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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA CAMPUS DE JI-PARANÁ DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AMBIENTAL ALBERTO DRESCH WEBLER CARACTERIZAÇÃO E ANÁLISE DA VARIAÇÃO TEMPORAL DE COMPONENTES MICROMETEOROLÓGICOS EM UMA ÁREA DE PASTAGEM NO SUDOESTE DA AMAZÔNIA Ji-Paraná 2011

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[

UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA

CAMPUS DE JI-PARANÁ

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AMBIENTAL

ALBERTO DRESCH WEBLER

CARACTERIZAÇÃO E ANÁLISE DA VARIAÇÃO TEMPORAL DE

COMPONENTES MICROMETEOROLÓGICOS EM UMA ÁREA DE PASTAGEM

NO SUDOESTE DA AMAZÔNIA

Ji-Paraná

2011

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ALBERTO DRESCH WEBLER

CARACTERIZAÇÃO E ANÁLISE DA VARIAÇÃO TEMPORAL DE

COMPONENTES MICROMETEOROLÓGICOS EM UMA ÁREA DE PASTAGEM

NO SUDOESTE DA AMAZÔNIA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado

ao Departamento de Engenharia Ambiental,

Fundação Universidade Federal de Rondônia,

Campus de Ji-Paraná, como parte dos

requisitos para obtenção do título de Bacharel

em Engenharia Ambiental.

Orientadora: Renata Gonçalves Aguiar

Ji-Paraná

2011

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA

CAMPUS DE JI-PARANÁ

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AMBIENTAL

TÍTULO: CARACTERIZAÇÃO E ANÁLISE DA VARIAÇÃO TEMPORAL DE

COMPONENTES MICROMETEOROLÓGICOS EM UMA ÁREA DE PASTAGEM NO

SUDOESTE DA AMAZÔNIA.

AUTOR: ALBERTO DRESCH WEBLER

O presente Trabalho de Conclusão de Curso foi defendido como parte dos requisitos

para obtenção do título de Bacharel em Engenharia Ambiental e aprovado pelo Departamento

de Engenharia Ambiental, Fundação Universidade Federal de Rondônia, Campus de Ji-

Paraná, no dia 14 de novembro de 2011.

_____________________________________

Profa. Ms. Renata Gonçalves Aguiar

Universidade Federal de Rondônia

_____________________________________

Profa. Ms. Nara Luísa Reis de Andrade

Universidade Federal de Rondônia

_____________________________________

Prof. Ms. Fernando Luiz Cardoso

Universidade Federal de Rondônia

Ji-Paraná, 14 de novembro de 2011.

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DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho aos meus pais Arno João Webler e Agnes Dresch Webler pelo

carinho, ânimo e apoio incondicional em todas as minhas decisões e conselhos valiosos, e

principalmente pelo exemplo de dignidade. E a minha querida irmã Geovana Dresch Webler e

meu cunhado Samuel Teixeira, que sempre me animaram em todos os momentos com

incentivos.

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AGRADECIMENTOS

A Universidade Federal de Rondônia, especificamente ao Departamento de

Engenharia Ambiental pelo ensino valioso que me proporcionou durante esses cinco anos

uma formação primorosa.

A minha namorada Angélica Salame que me acompanhou por grande parte de minha

graduação, que graças a ela conseguimos enfrentar juntos as dificuldades, me animando nos

momentos difíceis com seu carinho, amor e seu sorriso.

Aos meus amigos inseparáveis Josiane de Brito Gomes e Marcos Leandro Alves

Nuñes, pela companhia, apoio e ajuda em todos os trabalhos técnicos, como as saídas

divertidas da faculdade.

A minha orientadora Renata Gonçalves Aguiar que foi essencial, pois desde o início

da graduação me auxiliou tanto na área acadêmica, quanto de forma pessoal, sendo ela um

exemplo de profissional da educação e pesquisadora.

Ao meu cunhadão Tiago Salame, e a minha cunhada Fernanda Salame que juntamente

com meu sogro Fernandes Salame me ensinaram muito durante o meu estágio, tornando essa

etapa de suma importância na minha formação.

Aos meus amigos de faculdade João P. P. C. Moreira, Thiago E. P. F. Nascimento,

Farley de O. Xavier e Wekecley Bianqui, que foram sempre companheiros nas atividades de

classe e extraclasse.

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A meus companheiros do Programa LBA, em especial Diego Jatobá dos Santos,

Frederico T. Trindade, Bruno Soares de Castro e Kécio Gonçalves Leite.

Aos professores Fernando L. Cardoso e Nara L. R. de Andrade, que se mostraram

sempre prontos em ajudar, através de comentários e de explicações valiosas na realização do

TCC.

A professora Ana Lúcia D. Rosa e ao professor Marlos G. de Albuquerque, que

apresentam sempre uma animação esplêndida em suas aulas, o que os torna exemplos de

professores.

Ao professor Leonardo J. G. Aguiar que sempre esteve pronto a ensinar, sempre com

ideias inovadoras.

Aos professores Gersina N. R. Carmo Júnior, Johannes G. Janzen, Marcelo M.

Barroso e Igor G. Fotopoulos que me proporcionaram ensino primoroso, sempre me

instigando a melhorar.

Ao programa LBA, que me proporcionou um desenvolvimento pessoal e profissional

de suma importância, especialmente aos professores Alessandro C. de Araújo e Antônio

Manzi, que mesmo em pouco tempo me ensinaram muito.

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RESUMO

Atualmente as transformações do planeta devido às mudanças de uso da terra, à urbanização,

à queima de combustíveis fósseis e entre outras ações antrópicas tem sido amplamente

debatidas e apontadas como os principais fatores para o aquecimento global. Situada na região

amazônica, Rondônia está diretamente ligada às atividades de agricultura, de agropecuária e,

atualmente, de produção de energia elétrica. Tais atividades possuem intrínseca relação com

as profusas perturbações no meio ambiente como, por exemplo, as elevadas taxas de

desmatamento, que levam as fronteiras agropecuárias por sobre as florestas amazônicas,

estando amplamente inseridas no contexto das mudanças climáticas. Desse modo, este estudo

buscou caracterizar e analisar a variação temporal de componentes micrometeorológicos em

uma área de pastagem no sudoeste da Amazônia, nos anos de 1999 a 2010, com o intuito de

verificar se as mudanças no uso do solo amazônico estão alterando o comportamento desses

componentes. As medidas foram no sítio experimental pertencente à rede de torres do

Experimento de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia (Programa LBA), em

Rondônia. O sítio experimental está localizado na Fazenda Nossa Senhora (FNS), os dados de

fluxos de calor latente e sensível foram obtidos utilizando o método de covariância de vórtices

turbulentos. Os resultados despontaram que houve uma variação temporal nas variáveis

estudadas, com aumentos e quedas, a exemplo a temperatura do ar, que obteve um aumento

de 0,64°C, por sua vez a umidade específica sofreu uma queda de 1,44g/kg. Essas mudanças

são consideradas como preocupações futuras, influenciando diretamente na umidade relativa

do ar, uma vez que no período de estudo, teve uma queda de 8,9%. As alterações

microclimáticas ocorridas acabam afetando de forma direta e indireta a população de entorno,

assim como a própria vegetação, que está fortemente ligada a essas variáveis Desta forma, se

deve estabelecer medidas que possibilitem que tais mudanças cessem, ou mesmo, ocorra a

recuperação de algumas áreas.

Palavras-chave: Aquecimento global, alterações microclimáticas, atividade agropecuária.

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ABSTRACT

Currently the transformation of the planet due to changes in land use, urbanization, the

burning of fossil fuels and other human activities has been widely discussed and identified as

the main factors to global warming. Located in the Amazon, Rondônia is directly linked to the

activities of agriculture, livestock, and currently producing electricity. Such activities have a

close relationship with the profuse disturbances in the environment, for example, high rates of

deforestation, farming frontiers that lead over the Amazon rainforests, is also widely within

the context of climate change. Thus, this study sought to characterize and analyze the

temporal variation of micrometeorological components in a pasture area in southwestern

Amazonia, in the years 1999 to 2010, in order to verify that the changes in land use Amazon

are changing the behavior of these components. The measures were the experimental site

belonging to the network of towers of Large-Scale Biosphere-Atmosphere Experiment in

Amazonia (LBA Program) in Rondônia. The experimental site is located at Fazenda Nossa

Senhora (FNS), the data flow of latent and sensible heat were obtained using the method of

eddy covariance data.The results emerged that there was a temporal variation in the variables

studied, with increases and decreases, like the air temperature, which was an increase of 0.64

° C, specific humidity has dropped by 1.44 g / kg. This evidence shows that water in the

atmosphere had a major fall, and the air temperature increased. These changes are being

considered as future concerns, directly influencing the relative humidity, where the study

period, fell by 8.9%. Microclimatic changes that occurred just affecting directly and indirectly

to the surrounding population, such as the vegetation itself, which is closely linked to these

variables, making changes on the studied period. Thus, measures must be established that

make such changes cease, or even go back the way they were before.

Keywords: Global warming, microclimate changes, farming.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Estação micrometeorológica do Programa LBA, Fazenda Nossa Senhora,

Ouro Preto do Oeste/RO................................................................................

20

Figura 2 - Temperatura média horária e IC de 95% nos anos de 1999 a 2010............... 28

Figura 3 - Umidade relativa do ar média horária e IC de 95% nos anos de 1999 a

2010................................................................................................................

29

Figura 4 - Umidade específica (4a) e umidade específica de saturação do ar (4b)

média horária e IC de 95% nos anos de 1999 a 2010...................................

30

Figura 5 - Umidade específica e pressão atmosférica média horária nos anos de 1999

a 2010.............................................................................................................

30

Figura 6 - Calor sensível médio horário e IC de 95% nos anos de 1999 a

2010................................................................................................................

31

Figura 7 - Fluxo de calor sensível e temperatura do ar média horária nos anos de

1999 a 2010....................................................................................................

32

Figura 8 - Fluxo de calor latente médio horário e IC de 95% nos anos de 1999 a

2010................................................................................................................

32

Figura 9 - Fluxo de calor no solo médio horário e IC de 95% nos anos de 1999 a

2010................................................................................................................

34

Figura 10 - Fluxo de calor no solo e radiação de onda curta incidente média horária e

IC de 95% nos anos de 1999 a 2010..............................................................

35

Figura 11 - Temperatura do ar média horária nos meses de janeiro e agosto nos anos

de 1999 a 2010...............................................................................................

37

Figura 12 - Temperatura do ar média mensal nos anos de 1999 a 2010........................... 37

Figura 13 - Umidade relativa do ar média mensal nos anos de 1999 a

2010................................................................................................................

39

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Figura 14 - Umidade específica e umidade específica de saturação do ar mensal nos

anos de 1999 a 2010.......................................................................................

41

Figura 15 - Dispersão da radiação líquida e fluxo de calor latente com valores de

médias horárias nos anos de 1999 a 2010......................................................

42

Figura 16 - Componentes do balanço de energia representando o ciclo diurno médio

do período úmido nos anos de 1999 a 2010..................................................

43

Figura 17 - Componentes do balanço de energia representando o ciclo diurno médio

do período úmido-seco nos anos de 1999 a 2010...........................................

44

Figura 18 - Componentes do balanço de energia representando o ciclo diurno médio

do período seco nos anos de 1999 a 2010.....................................................

45

Figura 19 - Componentes do balanço de energia representando o ciclo diurno médio

do período seco-úmido nos anos de 1999 a 2010.........................................

46

Figura 20 - Temperatura mensal nos anos de 1999 a 2010 nos meses de janeiro (20a) a

dezembro (20l)...............................................................................................

49

Figura 21 - Umidade relativa do ar mensal nos anos de 1999 a 2010 nos meses de

janeiro (21a) a dezembro (21l).......................................................................

53

Figura 22 - Variação da umidade relativa do ar média mensal nos anos de 1999 a 2010

e precipitação média de 1999 a 2006 (WEBLER; AGUIAR; AGUIAR,

2007)...............................................................................................................

55

Figura 23 - Umidade específica (UE) e umidade específica de saturação (UES) mensal

nos anos de 1999 a 2010 nos meses de janeiro (24a) a dezembro

(24l)................................................................................................................

58

Figura 24 - Variação da umidade específica (UE) e umidade específica de saturação

(UES) média mensal nos anos de 1999 a 2010 e a precipitação média de

1999 a 2006 (WEBLER; AGUIAR; AGUIAR, 2007)..................................

60

Figura 25 - Mudança de cobertura da vegetação em torno da torre da Fazenda Nossa

Senhora, a) imagem do ano de 2000 e b) imagem do ano de 2010.

(Regiões em retângulos branco representam as maiores diferenças). O

triângulo é a localização da torre do sítio de pesquisa Fazenda Nossa

Senhora...........................................................................................................

61

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Aproveitamento dos dados de temperatura do ar nos anos de 1999 a 2010. 23

Tabela 2 - Aproveitamento dos dados da umidade relativa do ar nos anos de 1999 a

2010................................................................................................................

23

Tabela 3 - Aproveitamento dos dados da umidade específica do ar e umidade

específica de saturação do ar nos anos de 1999 a 2010..................................

24

Tabela 4 - Aproveitamento dos dados do saldo de radiação nos anos de 1999 a 2010.. 24

Tabela 5 - Aproveitamento dos dados de fluxo de calor no solo nos anos de 1999 a

2010................................................................................................................

24

Tabela 6 - Aproveitamento dos dados do fluxo de calor sensível nos anos de 1999 a

2010................................................................................................................

25

Tabela 7 - Aproveitamento dos dados de fluxo de calor latente nos anos de 1999 a

2010................................................................................................................

