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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE BRAGANÇA
INSTITUTO DE ESTUDO COSTEIRO FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
ELAINE CRISTINA LOPES DE AGUIAR
DESENVOLVIMENTO E QUALIDADE DE MUDAS DE ESPÉCIES ARBÓREAS DE MANGUE EM DIFERENTES NÍVEIS DE SOMBREAMENTO
EM VIVEIRO NA PENÍNSULA DE AJURUTEUA, BRAGANÇA, PARÁ
Bragança-Pará
2010
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ELAINE CRISTINA LOPES DE AGUIAR
DESENVOLVIMENTO E QUALIDADE DE MUDAS DE ESPÉCIES ARBÓREAS DE MANGUE EM DIFERENTES NÍVEIS DE SOMBREAMENTO
EM VIVEIRO NA PENÍNSULA DE AJURUTEUA, BRAGANÇA, PARÁ
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
ao Colegiado do Curso de Licenciatura Plena em
Ciências Biológicas, da Universidade Federal do Pará,
Campus de Bragança, como requisito parcial para a
obtenção do Grau de Licenciado em Ciências
Biológicas.
Orientador: Profa. Dra. Erneida C. de Araújo
Co-Orientador: Prof. Dr. Marcus E. B. Fernandes
Bragança-Pará
2010
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ELAINE CRISTINA LOPES DE AGUIAR
DESENVOLVIMENTO E QUALIDADE DE MUDAS DE ESPÉCIES
ARBÓREAS DE MANGUE EM DIFERENTES NÍVEIS DE SOMBREAMENTO
EM VIVEIRO NA PENÍNSULA DE AJURUTEUA, BRAGANÇA, PARÁ
Banca Examinadora: ______________________________________ - Orientador
Profª Drª. Erneida Coelho de Araújo
Universidade Federal do Pará, Campus de Bragança-UFPA.
Co-Orientador
Dr. Marcus Emanuel Barroncas Fernandes
Universidade Federal do Pará, Campus de Bragança-UFPA.
__________________________________________- Titular
Profª Mestre César França Braga
Universidade Federal do Pará, Campus de Bragança-UFPA.
__________________________________________- Titular
Profº Mestre Antônio José Figueiredo Moreira
Universidade Federal Rural da Amazônia- UFRA
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado a Faculdade de Biologia, da
Universidade Federal do Pará, Campus
Universitário de Bragança, como requisito para
obtenção do Grau de Licenciado em Ciências
Biológicas.
Bragança-PA
2010
iii
Dedicatória
Aos meus pais:
José Ronaldo G. de Aguiar e Maria do Socorro L. de Aguiar Pelo exemplo de vida,
Pelos conselhos,
Pelo amor.
Ao meu irmão:
Ewerton José L. de Aguiar
iv
Agradecimentos
Agradeço primeiramente a Deus, por sua benção para que eu pudesse realizar
mais essa conquista em minha vida.
A toda minha família, especialmente aos meus pais José Ronaldo e Maria do
Socorro pela confiança, pelo amor, pelo incentivo e apoio incondicional.
Ao meu irmão Ewerton José, pela parceria, pelo afeto e por acreditar no meu
sucesso.
Ao meu namorado Madson Saraiva pelo companheirismo e por entender e
incentivar minha dedicação aos estudos.
A todos os meus amigos, principalmente aqueles que conviveram comigo no
decorrer destes quatro anos de graduação. Em especial, ao Bruno Andrade, Edimar
Gomes e Jeisa Maria, por todos os ótimos momentos que compartilhamos, pelas
experiências trocadas, pela lealdade e união que contribuiu para superar as
dificuldades e fortalecer ainda mais nossa amizade.
Aos amigos de todas as horas Djavan de Lima e Edivan Sousa, que fizeram a
minha trajetória em Bragança muito mais feliz.
À minha amiga e parceira de Laboratório Rejane Costa por todos os momentos
de alegria e superação, principalmente nos trabalhos de campo.
À turma Biologia 2007, especialmente, ao Arthur Raiol, Celso Luiz, Dulcivânia
Soares, Elis Helena, Lenita Sousa, Tayana Cabral e Tatiana Reis, pela boa convivência
nesses quatro anos de graduação.
Aos monitores que contribuíram para realização dos trabalhos em Tamatateua,
S. Mizael e Moizés.
A Professora Dra. Erneida C. de Araújo e ao Professor Dr. Marcus E. B.
Fernandes pela orientação e amizade, por seu profissionalismo, paciência e pelo
conhecimento compartilhado.
À Universidade Federal do Pará, Campus de Bragança e ao Laboratório
Ecologia de Manguezal (Lama), pelo apoio técnico recebido.
v
Epígrafe
“A sabedoria da natureza é tal que não produz nada de supérfluo ou inútil.”
(Nicolau Copérnico)
vi
SUMÁRIO
RESUMO
ABSTRACT
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................... 1 1.1 Ecossistema Manguezal.................................................................................. 1 1.2 Sombreamentos na Produção de Mudas........................................................ 3
1.3 Estádios de Desenvolvimento......................................................................... 5 1.4 Qualidade das Mudas de Espécies Florestais................................................ 7
1.5. Parâmetros Morfológicos................................................................................ 8 1.5.1. Índices Morfológicos.................................................................................... 9
2 OBJETIVO......................................................................................................... 113 MATERIAL E MÉTODOS................................................................................... 11
3.1 Caracterização da Área de Implantação do Experimento................................ 11 3.2 Construção do Viveiro...................................................................................... 11 3.3 Formações das Mudas .................................................................................... 12
3.3.1 Coletas de Sementes................................................................................... 12 3.3.2. Semeadura.................................................................................................. 12 3.4 Tratamentos ................................................................................................... 13
3.5 Avaliação do Crescimento em Altura.............................................................. 15
3.6 Avaliação dos Parâmetros Morfológicos ........................................................ 15
3.6.1 Índices Morfológicos..................................................................................... 16
3.7 Coleta e Análise de Solo.................................................................................. 16
3.8 Análise dos Dados............................................................................................ 17
I 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................... 18
4.1 Análise do Solo................................................................................................ 18
4.2 Atura ............................................................................................................... 19
4.3 Parâmetros Morfológicos................................................................................ 22
4.3.1 Índices Morfológicos.................................................................................... 26
5 CONCLUSÕES ................................................................................................... 30
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................... 31
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DESENVOLVIMENTO E QUALIDADE DE MUDAS DE ESPÉCIES ARBÓREAS DE MANGUE
EM DIFERENTES NÍVEIS DE SOMBREAMENTO EM VIVEIRO NA PENÍNSULA DE
AJURUTEUA, BRAGANÇA, PARÁ
Resumo
O desenvolvimento de técnicas de produção de mudas em viveiro é imprescindível para a sobrevivência das plantas e auxilia também os estudos sobre as tendências adaptativas das espécies vegetais. Assim, este trabalho teve o objetivo de avaliar a influência de diferentes níveis de sombreamento sobre o crescimento das espécies arbóreas de mangue Avicennia germinans (L.) Stearn, Rhizophora mangle L. e Laguncularia racemosa (L.) Gaertn.f. O experimento foi conduzido na comunidade de Tamatateua, localizada 950 m acima do nível do mar, na península de Ajuruteua, município de Bragança-PA. Para a produção das mudas, os propágulos e sementes das espécies arbóreas de mangue foram semeados em embalagens de polietileno (17 X 27 cm), preenchidas com substrato típico de manguezal. As mudas das três espécies foram testadas a pleno sol (0), 30% e 60% de sombreamento em delineamento experimental inteiramente casualizado em esquema fatorial (3 x 3) x 3 (3 espécies arbóreas e 3 níveis de sombreamento). Durante nove meses se avaliou o crescimento em altura e após 270 dias de permanência no viveiro, as mudas foram avaliadas à altura da parte aérea, diâmetro do coleto, peso de matéria seca da parte aérea, peso de massa seca do caule, peso de matéria seca das raízes e peso de matéria seca total, índices morfológicos e o índice de qualidade de Dickson (IQD). Os dados relacionados à altura da planta foram submetidos à análise de variância, sendo as diferenças comparadas pelo teste F a 5% e ajustes de regressão. Os parâmetros e índices morfológicos e índice de Dickson foram comparados pelo teste de tukey a 5%. Observou-se pelos resultados obtidos que os níveis de sombreamento testados não influenciaram significativamente o crescimento das espécies arbóreas de mangue.
