faz destaque o tempo instituiacutedo e o tempo do aluno o peso da

aprendizagem formal em detrimento das habilidades do aluno e o olhar do professor

e dos demais alunos sobre as necessidades especiais

O presente estudo trouxe concepccedilotildees de inclusatildeo que muito embora a

primeira vista pareccedilam heterogecircneas possuem elementos em comum Elas

sugerem ainda uma perspectiva inclusiva voltada para a possibilidade de

socializaccedilatildeo da crianccedila pequena com necessidades educacionais especiais com

ldquocrianccedilas normaisrdquo e para a concepccedilatildeo de que estar em inclusatildeo eacute o cumprimento

de um direito O que num primeiro momento aparenta ser uma celebraccedilatildeo pode no

decorrer do tempo tornar-se a reafirmaccedilatildeo de estigmas preconceitos e de accedilotildees e

136

concepccedilotildees que banalizam reduzem e simplificam a complexidade do que eacute o

processo inclusivo especialmente para as crianccedilas pequenas

A famiacutelia participa pouco do processo de inclusatildeo de sua crianccedila isso tanto

no que se refere ao Atendimento Educacional Especializado quanto no Centro

Municipal de Educaccedilatildeo Infantil Sua participaccedilatildeo eacute reconhecida como importante

para as participantes mas os relatos sobre a praacutetica natildeo demonstram isso

O professor do Atendimento Educacional Especializado eacute uma figura

praticamente desconhecida das educadoras e para as matildees natildeo representa uma

referencia consideraacutevel quando se tem duacutevidas ou dificuldades

Os CMEIs aparecem como instituiccedilotildees ainda despreparadas para atender

com qualidade crianccedilas pequenas que estatildeo em inclusatildeo assim como as

educadoras aparentam ser profissionais sem preparo e experiecircncia para trabalhar

com crianccedilas pequenas com deficiecircncia Contudo ainda que esse despreparo seja

algo relatado pelas participantes inclusive pelas proacuteprias educadoras haacute o

reconhecimento por parte das entrevistadas que essas profissionais se esforccedilam

por fazer um bom trabalho e no decorrer do tempo em que estatildeo atendendo essas

crianccedilas jaacute indicam modificaccedilotildees em suas accedilotildees e em suas concepccedilotildees sobre a

crianccedila e sobre sua funccedilatildeo enquanto profissionais da educaccedilatildeo

No que se refere ao despreparo dos CMEIs foram indicadas pelas

participantes especialmente pelas educadoras a falta de condiccedilotildees de

acessibilidade materiais e ambientes que natildeo satildeo adaptados e condiccedilotildees que

implicam em risco inclusive para crianccedilas que natildeo tem nenhum tipo de necessidade

especial ou alteraccedilatildeo no desenvolvimento

Sobre o trabalho das educadoras chama atenccedilatildeo a queixa a respeito do

nuacutemero de crianccedilas por turma o que segundo grande parte das participantes eacute

muito grande o que dificultaria o atendimento de crianccedilas com necessidade

especial Em vaacuterios momentos foi sugerido que se mantivesse uma professora extra

especiacutefica para cuidar da crianccedila que estaacute em inclusatildeo Tambeacutem se percebe uma

grande necessidade de as educadoras terem espaccedilos para conversar e se informar

sobre a inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil e sobre as especificidades das crianccedilas que

atendem

O processo de inclusatildeo em si se mostra sendo realizado como accedilotildees isoladas

e desestruturadas com pouca relaccedilatildeo entre os diversos sujeitos envolvidos (matildees

crianccedilas educadoras especialistas professoras do AEE comunidade etc) No

137

caso especiacutefico do trabalho no Centro Municipal de Educaccedilatildeo Infantil tambeacutem eacute

possiacutevel inferir que a inclusatildeo de bebecircs e de crianccedilas pequenas natildeo seguem um

planejamento ou projeto apropriado muito menos que se considerem aspectos

como a promoccedilatildeo do desenvolvimento dessas crianccedilas a participaccedilatildeo da famiacutelia

apoio agraves educadoras relaccedilatildeo com a comunidade por exemplo O que parece

contribuir para o sentimento de desamparo e despreparo das educadoras e de

inseguranccedila por parte das matildees das crianccedilas

Quanto ao trabalho das professoras do Atendimento Educacional

Especializado tambeacutem parece ser necessaacuterio discutir e estabelecer de uma forma

mais clara e profunda quais suas atribuiccedilotildees junto ao desenvolvimento global da

crianccedila pequena e sobre o que vem a ser o atendimento em

estimulaccedilatildeointervenccedilatildeo precoce Sugere-se que isso seja realizado em equipe

interdisciplinar - se possiacutevel ndash e que seja baseado em modelos integrais de

atendimento agrave crianccedila e sendo considerada a participaccedilatildeo da famiacutelia nesse

processo de promoccedilatildeo do desenvolvimento e de minimizaccedilatildeo de riscos e impactos

Ainda que a inclusatildeo natildeo seja mais uma novidade dentro da aacuterea

educacional pois haacute muito vem sendo discutida exposta e mesmo vivenciada foi

possiacutevel perceber que as educadoras dessa pesquisa natildeo se mostraram afeitas ao

tema indicando um grande distanciamento do que venha a ser a experiecircncia

inclusiva

Mesmo com todas as dificuldades apresentadas pelas entrevistadas e a

desarticulaccedilatildeo de conceitos e accedilotildees na construccedilatildeo do processo inclusivo eacute

consenso que para a crianccedila pequena estar instituiccedilatildeo de Educaccedilatildeo Infantil eacute algo

imensamente positivo Foi indicado pelas participantes que todas as crianccedilas

ganham com o processo inclusivo em alguma instacircncia tanto as que tecircm

necessidades educacionais especiais quanto as que natildeo tecircm Contudo as

evoluccedilotildees e transformaccedilotildees positivas que facilmente satildeo vistas nas crianccedilas que

estatildeo em inclusatildeo tambeacutem aparecem em acordo com os relatos como algo

inerente ao fato de estarem na instituiccedilatildeo natildeo resultado de planejamentos

discussotildees ou accedilotildees voltadas especificamente para a qualidade do processo

inclusivo

Desse modo diante dos dados organizados na presente pesquisa foram

observadas como demandas a serem consideradas quando se pretende um

processo inclusivo com qualidade aquelas oriundas das necessidades de a) se

138

observar e atuar na infacircncia enquanto etapa crucial de desenvolvimento b) do

reconhecimento da importacircncia dos contextos e suas relaccedilotildees c) da consideraccedilatildeo e

discussatildeo das novas concepccedilotildees acerca da Inclusatildeo d) da consideraccedilatildeo das

transformaccedilotildees que vecircm ocorrendo na Educaccedilatildeo Infantil e) da consideraccedilatildeo das

transformaccedilotildees que vecircm ocorrendo na Educaccedilatildeo Especial

Por fim ainda que o tema da Educaccedilatildeo Inclusiva esteja longe de ser

esgotado especialmente no que compete agrave Educaccedilatildeo Infantil e diante de todas as

informaccedilotildees oferecidas agrave anaacutelise e discussatildeo nessa pesquisa eacute possiacutevel considerar

que esta Tese demonstrou

a) Que a inclusatildeo de crianccedilas pequenas com deficiecircncia na Educaccedilatildeo

Infantil ainda reflete diversas contradiccedilotildees e desencontros sendo

realizada de maneira simplificada no sentido do cumprimento de um

direito e tendo como foco a socializaccedilatildeo desse alunado com crianccedilas

ldquonormaisrdquo preterindo outras importantes funccedilotildees interventivas precoces

tatildeo necessaacuterias agrave promoccedilatildeo de um desenvolvimento amplo e saudaacutevel

b) Que a experiecircncia inclusiva mesmo diante da realidade exposta nos

contextos pesquisados se mostra vaacutelida por ser uma accedilatildeo que

transgride o comum pois proporciona novas reflexotildees novas

necessidades duacutevidas e significados o que com certeza poderaacute gerar

outras perspectivas e estrateacutegias em prol da qualidade educacional e da

promoccedilatildeo do desenvolvimento humano

Outrossim sugere-se que todo processo inclusivo que vise atender a crianccedila

pequena com necessidades educacionais especiais considere

a) a construccedilatildeo de uma concepccedilatildeo de crianccedila pequena ativa e em desenvolvimento

b) a discussatildeo e ampliaccedilatildeo da concepccedilatildeo de inclusatildeo especialmente no que se

refere agrave Educaccedilatildeo Infantil

c) a importacircncia de uma abordagem de atendimento baseada nas relaccedilotildees e trocas

muacutetuas entre os contextos nos quais a crianccedila participa direta ou indiretamente

d) as caracteriacutesticas e necessidades da famiacutelia da crianccedila que estaacute em inclusatildeo

tornando-a tambeacutem agente mediadora da inclusatildeo do filho

139

e) a identidade e o papel da educadora que trabalha no Centro Municipal de

Educaccedilatildeo Infantil e da professora do Atendimento Educacional Especializado

enquanto agentes mediadoras da inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil

f) a inclusatildeo tambeacutem como um modo de intervenccedilatildeo precoce na qual se previne e

minimiza riscos e dificuldades e promovendo o desenvolvimento humano

g) a adequaccedilatildeo dos espaccedilos das creches levando-se em consideraccedilatildeo a realidade

do atendimento a quantidade de crianccedilas atendidas e as especificidades do puacuteblico

infantil que estaacute em inclusatildeo

h) a criaccedilatildeo de cursos especiacuteficos que tratem da inclusatildeo na primeira infacircncia

i) que os cursos de formaccedilatildeo inicial e os de formaccedilatildeo continuada levem em conta a

inclusatildeo de uma crianccedila real e que possam ser organizados conforme a linguagem

e a realidade praacutetica profissional

j) que sejam feitas mais pesquisas para verificar como o desenvolvimento infantil

vem sendo concebido avaliado e promovido nesta faixa etaacuteria e em outros

contextos de creche especialmente no que se refere ao desenvolvimento da crianccedila

pequena com necessidades especiais

k) de se aprofundar os estudos sobre de que modo a inclusatildeo de bebecircs com

necessidades especiais vem sendo tratada pelas educadoras bem como de que

forma esta inclusatildeo contribui ou natildeo para o desenvolvimento infantil dessas mesmas

crianccedilas

l) e por fim que as Universidades contribuam com projetos de pesquisa e de

extensatildeo para que conceitos importantes sejam re-significados dentro da Educaccedilatildeo

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Editora Juruaacute 2008

WINNICOTT D W A crianccedila e seu mundo Rio de Janeiro Zahar 1975

161

ANEXOS

162

ANEXO A

Roteiro de Entrevistas ndash Matildees

Caracterizaccedilatildeo da Matildee da crianccedila que estaacute em inclusatildeo

1 Nome Completo

2 Idade

3 Escolaridade

4 Ocupaccedilatildeo

Caracterizaccedilatildeo da Famiacutelia da crianccedila que estaacute em inclusatildeo

1 Composiccedilatildeo familiar

Membro Idade MF Escolaridade Ocupaccedilatildeo

01

02

03

04

05

06

2 Quem mora com a crianccedila

3 Qual eacute a renda mensal meacutedia da famiacutelia

4 Haacute mais algum caso de deficiecircncia na sua famiacutelia Comente sua resposta

Caracterizaccedilatildeo da crianccedila que estaacute em inclusatildeo

1 Nome

2 Idade

3 Como eacute o seu filho

163

4 A senhora saberia me dizer qual eacute o diagnoacutestico do seu filho

5 Quando a senhora soube o diagnoacutestico dele o que pensou

6 E hoje que seu filho estaacute no CMEI como se sente

7 Como vocecirc faz para saber se seu filho estaacute se desenvolvendo bem

8 Seu filho frequentou outra instituiccedilatildeo antes de vir para esse CMEI Qual

Comente sua resposta

9 Desde quando seu filho frequenta este CMEI

10 Por que a senhora decidiu matricular seu filho no CMEI

11 Por que a senhora escolheu esse CMEI

12 Qual eacute a turma que seu filho frequenta

13 Quanto tempo por dia sua crianccedila fica no CMEI

14 Atualmente seu filho frequenta algum outro atendimento aleacutem do CMEI

Como eacute isso

15 Como costuma ser a rotina da crianccedila

16 A senhora tem alguma dificuldade em atender sua crianccedila

17 Quando aparecem duacutevidas sobre seu filho o que a senhora faz

18 A senhora recebe ou jaacute recebeu alguma orientaccedilatildeo sobre como atender seu

filho Comente sua resposta

19 Que tipo de atividades vocecirc e sua famiacutelia costumam fazer com a crianccedila

Concepccedilotildees sobre o processo inclusivo

1 Dizer que essa crianccedila estaacute em inclusatildeo o que significa para vocecirc

2 Se algueacutem lhe perguntasse qual eacute o motivo de crianccedilas com deficiecircncia

estarem frequentando o CMEI o que vocecirc diria

3 Qual eacute a sua opiniatildeo sobre a inclusatildeo nos CMEIs

4 Como deveriam ser os CMEIs para atenderem bem os casos de inclusatildeo

5 Como a famiacutelia da crianccedila que tem deficiecircncia pode ajudar na inclusatildeo de seu

filho

6 Como devem ser as educadoras de CMEI para que atendam bem as crianccedilas

que estatildeo em inclusatildeo

7 Como a professora do Atendimento Educacional Especializado pode

contribuir com a inclusatildeo no CMEI

164

8 Que tipo de apoio a famiacutelia da crianccedila que estaacute em inclusatildeo precisa para

atender bem seu filho

9 Que tipo de apoio as educadoras de CMEI precisam para atender bem os

casos de inclusatildeo

10 Vocecirc acha que os CMEIs estatildeo preparados para atender crianccedilas pequenas

em inclusatildeo Comente sua resposta

11 Vocecirc acha que as educadoras de CMEI estatildeo preparadas para atender

crianccedilas pequenas em inclusatildeo Comente sua resposta

12 Qual sua opiniatildeo sobre o trabalho das educadoras que atendem turmas de

inclusatildeo

13 De que maneira acontece a participaccedilatildeo da famiacutelia no processo de inclusatildeo

do filho que estaacute no CMEI Qual sua opiniatildeo sobre isso

14 Em sua opiniatildeo quais as maiores vantagens que a inclusatildeo na Educaccedilatildeo

Infantil traz Comente sua resposta

15 Existiriam desvantagens na inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil Comente sua

resposta

16 Vocecirc gostaria de falar mais alguma coisa sobre a inclusatildeo da crianccedila

pequena no CMEI

165

ANEXO B

Roteiro de Entrevistas ndash Educadoras de CMEI

Caracterizaccedilatildeo da Educadora

Nome Completo

Idade

Estado civil

Escolarizaccedilatildeo

Possui alguma formaccedilatildeo especiacutefica para trabalhar com crianccedilas pequenas na

Educaccedilatildeo Infantil

Possui alguma formaccedilatildeo especiacutefica na aacuterea da Educaccedilatildeo Especial e

Inclusiva

Vocecirc teve experiecircncia como professora fora da Educaccedilatildeo Infantil Comente

sua resposta

Vocecirc teve outras experiecircncias como professora de turmas de inclusatildeo antes

dessa Comente sua resposta

Vocecirc teve ou tem alguma ou experiecircncia com pessoas com deficiecircncia fora

da aacuterea educacional Como foi isso

Caracterizaccedilatildeo do Trabalho da Educadora e o processo inclusivo

1 Qual eacute o seu horaacuterio de trabalho aqui no CMEI

2 Qual eacute a turma que vocecirc atende atualmente

3 Quanto tempo faz que vocecirc estaacute atendendo essa turma

4 Vocecirc divide o atendimento da turma com algueacutem Como eacute isso

5 Como costuma ser sua rotina aqui na creche

6 Vocecirc costuma planejar o atendimento dessa turma Como eacute isso

7 Como eacute a crianccedila que estaacute em inclusatildeo na sua turma

8 Haacute quanto tempo vocecirc atende essa crianccedila

9 Quando vocecirc soube que iria atender essa crianccedila o que pensou Comente

sua resposta

166

10 E hoje que vocecirc jaacute a conhece como se sente ao atendecirc-la Comente sua

resposta

11 Como vocecirc faz para saber se essa crianccedila estaacute se desenvolvendo bem

12 Como eacute o seu trabalho com essa crianccedila que estaacute em inclusatildeo

13 Vocecirc tem alguma dificuldade em atendecirc-la Comente sua resposta

14 Quando vocecirc tem duacutevidas ou dificuldades sobre essa crianccedila o que vocecirc faz

Comente sua resposta

15 Vocecirc recebe ou recebeu algum tipo de orientaccedilatildeo sobre como atender essa

crianccedila Comente sua resposta

Concepccedilotildees sobre o processo inclusivo

16 Dizer que essa crianccedila estaacute em inclusatildeo o que significa para vocecirc

17 Se algueacutem lhe perguntasse qual eacute o motivo de crianccedilas com deficiecircncia

estarem frequentando o CMEI o que vocecirc diria

18 Qual eacute a sua opiniatildeo sobre a inclusatildeo nos CMEIs

19 Como deveriam ser os CMEIs para atenderem bem os casos de inclusatildeo

20 Como a famiacutelia da crianccedila que tem deficiecircncia pode ajudar na inclusatildeo de seu

filho

21 Como devem ser as educadoras de CMEI para que atendam bem as crianccedilas

que estatildeo em inclusatildeo

22 Como a professora do Atendimento Educacional Especializado pode

contribuir com a inclusatildeo no CMEI

23 Que tipo de apoio a famiacutelia da crianccedila que estaacute em inclusatildeo precisa para

atender bem seu filho

24 Que tipo de apoio as educadoras de CMEI precisam para atender bem os

casos de inclusatildeo

17 Vocecirc acha que os CMEIs estatildeo preparados para atender crianccedilas pequenas

em inclusatildeo Comente sua resposta

18 Vocecirc acha que as educadoras de CMEI estatildeo preparadas para atender

crianccedilas pequenas em inclusatildeo Comente sua resposta

19 Qual sua opiniatildeo sobre o trabalho das educadoras que atendem turmas de

inclusatildeo

167

20 De que maneira acontece a participaccedilatildeo da famiacutelia no processo de inclusatildeo

do filho que estaacute no CMEI Qual sua opiniatildeo sobre isso

21 Em sua opiniatildeo quais as maiores vantagens que a inclusatildeo na Educaccedilatildeo

Infantil traz Comente sua resposta

22 Existiriam desvantagens na inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil Comente sua

resposta

23 Vocecirc gostaria de falar mais alguma coisa sobre a inclusatildeo da crianccedila

pequena no CMEI

168

ANEXO C

Roteiro de Entrevistas ndash Professoras do Atendimento Educacional

Especializado (AEE)

Caracterizaccedilatildeo da Professora do AEE

Nome Completo

Idade

Estado civil

Escolarizaccedilatildeo

Possui alguma formaccedilatildeo especiacutefica para trabalhar com crianccedilas pequenas

Possui alguma formaccedilatildeo especiacutefica para trabalhar com Educaccedilatildeo Especial e

Inclusiva

Possui alguma formaccedilatildeo especiacutefica para trabalhar como professora do AEE

Haacute quanto tempo vocecirc trabalha na educaccedilatildeo

Antes de trabalhar como professora do AEE vocecirc teve outras experiecircncias na

aacuterea de Educaccedilatildeo Infantil Como foi isso

Antes de trabalhar como professora do AEE vocecirc teve outras experiecircncias na

aacuterea de Educaccedilatildeo Especial ou Inclusiva Como foi isso

Teve ou tem alguma outra experiecircncia com pessoas com deficiecircncia fora da

aacuterea educacional Como foi isso

Caracterizaccedilatildeo do Trabalho do AEE

1 Qual eacute o seu horaacuterio de trabalho no AEE

2 Quanto tempo faz que vocecirc estaacute trabalhando como professora do AEE

3 Como eacute o seu trabalho no AEE

4 Quais as maiores diferenccedilas entre o AEE para o Ensino Fundamental e o

AEE para a Educaccedilatildeo Infantil

5 Quantos alunos vocecirc atende no AEE Quantos satildeo da Educaccedilatildeo Infantil e

quantos satildeo do Ensino Fundamental

6 Quanto tempo faz que vocecirc atende essa crianccedila no AEE

7 Quando vocecirc soube que iria atender essa crianccedila pequena o que pensou

Comente sua resposta

169

8 E hoje que vocecirc jaacute a conhece como se sente ao atendecirc-la Comente sua

resposta

9 Como vocecirc faz para saber se essa crianccedila estaacute se desenvolvendo bem

10 Como eacute o seu trabalho com essa crianccedila que estaacute em inclusatildeo

11 Vocecirc tem alguma dificuldade em atendecirc-la Comente sua resposta

12 Quando vocecirc tem duacutevidas ou dificuldades sobre essa crianccedila o que vocecirc faz

Comente sua resposta

13 Vocecirc recebe ou recebeu algum tipo de orientaccedilatildeo sobre como atender essa

crianccedila Como eacute isso

14 Vocecirc sabe quais outros serviccedilos essa crianccedila frequenta aleacutem do CMEI

Concepccedilotildees sobre o processo inclusivo

15 Dizer que essa crianccedila estaacute em inclusatildeo o que significa para vocecirc

16 Se algueacutem lhe perguntasse qual eacute o motivo de crianccedilas com deficiecircncia

estarem frequentando o CMEI o que vocecirc diria

17 Qual eacute a sua opiniatildeo sobre a inclusatildeo nos CMEIs

18 Como deveriam ser os CMEIs para atenderem bem os casos de inclusatildeo

19 Como a famiacutelia da crianccedila que tem deficiecircncia pode ajudar na inclusatildeo de seu

filho

20 Como devem ser as educadoras de CMEI para que atendam bem as crianccedilas

que estatildeo em inclusatildeo

21 Como a professora do Atendimento Educacional Especializado pode

contribuir com a inclusatildeo no CMEI

22 Que tipo de apoio a famiacutelia da crianccedila que estaacute em inclusatildeo precisa para

atender bem seu filho

23 Que tipo de apoio as educadoras de CMEI precisam para atender bem os

casos de inclusatildeo

24 Vocecirc acha que os CMEIs estatildeo preparados para atender crianccedilas pequenas

em inclusatildeo Comente sua resposta

25 Vocecirc acha que as educadoras de CMEI estatildeo preparadas para atender

crianccedilas pequenas em inclusatildeo Comente sua resposta

26 Qual sua opiniatildeo sobre o trabalho das educadoras que atendem turmas de

inclusatildeo

27 De que maneira acontece a participaccedilatildeo da famiacutelia no processo de inclusatildeo

do filho que estaacute no CMEI Qual sua opiniatildeo sobre isso

170

28 Em sua opiniatildeo quais as maiores vantagens que a inclusatildeo na Educaccedilatildeo

Infantil traz Comente sua resposta

29 Existiriam desvantagens na inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil Comente sua

resposta

30 Vocecirc gostaria de falar mais alguma coisa sobre a inclusatildeo da crianccedila

pequena no CMEI

171

ANEXO D- TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ndash Matildees

Eu Nelly Narcizo de Souza aluna do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da

Universidade Federal do Paranaacute (UFPR) convido-o (a) a participar do processo de

coleta de dados de minha Tese de Doutorado sob orientaccedilatildeo da Profordf Drordf Maria

Augusta Bolsanello Esta pesquisa que tem como tiacutetuloldquoInclusatildeo Escolar da Crianccedila

Pequena com Necessidades Especiais Concepccedilotildees de Matildees de Educadoras da

Educaccedilatildeo Infantil e de Professoras do Atendimento Educacional Especializadordquo

possui como objetivo maior descrever as concepccedilotildees de pais e educadores sobre o

processo de inclusatildeo da crianccedila pequena com deficiecircncia no contexto educacional

infantil especificamente na creche A relevacircncia dessa pesquisa estaacute em contribuir

com futuros estudos e accedilotildees que tratem da inclusatildeo da crianccedila pequena com

deficiecircncia em ambiente de creche evidenciando necessidades e possibilidades

para um bom atendimento

A sua participaccedilatildeo aconteceraacute atraveacutes do seu consentimento em responder algumas

perguntas por meio de questionaacuterio e entrevista a ser gravada em aacuteudio no

ambiente da creche em dia e horaacuterio previamente marcados Responder a eles natildeo

apresenta nenhum tipo de risco agrave crianccedila a seus familiares ou a quem a atende na

Creche O seu nome bem como o da crianccedila ou quaisquer dados que possam

identificaacute-los natildeo seratildeo utilizados A sua participaccedilatildeo eacute absolutamente voluntaacuteria

natildeo remunerada e a pesquisadora estaraacute agrave disposiccedilatildeo para qualquer

esclarecimento A sua recusa em participar da pesquisa natildeo traraacute qualquer

penalidade ou prejuiacutezo ao atendimento da crianccedila Vocecirc tambeacutem poderaacute desistir da

participaccedilatildeo a qualquer momento Os resultados da presente pesquisa seratildeo

divulgados agrave instituiccedilatildeo apoacutes a defesa da Tese em data a ser agendada Apoacutes ler

este Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e aceitar participar do estudo

solicito sua assinatura em duas vias no referido Termo sendo que uma delas

permaneceraacute em seu poder Qualquer informaccedilatildeo adicional ou esclarecimento

acerca deste estudo poderaacute ser obtido com a pesquisadora principal pelos telefones

(41) XXXX XXXX e (41) XXXX XXXX

Nelly Narcizo de Souza Maria Augusta Bolsanello Dra

Pesquisadora Principal - Doutoranda Profordf Pesquisadora Orientadora

Eu

abaixo assinado declaro atraveacutes deste documento o meu consentimento em

172

participar da pesquisa intitulada ldquoInclusatildeo Escolar da Crianccedila Pequena com

Necessidades Especiais Concepccedilotildees de Matildees de Educadoras da Educaccedilatildeo Infantil

e de Professoras do Atendimento Educacional Especializadordquo

Declaro ainda que estou ciente de seu objetivo e meacutetodos bem como de meus

direitos ao anonimato e a desistir da mesma a qualquer momento

_____________________de ___________________ de 201_

RG

Assinatura participante da pesquisa

173

ANEXO E - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ndash

Educadores da Educaccedilatildeo Infantil

Eu Nelly Narcizo de Souza aluna do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da

Universidade Federal do Paranaacute (UFPR) convido-o (a) a participar do processo de

coleta de dados de minha Tese de Doutorado sob orientaccedilatildeo da Profordf Drordf Maria

Augusta Bolsanello Esta pesquisa que tem como tiacutetulo ldquoInclusatildeo Escolar da Crianccedila

Pequena com Necessidades Especiais Concepccedilotildees de Matildees de Educadoras da

Educaccedilatildeo Infantil e de Professoras do Atendimento Educacional Especializadordquo

possui como objetivo maior descrever as concepccedilotildees de pais e educadores sobre o

processo de inclusatildeo da crianccedila pequena com deficiecircncia no contexto educacional

infantil especificamente na creche A relevacircncia dessa pesquisa estaacute em contribuir

com futuros estudos e accedilotildees que tratem da inclusatildeo da crianccedila pequena com

deficiecircncia em ambiente de creche evidenciando necessidades e possibilidades

para um bom atendimento

A sua participaccedilatildeo aconteceraacute atraveacutes do seu consentimento em responder algumas

perguntas por meio de entrevista a ser gravada em aacuteudio no ambiente da creche

em dia e horaacuterio previamente marcados Responder a elas natildeo apresenta nenhum

tipo de risco agrave crianccedila agrave famiacutelia a vocecirc ou a outras pessoas que trabalham na

creche O seu nome bem como o da crianccedila ou quaisquer dados que possam

identificaacute-los natildeo seratildeo utilizados A sua participaccedilatildeo eacute absolutamente voluntaacuteria

natildeo remunerada e a pesquisadora estaraacute agrave disposiccedilatildeo para qualquer

esclarecimento A sua recusa em participar da pesquisa natildeo traraacute qualquer

penalidade ou prejuiacutezo para vocecirc ao seu trabalho ou ao atendimento da crianccedila

Vocecirc tambeacutem poderaacute desistir da participaccedilatildeo a qualquer momento Os resultados da

presente pesquisa seratildeo divulgados agrave instituiccedilatildeo apoacutes a defesa da Tese em data a

ser agendada Apoacutes ler este Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e aceitar

participar do estudo solicito sua assinatura em duas vias no referido Termo sendo

que uma delas permaneceraacute em seu poder Qualquer informaccedilatildeo adicional ou

esclarecimento acerca deste estudo poderaacute ser obtido com a pesquisadora principal

pelos telefones (41) XXXX XXXX e (41) XXXX XXXX

Nelly Narcizo de Souza Maria Augusta Bolsanello Dra

Pesquisadora Principal - Doutoranda Profordf Pesquisadora Orientadora

174

Eu

abaixo assinado declaro atraveacutes deste documento o meu consentimento em

participar da pesquisa intitulada ldquoInclusatildeo Escolar da Crianccedila Pequena com

Necessidades Especiais Concepccedilotildees de Matildees de Educadoras da Educaccedilatildeo Infantil

e de Professoras do Atendimento Educacional Especializadordquo a ser realizada nesta

instituiccedilatildeo

Declaro ainda que estou ciente de seu objetivo e meacutetodos bem como de meus

direitos ao anonimato e a desistir da mesma a qualquer momento

_____________________de ___________________ de 201_

RG

Assinatura do educador participante da pesquisa

175

ANEXO F - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ndash

Professores do Atendimento Educacional Especializado

Eu Nelly Narcizo de Souza aluna do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da

Universidade Federal do Paranaacute (UFPR) convido-o (a) a participar do processo de

coleta de dados de minha Tese de Doutorado sob orientaccedilatildeo da Profordf Drordf Maria

Augusta Bolsanello Esta pesquisa que tem como tiacutetulo ldquoInclusatildeo Escolar da Crianccedila

Pequena com Necessidades Especiais Concepccedilotildees de Matildees de Educadoras da

Educaccedilatildeo Infantil e de Professoras do Atendimento Educacional Especializadordquo

possui como objetivo maior descrever as concepccedilotildees de pais e educadores sobre o

processo de inclusatildeo da crianccedila pequena com deficiecircncia no contexto educacional

infantil especificamente na creche A relevacircncia dessa pesquisa estaacute em contribuir

com futuros estudos e accedilotildees que tratem da inclusatildeo da crianccedila pequena com

deficiecircncia em ambiente de creche evidenciando necessidades e possibilidades

para um bom atendimento

A sua participaccedilatildeo aconteceraacute atraveacutes do seu consentimento em responder algumas

perguntas por meio de entrevista a ser gravada em aacuteudio no ambiente de trabalho

em dia e horaacuterio previamente marcados Responder a elas natildeo apresenta nenhum

tipo de risco agrave crianccedila agrave famiacutelia a vocecirc ou a outras pessoas que trabalham com

vocecirc O seu nome bem como o da crianccedila ou quaisquer dados que possam

identificaacute-los natildeo seratildeo utilizados A sua participaccedilatildeo eacute absolutamente voluntaacuteria

natildeo remunerada e a pesquisadora estaraacute agrave disposiccedilatildeo para qualquer

esclarecimento A sua recusa em participar da pesquisa natildeo traraacute qualquer

penalidade ou prejuiacutezo para vocecirc ao seu trabalho ou ao atendimento da crianccedila

Vocecirc tambeacutem poderaacute desistir da participaccedilatildeo a qualquer momento Os resultados da

presente pesquisa seratildeo divulgados agrave instituiccedilatildeo apoacutes a defesa da Tese em data a

ser agendada Apoacutes ler este Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e aceitar

participar do estudo solicito sua assinatura em duas vias no referido Termo sendo

que uma delas permaneceraacute em seu poder Qualquer informaccedilatildeo adicional ou

esclarecimento acerca deste estudo poderaacute ser obtido com a pesquisadora principal

pelos telefones (41) XXXX XXXX e (41) XXXX XXXX

Nelly Narcizo de Souza Maria Augusta Bolsanello Dra

Pesquisadora Principal - Doutoranda Profordf Pesquisadora Orientadora

176

Eu

abaixo assinado declaro atraveacutes deste documento o meu consentimento em

participar da pesquisa intitulada ldquoInclusatildeo Escolar da Crianccedila Pequena com

Necessidades Especiais Concepccedilotildees de Matildees de Educadoras da Educaccedilatildeo Infantil

e de Professoras do Atendimento Educacional Especializadordquo

Declaro ainda que estou ciente de seu objetivo e meacutetodos bem como de meus

direitos ao anonimato e a desistir da mesma a qualquer momento

_____________________de ___________________ de 201_

RG

Assinatura do professor participante da pesquisa

Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ NELLY NARCIZO DE …

Catalogaccedilatildeo na publicaccedilatildeo Fernanda Emanoeacutela Nogueira ndash CRB 91607

Biblioteca de Ciecircncias Humanas e Educaccedilatildeo - UFPR

Souza Nelly Narcizo de Inclusatildeo escolar da crianccedila pequena com necessidades especiais

concepccedilotildees de matildees de educadoras da educaccedilatildeo infantil e de professoras do atendimento educacional especializado Nelly Narcizo de Souza ndash Curitiba 2013

181 f Orientadora Profordf Drordf Maria Augusta Bolsanello

Tese (Doutorado em Educaccedilatildeo) ndash Setor de Educaccedilatildeo da Universidade Federal do Paranaacute

1 Educaccedilatildeo inclusiva 2 Educaccedilatildeo infantil 3 Inclusatildeo em

educaccedilatildeo 4 Educaccedilatildeo especial 5 Crianccedilas deficientes ndash Educaccedilatildeo ITiacutetulo

CDD 3719

3

Cada crianccedila ao nascer nos traz a mensagem de que Deus natildeo perdeu as esperanccedilas nos homens

(R Tagore)

Dedico esse trabalho a todas as crianccedilas que jaacute atendi e com as quais aprendi a ter Esperanccedila Alegria Feacute e a certeza da grandiosa e complexa necessidade de

insistirmos em construir uma Escola para Todos

4

AGRADECIMENTOS

Foram quatro anos de muitas transformaccedilotildees as quais natildeo vieram faacutecil ou

delicadamente Perante as dificuldades e desafios que a vida nos impotildee aproveito

para agradecer a todos os que de algum modo foram determinantes em momentos

preciosos dessa caminhada

Agradeccedilo imensamente a minha orientadora Profordf Drordf Maria Augusta Bolsanello pela

sensibilidade compreensatildeo e carinho com os quais sempre me guiou ao longo

desses anos todos

Especialmente agradeccedilo agraves crianccedilas que ainda pequenas jaacute nos ajudam a

transformar o que somos por meio de suas histoacuterias agraves suas matildees agraves suas

educadoras nos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil e agraves professoras do

Atendimento Educacional Especializado que gentilmente cederam as informaccedilotildees

que deram corpo ao presente estudo

Estendo meus agradecimentos agraves professoras que compuseram a Banca de

Qualificaccedilatildeo Profordf Drordf Sandra Regina Kirchner Guimaratildees Profordf Drordf Lidia Natalia

Dobriansky Weber Profordf Drordf Maria de Faacutetima Minetto Profordf Drordf Maria Helena

Baptista Cordeiro e Profordf Drordf Tania dos Santos Alvarez da Silva Obrigada pelas

informaccedilotildees e comentaacuterios pertinentes e enriquecedores que ajudaram a nortear

esse trabalho

Aos Professores Colegas e funcionaacuterios do Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em

Educaccedilatildeo da Universidade Federal do Paranaacute pela oportunidade de convivecircncia e

aprendizado Um grande abraccedilo de agradecimento para Ana Flaacutevia Hansel e

Daniele Bonamin Flores pelo tempo que passamos juntas e por tudo o que

aprendemos

Agrave minha Famiacutelia que mesmo na distacircncia foi apoio importante nos momentos que

julguei natildeo conseguir prosseguir

5

Agrave Juliana Krieger Joatildeo Fadino e Ricardo Peixoto pelas ajudas ao longo da

construccedilatildeo desse trabalho

Ao Rogger agradeccedilo por ter se colocado ao meu lado especialmente nos momentos

de maior dificuldade preocupaccedilatildeo e cansaccedilo Tambeacutem meus agradecimentos pela

revisatildeo dos textos Obrigado por tudo e principalmente por me trazer Ceciacutelia

A todos os que hoje posso chamar de Amigos e que de algum modo contribuiacuteram

com essa pesquisa deixo meus mais sinceros e profundos agradecimentos

6

A alegria natildeo chega apenas no encontro do achado mas faz parte do processo da

busca

Paulo Freire

7

RESUMO

A tese investiga as concepccedilotildees que norteiam o processo de inclusatildeo educacional da crianccedila pequena com necessidades especiais segundo suas Matildees suas Educadoras da Educaccedilatildeo Infantil e suas Professoras do Atendimento Educacional Especializado (AEE) O contexto e as participantes foram escolhidos por sua significativa influecircncia no desenvolvimento humano especialmente no que compete agrave primeira infacircncia e agrave construccedilatildeo do processo inclusivo de crianccedilas pequenas com necessidades especiais As participantes foram entrevistadas por meio de perguntas abertas elencadas em roteiros previamente estabelecidos em estudo de cunho qualitativo exploratoacuterio e comparativo Segundo os resultados as concepccedilotildees das participantes sugerem uma perspectiva inclusiva voltada para a possibilidade de socializaccedilatildeo da crianccedila pequena com necessidades especiais com outras crianccedilas sem estas necessidades e para a concepccedilatildeo de que estar em inclusatildeo eacute o cumprimento de um direito As matildees participam pouco do processo de inclusatildeo de sua crianccedila Jaacute as funccedilotildees das professoras que trabalham no Atendimento Educacional Especializado satildeo praticamente desconhecidas dentro do contexto do processo inclusivo das crianccedilas pequenas que atendem As educadoras de Educaccedilatildeo Infantil por sua vez sentem-se despreparadas para atender as necessidades educacionais das crianccedilas que satildeo foco da inclusatildeo As educadoras destacam que a relaccedilatildeo entre as crianccedilas eacute um dos elementos que mais promovem o desenvolvimento dos educandos que estatildeo em inclusatildeo Tanto as professoras do Atendimento Educacional Especializado quanto as Educadoras da Educaccedilatildeo Infantil demonstram variadas preocupaccedilotildees sobre o modo como vem acontecendo a inclusatildeo de crianccedilas pequenas com necessidades educacionais especiais e junto com as matildees chamam a atenccedilatildeo para a necessidade de transformaccedilotildees no modo como estaacute se dando a inclusatildeo de crianccedilas pequenas na Educaccedilatildeo Infantil Esta pesquisa evidencia que a inclusatildeo de crianccedilas pequenas com necessidades especiais na Educaccedilatildeo Infantil ainda reflete diversas contradiccedilotildees e desencontros mas se mostra como uma experiecircncia vaacutelida por ser uma accedilatildeo que transgride o comum pois proporciona novas reflexotildees novas necessidades duacutevidas e significados o que com certeza poderaacute gerar outras perspectivas e estrateacutegias em prol da qualidade educacional e da promoccedilatildeo do desenvolvimento humano Destaca-se a necessidade de que sejam realizados mais estudos dentro da presente temaacutetica dada sua relevacircncia

Palavras-chave Inclusatildeo Escolar Educaccedilatildeo Infantil Atendimento Educacional Especializado Necessidades Especiais Educaccedilatildeo Inclusiva

8

ABSTRACT

The thesis investigates the conceptions that guide the process of educational inclusion of the young child with special needs according with their Mothers their Early Childhood Educationrsquos educators and their Specialized Educational Servicersquos Teachers The context and the participants was chosen for itrsquos significant influence on human development specially about the concerns early childhood and the building of the inclusive process of young children with special needs The participants were interviewed through open questions chosen on pre-established lists in a qualitative exploratory and comparative study According with the results the participantrsquos conceptions suggests a inclusive perspective facing the possibility of socialization of a young child with special needs with other children without these needs and to the conception that being included is the fulfillment of a right The mothers participate little in the inclusion process of their child But the functions of the teachers that work in the Specialized Educational Service are practically unknown inside the context of the inclusive process for the young children that them treat The Early Childhood Educationrsquos educators on the other hand feel unprepared to meet the educational needs of the children that are the focus of the inclusion The educators points the relation among the children is one of the elements that promotes the most development os the learners that are in the inclusion Both the Specialized Educational Servicersquos teachers and Early Childhood Educationrsquos educators shows various concerns about the way that the inclusion is happening with young children with special educational needs and along with their mothers call the attention to the necessity of transformations in the way that is occurring the inclusion of young children in the Early Childhood Education This research shows that the inclusion of young child with special needs in the Early Childhood Education still reflects several contradictions and mismatches but displays like a valid experiment for being an action that transgresses the common for it provides new reflections new necessities doubts and meanings which for sure will generate other perspectives and strategies on the behalf of educational quality and of the promotion of human development Highlights the need of the realization of further studies inside of the present theme given its relevance

Keywords School Inclusion Early Childhood Education Care Specialized Education Special Needs Inclusive Education

9

LISTA DE QUADROS

QUADRO 01 DISTRIBUICcedilAtildeO DAS CRIANCcedilAS SEGUNDO LAUDO MEacuteDICO

E DIAGNOacuteSTICO 64

QUADRO 02 DISTRIBUICcedilAtildeO DAS CRIANCcedilAS SEGUNDO A TURMA EM

QUE ESTAtildeO MATRICULADAS ATUALMENTE E O TEMPO EM QUE

FREQUENTAM CENTROS MUNICIPAIS DE EDUCACcedilAtildeO INFANTIL ndash CMEIs

64

QUADRO 03 ndash DISTRIBUICcedilAtildeO DAS MAtildeES PARTICIPANTES CONFORME

IDADE ESCOLARIDADE E OCUPACcedilAtildeO 67

QUADRO 04 ndash DISTRIBUICcedilAtildeO DAS MAtildeES PARTICIPANTES CONFORME

COMPOSICcedilAtildeO FAMILIAR 67

QUADRO 05 ndash DISTRIBUICcedilAtildeO DAS PROFESSORAS DO ATENDIMENTO

EDUCACIONAL ESPECIALIZADO - AEE CONFORME IDADE ESTADO

CIVIL OCORREcircNCIA E QUANTIDADE DE FILHOS 69

QUADRO 06 ndash DISTRIBUICcedilAtildeO DAS PROFESSORAS DO ATENDIMENTO

EDUCACIONAL ESPECIALIZADO - AEE CONFORME SUA

ESCOLARIZACcedilAtildeO 70

QUADRO 07- DISTRIBUICcedilAtildeO DAS PROFESSORAS DO ATENDIMENTO

EDUCACIONAL ESPECIALIZADO - AEE CONFORME TEMPO DE

TRABALHO NA AacuteREA EDUCACIONAL E AacuteREAS DE ATUACcedilAtildeO DENTRO DA

EDUCACcedilAtildeO 71

10

QUADRO 08 - DISTRIBUICcedilAtildeO DAS EDUCADORAS DOS CENTROS

MUNICIPAIS DE EDUCACcedilAtildeO INFANTIL CONFORME IDADE ESTADO CIVIL

OCORREcircNCIA E QUANTIDADE DE FILHOS 72

QUADRO 09 - DISTRIBUICcedilAtildeO DAS EDUCADORAS DOS CENTROS

MUNICIPAIS DE EDUCACcedilAtildeO INFANTIL CONFORME SUA ESCOLARIDADE

73

QUADRO 10 - DISTRIBUICcedilAtildeO DAS EDUCADORAS DOS CENTROS

MUNICIPAIS DE EDUCACcedilAtildeO INFANTIL CONFORME O TEMPO DE

ATUACcedilAtildeO NA EDUCACcedilAtildeO DE MODO GERAL ESPECIFICAMENTE NA

EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E NA TURMA QUE ATENDE ATUALMENTE 75

QUADRO 11 - DISTRIBUICcedilAtildeO DAS PROFESSORAS DO ATENDIMENTO

EDUCACIONAL ESPECIALIZADO CONFORME SEU TEMPO DE ATUACcedilAtildeO

COMO AEE NO ENSINO FUNDAMENTAL E NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL 82

QUADRO 12- DISTRIBUICcedilAtildeO DAS PROFESSORAS DO ATENDIMENTO

EDUCACIONAL ESPECIALIZADO CONFORME SEU TEMPO DE ATUACcedilAtildeO

COMO AEE NO ENSINO FUNDAMENTAL E NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL 82

QUADRO 13 ndash DISTRIBUICcedilAtildeO DAS MAIORES ESPECIFICIDADES DO

ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO PARA A EDUCACcedilAtildeO

INFANTIL E PARA O ENSINO FUNDAMENTAL 83

QUADRO 14 ndash DISTRIBUICcedilAtildeO DAS PROFESSORAS DO ATENDIMENTO

EDUCACIONAL ESPECIALIZADO CONFORME TEMPO EM QUE ATENDEM

A CRIANCcedilA PEQUENA FOCO DA PESQUISA FREQUEcircNCIA E DURACcedilAtildeO

DO ATENDIMENTO AO ALUNO 84

11

QUADRO 15 ndash DISTRIBUICcedilAtildeO DAS PROFESSORAS CONFORME SUAS

CONCEPCcedilOtildeES ANTES DE ATENDER A CRIANCcedilA E APOacuteS O PERIacuteODO EM

QUE ATENDE O ALUNO QUE ESTAacute EM INCLUSAtildeO 85

QUADRO 16 ndash DISTRIBUICcedilAtildeO DAS EDUCADORAS CONFORME TURMAS

QUE ATENDEM FAIXA ETAacuteRIA DA TURMA E QUANTIDADE DE ALUNOS

POR TURMA 89

QUADRO 17 ndash DISTRIBUICcedilAtildeO DAS EDUCADORAS CONFORME O TEMPO

EM QUE ATENDEM A CRIANCcedilA QUE ESTAacute EM INCLUSAtildeO 93

QUADRO 18 - DISTRIBUICcedilAtildeO DAS EDUCADORAS CONFORME SUAS

CONCEPCcedilOtildeES ANTES DE ATENDER A CRIANCcedilA E APOacuteS O PERIacuteODO EM

QUE ATENDE O ALUNO QUE ESTAacute EM INCLUSAtildeO 93

12

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 10

11 JUSTIFICATIVA E ABORDAGEM DO PROBLEMA 10

12 OBJETIVOS 18

121 OBJETIVO GERAL 18

122 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS 18

2 SUPORTE TEOacuteRICO 20

21 O DESENVOLVIMENTO HUMANO A PARTIR DO ESTUDO E DA

INTERACcedilAtildeO ENTRE SEUS CONTEXTOS ndash A ABORDAGEM

BIOECOLOacuteGICA 20

22 A CRIANCcedilA PEQUENA COM NECESSIDADES ESPECIAIS E A

PROMOCcedilAtildeO DO SEU DESENVOLVIMENTO 25

23 BREVE HISTOacuteRICO DA EDUCACcedilAtildeO DAS PESSOAS COM

NECESSIDADES ESPECIAIS E A EDUCACcedilAtildeO INCLUSIVA 31

24 A FAMIacuteLIA COMO UM MICROSSISTEMA DE DESENVOLVIMENTO

HUMANO E SUA RELACcedilAO COM A CRIANCcedilA COM NECESSIDADES

ESPECIAIS 39

25 A INSTITUICcedilAtildeO DE EDUCACcedilAtildeO INFANTIL COMO UM CONTEXTO DE

DESENVOLVIMENTO 49

251 CONCEPCcedilOtildeES SOBRE A PRAacuteTICA EDUCATIVA

INSTITUCIONALIZADA ASPECTOS RELEVANTES PARA A PROMOCcedilAtildeO DO

DESENVOLVIMENTO INFANTIL 51

3 MEacuteTODO 57

31 CONTEXTO 57

32 PARTICIPANTES 59

33 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS 60

13

34 PROCEDIMENTOS DE ANAacuteLISE DE DADOS 61

35 CUIDADOS EacuteTICOS 62

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 63

41 SECcedilAtildeO 01 CARACTERIZACcedilAtildeO DAS PARTICIPANTES 63

411 CARACTERIZACcedilAtildeO DAS CRIANCcedilAS FOCO DA INCLUSAtildeO 63

412 CARACTERIZACcedilAtildeO DAS ENTREVISTADAS 66

4121 CARACTERIZACcedilAtildeO DAS MAtildeES 66

4122 CARACTERIZACcedilAtildeO DAS PROFESSORAS DO ATENDIMENTO

EDUCACIONAL ESPECIALIZADO 68

4123 CARACTERIZACcedilAtildeO DAS EDUCADORAS DOS CENTROS

MUNICIPAIS DE EDUCACcedilAtildeO INFANTIL 71

42 SECcedilAtildeO 02 CONCEPCcedilOtildeES DAS MAtildeES DAS EDUCADORAS E DAS

PROFESSORAS SOBRE A CRIANCcedilA QUE ESTAacute EM INCLUSAtildeO 75

421 AS MAtildeES E SUAS CRIANCcedilAS 75

422 AS PROFESSORAS DO ATENDIMENTO EDUCACIONAL

ESPECIALIZADO E A INCLUSAtildeO DAS CRIANCcedilAS PEQUENAS QUE ESTAtildeO

NOS CENTROS MUNICIPAIS DE EDUCACcedilAtildeO INFANTIL 80

423 AS EDUCADORAS DOS CENTROS MUNICIPAIS DE EDUCACcedilAtildeO

INFANTIL E AS CRIANCcedilAS PEQUENAS QUE ESTAtildeO EM INCLUSAtildeO 89

43 SECcedilAtildeO 03 O PROCESSO INCLUSIVO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL 96

431 CONCEPCcedilOtildeES DAS PARTICIPANTES SOBRE O PROCESSO

INCLUSIVO 97

432 PARTICIPACcedilAtildeOATUACcedilAtildeO NO PROCESSO INCLUSIVO NO CENTRO

MUNICIPAL DE EDUCACcedilAtildeO INFANTIL 104

433 REFEREcircNCIAS E APOIOS UTILIZADOS E INDICADOS PARA QUE O

PROCESSO INCLUSIVO OCORRA COM QUALIDADE 107

14

434 AVALIACcedilAtildeO DO PROCESSO INCLUSIVO 114

435 VANTAGENS E DESVANTAGENS DO PROCESSO INCLUSIVO 116

4351 AS VANTAGENS 116

4352 AS DESVANTAGENS 119

436 SUGESTOtildeES E COMENTAacuteRIOS VISANDO A MELHORIA DO

PROCESSO INCLUSIVO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL 121

44 SECcedilAtildeO 04 ndash DA NECESSIDADE DE SE OBSERVAR E ATUAR NA

INFAcircNCIA ENQUANTO ETAPA CRUCIAL DE DESENVOLVIMENTO 125

45 SECcedilAtildeO 05 - DO RECONHECIMENTO DA IMPORTAcircNCIA DOS

CONTEXTOS E SUAS INTER-RELACcedilOtildeES 128

46 SECcedilAtildeO 06 - DA CONSIDERACcedilAtildeO E DISCUSSAtildeO DAS NOVAS

CONCEPCcedilOtildeES ACERCA DA INCLUSAtildeO 129

47 SECcedilAtildeO 07 - DA CONSIDERACcedilAtildeO DAS (NECESSAacuteRIAS)

TRANSFORMACcedilOtildeES QUE VEM OCORRENDO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL

131

48 SECcedilAtildeO 08 - DA CONSIDERACcedilAtildeO DAS TRANSFORMACcedilOtildeES QUE VEM

OCORRENDO NA EDUCACcedilAtildeO ESPECIAL 133

5 CONCLUSOtildeES 135

REFEREcircNCIAS 140

ANEXOS 161

10

1 INTRODUCcedilAtildeO

11 JUSTIFICATIVA E ABORDAGEM DO PROBLEMA

Desde a eacutepoca da graduaccedilatildeo em Pedagogia o desenvolvimento humano

desperta o interesse desta pesquisadora especialmente o periacuteodo inicial da vida

com seus aspectos relacionados agraves primeiras experiecircncias e o estabelecimento de

viacutenculos Por isso e devido agraves vivecircncias e formaccedilotildees acadecircmicas pessoais e

profissionais foi se construindo a ideia de que o desenvolvimento humano eacute um

processo permanente complexo e multideterminado e que cada etapa da vida eacute

constituiacuteda por caracteriacutesticas e necessidades muito peculiares as quais devem ser

observadas e estudadas para que se possam promover condiccedilotildees de

desenvolvimento de seres humanos saudaacuteveis (BRONFRENBRENNER 1996

BRONFRENBRENNER 2011 GAT 2000 BRAZELTON e GREENSPAN 2002

ASPESI DESSEN e CHAGAS 2005 ROGOFF 2005 POLETTO e KOLLER 2008)

Nessa abordagem o presente estudo procura vincular-se ao modelo

Bioecoloacutegico de Desenvolvimento Humano por apresentar possibilidades para que o

pesquisador analise aspectos da pessoa em desenvolvimento dos contextos que

vivecircncia e dos processos interativos que a influenciam ao longo do tempo

(BRONFENBRENNER e EVANS 2000)

Este modelo de entendimento do desenvolvimento humano valoriza as

interaccedilotildees desde as fases iniciais do ciclo vital das pessoas uma vez que as

mesmas influenciam e satildeo influenciadas profundamente pelas relaccedilotildees com outros

seres objetos e siacutembolos tanto em seu ambiente imediato quanto com outros

ambientes (BRONFENBRENNER e EVANS 2000) Essas interaccedilotildees se verificam de

modo progressivamente mais complexo ao longo do ciclo vital e seu estudo permite

inferir que contextos socialmente organizados ajudem a apoiar e orientar o

desenvolvimento humano ou seja desde o nascimento As interaccedilotildees satildeo

fundamentais para a sobrevivecircncia e o desenvolvimento como um todo assim cada

etapa do crescimento pressupotildee a ampliaccedilatildeo de laccedilos afetivos sociais e tambeacutem do

repertoacuterio cognitivo do ser humano (MOLINARI SILVA E CREPALDI 2005 GOMES

e DUARTE 2009 BRONFRENBRENNER e CECI 2011)

11

Dentre as diversas fases do desenvolvimento humano destaca-se nessa

pesquisa a primeira infacircncia ou seja a faixa etaacuteria compreendida entre o

nascimento e os trecircs primeiros anos de vida em especial procurando compreender

o processo de inclusatildeo da crianccedila pequena com deficiecircncia a partir do contexto

familiar e da educaccedilatildeo infantil

Primeiramente justifica-se que o estudo e a atenccedilatildeo a esse periacuteodo do ciclo vital

eacute relevante por vaacuterios motivos entre os quais se destacam a) a comprovada

importacircncia que experiecircncias nessa eacutepoca da vida apresentam para a formaccedilatildeo dos

indiviacuteduos visto que haacute grande riqueza e intensidade nas aquisiccedilotildees

desenvolvimentais em todos os seus niacuteveis b) a relevacircncia do papel do adulto-

cuidador frente agrave promoccedilatildeo do desenvolvimento na infacircncia e da garantia de seus

direitos c) o acesso crescente da crianccedila pequena a cuidados alternativos

implicando em separaccedilotildees diaacuterias entre matildee-bebecirc desde tenra idade o que tem

gerado inuacutemeras discussotildees sobre o impacto desse fato no desenvolvimento infantil

d) a escassez de projetos pedagoacutegicos dentro da educaccedilatildeo infantil que sejam

coerentes com as especificidades de bebecircs e de crianccedilas pequenas e) o

desconhecimento dos profissionais de educaccedilatildeo infantil sobre desenvolvimento

humano e pelas condiccedilotildees de trabalho e atendimento agrave crianccedila pequena as quais

indicam a necessidade de revisotildees praacuteticas nesse acircmbito (GAT 2000 RAPOPORT

2003 ROGOFF 2005 ARNAIS 2003 ANJOS et al 2004 BARBOSA 2004

SOEJIMA 2008 SOUZA 2008 EIKMANN et al 2009 BOLSANELLO 2009

FERNANDES 2011)

Diante dos aspectos assinalados a respeito das condiccedilotildees de atendimento das

crianccedilas pequenas com desenvolvimento tiacutepico ou ldquonormalrdquo os quais claramente jaacute

se verificam como um tema de relevo entatildeo o que falar daquelas que apresentam

deficiecircncia ou necessidades especiais1 e que se encontra em situaccedilatildeo de inclusatildeo

desde tenra idade inseridas nos atendimentos de berccedilaacuterio e turmas maternais no

ensino regular

Na perspectiva da questatildeo posta acima se pode afirmar que o desafio atual da

educaccedilatildeo infantil eacute tornar seus serviccedilos inclusivos acolhendo as crianccedilas pequenas

1 Para efeitos de entendimento nesse estudo seraacute utilizado o termo necessidades especiais para designar as

condiccedilotildees que se referem agraves deficiecircncias (sensoriais intelectual neuromotora fiacutesica ou muacuteltipla) Transtornos

Globais do Desenvolvimento ou outras situaccedilotildees que tragam grandes implicaccedilotildees para o acesso e a permanecircncia

de alunos na Educaccedilatildeo Infantil e no Ensino Fundamental e que por tal os caracterizem como alunos foco da

Educaccedilatildeo Especial e Inclusiva

12

com necessidades especiais e proporcionando-lhes atenccedilatildeo e atendimento de

qualidade adequada agraves suas caracteriacutesticas e especificidades (MENDES 2010)

Ressalta-se que ao fazer referecircncia agrave crianccedila pequena com necessidades

especiais estaacute se orientando a atenccedilatildeo agravequela pessoa que possui impedimentos de

longo prazo de natureza fiacutesica intelectual ou sensorial e que por tais condiccedilotildees

comporia o alunado da Educaccedilatildeo Especial (BRASIL 2008) Ainda que se encontrem

inuacutemeras divergecircncias nas definiccedilotildees de deficiecircncia ou necessidades especiais

essas pautadas pelas diferenccedilas entre atitudes crenccedilas orientaccedilatildeo aacutereas de

estudo e cultura a definiccedilatildeo do termo eacute cabiacutevel pois implica em caracteriacutesticas de

pessoas que precisam ser vistas acolhidas respeitadas e atendidas em vaacuterias

instacircncias (SMITH 2004)

Cabe destacar ainda a respeito de questotildees sobre a educaccedilatildeo inclusiva que

desde a Declaraccedilatildeo de Salamanca em 1994 muitas experiecircncias discussotildees e

avanccedilos se deram nesse acircmbito poreacutem de modo geral a inclusatildeo no ensino

regular do alunado foco da Educaccedilatildeo Especial continua a se mostrar como um tema

polecircmico e controverso no qual de um lado se encontram as orientaccedilotildees e

legislaccedilotildees brasileiras e internacionais e do outro as escolas e as famiacutelias que tem

que aguardar pacientemente por encaminhamentos praacuteticos e orientaccedilotildees que

ajudem a dar um direcionamento ao atendimento de suas crianccedilas (FERNANDES

BOLSANELLO e MOREIRA 2008) Isso pode ser entendido na perspectiva de

Kassar (2011) quando esta recorda que no Brasil e em alguns paiacuteses da Europa o

atendimento educacional direcionado agraves pessoas com deficiecircncia foi durante muito

tempo construiacutedo de maneira separada da educaccedilatildeo oferecida agrave populaccedilatildeo que natildeo

apresentava diferenccedilas ou caracteriacutesticas expliacutecitas que a caracterizasse como

ldquoanormalrdquo Tal fato implicou segundo esta uacuteltima autora na constituiccedilatildeo da

Educaccedilatildeo Especial como um campo de atuaccedilatildeo muito especiacutefico muitas vezes sem

interlocuccedilatildeo com a educaccedilatildeo comum Esse fato se reflete materialmente nos

espaccedilos institucionais igualmente separados e nas crenccedilas e mitos sobre os

ldquodiferentesrdquo

Essa separaccedilatildeo nos atendimentos tambeacutem eacute vaacutelida no que se refere agraves

crianccedilas pequenas com necessidades especiais (MENDES 2010) Historicamente

quando uma crianccedila apresenta precocemente alteraccedilotildees em seu desenvolvimento

ou mesmo um diagnoacutestico indicando o quadro de deficiecircncia ela eacute comumente

encaminhada aos serviccedilos de Estimulaccedilatildeo Precoce ou Essencial na Educaccedilatildeo

13

Especial (PEacuteREZ-LOacutePEZ 2009) O atendimento em Estimulaccedilatildeo Precoce ou

Essencial na realidade brasileira costuma configurar-se como o primeiro programa

de atendimento destinado a atender principalmente crianccedilas de alto risco ou

portadoras de deficiecircncias (auditiva fiacutesica intelectual visual muacuteltipla) sendo

geralmente destinado agrave faixa etaacuteria de zero a trecircs anos (BOLSANELLO 1998)

Crianccedilas de alto risco satildeo aquelas que devido a causas preacute-natais perinatais ou

poacutesndashnatais de origem bioloacutegica ou ambiental podem vir a apresentar atrasos

significativos em seu desenvolvimento requerendo por isso uma abordagem de

atendimento mais apropriada (TJOSSEM 1976 ALMEIDA 2009)

No caso das crianccedilas pequenas com necessidades especiais (entenda-se

deficiecircncias ou com significativo atraso em seu desenvolvimento) segundo Vitta

(2004) haacute escassez de estudos sobre sua participaccedilatildeo na Educaccedilatildeo Infantil

especificamente nos berccedilaacuterios o que natildeo significa que elas natildeo estejam sendo

atendidas nesse contexto (VITTA 2004) Haacute muitos casos de crianccedilas com

alteraccedilotildees significativas em seu desenvolvimento e que ainda natildeo foi detectado por

seus pais ou mesmo pelos educadores que as atendem na Educaccedilatildeo Infantil o que

compromete uma das funccedilotildees destes educadores que eacute a de auxiliar na detecccedilatildeo

de deacuteficits e orientar quanto agrave prevenccedilatildeo de maiores atrasos e a promoccedilatildeo do

desenvolvimento infantil (VITTA 2004 DIacuteAZ-HERRERO e MARTINEZ-FUENTES

2009)

Contudo a presenccedila de crianccedilas pequenas com necessidades especiais em

berccedilaacuterios tem sido vista com algumas reservas conforme evidenciado pelo estudo

de VITTA (2004) Drago (2011) tambeacutem percebeu em sua pesquisa que a inclusatildeo

na Educaccedilatildeo Infantil se verifica em meio a uma confusatildeo de conceitos e praacuteticas

nas quais se revelam accedilotildees inclusivas isoladas e um processo inclusivo mal

compreendido e mal aproveitado

Logo na busca pela concretizaccedilatildeo de uma educaccedilatildeo inclusiva sem duacutevida os

papeacuteis dos educadores e da famiacutelia se destacam porque ambos satildeo fundamentais

para a trajetoacuteria de vida das pessoas tanto em termos de aprendizagem quanto de

desenvolvimento o que significa dizer que estes podem tanto ser propulsores

quanto limitadores do desenvolvimento humano (BRAZELTON 2002 GIL 2004

SCHMITERLOumlW e FERNANDEZ 2004 DRAGO 2011 BRONFENBRENNER

2011)

14

No tocante agrave famiacutelia certamente natildeo restam mais duacutevidas para a ciecircncia

psicoloacutegica a respeito da influecircncia que as praacuteticas educativas parentais tecircm para o

desenvolvimento dos filhos (WEBER 2008) Isso porque a famiacutelia por ser o primeiro

locus de desenvolvimento humano mostra-se como um contexto privilegiado cujos

objetivos conteuacutedos e meacutetodos se diferenciam do cuidado institucionalizado pois

fomenta o processo de socializaccedilatildeo a proteccedilatildeo as condiccedilotildees baacutesicas de

sobrevivecircncia o desenvolvimento de seus membros no plano social cognitivo e

afetivo e tambeacutem auxilia a estabelecer uma estrutura miacutenima de atividades e

relaccedilotildees nos quais os papeacuteis de matildee pai filho irmatildeo esposa marido e outros satildeo

evidenciados e ensinados (DESSEN e POLONIA 2007 POLETTO e KOLLER

2008 PINHEIRO e BIASOLI-ALVES 2008 ALMEIDA 2010)

Contudo dadas agraves intensas mudanccedilas que a instituiccedilatildeo familiar vem passando

ao longo das uacuteltimas deacutecadas eacute necessaacuterio um estudo mais apurado acerca de

suas caracteriacutesticas e necessidades especialmente quando se propotildee a entendecirc-la

como espaccedilo promotor de desenvolvimento ativo e dinacircmico tal como nas palavras

de Pinheiro e Biasoli-Alves (2008) ao afirmarem que conforme as transformaccedilotildees

sociais vatildeo ocorrendo surgem ao mesmo tempo elementos que afetam a dinacircmica

familiar e do casal o que permite situar as questotildees que envolvem o papel

desempenhado por cada um de seus indiviacuteduos particularmente pai e matildee ndash aqui

referidos como ldquopaisrdquo

Esses dois elementos (pai e matildee) muito embora tenham assumido novos papeacuteis

diante da sociedade e de sua proacutepria famiacutelia ainda se mantecircm como figuras

imprescindiacuteveis do contexto de transmissatildeo de valores conhecimentos regras e

noccedilotildees de convivecircncia para seus filhos (ZAMBERLAM et al 1997 CARVALHO e

ALMEIDA 2003 SILVA e BOLSANELLO 2002 PINHEIRO e BIASOLI-ALVES

2008)

Diante da temaacutetica da presente pesquisa e no que se refere agrave crianccedila pequena

em situaccedilatildeo de inclusatildeo escolar ressalta-se que satildeo poucos os estudos que

descrevem o funcionamento familiar em crianccedilas com necessidades especiais na

realidade brasileira aleacutem de que haacute resultados contraditoacuterios entre algumas

pesquisas (MINETTO 2010) Todavia Brazelton (2002) afirma que os pais

necessitam de uma ajuda profissional quando se percebe que o filho apresenta

alteraccedilotildees em seu desenvolvimento pois sem isso eles podem - por ansiedade ou

falta de orientaccedilatildeo - contribuir com o quadro de atraso ou mesmo superproteger sua

15

crianccedila deixando de estarem sensiacuteveis agraves condiccedilotildees reais do infante Tambeacutem no

que se refere ao atendimento da crianccedila com necessidades especiais ou

desenvolvimento atiacutepico eacute fundamental que se leve em consideraccedilatildeo a participaccedilatildeo

ativa da famiacutelia no processo por meio do acolhimento de suas duacutevidas e anseios e

pela promoccedilatildeo de orientaccedilotildees de quando e como interagir com sua crianccedila (GIL

2004 SHMITERLOumlW e FERNANDEZ 2004 MENDES 2010)

A atenccedilatildeo o apoio e a orientaccedilatildeo para a famiacutelia que tem uma crianccedila com

necessidades especiais justificam-se primordialmente porque esse natildeo eacute um fato

para o qual todos se preparam antecipadamente Muito menos eacute um fato que se

deseja aleacutem de que quando do diagnoacutestico de deficiecircncia atraso no

desenvolvimento ou outra necessidade especial haacute uma intensa e profunda

reorganizaccedilatildeo familiar conforme jaacute afirmado por Prado (2005) A possibilidade de um

diagnoacutestico pode corroborar com sofrimento por parte dos pais havendo em

diversos casos a apresentaccedilatildeo de estresse fiacutesico e emocional (BAILEY 2003

PEREIRA-SILVA e DESSEN 2006 CHERUBINI BOSA e BANDEIRA 2008) Diante

do exposto torna-se evidente que os programas de atendimento agrave crianccedila pequena

com deficiecircncia ou alteraccedilotildees importantes em seu desenvolvimento devem

considerar aspectos que envolvam sua famiacutelia de maneira que a preparem para a

relaccedilatildeo com seu filho (SHMITERLOumlW 2003 GIL 2004 SHMITERLOumlW e

FERNANDEZ 2004)

Jaacute a instituiccedilatildeo de Educaccedilatildeo Infantil interessa como um contexto que se mostra

cada vez mais utilizado podendo ateacute ser considerado como indispensaacutevel para a

viabilizaccedilatildeo da dupla jornada de trabalho da mulher e dos arranjos familiares

proacuteprios da modernidade o que faz com que o maior desafio desse contexto tenda a

ser o de proporcionar um ambiente que seja estimulante para a crianccedila tambeacutem

promovendo seu desenvolvimento de modo amplo e saudaacutevel (SOUZA 2008

SOEJIMA 2008 BOLSANELLO 2009 SOEJIMA e BOLSANELLO 2012)

Dessen e Polonia (2007) afirmam que a instituiccedilatildeo de educaccedilatildeo eacute um espaccedilo

fiacutesico psicoloacutegico social e cultural no qual os indiviacuteduos processam o seu

desenvolvimento global mediante atividades programadas e que tambeacutem pode se

configurar como um espaccedilo de apoio e orientaccedilatildeo para que as famiacutelias

desempenhem melhor seu papel

Perante sua relevacircncia a Educaccedilatildeo Infantil tem sido objeto de inuacutemeros estudos

inclusive a dissertaccedilatildeo de Mestrado da presente pesquisadora Os resultados desta

16

dissertaccedilatildeo evidenciaram a) a rotina extenuante dos educadores b) suas

dificuldades em planejar o atendimento das crianccedilas c) a grande quantidade de

crianccedilas por educador d) a constante necessidade de resolverem problemas

imediatos o que gera a dificuldade de darem atenccedilatildeo a aspectos mais

individualizados das crianccedilas e) a falta de apoio pedagoacutegico adequado (SOUZA

2008) Esses satildeo aspectos tambeacutem verificados por outros autores e que possibilitam

refletir profundamente sobre a funccedilatildeo da creche como um espaccedilo de

desenvolvimento (PACHECO e DUPRET 2004 CAMPOS FULGRAFF e

WIGGERS 2006 BOacuteGUS et al 2007 SOEJIMA 2008 SOUZA 2008

BOLSANELLO 2009 FERNANDES 2011 GUIMARAtildeES 2011 SOEJIMA e

BOLSANELLO 2012)

Outra questatildeo eacute acerca das concepccedilotildees de desenvolvimento infantil dos

educadores as quais refletem a falta de uma formaccedilatildeo consistente na aacuterea a falta

de oportunidades de reflexatildeo a falta de ressignificaccedilatildeo de seus conhecimentos

preacutevios a falta de sistematizaccedilatildeo de accedilotildees de atenccedilatildeo e a intervenccedilatildeo precoce

(SOEJIMA e BOLSANELLO 2012 SOUZA 2008) Tais achados geram

controveacutersias quanto agrave sua funccedilatildeo protetiva em relaccedilatildeo agraves comunidades expostas a

riscos sociais e desenvolvimentais (EIKMANN et al 2009) o que estaacute tambeacutem em

consonacircncia com as consideraccedilotildees de BALTIERI et al (2010) Estes uacuteltimos

salientam que estudos recentes trazem a preocupaccedilatildeo com as repercussotildees da

exposiccedilatildeo cotidiana ao ambienterotina das creches e que esta na realidade

brasileira tem sido crescente e apontam limitaccedilotildees quanto ao preparo dos

profissionais da infraestrutura rotinas com predomiacutenio de atividades voltadas para

alimentaccedilatildeo e higiene aleacutem de maior exposiccedilatildeo das crianccedilas a processos

infecciosos

Contraditoriamente os estudos de Boacutegus et al(2007) e Bhering e Nez (2002)

evidenciaram que as famiacutelias buscam o atendimento institucionalizado tambeacutem por

acreditarem que este seraacute um contexto de promoccedilatildeo do desenvolvimento e maior

cuidado para sua crianccedila e ateacute sentem-se privilegiadas por terem acesso a esse

serviccedilo o que parece resultar em uma menor exigecircncia na qualidade desse

atendimento Bhering e Nez (2002) relembram que a importacircncia do envolvimento

dos pais nessa fase de desenvolvimento humano eacute autoexplicativa famiacutelia e

escolacreche juntas podem promover situaccedilotildees complementares e significativas

17

de aprendizagem e convivecircncia que realmente vatildeo ao encontro das necessidades e

demandas das crianccedilas de ambas as instituiccedilotildees

Por outro lado eacute percebido que a participaccedilatildeo das famiacutelias diante da instituiccedilatildeo e

do atendimento de seus filhos eacute escassa e restrita agrave entrega da crianccedila pela manhatilde

agrave busca ao final do dia e a participaccedilatildeo em algumas reuniotildees especiacuteficas na fala

dos educadores tal participaccedilatildeo poderia ser mais efetiva (BHERING e NEZ 2002

BOgraveGUS et al 2007 SOUZA 2008) Perante esse cenaacuterio da parca participaccedilatildeo da

famiacutelia dentro da rotina da creche relembra-se que mesmo que haja o atendimento

institucionalizado como um importante recurso da sociedade contemporacircnea tal

participaccedilatildeo natildeo substitui a funccedilatildeo primordial da famiacutelia (SILVA e BOLSANELLO

2002)

Conforme os dados assinalados sobre a crianccedila pequena com necessidades

especiais sobre a importacircncia da famiacutelia e da Educaccedilatildeo Infantil como contextos de

promoccedilatildeo de desenvolvimento na primeira infacircncia2 e diante das contradiccedilotildees que

ainda permeiam os processos da educaccedilatildeo inclusiva apresenta-se como

pressuposto que a inclusatildeo da crianccedila pequena com necessidades especiais no

contexto de Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil vem sendo realizada a partir de

conceitos e praacuteticas que fortalecem principalmente os aspectos socializadores do

processo inclusivo o que implica na possibilidade de que estar no referido contexto

natildeo caracteriza uma educaccedilatildeo inclusiva

E levanta-se a questatildeo norteadora do presente estudo

Quais concepccedilotildees orientam o processo de inclusatildeo da crianccedila pequena com

necessidades especiais no contexto de Centros Municipais de Educaccedilatildeo

Infantil (CMEIs) segundo suas matildees suas educadoras na Educaccedilatildeo Infantil e

suas professoras do Atendimento Educacional Especializado

2 Para esse estudo se considera que a primeira infacircncia eacute o periacuteodo etaacuterio que corresponde aos primeiros 36

meses de vida

18

12 OBJETIVOS

121 Objetivo Geral

Investigar quais concepccedilotildees orienta o processo de inclusatildeo da crianccedila

pequena com necessidades especiais no contexto de Centros Municipais de

Educaccedilatildeo Infantil (CMEIs) especificamente em turmas de berccedilaacuterio e maternal

segundo suas matildees suas educadoras na Educaccedilatildeo Infantil e suas professoras do

Atendimento Educacional Especializado

122 Objetivos Especiacuteficos

Com a intenccedilatildeo de responder a questatildeo de pesquisa que orienta este

trabalho se estabelecem como objetivos especiacuteficos os itens abaixo indicados

a) Investigar como as matildees de crianccedilas que tecircm necessidades especiais

percebem participam e avaliam o processo de inclusatildeo de seus filhos que

frequentam os Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil

b) Investigar como educadoras de Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil que

atendem em turmas de berccedilaacuterio (I e II) e maternal (I e II) percebem atuam e

avaliam o processo de inclusatildeo das crianccedilas pequenas com necessidades

especiais nesses ambientes de desenvolvimento preacute-escolar

c) Investigar como professoras do Atendimento Educacional Especializado que

atendem e que frequentam turmas de berccedilaacuterio (I e II) e maternal (I e II) nos

Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil da regiatildeo percebem atuam e

avaliam o processo de inclusatildeo das crianccedilas pequenas com necessidades

especiais

d) Verificar quais satildeo as Diretrizes e Apoios indicados eou utilizados pelas

participantes do estudo para que o processo inclusivo ocorra com qualidade

na Educaccedilatildeo Infantil

19

e) Verificar as vantagens e desvantagens da inclusatildeo escolar de crianccedilas

pequenas com necessidades especiais segundo as concepccedilotildees de suas

matildees suas educadoras nos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil e suas

professoras do Atendimento Educacional Especializado

20

2 SUPORTE TEOacuteRICO

21 O DESENVOLVIMENTO HUMANO A PARTIR DO ESTUDO E DA INTERACcedilAtildeO

ENTRE SEUS CONTEXTOS ndash A ABORDAGEM BIOECOLOacuteGICA

Bronfenbrenner (1996) conceitua o desenvolvimento humano afirmando que

este se constitui de mudanccedilas nas formas como as pessoas percebem e interagem

com o ambiente Essas mudanccedilas ocorrem durante toda a vida do indiviacuteduo e em

sua relaccedilatildeo com o mundo

O modelo bioecoloacutegico contempla o desenvolvimento de maneira ampla e

busca focalizar as interaccedilotildees das pessoas com seus diferentes contextos

(BRONFENBRENNER 2011) Em outras palavras o ser humano se constitui como

tal na sua relaccedilatildeo com o outro e com os diversos contextos dos quais participa

direta ou indiretamente (SILVA 2011)

Para Bronfenbrenner e Morris (1998) o desenvolvimento dos seres humanos

eacute o resultado da accedilatildeo entre as caracteriacutesticas da pessoa em desenvolvimento os

processos proximais estabelecidos entre ela e outros sujeitos os contextos nos

quais a pessoa vive e a frequecircncia de tempo no qual ela encontra-se exposta a

esses elementos Esse modelo tambeacutem eacute denominado PPCT (processo-pessoa-

contexto-tempo)

O processo eacute o mecanismo do desenvolvimento visto a partir das interaccedilotildees

entre o sujeito e o ambiente imediato O indiviacuteduo humano eacute sempre considerado

nesta teoria como um ser biopsicologicamente em evoluccedilatildeo e para que suas

interaccedilotildees sejam consideradas como tal ele deve ser visto de modo ativo

(BROFENBRENNER 2011)

Os processos proximais satildeo os motores primaacuterios do desenvolvimento e satildeo

por conceito bidirecionais (BRONFENBRENNER 1999) O processo proximal pode

melhorar a competecircncia funcional e ajudar a minimizar aspectos disfuncionais do

desenvolvimento humano (BRONFENBRENNER 1999)

Para que se efetive o desenvolvimento as atividades devem ser contiacutenuas ao

longo de um tempo e devem tornar-se progressivamente mais complexas Em

acordo com esse modelo de desenvolvimento repeticcedilotildees natildeo bastam elas natildeo

21

caracterizam os processos proximais (BRONFENBRENNER e MORRIS 1998) Os

processos proximais envolvem aleacutem de pessoas tambeacutem a relaccedilatildeo com objetos e

siacutembolos E para haver reciprocidade nas relaccedilotildees os objetos e siacutembolos devem

despertar e estimular a atenccedilatildeo a exploraccedilatildeo a manipulaccedilatildeo a elaboraccedilatildeo e a

imaginaccedilatildeo da pessoa em desenvolvimento (BRONFENBRENNER 1999

AMBROZIO 2009)

Um exemplo desse padratildeo de interaccedilatildeo pode ser observado durante a

alimentaccedilatildeo do bebecirc nas brincadeiras de crianccedilas com pouca idade seja em grupo

ou individualmente (BRONFENBRENNER 2001)

Para os processos proximais disfunccedilatildeo e competecircncia satildeo dois aspectos

muito importantes pois influenciam os primeiros de modo contundente

Bronfenbrenner e Morris (1998) definem disfunccedilatildeo como a manifestaccedilatildeo recorrente

de dificuldades por parte da pessoa que estaacute em desenvolvimento Jaacute competecircncias

satildeo as aquisiccedilotildees avanccediladas no que se refere a conhecimentos e habilidades

(intelectuais fiacutesicas sociais motoras e a combinaccedilatildeo desses elementos)

Bronfenbrenner e Morris (1998) afirmam que ambientes estaacuteveis e

vantajosos propiciam menos manifestaccedilotildees de disfunccedilotildees no desenvolvimento

humano e que quanto maiores e melhores os resultados relacionados agraves

competecircncias mais elevados e complexos podem se tornar os processos proximais

e mais reduzidos seratildeo os riscos para o desenvolvimento

A pessoa eacute analisada por meio de suas caracteriacutesticas determinadas

biopsicologicamente (experiecircncias vividas habilidades por exemplo) e aquelas

construiacutedas socialmente Nesse modelo as caracteriacutesticas da pessoa satildeo tanto

produtoras como produtos do desenvolvimento pois constitui um dos elementos que

influenciam tanto a forma a forccedila o conteuacutedo quanto a direccedilatildeo do processo de

interaccedilatildeo (BRONFENBRENNER 1996 BROFENBRENNER 2011) Este modelo

destaca trecircs caracteriacutesticas da pessoa que tem influecircncia no decorrer de seu

desenvolvimento e das relaccedilotildees proximais estabelecidas as quais satildeo as

disposiccedilotildees os recursos e as demandas (BRONFENBRENNER 1999)

As disposiccedilotildees satildeo as caracteriacutesticas que podem colocar os processos

proximais em movimento lhe dando sustentaccedilatildeo ou interferindo com atrasos no

desenvolvimento humano Portanto as disposiccedilotildees podem ser as que promovem e

geram desenvolvimento e as que impedem ou atrasam o desenvolvimento

(BRONFENBRENNER 1999)

22

Segundo Bronfenbrenner (1989) satildeo disposiccedilotildees que podem gerar atrasos ou

impedimentos no desenvolvimento hostilidade apatia desatenccedilatildeo falta de

interesse inseguranccedila entre outras E como caracteriacutesticas que geram e promovem

o desenvolvimento iniciativa a curiosidade e tambeacutem a responsividade seletiva as

tendecircncias estruturantes e um sistema de crenccedilas diretivas (BRONFENBRENNER

1999)

A chamada responsividade seletiva eacute a primeira manifestaccedilatildeo dos aspectos

que geram o desenvolvimento e se refere a uma capacidade de manifestaccedilatildeo de

uma resposta diferenciada que ocasiona atraccedilatildeo e exploraccedilatildeo de elementos do

ambiente fiacutesico e social (BRONFENBRENNER 1999)

Jaacute as tendecircncias estruturantes se referem agraves capacidades de engajamento e

de persistecircncia em atividades progressivamente mais complexas Satildeo exemplos de

tendecircncias estruturantes a capacidade de elaborar reestruturar e criar novas

caracteriacutesticas em um ambiente (BRONFENBRENNER E MORRIS 1989)

A terceira disposiccedilatildeo que contribui para a promoccedilatildeo do desenvolvimento

humano eacute o que Bronfenbrenner e Morris (1998) denominam de sistema de crenccedilas

diretivas Elas se referem agrave capacidade de as pessoas demonstrarem uma

crescente tendecircncia de dar significado agraves experiecircncias agrave medida que o tempo vai

passando

Em relaccedilatildeo aos chamados recursos bioecoloacutegicos Bronfenbrenner (1989)

indicam que estes se referem agrave aptidatildeo agraves experiecircncias conhecimentos e

habilidades requeridas para o funcionamento dos processos proximais Os recursos

bioecoloacutegicos tambeacutem podem limitar os processos proximais principalmente quando

se referem a defeitos geneacuteticos ou doenccedilas crocircnicas e graves por exemplo

No que se refere agraves demandas Bronfenbrenner (1992) afirma que satildeo

aquelas caracteriacutesticas da pessoa em desenvolvimento que provocam ou

desencorajam reaccedilotildees do ambiente e que interferem de forma positiva ou negativa

nos processos proximais

A inter-relaccedilatildeo entre as caracteriacutesticas pessoais as disposiccedilotildees os recursos

bioecoloacutegicos e as demandas levam a inuacutemeras possibilidades de combinaccedilotildees e

justificam as diferenccedilas nas direccedilotildees e nas forccedilas dos processos proximais

resultantes e de seus impactos no desenvolvimento humano (BRONFENBRENNER

E MORRIS 1989)

23

Bronfenbrenner (1996) traz em seu modelo bioecoloacutegico a importacircncia e a

influecircncia que os contextos apresentam para o desenvolvimento da pessoa

O contexto eacute analisado por meio da interaccedilatildeo de quatro niacuteveis ambientais dos

mais proacuteximos aos mais distantes denominados microssistema mesossistema

exossistema e macrossistema (BRONFENBRENNER 1996 BROFENBRENNER

2011)

O microssistema eacute o ambiente em que se estabelecem relaccedilotildees diretas face

a face relaccedilotildees de intimidade (diacuteades triacuteades) Satildeo considerados como exemplos

famiacutelia escola grupo de amigos entre outros Das relaccedilotildees entre os diversos

microssistemas origina-se o mesossistema Jaacute o exossistema constitui aqueles

contextos externos agrave participaccedilatildeo direta do sujeito em desenvolvimento mas que

trazem influecircncias importantes para ele Um exemplo disso para a crianccedila em

desenvolvimento eacute o ambiente de trabalho dos pais O macrossistema eacute aquele em

que se configuram as leis normas e regras que regem uma sociedade

(BRONFENBRENNER 1996 BROFENBRENNER 2011)

As interaccedilotildees entre os diversos niacuteveis contextuais satildeo bidirecionais e trazem

grandes transformaccedilotildees no desenvolvimento humano O tipo de interaccedilatildeo mais

baacutesico eacute a chamada transiccedilatildeo ecoloacutegica o que segundo Bronfenbrenner (1977) eacute a

possibilidade de movimento de um contexto para outro diferente novo Podem ser

exemplos de transiccedilatildeo ecoloacutegica o ingresso em uma instituiccedilatildeo de ensino a

mudanccedila de residecircncia passar o dia no Centro Municipal de Educaccedilatildeo Infantil -

CMEI e ir para casa ao fim do dia entre outros

Sobre as relaccedilotildees bidirecionais ainda Bronfenbrenner (1988) cita as diacuteades e

as relaccedilotildees mais extensas a partir do sistema N+2 (triacuteades teacutetrades etc) Dentro do

processo de desenvolvimento infantil as diacuteades primaacuterias satildeo fundamentais pois o

desenvolvimento da crianccedila pequena afeta e eacute afetado por seus cuidadores

principais tais como matildee avoacute babaacute educadora etc Logo eacute recomendaacutevel que ao

se estudar o desenvolvimento na infacircncia que se busque fazecirc-lo tambeacutem

considerando esses aspectos diaacutedicos

Assim microssistemas como famiacutelia e escola tecircm influecircncias diversas e

importantes no desenvolvimento infantil Compreender ecologicamente o

desenvolvimento humano possibilita que a atenccedilatildeo investigativa seja dirigida natildeo soacute

para a pessoa e os ambientes imediatos nos quais se encontra senatildeo para suas

interaccedilotildees e transiccedilotildees em ambientes mais distantes dos quais muitas vezes

24

sequer participa diretamente O modelo bioecoloacutegico tambeacutem enfatiza o ambiente

mas propotildee que o desenvolvimento humano seja estudado por meio da interaccedilatildeo

deste nuacutecleo com outros trecircs de forma inter-relacionada o processo a pessoa e o

tempo (BRONFENBRENNER 1996 ROGOFF 2005 BROFENBRENNER 2011)

O tempo nesse modelo condiciona a efetividade dos processos proximais agrave

ocorrecircncia de uma interaccedilatildeo reciacuteproca progressivamente mais complexa em uma

base de tempo efetivamente regular natildeo podendo este funcionar efetivamente em

ambientes instaacuteveis e imprevisiacuteveis (BRONFENBRENNER 1996

BROFENBRENNER 2011)

Bronfenbrenner e Morris (1998) afirmam que o tempo enquanto categoria

bioecoloacutegica divide-se em microtempo mesotempo e macrotempo A anaacutelise do

tempo dentro desses trecircs niacuteveis deve focalizar a pessoa em relaccedilatildeo aos

acontecimentos presentes em sua vida desde os mais proacuteximos ateacute os mais

distantes (BRONFENBRENNER 1996 BROFENBRENNER 2011)

A abordagem bioecoloacutegica do desenvolvimento humano proposta por

Brofenbrenner (1996) eacute uacutetil ao permitir que o desenvolvimento possa ser entendido

de maneira contextualizada contemplando a interaccedilatildeo dinacircmica dos elementos

acima descritos Em outras palavras o estudo do desenvolvimento infantil

interpretado pelos paracircmetros do contexto bioecoloacutegico pode ser entendido como a)

a crianccedila como pessoa em contiacutenuo e progressivo desenvolvimento cujo trajeto

desenvolvimental apresenta caracteriacutesticas especiacuteficas conforme o ciclo vital se

desenrola b) a reciprocidade na qual ocorre uma interaccedilatildeo entre a crianccedila e os

contextos dos quais participa efetivamente c) as interconexotildees entre esses

ambientes e as influecircncias externas provenientes de meios mais amplos

(macrossistema e exossistema) d) o tempo como elemento necessaacuterio agraves

mudanccedilas no desenvolvimento do indiviacuteduo e de transiccedilotildees de papeacuteis dentro dos

diversos contextos dos quais participa e) continuidade e significado na qualidade

das relaccedilotildees interpessoais (BRONFENBRENNER 1996 BROFENBRENNER 2011

SPESSATO et al 2009 DINIZ e KOLLER 2010)

A interaccedilatildeo entre a crianccedila pequena com deficiecircncia sua famiacutelia a instituiccedilatildeo

de Educaccedilatildeo Infantil e a Educaccedilatildeo Especial eacute de extrema relevacircncia para que os

contextos conheccedilam melhor a crianccedila estabeleccedilam criteacuterios educativos comuns

discutam modelos de intervenccedilatildeo e relaccedilatildeo com os infantes e compreendam as

especificidades da funccedilatildeo educativa de cada um (SILVA 2011)

25

22 A CRIANCcedilA PEQUENA COM NECESSIDADES ESPECIAIS E A PROMOCcedilAtildeO

DO SEU DESENVOLVIMENTO

O presente capiacutetulo se destina a elencar aspectos relacionados agrave promoccedilatildeo

do desenvolvimento da crianccedila pequena com necessidades especiais visto que

para ela existem pelo menos trecircs contextos que podem auxiliar nesse sentido a

saber a famiacutelia a instituiccedilatildeo de Educaccedilatildeo Infantil e os centros ou programas de

Educaccedilatildeo Especial que ofertam o serviccedilo de estimulaccedilatildeo essencial

Pode se dizer que a crianccedila de modo geral se apresenta muito vulneraacutevel

agraves interferecircncias dos indiviacuteduos e dos ambientes com os quais convive e em

especial quando ela se encontra na primeira infacircncia (BRAZELTON 1990

SZYMANSKI 2004 CARVALHO 2006 BRONFENBRENNER 2011) No caso da

crianccedila com deficiecircncia (fiacutesica intelectual sensorial ou muacuteltipla) ou que apresenta

transtornos ou atrasos significativos em seu desenvolvimento agraves relaccedilotildees com

pessoas e contextos se tornam ainda mais relevantes na faixa etaacuteria indicada

Por outro lado sendo praticamente consenso entre os pesquisadores e

profissionais do desenvolvimento infantil de que este eacute um processo complexo e

multideterminado (MOLINARI et al 2005) tambeacutem deve ser considerada a crianccedila

em si como pessoa em constante desenvolver com suas caracteriacutesticas e

especificidades proacuteprias

A crianccedila no sentido de sujeito em desenvolvimento deve ser vista como

um ser integrado e natildeo uma coleccedilatildeo de habilidades e aquisiccedilotildees principalmente

porque o desenvolvimento em seus diversos niacuteveis natildeo se daacute de forma separada

contrariamente todos os niacuteveis (cognitivo emocional fiacutesico entre outros) estatildeo

inter-relacionados e constituem o sujeito como um todo (GIL 2004)

Segundo Libro Blanco (GAT 2000) importante documento espanhol sobre

atenccedilatildeo e intervenccedilatildeo precoce3 o desenvolvimento infantil nos primeiros anos se

caracteriza por uma progressiva aquisiccedilatildeo de funccedilotildees muito importantes tais como

3 No que se refere aos termos atenccedilatildeo e intervenccedilatildeo precoce eacute possiacutevel estabelecer um paralelo em

seu entendimento e relacionaacute-los ao atendimento de estimulaccedilatildeo precoce ou essencial na realidade brasileira O que significa afirmar que tanto na realidade espanhola quanto brasileira esses termos se referem aos primeiros atendimentos a crianccedilas com necessidades especiais ainda que esses sejam realizados em contextos e com abordagens distintos entre si

26

controle postural autonomia no deslocamento comunicaccedilatildeo e linguagem interaccedilatildeo

social entre outros

A evoluccedilatildeo do desenvolvimento estaacute estreitamente ligada ao processo de

maturaccedilatildeo do sistema nervoso jaacute iniciado na vida intrauterina e tambeacutem com a

organizaccedilatildeo emocional e mental Para que tais processos se verifiquem de modo

saudaacutevel eacute necessaacuteria uma estrutura geneacutetica adequada e o cumprimento das

necessidades humanas baacutesicas nos acircmbito bioloacutegico e psicoafetivo pois o

desenvolvimento infantil eacute produto da interaccedilatildeo entre fatores geneacuteticos e ambientais

(GAT 2000 GAUY e COSTA JUNIOR 2005 MADUREIRA e BRANCO 2005)

A base geneacutetica especiacutefica para cada indiviacuteduo estabelece capacidades

proacuteprias de desenvolvimento ateacute o ponto em que se possa modificaacute-la pela

interaccedilatildeo com os fatores ambientais (GAT 2000 GAUY e COSTA JUNIOR 2005

MADUREIRA e BRANCO 2005)

Os fatores ambientais vatildeo modular a possibilidade de expressatildeo ou latecircncia

de algumas caracteriacutesticas geneacuteticas Esses fatores satildeo de ordem bioloacutegica

psicoloacutegica e social (GAT 2000 GAUY e COSTA JUNIOR 2005 POLONIA

DESSEN e SILVA 2005 MADUREIRA e BRANCO 2005)

Os fatores ambientais de ordem bioloacutegica se configuram nos estados de

sauacutede ausecircncia de fatores de agressatildeo ao sistema nervoso condiccedilotildees necessaacuterias

para uma maturaccedilatildeo orgacircnica adequada Os fatores ambientais de ordem

psicoloacutegica e social satildeo os relacionados agrave interaccedilatildeo da crianccedila com o seu meio os

viacutenculos afetivos que estabelece a partir dos cuidados que recebe da percepccedilatildeo

que constroacutei em relaccedilatildeo agraves pessoas que a rodeiam (pessoas imagens sons entre

outros) Estas satildeo condiccedilotildees baacutesicas e determinantes do desenvolvimento

emocional funccedilotildees comunicativas condutas adaptativas aprendizagem entre

outros elementos constituintes da pessoa em evoluccedilatildeo (GAT 2000 GAUY e COSTA

JUNIOR 2005 MADUREIRA e BRANCO 2005)

Sobre a questatildeo de risco ao desenvolvimento os resultados negativos nesse

processo satildeo produzidos muitas vezes natildeo soacute por um mas pela combinaccedilatildeo de

diversos fatores de risco Os diferentes fatores que determinam os problemas que a

crianccedila pode apresentar ao longo de seu desenvolvimento satildeo mais dependentes da

quantidade do que da natureza dos fatores de risco reforccedilando a importacircncia de se

constatar os riscos muacuteltiplos que por sua vez tecircm efeito cumulativo causando

27

impacto maior sobre o desenvolvimento (SILVA e DESSEN 2005 MOLINARI et al

2005 AMORIM et al 2009)

Aleacutem de fatores de risco faz-se necessaacuterio lembrar que junto a eles existem

os recursos do indiviacuteduo e as accedilotildees protetoras do ambiente podem ser ativadas

para neutralizar adversidades vulnerabilidades e riscos ao desenvolvimento

adaptativo da crianccedila (FORMIGA et al 2004 POLETTO e KOLLER 2008)

E eacute nesse ponto que se destaca a funccedilatildeo dos adultos que atendem a crianccedila

pequena seja a famiacutelia ou a instituiccedilatildeo Entende-se que natildeo se deve atentar apenas

ao fato da remediaccedilatildeo de problemas mas antecipar as possibilidades gerais de

promover um desenvolvimento na primeira infacircncia com qualidade e sauacutede

(FORMIGA et al 2004 PEacuteREZ-LOPEZ MARTINEZ-FUENTES DIAZ-HERRERO

2006 MARTINEZ 2007)

Concorda-se igualmente com a afirmaccedilatildeo de Hansel (2004) quando a autora

relembra que em relaccedilatildeo agraves necessidades das crianccedilas pequenas tais como

proteccedilatildeo afetividade possibilidades de exploraccedilatildeo do meio fiacutesico e social por

exemplo haacute uma motivaccedilatildeo bioloacutegica e social para que esta se incorpore em um

grupo social poreacutem caberaacute aos genitores o papel de agentes de interaccedilatildeo e aqui

poderia se acrescentar a essa informaccedilatildeo a funccedilatildeo da estimulaccedilatildeo de ser tambeacutem

espaccedilo de promoccedilatildeo de muacuteltiplas experiecircncias e porque natildeo espaccedilo-tempo para

consolidaccedilatildeo de aspectos afetivos e de manutenccedilatildeo do viacutenculo familiar

Enfim a interaccedilatildeo entre microssistemas tais como o familiar e o educacional

(Educaccedilatildeo Infantil e Educaccedilatildeo Especial) pode ser um espaccedilo de reforccedilo de

orientaccedilatildeo direta ou indireta e de conformaccedilatildeo de uma rede de apoio primordial Por

outro lado um canal de comunicaccedilatildeo e interaccedilatildeo entre esses dois contextos que

seja inadequado pode falhar como recurso de orientaccedilatildeo motivaccedilatildeo e interesses da

famiacutelia em relaccedilatildeo agrave sua crianccedila (ORTIZ e FAacuteVARO 2004)

Devido a isso eacute que no que se refere agrave promoccedilatildeo do desenvolvimento

humano principalmente na primeira infacircncia tambeacutem eacute apropriado agrave busca pela

compreensatildeo das especificidades do atendimento na Educaccedilatildeo Infantil

Inicialmente antes de evidenciar o papel da educaccedilatildeo infantil e da famiacutelia

para a promoccedilatildeo do desenvolvimento para a crianccedila com riscos desenvolvimentais

cabe discorrer acerca do que consiste o atendimento em estimulaccedilatildeo precoce

Nas Diretrizes Educacionais sobre a Estimulaccedilatildeo Precoce publicadas em

1995 e elaboradas pela Secretaria de Educaccedilatildeo EspecialMEC haacute a explicitaccedilatildeo de

28

que a estimulaccedilatildeo precoce eacute o primeiro atendimento a ser destinado a crianccedila com

diagnoacutestico de deficiecircncia ou de atraso significativo em seu desenvolvimento na

faixa etaacuteria entre zero e 3 anos dentro dos serviccedilos da educaccedilatildeo especial

(BRASIL1995) Tambeacutem o documento orienta que haja a integraccedilatildeo entre as aacutereas

da assistecircncia social da educaccedilatildeo e da sauacutede com a integraccedilatildeo da famiacutelia e a

atuaccedilatildeo de uma equipe multidisciplinar (BRASIL 1995)

Documentos brasileiros como a Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo

Nacional - Lei 9394 (BRASIL 1996) as Diretrizes Nacionais Curriculares Nacionais

para a Educaccedilatildeo Infantil (BRASIL1998) e o Referencial Curricular para a Educaccedilatildeo

Infantil (BRASIL 2000) trazem em si as influecircncias do movimento mundial da

ldquoEscola para Todosrdquo o que implicou na promoccedilatildeo da possibilidade de que crianccedilas

com deficiecircncia desde tenra idade adentrem nos serviccedilos da educaccedilatildeo infantil no

ensino regular aleacutem de que a educaccedilatildeo especial passa a ser entendida tambeacutem

como ldquoapoiordquo para o processo de inclusatildeo desse alunado

Em especial o Referencial Curricular para a Educaccedilatildeo Infantil (BRASIL

2000) em suas instruccedilotildees evidencia vaacuterios aspectos entre os quais se destacam

aqueles relacionados agrave identificaccedilatildeo das necessidades especiais da crianccedila

elaboraccedilatildeo de estrateacutegias de avaliaccedilatildeo de risco para o desenvolvimento infantil e

atendimentos que levem em conta a singularidade do indiviacuteduo Propotildee tambeacutem o

acolhimento orientaccedilatildeo e apoio agraves famiacutelias das crianccedilas com deficiecircncia e a

integraccedilatildeo entre os diversos profissionais que atendem essa crianccedila

Esse uacuteltimo documento representa um avanccedilo sobre as orientaccedilotildees

indicadas anteriormente sobre o atendimento precoce da crianccedila com deficiecircncia

pois traz algumas atualizaccedilotildees contudo ainda assim mostra-se precaacuterio quando se

considera a especificidade das necessidades da crianccedila com deficiecircncia de suas

famiacutelias e dos profissionais que a atendem (HANSEL 2012)

Em 2008 as Diretrizes Operacionais para o Atendimento da Educaccedilatildeo

Especial na Educaccedilatildeo Baacutesica natildeo fazem alusatildeo agrave estimulaccedilatildeo precoce em si muito

embora oriente que o agora denominado Atendimento Educacional Especializado

deve contemplar as crianccedilas foco da Educaccedilatildeo Especial desde o nascimento Este

documento tambeacutem natildeo explicita de que modo o mesmo ocorreraacute na faixa etaacuteria que

compotildeem a primeira infacircncia (BRASIL 2008) O Decreto 761111 que tambeacutem

dispotildee sobre a Educaccedilatildeo Especial e orienta o Atendimento Educacional

Especializado revoga o Decreto anterior nordm 567108 e natildeo traz nenhuma

29

informaccedilatildeo especiacutefica sobre a inclusatildeo na primeira infacircncia ou mesmo sobre

intervenccedilatildeoestimulaccedilatildeo precoce

Igualmente alerta-se para o fato de a documentaccedilatildeo oficial a produccedilatildeo

cientiacutefica e a praacutetica da estimulaccedilatildeo precoce na realidade brasileira satildeo escassos

pouco difundidos e enfrentam inuacutemeros obstaacuteculos (HANSEL 2012)

De outro modo dentro do histoacuterico internacional dos programas de

estimulaccedilatildeo precoce houve grandes modificaccedilotildees no seu entendimento nas uacuteltimas

deacutecadas deixando de ser exclusividade da populaccedilatildeo infante da educaccedilatildeo especial

e passando a se constituir tambeacutem como um instrumento de inclusatildeo e de

prevenccedilatildeo de deacuteficits do desenvolvimento na faixa etaacuteria de 0 a 6 anos (GAT 2000)

Relembra-se que no iniacutecio dos anos 70 do seacuteculo passado esse serviccedilo tinha um

cunho de reabilitaccedilatildeo centrado nas questotildees relacionadas agrave patologia agrave deacuteficits e a

mensuraccedilatildeo do quociente intelectual Jaacute na metade dos anos 80 se verificou uma

discussatildeo voltando-se para a identificaccedilatildeo para a prevenccedilatildeo para o trabalho em

equipe e sobre o ambiente e sua influecircncia para o desenvolvimento Entre essas

duas deacutecadas surgiram modelos conceituais que tiveram grande repercussatildeo no

estudo e compreensatildeo do desenvolvimento humano (BROFENBRENNER 1996

GAT 2000 SAMEROFF e FIESE 2000 ROMERO 2003 CUEVAS 2003 PEacuteREZ-

LOPEZ 2003 SERRANO 2007 JUAN-VERA e PEREZ - LOPEZ 2009)

Logo a partir das concepccedilotildees Bioecoloacutegica de Brofenbrenner (1979) e da

Transacional de Sameroff e Chandler (1975) que exploram os contextos e suas

relaccedilotildees com seus partiacutecipes e destes entre si tornou-se possiacutevel evidenciar uma

nova abordagem para a promoccedilatildeo do desenvolvimento humano na infacircncia de tal

modo que as propostas de intervenccedilatildeo precoce deixaram de ter o aspecto de

ldquotratamento cliacutenicordquo e passaram a se constituir em verdadeiros apoios tanto agrave

crianccedila quanto a seus contextos de desenvolvimento - famiacutelia Educaccedilatildeo Infantil

entre outros (BROFENBRENNER 1996 GAT 2000 SAMEROFF e FIESE 2000

ROMERO 2003 CUEVAS 2003 PEacuteREZ-LOPEZ 2003 SERRANO 2007 JUAN-

VERA e PEREZ - LOPEZ 2009 MORAGAS 2009)

De tal modo eacute possiacutevel inferir que essa abordagem parece ir de acordo com a

proposta de se construir uma escola inclusiva desde a educaccedilatildeo infantil

Especialmente porque atualmente haacute a tendecircncia de que as intervenccedilotildees na

infacircncia sejam orientadas por uma concepccedilatildeo de Atenccedilatildeo Precoce a qual se refere

ao conjunto de accedilotildees orientadas para as crianccedilas com idade entre zero e seis anos

30

e que envolvem sua famiacutelia e o ambiente em que estatildeo inseridas (GAT 2000

JUAN-VERA e PEREZ - LOPEZ 2009 MORAGAS 2009) Nesse sentido tambeacutem

deixa de ser uma abordagem exclusiva para a crianccedila com deficiecircncias ou nascida

prematuramente O que segundo Caro (2003) eacute importante para todos inclusive

para aquela crianccedila viacutetima de ldquoabandono relativordquo

As condiccedilotildees de ldquoabandono relativordquo satildeo aquelas provenientes de situaccedilotildees

ocasionadas pelas ocupaccedilotildees dos pais do pouco cuidado descaso ou ainda

causadas pelo impacto de um cuidado mal estruturado com poucos estiacutemulos ndash

situaccedilotildees que podem ocasionar reflexos significativos no desenvolvimento

intelectual e emocional da crianccedila (CARO 2003)

Ao sair da seara puramente cliacutenica e passando a abarcar outros contextos

tais como o familiar e o das instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Infantil a Atenccedilatildeo Precoce

enfatiza a possibilidade de geraccedilatildeo de ambientes ricos em estiacutemulos diversos para a

aquisiccedilatildeo de funccedilotildees e capacidades que se apresentam pouco desenvolvidas ou

imaturas e tambeacutem a necessidade de que os profissionais que lidam com a infacircncia

possuam uma base soacutelida sobre os diversos modelos de prevenccedilatildeo intervenccedilatildeo e

avaliaccedilatildeo do desenvolvimento (PEREZ ndash LOPEZ 2004 DELGADO e MUELA

2004)

Portanto passa a ser uma questatildeo que acompanha a detecccedilatildeo de riscos para

o desenvolvimento a possibilidade de definir e aplicar accedilotildees de prevenccedilatildeo as quais

seguem alguns dos niacuteveis abaixo indicados (PEREZ-LOPEZ MARTINEZ-FUENTES

DIAZ-HERRERO 2006)

- prevenccedilatildeo primaacuteria satildeo todas as estrateacutegias tomadas antes que se

detecte um transtorno ou alteraccedilatildeo do desenvolvimento

- prevenccedilatildeo secundaacuteria compreende as estrateacutegias que satildeo colocadas

em praacutetica quando jaacute se evidenciam alguns sintomas de atraso no

desenvolvimento

- prevenccedilatildeo terciaacuteria quando trata de minimizar a gravidade dos efeitos

de transtornos do desenvolvimento que jaacute se instalaram

Em conformidade com Halpern et al (2000) e Formiga e Pedrazzani (2004)

pode-se afirmar que quanto mais precoce for o diagnoacutestico de atraso no

desenvolvimento e mais raacutepido o iniacutecio da intervenccedilatildeo menor seraacute o impacto de

31

atraso na vida futura da crianccedila tenha ela deficiecircncia ou natildeo o que por conseguinte

colabora em diminuir possiacuteveis impactos que possam ocorrer na relaccedilatildeo crianccedila-

famiacutelia-creche (RODRIGUES 2003)

23 BREVE HISTOacuteRICO DA EDUCACcedilAtildeO DAS PESSOAS COM NECESSIDADES

ESPECIAIS E A EDUCACcedilAtildeO INCLUSIVA

A histoacuteria do homem mostra que mesmo com a sociedade sugerindo respeito

entre seus membros e em algumas eacutepocas a valorizaccedilatildeo das diferenccedilas o que na

verdade temos eacute um ldquoestranhamento expliacutecitordquo uma separaccedilatildeo que eacute em muitos

casos velada por parte daqueles que natildeo se enquadram socialmente (SARAIVA

2008) Por isso discorrer sobre a educaccedilatildeo inclusiva requer que se retomem os

primoacuterdios da exclusatildeo e da educaccedilatildeo das pessoas com necessidades especiais

A trajetoacuteria de exclusatildeo da pessoa com necessidades especiais eacute tatildeo antiga

quanto a proacutepria evoluccedilatildeo do homem ou seja as estruturas das sociedades desde

os primoacuterdios demonstram uma concepccedilatildeo de deficiecircncia como algo relacionado agrave

inabilidade (MACIEL 2000)

Nas eacutepocas mais primitivas da histoacuteria humana dadas agraves condiccedilotildees insalubres

de vida supotildee-se que os indiviacuteduos que nasciam com qualquer tipo de deficiecircncia

teriam pouca ou nenhuma condiccedilatildeo de manutenccedilatildeo de sua vida pois que soacute os

indiviacuteduos mais fortes conseguiam sobreviver ante as intempeacuteries os ataques de

animais aos deslocamentos em busca de alimentos e de lugares mais propiacutecios

para o repouso e a permanecircncia (BIANCHETTI 1995)

Na Greacutecia Antiga as pessoas com deficiecircncia eram abandonadas ou

sacrificadas por natildeo corresponder agrave perfeiccedilatildeo do homem Na Idade Meacutedia substitui-

se o sacrifiacutecio por sentimentos ldquocristatildeosrdquo como piedade e compaixatildeo e tambeacutem pela

rejeiccedilatildeo dos diferentes Nessa eacutepoca tem iniacutecio o atendimento assistencial agraves

pessoas com deficiecircncia em igrejas e outras instituiccedilotildees de cunho religioso com o

intuito de ldquolibertaacute-lasrdquo do pecado (PESSOTI 1984 SMITH 2004 FREITAS 2008)

Desse modo a educaccedilatildeo especial soacute comeccedilou a ser traccedilada no seacuteculo XVI

com meacutedicos e pedagogos que desafiaram os conceitos vigentes na eacutepoca pois

acreditaram nas possibilidades educacionais de indiviacuteduos que ateacute entatildeo eram

32

considerados ineducaacuteveis (MENDES 2010) Ressalta-se ainda que a histoacuteria

retrate algumas experiecircncias precursoras desde o seacuteculo XVI cujas bases eram

tutoriais de fato o acesso agrave educaccedilatildeo das pessoas com deficiecircncias foi sendo muito

lentamente conquistado e essa conquista ocorreu apenas na medida em que se

ampliaram as oportunidades educacionais para a populaccedilatildeo em geral (JANNUZZI

2004 MENDES 2010)

Na Idade Moderna com o avanccedilo do pensamento cientiacutefico e da valorizaccedilatildeo da

racionalidade humana buscam-se respostas para a condiccedilatildeo das deficiecircncias Daiacute o

entendimento das mesmas no sentido de doenccedilas ou patologias iniciando-se as

pesquisas sobre como medicar e tratar as pessoas que apresentavam deficiecircncias

(PESSOTI 1984 SMITH 2004 FREITAS 2008) Na realidade brasileira em acordo

com pesquisa feita por Jannuzzi (2004) a educaccedilatildeo para pessoas com deficiecircncias

soacute surgiu de maneira institucional no conjunto das concretizaccedilotildees das ideias liberais

que tiveram divulgaccedilatildeo por aqui no fim do seacuteculo XVIII e comeccedilo do XIX

Na contemporaneidade lentamente deixa-se de lado a patologizaccedilatildeo das

deficiecircncias e evidencia-se uma abordagem de entendimento tambeacutem voltada para

os aspectos educativos desses indiviacuteduos (SMITH 2004 FREITAS 2008)

Nos anos 50 e 60 do seacuteculo passado houve um intensivo surgimento de

instituiccedilotildees educacionais especializadas (SMITH 2004 FREITAS 2008) Jaacute na

deacutecada de 70 destacam-se a reabilitaccedilatildeo e o treino de habilidades das pessoas com

deficiecircncia baseados em accedilotildees fundamentadas no modelo meacutedico-psicoloacutegico

vigente (SMITH 2004 FREITAS 2008)

As deacutecadas de 80 e de 90 desenrolaram-se com uma maior flexibilidade no que

se refere agrave consideraccedilatildeo das possibilidades e potencialidades da pessoa com

deficiecircncias Foi a partir dos anos 90 que o Brasil deu iniacutecio verdadeiramente a uma

longa e permanente luta pelos direitos das pessoas com necessidades especiais de

frequentar o ensino regular (FREITAS 2008)

Garcia (2008) lembra que a deacutecada de 1990 teve como marca maior a reforma

educacional ocorrida principalmente nos paiacuteses em desenvolvimento tal como o

Brasil e a qual foi orientada entre outros aspectos pelo discurso da inclusatildeo social

Assim vaacuterios foram os eventos que corroboraram para que essa premissa de

educaccedilatildeo inclusiva fosse se arraigando Entre eles pode-se citar

33

- a Conferecircncia Mundial de Educaccedilatildeo para Todos ocorrida em 1990 em

Jomtiem Tailacircndia

- a Conferecircncia Mundial sobre as Necessidades Educacionais Especiais

ocorrida em Salamanca na Espanha em 1994 a qual teve como produto a

chamada Declaraccedilatildeo de Salamanca importante documento orientador para a

educaccedilatildeo inclusiva

- a Convenccedilatildeo Interamericana para a Eliminaccedilatildeo de todas as formas de

Discriminaccedilatildeo contra as Pessoas Portadoras de Deficiecircncia ocorrida na

Guatemala em 1999

- e a Convenccedilatildeo sobre os Direitos das Pessoas com Deficiecircncia ndash promovida

pela ONU em Nova York em 2006

O movimento pela educaccedilatildeo inclusiva no Brasil teve um grande impacto na

discussatildeo de poliacuteticas educacionais para crianccedilas e adolescentes com necessidades

especiais uma vez que a grande maioria desta populaccedilatildeo havia sido historicamente

excluiacuteda do sistema educacional puacuteblico brasileiro (MENDES ALMEIDA e TOYODA

2011)

Durante a Conferecircncia Mundial de Educaccedilatildeo para Todos em Jomtien

Tailacircndia em 1990 o Brasil estabeleceu metas baacutesicas para melhorar o sistema

educacional brasileiro Entre esses objetivos parecia necessaacuterio melhorar a

educaccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes com necessidades especiais Como resultado

da Conferecircncia Mundial sobre necessidades educacionais especiais Acesso e

Qualidade organizada pelo governo espanhol e pela Unesco em 1994 foi aprovada

a Declaraccedilatildeo de Salamanca (MENDES ALMEIDA e TOYODA 2011)

Com a Convenccedilatildeo da Guatemala 1999 tem-se como avanccedilo a concepccedilatildeo

que pressupotildee uma ressignificaccedilatildeo da pessoa com deficiecircncia remetendo a

necessidade de se transformar as escolas de maneira que natildeo existam mais

restriccedilotildees agrave aprendizagem de nenhum aluno Isso implicou tambeacutem em uma

ressignificaccedilatildeo da proacutepria Educaccedilatildeo Especial segundo Alves (2008)

Outro marco foi a Convenccedilatildeo sobre os Direitos das Pessoas com Deficiecircncia

ndash promovida pela ONU em Nova York em 2006 Os propoacutesitos desse evento foram

essencialmente os de promover proteger e assegurar condiccedilotildees plenas de

igualdade e de gozo de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais por

todas as pessoas com deficiecircncia (ALVES 2008)

34

Jaacute a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial na Perspectiva da Educaccedilatildeo

Inclusiva proposta pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo em 2007 evidencia o movimento

mundial pela educaccedilatildeo inclusiva como uma accedilatildeo cultural pedagoacutegica poliacutetica e

social desencadeada em defesa do direito de todos os alunos de estarem

aprendendo e participando juntos sem nenhum tipo de discriminaccedilatildeo (BRASIL

2007) Portanto a educaccedilatildeo inclusiva constitui-se em um paradigma educacional

fundamentado na concepccedilatildeo de direitos humanos que conjuga igualdade e

diferenccedila como valores indissociaacuteveis e que avanccedila em relaccedilatildeo agrave ideia de equidade

formal ao contextualizar as circunstacircncias histoacutericas da produccedilatildeo da exclusatildeo dentro

e fora da escola (BRASIL 2007)

O contexto educacional inclusivo estaacute pautado portanto nas resoluccedilotildees

discutidas e propostas por esses eventos o que promove certa ldquouniversalizaccedilatildeordquo do

que seria uma ldquoeducaccedilatildeo para todosrdquo No Brasil o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo assumiu

as orientaccedilotildees contidas nesses documentos cabendo aos Estados e Muniacutecipios a

particularizaccedilatildeo do atendimento aos diversos contextos E na praacutetica a educaccedilatildeo

inclusiva vem sendo um grande desafio pois vem reorientando as redes municipais

de ensino a uma reorganizaccedilatildeo por propor novas demandas e redefinir

competecircncias e responsabilidades (GARCIA 2008)

Eacute possiacutevel dizer que o conceito de ldquoescola para todosrdquo implica no

reconhecimento dos conteuacutedos acadecircmicos e do sistema cientiacutefico e sistemaacutetico

poreacutem sem restringir os alunos ou tentar dominaacute-los a qualquer custo (MANTOAN

2006)

A inclusatildeo escolar da pessoa com necessidades educacionais especiais

tornou-se um tema de grande relevacircncia e por isso mesmo vem ganhando espaccedilo

cada vez maior em debates e discussotildees que explicitam a necessidade de a escola

atender agraves diferenccedilas intriacutensecas agrave condiccedilatildeo humana (SILVEIRA e NEVEZ 2006)

Segundo as Diretrizes da Poliacutetica Nacional da Educaccedilatildeo Especial na

Perspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva (BRASIL 2007) o acesso agrave educaccedilatildeo tem iniacutecio

na educaccedilatildeo infantil na qual se desenvolvem as bases necessaacuterias para a

construccedilatildeo do conhecimento e desenvolvimento global do aluno Nessa etapa o

luacutedico o acesso agraves formas diferenciadas de comunicaccedilatildeo a riqueza de estiacutemulos

nos aspectos fiacutesicos emocionais cognitivos psicomotores e sociais e a convivecircncia

com as diferenccedilas favorecem as relaccedilotildees interpessoais o respeito e a valorizaccedilatildeo

da crianccedila

35

Conforme o tema do presente estudo sobre a inclusatildeo da crianccedila pequena

ressalta-se que a Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo - LDB (939496) jaacute

apontava em seu paacuteragrafo 3ordm que a oferta do atendimento em Educaccedilatildeo Especial

enquanto dever do Estado tambeacutem deve ser ofertado na faixa etaacuteria de zero aos

seis anos de idade E antes disso a Declaraccedilatildeo de Salamanca (1994) indicava que

eacute necessaacuterio garantir identificaccedilatildeo das condiccedilotildees e necessidades especiais assim

como garantir procedimentos de intervenccedilatildeo o mais precoce possiacutevel

Nesse sentido do nascimento aos trecircs anos o atendimento educacional

especializado se expressa por meio de serviccedilos de estimulaccedilatildeo precoce que

objetivam o processo de desenvolvimento e aprendizagem em interface com os

serviccedilos de sauacutede e assistecircncia social (BRASIL 2007) E todas as etapas e

modalidades da educaccedilatildeo baacutesica o Atendimento Educacional Especializado deve

ser organizado para apoiar o desenvolvimento dos alunos constituindo oferta

obrigatoacuteria dos sistemas de ensino Deve ser realizado no turno inverso ao da classe

comum na proacutepria escola ou centro especializado que realize esse serviccedilo

educacional (BRASIL 2007 BRASIL 2011)

Em virtude da orientaccedilatildeo acima descrita infere-se que esta certamente

colaborou para a ampliaccedilatildeo do acesso de crianccedilas pequenas com necessidades

especiais em condiccedilatildeo de inclusatildeo no ensino regular especialmente na educaccedilatildeo

infantil o que por sua vez pressupotildee adequaccedilotildees para garantir um atendimento de

qualidade desde tenra idade

Segundo Arnais (2003) possibilitar o acesso agrave educaccedilatildeo em contextos

educacionais natildeo excludentes o mais precoce possiacutevel proporcionaria para a crianccedila

com necessidades especiais uma melhor compreensatildeo de si mesma e dos outros e

aos colegas de turma e de escola uma experiecircncia de convivecircncia harmocircnica com

as diferenccedilas

Desse modo resume-se que alguns dos fundamentais princiacutepios do ideaacuterio da

educaccedilatildeo inclusiva satildeo o direito agrave educaccedilatildeo o direito agrave igualdade de oportunidades

o que natildeo significa um lsquomodo igualrsquo de educar a todos e sim dar a cada um o que

necessita em funccedilatildeo de suas caracteriacutesticas e necessidades individuais escolas

responsivas e de boa qualidade o direito agrave aprendizagem e o direito agrave participaccedilatildeo

(CARVALHO 2009 OLIVEIRA 2010) O que estaacute consonante com a ilustraccedilatildeo de

ALVES (2008) como benefiacutecios de uma ldquoescola abertardquo a todos sentimento de

pertencimento maior qualidade da educaccedilatildeo para todos e combate a todas as

36

formas de discriminaccedilatildeo Com isso se procura garantir ocasiotildees de muacuteltiplas

interaccedilotildees nos ambientes das creches e preacute-escolas natildeo excluindo de forma

alguma a crianccedila com necessidades educacionais especiais de modo que todas as

crianccedilas tenham a oportunidade de aprender com as contribuiccedilotildees de cada um de

seus colegas em uma relaccedilatildeo de alteridade (OLIVEIRA 2010)

Poreacutem na realidade praacutetica da educaccedilatildeo inclusiva ainda existem muitos

desafios e dificuldades Ainda que nos uacuteltimos vinte anos conceitos como exclusatildeo

e inclusatildeo educacionais tenham se tornado cada vez mais recorrentes nas

pesquisas documentos oficiais e na fala de gestores e professores pode-se afirmar

que uma educaccedilatildeo que busca primar pela qualidade de todos os alunos esbarra em

desigualdades de diversas naturezas (sociais eacutetnicas raciais e de gecircnero)

presentes na sociedade brasileira que historicamente acumula um quadro de

exclusotildees e contradiccedilotildees marcado por poliacuteticas laacutebeis e inconsistentes (SEKKEL

ZANELATTO e BRANDAtildeO 2010 MOREIRA BOLSANELLO e SEGER 2011)

Souza e Batista (2008) destacam que em muitas situaccedilotildees crianccedilas pequenas

que estatildeo em inclusatildeo educacional permanecem mais isoladas especialmente as

que apresentam alteraccedilotildees fiacutesicas por serem consideradas incapazes de se

locomover e explorar ambientes e objetos Isto representa a perda de momentos

importantes de interaccedilatildeo social ficando isoladas do contato com parceiros com

semelhanccedila de idade e tendo suas interaccedilotildees restritas agrave relaccedilatildeo com o adulto

cuidador (SOUZA e BATISTA 2008)

Outrossim eacute possiacutevel verificar uma concepccedilatildeo de inclusatildeo restrita ao

atendimento de crianccedilas com deficiecircncias enquanto as necessidades das demais

crianccedilas e dos profissionais que trabalham na escola satildeo muitas vezes

desconsideradas O isolamento e o envolvimento com questotildees marginais do

trabalho pedagoacutegico satildeo pontos centrais a serem considerados no enfrentamento

das barreiras atitudinais para a construccedilatildeo de um ambiente inclusivo (SEKKEL

ZANELATTO e BRANDAtildeO 2010)

Outro aspecto que merece atenccedilatildeo eacute a formaccedilatildeo dos pedagogos e professores

que atendem agraves crianccedilas pequenas com deficiecircncia na educaccedilatildeo infantil pois

demonstram em vaacuterios estudos natildeo possuiacuterem conhecimentos suficientes para lidar

com as particularidades que envolvem as diferentes condiccedilotildees de deficiecircncia tal

como a intelectual ou a fiacutesica conforme evidenciado nos estudos de Melo e Ferreira

(2009) e de Vitta Vitta e Monteiro (2010)

37

Esse uacuteltimo estudo traz concepccedilotildees de professores de educaccedilatildeo infantil que

atendem crianccedilas com deficiecircncia e nas quais demonstram crer que a principal

contribuiccedilatildeo do processo de inclusatildeo eacute a socializaccedilatildeo destas crianccedilas (VITTAVITTA

e MONTEIRO 2010) Tambeacutem ressaltam nesse estudo terem encontrado problemas

com o espaccedilo fiacutesico recursos materiais e humanos relativos agrave formaccedilatildeo do

professor desse modo os autores consideram que eacute preciso possibilitar aos

professores uma formaccedilatildeo que abranja conhecimentos sobre as diferentes

deficiecircncias e as necessidades educacionais relativas a estas propiciando a

adequaccedilatildeo do espaccedilo fiacutesico e dos recursos materiais aleacutem de assistecircncia

educacional especiacutefica (VITTA VITTA e MONTEIRO 2010)

Drago (2005) percebeu que a inclusatildeo da crianccedila na Educaccedilatildeo Infantil ainda se

daacute como mera integraccedilatildeo ou seja baseada no princiacutepio que quem deve mudar eacute o

aluno ele eacute quem deve se adequar agrave escola e natildeo o contraacuterio No estudo de

Mendes (2010) as educadoras avaliaram que o princiacutepio da inclusatildeo eacute vaacutelido

embora difiacutecil de ser colocado em praacutetica

Desse modo eacute possiacutevel perceber dados indicando que a inclusatildeo de crianccedilas

com necessidades especiais eacute vista com reservas pelos profissionais da Educaccedilatildeo

Infantil explicitando ideias preconcebidas sobre a deficiecircncia Eles se justificam pela

falta de conhecimento do desenvolvimento infantil e dos fatores que o envolvem

bem como pelo fato de os profissionais vincularem suas atividades agraves experiecircncias

pessoais (VITTA 2004 VITTA 2010)

Vital (2012) infere em sua pesquisa com crianccedilas com idade entre quatro e seis

anos que haacute a necessidade de se discutir e promover accedilotildees que auxiliem na

identificaccedilatildeo do preconceito nessa faixa etaacuteria

Drago (2005) faz referecircncias ao papel do educador de educaccedilatildeo infantil

enquanto importante modelo no que se refere ao entendimento acolhimento e

aceitaccedilatildeo da crianccedila pequena com deficiecircncia na turma Bazon (2009) constatou

que atitudes de preconceito barreiras atitudinais e falta de informaccedilatildeo por parte de

professores afetam profundamente o processo de inclusatildeo da crianccedila pequena

Nesse sentido Bartalotti (2004) percebeu que a construccedilatildeo de histoacuterias de sucesso

na inclusatildeo de crianccedilas com necessidades especiais na Educaccedilatildeo Infantil envolve a

orientaccedilatildeo apoio e momentos de reflexatildeo e discussatildeo sobre o papel dos

educadores junto a accedilotildees inclusivas e as singularidades desse alunado

38

Jaacute Fernandes Bolsanello e Moreira (2008) indicam pelo menos dois grandes

desafios para a inclusatildeo da crianccedila pequena na educaccedilatildeo infantil a) a ainda vigente

visatildeo cliacutenico-assistencialista da deficiecircncia o que nos primeiros anos de vida faz

com que a crianccedila seja vista como enferma ou doente e b) as condiccedilotildees de

acolhimento e orientaccedilatildeo agraves famiacutelias nos primeiros meses de vida da crianccedila com

deficiecircncia o que resulta em um grande nuacutemero de vezes na dificuldade de

aceitaccedilatildeo da condiccedilatildeo de deficiecircncia da crianccedila por sua famiacutelia e na falta de

observacircncia do potencial de promoccedilatildeo do desenvolvimento dessa crianccedila desde

tenra idade

No que se refere agraves famiacutelias das crianccedilas com necessidades especiais haacute a

evidecircncia da necessidade de um acompanhamento antes durante e apoacutes a

inclusatildeo propriamente dita de modo a apoiaacute-las nos momentos de busca e escolha

da escola de adaptaccedilatildeo da crianccedila ao novo ambiente e de transiccedilatildeo dos

atendimentos oferecidos pela instituiccedilatildeo especializada para outros setores (LUIZ e

NASCIMENTO 2012)

Igualmente Benincasa (2011) destaca a) a importacircncia da articulaccedilatildeo entre

os campos da educaccedilatildeo especial e da educaccedilatildeo infantil na construccedilatildeo de propostas

pedagoacutegicas que sirvam como suporte aos diferentes sujeitos envolvidos

(professores comunidade famiacutelia e crianccedila) para a efetiva permanecircncia do aluno

com necessidades especiais no ensino comum b) a presenccedila de uma variedade de

modos de recepccedilatildeo e compreensatildeo do movimento de inclusatildeo escolar por parte dos

educadores envolvidos e c) o reconhecimento de que o local de instituiccedilatildeo

(estrutura fiacutesica e questotildees relacionadas agrave acessibilidade por exemplo) produz

impacto para se pensar os processos de escolarizaccedilatildeo de seus alunos e a tomada

de decisatildeo relativa a esses processos

Franccedila (2008) observou a influecircncia positiva da estimulaccedilatildeo assistemaacutetica

realizada por meio das interaccedilotildees sociais em sala regular para o desenvolvimento

motor e interaccedilatildeo social de crianccedilas cegas menores de cinco anos e Amaro (2004)

evidenciou a importacircncia de se observar e refletir sobre a singularidade do aluno

com necessidades especiais para que esta seja respeitada e valorizada

Assim percebe-se que educaccedilatildeo inclusiva eacute uma reforma educacional que

abarca um acircmbito bastante abrangente em diferentes niacuteveis de mudanccedilas como jaacute

afirmado por Rodrigues e Lima-Rodrigues (2011) Tal fato requer a busca constante

39

de se desvencilhar de muitas armadilhas conceituais para que a escola inclusiva

deixe de ser mera proposiccedilatildeo e passe a existir de verdade (DRAGO 2011)

Por fim segundo Mendes (2010) eacute necessaacuterio definir quem satildeo as crianccedilas

com necessidades especiais na idade entre zero e seis anos para que se possam

determinar os criteacuterios de elegibilidade para os programas de detecccedilatildeo e

intervenccedilatildeo precoce e planejar as accedilotildees necessaacuterias tais como alocar recursos

formar pessoal entre outros

24 A FAMIacuteLIA COMO UM MICROSSISTEMA DE DESENVOLVIMENTO HUMANO

E SUA RELACcedilAtildeO COM A CRIANCcedilA PEQUENA COM NECESSIDADES

ESPECIAIS

Reconhecidamente a famiacutelia eacute o contexto primordial de desenvolvimento para

qualquer ser humano Eacute portanto o locus das primeiras relaccedilotildees interaccedilotildees e

conhecimentos pelas crianccedilas espaccedilo no qual iratildeo se conformar as suas

impressotildees de mundo com base nas estruturas relacionais ali dispostas

especialmente entre seus partiacutecipes (SANCHEZ MARTINEZ e PENALVER 2003

MACEDO e MARTINS 2004 SILVA 2010) Por tal as relaccedilotildees familiares satildeo uma

aacuterea de pesquisa dentro do campo da Psicologia do Desenvolvimento que tem

despertado grande interesse dos pesquisadores e inspirando inuacutemeras questotildees

(SOEJIMA 2008)

O conceito de famiacutelia que se tem na atualidade eacute resultado de intensas

modificaccedilotildees sociais econocircmicas culturais e poliacuteticas muitas delas ocorridas nos

uacuteltimos 50 anos (PINHEIRO e BIASOLI-ALVES 2008 WEBER 2008)

Nesse acircmbito revela-se importante lembrar que as transformaccedilotildees no papel

da mulher diante agrave sociedade fizeram com que ocorressem tambeacutem profundas

modificaccedilotildees na organizaccedilatildeo e funcionamento familiar e de seus membros

(PINHEIRO e BIASOLI-ALVES 2008 DESSEN e BRAZ 2005)

As deacutecadas de 60 70 e 80 do seacuteculo passado foram marcadas pela

crescente participaccedilatildeo feminina no contexto econocircmico poliacutetico e social de nosso

paiacutes tambeacutem foi possiacutevel perceber a transiccedilatildeo das relaccedilotildees conjugais e familiares

hierarquizadas para mais igualitaacuterias a queda significativa no nuacutemero de filhos por

casal a regulamentaccedilatildeo do divoacutercio menor desigualdade entre os papeacuteis

40

masculinos e femininos o surgimento de novos valores para a criaccedilatildeo dos filhos e

mudanccedilas na distribuiccedilatildeo das tarefas do lar (RIBEIRO SABOacuteIA BRANCO e

BREGMAN 1998 VIEIRA 1998 DESSEN e TORRES 2002 DEUTSCH 2009)

A partir da deacutecada de 90 em decorrecircncia da transformaccedilatildeo do papel da

mulher diante da sociedade e das demais conjunturas histoacutericas e sociais mostram-

se igualmente importantes o aumento do nuacutemero de divoacutercios de re-casamentos de

famiacutelias monoparentais e o cuidado dos filhos passa a ser mais compartilhado com

outros grupos sociais e os filhos se tornam mais participativos nas decisotildees

familiares (ARRIAGADA 2000 GALANO 2006 DEUTSCH 2009)

Diante de tantas transformaccedilotildees na contemporaneidade estudos que

envolvam a famiacutelia assumem a premissa de que satildeo diversos os tipos e as

possibilidades de arranjos familiares e sua definiccedilatildeo deve estar mais baseada na

opiniatildeo dos membros considerando a afetividade e a proximidade entre eles do que

em variaacuteveis como consanguinidade relacionamento heterossexual divisatildeo da

mesma casa continuidade ao longo da vida por exemplo que por si soacute natildeo definem

famiacutelia (DESSEN 2010)

Portanto ao usar-se o termo famiacutelia na atualidade deve-se levar em

consideraccedilatildeo que cada vez mais o modelo familiar conjugal ndash nuclear ndash

heterossexual com sua prole bioloacutegica inspirado no modelo tradicional se modifica

e transforma o modo como se datildeo as relaccedilotildees entre seus sujeitos e a sociedade

(SILVA 2011) Deste modo ao se fazer referecircncia agrave famiacutelia estaacute se levando em

consideraccedilatildeo a rede de interaccedilotildees que envolvem aspectos cognitivos sociais

afetivos e culturais e outras variaacuteveis que tenham significado entre os sujeitos

envolvidos portanto natildeo evidenciados apenas em laccedilos de consanguinidade

(DESSEN e BRAZ 2005 DESSEN e POLOcircNIA 2007) Ou como jaacute discutido por

DESSEN e BRAZ (2005) o termo famiacutelia em tempos poacutes-modernos eacute

extremamente difiacutecil de ser definido com base no modelo tradicional

Contudo ainda que em transformaccedilatildeo a famiacutelia continua sendo um contexto

que alicerccedila a formaccedilatildeo do ser constituindo-se como matriz da aprendizagem

humana (ALMEIDA 2010)

Para Minuchin Lee e Simon (2008) uma famiacutelia se constitui por um grupo de

pessoas ligadas por laccedilos de emoccedilatildeo eou por consanguinidade e que viveu junto

tempo suficiente para que se criassem padrotildees de interaccedilatildeo entre seus membros

Nessas interaccedilotildees padronizadas os membros da famiacutelia constroem uns aos outros

41

Brofenbrenner (2011) salienta que a importacircncia da famiacutelia natildeo estaacute somente

nas accedilotildees de promoccedilatildeo das capacidades que uma crianccedila tem em aprender a

andar a falar e estudar mas pela formaccedilatildeo de uma pessoa com capacidade de

realizar seu trabalho de pensar claramente de servir a comunidade ou a sociedade

como um todo Em outras palavras Brofenbrenner (2011) define a famiacutelia como um

grupo de pessoas que possui e executa um compromisso irrestrito de bem-estar uns

com os outros

Dada a profunda influecircncia do contexto familiar na constituiccedilatildeo de seus

sujeitos pode-se inferir que haacute nas interaccedilotildees ocorridas nesse microssistema

relacional a possibilidade de que ele venha a se mostrar tanto como fator de risco

quanto de proteccedilatildeo ao desenvolvimento de seus membros Sendo assim ao longo

do tempo aspectos ambientais sociais poliacuteticos transgeracionais culturais e

econocircmicos exercem influecircncia sobre as famiacutelias e a histoacuteria de seus membros

(BRONFENBRENNER 1996 BROFENBRENNER 2011 DINIZ e KOLLER 2010)

Essas influecircncias satildeo facilmente perceptiacuteveis ao se observar o ingresso mais

frequente da mulher-matildee no mercado de trabalho e o processo de migraccedilatildeo das

pessoas que propiciam o distanciamento entre os grupos familiares Ambas as

situaccedilotildees propiciam e fortalecem a necessidade de cuidado infantil extrafamiliar

como o que hoje se entende por creche Em decorrecircncia disso percebe-se

atualmente que o cuidado a educaccedilatildeo e a promoccedilatildeo do desenvolvimento na

infacircncia passaram a ser divididos entre a instituiccedilatildeo e a famiacutelia

Estudos sobre desenvolvimento destacam que a variaacutevel de maior impacto

sobre o desenvolver da crianccedila eacute a relaccedilatildeo com sua famiacutelia e seu ambiente imediato

(ANDRADE 2005)

Os membros que compotildeem a famiacutelia satildeo todos influentes quando se fala de

desenvolvimento infantil contudo a figura paterna e a materna merecem uma

anaacutelise mais aprofundada a respeito de seus papeacuteis e as devidas inter-relaccedilotildees

Nesse sentido destaca-se que o advento proacuteprio ao surgimento de uma crianccedila

provoca muitas transformaccedilotildees tanto em homens quanto em mulheres ambos

passam por momentos de reflexatildeo e de reelaboraccedilatildeo de seus sonhos anseios e por

uma reorganizaccedilatildeo de papeacuteis agora como pais e matildees (BRAZELTON 2002)

A matildee eacute a primeira referecircncia da crianccedila em termos de cuidado afeto

nutriccedilatildeo ela estaacute em outras palavras preparada para enxergar reconhecer as

necessidades de sua crianccedila e isso eacute construiacutedo desde a ideacuteia de crianccedila que ela

42

cria antes mesmo do nascimento (BRUM e SCHERMANN 2004 FERRARI e

PICCININI 2010) Tal situaccedilatildeo faz com que esse viacutenculo tenha uma relevacircncia

ainda maior para o desenvolvimento na infacircncia e mereccedila ampla anaacutelise e maiores

estudos a respeito de seus impactos (ALT e BENETTI 2008)

