universidade federal do cearÁ - ufc · 2019. 12. 11. · marketing sensorial no desenvolvimento de...
TRANSCRIPT
-
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE ALIMENTOS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE
ALIMENTOS
JULYNARA ALVES FROTA
TÉCNICAS DE MARKETING SENSORIAL APLICADAS AO DESENVOLVIMENTO
DE UM RÓTULO PARA BARRA DE GERGELIM E PRODUTOS APÍCOLAS
FORTALEZA
2018
-
JULYNARA ALVES FROTA
TÉCNICAS DE MARKETING SENSORIAL APLICADAS AO DESENVOLVIMENTO DE
UM RÓTULO PARA BARRA DE GERGELIM E PRODUTOS APÍCOLAS
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Ciência e Tecnologia de
Alimentos da Universidade Federal do Ceará,
como requisito para obtenção do título de
Mestre em Ciência e Tecnologia de Alimentos.
Área de concentração: Análise sensorial.
Orientadora: Profª. Dra. Maria do Carmo
Passos Rodrigues.
Coorientadora: Profª. Dra. Marina Cabral
Rebouças.
FORTALEZA
2018
-
JULYNARA ALVES FROTA
TÉCNICAS DE MARKETING SENSORIAL APLICADAS AO DESENVOLVIMENTO DE
UM RÓTULO PARA BARRA DE GERGELIM E PRODUTOS APÍCOLAS
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Ciência e Tecnologia de
Alimentos da Universidade Federal do Ceará,
como requisito para obtenção do título de
Mestre em Ciência e Tecnologia de Alimentos.
Área de concentração: Análise sensorial.
Aprovada em: 14/08/2018.
BANCA EXAMINADORA
___________________________________________________
Profª. Dra. Maria do Carmo Passos Rodrigues (Orientadora)
Universidade Federal do Ceará (UFC)
___________________________________________________
Profª. Dra. Marina Cabral Rebouças (Coorientadora)
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE)
___________________________________________________
Profª. Dra. Tatiana de Oliveira Lemos
Universidade Federal do Maranhão (UFMA)
___________________________________________________
Profª. Dra. Silvia Maria de Freitas
Universidade Federal do Ceará (UFC)
___________________________________________________
Profª. Dra. Tatiana Fontoura Vidal Bandeira
Universidade Federal do Ceará (UFC)
-
Aos meus pais, Júlio Cesar, Helena Maria e
Maria de Castro, pelo apoio e incentivo
incondicional.
Aos meus irmãos, Sabrina e Rennan, que muito
me ajudaram a chegar onde estou.
Ao meu namorado, Jéfferson Malveira, por
estar ao meu lado durante todo esse trajeto.
Dedico.
-
AGRADECIMENTOS
À Deus, que guiou meus passos até aqui, me levando no colo nos momentos mais
difíceis, me fortalecendo quando eu pensei que não ia conseguir, abrindo portas e janelas para
que tudo desse certo, sendo o meu tudo, a minha fortaleza e a minha salvação em todos os
momentos. Sem Ele, eu jamais teria alcançado o milagre de chegar até aqui.
Aos meus pais, Maria de Castro, Júlio César e Helena Maria pelo encorajamento
em todas as fases de minha vida, pelo seu amor e por suas orações.
Aos meus irmãos, Sabrina Alves e Rennan Frota, que sempre me apoiaram e
incentivaram ao longo da realização de mais um sonho.
Ao meu namorado, Jéfferson Malveira, pelo seu amor, apoio, encorajamento e
ajuda nos momentos difíceis.
À minha querida orientadora Profª. Dra. Maria do Carmo Passos Rodrigues, que me
acolheu com muito carinho, depositando em mim a confiança de uma parceria, apoiando as
minhas ideias, me chamando a atenção quando precisei, me empurrando quando empanquei...
agradeço também toda a sua compreensão, seu discernimento, seu exemplo de pesquisadora,
professora e mãe, com seu exemplo de humanidade e união, tornando as pessoas que fazem
parte do laboratório uma grande família.
À Profª. Dra. Marina Cabral Rebouças, pela valiosa coorientação, ensinamento e
incentivo no decorrer do curso de mestrado.
À banca examinadora (Profª. PhD. Tatiana Lemos, Profª. Dra. Silvia Maria, Prof.
Dr. Vanderson Costa, Profª. Dra. Tatiana Vidal) pela disponibilidade de ajuda sempre que
solicitados e pela honra de tê-los em meus Exames de Qualificação, Pré-defesa e Defesa de
Mestrado.
Aos amigos e a família que ganhei nesse percurso, Izamara Maria, Alyne Lemos,
Cristiano Costa, Jacqueline, Luan Costa, Ana Lídia Martins, Michelline Lopes, Vandira Justa,
Raquel Araújo e Afra Nascimento, pelo companheirismo diário, amizade, carinho e apoio
diante de todos os desafios que surgiram.
Ao Prof. Dr. José Maria Costa, a Profª. Dra. Evânia Figueiredo e aos técnicos e/ou
bolsistas dos Laboratórios de Controle de Qualidade e Microbiologia, do Dep. de Eng.de
Alimentos/CCA/UFC, ao Prof. Dr. Fernando Hernandez, do Lab. de Química dos Solos do Dep.
de Ciências do Solo/CCA/UFC e ao Prof. Dr. Breno Freitas, do Setor de Abelhas do Curso de
Zootecnia/CCA/UFC, por toda ajuda a mim concedida em todos os momentos solicitados.
-
Aos meus colegas do curso de mestrado por me permitirem dividir todos as alegrias,
medos e angústias durantes esses anos do curso.
À Universidade Federal do Ceará e em especial ao Programa de Pós-Graduação em
Ciência e Tecnologia de Alimentos pelo conhecimento e experiência adquirida.
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelo
apoio financeiro durante o desenvolvimento deste estudo.
O presente trabalho foi realizado com o apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento
de Pessoal de Nível Superior – Brasil (CAPES) – Código de Financiamento 001.
À Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(FUNCAP) pelo apoio financeiro com a manutenção da bolsa de auxílio.
Enfim, a todos que de alguma forma me ajudaram na realização deste trabalho.
-
“Marketing é tudo. Tudo é Marketing.”
(KOTLER, 2000).
-
RESUMO
Com o dia a dia cheio de atividades aliado a uma maior preocupação com a qualidade de vida,
o consumidor tem procurado por alimentos mais práticos, como barras alimentícias saudáveis,
com características nutricionais que promovem uma melhoria na saúde. Diante desse mercado
cada vez mais promissor, a indústria alimentícia faz uso de diversas estratégias para atrair o
consumidor, dentre elas o marketing sensorial. O presente estudo objetivou aplicar técnicas de
marketing sensorial no desenvolvimento de um rótulo frontal para uma barra alimentícia
contendo gergelim, pólen apícola e mel, verificando sua influência sobre a aceitação do produto.
No desenvolvimento do rótulo frontal foram adotadas as técnicas de marketing, grupo focal e
questionário online para identificar os elementos e informações a serem inseridas. E, para
avaliar o seu impacto na aceitação da barra foram utilizados testes de expectativa a três versões
do rótulo frontal: o rótulo 1 (sem informações), 2 (6g de proteínas, fonte de minerais e adoçado
naturalmente) e 3 (6g de proteínas, fonte de minerais e antioxidantes) e intenção de compra. Já
na avaliação dos atributos presentes no rótulo foi utilizado a escala Likert. A barra alimentícia
apresentou as seguintes características nutricionais: 6g de proteínas por porção, antioxidantes e
é considerada fonte de minerais (Mn, Zn, Cu, Mg e P). Através dos resultados obtidos com o
questionário, os atributos da barra deveriam destacar qualidade, segurança alimentar e sabor,
além disso, os rótulos devem apresentar informações nutricionais, as consideradas mais
importantes foram: rico em fibras, fonte de proteínas, 100% natural, fonte de minerais, sem
gorduras trans e baixo teor de sódio, praticidade e serem capazes de indicar a qualidade. O
consumidor sugeriu, durante os grupos de foco, rótulos com cores foscas variando nos tons
amarelados (relacionados a produtos apícolas e ao gergelim) e madeirados (lembram produtos
naturais), com no máximo três informações nutricionais complementares, podendo ter ou não
a presença de imagem ilustrativa. Posteriormente, métodos afetivos quantitativos foram
aplicados para avaliar através da escala hedônica, para os atributos impressão global, aparência,
aroma, sabor, doçura e textura, os resultados observados foram positivos com média em torno
de 6 (gostei ligeiramente). Para os testes de expectativa e intenção de compra dos consumidores,
antes e após o consumo do produto, o rótulo 1 diferiu dos demais na aceitação (p0,05). Portanto, o uso das técnicas de marketing para
elaboração e avaliação de um rótulo frontal, auxiliaram na identificação dos elementos que
devem estar presentes no rótulo frontal da barra alimentícia e os resultados positivos foram
refletidos através da avaliação sensorial, e posteriormente, na avaliação dos caracteres presentes
no rótulo com média em torno de 7 (concordo parcialmente).
-
Palavras-chave: Marketing em alimentos. Informações nutricionais. Grupo de foco.
Expectativa do consumidor. Pólen apícola.