Palavras-chave: manguezal, desenvolvimento de plântulas, sombreamento
viii
DEVELOPMENT AND QUALITY OF TREE SPECIES OF MANGROVE IN DIFFERENT
LEVELS OF SHADING IN NURSERY IN THE DISTRICT OF AJURUTEUA, BRAGANÇA,
SATE OF PARA, BRAZIL
Abstract
The development of techniques for producing seedlings in nurseries is essential for the survival of plants and also helps the studies on the adaptive trends of plant species. This study was aimed to evaluate the influence of different levels of shading on growth of tree species of mangroves: Avicennia germinans (L.) Stearn, Rhizophora mangle L. and Laguncularia racemosa (L.) Gaertn.f. The experiment was conducted at Tamatateua community, located 950m above sea level, Ajuruteua Peninsula, district of Bragança-PA. For the nursery, the seedlings and seeds of tree species of mangroves were planted in polyethylene bags (17 X 27 cm), filled with typical mangrove substrate. The seedlings of the three species were tested in full sun (0), 30% and 60% shading in a completely randomized design in factorial (3 x 3) x 3 (three tree species and three levels of shading). For nine months we evaluated the growth in height and after 270 days of staying in the nursery, the seedlings were evaluated for shoot height, stem diameter, dry weight of shoots, weight of stem dry mass, matter weight root dry weight and total dry matter, and morphological indexes and Dickson quality index (DQI). The data related to plant height were subjected to analysis of variance, with differences compared by F test at 5% and regression adjustments. The parameters and morphological indexes and Dickson index were compared by Tukey test at 5%. It was observed that the results obtained by shading levels did not significantly influence the growth of tree species of mangroves.
Keywords: mangrove, seedling development, shading.
1
I INTRODUÇÃO
1.1. Ecossistema Manguezal
O manguezal é um ecossistema que ocorre em todas as regiões costeiras
tropicais e subtropicais ao redor do mundo e caracterizam-se pelo sedimento
lamacento e salino, inundado diariamente pela maré. Eles crescem em zonas costeiras
protegidas, planícies inundáveis, praias lodosas e desembocaduras de rios. As
florestas de mangue são compostas por árvores e arbustos pertencentes a famílias de
espécies com grande tolerância às águas salgadas e salobras (HOGARTH, 1999).
A caracterização estrutural da vegetação dos manguezais constitui valiosa
ferramenta no que concerne à resposta desse ecossistema às condições ambientais
existentes, bem como aos processos de alteração do ambiente, auxiliando, assim, nos
estudos e ações que objetivam a sua conservação (SOARES, 1999). O autor afirma
ainda, que a estrutura vegetal dos bosques de mangue é uma resposta direta às
condições locais, e que o desenvolvimento estrutural é controlado por forças
subsidiárias, tais como: energia solar, aporte de água doce e nutriente e energia das
marés, as quais, combinadas em diversas intensidades, vão controlar os atributos de
cada manguezal.
Ao longo da costa brasileira, os manguezais apresentam-se com características
estruturais bastante distintas (SILVA et al., 2005). A maior concentração dos
manguezais brasileiros encontra-se no litoral do Amapá, Pará e Maranhão (SOUZA
FILHO, 2005). A península bragantina, nordeste do Pará abriga um mosaico
vegetacional no qual o manguezal aparece como uma das mais relevantes unidades de
vegetação (FARIAS et al., 2006). A Planície Costeira Bragantina estende-se da Ponta
do Maiaú até a foz do rio Caeté e perfaz uma área de 1.570 km2. Esta área é ocupada
por vegetação característica de mangue, que penetra em direção ao continente e ao
longo dos canais estuarinos. Os gêneros botânicos dominantes são: Rhizophora L.,
Avicennia L. e Laguncularia L. (SOUZA FILHO e EL-ROBRINI, 1996).
As espécies vegetais que vivem no manguezal apresentam algumas
características bem específicas, como: folhas grossas com glândulas especiais para
liberar o excesso de sal, raízes escoras, pneumatóforo, e caule rico em tanino que
permite resistir a constantes inundações (COUTO, 2006). No geral, é reduzido o
número de espécies vegetais que compõe os manguezais paraenses. Entre as
espécies arbóreas temos:
2
A Rhizophora mangle L., (mangue vermelho ou mangueiro), família
Rhizophoraceae, tem esse nome porque sua casca ao ser raspada mostra a cor
vermelha. Apresentam folhas ovado-lanceoladas de cor verde brilhante. Tem como
característica marcante, sementes que começam a germinar ainda presas à planta
materna, sendo alongada e apontada para baixo. O propágulo, ao cair, enterra-se na
lama por ocasião da baixa-mar ou pode flutuar na água até encontrar condições
favoráveis para sua fixação e desenvolvimento. Outra característica importante da
espécie é a presença de rizóforos que auxiliam na sustentação da planta no sedimento
lodoso (TOMLINSON, 1986). A região do córtex dessa planta é rica em uma substância
de natureza polissacarídica de cor vermelha, o tanino, utilizado para tingir roupas e
como medicamento. (ALMEIDA et al., 2002)
A Laguncularia racemosa (L.) Gaertn.f (mangue branco ou tinteira), família
Cobretaceae é uma espécie de mangue que apresenta folhas opostas, oblongas ou
elípticas ou obovadas com pecíolos avermelhados e com um par de glândulas
excretoras de excesso de sal na base foliar, é a menor entre as árvores do manguezal,
seus ramos são freqüentemente submersos na maré alta e possui preferência por solos
arenosos. Essa espécie apresenta sementes pequenas, sem albumem, germinam
ainda presas à planta-mãe, produzindo o que é chamado de propágulo. Apresenta um
sistema radicular pouco profundo e disposto de forma radial com os pneumatóforos
(estruturas responsáveis pelas trocas gasosas) de desenvolvimento limitado e nem
sempre presentes, por isso essa espécie não toleram locais com grandes flutuações no
nível da água (TOMLINSON, 1986).
Avicennia germinans (L.) Stearn, família Avicenniaceae, possui folhas opostas,
brilhosas, peninérvias e com glândulas que expelem sal. Seus propágulos são
pequenos e sempre flutuam, necessitando para efetuar sua fixação ao substrato de um
período maior livre da influência das oscilações de marés, conforme a espécie anterior,
com grande poder de resistência. Apresentam dois tipos de raízes: umas que penetram
no substrato, com uma porção aérea (Pneumatóforos), outras, apenas submergidas
(raízes nutritivas). Esta espécie consegue se desenvolver mesmo em áreas mais
afastadas da influência da maré, ou seja, com menor freqüência de inundação.
Apresentam raízes submersas nutritivas e raízes aéreas chamadas pneumatóforos
(TOMLINSON, 1986). Esta árvore é usada para diferentes fins, tais como: Fazer canoa,
lenha entre outros. Também produzem casca de tanino, porém não tão boa como as da
R. mangle (VANUCCI, 2002).
3
1.2. Sombreamentos na produção de mudas
Segundo Ribeiro et al (2002), o manguezal de Bragança-PA compreende uma
área de, aproximadamente, 120 km2, cujas florestas são de extrema importância social,
econômica e ambiental, pois as mesmas são detentoras de uma rica estrutura peculiar
que abriga uma grande variedade de plantas, animais e microorganismos.
Apesar disso, quando essas florestas tornam-se mais acessíveis, devido ao
melhoramento da rede rodoviária, causam um impacto negativo, como é o caso da
construção da rodovia estadual PA-458 que promoveu a degradação de uma área de
aproximadamente 3,8 km2, no lado oeste da rodovia, na península de Ajuruteua, em
Bragança - Pará (RIBEIRO, 2002; FERNANDES, 2007). Além disso, outros fatores
contribuem para a degradação desses manguezais, que são utilizados tradicionalmente
pelos moradores locais para produção de lenha, construção civil, medicamentos e
comércio ilegal de madeira (GLASER, 2003).
Nesse contexto, é importante que se desenvolvam estudos científicos que gerem
dados básicos sobre a dinâmica dos manguezais que sirvam de subsídio para
metodologias de recuperação, especialmente no Brasil, tendo em vista o ritmo da sua
degradação resultante de atividades antrópicas (EYSINK et al., 1998). Pesquisas a
respeito do potencial de aclimatação de espécies a diferentes níveis de sombreamento
permitem apresentar propostas para a recolonização dessas áreas degradadas
(ALMEIDA et al., 2005).
Vários fatores do meio ambiente influenciam o desenvolvimento das plantas,
sendo que a luz é fundamental como fonte essencial e direta de energia para o
desenvolvimento de todos os vegetais verdes. Além disso, a distribuição local das
espécies em uma comunidade florestal está fortemente influenciada pelas diferenças
na disponibilidade de luz (ENGEL, 1990). Em outras palavras, a luz desempenha
importante papel na organização dos ecossistemas, no crescimento e regeneração de
plantas, por sua ligação com a fotossíntese e com processos ligados ao crescimento do
vegetal (ENGEL, 1989).
Para Fanti e Perez (2003), a adaptação das plantas ao ambiente de luz depende
do ajuste de seu aparelho fotossintético, de modo que a luminosidade ambiental seja
utilizada de maneira mais eficiente possível. As respostas dessa adaptação serão
refletidas no crescimento global da planta. Os autores ainda afirmam que a eficiência
do crescimento pode estar relacionada com a habilidade de adaptação das plântulas e
4
as condições de intensidade luminosa do ambiente; freqüentemente as análises do
crescimento são utilizadas para predizer o grau de tolerância das diferentes espécies
ao sombreamento.