Por outro lado a figura do pai no desenvolvimento da crianccedila pequena

tambeacutem eacute importante e sua vinculaccedilatildeo com o filho tambeacutem se daacute durante a

gestaccedilatildeo poreacutem com caracteriacutesticas muito proacuteprias Haacute estudos que ilustram a

busca dos pais por interagir com seus bebecircs que ainda estatildeo no ventre materno

seja por meio de cariacutecias ou mesmo conversas com a barriga da gestante e que

eles assim como as matildees podem apresentar certa dificuldade em perceber o bebecirc

como ldquorealrdquo principalmente nos meses iniciais do periacuteodo gestacional (HANSEL

2004 PICCININI et al 2004 CIA WILLIANS e AIELLO 2005) Dessa maneira o

envolvimento emocional paterno daacute-se de modo crescente e muito mais consistente

com o proacuteprio avanccedilar da gravidez em consonacircncia com a evoluccedilatildeo da interaccedilatildeo da

matildee (HANSEL 2004 PICCININI et al 2004 CIA WILLIANS e AIELLO 2005)

Como a figura paterna pode representar intenso apoio emocional e material para a

mulher eacute possiacutevel inferir que seu envolvimento positivo com o processo gestacional

eacute um aspecto importante para a vinculaccedilatildeo afetiva com a crianccedila tambeacutem apoacutes o

parto o que com certeza enriquece essa relaccedilatildeo (matildee-pai-bebecirc) Mesmo com essa

notoacuteria importacircncia da figura paterna eacute possiacutevel constatar que a figura do pai ainda

eacute pouco explorada no campo da pesquisa aspecto indicado tambeacutem em literatura

pertinente (HANSEL 2004 PICCININI et al 2004 CIA WILLIANS e AIELLO 2005)

Para a crianccedila pequena a figura dos pais eacute de suma importacircncia jaacute que eles

a auxiliaratildeo a conhecer o mundo e a reconhecer-se como sujeito Ou seja a famiacutelia

configura-se como o primeiro universo de relaccedilotildees sociais da crianccedila podendo

proporcionar-lhe um ambiente adequado de crescimento e desenvolvimento

Corroborando com esse uacuteltimo aspecto reafirma-se que os primeiros anos de vida

constituem uma importante etapa da existecircncia especialmente criacutetica pois nela

configuram-se as habilidades perceptivas motoras cognitivas linguiacutesticas e sociais

possibilitando uma equilibrada interaccedilatildeo com o externo Seraacute a partir deste primeiro

espaccedilo de relaccedilotildees sociais que a crianccedila entenderaacute o ambiente que a cerca e agiraacute

sobre os elementos do mundo (GAT 2000 BRAZELTON e CRAMER 2002

BRAZELTON e GREENSPAN 2002)

43

Importante considerar tambeacutem que quando existe uma interaccedilatildeo efetiva

entre a crianccedila e os membros de sua famiacutelia o desenvolvimento infantil eacute facilitado

pelas trocas que esta relaccedilatildeo oportuniza (HANSEL 2004)

De forma geral a valorizaccedilatildeo da relaccedilatildeo pai-matildee-crianccedila pequena eacute

importante para que todos se sintam seguros em seus papeacuteis e prosperem como

sujeitos As interaccedilotildees satildeo mutuamente alimentadas quando os sujeitos que dela

participam tecircm espaccedilo e oportunidade de responder agraves necessidades do outro e de

si mesmo Em outras palavras os indiviacuteduos em interaccedilatildeo estatildeo em muacutetua e

constante troca um monitora o outro o que implica no surgimento de respostas

emocionais diversas e interpretaccedilotildees cognitivas as quais afetam a continuidade e a

qualidade dessas interaccedilotildees bem como o comportamento futuro dos sujeitos

envolvidos (HANSEL 2004 PICCININI et al 2004 CIA WILLIANS e AIELLO 2005

DESSEN e BRAZ 2005)

Tem-se conhecimento de que tanto a figura materna quanto a paterna

influencia o processo de desenvolvimento do filho especialmente quando se trata da

crianccedila com distuacuterbios de desenvolvimento ou com deficiecircncias (HANSEL 2004

BOLSANELLO e SOUZA 2004 HANSEL e BOLSANELLO 2009)

Gineacute et al (2009) afirmam sobre a interaccedilatildeo com a famiacutelia que o objetivo

final deve ser o de alcanccedilar uma vida com qualidade lembrando que os pais satildeo os

maiores promotores do desenvolvimento de sua crianccedila No sentido de qualidade

lembra-se que o que caracteriza uma relaccedilatildeo familiar eacute a influecircncia da interaccedilatildeo

entre indiviacuteduos sobre outras interaccedilotildees tal influecircncia eacute vista no efeito cumulativo

das interaccedilotildees ou seja os indiviacuteduos natildeo precisam estar continuamente em

interaccedilatildeo para que sua relaccedilatildeo seja mantida (DESSEN e BRAZ 2005)

Dada agrave profunda influecircncia da famiacutelia na constituiccedilatildeo do sujeito-filho pode-se

inferir que haacute nas interaccedilotildees desse microssistema relacional a possibilidade de ele

mostrar-se tanto como fator de risco quanto protetivo Esta aparente ambiguidade eacute

justificada quando se considera a famiacutelia como o grupo social baacutesico do indiviacuteduo

cuja funccedilatildeo e estrutura satildeo determinantes em seu desenvolvimento As relaccedilotildees

entre pais e filhos satildeo caracterizadas por uma enorme complexidade Ao longo dos

tempos aspectos ambientais sociais poliacuteticos transgeracionais culturais e

econocircmicos exercem influecircncia sobre as famiacutelias e a histoacuteria de seus membros

(HANSEL 2004 PICCININI et al 2004 CIA WILLIANS e AIELLO 2005 DINIZ e

KOLLER 2010)

44

Na famiacutelia os objetivos conteuacutedos e meacutetodos se diferenciam fomentando o

processo de socializaccedilatildeo a proteccedilatildeo as condiccedilotildees baacutesicas de sobrevivecircncia e o

desenvolvimento de seus membros no plano social cognitivo e afetivo Esta eacute

tambeacutem a primeira mediadora entre o homem e sua cultura Portanto a famiacutelia eacute a

matriz da aprendizagem humana com significados e praacuteticas culturais proacuteprias

essas que geram modelos de relaccedilatildeo interpessoal e de construccedilatildeo individual e

coletiva (BRONFENBRENNER 1996 BRONFENBRENNER 2011 GURALNICK

2002)

Dessa maneira os acontecimentos e as experiecircncias familiares propiciam a

formaccedilatildeo de repertoacuterios comportamentais de accedilotildees e resoluccedilotildees de problemas com

significados universais e particulares (BRONFENBRENNER 1996

BRONFENBRENNER 2011 GURALNICK 2002) Essas vivecircncias integram a

experiecircncia individual e coletiva que organiza interfere e a torna uma unidade

dinacircmica que estrutura as formas de subjetivaccedilatildeo e interaccedilatildeo social de seus

membros Nesse sentido tambeacutem se pode afirmar que eacute por meio dessa unidade e

suas interaccedilotildees internas que se concretizam as transformaccedilotildees na sociedade que

por sua vez ocasionam novas influecircncias a seus membros num processo

bidirecional (BRONFENBRENNER 1996 BRONFENBRENNER 2011 GURALNICK

2002)

Igualmente pode-se afirmar que aspectos tais como a escolaridade da matildee e

o desemprego paterno podem ser considerados como preditores bastante confiaacuteveis

para explicitar alteraccedilotildees nos resultados de estudos sobre desenvolvimento infantil

(LORDELO et al 2007)

Tambeacutem a interaccedilatildeo familiar possui um caraacuteter de reciprocidade em suas

relaccedilotildees ou seja o estabelecimento de laccedilos muacutetuos mobiliza a crianccedila para o

desenvolvimento de atividades no seu meio fiacutesico social simboacutelico condutores da

sua atividade exploratoacuteria manipuladora criativa e imaginativa logo essa

capacidade comeccedila a desenvolver-se desde o nascimento do bebecirc e aprimora-se ao

longo do tempo e por outro lado o proacuteprio desenvolvimento parental eacute influenciado

pelo comportamento e desenvolvimento dos filhos o que mais uma vez reforccedila a

ideia do desenvolvimento como um processo dinacircmico influenciado pelos vaacuterios

sistemas que o constituem (BRONFENBRENNER 1996 BRONFENBRENNER

2011)

45

Sendo assim quando haacute situaccedilotildees de risco ou problemas nos quais a famiacutelia

precise contar com algum tipo de apoio pode - se afirmar que a principal rede de

apoio eacute a proacutepria interaccedilatildeo entre seus membros especialmente entre os genitores

ou cuidadores principais (BRONFENBRENNER 1996 BRONFENBRENNER 2011

DESSEN e BRAZ 2005) Isso porque o estabelecimento do viacutenculo portanto de

uma relaccedilatildeo de afeto estaacutevel e contiacutenua pode ser considerado o principal elemento

de superaccedilatildeo da mudanccedila para todos os membros dessa unidade primordial E

seratildeo tais viacutenculos que por meio do alimentar brincar ou confortar uma crianccedila

ativaratildeo sentimentos como cumplicidade ternura carinho que se verificam como

contributos para o delineamento do curso da vida Lembra-se que natildeo satildeo apenas

as experiecircncias objetivas que pesam e influenciam o desenvolvimento humano as

subjetivas igualmente auxiliam na formaccedilatildeo do repertoacuterio global dos sujeitos em

evoluccedilatildeo (BRONFENBRENNER 1996 BRONFENBRENNER 2011 DINIZ e

KOLLER 2010)

Nesse sentido a interaccedilatildeo entre microssistemas tais como famiacutelia e escola

ou a creche pode ser um espaccedilo de reforccedilo e orientaccedilatildeo direta ou indireta dessa

rede de apoio primordial (PEREIRA-SILVA e DESSEN 2004 DESSEN e POLONIA

2007) Por outro lado um canal de comunicaccedilatildeo famiacutelia-instituiccedilatildeo ruim falha como

recurso motivacional e de interesse da famiacutelia em relaccedilatildeo ao atendimento da crianccedila

(ORTIZ e FAVARO 2004)

Ressalta-se portanto que o atendimento educacional na infacircncia

especialmente o que eacute voltado agrave crianccedila pequena deve ser baseado no trabalho

colaborativo e cooperativo no compartilhamento de responsabilidades e

informaccedilotildees com a famiacutelia lhes conferindo o empoderamento necessaacuterio para

usufruiacuterem de suas capacidades e potencialidades enquanto cuidadores auxiliando-

os a lidar com os percalccedilos e limites que possam ser motivados pelas

especificidades do filho (ROMERO 2003 GINEacute et al 2009)

Tais aspectos devem ser levados em consideraccedilatildeo principalmente porque a

crianccedila na primeira infacircncia tem necessidades desenvolvimentais muito proacuteprias

as quais devem ser conhecidas e respeitadas tanto pela famiacutelia quanto pela

instituiccedilatildeo que a atende

Ao posicionar o papel da famiacutelia na concepccedilatildeo da Atenccedilatildeo Precoce retoma-

se que em uma perspectiva transacional o desenvolvimento infantil pode ser

entendido como produto de interaccedilotildees dinacircmicas entre a crianccedila a famiacutelia e o

46

contexto (SAMEROFF e FIESE 2000) Essa perspectiva amplia a visatildeo da

costumeira abordagem linear e unidirecional que modelos tradicionais de

atendimento ao desenvolvimento infantil possuem reconhecendo a influecircncia da

interaccedilatildeo de diversos fatores na conformaccedilatildeo da pessoa-crianccedila em

desenvolvimento e tambeacutem influencia profundamente o atendimento agrave crianccedila

pequena com deficiecircncia por transformar esse uacuteltimo em uma abordagem centrada

na famiacutelia (SAMEROFF E FIESE 1990 2000 SERRANO 2007)

Nesse sentido vaacuterios estudos a respeito da relaccedilatildeo entre famiacutelia e

desempenho desenvolvimental da crianccedila confirmam que os pais satildeo importantes

agentes moduladores das experiecircncias de seus filhos de tal maneira que suas

accedilotildees podem se constituir em riscos para o desenvolvimento infantil (BARROS et al

2003 MANCINI et al 2004 AMORIM et al 2009 SARTORI SACANI e VALENTINI

2010)

Em consonacircncia Amorin et al (2009) perceberam em seu

estudo que as crianccedilas que dispunham de menor tempo diaacuterio com suas matildees

apresentaram maior frequecircncia de deacuteficit em equiliacutebrio estaacutetico quando comparadas

agravequelas que permaneciam mais tempo com a matildee sugerindo a presenccedila materna

como um fator de proteccedilatildeo para a aquisiccedilatildeo dessa habilidade Igualmente Barros et

al (2003) evidenciaram em sua pesquisa que podem se constituir em fatores de

risco para o desenvolvimento da crianccedila pequenas situaccedilotildees como ausecircncia do pai

utilizaccedilatildeo de brinquedos inadequados para a faixa etaacuteria o local onde a crianccedila era

mantida em idades precoces da infacircncia a falta de orientaccedilatildeo pedagoacutegica e de

socializaccedilatildeo extrafamiliar precoce e a baixa condiccedilatildeo socioeconocircmica familiar Jaacute

os resultados do estudo de Sartori Sacani e Valentini (2010) sugerem uma diferenccedila

significativa entre o desempenho desenvolvimental dos bebecircs filhos de adolescentes

e os nascidos de matildees adultas ressaltando a possibilidade de a idade materna ser

um fator de risco para a ocorrecircncia de atrasos no desenvolvimento

Diante dos elementos acima se soma a orientaccedilatildeo de Brazelton e Cramer

(2002) na qual evidenciam que quando os pais apreciam e valorizam o repertoacuterio

comportamental de seus bebecircs estatildeo prontos a entrar em um diaacutelogo com eles

Ainda conforme esses autores os profissionais que datildeo apoio aos pais facilitando e

apresentando o repertoacuterio das crianccedilas agrave famiacutelia colaboram com o fortalecimento

dos primeiros viacutenculos e com a promoccedilatildeo do desenvolvimento na infacircncia Aleacutem de

que avaliar a estimulaccedilatildeo disponiacutevel para a crianccedila dentro de uma determinada

47

famiacutelia pode fornecer elementos importantes para as poliacuteticas de sauacutede e educaccedilatildeo

a serem programadas pelos organismos puacuteblicos (MARTINS et al 2004 )

Portanto a essecircncia da relaccedilatildeo materna e paterna com a crianccedila eacute a

reciprocidade Ou seja os cuidadores devem estar acessiacuteveis quando a crianccedila

precisa deles devendo mostrar que haacute interesse no que ela apresenta orientando

quanto a limites e possibilidades Ao demonstrar isso o bebecirc com seus recursos

responderaacute alimentando esse circuito ou sistema de comunicaccedilatildeo Nesse sentido haacute

a importacircncia de se orientar aos cuidadores o mecanismo de comunicaccedilatildeo com sua

crianccedila lembrando-lhes dos efeitos devastadores que riscos como os jaacute indicados

anteriormente podem ocasionar nesse sistema de comunicaccedilatildeo reciacuteproca com o

bebecirc (BRAZELTON 1990 BRAZELTON e CRAMER 2002)

Por esses motivos eacute que se entende como necessaacuterio destacar a

importacircncia de accedilotildees interventivas e de orientaccedilotildees que considerem o papel de pais

ou outros cuidadores principais como uma forma de propiciar prevenccedilatildeo de

possiacuteveis futuros deacuteficits no desenvolvimento infantil e mesmo de minimizar

alteraccedilotildees desenvolvimentais jaacute estabelecidas na infacircncia (BARBA MARTINEZ e

CARRASCO 2003) Pois assim como a crianccedila cuja deficiecircncia jaacute foi identificada

haacute aquele indiviacuteduo que frequenta a educaccedilatildeo infantil e que pode apresentar

alteraccedilatildeo em seu desenvolvimento seja por privaccedilatildeo de estiacutemulos adequados seja

por lesotildees agraves que quando natildeo detectadas ou natildeo atendidas podem comprometer a

maturaccedilatildeo neuropsicoloacutegica o que traz implicaccedilotildees para outras instacircncias do

desenvolvimento humano (GAT 2000)

Nessa perspectiva torna-se destaque que os programas vinculados agrave sauacutede

infantil devem estar voltados tambeacutem para o ambiente educacional da crianccedila pois

nele ela se estrutura como um ser individual e social capaz de interagir com outros

niacuteveis de amplitude e de construir espaccedilos entre os setores sociais envolvidos no

processo de construccedilatildeo de uma vida saudaacutevel (MARTINS et al 2004) Isso se

justifica tambeacutem em pesquisas que reforccedilam a importacircncia da aproximaccedilatildeo entre

famiacutelia e educadoras da educaccedilatildeo infantil como modo de auxiliar no

desenvolvimento da crianccedila pequena com ou sem deficiecircncia (CUEVAS 2003

MACARINI MARTINS e VIEIRA 2009)

Especificamente sobre a Educaccedilatildeo Infantil haacute estudos que evidenciam que

quando ocorrem accedilotildees de avaliaccedilatildeo do desenvolvimento infantil ou mesmo

intervenccedilatildeo precoce no contexto da creche haacute grandes ganhos para o

48

desenvolvimento das crianccedilas ali inseridas (BARBA MARTINEZ e CARRASCO

2003 SOEJIMA 2008 BALTIERI et al 2010) Isso posto salienta-se que a inclusatildeo

educacional natildeo se faz apenas com a adaptaccedilatildeo do espaccedilo mas tambeacutem com a

modificaccedilatildeo de conceitos e condutas sobre a pessoa com deficiecircncia (MANTOAN

2004 MAZZOTA 2003)

Por outro lado investigar como o contexto da creche se mostra diante da

atenccedilatildeo ao desenvolvimento infantil da crianccedila com e sem necessidades especiais

(elencar as dificuldades das educadoras em lidar com a promoccedilatildeo ou estimulaccedilatildeo

do desenvolvimento) auxilia na criaccedilatildeo de accedilotildees que transformem esse ambiente

tornando-o mais inclusivo ampliando a qualidade de seu atendimento e das

relaccedilotildees com a comunidade que atende (BARBA MARTINEZ e CARRASCO 2003

CUEVAS 2003 VITTA 2010 VITTA VITTA e MONTEIRO 2010)

Com base no referencial sobre o tema abordado neste trabalho verifica-se

que para a implementaccedilatildeo de programas de atendimento agrave crianccedila pequena com

necessidades especiais - seja dentro da Educaccedilatildeo Infantil ou na Educaccedilatildeo Especial

- eacute necessaacuterio que os profissionais envolvidos tomem conhecimento a respeito dos

muacuteltiplos fatores de risco e proteccedilatildeo que norteiam o desenvolvimento na infacircncia

com ecircnfase em uma perspectiva ecoloacutegica levando em consideraccedilatildeo as interaccedilotildees

transacionais entre a crianccedila e o ambiente e vice-versa Para tal torna-se

necessaacuteria tambeacutem a construccedilatildeo e o seguimento de um marco teoacuterico e conceitual

que sirva de guia para os serviccedilos de atendimento agrave infacircncia (GURALNIK 2008)

Com estes conhecimentos eacute possiacutevel colocar em praacutetica a criaccedilatildeo de programas de

intervenccedilatildeo em crianccedilas com riscos bioloacutegicos e ambientais e prevenir o surgimento

ou o agravamento de alteraccedilotildees no desenvolvimento sejam elas de origem motora

sensorial intelectual ou emocional tanto na educaccedilatildeo especial quanto na educaccedilatildeo

infantil (FORMIGA e PEDRAZZANI 2004)

Por fim ressalta-se que em virtude dos dados acima correlacionados eacute que

decorre o interesse em investigar concepccedilotildees de pais de crianccedilas com

necessidades especiais e de seus educadores acerca da inclusatildeo educacional na

primeira infacircncia tendo em vista tambeacutem as condiccedilotildees de promoccedilatildeo do

desenvolvimento infantil desse alunado dentro de Centros Municipais de Educaccedilatildeo

Infantil - CMEI

49

25 A INSTITUICcedilAtildeO DE EDUCACcedilAtildeO INFANTIL COMO UM CONTEXTO DE

DESENVOLVIMENTO

Na realidade brasileira os serviccedilos da Educaccedilatildeo Infantil vecircm se

configurando como uma opccedilatildeo de cuidado e educaccedilatildeo amplamente utilizada pelas

famiacutelias contemporacircneas Vaacuterios fatores estatildeo envolvidos entre eles o ingresso da

mulher no mercado de trabalho as novas possibilidades de arranjos familiares o

movimento migratoacuterio das pessoas do interior para cidades maiores com mais

acesso a oportunidades de trabalho e educaccedilatildeo o que faz com que nem sempre a

matildee trabalhadora tenha apoio para o cuidado da sua crianccedila e tambeacutem como

recurso para a parcela da populaccedilatildeo que possui condiccedilotildees socioeconocircmicas

desfavoraacuteveis (RAPOPORT e PICCININI 2004 CERISARA 2002 ROSSETTI-

FERREIRA RAMON e SILVA 2002 CAMPOS 1999 ROSSETTI-FERREIRA

AMORIM e VITOacuteRIA 1994 MOREIRA e LORDELO 2002)

Historicamente esse serviccedilo vem passando por vaacuterias modificaccedilotildees ao longo

dos anos Especialmente nas uacuteltimas trecircs deacutecadas a educaccedilatildeo extrafamiliar de

bebecircs e crianccedilas pequenas tem sido marcada por profundas mudanccedilas sociais

culturais poliacuteticas e econocircmicas que entre outros fatores afetaram as relaccedilotildees

sociais o mundo do trabalho as estruturas familiares os sistemas de ensino a

imagem de crianccedila e o lugar que nossos pequenos ocupam nas instituiccedilotildees

educativas e na sociedade (FERNANDES 2011) Em suma pode-se afirmar que

essas modificaccedilotildees tambeacutem contribuiacuteram para que a Educaccedilatildeo Infantil tivesse

acentuada a sua funccedilatildeo pedagoacutegica deixando para traacutes o caraacuteter assistencialista

que teve em sua origem (OLIVEIRA et al 2006 WEBER et al 2006 VERIacuteSSIMO e

FONSECA 2003)

Nessa transiccedilatildeo de entendimento de sua funccedilatildeo na medida em que se foi

ampliando o nuacutemero de matriacuteculas adquirindo maior espaccedilo em pesquisas no paiacutes

nos debates sociais suas fragilidades foram se destacando o que levou aos

resultados dos primeiros estudos sobre a qualidade desse serviccedilo os quais

indicavam uma situaccedilatildeo generalizada de precarizaccedilatildeo verificada tanto em aspectos

fiacutesicos (instalaccedilotildees ruins materiais pedagoacutegicos e equipamentos em escassez ou

completa ausecircncia) quanto em aspectos humanos (baixa escolaridade dos

profissionais falta de formaccedilatildeo dos educadores ausecircncia de projeto pedagoacutegico

50

problemas de interaccedilatildeo instituiccedilatildeondashfamiacutelia) (CAMPOS FUumlLGRAFF e WIGGERS

2006 FERNANDES 2011) Tais resultados satildeo importantes pois reforccedilam as

discussotildees sobre a necessidade de um atendimento de qualidade como parte dos

direitos da crianccedila

Ainda nesse sentido por uma concepccedilatildeo da crianccedila como um ser de direitos

foram importantes documentos como a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 o Estatuto da

Crianccedila e do Adolescente ECA ndash Lei nordm 806990 e a Lei de Diretrizes e Bases da

Educaccedilatildeo Nacional LDB ndash Lei nordm939496 (CAMPOS 1999 CAMPOS FUumlLGRAFF e

WIGGERS 2006 ROSSETIndashFERREIRA RAMON e SILVA 2002 BRASIL 2012)

Para Campos (1999) a Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional

(BRASIL 2012) eacute a que promoveu as maiores modificaccedilotildees na Educaccedilatildeo pois

influenciou vaacuterios aspectos em todos os niacuteveis educacionais do paiacutes dentre os

quais o sistema de financiamento o curriacuteculo nacional os sistemas de avaliaccedilatildeo o

uso de novas tecnologias a organizaccedilatildeo da gestatildeo e as possibilidades de se

estabelecer parcerias com organizaccedilotildees natildeo governamentais Entre os itens

indicados por essa autora haacute pelo menos dois que satildeo considerados de extrema

relevacircncia para a Educaccedilatildeo Infantil a) a definiccedilatildeo da Educaccedilatildeo Infantil como

primeira etapa da Educaccedilatildeo Baacutesica ndash fato que transfere a responsabilidade

desta para oacutergatildeos de educaccedilatildeo b) a exigecircncia de formaccedilatildeo preacutevia

(preferencialmente niacutevel superior admitindo-se ainda no miacutenimo o magisteacuterio

ndash no niacutevel de ensino meacutedio) para educadores e professores que se dedicam

ao trabalho com crianccedilas pequenas (CAMPOS FUumlLGRAFF e WIGGERS

2006 ROSSETIndashFERREIRA RAMON e SILVA 2002)

Outros documentos de impacto na organizaccedilatildeo do atendimento de crianccedilas

pequenas foram as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo Infantil

(BRASIL 2010) e o Plano Nacional de Educaccedilatildeo PNE (BRASIL 2001) O primeiro

porque ofereceu subsiacutedios para os projetos pedagoacutegicos das prefeituras e das

unidades de Educaccedilatildeo Infantil e o segundo por ter estabelecido padrotildees miacutenimos

para a infra-estrutura das instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Infantil bem como definiu

as metas de expansatildeo desse atendimento no paiacutes (CAMPOS FUumlLGRAFF e

WIGGERS 2006)

Atualmente segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo

Infantil (BRASIL 2010) o ensino infantil eacute a primeira etapa da Educaccedilatildeo Baacutesica

ofertada por espaccedilos institucionais denominados creches e preacute-escolas em caraacuteter

51

natildeo domeacutestico que constituem estabelecimentos educacionais puacuteblicos ou privados

nos quais se prima pela educaccedilatildeo e cuidado de crianccedilas de 0 a 5 anos de idade no

periacuteodo diurno em jornada integral ou parcial regulados e supervisionados por

oacutergatildeo competente do sistema de ensino e submetidos a controle social

Destaca-se que o acesso ao atendimento em Educaccedilatildeo Infantil

especialmente na faixa etaacuteria entre 0 e 3 anos vem crescendo significativamente

nas diferentes regiotildees brasileiras o que justifica a necessidade de se ampliar os

estudos e pesquisas nessa aacuterea tambeacutem como uma maneira de possibilitar

elementos que promovam a qualidade desse serviccedilo (CAMPOS et al 2011)

Poreacutem mesmo diante desse crescimento e das transformaccedilotildees no

atendimento de Educaccedilatildeo Infantil indicadas anteriormente os serviccedilos e estudos

que evidenciem a crianccedila pequena em particular na faixa etaacuteria de 0 a 3 anos tecircm

sido negligenciados (FERNANDES 2011)

Diante das especificidades da Educaccedilatildeo Infantil e sua evoluccedilatildeo poliacutetica e

histoacuterica merecem particular atenccedilatildeo os sujeitos que a compotildeem especialmente os

educadores a famiacutelia e a crianccedila

251 Concepccedilotildees Sobre A Praacutetica Educativa Institucionalizada Aspectos

Relevantes Para A Promoccedilatildeo Do Desenvolvimento Infantil e Para Uma

Proposta Inclusiva

Dentro de um panorama no qual a crianccedila pequena eacute inserida no cuidado

institucionalizado desde tenra idade e no qual passa cerca de 4 a 8 horas por dia

distante de sua famiacutelia o educador de creche adquire uma funccedilatildeo importante

perante o desenvolvimento infantil natildeo apenas de cuidar e educar senatildeo de

complementar e agraves vezes de suplementar a atenccedilatildeo familiar agrave infacircncia (SILVA e

BOLSANELLO 2002 WINNICOTT 1975 ELTINK 1999) Assim as concepccedilotildees

que permeiam o atendimento satildeo fundamentais pois podem reforccedilar e manter

determinadas accedilotildees agraves vezes distorcidas do que eacute necessaacuterio ou recomendaacutevel

para a praacutetica pedagoacutegica (SCHULTZ 2002 PACHECO E DUPRET 2004)

O cuidado de crianccedilas pequenas durante muito tempo esteve atrelado agrave

figura da mulher sensiacutevel e carinhosa que possuiacutea o perfil de ldquomatildeerdquo e gostava de

52

cuidar de crianccedilas o que fortaleceu o caraacuteter leigo e assistencialista dessa funccedilatildeo

(OLIVEIRA et al 2006 WEBER et al 2006 VERIacuteSSIMO E FONSECA 2003

CERISARA 2002)

Ainda como parte dessa concepccedilatildeo o atendimento voltado para as crianccedilas

menores ocupou - e ainda ocupa - o lugar da necessidade da desproteccedilatildeo da

fragilidade de um trabalho voltado para a alimentaccedilatildeo a higiene o abrigo e o apoio

para o caso de ausecircncia familiar (FERNANDES 2011 GUIMARAtildeES 2011 SOUZA

2008) Tal situaccedilatildeo parece ter corroborado com a desvalorizaccedilatildeo do profissional de

creche em especial o que trabalha com berccedilaacuterio e com a dificuldade em se

estabelecer uma identidade pedagoacutegica nesse serviccedilo (SOUZA 2008 OLIVEIRA et

al 2006 MELCHIORI e ALVES 2001)

Como bem lembra Ramos (2006) a Educaccedilatildeo Infantil embora sua histoacuteria

remonte mais de um seacuteculo como cuidado e educaccedilatildeo extrafamiliar somente nos

uacuteltimos anos passou a ser inserida numa perspectiva educacional em resposta aos

movimentos sociais em defesa dos direitos das crianccedilas

Como parte dessa transiccedilatildeo do assistencialismo para a funccedilatildeo pedagoacutegica

alguns temas passaram a fazer parte das discussotildees no acircmbito profissional da

Educaccedilatildeo Infantil e de pesquisas na aacuterea com mais frequecircncia os quais facilmente

se destacam formaccedilatildeo profissional desenvolvimento infantil relaccedilatildeo adulto-crianccedila

viacutenculo planejamento diversidade competecircncia infantil entre outros Nesse

sentido tambeacutem se deve levar em conta que parece ser inevitaacutevel a revisatildeo das

bases e paradigmas educacionais vigentes pois haacute que se promover um diaacutelogo

com as mudanccedilas inerentes ao mundo atual (GOMES 2009)

Com a execuccedilatildeo de pesquisas na aacuterea descortinou-se aspectos muito

relevantes e contraditoacuterios do trabalho do educador de creche os quais ajudam a

perceber concepccedilotildees e necessidades e fazem entender quais pilares vem

suportando esse atendimento

Lordelo (1995 1998) indicou em seus estudos que os educadores natildeo se

mostravam como parceiros do desenvolvimento infantil pois trabalhavam em funccedilatildeo

de responder agraves necessidades mais imediatas e predominantemente fiacutesicas das

crianccedilas atendidas Melchiori e Alves (2001) revelam que os educadores natildeo tecircm

consciecircncia de sua funccedilatildeo como promotores de desenvolvimento infantil Jaacute

Veriacutessimo e Fonseca (2003) perceberam que o atendimento de bebecircs na creche eacute

fortemente centrado na atenccedilatildeo quanto agrave higiene e alimentaccedilatildeo

53

Vitta e Emmel (2004) identificaram uma tendecircncia de que o trabalho no

berccedilaacuterio seja pautado na concepccedilatildeo e na experiecircncia de maternagem dos

educadores Jaacute no estudo de Oliveira et al (2006) os educadores demonstraram

possuir a crenccedila de que para atender crianccedilas pequenas bastava ser mulher e ter

experiecircncia com crianccedilas Alves (2006) percebeu que a ideia de cuidado estaacute

relacionada agrave funccedilatildeo de matildee e natildeo agrave funccedilatildeo de professor ou de educador Nesse

sentido Veriacutessimo (2001) identificou um sentimento contraditoacuterio entre os

educadores Enquanto eles acreditam que associar funccedilatildeo materna com a praacutetica

profissional eacute algo depreciativo por outro lado esperam que as crianccedilas nutram

afeto ldquofilialrdquo por eles

Soejima (2008) salienta que os educadores que participaram de sua

pesquisa demonstraram ter aprendido teorias sobre o desenvolvimento infantil na

graduaccedilatildeo mas que natildeo conseguiam fazer uso desse conhecimento no cotidiano da

creche Igualmente Souza (2008) verificou que os educadores possuem formaccedilatildeo

continuada sobre desenvolvimento infantil mas que encontram dificuldades em

transpor para a accedilatildeo o seu conhecimento

Tambeacutem se destacam conceitos pertinentes ao desenvolvimento humano e

especificamente voltados ao desenvolvimento da crianccedila pequena Vitta (2004)

Souza (2008) e Soejima e Bolsanello (2012) evidenciaram falta de conhecimentos

abrangentes e consistentes sobre desenvolvimento infantil por parte dos educadores

em seus estudos Estes quando aparecem satildeo mais voltados agrave priorizaccedilatildeo de

fatores ambientais logo gerando uma crenccedila ambientalista de desenvolvimento

(MELCHIORI e ALVES 2001 MELCHIORI et al 2007 SOUZA 2008)

Sobre desenvolvimento infantil Soejima e Bolsanello (2012) verificaram a

concepccedilatildeo entre os educadores de que quanto menos ativas as crianccedilas eram mais

saudaacuteveis e que quanto mais ativas mais problemaacuteticas Sob esse aspecto cabe

questionar a qualidade da formaccedilatildeo dos educadores conforme jaacute proposto por Silva

(2003) Vitta e Emmel (2004) Kramer (2006) Souza (2008) e Soejima (2008) Nesse

sentido ressaltam-se os achados de Schultz (2002) ao pesquisar a educaccedilatildeo de

crianccedilas entre 0 e 3 anos e nos quais afirma que a formaccedilatildeo dos professores dessa

faixa etaacuteria pode interferir no desenvolvimento fiacutesico e psiacutequico e no bom

desempenho da crianccedila em seu futuro jaacute que segundo a autora haacute uma relaccedilatildeo de

dependecircncia entre a formaccedilatildeo do educador e a qualidade de seu trabalho

54

Por outro lado a rotina dessas trabalhadoras mostra-se estressante com

muitas atribuiccedilotildees e com pouco ou nenhum tempo para o planejamento e reflexatildeo

sobre sua praacutetica ou mesmo para o cumprimento do que foi planejado assim como

natildeo raro haacute a precarizaccedilatildeo da estrutura fiacutesica dos ambientes com poucos materiais

e excessivo nuacutemero de crianccedilas por educadora (NAZAacuteRIO 2002 ONGARI e

MOLINA 2003 ALVES 2006 OLIVEIRA et al 2006 LORDELO et al 2007

SOUZA 2008) Haacute que se pensar que a fadiga tanto fiacutesica quanto mental a falta de

tempo a frustraccedilatildeo por suas condiccedilotildees de trabalho satildeo aspectos que impedem um

trabalho com qualidade e devem ser amplamente investigados (PEREIRA 2003

SOUZA 2008 BOLSANELLO 2009)

Guimaratildees (2011) percebeu que a rotina na creche eacute fortemente baseada no

controle e na automaccedilatildeo das atividades Segundo ela os educadores falam muito

para as crianccedilas e natildeo com as crianccedilas como citado por ela descrevendo a rotina

ldquodo colo ao chatildeo do chatildeo para a cadeira da cadeira novamente para o chatildeo o

corpo dos bebecircs eacute conduzido pelos adultos em razatildeo das necessidades

emergentes e do tempo correto para cada umardquo Tal dado corrobora com os

achados de Souza (2008) no qual um dos educadores de seu estudo analisa a

rotina de trabalho em creche como uma espeacutecie de ldquofordismordquo infantil pois natildeo eacute

possiacutevel dar conta da individualidade das crianccedilas

Diante desses estudos destaca-se que o cotidiano da Educaccedilatildeo Infantil eacute

muito mais complexo do que parece agrave primeira vista Natildeo eacute tarefa simples apreendecirc-

lo e analisaacute-lo (CARVALHO 2006) Contudo eacute a partir de discussotildees conscientes

sobre os aspectos envolvidos nos atendimentos agrave crianccedila pequena que se tornaraacute

possiacutevel ampliar a compreensatildeo sobre o que eacute preciso para que os espaccedilos da

Educaccedilatildeo Infantil se tornem contextos plenos e fomentadores do desenvolvimento

humano da capacidade de aprendizagem da socializaccedilatildeo e do exerciacutecio da

cidadania (LIMA e BHERING 2006)

Ou ainda como afirmado por Gomes (2009) pensar em educaccedilatildeo de

crianccedilas com qualidade envolve natildeo soacute considerar a travessia dos profissionais da

creche para a aacuterea de educaccedilatildeo e sua formaccedilatildeo senatildeo buscar tambeacutem natildeo

descaracterizar suas histoacuterias suas experiecircncias superando o assistencialismo

objetivando a garantia dos direitos das crianccedilas e conjuntamente os direitos dos

educadores

55

Ainda junto agraves afirmaccedilotildees de Gomes (2009) pensa-se que o que se potildee

tambeacutem como uma questatildeo importante ou seja a capacidade do educador de

produzir reflexatildeo sobre sua praacutetica podendo conceituaacute-la e transformaacute-la Entre as

reflexotildees haveria de ser integrado aleacutem dos aspectos de cuidar e educar fatores

relativos ao desenvolvimento humano Afinal ao cuidar e ao educar se estaacute lidando

com um ser em desenvolvimento intenso cujos marcos iniciais de sua constituiccedilatildeo

como indiviacuteduo estatildeo tambeacutem agrave mercecirc do olhar de quem o cuida e o educa

diariamente Sendo assim entender processos elementares e fundamentais do

desenvolvimento humano essencialmente nos primeiros anos eacute relevante tanto

para a organizaccedilatildeo e planejamento do cotidiano de atendimento quanto para o

estabelecimento de estrateacutegias na Educaccedilatildeo Infantil (CARVALHO SALLES e

GUIMARAtildeES 2002)

Logo promover a avaliaccedilatildeo do atendimento (no conjunto profissionais

ambiente interaccedilatildeo com a famiacutelia estrateacutegias de planejamento e atividades

desenvolvidas) eacute algo importante principalmente no que diz respeito ao contexto

dos primeiros anos de vida dada a sua especificidade e importacircncia no futuro do

indiviacuteduo (LIMA e BHERING 2006)

Aleacutem de questotildees como a formaccedilatildeo dos educadores e suas concepccedilotildees

tambeacutem vale a consideraccedilatildeo de como se verifica a relaccedilatildeo entre elas e as famiacutelias

das crianccedilas atendidas Afinal a interaccedilatildeo entre a famiacutelia e a instituiccedilatildeo de

Educaccedilatildeo Infantil eacute relevante para que ambos os contextos conheccedilam melhor a

crianccedila estabeleccedilam criteacuterios educativos comuns discutam modelos de intervenccedilatildeo

e relaccedilatildeo com as crianccedilas e compreendam as especificidades de cada uma (SILVA

2011) Nesse aspecto vale lembrar que eacute na relaccedilatildeo com o adulto cuidador que a

crianccedila vai desde tenra idade estabelecer ldquoelosrdquo de comunicaccedilatildeo com as demais

pessoas com quem convive E por isso mesmo eacute que as accedilotildees de cuidado e

educaccedilatildeo natildeo podem ser accedilotildees mecacircnicas de assear e alimentar apenas (ROCHA

2008)

Contudo as dificuldades dos educadores tambeacutem passam pela precaacuteria

interaccedilatildeo com as famiacutelias das crianccedilas atendidas (LORDELO et al 2007 SOUZA

2008 CAMPOS et al 2011 FERNANDES 2011)

Correa (2007) argumenta em sua pesquisa que a relaccedilatildeo famiacutelia-instituiccedilatildeo

eacute um ponto a ser considerado para a promoccedilatildeo de um atendimento de qualidade

56

Silva (2011) percebeu em seu estudo que os educadores natildeo demonstram

conhecer ao certo como se daacute o contexto familiar das crianccedilas que atendem Souza

(2008) observou que a famiacutelia natildeo participa ativamente da rotina da creche na

maioria das vezes deixando a crianccedila na porta da instituiccedilatildeo

Os projetos pedagoacutegicos analisados por Fernandes (2011) indicaram um

perfil de famiacutelia visto pela escola como um grupo que precisa de ajuda e que pode

contribuir pouco com a Instituiccedilatildeo Instituiccedilatildeo essa que convida o adulto-cuidador

mais a confraternizar que compartilhar responsabilidades A autora tambeacutem verificou

que haacute a necessidade de os pais participarem efetivamente das accedilotildees da creche

pois segundo ela ao criar espaccedilos de diaacutelogo troca parcerias pode-se favorecer e

estimular as famiacutelias a viverem experiecircncias sociais mais amplas a partilhar as

anguacutestias alegrias e inseguranccedilas advindas do cotidiano favorecendo a superaccedilatildeo

das ideias assistencialistas acerca da Educaccedilatildeo Infantil em especial da que atende

a crianccedila com idade entre zero e 3 anos Por outro lado percebe-se que os pais

nem sempre se excluem de participar tanto do cotidiano da Instituiccedilatildeo quanto da

educaccedilatildeo de seus filhos (FERNANDES 2011 SILVA 2011)

Diante dos dados apresentados acima se destaca a necessidade de se

investigar de modo mais apropriado o papel dos pais diante do cuidar do educar e

da promoccedilatildeo do desenvolvimento de seus filhos ainda bebecircs jaacute que esses uacuteltimos

estatildeo cada vez mais precocemente adentrando ao atendimento institucionalizado

que por sua vez encontra-se envolto em suas proacuteprias contradiccedilotildees necessidades

e lutas Os familiares poderiam participar colaborar contribuir de modo a Educaccedilatildeo

Infantil ter uma identidade melhor cunhada valorizando inclusive o trabalho dos

educadores Em outras palavras conforme assinalado por Fernandes (2011) a

identidade da Educaccedilatildeo Infantil para ser constituiacuteda em suas especificidades

precisa urgentemente integrar as famiacutelias

57

3 MEacuteTODO

O delineamento metodoloacutegico teve como eixo a questatildeo de pesquisa

apresentada na introduccedilatildeo do presente estudo

Quais concepccedilotildees norteiam o processo de inclusatildeo da crianccedila pequena com

necessidades especiais no contexto dos Centros Municipais de Educaccedilatildeo

Infantil (CMEIs) segundo suas Matildees suas Educadoras na Educaccedilatildeo Infantil e

suas Professoras do Atendimento Educacional Especializado

Para responder a esta questatildeo mostrou-se pertinente realizar um estudo

qualitativo exploratoacuterio e comparativo Por seu caraacuteter qualitativo seraacute realizada

anaacutelise interpretativa e contextual dos dados sem a pretensatildeo de medir numeacuterica ou

estatisticamente os fenocircmenos estudados tampouco deveratildeo ser generalizados os

resultados encontrados (SAMPIERI COLLADO e LUCIO 1998) Eacute exploratoacuterio por

se tratar de um tema ou problema de pesquisa pouco estudado e portanto com

poucas pesquisas evidenciadas na literatura destacando-se a escassez de estudos

nesse acircmbito na realidade brasileira (SAMPIERI COLLADO e LUCIO 1998)

Segundo os autores citados o estudo exploratoacuterio serve para familiarizar o

pesquisador com fenocircmenos ainda natildeo suficientemente conhecidos podendo

determinar tendecircncias identificar aacutereas ambientes contextos e situaccedilotildees de

estudo O aspecto comparativo se verificaraacute no tratamento dos dados coletados

pela busca de possiacuteveis relaccedilotildees (discrepacircncias ou aproximaccedilotildees) entre as

concepccedilotildees dos participantes do estudo especialmente acerca da inclusatildeo da

crianccedila pequena com deficiecircncia que frequenta o CMEI (SAMPIERI COLLADO e

LUCIO 1998)

31 CONTEXTO

O contexto dessa pesquisa envolveu 04 (quatro) instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo

Infantil da rede puacuteblica de um municiacutepio da regiatildeo metropolitana de Curitiba que

58

atendem crianccedilas pequenas com deficiecircncia em turmas de berccedilaacuterio e maternal

situado no Estado do Paranaacute Foram escolhidas as turmas de berccedilaacuterio e maternal

por elas abarcarem crianccedilas com a faixa etaacuteria compreendida entre zero e 36

meses

Nesse municiacutepio no ano de 2012 em turmas de berccedilaacuterio (I e II) maternal (I

II e III) e preacutendashescola (I e II) houve um total de 4315 matriculas dessas estatildeo

considerados ldquocasos de inclusatildeordquo apenas 25 crianccedilas no momento em que foi

realizada a pesquisa Desse contingente apenas 08 casos de inclusatildeo educacional

eram de educandos em turmas de berccedilaacuterio e maternal Poreacutem como os criteacuterios de

elegibilidade para a participaccedilatildeo na presente pesquisa solicitavam que as turmas de

inclusatildeo atendessem a faixa etaacuteria entre 0 e 3 anos (creche) e tambeacutem que o

educando participasse do Atendimento Educacional Especializado passaram a se

enquadrar apenas 04 alunos tidos como casos de inclusatildeo que frequentavam 04

instituiccedilotildees diferentes abaixo denominadas de Instituiccedilotildees A B C e D

A Instituiccedilatildeo A atende um total de 180 crianccedilas dividas em turmas de

maternal e preacutendashescola

A Instituiccedilatildeo B atende um total de 376 crianccedilas dividas em turmas de

berccedilaacuterio maternal e preacute-escola

A Instituiccedilatildeo C atende um total de 280 crianccedilas dividas em turmas de

berccedilaacuterio e maternal

Jaacute a Instituiccedilatildeo D atende um total de 220 crianccedilas dividas em turmas de

berccedilaacuterio maternal e preacutendashescola

Todas as instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Infantil funcionam em periacuteodo integral das

07 agraves 18h

Segundo informaccedilotildees das equipes gestoras as Instituiccedilotildees B e C atendem

tambeacutem populaccedilatildeo considerada de risco social

Destaca-se que as turmas de berccedilaacuterio satildeo divididas em berccedilaacuterio I e II e

recebem crianccedilas com faixa etaacuteria entre 4 a 11 meses e entre 12 e 18 meses

respectivamente As turmas de Maternal que satildeo divididas em I e II atendem

educandos com idade entre 18 a 24 meses e entre 24 e 36 meses (completos

durante o ano letivo) respectivamente

Tambeacutem eacute importante ressaltar que o Atendimento Educacional Especializado

ndash AEE eacute desenvolvido de modo geral nas chamadas Salas de Recursos

Multifuncionais Essas salas satildeo espaccedilos estruturados de modo a atender

59

adequadamente as necessidades dos alunos foco da Educaccedilatildeo Especial e no

contexto pesquisado estatildeo lotadas dentro de instituiccedilotildees do Ensino Regular Todas

elas atendem educandos que estatildeo em situaccedilatildeo de inclusatildeo educacional tanto no

Ensino Fundamental quanto na Educaccedilatildeo Infantil

32 PARTICIPANTES

Foram considerados participantes da pesquisa

a) Matildees (pessoas responsaacuteveis cuidadoras principais que desempenham a

funccedilatildeo materna) de crianccedilas com idade entre zero e 36 meses com

necessidades especiais que participam do Atendimento Educacional

Especializado aleacutem de frequentar turmas de berccedilaacuterio (I e II) ou maternal (I e

II) em classe regular na Educaccedilatildeo Infantil no sistema puacuteblico de um

municiacutepio da regiatildeo metropolitana de Curitiba Paranaacute

Neste estudo participaram 04 matildees cujos filhos estatildeo matriculados em uma

das seguintes turmas berccedilaacuterio II maternal I e maternal II

b) Educadoras Regentes que trabalham em turmas de berccedilaacuterio (I e II) e

maternal (I e II) e que atendam as crianccedilas cujas matildees satildeo participantes

desse estudo O grupo de educadoras participantes contou com 09

profissionais Destas 03 eram regentes de berccedilaacuterio I 04 atendem turmas de

maternal I e 02 em maternal II

c) Professoras do Atendimento Educacional Especializado que atendam as

crianccedilas cujas matildees e educadoras participam deste estudo Nesse estudo

participaram 04 Professoras do AEE

Apoacutes apresentar o projeto para a Secretaria de Educaccedilatildeo para as

Gerecircncias de Educaccedilatildeo Especial e Inclusatildeo e para a de Educaccedilatildeo Infantil desse

municiacutepio foi feito o protocolo de solicitaccedilatildeo para a realizaccedilatildeo da pesquisa Em

acordo com o aceite da solicitaccedilatildeo e com a orientaccedilatildeo das Gerecircncias foi realizado o

primeiro contato com as equipes gestoras dos CMEIs que iriam participar No

primeiro contato foi solicitado agrave pesquisadora que entregasse a todas as equipes

60

gestoras uma carta de apresentaccedilatildeo Nesta havia uma breve explicitaccedilatildeo de quem

era a pesquisadora e informaccedilotildees principais do estudo ndash estas uacuteltimas seguiram

recomendaccedilatildeo da Gerecircncia de Educaccedilatildeo Especial e Inclusatildeo Desse modo apoacutes ter

feito a apresentaccedilatildeo do projeto para as equipes gestoras com a explicitaccedilatildeo dos

objetivos do meacutetodo e do termo de consentimento livre e esclarecido (anexo) e de

obter destas a autorizaccedilatildeo para executar a pesquisa em suas unidades elas se

comprometeram a entrar em contato com as educadoras e com as matildees para

agendar novo encontro agora com as participantes da pesquisa Os encontros com

as matildees e com as educadoras participantes desse estudo foram realizados de modo

individual em dia e hora previamente marcados nas dependecircncias das Instituiccedilotildees

em que as crianccedilas eram atendidas na Educaccedilatildeo Infantil

A participaccedilatildeo destas matildees e das educadoras se deu de modo voluntaacuterio

apoacutes serem esclarecidos os pormenores da pesquisa e dirimidas possiacuteveis duacutevidas

sobre o propoacutesito e uso das informaccedilotildees Tambeacutem foi solicitado agraves participantes

para ler o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para entatildeo proceder com a

assinatura e a entrevista propriamente dita

No caso da participaccedilatildeo das professoras do Atendimento Educacional

Especializado natildeo foi necessaacuteria a mediaccedilatildeo das equipes gestoras das instituiccedilotildees

O contato foi feito diretamente entre a pesquisadora e as convidadas Da mesma

forma por meio da carta de apresentaccedilatildeo e conversa pessoal houve o

esclarecimento do conteuacutedo da pesquisa seus objetivos e meacutetodo Apoacutes a

apresentaccedilatildeo do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido foi dado

procedimento agraves entrevistas

33 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS

Com a finalidade de coletar os dados foram elaborados roteiros de

entrevistas semiestruturadas levando em consideraccedilatildeo os objetivos desse estudo

Todos os roteiros de entrevista possuiacuteam uma parte em comum para que se

pusesse coletar e organizar os dados para a anaacutelise comparativa dos mesmos

61

O roteiro de entrevista aplicado agraves matildees (Anexo A) possuiacuteam quatro partes

a) caracterizaccedilatildeo da matildee b) caracterizaccedilatildeo da famiacutelia c) caracterizaccedilatildeo da crianccedila

em desenvolvimento e d) concepccedilotildees sobre o processo inclusivo

Para as educadoras de CMEI (Anexo B) e para as professoras do

Atendimento Educacional Especializado (Anexo C) o roteiro de perguntas tambeacutem

foi dividido em quatro partes a) caracterizaccedilatildeo da entrevistada b) caracterizaccedilatildeo do

trabalho da entrevistada c) concepccedilotildees sobre a crianccedila em desenvolvimento e d)

concepccedilotildees sobre o processo inclusivo

Optou-se por roteiros de entrevistas semiestruturadas com perguntas

abertas pois possibilitam aos entrevistados maior liberdade em respondecirc-las

(LUDKE e ANDREacute 1986) As entrevistas tiveram duraccedilatildeo meacutedia de 60 minutos e

foram realizadas pela pesquisadora em ambiente reservado dentro do contexto de

pesquisa Com preacutevio consentimento das entrevistadas os dados foram gravados

posteriormente transcritos na iacutentegra e analisados agrave luz da literatura pertinente

34 PROCEDIMENTOS DE ANAacuteLISE DE DADOS

Os dados coletados foram analisados por meio de uma abordagem

qualitativa com a utilizaccedilatildeo de anaacutelise de conteuacutedo Foram seguidos na iacutentegra os

passos utilizados por Bolsanello (1998) em sua pesquisa a qual se baseou em

Bardin (1979) a seguir

Apoacutes serem transcritas as entrevistas foram lidas sem qualquer tentativa

de seleccedilatildeo de informaccedilotildees

A seguir os dados brutos das respostas de cada item das entrevistas e

das gravaccedilotildees de aacuteudio foram codificados e agregados em unidades com a

eleiccedilatildeo do tema como unidade de registro e a proximidade conceitual como

regra de enumeraccedilatildeo

Os temas obtidos na codificaccedilatildeo foram reagrupados procedendo-se a um

trabalho de definiccedilatildeo e classificaccedilatildeo de categorias que resultaram no

levantamento de um conjunto de categorias e subcategorias representativas

da totalidade das comunicaccedilotildees

62

Finalmente foi realizada a classificaccedilatildeo e a categorizaccedilatildeo que levaram a

uma descriccedilatildeo das caracteriacutesticas relevantes do conteuacutedo investigado

permitindo gerar inferecircncias e comparaccedilotildees sobre todo o processo de

comunicaccedilatildeo e levando agrave anaacutelise dos dados envolvendo o cruzamento de

todas as informaccedilotildees obtidas

35 CUIDADOS EacuteTICOS

Os procedimentos eacuteticos do presente estudo obedeceram aos criteacuterios da

Eacutetica na Pesquisa com Seres Humanos Os principais cuidados eacuteticos foram

utilizaccedilatildeo de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (ANEXOS D E e F)

permissatildeo das entrevistadas para gravaccedilatildeo das entrevistas garantia do anonimato

das participantes

Tais cuidados garantem de acordo com Cozby (2003) a participaccedilatildeo totalmente

informada e voluntaacuteria das entrevistadas

63

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

Para a descriccedilatildeo e anaacutelise das caracteriacutesticas relevantes do conteuacutedo

investigado agruparam-se as informaccedilotildees em quatro seccedilotildees Inicialmente realizou-

se a caracterizaccedilatildeo das crianccedilas foco da inclusatildeo e a caracterizaccedilatildeo das

entrevistadas (matildees educadoras e professoras) A seguir levantaram-se as

concepccedilotildees das entrevistadas sobre a crianccedila que estaacute em inclusatildeo Por fim

buscou-se identificar as concepccedilotildees sobre o processo inclusivo na Educaccedilatildeo

Infantil propriamente dito

41 Seccedilatildeo 01 Caracterizaccedilatildeo das Participantes

411 Caracterizaccedilatildeo das crianccedilas foco da inclusatildeo

Pensando que a inclusatildeo educacional de crianccedilas pequenas com

necessidades especiais evidencia um campo sem limites nos quais natildeo se escolhe

a crianccedila que pode ou deve entrar ou natildeo na Educaccedilatildeo Infantil buscou-se identificar

quais eram esses pequenos sujeitos que estatildeo categorizados como alunos em

inclusatildeo Como diria Rodrigues (2006) no campo da educaccedilatildeo natildeo se trata de

melhor caracterizar o que eacute diversidade e quem a compotildee mas de compreender

melhor como as diferenccedilas nos constituem como humanos como somos feitos de

diferenccedilas E portanto no que se refere agrave caracterizaccedilatildeo das crianccedilas que estatildeo em

inclusatildeo pensa-se que eacute tambeacutem uma maneira de se perceber a gama de

condiccedilotildees que devem ser precoce e permanentemente vistas discutidas e

atendidas em suas necessidades e especificidades

Desse modo as matildees entrevistadas falaram sobre sua crianccedila idade

diagnoacutestico quais os serviccedilos que elas frequentam aleacutem da Educaccedilatildeo Infantil e do

Atendimento Educacional Especializado Tambeacutem informaram agrave turma que o filho

64

frequenta o Centro Municipal de Educaccedilatildeo Infantil ndash CMEI e desde quando ele estaacute

matriculado na Educaccedilatildeo Infantil

As quatro crianccedilas cujas matildees participaram da pesquisa possuiacuteam laudos

indicativos sobre seus diagnoacutesticos todos disponiacuteveis nas secretarias das

instituiccedilotildees das quais faziam parte (Quadro 01)

Quadro 01 Distribuiccedilatildeo das crianccedilas segundo laudo meacutedico e diagnoacutestico

Crianccedila Laudo meacutedico disponiacutevel

no CMEI CID ndash 10Diagnoacutestico

Crianccedila 01 Sim CID - F 840 Transtornos Globais do Desenvolvimento ndash Autismo Infantil

Crianccedila 02 Sim CID ndash G 800 Paralisia Cerebral Espaacutestica

Crianccedila 03 Sim CID - Q 870 ndash Siacutendrome de Moebius

Crianccedila 04 Sim CID ndash Q 90 ndash Sindrome de Down

Os laudos meacutedicos apresentavam as seguintes necessidades educacionais

especiais Autismo Infantil (TGD) Paralisia Cerebral Espaacutestica Siacutendrome de

Moebius e Siacutendrome de Down

Foi questionado agraves entrevistadas desde quando seus filhos estatildeo

participando de atendimento em CMEI e qual turma as crianccedilas frequentam

atualmente Nesse sentido elas indicaram o que segue no quadro 02

Quadro 02 Distribuiccedilatildeo das crianccedilas segundo a turma em que estatildeo matriculadas atualmente e o tempo em que frequentam Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil - CMEIs

A idade das crianccedilas variou entre 24 e 36 meses durante o periacuteodo da pesquisa A

crianccedila 01 eacute a mais velha de todas com 36 meses de idade as demais estatildeo na

Crianccedila Turma Atual Haacute quanto tempo frequenta CMEIS

Crianccedila 01 Maternal II Mais de 24 meses

Crianccedila 02 Berccedilaacuterio II Em torno de 8 meses

Crianccedila 03 Maternal I Em torno de 10 meses

Crianccedila 04 Maternal I Em torno de 4 meses

65

faixa etaacuteria dos 24 meses Apenas a crianccedila 02 estaacute com idade fora das indicaccedilotildees

de matriacutecula da turma estando com 24 meses frequentando uma turma para alunos

na faixa etaacuteria de 10 meses a 1 ano e 4 meses As demais estatildeo com idade de

acordo com o esperado para as turmas em que estatildeo matriculadas

Conforme o Quadro 02 eacute possiacutevel verificar que uma crianccedila estaacute matriculada

em turma de Berccedilaacuterio II duas estatildeo em turmas de Maternal I e uma estaacute no

Maternal II Tambeacutem se percebe que a crianccedila 01 eacute a que mais tempo estaacute

frequentando Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil Tendo ela 36 meses de

idade estaacute indo para os serviccedilos da Educaccedilatildeo Infantil desde os 12 meses

aproximadamente As demais crianccedilas foram matriculadas no atual ano letivo Ao

observar as demais crianccedilas eacute possiacutevel inferir que a meacutedia de idade escolhida por

essas matildees para matricularem seus filhos na Educaccedilatildeo Infantil foi de 12 meses

Sendo que de modo geral trecircs dessas crianccedilas permaneceram os primeiros 12

meses em casa aos cuidados da famiacutelia e apenas um educando frequentou Escola

Especial antes de ser matriculado no Centro de Educaccedilatildeo Infantil

O atendimento nos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil - CMEIS eacute

integral para todas as crianccedilas matriculadas contudo os educandos que estatildeo em

inclusatildeo podem ter orientaccedilatildeo para que frequentem apenas parcialmente o

atendimento na instituiccedilatildeo Nesse grupo que participou do estudo percebeu-se que

apenas duas das crianccedilas frequentam o dia todo As outras duas crianccedilas natildeo o

fazem integralmente devido a necessidade de participarem de outros atendimentos

tais como Fonoaudiologia Atendimento Educacional Especializado - AEE

Fisioterapia Nataccedilatildeo entre outros Essas duas crianccedilas que frequentam

parcialmente o CMEI fazem uma meacutedia de 06 horas diaacuterias de atendimento na

Educaccedilatildeo Infantil conforme os relatos das matildees

As participantes comentaram quais outros atendimentos o filho frequenta

aleacutem do Centro Municipal de Educaccedilatildeo Infantil - CMEI e do Atendimento

Educacional Especializado ndash AEE

- Crianccedila 01 Nataccedilatildeo atendimento em um Centro Especializado (Psicologia e

Fonoaudiologia) e Atendimento Educacional Especializado

- Crianccedila 02 Centro Especializado (Fisioterapia Motora Fisioterapia Respiratoacuteria

Terapia Ocupacional Psicologia e Fonoaudiologia) e Atendimento Educacional

Especializado

66

- Crianccedila 03 Nataccedilatildeo Fonoaudiologia Fisioterapia e Atendimento Educacional

Especializado ndash AEE

- Crianccedila 04 Atendimento Educacional Especializado - AEE (semanalmente) e

acompanhamento em hospital de referecircncia (bimestralmente)

412 Caracterizaccedilatildeo das Entrevistadas

Esse subcapiacutetulo traz dados que auxiliam a conhecer quem eram as

entrevistadas Para tal dividiu-se o mesmo em trecircs partes caracterizaccedilatildeo das matildees

caracterizaccedilatildeo das professoras do Atendimento Educacional Especializado - AEE e

caracterizaccedilatildeo das educadoras dos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil -

CMEIs

Ao se decidir por ouvir os relatos desses trecircs grupos de pessoas entendeu-

se que ao cruzar os seus olhares poderia se delinear quadros que identificassem

tendecircncias de como a inclusatildeo de crianccedilas vem ocorrendo e quais questotildees se

mostram relevantes sensiacuteveis ou mesmo mais urgentes a serem discutidas e

revistas em busca de uma praacutetica com mais qualidade O que se justifica tambeacutem

pelo fato de que pesquisas sobre inclusatildeo que levem em consideraccedilatildeo as interaccedilotildees

entre crianccedilandashcrianccedila famiacutelia ndash crianccedila professoras-crianccedila satildeo cada vez mais

importantes para que se possa perceber e problematizar as atitudes o acolhimento

os sentimentos e concepccedilotildees sobre deficiecircncia inclusatildeo e diferenccedilas (YAZLLE

AMORIM ROSSETTI-FERREIRA 2004 SIGOLO e OLIVEIRA 2008)

4121 Caracterizaccedilatildeo das Matildees

Inicialmente foram coletadas informaccedilotildees para caracterizaccedilatildeo das matildees

desse modo foram identificados dados como idade escolaridade e ocupaccedilatildeo das

mesmas (Quadro 03)

67

Quadro 03 ndash Distribuiccedilatildeo das Matildees participantes conforme idade escolaridade e ocupaccedilatildeo

Participante Idade Escolaridade Ocupaccedilatildeo

Matildee 01 31 anos Ensino Meacutedio Dona de casa

Matildee 02 28 anos Graduaccedilatildeo Pedagoga

Matildee 03 23 anos Graduaccedilatildeo Professora

Matildee 04 37 anos Ensino Fundamental Vendedora autocircnoma

A faixa etaacuteria das matildees participantes estaacute entre 23 e 37 anos Duas delas tecircm

como niacutevel de escolaridade a graduaccedilatildeo uma tem formaccedilatildeo em niacutevel Fundamental

e outra em niacutevel meacutedio Apenas uma delas eacute dona de casa as demais possuem

ocupaccedilotildees diferentes ao trabalho de cuidado domeacutestico familiar

Tambeacutem foram caracterizadas as famiacutelias das crianccedilas que estatildeo em

inclusatildeo Foram identificados os membros que compotildee a famiacutelia quem mora com a

crianccedila qual a renda meacutedia mensal da famiacutelia e outro caso de deficiecircncia no grupo

familiar (Quadro 04)

Quadro 04 ndash Distribuiccedilatildeo das Matildees participantes conforme composiccedilatildeo familiar

Participante

Composiccedilatildeo familiar

Matildee 01 Pai da crianccedila Matildee da crianccedila 02 filhos

Matildee 02 Pai da crianccedila Matildee da crianccedila 03 filhos

Matildee 03 X Matildee da crianccedila Avoacute materna avocirc materno e

01 filho

Matildee 04 Pai da crianccedila Matildee da crianccedila 03 filhos

68

Trecircs matildees moram com os pais de suas crianccedilas A matildee que natildeo mora com o

pai de seu filho afirmou que o mesmo natildeo participa de nenhum modo da criaccedilatildeo da

crianccedila No caso em que haacute a ausecircncia do pai bioloacutegico eacute interessante ressaltar

que os dados corroboram a afirmaccedilatildeo de autores como Bronfenbrenner (1996

2011) Dessen e Braz (2005) e Diniz e Koller (2010) quando estes afirmam a

importacircncia dos demais membros que compotildee a famiacutelia no que se refere a dar

sustentaccedilatildeo emocional especialmente quando ocorrem situaccedilotildees de risco para o

desenvolvimento infantil

A renda familiar meacutedia relatada pelas matildees ficou em torno de 06 e 07 salaacuterios

miacutenimos

- Matildee 01 06 salaacuterios miacutenimos

- Matildee 02 entre 06 e 07 salaacuterios miacutenimos

- Matildee 03 06 salaacuterios miacutenimos

- Matildee 04 entre 06 e 07 salaacuterios miacutenimos

Escolaridade dos genitores e renda familiar satildeo dois pontos importantes no

tocante agrave promoccedilatildeo do desenvolvimento na infacircncia pois podem indicar maiores ou

menores chances ou perspectiva de acesso a oportunidades para a ampliaccedilatildeo do

repertoacuterio cognitivo social cultural emocional dos membros que compotildeem a famiacutelia

(LORDELO et al 2007 MUELLER 2008)

Todas as matildees relataram apenas um filho com necessidades especiais na

famiacutelia

4122 Caracterizaccedilatildeo das Professoras do Atendimento Educacional

Especializado

Relembra-se que o Atendimento Educacional Especializado eacute um serviccedilo

dentro da Educaccedilatildeo Especial em conformidade com o Decreto nordm 761111 e que

esse grupo de professores realiza atendimento ao alunado foco da Educaccedilatildeo

Especial e que estatildeo em inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil e no Ensino Fundamental

69

Para tal seu trabalho e sua relaccedilatildeo com a crianccedila pequena com necessidades

especiais eacute fundamental visto que estaacute previsto que elas tambeacutem devem orientar as

famiacutelias e educadoras do CMEI sobre o processo de inclusatildeo desse alunado

Inicialmente foram coletadas informaccedilotildees para caracterizaccedilatildeo das

professoras desse modo foram identificados dados como idade estado civil e

escolaridade (Quadro 05)

Quadro 05 ndash Distribuiccedilatildeo das Professoras do Atendimento Educacional Especializado - AEE conforme idade estado civil ocorrecircncia e quantidade de filhos

Conforme eacute possiacutevel verificar no Quadro 05 a faixa etaacuteria que compotildee o grupo

de Professoras participantes estaacute entre 37 e 49 anos Todas satildeo casadas e tecircm

filhos Tambeacutem foi questionado se elas possuiacuteam alguma formaccedilatildeo especiacutefica para

trabalhar com Educaccedilatildeo Especial e Inclusiva de crianccedilas pequenas e para trabalhar

como professora do AEE Quanto agrave escolaridade das professoras do Atendimento

Educacional Especializado todas elas relataram ter feito vaacuterios cursos de formaccedilatildeo

continuada de curta duraccedilatildeo na aacuterea de Educaccedilatildeo Especial e Inclusatildeo Os dados

estatildeo organizados no Quadro 06 que segue logo abaixo

Participante Idade Estado civilfilhos

P01 45 Casada 2 filhos

P02 49 Casada 3 filhos

P03 37 Casada 2 filhas

P04 40 Casada 2 filhos

70

Quadro 06 ndash Distribuiccedilatildeo das Professoras do Atendimento Educacional

Especializado - AEE conforme sua escolarizaccedilatildeo

Participante Escolaridade

Ensino Meacutedio Graduaccedilatildeo Especializaccedilatildeo

P01 Magisteacuterio Estaacute cursando Pedagogia X

P02 Magisteacuterio Pedagogia com ecircnfase em Educaccedilatildeo Especial

Psicopedagogia

P03 Magisteacuterio Pedagogia Psicopedagogia

P04 Magisteacuterio Pedagogia Psicopedagogia

A professora P02 falou que tem formaccedilatildeo continuada em Estimulaccedilatildeo Visual

As professoras P03 e P04 informaram que estatildeo cursando Especializaccedilatildeo do AEE agrave

distacircncia ofertada pelo MEC Essas professoras que estatildeo cursando a

Especializaccedilatildeo especiacutefica para atuar no atendimento educacional especializado

apontaram que os conteuacutedos aprendidos nele estatildeo sendo muito uacuteteis

especialmente no que se refere ao ensino fundamental pois em grande parte se

baseiam em estrateacutegias praacuteticas para a atuaccedilatildeo docente Sobre Educaccedilatildeo Infantil

as entrevistadas afirmam que haacute conteuacutedos que trazem conceitos e orientaccedilotildees

sobre estimulaccedilatildeo essencial mas essas ainda se mostram um pouco distantes de

sua experiecircncia profissional Nenhuma delas tem formaccedilatildeo na aacuterea especiacutefica de

Educaccedilatildeo Infantil

Foi solicitado que relatassem um pouco de sua trajetoacuteria na aacuterea educacional

Sendo assim foi questionado haacute quanto tempo elas trabalhavam na educaccedilatildeo e se

antes de trabalhar como professora do Atendimento Educacional Especializado -

AEE tiveram outras experiecircncias na aacuterea de educaccedilatildeo (Quadro 07)

71

Quadro 07- Distribuiccedilatildeo das Professoras do Atendimento Educacional Especializado - AEE conforme tempo de trabalho na aacuterea educacional e aacutereas de atuaccedilatildeo dentro da Educaccedilatildeo

Todas informaram se tiveram outras experiecircncias como docentes fora da

Educaccedilatildeo Especial antes de serem professoras do Atendimento Educacional

Especializado - AEE P01 e P04 afirmaram que jaacute tinham tido experiecircncias com

turmas inclusivas antes de ingressarem como docentes no AEE P02 e P03

afirmaram que nunca haviam trabalhado com turmas inclusivas antes de sua

atuaccedilatildeo no AEE

A professora P01 teve um caso na famiacutelia Jaacute as professoras P02 P03 e P04

natildeo tiveram nenhuma experiecircncia marcante com pessoas com necessidades

especiais fora da aacuterea educacional Em acordo com as professoras que jaacute tiveram

alguma experiecircncia com pessoas com necessidades especiais o que se mostra

marcante eacute que esse contato anterior auxilia a como ldquover o deficienterdquo e a como

lidar com ele

4123 Caracterizaccedilatildeo das Educadoras dos Centros Municipais de Educaccedilatildeo

Infantil ndash CMEIs

Todas as entrevistadas atendem crianccedilas pequenas que estatildeo em inclusatildeo

nos Centros de Municipais de Educaccedilatildeo Infantil - CMEIs Participaram 09

Participante Tempo de trabalho na aacuterea

educacional Aacuterea de atuaccedilatildeo

P01 27 anos Educaccedilatildeo Infantil e Fundamental

P02 17 anos Educaccedilatildeo Infantil e Fundamental

P03 20 anos Ensino Fundamental

P04 20 anos Educaccedilatildeo Infantil e Fundamental

72

educadoras que trabalhavam na ocasiatildeo da entrevista com turmas de Berccedilaacuterio e

Maternal Inicialmente foram coletadas informaccedilotildees para caracterizaccedilatildeo das

educadoras desse modo foram identificados dados como idade estado civil se

tinham filhos ou natildeo (Quadro 08)

Quadro 08 - Distribuiccedilatildeo das Educadoras dos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil conforme idade estado civil ocorrecircncia e quantidade de filhos

Conforme o quadro 08 eacute possiacutevel verificar que a faixa etaacuteria das educadoras

participantes estaacute entre 21 e 42 anos 06 delas satildeo casadas 02 satildeo solteiras e uma

eacute viuacuteva Dentro desse grupo 03 das educadoras natildeo tem filhos

Quanto agrave escolaridade foi perguntado se possuiacuteam alguma formaccedilatildeo

especiacutefica para trabalhar com Educaccedilatildeo Infantil e Educaccedilatildeo Especial e Inclusiva

Quatro das educadoras apresentam o curso de magisteacuterio sete delas tem

graduaccedilatildeo em Pedagogia uma ainda estaacute cursando Pedagogia e outra Biomedicina

Participante Idade Estado civilfilhos

E01 27 Casada 2 filhos

E02 28 Casada sem filhos

E03 21 Casada 1 filho

E04 35 Casada 2 filhos

E05 27 Solteira sem filhos

E06 42 Viuacuteva 3 filhos

E07 29 Casada 2 filhos

E08 22 Solteira sem filhos

E09 32 Casada 1 filho

73

cinco das profissionais possuem especializaccedilatildeo dessas quatro na aacuterea de

Psicopedagogia e outra em Educaccedilatildeo Infantil (Quadro 09)

Quadro 09 - Distribuiccedilatildeo das Educadoras dos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil conforme sua Escolaridade

As educadoras E02 E04 E05 E06 E07 e E08 natildeo tiveram nenhuma

formaccedilatildeo especiacutefica sobre Educaccedilatildeo Especial e Inclusatildeo aleacutem das disciplinas

proacuteprias da formaccedilatildeo baacutesica (Magisteacuterio ou Pedagogia)

Jaacute as educadoras E01 E03 e E09 fizeram um curso de formaccedilatildeo continuada

no municiacutepio sobre a inclusatildeo no Ensino Fundamental Natildeo havia ateacute o momento

da coleta de dados referecircncias sobre a oferta de alguma formaccedilatildeo continuada que

evidenciasse a inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil

Foi perguntado se elas tiveram outras experiecircncias como professoras de

turmas de inclusatildeo antes dessa situaccedilatildeo atual

Participante Escolaridade

Ensino Meacutedio Graduaccedilatildeo Especializaccedilatildeo

E01 X Pedagogia Psicopedagogia

E02 X Pedagogia X

E03 Magisteacuterio Pedagogia Psicopedagogia Gestatildeo Escolar

E04 Magisteacuterio Pedagogia ndashcursando X

E05 X Pedagogia X

E06 Magisteacuterio Pedagogia Psicopedagogia

E07 X Pedagogia Educaccedilatildeo Infantil -

cursando

E08 Magisteacuterio Biomedicina ndash

cursando X

E09 X Pedagogia Psicopedagogia -

cursando

74

Quatro das educadoras (E01 E06 E07 e E08) afirmaram positivamente que

tiveram alguma outra experiecircncia com alunos de inclusatildeo antes desse caso atual e

afirmam que isso as ajuda de algum modo nessa turma

Contrariamente cinco delas (E02 E03 E04 E05 e E09) natildeo tiveram nenhum

aluno de inclusatildeo antes desse caso atual

Ainda quanto agraves experiecircncias anteriores com pessoas com necessidades

especiais elas informaram se jaacute tiveram alguma fora da aacuterea educacional

Cinco educadoras (E01 E02 E03 E07 e E08) afirmaram que tiveram

experiecircncias com pessoas com necessidades especiais fora da aacuterea educacional

As outras quatro educadoras (E04 E05 E06 e E09) natildeo tiveram nenhuma

experiecircncia com pessoas com necessidades especiais fora da Educaccedilatildeo Infantil

As participantes informaram o tempo de trabalho na Educaccedilatildeo de modo

geral especificamente na Educaccedilatildeo Infantil e tempo em que estatildeo atendendo essa

turma

Das nove participantes oito soacute tiveram experiecircncia na Educaccedilatildeo Infantil e

uma educadora jaacute trabalhou tambeacutem no Ensino Fundamental

O tempo de atuaccedilatildeo na aacuterea educacional variou de 04 meses a 10 anos No

que se refere agrave atuaccedilatildeo na Educaccedilatildeo Infantil o tempo de trabalho variou igualmente

de 04 meses a 10 anos

Quando questionadas sobre haacute quanto tempo atendem nas turmas atuais

foram obtidas as seguintes respostas 05 educadoras atendem a turma desde o

iniacutecio do ano o que equivale a algo em torno de 09 meses 01 estaacute haacute cerca de 06

meses e 03 das educadoras estatildeo atendendo a turma atual a menos de 06 meses

conforme o que estaacute organizado no Quadro 10 que segue logo abaixo

75

Quadro 10 - Distribuiccedilatildeo das Educadoras dos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil conforme o tempo de atuaccedilatildeo na Educaccedilatildeo de modo geral especificamente na Educaccedilatildeo Infantil e na turma que atende atualmente

42 Seccedilatildeo 02 Concepccedilotildees das Matildees Educadoras e Professoras sobre a

crianccedila que estaacute em inclusatildeo

Foram solicitadas as participantes que relatassem como concebem a crianccedila

pequena que tem necessidades educacionais especiais em relaccedilatildeo as suas

condiccedilotildees e seu processo de inclusatildeo

421 As Matildees e suas crianccedilas

A matildee M01 disse que jaacute desconfiava que o filho tivesse autismo e nega ter

ficado surpresa quando teve a notiacutecia poreacutem seu marido ficou muito triste Apoacutes

Participante Tempo de atuaccedilatildeo na

Educaccedilatildeo Tempo de atuaccedilatildeo na

Educaccedilatildeo Infantil Tempo que atende

essa turma

E01 08 anos 01 ano

01 mecircs

E02 04 meses 04 meses

04 meses

E03 05 anos 05 anos

09 meses

E04 04 anos 04 anos

09 meses

E05 01 ano 01 ano

03 meses

E06 10 anos 10 anos 09 meses

E07 09 anos 09 anos

09 meses

E08 02 anos 02 anos

09 meses

E09 03 anos 03 anos

06 meses

76

receber o diagnoacutestico o apoio da equipe que faz o atendimento especializado na

aacuterea de sauacutede foi fundamental para que a aceitaccedilatildeo do pai fosse sendo construiacuteda

A matildee M02 tambeacutem afirmou que jaacute estava preparada em relaccedilatildeo ao

diagnoacutestico do filho pois teve um parto prematuro com vaacuterias intercorrecircncias para a

crianccedila Desse modo desde os primeiros meses fazia um acompanhamento

rigoroso da sauacutede e do desenvolvimento da crianccedila o que culminou em um

diagnoacutestico de paralisia cerebral

Jaacute para a matildee M03 que teve uma gestaccedilatildeo tranquila a notiacutecia de que a filha

tinha uma siacutendrome veio de uma forma um pouco mais complexa

dai veio a pediatra veio e eu nunca vou esquecer a cara daquela japonesa na minha frente Ela olhava pra mim e eu perguntei ela taacute bem doutora E ela respondeu olha bem pra tua filha Ela tem cara de crianccedila normal Aquele dia foi o maior baque O baque foi porque eu tinha receacutem parido tava inchada doiacuteda e tinha tudo isso e dai eu chorei muito

A matildee M04 tambeacutem teve uma experiecircncia negativa em relaccedilatildeo agrave forma como

foi dada a notiacutecia da condiccedilatildeo da filha

foi logo depois do parto [] Fazia seis horas que ela tinha nascido aiacute a estagiaacuteria foi no quarto e perguntou pela paciente do leito tal e disse vocecirc viu que a tua neneacutem eacute deficiente matildee virou as costas e saiu

Para a matildee M04 o fato de ter dito que a filha era deficiente foi o que mais

chocou porque ela supocircs que queria dizer que a crianccedila teria muito mais

necessidade de cuidados Poreacutem quando falaram que era Siacutendrome de Down

como ela jaacute tinha um pouco de conhecimento sobre a situaccedilatildeo entatildeo se sentiu mais

aliviada quanto agraves condiccedilotildees de sua menina

O choque inicial quando os pais recebem a notiacutecia de que seu filho apresenta

alguma alteraccedilatildeo no desenvolvimento eacute natural e para que o impacto de um

diagnoacutestico ou condiccedilatildeo desconhecida possa ser minimizado eacute fundamental que

eles tenham algum tipo de apoio e orientaccedilatildeo (MINETTO 2010 SCHMITERLOumlW e

FERNANDEZ 2004 PRADO 2005)

Tambeacutem haacute que se ter em destaque que a condiccedilatildeo diferenciada do

desenvolvimento e da sauacutede do filho pode gerar tambeacutem problemas no processo de

vinculaccedilatildeo dele com seus pais e isso podem leva-los a desenvolver uma tendecircncia

77

ao isolamento social que limita as experiecircncias do filho (MINETTO 2010 DE

LINARES 2003 GURALNICK 2000)

Desse modo foi possiacutevel verificar que para todas as matildees o que parece ter

sido fundamental no entendimento da condiccedilatildeo de seus filhos foram os apoios

recebidos nos primeiros meses de vida das crianccedilas em acordo com as informaccedilotildees

logo a seguir

A matildee M01 leva o filho em um centro de apoio especializado em autismo no

qual recebe apoio e orientaccedilatildeo de neurologista e de psicoacuteloga Segundo ela

eu me sinto preparada lidando com ele Antes eu ouvia falar mas eu natildeo sabia o que fazer Hoje eu sei o que fazer com ele eu sei como cuidar dele Ele estaacute sendo bem acompanhado Estou preparada para ajuda-lo

A matildee M02 leva o filho para fazer acompanhamento com meacutedico neurologista

desde o nascimento prematuro e sempre teve apoio e orientaccedilatildeo sobre como

proceder com a crianccedila

A matildee M03 disse que logo apoacutes o diagnoacutestico da filha encontrou uma pediatra

que a apoiou logo nos primeiros meses e que indicou um centro de referencia para

os outros atendimentos que eram necessaacuterios assim como tambeacutem indicou uma

associaccedilatildeo especializada em casos como o de sua crianccedila

A matildee M04 logo apoacutes a confirmaccedilatildeo do diagnoacutestico de Sindrome de Down

tambeacutem foi convidada a participar de um centro de referecircncia para essa siacutendrome

tendo conversado com as assistentes sociais o que segundo ela fez toda a

diferenccedila para um melhor entendimento da condiccedilatildeo da filha

No presente estudo as matildees sugerem que estatildeo construindo uma percepccedilatildeo

positiva de seus filhos e mostram-se interessadas pelo desenvolvimento das

crianccedilas poreacutem haacute estudos como o de Castro (2002) que indicam que matildees de

crianccedilas com doenccedilas crocircnicas aparentavam ser menos responsivas quando na

interaccedilatildeo com seus filhos e manifestando uma tendecircncia maior de ter

comportamentos e sentimentos ambivalentes

Para Schmiterloumlw e Fernandez (2004) cada famiacutelia que tem um filho com

alteraccedilotildees em seu desenvolvimento apresenta um modo proacuteprio de lidar com as

condiccedilotildees de sua crianccedila assim como desenvolve necessidades especiacuteficas

portanto atendimentos que visem dar apoio e orientaccedilatildeo familiar natildeo devem ser

homogecircneos

78

Os trechos abaixo satildeo demonstrativos da satisfaccedilatildeo que as matildees

expressaram durante a entrevista ao falarem sobre suas crianccedilas

A matildee M01 diz que seu filho

eacute uma crianccedila feliz Apesar de ele natildeo falar ele tenta se comunicar da melhor forma que ele consegue para pedir as coisas Ele eacute muito feliz carinhoso gosta de carinho gosta de brincar

Para a matildee M02 o filho

eacute muito especial muito carinhoso bonzinho Ele eacute atento a tudo o que a gente conversa se interessa tem muita forccedila de vontade quer aprender as coisas tem muita vontade de andar

Jaacute para a matildee M03 a filha ldquoeacute muito inteligente Hoje de manhatilde eu falei pra

minha matildee como ela taacute linda Taacute espertardquo E para a matildee M04 a crianccedila ldquoeacute muito

esperta maravilha precisa ver Ela brinca se diverte aprende Nossa Ela eacute dezrdquo

Reconhecer as qualidades e potencialidades dos filhos demonstrando

satisfaccedilatildeo nas relaccedilotildees parece ser algo que auxilia a essas matildees a interessarem-se

cada vez por suas crianccedilas o que possivelmente faz essas uacuteltimas sentirem-se

cada vez mais incentivadas em novas aprendizagens (BRAZELTON 1990)

Todas as matildees indicaram que buscam tratar seus filhos como crianccedilas

normais o relato de matildee M01 e de matildee M04 exemplificam bem a posiccedilatildeo delas

Eu sempre vi ele como uma crianccedila normal tanto que eu trato ele como trato as outras filhas Eu converso eu conto as mesmas coisas pra ele nunca quis proteger ele demais porque ele tem que ser independente tambeacutem (M01)

[] desde que eu soube que ela tinha siacutendrome de Down eu pus na minha cabeccedila que eu natildeo iria tratar ela como uma crianccedila deficiente ela natildeo era uma crianccedila deficiente ao menos que realmente fosse (M04)

Em acordo com as afirmaccedilotildees oferecidas por esse grupo de matildees eacute possiacutevel inferir

que ter uma deficiecircncia eacute a falta de algo (braccedilo perna etc) ou algo que natildeo se

modifica mas elas veem que suas crianccedilas podem modificar seu comportamento

logo natildeo satildeo deficientes

As participantes tambeacutem relatam como fazem para saber se o filho estaacute se

desenvolvendo bem e nesse sentido apenas uma matildee afirma ter sido realizada

79

avaliaccedilatildeo de desenvolvimento infantil pela pediatra da crianccedila as trecircs demais o

fazem em comparaccedilatildeo com outras crianccedilas conhecidas

Mas todas consideram que seus filhos estatildeo se desenvolvendo bem para a idade

natildeo apresentando muitas diferenccedilas em relaccedilatildeo a outras crianccedilas da mesma faixa

etaacuteria

Parte dessa avaliaccedilatildeo eacute produto do que observam das transformaccedilotildees oriundas da

participaccedilatildeo das crianccedilas na Educaccedilatildeo Infantil

As matildees informaram se seus filhos participaram de alguma outra instituiccedilatildeo antes de

ir para o CMEI como por exemplo alguma escola especial ou se ficava com a

babaacute

Apenas uma crianccedila frequentou outro atendimento antes de ir para o CMEI

Segundo a matildee a crianccedila frequentou duas escolas especiais A primeira escola tinha

um horaacuterio difiacutecil de levar pois a crianccedila tinha que acordar muito cedo o que

ocasionou a mudanccedila para uma segunda escola especial mais proacutexima da

residecircncia da famiacutelia Contudo nessa segunda instituiccedilatildeo a matildee percebeu que a

crianccedila natildeo estava evoluindo em seu desenvolvimento conforme o esperado O

relato do que foi observado por essa matildee segue indicado abaixo

Dai a fulana regrediu ela soacute queria dormir Entatildeo toda vez que ia pegar ela laacute ela tava sonolenta e molenga Como se tivesse tomado algum remeacutedio Natildeo tinha tomado natildeo tinha sido dopada mas eacute de ficar isolada

A mesma matildee descreve a sala em que sua crianccedila ficava no periacuteodo de

atendimento nessa escola especial ldquo[] a sala era totalmente escura [] fedia a

mofo era toda fechada sem ventilaccedilatildeo []rdquo

Nas informaccedilotildees sobre a participaccedilatildeo da crianccedila no CMEI elas informaram qual o

motivo de ter matriculado a crianccedila na instituiccedilatildeo haacute quanto tempo agrave crianccedila estaacute

participando deste atendimento qual o motivo de ter sido nessa instituiccedilatildeo turma

que a crianccedila frequenta e qual o periacuteodo que a crianccedila permanece diariamente no

CMEI

Apenas matildee M01 e matildee M02 matricularam seus filhos na Educaccedilatildeo Infantil por

indicaccedilatildeo meacutedica as demais o fizeram por outras razotildees

A matildee M02 aleacutem da sugestatildeo meacutedica tambeacutem afirmou que precisava voltar a

trabalhar e o CMEI seria um bom auxiliar nesse sentido

80

A matildee M03 buscou a Educaccedilatildeo Infantil por acreditar que seria bom para sua filha

especialmente porque ldquoela eacute filha uacutenica pra aprender as coisas baacutesicas que a gente

agraves vezes taacute trabalhando o dia todo e dai ela natildeo tem condiccedilotildees de aprenderrdquo

Apenas a matildee M04 decidiu apoacutes a crianccedila ter tido uma experiecircncia em escola

especial que foi considerada negativa pela famiacutelia conforme indicado anteriormente

As demais crianccedilas ficavam em casa aos cuidados de suas famiacutelias antes de

entrarem na Educaccedilatildeo Infantil

Trecircs das matildees escolheram o CMEI por ser proacuteximo da residecircncia da famiacutelia e

apenas uma fez a escolha por indicaccedilatildeo da meacutedica neurologista que atende o filho

Segundo essa matildee a profissional se referiu a instituiccedilatildeo por fazer parte de um

complexo educacional no qual existem vaacuterios casos de inclusatildeo A matildee M02

escolheu pela proximidade mas tambeacutem porque era a uacutenica que tinha berccedilaacuterio

Se em situaccedilotildees como a de deficiecircncia haacute uma espeacutecie de ldquoapagamentordquo do

saber materno em relaccedilatildeo a como criar seu filho e isso pode comprometer o

desenvolvimento da crianccedila e gerar uma sensaccedilatildeo de fragilidade e impotecircncia em

seus pais (ALVES 2007) entatildeo mais do que nunca accedilotildees interventivas que

considerem a famiacutelia tornam-se fundamentais Quanto a isso Mueller (2008) afirma

que eacute necessaacuterio que essas ultrapassem a ideia de orientaccedilatildeo mas passem a

promover efetivamente a accedilatildeo dos pais Essa pesquisadora tambeacutem indica que eacute

necessaacuterio averiguar o que de fato os pais entenderam e se apropriaram das

orientaccedilotildees pois esse eacute fator que parece comprometer a accedilatildeo dos pais com seus

filhos

422 As Professoras do Atendimento Educacional Especializado ndash AEE e a

inclusatildeo das crianccedilas pequenas que estatildeo nos Centros Municipais de

Educaccedilatildeo Infantil ndash CMEIs

As professoras informaram como eacute o trabalho do AEE quanto tempo faz que

estejam trabalhando como professoras do AEE qual a carga horaacuteria que elas

cumprem semanalmente quantos alunos atendem e quais as maiores

especificidades dos atendimentos

81

De modo geral em acordo com os relatos foi possiacutevel perceber que compete

ao professor do AEE a) atender ao alunado foco Educaccedilatildeo Especial que estaacute em

inclusatildeo no ensino regular complementando a aprendizagem b) dar apoio e

orientaccedilotildees sobre o processo de inclusatildeo tanto para a famiacutelia do aluno quanto ao

seu professor no ensino regular c) buscar recursos que visem melhorar o processo

de inclusatildeo desse alunado junto a outros profissionais especialistas e na

comunidade (estabelecer redes de apoios quando necessaacuterio) O que parece estar

em conformidade com o Decreto nordm 761111 e que dispotildee sobre a Educaccedilatildeo

Especial e o Atendimento Educacional Especializado

Segundo a professora P01 a maior especificidade do Atendimento

Educacional Especializado eacute

natildeo ficar no conteuacutedo eacute atingir o desenvolvimento da crianccedila no que ela precisa e para isso precisa ir atraacutes de especialistas trabalhar todo o ambiente tanto de famiacutelia quanto da escola que ela estaacute inserida

A professora P02 afirma que o ldquoAEE trabalha cada especialidade que ela [a

crianccedila] precisa seja visual a fala o que a crianccedila precisardquo

Jaacute P03 relata que o

trabalho no AEE gira em torno entatildeo na escola realiza trabalho aqui na sala tem o apoio a professora do regular e apoio com a famiacutelia No apoio a famiacutelia chama a matildee faz toda aquela triagem preenche todos os relatoacuterios neacute Na escola regular a gente vai ateacute a escola regular conversa com a professora vecirc a dificuldade que a crianccedila tem pra que a gente possa ajuda neacute o que a professora precisa se eacute adaptaccedilatildeo de algum material para que a gente possa taacute nesse sentido

O grupo tambeacutem informou o tempo em que atua no AEE para o Ensino

Fundamental e no AEE para a Educaccedilatildeo Infantil

E desse modo antes de trazer os dados das entrevistadas eacute importante

relatar que Atendimento Educacional Especializado teve seu iniacutecio nesse municiacutepio

como apoio do Ensino Fundamental no ano de 2009 sendo que o atendimento para

a Educaccedilatildeo Infantil soacute comeccedilou em 2011 Logo eacute relevante que se considere a

precocidade do Atendimento Educacional Especializado nessa regiatildeo

82

As professoras atendem atualmente tanto o alunado do Ensino

Fundamental quanto da Educaccedilatildeo Infantil A professora P02 afirma atender a trecircs

anos no AEE e o faz em outra modalidade - especiacutefico para a Estimulaccedilatildeo Visual - e

sempre trabalhou soacute com crianccedilas de pouca idade (Quadro 11)

Quadro 11 - Distribuiccedilatildeo das Professoras do Atendimento Educacional Especializado conforme seu tempo de atuaccedilatildeo como AEE no Ensino Fundamental e na Educaccedilatildeo Infantil

Conforme o quadro acima eacute possiacutevel verificar que o tempo de atuaccedilatildeo

dessas professoras no Atendimento Educacional Especializado estaacute entre 01 e 03

anos O que condiz com o periacuteodo em que este serviccedilo foi implantado na rede de

educaccedilatildeo do municiacutepio em que ocorreu esta pesquisa

Quanto agrave carga horaacuteria que elas cumprem semanalmente e quantos alunos

atendem seguem no quadro 12

Quadro 12- Distribuiccedilatildeo das Professoras do Atendimento Educacional Especializado conforme seu tempo de atuaccedilatildeo como AEE no Ensino Fundamental e na Educaccedilatildeo Infantil

Participantes Carga horaacuteria

semanal

Nordm de Alunos Ensino

Fundamental

Nordm de Alunos Educaccedilatildeo

Infantil

Total de alunos

Faixa etaacuteria atendida

atualmente

P01 20h 01 01 02 03 a 11 anos

P02 20h 05 03 08 02 a 09 anos

P03 40h 13 01 14 02 a 15 anos

P04 40h 17 03 20 02 a 16 anos

Participantes Tempo no AEE ndash E Fundamental Tempo no AEE- Ed Infantil

P01 01 ano 01 ano

P02 03 anos 02 anos

P03 02 anos 01 ano

P04 02 anos 02 anos

83

Haacute nos grupos dos alunos atendidos por essas professoras do AEE uma

grande heterogeneidade de caracteriacutesticas e condiccedilotildees de desenvolvimento e

aprendizado Elas atendem alunos tanto do Ensino Fundamental quanto da

Educaccedilatildeo Infantil e que apresentam Autismo Siacutendrome de Asperger Paralisia

Cerebral Siacutendrome de Moebius Siacutendrome de Down Deficiecircncia Intelectual entre

outros

Quanto as maiores diferenccedilas entre o Atendimento Educacional Especializado

ndash AEE para o Ensino Fundamental e o AEE direcionado para a Educaccedilatildeo Infantil

elas indicaram (Quadro 13)

Quadro 13 ndash Distribuiccedilatildeo das maiores especificidades do Atendimento Educacional Especializado para a Educaccedilatildeo Infantil e para o Ensino Fundamental

Para a P02 as maiores diferenccedilas satildeo os materiais e o tipo de brinquedos

que satildeo usados P03 afirmou que o atendimento do AEE para a Educaccedilatildeo Infantil

se baseia em atividades de estimulaccedilatildeo essencial e que estaacute

buscando muito na internet em ver que tipo de atividade pode ajudar ele em relaccedilatildeo a material para que me ajude porque na Educaccedilatildeo Infantil eu natildeo tenho experiecircncia porque a gente a gente como professora de Ensino Fundamental a gente pensa logo no pedagoacutegico no ensinar

Participantes

Educaccedilatildeo Infantil

Ensino Fundamental

P01

Atividades voltadas ao corpo para o

desenvolvimento para a socializaccedilatildeo para o

brincar e para a fantasia

Atividades escolares mais complexas

P02 Natildeo usa laacutepis trabalha mais com o estiacutemulo

Usa mais materiais usa alguns materiais escolares

P03 Estimulaccedilatildeo Essencial Trabalha as dificuldades do aluno por meio

de jogos usa bastante o computador tambeacutem precisa adaptar material

P04

Estimulaccedilatildeo encaixes circuitos para

engatinhar jogos de imitaccedilatildeo

Aacuterea de alfabetizaccedilatildeo atividades psicomotoras e orientaccedilotildees atividades para

aprimorar o comportamento dos alunos

84

Elas caracterizaram o trabalho com a crianccedila foco da pesquisa para isso

informaram haacute quanto tempo atendiam a crianccedila foco da pesquisa no Atendimento

Educacional Especializado e como era o atendimento a esse aluno (Quadro 14)

Quadro 14 ndash Distribuiccedilatildeo das Professoras do Atendimento Educacional Especializado conforme tempo em que atendem a crianccedila pequena foco da pesquisa frequecircncia e duraccedilatildeo do atendimento ao aluno

Em termos de frequecircncia semanal ao serviccedilo de AEE percebe-se que este se

organiza em curtos momentos o que sugere duas questotildees ao menos A primeira eacute

a da necessidade de que haja um planejamento bem definido em relaccedilatildeo agraves

condiccedilotildees de cada crianccedila de modo que se aproveite ao maacuteximo esse curto espaccedilo

de tempo de atendimento E a segunda questatildeo eacute em relaccedilatildeo agrave relevacircncia que

estar na Educaccedilatildeo Infantil passa a ter para o desenvolvimento global dessas

crianccedilas pois entre os trecircs contextos relacionados no presente estudo (familiar AEE

e CMEI) eacute no CMEI que elas passam a maior parte de seu tempo

De modo geral as professoras indicam que buscam constantemente adequar

as atividades agraves necessidades individuais do alunado para tal procuram estruturar

seu planejamento em jogos e brincadeiras O caraacuteter luacutedico das atividades tambeacutem

se torna um elemento para diferenciar o AEE das aulas de reforccedilo e das aulas

regulares

Todas as professoras fazem planejamentos semanais e afirmam procurar

avaliar o desempenho da crianccedila dia a dia por meio do que foi alcanccedilado ou natildeo e

frente aos objetivos estabelecidos individualmente

Diante do aspecto novo e diferenciado que o AEE para a Educaccedilatildeo Infantil

apresenta para essas professoras foi questionado o que elas pensaram quando

souberam que iriam atender essas crianccedilas pequenas E apoacutes o periacuteodo de

Participante Tempo em que atende a crianccedila pequena foco da

pesquisa

Frequecircncia e Duraccedilatildeo do Atendimento

P01 8 meses 1x semana 2 horas

P02 7 meses 2x semana 1 hora

P03 4 meses 1 x semana 1 hora

P04 4 semanas 1 x semana 1 hora

85

atendimento e relaccedilatildeo com essas crianccedilas como se sentem ao atendecirc-las (Quadro

15)

Quadro 15 ndash Distribuiccedilatildeo das Professoras conforme suas concepccedilotildees antes de atender a crianccedila e apoacutes o periacuteodo em que atende o aluno que estaacute em inclusatildeo

Trecircs das professoras demostraram ter sentido grande preocupaccedilatildeo com o

fato de ter que atender uma crianccedila pequena

Uma delas afirmou que se sentiu feliz pois jaacute estava acostumada a atender

crianccedilas pequenas e viu no novo aluno uma oportunidade de aprender mais

Todas as professoras relataram que ao serem informadas sobre as crianccedilas

pequenas que iriam atender buscaram informaccedilotildees pertinentes agrave condiccedilatildeo da

crianccedila e sobre ideias para as atividades

A participante P03 justifica sua primeira impressatildeo

Ai com bastante medo sinceramente com bastante medo Eu natildeo tinha tido experiecircncia com crianccedila pequena ainda mais com berccedilaacuterio Minha experiecircncia toda era no Ensino Fundamental com crianccedilas maiores e que praticamente natildeo possuiacuteam dificuldade neacute

Outra professora indica o mesmo tipo de preocupaccedilatildeo ldquoAi eu fiquei

desesperada O que eu vou trabalhar Eu soacute tenho a praacutetica do Fundamentalrdquo (P04)

Apoacutes conhecer e atender a crianccedila a opiniatildeo das professoras modificou-se

Os relatos das professoras indicam que estatildeo se sentindo mais seguras muito

embora sua funccedilatildeo no AEE da Educaccedilatildeo Infantil ainda esteja sendo delineada e

restem duacutevidas e anseios

Participante Antes de atender a crianccedila Atualmente

P01 Afirma que natildeo sabia como ia

trabalhar Sente-se orgulhosa do trabalho e da

evoluccedilatildeo do aluno

P02 Sentiu-se feliz porque percebeu

que era um desafio

Sente-se feliz e diz que eacute gratificante perceber o trabalho realizado e a evoluccedilatildeo

do aluno

P03 Sentiu medo Sente-se mais segura

P04 Ficou desesperada Sente-se mais tranquila

86

O relato da professora P04 eacute muito interessante e faz lembrar que elas estatildeo

tambeacutem construindo sua identidade como professora do Atendimento Educacional

Especializado voltado para a Educaccedilatildeo Infantil o que traz questotildees e anseios muito

proacuteprios

agora estou mais tranquila porque assim ateacute entatildeo eu via assim meu Deus Eu tocirc perdendo a funccedilatildeo de professora Estou perdendo a funccedilatildeo de professora porque no AEE a gente trabalha com as habilidades natildeo eacute muito aquilo do conteuacutedo propriamente escrito ali Daiacute eu pensei tocirc perdendo minha funccedilatildeo de professora natildeo tocirc tendo minha funccedilatildeo de professora agora porque eu tenho que brincar com essa crianccedila tenho que ensinar a engatinhar tenho que estimular ela (P04)

Apoacutes perceber qual seria o seu trabalho com a crianccedila pequena sua visatildeo

modificou-se

agora natildeo agora eu tocirc mais tranquila natildeo me preocupo muito com as outras pessoas vai falar Que a minha preocupaccedilatildeo tambeacutem era assim poxa minha amiga vai falar essa professora natildeo taacute trabalhando ela taacute brincando Entatildeo eu tinha uma visatildeo assim do que os outros iam pensar do meu trabalho Hoje em dia natildeo Se entra uma pessoa assim e eu tocirc brincando ali com a crianccedila eu continuo fazendo o que tocirc fazendo Antes ateacute que eu meio que dava uma disfarccedilada (P04)

Devido agrave forma de trabalhar outra professora traacutes um relato que

complementa esse uacuteltimo

acho que o professor do AEE para Educaccedilatildeo Infantil tem que ter muita dedicaccedilatildeo mas agraves vezes a gente escuta que o professor do AEE natildeo faz nada neacute Porque cada aluno tem um horaacuterio temos muitos horaacuterios livres mas tem que ter muita dedicaccedilatildeo tem que ter empenho tem que buscar o conhecimento (P03)

Tambeacutem foi solicitado que as profissionais indicassem como fazem para

saber se a crianccedila em inclusatildeo estaacute se desenvolvendo bem E em resposta todas

as professoras relatam que buscam perceber o desenvolvimento dos alunos por

meio da comparaccedilatildeo do desempenho da crianccedila desde o momento em que iniciou

seu atendimento no AEE ateacute o presente

Usam como referecircncias as conversas com as matildees das crianccedilas com as

educadoras e seus proacuteprios apontamentos e agraves vezes orientaccedilotildees dos

especialistas que atendem as crianccedilas Tais referecircncias natildeo satildeo diferentes das

tambeacutem evidenciadas e utilizadas por educadoras de CMEIS (SOUZA 2008)

Contudo pensa-se que pelas especificidades do trabalho das professoras do

Atendimento Educacional Especializado urge que estas profissionais tenham

87

maiores recursos para avaliar acompanhar e promover o desenvolvimento de

crianccedilas com necessidades especiais

Sobre a falta de um paracircmetro para avaliar o desenvolvimento infantil a

professora P01 informa

agora diante de todo esse aprendizado a gente - todos do AEE ndash vai se juntar e vai montar dentro do Desenvolvimento Infantil o que eacute conveniente para aquela idade e o que natildeo eacute A gente natildeo tem esse paracircmetro anda porque tudo para noacutes estaacute sendo esse ano um experimento

A falta de paracircmetros para avaliar e acompanhar o desenvolvimento na

primeira infacircncia parece natildeo ser exclusividade das professoras e educadoras da

presente pesquisa conforme jaacute relatado por Souza (2008) Soejima (2008) e

Bolsanello e Soejima (2012) Contudo ao se considerar que o Atendimento

Educacional Especializado pode ser aproveitado como parte de um processo ou

programa de intervenccedilatildeo precoce para as crianccedilas que tecircm deficiecircncias entatildeo seria

indispensaacutevel que se estabelecesse meios de avaliar acompanhar e intervir no

desenvolvimento infantil conforme jaacute evidenciado por autores como Juan ndash Vera e

Peacuterez-Lopez (2009) e Moragas (2009)

Ao serem convidadas a comentar como se daacute o trabalho com essas crianccedilas

pequenas elas tambeacutem indicaram ter uma percepccedilatildeo positiva das crianccedilas que

atendem salientando em seus relatos avanccedilos e qualidades dos seus alunos

A professora P01 conta que atende uma crianccedila com autismo e pela

especificidade precisou fazer um curso para se orientar em como trabalhar Apoacutes

esse curso afirma que sua visatildeo do que a crianccedila precisava para aprender se

modificou e que conseguiu alcanccedilar mais ecircxito em seus objetivos Ela tambeacutem conta

que apoacutes a formaccedilatildeo conseguiu auxiliar mais as educadoras que atende a crianccedila

no CMEI Seu trabalho com esse aluno eacute mais voltado para a adequaccedilatildeo

comportamental pois segundo ela o mesmo passava muito tempo dormindo na

creche ainda usando fraldas chupeta praticamente natildeo fazendo atividades

dirigidas Essa professora tambeacutem construiu rotinas para a crianccedila ficar mais

orientada no que se esperava dela assim como introduziu vaacuterias atividades

pedagoacutegicas todas baseadas na proposta curricular do municiacutepio

Jaacute a professora P02 trabalha apenas com reeducaccedilatildeo e estimulaccedilatildeo visual

Segundo ela trabalha em sala escura com luzes coloridas pareamento de figuras

88

com pranchas objetos coloridos objetos musicais sempre focando nos aspectos

psicomotores

No relatado da professora P03 evidencia-se que esta fez pouco contato com a

crianccedila pois ele estava afastado por questotildees de sauacutede Mas que seu atendimento

nesse momento de desenvolvimento do aluno eacute mais voltado para a estimulaccedilatildeo

essencial

Segundo a professora P04 seu trabalho se baseia em atividades de

estimulaccedilatildeo essencial Quando questionada sobre onde ela busca embasamento

para trabalhar com estimulaccedilatildeo essencial essa professora afirmou que aleacutem de

algumas orientaccedilotildees da equipe da Educaccedilatildeo Especial fez bastante pesquisa na

internet Contudo tambeacutem demonstrou em seu relato natildeo saber muito bem como eacute

um atendimento de estimulaccedilatildeo essencial

natildeo natildeo eu natildeo tive (formaccedilatildeo sobre estimulaccedilatildeo essencial) Eu natildeo tive preparaccedilatildeo alguma para atender assim com a Educaccedilatildeo Infantil por isso que eu fiquei desesperada A gente faz curso vai se preparando mas com crianccedilas pequenas natildeo Dai eu acho que eu faccedilo estimulaccedilatildeo mas natildeo sei dizer bem certo se eacute assim Porque quando eu recebi ela (crianccedila) era pra trabalhar com ela estimulaccedilatildeo dai eu fui pesquisar peguei alguns negoacutecios nas informaccedilotildees que eu peguei na internet eacute estimulaccedilatildeo precoce Eacute o que eu sei (P04)

Conforme os relatos sobre os atendimentos percebeu-se que todas as

crianccedilas satildeo trabalhadas individualmente tendo um plano de trabalho elaborado

especificamente e de acordo com as caracteriacutesticas pessoais e cada uma

As crianccedilas que fazem parte do grupo desse estudo precisam deslocar-se do

CMEI de origem ateacute a escola em que estaacute locada a Sala de Recursos Multifuncional

(espaccedilo em que ocorre o Atendimento Educacional Especializado) De modo geral

as Salas de Recursos Multifuncionais podem ser alocadas tanto em CMEIs quanto

em Escolas Regulares No caso dessa pesquisa todas as crianccedilas frequentam

Salas que estatildeo lotadas fora de seus CMEIs

Em conformidade com informaccedilotildees jaacute fornecidas tambeacutem faz parte das

atribuiccedilotildees dessas professoras o contato com os responsaacuteveis pela crianccedila com as

educadoras que a atendem nos CMEIs e especialistas Pelos relatos entende-se

que costumeiramente todas as professoras fazem contato com as matildees e com as

educadoras da crianccedila para estabelecer as questotildees mais pertinentes no momento

apoacutes essas conversas iniciais os demais encontros satildeo realizados conforme

89

necessidade O contato com os demais especialistas que atendem a crianccedila

tambeacutem eacute estabelecido de acordo com as condiccedilotildees do aluno

423 As educadoras e as crianccedilas pequenas que estatildeo em inclusatildeo

As Educadoras entrevistadas informaram em qual turma trabalham a faixa

etaacuteria que atendem e a quantidade de alunos matriculados por turma

O quadro abaixo (Quadro 16) ilustra a distribuiccedilatildeo das Educadoras conforme

as turmas que atendem atualmente a faixa etaacuteria da turma em que trabalham e

quantidade de alunos matriculados

Quadro 16 ndash Distribuiccedilatildeo das Educadoras conforme turmas que atendem faixa etaacuteria da turma e quantidade de alunos por turma

Todas as Educadoras dividem o atendimento da turma com outras

profissionais sendo que segundo elas todas que atendem numa mesma turma tecircm

as mesmas atribuiccedilotildees e responsabilidades em relaccedilatildeo agraves crianccedilas Logo percebe-

se que a distribuiccedilatildeo das educadoras eacute

Participante Turma que

atende Faixa etaacuteria da

turma

Quantidade de

alunos por turma

E01 M1 1a e 8m a 2 anos 24

E02 M1 1a e 8m a 2 anos 24

E03 M1 1a e 8m a 2 anos 24

E04 B2 8meses a 1a e 8m 19

E05 M1 1a e 8m a 2 anos 24

E06 M2 2 a 3 anos 24

E07 M2 2 a 3 anos 24

E08 B2 8meses a 1a e 8m 19

E09 B2 8meses a 1a e 8m 19

90

- Turma de Berccedilaacuterio = 03 Educadoras por turma

- Turma de Maternal = 02 Educadoras por turma

Durante as entrevistas observou-se que natildeo eacute rara a consideraccedilatildeo de que

nas turmas em grande numero de alunos podem ocorrer limitaccedilotildees no processo de

inclusatildeo de crianccedilas pequenas com necessidades especiais

A relaccedilatildeo quantidade de crianccedilas em turma por educadora tambeacutem eacute algo a

ser considerado quando se pensa em proporcionar um serviccedilo com qualidade e com

vistas agrave promoccedilatildeo do desenvolvimento e melhor desempenho da educadora

(LORDELO et al 2007) Brazelton (2002) ao fazer referecircncia agrave relaccedilatildeo quantidade

de crianccedilas por educadora afirma que esta deveria ser a seguinte 03 a 04 crianccedilas

para cada educadora quando estiverem atendendo bebecircs de 04 crianccedilas por

educadora quando os pequenos estiverem aprendendo a andar e entre 06 a 08

crianccedilas (quando forem maiores de 03 anos) por educadora

Todas relataram que possuem horaacuterio semanal para planejamento das

atividades da turma Cada grupo de Educadora tem sua forma de organizar o

planejamento mas elas foram unacircnimes em dizer que natildeo fazem planejamento

diferenciado em decorrecircncia de terem uma crianccedila em inclusatildeo em suas turmas O

que ocorre eacute que no dia a dia cada Educadora tenta adaptar a praacutetica

anteriormente planejada Para tal levam em conta as condiccedilotildees da crianccedila no

momento da aplicaccedilatildeo da atividade

A Educadora E03 afirma que fez um curso sobre inclusatildeo e que nele foi

orientada que natildeo havia necessidade de estabelecer um planejamento com

objetivos especiacuteficos para a crianccedila foco da inclusatildeo Contudo ela diz que natildeo

saberia como mudar os objetivos

Jaacute a educadora E05 justifica que natildeo consegue fazer atividades diferenciadas

e que como se trabalha muito

com picote com colagem movimento danccedila a parte de equiliacutebrio e como ela (a crianccedila em inclusatildeo) natildeo fica em peacute entatildeo ela natildeo pode participar dessas () Entatildeo a gente tenta a gente coloca ela mas natildeo tem o resultado que a gente espera() a gente natildeo sabe como adaptar pra ela o planejamento Natildeo tem nada diferenciado pra ela

Diante desses dados pode-se inferir que o processo inclusivo da crianccedila

pequena no CMEI falha em se constituir como tal pois foge em vaacuterias instacircncias aos

91

princiacutepios baacutesicos do que se considera uma educaccedilatildeo ldquopara todosrdquo tal como

preconizado por autores como Alves (2008) Carvalho (2009) e Oliveira (2010) os

quais ilustram que promover as mesmas oportunidades para os alunos natildeo significa

que todos deveratildeo ser atendidos de forma homogecircnea Pensa-se nesse sentido

que a falta de um planejamento que seja coerente com as caracteriacutesticas das

crianccedilas que estatildeo em inclusatildeo coloca em risco a atenccedilatildeo agraves suas necessidades e

pode contribuir para que haja exclusatildeo e isolamento desse alunado

Todas as Educadoras relataram de forma geral como eacute sua rotina de

trabalho no CMEI demonstrando um cotidiano dividido entre atividades de

alimentaccedilatildeo higiene atividades com cunho pedagoacutegico e brincadeiras Mesmo natildeo

fazendo um plano de trabalho especiacutefico para as crianccedilas que estatildeo em inclusatildeo as

Educadoras afirmam que tentam na praacutetica diaacuteria aplicar algumas atividades e

brincadeiras diferenciadas em conformidade com o que percebem que eacute necessaacuterio

no momento da crianccedila mas nem sempre sabem o que eacute preciso para o aluno que

natildeo raro usam de seus ldquoinstintosrdquo

a gente faz e estaacute fazendo meio que trabalho instintivo a gente acha que eacute bom para ele (aluno) e a gente vai laacute e faz porque natildeo tem rumo ele taacute num mar e a gente tem que velejar para algum lugar (E08)

Tambeacutem ao falarem sobre a rotina de trabalho em vaacuterias situaccedilotildees ao longo

dos relatos as entrevistadas apontaram que esta eacute exaustiva e que eacute difiacutecil dar

atenccedilatildeo individualizada agrave crianccedila em inclusatildeo

entatildeo eacute bem corrido tem umas crianccedilas que natildeo se adaptaram ainda Entatildeo eacute difiacutecil duas soacute darem da inclusiva (crianccedila) mais dos natildeo adaptados mais das vinte (crianccedilas) (E05)

Seis das participantes ao falarem das crianccedilas que atendem destacam as

caracteriacutesticas positivas do aluno e seus avanccedilos Ainda ao relatarem as

especificidades demonstram saber pouco sobre as condiccedilotildees da populaccedilatildeo que

atendem e ressaltam que percebem esse alunado de inclusatildeo como ldquocrianccedilas

normaisrdquo ou ldquopouco diferentesrdquo dos demais educandos

ela eacute muito alegre muito alegre ela eacute uma crianccedila muito esperta muito atenta muito atenta mesmo[] Ela eacute normal normal natildeo eacute a palavra mas ela acompanha ela tem os mesmos interesses que as crianccedilas da mesma idade (E01)

92

Da mesma forma a Educadora E02 diz natildeo saber exatamente ldquoo grau da

siacutendrome delardquo Faz afirmaccedilotildees positivas sobre a crianccedila e afirma que natildeo haacute

diferenccedilas entre essa crianccedila e as demais da turma

a gente percebe que natildeo eacute uma siacutendrome muito grave entatildeo a gente trata ela normalmente

Trecircs das Educadoras fazem destaque para as dificuldades das crianccedilas que

atendem afirmando que tiveram evoluccedilatildeo na aprendizagem mas que haacute muitos

empecilhos no atendimento a esses alunos

A Educadora E04 ressalta as dificuldades da crianccedila e de tecirc-la em sala de

aula

ele entrou em sala e natildeo foi colocado uma professora para dar atenccedilatildeo especial para ele agraves vezes a gente natildeo consegue dar atenccedilatildeo especial para ele Ele eacute tratado como os demais

Tambeacutem a Educadora E08 descreve as dificuldades da crianccedila e afirma que

se sentiu como uma ldquomatildee de primeira viagemrdquo quando o segurou no colo pela

primeira vez Segundo ela ldquonatildeo tem muito o que fazer com elerdquo

Em face agraves informaccedilotildees dessas participantes lembra-se que Drago (2011)

ao falar em relaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo infantil considera que apesar de tantos avanccedilos

ainda eacute possiacutevel encontrar muitos entraves que a caracterizam como uma educaccedilatildeo

um tanto quanto vazia de sentido como se ainda permanecesse a ideia de

educaccedilatildeo compensatoacuteria e junto a isso se percebe que o processo de inclusatildeo

ainda eacute bastante mal compreendido nessa faixa etaacuteria Diante disso como fazer uma

turma que tem alunos em inclusatildeo tornar-se verdadeiramente inclusiva Em

resposta acredita-se necessaacuterio o que Zorteacutea (2007) afirma e leva a pensar que

viabilizar a inclusatildeo pressupotildee um espaccedilo escolar que repense seus modos e meios

de existir de forma permanente

Ainda foi perguntado agraves Educadoras haacute quanto tempo atendiam a crianccedila

que estaacute em inclusatildeo (Quadro 17)

93

Quadro 17 ndash Distribuiccedilatildeo das Educadoras conforme o tempo em que

atendem a crianccedila que estaacute em inclusatildeo

Dado o tempo em que elas as atendiam foi tambeacutem solicitado que

comentassem o que pensaram quando souberam que iriam atender uma crianccedila de

inclusatildeo e o que sentem depois de tecirc-las conhecido e atendido (Quadro 18)

Quadro 18 - Distribuiccedilatildeo das Educadoras conforme suas concepccedilotildees antes de atender a crianccedila e apoacutes o periacuteodo em que atende o aluno que estaacute em inclusatildeo

Participante

Antes de atender a crianccedila Atualmente

E01 Sentiu-se bem por jaacute conhecer o caso

Sente-se bem

E02 Sentiu-se assustada Sente-se mais tranquila

E03 Sentiu-se feliz porque percebeu que era um desafio

Sente-se ainda insegura

E04 Sentiu-se assustada Sente-se contente com a evoluccedilatildeo da crianccedila

E05 Sentiu-se apavorada Sente-se triste

E06 Sentiu-se apreensiva Sente-se gratificada com a evoluccedilatildeo da crianccedila

E07 Sentiu medo Sente-se medo e inseguranccedila

E08 Sentiu-se apavorada Sente-se mais segura

E09 Sentiu-se assustada Sente-se mais tranquila mas ainda tem medo de atender a crianccedila quando estaacute sozinha

Participantes A quanto tempo

atende essa crianccedila

E01 1 mecircs

E02 4 meses

E03 9 meses

E04 9 meses

E05 3 meses

E06 9 meses

E07 9 meses

E08 9 meses

E09 6 meses

94

A grande maioria das participantes relatou que natildeo se sentiu muito

confortaacutevel quando soube que iria atender uma crianccedila de inclusatildeo em sua turma

Sentiram-se com medo assustadas e apavoradas Foram os sentimentos mais

considerados por elas A seguir apresentam-se alguns exemplos de relatos

A Educadora E02 afirma ter ficado assustada e pensou

fiquei assim o que a gente vai fazer neacute Com todo mundo como que a gente vai desempenhar o trabalho Pedagoacutegico o que a gente vai fazer Dai depois a gente foi vendo tentando adaptar mas pelo grau de deficiecircncia dela assim que era tatildeo gritante ela se desenvolveu muito bem neacute

Outra Educadora que tambeacutem afirmou ter ficado assustada justifica esse

sentimento pelo fato de ter muitas crianccedilas na turma e por natildeo ter espaccedilo para

trabalhar com a crianccedila especial Ainda afirma

ele precisa de amparo de atenccedilatildeo especiacutefica para o desenvolvimento dele Se eu dou atenccedilatildeo pra ele eu tenho que virar as costas para outros dezoito alunos (E04)

Vale destacar a percepccedilatildeo da Educadora E06 que disse ter ficado

apreensiva porque outras Educadoras falaram que crianccedilas com autismo satildeo

agressivas e violentas

Apenas duas Educadoras afirmaram que sentiram bem uma porque jaacute

conhecia o caso e a outra porque percebeu que poderia ter uma grande

oportunidade de aprendizado

Dentre o modo como se sentem atualmente quatro Educadoras ainda se

manifestaram de alguma forma desconfortaacuteveis com o que vem acontecendo no

atendimento e por conta disso revelam sentir medo inseguranccedila tristeza As

demais afirmaram que modificaram seu pensamento em relaccedilatildeo agrave crianccedila foco da

pesquisa

Merece destaque especialmente a fala das Educadoras E01 E03 e E05 que

afirmam respectivamente que se sente bem em atender a crianccedila mas se percebe

um pouco desamparada e limitada em relaccedilatildeo a atender as necessidades dela diz

sentir falta de ajuda e acredita que poderia ter feito muito mais pela aluna diz que

se sente triste porque natildeo consegue fazer com que a crianccedila evolua da forma

correta

95

Acredita-se que tais sentimentos poderiam ser minimizados diante de um

trabalho efetivamente feito em conjunto com os serviccedilos do Atendimento

Educacional Especializado o qual poderia servir entre outras coisas a construccedilatildeo

de estrateacutegias que sirvam de suporte para todos os envolvidos no processo inclusivo

- crianccedilas famiacutelias educadoras professoras comunidade entre outros

(BENINCASA 2011)

Entendendo que o processo de inclusatildeo tambeacutem serve agrave promoccedilatildeo do

desenvolvimento infantil foi questionado como elas faziam para saber se essa

crianccedila estava se desenvolvendo

E nesse sentido as Educadoras trouxeram em seus relatos diferentes modos

pelos quais acompanham e avaliam o desenvolvimento das crianccedilas foco do

processo inclusivo entre os quais se destacam a comparaccedilatildeo com as demais

crianccedilas da turma (E01 e E02) em acordo com a execuccedilatildeo das atividades propostas

para a turma (E03 e E04) conforme alteraccedilotildees no comportamento ocorridas durante

o periacuteodo em que o aluno estaacute em inclusatildeo (E05 E06 e E09) e por fim seguindo

ldquoinstinto maternordquo (E04)

Merece destaque as consideraccedilotildees da Educadora E04 ao dizer que por ser

matildee percebe como seu aluno em inclusatildeo se desenvolve Ela diz que as

educadoras que natildeo satildeo matildees provavelmente natildeo percebam o desenvolvimento do

aluno como ela percebe Consideremos a afirmaccedilatildeo da Educadora E05 por

exemplo que avalia o desenvolvimento por meio da visualizaccedilatildeo das alteraccedilotildees de

comportamento que a crianccedila manifesta antes era ldquotiacutemidardquo e agora eacute ldquoagressivardquo

Mas salienta ldquoa gente natildeo tem conhecimento se 2 anos que eacute o caso dela se taacute

desenvolvido ou natildeo se taacute bem ou natildeo taacuterdquo

As Educadoras satildeo unacircnimes em falar que aplicam as mesmas atividades

para toda a turma com rariacutessimos momentos em que conseguem adequar

totalmente uma atividade exclusivamente para a crianccedila que estaacute em inclusatildeo Elas

chamam atenccedilatildeo para o fato de que esses alunos seguem a rotina da turma sem

grandes problemas e que a relaccedilatildeo com o restante da turma eacute o ponto forte da

estimulaccedilatildeo da aprendizagem desse alunado que apresenta dificuldades

Se por um lado elas se sentem bem com o fato de a crianccedila acompanhar

grande parte das atividades da turma por outro haacute relatos em que se mostram

incomodadas por natildeo poderem dar a atenccedilatildeo necessaacuteria para a individualidade dos

alunos em inclusatildeo

96

A Educadora E03 afirma que a crianccedila que estaacute em inclusatildeo entra na

atividade como as outras pois natildeo apresenta muita dificuldade em acompanhar os

demais Inclusive a Educadora sugere que a aluna aprende muito com o estiacutemulo

originado espontaneamente nas relaccedilotildees com o restante da turma e comenta

eacute na convivecircncia com as outras crianccedilas que eu tocirc vendo que ela evolui bem mais do que se eu intervir em alguma coisa

Jaacute a Educadora E08 fala que elas estatildeo bem felizes com o desenvolvimento

do aluno e que fazem um trabalho ldquomeio instintivordquo imaginam o que pode ser bom

para a crianccedila e aplicam porque segundo ela ldquonatildeo tem rumo ele estaacute num mar e a

gente tem que velejar para algum lugarrdquo E de um modo geral as atividades satildeo as

mesmas para todas as crianccedilas Ela afirma tambeacutem que percebe que o maior

estiacutemulo para o aluno que atende natildeo estaacute vindo das atividades diretamente mas

das outras crianccedilas Ela conta que

eles chamam ele pra brincar pegam o brinquedinho eles pegam o brinquedinho e levam pra ele brincar() Eles ajudam muito tanto que a parte do balbuciar (que o aluno aprendeu) eacute porque eles estatildeo falando muito eles vatildeo falam com ele e ele fala tambeacutem ele responde

43 Seccedilatildeo 03 Processo Inclusivo na Educaccedilatildeo Infantil

Esta parte do estudo tem como base o conjunto de informaccedilotildees relatadas

pelas participantes e que versam sobre a) o significado da inclusatildeo b) o motivo da

inclusatildeo c) a opiniatildeo dos participantes a respeito da inclusatildeo d) como deveriam ser

as Educadoras e os Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil - CMEIs para atender

bem ao processo inclusivo e) como a famiacutelia pode ajudar no processo de inclusatildeo

f) como a professora do Atendimento Educacional Especializado - AEE pode

contribuir para a inclusatildeo g) referecircncias e apoios utilizados e indicados para que o

processo inclusivo ocorra com qualidade h) se os Centros Municipais de Educaccedilatildeo

Infantil - CMEIs e as Educadoras estatildeo preparados para o processo inclusivo i)

como se daacute a participaccedilatildeo das famiacutelias atualmente j) vantagens e desvantagens do

processo inclusivo no Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil - CMEI e k)

97

comentaacuterio e sugestotildees para melhorar o processo inclusivo nos Centros Municipais

de Educaccedilatildeo Infantil - CMEIs

Esses dados foram organizados em seis grandes eixos em conformidade com

os objetivos especiacuteficos da pesquisa a saber 431 Concepccedilotildees dos Participantes

sobre o Processo Inclusivo 432 Participaccedilatildeo no Processo Inclusivo 433

Avaliaccedilatildeo do Processo Inclusivo 434 Referecircncias e Apoios utilizados e indicados

para que o Processo Inclusivo ocorra com qualidade 435 Vantagens e

Desvantagens do Processo Inclusivo e 436 Sugestotildees e Comentaacuterios visando a

melhoria do Processo Inclusivo na Educaccedilatildeo Infantil

431 Concepccedilotildees dos Participantes sobre o Processo Inclusivo

Quando se questiona o que significa falar que a crianccedila estaacute em inclusatildeo eacute

possiacutevel perceber que o processo em si natildeo se mostra bem claro para as

participantes do estudo

As matildees datildeo ecircnfase no sentido de que estar em inclusatildeo eacute estar com

crianccedilas normais jaacute as professoras do Atendimento Educacional Especializado -

AEE e as educadoras demonstram menos homogeneidade nas respostas

Nas informaccedilotildees ofertadas pelas matildees foi possiacutevel evidenciar que o

significado de a crianccedila estar em inclusatildeo estaacute mais relacionado a

- Chance de estar com crianccedilas da mesma idade e de aprender coisas que natildeo

aprende em casa

- Estar com crianccedilas normais

- Refere-se agrave outra escolinha (ao Atendimento Educacional Especializado)

Nas respostas maternas que indicam que estar em inclusatildeo eacute estar com os

ldquonormaisrdquo elas demonstram que eacute o mesmo que estar com crianccedilas da mesma faixa

etaacuteria O que parece reduzir em muito a amplitude do que o fato pode representar

natildeo para as matildees e profissionais da educaccedilatildeo mas e principalmente para a

crianccedila que estaacute em inclusatildeo Longe de ter uma conotaccedilatildeo pejorativa os relatos

enfatizam que ldquoestar com os normaisrdquo eacute tambeacutem poder ter acesso a aprendizagens e

98

oportunidades de experiecircncias mais proacuteximas agraves adequadas e esperadas para a

faixa etaacuteria das crianccedilas Essa percepccedilatildeo materna parecer ter sido construiacuteda junto

aos proacuteprios motivos e objetivos pelos quais elas matricularam seus filhos nos

CMEIs estar com crianccedilas da mesma idade

A Matildee 03 salienta que ldquoa gente costuma falar que o CMEI deixou de ser

depoacutesito pra ser lugar de aprendizadordquo

Jaacute a Matildee 01 reforccedila a noccedilatildeo de que estar em inclusatildeo eacute ldquoestar com pessoas

normaisrdquo ao afirmar que um dos motivos da inclusatildeo de crianccedilas pequenas eacute que

elas precisam de estiacutemulos e que eacute necessaacuterio ldquobuscar esse estiacutemulo entre os

normaisrdquo

Como jaacute afirmado acima no relato das profissionais (Educadoras dos Centros

Municipais de Educaccedilatildeo Infantil e Professoras do Atendimento Educacional

Especializado) natildeo haacute homogeneidade na percepccedilatildeo do que significa estar em

inclusatildeo

Entre as Educadoras haacute uma tendecircncia de em semelhanccedila agraves matildees

afirmarem que estar em inclusatildeo eacute ldquoestar com normaisrdquo mas tambeacutem haacute aquelas

que dizem que eacute atender a crianccedila especial em sua particularidade e aquelas que

natildeo acreditam que o que estaacute ocorrendo seja inclusatildeo pelas condiccedilotildees precaacuterias

que percebem Logo o significado de afirmar que essa crianccedila estaacute em inclusatildeo

para o grupo das Educadoras eacute

- Estar com crianccedilas da mesma faixa etaacuteria

- Que o aluno eacute visto como uma crianccedila normal

- Estar com crianccedilas normais

- Tratar a crianccedila em sua particularidade

- Que o aluno natildeo seraacute tratado como diferente

- Significa responsabilidade

- Que a crianccedila estaacute ldquomisturadardquo com os demais

A maioria dos relatos evidencia certa tendecircncia em relacionar estar em inclusatildeo com

aspectos sociais e a natildeo diferenciaccedilatildeo do atendimento a esse alunado Os relatos

em destaque ilustram essas concepccedilotildees

99

Que ele estaacute inserido na sala que ele natildeo estaacute sendo tratado diferente que ele participa das atividades e faz parte do grupo apesar das dificuldades (E04)

Que ele estaacute dentro de uma sala com crianccedilas relativamente da mesma idade participando das atividades que todas as crianccedilas podem realizar se tornando membro de uma sociedade (E08)

Que ele estaacute incluso em um ambiente da faixa etaacuteria dele com outros tipos de crianccedila (E09)

Nos relatos das educadoras ainda eacute possiacutevel perceber que haacute contradiccedilotildees

no que elas pensam ser a inclusatildeo e o que elas vivenciam como inclusatildeo no dia a

dia de trabalho tal como para as educadoras E01 e E02

Para a educadora E01 estar em inclusatildeo significa dizer que a crianccedila estaacute

ldquomisturadardquo O que segundo ela

eacute essa a realidade que a gente vecirc entende Eacute um eacute misturar neacute[] Entatildeo hoje a gente recebe a crianccedila e sem saber o que fazer com ela Isso natildeo eacute inclusatildeo pra mim

Jaacute para a E02 estar em inclusatildeo significa ldquoresponsabilidaderdquo Essa educadora

se diz assustada com o tamanho da importacircncia de ter uma crianccedila em inclusatildeo na

Educaccedilatildeo Infantil e justifica dizendo

Porque eu penso seraacute que estou desempenhando um bom trabalho com ela Seraacute que isso taacute ajudando Seraacute que isso vai ser significativo no segundo semestre ou natildeo E ao mesmo tempo em que eu sinto por intuiccedilatildeo que sim de fato eu natildeo sei se a gente estaacute fazendo um bom trabalho com ela

No caso das Professoras do Atendimento Educacional Especializado as

respostas tambeacutem natildeo parecem ter uma concordacircncia entre si Nas respostas os

significados de afirmar que essa crianccedila estaacute em inclusatildeo foram

- Natildeo vecirc sentido de se falar que ela estaacute em inclusatildeo pois eacute uma crianccedila

normal como qualquer outra

- Eacute colocar a crianccedila no conviacutevio com os demais

- Significa que estaacute ocorrendo uma mudanccedila de paracircmetro

- Significa que a crianccedila estaacute tendo um atendimento diferente

100

A professora P01 enfatiza que estar em inclusatildeo no CMEI significa que o

aluno estaacute usufruindo de um direito que eacute de todas as crianccedilas Jaacute a P02 ressalta os

aspectos da possibilidade que a inclusatildeo tem de facilitar a socializaccedilatildeo da crianccedila

pequena P03 ao sugerir que a inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil eacute uma mudanccedila de

paracircmetro tambeacutem indica que estar no CMEI eacute um direito de todas as crianccedilas e

considera que quanto mais cedo for a ldquointervenccedilatildeordquo melhor para o futuro do aluno

penso que eacute uma evoluccedilatildeo muito grande na educaccedilatildeo Que eles tecircm o mesmo direito que qualquer outra crianccedila tem acho assim quanto mais cedo buscar ajuda buscar reabilitaccedilatildeo buscar superar as dificuldades melhor para a crianccedila para o seu desenvolvimento neacute

Eacute possiacutevel perceber que no conjunto das informaccedilotildees as contradiccedilotildees do que

significa estar em inclusatildeo satildeo grandes Desse modo diante dos dados oferecidos

pelas participantes haacute que se perceber que conforme jaacute assinalado por Carvalho

(2011) os termos utilizados nesse acircmbito aleacutem de reduzirem a condiccedilatildeo de sujeito

que ali participa tambeacutem podem induzir a geraccedilatildeo de preconceitos pois implicam

em praacuteticas e experiecircncias agraves quais natildeo eacute possiacutevel mensurar o impacto nas

particularidades das pessoas Tambeacutem Rodrigues (2006) chama a atenccedilatildeo para o

fato de que no momento em que alguns alunos e natildeo outros satildeo considerados e

apontados ndash e portanto fabricados ndash como sendo os diferentes jaacute inscrevemos

nesse processo em termos de separaccedilatildeo e uma diminuiccedilatildeo do outro processo que

eacute contraditoacuterio agravequilo que os textos das reformas anunciam e enunciam

Quanto agrave percepccedilatildeo das profissionais pode-se considerar que poderia ser

mais ampliada talvez ateacute mais homogecircnea caso houvesse mais discussotildees a

respeito do assunto entre o grupo Ter essa identidade nos significados poderia ser

um passo inicial para a construccedilatildeo do processo inclusivo na rede especialmente

mais voltado para as necessidades da crianccedila pequena e da proacutepria estrutura da

Educaccedilatildeo Infantil

Foi questionado qual seria a opiniatildeo delas diante da seguinte situaccedilatildeo se

algueacutem lhe perguntasse qual eacute o motivo de crianccedilas com deficiecircncia estarem

frequentando o CMEI o que vocecirc diria

As matildees indicam perceber que para a crianccedila estar no CMEI eacute uma oportunidade

de aprendizado diferente e mais amplo em relaccedilatildeo ao outros contextos aleacutem de ser

um direito Dentro das categorias evidenciadas nas falas das matildees apenas uma natildeo

101

soube o que falar as demais colocaram como motivo o de crianccedilas pequenas com

deficiecircncia poderem frequentar o CMEI

- Porque a crianccedila com deficiecircncia faz parte da sociedade

- Porque a crianccedila precisa de estiacutemulo

- Eacute um direito de todos

- Porque eacute um lugar de aprendizado

- O Centro Municipal de Educaccedilatildeo Infantil eacute para qualquer crianccedila

- Faz parte do processo educacional da crianccedila

A Matildee 03 salienta que ldquoa gente costuma falar que o CMEI deixou de ser

depoacutesito pra ser lugar de aprendizadordquo

Jaacute a Matildee 01 reforccedila a noccedilatildeo de que estar em inclusatildeo eacute ldquoestar com pessoas

normaisrdquo ao afirmar que um dos motivos da inclusatildeo de crianccedilas pequenas eacute que

elas precisam de estiacutemulos e que eacute necessaacuterio ldquobuscar esse estiacutemulo entre os

normaisrdquo

Alves (2007) tambeacutem percebeu que para os pais a instituiccedilatildeo de educaccedilatildeo

infantil era um ldquobom lugarrdquo para o seu filho se desenvolver com condiccedilotildees e ofertas

que as famiacutelias sentem natildeo poder oferecer aos filhos Os pais da pesquisa de Alves

(2007) indicavam sentirem-se desinformados e desqualificados frente aos

profissionais que satildeo especialistas

No caso das respostas das Educadoras a socializaccedilatildeo da crianccedila com deficiecircncia

tambeacutem eacute enfatizada como a parte positiva da inclusatildeo poreacutem indicam que haacute

muitas necessidades que esse processo traz e que devem ser repensadas e

revistas Essa tendecircncia de relacionar diretamente socializaccedilatildeo e inclusatildeo tambeacutem

foi verificada no estudo de Vitta Vitta e Monteiro (2010) Foram categorias

evidenciadas nas entrevistas destas participantes sobre o motivo de crianccedilas

pequenas com deficiecircncia poderem frequentar o CMEI

- Porque todas as crianccedilas precisam das mesmas oportunidades

- Que por tem direito de participar da Escola Regular

102

- Porque eacute importante a socializaccedilatildeo

- Ela diz que eacute algo obrigatoacuterio por lei

- Elas estatildeo no CMEI para ter conviacutevio social e para o seu desenvolvimento