-
ABSTRACT
With day-to-day activities filled with increased concern about quality of life, the consumer has
been looking for more practical foods such as healthy, nutritional bars that promote improved
health. Faced with this increasingly promising market, the food industry makes use of several
strategies to attract the consumer, among them the sensorial marketing. The present study aimed
to apply sensory marketing techniques in the development of a front label for a food bar
containing sesame, bee pollen and honey, verifying its influence on the acceptance of the
product. In the development of the frontal label, the techniques of marketing, focus group and
online questionnaire were adopted to identify the elements and information to be inserted, and
in the evaluation of the acceptance of the bar were used tests of expectation and intention to
buy. In the evaluation of the label was used the Likert scale. Through the results obtained with
the online questionnaire, the attributes of the product should highlight quality, food safety and
taste. The packs must present nutritional information (high in fiber, source of protein, 100%
natural, source of minerals, without trans fats and low sodium content), practicality and able to
indicate the quality. The consumer suggested, during the focus groups, packages with frosted
colors varying in yellowish tones (related to bee products and sesame) and wood (resembling
natural products), with at most three complementary nutritional information, and may or may
not have the presence of illustrative picture. As far as the sensorial evaluations, analyzed
through the hedonic scale for the attributes global impression, appearance, aroma, flavor,
sweetness and texture, the observed results were positive with average around 6 (I liked it
slightly). For the tests of expectation and intention to buy, before and after the consumption of
the product, the label 1 (without information) differed from the others in the acceptance (p≤5).
And labels 2 and 3 (with complementary nutritional information - naturally sweetened and
antioxidants, respectively) did not differ from each other (p≤5). Therefore, the use of marketing
techniques for the elaboration and evaluation of a frontal label helped to identify the elements
that must be present on the front label of the food bar and the positive results were reflected
through the sensorial evaluation, and later, in the evaluation of the characters present on the
label with an average of around 7 (partially agree).
Keywords: Marketing in food. Nutritional information. Focus group. Expectation of the
consumer. Bee pollen.
-
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Grade de retenção de pólen ....................................................................... 24
Figura 2 – Estágios do processo de compra de produtos ............................................ 43
Figura 3 – Etapas utilizadas na realização da pesquisa ............................................... 52
Figura 4 – Fluxograma de processamento da barra alimentícia .................................. 59
Figura 5 – Modo de disposição das barras comerciais aos participantes .................... 62
Figura 6 – Rótulo 1 – Protótipo do rótulo desenvolvido – Sem informações
nutricionais complementares – (SIN). Elaborado a partir de informações
obtidas no questionário estruturado e grupo de foco .................................
99
Figura 7 – Rótulo 2 – Protótipo do rótulo desenvolvido – Com informações
nutricionais complementares (6g de proteínas, Fonte de fibras e Adoçado
Naturalmente) – (CIC–NA). Elaborado a partir de informações obtidas no
questionário estruturado e grupo de foco ..............................................
99
Figura 8 – Rótulo 3 – Protótipo do rótulo desenvolvido – Com informações
nutricionais complementares (6g de proteínas, Fonte de fibras e
Antioxidantes) – (CIC–A). Elaborado a partir de informações obtidas no
questionário estruturado e grupo de foco ...................................................
100
-
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Representação gráfica dos efeitos individuais da expectativa gerado no
rótulo frontal 1 elaborado para a barra alimentícia contendo gergelim,
pólen apícola e mel no teste de escala hedônica para impressão global ......
108
Gráfico 2 – Representação gráfica dos efeitos individuais da expectativa gerado no
rótulo frontal 2 elaborado para a barra alimentícia contendo gergelim,
pólen apícola e mel no teste de escala hedônica para impressão global ......
109
Gráfico 3 – Representação gráfica dos efeitos individuais da expectativa gerado no
rótulo frontal 3 (Com informações complementares – antioxidantes)
elaborado para a barra alimentícia contendo gergelim, pólen apícola e mel
no teste de escala hedônica para impressão global ......................................
110
-
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Funções biológicas das
proteínas ...............................................................
30
Quadro 2 – Classificação dos métodos de avaliação sensorial em função dos
objetivos globais e seu uso na Pesquisa e Desenvolvimento de novos
produtos – P&D .........................................................................................
35
Quadro 3 – Fatores que influenciam na decisão de compra ......................................... 41
Quadro 4 – Componentes presentes na embalagem ..................................................... 51
Quadro 5 – Questionário da pesquisa de
mercado.........................................................
61
Quadro 6 – Roteiro de perguntas utilizadas no grupo de foco para determinação das
características do rótulo .............................................................................
63
Quadro 7 – Alegações nutricionais (informação complementar) utilizadas nos
rótulos desenvolvidos ................................................................................
64
Quadro 8 – Afirmativas sobre os atributos presentes nos rótulos frontais utilizados
na realização deste
estudo ..........................................................................
66
Quadro 9 – Sugestões mais declaradas e suas justificativas, para as características
dos atributos presente no protótipo do rótulo frontal da barra contendo
gergelim, pólen apícola e mel apresentados pelos participantes dos
grupos de foco
(n=26) ................................................................................
95
-
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Composição química apresentada por alguns autores em diferentes
amostras (100g) de pólen apícola desidratado brasileiro ......................... 26
Tabela 2 – Composição química apresentada por alguns autores em diferentes
amostras de gergelim para 100g de parte comestível .............................
27
Tabela 3 – Características físico-químicas apresentadas por alguns autores em
diferentes amostras de mel encontrados no Brasil ................................... 29
Tabela 4 – Tipos polínicos obtidos da acetólise do pólen: identificação botânica.
(Escala 50μm) .......................................................................................... 68
Tabela 5 – Composição bromatológica para 100g de pólen apícola desidratado ..... 69
Tabela 6 – Composição centesimal do gergelim creme com casca (100 g) .............. 71
Tabela 7 – Composição mineral (100g) do pólen apícola desidratado ..................... 73
Tabela 8 – Composição mineral do gergelim creme com casca utilizado na
elaboração da barra alimentícia deste estudo ........................................... 74
Tabela 9 – Análise físico-química de mel de Apis melífera L. ................................. 77
Tabela 10 – Composição bromatológica da barra alimentícia ..................................... 78
Tabela 11 – Composição mineralógica da barra alimentícia ...................................... 80
Tabela 12 – Valores médios de compostos antioxidantes encontrados nas amostras
da barra alimentícia ................................................................................. 81
Tabela 13 – Perfil socioeconômico dos consumidores de barras alimentícias.
Questionário online (n=266) ................................................................... 85
Tabela 14 – Hábitos de consumo de barras alimentícias. Questionário online
(n=266) .................................................................................................... 87
Tabela 15 – Resultados da pergunta que avalia o grau de importância de cada um
dos atributos durante a compra de uma barra alimentícia, utilizando a
escala que varia de 1 (Muito baixa) a 5 (Muito alta). (n= 266) .............. 89
Tabela 16 – Resultados da pergunta que avalia o grau de importância de cada um dos
atributos presentes na embalagem de uma barra alimentícia durante sua
compra utilizando, a escala que varia de 1 (Muito baixa) a 5 (Muito alta).
(n= 266) .......................................................................................... 90
Tabela 17 – Resultados da pergunta que avalia o grau de importância de cada um dos
atributos presentes no rótulo de uma embalagem de barra alimentícia
-
durante sua compra, utilizando a escala que varia de 1 (Muito baixa) a 5
(Muito alta). (n= 266) .................................................
91
Tabela 18 – Resultados da pergunta que avalia o grau de importância de cada das
informações nutricionais presentes no rótulo da embalagem de barra
alimentícia durante sua compra, utilizando a escala que varia de 1 (Muito
baixa) a 5 (Muito alta). (n= 266) ................................................. 92
Tabela 19 – Perfil socioeconômico dos participantes dos grupos de foco (n=26) ..... 93
Tabela 20 – Perfil de consumo de barras alimentícias dos participantes dos grupos de
foco (n=26) .......................................................................................... 94
Tabela 21 – Perfil sóciodemográfico dos participantes que realizaram a avaliação dos
rótulos desenvolvidos (n=216) .......................................................... 100
Tabela 22 – Conhecimento dos participantes que realizaram a avaliação dos rótulos
desenvolvidos sobre os ingredientes usados na elaboração da barra em
estudo (n=216) ......................................................................................... 101
Tabela 23 – Frequência de consumo dos produtos em estudo pelos participantes que
realizaram a avaliação dos rótulos desenvolvidos (n=216) ..................... 102
Tabela 24 – Grau de gostar dos produtos em estudo pelos participantes que
realizaram a avaliação dos rótulos desenvolvidos (n=216) ..................... 103
Tabela 25 – Informações sobre rótulos observadas pelos participantes que
realizaram a avaliação dos rótulos desenvolvidos. (n=216) ................... 103
Tabela 26 – Resultado (Média ± Desvio Padrão) ANOVA para o teste de escala
hedônica das barras alimentícias elaboradas com gergelim, pólen apícola
e mel (n=216) .............................................................................. 105
Tabela 27 – Resultados da ANOVA (Média ± Desvio Padrão) para as informações
nutricionais complementares dispostas nos rótulos frontais para barra
alimentícia quanto à impressão global durante as três fases (cega,
expectativa e real). (n=216) ..................................................................... 106
Tabela 28 – Percentuais que se distribuíram nas regiões de assimilação e contraste,
os sem definição e os que não apresentaram efeito em relação as
informações presentes nos rótulos. (n=216) ........................................... 108
Tabela 29 – Resultado da ANOVA para o teste de intenção de compra (Média ±
Desvio Padrão) (n= 216) .......................................................................... 111
-
Tabela 30 – Resultados da avaliação das características presentes no rótulo
elaborado utilizando a escala semiestruturada que varia de 1 (Descordo
totalmente) a 9 (Concordo totalmente). (n= 216) ...................................