25

Tabela 8 - Variação da temperatura do ar (°C): média com IC de 95%, mínima,

máxima e amplitude média nos anos de 1999 a 2010....................................

36

Tabela 9 - Variação da umidade relativa do ar (%): média com IC de 95%, mínima,

máxima e amplitude média nos anos de 1999 a 2010....................................

38

Tabela 10 - Variação da umidade específica do ar (g/kg): média com IC de 95%,

mínima, máxima e amplitude média nos anos de 1999 a 2010......................

40

Tabela 11 - Variação da umidade específica de saturação do ar (g/kg): média com IC

de 95%, mínima, máxima e amplitude média nos anos de 1999 a 2010........

40

Tabela 12 - Variação média com IC de 95% das componentes do balanço de energia

(W.m-2

) nos anos de 1999 a 2010...................................................................

42

Tabela 13 - Variação média da temperatura do ar (°C) nos anos de 1999 a

2010................................................................................................................

49

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Tabela 14 - Variação média mensal da umidade relativa do ar (%) nos anos de 1999 a

2010................................................................................................................

54

Tabela 15 - Variação média mensal da umidade específica do ar (g/kg) nos anos de

1999 a 2010....................................................................................................

59

Tabela 16 - Variação média mensal da umidade específica de saturação do ar (g/kg)

nos anos de 1999 a 2010.................................................................................

59

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.................................................................................................................. 14

1. REFERENCIAL TEÓRICO..................................................................................... 16

1.1 ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS NA AMAZÔNIA................................................... 16

1.2 MUDANÇAS DE USO DA TERRA .......................................................................... 18

2. MATERIAL E MÉTODOS........................................................................................... 20

2.1 DESCRIÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO..................................................................... 20

2.2 DESCRIÇÃO DOS INSTRUMENTOS E MEDIDAS

MICROMETEOROLÓGICAS........................................................................................ 21

2.3 ANÁLISE DOS DADOS.............................................................................................. 22

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 27

3.1 CARACTERIZAÇÃO DAS COMPONENTES MICROMETEOROLÓGICOS

AO LONGO DO DIA........................................................................................................ 27

3.1.1 TEMPERATURA DO AR........................................................................................ 27

3.1.2 Umidade Relativa do Ar........................................................................................... 28

3.1.3 Umidade Específica e Umidade Específica de Saturação do Ar........................... 29

3.2 CARACTERIZAÇÃO DAS COMPONENTES DO BALANÇO DE ENERGIA

AO LONGO DO DIA.........................................................................................................

31

3.2.1 Fluxo de Calor Sensível............................................................................................ 31

3.2.2 Fluxo de Calor Latente............................................................................................. 32

3.2.3 Fluxo de Calor no Solo.............................................................................................. 33

3.3 CARACTERIZAÇÃO DAS COMPONENTES MICROMETEOROLÓGICAS

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AO LONGO DO ANO....................................................................................................... 35

3.3.1 Temperatura do Ar................................................................................................... 35

3.3.2 Umidade Relativa do Ar........................................................................................... 37

3.3 Umidade Específica e Umidade Específica de Saturação do Ar.............................. 39

3.4 CARACTERIZAÇÃO DO BALANÇO DE ENERGIA AO LONGO DO

ANO.....................................................................................................................................

42

3.5 CARACTERIZAÇÃO DAS COMPONENTES MICROMETEOROLÓGICAS

INTERANUAL...................................................................................................................

46

3.5.1 Temperatura do Ar .................................................................................................. 46

3.5.2 Umidade Relativa do Ar........................................................................................... 51

3.5.3 Umidade Específica e Umidade Específica de Saturação do Ar .......................... 56

3.6 MUDANÇA DE USO DA TERRA............................................................................. 60

CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................ 62

REFERÊNCIAS................................................................................................................. 64

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14

INTRODUÇÃO

Atualmente as transformações do planeta devido às mudanças de uso da terra, à

urbanização, à queima de combustíveis fósseis e entre outros efeitos antrópicos tem sido

amplamente debatida. Tais fenômenos podem estar agravando o aquecimento global, apesar

desses efeitos ainda serem contestados, bem como suas possíveis causas.

Desse modo, há uma preocupação não exclusivamente com o aumento da

temperatura, mas também devido à crescente ocorrência de eventos extremos do clima, como

por exemplo, os tsunamis, as secas, as inundações e os fenômenos La Niña e El Niño.

Em 2005 a seca no sudoeste da Amazônia, possivelmente umas das mais severas em

pelo menos 100 anos (MARENGO et al., 2011b) contrastou com a ocorrência de chuvas

torrenciais no norte e leste da Amazônia que fizeram transbordar o rio Amazonas e seus

afluentes ocasionando a enchente de 2009, considerada a maior dos últimos 107 anos

(MARENGO et al. 2011a).

Tendo em vista esses acontecimentos, é perceptível para muitos especialistas que o

equilíbrio do planeta está se alterando, sendo que as atividades antrópicas têm sido apontadas

como as principais causas desses desastres (FEARNSIDE, 2009), dentre elas as queimadas e

o desflorestamento.

A forma mais presente e detectável de mudanças de uso da terra na Amazônia tem

sido a conversão de florestas de dosséis fechados em campos de pastagens e de cultivos,

comprometendo a fertilidade do solo, queda na evapotranspiração, diminuição da

precipitação, aumento da temperatura e outros efeitos (COHEN et al., 2007; CORREIA;

ALVALÁ; MANZI, 2006; MALHI et al., 2002).

Rondônia está diretamente ligada à atividade da agricultura, da pastagem e

atualmente, da produção de energia elétrica. Tais atividades possuem uma relação intrínseca

com as profusas perturbações do meio ambiente, como as elevadas taxas de desmatamento,

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15

que levam as fronteiras agropecuárias por sobre as florestas amazônicas, estando amplamente

inseridas no contexto das mudanças climáticas.

Neste contexto, compreender os processos básicos de funcionamento desse novo

ecossistema originado pela expansão agropecuária, no caso da pastagem, é de fundamental

importância para o entendimento de como essa região interage com a atmosfera, assim como,

de que forma ela se comporta frente às mudanças no clima.

Desta forma, o presente estudo buscou elucidar a caracterização e análise temporal

de componentes micrometeorológicos em uma área de pastagem no sudoeste da Amazônia

com o intuito de verificar se as mudanças no uso do solo amazônico estão alterando o

comportamento desses componentes. Para tal finalidade, foram analisados dados coletados

nos anos de 1999 a 2010 e verificadas as variações no ciclo diário, mensal e anual nas

componentes de temperatura do ar, de umidade relativa do ar, de umidade específica do ar, de

umidade específica de saturação do ar, de fluxo de calor sensível, de fluxo de calor latente e

de fluxo de calor no solo.

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16

1 REFERENCIAL TEÓRICO

1.1 ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS NA AMAZÔNIA

A partir da revolução industrial encetaram as observações de que as fontes e as

principais grandezas do ciclo de carbono mudaram, quando a concentração de dióxido de

carbono começou a subir constantemente (SCHIMEL, 1995), passando da concentração

global da época pré-industrial que era em torno de 280ppm para 379ppm em 2005 (IPCC,

2007). O Brasil por sua vez, entra nesse cenário de emissão de poluentes atmosféricos,

principalmente através das queimadas dos biomas, com destaque para o bioma Amazônico,

que tem sofrido nas últimas décadas significativas mudanças no uso da terra, através de

intenso processo de ocupação humana (FEARNSIDE, 2004; FUJISAKA et al.,1998; NOBRE

et al., 1996).

Ao ocorrer o desflorestamento da Amazônia, de acordo com Foley et al. (2003) o

ecossistema será totalmente modificado, apresentando um alto albedo, diminuição da

evapotranspiração, aumento da temperatura da superfície entre outras modificações.

A Amazônia apresenta como uma das principais causas de desflorestamento a

ocupação desordenada, a utilização de áreas florestadas para pecuária/agricultura, sendo as

queimadas o precursor dessas mudanças, pois o gás formado através das reações fotoquímicas

dessas emissões gera processos formadores de ozônio (O3), atingindo níveis que podem ser

danosos a floresta, visto ser o ozônio fitotóxico, danificando os estômatos das folhas

(ARTAXO et al., 2005), consistindo o estômato responsabilidade pela transferência de água

no solo para a atmosfera por meio da vegetação.

Com a recente expansão da agricultura mecanizada em regiões da Amazônia, ocorreu

o aumento do tamanho comum de áreas desflorestadas, essas áreas estão concentradas em

uma faixa que se estende desde o Maranhão até Rondônia, denominado “Arco do

Desmatamento”, representando uma área de transição entre dois dos maiores biomas

brasileiros, a Amazônia e o Cerrado, que contém partes preciosas da biodiversidade das duas

regiões (COHEN et al., 2007). O Mato Grosso, Pará e Rondônia juntos contribuíram com

84% dos focos de queimadas de 2003 a 2007 (MORTON et al., 2008).

Mediante a problemática do aquecimento global, o Brasil, nas últimas décadas vem

discutindo políticas públicas para minimizar esses efeitos. A floresta Amazônica vem

despontando nesse aspecto, visto que a sua biomassa apresenta cerca de 70 petagramas, 10 a

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17

15% de toda o biomassa do planeta (HOUGHTON et al., 2001) e estudos sugerem que um

grande desmatamento na Amazônia é capaz de acarretar um aumento na temperatura, bem

como reduções na evapotranspiração e na precipitação em torno de 25% (MALHI et al.,

2002).

Fatos como esses são preditos porque a floresta amazônica representa a maior

extensão de florestas tropicais da Terra, exercendo significativa influência no clima local e

global, devido aos fluxos de energia e água na atmosfera (COHEN et al., 2007). Em 2005 a

seca no sudoeste da Amazônia mostrou a fragilidade da floresta em eventos de seca,

indicando o importante papel da chuva.

As nuvens, nesse contexto, têm fundamental importância na precipitação, afetadas

por um jogo de fatores ambientais, como disponibilidade de vapor de água, topografia,

dinâmica atmosférica e estabilidade, cobertura de terra, e concentração de distribuição de

aerossol (MARTINS; SILVA DIAS, 2009).

A floresta apresenta cerca de 60 a 80% das partículas naturais de aerossóis atuando

como núcleos de condensação de nuvens (RISSLER et al., 2004; ZHOU et. al., 2002), fato

que pode advir da atividade microbiana do solo, visto que os microrganismos podem afetar a

formação de nuvens sem deixar a superfície, liberando surfactantes biológicos que substituem

os aerossóis atmosféricos (EKSTROM et al., 2010).

Todos os modelos vêm projetando aumento de temperatura, como os modelos SRES

B1, A1B e A2 propostos pelo IPCC (2007), mas não concordam entre si com respeito às

alterações no regime de chuvas, se haverá um acréscimo ou decréscimo na quantidade de

chuvas (CANDIDO et al., 2007).

Em contrapartida, quando se correlaciona os cenários futuros de El Niño e águas

relativamente mais quentes no oceano Atlântico Tropical Norte, Candido et al. (2007)

sugerem que haverá importantes reduções de chuvas e aumento da duração da estação seca

em grande parte da Amazônia. Por sua vez, eventos La Niña podem apresentar efeitos opostos

ao El Niño, gerando níveis elevados de precipitação sobre a Amazônia, contudo, de acordo

com estudos realizados por Marengo et al. (2011a) em 2008-2009 a hidrologia não teve

efeitos devido a La Niña, mas sim ao início prematuro das precipitações.

Mesmo diante das constantes incertezas da ciência quanto aos efeitos das mudanças

climáticas é fato que a qualidade do ar é fortemente dependente do tempo e é, portanto,

sensível a essas mudanças, desse modo ao afetar o clima, haverá um efeito na qualidade do ar,

exemplos disso são as análises de perturbação em modelos de transporte químico (CTMs), e

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simulações CTM dirigido por modelo de circulação geral (GCM) de simulações do século 21

para as mudanças climáticas (JACOB; WINNER, 2009), o que incita a considerar que

qualquer mudança no clima afetará de forma direta e indireta a população.

1.2 MUDANÇAS DE USO DA TERRA

Há uma considerável incerteza sobre como os ecossistemas permanecerão mediante

os efeitos das mudanças do clima com relação à estrutura e composição da vegetação com o

passar do tempo (COCHRANE; BARBER, 2009). Esses impactos não são somente negativos,

pois muitas formas de mudanças de uso da terra são associadas com aumento na produção de

alimento e fibra, juntamente com eficiência de uso de recurso (LAMBIN; HELMUT;

LEPERS, 2003).

De fato, muitas mudanças de uso da terra consistiram principalmente na conversão

de florestas primárias para usos agrícolas (desmatamento) ou a destruição de vegetação

natural que conduz ao abandono, no qual essas conversões são irreversíveis (LAMBIN;

HELMUT; LEPERS, 2003).

A lógica por atrás da ligação entre agricultura e desmatamento é simples e

constrangedora, uma vez que para aumentar produções agrícolas de forma rápida, devem ser

removidas predominantemente as áreas de florestas, para constituir gado e soja. Juntamente

com os lucros econômicos da agricultura, que são grandes o bastante para armar o setor com

influência política, conduzindo investimento do governo na infraestrutura de transporte, para

assim escoar produtos agrícolas para diversos mercados (EWERS, LAURANCE, SOUZA,

2008).

A preocupação inicial com relação às mudanças de uso da terra era como essa

transformação da terra poderia influenciar mudanças no clima e reduzir a biodiversidade,

contudo, o mais recente foco é entender a sustentabilidade e vulnerabilidade desses

ecossistemas e assim conduzir a uma maior ênfase na junção de estudos da dinâmica entre

sociedades humanas e os ecossistemas (LAMBIN; HELMUT; LEPERS, 2003).

