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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS ESCOLA DE EDUCAÇÃO DEPARTAMENTO DE DIDÁTICA TECENDO IDEIAS SOBRE A IMPORTÂNCIA DA RELAÇÃO FAMÍLIA E ESCOLA NA INFÂNCIA GABRIELLE PESSANHA BARROSO RIO DE JANEIRO 2014 1

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS

ESCOLA DE EDUCAÇÃO

DEPARTAMENTO DE DIDÁTICA

TECENDO IDEIAS SOBRE A IMPORTÂNCIA DA RELAÇÃO

FAMÍLIA E ESCOLA NA INFÂNCIA

GABRIELLE PESSANHA BARROSO

RIO DE JANEIRO

2014

1

TECENDO IDEIAS SOBRE A IMPORTÂNCIA DA RELAÇÃO FAMÍLIA

E ESCOLA NA INFÂNCIA

GABRIELLE PESSANHA BARROSO

Trabalho de Conclusão de Curso Apresentado à Escola de Educação da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro como requisito final para obtenção do grau de Licenciatura em Pedagogia.

__________________________________________________Marcio da Costa Berbat (Orientador)

Universidade Federal do Estado Rio de Janeiro - UNIRIO

Rio de JaneiroJunho2014

2

TECENDO IDEIAS SOBRE A IMPORTÂNCIA DA RELAÇÃO FAMÍLIA

E ESCOLA NA INFÂNCIA

GABRIELLE PESSANHA BARROSO

Avaliada por:

______________________________________

Data: ______/______/_______

Marcela Afonso Fernandez

Escola de Educação – Departamento de Didática

Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

3

“A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para

mudar o mundo”

(Nelson Mandela)

4

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a minha mãe, Marcia Regina, por sempre me fazer acreditar que

sou capaz de fazer a diferença. Por nunca me deixar abrir mão do que mais desejo,

mesmo que para isso eu precisasse passar por mais obstáculos que eu imaginasse. Mãe,

graças a você hoje eu estou aqui, concluindo uma fase importante da minha vida para

que eu possa começar outra. Meu tão desejado papel de pedagoga da vida dos meus

atuais e futuros alunos.

5

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, em quem acredito e me apoio sempre que preciso.

Ao meu orientador, o professor Marcio da Costa Berbat, pelas incansáveis ajudas e

estímulos a qualquer hora do dia para que eu pudesse concluir este trabalho.

Aos professores da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) que

passaram e contribuíram na minha vida acadêmica.

A Rosália Marques, professora que tive grande admiração em minhas experiências de

estágio, essencial para que eu me tornasse a profissional que sou hoje.

A Eliana Alves, diretora da escola em que trabalho, que acreditou no meu potencial e

me fez ir além das minhas expectativas enquanto profissional.

As minhas amigas de curso, em especial Camilla, Aline e Mariane, que estiveram

inseparáveis comigo desde o primeiro período. Ajudando-me em todos os momentos.

Ao meu namorado e minha família, que estiveram presente em todos os momentos da

minha vida acadêmica, sempre acreditaram em mim e lutaram de alguma forma para

que eu nunca desistisse.

À professora Marcela Afonso Fernandez, por ter aceitado generosamente ler e avaliar

este trabalho.

6

GABRIELLE PESSANHA BARROSO. TECENDO IDEIAS SOBRE A IMPORTÂNCIA DA RELAÇÃO FAMÍLIA E ESCOLA NA INFÂNCIA. Brasil, 2014, 51 f. Monografia (Licenciatura em Pedagogia) – Escola de Educação, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2014.

RESUMO

Este trabalho tem como objetivo investigar a importância da relação família e escola no desenvolvimento das crianças pequenas. No processo de investigação bibliográfica e da própria reflexão sobre o cotidiano escolar, passando pela história da Infância e da educação no Brasil e da visão dos adultos diante da criança, reflexo de muitas ações no dia-a-dia das escolas de educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental. A pesquisa dialoga com autores (Paro, Libâneo, Kramer, etc) e o próprio chão da escola na busca de um novo olhar para essa relação tão norteadora de significados, tanto para adultos como para as crianças. Além da importância dessa relação sendo analisada na prática, através da minha experiência e pesquisa dentro de uma escola particular de horário integral com a educação infantil no Rio de Janeiro.

Palavras-chave: família; escola; criança; infância.

7

INDICE DE SIGLAS

DCN – Diretrizes Curriculares Nacionais

DCNEI – Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil

LDBEN – Lei de Diretrizes Gerais da Educação Nacional

UNIRIO – Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

8

ÍNDICE DE FOTOS

Foto 1_____________________________________________________________46

Foto 2_____________________________________________________________46

Foto 3_____________________________________________________________47

Foto 4_____________________________________________________________47

Foto 5_____________________________________________________________48

Foto 6_____________________________________________________________48

Foto 7_____________________________________________________________49

Foto 8_____________________________________________________________49

Foto 9_____________________________________________________________50

Foto 10____________________________________________________________50

9

Anexo A: Fotos de Atividades na Escola_________________________________46

Anexo B: Questionário de Investigação com os Pais_______________________51

10

Sumário

Resumo_____________________________________________________________ 07

Introdução___________________________________________________________13

Capítulo 1

1.1: História da Infância e sua relação com a Educação no Brasil_____________14

1.1: Educação Infantil e a Legislação Brasileira____________________________18

Capítulo 2

2.1: A Relação Família e Escola ________________________________________21

2.2: Nos dias de Hoje_________________________________________________24

2.3: Papel da Família_________________________________________________25

2.4: Papel da Escola__________________________________________________28

2.5: Importância da Família e Escola caminharem juntas__________________29

Capítulo 3

3.1: A Escola e o Perfil de Atuação _____________________________________32

3.2: Estrutura_______________________________________________________33

3.3: Experiência: Relação Família e Escola_______________________________34

Considerações Finais__________________________________________________41

Referências Bibliográficas______________________________________________43

Anexo A____________________________________________________________45

Anexo B____________________________________________________________50

11

Introdução

A percepção de infância e a importância da criança diante da família são

modificadas ao longo do tempo, e a partir daí, o ingresso da criança na escola se torna

essencial em sua vida. Diante disso, algumas indagações se tornam constante em torno

da educação a ser vivenciada para e/ou pela criança. Educação familiar? Educação

escolar? Qual é a mais importante? Existe uma educação mais importante? Esses e

outros questionamentos estiveram presentes em minha mente com grande frequência

quando comecei a trabalhar em uma escola particular de horário integral no bairro da

Tijuca, no Rio de Janeiro.

Ao observar que a relação família e escola é algo rotineiro na escola observada,

instigou-me pesquisar sobre esta relação desde os tempos mais primórdios da Educação

no Brasil. E se essa relação sempre ocorreu de maneira positiva.

Através de um levantamento bibliográfico de autores como Philippe Ariès e José

Carlos Libâneo, de leis como as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil

(DCNEI) para refletir sobre a Infância e a Educação no Brasil, de autores como Isabel

Parolin e Sonia Kramer, de leis como Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

(LDBEN) para refletir sobre a relação família e escola e sua importância na vida de uma

criança e de minha experiência e um questionário de investigação para refletir como a

relação família e escola funcionam na prática, pude concluir este trabalho.

No primeiro capítulo será abordada a história da Infância e da Educação no

Brasil, desde os tempos mais primórdio até os dias atuais, passando pela concepção e

sentimento de infância até a entrada da criança na escola.

