universidade federal do mato grosso instituto de … reis sousa.pdfuniversidade federal do mato...

41
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO CAMPUS UNIVERSITÁRIO DO ARAGUAIA INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA CURSO DE ENGENHARIA DE ALIMENTOS ISADORA REIS SOUSA FILME ATIVO PRODUZIDO A PARTIR DA BLENDA AMIDO DE GENGIBRE E PVA, INCORPORADO COM ÓLEO ESSENCIAL DE GENGIBRE (Zingiber officinale) Barra do Garças MT 2018

Upload: others

Post on 24-Sep-2020

2 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO INSTITUTO DE … Reis Sousa.pdfuniversidade federal do mato grosso campus universitÁrio do araguaia instituto de ciÊncias exatas e da terra curso

UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DO ARAGUAIA

INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA

CURSO DE ENGENHARIA DE ALIMENTOS

ISADORA REIS SOUSA

FILME ATIVO PRODUZIDO A PARTIR DA BLENDA AMIDO DE GENGIBRE E

PVA, INCORPORADO COM ÓLEO ESSENCIAL DE GENGIBRE (Zingiber

officinale)

Barra do Garças – MT

2018

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO INSTITUTO DE … Reis Sousa.pdfuniversidade federal do mato grosso campus universitÁrio do araguaia instituto de ciÊncias exatas e da terra curso

ISADORA REIS SOUSA

FILME ATIVO PRODUZIDO A PARTIR DA BLENDA AMIDO DE GENGIBRE E

PVA, INCORPORADO COM ÓLEO ESSENCIAL DE GENGIBRE (Zingiber

officinale)

Barra do Garças – MT

2018

Monografia realizada para o trabalho de

conclusão do Curso de Engenharia de

Alimentos do Campus Universitário do

Araguaia – UFMT, como requisito

parcial, para obtenção do título de

Bacharel em Engenharia de Alimentos.

Orientador: Prof. Dr. Ricardo Stefani

Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO INSTITUTO DE … Reis Sousa.pdfuniversidade federal do mato grosso campus universitÁrio do araguaia instituto de ciÊncias exatas e da terra curso

Dados Internacionais de Catalogação na Fonte.

Ficha catalográfica elaborada automaticamente de acordo com os dados fornecidos pelo(a)

autor(a).

R375f Reis Sousa, Isadora.

FILME ATIVO PRODUZIDO A PARTIR DA BLENDA AMIDO

DE GENGIBRE E PVA, INCORPORADO COM ÓLEOESSENCIAL DE

GENGIBRE (Zingiber officinale) / Isadora Reis

Sousa. -- 2018

38 f. : il. color. ; 30 cm.

Orientador: Ricardo Stefani.

TCC (graduação em Engenharia de Alimentos) - Universidade

Federal de Mato Grosso, Instituto de Ciências Exatas e da Terra,

Barra do Garças, 2018.

Inclui bibliografia.

1. Amido. 2. Óleo essencial. 3. Gengibre. I. Título.

Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO INSTITUTO DE … Reis Sousa.pdfuniversidade federal do mato grosso campus universitÁrio do araguaia instituto de ciÊncias exatas e da terra curso
Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO INSTITUTO DE … Reis Sousa.pdfuniversidade federal do mato grosso campus universitÁrio do araguaia instituto de ciÊncias exatas e da terra curso

AGRADECIMENTOS

A minha família, pai, mãe e irmã, por nunca terem medido esforços para que eu

construísse conhecimentos em todos os meus níveis de escolaridade e trilhasse meu caminho

profissional. Obrigada por sempre me apoiarem e darem todo suporte necessário,

independentemente das minhas escolhas e objetivos.

A todos os meus amigos de faculdade, que me incentivaram e ajudaram durante toda a

graduação. Especialmente, durante esse trabalho, meu agradecimento as minhas amigas Bianca

Dias e Keyle Torres.

Ao meu orientador, Prof, Dr. Ricardo Stefani, por me conduzir na pesquisa, nos anos de

iniciação cientifica e durante a realização deste trabalho, dando todo o suporte necessário.

As professoras Paula Becker e Loyse Tussolini e a técnica Leydiane por contribuírem

em algumas etapas realizadas neste trabalho.

Ao Laboratório de Estudo de Materias (Lemat), ao Grupo de Pesquisa de Materiais

Nanoestruturados e a todas as pessoas envolvidas que contribuírem para realização de análises

e infraestrutura para que este trabalho fosse desenvolvido.

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO INSTITUTO DE … Reis Sousa.pdfuniversidade federal do mato grosso campus universitÁrio do araguaia instituto de ciÊncias exatas e da terra curso

RESUMO

O acúmulo de lixo doméstico na natureza causado por, entre outros agentes, embalagens

plásticas, tem motivado inúmeros estudos que buscam fontes renováveis capazes de substituir

fontes petrolíferas na produção de materiais plásticos. Além das embalagens biodegradáveis,

embalagens ativas que usam fontes naturais que lhes conferem novas propriedades também tem

sido muito estudadas. Os óleos essenciais fazem parte do grupo de agentes biológicos que,

quando incorporados em embalagens, são capazes de acrescentá-las com propriedades como

capacidade antioxidante e/ou atividade antimicrobiana, tornando-as ativas. Partindo disso, este

trabalho buscou extrair amido de gengibre e desenvolver um filme plástico produzido a partir

da blenda amido de gengibre (AG) e poli(álcool vinílico) (PVA). Para tornar o filme, óleo

essencial de gengibre (OEG) foi incorporado a matriz por meio da técnica de adsorção por

superfície e os filmes foram caracterizados quanto ao índice de intumescimento, ângulo de

contato e estrutura microscópica. Foram produzidos filmes na proporção 1:1 (amido/PVA) por

meio do método de casting. Com os filmes secos, o óleo essencial de gengibre foi incorporado,

formando-se assim o filme com óleo (FO). Um filme controle (FC) sem adição de óleo

essencial, também foi produzido. Os espectros de absorção na região do infravermelho

revelaram a presença do grupo funcional CH3, da ligação C=C e de bandas correspondentes a

O-H livre. Essas ligações são encontradas nos principais compostos constituintes do OEG e

foram também observadas no filme FO. O ângulo de contato com a água dos filmes mostrou

que a superfície do FO apresentou comportamento hidrofílico, enquanto a do FC mostrou-se

hidrofóbica. O índice de intumescimento após 20 minutos do FO, embora tenha sido menor,

não foi significativamente diferente de FC. Análises de textura de imagens microscópicas foram

realizadas utilizando plug-in GLCM e revelaram que o filme ativo apresentou maior

uniformidade textural e menor complexidade quando comparado ao filme controle. Os

resultados demonstraram que a incorporação de óleo essencial de gengibre ao filme de

amido/PVA foi efetiva, fato que foi comprovado com os espectros da região do infravermelho

que revelaram ligações comuns entre óleo essencial de gengibre e o filme ativo. Além disso, o

aroma característico de gengibre foi observado no FO. Os filmes ativos de óleo essencial de

gengibre também mostraram-se mais homogêneos do que os filmes produzidos apenas com

amido de gengibre e PVA. Portanto, os filmes de OEG são promissores para o uso como

embalagens ativas, no entanto, mais estudos devem ser devolvidos para caracterizá-los quanto

a aspectos importantes para a aplicação como embalagens ativas para alimentos.

Palavras-chave: Amido, óleo essencial, gengibre

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO INSTITUTO DE … Reis Sousa.pdfuniversidade federal do mato grosso campus universitÁrio do araguaia instituto de ciÊncias exatas e da terra curso

ABSTRACT

The accumulation of waste in nature for the environment, plastics, packaging materials,

motivated stocks and renewable sources of petroleum sources in the production of plastic

materials. In addition biodegradable packaging, research boxes, sources, conferences, new

properties have also been studied. Essential oils are part of the group of biological agents that,

when incorporated in packages, are able to aggregate the antioxidant properties and / or

antimicrobial activity, becoming active. From this, this work looked for extra-ginger starch and

some plastic produced from grain starch fiber (AG) and poly (vinyl alcohol) (PVA). To become

the essential film, the essential oil was characterized by the presence of a matrix of the surface

adsorption technique and the papers were characterized in relation to the index of swelling,

contact angle and microscopic structure. The casting method is 1: 1 (starch / PVA). With the

films dried, the essential oil of ginger was incorporated, thus forming the film with oil (FO). A

control film (FC) without addition of essential oil was also produced. Transmission spectra in

the infrared region revealed a presence of the CH3 functional group, the C = C bond and bands

corresponding to free O-H. The adhered sands at the compounds of OEG and were also

observed in the FO film. The water contact indicator of the films was shown to be dependent

on a hydrophilic water surface, while the HR was hydrophobic. The swelling index after 20

minutes of FO, although it was lower, was not different from FC. Microscopic texture analyzes

were used and plug-in GLCM and revealed that the active film presented greater textural

uniformity and less importance when they were to the control film. The results showed that the

incorporation of essential oil of ginger into the starch / PVA film was effective, as evidenced

by infrared spectra that revealed common bonds between ginger essential oil and the active

film. In addition, the characteristic ginger aroma was observed in the FO. Active ginger

essential oil films were also more homogeneous than films made only with ginger starch and

PVA. Therefore, OEG films are promising for use as active packaging, however, further studies

must be returned to characterize them as important aspects for the application as active food

packaging.