Baseado em conhecimento local da região amazônica, as flutuações do

desflorestamento foram variadas, sendo atribuída a uma gama de fatores como a expansão de

área de pastagem, cultivo de soja, expansão de infraestrutura e proliferação de pavimentos e

estradas (EWERS; LAURANCE; SOUZA, 2008).

Barona et al. (2010) elucidam que as mudanças de uso da terra se devem

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predominantemente à expansão da pastagem, e não da soja especificamente, porém, um

aumento na plantação de soja aconteceu em regiões previamente usadas para pasto que pode

ter deslocado essas áreas de pastagens para o norte nas áreas de florestas, que acaba causando

uma forma de desmatamento indireto. Quando um ecossistema natural é destruído ou alterado

ele interrompe os ciclos hidrológicos e biogeoquímicos que funcionam em interação

mantendo o equilíbrio entre as espécies e o meio (ANDRADE et al., 2008).

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20

2 MATERIAL E MÉTODOS

2.1 DESCRIÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

As medidas foram realizadas nos anos de 1999 a 2010 em um sítio experimental

pertencente à rede de torres do Experimento de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na

Amazônia (Programa LBA), em Rondônia. O sítio experimental está localizado na Fazenda

Nossa Senhora (FNS), nas coordenadas 10º45ºS e 62º22O, altitude de 293m no município de

Ouro Preto do Oeste (Figura 1). O Período úmido é característico de janeiro a março, úmido-

seco de abril a junho, seco de julho a setembro e seco-úmido de outubro a dezembro, com

precipitação média anual de 1627mm.

O sítio encontra-se no centro de uma área desmatada com aproximadamente 50km de

raio, tendo como cobertura vegetal predominante a gramínea Brachiaria brizantha, além de

pequenas palmeiras dispersas.

Figura 1 - Estação micrometeorológica do Programa LBA, Fazenda Nossa Senhora, Ouro Preto do

Oeste/RO.

A área estudada foi primeiramente desflorestada por queimada em 1971, e desde

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1991 foi considerada uma área homogênea com a gramínea Brachiaria brizantha. O fetch no

sítio experimental é de aproximadamente 1-2 km em todas as direções (VON RANDOW et

al., 2004).

2.2 DESCRIÇÃO DOS INSTRUMENTOS E MEDIDAS MICROMETEOROLÓGICAS

O instrumento utilizado para medir a temperatura e a umidade relativa do ar foi um

termohigrômetro HMP35A e o HMP45C (Vaisala Inc., FIN) instalado a 10 metros de altura,

que realizava medidas a cada 30 segundos e médias a cada 10 minutos, que eram,

posteriormente, armazenadas em um datalogger CR10X (Campbell Scientific Instrument,

USA).

A umidade específica do ar foi calculada a partir da Equação 1, e a umidade

específica de saturação do ar pela Equação 2, no qual a temperatura e umidade do ar foram

coletados utilizando os sensores termohigrômetro HMP35A e o HMP45C (Vaisala Inc., FIN)

e o sensor de pressão PTB100 (Vaisala Inc., FIN).

eP

eUE

378,0

622,0

(1)

1000378,0

622,0x

eP

eUES

s

s

(2)

no qual es é a pressão de saturação do vapor d‟água (mba), e é a pressão atual do vapor d‟água

(mba), UE é a umidade específica do ar (g/kg) e UES é a umidade específica de saturação do

ar.

As radiações de onda curta de forma incidente e refletida (Sin e Sout) foram medidas

pelos sensores piranômetros CM21 (Kipp & Zonen, Delft, NLD), com intervalo espectral de

305 a 2800nm. A radiação de onda longa foi medida utilizando os sensores CG1 (Kipp &

Zonen, Delft, NLD) de forma incidente e refletida (Lin e Lout), com intervalo espectral de

4500 a 42000nm. Os dados mencionados foram coletados e armazenados pelos datalogger

CR10X (Campbell Scientific Instrument, USA), com medidas a cada 30 segundos e médias a

cada 10 minutos.

O saldo de radiação (R_liq) foi calculado através da Equação 3:

R_liq = (Sin – Sout) + (Lin – Lout) (3)

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sendo R_liq o saldo de radiação; Sin e Sout a radiação de onda curta incidente e refletida

respectivamente; Lin e Lout a radiação de onda longa atmosférica e terrestre,

respectivamente.

O fluxo de calor no solo (G) foi medido a 1cm da superfície do solo por meio do

sensor SH1 (Flux plates, Hukseflux, NLD), apresentando sensibilidade de 50uV/W.m-2

, com

range 2000 a -2000 W.m-2

.

As medidas dos fluxos de calor latente (LE), sensível (H) e de fluxo de dióxido de

carbono (CO2) foram obtidas por um sistema de medição de alta frequência dos fluxos de

superfície, composto por um anemômetro sônico tridimensional e um analisador de gás por

infravermelho.

Foram utilizados dois anemômetros sônico tridimensional, sendo que, durante o

período de 1999 a 2006 foi utilizado o Solent 1012R2 (Gill Instruments, UK) e a partir de

2007 um CSAT3 (Campbell Scientific, USA).

O analisador de gás por infravermelho utilizado no período de 1999 a 2006 foi o

LICOR-6262 (LI-COR Biosciences, USA) e durante o período de 2007 em diante foi

utilizado o LICOR 7500 (LI-COR Biosciences, USA). Esses sensores estavam conectados a

um microcomputador tipo “palmtop” durante 1999 a 2006 e a partir de 2007 foi utilizado um

CR1000, que faziam as leituras dos dados com uma frequência de 10Hz e armazenavam os

dados brutos em arquivos a cada 30 minutos.

Os dados brutos contendo as flutuações em alta frequência dos componentes da

velocidade do vento, medidas pelo anemômetro sônico, e da concentração de vapor d‟água,

medidos pelo IRGA, foram processados em um computador com o auxílio do software

Alteddy (ELBERS, 1998), desenvolvido pela Alterra Green World Research, a fim de se obter

os fluxos turbulentos de energia (fluxo de H e LE) através do sistema de correlação de

vórtices turbulentos (Eddy Correlation).

2.3 ANÁLISE DOS DADOS

Foram efetuadas filtragens nos dados, utilizando valores mínimos, máximos e de

diferenças entre as médias, pré-estabelecidos e utilizados por Von Randow et al. (2004), de

forma a retirar dados espúrios. Após a filtragem dos dados foram calculadas as médias

horárias, mensais e anuais e o intervalo de confiança (IC) de 95%.

Devido a problemas nos sensores ou mesmo por erros humanos, durante alguns

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períodos os dados apresentaram falhas, conforme pode ser visualizado nas Tabelas 1 a 7.

Baseado no fato de que essas falhas influenciam no balanço total mensal dos dados, as

estações que apresentaram menos de 85% de dados foram desconsideradas, mas aproveitadas

para outras análises.

Tabela 1 - Aproveitamento dos dados de temperatura do ar nos anos de 1999 a 2010.

Mês 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Jan 0% 58% 61% 100% 0% 100% 100% 100% 84% 42% 100% 82%

Fev 82% 82% 43% 90% 0% 93% 90% 87% 71% 69% 59% 91%

Mar 100% 24% 10% 100% 0% 100% 100% 63% 0% 100% 69% 97%

Abr 100% 97% 97% 79% 0% 100% 89% 70% 0% 100% 92% 0%

Maio 100% 95% 100% 98% 40% 99% 79% 92% 75% 100% 100% 88%

Jun 100% 97% 97% 97% 41% 96% 78% 72% 8% 100% 76% 96%

Jul 100% 100% 100% 100% 63% 74% 71% 84% 11% 100% 92% 68%

Ago 99% 100% 100% 100% 99% 100% 100% 100% 76% 99% 68% 100%

Set 100% 95% 86% 90% 92% 100% 97% 97% 100% 88% 82% 18%

Out 86% 100% 98% 65% 97% 100% 100% 100% 93% 100% 100% 81%

Nov 98% 97% 97% 0% 97% 92% 79% 98% 31% 90% 91% 74%

Dez 99% 47% 100% 0% 100% 94% 0% 82% 52% 100% 0% 0%

Tabela 2 - Aproveitamento dos dados da umidade relativa do ar nos anos de 1999 a 2010.

Mês 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Jan 0% 0% 100% 100% 0% 100% 100% 0% 85% 42% 99% 81%

Fev 82% 0% 100% 100% 0% 100% 100% 0% 79% 76% 65% 100%

Mar 100% 20% 94% 100% 0% 100% 100% 0% 0% 100% 68% 96%

Abr 100% 100% 100% 81% 0% 100% 92% 0% 0% 100% 94% 0%

Maio 100% 95% 100% 100% 40% 99% 79% 0% 75% 97% 100% 87%

Jun 100% 100% 100% 100% 42% 99% 80% 0% 8% 100% 78% 99%

Jul 100% 100% 100% 100% 63% 74% 71% 0% 11% 100% 90% 67%

Ago 86% 100% 93% 100% 99% 100% 100% 0% 76% 97% 67% 99%

Set 0% 98% 92% 93% 95% 100% 100% 0% 99% 91% 84% 18%

Out 0% 100% 98% 92% 97% 100% 100% 0% 93% 100% 100% 81%

Nov 0% 100% 100% 0% 100% 95% 82% 0% 32% 93% 92% 76%

Dez 0% 47% 100% 0% 100% 94% 53% 0% 52% 100% 0% 0%

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Tabela 3 - Aproveitamento dos dados da umidade específica do ar e umidade específica de saturação

do ar nos anos de 1999 a 2010.

Mês 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Jan 0% 58% 48% 98% 0% 100% 100% 100% 0% 42% 99% 0%

Fev 82% 91% 48% 97% 0% 100% 100% 97% 0% 39% 65% 0%

Mar 100% 20% 10% 94% 0% 100% 100% 63% 0% 69% 68% 0%

Abr 100% 100% 100% 77% 0% 100% 92% 73% 0% 100% 94% 0%

Maio 99% 95% 100% 92% 40% 99% 79% 92% 0% 97% 100% 76%

Jun 100% 100% 98% 96% 42% 99% 80% 75% 0% 103% 78% 99%

Jul 100% 100% 90% 97% 53% 74% 71% 0% 0% 100% 90% 67%

Ago 86% 100% 85% 96% 99% 100% 100% 0% 45% 96% 67% 99%

Set 0% 98% 89% 0% 95% 100% 100% 0% 99% 86% 30% 18%

Out 0% 100% 98% 0% 97% 100% 100% 0% 93% 96% 0% 81%

Nov 0% 100% 99% 0% 100% 95% 82% 0% 32% 93% 0% 76%

Dez 0% 47% 100% 0% 100% 94% 53% 0% 52% 100% 0% 0%

Tabela 4 - Aproveitamento dos dados do saldo de radiação nos anos de 1999 a 2010.

Mês 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Jan 0% 58% 100% 100% 0% 100% 100% 100% 85% 42% 99% 81%

Fev 86% 91% 100% 100% 0% 103% 100% 97% 79% 76% 65% 100%

Mar 100% 24% 94% 100% 0% 100% 100% 63% 0% 100% 68% 97%

Abr 100% 100% 100% 81% 0% 100% 92% 72% 0% 100% 94% 36%

Maio 100% 95% 100% 100% 40% 99% 79% 92% 75% 97% 100% 92%

Jun 100% 100% 100% 100% 42% 99% 80% 75% 8% 103% 78% 99%

Jul 100% 100% 100% 100% 63% 74% 71% 84% 11% 100% 90% 67%

Ago 100% 100% 100% 100% 98% 100% 100% 100% 76% 97% 67% 100%

Set 100% 98% 92% 0% 95% 100% 99% 100% 100% 91% 84% 19%

Out 100% 100% 98% 64% 97% 100% 99% 100% 93% 100% 100% 84%

Nov 100% 100% 100% 0% 100% 95% 82% 100% 32% 93% 92% 76%

Dez 75% 47% 100% 0% 100% 94% 53% 84% 52% 104% 0% 84%

Tabela 5 - Aproveitamento dos dados de fluxo de calor no solo nos anos de 1999 a 2010.

Mês 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Jan 0% 58% 100% 100% 0% 100% 99% 100% 85% 40% 99% 76%

Fev 80% 91% 100% 100% 0% 100% 98% 96% 79% 72% 64% 94%

Mar 100% 24% 94% 100% 0% 100% 100% 63% 0% 95% 68% 92%

Abr 100% 100% 100% 73% 0% 100% 90% 72% 0% 95% 93% 30%

Maio 100% 95% 100% 15% 40% 99% 79% 91% 75% 92% 99% 86%

Jun 100% 100% 100% 23% 42% 99% 80% 75% 8% 98% 77% 93%

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25

Cont.

Mês 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Jul 100% 100% 100% 0% 63% 74% 71% 84% 11% 95% 90% 62%

Ago 100% 100% 100% 33% 99% 100% 100% 100% 76% 92% 67% 95%

Set 100% 98% 92% 0% 95% 100% 100% 99% 100% 87% 83% 14%

Out 0% 100% 98% 0% 97% 100% 99% 99% 93% 95% 99% 78%

Nov 0% 100% 100% 0% 100% 95% 81% 0% 32% 88% 92% 71%

Dez 0% 47% 100% 0% 100% 94% 41% 0% 52% 98% 0% 79%

Tabela 6 - Aproveitamento dos dados do fluxo de calor sensível nos anos de 1999 a 2010.