112
-
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABEMEL Associação Brasileira de Exportadores de Mel
ABIMAPI Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias,
Pães e Bolos Industrializados
ABRE Associação Brasileira de Embalagens
ABTS 2,20-azino-bis (ácido 3-ethylbenzthiazoline-6-sulfônico)
AMA American Marketing Association
ANOVA Análise estatística de variância
AOAC Association of Official Analytical Chemists
APHA American Public Health Association
COEP Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos
DCI Diário Comércio, Indústria e Serviço
DEAL Departamento de Engenharia de Alimentos
DPPH Peroxidação do 2,2-difenil-1-picrylhydrazil
HMF Hidroximetilfurfural
ICA Instituto de Cultura e Arte
IHRSA International Health, Racquet & Sportsclub Association
LASA Laboratório de Análise Sensorial de Alimentos
MAPA Ministério da Agricultura e do Abastecimento
MEEs Modelos Estratégicos da Experiência
RDC Resolução da Diretoria Colegiada
RL Radicais livres
TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
UFC Universidade Federal do Ceará
-
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................... 20
2 REVISÃO DE LITERATURA .................................................................. 23
2.1 Barras alimentícias ..................................................................................... 23
2.2 Ingredientes para elaboração da barra alimentícia ................................ 24
2.2.1 Pólen apícola desidratado ........................................................................... 24
2.2.2 Gergelim ....................................................................................................... 26
2.2.3 Mel ................................................................................................................ 27
2.3 Fonte de nutrientes em barras alimentícias ............................................. 29
2.3.1 Proteínas ...................................................................................................... 29
2.3.2 Fontes de minerais ...................................................................................... 31
2.3.3 Compostos antioxidantes ............................................................................. 32
2.4 Análise sensorial ......................................................................................... 34
2.4.1 Grupo de foco .............................................................................................. 36
2.4.2 Expectativa do consumidor ......................................................................... 37
2.5 Marketing em alimentos ............................................................................ 39
2.5.1 Comportamento do consumidor .................................................................. 40
2.5.1.1 Os cinco sentidos no processo decisório de compra .................................... 44
2.5.2 Marketing experimental .............................................................................. 45
2.5.3 Marketing sensorial ..................................................................................... 47
2.5.4 Marketing nutricional ................................................................................. 48
3 MATERIAIS E MÉTODOS ...................................................................... 52
3.1 Obtenção e caracterização das matérias primas ..................................... 53
3.2 Formulação do produto ............................................................................. 54
3.2.1 Análise polínica do pólen apícola ............................................................... 54
3.2.2 Caracterização físicas e físico-química das matérias-primas secas
(gergelim creme com casca e pólen apícola desidratado) e da barra
alimentícia ....................................................................................................
54
3.2.3 Avaliação microbiológica das matérias-primas secas (pólen apícola
desidratado, gergelim creme com casca) e da barra alimentícia ...............
57
3.2.4 Caracterização físico-química, microbiológica e palinológica do mel
apícola ............................................................................................................
57
-
3.2.5 Compostos bioativos presentes na barra alimentícia após processamento . 58
3.3 Produção das barras .................................................................................... 59
3.4 Estratégias de marketing sensorial na elaboração do rótulo ................... 60
3.4.1 Ferramentas utilizadas em estudos com consumidores – Pesquisa de
mercado ...........................................................................................................
60
3.4.2 Ferramentas utilizadas em estudos com consumidores – Grupo de foco –
Determinação das características do novo rótulo .........................................
62
3.4.3 Desenvolvimento do protótipo do rótulo ........................................................ 63
3.5 Avaliação sensorial ........................................................................................ 64
3.5.1 Avaliação da expectativa do consumidor com relação aos rótulos
criados .............................................................................................................
64
3.5.2 Avaliação dos atributos presentes nos rótulos ............................................... 66
3.5.3 Comitê de ética ............................................................................................... 67
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................... 68
4.1 Caracterização polínica do pólen apícola ................................................... 68
4.2 Caracterização físico-química matérias-primas secas ............................... 69
4.2.1 Pólen apícola desidratado ............................................................................. 69
4.2.2 Gergelim ......................................................................................................... 71
4.3 Determinação da composição mineral ........................................................ 72
4.3.1 Pólen apícola desidratado .............................................................................. 72
4.3.2 Gergelim creme com casca ............................................................................ 74
4.4 Análises físico-químicas e químicas do mel de abelha ............................... 75
4.5 Caracterização físico-química da barra alimentícia .................................. 77
4.5.1 Composição bromatológica ............................................................................ 78
4.5.2 Composição mineral ....................................................................................... 80
4.5.3 Perfil antioxidante .......................................................................................... 81
4.6 Análise microbiológica das matérias-primas e do produto final .............. 84
4.7 Elaboração do rótulo da embalagem da barra alimentícia em estudo ..... 85
4.7.1 Questionário estruturado ............................................................................... 85
4.7.2 Grupo de foco ................................................................................................. 93
4.8 Avaliação sensorial ........................................................................................ 100
4.8.1 Caracterização dos participantes do teste de expectativa do consumidor e
intenção de compra ........................................................................................
100
-
4.8.2 Avaliação da aceitação da barra alimentícia ................................................ 104
4.8.3 Influência do rótulo frontal na aceitação de barras alimentícias ................ 106
4.8.4 Avaliação da intenção de compra da barra alimentícia por meio da
avaliação dos rótulos ......................................................................................
111
4.9 Avaliação dos atributos presentes nos rótulos ............................................ 112
5 CONCLUSÕES ............................................................................................. 113
REFERÊNCIAS ............................................................................................ 114
APÊNDICE A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E
ESCLARECIMENTO (TCLE) – GRUPO DE FOCO ..............................
131
APÊNDICE B - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E
ESCLARECIDO (TCLE) – ANÁLISE SENSORIAL ...............................
132
-
20
1 INTRODUÇÃO
O consumo de alimentos saudáveis, com qualidade e que proporcione bem-estar
entre os brasileiros, está cada vez mais crescente, o mercado desse tipo de produto aumentou
em 98% entre os anos de 2009 e 2014 (SEBRAE, 2017). Esse aumento se deve a maior
preocupação com a saúde física, a busca por alternativas para prevenir doenças ou mesmo para
controle de peso (ALMEIDA; BALMANT, 2017; SILVA et al., 2017). Nesse sentido, os
consumidores procuram alimentos com propriedades benéficas à saúde, com alto teor de
vitaminas, baixo teor de sódio, ausência de gorduras trans, corantes e conservantes artificiais
(ABRE, 2018).
Com o dia a dia das pessoas cada vez mais preenchido com inúmeras atividades
fora do lar, uma alternativa prática e rápida para auxiliar na complementação nutricional são as
barras alimentares, por serem alimentos prontos para o consumo, de pequeno porte e fácil
transporte, custo relativamente baixo e sabor agradável (SANTOS, 2008). Além disso, são
fontes de diversos macro e micronutrientes, tais como: proteínas, minerais, vitaminas,
carboidratos, fibras, lipídeos, ácidos graxos e aminoácidos, associados entre si ou isolados
(FERREIRA et al., 2007; PEUCKERT et al., 2010; CÓRDOVA, 2012; LIMA, 2015;
BOSQUESI; CAMISA; SANTOS, 2016).
Apesar da recente queda no mercado devido à crise financeira pela qual o brasileiro
tem passado nos últimos anos, este ainda pretende voltar a gastar mais com esse tipo de produto
(PINTO, 2017). Essa expectativa é confirmada pela Associação Brasileira de Embalagens
(ABRE), ao afirmar que o mercado de snacks tem uma taxa atual de crescimento projetada de
4,2% e terá 1,4% ao ano até 2021 (ABRE, 2017).
Diante desse mercado, cada vez mais promissor, a indústria de alimentos busca
diariamente novos ingredientes, matérias-primas, elementos ricos em nutrientes e soluções
estratégicas e atrativas ao seu público consumidor para tornar seu produto competitivo
(FERREIRA et al., 2018).
Uma ferramenta bastante utilizada como forma de atrair o consumidor é o
marketing, que tem como objetivo elaborar uma estratégia que atraia os interesses do
consumidor satisfazendo suas necessidades e desejos e, consequentemente, tornando as
empresas mais competitivas (KOTLER, 2000).
O estudo do marketing tem como objetivo compreender e prever o comportamento
de consumo de indivíduos e com isso promover e manter entre estes e a empresa uma estreita
relação de trocas comerciais (URDAN; URDAN, 2010). Como ferramenta eficaz para alcançar
-
21
esse objetivo tem-se o marketing sensorial, bastante utilizado pelas empresas que desejam
alcançar não só bons lucros com a venda de seus produtos, mas também, construir vínculos
emocionais com seus clientes, sendo esta uma estratégia de diferenciação entre as empresas na
atualidade (RODRIGUES, 2013).
Para expressar reações e atitudes de aprovação ou rejeição sobre algo, os cinco
sentidos humanos (audição, visão, tato, paladar e olfato) são considerados fundamentais. Pois,
a partir destes, mais memórias podem ser despertadas e desejos de diferentes sensações podem
ser motivados (MESQUITA, 2016). Para entender melhor como isso funciona, e para que assim
possa ser aplicado para o crescimento das empresas, é preciso estudar e analisar quais
estratégias são mais eficazes para estimular os sentidos e entender quais os fatores que motivam
o consumo, fazendo com que sejam criados vínculos entre os produtos e seus consumidores.
Estudos demonstraram que embora os atributos sensoriais dos alimentos ainda
tenham maior influência sobre as escolhas dos consumidores, as características não sensoriais
tais como a embalagem e seus elementos verbais (rotulagem, informações de marca) e não
verbais (gráficos, imagens, cores, letras, tamanhos, forma do pacote), possuem papel importante
podendo afetar a percepção de qualidade e intenção de compra (PINTO et al., 2017).
Uma embalagem mais atraente e elaborada ainda que possua o mesmo conteúdo
anteriormente oferecido, leva o consumidor a arriscar-se durante o processo de compra, apenas
pela expectativa do novo. Isso tem levado as empresas que investiram nessa inovação a um
aumento nas vendas (ABRE, 2017). A embalagem, com seus diversos tipos, formatos e infinitas
combinações de cores, consegue exercer sobre os consumidores uma influência marcante
durante o processo de compra de um determinado produto (SENA, 2014).