No segundo capítulo é a vez da relação família e escola. Na qual se inicia na

explicação desta relação desde tempos atrás até chegar aos dias de hoje. Mostrando

também o papel da família e da escola na educação da criança e a importância destas

caminharem sempre juntas.

No terceiro capítulo é quando a teoria mostrada no capítulo anterior é

apresentada na prática. Através da observação e experiência em uma turma de Educação

Infantil de uma escola particular de horário integral, localizada na Zona Norte do Rio de

Janeiro. Inicialmente com a apresentação da escola, seu perfil de atuação e estrutura e

apresentando minha experiência como estagiária na Educação Infantil e professora do

Maternal 2. Através de questionário de pesquisa, gráficos e fotos, foram revelados

12

dados que comprovam a importância da relação família e escola e as consequências

positivas na vida do ser humano em questão: a criança.

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Capítulo 1

1.1: História da Infância e sua relação com a Educação no Brasil

Ao perceber que a educação tem total relação com a história da infância e da

criança com o mundo adulto, farei uma breve abordagem a respeito da história da

infância relacionada à educação no Brasil, com destaque para a educação infantil.

Essa importante ligação pode ser levada em consideração, pois de acordo com

Kuhlmann (2001), para se falar da história da educação, mesmo que de forma breve,

deve ser levado em conta todo o período da infância. Desde suas condições, divididas

em fases de idade, na qual se criam instituições educacionais específicas.

Até o fim do século XII havia uma falta de sentimento de infância como etapa da

vida. Essa percepção diante da criança começa a se modificar no século XIII, onde a

infância começa a desabrochar na arte (geralmente como personagens bíblicas). Porém,

suas feições continuam de pequenos adultos, como salientou Barbosa (2006).

Durante os séculos XVII e XVIII, segundo Áries (1981), a sociedade tradicional

via mal as crianças, e pior ainda o adolescente. A durabilidade da infância era

sintetizada ao seu período mais delicado, onde mesmo pequeno, era considerado e

transformado em um “homem jovem”.

O conhecimento e os valores eram transmitidos geralmente pela socialização da

criança, sua aprendizagem era caucionada pela sua convivência com o adulto,

adquirindo conhecimentos ao ajudar e observar o mundo adulto. Entrajavam roupas de

adultos, que variava de acordo com a camada social.

A partir dos primórdios da colonização no Brasil no século XVI, como mostra

Mary Del Priori (2013), começa a prosperar uma possibilidade de entender o que é a

infância. O ensinamento feito pelos jesuítas, através da catequese, era voltado para as

crianças indígenas, apesar das escolas jesuítas serem escassas e oferecidas para poucos

brasileiros. Apenas no início do governo de Marques de Pombal, na segunda metade do

século XVIII, o ensino público foi aninhado, e mesmo assim, de forma bem frágil. Foi

14

uma época abalizada pela grande taxa de mortalidade infantil, sobretudo na classe

popular.

Com a ascensão da burguesia, a criança começa a ocupar um lugar diferente na

família, segundo Barbosa (2006), representações da criança sozinha começam a

desabrochar, onde cada família desejava ter uma fotografia de seus filhos.

De acordo com Tereciani:

A infância burguesa era reconhecida através de tratados de medicina e de educação, que demonstravam já naquela época o cuidado e o sentimento em relação à infância. Em relação às políticas públicas para a infância, encontram-se vários registros de documentos destinados ao atendimento dos pobres e trabalhadores (TERECIANI, 2008, p. 23).

A infância passa a ser vista como questão social e cultural, adquirindo

significação em vários países. Aumenta a procura por pré-escolas e creches. No século

XIX a opção para muitas crianças oriundas de famílias empobrecidas era o trabalho nas

lavouras ao invés da educação, diferente dos filhos de uma limitada aristocracia, que

tinham aulas com professores particulares. Projetos de institucionalização da infância

surgem no Brasil e em outros países.

Ao final do século XIX, a mão de obra infantil continuava sendo vista como a

melhor educação para os pais de camadas populares. Como mostra Mary Del Priori

(2013), “O trabalho [explica uma mãe pobre] é uma distração para a criança. Se não

estiverem trabalhando, vão inventar moda, fizer o que não presta. A criança deve

trabalhar cedo”.

Em meados do século XIX e os primórdios do século XX, a partir da convicção

do avanço e ciências dessa época, inaugura-se um sistema de reorganização dos países

ao processo produtivo, como mostra Tereciani (2008), produzindo noção de civilização

e carecendo da produção de novas instituições sociais, como instituições de educação

popular. A miséria passa a ser vista como responsabilidade social, criando-se iniciativas

assistencialistas, instituições sociais e leis que defendem o direito da educação, trabalho

e saúde.

15

Além do ensinamento para os jovens e adultos com a finalidade de educação

para o trabalho, o foco também se torna às instituições voltadas para a infância, como as

creches, pré-escolas (jardins de infância), e escolas primárias. Surgindo dois caminhos:

“iniciativas de pré-escola para as crianças de elite e a creche para a mãe trabalhadora.

Escola para os ricos e creches para os pobres” (BARBOSA, 2006, p. 46).

Assim, até o século XVIII, a sociedade não se incomodava com a elevada

mortalidade infantil. Somente na transição do século XVIII para o século XIX, por

motivos de necessidade de mão de obra para o trabalho como condição do método de

industrialização urbana, a mortalidade infantil tornou-se alvo da ação de médicos,

administradores e moralistas, como mostra Badinter (1985). Na qual a preocupação de

higienistas não era com as crianças, mas sim com o controle da mortalidade.

As doenças comuns da infância só eram conhecidas por seu potencial epidêmico, e não pelo interesse de uma atenção ou proteção à saúde das crianças. Uma vez que, até o século XIX, mais de 50% da mortalidade geral ocorria em menores de seis anos, estes se tornaram alvo prioritário das campanhas higiênicas (CECCIM; PALOMBINI, 2009, p. 95).

Podemos compreender que ao florar o sentimento de família e infância, há um

consentimento de que as crianças possuem suas particularidades, necessitando assim, de

cuidados diferenciados e peculiares. A partir deste novo sentido no que diz respeito às

crianças, a escola acaba substituindo a aprendizagem informal, onde havia o contato

direto apenas com adultos. Inicialmente acontece nas camadas abastadas

economicamente, pelo fato do sentimento de infância iniciar na sociedade mais

endinheirada.

Segundo Kuhlmann (2001), as instituições voltadas para a educação infantil

foram propagadas como recentes e científicas, formando assim, um moderno protótipo

de civilização. Por conta de a educação popular ser a principal estratégia das políticas

assistencialistas, essas instituições faziam parte da política educacional e econômica.

Jardins de Infância tinham como público a camada da sociedade mais endinheirada e

com um caráter educacional, tinha como propostas educativas: o movimento, natureza,

curiosidade, criatividade, imitação, desenho, música, histórias, jogos, brincadeiras de

roda, atividades lúdicas do movimento e autoexpressão.

16

Nesta perspectiva, possuíam como influxo, a influência de Froebel e davam

importância ao desenvolvimento físico, social, afetivo e cognitivo da criança (Nunes;

Corsino; Didonet, 2011). A educação era voltada para a prática dos bons costumes e

bons hábitos. E o que distinguiam as instituições não eram as origens e objetivos, e sim

o público alvo.