Conforme relatou Morais (2007), o sombreamento modifica a radiação solar no
interior da comunidade vegetal, além de ser utilizado para auxiliar no controle
excessivo de temperatura (FONSECA et al., 2002). O conhecimento do crescimento
das plantas no viveiro, em resposta a fatores como luz é importante para a produção de
mudas de qualidade, e em quantidade suficiente (SILVA e SILVA, 2007).
De acordo com Campos e Uchida (2002), a radiação solar por ser fonte primária
de energia relacionada à fotossíntese, é um dos principais fatores que influenciam o
crescimento dos vegetais. Segundo Larcher (2000), fotossíntese é o processo pelo qual
as plantas convertem energia solar em compostos químicos. A fotossíntese envolve
processos fotoquímicos na presença de luz, processos enzimáticos que não requerem
luz (as chamadas reações de escuro) e processos de difusão que provocam trocas de
dióxido de carbono entre os cloroplastos e o ar exterior.
Durante a fase inicial de crescimento, na presença de luz, as plantas estão no
pico de suas atividades metabólicas (fotossíntese, respiração, absorção de substâncias
minerais). Neste período competitivo por espaço nas comunidades vegetais, o rápido
crescimento em altura da parte aérea e partes subterrâneas serão decisivos para o
futuro indivíduo. Sobretudo na fase vegetativa de crescimento é que se manifestam as
características de plasticidade fenotípicas e as adaptações modificativas em relação às
condições do habitat (LARCHER, 2000).
Além de fornecer energia para a fotossíntese a luz solar é primordial para o
crescimento das plantas, pois fornece sinais que regulam seu desenvolvimento por
meio de receptores de luz sensíveis a diferentes intensidades, qualidade e espectral e
estado de polarização. Dessa forma, modificações nos níveis de luminosidade ao qual
uma espécie esta adaptada pode condicionar diferentes respostas fisiológicas em suas
características bioquímicas anatômicas e de crescimento (ATROCH et al., 2001).
Foram realizados vários estudos (Silva et al., 2007; Stork, 2008; Laura et al.,
2009) sobre o efeito do sombreamento no desenvolvimento de mudas cultivadas em
viveiro para espécies amazônicas. No entanto, outras espécies, com potencial para uso
em programas de reflorestamento em manguezal, devem ser estudadas quanto ao seu
comportamento em viveiro.
5
Como resultado dos estudos sobre o crescimento com árvores nativas
submetidas a diferentes condições de luminosidade, tem sido observado que a
eficiência no crescimento da planta pode ser relacionada à habilidade de adaptação de
plântulas às condições luminosas do ambiente (SILVA et al., 2007). Por isso, conhecer
a intensidade lumínica para cada espécie é fator fundamental quando se visa implantar
florestas de produção ou de proteção. O crescimento de espécies florestais pode ser
acelerado pelo fornecimento de características semelhantes àquelas encontradas em
seu ambiente natural (LAURA et al., 2009).
O método de sombreamento artificial tem sido utilizado para avaliar o
comportamento das mudas de espécies florestais quanto à intensidade luminosa
(PEDROSO E VARELA, 1995). Para Engel (1989), o sombreamento artificial é um
método válido no estudo das necessidades lumínicas das diferentes espécies em
condições de viveiro, pois apresenta certas vantagens para experimentos em
condições naturais. Haja vista que, através dos métodos artificiais é possível selecionar
o efeito da intensidade lumínica, oferecendo às parcelas condições uniformes de
iluminação. Segundo a autora, torna-se difícil avaliar, na floresta, o efeito do
sombreamento sobre as espécies florestais.
É importante ressaltar ainda que outros fatores ambientais ligados direta ou
indiretamente a energia radiante e suas interações com a cobertura vegetal podem
influenciar o crescimento vegetal. Esses fatores podem ser teores de umidade, o tipo
de solo e microorganismos, o regime de temperaturas, velocidade do vento e umidade
relativa do ar que se modificam bastante quando comparadas com as condições dos
espaços abertos (ENGEL, 1989).
Vale ressaltar, que o conhecimento sobre a vegetação de mangue na Amazônia
ainda é escasso (MENEZES, 2008), bem como são raros os trabalhos com produção
de mudas de espécies arbóreas de mangue disponíveis na literatura.
1.3. Estádios de Desenvolvimento
Segundo Paoli (2010), os estudos morfoanatômicos de frutos e plântulas são
importantes na paleobotânica, na fitopatologia, na silvicultura, no estudo das
comunidades vegetais, na identificação de plantas e, na análise de sementes para a
agricultura, que envolvem conhecimentos ecofisiológicos. Apesar disso, são poucos os
6
trabalhos descritos na literatura a respeito dos frutos e sementes de muitas espécies
nativas, tendo em vista a imensa diversidade vegetal brasileira.
Segundo Elster (2000), existem poucos estudos sobre o crescimento precoce de
mangue que enfatizam a semente / desenvolvimento das plântulas em condições
degradadas em áreas de mangue. Tsuji (2010) destaca ainda, que informação acerca
de desenvolvimento de plântulas é importante para o planejamento da restauração em
áreas de manguezal e podem ser aplicadas para a melhoria das técnicas de plantio.
Para o entendimento da biologia de cada espécie vegetal é essencial o
conhecimento sobre a morfologia das sementes, plântulas e mudas, principalmente no
período juvenil. A capacidade de reconhecimento das plântulas e dos estádios juvenis
num determinado ecossistema tem grande valor no estudo da dinâmica de populações;
na ampliação dos estudos taxonômicos; nos levantamentos ecológicos; no estudo de
banco de sementes de plântulas, na produção de mudas para a recuperação de
ambientes degradados, além de servir como índice para caracterizar o estádio
sucessional em que se encontra o ecossistema (KAGEYAMA e CASTRO, 1989).
Ressalta-se que o desenvolvimento do embrião, durante a germinação da
semente, faz-se heterotroficamente, a princípio, às custas das estruturas anexas e dos
cotilédones. O desenvolvimento inicial da plântula é relativamente independente do
meio externo onde se encontra, esgotado os suprimentos daquelas estruturas anexas,
a plântula passa então, a depender amplamente do meio, isto é, da superfície do solo e
da atmosfera suprajacente. Trata-se de uma fase bastante crítica do desenvolvimento
onde a pressão de seleção se faz sentir intensamente (LARCHER, 2000).
Segundo Larcher (2000), o processo de emergência e o estádio de plântula
representam um período particularmente sensível. Durante esta fase, a plântula exige
um abastecimento de nutrientes, necessários para suprir o aumento de energia dos
metabólitos utilizados na biossíntese, bem como um estado de hidratação suficiente
para manter a turgescência durante o rápido crescimento em extensão e a
diferenciação da parede celular. O estádio de plântula é, portanto, uma fase decisiva
para a sobrevivência de um indivíduo e para a distribuição espacial de uma população,
pois uma espécie somente é capaz de ocupar de maneira permanente um habitat no
qual o indivíduo supere os estádios mais sensíveis do ciclo de vida.
Existem dificuldades em definir o ponto final dos estádios de plântulas. Assim,
cada autor define seus próprios critérios sobre as fases e as características conforme
as suas necessidades (RICARDI et al., 1987).
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De acordo com Reis (1987), plântulas são indivíduos com até 10 cm de altura
de inserção da folha flecha tendo, geralmente, apenas uma folha de forma flabeliforme
e a grande maioria apresentando reservas endospermáticas; planta jovem I, indivíduos
maiores que 10 cm de altura de inserção e menores que 30 cm, com número variável
de folhas (geralmente duas a quatro) sendo as inferiores flabeliformes e as superiores
pinadas e que se apresentam independentes das reservas da semente; e planta jovem
II, indivíduos entre 30 cm e 1 m de altura de inserção, sem o estipe exposto e com
quatro a cinco folhas pinadas. Melo et al. (2004) afirma que plântulas jovens são
indivíduos com até 50 cm de altura ou quando depender das reservas da semente.
Para Feliciano (2008), o desenvolvimento do vegetal ocorre em três fases: a
primeira fase de crescimento vegetativo a partir da germinação, desde o
intumescimento da semente até a emissão dos cotilédones, porém sem os protófilos
formados; a segunda fase é considerada a fase em que o protófilo esta totalmente
formada e a terceira fase denominada planta jovem a partir do aparecimento do
pronomofilo, apresentando raiz é axial e raízes secundárias.
1.4. Qualidades das Mudas de Espécies Florestais
De acordo com José (2005), atualmente a preocupação mundial com relação à
qualidade ambiental tem se mostrado cada vez mais freqüente. Isto faz com que ocorra
um aumento na demanda de serviços e produtos, em especial a produção de mudas de
espécies florestais para a recuperação de áreas degradadas. O autor afirma ainda, que
esta demanda crescente observada nos últimos anos mostra a necessidade do
desenvolvimento de pesquisas que aperfeiçoem a produção de mudas, a baixo custo, e
com qualidade morfofisiológica capaz de atender aos objetivos dos plantios.
