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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO ACADÊMICO DE VITÓRIA DE SANTO ANTÃO BACHARELADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA NÚCLEO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E CIÊNCIAS DO ESPORTE AURÉLIO VICENTE GOMES BARBOSA ESTUDO DA POTÊNCIA ANAERÓBIA E MUSCULAR EM PRATICANTES DE CICLISMO EM DIFERENTES MODALIDADES DE TREINO: UMA REVISÃO VITÓRIA DE SANTO ANTÃO 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO ACADÊMICO DE VITÓRIA DE SANTO ANTÃO

BACHARELADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA

NÚCLEO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E CIÊNCIAS DO ESPORTE

AURÉLIO VICENTE GOMES BARBOSA

ESTUDO DA POTÊNCIA ANAERÓBIA E MUSCULAR EM PRATICANTES DE CICLISMO EM DIFERENTES MODALIDADES DE TREINO: UMA REVISÃO

VITÓRIA DE SANTO ANTÃO

2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO ACADÊMICO DE VITÓRIA DE SANTO ANTÃO

BACHARELADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA

NÚCLEO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E CIÊNCIAS DO ESPORTE

AURÉLIO VICENTE GOMES BARBOSA

ESTUDO DA POTÊNCIA ANAERÓBIA E MUSCULAR EM PRATICANTES DE CICLISMO EM DIFERENTES MODALIDADES DE TREINO: UMA REVISÃO

VITÓRIA DE SANTO ANTÃO

2017

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Educação Física da Universidade Federal de Pernambuco, Centro Acadêmico de Vitória, como requisito para a obtenção do título de bacharel em Educação Física. Orientador: Prof. Dr. Wilson Viana de Castro Melo

Coorientadora: Esp. Maria Andressa G. Barbosa

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Catalogação na fonte

Sistema de Bibliotecas da UFPE – Biblioteca Setorial do CAV Bibliotecária Jaciane Freire Santana– CRB-4/2018

B237e Barbosa, Aurélio Vicente Gomes

Estudo da potência anaeróbia e muscular em praticantes de ciclismo em

diferentes modalidades de treino: uma revisão/ Aurélio Vicente Gomes Barbosa.

- Vitória de Santo Antão, 2017.

26 folhas; tab.

Orientador: Wilson Viana de Castro Melo

Coorientadora: Maria Andressa G. Barbosa

TCC (Graduação) – Universidade Federal de Pernambuco, CAV, Bacharelado

em Educação Física, 2017.

Inclui referências.

1. Ciclismo – revisão sistemática. l. Melo, Wilson Viana de Castro

(Orientador). II. Barbosa, Maria Andressa G. (Coorientadora). III. Título.

796.6 CDD (23.ed.) BIBCAV/UFPE-129/2017

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AURÉLIO VICENTE GOMES BARBOSA

ESTUDO DA POTÊNCIA ANAERÓBIA E MUSCULAR EM PRATICANTES DE CICLISMO EM DIFERENTES MODALIDADES DE TREINO: UMA REVISÃO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Educação Física da Universidade Federal de Pernambuco, Centro Acadêmico de Vitória, como requisito para a obtenção do título de bacharel em Educação física.

Aprovado em: 07/07/2017.

BANCA EXAMINADORA

______________________________________ Profº. Dr. Wilson Viana de Castro Melo (Orientador)

Universidade Federal de Pernambuco

_________________________________________ Profº. Dr. Ary Gomes Filho

Universidade Federal de Pernambuco

_________________________________________ Profº. Dr. Adriano Bento Santos

Universidade Federal de Pernambuco

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A meus pais, irmã, avó е a toda minha

família que, com muito carinho е apoio,

não mediram esforços para qυе еυ

chegasse até esta etapa de minha vida.

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AGRADECIMENTOS

Ao Prof.º Dr. Wilson Viana e a Esp. Maria Andressa, pela orientação, grande

disposição em me ajudar e pelo incentivo incondicional. Aos meus amigos Alexandro

Emiliano, Gabriela Mendes, Jéssica Andresa, Ravi Marinho, Thiago Santos,

Vlaybson Valdir, pelos materiais concedidos, apoio moral, pela disponibilidade em

ajudar sempre que preciso e pela amizade sincera.