As creches foram consolidadas devido ao aumento do trabalho feminino, no

intuito de regulamentar as condições de trabalho. Porém, inicialmente a creche trazia

conflitos à tona, como a defesa da obrigação da mulher no cuidado e educação de seus

filhos. A creche, apesar dos conflitos, se tornou uma necessidade por conta das

condições de vida das mulheres trabalhadoras, principalmente nas camadas populares.

As creches geralmente visavam a cuidado físico, saúde, alimentação, formação de hábitos de higiene, comportamentos sociais. Incluíam, por vezes, orientações à família sobre cuidados sanitários, higiênicos pessoais e ambientais, orientações sobre amamentação e desmame, preparação de alimentos e relacionamento afetivo (NUNES; CORSINO; DIDONET, 2001, p. 17- 18).

A procura pela democratização do ensino ocorre por volta 1920, que segundo

Tereciani:

Passou do caráter elitista das épocas colonial e imperial para um direito de todos. Os movimentos educacionais da época eram fundamentados nos princípios da psicologia do desenvolvimento. Entretanto, a educação de crianças de 0 a 6 anos ainda era marcada pelo movimento médico higienista (TERECIANI, 2008, p. 24).

Intercorre também a valorização da infância, principalmente diante do

autoritarismo do Estado, com maior inquietude mediante as crianças das camadas

populares. A temática a respeito das crianças obteve atenção especial entre a iniciativa

particular e políticas públicas em 1930. As instituições tinham como foco a medicina

preventiva, com o objetivo de ajudar e tratar as crianças e suas famílias mediante ao

novo modelo familiar, indagado como foco do problema. Acusando o trabalho feminino

e a falta de autoridade paterna como principais problemas da desestrutura familiar.

17

Projetos de fortificação na estrutura familiar, além dos médicos assistencialistas,

era o centro da atenção no panorama educacional das décadas de 1940 e 1950.

Utilizava-se de ações para o fortalecimento familiar através da valorização da tarefa da

mulher na educação de seus filhos e dentro do lar. Obtendo como finalidade a

diminuição da marginalidade e do abandono.

A importância da educação para alinhavar o caminho e preparar as crianças para

a vida foi de grande influência na década de 1960. Amaneirar as crianças para colaborar

com o futuro do país. Além de haver uma expansão da atuação da Organização das

Nações Unidas na infância e educação. A Influência médico higienista no que diz

respeito à mortalidade infantil e higiene das escolas era forte (TERECIANI, 2008).

Como era cada vez mais crescente a entrada da mulher no mercado de trabalho,

na década de 1970, cresce a procura por creches. Consequentemente aumentou o

número destas instituições, a fim de corresponder com as necessidades sociais.

Mas vale ressaltar que o aumento desta demanda deveu-se a uma restrita parte da

população. Com a explícita necessidade deste atendimento (creches e jardins de

infância) diante das crianças da classe popular, na década de 1980, aumenta-se a luta

por igualdade e democratização do ensino, através da educação pública.

1.2: Educação Infantil e a Legislação Brasileira

Em 1988, a Constituição declara que a Educação Infantil é um direito da criança

de 0 a 6 anos e um dever do Estado. Onde o Estado ao conceder este atendimento (que

não é obrigatório), há de ser gratuito. Pois o atendimento é restrito a apenas uma parcela

da população, resultado de uma política de desvalorização da educação. O processo que

teve como resultado esta tomada, obteve como partícipes movimentos comunitários,

movimentos de mulheres, movimento dos trabalhadores, movimento de

redemocratização do país e os profissionais da educação.

Na década de 1990, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

(LDBEN/1996) que reconhecem a educação infantil como um período de importância

significativa no desenvolvimento humano, dão origem às Diretrizes Curriculares

18

Nacionais (DCNs), que são normas obrigatórias para a educação básica, através de um

conjunto de descrições doutrinárias a respeito de procedimentos e fundamentos na

Educação Básica que auxiliam as escolas em relação a sua organização, estrutura,

desenvolvimento e avaliação de suas propostas pedagógicas.

Neste momento, em especial no Brasil:

O campo da Educação Infantil vive um intenso processo de revisão de concepções sobre educação de crianças em espaços coletivos, e de seleção e fortalecimento de práticas pedagógicas mediadoras de aprendizagens e do desenvolvimento das crianças. Em especial, têm se mostrado prioritárias as discussões sobre como orientar o trabalho junto às crianças de até três anos em creches e como assegurar práticas junto às crianças de quatro e cinco anos que prevejam formas de garantir a continuidade no processo de aprendizagem e desenvolvimento das crianças, sem antecipação de conteúdos que serão trabalhados no Ensino Fundamental (DCNEI, 2010, p. 09).

De acordo com as diretrizes curriculares nacionais para educação infantil (2010),

a educação infantil deve ser oferecida em creches e pré-escolas, denominadas espaços

institucionais não domésticos que instituem estabelecimentos educacionais privados ou

públicos que possuem a finalidade de educar e cuidar as crianças entre zero e cinco anos

de idade.

Com relação à faixa etária, a emenda constitucional nº 53 de 2006, baixou de

seis para cinco anos a fase da educação infantil, passando o início do ensino

fundamental obrigatório para os seis anos. As instituições de ensino podem oferecer as

vagas em jornada parcial ou integral, nos períodos diurnos, que sejam regulados e

supervisionados por órgão demarcado do sistema de ensino e submetidos a controle

social.

A educação das crianças inicia-se em casa, sendo continuada na escola, onde

será ampliada e aperfeiçoada. A educação infantil, portanto, tem como papel importante

a complementação da educação passada pela família. Sendo ideal, como mostra

Pinheiro (2008), “uma ação sistematizada de integração da escola com a família e a

comunidade para oferecer uma prática integrada que atenda ao desenvolvimento da

criança”.

Por isso há a necessidade de uma relação entre os familiares e o educador/escola,

oportunizando um conhecimento gradual dos educadores em relação às crianças, além

19

de determinar um ambiente de segurança para os pais, o que será apresentado no

próximo capítulo.

20

Capítulo 2

2.1: A Relação Família e Escola

Neste segundo capítulo, mostrarei a importância de uma relação saudável e

indispensável entre a família e escola em relação ao educando e sua formação como

cidadão. E o que pode ser feito para que estas caminhem juntas no processo de ensino e

aprendizado do mesmo.

Atualmente, sabemos que o papel da família e da escola na vida do educando é

de cunho educacional, adquirindo assim a necessidade que caminharem juntas neste

processo. A família exerce um papel determinante da educação de seus filhos. Sendo

importante para a formação de valores, caráter e princípios éticos. Na escola, o

indivíduo será instruído, agregando também diferentes valores e experiências.

Porém, como mostra Maximo (2001), a família nem sempre foi reconhecida

como agende educador. Essa relação entre a família e a escola sempre foi espaço de

conflitos e disputas. A família, desde o século XVIII, vem se tornando descapacitada

pelo Estado no que diz respeito à educação de sua sucessão, atribuindo assim apenas

assistência à escola. Além de desacreditar no caráter educativo da família, instituíram

um espécime de família considerado exemplar, conseguintemente, padronizando as

mesmas.

Ao longo do percurso histórico da família, é notório que esta sempre foi

considerada insuficiente no que diz respeito à educação de seus filhos. Após a

materialização do ensino público no Brasil, houve a necessidade da reciprocidade de

pais, alunos e instituição escolar no que se refere às políticas de educação. A escola não

abdicou da família para a formação moral dos indivíduos. Cabendo à escola o papel de

instruir e reforçar os bons costumes, devendo assim, como mostra Maximo (2001),

ensinar aos pais como educar seus filhos.