Keywords: Starch, essential oil, ginger

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO INSTITUTO DE … Reis Sousa.pdfuniversidade federal do mato grosso campus universitÁrio do araguaia instituto de ciÊncias exatas e da terra curso

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1. ESTRUTURAS QUÍMICAS DE ALGUNS DOS COMPOSTOS DE

METABOLISMO SECUNDÁRIO ENCONTRADOS NO GENGIBRE.................................15

FIGURA 2. ESTRUTURAS REPRESENTATIVAS DOS COMPONENTES

MAJORITÁRIOS DO AMIDO: AMILOSE (A) E AMILOPECTINA (B).............................17

FIGURA 3. ESTRUTURAS QUÍMICAS DOS COMPOSTOS FELANDRENO, CANFENO

E ZINGIBERENO ENCONTRADOS NO ÓLEO ESSENCIAL DE GENGIBRE..................20

FIGURA 4. ANALISADOR DE ÂNGULO DE CONTATO E OS SEUS

COMPONENTES.....................................................................................................................23

FIGURA 5. APARÊNCIA DO AMIDO EXTRAÍDO DO GENGIBRE.................................25

FIGURA 6. FILME FC A ESQUERDA E FO A DIREITA....................................................25

FIGURA 7. IMAGENS DE MICROSCOPIA ÓPTICA COM AMPLIAÇÃO DE 4X PARA

OS FILMES FC (ESQUERDA) E FO (DIREITA)...................................................................27

FIGURA 8. IMAGENS DE MICROSCOPIA ÓPTICA COM AMPLIAÇÃO DE 10X PARA

OS FILMES FC (ESQUERDA) E FO (DIREITA)...................................................................27

FIGURA 9. IMAGENS DE MICROSCOPIA ÓPTICA COM AMPLIAÇÃO DE 40X PARA

OS FILMES FC (ESQUERDA) E FO (DIREITA)...................................................................27

FIGURA 10. ESPECTROS DE ABSORÇÃO NA REGIÃO DO INFRAVERMELHO DO

ÓLEO ESSENCIAL DE GENGIBRE (OEG), DO FILME CONTROLE (FC) E DO FILME

CONTENDO OEG (FO)...........................................................................................................29

FIGURA 11. GRÁFICO DE VARIAÇÃO DAS PORCENTAGENS DE

INTUMESCIMENTO...............................................................................................................32

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO INSTITUTO DE … Reis Sousa.pdfuniversidade federal do mato grosso campus universitÁrio do araguaia instituto de ciÊncias exatas e da terra curso

LISTA DE TABELAS

TABELA 1. MÉDIAS DOS PARÂMETROS DE TEXTURA DAS IMAGENS

MICROSCÓPICAS EXTRAÍDAS DO PLUG-IN GLCM DE ACORDO COM AS

AMPLIAÇÕES UTILIZADAS.................................................................................................28

TABELA 2. PORCENTAGEM DE INTUMESCIMENTO DOS FILMES FO E FC AO

LONGO DO TEMPO DE IMERSÃO EM ÁGUA..................................................................31

Page 10: UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO INSTITUTO DE … Reis Sousa.pdfuniversidade federal do mato grosso campus universitÁrio do araguaia instituto de ciÊncias exatas e da terra curso

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 9

2. OBJETIVOS............................................................................................................ 11

2.1 Objetivo Geral .......................................................................................................................................... 11

2.2 Objetivos específicos ................................................................................................................................ 11

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................ 12

3.1 Filmes ativos ............................................................................................................................................ 12

3.2 Gengibre ................................................................................................................................................... 14

4. MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................... 21

4.1 Extração do amido de gengibre ................................................................................................................ 21

4.2 Espessura .................................................................................................................................................. 21

4.3 Produção dos filmes ativos ....................................................................................................................... 21

4.4 Microscopia Óptica Visível ...................................................................................................................... 22

4.5 Espectroscopia de Absorção na região do infravermelho (FTIR) ............................................................ 22

4.7 Intumescimento ........................................................................................................................................ 23

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES .......................................................................... 25

5.1 Aspectos Gerais ........................................................................................................................................ 25

5.2 Microscopia Óptica Visível ...................................................................................................................... 26

5.3 Espectroscopia de Absorção na região do Infravermelho (FTIR) ............................................................ 28

5.4 Ângulo de contato .................................................................................................................................... 30

5.5 Intumescimento ........................................................................................................................................ 30

6. CONCLUSÕES ....................................................................................................... 33

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 34

Page 11: UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO INSTITUTO DE … Reis Sousa.pdfuniversidade federal do mato grosso campus universitÁrio do araguaia instituto de ciÊncias exatas e da terra curso

9

1. INTRODUÇÃO

Diante do atual cenário de poluição ambiental, medidas alternativas para gerar energia,

reaproveitar materiais e substituir agentes poluentes têm sido constantemente discutidas. Os

plásticos sintéticos, produzidos a partir de fontes petrolíferas (poliolefinas, poliésteres,

poliamidas) e utilizados como embalagens para alimentos, estão entre os principais agentes de

poluição ambiental, pois geram grande quantidade de lixo urbano e são de difícil decomposição.

Devido a isso, o desenvolvimento de plásticos biodegradáveis, obtidos a partir de fontes

naturais e renováveis, tem motivado estudos e pesquisas em escala global como medida

alternativa para os plásticos comuns.

Além do uso de materiais biodegradáveis, as embalagens para alimentos tem sido

inovadas com o conceito de embalagens ativas em que a incorporação de aditivos químicos ou

biológicos conferem funcionalidade e benefícios à embalagem. Até então, acreditava-se que

materiais de embalagens não deveriam interagir com o produto acondicionado para que não o

contaminasse. No entanto, as embalagens ativas possuem em sua composição componentes que

são liberados de forma controlada, capazes de aumentar a vida de prateleira ou conferir atributos

sensoriais aos alimentos. As embalagens ativas podem conter em sua composição substâncias

antimicrobianas (MURIEL-GALET et al., 2012), antioxidantes (FAZIO et al., 2017),

conservantes (ROSTAMZAD et al., 2016), entre outros.

O amido é um polissacarídeo promissor para o desenvolvimento de filmes plásticos

biodegradáveis. Mesmo apresentando aspectos como hidrofilicidade e baixa resistência

mecânica, as pesquisas para a utilização deste polímero como material de embalagens são

crescentes (YANG et al., 2018; IAMAREERAT et al., 2018; FORTICH et al., 2018). Isso se

deve à sua abundância, seu baixo valor agregado e ao fato de se converter facilmente em um

material termoplástico. Além disso, o amido é encontrado em inúmeras fontes botânicas, como

por exemplo o gengibre, e pode ser facilmente extraído em diversas partes do mundo.

O gengibre, obtido a partir de rizomas da espécie Zingiber officinale, apresenta um teor

de amido entre 40,4 e 59% (REYES et al., 1982). Possui, também, componentes bioativos,

como os gingeróis, o zingibereno e os shogaóis, responsáveis por características sensoriais,

muito utilizadas na culinária, e por propriedades nutracêuticas, como atividades antimicrobiana,

antioxidante e anti-inflamatória (SEMWAL et al., 2015).

O gengibre também contém em sua composição cerca de 1 a 3,5% de óleo essencial que

pode ser extraído por destilação a vapor (BARCELOUX, 2008). Este é constituído por uma

Page 12: UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO INSTITUTO DE … Reis Sousa.pdfuniversidade federal do mato grosso campus universitÁrio do araguaia instituto de ciÊncias exatas e da terra curso

10

mistura de compostos monoterpênicos e sesquiterpênicos, dos quais o principal componente é

o α-zingibereno (cerca 28.62%) (ZANCAN et al., 2002). Alguns estudos têm revelado

propriedades antimicrobianas deste óleo e o seu uso como agente ativo em filmes plásticos.

Apesar do uso do óleo de gengibre ser relatado na literatura, ainda não há relato do uso

de filmes feitos a partir de seu amido para aplicação em alimentos. Diante disto, este trabalho

visou desenvolver e caracterizar filmes ativos produzidos a partir de amido de gengibre e PVA

incorporados com óleo essencial de gengibre.

Page 13: UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO INSTITUTO DE … Reis Sousa.pdfuniversidade federal do mato grosso campus universitÁrio do araguaia instituto de ciÊncias exatas e da terra curso

11

2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Desenvolver e caracterizar filmes ativos à base de poli(álcool vinílico) (PVA) e amido

extraído de gengibre, e incorporá-los com óleo essencial de gengibre por técnica de adsorção

por superfície.

2.2 Objetivos específicos

Extrair amido de gengibre;

Produzir filmes de amido e PVA por meio da técnica de casting;

Produzir filmes ativos, incorporando óleo essencial de gengibre por técnica de adsorção

por superfície ao filme de amido e PVA;

Caracterizar os filmes produzidos através da avalição de propriedades como índice de

intumescimento, ângulo de contato e observar sua estrutura microscópica.