Silva (2016) relatou que existem diversos estudos que confirmam a importância da
embalagem e seus rótulos como estratégia de marketing e como ela pode impactar no ato da
decisão de compra através da diferenciação entre produtos da mesma categoria. Assim, por
serem os rótulos considerados o elemento que mais chama a atenção dos consumidores, este
exerce uma forte influência no processo de seleção e compra do produto (SOUSA et al., 2012).
Sabe-se, a partir de estudos anteriores, que o pólen apícola, o gergelim e o mel
possuem inúmeras propriedades nutricionais e, portanto, podem ser utilizados como
ingredientes em diversos tipos de alimentos, já que suas características são aplicáveis tanto
como fornecedor de energia como de proteínas (MENEZES et al., 2010; LIMA, 2015;
BIONDO; CASARIL; VIEIRA, 2016). Diante dessas informações optou-se por utilizar a barra
alimentícia desenvolvida por Nascimento (2015), já que esta atende as novas exigências de
-
22
mercado, como produto saudável e de fácil consumo e cujos resultados foram positivos quanto
à aceitabilidade.
Portanto, estratégias de marketing adequadas são ferramentas indispensáveis para
o atendimento das demandas dos consumidores. Assim, esta pesquisa aplicou técnicas de
marketing sensorial para desenvolver um rótulo frontal de uma barra alimentícia contendo
gergelim, pólen apícola e mel, e avaliar a expectativa e a intenção de compra gerada em
potenciais consumidores.
-
23
2 REVISÃO DE LITERATURA
A fim de ter uma ideia mais completa e clara sobre o assunto em estudo, uma revisão
da literatura fora realizada.
2.1 Barras alimentícias
No Brasil, as barras alimentícias mais conhecidas são as barras de cereais, assim
denominadas por serem estes os seus principais constituintes (SOUSA, 2016). Sendo assim,
regulamentadas pela Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 263, de 22 de setembro de
2005, que estabelece padrões de identidade e qualidade para produtos de cereais, amidos,
farinhas e farelos (BRASIL, 2005a).
Estudos mostraram que o consumo de uma alimentação equilibrada, rica em macro
e micronutrientes, proporciona aos praticantes de atividades físicas redução da incidência de
fatores de risco à saúde, ocasionados pelo treinamento, tais como, lesões e fadiga, ou mesmo,
hipertensão arterial, cardiopatias, aumento de gordura corporal e hipercolesterolemia (COSTA,
2012; PONTES, 2013; MELO et al., 2017). Sendo este público o maior consumidor no início
da década de 90 (MARCHESE; NOVELLO, 2017). E, com o passar do tempo passou ser
consumido por todas as pessoas, além de grupos específicos, como: barras voltadas para saúde
da próstata do homem, barras para diabéticos e barras que auxiliam no combate à osteoporose
(MARCHESE; NOVELLO, 2017; FERREIRA et al., 2018).
Entretanto, na dinâmica de uma vida moderna com constante acúmulo de afazeres
diários, o horário da refeição acaba sendo muitas vezes sacrificado. Diante desta situação, os
consumidores buscam por alimentos de ingestão rápida e que possam atender as suas
necessidades nutricionais sem, no entanto, perder o sabor (MELLO et al., 2012; FERREIRA et
al., 2018).
Neste cenário, surgem as barras alimentícias ou “snacks”, como um produto de fácil
consumo, obtido a partir da extrusão da massa composta por agentes ligantes (mel, açúcares,
óleos, etc.) e diversos ingredientes (frutas secas, amêndoas, nozes, castanhas, grãos, etc.) com
propriedades nutricionais constituindo-se fonte de carboidratos, proteínas, vitaminas e minerais,
além de possuir sabores e texturas características de seus constituintes (LIMA, 2015; SOUSA,
2016; MARCHESE; NOVELLO, 2017; FERREIRA et al., 2018).
2.2 Ingredientes para elaboração da barra alimentícia
-
24
Existem diversos ingredientes que podem ser utilizados na formulação de barras
alimentícias, a fim de garantir que estas apresentem características de sabor, textura e
propriedades físicas, características do produto. É comum a associação deste, entre os
consumidores, a alimentos saudáveis (LIMA, 2015).
Assim, como exemplos de novos ingredientes que podem ser utilizados na
elaboração de uma barra alimentícia com propriedades nutricionais e funcionais, ricos em
energia, minerais e proteínas, têm-se o pólen apícola, o gergelim e o mel.
2.2.1 Pólen apícola desidratado
Segundo a legislação brasileira, o pólen apícola é o resultado da aglutinação do
pólen das flores, efetuada pelas abelhas operárias, mediante néctar e suas substâncias salivares,
o qual é recolhido no ingresso da colmeia. É classificado conforme o teor de umidade em pólen
apícola (coletado em sua forma original) e pólen apícola desidratado (pólen submetido ao
processo de desidratação em temperatura não superior a 42°C, e com teor de umidade não
superior a 4%), sendo esta a forma mais comum comercializada (BRASIL, 2001b).
Deve ter aroma, sabor e cor característicos da origem floral, grãos heterogêneos de
tamanhos variados com forma tendendo a esférico, como requisitos (BRASIL, 2001b). E, para
que seja coletado, uma grade de retenção (Figura 1) deve ser instalada na entrada das colmeias,
assim, as abelhas ao tentarem entrar em suas colmeias deixam cair uma parte deste pólen, que
fica retido em contentores.
Figura 1 – Grade de retenção de pólen
Fonte: Magalhães (2005 apud AMÂNCIO 2014).
Um dos componentes de maior importância no pólen apícola é a proteína. Esta
funciona não só como uma sugestão de um produto com ricas propriedades nutricionais, mas
-
25
por atuar como indicativo de qualidade durante o processamento e estocagem, já que esta é
facilmente degradada quando as etapas de manipulação não são realizadas da maneira correta
(SOUZA, 2014). O teor de proteínas do pólen varia de 15 a 30%, por isso é considerado por
muitos autores como um alimento fonte desse componente (MARTINS, 2010; AMÂNCIO,
2014).
Sua composição pode variar de acordo com as espécies das flores visitadas pelas
abelhas, clima, solo, região geográfica e estação do ano (CARPES, 2008; NEVES; ALENCAR;
CARPES, 2009). Tais características podem influenciar fortemente nas características
nutricionais do produto. Além disso, possui propriedades bioativas bastante atrativas para a
indústria de alimentos, tais como: atividade antibacteriana, antifúngica, anti-infamatória,
imunomodulatória, anticariogênica e antioxidante, ajudando no combate aos radicais livres
(MENEZES et al., 2010).
Possui ainda 20 a 40% de açúcar total, 20 a 26% de açúcar redutor, 5% de
compostos lipídicos, 3% de minerais (transportadores de cálcio, cloro, iodo, molibdênio,
selênio, estanho, boro, estrôncio, enxofre, alumínio, zinco, cromo, fósforo, magnésio, ferro,
cobre e manganês), 3 a 5% de fibras, além de vitaminas (A, B, C, D, E) (AMÂNCIO, 2014).
Por isso, são utilizadas pelas abelhas para alimentar as larvas jovens (RODRIGUES; RIBEIRO;
SILVA., 2013).
O consumo de pólen por humanos vem aumentando consideravelmente,
principalmente, por aqueles que buscam uma alimentação mais natural. Sendo considerado por
diversos autores como suplemento alimentar, complemento alimentar, alimento funcional e, até
mesmo como suplemento alimentar funcional, devido a sua composição rica em nutrientes
(MARTINS, 2010; MENEZES et al., 2010).
O pólen pode ser consumido de diversas maneiras: adicionados ao mel, em saladas,
com sucos, frutas, leite, iogurte, com cereais, in natura, dentre outras. Relatos populares também
indicam que o consumo de pólen proporciona diversos benefícios a saúde humana, dentre eles
temos: o desenvolvimento de massa muscular, redução ao stress, melhora da memória, redução
do colesterol, melhorias das funções intestinais, auxílio no combate às doenças pulmonares,
melhoria da imunidade e o combate ao envelhecimento (MARTINS, 2010).
Entretanto, Vicenzi (2004) alerta que o seu consumo não deve ser superior a 15g
(equivalentes a uma colher de sopa) por dia, pois acima desta quantidade os ganhos para o
organismo não serão proporcionais. A Tabela 1 apresenta a comparação entre alguns valores
nutricionais do pólen apícola desidratado brasileiro, obtidos por diversos pesquisadores.
-
26
Tabela 1 – Composição química apresentada por alguns autores em diferentes amostras (100g)
de pólen apícola desidratado brasileiro
Referências
Composição
Umidade
(%)
Proteína
(%)
Fibra
bruta
(%)
Açúcares
totais (%)
Lipídeos
(%)
Cinzas
(%)
(A) 4,83 23,35 NA 27,71 6,33 2,95
(B) 3,37 19,8 NA 2,16 3,44 2,02
(C) 3,47 23,38 NA NA 5,39 2,98
(D) 22,54 12,95 NA NA 2,74 2,84
(E) 9,79 10,59 NA NA NA 2,69
(F) 8,35 22,11 NA 19,49 6,64 3,77
(G) 18,0 33,0 3,5 NA 4,8 3,94
BRASIL
(2001b) Máx. 4 Mín. 8 Mín. 2
14,5 a
55,0 Mín. 1,8 Máx. 4
Fonte: (A) ARRUDA, 2013. (Várias regiões do Brasil); (B) SATTLER, 2013. (Região sul do Brasil); (C)
ARRUDA et al., 2013. (Vale do Ribeira – SP); (D) MELO; MEDEIROS, 2015. (Semiárido Potiguar - RN); (E)
ALMEIDA et al., 2012. (Microrregião de Ribeira do Pombal – BA); (F) NASCIMENTO, 2015. (Esperantina –
PI); (G) FERREIRA, 2012. (Camaçari – BA).