- Eacute uma preparaccedilatildeo da crianccedila para o Ensino Fundamental

- Que o aluno eacute uma crianccedila normal independente das suas necessidades

- Que eacute importante o aluno ver outras crianccedilas

Apenas uma Educadora afirmou que natildeo saberia o que dizer caso fosse

questionada a esse respeito

Vale ressaltar que a Educadora E04 afirma que fica chateada de natildeo

conhecer mais para poder responder quando as outras Educadoras perguntam o

que essa crianccedila estaacute fazendo ali e se natildeo deveria estar numa Escola Especial Ela

afirma tambeacutem que a inclusatildeo soacute vai fazer diferenccedila para a crianccedila se a educadora

tiver conhecimento e um trabalho aplicado ao aluno

Novamente chama-se a atenccedilatildeo para o que Jesus (2008) reflete no que tange

a formaccedilatildeo docente para a inclusatildeo dizendo que o desafio maior que se apresenta

eacute tentar instituir outras praacuteticas de potencializaccedilatildeo dos saberes-fazeres de tal modo

que a presenccedila de alunos em situaccedilatildeo de desvantagem de qualquer natureza natildeo

seja paralisadora de accedilotildees docentes

Jaacute as professoras do Atendimento Educacional Especializado falam que aleacutem

da socializaccedilatildeo da crianccedila pequena tambeacutem a inclusatildeo contribui para que haja a

superaccedilatildeo de suas dificuldades e serve agrave preparaccedilatildeo para sua trajetoacuteria como

aluno Portanto dentro de seus relatos foi possiacutevel evidenciar as seguintes

categorias sobre o motivo de crianccedilas pequenas com deficiecircncia poderem frequentar

o CMEI

- Que eacute um direito e que eacute pra ela que foi feita a escola

- Toda crianccedila tem direito de participar independente da deficiecircncia

- Eacute importante que essa crianccedila conviva com outras crianccedilas

- Eacute uma determinaccedilatildeo legal

- Eacute uma questatildeo social

- Eacute uma oportunidade de guarda da crianccedila enquanto os pais trabalham

103

De modo geral a inclusatildeo oscila entre ser uma oportunidade de socializaccedilatildeo

e o respeito a um direito que eacute de todas as crianccedilas ndash o de ter acesso agrave

escolarizaccedilatildeo

Zorteacutea (2007) questiona a afirmaccedilatildeo que eacute corrente sobre qual o maior ganho

da inclusatildeo da crianccedila com deficiecircncia que segundo ela dizer que eacute apenas

ldquosocializaccedilatildeordquo eacute ignorar o que as relaccedilotildees sociais produzem de aprendizado de

forma impliacutecita Segundo a autora natildeo eacute possiacutevel separar os aspectos afetivos

cognitivos ou psicomotores da socializaccedilatildeo em si por exemplo

Quanto agrave ecircnfase dada agrave inclusatildeo como direito de acesso a escolarizaccedilatildeo e

oportunidades diversas de aprendizado e desenvolvimento pensa-se que haacute que se

considerar profundamente o que Soares (2006) alerta ao destacar que o fato de ter

crianccedila com necessidades especiais na escola natildeo significa que seja uma instituiccedilatildeo

inclusiva Ou seja a garantia do acesso agrave instituiccedilatildeo de Educaccedilatildeo Infantil e ao

Atendimento Educacional Especializado pode seguir a mesma loacutegica

Pensa-se que diante das informaccedilotildees oferecidas pelas participantes se faz

necessaacuterio discutir a importacircncia da inclusatildeo para aleacutem da socializaccedilatildeo enquanto

parte tambeacutem de um plano de intervenccedilatildeo precoce Principalmente quando se

percebe que nem todas as crianccedilas que tem deficiecircncia ou alteraccedilatildeo no

desenvolvimento frequentam serviccedilos em centros de referecircncia ou tem no

Atendimento Educacional Especializado a complementaccedilatildeo necessaacuteria para a

garantia de promoccedilatildeo do seu desenvolvimento e apoio agrave famiacutelia

Como exemplo disso pode-se citar que entre o grupo de crianccedilas dessa

pesquisa haacute uma aluna que tem Siacutendrome de Down e que natildeo frequenta nenhum

tipo de serviccedilo especializado na aacuterea da sauacutede e que vai para o AEE apenas uma

vez na semana durante 1 hora Pode-se inferir que para essa crianccedila estar no CMEI

eacute fundamental pois o periacuteodo de oito horas diaacuterias que ela passa laacute eacute onde se

encontra o maior contingente de experiecircncias de aprendizagem e de promoccedilatildeo de

seu desenvolvimento

104

432 ParticipaccedilatildeoAtuaccedilatildeo no Processo Inclusivo no CMEI

Investigar o modo como se daacute a participaccedilatildeo das Matildees Educadoras e

Professoras no processo de inclusatildeo da crianccedila pequena se justifica pois conforme

evidenciado por Bhering e Sarkis (2009) quando uma crianccedila ingressa na creche haacute

uma ampliaccedilatildeo de suas relaccedilotildees sociais e de sua famiacutelia Esse novo complexo de

interaccedilotildees passaratildeo a interferir de algum modo para a criaccedilatildeo e re-criaccedilatildeo de

diferentes crenccedilas valores haacutebitos formas de se relacionar de fazer e assim de

perceber o desenvolvimento dessa crianccedila Essa influecircncia eacute muacutetua entre os

sujeitos que se relacionam direta ou indiretamente E eacute nesse contexto que nossas

crianccedilas pequenas na atualidade se deparam para vivenciar sua infacircncia e nesta

pesquisa sua inclusatildeo no ensino regular (BHERING e SARKIS 2009)

Duas das quatro matildees participantes demonstraram ser bastante atuantes no

que se refere ao atendimento no CMEI Segundo seus relatos elas costumam levar

orientaccedilotildees dos especialistas que atendem seus filhos para as educadoras e para as

professoras do AEE Mas essas conversas com as educadoras natildeo raro costumam

ser na entrada ou na saiacuteda das crianccedilas do CMEI Isso se reflete de modo geral em

todas as matildees Todas costumam conversar sobre suas crianccedilas nos mesmos

momentos ndash entrada e saiacuteda do CMEI Enquanto as primeiras buscam informar as

educadoras sobre as ldquonovidadesrdquo acerca de suas crianccedilas as demais conversam

apenas sobre como foi o dia dos filhos no CMEI

Nos relatos maternos natildeo aparecem momentos nos quais foram discutidos e

produzidos conceitos objetivos ou planejadas abordagens para a inclusatildeo de seus

filhos e se isso ocorreu elas natildeo conseguiram identificar e incluir em seus relatos ndash

nem com as educadoras ou com as professoras do AEE A relaccedilatildeo que elas tecircm

com as professoras do Atendimento Educacional Especializado tambeacutem natildeo parece

contribuir efetivamente para sua percepccedilatildeo e interaccedilatildeo no processo inclusivo do

filho na maioria dos casos jaacute que duas matildees natildeo souberam dizer de que forma o

AEE poderia auxiliar na inclusatildeo dos filhos sendo que uma afirmou que o

atendimento individual da crianccedila seria o suficiente para tal

A interaccedilatildeo das matildees no processo inclusivo que ocorre no CMEI aparece

em desacordo com o que se verifica na literatura pertinente e na qual se recomenda

que a famiacutelia participe o maacuteximo possiacutevel dos atendimentos seja na Educaccedilatildeo

105

Infantil ou na Educaccedilatildeo Especial (BARROS 2003 CUEVAS 2003 MANCINI et al

2004 MARTINS e VIEIRA 2009 MACARINI SARTORI SACANI e VALENTINI

2010)

De outro modo quando comparada agrave interaccedilatildeo das matildees com o CMEI

cujos filhos estatildeo em inclusatildeo com outros estudos sobre crianccedilas sem deficiecircncia

os dados satildeo bem semelhantes e as interaccedilotildees satildeo em maioria relatadas como

aligeiradas realizadas no portatildeo e nos momentos de entrada e na saiacuteda do aluno

(LORDELO et al 2007 SOUZA 2008 CAMPOS et al 2011 FERNANDES 2011)

Ou seja o fato da inclusatildeo trouxe pouca modificaccedilatildeo no que tange agrave participaccedilatildeo

das matildees no atendimento dos filhos que estatildeo no CMEI

No que se refere agrave participaccedilatildeo das professoras do Atendimento

Educacional Especializado no processo inclusivo da crianccedila pequena dentro do

CMEI esse se mostra um pouco obscuro principalmente por parte dos relatos das

matildees e das educadoras Trecircs das matildees natildeo relacionaram o processo de inclusatildeo no

CMEI ao Atendimento Educacional Especializado e quatro das educadoras natildeo

souberam o que era o AEE As demais educadoras ao falarem sobre como o

Atendimento Educacional Especializado poderia contribuir com o processo de

inclusatildeo demonstraram natildeo ter muita clareza da funccedilatildeo e da abrangecircncia desse

atendimento

Na fala das proacuteprias professoras do Atendimento Educacional Especializado

sua participaccedilatildeo estaacute mais voltada para o atendimento direto agrave crianccedila pequena

Essa posiccedilatildeo eacute justificada tambeacutem pelo fato de que essas profissionais demonstram

natildeo ter muita clareza de qual eacute o seu papel diante da inclusatildeo da crianccedila pequena

Elas mesmas destacam que atender crianccedilas tatildeo pequenas traz novas

necessidades e perspectivas do seu trabalho antes apenas realizado com os alunos

do Ensino Fundamental

Quando questionadas sobre o atendimento com a crianccedila elas tambeacutem

indicaram que isso estaacute sendo definido Mesmo quando citam que desenvolvem

atividades de estimulaccedilatildeo eacute possiacutevel perceber que esse conceito natildeo estaacute bem

estabelecido para elas

Desse modo infere-se que entre as necessidades que surgem com a

inclusatildeo da crianccedila pequena nos CMEIs estaacute primordialmente estabelecida a de

que essas profissionais precisam ter espaccedilo tempo e recursos para melhor delinear

106

qual eacute a caracteriacutestica maior do seu atendimento quando este for voltado para a

Educaccedilatildeo Infantil

No que se refere agrave atuaccedilatildeo ou participaccedilatildeo das educadoras essas

demonstram que natildeo sabem lidar com o processo inclusivo Segundo elas natildeo haacute

orientaccedilatildeo suficiente nem conhecimento para que consigam construir um

planejamento voltado para a inclusatildeo das crianccedilas pequenas Elas relatam tambeacutem

que ensaiam algumas accedilotildees isoladas no dia a dia na tentativa de dar um

atendimento um pouco diferenciado para o aluno que estaacute em inclusatildeo conforme jaacute

indicado em subcapiacutetulo anterior

Em relaccedilatildeo agraves interaccedilotildees que ocorrem no processo de inclusatildeo tambeacutem

cabe ressaltar a relevacircncia que as relaccedilotildees entre as crianccedilas pequenas tomam

frente agrave promoccedilatildeo do desenvolvimento uns dos outros

Nos relatos das Educadoras fica evidente o importante papel das outras

crianccedilas no quesito citado acima

A Educadora E01 diz que percebe um ldquosentimento de solidariedade entre as

crianccedilas que eacute muito interessanterdquo e que

eles (educadores) tecircm um sentimento de ser igual aquela pessoa (que estaacute em inclusatildeo) que agraves vezes a gente que eacute adulto e que natildeo conviveu com crianccedilas com deficiecircncia a gente natildeo tem E eles que convivem eles tecircm O sentimento eacute assim de que ela eacute igual a gente mas algueacutem tem que se preocupar com ela

A Educadora E04 tambeacutem verificou algo semelhante ldquoas crianccedilas natildeo o

excluem Eles querem levar ele para brincar se ele natildeo vem eles vatildeo ateacute ele para

brincarrdquo

O que tambeacutem eacute reforccedilado pelo relato da Educadora E08 ldquoo estiacutemulo estaacute

vindo dos colegas eles chamam ele pra brincar pegam o brinquedinho e levam para

ele brincar [] Eles ajudam muitordquo

E nesse acircmbito Zorteacutea (2007) percebeu em seu estudo que o brincar

aparece reafirmado como uma estrateacutegia que possibilita a aproximaccedilatildeo entre as

crianccedilas constituindo-se como espaccedilos de produccedilatildeo de cultura nos quais podem

experimentar o pertencimento e que na inclusatildeo educacional as interaccedilotildees entre as

crianccedilas revelam-se como um processo dinacircmico e fundamental Isso porque os

encontros entre as crianccedilas satildeo reveladores de caminhos a serem percorridos e

desencadeadores das suas potecircncias e de seus pares em que compartilham

sentidos que nem sempre se mostram facilmente para os adultos (ZORTEacuteA 2007)

107

433 Referecircncias e Apoios utilizados e indicados para que o Processo

Inclusivo ocorra com qualidade

As entrevistadas informaram quais as maiores dificuldades em relaccedilatildeo a

atender as condiccedilotildees das crianccedilas pequenas com necessidades especiais o que

fazem ou quem procuram para resolver isso

Nos relatos das matildees apenas uma disse que tinha dificuldade em atender o

filho a qual estaacute relacionada ao comportamento do mesmo As demais natildeo

indicaram nenhuma dificuldade Quando ocasionalmente surgem duacutevidas ou

dificuldades sobre a crianccedila de modo geral elas procuram os profissionais da aacuterea

de sauacutede

Na presente pesquisa tambeacutem foi possiacutevel perceber se as matildees recebem

orientaccedilotildees sobre suas crianccedilas como se organizam em sua rotina em famiacutelia e

quais as referecircncias utilizadas por essas matildees quando aparecem duacutevidas sobre

como atender o filho

As Matildees 01 02 e 03 demonstraram que a rotina da crianccedila eacute bem corrida

pela quantidade de atendimentos que ocorrem na semana As Matildees 01 e 03

comentaram que quando estatildeo com o filho em casa buscam desviar as atividades

dos aspectos corretivos terapecircuticos e orientam os programas familiares agrave interaccedilatildeo

entre os demais membros atividades corriqueiras e de lazer Jaacute as Matildees 02 e 04

afirmaram que buscam estimular o filho em casa

A Matildee 01 quando recebe orientaccedilotildees sobre o filho que costumam vir dos

profissionais dos centros especializados que a crianccedila frequenta e da professora do

AEE

No caso da Matildee 03 a fonoaudioacuteloga passa algumas sugestotildees de atividades

mas quem atende mais essas necessidades eacute o avocirc materno Essa matildee busca ter

outra conduta com a filha devido ao pouco tempo que passam juntas diariamente

A Matildee 02 costuma receber orientaccedilotildees do centro especializado que a crianccedila

frequenta entatildeo tenta fazer em casa as atividades que passam para ela A Matildee 04

tenta realizar as orientaccedilotildees que a professora do AEE passa e algumas das

atividades que as educadoras fazem no CMEI e que contam para ela Essa uacuteltima

matildee quando tem duacutevidas sobre a filha busca o centro especializado para dirimi-las

108

Por fim nesse grupo de perguntas foi solicitado que elas informassem se

recebem ou jaacute receberam orientaccedilotildees sobre como atender o filho quem passou as

orientaccedilotildees como isso ocorre e sobre o que satildeo essas orientaccedilotildees

As Matildees 01 02 e 03 afirmam que recebem orientaccedilotildees de como atender a

crianccedila e quem passa geralmente satildeo os profissionais especialistas dos centros de

atendimentos nos quais seus filhos fazem parte

Jaacute a Matildee 04 conta que jaacute recebeu orientaccedilatildeo de alguns especialistas e da

professora do AEE e que atualmente conversa com as educadoras para saber o

que elas fazem no CMEI a fim de poder fazer as atividades em casa tambeacutem

Logo segundo as Matildees cada especialista passa a sua recomendaccedilatildeo de

modo separado dos demais Elas tambeacutem informaram que natildeo costumam participar

dos atendimentos dos filhos por vaacuterios motivos entre eles pelo fato de que natildeo satildeo

convidadas considerando-se que a crianccedila ficaria mais agitada ou mesmo porque

trabalham e natildeo tendo disponibilidade para participar

Destaca-se que um trabalho de intervenccedilatildeo precoce centrado na famiacutelia deve

considerar a participaccedilatildeo efetiva e ativa desta no processo de reabilitaccedilatildeo de

educaccedilatildeo e de desenvolvimento de seu filho (GINEacute GRACIA VILASECA e

BALCELLS 2009)

No caso do grupo das professoras do Atendimento Educacional

Especializado trecircs das participantes informaram como maior dificuldade a

adequaccedilatildeo do seu trabalho agrave condiccedilatildeo da crianccedila pequena que estaacute na Educaccedilatildeo

Infantil Isso porque elas natildeo sabiam como construir esse trabalho especificamente

voltado agraves caracteriacutesticas e necessidades da Educaccedilatildeo Infantil Tais dados permitem

afirmar que se faz necessaacuterio e urgente construir uma abordagem que defina melhor

o trabalho do Atendimento Educacional Especializado voltado para a Educaccedilatildeo

Infantil e que este englobe princiacutepios que evidenciem a crianccedila - como sujeito em

desenvolvimento suas necessidades na infacircncia a importacircncia dos contextos e de

suas relaccedilotildees com a inclusatildeo (famiacutelia CMEI entre outros) e tambeacutem o papel desse

professor diante da inclusatildeo e da promoccedilatildeo do desenvolvimento infantil

As professoras do Atendimento Educacional Especializado relatam

como sendo suas maiores dificuldades

- Adequar o trabalho do AEE para a crianccedila que estaacute na Educaccedilatildeo Infantil

109

- Medo de machucar a crianccedila

A professora P01 afirma que sua maior dificuldade foi definir e se adequar ao

trabalho voltado para a Educaccedilatildeo Infantil Segundo ela

vocecirc planeja dar aula pra vocecirc e natildeo pro aluno que natildeo sabe E eacute a questatildeo tradicional da Educaccedilatildeo Fundamental de querer ensinar a ler escrever e usar caderno e que a Educaccedilatildeo Infantil natildeo tem isso

P03 tambeacutem faz afirmaccedilotildees nesse mesmo sentido justificando porque sentiu

medo quando soube que iria atender uma crianccedila pequena

ai com bastante medo sinceramente com bastante medo Eu natildeo tinha tido experiecircncia com crianccedila pequena ainda mais com berccedilaacuterio Minha experiecircncia toda era no Ensino Fundamental com crianccedilas maiores e que praticamente natildeo possuiacuteam dificuldade neacute

A professora P03 diz que tem medo de machucar a crianccedila por natildeo ter

conhecimento suficiente para atender agrave condiccedilatildeo da mesma

E a professora P04 indica que tem dificuldade em estabelecer o que vai

trabalhar com a crianccedila e como vai fazer isso

Em relaccedilatildeo ao que fazem quando surgem as duacutevidas e dificuldades todas

fizeram referecircncia agrave equipe da Educaccedilatildeo Especial do muniacutecipio afirmando que

costumam trocar informaccedilotildees com os demais membros da equipe de avaliaccedilatildeo e

com as outras professoras do AEE

Todas informaram que receberam algumas orientaccedilotildees da equipe da

Educaccedilatildeo Especial sobre as condiccedilotildees das crianccedilas que iriam atender e que essas

orientaccedilotildees acontecem conforme surgem as necessidades ao longo dos

atendimentos

Jaacute no que se refere ao grupo das educadoras nesse quesito apenas duas

Educadoras (E02 e E08) afirmaram que natildeo possuem dificuldades em atender a

crianccedila em inclusatildeo As informaccedilotildees dadas pelas demais educadoras estatildeo

descritas a seguir

Dificuldades indicadas pelas Educadoras desta pesquisa agraves categorias

indicadas abaixo

110

- Dar atenccedilatildeo individualizada para a crianccedila em inclusatildeo

- Dificuldade de se comunicar com o aluno

- Quantidade de crianccedilas por turma

- Natildeo saber lidar com comportamento estereotipado do aluno

- Falta de informaccedilatildeo sobre as condiccedilotildees da crianccedila que estaacute em inclusatildeo

- Medo de machucar a crianccedila

Vale ressaltar alguns relatos entre os quais os das educadoras E01 E03

E04 e E05

A Educadora E01 percebe que a crianccedila precisaria de uma atenccedilatildeo mais

individualizada diariamente para desenvolver determinadas habilidades contudo as

educadoras natildeo conseguem disponibilizar esse momento pois as demandas da

turma satildeo muito grandes

Para a Educadora E03 o que mais chama atenccedilatildeo satildeo as dificuldades de

comunicaccedilatildeo com a crianccedila ldquoagraves vezes fico pensando se ela taacute entendendo o que

eu tocirc falando o que ela quer falar pra mim agraves vezes eu natildeo consigo entender

direitordquo

No caso da Educadora E04 foi citada como dificuldades a falta de informaccedilatildeo

para atender crianccedilas como o caso dele e o medo de fazer algo que possa

prejudica-lo Tambeacutem reforccedila a falta de tempo para dar atenccedilatildeo especiacutefica agraves

necessidades dele e a quantidade de crianccedilas por turma

E por fim a Educadora E05 fala da sala superlotada e da falta de

conhecimento em como atender agraves necessidades da crianccedila

no momento da alimentaccedilatildeo agraves vezes a gente natildeo tem como taacute dando alimento na matildeo na boca entatildeo ela mesma tenta se alimentar e agraves vezes cai [a comida] Ela natildeo se alimenta da forma correta

As participantes tambeacutem informaram o que fazem ou quem procuram quando

tem duacutevidas ou dificuldades sobre a crianccedila

Segundo as Educadoras quando surgem duacutevidas ou dificuldades em

atender a crianccedila que estaacute em inclusatildeo elas procuram

- Pedagoga do CMEI

111

- Colega de sala e a matildee do aluno

- Professora do AEE e matildee do aluno

- Colega de sala

- Tenta resolver sozinha

- Matildee do aluno

Segundo quatro das entrevistadas (E01 E02 E05 e E09) a referecircncia na

maioria dos casos de dificuldades ou duacutevidas satildeo as pedagogas dos CMEIs Poreacutem

haacute situaccedilotildees em que as Educadoras buscam resolver suas dificuldades sozinhas

direto com a colega de sala ou com a matildee do aluno

A Educadora E03 procura a colega de sala que eacute psicopedagoga e a matildee

quando eacute necessaacuterio Indica que natildeo procura a Pedagoga do CMEI porque percebe

que essa profissional tambeacutem natildeo tem muito conhecimento sobre esse assunto

Interessante perceber que a Educadora E07 busca pesquisar a respeito de

suas duacutevidas Quando possiacutevel pergunta para a professora do AEE e para a matildee da

crianccedila Ela diz que natildeo busca as Pedagogas do CMEI por perceber que tambeacutem

lhes falta experiecircncia e conhecimento sobre a crianccedila em inclusatildeo

E por fim as Educadoras E02 e E04 desabafam

Dificilmente algueacutem vem perguntar pra gente como a Manu estaacute Desde que a gente comeccedilou a trabalhar com ela nunca ningueacutem veio perguntar pra mim natildeo sei se para as outras meninas mas enquanto estou na sala ningueacutem veio Pra mim ningueacutem veio ningueacutem perguntar da crianccedila (E02)

Na realidade a gente acaba indo na sorte porque natildeo tem uma orientaccedilatildeo mesmo Eu procurei na internet por livros e natildeo achei nada que falasse de crianccedilas pequenas com esse problema [] Parece que as crianccedilas natildeo existem nessa eacutepoca Eacute muito triste Para berccedilaacuterios natildeo encontra atividades tambeacutem (E04)

Sobre se recebem ou receberam algum tipo de orientaccedilatildeo relativo ao

atendimento da crianccedila em inclusatildeo apenas uma educadora (E05) afirmou natildeo ter

recebido qualquer tipo de orientaccedilatildeo sobre como atender a crianccedila As demais

destacam que as orientaccedilotildees natildeo satildeo frequentes mas que jaacute as receberam em

algum momento ao longo desse periacuteodo em que atendem a turma

A Educadora E01 afirma que normalmente natildeo recebe orientaccedilotildees mas que

jaacute recebeu da pedagoga do CMEI A Educadora E02 diz que costuma conversar com

112

as Educadoras e quando necessaacuterio faz pesquisas na internet ou busca orientaccedilotildees

junto agrave Pedagoga Segundo a E03 jaacute recebeu informaccedilotildees da Pedagoga logo que a

crianccedila entrou na turma e teve um contato breve com a professora do AEE e com

uma das psicoacutelogas do municiacutepio Mas segundo ela esses contatos natildeo foram

suficientes para causar modificaccedilotildees em sala e afirma ldquodaiacute eu trabalho o que eu

acho com ela o que eu trabalho com os outrosrdquo

No caso das Educadoras E06 e E07 elas recebem orientaccedilotildees da matildee da

crianccedila que estaacute em inclusatildeo e da professora do AEE

Jaacute as Educadoras E04 E08 e E09 dizem que receberam a visita de uma

fisioterapeuta que foi designada especialmente para o caso do aluno e de uma

professora que ela natildeo entendeu bem quem era

Eacute perceptiacutevel por meio dos relatos anteriores que as orientaccedilotildees que elas

indicam que jaacute receberam ou que ainda recebem natildeo parecem ser determinantes no

que diz respeito a produzir modificaccedilotildees no processo de inclusatildeo da crianccedila

pequena

Guasselli (2005) ao realizar pesquisa com professoras do Ensino

Fundamental sobre o processo inclusivo tambeacutem percebeu que as mesmas

demonstravam crer na necessidade de ampliar seus conhecimentos acerca da

condiccedilatildeo de seu aluno e tambeacutem sentiam ndash se inseguras para desempenhar seu

trabalho com essa crianccedila

Drago (2005) verificou em seu estudo que quando as educadoras apresentam

uma concepccedilatildeo de inclusatildeo mal compreendida isso parece ajudar a promover uma

praacutetica docente permeada por preconceitos e estigmas

Claramente se percebe que cada grupo (matildees educadoras e professoras do

AEE) busca a seu modo a resoluccedilatildeo de problemas e duacutevidas que envolvem a

inclusatildeo e que isso se dando de maneira isolada natildeo contribui para que todos os

envolvidos possam refletir e aprender juntos Desse modo a inclusatildeo deixa de ser

uma questatildeo de todos para ser uma questatildeo de uns poucos Cabe destacar que

incluir natildeo eacute filantropia tatildeo pouco um ato solitaacuterio individual (RODRIGUES 2006) Eacute

preciso refletir e dar novo significado para o senso de coletividade e de cooperaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo aos apoios que seriam necessaacuterios para que o processo de

inclusatildeo se desse com qualidade as participantes foram unacircnimes em afirmar que

tanto as famiacutelias quanto a educadoras precisam disso

113

As participantes indicaram que para a famiacutelia eram apoios necessaacuterios

- grupo de pais

- apoio e orientaccedilatildeo de profissionais especializados

- incentivo para que aceite seu filho e o ldquomostrerdquo para a sociedade

- mais oportunidades de diagnoacutestico precoce

- maior acesso aos especialistas que atendem seu filho

- maior apoio das pedagogas do CMEI

- maior divulgaccedilatildeo do que satildeo as deficiecircncias

- mais apoio das professoras do AEE

Formiga e Pedrazzani (2004) em sua pesquisa trazem dados que

concordam com que foi indicado logo acima e acrescentam que tambeacutem eacute

fundamental que se estabeleccedilam programas de intervenccedilatildeo precoce de cunho

preventivo

Em outras palavras accedilotildees ou programas de atenccedilatildeo agrave infacircncia devem levar

em consideraccedilatildeo estrateacutegias de prevenccedilatildeo primaacuteria nas quais sejam evidenciadas

orientaccedilotildees de cunho educacional e informativo e tambeacutem de detecccedilatildeo precoce de

alteraccedilotildees no desenvolvimento e na sauacutede infantil (DIAZ-HERRERO e MARTINEZ-

FUENTES 2009)

Por outro lado Molinari et al (2005) consideram que na realidade brasileira

ainda haacute muito o que fazer no sentido de desenvolver accedilotildees integrais de promoccedilatildeo agrave

sauacutede infantil e que programas de vigilacircncia do desenvolvimento e promoccedilatildeo agrave

sauacutede devem contar com equipes multiprofissionais e partir de uma abordagem

ecossistecircmica Nesse sentido estrateacutegias de prevenccedilatildeo devem considerar a

importacircncia que os contextos tecircm para a promoccedilatildeo ou natildeo do desenvolvimento na

infacircncia e tambeacutem a inter-relaccedilatildeo entre tais ambientes

De outro modo as entrevistadas indicaram que as Educadoras precisariam

dos seguintes apoios

- Maior parceria com o departamento de Educaccedilatildeo Especial

- Apoio psicoterapecircutico no sentido de serem escutadas em suas dificuldades e

anseios

- Grupos de estudo sobre os casos de inclusatildeo

114

- Apoio psicopedagoacutegico no sentido de organizar melhor o trabalho com a crianccedila

- Apoio e orientaccedilatildeo constante de outros profissionais

Nos relatos das participantes houve uma incidecircncia grande em afirmarem que

as educadoras precisam de apoio e orientaccedilatildeo de profissionais especialistas tais

como psicoacutelogo terapeuta ocupacional fisioterapeuta entre outros

Para Mueller (2008) eacute importante proporcionar um conjunto de apoio social

para a famiacutelia tal como grupo de pais serviccedilo de aconselhamento familiar e

mobilizaccedilatildeo de amigos e comunidade Guasselli (2005) por sua vez percebeu o

peso que as professoras de turmas inclusivas atribuem aos especialistas Elas

deixam bem claro que satildeo os profissionais especializados que lhes indicaratildeo o

melhor caminho ou a melhor maneira de trabalhar com esse alunado

Igualmente se verifica o peso que um diagnoacutestico traz para as professoras O

diagnoacutestico e o apoio que especialistas trazem em si no discurso das professoras

com certa hierarquizaccedilatildeo na qual as uacuteltimas natildeo estatildeo no topo (GUASSELLI 2005)

Esse mesmo autor discute que as relaccedilotildees entre os profissionais especializados e

os professores em muitas situaccedilotildees vecircm baseadas em uma relaccedilatildeo de

desconhecimento e agraves vezes ateacute de desconsideraccedilatildeo do cotidiano da escola

Rodrigues (2006) questiona se eacute necessaacuterio ldquocriar reinventar e reproduzirrdquo um

discurso teacutecnico racional especializado sobre como estar preparado para receber

pessoas com necessidades educacionais especiais nas escolas

434 Avaliaccedilatildeo do Processo Inclusivo

Todas as participantes consideram a oportunidade de inclusatildeo para a crianccedila

pequena na Educaccedilatildeo Infantil algo positivo mesmo com as devidas ressalvas que

elas mesmas indicam Isso se justifica pelas modificaccedilotildees que todas percebem que

ocorreram no periacuteodo em que as crianccedilas estatildeo matriculadas E nesse sentido

pede-se atenccedilatildeo a algo que Guasselli (2005) aponta afirmando que haacute uma espeacutecie

de celebraccedilatildeo quando se tem um aluno com necessidades educacionais especiais

pois esse fato implica no ideal de que eacute politicamente correto ser uma escola

inclusiva Contudo ter um aluno com necessidade especial natildeo reflete

115

necessariamente uma accedilatildeo inclusiva de verdade Logo eacute positivo ter crianccedilas com

necessidade especial na Educaccedilatildeo Infantil e essa presenccedila parece ser o suficiente

para gerar grandes modificaccedilotildees no comportamento desse alunado mas haacute que

lembrar que soacute isso natildeo eacute suficiente para dar conta da complexa gama de

peculiaridades que o processo inclusivo traz em si

Ainda que todas afirmem que eacute positivo estar no CMEI metade das Matildees

consideraram que os CMEIs natildeo estatildeo preparados para a inclusatildeo e todas indicam

que as educadoras tambeacutem natildeo estatildeo preparadas para isso Ainda assim eacute

importantiacutessimo destacar que mesmo elas percebendo as dificuldades e o

despreparo das educadoras dos filhos as mesmas reconhecem e valorizam o

esforccedilo que essas profissionais fazem para atender as crianccedilas em inclusatildeo

As Professoras do Atendimento Educacional Especializado tambeacutem se

dividem em relaccedilatildeo aos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil estar ou natildeo

preparados Metade acredita que natildeo Jaacute sobre as educadoras trecircs das

profissionais consideram que tambeacutem natildeo estatildeo preparadas Uma das professoras

do Atendimento Educacional Especializado aponta para o fato de que as educadoras

satildeo muito ansiosas e que ainda se prioriza a crianccedila sem dificuldade dentro do

atendimento do Centro Municipal de Educaccedilatildeo Infantil

As Educadoras dos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil afirmam em

maioria que as instituiccedilotildees natildeo estatildeo preparadas para a inclusatildeo Segundo elas

falta estrutura apropriada Elas tambeacutem questionaram se estatildeo preparadas para

trabalhar com a inclusatildeo sendo que sete delas afirmam que natildeo haacute esse preparo e

duas manifestam as diferenccedilas entre as Educadoras mais jovens e as mais antigas

na profissatildeo

Todas as participantes quando falam que os Centros Municipais de

Educaccedilatildeo Infantil natildeo estatildeo preparados porque natildeo tecircm estrutura estatildeo se referindo

a adaptaccedilotildees que propiciem maior acessibilidade e menos riscos para todas as

pessoas que apresentem algum tipo de necessidade especial Entre as necessaacuterias

adaptaccedilotildees foram indicadas rampas barras de apoio portas mais largas e

brinquedos de sala e de parquinho

Quanto agraves Educadoras natildeo estarem preparadas foi indicado com muita

frequecircncia a falta de capacitaccedilatildeo especiacutefica para lidar com situaccedilotildees de inclusatildeo

Para Freitas (2006) em um grande nuacutemero de vezes o professor idealiza um aluno

sem se dar conta de que trabalhar com a diversidade eacute algo intriacutenseco agrave natureza da

116

atuaccedilatildeo docente esquecendo que natildeo faz sentido pensa-la como uma condiccedilatildeo

excepcional Segundo essa autora natildeo raro os cursos de formaccedilatildeo docente para a

inclusatildeo contribuem para a construccedilatildeo e para o fortalecimento de estereoacutetipos a

respeito da pessoa com necessidades educacionais especiais e sobre o proacuteprio

processo inclusivo

Segundo Freitas (2006) eacute necessaacuterio que as formaccedilotildees de docentes para

atuarem com inclusatildeo levem em consideraccedilatildeo a discussatildeo sobre a funccedilatildeo social da

escola sobre a importacircncia do trabalho docente orientando-os a aprender a

investigar sistematizar e produzir o conhecimento por meio da utilizaccedilatildeo de recursos

e materiais diversificados O objetivo maior eacute proporcionar a formaccedilatildeo de um

docente mais autocircnomo e consciente da complexidade de seu trabalho diante da

diversidade inegaacutevel de seu alunado especial ou natildeo

Propotildee-se que a formaccedilatildeo docente seja acima de tudo sempre voltada para

a inclusatildeo para uma escola para todos afim de que se desfaccedila ndash ainda que

lentamente ndash a ideia e o apego agrave do especialista de que sem ele natildeo haacute como

desenvolver um projeto inclusivo

435 Vantagens e Desvantagens do Processo Inclusivo

4351 As vantagens do Processo Inclusivo

Entre as concepccedilotildees maternas sobre as vantagens do processo inclusivo

foram as mais indicadas as que estatildeo listadas abaixo

- Socializaccedilatildeo da crianccedila que tem deficiecircncia

- Ajuda a diminuir o preconceito com a crianccedila que tem deficiecircncia

- Satisfaccedilatildeo da famiacutelia em ver os avanccedilos da crianccedila

- Preparaccedilatildeo para outras etapas da vida escolar da crianccedila que tem deficiecircncia

- Oportunidade de aprender coisas que em casa natildeo aprenderia

117

Consideremos que por parte dessas Matildees haacute uma supervalorizaccedilatildeo do que

o ambiente do Centro Municipal de Educaccedilatildeo Infantil oferece para sua crianccedila

quando relacionada com o que a famiacutelia pode oferecer

A Matildee 01 sugere que a inclusatildeo eacute uma oportunidade positiva afim de que

ldquoeles (pessoas de um modo geral) vejam que eacute uma crianccedila como qualquer outra

que pode estar junto com outras crianccedilas que eacute uma crianccedila boa que consegue

conviver que ele eacute bonzinhordquo

As Matildees 03 e 04 salientam que a inclusatildeo eacute uma oportunidade para que seus

filhos aprendam ldquocoisasrdquo que os pais por trabalharem o dia todo natildeo teriam

condiccedilotildees de lhes ensinar

A Matildee 03 ainda demonstra saber que o processo de inclusatildeo na atualidade

pode ocasionar dissabores para sua filha mas entende isso como algo proacuteprio para

que se evidencie um novo paradigma educacional Segundo ela

a fulana ainda pode ateacute sofrer um pouquinho mas quem vier depois dela natildeo E ela pode ateacute sofrer mas vai ser muito menos do que aquele que entrou na Escola haacute dez anos atraacutes

As Matildees datildeo vaacuterios exemplos dos aprendizados das crianccedilas sugerindo que

estatildeo satisfeitas com o fato de sua crianccedila estar no CMEI mesmo diante das

dificuldades ilustradas ao longo das entrevistas Outro ponto que merece destaque eacute

o quanto elas destacam o conviacutevio com as outras crianccedilas como um fator

fundamental para as transformaccedilotildees positivas no comportamento de seus filhos O

trecho logo abaixo ilustra bem esse posicionamento das matildees

Entatildeo ela taacute aprendendo aqui Como Vendo as outras crianccedilas Entatildeo ela procura imitar o amiguinho natildeo soacute a Educadora Ela procura o que o outro faz E isso eacute bom para os pais que trabalha neacute (Matildee 04)

Entre as Professoras do Atendimento Educacional Especializado foram

apontadas as seguintes vantagens do Processo Inclusivo

- A crianccedila vai usufruir dos seus direitos

- Socializaccedilatildeo da crianccedila que tem deficiecircncia

- Valorizaccedilatildeo da Educaccedilatildeo

- Valorizaccedilatildeo do trabalho da Educadora

118

- Ajuda a diminuir o preconceito com a crianccedila que tem deficiecircncia

- Desenvolvimento de valores nas pessoas envolvidas com a inclusatildeo (empatia

solidariedade altruiacutesmo entre outros)

- Oportunidade de aprender coisas que em casa natildeo aprenderia

- A inclusatildeo eacute fonte de informaccedilatildeo para a famiacutelia que tem uma crianccedila com

deficiecircncia

- Maior experiecircncia para as educadoras

- Para a crianccedila que tem deficiecircncia a maior vantagem eacute estar em um lugar seguro

A professora P01 destaca que a inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil ajuda as

pessoas a perceberem que ldquocom o passar do tempo a educaccedilatildeo vale a pena e daacute

certordquo

Eacute interessante destacar o comentaacuterio da P04 quando esta afirma que a

inclusatildeo pode ser um modo de se valorizar o trabalho das Educadoras

tambeacutem acredito assim que a Educadora tambeacutem vai se sentir mais uacutetil mais valorizada Porque eacute assim aquela crianccedila precisa de mim e ela vai ser mais afetiva porque ela vai ter que ter uma paciecircncia maior e vai ter que planejar mais o seu trabalho e vai ter que buscar vai ter que buscar pra poder trabalhar com aquela crianccedila

Jaacute as Educadoras dos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil

assinalaram as seguintes vantagens do processo inclusivo

- Socializaccedilatildeo da crianccedila que tem deficiecircncia

- Valorizaccedilatildeo do trabalho da Educadora

- Ajuda a diminuir o preconceito com a crianccedila que tem deficiecircncia

- Desenvolvimento de valores nas pessoas envolvidas com a inclusatildeo (empatia

solidariedade altruiacutesmo entre outros)

- Oportunidade de aprender coisas que em casa natildeo aprenderia

- Maior experiecircncia para as educadoras

- Para a crianccedila que tem deficiecircncia a maior vantagem eacute estar em um lugar seguro

enquanto os pais trabalham

A educadora E01 conta que as crianccedilas da turma criam naturalmente um

sentimento de cuidado e proteccedilatildeo em relaccedilatildeo ao aluno foco da inclusatildeo ldquoEles tem

119

um sentimento de ser igual agravequela pessoa que agraves vezes a gente que eacute adulto e que

natildeo conviveu com crianccedilas com deficiecircncia a gente natildeo tem e eles que convivem

eles temrdquo A entrevistada relatou vaacuterias situaccedilotildees em que as crianccedilas da turma

modificaram seu comportamento e demonstraram noccedilatildeo de que a outra crianccedila

precisava de apoio e proteccedilatildeo diferenciados

Segundo a educadora E05 nessa situaccedilatildeo especiacutefica natildeo haacute vantagens para

a crianccedila mas para alguns outros envolvidos

o fato dos pais natildeo terem onde deixar a crianccedila quando estatildeo trabalhando para as Educadoras terem percebido que Siacutendrome de Dow natildeo eacute um ldquomonstrordquo e para as merendeiras para as funcionaacuterias da limpeza e outros profissionais da creche eacute um aprendizado que natildeo eacute necessaacuterio ter doacute da crianccedila (E05)

As vantagens apontadas de forma comum aos trecircs grupos de participantes

(matildees professoras e educadoras) foram socializaccedilatildeo da crianccedila que tem

deficiecircncia ajuda a diminuir o preconceito com a crianccedila que tem deficiecircncia

oportunidade de aprender coisas que em casa natildeo aprenderia

Entre as profissionais da aacuterea de educaccedilatildeo (professoras e educadoras) as

vantagens que satildeo comuns aos dois grupos satildeo socializaccedilatildeo da crianccedila que tem

deficiecircncia valorizaccedilatildeo do trabalho da Educadora ajuda a diminuir o preconceito

com a crianccedila que tem deficiecircncia desenvolvimento de valores nas pessoas

envolvidas com a inclusatildeo (empatia solidariedade altruiacutesmo entre outros) ajuda a

diminuir o preconceito com a crianccedila que tem deficiecircncia oportunidade de aprender

coisas que em casa natildeo aprenderia maior experiecircncia para as educadoras e para a

crianccedila que tem deficiecircncia a maior vantagem eacute estar em um lugar seguro

4352 Desvantagens do Processo Inclusivo

Ao serem indagadas sobre se haveriam possiacuteveis desvantagens na inclusatildeo

na Educaccedilatildeo Infantil 03 Matildees responderam que sim e todas as 04 indicaram que a

inclusatildeo de crianccedilas pequenas no CMEI evidencia situaccedilotildees que se tornam

desvantagens tanto para a crianccedila quanto para as Educadoras

120

Segundo as Matildees participantes poderiam ser consideradas como

desvantagens atreladas ao Processo de Inclusatildeo da crianccedila pequena

- O fato de as educadoras natildeo saberem o que fazer com a crianccedila deixando-a

ociosa

- A educadora se sentir sobrecarregada por ter uma crianccedila especial na turma

- O fato de o atendimento na creche natildeo ser especializado faz com que a matildee

tenha receio de que a crianccedila venha a perder tempo em seu processo de

reabilitaccedilatildeo

- A rotina do Educador na sala de aula impede que se decirc atenccedilatildeo apropriada agrave

crianccedila especial

- Falta de um planejamento apropriado agrave crianccedila especial

- Falta de paracircmetros para saber o que fazer com as crianccedilas especiais

- A desvalorizaccedilatildeo do trabalho do educador

- Falta de atendentes (algueacutem que fique soacute com seu filho)

Pode-se perceber na fala das matildees que elas estatildeo de algum modo bem atentas

ao que ocorre com seus filhos dentro do CMEI

Por outro lado na concepccedilatildeo das Professoras do Atendimento Educacional

Especializado haacute uma maior incidecircncia em afirmarem que natildeo haacute desvantagens no

processo de inclusatildeo Duas das professoras afirmam que natildeo haacute nenhum tipo de

desvantagem na inclusatildeo da crianccedila pequena na Educaccedilatildeo Infantil Contudo uma

delas afirma que a ocorrecircncia de desvantagens vai depender de como a inclusatildeo

estaacute sendo realizada outra afirma que deveria ser considerado como desvantagem

o excesso de trabalho que a Educadora passa a ter quando haacute uma crianccedila com

necessidades especiais em sua turma

No conjunto de concepccedilotildees coletadas nas entrevistas das Educadoras dos

Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil 05 delas afirmam que a inclusatildeo da crianccedila

pequena natildeo apresentaria nenhum tipo de desvantagem Poreacutem uma delas defende

que a ocorrecircncia ou natildeo de desvantagens depende das condiccedilotildees nas quais se

verifica o processo inclusivo

Por fim 03 entrevistadas consideram como desvantagens oriundas da inclusatildeo

de crianccedilas pequenas com necessidades educacionais especiais

121

- Excesso de trabalho para a educadora

- O sofrimento que a crianccedila em inclusatildeo passa

- Falta de profissionais para o bom atendimento da crianccedila

- Diz que natildeo sabe se pode trazer algum tipo de desvantagem e que se preocupa

com o fato da inclusatildeo produzir algum trauma ou regressatildeo no desenvolvimento de

uma crianccedila em inclusatildeo

Desse modo percebe-se que na totalidade do grupo (17 participantes) 07

afirmaram que natildeo existem desvantagens no processo de inclusatildeo na Educaccedilatildeo

Infantil As matildees foram as que mais apontaram questotildees que podem ser

consideradas como desvantagens

Segundo Rodrigues e Lima-Rodrigues (2011) o objetivo da Educaccedilatildeo

Inclusiva natildeo se resume a uma mera mudanccedila curricular ou mesmo a permitir o

acesso de alunos com condiccedilotildees de deficiecircncia agrave Escola Regular trata-se portanto

de uma reforma mais profunda abrangendo os valores e as praacuteticas de todo o

sistema educativo tal como ele eacute comumente concebido E essa necessidade de

reforma profunda eacute possiacutevel de perceber a partir dos relatos que as entrevistadas

proporcionaram na presente pesquisa

436 Sugestotildees e Comentaacuterios visando agrave melhoria do Processo Inclusivo na

Educaccedilatildeo Infantil

Foi perguntado para as participantes se elas gostariam de deixar algum

comentaacuterio ou sugestatildeo sobre a realizaccedilatildeo da inclusatildeo da crianccedila pequena com

deficiecircncia na Educaccedilatildeo Infantil e em grande parte as sugestotildees se referem ao

atendimento da educadora no CMEI conforme eacute possiacutevel observar grupo a grupo

Entre os comentaacuterios e sugestotildees maternas elas indicam a) que as

educadoras tenham mais formaccedilatildeo especiacutefica para trabalhar com as crianccedilas de

inclusatildeo b) a criaccedilatildeo de um grupo de estudos de caso para discutir as deficiecircncias e

as experiecircncias inclusivas c) diminuir o nuacutemero de crianccedilas nas turmas de inclusatildeo

d) maior valorizaccedilatildeo do trabalho das Educadoras e) proporcionar melhor estrutura

de atendimento nos CMEIs para que a crianccedila natildeo precise sair desse espaccedilo para ir

122

a outro atendimento como acontece com o serviccedilo do AEE f) que as educadoras

tenham maior contato com os especialistas que atendem a crianccedila para que todos

falem a ldquomesma liacutenguardquo g) divulgaccedilatildeo da inclusatildeo h) disponibilizaccedilatildeo de uma

professora tutora para dar atenccedilatildeo individualizada para a crianccedila que estaacute no CMEI

e i) mais profissionais para fazer o diagnoacutestico dos filhos diminuindo o tempo de

espera para isso

A Matildee 01 afirma que agraves vezes as educadoras ficam sobrecarregadas tendo que

atender agraves necessidades da turma e ainda ter que dar conta dos comportamentos e

caracteriacutesticas da crianccedila que estaacute em inclusatildeo portanto com vistas a resumir isso

ela sugere

como todas as crianccedilas especiais natildeo conseguem ficar em sala de aula por muito tempo esperando que tenha alguma atividade como as outras crianccedilas a escola a creche poderia ver com a prefeitura se poderia estar disponibilizando uma pessoa pra ficar com essas crianccedilas

Um dos comentaacuterios da Matildee 02 destaca algo interessante e que reflete um

receio dela sobre a relaccedilatildeo crianccedila-educadora

formaccedilatildeo para essas educadoras contato com as fisioterapeutas contato com o lugar onde a crianccedila tem atendimento para atenderem em conjunto e natildeo prejudicar e natildeo atrasar a evoluccedilatildeo da crianccedila A professora estaacute lidando com vaacuterias crianccedilas em sala e se ela der um grito ou brigar com uma forma muito autoritaacuteria pode prejudicar a crianccedila que tem dificuldade que precisa de uma atenccedilatildeo especial A formaccedilatildeo vai ajudar o atendimento dela com as crianccedilas normais e as crianccedilas que estaacute em inclusatildeo

No conjunto dos comentaacuterios e sugestotildees das professoras do Atendimento

Educacional Especializado foram citados a) os profissionais da educaccedilatildeo devem

buscar mais conhecimento sobre a crianccedila pequena e sobre a sua inclusatildeo b) deve-

se construir a consciecircncia da comunidade sobre a inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil c)

deve-se divulgar mais o trabalho do Atendimento Educacional Especializado d)

divulgar mais a inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil e) divulgar mais as possibilidades de

formaccedilatildeo continuada na aacuterea f) ter mais Educadores por sala ou menos crianccedila por

turma de inclusatildeo g) apoio psicoterapecircutico para os professores do Atendimento

Educacional Especializado

A professora P01 afirma

123

acredito que a gente ainda precisa como melhoria de trabalho buscar muito mais conhecimento sobre a crianccedila e sobre a inclusatildeo Tambeacutem a gente precisa batalhar a consciecircncia da comunidade sobre a inclusatildeo na inclusatildeo infantil no ensino fundamental

Ela tambeacutem comenta que trabalha haacute muitos anos no municiacutepio e que natildeo sabia

que existiam esses serviccedilos de inclusatildeo e por conta disso destaca que eacute preciso

haver divulgaccedilatildeo dos serviccedilos das vitoacuterias

A professora P02 afirma que as educadoras tem que estar preparadas para

atender uma crianccedila com deficiecircncia e ela reforccedila ldquoaquele professor que gosta do

que faz tem que estar preparadordquo

Continuando com seus comentaacuterios a professora P02 aponta de modo simples e

certo ldquoTem profissionais que natildeo se dedicam e noacutes professores temos que dar o

melhor para os nossos alunos Quanto menor a crianccedila mais precisa de atenccedilatildeo e

carinhordquo

Jaacute a professora P04 faz um desabafo significativo quando associado a um

trabalho com qualidade

eu acho que eacute uma carga muito pesada pra noacutes professores do AEE porque assim a gente recebe da matildee aquela carga a matildee taacute cansada jaacute fez assim e tal e tal aiacute a gente vai no CMEI com as Educadoras ou nas Escolas dai a gente recebe essa carga tambeacutem Daiacute eacute a carga que a gente jaacute tem que eacute a proacutepria crianccedila e a responsabilidade puxa vida Todo mundo taacute vendo que eu sou a salvadora que eu vou dar conta de tudo dai vocecirc fica angustiada

Lembra-se que haacute muitos valores impliacutecitos no princiacutepio da inclusatildeo de pessoas

com necessidades especiais alguns amplamente conhecidos e outros por conhecer

ou pouco mencionados (CARDOSO e BUCKLEY 2011) E por isso mesmo se faz

necessaacuterio buscar perceber o que permeia esse complexo processo tal como o que

eacute relatado pela professora P04 ou mesmo pelas demais participantes desse estudo

Pois na atualidade o que se busca eacute uma revoluccedilatildeo natildeo somente na Educaccedilatildeo

Especial mas em toda a praacutetica educativa justamente porque a inclusatildeo exige

que todos recebam o apoio que eacute necessaacuterio para participaccedilatildeo na comunidade a

que pertencem (CARDOSO e BUCKLEY 2011)

Nos comentaacuterios e sugestotildees das educadoras dos Centros Municipais de

Educaccedilatildeo Infantil foram evidenciados a) formaccedilatildeo de um grupo para discutir os

casos de inclusatildeo b) maior divulgaccedilatildeo da inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil c) mais

formaccedilatildeo especiacutefica para a inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil d) necessidade de

124

melhorar o espaccedilo fiacutesico e) diminuir o nuacutemero de crianccedila por turma f) criaccedilatildeo de

campanhas de conscientizaccedilatildeo da comunidade sobre as possibilidades da inclusatildeo

na Educaccedilatildeo Infantil g) deveria haver uma pessoa que fizesse a ponte entre todos

os que atendem a crianccedila para que tivessem acesso ao mesmo niacutevel de

entendimento sobre a crianccedila

Entre as educadoras vale a pena ressaltar alguns dos comentaacuterios que foram

expressos por elas entre os quais o da E01 e no qual afirma que ldquoeu acho que a

gente tenta mas faz mais intuitivo e pouco teacutecnico saberdquo

A educadora E02 ao indicar que seria necessaacuterio haver mais divulgaccedilatildeo da

possibilidade de incluir a crianccedila pequena no CMEI justifica

eu natildeo sabia que podia trazer para o CMEI Entatildeo divulgar assim para os pais que querem desde cedo trazer assim e para que estas crianccedilas venham assim Divulgar essa ideia da inclusatildeo assim tambeacutem para as professoras para as tias dos CMEIS tambeacutem que natildeo tem muita ideia de que isso pode acontecer

E tambeacutem afirma

eu queria falar que meu trabalho eacute muito gratificante Tenho aprendido muito Desde que eu comecei a trabalhar com ela o meu olhar sobre a Siacutendrome de Down mudou completamente

A educadora E07 faz um desabafo em relaccedilatildeo ao trabalho na Educaccedilatildeo

Infantil

a Educaccedilatildeo Infantil eacute desvalorizada porque muitos acham que as crianccedilas vecircm aqui passar o tempo e como os pais vatildeo trabalhar eles ficam aqui soacute pra brincar A gente tem a funccedilatildeo de educa-los A gente contribui educa corrige no que for preciso falta reconhecimento na Educaccedilatildeo Infantil

E acrescenta em relaccedilatildeo agrave Inclusatildeo

falta a conscientizaccedilatildeo da comunidade da famiacutelia dos educadores um trabalho da secretaria com relaccedilatildeo a isso com cursos que chamem a populaccedilatildeo a comunidade toda a se interessar porque infelizmente eacute vista com maus olhos

Jaacute a educadora E09 sugere que as educadoras natildeo sintam medo como ela

sentiu no iniacutecio do atendimento que busquem conhecimento e a superaccedilatildeo das

suas dificuldades e que ldquofaccedilam seu trabalho com amor e com carinho porque a

inclusatildeo eacute uma coisa nova e diferente mas eacute muito bomrdquo

125

44 Da necessidade de se observar e atuar na infacircncia enquanto etapa crucial

de desenvolvimento

Haacute a necessidade de se discutir natildeo soacute as especificidades da crianccedila que estaacute

em inclusatildeo mas de se determinar primeiramente quais satildeo as peculiaridades de

uma crianccedila na faixa etaacuteria atendida

Portanto faz-se imprescindiacutevel rever concepccedilotildees acerca do que vem a ser o

desenvolvimento humano e os elementos que o constituem e o que nele interferem

profundamente assim como discutir e rever fatores de risco e de proteccedilatildeo E apoacutes

se ter estabelecido a ideia de crianccedila em desenvolvimento estabelecer paracircmetros

de observaccedilatildeo acompanhamento e avaliaccedilatildeo perceber e discutir quem eacute essa

crianccedila que estaacute em inclusatildeo pois na Educaccedilatildeo Inclusiva deve comprometer-se a

desenvolver uma pedagogia capaz de educar todas as crianccedilas com sucesso e

tambeacutem porque o acesso da crianccedila com necessidades especiais agrave educaccedilatildeo

infantil pode ser considerado como um ritual que marca sua condiccedilatildeo de crianccedila

(SORIANO 1999 ZORTEacuteA 2007)

Sendo reconhecidamente estabelecido que os primeiros anos de vida satildeo

fundamentais para o crescimento desenvolvimento e aprendizagem de qualquer

indiviacuteduo pensar em desenvolvimento infantil tambeacutem requer que se reflita sobre

quais as necessidades que as crianccedilas pequenas com ou sem necessidades

educacionais especiais possuem E nesse caso pode-se afirmar que na primeira

infacircncia certamente haacute a necessidade de interaccedilotildees emocionais seguras em

ambientes que proporcionem oportunidades de aprendizagem seguras e ricas

(BAZELTON e GREENSPAN 2002)

Em acordo com Bronfenbrenner e Evans (2000) para ocorrer o desenvolvimento

de uma pessoa ela precisa participar ativamente de interaccedilotildees reciacuteprocas de

complexidade crescente com pessoas com as quais desenvolve apego forte muacutetuo

e irracional e que com o tempo se comprometa com o bem-estar e

desenvolvimento dos outros Logo especialmente para a crianccedila pequena com

necessidades educacionais especiais eacute fundamental que o profissional tenha um

bom conhecimento sobre desenvolvimento humano principalmente relacionado agrave

faixa etaacuteria que atende e sobre qual eacute o seu papel diante dessa crianccedila Isso

porque eacute necessaacuterio que ele seja capaz de perceber tanto lacunas no

desenvolvimento quanto habilidades jaacute alcanccediladas e suas relaccedilotildees com a faixa

126

etaacuteria da crianccedila e com suas caracteriacutesticas pessoais orgacircnicas culturais entre

outros Aleacutem de que deve ser capaz de estabelecer planos e estrateacutegias para

intervir e avaliar seu trabalho e o desenvolvimento infantil E isso cabe tanto agraves

educadoras da Educaccedilatildeo Infantil quanto agraves professoras do Atendimento Educacional

Especializado pois ambos os grupos trabalham diretamente com o desenvolvimento

na infacircncia

O estabelecimento e a manutenccedilatildeo das interaccedilotildees entre o cuidador e a crianccedila

dependem da disponibilidade e do envolvimento de outro adulto (terceira pessoa)

que daacute apoio e encoraja a pessoa que cuida e interage com a crianccedila (BHERING e

SARKIS 2009) No caso da presente pesquisa pode-se perceber que em vaacuterios

momentos as matildees fazem esse papel de encorajamento como por exemplo ao

buscar levar informaccedilotildees para as educadoras em relaccedilatildeo aos filhos Contudo tal

funccedilatildeo natildeo eacute evidente quando se observa o papel da professora do Atendimento

Educacional Especializado nem junto agraves matildees muito menos em relaccedilatildeo agraves

educadoras

Eacute importante lembrar que o contexto assim como a pessoa tem caracteriacutesticas

que satildeo instigadoras de desenvolvimento (BHERING E SARKIS 2009) O contexto

do Centro Municipal de Educaccedilatildeo Infantil se enquadra nesse paracircmetro enquanto

ambiente distinto do familiar especialmente por conter objetos siacutembolos ambientes

e pessoas que se mostram como estiacutemulos muito diversos dos familiares Contudo

eacute algo que ocorre por si soacute sem planejamento ou adaptaccedilotildees Ou seja as proacuteprias

educadoras informam que natildeo haacute preparaccedilatildeo ou planejamento algum para que tal

ambiente se torne instigador para a crianccedila que estaacute em inclusatildeo Isso de algum

modo parece incomodar algumas profissionais pois o natildeo planejamento nem

sempre se daacute como uma escolha delas mas como uma falta de conhecimento em

como proceder

No que se refere agrave interaccedilatildeo com as outras crianccedilas da turma o que foi referido

como positivo e importante elemento promotor de desenvolvimento e de

aprendizagem das crianccedilas em inclusatildeo lembra-se que esta natildeo pode se resumir

apenas e somente a atividades e accedilotildees realizadas ao acaso Pois a relaccedilatildeo com o

outro tambeacutem crianccedila pode provocar impactos tanto positivos quanto negativos em

quem estaacute em inclusatildeo lembrando que a turma responde ao modelo de

entendimento e aceitaccedilatildeo do diferente conforme for apresentado por suas

educadoras (DRAGO 2005)

127

De todo modo Zorteacutea (2007) fala que as crianccedilas pequenas querem estar umas

com as outras e isso eacute fundamental para que se crie laccedilos e paracircmetros sociais de

pertencimento e de identidade e isso foi possiacutevel de perceber nos relatos das

educadoras Portanto cabe aos familiares educadoras e professoras de

Atendimento Educacional Especializado que levem em consideraccedilatildeo a interaccedilatildeo

com outras crianccedilas tambeacutem como elemento de construccedilatildeo do processo inclusivo

sem no entanto consolidar o estigma que jaacute existe entre os ldquonormaisrdquo e os

ldquoinclusosrdquo

Contudo haacute que se estabelecer tanto entre as famiacutelias quanto entre as

profissionais da educaccedilatildeo estrateacutegias que auxiliem a perceber acompanhar e

avaliar o processo de desenvolvimento infantil Para que assim todos possam

interagir com a crianccedila no sentido de natildeo soacute promover seus aspectos

desenvolvimentais mas tambeacutem de identificar possiacuteveis riscos e alteraccedilotildees de

forma precoce para em decorrecircncia disso intervir com qualidade e seguranccedila E

nesse sentido concorda-se com Diaz ndash Herrero e Martinez ndash Fuentes (2009)

quando essas autoras afirmam que especialmente o ambiente da escola serve

como contexto para minimizar os efeitos de atrasos e de condiccedilotildees anocircmalas do

desenvolvimento infantil Mas isso soacute vai ocorrer quando o ambiente escolar

conseguir se adequar agraves necessidades da crianccedila do contraacuterio falharaacute enquanto

fator de proteccedilatildeo agrave infacircncia (DIAZ ndash HERRERO e MARTINEZ ndash FUENTES 2009)

Para tal faz-se urgente a necessidade de estabelecer accedilotildees que visem agrave

adequaccedilatildeo estrutural das instituiccedilotildees que atendem a infacircncia para que se

constituam em ambientes seguros e promotores do desenvolvimento infantil de

qualquer crianccedila Assim como construir e aplicar programas que levem em

consideraccedilatildeo a orientaccedilatildeo e o apoio contiacutenuo agraves famiacutelias membros da comunidade

profissionais da educaccedilatildeo e demais interessados enquanto espaccedilos coletivos de

discussatildeo reflexatildeo e formaccedilatildeo acerca do desenvolvimento e seus fatores de risco e

de proteccedilatildeo

128

45 Do reconhecimento da importacircncia dos contextos e suas inter-relaccedilotildees

Bronfenbrenner (1989) tambeacutem assinala a necessidade de haver poliacuteticas

puacuteblicas e accedilotildees que funcionem como suporte agraves atividades de educar crianccedilas de

forma ampla abrangendo pais cuidadores professores parentes amigos

vizinhos parceiros de trabalho e tambeacutem as instituiccedilotildees poliacuteticas econocircmicas e

sociais da sociedade como um todo

No presente estudo em acordo com os relatos haacute a percepccedilatildeo do papel dos

contextos como elementos importantes especialmente no que se refere agrave famiacutelia e

agraves instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Infantil Contudo essa percepccedilatildeo natildeo eacute suficiente para

que se verifique uma efetiva relaccedilatildeo entre os contextos

Portanto haacute a necessidade de se discutir tanto com a famiacutelia quanto com os

profissionais e membros da comunidade a importacircncia de um trabalho coletivo e

colaborativo quando se trata de construir um processo de inclusatildeo especialmente

na primeira infacircncia para que todos se percebam como agentes mediadores da

promoccedilatildeo do desenvolvimento infantil e da inclusatildeo em si

A relaccedilatildeo entre os contextos as caracteriacutesticas da pessoa e processos proximais

eacute pertinente na medida em que ambientes especialmente preparados para as

crianccedilas satildeo vitais e as interaccedilotildees ali estabelecidas satildeo determinantes para o seu

desenvolvimento (BHERING e SARKIS 2009) Eis aqui outro aspecto que as

participantes demonstraram em seus relatos a pouca preparaccedilatildeo para atender o

alunado em inclusatildeo Diante do que foi afirmado por Bhering e Sarkis (2007) eacute

possiacutevel inferir que isso ao longo do tempo pode gerar impactos negativos no

desenvolvimento e na aprendizagem desse alunado que estaacute construindo sua

trajetoacuteria tanto como pessoa quanto como aluno

Ainda que a crianccedila permaneccedila o dia todo na instituiccedilatildeo isso natildeo invalida o

papel da famiacutelia no que se refere agrave participaccedilatildeo no processo de inclusatildeo e da

estimulaccedilatildeo do desenvolvimento do filho e deve-se lembrar que o que ocorre na

famiacutelia afeta a instituiccedilatildeo na qual a crianccedila estaacute e vice-versa (BRONFENBRENNER

1986) Portanto concorda-se com Bronfenbrenner (1989) quando esse autor propotildee

que o funcionamento efetivo do processo de educar crianccedilas no contexto familiar e

em outros contextos tais como os Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil

requer que haja padrotildees de trocas de informaccedilatildeo estabelecidos e contiacutenuos aleacutem

129

de confianccedila muacutetua entre os principais ambientes nos quais as crianccedilas e suas

famiacutelias vivem

O compartilhamento de praacuteticas educativas familiares e escolares eacute um dos

passos importantes para o sucesso das instituiccedilotildees educacionais do desempenho e

desenvolvimento dos profissionais a frente das iniciativas das relaccedilotildees entre os

responsaacuteveis pelos processos educativos formais e informais e acima de tudo

para o desenvolvimento integral das crianccedilas (BHERING e SARKIS 2009)

Lembrar-se tambeacutem que quando se trata especificamente de crianccedilas com

alteraccedilotildees no desenvolvimento ou deficiecircncia o sucesso de programas de

intervenccedilatildeo precoce depende em grande parte da integraccedilatildeo de esforccedilos da

comunidade local e da famiacutelia (MUELLER 2008)

46 Da consideraccedilatildeo e discussatildeo das novas concepccedilotildees acerca da Inclusatildeo

Conforme Sanches e Teodoro (2007) eacute preciso saber o que queremos significar

quando falamos da inclusatildeo de um aluno na escola e quais os indicadores que nos

permitem afirmar que a crianccedila estaacute incluiacuteda ou natildeo Dentro do grupo entrevistado

haacute alguns indicadores estes estabelecidos de forma intuitiva baseada no senso

comum e em pouco conhecimento sobre o tema Contudo eacute preciso dar novo

significado ao que eacute inclusatildeo de modo que deixe de ser moda e de gerar ideias

errocircneas e simplistas de sua aplicaccedilatildeo ou que justificam sua impossibilidade

(RODRIGUES 2006)

Ao se inferir que eacute necessaacuterio considerar e discutir as novas concepccedilotildees acerca

da inclusatildeo isso quer dizer que natildeo eacute mais tempo de questionar se o que se faz eacute

integraccedilatildeo normalizaccedilatildeo ou inclusatildeo Mas de partir dos conceitos que as

profissionais e as famiacutelias jaacute trazem e dar novo significado a eles sem

desconsideraacute-los Parte-se do princiacutepio que o fato da inclusatildeo natildeo eacute mais uma

ldquogranderdquo novidade pois de algum modo ela permeia nosso dia-a-dia Contudo nem

todos demonstram essa consciecircncia O que parece ocorrer eacute que a inclusatildeo em si

se tornou uma possibilidade mal divulgada e pouco discutida o que a torna uma

realidade distante ainda que natildeo seja verdade

130

Quando se diz que eacute mal divulgada eacute no sentido de que as pessoas sabem que

tem que ldquoincluir os diferentesrdquo - muito se afirma nas miacutedias que todos satildeo diferentes

que deve haver respeito e igualdade de oportunidades para todos - mas sabem elas

quem satildeo esses diferentes Sabem elas onde eles devem ser incluiacutedos Quando se

referencia que a inclusatildeo eacute uma possibilidade pouco discutida eacute que natildeo o

suficiente apenas ter informaccedilotildees sobre a inclusatildeo Faz-se necessaacuterio discutir

refletir re-significar e ampliar a concepccedilatildeo do que eacute a inclusatildeo desde quando se eacute

sujeito e qual eacute o objetivo da inclusatildeo E quando se afirma que a inclusatildeo eacute uma

possibilidade distante eacute porque ela se torna exatamente isso para determinadas

pessoas especialmente no caso das educadoras e professoras que tem em seu rol

de formaccedilatildeo dados informaccedilotildees ou experiecircncias que tratem do processo inclusivo

Diante disso eacute possiacutevel pensar que um dos aspectos que faltam agrave formaccedilatildeo eacute dar

sentido ao que os envolvidos trazem seja como experiecircncia de vida ou como

formaccedilatildeo acadecircmica

Quando se percebe que segundo as participantes a inclusatildeo serve agrave

socializaccedilatildeo que eacute um direito que eacute uma oportunidade que eacute vantajoso que eacute a

chance da crianccedila estar em um lugar seguro elas estatildeo tambeacutem indicando

concepccedilotildees que de algum modo fundamentam sua relaccedilatildeo com a crianccedila Natildeo

obstante esses fatos natildeo devem ser tomados como base se julgamento de suas

competecircncias habilidades ou eficiecircncia em compreender e buscar atender o aluno

da melhor maneira possiacutevel - ainda que essa maneira natildeo se enquadre no que

academicamente eacute desejaacutevel ou recomendaacutevel

Dentro de uma escola para todos esse ldquotodosrdquo deve envolver tambeacutem os sujeitos

que ali se envolvem seja a crianccedila com deficiecircncia matildee a professora profissionais

Fernandes Bolsanello e Ceretta (2009) apontam para o fato de que a inclusatildeo

passa necessariamente pela possibilidade de assegurar agraves crianccedilas agraves famiacutelias e

aos professores apoio formaccedilatildeo e condiccedilotildees praacuteticas pois estas satildeo questotildees

imprescindiacuteveis para que a inclusatildeo de fato aconteccedila

Concorda-se com Sanches e Teodoro (2007) quando esses autores afirmam que

haacute muitos obstaacuteculos que podem ser enunciados para natildeo ser praticada uma

educaccedilatildeo inclusiva mas o verdadeiro obstaacuteculo estaacute na forma de pensar na e sobre

a diferenccedila e da disponibilidade daiacute decorrente

131

47 Da consideraccedilatildeo das (necessaacuterias) transformaccedilotildees que vem ocorrendo na

Educaccedilatildeo Infantil

Facilmente se percebe as muacuteltiplas transformaccedilotildees que vecircm se desenrolando ao

longo das uacuteltimas deacutecadas na Educaccedilatildeo Infantil Mudanccedilas que implicam no

reconhecimento do papel da instituiccedilatildeo enquanto serviccedilo necessaacuterio agrave matildee

trabalhadora na contemporaneidade no sentido de ser espaccedilo de promoccedilatildeo do

desenvolvimento na infacircncia e alteraccedilatildeo da identidade da educadora enquanto

profissional da educaccedilatildeo agente de desenvolvimento e aprendizagem Deve-se

agregar a esses itens tambeacutem os aspectos relacionados agrave possibilidade de

inclusatildeo de bebecircs e de crianccedilas pequenas nas instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Infantil

Desse modo deve-se reconhecer que ter uma crianccedila especial na turma faz com

que a educadora da Educaccedilatildeo Infantil tenha que repensar seu papel mais uma vez

agora no que se refere a aspectos que ateacute pouco tempo atraacutes cabiam apenas ao

professor da Educaccedilatildeo Especial Junto a isso deve-se ater ao fato de que a

instituiccedilatildeo em si em termos estruturais tambeacutem deve rever seus ambientes

materiais condiccedilatildeo de acesso e permanecircncia desse alunado

Reforccedila-se que natildeo eacute mais tempo de se pensar na inclusatildeo como algo distante

fora da realidade do Ensino Regular para o momento considere-se que eacute

imprescindiacutevel ver que a inclusatildeo para ser como tal tem que ser total radical natildeo

podendo haver ldquoporeacutensrdquo E eacute nessa radicalidade que se verificam as devidas

necessidades de transformaccedilatildeo real e profunda sem preacircmbulos ou desculpas Soacute

se aprende a fazer uma escola inclusiva na accedilatildeo e discussatildeo a respeito Como

saber quais as condiccedilotildees ideais para que a inclusatildeo ocorra mantendo os diferentes

longe dessa escola Eacute preciso ver sentir experenciar conviver ouvir e ir

construindo a caminhada durante o proacuteprio percurso

Por isso merece destaque o que Mantoan (2006) afirma e para a qual a inclusatildeo

eacute produto de uma escola plural democraacutetica e transgressora o que provoca uma

crise escolar ou melhor uma crise de identidade institucional que por sua vez abala

a identidade dos professores provocando que a identidade do aluno tambeacutem seja

ressignificada

Daiacute que a figura da educadora eacute especialmente importante para que a

diversidade humana possa se fazer presente na escola porque satildeo elas que no

132

meio de suas contradiccedilotildees duacutevidas avanccedilos medos disponibilidades ansiedades

acolhimentos e possibilidades assumem os alunos em suas salas de aula (JESUS

2008)

E ao ouvi-las nesse estudo percebeu-se que entre as suas queixas estatildeo

questotildees que natildeo satildeo de exclusividade de quem atende turmas inclusivas tais

como as salas de aula numerosas em termos de alunos a dificuldade de dar

atenccedilatildeo mais individualizada agraves crianccedilas pequenas a falta de conhecimento sobre o

desenvolvimento infantil e a ocorrecircncia de ambientes que precisam ser mais bem

adaptados para todas as crianccedilas

O que possibilita inferir que a dificuldade maior de uma turma de inclusatildeo talvez

nem seja a crianccedila com necessidades educacionais especiais mas toda uma

estrutura que engloba formas de pensamento modos de agir de formaccedilatildeo docente

que natildeo proporcionam uma maior amplitude de visatildeo do profissional quanto agrave sua

funccedilatildeo junto com a proacutepria estrutura do atendimento que necessita ser modificada

Ainda no que se refere ao papel da educadora frente agrave inclusatildeo da crianccedila

pequena Camera (2006) afirma que quando se exercita o papel uma figura de

mediadora estaacute sendo delineada a construccedilatildeo de uma pedagogia da complexidade

onde deve haver espaccedilo para muacuteltiplos olhares para uma escuta sensiacutevel e para

acolher o que vai se constituindo pelo movimento das proacuteprias crianccedilas onde se

vivencia a disponibilidade ao diaacutelogo e a reciprocidade construindo assim uma

pedagogia da compreensatildeo

Desse modo urge que na formaccedilatildeo da identidade docente tambeacutem seja

considerada a sua funccedilatildeo como agente de inclusatildeo

Jaacute no que se refere agrave participaccedilatildeo da famiacutelia de crianccedilas com necessidades

educacionais especiais na Educaccedilatildeo Infantil percebe-se ndash como indicado

anteriormente - que esta natildeo vem se dando de modo diferente do que o esperado

no caso de filhos que natildeo estatildeo em inclusatildeo Mas ressalta-se novamente que eacute

fundamental que a famiacutelia que tem um filho com necessidades educacionais

especiais seja atendida em suas peculiaridades e principalmente que seja

construiacutedo com ela o processo de inclusatildeo de sua crianccedila Ateacute porque eacute sabido que

quando nasce uma crianccedila com deficiecircncia haacute normalmente uma grande

necessidade de apoiar e orientar essa famiacutelia de modo que natildeo haja perdas no

processo de aceitaccedilatildeo do filho Acredita-se que a instituiccedilatildeo de Educaccedilatildeo Infantil

tambeacutem possa servir como apoio agrave famiacutelia

133

Em acordo com Sigolo e Oliveira (2008) haacute uma vivecircncia familiar anterior agrave

escola que natildeo pode ser ignorada A entrada na escola significa um grande passo

na transiccedilatildeo da dependecircncia para a autonomia da crianccedila assim o papel da escola

junto da famiacutelia e a funccedilatildeo dos pais na escola tecircm que ser observados nesse

contexto Pois em algumas situaccedilotildees para os pais e familiares proacuteximos lidar com

a entrada de uma crianccedila pequena na crechepreacute-escola significa lidar com muitos

sentimentos que por vezes satildeo ambivalentes O que pode trazer para o contexto

familiar novas preocupaccedilotildees rotinas e adequaccedilotildees (BHERING e SARKIS 2009)

Logo a compreensatildeo desse processo pode auxiliar na definiccedilatildeo de objetivos e de

estrateacutegias de ensino para o aluno especial (SIGOLO e OLIVEIRA 2008)

Ainda que a colaboraccedilatildeo de pais de alunos com necessidades educacionais

especiais seja pensada como difiacutecil pois estes satildeo vistos como natildeo capacitados

para contribuir na elaboraccedilatildeo de programas educativos ela eacute possiacutevel e na

atualidade uma necessidade imprescindiacutevel (SIGOLO e OLIVEIRA 2008) E essa

deve ser vista sem preconceitos ou preacute-julgamentos

Portanto ressalta-se que a inclusatildeo eacute um problema de todos (RODRIGUES

2006) o que implica considerar os sujeitos que podem colaborar com ela e orientar

accedilotildees e estrateacutegias que melhor os capacitem para lidar com as condiccedilotildees da crianccedila

pequena que estaacute na Educaccedilatildeo Infantil

48 Da consideraccedilatildeo das transformaccedilotildees que vecircm ocorrendo na Educaccedilatildeo

Especial

Tambeacutem a Educaccedilatildeo Especial passou e ainda passa por profundas

transformaccedilotildees Na medida em que esse professor sai da Escola Especial e passa

a possibilidade de tambeacutem estar lotado nos espaccedilos de ensino regular atendendo

uma nova especificidade de alunos de um modo que natildeo corresponde mais agrave ideia

de turma formal mas com alguma liberdade para desenvolver sua funccedilatildeo esse

mesmo profissional se perde em sua identidade e assim novas demandas e

necessidades se criam Entre elas e natildeo diferente do que ocorre no acircmbito da

Educaccedilatildeo Infantil eacute facilmente verificado no presente estudo que as professoras

134

tambeacutem estatildeo revendo e reorganizando as especificidades do que cabe agrave sua

funccedilatildeo

O fato de terem que atender a uma gama ampla de necessidades especiais e

faixas etaacuterias diferentes exige desses profissionais um perfil mais dinacircmico e flexiacutevel

voltado para a pesquisa e estudo constante Tambeacutem se percebe que essas

professoras estatildeo sendo legalmente convidadas a saiacuterem de suas salas de aula e

auxiliarem na construccedilatildeo da inclusatildeo de seus alunos nas instituiccedilotildees do ensino

regular

No que se refere especificamente agrave crianccedila pequena outros desafios se fazem

notar Entre eles o fato de ter que lidar natildeo soacute com os conhecidos meacutetodos

pedagoacutegicos mas agora tambeacutem ter que se interar de assuntos que fazem

referecircncia ao desenvolvimento humano

Aos fazerem referecircncia de que seu trabalho com crianccedilas pequenas eacute ou seraacute

voltado para a estimulaccedilatildeo essencial e ao esclarecerem o modo como entendem

isso essas professoras demonstram que necessitam de maior embasamento teoacuterico

e praacutetico a respeito E eacute nesse sentido que se propotildee que o Atendimento

Educacional Especializado para bebecircs e crianccedilas pequenas seja construiacutedo a partir

do entendimento de que tambeacutem eacute um processo de intervenccedilatildeo precoce e de que

esse seja voltado para a valorizaccedilatildeo e inter-relaccedilatildeo dos contextos

desenvolvimentais nos quais a crianccedila pequena participa

Logo torna-se imprescindiacutevel que essas profissionais tenham condiccedilotildees teoacuterico-

metodoloacutegicas para promover o desenvolvimento na infacircncia bem como para

orientar e dar apoio agrave famiacutelia e agraves educadoras Segundo Mantoan (2006) o papel da

educaccedilatildeo especial na perspectiva inclusiva eacute muito importante e natildeo pode ser

negado mas dentro dos limites de suas atribuiccedilotildees sem que sejam extrapolados os

seus espaccedilos de atuaccedilatildeo especiacutefica Essas atribuiccedilotildees conforme jaacute foi referido

complementam e apoiam o processo de escolarizaccedilatildeo de alunos com deficiecircncia

que estatildeo regularmente matriculados nas escolas comuns

O espaccedilo criado pela possibilidade de inclusatildeo emerge sempre como um

grande elo no qual podem ser verificadas experiecircncias profundas de emancipaccedilatildeo e

valorizaccedilatildeo humana Poreacutem isso soacute vai ocorrer verdadeiramente se forem

consideradas e aceitas as necessaacuterias transformaccedilotildees tanto da Educaccedilatildeo Infantil

como na Educaccedilatildeo Especial

135

5 CONCLUSOtildeES

Com fins de realizar as consideraccedilotildees finais acerca das informaccedilotildees

percebidas durante o processo de apresentaccedilatildeo de dados retoma-se a questatildeo que

norteou esta pesquisa

Quais concepccedilotildees norteiam o processo de inclusatildeo da crianccedila pequena com

necessidades educacionais especiais no contexto do Centro Municipal de

Educaccedilatildeo Infantil segundo suas Matildees suas Educadoras na Educaccedilatildeo Infantil e

suas Professoras do Atendimento Educacional Especializado

Ao se propor a investigaccedilatildeo do processo inclusivo 18 anos apoacutes a Declaraccedilatildeo

de Salamanca inicialmente parecia que se iria discutir um tema amplamente

debatido e jaacute esgotado em possibilidades Poreacutem na medida em que se eacute possiacutevel

debruccedilar sobre leituras praacuteticas inclusivas jaacute realizadas e sobre os dados e

concepccedilotildees coletadas nessa pesquisa percebe-se que mesmo que os anos

tenham se passado e as experiecircncias nesse acircmbito se multipliquem ainda haacute

questotildees a serem debatidas e claro novas demandas se estabelecem e antigas

reflexotildees acerca do tema merecem ser resgatadas O que estaacute em consonacircncia com

o que segundo Alves (2007) ressalta nos aponta para o fato de que os casos de

inclusatildeo sempre trazem consigo uma gama de novas necessidades e duacutevidas De

algum modo vai ao encontro do que Guasselli (2005) afirma quando comenta que a

proposta da educaccedilatildeo inclusiva eacute complexa pois articula vaacuterios aspectos entre os

quais o autor faz destaque o tempo instituiacutedo e o tempo do aluno o peso da

aprendizagem formal em detrimento das habilidades do aluno e o olhar do professor

e dos demais alunos sobre as necessidades especiais

O presente estudo trouxe concepccedilotildees de inclusatildeo que muito embora a

primeira vista pareccedilam heterogecircneas possuem elementos em comum Elas

sugerem ainda uma perspectiva inclusiva voltada para a possibilidade de

socializaccedilatildeo da crianccedila pequena com necessidades educacionais especiais com

ldquocrianccedilas normaisrdquo e para a concepccedilatildeo de que estar em inclusatildeo eacute o cumprimento

de um direito O que num primeiro momento aparenta ser uma celebraccedilatildeo pode no

decorrer do tempo tornar-se a reafirmaccedilatildeo de estigmas preconceitos e de accedilotildees e

136

concepccedilotildees que banalizam reduzem e simplificam a complexidade do que eacute o

processo inclusivo especialmente para as crianccedilas pequenas

A famiacutelia participa pouco do processo de inclusatildeo de sua crianccedila isso tanto

no que se refere ao Atendimento Educacional Especializado quanto no Centro

Municipal de Educaccedilatildeo Infantil Sua participaccedilatildeo eacute reconhecida como importante

para as participantes mas os relatos sobre a praacutetica natildeo demonstram isso

O professor do Atendimento Educacional Especializado eacute uma figura

praticamente desconhecida das educadoras e para as matildees natildeo representa uma

referencia consideraacutevel quando se tem duacutevidas ou dificuldades

Os CMEIs aparecem como instituiccedilotildees ainda despreparadas para atender

com qualidade crianccedilas pequenas que estatildeo em inclusatildeo assim como as

educadoras aparentam ser profissionais sem preparo e experiecircncia para trabalhar

com crianccedilas pequenas com deficiecircncia Contudo ainda que esse despreparo seja

algo relatado pelas participantes inclusive pelas proacuteprias educadoras haacute o

reconhecimento por parte das entrevistadas que essas profissionais se esforccedilam

por fazer um bom trabalho e no decorrer do tempo em que estatildeo atendendo essas

crianccedilas jaacute indicam modificaccedilotildees em suas accedilotildees e em suas concepccedilotildees sobre a

crianccedila e sobre sua funccedilatildeo enquanto profissionais da educaccedilatildeo

No que se refere ao despreparo dos CMEIs foram indicadas pelas

participantes especialmente pelas educadoras a falta de condiccedilotildees de

acessibilidade materiais e ambientes que natildeo satildeo adaptados e condiccedilotildees que

implicam em risco inclusive para crianccedilas que natildeo tem nenhum tipo de necessidade

especial ou alteraccedilatildeo no desenvolvimento

Sobre o trabalho das educadoras chama atenccedilatildeo a queixa a respeito do

nuacutemero de crianccedilas por turma o que segundo grande parte das participantes eacute

muito grande o que dificultaria o atendimento de crianccedilas com necessidade

especial Em vaacuterios momentos foi sugerido que se mantivesse uma professora extra

especiacutefica para cuidar da crianccedila que estaacute em inclusatildeo Tambeacutem se percebe uma

grande necessidade de as educadoras terem espaccedilos para conversar e se informar

sobre a inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil e sobre as especificidades das crianccedilas que

atendem

O processo de inclusatildeo em si se mostra sendo realizado como accedilotildees isoladas

e desestruturadas com pouca relaccedilatildeo entre os diversos sujeitos envolvidos (matildees

crianccedilas educadoras especialistas professoras do AEE comunidade etc) No

137

caso especiacutefico do trabalho no Centro Municipal de Educaccedilatildeo Infantil tambeacutem eacute

possiacutevel inferir que a inclusatildeo de bebecircs e de crianccedilas pequenas natildeo seguem um

planejamento ou projeto apropriado muito menos que se considerem aspectos

como a promoccedilatildeo do desenvolvimento dessas crianccedilas a participaccedilatildeo da famiacutelia

apoio agraves educadoras relaccedilatildeo com a comunidade por exemplo O que parece

contribuir para o sentimento de desamparo e despreparo das educadoras e de

inseguranccedila por parte das matildees das crianccedilas

Quanto ao trabalho das professoras do Atendimento Educacional

Especializado tambeacutem parece ser necessaacuterio discutir e estabelecer de uma forma

mais clara e profunda quais suas atribuiccedilotildees junto ao desenvolvimento global da

crianccedila pequena e sobre o que vem a ser o atendimento em

estimulaccedilatildeointervenccedilatildeo precoce Sugere-se que isso seja realizado em equipe

interdisciplinar - se possiacutevel ndash e que seja baseado em modelos integrais de

atendimento agrave crianccedila e sendo considerada a participaccedilatildeo da famiacutelia nesse

processo de promoccedilatildeo do desenvolvimento e de minimizaccedilatildeo de riscos e impactos

Ainda que a inclusatildeo natildeo seja mais uma novidade dentro da aacuterea

educacional pois haacute muito vem sendo discutida exposta e mesmo vivenciada foi

possiacutevel perceber que as educadoras dessa pesquisa natildeo se mostraram afeitas ao

tema indicando um grande distanciamento do que venha a ser a experiecircncia

inclusiva

Mesmo com todas as dificuldades apresentadas pelas entrevistadas e a

desarticulaccedilatildeo de conceitos e accedilotildees na construccedilatildeo do processo inclusivo eacute

consenso que para a crianccedila pequena estar instituiccedilatildeo de Educaccedilatildeo Infantil eacute algo

imensamente positivo Foi indicado pelas participantes que todas as crianccedilas

ganham com o processo inclusivo em alguma instacircncia tanto as que tecircm

necessidades educacionais especiais quanto as que natildeo tecircm Contudo as

evoluccedilotildees e transformaccedilotildees positivas que facilmente satildeo vistas nas crianccedilas que

estatildeo em inclusatildeo tambeacutem aparecem em acordo com os relatos como algo

inerente ao fato de estarem na instituiccedilatildeo natildeo resultado de planejamentos

discussotildees ou accedilotildees voltadas especificamente para a qualidade do processo

inclusivo

Desse modo diante dos dados organizados na presente pesquisa foram

observadas como demandas a serem consideradas quando se pretende um

processo inclusivo com qualidade aquelas oriundas das necessidades de a) se

138

observar e atuar na infacircncia enquanto etapa crucial de desenvolvimento b) do

reconhecimento da importacircncia dos contextos e suas relaccedilotildees c) da consideraccedilatildeo e

discussatildeo das novas concepccedilotildees acerca da Inclusatildeo d) da consideraccedilatildeo das

transformaccedilotildees que vecircm ocorrendo na Educaccedilatildeo Infantil e) da consideraccedilatildeo das

transformaccedilotildees que vecircm ocorrendo na Educaccedilatildeo Especial

Por fim ainda que o tema da Educaccedilatildeo Inclusiva esteja longe de ser

esgotado especialmente no que compete agrave Educaccedilatildeo Infantil e diante de todas as

informaccedilotildees oferecidas agrave anaacutelise e discussatildeo nessa pesquisa eacute possiacutevel considerar

que esta Tese demonstrou

a) Que a inclusatildeo de crianccedilas pequenas com deficiecircncia na Educaccedilatildeo

Infantil ainda reflete diversas contradiccedilotildees e desencontros sendo

realizada de maneira simplificada no sentido do cumprimento de um

direito e tendo como foco a socializaccedilatildeo desse alunado com crianccedilas

ldquonormaisrdquo preterindo outras importantes funccedilotildees interventivas precoces

tatildeo necessaacuterias agrave promoccedilatildeo de um desenvolvimento amplo e saudaacutevel

b) Que a experiecircncia inclusiva mesmo diante da realidade exposta nos

contextos pesquisados se mostra vaacutelida por ser uma accedilatildeo que

transgride o comum pois proporciona novas reflexotildees novas

necessidades duacutevidas e significados o que com certeza poderaacute gerar

outras perspectivas e estrateacutegias em prol da qualidade educacional e da

promoccedilatildeo do desenvolvimento humano

Outrossim sugere-se que todo processo inclusivo que vise atender a crianccedila

pequena com necessidades educacionais especiais considere

a) a construccedilatildeo de uma concepccedilatildeo de crianccedila pequena ativa e em desenvolvimento

b) a discussatildeo e ampliaccedilatildeo da concepccedilatildeo de inclusatildeo especialmente no que se

refere agrave Educaccedilatildeo Infantil

c) a importacircncia de uma abordagem de atendimento baseada nas relaccedilotildees e trocas

muacutetuas entre os contextos nos quais a crianccedila participa direta ou indiretamente

d) as caracteriacutesticas e necessidades da famiacutelia da crianccedila que estaacute em inclusatildeo

tornando-a tambeacutem agente mediadora da inclusatildeo do filho

139

e) a identidade e o papel da educadora que trabalha no Centro Municipal de

Educaccedilatildeo Infantil e da professora do Atendimento Educacional Especializado

enquanto agentes mediadoras da inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil

f) a inclusatildeo tambeacutem como um modo de intervenccedilatildeo precoce na qual se previne e

minimiza riscos e dificuldades e promovendo o desenvolvimento humano

g) a adequaccedilatildeo dos espaccedilos das creches levando-se em consideraccedilatildeo a realidade

do atendimento a quantidade de crianccedilas atendidas e as especificidades do puacuteblico

infantil que estaacute em inclusatildeo

h) a criaccedilatildeo de cursos especiacuteficos que tratem da inclusatildeo na primeira infacircncia

i) que os cursos de formaccedilatildeo inicial e os de formaccedilatildeo continuada levem em conta a

inclusatildeo de uma crianccedila real e que possam ser organizados conforme a linguagem

e a realidade praacutetica profissional

j) que sejam feitas mais pesquisas para verificar como o desenvolvimento infantil

vem sendo concebido avaliado e promovido nesta faixa etaacuteria e em outros

contextos de creche especialmente no que se refere ao desenvolvimento da crianccedila

pequena com necessidades especiais

k) de se aprofundar os estudos sobre de que modo a inclusatildeo de bebecircs com

necessidades especiais vem sendo tratada pelas educadoras bem como de que

forma esta inclusatildeo contribui ou natildeo para o desenvolvimento infantil dessas mesmas

crianccedilas

l) e por fim que as Universidades contribuam com projetos de pesquisa e de

extensatildeo para que conceitos importantes sejam re-significados dentro da Educaccedilatildeo

Infantil da Educaccedilatildeo Especial e do Ensino Inclusivo

140

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WINNICOTT D W A crianccedila e seu mundo Rio de Janeiro Zahar 1975

161

ANEXOS

162

ANEXO A

Roteiro de Entrevistas ndash Matildees

Caracterizaccedilatildeo da Matildee da crianccedila que estaacute em inclusatildeo

1 Nome Completo

2 Idade

3 Escolaridade

4 Ocupaccedilatildeo

Caracterizaccedilatildeo da Famiacutelia da crianccedila que estaacute em inclusatildeo

1 Composiccedilatildeo familiar

Membro Idade MF Escolaridade Ocupaccedilatildeo

01

02

03

04

05

06

2 Quem mora com a crianccedila

3 Qual eacute a renda mensal meacutedia da famiacutelia

4 Haacute mais algum caso de deficiecircncia na sua famiacutelia Comente sua resposta

Caracterizaccedilatildeo da crianccedila que estaacute em inclusatildeo

1 Nome

2 Idade

3 Como eacute o seu filho

163

4 A senhora saberia me dizer qual eacute o diagnoacutestico do seu filho

5 Quando a senhora soube o diagnoacutestico dele o que pensou

6 E hoje que seu filho estaacute no CMEI como se sente

7 Como vocecirc faz para saber se seu filho estaacute se desenvolvendo bem

8 Seu filho frequentou outra instituiccedilatildeo antes de vir para esse CMEI Qual

Comente sua resposta

9 Desde quando seu filho frequenta este CMEI

10 Por que a senhora decidiu matricular seu filho no CMEI

11 Por que a senhora escolheu esse CMEI

12 Qual eacute a turma que seu filho frequenta

13 Quanto tempo por dia sua crianccedila fica no CMEI

14 Atualmente seu filho frequenta algum outro atendimento aleacutem do CMEI

Como eacute isso

15 Como costuma ser a rotina da crianccedila

16 A senhora tem alguma dificuldade em atender sua crianccedila

17 Quando aparecem duacutevidas sobre seu filho o que a senhora faz

18 A senhora recebe ou jaacute recebeu alguma orientaccedilatildeo sobre como atender seu

filho Comente sua resposta

19 Que tipo de atividades vocecirc e sua famiacutelia costumam fazer com a crianccedila

Concepccedilotildees sobre o processo inclusivo

1 Dizer que essa crianccedila estaacute em inclusatildeo o que significa para vocecirc

2 Se algueacutem lhe perguntasse qual eacute o motivo de crianccedilas com deficiecircncia

estarem frequentando o CMEI o que vocecirc diria

3 Qual eacute a sua opiniatildeo sobre a inclusatildeo nos CMEIs

4 Como deveriam ser os CMEIs para atenderem bem os casos de inclusatildeo

5 Como a famiacutelia da crianccedila que tem deficiecircncia pode ajudar na inclusatildeo de seu

filho

6 Como devem ser as educadoras de CMEI para que atendam bem as crianccedilas

que estatildeo em inclusatildeo

7 Como a professora do Atendimento Educacional Especializado pode

contribuir com a inclusatildeo no CMEI

164

8 Que tipo de apoio a famiacutelia da crianccedila que estaacute em inclusatildeo precisa para

atender bem seu filho

9 Que tipo de apoio as educadoras de CMEI precisam para atender bem os

casos de inclusatildeo

10 Vocecirc acha que os CMEIs estatildeo preparados para atender crianccedilas pequenas

em inclusatildeo Comente sua resposta

11 Vocecirc acha que as educadoras de CMEI estatildeo preparadas para atender

crianccedilas pequenas em inclusatildeo Comente sua resposta

12 Qual sua opiniatildeo sobre o trabalho das educadoras que atendem turmas de

inclusatildeo

13 De que maneira acontece a participaccedilatildeo da famiacutelia no processo de inclusatildeo

do filho que estaacute no CMEI Qual sua opiniatildeo sobre isso

14 Em sua opiniatildeo quais as maiores vantagens que a inclusatildeo na Educaccedilatildeo

Infantil traz Comente sua resposta

15 Existiriam desvantagens na inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil Comente sua

resposta

16 Vocecirc gostaria de falar mais alguma coisa sobre a inclusatildeo da crianccedila

pequena no CMEI

165

ANEXO B

Roteiro de Entrevistas ndash Educadoras de CMEI

Caracterizaccedilatildeo da Educadora

Nome Completo

Idade

Estado civil

Escolarizaccedilatildeo

Possui alguma formaccedilatildeo especiacutefica para trabalhar com crianccedilas pequenas na

Educaccedilatildeo Infantil

Possui alguma formaccedilatildeo especiacutefica na aacuterea da Educaccedilatildeo Especial e

Inclusiva

Vocecirc teve experiecircncia como professora fora da Educaccedilatildeo Infantil Comente

sua resposta

Vocecirc teve outras experiecircncias como professora de turmas de inclusatildeo antes

dessa Comente sua resposta

Vocecirc teve ou tem alguma ou experiecircncia com pessoas com deficiecircncia fora

da aacuterea educacional Como foi isso

Caracterizaccedilatildeo do Trabalho da Educadora e o processo inclusivo

1 Qual eacute o seu horaacuterio de trabalho aqui no CMEI

2 Qual eacute a turma que vocecirc atende atualmente

3 Quanto tempo faz que vocecirc estaacute atendendo essa turma

4 Vocecirc divide o atendimento da turma com algueacutem Como eacute isso

5 Como costuma ser sua rotina aqui na creche

6 Vocecirc costuma planejar o atendimento dessa turma Como eacute isso

7 Como eacute a crianccedila que estaacute em inclusatildeo na sua turma

8 Haacute quanto tempo vocecirc atende essa crianccedila

9 Quando vocecirc soube que iria atender essa crianccedila o que pensou Comente

sua resposta

166

10 E hoje que vocecirc jaacute a conhece como se sente ao atendecirc-la Comente sua

resposta

11 Como vocecirc faz para saber se essa crianccedila estaacute se desenvolvendo bem

12 Como eacute o seu trabalho com essa crianccedila que estaacute em inclusatildeo

13 Vocecirc tem alguma dificuldade em atendecirc-la Comente sua resposta

14 Quando vocecirc tem duacutevidas ou dificuldades sobre essa crianccedila o que vocecirc faz

Comente sua resposta

15 Vocecirc recebe ou recebeu algum tipo de orientaccedilatildeo sobre como atender essa

crianccedila Comente sua resposta

Concepccedilotildees sobre o processo inclusivo

16 Dizer que essa crianccedila estaacute em inclusatildeo o que significa para vocecirc

17 Se algueacutem lhe perguntasse qual eacute o motivo de crianccedilas com deficiecircncia

estarem frequentando o CMEI o que vocecirc diria

18 Qual eacute a sua opiniatildeo sobre a inclusatildeo nos CMEIs

19 Como deveriam ser os CMEIs para atenderem bem os casos de inclusatildeo

20 Como a famiacutelia da crianccedila que tem deficiecircncia pode ajudar na inclusatildeo de seu

filho

21 Como devem ser as educadoras de CMEI para que atendam bem as crianccedilas

que estatildeo em inclusatildeo

22 Como a professora do Atendimento Educacional Especializado pode

contribuir com a inclusatildeo no CMEI

23 Que tipo de apoio a famiacutelia da crianccedila que estaacute em inclusatildeo precisa para

atender bem seu filho

24 Que tipo de apoio as educadoras de CMEI precisam para atender bem os

casos de inclusatildeo

17 Vocecirc acha que os CMEIs estatildeo preparados para atender crianccedilas pequenas

em inclusatildeo Comente sua resposta

18 Vocecirc acha que as educadoras de CMEI estatildeo preparadas para atender

crianccedilas pequenas em inclusatildeo Comente sua resposta

19 Qual sua opiniatildeo sobre o trabalho das educadoras que atendem turmas de

inclusatildeo

167

20 De que maneira acontece a participaccedilatildeo da famiacutelia no processo de inclusatildeo

do filho que estaacute no CMEI Qual sua opiniatildeo sobre isso

21 Em sua opiniatildeo quais as maiores vantagens que a inclusatildeo na Educaccedilatildeo

Infantil traz Comente sua resposta

22 Existiriam desvantagens na inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil Comente sua

resposta

23 Vocecirc gostaria de falar mais alguma coisa sobre a inclusatildeo da crianccedila

pequena no CMEI

168

ANEXO C

Roteiro de Entrevistas ndash Professoras do Atendimento Educacional

Especializado (AEE)

Caracterizaccedilatildeo da Professora do AEE

Nome Completo

Idade

Estado civil

Escolarizaccedilatildeo

Possui alguma formaccedilatildeo especiacutefica para trabalhar com crianccedilas pequenas

Possui alguma formaccedilatildeo especiacutefica para trabalhar com Educaccedilatildeo Especial e

Inclusiva

Possui alguma formaccedilatildeo especiacutefica para trabalhar como professora do AEE

Haacute quanto tempo vocecirc trabalha na educaccedilatildeo

Antes de trabalhar como professora do AEE vocecirc teve outras experiecircncias na

aacuterea de Educaccedilatildeo Infantil Como foi isso

Antes de trabalhar como professora do AEE vocecirc teve outras experiecircncias na

aacuterea de Educaccedilatildeo Especial ou Inclusiva Como foi isso

Teve ou tem alguma outra experiecircncia com pessoas com deficiecircncia fora da

aacuterea educacional Como foi isso

Caracterizaccedilatildeo do Trabalho do AEE

1 Qual eacute o seu horaacuterio de trabalho no AEE

2 Quanto tempo faz que vocecirc estaacute trabalhando como professora do AEE

3 Como eacute o seu trabalho no AEE

4 Quais as maiores diferenccedilas entre o AEE para o Ensino Fundamental e o

AEE para a Educaccedilatildeo Infantil

5 Quantos alunos vocecirc atende no AEE Quantos satildeo da Educaccedilatildeo Infantil e

quantos satildeo do Ensino Fundamental

6 Quanto tempo faz que vocecirc atende essa crianccedila no AEE

7 Quando vocecirc soube que iria atender essa crianccedila pequena o que pensou

Comente sua resposta

169

8 E hoje que vocecirc jaacute a conhece como se sente ao atendecirc-la Comente sua

resposta

9 Como vocecirc faz para saber se essa crianccedila estaacute se desenvolvendo bem

10 Como eacute o seu trabalho com essa crianccedila que estaacute em inclusatildeo

11 Vocecirc tem alguma dificuldade em atendecirc-la Comente sua resposta

12 Quando vocecirc tem duacutevidas ou dificuldades sobre essa crianccedila o que vocecirc faz

Comente sua resposta

13 Vocecirc recebe ou recebeu algum tipo de orientaccedilatildeo sobre como atender essa

crianccedila Como eacute isso

14 Vocecirc sabe quais outros serviccedilos essa crianccedila frequenta aleacutem do CMEI

Concepccedilotildees sobre o processo inclusivo

15 Dizer que essa crianccedila estaacute em inclusatildeo o que significa para vocecirc

16 Se algueacutem lhe perguntasse qual eacute o motivo de crianccedilas com deficiecircncia

estarem frequentando o CMEI o que vocecirc diria

17 Qual eacute a sua opiniatildeo sobre a inclusatildeo nos CMEIs

18 Como deveriam ser os CMEIs para atenderem bem os casos de inclusatildeo

19 Como a famiacutelia da crianccedila que tem deficiecircncia pode ajudar na inclusatildeo de seu

filho

20 Como devem ser as educadoras de CMEI para que atendam bem as crianccedilas

que estatildeo em inclusatildeo

21 Como a professora do Atendimento Educacional Especializado pode

contribuir com a inclusatildeo no CMEI

22 Que tipo de apoio a famiacutelia da crianccedila que estaacute em inclusatildeo precisa para

atender bem seu filho

23 Que tipo de apoio as educadoras de CMEI precisam para atender bem os

casos de inclusatildeo

24 Vocecirc acha que os CMEIs estatildeo preparados para atender crianccedilas pequenas

em inclusatildeo Comente sua resposta

25 Vocecirc acha que as educadoras de CMEI estatildeo preparadas para atender

crianccedilas pequenas em inclusatildeo Comente sua resposta

26 Qual sua opiniatildeo sobre o trabalho das educadoras que atendem turmas de

inclusatildeo

27 De que maneira acontece a participaccedilatildeo da famiacutelia no processo de inclusatildeo

do filho que estaacute no CMEI Qual sua opiniatildeo sobre isso

170

28 Em sua opiniatildeo quais as maiores vantagens que a inclusatildeo na Educaccedilatildeo

Infantil traz Comente sua resposta

29 Existiriam desvantagens na inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil Comente sua

resposta

30 Vocecirc gostaria de falar mais alguma coisa sobre a inclusatildeo da crianccedila

pequena no CMEI

171

ANEXO D- TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ndash Matildees

Eu Nelly Narcizo de Souza aluna do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da

Universidade Federal do Paranaacute (UFPR) convido-o (a) a participar do processo de

coleta de dados de minha Tese de Doutorado sob orientaccedilatildeo da Profordf Drordf Maria

Augusta Bolsanello Esta pesquisa que tem como tiacutetuloldquoInclusatildeo Escolar da Crianccedila

Pequena com Necessidades Especiais Concepccedilotildees de Matildees de Educadoras da

Educaccedilatildeo Infantil e de Professoras do Atendimento Educacional Especializadordquo

possui como objetivo maior descrever as concepccedilotildees de pais e educadores sobre o

processo de inclusatildeo da crianccedila pequena com deficiecircncia no contexto educacional

infantil especificamente na creche A relevacircncia dessa pesquisa estaacute em contribuir

com futuros estudos e accedilotildees que tratem da inclusatildeo da crianccedila pequena com

deficiecircncia em ambiente de creche evidenciando necessidades e possibilidades

para um bom atendimento

A sua participaccedilatildeo aconteceraacute atraveacutes do seu consentimento em responder algumas

perguntas por meio de questionaacuterio e entrevista a ser gravada em aacuteudio no

ambiente da creche em dia e horaacuterio previamente marcados Responder a eles natildeo

apresenta nenhum tipo de risco agrave crianccedila a seus familiares ou a quem a atende na

Creche O seu nome bem como o da crianccedila ou quaisquer dados que possam

identificaacute-los natildeo seratildeo utilizados A sua participaccedilatildeo eacute absolutamente voluntaacuteria

natildeo remunerada e a pesquisadora estaraacute agrave disposiccedilatildeo para qualquer

esclarecimento A sua recusa em participar da pesquisa natildeo traraacute qualquer

penalidade ou prejuiacutezo ao atendimento da crianccedila Vocecirc tambeacutem poderaacute desistir da

participaccedilatildeo a qualquer momento Os resultados da presente pesquisa seratildeo

divulgados agrave instituiccedilatildeo apoacutes a defesa da Tese em data a ser agendada Apoacutes ler

este Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e aceitar participar do estudo

solicito sua assinatura em duas vias no referido Termo sendo que uma delas

permaneceraacute em seu poder Qualquer informaccedilatildeo adicional ou esclarecimento

acerca deste estudo poderaacute ser obtido com a pesquisadora principal pelos telefones

(41) XXXX XXXX e (41) XXXX XXXX

Nelly Narcizo de Souza Maria Augusta Bolsanello Dra

Pesquisadora Principal - Doutoranda Profordf Pesquisadora Orientadora

Eu

abaixo assinado declaro atraveacutes deste documento o meu consentimento em

172

participar da pesquisa intitulada ldquoInclusatildeo Escolar da Crianccedila Pequena com

Necessidades Especiais Concepccedilotildees de Matildees de Educadoras da Educaccedilatildeo Infantil

e de Professoras do Atendimento Educacional Especializadordquo

Declaro ainda que estou ciente de seu objetivo e meacutetodos bem como de meus

direitos ao anonimato e a desistir da mesma a qualquer momento

_____________________de ___________________ de 201_

RG

Assinatura participante da pesquisa

173

ANEXO E - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ndash

Educadores da Educaccedilatildeo Infantil

Eu Nelly Narcizo de Souza aluna do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da

Universidade Federal do Paranaacute (UFPR) convido-o (a) a participar do processo de

coleta de dados de minha Tese de Doutorado sob orientaccedilatildeo da Profordf Drordf Maria

Augusta Bolsanello Esta pesquisa que tem como tiacutetulo ldquoInclusatildeo Escolar da Crianccedila

Pequena com Necessidades Especiais Concepccedilotildees de Matildees de Educadoras da

Educaccedilatildeo Infantil e de Professoras do Atendimento Educacional Especializadordquo

possui como objetivo maior descrever as concepccedilotildees de pais e educadores sobre o

processo de inclusatildeo da crianccedila pequena com deficiecircncia no contexto educacional

infantil especificamente na creche A relevacircncia dessa pesquisa estaacute em contribuir

com futuros estudos e accedilotildees que tratem da inclusatildeo da crianccedila pequena com

deficiecircncia em ambiente de creche evidenciando necessidades e possibilidades

para um bom atendimento

A sua participaccedilatildeo aconteceraacute atraveacutes do seu consentimento em responder algumas

perguntas por meio de entrevista a ser gravada em aacuteudio no ambiente da creche

em dia e horaacuterio previamente marcados Responder a elas natildeo apresenta nenhum

tipo de risco agrave crianccedila agrave famiacutelia a vocecirc ou a outras pessoas que trabalham na

creche O seu nome bem como o da crianccedila ou quaisquer dados que possam

identificaacute-los natildeo seratildeo utilizados A sua participaccedilatildeo eacute absolutamente voluntaacuteria

natildeo remunerada e a pesquisadora estaraacute agrave disposiccedilatildeo para qualquer

esclarecimento A sua recusa em participar da pesquisa natildeo traraacute qualquer

penalidade ou prejuiacutezo para vocecirc ao seu trabalho ou ao atendimento da crianccedila

Vocecirc tambeacutem poderaacute desistir da participaccedilatildeo a qualquer momento Os resultados da

presente pesquisa seratildeo divulgados agrave instituiccedilatildeo apoacutes a defesa da Tese em data a

ser agendada Apoacutes ler este Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e aceitar

participar do estudo solicito sua assinatura em duas vias no referido Termo sendo

que uma delas permaneceraacute em seu poder Qualquer informaccedilatildeo adicional ou

esclarecimento acerca deste estudo poderaacute ser obtido com a pesquisadora principal

pelos telefones (41) XXXX XXXX e (41) XXXX XXXX

Nelly Narcizo de Souza Maria Augusta Bolsanello Dra

Pesquisadora Principal - Doutoranda Profordf Pesquisadora Orientadora

174

Eu

abaixo assinado declaro atraveacutes deste documento o meu consentimento em

participar da pesquisa intitulada ldquoInclusatildeo Escolar da Crianccedila Pequena com

Necessidades Especiais Concepccedilotildees de Matildees de Educadoras da Educaccedilatildeo Infantil

e de Professoras do Atendimento Educacional Especializadordquo a ser realizada nesta

instituiccedilatildeo

Declaro ainda que estou ciente de seu objetivo e meacutetodos bem como de meus

direitos ao anonimato e a desistir da mesma a qualquer momento

_____________________de ___________________ de 201_

RG

Assinatura do educador participante da pesquisa

175

ANEXO F - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ndash

Professores do Atendimento Educacional Especializado

Eu Nelly Narcizo de Souza aluna do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da

Universidade Federal do Paranaacute (UFPR) convido-o (a) a participar do processo de

coleta de dados de minha Tese de Doutorado sob orientaccedilatildeo da Profordf Drordf Maria

Augusta Bolsanello Esta pesquisa que tem como tiacutetulo ldquoInclusatildeo Escolar da Crianccedila

Pequena com Necessidades Especiais Concepccedilotildees de Matildees de Educadoras da

Educaccedilatildeo Infantil e de Professoras do Atendimento Educacional Especializadordquo

possui como objetivo maior descrever as concepccedilotildees de pais e educadores sobre o

processo de inclusatildeo da crianccedila pequena com deficiecircncia no contexto educacional

infantil especificamente na creche A relevacircncia dessa pesquisa estaacute em contribuir

com futuros estudos e accedilotildees que tratem da inclusatildeo da crianccedila pequena com

deficiecircncia em ambiente de creche evidenciando necessidades e possibilidades

para um bom atendimento

A sua participaccedilatildeo aconteceraacute atraveacutes do seu consentimento em responder algumas

perguntas por meio de entrevista a ser gravada em aacuteudio no ambiente de trabalho

em dia e horaacuterio previamente marcados Responder a elas natildeo apresenta nenhum

tipo de risco agrave crianccedila agrave famiacutelia a vocecirc ou a outras pessoas que trabalham com

vocecirc O seu nome bem como o da crianccedila ou quaisquer dados que possam

identificaacute-los natildeo seratildeo utilizados A sua participaccedilatildeo eacute absolutamente voluntaacuteria

natildeo remunerada e a pesquisadora estaraacute agrave disposiccedilatildeo para qualquer

esclarecimento A sua recusa em participar da pesquisa natildeo traraacute qualquer

penalidade ou prejuiacutezo para vocecirc ao seu trabalho ou ao atendimento da crianccedila

Vocecirc tambeacutem poderaacute desistir da participaccedilatildeo a qualquer momento Os resultados da

presente pesquisa seratildeo divulgados agrave instituiccedilatildeo apoacutes a defesa da Tese em data a

ser agendada Apoacutes ler este Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e aceitar

participar do estudo solicito sua assinatura em duas vias no referido Termo sendo

que uma delas permaneceraacute em seu poder Qualquer informaccedilatildeo adicional ou

esclarecimento acerca deste estudo poderaacute ser obtido com a pesquisadora principal

pelos telefones (41) XXXX XXXX e (41) XXXX XXXX

Nelly Narcizo de Souza Maria Augusta Bolsanello Dra

Pesquisadora Principal - Doutoranda Profordf Pesquisadora Orientadora

176

Eu

abaixo assinado declaro atraveacutes deste documento o meu consentimento em

participar da pesquisa intitulada ldquoInclusatildeo Escolar da Crianccedila Pequena com

Necessidades Especiais Concepccedilotildees de Matildees de Educadoras da Educaccedilatildeo Infantil

e de Professoras do Atendimento Educacional Especializadordquo

Declaro ainda que estou ciente de seu objetivo e meacutetodos bem como de meus

direitos ao anonimato e a desistir da mesma a qualquer momento

_____________________de ___________________ de 201_

RG

Assinatura do professor participante da pesquisa

Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ NELLY NARCIZO DE …

3

Cada crianccedila ao nascer nos traz a mensagem de que Deus natildeo perdeu as esperanccedilas nos homens

(R Tagore)

Dedico esse trabalho a todas as crianccedilas que jaacute atendi e com as quais aprendi a ter Esperanccedila Alegria Feacute e a certeza da grandiosa e complexa necessidade de

insistirmos em construir uma Escola para Todos

4

AGRADECIMENTOS

Foram quatro anos de muitas transformaccedilotildees as quais natildeo vieram faacutecil ou

delicadamente Perante as dificuldades e desafios que a vida nos impotildee aproveito

para agradecer a todos os que de algum modo foram determinantes em momentos

preciosos dessa caminhada

Agradeccedilo imensamente a minha orientadora Profordf Drordf Maria Augusta Bolsanello pela

sensibilidade compreensatildeo e carinho com os quais sempre me guiou ao longo

desses anos todos

Especialmente agradeccedilo agraves crianccedilas que ainda pequenas jaacute nos ajudam a

transformar o que somos por meio de suas histoacuterias agraves suas matildees agraves suas

educadoras nos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil e agraves professoras do

Atendimento Educacional Especializado que gentilmente cederam as informaccedilotildees

que deram corpo ao presente estudo

Estendo meus agradecimentos agraves professoras que compuseram a Banca de

Qualificaccedilatildeo Profordf Drordf Sandra Regina Kirchner Guimaratildees Profordf Drordf Lidia Natalia

Dobriansky Weber Profordf Drordf Maria de Faacutetima Minetto Profordf Drordf Maria Helena

Baptista Cordeiro e Profordf Drordf Tania dos Santos Alvarez da Silva Obrigada pelas

informaccedilotildees e comentaacuterios pertinentes e enriquecedores que ajudaram a nortear

esse trabalho

Aos Professores Colegas e funcionaacuterios do Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em

Educaccedilatildeo da Universidade Federal do Paranaacute pela oportunidade de convivecircncia e

aprendizado Um grande abraccedilo de agradecimento para Ana Flaacutevia Hansel e

Daniele Bonamin Flores pelo tempo que passamos juntas e por tudo o que

aprendemos

Agrave minha Famiacutelia que mesmo na distacircncia foi apoio importante nos momentos que

julguei natildeo conseguir prosseguir

5

Agrave Juliana Krieger Joatildeo Fadino e Ricardo Peixoto pelas ajudas ao longo da

construccedilatildeo desse trabalho

Ao Rogger agradeccedilo por ter se colocado ao meu lado especialmente nos momentos

de maior dificuldade preocupaccedilatildeo e cansaccedilo Tambeacutem meus agradecimentos pela

revisatildeo dos textos Obrigado por tudo e principalmente por me trazer Ceciacutelia

A todos os que hoje posso chamar de Amigos e que de algum modo contribuiacuteram

com essa pesquisa deixo meus mais sinceros e profundos agradecimentos

6

A alegria natildeo chega apenas no encontro do achado mas faz parte do processo da

busca

Paulo Freire

7

RESUMO

A tese investiga as concepccedilotildees que norteiam o processo de inclusatildeo educacional da crianccedila pequena com necessidades especiais segundo suas Matildees suas Educadoras da Educaccedilatildeo Infantil e suas Professoras do Atendimento Educacional Especializado (AEE) O contexto e as participantes foram escolhidos por sua significativa influecircncia no desenvolvimento humano especialmente no que compete agrave primeira infacircncia e agrave construccedilatildeo do processo inclusivo de crianccedilas pequenas com necessidades especiais As participantes foram entrevistadas por meio de perguntas abertas elencadas em roteiros previamente estabelecidos em estudo de cunho qualitativo exploratoacuterio e comparativo Segundo os resultados as concepccedilotildees das participantes sugerem uma perspectiva inclusiva voltada para a possibilidade de socializaccedilatildeo da crianccedila pequena com necessidades especiais com outras crianccedilas sem estas necessidades e para a concepccedilatildeo de que estar em inclusatildeo eacute o cumprimento de um direito As matildees participam pouco do processo de inclusatildeo de sua crianccedila Jaacute as funccedilotildees das professoras que trabalham no Atendimento Educacional Especializado satildeo praticamente desconhecidas dentro do contexto do processo inclusivo das crianccedilas pequenas que atendem As educadoras de Educaccedilatildeo Infantil por sua vez sentem-se despreparadas para atender as necessidades educacionais das crianccedilas que satildeo foco da inclusatildeo As educadoras destacam que a relaccedilatildeo entre as crianccedilas eacute um dos elementos que mais promovem o desenvolvimento dos educandos que estatildeo em inclusatildeo Tanto as professoras do Atendimento Educacional Especializado quanto as Educadoras da Educaccedilatildeo Infantil demonstram variadas preocupaccedilotildees sobre o modo como vem acontecendo a inclusatildeo de crianccedilas pequenas com necessidades educacionais especiais e junto com as matildees chamam a atenccedilatildeo para a necessidade de transformaccedilotildees no modo como estaacute se dando a inclusatildeo de crianccedilas pequenas na Educaccedilatildeo Infantil Esta pesquisa evidencia que a inclusatildeo de crianccedilas pequenas com necessidades especiais na Educaccedilatildeo Infantil ainda reflete diversas contradiccedilotildees e desencontros mas se mostra como uma experiecircncia vaacutelida por ser uma accedilatildeo que transgride o comum pois proporciona novas reflexotildees novas necessidades duacutevidas e significados o que com certeza poderaacute gerar outras perspectivas e estrateacutegias em prol da qualidade educacional e da promoccedilatildeo do desenvolvimento humano Destaca-se a necessidade de que sejam realizados mais estudos dentro da presente temaacutetica dada sua relevacircncia

Palavras-chave Inclusatildeo Escolar Educaccedilatildeo Infantil Atendimento Educacional Especializado Necessidades Especiais Educaccedilatildeo Inclusiva

8

ABSTRACT

The thesis investigates the conceptions that guide the process of educational inclusion of the young child with special needs according with their Mothers their Early Childhood Educationrsquos educators and their Specialized Educational Servicersquos Teachers The context and the participants was chosen for itrsquos significant influence on human development specially about the concerns early childhood and the building of the inclusive process of young children with special needs The participants were interviewed through open questions chosen on pre-established lists in a qualitative exploratory and comparative study According with the results the participantrsquos conceptions suggests a inclusive perspective facing the possibility of socialization of a young child with special needs with other children without these needs and to the conception that being included is the fulfillment of a right The mothers participate little in the inclusion process of their child But the functions of the teachers that work in the Specialized Educational Service are practically unknown inside the context of the inclusive process for the young children that them treat The Early Childhood Educationrsquos educators on the other hand feel unprepared to meet the educational needs of the children that are the focus of the inclusion The educators points the relation among the children is one of the elements that promotes the most development os the learners that are in the inclusion Both the Specialized Educational Servicersquos teachers and Early Childhood Educationrsquos educators shows various concerns about the way that the inclusion is happening with young children with special educational needs and along with their mothers call the attention to the necessity of transformations in the way that is occurring the inclusion of young children in the Early Childhood Education This research shows that the inclusion of young child with special needs in the Early Childhood Education still reflects several contradictions and mismatches but displays like a valid experiment for being an action that transgresses the common for it provides new reflections new necessities doubts and meanings which for sure will generate other perspectives and strategies on the behalf of educational quality and of the promotion of human development Highlights the need of the realization of further studies inside of the present theme given its relevance

Keywords School Inclusion Early Childhood Education Care Specialized Education Special Needs Inclusive Education

9

LISTA DE QUADROS

QUADRO 01 DISTRIBUICcedilAtildeO DAS CRIANCcedilAS SEGUNDO LAUDO MEacuteDICO

E DIAGNOacuteSTICO 64

QUADRO 02 DISTRIBUICcedilAtildeO DAS CRIANCcedilAS SEGUNDO A TURMA EM

QUE ESTAtildeO MATRICULADAS ATUALMENTE E O TEMPO EM QUE

FREQUENTAM CENTROS MUNICIPAIS DE EDUCACcedilAtildeO INFANTIL ndash CMEIs

64

QUADRO 03 ndash DISTRIBUICcedilAtildeO DAS MAtildeES PARTICIPANTES CONFORME

IDADE ESCOLARIDADE E OCUPACcedilAtildeO 67

QUADRO 04 ndash DISTRIBUICcedilAtildeO DAS MAtildeES PARTICIPANTES CONFORME

COMPOSICcedilAtildeO FAMILIAR 67

QUADRO 05 ndash DISTRIBUICcedilAtildeO DAS PROFESSORAS DO ATENDIMENTO

EDUCACIONAL ESPECIALIZADO - AEE CONFORME IDADE ESTADO

CIVIL OCORREcircNCIA E QUANTIDADE DE FILHOS 69

QUADRO 06 ndash DISTRIBUICcedilAtildeO DAS PROFESSORAS DO ATENDIMENTO

EDUCACIONAL ESPECIALIZADO - AEE CONFORME SUA

ESCOLARIZACcedilAtildeO 70

QUADRO 07- DISTRIBUICcedilAtildeO DAS PROFESSORAS DO ATENDIMENTO

EDUCACIONAL ESPECIALIZADO - AEE CONFORME TEMPO DE

TRABALHO NA AacuteREA EDUCACIONAL E AacuteREAS DE ATUACcedilAtildeO DENTRO DA

EDUCACcedilAtildeO 71

10

QUADRO 08 - DISTRIBUICcedilAtildeO DAS EDUCADORAS DOS CENTROS

MUNICIPAIS DE EDUCACcedilAtildeO INFANTIL CONFORME IDADE ESTADO CIVIL

OCORREcircNCIA E QUANTIDADE DE FILHOS 72

QUADRO 09 - DISTRIBUICcedilAtildeO DAS EDUCADORAS DOS CENTROS

MUNICIPAIS DE EDUCACcedilAtildeO INFANTIL CONFORME SUA ESCOLARIDADE

73

QUADRO 10 - DISTRIBUICcedilAtildeO DAS EDUCADORAS DOS CENTROS

MUNICIPAIS DE EDUCACcedilAtildeO INFANTIL CONFORME O TEMPO DE

ATUACcedilAtildeO NA EDUCACcedilAtildeO DE MODO GERAL ESPECIFICAMENTE NA

EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E NA TURMA QUE ATENDE ATUALMENTE 75

QUADRO 11 - DISTRIBUICcedilAtildeO DAS PROFESSORAS DO ATENDIMENTO

EDUCACIONAL ESPECIALIZADO CONFORME SEU TEMPO DE ATUACcedilAtildeO

COMO AEE NO ENSINO FUNDAMENTAL E NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL 82

QUADRO 12- DISTRIBUICcedilAtildeO DAS PROFESSORAS DO ATENDIMENTO

EDUCACIONAL ESPECIALIZADO CONFORME SEU TEMPO DE ATUACcedilAtildeO

COMO AEE NO ENSINO FUNDAMENTAL E NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL 82

QUADRO 13 ndash DISTRIBUICcedilAtildeO DAS MAIORES ESPECIFICIDADES DO

ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO PARA A EDUCACcedilAtildeO

INFANTIL E PARA O ENSINO FUNDAMENTAL 83

QUADRO 14 ndash DISTRIBUICcedilAtildeO DAS PROFESSORAS DO ATENDIMENTO

EDUCACIONAL ESPECIALIZADO CONFORME TEMPO EM QUE ATENDEM

A CRIANCcedilA PEQUENA FOCO DA PESQUISA FREQUEcircNCIA E DURACcedilAtildeO

DO ATENDIMENTO AO ALUNO 84

11

QUADRO 15 ndash DISTRIBUICcedilAtildeO DAS PROFESSORAS CONFORME SUAS

CONCEPCcedilOtildeES ANTES DE ATENDER A CRIANCcedilA E APOacuteS O PERIacuteODO EM

QUE ATENDE O ALUNO QUE ESTAacute EM INCLUSAtildeO 85

QUADRO 16 ndash DISTRIBUICcedilAtildeO DAS EDUCADORAS CONFORME TURMAS

QUE ATENDEM FAIXA ETAacuteRIA DA TURMA E QUANTIDADE DE ALUNOS

POR TURMA 89

QUADRO 17 ndash DISTRIBUICcedilAtildeO DAS EDUCADORAS CONFORME O TEMPO

EM QUE ATENDEM A CRIANCcedilA QUE ESTAacute EM INCLUSAtildeO 93

QUADRO 18 - DISTRIBUICcedilAtildeO DAS EDUCADORAS CONFORME SUAS

CONCEPCcedilOtildeES ANTES DE ATENDER A CRIANCcedilA E APOacuteS O PERIacuteODO EM

QUE ATENDE O ALUNO QUE ESTAacute EM INCLUSAtildeO 93

12

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 10

11 JUSTIFICATIVA E ABORDAGEM DO PROBLEMA 10

12 OBJETIVOS 18

121 OBJETIVO GERAL 18

122 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS 18

2 SUPORTE TEOacuteRICO 20

21 O DESENVOLVIMENTO HUMANO A PARTIR DO ESTUDO E DA

INTERACcedilAtildeO ENTRE SEUS CONTEXTOS ndash A ABORDAGEM

BIOECOLOacuteGICA 20

22 A CRIANCcedilA PEQUENA COM NECESSIDADES ESPECIAIS E A

PROMOCcedilAtildeO DO SEU DESENVOLVIMENTO 25

23 BREVE HISTOacuteRICO DA EDUCACcedilAtildeO DAS PESSOAS COM

NECESSIDADES ESPECIAIS E A EDUCACcedilAtildeO INCLUSIVA 31

24 A FAMIacuteLIA COMO UM MICROSSISTEMA DE DESENVOLVIMENTO

HUMANO E SUA RELACcedilAO COM A CRIANCcedilA COM NECESSIDADES

ESPECIAIS 39

25 A INSTITUICcedilAtildeO DE EDUCACcedilAtildeO INFANTIL COMO UM CONTEXTO DE

DESENVOLVIMENTO 49

251 CONCEPCcedilOtildeES SOBRE A PRAacuteTICA EDUCATIVA

INSTITUCIONALIZADA ASPECTOS RELEVANTES PARA A PROMOCcedilAtildeO DO

DESENVOLVIMENTO INFANTIL 51

3 MEacuteTODO 57

31 CONTEXTO 57

32 PARTICIPANTES 59

33 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS 60

13

34 PROCEDIMENTOS DE ANAacuteLISE DE DADOS 61

35 CUIDADOS EacuteTICOS 62

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 63

41 SECcedilAtildeO 01 CARACTERIZACcedilAtildeO DAS PARTICIPANTES 63

411 CARACTERIZACcedilAtildeO DAS CRIANCcedilAS FOCO DA INCLUSAtildeO 63

412 CARACTERIZACcedilAtildeO DAS ENTREVISTADAS 66

4121 CARACTERIZACcedilAtildeO DAS MAtildeES 66

4122 CARACTERIZACcedilAtildeO DAS PROFESSORAS DO ATENDIMENTO

EDUCACIONAL ESPECIALIZADO 68

4123 CARACTERIZACcedilAtildeO DAS EDUCADORAS DOS CENTROS

MUNICIPAIS DE EDUCACcedilAtildeO INFANTIL 71

42 SECcedilAtildeO 02 CONCEPCcedilOtildeES DAS MAtildeES DAS EDUCADORAS E DAS

PROFESSORAS SOBRE A CRIANCcedilA QUE ESTAacute EM INCLUSAtildeO 75

421 AS MAtildeES E SUAS CRIANCcedilAS 75

422 AS PROFESSORAS DO ATENDIMENTO EDUCACIONAL

ESPECIALIZADO E A INCLUSAtildeO DAS CRIANCcedilAS PEQUENAS QUE ESTAtildeO

NOS CENTROS MUNICIPAIS DE EDUCACcedilAtildeO INFANTIL 80

423 AS EDUCADORAS DOS CENTROS MUNICIPAIS DE EDUCACcedilAtildeO

INFANTIL E AS CRIANCcedilAS PEQUENAS QUE ESTAtildeO EM INCLUSAtildeO 89

43 SECcedilAtildeO 03 O PROCESSO INCLUSIVO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL 96

431 CONCEPCcedilOtildeES DAS PARTICIPANTES SOBRE O PROCESSO

INCLUSIVO 97

432 PARTICIPACcedilAtildeOATUACcedilAtildeO NO PROCESSO INCLUSIVO NO CENTRO

MUNICIPAL DE EDUCACcedilAtildeO INFANTIL 104

433 REFEREcircNCIAS E APOIOS UTILIZADOS E INDICADOS PARA QUE O

PROCESSO INCLUSIVO OCORRA COM QUALIDADE 107

14

434 AVALIACcedilAtildeO DO PROCESSO INCLUSIVO 114

435 VANTAGENS E DESVANTAGENS DO PROCESSO INCLUSIVO 116

4351 AS VANTAGENS 116

4352 AS DESVANTAGENS 119

436 SUGESTOtildeES E COMENTAacuteRIOS VISANDO A MELHORIA DO

PROCESSO INCLUSIVO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL 121

44 SECcedilAtildeO 04 ndash DA NECESSIDADE DE SE OBSERVAR E ATUAR NA

INFAcircNCIA ENQUANTO ETAPA CRUCIAL DE DESENVOLVIMENTO 125

45 SECcedilAtildeO 05 - DO RECONHECIMENTO DA IMPORTAcircNCIA DOS

CONTEXTOS E SUAS INTER-RELACcedilOtildeES 128

46 SECcedilAtildeO 06 - DA CONSIDERACcedilAtildeO E DISCUSSAtildeO DAS NOVAS

CONCEPCcedilOtildeES ACERCA DA INCLUSAtildeO 129

47 SECcedilAtildeO 07 - DA CONSIDERACcedilAtildeO DAS (NECESSAacuteRIAS)

TRANSFORMACcedilOtildeES QUE VEM OCORRENDO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL

131

48 SECcedilAtildeO 08 - DA CONSIDERACcedilAtildeO DAS TRANSFORMACcedilOtildeES QUE VEM

OCORRENDO NA EDUCACcedilAtildeO ESPECIAL 133

5 CONCLUSOtildeES 135

REFEREcircNCIAS 140

ANEXOS 161

10

1 INTRODUCcedilAtildeO

11 JUSTIFICATIVA E ABORDAGEM DO PROBLEMA

Desde a eacutepoca da graduaccedilatildeo em Pedagogia o desenvolvimento humano

desperta o interesse desta pesquisadora especialmente o periacuteodo inicial da vida

com seus aspectos relacionados agraves primeiras experiecircncias e o estabelecimento de

viacutenculos Por isso e devido agraves vivecircncias e formaccedilotildees acadecircmicas pessoais e

profissionais foi se construindo a ideia de que o desenvolvimento humano eacute um

processo permanente complexo e multideterminado e que cada etapa da vida eacute

constituiacuteda por caracteriacutesticas e necessidades muito peculiares as quais devem ser

observadas e estudadas para que se possam promover condiccedilotildees de

desenvolvimento de seres humanos saudaacuteveis (BRONFRENBRENNER 1996

BRONFRENBRENNER 2011 GAT 2000 BRAZELTON e GREENSPAN 2002

ASPESI DESSEN e CHAGAS 2005 ROGOFF 2005 POLETTO e KOLLER 2008)

Nessa abordagem o presente estudo procura vincular-se ao modelo

Bioecoloacutegico de Desenvolvimento Humano por apresentar possibilidades para que o

pesquisador analise aspectos da pessoa em desenvolvimento dos contextos que

vivecircncia e dos processos interativos que a influenciam ao longo do tempo

(BRONFENBRENNER e EVANS 2000)

Este modelo de entendimento do desenvolvimento humano valoriza as

interaccedilotildees desde as fases iniciais do ciclo vital das pessoas uma vez que as

mesmas influenciam e satildeo influenciadas profundamente pelas relaccedilotildees com outros

seres objetos e siacutembolos tanto em seu ambiente imediato quanto com outros

ambientes (BRONFENBRENNER e EVANS 2000) Essas interaccedilotildees se verificam de

modo progressivamente mais complexo ao longo do ciclo vital e seu estudo permite

inferir que contextos socialmente organizados ajudem a apoiar e orientar o

desenvolvimento humano ou seja desde o nascimento As interaccedilotildees satildeo

fundamentais para a sobrevivecircncia e o desenvolvimento como um todo assim cada

etapa do crescimento pressupotildee a ampliaccedilatildeo de laccedilos afetivos sociais e tambeacutem do

repertoacuterio cognitivo do ser humano (MOLINARI SILVA E CREPALDI 2005 GOMES

e DUARTE 2009 BRONFRENBRENNER e CECI 2011)

11

Dentre as diversas fases do desenvolvimento humano destaca-se nessa

pesquisa a primeira infacircncia ou seja a faixa etaacuteria compreendida entre o

nascimento e os trecircs primeiros anos de vida em especial procurando compreender

o processo de inclusatildeo da crianccedila pequena com deficiecircncia a partir do contexto

familiar e da educaccedilatildeo infantil

Primeiramente justifica-se que o estudo e a atenccedilatildeo a esse periacuteodo do ciclo vital

eacute relevante por vaacuterios motivos entre os quais se destacam a) a comprovada

importacircncia que experiecircncias nessa eacutepoca da vida apresentam para a formaccedilatildeo dos

indiviacuteduos visto que haacute grande riqueza e intensidade nas aquisiccedilotildees

desenvolvimentais em todos os seus niacuteveis b) a relevacircncia do papel do adulto-

cuidador frente agrave promoccedilatildeo do desenvolvimento na infacircncia e da garantia de seus

direitos c) o acesso crescente da crianccedila pequena a cuidados alternativos

implicando em separaccedilotildees diaacuterias entre matildee-bebecirc desde tenra idade o que tem

gerado inuacutemeras discussotildees sobre o impacto desse fato no desenvolvimento infantil

d) a escassez de projetos pedagoacutegicos dentro da educaccedilatildeo infantil que sejam

coerentes com as especificidades de bebecircs e de crianccedilas pequenas e) o

desconhecimento dos profissionais de educaccedilatildeo infantil sobre desenvolvimento

humano e pelas condiccedilotildees de trabalho e atendimento agrave crianccedila pequena as quais

indicam a necessidade de revisotildees praacuteticas nesse acircmbito (GAT 2000 RAPOPORT

2003 ROGOFF 2005 ARNAIS 2003 ANJOS et al 2004 BARBOSA 2004

SOEJIMA 2008 SOUZA 2008 EIKMANN et al 2009 BOLSANELLO 2009

FERNANDES 2011)

Diante dos aspectos assinalados a respeito das condiccedilotildees de atendimento das

crianccedilas pequenas com desenvolvimento tiacutepico ou ldquonormalrdquo os quais claramente jaacute

se verificam como um tema de relevo entatildeo o que falar daquelas que apresentam

deficiecircncia ou necessidades especiais1 e que se encontra em situaccedilatildeo de inclusatildeo

desde tenra idade inseridas nos atendimentos de berccedilaacuterio e turmas maternais no

ensino regular

Na perspectiva da questatildeo posta acima se pode afirmar que o desafio atual da

educaccedilatildeo infantil eacute tornar seus serviccedilos inclusivos acolhendo as crianccedilas pequenas

1 Para efeitos de entendimento nesse estudo seraacute utilizado o termo necessidades especiais para designar as

condiccedilotildees que se referem agraves deficiecircncias (sensoriais intelectual neuromotora fiacutesica ou muacuteltipla) Transtornos

Globais do Desenvolvimento ou outras situaccedilotildees que tragam grandes implicaccedilotildees para o acesso e a permanecircncia

de alunos na Educaccedilatildeo Infantil e no Ensino Fundamental e que por tal os caracterizem como alunos foco da