Page 14: UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO INSTITUTO DE … Reis Sousa.pdfuniversidade federal do mato grosso campus universitÁrio do araguaia instituto de ciÊncias exatas e da terra curso

12

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 Filmes ativos

Tradicionalmente, a definição de embalagens para alimentos determina que, entre outras

funções, elas devem proteger o conteúdo, sem interagir com o produto acondicionado,

funcionando como uma barreira inerte. No entanto, diversos estudos têm visado o

desenvolvimento de embalagens que interajam de forma desejável com os alimentos,

aumentando ou monitorando a vida-de-prateleira e, até mesmo, capazes de substituir o uso de

aditivos comuns. Esse tipo de embalagem é denominada embalagem ativa (TAKEUCHI, 2012).

As embalagens ativas atuam na preservação de alimentos, funcionando como sistemas

emissores que adicionam, de maneira controlada, compostos ativos ao material embalado, tais

como: água, antimicrobianos, aromas, conservantes e antioxidantes (TAKEUCHI, 2012).

Geralmente, as embalagens ativas são produzidas com materiais de origem natural, como

polissacarídeos, proteínas, lipídios e derivados. Assim como na obtenção de coberturas

biodegradáveis, a produção de embalagens ativas está baseada na dispersão ou solubilização

dos biopolímeros em um solvente (água, etanol ou ácidos orgânicos) com acréscimo de aditivos

(plastificantes ou agentes de liga) obtendo-se, assim, uma solução ou dispersão filmogênica.

Após o preparo, a solução passa por uma operação de secagem tipo casting para a formação

dos filmes ou coberturas (TAKEUCHI, 2012).

Filmes à base de polissacarídeos e/ou proteínas têm bom comportamento mecânico, mas

possuem baixas propriedades de barreira devido à sua natureza hidrofílica (ANKER et al., 2002;

KRISTO; BILIADERIS; ZAMPRAKA, 2007). Já os lipídios produzem filmes com boas

propriedades de barreira ao vapor de água, mas são frágeis e ligeiramente flexíveis

(GUILBERT; GONTARD; GORRIS, 1996). Por isso, é interessante combinar lipídios com

proteínas ou polissacarídeos para obter filmes com características melhoradas (ATARÉS;

BONILLA; CHIRALT, 2010).

TEIXEIRA et al. (2014) estudaram as propriedades físicas, mecânicas, antioxidantes e

antibacterianas de filmes ativos preparados com proteínas de peixes recuperadas de subprodutos

da pesca e óleos essenciais de plantas aromáticas (cravo, alho e orégano). Concluíram que a

incorporação de óleos essenciais reduziu a espessura dos filmes, bem como a solubilidade em

água, afetou as propriedades mecânicas e melhorou a atividade antioxidante. Os filmes que

continham óleo de cravo apresentaram a menor permeabilidade ao vapor de água e a maior

atividade antibacteriana contra Shewanella putrefaciens; os filmes com óleo essencial de alho

Page 15: UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO INSTITUTO DE … Reis Sousa.pdfuniversidade federal do mato grosso campus universitÁrio do araguaia instituto de ciÊncias exatas e da terra curso

13

apresentaram a maior atividade antioxidante e os filmes com óleo de orégano foram mais

semelhantes aos filmes controle.

MEDINA-JARAMILLO et al. (2017) produziram filmes termoplásticos biodegradáveis à

base de amido de mandioca e extratos naturais de chá verde e manjericão. Encontraram altos

teores de polifenóis que são capazes de atuar como antioxidantes, conferindo, assim, aos

revestimentos capacidade de retardar a oxidação de produtos alimentícios, evitando sua rápida

deterioração. Além disso, a clorofila e os carotenoides presentes nos extratos de chá verde e

manjericão tiveram suas cores alteradas quando expostos a diferentes pH e, por isso, podem

atuar como indicadores de qualidade dos alimentos e serem caracterizados como filmes

inteligentes. Também, observaram uma degradação rápida de filmes no solo (menos de duas

semanas), o que os caracteriza como material biodegradável. O uso dos extratos de chá e de

manjericão, reduziu a permeabilidade ao vapor de água dos filmes em relação aos materiais

típicos à base de amido termoplástico, além de manterem a flexibilidade. A análise de

Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC) revelou que os filmes são capazes de resistir a

temperaturas de até 240 ° C sem degradação.

Já YANG et al. (2016) extraíram proteína de grãos secos destilados com solúveis (DDGS),

prepararam filmes de proteína (DP) e adicionaram extrato de chá verde (GTE), extrato de chá

oolong (OTE) e extrato de chá preto (BTE) aos DP, a fim de lhes acrescentarem propriedades

antioxidantes. A incorporação dos extratos de chá revelou capacidade antioxidante dos filmes

contra os radicais ABTS e DPPH. Os filmes DP contendo extratos de chá foram, ainda, usados

para embalar carne de porco a 4ºC por 10 dias. Durante o armazenamento, a carne de porco

envolvida com os filmes apresentou menor oxidação lipídica do que a controle. Entre os

extratos de chá, o filme DP contendo GTE apresentou a maior capacidade antioxidante, o que

sugere que este filme pode ser usado como material de embalagem ativa para melhorar a

qualidade da carne de porco durante o armazenamento.

A síntese de novos hidrogéis com impressão molecular (MIHs) para o antioxidante natural

ácido ferúlico (FA) e aplicação como material para embalagens ativas com o intuito de prevenir

a oxidação lipídica da manteiga foram descritos por BENITO-PEÑA et al. (2016). Os autores

concluíram que os MIHs representam uma alternativa útil aos materiais de embalagem

convencionais, como o copolímero etileno-álcool vinílico ou álcool polivinílico, pois sua

composição pode ser sintonizada para ligar seletivamente, com alta capacidade de carga, o

antioxidante alvo, melhorando as propriedades antioxidantes dos filmes ativos.

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO INSTITUTO DE … Reis Sousa.pdfuniversidade federal do mato grosso campus universitÁrio do araguaia instituto de ciÊncias exatas e da terra curso

14

3.2 Gengibre

Dois milênios antes da era cristã, a literatura Védica da Índia incluía informações sobre

o uso do gengibre como especiaria e erva; Marco Polo também documentou o uso do gengibre

na Índia durante o século XIII. Os antigos gregos e romanos usavam gengibre como tempero.

A medicina tradicional árabe usava o gengibre para tratar constipação, resfriados, bronquite,

catarata e acidez estomacal. Uma grande parte dos remédios fitoterápicos tradicionais chineses

contém gengibre. Na prática médica Ayurvédica na Índia, o gengibre faz parte de um tratamento

à base de plantas para resfriados e outras infecções virais, falta de apetite, problemas digestivos,

artrite e dor de cabeça (BARCELOUX, 2008).

O Gengibre é o rizoma nodoso e ramificado obtido a partir da espécie Zingiber

officinale. Devido a seu sabor pungente característico é muito utilizado como especiaria em

preparações culinárias e é amplamente conhecido por diversas propriedades fitoterápicas. Além

disso, novas funcionalidades estão sendo descobertas nas últimas décadas.

Os principais compostos pungentes do gengibre são os gingeróis, particularmente o 6-

gingerol. Também, são encontrados compostos como 8-gingerol, 10-gingerol, metilgingerol,

gingerdiol, dehidrogingerdiona, gingerdionas, diarilhepanoides (curcuminoides), lactonas

diterpênicas e galanolactona. Os gingeróis são termicamente instáveis e desidratam (isto é,

perdem um grupo hidroxila do C5 e um hidrogênio do C4 com a formação de ligação dupla

entre C4 e C5) formando compostos shogaóis correspondentes (BARCELOUX, 2008). Na

Figura 1 são mostrados alguns dos compostos de metabolismo secundário do gengibre.

Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO INSTITUTO DE … Reis Sousa.pdfuniversidade federal do mato grosso campus universitÁrio do araguaia instituto de ciÊncias exatas e da terra curso

15

Figura 1. Estruturas químicas de alguns dos compostos de metabolismo secundário

encontrados no gengibre. (Fonte:

https://www.dovepress.com/cr_data/article_fulltext/s74000/74669/img/DDDT-74669-F01.png Acesso

em: 26 abril. 2018)

O gengibre fresco raramente contém zingerona e shogaóis, mas as concentrações desses

compostos aumentam significativamente no gengibre seco. Além disso, os gingeróis podem se

transformar em zingeronas, shogaóis e paradóis. A desidratação do gingerol depende do pH e

da temperatura, sendo o 6 - gingerol relativamente estável a pH 4 e sua degradação está

completa em 2 horas a pH 1 e 100 ° C. Estudos in vitro revelaram que o produto desidratado

(shogaol) sofre uma reversão quase completa para o gingerol nas condições ácidas do estômago

à temperatura do corpo (37 °C). Consequentemente, a desidratação do gingerol ao shogaol não

pode reduzir a biodisponibilidade do gingerol (BARCELOUX, 2008).