NA – não analisado.
2.2.2 Gergelim
O gergelim (Sesamum indicum L.) é uma semente oleaginosa que pertence à família
Pedaliaceae sendo bastante encontrada em áreas tropicais e subtropicais (CALVETTE et al.,
1993 apud HADDAD, 2013).
Está entre as oleaginosas mais cultivadas no mundo (LIMA, 2015). Sendo cultivada
em diversos países como Burma (Myanmar), Índia, Sudão e China que são responsáveis por
60% da produção mundial (LEMES, 2018). No Brasil, os estados de Goiás, Mato Grosso, Ceará,
Rio Grande do Norte, Bahia, Piauí, e Minas Gerais estão entre os principais produtores do país.
Nas regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste do país, o gergelim faz parte do consumo popular
sendo, portanto, uma alternativa de grande importância econômica e social para os pequenos e
médios produtores. Além disso, ele é de fácil cultivo e é tolerante a seca (QUEIROGA; ARIEL;
SILVA, 2010; LIMA, 2015).
No Brasil é possível observar a presença de um mercado crescente na indústria
alimentícia, sendo bastante empregado na sua forma in natura ou como ingrediente na
elaboração de produtos de panificação, farinhas, biscoitos, doces, dentre outros, além do
mercado de óleo para consumo humano (SOUZA; FERREIRA; BELTRÃO, 2013).
É um alimento bastante nutritivo, possui quantidades significativas de vitaminas,
principalmente do complexo B, constituintes minerais como cálcio, ferro, fósforo, potássio,
-
27
magnésio, sódio, zinco e selênio, além de proteínas de alto valor biológico e lipídios, em sua
maioria, ácidos graxos insaturados (HADDAD, 2013; LIMA, 2015; LEMES, 2018).
Estudos realizados por diversos autores relatam que são inúmeros os benefícios
proporcionados pelo consumo de gergelim (LIMA, 2015). Dentre alguns, temos a melhora da
função reprodutiva em decorrência de seus efeitos antioxidantes e do aumento nos níveis de
testosterona; o controle glicêmico e do peso corporal; o aumento da atividade de enzimas
antioxidantes em condições de estresse oxidativo; a redução dos níveis de colesterol sérico; o
aumento da capacidade antioxidante na hipercolesterolemia (SILVA et al., 2011).
A Tabela 2 apresenta a comparação entre alguns valores nutricionais de cultivares
de gergelim, obtidos por diversos pesquisadores, como também, a disponível na tabela de
referência Tabela Brasileira de Composição de Alimentos (TACO) (TACO, 2011).
Tabela 2 – Composição química apresentada por alguns autores em diferentes amostras de
gergelim para 100g de parte comestível
Referências
Composição química
Umidade
(%)
Proteína
(g)
Fibras
(g)
Carboidratos
(g)
Lipídeos
(g)
Cinzas
(g)
(A) 4,7 19,8 10,8 18,4 51,9 5,2
(B) 3,03 18,83 10,87 7,06 56,46 3,76
(C) 3,24 19,46 24,10 0 48,92 4,28
(D) 5,65 20,03 NA NA 55,35 5,34
(E) NA 18,95 3,2 NA 55,98 4,93
(F) NA 23,16 3,3 NA 49,64 4,53
(G) 3,9 21,2 11,9 21,6 50,4 2,9
Fonte: (A) NAMIKI, 2007 (Citado por BARBOSA, 2013); (B) SILVA et al., 2011a (gergelim creme); (C) SILVA
et al., 2011a (gergelim preto); (D) QUEIROGA et al., 2012; (E) ROSEMAR et al., 2013 (Barbalha –CE); (F)
ROSEMAR et al., 2013 (Patos – PB); (G) – TACO, 2011.
NA – não analisado.
2.2.3 Mel
O mel é um produto alimentício natural produzido pelas abelhas melíferas, a partir
do néctar das flores (mel floral) e/ou exsudatos sacarínicos de plantas (mel de melato) que as
abelhas recolhem, transformam, combinam com substâncias específicas próprias, armazenam e
deixam maturar nos favos da colmeia (BRASIL, 2000).
Considerado um dos alimentos mais puros da natureza, o mel é apreciado por
muitos desde a Grécia Antiga, não só por se tratar de um produto com excelentes propriedades
sensoriais, mas também por sua qualidade nutricional (vitaminas, minerais, valor energético
-
28
elevado) e medicinal, assim por ser um alimento natural, o número de adeptos ao seu consumo
tem aumentado nos últimos anos no mundo todo (DAMASCENO et al., 2010; MANTILLA et
al., 2012). O Brasil no ano de 2016, fora o 9º maior produtor e exportador de mel do mundo, e
no ano de 2017 alcançou um volume acima de 27 mil toneladas em exportações, segundo a
Associação Brasileira de Exportadores de Mel (ABEMEL) (ABEMEL, 2018).
Estudos realizados por Formiga (2014) indicam que a definição das características
sensoriais relativas ao sabor doce do mel é proveniente da presença de monossacarídeos frutose
(38%) e glicose (31%). É possível verificar também, a existência de quantidades significativas
de tipos variados de açúcares (sacarose, maltose, outros dissacarídeos e açúcares superiores),
sais minerais (potássio, sódio, cloro, enxofre, cálcio, fosfato, silício, ferro e magnésio) e
enzimas (invertase, diástase, glicose oxidase, catalase e fosfatase) (GOMES et al., 2015;
BIONDO; CASARIL; VIEIRA, 2016).
Possui também, a presença de ácidos (glucônico, succínico, málico, acético, cítrico
e o butírico) que não só contribuem no seu sabor, mas também, são importantes para a
manutenção da sua shelf-life. Além disso, foram identificadas a presença de pequenas
quantidades, de praticamente, todos os aminoácidos (a prolina, a lisina, o ácido glutâmico e o
ácido aspártico) e de vitaminas como a tiamina (B1), riboflavina (B2), niacina (B3), ácido
pantotênico (B5), pirixodina (B6) e a vitamina C (BIONDO; CASARIL; VIEIRA, 2016).
Dentre as propriedades medicinais conhecidas do mel temos a atividade
antimicrobiana, proteção contra doenças gastrintestinais, propriedades antioxidantes,
propriedades prebióticas, cicatrizantes, curativa, calmante, regenerativa dos tecidos,
estimulante, antifúngica e antibacteriana (GONÇALVES; ALVES FILHO; MENEZES, 2005).
Entretanto, suas propriedades nutricionais e sensoriais (cor, aroma e sabor) podem
variar de acordo com as espécies de plantas visitadas pelas abelhas, natureza do solo, raça das
abelhas e condições climáticas e geográficas (BARTH et al., 2005; SCHLABITZ, 2010;
MANTILLA et al., 2012).
As normas para a produção, tipificação, processamento, envase, distribuição,
identificação e certificação da qualidade para o mel estão descritas no Regulamento Técnico de
Identidade e Qualidade do Mel (BRASIL, 2000).
A Tabela 3 apresenta a comparação entre as características físico-químicas de
amostras de mel encontradas no Brasil, obtidas por diversos pesquisadores
Tabela 3 – Características físico-químicas apresentadas por alguns autores em diferentes
amostras de mel encontrados no Brasil
-
29
Referências
Composição
Umidade
(%)
Açúcares
redutores
–AR² (%)
Sacarose
Aparente
(%)
Cinzas
(%)
Acidez
total
(%)
pH
(%)
HMF
(mg.kg-1)
(A) 29,02 45,16 5,5 0,37 43,51 4,1 NA
(B) 17,87 67,56 2,65 0,31 24,33 4,45 13.77
(C) 18,84 67,29 1,76 0,38 34,73 3,76 46,36
(D) 20,04 NA NA 0,18 23,65 2,75 9,10
BRASIL
(2000) Máx. 20 Mín. 65 Máx. 6
Máx.
0,6
Máx.
50 NE Máx. 60
Fonte: (A) SOUSA et al., 2013 (Região do Seridó - RN); (B) SCHLABITZ, 2010 (Vale Taquari - RS); (C)
GOMES et al., 2015 (Diversas regiões do Brasil); (D) BIONDO, CASARIL e VIERA, 2016 (Francisco Beltrão
– PR).
NA – não analisado. NE – não estabelecido.
2.3 Fonte de nutrientes em barras alimentícias
Muitos estudos comprovam a eficácia do consumo de barras alimentícias na perda
e manutenção de peso (PINTP, 2017). Diante disso, fontes de nutrientes que possam ser
encontradas na elaboração de barras alimentícias foram estudadas.
2.3.1 Proteínas
Proteínas são macromoléculas formadas por uma cadeia com cerca de 20
aminoácidos combinados de forma aleatória. Elas são responsáveis pelo funcionamento do
organismo através de sua participação em inúmeros processos fisiológicos, principalmente
aqueles relacionados aos exercícios físicos intensos e de longa duração (VIEIRA, 2003; SILVA;
FROTA; ARÊAS, 2012).
O organismo é capaz de sintetizar somente 10 dos 20 aminoácidos encontrados nas
moléculas proteicas e vai suprir as necessidades celulares, sendo denominados aminoácidos
não-essenciais: glicina, alanina, serina, prolina, cisteína, ácido aspártico, ácido glutâmico,
asparagina, glutamina e tirosina, e os outros 10 necessariamente precisam estar presente na
dieta, já que o organismo é incapaz de sintetizá-los são os chamados aminoácidos essenciais:
treonina, lisina, metionina, arginina, valina, fenilalanina, leucina, triptofano, isoleucina e
histidina (VIERA, 2003).