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RESUMO

O ciclismo vem evoluindo bastante desde sua criação e com isso vem a

necessidade de estudar algumas capacidades físicas, dentre elas a potência

anaeróbia e muscular, que é de extrema importância, pois estas capacidades são

utilizadas em muitas situações de prova. Com este intuito, foi realizada uma revisão

sistemática a fim de pesquisar na literatura cientifica estudos com ciclistas, que

tratem da potência anaeróbia e muscular em diferentes tipos de treinamentos. Para

isto foi realizada uma busca de artigos na base de dados Google Acadêmico,

publicados entre 2006 e 2016. Toda a coleta de artigos foi realizada entre os meses

de janeiro a junho de 2017. Foram excluídos das análises os artigos não disponíveis,

livros, teses e dissertações, além de artigos de revisão. Após a busca foram

identificados 867 artigos, onde foi realizada a leitura dos títulos, destes 27 foram

selecionados para leitura do resumo. Cinco artigos seguiram todos os critérios de

inclusão e foram lidos na íntegra. Após a observação dos diferentes métodos de

treinamento utilizados nos artigos apresentados por esta revisão é possível

considerar que os exercícios intervalados proporcionaram melhores resultados em

relação aos treinamentos com potência constante e demais métodos de treino.

Palavras-chave: Ciclismo. Treinamento. Potência. Revisão.

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ABSTRACT

Cycling has been evolving a lot since its inception and with it comes the need to

study some physical capacities, among them the power anaerobic and muscular,

which is extremely important because these capacities are used in many test

situations. For this purpose, a to research in the scientific literature studies with

cyclists, which anaerobic and muscular power in different types of training. For this

was accomplished a search of articles in the Google Scholar database, published

between 2006 and 2016. All articles were collected between the months from

January to June 2017. The articles were not available, books, theses and

dissertations, as well as review articles. After the search they were identified 867

Articles, where a reading of the titles was carried out, these 27 were selected to read

the abstract. Five articles followed all the inclusion criteria and were read in full. After

the observation of the different training methods used in the articles presented by this

review is to consider that the interval exercises provided better results in relation to

training with constant power and other training methods.

Keywords: Cycling. Training. Power rating. Review.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 08

2 REVISÃO DE LITERATURA 10

2.1 O Surgimento da Bicicleta 10

2.2 Ciclismo

2.3 Potência Anaeróbia e Ciclismo

2.4 Potência Muscular e Ciclismo

2.5 Testes de Potência

11

12

13

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3 OBJETIVOS 16

4 METODOLOGIA 17

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO 18

6 CONCLUSÃO 24

REFERÊNCIAS 25

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1 INTRODUÇÃO

O ciclismo passou a ser praticado como um esporte na Inglaterra em meados

do século XIX. Neste esporte existem provas de pista que são realizadas indoor, em

circuito oval com pista de madeira, provas de estrada, realizadas em rodovias com

diferentes inclinações, provas de montanhas, executadas em terrenos montanhosos

de difícil acesso e o ciclocross que utiliza bicicletas de estrada em um terreno de

montanha com diversos obstáculos (SELAM, 2009).

Nestas provas, para que o ciclista obtenha bons resultados o sistema

anaeróbio deve ser altamente treinado, pois as fibras musculares com

características anaeróbias são recrutadas em sua maioria (WILMORE, 2001). O

atleta de ciclismo necessita da produção de força em nível submáximo que grande

parte é concedida pelo sistema Adenosina Trifosfato - Fosfocreatina (ATP-CP) e

pela degradação anaeróbia do glicogênio muscular, refletindo na potência muscular

utilizada em vários momentos durante a prova (GARRET et al, 2003).

A potência anaeróbia é definida como o máximo de energia liberada por um

sistema em um determinado intervalo de tempo, enquanto a capacidade anaeróbia

pode ser definida como a quantidade total de energia disponível no sistema

(FRANCHINI, 2002). A potência anaeróbia está diretamente ligada ao limiar

anaeróbio que é o nível de intensidade de esforço identificado de modo não invasivo

através de parâmetros ventilatórios (MARQUEZI, 2006). Através dos níveis de

lactato estabelecidos em testes de esforço é possível estabelecer intensidades para

melhorar a potência anaeróbia (SILVA, 2007).

Um desses testes é o Wingate, que tem sido utilizado nos mais variados

grupos, visando identificar a maior potência, a qual é definida como potência pico, e

a potência média (FRANCHINI, 2002). Este tipo de teste tem sido bastante utilizado

como alternativa para avaliar a potência e a capacidade anaeróbia, mesmo não

existindo um teste padrão ouro para potência anaeróbia (FRANCHINI, 2002), outros

testes bastante utilizados para avaliar a saída de potência e o limiar anaeróbio são o

teste de esforço até a exaustão, teste de exercício graduado e o teste de potência

constante.