Educaccedilatildeo Especial e Inclusiva

12

com necessidades especiais e proporcionando-lhes atenccedilatildeo e atendimento de

qualidade adequada agraves suas caracteriacutesticas e especificidades (MENDES 2010)

Ressalta-se que ao fazer referecircncia agrave crianccedila pequena com necessidades

especiais estaacute se orientando a atenccedilatildeo agravequela pessoa que possui impedimentos de

longo prazo de natureza fiacutesica intelectual ou sensorial e que por tais condiccedilotildees

comporia o alunado da Educaccedilatildeo Especial (BRASIL 2008) Ainda que se encontrem

inuacutemeras divergecircncias nas definiccedilotildees de deficiecircncia ou necessidades especiais

essas pautadas pelas diferenccedilas entre atitudes crenccedilas orientaccedilatildeo aacutereas de

estudo e cultura a definiccedilatildeo do termo eacute cabiacutevel pois implica em caracteriacutesticas de

pessoas que precisam ser vistas acolhidas respeitadas e atendidas em vaacuterias

instacircncias (SMITH 2004)

Cabe destacar ainda a respeito de questotildees sobre a educaccedilatildeo inclusiva que

desde a Declaraccedilatildeo de Salamanca em 1994 muitas experiecircncias discussotildees e

avanccedilos se deram nesse acircmbito poreacutem de modo geral a inclusatildeo no ensino

regular do alunado foco da Educaccedilatildeo Especial continua a se mostrar como um tema

polecircmico e controverso no qual de um lado se encontram as orientaccedilotildees e

legislaccedilotildees brasileiras e internacionais e do outro as escolas e as famiacutelias que tem

que aguardar pacientemente por encaminhamentos praacuteticos e orientaccedilotildees que

ajudem a dar um direcionamento ao atendimento de suas crianccedilas (FERNANDES

BOLSANELLO e MOREIRA 2008) Isso pode ser entendido na perspectiva de

Kassar (2011) quando esta recorda que no Brasil e em alguns paiacuteses da Europa o

atendimento educacional direcionado agraves pessoas com deficiecircncia foi durante muito

tempo construiacutedo de maneira separada da educaccedilatildeo oferecida agrave populaccedilatildeo que natildeo

apresentava diferenccedilas ou caracteriacutesticas expliacutecitas que a caracterizasse como

ldquoanormalrdquo Tal fato implicou segundo esta uacuteltima autora na constituiccedilatildeo da

Educaccedilatildeo Especial como um campo de atuaccedilatildeo muito especiacutefico muitas vezes sem

interlocuccedilatildeo com a educaccedilatildeo comum Esse fato se reflete materialmente nos

espaccedilos institucionais igualmente separados e nas crenccedilas e mitos sobre os

ldquodiferentesrdquo

Essa separaccedilatildeo nos atendimentos tambeacutem eacute vaacutelida no que se refere agraves

crianccedilas pequenas com necessidades especiais (MENDES 2010) Historicamente

quando uma crianccedila apresenta precocemente alteraccedilotildees em seu desenvolvimento

ou mesmo um diagnoacutestico indicando o quadro de deficiecircncia ela eacute comumente

encaminhada aos serviccedilos de Estimulaccedilatildeo Precoce ou Essencial na Educaccedilatildeo

13

Especial (PEacuteREZ-LOacutePEZ 2009) O atendimento em Estimulaccedilatildeo Precoce ou

Essencial na realidade brasileira costuma configurar-se como o primeiro programa

de atendimento destinado a atender principalmente crianccedilas de alto risco ou

portadoras de deficiecircncias (auditiva fiacutesica intelectual visual muacuteltipla) sendo

geralmente destinado agrave faixa etaacuteria de zero a trecircs anos (BOLSANELLO 1998)

Crianccedilas de alto risco satildeo aquelas que devido a causas preacute-natais perinatais ou

poacutesndashnatais de origem bioloacutegica ou ambiental podem vir a apresentar atrasos

significativos em seu desenvolvimento requerendo por isso uma abordagem de

atendimento mais apropriada (TJOSSEM 1976 ALMEIDA 2009)

No caso das crianccedilas pequenas com necessidades especiais (entenda-se

deficiecircncias ou com significativo atraso em seu desenvolvimento) segundo Vitta

(2004) haacute escassez de estudos sobre sua participaccedilatildeo na Educaccedilatildeo Infantil

especificamente nos berccedilaacuterios o que natildeo significa que elas natildeo estejam sendo

atendidas nesse contexto (VITTA 2004) Haacute muitos casos de crianccedilas com

alteraccedilotildees significativas em seu desenvolvimento e que ainda natildeo foi detectado por

seus pais ou mesmo pelos educadores que as atendem na Educaccedilatildeo Infantil o que

compromete uma das funccedilotildees destes educadores que eacute a de auxiliar na detecccedilatildeo

de deacuteficits e orientar quanto agrave prevenccedilatildeo de maiores atrasos e a promoccedilatildeo do

desenvolvimento infantil (VITTA 2004 DIacuteAZ-HERRERO e MARTINEZ-FUENTES

2009)

Contudo a presenccedila de crianccedilas pequenas com necessidades especiais em

berccedilaacuterios tem sido vista com algumas reservas conforme evidenciado pelo estudo

de VITTA (2004) Drago (2011) tambeacutem percebeu em sua pesquisa que a inclusatildeo

na Educaccedilatildeo Infantil se verifica em meio a uma confusatildeo de conceitos e praacuteticas

nas quais se revelam accedilotildees inclusivas isoladas e um processo inclusivo mal

compreendido e mal aproveitado

Logo na busca pela concretizaccedilatildeo de uma educaccedilatildeo inclusiva sem duacutevida os

papeacuteis dos educadores e da famiacutelia se destacam porque ambos satildeo fundamentais

para a trajetoacuteria de vida das pessoas tanto em termos de aprendizagem quanto de

desenvolvimento o que significa dizer que estes podem tanto ser propulsores

quanto limitadores do desenvolvimento humano (BRAZELTON 2002 GIL 2004

SCHMITERLOumlW e FERNANDEZ 2004 DRAGO 2011 BRONFENBRENNER

2011)

14

No tocante agrave famiacutelia certamente natildeo restam mais duacutevidas para a ciecircncia

psicoloacutegica a respeito da influecircncia que as praacuteticas educativas parentais tecircm para o

desenvolvimento dos filhos (WEBER 2008) Isso porque a famiacutelia por ser o primeiro

locus de desenvolvimento humano mostra-se como um contexto privilegiado cujos

objetivos conteuacutedos e meacutetodos se diferenciam do cuidado institucionalizado pois

fomenta o processo de socializaccedilatildeo a proteccedilatildeo as condiccedilotildees baacutesicas de

sobrevivecircncia o desenvolvimento de seus membros no plano social cognitivo e

afetivo e tambeacutem auxilia a estabelecer uma estrutura miacutenima de atividades e

relaccedilotildees nos quais os papeacuteis de matildee pai filho irmatildeo esposa marido e outros satildeo

evidenciados e ensinados (DESSEN e POLONIA 2007 POLETTO e KOLLER

2008 PINHEIRO e BIASOLI-ALVES 2008 ALMEIDA 2010)

Contudo dadas agraves intensas mudanccedilas que a instituiccedilatildeo familiar vem passando

ao longo das uacuteltimas deacutecadas eacute necessaacuterio um estudo mais apurado acerca de

suas caracteriacutesticas e necessidades especialmente quando se propotildee a entendecirc-la

como espaccedilo promotor de desenvolvimento ativo e dinacircmico tal como nas palavras

de Pinheiro e Biasoli-Alves (2008) ao afirmarem que conforme as transformaccedilotildees

sociais vatildeo ocorrendo surgem ao mesmo tempo elementos que afetam a dinacircmica

familiar e do casal o que permite situar as questotildees que envolvem o papel

desempenhado por cada um de seus indiviacuteduos particularmente pai e matildee ndash aqui

referidos como ldquopaisrdquo

Esses dois elementos (pai e matildee) muito embora tenham assumido novos papeacuteis

diante da sociedade e de sua proacutepria famiacutelia ainda se mantecircm como figuras

imprescindiacuteveis do contexto de transmissatildeo de valores conhecimentos regras e

noccedilotildees de convivecircncia para seus filhos (ZAMBERLAM et al 1997 CARVALHO e

ALMEIDA 2003 SILVA e BOLSANELLO 2002 PINHEIRO e BIASOLI-ALVES

2008)

Diante da temaacutetica da presente pesquisa e no que se refere agrave crianccedila pequena

em situaccedilatildeo de inclusatildeo escolar ressalta-se que satildeo poucos os estudos que

descrevem o funcionamento familiar em crianccedilas com necessidades especiais na

realidade brasileira aleacutem de que haacute resultados contraditoacuterios entre algumas

pesquisas (MINETTO 2010) Todavia Brazelton (2002) afirma que os pais

necessitam de uma ajuda profissional quando se percebe que o filho apresenta

alteraccedilotildees em seu desenvolvimento pois sem isso eles podem - por ansiedade ou

falta de orientaccedilatildeo - contribuir com o quadro de atraso ou mesmo superproteger sua

15

crianccedila deixando de estarem sensiacuteveis agraves condiccedilotildees reais do infante Tambeacutem no

que se refere ao atendimento da crianccedila com necessidades especiais ou

desenvolvimento atiacutepico eacute fundamental que se leve em consideraccedilatildeo a participaccedilatildeo

ativa da famiacutelia no processo por meio do acolhimento de suas duacutevidas e anseios e

pela promoccedilatildeo de orientaccedilotildees de quando e como interagir com sua crianccedila (GIL

2004 SHMITERLOumlW e FERNANDEZ 2004 MENDES 2010)

A atenccedilatildeo o apoio e a orientaccedilatildeo para a famiacutelia que tem uma crianccedila com

necessidades especiais justificam-se primordialmente porque esse natildeo eacute um fato

para o qual todos se preparam antecipadamente Muito menos eacute um fato que se

deseja aleacutem de que quando do diagnoacutestico de deficiecircncia atraso no

desenvolvimento ou outra necessidade especial haacute uma intensa e profunda

reorganizaccedilatildeo familiar conforme jaacute afirmado por Prado (2005) A possibilidade de um

diagnoacutestico pode corroborar com sofrimento por parte dos pais havendo em

diversos casos a apresentaccedilatildeo de estresse fiacutesico e emocional (BAILEY 2003

PEREIRA-SILVA e DESSEN 2006 CHERUBINI BOSA e BANDEIRA 2008) Diante

do exposto torna-se evidente que os programas de atendimento agrave crianccedila pequena

com deficiecircncia ou alteraccedilotildees importantes em seu desenvolvimento devem

considerar aspectos que envolvam sua famiacutelia de maneira que a preparem para a

relaccedilatildeo com seu filho (SHMITERLOumlW 2003 GIL 2004 SHMITERLOumlW e

FERNANDEZ 2004)

Jaacute a instituiccedilatildeo de Educaccedilatildeo Infantil interessa como um contexto que se mostra

cada vez mais utilizado podendo ateacute ser considerado como indispensaacutevel para a

viabilizaccedilatildeo da dupla jornada de trabalho da mulher e dos arranjos familiares

proacuteprios da modernidade o que faz com que o maior desafio desse contexto tenda a

ser o de proporcionar um ambiente que seja estimulante para a crianccedila tambeacutem

promovendo seu desenvolvimento de modo amplo e saudaacutevel (SOUZA 2008

SOEJIMA 2008 BOLSANELLO 2009 SOEJIMA e BOLSANELLO 2012)

Dessen e Polonia (2007) afirmam que a instituiccedilatildeo de educaccedilatildeo eacute um espaccedilo

fiacutesico psicoloacutegico social e cultural no qual os indiviacuteduos processam o seu

desenvolvimento global mediante atividades programadas e que tambeacutem pode se

configurar como um espaccedilo de apoio e orientaccedilatildeo para que as famiacutelias

desempenhem melhor seu papel

Perante sua relevacircncia a Educaccedilatildeo Infantil tem sido objeto de inuacutemeros estudos

inclusive a dissertaccedilatildeo de Mestrado da presente pesquisadora Os resultados desta

16

dissertaccedilatildeo evidenciaram a) a rotina extenuante dos educadores b) suas

dificuldades em planejar o atendimento das crianccedilas c) a grande quantidade de

crianccedilas por educador d) a constante necessidade de resolverem problemas

imediatos o que gera a dificuldade de darem atenccedilatildeo a aspectos mais

individualizados das crianccedilas e) a falta de apoio pedagoacutegico adequado (SOUZA

2008) Esses satildeo aspectos tambeacutem verificados por outros autores e que possibilitam

refletir profundamente sobre a funccedilatildeo da creche como um espaccedilo de

desenvolvimento (PACHECO e DUPRET 2004 CAMPOS FULGRAFF e

WIGGERS 2006 BOacuteGUS et al 2007 SOEJIMA 2008 SOUZA 2008

BOLSANELLO 2009 FERNANDES 2011 GUIMARAtildeES 2011 SOEJIMA e

BOLSANELLO 2012)

Outra questatildeo eacute acerca das concepccedilotildees de desenvolvimento infantil dos

educadores as quais refletem a falta de uma formaccedilatildeo consistente na aacuterea a falta

de oportunidades de reflexatildeo a falta de ressignificaccedilatildeo de seus conhecimentos

preacutevios a falta de sistematizaccedilatildeo de accedilotildees de atenccedilatildeo e a intervenccedilatildeo precoce

(SOEJIMA e BOLSANELLO 2012 SOUZA 2008) Tais achados geram

controveacutersias quanto agrave sua funccedilatildeo protetiva em relaccedilatildeo agraves comunidades expostas a

riscos sociais e desenvolvimentais (EIKMANN et al 2009) o que estaacute tambeacutem em

consonacircncia com as consideraccedilotildees de BALTIERI et al (2010) Estes uacuteltimos

salientam que estudos recentes trazem a preocupaccedilatildeo com as repercussotildees da

exposiccedilatildeo cotidiana ao ambienterotina das creches e que esta na realidade

brasileira tem sido crescente e apontam limitaccedilotildees quanto ao preparo dos

profissionais da infraestrutura rotinas com predomiacutenio de atividades voltadas para

alimentaccedilatildeo e higiene aleacutem de maior exposiccedilatildeo das crianccedilas a processos

infecciosos

Contraditoriamente os estudos de Boacutegus et al(2007) e Bhering e Nez (2002)

evidenciaram que as famiacutelias buscam o atendimento institucionalizado tambeacutem por

acreditarem que este seraacute um contexto de promoccedilatildeo do desenvolvimento e maior

cuidado para sua crianccedila e ateacute sentem-se privilegiadas por terem acesso a esse

serviccedilo o que parece resultar em uma menor exigecircncia na qualidade desse

atendimento Bhering e Nez (2002) relembram que a importacircncia do envolvimento

dos pais nessa fase de desenvolvimento humano eacute autoexplicativa famiacutelia e

escolacreche juntas podem promover situaccedilotildees complementares e significativas

17

de aprendizagem e convivecircncia que realmente vatildeo ao encontro das necessidades e

demandas das crianccedilas de ambas as instituiccedilotildees

Por outro lado eacute percebido que a participaccedilatildeo das famiacutelias diante da instituiccedilatildeo e

do atendimento de seus filhos eacute escassa e restrita agrave entrega da crianccedila pela manhatilde

agrave busca ao final do dia e a participaccedilatildeo em algumas reuniotildees especiacuteficas na fala

dos educadores tal participaccedilatildeo poderia ser mais efetiva (BHERING e NEZ 2002

BOgraveGUS et al 2007 SOUZA 2008) Perante esse cenaacuterio da parca participaccedilatildeo da

famiacutelia dentro da rotina da creche relembra-se que mesmo que haja o atendimento

institucionalizado como um importante recurso da sociedade contemporacircnea tal

participaccedilatildeo natildeo substitui a funccedilatildeo primordial da famiacutelia (SILVA e BOLSANELLO

2002)

Conforme os dados assinalados sobre a crianccedila pequena com necessidades

especiais sobre a importacircncia da famiacutelia e da Educaccedilatildeo Infantil como contextos de

promoccedilatildeo de desenvolvimento na primeira infacircncia2 e diante das contradiccedilotildees que

ainda permeiam os processos da educaccedilatildeo inclusiva apresenta-se como

pressuposto que a inclusatildeo da crianccedila pequena com necessidades especiais no

contexto de Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil vem sendo realizada a partir de

conceitos e praacuteticas que fortalecem principalmente os aspectos socializadores do

processo inclusivo o que implica na possibilidade de que estar no referido contexto

natildeo caracteriza uma educaccedilatildeo inclusiva

E levanta-se a questatildeo norteadora do presente estudo

Quais concepccedilotildees orientam o processo de inclusatildeo da crianccedila pequena com

necessidades especiais no contexto de Centros Municipais de Educaccedilatildeo

Infantil (CMEIs) segundo suas matildees suas educadoras na Educaccedilatildeo Infantil e

suas professoras do Atendimento Educacional Especializado

2 Para esse estudo se considera que a primeira infacircncia eacute o periacuteodo etaacuterio que corresponde aos primeiros 36

meses de vida

18

12 OBJETIVOS

121 Objetivo Geral

Investigar quais concepccedilotildees orienta o processo de inclusatildeo da crianccedila

pequena com necessidades especiais no contexto de Centros Municipais de

Educaccedilatildeo Infantil (CMEIs) especificamente em turmas de berccedilaacuterio e maternal

segundo suas matildees suas educadoras na Educaccedilatildeo Infantil e suas professoras do

Atendimento Educacional Especializado

122 Objetivos Especiacuteficos

Com a intenccedilatildeo de responder a questatildeo de pesquisa que orienta este

trabalho se estabelecem como objetivos especiacuteficos os itens abaixo indicados

a) Investigar como as matildees de crianccedilas que tecircm necessidades especiais

percebem participam e avaliam o processo de inclusatildeo de seus filhos que

frequentam os Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil

b) Investigar como educadoras de Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil que

atendem em turmas de berccedilaacuterio (I e II) e maternal (I e II) percebem atuam e

avaliam o processo de inclusatildeo das crianccedilas pequenas com necessidades

especiais nesses ambientes de desenvolvimento preacute-escolar

c) Investigar como professoras do Atendimento Educacional Especializado que

atendem e que frequentam turmas de berccedilaacuterio (I e II) e maternal (I e II) nos

Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil da regiatildeo percebem atuam e

avaliam o processo de inclusatildeo das crianccedilas pequenas com necessidades

especiais

d) Verificar quais satildeo as Diretrizes e Apoios indicados eou utilizados pelas

participantes do estudo para que o processo inclusivo ocorra com qualidade

na Educaccedilatildeo Infantil

19

e) Verificar as vantagens e desvantagens da inclusatildeo escolar de crianccedilas

pequenas com necessidades especiais segundo as concepccedilotildees de suas

matildees suas educadoras nos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil e suas

professoras do Atendimento Educacional Especializado

20

2 SUPORTE TEOacuteRICO

21 O DESENVOLVIMENTO HUMANO A PARTIR DO ESTUDO E DA INTERACcedilAtildeO

ENTRE SEUS CONTEXTOS ndash A ABORDAGEM BIOECOLOacuteGICA

Bronfenbrenner (1996) conceitua o desenvolvimento humano afirmando que

este se constitui de mudanccedilas nas formas como as pessoas percebem e interagem

com o ambiente Essas mudanccedilas ocorrem durante toda a vida do indiviacuteduo e em

sua relaccedilatildeo com o mundo

O modelo bioecoloacutegico contempla o desenvolvimento de maneira ampla e

busca focalizar as interaccedilotildees das pessoas com seus diferentes contextos

(BRONFENBRENNER 2011) Em outras palavras o ser humano se constitui como

tal na sua relaccedilatildeo com o outro e com os diversos contextos dos quais participa

direta ou indiretamente (SILVA 2011)

Para Bronfenbrenner e Morris (1998) o desenvolvimento dos seres humanos

eacute o resultado da accedilatildeo entre as caracteriacutesticas da pessoa em desenvolvimento os

processos proximais estabelecidos entre ela e outros sujeitos os contextos nos

quais a pessoa vive e a frequecircncia de tempo no qual ela encontra-se exposta a

esses elementos Esse modelo tambeacutem eacute denominado PPCT (processo-pessoa-

contexto-tempo)

O processo eacute o mecanismo do desenvolvimento visto a partir das interaccedilotildees

entre o sujeito e o ambiente imediato O indiviacuteduo humano eacute sempre considerado

nesta teoria como um ser biopsicologicamente em evoluccedilatildeo e para que suas

interaccedilotildees sejam consideradas como tal ele deve ser visto de modo ativo

(BROFENBRENNER 2011)

Os processos proximais satildeo os motores primaacuterios do desenvolvimento e satildeo

por conceito bidirecionais (BRONFENBRENNER 1999) O processo proximal pode

melhorar a competecircncia funcional e ajudar a minimizar aspectos disfuncionais do

desenvolvimento humano (BRONFENBRENNER 1999)

Para que se efetive o desenvolvimento as atividades devem ser contiacutenuas ao

longo de um tempo e devem tornar-se progressivamente mais complexas Em

acordo com esse modelo de desenvolvimento repeticcedilotildees natildeo bastam elas natildeo

21

caracterizam os processos proximais (BRONFENBRENNER e MORRIS 1998) Os

processos proximais envolvem aleacutem de pessoas tambeacutem a relaccedilatildeo com objetos e

siacutembolos E para haver reciprocidade nas relaccedilotildees os objetos e siacutembolos devem

despertar e estimular a atenccedilatildeo a exploraccedilatildeo a manipulaccedilatildeo a elaboraccedilatildeo e a

imaginaccedilatildeo da pessoa em desenvolvimento (BRONFENBRENNER 1999

AMBROZIO 2009)

Um exemplo desse padratildeo de interaccedilatildeo pode ser observado durante a

alimentaccedilatildeo do bebecirc nas brincadeiras de crianccedilas com pouca idade seja em grupo

ou individualmente (BRONFENBRENNER 2001)

Para os processos proximais disfunccedilatildeo e competecircncia satildeo dois aspectos

muito importantes pois influenciam os primeiros de modo contundente

Bronfenbrenner e Morris (1998) definem disfunccedilatildeo como a manifestaccedilatildeo recorrente

de dificuldades por parte da pessoa que estaacute em desenvolvimento Jaacute competecircncias

satildeo as aquisiccedilotildees avanccediladas no que se refere a conhecimentos e habilidades

(intelectuais fiacutesicas sociais motoras e a combinaccedilatildeo desses elementos)

Bronfenbrenner e Morris (1998) afirmam que ambientes estaacuteveis e

vantajosos propiciam menos manifestaccedilotildees de disfunccedilotildees no desenvolvimento

humano e que quanto maiores e melhores os resultados relacionados agraves

competecircncias mais elevados e complexos podem se tornar os processos proximais

e mais reduzidos seratildeo os riscos para o desenvolvimento

A pessoa eacute analisada por meio de suas caracteriacutesticas determinadas

biopsicologicamente (experiecircncias vividas habilidades por exemplo) e aquelas

construiacutedas socialmente Nesse modelo as caracteriacutesticas da pessoa satildeo tanto

produtoras como produtos do desenvolvimento pois constitui um dos elementos que

influenciam tanto a forma a forccedila o conteuacutedo quanto a direccedilatildeo do processo de

interaccedilatildeo (BRONFENBRENNER 1996 BROFENBRENNER 2011) Este modelo

destaca trecircs caracteriacutesticas da pessoa que tem influecircncia no decorrer de seu

desenvolvimento e das relaccedilotildees proximais estabelecidas as quais satildeo as

disposiccedilotildees os recursos e as demandas (BRONFENBRENNER 1999)

As disposiccedilotildees satildeo as caracteriacutesticas que podem colocar os processos

proximais em movimento lhe dando sustentaccedilatildeo ou interferindo com atrasos no

desenvolvimento humano Portanto as disposiccedilotildees podem ser as que promovem e

geram desenvolvimento e as que impedem ou atrasam o desenvolvimento

(BRONFENBRENNER 1999)

22

Segundo Bronfenbrenner (1989) satildeo disposiccedilotildees que podem gerar atrasos ou

impedimentos no desenvolvimento hostilidade apatia desatenccedilatildeo falta de

interesse inseguranccedila entre outras E como caracteriacutesticas que geram e promovem

o desenvolvimento iniciativa a curiosidade e tambeacutem a responsividade seletiva as

tendecircncias estruturantes e um sistema de crenccedilas diretivas (BRONFENBRENNER

1999)

A chamada responsividade seletiva eacute a primeira manifestaccedilatildeo dos aspectos

que geram o desenvolvimento e se refere a uma capacidade de manifestaccedilatildeo de

uma resposta diferenciada que ocasiona atraccedilatildeo e exploraccedilatildeo de elementos do

ambiente fiacutesico e social (BRONFENBRENNER 1999)

Jaacute as tendecircncias estruturantes se referem agraves capacidades de engajamento e

de persistecircncia em atividades progressivamente mais complexas Satildeo exemplos de

tendecircncias estruturantes a capacidade de elaborar reestruturar e criar novas

caracteriacutesticas em um ambiente (BRONFENBRENNER E MORRIS 1989)

A terceira disposiccedilatildeo que contribui para a promoccedilatildeo do desenvolvimento

humano eacute o que Bronfenbrenner e Morris (1998) denominam de sistema de crenccedilas

diretivas Elas se referem agrave capacidade de as pessoas demonstrarem uma

crescente tendecircncia de dar significado agraves experiecircncias agrave medida que o tempo vai

passando

Em relaccedilatildeo aos chamados recursos bioecoloacutegicos Bronfenbrenner (1989)

indicam que estes se referem agrave aptidatildeo agraves experiecircncias conhecimentos e

habilidades requeridas para o funcionamento dos processos proximais Os recursos

bioecoloacutegicos tambeacutem podem limitar os processos proximais principalmente quando

se referem a defeitos geneacuteticos ou doenccedilas crocircnicas e graves por exemplo

No que se refere agraves demandas Bronfenbrenner (1992) afirma que satildeo

aquelas caracteriacutesticas da pessoa em desenvolvimento que provocam ou

desencorajam reaccedilotildees do ambiente e que interferem de forma positiva ou negativa

nos processos proximais

A inter-relaccedilatildeo entre as caracteriacutesticas pessoais as disposiccedilotildees os recursos

bioecoloacutegicos e as demandas levam a inuacutemeras possibilidades de combinaccedilotildees e

justificam as diferenccedilas nas direccedilotildees e nas forccedilas dos processos proximais

resultantes e de seus impactos no desenvolvimento humano (BRONFENBRENNER

E MORRIS 1989)

23

Bronfenbrenner (1996) traz em seu modelo bioecoloacutegico a importacircncia e a

influecircncia que os contextos apresentam para o desenvolvimento da pessoa

O contexto eacute analisado por meio da interaccedilatildeo de quatro niacuteveis ambientais dos

mais proacuteximos aos mais distantes denominados microssistema mesossistema

exossistema e macrossistema (BRONFENBRENNER 1996 BROFENBRENNER

2011)

O microssistema eacute o ambiente em que se estabelecem relaccedilotildees diretas face

a face relaccedilotildees de intimidade (diacuteades triacuteades) Satildeo considerados como exemplos

famiacutelia escola grupo de amigos entre outros Das relaccedilotildees entre os diversos

microssistemas origina-se o mesossistema Jaacute o exossistema constitui aqueles

contextos externos agrave participaccedilatildeo direta do sujeito em desenvolvimento mas que

trazem influecircncias importantes para ele Um exemplo disso para a crianccedila em

desenvolvimento eacute o ambiente de trabalho dos pais O macrossistema eacute aquele em

que se configuram as leis normas e regras que regem uma sociedade

(BRONFENBRENNER 1996 BROFENBRENNER 2011)

As interaccedilotildees entre os diversos niacuteveis contextuais satildeo bidirecionais e trazem

grandes transformaccedilotildees no desenvolvimento humano O tipo de interaccedilatildeo mais

baacutesico eacute a chamada transiccedilatildeo ecoloacutegica o que segundo Bronfenbrenner (1977) eacute a

possibilidade de movimento de um contexto para outro diferente novo Podem ser

exemplos de transiccedilatildeo ecoloacutegica o ingresso em uma instituiccedilatildeo de ensino a

mudanccedila de residecircncia passar o dia no Centro Municipal de Educaccedilatildeo Infantil -

CMEI e ir para casa ao fim do dia entre outros

Sobre as relaccedilotildees bidirecionais ainda Bronfenbrenner (1988) cita as diacuteades e

as relaccedilotildees mais extensas a partir do sistema N+2 (triacuteades teacutetrades etc) Dentro do

processo de desenvolvimento infantil as diacuteades primaacuterias satildeo fundamentais pois o

desenvolvimento da crianccedila pequena afeta e eacute afetado por seus cuidadores

principais tais como matildee avoacute babaacute educadora etc Logo eacute recomendaacutevel que ao

se estudar o desenvolvimento na infacircncia que se busque fazecirc-lo tambeacutem

considerando esses aspectos diaacutedicos

Assim microssistemas como famiacutelia e escola tecircm influecircncias diversas e

importantes no desenvolvimento infantil Compreender ecologicamente o

desenvolvimento humano possibilita que a atenccedilatildeo investigativa seja dirigida natildeo soacute

para a pessoa e os ambientes imediatos nos quais se encontra senatildeo para suas

interaccedilotildees e transiccedilotildees em ambientes mais distantes dos quais muitas vezes

24

sequer participa diretamente O modelo bioecoloacutegico tambeacutem enfatiza o ambiente

mas propotildee que o desenvolvimento humano seja estudado por meio da interaccedilatildeo

deste nuacutecleo com outros trecircs de forma inter-relacionada o processo a pessoa e o

tempo (BRONFENBRENNER 1996 ROGOFF 2005 BROFENBRENNER 2011)

O tempo nesse modelo condiciona a efetividade dos processos proximais agrave

ocorrecircncia de uma interaccedilatildeo reciacuteproca progressivamente mais complexa em uma

base de tempo efetivamente regular natildeo podendo este funcionar efetivamente em

ambientes instaacuteveis e imprevisiacuteveis (BRONFENBRENNER 1996

BROFENBRENNER 2011)

Bronfenbrenner e Morris (1998) afirmam que o tempo enquanto categoria

bioecoloacutegica divide-se em microtempo mesotempo e macrotempo A anaacutelise do

tempo dentro desses trecircs niacuteveis deve focalizar a pessoa em relaccedilatildeo aos

acontecimentos presentes em sua vida desde os mais proacuteximos ateacute os mais

distantes (BRONFENBRENNER 1996 BROFENBRENNER 2011)

A abordagem bioecoloacutegica do desenvolvimento humano proposta por

Brofenbrenner (1996) eacute uacutetil ao permitir que o desenvolvimento possa ser entendido

de maneira contextualizada contemplando a interaccedilatildeo dinacircmica dos elementos

acima descritos Em outras palavras o estudo do desenvolvimento infantil

interpretado pelos paracircmetros do contexto bioecoloacutegico pode ser entendido como a)

a crianccedila como pessoa em contiacutenuo e progressivo desenvolvimento cujo trajeto

desenvolvimental apresenta caracteriacutesticas especiacuteficas conforme o ciclo vital se

desenrola b) a reciprocidade na qual ocorre uma interaccedilatildeo entre a crianccedila e os

contextos dos quais participa efetivamente c) as interconexotildees entre esses

ambientes e as influecircncias externas provenientes de meios mais amplos

(macrossistema e exossistema) d) o tempo como elemento necessaacuterio agraves

mudanccedilas no desenvolvimento do indiviacuteduo e de transiccedilotildees de papeacuteis dentro dos

diversos contextos dos quais participa e) continuidade e significado na qualidade

das relaccedilotildees interpessoais (BRONFENBRENNER 1996 BROFENBRENNER 2011

SPESSATO et al 2009 DINIZ e KOLLER 2010)

A interaccedilatildeo entre a crianccedila pequena com deficiecircncia sua famiacutelia a instituiccedilatildeo

de Educaccedilatildeo Infantil e a Educaccedilatildeo Especial eacute de extrema relevacircncia para que os

contextos conheccedilam melhor a crianccedila estabeleccedilam criteacuterios educativos comuns

discutam modelos de intervenccedilatildeo e relaccedilatildeo com os infantes e compreendam as

especificidades da funccedilatildeo educativa de cada um (SILVA 2011)

25

22 A CRIANCcedilA PEQUENA COM NECESSIDADES ESPECIAIS E A PROMOCcedilAtildeO

DO SEU DESENVOLVIMENTO

O presente capiacutetulo se destina a elencar aspectos relacionados agrave promoccedilatildeo

do desenvolvimento da crianccedila pequena com necessidades especiais visto que

para ela existem pelo menos trecircs contextos que podem auxiliar nesse sentido a

saber a famiacutelia a instituiccedilatildeo de Educaccedilatildeo Infantil e os centros ou programas de

Educaccedilatildeo Especial que ofertam o serviccedilo de estimulaccedilatildeo essencial

Pode se dizer que a crianccedila de modo geral se apresenta muito vulneraacutevel

agraves interferecircncias dos indiviacuteduos e dos ambientes com os quais convive e em

especial quando ela se encontra na primeira infacircncia (BRAZELTON 1990

SZYMANSKI 2004 CARVALHO 2006 BRONFENBRENNER 2011) No caso da

crianccedila com deficiecircncia (fiacutesica intelectual sensorial ou muacuteltipla) ou que apresenta

transtornos ou atrasos significativos em seu desenvolvimento agraves relaccedilotildees com

pessoas e contextos se tornam ainda mais relevantes na faixa etaacuteria indicada

Por outro lado sendo praticamente consenso entre os pesquisadores e

profissionais do desenvolvimento infantil de que este eacute um processo complexo e

multideterminado (MOLINARI et al 2005) tambeacutem deve ser considerada a crianccedila

em si como pessoa em constante desenvolver com suas caracteriacutesticas e

especificidades proacuteprias

A crianccedila no sentido de sujeito em desenvolvimento deve ser vista como

um ser integrado e natildeo uma coleccedilatildeo de habilidades e aquisiccedilotildees principalmente

porque o desenvolvimento em seus diversos niacuteveis natildeo se daacute de forma separada

contrariamente todos os niacuteveis (cognitivo emocional fiacutesico entre outros) estatildeo

inter-relacionados e constituem o sujeito como um todo (GIL 2004)

Segundo Libro Blanco (GAT 2000) importante documento espanhol sobre

atenccedilatildeo e intervenccedilatildeo precoce3 o desenvolvimento infantil nos primeiros anos se

caracteriza por uma progressiva aquisiccedilatildeo de funccedilotildees muito importantes tais como

3 No que se refere aos termos atenccedilatildeo e intervenccedilatildeo precoce eacute possiacutevel estabelecer um paralelo em

seu entendimento e relacionaacute-los ao atendimento de estimulaccedilatildeo precoce ou essencial na realidade brasileira O que significa afirmar que tanto na realidade espanhola quanto brasileira esses termos se referem aos primeiros atendimentos a crianccedilas com necessidades especiais ainda que esses sejam realizados em contextos e com abordagens distintos entre si

26

controle postural autonomia no deslocamento comunicaccedilatildeo e linguagem interaccedilatildeo

social entre outros

A evoluccedilatildeo do desenvolvimento estaacute estreitamente ligada ao processo de

maturaccedilatildeo do sistema nervoso jaacute iniciado na vida intrauterina e tambeacutem com a

organizaccedilatildeo emocional e mental Para que tais processos se verifiquem de modo

saudaacutevel eacute necessaacuteria uma estrutura geneacutetica adequada e o cumprimento das

necessidades humanas baacutesicas nos acircmbito bioloacutegico e psicoafetivo pois o

desenvolvimento infantil eacute produto da interaccedilatildeo entre fatores geneacuteticos e ambientais

(GAT 2000 GAUY e COSTA JUNIOR 2005 MADUREIRA e BRANCO 2005)

A base geneacutetica especiacutefica para cada indiviacuteduo estabelece capacidades

proacuteprias de desenvolvimento ateacute o ponto em que se possa modificaacute-la pela

interaccedilatildeo com os fatores ambientais (GAT 2000 GAUY e COSTA JUNIOR 2005

MADUREIRA e BRANCO 2005)

Os fatores ambientais vatildeo modular a possibilidade de expressatildeo ou latecircncia

de algumas caracteriacutesticas geneacuteticas Esses fatores satildeo de ordem bioloacutegica

psicoloacutegica e social (GAT 2000 GAUY e COSTA JUNIOR 2005 POLONIA

DESSEN e SILVA 2005 MADUREIRA e BRANCO 2005)

Os fatores ambientais de ordem bioloacutegica se configuram nos estados de

sauacutede ausecircncia de fatores de agressatildeo ao sistema nervoso condiccedilotildees necessaacuterias

para uma maturaccedilatildeo orgacircnica adequada Os fatores ambientais de ordem

psicoloacutegica e social satildeo os relacionados agrave interaccedilatildeo da crianccedila com o seu meio os

viacutenculos afetivos que estabelece a partir dos cuidados que recebe da percepccedilatildeo

que constroacutei em relaccedilatildeo agraves pessoas que a rodeiam (pessoas imagens sons entre

outros) Estas satildeo condiccedilotildees baacutesicas e determinantes do desenvolvimento

emocional funccedilotildees comunicativas condutas adaptativas aprendizagem entre

outros elementos constituintes da pessoa em evoluccedilatildeo (GAT 2000 GAUY e COSTA

JUNIOR 2005 MADUREIRA e BRANCO 2005)

Sobre a questatildeo de risco ao desenvolvimento os resultados negativos nesse

processo satildeo produzidos muitas vezes natildeo soacute por um mas pela combinaccedilatildeo de

diversos fatores de risco Os diferentes fatores que determinam os problemas que a

crianccedila pode apresentar ao longo de seu desenvolvimento satildeo mais dependentes da

quantidade do que da natureza dos fatores de risco reforccedilando a importacircncia de se

constatar os riscos muacuteltiplos que por sua vez tecircm efeito cumulativo causando

27

impacto maior sobre o desenvolvimento (SILVA e DESSEN 2005 MOLINARI et al

2005 AMORIM et al 2009)

Aleacutem de fatores de risco faz-se necessaacuterio lembrar que junto a eles existem

os recursos do indiviacuteduo e as accedilotildees protetoras do ambiente podem ser ativadas

para neutralizar adversidades vulnerabilidades e riscos ao desenvolvimento

adaptativo da crianccedila (FORMIGA et al 2004 POLETTO e KOLLER 2008)

E eacute nesse ponto que se destaca a funccedilatildeo dos adultos que atendem a crianccedila

pequena seja a famiacutelia ou a instituiccedilatildeo Entende-se que natildeo se deve atentar apenas

ao fato da remediaccedilatildeo de problemas mas antecipar as possibilidades gerais de

promover um desenvolvimento na primeira infacircncia com qualidade e sauacutede

(FORMIGA et al 2004 PEacuteREZ-LOPEZ MARTINEZ-FUENTES DIAZ-HERRERO

2006 MARTINEZ 2007)

Concorda-se igualmente com a afirmaccedilatildeo de Hansel (2004) quando a autora

relembra que em relaccedilatildeo agraves necessidades das crianccedilas pequenas tais como

proteccedilatildeo afetividade possibilidades de exploraccedilatildeo do meio fiacutesico e social por

exemplo haacute uma motivaccedilatildeo bioloacutegica e social para que esta se incorpore em um

grupo social poreacutem caberaacute aos genitores o papel de agentes de interaccedilatildeo e aqui

poderia se acrescentar a essa informaccedilatildeo a funccedilatildeo da estimulaccedilatildeo de ser tambeacutem

espaccedilo de promoccedilatildeo de muacuteltiplas experiecircncias e porque natildeo espaccedilo-tempo para

consolidaccedilatildeo de aspectos afetivos e de manutenccedilatildeo do viacutenculo familiar

Enfim a interaccedilatildeo entre microssistemas tais como o familiar e o educacional

(Educaccedilatildeo Infantil e Educaccedilatildeo Especial) pode ser um espaccedilo de reforccedilo de

orientaccedilatildeo direta ou indireta e de conformaccedilatildeo de uma rede de apoio primordial Por

outro lado um canal de comunicaccedilatildeo e interaccedilatildeo entre esses dois contextos que

seja inadequado pode falhar como recurso de orientaccedilatildeo motivaccedilatildeo e interesses da

famiacutelia em relaccedilatildeo agrave sua crianccedila (ORTIZ e FAacuteVARO 2004)

Devido a isso eacute que no que se refere agrave promoccedilatildeo do desenvolvimento

humano principalmente na primeira infacircncia tambeacutem eacute apropriado agrave busca pela

compreensatildeo das especificidades do atendimento na Educaccedilatildeo Infantil

Inicialmente antes de evidenciar o papel da educaccedilatildeo infantil e da famiacutelia

para a promoccedilatildeo do desenvolvimento para a crianccedila com riscos desenvolvimentais

cabe discorrer acerca do que consiste o atendimento em estimulaccedilatildeo precoce

Nas Diretrizes Educacionais sobre a Estimulaccedilatildeo Precoce publicadas em

1995 e elaboradas pela Secretaria de Educaccedilatildeo EspecialMEC haacute a explicitaccedilatildeo de

28

que a estimulaccedilatildeo precoce eacute o primeiro atendimento a ser destinado a crianccedila com

diagnoacutestico de deficiecircncia ou de atraso significativo em seu desenvolvimento na

faixa etaacuteria entre zero e 3 anos dentro dos serviccedilos da educaccedilatildeo especial

(BRASIL1995) Tambeacutem o documento orienta que haja a integraccedilatildeo entre as aacutereas

da assistecircncia social da educaccedilatildeo e da sauacutede com a integraccedilatildeo da famiacutelia e a

atuaccedilatildeo de uma equipe multidisciplinar (BRASIL 1995)

Documentos brasileiros como a Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo

Nacional - Lei 9394 (BRASIL 1996) as Diretrizes Nacionais Curriculares Nacionais

para a Educaccedilatildeo Infantil (BRASIL1998) e o Referencial Curricular para a Educaccedilatildeo

Infantil (BRASIL 2000) trazem em si as influecircncias do movimento mundial da

ldquoEscola para Todosrdquo o que implicou na promoccedilatildeo da possibilidade de que crianccedilas

com deficiecircncia desde tenra idade adentrem nos serviccedilos da educaccedilatildeo infantil no

ensino regular aleacutem de que a educaccedilatildeo especial passa a ser entendida tambeacutem

como ldquoapoiordquo para o processo de inclusatildeo desse alunado

Em especial o Referencial Curricular para a Educaccedilatildeo Infantil (BRASIL

2000) em suas instruccedilotildees evidencia vaacuterios aspectos entre os quais se destacam

aqueles relacionados agrave identificaccedilatildeo das necessidades especiais da crianccedila

elaboraccedilatildeo de estrateacutegias de avaliaccedilatildeo de risco para o desenvolvimento infantil e

atendimentos que levem em conta a singularidade do indiviacuteduo Propotildee tambeacutem o

acolhimento orientaccedilatildeo e apoio agraves famiacutelias das crianccedilas com deficiecircncia e a

integraccedilatildeo entre os diversos profissionais que atendem essa crianccedila

Esse uacuteltimo documento representa um avanccedilo sobre as orientaccedilotildees

indicadas anteriormente sobre o atendimento precoce da crianccedila com deficiecircncia

pois traz algumas atualizaccedilotildees contudo ainda assim mostra-se precaacuterio quando se

considera a especificidade das necessidades da crianccedila com deficiecircncia de suas

famiacutelias e dos profissionais que a atendem (HANSEL 2012)

Em 2008 as Diretrizes Operacionais para o Atendimento da Educaccedilatildeo

Especial na Educaccedilatildeo Baacutesica natildeo fazem alusatildeo agrave estimulaccedilatildeo precoce em si muito

embora oriente que o agora denominado Atendimento Educacional Especializado

deve contemplar as crianccedilas foco da Educaccedilatildeo Especial desde o nascimento Este

documento tambeacutem natildeo explicita de que modo o mesmo ocorreraacute na faixa etaacuteria que

compotildeem a primeira infacircncia (BRASIL 2008) O Decreto 761111 que tambeacutem

dispotildee sobre a Educaccedilatildeo Especial e orienta o Atendimento Educacional

Especializado revoga o Decreto anterior nordm 567108 e natildeo traz nenhuma

29

informaccedilatildeo especiacutefica sobre a inclusatildeo na primeira infacircncia ou mesmo sobre

intervenccedilatildeoestimulaccedilatildeo precoce

Igualmente alerta-se para o fato de a documentaccedilatildeo oficial a produccedilatildeo

cientiacutefica e a praacutetica da estimulaccedilatildeo precoce na realidade brasileira satildeo escassos

pouco difundidos e enfrentam inuacutemeros obstaacuteculos (HANSEL 2012)

De outro modo dentro do histoacuterico internacional dos programas de

estimulaccedilatildeo precoce houve grandes modificaccedilotildees no seu entendimento nas uacuteltimas

deacutecadas deixando de ser exclusividade da populaccedilatildeo infante da educaccedilatildeo especial

e passando a se constituir tambeacutem como um instrumento de inclusatildeo e de

prevenccedilatildeo de deacuteficits do desenvolvimento na faixa etaacuteria de 0 a 6 anos (GAT 2000)

Relembra-se que no iniacutecio dos anos 70 do seacuteculo passado esse serviccedilo tinha um

cunho de reabilitaccedilatildeo centrado nas questotildees relacionadas agrave patologia agrave deacuteficits e a

mensuraccedilatildeo do quociente intelectual Jaacute na metade dos anos 80 se verificou uma

discussatildeo voltando-se para a identificaccedilatildeo para a prevenccedilatildeo para o trabalho em

equipe e sobre o ambiente e sua influecircncia para o desenvolvimento Entre essas

duas deacutecadas surgiram modelos conceituais que tiveram grande repercussatildeo no

estudo e compreensatildeo do desenvolvimento humano (BROFENBRENNER 1996

GAT 2000 SAMEROFF e FIESE 2000 ROMERO 2003 CUEVAS 2003 PEacuteREZ-

LOPEZ 2003 SERRANO 2007 JUAN-VERA e PEREZ - LOPEZ 2009)

Logo a partir das concepccedilotildees Bioecoloacutegica de Brofenbrenner (1979) e da

Transacional de Sameroff e Chandler (1975) que exploram os contextos e suas

relaccedilotildees com seus partiacutecipes e destes entre si tornou-se possiacutevel evidenciar uma

nova abordagem para a promoccedilatildeo do desenvolvimento humano na infacircncia de tal

modo que as propostas de intervenccedilatildeo precoce deixaram de ter o aspecto de

ldquotratamento cliacutenicordquo e passaram a se constituir em verdadeiros apoios tanto agrave

crianccedila quanto a seus contextos de desenvolvimento - famiacutelia Educaccedilatildeo Infantil

entre outros (BROFENBRENNER 1996 GAT 2000 SAMEROFF e FIESE 2000

ROMERO 2003 CUEVAS 2003 PEacuteREZ-LOPEZ 2003 SERRANO 2007 JUAN-

VERA e PEREZ - LOPEZ 2009 MORAGAS 2009)

De tal modo eacute possiacutevel inferir que essa abordagem parece ir de acordo com a

proposta de se construir uma escola inclusiva desde a educaccedilatildeo infantil

Especialmente porque atualmente haacute a tendecircncia de que as intervenccedilotildees na

infacircncia sejam orientadas por uma concepccedilatildeo de Atenccedilatildeo Precoce a qual se refere

ao conjunto de accedilotildees orientadas para as crianccedilas com idade entre zero e seis anos

30

e que envolvem sua famiacutelia e o ambiente em que estatildeo inseridas (GAT 2000

JUAN-VERA e PEREZ - LOPEZ 2009 MORAGAS 2009) Nesse sentido tambeacutem

deixa de ser uma abordagem exclusiva para a crianccedila com deficiecircncias ou nascida

prematuramente O que segundo Caro (2003) eacute importante para todos inclusive

para aquela crianccedila viacutetima de ldquoabandono relativordquo

As condiccedilotildees de ldquoabandono relativordquo satildeo aquelas provenientes de situaccedilotildees

ocasionadas pelas ocupaccedilotildees dos pais do pouco cuidado descaso ou ainda

causadas pelo impacto de um cuidado mal estruturado com poucos estiacutemulos ndash

situaccedilotildees que podem ocasionar reflexos significativos no desenvolvimento

intelectual e emocional da crianccedila (CARO 2003)

Ao sair da seara puramente cliacutenica e passando a abarcar outros contextos

tais como o familiar e o das instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Infantil a Atenccedilatildeo Precoce

enfatiza a possibilidade de geraccedilatildeo de ambientes ricos em estiacutemulos diversos para a

aquisiccedilatildeo de funccedilotildees e capacidades que se apresentam pouco desenvolvidas ou

imaturas e tambeacutem a necessidade de que os profissionais que lidam com a infacircncia

possuam uma base soacutelida sobre os diversos modelos de prevenccedilatildeo intervenccedilatildeo e

avaliaccedilatildeo do desenvolvimento (PEREZ ndash LOPEZ 2004 DELGADO e MUELA

2004)

Portanto passa a ser uma questatildeo que acompanha a detecccedilatildeo de riscos para

o desenvolvimento a possibilidade de definir e aplicar accedilotildees de prevenccedilatildeo as quais

seguem alguns dos niacuteveis abaixo indicados (PEREZ-LOPEZ MARTINEZ-FUENTES

DIAZ-HERRERO 2006)

- prevenccedilatildeo primaacuteria satildeo todas as estrateacutegias tomadas antes que se

detecte um transtorno ou alteraccedilatildeo do desenvolvimento

- prevenccedilatildeo secundaacuteria compreende as estrateacutegias que satildeo colocadas

em praacutetica quando jaacute se evidenciam alguns sintomas de atraso no

desenvolvimento

- prevenccedilatildeo terciaacuteria quando trata de minimizar a gravidade dos efeitos

de transtornos do desenvolvimento que jaacute se instalaram

Em conformidade com Halpern et al (2000) e Formiga e Pedrazzani (2004)

pode-se afirmar que quanto mais precoce for o diagnoacutestico de atraso no

desenvolvimento e mais raacutepido o iniacutecio da intervenccedilatildeo menor seraacute o impacto de

31

atraso na vida futura da crianccedila tenha ela deficiecircncia ou natildeo o que por conseguinte

colabora em diminuir possiacuteveis impactos que possam ocorrer na relaccedilatildeo crianccedila-

famiacutelia-creche (RODRIGUES 2003)

23 BREVE HISTOacuteRICO DA EDUCACcedilAtildeO DAS PESSOAS COM NECESSIDADES

ESPECIAIS E A EDUCACcedilAtildeO INCLUSIVA

A histoacuteria do homem mostra que mesmo com a sociedade sugerindo respeito

entre seus membros e em algumas eacutepocas a valorizaccedilatildeo das diferenccedilas o que na

verdade temos eacute um ldquoestranhamento expliacutecitordquo uma separaccedilatildeo que eacute em muitos

casos velada por parte daqueles que natildeo se enquadram socialmente (SARAIVA

2008) Por isso discorrer sobre a educaccedilatildeo inclusiva requer que se retomem os

primoacuterdios da exclusatildeo e da educaccedilatildeo das pessoas com necessidades especiais

A trajetoacuteria de exclusatildeo da pessoa com necessidades especiais eacute tatildeo antiga

quanto a proacutepria evoluccedilatildeo do homem ou seja as estruturas das sociedades desde

os primoacuterdios demonstram uma concepccedilatildeo de deficiecircncia como algo relacionado agrave

inabilidade (MACIEL 2000)

Nas eacutepocas mais primitivas da histoacuteria humana dadas agraves condiccedilotildees insalubres

de vida supotildee-se que os indiviacuteduos que nasciam com qualquer tipo de deficiecircncia

teriam pouca ou nenhuma condiccedilatildeo de manutenccedilatildeo de sua vida pois que soacute os

indiviacuteduos mais fortes conseguiam sobreviver ante as intempeacuteries os ataques de

animais aos deslocamentos em busca de alimentos e de lugares mais propiacutecios

para o repouso e a permanecircncia (BIANCHETTI 1995)

Na Greacutecia Antiga as pessoas com deficiecircncia eram abandonadas ou

sacrificadas por natildeo corresponder agrave perfeiccedilatildeo do homem Na Idade Meacutedia substitui-

se o sacrifiacutecio por sentimentos ldquocristatildeosrdquo como piedade e compaixatildeo e tambeacutem pela

rejeiccedilatildeo dos diferentes Nessa eacutepoca tem iniacutecio o atendimento assistencial agraves

pessoas com deficiecircncia em igrejas e outras instituiccedilotildees de cunho religioso com o

intuito de ldquolibertaacute-lasrdquo do pecado (PESSOTI 1984 SMITH 2004 FREITAS 2008)

Desse modo a educaccedilatildeo especial soacute comeccedilou a ser traccedilada no seacuteculo XVI

com meacutedicos e pedagogos que desafiaram os conceitos vigentes na eacutepoca pois

acreditaram nas possibilidades educacionais de indiviacuteduos que ateacute entatildeo eram

32

considerados ineducaacuteveis (MENDES 2010) Ressalta-se ainda que a histoacuteria

retrate algumas experiecircncias precursoras desde o seacuteculo XVI cujas bases eram

tutoriais de fato o acesso agrave educaccedilatildeo das pessoas com deficiecircncias foi sendo muito

lentamente conquistado e essa conquista ocorreu apenas na medida em que se

ampliaram as oportunidades educacionais para a populaccedilatildeo em geral (JANNUZZI

2004 MENDES 2010)

Na Idade Moderna com o avanccedilo do pensamento cientiacutefico e da valorizaccedilatildeo da

racionalidade humana buscam-se respostas para a condiccedilatildeo das deficiecircncias Daiacute o

entendimento das mesmas no sentido de doenccedilas ou patologias iniciando-se as

pesquisas sobre como medicar e tratar as pessoas que apresentavam deficiecircncias

(PESSOTI 1984 SMITH 2004 FREITAS 2008) Na realidade brasileira em acordo

com pesquisa feita por Jannuzzi (2004) a educaccedilatildeo para pessoas com deficiecircncias

soacute surgiu de maneira institucional no conjunto das concretizaccedilotildees das ideias liberais

que tiveram divulgaccedilatildeo por aqui no fim do seacuteculo XVIII e comeccedilo do XIX

Na contemporaneidade lentamente deixa-se de lado a patologizaccedilatildeo das

deficiecircncias e evidencia-se uma abordagem de entendimento tambeacutem voltada para

os aspectos educativos desses indiviacuteduos (SMITH 2004 FREITAS 2008)

Nos anos 50 e 60 do seacuteculo passado houve um intensivo surgimento de

instituiccedilotildees educacionais especializadas (SMITH 2004 FREITAS 2008) Jaacute na

deacutecada de 70 destacam-se a reabilitaccedilatildeo e o treino de habilidades das pessoas com

deficiecircncia baseados em accedilotildees fundamentadas no modelo meacutedico-psicoloacutegico

vigente (SMITH 2004 FREITAS 2008)

As deacutecadas de 80 e de 90 desenrolaram-se com uma maior flexibilidade no que

se refere agrave consideraccedilatildeo das possibilidades e potencialidades da pessoa com

deficiecircncias Foi a partir dos anos 90 que o Brasil deu iniacutecio verdadeiramente a uma

longa e permanente luta pelos direitos das pessoas com necessidades especiais de

frequentar o ensino regular (FREITAS 2008)

Garcia (2008) lembra que a deacutecada de 1990 teve como marca maior a reforma

educacional ocorrida principalmente nos paiacuteses em desenvolvimento tal como o

Brasil e a qual foi orientada entre outros aspectos pelo discurso da inclusatildeo social

Assim vaacuterios foram os eventos que corroboraram para que essa premissa de

educaccedilatildeo inclusiva fosse se arraigando Entre eles pode-se citar

33

- a Conferecircncia Mundial de Educaccedilatildeo para Todos ocorrida em 1990 em

Jomtiem Tailacircndia

- a Conferecircncia Mundial sobre as Necessidades Educacionais Especiais

ocorrida em Salamanca na Espanha em 1994 a qual teve como produto a

chamada Declaraccedilatildeo de Salamanca importante documento orientador para a

educaccedilatildeo inclusiva

- a Convenccedilatildeo Interamericana para a Eliminaccedilatildeo de todas as formas de

Discriminaccedilatildeo contra as Pessoas Portadoras de Deficiecircncia ocorrida na

Guatemala em 1999

- e a Convenccedilatildeo sobre os Direitos das Pessoas com Deficiecircncia ndash promovida

pela ONU em Nova York em 2006

O movimento pela educaccedilatildeo inclusiva no Brasil teve um grande impacto na

discussatildeo de poliacuteticas educacionais para crianccedilas e adolescentes com necessidades

especiais uma vez que a grande maioria desta populaccedilatildeo havia sido historicamente

excluiacuteda do sistema educacional puacuteblico brasileiro (MENDES ALMEIDA e TOYODA

2011)

Durante a Conferecircncia Mundial de Educaccedilatildeo para Todos em Jomtien

Tailacircndia em 1990 o Brasil estabeleceu metas baacutesicas para melhorar o sistema

educacional brasileiro Entre esses objetivos parecia necessaacuterio melhorar a

educaccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes com necessidades especiais Como resultado

da Conferecircncia Mundial sobre necessidades educacionais especiais Acesso e

Qualidade organizada pelo governo espanhol e pela Unesco em 1994 foi aprovada

a Declaraccedilatildeo de Salamanca (MENDES ALMEIDA e TOYODA 2011)

Com a Convenccedilatildeo da Guatemala 1999 tem-se como avanccedilo a concepccedilatildeo

que pressupotildee uma ressignificaccedilatildeo da pessoa com deficiecircncia remetendo a

necessidade de se transformar as escolas de maneira que natildeo existam mais

restriccedilotildees agrave aprendizagem de nenhum aluno Isso implicou tambeacutem em uma

ressignificaccedilatildeo da proacutepria Educaccedilatildeo Especial segundo Alves (2008)

Outro marco foi a Convenccedilatildeo sobre os Direitos das Pessoas com Deficiecircncia

ndash promovida pela ONU em Nova York em 2006 Os propoacutesitos desse evento foram

essencialmente os de promover proteger e assegurar condiccedilotildees plenas de

igualdade e de gozo de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais por

todas as pessoas com deficiecircncia (ALVES 2008)

34

Jaacute a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial na Perspectiva da Educaccedilatildeo

Inclusiva proposta pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo em 2007 evidencia o movimento

mundial pela educaccedilatildeo inclusiva como uma accedilatildeo cultural pedagoacutegica poliacutetica e

social desencadeada em defesa do direito de todos os alunos de estarem

aprendendo e participando juntos sem nenhum tipo de discriminaccedilatildeo (BRASIL

2007) Portanto a educaccedilatildeo inclusiva constitui-se em um paradigma educacional

fundamentado na concepccedilatildeo de direitos humanos que conjuga igualdade e

diferenccedila como valores indissociaacuteveis e que avanccedila em relaccedilatildeo agrave ideia de equidade

formal ao contextualizar as circunstacircncias histoacutericas da produccedilatildeo da exclusatildeo dentro

e fora da escola (BRASIL 2007)

O contexto educacional inclusivo estaacute pautado portanto nas resoluccedilotildees

discutidas e propostas por esses eventos o que promove certa ldquouniversalizaccedilatildeordquo do

que seria uma ldquoeducaccedilatildeo para todosrdquo No Brasil o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo assumiu

as orientaccedilotildees contidas nesses documentos cabendo aos Estados e Muniacutecipios a

particularizaccedilatildeo do atendimento aos diversos contextos E na praacutetica a educaccedilatildeo

inclusiva vem sendo um grande desafio pois vem reorientando as redes municipais

de ensino a uma reorganizaccedilatildeo por propor novas demandas e redefinir

competecircncias e responsabilidades (GARCIA 2008)

Eacute possiacutevel dizer que o conceito de ldquoescola para todosrdquo implica no

reconhecimento dos conteuacutedos acadecircmicos e do sistema cientiacutefico e sistemaacutetico

poreacutem sem restringir os alunos ou tentar dominaacute-los a qualquer custo (MANTOAN

2006)

A inclusatildeo escolar da pessoa com necessidades educacionais especiais

tornou-se um tema de grande relevacircncia e por isso mesmo vem ganhando espaccedilo

cada vez maior em debates e discussotildees que explicitam a necessidade de a escola

atender agraves diferenccedilas intriacutensecas agrave condiccedilatildeo humana (SILVEIRA e NEVEZ 2006)

Segundo as Diretrizes da Poliacutetica Nacional da Educaccedilatildeo Especial na

Perspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva (BRASIL 2007) o acesso agrave educaccedilatildeo tem iniacutecio

na educaccedilatildeo infantil na qual se desenvolvem as bases necessaacuterias para a

construccedilatildeo do conhecimento e desenvolvimento global do aluno Nessa etapa o

luacutedico o acesso agraves formas diferenciadas de comunicaccedilatildeo a riqueza de estiacutemulos

nos aspectos fiacutesicos emocionais cognitivos psicomotores e sociais e a convivecircncia

com as diferenccedilas favorecem as relaccedilotildees interpessoais o respeito e a valorizaccedilatildeo

da crianccedila

35

Conforme o tema do presente estudo sobre a inclusatildeo da crianccedila pequena

ressalta-se que a Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo - LDB (939496) jaacute

apontava em seu paacuteragrafo 3ordm que a oferta do atendimento em Educaccedilatildeo Especial

enquanto dever do Estado tambeacutem deve ser ofertado na faixa etaacuteria de zero aos

seis anos de idade E antes disso a Declaraccedilatildeo de Salamanca (1994) indicava que

eacute necessaacuterio garantir identificaccedilatildeo das condiccedilotildees e necessidades especiais assim

como garantir procedimentos de intervenccedilatildeo o mais precoce possiacutevel

Nesse sentido do nascimento aos trecircs anos o atendimento educacional

especializado se expressa por meio de serviccedilos de estimulaccedilatildeo precoce que

objetivam o processo de desenvolvimento e aprendizagem em interface com os

serviccedilos de sauacutede e assistecircncia social (BRASIL 2007) E todas as etapas e

modalidades da educaccedilatildeo baacutesica o Atendimento Educacional Especializado deve

ser organizado para apoiar o desenvolvimento dos alunos constituindo oferta

obrigatoacuteria dos sistemas de ensino Deve ser realizado no turno inverso ao da classe

comum na proacutepria escola ou centro especializado que realize esse serviccedilo

educacional (BRASIL 2007 BRASIL 2011)

Em virtude da orientaccedilatildeo acima descrita infere-se que esta certamente

colaborou para a ampliaccedilatildeo do acesso de crianccedilas pequenas com necessidades

especiais em condiccedilatildeo de inclusatildeo no ensino regular especialmente na educaccedilatildeo

infantil o que por sua vez pressupotildee adequaccedilotildees para garantir um atendimento de

qualidade desde tenra idade

Segundo Arnais (2003) possibilitar o acesso agrave educaccedilatildeo em contextos

educacionais natildeo excludentes o mais precoce possiacutevel proporcionaria para a crianccedila

com necessidades especiais uma melhor compreensatildeo de si mesma e dos outros e

aos colegas de turma e de escola uma experiecircncia de convivecircncia harmocircnica com

as diferenccedilas

Desse modo resume-se que alguns dos fundamentais princiacutepios do ideaacuterio da

educaccedilatildeo inclusiva satildeo o direito agrave educaccedilatildeo o direito agrave igualdade de oportunidades

o que natildeo significa um lsquomodo igualrsquo de educar a todos e sim dar a cada um o que

necessita em funccedilatildeo de suas caracteriacutesticas e necessidades individuais escolas

responsivas e de boa qualidade o direito agrave aprendizagem e o direito agrave participaccedilatildeo

(CARVALHO 2009 OLIVEIRA 2010) O que estaacute consonante com a ilustraccedilatildeo de

ALVES (2008) como benefiacutecios de uma ldquoescola abertardquo a todos sentimento de

pertencimento maior qualidade da educaccedilatildeo para todos e combate a todas as

36

formas de discriminaccedilatildeo Com isso se procura garantir ocasiotildees de muacuteltiplas

interaccedilotildees nos ambientes das creches e preacute-escolas natildeo excluindo de forma

alguma a crianccedila com necessidades educacionais especiais de modo que todas as

crianccedilas tenham a oportunidade de aprender com as contribuiccedilotildees de cada um de

seus colegas em uma relaccedilatildeo de alteridade (OLIVEIRA 2010)

Poreacutem na realidade praacutetica da educaccedilatildeo inclusiva ainda existem muitos

desafios e dificuldades Ainda que nos uacuteltimos vinte anos conceitos como exclusatildeo

e inclusatildeo educacionais tenham se tornado cada vez mais recorrentes nas

pesquisas documentos oficiais e na fala de gestores e professores pode-se afirmar

que uma educaccedilatildeo que busca primar pela qualidade de todos os alunos esbarra em

desigualdades de diversas naturezas (sociais eacutetnicas raciais e de gecircnero)

presentes na sociedade brasileira que historicamente acumula um quadro de

exclusotildees e contradiccedilotildees marcado por poliacuteticas laacutebeis e inconsistentes (SEKKEL

ZANELATTO e BRANDAtildeO 2010 MOREIRA BOLSANELLO e SEGER 2011)

Souza e Batista (2008) destacam que em muitas situaccedilotildees crianccedilas pequenas

que estatildeo em inclusatildeo educacional permanecem mais isoladas especialmente as

que apresentam alteraccedilotildees fiacutesicas por serem consideradas incapazes de se

locomover e explorar ambientes e objetos Isto representa a perda de momentos

importantes de interaccedilatildeo social ficando isoladas do contato com parceiros com

semelhanccedila de idade e tendo suas interaccedilotildees restritas agrave relaccedilatildeo com o adulto

cuidador (SOUZA e BATISTA 2008)

Outrossim eacute possiacutevel verificar uma concepccedilatildeo de inclusatildeo restrita ao

atendimento de crianccedilas com deficiecircncias enquanto as necessidades das demais

crianccedilas e dos profissionais que trabalham na escola satildeo muitas vezes

desconsideradas O isolamento e o envolvimento com questotildees marginais do

trabalho pedagoacutegico satildeo pontos centrais a serem considerados no enfrentamento

das barreiras atitudinais para a construccedilatildeo de um ambiente inclusivo (SEKKEL

ZANELATTO e BRANDAtildeO 2010)

Outro aspecto que merece atenccedilatildeo eacute a formaccedilatildeo dos pedagogos e professores

que atendem agraves crianccedilas pequenas com deficiecircncia na educaccedilatildeo infantil pois

demonstram em vaacuterios estudos natildeo possuiacuterem conhecimentos suficientes para lidar

com as particularidades que envolvem as diferentes condiccedilotildees de deficiecircncia tal

como a intelectual ou a fiacutesica conforme evidenciado nos estudos de Melo e Ferreira

(2009) e de Vitta Vitta e Monteiro (2010)

37

Esse uacuteltimo estudo traz concepccedilotildees de professores de educaccedilatildeo infantil que

atendem crianccedilas com deficiecircncia e nas quais demonstram crer que a principal

contribuiccedilatildeo do processo de inclusatildeo eacute a socializaccedilatildeo destas crianccedilas (VITTAVITTA

e MONTEIRO 2010) Tambeacutem ressaltam nesse estudo terem encontrado problemas

com o espaccedilo fiacutesico recursos materiais e humanos relativos agrave formaccedilatildeo do

professor desse modo os autores consideram que eacute preciso possibilitar aos

professores uma formaccedilatildeo que abranja conhecimentos sobre as diferentes

deficiecircncias e as necessidades educacionais relativas a estas propiciando a

adequaccedilatildeo do espaccedilo fiacutesico e dos recursos materiais aleacutem de assistecircncia

educacional especiacutefica (VITTA VITTA e MONTEIRO 2010)

Drago (2005) percebeu que a inclusatildeo da crianccedila na Educaccedilatildeo Infantil ainda se

daacute como mera integraccedilatildeo ou seja baseada no princiacutepio que quem deve mudar eacute o

aluno ele eacute quem deve se adequar agrave escola e natildeo o contraacuterio No estudo de

Mendes (2010) as educadoras avaliaram que o princiacutepio da inclusatildeo eacute vaacutelido

embora difiacutecil de ser colocado em praacutetica

Desse modo eacute possiacutevel perceber dados indicando que a inclusatildeo de crianccedilas

com necessidades especiais eacute vista com reservas pelos profissionais da Educaccedilatildeo

Infantil explicitando ideias preconcebidas sobre a deficiecircncia Eles se justificam pela

falta de conhecimento do desenvolvimento infantil e dos fatores que o envolvem

bem como pelo fato de os profissionais vincularem suas atividades agraves experiecircncias

pessoais (VITTA 2004 VITTA 2010)

Vital (2012) infere em sua pesquisa com crianccedilas com idade entre quatro e seis

anos que haacute a necessidade de se discutir e promover accedilotildees que auxiliem na

identificaccedilatildeo do preconceito nessa faixa etaacuteria

Drago (2005) faz referecircncias ao papel do educador de educaccedilatildeo infantil

enquanto importante modelo no que se refere ao entendimento acolhimento e

aceitaccedilatildeo da crianccedila pequena com deficiecircncia na turma Bazon (2009) constatou

que atitudes de preconceito barreiras atitudinais e falta de informaccedilatildeo por parte de

professores afetam profundamente o processo de inclusatildeo da crianccedila pequena

Nesse sentido Bartalotti (2004) percebeu que a construccedilatildeo de histoacuterias de sucesso

na inclusatildeo de crianccedilas com necessidades especiais na Educaccedilatildeo Infantil envolve a

orientaccedilatildeo apoio e momentos de reflexatildeo e discussatildeo sobre o papel dos

educadores junto a accedilotildees inclusivas e as singularidades desse alunado

38

Jaacute Fernandes Bolsanello e Moreira (2008) indicam pelo menos dois grandes

desafios para a inclusatildeo da crianccedila pequena na educaccedilatildeo infantil a) a ainda vigente

visatildeo cliacutenico-assistencialista da deficiecircncia o que nos primeiros anos de vida faz

com que a crianccedila seja vista como enferma ou doente e b) as condiccedilotildees de

acolhimento e orientaccedilatildeo agraves famiacutelias nos primeiros meses de vida da crianccedila com

deficiecircncia o que resulta em um grande nuacutemero de vezes na dificuldade de

aceitaccedilatildeo da condiccedilatildeo de deficiecircncia da crianccedila por sua famiacutelia e na falta de

observacircncia do potencial de promoccedilatildeo do desenvolvimento dessa crianccedila desde

tenra idade

No que se refere agraves famiacutelias das crianccedilas com necessidades especiais haacute a

evidecircncia da necessidade de um acompanhamento antes durante e apoacutes a

inclusatildeo propriamente dita de modo a apoiaacute-las nos momentos de busca e escolha

da escola de adaptaccedilatildeo da crianccedila ao novo ambiente e de transiccedilatildeo dos

atendimentos oferecidos pela instituiccedilatildeo especializada para outros setores (LUIZ e

NASCIMENTO 2012)

Igualmente Benincasa (2011) destaca a) a importacircncia da articulaccedilatildeo entre

os campos da educaccedilatildeo especial e da educaccedilatildeo infantil na construccedilatildeo de propostas

pedagoacutegicas que sirvam como suporte aos diferentes sujeitos envolvidos

(professores comunidade famiacutelia e crianccedila) para a efetiva permanecircncia do aluno

com necessidades especiais no ensino comum b) a presenccedila de uma variedade de

modos de recepccedilatildeo e compreensatildeo do movimento de inclusatildeo escolar por parte dos

educadores envolvidos e c) o reconhecimento de que o local de instituiccedilatildeo

(estrutura fiacutesica e questotildees relacionadas agrave acessibilidade por exemplo) produz

impacto para se pensar os processos de escolarizaccedilatildeo de seus alunos e a tomada

de decisatildeo relativa a esses processos

Franccedila (2008) observou a influecircncia positiva da estimulaccedilatildeo assistemaacutetica

realizada por meio das interaccedilotildees sociais em sala regular para o desenvolvimento

motor e interaccedilatildeo social de crianccedilas cegas menores de cinco anos e Amaro (2004)

evidenciou a importacircncia de se observar e refletir sobre a singularidade do aluno

com necessidades especiais para que esta seja respeitada e valorizada

Assim percebe-se que educaccedilatildeo inclusiva eacute uma reforma educacional que

abarca um acircmbito bastante abrangente em diferentes niacuteveis de mudanccedilas como jaacute

afirmado por Rodrigues e Lima-Rodrigues (2011) Tal fato requer a busca constante

39

de se desvencilhar de muitas armadilhas conceituais para que a escola inclusiva

deixe de ser mera proposiccedilatildeo e passe a existir de verdade (DRAGO 2011)

Por fim segundo Mendes (2010) eacute necessaacuterio definir quem satildeo as crianccedilas

com necessidades especiais na idade entre zero e seis anos para que se possam

determinar os criteacuterios de elegibilidade para os programas de detecccedilatildeo e

intervenccedilatildeo precoce e planejar as accedilotildees necessaacuterias tais como alocar recursos

formar pessoal entre outros

24 A FAMIacuteLIA COMO UM MICROSSISTEMA DE DESENVOLVIMENTO HUMANO

E SUA RELACcedilAtildeO COM A CRIANCcedilA PEQUENA COM NECESSIDADES

ESPECIAIS

Reconhecidamente a famiacutelia eacute o contexto primordial de desenvolvimento para

qualquer ser humano Eacute portanto o locus das primeiras relaccedilotildees interaccedilotildees e

conhecimentos pelas crianccedilas espaccedilo no qual iratildeo se conformar as suas

impressotildees de mundo com base nas estruturas relacionais ali dispostas

especialmente entre seus partiacutecipes (SANCHEZ MARTINEZ e PENALVER 2003

MACEDO e MARTINS 2004 SILVA 2010) Por tal as relaccedilotildees familiares satildeo uma

aacuterea de pesquisa dentro do campo da Psicologia do Desenvolvimento que tem

despertado grande interesse dos pesquisadores e inspirando inuacutemeras questotildees

(SOEJIMA 2008)

O conceito de famiacutelia que se tem na atualidade eacute resultado de intensas

modificaccedilotildees sociais econocircmicas culturais e poliacuteticas muitas delas ocorridas nos

uacuteltimos 50 anos (PINHEIRO e BIASOLI-ALVES 2008 WEBER 2008)

Nesse acircmbito revela-se importante lembrar que as transformaccedilotildees no papel

da mulher diante agrave sociedade fizeram com que ocorressem tambeacutem profundas

modificaccedilotildees na organizaccedilatildeo e funcionamento familiar e de seus membros

(PINHEIRO e BIASOLI-ALVES 2008 DESSEN e BRAZ 2005)

As deacutecadas de 60 70 e 80 do seacuteculo passado foram marcadas pela

crescente participaccedilatildeo feminina no contexto econocircmico poliacutetico e social de nosso

paiacutes tambeacutem foi possiacutevel perceber a transiccedilatildeo das relaccedilotildees conjugais e familiares

hierarquizadas para mais igualitaacuterias a queda significativa no nuacutemero de filhos por

casal a regulamentaccedilatildeo do divoacutercio menor desigualdade entre os papeacuteis

40

masculinos e femininos o surgimento de novos valores para a criaccedilatildeo dos filhos e

mudanccedilas na distribuiccedilatildeo das tarefas do lar (RIBEIRO SABOacuteIA BRANCO e

BREGMAN 1998 VIEIRA 1998 DESSEN e TORRES 2002 DEUTSCH 2009)

A partir da deacutecada de 90 em decorrecircncia da transformaccedilatildeo do papel da

mulher diante da sociedade e das demais conjunturas histoacutericas e sociais mostram-

se igualmente importantes o aumento do nuacutemero de divoacutercios de re-casamentos de

famiacutelias monoparentais e o cuidado dos filhos passa a ser mais compartilhado com

outros grupos sociais e os filhos se tornam mais participativos nas decisotildees

familiares (ARRIAGADA 2000 GALANO 2006 DEUTSCH 2009)

Diante de tantas transformaccedilotildees na contemporaneidade estudos que

envolvam a famiacutelia assumem a premissa de que satildeo diversos os tipos e as

possibilidades de arranjos familiares e sua definiccedilatildeo deve estar mais baseada na

opiniatildeo dos membros considerando a afetividade e a proximidade entre eles do que

em variaacuteveis como consanguinidade relacionamento heterossexual divisatildeo da

mesma casa continuidade ao longo da vida por exemplo que por si soacute natildeo definem

famiacutelia (DESSEN 2010)

Portanto ao usar-se o termo famiacutelia na atualidade deve-se levar em

consideraccedilatildeo que cada vez mais o modelo familiar conjugal ndash nuclear ndash

heterossexual com sua prole bioloacutegica inspirado no modelo tradicional se modifica

e transforma o modo como se datildeo as relaccedilotildees entre seus sujeitos e a sociedade

(SILVA 2011) Deste modo ao se fazer referecircncia agrave famiacutelia estaacute se levando em

consideraccedilatildeo a rede de interaccedilotildees que envolvem aspectos cognitivos sociais

afetivos e culturais e outras variaacuteveis que tenham significado entre os sujeitos

envolvidos portanto natildeo evidenciados apenas em laccedilos de consanguinidade

(DESSEN e BRAZ 2005 DESSEN e POLOcircNIA 2007) Ou como jaacute discutido por

DESSEN e BRAZ (2005) o termo famiacutelia em tempos poacutes-modernos eacute

extremamente difiacutecil de ser definido com base no modelo tradicional

Contudo ainda que em transformaccedilatildeo a famiacutelia continua sendo um contexto

que alicerccedila a formaccedilatildeo do ser constituindo-se como matriz da aprendizagem

humana (ALMEIDA 2010)

Para Minuchin Lee e Simon (2008) uma famiacutelia se constitui por um grupo de

pessoas ligadas por laccedilos de emoccedilatildeo eou por consanguinidade e que viveu junto

tempo suficiente para que se criassem padrotildees de interaccedilatildeo entre seus membros

Nessas interaccedilotildees padronizadas os membros da famiacutelia constroem uns aos outros

41

Brofenbrenner (2011) salienta que a importacircncia da famiacutelia natildeo estaacute somente

nas accedilotildees de promoccedilatildeo das capacidades que uma crianccedila tem em aprender a

andar a falar e estudar mas pela formaccedilatildeo de uma pessoa com capacidade de

realizar seu trabalho de pensar claramente de servir a comunidade ou a sociedade

como um todo Em outras palavras Brofenbrenner (2011) define a famiacutelia como um

grupo de pessoas que possui e executa um compromisso irrestrito de bem-estar uns

com os outros

Dada a profunda influecircncia do contexto familiar na constituiccedilatildeo de seus

sujeitos pode-se inferir que haacute nas interaccedilotildees ocorridas nesse microssistema

relacional a possibilidade de que ele venha a se mostrar tanto como fator de risco

quanto de proteccedilatildeo ao desenvolvimento de seus membros Sendo assim ao longo

do tempo aspectos ambientais sociais poliacuteticos transgeracionais culturais e

econocircmicos exercem influecircncia sobre as famiacutelias e a histoacuteria de seus membros

(BRONFENBRENNER 1996 BROFENBRENNER 2011 DINIZ e KOLLER 2010)

Essas influecircncias satildeo facilmente perceptiacuteveis ao se observar o ingresso mais

frequente da mulher-matildee no mercado de trabalho e o processo de migraccedilatildeo das

pessoas que propiciam o distanciamento entre os grupos familiares Ambas as

situaccedilotildees propiciam e fortalecem a necessidade de cuidado infantil extrafamiliar

como o que hoje se entende por creche Em decorrecircncia disso percebe-se

atualmente que o cuidado a educaccedilatildeo e a promoccedilatildeo do desenvolvimento na

infacircncia passaram a ser divididos entre a instituiccedilatildeo e a famiacutelia

Estudos sobre desenvolvimento destacam que a variaacutevel de maior impacto

sobre o desenvolver da crianccedila eacute a relaccedilatildeo com sua famiacutelia e seu ambiente imediato

(ANDRADE 2005)

Os membros que compotildeem a famiacutelia satildeo todos influentes quando se fala de

desenvolvimento infantil contudo a figura paterna e a materna merecem uma

anaacutelise mais aprofundada a respeito de seus papeacuteis e as devidas inter-relaccedilotildees

Nesse sentido destaca-se que o advento proacuteprio ao surgimento de uma crianccedila

provoca muitas transformaccedilotildees tanto em homens quanto em mulheres ambos

passam por momentos de reflexatildeo e de reelaboraccedilatildeo de seus sonhos anseios e por

uma reorganizaccedilatildeo de papeacuteis agora como pais e matildees (BRAZELTON 2002)

A matildee eacute a primeira referecircncia da crianccedila em termos de cuidado afeto

nutriccedilatildeo ela estaacute em outras palavras preparada para enxergar reconhecer as

necessidades de sua crianccedila e isso eacute construiacutedo desde a ideacuteia de crianccedila que ela

42

cria antes mesmo do nascimento (BRUM e SCHERMANN 2004 FERRARI e

PICCININI 2010) Tal situaccedilatildeo faz com que esse viacutenculo tenha uma relevacircncia

ainda maior para o desenvolvimento na infacircncia e mereccedila ampla anaacutelise e maiores

estudos a respeito de seus impactos (ALT e BENETTI 2008)

Por outro lado a figura do pai no desenvolvimento da crianccedila pequena

tambeacutem eacute importante e sua vinculaccedilatildeo com o filho tambeacutem se daacute durante a

gestaccedilatildeo poreacutem com caracteriacutesticas muito proacuteprias Haacute estudos que ilustram a

busca dos pais por interagir com seus bebecircs que ainda estatildeo no ventre materno

seja por meio de cariacutecias ou mesmo conversas com a barriga da gestante e que

eles assim como as matildees podem apresentar certa dificuldade em perceber o bebecirc

como ldquorealrdquo principalmente nos meses iniciais do periacuteodo gestacional (HANSEL

2004 PICCININI et al 2004 CIA WILLIANS e AIELLO 2005) Dessa maneira o

envolvimento emocional paterno daacute-se de modo crescente e muito mais consistente

com o proacuteprio avanccedilar da gravidez em consonacircncia com a evoluccedilatildeo da interaccedilatildeo da

matildee (HANSEL 2004 PICCININI et al 2004 CIA WILLIANS e AIELLO 2005)

Como a figura paterna pode representar intenso apoio emocional e material para a

mulher eacute possiacutevel inferir que seu envolvimento positivo com o processo gestacional

eacute um aspecto importante para a vinculaccedilatildeo afetiva com a crianccedila tambeacutem apoacutes o

parto o que com certeza enriquece essa relaccedilatildeo (matildee-pai-bebecirc) Mesmo com essa

notoacuteria importacircncia da figura paterna eacute possiacutevel constatar que a figura do pai ainda

eacute pouco explorada no campo da pesquisa aspecto indicado tambeacutem em literatura

pertinente (HANSEL 2004 PICCININI et al 2004 CIA WILLIANS e AIELLO 2005)

Para a crianccedila pequena a figura dos pais eacute de suma importacircncia jaacute que eles

a auxiliaratildeo a conhecer o mundo e a reconhecer-se como sujeito Ou seja a famiacutelia

configura-se como o primeiro universo de relaccedilotildees sociais da crianccedila podendo

proporcionar-lhe um ambiente adequado de crescimento e desenvolvimento

Corroborando com esse uacuteltimo aspecto reafirma-se que os primeiros anos de vida

constituem uma importante etapa da existecircncia especialmente criacutetica pois nela

configuram-se as habilidades perceptivas motoras cognitivas linguiacutesticas e sociais

possibilitando uma equilibrada interaccedilatildeo com o externo Seraacute a partir deste primeiro

espaccedilo de relaccedilotildees sociais que a crianccedila entenderaacute o ambiente que a cerca e agiraacute

sobre os elementos do mundo (GAT 2000 BRAZELTON e CRAMER 2002

BRAZELTON e GREENSPAN 2002)

43

Importante considerar tambeacutem que quando existe uma interaccedilatildeo efetiva

entre a crianccedila e os membros de sua famiacutelia o desenvolvimento infantil eacute facilitado

pelas trocas que esta relaccedilatildeo oportuniza (HANSEL 2004)

De forma geral a valorizaccedilatildeo da relaccedilatildeo pai-matildee-crianccedila pequena eacute

importante para que todos se sintam seguros em seus papeacuteis e prosperem como

sujeitos As interaccedilotildees satildeo mutuamente alimentadas quando os sujeitos que dela

participam tecircm espaccedilo e oportunidade de responder agraves necessidades do outro e de

si mesmo Em outras palavras os indiviacuteduos em interaccedilatildeo estatildeo em muacutetua e

constante troca um monitora o outro o que implica no surgimento de respostas

emocionais diversas e interpretaccedilotildees cognitivas as quais afetam a continuidade e a

qualidade dessas interaccedilotildees bem como o comportamento futuro dos sujeitos

envolvidos (HANSEL 2004 PICCININI et al 2004 CIA WILLIANS e AIELLO 2005

DESSEN e BRAZ 2005)

Tem-se conhecimento de que tanto a figura materna quanto a paterna

influencia o processo de desenvolvimento do filho especialmente quando se trata da

crianccedila com distuacuterbios de desenvolvimento ou com deficiecircncias (HANSEL 2004

BOLSANELLO e SOUZA 2004 HANSEL e BOLSANELLO 2009)

Gineacute et al (2009) afirmam sobre a interaccedilatildeo com a famiacutelia que o objetivo

final deve ser o de alcanccedilar uma vida com qualidade lembrando que os pais satildeo os

maiores promotores do desenvolvimento de sua crianccedila No sentido de qualidade

lembra-se que o que caracteriza uma relaccedilatildeo familiar eacute a influecircncia da interaccedilatildeo

entre indiviacuteduos sobre outras interaccedilotildees tal influecircncia eacute vista no efeito cumulativo

das interaccedilotildees ou seja os indiviacuteduos natildeo precisam estar continuamente em

interaccedilatildeo para que sua relaccedilatildeo seja mantida (DESSEN e BRAZ 2005)

Dada agrave profunda influecircncia da famiacutelia na constituiccedilatildeo do sujeito-filho pode-se

inferir que haacute nas interaccedilotildees desse microssistema relacional a possibilidade de ele

mostrar-se tanto como fator de risco quanto protetivo Esta aparente ambiguidade eacute

justificada quando se considera a famiacutelia como o grupo social baacutesico do indiviacuteduo

cuja funccedilatildeo e estrutura satildeo determinantes em seu desenvolvimento As relaccedilotildees

entre pais e filhos satildeo caracterizadas por uma enorme complexidade Ao longo dos

tempos aspectos ambientais sociais poliacuteticos transgeracionais culturais e

econocircmicos exercem influecircncia sobre as famiacutelias e a histoacuteria de seus membros

(HANSEL 2004 PICCININI et al 2004 CIA WILLIANS e AIELLO 2005 DINIZ e

KOLLER 2010)

44

Na famiacutelia os objetivos conteuacutedos e meacutetodos se diferenciam fomentando o

processo de socializaccedilatildeo a proteccedilatildeo as condiccedilotildees baacutesicas de sobrevivecircncia e o

desenvolvimento de seus membros no plano social cognitivo e afetivo Esta eacute

tambeacutem a primeira mediadora entre o homem e sua cultura Portanto a famiacutelia eacute a

matriz da aprendizagem humana com significados e praacuteticas culturais proacuteprias

essas que geram modelos de relaccedilatildeo interpessoal e de construccedilatildeo individual e

coletiva (BRONFENBRENNER 1996 BRONFENBRENNER 2011 GURALNICK

2002)

Dessa maneira os acontecimentos e as experiecircncias familiares propiciam a

formaccedilatildeo de repertoacuterios comportamentais de accedilotildees e resoluccedilotildees de problemas com

significados universais e particulares (BRONFENBRENNER 1996

BRONFENBRENNER 2011 GURALNICK 2002) Essas vivecircncias integram a

experiecircncia individual e coletiva que organiza interfere e a torna uma unidade

dinacircmica que estrutura as formas de subjetivaccedilatildeo e interaccedilatildeo social de seus

membros Nesse sentido tambeacutem se pode afirmar que eacute por meio dessa unidade e

suas interaccedilotildees internas que se concretizam as transformaccedilotildees na sociedade que

por sua vez ocasionam novas influecircncias a seus membros num processo

bidirecional (BRONFENBRENNER 1996 BRONFENBRENNER 2011 GURALNICK

2002)

Igualmente pode-se afirmar que aspectos tais como a escolaridade da matildee e

o desemprego paterno podem ser considerados como preditores bastante confiaacuteveis

para explicitar alteraccedilotildees nos resultados de estudos sobre desenvolvimento infantil

(LORDELO et al 2007)

Tambeacutem a interaccedilatildeo familiar possui um caraacuteter de reciprocidade em suas

relaccedilotildees ou seja o estabelecimento de laccedilos muacutetuos mobiliza a crianccedila para o

desenvolvimento de atividades no seu meio fiacutesico social simboacutelico condutores da

sua atividade exploratoacuteria manipuladora criativa e imaginativa logo essa

capacidade comeccedila a desenvolver-se desde o nascimento do bebecirc e aprimora-se ao

longo do tempo e por outro lado o proacuteprio desenvolvimento parental eacute influenciado

pelo comportamento e desenvolvimento dos filhos o que mais uma vez reforccedila a

ideia do desenvolvimento como um processo dinacircmico influenciado pelos vaacuterios

sistemas que o constituem (BRONFENBRENNER 1996 BRONFENBRENNER

2011)

45

Sendo assim quando haacute situaccedilotildees de risco ou problemas nos quais a famiacutelia

precise contar com algum tipo de apoio pode - se afirmar que a principal rede de

apoio eacute a proacutepria interaccedilatildeo entre seus membros especialmente entre os genitores

ou cuidadores principais (BRONFENBRENNER 1996 BRONFENBRENNER 2011

DESSEN e BRAZ 2005) Isso porque o estabelecimento do viacutenculo portanto de

uma relaccedilatildeo de afeto estaacutevel e contiacutenua pode ser considerado o principal elemento

de superaccedilatildeo da mudanccedila para todos os membros dessa unidade primordial E

seratildeo tais viacutenculos que por meio do alimentar brincar ou confortar uma crianccedila

ativaratildeo sentimentos como cumplicidade ternura carinho que se verificam como

contributos para o delineamento do curso da vida Lembra-se que natildeo satildeo apenas

as experiecircncias objetivas que pesam e influenciam o desenvolvimento humano as

subjetivas igualmente auxiliam na formaccedilatildeo do repertoacuterio global dos sujeitos em

evoluccedilatildeo (BRONFENBRENNER 1996 BRONFENBRENNER 2011 DINIZ e

KOLLER 2010)

Nesse sentido a interaccedilatildeo entre microssistemas tais como famiacutelia e escola

ou a creche pode ser um espaccedilo de reforccedilo e orientaccedilatildeo direta ou indireta dessa

rede de apoio primordial (PEREIRA-SILVA e DESSEN 2004 DESSEN e POLONIA

2007) Por outro lado um canal de comunicaccedilatildeo famiacutelia-instituiccedilatildeo ruim falha como

recurso motivacional e de interesse da famiacutelia em relaccedilatildeo ao atendimento da crianccedila

(ORTIZ e FAVARO 2004)

Ressalta-se portanto que o atendimento educacional na infacircncia

especialmente o que eacute voltado agrave crianccedila pequena deve ser baseado no trabalho

colaborativo e cooperativo no compartilhamento de responsabilidades e

informaccedilotildees com a famiacutelia lhes conferindo o empoderamento necessaacuterio para

usufruiacuterem de suas capacidades e potencialidades enquanto cuidadores auxiliando-

os a lidar com os percalccedilos e limites que possam ser motivados pelas

especificidades do filho (ROMERO 2003 GINEacute et al 2009)

Tais aspectos devem ser levados em consideraccedilatildeo principalmente porque a

crianccedila na primeira infacircncia tem necessidades desenvolvimentais muito proacuteprias

as quais devem ser conhecidas e respeitadas tanto pela famiacutelia quanto pela

instituiccedilatildeo que a atende

Ao posicionar o papel da famiacutelia na concepccedilatildeo da Atenccedilatildeo Precoce retoma-

se que em uma perspectiva transacional o desenvolvimento infantil pode ser

entendido como produto de interaccedilotildees dinacircmicas entre a crianccedila a famiacutelia e o

46

contexto (SAMEROFF e FIESE 2000) Essa perspectiva amplia a visatildeo da

costumeira abordagem linear e unidirecional que modelos tradicionais de

atendimento ao desenvolvimento infantil possuem reconhecendo a influecircncia da

interaccedilatildeo de diversos fatores na conformaccedilatildeo da pessoa-crianccedila em

desenvolvimento e tambeacutem influencia profundamente o atendimento agrave crianccedila

pequena com deficiecircncia por transformar esse uacuteltimo em uma abordagem centrada

na famiacutelia (SAMEROFF E FIESE 1990 2000 SERRANO 2007)

Nesse sentido vaacuterios estudos a respeito da relaccedilatildeo entre famiacutelia e

desempenho desenvolvimental da crianccedila confirmam que os pais satildeo importantes

agentes moduladores das experiecircncias de seus filhos de tal maneira que suas

accedilotildees podem se constituir em riscos para o desenvolvimento infantil (BARROS et al

2003 MANCINI et al 2004 AMORIM et al 2009 SARTORI SACANI e VALENTINI

2010)

Em consonacircncia Amorin et al (2009) perceberam em seu

estudo que as crianccedilas que dispunham de menor tempo diaacuterio com suas matildees

apresentaram maior frequecircncia de deacuteficit em equiliacutebrio estaacutetico quando comparadas

agravequelas que permaneciam mais tempo com a matildee sugerindo a presenccedila materna

como um fator de proteccedilatildeo para a aquisiccedilatildeo dessa habilidade Igualmente Barros et

al (2003) evidenciaram em sua pesquisa que podem se constituir em fatores de

risco para o desenvolvimento da crianccedila pequenas situaccedilotildees como ausecircncia do pai

utilizaccedilatildeo de brinquedos inadequados para a faixa etaacuteria o local onde a crianccedila era

mantida em idades precoces da infacircncia a falta de orientaccedilatildeo pedagoacutegica e de

socializaccedilatildeo extrafamiliar precoce e a baixa condiccedilatildeo socioeconocircmica familiar Jaacute

os resultados do estudo de Sartori Sacani e Valentini (2010) sugerem uma diferenccedila

significativa entre o desempenho desenvolvimental dos bebecircs filhos de adolescentes

e os nascidos de matildees adultas ressaltando a possibilidade de a idade materna ser

um fator de risco para a ocorrecircncia de atrasos no desenvolvimento

Diante dos elementos acima se soma a orientaccedilatildeo de Brazelton e Cramer

(2002) na qual evidenciam que quando os pais apreciam e valorizam o repertoacuterio

comportamental de seus bebecircs estatildeo prontos a entrar em um diaacutelogo com eles

Ainda conforme esses autores os profissionais que datildeo apoio aos pais facilitando e

apresentando o repertoacuterio das crianccedilas agrave famiacutelia colaboram com o fortalecimento

dos primeiros viacutenculos e com a promoccedilatildeo do desenvolvimento na infacircncia Aleacutem de

que avaliar a estimulaccedilatildeo disponiacutevel para a crianccedila dentro de uma determinada

47

famiacutelia pode fornecer elementos importantes para as poliacuteticas de sauacutede e educaccedilatildeo

a serem programadas pelos organismos puacuteblicos (MARTINS et al 2004 )

Portanto a essecircncia da relaccedilatildeo materna e paterna com a crianccedila eacute a

reciprocidade Ou seja os cuidadores devem estar acessiacuteveis quando a crianccedila

precisa deles devendo mostrar que haacute interesse no que ela apresenta orientando

quanto a limites e possibilidades Ao demonstrar isso o bebecirc com seus recursos

responderaacute alimentando esse circuito ou sistema de comunicaccedilatildeo Nesse sentido haacute

a importacircncia de se orientar aos cuidadores o mecanismo de comunicaccedilatildeo com sua

crianccedila lembrando-lhes dos efeitos devastadores que riscos como os jaacute indicados

anteriormente podem ocasionar nesse sistema de comunicaccedilatildeo reciacuteproca com o

bebecirc (BRAZELTON 1990 BRAZELTON e CRAMER 2002)

Por esses motivos eacute que se entende como necessaacuterio destacar a

importacircncia de accedilotildees interventivas e de orientaccedilotildees que considerem o papel de pais

ou outros cuidadores principais como uma forma de propiciar prevenccedilatildeo de

possiacuteveis futuros deacuteficits no desenvolvimento infantil e mesmo de minimizar

alteraccedilotildees desenvolvimentais jaacute estabelecidas na infacircncia (BARBA MARTINEZ e

CARRASCO 2003) Pois assim como a crianccedila cuja deficiecircncia jaacute foi identificada

haacute aquele indiviacuteduo que frequenta a educaccedilatildeo infantil e que pode apresentar

alteraccedilatildeo em seu desenvolvimento seja por privaccedilatildeo de estiacutemulos adequados seja

por lesotildees agraves que quando natildeo detectadas ou natildeo atendidas podem comprometer a

maturaccedilatildeo neuropsicoloacutegica o que traz implicaccedilotildees para outras instacircncias do

desenvolvimento humano (GAT 2000)

Nessa perspectiva torna-se destaque que os programas vinculados agrave sauacutede

infantil devem estar voltados tambeacutem para o ambiente educacional da crianccedila pois

nele ela se estrutura como um ser individual e social capaz de interagir com outros

niacuteveis de amplitude e de construir espaccedilos entre os setores sociais envolvidos no

processo de construccedilatildeo de uma vida saudaacutevel (MARTINS et al 2004) Isso se

justifica tambeacutem em pesquisas que reforccedilam a importacircncia da aproximaccedilatildeo entre

famiacutelia e educadoras da educaccedilatildeo infantil como modo de auxiliar no

desenvolvimento da crianccedila pequena com ou sem deficiecircncia (CUEVAS 2003

MACARINI MARTINS e VIEIRA 2009)

Especificamente sobre a Educaccedilatildeo Infantil haacute estudos que evidenciam que

quando ocorrem accedilotildees de avaliaccedilatildeo do desenvolvimento infantil ou mesmo

intervenccedilatildeo precoce no contexto da creche haacute grandes ganhos para o

48

desenvolvimento das crianccedilas ali inseridas (BARBA MARTINEZ e CARRASCO

2003 SOEJIMA 2008 BALTIERI et al 2010) Isso posto salienta-se que a inclusatildeo

educacional natildeo se faz apenas com a adaptaccedilatildeo do espaccedilo mas tambeacutem com a

modificaccedilatildeo de conceitos e condutas sobre a pessoa com deficiecircncia (MANTOAN

2004 MAZZOTA 2003)

Por outro lado investigar como o contexto da creche se mostra diante da

atenccedilatildeo ao desenvolvimento infantil da crianccedila com e sem necessidades especiais

(elencar as dificuldades das educadoras em lidar com a promoccedilatildeo ou estimulaccedilatildeo

do desenvolvimento) auxilia na criaccedilatildeo de accedilotildees que transformem esse ambiente

tornando-o mais inclusivo ampliando a qualidade de seu atendimento e das

relaccedilotildees com a comunidade que atende (BARBA MARTINEZ e CARRASCO 2003

CUEVAS 2003 VITTA 2010 VITTA VITTA e MONTEIRO 2010)

Com base no referencial sobre o tema abordado neste trabalho verifica-se

que para a implementaccedilatildeo de programas de atendimento agrave crianccedila pequena com

necessidades especiais - seja dentro da Educaccedilatildeo Infantil ou na Educaccedilatildeo Especial

- eacute necessaacuterio que os profissionais envolvidos tomem conhecimento a respeito dos

muacuteltiplos fatores de risco e proteccedilatildeo que norteiam o desenvolvimento na infacircncia

com ecircnfase em uma perspectiva ecoloacutegica levando em consideraccedilatildeo as interaccedilotildees

transacionais entre a crianccedila e o ambiente e vice-versa Para tal torna-se

necessaacuteria tambeacutem a construccedilatildeo e o seguimento de um marco teoacuterico e conceitual

que sirva de guia para os serviccedilos de atendimento agrave infacircncia (GURALNIK 2008)

Com estes conhecimentos eacute possiacutevel colocar em praacutetica a criaccedilatildeo de programas de

intervenccedilatildeo em crianccedilas com riscos bioloacutegicos e ambientais e prevenir o surgimento

ou o agravamento de alteraccedilotildees no desenvolvimento sejam elas de origem motora

sensorial intelectual ou emocional tanto na educaccedilatildeo especial quanto na educaccedilatildeo

infantil (FORMIGA e PEDRAZZANI 2004)

Por fim ressalta-se que em virtude dos dados acima correlacionados eacute que

decorre o interesse em investigar concepccedilotildees de pais de crianccedilas com

necessidades especiais e de seus educadores acerca da inclusatildeo educacional na

primeira infacircncia tendo em vista tambeacutem as condiccedilotildees de promoccedilatildeo do

desenvolvimento infantil desse alunado dentro de Centros Municipais de Educaccedilatildeo

Infantil - CMEI

49

25 A INSTITUICcedilAtildeO DE EDUCACcedilAtildeO INFANTIL COMO UM CONTEXTO DE

DESENVOLVIMENTO

Na realidade brasileira os serviccedilos da Educaccedilatildeo Infantil vecircm se

configurando como uma opccedilatildeo de cuidado e educaccedilatildeo amplamente utilizada pelas

famiacutelias contemporacircneas Vaacuterios fatores estatildeo envolvidos entre eles o ingresso da

mulher no mercado de trabalho as novas possibilidades de arranjos familiares o

movimento migratoacuterio das pessoas do interior para cidades maiores com mais

acesso a oportunidades de trabalho e educaccedilatildeo o que faz com que nem sempre a

matildee trabalhadora tenha apoio para o cuidado da sua crianccedila e tambeacutem como

recurso para a parcela da populaccedilatildeo que possui condiccedilotildees socioeconocircmicas

desfavoraacuteveis (RAPOPORT e PICCININI 2004 CERISARA 2002 ROSSETTI-

FERREIRA RAMON e SILVA 2002 CAMPOS 1999 ROSSETTI-FERREIRA

AMORIM e VITOacuteRIA 1994 MOREIRA e LORDELO 2002)

Historicamente esse serviccedilo vem passando por vaacuterias modificaccedilotildees ao longo

dos anos Especialmente nas uacuteltimas trecircs deacutecadas a educaccedilatildeo extrafamiliar de

bebecircs e crianccedilas pequenas tem sido marcada por profundas mudanccedilas sociais

culturais poliacuteticas e econocircmicas que entre outros fatores afetaram as relaccedilotildees

sociais o mundo do trabalho as estruturas familiares os sistemas de ensino a

imagem de crianccedila e o lugar que nossos pequenos ocupam nas instituiccedilotildees

educativas e na sociedade (FERNANDES 2011) Em suma pode-se afirmar que

essas modificaccedilotildees tambeacutem contribuiacuteram para que a Educaccedilatildeo Infantil tivesse

acentuada a sua funccedilatildeo pedagoacutegica deixando para traacutes o caraacuteter assistencialista

que teve em sua origem (OLIVEIRA et al 2006 WEBER et al 2006 VERIacuteSSIMO e

FONSECA 2003)

Nessa transiccedilatildeo de entendimento de sua funccedilatildeo na medida em que se foi

ampliando o nuacutemero de matriacuteculas adquirindo maior espaccedilo em pesquisas no paiacutes

nos debates sociais suas fragilidades foram se destacando o que levou aos

resultados dos primeiros estudos sobre a qualidade desse serviccedilo os quais

indicavam uma situaccedilatildeo generalizada de precarizaccedilatildeo verificada tanto em aspectos

fiacutesicos (instalaccedilotildees ruins materiais pedagoacutegicos e equipamentos em escassez ou

completa ausecircncia) quanto em aspectos humanos (baixa escolaridade dos

profissionais falta de formaccedilatildeo dos educadores ausecircncia de projeto pedagoacutegico

50

problemas de interaccedilatildeo instituiccedilatildeondashfamiacutelia) (CAMPOS FUumlLGRAFF e WIGGERS

2006 FERNANDES 2011) Tais resultados satildeo importantes pois reforccedilam as

discussotildees sobre a necessidade de um atendimento de qualidade como parte dos

direitos da crianccedila

Ainda nesse sentido por uma concepccedilatildeo da crianccedila como um ser de direitos

foram importantes documentos como a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 o Estatuto da

Crianccedila e do Adolescente ECA ndash Lei nordm 806990 e a Lei de Diretrizes e Bases da

Educaccedilatildeo Nacional LDB ndash Lei nordm939496 (CAMPOS 1999 CAMPOS FUumlLGRAFF e

WIGGERS 2006 ROSSETIndashFERREIRA RAMON e SILVA 2002 BRASIL 2012)

Para Campos (1999) a Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional

(BRASIL 2012) eacute a que promoveu as maiores modificaccedilotildees na Educaccedilatildeo pois

influenciou vaacuterios aspectos em todos os niacuteveis educacionais do paiacutes dentre os

quais o sistema de financiamento o curriacuteculo nacional os sistemas de avaliaccedilatildeo o

uso de novas tecnologias a organizaccedilatildeo da gestatildeo e as possibilidades de se

estabelecer parcerias com organizaccedilotildees natildeo governamentais Entre os itens

indicados por essa autora haacute pelo menos dois que satildeo considerados de extrema

relevacircncia para a Educaccedilatildeo Infantil a) a definiccedilatildeo da Educaccedilatildeo Infantil como

primeira etapa da Educaccedilatildeo Baacutesica ndash fato que transfere a responsabilidade

desta para oacutergatildeos de educaccedilatildeo b) a exigecircncia de formaccedilatildeo preacutevia

(preferencialmente niacutevel superior admitindo-se ainda no miacutenimo o magisteacuterio

ndash no niacutevel de ensino meacutedio) para educadores e professores que se dedicam

ao trabalho com crianccedilas pequenas (CAMPOS FUumlLGRAFF e WIGGERS

2006 ROSSETIndashFERREIRA RAMON e SILVA 2002)

Outros documentos de impacto na organizaccedilatildeo do atendimento de crianccedilas

pequenas foram as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo Infantil

(BRASIL 2010) e o Plano Nacional de Educaccedilatildeo PNE (BRASIL 2001) O primeiro

porque ofereceu subsiacutedios para os projetos pedagoacutegicos das prefeituras e das

unidades de Educaccedilatildeo Infantil e o segundo por ter estabelecido padrotildees miacutenimos

para a infra-estrutura das instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Infantil bem como definiu

as metas de expansatildeo desse atendimento no paiacutes (CAMPOS FUumlLGRAFF e

WIGGERS 2006)

Atualmente segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo

Infantil (BRASIL 2010) o ensino infantil eacute a primeira etapa da Educaccedilatildeo Baacutesica

ofertada por espaccedilos institucionais denominados creches e preacute-escolas em caraacuteter

51

natildeo domeacutestico que constituem estabelecimentos educacionais puacuteblicos ou privados

nos quais se prima pela educaccedilatildeo e cuidado de crianccedilas de 0 a 5 anos de idade no

periacuteodo diurno em jornada integral ou parcial regulados e supervisionados por

oacutergatildeo competente do sistema de ensino e submetidos a controle social

Destaca-se que o acesso ao atendimento em Educaccedilatildeo Infantil

especialmente na faixa etaacuteria entre 0 e 3 anos vem crescendo significativamente

nas diferentes regiotildees brasileiras o que justifica a necessidade de se ampliar os

estudos e pesquisas nessa aacuterea tambeacutem como uma maneira de possibilitar

elementos que promovam a qualidade desse serviccedilo (CAMPOS et al 2011)

Poreacutem mesmo diante desse crescimento e das transformaccedilotildees no

atendimento de Educaccedilatildeo Infantil indicadas anteriormente os serviccedilos e estudos

que evidenciem a crianccedila pequena em particular na faixa etaacuteria de 0 a 3 anos tecircm

sido negligenciados (FERNANDES 2011)

Diante das especificidades da Educaccedilatildeo Infantil e sua evoluccedilatildeo poliacutetica e

histoacuterica merecem particular atenccedilatildeo os sujeitos que a compotildeem especialmente os

educadores a famiacutelia e a crianccedila

251 Concepccedilotildees Sobre A Praacutetica Educativa Institucionalizada Aspectos

Relevantes Para A Promoccedilatildeo Do Desenvolvimento Infantil e Para Uma

Proposta Inclusiva

Dentro de um panorama no qual a crianccedila pequena eacute inserida no cuidado

institucionalizado desde tenra idade e no qual passa cerca de 4 a 8 horas por dia

distante de sua famiacutelia o educador de creche adquire uma funccedilatildeo importante

perante o desenvolvimento infantil natildeo apenas de cuidar e educar senatildeo de

complementar e agraves vezes de suplementar a atenccedilatildeo familiar agrave infacircncia (SILVA e

BOLSANELLO 2002 WINNICOTT 1975 ELTINK 1999) Assim as concepccedilotildees

que permeiam o atendimento satildeo fundamentais pois podem reforccedilar e manter

determinadas accedilotildees agraves vezes distorcidas do que eacute necessaacuterio ou recomendaacutevel

para a praacutetica pedagoacutegica (SCHULTZ 2002 PACHECO E DUPRET 2004)

O cuidado de crianccedilas pequenas durante muito tempo esteve atrelado agrave

figura da mulher sensiacutevel e carinhosa que possuiacutea o perfil de ldquomatildeerdquo e gostava de

52

cuidar de crianccedilas o que fortaleceu o caraacuteter leigo e assistencialista dessa funccedilatildeo

(OLIVEIRA et al 2006 WEBER et al 2006 VERIacuteSSIMO E FONSECA 2003

CERISARA 2002)

Ainda como parte dessa concepccedilatildeo o atendimento voltado para as crianccedilas

menores ocupou - e ainda ocupa - o lugar da necessidade da desproteccedilatildeo da

fragilidade de um trabalho voltado para a alimentaccedilatildeo a higiene o abrigo e o apoio

para o caso de ausecircncia familiar (FERNANDES 2011 GUIMARAtildeES 2011 SOUZA

2008) Tal situaccedilatildeo parece ter corroborado com a desvalorizaccedilatildeo do profissional de

creche em especial o que trabalha com berccedilaacuterio e com a dificuldade em se

estabelecer uma identidade pedagoacutegica nesse serviccedilo (SOUZA 2008 OLIVEIRA et

al 2006 MELCHIORI e ALVES 2001)

Como bem lembra Ramos (2006) a Educaccedilatildeo Infantil embora sua histoacuteria

remonte mais de um seacuteculo como cuidado e educaccedilatildeo extrafamiliar somente nos

uacuteltimos anos passou a ser inserida numa perspectiva educacional em resposta aos

movimentos sociais em defesa dos direitos das crianccedilas

Como parte dessa transiccedilatildeo do assistencialismo para a funccedilatildeo pedagoacutegica

alguns temas passaram a fazer parte das discussotildees no acircmbito profissional da

Educaccedilatildeo Infantil e de pesquisas na aacuterea com mais frequecircncia os quais facilmente

se destacam formaccedilatildeo profissional desenvolvimento infantil relaccedilatildeo adulto-crianccedila

viacutenculo planejamento diversidade competecircncia infantil entre outros Nesse

sentido tambeacutem se deve levar em conta que parece ser inevitaacutevel a revisatildeo das

bases e paradigmas educacionais vigentes pois haacute que se promover um diaacutelogo

com as mudanccedilas inerentes ao mundo atual (GOMES 2009)

Com a execuccedilatildeo de pesquisas na aacuterea descortinou-se aspectos muito

relevantes e contraditoacuterios do trabalho do educador de creche os quais ajudam a

perceber concepccedilotildees e necessidades e fazem entender quais pilares vem

suportando esse atendimento

Lordelo (1995 1998) indicou em seus estudos que os educadores natildeo se

mostravam como parceiros do desenvolvimento infantil pois trabalhavam em funccedilatildeo

de responder agraves necessidades mais imediatas e predominantemente fiacutesicas das

crianccedilas atendidas Melchiori e Alves (2001) revelam que os educadores natildeo tecircm

consciecircncia de sua funccedilatildeo como promotores de desenvolvimento infantil Jaacute

Veriacutessimo e Fonseca (2003) perceberam que o atendimento de bebecircs na creche eacute

fortemente centrado na atenccedilatildeo quanto agrave higiene e alimentaccedilatildeo

53

Vitta e Emmel (2004) identificaram uma tendecircncia de que o trabalho no

berccedilaacuterio seja pautado na concepccedilatildeo e na experiecircncia de maternagem dos

educadores Jaacute no estudo de Oliveira et al (2006) os educadores demonstraram

possuir a crenccedila de que para atender crianccedilas pequenas bastava ser mulher e ter

experiecircncia com crianccedilas Alves (2006) percebeu que a ideia de cuidado estaacute

relacionada agrave funccedilatildeo de matildee e natildeo agrave funccedilatildeo de professor ou de educador Nesse

sentido Veriacutessimo (2001) identificou um sentimento contraditoacuterio entre os

educadores Enquanto eles acreditam que associar funccedilatildeo materna com a praacutetica

profissional eacute algo depreciativo por outro lado esperam que as crianccedilas nutram

afeto ldquofilialrdquo por eles

Soejima (2008) salienta que os educadores que participaram de sua

pesquisa demonstraram ter aprendido teorias sobre o desenvolvimento infantil na

graduaccedilatildeo mas que natildeo conseguiam fazer uso desse conhecimento no cotidiano da

creche Igualmente Souza (2008) verificou que os educadores possuem formaccedilatildeo

continuada sobre desenvolvimento infantil mas que encontram dificuldades em

transpor para a accedilatildeo o seu conhecimento

Tambeacutem se destacam conceitos pertinentes ao desenvolvimento humano e

especificamente voltados ao desenvolvimento da crianccedila pequena Vitta (2004)

Souza (2008) e Soejima e Bolsanello (2012) evidenciaram falta de conhecimentos

abrangentes e consistentes sobre desenvolvimento infantil por parte dos educadores

em seus estudos Estes quando aparecem satildeo mais voltados agrave priorizaccedilatildeo de

fatores ambientais logo gerando uma crenccedila ambientalista de desenvolvimento

(MELCHIORI e ALVES 2001 MELCHIORI et al 2007 SOUZA 2008)

Sobre desenvolvimento infantil Soejima e Bolsanello (2012) verificaram a

concepccedilatildeo entre os educadores de que quanto menos ativas as crianccedilas eram mais

saudaacuteveis e que quanto mais ativas mais problemaacuteticas Sob esse aspecto cabe

questionar a qualidade da formaccedilatildeo dos educadores conforme jaacute proposto por Silva

(2003) Vitta e Emmel (2004) Kramer (2006) Souza (2008) e Soejima (2008) Nesse

sentido ressaltam-se os achados de Schultz (2002) ao pesquisar a educaccedilatildeo de

crianccedilas entre 0 e 3 anos e nos quais afirma que a formaccedilatildeo dos professores dessa

faixa etaacuteria pode interferir no desenvolvimento fiacutesico e psiacutequico e no bom

desempenho da crianccedila em seu futuro jaacute que segundo a autora haacute uma relaccedilatildeo de

dependecircncia entre a formaccedilatildeo do educador e a qualidade de seu trabalho

54

Por outro lado a rotina dessas trabalhadoras mostra-se estressante com

muitas atribuiccedilotildees e com pouco ou nenhum tempo para o planejamento e reflexatildeo

sobre sua praacutetica ou mesmo para o cumprimento do que foi planejado assim como

natildeo raro haacute a precarizaccedilatildeo da estrutura fiacutesica dos ambientes com poucos materiais

e excessivo nuacutemero de crianccedilas por educadora (NAZAacuteRIO 2002 ONGARI e

MOLINA 2003 ALVES 2006 OLIVEIRA et al 2006 LORDELO et al 2007

SOUZA 2008) Haacute que se pensar que a fadiga tanto fiacutesica quanto mental a falta de

tempo a frustraccedilatildeo por suas condiccedilotildees de trabalho satildeo aspectos que impedem um

trabalho com qualidade e devem ser amplamente investigados (PEREIRA 2003

SOUZA 2008 BOLSANELLO 2009)

Guimaratildees (2011) percebeu que a rotina na creche eacute fortemente baseada no

controle e na automaccedilatildeo das atividades Segundo ela os educadores falam muito

para as crianccedilas e natildeo com as crianccedilas como citado por ela descrevendo a rotina

ldquodo colo ao chatildeo do chatildeo para a cadeira da cadeira novamente para o chatildeo o

corpo dos bebecircs eacute conduzido pelos adultos em razatildeo das necessidades

emergentes e do tempo correto para cada umardquo Tal dado corrobora com os

achados de Souza (2008) no qual um dos educadores de seu estudo analisa a

rotina de trabalho em creche como uma espeacutecie de ldquofordismordquo infantil pois natildeo eacute

possiacutevel dar conta da individualidade das crianccedilas

Diante desses estudos destaca-se que o cotidiano da Educaccedilatildeo Infantil eacute

muito mais complexo do que parece agrave primeira vista Natildeo eacute tarefa simples apreendecirc-

lo e analisaacute-lo (CARVALHO 2006) Contudo eacute a partir de discussotildees conscientes

sobre os aspectos envolvidos nos atendimentos agrave crianccedila pequena que se tornaraacute

possiacutevel ampliar a compreensatildeo sobre o que eacute preciso para que os espaccedilos da

Educaccedilatildeo Infantil se tornem contextos plenos e fomentadores do desenvolvimento

humano da capacidade de aprendizagem da socializaccedilatildeo e do exerciacutecio da

cidadania (LIMA e BHERING 2006)

Ou ainda como afirmado por Gomes (2009) pensar em educaccedilatildeo de

crianccedilas com qualidade envolve natildeo soacute considerar a travessia dos profissionais da

creche para a aacuterea de educaccedilatildeo e sua formaccedilatildeo senatildeo buscar tambeacutem natildeo

descaracterizar suas histoacuterias suas experiecircncias superando o assistencialismo

objetivando a garantia dos direitos das crianccedilas e conjuntamente os direitos dos

educadores

55

Ainda junto agraves afirmaccedilotildees de Gomes (2009) pensa-se que o que se potildee

tambeacutem como uma questatildeo importante ou seja a capacidade do educador de

produzir reflexatildeo sobre sua praacutetica podendo conceituaacute-la e transformaacute-la Entre as

reflexotildees haveria de ser integrado aleacutem dos aspectos de cuidar e educar fatores

relativos ao desenvolvimento humano Afinal ao cuidar e ao educar se estaacute lidando

com um ser em desenvolvimento intenso cujos marcos iniciais de sua constituiccedilatildeo

como indiviacuteduo estatildeo tambeacutem agrave mercecirc do olhar de quem o cuida e o educa

diariamente Sendo assim entender processos elementares e fundamentais do

desenvolvimento humano essencialmente nos primeiros anos eacute relevante tanto

para a organizaccedilatildeo e planejamento do cotidiano de atendimento quanto para o

estabelecimento de estrateacutegias na Educaccedilatildeo Infantil (CARVALHO SALLES e

GUIMARAtildeES 2002)

Logo promover a avaliaccedilatildeo do atendimento (no conjunto profissionais

ambiente interaccedilatildeo com a famiacutelia estrateacutegias de planejamento e atividades

desenvolvidas) eacute algo importante principalmente no que diz respeito ao contexto

dos primeiros anos de vida dada a sua especificidade e importacircncia no futuro do

indiviacuteduo (LIMA e BHERING 2006)

Aleacutem de questotildees como a formaccedilatildeo dos educadores e suas concepccedilotildees

tambeacutem vale a consideraccedilatildeo de como se verifica a relaccedilatildeo entre elas e as famiacutelias

das crianccedilas atendidas Afinal a interaccedilatildeo entre a famiacutelia e a instituiccedilatildeo de

Educaccedilatildeo Infantil eacute relevante para que ambos os contextos conheccedilam melhor a

crianccedila estabeleccedilam criteacuterios educativos comuns discutam modelos de intervenccedilatildeo

e relaccedilatildeo com as crianccedilas e compreendam as especificidades de cada uma (SILVA

2011) Nesse aspecto vale lembrar que eacute na relaccedilatildeo com o adulto cuidador que a

crianccedila vai desde tenra idade estabelecer ldquoelosrdquo de comunicaccedilatildeo com as demais

pessoas com quem convive E por isso mesmo eacute que as accedilotildees de cuidado e

educaccedilatildeo natildeo podem ser accedilotildees mecacircnicas de assear e alimentar apenas (ROCHA

2008)

Contudo as dificuldades dos educadores tambeacutem passam pela precaacuteria

interaccedilatildeo com as famiacutelias das crianccedilas atendidas (LORDELO et al 2007 SOUZA

2008 CAMPOS et al 2011 FERNANDES 2011)

Correa (2007) argumenta em sua pesquisa que a relaccedilatildeo famiacutelia-instituiccedilatildeo

eacute um ponto a ser considerado para a promoccedilatildeo de um atendimento de qualidade

56

Silva (2011) percebeu em seu estudo que os educadores natildeo demonstram

conhecer ao certo como se daacute o contexto familiar das crianccedilas que atendem Souza

(2008) observou que a famiacutelia natildeo participa ativamente da rotina da creche na

maioria das vezes deixando a crianccedila na porta da instituiccedilatildeo

Os projetos pedagoacutegicos analisados por Fernandes (2011) indicaram um

perfil de famiacutelia visto pela escola como um grupo que precisa de ajuda e que pode

contribuir pouco com a Instituiccedilatildeo Instituiccedilatildeo essa que convida o adulto-cuidador

mais a confraternizar que compartilhar responsabilidades A autora tambeacutem verificou

que haacute a necessidade de os pais participarem efetivamente das accedilotildees da creche

pois segundo ela ao criar espaccedilos de diaacutelogo troca parcerias pode-se favorecer e

estimular as famiacutelias a viverem experiecircncias sociais mais amplas a partilhar as

anguacutestias alegrias e inseguranccedilas advindas do cotidiano favorecendo a superaccedilatildeo

das ideias assistencialistas acerca da Educaccedilatildeo Infantil em especial da que atende

a crianccedila com idade entre zero e 3 anos Por outro lado percebe-se que os pais

nem sempre se excluem de participar tanto do cotidiano da Instituiccedilatildeo quanto da

educaccedilatildeo de seus filhos (FERNANDES 2011 SILVA 2011)

Diante dos dados apresentados acima se destaca a necessidade de se

investigar de modo mais apropriado o papel dos pais diante do cuidar do educar e

da promoccedilatildeo do desenvolvimento de seus filhos ainda bebecircs jaacute que esses uacuteltimos

estatildeo cada vez mais precocemente adentrando ao atendimento institucionalizado

que por sua vez encontra-se envolto em suas proacuteprias contradiccedilotildees necessidades

e lutas Os familiares poderiam participar colaborar contribuir de modo a Educaccedilatildeo

Infantil ter uma identidade melhor cunhada valorizando inclusive o trabalho dos

educadores Em outras palavras conforme assinalado por Fernandes (2011) a

identidade da Educaccedilatildeo Infantil para ser constituiacuteda em suas especificidades

precisa urgentemente integrar as famiacutelias

57

3 MEacuteTODO

O delineamento metodoloacutegico teve como eixo a questatildeo de pesquisa

apresentada na introduccedilatildeo do presente estudo

Quais concepccedilotildees norteiam o processo de inclusatildeo da crianccedila pequena com

necessidades especiais no contexto dos Centros Municipais de Educaccedilatildeo

Infantil (CMEIs) segundo suas Matildees suas Educadoras na Educaccedilatildeo Infantil e

suas Professoras do Atendimento Educacional Especializado

Para responder a esta questatildeo mostrou-se pertinente realizar um estudo

qualitativo exploratoacuterio e comparativo Por seu caraacuteter qualitativo seraacute realizada

anaacutelise interpretativa e contextual dos dados sem a pretensatildeo de medir numeacuterica ou

estatisticamente os fenocircmenos estudados tampouco deveratildeo ser generalizados os

resultados encontrados (SAMPIERI COLLADO e LUCIO 1998) Eacute exploratoacuterio por

se tratar de um tema ou problema de pesquisa pouco estudado e portanto com

poucas pesquisas evidenciadas na literatura destacando-se a escassez de estudos

nesse acircmbito na realidade brasileira (SAMPIERI COLLADO e LUCIO 1998)

Segundo os autores citados o estudo exploratoacuterio serve para familiarizar o

pesquisador com fenocircmenos ainda natildeo suficientemente conhecidos podendo

determinar tendecircncias identificar aacutereas ambientes contextos e situaccedilotildees de

estudo O aspecto comparativo se verificaraacute no tratamento dos dados coletados

pela busca de possiacuteveis relaccedilotildees (discrepacircncias ou aproximaccedilotildees) entre as

concepccedilotildees dos participantes do estudo especialmente acerca da inclusatildeo da

crianccedila pequena com deficiecircncia que frequenta o CMEI (SAMPIERI COLLADO e

LUCIO 1998)

31 CONTEXTO

O contexto dessa pesquisa envolveu 04 (quatro) instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo

Infantil da rede puacuteblica de um municiacutepio da regiatildeo metropolitana de Curitiba que

58

atendem crianccedilas pequenas com deficiecircncia em turmas de berccedilaacuterio e maternal

situado no Estado do Paranaacute Foram escolhidas as turmas de berccedilaacuterio e maternal

por elas abarcarem crianccedilas com a faixa etaacuteria compreendida entre zero e 36

meses

Nesse municiacutepio no ano de 2012 em turmas de berccedilaacuterio (I e II) maternal (I

II e III) e preacutendashescola (I e II) houve um total de 4315 matriculas dessas estatildeo

considerados ldquocasos de inclusatildeordquo apenas 25 crianccedilas no momento em que foi

realizada a pesquisa Desse contingente apenas 08 casos de inclusatildeo educacional

eram de educandos em turmas de berccedilaacuterio e maternal Poreacutem como os criteacuterios de

elegibilidade para a participaccedilatildeo na presente pesquisa solicitavam que as turmas de

inclusatildeo atendessem a faixa etaacuteria entre 0 e 3 anos (creche) e tambeacutem que o

educando participasse do Atendimento Educacional Especializado passaram a se

enquadrar apenas 04 alunos tidos como casos de inclusatildeo que frequentavam 04

instituiccedilotildees diferentes abaixo denominadas de Instituiccedilotildees A B C e D

A Instituiccedilatildeo A atende um total de 180 crianccedilas dividas em turmas de

maternal e preacutendashescola

A Instituiccedilatildeo B atende um total de 376 crianccedilas dividas em turmas de

berccedilaacuterio maternal e preacute-escola

A Instituiccedilatildeo C atende um total de 280 crianccedilas dividas em turmas de

berccedilaacuterio e maternal

Jaacute a Instituiccedilatildeo D atende um total de 220 crianccedilas dividas em turmas de

berccedilaacuterio maternal e preacutendashescola

Todas as instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Infantil funcionam em periacuteodo integral das

07 agraves 18h

Segundo informaccedilotildees das equipes gestoras as Instituiccedilotildees B e C atendem

tambeacutem populaccedilatildeo considerada de risco social

Destaca-se que as turmas de berccedilaacuterio satildeo divididas em berccedilaacuterio I e II e

recebem crianccedilas com faixa etaacuteria entre 4 a 11 meses e entre 12 e 18 meses

respectivamente As turmas de Maternal que satildeo divididas em I e II atendem

educandos com idade entre 18 a 24 meses e entre 24 e 36 meses (completos

durante o ano letivo) respectivamente

Tambeacutem eacute importante ressaltar que o Atendimento Educacional Especializado

ndash AEE eacute desenvolvido de modo geral nas chamadas Salas de Recursos

Multifuncionais Essas salas satildeo espaccedilos estruturados de modo a atender

59

adequadamente as necessidades dos alunos foco da Educaccedilatildeo Especial e no

contexto pesquisado estatildeo lotadas dentro de instituiccedilotildees do Ensino Regular Todas

elas atendem educandos que estatildeo em situaccedilatildeo de inclusatildeo educacional tanto no

Ensino Fundamental quanto na Educaccedilatildeo Infantil

32 PARTICIPANTES

Foram considerados participantes da pesquisa

a) Matildees (pessoas responsaacuteveis cuidadoras principais que desempenham a

funccedilatildeo materna) de crianccedilas com idade entre zero e 36 meses com

necessidades especiais que participam do Atendimento Educacional

Especializado aleacutem de frequentar turmas de berccedilaacuterio (I e II) ou maternal (I e

II) em classe regular na Educaccedilatildeo Infantil no sistema puacuteblico de um

municiacutepio da regiatildeo metropolitana de Curitiba Paranaacute

Neste estudo participaram 04 matildees cujos filhos estatildeo matriculados em uma

das seguintes turmas berccedilaacuterio II maternal I e maternal II

b) Educadoras Regentes que trabalham em turmas de berccedilaacuterio (I e II) e

maternal (I e II) e que atendam as crianccedilas cujas matildees satildeo participantes

desse estudo O grupo de educadoras participantes contou com 09

profissionais Destas 03 eram regentes de berccedilaacuterio I 04 atendem turmas de

maternal I e 02 em maternal II

c) Professoras do Atendimento Educacional Especializado que atendam as

crianccedilas cujas matildees e educadoras participam deste estudo Nesse estudo

participaram 04 Professoras do AEE

Apoacutes apresentar o projeto para a Secretaria de Educaccedilatildeo para as

Gerecircncias de Educaccedilatildeo Especial e Inclusatildeo e para a de Educaccedilatildeo Infantil desse

municiacutepio foi feito o protocolo de solicitaccedilatildeo para a realizaccedilatildeo da pesquisa Em

acordo com o aceite da solicitaccedilatildeo e com a orientaccedilatildeo das Gerecircncias foi realizado o

primeiro contato com as equipes gestoras dos CMEIs que iriam participar No

primeiro contato foi solicitado agrave pesquisadora que entregasse a todas as equipes

60

gestoras uma carta de apresentaccedilatildeo Nesta havia uma breve explicitaccedilatildeo de quem

era a pesquisadora e informaccedilotildees principais do estudo ndash estas uacuteltimas seguiram

recomendaccedilatildeo da Gerecircncia de Educaccedilatildeo Especial e Inclusatildeo Desse modo apoacutes ter

feito a apresentaccedilatildeo do projeto para as equipes gestoras com a explicitaccedilatildeo dos

objetivos do meacutetodo e do termo de consentimento livre e esclarecido (anexo) e de

obter destas a autorizaccedilatildeo para executar a pesquisa em suas unidades elas se

comprometeram a entrar em contato com as educadoras e com as matildees para

agendar novo encontro agora com as participantes da pesquisa Os encontros com

as matildees e com as educadoras participantes desse estudo foram realizados de modo

individual em dia e hora previamente marcados nas dependecircncias das Instituiccedilotildees

em que as crianccedilas eram atendidas na Educaccedilatildeo Infantil

A participaccedilatildeo destas matildees e das educadoras se deu de modo voluntaacuterio

apoacutes serem esclarecidos os pormenores da pesquisa e dirimidas possiacuteveis duacutevidas

sobre o propoacutesito e uso das informaccedilotildees Tambeacutem foi solicitado agraves participantes

para ler o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para entatildeo proceder com a

assinatura e a entrevista propriamente dita

No caso da participaccedilatildeo das professoras do Atendimento Educacional

Especializado natildeo foi necessaacuteria a mediaccedilatildeo das equipes gestoras das instituiccedilotildees

O contato foi feito diretamente entre a pesquisadora e as convidadas Da mesma

forma por meio da carta de apresentaccedilatildeo e conversa pessoal houve o

esclarecimento do conteuacutedo da pesquisa seus objetivos e meacutetodo Apoacutes a

apresentaccedilatildeo do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido foi dado

procedimento agraves entrevistas

33 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS

Com a finalidade de coletar os dados foram elaborados roteiros de

entrevistas semiestruturadas levando em consideraccedilatildeo os objetivos desse estudo

Todos os roteiros de entrevista possuiacuteam uma parte em comum para que se

pusesse coletar e organizar os dados para a anaacutelise comparativa dos mesmos

61

O roteiro de entrevista aplicado agraves matildees (Anexo A) possuiacuteam quatro partes

a) caracterizaccedilatildeo da matildee b) caracterizaccedilatildeo da famiacutelia c) caracterizaccedilatildeo da crianccedila

em desenvolvimento e d) concepccedilotildees sobre o processo inclusivo

Para as educadoras de CMEI (Anexo B) e para as professoras do

Atendimento Educacional Especializado (Anexo C) o roteiro de perguntas tambeacutem

foi dividido em quatro partes a) caracterizaccedilatildeo da entrevistada b) caracterizaccedilatildeo do

trabalho da entrevistada c) concepccedilotildees sobre a crianccedila em desenvolvimento e d)

concepccedilotildees sobre o processo inclusivo

Optou-se por roteiros de entrevistas semiestruturadas com perguntas

abertas pois possibilitam aos entrevistados maior liberdade em respondecirc-las

(LUDKE e ANDREacute 1986) As entrevistas tiveram duraccedilatildeo meacutedia de 60 minutos e

foram realizadas pela pesquisadora em ambiente reservado dentro do contexto de

pesquisa Com preacutevio consentimento das entrevistadas os dados foram gravados

posteriormente transcritos na iacutentegra e analisados agrave luz da literatura pertinente

34 PROCEDIMENTOS DE ANAacuteLISE DE DADOS

Os dados coletados foram analisados por meio de uma abordagem

qualitativa com a utilizaccedilatildeo de anaacutelise de conteuacutedo Foram seguidos na iacutentegra os

passos utilizados por Bolsanello (1998) em sua pesquisa a qual se baseou em

Bardin (1979) a seguir

Apoacutes serem transcritas as entrevistas foram lidas sem qualquer tentativa

de seleccedilatildeo de informaccedilotildees

A seguir os dados brutos das respostas de cada item das entrevistas e

das gravaccedilotildees de aacuteudio foram codificados e agregados em unidades com a

eleiccedilatildeo do tema como unidade de registro e a proximidade conceitual como

regra de enumeraccedilatildeo

Os temas obtidos na codificaccedilatildeo foram reagrupados procedendo-se a um

trabalho de definiccedilatildeo e classificaccedilatildeo de categorias que resultaram no

levantamento de um conjunto de categorias e subcategorias representativas

da totalidade das comunicaccedilotildees

62

Finalmente foi realizada a classificaccedilatildeo e a categorizaccedilatildeo que levaram a

uma descriccedilatildeo das caracteriacutesticas relevantes do conteuacutedo investigado

permitindo gerar inferecircncias e comparaccedilotildees sobre todo o processo de

comunicaccedilatildeo e levando agrave anaacutelise dos dados envolvendo o cruzamento de

todas as informaccedilotildees obtidas

35 CUIDADOS EacuteTICOS

Os procedimentos eacuteticos do presente estudo obedeceram aos criteacuterios da

Eacutetica na Pesquisa com Seres Humanos Os principais cuidados eacuteticos foram

utilizaccedilatildeo de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (ANEXOS D E e F)

permissatildeo das entrevistadas para gravaccedilatildeo das entrevistas garantia do anonimato

das participantes

Tais cuidados garantem de acordo com Cozby (2003) a participaccedilatildeo totalmente

informada e voluntaacuteria das entrevistadas

63

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

Para a descriccedilatildeo e anaacutelise das caracteriacutesticas relevantes do conteuacutedo

investigado agruparam-se as informaccedilotildees em quatro seccedilotildees Inicialmente realizou-

se a caracterizaccedilatildeo das crianccedilas foco da inclusatildeo e a caracterizaccedilatildeo das

entrevistadas (matildees educadoras e professoras) A seguir levantaram-se as

concepccedilotildees das entrevistadas sobre a crianccedila que estaacute em inclusatildeo Por fim

buscou-se identificar as concepccedilotildees sobre o processo inclusivo na Educaccedilatildeo

Infantil propriamente dito

41 Seccedilatildeo 01 Caracterizaccedilatildeo das Participantes

411 Caracterizaccedilatildeo das crianccedilas foco da inclusatildeo

Pensando que a inclusatildeo educacional de crianccedilas pequenas com

necessidades especiais evidencia um campo sem limites nos quais natildeo se escolhe

a crianccedila que pode ou deve entrar ou natildeo na Educaccedilatildeo Infantil buscou-se identificar

quais eram esses pequenos sujeitos que estatildeo categorizados como alunos em

inclusatildeo Como diria Rodrigues (2006) no campo da educaccedilatildeo natildeo se trata de

melhor caracterizar o que eacute diversidade e quem a compotildee mas de compreender

melhor como as diferenccedilas nos constituem como humanos como somos feitos de

diferenccedilas E portanto no que se refere agrave caracterizaccedilatildeo das crianccedilas que estatildeo em

inclusatildeo pensa-se que eacute tambeacutem uma maneira de se perceber a gama de

condiccedilotildees que devem ser precoce e permanentemente vistas discutidas e

atendidas em suas necessidades e especificidades

Desse modo as matildees entrevistadas falaram sobre sua crianccedila idade

diagnoacutestico quais os serviccedilos que elas frequentam aleacutem da Educaccedilatildeo Infantil e do

Atendimento Educacional Especializado Tambeacutem informaram agrave turma que o filho

64

frequenta o Centro Municipal de Educaccedilatildeo Infantil ndash CMEI e desde quando ele estaacute

matriculado na Educaccedilatildeo Infantil

As quatro crianccedilas cujas matildees participaram da pesquisa possuiacuteam laudos

indicativos sobre seus diagnoacutesticos todos disponiacuteveis nas secretarias das

instituiccedilotildees das quais faziam parte (Quadro 01)

Quadro 01 Distribuiccedilatildeo das crianccedilas segundo laudo meacutedico e diagnoacutestico

Crianccedila Laudo meacutedico disponiacutevel

no CMEI CID ndash 10Diagnoacutestico

Crianccedila 01 Sim CID - F 840 Transtornos Globais do Desenvolvimento ndash Autismo Infantil