JOLAD et al. (2004) examinaram gengibre fresco cultivado organicamente e

identificaram 63 compostos, dos quais 31 haviam sido previamente relatados como

constituintes do gengibre e 20 eram compostos até então desconhecidos. Os componentes

identificados incluíram gingeróis, shogaóis, paradóis, derivados acetilados de gingeróis,

gengidóis, derivados mono e di-acetilados de gingerdióis, entre outros. JOLAD et al. (2005)

também examinaram o gengibre seco comercialmente processado usando as mesmas técnicas

que utilizaram no estudo anterior (2004). Eles identificaram um total de 115 compostos, dos

Page 18: UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO INSTITUTO DE … Reis Sousa.pdfuniversidade federal do mato grosso campus universitÁrio do araguaia instituto de ciÊncias exatas e da terra curso

16

quais 88 foram relatados. Destes, 45 haviam sido registrados anteriormente para gengibre fresco

e 31 eram novos compostos, que incluíam metil [8]-paradol, metil [6]–isogingerol, metil [4]-

shogaol e [6] -isoshogaol. As concentrações de gingeróis no gengibre seco foram reduzidas

ligeiramente em comparação com o gengibre fresco, enquanto as concentrações de shogaóis

aumentaram.

Várias revisões na literatura têm se dedicado a levantar diversos aspectos sobre esta

planta e isso pode refletir a popularidade do assunto e o interesse em suas aplicações como

especiaria e planta medicinal. Muitas destas foram dedicadas a aspectos específicos das ações

do gengibre. Por exemplo, a revisão de GRZANNA; LINDMARK; FRONDOZA (2005) trata

do uso de gengibre como um agente anti-inflamatório, enquanto que SHUKLA; SINGH (2007)

relatam sobre as propriedades de prevenção do câncer do medicamento bruto. As ações do

gengibre como substância anti-emética pós-operatória foram objeto de revisão de

CHAIYAKUNAPRUK et al. (2006). FICKER et al. (2003a) relataram as propriedades

antifúngicas de compostos do gengibre.

3.2.1 Amido de gengibre

Os rizomas de gengibre contêm quantidades de amido que variam de 40,4 a 59%

(REYES et al., 1982).

O amido é uma das mais abundantes fontes de carboidratos. Ele é armazenado nas

plantas na forma de grânulos e suas variações de tamanho, forma, associações e composição

(glicosídeos, umidade, proteínas, lipídeos e minerais) são dependentes de sua origem botânica

(CORRADINI et al., 2007). Os grânulos de amido são compostos, principalmente (98 a 99%,

base seca), por dois tipos de polissacarídeos: a amilose e a amilopectina. A amilose é um

polímero linear com unidades de D-glicose ligadas por ligações α-(1→4) e a amilopectina é um

polímero altamente ramificado, com unidades de D-glicose ligadas através de ligações α-(1→4)

e ramificações em α-(1→6) (ELLIS et al., 1998). As estruturas da amilose e da amilopectina

são mostradas na Figura 2.

Page 19: UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO INSTITUTO DE … Reis Sousa.pdfuniversidade federal do mato grosso campus universitÁrio do araguaia instituto de ciÊncias exatas e da terra curso

17

Figura 2. Estruturas representativas dos componentes majoritários do amido: amilose (a) e

amilopectina (b) (Fonte: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-

14282005000400011 Acesso em: 11 outubro, 2018)

As cadeias destes polissacarídeos possuem grupos hidroxila que acarretam uma natureza

altamente hidrofílica ao amido. A insolubilidade do grânulo em água fria é devida às fortes

ligações de hidrogênio que mantêm as cadeias de amido unidas. Entretanto, na presença de água

e aquecimento, a água é incorporada na estrutura do grânulo e componentes mais solúveis como

a amilose, se dissociam, se difundem para fora do grânulo e as regiões cristalinas desaparecem.

Este processo é conhecido como gelatinização e a temperatura de ocorrência deste processo é

chamada de temperatura de gelatinização (Tgel) a qual é também dependente da origem botânica

do amido (PENG; ZHONGDONG; KENNEDY, 2007) (CORRADINI et al., 2007).

O amido granular não possui característica termoplástica. No entanto, quando

submetido à pressão, cisalhamento, temperaturas na faixa de 90-180ºC e na presença de um

plastificante, se transforma em um material fundido. Nesse material fundido, as cadeias de

amilose e amilopectina estão intercaladas, e a estrutura cristalina original do grânulo é

destruída. Esse material é denominado amido termoplástico (TPS) (AVÉROUS, 2004).

Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO INSTITUTO DE … Reis Sousa.pdfuniversidade federal do mato grosso campus universitÁrio do araguaia instituto de ciÊncias exatas e da terra curso

18

As propriedades do amido termoplástico são influenciadas por diversos fatores. Entre

eles, a cristalinidade residual é aquela devida à incompleta desestruturação do amido granular

(rompimento dos grânulos) que pode gerar um material termoplástico com baixa resistência

mecânica, devido à presença de uma interface entre o grânulo intacto e a fase termoplástica.

Além disso, um outro tipo de cristalinidade associada ao TPS ocorre pela rápida recristalização

da estrutura da amilose durante o resfriamento, após o processamento, ou durante a

armazenagem do material fundido. As principais estruturas cristalinas observadas no amido

termoplástico são do tipo V e B. O tipo V de cristalinidade é causado pela cristalização da

amilose com lipídios e/ou polióis (VAN SOEST; ESSERS, 1997). VAN SOEST; ESSERS

(1997) indicaram que a amilopectina na presença de glicerol e em temperaturas acima de sua

transição vítrea, é a principal responsável pelo padrão cristalino tipo B, através da sua

recristalização. A formação desse tipo de estrutura devido a amilopectina, é favorecida pela

estocagem em longos períodos. O processo de recristalização da amilose com o tempo de

estoque é conhecido como retrogradação. Este fenômeno acarreta uma instabilidade estrutural

de géis e filmes de amido (CORRADINI et al., 2007).

O uso do amido termoplástico em relação aos demais polímeros na produção de filmes

plásticos apresenta grandes vantagens, já que o amido é proveniente de fontes renováveis, de

baixo custo e de grande disponibilidade e, além disso, é considerado um material biodegradável

(TEIXEIRA, 2007). No entanto, apesar de promissora, a utilização do amido como material

plástico é ainda limitada por sua baixa resistência à água, pela retrogradação da amilose

(envelhecimento do filme) e pelas variações nas propriedades mecânicas dos plásticos formados

(CORRADINI et al., 2007) (SHIMAZU; MALI; GROSSMANN, 2007).

As várias fontes botânicas das quais o amido é extraído também acarretam variações

nas proporções entre seus componentes, em suas estruturas e propriedades, o que resulta em

grânulos de amido com propriedades físico-químicas e funcionais muito diferentes, que podem

afetar as suas aplicações como material plástico (SHIMAZU; MALI; GROSSMANN, 2007).

O amido encontrado no gengibre (AG) apresenta um teor de amilose que pode variar

25,5% a 22,2%. Também, apresenta minerais, tais como fósforo, cálcio, magnésio, potássio,

ferro, manganês e zinco. Sua temperatura de gelatinização está entre 76 e 88 °C. Além disso,

possui características, tais como forças de ligações homogêneas em sua matriz granular, alto

grau de associação entre as moléculas do grânulo e boa estabilidade a processos de

congelamento-descongelamento, o que revela menor tendência a retrogradação (REYES et al.,

1982; MADENENI et al., 2011).

Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO INSTITUTO DE … Reis Sousa.pdfuniversidade federal do mato grosso campus universitÁrio do araguaia instituto de ciÊncias exatas e da terra curso

19

3.2.2 Óleo essencial

Óleos essenciais (EOs) são extratos oleosos voláteis obtidos de materiais vegetais, tais

como brotos, raízes, casca e folhas por meio de fermentação, extração ou destilação a vapor.

Os óleos essenciais são comumente utilizados como agentes aromatizantes em alimentos e

também são conhecidos como uma classe de conservantes naturais, devido às suas propriedades

antimicrobianas e antioxidantes (NOORI; ZEYNALI; ALMASI, 2018).

O óleo essencial de gengibre (GEO) é uma mistura complexa de mono- e

sesquiterpenóides obtido a partir do rizoma fresco ou do pó e é composto principalmente de

hidrocarbonetos sesquiterpênicos, especialmente, o zingibereno. Rizomas inteiros e intactos são

a melhor fonte de óleo essencial devido à presença de quantidades substanciais de óleo na casca.

O gengibre contém cerca de 1 a 3,5% de óleo essencial após a destilação a vapor. Este produto

contém, além de hidrocarbonetos sesquiterpênicos, quantidades relativamente pequenas de

hidrocarbonetos monoterpênicos e compostos oxigenados (BARCELOUX D. G., 2008).

Estruturas de alguns componentes do óleo essencial de gengibre estão esquematizadas na Figura

3.

(SINGH et al., 2005) determinaram a composição do óleo essencial de gengibre por

cromatografia gasosa (CG) e cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massa (CG-

EM) e encontraram 69 componentes que representavam 96,93% do total de óleo. O principal

componente encontrado foi o α-zingibereno (28,62%), seguido pelo canfeno (9,32%), ar-

curcumeno (9,09%), β-sesquifelandreno (8,64%), β-felandreno (7,97%), entre outros.