Como tratado no capítulo anterior, desde o século XIX no Brasil, normas

higienistas atingiram as famílias brasileiras. Desde a vinda a Corte Real quando o Brasil

era apenas uma colônia, houve um aumento desordenado da população, e

consequentemente, surtos epidêmicos, resultando na alta taxa de mortalidade.

21

Para que o controle fosse retomado, a medicina, ao contrário da burocracia

estatal, conseguiu reorganizar o espaço urbano através de suas próprias técnicas e

métodos. Essas técnicas submetiam a cada cidadão que este fosse responsável por sua

própria saúde e pela dos que a cercavam.

Segundo Costa (1999), uma das frentes políticas higienistas ficou responsável

pela família, mas esta se mostrou resistente devido aos hábitos e costumes já enraizados

pela cultura familiar. Resistindo assim a um novo molde de formação do cidadão.

Em face de este empecilho, a medicina passa a tratar cada membro da família

com mais importância. Diante desta nova faceta dada a cada indivíduo da família, o

triunfo foi almejado. Como mostra o autor,

O que importa é notar que a própria eficiência científica da higiene funcionou como auxiliar na política de transformação dos indivíduos em função das razões do Estado (COSTA, 1999, p. 32).

De certa forma, por mais que a família tenha sido convocada a cooperar,

impregnava-se a opinião por parte do Estado de que os pais fracassavam

demasiadamente da formação de seus filhos como indivíduos, fazendo necessária a

interferência do Estado, e que este tomasse a frente diante de sua formação. Esta

desqualificação da família como processo educativo defendido pelo Estado faz com que

o principal agente educador se torne a escola.

De acordo com Cunha (1997), na década de 30, o documento Manifesto dos

Pioneiros da Escola Nova é criado, na qual se especifica a relação família e escola a

começar de um semblante histórico-sociológico. Sua defesa primordial era de que o

Estado deveria se encarregar da educação como social e pública, já que o mesmo

anunciava o ensino como direito de todos. A família acaba perdendo seu posto como o

principal agente educador de seus filhos, passando a dar apenas assistência à escola.

O Manifesto não assegurava por completo a escola como a única instituição

capaz de educar, pois a mesma lidava com muita diversidade a sua volta. Dependendo

assim, de demais instituições de cunho social ou educacional que agissem em parceira,

como coadjuvantes, entre elas, a família. Abrindo assim seu vínculo com a sociedade e

influenciando além do espaço físico da escola.

22

Um das formas de melhor integração entre a escola e família foi através da

criação de associações de pais e mestres, como mostra Maximo (2011):

Fundamentada nas ideias escola novistas de John Dewey, que assinalava a necessidade de se entender que a educação é um processo social que não pode desprezar a interdependência de escola e do ambiente fora da escola. Os elos procurados eram entre escola-família e comunidade e dar-se-iam através das associações de pais e mestres (MAXIMO, 2001, p. 12).

De acordo com um dos idealizadores do Manifesto, Fernando Azevedo (1933),

por meio de novas particularidades da família, vista através das relações capitalistas

como um centro de consumo e valorizando mais cada indivíduo da mesma, ocasiona

uma nova condição de participação da mesma no processo educativo desta e das demais

gerações.

A partir deste contexto, segundo Campos (2009), desconsiderando a diversidade

de estrutura familiar, sejam de camada popular ou das mais altas, os pais perderam por

completo o lugar de educador exclusivo de seus filhos, sendo responsáveis a partir desta

perspectiva pela extensão dos ensinamentos pedagógicos realizados pela escola, mas

apenas como cooperadores.

Acreditando assim que as famílias deveriam se enquadrar nos novos discursos

educacionais, em que o professor obtinha sempre a palavra final. E para que obtivesse

sucesso, contava com a mediação dos alunos a fim de que fossem “intermediários entre

os saberes científicos dos professores e os costumes nocivos vigentes nos lares”

(CAMPOS, 2009, p. 25).

Ao passo que a base do poder público passou da família para o indivíduo, o

Estado retoma para si o asseguro da educação para com os indivíduos. Deixando assim

de ser competência da família, e se torna dever do Estado. Através da política aderida

pelo Estado, os pais se tornam a verdadeira meta da escola no que diz respeito à

educação dos indivíduos. Sua alegação era de que a maior parte do tempo, as crianças

passavam com suas famílias, e não na escola, logo, era necessário que esta não

prejudicasse os ensinamentos passados pela escola. Tornando necessário assim um

envolvimento da família como cooperação no trabalho da escola.

Outro fato questionado por pensadores deste período era a urgência de conceber

uma relação entre a família e o ensino que a escola transmitia aos alunos, sendo

23

necessário alertar os familiares sobre o trabalho exercido pela escola, afim de que esta

não descondicione o empenho da escola. Visto que para a escola, os pais não tinham

preparação adequada para o processo educativo de seus filhos.

De acordo com Cunha (1997), a contribuição da família em relação a escola

também poderia ser financeira, porém, sintetizado em oferecer contribuição financeira e

reconhecer ser desapoderada de qualidades ideais para a educação de seus filhos. Ainda

que houvesse uma preocupação de que os pais pudessem interferir ou criticar o trabalho

dos professores, os pais eram convidados a estar dentro da escola. Considerando assim,

uma intervenção insustentável, pois os pais não haviam estudado cientificamente como

os professores, logo não assimilavam nada.

Acreditava-se, segundo Maximo (2001) que os familiares cometiam má

influência para seus filhos, porém não poderiam ser excluídos pela escola, mesmo

havendo o interesse de que os pais não influenciassem no trabalho dos professores. A

conclusão encontrada foi a de sustentar uma distância cautelosa entre os pais e

professores, com base no respeito ao mestre.

A família aproximou-se assim do ambiente escolar, para que estes mostrassem

como educar seus filhos. Os ideais e propostas mostradas até então eram fundamentadas

na reeducação dos familiares a fim de que estes não interferissem no ensinamento

passado pela escola.

2.2: Nos dias de Hoje

É notório que há conflitos no quesito responsabilidade diante do processo

educativo do educando. A organização familiar dos últimos anos tem sofrido muitas

mudanças em sua estrutura. Como mostra Soares (2010), determinava-se família no

passado como pais, filhos e demais parentes residindo em um mesmo ambiente.

Atualmente, diante várias remodelações no meio, exercidas através de uma economia

capitalista, a estrutura familiar, como citado mais acima, vem sofrendo alterações em

sua estrutura.

De acordo com Pereira (1995), a queda da quantidade de casórios, o declínio da

taxa de fecundidade, o acrescento de divórcios, e consequentemente, família onde pais

24

possuem diferentes moradias, transfiguram as famílias de hoje de modo que as tornam

diversificadas.

2.3: Papel da Família

A importância da família na vida da criança é imprescindível na medida em que

garante, ou deveria garantir amparo, carinho e sobrevivência, independente da estrutura

familiar. Através da impressão deixada pela sociedade capitalista, a educação familiar

encontra-se diante de diversas dificuldades, como evidencia Soares (2010), por meio de

invocação ao consumo exacerbado, violência, e individualismo, tornando a deseducar o

ensino transmitido por bons pais, tornando assim, filhos indisciplinados, autoritários,

individualistas e alienados.

De acordo com Aparecida e Rebelo (2003), os distintos afetos e dedicação por

parte da família, acabam por entretecer três diferentes exemplos de pais referentes à

educação passada por eles aos seus filhos: os permissivos, os autoritários e os

democráticos.