Mês 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Jan 0% 6% 71% 47% 49% 26% 84% 67% 0% 0% 29% 0%

Fev 59% 15% 90% 47% 4% 85% 94% 30% 0% 0% 84% 81%

Mar 51% 5% 94% 46% 96% 3% 77% 1% 0% 0% 91% 98%

Abr 45% 22% 95% 43% 94% 75% 73% 18% 0% 0% 84% 99%

Maio 38% 64% 80% 0% 90% 0% 34% 5% 0% 75% 38% 54%

Jun 35% 41% 97% 32% 94% 0% 9% 0% 0% 42% 95% 98%

Jul 41% 72% 91% 39% 91% 0% 0% 0% 0% 97% 23% 83%

Ago 1% 80% 83% 47% 79% 77% 0% 0% 0% 67% 17% 55%

Set 8% 91% 82% 41% 2% 3% 0% 0% 0% 65% 0% 74%

Out 34% 62% 92% 30% 92% 0% 0% 0% 0% 65% 0% 94%

Nov 27% 89% 96% 43% 80% 0% 0% 0% 0% 43% 0% 45%

Dez 18% 94% 95% 47% 96% 86% 0% 0% 0% 0% 0% 0%

Tabela 7 - Aproveitamento dos dados de fluxo de calor latente nos anos de 1999 a 2010.

Mês 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Jan 0% 6% 60% 99% 49% 26% 74% 66% 0% 0% 25% 0%

Fev 61% 10% 98% 100% 4% 81% 89% 31% 0% 0% 74% 63%

Mar 52% 5% 84% 100% 96% 3% 73% 1% 0% 0% 83% 75%

Abr 46% 23% 81% 90% 94% 74% 66% 18% 0% 0% 80% 79%

Maio 39% 66% 43% 0% 90% 0% 31% 5% 0% 72% 36% 48%

Jun 36% 26% 98% 65% 94% 0% 9% 0% 0% 39% 91% 87%

Jul 43% 71% 97% 81% 91% 0% 0% 0% 0% 98% 25% 82%

Ago 1% 66% 93% 93% 79% 60% 0% 0% 0% 82% 17% 52%

Set 9% 95% 81% 85% 2% 3% 0% 0% 0% 72% 0% 72%

Out 23% 57% 92% 8% 92% 0% 0% 0% 0% 67% 0% 85%

Nov 29% 87% 78% 0% 80% 0% 0% 0% 0% 42% 0% 41%

Dez 18% 89% 54% 0% 96% 80% 0% 0% 0% 0% 0% 0%

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26

Para estudar a mudança de cobertura vegetal no sítio em estudo foi utilizado um

recorte de 38.837,52ha de uma imagem multiespectral advinda do satélite LandSat 5, em 3

bandas espectrais (vermelho, infravermelho próximo e infravermelho médio), com resolução

espacial de 30 metros, datada em 23.08.2000 e 19.08.2010.

Para a classificação foi utilizado o software Spring 5.1.8, sendo que as classes foram

definidas entre área de floresta e não floresta.

Para realizar a classificação foi utilizada máxima verossimilhança gaussiana, esse

algoritmo avalia a variância e a covariância das categorias de padrões de resposta espectral

quando classifica um pixel desconhecido, considerando a distribuição da nuvem de pontos

que forma a categoria dos dados de treinamento que é Gaussiana (distribuição normal)

(OLIVEIRA, 2009).

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27

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 CARACTERIZAÇÃO DAS COMPONENTES MICROMETEOROLÓGICOS AO

LONGO DO DIA

3.1.1 Temperatura do Ar

A temperatura média do ar nos anos de 1999 a 2010 foi de 24,81±0,14°C (todo valor

após o sinal ± corresponderá a um intervalo de confiança da média de 95%) e amplitude diária

de 7,92°C, valores próximos ao encontrado por Culf et al. (1996), com valor de 24,5°C no

mesmo sítio na campanha Anglo-Brazilian Amazonia Climate Observation Study

(ABRACOS).

A variação da temperatura durante o dia segue o mesmo padrão da radiação de onda

curta, contudo, se observa certo atraso, onde a temperatura máxima média foi de 28,96°C às

14h30min. Esse retardamento entre a radiação máxima é devido ao fato de que há um

afastamento entre a superfície do solo e o sensor termohigrômetro, de 8 metros. Desse modo,

essa diferença entre a máxima de radiação e a temperatura, ocorreu às 14h30min, sendo

comumente de duas horas para locais onde o sensor situa-se a dois metros acima do solo.

Áreas de pastagem objetivam produzir biomassa para os bovinos. Fatores como

temperatura e radiação possuem uma relação estrita com o crescimento da biomassa, enquanto

a disponibilidade de variáveis, tais como, nutrientes e água a limitam. Desse modo, na Figura

2, é mostrada a variação térmica na FNS e o dia médio durante o ano. Na análise da referida

figura, se depreende que as temperaturas mínimas e máximas são de 21,04 e 28,96°C,

respectivamente.

Essa reação fisiológica natural da planta objetiva poupar energia, ocorrendo um

decréscimo em seu metabolismo, para tanto há uma menor assimilação de dióxido de carbono

e desenvolvimento. Por sua vez, temperaturas menores podem fazer com que a pastagem não

se desenvolva, ocasionando um período de dormência.

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28

Figura 2 - Temperatura média horária e IC de 95% nos anos de 1999 a 2010.

Esse tipo de forrageira apresenta desenvolvimento máximo entre 30 a 35°C, e não

crescimento entre 12 a 17°C (CORREIA; ALVALÁ; MANZI, 2006), assim foi possível

observar que em geral, a FNS apresenta condições favoráveis ao desenvolvimento da

vegetação.

3.1.2 Umidade Relativa do Ar

A umidade relativa do ar média nos anos de 1999 a 2010 foi de 76,52±2,61%, e

amplitude diária de 31,13%, a umidade do ar apresentou valores próximos a de áreas de

florestas de transição com 78,98% (VILANI et al., 2006), contudo, 7% menores do que

encontrados em uma área de floresta primária próxima ao sítio, aproximadamente a 100km,

com média de 82% de umidade (AGUIAR, 2005).

A umidade relativa do ar é um dos parâmetros fundamentais, tanto por aspectos

envolvendo a saúde pública, difusão de carbonos orgânicos voláteis, qualidade do ar, quanto

por ser essencial para o desenvolvimento da vegetação, pelos aspectos nutritivos e de

transporte (AASAMAA; SÕBER, 2011; JACOB; WINNER, 2009; PIETER; SANDEN;

VEEN; 1992; TORRE; FJELD; GISLEROD, 2001; XU; ZHANG, 2011).

Evidenciando uma característica da região, a umidade relativa do ar apresenta

acentuada amplitude (FIGURA 3). Isso ocorre devido a sua proporcionalidade com o aumento

do gradiente de temperatura, fato que acarreta naturalmente um aumento da umidade durante

a noite e um decréscimo durante o dia. É perceptível que a umidade máxima ocorre por volta

Hora Local

0 300 600 900 1200 1500 1800 2100 2400

Tem

per

atura

do A

r (°

C)

18

20

22

24

26

28

30

32

34

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29

das 6 às 7h, acarretada pela condensação das partículas, fenômeno conhecido como orvalho.

Figura 3 - Umidade relativa do ar média horária e IC de 95% nos anos de 1999 a 2010.

A pastagem como qualquer vegetação necessita que a umidade apresente um valor

ideal. Plantas em ambientes com alta umidade, acima do ponto de saturação, não conseguem

perder água para o meio, e como ela necessita disso para o transporte de sais minerais do solo

para a planta, ocorrerá insuficiência em seu desenvolvimento. Entretanto, baixos valores de

umidade também são maléficos à planta, pois provocará perda demasiada de água durante o

processo de fotossíntese e respiração da planta, assim, como forma de proteção haverá

diminuição do seu desenvolvimento para evitar perda excessiva.

3.1.3 Umidade Específica e Umidade Específica de Saturação do Ar

A umidade específica do ar (UE) expressa a quantidade de massa de vapor de água

em relação à massa total da amostra de ar úmido e a umidade específica de saturação do ar

(UES) é a quantidade que a atmosfera precisaria para saturar.

A UE apresentou média de 14,9±0,48g/kg (FIGURA 4a), com amplitude de

0,97g/kg. O comportamento da UE se deve à aerodinâmica da pastagem ser suave e devido às

fortes inversões de temperatura resultarem em uma mistura menos eficiente com as camadas

superiores da atmosfera (MAITELLI; WRIGHT, 1996). Se comparado com áreas cobertas por

florestas próximas ao sítio estudado, que apresentaram valores de 15,8g/kg e 17,5g/kg no

período seco e úmido respectivamente (RANDOW et al., 2004), é possível notar nuances do

Hora Local

0 300 600 900 1200 1500 1800 2100 2400

Um

ida

de

Re

lativa

do

Ar

(°C

)

50

60

70

80

90

100

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30

efeito da mudança de cobertura do solo.

A UES apresentou valor médio de 20,3±0,85g/kg (FIGURA 4b) com amplitude de

9,6g/kg, sendo essa afetada principalmente pela temperatura e umidade do ar.

Figura 4 - Umidade específica (4a) e umidade específica de saturação do ar (4b) média horária e IC de

95% nos anos de 1999 a 2010.

Diferente da UES, que é influenciada principalmente pela temperatura do ar e

umidade relativa do ar, a UE apresenta variação do comportamento durante o dia devido à

variação da pressão atmosférica (FIGURA 5), a qual é diretamente proporcional.

Figura 5 - Umidade específica e pressão atmosférica média horária nos anos de 1999 a 2010.

Tanto a umidade relativa do ar como a umidade específica é determinante para que

ocorra o fenômeno do orvalho ou da condensação da água. Em diversas vegetações, inclusive

a pastagem, o orvalho é importante fator na precipitação de água para o consumo hídrico,

sendo em alguns períodos a única fonte de água para a vegetação.

Hora Local

0 300 600 900 1200 1500 1800 2100 2400

Um

idad

e E

spec

ífic

a d

o a

r (g

/kg)

13,5

14,0

14,5

15,0

15,5

16,0

16,5

Hora Local

0 300 600 900 1200 1500 1800 2100 2400

Um

idad

e E

spec

ífic

a de

satu

raçã

o d

o a

r (g

/kg)

12

15

18

21

24

27

30

Hora Local

0 300 600 900 1200 1500 1800 2100 2400

Pre

ssão

Atm

osf

éric

a (m

ba)

990

992

994

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998

1000

1002

Um

idad

e E

spec

ífic

a (g

/kg)

14,2

14,4

14,6

14,8

15,0

15,2

15,4

15,6

15,8

16,0

Pressão do Ar

Umidade Especifica

a b

´

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31

3.2 CARACTERIZAÇÃO DAS COMPONENTES DO BALANÇO DE ENERGIA AO

LONGO DO DIA

3.2.1 Fluxo de Calor Sensível

O fluxo de calor sensível (H) se apresenta como um dos principais componentes do

balanço de energia, analisado em diversos trabalhos (AGUIAR et al., 2006; CASTELLV;

SNYDER, 2009). No presente estudo os valores médios de H foram de 33,27±11,92W.m-²,

sendo que o valor máximo foi observado às 11h30min (FIGURA 6).

Figura 6 - Calor sensível médio horário e IC de 95% nos anos de 1999 a 2010.

O H expressa a energia utilizada para o aquecimento da superfície, tendo

fundamental destaque para o desenvolvimento dos seres vivos, como plantas e animais. O

aumento dessa variável pode indicar que a superfície está se aquecendo, ou mesmo, sua

diminuição pode minorar esse efeito. Dessa maneira, é possível visualizar na Figura 7 essa

relação, de forma que no período noturno o valor de H se aproxima de zero, chegando a

ocorrer valores negativos, sobrevindo assim o resfriamento.

Hora Local

0 300 600 900 1200 1500 1800 2100 2400

Flu

xo d

e ca

lor

sensí

vel

(W

.m-2

)

-20

0

20

40

60

80

100

120

140

160

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32

Figura 7 – Fluxo de calor sensível e temperatura do ar média horária nos anos de 1999 a 2010.

3.2.2 Fluxo de Calor Latente

O fluxo de calor latente apresentou valores médios de 56,51±16,56W.m-2

com valor

máximo de 198,92 W.m-2

às 12h30min (FIGURA 8). A média para essa parcela da radiação

líquida esteve abaixo da apresentada por Randow et al. (2004), 73,45W.m-2

, para a mesma

área de estudo. Vale salientar que o período de pesquisa desse autor compreende um menor

período de estudo, ou seja, três anos.

No entanto, o valor médio encontrado por Randow et al. (2004) se apresenta

consideravelmente próximo ao limite superior do intervalo de confiança de 95% visto neste

estudo, possibilitando presumir que se fosse analisado uma amostragem de dados em maior

número, esse valor poderia ser mais próximo ao encontrado.

Figura 8 – Fluxo de calor latente médio horário e IC de 95% nos anos de 1999 a 2010.

Hora Local

0 300 600 900 1200 1500 1800 2100 2400C

alor

Sen

sível

(W

.m-2

)

-30

0

30

60

90

120

150

180

210

Te

mp

era

tura

do A

r (°

C)

20

22

24

26

28

30

32

34

36

Calor Sensível

Temperatura do AR

Hora Local

0 300 600 900 1200 1500 1800 2100 2400

Flu

xo d

e C

alor

Lat

ente

(W

.m-2

)

-50

0

50

100

150

200

250

300

Flu

xo

de

Cal

or

Sen

sível

(W

.m-2

)

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33

O LE é o principal componente do balanço de energia encontrado em diversos

ecossistemas (TEIXEIRA, 2000), sendo responsável pela transformação de água no estado

líquido em vapor de água. Essa variável também representa um fator fundamental para a

planta, visto que para cada grama de matéria orgânica produzida pela planta,

aproximadamente 500g de água são absorvidos pelas raízes, transportados através do corpo da

planta e perdidos para atmosfera (TAIZ; ZEIGUER, 2006).