Crianccedila 02 Sim CID ndash G 800 Paralisia Cerebral Espaacutestica

Crianccedila 03 Sim CID - Q 870 ndash Siacutendrome de Moebius

Crianccedila 04 Sim CID ndash Q 90 ndash Sindrome de Down

Os laudos meacutedicos apresentavam as seguintes necessidades educacionais

especiais Autismo Infantil (TGD) Paralisia Cerebral Espaacutestica Siacutendrome de

Moebius e Siacutendrome de Down

Foi questionado agraves entrevistadas desde quando seus filhos estatildeo

participando de atendimento em CMEI e qual turma as crianccedilas frequentam

atualmente Nesse sentido elas indicaram o que segue no quadro 02

Quadro 02 Distribuiccedilatildeo das crianccedilas segundo a turma em que estatildeo matriculadas atualmente e o tempo em que frequentam Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil - CMEIs

A idade das crianccedilas variou entre 24 e 36 meses durante o periacuteodo da pesquisa A

crianccedila 01 eacute a mais velha de todas com 36 meses de idade as demais estatildeo na

Crianccedila Turma Atual Haacute quanto tempo frequenta CMEIS

Crianccedila 01 Maternal II Mais de 24 meses

Crianccedila 02 Berccedilaacuterio II Em torno de 8 meses

Crianccedila 03 Maternal I Em torno de 10 meses

Crianccedila 04 Maternal I Em torno de 4 meses

65

faixa etaacuteria dos 24 meses Apenas a crianccedila 02 estaacute com idade fora das indicaccedilotildees

de matriacutecula da turma estando com 24 meses frequentando uma turma para alunos

na faixa etaacuteria de 10 meses a 1 ano e 4 meses As demais estatildeo com idade de

acordo com o esperado para as turmas em que estatildeo matriculadas

Conforme o Quadro 02 eacute possiacutevel verificar que uma crianccedila estaacute matriculada

em turma de Berccedilaacuterio II duas estatildeo em turmas de Maternal I e uma estaacute no

Maternal II Tambeacutem se percebe que a crianccedila 01 eacute a que mais tempo estaacute

frequentando Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil Tendo ela 36 meses de

idade estaacute indo para os serviccedilos da Educaccedilatildeo Infantil desde os 12 meses

aproximadamente As demais crianccedilas foram matriculadas no atual ano letivo Ao

observar as demais crianccedilas eacute possiacutevel inferir que a meacutedia de idade escolhida por

essas matildees para matricularem seus filhos na Educaccedilatildeo Infantil foi de 12 meses

Sendo que de modo geral trecircs dessas crianccedilas permaneceram os primeiros 12

meses em casa aos cuidados da famiacutelia e apenas um educando frequentou Escola

Especial antes de ser matriculado no Centro de Educaccedilatildeo Infantil

O atendimento nos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil - CMEIS eacute

integral para todas as crianccedilas matriculadas contudo os educandos que estatildeo em

inclusatildeo podem ter orientaccedilatildeo para que frequentem apenas parcialmente o

atendimento na instituiccedilatildeo Nesse grupo que participou do estudo percebeu-se que

apenas duas das crianccedilas frequentam o dia todo As outras duas crianccedilas natildeo o

fazem integralmente devido a necessidade de participarem de outros atendimentos

tais como Fonoaudiologia Atendimento Educacional Especializado - AEE

Fisioterapia Nataccedilatildeo entre outros Essas duas crianccedilas que frequentam

parcialmente o CMEI fazem uma meacutedia de 06 horas diaacuterias de atendimento na

Educaccedilatildeo Infantil conforme os relatos das matildees

As participantes comentaram quais outros atendimentos o filho frequenta

aleacutem do Centro Municipal de Educaccedilatildeo Infantil - CMEI e do Atendimento

Educacional Especializado ndash AEE

- Crianccedila 01 Nataccedilatildeo atendimento em um Centro Especializado (Psicologia e

Fonoaudiologia) e Atendimento Educacional Especializado

- Crianccedila 02 Centro Especializado (Fisioterapia Motora Fisioterapia Respiratoacuteria

Terapia Ocupacional Psicologia e Fonoaudiologia) e Atendimento Educacional

Especializado

66

- Crianccedila 03 Nataccedilatildeo Fonoaudiologia Fisioterapia e Atendimento Educacional

Especializado ndash AEE

- Crianccedila 04 Atendimento Educacional Especializado - AEE (semanalmente) e

acompanhamento em hospital de referecircncia (bimestralmente)

412 Caracterizaccedilatildeo das Entrevistadas

Esse subcapiacutetulo traz dados que auxiliam a conhecer quem eram as

entrevistadas Para tal dividiu-se o mesmo em trecircs partes caracterizaccedilatildeo das matildees

caracterizaccedilatildeo das professoras do Atendimento Educacional Especializado - AEE e

caracterizaccedilatildeo das educadoras dos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil -

CMEIs

Ao se decidir por ouvir os relatos desses trecircs grupos de pessoas entendeu-

se que ao cruzar os seus olhares poderia se delinear quadros que identificassem

tendecircncias de como a inclusatildeo de crianccedilas vem ocorrendo e quais questotildees se

mostram relevantes sensiacuteveis ou mesmo mais urgentes a serem discutidas e

revistas em busca de uma praacutetica com mais qualidade O que se justifica tambeacutem

pelo fato de que pesquisas sobre inclusatildeo que levem em consideraccedilatildeo as interaccedilotildees

entre crianccedilandashcrianccedila famiacutelia ndash crianccedila professoras-crianccedila satildeo cada vez mais

importantes para que se possa perceber e problematizar as atitudes o acolhimento

os sentimentos e concepccedilotildees sobre deficiecircncia inclusatildeo e diferenccedilas (YAZLLE

AMORIM ROSSETTI-FERREIRA 2004 SIGOLO e OLIVEIRA 2008)

4121 Caracterizaccedilatildeo das Matildees

Inicialmente foram coletadas informaccedilotildees para caracterizaccedilatildeo das matildees

desse modo foram identificados dados como idade escolaridade e ocupaccedilatildeo das

mesmas (Quadro 03)

67

Quadro 03 ndash Distribuiccedilatildeo das Matildees participantes conforme idade escolaridade e ocupaccedilatildeo

Participante Idade Escolaridade Ocupaccedilatildeo

Matildee 01 31 anos Ensino Meacutedio Dona de casa

Matildee 02 28 anos Graduaccedilatildeo Pedagoga

Matildee 03 23 anos Graduaccedilatildeo Professora

Matildee 04 37 anos Ensino Fundamental Vendedora autocircnoma

A faixa etaacuteria das matildees participantes estaacute entre 23 e 37 anos Duas delas tecircm

como niacutevel de escolaridade a graduaccedilatildeo uma tem formaccedilatildeo em niacutevel Fundamental

e outra em niacutevel meacutedio Apenas uma delas eacute dona de casa as demais possuem

ocupaccedilotildees diferentes ao trabalho de cuidado domeacutestico familiar

Tambeacutem foram caracterizadas as famiacutelias das crianccedilas que estatildeo em

inclusatildeo Foram identificados os membros que compotildee a famiacutelia quem mora com a

crianccedila qual a renda meacutedia mensal da famiacutelia e outro caso de deficiecircncia no grupo

familiar (Quadro 04)

Quadro 04 ndash Distribuiccedilatildeo das Matildees participantes conforme composiccedilatildeo familiar

Participante

Composiccedilatildeo familiar

Matildee 01 Pai da crianccedila Matildee da crianccedila 02 filhos

Matildee 02 Pai da crianccedila Matildee da crianccedila 03 filhos

Matildee 03 X Matildee da crianccedila Avoacute materna avocirc materno e

01 filho

Matildee 04 Pai da crianccedila Matildee da crianccedila 03 filhos

68

Trecircs matildees moram com os pais de suas crianccedilas A matildee que natildeo mora com o

pai de seu filho afirmou que o mesmo natildeo participa de nenhum modo da criaccedilatildeo da

crianccedila No caso em que haacute a ausecircncia do pai bioloacutegico eacute interessante ressaltar

que os dados corroboram a afirmaccedilatildeo de autores como Bronfenbrenner (1996

2011) Dessen e Braz (2005) e Diniz e Koller (2010) quando estes afirmam a

importacircncia dos demais membros que compotildee a famiacutelia no que se refere a dar

sustentaccedilatildeo emocional especialmente quando ocorrem situaccedilotildees de risco para o

desenvolvimento infantil

A renda familiar meacutedia relatada pelas matildees ficou em torno de 06 e 07 salaacuterios

miacutenimos

- Matildee 01 06 salaacuterios miacutenimos

- Matildee 02 entre 06 e 07 salaacuterios miacutenimos

- Matildee 03 06 salaacuterios miacutenimos

- Matildee 04 entre 06 e 07 salaacuterios miacutenimos

Escolaridade dos genitores e renda familiar satildeo dois pontos importantes no

tocante agrave promoccedilatildeo do desenvolvimento na infacircncia pois podem indicar maiores ou

menores chances ou perspectiva de acesso a oportunidades para a ampliaccedilatildeo do

repertoacuterio cognitivo social cultural emocional dos membros que compotildeem a famiacutelia

(LORDELO et al 2007 MUELLER 2008)

Todas as matildees relataram apenas um filho com necessidades especiais na

famiacutelia

4122 Caracterizaccedilatildeo das Professoras do Atendimento Educacional

Especializado

Relembra-se que o Atendimento Educacional Especializado eacute um serviccedilo

dentro da Educaccedilatildeo Especial em conformidade com o Decreto nordm 761111 e que

esse grupo de professores realiza atendimento ao alunado foco da Educaccedilatildeo

Especial e que estatildeo em inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil e no Ensino Fundamental

69

Para tal seu trabalho e sua relaccedilatildeo com a crianccedila pequena com necessidades

especiais eacute fundamental visto que estaacute previsto que elas tambeacutem devem orientar as

famiacutelias e educadoras do CMEI sobre o processo de inclusatildeo desse alunado

Inicialmente foram coletadas informaccedilotildees para caracterizaccedilatildeo das

professoras desse modo foram identificados dados como idade estado civil e

escolaridade (Quadro 05)

Quadro 05 ndash Distribuiccedilatildeo das Professoras do Atendimento Educacional Especializado - AEE conforme idade estado civil ocorrecircncia e quantidade de filhos

Conforme eacute possiacutevel verificar no Quadro 05 a faixa etaacuteria que compotildee o grupo

de Professoras participantes estaacute entre 37 e 49 anos Todas satildeo casadas e tecircm

filhos Tambeacutem foi questionado se elas possuiacuteam alguma formaccedilatildeo especiacutefica para

trabalhar com Educaccedilatildeo Especial e Inclusiva de crianccedilas pequenas e para trabalhar

como professora do AEE Quanto agrave escolaridade das professoras do Atendimento

Educacional Especializado todas elas relataram ter feito vaacuterios cursos de formaccedilatildeo

continuada de curta duraccedilatildeo na aacuterea de Educaccedilatildeo Especial e Inclusatildeo Os dados

estatildeo organizados no Quadro 06 que segue logo abaixo

Participante Idade Estado civilfilhos

P01 45 Casada 2 filhos

P02 49 Casada 3 filhos

P03 37 Casada 2 filhas

P04 40 Casada 2 filhos

70

Quadro 06 ndash Distribuiccedilatildeo das Professoras do Atendimento Educacional

Especializado - AEE conforme sua escolarizaccedilatildeo

Participante Escolaridade

Ensino Meacutedio Graduaccedilatildeo Especializaccedilatildeo

P01 Magisteacuterio Estaacute cursando Pedagogia X

P02 Magisteacuterio Pedagogia com ecircnfase em Educaccedilatildeo Especial

Psicopedagogia

P03 Magisteacuterio Pedagogia Psicopedagogia

P04 Magisteacuterio Pedagogia Psicopedagogia

A professora P02 falou que tem formaccedilatildeo continuada em Estimulaccedilatildeo Visual

As professoras P03 e P04 informaram que estatildeo cursando Especializaccedilatildeo do AEE agrave

distacircncia ofertada pelo MEC Essas professoras que estatildeo cursando a

Especializaccedilatildeo especiacutefica para atuar no atendimento educacional especializado

apontaram que os conteuacutedos aprendidos nele estatildeo sendo muito uacuteteis

especialmente no que se refere ao ensino fundamental pois em grande parte se

baseiam em estrateacutegias praacuteticas para a atuaccedilatildeo docente Sobre Educaccedilatildeo Infantil

as entrevistadas afirmam que haacute conteuacutedos que trazem conceitos e orientaccedilotildees

sobre estimulaccedilatildeo essencial mas essas ainda se mostram um pouco distantes de

sua experiecircncia profissional Nenhuma delas tem formaccedilatildeo na aacuterea especiacutefica de

Educaccedilatildeo Infantil

Foi solicitado que relatassem um pouco de sua trajetoacuteria na aacuterea educacional

Sendo assim foi questionado haacute quanto tempo elas trabalhavam na educaccedilatildeo e se

antes de trabalhar como professora do Atendimento Educacional Especializado -

AEE tiveram outras experiecircncias na aacuterea de educaccedilatildeo (Quadro 07)

71

Quadro 07- Distribuiccedilatildeo das Professoras do Atendimento Educacional Especializado - AEE conforme tempo de trabalho na aacuterea educacional e aacutereas de atuaccedilatildeo dentro da Educaccedilatildeo

Todas informaram se tiveram outras experiecircncias como docentes fora da

Educaccedilatildeo Especial antes de serem professoras do Atendimento Educacional

Especializado - AEE P01 e P04 afirmaram que jaacute tinham tido experiecircncias com

turmas inclusivas antes de ingressarem como docentes no AEE P02 e P03

afirmaram que nunca haviam trabalhado com turmas inclusivas antes de sua

atuaccedilatildeo no AEE

A professora P01 teve um caso na famiacutelia Jaacute as professoras P02 P03 e P04

natildeo tiveram nenhuma experiecircncia marcante com pessoas com necessidades

especiais fora da aacuterea educacional Em acordo com as professoras que jaacute tiveram

alguma experiecircncia com pessoas com necessidades especiais o que se mostra

marcante eacute que esse contato anterior auxilia a como ldquover o deficienterdquo e a como

lidar com ele

4123 Caracterizaccedilatildeo das Educadoras dos Centros Municipais de Educaccedilatildeo

Infantil ndash CMEIs

Todas as entrevistadas atendem crianccedilas pequenas que estatildeo em inclusatildeo

nos Centros de Municipais de Educaccedilatildeo Infantil - CMEIs Participaram 09

Participante Tempo de trabalho na aacuterea

educacional Aacuterea de atuaccedilatildeo

P01 27 anos Educaccedilatildeo Infantil e Fundamental

P02 17 anos Educaccedilatildeo Infantil e Fundamental

P03 20 anos Ensino Fundamental

P04 20 anos Educaccedilatildeo Infantil e Fundamental

72

educadoras que trabalhavam na ocasiatildeo da entrevista com turmas de Berccedilaacuterio e

Maternal Inicialmente foram coletadas informaccedilotildees para caracterizaccedilatildeo das

educadoras desse modo foram identificados dados como idade estado civil se

tinham filhos ou natildeo (Quadro 08)

Quadro 08 - Distribuiccedilatildeo das Educadoras dos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil conforme idade estado civil ocorrecircncia e quantidade de filhos

Conforme o quadro 08 eacute possiacutevel verificar que a faixa etaacuteria das educadoras

participantes estaacute entre 21 e 42 anos 06 delas satildeo casadas 02 satildeo solteiras e uma

eacute viuacuteva Dentro desse grupo 03 das educadoras natildeo tem filhos

Quanto agrave escolaridade foi perguntado se possuiacuteam alguma formaccedilatildeo

especiacutefica para trabalhar com Educaccedilatildeo Infantil e Educaccedilatildeo Especial e Inclusiva

Quatro das educadoras apresentam o curso de magisteacuterio sete delas tem

graduaccedilatildeo em Pedagogia uma ainda estaacute cursando Pedagogia e outra Biomedicina

Participante Idade Estado civilfilhos

E01 27 Casada 2 filhos

E02 28 Casada sem filhos

E03 21 Casada 1 filho

E04 35 Casada 2 filhos

E05 27 Solteira sem filhos

E06 42 Viuacuteva 3 filhos

E07 29 Casada 2 filhos

E08 22 Solteira sem filhos

E09 32 Casada 1 filho

73

cinco das profissionais possuem especializaccedilatildeo dessas quatro na aacuterea de

Psicopedagogia e outra em Educaccedilatildeo Infantil (Quadro 09)

Quadro 09 - Distribuiccedilatildeo das Educadoras dos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil conforme sua Escolaridade

As educadoras E02 E04 E05 E06 E07 e E08 natildeo tiveram nenhuma

formaccedilatildeo especiacutefica sobre Educaccedilatildeo Especial e Inclusatildeo aleacutem das disciplinas

proacuteprias da formaccedilatildeo baacutesica (Magisteacuterio ou Pedagogia)

Jaacute as educadoras E01 E03 e E09 fizeram um curso de formaccedilatildeo continuada

no municiacutepio sobre a inclusatildeo no Ensino Fundamental Natildeo havia ateacute o momento

da coleta de dados referecircncias sobre a oferta de alguma formaccedilatildeo continuada que

evidenciasse a inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil

Foi perguntado se elas tiveram outras experiecircncias como professoras de

turmas de inclusatildeo antes dessa situaccedilatildeo atual

Participante Escolaridade

Ensino Meacutedio Graduaccedilatildeo Especializaccedilatildeo

E01 X Pedagogia Psicopedagogia

E02 X Pedagogia X

E03 Magisteacuterio Pedagogia Psicopedagogia Gestatildeo Escolar

E04 Magisteacuterio Pedagogia ndashcursando X

E05 X Pedagogia X

E06 Magisteacuterio Pedagogia Psicopedagogia

E07 X Pedagogia Educaccedilatildeo Infantil -

cursando

E08 Magisteacuterio Biomedicina ndash

cursando X

E09 X Pedagogia Psicopedagogia -

cursando

74

Quatro das educadoras (E01 E06 E07 e E08) afirmaram positivamente que

tiveram alguma outra experiecircncia com alunos de inclusatildeo antes desse caso atual e

afirmam que isso as ajuda de algum modo nessa turma

Contrariamente cinco delas (E02 E03 E04 E05 e E09) natildeo tiveram nenhum

aluno de inclusatildeo antes desse caso atual

Ainda quanto agraves experiecircncias anteriores com pessoas com necessidades

especiais elas informaram se jaacute tiveram alguma fora da aacuterea educacional

Cinco educadoras (E01 E02 E03 E07 e E08) afirmaram que tiveram

experiecircncias com pessoas com necessidades especiais fora da aacuterea educacional

As outras quatro educadoras (E04 E05 E06 e E09) natildeo tiveram nenhuma

experiecircncia com pessoas com necessidades especiais fora da Educaccedilatildeo Infantil

As participantes informaram o tempo de trabalho na Educaccedilatildeo de modo

geral especificamente na Educaccedilatildeo Infantil e tempo em que estatildeo atendendo essa

turma

Das nove participantes oito soacute tiveram experiecircncia na Educaccedilatildeo Infantil e

uma educadora jaacute trabalhou tambeacutem no Ensino Fundamental

O tempo de atuaccedilatildeo na aacuterea educacional variou de 04 meses a 10 anos No

que se refere agrave atuaccedilatildeo na Educaccedilatildeo Infantil o tempo de trabalho variou igualmente

de 04 meses a 10 anos

Quando questionadas sobre haacute quanto tempo atendem nas turmas atuais

foram obtidas as seguintes respostas 05 educadoras atendem a turma desde o

iniacutecio do ano o que equivale a algo em torno de 09 meses 01 estaacute haacute cerca de 06

meses e 03 das educadoras estatildeo atendendo a turma atual a menos de 06 meses

conforme o que estaacute organizado no Quadro 10 que segue logo abaixo

75

Quadro 10 - Distribuiccedilatildeo das Educadoras dos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil conforme o tempo de atuaccedilatildeo na Educaccedilatildeo de modo geral especificamente na Educaccedilatildeo Infantil e na turma que atende atualmente

42 Seccedilatildeo 02 Concepccedilotildees das Matildees Educadoras e Professoras sobre a

crianccedila que estaacute em inclusatildeo

Foram solicitadas as participantes que relatassem como concebem a crianccedila

pequena que tem necessidades educacionais especiais em relaccedilatildeo as suas

condiccedilotildees e seu processo de inclusatildeo

421 As Matildees e suas crianccedilas

A matildee M01 disse que jaacute desconfiava que o filho tivesse autismo e nega ter

ficado surpresa quando teve a notiacutecia poreacutem seu marido ficou muito triste Apoacutes

Participante Tempo de atuaccedilatildeo na

Educaccedilatildeo Tempo de atuaccedilatildeo na

Educaccedilatildeo Infantil Tempo que atende

essa turma

E01 08 anos 01 ano

01 mecircs

E02 04 meses 04 meses

04 meses

E03 05 anos 05 anos

09 meses

E04 04 anos 04 anos

09 meses

E05 01 ano 01 ano

03 meses

E06 10 anos 10 anos 09 meses

E07 09 anos 09 anos

09 meses

E08 02 anos 02 anos

09 meses

E09 03 anos 03 anos

06 meses

76

receber o diagnoacutestico o apoio da equipe que faz o atendimento especializado na

aacuterea de sauacutede foi fundamental para que a aceitaccedilatildeo do pai fosse sendo construiacuteda

A matildee M02 tambeacutem afirmou que jaacute estava preparada em relaccedilatildeo ao

diagnoacutestico do filho pois teve um parto prematuro com vaacuterias intercorrecircncias para a

crianccedila Desse modo desde os primeiros meses fazia um acompanhamento

rigoroso da sauacutede e do desenvolvimento da crianccedila o que culminou em um

diagnoacutestico de paralisia cerebral

Jaacute para a matildee M03 que teve uma gestaccedilatildeo tranquila a notiacutecia de que a filha

tinha uma siacutendrome veio de uma forma um pouco mais complexa

dai veio a pediatra veio e eu nunca vou esquecer a cara daquela japonesa na minha frente Ela olhava pra mim e eu perguntei ela taacute bem doutora E ela respondeu olha bem pra tua filha Ela tem cara de crianccedila normal Aquele dia foi o maior baque O baque foi porque eu tinha receacutem parido tava inchada doiacuteda e tinha tudo isso e dai eu chorei muito

A matildee M04 tambeacutem teve uma experiecircncia negativa em relaccedilatildeo agrave forma como

foi dada a notiacutecia da condiccedilatildeo da filha

foi logo depois do parto [] Fazia seis horas que ela tinha nascido aiacute a estagiaacuteria foi no quarto e perguntou pela paciente do leito tal e disse vocecirc viu que a tua neneacutem eacute deficiente matildee virou as costas e saiu

Para a matildee M04 o fato de ter dito que a filha era deficiente foi o que mais

chocou porque ela supocircs que queria dizer que a crianccedila teria muito mais

necessidade de cuidados Poreacutem quando falaram que era Siacutendrome de Down

como ela jaacute tinha um pouco de conhecimento sobre a situaccedilatildeo entatildeo se sentiu mais

aliviada quanto agraves condiccedilotildees de sua menina

O choque inicial quando os pais recebem a notiacutecia de que seu filho apresenta

alguma alteraccedilatildeo no desenvolvimento eacute natural e para que o impacto de um

diagnoacutestico ou condiccedilatildeo desconhecida possa ser minimizado eacute fundamental que

eles tenham algum tipo de apoio e orientaccedilatildeo (MINETTO 2010 SCHMITERLOumlW e

FERNANDEZ 2004 PRADO 2005)

Tambeacutem haacute que se ter em destaque que a condiccedilatildeo diferenciada do

desenvolvimento e da sauacutede do filho pode gerar tambeacutem problemas no processo de

vinculaccedilatildeo dele com seus pais e isso podem leva-los a desenvolver uma tendecircncia

77

ao isolamento social que limita as experiecircncias do filho (MINETTO 2010 DE

LINARES 2003 GURALNICK 2000)

Desse modo foi possiacutevel verificar que para todas as matildees o que parece ter

sido fundamental no entendimento da condiccedilatildeo de seus filhos foram os apoios

recebidos nos primeiros meses de vida das crianccedilas em acordo com as informaccedilotildees

logo a seguir

A matildee M01 leva o filho em um centro de apoio especializado em autismo no

qual recebe apoio e orientaccedilatildeo de neurologista e de psicoacuteloga Segundo ela

eu me sinto preparada lidando com ele Antes eu ouvia falar mas eu natildeo sabia o que fazer Hoje eu sei o que fazer com ele eu sei como cuidar dele Ele estaacute sendo bem acompanhado Estou preparada para ajuda-lo

A matildee M02 leva o filho para fazer acompanhamento com meacutedico neurologista

desde o nascimento prematuro e sempre teve apoio e orientaccedilatildeo sobre como

proceder com a crianccedila

A matildee M03 disse que logo apoacutes o diagnoacutestico da filha encontrou uma pediatra

que a apoiou logo nos primeiros meses e que indicou um centro de referencia para

os outros atendimentos que eram necessaacuterios assim como tambeacutem indicou uma

associaccedilatildeo especializada em casos como o de sua crianccedila

A matildee M04 logo apoacutes a confirmaccedilatildeo do diagnoacutestico de Sindrome de Down

tambeacutem foi convidada a participar de um centro de referecircncia para essa siacutendrome

tendo conversado com as assistentes sociais o que segundo ela fez toda a

diferenccedila para um melhor entendimento da condiccedilatildeo da filha

No presente estudo as matildees sugerem que estatildeo construindo uma percepccedilatildeo

positiva de seus filhos e mostram-se interessadas pelo desenvolvimento das

crianccedilas poreacutem haacute estudos como o de Castro (2002) que indicam que matildees de

crianccedilas com doenccedilas crocircnicas aparentavam ser menos responsivas quando na

interaccedilatildeo com seus filhos e manifestando uma tendecircncia maior de ter

comportamentos e sentimentos ambivalentes

Para Schmiterloumlw e Fernandez (2004) cada famiacutelia que tem um filho com

alteraccedilotildees em seu desenvolvimento apresenta um modo proacuteprio de lidar com as

condiccedilotildees de sua crianccedila assim como desenvolve necessidades especiacuteficas

portanto atendimentos que visem dar apoio e orientaccedilatildeo familiar natildeo devem ser

homogecircneos

78

Os trechos abaixo satildeo demonstrativos da satisfaccedilatildeo que as matildees

expressaram durante a entrevista ao falarem sobre suas crianccedilas

A matildee M01 diz que seu filho

eacute uma crianccedila feliz Apesar de ele natildeo falar ele tenta se comunicar da melhor forma que ele consegue para pedir as coisas Ele eacute muito feliz carinhoso gosta de carinho gosta de brincar

Para a matildee M02 o filho

eacute muito especial muito carinhoso bonzinho Ele eacute atento a tudo o que a gente conversa se interessa tem muita forccedila de vontade quer aprender as coisas tem muita vontade de andar

Jaacute para a matildee M03 a filha ldquoeacute muito inteligente Hoje de manhatilde eu falei pra

minha matildee como ela taacute linda Taacute espertardquo E para a matildee M04 a crianccedila ldquoeacute muito

esperta maravilha precisa ver Ela brinca se diverte aprende Nossa Ela eacute dezrdquo

Reconhecer as qualidades e potencialidades dos filhos demonstrando

satisfaccedilatildeo nas relaccedilotildees parece ser algo que auxilia a essas matildees a interessarem-se

cada vez por suas crianccedilas o que possivelmente faz essas uacuteltimas sentirem-se

cada vez mais incentivadas em novas aprendizagens (BRAZELTON 1990)

Todas as matildees indicaram que buscam tratar seus filhos como crianccedilas

normais o relato de matildee M01 e de matildee M04 exemplificam bem a posiccedilatildeo delas

Eu sempre vi ele como uma crianccedila normal tanto que eu trato ele como trato as outras filhas Eu converso eu conto as mesmas coisas pra ele nunca quis proteger ele demais porque ele tem que ser independente tambeacutem (M01)

[] desde que eu soube que ela tinha siacutendrome de Down eu pus na minha cabeccedila que eu natildeo iria tratar ela como uma crianccedila deficiente ela natildeo era uma crianccedila deficiente ao menos que realmente fosse (M04)

Em acordo com as afirmaccedilotildees oferecidas por esse grupo de matildees eacute possiacutevel inferir

que ter uma deficiecircncia eacute a falta de algo (braccedilo perna etc) ou algo que natildeo se

modifica mas elas veem que suas crianccedilas podem modificar seu comportamento

logo natildeo satildeo deficientes

As participantes tambeacutem relatam como fazem para saber se o filho estaacute se

desenvolvendo bem e nesse sentido apenas uma matildee afirma ter sido realizada

79

avaliaccedilatildeo de desenvolvimento infantil pela pediatra da crianccedila as trecircs demais o

fazem em comparaccedilatildeo com outras crianccedilas conhecidas

Mas todas consideram que seus filhos estatildeo se desenvolvendo bem para a idade

natildeo apresentando muitas diferenccedilas em relaccedilatildeo a outras crianccedilas da mesma faixa

etaacuteria

Parte dessa avaliaccedilatildeo eacute produto do que observam das transformaccedilotildees oriundas da

participaccedilatildeo das crianccedilas na Educaccedilatildeo Infantil

As matildees informaram se seus filhos participaram de alguma outra instituiccedilatildeo antes de

ir para o CMEI como por exemplo alguma escola especial ou se ficava com a

babaacute

Apenas uma crianccedila frequentou outro atendimento antes de ir para o CMEI

Segundo a matildee a crianccedila frequentou duas escolas especiais A primeira escola tinha

um horaacuterio difiacutecil de levar pois a crianccedila tinha que acordar muito cedo o que

ocasionou a mudanccedila para uma segunda escola especial mais proacutexima da

residecircncia da famiacutelia Contudo nessa segunda instituiccedilatildeo a matildee percebeu que a

crianccedila natildeo estava evoluindo em seu desenvolvimento conforme o esperado O

relato do que foi observado por essa matildee segue indicado abaixo

Dai a fulana regrediu ela soacute queria dormir Entatildeo toda vez que ia pegar ela laacute ela tava sonolenta e molenga Como se tivesse tomado algum remeacutedio Natildeo tinha tomado natildeo tinha sido dopada mas eacute de ficar isolada

A mesma matildee descreve a sala em que sua crianccedila ficava no periacuteodo de

atendimento nessa escola especial ldquo[] a sala era totalmente escura [] fedia a

mofo era toda fechada sem ventilaccedilatildeo []rdquo

Nas informaccedilotildees sobre a participaccedilatildeo da crianccedila no CMEI elas informaram qual o

motivo de ter matriculado a crianccedila na instituiccedilatildeo haacute quanto tempo agrave crianccedila estaacute

participando deste atendimento qual o motivo de ter sido nessa instituiccedilatildeo turma

que a crianccedila frequenta e qual o periacuteodo que a crianccedila permanece diariamente no

CMEI

Apenas matildee M01 e matildee M02 matricularam seus filhos na Educaccedilatildeo Infantil por

indicaccedilatildeo meacutedica as demais o fizeram por outras razotildees

A matildee M02 aleacutem da sugestatildeo meacutedica tambeacutem afirmou que precisava voltar a

trabalhar e o CMEI seria um bom auxiliar nesse sentido

80

A matildee M03 buscou a Educaccedilatildeo Infantil por acreditar que seria bom para sua filha

especialmente porque ldquoela eacute filha uacutenica pra aprender as coisas baacutesicas que a gente

agraves vezes taacute trabalhando o dia todo e dai ela natildeo tem condiccedilotildees de aprenderrdquo

Apenas a matildee M04 decidiu apoacutes a crianccedila ter tido uma experiecircncia em escola

especial que foi considerada negativa pela famiacutelia conforme indicado anteriormente

As demais crianccedilas ficavam em casa aos cuidados de suas famiacutelias antes de

entrarem na Educaccedilatildeo Infantil

Trecircs das matildees escolheram o CMEI por ser proacuteximo da residecircncia da famiacutelia e

apenas uma fez a escolha por indicaccedilatildeo da meacutedica neurologista que atende o filho

Segundo essa matildee a profissional se referiu a instituiccedilatildeo por fazer parte de um

complexo educacional no qual existem vaacuterios casos de inclusatildeo A matildee M02

escolheu pela proximidade mas tambeacutem porque era a uacutenica que tinha berccedilaacuterio

Se em situaccedilotildees como a de deficiecircncia haacute uma espeacutecie de ldquoapagamentordquo do

saber materno em relaccedilatildeo a como criar seu filho e isso pode comprometer o

desenvolvimento da crianccedila e gerar uma sensaccedilatildeo de fragilidade e impotecircncia em

seus pais (ALVES 2007) entatildeo mais do que nunca accedilotildees interventivas que

considerem a famiacutelia tornam-se fundamentais Quanto a isso Mueller (2008) afirma

que eacute necessaacuterio que essas ultrapassem a ideia de orientaccedilatildeo mas passem a

promover efetivamente a accedilatildeo dos pais Essa pesquisadora tambeacutem indica que eacute

necessaacuterio averiguar o que de fato os pais entenderam e se apropriaram das

orientaccedilotildees pois esse eacute fator que parece comprometer a accedilatildeo dos pais com seus

filhos

422 As Professoras do Atendimento Educacional Especializado ndash AEE e a

inclusatildeo das crianccedilas pequenas que estatildeo nos Centros Municipais de

Educaccedilatildeo Infantil ndash CMEIs

As professoras informaram como eacute o trabalho do AEE quanto tempo faz que

estejam trabalhando como professoras do AEE qual a carga horaacuteria que elas

cumprem semanalmente quantos alunos atendem e quais as maiores

especificidades dos atendimentos

81

De modo geral em acordo com os relatos foi possiacutevel perceber que compete

ao professor do AEE a) atender ao alunado foco Educaccedilatildeo Especial que estaacute em

inclusatildeo no ensino regular complementando a aprendizagem b) dar apoio e

orientaccedilotildees sobre o processo de inclusatildeo tanto para a famiacutelia do aluno quanto ao

seu professor no ensino regular c) buscar recursos que visem melhorar o processo

de inclusatildeo desse alunado junto a outros profissionais especialistas e na

comunidade (estabelecer redes de apoios quando necessaacuterio) O que parece estar

em conformidade com o Decreto nordm 761111 e que dispotildee sobre a Educaccedilatildeo

Especial e o Atendimento Educacional Especializado

Segundo a professora P01 a maior especificidade do Atendimento

Educacional Especializado eacute

natildeo ficar no conteuacutedo eacute atingir o desenvolvimento da crianccedila no que ela precisa e para isso precisa ir atraacutes de especialistas trabalhar todo o ambiente tanto de famiacutelia quanto da escola que ela estaacute inserida

A professora P02 afirma que o ldquoAEE trabalha cada especialidade que ela [a

crianccedila] precisa seja visual a fala o que a crianccedila precisardquo

Jaacute P03 relata que o

trabalho no AEE gira em torno entatildeo na escola realiza trabalho aqui na sala tem o apoio a professora do regular e apoio com a famiacutelia No apoio a famiacutelia chama a matildee faz toda aquela triagem preenche todos os relatoacuterios neacute Na escola regular a gente vai ateacute a escola regular conversa com a professora vecirc a dificuldade que a crianccedila tem pra que a gente possa ajuda neacute o que a professora precisa se eacute adaptaccedilatildeo de algum material para que a gente possa taacute nesse sentido

O grupo tambeacutem informou o tempo em que atua no AEE para o Ensino

Fundamental e no AEE para a Educaccedilatildeo Infantil

E desse modo antes de trazer os dados das entrevistadas eacute importante

relatar que Atendimento Educacional Especializado teve seu iniacutecio nesse municiacutepio

como apoio do Ensino Fundamental no ano de 2009 sendo que o atendimento para

a Educaccedilatildeo Infantil soacute comeccedilou em 2011 Logo eacute relevante que se considere a

precocidade do Atendimento Educacional Especializado nessa regiatildeo

82

As professoras atendem atualmente tanto o alunado do Ensino

Fundamental quanto da Educaccedilatildeo Infantil A professora P02 afirma atender a trecircs

anos no AEE e o faz em outra modalidade - especiacutefico para a Estimulaccedilatildeo Visual - e

sempre trabalhou soacute com crianccedilas de pouca idade (Quadro 11)

Quadro 11 - Distribuiccedilatildeo das Professoras do Atendimento Educacional Especializado conforme seu tempo de atuaccedilatildeo como AEE no Ensino Fundamental e na Educaccedilatildeo Infantil

Conforme o quadro acima eacute possiacutevel verificar que o tempo de atuaccedilatildeo

dessas professoras no Atendimento Educacional Especializado estaacute entre 01 e 03

anos O que condiz com o periacuteodo em que este serviccedilo foi implantado na rede de

educaccedilatildeo do municiacutepio em que ocorreu esta pesquisa

Quanto agrave carga horaacuteria que elas cumprem semanalmente e quantos alunos

atendem seguem no quadro 12

Quadro 12- Distribuiccedilatildeo das Professoras do Atendimento Educacional Especializado conforme seu tempo de atuaccedilatildeo como AEE no Ensino Fundamental e na Educaccedilatildeo Infantil

Participantes Carga horaacuteria

semanal

Nordm de Alunos Ensino

Fundamental

Nordm de Alunos Educaccedilatildeo

Infantil

Total de alunos

Faixa etaacuteria atendida

atualmente

P01 20h 01 01 02 03 a 11 anos

P02 20h 05 03 08 02 a 09 anos

P03 40h 13 01 14 02 a 15 anos

P04 40h 17 03 20 02 a 16 anos

Participantes Tempo no AEE ndash E Fundamental Tempo no AEE- Ed Infantil

P01 01 ano 01 ano

P02 03 anos 02 anos

P03 02 anos 01 ano

P04 02 anos 02 anos

83

Haacute nos grupos dos alunos atendidos por essas professoras do AEE uma

grande heterogeneidade de caracteriacutesticas e condiccedilotildees de desenvolvimento e

aprendizado Elas atendem alunos tanto do Ensino Fundamental quanto da

Educaccedilatildeo Infantil e que apresentam Autismo Siacutendrome de Asperger Paralisia

Cerebral Siacutendrome de Moebius Siacutendrome de Down Deficiecircncia Intelectual entre

outros

Quanto as maiores diferenccedilas entre o Atendimento Educacional Especializado

ndash AEE para o Ensino Fundamental e o AEE direcionado para a Educaccedilatildeo Infantil

elas indicaram (Quadro 13)

Quadro 13 ndash Distribuiccedilatildeo das maiores especificidades do Atendimento Educacional Especializado para a Educaccedilatildeo Infantil e para o Ensino Fundamental

Para a P02 as maiores diferenccedilas satildeo os materiais e o tipo de brinquedos

que satildeo usados P03 afirmou que o atendimento do AEE para a Educaccedilatildeo Infantil

se baseia em atividades de estimulaccedilatildeo essencial e que estaacute

buscando muito na internet em ver que tipo de atividade pode ajudar ele em relaccedilatildeo a material para que me ajude porque na Educaccedilatildeo Infantil eu natildeo tenho experiecircncia porque a gente a gente como professora de Ensino Fundamental a gente pensa logo no pedagoacutegico no ensinar

Participantes

Educaccedilatildeo Infantil

Ensino Fundamental

P01

Atividades voltadas ao corpo para o

desenvolvimento para a socializaccedilatildeo para o

brincar e para a fantasia

Atividades escolares mais complexas

P02 Natildeo usa laacutepis trabalha mais com o estiacutemulo

Usa mais materiais usa alguns materiais escolares

P03 Estimulaccedilatildeo Essencial Trabalha as dificuldades do aluno por meio

de jogos usa bastante o computador tambeacutem precisa adaptar material

P04

Estimulaccedilatildeo encaixes circuitos para

engatinhar jogos de imitaccedilatildeo

Aacuterea de alfabetizaccedilatildeo atividades psicomotoras e orientaccedilotildees atividades para

aprimorar o comportamento dos alunos

84

Elas caracterizaram o trabalho com a crianccedila foco da pesquisa para isso

informaram haacute quanto tempo atendiam a crianccedila foco da pesquisa no Atendimento

Educacional Especializado e como era o atendimento a esse aluno (Quadro 14)

Quadro 14 ndash Distribuiccedilatildeo das Professoras do Atendimento Educacional Especializado conforme tempo em que atendem a crianccedila pequena foco da pesquisa frequecircncia e duraccedilatildeo do atendimento ao aluno

Em termos de frequecircncia semanal ao serviccedilo de AEE percebe-se que este se

organiza em curtos momentos o que sugere duas questotildees ao menos A primeira eacute

a da necessidade de que haja um planejamento bem definido em relaccedilatildeo agraves

condiccedilotildees de cada crianccedila de modo que se aproveite ao maacuteximo esse curto espaccedilo

de tempo de atendimento E a segunda questatildeo eacute em relaccedilatildeo agrave relevacircncia que

estar na Educaccedilatildeo Infantil passa a ter para o desenvolvimento global dessas

crianccedilas pois entre os trecircs contextos relacionados no presente estudo (familiar AEE

e CMEI) eacute no CMEI que elas passam a maior parte de seu tempo

De modo geral as professoras indicam que buscam constantemente adequar

as atividades agraves necessidades individuais do alunado para tal procuram estruturar

seu planejamento em jogos e brincadeiras O caraacuteter luacutedico das atividades tambeacutem

se torna um elemento para diferenciar o AEE das aulas de reforccedilo e das aulas

regulares

Todas as professoras fazem planejamentos semanais e afirmam procurar

avaliar o desempenho da crianccedila dia a dia por meio do que foi alcanccedilado ou natildeo e

frente aos objetivos estabelecidos individualmente

Diante do aspecto novo e diferenciado que o AEE para a Educaccedilatildeo Infantil

apresenta para essas professoras foi questionado o que elas pensaram quando

souberam que iriam atender essas crianccedilas pequenas E apoacutes o periacuteodo de

Participante Tempo em que atende a crianccedila pequena foco da

pesquisa

Frequecircncia e Duraccedilatildeo do Atendimento

P01 8 meses 1x semana 2 horas

P02 7 meses 2x semana 1 hora

P03 4 meses 1 x semana 1 hora

P04 4 semanas 1 x semana 1 hora

85

atendimento e relaccedilatildeo com essas crianccedilas como se sentem ao atendecirc-las (Quadro

15)

Quadro 15 ndash Distribuiccedilatildeo das Professoras conforme suas concepccedilotildees antes de atender a crianccedila e apoacutes o periacuteodo em que atende o aluno que estaacute em inclusatildeo

Trecircs das professoras demostraram ter sentido grande preocupaccedilatildeo com o

fato de ter que atender uma crianccedila pequena

Uma delas afirmou que se sentiu feliz pois jaacute estava acostumada a atender

crianccedilas pequenas e viu no novo aluno uma oportunidade de aprender mais

Todas as professoras relataram que ao serem informadas sobre as crianccedilas

pequenas que iriam atender buscaram informaccedilotildees pertinentes agrave condiccedilatildeo da

crianccedila e sobre ideias para as atividades

A participante P03 justifica sua primeira impressatildeo

Ai com bastante medo sinceramente com bastante medo Eu natildeo tinha tido experiecircncia com crianccedila pequena ainda mais com berccedilaacuterio Minha experiecircncia toda era no Ensino Fundamental com crianccedilas maiores e que praticamente natildeo possuiacuteam dificuldade neacute

Outra professora indica o mesmo tipo de preocupaccedilatildeo ldquoAi eu fiquei

desesperada O que eu vou trabalhar Eu soacute tenho a praacutetica do Fundamentalrdquo (P04)

Apoacutes conhecer e atender a crianccedila a opiniatildeo das professoras modificou-se

Os relatos das professoras indicam que estatildeo se sentindo mais seguras muito

embora sua funccedilatildeo no AEE da Educaccedilatildeo Infantil ainda esteja sendo delineada e

restem duacutevidas e anseios

Participante Antes de atender a crianccedila Atualmente

P01 Afirma que natildeo sabia como ia

trabalhar Sente-se orgulhosa do trabalho e da

evoluccedilatildeo do aluno

P02 Sentiu-se feliz porque percebeu

que era um desafio

Sente-se feliz e diz que eacute gratificante perceber o trabalho realizado e a evoluccedilatildeo

do aluno

P03 Sentiu medo Sente-se mais segura

P04 Ficou desesperada Sente-se mais tranquila

86

O relato da professora P04 eacute muito interessante e faz lembrar que elas estatildeo

tambeacutem construindo sua identidade como professora do Atendimento Educacional

Especializado voltado para a Educaccedilatildeo Infantil o que traz questotildees e anseios muito

proacuteprios

agora estou mais tranquila porque assim ateacute entatildeo eu via assim meu Deus Eu tocirc perdendo a funccedilatildeo de professora Estou perdendo a funccedilatildeo de professora porque no AEE a gente trabalha com as habilidades natildeo eacute muito aquilo do conteuacutedo propriamente escrito ali Daiacute eu pensei tocirc perdendo minha funccedilatildeo de professora natildeo tocirc tendo minha funccedilatildeo de professora agora porque eu tenho que brincar com essa crianccedila tenho que ensinar a engatinhar tenho que estimular ela (P04)

Apoacutes perceber qual seria o seu trabalho com a crianccedila pequena sua visatildeo

modificou-se

agora natildeo agora eu tocirc mais tranquila natildeo me preocupo muito com as outras pessoas vai falar Que a minha preocupaccedilatildeo tambeacutem era assim poxa minha amiga vai falar essa professora natildeo taacute trabalhando ela taacute brincando Entatildeo eu tinha uma visatildeo assim do que os outros iam pensar do meu trabalho Hoje em dia natildeo Se entra uma pessoa assim e eu tocirc brincando ali com a crianccedila eu continuo fazendo o que tocirc fazendo Antes ateacute que eu meio que dava uma disfarccedilada (P04)

Devido agrave forma de trabalhar outra professora traacutes um relato que

complementa esse uacuteltimo

acho que o professor do AEE para Educaccedilatildeo Infantil tem que ter muita dedicaccedilatildeo mas agraves vezes a gente escuta que o professor do AEE natildeo faz nada neacute Porque cada aluno tem um horaacuterio temos muitos horaacuterios livres mas tem que ter muita dedicaccedilatildeo tem que ter empenho tem que buscar o conhecimento (P03)

Tambeacutem foi solicitado que as profissionais indicassem como fazem para

saber se a crianccedila em inclusatildeo estaacute se desenvolvendo bem E em resposta todas

as professoras relatam que buscam perceber o desenvolvimento dos alunos por

meio da comparaccedilatildeo do desempenho da crianccedila desde o momento em que iniciou

seu atendimento no AEE ateacute o presente

Usam como referecircncias as conversas com as matildees das crianccedilas com as

educadoras e seus proacuteprios apontamentos e agraves vezes orientaccedilotildees dos

especialistas que atendem as crianccedilas Tais referecircncias natildeo satildeo diferentes das

tambeacutem evidenciadas e utilizadas por educadoras de CMEIS (SOUZA 2008)

Contudo pensa-se que pelas especificidades do trabalho das professoras do

Atendimento Educacional Especializado urge que estas profissionais tenham

87

maiores recursos para avaliar acompanhar e promover o desenvolvimento de

crianccedilas com necessidades especiais

Sobre a falta de um paracircmetro para avaliar o desenvolvimento infantil a

professora P01 informa

agora diante de todo esse aprendizado a gente - todos do AEE ndash vai se juntar e vai montar dentro do Desenvolvimento Infantil o que eacute conveniente para aquela idade e o que natildeo eacute A gente natildeo tem esse paracircmetro anda porque tudo para noacutes estaacute sendo esse ano um experimento

A falta de paracircmetros para avaliar e acompanhar o desenvolvimento na

primeira infacircncia parece natildeo ser exclusividade das professoras e educadoras da

presente pesquisa conforme jaacute relatado por Souza (2008) Soejima (2008) e

Bolsanello e Soejima (2012) Contudo ao se considerar que o Atendimento

Educacional Especializado pode ser aproveitado como parte de um processo ou

programa de intervenccedilatildeo precoce para as crianccedilas que tecircm deficiecircncias entatildeo seria

indispensaacutevel que se estabelecesse meios de avaliar acompanhar e intervir no

desenvolvimento infantil conforme jaacute evidenciado por autores como Juan ndash Vera e

Peacuterez-Lopez (2009) e Moragas (2009)

Ao serem convidadas a comentar como se daacute o trabalho com essas crianccedilas

pequenas elas tambeacutem indicaram ter uma percepccedilatildeo positiva das crianccedilas que

atendem salientando em seus relatos avanccedilos e qualidades dos seus alunos

A professora P01 conta que atende uma crianccedila com autismo e pela

especificidade precisou fazer um curso para se orientar em como trabalhar Apoacutes

esse curso afirma que sua visatildeo do que a crianccedila precisava para aprender se

modificou e que conseguiu alcanccedilar mais ecircxito em seus objetivos Ela tambeacutem conta

que apoacutes a formaccedilatildeo conseguiu auxiliar mais as educadoras que atende a crianccedila

no CMEI Seu trabalho com esse aluno eacute mais voltado para a adequaccedilatildeo

comportamental pois segundo ela o mesmo passava muito tempo dormindo na

creche ainda usando fraldas chupeta praticamente natildeo fazendo atividades

dirigidas Essa professora tambeacutem construiu rotinas para a crianccedila ficar mais

orientada no que se esperava dela assim como introduziu vaacuterias atividades

pedagoacutegicas todas baseadas na proposta curricular do municiacutepio

Jaacute a professora P02 trabalha apenas com reeducaccedilatildeo e estimulaccedilatildeo visual

Segundo ela trabalha em sala escura com luzes coloridas pareamento de figuras

88

com pranchas objetos coloridos objetos musicais sempre focando nos aspectos

psicomotores

No relatado da professora P03 evidencia-se que esta fez pouco contato com a

crianccedila pois ele estava afastado por questotildees de sauacutede Mas que seu atendimento

nesse momento de desenvolvimento do aluno eacute mais voltado para a estimulaccedilatildeo

essencial

Segundo a professora P04 seu trabalho se baseia em atividades de

estimulaccedilatildeo essencial Quando questionada sobre onde ela busca embasamento

para trabalhar com estimulaccedilatildeo essencial essa professora afirmou que aleacutem de

algumas orientaccedilotildees da equipe da Educaccedilatildeo Especial fez bastante pesquisa na

internet Contudo tambeacutem demonstrou em seu relato natildeo saber muito bem como eacute

um atendimento de estimulaccedilatildeo essencial

natildeo natildeo eu natildeo tive (formaccedilatildeo sobre estimulaccedilatildeo essencial) Eu natildeo tive preparaccedilatildeo alguma para atender assim com a Educaccedilatildeo Infantil por isso que eu fiquei desesperada A gente faz curso vai se preparando mas com crianccedilas pequenas natildeo Dai eu acho que eu faccedilo estimulaccedilatildeo mas natildeo sei dizer bem certo se eacute assim Porque quando eu recebi ela (crianccedila) era pra trabalhar com ela estimulaccedilatildeo dai eu fui pesquisar peguei alguns negoacutecios nas informaccedilotildees que eu peguei na internet eacute estimulaccedilatildeo precoce Eacute o que eu sei (P04)

Conforme os relatos sobre os atendimentos percebeu-se que todas as

crianccedilas satildeo trabalhadas individualmente tendo um plano de trabalho elaborado

especificamente e de acordo com as caracteriacutesticas pessoais e cada uma

As crianccedilas que fazem parte do grupo desse estudo precisam deslocar-se do

CMEI de origem ateacute a escola em que estaacute locada a Sala de Recursos Multifuncional

(espaccedilo em que ocorre o Atendimento Educacional Especializado) De modo geral

as Salas de Recursos Multifuncionais podem ser alocadas tanto em CMEIs quanto

em Escolas Regulares No caso dessa pesquisa todas as crianccedilas frequentam

Salas que estatildeo lotadas fora de seus CMEIs

Em conformidade com informaccedilotildees jaacute fornecidas tambeacutem faz parte das

atribuiccedilotildees dessas professoras o contato com os responsaacuteveis pela crianccedila com as

educadoras que a atendem nos CMEIs e especialistas Pelos relatos entende-se

que costumeiramente todas as professoras fazem contato com as matildees e com as

educadoras da crianccedila para estabelecer as questotildees mais pertinentes no momento

apoacutes essas conversas iniciais os demais encontros satildeo realizados conforme

89

necessidade O contato com os demais especialistas que atendem a crianccedila

tambeacutem eacute estabelecido de acordo com as condiccedilotildees do aluno

423 As educadoras e as crianccedilas pequenas que estatildeo em inclusatildeo

As Educadoras entrevistadas informaram em qual turma trabalham a faixa

etaacuteria que atendem e a quantidade de alunos matriculados por turma

O quadro abaixo (Quadro 16) ilustra a distribuiccedilatildeo das Educadoras conforme

as turmas que atendem atualmente a faixa etaacuteria da turma em que trabalham e

quantidade de alunos matriculados

Quadro 16 ndash Distribuiccedilatildeo das Educadoras conforme turmas que atendem faixa etaacuteria da turma e quantidade de alunos por turma

Todas as Educadoras dividem o atendimento da turma com outras

profissionais sendo que segundo elas todas que atendem numa mesma turma tecircm

as mesmas atribuiccedilotildees e responsabilidades em relaccedilatildeo agraves crianccedilas Logo percebe-

se que a distribuiccedilatildeo das educadoras eacute

Participante Turma que

atende Faixa etaacuteria da

turma

Quantidade de

alunos por turma

E01 M1 1a e 8m a 2 anos 24

E02 M1 1a e 8m a 2 anos 24

E03 M1 1a e 8m a 2 anos 24

E04 B2 8meses a 1a e 8m 19

E05 M1 1a e 8m a 2 anos 24

E06 M2 2 a 3 anos 24

E07 M2 2 a 3 anos 24

E08 B2 8meses a 1a e 8m 19

E09 B2 8meses a 1a e 8m 19

90

- Turma de Berccedilaacuterio = 03 Educadoras por turma

- Turma de Maternal = 02 Educadoras por turma

Durante as entrevistas observou-se que natildeo eacute rara a consideraccedilatildeo de que

nas turmas em grande numero de alunos podem ocorrer limitaccedilotildees no processo de

inclusatildeo de crianccedilas pequenas com necessidades especiais

A relaccedilatildeo quantidade de crianccedilas em turma por educadora tambeacutem eacute algo a

ser considerado quando se pensa em proporcionar um serviccedilo com qualidade e com

vistas agrave promoccedilatildeo do desenvolvimento e melhor desempenho da educadora

(LORDELO et al 2007) Brazelton (2002) ao fazer referecircncia agrave relaccedilatildeo quantidade

de crianccedilas por educadora afirma que esta deveria ser a seguinte 03 a 04 crianccedilas

para cada educadora quando estiverem atendendo bebecircs de 04 crianccedilas por

educadora quando os pequenos estiverem aprendendo a andar e entre 06 a 08

crianccedilas (quando forem maiores de 03 anos) por educadora

Todas relataram que possuem horaacuterio semanal para planejamento das

atividades da turma Cada grupo de Educadora tem sua forma de organizar o

planejamento mas elas foram unacircnimes em dizer que natildeo fazem planejamento

diferenciado em decorrecircncia de terem uma crianccedila em inclusatildeo em suas turmas O

que ocorre eacute que no dia a dia cada Educadora tenta adaptar a praacutetica

anteriormente planejada Para tal levam em conta as condiccedilotildees da crianccedila no

momento da aplicaccedilatildeo da atividade

A Educadora E03 afirma que fez um curso sobre inclusatildeo e que nele foi

orientada que natildeo havia necessidade de estabelecer um planejamento com

objetivos especiacuteficos para a crianccedila foco da inclusatildeo Contudo ela diz que natildeo

saberia como mudar os objetivos

Jaacute a educadora E05 justifica que natildeo consegue fazer atividades diferenciadas

e que como se trabalha muito

com picote com colagem movimento danccedila a parte de equiliacutebrio e como ela (a crianccedila em inclusatildeo) natildeo fica em peacute entatildeo ela natildeo pode participar dessas () Entatildeo a gente tenta a gente coloca ela mas natildeo tem o resultado que a gente espera() a gente natildeo sabe como adaptar pra ela o planejamento Natildeo tem nada diferenciado pra ela

Diante desses dados pode-se inferir que o processo inclusivo da crianccedila

pequena no CMEI falha em se constituir como tal pois foge em vaacuterias instacircncias aos

91

princiacutepios baacutesicos do que se considera uma educaccedilatildeo ldquopara todosrdquo tal como

preconizado por autores como Alves (2008) Carvalho (2009) e Oliveira (2010) os

quais ilustram que promover as mesmas oportunidades para os alunos natildeo significa

que todos deveratildeo ser atendidos de forma homogecircnea Pensa-se nesse sentido

que a falta de um planejamento que seja coerente com as caracteriacutesticas das

crianccedilas que estatildeo em inclusatildeo coloca em risco a atenccedilatildeo agraves suas necessidades e

pode contribuir para que haja exclusatildeo e isolamento desse alunado

Todas as Educadoras relataram de forma geral como eacute sua rotina de

trabalho no CMEI demonstrando um cotidiano dividido entre atividades de

alimentaccedilatildeo higiene atividades com cunho pedagoacutegico e brincadeiras Mesmo natildeo

fazendo um plano de trabalho especiacutefico para as crianccedilas que estatildeo em inclusatildeo as

Educadoras afirmam que tentam na praacutetica diaacuteria aplicar algumas atividades e

brincadeiras diferenciadas em conformidade com o que percebem que eacute necessaacuterio

no momento da crianccedila mas nem sempre sabem o que eacute preciso para o aluno que

natildeo raro usam de seus ldquoinstintosrdquo

a gente faz e estaacute fazendo meio que trabalho instintivo a gente acha que eacute bom para ele (aluno) e a gente vai laacute e faz porque natildeo tem rumo ele taacute num mar e a gente tem que velejar para algum lugar (E08)

Tambeacutem ao falarem sobre a rotina de trabalho em vaacuterias situaccedilotildees ao longo

dos relatos as entrevistadas apontaram que esta eacute exaustiva e que eacute difiacutecil dar

atenccedilatildeo individualizada agrave crianccedila em inclusatildeo

entatildeo eacute bem corrido tem umas crianccedilas que natildeo se adaptaram ainda Entatildeo eacute difiacutecil duas soacute darem da inclusiva (crianccedila) mais dos natildeo adaptados mais das vinte (crianccedilas) (E05)

Seis das participantes ao falarem das crianccedilas que atendem destacam as

caracteriacutesticas positivas do aluno e seus avanccedilos Ainda ao relatarem as

especificidades demonstram saber pouco sobre as condiccedilotildees da populaccedilatildeo que

atendem e ressaltam que percebem esse alunado de inclusatildeo como ldquocrianccedilas

normaisrdquo ou ldquopouco diferentesrdquo dos demais educandos

ela eacute muito alegre muito alegre ela eacute uma crianccedila muito esperta muito atenta muito atenta mesmo[] Ela eacute normal normal natildeo eacute a palavra mas ela acompanha ela tem os mesmos interesses que as crianccedilas da mesma idade (E01)

92

Da mesma forma a Educadora E02 diz natildeo saber exatamente ldquoo grau da

siacutendrome delardquo Faz afirmaccedilotildees positivas sobre a crianccedila e afirma que natildeo haacute

diferenccedilas entre essa crianccedila e as demais da turma

a gente percebe que natildeo eacute uma siacutendrome muito grave entatildeo a gente trata ela normalmente

Trecircs das Educadoras fazem destaque para as dificuldades das crianccedilas que

atendem afirmando que tiveram evoluccedilatildeo na aprendizagem mas que haacute muitos

empecilhos no atendimento a esses alunos

A Educadora E04 ressalta as dificuldades da crianccedila e de tecirc-la em sala de

aula

ele entrou em sala e natildeo foi colocado uma professora para dar atenccedilatildeo especial para ele agraves vezes a gente natildeo consegue dar atenccedilatildeo especial para ele Ele eacute tratado como os demais

Tambeacutem a Educadora E08 descreve as dificuldades da crianccedila e afirma que

se sentiu como uma ldquomatildee de primeira viagemrdquo quando o segurou no colo pela

primeira vez Segundo ela ldquonatildeo tem muito o que fazer com elerdquo

Em face agraves informaccedilotildees dessas participantes lembra-se que Drago (2011)

ao falar em relaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo infantil considera que apesar de tantos avanccedilos

ainda eacute possiacutevel encontrar muitos entraves que a caracterizam como uma educaccedilatildeo

um tanto quanto vazia de sentido como se ainda permanecesse a ideia de

educaccedilatildeo compensatoacuteria e junto a isso se percebe que o processo de inclusatildeo

ainda eacute bastante mal compreendido nessa faixa etaacuteria Diante disso como fazer uma

turma que tem alunos em inclusatildeo tornar-se verdadeiramente inclusiva Em

resposta acredita-se necessaacuterio o que Zorteacutea (2007) afirma e leva a pensar que

viabilizar a inclusatildeo pressupotildee um espaccedilo escolar que repense seus modos e meios

de existir de forma permanente

Ainda foi perguntado agraves Educadoras haacute quanto tempo atendiam a crianccedila

que estaacute em inclusatildeo (Quadro 17)

93

Quadro 17 ndash Distribuiccedilatildeo das Educadoras conforme o tempo em que

atendem a crianccedila que estaacute em inclusatildeo

Dado o tempo em que elas as atendiam foi tambeacutem solicitado que

comentassem o que pensaram quando souberam que iriam atender uma crianccedila de

inclusatildeo e o que sentem depois de tecirc-las conhecido e atendido (Quadro 18)

Quadro 18 - Distribuiccedilatildeo das Educadoras conforme suas concepccedilotildees antes de atender a crianccedila e apoacutes o periacuteodo em que atende o aluno que estaacute em inclusatildeo

Participante

Antes de atender a crianccedila Atualmente

E01 Sentiu-se bem por jaacute conhecer o caso

Sente-se bem

E02 Sentiu-se assustada Sente-se mais tranquila

E03 Sentiu-se feliz porque percebeu que era um desafio

Sente-se ainda insegura

E04 Sentiu-se assustada Sente-se contente com a evoluccedilatildeo da crianccedila

E05 Sentiu-se apavorada Sente-se triste

E06 Sentiu-se apreensiva Sente-se gratificada com a evoluccedilatildeo da crianccedila

E07 Sentiu medo Sente-se medo e inseguranccedila

E08 Sentiu-se apavorada Sente-se mais segura

E09 Sentiu-se assustada Sente-se mais tranquila mas ainda tem medo de atender a crianccedila quando estaacute sozinha

Participantes A quanto tempo

atende essa crianccedila

E01 1 mecircs

E02 4 meses

E03 9 meses

E04 9 meses

E05 3 meses

E06 9 meses

E07 9 meses

E08 9 meses

E09 6 meses

94

A grande maioria das participantes relatou que natildeo se sentiu muito

confortaacutevel quando soube que iria atender uma crianccedila de inclusatildeo em sua turma

Sentiram-se com medo assustadas e apavoradas Foram os sentimentos mais

considerados por elas A seguir apresentam-se alguns exemplos de relatos

A Educadora E02 afirma ter ficado assustada e pensou

fiquei assim o que a gente vai fazer neacute Com todo mundo como que a gente vai desempenhar o trabalho Pedagoacutegico o que a gente vai fazer Dai depois a gente foi vendo tentando adaptar mas pelo grau de deficiecircncia dela assim que era tatildeo gritante ela se desenvolveu muito bem neacute

Outra Educadora que tambeacutem afirmou ter ficado assustada justifica esse

sentimento pelo fato de ter muitas crianccedilas na turma e por natildeo ter espaccedilo para

trabalhar com a crianccedila especial Ainda afirma

ele precisa de amparo de atenccedilatildeo especiacutefica para o desenvolvimento dele Se eu dou atenccedilatildeo pra ele eu tenho que virar as costas para outros dezoito alunos (E04)

Vale destacar a percepccedilatildeo da Educadora E06 que disse ter ficado

apreensiva porque outras Educadoras falaram que crianccedilas com autismo satildeo

agressivas e violentas

Apenas duas Educadoras afirmaram que sentiram bem uma porque jaacute

conhecia o caso e a outra porque percebeu que poderia ter uma grande

oportunidade de aprendizado

Dentre o modo como se sentem atualmente quatro Educadoras ainda se

manifestaram de alguma forma desconfortaacuteveis com o que vem acontecendo no

atendimento e por conta disso revelam sentir medo inseguranccedila tristeza As

demais afirmaram que modificaram seu pensamento em relaccedilatildeo agrave crianccedila foco da

pesquisa

Merece destaque especialmente a fala das Educadoras E01 E03 e E05 que

afirmam respectivamente que se sente bem em atender a crianccedila mas se percebe

um pouco desamparada e limitada em relaccedilatildeo a atender as necessidades dela diz

sentir falta de ajuda e acredita que poderia ter feito muito mais pela aluna diz que

se sente triste porque natildeo consegue fazer com que a crianccedila evolua da forma

correta

95

Acredita-se que tais sentimentos poderiam ser minimizados diante de um

trabalho efetivamente feito em conjunto com os serviccedilos do Atendimento

Educacional Especializado o qual poderia servir entre outras coisas a construccedilatildeo

de estrateacutegias que sirvam de suporte para todos os envolvidos no processo inclusivo

- crianccedilas famiacutelias educadoras professoras comunidade entre outros

(BENINCASA 2011)

Entendendo que o processo de inclusatildeo tambeacutem serve agrave promoccedilatildeo do

desenvolvimento infantil foi questionado como elas faziam para saber se essa

crianccedila estava se desenvolvendo

E nesse sentido as Educadoras trouxeram em seus relatos diferentes modos

pelos quais acompanham e avaliam o desenvolvimento das crianccedilas foco do

processo inclusivo entre os quais se destacam a comparaccedilatildeo com as demais

crianccedilas da turma (E01 e E02) em acordo com a execuccedilatildeo das atividades propostas

para a turma (E03 e E04) conforme alteraccedilotildees no comportamento ocorridas durante

o periacuteodo em que o aluno estaacute em inclusatildeo (E05 E06 e E09) e por fim seguindo

ldquoinstinto maternordquo (E04)

Merece destaque as consideraccedilotildees da Educadora E04 ao dizer que por ser

matildee percebe como seu aluno em inclusatildeo se desenvolve Ela diz que as

educadoras que natildeo satildeo matildees provavelmente natildeo percebam o desenvolvimento do

aluno como ela percebe Consideremos a afirmaccedilatildeo da Educadora E05 por

exemplo que avalia o desenvolvimento por meio da visualizaccedilatildeo das alteraccedilotildees de

comportamento que a crianccedila manifesta antes era ldquotiacutemidardquo e agora eacute ldquoagressivardquo

Mas salienta ldquoa gente natildeo tem conhecimento se 2 anos que eacute o caso dela se taacute

desenvolvido ou natildeo se taacute bem ou natildeo taacuterdquo

As Educadoras satildeo unacircnimes em falar que aplicam as mesmas atividades

para toda a turma com rariacutessimos momentos em que conseguem adequar

totalmente uma atividade exclusivamente para a crianccedila que estaacute em inclusatildeo Elas

chamam atenccedilatildeo para o fato de que esses alunos seguem a rotina da turma sem

grandes problemas e que a relaccedilatildeo com o restante da turma eacute o ponto forte da

estimulaccedilatildeo da aprendizagem desse alunado que apresenta dificuldades

Se por um lado elas se sentem bem com o fato de a crianccedila acompanhar

grande parte das atividades da turma por outro haacute relatos em que se mostram

incomodadas por natildeo poderem dar a atenccedilatildeo necessaacuteria para a individualidade dos

alunos em inclusatildeo

96

A Educadora E03 afirma que a crianccedila que estaacute em inclusatildeo entra na

atividade como as outras pois natildeo apresenta muita dificuldade em acompanhar os

demais Inclusive a Educadora sugere que a aluna aprende muito com o estiacutemulo

originado espontaneamente nas relaccedilotildees com o restante da turma e comenta

eacute na convivecircncia com as outras crianccedilas que eu tocirc vendo que ela evolui bem mais do que se eu intervir em alguma coisa

Jaacute a Educadora E08 fala que elas estatildeo bem felizes com o desenvolvimento

do aluno e que fazem um trabalho ldquomeio instintivordquo imaginam o que pode ser bom

para a crianccedila e aplicam porque segundo ela ldquonatildeo tem rumo ele estaacute num mar e a

gente tem que velejar para algum lugarrdquo E de um modo geral as atividades satildeo as

mesmas para todas as crianccedilas Ela afirma tambeacutem que percebe que o maior

estiacutemulo para o aluno que atende natildeo estaacute vindo das atividades diretamente mas

das outras crianccedilas Ela conta que

eles chamam ele pra brincar pegam o brinquedinho eles pegam o brinquedinho e levam pra ele brincar() Eles ajudam muito tanto que a parte do balbuciar (que o aluno aprendeu) eacute porque eles estatildeo falando muito eles vatildeo falam com ele e ele fala tambeacutem ele responde

43 Seccedilatildeo 03 Processo Inclusivo na Educaccedilatildeo Infantil

Esta parte do estudo tem como base o conjunto de informaccedilotildees relatadas

pelas participantes e que versam sobre a) o significado da inclusatildeo b) o motivo da

inclusatildeo c) a opiniatildeo dos participantes a respeito da inclusatildeo d) como deveriam ser

as Educadoras e os Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil - CMEIs para atender

bem ao processo inclusivo e) como a famiacutelia pode ajudar no processo de inclusatildeo

f) como a professora do Atendimento Educacional Especializado - AEE pode

contribuir para a inclusatildeo g) referecircncias e apoios utilizados e indicados para que o

processo inclusivo ocorra com qualidade h) se os Centros Municipais de Educaccedilatildeo

Infantil - CMEIs e as Educadoras estatildeo preparados para o processo inclusivo i)

como se daacute a participaccedilatildeo das famiacutelias atualmente j) vantagens e desvantagens do

processo inclusivo no Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil - CMEI e k)

97

comentaacuterio e sugestotildees para melhorar o processo inclusivo nos Centros Municipais

de Educaccedilatildeo Infantil - CMEIs

Esses dados foram organizados em seis grandes eixos em conformidade com

os objetivos especiacuteficos da pesquisa a saber 431 Concepccedilotildees dos Participantes

sobre o Processo Inclusivo 432 Participaccedilatildeo no Processo Inclusivo 433

Avaliaccedilatildeo do Processo Inclusivo 434 Referecircncias e Apoios utilizados e indicados

para que o Processo Inclusivo ocorra com qualidade 435 Vantagens e

Desvantagens do Processo Inclusivo e 436 Sugestotildees e Comentaacuterios visando a

melhoria do Processo Inclusivo na Educaccedilatildeo Infantil

431 Concepccedilotildees dos Participantes sobre o Processo Inclusivo

Quando se questiona o que significa falar que a crianccedila estaacute em inclusatildeo eacute

possiacutevel perceber que o processo em si natildeo se mostra bem claro para as

participantes do estudo

As matildees datildeo ecircnfase no sentido de que estar em inclusatildeo eacute estar com

crianccedilas normais jaacute as professoras do Atendimento Educacional Especializado -

AEE e as educadoras demonstram menos homogeneidade nas respostas

Nas informaccedilotildees ofertadas pelas matildees foi possiacutevel evidenciar que o

significado de a crianccedila estar em inclusatildeo estaacute mais relacionado a

- Chance de estar com crianccedilas da mesma idade e de aprender coisas que natildeo

aprende em casa

- Estar com crianccedilas normais

- Refere-se agrave outra escolinha (ao Atendimento Educacional Especializado)

Nas respostas maternas que indicam que estar em inclusatildeo eacute estar com os

ldquonormaisrdquo elas demonstram que eacute o mesmo que estar com crianccedilas da mesma faixa

etaacuteria O que parece reduzir em muito a amplitude do que o fato pode representar

natildeo para as matildees e profissionais da educaccedilatildeo mas e principalmente para a

crianccedila que estaacute em inclusatildeo Longe de ter uma conotaccedilatildeo pejorativa os relatos

enfatizam que ldquoestar com os normaisrdquo eacute tambeacutem poder ter acesso a aprendizagens e

98

oportunidades de experiecircncias mais proacuteximas agraves adequadas e esperadas para a

faixa etaacuteria das crianccedilas Essa percepccedilatildeo materna parecer ter sido construiacuteda junto

aos proacuteprios motivos e objetivos pelos quais elas matricularam seus filhos nos

CMEIs estar com crianccedilas da mesma idade

A Matildee 03 salienta que ldquoa gente costuma falar que o CMEI deixou de ser

depoacutesito pra ser lugar de aprendizadordquo

Jaacute a Matildee 01 reforccedila a noccedilatildeo de que estar em inclusatildeo eacute ldquoestar com pessoas

normaisrdquo ao afirmar que um dos motivos da inclusatildeo de crianccedilas pequenas eacute que

elas precisam de estiacutemulos e que eacute necessaacuterio ldquobuscar esse estiacutemulo entre os

normaisrdquo

Como jaacute afirmado acima no relato das profissionais (Educadoras dos Centros

Municipais de Educaccedilatildeo Infantil e Professoras do Atendimento Educacional

Especializado) natildeo haacute homogeneidade na percepccedilatildeo do que significa estar em

inclusatildeo

Entre as Educadoras haacute uma tendecircncia de em semelhanccedila agraves matildees

afirmarem que estar em inclusatildeo eacute ldquoestar com normaisrdquo mas tambeacutem haacute aquelas

que dizem que eacute atender a crianccedila especial em sua particularidade e aquelas que

natildeo acreditam que o que estaacute ocorrendo seja inclusatildeo pelas condiccedilotildees precaacuterias

que percebem Logo o significado de afirmar que essa crianccedila estaacute em inclusatildeo

para o grupo das Educadoras eacute

- Estar com crianccedilas da mesma faixa etaacuteria

- Que o aluno eacute visto como uma crianccedila normal

- Estar com crianccedilas normais

- Tratar a crianccedila em sua particularidade

- Que o aluno natildeo seraacute tratado como diferente

- Significa responsabilidade

- Que a crianccedila estaacute ldquomisturadardquo com os demais

A maioria dos relatos evidencia certa tendecircncia em relacionar estar em inclusatildeo com

aspectos sociais e a natildeo diferenciaccedilatildeo do atendimento a esse alunado Os relatos

em destaque ilustram essas concepccedilotildees

99

Que ele estaacute inserido na sala que ele natildeo estaacute sendo tratado diferente que ele participa das atividades e faz parte do grupo apesar das dificuldades (E04)

Que ele estaacute dentro de uma sala com crianccedilas relativamente da mesma idade participando das atividades que todas as crianccedilas podem realizar se tornando membro de uma sociedade (E08)

Que ele estaacute incluso em um ambiente da faixa etaacuteria dele com outros tipos de crianccedila (E09)

Nos relatos das educadoras ainda eacute possiacutevel perceber que haacute contradiccedilotildees

no que elas pensam ser a inclusatildeo e o que elas vivenciam como inclusatildeo no dia a

dia de trabalho tal como para as educadoras E01 e E02

Para a educadora E01 estar em inclusatildeo significa dizer que a crianccedila estaacute

ldquomisturadardquo O que segundo ela

eacute essa a realidade que a gente vecirc entende Eacute um eacute misturar neacute[] Entatildeo hoje a gente recebe a crianccedila e sem saber o que fazer com ela Isso natildeo eacute inclusatildeo pra mim

Jaacute para a E02 estar em inclusatildeo significa ldquoresponsabilidaderdquo Essa educadora

se diz assustada com o tamanho da importacircncia de ter uma crianccedila em inclusatildeo na

Educaccedilatildeo Infantil e justifica dizendo

Porque eu penso seraacute que estou desempenhando um bom trabalho com ela Seraacute que isso taacute ajudando Seraacute que isso vai ser significativo no segundo semestre ou natildeo E ao mesmo tempo em que eu sinto por intuiccedilatildeo que sim de fato eu natildeo sei se a gente estaacute fazendo um bom trabalho com ela

No caso das Professoras do Atendimento Educacional Especializado as

respostas tambeacutem natildeo parecem ter uma concordacircncia entre si Nas respostas os

significados de afirmar que essa crianccedila estaacute em inclusatildeo foram

- Natildeo vecirc sentido de se falar que ela estaacute em inclusatildeo pois eacute uma crianccedila

normal como qualquer outra

- Eacute colocar a crianccedila no conviacutevio com os demais

- Significa que estaacute ocorrendo uma mudanccedila de paracircmetro

- Significa que a crianccedila estaacute tendo um atendimento diferente

100

A professora P01 enfatiza que estar em inclusatildeo no CMEI significa que o

aluno estaacute usufruindo de um direito que eacute de todas as crianccedilas Jaacute a P02 ressalta os

aspectos da possibilidade que a inclusatildeo tem de facilitar a socializaccedilatildeo da crianccedila

pequena P03 ao sugerir que a inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil eacute uma mudanccedila de

paracircmetro tambeacutem indica que estar no CMEI eacute um direito de todas as crianccedilas e

considera que quanto mais cedo for a ldquointervenccedilatildeordquo melhor para o futuro do aluno

penso que eacute uma evoluccedilatildeo muito grande na educaccedilatildeo Que eles tecircm o mesmo direito que qualquer outra crianccedila tem acho assim quanto mais cedo buscar ajuda buscar reabilitaccedilatildeo buscar superar as dificuldades melhor para a crianccedila para o seu desenvolvimento neacute

Eacute possiacutevel perceber que no conjunto das informaccedilotildees as contradiccedilotildees do que

significa estar em inclusatildeo satildeo grandes Desse modo diante dos dados oferecidos

pelas participantes haacute que se perceber que conforme jaacute assinalado por Carvalho

(2011) os termos utilizados nesse acircmbito aleacutem de reduzirem a condiccedilatildeo de sujeito

que ali participa tambeacutem podem induzir a geraccedilatildeo de preconceitos pois implicam

em praacuteticas e experiecircncias agraves quais natildeo eacute possiacutevel mensurar o impacto nas

particularidades das pessoas Tambeacutem Rodrigues (2006) chama a atenccedilatildeo para o

fato de que no momento em que alguns alunos e natildeo outros satildeo considerados e

apontados ndash e portanto fabricados ndash como sendo os diferentes jaacute inscrevemos

nesse processo em termos de separaccedilatildeo e uma diminuiccedilatildeo do outro processo que

eacute contraditoacuterio agravequilo que os textos das reformas anunciam e enunciam

Quanto agrave percepccedilatildeo das profissionais pode-se considerar que poderia ser

mais ampliada talvez ateacute mais homogecircnea caso houvesse mais discussotildees a

respeito do assunto entre o grupo Ter essa identidade nos significados poderia ser

um passo inicial para a construccedilatildeo do processo inclusivo na rede especialmente

mais voltado para as necessidades da crianccedila pequena e da proacutepria estrutura da

Educaccedilatildeo Infantil

Foi questionado qual seria a opiniatildeo delas diante da seguinte situaccedilatildeo se

algueacutem lhe perguntasse qual eacute o motivo de crianccedilas com deficiecircncia estarem

frequentando o CMEI o que vocecirc diria

As matildees indicam perceber que para a crianccedila estar no CMEI eacute uma oportunidade

de aprendizado diferente e mais amplo em relaccedilatildeo ao outros contextos aleacutem de ser

um direito Dentro das categorias evidenciadas nas falas das matildees apenas uma natildeo

101

soube o que falar as demais colocaram como motivo o de crianccedilas pequenas com

deficiecircncia poderem frequentar o CMEI

- Porque a crianccedila com deficiecircncia faz parte da sociedade

- Porque a crianccedila precisa de estiacutemulo

- Eacute um direito de todos

- Porque eacute um lugar de aprendizado

- O Centro Municipal de Educaccedilatildeo Infantil eacute para qualquer crianccedila

- Faz parte do processo educacional da crianccedila

A Matildee 03 salienta que ldquoa gente costuma falar que o CMEI deixou de ser

depoacutesito pra ser lugar de aprendizadordquo

Jaacute a Matildee 01 reforccedila a noccedilatildeo de que estar em inclusatildeo eacute ldquoestar com pessoas

normaisrdquo ao afirmar que um dos motivos da inclusatildeo de crianccedilas pequenas eacute que

elas precisam de estiacutemulos e que eacute necessaacuterio ldquobuscar esse estiacutemulo entre os

normaisrdquo

Alves (2007) tambeacutem percebeu que para os pais a instituiccedilatildeo de educaccedilatildeo

infantil era um ldquobom lugarrdquo para o seu filho se desenvolver com condiccedilotildees e ofertas

que as famiacutelias sentem natildeo poder oferecer aos filhos Os pais da pesquisa de Alves

(2007) indicavam sentirem-se desinformados e desqualificados frente aos

profissionais que satildeo especialistas

No caso das respostas das Educadoras a socializaccedilatildeo da crianccedila com deficiecircncia

tambeacutem eacute enfatizada como a parte positiva da inclusatildeo poreacutem indicam que haacute

muitas necessidades que esse processo traz e que devem ser repensadas e

revistas Essa tendecircncia de relacionar diretamente socializaccedilatildeo e inclusatildeo tambeacutem

foi verificada no estudo de Vitta Vitta e Monteiro (2010) Foram categorias

evidenciadas nas entrevistas destas participantes sobre o motivo de crianccedilas

pequenas com deficiecircncia poderem frequentar o CMEI

- Porque todas as crianccedilas precisam das mesmas oportunidades

- Que por tem direito de participar da Escola Regular

102

- Porque eacute importante a socializaccedilatildeo

- Ela diz que eacute algo obrigatoacuterio por lei

- Elas estatildeo no CMEI para ter conviacutevio social e para o seu desenvolvimento

- Eacute uma preparaccedilatildeo da crianccedila para o Ensino Fundamental

- Que o aluno eacute uma crianccedila normal independente das suas necessidades

- Que eacute importante o aluno ver outras crianccedilas

Apenas uma Educadora afirmou que natildeo saberia o que dizer caso fosse

questionada a esse respeito

Vale ressaltar que a Educadora E04 afirma que fica chateada de natildeo

conhecer mais para poder responder quando as outras Educadoras perguntam o

que essa crianccedila estaacute fazendo ali e se natildeo deveria estar numa Escola Especial Ela

afirma tambeacutem que a inclusatildeo soacute vai fazer diferenccedila para a crianccedila se a educadora

tiver conhecimento e um trabalho aplicado ao aluno

Novamente chama-se a atenccedilatildeo para o que Jesus (2008) reflete no que tange

a formaccedilatildeo docente para a inclusatildeo dizendo que o desafio maior que se apresenta

eacute tentar instituir outras praacuteticas de potencializaccedilatildeo dos saberes-fazeres de tal modo

que a presenccedila de alunos em situaccedilatildeo de desvantagem de qualquer natureza natildeo

seja paralisadora de accedilotildees docentes

Jaacute as professoras do Atendimento Educacional Especializado falam que aleacutem

da socializaccedilatildeo da crianccedila pequena tambeacutem a inclusatildeo contribui para que haja a

superaccedilatildeo de suas dificuldades e serve agrave preparaccedilatildeo para sua trajetoacuteria como

aluno Portanto dentro de seus relatos foi possiacutevel evidenciar as seguintes

categorias sobre o motivo de crianccedilas pequenas com deficiecircncia poderem frequentar

o CMEI

- Que eacute um direito e que eacute pra ela que foi feita a escola

- Toda crianccedila tem direito de participar independente da deficiecircncia

- Eacute importante que essa crianccedila conviva com outras crianccedilas

- Eacute uma determinaccedilatildeo legal

- Eacute uma questatildeo social

- Eacute uma oportunidade de guarda da crianccedila enquanto os pais trabalham

103

De modo geral a inclusatildeo oscila entre ser uma oportunidade de socializaccedilatildeo

e o respeito a um direito que eacute de todas as crianccedilas ndash o de ter acesso agrave

escolarizaccedilatildeo

Zorteacutea (2007) questiona a afirmaccedilatildeo que eacute corrente sobre qual o maior ganho

da inclusatildeo da crianccedila com deficiecircncia que segundo ela dizer que eacute apenas

ldquosocializaccedilatildeordquo eacute ignorar o que as relaccedilotildees sociais produzem de aprendizado de

forma impliacutecita Segundo a autora natildeo eacute possiacutevel separar os aspectos afetivos

cognitivos ou psicomotores da socializaccedilatildeo em si por exemplo

Quanto agrave ecircnfase dada agrave inclusatildeo como direito de acesso a escolarizaccedilatildeo e

oportunidades diversas de aprendizado e desenvolvimento pensa-se que haacute que se

considerar profundamente o que Soares (2006) alerta ao destacar que o fato de ter

crianccedila com necessidades especiais na escola natildeo significa que seja uma instituiccedilatildeo

inclusiva Ou seja a garantia do acesso agrave instituiccedilatildeo de Educaccedilatildeo Infantil e ao

Atendimento Educacional Especializado pode seguir a mesma loacutegica

Pensa-se que diante das informaccedilotildees oferecidas pelas participantes se faz

necessaacuterio discutir a importacircncia da inclusatildeo para aleacutem da socializaccedilatildeo enquanto

parte tambeacutem de um plano de intervenccedilatildeo precoce Principalmente quando se

percebe que nem todas as crianccedilas que tem deficiecircncia ou alteraccedilatildeo no

desenvolvimento frequentam serviccedilos em centros de referecircncia ou tem no

Atendimento Educacional Especializado a complementaccedilatildeo necessaacuteria para a

garantia de promoccedilatildeo do seu desenvolvimento e apoio agrave famiacutelia

Como exemplo disso pode-se citar que entre o grupo de crianccedilas dessa

pesquisa haacute uma aluna que tem Siacutendrome de Down e que natildeo frequenta nenhum

tipo de serviccedilo especializado na aacuterea da sauacutede e que vai para o AEE apenas uma

vez na semana durante 1 hora Pode-se inferir que para essa crianccedila estar no CMEI

eacute fundamental pois o periacuteodo de oito horas diaacuterias que ela passa laacute eacute onde se

encontra o maior contingente de experiecircncias de aprendizagem e de promoccedilatildeo de

seu desenvolvimento

104

432 ParticipaccedilatildeoAtuaccedilatildeo no Processo Inclusivo no CMEI

Investigar o modo como se daacute a participaccedilatildeo das Matildees Educadoras e

Professoras no processo de inclusatildeo da crianccedila pequena se justifica pois conforme

evidenciado por Bhering e Sarkis (2009) quando uma crianccedila ingressa na creche haacute

uma ampliaccedilatildeo de suas relaccedilotildees sociais e de sua famiacutelia Esse novo complexo de

interaccedilotildees passaratildeo a interferir de algum modo para a criaccedilatildeo e re-criaccedilatildeo de

diferentes crenccedilas valores haacutebitos formas de se relacionar de fazer e assim de

perceber o desenvolvimento dessa crianccedila Essa influecircncia eacute muacutetua entre os

sujeitos que se relacionam direta ou indiretamente E eacute nesse contexto que nossas

crianccedilas pequenas na atualidade se deparam para vivenciar sua infacircncia e nesta

pesquisa sua inclusatildeo no ensino regular (BHERING e SARKIS 2009)

Duas das quatro matildees participantes demonstraram ser bastante atuantes no

que se refere ao atendimento no CMEI Segundo seus relatos elas costumam levar

orientaccedilotildees dos especialistas que atendem seus filhos para as educadoras e para as

professoras do AEE Mas essas conversas com as educadoras natildeo raro costumam

ser na entrada ou na saiacuteda das crianccedilas do CMEI Isso se reflete de modo geral em

todas as matildees Todas costumam conversar sobre suas crianccedilas nos mesmos

momentos ndash entrada e saiacuteda do CMEI Enquanto as primeiras buscam informar as

educadoras sobre as ldquonovidadesrdquo acerca de suas crianccedilas as demais conversam

apenas sobre como foi o dia dos filhos no CMEI

Nos relatos maternos natildeo aparecem momentos nos quais foram discutidos e

produzidos conceitos objetivos ou planejadas abordagens para a inclusatildeo de seus

filhos e se isso ocorreu elas natildeo conseguiram identificar e incluir em seus relatos ndash

nem com as educadoras ou com as professoras do AEE A relaccedilatildeo que elas tecircm

com as professoras do Atendimento Educacional Especializado tambeacutem natildeo parece

contribuir efetivamente para sua percepccedilatildeo e interaccedilatildeo no processo inclusivo do

filho na maioria dos casos jaacute que duas matildees natildeo souberam dizer de que forma o

AEE poderia auxiliar na inclusatildeo dos filhos sendo que uma afirmou que o

atendimento individual da crianccedila seria o suficiente para tal

A interaccedilatildeo das matildees no processo inclusivo que ocorre no CMEI aparece

em desacordo com o que se verifica na literatura pertinente e na qual se recomenda

que a famiacutelia participe o maacuteximo possiacutevel dos atendimentos seja na Educaccedilatildeo

105

Infantil ou na Educaccedilatildeo Especial (BARROS 2003 CUEVAS 2003 MANCINI et al

2004 MARTINS e VIEIRA 2009 MACARINI SARTORI SACANI e VALENTINI

2010)

De outro modo quando comparada agrave interaccedilatildeo das matildees com o CMEI

cujos filhos estatildeo em inclusatildeo com outros estudos sobre crianccedilas sem deficiecircncia

os dados satildeo bem semelhantes e as interaccedilotildees satildeo em maioria relatadas como

aligeiradas realizadas no portatildeo e nos momentos de entrada e na saiacuteda do aluno

(LORDELO et al 2007 SOUZA 2008 CAMPOS et al 2011 FERNANDES 2011)

Ou seja o fato da inclusatildeo trouxe pouca modificaccedilatildeo no que tange agrave participaccedilatildeo

das matildees no atendimento dos filhos que estatildeo no CMEI

No que se refere agrave participaccedilatildeo das professoras do Atendimento

Educacional Especializado no processo inclusivo da crianccedila pequena dentro do

CMEI esse se mostra um pouco obscuro principalmente por parte dos relatos das

matildees e das educadoras Trecircs das matildees natildeo relacionaram o processo de inclusatildeo no

CMEI ao Atendimento Educacional Especializado e quatro das educadoras natildeo

souberam o que era o AEE As demais educadoras ao falarem sobre como o

Atendimento Educacional Especializado poderia contribuir com o processo de

inclusatildeo demonstraram natildeo ter muita clareza da funccedilatildeo e da abrangecircncia desse

atendimento

Na fala das proacuteprias professoras do Atendimento Educacional Especializado

sua participaccedilatildeo estaacute mais voltada para o atendimento direto agrave crianccedila pequena

Essa posiccedilatildeo eacute justificada tambeacutem pelo fato de que essas profissionais demonstram

natildeo ter muita clareza de qual eacute o seu papel diante da inclusatildeo da crianccedila pequena

Elas mesmas destacam que atender crianccedilas tatildeo pequenas traz novas

necessidades e perspectivas do seu trabalho antes apenas realizado com os alunos

do Ensino Fundamental

Quando questionadas sobre o atendimento com a crianccedila elas tambeacutem

indicaram que isso estaacute sendo definido Mesmo quando citam que desenvolvem

atividades de estimulaccedilatildeo eacute possiacutevel perceber que esse conceito natildeo estaacute bem

estabelecido para elas

Desse modo infere-se que entre as necessidades que surgem com a

inclusatildeo da crianccedila pequena nos CMEIs estaacute primordialmente estabelecida a de

que essas profissionais precisam ter espaccedilo tempo e recursos para melhor delinear

106

qual eacute a caracteriacutestica maior do seu atendimento quando este for voltado para a

Educaccedilatildeo Infantil

No que se refere agrave atuaccedilatildeo ou participaccedilatildeo das educadoras essas

demonstram que natildeo sabem lidar com o processo inclusivo Segundo elas natildeo haacute

orientaccedilatildeo suficiente nem conhecimento para que consigam construir um

planejamento voltado para a inclusatildeo das crianccedilas pequenas Elas relatam tambeacutem

que ensaiam algumas accedilotildees isoladas no dia a dia na tentativa de dar um

atendimento um pouco diferenciado para o aluno que estaacute em inclusatildeo conforme jaacute

indicado em subcapiacutetulo anterior

Em relaccedilatildeo agraves interaccedilotildees que ocorrem no processo de inclusatildeo tambeacutem

cabe ressaltar a relevacircncia que as relaccedilotildees entre as crianccedilas pequenas tomam

frente agrave promoccedilatildeo do desenvolvimento uns dos outros

Nos relatos das Educadoras fica evidente o importante papel das outras

crianccedilas no quesito citado acima

A Educadora E01 diz que percebe um ldquosentimento de solidariedade entre as

crianccedilas que eacute muito interessanterdquo e que

eles (educadores) tecircm um sentimento de ser igual aquela pessoa (que estaacute em inclusatildeo) que agraves vezes a gente que eacute adulto e que natildeo conviveu com crianccedilas com deficiecircncia a gente natildeo tem E eles que convivem eles tecircm O sentimento eacute assim de que ela eacute igual a gente mas algueacutem tem que se preocupar com ela

A Educadora E04 tambeacutem verificou algo semelhante ldquoas crianccedilas natildeo o

excluem Eles querem levar ele para brincar se ele natildeo vem eles vatildeo ateacute ele para

brincarrdquo

O que tambeacutem eacute reforccedilado pelo relato da Educadora E08 ldquoo estiacutemulo estaacute

vindo dos colegas eles chamam ele pra brincar pegam o brinquedinho e levam para

ele brincar [] Eles ajudam muitordquo

E nesse acircmbito Zorteacutea (2007) percebeu em seu estudo que o brincar

aparece reafirmado como uma estrateacutegia que possibilita a aproximaccedilatildeo entre as

crianccedilas constituindo-se como espaccedilos de produccedilatildeo de cultura nos quais podem

experimentar o pertencimento e que na inclusatildeo educacional as interaccedilotildees entre as

crianccedilas revelam-se como um processo dinacircmico e fundamental Isso porque os

encontros entre as crianccedilas satildeo reveladores de caminhos a serem percorridos e

desencadeadores das suas potecircncias e de seus pares em que compartilham

sentidos que nem sempre se mostram facilmente para os adultos (ZORTEacuteA 2007)

107

433 Referecircncias e Apoios utilizados e indicados para que o Processo

Inclusivo ocorra com qualidade

As entrevistadas informaram quais as maiores dificuldades em relaccedilatildeo a

atender as condiccedilotildees das crianccedilas pequenas com necessidades especiais o que

fazem ou quem procuram para resolver isso

Nos relatos das matildees apenas uma disse que tinha dificuldade em atender o

filho a qual estaacute relacionada ao comportamento do mesmo As demais natildeo

indicaram nenhuma dificuldade Quando ocasionalmente surgem duacutevidas ou

dificuldades sobre a crianccedila de modo geral elas procuram os profissionais da aacuterea

de sauacutede

Na presente pesquisa tambeacutem foi possiacutevel perceber se as matildees recebem

orientaccedilotildees sobre suas crianccedilas como se organizam em sua rotina em famiacutelia e

quais as referecircncias utilizadas por essas matildees quando aparecem duacutevidas sobre

como atender o filho

As Matildees 01 02 e 03 demonstraram que a rotina da crianccedila eacute bem corrida

pela quantidade de atendimentos que ocorrem na semana As Matildees 01 e 03

comentaram que quando estatildeo com o filho em casa buscam desviar as atividades

dos aspectos corretivos terapecircuticos e orientam os programas familiares agrave interaccedilatildeo

entre os demais membros atividades corriqueiras e de lazer Jaacute as Matildees 02 e 04

afirmaram que buscam estimular o filho em casa

A Matildee 01 quando recebe orientaccedilotildees sobre o filho que costumam vir dos

profissionais dos centros especializados que a crianccedila frequenta e da professora do

AEE

No caso da Matildee 03 a fonoaudioacuteloga passa algumas sugestotildees de atividades

mas quem atende mais essas necessidades eacute o avocirc materno Essa matildee busca ter

outra conduta com a filha devido ao pouco tempo que passam juntas diariamente

A Matildee 02 costuma receber orientaccedilotildees do centro especializado que a crianccedila

frequenta entatildeo tenta fazer em casa as atividades que passam para ela A Matildee 04

tenta realizar as orientaccedilotildees que a professora do AEE passa e algumas das

atividades que as educadoras fazem no CMEI e que contam para ela Essa uacuteltima

matildee quando tem duacutevidas sobre a filha busca o centro especializado para dirimi-las

108

Por fim nesse grupo de perguntas foi solicitado que elas informassem se

recebem ou jaacute receberam orientaccedilotildees sobre como atender o filho quem passou as

orientaccedilotildees como isso ocorre e sobre o que satildeo essas orientaccedilotildees

As Matildees 01 02 e 03 afirmam que recebem orientaccedilotildees de como atender a

crianccedila e quem passa geralmente satildeo os profissionais especialistas dos centros de

atendimentos nos quais seus filhos fazem parte

Jaacute a Matildee 04 conta que jaacute recebeu orientaccedilatildeo de alguns especialistas e da

professora do AEE e que atualmente conversa com as educadoras para saber o

que elas fazem no CMEI a fim de poder fazer as atividades em casa tambeacutem

Logo segundo as Matildees cada especialista passa a sua recomendaccedilatildeo de

modo separado dos demais Elas tambeacutem informaram que natildeo costumam participar

dos atendimentos dos filhos por vaacuterios motivos entre eles pelo fato de que natildeo satildeo

convidadas considerando-se que a crianccedila ficaria mais agitada ou mesmo porque

trabalham e natildeo tendo disponibilidade para participar

Destaca-se que um trabalho de intervenccedilatildeo precoce centrado na famiacutelia deve

considerar a participaccedilatildeo efetiva e ativa desta no processo de reabilitaccedilatildeo de

educaccedilatildeo e de desenvolvimento de seu filho (GINEacute GRACIA VILASECA e

BALCELLS 2009)

No caso do grupo das professoras do Atendimento Educacional

Especializado trecircs das participantes informaram como maior dificuldade a

adequaccedilatildeo do seu trabalho agrave condiccedilatildeo da crianccedila pequena que estaacute na Educaccedilatildeo

Infantil Isso porque elas natildeo sabiam como construir esse trabalho especificamente

voltado agraves caracteriacutesticas e necessidades da Educaccedilatildeo Infantil Tais dados permitem

afirmar que se faz necessaacuterio e urgente construir uma abordagem que defina melhor

o trabalho do Atendimento Educacional Especializado voltado para a Educaccedilatildeo

Infantil e que este englobe princiacutepios que evidenciem a crianccedila - como sujeito em

desenvolvimento suas necessidades na infacircncia a importacircncia dos contextos e de

suas relaccedilotildees com a inclusatildeo (famiacutelia CMEI entre outros) e tambeacutem o papel desse

professor diante da inclusatildeo e da promoccedilatildeo do desenvolvimento infantil

As professoras do Atendimento Educacional Especializado relatam

como sendo suas maiores dificuldades

- Adequar o trabalho do AEE para a crianccedila que estaacute na Educaccedilatildeo Infantil

109

- Medo de machucar a crianccedila

A professora P01 afirma que sua maior dificuldade foi definir e se adequar ao

trabalho voltado para a Educaccedilatildeo Infantil Segundo ela

vocecirc planeja dar aula pra vocecirc e natildeo pro aluno que natildeo sabe E eacute a questatildeo tradicional da Educaccedilatildeo Fundamental de querer ensinar a ler escrever e usar caderno e que a Educaccedilatildeo Infantil natildeo tem isso

P03 tambeacutem faz afirmaccedilotildees nesse mesmo sentido justificando porque sentiu

medo quando soube que iria atender uma crianccedila pequena

ai com bastante medo sinceramente com bastante medo Eu natildeo tinha tido experiecircncia com crianccedila pequena ainda mais com berccedilaacuterio Minha experiecircncia toda era no Ensino Fundamental com crianccedilas maiores e que praticamente natildeo possuiacuteam dificuldade neacute

A professora P03 diz que tem medo de machucar a crianccedila por natildeo ter

conhecimento suficiente para atender agrave condiccedilatildeo da mesma

E a professora P04 indica que tem dificuldade em estabelecer o que vai

trabalhar com a crianccedila e como vai fazer isso

Em relaccedilatildeo ao que fazem quando surgem as duacutevidas e dificuldades todas

fizeram referecircncia agrave equipe da Educaccedilatildeo Especial do muniacutecipio afirmando que

costumam trocar informaccedilotildees com os demais membros da equipe de avaliaccedilatildeo e

com as outras professoras do AEE

Todas informaram que receberam algumas orientaccedilotildees da equipe da

Educaccedilatildeo Especial sobre as condiccedilotildees das crianccedilas que iriam atender e que essas

orientaccedilotildees acontecem conforme surgem as necessidades ao longo dos

atendimentos

Jaacute no que se refere ao grupo das educadoras nesse quesito apenas duas

Educadoras (E02 e E08) afirmaram que natildeo possuem dificuldades em atender a

crianccedila em inclusatildeo As informaccedilotildees dadas pelas demais educadoras estatildeo

descritas a seguir

Dificuldades indicadas pelas Educadoras desta pesquisa agraves categorias

indicadas abaixo

110

- Dar atenccedilatildeo individualizada para a crianccedila em inclusatildeo

- Dificuldade de se comunicar com o aluno

- Quantidade de crianccedilas por turma

- Natildeo saber lidar com comportamento estereotipado do aluno

- Falta de informaccedilatildeo sobre as condiccedilotildees da crianccedila que estaacute em inclusatildeo

- Medo de machucar a crianccedila

Vale ressaltar alguns relatos entre os quais os das educadoras E01 E03

E04 e E05

A Educadora E01 percebe que a crianccedila precisaria de uma atenccedilatildeo mais

individualizada diariamente para desenvolver determinadas habilidades contudo as

educadoras natildeo conseguem disponibilizar esse momento pois as demandas da

turma satildeo muito grandes

Para a Educadora E03 o que mais chama atenccedilatildeo satildeo as dificuldades de

comunicaccedilatildeo com a crianccedila ldquoagraves vezes fico pensando se ela taacute entendendo o que

eu tocirc falando o que ela quer falar pra mim agraves vezes eu natildeo consigo entender

direitordquo

No caso da Educadora E04 foi citada como dificuldades a falta de informaccedilatildeo

para atender crianccedilas como o caso dele e o medo de fazer algo que possa

prejudica-lo Tambeacutem reforccedila a falta de tempo para dar atenccedilatildeo especiacutefica agraves

necessidades dele e a quantidade de crianccedilas por turma

E por fim a Educadora E05 fala da sala superlotada e da falta de

conhecimento em como atender agraves necessidades da crianccedila

no momento da alimentaccedilatildeo agraves vezes a gente natildeo tem como taacute dando alimento na matildeo na boca entatildeo ela mesma tenta se alimentar e agraves vezes cai [a comida] Ela natildeo se alimenta da forma correta

As participantes tambeacutem informaram o que fazem ou quem procuram quando

tem duacutevidas ou dificuldades sobre a crianccedila

Segundo as Educadoras quando surgem duacutevidas ou dificuldades em

atender a crianccedila que estaacute em inclusatildeo elas procuram

- Pedagoga do CMEI

111

- Colega de sala e a matildee do aluno

- Professora do AEE e matildee do aluno

- Colega de sala

- Tenta resolver sozinha

- Matildee do aluno

Segundo quatro das entrevistadas (E01 E02 E05 e E09) a referecircncia na

maioria dos casos de dificuldades ou duacutevidas satildeo as pedagogas dos CMEIs Poreacutem

haacute situaccedilotildees em que as Educadoras buscam resolver suas dificuldades sozinhas

direto com a colega de sala ou com a matildee do aluno

A Educadora E03 procura a colega de sala que eacute psicopedagoga e a matildee

quando eacute necessaacuterio Indica que natildeo procura a Pedagoga do CMEI porque percebe

que essa profissional tambeacutem natildeo tem muito conhecimento sobre esse assunto

Interessante perceber que a Educadora E07 busca pesquisar a respeito de

suas duacutevidas Quando possiacutevel pergunta para a professora do AEE e para a matildee da

crianccedila Ela diz que natildeo busca as Pedagogas do CMEI por perceber que tambeacutem

lhes falta experiecircncia e conhecimento sobre a crianccedila em inclusatildeo

E por fim as Educadoras E02 e E04 desabafam

Dificilmente algueacutem vem perguntar pra gente como a Manu estaacute Desde que a gente comeccedilou a trabalhar com ela nunca ningueacutem veio perguntar pra mim natildeo sei se para as outras meninas mas enquanto estou na sala ningueacutem veio Pra mim ningueacutem veio ningueacutem perguntar da crianccedila (E02)

Na realidade a gente acaba indo na sorte porque natildeo tem uma orientaccedilatildeo mesmo Eu procurei na internet por livros e natildeo achei nada que falasse de crianccedilas pequenas com esse problema [] Parece que as crianccedilas natildeo existem nessa eacutepoca Eacute muito triste Para berccedilaacuterios natildeo encontra atividades tambeacutem (E04)

Sobre se recebem ou receberam algum tipo de orientaccedilatildeo relativo ao

atendimento da crianccedila em inclusatildeo apenas uma educadora (E05) afirmou natildeo ter

recebido qualquer tipo de orientaccedilatildeo sobre como atender a crianccedila As demais

destacam que as orientaccedilotildees natildeo satildeo frequentes mas que jaacute as receberam em

algum momento ao longo desse periacuteodo em que atendem a turma

A Educadora E01 afirma que normalmente natildeo recebe orientaccedilotildees mas que

jaacute recebeu da pedagoga do CMEI A Educadora E02 diz que costuma conversar com

112

as Educadoras e quando necessaacuterio faz pesquisas na internet ou busca orientaccedilotildees

junto agrave Pedagoga Segundo a E03 jaacute recebeu informaccedilotildees da Pedagoga logo que a

crianccedila entrou na turma e teve um contato breve com a professora do AEE e com

uma das psicoacutelogas do municiacutepio Mas segundo ela esses contatos natildeo foram

suficientes para causar modificaccedilotildees em sala e afirma ldquodaiacute eu trabalho o que eu

acho com ela o que eu trabalho com os outrosrdquo

No caso das Educadoras E06 e E07 elas recebem orientaccedilotildees da matildee da

crianccedila que estaacute em inclusatildeo e da professora do AEE

Jaacute as Educadoras E04 E08 e E09 dizem que receberam a visita de uma

fisioterapeuta que foi designada especialmente para o caso do aluno e de uma

professora que ela natildeo entendeu bem quem era

Eacute perceptiacutevel por meio dos relatos anteriores que as orientaccedilotildees que elas

indicam que jaacute receberam ou que ainda recebem natildeo parecem ser determinantes no

que diz respeito a produzir modificaccedilotildees no processo de inclusatildeo da crianccedila

pequena

Guasselli (2005) ao realizar pesquisa com professoras do Ensino

Fundamental sobre o processo inclusivo tambeacutem percebeu que as mesmas

demonstravam crer na necessidade de ampliar seus conhecimentos acerca da

condiccedilatildeo de seu aluno e tambeacutem sentiam ndash se inseguras para desempenhar seu

trabalho com essa crianccedila

Drago (2005) verificou em seu estudo que quando as educadoras apresentam

uma concepccedilatildeo de inclusatildeo mal compreendida isso parece ajudar a promover uma

praacutetica docente permeada por preconceitos e estigmas

Claramente se percebe que cada grupo (matildees educadoras e professoras do

AEE) busca a seu modo a resoluccedilatildeo de problemas e duacutevidas que envolvem a

inclusatildeo e que isso se dando de maneira isolada natildeo contribui para que todos os

envolvidos possam refletir e aprender juntos Desse modo a inclusatildeo deixa de ser

uma questatildeo de todos para ser uma questatildeo de uns poucos Cabe destacar que

incluir natildeo eacute filantropia tatildeo pouco um ato solitaacuterio individual (RODRIGUES 2006) Eacute

preciso refletir e dar novo significado para o senso de coletividade e de cooperaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo aos apoios que seriam necessaacuterios para que o processo de

inclusatildeo se desse com qualidade as participantes foram unacircnimes em afirmar que

tanto as famiacutelias quanto a educadoras precisam disso

113

As participantes indicaram que para a famiacutelia eram apoios necessaacuterios

- grupo de pais

- apoio e orientaccedilatildeo de profissionais especializados

- incentivo para que aceite seu filho e o ldquomostrerdquo para a sociedade

- mais oportunidades de diagnoacutestico precoce

- maior acesso aos especialistas que atendem seu filho

- maior apoio das pedagogas do CMEI

- maior divulgaccedilatildeo do que satildeo as deficiecircncias

- mais apoio das professoras do AEE

Formiga e Pedrazzani (2004) em sua pesquisa trazem dados que

concordam com que foi indicado logo acima e acrescentam que tambeacutem eacute

fundamental que se estabeleccedilam programas de intervenccedilatildeo precoce de cunho

preventivo

Em outras palavras accedilotildees ou programas de atenccedilatildeo agrave infacircncia devem levar

em consideraccedilatildeo estrateacutegias de prevenccedilatildeo primaacuteria nas quais sejam evidenciadas

orientaccedilotildees de cunho educacional e informativo e tambeacutem de detecccedilatildeo precoce de

alteraccedilotildees no desenvolvimento e na sauacutede infantil (DIAZ-HERRERO e MARTINEZ-

FUENTES 2009)

Por outro lado Molinari et al (2005) consideram que na realidade brasileira

ainda haacute muito o que fazer no sentido de desenvolver accedilotildees integrais de promoccedilatildeo agrave

sauacutede infantil e que programas de vigilacircncia do desenvolvimento e promoccedilatildeo agrave

sauacutede devem contar com equipes multiprofissionais e partir de uma abordagem

ecossistecircmica Nesse sentido estrateacutegias de prevenccedilatildeo devem considerar a

importacircncia que os contextos tecircm para a promoccedilatildeo ou natildeo do desenvolvimento na

infacircncia e tambeacutem a inter-relaccedilatildeo entre tais ambientes

De outro modo as entrevistadas indicaram que as Educadoras precisariam

dos seguintes apoios

- Maior parceria com o departamento de Educaccedilatildeo Especial

- Apoio psicoterapecircutico no sentido de serem escutadas em suas dificuldades e

anseios

- Grupos de estudo sobre os casos de inclusatildeo

114

- Apoio psicopedagoacutegico no sentido de organizar melhor o trabalho com a crianccedila

- Apoio e orientaccedilatildeo constante de outros profissionais

Nos relatos das participantes houve uma incidecircncia grande em afirmarem que

as educadoras precisam de apoio e orientaccedilatildeo de profissionais especialistas tais

como psicoacutelogo terapeuta ocupacional fisioterapeuta entre outros

Para Mueller (2008) eacute importante proporcionar um conjunto de apoio social

para a famiacutelia tal como grupo de pais serviccedilo de aconselhamento familiar e

mobilizaccedilatildeo de amigos e comunidade Guasselli (2005) por sua vez percebeu o

peso que as professoras de turmas inclusivas atribuem aos especialistas Elas

deixam bem claro que satildeo os profissionais especializados que lhes indicaratildeo o

melhor caminho ou a melhor maneira de trabalhar com esse alunado

Igualmente se verifica o peso que um diagnoacutestico traz para as professoras O

diagnoacutestico e o apoio que especialistas trazem em si no discurso das professoras

com certa hierarquizaccedilatildeo na qual as uacuteltimas natildeo estatildeo no topo (GUASSELLI 2005)

Esse mesmo autor discute que as relaccedilotildees entre os profissionais especializados e

os professores em muitas situaccedilotildees vecircm baseadas em uma relaccedilatildeo de

desconhecimento e agraves vezes ateacute de desconsideraccedilatildeo do cotidiano da escola

Rodrigues (2006) questiona se eacute necessaacuterio ldquocriar reinventar e reproduzirrdquo um

discurso teacutecnico racional especializado sobre como estar preparado para receber

pessoas com necessidades educacionais especiais nas escolas

434 Avaliaccedilatildeo do Processo Inclusivo

Todas as participantes consideram a oportunidade de inclusatildeo para a crianccedila

pequena na Educaccedilatildeo Infantil algo positivo mesmo com as devidas ressalvas que

elas mesmas indicam Isso se justifica pelas modificaccedilotildees que todas percebem que

ocorreram no periacuteodo em que as crianccedilas estatildeo matriculadas E nesse sentido

pede-se atenccedilatildeo a algo que Guasselli (2005) aponta afirmando que haacute uma espeacutecie

de celebraccedilatildeo quando se tem um aluno com necessidades educacionais especiais

pois esse fato implica no ideal de que eacute politicamente correto ser uma escola

inclusiva Contudo ter um aluno com necessidade especial natildeo reflete

115

necessariamente uma accedilatildeo inclusiva de verdade Logo eacute positivo ter crianccedilas com

necessidade especial na Educaccedilatildeo Infantil e essa presenccedila parece ser o suficiente

para gerar grandes modificaccedilotildees no comportamento desse alunado mas haacute que

lembrar que soacute isso natildeo eacute suficiente para dar conta da complexa gama de

peculiaridades que o processo inclusivo traz em si

Ainda que todas afirmem que eacute positivo estar no CMEI metade das Matildees

consideraram que os CMEIs natildeo estatildeo preparados para a inclusatildeo e todas indicam

que as educadoras tambeacutem natildeo estatildeo preparadas para isso Ainda assim eacute

importantiacutessimo destacar que mesmo elas percebendo as dificuldades e o

despreparo das educadoras dos filhos as mesmas reconhecem e valorizam o

esforccedilo que essas profissionais fazem para atender as crianccedilas em inclusatildeo

As Professoras do Atendimento Educacional Especializado tambeacutem se

dividem em relaccedilatildeo aos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil estar ou natildeo

preparados Metade acredita que natildeo Jaacute sobre as educadoras trecircs das

profissionais consideram que tambeacutem natildeo estatildeo preparadas Uma das professoras

do Atendimento Educacional Especializado aponta para o fato de que as educadoras

satildeo muito ansiosas e que ainda se prioriza a crianccedila sem dificuldade dentro do

atendimento do Centro Municipal de Educaccedilatildeo Infantil

As Educadoras dos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil afirmam em

maioria que as instituiccedilotildees natildeo estatildeo preparadas para a inclusatildeo Segundo elas

falta estrutura apropriada Elas tambeacutem questionaram se estatildeo preparadas para

trabalhar com a inclusatildeo sendo que sete delas afirmam que natildeo haacute esse preparo e

duas manifestam as diferenccedilas entre as Educadoras mais jovens e as mais antigas

na profissatildeo

Todas as participantes quando falam que os Centros Municipais de

Educaccedilatildeo Infantil natildeo estatildeo preparados porque natildeo tecircm estrutura estatildeo se referindo

a adaptaccedilotildees que propiciem maior acessibilidade e menos riscos para todas as

pessoas que apresentem algum tipo de necessidade especial Entre as necessaacuterias

adaptaccedilotildees foram indicadas rampas barras de apoio portas mais largas e

brinquedos de sala e de parquinho

Quanto agraves Educadoras natildeo estarem preparadas foi indicado com muita

frequecircncia a falta de capacitaccedilatildeo especiacutefica para lidar com situaccedilotildees de inclusatildeo

Para Freitas (2006) em um grande nuacutemero de vezes o professor idealiza um aluno

sem se dar conta de que trabalhar com a diversidade eacute algo intriacutenseco agrave natureza da

116

atuaccedilatildeo docente esquecendo que natildeo faz sentido pensa-la como uma condiccedilatildeo

excepcional Segundo essa autora natildeo raro os cursos de formaccedilatildeo docente para a

inclusatildeo contribuem para a construccedilatildeo e para o fortalecimento de estereoacutetipos a

respeito da pessoa com necessidades educacionais especiais e sobre o proacuteprio

processo inclusivo

Segundo Freitas (2006) eacute necessaacuterio que as formaccedilotildees de docentes para

atuarem com inclusatildeo levem em consideraccedilatildeo a discussatildeo sobre a funccedilatildeo social da

escola sobre a importacircncia do trabalho docente orientando-os a aprender a

investigar sistematizar e produzir o conhecimento por meio da utilizaccedilatildeo de recursos

e materiais diversificados O objetivo maior eacute proporcionar a formaccedilatildeo de um

docente mais autocircnomo e consciente da complexidade de seu trabalho diante da

diversidade inegaacutevel de seu alunado especial ou natildeo

Propotildee-se que a formaccedilatildeo docente seja acima de tudo sempre voltada para

a inclusatildeo para uma escola para todos afim de que se desfaccedila ndash ainda que

lentamente ndash a ideia e o apego agrave do especialista de que sem ele natildeo haacute como

desenvolver um projeto inclusivo

435 Vantagens e Desvantagens do Processo Inclusivo

4351 As vantagens do Processo Inclusivo

Entre as concepccedilotildees maternas sobre as vantagens do processo inclusivo

foram as mais indicadas as que estatildeo listadas abaixo

- Socializaccedilatildeo da crianccedila que tem deficiecircncia

- Ajuda a diminuir o preconceito com a crianccedila que tem deficiecircncia

- Satisfaccedilatildeo da famiacutelia em ver os avanccedilos da crianccedila

- Preparaccedilatildeo para outras etapas da vida escolar da crianccedila que tem deficiecircncia

- Oportunidade de aprender coisas que em casa natildeo aprenderia

117

Consideremos que por parte dessas Matildees haacute uma supervalorizaccedilatildeo do que

o ambiente do Centro Municipal de Educaccedilatildeo Infantil oferece para sua crianccedila

quando relacionada com o que a famiacutelia pode oferecer

A Matildee 01 sugere que a inclusatildeo eacute uma oportunidade positiva afim de que

ldquoeles (pessoas de um modo geral) vejam que eacute uma crianccedila como qualquer outra

que pode estar junto com outras crianccedilas que eacute uma crianccedila boa que consegue

conviver que ele eacute bonzinhordquo

As Matildees 03 e 04 salientam que a inclusatildeo eacute uma oportunidade para que seus

filhos aprendam ldquocoisasrdquo que os pais por trabalharem o dia todo natildeo teriam

condiccedilotildees de lhes ensinar

A Matildee 03 ainda demonstra saber que o processo de inclusatildeo na atualidade

pode ocasionar dissabores para sua filha mas entende isso como algo proacuteprio para

que se evidencie um novo paradigma educacional Segundo ela

a fulana ainda pode ateacute sofrer um pouquinho mas quem vier depois dela natildeo E ela pode ateacute sofrer mas vai ser muito menos do que aquele que entrou na Escola haacute dez anos atraacutes

As Matildees datildeo vaacuterios exemplos dos aprendizados das crianccedilas sugerindo que

estatildeo satisfeitas com o fato de sua crianccedila estar no CMEI mesmo diante das

dificuldades ilustradas ao longo das entrevistas Outro ponto que merece destaque eacute

o quanto elas destacam o conviacutevio com as outras crianccedilas como um fator

fundamental para as transformaccedilotildees positivas no comportamento de seus filhos O

trecho logo abaixo ilustra bem esse posicionamento das matildees

Entatildeo ela taacute aprendendo aqui Como Vendo as outras crianccedilas Entatildeo ela procura imitar o amiguinho natildeo soacute a Educadora Ela procura o que o outro faz E isso eacute bom para os pais que trabalha neacute (Matildee 04)

Entre as Professoras do Atendimento Educacional Especializado foram

apontadas as seguintes vantagens do Processo Inclusivo

- A crianccedila vai usufruir dos seus direitos

- Socializaccedilatildeo da crianccedila que tem deficiecircncia

- Valorizaccedilatildeo da Educaccedilatildeo

- Valorizaccedilatildeo do trabalho da Educadora

118

- Ajuda a diminuir o preconceito com a crianccedila que tem deficiecircncia

- Desenvolvimento de valores nas pessoas envolvidas com a inclusatildeo (empatia

solidariedade altruiacutesmo entre outros)

- Oportunidade de aprender coisas que em casa natildeo aprenderia

- A inclusatildeo eacute fonte de informaccedilatildeo para a famiacutelia que tem uma crianccedila com

deficiecircncia

- Maior experiecircncia para as educadoras

- Para a crianccedila que tem deficiecircncia a maior vantagem eacute estar em um lugar seguro

A professora P01 destaca que a inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil ajuda as

pessoas a perceberem que ldquocom o passar do tempo a educaccedilatildeo vale a pena e daacute

certordquo

Eacute interessante destacar o comentaacuterio da P04 quando esta afirma que a

inclusatildeo pode ser um modo de se valorizar o trabalho das Educadoras

tambeacutem acredito assim que a Educadora tambeacutem vai se sentir mais uacutetil mais valorizada Porque eacute assim aquela crianccedila precisa de mim e ela vai ser mais afetiva porque ela vai ter que ter uma paciecircncia maior e vai ter que planejar mais o seu trabalho e vai ter que buscar vai ter que buscar pra poder trabalhar com aquela crianccedila

Jaacute as Educadoras dos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil

assinalaram as seguintes vantagens do processo inclusivo

- Socializaccedilatildeo da crianccedila que tem deficiecircncia

- Valorizaccedilatildeo do trabalho da Educadora

- Ajuda a diminuir o preconceito com a crianccedila que tem deficiecircncia

- Desenvolvimento de valores nas pessoas envolvidas com a inclusatildeo (empatia

solidariedade altruiacutesmo entre outros)

- Oportunidade de aprender coisas que em casa natildeo aprenderia

- Maior experiecircncia para as educadoras

- Para a crianccedila que tem deficiecircncia a maior vantagem eacute estar em um lugar seguro

enquanto os pais trabalham

A educadora E01 conta que as crianccedilas da turma criam naturalmente um

sentimento de cuidado e proteccedilatildeo em relaccedilatildeo ao aluno foco da inclusatildeo ldquoEles tem

119

um sentimento de ser igual agravequela pessoa que agraves vezes a gente que eacute adulto e que

natildeo conviveu com crianccedilas com deficiecircncia a gente natildeo tem e eles que convivem

eles temrdquo A entrevistada relatou vaacuterias situaccedilotildees em que as crianccedilas da turma

modificaram seu comportamento e demonstraram noccedilatildeo de que a outra crianccedila

precisava de apoio e proteccedilatildeo diferenciados

Segundo a educadora E05 nessa situaccedilatildeo especiacutefica natildeo haacute vantagens para

a crianccedila mas para alguns outros envolvidos

o fato dos pais natildeo terem onde deixar a crianccedila quando estatildeo trabalhando para as Educadoras terem percebido que Siacutendrome de Dow natildeo eacute um ldquomonstrordquo e para as merendeiras para as funcionaacuterias da limpeza e outros profissionais da creche eacute um aprendizado que natildeo eacute necessaacuterio ter doacute da crianccedila (E05)

As vantagens apontadas de forma comum aos trecircs grupos de participantes

(matildees professoras e educadoras) foram socializaccedilatildeo da crianccedila que tem

deficiecircncia ajuda a diminuir o preconceito com a crianccedila que tem deficiecircncia

oportunidade de aprender coisas que em casa natildeo aprenderia

Entre as profissionais da aacuterea de educaccedilatildeo (professoras e educadoras) as

vantagens que satildeo comuns aos dois grupos satildeo socializaccedilatildeo da crianccedila que tem

deficiecircncia valorizaccedilatildeo do trabalho da Educadora ajuda a diminuir o preconceito

com a crianccedila que tem deficiecircncia desenvolvimento de valores nas pessoas

envolvidas com a inclusatildeo (empatia solidariedade altruiacutesmo entre outros) ajuda a

diminuir o preconceito com a crianccedila que tem deficiecircncia oportunidade de aprender

coisas que em casa natildeo aprenderia maior experiecircncia para as educadoras e para a

crianccedila que tem deficiecircncia a maior vantagem eacute estar em um lugar seguro

4352 Desvantagens do Processo Inclusivo

Ao serem indagadas sobre se haveriam possiacuteveis desvantagens na inclusatildeo

na Educaccedilatildeo Infantil 03 Matildees responderam que sim e todas as 04 indicaram que a

inclusatildeo de crianccedilas pequenas no CMEI evidencia situaccedilotildees que se tornam

desvantagens tanto para a crianccedila quanto para as Educadoras

120

Segundo as Matildees participantes poderiam ser consideradas como

desvantagens atreladas ao Processo de Inclusatildeo da crianccedila pequena

- O fato de as educadoras natildeo saberem o que fazer com a crianccedila deixando-a

ociosa

- A educadora se sentir sobrecarregada por ter uma crianccedila especial na turma

- O fato de o atendimento na creche natildeo ser especializado faz com que a matildee

tenha receio de que a crianccedila venha a perder tempo em seu processo de

reabilitaccedilatildeo

- A rotina do Educador na sala de aula impede que se decirc atenccedilatildeo apropriada agrave

crianccedila especial

- Falta de um planejamento apropriado agrave crianccedila especial

- Falta de paracircmetros para saber o que fazer com as crianccedilas especiais

- A desvalorizaccedilatildeo do trabalho do educador

- Falta de atendentes (algueacutem que fique soacute com seu filho)

Pode-se perceber na fala das matildees que elas estatildeo de algum modo bem atentas

ao que ocorre com seus filhos dentro do CMEI

Por outro lado na concepccedilatildeo das Professoras do Atendimento Educacional

Especializado haacute uma maior incidecircncia em afirmarem que natildeo haacute desvantagens no

processo de inclusatildeo Duas das professoras afirmam que natildeo haacute nenhum tipo de

desvantagem na inclusatildeo da crianccedila pequena na Educaccedilatildeo Infantil Contudo uma

delas afirma que a ocorrecircncia de desvantagens vai depender de como a inclusatildeo

estaacute sendo realizada outra afirma que deveria ser considerado como desvantagem

o excesso de trabalho que a Educadora passa a ter quando haacute uma crianccedila com

necessidades especiais em sua turma

No conjunto de concepccedilotildees coletadas nas entrevistas das Educadoras dos

Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil 05 delas afirmam que a inclusatildeo da crianccedila

pequena natildeo apresentaria nenhum tipo de desvantagem Poreacutem uma delas defende

que a ocorrecircncia ou natildeo de desvantagens depende das condiccedilotildees nas quais se

verifica o processo inclusivo

Por fim 03 entrevistadas consideram como desvantagens oriundas da inclusatildeo

de crianccedilas pequenas com necessidades educacionais especiais

121

- Excesso de trabalho para a educadora

- O sofrimento que a crianccedila em inclusatildeo passa

- Falta de profissionais para o bom atendimento da crianccedila

- Diz que natildeo sabe se pode trazer algum tipo de desvantagem e que se preocupa

com o fato da inclusatildeo produzir algum trauma ou regressatildeo no desenvolvimento de

uma crianccedila em inclusatildeo

Desse modo percebe-se que na totalidade do grupo (17 participantes) 07

afirmaram que natildeo existem desvantagens no processo de inclusatildeo na Educaccedilatildeo

Infantil As matildees foram as que mais apontaram questotildees que podem ser

consideradas como desvantagens

Segundo Rodrigues e Lima-Rodrigues (2011) o objetivo da Educaccedilatildeo

Inclusiva natildeo se resume a uma mera mudanccedila curricular ou mesmo a permitir o

acesso de alunos com condiccedilotildees de deficiecircncia agrave Escola Regular trata-se portanto

de uma reforma mais profunda abrangendo os valores e as praacuteticas de todo o

sistema educativo tal como ele eacute comumente concebido E essa necessidade de

reforma profunda eacute possiacutevel de perceber a partir dos relatos que as entrevistadas

proporcionaram na presente pesquisa

436 Sugestotildees e Comentaacuterios visando agrave melhoria do Processo Inclusivo na

Educaccedilatildeo Infantil

Foi perguntado para as participantes se elas gostariam de deixar algum

comentaacuterio ou sugestatildeo sobre a realizaccedilatildeo da inclusatildeo da crianccedila pequena com

deficiecircncia na Educaccedilatildeo Infantil e em grande parte as sugestotildees se referem ao

atendimento da educadora no CMEI conforme eacute possiacutevel observar grupo a grupo

Entre os comentaacuterios e sugestotildees maternas elas indicam a) que as

educadoras tenham mais formaccedilatildeo especiacutefica para trabalhar com as crianccedilas de

inclusatildeo b) a criaccedilatildeo de um grupo de estudos de caso para discutir as deficiecircncias e

as experiecircncias inclusivas c) diminuir o nuacutemero de crianccedilas nas turmas de inclusatildeo

d) maior valorizaccedilatildeo do trabalho das Educadoras e) proporcionar melhor estrutura

de atendimento nos CMEIs para que a crianccedila natildeo precise sair desse espaccedilo para ir

122

a outro atendimento como acontece com o serviccedilo do AEE f) que as educadoras

tenham maior contato com os especialistas que atendem a crianccedila para que todos

falem a ldquomesma liacutenguardquo g) divulgaccedilatildeo da inclusatildeo h) disponibilizaccedilatildeo de uma

professora tutora para dar atenccedilatildeo individualizada para a crianccedila que estaacute no CMEI

e i) mais profissionais para fazer o diagnoacutestico dos filhos diminuindo o tempo de

espera para isso

A Matildee 01 afirma que agraves vezes as educadoras ficam sobrecarregadas tendo que

atender agraves necessidades da turma e ainda ter que dar conta dos comportamentos e

caracteriacutesticas da crianccedila que estaacute em inclusatildeo portanto com vistas a resumir isso

ela sugere

como todas as crianccedilas especiais natildeo conseguem ficar em sala de aula por muito tempo esperando que tenha alguma atividade como as outras crianccedilas a escola a creche poderia ver com a prefeitura se poderia estar disponibilizando uma pessoa pra ficar com essas crianccedilas

Um dos comentaacuterios da Matildee 02 destaca algo interessante e que reflete um

receio dela sobre a relaccedilatildeo crianccedila-educadora

formaccedilatildeo para essas educadoras contato com as fisioterapeutas contato com o lugar onde a crianccedila tem atendimento para atenderem em conjunto e natildeo prejudicar e natildeo atrasar a evoluccedilatildeo da crianccedila A professora estaacute lidando com vaacuterias crianccedilas em sala e se ela der um grito ou brigar com uma forma muito autoritaacuteria pode prejudicar a crianccedila que tem dificuldade que precisa de uma atenccedilatildeo especial A formaccedilatildeo vai ajudar o atendimento dela com as crianccedilas normais e as crianccedilas que estaacute em inclusatildeo

No conjunto dos comentaacuterios e sugestotildees das professoras do Atendimento

Educacional Especializado foram citados a) os profissionais da educaccedilatildeo devem

buscar mais conhecimento sobre a crianccedila pequena e sobre a sua inclusatildeo b) deve-

se construir a consciecircncia da comunidade sobre a inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil c)

deve-se divulgar mais o trabalho do Atendimento Educacional Especializado d)

divulgar mais a inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil e) divulgar mais as possibilidades de

formaccedilatildeo continuada na aacuterea f) ter mais Educadores por sala ou menos crianccedila por

turma de inclusatildeo g) apoio psicoterapecircutico para os professores do Atendimento

Educacional Especializado

A professora P01 afirma

123

acredito que a gente ainda precisa como melhoria de trabalho buscar muito mais conhecimento sobre a crianccedila e sobre a inclusatildeo Tambeacutem a gente precisa batalhar a consciecircncia da comunidade sobre a inclusatildeo na inclusatildeo infantil no ensino fundamental

Ela tambeacutem comenta que trabalha haacute muitos anos no municiacutepio e que natildeo sabia

que existiam esses serviccedilos de inclusatildeo e por conta disso destaca que eacute preciso

haver divulgaccedilatildeo dos serviccedilos das vitoacuterias

A professora P02 afirma que as educadoras tem que estar preparadas para

atender uma crianccedila com deficiecircncia e ela reforccedila ldquoaquele professor que gosta do

que faz tem que estar preparadordquo

Continuando com seus comentaacuterios a professora P02 aponta de modo simples e

certo ldquoTem profissionais que natildeo se dedicam e noacutes professores temos que dar o

melhor para os nossos alunos Quanto menor a crianccedila mais precisa de atenccedilatildeo e

carinhordquo

Jaacute a professora P04 faz um desabafo significativo quando associado a um

trabalho com qualidade

eu acho que eacute uma carga muito pesada pra noacutes professores do AEE porque assim a gente recebe da matildee aquela carga a matildee taacute cansada jaacute fez assim e tal e tal aiacute a gente vai no CMEI com as Educadoras ou nas Escolas dai a gente recebe essa carga tambeacutem Daiacute eacute a carga que a gente jaacute tem que eacute a proacutepria crianccedila e a responsabilidade puxa vida Todo mundo taacute vendo que eu sou a salvadora que eu vou dar conta de tudo dai vocecirc fica angustiada

Lembra-se que haacute muitos valores impliacutecitos no princiacutepio da inclusatildeo de pessoas

com necessidades especiais alguns amplamente conhecidos e outros por conhecer

ou pouco mencionados (CARDOSO e BUCKLEY 2011) E por isso mesmo se faz

necessaacuterio buscar perceber o que permeia esse complexo processo tal como o que

eacute relatado pela professora P04 ou mesmo pelas demais participantes desse estudo

Pois na atualidade o que se busca eacute uma revoluccedilatildeo natildeo somente na Educaccedilatildeo

Especial mas em toda a praacutetica educativa justamente porque a inclusatildeo exige

que todos recebam o apoio que eacute necessaacuterio para participaccedilatildeo na comunidade a

que pertencem (CARDOSO e BUCKLEY 2011)

Nos comentaacuterios e sugestotildees das educadoras dos Centros Municipais de

Educaccedilatildeo Infantil foram evidenciados a) formaccedilatildeo de um grupo para discutir os

casos de inclusatildeo b) maior divulgaccedilatildeo da inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil c) mais

formaccedilatildeo especiacutefica para a inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil d) necessidade de

124

melhorar o espaccedilo fiacutesico e) diminuir o nuacutemero de crianccedila por turma f) criaccedilatildeo de

campanhas de conscientizaccedilatildeo da comunidade sobre as possibilidades da inclusatildeo

na Educaccedilatildeo Infantil g) deveria haver uma pessoa que fizesse a ponte entre todos

os que atendem a crianccedila para que tivessem acesso ao mesmo niacutevel de

entendimento sobre a crianccedila

Entre as educadoras vale a pena ressaltar alguns dos comentaacuterios que foram

expressos por elas entre os quais o da E01 e no qual afirma que ldquoeu acho que a

gente tenta mas faz mais intuitivo e pouco teacutecnico saberdquo

A educadora E02 ao indicar que seria necessaacuterio haver mais divulgaccedilatildeo da

possibilidade de incluir a crianccedila pequena no CMEI justifica

eu natildeo sabia que podia trazer para o CMEI Entatildeo divulgar assim para os pais que querem desde cedo trazer assim e para que estas crianccedilas venham assim Divulgar essa ideia da inclusatildeo assim tambeacutem para as professoras para as tias dos CMEIS tambeacutem que natildeo tem muita ideia de que isso pode acontecer

E tambeacutem afirma

eu queria falar que meu trabalho eacute muito gratificante Tenho aprendido muito Desde que eu comecei a trabalhar com ela o meu olhar sobre a Siacutendrome de Down mudou completamente

A educadora E07 faz um desabafo em relaccedilatildeo ao trabalho na Educaccedilatildeo

Infantil

a Educaccedilatildeo Infantil eacute desvalorizada porque muitos acham que as crianccedilas vecircm aqui passar o tempo e como os pais vatildeo trabalhar eles ficam aqui soacute pra brincar A gente tem a funccedilatildeo de educa-los A gente contribui educa corrige no que for preciso falta reconhecimento na Educaccedilatildeo Infantil

E acrescenta em relaccedilatildeo agrave Inclusatildeo

falta a conscientizaccedilatildeo da comunidade da famiacutelia dos educadores um trabalho da secretaria com relaccedilatildeo a isso com cursos que chamem a populaccedilatildeo a comunidade toda a se interessar porque infelizmente eacute vista com maus olhos

Jaacute a educadora E09 sugere que as educadoras natildeo sintam medo como ela

sentiu no iniacutecio do atendimento que busquem conhecimento e a superaccedilatildeo das

suas dificuldades e que ldquofaccedilam seu trabalho com amor e com carinho porque a

inclusatildeo eacute uma coisa nova e diferente mas eacute muito bomrdquo

125

44 Da necessidade de se observar e atuar na infacircncia enquanto etapa crucial

de desenvolvimento

Haacute a necessidade de se discutir natildeo soacute as especificidades da crianccedila que estaacute

em inclusatildeo mas de se determinar primeiramente quais satildeo as peculiaridades de

uma crianccedila na faixa etaacuteria atendida

Portanto faz-se imprescindiacutevel rever concepccedilotildees acerca do que vem a ser o

desenvolvimento humano e os elementos que o constituem e o que nele interferem

profundamente assim como discutir e rever fatores de risco e de proteccedilatildeo E apoacutes

se ter estabelecido a ideia de crianccedila em desenvolvimento estabelecer paracircmetros

de observaccedilatildeo acompanhamento e avaliaccedilatildeo perceber e discutir quem eacute essa

crianccedila que estaacute em inclusatildeo pois na Educaccedilatildeo Inclusiva deve comprometer-se a

desenvolver uma pedagogia capaz de educar todas as crianccedilas com sucesso e

tambeacutem porque o acesso da crianccedila com necessidades especiais agrave educaccedilatildeo

infantil pode ser considerado como um ritual que marca sua condiccedilatildeo de crianccedila

(SORIANO 1999 ZORTEacuteA 2007)

Sendo reconhecidamente estabelecido que os primeiros anos de vida satildeo

fundamentais para o crescimento desenvolvimento e aprendizagem de qualquer

indiviacuteduo pensar em desenvolvimento infantil tambeacutem requer que se reflita sobre

quais as necessidades que as crianccedilas pequenas com ou sem necessidades

educacionais especiais possuem E nesse caso pode-se afirmar que na primeira

infacircncia certamente haacute a necessidade de interaccedilotildees emocionais seguras em

ambientes que proporcionem oportunidades de aprendizagem seguras e ricas

(BAZELTON e GREENSPAN 2002)

Em acordo com Bronfenbrenner e Evans (2000) para ocorrer o desenvolvimento

de uma pessoa ela precisa participar ativamente de interaccedilotildees reciacuteprocas de

complexidade crescente com pessoas com as quais desenvolve apego forte muacutetuo

e irracional e que com o tempo se comprometa com o bem-estar e

desenvolvimento dos outros Logo especialmente para a crianccedila pequena com

necessidades educacionais especiais eacute fundamental que o profissional tenha um

bom conhecimento sobre desenvolvimento humano principalmente relacionado agrave

faixa etaacuteria que atende e sobre qual eacute o seu papel diante dessa crianccedila Isso

porque eacute necessaacuterio que ele seja capaz de perceber tanto lacunas no

desenvolvimento quanto habilidades jaacute alcanccediladas e suas relaccedilotildees com a faixa