Felandreno Canfeno

Zingibereno

Page 22: UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO INSTITUTO DE … Reis Sousa.pdfuniversidade federal do mato grosso campus universitÁrio do araguaia instituto de ciÊncias exatas e da terra curso

20

Figura 3. Estruturas químicas dos compostos Felandreno, Canfeno e Zingibereno encontrados

no óleo essencial de gengibre. (Fonte:

http://clubedaquimica.com/index.php/2018/04/14/gengibre-e-sua-quimica/ Acesso em: 26

abril.2018)

(NOORI; ZEYNALI; ALMASI, 2018) extraíram GEO por hidrodestilação durante 4 h

na ferramenta de vidro Clevenger e investigaram a composição química do óleo por

cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massa (CG-EM). O rendimento de extração

do óleo essencial foi de 1,1% e foram identificados 67 componentes. Todos os compostos

químicos identificados representaram 94,87% do total de GEO. O principal composto orgânico

detectado no óleo essencial, também foi o α-zingibereno, representando 24,96% de todos os

compostos identificados. Os outros principais compostos identificados foram β-

sesquifelandreno (12,74%), hidrato de sesquisabineno (6,19%), canfeno (5,90%), zingiberenol

(4,26%), entre outros. No entanto, alguns autores identificaram outros compostos majoritários.

(SINGH et al., 2008) identificaram o geranial (25,9%) como o principal constituinte do óleo

de gengibre, que foi detectado em traços (0,34%) no estudo de NOORI; ZEYNALI; ALMASI

(2018). Essas diferenças podem ser devidas à genética, idade, estágio da maturidade, condições

climáticas, composição do solo, órgãos da planta, condições de destilação e alguns outros

fatores associados ao óleo (REHMAN et al., 2016).

O óleo essencial de gengibre tem sido descrito quanto às suas atividades antimicrobiana,

antifúngica e antioxidante e existem alguns relatos sobre o seu uso na preparação de filmes

ativos (NOORI; ZEYNALI; ALMASI, 2018).

Page 23: UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO INSTITUTO DE … Reis Sousa.pdfuniversidade federal do mato grosso campus universitÁrio do araguaia instituto de ciÊncias exatas e da terra curso

21

4. MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 Extração do amido de gengibre

Os rizomas de gengibre foram adquiridos em mercado local da cidade de Barra do Graças-

MT. O gengibre foi descascado, cortado em pequenos pedaços e triturado em liquidificador

doméstico com, aproximadamente, 100 mL de água para cada 50 g de rizoma. A mistura obtida

foi peneirada, separando-se a parte líquida da parte fibrosa. A parte líquida obtida foi deixada

em repouso para decantação do amido. Após a completa decantação, o sobrenadante foi

descartado e o amido foi lavado com água destilada. Repetiu-se o ciclo decantação/lavagem

sucessivas vezes até que o sobrenadante apresentasse aparência límpida. A pasta resultante foi

lavada, ainda, em etanol comercial 70% até que o amido apresentasse coloração branca. Após

a lavagem com etanol, o material resultante foi lavado novamente com água destilada e seco a

temperatura ambiente. O amido extraído foi peneirado e armazenado em recipiente apropriado

protegido de umidade.

4.2 Espessura

A espessura dos filmes foi determinada utilizando-se um paquímetro manual da marca

Mitutoyo®, com divisões de 0,01 mm, em cinco pontos aleatórios para todos os filmes.

4.3 Produção dos filmes ativos

Filmes de amido de gengibre e poli(álcool vinílico) (PVA) foram produzidos por técnica de

casting para posterior incorporação de óleo essencial de gengibre (OEG) adquirido em loja de

produtos naturais da marca Terra Flor Aromaterapia. Para isso 1 g de PVA de médio peso

molecular (99+% hidrolisado) (PM 85.000-124.000, Sigma-Aldrich) foi diluído em 100 mL de

água destilada a 80°C sob agitação magnética e em seguida misturado a 1 g de amido de

gengibre (AG) e mais 100 mL de água, formando-se, assim, uma solução 1:1 (amido/PVA). A

mistura foi mantida sob agitação e 90°C por 1 hora. Em seguida, foi vertida em bandejas de

plásticos e a secagem do filme foi realizada em estufa a 30ºC. Depois de seco, o óleo essencial

de gengibre foi adicionado ao filme amido/PVA por técnica de adsorção por superfície

Page 24: UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO INSTITUTO DE … Reis Sousa.pdfuniversidade federal do mato grosso campus universitÁrio do araguaia instituto de ciÊncias exatas e da terra curso

22

conforme metodologia de (DEBIAGI et al., 2014). Com o uso de um borrifador, 0,5 mL de

OEG foram aplicados em ambas as superfícies do filme e este foi mantido em repouso até a

absorção do óleo, formando-se, assim o filme denominado FO. O filme controle (FC) não foi

acrescido de óleo, apresentando apenas a composição 1:1 de amido e PVA.

4.4 Microscopia Óptica Visível

Imagens de microscopia do visível dos filmes foram obtidas usando microscópio óptico

Celestron® com objetivas de 4x, 10x e 40x.

Análise de textura das imagens foram realizadas com o algoritmo GLCM que é um

algoritmo de estatística de segunda ordem que compara dois pixels vizinhos de uma vez e

compila a frequência com a qual diferentes níveis de cinza podem ser encontrados dentro de

uma área restrita. Segundo HARALICK; SHANMUGAM (1973) a partir do algoritmo GLCM

é possível calcular quatorze parâmetros texturais. No entanto, para este trabalho foram úteis

apenas os parâmetros homogeneidade e entropia. Estes parâmetros texturais foram extraídos de

imagens em escala de cinza obtidas por técnicas de microscopia com o plug-in GLCM (Gray

Level Co-Ocurrence Matrix) Texture incluído no software ImageJ, medidos a uma distância d

igual a 1 e um ângulo (θ) igual a 0º (ARZATE-VÁZQUEZ et al., 2012).

4.5 Espectroscopia de Absorção na região do infravermelho (FTIR)

Os espectros de FTIR do AG e dos filmes foram obtidos em um espectrofotômetro

modelo Perkin Elmer Spectrum 100, com resolução de 4 cm-1, usando acessório para a técnica

de refletância total (ATR) com cristal de Germânio (Ge). A varredura foi feita no intervalo de

comprimentos de onda entre 4000 cm-1 a 600 cm-1.

4.6 Ângulo de Contato

Para determinar os ângulos de contato de molhamento dos filmes usou-se equipamento

(esquematizado na Figura 4) munido de microscópio monocular (Opton®), seringa (Agilent®)

webcam (Creative®) e seguiu-se metodologia descrita em trabalho de Gomes et al. (2013). Os

Page 25: UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO INSTITUTO DE … Reis Sousa.pdfuniversidade federal do mato grosso campus universitÁrio do araguaia instituto de ciÊncias exatas e da terra curso

23

filmes foram fixadas em lâminas de vidro e o ângulo formado pelo depósito da gota de água na

superfície dos filmes foi medido. A medição foi realizada 7 vezes para cada um dos filmes e o

ângulo foi calculado com auxílio do software ImageJ nos lados esquerdo e direito de cada gota.

Figura 4. Analisador de ângulo de contato e os seus componentes: (a) microscópio

monocular, (b) posicionador, (c) fixação do posicionador para o microscópio através de braçadeiras, (d)

webcam, e (e) analisador montado, onde o monitor mostra a imagem da gota formada por meio do

software da webcam.

4.7 Intumescimento

Os filmes foram cortados de forma que apresentassem área de 4 cm² e foram

conservados em dessecador com sílica gel por 7 dias. A análise foi feita segundo metodologia

de (BUNHAK et al., 2007). Passado o período de 7 dias, as peças foram pesadas e imersas em

béqueres com água destilada por intervalos de tempo diferentes. Depois foram cuidadosamente

removidas do meio, utilizando-se pinças e espátulas, o excesso de água foi removido com o uso

de folhas de papel toalha e os filmes hidratos foram repesados. Os intervalos de tempo utilizados

foram: 0,5 min, 1 min, 3 min, 5 min, 7 min, 10 min, 15 min e 20 min. As amostras analisadas

em triplicata e nível de significância entre elas foi avaliado com por meio de análise de variância

(ANOVA).

Page 26: UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO INSTITUTO DE … Reis Sousa.pdfuniversidade federal do mato grosso campus universitÁrio do araguaia instituto de ciÊncias exatas e da terra curso

24

O cálculo do índice de intumescimento foi realizado para cada intervalo a partir da

equação:

Equação 01. Cálculo do índice de intumescimento (BUNHAK et al., 2007).