Desse modo, o LE representa um importante indicador do quanto de energia está

sendo utilizada para evapotranspiração, assim regiões com menos água em seu sistema

apresentarão valores menores de LE, e regiões com maiores níveis de água apresentarão

maiores valores de LE. Assim, ao estudar os efeitos da mudança de cobertura, essa variável

deve ser entendida, uma vez que a mudança de floresta tropical para pastagens e áreas

agrícolas implica na diminuição da evapotranspiração e, consequentemente, do LE.

Diversos autores mostram diferenças na mensuração de LE em variados

ecossistemas. Rocha et al. (2009) por exemplo, verificaram as condições climáticas de

diversos sítios, o LE variou desde 63W.m-2

no sítio Pé de Gigante no Cerrado a 108W.m-2

no

sítio K83 na área de floresta Amazônica em Santarém/PA. Uma região localizada a 100km da

área abordada no presente estudo, a REBIO Jaru, apresentou média de 78,5W.m-2

, sendo essa

área um ecossistema de floresta Amazônica primária.

Desta forma, é possível observar que ao comparar a FNS com o sítio da REBIO Jaru,

constata-se que quando ocorre a mudança de cobertura vegetal de floresta por pastagem o LE

é atenuado em 30%, evidenciando que a pastagem apresenta menor disponibilidade hídrica

em seu sistema.

3.2.3 Fluxo de Calor no Solo

O fluxo de calor no solo (G) representa a energia destinada para o aquecimento do

solo, onde valores positivos indicam aquecimento e negativos indicam um resfriamento. O

valor médio no sítio em estudo foi de 0,78±3,33W.m-2

com valores máximo de 45,03W.m-2

(FIGURA 9).

O aquecimento do solo ocorre no período compreendido entre 6h30min às 17h30min,

esse aquecimento apresenta fator relevante para o crescimento e desenvolvimento de

microrganismos presentes no solo, sendo ele importante para retirada de nutrientes básicos

como nitrogênio do ar e decomposição de matérias orgânicas do solo. Apesar do nitrogênio

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34

representar 78% da composição da atmosfera, as plantas e animais não conseguem retirá-lo do

ar, assim, graças aos microrganismos esse composto é transformado em nitratos que são

assimilados pelas plantas e utilizados pelos demais seres da cadeia alimentar.

Figura 9 - Fluxo de calor no solo médio horário e IC de 95% nos anos de 1999 a 2010.

Mediante análise da Figura 10 é possível observar que ocorre um atraso entre o início

da radiação emitida pelo sol em forma de radiação de onda curta (Sin) e o aquecimento do

solo. Esse fenômeno é decorrido primordialmente por dois fatores: a vegetação que impede a

entrada de radiação diretamente pelo solo e a diferença de altura entre a superfície do solo e o

sensor, que é de 2cm.

Esse retardo advém também por dois fatores: devido à transferência de energia do ar

para o solo ocorrido pela convecção e dentro do solo pela condução, sendo o segundo mais

eficiente. No final da tarde ocorre o inverso, pois o solo continua aquecendo mesmo com

valores de Sin próximos a zero, devido ao atraso existente pela distância entre o sensor e a

superfície.

Porém, altos valores podem ser prejudiciais ao sistema vegetativo, visto que altos

fluxos indicam basicamente que o solo está aquecendo, facilitando a desidratação das plantas,

o que acarreta diminuição da atividade microbiana.

Hora Local

0 300 600 900 1200 1500 1800 2100 2400

Flu

xo d

e ca

lor

no s

olo

(W

.m-2

)

-20

0

20

40

60

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35

Figura 10 - Fluxo de calor no solo e radiação de onda curta incidente média horária e IC de 95% nos

anos de 1999 a 2010.

A variação do G é fundamental para a compreensão de como a pastagem protege o

solo da radiação direta, e como ela fornece energia, visto que essa variável é altamente

dependente do índice de área foliar (IAF), assim, menor cobertura de folhas apresentará

valores maiores de G (GALVANI; ESCOBEDO; PEREIRA, 2001).

Lopes et al. (2011) realizaram um estudo evidenciando que áreas preservadas

apresentam menores valores de G, por sua vez, vegetações com dosséis menores apresentam

valores maiores. Como a área de estudo apresenta altura da vegetação abaixo de 80cm ocorre

picos maiores de G, evidenciando que esse tipo de ecossistema é mais suscetível a radiação de

onda curta, ao se comparar com sistemas preservados, de forma que apresentaram uma maior

quantidade de raios próximos a superfície.

3.3 CARACTERIZAÇÃO DAS COMPONENTES MICROMETEOROLÓGICAS AO

LONGO DO ANO

3.3.1 Temperatura do Ar

A variabilidade da temperatura do ar durante o ano é essencial para compreensão de

como a pastagem interage e se modifica durante o ano, evidencia em que período essa

Hora Local

0 300 600 900 1200 1500 1800 2100 2400

Flu

xo d

e ca

lor

no s

olo

(W

.m-2

)

-40

-20

0

20

40

60

Rad

iaçã

o d

e onda

curt

a in

ciden

te (

W.m

-2)

0

200

400

600

800

Fluxo de calor no solo

Radiação de onda curta

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36

vegetação apresenta melhor desenvolvimento ou mesmo o tempo próximo ao ideal para

plantio/renovação da Brachiaria brizantha.

As temperaturas do ar média, mínima, máxima e a amplitude média estão

apresentadas na Tabela 8. A sazonalidade durante o ano é atribuída à precipitação e à

cobertura de nuvens afetarem diretamente o balanço de radiação e energia.

Tabela 8 - Variação da temperatura do ar (°C): média com IC de 95%, mínima, máxima e amplitude

média nos anos de 1999 a 2010.

Mês Média

Mínima Máxima Amplitude Média

Jan 24,7 ± 0,70 17,4 34,4 5,6 Fev 24,5 ± 0,68 16,7 33,1 4,9

Mar

24,8 ± 0,71 10,9 34,4 5,6

Abr 24,7 ± 0,83 14,7 33,2 6,5

Maio 24,1 ± 0,95 10,1 33,0 7,4

Jun 23,8 ± 1,15 11,3 37,6 9,6

Jul 24,1 ± 1,33 9,7 36,5 11,0

Ago 25,6 ± 1,36 11,3 36,0 11,8

Set 25,7 ± 1,17 12,7 35,5 9,4

Out 25,7 ± 0,96 10,1 39,8 8,0

Nov 25,2 ± 0,84 14,4 35,7 6,4

Dez 24,9 ± 0,59 19,7 33,0 5,3

Apesar de as diferenças entre as médias não serem maiores do que 2°C, mesmo

contrastando meses mais chuvosos com mais secos, na Figura 11 é possível verificar que a

diferença do comportamento é atribuída ao fato de os meses de maiores precipitações

apresentarem uma amplitude menor do que os meses mais secos, caracterizados por

temperaturas diurnas menores e noturnas maiores. Assim, os meses de janeiro e agosto

apresentam precipitação média respectivamente de 334,98mm e 10,81mm, com amplitudes de

temperatura de 5,6°C e 11,8°C.

Nos meses de maio e junho é verificada uma característica da região onde ocorre a

diminuição da temperatura média do ar, visto serem esses os meses mais frios do ano, com

temperatura mínima em torno de 10°C, fenômeno conhecido como friagem, decorrentes de

entradas de ar frio oriundas do sul, discutidas por diversos autores que mostram as

consequências desses eventos (CULF et al., 1996; LONGO; CAMARGO; DIAS, 2004;

RIGUI et al., 2009). Na Figura 12 pode ser avaliada a variação da temperatura durante o ano,

onde é perceptível a ocorrência de friagens afetando a temperatura local.

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37

Figura 11 - Temperatura do ar média horária nos meses de janeiro e agosto nos anos de 1999 a 2010.

Figura 12 - Temperatura do ar média mensal nos anos de 1999 a 2010.

3.3.2 Umidade Relativa do Ar

Os valores médios da umidade relativa do ar com IC de 95%, mínimos, máximos e

amplitude média durante os doze meses do ano estão representados na Tabela 9. O período

que apresentou a menor média, juntamente com a menor umidade e maior amplitude foi o

mês de agosto, com valor médio de 59,54±3,29%, sendo esse mês característico na região por

Hora Local

0 300 600 900 1200 1500 1800 2100 2400

Tem

per

atura

do A

r (°

C)

18

20

22

24

26

28

30

32

34

Janeiro

Agosto

Mês do Ano

Jan Fev Mar Abr Maio Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Tem

per

atura

do A

r (°

C)

15

18

21

24

27

30

33

36

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38

apresentar os menores valores.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) adota alguns parâmetros para identificar

quando os valores da umidade podem apresentar algum perigo para os seres humanos. Assim,

quando a umidade do ar está entre 20% e 30%, é considerado estado de atenção, entre 12% e

20% é determinado estado de alerta, e abaixo de 12% é estado de emergência

(http://www.terra.com.br/noticias/infograficos/umidade).

Desse modo, o único período que apresentou estado de alerta foi o mês de agosto,

com 12,66%, enquanto os meses de junho, julho, agosto, setembro e outubro apresentaram

estado de atenção. Esses valores são referências para ações públicas, pois esses dados de

umidade representam perigo para todos, principalmente para crianças e idosos.

Tabela 9 - Variação da umidade relativa do ar (%): média com IC de 95%, mínima, máxima e

amplitude média nos anos de 1999 a 2010.

Mês Média

Mínima Máxima Amplitude Média

(%) Jan 82,40±2,17 41,91 95,50 23,50 Fev 84,56±2,11

5,712377

5,403541

5,290802

5,615009

7,06608

6,480506

7,916116

8,99835

10,60025

7,381575

7,035581

5,535571

43,72 95,80 21,34

Mar

83,90±1,97 46,62 95,80 24,05

Abr 82,84±2,09 40,86 95,70 26,91

Maio 79,39±2,70 33,72 97,70 29,93

Jun 75,98±2,51 28,33 97,90 38,87

Jul 67,12±3,03 20,90 95,80 43,70

Ago 59,54±3,29 12,66 94,40 44,80

Set 67,03±3,86 22,55 95,50 36,86

Out 74,27±2,66 28,79 94,90 34,91

Nov 79,17±2,61 35,69 100,00 27,75

Dez 82,06±2,28 42,20 95,50 23,37

O comportamento distinto da umidade relativa entre os meses, exposto na Figura 13,

está relacionado à precipitação, consequentemente, a presença de maior ou menor cobertura

de nuvens afeta diretamente a entrada da radiação solar, com o acréscimo e decréscimo da

temperatura do ar.

Essa variabilidade apresenta expressiva influência no sistema de pastagem, pois

indica que está havendo uma menor ou maior quantidade de água no ambiente, resultados

relevantes para os pecuaristas e para a população, onde ambos podem mitigar possíveis

efeitos tanto na gramínea como na saúde pública.

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39

Figura 13 – Umidade relativa do ar média mensal nos anos de 1999 a 2010.

3.3.3 Umidade Específica e Umidade Específica de Saturação do Ar

Os valores de umidade específica (UE) e umidade específica de saturação (UES) em

diferentes meses do ano estão apresentados nas Tabelas 10 e 11, respectivamente. A umidade

específica média variou de 11,80±0,80g/kg em agosto a 16,49±0,26g/kg em março,

coincidindo com a ocorrência dos valores mínimo e máximo, respectivamente.

A principal componente que determina essa variação é a precipitação, apesar de março

não ser o mês de maior precipitação, apresentou um acúmulo de água no sistema, uma vez

que no mês de abril as precipitações diminuem a incidência, juntamente com a umidade

específica.

Esses valores médios encontrados apresentam uma diferença próxima a 2% do que o

encontrado por Culf et al. (1996). Porém, o resultado que mostrou maior diferença entre os

estudos foi a medida encontrada no mês com menor UE. Culf et al. (1996) encontraram UE de

11,9g/kg no mês de julho, e não agosto, embora não mostre a precipitação no período. Talvez

o início das precipitações possa ter ocorrido no mês de agosto. Contudo, esse valor

encontrado por Culf et al. (1996) se encontra dentro do IC de 95% do mês de julho.

Mês do ano

Jan Fev Mar Abr Maio Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Um

idad

e re

lati

va

do

Ar

(%)

20

30

40

50

60

70

80

90

100

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40

Tabela 10 - Variação da umidade específica do ar (g/kg): média com IC de 95%, mínima, máxima e

amplitude média nos anos de 1999 a 2010.

Mês Média

Mínima Máxima Amplitude Média

(g/kg) Jan 16,03±0,30 15,37 16,50 0,62 Fev 16,13±0,39 14,47 17,77 0,71

Mar

16,49±0,26 15,43 17,79 0,79

Abr 16,33±0,47 15,33 17,57 1,11

Maio 15,13±0,62 12,82 16,33 1,14

Jun 13,83±0,56 12,88 15,56 1,58

Jul 12,41±0,65 10,80 14,05 2,10

Ago 11,80±0,80 09,28 14,27 2,51

Set 13,41±0,79 12,05 14,76 1,53

Out 15,19±0,36 14,60 15,75 1,25

Nov 15,90±0,32 15,48 16,18 0,70

Dez 16,15±0,27 15,74 16,69 0,65

A umidade específica de saturação do ar apresentou o maior valor médio em

novembro, 20,79±0,75g/kg e menor valor médio em junho, 19,22±0,85g/kg. A UES apresenta

menores valores de maio a julho, sendo esse período característico por haver eventos de

friagem, fazendo com que a temperatura do ar diminua, assim afetando a UES (CULF et al.,

1996).