126

etaacuteria da crianccedila e com suas caracteriacutesticas pessoais orgacircnicas culturais entre

outros Aleacutem de que deve ser capaz de estabelecer planos e estrateacutegias para

intervir e avaliar seu trabalho e o desenvolvimento infantil E isso cabe tanto agraves

educadoras da Educaccedilatildeo Infantil quanto agraves professoras do Atendimento Educacional

Especializado pois ambos os grupos trabalham diretamente com o desenvolvimento

na infacircncia

O estabelecimento e a manutenccedilatildeo das interaccedilotildees entre o cuidador e a crianccedila

dependem da disponibilidade e do envolvimento de outro adulto (terceira pessoa)

que daacute apoio e encoraja a pessoa que cuida e interage com a crianccedila (BHERING e

SARKIS 2009) No caso da presente pesquisa pode-se perceber que em vaacuterios

momentos as matildees fazem esse papel de encorajamento como por exemplo ao

buscar levar informaccedilotildees para as educadoras em relaccedilatildeo aos filhos Contudo tal

funccedilatildeo natildeo eacute evidente quando se observa o papel da professora do Atendimento

Educacional Especializado nem junto agraves matildees muito menos em relaccedilatildeo agraves

educadoras

Eacute importante lembrar que o contexto assim como a pessoa tem caracteriacutesticas

que satildeo instigadoras de desenvolvimento (BHERING E SARKIS 2009) O contexto

do Centro Municipal de Educaccedilatildeo Infantil se enquadra nesse paracircmetro enquanto

ambiente distinto do familiar especialmente por conter objetos siacutembolos ambientes

e pessoas que se mostram como estiacutemulos muito diversos dos familiares Contudo

eacute algo que ocorre por si soacute sem planejamento ou adaptaccedilotildees Ou seja as proacuteprias

educadoras informam que natildeo haacute preparaccedilatildeo ou planejamento algum para que tal

ambiente se torne instigador para a crianccedila que estaacute em inclusatildeo Isso de algum

modo parece incomodar algumas profissionais pois o natildeo planejamento nem

sempre se daacute como uma escolha delas mas como uma falta de conhecimento em

como proceder

No que se refere agrave interaccedilatildeo com as outras crianccedilas da turma o que foi referido

como positivo e importante elemento promotor de desenvolvimento e de

aprendizagem das crianccedilas em inclusatildeo lembra-se que esta natildeo pode se resumir

apenas e somente a atividades e accedilotildees realizadas ao acaso Pois a relaccedilatildeo com o

outro tambeacutem crianccedila pode provocar impactos tanto positivos quanto negativos em

quem estaacute em inclusatildeo lembrando que a turma responde ao modelo de

entendimento e aceitaccedilatildeo do diferente conforme for apresentado por suas

educadoras (DRAGO 2005)

127

De todo modo Zorteacutea (2007) fala que as crianccedilas pequenas querem estar umas

com as outras e isso eacute fundamental para que se crie laccedilos e paracircmetros sociais de

pertencimento e de identidade e isso foi possiacutevel de perceber nos relatos das

educadoras Portanto cabe aos familiares educadoras e professoras de

Atendimento Educacional Especializado que levem em consideraccedilatildeo a interaccedilatildeo

com outras crianccedilas tambeacutem como elemento de construccedilatildeo do processo inclusivo

sem no entanto consolidar o estigma que jaacute existe entre os ldquonormaisrdquo e os

ldquoinclusosrdquo

Contudo haacute que se estabelecer tanto entre as famiacutelias quanto entre as

profissionais da educaccedilatildeo estrateacutegias que auxiliem a perceber acompanhar e

avaliar o processo de desenvolvimento infantil Para que assim todos possam

interagir com a crianccedila no sentido de natildeo soacute promover seus aspectos

desenvolvimentais mas tambeacutem de identificar possiacuteveis riscos e alteraccedilotildees de

forma precoce para em decorrecircncia disso intervir com qualidade e seguranccedila E

nesse sentido concorda-se com Diaz ndash Herrero e Martinez ndash Fuentes (2009)

quando essas autoras afirmam que especialmente o ambiente da escola serve

como contexto para minimizar os efeitos de atrasos e de condiccedilotildees anocircmalas do

desenvolvimento infantil Mas isso soacute vai ocorrer quando o ambiente escolar

conseguir se adequar agraves necessidades da crianccedila do contraacuterio falharaacute enquanto

fator de proteccedilatildeo agrave infacircncia (DIAZ ndash HERRERO e MARTINEZ ndash FUENTES 2009)

Para tal faz-se urgente a necessidade de estabelecer accedilotildees que visem agrave

adequaccedilatildeo estrutural das instituiccedilotildees que atendem a infacircncia para que se

constituam em ambientes seguros e promotores do desenvolvimento infantil de

qualquer crianccedila Assim como construir e aplicar programas que levem em

consideraccedilatildeo a orientaccedilatildeo e o apoio contiacutenuo agraves famiacutelias membros da comunidade

profissionais da educaccedilatildeo e demais interessados enquanto espaccedilos coletivos de

discussatildeo reflexatildeo e formaccedilatildeo acerca do desenvolvimento e seus fatores de risco e

de proteccedilatildeo

128

45 Do reconhecimento da importacircncia dos contextos e suas inter-relaccedilotildees

Bronfenbrenner (1989) tambeacutem assinala a necessidade de haver poliacuteticas

puacuteblicas e accedilotildees que funcionem como suporte agraves atividades de educar crianccedilas de

forma ampla abrangendo pais cuidadores professores parentes amigos

vizinhos parceiros de trabalho e tambeacutem as instituiccedilotildees poliacuteticas econocircmicas e

sociais da sociedade como um todo

No presente estudo em acordo com os relatos haacute a percepccedilatildeo do papel dos

contextos como elementos importantes especialmente no que se refere agrave famiacutelia e

agraves instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Infantil Contudo essa percepccedilatildeo natildeo eacute suficiente para

que se verifique uma efetiva relaccedilatildeo entre os contextos

Portanto haacute a necessidade de se discutir tanto com a famiacutelia quanto com os

profissionais e membros da comunidade a importacircncia de um trabalho coletivo e

colaborativo quando se trata de construir um processo de inclusatildeo especialmente

na primeira infacircncia para que todos se percebam como agentes mediadores da

promoccedilatildeo do desenvolvimento infantil e da inclusatildeo em si

A relaccedilatildeo entre os contextos as caracteriacutesticas da pessoa e processos proximais

eacute pertinente na medida em que ambientes especialmente preparados para as

crianccedilas satildeo vitais e as interaccedilotildees ali estabelecidas satildeo determinantes para o seu

desenvolvimento (BHERING e SARKIS 2009) Eis aqui outro aspecto que as

participantes demonstraram em seus relatos a pouca preparaccedilatildeo para atender o

alunado em inclusatildeo Diante do que foi afirmado por Bhering e Sarkis (2007) eacute

possiacutevel inferir que isso ao longo do tempo pode gerar impactos negativos no

desenvolvimento e na aprendizagem desse alunado que estaacute construindo sua

trajetoacuteria tanto como pessoa quanto como aluno

Ainda que a crianccedila permaneccedila o dia todo na instituiccedilatildeo isso natildeo invalida o

papel da famiacutelia no que se refere agrave participaccedilatildeo no processo de inclusatildeo e da

estimulaccedilatildeo do desenvolvimento do filho e deve-se lembrar que o que ocorre na

famiacutelia afeta a instituiccedilatildeo na qual a crianccedila estaacute e vice-versa (BRONFENBRENNER

1986) Portanto concorda-se com Bronfenbrenner (1989) quando esse autor propotildee

que o funcionamento efetivo do processo de educar crianccedilas no contexto familiar e

em outros contextos tais como os Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil

requer que haja padrotildees de trocas de informaccedilatildeo estabelecidos e contiacutenuos aleacutem

129

de confianccedila muacutetua entre os principais ambientes nos quais as crianccedilas e suas

famiacutelias vivem

O compartilhamento de praacuteticas educativas familiares e escolares eacute um dos

passos importantes para o sucesso das instituiccedilotildees educacionais do desempenho e

desenvolvimento dos profissionais a frente das iniciativas das relaccedilotildees entre os

responsaacuteveis pelos processos educativos formais e informais e acima de tudo

para o desenvolvimento integral das crianccedilas (BHERING e SARKIS 2009)

Lembrar-se tambeacutem que quando se trata especificamente de crianccedilas com

alteraccedilotildees no desenvolvimento ou deficiecircncia o sucesso de programas de

intervenccedilatildeo precoce depende em grande parte da integraccedilatildeo de esforccedilos da

comunidade local e da famiacutelia (MUELLER 2008)

46 Da consideraccedilatildeo e discussatildeo das novas concepccedilotildees acerca da Inclusatildeo

Conforme Sanches e Teodoro (2007) eacute preciso saber o que queremos significar

quando falamos da inclusatildeo de um aluno na escola e quais os indicadores que nos

permitem afirmar que a crianccedila estaacute incluiacuteda ou natildeo Dentro do grupo entrevistado

haacute alguns indicadores estes estabelecidos de forma intuitiva baseada no senso

comum e em pouco conhecimento sobre o tema Contudo eacute preciso dar novo

significado ao que eacute inclusatildeo de modo que deixe de ser moda e de gerar ideias

errocircneas e simplistas de sua aplicaccedilatildeo ou que justificam sua impossibilidade

(RODRIGUES 2006)

Ao se inferir que eacute necessaacuterio considerar e discutir as novas concepccedilotildees acerca

da inclusatildeo isso quer dizer que natildeo eacute mais tempo de questionar se o que se faz eacute

integraccedilatildeo normalizaccedilatildeo ou inclusatildeo Mas de partir dos conceitos que as

profissionais e as famiacutelias jaacute trazem e dar novo significado a eles sem

desconsideraacute-los Parte-se do princiacutepio que o fato da inclusatildeo natildeo eacute mais uma

ldquogranderdquo novidade pois de algum modo ela permeia nosso dia-a-dia Contudo nem

todos demonstram essa consciecircncia O que parece ocorrer eacute que a inclusatildeo em si

se tornou uma possibilidade mal divulgada e pouco discutida o que a torna uma

realidade distante ainda que natildeo seja verdade

130

Quando se diz que eacute mal divulgada eacute no sentido de que as pessoas sabem que

tem que ldquoincluir os diferentesrdquo - muito se afirma nas miacutedias que todos satildeo diferentes

que deve haver respeito e igualdade de oportunidades para todos - mas sabem elas

quem satildeo esses diferentes Sabem elas onde eles devem ser incluiacutedos Quando se

referencia que a inclusatildeo eacute uma possibilidade pouco discutida eacute que natildeo o

suficiente apenas ter informaccedilotildees sobre a inclusatildeo Faz-se necessaacuterio discutir

refletir re-significar e ampliar a concepccedilatildeo do que eacute a inclusatildeo desde quando se eacute

sujeito e qual eacute o objetivo da inclusatildeo E quando se afirma que a inclusatildeo eacute uma

possibilidade distante eacute porque ela se torna exatamente isso para determinadas

pessoas especialmente no caso das educadoras e professoras que tem em seu rol

de formaccedilatildeo dados informaccedilotildees ou experiecircncias que tratem do processo inclusivo

Diante disso eacute possiacutevel pensar que um dos aspectos que faltam agrave formaccedilatildeo eacute dar

sentido ao que os envolvidos trazem seja como experiecircncia de vida ou como

formaccedilatildeo acadecircmica

Quando se percebe que segundo as participantes a inclusatildeo serve agrave

socializaccedilatildeo que eacute um direito que eacute uma oportunidade que eacute vantajoso que eacute a

chance da crianccedila estar em um lugar seguro elas estatildeo tambeacutem indicando

concepccedilotildees que de algum modo fundamentam sua relaccedilatildeo com a crianccedila Natildeo

obstante esses fatos natildeo devem ser tomados como base se julgamento de suas

competecircncias habilidades ou eficiecircncia em compreender e buscar atender o aluno

da melhor maneira possiacutevel - ainda que essa maneira natildeo se enquadre no que

academicamente eacute desejaacutevel ou recomendaacutevel

Dentro de uma escola para todos esse ldquotodosrdquo deve envolver tambeacutem os sujeitos

que ali se envolvem seja a crianccedila com deficiecircncia matildee a professora profissionais

Fernandes Bolsanello e Ceretta (2009) apontam para o fato de que a inclusatildeo

passa necessariamente pela possibilidade de assegurar agraves crianccedilas agraves famiacutelias e

aos professores apoio formaccedilatildeo e condiccedilotildees praacuteticas pois estas satildeo questotildees

imprescindiacuteveis para que a inclusatildeo de fato aconteccedila

Concorda-se com Sanches e Teodoro (2007) quando esses autores afirmam que

haacute muitos obstaacuteculos que podem ser enunciados para natildeo ser praticada uma

educaccedilatildeo inclusiva mas o verdadeiro obstaacuteculo estaacute na forma de pensar na e sobre

a diferenccedila e da disponibilidade daiacute decorrente

131

47 Da consideraccedilatildeo das (necessaacuterias) transformaccedilotildees que vem ocorrendo na

Educaccedilatildeo Infantil

Facilmente se percebe as muacuteltiplas transformaccedilotildees que vecircm se desenrolando ao

longo das uacuteltimas deacutecadas na Educaccedilatildeo Infantil Mudanccedilas que implicam no

reconhecimento do papel da instituiccedilatildeo enquanto serviccedilo necessaacuterio agrave matildee

trabalhadora na contemporaneidade no sentido de ser espaccedilo de promoccedilatildeo do

desenvolvimento na infacircncia e alteraccedilatildeo da identidade da educadora enquanto

profissional da educaccedilatildeo agente de desenvolvimento e aprendizagem Deve-se

agregar a esses itens tambeacutem os aspectos relacionados agrave possibilidade de

inclusatildeo de bebecircs e de crianccedilas pequenas nas instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Infantil

Desse modo deve-se reconhecer que ter uma crianccedila especial na turma faz com

que a educadora da Educaccedilatildeo Infantil tenha que repensar seu papel mais uma vez

agora no que se refere a aspectos que ateacute pouco tempo atraacutes cabiam apenas ao

professor da Educaccedilatildeo Especial Junto a isso deve-se ater ao fato de que a

instituiccedilatildeo em si em termos estruturais tambeacutem deve rever seus ambientes

materiais condiccedilatildeo de acesso e permanecircncia desse alunado

Reforccedila-se que natildeo eacute mais tempo de se pensar na inclusatildeo como algo distante

fora da realidade do Ensino Regular para o momento considere-se que eacute

imprescindiacutevel ver que a inclusatildeo para ser como tal tem que ser total radical natildeo

podendo haver ldquoporeacutensrdquo E eacute nessa radicalidade que se verificam as devidas

necessidades de transformaccedilatildeo real e profunda sem preacircmbulos ou desculpas Soacute

se aprende a fazer uma escola inclusiva na accedilatildeo e discussatildeo a respeito Como

saber quais as condiccedilotildees ideais para que a inclusatildeo ocorra mantendo os diferentes

longe dessa escola Eacute preciso ver sentir experenciar conviver ouvir e ir

construindo a caminhada durante o proacuteprio percurso

Por isso merece destaque o que Mantoan (2006) afirma e para a qual a inclusatildeo

eacute produto de uma escola plural democraacutetica e transgressora o que provoca uma

crise escolar ou melhor uma crise de identidade institucional que por sua vez abala

a identidade dos professores provocando que a identidade do aluno tambeacutem seja

ressignificada

Daiacute que a figura da educadora eacute especialmente importante para que a

diversidade humana possa se fazer presente na escola porque satildeo elas que no

132

meio de suas contradiccedilotildees duacutevidas avanccedilos medos disponibilidades ansiedades

acolhimentos e possibilidades assumem os alunos em suas salas de aula (JESUS

2008)

E ao ouvi-las nesse estudo percebeu-se que entre as suas queixas estatildeo

questotildees que natildeo satildeo de exclusividade de quem atende turmas inclusivas tais

como as salas de aula numerosas em termos de alunos a dificuldade de dar

atenccedilatildeo mais individualizada agraves crianccedilas pequenas a falta de conhecimento sobre o

desenvolvimento infantil e a ocorrecircncia de ambientes que precisam ser mais bem

adaptados para todas as crianccedilas

O que possibilita inferir que a dificuldade maior de uma turma de inclusatildeo talvez

nem seja a crianccedila com necessidades educacionais especiais mas toda uma

estrutura que engloba formas de pensamento modos de agir de formaccedilatildeo docente

que natildeo proporcionam uma maior amplitude de visatildeo do profissional quanto agrave sua

funccedilatildeo junto com a proacutepria estrutura do atendimento que necessita ser modificada

Ainda no que se refere ao papel da educadora frente agrave inclusatildeo da crianccedila

pequena Camera (2006) afirma que quando se exercita o papel uma figura de

mediadora estaacute sendo delineada a construccedilatildeo de uma pedagogia da complexidade

onde deve haver espaccedilo para muacuteltiplos olhares para uma escuta sensiacutevel e para

acolher o que vai se constituindo pelo movimento das proacuteprias crianccedilas onde se

vivencia a disponibilidade ao diaacutelogo e a reciprocidade construindo assim uma

pedagogia da compreensatildeo

Desse modo urge que na formaccedilatildeo da identidade docente tambeacutem seja

considerada a sua funccedilatildeo como agente de inclusatildeo

Jaacute no que se refere agrave participaccedilatildeo da famiacutelia de crianccedilas com necessidades

educacionais especiais na Educaccedilatildeo Infantil percebe-se ndash como indicado

anteriormente - que esta natildeo vem se dando de modo diferente do que o esperado

no caso de filhos que natildeo estatildeo em inclusatildeo Mas ressalta-se novamente que eacute

fundamental que a famiacutelia que tem um filho com necessidades educacionais

especiais seja atendida em suas peculiaridades e principalmente que seja

construiacutedo com ela o processo de inclusatildeo de sua crianccedila Ateacute porque eacute sabido que

quando nasce uma crianccedila com deficiecircncia haacute normalmente uma grande

necessidade de apoiar e orientar essa famiacutelia de modo que natildeo haja perdas no

processo de aceitaccedilatildeo do filho Acredita-se que a instituiccedilatildeo de Educaccedilatildeo Infantil

tambeacutem possa servir como apoio agrave famiacutelia

133

Em acordo com Sigolo e Oliveira (2008) haacute uma vivecircncia familiar anterior agrave

escola que natildeo pode ser ignorada A entrada na escola significa um grande passo

na transiccedilatildeo da dependecircncia para a autonomia da crianccedila assim o papel da escola

junto da famiacutelia e a funccedilatildeo dos pais na escola tecircm que ser observados nesse

contexto Pois em algumas situaccedilotildees para os pais e familiares proacuteximos lidar com

a entrada de uma crianccedila pequena na crechepreacute-escola significa lidar com muitos

sentimentos que por vezes satildeo ambivalentes O que pode trazer para o contexto

familiar novas preocupaccedilotildees rotinas e adequaccedilotildees (BHERING e SARKIS 2009)

Logo a compreensatildeo desse processo pode auxiliar na definiccedilatildeo de objetivos e de

estrateacutegias de ensino para o aluno especial (SIGOLO e OLIVEIRA 2008)

Ainda que a colaboraccedilatildeo de pais de alunos com necessidades educacionais

especiais seja pensada como difiacutecil pois estes satildeo vistos como natildeo capacitados

para contribuir na elaboraccedilatildeo de programas educativos ela eacute possiacutevel e na

atualidade uma necessidade imprescindiacutevel (SIGOLO e OLIVEIRA 2008) E essa

deve ser vista sem preconceitos ou preacute-julgamentos

Portanto ressalta-se que a inclusatildeo eacute um problema de todos (RODRIGUES

2006) o que implica considerar os sujeitos que podem colaborar com ela e orientar

accedilotildees e estrateacutegias que melhor os capacitem para lidar com as condiccedilotildees da crianccedila

pequena que estaacute na Educaccedilatildeo Infantil

48 Da consideraccedilatildeo das transformaccedilotildees que vecircm ocorrendo na Educaccedilatildeo

Especial

Tambeacutem a Educaccedilatildeo Especial passou e ainda passa por profundas

transformaccedilotildees Na medida em que esse professor sai da Escola Especial e passa

a possibilidade de tambeacutem estar lotado nos espaccedilos de ensino regular atendendo

uma nova especificidade de alunos de um modo que natildeo corresponde mais agrave ideia

de turma formal mas com alguma liberdade para desenvolver sua funccedilatildeo esse

mesmo profissional se perde em sua identidade e assim novas demandas e

necessidades se criam Entre elas e natildeo diferente do que ocorre no acircmbito da

Educaccedilatildeo Infantil eacute facilmente verificado no presente estudo que as professoras

134

tambeacutem estatildeo revendo e reorganizando as especificidades do que cabe agrave sua

funccedilatildeo

O fato de terem que atender a uma gama ampla de necessidades especiais e

faixas etaacuterias diferentes exige desses profissionais um perfil mais dinacircmico e flexiacutevel

voltado para a pesquisa e estudo constante Tambeacutem se percebe que essas

professoras estatildeo sendo legalmente convidadas a saiacuterem de suas salas de aula e

auxiliarem na construccedilatildeo da inclusatildeo de seus alunos nas instituiccedilotildees do ensino

regular

No que se refere especificamente agrave crianccedila pequena outros desafios se fazem

notar Entre eles o fato de ter que lidar natildeo soacute com os conhecidos meacutetodos

pedagoacutegicos mas agora tambeacutem ter que se interar de assuntos que fazem

referecircncia ao desenvolvimento humano

Aos fazerem referecircncia de que seu trabalho com crianccedilas pequenas eacute ou seraacute

voltado para a estimulaccedilatildeo essencial e ao esclarecerem o modo como entendem

isso essas professoras demonstram que necessitam de maior embasamento teoacuterico

e praacutetico a respeito E eacute nesse sentido que se propotildee que o Atendimento

Educacional Especializado para bebecircs e crianccedilas pequenas seja construiacutedo a partir

do entendimento de que tambeacutem eacute um processo de intervenccedilatildeo precoce e de que

esse seja voltado para a valorizaccedilatildeo e inter-relaccedilatildeo dos contextos

desenvolvimentais nos quais a crianccedila pequena participa

Logo torna-se imprescindiacutevel que essas profissionais tenham condiccedilotildees teoacuterico-

metodoloacutegicas para promover o desenvolvimento na infacircncia bem como para

orientar e dar apoio agrave famiacutelia e agraves educadoras Segundo Mantoan (2006) o papel da

educaccedilatildeo especial na perspectiva inclusiva eacute muito importante e natildeo pode ser

negado mas dentro dos limites de suas atribuiccedilotildees sem que sejam extrapolados os

seus espaccedilos de atuaccedilatildeo especiacutefica Essas atribuiccedilotildees conforme jaacute foi referido

complementam e apoiam o processo de escolarizaccedilatildeo de alunos com deficiecircncia

que estatildeo regularmente matriculados nas escolas comuns

O espaccedilo criado pela possibilidade de inclusatildeo emerge sempre como um

grande elo no qual podem ser verificadas experiecircncias profundas de emancipaccedilatildeo e

valorizaccedilatildeo humana Poreacutem isso soacute vai ocorrer verdadeiramente se forem

consideradas e aceitas as necessaacuterias transformaccedilotildees tanto da Educaccedilatildeo Infantil

como na Educaccedilatildeo Especial

135

5 CONCLUSOtildeES

Com fins de realizar as consideraccedilotildees finais acerca das informaccedilotildees

percebidas durante o processo de apresentaccedilatildeo de dados retoma-se a questatildeo que

norteou esta pesquisa

Quais concepccedilotildees norteiam o processo de inclusatildeo da crianccedila pequena com

necessidades educacionais especiais no contexto do Centro Municipal de

Educaccedilatildeo Infantil segundo suas Matildees suas Educadoras na Educaccedilatildeo Infantil e

suas Professoras do Atendimento Educacional Especializado

Ao se propor a investigaccedilatildeo do processo inclusivo 18 anos apoacutes a Declaraccedilatildeo

de Salamanca inicialmente parecia que se iria discutir um tema amplamente

debatido e jaacute esgotado em possibilidades Poreacutem na medida em que se eacute possiacutevel

debruccedilar sobre leituras praacuteticas inclusivas jaacute realizadas e sobre os dados e

concepccedilotildees coletadas nessa pesquisa percebe-se que mesmo que os anos

tenham se passado e as experiecircncias nesse acircmbito se multipliquem ainda haacute

questotildees a serem debatidas e claro novas demandas se estabelecem e antigas

reflexotildees acerca do tema merecem ser resgatadas O que estaacute em consonacircncia com

o que segundo Alves (2007) ressalta nos aponta para o fato de que os casos de

inclusatildeo sempre trazem consigo uma gama de novas necessidades e duacutevidas De

algum modo vai ao encontro do que Guasselli (2005) afirma quando comenta que a

proposta da educaccedilatildeo inclusiva eacute complexa pois articula vaacuterios aspectos entre os

quais o autor faz destaque o tempo instituiacutedo e o tempo do aluno o peso da

aprendizagem formal em detrimento das habilidades do aluno e o olhar do professor

e dos demais alunos sobre as necessidades especiais

O presente estudo trouxe concepccedilotildees de inclusatildeo que muito embora a

primeira vista pareccedilam heterogecircneas possuem elementos em comum Elas

sugerem ainda uma perspectiva inclusiva voltada para a possibilidade de

socializaccedilatildeo da crianccedila pequena com necessidades educacionais especiais com

ldquocrianccedilas normaisrdquo e para a concepccedilatildeo de que estar em inclusatildeo eacute o cumprimento

de um direito O que num primeiro momento aparenta ser uma celebraccedilatildeo pode no

decorrer do tempo tornar-se a reafirmaccedilatildeo de estigmas preconceitos e de accedilotildees e

136

concepccedilotildees que banalizam reduzem e simplificam a complexidade do que eacute o

processo inclusivo especialmente para as crianccedilas pequenas

A famiacutelia participa pouco do processo de inclusatildeo de sua crianccedila isso tanto

no que se refere ao Atendimento Educacional Especializado quanto no Centro

Municipal de Educaccedilatildeo Infantil Sua participaccedilatildeo eacute reconhecida como importante

para as participantes mas os relatos sobre a praacutetica natildeo demonstram isso

O professor do Atendimento Educacional Especializado eacute uma figura

praticamente desconhecida das educadoras e para as matildees natildeo representa uma

referencia consideraacutevel quando se tem duacutevidas ou dificuldades

Os CMEIs aparecem como instituiccedilotildees ainda despreparadas para atender

com qualidade crianccedilas pequenas que estatildeo em inclusatildeo assim como as

educadoras aparentam ser profissionais sem preparo e experiecircncia para trabalhar

com crianccedilas pequenas com deficiecircncia Contudo ainda que esse despreparo seja

algo relatado pelas participantes inclusive pelas proacuteprias educadoras haacute o

reconhecimento por parte das entrevistadas que essas profissionais se esforccedilam

por fazer um bom trabalho e no decorrer do tempo em que estatildeo atendendo essas

crianccedilas jaacute indicam modificaccedilotildees em suas accedilotildees e em suas concepccedilotildees sobre a

crianccedila e sobre sua funccedilatildeo enquanto profissionais da educaccedilatildeo

No que se refere ao despreparo dos CMEIs foram indicadas pelas

participantes especialmente pelas educadoras a falta de condiccedilotildees de

acessibilidade materiais e ambientes que natildeo satildeo adaptados e condiccedilotildees que

implicam em risco inclusive para crianccedilas que natildeo tem nenhum tipo de necessidade

especial ou alteraccedilatildeo no desenvolvimento

Sobre o trabalho das educadoras chama atenccedilatildeo a queixa a respeito do

nuacutemero de crianccedilas por turma o que segundo grande parte das participantes eacute

muito grande o que dificultaria o atendimento de crianccedilas com necessidade

especial Em vaacuterios momentos foi sugerido que se mantivesse uma professora extra

especiacutefica para cuidar da crianccedila que estaacute em inclusatildeo Tambeacutem se percebe uma

grande necessidade de as educadoras terem espaccedilos para conversar e se informar

sobre a inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil e sobre as especificidades das crianccedilas que

atendem

O processo de inclusatildeo em si se mostra sendo realizado como accedilotildees isoladas

e desestruturadas com pouca relaccedilatildeo entre os diversos sujeitos envolvidos (matildees

crianccedilas educadoras especialistas professoras do AEE comunidade etc) No

137

caso especiacutefico do trabalho no Centro Municipal de Educaccedilatildeo Infantil tambeacutem eacute

possiacutevel inferir que a inclusatildeo de bebecircs e de crianccedilas pequenas natildeo seguem um

planejamento ou projeto apropriado muito menos que se considerem aspectos

como a promoccedilatildeo do desenvolvimento dessas crianccedilas a participaccedilatildeo da famiacutelia

apoio agraves educadoras relaccedilatildeo com a comunidade por exemplo O que parece

contribuir para o sentimento de desamparo e despreparo das educadoras e de

inseguranccedila por parte das matildees das crianccedilas

Quanto ao trabalho das professoras do Atendimento Educacional

Especializado tambeacutem parece ser necessaacuterio discutir e estabelecer de uma forma

mais clara e profunda quais suas atribuiccedilotildees junto ao desenvolvimento global da

crianccedila pequena e sobre o que vem a ser o atendimento em

estimulaccedilatildeointervenccedilatildeo precoce Sugere-se que isso seja realizado em equipe

interdisciplinar - se possiacutevel ndash e que seja baseado em modelos integrais de

atendimento agrave crianccedila e sendo considerada a participaccedilatildeo da famiacutelia nesse

processo de promoccedilatildeo do desenvolvimento e de minimizaccedilatildeo de riscos e impactos

Ainda que a inclusatildeo natildeo seja mais uma novidade dentro da aacuterea

educacional pois haacute muito vem sendo discutida exposta e mesmo vivenciada foi

possiacutevel perceber que as educadoras dessa pesquisa natildeo se mostraram afeitas ao

tema indicando um grande distanciamento do que venha a ser a experiecircncia

inclusiva

Mesmo com todas as dificuldades apresentadas pelas entrevistadas e a

desarticulaccedilatildeo de conceitos e accedilotildees na construccedilatildeo do processo inclusivo eacute

consenso que para a crianccedila pequena estar instituiccedilatildeo de Educaccedilatildeo Infantil eacute algo

imensamente positivo Foi indicado pelas participantes que todas as crianccedilas

ganham com o processo inclusivo em alguma instacircncia tanto as que tecircm

necessidades educacionais especiais quanto as que natildeo tecircm Contudo as

evoluccedilotildees e transformaccedilotildees positivas que facilmente satildeo vistas nas crianccedilas que

estatildeo em inclusatildeo tambeacutem aparecem em acordo com os relatos como algo

inerente ao fato de estarem na instituiccedilatildeo natildeo resultado de planejamentos

discussotildees ou accedilotildees voltadas especificamente para a qualidade do processo

inclusivo

Desse modo diante dos dados organizados na presente pesquisa foram

observadas como demandas a serem consideradas quando se pretende um

processo inclusivo com qualidade aquelas oriundas das necessidades de a) se

138

observar e atuar na infacircncia enquanto etapa crucial de desenvolvimento b) do

reconhecimento da importacircncia dos contextos e suas relaccedilotildees c) da consideraccedilatildeo e

discussatildeo das novas concepccedilotildees acerca da Inclusatildeo d) da consideraccedilatildeo das

transformaccedilotildees que vecircm ocorrendo na Educaccedilatildeo Infantil e) da consideraccedilatildeo das

transformaccedilotildees que vecircm ocorrendo na Educaccedilatildeo Especial

Por fim ainda que o tema da Educaccedilatildeo Inclusiva esteja longe de ser

esgotado especialmente no que compete agrave Educaccedilatildeo Infantil e diante de todas as

informaccedilotildees oferecidas agrave anaacutelise e discussatildeo nessa pesquisa eacute possiacutevel considerar

que esta Tese demonstrou

a) Que a inclusatildeo de crianccedilas pequenas com deficiecircncia na Educaccedilatildeo

Infantil ainda reflete diversas contradiccedilotildees e desencontros sendo

realizada de maneira simplificada no sentido do cumprimento de um

direito e tendo como foco a socializaccedilatildeo desse alunado com crianccedilas

ldquonormaisrdquo preterindo outras importantes funccedilotildees interventivas precoces

tatildeo necessaacuterias agrave promoccedilatildeo de um desenvolvimento amplo e saudaacutevel

b) Que a experiecircncia inclusiva mesmo diante da realidade exposta nos

contextos pesquisados se mostra vaacutelida por ser uma accedilatildeo que

transgride o comum pois proporciona novas reflexotildees novas

necessidades duacutevidas e significados o que com certeza poderaacute gerar

outras perspectivas e estrateacutegias em prol da qualidade educacional e da

promoccedilatildeo do desenvolvimento humano

Outrossim sugere-se que todo processo inclusivo que vise atender a crianccedila

pequena com necessidades educacionais especiais considere

a) a construccedilatildeo de uma concepccedilatildeo de crianccedila pequena ativa e em desenvolvimento

b) a discussatildeo e ampliaccedilatildeo da concepccedilatildeo de inclusatildeo especialmente no que se

refere agrave Educaccedilatildeo Infantil

c) a importacircncia de uma abordagem de atendimento baseada nas relaccedilotildees e trocas

muacutetuas entre os contextos nos quais a crianccedila participa direta ou indiretamente

d) as caracteriacutesticas e necessidades da famiacutelia da crianccedila que estaacute em inclusatildeo

tornando-a tambeacutem agente mediadora da inclusatildeo do filho

139

e) a identidade e o papel da educadora que trabalha no Centro Municipal de

Educaccedilatildeo Infantil e da professora do Atendimento Educacional Especializado

enquanto agentes mediadoras da inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil

f) a inclusatildeo tambeacutem como um modo de intervenccedilatildeo precoce na qual se previne e

minimiza riscos e dificuldades e promovendo o desenvolvimento humano

g) a adequaccedilatildeo dos espaccedilos das creches levando-se em consideraccedilatildeo a realidade

do atendimento a quantidade de crianccedilas atendidas e as especificidades do puacuteblico

infantil que estaacute em inclusatildeo

h) a criaccedilatildeo de cursos especiacuteficos que tratem da inclusatildeo na primeira infacircncia

i) que os cursos de formaccedilatildeo inicial e os de formaccedilatildeo continuada levem em conta a

inclusatildeo de uma crianccedila real e que possam ser organizados conforme a linguagem

e a realidade praacutetica profissional

j) que sejam feitas mais pesquisas para verificar como o desenvolvimento infantil

vem sendo concebido avaliado e promovido nesta faixa etaacuteria e em outros

contextos de creche especialmente no que se refere ao desenvolvimento da crianccedila

pequena com necessidades especiais

k) de se aprofundar os estudos sobre de que modo a inclusatildeo de bebecircs com

necessidades especiais vem sendo tratada pelas educadoras bem como de que

forma esta inclusatildeo contribui ou natildeo para o desenvolvimento infantil dessas mesmas

crianccedilas

l) e por fim que as Universidades contribuam com projetos de pesquisa e de

extensatildeo para que conceitos importantes sejam re-significados dentro da Educaccedilatildeo

Infantil da Educaccedilatildeo Especial e do Ensino Inclusivo

140

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161

ANEXOS

162

ANEXO A

Roteiro de Entrevistas ndash Matildees

Caracterizaccedilatildeo da Matildee da crianccedila que estaacute em inclusatildeo

1 Nome Completo

2 Idade

3 Escolaridade

4 Ocupaccedilatildeo

Caracterizaccedilatildeo da Famiacutelia da crianccedila que estaacute em inclusatildeo

1 Composiccedilatildeo familiar

Membro Idade MF Escolaridade Ocupaccedilatildeo

01

02

03

04

05

06

2 Quem mora com a crianccedila

3 Qual eacute a renda mensal meacutedia da famiacutelia

4 Haacute mais algum caso de deficiecircncia na sua famiacutelia Comente sua resposta

Caracterizaccedilatildeo da crianccedila que estaacute em inclusatildeo

1 Nome

2 Idade

3 Como eacute o seu filho

163

4 A senhora saberia me dizer qual eacute o diagnoacutestico do seu filho

5 Quando a senhora soube o diagnoacutestico dele o que pensou

6 E hoje que seu filho estaacute no CMEI como se sente

7 Como vocecirc faz para saber se seu filho estaacute se desenvolvendo bem

8 Seu filho frequentou outra instituiccedilatildeo antes de vir para esse CMEI Qual

Comente sua resposta

9 Desde quando seu filho frequenta este CMEI

10 Por que a senhora decidiu matricular seu filho no CMEI

11 Por que a senhora escolheu esse CMEI

12 Qual eacute a turma que seu filho frequenta

13 Quanto tempo por dia sua crianccedila fica no CMEI

14 Atualmente seu filho frequenta algum outro atendimento aleacutem do CMEI

Como eacute isso

15 Como costuma ser a rotina da crianccedila

16 A senhora tem alguma dificuldade em atender sua crianccedila

17 Quando aparecem duacutevidas sobre seu filho o que a senhora faz

18 A senhora recebe ou jaacute recebeu alguma orientaccedilatildeo sobre como atender seu

filho Comente sua resposta

19 Que tipo de atividades vocecirc e sua famiacutelia costumam fazer com a crianccedila

Concepccedilotildees sobre o processo inclusivo

1 Dizer que essa crianccedila estaacute em inclusatildeo o que significa para vocecirc

2 Se algueacutem lhe perguntasse qual eacute o motivo de crianccedilas com deficiecircncia

estarem frequentando o CMEI o que vocecirc diria

3 Qual eacute a sua opiniatildeo sobre a inclusatildeo nos CMEIs

4 Como deveriam ser os CMEIs para atenderem bem os casos de inclusatildeo

5 Como a famiacutelia da crianccedila que tem deficiecircncia pode ajudar na inclusatildeo de seu

filho

6 Como devem ser as educadoras de CMEI para que atendam bem as crianccedilas

que estatildeo em inclusatildeo

7 Como a professora do Atendimento Educacional Especializado pode

contribuir com a inclusatildeo no CMEI

164

8 Que tipo de apoio a famiacutelia da crianccedila que estaacute em inclusatildeo precisa para

atender bem seu filho

9 Que tipo de apoio as educadoras de CMEI precisam para atender bem os

casos de inclusatildeo

10 Vocecirc acha que os CMEIs estatildeo preparados para atender crianccedilas pequenas

em inclusatildeo Comente sua resposta

11 Vocecirc acha que as educadoras de CMEI estatildeo preparadas para atender

crianccedilas pequenas em inclusatildeo Comente sua resposta

12 Qual sua opiniatildeo sobre o trabalho das educadoras que atendem turmas de

inclusatildeo

13 De que maneira acontece a participaccedilatildeo da famiacutelia no processo de inclusatildeo

do filho que estaacute no CMEI Qual sua opiniatildeo sobre isso

14 Em sua opiniatildeo quais as maiores vantagens que a inclusatildeo na Educaccedilatildeo

Infantil traz Comente sua resposta

15 Existiriam desvantagens na inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil Comente sua

resposta

16 Vocecirc gostaria de falar mais alguma coisa sobre a inclusatildeo da crianccedila

pequena no CMEI

165

ANEXO B

Roteiro de Entrevistas ndash Educadoras de CMEI

Caracterizaccedilatildeo da Educadora

Nome Completo

Idade

Estado civil

Escolarizaccedilatildeo

Possui alguma formaccedilatildeo especiacutefica para trabalhar com crianccedilas pequenas na

Educaccedilatildeo Infantil

Possui alguma formaccedilatildeo especiacutefica na aacuterea da Educaccedilatildeo Especial e

Inclusiva

Vocecirc teve experiecircncia como professora fora da Educaccedilatildeo Infantil Comente

sua resposta

Vocecirc teve outras experiecircncias como professora de turmas de inclusatildeo antes

dessa Comente sua resposta

Vocecirc teve ou tem alguma ou experiecircncia com pessoas com deficiecircncia fora

da aacuterea educacional Como foi isso

Caracterizaccedilatildeo do Trabalho da Educadora e o processo inclusivo

1 Qual eacute o seu horaacuterio de trabalho aqui no CMEI

2 Qual eacute a turma que vocecirc atende atualmente

3 Quanto tempo faz que vocecirc estaacute atendendo essa turma

4 Vocecirc divide o atendimento da turma com algueacutem Como eacute isso

5 Como costuma ser sua rotina aqui na creche

6 Vocecirc costuma planejar o atendimento dessa turma Como eacute isso

7 Como eacute a crianccedila que estaacute em inclusatildeo na sua turma

8 Haacute quanto tempo vocecirc atende essa crianccedila

9 Quando vocecirc soube que iria atender essa crianccedila o que pensou Comente

sua resposta

166

10 E hoje que vocecirc jaacute a conhece como se sente ao atendecirc-la Comente sua

resposta

11 Como vocecirc faz para saber se essa crianccedila estaacute se desenvolvendo bem

12 Como eacute o seu trabalho com essa crianccedila que estaacute em inclusatildeo

13 Vocecirc tem alguma dificuldade em atendecirc-la Comente sua resposta

14 Quando vocecirc tem duacutevidas ou dificuldades sobre essa crianccedila o que vocecirc faz

Comente sua resposta

15 Vocecirc recebe ou recebeu algum tipo de orientaccedilatildeo sobre como atender essa

crianccedila Comente sua resposta

Concepccedilotildees sobre o processo inclusivo

16 Dizer que essa crianccedila estaacute em inclusatildeo o que significa para vocecirc

17 Se algueacutem lhe perguntasse qual eacute o motivo de crianccedilas com deficiecircncia

estarem frequentando o CMEI o que vocecirc diria

18 Qual eacute a sua opiniatildeo sobre a inclusatildeo nos CMEIs

19 Como deveriam ser os CMEIs para atenderem bem os casos de inclusatildeo

20 Como a famiacutelia da crianccedila que tem deficiecircncia pode ajudar na inclusatildeo de seu

filho

21 Como devem ser as educadoras de CMEI para que atendam bem as crianccedilas

que estatildeo em inclusatildeo

22 Como a professora do Atendimento Educacional Especializado pode

contribuir com a inclusatildeo no CMEI

23 Que tipo de apoio a famiacutelia da crianccedila que estaacute em inclusatildeo precisa para

atender bem seu filho

24 Que tipo de apoio as educadoras de CMEI precisam para atender bem os

casos de inclusatildeo

17 Vocecirc acha que os CMEIs estatildeo preparados para atender crianccedilas pequenas

em inclusatildeo Comente sua resposta

18 Vocecirc acha que as educadoras de CMEI estatildeo preparadas para atender

crianccedilas pequenas em inclusatildeo Comente sua resposta

19 Qual sua opiniatildeo sobre o trabalho das educadoras que atendem turmas de

inclusatildeo

167

20 De que maneira acontece a participaccedilatildeo da famiacutelia no processo de inclusatildeo

do filho que estaacute no CMEI Qual sua opiniatildeo sobre isso

21 Em sua opiniatildeo quais as maiores vantagens que a inclusatildeo na Educaccedilatildeo

Infantil traz Comente sua resposta

22 Existiriam desvantagens na inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil Comente sua

resposta

23 Vocecirc gostaria de falar mais alguma coisa sobre a inclusatildeo da crianccedila

pequena no CMEI

168

ANEXO C

Roteiro de Entrevistas ndash Professoras do Atendimento Educacional

Especializado (AEE)

Caracterizaccedilatildeo da Professora do AEE

Nome Completo

Idade

Estado civil

Escolarizaccedilatildeo

Possui alguma formaccedilatildeo especiacutefica para trabalhar com crianccedilas pequenas

Possui alguma formaccedilatildeo especiacutefica para trabalhar com Educaccedilatildeo Especial e

Inclusiva

Possui alguma formaccedilatildeo especiacutefica para trabalhar como professora do AEE

Haacute quanto tempo vocecirc trabalha na educaccedilatildeo

Antes de trabalhar como professora do AEE vocecirc teve outras experiecircncias na

aacuterea de Educaccedilatildeo Infantil Como foi isso

Antes de trabalhar como professora do AEE vocecirc teve outras experiecircncias na

aacuterea de Educaccedilatildeo Especial ou Inclusiva Como foi isso

Teve ou tem alguma outra experiecircncia com pessoas com deficiecircncia fora da

aacuterea educacional Como foi isso

Caracterizaccedilatildeo do Trabalho do AEE

1 Qual eacute o seu horaacuterio de trabalho no AEE

2 Quanto tempo faz que vocecirc estaacute trabalhando como professora do AEE

3 Como eacute o seu trabalho no AEE

4 Quais as maiores diferenccedilas entre o AEE para o Ensino Fundamental e o

AEE para a Educaccedilatildeo Infantil

5 Quantos alunos vocecirc atende no AEE Quantos satildeo da Educaccedilatildeo Infantil e

quantos satildeo do Ensino Fundamental

6 Quanto tempo faz que vocecirc atende essa crianccedila no AEE

7 Quando vocecirc soube que iria atender essa crianccedila pequena o que pensou

Comente sua resposta

169

8 E hoje que vocecirc jaacute a conhece como se sente ao atendecirc-la Comente sua

resposta

9 Como vocecirc faz para saber se essa crianccedila estaacute se desenvolvendo bem

10 Como eacute o seu trabalho com essa crianccedila que estaacute em inclusatildeo

11 Vocecirc tem alguma dificuldade em atendecirc-la Comente sua resposta

12 Quando vocecirc tem duacutevidas ou dificuldades sobre essa crianccedila o que vocecirc faz

Comente sua resposta

13 Vocecirc recebe ou recebeu algum tipo de orientaccedilatildeo sobre como atender essa

crianccedila Como eacute isso

14 Vocecirc sabe quais outros serviccedilos essa crianccedila frequenta aleacutem do CMEI

Concepccedilotildees sobre o processo inclusivo

15 Dizer que essa crianccedila estaacute em inclusatildeo o que significa para vocecirc

16 Se algueacutem lhe perguntasse qual eacute o motivo de crianccedilas com deficiecircncia

estarem frequentando o CMEI o que vocecirc diria

17 Qual eacute a sua opiniatildeo sobre a inclusatildeo nos CMEIs

18 Como deveriam ser os CMEIs para atenderem bem os casos de inclusatildeo

19 Como a famiacutelia da crianccedila que tem deficiecircncia pode ajudar na inclusatildeo de seu

filho

20 Como devem ser as educadoras de CMEI para que atendam bem as crianccedilas

que estatildeo em inclusatildeo

21 Como a professora do Atendimento Educacional Especializado pode

contribuir com a inclusatildeo no CMEI

22 Que tipo de apoio a famiacutelia da crianccedila que estaacute em inclusatildeo precisa para

atender bem seu filho

23 Que tipo de apoio as educadoras de CMEI precisam para atender bem os

casos de inclusatildeo

24 Vocecirc acha que os CMEIs estatildeo preparados para atender crianccedilas pequenas

em inclusatildeo Comente sua resposta

25 Vocecirc acha que as educadoras de CMEI estatildeo preparadas para atender

crianccedilas pequenas em inclusatildeo Comente sua resposta

26 Qual sua opiniatildeo sobre o trabalho das educadoras que atendem turmas de

inclusatildeo

27 De que maneira acontece a participaccedilatildeo da famiacutelia no processo de inclusatildeo

do filho que estaacute no CMEI Qual sua opiniatildeo sobre isso

170

28 Em sua opiniatildeo quais as maiores vantagens que a inclusatildeo na Educaccedilatildeo

Infantil traz Comente sua resposta

29 Existiriam desvantagens na inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil Comente sua

resposta

30 Vocecirc gostaria de falar mais alguma coisa sobre a inclusatildeo da crianccedila

pequena no CMEI

171

ANEXO D- TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ndash Matildees

Eu Nelly Narcizo de Souza aluna do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da

Universidade Federal do Paranaacute (UFPR) convido-o (a) a participar do processo de

coleta de dados de minha Tese de Doutorado sob orientaccedilatildeo da Profordf Drordf Maria

Augusta Bolsanello Esta pesquisa que tem como tiacutetuloldquoInclusatildeo Escolar da Crianccedila

Pequena com Necessidades Especiais Concepccedilotildees de Matildees de Educadoras da

Educaccedilatildeo Infantil e de Professoras do Atendimento Educacional Especializadordquo

possui como objetivo maior descrever as concepccedilotildees de pais e educadores sobre o

processo de inclusatildeo da crianccedila pequena com deficiecircncia no contexto educacional

infantil especificamente na creche A relevacircncia dessa pesquisa estaacute em contribuir

com futuros estudos e accedilotildees que tratem da inclusatildeo da crianccedila pequena com

deficiecircncia em ambiente de creche evidenciando necessidades e possibilidades

para um bom atendimento

A sua participaccedilatildeo aconteceraacute atraveacutes do seu consentimento em responder algumas

perguntas por meio de questionaacuterio e entrevista a ser gravada em aacuteudio no

ambiente da creche em dia e horaacuterio previamente marcados Responder a eles natildeo

apresenta nenhum tipo de risco agrave crianccedila a seus familiares ou a quem a atende na

Creche O seu nome bem como o da crianccedila ou quaisquer dados que possam

identificaacute-los natildeo seratildeo utilizados A sua participaccedilatildeo eacute absolutamente voluntaacuteria

natildeo remunerada e a pesquisadora estaraacute agrave disposiccedilatildeo para qualquer

esclarecimento A sua recusa em participar da pesquisa natildeo traraacute qualquer

penalidade ou prejuiacutezo ao atendimento da crianccedila Vocecirc tambeacutem poderaacute desistir da

participaccedilatildeo a qualquer momento Os resultados da presente pesquisa seratildeo

divulgados agrave instituiccedilatildeo apoacutes a defesa da Tese em data a ser agendada Apoacutes ler

este Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e aceitar participar do estudo

solicito sua assinatura em duas vias no referido Termo sendo que uma delas

permaneceraacute em seu poder Qualquer informaccedilatildeo adicional ou esclarecimento

acerca deste estudo poderaacute ser obtido com a pesquisadora principal pelos telefones

(41) XXXX XXXX e (41) XXXX XXXX

Nelly Narcizo de Souza Maria Augusta Bolsanello Dra

Pesquisadora Principal - Doutoranda Profordf Pesquisadora Orientadora

Eu

abaixo assinado declaro atraveacutes deste documento o meu consentimento em

172

participar da pesquisa intitulada ldquoInclusatildeo Escolar da Crianccedila Pequena com

Necessidades Especiais Concepccedilotildees de Matildees de Educadoras da Educaccedilatildeo Infantil

e de Professoras do Atendimento Educacional Especializadordquo

Declaro ainda que estou ciente de seu objetivo e meacutetodos bem como de meus

direitos ao anonimato e a desistir da mesma a qualquer momento

_____________________de ___________________ de 201_

RG

Assinatura participante da pesquisa

173

ANEXO E - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ndash

Educadores da Educaccedilatildeo Infantil

Eu Nelly Narcizo de Souza aluna do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da

Universidade Federal do Paranaacute (UFPR) convido-o (a) a participar do processo de

coleta de dados de minha Tese de Doutorado sob orientaccedilatildeo da Profordf Drordf Maria

Augusta Bolsanello Esta pesquisa que tem como tiacutetulo ldquoInclusatildeo Escolar da Crianccedila

Pequena com Necessidades Especiais Concepccedilotildees de Matildees de Educadoras da

Educaccedilatildeo Infantil e de Professoras do Atendimento Educacional Especializadordquo

possui como objetivo maior descrever as concepccedilotildees de pais e educadores sobre o

processo de inclusatildeo da crianccedila pequena com deficiecircncia no contexto educacional

infantil especificamente na creche A relevacircncia dessa pesquisa estaacute em contribuir

com futuros estudos e accedilotildees que tratem da inclusatildeo da crianccedila pequena com

deficiecircncia em ambiente de creche evidenciando necessidades e possibilidades

para um bom atendimento

A sua participaccedilatildeo aconteceraacute atraveacutes do seu consentimento em responder algumas

perguntas por meio de entrevista a ser gravada em aacuteudio no ambiente da creche

em dia e horaacuterio previamente marcados Responder a elas natildeo apresenta nenhum

tipo de risco agrave crianccedila agrave famiacutelia a vocecirc ou a outras pessoas que trabalham na

creche O seu nome bem como o da crianccedila ou quaisquer dados que possam

identificaacute-los natildeo seratildeo utilizados A sua participaccedilatildeo eacute absolutamente voluntaacuteria

natildeo remunerada e a pesquisadora estaraacute agrave disposiccedilatildeo para qualquer

esclarecimento A sua recusa em participar da pesquisa natildeo traraacute qualquer

penalidade ou prejuiacutezo para vocecirc ao seu trabalho ou ao atendimento da crianccedila

Vocecirc tambeacutem poderaacute desistir da participaccedilatildeo a qualquer momento Os resultados da

presente pesquisa seratildeo divulgados agrave instituiccedilatildeo apoacutes a defesa da Tese em data a

ser agendada Apoacutes ler este Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e aceitar

participar do estudo solicito sua assinatura em duas vias no referido Termo sendo

que uma delas permaneceraacute em seu poder Qualquer informaccedilatildeo adicional ou

esclarecimento acerca deste estudo poderaacute ser obtido com a pesquisadora principal

pelos telefones (41) XXXX XXXX e (41) XXXX XXXX

Nelly Narcizo de Souza Maria Augusta Bolsanello Dra

Pesquisadora Principal - Doutoranda Profordf Pesquisadora Orientadora

174

Eu

abaixo assinado declaro atraveacutes deste documento o meu consentimento em

participar da pesquisa intitulada ldquoInclusatildeo Escolar da Crianccedila Pequena com

Necessidades Especiais Concepccedilotildees de Matildees de Educadoras da Educaccedilatildeo Infantil

e de Professoras do Atendimento Educacional Especializadordquo a ser realizada nesta

instituiccedilatildeo

Declaro ainda que estou ciente de seu objetivo e meacutetodos bem como de meus

direitos ao anonimato e a desistir da mesma a qualquer momento

_____________________de ___________________ de 201_

RG

Assinatura do educador participante da pesquisa

175

ANEXO F - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ndash

Professores do Atendimento Educacional Especializado

Eu Nelly Narcizo de Souza aluna do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da

Universidade Federal do Paranaacute (UFPR) convido-o (a) a participar do processo de

coleta de dados de minha Tese de Doutorado sob orientaccedilatildeo da Profordf Drordf Maria

Augusta Bolsanello Esta pesquisa que tem como tiacutetulo ldquoInclusatildeo Escolar da Crianccedila

Pequena com Necessidades Especiais Concepccedilotildees de Matildees de Educadoras da

Educaccedilatildeo Infantil e de Professoras do Atendimento Educacional Especializadordquo

possui como objetivo maior descrever as concepccedilotildees de pais e educadores sobre o

processo de inclusatildeo da crianccedila pequena com deficiecircncia no contexto educacional

infantil especificamente na creche A relevacircncia dessa pesquisa estaacute em contribuir

com futuros estudos e accedilotildees que tratem da inclusatildeo da crianccedila pequena com

deficiecircncia em ambiente de creche evidenciando necessidades e possibilidades

para um bom atendimento

A sua participaccedilatildeo aconteceraacute atraveacutes do seu consentimento em responder algumas

perguntas por meio de entrevista a ser gravada em aacuteudio no ambiente de trabalho

em dia e horaacuterio previamente marcados Responder a elas natildeo apresenta nenhum

tipo de risco agrave crianccedila agrave famiacutelia a vocecirc ou a outras pessoas que trabalham com

vocecirc O seu nome bem como o da crianccedila ou quaisquer dados que possam

identificaacute-los natildeo seratildeo utilizados A sua participaccedilatildeo eacute absolutamente voluntaacuteria

natildeo remunerada e a pesquisadora estaraacute agrave disposiccedilatildeo para qualquer

esclarecimento A sua recusa em participar da pesquisa natildeo traraacute qualquer

penalidade ou prejuiacutezo para vocecirc ao seu trabalho ou ao atendimento da crianccedila

Vocecirc tambeacutem poderaacute desistir da participaccedilatildeo a qualquer momento Os resultados da

presente pesquisa seratildeo divulgados agrave instituiccedilatildeo apoacutes a defesa da Tese em data a

ser agendada Apoacutes ler este Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e aceitar

participar do estudo solicito sua assinatura em duas vias no referido Termo sendo

que uma delas permaneceraacute em seu poder Qualquer informaccedilatildeo adicional ou

esclarecimento acerca deste estudo poderaacute ser obtido com a pesquisadora principal

pelos telefones (41) XXXX XXXX e (41) XXXX XXXX

Nelly Narcizo de Souza Maria Augusta Bolsanello Dra

Pesquisadora Principal - Doutoranda Profordf Pesquisadora Orientadora

176

Eu

abaixo assinado declaro atraveacutes deste documento o meu consentimento em

participar da pesquisa intitulada ldquoInclusatildeo Escolar da Crianccedila Pequena com

Necessidades Especiais Concepccedilotildees de Matildees de Educadoras da Educaccedilatildeo Infantil

e de Professoras do Atendimento Educacional Especializadordquo

Declaro ainda que estou ciente de seu objetivo e meacutetodos bem como de meus

direitos ao anonimato e a desistir da mesma a qualquer momento

_____________________de ___________________ de 201_

RG

Assinatura do professor participante da pesquisa

Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ NELLY NARCIZO DE …

4

AGRADECIMENTOS

Foram quatro anos de muitas transformaccedilotildees as quais natildeo vieram faacutecil ou

delicadamente Perante as dificuldades e desafios que a vida nos impotildee aproveito

para agradecer a todos os que de algum modo foram determinantes em momentos

preciosos dessa caminhada

Agradeccedilo imensamente a minha orientadora Profordf Drordf Maria Augusta Bolsanello pela

sensibilidade compreensatildeo e carinho com os quais sempre me guiou ao longo

desses anos todos

Especialmente agradeccedilo agraves crianccedilas que ainda pequenas jaacute nos ajudam a

transformar o que somos por meio de suas histoacuterias agraves suas matildees agraves suas

educadoras nos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil e agraves professoras do

Atendimento Educacional Especializado que gentilmente cederam as informaccedilotildees

que deram corpo ao presente estudo

Estendo meus agradecimentos agraves professoras que compuseram a Banca de

Qualificaccedilatildeo Profordf Drordf Sandra Regina Kirchner Guimaratildees Profordf Drordf Lidia Natalia

Dobriansky Weber Profordf Drordf Maria de Faacutetima Minetto Profordf Drordf Maria Helena

Baptista Cordeiro e Profordf Drordf Tania dos Santos Alvarez da Silva Obrigada pelas

informaccedilotildees e comentaacuterios pertinentes e enriquecedores que ajudaram a nortear

esse trabalho

Aos Professores Colegas e funcionaacuterios do Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em

Educaccedilatildeo da Universidade Federal do Paranaacute pela oportunidade de convivecircncia e

aprendizado Um grande abraccedilo de agradecimento para Ana Flaacutevia Hansel e

Daniele Bonamin Flores pelo tempo que passamos juntas e por tudo o que

aprendemos

Agrave minha Famiacutelia que mesmo na distacircncia foi apoio importante nos momentos que

julguei natildeo conseguir prosseguir

5

Agrave Juliana Krieger Joatildeo Fadino e Ricardo Peixoto pelas ajudas ao longo da

construccedilatildeo desse trabalho

Ao Rogger agradeccedilo por ter se colocado ao meu lado especialmente nos momentos

de maior dificuldade preocupaccedilatildeo e cansaccedilo Tambeacutem meus agradecimentos pela

revisatildeo dos textos Obrigado por tudo e principalmente por me trazer Ceciacutelia

A todos os que hoje posso chamar de Amigos e que de algum modo contribuiacuteram

com essa pesquisa deixo meus mais sinceros e profundos agradecimentos

6

A alegria natildeo chega apenas no encontro do achado mas faz parte do processo da

busca

Paulo Freire

7

RESUMO

A tese investiga as concepccedilotildees que norteiam o processo de inclusatildeo educacional da crianccedila pequena com necessidades especiais segundo suas Matildees suas Educadoras da Educaccedilatildeo Infantil e suas Professoras do Atendimento Educacional Especializado (AEE) O contexto e as participantes foram escolhidos por sua significativa influecircncia no desenvolvimento humano especialmente no que compete agrave primeira infacircncia e agrave construccedilatildeo do processo inclusivo de crianccedilas pequenas com necessidades especiais As participantes foram entrevistadas por meio de perguntas abertas elencadas em roteiros previamente estabelecidos em estudo de cunho qualitativo exploratoacuterio e comparativo Segundo os resultados as concepccedilotildees das participantes sugerem uma perspectiva inclusiva voltada para a possibilidade de socializaccedilatildeo da crianccedila pequena com necessidades especiais com outras crianccedilas sem estas necessidades e para a concepccedilatildeo de que estar em inclusatildeo eacute o cumprimento de um direito As matildees participam pouco do processo de inclusatildeo de sua crianccedila Jaacute as funccedilotildees das professoras que trabalham no Atendimento Educacional Especializado satildeo praticamente desconhecidas dentro do contexto do processo inclusivo das crianccedilas pequenas que atendem As educadoras de Educaccedilatildeo Infantil por sua vez sentem-se despreparadas para atender as necessidades educacionais das crianccedilas que satildeo foco da inclusatildeo As educadoras destacam que a relaccedilatildeo entre as crianccedilas eacute um dos elementos que mais promovem o desenvolvimento dos educandos que estatildeo em inclusatildeo Tanto as professoras do Atendimento Educacional Especializado quanto as Educadoras da Educaccedilatildeo Infantil demonstram variadas preocupaccedilotildees sobre o modo como vem acontecendo a inclusatildeo de crianccedilas pequenas com necessidades educacionais especiais e junto com as matildees chamam a atenccedilatildeo para a necessidade de transformaccedilotildees no modo como estaacute se dando a inclusatildeo de crianccedilas pequenas na Educaccedilatildeo Infantil Esta pesquisa evidencia que a inclusatildeo de crianccedilas pequenas com necessidades especiais na Educaccedilatildeo Infantil ainda reflete diversas contradiccedilotildees e desencontros mas se mostra como uma experiecircncia vaacutelida por ser uma accedilatildeo que transgride o comum pois proporciona novas reflexotildees novas necessidades duacutevidas e significados o que com certeza poderaacute gerar outras perspectivas e estrateacutegias em prol da qualidade educacional e da promoccedilatildeo do desenvolvimento humano Destaca-se a necessidade de que sejam realizados mais estudos dentro da presente temaacutetica dada sua relevacircncia

Palavras-chave Inclusatildeo Escolar Educaccedilatildeo Infantil Atendimento Educacional Especializado Necessidades Especiais Educaccedilatildeo Inclusiva

8

ABSTRACT

The thesis investigates the conceptions that guide the process of educational inclusion of the young child with special needs according with their Mothers their Early Childhood Educationrsquos educators and their Specialized Educational Servicersquos Teachers The context and the participants was chosen for itrsquos significant influence on human development specially about the concerns early childhood and the building of the inclusive process of young children with special needs The participants were interviewed through open questions chosen on pre-established lists in a qualitative exploratory and comparative study According with the results the participantrsquos conceptions suggests a inclusive perspective facing the possibility of socialization of a young child with special needs with other children without these needs and to the conception that being included is the fulfillment of a right The mothers participate little in the inclusion process of their child But the functions of the teachers that work in the Specialized Educational Service are practically unknown inside the context of the inclusive process for the young children that them treat The Early Childhood Educationrsquos educators on the other hand feel unprepared to meet the educational needs of the children that are the focus of the inclusion The educators points the relation among the children is one of the elements that promotes the most development os the learners that are in the inclusion Both the Specialized Educational Servicersquos teachers and Early Childhood Educationrsquos educators shows various concerns about the way that the inclusion is happening with young children with special educational needs and along with their mothers call the attention to the necessity of transformations in the way that is occurring the inclusion of young children in the Early Childhood Education This research shows that the inclusion of young child with special needs in the Early Childhood Education still reflects several contradictions and mismatches but displays like a valid experiment for being an action that transgresses the common for it provides new reflections new necessities doubts and meanings which for sure will generate other perspectives and strategies on the behalf of educational quality and of the promotion of human development Highlights the need of the realization of further studies inside of the present theme given its relevance

Keywords School Inclusion Early Childhood Education Care Specialized Education Special Needs Inclusive Education

9

LISTA DE QUADROS

QUADRO 01 DISTRIBUICcedilAtildeO DAS CRIANCcedilAS SEGUNDO LAUDO MEacuteDICO

E DIAGNOacuteSTICO 64

QUADRO 02 DISTRIBUICcedilAtildeO DAS CRIANCcedilAS SEGUNDO A TURMA EM

QUE ESTAtildeO MATRICULADAS ATUALMENTE E O TEMPO EM QUE

FREQUENTAM CENTROS MUNICIPAIS DE EDUCACcedilAtildeO INFANTIL ndash CMEIs

64

QUADRO 03 ndash DISTRIBUICcedilAtildeO DAS MAtildeES PARTICIPANTES CONFORME

IDADE ESCOLARIDADE E OCUPACcedilAtildeO 67

QUADRO 04 ndash DISTRIBUICcedilAtildeO DAS MAtildeES PARTICIPANTES CONFORME

COMPOSICcedilAtildeO FAMILIAR 67

QUADRO 05 ndash DISTRIBUICcedilAtildeO DAS PROFESSORAS DO ATENDIMENTO

EDUCACIONAL ESPECIALIZADO - AEE CONFORME IDADE ESTADO

CIVIL OCORREcircNCIA E QUANTIDADE DE FILHOS 69

QUADRO 06 ndash DISTRIBUICcedilAtildeO DAS PROFESSORAS DO ATENDIMENTO

EDUCACIONAL ESPECIALIZADO - AEE CONFORME SUA

ESCOLARIZACcedilAtildeO 70

QUADRO 07- DISTRIBUICcedilAtildeO DAS PROFESSORAS DO ATENDIMENTO

EDUCACIONAL ESPECIALIZADO - AEE CONFORME TEMPO DE

TRABALHO NA AacuteREA EDUCACIONAL E AacuteREAS DE ATUACcedilAtildeO DENTRO DA

EDUCACcedilAtildeO 71

10

QUADRO 08 - DISTRIBUICcedilAtildeO DAS EDUCADORAS DOS CENTROS

MUNICIPAIS DE EDUCACcedilAtildeO INFANTIL CONFORME IDADE ESTADO CIVIL

OCORREcircNCIA E QUANTIDADE DE FILHOS 72

QUADRO 09 - DISTRIBUICcedilAtildeO DAS EDUCADORAS DOS CENTROS

MUNICIPAIS DE EDUCACcedilAtildeO INFANTIL CONFORME SUA ESCOLARIDADE

73

QUADRO 10 - DISTRIBUICcedilAtildeO DAS EDUCADORAS DOS CENTROS

MUNICIPAIS DE EDUCACcedilAtildeO INFANTIL CONFORME O TEMPO DE

ATUACcedilAtildeO NA EDUCACcedilAtildeO DE MODO GERAL ESPECIFICAMENTE NA

EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E NA TURMA QUE ATENDE ATUALMENTE 75

QUADRO 11 - DISTRIBUICcedilAtildeO DAS PROFESSORAS DO ATENDIMENTO

EDUCACIONAL ESPECIALIZADO CONFORME SEU TEMPO DE ATUACcedilAtildeO

COMO AEE NO ENSINO FUNDAMENTAL E NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL 82

QUADRO 12- DISTRIBUICcedilAtildeO DAS PROFESSORAS DO ATENDIMENTO

EDUCACIONAL ESPECIALIZADO CONFORME SEU TEMPO DE ATUACcedilAtildeO

COMO AEE NO ENSINO FUNDAMENTAL E NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL 82

QUADRO 13 ndash DISTRIBUICcedilAtildeO DAS MAIORES ESPECIFICIDADES DO

ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO PARA A EDUCACcedilAtildeO

INFANTIL E PARA O ENSINO FUNDAMENTAL 83

QUADRO 14 ndash DISTRIBUICcedilAtildeO DAS PROFESSORAS DO ATENDIMENTO

EDUCACIONAL ESPECIALIZADO CONFORME TEMPO EM QUE ATENDEM

A CRIANCcedilA PEQUENA FOCO DA PESQUISA FREQUEcircNCIA E DURACcedilAtildeO

DO ATENDIMENTO AO ALUNO 84

11

QUADRO 15 ndash DISTRIBUICcedilAtildeO DAS PROFESSORAS CONFORME SUAS

CONCEPCcedilOtildeES ANTES DE ATENDER A CRIANCcedilA E APOacuteS O PERIacuteODO EM

QUE ATENDE O ALUNO QUE ESTAacute EM INCLUSAtildeO 85

QUADRO 16 ndash DISTRIBUICcedilAtildeO DAS EDUCADORAS CONFORME TURMAS

QUE ATENDEM FAIXA ETAacuteRIA DA TURMA E QUANTIDADE DE ALUNOS

POR TURMA 89

QUADRO 17 ndash DISTRIBUICcedilAtildeO DAS EDUCADORAS CONFORME O TEMPO

EM QUE ATENDEM A CRIANCcedilA QUE ESTAacute EM INCLUSAtildeO 93

QUADRO 18 - DISTRIBUICcedilAtildeO DAS EDUCADORAS CONFORME SUAS

CONCEPCcedilOtildeES ANTES DE ATENDER A CRIANCcedilA E APOacuteS O PERIacuteODO EM

QUE ATENDE O ALUNO QUE ESTAacute EM INCLUSAtildeO 93

12

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 10

11 JUSTIFICATIVA E ABORDAGEM DO PROBLEMA 10

12 OBJETIVOS 18

121 OBJETIVO GERAL 18

122 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS 18

2 SUPORTE TEOacuteRICO 20

21 O DESENVOLVIMENTO HUMANO A PARTIR DO ESTUDO E DA

INTERACcedilAtildeO ENTRE SEUS CONTEXTOS ndash A ABORDAGEM

BIOECOLOacuteGICA 20

22 A CRIANCcedilA PEQUENA COM NECESSIDADES ESPECIAIS E A

PROMOCcedilAtildeO DO SEU DESENVOLVIMENTO 25

23 BREVE HISTOacuteRICO DA EDUCACcedilAtildeO DAS PESSOAS COM

NECESSIDADES ESPECIAIS E A EDUCACcedilAtildeO INCLUSIVA 31

24 A FAMIacuteLIA COMO UM MICROSSISTEMA DE DESENVOLVIMENTO

HUMANO E SUA RELACcedilAO COM A CRIANCcedilA COM NECESSIDADES

ESPECIAIS 39

25 A INSTITUICcedilAtildeO DE EDUCACcedilAtildeO INFANTIL COMO UM CONTEXTO DE

DESENVOLVIMENTO 49

251 CONCEPCcedilOtildeES SOBRE A PRAacuteTICA EDUCATIVA

INSTITUCIONALIZADA ASPECTOS RELEVANTES PARA A PROMOCcedilAtildeO DO

DESENVOLVIMENTO INFANTIL 51

3 MEacuteTODO 57

31 CONTEXTO 57

32 PARTICIPANTES 59

33 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS 60

13

34 PROCEDIMENTOS DE ANAacuteLISE DE DADOS 61

35 CUIDADOS EacuteTICOS 62

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 63

41 SECcedilAtildeO 01 CARACTERIZACcedilAtildeO DAS PARTICIPANTES 63

411 CARACTERIZACcedilAtildeO DAS CRIANCcedilAS FOCO DA INCLUSAtildeO 63

412 CARACTERIZACcedilAtildeO DAS ENTREVISTADAS 66

4121 CARACTERIZACcedilAtildeO DAS MAtildeES 66

4122 CARACTERIZACcedilAtildeO DAS PROFESSORAS DO ATENDIMENTO

EDUCACIONAL ESPECIALIZADO 68

4123 CARACTERIZACcedilAtildeO DAS EDUCADORAS DOS CENTROS

MUNICIPAIS DE EDUCACcedilAtildeO INFANTIL 71

42 SECcedilAtildeO 02 CONCEPCcedilOtildeES DAS MAtildeES DAS EDUCADORAS E DAS

PROFESSORAS SOBRE A CRIANCcedilA QUE ESTAacute EM INCLUSAtildeO 75

421 AS MAtildeES E SUAS CRIANCcedilAS 75

422 AS PROFESSORAS DO ATENDIMENTO EDUCACIONAL

ESPECIALIZADO E A INCLUSAtildeO DAS CRIANCcedilAS PEQUENAS QUE ESTAtildeO

NOS CENTROS MUNICIPAIS DE EDUCACcedilAtildeO INFANTIL 80

423 AS EDUCADORAS DOS CENTROS MUNICIPAIS DE EDUCACcedilAtildeO

INFANTIL E AS CRIANCcedilAS PEQUENAS QUE ESTAtildeO EM INCLUSAtildeO 89

43 SECcedilAtildeO 03 O PROCESSO INCLUSIVO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL 96

431 CONCEPCcedilOtildeES DAS PARTICIPANTES SOBRE O PROCESSO

INCLUSIVO 97

432 PARTICIPACcedilAtildeOATUACcedilAtildeO NO PROCESSO INCLUSIVO NO CENTRO

MUNICIPAL DE EDUCACcedilAtildeO INFANTIL 104

433 REFEREcircNCIAS E APOIOS UTILIZADOS E INDICADOS PARA QUE O

PROCESSO INCLUSIVO OCORRA COM QUALIDADE 107

14

434 AVALIACcedilAtildeO DO PROCESSO INCLUSIVO 114

435 VANTAGENS E DESVANTAGENS DO PROCESSO INCLUSIVO 116

4351 AS VANTAGENS 116

4352 AS DESVANTAGENS 119

436 SUGESTOtildeES E COMENTAacuteRIOS VISANDO A MELHORIA DO

PROCESSO INCLUSIVO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL 121

44 SECcedilAtildeO 04 ndash DA NECESSIDADE DE SE OBSERVAR E ATUAR NA

INFAcircNCIA ENQUANTO ETAPA CRUCIAL DE DESENVOLVIMENTO 125

45 SECcedilAtildeO 05 - DO RECONHECIMENTO DA IMPORTAcircNCIA DOS

CONTEXTOS E SUAS INTER-RELACcedilOtildeES 128

46 SECcedilAtildeO 06 - DA CONSIDERACcedilAtildeO E DISCUSSAtildeO DAS NOVAS

CONCEPCcedilOtildeES ACERCA DA INCLUSAtildeO 129

47 SECcedilAtildeO 07 - DA CONSIDERACcedilAtildeO DAS (NECESSAacuteRIAS)

TRANSFORMACcedilOtildeES QUE VEM OCORRENDO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL

131

48 SECcedilAtildeO 08 - DA CONSIDERACcedilAtildeO DAS TRANSFORMACcedilOtildeES QUE VEM

OCORRENDO NA EDUCACcedilAtildeO ESPECIAL 133

5 CONCLUSOtildeES 135

REFEREcircNCIAS 140

ANEXOS 161

10

1 INTRODUCcedilAtildeO

11 JUSTIFICATIVA E ABORDAGEM DO PROBLEMA

Desde a eacutepoca da graduaccedilatildeo em Pedagogia o desenvolvimento humano

desperta o interesse desta pesquisadora especialmente o periacuteodo inicial da vida

com seus aspectos relacionados agraves primeiras experiecircncias e o estabelecimento de

viacutenculos Por isso e devido agraves vivecircncias e formaccedilotildees acadecircmicas pessoais e

profissionais foi se construindo a ideia de que o desenvolvimento humano eacute um

processo permanente complexo e multideterminado e que cada etapa da vida eacute

constituiacuteda por caracteriacutesticas e necessidades muito peculiares as quais devem ser

observadas e estudadas para que se possam promover condiccedilotildees de

desenvolvimento de seres humanos saudaacuteveis (BRONFRENBRENNER 1996

BRONFRENBRENNER 2011 GAT 2000 BRAZELTON e GREENSPAN 2002

ASPESI DESSEN e CHAGAS 2005 ROGOFF 2005 POLETTO e KOLLER 2008)

Nessa abordagem o presente estudo procura vincular-se ao modelo

Bioecoloacutegico de Desenvolvimento Humano por apresentar possibilidades para que o

pesquisador analise aspectos da pessoa em desenvolvimento dos contextos que

vivecircncia e dos processos interativos que a influenciam ao longo do tempo

(BRONFENBRENNER e EVANS 2000)

Este modelo de entendimento do desenvolvimento humano valoriza as

interaccedilotildees desde as fases iniciais do ciclo vital das pessoas uma vez que as

mesmas influenciam e satildeo influenciadas profundamente pelas relaccedilotildees com outros

seres objetos e siacutembolos tanto em seu ambiente imediato quanto com outros

ambientes (BRONFENBRENNER e EVANS 2000) Essas interaccedilotildees se verificam de

modo progressivamente mais complexo ao longo do ciclo vital e seu estudo permite

inferir que contextos socialmente organizados ajudem a apoiar e orientar o

desenvolvimento humano ou seja desde o nascimento As interaccedilotildees satildeo

fundamentais para a sobrevivecircncia e o desenvolvimento como um todo assim cada

etapa do crescimento pressupotildee a ampliaccedilatildeo de laccedilos afetivos sociais e tambeacutem do

repertoacuterio cognitivo do ser humano (MOLINARI SILVA E CREPALDI 2005 GOMES

e DUARTE 2009 BRONFRENBRENNER e CECI 2011)

11

Dentre as diversas fases do desenvolvimento humano destaca-se nessa

pesquisa a primeira infacircncia ou seja a faixa etaacuteria compreendida entre o

nascimento e os trecircs primeiros anos de vida em especial procurando compreender

o processo de inclusatildeo da crianccedila pequena com deficiecircncia a partir do contexto

familiar e da educaccedilatildeo infantil

Primeiramente justifica-se que o estudo e a atenccedilatildeo a esse periacuteodo do ciclo vital

eacute relevante por vaacuterios motivos entre os quais se destacam a) a comprovada

importacircncia que experiecircncias nessa eacutepoca da vida apresentam para a formaccedilatildeo dos

indiviacuteduos visto que haacute grande riqueza e intensidade nas aquisiccedilotildees

desenvolvimentais em todos os seus niacuteveis b) a relevacircncia do papel do adulto-

cuidador frente agrave promoccedilatildeo do desenvolvimento na infacircncia e da garantia de seus

direitos c) o acesso crescente da crianccedila pequena a cuidados alternativos

implicando em separaccedilotildees diaacuterias entre matildee-bebecirc desde tenra idade o que tem

gerado inuacutemeras discussotildees sobre o impacto desse fato no desenvolvimento infantil

d) a escassez de projetos pedagoacutegicos dentro da educaccedilatildeo infantil que sejam

coerentes com as especificidades de bebecircs e de crianccedilas pequenas e) o

desconhecimento dos profissionais de educaccedilatildeo infantil sobre desenvolvimento

humano e pelas condiccedilotildees de trabalho e atendimento agrave crianccedila pequena as quais

indicam a necessidade de revisotildees praacuteticas nesse acircmbito (GAT 2000 RAPOPORT

2003 ROGOFF 2005 ARNAIS 2003 ANJOS et al 2004 BARBOSA 2004

SOEJIMA 2008 SOUZA 2008 EIKMANN et al 2009 BOLSANELLO 2009

FERNANDES 2011)

Diante dos aspectos assinalados a respeito das condiccedilotildees de atendimento das

crianccedilas pequenas com desenvolvimento tiacutepico ou ldquonormalrdquo os quais claramente jaacute

se verificam como um tema de relevo entatildeo o que falar daquelas que apresentam

deficiecircncia ou necessidades especiais1 e que se encontra em situaccedilatildeo de inclusatildeo

desde tenra idade inseridas nos atendimentos de berccedilaacuterio e turmas maternais no

ensino regular

Na perspectiva da questatildeo posta acima se pode afirmar que o desafio atual da

educaccedilatildeo infantil eacute tornar seus serviccedilos inclusivos acolhendo as crianccedilas pequenas

1 Para efeitos de entendimento nesse estudo seraacute utilizado o termo necessidades especiais para designar as

condiccedilotildees que se referem agraves deficiecircncias (sensoriais intelectual neuromotora fiacutesica ou muacuteltipla) Transtornos

Globais do Desenvolvimento ou outras situaccedilotildees que tragam grandes implicaccedilotildees para o acesso e a permanecircncia

de alunos na Educaccedilatildeo Infantil e no Ensino Fundamental e que por tal os caracterizem como alunos foco da

Educaccedilatildeo Especial e Inclusiva

12

com necessidades especiais e proporcionando-lhes atenccedilatildeo e atendimento de

qualidade adequada agraves suas caracteriacutesticas e especificidades (MENDES 2010)

Ressalta-se que ao fazer referecircncia agrave crianccedila pequena com necessidades

especiais estaacute se orientando a atenccedilatildeo agravequela pessoa que possui impedimentos de

longo prazo de natureza fiacutesica intelectual ou sensorial e que por tais condiccedilotildees

comporia o alunado da Educaccedilatildeo Especial (BRASIL 2008) Ainda que se encontrem

inuacutemeras divergecircncias nas definiccedilotildees de deficiecircncia ou necessidades especiais

essas pautadas pelas diferenccedilas entre atitudes crenccedilas orientaccedilatildeo aacutereas de

estudo e cultura a definiccedilatildeo do termo eacute cabiacutevel pois implica em caracteriacutesticas de

pessoas que precisam ser vistas acolhidas respeitadas e atendidas em vaacuterias

instacircncias (SMITH 2004)

Cabe destacar ainda a respeito de questotildees sobre a educaccedilatildeo inclusiva que

desde a Declaraccedilatildeo de Salamanca em 1994 muitas experiecircncias discussotildees e

avanccedilos se deram nesse acircmbito poreacutem de modo geral a inclusatildeo no ensino

regular do alunado foco da Educaccedilatildeo Especial continua a se mostrar como um tema

polecircmico e controverso no qual de um lado se encontram as orientaccedilotildees e

legislaccedilotildees brasileiras e internacionais e do outro as escolas e as famiacutelias que tem

que aguardar pacientemente por encaminhamentos praacuteticos e orientaccedilotildees que

ajudem a dar um direcionamento ao atendimento de suas crianccedilas (FERNANDES

BOLSANELLO e MOREIRA 2008) Isso pode ser entendido na perspectiva de

Kassar (2011) quando esta recorda que no Brasil e em alguns paiacuteses da Europa o

atendimento educacional direcionado agraves pessoas com deficiecircncia foi durante muito

tempo construiacutedo de maneira separada da educaccedilatildeo oferecida agrave populaccedilatildeo que natildeo

apresentava diferenccedilas ou caracteriacutesticas expliacutecitas que a caracterizasse como

ldquoanormalrdquo Tal fato implicou segundo esta uacuteltima autora na constituiccedilatildeo da

Educaccedilatildeo Especial como um campo de atuaccedilatildeo muito especiacutefico muitas vezes sem

interlocuccedilatildeo com a educaccedilatildeo comum Esse fato se reflete materialmente nos

espaccedilos institucionais igualmente separados e nas crenccedilas e mitos sobre os

ldquodiferentesrdquo

Essa separaccedilatildeo nos atendimentos tambeacutem eacute vaacutelida no que se refere agraves

crianccedilas pequenas com necessidades especiais (MENDES 2010) Historicamente

quando uma crianccedila apresenta precocemente alteraccedilotildees em seu desenvolvimento

ou mesmo um diagnoacutestico indicando o quadro de deficiecircncia ela eacute comumente

encaminhada aos serviccedilos de Estimulaccedilatildeo Precoce ou Essencial na Educaccedilatildeo

13

Especial (PEacuteREZ-LOacutePEZ 2009) O atendimento em Estimulaccedilatildeo Precoce ou

Essencial na realidade brasileira costuma configurar-se como o primeiro programa

de atendimento destinado a atender principalmente crianccedilas de alto risco ou

portadoras de deficiecircncias (auditiva fiacutesica intelectual visual muacuteltipla) sendo

geralmente destinado agrave faixa etaacuteria de zero a trecircs anos (BOLSANELLO 1998)

Crianccedilas de alto risco satildeo aquelas que devido a causas preacute-natais perinatais ou

poacutesndashnatais de origem bioloacutegica ou ambiental podem vir a apresentar atrasos

significativos em seu desenvolvimento requerendo por isso uma abordagem de

atendimento mais apropriada (TJOSSEM 1976 ALMEIDA 2009)

No caso das crianccedilas pequenas com necessidades especiais (entenda-se

deficiecircncias ou com significativo atraso em seu desenvolvimento) segundo Vitta

(2004) haacute escassez de estudos sobre sua participaccedilatildeo na Educaccedilatildeo Infantil

especificamente nos berccedilaacuterios o que natildeo significa que elas natildeo estejam sendo

atendidas nesse contexto (VITTA 2004) Haacute muitos casos de crianccedilas com

alteraccedilotildees significativas em seu desenvolvimento e que ainda natildeo foi detectado por

seus pais ou mesmo pelos educadores que as atendem na Educaccedilatildeo Infantil o que

compromete uma das funccedilotildees destes educadores que eacute a de auxiliar na detecccedilatildeo

de deacuteficits e orientar quanto agrave prevenccedilatildeo de maiores atrasos e a promoccedilatildeo do

desenvolvimento infantil (VITTA 2004 DIacuteAZ-HERRERO e MARTINEZ-FUENTES

2009)

Contudo a presenccedila de crianccedilas pequenas com necessidades especiais em

berccedilaacuterios tem sido vista com algumas reservas conforme evidenciado pelo estudo

de VITTA (2004) Drago (2011) tambeacutem percebeu em sua pesquisa que a inclusatildeo

na Educaccedilatildeo Infantil se verifica em meio a uma confusatildeo de conceitos e praacuteticas

nas quais se revelam accedilotildees inclusivas isoladas e um processo inclusivo mal

compreendido e mal aproveitado

Logo na busca pela concretizaccedilatildeo de uma educaccedilatildeo inclusiva sem duacutevida os

papeacuteis dos educadores e da famiacutelia se destacam porque ambos satildeo fundamentais

para a trajetoacuteria de vida das pessoas tanto em termos de aprendizagem quanto de

desenvolvimento o que significa dizer que estes podem tanto ser propulsores

quanto limitadores do desenvolvimento humano (BRAZELTON 2002 GIL 2004

SCHMITERLOumlW e FERNANDEZ 2004 DRAGO 2011 BRONFENBRENNER

2011)

14

No tocante agrave famiacutelia certamente natildeo restam mais duacutevidas para a ciecircncia

psicoloacutegica a respeito da influecircncia que as praacuteticas educativas parentais tecircm para o

desenvolvimento dos filhos (WEBER 2008) Isso porque a famiacutelia por ser o primeiro

locus de desenvolvimento humano mostra-se como um contexto privilegiado cujos

objetivos conteuacutedos e meacutetodos se diferenciam do cuidado institucionalizado pois

fomenta o processo de socializaccedilatildeo a proteccedilatildeo as condiccedilotildees baacutesicas de

sobrevivecircncia o desenvolvimento de seus membros no plano social cognitivo e

afetivo e tambeacutem auxilia a estabelecer uma estrutura miacutenima de atividades e

relaccedilotildees nos quais os papeacuteis de matildee pai filho irmatildeo esposa marido e outros satildeo

evidenciados e ensinados (DESSEN e POLONIA 2007 POLETTO e KOLLER

2008 PINHEIRO e BIASOLI-ALVES 2008 ALMEIDA 2010)

Contudo dadas agraves intensas mudanccedilas que a instituiccedilatildeo familiar vem passando

ao longo das uacuteltimas deacutecadas eacute necessaacuterio um estudo mais apurado acerca de

suas caracteriacutesticas e necessidades especialmente quando se propotildee a entendecirc-la

como espaccedilo promotor de desenvolvimento ativo e dinacircmico tal como nas palavras

de Pinheiro e Biasoli-Alves (2008) ao afirmarem que conforme as transformaccedilotildees

sociais vatildeo ocorrendo surgem ao mesmo tempo elementos que afetam a dinacircmica

familiar e do casal o que permite situar as questotildees que envolvem o papel

desempenhado por cada um de seus indiviacuteduos particularmente pai e matildee ndash aqui

referidos como ldquopaisrdquo

Esses dois elementos (pai e matildee) muito embora tenham assumido novos papeacuteis

diante da sociedade e de sua proacutepria famiacutelia ainda se mantecircm como figuras

imprescindiacuteveis do contexto de transmissatildeo de valores conhecimentos regras e

noccedilotildees de convivecircncia para seus filhos (ZAMBERLAM et al 1997 CARVALHO e

ALMEIDA 2003 SILVA e BOLSANELLO 2002 PINHEIRO e BIASOLI-ALVES

2008)

Diante da temaacutetica da presente pesquisa e no que se refere agrave crianccedila pequena

em situaccedilatildeo de inclusatildeo escolar ressalta-se que satildeo poucos os estudos que

descrevem o funcionamento familiar em crianccedilas com necessidades especiais na

realidade brasileira aleacutem de que haacute resultados contraditoacuterios entre algumas

pesquisas (MINETTO 2010) Todavia Brazelton (2002) afirma que os pais

necessitam de uma ajuda profissional quando se percebe que o filho apresenta

alteraccedilotildees em seu desenvolvimento pois sem isso eles podem - por ansiedade ou

falta de orientaccedilatildeo - contribuir com o quadro de atraso ou mesmo superproteger sua

15

crianccedila deixando de estarem sensiacuteveis agraves condiccedilotildees reais do infante Tambeacutem no

que se refere ao atendimento da crianccedila com necessidades especiais ou

desenvolvimento atiacutepico eacute fundamental que se leve em consideraccedilatildeo a participaccedilatildeo

ativa da famiacutelia no processo por meio do acolhimento de suas duacutevidas e anseios e

pela promoccedilatildeo de orientaccedilotildees de quando e como interagir com sua crianccedila (GIL

2004 SHMITERLOumlW e FERNANDEZ 2004 MENDES 2010)

A atenccedilatildeo o apoio e a orientaccedilatildeo para a famiacutelia que tem uma crianccedila com

necessidades especiais justificam-se primordialmente porque esse natildeo eacute um fato

para o qual todos se preparam antecipadamente Muito menos eacute um fato que se

deseja aleacutem de que quando do diagnoacutestico de deficiecircncia atraso no

desenvolvimento ou outra necessidade especial haacute uma intensa e profunda

reorganizaccedilatildeo familiar conforme jaacute afirmado por Prado (2005) A possibilidade de um

diagnoacutestico pode corroborar com sofrimento por parte dos pais havendo em

diversos casos a apresentaccedilatildeo de estresse fiacutesico e emocional (BAILEY 2003

PEREIRA-SILVA e DESSEN 2006 CHERUBINI BOSA e BANDEIRA 2008) Diante

do exposto torna-se evidente que os programas de atendimento agrave crianccedila pequena

com deficiecircncia ou alteraccedilotildees importantes em seu desenvolvimento devem

considerar aspectos que envolvam sua famiacutelia de maneira que a preparem para a

relaccedilatildeo com seu filho (SHMITERLOumlW 2003 GIL 2004 SHMITERLOumlW e

FERNANDEZ 2004)

Jaacute a instituiccedilatildeo de Educaccedilatildeo Infantil interessa como um contexto que se mostra

cada vez mais utilizado podendo ateacute ser considerado como indispensaacutevel para a

viabilizaccedilatildeo da dupla jornada de trabalho da mulher e dos arranjos familiares

proacuteprios da modernidade o que faz com que o maior desafio desse contexto tenda a

ser o de proporcionar um ambiente que seja estimulante para a crianccedila tambeacutem

promovendo seu desenvolvimento de modo amplo e saudaacutevel (SOUZA 2008

SOEJIMA 2008 BOLSANELLO 2009 SOEJIMA e BOLSANELLO 2012)

Dessen e Polonia (2007) afirmam que a instituiccedilatildeo de educaccedilatildeo eacute um espaccedilo

fiacutesico psicoloacutegico social e cultural no qual os indiviacuteduos processam o seu

desenvolvimento global mediante atividades programadas e que tambeacutem pode se

configurar como um espaccedilo de apoio e orientaccedilatildeo para que as famiacutelias

desempenhem melhor seu papel

Perante sua relevacircncia a Educaccedilatildeo Infantil tem sido objeto de inuacutemeros estudos

inclusive a dissertaccedilatildeo de Mestrado da presente pesquisadora Os resultados desta

16

dissertaccedilatildeo evidenciaram a) a rotina extenuante dos educadores b) suas

dificuldades em planejar o atendimento das crianccedilas c) a grande quantidade de

crianccedilas por educador d) a constante necessidade de resolverem problemas

imediatos o que gera a dificuldade de darem atenccedilatildeo a aspectos mais

individualizados das crianccedilas e) a falta de apoio pedagoacutegico adequado (SOUZA

2008) Esses satildeo aspectos tambeacutem verificados por outros autores e que possibilitam

refletir profundamente sobre a funccedilatildeo da creche como um espaccedilo de

desenvolvimento (PACHECO e DUPRET 2004 CAMPOS FULGRAFF e

WIGGERS 2006 BOacuteGUS et al 2007 SOEJIMA 2008 SOUZA 2008

BOLSANELLO 2009 FERNANDES 2011 GUIMARAtildeES 2011 SOEJIMA e

BOLSANELLO 2012)

Outra questatildeo eacute acerca das concepccedilotildees de desenvolvimento infantil dos

educadores as quais refletem a falta de uma formaccedilatildeo consistente na aacuterea a falta

de oportunidades de reflexatildeo a falta de ressignificaccedilatildeo de seus conhecimentos

preacutevios a falta de sistematizaccedilatildeo de accedilotildees de atenccedilatildeo e a intervenccedilatildeo precoce

(SOEJIMA e BOLSANELLO 2012 SOUZA 2008) Tais achados geram

controveacutersias quanto agrave sua funccedilatildeo protetiva em relaccedilatildeo agraves comunidades expostas a

riscos sociais e desenvolvimentais (EIKMANN et al 2009) o que estaacute tambeacutem em

consonacircncia com as consideraccedilotildees de BALTIERI et al (2010) Estes uacuteltimos

salientam que estudos recentes trazem a preocupaccedilatildeo com as repercussotildees da

exposiccedilatildeo cotidiana ao ambienterotina das creches e que esta na realidade

brasileira tem sido crescente e apontam limitaccedilotildees quanto ao preparo dos

profissionais da infraestrutura rotinas com predomiacutenio de atividades voltadas para

alimentaccedilatildeo e higiene aleacutem de maior exposiccedilatildeo das crianccedilas a processos

infecciosos

Contraditoriamente os estudos de Boacutegus et al(2007) e Bhering e Nez (2002)

evidenciaram que as famiacutelias buscam o atendimento institucionalizado tambeacutem por

acreditarem que este seraacute um contexto de promoccedilatildeo do desenvolvimento e maior

cuidado para sua crianccedila e ateacute sentem-se privilegiadas por terem acesso a esse

serviccedilo o que parece resultar em uma menor exigecircncia na qualidade desse

atendimento Bhering e Nez (2002) relembram que a importacircncia do envolvimento

dos pais nessa fase de desenvolvimento humano eacute autoexplicativa famiacutelia e

escolacreche juntas podem promover situaccedilotildees complementares e significativas

17

de aprendizagem e convivecircncia que realmente vatildeo ao encontro das necessidades e

demandas das crianccedilas de ambas as instituiccedilotildees

Por outro lado eacute percebido que a participaccedilatildeo das famiacutelias diante da instituiccedilatildeo e

do atendimento de seus filhos eacute escassa e restrita agrave entrega da crianccedila pela manhatilde

agrave busca ao final do dia e a participaccedilatildeo em algumas reuniotildees especiacuteficas na fala

dos educadores tal participaccedilatildeo poderia ser mais efetiva (BHERING e NEZ 2002

BOgraveGUS et al 2007 SOUZA 2008) Perante esse cenaacuterio da parca participaccedilatildeo da

famiacutelia dentro da rotina da creche relembra-se que mesmo que haja o atendimento

institucionalizado como um importante recurso da sociedade contemporacircnea tal

participaccedilatildeo natildeo substitui a funccedilatildeo primordial da famiacutelia (SILVA e BOLSANELLO

2002)

Conforme os dados assinalados sobre a crianccedila pequena com necessidades

especiais sobre a importacircncia da famiacutelia e da Educaccedilatildeo Infantil como contextos de

promoccedilatildeo de desenvolvimento na primeira infacircncia2 e diante das contradiccedilotildees que

ainda permeiam os processos da educaccedilatildeo inclusiva apresenta-se como

pressuposto que a inclusatildeo da crianccedila pequena com necessidades especiais no

contexto de Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil vem sendo realizada a partir de

conceitos e praacuteticas que fortalecem principalmente os aspectos socializadores do

processo inclusivo o que implica na possibilidade de que estar no referido contexto

natildeo caracteriza uma educaccedilatildeo inclusiva

E levanta-se a questatildeo norteadora do presente estudo

Quais concepccedilotildees orientam o processo de inclusatildeo da crianccedila pequena com

necessidades especiais no contexto de Centros Municipais de Educaccedilatildeo

Infantil (CMEIs) segundo suas matildees suas educadoras na Educaccedilatildeo Infantil e

suas professoras do Atendimento Educacional Especializado

2 Para esse estudo se considera que a primeira infacircncia eacute o periacuteodo etaacuterio que corresponde aos primeiros 36

meses de vida

18

12 OBJETIVOS

121 Objetivo Geral

Investigar quais concepccedilotildees orienta o processo de inclusatildeo da crianccedila

pequena com necessidades especiais no contexto de Centros Municipais de

Educaccedilatildeo Infantil (CMEIs) especificamente em turmas de berccedilaacuterio e maternal

segundo suas matildees suas educadoras na Educaccedilatildeo Infantil e suas professoras do

Atendimento Educacional Especializado

122 Objetivos Especiacuteficos

Com a intenccedilatildeo de responder a questatildeo de pesquisa que orienta este

trabalho se estabelecem como objetivos especiacuteficos os itens abaixo indicados

a) Investigar como as matildees de crianccedilas que tecircm necessidades especiais

percebem participam e avaliam o processo de inclusatildeo de seus filhos que

frequentam os Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil

b) Investigar como educadoras de Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil que

atendem em turmas de berccedilaacuterio (I e II) e maternal (I e II) percebem atuam e

avaliam o processo de inclusatildeo das crianccedilas pequenas com necessidades

especiais nesses ambientes de desenvolvimento preacute-escolar

c) Investigar como professoras do Atendimento Educacional Especializado que

atendem e que frequentam turmas de berccedilaacuterio (I e II) e maternal (I e II) nos

Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil da regiatildeo percebem atuam e

avaliam o processo de inclusatildeo das crianccedilas pequenas com necessidades

especiais

d) Verificar quais satildeo as Diretrizes e Apoios indicados eou utilizados pelas

participantes do estudo para que o processo inclusivo ocorra com qualidade

na Educaccedilatildeo Infantil

19

e) Verificar as vantagens e desvantagens da inclusatildeo escolar de crianccedilas

pequenas com necessidades especiais segundo as concepccedilotildees de suas

matildees suas educadoras nos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil e suas

professoras do Atendimento Educacional Especializado

20

2 SUPORTE TEOacuteRICO

21 O DESENVOLVIMENTO HUMANO A PARTIR DO ESTUDO E DA INTERACcedilAtildeO

ENTRE SEUS CONTEXTOS ndash A ABORDAGEM BIOECOLOacuteGICA

Bronfenbrenner (1996) conceitua o desenvolvimento humano afirmando que

este se constitui de mudanccedilas nas formas como as pessoas percebem e interagem

com o ambiente Essas mudanccedilas ocorrem durante toda a vida do indiviacuteduo e em

sua relaccedilatildeo com o mundo

O modelo bioecoloacutegico contempla o desenvolvimento de maneira ampla e

busca focalizar as interaccedilotildees das pessoas com seus diferentes contextos

(BRONFENBRENNER 2011) Em outras palavras o ser humano se constitui como

tal na sua relaccedilatildeo com o outro e com os diversos contextos dos quais participa

direta ou indiretamente (SILVA 2011)

Para Bronfenbrenner e Morris (1998) o desenvolvimento dos seres humanos

eacute o resultado da accedilatildeo entre as caracteriacutesticas da pessoa em desenvolvimento os

processos proximais estabelecidos entre ela e outros sujeitos os contextos nos

quais a pessoa vive e a frequecircncia de tempo no qual ela encontra-se exposta a

esses elementos Esse modelo tambeacutem eacute denominado PPCT (processo-pessoa-

contexto-tempo)

O processo eacute o mecanismo do desenvolvimento visto a partir das interaccedilotildees

entre o sujeito e o ambiente imediato O indiviacuteduo humano eacute sempre considerado

nesta teoria como um ser biopsicologicamente em evoluccedilatildeo e para que suas

interaccedilotildees sejam consideradas como tal ele deve ser visto de modo ativo

(BROFENBRENNER 2011)

Os processos proximais satildeo os motores primaacuterios do desenvolvimento e satildeo

por conceito bidirecionais (BRONFENBRENNER 1999) O processo proximal pode

melhorar a competecircncia funcional e ajudar a minimizar aspectos disfuncionais do

desenvolvimento humano (BRONFENBRENNER 1999)

Para que se efetive o desenvolvimento as atividades devem ser contiacutenuas ao

longo de um tempo e devem tornar-se progressivamente mais complexas Em

acordo com esse modelo de desenvolvimento repeticcedilotildees natildeo bastam elas natildeo

21

caracterizam os processos proximais (BRONFENBRENNER e MORRIS 1998) Os

processos proximais envolvem aleacutem de pessoas tambeacutem a relaccedilatildeo com objetos e

siacutembolos E para haver reciprocidade nas relaccedilotildees os objetos e siacutembolos devem

despertar e estimular a atenccedilatildeo a exploraccedilatildeo a manipulaccedilatildeo a elaboraccedilatildeo e a

imaginaccedilatildeo da pessoa em desenvolvimento (BRONFENBRENNER 1999

AMBROZIO 2009)

Um exemplo desse padratildeo de interaccedilatildeo pode ser observado durante a

alimentaccedilatildeo do bebecirc nas brincadeiras de crianccedilas com pouca idade seja em grupo

ou individualmente (BRONFENBRENNER 2001)

Para os processos proximais disfunccedilatildeo e competecircncia satildeo dois aspectos

muito importantes pois influenciam os primeiros de modo contundente

Bronfenbrenner e Morris (1998) definem disfunccedilatildeo como a manifestaccedilatildeo recorrente

de dificuldades por parte da pessoa que estaacute em desenvolvimento Jaacute competecircncias

satildeo as aquisiccedilotildees avanccediladas no que se refere a conhecimentos e habilidades

(intelectuais fiacutesicas sociais motoras e a combinaccedilatildeo desses elementos)

Bronfenbrenner e Morris (1998) afirmam que ambientes estaacuteveis e

vantajosos propiciam menos manifestaccedilotildees de disfunccedilotildees no desenvolvimento

humano e que quanto maiores e melhores os resultados relacionados agraves

competecircncias mais elevados e complexos podem se tornar os processos proximais

e mais reduzidos seratildeo os riscos para o desenvolvimento

A pessoa eacute analisada por meio de suas caracteriacutesticas determinadas

biopsicologicamente (experiecircncias vividas habilidades por exemplo) e aquelas

construiacutedas socialmente Nesse modelo as caracteriacutesticas da pessoa satildeo tanto

produtoras como produtos do desenvolvimento pois constitui um dos elementos que

influenciam tanto a forma a forccedila o conteuacutedo quanto a direccedilatildeo do processo de

interaccedilatildeo (BRONFENBRENNER 1996 BROFENBRENNER 2011) Este modelo

destaca trecircs caracteriacutesticas da pessoa que tem influecircncia no decorrer de seu

desenvolvimento e das relaccedilotildees proximais estabelecidas as quais satildeo as

disposiccedilotildees os recursos e as demandas (BRONFENBRENNER 1999)

As disposiccedilotildees satildeo as caracteriacutesticas que podem colocar os processos

proximais em movimento lhe dando sustentaccedilatildeo ou interferindo com atrasos no

desenvolvimento humano Portanto as disposiccedilotildees podem ser as que promovem e

geram desenvolvimento e as que impedem ou atrasam o desenvolvimento

(BRONFENBRENNER 1999)

22

Segundo Bronfenbrenner (1989) satildeo disposiccedilotildees que podem gerar atrasos ou

impedimentos no desenvolvimento hostilidade apatia desatenccedilatildeo falta de

interesse inseguranccedila entre outras E como caracteriacutesticas que geram e promovem

o desenvolvimento iniciativa a curiosidade e tambeacutem a responsividade seletiva as

tendecircncias estruturantes e um sistema de crenccedilas diretivas (BRONFENBRENNER

1999)

A chamada responsividade seletiva eacute a primeira manifestaccedilatildeo dos aspectos

que geram o desenvolvimento e se refere a uma capacidade de manifestaccedilatildeo de

uma resposta diferenciada que ocasiona atraccedilatildeo e exploraccedilatildeo de elementos do

ambiente fiacutesico e social (BRONFENBRENNER 1999)

Jaacute as tendecircncias estruturantes se referem agraves capacidades de engajamento e

de persistecircncia em atividades progressivamente mais complexas Satildeo exemplos de

tendecircncias estruturantes a capacidade de elaborar reestruturar e criar novas

caracteriacutesticas em um ambiente (BRONFENBRENNER E MORRIS 1989)

A terceira disposiccedilatildeo que contribui para a promoccedilatildeo do desenvolvimento

humano eacute o que Bronfenbrenner e Morris (1998) denominam de sistema de crenccedilas

diretivas Elas se referem agrave capacidade de as pessoas demonstrarem uma

crescente tendecircncia de dar significado agraves experiecircncias agrave medida que o tempo vai

passando

Em relaccedilatildeo aos chamados recursos bioecoloacutegicos Bronfenbrenner (1989)

indicam que estes se referem agrave aptidatildeo agraves experiecircncias conhecimentos e

habilidades requeridas para o funcionamento dos processos proximais Os recursos

bioecoloacutegicos tambeacutem podem limitar os processos proximais principalmente quando

se referem a defeitos geneacuteticos ou doenccedilas crocircnicas e graves por exemplo

No que se refere agraves demandas Bronfenbrenner (1992) afirma que satildeo

aquelas caracteriacutesticas da pessoa em desenvolvimento que provocam ou

desencorajam reaccedilotildees do ambiente e que interferem de forma positiva ou negativa

nos processos proximais

A inter-relaccedilatildeo entre as caracteriacutesticas pessoais as disposiccedilotildees os recursos

bioecoloacutegicos e as demandas levam a inuacutemeras possibilidades de combinaccedilotildees e

justificam as diferenccedilas nas direccedilotildees e nas forccedilas dos processos proximais

resultantes e de seus impactos no desenvolvimento humano (BRONFENBRENNER

E MORRIS 1989)

23

Bronfenbrenner (1996) traz em seu modelo bioecoloacutegico a importacircncia e a

influecircncia que os contextos apresentam para o desenvolvimento da pessoa

O contexto eacute analisado por meio da interaccedilatildeo de quatro niacuteveis ambientais dos

mais proacuteximos aos mais distantes denominados microssistema mesossistema

exossistema e macrossistema (BRONFENBRENNER 1996 BROFENBRENNER

2011)

O microssistema eacute o ambiente em que se estabelecem relaccedilotildees diretas face

a face relaccedilotildees de intimidade (diacuteades triacuteades) Satildeo considerados como exemplos

famiacutelia escola grupo de amigos entre outros Das relaccedilotildees entre os diversos

microssistemas origina-se o mesossistema Jaacute o exossistema constitui aqueles

contextos externos agrave participaccedilatildeo direta do sujeito em desenvolvimento mas que

trazem influecircncias importantes para ele Um exemplo disso para a crianccedila em

desenvolvimento eacute o ambiente de trabalho dos pais O macrossistema eacute aquele em

que se configuram as leis normas e regras que regem uma sociedade

(BRONFENBRENNER 1996 BROFENBRENNER 2011)

As interaccedilotildees entre os diversos niacuteveis contextuais satildeo bidirecionais e trazem

grandes transformaccedilotildees no desenvolvimento humano O tipo de interaccedilatildeo mais

baacutesico eacute a chamada transiccedilatildeo ecoloacutegica o que segundo Bronfenbrenner (1977) eacute a

possibilidade de movimento de um contexto para outro diferente novo Podem ser

exemplos de transiccedilatildeo ecoloacutegica o ingresso em uma instituiccedilatildeo de ensino a

mudanccedila de residecircncia passar o dia no Centro Municipal de Educaccedilatildeo Infantil -

CMEI e ir para casa ao fim do dia entre outros

Sobre as relaccedilotildees bidirecionais ainda Bronfenbrenner (1988) cita as diacuteades e

as relaccedilotildees mais extensas a partir do sistema N+2 (triacuteades teacutetrades etc) Dentro do

processo de desenvolvimento infantil as diacuteades primaacuterias satildeo fundamentais pois o

desenvolvimento da crianccedila pequena afeta e eacute afetado por seus cuidadores

principais tais como matildee avoacute babaacute educadora etc Logo eacute recomendaacutevel que ao

se estudar o desenvolvimento na infacircncia que se busque fazecirc-lo tambeacutem

considerando esses aspectos diaacutedicos

Assim microssistemas como famiacutelia e escola tecircm influecircncias diversas e

importantes no desenvolvimento infantil Compreender ecologicamente o

desenvolvimento humano possibilita que a atenccedilatildeo investigativa seja dirigida natildeo soacute

para a pessoa e os ambientes imediatos nos quais se encontra senatildeo para suas

interaccedilotildees e transiccedilotildees em ambientes mais distantes dos quais muitas vezes

24

sequer participa diretamente O modelo bioecoloacutegico tambeacutem enfatiza o ambiente

mas propotildee que o desenvolvimento humano seja estudado por meio da interaccedilatildeo

deste nuacutecleo com outros trecircs de forma inter-relacionada o processo a pessoa e o

tempo (BRONFENBRENNER 1996 ROGOFF 2005 BROFENBRENNER 2011)

O tempo nesse modelo condiciona a efetividade dos processos proximais agrave

ocorrecircncia de uma interaccedilatildeo reciacuteproca progressivamente mais complexa em uma

base de tempo efetivamente regular natildeo podendo este funcionar efetivamente em

ambientes instaacuteveis e imprevisiacuteveis (BRONFENBRENNER 1996

BROFENBRENNER 2011)

Bronfenbrenner e Morris (1998) afirmam que o tempo enquanto categoria

bioecoloacutegica divide-se em microtempo mesotempo e macrotempo A anaacutelise do

tempo dentro desses trecircs niacuteveis deve focalizar a pessoa em relaccedilatildeo aos

acontecimentos presentes em sua vida desde os mais proacuteximos ateacute os mais

distantes (BRONFENBRENNER 1996 BROFENBRENNER 2011)

A abordagem bioecoloacutegica do desenvolvimento humano proposta por

Brofenbrenner (1996) eacute uacutetil ao permitir que o desenvolvimento possa ser entendido

de maneira contextualizada contemplando a interaccedilatildeo dinacircmica dos elementos

acima descritos Em outras palavras o estudo do desenvolvimento infantil

interpretado pelos paracircmetros do contexto bioecoloacutegico pode ser entendido como a)

a crianccedila como pessoa em contiacutenuo e progressivo desenvolvimento cujo trajeto

desenvolvimental apresenta caracteriacutesticas especiacuteficas conforme o ciclo vital se

desenrola b) a reciprocidade na qual ocorre uma interaccedilatildeo entre a crianccedila e os

contextos dos quais participa efetivamente c) as interconexotildees entre esses

ambientes e as influecircncias externas provenientes de meios mais amplos

(macrossistema e exossistema) d) o tempo como elemento necessaacuterio agraves

mudanccedilas no desenvolvimento do indiviacuteduo e de transiccedilotildees de papeacuteis dentro dos

diversos contextos dos quais participa e) continuidade e significado na qualidade

das relaccedilotildees interpessoais (BRONFENBRENNER 1996 BROFENBRENNER 2011

SPESSATO et al 2009 DINIZ e KOLLER 2010)

A interaccedilatildeo entre a crianccedila pequena com deficiecircncia sua famiacutelia a instituiccedilatildeo

de Educaccedilatildeo Infantil e a Educaccedilatildeo Especial eacute de extrema relevacircncia para que os

contextos conheccedilam melhor a crianccedila estabeleccedilam criteacuterios educativos comuns

discutam modelos de intervenccedilatildeo e relaccedilatildeo com os infantes e compreendam as

especificidades da funccedilatildeo educativa de cada um (SILVA 2011)

25

22 A CRIANCcedilA PEQUENA COM NECESSIDADES ESPECIAIS E A PROMOCcedilAtildeO

DO SEU DESENVOLVIMENTO

O presente capiacutetulo se destina a elencar aspectos relacionados agrave promoccedilatildeo

do desenvolvimento da crianccedila pequena com necessidades especiais visto que

para ela existem pelo menos trecircs contextos que podem auxiliar nesse sentido a

saber a famiacutelia a instituiccedilatildeo de Educaccedilatildeo Infantil e os centros ou programas de

Educaccedilatildeo Especial que ofertam o serviccedilo de estimulaccedilatildeo essencial

Pode se dizer que a crianccedila de modo geral se apresenta muito vulneraacutevel

agraves interferecircncias dos indiviacuteduos e dos ambientes com os quais convive e em

especial quando ela se encontra na primeira infacircncia (BRAZELTON 1990

SZYMANSKI 2004 CARVALHO 2006 BRONFENBRENNER 2011) No caso da

crianccedila com deficiecircncia (fiacutesica intelectual sensorial ou muacuteltipla) ou que apresenta

transtornos ou atrasos significativos em seu desenvolvimento agraves relaccedilotildees com

pessoas e contextos se tornam ainda mais relevantes na faixa etaacuteria indicada

Por outro lado sendo praticamente consenso entre os pesquisadores e

profissionais do desenvolvimento infantil de que este eacute um processo complexo e

multideterminado (MOLINARI et al 2005) tambeacutem deve ser considerada a crianccedila

em si como pessoa em constante desenvolver com suas caracteriacutesticas e

especificidades proacuteprias

A crianccedila no sentido de sujeito em desenvolvimento deve ser vista como

um ser integrado e natildeo uma coleccedilatildeo de habilidades e aquisiccedilotildees principalmente

porque o desenvolvimento em seus diversos niacuteveis natildeo se daacute de forma separada

contrariamente todos os niacuteveis (cognitivo emocional fiacutesico entre outros) estatildeo

inter-relacionados e constituem o sujeito como um todo (GIL 2004)

Segundo Libro Blanco (GAT 2000) importante documento espanhol sobre

atenccedilatildeo e intervenccedilatildeo precoce3 o desenvolvimento infantil nos primeiros anos se

caracteriza por uma progressiva aquisiccedilatildeo de funccedilotildees muito importantes tais como

3 No que se refere aos termos atenccedilatildeo e intervenccedilatildeo precoce eacute possiacutevel estabelecer um paralelo em

seu entendimento e relacionaacute-los ao atendimento de estimulaccedilatildeo precoce ou essencial na realidade brasileira O que significa afirmar que tanto na realidade espanhola quanto brasileira esses termos se referem aos primeiros atendimentos a crianccedilas com necessidades especiais ainda que esses sejam realizados em contextos e com abordagens distintos entre si

26

controle postural autonomia no deslocamento comunicaccedilatildeo e linguagem interaccedilatildeo

social entre outros

A evoluccedilatildeo do desenvolvimento estaacute estreitamente ligada ao processo de

maturaccedilatildeo do sistema nervoso jaacute iniciado na vida intrauterina e tambeacutem com a

organizaccedilatildeo emocional e mental Para que tais processos se verifiquem de modo

saudaacutevel eacute necessaacuteria uma estrutura geneacutetica adequada e o cumprimento das

necessidades humanas baacutesicas nos acircmbito bioloacutegico e psicoafetivo pois o

desenvolvimento infantil eacute produto da interaccedilatildeo entre fatores geneacuteticos e ambientais

(GAT 2000 GAUY e COSTA JUNIOR 2005 MADUREIRA e BRANCO 2005)

A base geneacutetica especiacutefica para cada indiviacuteduo estabelece capacidades

proacuteprias de desenvolvimento ateacute o ponto em que se possa modificaacute-la pela

interaccedilatildeo com os fatores ambientais (GAT 2000 GAUY e COSTA JUNIOR 2005

MADUREIRA e BRANCO 2005)

Os fatores ambientais vatildeo modular a possibilidade de expressatildeo ou latecircncia

de algumas caracteriacutesticas geneacuteticas Esses fatores satildeo de ordem bioloacutegica

psicoloacutegica e social (GAT 2000 GAUY e COSTA JUNIOR 2005 POLONIA

DESSEN e SILVA 2005 MADUREIRA e BRANCO 2005)

Os fatores ambientais de ordem bioloacutegica se configuram nos estados de

sauacutede ausecircncia de fatores de agressatildeo ao sistema nervoso condiccedilotildees necessaacuterias

para uma maturaccedilatildeo orgacircnica adequada Os fatores ambientais de ordem

psicoloacutegica e social satildeo os relacionados agrave interaccedilatildeo da crianccedila com o seu meio os

viacutenculos afetivos que estabelece a partir dos cuidados que recebe da percepccedilatildeo

que constroacutei em relaccedilatildeo agraves pessoas que a rodeiam (pessoas imagens sons entre

outros) Estas satildeo condiccedilotildees baacutesicas e determinantes do desenvolvimento

emocional funccedilotildees comunicativas condutas adaptativas aprendizagem entre

outros elementos constituintes da pessoa em evoluccedilatildeo (GAT 2000 GAUY e COSTA

JUNIOR 2005 MADUREIRA e BRANCO 2005)

Sobre a questatildeo de risco ao desenvolvimento os resultados negativos nesse

processo satildeo produzidos muitas vezes natildeo soacute por um mas pela combinaccedilatildeo de

diversos fatores de risco Os diferentes fatores que determinam os problemas que a

crianccedila pode apresentar ao longo de seu desenvolvimento satildeo mais dependentes da

quantidade do que da natureza dos fatores de risco reforccedilando a importacircncia de se

constatar os riscos muacuteltiplos que por sua vez tecircm efeito cumulativo causando

27

impacto maior sobre o desenvolvimento (SILVA e DESSEN 2005 MOLINARI et al

2005 AMORIM et al 2009)

Aleacutem de fatores de risco faz-se necessaacuterio lembrar que junto a eles existem

os recursos do indiviacuteduo e as accedilotildees protetoras do ambiente podem ser ativadas

para neutralizar adversidades vulnerabilidades e riscos ao desenvolvimento

adaptativo da crianccedila (FORMIGA et al 2004 POLETTO e KOLLER 2008)

E eacute nesse ponto que se destaca a funccedilatildeo dos adultos que atendem a crianccedila

pequena seja a famiacutelia ou a instituiccedilatildeo Entende-se que natildeo se deve atentar apenas

ao fato da remediaccedilatildeo de problemas mas antecipar as possibilidades gerais de

promover um desenvolvimento na primeira infacircncia com qualidade e sauacutede

(FORMIGA et al 2004 PEacuteREZ-LOPEZ MARTINEZ-FUENTES DIAZ-HERRERO

2006 MARTINEZ 2007)

Concorda-se igualmente com a afirmaccedilatildeo de Hansel (2004) quando a autora

relembra que em relaccedilatildeo agraves necessidades das crianccedilas pequenas tais como

proteccedilatildeo afetividade possibilidades de exploraccedilatildeo do meio fiacutesico e social por

exemplo haacute uma motivaccedilatildeo bioloacutegica e social para que esta se incorpore em um

grupo social poreacutem caberaacute aos genitores o papel de agentes de interaccedilatildeo e aqui

poderia se acrescentar a essa informaccedilatildeo a funccedilatildeo da estimulaccedilatildeo de ser tambeacutem

espaccedilo de promoccedilatildeo de muacuteltiplas experiecircncias e porque natildeo espaccedilo-tempo para

consolidaccedilatildeo de aspectos afetivos e de manutenccedilatildeo do viacutenculo familiar

Enfim a interaccedilatildeo entre microssistemas tais como o familiar e o educacional

(Educaccedilatildeo Infantil e Educaccedilatildeo Especial) pode ser um espaccedilo de reforccedilo de

orientaccedilatildeo direta ou indireta e de conformaccedilatildeo de uma rede de apoio primordial Por

outro lado um canal de comunicaccedilatildeo e interaccedilatildeo entre esses dois contextos que

seja inadequado pode falhar como recurso de orientaccedilatildeo motivaccedilatildeo e interesses da

famiacutelia em relaccedilatildeo agrave sua crianccedila (ORTIZ e FAacuteVARO 2004)

Devido a isso eacute que no que se refere agrave promoccedilatildeo do desenvolvimento

humano principalmente na primeira infacircncia tambeacutem eacute apropriado agrave busca pela

compreensatildeo das especificidades do atendimento na Educaccedilatildeo Infantil

Inicialmente antes de evidenciar o papel da educaccedilatildeo infantil e da famiacutelia

para a promoccedilatildeo do desenvolvimento para a crianccedila com riscos desenvolvimentais

cabe discorrer acerca do que consiste o atendimento em estimulaccedilatildeo precoce

Nas Diretrizes Educacionais sobre a Estimulaccedilatildeo Precoce publicadas em

1995 e elaboradas pela Secretaria de Educaccedilatildeo EspecialMEC haacute a explicitaccedilatildeo de

28

que a estimulaccedilatildeo precoce eacute o primeiro atendimento a ser destinado a crianccedila com

diagnoacutestico de deficiecircncia ou de atraso significativo em seu desenvolvimento na

faixa etaacuteria entre zero e 3 anos dentro dos serviccedilos da educaccedilatildeo especial

(BRASIL1995) Tambeacutem o documento orienta que haja a integraccedilatildeo entre as aacutereas

da assistecircncia social da educaccedilatildeo e da sauacutede com a integraccedilatildeo da famiacutelia e a

atuaccedilatildeo de uma equipe multidisciplinar (BRASIL 1995)

Documentos brasileiros como a Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo

Nacional - Lei 9394 (BRASIL 1996) as Diretrizes Nacionais Curriculares Nacionais

para a Educaccedilatildeo Infantil (BRASIL1998) e o Referencial Curricular para a Educaccedilatildeo

Infantil (BRASIL 2000) trazem em si as influecircncias do movimento mundial da

ldquoEscola para Todosrdquo o que implicou na promoccedilatildeo da possibilidade de que crianccedilas

com deficiecircncia desde tenra idade adentrem nos serviccedilos da educaccedilatildeo infantil no

ensino regular aleacutem de que a educaccedilatildeo especial passa a ser entendida tambeacutem

como ldquoapoiordquo para o processo de inclusatildeo desse alunado

Em especial o Referencial Curricular para a Educaccedilatildeo Infantil (BRASIL

2000) em suas instruccedilotildees evidencia vaacuterios aspectos entre os quais se destacam

aqueles relacionados agrave identificaccedilatildeo das necessidades especiais da crianccedila

elaboraccedilatildeo de estrateacutegias de avaliaccedilatildeo de risco para o desenvolvimento infantil e

atendimentos que levem em conta a singularidade do indiviacuteduo Propotildee tambeacutem o

acolhimento orientaccedilatildeo e apoio agraves famiacutelias das crianccedilas com deficiecircncia e a

integraccedilatildeo entre os diversos profissionais que atendem essa crianccedila

Esse uacuteltimo documento representa um avanccedilo sobre as orientaccedilotildees

indicadas anteriormente sobre o atendimento precoce da crianccedila com deficiecircncia

pois traz algumas atualizaccedilotildees contudo ainda assim mostra-se precaacuterio quando se

considera a especificidade das necessidades da crianccedila com deficiecircncia de suas

famiacutelias e dos profissionais que a atendem (HANSEL 2012)

Em 2008 as Diretrizes Operacionais para o Atendimento da Educaccedilatildeo

Especial na Educaccedilatildeo Baacutesica natildeo fazem alusatildeo agrave estimulaccedilatildeo precoce em si muito

embora oriente que o agora denominado Atendimento Educacional Especializado

deve contemplar as crianccedilas foco da Educaccedilatildeo Especial desde o nascimento Este

documento tambeacutem natildeo explicita de que modo o mesmo ocorreraacute na faixa etaacuteria que

compotildeem a primeira infacircncia (BRASIL 2008) O Decreto 761111 que tambeacutem

dispotildee sobre a Educaccedilatildeo Especial e orienta o Atendimento Educacional

Especializado revoga o Decreto anterior nordm 567108 e natildeo traz nenhuma

29

informaccedilatildeo especiacutefica sobre a inclusatildeo na primeira infacircncia ou mesmo sobre

intervenccedilatildeoestimulaccedilatildeo precoce

Igualmente alerta-se para o fato de a documentaccedilatildeo oficial a produccedilatildeo

cientiacutefica e a praacutetica da estimulaccedilatildeo precoce na realidade brasileira satildeo escassos

pouco difundidos e enfrentam inuacutemeros obstaacuteculos (HANSEL 2012)

De outro modo dentro do histoacuterico internacional dos programas de

estimulaccedilatildeo precoce houve grandes modificaccedilotildees no seu entendimento nas uacuteltimas

deacutecadas deixando de ser exclusividade da populaccedilatildeo infante da educaccedilatildeo especial

e passando a se constituir tambeacutem como um instrumento de inclusatildeo e de

prevenccedilatildeo de deacuteficits do desenvolvimento na faixa etaacuteria de 0 a 6 anos (GAT 2000)

Relembra-se que no iniacutecio dos anos 70 do seacuteculo passado esse serviccedilo tinha um

cunho de reabilitaccedilatildeo centrado nas questotildees relacionadas agrave patologia agrave deacuteficits e a

mensuraccedilatildeo do quociente intelectual Jaacute na metade dos anos 80 se verificou uma

discussatildeo voltando-se para a identificaccedilatildeo para a prevenccedilatildeo para o trabalho em

equipe e sobre o ambiente e sua influecircncia para o desenvolvimento Entre essas

duas deacutecadas surgiram modelos conceituais que tiveram grande repercussatildeo no

estudo e compreensatildeo do desenvolvimento humano (BROFENBRENNER 1996

GAT 2000 SAMEROFF e FIESE 2000 ROMERO 2003 CUEVAS 2003 PEacuteREZ-

LOPEZ 2003 SERRANO 2007 JUAN-VERA e PEREZ - LOPEZ 2009)

Logo a partir das concepccedilotildees Bioecoloacutegica de Brofenbrenner (1979) e da

Transacional de Sameroff e Chandler (1975) que exploram os contextos e suas

relaccedilotildees com seus partiacutecipes e destes entre si tornou-se possiacutevel evidenciar uma

nova abordagem para a promoccedilatildeo do desenvolvimento humano na infacircncia de tal

modo que as propostas de intervenccedilatildeo precoce deixaram de ter o aspecto de

ldquotratamento cliacutenicordquo e passaram a se constituir em verdadeiros apoios tanto agrave

crianccedila quanto a seus contextos de desenvolvimento - famiacutelia Educaccedilatildeo Infantil

entre outros (BROFENBRENNER 1996 GAT 2000 SAMEROFF e FIESE 2000

ROMERO 2003 CUEVAS 2003 PEacuteREZ-LOPEZ 2003 SERRANO 2007 JUAN-

VERA e PEREZ - LOPEZ 2009 MORAGAS 2009)

De tal modo eacute possiacutevel inferir que essa abordagem parece ir de acordo com a

proposta de se construir uma escola inclusiva desde a educaccedilatildeo infantil

Especialmente porque atualmente haacute a tendecircncia de que as intervenccedilotildees na

infacircncia sejam orientadas por uma concepccedilatildeo de Atenccedilatildeo Precoce a qual se refere

ao conjunto de accedilotildees orientadas para as crianccedilas com idade entre zero e seis anos

30

e que envolvem sua famiacutelia e o ambiente em que estatildeo inseridas (GAT 2000

JUAN-VERA e PEREZ - LOPEZ 2009 MORAGAS 2009) Nesse sentido tambeacutem

deixa de ser uma abordagem exclusiva para a crianccedila com deficiecircncias ou nascida

prematuramente O que segundo Caro (2003) eacute importante para todos inclusive

para aquela crianccedila viacutetima de ldquoabandono relativordquo

As condiccedilotildees de ldquoabandono relativordquo satildeo aquelas provenientes de situaccedilotildees

ocasionadas pelas ocupaccedilotildees dos pais do pouco cuidado descaso ou ainda

causadas pelo impacto de um cuidado mal estruturado com poucos estiacutemulos ndash

situaccedilotildees que podem ocasionar reflexos significativos no desenvolvimento

intelectual e emocional da crianccedila (CARO 2003)

Ao sair da seara puramente cliacutenica e passando a abarcar outros contextos

tais como o familiar e o das instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Infantil a Atenccedilatildeo Precoce

enfatiza a possibilidade de geraccedilatildeo de ambientes ricos em estiacutemulos diversos para a

aquisiccedilatildeo de funccedilotildees e capacidades que se apresentam pouco desenvolvidas ou

imaturas e tambeacutem a necessidade de que os profissionais que lidam com a infacircncia

possuam uma base soacutelida sobre os diversos modelos de prevenccedilatildeo intervenccedilatildeo e

avaliaccedilatildeo do desenvolvimento (PEREZ ndash LOPEZ 2004 DELGADO e MUELA

2004)

Portanto passa a ser uma questatildeo que acompanha a detecccedilatildeo de riscos para

o desenvolvimento a possibilidade de definir e aplicar accedilotildees de prevenccedilatildeo as quais

seguem alguns dos niacuteveis abaixo indicados (PEREZ-LOPEZ MARTINEZ-FUENTES

DIAZ-HERRERO 2006)

- prevenccedilatildeo primaacuteria satildeo todas as estrateacutegias tomadas antes que se

detecte um transtorno ou alteraccedilatildeo do desenvolvimento

- prevenccedilatildeo secundaacuteria compreende as estrateacutegias que satildeo colocadas

em praacutetica quando jaacute se evidenciam alguns sintomas de atraso no

desenvolvimento

- prevenccedilatildeo terciaacuteria quando trata de minimizar a gravidade dos efeitos

de transtornos do desenvolvimento que jaacute se instalaram

Em conformidade com Halpern et al (2000) e Formiga e Pedrazzani (2004)

pode-se afirmar que quanto mais precoce for o diagnoacutestico de atraso no

desenvolvimento e mais raacutepido o iniacutecio da intervenccedilatildeo menor seraacute o impacto de

31

atraso na vida futura da crianccedila tenha ela deficiecircncia ou natildeo o que por conseguinte

colabora em diminuir possiacuteveis impactos que possam ocorrer na relaccedilatildeo crianccedila-

famiacutelia-creche (RODRIGUES 2003)

23 BREVE HISTOacuteRICO DA EDUCACcedilAtildeO DAS PESSOAS COM NECESSIDADES

ESPECIAIS E A EDUCACcedilAtildeO INCLUSIVA

A histoacuteria do homem mostra que mesmo com a sociedade sugerindo respeito

entre seus membros e em algumas eacutepocas a valorizaccedilatildeo das diferenccedilas o que na

verdade temos eacute um ldquoestranhamento expliacutecitordquo uma separaccedilatildeo que eacute em muitos

casos velada por parte daqueles que natildeo se enquadram socialmente (SARAIVA

2008) Por isso discorrer sobre a educaccedilatildeo inclusiva requer que se retomem os

primoacuterdios da exclusatildeo e da educaccedilatildeo das pessoas com necessidades especiais

A trajetoacuteria de exclusatildeo da pessoa com necessidades especiais eacute tatildeo antiga

quanto a proacutepria evoluccedilatildeo do homem ou seja as estruturas das sociedades desde

os primoacuterdios demonstram uma concepccedilatildeo de deficiecircncia como algo relacionado agrave

inabilidade (MACIEL 2000)

Nas eacutepocas mais primitivas da histoacuteria humana dadas agraves condiccedilotildees insalubres

de vida supotildee-se que os indiviacuteduos que nasciam com qualquer tipo de deficiecircncia

teriam pouca ou nenhuma condiccedilatildeo de manutenccedilatildeo de sua vida pois que soacute os

indiviacuteduos mais fortes conseguiam sobreviver ante as intempeacuteries os ataques de

animais aos deslocamentos em busca de alimentos e de lugares mais propiacutecios

para o repouso e a permanecircncia (BIANCHETTI 1995)

Na Greacutecia Antiga as pessoas com deficiecircncia eram abandonadas ou

sacrificadas por natildeo corresponder agrave perfeiccedilatildeo do homem Na Idade Meacutedia substitui-

se o sacrifiacutecio por sentimentos ldquocristatildeosrdquo como piedade e compaixatildeo e tambeacutem pela

rejeiccedilatildeo dos diferentes Nessa eacutepoca tem iniacutecio o atendimento assistencial agraves

pessoas com deficiecircncia em igrejas e outras instituiccedilotildees de cunho religioso com o

intuito de ldquolibertaacute-lasrdquo do pecado (PESSOTI 1984 SMITH 2004 FREITAS 2008)

Desse modo a educaccedilatildeo especial soacute comeccedilou a ser traccedilada no seacuteculo XVI

com meacutedicos e pedagogos que desafiaram os conceitos vigentes na eacutepoca pois

acreditaram nas possibilidades educacionais de indiviacuteduos que ateacute entatildeo eram

32

considerados ineducaacuteveis (MENDES 2010) Ressalta-se ainda que a histoacuteria

retrate algumas experiecircncias precursoras desde o seacuteculo XVI cujas bases eram

tutoriais de fato o acesso agrave educaccedilatildeo das pessoas com deficiecircncias foi sendo muito

lentamente conquistado e essa conquista ocorreu apenas na medida em que se

ampliaram as oportunidades educacionais para a populaccedilatildeo em geral (JANNUZZI

2004 MENDES 2010)

Na Idade Moderna com o avanccedilo do pensamento cientiacutefico e da valorizaccedilatildeo da

racionalidade humana buscam-se respostas para a condiccedilatildeo das deficiecircncias Daiacute o

entendimento das mesmas no sentido de doenccedilas ou patologias iniciando-se as

pesquisas sobre como medicar e tratar as pessoas que apresentavam deficiecircncias

(PESSOTI 1984 SMITH 2004 FREITAS 2008) Na realidade brasileira em acordo

com pesquisa feita por Jannuzzi (2004) a educaccedilatildeo para pessoas com deficiecircncias

soacute surgiu de maneira institucional no conjunto das concretizaccedilotildees das ideias liberais

que tiveram divulgaccedilatildeo por aqui no fim do seacuteculo XVIII e comeccedilo do XIX

Na contemporaneidade lentamente deixa-se de lado a patologizaccedilatildeo das

deficiecircncias e evidencia-se uma abordagem de entendimento tambeacutem voltada para

os aspectos educativos desses indiviacuteduos (SMITH 2004 FREITAS 2008)

Nos anos 50 e 60 do seacuteculo passado houve um intensivo surgimento de

instituiccedilotildees educacionais especializadas (SMITH 2004 FREITAS 2008) Jaacute na

deacutecada de 70 destacam-se a reabilitaccedilatildeo e o treino de habilidades das pessoas com

deficiecircncia baseados em accedilotildees fundamentadas no modelo meacutedico-psicoloacutegico

vigente (SMITH 2004 FREITAS 2008)

As deacutecadas de 80 e de 90 desenrolaram-se com uma maior flexibilidade no que

se refere agrave consideraccedilatildeo das possibilidades e potencialidades da pessoa com

deficiecircncias Foi a partir dos anos 90 que o Brasil deu iniacutecio verdadeiramente a uma

longa e permanente luta pelos direitos das pessoas com necessidades especiais de

frequentar o ensino regular (FREITAS 2008)

Garcia (2008) lembra que a deacutecada de 1990 teve como marca maior a reforma

educacional ocorrida principalmente nos paiacuteses em desenvolvimento tal como o

Brasil e a qual foi orientada entre outros aspectos pelo discurso da inclusatildeo social

Assim vaacuterios foram os eventos que corroboraram para que essa premissa de

educaccedilatildeo inclusiva fosse se arraigando Entre eles pode-se citar

33

- a Conferecircncia Mundial de Educaccedilatildeo para Todos ocorrida em 1990 em

Jomtiem Tailacircndia

- a Conferecircncia Mundial sobre as Necessidades Educacionais Especiais

ocorrida em Salamanca na Espanha em 1994 a qual teve como produto a

chamada Declaraccedilatildeo de Salamanca importante documento orientador para a

educaccedilatildeo inclusiva

- a Convenccedilatildeo Interamericana para a Eliminaccedilatildeo de todas as formas de

Discriminaccedilatildeo contra as Pessoas Portadoras de Deficiecircncia ocorrida na

Guatemala em 1999

- e a Convenccedilatildeo sobre os Direitos das Pessoas com Deficiecircncia ndash promovida

pela ONU em Nova York em 2006

O movimento pela educaccedilatildeo inclusiva no Brasil teve um grande impacto na

discussatildeo de poliacuteticas educacionais para crianccedilas e adolescentes com necessidades

especiais uma vez que a grande maioria desta populaccedilatildeo havia sido historicamente

excluiacuteda do sistema educacional puacuteblico brasileiro (MENDES ALMEIDA e TOYODA

2011)

Durante a Conferecircncia Mundial de Educaccedilatildeo para Todos em Jomtien

Tailacircndia em 1990 o Brasil estabeleceu metas baacutesicas para melhorar o sistema

educacional brasileiro Entre esses objetivos parecia necessaacuterio melhorar a

educaccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes com necessidades especiais Como resultado

da Conferecircncia Mundial sobre necessidades educacionais especiais Acesso e

Qualidade organizada pelo governo espanhol e pela Unesco em 1994 foi aprovada

a Declaraccedilatildeo de Salamanca (MENDES ALMEIDA e TOYODA 2011)