A semente é o fator principal no processo de produção de mudas, já que
representa um pequeno custo no valor final da muda e tem uma importância
fundamental no valor das plantações. Portanto, um cuidado especial deve ser tomado
com a produção e aquisição de sementes, que devem ser de boa qualidade genética e
fisiológica. Devem ser colhidas em bons talhões, representativos da espécie, com
todas as técnicas de beneficiamento e armazenamento (MACEDO, 1993).
Gomes et al. (2002) destaca a necessidade de produzir mudas em áreas bem
definidas, com características específicas e controladas, se deve ao fato de serem elas
geralmente frágil, precisando de proteção inicial e de manejos especiais, de maneira a
8
obter maior uniformização de crescimento, tanto da altura quanto do sistema radicular,
e promovendo um endurecimento tal que, após o plantio, permite que elas resistam às
condições adversas lá encontradas, sobrevivam e depois cresçam satisfatoriamente.
Tanto os parâmetros morfológicos quanto os fisiológicos apresentam vantagens
e desvantagens para a avaliação do padrão de qualidade de mudas, podendo ser
utilizados sozinhos ou em conjunto, dependendo do nível de qualidade que se quer ter,
em função do objetivo da produção. A avaliação do padrão de qualidade de mudas de
espécies florestais está diretamente relacionada com os parâmetros medidos, sendo
que a qualidade dessas depende principalmente da escolha acertada da embalagem a
ser utilizada, do substrato e de sua adequada fertilização, das técnicas de produção e
manejo, além do tempo gasto para a sua produção (GOMES, 2001)
1.5. Parâmetros Morfológicos
Apesar de o êxito das plantações florestais dependerem, em grande parte, das
mudas utilizadas, os parâmetros que avaliam a sua qualidade ainda não estão muito
bem definidos (GOMES, 2001). Apesar disso, os parâmetros morfológicos são os mais
utilizados na determinação do padrão de qualidade das mudas, tendo uma
compreensão mais intuitiva por parte dos viveiristas, mas ainda carente de uma
definição mais acertada para responder às exigências quanto à sobrevivência e ao
crescimento, determinadas pelas adversidades encontradas no campo após o plantio.
Sua utilização tem sido justificada pela facilidade de medição e/ou visualização em
condição de viveiro, estando os principais citados a seguir: altura da parte aérea (H),
diâmetro do coleto (DC), peso de matéria seca total (PMST) peso de matéria seca da
parte aérea (PMSPA) e peso de matéria seca das raízes (PMSR) (GOMES 2002).
A altura da parte aérea é medida do colo das plantas até a gema apical, em
centímetros (PAIVA, 2003). É um excelente parâmetro para avaliar o padrão de
qualidade de mudas de espécies florestais, mas a literatura apresenta resultados
controversos, uma vez que mudas crescem mais ou menos no campo, independente
de seu tamanho inicial. Talvez isso seja devido à práticas de viveiro, como,
principalmente, o sombreamento, o tamanho das embalagens e as adubações
excessivas ou desbalanceadas (GOMES, 2001).
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O diâmetro do caule é medida no colo da planta com um paquímetro, em
milímetros (PAIVA, 2003). Para Carneiro (1995), as mudas devem apresentar diâmetro
do coleto maior para um melhor equilíbrio do crescimento da parte aérea.
A produção de matéria seca permite avaliar o crescimento de uma planta. A
quantidade total de matéria seca acumulada pela planta é reflexo direto da produção
fotossintética líquida, somada à quantidade de nutrientes minerais absorvidos
(BORDEAU, 1958 apud ENGEL, 1989).
O padrão de qualidade como referência para a classificação de mudas,
baseadas apenas no seu peso, apresenta inerentes deficiências (CARNEIRO, 1995).
Para o autor, quando se refere ao peso da matéria seca como parâmetro de qualidade,
há que se considerar, separadamente, o total, o da parte aérea e o das raízes.
Os fatores que influenciam no crescimento em altura da parte aérea das mudas
são também responsáveis pelos seus pesos de matéria seca (CARNEIRO, 1983).
A variação na quantidade de biomassa e de área foliar em função do tempo é
empregada na estimativa de índices fisiológicos, que podem caracterizar a capacidade
produtiva do genótipo. Por outro lado, as alterações em fatores ambientais podem
induzir o redirecionarem a distribuição dos assimilados, conseqüentemente mudando o
crescimento e a morfologia (CONCEIÇÃO et al., 2004). Esse fato pode influenciar no
peso de matéria seca das raízes.
1.5.1. Índices Morfológicos
Considerando a importância de alguns índices baseados nas relações de
parâmetros morfológicos, os principais e mais utilizados nas avaliações da qualidade
de mudas são citados a seguir: relação da altura da parte aérea com o diâmetro do
coleto (RHDC), relação da altura da parte aérea com o peso de matéria seca da parte
aérea (RHPMSPA); relação do peso de matéria seca da parte aérea com o peso de
matéria seca das raízes (RPPAR) e o índice de Qualidade de Dickson (IQD) (GOMES,
2001).
De acordo com Carneiro (1995), o diâmetro do coleto, bem como a altura da
parte aérea, constitui um dos mais importantes parâmetros morfológicos para estimar o
crescimento das mudas, o autor afirma ainda que o valor resultante da divisão da altura
da parte aérea de uma muda pelo seu respectivo diâmetro do coleto exprime um
10
equilíbrio de crescimento, relacionando esses dois importantes parâmetros
morfológicos num só índice.
Para Gomes (2001), relação entre esses parâmetros pode ser considerada e
aplicada para muitas das espécies florestais, haja vista a facilidade de medição tanto
da altura da parte aérea quanto do diâmetro do coleto e por ser um método não
destrutivo. Esse índice apresenta um valor absoluto, não possuindo unidade, pois a
altura da parte aérea é medida em centímetros e seu diâmetro do coleto em milímetros.
Vale ressaltar que quanto menor for o valor desse índice, maior será a capacidade de
as mudas sobreviverem e se estabelecerem no campo após o plantio definitivo
(CARNEIRO, 1983).
A razão entre a altura da parte aérea e o peso de matéria seca da parte aérea
não é comumente usado como um índice para avaliar o padrão de qualidade de
mudas, mas pode ser de grande valia, quando utilizado para predizer o potencial de
sobrevivência da muda no campo. Quanto menor for esse índice mais lenhificada será
a muda e maior deverá ser a sua capacidade de sobrevivência no campo. Para as
mudas que apresentem número de folhas elevado, esse índice poderá ser menor, não
expressando o esperado. Para tirar essa dúvida, o peso de matéria seca da parte
aérea, poderá para algumas espécies e em algumas condições, principalmente em
sombreamento, ser separado em duas partes, sendo uma para as folhas e outra para o
caule. Este índice tem valor absoluto, pois a altura da parte aérea da muda é expressa
em centímetros e o peso de matéria, seca em gramas (GOMES, 2001).
A relação do peso de matéria seca da parte aérea/peso de matéria seca das
raízes, calculada entre o peso de matéria seca da parte aérea e do respectivo sistema
radicular das mudas é considerada como um índice eficiente e seguro para expressar o
padrão de qualidade das mudas (LIMSTROM, 1963; PARVIAINEN, 1981 apud
GOMES, 2001).
O Índice de Qualidade de Dickson é uma fórmula que correlaciona os
parâmetros morfológicos avaliados, justificando assim sua eficiência. No ajuste de
regressão para IQD todas as variáveis estudadas foram envolvidas na equação
devendo ser avaliadas no decorrer do experimento (BINOTTO et al., 1997).
11
II OBJETIVO
Avaliar o crescimento de mudas de Rhizophora mangle, Avicennia germinans e
Laguncularia racemosa, cultivadas em viveiro sob diferentes condições de sombreamento e a
e a sua influência nos parâmetros morfológicos e nos índices empregados na qualidade de
mudas destas espécies.
III MATERIAIS E MÉTODOS
3.1. Caracterização da Área de Implantação do Experimento O experimento foi conduzido na comunidade de Tamatateua (000 57’12,5’’S e
460 47’02,4’’W), localizada 950 m acima do nível do mar, na península de Ajuruteua, a
15 km do município de Bragança, Estado do Pará (Figura 01).
● Tamatateua
Figura 01: Mapa área de estudo, Península de Ajuruteua, comunidade de
Tamatateua (modificado TSUJI, 2010).
3.2. Construção do Viveiro O viveiro foi construído de modo a receber a influência diária da maré, o mesmo
foi conectado ao canal-de-maré através de um canal artificial para a captação de água.