Segundo Soares (2010):

Quanto aos pais permissivos, são afetuosos e procuram dialogar com os filhos. Mas possuem dificuldades no controle aos limites, pois são muito tolerantes, chegando até mesmo a serem indulgentes em relação aos desejos e atitudes da criança. Conforme as autoras, os pais autoritários são aqueles que têm dificuldade de se comunicar com os filhos, além de demonstrarem pouco afeto e serem bastante rígidos, controladores e restritivos quanto ao nível de exigência de seus filhos. As condutas são avaliadas a partir de rigorosos padrões preestabelecidos. Valorizam também a obediência às normas e regras por eles definidas, e não se preocupam em explicar ás crianças às razões destas imposições nem consultá-las acerca do assunto. Já os pais democráticos mantêm um equilíbrio no controle das ações, principalmente no que condiz ao amadurecimento, independência, respeito, capacidades e sentimentos de seus filhos. Demonstram afetividade e procuram estimular a criticidade na criança. Além disto, são flexíveis e conseguem fazer com que a criança seja disciplinada estabelecendo regras e limites de forma clara e objetiva (SOARES, 2010, p. 3).

25

Educar é responsabilidade de toda a sociedade, e não apenas da escola ou da

família. É necessário, independente do modelo de educação praticada, que esta se inicie

dentro da família. Pois, como mostra Chalita (2001), a participação da família e escola

na educação da criança é essencial, tanto para seu desenvolvimento quanto para seu

comportamento.

O papel da família na educação dos filhos é fundamental, pois é através dela que

são passados os valores e afetos. Abrindo espaço para os diálogos e educando assim

para a vida, construindo conhecimento volvido para a sociedade, prevalecendo o

respeito ao próximo. E através desses valores que o caráter e a personalidade são

formados, como também as marcas entre as gerações, como defende Chalita (2001).

Além do diálogo, a reciprocidade de experiências e conhecimentos faz com que

os pais edifiquem uma educação carregada de valores essenciais para que os filhos

estejam preparados para “viver no mundo lá fora”.

Vasconcelos (1989, p. 123) defende o diálogo quando escreve, “É através do

olho no olho, estiver junto, inteiro; querer saber como o filho está indo, suas conquistas,

temores, expectativas de vida, visão de mundo, preocupações” que a família pode trocar

conhecimentos. É importante também que os valores sejam transmitidos pelo próprio

exemplo dos pais, pois quando somos honestos, justos e solidários, nossos filhos tendem

a apresentar as mesmas características.

Não podemos esquecer os limites e regras que também precisam estar presentes

na educação passada aos filhos. E estas necessitam estar explicadas pelos diálogos para

que a criança entenda os motivos das imposições feitas pelos pais.

Mas para que isto aconteça, é importante uma educação democrática, pois pais

autoritários acabam por internalizar a obediência e submissão aos seus filhos. A postura

dos pais diante dos filhos influencia diretamente na sua educação, pois a criança

absorve tudo que lhe é passado, mesmo que esta não seja a intenção dos familiares, por

isso, é necessária muita atenção no exemplo de comportamento dado a estas.

Pode-se concluir assim que a construção dos valores e a preparação para a vida

são de incumbência da família, repassando valores, experiências e conhecimentos. De

acordo com Soares (2010), quando a criança não aparenta possuir princípios éticos,

morais e um bom comportamento cobrados pela escola, defende-se a ideia de que estes

26

não foram passados pela família, e que há a necessidade da escola remediar esta

escassez.

Há uma demasiada relevância na participação dos pais na vida escolar dos filhos,

como defende Vasconcellos (1989), pois a criança se sente importante e valorizada

pelos pais, colaborando consideravelmente para seu aprendizado. É necessário

participar do desenvolvimento escolar da criança, como no auxílio das tarefas de casa,

participação das reuniões pedagógicas em que os pais são convocados, reuniões

bimestrais e incentivas à leitura.

Além de interatuar com os professores fora das reuniões pedagógicas, como na

produção do Projeto Político Pedagógico (PPP) da escola e nas sugestões dos

educadores (da escola) na intenção de integrar a família no processo de aprendizagem

da criança.

Segundo Parolin (2007), é decisivo para um bom desenvolvimento escolar e para

o processo de ensino e aprendizado fora da escola também, que haja uma excelência no

relacionamento entre a família e a escola. Onde a participação dos pais na educação dos

filhos dentro da escola deve ser constante.

Além de ser certificado na Constituição e nas Diretrizes do Ministério da

Educação. De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº

9394/96, em seu artigo 12º, como mostra Soares (2010):

Abrange os deveres da família como uma das responsáveis pelo desenvolvimento educacional da criança, bem como a escola em criar processos de articulação com a família, além de mantê-la informada sobre sua proposta pedagógica e outras informações como freqüência e rendimento do aluno (SOARES, 2010, p. 14).

Mostrando assim que a educação é obrigação tanto da família quanto da escola,

fazendo com que estas se unam, tentando solucionar ao máximo os conflitos existentes

em prol do educando.

27

2.4: Papel da Escola

Quando pensamos no vínculo família e escola, sabemos que uma

constantemente espera algo da outra. E para que a relação de troca de saberes,

informação e trabalho em conjunto aconteça, é necessária que a escola produza uma

relação de diálogo com a família, e que esta participe sempre que possível das

iniciativas escolares de interação com a mesma (seja em reuniões pedagógicas,

festividades ou atendimento individual).

Para que haja a assimilação das mensagens a serem passadas pela escola ou

família, é necessário que exista um diálogo, uma troca de informação. Mas é preciso

estar disposto a escutar e ser flexível, a aceitar novas ideias que são capazes de

acrescentar quando falamos da educação de um indivíduo e da interação entre a família

e a escola.

Sabe-se que há uma escassez de predisposição tanto por parte da escola como da

família quando falamos de comunicação, como apresentada por Paro (1993, p. 68),

quando diz que há uma aparente inabilidade por parte dos pais de compreender o que é

transmitido pela escola, porém, também há uma carência de aptidão por parte dos

professores em promover esta comunicação.

É válido ressaltar que embora a escola oportunize inúmeras possibilidades e

pretextos para a participação dos pais na vida escolar dos filhos e que estes tenham

interesse em estar presente nestas ocasiões, não podemos esquecer que muitos destes

responsáveis passam mais tempo no trabalho que fora deste e que dependem do

emprego. Logo, amiúde não podem comparecer quando chamados.

Devendo a escola assim, oferecer horários flexíveis para que este responsável

possa ter acesso ao professor, ou responsável pedagógico que possa auxiliar a

compreensão de apontamentos deixados por tal.

Outro ponto a se pensar é a importância da opinião dos filhos em relação à

escola que geralmente influencia no pensamento e compreensão dos pais perante a esta

instituição, como destaca Vasconcelos (1989):

28

Uma das melhores formas de se atingir a família é através dos próprios filhos; daí a relevância da escola desenvolver um trabalho participativo, significativo, em que realmente o aluno se envolva e entenda o que está sendo proposto para ele. Desta maneira, o próprio filho terá argumentos para ajudar os pais a compreender, a proposta da escola (VASCONCELOS, 1989, p. 80).

A escola deve elucidar todas as metas escolares e planejamento pedagógico a ser

seguido ao longo do ano para a família, esclarecendo os objetivos a serem alcançados e

assim, buscando integrar os pais perante a escola e reforçar sempre o laço destas para

que seja parceiras no processo de ensino e aprendizado do indivíduo em questão, a

criança.