-
30
Porém, em algumas condições fisiopatológicas especiais, tais como, prematuridade,
recém-nascidos, estresse catabólico severo em adultos, disfunção metabólica intestinal, alguns
aminoácidos não-essenciais podem se tornar essenciais, já que o organismo não consegue suprir
sua necessidade. São eles: arginina, cisteína, glutamina, glicina, prolina e tirosina (SILVA;
FROTA; ARÊAS, 2012). O quadro 1, a seguir, cita algumas funções das proteínas no organismo
humano.
Quadro 1 – Funções biológicas das proteínas
Funções biológicas das proteínas
Construção e manutenção dos tecidos
Formação de enzimas
Formação de hormônios
Formação de anticorpos
Fornecimento de energia – 4kcal/g ou 16,7kJ/g
Regulação de processos metabólicos
Transportadores de membrana
Transporte de triglicerídeos, colesterol, fosfolipídeos e vitaminas lipossolúveis
no sangue (lipoproteínas)
Transporte de oxigênio (hemoglobina e mioglobina)
Fonte: Silva, Frota e Arêas (2012).
Assim, para que o organismo consiga obter todos os aminoácidos necessários, a
dieta do indivíduo deve conter alimentos como carnes vermelhas, frango, peixes, ovos, queijos,
proteínas da soja, feijão, lentilha, amêndoas, amendoim, castanha do Pará, castanha de caju,
gergelim, aveia, granola, arroz, dentre outras fontes (FOOD INGREDIENTS BRASIL, 2014).
Caso não seja possível através de alimentos comuns, uma alternativa seria o consumo de barras
alimentícias por substituírem outros alimentos de menor valor nutricional (SOUSA, 2016).
Para que o alimento seja considerado fonte proteica, este deve possuir em sua
composição no mínimo 6g de proteínas por 100g de pratos preparados conforme o caso ou por
porção; e, alto conteúdo quando este conter no mínimo 12g de proteínas por 100g de pratos
preparados conforme o caso ou por porção (BRASIL, 2012).
Diversas pesquisas têm demonstrado que compostos oriundos de misturas de
vegetais, tais como cereais, frutas, leguminosas e oleaginosas, entre outros, podem resultar em
alimentos ricos em proteínas de alto valor biológico (SANTOS, 2008).
-
31
As barras proteicas, como o próprio nome diz, priorizam por um teor de proteínas
diferenciado e foram inicialmente desenvolvidas com foco em atletas, mas atualmente podem
ser consumidas não só por praticantes de esporte, mas por qualquer pessoa que deseje ingerir
uma fonte de proteína (BOSQUESI; CAMISA; SANTOS, 2016).
2.3.2 Fonte de minerais
Os minerais são micronutrientes com papel importante no desempenho das funções
orgânicas do organismo, podendo atuar como constituintes de compostos em hormônios,
enzimas e proteínas teciduais, promovendo assim o crescimento físico e a integridade e
funcionamento do sistema imune, além de auxiliar na prevenção de doenças (BATISTA et al.,
2016).
Porém, como o organismo mesmo sendo composto por cerca de 4 a 5% de minerais,
ainda não pode fabricá-los e a sua principal fonte são os alimentos, sejam eles de origem vegetal
ou animal (FOOD INGREDIENTS BRASIL, 2008). Por isso, é importante estar atento para o
teor destes durante o processo de compra e consumo.
Como exemplo destes elementos químicos, necessários para o bom funcionamento
do organismo humano, temos:
a) o ferro, que além de fazer parte da composição de diversas enzimas presentes no
organismo humano, faz parte da cadeia respiratória e atividades antioxidantes. Sua
deficiência pode acarretar diversas consequências à saúde, tais como: anemias,
anorexia, redução da imunidade, dentre outras (MONTEIRO, 2017);
b) o cobre, assim como ferro, também faz parte da composição de diversas enzimas e
sua carência pode levar a hipopigmentação do cabelo e pele, osteoporose,
neutropenia e anemia hipocrómica (MONTEIRO, 2017);
c) o zinco possui diversas funções, como: antioxidante, regulador do sistema
imunitário, atua na síntese de proteínas, no metabolismo energético e da vitamina
A, dentre outras. A redução deste na alimentação pode levar, dentre outros
transtornos, ao aumento da incidência de doenças degenerativas, ao atraso de
crescimento/desenvolvimento, erupções cutâneas, dificuldade de cicatrização e
morte (MONTEIRO, 2017);
d) o cálcio é presente em maior quantidade no corpo humano, já que é um dos
constituintes principais dos ossos. Além disso, está presente nas células, auxiliando
no controle da permeabilidade; além de diversos hormônios, nos processos de
-
32
contração muscular, dentre outras. Sua indisponibilidade pode resultar em sinais de
descalcificação, tais como: raquitismo, osteoporose e retardamento do crescimento
(FOOD INGREDIENTS BRASIL, 2008);
e) o potássio está presente em sua maior parte na líquido intracelular (90%). Atua na
síntese de proteínas e do glicogênio, regula o teor de água presente no organismo,
auxilia na redução da pressão arterial, assim a diminuição de seus níveis pode
acarretar no aumento da pressão arterial e aumento dos distúrbios neuromusculares
(FOOD INGREDIENTS BRASIL, 2008);
f) e o sódio, além de atuar na bomba de sódio e potássio e no controle da pressão
arterial, atua também no processo de absorção de aminoácidos, glicose e água. Sua
deficiência leva a sintomas como dor de cabeça, náusea, vômito, fadiga, cãibra
muscular e até a desorientação (FOOD INGREDIENTS BRASIL, 2008).
Dentre os ingredientes utilizados na formulação da barra alimentícia utilizada neste
estudo, em cuja composição há a presença de sais minerais, temos o pólen apícola (MELO,
2015; LOPES, 2016; KAMINSKI, 2017), gergelim creme com casca (BARBOSA, 2013;
HADDAD, 2013; LIMA, 2015) e o mel de abelhas (FORMIGA, 2014; LOPES, 2014;
BIONDO; CASARIL, VIEIRA, 2016).
2.3.3 Compostos antioxidantes
Substância antioxidante é aquela capaz de bloquear efeitos deletérios causados
pelos radicais livres (RL) e espécies reativas (CARPES, 2008; BALESTRO; SANDRI;
FONTANA, 2011). Os radicais livres são moléculas geradas por fatores exógenos (fumo,
poluição, radiações, ect.) e endógenos (processos metabólicos normais aos seres vivos) ao
organismo, altamente instáveis capazes de oxidar macromoléculas ou estruturas celulares
(CARPES, 2008; CÓRDOVA et al., 2012; MELO, 2015). Dentre os compostos antioxidantes,
podemos citar as vitaminas C e E, β-caroteno e diversos compostos fenólicos (ácidos fenólicos
e flavonoides) e carotenóides (OLIVEIRA, 2017).
Quando a quantidade de radicais livres é maior que a quantidade de antioxidantes,
o organismo entra em estresse oxidativo, podendo este ser um fator importante no
desencadeamento de inúmeras doenças crônicas e degenerativas, tais como o câncer, diabetes,
Parkinson, problemas cardíacos, dentre outras (CARPES, 2008; BALESTRO; SANDRI;
FONTANA, 2011; OLIVEIRA, 2017).
-
33
Apesar de o organismo humano ser capaz de produzir essas substâncias
antioxidantes naturalmente, os alimentos são uma excelente fonte natural exógena fundamental
na prevenção desse estresse oxidativo, sendo assim, capaz de prevenir o surgimento de diversas
doenças e o envelhecimento (CÓRDOVA et al., 2012; MELO, 2015).
Estudos comprovam que os compostos fenólicos apresentam atividade antioxidante
capaz de evitar o processo oxidativo e possuem ação antimicrobiana em alimentos
(CAVALCANTE, 2014). Já em relação à saúde humana, Lopes (2016) afirma que a ingestão
diária de compostos fenólicos é capaz de reduzir o desenvolvimento de doenças como a
aterosclerose, patologias do coração e até algumas infecções.
Muitas pesquisas têm sido realizadas com o intuito de avaliar a capacidade
antioxidante em alimentos e em seus resíduos industriais (BALESTRO; SANDRI; FONTANA,
2011). Já que a busca de consumidores por produtos alimentícios que ofereçam esse benefício
tem aumentado a cada ano (OLIVEIRA, 2017).
Dentre os ingredientes utilizados na formulação da barra alimentícia em estudo,
temos o pólen apícola, que possui em sua composição compostos fenólicos, tais como
flavonóides, ácidos fenólicos e diterpenos fenólicos, que são substâncias químicas responsáveis
pela ação antioxidante (CARPES, 2008; JACOB, 2014; NASCIMENTO, 2015; KAMINSKI,
2017).
Quanto ao gergelim, diversos estudos comprovaram que este possui altos níveis de
polifenóis e antioxidantes contribuindo não só na prevenção de doenças, mas também atuando
como um conservante natural de alimentos com alto teor de lipídeos (QUEIROGA; ARIEL;
SILVA, 2010; NASCIMENTO, 2015; SILVA, 2015).
E o mel que, embora em pequena quantidade, também possui compostos fenólicos
com propriedades antioxidantes, que podem variar de acordo com a florada, ou seja, irão
depender dos substratos utilizados pelas abelhas durante a sua produção (JACOB, 2014;
FRAGOSO, 2017; OLIVEIRA, 2017). Dentre os compostos responsáveis pela atividade
antioxidante presentes no mel, temos: os ácidos cinâmico, cafeico, ferúlico e cumárico, a
quercetina, crisina ou o campferol (LOPES, 2014).
-
34
2.4 Análise sensorial
Diante da exigência cada vez maior dos consumidores por produtos alimentícios
mais saudáveis e de rápido preparo, fácil consumo e que alcancem uma boa aceitação ao paladar,
muitas indústrias buscam diversas ferramentas para o desenvolvimento de produtos que
antecipem as necessidades do consumidor e conquistem uma boa parcela do mercado
(KOTLER, 2000; LIMA, 2015; SOUSA, 2016).