Com a Convenccedilatildeo da Guatemala 1999 tem-se como avanccedilo a concepccedilatildeo

que pressupotildee uma ressignificaccedilatildeo da pessoa com deficiecircncia remetendo a

necessidade de se transformar as escolas de maneira que natildeo existam mais

restriccedilotildees agrave aprendizagem de nenhum aluno Isso implicou tambeacutem em uma

ressignificaccedilatildeo da proacutepria Educaccedilatildeo Especial segundo Alves (2008)

Outro marco foi a Convenccedilatildeo sobre os Direitos das Pessoas com Deficiecircncia

ndash promovida pela ONU em Nova York em 2006 Os propoacutesitos desse evento foram

essencialmente os de promover proteger e assegurar condiccedilotildees plenas de

igualdade e de gozo de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais por

todas as pessoas com deficiecircncia (ALVES 2008)

34

Jaacute a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial na Perspectiva da Educaccedilatildeo

Inclusiva proposta pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo em 2007 evidencia o movimento

mundial pela educaccedilatildeo inclusiva como uma accedilatildeo cultural pedagoacutegica poliacutetica e

social desencadeada em defesa do direito de todos os alunos de estarem

aprendendo e participando juntos sem nenhum tipo de discriminaccedilatildeo (BRASIL

2007) Portanto a educaccedilatildeo inclusiva constitui-se em um paradigma educacional

fundamentado na concepccedilatildeo de direitos humanos que conjuga igualdade e

diferenccedila como valores indissociaacuteveis e que avanccedila em relaccedilatildeo agrave ideia de equidade

formal ao contextualizar as circunstacircncias histoacutericas da produccedilatildeo da exclusatildeo dentro

e fora da escola (BRASIL 2007)

O contexto educacional inclusivo estaacute pautado portanto nas resoluccedilotildees

discutidas e propostas por esses eventos o que promove certa ldquouniversalizaccedilatildeordquo do

que seria uma ldquoeducaccedilatildeo para todosrdquo No Brasil o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo assumiu

as orientaccedilotildees contidas nesses documentos cabendo aos Estados e Muniacutecipios a

particularizaccedilatildeo do atendimento aos diversos contextos E na praacutetica a educaccedilatildeo

inclusiva vem sendo um grande desafio pois vem reorientando as redes municipais

de ensino a uma reorganizaccedilatildeo por propor novas demandas e redefinir

competecircncias e responsabilidades (GARCIA 2008)

Eacute possiacutevel dizer que o conceito de ldquoescola para todosrdquo implica no

reconhecimento dos conteuacutedos acadecircmicos e do sistema cientiacutefico e sistemaacutetico

poreacutem sem restringir os alunos ou tentar dominaacute-los a qualquer custo (MANTOAN

2006)

A inclusatildeo escolar da pessoa com necessidades educacionais especiais

tornou-se um tema de grande relevacircncia e por isso mesmo vem ganhando espaccedilo

cada vez maior em debates e discussotildees que explicitam a necessidade de a escola

atender agraves diferenccedilas intriacutensecas agrave condiccedilatildeo humana (SILVEIRA e NEVEZ 2006)

Segundo as Diretrizes da Poliacutetica Nacional da Educaccedilatildeo Especial na

Perspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva (BRASIL 2007) o acesso agrave educaccedilatildeo tem iniacutecio

na educaccedilatildeo infantil na qual se desenvolvem as bases necessaacuterias para a

construccedilatildeo do conhecimento e desenvolvimento global do aluno Nessa etapa o

luacutedico o acesso agraves formas diferenciadas de comunicaccedilatildeo a riqueza de estiacutemulos

nos aspectos fiacutesicos emocionais cognitivos psicomotores e sociais e a convivecircncia

com as diferenccedilas favorecem as relaccedilotildees interpessoais o respeito e a valorizaccedilatildeo

da crianccedila

35

Conforme o tema do presente estudo sobre a inclusatildeo da crianccedila pequena

ressalta-se que a Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo - LDB (939496) jaacute

apontava em seu paacuteragrafo 3ordm que a oferta do atendimento em Educaccedilatildeo Especial

enquanto dever do Estado tambeacutem deve ser ofertado na faixa etaacuteria de zero aos

seis anos de idade E antes disso a Declaraccedilatildeo de Salamanca (1994) indicava que

eacute necessaacuterio garantir identificaccedilatildeo das condiccedilotildees e necessidades especiais assim

como garantir procedimentos de intervenccedilatildeo o mais precoce possiacutevel

Nesse sentido do nascimento aos trecircs anos o atendimento educacional

especializado se expressa por meio de serviccedilos de estimulaccedilatildeo precoce que

objetivam o processo de desenvolvimento e aprendizagem em interface com os

serviccedilos de sauacutede e assistecircncia social (BRASIL 2007) E todas as etapas e

modalidades da educaccedilatildeo baacutesica o Atendimento Educacional Especializado deve

ser organizado para apoiar o desenvolvimento dos alunos constituindo oferta

obrigatoacuteria dos sistemas de ensino Deve ser realizado no turno inverso ao da classe

comum na proacutepria escola ou centro especializado que realize esse serviccedilo

educacional (BRASIL 2007 BRASIL 2011)

Em virtude da orientaccedilatildeo acima descrita infere-se que esta certamente

colaborou para a ampliaccedilatildeo do acesso de crianccedilas pequenas com necessidades

especiais em condiccedilatildeo de inclusatildeo no ensino regular especialmente na educaccedilatildeo

infantil o que por sua vez pressupotildee adequaccedilotildees para garantir um atendimento de

qualidade desde tenra idade

Segundo Arnais (2003) possibilitar o acesso agrave educaccedilatildeo em contextos

educacionais natildeo excludentes o mais precoce possiacutevel proporcionaria para a crianccedila

com necessidades especiais uma melhor compreensatildeo de si mesma e dos outros e

aos colegas de turma e de escola uma experiecircncia de convivecircncia harmocircnica com

as diferenccedilas

Desse modo resume-se que alguns dos fundamentais princiacutepios do ideaacuterio da

educaccedilatildeo inclusiva satildeo o direito agrave educaccedilatildeo o direito agrave igualdade de oportunidades

o que natildeo significa um lsquomodo igualrsquo de educar a todos e sim dar a cada um o que

necessita em funccedilatildeo de suas caracteriacutesticas e necessidades individuais escolas

responsivas e de boa qualidade o direito agrave aprendizagem e o direito agrave participaccedilatildeo

(CARVALHO 2009 OLIVEIRA 2010) O que estaacute consonante com a ilustraccedilatildeo de

ALVES (2008) como benefiacutecios de uma ldquoescola abertardquo a todos sentimento de

pertencimento maior qualidade da educaccedilatildeo para todos e combate a todas as

36

formas de discriminaccedilatildeo Com isso se procura garantir ocasiotildees de muacuteltiplas

interaccedilotildees nos ambientes das creches e preacute-escolas natildeo excluindo de forma

alguma a crianccedila com necessidades educacionais especiais de modo que todas as

crianccedilas tenham a oportunidade de aprender com as contribuiccedilotildees de cada um de

seus colegas em uma relaccedilatildeo de alteridade (OLIVEIRA 2010)

Poreacutem na realidade praacutetica da educaccedilatildeo inclusiva ainda existem muitos

desafios e dificuldades Ainda que nos uacuteltimos vinte anos conceitos como exclusatildeo

e inclusatildeo educacionais tenham se tornado cada vez mais recorrentes nas

pesquisas documentos oficiais e na fala de gestores e professores pode-se afirmar

que uma educaccedilatildeo que busca primar pela qualidade de todos os alunos esbarra em

desigualdades de diversas naturezas (sociais eacutetnicas raciais e de gecircnero)

presentes na sociedade brasileira que historicamente acumula um quadro de

exclusotildees e contradiccedilotildees marcado por poliacuteticas laacutebeis e inconsistentes (SEKKEL

ZANELATTO e BRANDAtildeO 2010 MOREIRA BOLSANELLO e SEGER 2011)

Souza e Batista (2008) destacam que em muitas situaccedilotildees crianccedilas pequenas

que estatildeo em inclusatildeo educacional permanecem mais isoladas especialmente as

que apresentam alteraccedilotildees fiacutesicas por serem consideradas incapazes de se

locomover e explorar ambientes e objetos Isto representa a perda de momentos

importantes de interaccedilatildeo social ficando isoladas do contato com parceiros com

semelhanccedila de idade e tendo suas interaccedilotildees restritas agrave relaccedilatildeo com o adulto

cuidador (SOUZA e BATISTA 2008)

Outrossim eacute possiacutevel verificar uma concepccedilatildeo de inclusatildeo restrita ao

atendimento de crianccedilas com deficiecircncias enquanto as necessidades das demais

crianccedilas e dos profissionais que trabalham na escola satildeo muitas vezes

desconsideradas O isolamento e o envolvimento com questotildees marginais do

trabalho pedagoacutegico satildeo pontos centrais a serem considerados no enfrentamento

das barreiras atitudinais para a construccedilatildeo de um ambiente inclusivo (SEKKEL

ZANELATTO e BRANDAtildeO 2010)

Outro aspecto que merece atenccedilatildeo eacute a formaccedilatildeo dos pedagogos e professores

que atendem agraves crianccedilas pequenas com deficiecircncia na educaccedilatildeo infantil pois

demonstram em vaacuterios estudos natildeo possuiacuterem conhecimentos suficientes para lidar

com as particularidades que envolvem as diferentes condiccedilotildees de deficiecircncia tal

como a intelectual ou a fiacutesica conforme evidenciado nos estudos de Melo e Ferreira

(2009) e de Vitta Vitta e Monteiro (2010)

37

Esse uacuteltimo estudo traz concepccedilotildees de professores de educaccedilatildeo infantil que

atendem crianccedilas com deficiecircncia e nas quais demonstram crer que a principal

contribuiccedilatildeo do processo de inclusatildeo eacute a socializaccedilatildeo destas crianccedilas (VITTAVITTA

e MONTEIRO 2010) Tambeacutem ressaltam nesse estudo terem encontrado problemas

com o espaccedilo fiacutesico recursos materiais e humanos relativos agrave formaccedilatildeo do

professor desse modo os autores consideram que eacute preciso possibilitar aos

professores uma formaccedilatildeo que abranja conhecimentos sobre as diferentes

deficiecircncias e as necessidades educacionais relativas a estas propiciando a

adequaccedilatildeo do espaccedilo fiacutesico e dos recursos materiais aleacutem de assistecircncia

educacional especiacutefica (VITTA VITTA e MONTEIRO 2010)

Drago (2005) percebeu que a inclusatildeo da crianccedila na Educaccedilatildeo Infantil ainda se

daacute como mera integraccedilatildeo ou seja baseada no princiacutepio que quem deve mudar eacute o

aluno ele eacute quem deve se adequar agrave escola e natildeo o contraacuterio No estudo de

Mendes (2010) as educadoras avaliaram que o princiacutepio da inclusatildeo eacute vaacutelido

embora difiacutecil de ser colocado em praacutetica

Desse modo eacute possiacutevel perceber dados indicando que a inclusatildeo de crianccedilas

com necessidades especiais eacute vista com reservas pelos profissionais da Educaccedilatildeo

Infantil explicitando ideias preconcebidas sobre a deficiecircncia Eles se justificam pela

falta de conhecimento do desenvolvimento infantil e dos fatores que o envolvem

bem como pelo fato de os profissionais vincularem suas atividades agraves experiecircncias

pessoais (VITTA 2004 VITTA 2010)

Vital (2012) infere em sua pesquisa com crianccedilas com idade entre quatro e seis

anos que haacute a necessidade de se discutir e promover accedilotildees que auxiliem na

identificaccedilatildeo do preconceito nessa faixa etaacuteria

Drago (2005) faz referecircncias ao papel do educador de educaccedilatildeo infantil

enquanto importante modelo no que se refere ao entendimento acolhimento e

aceitaccedilatildeo da crianccedila pequena com deficiecircncia na turma Bazon (2009) constatou

que atitudes de preconceito barreiras atitudinais e falta de informaccedilatildeo por parte de

professores afetam profundamente o processo de inclusatildeo da crianccedila pequena

Nesse sentido Bartalotti (2004) percebeu que a construccedilatildeo de histoacuterias de sucesso

na inclusatildeo de crianccedilas com necessidades especiais na Educaccedilatildeo Infantil envolve a

orientaccedilatildeo apoio e momentos de reflexatildeo e discussatildeo sobre o papel dos

educadores junto a accedilotildees inclusivas e as singularidades desse alunado

38

Jaacute Fernandes Bolsanello e Moreira (2008) indicam pelo menos dois grandes

desafios para a inclusatildeo da crianccedila pequena na educaccedilatildeo infantil a) a ainda vigente

visatildeo cliacutenico-assistencialista da deficiecircncia o que nos primeiros anos de vida faz

com que a crianccedila seja vista como enferma ou doente e b) as condiccedilotildees de

acolhimento e orientaccedilatildeo agraves famiacutelias nos primeiros meses de vida da crianccedila com

deficiecircncia o que resulta em um grande nuacutemero de vezes na dificuldade de

aceitaccedilatildeo da condiccedilatildeo de deficiecircncia da crianccedila por sua famiacutelia e na falta de

observacircncia do potencial de promoccedilatildeo do desenvolvimento dessa crianccedila desde

tenra idade

No que se refere agraves famiacutelias das crianccedilas com necessidades especiais haacute a

evidecircncia da necessidade de um acompanhamento antes durante e apoacutes a

inclusatildeo propriamente dita de modo a apoiaacute-las nos momentos de busca e escolha

da escola de adaptaccedilatildeo da crianccedila ao novo ambiente e de transiccedilatildeo dos

atendimentos oferecidos pela instituiccedilatildeo especializada para outros setores (LUIZ e

NASCIMENTO 2012)

Igualmente Benincasa (2011) destaca a) a importacircncia da articulaccedilatildeo entre

os campos da educaccedilatildeo especial e da educaccedilatildeo infantil na construccedilatildeo de propostas

pedagoacutegicas que sirvam como suporte aos diferentes sujeitos envolvidos

(professores comunidade famiacutelia e crianccedila) para a efetiva permanecircncia do aluno

com necessidades especiais no ensino comum b) a presenccedila de uma variedade de

modos de recepccedilatildeo e compreensatildeo do movimento de inclusatildeo escolar por parte dos

educadores envolvidos e c) o reconhecimento de que o local de instituiccedilatildeo

(estrutura fiacutesica e questotildees relacionadas agrave acessibilidade por exemplo) produz

impacto para se pensar os processos de escolarizaccedilatildeo de seus alunos e a tomada

de decisatildeo relativa a esses processos

Franccedila (2008) observou a influecircncia positiva da estimulaccedilatildeo assistemaacutetica

realizada por meio das interaccedilotildees sociais em sala regular para o desenvolvimento

motor e interaccedilatildeo social de crianccedilas cegas menores de cinco anos e Amaro (2004)

evidenciou a importacircncia de se observar e refletir sobre a singularidade do aluno

com necessidades especiais para que esta seja respeitada e valorizada

Assim percebe-se que educaccedilatildeo inclusiva eacute uma reforma educacional que

abarca um acircmbito bastante abrangente em diferentes niacuteveis de mudanccedilas como jaacute

afirmado por Rodrigues e Lima-Rodrigues (2011) Tal fato requer a busca constante

39

de se desvencilhar de muitas armadilhas conceituais para que a escola inclusiva

deixe de ser mera proposiccedilatildeo e passe a existir de verdade (DRAGO 2011)

Por fim segundo Mendes (2010) eacute necessaacuterio definir quem satildeo as crianccedilas

com necessidades especiais na idade entre zero e seis anos para que se possam

determinar os criteacuterios de elegibilidade para os programas de detecccedilatildeo e

intervenccedilatildeo precoce e planejar as accedilotildees necessaacuterias tais como alocar recursos

formar pessoal entre outros

24 A FAMIacuteLIA COMO UM MICROSSISTEMA DE DESENVOLVIMENTO HUMANO

E SUA RELACcedilAtildeO COM A CRIANCcedilA PEQUENA COM NECESSIDADES

ESPECIAIS

Reconhecidamente a famiacutelia eacute o contexto primordial de desenvolvimento para

qualquer ser humano Eacute portanto o locus das primeiras relaccedilotildees interaccedilotildees e

conhecimentos pelas crianccedilas espaccedilo no qual iratildeo se conformar as suas

impressotildees de mundo com base nas estruturas relacionais ali dispostas

especialmente entre seus partiacutecipes (SANCHEZ MARTINEZ e PENALVER 2003

MACEDO e MARTINS 2004 SILVA 2010) Por tal as relaccedilotildees familiares satildeo uma

aacuterea de pesquisa dentro do campo da Psicologia do Desenvolvimento que tem

despertado grande interesse dos pesquisadores e inspirando inuacutemeras questotildees

(SOEJIMA 2008)

O conceito de famiacutelia que se tem na atualidade eacute resultado de intensas

modificaccedilotildees sociais econocircmicas culturais e poliacuteticas muitas delas ocorridas nos

uacuteltimos 50 anos (PINHEIRO e BIASOLI-ALVES 2008 WEBER 2008)

Nesse acircmbito revela-se importante lembrar que as transformaccedilotildees no papel

da mulher diante agrave sociedade fizeram com que ocorressem tambeacutem profundas

modificaccedilotildees na organizaccedilatildeo e funcionamento familiar e de seus membros

(PINHEIRO e BIASOLI-ALVES 2008 DESSEN e BRAZ 2005)

As deacutecadas de 60 70 e 80 do seacuteculo passado foram marcadas pela

crescente participaccedilatildeo feminina no contexto econocircmico poliacutetico e social de nosso

paiacutes tambeacutem foi possiacutevel perceber a transiccedilatildeo das relaccedilotildees conjugais e familiares

hierarquizadas para mais igualitaacuterias a queda significativa no nuacutemero de filhos por

casal a regulamentaccedilatildeo do divoacutercio menor desigualdade entre os papeacuteis

40

masculinos e femininos o surgimento de novos valores para a criaccedilatildeo dos filhos e

mudanccedilas na distribuiccedilatildeo das tarefas do lar (RIBEIRO SABOacuteIA BRANCO e

BREGMAN 1998 VIEIRA 1998 DESSEN e TORRES 2002 DEUTSCH 2009)

A partir da deacutecada de 90 em decorrecircncia da transformaccedilatildeo do papel da

mulher diante da sociedade e das demais conjunturas histoacutericas e sociais mostram-

se igualmente importantes o aumento do nuacutemero de divoacutercios de re-casamentos de

famiacutelias monoparentais e o cuidado dos filhos passa a ser mais compartilhado com

outros grupos sociais e os filhos se tornam mais participativos nas decisotildees

familiares (ARRIAGADA 2000 GALANO 2006 DEUTSCH 2009)

Diante de tantas transformaccedilotildees na contemporaneidade estudos que

envolvam a famiacutelia assumem a premissa de que satildeo diversos os tipos e as

possibilidades de arranjos familiares e sua definiccedilatildeo deve estar mais baseada na

opiniatildeo dos membros considerando a afetividade e a proximidade entre eles do que

em variaacuteveis como consanguinidade relacionamento heterossexual divisatildeo da

mesma casa continuidade ao longo da vida por exemplo que por si soacute natildeo definem

famiacutelia (DESSEN 2010)

Portanto ao usar-se o termo famiacutelia na atualidade deve-se levar em

consideraccedilatildeo que cada vez mais o modelo familiar conjugal ndash nuclear ndash

heterossexual com sua prole bioloacutegica inspirado no modelo tradicional se modifica

e transforma o modo como se datildeo as relaccedilotildees entre seus sujeitos e a sociedade

(SILVA 2011) Deste modo ao se fazer referecircncia agrave famiacutelia estaacute se levando em

consideraccedilatildeo a rede de interaccedilotildees que envolvem aspectos cognitivos sociais

afetivos e culturais e outras variaacuteveis que tenham significado entre os sujeitos

envolvidos portanto natildeo evidenciados apenas em laccedilos de consanguinidade

(DESSEN e BRAZ 2005 DESSEN e POLOcircNIA 2007) Ou como jaacute discutido por

DESSEN e BRAZ (2005) o termo famiacutelia em tempos poacutes-modernos eacute

extremamente difiacutecil de ser definido com base no modelo tradicional

Contudo ainda que em transformaccedilatildeo a famiacutelia continua sendo um contexto

que alicerccedila a formaccedilatildeo do ser constituindo-se como matriz da aprendizagem

humana (ALMEIDA 2010)

Para Minuchin Lee e Simon (2008) uma famiacutelia se constitui por um grupo de

pessoas ligadas por laccedilos de emoccedilatildeo eou por consanguinidade e que viveu junto

tempo suficiente para que se criassem padrotildees de interaccedilatildeo entre seus membros

Nessas interaccedilotildees padronizadas os membros da famiacutelia constroem uns aos outros

41

Brofenbrenner (2011) salienta que a importacircncia da famiacutelia natildeo estaacute somente

nas accedilotildees de promoccedilatildeo das capacidades que uma crianccedila tem em aprender a

andar a falar e estudar mas pela formaccedilatildeo de uma pessoa com capacidade de

realizar seu trabalho de pensar claramente de servir a comunidade ou a sociedade

como um todo Em outras palavras Brofenbrenner (2011) define a famiacutelia como um

grupo de pessoas que possui e executa um compromisso irrestrito de bem-estar uns

com os outros

Dada a profunda influecircncia do contexto familiar na constituiccedilatildeo de seus

sujeitos pode-se inferir que haacute nas interaccedilotildees ocorridas nesse microssistema

relacional a possibilidade de que ele venha a se mostrar tanto como fator de risco

quanto de proteccedilatildeo ao desenvolvimento de seus membros Sendo assim ao longo

do tempo aspectos ambientais sociais poliacuteticos transgeracionais culturais e

econocircmicos exercem influecircncia sobre as famiacutelias e a histoacuteria de seus membros

(BRONFENBRENNER 1996 BROFENBRENNER 2011 DINIZ e KOLLER 2010)

Essas influecircncias satildeo facilmente perceptiacuteveis ao se observar o ingresso mais

frequente da mulher-matildee no mercado de trabalho e o processo de migraccedilatildeo das

pessoas que propiciam o distanciamento entre os grupos familiares Ambas as

situaccedilotildees propiciam e fortalecem a necessidade de cuidado infantil extrafamiliar

como o que hoje se entende por creche Em decorrecircncia disso percebe-se

atualmente que o cuidado a educaccedilatildeo e a promoccedilatildeo do desenvolvimento na

infacircncia passaram a ser divididos entre a instituiccedilatildeo e a famiacutelia

Estudos sobre desenvolvimento destacam que a variaacutevel de maior impacto

sobre o desenvolver da crianccedila eacute a relaccedilatildeo com sua famiacutelia e seu ambiente imediato

(ANDRADE 2005)

Os membros que compotildeem a famiacutelia satildeo todos influentes quando se fala de

desenvolvimento infantil contudo a figura paterna e a materna merecem uma

anaacutelise mais aprofundada a respeito de seus papeacuteis e as devidas inter-relaccedilotildees

Nesse sentido destaca-se que o advento proacuteprio ao surgimento de uma crianccedila

provoca muitas transformaccedilotildees tanto em homens quanto em mulheres ambos

passam por momentos de reflexatildeo e de reelaboraccedilatildeo de seus sonhos anseios e por

uma reorganizaccedilatildeo de papeacuteis agora como pais e matildees (BRAZELTON 2002)

A matildee eacute a primeira referecircncia da crianccedila em termos de cuidado afeto

nutriccedilatildeo ela estaacute em outras palavras preparada para enxergar reconhecer as

necessidades de sua crianccedila e isso eacute construiacutedo desde a ideacuteia de crianccedila que ela

42

cria antes mesmo do nascimento (BRUM e SCHERMANN 2004 FERRARI e

PICCININI 2010) Tal situaccedilatildeo faz com que esse viacutenculo tenha uma relevacircncia

ainda maior para o desenvolvimento na infacircncia e mereccedila ampla anaacutelise e maiores

estudos a respeito de seus impactos (ALT e BENETTI 2008)

Por outro lado a figura do pai no desenvolvimento da crianccedila pequena

tambeacutem eacute importante e sua vinculaccedilatildeo com o filho tambeacutem se daacute durante a

gestaccedilatildeo poreacutem com caracteriacutesticas muito proacuteprias Haacute estudos que ilustram a

busca dos pais por interagir com seus bebecircs que ainda estatildeo no ventre materno

seja por meio de cariacutecias ou mesmo conversas com a barriga da gestante e que

eles assim como as matildees podem apresentar certa dificuldade em perceber o bebecirc

como ldquorealrdquo principalmente nos meses iniciais do periacuteodo gestacional (HANSEL

2004 PICCININI et al 2004 CIA WILLIANS e AIELLO 2005) Dessa maneira o

envolvimento emocional paterno daacute-se de modo crescente e muito mais consistente

com o proacuteprio avanccedilar da gravidez em consonacircncia com a evoluccedilatildeo da interaccedilatildeo da

matildee (HANSEL 2004 PICCININI et al 2004 CIA WILLIANS e AIELLO 2005)

Como a figura paterna pode representar intenso apoio emocional e material para a

mulher eacute possiacutevel inferir que seu envolvimento positivo com o processo gestacional

eacute um aspecto importante para a vinculaccedilatildeo afetiva com a crianccedila tambeacutem apoacutes o

parto o que com certeza enriquece essa relaccedilatildeo (matildee-pai-bebecirc) Mesmo com essa

notoacuteria importacircncia da figura paterna eacute possiacutevel constatar que a figura do pai ainda

eacute pouco explorada no campo da pesquisa aspecto indicado tambeacutem em literatura

pertinente (HANSEL 2004 PICCININI et al 2004 CIA WILLIANS e AIELLO 2005)

Para a crianccedila pequena a figura dos pais eacute de suma importacircncia jaacute que eles

a auxiliaratildeo a conhecer o mundo e a reconhecer-se como sujeito Ou seja a famiacutelia

configura-se como o primeiro universo de relaccedilotildees sociais da crianccedila podendo

proporcionar-lhe um ambiente adequado de crescimento e desenvolvimento

Corroborando com esse uacuteltimo aspecto reafirma-se que os primeiros anos de vida

constituem uma importante etapa da existecircncia especialmente criacutetica pois nela

configuram-se as habilidades perceptivas motoras cognitivas linguiacutesticas e sociais

possibilitando uma equilibrada interaccedilatildeo com o externo Seraacute a partir deste primeiro

espaccedilo de relaccedilotildees sociais que a crianccedila entenderaacute o ambiente que a cerca e agiraacute

sobre os elementos do mundo (GAT 2000 BRAZELTON e CRAMER 2002

BRAZELTON e GREENSPAN 2002)

43

Importante considerar tambeacutem que quando existe uma interaccedilatildeo efetiva

entre a crianccedila e os membros de sua famiacutelia o desenvolvimento infantil eacute facilitado

pelas trocas que esta relaccedilatildeo oportuniza (HANSEL 2004)

De forma geral a valorizaccedilatildeo da relaccedilatildeo pai-matildee-crianccedila pequena eacute

importante para que todos se sintam seguros em seus papeacuteis e prosperem como

sujeitos As interaccedilotildees satildeo mutuamente alimentadas quando os sujeitos que dela

participam tecircm espaccedilo e oportunidade de responder agraves necessidades do outro e de

si mesmo Em outras palavras os indiviacuteduos em interaccedilatildeo estatildeo em muacutetua e

constante troca um monitora o outro o que implica no surgimento de respostas

emocionais diversas e interpretaccedilotildees cognitivas as quais afetam a continuidade e a

qualidade dessas interaccedilotildees bem como o comportamento futuro dos sujeitos

envolvidos (HANSEL 2004 PICCININI et al 2004 CIA WILLIANS e AIELLO 2005

DESSEN e BRAZ 2005)

Tem-se conhecimento de que tanto a figura materna quanto a paterna

influencia o processo de desenvolvimento do filho especialmente quando se trata da

crianccedila com distuacuterbios de desenvolvimento ou com deficiecircncias (HANSEL 2004

BOLSANELLO e SOUZA 2004 HANSEL e BOLSANELLO 2009)

Gineacute et al (2009) afirmam sobre a interaccedilatildeo com a famiacutelia que o objetivo

final deve ser o de alcanccedilar uma vida com qualidade lembrando que os pais satildeo os

maiores promotores do desenvolvimento de sua crianccedila No sentido de qualidade

lembra-se que o que caracteriza uma relaccedilatildeo familiar eacute a influecircncia da interaccedilatildeo

entre indiviacuteduos sobre outras interaccedilotildees tal influecircncia eacute vista no efeito cumulativo

das interaccedilotildees ou seja os indiviacuteduos natildeo precisam estar continuamente em

interaccedilatildeo para que sua relaccedilatildeo seja mantida (DESSEN e BRAZ 2005)

Dada agrave profunda influecircncia da famiacutelia na constituiccedilatildeo do sujeito-filho pode-se

inferir que haacute nas interaccedilotildees desse microssistema relacional a possibilidade de ele

mostrar-se tanto como fator de risco quanto protetivo Esta aparente ambiguidade eacute

justificada quando se considera a famiacutelia como o grupo social baacutesico do indiviacuteduo

cuja funccedilatildeo e estrutura satildeo determinantes em seu desenvolvimento As relaccedilotildees

entre pais e filhos satildeo caracterizadas por uma enorme complexidade Ao longo dos

tempos aspectos ambientais sociais poliacuteticos transgeracionais culturais e

econocircmicos exercem influecircncia sobre as famiacutelias e a histoacuteria de seus membros

(HANSEL 2004 PICCININI et al 2004 CIA WILLIANS e AIELLO 2005 DINIZ e

KOLLER 2010)

44

Na famiacutelia os objetivos conteuacutedos e meacutetodos se diferenciam fomentando o

processo de socializaccedilatildeo a proteccedilatildeo as condiccedilotildees baacutesicas de sobrevivecircncia e o

desenvolvimento de seus membros no plano social cognitivo e afetivo Esta eacute

tambeacutem a primeira mediadora entre o homem e sua cultura Portanto a famiacutelia eacute a

matriz da aprendizagem humana com significados e praacuteticas culturais proacuteprias

essas que geram modelos de relaccedilatildeo interpessoal e de construccedilatildeo individual e

coletiva (BRONFENBRENNER 1996 BRONFENBRENNER 2011 GURALNICK

2002)

Dessa maneira os acontecimentos e as experiecircncias familiares propiciam a

formaccedilatildeo de repertoacuterios comportamentais de accedilotildees e resoluccedilotildees de problemas com

significados universais e particulares (BRONFENBRENNER 1996

BRONFENBRENNER 2011 GURALNICK 2002) Essas vivecircncias integram a

experiecircncia individual e coletiva que organiza interfere e a torna uma unidade

dinacircmica que estrutura as formas de subjetivaccedilatildeo e interaccedilatildeo social de seus

membros Nesse sentido tambeacutem se pode afirmar que eacute por meio dessa unidade e

suas interaccedilotildees internas que se concretizam as transformaccedilotildees na sociedade que

por sua vez ocasionam novas influecircncias a seus membros num processo

bidirecional (BRONFENBRENNER 1996 BRONFENBRENNER 2011 GURALNICK

2002)

Igualmente pode-se afirmar que aspectos tais como a escolaridade da matildee e

o desemprego paterno podem ser considerados como preditores bastante confiaacuteveis

para explicitar alteraccedilotildees nos resultados de estudos sobre desenvolvimento infantil

(LORDELO et al 2007)

Tambeacutem a interaccedilatildeo familiar possui um caraacuteter de reciprocidade em suas

relaccedilotildees ou seja o estabelecimento de laccedilos muacutetuos mobiliza a crianccedila para o

desenvolvimento de atividades no seu meio fiacutesico social simboacutelico condutores da

sua atividade exploratoacuteria manipuladora criativa e imaginativa logo essa

capacidade comeccedila a desenvolver-se desde o nascimento do bebecirc e aprimora-se ao

longo do tempo e por outro lado o proacuteprio desenvolvimento parental eacute influenciado

pelo comportamento e desenvolvimento dos filhos o que mais uma vez reforccedila a

ideia do desenvolvimento como um processo dinacircmico influenciado pelos vaacuterios

sistemas que o constituem (BRONFENBRENNER 1996 BRONFENBRENNER

2011)

45

Sendo assim quando haacute situaccedilotildees de risco ou problemas nos quais a famiacutelia

precise contar com algum tipo de apoio pode - se afirmar que a principal rede de

apoio eacute a proacutepria interaccedilatildeo entre seus membros especialmente entre os genitores

ou cuidadores principais (BRONFENBRENNER 1996 BRONFENBRENNER 2011

DESSEN e BRAZ 2005) Isso porque o estabelecimento do viacutenculo portanto de

uma relaccedilatildeo de afeto estaacutevel e contiacutenua pode ser considerado o principal elemento

de superaccedilatildeo da mudanccedila para todos os membros dessa unidade primordial E

seratildeo tais viacutenculos que por meio do alimentar brincar ou confortar uma crianccedila

ativaratildeo sentimentos como cumplicidade ternura carinho que se verificam como

contributos para o delineamento do curso da vida Lembra-se que natildeo satildeo apenas

as experiecircncias objetivas que pesam e influenciam o desenvolvimento humano as

subjetivas igualmente auxiliam na formaccedilatildeo do repertoacuterio global dos sujeitos em

evoluccedilatildeo (BRONFENBRENNER 1996 BRONFENBRENNER 2011 DINIZ e

KOLLER 2010)

Nesse sentido a interaccedilatildeo entre microssistemas tais como famiacutelia e escola

ou a creche pode ser um espaccedilo de reforccedilo e orientaccedilatildeo direta ou indireta dessa

rede de apoio primordial (PEREIRA-SILVA e DESSEN 2004 DESSEN e POLONIA

2007) Por outro lado um canal de comunicaccedilatildeo famiacutelia-instituiccedilatildeo ruim falha como

recurso motivacional e de interesse da famiacutelia em relaccedilatildeo ao atendimento da crianccedila

(ORTIZ e FAVARO 2004)

Ressalta-se portanto que o atendimento educacional na infacircncia

especialmente o que eacute voltado agrave crianccedila pequena deve ser baseado no trabalho

colaborativo e cooperativo no compartilhamento de responsabilidades e

informaccedilotildees com a famiacutelia lhes conferindo o empoderamento necessaacuterio para

usufruiacuterem de suas capacidades e potencialidades enquanto cuidadores auxiliando-

os a lidar com os percalccedilos e limites que possam ser motivados pelas

especificidades do filho (ROMERO 2003 GINEacute et al 2009)

Tais aspectos devem ser levados em consideraccedilatildeo principalmente porque a

crianccedila na primeira infacircncia tem necessidades desenvolvimentais muito proacuteprias

as quais devem ser conhecidas e respeitadas tanto pela famiacutelia quanto pela

instituiccedilatildeo que a atende

Ao posicionar o papel da famiacutelia na concepccedilatildeo da Atenccedilatildeo Precoce retoma-

se que em uma perspectiva transacional o desenvolvimento infantil pode ser

entendido como produto de interaccedilotildees dinacircmicas entre a crianccedila a famiacutelia e o

46

contexto (SAMEROFF e FIESE 2000) Essa perspectiva amplia a visatildeo da

costumeira abordagem linear e unidirecional que modelos tradicionais de

atendimento ao desenvolvimento infantil possuem reconhecendo a influecircncia da

interaccedilatildeo de diversos fatores na conformaccedilatildeo da pessoa-crianccedila em

desenvolvimento e tambeacutem influencia profundamente o atendimento agrave crianccedila

pequena com deficiecircncia por transformar esse uacuteltimo em uma abordagem centrada

na famiacutelia (SAMEROFF E FIESE 1990 2000 SERRANO 2007)

Nesse sentido vaacuterios estudos a respeito da relaccedilatildeo entre famiacutelia e

desempenho desenvolvimental da crianccedila confirmam que os pais satildeo importantes

agentes moduladores das experiecircncias de seus filhos de tal maneira que suas

accedilotildees podem se constituir em riscos para o desenvolvimento infantil (BARROS et al

2003 MANCINI et al 2004 AMORIM et al 2009 SARTORI SACANI e VALENTINI

2010)

Em consonacircncia Amorin et al (2009) perceberam em seu

estudo que as crianccedilas que dispunham de menor tempo diaacuterio com suas matildees

apresentaram maior frequecircncia de deacuteficit em equiliacutebrio estaacutetico quando comparadas

agravequelas que permaneciam mais tempo com a matildee sugerindo a presenccedila materna

como um fator de proteccedilatildeo para a aquisiccedilatildeo dessa habilidade Igualmente Barros et

al (2003) evidenciaram em sua pesquisa que podem se constituir em fatores de

risco para o desenvolvimento da crianccedila pequenas situaccedilotildees como ausecircncia do pai

utilizaccedilatildeo de brinquedos inadequados para a faixa etaacuteria o local onde a crianccedila era

mantida em idades precoces da infacircncia a falta de orientaccedilatildeo pedagoacutegica e de

socializaccedilatildeo extrafamiliar precoce e a baixa condiccedilatildeo socioeconocircmica familiar Jaacute

os resultados do estudo de Sartori Sacani e Valentini (2010) sugerem uma diferenccedila

significativa entre o desempenho desenvolvimental dos bebecircs filhos de adolescentes

e os nascidos de matildees adultas ressaltando a possibilidade de a idade materna ser

um fator de risco para a ocorrecircncia de atrasos no desenvolvimento

Diante dos elementos acima se soma a orientaccedilatildeo de Brazelton e Cramer

(2002) na qual evidenciam que quando os pais apreciam e valorizam o repertoacuterio

comportamental de seus bebecircs estatildeo prontos a entrar em um diaacutelogo com eles

Ainda conforme esses autores os profissionais que datildeo apoio aos pais facilitando e

apresentando o repertoacuterio das crianccedilas agrave famiacutelia colaboram com o fortalecimento

dos primeiros viacutenculos e com a promoccedilatildeo do desenvolvimento na infacircncia Aleacutem de

que avaliar a estimulaccedilatildeo disponiacutevel para a crianccedila dentro de uma determinada

47

famiacutelia pode fornecer elementos importantes para as poliacuteticas de sauacutede e educaccedilatildeo

a serem programadas pelos organismos puacuteblicos (MARTINS et al 2004 )

Portanto a essecircncia da relaccedilatildeo materna e paterna com a crianccedila eacute a

reciprocidade Ou seja os cuidadores devem estar acessiacuteveis quando a crianccedila

precisa deles devendo mostrar que haacute interesse no que ela apresenta orientando

quanto a limites e possibilidades Ao demonstrar isso o bebecirc com seus recursos

responderaacute alimentando esse circuito ou sistema de comunicaccedilatildeo Nesse sentido haacute

a importacircncia de se orientar aos cuidadores o mecanismo de comunicaccedilatildeo com sua

crianccedila lembrando-lhes dos efeitos devastadores que riscos como os jaacute indicados

anteriormente podem ocasionar nesse sistema de comunicaccedilatildeo reciacuteproca com o

bebecirc (BRAZELTON 1990 BRAZELTON e CRAMER 2002)

Por esses motivos eacute que se entende como necessaacuterio destacar a

importacircncia de accedilotildees interventivas e de orientaccedilotildees que considerem o papel de pais

ou outros cuidadores principais como uma forma de propiciar prevenccedilatildeo de

possiacuteveis futuros deacuteficits no desenvolvimento infantil e mesmo de minimizar

alteraccedilotildees desenvolvimentais jaacute estabelecidas na infacircncia (BARBA MARTINEZ e

CARRASCO 2003) Pois assim como a crianccedila cuja deficiecircncia jaacute foi identificada

haacute aquele indiviacuteduo que frequenta a educaccedilatildeo infantil e que pode apresentar

alteraccedilatildeo em seu desenvolvimento seja por privaccedilatildeo de estiacutemulos adequados seja

por lesotildees agraves que quando natildeo detectadas ou natildeo atendidas podem comprometer a

maturaccedilatildeo neuropsicoloacutegica o que traz implicaccedilotildees para outras instacircncias do

desenvolvimento humano (GAT 2000)

Nessa perspectiva torna-se destaque que os programas vinculados agrave sauacutede

infantil devem estar voltados tambeacutem para o ambiente educacional da crianccedila pois

nele ela se estrutura como um ser individual e social capaz de interagir com outros

niacuteveis de amplitude e de construir espaccedilos entre os setores sociais envolvidos no

processo de construccedilatildeo de uma vida saudaacutevel (MARTINS et al 2004) Isso se

justifica tambeacutem em pesquisas que reforccedilam a importacircncia da aproximaccedilatildeo entre

famiacutelia e educadoras da educaccedilatildeo infantil como modo de auxiliar no

desenvolvimento da crianccedila pequena com ou sem deficiecircncia (CUEVAS 2003

MACARINI MARTINS e VIEIRA 2009)

Especificamente sobre a Educaccedilatildeo Infantil haacute estudos que evidenciam que

quando ocorrem accedilotildees de avaliaccedilatildeo do desenvolvimento infantil ou mesmo

intervenccedilatildeo precoce no contexto da creche haacute grandes ganhos para o

48

desenvolvimento das crianccedilas ali inseridas (BARBA MARTINEZ e CARRASCO

2003 SOEJIMA 2008 BALTIERI et al 2010) Isso posto salienta-se que a inclusatildeo

educacional natildeo se faz apenas com a adaptaccedilatildeo do espaccedilo mas tambeacutem com a

modificaccedilatildeo de conceitos e condutas sobre a pessoa com deficiecircncia (MANTOAN

2004 MAZZOTA 2003)

Por outro lado investigar como o contexto da creche se mostra diante da

atenccedilatildeo ao desenvolvimento infantil da crianccedila com e sem necessidades especiais

(elencar as dificuldades das educadoras em lidar com a promoccedilatildeo ou estimulaccedilatildeo

do desenvolvimento) auxilia na criaccedilatildeo de accedilotildees que transformem esse ambiente

tornando-o mais inclusivo ampliando a qualidade de seu atendimento e das

relaccedilotildees com a comunidade que atende (BARBA MARTINEZ e CARRASCO 2003

CUEVAS 2003 VITTA 2010 VITTA VITTA e MONTEIRO 2010)

Com base no referencial sobre o tema abordado neste trabalho verifica-se

que para a implementaccedilatildeo de programas de atendimento agrave crianccedila pequena com

necessidades especiais - seja dentro da Educaccedilatildeo Infantil ou na Educaccedilatildeo Especial

- eacute necessaacuterio que os profissionais envolvidos tomem conhecimento a respeito dos

muacuteltiplos fatores de risco e proteccedilatildeo que norteiam o desenvolvimento na infacircncia

com ecircnfase em uma perspectiva ecoloacutegica levando em consideraccedilatildeo as interaccedilotildees

transacionais entre a crianccedila e o ambiente e vice-versa Para tal torna-se

necessaacuteria tambeacutem a construccedilatildeo e o seguimento de um marco teoacuterico e conceitual

que sirva de guia para os serviccedilos de atendimento agrave infacircncia (GURALNIK 2008)

Com estes conhecimentos eacute possiacutevel colocar em praacutetica a criaccedilatildeo de programas de

intervenccedilatildeo em crianccedilas com riscos bioloacutegicos e ambientais e prevenir o surgimento

ou o agravamento de alteraccedilotildees no desenvolvimento sejam elas de origem motora

sensorial intelectual ou emocional tanto na educaccedilatildeo especial quanto na educaccedilatildeo

infantil (FORMIGA e PEDRAZZANI 2004)

Por fim ressalta-se que em virtude dos dados acima correlacionados eacute que

decorre o interesse em investigar concepccedilotildees de pais de crianccedilas com

necessidades especiais e de seus educadores acerca da inclusatildeo educacional na

primeira infacircncia tendo em vista tambeacutem as condiccedilotildees de promoccedilatildeo do

desenvolvimento infantil desse alunado dentro de Centros Municipais de Educaccedilatildeo

Infantil - CMEI

49

25 A INSTITUICcedilAtildeO DE EDUCACcedilAtildeO INFANTIL COMO UM CONTEXTO DE

DESENVOLVIMENTO

Na realidade brasileira os serviccedilos da Educaccedilatildeo Infantil vecircm se

configurando como uma opccedilatildeo de cuidado e educaccedilatildeo amplamente utilizada pelas

famiacutelias contemporacircneas Vaacuterios fatores estatildeo envolvidos entre eles o ingresso da

mulher no mercado de trabalho as novas possibilidades de arranjos familiares o

movimento migratoacuterio das pessoas do interior para cidades maiores com mais

acesso a oportunidades de trabalho e educaccedilatildeo o que faz com que nem sempre a

matildee trabalhadora tenha apoio para o cuidado da sua crianccedila e tambeacutem como

recurso para a parcela da populaccedilatildeo que possui condiccedilotildees socioeconocircmicas

desfavoraacuteveis (RAPOPORT e PICCININI 2004 CERISARA 2002 ROSSETTI-

FERREIRA RAMON e SILVA 2002 CAMPOS 1999 ROSSETTI-FERREIRA

AMORIM e VITOacuteRIA 1994 MOREIRA e LORDELO 2002)

Historicamente esse serviccedilo vem passando por vaacuterias modificaccedilotildees ao longo

dos anos Especialmente nas uacuteltimas trecircs deacutecadas a educaccedilatildeo extrafamiliar de

bebecircs e crianccedilas pequenas tem sido marcada por profundas mudanccedilas sociais

culturais poliacuteticas e econocircmicas que entre outros fatores afetaram as relaccedilotildees

sociais o mundo do trabalho as estruturas familiares os sistemas de ensino a

imagem de crianccedila e o lugar que nossos pequenos ocupam nas instituiccedilotildees

educativas e na sociedade (FERNANDES 2011) Em suma pode-se afirmar que

essas modificaccedilotildees tambeacutem contribuiacuteram para que a Educaccedilatildeo Infantil tivesse

acentuada a sua funccedilatildeo pedagoacutegica deixando para traacutes o caraacuteter assistencialista

que teve em sua origem (OLIVEIRA et al 2006 WEBER et al 2006 VERIacuteSSIMO e

FONSECA 2003)

Nessa transiccedilatildeo de entendimento de sua funccedilatildeo na medida em que se foi

ampliando o nuacutemero de matriacuteculas adquirindo maior espaccedilo em pesquisas no paiacutes

nos debates sociais suas fragilidades foram se destacando o que levou aos

resultados dos primeiros estudos sobre a qualidade desse serviccedilo os quais

indicavam uma situaccedilatildeo generalizada de precarizaccedilatildeo verificada tanto em aspectos

fiacutesicos (instalaccedilotildees ruins materiais pedagoacutegicos e equipamentos em escassez ou

completa ausecircncia) quanto em aspectos humanos (baixa escolaridade dos

profissionais falta de formaccedilatildeo dos educadores ausecircncia de projeto pedagoacutegico

50

problemas de interaccedilatildeo instituiccedilatildeondashfamiacutelia) (CAMPOS FUumlLGRAFF e WIGGERS

2006 FERNANDES 2011) Tais resultados satildeo importantes pois reforccedilam as

discussotildees sobre a necessidade de um atendimento de qualidade como parte dos

direitos da crianccedila

Ainda nesse sentido por uma concepccedilatildeo da crianccedila como um ser de direitos

foram importantes documentos como a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 o Estatuto da

Crianccedila e do Adolescente ECA ndash Lei nordm 806990 e a Lei de Diretrizes e Bases da

Educaccedilatildeo Nacional LDB ndash Lei nordm939496 (CAMPOS 1999 CAMPOS FUumlLGRAFF e

WIGGERS 2006 ROSSETIndashFERREIRA RAMON e SILVA 2002 BRASIL 2012)

Para Campos (1999) a Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional

(BRASIL 2012) eacute a que promoveu as maiores modificaccedilotildees na Educaccedilatildeo pois

influenciou vaacuterios aspectos em todos os niacuteveis educacionais do paiacutes dentre os

quais o sistema de financiamento o curriacuteculo nacional os sistemas de avaliaccedilatildeo o

uso de novas tecnologias a organizaccedilatildeo da gestatildeo e as possibilidades de se

estabelecer parcerias com organizaccedilotildees natildeo governamentais Entre os itens

indicados por essa autora haacute pelo menos dois que satildeo considerados de extrema

relevacircncia para a Educaccedilatildeo Infantil a) a definiccedilatildeo da Educaccedilatildeo Infantil como

primeira etapa da Educaccedilatildeo Baacutesica ndash fato que transfere a responsabilidade

desta para oacutergatildeos de educaccedilatildeo b) a exigecircncia de formaccedilatildeo preacutevia

(preferencialmente niacutevel superior admitindo-se ainda no miacutenimo o magisteacuterio

ndash no niacutevel de ensino meacutedio) para educadores e professores que se dedicam

ao trabalho com crianccedilas pequenas (CAMPOS FUumlLGRAFF e WIGGERS

2006 ROSSETIndashFERREIRA RAMON e SILVA 2002)

Outros documentos de impacto na organizaccedilatildeo do atendimento de crianccedilas

pequenas foram as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo Infantil

(BRASIL 2010) e o Plano Nacional de Educaccedilatildeo PNE (BRASIL 2001) O primeiro

porque ofereceu subsiacutedios para os projetos pedagoacutegicos das prefeituras e das

unidades de Educaccedilatildeo Infantil e o segundo por ter estabelecido padrotildees miacutenimos

para a infra-estrutura das instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Infantil bem como definiu

as metas de expansatildeo desse atendimento no paiacutes (CAMPOS FUumlLGRAFF e

WIGGERS 2006)

Atualmente segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo

Infantil (BRASIL 2010) o ensino infantil eacute a primeira etapa da Educaccedilatildeo Baacutesica

ofertada por espaccedilos institucionais denominados creches e preacute-escolas em caraacuteter

51

natildeo domeacutestico que constituem estabelecimentos educacionais puacuteblicos ou privados

nos quais se prima pela educaccedilatildeo e cuidado de crianccedilas de 0 a 5 anos de idade no

periacuteodo diurno em jornada integral ou parcial regulados e supervisionados por

oacutergatildeo competente do sistema de ensino e submetidos a controle social

Destaca-se que o acesso ao atendimento em Educaccedilatildeo Infantil

especialmente na faixa etaacuteria entre 0 e 3 anos vem crescendo significativamente

nas diferentes regiotildees brasileiras o que justifica a necessidade de se ampliar os

estudos e pesquisas nessa aacuterea tambeacutem como uma maneira de possibilitar

elementos que promovam a qualidade desse serviccedilo (CAMPOS et al 2011)

Poreacutem mesmo diante desse crescimento e das transformaccedilotildees no

atendimento de Educaccedilatildeo Infantil indicadas anteriormente os serviccedilos e estudos

que evidenciem a crianccedila pequena em particular na faixa etaacuteria de 0 a 3 anos tecircm

sido negligenciados (FERNANDES 2011)

Diante das especificidades da Educaccedilatildeo Infantil e sua evoluccedilatildeo poliacutetica e

histoacuterica merecem particular atenccedilatildeo os sujeitos que a compotildeem especialmente os

educadores a famiacutelia e a crianccedila

251 Concepccedilotildees Sobre A Praacutetica Educativa Institucionalizada Aspectos

Relevantes Para A Promoccedilatildeo Do Desenvolvimento Infantil e Para Uma

Proposta Inclusiva

Dentro de um panorama no qual a crianccedila pequena eacute inserida no cuidado

institucionalizado desde tenra idade e no qual passa cerca de 4 a 8 horas por dia

distante de sua famiacutelia o educador de creche adquire uma funccedilatildeo importante

perante o desenvolvimento infantil natildeo apenas de cuidar e educar senatildeo de

complementar e agraves vezes de suplementar a atenccedilatildeo familiar agrave infacircncia (SILVA e

BOLSANELLO 2002 WINNICOTT 1975 ELTINK 1999) Assim as concepccedilotildees

que permeiam o atendimento satildeo fundamentais pois podem reforccedilar e manter

determinadas accedilotildees agraves vezes distorcidas do que eacute necessaacuterio ou recomendaacutevel

para a praacutetica pedagoacutegica (SCHULTZ 2002 PACHECO E DUPRET 2004)

O cuidado de crianccedilas pequenas durante muito tempo esteve atrelado agrave

figura da mulher sensiacutevel e carinhosa que possuiacutea o perfil de ldquomatildeerdquo e gostava de

52

cuidar de crianccedilas o que fortaleceu o caraacuteter leigo e assistencialista dessa funccedilatildeo

(OLIVEIRA et al 2006 WEBER et al 2006 VERIacuteSSIMO E FONSECA 2003

CERISARA 2002)

Ainda como parte dessa concepccedilatildeo o atendimento voltado para as crianccedilas

menores ocupou - e ainda ocupa - o lugar da necessidade da desproteccedilatildeo da

fragilidade de um trabalho voltado para a alimentaccedilatildeo a higiene o abrigo e o apoio

para o caso de ausecircncia familiar (FERNANDES 2011 GUIMARAtildeES 2011 SOUZA

2008) Tal situaccedilatildeo parece ter corroborado com a desvalorizaccedilatildeo do profissional de

creche em especial o que trabalha com berccedilaacuterio e com a dificuldade em se

estabelecer uma identidade pedagoacutegica nesse serviccedilo (SOUZA 2008 OLIVEIRA et

al 2006 MELCHIORI e ALVES 2001)

Como bem lembra Ramos (2006) a Educaccedilatildeo Infantil embora sua histoacuteria

remonte mais de um seacuteculo como cuidado e educaccedilatildeo extrafamiliar somente nos

uacuteltimos anos passou a ser inserida numa perspectiva educacional em resposta aos

movimentos sociais em defesa dos direitos das crianccedilas

Como parte dessa transiccedilatildeo do assistencialismo para a funccedilatildeo pedagoacutegica

alguns temas passaram a fazer parte das discussotildees no acircmbito profissional da

Educaccedilatildeo Infantil e de pesquisas na aacuterea com mais frequecircncia os quais facilmente

se destacam formaccedilatildeo profissional desenvolvimento infantil relaccedilatildeo adulto-crianccedila

viacutenculo planejamento diversidade competecircncia infantil entre outros Nesse

sentido tambeacutem se deve levar em conta que parece ser inevitaacutevel a revisatildeo das

bases e paradigmas educacionais vigentes pois haacute que se promover um diaacutelogo

com as mudanccedilas inerentes ao mundo atual (GOMES 2009)

Com a execuccedilatildeo de pesquisas na aacuterea descortinou-se aspectos muito

relevantes e contraditoacuterios do trabalho do educador de creche os quais ajudam a

perceber concepccedilotildees e necessidades e fazem entender quais pilares vem

suportando esse atendimento

Lordelo (1995 1998) indicou em seus estudos que os educadores natildeo se

mostravam como parceiros do desenvolvimento infantil pois trabalhavam em funccedilatildeo

de responder agraves necessidades mais imediatas e predominantemente fiacutesicas das

crianccedilas atendidas Melchiori e Alves (2001) revelam que os educadores natildeo tecircm

consciecircncia de sua funccedilatildeo como promotores de desenvolvimento infantil Jaacute

Veriacutessimo e Fonseca (2003) perceberam que o atendimento de bebecircs na creche eacute

fortemente centrado na atenccedilatildeo quanto agrave higiene e alimentaccedilatildeo

53

Vitta e Emmel (2004) identificaram uma tendecircncia de que o trabalho no

berccedilaacuterio seja pautado na concepccedilatildeo e na experiecircncia de maternagem dos

educadores Jaacute no estudo de Oliveira et al (2006) os educadores demonstraram

possuir a crenccedila de que para atender crianccedilas pequenas bastava ser mulher e ter

experiecircncia com crianccedilas Alves (2006) percebeu que a ideia de cuidado estaacute

relacionada agrave funccedilatildeo de matildee e natildeo agrave funccedilatildeo de professor ou de educador Nesse

sentido Veriacutessimo (2001) identificou um sentimento contraditoacuterio entre os

educadores Enquanto eles acreditam que associar funccedilatildeo materna com a praacutetica

profissional eacute algo depreciativo por outro lado esperam que as crianccedilas nutram

afeto ldquofilialrdquo por eles

Soejima (2008) salienta que os educadores que participaram de sua

pesquisa demonstraram ter aprendido teorias sobre o desenvolvimento infantil na

graduaccedilatildeo mas que natildeo conseguiam fazer uso desse conhecimento no cotidiano da

creche Igualmente Souza (2008) verificou que os educadores possuem formaccedilatildeo

continuada sobre desenvolvimento infantil mas que encontram dificuldades em

transpor para a accedilatildeo o seu conhecimento

Tambeacutem se destacam conceitos pertinentes ao desenvolvimento humano e

especificamente voltados ao desenvolvimento da crianccedila pequena Vitta (2004)

Souza (2008) e Soejima e Bolsanello (2012) evidenciaram falta de conhecimentos

abrangentes e consistentes sobre desenvolvimento infantil por parte dos educadores

em seus estudos Estes quando aparecem satildeo mais voltados agrave priorizaccedilatildeo de

fatores ambientais logo gerando uma crenccedila ambientalista de desenvolvimento

(MELCHIORI e ALVES 2001 MELCHIORI et al 2007 SOUZA 2008)

Sobre desenvolvimento infantil Soejima e Bolsanello (2012) verificaram a

concepccedilatildeo entre os educadores de que quanto menos ativas as crianccedilas eram mais

saudaacuteveis e que quanto mais ativas mais problemaacuteticas Sob esse aspecto cabe

questionar a qualidade da formaccedilatildeo dos educadores conforme jaacute proposto por Silva

(2003) Vitta e Emmel (2004) Kramer (2006) Souza (2008) e Soejima (2008) Nesse

sentido ressaltam-se os achados de Schultz (2002) ao pesquisar a educaccedilatildeo de

crianccedilas entre 0 e 3 anos e nos quais afirma que a formaccedilatildeo dos professores dessa

faixa etaacuteria pode interferir no desenvolvimento fiacutesico e psiacutequico e no bom

desempenho da crianccedila em seu futuro jaacute que segundo a autora haacute uma relaccedilatildeo de

dependecircncia entre a formaccedilatildeo do educador e a qualidade de seu trabalho

54

Por outro lado a rotina dessas trabalhadoras mostra-se estressante com

muitas atribuiccedilotildees e com pouco ou nenhum tempo para o planejamento e reflexatildeo

sobre sua praacutetica ou mesmo para o cumprimento do que foi planejado assim como

natildeo raro haacute a precarizaccedilatildeo da estrutura fiacutesica dos ambientes com poucos materiais

e excessivo nuacutemero de crianccedilas por educadora (NAZAacuteRIO 2002 ONGARI e

MOLINA 2003 ALVES 2006 OLIVEIRA et al 2006 LORDELO et al 2007

SOUZA 2008) Haacute que se pensar que a fadiga tanto fiacutesica quanto mental a falta de

tempo a frustraccedilatildeo por suas condiccedilotildees de trabalho satildeo aspectos que impedem um

trabalho com qualidade e devem ser amplamente investigados (PEREIRA 2003

SOUZA 2008 BOLSANELLO 2009)

Guimaratildees (2011) percebeu que a rotina na creche eacute fortemente baseada no

controle e na automaccedilatildeo das atividades Segundo ela os educadores falam muito

para as crianccedilas e natildeo com as crianccedilas como citado por ela descrevendo a rotina

ldquodo colo ao chatildeo do chatildeo para a cadeira da cadeira novamente para o chatildeo o

corpo dos bebecircs eacute conduzido pelos adultos em razatildeo das necessidades

emergentes e do tempo correto para cada umardquo Tal dado corrobora com os

achados de Souza (2008) no qual um dos educadores de seu estudo analisa a

rotina de trabalho em creche como uma espeacutecie de ldquofordismordquo infantil pois natildeo eacute

possiacutevel dar conta da individualidade das crianccedilas

Diante desses estudos destaca-se que o cotidiano da Educaccedilatildeo Infantil eacute

muito mais complexo do que parece agrave primeira vista Natildeo eacute tarefa simples apreendecirc-

lo e analisaacute-lo (CARVALHO 2006) Contudo eacute a partir de discussotildees conscientes

sobre os aspectos envolvidos nos atendimentos agrave crianccedila pequena que se tornaraacute

possiacutevel ampliar a compreensatildeo sobre o que eacute preciso para que os espaccedilos da

Educaccedilatildeo Infantil se tornem contextos plenos e fomentadores do desenvolvimento

humano da capacidade de aprendizagem da socializaccedilatildeo e do exerciacutecio da

cidadania (LIMA e BHERING 2006)

Ou ainda como afirmado por Gomes (2009) pensar em educaccedilatildeo de

crianccedilas com qualidade envolve natildeo soacute considerar a travessia dos profissionais da

creche para a aacuterea de educaccedilatildeo e sua formaccedilatildeo senatildeo buscar tambeacutem natildeo

descaracterizar suas histoacuterias suas experiecircncias superando o assistencialismo

objetivando a garantia dos direitos das crianccedilas e conjuntamente os direitos dos

educadores

55

Ainda junto agraves afirmaccedilotildees de Gomes (2009) pensa-se que o que se potildee

tambeacutem como uma questatildeo importante ou seja a capacidade do educador de

produzir reflexatildeo sobre sua praacutetica podendo conceituaacute-la e transformaacute-la Entre as

reflexotildees haveria de ser integrado aleacutem dos aspectos de cuidar e educar fatores

relativos ao desenvolvimento humano Afinal ao cuidar e ao educar se estaacute lidando

com um ser em desenvolvimento intenso cujos marcos iniciais de sua constituiccedilatildeo

como indiviacuteduo estatildeo tambeacutem agrave mercecirc do olhar de quem o cuida e o educa

diariamente Sendo assim entender processos elementares e fundamentais do

desenvolvimento humano essencialmente nos primeiros anos eacute relevante tanto

para a organizaccedilatildeo e planejamento do cotidiano de atendimento quanto para o

estabelecimento de estrateacutegias na Educaccedilatildeo Infantil (CARVALHO SALLES e

GUIMARAtildeES 2002)

Logo promover a avaliaccedilatildeo do atendimento (no conjunto profissionais

ambiente interaccedilatildeo com a famiacutelia estrateacutegias de planejamento e atividades

desenvolvidas) eacute algo importante principalmente no que diz respeito ao contexto

dos primeiros anos de vida dada a sua especificidade e importacircncia no futuro do

indiviacuteduo (LIMA e BHERING 2006)

Aleacutem de questotildees como a formaccedilatildeo dos educadores e suas concepccedilotildees

tambeacutem vale a consideraccedilatildeo de como se verifica a relaccedilatildeo entre elas e as famiacutelias

das crianccedilas atendidas Afinal a interaccedilatildeo entre a famiacutelia e a instituiccedilatildeo de

Educaccedilatildeo Infantil eacute relevante para que ambos os contextos conheccedilam melhor a

crianccedila estabeleccedilam criteacuterios educativos comuns discutam modelos de intervenccedilatildeo

e relaccedilatildeo com as crianccedilas e compreendam as especificidades de cada uma (SILVA

2011) Nesse aspecto vale lembrar que eacute na relaccedilatildeo com o adulto cuidador que a

crianccedila vai desde tenra idade estabelecer ldquoelosrdquo de comunicaccedilatildeo com as demais

pessoas com quem convive E por isso mesmo eacute que as accedilotildees de cuidado e

educaccedilatildeo natildeo podem ser accedilotildees mecacircnicas de assear e alimentar apenas (ROCHA

2008)

Contudo as dificuldades dos educadores tambeacutem passam pela precaacuteria

interaccedilatildeo com as famiacutelias das crianccedilas atendidas (LORDELO et al 2007 SOUZA

2008 CAMPOS et al 2011 FERNANDES 2011)

Correa (2007) argumenta em sua pesquisa que a relaccedilatildeo famiacutelia-instituiccedilatildeo

eacute um ponto a ser considerado para a promoccedilatildeo de um atendimento de qualidade

56

Silva (2011) percebeu em seu estudo que os educadores natildeo demonstram

conhecer ao certo como se daacute o contexto familiar das crianccedilas que atendem Souza

(2008) observou que a famiacutelia natildeo participa ativamente da rotina da creche na

maioria das vezes deixando a crianccedila na porta da instituiccedilatildeo

Os projetos pedagoacutegicos analisados por Fernandes (2011) indicaram um

perfil de famiacutelia visto pela escola como um grupo que precisa de ajuda e que pode

contribuir pouco com a Instituiccedilatildeo Instituiccedilatildeo essa que convida o adulto-cuidador

mais a confraternizar que compartilhar responsabilidades A autora tambeacutem verificou

que haacute a necessidade de os pais participarem efetivamente das accedilotildees da creche

pois segundo ela ao criar espaccedilos de diaacutelogo troca parcerias pode-se favorecer e

estimular as famiacutelias a viverem experiecircncias sociais mais amplas a partilhar as

anguacutestias alegrias e inseguranccedilas advindas do cotidiano favorecendo a superaccedilatildeo

das ideias assistencialistas acerca da Educaccedilatildeo Infantil em especial da que atende

a crianccedila com idade entre zero e 3 anos Por outro lado percebe-se que os pais

nem sempre se excluem de participar tanto do cotidiano da Instituiccedilatildeo quanto da

educaccedilatildeo de seus filhos (FERNANDES 2011 SILVA 2011)

Diante dos dados apresentados acima se destaca a necessidade de se

investigar de modo mais apropriado o papel dos pais diante do cuidar do educar e

da promoccedilatildeo do desenvolvimento de seus filhos ainda bebecircs jaacute que esses uacuteltimos

estatildeo cada vez mais precocemente adentrando ao atendimento institucionalizado

que por sua vez encontra-se envolto em suas proacuteprias contradiccedilotildees necessidades

e lutas Os familiares poderiam participar colaborar contribuir de modo a Educaccedilatildeo

Infantil ter uma identidade melhor cunhada valorizando inclusive o trabalho dos

educadores Em outras palavras conforme assinalado por Fernandes (2011) a

identidade da Educaccedilatildeo Infantil para ser constituiacuteda em suas especificidades

precisa urgentemente integrar as famiacutelias

57

3 MEacuteTODO

O delineamento metodoloacutegico teve como eixo a questatildeo de pesquisa

apresentada na introduccedilatildeo do presente estudo

Quais concepccedilotildees norteiam o processo de inclusatildeo da crianccedila pequena com

necessidades especiais no contexto dos Centros Municipais de Educaccedilatildeo

Infantil (CMEIs) segundo suas Matildees suas Educadoras na Educaccedilatildeo Infantil e

suas Professoras do Atendimento Educacional Especializado

Para responder a esta questatildeo mostrou-se pertinente realizar um estudo

qualitativo exploratoacuterio e comparativo Por seu caraacuteter qualitativo seraacute realizada

anaacutelise interpretativa e contextual dos dados sem a pretensatildeo de medir numeacuterica ou

estatisticamente os fenocircmenos estudados tampouco deveratildeo ser generalizados os

resultados encontrados (SAMPIERI COLLADO e LUCIO 1998) Eacute exploratoacuterio por

se tratar de um tema ou problema de pesquisa pouco estudado e portanto com

poucas pesquisas evidenciadas na literatura destacando-se a escassez de estudos

nesse acircmbito na realidade brasileira (SAMPIERI COLLADO e LUCIO 1998)

Segundo os autores citados o estudo exploratoacuterio serve para familiarizar o

pesquisador com fenocircmenos ainda natildeo suficientemente conhecidos podendo

determinar tendecircncias identificar aacutereas ambientes contextos e situaccedilotildees de

estudo O aspecto comparativo se verificaraacute no tratamento dos dados coletados

pela busca de possiacuteveis relaccedilotildees (discrepacircncias ou aproximaccedilotildees) entre as

concepccedilotildees dos participantes do estudo especialmente acerca da inclusatildeo da

crianccedila pequena com deficiecircncia que frequenta o CMEI (SAMPIERI COLLADO e

LUCIO 1998)

31 CONTEXTO

O contexto dessa pesquisa envolveu 04 (quatro) instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo

Infantil da rede puacuteblica de um municiacutepio da regiatildeo metropolitana de Curitiba que

58

atendem crianccedilas pequenas com deficiecircncia em turmas de berccedilaacuterio e maternal

situado no Estado do Paranaacute Foram escolhidas as turmas de berccedilaacuterio e maternal

por elas abarcarem crianccedilas com a faixa etaacuteria compreendida entre zero e 36

meses

Nesse municiacutepio no ano de 2012 em turmas de berccedilaacuterio (I e II) maternal (I

II e III) e preacutendashescola (I e II) houve um total de 4315 matriculas dessas estatildeo

considerados ldquocasos de inclusatildeordquo apenas 25 crianccedilas no momento em que foi

realizada a pesquisa Desse contingente apenas 08 casos de inclusatildeo educacional

eram de educandos em turmas de berccedilaacuterio e maternal Poreacutem como os criteacuterios de

elegibilidade para a participaccedilatildeo na presente pesquisa solicitavam que as turmas de

inclusatildeo atendessem a faixa etaacuteria entre 0 e 3 anos (creche) e tambeacutem que o

educando participasse do Atendimento Educacional Especializado passaram a se

enquadrar apenas 04 alunos tidos como casos de inclusatildeo que frequentavam 04

instituiccedilotildees diferentes abaixo denominadas de Instituiccedilotildees A B C e D

A Instituiccedilatildeo A atende um total de 180 crianccedilas dividas em turmas de

maternal e preacutendashescola

A Instituiccedilatildeo B atende um total de 376 crianccedilas dividas em turmas de

berccedilaacuterio maternal e preacute-escola

A Instituiccedilatildeo C atende um total de 280 crianccedilas dividas em turmas de

berccedilaacuterio e maternal

Jaacute a Instituiccedilatildeo D atende um total de 220 crianccedilas dividas em turmas de

berccedilaacuterio maternal e preacutendashescola

Todas as instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Infantil funcionam em periacuteodo integral das

07 agraves 18h

Segundo informaccedilotildees das equipes gestoras as Instituiccedilotildees B e C atendem

tambeacutem populaccedilatildeo considerada de risco social

Destaca-se que as turmas de berccedilaacuterio satildeo divididas em berccedilaacuterio I e II e

recebem crianccedilas com faixa etaacuteria entre 4 a 11 meses e entre 12 e 18 meses

respectivamente As turmas de Maternal que satildeo divididas em I e II atendem

educandos com idade entre 18 a 24 meses e entre 24 e 36 meses (completos

durante o ano letivo) respectivamente

Tambeacutem eacute importante ressaltar que o Atendimento Educacional Especializado

ndash AEE eacute desenvolvido de modo geral nas chamadas Salas de Recursos

Multifuncionais Essas salas satildeo espaccedilos estruturados de modo a atender

59

adequadamente as necessidades dos alunos foco da Educaccedilatildeo Especial e no

contexto pesquisado estatildeo lotadas dentro de instituiccedilotildees do Ensino Regular Todas

elas atendem educandos que estatildeo em situaccedilatildeo de inclusatildeo educacional tanto no

Ensino Fundamental quanto na Educaccedilatildeo Infantil

32 PARTICIPANTES

Foram considerados participantes da pesquisa

a) Matildees (pessoas responsaacuteveis cuidadoras principais que desempenham a

funccedilatildeo materna) de crianccedilas com idade entre zero e 36 meses com

necessidades especiais que participam do Atendimento Educacional

Especializado aleacutem de frequentar turmas de berccedilaacuterio (I e II) ou maternal (I e

II) em classe regular na Educaccedilatildeo Infantil no sistema puacuteblico de um

municiacutepio da regiatildeo metropolitana de Curitiba Paranaacute

Neste estudo participaram 04 matildees cujos filhos estatildeo matriculados em uma

das seguintes turmas berccedilaacuterio II maternal I e maternal II

b) Educadoras Regentes que trabalham em turmas de berccedilaacuterio (I e II) e

maternal (I e II) e que atendam as crianccedilas cujas matildees satildeo participantes

desse estudo O grupo de educadoras participantes contou com 09

profissionais Destas 03 eram regentes de berccedilaacuterio I 04 atendem turmas de

maternal I e 02 em maternal II

c) Professoras do Atendimento Educacional Especializado que atendam as

crianccedilas cujas matildees e educadoras participam deste estudo Nesse estudo

participaram 04 Professoras do AEE

Apoacutes apresentar o projeto para a Secretaria de Educaccedilatildeo para as

Gerecircncias de Educaccedilatildeo Especial e Inclusatildeo e para a de Educaccedilatildeo Infantil desse

municiacutepio foi feito o protocolo de solicitaccedilatildeo para a realizaccedilatildeo da pesquisa Em

acordo com o aceite da solicitaccedilatildeo e com a orientaccedilatildeo das Gerecircncias foi realizado o

primeiro contato com as equipes gestoras dos CMEIs que iriam participar No

primeiro contato foi solicitado agrave pesquisadora que entregasse a todas as equipes

60

gestoras uma carta de apresentaccedilatildeo Nesta havia uma breve explicitaccedilatildeo de quem

era a pesquisadora e informaccedilotildees principais do estudo ndash estas uacuteltimas seguiram

recomendaccedilatildeo da Gerecircncia de Educaccedilatildeo Especial e Inclusatildeo Desse modo apoacutes ter

feito a apresentaccedilatildeo do projeto para as equipes gestoras com a explicitaccedilatildeo dos

objetivos do meacutetodo e do termo de consentimento livre e esclarecido (anexo) e de

obter destas a autorizaccedilatildeo para executar a pesquisa em suas unidades elas se

comprometeram a entrar em contato com as educadoras e com as matildees para

agendar novo encontro agora com as participantes da pesquisa Os encontros com

as matildees e com as educadoras participantes desse estudo foram realizados de modo

individual em dia e hora previamente marcados nas dependecircncias das Instituiccedilotildees

em que as crianccedilas eram atendidas na Educaccedilatildeo Infantil

A participaccedilatildeo destas matildees e das educadoras se deu de modo voluntaacuterio

apoacutes serem esclarecidos os pormenores da pesquisa e dirimidas possiacuteveis duacutevidas

sobre o propoacutesito e uso das informaccedilotildees Tambeacutem foi solicitado agraves participantes

para ler o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para entatildeo proceder com a

assinatura e a entrevista propriamente dita

No caso da participaccedilatildeo das professoras do Atendimento Educacional

Especializado natildeo foi necessaacuteria a mediaccedilatildeo das equipes gestoras das instituiccedilotildees

O contato foi feito diretamente entre a pesquisadora e as convidadas Da mesma

forma por meio da carta de apresentaccedilatildeo e conversa pessoal houve o

esclarecimento do conteuacutedo da pesquisa seus objetivos e meacutetodo Apoacutes a

apresentaccedilatildeo do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido foi dado

procedimento agraves entrevistas

33 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS

Com a finalidade de coletar os dados foram elaborados roteiros de

entrevistas semiestruturadas levando em consideraccedilatildeo os objetivos desse estudo

Todos os roteiros de entrevista possuiacuteam uma parte em comum para que se

pusesse coletar e organizar os dados para a anaacutelise comparativa dos mesmos

61

O roteiro de entrevista aplicado agraves matildees (Anexo A) possuiacuteam quatro partes

a) caracterizaccedilatildeo da matildee b) caracterizaccedilatildeo da famiacutelia c) caracterizaccedilatildeo da crianccedila

em desenvolvimento e d) concepccedilotildees sobre o processo inclusivo

Para as educadoras de CMEI (Anexo B) e para as professoras do

Atendimento Educacional Especializado (Anexo C) o roteiro de perguntas tambeacutem

foi dividido em quatro partes a) caracterizaccedilatildeo da entrevistada b) caracterizaccedilatildeo do

trabalho da entrevistada c) concepccedilotildees sobre a crianccedila em desenvolvimento e d)

concepccedilotildees sobre o processo inclusivo

Optou-se por roteiros de entrevistas semiestruturadas com perguntas

abertas pois possibilitam aos entrevistados maior liberdade em respondecirc-las

(LUDKE e ANDREacute 1986) As entrevistas tiveram duraccedilatildeo meacutedia de 60 minutos e

foram realizadas pela pesquisadora em ambiente reservado dentro do contexto de

pesquisa Com preacutevio consentimento das entrevistadas os dados foram gravados

posteriormente transcritos na iacutentegra e analisados agrave luz da literatura pertinente

34 PROCEDIMENTOS DE ANAacuteLISE DE DADOS

Os dados coletados foram analisados por meio de uma abordagem

qualitativa com a utilizaccedilatildeo de anaacutelise de conteuacutedo Foram seguidos na iacutentegra os

passos utilizados por Bolsanello (1998) em sua pesquisa a qual se baseou em

Bardin (1979) a seguir

Apoacutes serem transcritas as entrevistas foram lidas sem qualquer tentativa

de seleccedilatildeo de informaccedilotildees

A seguir os dados brutos das respostas de cada item das entrevistas e

das gravaccedilotildees de aacuteudio foram codificados e agregados em unidades com a

eleiccedilatildeo do tema como unidade de registro e a proximidade conceitual como

regra de enumeraccedilatildeo

Os temas obtidos na codificaccedilatildeo foram reagrupados procedendo-se a um

trabalho de definiccedilatildeo e classificaccedilatildeo de categorias que resultaram no

levantamento de um conjunto de categorias e subcategorias representativas

da totalidade das comunicaccedilotildees

62

Finalmente foi realizada a classificaccedilatildeo e a categorizaccedilatildeo que levaram a

uma descriccedilatildeo das caracteriacutesticas relevantes do conteuacutedo investigado

permitindo gerar inferecircncias e comparaccedilotildees sobre todo o processo de

comunicaccedilatildeo e levando agrave anaacutelise dos dados envolvendo o cruzamento de

todas as informaccedilotildees obtidas

35 CUIDADOS EacuteTICOS

Os procedimentos eacuteticos do presente estudo obedeceram aos criteacuterios da

Eacutetica na Pesquisa com Seres Humanos Os principais cuidados eacuteticos foram

utilizaccedilatildeo de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (ANEXOS D E e F)

permissatildeo das entrevistadas para gravaccedilatildeo das entrevistas garantia do anonimato

das participantes

Tais cuidados garantem de acordo com Cozby (2003) a participaccedilatildeo totalmente

informada e voluntaacuteria das entrevistadas

63

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

Para a descriccedilatildeo e anaacutelise das caracteriacutesticas relevantes do conteuacutedo

investigado agruparam-se as informaccedilotildees em quatro seccedilotildees Inicialmente realizou-

se a caracterizaccedilatildeo das crianccedilas foco da inclusatildeo e a caracterizaccedilatildeo das

entrevistadas (matildees educadoras e professoras) A seguir levantaram-se as

concepccedilotildees das entrevistadas sobre a crianccedila que estaacute em inclusatildeo Por fim

buscou-se identificar as concepccedilotildees sobre o processo inclusivo na Educaccedilatildeo

Infantil propriamente dito

41 Seccedilatildeo 01 Caracterizaccedilatildeo das Participantes

411 Caracterizaccedilatildeo das crianccedilas foco da inclusatildeo

Pensando que a inclusatildeo educacional de crianccedilas pequenas com

necessidades especiais evidencia um campo sem limites nos quais natildeo se escolhe

a crianccedila que pode ou deve entrar ou natildeo na Educaccedilatildeo Infantil buscou-se identificar

quais eram esses pequenos sujeitos que estatildeo categorizados como alunos em

inclusatildeo Como diria Rodrigues (2006) no campo da educaccedilatildeo natildeo se trata de

melhor caracterizar o que eacute diversidade e quem a compotildee mas de compreender

melhor como as diferenccedilas nos constituem como humanos como somos feitos de

diferenccedilas E portanto no que se refere agrave caracterizaccedilatildeo das crianccedilas que estatildeo em

inclusatildeo pensa-se que eacute tambeacutem uma maneira de se perceber a gama de

condiccedilotildees que devem ser precoce e permanentemente vistas discutidas e

atendidas em suas necessidades e especificidades

Desse modo as matildees entrevistadas falaram sobre sua crianccedila idade

diagnoacutestico quais os serviccedilos que elas frequentam aleacutem da Educaccedilatildeo Infantil e do

Atendimento Educacional Especializado Tambeacutem informaram agrave turma que o filho

64

frequenta o Centro Municipal de Educaccedilatildeo Infantil ndash CMEI e desde quando ele estaacute

matriculado na Educaccedilatildeo Infantil

As quatro crianccedilas cujas matildees participaram da pesquisa possuiacuteam laudos

indicativos sobre seus diagnoacutesticos todos disponiacuteveis nas secretarias das

instituiccedilotildees das quais faziam parte (Quadro 01)

Quadro 01 Distribuiccedilatildeo das crianccedilas segundo laudo meacutedico e diagnoacutestico

Crianccedila Laudo meacutedico disponiacutevel

no CMEI CID ndash 10Diagnoacutestico

Crianccedila 01 Sim CID - F 840 Transtornos Globais do Desenvolvimento ndash Autismo Infantil

Crianccedila 02 Sim CID ndash G 800 Paralisia Cerebral Espaacutestica

Crianccedila 03 Sim CID - Q 870 ndash Siacutendrome de Moebius

Crianccedila 04 Sim CID ndash Q 90 ndash Sindrome de Down

Os laudos meacutedicos apresentavam as seguintes necessidades educacionais

especiais Autismo Infantil (TGD) Paralisia Cerebral Espaacutestica Siacutendrome de

Moebius e Siacutendrome de Down

Foi questionado agraves entrevistadas desde quando seus filhos estatildeo

participando de atendimento em CMEI e qual turma as crianccedilas frequentam

atualmente Nesse sentido elas indicaram o que segue no quadro 02

Quadro 02 Distribuiccedilatildeo das crianccedilas segundo a turma em que estatildeo matriculadas atualmente e o tempo em que frequentam Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil - CMEIs

A idade das crianccedilas variou entre 24 e 36 meses durante o periacuteodo da pesquisa A

crianccedila 01 eacute a mais velha de todas com 36 meses de idade as demais estatildeo na

Crianccedila Turma Atual Haacute quanto tempo frequenta CMEIS

Crianccedila 01 Maternal II Mais de 24 meses

Crianccedila 02 Berccedilaacuterio II Em torno de 8 meses

Crianccedila 03 Maternal I Em torno de 10 meses

Crianccedila 04 Maternal I Em torno de 4 meses

65

faixa etaacuteria dos 24 meses Apenas a crianccedila 02 estaacute com idade fora das indicaccedilotildees

de matriacutecula da turma estando com 24 meses frequentando uma turma para alunos

na faixa etaacuteria de 10 meses a 1 ano e 4 meses As demais estatildeo com idade de

acordo com o esperado para as turmas em que estatildeo matriculadas

Conforme o Quadro 02 eacute possiacutevel verificar que uma crianccedila estaacute matriculada

em turma de Berccedilaacuterio II duas estatildeo em turmas de Maternal I e uma estaacute no

Maternal II Tambeacutem se percebe que a crianccedila 01 eacute a que mais tempo estaacute

frequentando Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil Tendo ela 36 meses de

idade estaacute indo para os serviccedilos da Educaccedilatildeo Infantil desde os 12 meses

aproximadamente As demais crianccedilas foram matriculadas no atual ano letivo Ao

observar as demais crianccedilas eacute possiacutevel inferir que a meacutedia de idade escolhida por

essas matildees para matricularem seus filhos na Educaccedilatildeo Infantil foi de 12 meses

Sendo que de modo geral trecircs dessas crianccedilas permaneceram os primeiros 12

meses em casa aos cuidados da famiacutelia e apenas um educando frequentou Escola

Especial antes de ser matriculado no Centro de Educaccedilatildeo Infantil

O atendimento nos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil - CMEIS eacute

integral para todas as crianccedilas matriculadas contudo os educandos que estatildeo em

inclusatildeo podem ter orientaccedilatildeo para que frequentem apenas parcialmente o

atendimento na instituiccedilatildeo Nesse grupo que participou do estudo percebeu-se que

apenas duas das crianccedilas frequentam o dia todo As outras duas crianccedilas natildeo o

fazem integralmente devido a necessidade de participarem de outros atendimentos

tais como Fonoaudiologia Atendimento Educacional Especializado - AEE

Fisioterapia Nataccedilatildeo entre outros Essas duas crianccedilas que frequentam

parcialmente o CMEI fazem uma meacutedia de 06 horas diaacuterias de atendimento na

Educaccedilatildeo Infantil conforme os relatos das matildees

As participantes comentaram quais outros atendimentos o filho frequenta

aleacutem do Centro Municipal de Educaccedilatildeo Infantil - CMEI e do Atendimento

Educacional Especializado ndash AEE

- Crianccedila 01 Nataccedilatildeo atendimento em um Centro Especializado (Psicologia e

Fonoaudiologia) e Atendimento Educacional Especializado

- Crianccedila 02 Centro Especializado (Fisioterapia Motora Fisioterapia Respiratoacuteria

Terapia Ocupacional Psicologia e Fonoaudiologia) e Atendimento Educacional

Especializado

66

- Crianccedila 03 Nataccedilatildeo Fonoaudiologia Fisioterapia e Atendimento Educacional

Especializado ndash AEE

- Crianccedila 04 Atendimento Educacional Especializado - AEE (semanalmente) e

acompanhamento em hospital de referecircncia (bimestralmente)

412 Caracterizaccedilatildeo das Entrevistadas

Esse subcapiacutetulo traz dados que auxiliam a conhecer quem eram as

entrevistadas Para tal dividiu-se o mesmo em trecircs partes caracterizaccedilatildeo das matildees

caracterizaccedilatildeo das professoras do Atendimento Educacional Especializado - AEE e

caracterizaccedilatildeo das educadoras dos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil -

CMEIs

Ao se decidir por ouvir os relatos desses trecircs grupos de pessoas entendeu-

se que ao cruzar os seus olhares poderia se delinear quadros que identificassem

tendecircncias de como a inclusatildeo de crianccedilas vem ocorrendo e quais questotildees se

mostram relevantes sensiacuteveis ou mesmo mais urgentes a serem discutidas e

revistas em busca de uma praacutetica com mais qualidade O que se justifica tambeacutem

pelo fato de que pesquisas sobre inclusatildeo que levem em consideraccedilatildeo as interaccedilotildees

entre crianccedilandashcrianccedila famiacutelia ndash crianccedila professoras-crianccedila satildeo cada vez mais

importantes para que se possa perceber e problematizar as atitudes o acolhimento

os sentimentos e concepccedilotildees sobre deficiecircncia inclusatildeo e diferenccedilas (YAZLLE

AMORIM ROSSETTI-FERREIRA 2004 SIGOLO e OLIVEIRA 2008)

4121 Caracterizaccedilatildeo das Matildees

Inicialmente foram coletadas informaccedilotildees para caracterizaccedilatildeo das matildees

desse modo foram identificados dados como idade escolaridade e ocupaccedilatildeo das

mesmas (Quadro 03)

67

Quadro 03 ndash Distribuiccedilatildeo das Matildees participantes conforme idade escolaridade e ocupaccedilatildeo

Participante Idade Escolaridade Ocupaccedilatildeo

Matildee 01 31 anos Ensino Meacutedio Dona de casa

Matildee 02 28 anos Graduaccedilatildeo Pedagoga

Matildee 03 23 anos Graduaccedilatildeo Professora

Matildee 04 37 anos Ensino Fundamental Vendedora autocircnoma

A faixa etaacuteria das matildees participantes estaacute entre 23 e 37 anos Duas delas tecircm

como niacutevel de escolaridade a graduaccedilatildeo uma tem formaccedilatildeo em niacutevel Fundamental

e outra em niacutevel meacutedio Apenas uma delas eacute dona de casa as demais possuem

ocupaccedilotildees diferentes ao trabalho de cuidado domeacutestico familiar

Tambeacutem foram caracterizadas as famiacutelias das crianccedilas que estatildeo em

inclusatildeo Foram identificados os membros que compotildee a famiacutelia quem mora com a

crianccedila qual a renda meacutedia mensal da famiacutelia e outro caso de deficiecircncia no grupo

familiar (Quadro 04)

Quadro 04 ndash Distribuiccedilatildeo das Matildees participantes conforme composiccedilatildeo familiar

Participante

Composiccedilatildeo familiar

Matildee 01 Pai da crianccedila Matildee da crianccedila 02 filhos

Matildee 02 Pai da crianccedila Matildee da crianccedila 03 filhos

Matildee 03 X Matildee da crianccedila Avoacute materna avocirc materno e

01 filho

Matildee 04 Pai da crianccedila Matildee da crianccedila 03 filhos

68

Trecircs matildees moram com os pais de suas crianccedilas A matildee que natildeo mora com o

pai de seu filho afirmou que o mesmo natildeo participa de nenhum modo da criaccedilatildeo da

crianccedila No caso em que haacute a ausecircncia do pai bioloacutegico eacute interessante ressaltar

que os dados corroboram a afirmaccedilatildeo de autores como Bronfenbrenner (1996

2011) Dessen e Braz (2005) e Diniz e Koller (2010) quando estes afirmam a

importacircncia dos demais membros que compotildee a famiacutelia no que se refere a dar

sustentaccedilatildeo emocional especialmente quando ocorrem situaccedilotildees de risco para o

desenvolvimento infantil

A renda familiar meacutedia relatada pelas matildees ficou em torno de 06 e 07 salaacuterios

miacutenimos

- Matildee 01 06 salaacuterios miacutenimos

- Matildee 02 entre 06 e 07 salaacuterios miacutenimos

- Matildee 03 06 salaacuterios miacutenimos

- Matildee 04 entre 06 e 07 salaacuterios miacutenimos

Escolaridade dos genitores e renda familiar satildeo dois pontos importantes no

tocante agrave promoccedilatildeo do desenvolvimento na infacircncia pois podem indicar maiores ou

menores chances ou perspectiva de acesso a oportunidades para a ampliaccedilatildeo do

repertoacuterio cognitivo social cultural emocional dos membros que compotildeem a famiacutelia

(LORDELO et al 2007 MUELLER 2008)

Todas as matildees relataram apenas um filho com necessidades especiais na

famiacutelia

4122 Caracterizaccedilatildeo das Professoras do Atendimento Educacional

Especializado

Relembra-se que o Atendimento Educacional Especializado eacute um serviccedilo

dentro da Educaccedilatildeo Especial em conformidade com o Decreto nordm 761111 e que

esse grupo de professores realiza atendimento ao alunado foco da Educaccedilatildeo

Especial e que estatildeo em inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil e no Ensino Fundamental

69

Para tal seu trabalho e sua relaccedilatildeo com a crianccedila pequena com necessidades

especiais eacute fundamental visto que estaacute previsto que elas tambeacutem devem orientar as

famiacutelias e educadoras do CMEI sobre o processo de inclusatildeo desse alunado

Inicialmente foram coletadas informaccedilotildees para caracterizaccedilatildeo das

professoras desse modo foram identificados dados como idade estado civil e

escolaridade (Quadro 05)

Quadro 05 ndash Distribuiccedilatildeo das Professoras do Atendimento Educacional Especializado - AEE conforme idade estado civil ocorrecircncia e quantidade de filhos

Conforme eacute possiacutevel verificar no Quadro 05 a faixa etaacuteria que compotildee o grupo

de Professoras participantes estaacute entre 37 e 49 anos Todas satildeo casadas e tecircm

filhos Tambeacutem foi questionado se elas possuiacuteam alguma formaccedilatildeo especiacutefica para

trabalhar com Educaccedilatildeo Especial e Inclusiva de crianccedilas pequenas e para trabalhar

como professora do AEE Quanto agrave escolaridade das professoras do Atendimento

Educacional Especializado todas elas relataram ter feito vaacuterios cursos de formaccedilatildeo

continuada de curta duraccedilatildeo na aacuterea de Educaccedilatildeo Especial e Inclusatildeo Os dados

estatildeo organizados no Quadro 06 que segue logo abaixo

Participante Idade Estado civilfilhos

P01 45 Casada 2 filhos

P02 49 Casada 3 filhos

P03 37 Casada 2 filhas

P04 40 Casada 2 filhos

70

Quadro 06 ndash Distribuiccedilatildeo das Professoras do Atendimento Educacional

Especializado - AEE conforme sua escolarizaccedilatildeo

Participante Escolaridade

Ensino Meacutedio Graduaccedilatildeo Especializaccedilatildeo

P01 Magisteacuterio Estaacute cursando Pedagogia X

P02 Magisteacuterio Pedagogia com ecircnfase em Educaccedilatildeo Especial

Psicopedagogia

P03 Magisteacuterio Pedagogia Psicopedagogia

P04 Magisteacuterio Pedagogia Psicopedagogia

A professora P02 falou que tem formaccedilatildeo continuada em Estimulaccedilatildeo Visual

As professoras P03 e P04 informaram que estatildeo cursando Especializaccedilatildeo do AEE agrave

distacircncia ofertada pelo MEC Essas professoras que estatildeo cursando a

Especializaccedilatildeo especiacutefica para atuar no atendimento educacional especializado

apontaram que os conteuacutedos aprendidos nele estatildeo sendo muito uacuteteis

especialmente no que se refere ao ensino fundamental pois em grande parte se

baseiam em estrateacutegias praacuteticas para a atuaccedilatildeo docente Sobre Educaccedilatildeo Infantil

as entrevistadas afirmam que haacute conteuacutedos que trazem conceitos e orientaccedilotildees

sobre estimulaccedilatildeo essencial mas essas ainda se mostram um pouco distantes de

sua experiecircncia profissional Nenhuma delas tem formaccedilatildeo na aacuterea especiacutefica de

Educaccedilatildeo Infantil

Foi solicitado que relatassem um pouco de sua trajetoacuteria na aacuterea educacional

Sendo assim foi questionado haacute quanto tempo elas trabalhavam na educaccedilatildeo e se

antes de trabalhar como professora do Atendimento Educacional Especializado -

AEE tiveram outras experiecircncias na aacuterea de educaccedilatildeo (Quadro 07)

71

Quadro 07- Distribuiccedilatildeo das Professoras do Atendimento Educacional Especializado - AEE conforme tempo de trabalho na aacuterea educacional e aacutereas de atuaccedilatildeo dentro da Educaccedilatildeo

Todas informaram se tiveram outras experiecircncias como docentes fora da

Educaccedilatildeo Especial antes de serem professoras do Atendimento Educacional

Especializado - AEE P01 e P04 afirmaram que jaacute tinham tido experiecircncias com

turmas inclusivas antes de ingressarem como docentes no AEE P02 e P03

afirmaram que nunca haviam trabalhado com turmas inclusivas antes de sua

atuaccedilatildeo no AEE

A professora P01 teve um caso na famiacutelia Jaacute as professoras P02 P03 e P04

natildeo tiveram nenhuma experiecircncia marcante com pessoas com necessidades

especiais fora da aacuterea educacional Em acordo com as professoras que jaacute tiveram

alguma experiecircncia com pessoas com necessidades especiais o que se mostra

marcante eacute que esse contato anterior auxilia a como ldquover o deficienterdquo e a como

lidar com ele

4123 Caracterizaccedilatildeo das Educadoras dos Centros Municipais de Educaccedilatildeo

Infantil ndash CMEIs

Todas as entrevistadas atendem crianccedilas pequenas que estatildeo em inclusatildeo

nos Centros de Municipais de Educaccedilatildeo Infantil - CMEIs Participaram 09

Participante Tempo de trabalho na aacuterea

educacional Aacuterea de atuaccedilatildeo

P01 27 anos Educaccedilatildeo Infantil e Fundamental

P02 17 anos Educaccedilatildeo Infantil e Fundamental

P03 20 anos Ensino Fundamental

P04 20 anos Educaccedilatildeo Infantil e Fundamental

72

educadoras que trabalhavam na ocasiatildeo da entrevista com turmas de Berccedilaacuterio e

Maternal Inicialmente foram coletadas informaccedilotildees para caracterizaccedilatildeo das

educadoras desse modo foram identificados dados como idade estado civil se

tinham filhos ou natildeo (Quadro 08)

Quadro 08 - Distribuiccedilatildeo das Educadoras dos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil conforme idade estado civil ocorrecircncia e quantidade de filhos

Conforme o quadro 08 eacute possiacutevel verificar que a faixa etaacuteria das educadoras

participantes estaacute entre 21 e 42 anos 06 delas satildeo casadas 02 satildeo solteiras e uma

eacute viuacuteva Dentro desse grupo 03 das educadoras natildeo tem filhos

Quanto agrave escolaridade foi perguntado se possuiacuteam alguma formaccedilatildeo

especiacutefica para trabalhar com Educaccedilatildeo Infantil e Educaccedilatildeo Especial e Inclusiva

Quatro das educadoras apresentam o curso de magisteacuterio sete delas tem

graduaccedilatildeo em Pedagogia uma ainda estaacute cursando Pedagogia e outra Biomedicina

Participante Idade Estado civilfilhos

E01 27 Casada 2 filhos

E02 28 Casada sem filhos

E03 21 Casada 1 filho

E04 35 Casada 2 filhos

E05 27 Solteira sem filhos

E06 42 Viuacuteva 3 filhos

E07 29 Casada 2 filhos

E08 22 Solteira sem filhos

E09 32 Casada 1 filho

73

cinco das profissionais possuem especializaccedilatildeo dessas quatro na aacuterea de

Psicopedagogia e outra em Educaccedilatildeo Infantil (Quadro 09)

Quadro 09 - Distribuiccedilatildeo das Educadoras dos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil conforme sua Escolaridade

As educadoras E02 E04 E05 E06 E07 e E08 natildeo tiveram nenhuma

formaccedilatildeo especiacutefica sobre Educaccedilatildeo Especial e Inclusatildeo aleacutem das disciplinas

proacuteprias da formaccedilatildeo baacutesica (Magisteacuterio ou Pedagogia)

Jaacute as educadoras E01 E03 e E09 fizeram um curso de formaccedilatildeo continuada

no municiacutepio sobre a inclusatildeo no Ensino Fundamental Natildeo havia ateacute o momento

da coleta de dados referecircncias sobre a oferta de alguma formaccedilatildeo continuada que

evidenciasse a inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil

Foi perguntado se elas tiveram outras experiecircncias como professoras de

turmas de inclusatildeo antes dessa situaccedilatildeo atual

Participante Escolaridade

Ensino Meacutedio Graduaccedilatildeo Especializaccedilatildeo

E01 X Pedagogia Psicopedagogia

E02 X Pedagogia X

E03 Magisteacuterio Pedagogia Psicopedagogia Gestatildeo Escolar

E04 Magisteacuterio Pedagogia ndashcursando X

E05 X Pedagogia X

E06 Magisteacuterio Pedagogia Psicopedagogia

E07 X Pedagogia Educaccedilatildeo Infantil -

cursando

E08 Magisteacuterio Biomedicina ndash

cursando X

E09 X Pedagogia Psicopedagogia -

cursando

74

Quatro das educadoras (E01 E06 E07 e E08) afirmaram positivamente que

tiveram alguma outra experiecircncia com alunos de inclusatildeo antes desse caso atual e

afirmam que isso as ajuda de algum modo nessa turma

Contrariamente cinco delas (E02 E03 E04 E05 e E09) natildeo tiveram nenhum

aluno de inclusatildeo antes desse caso atual

Ainda quanto agraves experiecircncias anteriores com pessoas com necessidades

especiais elas informaram se jaacute tiveram alguma fora da aacuterea educacional

Cinco educadoras (E01 E02 E03 E07 e E08) afirmaram que tiveram

experiecircncias com pessoas com necessidades especiais fora da aacuterea educacional

As outras quatro educadoras (E04 E05 E06 e E09) natildeo tiveram nenhuma

experiecircncia com pessoas com necessidades especiais fora da Educaccedilatildeo Infantil

As participantes informaram o tempo de trabalho na Educaccedilatildeo de modo

geral especificamente na Educaccedilatildeo Infantil e tempo em que estatildeo atendendo essa

turma

Das nove participantes oito soacute tiveram experiecircncia na Educaccedilatildeo Infantil e

uma educadora jaacute trabalhou tambeacutem no Ensino Fundamental

O tempo de atuaccedilatildeo na aacuterea educacional variou de 04 meses a 10 anos No

que se refere agrave atuaccedilatildeo na Educaccedilatildeo Infantil o tempo de trabalho variou igualmente

de 04 meses a 10 anos

Quando questionadas sobre haacute quanto tempo atendem nas turmas atuais

foram obtidas as seguintes respostas 05 educadoras atendem a turma desde o

iniacutecio do ano o que equivale a algo em torno de 09 meses 01 estaacute haacute cerca de 06

meses e 03 das educadoras estatildeo atendendo a turma atual a menos de 06 meses

conforme o que estaacute organizado no Quadro 10 que segue logo abaixo

75

Quadro 10 - Distribuiccedilatildeo das Educadoras dos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil conforme o tempo de atuaccedilatildeo na Educaccedilatildeo de modo geral especificamente na Educaccedilatildeo Infantil e na turma que atende atualmente

42 Seccedilatildeo 02 Concepccedilotildees das Matildees Educadoras e Professoras sobre a

crianccedila que estaacute em inclusatildeo

Foram solicitadas as participantes que relatassem como concebem a crianccedila

pequena que tem necessidades educacionais especiais em relaccedilatildeo as suas

condiccedilotildees e seu processo de inclusatildeo

421 As Matildees e suas crianccedilas

A matildee M01 disse que jaacute desconfiava que o filho tivesse autismo e nega ter

ficado surpresa quando teve a notiacutecia poreacutem seu marido ficou muito triste Apoacutes

Participante Tempo de atuaccedilatildeo na

Educaccedilatildeo Tempo de atuaccedilatildeo na

Educaccedilatildeo Infantil Tempo que atende

essa turma

E01 08 anos 01 ano

01 mecircs

E02 04 meses 04 meses

04 meses

E03 05 anos 05 anos

09 meses

E04 04 anos 04 anos

09 meses

E05 01 ano 01 ano

03 meses

E06 10 anos 10 anos 09 meses

E07 09 anos 09 anos

09 meses

E08 02 anos 02 anos

09 meses

E09 03 anos 03 anos

06 meses

76

receber o diagnoacutestico o apoio da equipe que faz o atendimento especializado na

aacuterea de sauacutede foi fundamental para que a aceitaccedilatildeo do pai fosse sendo construiacuteda

A matildee M02 tambeacutem afirmou que jaacute estava preparada em relaccedilatildeo ao

diagnoacutestico do filho pois teve um parto prematuro com vaacuterias intercorrecircncias para a

crianccedila Desse modo desde os primeiros meses fazia um acompanhamento

rigoroso da sauacutede e do desenvolvimento da crianccedila o que culminou em um

diagnoacutestico de paralisia cerebral

Jaacute para a matildee M03 que teve uma gestaccedilatildeo tranquila a notiacutecia de que a filha

tinha uma siacutendrome veio de uma forma um pouco mais complexa

dai veio a pediatra veio e eu nunca vou esquecer a cara daquela japonesa na minha frente Ela olhava pra mim e eu perguntei ela taacute bem doutora E ela respondeu olha bem pra tua filha Ela tem cara de crianccedila normal Aquele dia foi o maior baque O baque foi porque eu tinha receacutem parido tava inchada doiacuteda e tinha tudo isso e dai eu chorei muito

A matildee M04 tambeacutem teve uma experiecircncia negativa em relaccedilatildeo agrave forma como

foi dada a notiacutecia da condiccedilatildeo da filha

foi logo depois do parto [] Fazia seis horas que ela tinha nascido aiacute a estagiaacuteria foi no quarto e perguntou pela paciente do leito tal e disse vocecirc viu que a tua neneacutem eacute deficiente matildee virou as costas e saiu

Para a matildee M04 o fato de ter dito que a filha era deficiente foi o que mais

chocou porque ela supocircs que queria dizer que a crianccedila teria muito mais

necessidade de cuidados Poreacutem quando falaram que era Siacutendrome de Down

como ela jaacute tinha um pouco de conhecimento sobre a situaccedilatildeo entatildeo se sentiu mais

aliviada quanto agraves condiccedilotildees de sua menina

O choque inicial quando os pais recebem a notiacutecia de que seu filho apresenta

alguma alteraccedilatildeo no desenvolvimento eacute natural e para que o impacto de um

diagnoacutestico ou condiccedilatildeo desconhecida possa ser minimizado eacute fundamental que

eles tenham algum tipo de apoio e orientaccedilatildeo (MINETTO 2010 SCHMITERLOumlW e

FERNANDEZ 2004 PRADO 2005)

Tambeacutem haacute que se ter em destaque que a condiccedilatildeo diferenciada do

desenvolvimento e da sauacutede do filho pode gerar tambeacutem problemas no processo de

vinculaccedilatildeo dele com seus pais e isso podem leva-los a desenvolver uma tendecircncia

77

ao isolamento social que limita as experiecircncias do filho (MINETTO 2010 DE

LINARES 2003 GURALNICK 2000)

Desse modo foi possiacutevel verificar que para todas as matildees o que parece ter

sido fundamental no entendimento da condiccedilatildeo de seus filhos foram os apoios

recebidos nos primeiros meses de vida das crianccedilas em acordo com as informaccedilotildees

logo a seguir

A matildee M01 leva o filho em um centro de apoio especializado em autismo no

qual recebe apoio e orientaccedilatildeo de neurologista e de psicoacuteloga Segundo ela

eu me sinto preparada lidando com ele Antes eu ouvia falar mas eu natildeo sabia o que fazer Hoje eu sei o que fazer com ele eu sei como cuidar dele Ele estaacute sendo bem acompanhado Estou preparada para ajuda-lo

A matildee M02 leva o filho para fazer acompanhamento com meacutedico neurologista

desde o nascimento prematuro e sempre teve apoio e orientaccedilatildeo sobre como

proceder com a crianccedila

A matildee M03 disse que logo apoacutes o diagnoacutestico da filha encontrou uma pediatra

que a apoiou logo nos primeiros meses e que indicou um centro de referencia para

os outros atendimentos que eram necessaacuterios assim como tambeacutem indicou uma

associaccedilatildeo especializada em casos como o de sua crianccedila

A matildee M04 logo apoacutes a confirmaccedilatildeo do diagnoacutestico de Sindrome de Down

tambeacutem foi convidada a participar de um centro de referecircncia para essa siacutendrome

tendo conversado com as assistentes sociais o que segundo ela fez toda a

diferenccedila para um melhor entendimento da condiccedilatildeo da filha

No presente estudo as matildees sugerem que estatildeo construindo uma percepccedilatildeo

positiva de seus filhos e mostram-se interessadas pelo desenvolvimento das

crianccedilas poreacutem haacute estudos como o de Castro (2002) que indicam que matildees de

crianccedilas com doenccedilas crocircnicas aparentavam ser menos responsivas quando na

interaccedilatildeo com seus filhos e manifestando uma tendecircncia maior de ter

comportamentos e sentimentos ambivalentes

Para Schmiterloumlw e Fernandez (2004) cada famiacutelia que tem um filho com

alteraccedilotildees em seu desenvolvimento apresenta um modo proacuteprio de lidar com as

condiccedilotildees de sua crianccedila assim como desenvolve necessidades especiacuteficas

portanto atendimentos que visem dar apoio e orientaccedilatildeo familiar natildeo devem ser

homogecircneos

78

Os trechos abaixo satildeo demonstrativos da satisfaccedilatildeo que as matildees

expressaram durante a entrevista ao falarem sobre suas crianccedilas

A matildee M01 diz que seu filho

eacute uma crianccedila feliz Apesar de ele natildeo falar ele tenta se comunicar da melhor forma que ele consegue para pedir as coisas Ele eacute muito feliz carinhoso gosta de carinho gosta de brincar

Para a matildee M02 o filho

eacute muito especial muito carinhoso bonzinho Ele eacute atento a tudo o que a gente conversa se interessa tem muita forccedila de vontade quer aprender as coisas tem muita vontade de andar

Jaacute para a matildee M03 a filha ldquoeacute muito inteligente Hoje de manhatilde eu falei pra

minha matildee como ela taacute linda Taacute espertardquo E para a matildee M04 a crianccedila ldquoeacute muito

esperta maravilha precisa ver Ela brinca se diverte aprende Nossa Ela eacute dezrdquo

Reconhecer as qualidades e potencialidades dos filhos demonstrando

satisfaccedilatildeo nas relaccedilotildees parece ser algo que auxilia a essas matildees a interessarem-se

cada vez por suas crianccedilas o que possivelmente faz essas uacuteltimas sentirem-se

cada vez mais incentivadas em novas aprendizagens (BRAZELTON 1990)

Todas as matildees indicaram que buscam tratar seus filhos como crianccedilas

normais o relato de matildee M01 e de matildee M04 exemplificam bem a posiccedilatildeo delas

Eu sempre vi ele como uma crianccedila normal tanto que eu trato ele como trato as outras filhas Eu converso eu conto as mesmas coisas pra ele nunca quis proteger ele demais porque ele tem que ser independente tambeacutem (M01)

[] desde que eu soube que ela tinha siacutendrome de Down eu pus na minha cabeccedila que eu natildeo iria tratar ela como uma crianccedila deficiente ela natildeo era uma crianccedila deficiente ao menos que realmente fosse (M04)

Em acordo com as afirmaccedilotildees oferecidas por esse grupo de matildees eacute possiacutevel inferir

que ter uma deficiecircncia eacute a falta de algo (braccedilo perna etc) ou algo que natildeo se

modifica mas elas veem que suas crianccedilas podem modificar seu comportamento

logo natildeo satildeo deficientes

As participantes tambeacutem relatam como fazem para saber se o filho estaacute se

desenvolvendo bem e nesse sentido apenas uma matildee afirma ter sido realizada

79

avaliaccedilatildeo de desenvolvimento infantil pela pediatra da crianccedila as trecircs demais o

fazem em comparaccedilatildeo com outras crianccedilas conhecidas

Mas todas consideram que seus filhos estatildeo se desenvolvendo bem para a idade

natildeo apresentando muitas diferenccedilas em relaccedilatildeo a outras crianccedilas da mesma faixa

etaacuteria

Parte dessa avaliaccedilatildeo eacute produto do que observam das transformaccedilotildees oriundas da

participaccedilatildeo das crianccedilas na Educaccedilatildeo Infantil

As matildees informaram se seus filhos participaram de alguma outra instituiccedilatildeo antes de

ir para o CMEI como por exemplo alguma escola especial ou se ficava com a

babaacute

Apenas uma crianccedila frequentou outro atendimento antes de ir para o CMEI

Segundo a matildee a crianccedila frequentou duas escolas especiais A primeira escola tinha

um horaacuterio difiacutecil de levar pois a crianccedila tinha que acordar muito cedo o que

ocasionou a mudanccedila para uma segunda escola especial mais proacutexima da

residecircncia da famiacutelia Contudo nessa segunda instituiccedilatildeo a matildee percebeu que a

crianccedila natildeo estava evoluindo em seu desenvolvimento conforme o esperado O

relato do que foi observado por essa matildee segue indicado abaixo

Dai a fulana regrediu ela soacute queria dormir Entatildeo toda vez que ia pegar ela laacute ela tava sonolenta e molenga Como se tivesse tomado algum remeacutedio Natildeo tinha tomado natildeo tinha sido dopada mas eacute de ficar isolada

A mesma matildee descreve a sala em que sua crianccedila ficava no periacuteodo de

atendimento nessa escola especial ldquo[] a sala era totalmente escura [] fedia a

mofo era toda fechada sem ventilaccedilatildeo []rdquo

Nas informaccedilotildees sobre a participaccedilatildeo da crianccedila no CMEI elas informaram qual o

motivo de ter matriculado a crianccedila na instituiccedilatildeo haacute quanto tempo agrave crianccedila estaacute

participando deste atendimento qual o motivo de ter sido nessa instituiccedilatildeo turma

que a crianccedila frequenta e qual o periacuteodo que a crianccedila permanece diariamente no

CMEI

Apenas matildee M01 e matildee M02 matricularam seus filhos na Educaccedilatildeo Infantil por

indicaccedilatildeo meacutedica as demais o fizeram por outras razotildees

A matildee M02 aleacutem da sugestatildeo meacutedica tambeacutem afirmou que precisava voltar a

trabalhar e o CMEI seria um bom auxiliar nesse sentido

80

A matildee M03 buscou a Educaccedilatildeo Infantil por acreditar que seria bom para sua filha

especialmente porque ldquoela eacute filha uacutenica pra aprender as coisas baacutesicas que a gente

agraves vezes taacute trabalhando o dia todo e dai ela natildeo tem condiccedilotildees de aprenderrdquo

Apenas a matildee M04 decidiu apoacutes a crianccedila ter tido uma experiecircncia em escola

especial que foi considerada negativa pela famiacutelia conforme indicado anteriormente

As demais crianccedilas ficavam em casa aos cuidados de suas famiacutelias antes de

entrarem na Educaccedilatildeo Infantil

Trecircs das matildees escolheram o CMEI por ser proacuteximo da residecircncia da famiacutelia e

apenas uma fez a escolha por indicaccedilatildeo da meacutedica neurologista que atende o filho

Segundo essa matildee a profissional se referiu a instituiccedilatildeo por fazer parte de um

complexo educacional no qual existem vaacuterios casos de inclusatildeo A matildee M02

escolheu pela proximidade mas tambeacutem porque era a uacutenica que tinha berccedilaacuterio

Se em situaccedilotildees como a de deficiecircncia haacute uma espeacutecie de ldquoapagamentordquo do

saber materno em relaccedilatildeo a como criar seu filho e isso pode comprometer o

desenvolvimento da crianccedila e gerar uma sensaccedilatildeo de fragilidade e impotecircncia em

seus pais (ALVES 2007) entatildeo mais do que nunca accedilotildees interventivas que

considerem a famiacutelia tornam-se fundamentais Quanto a isso Mueller (2008) afirma

que eacute necessaacuterio que essas ultrapassem a ideia de orientaccedilatildeo mas passem a

promover efetivamente a accedilatildeo dos pais Essa pesquisadora tambeacutem indica que eacute

necessaacuterio averiguar o que de fato os pais entenderam e se apropriaram das

orientaccedilotildees pois esse eacute fator que parece comprometer a accedilatildeo dos pais com seus

filhos

422 As Professoras do Atendimento Educacional Especializado ndash AEE e a

inclusatildeo das crianccedilas pequenas que estatildeo nos Centros Municipais de

Educaccedilatildeo Infantil ndash CMEIs

As professoras informaram como eacute o trabalho do AEE quanto tempo faz que

estejam trabalhando como professoras do AEE qual a carga horaacuteria que elas

cumprem semanalmente quantos alunos atendem e quais as maiores

especificidades dos atendimentos

81

De modo geral em acordo com os relatos foi possiacutevel perceber que compete

ao professor do AEE a) atender ao alunado foco Educaccedilatildeo Especial que estaacute em

inclusatildeo no ensino regular complementando a aprendizagem b) dar apoio e

orientaccedilotildees sobre o processo de inclusatildeo tanto para a famiacutelia do aluno quanto ao

seu professor no ensino regular c) buscar recursos que visem melhorar o processo

de inclusatildeo desse alunado junto a outros profissionais especialistas e na

comunidade (estabelecer redes de apoios quando necessaacuterio) O que parece estar

em conformidade com o Decreto nordm 761111 e que dispotildee sobre a Educaccedilatildeo

Especial e o Atendimento Educacional Especializado

Segundo a professora P01 a maior especificidade do Atendimento

Educacional Especializado eacute

natildeo ficar no conteuacutedo eacute atingir o desenvolvimento da crianccedila no que ela precisa e para isso precisa ir atraacutes de especialistas trabalhar todo o ambiente tanto de famiacutelia quanto da escola que ela estaacute inserida

A professora P02 afirma que o ldquoAEE trabalha cada especialidade que ela [a

crianccedila] precisa seja visual a fala o que a crianccedila precisardquo

Jaacute P03 relata que o

trabalho no AEE gira em torno entatildeo na escola realiza trabalho aqui na sala tem o apoio a professora do regular e apoio com a famiacutelia No apoio a famiacutelia chama a matildee faz toda aquela triagem preenche todos os relatoacuterios neacute Na escola regular a gente vai ateacute a escola regular conversa com a professora vecirc a dificuldade que a crianccedila tem pra que a gente possa ajuda neacute o que a professora precisa se eacute adaptaccedilatildeo de algum material para que a gente possa taacute nesse sentido

O grupo tambeacutem informou o tempo em que atua no AEE para o Ensino

Fundamental e no AEE para a Educaccedilatildeo Infantil

E desse modo antes de trazer os dados das entrevistadas eacute importante

relatar que Atendimento Educacional Especializado teve seu iniacutecio nesse municiacutepio

como apoio do Ensino Fundamental no ano de 2009 sendo que o atendimento para

a Educaccedilatildeo Infantil soacute comeccedilou em 2011 Logo eacute relevante que se considere a

precocidade do Atendimento Educacional Especializado nessa regiatildeo

82

As professoras atendem atualmente tanto o alunado do Ensino

Fundamental quanto da Educaccedilatildeo Infantil A professora P02 afirma atender a trecircs

anos no AEE e o faz em outra modalidade - especiacutefico para a Estimulaccedilatildeo Visual - e

sempre trabalhou soacute com crianccedilas de pouca idade (Quadro 11)

Quadro 11 - Distribuiccedilatildeo das Professoras do Atendimento Educacional Especializado conforme seu tempo de atuaccedilatildeo como AEE no Ensino Fundamental e na Educaccedilatildeo Infantil

Conforme o quadro acima eacute possiacutevel verificar que o tempo de atuaccedilatildeo

dessas professoras no Atendimento Educacional Especializado estaacute entre 01 e 03

anos O que condiz com o periacuteodo em que este serviccedilo foi implantado na rede de

educaccedilatildeo do municiacutepio em que ocorreu esta pesquisa

Quanto agrave carga horaacuteria que elas cumprem semanalmente e quantos alunos

atendem seguem no quadro 12

Quadro 12- Distribuiccedilatildeo das Professoras do Atendimento Educacional Especializado conforme seu tempo de atuaccedilatildeo como AEE no Ensino Fundamental e na Educaccedilatildeo Infantil

Participantes Carga horaacuteria

semanal

Nordm de Alunos Ensino

Fundamental

Nordm de Alunos Educaccedilatildeo

Infantil

Total de alunos

Faixa etaacuteria atendida

atualmente

P01 20h 01 01 02 03 a 11 anos

P02 20h 05 03 08 02 a 09 anos

P03 40h 13 01 14 02 a 15 anos

P04 40h 17 03 20 02 a 16 anos

Participantes Tempo no AEE ndash E Fundamental Tempo no AEE- Ed Infantil

P01 01 ano 01 ano

P02 03 anos 02 anos

P03 02 anos 01 ano

P04 02 anos 02 anos

83

Haacute nos grupos dos alunos atendidos por essas professoras do AEE uma

grande heterogeneidade de caracteriacutesticas e condiccedilotildees de desenvolvimento e

aprendizado Elas atendem alunos tanto do Ensino Fundamental quanto da

Educaccedilatildeo Infantil e que apresentam Autismo Siacutendrome de Asperger Paralisia

Cerebral Siacutendrome de Moebius Siacutendrome de Down Deficiecircncia Intelectual entre

outros

Quanto as maiores diferenccedilas entre o Atendimento Educacional Especializado

ndash AEE para o Ensino Fundamental e o AEE direcionado para a Educaccedilatildeo Infantil

elas indicaram (Quadro 13)

Quadro 13 ndash Distribuiccedilatildeo das maiores especificidades do Atendimento Educacional Especializado para a Educaccedilatildeo Infantil e para o Ensino Fundamental

Para a P02 as maiores diferenccedilas satildeo os materiais e o tipo de brinquedos

que satildeo usados P03 afirmou que o atendimento do AEE para a Educaccedilatildeo Infantil

se baseia em atividades de estimulaccedilatildeo essencial e que estaacute

buscando muito na internet em ver que tipo de atividade pode ajudar ele em relaccedilatildeo a material para que me ajude porque na Educaccedilatildeo Infantil eu natildeo tenho experiecircncia porque a gente a gente como professora de Ensino Fundamental a gente pensa logo no pedagoacutegico no ensinar

Participantes

Educaccedilatildeo Infantil

Ensino Fundamental

P01

Atividades voltadas ao corpo para o

desenvolvimento para a socializaccedilatildeo para o

brincar e para a fantasia

Atividades escolares mais complexas

P02 Natildeo usa laacutepis trabalha mais com o estiacutemulo

Usa mais materiais usa alguns materiais escolares

P03 Estimulaccedilatildeo Essencial Trabalha as dificuldades do aluno por meio

de jogos usa bastante o computador tambeacutem precisa adaptar material

P04

Estimulaccedilatildeo encaixes circuitos para

engatinhar jogos de imitaccedilatildeo

Aacuterea de alfabetizaccedilatildeo atividades psicomotoras e orientaccedilotildees atividades para

aprimorar o comportamento dos alunos

84

Elas caracterizaram o trabalho com a crianccedila foco da pesquisa para isso

informaram haacute quanto tempo atendiam a crianccedila foco da pesquisa no Atendimento

Educacional Especializado e como era o atendimento a esse aluno (Quadro 14)

Quadro 14 ndash Distribuiccedilatildeo das Professoras do Atendimento Educacional Especializado conforme tempo em que atendem a crianccedila pequena foco da pesquisa frequecircncia e duraccedilatildeo do atendimento ao aluno

Em termos de frequecircncia semanal ao serviccedilo de AEE percebe-se que este se

organiza em curtos momentos o que sugere duas questotildees ao menos A primeira eacute

a da necessidade de que haja um planejamento bem definido em relaccedilatildeo agraves

condiccedilotildees de cada crianccedila de modo que se aproveite ao maacuteximo esse curto espaccedilo

de tempo de atendimento E a segunda questatildeo eacute em relaccedilatildeo agrave relevacircncia que

estar na Educaccedilatildeo Infantil passa a ter para o desenvolvimento global dessas

crianccedilas pois entre os trecircs contextos relacionados no presente estudo (familiar AEE

e CMEI) eacute no CMEI que elas passam a maior parte de seu tempo

De modo geral as professoras indicam que buscam constantemente adequar

as atividades agraves necessidades individuais do alunado para tal procuram estruturar

seu planejamento em jogos e brincadeiras O caraacuteter luacutedico das atividades tambeacutem

se torna um elemento para diferenciar o AEE das aulas de reforccedilo e das aulas

regulares

Todas as professoras fazem planejamentos semanais e afirmam procurar

avaliar o desempenho da crianccedila dia a dia por meio do que foi alcanccedilado ou natildeo e

frente aos objetivos estabelecidos individualmente

Diante do aspecto novo e diferenciado que o AEE para a Educaccedilatildeo Infantil

apresenta para essas professoras foi questionado o que elas pensaram quando

souberam que iriam atender essas crianccedilas pequenas E apoacutes o periacuteodo de

Participante Tempo em que atende a crianccedila pequena foco da

pesquisa

Frequecircncia e Duraccedilatildeo do Atendimento

P01 8 meses 1x semana 2 horas

P02 7 meses 2x semana 1 hora

P03 4 meses 1 x semana 1 hora

P04 4 semanas 1 x semana 1 hora

85

atendimento e relaccedilatildeo com essas crianccedilas como se sentem ao atendecirc-las (Quadro

15)

Quadro 15 ndash Distribuiccedilatildeo das Professoras conforme suas concepccedilotildees antes de atender a crianccedila e apoacutes o periacuteodo em que atende o aluno que estaacute em inclusatildeo

Trecircs das professoras demostraram ter sentido grande preocupaccedilatildeo com o

fato de ter que atender uma crianccedila pequena

Uma delas afirmou que se sentiu feliz pois jaacute estava acostumada a atender

crianccedilas pequenas e viu no novo aluno uma oportunidade de aprender mais

Todas as professoras relataram que ao serem informadas sobre as crianccedilas

pequenas que iriam atender buscaram informaccedilotildees pertinentes agrave condiccedilatildeo da

crianccedila e sobre ideias para as atividades

A participante P03 justifica sua primeira impressatildeo

Ai com bastante medo sinceramente com bastante medo Eu natildeo tinha tido experiecircncia com crianccedila pequena ainda mais com berccedilaacuterio Minha experiecircncia toda era no Ensino Fundamental com crianccedilas maiores e que praticamente natildeo possuiacuteam dificuldade neacute

Outra professora indica o mesmo tipo de preocupaccedilatildeo ldquoAi eu fiquei

desesperada O que eu vou trabalhar Eu soacute tenho a praacutetica do Fundamentalrdquo (P04)

Apoacutes conhecer e atender a crianccedila a opiniatildeo das professoras modificou-se

Os relatos das professoras indicam que estatildeo se sentindo mais seguras muito

embora sua funccedilatildeo no AEE da Educaccedilatildeo Infantil ainda esteja sendo delineada e

restem duacutevidas e anseios

Participante Antes de atender a crianccedila Atualmente

P01 Afirma que natildeo sabia como ia

trabalhar Sente-se orgulhosa do trabalho e da

evoluccedilatildeo do aluno

P02 Sentiu-se feliz porque percebeu

que era um desafio

Sente-se feliz e diz que eacute gratificante perceber o trabalho realizado e a evoluccedilatildeo

do aluno

P03 Sentiu medo Sente-se mais segura

P04 Ficou desesperada Sente-se mais tranquila

86

O relato da professora P04 eacute muito interessante e faz lembrar que elas estatildeo

tambeacutem construindo sua identidade como professora do Atendimento Educacional

Especializado voltado para a Educaccedilatildeo Infantil o que traz questotildees e anseios muito

proacuteprios

agora estou mais tranquila porque assim ateacute entatildeo eu via assim meu Deus Eu tocirc perdendo a funccedilatildeo de professora Estou perdendo a funccedilatildeo de professora porque no AEE a gente trabalha com as habilidades natildeo eacute muito aquilo do conteuacutedo propriamente escrito ali Daiacute eu pensei tocirc perdendo minha funccedilatildeo de professora natildeo tocirc tendo minha funccedilatildeo de professora agora porque eu tenho que brincar com essa crianccedila tenho que ensinar a engatinhar tenho que estimular ela (P04)

Apoacutes perceber qual seria o seu trabalho com a crianccedila pequena sua visatildeo

modificou-se

agora natildeo agora eu tocirc mais tranquila natildeo me preocupo muito com as outras pessoas vai falar Que a minha preocupaccedilatildeo tambeacutem era assim poxa minha amiga vai falar essa professora natildeo taacute trabalhando ela taacute brincando Entatildeo eu tinha uma visatildeo assim do que os outros iam pensar do meu trabalho Hoje em dia natildeo Se entra uma pessoa assim e eu tocirc brincando ali com a crianccedila eu continuo fazendo o que tocirc fazendo Antes ateacute que eu meio que dava uma disfarccedilada (P04)

Devido agrave forma de trabalhar outra professora traacutes um relato que

complementa esse uacuteltimo

acho que o professor do AEE para Educaccedilatildeo Infantil tem que ter muita dedicaccedilatildeo mas agraves vezes a gente escuta que o professor do AEE natildeo faz nada neacute Porque cada aluno tem um horaacuterio temos muitos horaacuterios livres mas tem que ter muita dedicaccedilatildeo tem que ter empenho tem que buscar o conhecimento (P03)

Tambeacutem foi solicitado que as profissionais indicassem como fazem para

saber se a crianccedila em inclusatildeo estaacute se desenvolvendo bem E em resposta todas

as professoras relatam que buscam perceber o desenvolvimento dos alunos por

meio da comparaccedilatildeo do desempenho da crianccedila desde o momento em que iniciou

seu atendimento no AEE ateacute o presente

Usam como referecircncias as conversas com as matildees das crianccedilas com as

educadoras e seus proacuteprios apontamentos e agraves vezes orientaccedilotildees dos

especialistas que atendem as crianccedilas Tais referecircncias natildeo satildeo diferentes das

tambeacutem evidenciadas e utilizadas por educadoras de CMEIS (SOUZA 2008)

Contudo pensa-se que pelas especificidades do trabalho das professoras do

Atendimento Educacional Especializado urge que estas profissionais tenham

87

maiores recursos para avaliar acompanhar e promover o desenvolvimento de

crianccedilas com necessidades especiais

Sobre a falta de um paracircmetro para avaliar o desenvolvimento infantil a

professora P01 informa

agora diante de todo esse aprendizado a gente - todos do AEE ndash vai se juntar e vai montar dentro do Desenvolvimento Infantil o que eacute conveniente para aquela idade e o que natildeo eacute A gente natildeo tem esse paracircmetro anda porque tudo para noacutes estaacute sendo esse ano um experimento

A falta de paracircmetros para avaliar e acompanhar o desenvolvimento na

primeira infacircncia parece natildeo ser exclusividade das professoras e educadoras da

presente pesquisa conforme jaacute relatado por Souza (2008) Soejima (2008) e

Bolsanello e Soejima (2012) Contudo ao se considerar que o Atendimento

Educacional Especializado pode ser aproveitado como parte de um processo ou

programa de intervenccedilatildeo precoce para as crianccedilas que tecircm deficiecircncias entatildeo seria

indispensaacutevel que se estabelecesse meios de avaliar acompanhar e intervir no

desenvolvimento infantil conforme jaacute evidenciado por autores como Juan ndash Vera e

Peacuterez-Lopez (2009) e Moragas (2009)

Ao serem convidadas a comentar como se daacute o trabalho com essas crianccedilas

pequenas elas tambeacutem indicaram ter uma percepccedilatildeo positiva das crianccedilas que

atendem salientando em seus relatos avanccedilos e qualidades dos seus alunos

A professora P01 conta que atende uma crianccedila com autismo e pela

especificidade precisou fazer um curso para se orientar em como trabalhar Apoacutes

esse curso afirma que sua visatildeo do que a crianccedila precisava para aprender se

modificou e que conseguiu alcanccedilar mais ecircxito em seus objetivos Ela tambeacutem conta

que apoacutes a formaccedilatildeo conseguiu auxiliar mais as educadoras que atende a crianccedila

no CMEI Seu trabalho com esse aluno eacute mais voltado para a adequaccedilatildeo

comportamental pois segundo ela o mesmo passava muito tempo dormindo na

creche ainda usando fraldas chupeta praticamente natildeo fazendo atividades

dirigidas Essa professora tambeacutem construiu rotinas para a crianccedila ficar mais

orientada no que se esperava dela assim como introduziu vaacuterias atividades

pedagoacutegicas todas baseadas na proposta curricular do municiacutepio

Jaacute a professora P02 trabalha apenas com reeducaccedilatildeo e estimulaccedilatildeo visual

Segundo ela trabalha em sala escura com luzes coloridas pareamento de figuras

88

com pranchas objetos coloridos objetos musicais sempre focando nos aspectos

psicomotores

No relatado da professora P03 evidencia-se que esta fez pouco contato com a

crianccedila pois ele estava afastado por questotildees de sauacutede Mas que seu atendimento

nesse momento de desenvolvimento do aluno eacute mais voltado para a estimulaccedilatildeo

essencial

Segundo a professora P04 seu trabalho se baseia em atividades de

estimulaccedilatildeo essencial Quando questionada sobre onde ela busca embasamento

para trabalhar com estimulaccedilatildeo essencial essa professora afirmou que aleacutem de

algumas orientaccedilotildees da equipe da Educaccedilatildeo Especial fez bastante pesquisa na

internet Contudo tambeacutem demonstrou em seu relato natildeo saber muito bem como eacute

um atendimento de estimulaccedilatildeo essencial

natildeo natildeo eu natildeo tive (formaccedilatildeo sobre estimulaccedilatildeo essencial) Eu natildeo tive preparaccedilatildeo alguma para atender assim com a Educaccedilatildeo Infantil por isso que eu fiquei desesperada A gente faz curso vai se preparando mas com crianccedilas pequenas natildeo Dai eu acho que eu faccedilo estimulaccedilatildeo mas natildeo sei dizer bem certo se eacute assim Porque quando eu recebi ela (crianccedila) era pra trabalhar com ela estimulaccedilatildeo dai eu fui pesquisar peguei alguns negoacutecios nas informaccedilotildees que eu peguei na internet eacute estimulaccedilatildeo precoce Eacute o que eu sei (P04)

Conforme os relatos sobre os atendimentos percebeu-se que todas as

crianccedilas satildeo trabalhadas individualmente tendo um plano de trabalho elaborado

especificamente e de acordo com as caracteriacutesticas pessoais e cada uma

As crianccedilas que fazem parte do grupo desse estudo precisam deslocar-se do

CMEI de origem ateacute a escola em que estaacute locada a Sala de Recursos Multifuncional

(espaccedilo em que ocorre o Atendimento Educacional Especializado) De modo geral

as Salas de Recursos Multifuncionais podem ser alocadas tanto em CMEIs quanto

em Escolas Regulares No caso dessa pesquisa todas as crianccedilas frequentam

Salas que estatildeo lotadas fora de seus CMEIs

Em conformidade com informaccedilotildees jaacute fornecidas tambeacutem faz parte das

atribuiccedilotildees dessas professoras o contato com os responsaacuteveis pela crianccedila com as

educadoras que a atendem nos CMEIs e especialistas Pelos relatos entende-se

que costumeiramente todas as professoras fazem contato com as matildees e com as

educadoras da crianccedila para estabelecer as questotildees mais pertinentes no momento

apoacutes essas conversas iniciais os demais encontros satildeo realizados conforme

89

necessidade O contato com os demais especialistas que atendem a crianccedila

tambeacutem eacute estabelecido de acordo com as condiccedilotildees do aluno

423 As educadoras e as crianccedilas pequenas que estatildeo em inclusatildeo

As Educadoras entrevistadas informaram em qual turma trabalham a faixa

etaacuteria que atendem e a quantidade de alunos matriculados por turma

O quadro abaixo (Quadro 16) ilustra a distribuiccedilatildeo das Educadoras conforme

as turmas que atendem atualmente a faixa etaacuteria da turma em que trabalham e

quantidade de alunos matriculados

Quadro 16 ndash Distribuiccedilatildeo das Educadoras conforme turmas que atendem faixa etaacuteria da turma e quantidade de alunos por turma

Todas as Educadoras dividem o atendimento da turma com outras

profissionais sendo que segundo elas todas que atendem numa mesma turma tecircm

as mesmas atribuiccedilotildees e responsabilidades em relaccedilatildeo agraves crianccedilas Logo percebe-

se que a distribuiccedilatildeo das educadoras eacute

Participante Turma que

atende Faixa etaacuteria da

turma

Quantidade de

alunos por turma

E01 M1 1a e 8m a 2 anos 24

E02 M1 1a e 8m a 2 anos 24

E03 M1 1a e 8m a 2 anos 24

E04 B2 8meses a 1a e 8m 19

E05 M1 1a e 8m a 2 anos 24

E06 M2 2 a 3 anos 24

E07 M2 2 a 3 anos 24

E08 B2 8meses a 1a e 8m 19

E09 B2 8meses a 1a e 8m 19

90

- Turma de Berccedilaacuterio = 03 Educadoras por turma

- Turma de Maternal = 02 Educadoras por turma

Durante as entrevistas observou-se que natildeo eacute rara a consideraccedilatildeo de que

nas turmas em grande numero de alunos podem ocorrer limitaccedilotildees no processo de

inclusatildeo de crianccedilas pequenas com necessidades especiais

A relaccedilatildeo quantidade de crianccedilas em turma por educadora tambeacutem eacute algo a

ser considerado quando se pensa em proporcionar um serviccedilo com qualidade e com

vistas agrave promoccedilatildeo do desenvolvimento e melhor desempenho da educadora

(LORDELO et al 2007) Brazelton (2002) ao fazer referecircncia agrave relaccedilatildeo quantidade

de crianccedilas por educadora afirma que esta deveria ser a seguinte 03 a 04 crianccedilas

para cada educadora quando estiverem atendendo bebecircs de 04 crianccedilas por

educadora quando os pequenos estiverem aprendendo a andar e entre 06 a 08

crianccedilas (quando forem maiores de 03 anos) por educadora

Todas relataram que possuem horaacuterio semanal para planejamento das

atividades da turma Cada grupo de Educadora tem sua forma de organizar o

planejamento mas elas foram unacircnimes em dizer que natildeo fazem planejamento

diferenciado em decorrecircncia de terem uma crianccedila em inclusatildeo em suas turmas O

que ocorre eacute que no dia a dia cada Educadora tenta adaptar a praacutetica

anteriormente planejada Para tal levam em conta as condiccedilotildees da crianccedila no

momento da aplicaccedilatildeo da atividade

A Educadora E03 afirma que fez um curso sobre inclusatildeo e que nele foi

orientada que natildeo havia necessidade de estabelecer um planejamento com

objetivos especiacuteficos para a crianccedila foco da inclusatildeo Contudo ela diz que natildeo

saberia como mudar os objetivos

Jaacute a educadora E05 justifica que natildeo consegue fazer atividades diferenciadas

e que como se trabalha muito

com picote com colagem movimento danccedila a parte de equiliacutebrio e como ela (a crianccedila em inclusatildeo) natildeo fica em peacute entatildeo ela natildeo pode participar dessas () Entatildeo a gente tenta a gente coloca ela mas natildeo tem o resultado que a gente espera() a gente natildeo sabe como adaptar pra ela o planejamento Natildeo tem nada diferenciado pra ela

Diante desses dados pode-se inferir que o processo inclusivo da crianccedila

pequena no CMEI falha em se constituir como tal pois foge em vaacuterias instacircncias aos

91

princiacutepios baacutesicos do que se considera uma educaccedilatildeo ldquopara todosrdquo tal como

preconizado por autores como Alves (2008) Carvalho (2009) e Oliveira (2010) os

quais ilustram que promover as mesmas oportunidades para os alunos natildeo significa

que todos deveratildeo ser atendidos de forma homogecircnea Pensa-se nesse sentido

que a falta de um planejamento que seja coerente com as caracteriacutesticas das

crianccedilas que estatildeo em inclusatildeo coloca em risco a atenccedilatildeo agraves suas necessidades e

pode contribuir para que haja exclusatildeo e isolamento desse alunado

Todas as Educadoras relataram de forma geral como eacute sua rotina de

trabalho no CMEI demonstrando um cotidiano dividido entre atividades de

alimentaccedilatildeo higiene atividades com cunho pedagoacutegico e brincadeiras Mesmo natildeo

fazendo um plano de trabalho especiacutefico para as crianccedilas que estatildeo em inclusatildeo as

Educadoras afirmam que tentam na praacutetica diaacuteria aplicar algumas atividades e

brincadeiras diferenciadas em conformidade com o que percebem que eacute necessaacuterio

no momento da crianccedila mas nem sempre sabem o que eacute preciso para o aluno que

natildeo raro usam de seus ldquoinstintosrdquo

a gente faz e estaacute fazendo meio que trabalho instintivo a gente acha que eacute bom para ele (aluno) e a gente vai laacute e faz porque natildeo tem rumo ele taacute num mar e a gente tem que velejar para algum lugar (E08)