Estas questões devem ser informadas aos pais principalmente nas reuniões, onde

devem ser transmitidas também as observações dos professores diante dos alunos, tanto

pedagógicas quanto comportamentais. Para que estes recebam ajuda tanto na escola

quanto dentro de casa.

2.5: Importância da Família e Escola caminharem juntas

Podemos concluir que tanto a família quanto a escola possuem grande influência

educacional diante da criança, tornando-se necessário que as duas instituições

caminhem juntas no processo de formação do indivíduo em questão.

Bem como na escola, a criança percorre por processos de socialização na

família, resultando em aprendizado e influência no comportamento perante

circunstâncias do dia a dia, como destaca Tereciane (2008, p. 31), “durante o processo

de socialização, são os pais que decidem a forma como se processa o ensino-

aprendizagem de seus filhos de acordo com a cultura e o meio em que vivem”.

O que mostra a necessidade que estes se esforcem para participar da vida escolar

da criança, como defende Soares (2010), pois é na escola que a educação passa para

além do cotidiano, onde a criança se insere no universo social formal.

29

Cabe à escola iniciativas para que os pais estejam presentes sempre que possível,

mesmo que isso signifique mudança de horário ou de medidas utilizadas. Carvalho

(2005) destaca que:

As escolas e os demais serviços integrados destinados aos três primeiros anos de vida da criança, em virtude da grande experiência de relacionamento, podem fornecer instrumentos importantes no sentido de interpretar a cotidianidade familiar, pois trabalhadores e trabalhadoras da escola já elaboram sofisticadas competências, tornando-se hábeis no que temos chamado de arte do diálogo com a família (CARVALHO, 2005, p. 692).

Cabendo à escola obter a iniciativa para que haja essa parceria, caso esta não

esteja se concretizando. Pois a aproximação entre os indivíduos comprometidos no

processo educativo da criança, influenciam positivamente no desenvolvimento desta,

como definido pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9394/96, Artigo

12º, como mostrado ao longo do segundo capítulo:

Art. 12. Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a incumbência de: VI- articular-se com as famílias e a comunidade, criando processos de integração da sociedade com a escola;VII- informar os pais e responsáveis sobre a freqüência e o rendimento dos alunos, bem como sobre a execução de sua proposta pedagógica (BRASIL, 1996).

É necessário que haja uma análise do motivo que tenha distanciado a família da

escola e que se conheça a realidade e dificuldade das distintas famílias dos diferentes

alunos que estudam na escola. E, a partir desta análise, executar propostas e estratégias

pedagógicas que sejam conciliáveis com a realidade dos alunos e suas famílias,

buscando sempre o melhor, como destaca Perez (2007):

Poderíamos pensar em melhorias na relação família escola, refletindo sobre a necessidade de a escola conhecer mais a realidade de seus alunos e o que as famílias desejam para seus filhos. Mais do que isso, seria importante a escola adquirir meios de estabelecer uma comunicação mais eficiente e equilibrada com as famílias, no sentido de discutirem dificuldades presentes na educação das crianças, buscando de forma coletiva encontrar estratégias adequadas para o enfrentamento e incentivo à educação ideal (PEREZ, 2007, p.168).

30

O laço entre a escola e a família diante da criança é fundamental para seu

processo educativo. Mas para que este processo caminhe de forma ideal, é necessário

que a escola dê espaço para a participação da família no cotidiano escolar e que a

família não assimile que a responsabilidade educacional seja apenas da escola. A prática

dessa teoria será apresentada no próximo capítulo.

31

Capítulo 3

Neste capítulo será apresentada a prática relacionada à teoria que expus no

segundo capítulo através de minha experiência ao longo de três anos e meio como

estagiária e professora de Educação Infantil em uma escola particular que atende à

classe média do bairro da Tijuca e adjacência. Mostrando que a relação família e escola

são fundamentais para a educação e o crescimento da criança e que, na prática, esse

diálogo pode ocorrer além das reuniões pedagógicas.

3.1: A Escola e o Perfil de Atuação

A experiência a ser apresentada foi realizada em uma escola localizada na

Tijuca, zona norte do Rio de Janeiro, e possui como público alvo a classe média. Sua

principal característica é ser escola em tempo integral, funcionando das sete horas da

manhã às sete horas da noite.

Atende a turmas de Educação Infantil (Maternal 1, Maternal 2, Pré 1 e Pré 2) e

Ensino Fundamental (Primeiro Ano, Segundo Ano, Terceiro Ano e Quarto Ano) no

turno da manhã e da tarde. São aproximadamente quinze alunos por turma, na qual a

educação infantil dispõe de uma professora e uma auxiliar por turma, exceto a turma de

Maternal 1 (um ano e meio de idade à dois anos e oito meses) que dispõe de uma

professora e duas auxiliares. A escola está há 19 anos no ramo da educação e possui em

torno de duzentos alunos (na qual recebem matrículas ao longo do ano todo,

principalmente a turma do Maternal 1).

A escola possui um quadro de empregados com cinquenta e nove funcionários

que se revezam ao longo desse período. Há vinte e sete funcionários no corpo docente,

uma diretora, duas coordenadoras pedagógicas, três coordenadores administrativos, dois

funcionários de recursos humanos, oito auxiliares de turma, três funcionárias para a

higienização das crianças (banho), duas cozinheiras, duas psicólogas, uma nutricionista,

cinco funcionárias para a limpeza da escola, um porteiro, um auxiliar de secretário e um

funcionário para os serviços gerais.

32

3.2: Estrutura

A estrutura física da escola é composta por: dois pátios para a educação infantil,

um pátio para o ensino fundamental, uma sala para direção, uma secretaria, um

almoxarifado, uma sala para as psicólogas e nutricionista, uma sala para os recursos

humanos, um laboratório de informática, nove salas de aula, uma sala de multimeios,

oito banheiros (sendo um para a direção, um para os visitantes, um para o corpo

docente, um para os demais funcionários e quatro para os alunos), uma biblioteca, um

refeitório, uma cozinha, uma sala de apoio (para que os funcionários façam suas

refeições e descansem em seu tempo de almoço) e um sótão.

Todas as salas de aula estão sempre ocupadas por turmas que estejam no horário

regular, de escolaridade. Durante o horário integral, é norma da direção que os alunos

fiquem fora de sala de aula, brincando principalmente. Que seja prioridade o pátio e

como segunda opção (no caso de chuva, por exemplo) a sala de multimeios para que

vejam DVD, tenham atividades com musicalização, pinturas, entre outros. Porém, em

determinados dias da semana a sala de multimeios é utilizada para atividades

extracurriculares, como aula de balé, capoeira e aula de música, ficando assim

inacessível para as turmas do horário integral.

A organização dos cargos e suas funções na escola parecem bem estruturadas,

tanto na teoria quanto na prática, na qual cada funcionário é advertido desde sua

admissão a evitar ao máximo a realizar funções que sejam administradas por outros

cargos que sejam distintos do seu.

O horário a ser trabalhado pelos funcionários da escola é diferente conforme o

cargo que exerce. Quem trabalha diretamente com as crianças, como o corpo docente, as

auxiliares de turma e as funcionárias da higienização, têm seu horário montado

conforme a quantidade de funcionários necessária por número de alunos nos turnos

(manhã e tarde). Porém uma coisa é certa, o corpo docente trabalha cinco horas diárias

(8:00 horas às 13:00 horas ou 13:00 horas às 18:00 horas) e as auxiliares de turma e as

funcionárias da higienização trabalham nove horas diárias.