A área do viveiro ocupou 8 m comprimento x 4,80 m largura, com profundidade de
cerca de 40 cm (Figura 02).
12
Figura 02 - Viveiro de mudas.
3.3. Formação das Mudas 3.3.1. Coletas de Sementes
O experimento utilizou as espécies arbóreas de mangue A. germinans, R.
mangle e L. racemosa. A coleta de sementes foi feita baseada nas informações sobre
os meses de pico de produção de sementes, de A. germinans (dezembro a abril.), R.
mangle (novembro a maio) e L. racemosa (janeiro a maio) de acordo com o trabalho de
Rodrigues (2004) e Fernandes et al. (2005).
Os propágulos de A. germinans foram coletados maduras (coloração
avermelhada ou amarelada), fáceis de soltar dos galhos ao toque das mãos, ou
colhidas no solo. Estas sementes ficaram imersas por cerca de 24 horas em um balde
com água doce, para que houvesse a remoção do tegumento.
Os propágulos de R. mangle foram coletados do solo quando maduros (anel do
fruto avermelhado, semente de cor verde-escura ou marrom).
As sementes de L. racemosa foram coletadas maduras (coloração verde-escura
ou verde-amarelada), fáceis de soltar do galho quando tocadas, as mesmas foram
imersas em água doce por 7 dias para promover a emissão da radícula.
3.3.2. Semeadura
Os propágulos de R. mangle, foram semeados cerca de um quarto da semente
no substrato. Os propágulos de A germinans e L. racemosa foram semeadas nas
embalagens com somente um terço da semente enterrado no substrato, a semeadura
foi realizada em embalagens de polietileno (17 x 27 cm) preenchidas com substrato
típico do manguezal (Figura 03). O desbaste foi realizado 30 dias após a semeadura,
eliminando-se as mudas excedentes em cada embalagem, deixando apenas uma,
sendo esta a melhor e a mais central. As mudas permaneceram no viveiro por 270
dias.
13
A A
B
C
Figura 03 – Semeadura de Avicennia germinans (A), Laguncularia racemosa (B) e Rhizophora mangle (C). Foto:
Tsuji e Fernandes (2008)
3.4 Tratamentos As mudas das três espécies foram testadas a pleno sol e a diferentes níveis de
sombreamento. Os níveis de 30% e 60% de sombreamento foram obtidos por meio de
telas de polietileno (sombrite). O desenho experimental utilizou um total de 2.160
indivíduos, sendo 720 por espécies e cada repetição constou de 80 mudas. Foram
avaliados 9 tratamentos.
14
Tabela 01. Relação dos tratamentos, a partir da combinação dos fatores em estudo.
Tratamentos Repetições
T1
1
2
3
Avicennia germinans + Sombreamento 60%
Avicennia germinans + Sombreamento 60%
Avicennia germinans + Sombreamento 60%
T2
4
5
6
Avicennia germinans + Sombreamento 30%
Avicennia germinans + Sombreamento 30%
Avicennia germinans + Sombreamento 30%
T3
7
8
9
Avicennia germinans + Pleno Sol
Avicennia germinans + Pleno Sol
Avicennia germinans + Pleno Sol
T4
10
11
12
Rhizophora mangle + Sombreamento 60%
Rhizophora mangle + Sombreamento 60%
Rhizophora mangle +Sombreamento 60%
T5
13
14
15
Rhizophora mangle +Pleno Sol
Rhizophora mangle +Pleno Sol
Rhizophora mangle +Pleno Sol
T6
16
17
18
Rhizophora mangle +Sombreamento 30%
Rhizophora mangle +Sombreamento 30%
Rhizophora mangle +Sombreamento 30%
T7
19
20
21
Laguncularia Racemosa + Sombreamento 60%
Laguncularia Racemosa + Sombreamento 60%
Laguncularia Racemosa + Sombreamento 60%
T8
22
23
24
Laguncularia Racemosa + Sombreamento 30%
Laguncularia Racemosa + Sombreamento 30%
Laguncularia Racemosa + Sombreamento 30%
T9
25
26
27
Laguncularia Racemosa + Pleno Sol
Laguncularia Racemosa + Pleno Sol
Laguncularia Racemosa + Pleno Sol
A
15
3.5 Avaliação do Crescimento em Altura As avaliações foram realizadas mensalmente, por um período de nove meses,
sendo o incremento nas taxas de crescimento dos indivíduos medidos através da altura
das mudas (Figura 04).
A B
C Figura 04 – Mudas de Avicennia germinans (A), Rhizophora mangle (B) e Laguncularia racemosa (C)
respectivamente.
3.6 Avaliação dos Parâmetros Morfológicos
Ao término das avaliações em altura, 270 dias após a semeadura (9 meses),
retiraram-se amostras de 8 mudas por repetição de cada tratamento, as quais foram
transportadas para o Laboratório de Ecologia de Manguezal (LAMA), na Universidade
Federal do Pará, Campus Universitário de Bragança e processadas para análises dos
parâmetros morfológicos.
16
Os parâmetros morfológicos das mudas e suas relações utilizadas nas
avaliações dos resultados foram: i) Altura da parte aérea (H) - para isso utilizou-se uma
trena e mediu-se em centímetros o comprimento do colo da planta até a gema apical; ii)
Diâmetro do coleto (DC) - que foi a medida do colo da planta em milímetros com auxílio
de um paquímetro; iii) Peso de massa seca da parte aérea (PMSPA); iv) Peso de
massa seca do caule (PMSC); v) Peso de massa seca das raízes (PMSR) e vi) Peso
de massa seca total (PMST). As folhas, caules e raízes foram colocados em sacos de
papel, devidamente etiquetados e secados em estufa, até que atingissem peso
constante. O peso de massa seca total foi a soma dos pesos citados. Essa metodologia
baseou-se nos métodos empregados por Paiva et al. (2003) e Zanella et al. (2008).
3.6.1 Índices Morfológicos
Os índices morfológicos foram encontrados a partir da razão entre os
parâmetros morfológicos, tais como: i) Altura da parte aérea e o diâmetro do coleto
(RHDC); ii) Altura da parte aérea e o peso de massa seca da parte aérea (RHPMSPA);
iii) Peso de massa seca da parte aérea e o peso de massa seca das raízes (RPPAR) e
iv) Índice de qualidade de Dickson (IQD). Este último foi determinado a partir da altura
da parte aérea, do diâmetro do coleto, do peso de massa seca da parte aérea e do
peso de massa seca das raízes, por meio da fórmula (Dickson et al., 1960).
PMST (g)
IQD=
H(cm) / DC (cm) + PMSPA(g) /PMSR(g)
3.7 Coleta e Análise de Solo
Foi feita uma coleta de solo de mangue a 20 cm de profundidade, próximo ao
viveiro de mudas. A coleta foi feita com um auxílio de uma pá, e em seguida depositada
em embalagem de polietileno (17X27 cm).
A amostra de solo foi coletada para serem analisadas as seguintes propriedades
químicas: pH, matéria orgânica (MO), fósforo (P), potássio (K), sódio (Na), cálcio (Ca),
cálcio+magnésio (Ca+Mg), alumínio (Al), cobre (Cu), Manganês (Mn), Ferro (Fe) e
Zinco (Zn). As análises do solo foram realizadas no Laboratório de Solos da Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), em Belém-PA.
17
Tabela 02. Características químicas do solo de mangue
(SM) para produção de mudas em condições de
viveiro: MO= Matéria Orgânica; P= Fósforo; K=
Potássio; Na= Sódio; Ca= cálcio; Ca+Mg=
Cálcio+Magnésio; Al= Alumínio; Cu= Cobre; Mn=
Manganês; Fe= Ferro; Zn= Zinco
Característica química* SM
pH 7,0
MO (g/kg) 18,95
P (mg/dm3) 3,0
K (mg/dm3) 1085
Na (mg/dm3) 15186
Ca ( cmol/dm3) 4,0
Ca+Mg ( cmol/dm3) 31,9
Al ( cmol/dm3) 0,2
Cu ( mg/Kg) 14,0
Mn ( mg/Kg) 7,5
Fe ( mg/Kg) 948,6
Zn ( mg/Kg) 139,2
*Análises químicas, realizada pelo Laboratório de Solo
da Embrapa em Belém-PA
3.8 Análise de Dados O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado em esquema
fatorial 3 x 3 (três espécies arbóreas e três níveis de sombreamento). Os dados
relacionados à altura da planta foram submetidos à análise de regressão polinomial
(STORCK, 2006). Os parâmetros morfológicos foram comparados pelo teste de Tukey
a 5%, realizado pelo programa estatístico GENES, versão Windows (CRUZ, 2001).
18
IV RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1. Análise de solo
As análises do solo do manguezal, no presente trabalho, mostraram que o pH é
neutro e que os teores de Al são baixos (Tabela 02), de acordo com a EMBRAPA
(1999) os baixos valores de Al pode ser um reflexo dessa neutralidade. Além disso, o
valor neutro de pH encontra-se na faixa característica de solos sob condições
anaeróbicas, como é o caso do solo de mangue, e, portanto, dentro das condições
definidas como hidromórficas (PADRA-GAMERO et al., 2004).