Page 27: UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO INSTITUTO DE … Reis Sousa.pdfuniversidade federal do mato grosso campus universitÁrio do araguaia instituto de ciÊncias exatas e da terra curso

25

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.1 Aspectos Gerais

O aspecto visual do amido extraído de gengibre pode ser visto na Figura 5. O filme de

AG e PVA incorporado com OEG a partir da técnica de adsorção por superfície manteve

aparência semelhante a do filme controle, no entanto, o FO mostrou certa rugosidade devido

a adição do OEG como pode ser visto na Figura 6. O FO apresentou aroma característico

de gengibre, evidenciando a incorporação do óleo â matriz polimérica. As espessuras

médias dos filmes foram 0,086 ± 0,007 mm e 0,11 ± 0,019 mm para FO e FC,

respectivamente. Foram realizadas cinco repetições de espessura para ambos os filmes.

Figura 5. Aparência do amido extraído do gengibre.

Figura 6. Filme FC a esquerda e FO a direita.

Page 28: UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO INSTITUTO DE … Reis Sousa.pdfuniversidade federal do mato grosso campus universitÁrio do araguaia instituto de ciÊncias exatas e da terra curso

26

5.2 Microscopia Óptica Visível

As microestruturas das superfícies dos filmes foram observadas por microscópio óptico e

as imagens obtidas podem ser vistas nas Figuras 7, 8 e 9. Visualmente, existe grande

semelhança entre as microestruturas dos filmes e diferenças entre eles não são perceptíveis, por

isso, parâmetros de textura das imagens foram medidos com o plug-in GLCM Texture incluído

no software ImageJ e estão esquematizados na Tabela 1.

Os parâmetros considerados importantes para este trabalho foram homogeneidade e

entropia. A homogeneidade, também chamada de momento da diferença inversa, representa a

uniformidade textural e a homogeneidade local de uma imagem. A entropia mede a desordem

ou a aleatoriedade das imagens e pode ser usada para caracterizar suas texturas. É uma indicação

de complexidade, portanto, as imagens mais complexas têm os valores mais altos de entropia

(FERNÁNDEZ; CASTILLERO; AGUILERA, 2005; HARALICK; SHANMUGAM, 1973).

ARZATE-VÁZQUEZ et al. (2012) também utilizaram o plug-in GLCM Texture incluídos

no software ImageJ para caracterizar a microestrutura de filmes comestíveis de quitosana e

alginato por meio de técnicas de microscopia e análise de imagens de textura. LIU et al. (2009)

utilizaram microscópio óptico usando um modo de transmissão para explorar a relação entre

morfologia e razão de componentes de membranas antibacterianas preparadas a partir de uma

mistura de amido hidrolisado e quitosana.

A homogeneidade encontrada para o filme controle foi menor que a do filme ativo em todas

as ampliações (Figuras 7, 8 e 9), enquanto a entropia de FC foi maior que a de FO em todas as

ampliações. Esses dados revelam que o filme ativo apresentou maior uniformidade textural e

menor complexidade quando comparado ao filme controle, isto é, o filme se mostrou mais

homogêneo e com menos irregularidades em níveis microscópicos quando comparado ao FC.

Demonstrando que há um interação entre a matriz polimérica e o óleo essencial que é capaz de

conferir a uniformidade dos filmes. Porém, para elucidar melhor este comportamento, são

necessárias técnicas adicionais, tais como microscopia eletrônica de varredura e de força

atômica.

Page 29: UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO INSTITUTO DE … Reis Sousa.pdfuniversidade federal do mato grosso campus universitÁrio do araguaia instituto de ciÊncias exatas e da terra curso

27

Figura 7. Imagens de microscopia óptica com ampliação de 4x para os filmes FC (esquerda)

e FO (direita).

Figura 8. Imagens de microscopia óptica com ampliação de 10x para os filmes FC

(esquerda) e FO (direita).

Figura 9. Imagens de microscopia óptica com ampliação de 40x para os filmes FC

(esquerda) e FO (direita).

Page 30: UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO INSTITUTO DE … Reis Sousa.pdfuniversidade federal do mato grosso campus universitÁrio do araguaia instituto de ciÊncias exatas e da terra curso

28

Tabela 1. Médias dos parâmetros de textura das imagens microscópicas extraídas do

plug-in GLCM de acordo com as ampliações utilizadas.

5.3 Espectroscopia de Absorção na região do Infravermelho (FTIR)

Os espectros de absorção na região do infravermelho foram utilizados para verificar a

incorporação do OEG ao filme de amido e PVA pela técnica de adsorção por superfície e são

mostrados na Figura 10.

Os espectros resultantes revelaram dois grupos funcionais importantes para os fins deste

trabalho: uma faixa de número de onda 2947 – 2890 cm-1, que indica a presença do grupo

funcional CH3, e a presença de um pico em 1442 cm-1 correspondente à ligação C=C. Essas

ligações são encontradas nos principais compostos constituintes do OEG (como pode ser visto

na figura 6) e foram também observadas no filme FO.

Bandas correspondentes a O-H livre puderam ser vistas no intervalo 3600-3000 cm-1 nos

espectros dos filmes FO e FC, com um aumento considerável na amplitude da onda quando

compara-se o filme FO ao FC.

A presença dos grupos CH3 e C=C tanto no OEG como no FO indicam o êxito da técnica

de adsorção superficial para incorporação do óleo, já que estas ligações do OEG mantiveram-

se após a incorporação no filme amido/PVA e isto pode significar uma conservação das

propriedades do óleo devido a constância de seus compostos.

TONGNUANCHAN; BENJAKUL; PRODPRAN (2013) também encontraram picos com

número de onda de 2869-2877 cm-1 e 2922-2933 cm-1 com maior amplitude obtida em filme de

gelatina de pele de peixe incorporados com óleos essenciais de gengibre (Zingiber officinale),

cúrcuma (Curcuma longa) e plai (Zingiber montanum) o que indicou a presença de óleos

essenciais contendo hidrocarbonetos na matriz do filme. Conforme GUILLEN; CABO (1997);

GUILLÉN; CABO (2004); MUIK et al. (2007) os picos de números de onda 2853,62 cm-1 e

2923,58 cm-1 representam a vibração de estiramento assimétrica e simétrica do metileno da C-

H alifática nos grupos CH2 e CH3, respectivamente presentes na maioria dos lipídios.

Homogeneidade Entropia

FC 4x 0,099 9,693

FO 4x 0,209 8,511

FC 10x 0,206 8,484

FO 10x 0,354 7,476

FC 40x 0,487 6,801

FO 40x 0,537 6,635

Page 31: UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO INSTITUTO DE … Reis Sousa.pdfuniversidade federal do mato grosso campus universitÁrio do araguaia instituto de ciÊncias exatas e da terra curso

29

Fig

ura

10

. E

spec

tros

de

Abso

rção

na

regiã

o d

o i

nfr

aver

mel

ho d

o ó

leo e

ssen

cial

de

gen

gib

re (

OE

G),

do

film

e co

ntr

ole

(F

C)

e do f

ilm

e co

nte

ndo O

EG

(F

O).

Page 32: UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO INSTITUTO DE … Reis Sousa.pdfuniversidade federal do mato grosso campus universitÁrio do araguaia instituto de ciÊncias exatas e da terra curso

30

5.4 Ângulo de contato

O comportamento da molhabilidade e as interações sólido-líquido de uma superfície podem

ser determinados utilizando-se medidas de ângulo de contato de molhamento (θc) (GOMES,

2013). Os filmes FC e FO foram avaliados quanto ao ângulo de contato para que se pudesse

determinar suas respectivas molhabilidades e afinidades com a água.

O filme acrescido de óleo essencial de gengibre (FO) apresentou 45,12 ± 5,72° como valor

de ângulo de contato, enquanto o FC apresentou 91,16 ± 6,72°. Segundo GOMES (2013), para

um ângulo de contato de molhamento θc < 90º, uma superfície sólida é dita hidrofílica, se 90º

≤ θc ≤ 150º é caracterizada como hidrofóbica e para θc > 150º uma superfície é denominada

super-hidrofóbica. Partindo disto, a superfície do FO apresentou comportamento hidrofílico,

enquanto a do FC mostrou-se hidrofóbica.

Tais resultados podem ser explicados pelo fato de que a adição de OEG à solução

filmogênica gerou um aumento na quantidade de hidroxilas livres, fato comprovado pelos

espectros da região do infravermelho (figura 5). Hidroxilas livres tendem a interagir com a água

o que conferiu, portanto, características hidrofílicas a superfície do FO. Além disso, óleos

essenciais, como misturas complexas de vários compostos químicos, mostram que o caráter

hidrofóbico é uma característica variável (JAMRÓZ; JUSZCZAK; KUCHAREK, 2018).

ATARÉS; BONILLA; CHIRALT (2010) também observaram uma redução no ângulo de

contato quando analisaram filmes de proteína isolada de soja quando acrescidos de óleo

essencial de gengibre. No entanto, essa redução não foi significativa. Atribuíram o resultado ao

fato de que o ângulo de contato é afetado pela rugosidade do sólido e isso é bastante variável

em produtos contendo materiais complexos como os óleos essenciais.

5.5 Intumescimento

O índice de intumescimento é uma propriedade importante de filmes plásticos,

especialmente, quando se pensa em utilizá-los como embalagens para alimentos úmidos, já que

uma alta absorção de água pelos filmes limitaria a utilização, dificultaria o manuseio da

embalagem e não seria eficiente para proteger o alimento.