Têm-se então, na análise sensorial uma importante ferramenta que pode ser
utilizada nas diversas fases de desenvolvimento, reprodução ou melhoria de um produto
(MINIM, 2013). Podendo atuar ainda em diversas áreas no contexto industrial, tais como:
controle de qualidade, na seleção dos sistemas de envase e das condições de armazenamento
para otimização e melhoria da qualidade, estudos da vida de prateleira (shelf-life), estudos de
preferências dos consumidores e análise de mercado (FURTADO, 2011; BARBOSA et al.,
2016).
Além disso, Dutcosky (2013) explica que não se pode esquecer que um produto
com qualidade sensorial é aquele resultante da relação entre um alimento e as características do
consumidor, sejam elas fisiológicas, psicológicas e/ou sociológicas.
A análise sensorial é então definida por Minim (2013, p. 13) como “[...] uma ciência
que objetiva principalmente, estudar as percepções, sensações e reações do consumidor sobre
as características dos produtos, incluindo sua aceitação ou rejeição.”, sendo este o fator de
qualidade mais importante, já que consegue reproduzir mais fielmente a opinião do consumidor
em relação ao produto (FURTADO, 2011).
Para isso, as escolhas das metodologias sensoriais de coletas de dados mais
adequadas para a pesquisa, bem como dos métodos estatísticos de avaliação e interpretação dos
resultados, são importantes requisitos para o sucesso do uso dessa ferramenta (TORRES, 2009).
As principais metodologias utilizadas são: métodos descritivos – avaliam de forma
qualitativa e quantitativamente as amostras; métodos discriminativos – avaliam as diferenças
entre as amostras de forma qualitativa e/ou quantitativa; métodos subjetivos – expõem a opinião
pessoal do provador (DUTCOSKY, 2013).
O Quadro 2 traz a classificação dos métodos de avaliação sensorial em função dos
objetivos globais e seu uso na Pesquisa e Desenvolvimento de novos produtos – P&D.
-
35
Quadro 2 – Classificação dos métodos de avaliação sensorial em função dos objetivos globais
e seu uso na Pesquisa e Desenvolvimento de novos produtos – P&D
Métodos de
Análises
Questões
relacionadas
Aplicação no
PDPA
Objetivo Global
Descritivas - Quais os
atributos dos
produtos?
- Que atributos
temdiferenças?
- Manutenção de
produtos;
-Otimização de
produtos;
-Novos produtos;
-Correlação com
atributos físicos;
-Correlação com
preferência dos
consumidores.
- Fornece descrição
detalhada dos atributos dos
produtos;
- Permite avaliar a
intensidade dos atributos
sensoriais de um produto;
- Determina se existe
diferença significante entre
dois produtos, e em
consisteesta diferença.
Discriminativas - O produto é
diferente?
- A diferença é
perceptível?
- Manutenção de
produtos;
- Otimização de
produtos;
-Novos produtos.
- Determina se a diferença
entre dois produtos é
significante;
- São avaliadas as diferenças
sensoriais entre dois ou mais
produtos.
Afetivas - Gosta ou
desgosta?
- Qual prefere?
- O que mais
gosta?
- Manutenção de
produtos;
- Otimização de
produtos;
-Novos produtos;
-Correlação com
preferência dos
consumidores.
- Avalia a aceitação e
preferência dos
consumidores em relação a
um ou mais produtos;
- A avaliação pode ser
realizada separadamente ou
como parte da análise de
mercado.
Fonte: Oliveira e Rodrigues (2011).
Um outro fator importante durante a realização dos testes sensoriais é a condição
das amostras apresentadas ao provador com relação a diversos aspectos, tais como, a quantidade,
temperatura e a codificação. A equipe de provadores, preferencialmente, deve gostar do produto
avaliado, ter disponibilidade de tempo para participar dos testes e não apresentar nenhum tipo
de alergia ou intolerância aos ingredientes. Além disso, o horário e o local de realização dos
testes devem possuir ventilação agradável e iluminação adequada. Todos esses cuidados são
bastante importantes, pois garantem a uniformidade em toda a metodologia e a padronização
dos experimentos (MINIM, 2013).
-
36
2.4.1 Grupo de foco
O número de pesquisas que estão utilizando abordagens qualitativas, tais como o
grupo focal, para entender os fenômenos sociais vem aumentando a cada dia (SOUZA;
GONDIM; ABBAD, 2013). A aplicação dessa ferramenta teve início por volta 1920, com foco
em pesquisas de marketing e posteriormente, em 1950, foi utilizada para avaliar como as
pessoas reagiam às propagandas de guerras. Porém, só na década de 60 foi legitimada como
uma técnica científica, com aplicações em pesquisas qualitativas e sendo popularizada na
década de 70 como uma metodologia altamente eficaz. Desde então, esta vem sofrendo
constantes mudanças a fim de tornar-se cada vez mais aprimorada (GREENBAUM, 1998;
GATTI, 2005; REGO, 2013).
O grupo focal é uma técnica de entrevista minuciosamente planejada que vem
ganhando bastante espaço em diversas áreas de estudo, pois utiliza o diálogo e a interação entre
um pequeno grupo de pessoas que possuam algo em comum, previamente selecionados e
reunidos para a produção de dados sobre um tema específico sugerido pelo pesquisador, e
semiestruturado através de questões ou tópicos que norteiem a discussão (GATTI, 2005;
CULLIER; SCOTT, 2010; SOUZA; GONDIM; ABBAD, 2013; BARROSO NETO; MANOS;
GALVÃO, 2015; KANALSKI et al., 2017).
Essa metodologia é capaz de proporcionar aos presentes a troca de informações,
experiências, sentimentos, crenças, conceitos e opiniões. Sem, no entanto, obter um consenso
entre os participantes (GATTI, 2005; CULLIER; SCOTT, 2010). A maioria dos autores indica
a quantidade de 6 a 12 participantes, por grupo (SOUZA; GONDIM; ABBAD, 2013).
Para a correta aplicação dessa técnica é necessário atender a alguns pontos.
Primeiramente, deve-se planejar o processo e o roteiro de perguntas tendo em mente o tema e
o objetivo do estudo bem definido. Em seguida, deve-se decidir quem será o moderador da
pesquisa que, normalmente, é o (a) autor (a) desta, os auxiliares, que o ajudaram no processo
de observação e anotações dos fatos relatados e, finalmente, os seus participantes que devem
ter pelo menos uma característica em comum de interesse do estudo em questão. Posteriormente,
define-se um local confortável, de preferência central para facilitar o acesso dos envolvidos, e
o número de participantes não deve ultrapassar 12 por sessão. O tempo para realização não deve
ultrapassar 2 horas. O pesquisador também deve ter um suporte técnico de áudio e vídeo para
que, com autorização dos envolvidos, todo o diálogo seja registrado. Em seguida, os dados
serão transcritos, debatidos e analisados (GREENBAUM, 1998; GATTI, 2005; DUTCOSKY,
-
37
2013; MINIM, 2013; SOUZA; GONDIM; ABBAD 2013; BARROSO NETO; MANOS;
GALVÃO, 2015).
Assim, verifica-se que o grupo focal é uma técnica de pesquisa qualitativa bastante
fundamentada e, se aplicada de modo correto, é capaz de obter informações genuínas sobre
determinados grupos e realidades (CALÇADA; TIRELLI, 2013; SOUSA, 2016; PINTO, 2017).
Portanto, se caracteriza como sendo uma importante estratégia de pesquisa qualitativa a ser
utilizada neste estudo para que se possa entender melhor o comportamento e atitudes de compra
dos consumidores de barra alimentícia.
2.4.2 Expectativa do consumidor
O estudo da expectativa verifica a aceitação dos produtos pelos consumidores, a
partir das perspectivas geradas pelas ações de marketing sob o produto e a sua influência sobre
a aceitação sensorial (NORONHA; DELIZA; SILVA, 2005).
A expectativa como o conjunto de ideias, sentimentos ou atitudes formadas pelo
indivíduo, influenciadas por momentos, pessoas ou produtos ainda não conhecidos, pode,
inclusive, aumentar ou diminuir sua intenção de compra (CARDELLO, 1994; DELIZA;
ROSENTHAL; COSTA, 2003).
Segundo Noronha, Deliza e Silva (2005) para entender a relação entre os alimentos
e o comportamento do consumidor, é interessante compreender algumas áreas do conhecimento,
tais como, ciência e tecnologia de alimentos, nutrição, psicologia e marketing. Já que, o modo
como os consumidores percebem as características sensoriais de um alimento podem ser
influenciadas por diversos fatores formados de acordo com as características fisiológicas,
comportamentais e cognitivas de cada indivíduo (REBOUÇAS, 2012).
Além disso, quando o foco do estudo é um alimento pode-se verificar um aumento
ou diminuição da intenção de compra deste, antes mesmo de ser degustado pelo consumidor
(NORONHA, 2003).
As características extrínsecas do produto são formadas por informações que não
estão fisicamente presentes no alimento, mas estão ligadas a ele. Ou seja, é formada pela
expectativa que ele provoca com base nas memórias de quem o consome. Em outras palavras,os
consumidores inferem as características do alimento, tais como, o sabor, a partir de suas
lembranças (SCHULTE-HOLIERHOEK et al., 2017).
Cardello (1994) descreve dois tipos de expectativa: a expectativa sensorial
(sensory-based) em que os consumidores esperam encontrar determinadas características
-
38
sensoriais num produto e, a expectativa hedônica, onde os consumidores antes de experimentar
o produto já possuem uma ideia do quanto irão gostar ou desgostar deste.
Para explicar como acontece esse efeito, foram criados vários modelos, como
exemplo deles temos: (1) assimilação, (2) contraste, (3) negatividade generalizada e (4)
assimilação – contraste (DELIZA; MACFIE, 1996; NORONHA; DELIZA; SILVA, 2005).