A rotina escolar do aluno matriculado na escola consiste em: acolhida,

colação/lanche, parque livre, atividades extracurriculares (segunda, quarta e quinta),

atividades pedagógicas, almoço/janta, hora do sono e saída. E no horário integral, o

33

espaço que seria preenchido com atividades extracurriculares e pedagógicas são

substituídas por brincadeiras e atividades recreativas. Apenas para os alunos do Ensino

Fundamental que a realização do dever de casa é incluída nas atividades do horário

integral.

3.3: Experiência: Relação Família e Escola

Tendo em vista a importância da acolhida da escola diante dos alunos e seus

familiares e da relevância da união escola e família para que o processo educativo da

criança dentro e fora da escola seja um ideal alcançável para as duas instituições, esta é

a principal proposta da escola observada. Darei ênfase na turma de Maternal 2 do turno

da manhã, na qual minha experiência como professora desta turma foi essencial para

que eu concluísse minha investigação.

Por se tratar de uma das turmas iniciais na vida escolar da criança, por muitas

vezes é a primeira turma, é muito importante uma relação mais intensa do professor e

escola com a família. Algumas crianças já vêm de uma rotina escolar nos anos

anteriores por estarem na creche ou na turma anterior (Maternal 1), mas para outras é a

primeira separação com seu meio familiar. Uma nova rotina, com pessoas diferentes no

seu convívio. O carinho e atenção necessitam ser divididos, além dos brinquedos, é

claro.

Por isso a importância defendida pela escola da Anamnese da criança e família

com a psicóloga e a entrevista com a nutricionista. Na qual, pós o ato da matrícula e

antes que a criança comece a freqüentar as aulas, ela e sua família passam por algumas

entrevistas, a fim de que os profissionais que atuarão diretamente com a criança, a

conheça de forma colossal.

Como a principal característica é ser escola em tempo integral, 80% dos alunos

matriculados passam mais de cinco horas diárias na escola. Com isso, como explica

Aranha (2002), a finalidade da escola é educar e formar a criança, na qual passa grande

parte do seu dia sob a responsabilidade de seus funcionários e estes devem ser

conscientes de sua função enquanto educadores, trabalhando assim a qualidade

educacional e oferecendo o melhor para seus alunos, pois parte da educação a ser

concedida à criança fica sob responsabilidade da escola.

34

Por escassez de informações sobre seu funcionamento e atividades, por muitas

vezes há pais que insurgem de modo negativo diante da possibilidade de matricular seus

filhos em determinadas escolas. Diante disso, o primeiro contato dos familiares com a

escola, seja na visitação a tal ou no ato da matrícula, é fundamental para esclarecer as

dúvidas, mostrar sua rotina e atividades e para colher informações que auxiliem no bom

relacionamento da escola com a família visando o melhor para a criança.

Apesar das famílias utilizarem práticas diferentes em relação à educação, pois

enquanto a educação na família ocorre de maneira informal (através de hábitos do

cotidiano), na escola o conhecimento é gerado a partir de um planejamento e uma forma

intencional, uma depende da outra. E a união das duas instituições diante da criança

origina uma melhoria no processo educacional.

Na prática, isso ocorre de diversas maneiras na escola observada. Seja no

contato direto dos pais com a professora na entrada e saída do aluno, pois os pais têm a

liberdade de entrar na escola e entregar seus filhos nas mãos das professoras e

auxiliares, nas reuniões pedagógicas bimestrais e não bimestrais (pois os pais e os

professores têm a liberdade de marcar reuniões ao longo do ano para falar do

comportamento do aluno, além da assimilação dos conteúdos e observação da rotina

escolar destes) e nos eventos como: Dia das Mães, Passeata do Meio Ambiente, Festa

Julina, Dia dos Pais, Desfile Cívico, Festa das Avós, Batizado da Capoeira,

Apresentação de Balé e Formatura, a fim de que haja interação dos pais, familiares e

crianças (que por muitas vezes passam a maior parte do dia dentro da escola).

Outra prática muito utilizada no Maternal 2 e em toda a Educação Infantil é a

utilização de um caderno de pesquisa enviado com grande frequência para casa (quase

todos os finais de semana), e que possui como finalidade que a família dê continuidade

ao que foi ensinado durante a semana em casa. Pois, além de estar a par dos conteúdos

pedagógicos ensinados na semana para seu filho, há também uma troca de afeto,

atenção e ensinamento dentro de casa.

Como por exemplo, ao aprenderem sobre a chegada do outono, em março,

através de diversas atividades na escola, como confecção de salada de frutas e colagem

de folhas secas em troncos feitos com papelão, além de aprender as cores das frutas e a

mistura de tais. Ao final do projeto feito na escola tendo como base o outono, os alunos

35

do Maternal 2, pesquisaram em casa através da ajuda de seus familiares, imagens que

caracterizassem o outono.

A importância dessa troca de ensinamentos e aprendizados na escola e em casa é

passada aos pais desde o ato da matrícula, e dando mais ênfase na reunião de abertura

do ano letivo, onde é mostrado aos pais todo o planejamento do ano, desde os conteúdos

pedagógicos a serem dados por mês até os eventos e datas festivas que são

comemorados na escola. Não deixando de apresentar todos os funcionários que atuarão

diretamente com seus filhos, atividades extracurriculares e demais informativos da

escola.

Desde o início, os responsáveis dos alunos ficam cientes da liberdade que o

professor tem de se comunicar diretamente com tal e vice versa, como telefonar para os

pais se a criança está ausente da escola por dois dias consecutivos, esquecimento de

roupas ou fraldas, alteração de comportamento (agressivo, por exemplo), entre outros.

Através da pesquisa feita com treze responsáveis da turma do Maternal 2 do

turno da manhã ao final de uma reunião pedagógica bimestral, concluiu-se que a

maioria dos pais conhecem a professora e se sentem a vontade em falar e tirar dúvidas

sobre seus filhos com a mesma, tanto em relação aos elogios quantos as criticas a

respeito de atividades, rotina, comportamento, entre outros. Porém, muitos pais acham

que ainda há necessidade de que mais eventos sejam organizados para que haja uma

cumplicidade ainda maior da escola com a família. Conforme pode ser observado nos

gráficos a seguir:

Gráfico 01

36

Gráfico 02

A pesquisa foi realizada apenas com pais que compareceram na reunião

pedagógica bimestral, na qual costumam a comparecer a estas sempre que possível.

Senão, costumam marcar reuniões individuais com a psicóloga e professora. Mostrando

interesse e comprometimento com a educação escolar do filho.

Gráfico 03

37

Gráfico 04

Apesar de comparecerem às reuniões pedagógicas, nem todos os pais se sentem

a vontade em conversar sobre seus filhos com a professora fora das reuniões

pedagógicas. Na qual, três responsáveis responderam que “às vezes” se sentem a

vontade em tirar dúvidas fora das reuniões e um respondeu que não se sente a vontade.

São estes os responsáveis que possuem menos contato direto com a professora ao levar

a criança para a escola.

Gráfico 05

38

Gráfico 06

Gráfico 07

Através desses três últimos gráficos da pesquisa, pode-se concluir que, apesar de

nem sempre comparecerem às atividades e eventos realizados com a solicitação da

presença dos pais, a família acha necessário e importante a presença constante da

família nos eventos escolares sempre que possível, e que a relação família e escola é

muito significante para que haja sucesso e cumplicidade na educação escolar e familiar

da criança.