O solo também apresentou alto teor de M.O. Conforme Padra-Gamero et al.
(2004), por estarem em ambientes de baixa energia, os solos de mangue apresentam,
normalmente, predominância das frações mais finas (argila e silte), elevadas
quantidades de matéria orgânica e de sais solúveis em decorrência do contato com o
mar. Os conteúdos de matéria orgânica, enxofre e as condições anaeróbicas
juntamente com as fontes de Fe, propiciam a redução bacteriana nos solos de
manguezal (FERREIRA, 2002).
A presença da fonte de ferro, potássio e alumínio situam-se principalmente na
interface sedimento-água do mar (KELLY, 1999). Os elevados teores de Sódio no solo
podem ser explicados pela influência da cunha salina, ou seja, pela freqüente invasão
das águas salobras na área, levando ao surgimento do caráter sódico (EMBRAPA,
1999).
Os macronutrientes Fósforo, Potássio, Cálcio, Magnésio e os micronutrientes
Ferro, Zinco, Cobre, Manganês, são importantes para o crescimento e desenvolvimento
de plantas (GOMES, 2001).
De maneira geral, os resultados das análises físico-químicas do solo apontam a
seguinte concentração em ordem decrescente: Na > Fe > K > Zn > Ca+Mg > MO > Cu
> Mn >pH > Ca > P > Al.
De acordo com Gomes (2001), o Cálcio é um nutriente indispensável para as
plantas superiores, pois pode influenciar a absorção de vários nutrientes pela planta e
apresenta funções como corrigir o pH e neutralizar o Alumínio e o Manganês. O autor
relata ainda que o Ferro, quando é aplicado nas folhas é absorvido e distribuído para
as mais novas e para as regiões em atividades meristemáticas, como ápice de caules e
de raízes e em gemas em desenvolvimento. Por outro lado, o Cobre desempenha um
importante papel no crescimento de mudas e tornam-se menos disponíveis à medida
que os valores de pH em substratos são maiores (CARNEIRO, 1995).
19
4.2. Altura A análise de regressão simples foi aplicada para avaliar o crescimento em
altura das plantas ao longo de nove meses. A altura da parte aérea, nos três níveis de
sombreamento, apresentou comportamento polinomial e se elevou com o aumento do
período de permanência das mudas sob sombreamento, acrescenta-se que o
crescimento em altura das mudas de R. mangle ocorreu em todos em todos os níveis
de sombreamento, embora tenha mostrado uma taxa de crescimento inferior quando
cultivadas a pleno sol (Figura 05).
Na Figura 05 observa-se que a espécie R. mangle obteve maiores valores em
altura com sombreamento 60%, seguido de 30%, apresentando alturas inferiores a
pleno sol. O mesmo resultado foi encontrado por Sturion (1980), desenvolvendo
estudos com Prunus brasiliensis Schot ex Spreng, verificou que entre os níveis de
sombreamentos testados (0, 30 e 60%), as maiores alturas foram obtidas com as
mudas mantidas sob 30% e 60% de sombreamento. Os menores valores em altura
das plantas que cresceram sob luz do sol direta podem ser indicativos de que essa
condição é limitante para o desenvolvimento desta espécie (DEMUNER, 2004), no
entanto é possível que outra variável ambiental ou fatores internos da própria planta
estejam ligados a este fato. Vale destacar que R. mangle é considerada uma espécie
tolerante à sombra (TSUJI, 2010).
Rhizophora mangle
50
45
40
35
30
25
20
15 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Meses
60%
30% y =11,19 + 10,40x +-1,59x2 + 0,07x3 (R2= 0,99); n=189
Pleno sol
y = 10,18 + 10,31x - 1,16x2 + 0,04x3 (R2= 0,99); n= 188
y = 8,97 + 11,7x2 – 1,55x2 + 0,7x3 (R2= 0,99); n= 208
Altu
ra (c
m)
Figura 05. Variação da altura (cm) de Rhizophora mangle ao longo dos nove
meses após a semeadura, em diferentes níveis de sombreamento (60%, 30%,
pleno sol), com as respectivas equações de regressão e valores de Pearson
(R2) e índice de sobrevivência (n), em viveiro, Tamatateua, Bragança – PA.
20
A Figura 06 mostra que as mudas de A. germinans cultivadas em viveiro
apresentaram desenvolvimento crescente em altura com o passar dos meses. Esta
espécie apresentou os melhores resultados em crescimento a 30% e 60% de
sombreamento, e desempenho inferior a pleno sol, indicando que a exposição direta a
altas taxas de radiação solar pode não ser favorável para o crescimento em altura
desta espécie.
Avicennia germinans
15
20
25
30
35
40
45
50
Altu
ra (c
m)
60%
30%
Pleno Sol
y= 9,15 + 14,86x +2,19x2 + 0,11x3 (R2 = 0,98); n=152
y= 17,57 + 11,18x – 1,62x2 + 0,08x3 (R2 = 0,99); n=124
y=19,51 + 70,15x – 0,95x2 + 0,04x3 (R2 = 0,98); n=107
1 2 3 4 5 6 7 8 9 Meses
Figura 06. Variação da altura (cm) de Avicennia germinans ao longo dos nove
meses após a semeadura, em diferentes níveis de sombreamento (60%, 30%,
pleno sol), com as respectivas equações de regressão e valores de Pearson
(R2) e índice de sobrevivência (n), em viveiro, Tamatateua, Bragança – PA.
A Figura 07 ilustra a análise de regressão para altura de L. racemosa em
diferentes níveis de sombreamento. Observa-se que houve também efeito polinomial
nos três níveis de sombreamento. De modo geral, houve efeito dos tratamentos sobre
o desenvolvimento das mudas de L. racemosa. Observa-se que há um aumento no
crescimento das mudas à medida que aumenta o tempo de permanência das mudas no
viveiro.
21
Laguncularia racemosa
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
Altu
ra (c
m)
60%
30%
Pleno sol
y= -9,21 + 17,43x +1,65x2 + 0,04x3 (R²=0,97); n=124
y= -5,17 + 14,89x – 1,84x2 + 0,07x3 (R2 = 0,98); n=108
y=-7,84 + 16,46x – 1,91x2 + 0,07x3 (R2 = 0,99); n= 152
1 2 3 4 5 6 7 8 9
Meses
Figura 07. Variação da altura (cm) de Laguncularia racemosa ao longo dos nove
meses após a semeadura, em diferentes níveis de sombreamento (60%, 30%,
pleno sol), com as respectivas equações de regressão e valores de Pearson (R2)
e índice de sobrevivência (n), em viveiro, Tamatateua, Bragança – PA.
Em L. racemosa, o crescimento foi superior quando se utilizou 60% de
sombreamento, seguido de pleno sol. O crescimento em altura foi inferior a 30% de
sombreamento. Neste caso, as maiores alturas em ambiente sombreado a fim de
facilitar a absorção de luz, pode ser indicativo de intolerância a essa condição
(SCALON et al., 2006). A capacidade de crescer em altura quando sombreadas é um
mecanismo importante na adaptação das espécies com estratégias de “competidoras”,
ou ainda como “pioneiras”, como forma de escape ao déficit de luz, já que estas não
são capazes de tolerar baixas intensidades luminosas por meio do ajuste de suas taxas
metabólicas (LARCHER, 2000).
Vale ressaltar que, conforme Tsuji (2010), L. racemosa é especialista de clareiras,
e, portanto deduz-se que esta espécie tolere melhor as condições de luz plena, tendo
considerável crescimento em altura.
22
4.3 Parâmetros Morfológicos Os valores médios do comprimento da parte aérea (cm) e diâmetro do coleto (cm)
das espécies arbóreas de mangue Laguncularia racemosa, Avicennia germinans e
Rhizophora mangle em função de diferentes taxas de sombreamento, são
apresentados na Tabela 03.
Tabela 03 - Valores médios da altura da parte aérea (cm) e diâmetro do
coleto (cm) de espécies arbóreas de mangue em função dos diferentes
níveis de sombreamento em viveiro, Tamatateua, Bragança, PA.
Nível de Altura da Diâmetro do
Espécie sombreamento
(%)
parte aérea
(HPA)
coleto
(DC)
0 46.97 aA 1.27 aA
Rhizophora mangle 30
60
41.77 aA
50.76 aA
1.29 aA
1.27 aA
0 40.13 bA 0.89 aB
Avicennia germinans 30
60
52.69 aA
41.93 bB
0.94 aB
0.77 bB
0 48.35 aA 0.63 aC
Laguncularia racemosa 30
60
37.94 aA
51.90 aA
0.57 aC
0.62 aC
Médias seguidas da mesma letra minúscula não diferem estaticamente nos tratamentos para uma mesma espécie pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Médias seguidas da mesma letra maiúscula não diferem estatisticamente nos tratamentos entre espécies distintas pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.