Diante do exposto, pressupõem-se que existe na literatura um treinamento

que seja mais eficiente para a melhora da potência anaeróbia e muscular. Neste

sentido, o presente trabalho justifica-se pela necessidade de comparar e encontrar

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um método de treinamento mais eficiente, contribuindo com a literatura e oferecendo

suporte para os profissionais tomarem melhores decisões que possam contribuir

para a otimização da potência anaeróbia e muscular dos atletas visando a

consequente melhora de resultados em suas competições.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 O Surgimento da Bicicleta

O primeiro protótipo da bicicleta foi criado em 1790 pelo conde francês J. H.

Sivrac e se chamava “celerífero”, sendo este um veículo com duas rodas ligadas por

uma haste de madeira, seu projeto foi baseado no cavalo e a impulsão era realizada

pelos pés no chão. A bicicleta passou a ter aspectos dirigíveis quando em 1816 o

Barão Karl Drais Von Saerbronn acrescentou assentos com molas e guidão, e no

ano seguinte percorreu 50 quilômetros em uma hora, chamando a atenção da

imprensa. A qual considerou seu invento como uma novidade no campo da

mecânica, conseguindo a patente por dez anos, posteriormente muitos inventores

fizeram adaptações na bicicleta draisiana (PEQUINI, 2000).

Em 1838 graças as adaptações realizadas pelo escocês Kikpatrick Mcmillan o

“celerífero” ganhou aspectos parecidos com o que temos atualmente nas bicicletas,

adicionando bielas ao eixo traseiro ligadas por barras de ferro em forma de pistão e

sendo acionadas com os pés (RIBEIRO, 2005).

No ano de 1861, Ernest Michaux percebendo a dificuldade de utilizar desse

mecanismo, resolveu substitui-lo por pedais localizados no eixo da roda dianteira,

porém esse sistema se mostrou tanto quanto perigoso, já que a frenagem era feita

colocando-se força contra os pedais, a qual não tinha uma boa eficiência por ser na

roda dianteira (NIEROP; BLANKENDAAL; OVERBEEKE, 1997). O modelo de

Michaux se tornou popular por 30 anos e foi considerado um brinquedo para ricos.

Entretanto com o aumento da velocidade e dos acidentes foi necessário a criação de

outro sistema de freios parecido com o usado atualmente, este sistema utilizava

sapatas de ferro que causavam um desgaste excessivo nas rodas e pouca

aderência na chuva (NIEROP; BLANKENDAAL; OVERBEEKE, 1997).

Com a necessidade de alcançar maiores velocidades as rodas dianteiras

foram ficando cada vez maiores até o momento que o tamanho do raio era o

tamanho da perna do sujeito, esse modelo de bicicleta se popularizou por poder

percorrer longas distancias e atingir altas velocidades, porém, ela ainda tinha o

problema da segurança, que por manter o centro de gravidade muito alto causava

graves acidentes (NIEROP; BLANKENDAAL; OVERBEEKE, 1997).

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A bicicleta moderna teve seu ponto de partida quando James k. Starley

lançou o modelo “Psycho” que posicionava o acento entre as duas rodas e

empregava um sistema de transmissão com corrente aumentando a segurança,

porém diminuindo o conforto, por esse motivo o novo modelo não se tornou tão

popular. Contudo com a invenção do pneu com câmara de ar o modelo de Starley se

popularizou modernizando de vez a bicicleta (PEQUINI, 2000), desde então a

bicicleta se popularizou em todo o mundo.

No Brasil sua inserção veio com a criação da fábrica Caloi por Luigi Caloi, que

em 1898 possuía uma empresa de representação no país, onde importava e

montava as bicicletas. Apenas após a segunda guerra mundial iniciou-se a

fabricação de bicicletas originalmente brasileiras (RIBEIRO, 2005). A partir daí

vieram vários modelos, a exemplo da BMX na década 70 e da Mountain Bike na

década de 90, além dos acessórios que foram criados com o objetivo de melhorar a

agilidade e o conforto na bicicleta como suspenção, selins, freios, entre outros

(PEQUINI, 2000).