39

Ainda sim, os responsáveis acham a agenda o melhor meio de comunicação

entre a família e a escola. Por isso, o que acontece na rotina diária da criança, é escrito

na agenda (exceto as atividades pedagógicas e extracurriculares), como a alimentação

(colação, almoço, lanche e janta), sono (“antes do almoço”, “após almoço” ou “não

dormiu”), evacuação (normal, pastosa, líquida ou não evacuou), banho, temperatura e

disposição (se passou o dia disposto ou indisposto).

A relação da família com a escola e principalmente com a criança diante da

escola é essencial, pois o comportamento educativo dos pais é discorrido como decisivo

no desenvolvimento cognitivo e sócio-afetivo dos filhos. De acordo com Tereciani:

No âmbito da sociologia, o nível cultural dos pais, seu código sociolingüístico, a estruturação familiar e a interação da mãe com a criança são fatores que podem influenciar no sucesso escolar. Assim como na escola, na família, a criança passa por processos de socialização que culminam em aprendizado e influenciam no seu comportamento diante de situações cotidianas. Durante o processo de socialização, são os pais que decidem a forma como se processa o ensino-aprendizagem de seus filhos de acordo com a cultura e o meio em que vivem (TERECIANI, 2008, p. 36).

Diante disso, ao refletir que a rotina escolar, principalmente pedagógica, é

confeccionada de maneira única, as crianças que possuem práticas de socialização e

educação exercidas de maneira distinta da que ocorre na escola, em suas famílias,

estarão em desvantagem diante das crianças em que os significados passados pela

família se assemelham com as da escola.

Podemos perceber a importância da prática pedagógica familiar, como mostra

Tereciani (2008), na resposta das crianças aos diferentes contextos escolares, onde é

papel da escola oferecer uma educação que ultrapasse o habitual. Há tempos vem sendo

consideradas estratégias que incentivem maior participação dos pais e famílias no dia-a-

dia escolar da criança.

Alguns eventos (fotos no anexo A) que a escola organiza e conta com a

participação dos pais ou familiares dos alunos para além das reuniões pedagógicas, a

40

fim de que haja uma relação de troca entre família e escola, além da interação entre

família e aluno.

Considerações Finais

Após uma reflexão sobre a Infância e sua relação com a educação no Brasil, e a

importância da relação família e escola, aponto as minhas conclusões no universo da

prática, de como funciona um bom relacionamento da escola com a família e como isto

interfere na educação da criança, como mostrado no terceiro capítulo. Onde inferi que a

educação das crianças é iniciada em casa, possuindo continuidade na escola, onde será

expandida e aperfeiçoada.

A educação infantil, portanto, tem como papel necessário a complementação da

educação passada pela família. Sendo importante, como mostra Pinheiro (2008), “uma

ação sistematizada de integração da escola com a família e a comunidade para oferecer

uma prática integrada que atenda ao desenvolvimento da criança”.

O ingresso da criança na escola é marcado pela sua separação do ambiente

familiar, notado por uma produção de autonomia por parte da criança. Essa produção se

dá ao fato da criança não está mais convivendo apenas com os hábitos e costumes

criados pela família e marcados por sua cultura, mas entrando em um ambiente com

distintos costumes, crenças e valores.

A escola, principalmente na Educação Infantil, é o período em que a criança

mais expande suas aptidões, conhecimentos e habilidades, sendo assim, fundamental

para composição absoluta do homem. Mas é necessário destacar que outras instituições

sociais também influenciam, sendo também essenciais, na educação, como por exemplo,

a família. É nela que os valores e costumes são vivenciados desde os primeiros

momentos da vida da criança. E essa educação é ampliada quando caminha junto com a

educação escolar.

O papel da família na educação dos filhos é fundamental, pois é através dela que

são passados os valores e afetos. Abrindo espaço para os diálogos e educando assim

para a vida, construindo conhecimento volvido para a sociedade, prevalecendo o

respeito ao próximo.

41

Além de haver uma demasiada relevância na participação dos pais na vida

escolar dos filhos, como defende Vasconcellos (1989), pois a criança se sente

importante e valorizada pelos pais, colaborando consideravelmente para seu

aprendizado. É necessário participar do desenvolvimento escolar da criança, como no

auxílio das tarefas de casa, participação das reuniões pedagógicas em que os pais são

convocados, reuniões bimestrais e participação dos eventos criados pela escola, como

mostrado no capítulo 3.

Pode-se concluir que, mesmo que haja conflitos no quesito responsabilidade

diante do processo educativo do educando, tanto a escola quanto a família possuem

grande importância na educação da criança. Devendo-se objetivar o desenvolvimento da

criança a partir da integração da educação familiar e escolar no processo de formação

do indivíduo em questão. Procurando sempre encontrar estratégias que aproximem a

família da escola, pois as mesmas possuem um objetivo comum: a educação da criança

e sua formação como cidadão.

42

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44

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45

Anexo A: Fotos de Atividades na Escola

Foto 1 - Dia das Mães (realizado dentro da escola – 09/05/2013)

Foto 2 - Passeata do Meio Ambiente (realizada no quarteirão em torno da escola –

20/06/2013)

46

Foto 3 - Festa Julina (realizada em um clube no bairro da escola – 06/07/2013)

Foto 4 - Dia dos Pais (realizado em um clube no bairro da escola – 10/08/2013)

47

Foto 5 - Desfile Cívico (realizado no quarteirão em torno da escola – 31/08/2013)

Foto 6 - Desfile Cívico (realizado no quarteirão em torno da escola – 31/08/2013)

48

Foto 7 - Festa da Primavera com as avós (realizado em um clube no bairro da escola -

28/09/2013)

Foto 8 - Batizado da Capoeira (realizado na quadra poliesportiva de uma universidade

localizada no bairro da escola – 19/10/2013)

49

Foto 9 - Apresentação do Balé (realizada em um clube localizado no bairro da escola

-30/11/2013)

Foto 10 - Formatura do Pré 2 (realizada em um clube no bairro da escola – 14/12/2013)

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Anexo B: Questionário de Investigação com os Pais

Rio de Janeiro, 14 a 17 de abril de 2014.

Questionário para conclusão de pesquisa de monografia de tema “PENSANDO NA

IMPORTÂNCIA DA RELAÇÃO FAMÍLIA E ESCOLA NA INFÂNCIA” da

aluna Gabrielle Pessanha Barroso do curso de Pedagogia na Universidade Federal

do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO).

1) Idade do(s) seu(s) filho(s) matriculado(s) na escola:

2) Você conhece a professora de seu(s) filho(s)?

( ) sim ( ) não

3) Você costuma ir às reuniões bimestrais de seu filho?

( ) sim ( ) não ( ) as vezes

4) Você se sente a vontade em tirar dúvidas em relação ao seu filho com a

professora além das reuniões bimestrais?

( ) sim ( ) não ( ) as vezes

5) Você costuma ir aos demais eventos criados pela escola?

( ) sim ( ) não ( ) as vezes

6) Você está satisfeito com o número de atividades realizadas com a presença da

família?

( ) sim ( ) não

7) Você acha importante a participação dos familiares em reuniões e eventos da

escola?

( ) sim ( ) não

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8) Quais os pontos positivos dessas reuniões e eventos?

9) E negativos?

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