As mudas das três espécies arbóreas, de um modo geral não apresentaram
diferenças estatísticas entre as médias quanto a altura da parte aérea, considerando os
três níveis de sombreamento. Contudo para a espécie A. germinans a maior média de
crescimento ocorreu sob 30% de sombra.
Destaca-se que, ao se comparar as três espécies, não houve diferença
significativa entre comprimento da parte aérea em função dos graus de luminosidade,
pleno sol e 30 % de sombreamento. No entanto a espécie A. germinans apresentou
média de altura da parte aérea inferior em comparação as outras espécies com a
utilização de 60% de sombra. Este fato corrobora com as conclusões de Tsuji (2010),
que as mudas de A. germinans desenvolvem-se bem em ambientes iluminados, e,
23
portanto, é de se esperar que essa espécie não apresente um crescimento tão eficaz
em locais sombreados (Tabela 3). Scalon et al. (2006) constatou que a altura das
mudas de sombreiro (Clitoria fairchildiana Howard) também não sofreu influência da
luminosidade em tratamentos pleno sol, 50% e 70% de sombreamento, o mesmo
aconteceu com a espécie Zeyhera tuberculosa (Vell), não respondendo em altura a
diferentes sombreamentos (0, 41%, 68% e 82% de sombra) (ENGEL, 1990).
Em relação ao diâmetro do coleto, houve diferença significativa entre as médias
ao se comparar as três espécies nos diferentes níveis de sombreamento, sendo que as
mudas de R. mangle apresentaram os valores mais elevados quanto ao diâmetro do
coleto, enquanto os menores valores foram observados sob 30% de sombreamento
para as mudas de L. racemosa. As diferentes intensidades lumínicas não influenciaram
as médias de diâmetro do coleto das espécies R. mangle e L. racemosa. Contudo a
espécie A. germinans apresentou diferentes médias de crescimento diamétrico em
função dos diferentes graus de luminosidade, apresentando a menor média de
diâmetro do coleto a 60% de sombreamento (Tabela 03). Considerando que as mudas
devem apresentar maiores diâmetros do coleto para que haja melhor equilíbrio de
crescimento com a parte aérea (CARNEIRO, 1995), seria ideal ambiente não
sombreado para o cultivo desta espécie.
Resultado semelhante foi encontrado por Cancian e Cordeiro (1998), analisando
o efeito de sombreamento no crescimento inicial de Lonchocarpus muehlbergianus
Hassl, verificaram que as plantas apresentaram valor médio de diâmetro do colo menor
quando cultivadas sob 60% de sombreamento em comparação as outras taxas de
sombreamento testadas (sob pleno sol e 40% de sombreamento). Segundo Aguiar et
al. (2005), plantas que apresentam maiores valores de biomassa e diâmetro de
diâmetro do colo em áreas pouco sombreadas, até 50% de sombreamento, podem ser
características de espécies heliófilas.
A Tabela 04 apresenta os valores médios do peso da matéria seca da parte
aérea (PMSA), peso da matéria seca do caule (PMSC), peso da matéria seca da raiz
(PMSR) e peso da matéria seca total (PMST) de espécies arbóreas de mangue L.
racemosa, A. germinans e R. mangle) em função de diferentes taxas de
sombreamento.
24
Tabela 4. Valores médios do Peso da matéria seca da parte aérea (PMSA), Peso da
matéria seca do caule (PMSC), Peso da matéria seca da raiz (PMSR) e Peso da
matéria seca total (PMST) de espécies arbóreas de mangue em função de diferentes
níveis de sombreamento.
Espécie Nível de
sombreamento
(%)
PMSPA
(g)
PMSC
(g)
PMSR
(g)
PMST
(g)
Rhizophora mangle
Avicennia germinans
Laguncularia racemosa
0
30
60
0
30
60
0
30
60
3.60 aA
2.62 aAB
3.84 aA
3.04 abA
3.94 aA
1.60 bB
2.41 aA
1.49 aB
1.61 aB
12.07 aA
11.54 aA
13.29 aA
6.53 abB
8.01 aB
4.39 bB
4.16 aB
2.46 aC
3.65 aB
2.05 aB
2.24 aB
2.09 aA
3.98 aA
4.68 aA
2.30 bA
2.18 aB
1.51 aB
2.08 aA
16.95aA
16.40aA
19.23 aA
13.68aAB
16.63 aA
8.29 bB
8.70aB
5.47aB
7.35 aB
Médias seguidas da mesma letra minúscula não diferem estaticamente nos tratamentos para uma
mesma espécie pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Médias seguidas da mesma letra maiúscula
não diferem estatisticamente nos tratamentos entre espécies distintas pelo teste de Tukey, a 5% de
probabilidade.
Quanto ao peso da matéria seca da parte aérea, a tabela 4 mostra que houve
diferença estatística entre as médias em duas condições de luz para a espécie A.
germinans, onde a maior média do peso seco da parte aérea foi observada quando se
utilizou 30% de sombreamento. Contudo a 60% de sombra se obteve a menor média
da referida variável. Constatou-se também ao se comparar as espécies que as mudas
de A. germinans apresentaram o maior peso seco da parte aérea com 30% de sombra,
seguida de R. mangle (60%). Em contrapartida L. racemosa apresentou as menores
médias sob 30% e 60% de sombreamento.
25
De acordo com os valores de peso da matéria seca do caule, observa-se que a
espécie R. mangle obteve as maiores valores se comparada as outras espécies sob os
diferentes níveis de luminosidade. No entanto, o menor peso seco do caule foi obtido
pela L. racemosa com 30% de sombra. O sombreamento interferiu nos valores de peso
da matéria seca do caule para A. germinans, sendo a maior média encontrada a 30%
de sombreamento e a menor média a 60% de sombreamento. O pau-de-balsa,
Ochroma lagopus (Cav. ex. Lam), também apresentou valor de matéria seca do caule
estatisticamente superior em 30% de sombreamento em relação aos demais (0, 50% e
70%) (CAMPUS E UCHIDA 2002).
Quanto ao peso da matéria seca da raiz, os resultados mostram que entre as
espécies, a A. germinans foi a que apresentou média superior quando exposta a pleno
sol e com uso de 30% de sombra. Os diferentes níveis de sombreamento não
promoveram diferenças significativas nas médias das espécies L. racemosa e R.
mangle. Por outro lado, para A. germinans as médias do peso da matéria seca da raiz
foram influenciadas pelo sombreamento, sendo a menor média obtida com 60% de
luminosidade.
Resultado idêntico foi encontrado por Sturion (1980), desenvolvendo estudos
com a espécie P. brasiliensis, a mesma apresentou peso seco do sistema radicular
superior sob pleno sol e 30% de sombra e menor valor a 60% de sombreamento. Esse
fato também pode ser observado com o jatobá (Hymenaea courbaril L.) estudado por
Campos e Uchida (2002), onde o maior sombreamento também prejudicou a massa de
matéria seca das raízes. De acordo com Gonçalves et al (2000), é provável que isso
ocorra, devido a diminuição da luz provocar redução da translocação de assimilados
das folhas para a raiz, e, portanto, alta luminosidade implica a necessidade de maior
quantidade relativa de raízes para suprir as mudas com água e nutrientes. Logo, o
crescimento do sistema radicular é influenciado indiretamente pela radiação luminosa.
Por outro lado, o crescimento da parte aérea depende das raízes para o fornecimento
de água e energia. Assim, as plantas contam com o mecanismo que garante condições
mínimas de equilíbrio entre essas duas partes, de modo que uma não limite o
crescimento da outra (LARCHER, 2000).
Os resultados do peso da matéria seca total apontaram que, comparando as
espécies, R. mangle foi favorecida sob 60% de sombra, onde apresentou valor
significativamente maior, ao contrário, menores médias foram observadas em L.
racemosa em todos os graus de luminosidades, contudo, não sendo diferente das
26
médias de A. germinans a pleno sol e a 60% de sombra. Houve diferença significativa
entre os valores médios do peso da matéria seca total para a espécie A. germinans em
função dos diferentes níveis de sombreamento, sendo a maior média obtida a 30% de
sombreamento Estes resultados comprovam que diâmetro do coleto apresenta
correlação com a biomassa seca total, conforme Gonçalves (2000).
A quantidade de massa seca é um dos parâmetros que define a habilidade
competitiva de uma espécie em relação a outra. A produção de matéria seca total da
planta é um reflexo direto da fotossíntese líquida somada à quantidade de nutrientes
minerais absorvidos, o que corresponde a apenas uma parcela daquela. Uma planta de
rápido crescimento é aquela capaz de acumular mais matéria seca por unidade de
tempo. Por isso, a maioria dos estudos sobre crescimento utiliza o peso seco total
como índice de acúmulo de matéria seca (ENGEL, 1989).