Tabela 11 - Variação da umidade específica de saturação do ar (g/kg): média com IC de 95%,

mínima, máxima e amplitude média nos anos de 1999 a 2010.

Mês Média

Mínima Máxima

(g/kg)

Amplitude Média

(g/kg) Jan 19,96± 0,74 19,04 20,78 6,84 Fev 19,49± 0,79 17,83 20,68 6,19

Mar

20,00± 0,64 18,70 20,70 6,88

Abr 20,26± 0,79 19,32 21,26 8,25

Maio 19,55± 0,82 18,07 20,79 9,11

Jun 19,22± 0,85 17,54 20,33 11,37

Jul 19,77± 1,03 17,82 20,78 13,17

Ago 21,55± 1,04 20,44 23,14 15,48

Set 21,47± 1,26 20,44 22,66 12,60

Out 21,30± 0,84 20,31 22,34 10,76

Nov 20,79± 0,75 20,25 21,37 8,77

Dez 20,13± 0,69 18,99 20,77 6,77

Na Figura 14, é possível notar o comportamento da UE e da UES, porém os

comportamentos são inversamente proporcionais, implicando na diminuição da UE e aumento

da UES nos períodos mais secos. O aumento da UES ocorre principalmente na amplitude,

com valores no mês de agosto de 15,48g/kg, sendo essa afetada pela amplitude térmica, que é

de 11,8°C no mesmo período.

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41

A UES apresentou aumento contínuo até abril, quando a precipitação média foi

próximo a 210mm. Mas, com a diminuição das chuvas, a UE começou a diminuir, contudo,

com o início das chuvas em setembro, principia novamente a aumentar (WEBLER; AGUIAR;

AGUIAR, 2007).

Figura 14 – Umidade específica e umidade específica de saturação do ar mensal nos anos de 1999 a

2010.

Deste modo, a vegetação da pastagem apresenta período onde ocorre uma maior ou

menor facilidade de perda de água, ocasionando que suas atividades sejam reguladas de

acordo com o ambiente atmosférico.

3.4 CARACTERIZAÇÃO DO BALANÇO DE ENERGIA AO LONGO DO ANO

A variabilidade do comportamento das componentes do balanço de energia

apresentaram valores distintos entre os diferentes meses do ano (TABELA 12), exibindo

maior valor médio de R_liq e LE no mês de novembro com 125,65±27,83W.m-2

e

64,92±18,70W.m-2

, respectivamente. Por sua vez, os fluxos de H e G apresentaram maior

valor médio em agosto, com 46,70±13,74W.m-2

e 6,22±2,84W.m-2

, respectivamente.

Em média, a energia disponível destinada para o LE foi de 50,50±14,7%,

29,62±10,6% ao H e 0,7±2,96% ao G, representando um total 80,82% destinado a essas três

componentes. A maior quantidade de energia disponível no sistema foi utilizada para o LE,

como visto acima, seguida pelo H, no qual a partição de R_liq em LE influi diretamente na

Mês do ano

Jan Fev Mar Abr Maio Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Um

idad

e es

pec

ífic

a (g

/kg)

6

9

12

15

18

21

24

27

30

33

Umidade Específica de Saturação

Umidade Específica

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42

determinação do ciclo hidrológico, no desenvolvimento da camada limite, no tempo e no

clima, influenciando diretamente na precipitação (ANDRADE et al., 2009).

Tabela 12 - Variação média com IC de 95% das componentes do balanço de energia (W.m-2

) nos anos

de 1999 a 2010.

Mês R_liq LE H G

Jan 118,17±31,24 48,16±19,65 25,13±12,87 -0,58±3,64 Fev 106,01±29,96 49,01±16,63 25,55±10,85 -0,68±3,95

Mar 126,20±33,06 63,16±15,62 24,96±09,71 -1,15±8,50

Abr 114,26±25,27 55,53±17,61 28,48±11,04 -2,10±3,02

Maio 101,77±20,95 60,01±15,19 31,99±13,29 -1,46±3,34

Jun 102,48±16,78 63,16±15,62 34,87±11,67 0,53±3,72

Jul 107,33±15,14 59,30±12,52 42,24±12,21 4,07±2,65

Ago 106,99±13,71 54,22±14,26 46,70±13,74 6,22±2.84

Set 96,13±17,20 49,75±17,19 40,30±12,83 2,67±3,78

Out 126,42±24,26 64,92±18,70 38,12±12,49 1,99±3,34

Nov 125,65±27,83 61,12±18,70 33,09±12,16 1,46±3,69

Dez 116,68±30,88 49,74±17,19 27,99±10,14 1,56±3,83

O LE apresentou variabilidade média durante o ano de 9,62%, com média anual de

56,5W/m². A R_liq é o principal fator dessa variabilidade, pois ao analisar a regressão dessas

variáveis o coeficiente de determinação foi de 0,9568 (FIGURA 15).

Figura 15 - Dispersão da radiação líquida e fluxo de calor latente com valores de médias horárias nos

anos de 1999 a 2010.

No período úmido que compreende os meses de janeiro a março, a R_liq apresentou

Fluxo de Calor Latente (W.m-2

)

-50 0 50 100 150 200 250

Rad

iaçã

o L

íquid

a (W

.m-2

)

-100

0

100

200

300

400

500

600

y = 0,4323x

R2 = 0,9568

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43

média de 116,79±31,41W.m-2

, LE com 53,44±17,29W.m-2

, H com 25,16±11,14W.m-2

e G

com -0,80±3,59W.m-2

, gerando um fechamento de 66,62% (FIGURA 16). É perceptível que o

LE foi superior ao H e G, um dos fatores preponderantes para a elucidação de tal fato é a

expressiva quantidade de água disponível no solo, que propicia que maior parte da energia

disponível seja destinada à evapotranspiração e menor para o aquecimento do ar.

Figura 16 - Componentes do balanço de energia representando o ciclo diurno médio do período

úmido nos anos de 1999 a 2010.

Os valores de LE, H e G no período úmido-seco (FIGURA 17) denotam que apesar

desse período apresentar menor pluviosidade que o úmido, o LE e o H aumentaram em média

11,5% e 26,3%, respectivamente. O G e o R_liq apresentaram quedas de 21% e 10%,

respectivamente. Desta forma, foi possível observar que apesar de H e LE ter aumentado, a

R_liq apresentou queda. Esse fenômeno ocorre devido a abundante disponibilidade de água

no solo, e como a cobertura de nuvens é atenuada, favorece o aumento de LE e H.

Tal fato se explica devido ao fechamento do balanço de energia ter apresentado uma

melhoria de 18,5%, evidenciando um fechamento de 85,09%. Diversos trabalhos mostram que

o fechamento do balanço de energia gira em torno de 80%, como Von Randow et al. (2004)

que observaram o fechamento com 74,04% ao analisar o balanço de energia da mesma região

estudada e Priante Filho et al. (2004) que encontraram um fechamento de 85% também em

uma área de pastagem. Foken (2008) apresenta uma ampla discussão sobre os problemas no

fechamento no balanço de energia.

Desta forma, os sistemas de coleta de dados apresentam melhoria na qualidade,

Hora Local

0 300 600 900 1200 1500 1800 2100 2400

Com

ponen

tes

do B

alan

ço d

e E

ner

gia

(w

.m-2

)

-100

0

100

200

300

400

500

Radiação Líquida

Fluxo de Calor Latente

Fluxo de Calor Sensível

Fluxo de calor no Solo

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44

principalmente do LE, uma vez que o sensor que calcula a concentração de água é altamente

influenciado pelas precipitações e por condensações. Sendo assim, como ressaltado no

parágrafo anterior, pelo fato do índice de precipitação ser atenuado, há menos erros nas

medidas, suscitando valores mais coesos.

Figura 17 - Componentes do balanço de energia representando o ciclo diurno médio do período

úmido-seco nos anos de 1999 a 2010.

No período seco houve uma diminuição de 2,5% do R_liq em relação ao período

úmido-seco, e o LE apresentou o mesmo comportamento, gerando uma queda de 9%, de

59,56±16,1W.m-2

para 54,42±14,7W.m-2

, o LE representou 52,3% do particionamento total

do balanço de energia (FIGURA 18).

Em contrapartida, houve um aumento de 35,5% no H, passando de 29,94%, no período

úmido-seco, para 41,63% da radiação líquida no período seco. A média de G, antes com

valores negativos, apresentou valores positivos, indicando o seu aquecimento, com média de

4,31±3,1W.m-2

, e representou 4,17% da radiação líquida disponível.

Desse modo, o período seco apresentou um fechamento de 98,4%, valor superior ao

encontrado em diversos trabalhos (AGUIAR et al., 2006; CASTELLV; SNYDER;

BALDOCCHI, 2008; VON RANDOW et al., 2004).

Não obstante, é possível notar que LE e H apresentam curvas mais aproximadas no

período seco, devido a um aumento considerável de H. Isso ocorre devido ao défice de

precipitação característico dessa época do ano, ocasionando estresse hídrico na gramínea

Brachiaria brizantha, diminuindo assim a abertura dos seus estômatos e evitando a perda de

Hora Local

0 300 600 900 1200 1500 1800 2100 2400

Com

ponen

tes

do B

alan

ço d

e E

ner

gia

(w

.m-2

)

-100

0

100

200

300

400

500

Radiação Líquida

Fluxo de Calor Latente

Fluxo de Calor Sensível

Fluxo de Calor no Solo

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45

água em demasia pela planta.

Quando os estômatos estão abertos, durante as trocas de dióxido de carbono e de

oxigênio com a atmosfera, também é permitida a passagem de vapor de água, processo

conhecido como transpiração, contudo, a eficiência desse processo depende de diversos

fatores, sendo o principal a disponibilidade de água no solo, que ao apresentar um défice,

ocasiona o fechamento ou diminuição da abertura dos estômatos, a fim de reduzir a perda de

água (JACOBSEN; LIU; JENSEN, 2009).

Na transpiração ocorre simultaneamente a refrigeração das folhas e o processo de

distribuição dos nutrientes nas plantas. Todavia, no período seco, a baixa disponibilidade de

água favorece o fechamento dos estômatos das plantas, impedindo a transpiração e

distribuição de elementos essenciais ao seu desenvolvimento. A gramínea diminui seu

desenvolvimento no período seco, entretanto, nesse período há maior disponibilidade de

radiação fotossintéticamente ativa, mas o fator limitante se torna a água no sistema, reduzindo

a atividade fotossintética.

Figura 18 - Componentes do balanço de energia representando o ciclo diurno médio do período seco

nos anos de 1999 a 2010.

No período seco-úmido (FIGURA 19) principia as chuvas, o que aumenta

consideravelmente a concentração de água no solo. A partir desse evento, uma maior parcela

da energia volta a ser destinada para o fluxo de calor latente, com um aumento de 7,6%. O H

e G apresentam queda de 30% e 68,7%, valores esses, contrastados ao período seco (FIGURA

Hora Local

0 300 600 900 1200 1500 1800 2100 2400

Com

ponen

tes

do B

alan

ço d

e E

ner

gia

(w

.m-2

)

-100

0

100

200

300

400

500

Radiação Líquida

Fluxo de Calor Latente

Fluxo de Calor Sensível

Fluxo de Calor no Solo

´

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46

18). Com o aumento da parcela de energia destinada ao LE, há uma diminuição da energia

destinada ao H e ao G. O decréscimo apresentado pelo G foi provocado pelo aumento de água

no solo, que facilita a perda de energia do sistema.

Figura 19 - Componentes do balanço de energia representando o ciclo diurno médio do período seco-

úmido nos anos de 1999 a 2010.

O estudo dos fluxos de calor evidenciam que o principal fator de diferença em seus

valores durante o ano se deve basicamente a presença ou não de água no sistema, desse modo

a diminuição ou aumento das atividades das plantas e a menor disponibilidade de água faz

com que a umidade do solo também se altere, interferindo na evapotranspiração, ocasionando

sua variação.

O mesmo comportamento foi observado por Pezzopane e Pedro Junior (2003) e

Santos et al. (2009) ao analisarem o balanço de energia em plantações de banana e uva

Niágara, respectivamente.

3.5 CARACTERIZAÇÃO DAS COMPONENTES MICROMETEOROLÓGICAS

INTERANUAL

3.5.1 Temperatura do Ar

As variações da temperatura do ar dos doze meses referentes aos doze anos em

estudo estão apresentadas nas Figuras 20a a 20l, vale ressaltar que alguns meses de

determinados anos não apresentam dados, alguns apresentaram uma tendência de aumento,

Hora Local

0 300 600 900 1200 1500 1800 2100 2400

Com

ponen

tes

do B

alan

ço d

e E

ner

gia

(w

.m-2

)

-100

0

100

200

300

400

500

600

Radiação Líquida

Fluxo de Calor Latente

Fluxo de Calor Sensível

Fluxo de Calor no Solo

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47

outros próximos à neutralidade e os demais evidenciam características de queda.

O mês onde houve o maior aumento foi o mês de agosto, 1,84°C, comportamento

contrário ocorreu em maio, onde houve um resfriamento de 0,35°C, ocasionado,

principalmente pelos eventos de friagens que chegam à região.