2.2 Ciclismo

Após a popularização da bicicleta começaram as competições de ciclismo e

com a criação de novos modelos de bicicleta o ciclismo foi subdividido em quatro

grandes modalidades: ciclismo de estrada, ciclismo de pista, mountain bike e

ciclocross. No ciclismo de estrada existem provas em linhas, provas de contra-

relógio, prova de escalada e provas ciclodesportivas onde os ciclistas devem pedalar

por longas distâncias em forma de voltas ou de competição, estas são divididas em

categorias por idade e sexo (PEQUINI, 2000).

No ciclismo também são realizadas provas de pista, que são divididas em

categorias, nas quais se enquadram: as provas de velocidade, que são realizadas

em um quilometro; prova de quilômetro; prova de perseguição, sendo realizadas por

dois atletas ou por equipe de quatro atletas em uma distância de quatro quilômetros;

prova de corrida por pontos, realizada com uma distância de cinco a trinta

quilômetros onde a pontuação é dada nos sprints; prova de eliminação, a qual

consiste em eliminar o ultimo ciclista de cada volta até sobrar apenas o primeiro

colocado; e a prova de recorde da hora (PEQUINI, 2000).

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O Mountain Bike também é uma vertente do ciclismo que consiste em o

praticante ultrapassar vários obstáculos perigosos. Modalidade essa que deu origem

a várias provas como por exemplo o cross-country que são provas com distâncias de

quarenta a sessenta quilômetros e altimetria de mil a dois mil metros, o brike-trial

que tem como objetivo transpor obstáculos naturais ou artificiais sem descer da

bicicleta, e as provas de decida que visa descer percursos de quatrocentos a mil

metros de desnível individualmente e no menor tempo possível (PEQUINI, 2000).

Além das modalidades citadas acima existe outras como o bici-croos (BMX),

que são provas realizadas em um terreno preparado com diversos obstáculos e tem

entre duzentos e setenta e trezentos e oitenta metros e são divididas em categorias

por idade; o ciclo-polo que é um esporte coletivo onde os atletas usam bastões para

conduzir a bola em cima da bicicleta e devem marcar o gol; o velo-cross que é um

Sprint em uma pista com obstáculos e comprimento de trezentos e cinquenta

metros; o estilo livre que é uma variável do ciclo-cross; o ciclo-ball que também é um

esporte coletivo praticado em duplas onde os atletas devem marcar gols utilizando a

bicicleta; e o trialthlon que é uma prova composta por três etapas: ciclismo, natação

e corrida (PEQUINI, 2000).

Outra forma de praticar ciclismo é o cicloturismo das bikes de estrada, que é o

mais praticado, podendo ser em grupos ou individual, sendo acessível a todos os

praticantes sem distinção de categoria e é praticado por pessoas que buscam por

exemplo melhorias na saúde, contato com a natureza e convivência com outros

indivíduos (PEQUINI, 2000).

2.3 Potência Anaeróbia e Ciclismo

Em todas as provas de ciclismo, a potência anaeróbia é altamente exigida e

para melhorar o desempenho dos atletas é preciso entender a potência, sendo este

o desafio de muitos estudiosos na área do esporte (MOLINA, 2006). Segundo Sousa

apud Bouchard (2004) a potência anaeróbia refere-se a energia máxima que pode

ser produzida durante um exercício em um determinado tempo, utilizando da via

anaeróbia lática e aláctica para produzir esforços de alta intensidade nos primeiros

segundos do esforço sendo esta requisitada em momentos de explosão durante as

provas (SOUSA, 2004).

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Considerando que a potência anaeróbia se expressa nos primeiros segundos

da atividade, o corpo utiliza do sistema metabólico fosfagênio para recrutar energia.

Essa energia é disponibilizada em forma de trifosfato de adenosina, que após a

quebra da ligação do último fosfato se transforma em difosfato de adenosina

liberando uma grande quantidade de energia. Contudo os estoques de trifosfato de

adenosina no corpo sustentam as atividades musculares por cerca de três segundos

fazendo-se necessário o sistema fosfagênio, sendo este composto por uma

molécula de creatina mais um íon de fosfato com estoques de até quatro vezes mais

que o trifosfato de adenosina. Na quebra da sua ligação a fosfocreatina-creatina

disponibiliza mais energia que a quebra do trifosfato de adenosina permitindo assim

a sua ressíntese (GUYTON; HALL, 2011).

Esta potência também utiliza os substratos gerados pelo sistema anaeróbio

lático que usa o glicogênio muscular, quebrando glicose para ser usada como

energia, esta atividade acontece sem o uso de oxigênio, neste processo a glicose é

quebrada em duas moléculas de ácido pirúvico formando quatro moléculas de ATP.