4.3.1 Índices Morfológicos
Na Tabela 05 são apresentados os valores médios da relação entre altura da
parte área e o diâmetro do coleto (RHDC), relação entre a altura da parte aérea e o
peso de matéria seca da parte aérea (RHPMSPA), relação entre o peso de matéria
seca da parte aérea e o peso de matéria seca das raízes (RPPAR) de espécies
arbóreas de mangue L. racemosa, A. germinans e R. mangle em função de diferentes
níveis de sombreamento.
27
Tabela 05. Valores médios da Relação entre altura da parte área e o diâmetro do coleto
(RHDC), Relação entre a altura da parte aérea e o peso de matéria seca da parte
aérea (RHPMSPA), Relação entre o peso de matéria seca da parte aérea e o peso de
matéria seca das raízes (RPPAR) de espécies arbóreas de mangue (Laguncularia
racemosa, Avicennia germinans e Rhizophora mangle) em função de diferentes níveis
de sombreamento.
Espécie Nível de
sombreamento(%)
RHDC RHPMSPA RPPAR
0 37.42 aB 14.97 aA 1.82 abA
Rhizophora mangle 30
60
32.65 aC
40.61 aC
19.20 aAB
13.81aB
1.38 bA
1.87 aA
0 44.61 bB 20.86 abA 0.70 aB
Avicennia germinans 30
60
56.43 aB
58.09 aB
15.18 bB
31.27 aA
0.83 aB
0.75 aB
0 77.66 abA 21.71 bA 1.05 aB
Laguncularia racemosa 30
60
70.77 bA
84.04 aA
30.47 abA
35.26 aA
1.04 aAB
0.76 aB
Médias seguidas da mesma letra minúscula não diferem estaticamente nos tratamentos para uma
mesma espécie pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Médias seguidas da mesma letra maiúscula
não diferem estatisticamente nos tratamentos entre espécies distintas pelo teste de Tukey, a 5% de
probabilidade.
Observou-se nas médias da relação entre altura da parte área e o diâmetro do
coleto que houve diferença significativa entre as três espécies nos diferentes graus de
luminosidade, sendo os maiores valores obtidos pela L. racemosa. Esse fato é
explicado pelo incremento da altura da parte aérea e redução do diâmetro do colo,
conforme Câmara e Endres (2008). As menores médias de RHDC foram apresentados
pela espécie R.mangle.
Quanto aos diferentes níveis de sombreamento, para a espécie R. mangle não
houve diferença significativa entre as médias. A espécie A. germinans, apresentou
diferença estatística entre as médias, sendo a menor obtida a pleno sol e a 30 e 60%
de sombreamento verificou-se as maiores médias, já para a L. racemosa a maior média
foi encontrada a 60% de sombreamento e a menor média a 30% de sombreamento.
28
Resultado parecido foi encontrado no trabalho de Campos e Uchida (2002) estudando
três espécies amazônicas, a caroba (Jacaranda copaia (Aubl.) D. Don.), o jatobá
(Hymenaea courbaril L.) e pau-de-balsa [Ochroma lagopus (Cav. ex. Lam.)] que
cultivadas sob 70% de sombreamento, apresentaram a relação H/D superiores aos
demais tratamentos (0, 30%, 50% de sombra). Vale ressaltar que, conforme o autor, o
menor valor da relação H/D implica em mudas mais resistentes no campo.
Ao se comparar as espécies, as maiores médias para a RHPMPA foram
observadas na espécie L. racemosa, e as menores médias foram obtidas para as
mudas de R. mangle, mas apenas a 30 e 60% de sombreamento.
Quanto aos diferentes graus de luminosidade, não houve diferença significativa
entre as médias para a espécie A. germinans, esta, apresentou maior média a 60% de
sombreamento e a menor a 30%. Contudo, para espécie L. racemosa a maior média
para esta variável foi observada quando se utilizou 60% de sombreamento e a menor
média a pleno sol. Vale destacar que quanto menor for esse índice mais lenhificada
será a muda e maior deverá ser a sua capacidade de sobrevivência no campo
(GOMES, 2001).
Na relação entre o peso de matéria seca da parte aérea e o peso de matéria
seca das raízes, pode-se observar que o sombreamento influenciou significativamente
a espécie R. mangle que obteve os maiores valores para esta relação, e as mudas de
A. germinans e L. racemosa apresentaram desempenho inferior quando submetidas a
esta condição. L. racemosa e A. germinans não apresentaram diferenças estatísticas
entre as médias em função das diferentes intensidades lumínicas. Contudo, para a
espécie R. mangle houve diferença significativa entre as médias, sendo que a maior
média, foi obtida sob o nível de 60% de sombra e a menor média obtida sob 30% de
sombra. Para Burdett, 1979 apud Gomes, 2001, a relação calculada entre o peso de
massa seca da parte aérea e do respectivo sistema radicular é eficiente para
caracterizar a qualidade de muda, porém esse índice pode não ser significativo para o
crescimento das mudas no campo.
Por fim, a Tabela 06 propõe discussão a respeito dos valores médios do Índice de
Qualidade de Dickson (IQD) de L. racemosa, A. germinans e R. mangle) em função de
diferentes taxas de sombreamento.
29
Tabela 06. Valores médios do Índice de Qualidade de Dickson
(IQD) de Laguncularia racemosa, Avicennia germinans e
Rhizophora mangle, em função de diferentes níveis de
sombreamento em viveiro, Tamatateua, Bragança, PA.
Espécie Nível de sombreamento (%) IQD
0 0.43aA
Rhizophora mangle 30 0.48aA
60 0.46aA
0 0.20aB
Avicennia germinans 30 0.29aB
60 0.10bB
0 0.11aB
Laguncularia racemosa 30 0.08aC
60 0.08aB
Médias seguidas da mesma letra minúscula não diferem estaticamente nos
tratamentos para uma mesma espécie pelo teste de Tukey a 5% de
probabilidade. Médias seguidas da mesma letra maiúscula não diferem
estatisticamente nos tratamentos entre espécies distintas pelo teste de Tukey, a
5% de probabilidade.
Na Tabela 06 estão relacionadas às médias do Índice de Qualidade de Dickson
(IQD) das espécies estudadas em diferentes condições de luminosidade. De acordo
com Fonseca et al (2002), o IQD é bom indicador do padrão de qualidade de mudas,
por considerar para o seu cálculo a robustez o equilíbrio da distribuição da fitomassa,
sendo ponderados vários parâmetros morfológicos importantes.
Comparando-se as três espécies, observou-se através médias obtidas que as
mudas de R. Mangle obtiveram as maiores médias (IQD) sob os diferentes níveis de
luminosidade e L. racemosa apresentou a menor média sob 30% de sombreamento.
Os diferentes níveis de sombreamento não foram significativos para espécies R.
mangle e A. germinans quando se avaliou o índice de Dickson, porém a espécie A.
germinans apresentou valor inferior de IQD na utilização de 60% de sombreamento
Tendo em vista que maiores valores do Índice de qualidade de Dickson indicam melhor
qualidade de mudas (CARVANELI et al, 2008), então a espécie R. mangle sobressai
em relação as outras nas diferentes condições lumínicas, comprovando que houve
melhor distribuição de assimilados dessa planta.
30
No presente estudo, as taxas de sobrevivência foram maiores para R. mangle
em relação as outras espécies sob condições de viveiro. Resultado semelhante foi
encontrado por Tsuji (2010), que por sua vez, analisou o desenvolvimento de L.
racemosa, A. germinans e R. mangle em áreas devastadas. As possíveis razões para a
sobrevivência elevada de R. mangle são suas sementes, que prevê uma reserva de
nutrientes na parte aérea no primeiro ano de desenvolvimento (Elster, 2000). É
importante salientar, que essa vantagem é mais evidente na R. mangle devido essa
espécie possuir sementes maiores. Segundo Elster (2010), uma semente pesada é
vantajosa para a germinação, evitando distúrbios bióticos e abióticos na fase de
estabelecimento no ambiente de clareira.
Vale ressaltar, conforme Tsuji (2010), L. racemosa e A. germinans são espécies
pioneiras de crescimento rápido, enquanto que R. mangle apresenta maturação tardia
no ambiente de clareira, sendo mais tolerante à sombra e podendo se estabelecer
tanto em clareira quanto sob a copa de árvores.
V CONCLUSÕES
O crescimento das espécies arbóreas de mangue ocorreu independente das
condições de sombreamento testadas;
A atura da parte aérea e o diâmetro do coleto para a espécie A. germinans
foram superiores nas mudas cultivadas a 30% de sombreamento;
Quando cultivadas a pleno sol e a 30% de sombreamento, as mudas de A.
germinans apresentaram acréscimo de PMSPA, PMSR e PMST;
Mudas mais vigoras de R. mangle são obtidas quando sombreadas;
Mudas mais vigorosas de L. racemosa são obtidas a pleno sol.
31
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