Ano

0 2000 2002 2004 2006 2008 2010

Tem

per

atu

ra d

o A

r (°

C)

18

20

22

24

26

28

30

32

34

Ano

0 2000 2002 2004 2006 2008 2010

Tem

per

atu

ra d

o A

r (°

C)

18

20

22

24

26

28

30

32

34

Janeiro Fevereiro

0,0017x+24,151 0,0003x+24,408

Fev

Ano

0 2000 2002 2004 2006 2008 2010

Tem

per

atu

ra d

o A

r (°

C)

18

20

22

24

26

28

30

32

34

Março

0,0003x+24,648

Ano

0 2000 2002 2004 2006 2008 2010

Tem

per

atura

do A

r (°

C)

18

20

22

24

26

28

30

32

34Abril

-0,0003x+24,807

a b

c d

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48

Ano

0 2000 2002 2004 2006 2008 2010

Tem

per

atura

do A

r (°

C)

18

20

22

24

26

28

30

32

34

Maio

-0,0006x+24,270

Ano

0 2000 2002 2004 2006 2008 2010

Tem

per

atura

do A

r (°

C)

18

20

22

24

26

28

30

32

34

Junho

0,0013x+23,410

Julho

Ano

0 2000 2002 2004 2006 2008 2010

Tem

per

atu

ra d

o A

r (°

C)

18

20

22

24

26

28

30

32

340,0023x+23,393 Agosto

Ano

0 2000 2002 2004 2006 2008 2010

Tem

per

atu

ra d

o A

r (°

C)

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22

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30

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34

36

0,0032x+24,639

Setembro

Ano

0 2000 2002 2004 2006 2008 2010

Tem

per

atu

ra d

o A

r (°

C)

18

20

22

24

26

28

30

32

340,0026x+24,945 Outubro

Ano

0 2000 2002 2004 2006 2008 2010

Tem

per

atu

ra d

o A

r (°

C)

18

20

22

24

26

28

30

32

34

0,0006x+25,497

e f

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49

Novembro

Ano

0 2000 2002 2004 2006 2008 2010

Tem

per

atu

ra d

o A

r (°

C)

18

20

22

24

26

28

30

32

34

0,0011x+24,879 Dezembro

Ano

0 2000 2002 2004 2006 2008 2010

Tem

per

atu

ra d

o A

r (°

C)

18

20

22

24

26

28

30

32

34

0,0008x+24,698

Figura 20 - Temperatura mensal nos anos de 1999 a 2010 nos meses de janeiro (20a) a dezembro

(20l).

As equações mostradas na Figura 20 estão descritas na Tabela 13 juntamente com os

valores de aumento ou queda no período estudado. Vale ressaltar, que apesar desses aumentos

e quedas, os dados apontam que há variação na temperatura do ar. Desse modo, durante os

doze anos houve um aumento da temperatura do ar de 0,64°C, e o mês de agosto se destaca

por apresentar o maior aumento, conforme mencionado de 1,84°C.

Tabela 13 - Variação média da temperatura do ar (°C) nos anos de 1999 a 2010.

Mês Equação Aumento/Queda

(°C) Jan 0,0017x+24,151 0,98

Fev 0,0003x+24,408 0,17

Mar 0,0003x+24,648 0,17

Abr -0,0003x+24,807 -0,17

Maio -0,0006x+24,270 -0,35

Jun 0,0013x+23,410 0,75

Jul 0,0023x+23,393 1,32

Ago 0,0032x+24,639 1,84

Set 0,0026x+24,945 1,50

Out 0,0006x+25,497 0,35

Nov 0,0011x+24,879 0,63

Dez 0,0008x+24,698 0,46

Média 0,64

Em um estudo similar desenvolvido em seis regiões do planeta, entre os anos de

1989 e 2008, Viola, Paiva e Savi (2010) verificaram um aumento de 2,22°C em Montreal,

k l

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50

0,64°C em Londres, 1,18°C em Johannesburg, 0,10°C em Pequim, 0,95°C em Tóquio e

0,11°C na Albânia. Em outras regiões o autor percebeu uma queda na temperatura. Nas

cidades de Los Angeles e Rio de Janeiro foi constatada uma diminuição de 0,09°C e 0,55°C,

respectivamente.

Algumas evidências sugerem ser real o fenômeno do aquecimento global, como este

trabalho que mostra um aumento de 0,64°C da temperatura do ar de uma área de pastagem.

Esse fenômeno é extremamente discutido por diversos grupos de pesquisa no mundo, uns

ratificando que o aquecimento é ocorrido de forma antrópica (IPCC, 2007), outros

corroborando que esses efeitos de aquecimento são naturais (MOLION, 2008). Todos os

grupos se baseiam em dados e modelos sobre o aquecimento, e apresentam argumentos fortes

para embasar tais conclusões.

Porém, o aquecimento que possivelmente está ocorrendo tem como origem a junção

de fatores naturais e antrópicos, todavia, essas e outras conclusões apresentam fragilidades

pela falta de séries temporais longas e confiáveis em diversos pontos do mundo.

Apesar desses dados não serem conclusivos, pode-se verificar que esta área de

pastagem apresenta tendência de aumento da temperatura do ar, talvez não necessariamente

por fatores globais, e sim locais, como a própria mudança do uso da terra, discutido no tópico

3.7. Atualmente vem crescendo o conhecimento sobre o clima e como e porque ele está

variando, porém, não há consenso a respeito do que fazer e nem conhecimento sobre o grau

de perturbação sobrevirá caso a ocorrência desses eventos persista.

Na literatura brasileira e mundial, observamos relatos de que ocorrem mudanças no

clima, como o crescimento da elevação das temperaturas mínimas em algumas regiões como

São Paulo, SP (BLAIN; PICOLI; LULU, 2009), e o próprio IPCC (2007) mostra tendências

de aumento da temperatura do ar. Apesar das dúvidas, Lonngren e Bai (2008) esclarecem que

o aquecimento global é de responsabilidade do dióxido de carbono, e por sua vez é devido à

queima de combustíveis fósseis feitas pela população.

Hoje, devido ao fato de alguns grupos divulgarem que o aquecimento global é

natural e cíclico, e apresentem pontos importantes para a discussão, pode ser que a população

crie uma forma de descrédito posterior, caso fique confirmado que o aquecimento global é

totalmente antrópico.

Diante disso, Ferguson e Branscombe (2010) mostram que quando moradores de

uma região se preocupam e acreditam no aquecimento global, há uma tendência de práticas

mais limpas, possibilitando assim uma qualidade de vida melhor e satisfatória de ponto de

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51

vista social e ambiental.

O aquecimento que ocorre tanto na esfera global, quanto local, afeta a biodiversidade

do solo, da flora e da fauna. Esses efeitos são poucos pesquisados na região de estudo,

contudo, é provável que organismos que faziam a manutenção do clima, foram substituídos

por outros, menos adaptáveis às questões locais, ocorrendo dessa forma a diminuição de

chuvas, lixiviação do solo, entre outros fatores, advindo dessa mudança de cobertura do solo.

Atualmente, quase de forma geral, a economia sempre deve ser levada em

consideração em qualquer empreendimento e mesmo na atividade agropecuária, dessa forma

Sangui e Mendelsohn (2008) preveem em seus estudos uma perda do valor da terra de 8% a

30% no estado de Rondônia, caso ocorra um aumento da temperatura do ar de 2°C e aumento

da precipitação de 8%.

Mediante o exposto, tais mudanças ocorridas na região podem gerar problemas

econômicos importantes e principalmente ambientais, por isso é importante realizar medidas

mitigadoras, para que não ocorra esse problema em um futuro próximo.

3.5.2 Umidade Relativa do Ar

O comportamento da umidade do ar durante os anos de 1999 a 2010, nos doze meses

do ano, estão evidenciados nas Figuras 21a a 21l. Como se constata por meio da linha de

tendência nas figuras, há uma queda da temperatura do ar durante o período estudado em

todos os meses.

Durante o ano a variação da queda da umidade relativa do ar não se manteve

uniforme, variando de 3,5% em janeiro para 17,9% em agosto. O principal fator dessa

diferença entre os meses se deve pela presença ou não de níveis mais altos de precipitação,

como se nota na Figura 22.

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52

Janeiro

Ano

0 2000 2002 2004 2006 2008 2010

Um

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e d

o A

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100-0,0061x+84,526 Fevereiro

Ano

0 2000 2002 2004 2006 2008 2010

Um

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e do A

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)

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100-0,0088x+87,339

Março

Ano

0 2000 2002 2004 2006 2008 2010

Um

idad

e do A

r (%

)

20

30

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50

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70

80

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100-0,0113x+87,360

Abril

Ano

0 2000 2002 2004 2006 2008 2010

Um

idad

e do A

r (%

)

20

30

40

50

60

70

80

90

100-0,0094x+85,223

Ano

0 2000 2002 2004 2006 2008 2010

Um

idad

e d

o A

r (%

)

20

30

40

50

60

70

80

90

100Maio -0,0181x+84,611

Junho

Ano

0 2000 2002 2004 2006 2008 2010

Um

idad

e d

o A

r (%

)

20

30

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100-0,0183x+81,060

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53

Julho

Ano

0 2000 2002 2004 2006 2008 2010

Um

idad

e d

o A

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)

20

30

40

50

60

70

80

90

100-0,0262x+74,408 Agosto

Ano

0 2000 2002 2004 2006 2008 2010

Um

idad

e d

o A

r (%

)

20

30

40

50

60

70

80

90

100

-0,0304x+68,315

Setembro

Ano

0 2000 2002 2004 2006 2008 2010

Um

idad

e do A

r (%

)

20

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40

50

60

70

80

90

100

-0,0311x+75,993 Outubro

Ano

0 2000 2002 2004 2006 2008 2010

Um

idad

e do A

r (%

)

20

30

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50

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80

90

100

-0,0068x+76,404

Novembro

Ano

0 2000 2002 2004 2006 2008 2010

Um

idad

e do A

r (%

)

20

30

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70

80

90

100-0,0088x+81,969 Dezembro

Ano

0 2000 2002 2004 2006 2008 2010

Um

idad

e d

o A

r (%

)

20

30

40

50

60

70

80

90

100

-0,0097x+84,617

Figura 21 - Umidade relativa do ar mensal nos anos de 1999 a 2010 nos meses de janeiro (21a) a

dezembro (21l).

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54

Ao analisar a Tabela 14 pode ser notado que o período úmido (janeiro a março) e o

seco-úmido (outubro a dezembro) apresentaram uma menor tendência de queda de umidade

relativa do ar, por volta de 5,03% e 4,86%, respectivamente. As precipitações interferem

nessa variável, visto que eventos de precipitação propiciam um aumento natural da umidade, e

como cerca de 50% da chuva se deve a fatores locais (SILVA DIAS; COHEN; GANDU;

2005), e o restante a macroescala e mesoescala, mesmo que haja interferência nesse sítio no

período mais chuvoso, não será percebida em médio prazo.

Tabela 14 - Variação média mensal da umidade relativa do ar (%) nos anos de 1999 a 2010.

Mês Equação Aumento/Queda

Jan -0,0061x+84,526 -3,5%

Fev -0,0088x+87,339 -5,1%

Mar -0,0113x+87,360 -6,5%

Abr -0,0094x+85,223 -5,4%

Maio -0,0181x+84,611 -10,4%

Jun -0,0183x+81,060 -10,5%

Jul -0,0262x+74,408 -15,1%

Ago -0,0304x+68,315 -17,5%

Set -0,0311x+75,993 -17,9%

Out -0,0068x+76,404 -3,9%

Nov -0,0088x+81,969 -5,1%

Dez -0,0097x+84,617 -5,6%

Média -8,9%

No período úmido-seco e seco a umidade relativa do ar, na maior parte dos dias,

apresentou menor influência dos fatores de mesoescala e macroescala, sendo verificado uma

queda em seus valores de 8,8% e 16,8% em ambos os períodos, respectivamente.

A umidade relativa do ar exerce ampla influência na vida dos seres vivos, tanto do

ponto do vista da saúde pública como do conforto ambiental. Desse modo, seus valores

extremos afetam diretamente os seres humanos, além de afetar diretamente a pastagem. A

respeito disso, há o caso de ambientes de alta umidade e saturados que dificultam a

transpiração, inibindo o resfriamento da superfície vegetal e corporal dos animais, incluindo o

homem.

A dificuldade em perder água pelo corpo do ser humano, bem como, pela própria

vegetação impede que ocorra de forma eficiente o controle da temperatura corporal e vegetal,

um aspecto negativo da umidade alta, efeito esse conhecido como desconforto ambiental.

Referente a ambientes de trabalho fechado com alta umidade, acima de 70%,

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55

Tsutsumi et al. (2007) esclarecem que tais condições favorecem a fadiga dos funcionários,

prejudicando sua produtividade. Outra desvantagem de ambientes úmidos está ligada a

proliferação de fungos, desde bolores e mofos, possíveis indutores de problemas alérgicos na

população.

Figura 22 - Variação da umidade relativa do ar média mensal nos anos de 1999 a 2010 e precipitação

média de 1999 a 2006 (WEBLER; AGUIAR; AGUIAR, 2007).

Da mesma forma que a alta umidade pode ser problemática, a baixa umidade do ar

também representa um risco para a agricultura e para a saúde pública. Na agricultura pode

ocorrer a perda da água presente nos tecidos vegetais das plantas para o ambiente, através do

processo de transpiração, fazendo com que apresente estresse ao realizar a fotossíntese.

Quanto à saúde pública, em períodos de baixa umidade há elevação dos casos de

irritabilidade e inflamações das vias respiratórias, como irritações no nariz com o seu

entupimento, coriza, tosse, asma, além de irritação nos olhos, aperto no peito, fadiga, dor de

cabeça, erupção cutânea e outras enfermidades (SOOKCHAIYA; MONYAKUL; THEPA,

2010).