Tambeacutem ao falarem sobre a rotina de trabalho em vaacuterias situaccedilotildees ao longo

dos relatos as entrevistadas apontaram que esta eacute exaustiva e que eacute difiacutecil dar

atenccedilatildeo individualizada agrave crianccedila em inclusatildeo

entatildeo eacute bem corrido tem umas crianccedilas que natildeo se adaptaram ainda Entatildeo eacute difiacutecil duas soacute darem da inclusiva (crianccedila) mais dos natildeo adaptados mais das vinte (crianccedilas) (E05)

Seis das participantes ao falarem das crianccedilas que atendem destacam as

caracteriacutesticas positivas do aluno e seus avanccedilos Ainda ao relatarem as

especificidades demonstram saber pouco sobre as condiccedilotildees da populaccedilatildeo que

atendem e ressaltam que percebem esse alunado de inclusatildeo como ldquocrianccedilas

normaisrdquo ou ldquopouco diferentesrdquo dos demais educandos

ela eacute muito alegre muito alegre ela eacute uma crianccedila muito esperta muito atenta muito atenta mesmo[] Ela eacute normal normal natildeo eacute a palavra mas ela acompanha ela tem os mesmos interesses que as crianccedilas da mesma idade (E01)

92

Da mesma forma a Educadora E02 diz natildeo saber exatamente ldquoo grau da

siacutendrome delardquo Faz afirmaccedilotildees positivas sobre a crianccedila e afirma que natildeo haacute

diferenccedilas entre essa crianccedila e as demais da turma

a gente percebe que natildeo eacute uma siacutendrome muito grave entatildeo a gente trata ela normalmente

Trecircs das Educadoras fazem destaque para as dificuldades das crianccedilas que

atendem afirmando que tiveram evoluccedilatildeo na aprendizagem mas que haacute muitos

empecilhos no atendimento a esses alunos

A Educadora E04 ressalta as dificuldades da crianccedila e de tecirc-la em sala de

aula

ele entrou em sala e natildeo foi colocado uma professora para dar atenccedilatildeo especial para ele agraves vezes a gente natildeo consegue dar atenccedilatildeo especial para ele Ele eacute tratado como os demais

Tambeacutem a Educadora E08 descreve as dificuldades da crianccedila e afirma que

se sentiu como uma ldquomatildee de primeira viagemrdquo quando o segurou no colo pela

primeira vez Segundo ela ldquonatildeo tem muito o que fazer com elerdquo

Em face agraves informaccedilotildees dessas participantes lembra-se que Drago (2011)

ao falar em relaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo infantil considera que apesar de tantos avanccedilos

ainda eacute possiacutevel encontrar muitos entraves que a caracterizam como uma educaccedilatildeo

um tanto quanto vazia de sentido como se ainda permanecesse a ideia de

educaccedilatildeo compensatoacuteria e junto a isso se percebe que o processo de inclusatildeo

ainda eacute bastante mal compreendido nessa faixa etaacuteria Diante disso como fazer uma

turma que tem alunos em inclusatildeo tornar-se verdadeiramente inclusiva Em

resposta acredita-se necessaacuterio o que Zorteacutea (2007) afirma e leva a pensar que

viabilizar a inclusatildeo pressupotildee um espaccedilo escolar que repense seus modos e meios

de existir de forma permanente

Ainda foi perguntado agraves Educadoras haacute quanto tempo atendiam a crianccedila

que estaacute em inclusatildeo (Quadro 17)

93

Quadro 17 ndash Distribuiccedilatildeo das Educadoras conforme o tempo em que

atendem a crianccedila que estaacute em inclusatildeo

Dado o tempo em que elas as atendiam foi tambeacutem solicitado que

comentassem o que pensaram quando souberam que iriam atender uma crianccedila de

inclusatildeo e o que sentem depois de tecirc-las conhecido e atendido (Quadro 18)

Quadro 18 - Distribuiccedilatildeo das Educadoras conforme suas concepccedilotildees antes de atender a crianccedila e apoacutes o periacuteodo em que atende o aluno que estaacute em inclusatildeo

Participante

Antes de atender a crianccedila Atualmente

E01 Sentiu-se bem por jaacute conhecer o caso

Sente-se bem

E02 Sentiu-se assustada Sente-se mais tranquila

E03 Sentiu-se feliz porque percebeu que era um desafio

Sente-se ainda insegura

E04 Sentiu-se assustada Sente-se contente com a evoluccedilatildeo da crianccedila

E05 Sentiu-se apavorada Sente-se triste

E06 Sentiu-se apreensiva Sente-se gratificada com a evoluccedilatildeo da crianccedila

E07 Sentiu medo Sente-se medo e inseguranccedila

E08 Sentiu-se apavorada Sente-se mais segura

E09 Sentiu-se assustada Sente-se mais tranquila mas ainda tem medo de atender a crianccedila quando estaacute sozinha

Participantes A quanto tempo

atende essa crianccedila

E01 1 mecircs

E02 4 meses

E03 9 meses

E04 9 meses

E05 3 meses

E06 9 meses

E07 9 meses

E08 9 meses

E09 6 meses

94

A grande maioria das participantes relatou que natildeo se sentiu muito

confortaacutevel quando soube que iria atender uma crianccedila de inclusatildeo em sua turma

Sentiram-se com medo assustadas e apavoradas Foram os sentimentos mais

considerados por elas A seguir apresentam-se alguns exemplos de relatos

A Educadora E02 afirma ter ficado assustada e pensou

fiquei assim o que a gente vai fazer neacute Com todo mundo como que a gente vai desempenhar o trabalho Pedagoacutegico o que a gente vai fazer Dai depois a gente foi vendo tentando adaptar mas pelo grau de deficiecircncia dela assim que era tatildeo gritante ela se desenvolveu muito bem neacute

Outra Educadora que tambeacutem afirmou ter ficado assustada justifica esse

sentimento pelo fato de ter muitas crianccedilas na turma e por natildeo ter espaccedilo para

trabalhar com a crianccedila especial Ainda afirma

ele precisa de amparo de atenccedilatildeo especiacutefica para o desenvolvimento dele Se eu dou atenccedilatildeo pra ele eu tenho que virar as costas para outros dezoito alunos (E04)

Vale destacar a percepccedilatildeo da Educadora E06 que disse ter ficado

apreensiva porque outras Educadoras falaram que crianccedilas com autismo satildeo

agressivas e violentas

Apenas duas Educadoras afirmaram que sentiram bem uma porque jaacute

conhecia o caso e a outra porque percebeu que poderia ter uma grande

oportunidade de aprendizado

Dentre o modo como se sentem atualmente quatro Educadoras ainda se

manifestaram de alguma forma desconfortaacuteveis com o que vem acontecendo no

atendimento e por conta disso revelam sentir medo inseguranccedila tristeza As

demais afirmaram que modificaram seu pensamento em relaccedilatildeo agrave crianccedila foco da

pesquisa

Merece destaque especialmente a fala das Educadoras E01 E03 e E05 que

afirmam respectivamente que se sente bem em atender a crianccedila mas se percebe

um pouco desamparada e limitada em relaccedilatildeo a atender as necessidades dela diz

sentir falta de ajuda e acredita que poderia ter feito muito mais pela aluna diz que

se sente triste porque natildeo consegue fazer com que a crianccedila evolua da forma

correta

95

Acredita-se que tais sentimentos poderiam ser minimizados diante de um

trabalho efetivamente feito em conjunto com os serviccedilos do Atendimento

Educacional Especializado o qual poderia servir entre outras coisas a construccedilatildeo

de estrateacutegias que sirvam de suporte para todos os envolvidos no processo inclusivo

- crianccedilas famiacutelias educadoras professoras comunidade entre outros

(BENINCASA 2011)

Entendendo que o processo de inclusatildeo tambeacutem serve agrave promoccedilatildeo do

desenvolvimento infantil foi questionado como elas faziam para saber se essa

crianccedila estava se desenvolvendo

E nesse sentido as Educadoras trouxeram em seus relatos diferentes modos

pelos quais acompanham e avaliam o desenvolvimento das crianccedilas foco do

processo inclusivo entre os quais se destacam a comparaccedilatildeo com as demais

crianccedilas da turma (E01 e E02) em acordo com a execuccedilatildeo das atividades propostas

para a turma (E03 e E04) conforme alteraccedilotildees no comportamento ocorridas durante

o periacuteodo em que o aluno estaacute em inclusatildeo (E05 E06 e E09) e por fim seguindo

ldquoinstinto maternordquo (E04)

Merece destaque as consideraccedilotildees da Educadora E04 ao dizer que por ser

matildee percebe como seu aluno em inclusatildeo se desenvolve Ela diz que as

educadoras que natildeo satildeo matildees provavelmente natildeo percebam o desenvolvimento do

aluno como ela percebe Consideremos a afirmaccedilatildeo da Educadora E05 por

exemplo que avalia o desenvolvimento por meio da visualizaccedilatildeo das alteraccedilotildees de

comportamento que a crianccedila manifesta antes era ldquotiacutemidardquo e agora eacute ldquoagressivardquo

Mas salienta ldquoa gente natildeo tem conhecimento se 2 anos que eacute o caso dela se taacute

desenvolvido ou natildeo se taacute bem ou natildeo taacuterdquo

As Educadoras satildeo unacircnimes em falar que aplicam as mesmas atividades

para toda a turma com rariacutessimos momentos em que conseguem adequar

totalmente uma atividade exclusivamente para a crianccedila que estaacute em inclusatildeo Elas

chamam atenccedilatildeo para o fato de que esses alunos seguem a rotina da turma sem

grandes problemas e que a relaccedilatildeo com o restante da turma eacute o ponto forte da

estimulaccedilatildeo da aprendizagem desse alunado que apresenta dificuldades

Se por um lado elas se sentem bem com o fato de a crianccedila acompanhar

grande parte das atividades da turma por outro haacute relatos em que se mostram

incomodadas por natildeo poderem dar a atenccedilatildeo necessaacuteria para a individualidade dos

alunos em inclusatildeo

96

A Educadora E03 afirma que a crianccedila que estaacute em inclusatildeo entra na

atividade como as outras pois natildeo apresenta muita dificuldade em acompanhar os

demais Inclusive a Educadora sugere que a aluna aprende muito com o estiacutemulo

originado espontaneamente nas relaccedilotildees com o restante da turma e comenta

eacute na convivecircncia com as outras crianccedilas que eu tocirc vendo que ela evolui bem mais do que se eu intervir em alguma coisa

Jaacute a Educadora E08 fala que elas estatildeo bem felizes com o desenvolvimento

do aluno e que fazem um trabalho ldquomeio instintivordquo imaginam o que pode ser bom

para a crianccedila e aplicam porque segundo ela ldquonatildeo tem rumo ele estaacute num mar e a

gente tem que velejar para algum lugarrdquo E de um modo geral as atividades satildeo as

mesmas para todas as crianccedilas Ela afirma tambeacutem que percebe que o maior

estiacutemulo para o aluno que atende natildeo estaacute vindo das atividades diretamente mas

das outras crianccedilas Ela conta que

eles chamam ele pra brincar pegam o brinquedinho eles pegam o brinquedinho e levam pra ele brincar() Eles ajudam muito tanto que a parte do balbuciar (que o aluno aprendeu) eacute porque eles estatildeo falando muito eles vatildeo falam com ele e ele fala tambeacutem ele responde

43 Seccedilatildeo 03 Processo Inclusivo na Educaccedilatildeo Infantil

Esta parte do estudo tem como base o conjunto de informaccedilotildees relatadas

pelas participantes e que versam sobre a) o significado da inclusatildeo b) o motivo da

inclusatildeo c) a opiniatildeo dos participantes a respeito da inclusatildeo d) como deveriam ser

as Educadoras e os Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil - CMEIs para atender

bem ao processo inclusivo e) como a famiacutelia pode ajudar no processo de inclusatildeo

f) como a professora do Atendimento Educacional Especializado - AEE pode

contribuir para a inclusatildeo g) referecircncias e apoios utilizados e indicados para que o

processo inclusivo ocorra com qualidade h) se os Centros Municipais de Educaccedilatildeo

Infantil - CMEIs e as Educadoras estatildeo preparados para o processo inclusivo i)

como se daacute a participaccedilatildeo das famiacutelias atualmente j) vantagens e desvantagens do

processo inclusivo no Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil - CMEI e k)

97

comentaacuterio e sugestotildees para melhorar o processo inclusivo nos Centros Municipais

de Educaccedilatildeo Infantil - CMEIs

Esses dados foram organizados em seis grandes eixos em conformidade com

os objetivos especiacuteficos da pesquisa a saber 431 Concepccedilotildees dos Participantes

sobre o Processo Inclusivo 432 Participaccedilatildeo no Processo Inclusivo 433

Avaliaccedilatildeo do Processo Inclusivo 434 Referecircncias e Apoios utilizados e indicados

para que o Processo Inclusivo ocorra com qualidade 435 Vantagens e

Desvantagens do Processo Inclusivo e 436 Sugestotildees e Comentaacuterios visando a

melhoria do Processo Inclusivo na Educaccedilatildeo Infantil

431 Concepccedilotildees dos Participantes sobre o Processo Inclusivo

Quando se questiona o que significa falar que a crianccedila estaacute em inclusatildeo eacute

possiacutevel perceber que o processo em si natildeo se mostra bem claro para as

participantes do estudo

As matildees datildeo ecircnfase no sentido de que estar em inclusatildeo eacute estar com

crianccedilas normais jaacute as professoras do Atendimento Educacional Especializado -

AEE e as educadoras demonstram menos homogeneidade nas respostas

Nas informaccedilotildees ofertadas pelas matildees foi possiacutevel evidenciar que o

significado de a crianccedila estar em inclusatildeo estaacute mais relacionado a

- Chance de estar com crianccedilas da mesma idade e de aprender coisas que natildeo

aprende em casa

- Estar com crianccedilas normais

- Refere-se agrave outra escolinha (ao Atendimento Educacional Especializado)

Nas respostas maternas que indicam que estar em inclusatildeo eacute estar com os

ldquonormaisrdquo elas demonstram que eacute o mesmo que estar com crianccedilas da mesma faixa

etaacuteria O que parece reduzir em muito a amplitude do que o fato pode representar

natildeo para as matildees e profissionais da educaccedilatildeo mas e principalmente para a

crianccedila que estaacute em inclusatildeo Longe de ter uma conotaccedilatildeo pejorativa os relatos

enfatizam que ldquoestar com os normaisrdquo eacute tambeacutem poder ter acesso a aprendizagens e

98

oportunidades de experiecircncias mais proacuteximas agraves adequadas e esperadas para a

faixa etaacuteria das crianccedilas Essa percepccedilatildeo materna parecer ter sido construiacuteda junto

aos proacuteprios motivos e objetivos pelos quais elas matricularam seus filhos nos

CMEIs estar com crianccedilas da mesma idade

A Matildee 03 salienta que ldquoa gente costuma falar que o CMEI deixou de ser

depoacutesito pra ser lugar de aprendizadordquo

Jaacute a Matildee 01 reforccedila a noccedilatildeo de que estar em inclusatildeo eacute ldquoestar com pessoas

normaisrdquo ao afirmar que um dos motivos da inclusatildeo de crianccedilas pequenas eacute que

elas precisam de estiacutemulos e que eacute necessaacuterio ldquobuscar esse estiacutemulo entre os

normaisrdquo

Como jaacute afirmado acima no relato das profissionais (Educadoras dos Centros

Municipais de Educaccedilatildeo Infantil e Professoras do Atendimento Educacional

Especializado) natildeo haacute homogeneidade na percepccedilatildeo do que significa estar em

inclusatildeo

Entre as Educadoras haacute uma tendecircncia de em semelhanccedila agraves matildees

afirmarem que estar em inclusatildeo eacute ldquoestar com normaisrdquo mas tambeacutem haacute aquelas

que dizem que eacute atender a crianccedila especial em sua particularidade e aquelas que

natildeo acreditam que o que estaacute ocorrendo seja inclusatildeo pelas condiccedilotildees precaacuterias

que percebem Logo o significado de afirmar que essa crianccedila estaacute em inclusatildeo

para o grupo das Educadoras eacute

- Estar com crianccedilas da mesma faixa etaacuteria

- Que o aluno eacute visto como uma crianccedila normal

- Estar com crianccedilas normais

- Tratar a crianccedila em sua particularidade

- Que o aluno natildeo seraacute tratado como diferente

- Significa responsabilidade

- Que a crianccedila estaacute ldquomisturadardquo com os demais

A maioria dos relatos evidencia certa tendecircncia em relacionar estar em inclusatildeo com

aspectos sociais e a natildeo diferenciaccedilatildeo do atendimento a esse alunado Os relatos

em destaque ilustram essas concepccedilotildees

99

Que ele estaacute inserido na sala que ele natildeo estaacute sendo tratado diferente que ele participa das atividades e faz parte do grupo apesar das dificuldades (E04)

Que ele estaacute dentro de uma sala com crianccedilas relativamente da mesma idade participando das atividades que todas as crianccedilas podem realizar se tornando membro de uma sociedade (E08)

Que ele estaacute incluso em um ambiente da faixa etaacuteria dele com outros tipos de crianccedila (E09)

Nos relatos das educadoras ainda eacute possiacutevel perceber que haacute contradiccedilotildees

no que elas pensam ser a inclusatildeo e o que elas vivenciam como inclusatildeo no dia a

dia de trabalho tal como para as educadoras E01 e E02

Para a educadora E01 estar em inclusatildeo significa dizer que a crianccedila estaacute

ldquomisturadardquo O que segundo ela

eacute essa a realidade que a gente vecirc entende Eacute um eacute misturar neacute[] Entatildeo hoje a gente recebe a crianccedila e sem saber o que fazer com ela Isso natildeo eacute inclusatildeo pra mim

Jaacute para a E02 estar em inclusatildeo significa ldquoresponsabilidaderdquo Essa educadora

se diz assustada com o tamanho da importacircncia de ter uma crianccedila em inclusatildeo na

Educaccedilatildeo Infantil e justifica dizendo

Porque eu penso seraacute que estou desempenhando um bom trabalho com ela Seraacute que isso taacute ajudando Seraacute que isso vai ser significativo no segundo semestre ou natildeo E ao mesmo tempo em que eu sinto por intuiccedilatildeo que sim de fato eu natildeo sei se a gente estaacute fazendo um bom trabalho com ela

No caso das Professoras do Atendimento Educacional Especializado as

respostas tambeacutem natildeo parecem ter uma concordacircncia entre si Nas respostas os

significados de afirmar que essa crianccedila estaacute em inclusatildeo foram

- Natildeo vecirc sentido de se falar que ela estaacute em inclusatildeo pois eacute uma crianccedila

normal como qualquer outra

- Eacute colocar a crianccedila no conviacutevio com os demais

- Significa que estaacute ocorrendo uma mudanccedila de paracircmetro

- Significa que a crianccedila estaacute tendo um atendimento diferente

100

A professora P01 enfatiza que estar em inclusatildeo no CMEI significa que o

aluno estaacute usufruindo de um direito que eacute de todas as crianccedilas Jaacute a P02 ressalta os

aspectos da possibilidade que a inclusatildeo tem de facilitar a socializaccedilatildeo da crianccedila

pequena P03 ao sugerir que a inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil eacute uma mudanccedila de

paracircmetro tambeacutem indica que estar no CMEI eacute um direito de todas as crianccedilas e

considera que quanto mais cedo for a ldquointervenccedilatildeordquo melhor para o futuro do aluno

penso que eacute uma evoluccedilatildeo muito grande na educaccedilatildeo Que eles tecircm o mesmo direito que qualquer outra crianccedila tem acho assim quanto mais cedo buscar ajuda buscar reabilitaccedilatildeo buscar superar as dificuldades melhor para a crianccedila para o seu desenvolvimento neacute

Eacute possiacutevel perceber que no conjunto das informaccedilotildees as contradiccedilotildees do que

significa estar em inclusatildeo satildeo grandes Desse modo diante dos dados oferecidos

pelas participantes haacute que se perceber que conforme jaacute assinalado por Carvalho

(2011) os termos utilizados nesse acircmbito aleacutem de reduzirem a condiccedilatildeo de sujeito

que ali participa tambeacutem podem induzir a geraccedilatildeo de preconceitos pois implicam

em praacuteticas e experiecircncias agraves quais natildeo eacute possiacutevel mensurar o impacto nas

particularidades das pessoas Tambeacutem Rodrigues (2006) chama a atenccedilatildeo para o

fato de que no momento em que alguns alunos e natildeo outros satildeo considerados e

apontados ndash e portanto fabricados ndash como sendo os diferentes jaacute inscrevemos

nesse processo em termos de separaccedilatildeo e uma diminuiccedilatildeo do outro processo que

eacute contraditoacuterio agravequilo que os textos das reformas anunciam e enunciam

Quanto agrave percepccedilatildeo das profissionais pode-se considerar que poderia ser

mais ampliada talvez ateacute mais homogecircnea caso houvesse mais discussotildees a

respeito do assunto entre o grupo Ter essa identidade nos significados poderia ser

um passo inicial para a construccedilatildeo do processo inclusivo na rede especialmente

mais voltado para as necessidades da crianccedila pequena e da proacutepria estrutura da

Educaccedilatildeo Infantil

Foi questionado qual seria a opiniatildeo delas diante da seguinte situaccedilatildeo se

algueacutem lhe perguntasse qual eacute o motivo de crianccedilas com deficiecircncia estarem

frequentando o CMEI o que vocecirc diria

As matildees indicam perceber que para a crianccedila estar no CMEI eacute uma oportunidade

de aprendizado diferente e mais amplo em relaccedilatildeo ao outros contextos aleacutem de ser

um direito Dentro das categorias evidenciadas nas falas das matildees apenas uma natildeo

101

soube o que falar as demais colocaram como motivo o de crianccedilas pequenas com

deficiecircncia poderem frequentar o CMEI

- Porque a crianccedila com deficiecircncia faz parte da sociedade

- Porque a crianccedila precisa de estiacutemulo

- Eacute um direito de todos

- Porque eacute um lugar de aprendizado

- O Centro Municipal de Educaccedilatildeo Infantil eacute para qualquer crianccedila

- Faz parte do processo educacional da crianccedila

A Matildee 03 salienta que ldquoa gente costuma falar que o CMEI deixou de ser

depoacutesito pra ser lugar de aprendizadordquo

Jaacute a Matildee 01 reforccedila a noccedilatildeo de que estar em inclusatildeo eacute ldquoestar com pessoas

normaisrdquo ao afirmar que um dos motivos da inclusatildeo de crianccedilas pequenas eacute que

elas precisam de estiacutemulos e que eacute necessaacuterio ldquobuscar esse estiacutemulo entre os

normaisrdquo

Alves (2007) tambeacutem percebeu que para os pais a instituiccedilatildeo de educaccedilatildeo

infantil era um ldquobom lugarrdquo para o seu filho se desenvolver com condiccedilotildees e ofertas

que as famiacutelias sentem natildeo poder oferecer aos filhos Os pais da pesquisa de Alves

(2007) indicavam sentirem-se desinformados e desqualificados frente aos

profissionais que satildeo especialistas

No caso das respostas das Educadoras a socializaccedilatildeo da crianccedila com deficiecircncia

tambeacutem eacute enfatizada como a parte positiva da inclusatildeo poreacutem indicam que haacute

muitas necessidades que esse processo traz e que devem ser repensadas e

revistas Essa tendecircncia de relacionar diretamente socializaccedilatildeo e inclusatildeo tambeacutem

foi verificada no estudo de Vitta Vitta e Monteiro (2010) Foram categorias

evidenciadas nas entrevistas destas participantes sobre o motivo de crianccedilas

pequenas com deficiecircncia poderem frequentar o CMEI

- Porque todas as crianccedilas precisam das mesmas oportunidades

- Que por tem direito de participar da Escola Regular

102

- Porque eacute importante a socializaccedilatildeo

- Ela diz que eacute algo obrigatoacuterio por lei

- Elas estatildeo no CMEI para ter conviacutevio social e para o seu desenvolvimento

- Eacute uma preparaccedilatildeo da crianccedila para o Ensino Fundamental

- Que o aluno eacute uma crianccedila normal independente das suas necessidades

- Que eacute importante o aluno ver outras crianccedilas

Apenas uma Educadora afirmou que natildeo saberia o que dizer caso fosse

questionada a esse respeito

Vale ressaltar que a Educadora E04 afirma que fica chateada de natildeo

conhecer mais para poder responder quando as outras Educadoras perguntam o

que essa crianccedila estaacute fazendo ali e se natildeo deveria estar numa Escola Especial Ela

afirma tambeacutem que a inclusatildeo soacute vai fazer diferenccedila para a crianccedila se a educadora

tiver conhecimento e um trabalho aplicado ao aluno

Novamente chama-se a atenccedilatildeo para o que Jesus (2008) reflete no que tange

a formaccedilatildeo docente para a inclusatildeo dizendo que o desafio maior que se apresenta

eacute tentar instituir outras praacuteticas de potencializaccedilatildeo dos saberes-fazeres de tal modo

que a presenccedila de alunos em situaccedilatildeo de desvantagem de qualquer natureza natildeo

seja paralisadora de accedilotildees docentes

Jaacute as professoras do Atendimento Educacional Especializado falam que aleacutem

da socializaccedilatildeo da crianccedila pequena tambeacutem a inclusatildeo contribui para que haja a

superaccedilatildeo de suas dificuldades e serve agrave preparaccedilatildeo para sua trajetoacuteria como

aluno Portanto dentro de seus relatos foi possiacutevel evidenciar as seguintes

categorias sobre o motivo de crianccedilas pequenas com deficiecircncia poderem frequentar

o CMEI

- Que eacute um direito e que eacute pra ela que foi feita a escola

- Toda crianccedila tem direito de participar independente da deficiecircncia

- Eacute importante que essa crianccedila conviva com outras crianccedilas

- Eacute uma determinaccedilatildeo legal

- Eacute uma questatildeo social

- Eacute uma oportunidade de guarda da crianccedila enquanto os pais trabalham

103

De modo geral a inclusatildeo oscila entre ser uma oportunidade de socializaccedilatildeo

e o respeito a um direito que eacute de todas as crianccedilas ndash o de ter acesso agrave

escolarizaccedilatildeo

Zorteacutea (2007) questiona a afirmaccedilatildeo que eacute corrente sobre qual o maior ganho

da inclusatildeo da crianccedila com deficiecircncia que segundo ela dizer que eacute apenas

ldquosocializaccedilatildeordquo eacute ignorar o que as relaccedilotildees sociais produzem de aprendizado de

forma impliacutecita Segundo a autora natildeo eacute possiacutevel separar os aspectos afetivos

cognitivos ou psicomotores da socializaccedilatildeo em si por exemplo

Quanto agrave ecircnfase dada agrave inclusatildeo como direito de acesso a escolarizaccedilatildeo e

oportunidades diversas de aprendizado e desenvolvimento pensa-se que haacute que se

considerar profundamente o que Soares (2006) alerta ao destacar que o fato de ter

crianccedila com necessidades especiais na escola natildeo significa que seja uma instituiccedilatildeo

inclusiva Ou seja a garantia do acesso agrave instituiccedilatildeo de Educaccedilatildeo Infantil e ao

Atendimento Educacional Especializado pode seguir a mesma loacutegica

Pensa-se que diante das informaccedilotildees oferecidas pelas participantes se faz

necessaacuterio discutir a importacircncia da inclusatildeo para aleacutem da socializaccedilatildeo enquanto

parte tambeacutem de um plano de intervenccedilatildeo precoce Principalmente quando se

percebe que nem todas as crianccedilas que tem deficiecircncia ou alteraccedilatildeo no

desenvolvimento frequentam serviccedilos em centros de referecircncia ou tem no

Atendimento Educacional Especializado a complementaccedilatildeo necessaacuteria para a

garantia de promoccedilatildeo do seu desenvolvimento e apoio agrave famiacutelia

Como exemplo disso pode-se citar que entre o grupo de crianccedilas dessa

pesquisa haacute uma aluna que tem Siacutendrome de Down e que natildeo frequenta nenhum

tipo de serviccedilo especializado na aacuterea da sauacutede e que vai para o AEE apenas uma

vez na semana durante 1 hora Pode-se inferir que para essa crianccedila estar no CMEI

eacute fundamental pois o periacuteodo de oito horas diaacuterias que ela passa laacute eacute onde se

encontra o maior contingente de experiecircncias de aprendizagem e de promoccedilatildeo de

seu desenvolvimento

104

432 ParticipaccedilatildeoAtuaccedilatildeo no Processo Inclusivo no CMEI

Investigar o modo como se daacute a participaccedilatildeo das Matildees Educadoras e

Professoras no processo de inclusatildeo da crianccedila pequena se justifica pois conforme

evidenciado por Bhering e Sarkis (2009) quando uma crianccedila ingressa na creche haacute

uma ampliaccedilatildeo de suas relaccedilotildees sociais e de sua famiacutelia Esse novo complexo de

interaccedilotildees passaratildeo a interferir de algum modo para a criaccedilatildeo e re-criaccedilatildeo de

diferentes crenccedilas valores haacutebitos formas de se relacionar de fazer e assim de

perceber o desenvolvimento dessa crianccedila Essa influecircncia eacute muacutetua entre os

sujeitos que se relacionam direta ou indiretamente E eacute nesse contexto que nossas

crianccedilas pequenas na atualidade se deparam para vivenciar sua infacircncia e nesta

pesquisa sua inclusatildeo no ensino regular (BHERING e SARKIS 2009)

Duas das quatro matildees participantes demonstraram ser bastante atuantes no

que se refere ao atendimento no CMEI Segundo seus relatos elas costumam levar

orientaccedilotildees dos especialistas que atendem seus filhos para as educadoras e para as

professoras do AEE Mas essas conversas com as educadoras natildeo raro costumam

ser na entrada ou na saiacuteda das crianccedilas do CMEI Isso se reflete de modo geral em

todas as matildees Todas costumam conversar sobre suas crianccedilas nos mesmos

momentos ndash entrada e saiacuteda do CMEI Enquanto as primeiras buscam informar as

educadoras sobre as ldquonovidadesrdquo acerca de suas crianccedilas as demais conversam

apenas sobre como foi o dia dos filhos no CMEI

Nos relatos maternos natildeo aparecem momentos nos quais foram discutidos e

produzidos conceitos objetivos ou planejadas abordagens para a inclusatildeo de seus

filhos e se isso ocorreu elas natildeo conseguiram identificar e incluir em seus relatos ndash

nem com as educadoras ou com as professoras do AEE A relaccedilatildeo que elas tecircm

com as professoras do Atendimento Educacional Especializado tambeacutem natildeo parece

contribuir efetivamente para sua percepccedilatildeo e interaccedilatildeo no processo inclusivo do

filho na maioria dos casos jaacute que duas matildees natildeo souberam dizer de que forma o

AEE poderia auxiliar na inclusatildeo dos filhos sendo que uma afirmou que o

atendimento individual da crianccedila seria o suficiente para tal

A interaccedilatildeo das matildees no processo inclusivo que ocorre no CMEI aparece

em desacordo com o que se verifica na literatura pertinente e na qual se recomenda

que a famiacutelia participe o maacuteximo possiacutevel dos atendimentos seja na Educaccedilatildeo

105

Infantil ou na Educaccedilatildeo Especial (BARROS 2003 CUEVAS 2003 MANCINI et al

2004 MARTINS e VIEIRA 2009 MACARINI SARTORI SACANI e VALENTINI

2010)

De outro modo quando comparada agrave interaccedilatildeo das matildees com o CMEI

cujos filhos estatildeo em inclusatildeo com outros estudos sobre crianccedilas sem deficiecircncia

os dados satildeo bem semelhantes e as interaccedilotildees satildeo em maioria relatadas como

aligeiradas realizadas no portatildeo e nos momentos de entrada e na saiacuteda do aluno

(LORDELO et al 2007 SOUZA 2008 CAMPOS et al 2011 FERNANDES 2011)

Ou seja o fato da inclusatildeo trouxe pouca modificaccedilatildeo no que tange agrave participaccedilatildeo

das matildees no atendimento dos filhos que estatildeo no CMEI

No que se refere agrave participaccedilatildeo das professoras do Atendimento

Educacional Especializado no processo inclusivo da crianccedila pequena dentro do

CMEI esse se mostra um pouco obscuro principalmente por parte dos relatos das

matildees e das educadoras Trecircs das matildees natildeo relacionaram o processo de inclusatildeo no

CMEI ao Atendimento Educacional Especializado e quatro das educadoras natildeo

souberam o que era o AEE As demais educadoras ao falarem sobre como o

Atendimento Educacional Especializado poderia contribuir com o processo de

inclusatildeo demonstraram natildeo ter muita clareza da funccedilatildeo e da abrangecircncia desse

atendimento

Na fala das proacuteprias professoras do Atendimento Educacional Especializado

sua participaccedilatildeo estaacute mais voltada para o atendimento direto agrave crianccedila pequena

Essa posiccedilatildeo eacute justificada tambeacutem pelo fato de que essas profissionais demonstram

natildeo ter muita clareza de qual eacute o seu papel diante da inclusatildeo da crianccedila pequena

Elas mesmas destacam que atender crianccedilas tatildeo pequenas traz novas

necessidades e perspectivas do seu trabalho antes apenas realizado com os alunos

do Ensino Fundamental

Quando questionadas sobre o atendimento com a crianccedila elas tambeacutem

indicaram que isso estaacute sendo definido Mesmo quando citam que desenvolvem

atividades de estimulaccedilatildeo eacute possiacutevel perceber que esse conceito natildeo estaacute bem

estabelecido para elas

Desse modo infere-se que entre as necessidades que surgem com a

inclusatildeo da crianccedila pequena nos CMEIs estaacute primordialmente estabelecida a de

que essas profissionais precisam ter espaccedilo tempo e recursos para melhor delinear

106

qual eacute a caracteriacutestica maior do seu atendimento quando este for voltado para a

Educaccedilatildeo Infantil

No que se refere agrave atuaccedilatildeo ou participaccedilatildeo das educadoras essas

demonstram que natildeo sabem lidar com o processo inclusivo Segundo elas natildeo haacute

orientaccedilatildeo suficiente nem conhecimento para que consigam construir um

planejamento voltado para a inclusatildeo das crianccedilas pequenas Elas relatam tambeacutem

que ensaiam algumas accedilotildees isoladas no dia a dia na tentativa de dar um

atendimento um pouco diferenciado para o aluno que estaacute em inclusatildeo conforme jaacute

indicado em subcapiacutetulo anterior

Em relaccedilatildeo agraves interaccedilotildees que ocorrem no processo de inclusatildeo tambeacutem

cabe ressaltar a relevacircncia que as relaccedilotildees entre as crianccedilas pequenas tomam

frente agrave promoccedilatildeo do desenvolvimento uns dos outros

Nos relatos das Educadoras fica evidente o importante papel das outras

crianccedilas no quesito citado acima

A Educadora E01 diz que percebe um ldquosentimento de solidariedade entre as

crianccedilas que eacute muito interessanterdquo e que

eles (educadores) tecircm um sentimento de ser igual aquela pessoa (que estaacute em inclusatildeo) que agraves vezes a gente que eacute adulto e que natildeo conviveu com crianccedilas com deficiecircncia a gente natildeo tem E eles que convivem eles tecircm O sentimento eacute assim de que ela eacute igual a gente mas algueacutem tem que se preocupar com ela

A Educadora E04 tambeacutem verificou algo semelhante ldquoas crianccedilas natildeo o

excluem Eles querem levar ele para brincar se ele natildeo vem eles vatildeo ateacute ele para

brincarrdquo

O que tambeacutem eacute reforccedilado pelo relato da Educadora E08 ldquoo estiacutemulo estaacute

vindo dos colegas eles chamam ele pra brincar pegam o brinquedinho e levam para

ele brincar [] Eles ajudam muitordquo

E nesse acircmbito Zorteacutea (2007) percebeu em seu estudo que o brincar

aparece reafirmado como uma estrateacutegia que possibilita a aproximaccedilatildeo entre as

crianccedilas constituindo-se como espaccedilos de produccedilatildeo de cultura nos quais podem

experimentar o pertencimento e que na inclusatildeo educacional as interaccedilotildees entre as

crianccedilas revelam-se como um processo dinacircmico e fundamental Isso porque os

encontros entre as crianccedilas satildeo reveladores de caminhos a serem percorridos e

desencadeadores das suas potecircncias e de seus pares em que compartilham

sentidos que nem sempre se mostram facilmente para os adultos (ZORTEacuteA 2007)

107

433 Referecircncias e Apoios utilizados e indicados para que o Processo

Inclusivo ocorra com qualidade

As entrevistadas informaram quais as maiores dificuldades em relaccedilatildeo a

atender as condiccedilotildees das crianccedilas pequenas com necessidades especiais o que

fazem ou quem procuram para resolver isso

Nos relatos das matildees apenas uma disse que tinha dificuldade em atender o

filho a qual estaacute relacionada ao comportamento do mesmo As demais natildeo

indicaram nenhuma dificuldade Quando ocasionalmente surgem duacutevidas ou

dificuldades sobre a crianccedila de modo geral elas procuram os profissionais da aacuterea

de sauacutede

Na presente pesquisa tambeacutem foi possiacutevel perceber se as matildees recebem

orientaccedilotildees sobre suas crianccedilas como se organizam em sua rotina em famiacutelia e

quais as referecircncias utilizadas por essas matildees quando aparecem duacutevidas sobre

como atender o filho

As Matildees 01 02 e 03 demonstraram que a rotina da crianccedila eacute bem corrida

pela quantidade de atendimentos que ocorrem na semana As Matildees 01 e 03

comentaram que quando estatildeo com o filho em casa buscam desviar as atividades

dos aspectos corretivos terapecircuticos e orientam os programas familiares agrave interaccedilatildeo

entre os demais membros atividades corriqueiras e de lazer Jaacute as Matildees 02 e 04

afirmaram que buscam estimular o filho em casa

A Matildee 01 quando recebe orientaccedilotildees sobre o filho que costumam vir dos

profissionais dos centros especializados que a crianccedila frequenta e da professora do

AEE

No caso da Matildee 03 a fonoaudioacuteloga passa algumas sugestotildees de atividades

mas quem atende mais essas necessidades eacute o avocirc materno Essa matildee busca ter

outra conduta com a filha devido ao pouco tempo que passam juntas diariamente

A Matildee 02 costuma receber orientaccedilotildees do centro especializado que a crianccedila

frequenta entatildeo tenta fazer em casa as atividades que passam para ela A Matildee 04

tenta realizar as orientaccedilotildees que a professora do AEE passa e algumas das

atividades que as educadoras fazem no CMEI e que contam para ela Essa uacuteltima

matildee quando tem duacutevidas sobre a filha busca o centro especializado para dirimi-las

108

Por fim nesse grupo de perguntas foi solicitado que elas informassem se

recebem ou jaacute receberam orientaccedilotildees sobre como atender o filho quem passou as

orientaccedilotildees como isso ocorre e sobre o que satildeo essas orientaccedilotildees

As Matildees 01 02 e 03 afirmam que recebem orientaccedilotildees de como atender a

crianccedila e quem passa geralmente satildeo os profissionais especialistas dos centros de

atendimentos nos quais seus filhos fazem parte

Jaacute a Matildee 04 conta que jaacute recebeu orientaccedilatildeo de alguns especialistas e da

professora do AEE e que atualmente conversa com as educadoras para saber o

que elas fazem no CMEI a fim de poder fazer as atividades em casa tambeacutem

Logo segundo as Matildees cada especialista passa a sua recomendaccedilatildeo de

modo separado dos demais Elas tambeacutem informaram que natildeo costumam participar

dos atendimentos dos filhos por vaacuterios motivos entre eles pelo fato de que natildeo satildeo

convidadas considerando-se que a crianccedila ficaria mais agitada ou mesmo porque

trabalham e natildeo tendo disponibilidade para participar

Destaca-se que um trabalho de intervenccedilatildeo precoce centrado na famiacutelia deve

considerar a participaccedilatildeo efetiva e ativa desta no processo de reabilitaccedilatildeo de

educaccedilatildeo e de desenvolvimento de seu filho (GINEacute GRACIA VILASECA e

BALCELLS 2009)

No caso do grupo das professoras do Atendimento Educacional

Especializado trecircs das participantes informaram como maior dificuldade a

adequaccedilatildeo do seu trabalho agrave condiccedilatildeo da crianccedila pequena que estaacute na Educaccedilatildeo

Infantil Isso porque elas natildeo sabiam como construir esse trabalho especificamente

voltado agraves caracteriacutesticas e necessidades da Educaccedilatildeo Infantil Tais dados permitem

afirmar que se faz necessaacuterio e urgente construir uma abordagem que defina melhor

o trabalho do Atendimento Educacional Especializado voltado para a Educaccedilatildeo

Infantil e que este englobe princiacutepios que evidenciem a crianccedila - como sujeito em

desenvolvimento suas necessidades na infacircncia a importacircncia dos contextos e de

suas relaccedilotildees com a inclusatildeo (famiacutelia CMEI entre outros) e tambeacutem o papel desse

professor diante da inclusatildeo e da promoccedilatildeo do desenvolvimento infantil

As professoras do Atendimento Educacional Especializado relatam

como sendo suas maiores dificuldades

- Adequar o trabalho do AEE para a crianccedila que estaacute na Educaccedilatildeo Infantil

109

- Medo de machucar a crianccedila

A professora P01 afirma que sua maior dificuldade foi definir e se adequar ao

trabalho voltado para a Educaccedilatildeo Infantil Segundo ela

vocecirc planeja dar aula pra vocecirc e natildeo pro aluno que natildeo sabe E eacute a questatildeo tradicional da Educaccedilatildeo Fundamental de querer ensinar a ler escrever e usar caderno e que a Educaccedilatildeo Infantil natildeo tem isso

P03 tambeacutem faz afirmaccedilotildees nesse mesmo sentido justificando porque sentiu

medo quando soube que iria atender uma crianccedila pequena

ai com bastante medo sinceramente com bastante medo Eu natildeo tinha tido experiecircncia com crianccedila pequena ainda mais com berccedilaacuterio Minha experiecircncia toda era no Ensino Fundamental com crianccedilas maiores e que praticamente natildeo possuiacuteam dificuldade neacute

A professora P03 diz que tem medo de machucar a crianccedila por natildeo ter

conhecimento suficiente para atender agrave condiccedilatildeo da mesma

E a professora P04 indica que tem dificuldade em estabelecer o que vai

trabalhar com a crianccedila e como vai fazer isso

Em relaccedilatildeo ao que fazem quando surgem as duacutevidas e dificuldades todas

fizeram referecircncia agrave equipe da Educaccedilatildeo Especial do muniacutecipio afirmando que

costumam trocar informaccedilotildees com os demais membros da equipe de avaliaccedilatildeo e

com as outras professoras do AEE

Todas informaram que receberam algumas orientaccedilotildees da equipe da

Educaccedilatildeo Especial sobre as condiccedilotildees das crianccedilas que iriam atender e que essas

orientaccedilotildees acontecem conforme surgem as necessidades ao longo dos

atendimentos

Jaacute no que se refere ao grupo das educadoras nesse quesito apenas duas

Educadoras (E02 e E08) afirmaram que natildeo possuem dificuldades em atender a

crianccedila em inclusatildeo As informaccedilotildees dadas pelas demais educadoras estatildeo

descritas a seguir

Dificuldades indicadas pelas Educadoras desta pesquisa agraves categorias

indicadas abaixo

110

- Dar atenccedilatildeo individualizada para a crianccedila em inclusatildeo

- Dificuldade de se comunicar com o aluno

- Quantidade de crianccedilas por turma

- Natildeo saber lidar com comportamento estereotipado do aluno

- Falta de informaccedilatildeo sobre as condiccedilotildees da crianccedila que estaacute em inclusatildeo

- Medo de machucar a crianccedila

Vale ressaltar alguns relatos entre os quais os das educadoras E01 E03

E04 e E05

A Educadora E01 percebe que a crianccedila precisaria de uma atenccedilatildeo mais

individualizada diariamente para desenvolver determinadas habilidades contudo as

educadoras natildeo conseguem disponibilizar esse momento pois as demandas da

turma satildeo muito grandes

Para a Educadora E03 o que mais chama atenccedilatildeo satildeo as dificuldades de

comunicaccedilatildeo com a crianccedila ldquoagraves vezes fico pensando se ela taacute entendendo o que

eu tocirc falando o que ela quer falar pra mim agraves vezes eu natildeo consigo entender

direitordquo

No caso da Educadora E04 foi citada como dificuldades a falta de informaccedilatildeo

para atender crianccedilas como o caso dele e o medo de fazer algo que possa

prejudica-lo Tambeacutem reforccedila a falta de tempo para dar atenccedilatildeo especiacutefica agraves

necessidades dele e a quantidade de crianccedilas por turma

E por fim a Educadora E05 fala da sala superlotada e da falta de

conhecimento em como atender agraves necessidades da crianccedila

no momento da alimentaccedilatildeo agraves vezes a gente natildeo tem como taacute dando alimento na matildeo na boca entatildeo ela mesma tenta se alimentar e agraves vezes cai [a comida] Ela natildeo se alimenta da forma correta

As participantes tambeacutem informaram o que fazem ou quem procuram quando

tem duacutevidas ou dificuldades sobre a crianccedila

Segundo as Educadoras quando surgem duacutevidas ou dificuldades em

atender a crianccedila que estaacute em inclusatildeo elas procuram

- Pedagoga do CMEI

111

- Colega de sala e a matildee do aluno

- Professora do AEE e matildee do aluno

- Colega de sala

- Tenta resolver sozinha

- Matildee do aluno

Segundo quatro das entrevistadas (E01 E02 E05 e E09) a referecircncia na

maioria dos casos de dificuldades ou duacutevidas satildeo as pedagogas dos CMEIs Poreacutem

haacute situaccedilotildees em que as Educadoras buscam resolver suas dificuldades sozinhas

direto com a colega de sala ou com a matildee do aluno

A Educadora E03 procura a colega de sala que eacute psicopedagoga e a matildee

quando eacute necessaacuterio Indica que natildeo procura a Pedagoga do CMEI porque percebe

que essa profissional tambeacutem natildeo tem muito conhecimento sobre esse assunto

Interessante perceber que a Educadora E07 busca pesquisar a respeito de

suas duacutevidas Quando possiacutevel pergunta para a professora do AEE e para a matildee da

crianccedila Ela diz que natildeo busca as Pedagogas do CMEI por perceber que tambeacutem

lhes falta experiecircncia e conhecimento sobre a crianccedila em inclusatildeo

E por fim as Educadoras E02 e E04 desabafam

Dificilmente algueacutem vem perguntar pra gente como a Manu estaacute Desde que a gente comeccedilou a trabalhar com ela nunca ningueacutem veio perguntar pra mim natildeo sei se para as outras meninas mas enquanto estou na sala ningueacutem veio Pra mim ningueacutem veio ningueacutem perguntar da crianccedila (E02)

Na realidade a gente acaba indo na sorte porque natildeo tem uma orientaccedilatildeo mesmo Eu procurei na internet por livros e natildeo achei nada que falasse de crianccedilas pequenas com esse problema [] Parece que as crianccedilas natildeo existem nessa eacutepoca Eacute muito triste Para berccedilaacuterios natildeo encontra atividades tambeacutem (E04)

Sobre se recebem ou receberam algum tipo de orientaccedilatildeo relativo ao

atendimento da crianccedila em inclusatildeo apenas uma educadora (E05) afirmou natildeo ter

recebido qualquer tipo de orientaccedilatildeo sobre como atender a crianccedila As demais

destacam que as orientaccedilotildees natildeo satildeo frequentes mas que jaacute as receberam em

algum momento ao longo desse periacuteodo em que atendem a turma

A Educadora E01 afirma que normalmente natildeo recebe orientaccedilotildees mas que

jaacute recebeu da pedagoga do CMEI A Educadora E02 diz que costuma conversar com

112

as Educadoras e quando necessaacuterio faz pesquisas na internet ou busca orientaccedilotildees

junto agrave Pedagoga Segundo a E03 jaacute recebeu informaccedilotildees da Pedagoga logo que a

crianccedila entrou na turma e teve um contato breve com a professora do AEE e com

uma das psicoacutelogas do municiacutepio Mas segundo ela esses contatos natildeo foram

suficientes para causar modificaccedilotildees em sala e afirma ldquodaiacute eu trabalho o que eu

acho com ela o que eu trabalho com os outrosrdquo

No caso das Educadoras E06 e E07 elas recebem orientaccedilotildees da matildee da

crianccedila que estaacute em inclusatildeo e da professora do AEE

Jaacute as Educadoras E04 E08 e E09 dizem que receberam a visita de uma

fisioterapeuta que foi designada especialmente para o caso do aluno e de uma

professora que ela natildeo entendeu bem quem era

Eacute perceptiacutevel por meio dos relatos anteriores que as orientaccedilotildees que elas

indicam que jaacute receberam ou que ainda recebem natildeo parecem ser determinantes no

que diz respeito a produzir modificaccedilotildees no processo de inclusatildeo da crianccedila

pequena

Guasselli (2005) ao realizar pesquisa com professoras do Ensino

Fundamental sobre o processo inclusivo tambeacutem percebeu que as mesmas

demonstravam crer na necessidade de ampliar seus conhecimentos acerca da

condiccedilatildeo de seu aluno e tambeacutem sentiam ndash se inseguras para desempenhar seu

trabalho com essa crianccedila

Drago (2005) verificou em seu estudo que quando as educadoras apresentam

uma concepccedilatildeo de inclusatildeo mal compreendida isso parece ajudar a promover uma

praacutetica docente permeada por preconceitos e estigmas

Claramente se percebe que cada grupo (matildees educadoras e professoras do

AEE) busca a seu modo a resoluccedilatildeo de problemas e duacutevidas que envolvem a

inclusatildeo e que isso se dando de maneira isolada natildeo contribui para que todos os

envolvidos possam refletir e aprender juntos Desse modo a inclusatildeo deixa de ser

uma questatildeo de todos para ser uma questatildeo de uns poucos Cabe destacar que

incluir natildeo eacute filantropia tatildeo pouco um ato solitaacuterio individual (RODRIGUES 2006) Eacute

preciso refletir e dar novo significado para o senso de coletividade e de cooperaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo aos apoios que seriam necessaacuterios para que o processo de

inclusatildeo se desse com qualidade as participantes foram unacircnimes em afirmar que

tanto as famiacutelias quanto a educadoras precisam disso

113

As participantes indicaram que para a famiacutelia eram apoios necessaacuterios

- grupo de pais

- apoio e orientaccedilatildeo de profissionais especializados

- incentivo para que aceite seu filho e o ldquomostrerdquo para a sociedade

- mais oportunidades de diagnoacutestico precoce

- maior acesso aos especialistas que atendem seu filho

- maior apoio das pedagogas do CMEI

- maior divulgaccedilatildeo do que satildeo as deficiecircncias

- mais apoio das professoras do AEE

Formiga e Pedrazzani (2004) em sua pesquisa trazem dados que

concordam com que foi indicado logo acima e acrescentam que tambeacutem eacute

fundamental que se estabeleccedilam programas de intervenccedilatildeo precoce de cunho

preventivo

Em outras palavras accedilotildees ou programas de atenccedilatildeo agrave infacircncia devem levar

em consideraccedilatildeo estrateacutegias de prevenccedilatildeo primaacuteria nas quais sejam evidenciadas

orientaccedilotildees de cunho educacional e informativo e tambeacutem de detecccedilatildeo precoce de

alteraccedilotildees no desenvolvimento e na sauacutede infantil (DIAZ-HERRERO e MARTINEZ-

FUENTES 2009)

Por outro lado Molinari et al (2005) consideram que na realidade brasileira

ainda haacute muito o que fazer no sentido de desenvolver accedilotildees integrais de promoccedilatildeo agrave

sauacutede infantil e que programas de vigilacircncia do desenvolvimento e promoccedilatildeo agrave

sauacutede devem contar com equipes multiprofissionais e partir de uma abordagem

ecossistecircmica Nesse sentido estrateacutegias de prevenccedilatildeo devem considerar a

importacircncia que os contextos tecircm para a promoccedilatildeo ou natildeo do desenvolvimento na

infacircncia e tambeacutem a inter-relaccedilatildeo entre tais ambientes

De outro modo as entrevistadas indicaram que as Educadoras precisariam

dos seguintes apoios

- Maior parceria com o departamento de Educaccedilatildeo Especial

- Apoio psicoterapecircutico no sentido de serem escutadas em suas dificuldades e

anseios

- Grupos de estudo sobre os casos de inclusatildeo

114

- Apoio psicopedagoacutegico no sentido de organizar melhor o trabalho com a crianccedila

- Apoio e orientaccedilatildeo constante de outros profissionais

Nos relatos das participantes houve uma incidecircncia grande em afirmarem que

as educadoras precisam de apoio e orientaccedilatildeo de profissionais especialistas tais

como psicoacutelogo terapeuta ocupacional fisioterapeuta entre outros

Para Mueller (2008) eacute importante proporcionar um conjunto de apoio social

para a famiacutelia tal como grupo de pais serviccedilo de aconselhamento familiar e

mobilizaccedilatildeo de amigos e comunidade Guasselli (2005) por sua vez percebeu o

peso que as professoras de turmas inclusivas atribuem aos especialistas Elas

deixam bem claro que satildeo os profissionais especializados que lhes indicaratildeo o

melhor caminho ou a melhor maneira de trabalhar com esse alunado

Igualmente se verifica o peso que um diagnoacutestico traz para as professoras O

diagnoacutestico e o apoio que especialistas trazem em si no discurso das professoras

com certa hierarquizaccedilatildeo na qual as uacuteltimas natildeo estatildeo no topo (GUASSELLI 2005)

Esse mesmo autor discute que as relaccedilotildees entre os profissionais especializados e

os professores em muitas situaccedilotildees vecircm baseadas em uma relaccedilatildeo de

desconhecimento e agraves vezes ateacute de desconsideraccedilatildeo do cotidiano da escola

Rodrigues (2006) questiona se eacute necessaacuterio ldquocriar reinventar e reproduzirrdquo um

discurso teacutecnico racional especializado sobre como estar preparado para receber

pessoas com necessidades educacionais especiais nas escolas

434 Avaliaccedilatildeo do Processo Inclusivo

Todas as participantes consideram a oportunidade de inclusatildeo para a crianccedila

pequena na Educaccedilatildeo Infantil algo positivo mesmo com as devidas ressalvas que

elas mesmas indicam Isso se justifica pelas modificaccedilotildees que todas percebem que

ocorreram no periacuteodo em que as crianccedilas estatildeo matriculadas E nesse sentido

pede-se atenccedilatildeo a algo que Guasselli (2005) aponta afirmando que haacute uma espeacutecie

de celebraccedilatildeo quando se tem um aluno com necessidades educacionais especiais

pois esse fato implica no ideal de que eacute politicamente correto ser uma escola

inclusiva Contudo ter um aluno com necessidade especial natildeo reflete

115

necessariamente uma accedilatildeo inclusiva de verdade Logo eacute positivo ter crianccedilas com

necessidade especial na Educaccedilatildeo Infantil e essa presenccedila parece ser o suficiente

para gerar grandes modificaccedilotildees no comportamento desse alunado mas haacute que

lembrar que soacute isso natildeo eacute suficiente para dar conta da complexa gama de

peculiaridades que o processo inclusivo traz em si

Ainda que todas afirmem que eacute positivo estar no CMEI metade das Matildees

consideraram que os CMEIs natildeo estatildeo preparados para a inclusatildeo e todas indicam

que as educadoras tambeacutem natildeo estatildeo preparadas para isso Ainda assim eacute

importantiacutessimo destacar que mesmo elas percebendo as dificuldades e o

despreparo das educadoras dos filhos as mesmas reconhecem e valorizam o

esforccedilo que essas profissionais fazem para atender as crianccedilas em inclusatildeo

As Professoras do Atendimento Educacional Especializado tambeacutem se

dividem em relaccedilatildeo aos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil estar ou natildeo

preparados Metade acredita que natildeo Jaacute sobre as educadoras trecircs das

profissionais consideram que tambeacutem natildeo estatildeo preparadas Uma das professoras

do Atendimento Educacional Especializado aponta para o fato de que as educadoras

satildeo muito ansiosas e que ainda se prioriza a crianccedila sem dificuldade dentro do

atendimento do Centro Municipal de Educaccedilatildeo Infantil

As Educadoras dos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil afirmam em

maioria que as instituiccedilotildees natildeo estatildeo preparadas para a inclusatildeo Segundo elas

falta estrutura apropriada Elas tambeacutem questionaram se estatildeo preparadas para

trabalhar com a inclusatildeo sendo que sete delas afirmam que natildeo haacute esse preparo e

duas manifestam as diferenccedilas entre as Educadoras mais jovens e as mais antigas

na profissatildeo

Todas as participantes quando falam que os Centros Municipais de

Educaccedilatildeo Infantil natildeo estatildeo preparados porque natildeo tecircm estrutura estatildeo se referindo

a adaptaccedilotildees que propiciem maior acessibilidade e menos riscos para todas as

pessoas que apresentem algum tipo de necessidade especial Entre as necessaacuterias

adaptaccedilotildees foram indicadas rampas barras de apoio portas mais largas e

brinquedos de sala e de parquinho

Quanto agraves Educadoras natildeo estarem preparadas foi indicado com muita

frequecircncia a falta de capacitaccedilatildeo especiacutefica para lidar com situaccedilotildees de inclusatildeo

Para Freitas (2006) em um grande nuacutemero de vezes o professor idealiza um aluno

sem se dar conta de que trabalhar com a diversidade eacute algo intriacutenseco agrave natureza da

116

atuaccedilatildeo docente esquecendo que natildeo faz sentido pensa-la como uma condiccedilatildeo

excepcional Segundo essa autora natildeo raro os cursos de formaccedilatildeo docente para a

inclusatildeo contribuem para a construccedilatildeo e para o fortalecimento de estereoacutetipos a

respeito da pessoa com necessidades educacionais especiais e sobre o proacuteprio

processo inclusivo

Segundo Freitas (2006) eacute necessaacuterio que as formaccedilotildees de docentes para

atuarem com inclusatildeo levem em consideraccedilatildeo a discussatildeo sobre a funccedilatildeo social da

escola sobre a importacircncia do trabalho docente orientando-os a aprender a

investigar sistematizar e produzir o conhecimento por meio da utilizaccedilatildeo de recursos

e materiais diversificados O objetivo maior eacute proporcionar a formaccedilatildeo de um

docente mais autocircnomo e consciente da complexidade de seu trabalho diante da

diversidade inegaacutevel de seu alunado especial ou natildeo

Propotildee-se que a formaccedilatildeo docente seja acima de tudo sempre voltada para

a inclusatildeo para uma escola para todos afim de que se desfaccedila ndash ainda que

lentamente ndash a ideia e o apego agrave do especialista de que sem ele natildeo haacute como

desenvolver um projeto inclusivo

435 Vantagens e Desvantagens do Processo Inclusivo

4351 As vantagens do Processo Inclusivo

Entre as concepccedilotildees maternas sobre as vantagens do processo inclusivo

foram as mais indicadas as que estatildeo listadas abaixo

- Socializaccedilatildeo da crianccedila que tem deficiecircncia

- Ajuda a diminuir o preconceito com a crianccedila que tem deficiecircncia

- Satisfaccedilatildeo da famiacutelia em ver os avanccedilos da crianccedila

- Preparaccedilatildeo para outras etapas da vida escolar da crianccedila que tem deficiecircncia

- Oportunidade de aprender coisas que em casa natildeo aprenderia

117

Consideremos que por parte dessas Matildees haacute uma supervalorizaccedilatildeo do que

o ambiente do Centro Municipal de Educaccedilatildeo Infantil oferece para sua crianccedila

quando relacionada com o que a famiacutelia pode oferecer

A Matildee 01 sugere que a inclusatildeo eacute uma oportunidade positiva afim de que

ldquoeles (pessoas de um modo geral) vejam que eacute uma crianccedila como qualquer outra

que pode estar junto com outras crianccedilas que eacute uma crianccedila boa que consegue

conviver que ele eacute bonzinhordquo

As Matildees 03 e 04 salientam que a inclusatildeo eacute uma oportunidade para que seus

filhos aprendam ldquocoisasrdquo que os pais por trabalharem o dia todo natildeo teriam

condiccedilotildees de lhes ensinar

A Matildee 03 ainda demonstra saber que o processo de inclusatildeo na atualidade

pode ocasionar dissabores para sua filha mas entende isso como algo proacuteprio para

que se evidencie um novo paradigma educacional Segundo ela

a fulana ainda pode ateacute sofrer um pouquinho mas quem vier depois dela natildeo E ela pode ateacute sofrer mas vai ser muito menos do que aquele que entrou na Escola haacute dez anos atraacutes

As Matildees datildeo vaacuterios exemplos dos aprendizados das crianccedilas sugerindo que

estatildeo satisfeitas com o fato de sua crianccedila estar no CMEI mesmo diante das

dificuldades ilustradas ao longo das entrevistas Outro ponto que merece destaque eacute

o quanto elas destacam o conviacutevio com as outras crianccedilas como um fator

fundamental para as transformaccedilotildees positivas no comportamento de seus filhos O

trecho logo abaixo ilustra bem esse posicionamento das matildees

Entatildeo ela taacute aprendendo aqui Como Vendo as outras crianccedilas Entatildeo ela procura imitar o amiguinho natildeo soacute a Educadora Ela procura o que o outro faz E isso eacute bom para os pais que trabalha neacute (Matildee 04)

Entre as Professoras do Atendimento Educacional Especializado foram

apontadas as seguintes vantagens do Processo Inclusivo

- A crianccedila vai usufruir dos seus direitos

- Socializaccedilatildeo da crianccedila que tem deficiecircncia

- Valorizaccedilatildeo da Educaccedilatildeo

- Valorizaccedilatildeo do trabalho da Educadora

118

- Ajuda a diminuir o preconceito com a crianccedila que tem deficiecircncia

- Desenvolvimento de valores nas pessoas envolvidas com a inclusatildeo (empatia

solidariedade altruiacutesmo entre outros)

- Oportunidade de aprender coisas que em casa natildeo aprenderia

- A inclusatildeo eacute fonte de informaccedilatildeo para a famiacutelia que tem uma crianccedila com

deficiecircncia

- Maior experiecircncia para as educadoras

- Para a crianccedila que tem deficiecircncia a maior vantagem eacute estar em um lugar seguro

A professora P01 destaca que a inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil ajuda as

pessoas a perceberem que ldquocom o passar do tempo a educaccedilatildeo vale a pena e daacute

certordquo

Eacute interessante destacar o comentaacuterio da P04 quando esta afirma que a

inclusatildeo pode ser um modo de se valorizar o trabalho das Educadoras

tambeacutem acredito assim que a Educadora tambeacutem vai se sentir mais uacutetil mais valorizada Porque eacute assim aquela crianccedila precisa de mim e ela vai ser mais afetiva porque ela vai ter que ter uma paciecircncia maior e vai ter que planejar mais o seu trabalho e vai ter que buscar vai ter que buscar pra poder trabalhar com aquela crianccedila

Jaacute as Educadoras dos Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil

assinalaram as seguintes vantagens do processo inclusivo

- Socializaccedilatildeo da crianccedila que tem deficiecircncia

- Valorizaccedilatildeo do trabalho da Educadora

- Ajuda a diminuir o preconceito com a crianccedila que tem deficiecircncia

- Desenvolvimento de valores nas pessoas envolvidas com a inclusatildeo (empatia

solidariedade altruiacutesmo entre outros)

- Oportunidade de aprender coisas que em casa natildeo aprenderia

- Maior experiecircncia para as educadoras

- Para a crianccedila que tem deficiecircncia a maior vantagem eacute estar em um lugar seguro

enquanto os pais trabalham

A educadora E01 conta que as crianccedilas da turma criam naturalmente um

sentimento de cuidado e proteccedilatildeo em relaccedilatildeo ao aluno foco da inclusatildeo ldquoEles tem

119

um sentimento de ser igual agravequela pessoa que agraves vezes a gente que eacute adulto e que

natildeo conviveu com crianccedilas com deficiecircncia a gente natildeo tem e eles que convivem

eles temrdquo A entrevistada relatou vaacuterias situaccedilotildees em que as crianccedilas da turma

modificaram seu comportamento e demonstraram noccedilatildeo de que a outra crianccedila

precisava de apoio e proteccedilatildeo diferenciados

Segundo a educadora E05 nessa situaccedilatildeo especiacutefica natildeo haacute vantagens para

a crianccedila mas para alguns outros envolvidos

o fato dos pais natildeo terem onde deixar a crianccedila quando estatildeo trabalhando para as Educadoras terem percebido que Siacutendrome de Dow natildeo eacute um ldquomonstrordquo e para as merendeiras para as funcionaacuterias da limpeza e outros profissionais da creche eacute um aprendizado que natildeo eacute necessaacuterio ter doacute da crianccedila (E05)

As vantagens apontadas de forma comum aos trecircs grupos de participantes

(matildees professoras e educadoras) foram socializaccedilatildeo da crianccedila que tem

deficiecircncia ajuda a diminuir o preconceito com a crianccedila que tem deficiecircncia

oportunidade de aprender coisas que em casa natildeo aprenderia

Entre as profissionais da aacuterea de educaccedilatildeo (professoras e educadoras) as

vantagens que satildeo comuns aos dois grupos satildeo socializaccedilatildeo da crianccedila que tem

deficiecircncia valorizaccedilatildeo do trabalho da Educadora ajuda a diminuir o preconceito

com a crianccedila que tem deficiecircncia desenvolvimento de valores nas pessoas

envolvidas com a inclusatildeo (empatia solidariedade altruiacutesmo entre outros) ajuda a

diminuir o preconceito com a crianccedila que tem deficiecircncia oportunidade de aprender

coisas que em casa natildeo aprenderia maior experiecircncia para as educadoras e para a

crianccedila que tem deficiecircncia a maior vantagem eacute estar em um lugar seguro

4352 Desvantagens do Processo Inclusivo

Ao serem indagadas sobre se haveriam possiacuteveis desvantagens na inclusatildeo

na Educaccedilatildeo Infantil 03 Matildees responderam que sim e todas as 04 indicaram que a

inclusatildeo de crianccedilas pequenas no CMEI evidencia situaccedilotildees que se tornam

desvantagens tanto para a crianccedila quanto para as Educadoras

120

Segundo as Matildees participantes poderiam ser consideradas como

desvantagens atreladas ao Processo de Inclusatildeo da crianccedila pequena

- O fato de as educadoras natildeo saberem o que fazer com a crianccedila deixando-a

ociosa

- A educadora se sentir sobrecarregada por ter uma crianccedila especial na turma

- O fato de o atendimento na creche natildeo ser especializado faz com que a matildee

tenha receio de que a crianccedila venha a perder tempo em seu processo de

reabilitaccedilatildeo

- A rotina do Educador na sala de aula impede que se decirc atenccedilatildeo apropriada agrave

crianccedila especial

- Falta de um planejamento apropriado agrave crianccedila especial

- Falta de paracircmetros para saber o que fazer com as crianccedilas especiais

- A desvalorizaccedilatildeo do trabalho do educador

- Falta de atendentes (algueacutem que fique soacute com seu filho)

Pode-se perceber na fala das matildees que elas estatildeo de algum modo bem atentas

ao que ocorre com seus filhos dentro do CMEI

Por outro lado na concepccedilatildeo das Professoras do Atendimento Educacional

Especializado haacute uma maior incidecircncia em afirmarem que natildeo haacute desvantagens no

processo de inclusatildeo Duas das professoras afirmam que natildeo haacute nenhum tipo de

desvantagem na inclusatildeo da crianccedila pequena na Educaccedilatildeo Infantil Contudo uma

delas afirma que a ocorrecircncia de desvantagens vai depender de como a inclusatildeo

estaacute sendo realizada outra afirma que deveria ser considerado como desvantagem

o excesso de trabalho que a Educadora passa a ter quando haacute uma crianccedila com

necessidades especiais em sua turma

No conjunto de concepccedilotildees coletadas nas entrevistas das Educadoras dos

Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil 05 delas afirmam que a inclusatildeo da crianccedila

pequena natildeo apresentaria nenhum tipo de desvantagem Poreacutem uma delas defende

que a ocorrecircncia ou natildeo de desvantagens depende das condiccedilotildees nas quais se

verifica o processo inclusivo

Por fim 03 entrevistadas consideram como desvantagens oriundas da inclusatildeo

de crianccedilas pequenas com necessidades educacionais especiais

121

- Excesso de trabalho para a educadora

- O sofrimento que a crianccedila em inclusatildeo passa

- Falta de profissionais para o bom atendimento da crianccedila

- Diz que natildeo sabe se pode trazer algum tipo de desvantagem e que se preocupa

com o fato da inclusatildeo produzir algum trauma ou regressatildeo no desenvolvimento de

uma crianccedila em inclusatildeo

Desse modo percebe-se que na totalidade do grupo (17 participantes) 07

afirmaram que natildeo existem desvantagens no processo de inclusatildeo na Educaccedilatildeo

Infantil As matildees foram as que mais apontaram questotildees que podem ser

consideradas como desvantagens

Segundo Rodrigues e Lima-Rodrigues (2011) o objetivo da Educaccedilatildeo

Inclusiva natildeo se resume a uma mera mudanccedila curricular ou mesmo a permitir o

acesso de alunos com condiccedilotildees de deficiecircncia agrave Escola Regular trata-se portanto

de uma reforma mais profunda abrangendo os valores e as praacuteticas de todo o

sistema educativo tal como ele eacute comumente concebido E essa necessidade de

reforma profunda eacute possiacutevel de perceber a partir dos relatos que as entrevistadas

proporcionaram na presente pesquisa

436 Sugestotildees e Comentaacuterios visando agrave melhoria do Processo Inclusivo na

Educaccedilatildeo Infantil

Foi perguntado para as participantes se elas gostariam de deixar algum

comentaacuterio ou sugestatildeo sobre a realizaccedilatildeo da inclusatildeo da crianccedila pequena com

deficiecircncia na Educaccedilatildeo Infantil e em grande parte as sugestotildees se referem ao

atendimento da educadora no CMEI conforme eacute possiacutevel observar grupo a grupo

Entre os comentaacuterios e sugestotildees maternas elas indicam a) que as

educadoras tenham mais formaccedilatildeo especiacutefica para trabalhar com as crianccedilas de

inclusatildeo b) a criaccedilatildeo de um grupo de estudos de caso para discutir as deficiecircncias e

as experiecircncias inclusivas c) diminuir o nuacutemero de crianccedilas nas turmas de inclusatildeo

d) maior valorizaccedilatildeo do trabalho das Educadoras e) proporcionar melhor estrutura

de atendimento nos CMEIs para que a crianccedila natildeo precise sair desse espaccedilo para ir

122

a outro atendimento como acontece com o serviccedilo do AEE f) que as educadoras

tenham maior contato com os especialistas que atendem a crianccedila para que todos

falem a ldquomesma liacutenguardquo g) divulgaccedilatildeo da inclusatildeo h) disponibilizaccedilatildeo de uma

professora tutora para dar atenccedilatildeo individualizada para a crianccedila que estaacute no CMEI

e i) mais profissionais para fazer o diagnoacutestico dos filhos diminuindo o tempo de

espera para isso

A Matildee 01 afirma que agraves vezes as educadoras ficam sobrecarregadas tendo que

atender agraves necessidades da turma e ainda ter que dar conta dos comportamentos e

caracteriacutesticas da crianccedila que estaacute em inclusatildeo portanto com vistas a resumir isso

ela sugere

como todas as crianccedilas especiais natildeo conseguem ficar em sala de aula por muito tempo esperando que tenha alguma atividade como as outras crianccedilas a escola a creche poderia ver com a prefeitura se poderia estar disponibilizando uma pessoa pra ficar com essas crianccedilas

Um dos comentaacuterios da Matildee 02 destaca algo interessante e que reflete um

receio dela sobre a relaccedilatildeo crianccedila-educadora

formaccedilatildeo para essas educadoras contato com as fisioterapeutas contato com o lugar onde a crianccedila tem atendimento para atenderem em conjunto e natildeo prejudicar e natildeo atrasar a evoluccedilatildeo da crianccedila A professora estaacute lidando com vaacuterias crianccedilas em sala e se ela der um grito ou brigar com uma forma muito autoritaacuteria pode prejudicar a crianccedila que tem dificuldade que precisa de uma atenccedilatildeo especial A formaccedilatildeo vai ajudar o atendimento dela com as crianccedilas normais e as crianccedilas que estaacute em inclusatildeo

No conjunto dos comentaacuterios e sugestotildees das professoras do Atendimento

Educacional Especializado foram citados a) os profissionais da educaccedilatildeo devem

buscar mais conhecimento sobre a crianccedila pequena e sobre a sua inclusatildeo b) deve-

se construir a consciecircncia da comunidade sobre a inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil c)

deve-se divulgar mais o trabalho do Atendimento Educacional Especializado d)

divulgar mais a inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil e) divulgar mais as possibilidades de

formaccedilatildeo continuada na aacuterea f) ter mais Educadores por sala ou menos crianccedila por

turma de inclusatildeo g) apoio psicoterapecircutico para os professores do Atendimento

Educacional Especializado

A professora P01 afirma

123

acredito que a gente ainda precisa como melhoria de trabalho buscar muito mais conhecimento sobre a crianccedila e sobre a inclusatildeo Tambeacutem a gente precisa batalhar a consciecircncia da comunidade sobre a inclusatildeo na inclusatildeo infantil no ensino fundamental

Ela tambeacutem comenta que trabalha haacute muitos anos no municiacutepio e que natildeo sabia

que existiam esses serviccedilos de inclusatildeo e por conta disso destaca que eacute preciso

haver divulgaccedilatildeo dos serviccedilos das vitoacuterias

A professora P02 afirma que as educadoras tem que estar preparadas para

atender uma crianccedila com deficiecircncia e ela reforccedila ldquoaquele professor que gosta do

que faz tem que estar preparadordquo

Continuando com seus comentaacuterios a professora P02 aponta de modo simples e

certo ldquoTem profissionais que natildeo se dedicam e noacutes professores temos que dar o

melhor para os nossos alunos Quanto menor a crianccedila mais precisa de atenccedilatildeo e

carinhordquo

Jaacute a professora P04 faz um desabafo significativo quando associado a um

trabalho com qualidade

eu acho que eacute uma carga muito pesada pra noacutes professores do AEE porque assim a gente recebe da matildee aquela carga a matildee taacute cansada jaacute fez assim e tal e tal aiacute a gente vai no CMEI com as Educadoras ou nas Escolas dai a gente recebe essa carga tambeacutem Daiacute eacute a carga que a gente jaacute tem que eacute a proacutepria crianccedila e a responsabilidade puxa vida Todo mundo taacute vendo que eu sou a salvadora que eu vou dar conta de tudo dai vocecirc fica angustiada

Lembra-se que haacute muitos valores impliacutecitos no princiacutepio da inclusatildeo de pessoas

com necessidades especiais alguns amplamente conhecidos e outros por conhecer

ou pouco mencionados (CARDOSO e BUCKLEY 2011) E por isso mesmo se faz

necessaacuterio buscar perceber o que permeia esse complexo processo tal como o que

eacute relatado pela professora P04 ou mesmo pelas demais participantes desse estudo

Pois na atualidade o que se busca eacute uma revoluccedilatildeo natildeo somente na Educaccedilatildeo

Especial mas em toda a praacutetica educativa justamente porque a inclusatildeo exige

que todos recebam o apoio que eacute necessaacuterio para participaccedilatildeo na comunidade a

que pertencem (CARDOSO e BUCKLEY 2011)

Nos comentaacuterios e sugestotildees das educadoras dos Centros Municipais de

Educaccedilatildeo Infantil foram evidenciados a) formaccedilatildeo de um grupo para discutir os

casos de inclusatildeo b) maior divulgaccedilatildeo da inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil c) mais

formaccedilatildeo especiacutefica para a inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil d) necessidade de

124

melhorar o espaccedilo fiacutesico e) diminuir o nuacutemero de crianccedila por turma f) criaccedilatildeo de

campanhas de conscientizaccedilatildeo da comunidade sobre as possibilidades da inclusatildeo

na Educaccedilatildeo Infantil g) deveria haver uma pessoa que fizesse a ponte entre todos

os que atendem a crianccedila para que tivessem acesso ao mesmo niacutevel de

entendimento sobre a crianccedila

Entre as educadoras vale a pena ressaltar alguns dos comentaacuterios que foram

expressos por elas entre os quais o da E01 e no qual afirma que ldquoeu acho que a

gente tenta mas faz mais intuitivo e pouco teacutecnico saberdquo

A educadora E02 ao indicar que seria necessaacuterio haver mais divulgaccedilatildeo da

possibilidade de incluir a crianccedila pequena no CMEI justifica

eu natildeo sabia que podia trazer para o CMEI Entatildeo divulgar assim para os pais que querem desde cedo trazer assim e para que estas crianccedilas venham assim Divulgar essa ideia da inclusatildeo assim tambeacutem para as professoras para as tias dos CMEIS tambeacutem que natildeo tem muita ideia de que isso pode acontecer

E tambeacutem afirma

eu queria falar que meu trabalho eacute muito gratificante Tenho aprendido muito Desde que eu comecei a trabalhar com ela o meu olhar sobre a Siacutendrome de Down mudou completamente

A educadora E07 faz um desabafo em relaccedilatildeo ao trabalho na Educaccedilatildeo

Infantil

a Educaccedilatildeo Infantil eacute desvalorizada porque muitos acham que as crianccedilas vecircm aqui passar o tempo e como os pais vatildeo trabalhar eles ficam aqui soacute pra brincar A gente tem a funccedilatildeo de educa-los A gente contribui educa corrige no que for preciso falta reconhecimento na Educaccedilatildeo Infantil

E acrescenta em relaccedilatildeo agrave Inclusatildeo

falta a conscientizaccedilatildeo da comunidade da famiacutelia dos educadores um trabalho da secretaria com relaccedilatildeo a isso com cursos que chamem a populaccedilatildeo a comunidade toda a se interessar porque infelizmente eacute vista com maus olhos

Jaacute a educadora E09 sugere que as educadoras natildeo sintam medo como ela

sentiu no iniacutecio do atendimento que busquem conhecimento e a superaccedilatildeo das

suas dificuldades e que ldquofaccedilam seu trabalho com amor e com carinho porque a

inclusatildeo eacute uma coisa nova e diferente mas eacute muito bomrdquo

125

44 Da necessidade de se observar e atuar na infacircncia enquanto etapa crucial

de desenvolvimento

Haacute a necessidade de se discutir natildeo soacute as especificidades da crianccedila que estaacute

em inclusatildeo mas de se determinar primeiramente quais satildeo as peculiaridades de

uma crianccedila na faixa etaacuteria atendida

Portanto faz-se imprescindiacutevel rever concepccedilotildees acerca do que vem a ser o

desenvolvimento humano e os elementos que o constituem e o que nele interferem

profundamente assim como discutir e rever fatores de risco e de proteccedilatildeo E apoacutes

se ter estabelecido a ideia de crianccedila em desenvolvimento estabelecer paracircmetros

de observaccedilatildeo acompanhamento e avaliaccedilatildeo perceber e discutir quem eacute essa

crianccedila que estaacute em inclusatildeo pois na Educaccedilatildeo Inclusiva deve comprometer-se a

desenvolver uma pedagogia capaz de educar todas as crianccedilas com sucesso e

tambeacutem porque o acesso da crianccedila com necessidades especiais agrave educaccedilatildeo

infantil pode ser considerado como um ritual que marca sua condiccedilatildeo de crianccedila

(SORIANO 1999 ZORTEacuteA 2007)

Sendo reconhecidamente estabelecido que os primeiros anos de vida satildeo

fundamentais para o crescimento desenvolvimento e aprendizagem de qualquer

indiviacuteduo pensar em desenvolvimento infantil tambeacutem requer que se reflita sobre

quais as necessidades que as crianccedilas pequenas com ou sem necessidades

educacionais especiais possuem E nesse caso pode-se afirmar que na primeira

infacircncia certamente haacute a necessidade de interaccedilotildees emocionais seguras em

ambientes que proporcionem oportunidades de aprendizagem seguras e ricas

(BAZELTON e GREENSPAN 2002)

Em acordo com Bronfenbrenner e Evans (2000) para ocorrer o desenvolvimento

de uma pessoa ela precisa participar ativamente de interaccedilotildees reciacuteprocas de

complexidade crescente com pessoas com as quais desenvolve apego forte muacutetuo

e irracional e que com o tempo se comprometa com o bem-estar e

desenvolvimento dos outros Logo especialmente para a crianccedila pequena com

necessidades educacionais especiais eacute fundamental que o profissional tenha um

bom conhecimento sobre desenvolvimento humano principalmente relacionado agrave

faixa etaacuteria que atende e sobre qual eacute o seu papel diante dessa crianccedila Isso

porque eacute necessaacuterio que ele seja capaz de perceber tanto lacunas no

desenvolvimento quanto habilidades jaacute alcanccediladas e suas relaccedilotildees com a faixa

126

etaacuteria da crianccedila e com suas caracteriacutesticas pessoais orgacircnicas culturais entre

outros Aleacutem de que deve ser capaz de estabelecer planos e estrateacutegias para

intervir e avaliar seu trabalho e o desenvolvimento infantil E isso cabe tanto agraves

educadoras da Educaccedilatildeo Infantil quanto agraves professoras do Atendimento Educacional

Especializado pois ambos os grupos trabalham diretamente com o desenvolvimento

na infacircncia

O estabelecimento e a manutenccedilatildeo das interaccedilotildees entre o cuidador e a crianccedila

dependem da disponibilidade e do envolvimento de outro adulto (terceira pessoa)

que daacute apoio e encoraja a pessoa que cuida e interage com a crianccedila (BHERING e

SARKIS 2009) No caso da presente pesquisa pode-se perceber que em vaacuterios

momentos as matildees fazem esse papel de encorajamento como por exemplo ao

buscar levar informaccedilotildees para as educadoras em relaccedilatildeo aos filhos Contudo tal

funccedilatildeo natildeo eacute evidente quando se observa o papel da professora do Atendimento

Educacional Especializado nem junto agraves matildees muito menos em relaccedilatildeo agraves

educadoras

Eacute importante lembrar que o contexto assim como a pessoa tem caracteriacutesticas

que satildeo instigadoras de desenvolvimento (BHERING E SARKIS 2009) O contexto

do Centro Municipal de Educaccedilatildeo Infantil se enquadra nesse paracircmetro enquanto

ambiente distinto do familiar especialmente por conter objetos siacutembolos ambientes

e pessoas que se mostram como estiacutemulos muito diversos dos familiares Contudo

eacute algo que ocorre por si soacute sem planejamento ou adaptaccedilotildees Ou seja as proacuteprias

educadoras informam que natildeo haacute preparaccedilatildeo ou planejamento algum para que tal

ambiente se torne instigador para a crianccedila que estaacute em inclusatildeo Isso de algum

modo parece incomodar algumas profissionais pois o natildeo planejamento nem

sempre se daacute como uma escolha delas mas como uma falta de conhecimento em

como proceder

No que se refere agrave interaccedilatildeo com as outras crianccedilas da turma o que foi referido

como positivo e importante elemento promotor de desenvolvimento e de

aprendizagem das crianccedilas em inclusatildeo lembra-se que esta natildeo pode se resumir

apenas e somente a atividades e accedilotildees realizadas ao acaso Pois a relaccedilatildeo com o

outro tambeacutem crianccedila pode provocar impactos tanto positivos quanto negativos em

quem estaacute em inclusatildeo lembrando que a turma responde ao modelo de

entendimento e aceitaccedilatildeo do diferente conforme for apresentado por suas

educadoras (DRAGO 2005)

127

De todo modo Zorteacutea (2007) fala que as crianccedilas pequenas querem estar umas

com as outras e isso eacute fundamental para que se crie laccedilos e paracircmetros sociais de

pertencimento e de identidade e isso foi possiacutevel de perceber nos relatos das

educadoras Portanto cabe aos familiares educadoras e professoras de

Atendimento Educacional Especializado que levem em consideraccedilatildeo a interaccedilatildeo

com outras crianccedilas tambeacutem como elemento de construccedilatildeo do processo inclusivo

sem no entanto consolidar o estigma que jaacute existe entre os ldquonormaisrdquo e os

ldquoinclusosrdquo

Contudo haacute que se estabelecer tanto entre as famiacutelias quanto entre as

profissionais da educaccedilatildeo estrateacutegias que auxiliem a perceber acompanhar e

avaliar o processo de desenvolvimento infantil Para que assim todos possam

interagir com a crianccedila no sentido de natildeo soacute promover seus aspectos

desenvolvimentais mas tambeacutem de identificar possiacuteveis riscos e alteraccedilotildees de

forma precoce para em decorrecircncia disso intervir com qualidade e seguranccedila E

nesse sentido concorda-se com Diaz ndash Herrero e Martinez ndash Fuentes (2009)

quando essas autoras afirmam que especialmente o ambiente da escola serve

como contexto para minimizar os efeitos de atrasos e de condiccedilotildees anocircmalas do

desenvolvimento infantil Mas isso soacute vai ocorrer quando o ambiente escolar

conseguir se adequar agraves necessidades da crianccedila do contraacuterio falharaacute enquanto

fator de proteccedilatildeo agrave infacircncia (DIAZ ndash HERRERO e MARTINEZ ndash FUENTES 2009)

Para tal faz-se urgente a necessidade de estabelecer accedilotildees que visem agrave

adequaccedilatildeo estrutural das instituiccedilotildees que atendem a infacircncia para que se

constituam em ambientes seguros e promotores do desenvolvimento infantil de

qualquer crianccedila Assim como construir e aplicar programas que levem em

consideraccedilatildeo a orientaccedilatildeo e o apoio contiacutenuo agraves famiacutelias membros da comunidade

profissionais da educaccedilatildeo e demais interessados enquanto espaccedilos coletivos de

discussatildeo reflexatildeo e formaccedilatildeo acerca do desenvolvimento e seus fatores de risco e

de proteccedilatildeo

128

45 Do reconhecimento da importacircncia dos contextos e suas inter-relaccedilotildees

Bronfenbrenner (1989) tambeacutem assinala a necessidade de haver poliacuteticas

puacuteblicas e accedilotildees que funcionem como suporte agraves atividades de educar crianccedilas de

forma ampla abrangendo pais cuidadores professores parentes amigos

vizinhos parceiros de trabalho e tambeacutem as instituiccedilotildees poliacuteticas econocircmicas e

sociais da sociedade como um todo

No presente estudo em acordo com os relatos haacute a percepccedilatildeo do papel dos

contextos como elementos importantes especialmente no que se refere agrave famiacutelia e

agraves instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Infantil Contudo essa percepccedilatildeo natildeo eacute suficiente para

que se verifique uma efetiva relaccedilatildeo entre os contextos

Portanto haacute a necessidade de se discutir tanto com a famiacutelia quanto com os

profissionais e membros da comunidade a importacircncia de um trabalho coletivo e

colaborativo quando se trata de construir um processo de inclusatildeo especialmente

na primeira infacircncia para que todos se percebam como agentes mediadores da

promoccedilatildeo do desenvolvimento infantil e da inclusatildeo em si

A relaccedilatildeo entre os contextos as caracteriacutesticas da pessoa e processos proximais

eacute pertinente na medida em que ambientes especialmente preparados para as

crianccedilas satildeo vitais e as interaccedilotildees ali estabelecidas satildeo determinantes para o seu

desenvolvimento (BHERING e SARKIS 2009) Eis aqui outro aspecto que as

participantes demonstraram em seus relatos a pouca preparaccedilatildeo para atender o

alunado em inclusatildeo Diante do que foi afirmado por Bhering e Sarkis (2007) eacute

possiacutevel inferir que isso ao longo do tempo pode gerar impactos negativos no

desenvolvimento e na aprendizagem desse alunado que estaacute construindo sua

trajetoacuteria tanto como pessoa quanto como aluno

Ainda que a crianccedila permaneccedila o dia todo na instituiccedilatildeo isso natildeo invalida o

papel da famiacutelia no que se refere agrave participaccedilatildeo no processo de inclusatildeo e da

estimulaccedilatildeo do desenvolvimento do filho e deve-se lembrar que o que ocorre na

famiacutelia afeta a instituiccedilatildeo na qual a crianccedila estaacute e vice-versa (BRONFENBRENNER

1986) Portanto concorda-se com Bronfenbrenner (1989) quando esse autor propotildee

que o funcionamento efetivo do processo de educar crianccedilas no contexto familiar e

em outros contextos tais como os Centros Municipais de Educaccedilatildeo Infantil

requer que haja padrotildees de trocas de informaccedilatildeo estabelecidos e contiacutenuos aleacutem

129

de confianccedila muacutetua entre os principais ambientes nos quais as crianccedilas e suas

famiacutelias vivem

O compartilhamento de praacuteticas educativas familiares e escolares eacute um dos

passos importantes para o sucesso das instituiccedilotildees educacionais do desempenho e

desenvolvimento dos profissionais a frente das iniciativas das relaccedilotildees entre os

responsaacuteveis pelos processos educativos formais e informais e acima de tudo

para o desenvolvimento integral das crianccedilas (BHERING e SARKIS 2009)

Lembrar-se tambeacutem que quando se trata especificamente de crianccedilas com

alteraccedilotildees no desenvolvimento ou deficiecircncia o sucesso de programas de

intervenccedilatildeo precoce depende em grande parte da integraccedilatildeo de esforccedilos da

comunidade local e da famiacutelia (MUELLER 2008)

46 Da consideraccedilatildeo e discussatildeo das novas concepccedilotildees acerca da Inclusatildeo

Conforme Sanches e Teodoro (2007) eacute preciso saber o que queremos significar

quando falamos da inclusatildeo de um aluno na escola e quais os indicadores que nos

permitem afirmar que a crianccedila estaacute incluiacuteda ou natildeo Dentro do grupo entrevistado

haacute alguns indicadores estes estabelecidos de forma intuitiva baseada no senso

comum e em pouco conhecimento sobre o tema Contudo eacute preciso dar novo

significado ao que eacute inclusatildeo de modo que deixe de ser moda e de gerar ideias

errocircneas e simplistas de sua aplicaccedilatildeo ou que justificam sua impossibilidade

(RODRIGUES 2006)

Ao se inferir que eacute necessaacuterio considerar e discutir as novas concepccedilotildees acerca

da inclusatildeo isso quer dizer que natildeo eacute mais tempo de questionar se o que se faz eacute

integraccedilatildeo normalizaccedilatildeo ou inclusatildeo Mas de partir dos conceitos que as

profissionais e as famiacutelias jaacute trazem e dar novo significado a eles sem

desconsideraacute-los Parte-se do princiacutepio que o fato da inclusatildeo natildeo eacute mais uma

ldquogranderdquo novidade pois de algum modo ela permeia nosso dia-a-dia Contudo nem

todos demonstram essa consciecircncia O que parece ocorrer eacute que a inclusatildeo em si

se tornou uma possibilidade mal divulgada e pouco discutida o que a torna uma

realidade distante ainda que natildeo seja verdade

130

Quando se diz que eacute mal divulgada eacute no sentido de que as pessoas sabem que

tem que ldquoincluir os diferentesrdquo - muito se afirma nas miacutedias que todos satildeo diferentes

que deve haver respeito e igualdade de oportunidades para todos - mas sabem elas

quem satildeo esses diferentes Sabem elas onde eles devem ser incluiacutedos Quando se

referencia que a inclusatildeo eacute uma possibilidade pouco discutida eacute que natildeo o

suficiente apenas ter informaccedilotildees sobre a inclusatildeo Faz-se necessaacuterio discutir

refletir re-significar e ampliar a concepccedilatildeo do que eacute a inclusatildeo desde quando se eacute

sujeito e qual eacute o objetivo da inclusatildeo E quando se afirma que a inclusatildeo eacute uma

possibilidade distante eacute porque ela se torna exatamente isso para determinadas

pessoas especialmente no caso das educadoras e professoras que tem em seu rol

de formaccedilatildeo dados informaccedilotildees ou experiecircncias que tratem do processo inclusivo

Diante disso eacute possiacutevel pensar que um dos aspectos que faltam agrave formaccedilatildeo eacute dar

sentido ao que os envolvidos trazem seja como experiecircncia de vida ou como

formaccedilatildeo acadecircmica

Quando se percebe que segundo as participantes a inclusatildeo serve agrave

socializaccedilatildeo que eacute um direito que eacute uma oportunidade que eacute vantajoso que eacute a

chance da crianccedila estar em um lugar seguro elas estatildeo tambeacutem indicando

concepccedilotildees que de algum modo fundamentam sua relaccedilatildeo com a crianccedila Natildeo

obstante esses fatos natildeo devem ser tomados como base se julgamento de suas

competecircncias habilidades ou eficiecircncia em compreender e buscar atender o aluno

da melhor maneira possiacutevel - ainda que essa maneira natildeo se enquadre no que

academicamente eacute desejaacutevel ou recomendaacutevel

Dentro de uma escola para todos esse ldquotodosrdquo deve envolver tambeacutem os sujeitos

que ali se envolvem seja a crianccedila com deficiecircncia matildee a professora profissionais

Fernandes Bolsanello e Ceretta (2009) apontam para o fato de que a inclusatildeo

passa necessariamente pela possibilidade de assegurar agraves crianccedilas agraves famiacutelias e

aos professores apoio formaccedilatildeo e condiccedilotildees praacuteticas pois estas satildeo questotildees

imprescindiacuteveis para que a inclusatildeo de fato aconteccedila

Concorda-se com Sanches e Teodoro (2007) quando esses autores afirmam que

haacute muitos obstaacuteculos que podem ser enunciados para natildeo ser praticada uma

educaccedilatildeo inclusiva mas o verdadeiro obstaacuteculo estaacute na forma de pensar na e sobre

a diferenccedila e da disponibilidade daiacute decorrente

131

47 Da consideraccedilatildeo das (necessaacuterias) transformaccedilotildees que vem ocorrendo na

Educaccedilatildeo Infantil

Facilmente se percebe as muacuteltiplas transformaccedilotildees que vecircm se desenrolando ao

longo das uacuteltimas deacutecadas na Educaccedilatildeo Infantil Mudanccedilas que implicam no

reconhecimento do papel da instituiccedilatildeo enquanto serviccedilo necessaacuterio agrave matildee

trabalhadora na contemporaneidade no sentido de ser espaccedilo de promoccedilatildeo do

desenvolvimento na infacircncia e alteraccedilatildeo da identidade da educadora enquanto

profissional da educaccedilatildeo agente de desenvolvimento e aprendizagem Deve-se

agregar a esses itens tambeacutem os aspectos relacionados agrave possibilidade de

inclusatildeo de bebecircs e de crianccedilas pequenas nas instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Infantil

Desse modo deve-se reconhecer que ter uma crianccedila especial na turma faz com

que a educadora da Educaccedilatildeo Infantil tenha que repensar seu papel mais uma vez

agora no que se refere a aspectos que ateacute pouco tempo atraacutes cabiam apenas ao

professor da Educaccedilatildeo Especial Junto a isso deve-se ater ao fato de que a

instituiccedilatildeo em si em termos estruturais tambeacutem deve rever seus ambientes

materiais condiccedilatildeo de acesso e permanecircncia desse alunado

Reforccedila-se que natildeo eacute mais tempo de se pensar na inclusatildeo como algo distante

fora da realidade do Ensino Regular para o momento considere-se que eacute

imprescindiacutevel ver que a inclusatildeo para ser como tal tem que ser total radical natildeo

podendo haver ldquoporeacutensrdquo E eacute nessa radicalidade que se verificam as devidas

necessidades de transformaccedilatildeo real e profunda sem preacircmbulos ou desculpas Soacute

se aprende a fazer uma escola inclusiva na accedilatildeo e discussatildeo a respeito Como

saber quais as condiccedilotildees ideais para que a inclusatildeo ocorra mantendo os diferentes

longe dessa escola Eacute preciso ver sentir experenciar conviver ouvir e ir

construindo a caminhada durante o proacuteprio percurso

Por isso merece destaque o que Mantoan (2006) afirma e para a qual a inclusatildeo

eacute produto de uma escola plural democraacutetica e transgressora o que provoca uma

crise escolar ou melhor uma crise de identidade institucional que por sua vez abala

a identidade dos professores provocando que a identidade do aluno tambeacutem seja

ressignificada

Daiacute que a figura da educadora eacute especialmente importante para que a

diversidade humana possa se fazer presente na escola porque satildeo elas que no

132

meio de suas contradiccedilotildees duacutevidas avanccedilos medos disponibilidades ansiedades

acolhimentos e possibilidades assumem os alunos em suas salas de aula (JESUS

2008)

E ao ouvi-las nesse estudo percebeu-se que entre as suas queixas estatildeo

questotildees que natildeo satildeo de exclusividade de quem atende turmas inclusivas tais

como as salas de aula numerosas em termos de alunos a dificuldade de dar

atenccedilatildeo mais individualizada agraves crianccedilas pequenas a falta de conhecimento sobre o

desenvolvimento infantil e a ocorrecircncia de ambientes que precisam ser mais bem

adaptados para todas as crianccedilas

O que possibilita inferir que a dificuldade maior de uma turma de inclusatildeo talvez

nem seja a crianccedila com necessidades educacionais especiais mas toda uma

estrutura que engloba formas de pensamento modos de agir de formaccedilatildeo docente

que natildeo proporcionam uma maior amplitude de visatildeo do profissional quanto agrave sua

funccedilatildeo junto com a proacutepria estrutura do atendimento que necessita ser modificada

Ainda no que se refere ao papel da educadora frente agrave inclusatildeo da crianccedila

pequena Camera (2006) afirma que quando se exercita o papel uma figura de

mediadora estaacute sendo delineada a construccedilatildeo de uma pedagogia da complexidade

onde deve haver espaccedilo para muacuteltiplos olhares para uma escuta sensiacutevel e para

acolher o que vai se constituindo pelo movimento das proacuteprias crianccedilas onde se

vivencia a disponibilidade ao diaacutelogo e a reciprocidade construindo assim uma

pedagogia da compreensatildeo

Desse modo urge que na formaccedilatildeo da identidade docente tambeacutem seja

considerada a sua funccedilatildeo como agente de inclusatildeo

Jaacute no que se refere agrave participaccedilatildeo da famiacutelia de crianccedilas com necessidades

educacionais especiais na Educaccedilatildeo Infantil percebe-se ndash como indicado

anteriormente - que esta natildeo vem se dando de modo diferente do que o esperado

no caso de filhos que natildeo estatildeo em inclusatildeo Mas ressalta-se novamente que eacute

fundamental que a famiacutelia que tem um filho com necessidades educacionais

especiais seja atendida em suas peculiaridades e principalmente que seja

construiacutedo com ela o processo de inclusatildeo de sua crianccedila Ateacute porque eacute sabido que

quando nasce uma crianccedila com deficiecircncia haacute normalmente uma grande

necessidade de apoiar e orientar essa famiacutelia de modo que natildeo haja perdas no

processo de aceitaccedilatildeo do filho Acredita-se que a instituiccedilatildeo de Educaccedilatildeo Infantil

tambeacutem possa servir como apoio agrave famiacutelia

133

Em acordo com Sigolo e Oliveira (2008) haacute uma vivecircncia familiar anterior agrave

escola que natildeo pode ser ignorada A entrada na escola significa um grande passo

na transiccedilatildeo da dependecircncia para a autonomia da crianccedila assim o papel da escola

junto da famiacutelia e a funccedilatildeo dos pais na escola tecircm que ser observados nesse

contexto Pois em algumas situaccedilotildees para os pais e familiares proacuteximos lidar com

a entrada de uma crianccedila pequena na crechepreacute-escola significa lidar com muitos

sentimentos que por vezes satildeo ambivalentes O que pode trazer para o contexto

familiar novas preocupaccedilotildees rotinas e adequaccedilotildees (BHERING e SARKIS 2009)

Logo a compreensatildeo desse processo pode auxiliar na definiccedilatildeo de objetivos e de

estrateacutegias de ensino para o aluno especial (SIGOLO e OLIVEIRA 2008)

Ainda que a colaboraccedilatildeo de pais de alunos com necessidades educacionais

especiais seja pensada como difiacutecil pois estes satildeo vistos como natildeo capacitados

para contribuir na elaboraccedilatildeo de programas educativos ela eacute possiacutevel e na

atualidade uma necessidade imprescindiacutevel (SIGOLO e OLIVEIRA 2008) E essa

deve ser vista sem preconceitos ou preacute-julgamentos

Portanto ressalta-se que a inclusatildeo eacute um problema de todos (RODRIGUES

2006) o que implica considerar os sujeitos que podem colaborar com ela e orientar

accedilotildees e estrateacutegias que melhor os capacitem para lidar com as condiccedilotildees da crianccedila

pequena que estaacute na Educaccedilatildeo Infantil

48 Da consideraccedilatildeo das transformaccedilotildees que vecircm ocorrendo na Educaccedilatildeo

Especial

Tambeacutem a Educaccedilatildeo Especial passou e ainda passa por profundas

transformaccedilotildees Na medida em que esse professor sai da Escola Especial e passa

a possibilidade de tambeacutem estar lotado nos espaccedilos de ensino regular atendendo

uma nova especificidade de alunos de um modo que natildeo corresponde mais agrave ideia

de turma formal mas com alguma liberdade para desenvolver sua funccedilatildeo esse

mesmo profissional se perde em sua identidade e assim novas demandas e

necessidades se criam Entre elas e natildeo diferente do que ocorre no acircmbito da

Educaccedilatildeo Infantil eacute facilmente verificado no presente estudo que as professoras

134

tambeacutem estatildeo revendo e reorganizando as especificidades do que cabe agrave sua

funccedilatildeo

O fato de terem que atender a uma gama ampla de necessidades especiais e

faixas etaacuterias diferentes exige desses profissionais um perfil mais dinacircmico e flexiacutevel

voltado para a pesquisa e estudo constante Tambeacutem se percebe que essas

professoras estatildeo sendo legalmente convidadas a saiacuterem de suas salas de aula e

auxiliarem na construccedilatildeo da inclusatildeo de seus alunos nas instituiccedilotildees do ensino

regular

No que se refere especificamente agrave crianccedila pequena outros desafios se fazem

notar Entre eles o fato de ter que lidar natildeo soacute com os conhecidos meacutetodos

pedagoacutegicos mas agora tambeacutem ter que se interar de assuntos que fazem

referecircncia ao desenvolvimento humano

Aos fazerem referecircncia de que seu trabalho com crianccedilas pequenas eacute ou seraacute

voltado para a estimulaccedilatildeo essencial e ao esclarecerem o modo como entendem

isso essas professoras demonstram que necessitam de maior embasamento teoacuterico

e praacutetico a respeito E eacute nesse sentido que se propotildee que o Atendimento

Educacional Especializado para bebecircs e crianccedilas pequenas seja construiacutedo a partir

do entendimento de que tambeacutem eacute um processo de intervenccedilatildeo precoce e de que

esse seja voltado para a valorizaccedilatildeo e inter-relaccedilatildeo dos contextos

desenvolvimentais nos quais a crianccedila pequena participa

Logo torna-se imprescindiacutevel que essas profissionais tenham condiccedilotildees teoacuterico-

metodoloacutegicas para promover o desenvolvimento na infacircncia bem como para

orientar e dar apoio agrave famiacutelia e agraves educadoras Segundo Mantoan (2006) o papel da

educaccedilatildeo especial na perspectiva inclusiva eacute muito importante e natildeo pode ser

negado mas dentro dos limites de suas atribuiccedilotildees sem que sejam extrapolados os

seus espaccedilos de atuaccedilatildeo especiacutefica Essas atribuiccedilotildees conforme jaacute foi referido

complementam e apoiam o processo de escolarizaccedilatildeo de alunos com deficiecircncia

que estatildeo regularmente matriculados nas escolas comuns

O espaccedilo criado pela possibilidade de inclusatildeo emerge sempre como um

grande elo no qual podem ser verificadas experiecircncias profundas de emancipaccedilatildeo e

valorizaccedilatildeo humana Poreacutem isso soacute vai ocorrer verdadeiramente se forem

consideradas e aceitas as necessaacuterias transformaccedilotildees tanto da Educaccedilatildeo Infantil

como na Educaccedilatildeo Especial

135

5 CONCLUSOtildeES

Com fins de realizar as consideraccedilotildees finais acerca das informaccedilotildees

percebidas durante o processo de apresentaccedilatildeo de dados retoma-se a questatildeo que

norteou esta pesquisa

Quais concepccedilotildees norteiam o processo de inclusatildeo da crianccedila pequena com

necessidades educacionais especiais no contexto do Centro Municipal de

Educaccedilatildeo Infantil segundo suas Matildees suas Educadoras na Educaccedilatildeo Infantil e

suas Professoras do Atendimento Educacional Especializado

Ao se propor a investigaccedilatildeo do processo inclusivo 18 anos apoacutes a Declaraccedilatildeo

de Salamanca inicialmente parecia que se iria discutir um tema amplamente

debatido e jaacute esgotado em possibilidades Poreacutem na medida em que se eacute possiacutevel

debruccedilar sobre leituras praacuteticas inclusivas jaacute realizadas e sobre os dados e

concepccedilotildees coletadas nessa pesquisa percebe-se que mesmo que os anos

tenham se passado e as experiecircncias nesse acircmbito se multipliquem ainda haacute

questotildees a serem debatidas e claro novas demandas se estabelecem e antigas

reflexotildees acerca do tema merecem ser resgatadas O que estaacute em consonacircncia com

o que segundo Alves (2007) ressalta nos aponta para o fato de que os casos de

inclusatildeo sempre trazem consigo uma gama de novas necessidades e duacutevidas De

algum modo vai ao encontro do que Guasselli (2005) afirma quando comenta que a

proposta da educaccedilatildeo inclusiva eacute complexa pois articula vaacuterios aspectos entre os

quais o autor faz destaque o tempo instituiacutedo e o tempo do aluno o peso da

aprendizagem formal em detrimento das habilidades do aluno e o olhar do professor

e dos demais alunos sobre as necessidades especiais

O presente estudo trouxe concepccedilotildees de inclusatildeo que muito embora a

primeira vista pareccedilam heterogecircneas possuem elementos em comum Elas

sugerem ainda uma perspectiva inclusiva voltada para a possibilidade de

socializaccedilatildeo da crianccedila pequena com necessidades educacionais especiais com

ldquocrianccedilas normaisrdquo e para a concepccedilatildeo de que estar em inclusatildeo eacute o cumprimento

de um direito O que num primeiro momento aparenta ser uma celebraccedilatildeo pode no

decorrer do tempo tornar-se a reafirmaccedilatildeo de estigmas preconceitos e de accedilotildees e

136

concepccedilotildees que banalizam reduzem e simplificam a complexidade do que eacute o

processo inclusivo especialmente para as crianccedilas pequenas

A famiacutelia participa pouco do processo de inclusatildeo de sua crianccedila isso tanto

no que se refere ao Atendimento Educacional Especializado quanto no Centro

Municipal de Educaccedilatildeo Infantil Sua participaccedilatildeo eacute reconhecida como importante

para as participantes mas os relatos sobre a praacutetica natildeo demonstram isso

O professor do Atendimento Educacional Especializado eacute uma figura

praticamente desconhecida das educadoras e para as matildees natildeo representa uma

referencia consideraacutevel quando se tem duacutevidas ou dificuldades

Os CMEIs aparecem como instituiccedilotildees ainda despreparadas para atender

com qualidade crianccedilas pequenas que estatildeo em inclusatildeo assim como as

educadoras aparentam ser profissionais sem preparo e experiecircncia para trabalhar

com crianccedilas pequenas com deficiecircncia Contudo ainda que esse despreparo seja

algo relatado pelas participantes inclusive pelas proacuteprias educadoras haacute o

reconhecimento por parte das entrevistadas que essas profissionais se esforccedilam

por fazer um bom trabalho e no decorrer do tempo em que estatildeo atendendo essas

crianccedilas jaacute indicam modificaccedilotildees em suas accedilotildees e em suas concepccedilotildees sobre a

crianccedila e sobre sua funccedilatildeo enquanto profissionais da educaccedilatildeo

No que se refere ao despreparo dos CMEIs foram indicadas pelas

participantes especialmente pelas educadoras a falta de condiccedilotildees de

acessibilidade materiais e ambientes que natildeo satildeo adaptados e condiccedilotildees que

implicam em risco inclusive para crianccedilas que natildeo tem nenhum tipo de necessidade

especial ou alteraccedilatildeo no desenvolvimento

Sobre o trabalho das educadoras chama atenccedilatildeo a queixa a respeito do

nuacutemero de crianccedilas por turma o que segundo grande parte das participantes eacute

muito grande o que dificultaria o atendimento de crianccedilas com necessidade

especial Em vaacuterios momentos foi sugerido que se mantivesse uma professora extra

especiacutefica para cuidar da crianccedila que estaacute em inclusatildeo Tambeacutem se percebe uma

grande necessidade de as educadoras terem espaccedilos para conversar e se informar

sobre a inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil e sobre as especificidades das crianccedilas que

atendem

O processo de inclusatildeo em si se mostra sendo realizado como accedilotildees isoladas

e desestruturadas com pouca relaccedilatildeo entre os diversos sujeitos envolvidos (matildees

crianccedilas educadoras especialistas professoras do AEE comunidade etc) No

137

caso especiacutefico do trabalho no Centro Municipal de Educaccedilatildeo Infantil tambeacutem eacute

possiacutevel inferir que a inclusatildeo de bebecircs e de crianccedilas pequenas natildeo seguem um

planejamento ou projeto apropriado muito menos que se considerem aspectos

como a promoccedilatildeo do desenvolvimento dessas crianccedilas a participaccedilatildeo da famiacutelia

apoio agraves educadoras relaccedilatildeo com a comunidade por exemplo O que parece

contribuir para o sentimento de desamparo e despreparo das educadoras e de

inseguranccedila por parte das matildees das crianccedilas

Quanto ao trabalho das professoras do Atendimento Educacional

Especializado tambeacutem parece ser necessaacuterio discutir e estabelecer de uma forma

mais clara e profunda quais suas atribuiccedilotildees junto ao desenvolvimento global da

crianccedila pequena e sobre o que vem a ser o atendimento em

estimulaccedilatildeointervenccedilatildeo precoce Sugere-se que isso seja realizado em equipe

interdisciplinar - se possiacutevel ndash e que seja baseado em modelos integrais de

atendimento agrave crianccedila e sendo considerada a participaccedilatildeo da famiacutelia nesse

processo de promoccedilatildeo do desenvolvimento e de minimizaccedilatildeo de riscos e impactos

Ainda que a inclusatildeo natildeo seja mais uma novidade dentro da aacuterea

educacional pois haacute muito vem sendo discutida exposta e mesmo vivenciada foi

possiacutevel perceber que as educadoras dessa pesquisa natildeo se mostraram afeitas ao

tema indicando um grande distanciamento do que venha a ser a experiecircncia

inclusiva

Mesmo com todas as dificuldades apresentadas pelas entrevistadas e a

desarticulaccedilatildeo de conceitos e accedilotildees na construccedilatildeo do processo inclusivo eacute

consenso que para a crianccedila pequena estar instituiccedilatildeo de Educaccedilatildeo Infantil eacute algo

imensamente positivo Foi indicado pelas participantes que todas as crianccedilas

ganham com o processo inclusivo em alguma instacircncia tanto as que tecircm

necessidades educacionais especiais quanto as que natildeo tecircm Contudo as

evoluccedilotildees e transformaccedilotildees positivas que facilmente satildeo vistas nas crianccedilas que

estatildeo em inclusatildeo tambeacutem aparecem em acordo com os relatos como algo

inerente ao fato de estarem na instituiccedilatildeo natildeo resultado de planejamentos

discussotildees ou accedilotildees voltadas especificamente para a qualidade do processo

inclusivo

Desse modo diante dos dados organizados na presente pesquisa foram

observadas como demandas a serem consideradas quando se pretende um

processo inclusivo com qualidade aquelas oriundas das necessidades de a) se

138

observar e atuar na infacircncia enquanto etapa crucial de desenvolvimento b) do

reconhecimento da importacircncia dos contextos e suas relaccedilotildees c) da consideraccedilatildeo e

discussatildeo das novas concepccedilotildees acerca da Inclusatildeo d) da consideraccedilatildeo das

transformaccedilotildees que vecircm ocorrendo na Educaccedilatildeo Infantil e) da consideraccedilatildeo das

transformaccedilotildees que vecircm ocorrendo na Educaccedilatildeo Especial

Por fim ainda que o tema da Educaccedilatildeo Inclusiva esteja longe de ser

esgotado especialmente no que compete agrave Educaccedilatildeo Infantil e diante de todas as

informaccedilotildees oferecidas agrave anaacutelise e discussatildeo nessa pesquisa eacute possiacutevel considerar

que esta Tese demonstrou

a) Que a inclusatildeo de crianccedilas pequenas com deficiecircncia na Educaccedilatildeo

Infantil ainda reflete diversas contradiccedilotildees e desencontros sendo

realizada de maneira simplificada no sentido do cumprimento de um

direito e tendo como foco a socializaccedilatildeo desse alunado com crianccedilas

ldquonormaisrdquo preterindo outras importantes funccedilotildees interventivas precoces

tatildeo necessaacuterias agrave promoccedilatildeo de um desenvolvimento amplo e saudaacutevel

b) Que a experiecircncia inclusiva mesmo diante da realidade exposta nos

contextos pesquisados se mostra vaacutelida por ser uma accedilatildeo que

transgride o comum pois proporciona novas reflexotildees novas

necessidades duacutevidas e significados o que com certeza poderaacute gerar

outras perspectivas e estrateacutegias em prol da qualidade educacional e da

promoccedilatildeo do desenvolvimento humano

Outrossim sugere-se que todo processo inclusivo que vise atender a crianccedila

pequena com necessidades educacionais especiais considere

a) a construccedilatildeo de uma concepccedilatildeo de crianccedila pequena ativa e em desenvolvimento

b) a discussatildeo e ampliaccedilatildeo da concepccedilatildeo de inclusatildeo especialmente no que se

refere agrave Educaccedilatildeo Infantil

c) a importacircncia de uma abordagem de atendimento baseada nas relaccedilotildees e trocas

muacutetuas entre os contextos nos quais a crianccedila participa direta ou indiretamente

d) as caracteriacutesticas e necessidades da famiacutelia da crianccedila que estaacute em inclusatildeo

tornando-a tambeacutem agente mediadora da inclusatildeo do filho

139

e) a identidade e o papel da educadora que trabalha no Centro Municipal de

Educaccedilatildeo Infantil e da professora do Atendimento Educacional Especializado

enquanto agentes mediadoras da inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil

f) a inclusatildeo tambeacutem como um modo de intervenccedilatildeo precoce na qual se previne e

minimiza riscos e dificuldades e promovendo o desenvolvimento humano

g) a adequaccedilatildeo dos espaccedilos das creches levando-se em consideraccedilatildeo a realidade

do atendimento a quantidade de crianccedilas atendidas e as especificidades do puacuteblico

infantil que estaacute em inclusatildeo

h) a criaccedilatildeo de cursos especiacuteficos que tratem da inclusatildeo na primeira infacircncia

i) que os cursos de formaccedilatildeo inicial e os de formaccedilatildeo continuada levem em conta a

inclusatildeo de uma crianccedila real e que possam ser organizados conforme a linguagem

e a realidade praacutetica profissional

j) que sejam feitas mais pesquisas para verificar como o desenvolvimento infantil

vem sendo concebido avaliado e promovido nesta faixa etaacuteria e em outros

contextos de creche especialmente no que se refere ao desenvolvimento da crianccedila

pequena com necessidades especiais

k) de se aprofundar os estudos sobre de que modo a inclusatildeo de bebecircs com

necessidades especiais vem sendo tratada pelas educadoras bem como de que

forma esta inclusatildeo contribui ou natildeo para o desenvolvimento infantil dessas mesmas

crianccedilas

l) e por fim que as Universidades contribuam com projetos de pesquisa e de

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ANEXOS

162

ANEXO A

Roteiro de Entrevistas ndash Matildees

Caracterizaccedilatildeo da Matildee da crianccedila que estaacute em inclusatildeo

1 Nome Completo

2 Idade

3 Escolaridade

4 Ocupaccedilatildeo

Caracterizaccedilatildeo da Famiacutelia da crianccedila que estaacute em inclusatildeo

1 Composiccedilatildeo familiar

Membro Idade MF Escolaridade Ocupaccedilatildeo

01

02

03

04

05

06

2 Quem mora com a crianccedila

3 Qual eacute a renda mensal meacutedia da famiacutelia

4 Haacute mais algum caso de deficiecircncia na sua famiacutelia Comente sua resposta

Caracterizaccedilatildeo da crianccedila que estaacute em inclusatildeo

1 Nome

2 Idade

3 Como eacute o seu filho

163

4 A senhora saberia me dizer qual eacute o diagnoacutestico do seu filho

5 Quando a senhora soube o diagnoacutestico dele o que pensou

6 E hoje que seu filho estaacute no CMEI como se sente

7 Como vocecirc faz para saber se seu filho estaacute se desenvolvendo bem

8 Seu filho frequentou outra instituiccedilatildeo antes de vir para esse CMEI Qual

Comente sua resposta

9 Desde quando seu filho frequenta este CMEI

10 Por que a senhora decidiu matricular seu filho no CMEI

11 Por que a senhora escolheu esse CMEI

12 Qual eacute a turma que seu filho frequenta

13 Quanto tempo por dia sua crianccedila fica no CMEI

14 Atualmente seu filho frequenta algum outro atendimento aleacutem do CMEI

Como eacute isso

15 Como costuma ser a rotina da crianccedila

16 A senhora tem alguma dificuldade em atender sua crianccedila

17 Quando aparecem duacutevidas sobre seu filho o que a senhora faz

18 A senhora recebe ou jaacute recebeu alguma orientaccedilatildeo sobre como atender seu

filho Comente sua resposta

19 Que tipo de atividades vocecirc e sua famiacutelia costumam fazer com a crianccedila

Concepccedilotildees sobre o processo inclusivo

1 Dizer que essa crianccedila estaacute em inclusatildeo o que significa para vocecirc

2 Se algueacutem lhe perguntasse qual eacute o motivo de crianccedilas com deficiecircncia

estarem frequentando o CMEI o que vocecirc diria

3 Qual eacute a sua opiniatildeo sobre a inclusatildeo nos CMEIs

4 Como deveriam ser os CMEIs para atenderem bem os casos de inclusatildeo

5 Como a famiacutelia da crianccedila que tem deficiecircncia pode ajudar na inclusatildeo de seu

filho

6 Como devem ser as educadoras de CMEI para que atendam bem as crianccedilas

que estatildeo em inclusatildeo

7 Como a professora do Atendimento Educacional Especializado pode

contribuir com a inclusatildeo no CMEI

164

8 Que tipo de apoio a famiacutelia da crianccedila que estaacute em inclusatildeo precisa para

atender bem seu filho

9 Que tipo de apoio as educadoras de CMEI precisam para atender bem os

casos de inclusatildeo

10 Vocecirc acha que os CMEIs estatildeo preparados para atender crianccedilas pequenas

em inclusatildeo Comente sua resposta

11 Vocecirc acha que as educadoras de CMEI estatildeo preparadas para atender

crianccedilas pequenas em inclusatildeo Comente sua resposta

12 Qual sua opiniatildeo sobre o trabalho das educadoras que atendem turmas de

inclusatildeo

13 De que maneira acontece a participaccedilatildeo da famiacutelia no processo de inclusatildeo

do filho que estaacute no CMEI Qual sua opiniatildeo sobre isso

14 Em sua opiniatildeo quais as maiores vantagens que a inclusatildeo na Educaccedilatildeo

Infantil traz Comente sua resposta

15 Existiriam desvantagens na inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil Comente sua

resposta

16 Vocecirc gostaria de falar mais alguma coisa sobre a inclusatildeo da crianccedila

pequena no CMEI

165

ANEXO B

Roteiro de Entrevistas ndash Educadoras de CMEI

Caracterizaccedilatildeo da Educadora

Nome Completo

Idade

Estado civil

Escolarizaccedilatildeo

Possui alguma formaccedilatildeo especiacutefica para trabalhar com crianccedilas pequenas na

Educaccedilatildeo Infantil

Possui alguma formaccedilatildeo especiacutefica na aacuterea da Educaccedilatildeo Especial e

Inclusiva

Vocecirc teve experiecircncia como professora fora da Educaccedilatildeo Infantil Comente

sua resposta

Vocecirc teve outras experiecircncias como professora de turmas de inclusatildeo antes

dessa Comente sua resposta

Vocecirc teve ou tem alguma ou experiecircncia com pessoas com deficiecircncia fora

da aacuterea educacional Como foi isso

Caracterizaccedilatildeo do Trabalho da Educadora e o processo inclusivo

1 Qual eacute o seu horaacuterio de trabalho aqui no CMEI

2 Qual eacute a turma que vocecirc atende atualmente

3 Quanto tempo faz que vocecirc estaacute atendendo essa turma

4 Vocecirc divide o atendimento da turma com algueacutem Como eacute isso

5 Como costuma ser sua rotina aqui na creche

6 Vocecirc costuma planejar o atendimento dessa turma Como eacute isso

7 Como eacute a crianccedila que estaacute em inclusatildeo na sua turma

8 Haacute quanto tempo vocecirc atende essa crianccedila

9 Quando vocecirc soube que iria atender essa crianccedila o que pensou Comente

sua resposta

166

10 E hoje que vocecirc jaacute a conhece como se sente ao atendecirc-la Comente sua

resposta

11 Como vocecirc faz para saber se essa crianccedila estaacute se desenvolvendo bem

12 Como eacute o seu trabalho com essa crianccedila que estaacute em inclusatildeo

13 Vocecirc tem alguma dificuldade em atendecirc-la Comente sua resposta

14 Quando vocecirc tem duacutevidas ou dificuldades sobre essa crianccedila o que vocecirc faz

Comente sua resposta

15 Vocecirc recebe ou recebeu algum tipo de orientaccedilatildeo sobre como atender essa

crianccedila Comente sua resposta

Concepccedilotildees sobre o processo inclusivo

16 Dizer que essa crianccedila estaacute em inclusatildeo o que significa para vocecirc

17 Se algueacutem lhe perguntasse qual eacute o motivo de crianccedilas com deficiecircncia

estarem frequentando o CMEI o que vocecirc diria

18 Qual eacute a sua opiniatildeo sobre a inclusatildeo nos CMEIs

19 Como deveriam ser os CMEIs para atenderem bem os casos de inclusatildeo

20 Como a famiacutelia da crianccedila que tem deficiecircncia pode ajudar na inclusatildeo de seu

filho

21 Como devem ser as educadoras de CMEI para que atendam bem as crianccedilas

que estatildeo em inclusatildeo

22 Como a professora do Atendimento Educacional Especializado pode

contribuir com a inclusatildeo no CMEI

23 Que tipo de apoio a famiacutelia da crianccedila que estaacute em inclusatildeo precisa para

atender bem seu filho

24 Que tipo de apoio as educadoras de CMEI precisam para atender bem os

casos de inclusatildeo

17 Vocecirc acha que os CMEIs estatildeo preparados para atender crianccedilas pequenas

em inclusatildeo Comente sua resposta

18 Vocecirc acha que as educadoras de CMEI estatildeo preparadas para atender

crianccedilas pequenas em inclusatildeo Comente sua resposta

19 Qual sua opiniatildeo sobre o trabalho das educadoras que atendem turmas de

inclusatildeo

167

20 De que maneira acontece a participaccedilatildeo da famiacutelia no processo de inclusatildeo

do filho que estaacute no CMEI Qual sua opiniatildeo sobre isso

21 Em sua opiniatildeo quais as maiores vantagens que a inclusatildeo na Educaccedilatildeo

Infantil traz Comente sua resposta

22 Existiriam desvantagens na inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil Comente sua

resposta

23 Vocecirc gostaria de falar mais alguma coisa sobre a inclusatildeo da crianccedila

pequena no CMEI

168

ANEXO C

Roteiro de Entrevistas ndash Professoras do Atendimento Educacional

Especializado (AEE)

Caracterizaccedilatildeo da Professora do AEE

Nome Completo

Idade

Estado civil

Escolarizaccedilatildeo

Possui alguma formaccedilatildeo especiacutefica para trabalhar com crianccedilas pequenas

Possui alguma formaccedilatildeo especiacutefica para trabalhar com Educaccedilatildeo Especial e

Inclusiva

Possui alguma formaccedilatildeo especiacutefica para trabalhar como professora do AEE

Haacute quanto tempo vocecirc trabalha na educaccedilatildeo

Antes de trabalhar como professora do AEE vocecirc teve outras experiecircncias na

aacuterea de Educaccedilatildeo Infantil Como foi isso

Antes de trabalhar como professora do AEE vocecirc teve outras experiecircncias na

aacuterea de Educaccedilatildeo Especial ou Inclusiva Como foi isso

Teve ou tem alguma outra experiecircncia com pessoas com deficiecircncia fora da

aacuterea educacional Como foi isso

Caracterizaccedilatildeo do Trabalho do AEE

1 Qual eacute o seu horaacuterio de trabalho no AEE

2 Quanto tempo faz que vocecirc estaacute trabalhando como professora do AEE

3 Como eacute o seu trabalho no AEE

4 Quais as maiores diferenccedilas entre o AEE para o Ensino Fundamental e o

AEE para a Educaccedilatildeo Infantil

5 Quantos alunos vocecirc atende no AEE Quantos satildeo da Educaccedilatildeo Infantil e

quantos satildeo do Ensino Fundamental

6 Quanto tempo faz que vocecirc atende essa crianccedila no AEE

7 Quando vocecirc soube que iria atender essa crianccedila pequena o que pensou

Comente sua resposta

169

8 E hoje que vocecirc jaacute a conhece como se sente ao atendecirc-la Comente sua

resposta

9 Como vocecirc faz para saber se essa crianccedila estaacute se desenvolvendo bem

10 Como eacute o seu trabalho com essa crianccedila que estaacute em inclusatildeo

11 Vocecirc tem alguma dificuldade em atendecirc-la Comente sua resposta

12 Quando vocecirc tem duacutevidas ou dificuldades sobre essa crianccedila o que vocecirc faz

Comente sua resposta

13 Vocecirc recebe ou recebeu algum tipo de orientaccedilatildeo sobre como atender essa

crianccedila Como eacute isso

14 Vocecirc sabe quais outros serviccedilos essa crianccedila frequenta aleacutem do CMEI

Concepccedilotildees sobre o processo inclusivo

15 Dizer que essa crianccedila estaacute em inclusatildeo o que significa para vocecirc

16 Se algueacutem lhe perguntasse qual eacute o motivo de crianccedilas com deficiecircncia

estarem frequentando o CMEI o que vocecirc diria

17 Qual eacute a sua opiniatildeo sobre a inclusatildeo nos CMEIs

18 Como deveriam ser os CMEIs para atenderem bem os casos de inclusatildeo

19 Como a famiacutelia da crianccedila que tem deficiecircncia pode ajudar na inclusatildeo de seu

filho

20 Como devem ser as educadoras de CMEI para que atendam bem as crianccedilas

que estatildeo em inclusatildeo

21 Como a professora do Atendimento Educacional Especializado pode

contribuir com a inclusatildeo no CMEI

22 Que tipo de apoio a famiacutelia da crianccedila que estaacute em inclusatildeo precisa para

atender bem seu filho

23 Que tipo de apoio as educadoras de CMEI precisam para atender bem os

casos de inclusatildeo

24 Vocecirc acha que os CMEIs estatildeo preparados para atender crianccedilas pequenas

em inclusatildeo Comente sua resposta

25 Vocecirc acha que as educadoras de CMEI estatildeo preparadas para atender

crianccedilas pequenas em inclusatildeo Comente sua resposta

26 Qual sua opiniatildeo sobre o trabalho das educadoras que atendem turmas de

inclusatildeo

27 De que maneira acontece a participaccedilatildeo da famiacutelia no processo de inclusatildeo

do filho que estaacute no CMEI Qual sua opiniatildeo sobre isso

170

28 Em sua opiniatildeo quais as maiores vantagens que a inclusatildeo na Educaccedilatildeo

Infantil traz Comente sua resposta

29 Existiriam desvantagens na inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil Comente sua

resposta

30 Vocecirc gostaria de falar mais alguma coisa sobre a inclusatildeo da crianccedila

pequena no CMEI

171

ANEXO D- TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ndash Matildees

Eu Nelly Narcizo de Souza aluna do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da

Universidade Federal do Paranaacute (UFPR) convido-o (a) a participar do processo de

coleta de dados de minha Tese de Doutorado sob orientaccedilatildeo da Profordf Drordf Maria

Augusta Bolsanello Esta pesquisa que tem como tiacutetuloldquoInclusatildeo Escolar da Crianccedila

Pequena com Necessidades Especiais Concepccedilotildees de Matildees de Educadoras da

Educaccedilatildeo Infantil e de Professoras do Atendimento Educacional Especializadordquo

possui como objetivo maior descrever as concepccedilotildees de pais e educadores sobre o

processo de inclusatildeo da crianccedila pequena com deficiecircncia no contexto educacional

infantil especificamente na creche A relevacircncia dessa pesquisa estaacute em contribuir

com futuros estudos e accedilotildees que tratem da inclusatildeo da crianccedila pequena com

deficiecircncia em ambiente de creche evidenciando necessidades e possibilidades

para um bom atendimento

A sua participaccedilatildeo aconteceraacute atraveacutes do seu consentimento em responder algumas

perguntas por meio de questionaacuterio e entrevista a ser gravada em aacuteudio no

ambiente da creche em dia e horaacuterio previamente marcados Responder a eles natildeo

apresenta nenhum tipo de risco agrave crianccedila a seus familiares ou a quem a atende na

Creche O seu nome bem como o da crianccedila ou quaisquer dados que possam

identificaacute-los natildeo seratildeo utilizados A sua participaccedilatildeo eacute absolutamente voluntaacuteria

natildeo remunerada e a pesquisadora estaraacute agrave disposiccedilatildeo para qualquer

esclarecimento A sua recusa em participar da pesquisa natildeo traraacute qualquer

penalidade ou prejuiacutezo ao atendimento da crianccedila Vocecirc tambeacutem poderaacute desistir da

participaccedilatildeo a qualquer momento Os resultados da presente pesquisa seratildeo

divulgados agrave instituiccedilatildeo apoacutes a defesa da Tese em data a ser agendada Apoacutes ler

este Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e aceitar participar do estudo

solicito sua assinatura em duas vias no referido Termo sendo que uma delas

permaneceraacute em seu poder Qualquer informaccedilatildeo adicional ou esclarecimento

acerca deste estudo poderaacute ser obtido com a pesquisadora principal pelos telefones

(41) XXXX XXXX e (41) XXXX XXXX

Nelly Narcizo de Souza Maria Augusta Bolsanello Dra

Pesquisadora Principal - Doutoranda Profordf Pesquisadora Orientadora

Eu

abaixo assinado declaro atraveacutes deste documento o meu consentimento em

172

participar da pesquisa intitulada ldquoInclusatildeo Escolar da Crianccedila Pequena com

Necessidades Especiais Concepccedilotildees de Matildees de Educadoras da Educaccedilatildeo Infantil

e de Professoras do Atendimento Educacional Especializadordquo

Declaro ainda que estou ciente de seu objetivo e meacutetodos bem como de meus

direitos ao anonimato e a desistir da mesma a qualquer momento

_____________________de ___________________ de 201_

RG

Assinatura participante da pesquisa

173

ANEXO E - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ndash

Educadores da Educaccedilatildeo Infantil

Eu Nelly Narcizo de Souza aluna do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da

Universidade Federal do Paranaacute (UFPR) convido-o (a) a participar do processo de

coleta de dados de minha Tese de Doutorado sob orientaccedilatildeo da Profordf Drordf Maria

Augusta Bolsanello Esta pesquisa que tem como tiacutetulo ldquoInclusatildeo Escolar da Crianccedila

Pequena com Necessidades Especiais Concepccedilotildees de Matildees de Educadoras da

Educaccedilatildeo Infantil e de Professoras do Atendimento Educacional Especializadordquo

possui como objetivo maior descrever as concepccedilotildees de pais e educadores sobre o

processo de inclusatildeo da crianccedila pequena com deficiecircncia no contexto educacional

infantil especificamente na creche A relevacircncia dessa pesquisa estaacute em contribuir

com futuros estudos e accedilotildees que tratem da inclusatildeo da crianccedila pequena com

deficiecircncia em ambiente de creche evidenciando necessidades e possibilidades

para um bom atendimento

A sua participaccedilatildeo aconteceraacute atraveacutes do seu consentimento em responder algumas

perguntas por meio de entrevista a ser gravada em aacuteudio no ambiente da creche

em dia e horaacuterio previamente marcados Responder a elas natildeo apresenta nenhum

tipo de risco agrave crianccedila agrave famiacutelia a vocecirc ou a outras pessoas que trabalham na

creche O seu nome bem como o da crianccedila ou quaisquer dados que possam

identificaacute-los natildeo seratildeo utilizados A sua participaccedilatildeo eacute absolutamente voluntaacuteria

natildeo remunerada e a pesquisadora estaraacute agrave disposiccedilatildeo para qualquer

esclarecimento A sua recusa em participar da pesquisa natildeo traraacute qualquer

penalidade ou prejuiacutezo para vocecirc ao seu trabalho ou ao atendimento da crianccedila

Vocecirc tambeacutem poderaacute desistir da participaccedilatildeo a qualquer momento Os resultados da

presente pesquisa seratildeo divulgados agrave instituiccedilatildeo apoacutes a defesa da Tese em data a

ser agendada Apoacutes ler este Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e aceitar

participar do estudo solicito sua assinatura em duas vias no referido Termo sendo

que uma delas permaneceraacute em seu poder Qualquer informaccedilatildeo adicional ou

esclarecimento acerca deste estudo poderaacute ser obtido com a pesquisadora principal

pelos telefones (41) XXXX XXXX e (41) XXXX XXXX

Nelly Narcizo de Souza Maria Augusta Bolsanello Dra

Pesquisadora Principal - Doutoranda Profordf Pesquisadora Orientadora

174

Eu

abaixo assinado declaro atraveacutes deste documento o meu consentimento em

participar da pesquisa intitulada ldquoInclusatildeo Escolar da Crianccedila Pequena com

Necessidades Especiais Concepccedilotildees de Matildees de Educadoras da Educaccedilatildeo Infantil

e de Professoras do Atendimento Educacional Especializadordquo a ser realizada nesta

instituiccedilatildeo

Declaro ainda que estou ciente de seu objetivo e meacutetodos bem como de meus

direitos ao anonimato e a desistir da mesma a qualquer momento

_____________________de ___________________ de 201_

RG

Assinatura do educador participante da pesquisa

175

ANEXO F - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ndash

Professores do Atendimento Educacional Especializado

Eu Nelly Narcizo de Souza aluna do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da

Universidade Federal do Paranaacute (UFPR) convido-o (a) a participar do processo de

coleta de dados de minha Tese de Doutorado sob orientaccedilatildeo da Profordf Drordf Maria

Augusta Bolsanello Esta pesquisa que tem como tiacutetulo ldquoInclusatildeo Escolar da Crianccedila

Pequena com Necessidades Especiais Concepccedilotildees de Matildees de Educadoras da

Educaccedilatildeo Infantil e de Professoras do Atendimento Educacional Especializadordquo

possui como objetivo maior descrever as concepccedilotildees de pais e educadores sobre o

processo de inclusatildeo da crianccedila pequena com deficiecircncia no contexto educacional

infantil especificamente na creche A relevacircncia dessa pesquisa estaacute em contribuir

com futuros estudos e accedilotildees que tratem da inclusatildeo da crianccedila pequena com

deficiecircncia em ambiente de creche evidenciando necessidades e possibilidades

para um bom atendimento

A sua participaccedilatildeo aconteceraacute atraveacutes do seu consentimento em responder algumas

perguntas por meio de entrevista a ser gravada em aacuteudio no ambiente de trabalho

em dia e horaacuterio previamente marcados Responder a elas natildeo apresenta nenhum

tipo de risco agrave crianccedila agrave famiacutelia a vocecirc ou a outras pessoas que trabalham com

vocecirc O seu nome bem como o da crianccedila ou quaisquer dados que possam

identificaacute-los natildeo seratildeo utilizados A sua participaccedilatildeo eacute absolutamente voluntaacuteria

natildeo remunerada e a pesquisadora estaraacute agrave disposiccedilatildeo para qualquer

esclarecimento A sua recusa em participar da pesquisa natildeo traraacute qualquer

penalidade ou prejuiacutezo para vocecirc ao seu trabalho ou ao atendimento da crianccedila

Vocecirc tambeacutem poderaacute desistir da participaccedilatildeo a qualquer momento Os resultados da

presente pesquisa seratildeo divulgados agrave instituiccedilatildeo apoacutes a defesa da Tese em data a

ser agendada Apoacutes ler este Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e aceitar

participar do estudo solicito sua assinatura em duas vias no referido Termo sendo

que uma delas permaneceraacute em seu poder Qualquer informaccedilatildeo adicional ou

esclarecimento acerca deste estudo poderaacute ser obtido com a pesquisadora principal

pelos telefones (41) XXXX XXXX e (41) XXXX XXXX

Nelly Narcizo de Souza Maria Augusta Bolsanello Dra

Pesquisadora Principal - Doutoranda Profordf Pesquisadora Orientadora

176

Eu

abaixo assinado declaro atraveacutes deste documento o meu consentimento em

participar da pesquisa intitulada ldquoInclusatildeo Escolar da Crianccedila Pequena com

Necessidades Especiais Concepccedilotildees de Matildees de Educadoras da Educaccedilatildeo Infantil

e de Professoras do Atendimento Educacional Especializadordquo

Declaro ainda que estou ciente de seu objetivo e meacutetodos bem como de meus

direitos ao anonimato e a desistir da mesma a qualquer momento

_____________________de ___________________ de 201_

RG

Assinatura do professor participante da pesquisa

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