Os mecanismos de intumescimento em polímeros podem ser descritos em três etapas

principais: tem-se, inicialmente, a adsorção física da água sobre a superfície; com a saturação

as moléculas tendem a migrar para a matriz associando-se aos grupos polares intermoleculares.

Page 33: UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO INSTITUTO DE … Reis Sousa.pdfuniversidade federal do mato grosso campus universitÁrio do araguaia instituto de ciÊncias exatas e da terra curso

31

Essa associação leva à solvatação dos grupos iônicos enfraquecendo as ligações de hidrogênio,

o que gera uma expansão intercadeias; o afastamento das cadeias leva à geração de espaços na

matriz que favorecem a subsequente penetração de água e demais moléculas movidas por forças

polares associadas a mecanismos de capilaridade. A incorporação de compostos hidrofóbicos

impede a adsorção física da água, limitando os demais mecanismos (ASSIS, 2010).

As porcentagens de inchaço dos filmes FO e FC em diferentes minutos são exibidas na

Tabela 2. O índice de intumescimento após 20 minutos do FO (173,22% ± 0,36), embora tenha

sido menor, não foi significativamente diferente (p>0,05) do FC (179,50% ± 0,37), o que

comprova, mais uma vez, que a adição de OEG não provocou grandes alterações na matriz

constituída de AG e PVA.

SOUZA et al. (2017) observaram diminuição no grau de intumescimento em filmes de

quitosana quando estes foram incorporados com 5 diferentes óleos essenciais (gengibre,

alecrim, sálvia, tea tree e tomilho). Entre eles, o óleo de gengibre apresentou um inchaço (119

± 1) significativamente menor (p<0,05) quando comparado a amostra controle (137 ± 1). O

resultado foi atribuído a ligação entre o grupo amido de quitosana e os grupos hidroxila dos

polifenóis e ao alto caráter lipofílico do EO de gengibre.

O grau de intumescimento também diminuiu significativamente (p <0,05) quando

filmes de quitosana foram incorporados com acima de 0,1% de óleo essencial de manjericão.

A diminuição no intumescimento foi atribuída ao aumento das interações entre a quitosana e o

óleo essencial de caráter hidrofóbico (HEMALATHA et al., 2017).

Tabela 2. Porcentagem de intumescimento dos filmes FO e FC ao longo do tempo de imersão

em água.

0,5 min 1 min 3 min 5 min 7 min 10 min 15 min 20 min

FO 67,67±

0,17% 102,55±

0,13% 135,06±

0,12% 154,34±

0,14% 163,79±

0,16% 171,35±

0,21% 177,21±

0,22% 173,22±

0,20%

FC 66,71±

0,07% 112,74±

0,08% 150,39±

0,08% 162,38±

0,02% 173,32±

0,08% 176,30±

0,08% 173,72±

0,09% 179,50±

0,10%

Page 34: UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO INSTITUTO DE … Reis Sousa.pdfuniversidade federal do mato grosso campus universitÁrio do araguaia instituto de ciÊncias exatas e da terra curso

32

Figura 11. Gráfico de variação das porcentagens de intumescimento.

0,00%

20,00%

40,00%

60,00%

80,00%

100,00%

120,00%

140,00%

160,00%

180,00%

200,00%

1 2 3 4 5 6 7 8

Intumescimento

FO FC

Page 35: UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO INSTITUTO DE … Reis Sousa.pdfuniversidade federal do mato grosso campus universitÁrio do araguaia instituto de ciÊncias exatas e da terra curso

33

6. CONCLUSÕES

A incorporação de óleo essencial de gengibre ao filme de amido/PVA foi efetiva, fato que

foi comprovado com os espectros da região do infravermelho que revelaram ligações comuns

entre óleo essencial de gengibre e o filme ativo. Além disso, o aroma característico de gengibre

foi observado no FO. Os filmes ativos de óleo essencial de gengibre também mostraram-se mais

homogêneos do que os filmes produzidos apenas com amido de gengibre e PVA. Portanto, os

filmes de OEG são promissores para o uso como embalagens ativas, pois apresentaram boa

aparência, maleabilidade e homogeneidade, no entanto, mais estudos devem ser devolvidos

para caracterizá-los quanto a aspectos importantes para a aplicação como embalagens ativas

para alimentos.

Page 36: UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO INSTITUTO DE … Reis Sousa.pdfuniversidade federal do mato grosso campus universitÁrio do araguaia instituto de ciÊncias exatas e da terra curso

34

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALI, B. H. et al. Some phytochemical, pharmacological and toxicological properties of ginger

(Zingiber officinale Roscoe): A review of recent research. Food and Chemical Toxicology, v.

46, n. 2, p. 409–420, 2008.

ANKER, M. et al. Improved water vapor barrier of whey protein films by addition of an

acetylated monoglyceride. Innovative Food Science and Emerging Technologies, v. 3, n. 1,

p. 81–92, 2002.

ARZATE-VÁZQUEZ, I. et al. Microstructural characterization of chitosan and alginate films

by microscopy techniques and texture image analysis. Carbohydrate Polymers, v. 87, n. 1, p.

289–299, 2012.

ASSIS, O. B. G. Alteração do caráter hidrofílico de filmes de quitosana por tratamento de

plasma de HMDS. Quimica Nova, v. 33, n. 3, p. 603–606, 2010.

ATARÉS, L.; BONILLA, J.; CHIRALT, A. Characterization of SPI-based edible films

incorporated with cinnamon or ginger essential oils. Journal of Food Engineering, v. 100, n.

4, p. 678–687, 2010.

AVÉROUS, L. Biodegradable multiphase systems based on plasticized starch: A review.

Journal of Macromolecular Science - Polymer Reviews, v. 44, n. 3, p. 231–274, 2004.

BARCELOUX, D. G. Medical Toxicology of Natural Substances. MD Copyright © John

Wiley & Sons, Inc., p. 482–487, 2008.

BENITO-PEÑA, E. et al. Molecularly imprinted hydrogels as functional active packaging

materials. Food Chemistry, v. 190, p. 487–494, 2016.

BUNHAK, É. J. et al. INFLUÊNCIA DO SULFATO DE CONDROITINA NA FORMAÇÃO

DE FILMES ISOLADOS DE POLIMETA- CRILATO: AVALIAÇÃO DO ÍNDICE DE

INTUMESCIMENTO E PERMEABILIDADE AO VAPOR D’ ÁGUA. Quimica Nova, v. 30,

n. 2, p. 312–317, 2007.

CHAIYAKUNAPRUK, N. et al. The efficacy of ginger for the prevention of postoperative

nausea and vomiting: A meta-analysis. American Journal of Obstetrics and Gynecology, v.

194, n. 1, p. 95–99, 2006.

CORRADINI, E. et al. Amido Termoplástico. Documentos 30, Embrapa, 2007.

DEBIAGI, F. et al. Biodegradable active packaging based on cassava bagasse, polyvinyl

alcohol and essential oils. Industrial Crops and Products, v. 52, p. 664–670, 1 jan. 2014.

ELLIS, R. P. et al. Starch Production and Industrial Use. Journal of the Science of Food and

Agriculture, v. 77, p. 289–311, 1998.

FAZIO, A. et al. Novel acrylic polymers for food packaging: Synthesis and antioxidant

properties. Food Packaging and Shelf Life, v. 11, p. 84–90, 2017.

FERNÁNDEZ, L.; CASTILLERO, C.; AGUILERA, J. M. An application of image analysis to

Page 37: UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO INSTITUTO DE … Reis Sousa.pdfuniversidade federal do mato grosso campus universitÁrio do araguaia instituto de ciÊncias exatas e da terra curso

35

dehydration of apple discs. Journal of Food Engineering, v. 67, n. 1–2, p. 185–193, 2005.

FICKER, C. et al. Bioassay-guided isolation and identification of antifungal compounds from

ginger. Phytotherapy Research, v. 17, n. 8, p. 897–902, 2003a.

FICKER, C. E. et al. Inhibition of human pathogenic fungi by ethnobotanically selected plant

extracts. Mycoses, v. 46, n. 1–2, p. 29–37, 2003b.

FORTICH, A. M. F. et al. Elaboration of modified starch-based film from yam variety espino

( dioscorearotundata ) for use in food packaging. International Journal of Engineering and

Technology (IJET), v. 10, n. 1, p. 293–300, 2018.

GOMES, D. J. C. Construção e Aplicações de um Analisador de Ângulo de Contato de

Molhamento. Programa de Pós-Graduação em Ciência de Materiais I, 2013.

GRZANNA, R.; LINDMARK, L.; FRONDOZA, C. G. Ginger—An Herbal Medicinal Product

with Broad Anti-Inflammatory Actions. Journal of Medicinal Food, v. 8, n. 2, p. 125–132,

2005.

GUILBERT, S.; GONTARD, N.; GORRIS, L. G. M. Prolongation of the Shelf-life of

Perishable Food Products using Biodegradable Films and Coatings St ephane. v. 17, p. 10–17,

1996.