A diminuição de 8,9% da umidade relativa do ar no período de doze anos estudados

agrava o efeito da presença de partículas totais em suspensão na atmosfera, intensificando a

poluição química do ar (LEITTE et al., 2009; SOOKCHAIYA; MONYAKUL; THEPA,

2010). No entanto, medidas mitigadoras como a pré-hidratação do corpo induzida por uma

bebida contendo carboidratos e eletrólitos atenuam o problema da poluição química

(OOZAWA et al., 2011), o que não configura uma solução propriamente dita.

Mês do Ano

0 Jan Fev Mar Abr Maio Jun Jul Ago Set Out Nov Dez 0

Um

idad

e re

lati

va

do A

r (%

)

-50

-45

-40

-35

-30

-25

-20

-15

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Pre

cipit

ação

(m

m)

0

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80

120

160

200

240

280

320

360

400

Umidade relativa do Ar

Precipitação

Um

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e R

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iva

do

Ar

(%)

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56

Outra consequência negativa da queda da umidade do ar está no fato de que tais

condições favorecem o crescimento e disseminação de bactérias, vírus, ácaros e fungos

(SOOKCHAIYA; MONYAKUL; THEPA, 2010), podendo gerar doenças mais frequentes na

cultura de pastagens e afetar a população de entorno.

3.5.3 Umidade Específica e Umidade Específica de Saturação do Ar

Nas Figuras 23a a 23l estão expostos o comportamento da umidade específica e de

saturação do ar durante 1999 a 2010, nos doze meses do ano, como pode ser analisado através

da linha de tendência nas figuras. Houve de forma geral uma queda, entretanto, o mês de

janeiro foi o único que ressaltou um aumento de 0,04g/kg. Por sua vez, a umidade específica

de saturação apresentou um comportamento constante de aumento.

A variação de aumento e queda da US e UES, durante os meses, estão apresentadas

nas Tabelas 15 e 16, no qual a UE variou entre 0,04g/kg a -2,88g/kg, em janeiro e setembro,

respectivamente, e a UES variou de -0,86g/kg a 3,74g/kg, em fevereiro e setembro,

respectivamente.

Janeiro

Ano

0 96 192 288 384 480 576

g/k

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15

20

25

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0,00007x+16,008

0,0016x+19,471

Fevereiro

Ano

0 96 192 288 384 480 576

g/k

g

10

15

20

25

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-0,0011x+16,506

-0,0015x+20,225

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Um

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e (g

/kg)

Um

idad

e (g

/kg)

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57

Março

Ano

0 96 192 288 384 480 576

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20

25

30

Abril

Ano

0 96 192 288 384 480 576

g/k

g

10

15

20

25

30

-0,0032x+17,421

-0,0006x+20,17

-0,0031x+15,976

-0,0013x+20,590

Maio

Ano

0 96 192 288 384 480 576

g/k

g

10

15

20

25

30Junho

Ano

0 96 192 288 384 480 576

g/k

g

10

15

20

25

30-0,0025x+14,517

0,0018x+18,726

-0,0031x+15,976

0,0001x+19,512

Julho

Ano

0 2000 2002 2004 2006 2008 2010

g/k

g

5

10

15

20

25

30

35

Agosto

Ano

0 2000 2002 2004 2006 2008 2010

g/k

g

5

10

15

20

25

30

35

-0,0036x+13,367 -0,0043x+13,027

-0,0036x+13,367 -0,0043x+13,027

c d

e f

g h

Um

idad

e (g

/kg)

Um

idad

e (g

/kg)

Um

idad

e (g

/kg)

Um

idad

e (g

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Um

idad

e (g

/kg)

Um

idad

e (g

/kg)

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58

Ano

0 2000 2002 2004 2006 2008 2010

g/k

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10

15

20

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Dezembro

Ano

0 2000 2002 2004 2006 2008 2010

g/k

g

10

15

20

25

30

-0,0010x+16,200 -0,0019x+16,659

-0,0010x+16,200 -0,0019x+16,659

Figura 23 - Umidade específica (UE) e umidade específica de saturação (UES) mensal nos anos de

1999 a 2010 nos meses de janeiro (24a) a dezembro (24l).

O fator principal da diferença entre os meses, onde alguns apresentaram maiores

quedas ou mesmo aumento, é que a UE e UES oscilam de acordo com a variabilidade de

outras variáveis que podem influenciar no comportamento durante o ano. A precipitação é a

principal componente para explicar a variabilidade (Figura 24), visto que ao ocorrer as chuvas

incide o favorecimento da queda de temperatura, fazendo com que a UES diminua. As

precipitações também aumentam a quantidade de água no sistema de pastagem, favorecendo o

aumento da UE.

Outubro

Ano

0 2000 2002 2004 2006 2008 2010

g/k

g

10

15

20

25

30

35

-0,0014x+15,641

-0,0014x+15,641

Setembro

Ano

0 2000 2002 2004 2006 2008 2010

g/k

g

10

15

20

25

30

35

-0,0014x+15,641

Novembro

i j

k l

Um

idad

e (g

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Um

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e (g

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Um

idad

e (g

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Um

idad

e (g

/kg)

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Tabela 15 - Variação média mensal da umidade específica do ar (g/kg) nos anos de 1999 a 2010.

Mês Equação Aumento/Queda

(g/kg) Jan 0,00007x+16,008 0,04

Fev -0,0011x+16,506 -0,63

Mar -0,0032x+17,421 -1,84

Abr -0,0029x+17,068 -1,67

Maio -0,0031x+15,976 -1,79

Jun -0,0025x+14,517 -1,44

Jul -0,0036x+13,367 -2,07

Ago -0,0043x+13,027 -2,48

Set -0,0050x+14,983 -2,88

Out -0,0014x+15,641 -0,81

Nov -0,0010x+16,200 -0,58

Dez -0,0019x+16,659 -1,09

Média -1,44

Desse modo, com as chuvas ocorre uma regulação dessas variáveis, visto que ao

precipitar em ambientes com valores baixos de UE ocorre maior evapotranspiração (retorno

da água para a atmosfera). Porém, se a atmosfera estiver com valores elevados de UE, a água

precipitada retornará em menor quantidade para a atmosfera, se comparado a ambientes secos,

e os volumes de água não evaporados infiltram no solo e/ou serão incorporados pela

vegetação.

Tabela 16 - Variação média mensal da umidade específica de saturação do ar (g/kg) nos anos de 1999

a 2010.

Mês Equação Aumento/Queda

(g/kg) Jan 0,0016x+19,471 0,92

Fev -0,0015x+20,225 -0,86

Mar -0,0006x+20,175 -0,35

Abr -0,0013x+20,590 -0,75

Maio 0,0001x+19,512 0,06

Jun 0,0018x+18,726 1,04

Jul 0,0029x+18,986 1,67

Ago 0,0042x+20,350 2,42

Set 0,0065x+19,560 3,74

Out 0,0020x+20,655 1,15

Nov 0,0022x+20,151 1,27

Dez 9E-05+20,106 0,05

Média 0,86

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Figura 24 - Variação da umidade específica (UE) e umidade específica de saturação (UES) média

mensal nos anos de 1999 a 2010 e a precipitação média de 1999 a 2006 (WEBLER; AGUIAR;

AGUIAR, 2007).

Assim, caso a atmosfera esteja mais seca a precipitação fará com que a UE aumente,

no entanto, precipitações em locais com elevada UE origina uma menor evapotranspiração e a

água não evaporada será destinada para alimentar as reservas de água subterrânea e a

vegetação. O comportamento da UES não se difere da UE, contudo, seu efeito ocorre em

decorrência da mudança de pressão e de temperatura ocorrida nesses horários.

3.6 MUDANÇA DE USO DA TERRA

A análise temporal da área do entorno da FNS pode ser observada na Figura 25,

onde a Figura 25a refere-se ao ano de 2000 e a 25b ao ano de 2010. O objetivo da análise foi

verificar mudanças no uso e na ocupação da terra na região. No estudo de ambas foi possível

observar algumas alterações nas áreas no decorrer da década, principalmente na cobertura

vegetal, de forma que os maiores mudanças foram representados por retângulos. Nesse

interstício houve uma subtração de 1457 hectares de áreas florestadas, ou seja, redução de

aproximadamente 29,1% de floresta em torno do sítio experimental (triângulo preto).

Mês do Ano

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

Um

idad

e (g

/kg)

-8

-6

-4

-2

0

2

4

Pre

cipi

taçã

o (m

m)

0

100

200

300

400

500

600

UE

UES

Precipitação

Mar Jan Fev Maio Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Abr

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Figura 25 - Mudança de cobertura da vegetação em torno da torre da Fazenda Nossa Senhora, a)

imagem do ano de 2000 e b) imagem do ano de 2010. (Regiões em retângulos branco representam as

maiores diferenças). O triângulo é a localização da torre do sítio de pesquisa Fazenda Nossa Senhora.

Uma parcela significativa das áreas antes ocupadas por vegetação foi substituída por

pastagens. Como salienta Roy e Avissar (2002), as áreas de florestas, às margens da BR-364,

sofrem expressiva pressão do setor pecuário, e muitas vezes, sede espaço para a ampliação de

pastagens e/ou fornece matéria-prima para a construção de cercas e piquetes. Foi observado

também, entre esses anos, uma tendência de aumento do número de represas na região e o uso

preponderante de suas águas se destina, principalmente, para a dessedentação de animais e a

piscicultura.

Como visto, houve uma expressiva diminuição da vegetação de floresta, fator que

pode se refletir nas variáveis microclimáticas. Nesse contexto, Malhi et al. (2002) explicam

que mudanças de cobertura vegetal faz com que ocorram alterações nas variáveis

microclimáticas, e os estudos sugerem que um grande desmatamento na Amazônia é capaz de

acarretar um aumento na temperatura, bem como reduções na evapotranspiração e na

precipitação em torno de 25%.

No entanto, talvez apenas essa mudança de cobertura não explique totalmente os

efeitos sobre a região estudada. Mas tal análise demonstra um indicador importante para

elucidar as mudanças ocorridas, no qual a temperatura teve aumento superior ao apresentado

pelo IPCC (2007), 0,2°C por década, sendo que nesse estudo apresentou valor de 0,53°C em

uma década e de 0,64°C se for considerado todo o período estudado de 1999 a 2010.

a b

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

No sítio estudado em Rondônia, se pode observar que apesar de haver uma variação

da temperatura do ar durante o ano, entre 23,8±1,15°C no mês de junho a 25,7±1,17°C em

setembro, não foi observado condições adversas no desenvolvimento da vegetação de

gramínea. No qual a variação apresentada se deve, principalmente, pela precipitação e pela

cobertura de nuvens, que afeta diretamente o balaço de radiação e de energia.

A umidade relativa do ar apresentou comportamento inverso à temperatura do ar,

sendo agosto o mês mais seco, com umidade do ar de 59,54±3,29%, chegando a valores

mínimos de 12,66%. Esse valor pode ser considerado, de acordo com a OMS, como estado de

alerta, o qual representa uma preocupação e um indicativo para políticas públicas na região,

tanto para população que vive na área rural e urbana, quanto para os bovinos. Desse modo,

existe a necessidade de áreas para dessedentação de animais, como represas, a exemplo o

aumento de suas áreas no entorno da torre.

A precipitação foi um dos principais fatores que influenciaram na umidade específica

e umidade específica de saturação do ar, na qual a sua média variou de 11,80±0,80g/kg, em

agosto, para 16,49±0,26g/kg, em março, com uma mínima e uma máxima nesses mesmos

meses. Dessa maneira, a vegetação da pastagem apresentou períodos onde ocorre uma maior

ou menor facilidade de perda de água, fazendo com que suas atividades sejam reguladas de

acordo com o ambiente atmosférico.

A variabilidade do comportamento das componentes do balanço de energia

apresentou valores distintos entre os diferentes meses do ano, na qual o maior valor médio de

R_liq e LE, no mês de novembro, foi de 125,65±27,83W.m-2

e de 64,92±18,70W.m-2

,

respectivamente. Por sua vez, os fluxos de H e G apresentaram maiores valores em agosto,

sendo eles 46,70±13,74W.m-2

e 6,22±2.84W.m-2

, respectivamente. O período seco apresentou

o melhor fechamento do balanço de energia, com valor de 98,4%.

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Desta forma, o principal fator de diferença durante o ano é basicamente a presença

ou ausência de água no sistema. Ocorre portanto, a diminuição ou o aumento das atividade

das plantas, com uma menor ou maior pluviosidade, interferindo assim na evapotranspiração.

As variáveis micrometeorológicas estudadas entre 1999 a 2010 apresentaram

modificações no decorrer dos anos, por exemplo, a temperatura do ar apresentou uma

tendência geral de aquecimento do ar, com média de aumento de 0,64°C. A umidade relativa

do ar apresentou um queda 8,9%. Tais modificações podem ter ocorrido em consequência de

atividades antrópicas, como a queima de combustíveis fósseis, a emissão de poluentes e,

como visto, uma mudança de cobertura de floresta por pastagem.

A umidade específica e a umidade específica de saturação do ar apresentaram uma

queda de 1,44g/kg e um aumento de 0,89g/kg, respectivamente. Isso evidencia que a água na

atmosfera teve uma queda importante, e a temperatura do ar teve um aumento nesse

ecossistema.

Assim, as mudanças no microclima acabam afetando de forma direta e indireta a

população de entorno e também a própria vegetação que está fortemente ligada as variáveis

que sofreram mudanças no período estudado. Desta forma, se deve estabelecer medidas que

possibilitem que tais mudanças cessem, ou mesmo, ocorra a recuperação de algumas áreas.

Tal objetivo pode ser alcançado por meio da proteção da zona de recarga dos aquíferos,

reflorestamento, rodízio de culturas e entre outras políticas para a minoração desses efeitos

sobre a atividade agropecuária, bem como sobre a própria população.

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