Quando a atividade é anaeróbia o ácido pirúvico se transforma em ácido lático que é

direcionado para o liquido intersticial e para o sangue (GUYTON; HALL, 2011).

Para que o atleta consiga gerar adaptações nas funções anaeróbias e

melhorar esses sistemas é preciso realizar um treinamento físico extenuante com

sobrecargas expressivas, estas adaptações geram alterações imediatas e a curto

prazo no metabolismo anaeróbio sem elevar as funções aeróbias. O treinamento

aumenta os níveis dos substratos anaeróbios depositados na musculatura

esquelética como o trifosfato de adenosina e a fosfocreatina-creatina, além de

aumentar expressivamente a força. (MCARDLE, 2003).

Consideremos que a potência anaeróbia utiliza-se da via metabólica

anaeróbia proveniente da degradação do fosfato de creatina para acontecer, é

importante salientar que o trifosfato de adenosina localizado nas células musculares

são degradados nos primeiros segundos das atividades de alta intensidade se

transformando em difosfato de adenosina. É neste momento que há a quebra da

creatina fosfato, que está estocada na musculatura esquelética, pela enzima

creatina cinase liberando um íon de fosfato inorgânico, ressintetizando o difosfato de

adenosina em trifosfato de adenosina (POWERS; HOWLEY, 2005)

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2.4 Potência Muscular e Ciclismo

O metabolismo anaeróbio estar diretamente ligado a potência muscular pois

esta é considerada como a quantidade de trabalho realizada pelo músculo em um

determinado intervalo de tempo. Sendo assim a potência muscular não é

determinada exclusivamente pela força muscular, mas sim pela distância da

contração e pelo total de contrações por minuto, esta é medida em quilogramas

metro por minuto (GUYTON; HALL, 2011). Considerando que o trabalho concerne

ao resultado da força pela distância e é expressada em Newton por metro, a

potência muscular refere-se relação entre o trabalho e o tempo, por conseguinte a

potência muscular estar diretamente relacionada com a curva força versus

velocidade, ou seja, o produto da força pela velocidade em cada instante do

movimento. Sendo considerado seu pico o momento em que a força aplicada e a

velocidade atingem níveis intermediários, aproximadamente 30% (CARVALHO,

2006).

Visto que a potência é produto da força e da velocidade é imprescindível

treinar estas capacidades contudo este treinamento sendo realizado separadamente

não gera ganhos expressivos, sendo importante dar ênfase na especificidade do

treinamento (SILVA, 2017).

2.5 Testes de Potência

Para avaliar estas adaptações geradas ao sistema anaeróbio pelo

treinamento é preciso realizar testes de potência. Um desses exemplos é o teste de

Wingate que foi desenvolvido nos anos setenta, no instituto Wingate em Israel. Este

teste tem duração de 30 segundos onde o avaliado deve pedalar o mais rápido

possível contra uma resistência fixa gerando a maior potência possível, sendo

registrada a potência média, a qual corresponde a potência gerada durante os trinta

segundos do teste, e a potência pico que é a maior potência gerada durante o teste

(FRANCHINI, 2002).

Um outro teste também desenvolvido para avaliar potência de ciclistas, é o

teste incremental até a exaustão que consiste em um protocolo onde os sujeitos

começam pedalando com uma potência de 100 watt, incrementando 30 watt a cada

três minutos a uma velocidade constate de 90 rotações por minuto (rpm), a partir do

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momento em que o sujeito não consegue manter a rotação em 90 rpm, o teste é

encerrado. Sendo considerado a potência anteriormente atingida (BOHM, 2008).

Por outro lado, o teste de exercício graduado começa com uma carga inicial

de 50 watts, aumentando a mesma carga a cada três minutos, levando o avaliado

até a exaustão. São mensurados neste teste, a potência de saída, o trabalho

realizado, a absorção de oxigênio, a ventilação pulmonar, a frequência cardíaca, e a

pressão arterial (HEBISZ, 2016).

Há ainda o teste de tempo de ciclismo onde o avaliado pedala 25 quilômetros

no menor tempo possível com um aquecimento prévio de dois minutos, realizando

um resfriamento de três minutos ao fim do teste. Neste teste são coletadas a

frequência cardíaca, as concentrações de oxigênio e dióxido de carbono

(JOHNSON, 2007). E o teste de força – velocidade no qual o avaliado deve realizar

de três a quatro sprints máximos, os quais levam em torno de cinco a sete segundos

para serem realizados com descanso de cinco minutos entre cada Sprint. Este teste

consiste em avaliar a potência anaeróbia (SOUSA, 2004).