A assimilação ocorre quando uma diferença na expectativa do consumidor, entre o
momento da compra e o que ele de fato encontrou no produto é assimilada, com isso, a
percepção do produto após o consumo deve ser próxima à expectativa por ele gerada. O
contraste ocorre quando o produto é melhor ou pior que o esperado, consequentemente, a
avaliação do mesmo será ainda pior ou bem melhor do que as expectativas. A negatividade
generalizada é percebida quando há uma divergência entre o nível de expectativa do consumidor
e o que ele realmente encontra no produto e, como consequência, tem-se uma avaliação negativa
do mesmo. A assimilação-contraste ocorre quando as expectativas do consumidor em relação
ao produto não são confirmadas. Então, ele poderá se enquadrar tanto no modelo de assimilação,
como o de contraste, de acordo com a diferença entre a sua expectativa e a sua avaliação após
o consumo (DELIZA; MACFIE, 1996; NORONHA; DELIZA; SILVA, 2005).
Para verificar o efeito da expectativa sobre a percepção do consumidor Deliza e
Macfie (1996) propõem o uso de três etapas: i) avaliação cega, ii) avaliação da expectativa e iii)
avaliação real. A avaliação cega propõe que o consumidor avalie o produto na ausência de
qualquer informação. Neste caso, serão avaliadas apenas as características sensoriais através de
testes de aceitação. Na expectativa, o consumidor apenas observará a embalagem do produto
com suas informações e descreverá o quanto ele espera gostar ou desgostar do mesmo sem, no
entanto, degustá-lo. E, por último, é feita avaliação real onde o produto e suas informações são
submetidas a avaliação e o consumidor deverá informar o quanto gostou ou desgostou do
mesmo.
Caso o consumidor avalie positivamente produto testado, ele provavelmente tornará
a consumi-lo, ou seja, a expectativa foi confirmada. Porém, este pode ainda superar a
expectativa do consumidor gerando uma satisfação maior que a esperada (desconfirmação
positiva). Já quando o produto é pior que o esperado, haverá uma insatisfação que pode
provocar uma rejeição do produto (desconfirmação negativa) (REBOUÇAS, 2016).
-
39
2.5 Marketing em alimentos
Uma estratégia é constituída pela sua formulação e sua implantação, que são
apresentadas separadamente, para fins de estudo e análise, mas que precisam estar inter-
relacionadas na prática empresarial (TOALDO; LUCE, 2006). Para Porter (2004), a formulação
de uma estratégia competitiva é um processo que precisa levar em consideração quais são os
pontos fortes e fracos da organização; as expectativas da sociedade; as motivações, os valores
pessoais e as necessidades dos responsáveis pela aplicação da estratégia escolhida; os desafios
e as oportunidades da indústria. Já Webster Jr. (1992) afirma que é importante esta visão da
estratégia como um processo, pois, o valor oferecido ao mercado não está apenas no objeto da
transação, mas nas atividades e nas pessoas envolvidas antes, durante e depois da sua efetivação.
Portanto, o foco das atenções é a estratégia. No cenário competitivo mundial em
que as organizações estão inseridas, a questão estratégica é de suma importância. Nesse
contexto, surge o marketing que assume um papel fundamental, pois, liga a organização ao
mercado. Assim, o marketing contribui com a realização de estratégias que configurem entrega
de valor ao mercado (WOODRUFF, 1983).
Com o crescimento e multiplicação na variedade de produtos ofertados, as empresas
buscam constantemente maneiras de diferenciação diante de seus concorrentes e a fidelização
de seus clientes (MESQUITA, 2016).
Uma dessas ferramentas é o uso do marketing sensorial, que busca conquistar um
espaço na memória e no subconsciente dos consumidores através de meios multissensoriais, ou
seja, mais do que um dos cinco sentidos, para afetar a decisão de compra, mesmo em meio a
tantas informações disputando sua atenção (LOPES, 2010).
Outra ferramenta bastante empregada pela indústria alimentícia é o marketing
nutricional, que visa não só informar aos consumidores sobre o conteúdo nutricional presente
no produto, mas também, diferenciá-lo dos demais, atraindo com isso, sua preferência
(SCAGLIUSI; MACHADO; TORRES, 2005).
Convém entender um pouco o fundamento do consumo atual e as interferências sob
os consumidores, como uma maneira de tornar suas escolhas e decisões diárias de consumo
mais racionais (COUTINHO; LUCIAN, 2015).
-
40
2.5.1 Comportamento do consumidor
Entender o comportamento do consumidor tornou-se essencial para o bom
desempenho das atividades de marketing, uma vez que é constituído pelos atributos detectados
que determinam o que impulsiona o consumidor a comprar, o local onde irá consumir, a
quantidade ou ainda o motivo do cliente optar por um produto em detrimento de outro (NUNES,
2016). Segundo Kotler (2000, p. 83),
O ponto de partida para conhecer e satisfazer as necessidades dos clientes-alvo é tentar
compreender o comportamento do consumidor; estudar como pessoas, grupos e
organizações selecionam, compram, usam e descartam artigos, serviços, ideias ou
experiências para satisfazer suas necessidades e desejos. Os consumidores ainda são
influenciados por outras variáveis muito importantes em seus comportamentos no ato
da compra, entre elas estão as classes sociais e as variáveis sociais.
De acordo com Paixão (2011), esse conhecimento auxilia as empresas perceberem
qual a melhor forma de satisfazer as necessidades de seus clientes. Constantemente, as pessoas
em todo o mundo estão consumindo e há diversas opções para satisfazer a necessidade de cada
um. A razão pela qual se compra é algo individual, podendo até haver uma relação afetiva entre
o produto consumido ou até com a marca em si.
Para Czinkota e Dickson (2001, p. 138), o comportamento do consumidor “[...] é a
atividade mental e física realizada por consumidores domésticos e comerciais, que resulta em
decisões e ações de pegar, comprar e usar produtos.”. Já para Samara e Morsch (2005), o
comportamento do consumidor se caracteriza como processo: um conjunto de estágios que
envolvem a seleção, a compra, o uso ou a disposição de produtos, ideias ou experiências para
satisfazer necessidades e desejos. E esse processo é contínuo, não se limitando apenas ao
momento da compra, quando a troca se efetiva. Embora a troca (uma transação em que duas ou
mais entidades dão e recebem algo de valor) seja a essência do marketing, o entendimento mais
amplo compreende todo o processo de consumo, o que inclui os aspectos que influenciam o
consumidor antes, durante e depois da compra.
Hawkins, Mothersbaugh e Best (2007) afirmaram que esta área de conhecimento
está relacionada ao estudo de organizações, grupos ou indivíduos e as diversas ferramentas
utilizadas para escolher e dispor das melhores opções de produtos/serviços para atender as
necessidades dos clientes e verificar o impacto dessas decisões sob eles.
Enquanto que Solomon (2002) diz que o comportamento do consumidor é o modo
como as pessoas compram, utilizam os produtos, serviços, opiniões ou conhecimentos, ou se
aproveitam deles, para realizar seus desejos. Com isso, percebe-se que em se tratando de
-
41
compras, as decisões tomadas pelos consumidores podem ser não só individuais, mas também
em grupo.
Relata-se que as atitudes mostram como os consumidores se posicionam diante das
estratégias de marketing que tentam mudar seu comportamento, fazendo disso um construto
bastante interessante no estudo dos consumidores. Essas atitudes descrevem o comportamento
e como ele pode ser influenciado, pois, os seus resultados auxiliam as pessoas nas possíveis
mudanças no ponto de vista anterior (CROSS, 2005).
Já quando se fala em alimentos, foco desta pesquisa, as atitudes do consumidor
podem favorecer o entendimento, por exemplo, do que leva um cliente a comprar ou não um
determinado produto. A interação de cada consumidor com o produto pode variar de acordo
com vários aspectos, tais como: origens orgânicas, psicológicas e sociais. Sem contar que os
produtos serão submetidos a testes de aprovação ou rejeição com base em suas experiências
sejam elas pessoais, familiares, sociais e/ou culturais (THIEL; DEMONTROND, 1997).
Portanto, é possível dizer que o estudo do comportamento do consumidor identifica
como as pessoas decidem utilizar seus recursos sejam financeiros ou de tempo em algo
relacionado ao consumo (SOUSA, 2016). Ou seja, ele é compreendido como um momento de
decisão que envolve características culturais, sociais, biológicas, pessoais e situacionais que
leva a promoção do desejo e em seguida, cria a necessidade e isso, induz a busca de informações,
análise das características e alternativas de compra do produto, para só então decidir o que
adquirir (GARRÁN; SERRALVO, 2012).
Assim, para tentar entender como esse processo ocorre, é importante conhecer as
variáveis que influenciam na decisão de compra. Estas podem ser resumidas em três categorias:
diferenças individuais, influências ambientais e os processos psicológicos (ENGEL;
BLACKWELL; MINIARD, 2000). O Quadro 3 mostra os fatores que influenciam a tomada de
decisão.
Quadro 3 – Fatores que influenciam na decisão de compra
CATEGORIAS FATORES QUE INFLUENCIAM NA DECISÃO DE COMPRA
Diferenças
individuais
Recursos do consumidor
Cada consumidor tem três recursos para cada situação de tomada de
decisão: tempo, dinheiro e capacidade de recepção e processamento de
informação. De maneira geral, há limites distintos sobre a
disponibilidade de cada um, exigindo, dessa maneira, uma alocação
cuidadosa.
-
42
Conhecimento
A informação armazenada na memória abrange grande variedade de
assuntos, entre elas a disponibilidade e as características de produtos:
onde e quando comprar e como usar os produtos. É importante a
estimativa desses níveis de conhecimento num segmento de mercado-
alvo. Uma das principais metas d