GUILLEN, M. D.; CABO, N. Infrared Spectroscopy in the Study of Edible Oils and Fats.

Journal of the Science of Food and Agriculture, v. 75, p. 1, 1997.

GUILLÉN, M. D.; CABO, N. Study of the effects of smoke flavourings on the oxidative

stability of the lipids of pork adipose tissue by means of Fourier transform infrared

spectroscopy. Meat Science, v. 66, n. 3, p. 647–657, 2004.

HARALICK, R. M.; SHANMUGAM, K. Textural Features for Image Classification. v. 4, p.

610–621, 1973.

HEMALATHA, T. et al. Efficacy of chitosan films with basil essential oil: perspectives in food

packaging. Journal of Food Measurement and Characterization, v. 11, n. 4, p. 2160–2170,

2017.

HOSSEINI, M. H.; RAZAVI, S. H.; MOUSAVI, M. A. Antimicrobial, physical and mechanical

properties of chitosan-based films incorporated with thyme, clove and cinnamon essential oils.

Journal of Food Processing and Preservation, v. 33, n. 6, p. 727–743, 2009.

HOSSEINI, S. F. et al. Development of bioactive fish gelatin/chitosan nanoparticles composite

films with antimicrobial properties. Food Chemistry, v. 194, p. 1266–1274, mar. 2016.

IAMAREERAT, B. et al. Reinforced cassava starch based edible film incorporated with

essential oil and sodium bentonite nanoclay as food packaging material. Journal of Food

Science and Technology, v. 55, n. 5, p. 1953–1959, 2018.

JAGETIA, G. C. et al. Influence of Ginger Rhizome (Zingiber officinale Rosc) on Survival,

Glutathione and Lipid Peroxidation in Mice After Whole-Body Exposure to Gamma Radiation.

Page 38: UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO INSTITUTO DE … Reis Sousa.pdfuniversidade federal do mato grosso campus universitÁrio do araguaia instituto de ciÊncias exatas e da terra curso

36

Radiation Research, v. 160, n. 5, p. 584–592, 2003.

JAMRÓZ, E.; JUSZCZAK, L.; KUCHAREK, M. Investigation of the physical properties,

antioxidant and antimicrobial activity of ternary potato starch-furcellaran-gelatin films

incorporated with lavender essential oil. International Journal of Biological

Macromolecules, v. 114, p. 1094–1101, 2018.

JOLAD, S. D. et al. Fresh organically grown ginger (Zingiber officinale): Composition and

effects on LPS-induced PGE2production. Phytochemistry, v. 65, n. 13, p. 1937–1954, 2004.

JOLAD, S. D. et al. Commercially processed dry ginger (Zingiber officinale): Composition and

effects on LPS-stimulated PGE2production. Phytochemistry, v. 66, n. 13, p. 1614–1635, 2005.

KRISTO, E.; BILIADERIS, C. G.; ZAMPRAKA, A. Water vapour barrier and tensile

properties of composite caseinate-pullulan films: Biopolymer composition effects and impact

of beeswax lamination. Food Chemistry, v. 101, n. 2, p. 753–764, 2007.

LIU, F. et al. Novel starch/chitosan blending membrane: Antibacterial, permeable and

mechanical properties. Carbohydrate Polymers, v. 78, n. 1, p. 146–150, 2009.

MADENENI, M. N. et al. Physico-chemical and functional properties of starch isolated from

ginger spent. Starch/Staerke, v. 63, n. 9, p. 570–578, 2011.

MEDINA-JARAMILLO, C. et al. Active and smart biodegradable packaging based on starch

and natural extracts. Carbohydrate Polymers, v. 176, n. May, p. 187–194, 2017.

MUIK, B. et al. Two-dimensional correlation spectroscopy and multivariate curve resolution

for the study of lipid oxidation in edible oils monitored by FTIR and FT-Raman spectroscopy.

Analytica Chimica Acta, v. 593, n. 1, p. 54–67, 2007.

MURIEL-GALET, V. et al. Antimicrobial food packaging film based on the release of LAE

from EVOH. International Journal of Food Microbiology, v. 157, n. 2, p. 239–244, 2012.

NOORI, S.; ZEYNALI, F.; ALMASI, H. Antimicrobial and antioxidant efficiency of

nanoemulsion-based edible coating containing ginger (Zingiber officinale) essential oil and its

effect on safety and quality attributes of chicken breast fillets. Food Control, v. 84, p. 312–

320, 2018.

NOSHIRVANI, N. et al. Cinnamon and ginger essential oils to improve antifungal, physical

and mechanical properties of chitosan-carboxymethyl cellulose films. Food Hydrocolloids, v.

70, p. 36–45, 2017.

PENG, L.; ZHONGDONG, L.; KENNEDY, J. F. The study of starch nano-unit chains in the

gelatinization process. Carbohydrate Polymers, v. 68, n. 2, p. 360–366, 2007.

REHMAN, R. et al. Biosynthesis of essential oils in aromatic plants: A review. Food Reviews

International, v. 32, n. 2, p. 117–160, 2016.

REYES, F. G. R. et al. Characterization of Starch from Ginger Root (Zingiber officinale).

Starch ‐ Stärke, v. 34, n. 2, p. 40–44, 1982.

Page 39: UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO INSTITUTO DE … Reis Sousa.pdfuniversidade federal do mato grosso campus universitÁrio do araguaia instituto de ciÊncias exatas e da terra curso

37

ROSTAMZAD, H. et al. Improvement of fish protein film with nanoclay and transglutaminase

for food packaging. Food Packaging and Shelf Life, v. 7, p. 1–7, 2016.

SEMWAL, R. B. et al. Gingerols and shogaols: Important nutraceutical principles from ginger.

Phytochemistry, v. 117, p. 554–568, 2015.

SHIMAZU, A. A.; MALI, S.; GROSSMANN, M. V. E. Efeitos plastificante e antiplastificante

do glicerol e do sorbitol em filmes biodegradáveis de amido de mandioca. Semina: Ciências

Agrárias, v. 28, n. 1, p. 79–88, 2007.

SHUKLA, Y.; SINGH, M. Cancer preventive properties of ginger: A brief review. Food and

Chemical Toxicology, v. 45, n. 5, p. 683–690, 2007.

SINGH, G. et al. Studies on essential oils, part 42: Chemical, antifungal, antioxidant and sprout

suppressant studies on ginger essential oil and its oleoresin. Flavour and Fragrance Journal,

v. 20, n. 1, p. 1–6, 2005.

SINGH, G. et al. Chemistry, antioxidant and antimicrobial investigations on essential oil and

oleoresins of Zingiber officinale. Food and Chemical Toxicology, v. 46, n. 10, p. 3295–3302,

2008.

SOUZA, V. G. L. et al. Physical properties of chitosan films incorporated with natural

antioxidants. Industrial Crops and Products, v. 107, n. February, p. 565–572, 2017.

TAKEUCHI, A. P. Caracterização antimicrobiana de componentes do açafrão (Curcuma longa

L.) e elaboração de filmes ativos com montimorilonita e óleo resina de açafrão. Dissertação

(Pós-graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos), 2012.

TEIXEIRA, B. et al. Characterization of fish protein films incorporated with essential oils of

clove, garlic and origanum: Physical, antioxidant and antibacterial properties. LWT - Food

Science and Technology, v. 59, n. 1, p. 533–539, 2014.

TEIXEIRA, E. DE M. Utilização de amido de mandioca na preparação de novos materiais

termoplásticos. Tese ( Doutorado em Físico-Química), 2007.

TONGNUANCHAN, P.; BENJAKUL, S.; PRODPRAN, T. Physico-chemical properties,

morphology and antioxidant activity of film from fish skin gelatin incorporated with root

essential oils. Journal of Food Engineering, v. 117, n. 3, p. 350–360, 2013.

VAN SOEST, J. J. G.; ESSERS, P. Influence of amylose-amylopectin ratio on properties of

extruded starch plastic sheets. Journal of Macromolecular Science - Pure and Applied

Chemistry, v. 34, n. 9, p. 1665–1689, 1997.

YANG, H. J. et al. Antioxidant activities of distiller dried grains with solubles as protein films

containing tea extracts and their application in the packaging of pork meat. Food Chemistry,

v. 196, p. 174–179, 2016.

YANG, S. Y. et al. Utilization of Foxtail Millet Starch Film Incorporated with Clove Leaf Oil

for the Packaging of Queso Blanco Cheese as a Model Food. Starch/Staerke, v. 70, n. 3–4, p.

Page 40: UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO INSTITUTO DE … Reis Sousa.pdfuniversidade federal do mato grosso campus universitÁrio do araguaia instituto de ciÊncias exatas e da terra curso

38

1–7, 2018.

ZANCAN, K. C. et al. Extraction of ginger (Zingiber officinale roscoe) oleoresin with CO2 and

co-solvents: A study of the antioxidant action of the extracts. Journal of Supercritical Fluids,

v. 24, p. 57–76, 2002.

Page 41: UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO INSTITUTO DE … Reis Sousa.pdfuniversidade federal do mato grosso campus universitÁrio do araguaia instituto de ciÊncias exatas e da terra curso

39