É de extrema importância realizar estes tipos de testes a fim de medir o que

eles se propõem a medir, e só a partir de então avaliar se houve ou não melhoras da

potência recorrente do treinamento (GUEDES, 2006).

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3 OBJETIVOS

Objetivo Geral:

Pesquisar na literatura cientifica estudos com ciclistas que tratem da potência

anaeróbia e muscular em diferentes tipos de treinamentos.

Objetivos Específicos:

Realizar um levantamento na literatura acerca dos treinamentos que

apresentem melhores resultados na potência anaeróbia e muscular de

ciclistas;

Comparar protocolos de treinamentos utilizados nestes estudos;

Ressaltar os treinamentos que apresentaram melhoria na potência anaeróbia

e muscular de ciclistas.

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4 METODOLGIA

Para esta revisão sistemática da literatura foi realizada uma busca de artigos

na base de dados Google Acadêmico, publicados entre 2006 e 2016, utilizando os

seguintes termos e operadores lógicos: (cycling) AND (power) AND (training) AND

(wingate) AND (anaerobic threshold)), mediante consulta ao DeCS (descritores em

ciência da saúde). Toda a coleta de artigos foi realizada entre os meses de janeiro a

junho de 2017. A seleção dos artigos utilizados foi feita por meio de três avaliadores,

a fim de minimizar o caráter subjetivo desta etapa. Durante a busca e seleção foram

utilizados, os seguintes limites: artigos originais publicados nos últimos 10 anos.

Foram excluídos das análises os artigos não disponíveis, livros, teses e

dissertações, além de artigos de revisão. Após a busca dos artigos, foram realizadas

as leituras dos títulos e do resumo para seleção dos mesmos. Os artigos que

seguiram todos os critérios de inclusão foram lidos na íntegra.

Na figura 1 está descrito o fluxograma da sistemática de seleção dos artigos

utilizados nesta revisão.

Artigos selecionados pelos

descritores: cycling, power, training,

wingate, anaerobic threshold

(N: 867)

Artigos selecionados por título

(N: 27)

Artigos excluídos: artigos de

revisão, artigos não disponíveis,

livros, teses e dissertações.

(N: 22)

Artigos selecionados pela leitura do

resumo e metodologia

(N: 5)

Artigos incluídos nesta revisão

(N: 5)

Iden

tifi

caçã

o

Tria

gem

El

egib

ilid

ade

Incl

usã

o

Figura 1 - Fluxograma de inclusão de estudos selecionados na revisão

Fonte: BARBOSA, A.V. G., 2017

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5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A busca inicial na base de dados resultou na identificação de 867 artigos. A

partir daí foi realizada uma triagem onde, por análise de título foram selecionados 27

artigos, desses 22 foram excluídos por não atenderem aos critérios de inclusão.

Restando 5 artigos que foram lidos a integra e incluídos no trabalho.

Os estudos selecionados foram publicados entre os anos de 2007 e 2016. Os

mesmos objetivaram encontrar ou não variações na potência comparando diferentes

métodos de treinamento.

Na Quadro 1 estão descritos as características dos artigos utilizados nesta

revisão.

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Quadro 1 - Resultado dos estudos de potência anaeróbia e muscular em praticantes de ciclismo

Autor Amostra Período Treinamento Estatística Teste utilizado Parâmetro

avaliado Resultados encontrados

Johnson 2007 18

participantes 6

semanas Treinamento

inspiratório muscular

ANOVA two-way post-hoc Tukey’s

Tempo de ciclismo e potência

constante

Potência anaeróbia

O treinamento não melhorou a potência, porém apresentou melhora na capacidade de

trabalho anaeróbio

Bohm 2008 20

participantes 5

semanas

SmartCranks ou manivela

convencional ANOVA

Incremental até a exaustão

Potência muscular

Não houve diferença significativa entre os dois

métodos de treino

Koninckx 2010

18 participantes

12 semanas

Treinamento de força ou resistência

ANOVA two-way post-hoc Tukey’s

Exercício graduado e

desemprenho de resistência

Potência muscular

Ambos os grupos melhoraram a potência total, contudo o

treinamento de força gerou maiores ganhos na potência

máxima

Nimmerichter 2012

18 participantes

4 semanas

Treinamento intervalado em

subida e no plano

ANOVA Tree-way post-hoc Tukey’s

Exercício graduado

Potência muscular

Ambas as situações melhoraram a potência

entretanto o treinamento em subida proporcionou melhores

resultados para a potência

Hebisz 2016 26

participantes 8

semanas

Treinamento intervalado e/ou

resistência

ANOVA two-way post-hoc Duncan

Exercício graduado

Potência muscular

O grupo treinamento intervalado combinado com o

de resistência representou melhores resultados em relação

ao treinamento apenas de resistência

Fonte: BARBOSA, A.V. G., 2017

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Johnson, Sharpe e Brown (2007), utilizaram em seu estudo 18 ciclistas

profissionais não fumantes divididos em dois grupos, o primeiro de intervenção com

o treinamento dos músculos inspiratórios e o segundo grupo placebo. O treinamento

foi realizado durante seis semanas onde o grupo de treinamento dos músculos

inspiratórios realizaram trinta esforços inspiratórios dinâmicos duas vezes ao dia

através do dispositivo de limiar de pressão inspiratório e o grupo placebo realizou

quinze minutos de hipóxia falsa durante cinco dias por semana. Após a intervenção

observou-se que não existiu diferença significativa da potência anaeróbia pré e pós

teste e nem entre os grupos.

Bohm, Siebert e Walsh (2008), realizaram um estudo com 20 ciclistas

divididos em dois grupos, controle que utilizou sistema de manivela convencional

dispostos um do outro de 180 graus, e o grupo intervenção que utilizou o sistema

SmartCranks onde as manivelas ficam livres podendo ser movimentada a critério do

sujeito, o programa de treinamento durou cinco semanas com duas intervenções por

semana, estas divididas em duas sessões onde a primeira consistiu em oito

repetições com duração de 3 minutos a 50 rpm e a segunda com dez repetições de

3 minutos até o máximo do sujeito, com descanso de 48 horas entre as

intervenções. Após a realização do treinamento ambos os grupos apresentaram

aumento na potência muscular, contudo não houve um efeito significativo da

potência muscular e o limiar anaeróbio entre os grupos.

Koninckx, Leemputte e Hespel (2010), realizaram uma comparação entre dois

grupos, um de treinamento de força para extensores da perna, realizando meio

agachamento, iniciando a 90º e terminando a 175º, o período de treino foi divido em

quatro conjuntos. O primeiro foi realizado nas três primeiras semanas, sendo

realizadas 8 a 15 repetições com 3 minutos de descanso passivo, realizando três

séries a 15 RM, aumentando para 12 RM entre as semanas 4-6, 10 RM nas

semanas 7-9 e terminando com 8 RM por 3 semanas. E outro de treinamento de

ciclagem isocinética com 15 minutos de aquecimento e 10 minutos de resfriamento

sendo realizada 4 a 5 horas por semana.

Ambos os treinamentos foram realizados duas vezes por semana com

intervalo de dois dias entre eles. Foram utilizados neste estudo 18 ciclistas treinados

que foram distribuídos aleatoriamente nos dois grupos acima. Após 12 semanas de

treinamento, observou-se que o grupo de treinamento de força apresentou maiores

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ganhos de potência muscular em relação ao grupo treinamento de ciclagem

isocinética.

Nimmerichter et al. (2012) analizaram 18 atletas de ciclismo com experiência

prévia de pelo menos cinco anos, estes foram separados em três grupos, o primeiro

foi o grupo do treinamento intervalado em subida que consistiu em 6 a 9 tiros de 5

minutos com descanso de 5 minutos a 60 RPM em um terreno com de 7% de

inclinação , o segundo foi o grupo de treinamento intervalado plano realizou o

mesmo procedimento citado anteriormente a 100 RPM e em estrada plana, e por

último o grupo controle que não realizou nenhuma atividade.

O treinamento foi realizado durante quatro semanas com duas sessões por

semana, e após este treino verificou-se que tanto o treinamento em subida quanto o

treinamento no plano obtiveram melhorias significativas na potência muscular

comparado ao grupo controle, contudo o treinamento em subida apresentou

melhores resultados na potência muscular em relação ao treino no plano.

Hebisz et al. (2016), realizaram um estudo com 26 atletas profissionais de

Mountain Bike na categoria cross-country com pelo menos cinco anos de

experiência. Os atletas foram divididos em dois grupos. O primeiro chamado de

grupo I realizou o treinamento intervalado/resistência onde foram realizados três

protocolos, no primeiro foram realizados entre 2 a 5 tiros de intensidade máxima

durante 30 segundos com 90 segundos, o segundo caracterizou-se por 4 minutos de

ciclismo em alta intensidade com 12 minutos de descanso e o terceiro foi um

treinamento de resistência com duração de 2 a 3 horas a 80-90% do limiar

ventilatório. O outro grupo (grupo E) realizou apenas o treinamento de resistência

onde foi realizado 2 protocolos o primeiro alternou 10-15 minutos de ciclismo de alta

intensidade e 10-15 minutos de intensidade moderada por 2-3 horas e o segundo

realizou um treino de resistência em 80-90% da potência do limiar ventilatório por 2-

3 horas.

Ambos realizaram os treinamentos no período de oito semanas. Utilizando o

teste de exercício graduado com o objetivo de colher os dados a potência antes e

depois das intervenções. Após as intervenções os dois grupos apresentaram uma

melhora significativa em relação a potência muscular, contudo o grupo “I” expressou

uma melhora mais relevante em relação ao grupo “E”, levando a crer que o

treinamento intervalado/resistência é mais eficaz que o treinamento apenas de

resistência.

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Considerando os resultados dos artigos analisados observou-se que todos os

modelos de treinamento provocaram uma melhora na potência muscular dos sujeitos

investigados, com exceção do treinamento inspiratório muscular (JOHNSON;

SHARPE; BROWN, 2007) que não gerou modificações da potência anaeróbia, mas

provocou adaptações no sistema anaeróbio. Corroborando com o estudo de Noda et

al. (2007), onde este tipo de treinamento provoca melhoria na força muscular, na

resistência muscular e na mobilidade de caixa torácica. No estudo Johnson, Sharpe

e Brown (2007) não foram apresentadas variação da potência provavelmente pelo

fato do treinamento não gerar adaptações em fibras musculares localizadas para

produção de potência e sim gerar adaptações no sistema respiratório, modificando

alguns aspetos metabólicos.

Os resultados encontrados no estudo de Bohm, Siebert e Walsh (2008),

podem ser explicados pelo fato da distribuição total das forças sobre o pedal serem

semelhantes nos dois sistemas durante a intervenção proporcionando adaptações

semelhantes entre os grupos.

No estudo Koninckx, Leemputte e Hespel (2010), a queda na potência se deu

provavelmente pelo treinamento ser isocinético, as aplicações das forças foram

menores no momento descendente e maiores no momento ascendente da ciclagem.

Contudo, quando este treinamento é realizado em cadências menores os ganhos

são mais efetivos pelo fato da baixa ciclagem apresentar ganhos de força

enfatizando os ganhos de potência. Os ganhos em potência provenientes do

treinamento de força explicam-se pelo fato da potência se dar através da velocidade

de contração muscular que é mais proveniente do treinamento de força que do

treinamento de resistência. Observando que é mais eficaz utilizar o treinamento de

força somado ao treinamento de resistência moderado ao invés do treinamento

resistência de alta intensidade.

Nimmerichter et al. (2012), enfatizaram o fato do volume de treino não ser

necessariamente importante para a eficiência do treinamento, considerando que o

treinamento intervalado consegue atingir seus objetivos com pouco volume. E

mostraram também que o treinamento intervalado em subida provoca mais

benefícios no aumento da potência muscular que o treinamento intervalado em

plano, essa afirmação pode ser explicada pelo fato do treinamento em subida gerar

maiores intensidades com menores ciclagem proporcionando assim maiores ganhos

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de força. Estes achados corroboram com os achados de Koninckx, Leemputte e

Hespel (2010) que observaram mais ganhos de potência em baixas ciclagem.

Os resultados encontrados por Hebisz et al. (2016), são consolidados por

Almeida e Pires (2008) quando mostram a eficiência do treinamento intervalado nas

capacidades anaeróbias. Estas descobertas reforçam os achados de Nimmerichter

et al. (2012), os quais enfatizaram em seu estudo os benefícios do treinamento

intervalado para o ganho de potência muscular em ciclistas.

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6 CONCLUSÃO

Após a observação dos diferentes métodos de treinamento utilizados nos

artigos apresentados por esta revisão é possível considerar que os exercícios

intervalados proporcionaram melhores resultados em relação aos treinamentos com

potência constante e demais métodos de treino.

É importante ressaltar também a necessidade de que sejam feitas novas

buscas e realizados novos trabalhos a fim de esclarecer possíveis questionamentos

sobre o treinamento para atletas de ciclismo.

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